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INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATI

SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA

A IMPORTÂNCIA DA BIOSSEGURANÇA HOSPITALAR

NA SAÚDE DO TRABALHADOR

JOÃO PESSOA - PB

2010 - 2011

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MARIA JOSÉ DE MACÊDO CASTELO BRANCO

A IMPORTÂNCIA DA BIOSSEGURANÇA HOSPITALAR

NA SAÚDE DO TRABALHADOR

Artigo apresentado como requisito

parcial para conclusão do Mestrado Profissionalizante em

Terapia Intensiva pelo Instituto Brasileiro de Terapia

Intensiva – IBRATI.

Orientadores: Dra Eliana Lago

Dr. Douglas Ferrari

JOÃO PESSOA-PB

2010 - 2011

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A IMPORTÂNCIA DA BIOSSEGURANÇA HOSPITALAR NA SAÚDE DO

TRABALHADOR

Maria José de Macêdo Castelo Branco1

RESUMO

O ambiente de trabalho hospitalar tem sido considerado insalubre por agrupar pacientes

portadores de diversas enfermidades infectocontagiosas e viabilizar muitos

procedimentos que oferecem riscos de acidentes e doenças para os profissionais da

saúde. Poucos locais de trabalho são tão complexos como um hospital, e carentes de

biossegurança. Além de prover cuidado básico de saúde a um grande número de

pessoas, muitos são freqüentemente centros de ensino e pesquisa. Como resultados

existem riscos potenciais aos quais os profissionais de saúde podem estar expostos,

dependendo da atividade que desenvolvem. Este estudo tem como objetivo destacar a

importância do uso das normas de biossegurança no ambiente hospitalar

proporcionando a “excelência” na saúde do trabalhador. A metodologia utilizada foi

pesquisa em livros, periódicos e artigos nos bancos de dados da Bireme e Scielo, através

das fontes Lilacs e Medline sobre a importância da Biossegurança na saúde do

trabalhador. Conclui-se que é de suma importância que as instituições de saúde definam

e adotem como protocolo as normas de biossegurança, visando manter atualizadas as

praticas de proteção ao trabalhador dessa área.

Palavras Chave: Biossegurança, saúde do trabalhador.

1 Enfermeira; Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal do Pernambuco –Recife-PE;

Mestranda em Terapia Intensiva pelo Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva – IBRATI.

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ABSTRACT

The hospital work environment has been considered unhealthy, to group patients with various infectious diseases and facilitate many procedures that pose risks of injury and illness for health professionals. Few workplaces are as complex as a hospital, and poor biosecurity. In addition to providing basic health care to large numbers of people, many are often centers of teaching and research. As a result there are potential risks to which health workers can be exposed, depending on the activity they develop. This study aims to highlight the importance of the use of biosafety norms in the hospital providing "excellence" in health worker. The research methodology was used in books, journals and articles in the databases of Bireme and Scielo through the sources Medline and Lilacs on the importance of Biosecurity on worker health. We conclude that it is extremely important that the health institutions to define and adopt it as the biosafety protocol, in order to maintain the current practice of protecting workers from this area.

Keywords: Biosafety, workers' health.

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1. INTRODUÇÃO

Segundo Barbosa (1989) a etimologia da palavra “ Biossegurança” significa

Vida + Segurança, em sentido amplo é conceituada como a vida livre de perigos ou

prevenida de tais circunstâncias. Genericamente, medidas de biossegurança são ações

que contribuem para a segurança da vida, no dia-a-dia das pessoas (ex.: cinto de

segurança, faixa de pedestres). Assim, normas de biossegurança englobam todas as

medidas que visam evitar riscos físicos (radiação ou temperatura), ergonômicos

(posturais), químicos (substâncias tóxicas), biológicos (agentes infecciosos) e

psicológicos, (como o estresse). No ambiente hospitalar encontram-se exemplos de

todos estes tipos de riscos ocupacionais para o trabalhador de saúde (p.ex., radiações,

alguns medicamentos, soluções de esterilização.

Teixeira e Valle (1996,) definem biossegurança como:

O conjunto de ações voltadas para a

prevenção, minimização ou eliminação de riscos

inerentes às atividades de pesquisa, produção,

ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de

serviços, visando à saúde do homem, dos animais, a

preservação do meio ambiente e a qualidade dos

resultados.

As condições de trabalho oferecidas pelos hospitais, as peculiaridades das

tarefas de enfermagem, a crise econômica advinda da globalização, as dificuldades do

setor saúde, a carência de recursos humanos e materiais e a constante preocupação com

o processo de atualização objetivando acompanhar os avanços técnicos científicos são

fatores que contextualizam a situação do trabalho do pessoal no ambiente hospitalar em

vários países (ROYAS E MARZIALE, 2001).

Para Nishide e Benatt (2004), essas preocupações e ações com Biossegurança

nos ambientes de saúde começaram a existir e ser alvo de discussão no início da década

de 70, quando pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) enfocaram a saúde

ocupacional de trabalhadores hospitalares.

Estudando a saúde ocupacional, observou-se que em 1971 ocorreram 4.468

acidentes de trabalho em estabelecimentos hospitalares brasileiros, sugerindo a

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necessidade de procedimentos preventivos para o controle dos riscos

ocupacionais( Nishide e Benatt 2004).

Estudos apresentados por Silva (1988) consideram acidente de trabalho quando

existe uma colisão repentina e involuntária entre pessoa e objeto, a qual ocasiona danos

corporais (lesões, morte) e/ou danos material. Por ser repentino, o acidente se diferencia

da doença ocupacional adquirida em longo prazo. Na prevenção de acidentes, os

esforços devem ser concentrados inicialmente na eliminação dos perigos e/ ou

eliminação dos riscos, não permitindo interação direta entre pessoas e perigos e,

posteriormente, orientações e fornecimento de equipamentos de proteção individual,

que é todo dispositivo de uso individual, destinado a proteger a saúde e a integridade

física do trabalhador. Com a combinação dessas medidas, é possível obter melhores

resultados na prevenção de acidentes do trabalho e de doenças ocupacionais.

Atualmente, os acidentes com material biológico, que acometem os

trabalhadores da saúde, representam uma preocupação para os gestores e trabalhadores

destas instituições, tanto pela freqüência com que ocorrem, como pelo grau de estresse e

custo que geram.(Dalarosa e Lautert – 2009)

Sendo assim, Dalarosa e Lautert (2009), relatam ainda que os indivíduos que

trabalham em hospitais especialmente em UTI, estão potencialmente expostos a

ocorrência de danos a saúde, decorrentes do ambiente laboral. Entre os acidentes do

trabalho, os com material pérfuro cortante e de contaminação de mucosa são os que

apresentam maior magnitude, principalmente se for considerado o potencial para

contaminação de microorganismos patogênicos oriundos do contato direto com

pacientes ou artigos e equipamentos contaminados com material orgânico. Partindo

deste pressuposto, a autora despertou interesse em estudar a importância das adoções

das normas de Biossegurança no Ambiente Hospitalar para a saúde do trabalhador.

2. METODOLOGIA

Dada à problemática, nos propomos, por meio deste artigo, uma pesquisa de

cunho bibliográfico acerca das discussões que envolvem a biossegurança no ambiente

hospitalar. Para a realização da pesquisa utilizamos livros, periódicos e artigos nos

bancos de dados da Bireme e Scielo, através das fontes Lilacs e Medline, de

documentos jornalísticos, conversas informais com profissionais da saúde que

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trabalham nas áreas de maior risco em hospitais de médio porte. E ainda para a melhor

elaboração deste trabalho, foram consultados documentos e a legislação pertinente

referentes a resíduos sólidos e resíduos de serviços de saúde, para traçarmos

comparações entre a realidade constatada no ambiente pela observação do processo de

trabalho e o que preconiza a referida bibliografia. Também, foi utilizado manuais

técnicos sobre limpeza hospitalar, e as Normas Regulamentadoras (da utilização dos

Equipamentos Proteção Individual, Segurança do Trabalhador,),bem como os Manuais

de Doenças Infecto Contagiosas. (2010)

3. REVISÃO DE LITERATURA

Os profissionais de saúde correm riscos de contrair diversas infecções no

ambiente hospitalar. A magnitude ocupacional depende de diversas variáveis, como a

prevalência das doenças transmissíveis na população atendida, informações adequadas

sobre os mecanismos de transmissão e prevenção e as condições de segurança.

(Veronense e Focaccia 2002)

YOSHIDA (1996) relata que as doenças ocupacionais originam-se de exposições a

alguns agentes químicos, físicos e biológicos, existentes no ambiente de trabalho. Em

países industrializados, este grupo de riscos é responsável pela maioria das doenças e de

mortes. Nos países em desenvolvimento, onde tanto a regulamentação, quanto a

experiência a respeito da saúde do trabalhador ainda não é efetiva, as condições de

trabalho tornam-se ainda mais perigosas.

Além de cuidar dos pacientes, cabe ao hospital proteger seus funcionários,

racionalizar custos e manter uma qualidade de excelência em seus serviços. Alcançar

essa “excelência” significa, basicamente, atingir níveis ótimos para a biossegurança e o

controle de infecções. Esta obra interessa a todos os profissionais envolvidos no dia-a-

dia de um hospital (Hinrichesen 2004).

O hospital é um estabelecimento que presta serviços específicos à população em

geral e apresenta uma variedade de ações de saúde que expõe seus trabalhadores a uma

ou mais cargas, dentre as quais se destacam a exposição às doenças infecto-contagiosas

e aquelas em contato direto com pacientes e/ou com artigos e equipamentos

contaminados com material orgânico. A diversidade de serviços existentes no âmbito

hospitalar como: administrativos, lavanderia, refeitório, manutenção, caldeiras,

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transporte, almoxarifado, laboratório, centro-cirurgico, raios-X, isolamento, unidade de

terapia intensiva; impõe uma antecipada tomada de posição em face de possibilidade de

ocorrência de acidentes e doenças. (Starling 2000).

É necessário esclarecer aos profissionais que não acreditam na necessidade de

maiores cuidados com a própria saúde, que a não utilização dos equipamentos de

proteção individual, favorecem a disseminação de infecções entre seus próprios clientes,

sua equipe e familiares. Com o advento da AIDS e a divulgação por parte dos meios de

comunicação dos riscos a que estão submetidos durante os tratamentos, a população

passou a exigir mais e principalmente, a valorizar aqueles profissionais que investem

em biossegurança ( Gerbert, Maguire e Spitzer ,1989).

No Brasil, são poucas as unidades de saúde onde os resíduos são considerados

com a devida importância, não havendo inclusive a preocupação com a saúde dos

trabalhadores, representada por esterilização de perfurocortantes, treinamento e

desinfecção. Dificilmente encontram-se serviços de saúde que possuam recipientes

rígidos utilizados para descarte de agulhas e bisturis, com a finalidade de reduzir ou

eliminar os acidentes. Costa (2000) ressalta ainda que a ausência do descarte correto de

perfurocortantes associada a uma incorreta sistemática gerencial pode tornar-se

responsável por doenças infecciosas, através da prática de “reaproveitamento” de

seringas e agulhas pelos catadores de lixo existentes nos diversos aterros sanitários, que

comercializam estes produtos inclusive no tráfico de drogas.

Os trabalhadores do serviço de limpeza e conservação são, quase sempre,

contratados por empresas de serviços terceirizados, ficando assim, mais expostos a

situações de controle mais rígidos por parte dos serviços médicos, inclusive a

procedimentos eticamente condenáveis como o exame médico admissional (utilizado

para discriminar candidatos) e para o controle do absenteísmo. Bulhões (1994) destacam

que, além de serem facilmente substituídos em caso de doença, devido a sua baixa

escolaridade e por "não necessitarem", segundo alguns, de conhecimentos técnicos

aprimorados. No decorrer de suas atividades, os trabalhadores executam atividades

múltiplas e variadas, a partir de um número mínimo de trabalhadores, ampliados através

de horas extras, rodízios e transferências de "turnos mais leves" para os mais pesados e /

ou de maior necessidade (IBID 1996).

Bulhoes (1994) relata ainda que aproximadamente um terço dos acidentes que

ocorrem em unidades hospitalares são produzidos por material perfurocortante,

principalmente os eventos ocasionados por acidentes com as agulhas, no recapeamento

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indevido das mesmas, após a utilização pelos diversos profissionais da equipe de saúde;

como também em acidentes ocorridos com os trabalhadores das empresas de

conservação, no decorrer de seu processo de trabalho de coleta deste lixo hospitalar

descartado em local inadequado, como o lixo comum ou em caixas erroneamente

adaptadas.

A real adoção das medidas de Biossegurança assume uma importância vital para

a melhoria da qualidade da assistência à saúde, criando um ambiente seguro, tanto para

o profissional, quanto para o usuário dos serviços de saúde. O surgimento da Aids

coloca em relevância este fato, visto que existe uma possibilidade de contaminação

profissional, mesmo que este risco seja baixo (Granato 1997).

Para os trabalhadores da área hospitalar o fator de risco de maior importância na

transmissão da AIDS é o contato com o sangue no ambiente de trabalho. Esta

transmissão ocupacional do HIV pode ocorrer em exposição a material infectante, como

sangue, principalmente através de acidentes de trabalho produzidos por material

perfurocortante. Mesmo que o risco de se contaminar com o HIV, na situação

ocupacional, seja em torno de 0,5% após a exposição parenteral a fluidos e\ou secreções

infectadas, corretas normas de biossegurança devem ser adotadas. Além da AIDS,

outras doenças podem ser contraídas no ambiente ocupacional, através de acidentes de

trabalho com uma incidência muito maior. Barbosa, apud Ministério da Saúde (1989),

relata ainda que a hepatite B (HBV) pode ser transmitida em até 30% dos casos de

acidente de trabalho. Também as hepatites não – A, não – B e delta, a citomegalovirus ,

a malária e a doença de Chagas, podem ser transmitidas por acidentes profissionais.

A norma do Ministério da Saúde (1995) relata que determinados profissionais de

saúde, algumas vezes, durante a sua jornada de trabalho em unidades de Emergência e

UTI, podem entrar em contato com secreções ou sangue, sem os devidos cuidados de

biossegurança. A norma relata, ainda, que comportamentos heróicos, em situações de

emergências não devem ocorrer, e que a conduta correta deve ser pautada na

racionalidade e que mesmo em situações de comprovada emergência, a rapidez que o

procedimento exige por parte do profissional não invalida que corretas normas de

biossegurança sejam obedecidas.

Para Fernandes (2000), existem muitas formas de transmissão de infecção no

ambiente hospitalar, mas sem nenhuma dúvida, o lixo hospitalar séptico em todas as

suas fases do seu processamento gerencial, constitui uma fonte importante desses tipos

de infecções. O lixo séptico, em todas as suas fases, desde a sua produção,

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acondicionamento, transporte interno na unidade de saúde, estocagem, transporte

externo e até o seu destino final, representa grau de periculosidade, colocando em risco

todos aqueles que o manuseiam, como também o ambiente.

O risco de acidentes ocupacionais depende, não somente do tipo de atividade,

mas também da natureza do material manuseado e dos meios de proteção empregados.

Não se dá a devida atenção aos riscos de acidentes a que estão expostos não só os

trabalhadores, mas também a população em geral. Situações onde ocorrem acidentes

que produzem cortes, perfurações e/ou contusões são estudadas mais como curiosidade

do que pela sua importância epidemiológica em termos de incidência. (Fernandes 2000)

Nelson Mozachi (2005) relata que atualmente, a manipulação de agulhas e objetos

perfurocortantes continua sendo a maior causa de acidentes na área da saúde, mesmo

quase quarenta anos após os estudos dos americanos. Somente nos Estados Unidos há

uma estimativa de 800 mil casos de acidentes a cada ano envolvendo o manuseio de

agulhas e seringas, tendo como conseqüência aproximadamente 16 mil indivíduos

contaminados pelo vírus HIV.

No Brasil, estudos envolvendo acidentes gerados em laboratórios de pesquisa e

serviços de saúde e ainda são incipientes, mas já existem nobres atitudes relacionadas ao

tema. Uma equipe de pesquisadores da área da saúde criou um site sobre "risco

biológico" e, através deste, desenvolveu um sistema de vigilância para acidentes

envolvendo profissionais de saúde que opera desde 2002. Nesse sistema, profissionais

como Teixeira e Vale, Matos contribuem com relatos dos acidentes gerados em seu

local de trabalho/instituição obtendo-se, assim, um retrato dos acidentes no país. A

equipe que coordena esse site Risco Biológico compõe de profissionais renomados da

Fiocruz, USP,UNICAMP, e outras engajadas nesse projeto.

Segundo o site Projeto Risco Biológico que desenvolve vários estudos

relacionados a esse assunto dos mais variados autores, apesar de ser uma estimativa, os

dados são preocupantes: no período 2002-2008 foram registrados 2.675 acidentes, cerca

de 24% destes ocorridos com estudantes e estagiários. O tipo de exposição prevalente

foi a percutânea (80,6%), sendo 55,8% dos casos ocorridos com agulha hipodérmica e

em 80,7% tendo o sangue como veículo de transmissão. Como era de se esperar, as

mãos foram à área corporal mais atingida, 73,3%. Os acidentes estão relacionados

principalmente ao manuseio de materiais perfuro cortantes, como agulhas, cateteres

intravenosos e lâminas. Entre as principais causas de acidente está o reencape de

agulhas responsável por cerca de 30% dos casos. Outras causas são o transporte ou

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manipulação de agulhas desprotegidas e a sua desconexão da seringa. Esses incidentes

representam 80% da transmissão de doenças infecciosas por via sanguínea entre os

profissionais de Saúde. (NEPES 2009)

No Brasil, os trabalhadores de enfermagem, através de uma concepção idealizada

da profissão, submetem-se aos riscos ocupacionais, sofrem acidentes do trabalho e

adoecem, não atribuindo esses problemas às condições insalubres e aos riscos oriundos

do trabalho. Os estudos realizados para verificar o conhecimento dos trabalhadores de

saúde hospitalar sobre biossegurança constatam que eles conhecem os riscos de forma

genérica e que esse conhecimento não se transforma numa ação segura de prevenção de

acidentes e doenças ocupacionais, apontando para a necessidade de uma ação que venha

modificar essa situação. (Matos 2002)

A Norma Regulamentadora (NR-6) através da portaria nº 3214 de 08 de junho

de 1978 considera o Equipamento de Proteção Individual (EPI), todo “dispositivo ou

produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado a proteção de riscos

suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”.

É obrigatória a utilização desses equipamentos de proteção na execução de

qualquer atividade que envolva o manuseio de reagentes químicos e soluções,

movimentação e transporte de materiais perigosos e também na circulação em ares

externas,consideradas de risco (Almeida-Muradian 2000).

De acordo com a NR-06/78 do Ministério do Trabalho, a empresa é obrigada a

fornecer ao EPI’s aos empregados gratuitamente, adequadamente às situações de riscos

e em perfeito estado de conservação e funcionamento. Em contrapartida, a mesma

Norma Regulamentadora obriga o trabalhador a usar o EPI adequado para a finalidade a

que se destina.

O EPI deve ser inspecionado periodicamente e substituído, quando apresentar

sinais de deterioração que comprometam por pouco, a segurança de quem vai usá-lo.

Por outro lado, os recursos técnicos, educacionais e psicológicos, devidamente

aplicados, são imprescindíveis para que os EPI’s correspondam ao grau de eficiência,

que deles se espera na segurança do trabalho (Silva 2005). Este mesmo autor também

relata que o EPI deve ser usado como medida de proteção quando não for possível

eliminar o risco através da utilização de equipamentos de proteção coletiva; quando for

necessária complementar a proteção individual; e em trabalhos eventuais e exposição de

curto período.

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Marziale et al ,2010, relata que os programas de promoção da saúde no local de

trabalho destinam-se a aumentar o bem-estar do trabalhador e avançar para um estado

de saúde ótimo, bem como reduzir os riscos para a saúde e devem visar três níveis:

conhecimento, alteração comportamental do estilo de vida e ambientes de apoio.

4. CONCLUSÃO

É significativo o desconhecimento e a resistência na utilização das medidas de

precaução universal pelos profissionais de saúde.

Atualmente, o profissional da área da saúde deve estar consciente dos riscos

biológicos que fazem parte da rotina diária do exercício profissional, visando evitar a

exposição desnecessária aos riscos profissionais, através da educação continuada.,bem

como da importância do uso adequado dos EPIs pertinentes e da técnica apropriada a

cada um dos procedimentos técnicos pelos quais responde; especialmente, os

considerados de risco, onde existe possibilidade de contato com os fluidos corpóreos.

A falta de uma cultura prevencionista tem sido o principal obstáculo para as

pessoas agirem com precaução em suas atividades de trabalho. A maior proteção que

qualquer instituição pode oferecer a um trabalhador são a informação e o treinamento. A

educação em biossegurança deve ser iniciada nas escolas, principalmente no ensino

médio. Criando-se uma cultura de prevenção na base do conhecimento, a mesma será

repassada com facilidade às próximas gerações. Vale à pena investir em prevenção visto

que, mesmo quando o acidente não causa dano físico permanente, o dano psicológico

permanece.

5. REFERÊNCIAS

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