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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE CHAPADINHA – MARANHÃO
Processo nº 0005097-44.2014.8.10.0031
RECURSO INOMINADO
CFH EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS E
REPRESENTAÇÕES LTDA., já devidamente qualificada nos autos da Ação Ordinária que
lhe move DUCIVAN MENESES PONTES, vem, respeitosamente perante Vossa
Excelência, por intermédio de suas advogadas e, desde logo, pedindo que sejam todas as
publicações e intimações efetuadas em nome da advogada titular do escritório, AUDREY
MARTINS MAGALHÃES, OAB/PI 1.829, sob pena de nulidade, nos termos do artigo 236,
§1°, do CPC, com fundamento no artigo 41 e seguintes da Lei n° 9.099/1995 e demais
dispositivos aplicáveis à espécie, interpor RECURSO INOMINADO pelos fatos e
fundamentos a seguir aduzidos.
Requer, ainda, seja recebido o presente recurso, após cumpridos os
trâmites legais, bem como seja remetido ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Piauí,
com as razões anexas.
Pede deferimento.
Teresina-PI, 14 de Maio de 2015.
Audrey Martins Magalhães Fortes
OAB/PI 1.829
Mariana de Souza Ladeira
OAB/MA 11.278
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EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO TRIBUNAL DO ESTADO DO MARANHÃO
ORIGEM: JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE CHAPADINHA-MA
RECORRENTE: CFH EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS E REPRESENTAÇÕES
LTDA.
RECORRIDO: DUCIVAN MENEZES PONTES
RAZÕES DE RECURSO
I. DO RESUMO DOS FATOS
O Requerente ajuizou a presente demanda contra a ora Recorrente, objetivando, a
condenação da Recorrente ao pagamento de indenização por danos morais, supostamente
sofridos, alegando que a Recorrente inseriu seu nome indevidamente no SPC, o que lhe
causou graves prejuízos.
Ocorre que, restou claramente demonstrado nos autos que a Recorrente não teve
culpa alguma na inserção do nome do Requerente no SPC, bem como o Requerente não
demonstrou os danos sofridos, apenas alegando que seu nome foi inserido após o pagamento
do título.
Seguidos os trâmites legais, foi proferida a sentença nos seguintes termos:
“De início, indefiro a preliminar de ilegitimidade passiva, haja vista
que a parte autora firmou contrato com a requerida, pelo que esta é
parte legítima a figurar no polo passivo de ação em que se discute
eventual falha na relação havida entre as partes.
Como se verifica dos documentos acostados aos autos e demais
provas, foi realizado protesto indevido de título já pago, devendo
eventual falha na comunicação entre a requerida e o banco
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responsável pela cobrança do título ser discutida em ação regressiva, a
reclamar, pois, a necessária indenização.
[...]
Posto isto, com base no art.927 e seguintes do Código Civil e artigo
269, inciso I do Código de Processo Civil, julgo procedente o pedido
inicial, para condenar a parte requerida, a pagar a parte autora, a título
de indenização por danos morais, o importe de R$ 4.000,00 (quatro
mil reais), por reputar justo e encontrar-se tal valor dentro dos
princípios de razoabilidade e proporcionalidade e, além disso,
pedagogicamente, servir como esteio inibidor à práticas deste jaez.”
II. PRELIMINARMENTE – ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSA DA EMPRESSA
RECORRENTE
Pelos fatos exaustivamente demonstrados nos autos, percebe-se que a inclusão do
nome do requerente no cadastro de inadimplentes não tem ligação alguma com qualquer
conduta da empresa requerida.
O recorrido deixou de pagar o débito à empresa recorrente, razão pela qual esta
VENDEU o título ao Banco Santander. A partir daí o título deixou de ser da empresa
recorrente e passou a ser do Banco Santander.
Assim que o Recorrido pagou a dívida atualizada à empresa recorrente, esta
comunicou ao Banco acerca do pagamento, razão pela qual o Banco sustou o protesto do
título.
Ocorre que, após a regularização de toda a situação, o Banco Santander, por
livre e espontânea vontade, sem haver relação nenhuma com a empresa recorrente,
remeteu novamente o título a protesto. O que a recorrente só veio tomar conhecimento
com o ajuizamento da presente demanda.
Portanto, o objeto da ação repousa sobre fato que não diz respeito à empresa, ou
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seja, em que não há qualquer participação da recorrente, nem guarda relação com o serviço
por ela prestado.
Assim, verifica-se que a empresa não é parte legítima para figurar no polo
passivo desta demanda, considerando que a conduta que deu causa ao prejuízo pleiteado
não fora praticada pela empresa ora recorrente, visto que o Banco, POR CONDUTA
NEGLIGENTE E SOB SUA INTEIRA RESPONSABILIDADE, levou a que o nome do
recorrido fosse inserido no Serviço de Proteção ao Crédito.
Portanto, há de ser reconhecida a ilegitimidade da ora recorrente para integrar a
presente lide.
De acordo com o artigo 267, inciso VI, do Código de Processo Civil, in verbis:
Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:
VI – quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a
possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse
processual;
Demonstrada a ilegitimidade da ora recorrente, faz-se necessária a extinção
do processo sem resolução do mérito, nos termos do artigo 267, inciso VI, do CPC.
II. DA INEXISTÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR
Quanto ao dever de indenizar decorrente da caracterização da responsabilidade
civil do Recorrente, o MM. Juiz a quo em sua decisão expôs que restou configurado o fato
ensejador da responsabilidade civil e de consequência o dever de indenizar, uma vez que o
Requerente apenas tem relação com a Recorrente, devendo esta reclamar em ação regressiva
contra o Banco causador do prejuízo.
No entanto, tal decisão não merece prosperar como adiante restará demonstrado.
Com efeito, para que se entenda como cabível a obrigação de indenizar decorrente
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da responsabilidade subjetiva, necessária se faz a presença dos pressupostos autorizadores da
responsabilidade civil, quais sejam, (i) ofensa a uma norma preexistente ou erro de conduta,
(ii) dano, e (iii) nexo causal entre um e outro, conforme dispõem os artigos 186 e 927, do
Código Civil, senão vejamos:
“Art.186. Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.”
Sem que se comprove a presença desses três requisitos simultaneamente, a
pretensão indenizatória torna-se completamente inviável.
Neste sentido, é a Jurisprudência pátria:
“APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO INDENIZATÓRIA -PROCESSO
EXTINTO, COM JULGAMENTO DE MÉRITO -AUSÊNCIA DE
PROVA DE ATO ILÍCITO E DE NEXO DE CAUSALIDADE -
RECURSO DESPROVIDO "O RECONHECIMENTO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL AO DEVER DE INDENIZAR
ESTÁ JUNGIDO A EXISTÊNCIA DE TRÊS REQUISITOS, A
SABER: ATO ILÍCITO, DANO E NEXO DE CAUSALIDADE
ENTRE ESTE E AQUELE. AUSENTE QUALQUER DESTES
PRESSUPOSTOS, É DE SER JULGADA IMPROCEDENTE A
AÇÃO DE INDENIZACAO." (Ap. Cível nº 151890-5 – 5ª Cam.
Cível –Des. Relator: Roberto de Vicente – J. 09/11/2004)
Contudo, no caso dos autos, notório reconhecer que não agiu a Recorrente com
dolo ou culpa, sequer violou norma preexistente, ou seja, não praticou qualquer ato ilícito a
autorizar lhe seja atribuído o dever de indenizar o Recorrido pelos danos supostamente
sofridos.
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Conforme demonstrado nos autos, a Recorrente, legalmente, por força de atraso
no pagamento de duplicata (fato confesso pelo Recorrido na exordial), requereu o protesto de
tal título, tendo sido emitida ordem de protesto em 10/12/2012.
Em 12/12/2012, foi efetuado depósito do valor devido, acrescido de encargos.
Conforme se depreende do Documento 01 da Contestação, no dia 13/12/2012, foi
requisitada a sustação do protesto, a qual foi recebida pelo Banco.
Após o pedido de sustação e do envio ao banco, em 14/12/2012 foi
NOVAMENTE enviado o título ao cartório PELO BANCO SANTANDER, para
protesto, MESMO APÓS O PEDIDO DE SUSTAÇÃO DO PROTESTO PELA
EMPRESA REQUERIDA.
ADEMAIS, APESAR DE A EMPRESA REQUERIDA FORNECER AO
BANCO, PARA PROTESTO, OS DOCUMENTOS REFERENTES À PESSOA
JURÍDICA, CONFORME CONSTA NA NOTA FISCAL ANEXA À CONTESTAÇÃO, O
BANCO ENVIOU PARA PROTESTO OS DADOS DA PESSOA FÍSICA DO
RECORRIDO, RAZÃO PELA QUAL NÃO HAVIA COMO A EMPRESA REQUERIDA
CONTROLAR A NÃO INCLUSÃO DO NOME DO REQUERENTE NO SPC, VISTO QUE
APENAS TINHA O CONTROLE DA PESSOA JURÍDICA.
Percebe-se que, absolutamente apartado de qualquer conduta da Recorrente,
ocorreu o protesto do título e, consequentemente, a inscrição do nome do requerente no SPC.
Porém, apesar de minuciosamente demonstrado nos autos a inexistência de culpa
da Recorrente, o MM. Juiz “a quo” entendeu que a Recorrente deve indenizar o Recorrido dos
danos morais e, após, ingressar regressivamente contra o Banco Santander, verdadeiro
causador do dano.
Portanto, demonstrada a inexistência de conduta culposa da requerida, bem
como inexistência de nexo causal entre a conduta da requerida e o fato danoso, merece
reforma a sentença de 1° grau.
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III. DO NÃO CABIMENTO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DA
APLICAÇÃO DO CÓDIGO CIVIL.
Primeiramente, cumpre ressaltar que no presente caso deve ser aplicado o Código
Civil, e não o Código de Defesa do Consumidor, visto que quando do fato danoso não havia
mais relação de consumo entre a empresa requerida e o requerente, bem como a sentença,
expressamente condenou a Recorrente nos termos do artigo 927, do Código Civil, ou seja,
pela responsabilidade subjetiva.
Ademais, inexiste a responsabilidade da Requerida por qualquer dano sofrido pelo
requerente, uma vez que, para aplicação da responsabilidade civil, faz-se essencial a
constatação da existência de três pressupostos, quais sejam: a conduta omissiva ou comissiva
do agente danoso, a existência efetiva do dano e o nexo de causalidade entre eles.
No caso em comento, não se mostram presentes todos os requisitos citados,
não merecendo ser acolhido o pedido indenizatório, uma vez que para o deferimento da
indenização faz-se necessária a cumulação dos requisitos, não sendo lícita a aplicação em
virtude de um requisito isoladamente.
Para que seja devida a indenização por danos morais, esses supostos
sentimentos de humilhação e de constrangimento, portanto, devem ser legítimos, ou seja,
devem ter sido, de fato, sentidos pela vítima, devendo, além disso, SEREM
DEMONSTRADOS A CULPA DA RECORRENTE E O NEXO DE CAUSALIDADE, o
que não há no presente caso.
NÃO SE VISLUMBRA, conforme delineado alhures, O NEXO DE
CAUSALIDADE ENTRE CONDUTA DA EMPRESA E O DANO SUPOSTAMENTE
SOFRIDO. A demonstração de tal requisito é imprescindível, visto que a empresa
requerida não responde objetivamente, como alega o recorrido em exordial.
Nesse sentido, é a jurisprudência pátria consolidada, senão vejamos:
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TJ-MG- AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANOS MATERIAIS E
MORAIS - NÃO COMPROVAÇÃO DA CONDUTA ILÍCITA
COMETIDA PELA RÉ E DO NEXO CAUSAL - PEDIDOS
IMPROCEDENTES - RECURSO DESPROVIDO.Para que se condene alguém ao pagamento de indenização por dano material ou moral é preciso que se configurem os pressupostos ou requisitos da responsabilidade civil, que são o dano, a culpa do agente, em caso de responsabilização subjetiva, e o nexo de causalidade entre a atuação deste e o prejuízo.
(Processo: AC 10479110188139001 MG; Relator(a): Eduardo
Mariné da Cunha; Julgamento: 23/01/2014; Órgão Julgador:
Câmaras Cíveis / 17ª CÂMARA CÍVEL; Publicação: 04/02/2014)
TJ - SC - CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL.
INSCRIÇÃO DO NOME DO DEVEDOR NOS CADASTROS DE
RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. AUSÊNCIA DE IRREGULARIDADE
NO ATO DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. PRESSUPOSTOS DA
RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA NÃO
DEMONSTRADOS. INEXISTÊNCIA DO DEVER DE
INDENIZAR. RECURSO DESPROVIDO. Para caracterização da
responsabilidade civil subjetiva devem coexistir o ato ilícito, o
dano, o nexo causal e a culpa. À míngua de quaisquer dos
requisitos legais, não medra a pretensão indenizatória.
(Processo: AC 160240 SC 2004.016024-0 ; Relator(a): Luiz Carlos
Freyesleben; Julgamento: 13/10/2005; Órgão Julgador: Segunda
Câmara de Direito Civil; Publicação: Apelação cível n.
2004.016024-0, de Concórdia)
Os supostos prejuízos ocasionados pela inscrição indevida no SPC não se
deram por culpa da Requerida. O banco, por negligência, deu causa à inclusão. A
conduta da empresa, como já demonstrado, se deu dentro dos padrões legais, durante
toda a vigência da relação de consumo.
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Ainda, acerca da prévia notificação da inclusão no SPC, é impossível esperar isto
da requerida, tendo em vista que esta não tinha ciência da inscrição indevida. Este é um ônus
que não deve ser suportado pela empresa, uma vez que o Banco foi inteiramente responsável
pela negativação do nome do requerente, conforme copiosamente demonstrado.
Isso posto, patentemente demonstrada a ausência de requisitos ensejadores
da condenação em danos morais, razão pela qual deve ser reformada a sentença, a fim
de julgar improcedente o pleito indenizatório, mormente no tocante à ausência de culpa
da empresa recorrente e do nexo causal.
IV. DA VIOLAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) – RESP 1.063.474-RS
De acordo com reiterados julgados do Superior Tribunal de Justiça, Corte
Superior para interpretação das leis federais, só responde por danos materiais e morais o
endossatário que recebe título de crédito por endosso-mandato e o leva a protesto se extrapola
os poderes de mandatário ou em razão de ato culposo próprio, de acordo com o RESP nº
1.063.474-RS, para efeito do artigo 543-C, do Código de Processo Civil, senão vejamos:
DIREITO CIVIL E CAMBIÁRIO. RECURSO ESPECIAL
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC.
DUPLICATA RECEBIDA POR ENDOSSO-MANDATO.
PROTESTO. RESPONSABILIDADE DO ENDOSSATÁRIO.
NECESSIDADE DE CULPA. 1. Para efeito do art. 543-C do CPC:
Só responde por danos materiais e morais o endossatário que
recebe título de crédito por endosso-mandato e o leva a protesto se
extrapola os poderes de mandatário ou em razão de ato culposo
próprio, como no caso de apontamento depois da ciência acerca do
pagamento anterior ou da falta de higidez da cártula. 2. Recurso
Especial não provido.
(STJ - RESP nº 1.063.474-RS (2008/0128501-0). RELATOR Ministro
Luis Felipe Salomão. Data do Julgamento: 28/09/2011. Data da
Publicação: 17/11/2011)
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Exaustivamente demonstrado o ato culposo do Banco Santander, que levou o
título a protesto novamente, após a empresa recorrente ter comunicado acerca do pagamento
do débito, comunicado este recebido pelo Banco Santander imediatamente.
Portanto, não pode a empresa recorrente responder pelos danos
supostamente causados ao recorrido por ato culposo do Banco Santander, o que viola a
jurisprudência consolidada do STJ, razão pela qual deve a sentença ser reformada, a
fim de julgar a presente ação totalmente improcedente.
V. CULPA EXCLUSIVA DO BANCO. APLICABILIDADE DO §3º, DO ART. 14, DO
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
Ainda, caso Vossa Excelência entenda pela aplicação do Código de Defesa do
Consumidor, o que não se espera, mas se aceita em razão do princípio da eventualidade,
ainda assim a ação deve ser julgada totalmente improcedente pela culpa exclusiva de
terceiro.
Cumpre esclarecer, NOVAMENTE, que a recorrente não tem nenhuma
responsabilidade pelos danos supostamente causados ao recorrido, tendo em vista que
não há comprovação de nexo causal entre o fato danoso e a conduta da empresa.
Ademais, cabalmente demonstrada a conduta lícita da empresa em protestar o título
enquanto devedor e sustar o protesto quando do pagamento da dívida, conforme faz
prova DOC. 01 em anexo.
Ademais, apesar de a empresa requerida fornecer ao Banco, para protesto, os
documentos referentes à pessoa jurídica, conforme consta na nota fiscal em anexo, o
banco enviou para protesto os dados da pessoa física. PORTANTO, NÃO HAVIA
COMO A EMPRESA RECORRENTE CONTROLAR A NÃO INCLUSÃO DO NOME
DO REQUERENTE NO SPC.
Por outro lado, a alegação do recorrido de que a responsabilidade aplicável ao
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caso é objetiva, evocando o disposto do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, não
merece guarida, uma vez que a aplicação da responsabilidade independente de culpa é cabível
somente nos casos relacionados ao serviço prestado.
No caso dos autos, a ilegalidade se caracteriza como fato externo ao serviço, sem
relação alguma. Nenhum nexo de causalidade foi demonstrado pelo requerente. Ademais,
demonstrada a culpa exclusiva de terceiro, Banco Santander.
Inconteste o fato de que a empresa procedeu de forma idônea e legal, até
mesmo quando deu ordem de protesto do título, diante de inadimplemento do recorrido.
Ocorre que, efetuado o pagamento, a recorrente sustou o protesto, considerando,
naturalmente, que estava resolvida e normalizada a situação. A PARTIR DAÍ, A
ATUAÇÃO DA EMPRESA NÃO MAIS DE PERDURARIA!
ADEMAIS, A EMPRESA RECORRENTE VENDE SEUS TÍTULOS DE
CRÉDITO AO BANCO SANTANDER, RAZÃO PELA QUAL, A PARTIR DAÍ A
EMPRESA DEIXA DE TER QUALQUER RESPONSABILIDADE SOBRE ESTES.
Aplica-se ao caso, na verdade, a exceção do §3º do artigo 14, in verbis:
Art. 14 – omissis
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando
provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
PATENTEMENTE DEMONSTRADA, NO CASO, A CULPA EXCLUSIVA
DE TERCEIRO – BANCO SANTANDER – EXCLUDENTE DE
RESPONSABILIDADE.
É neste sentido a Jurisprudência atual:
TJ-MG-DIREITO DO CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO
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DE INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL E MORAL. FALSÁRIO.
ADULTERAÇÃO DE CHEQUE. APRESENTAÇÃO PARA DESCONTO.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. FATO DE TERCEIRO. EXCLUSÃO DA
RESPONSABILIDADE. ARTIGO 14, § 3º, INCISO II DO CDC.
INEXISTÊNCIA DE PROVA DA NEGLIGÊNCIA DO BANCO E DE
CONTRIBUIÇÃO PARA CONSUMAÇÃO DA FRAUDE. PEDIDOS
IMPROCEDENTES.
1. Fundando-se a pretensão indenizatória proposta em face da instituição
financeira na adulteração de cheque apresentado para
pagamento/compensado, desvela-se autêntica hipótese de fato de terceiro,
configurador de fortuito externo à atividade bancária, restando rechaçada a
responsabilidade objetiva pura e simples, de maneira que sua
responsabilização somente se concretiza caso evidenciada negligência e
contribuição para a constituição do dano, aplicada a excludente prevista
no artigo 14, § 3º, inciso II do CDC.
(Processo:AC 10194100118463001 MG; Relator(a): Otávio Portes;
Julgamento: 07/08/2013; Órgão Julgador: Câmaras Cíveis / 16ª CÂMARA
CÍVEL; Publicação:19/08/2013)
TJ-SP-APELAÇÃO.
Ação declaratória de inexistência de débito cumulada com indenização por
danos morais. Dupla inscrição do nome da autora nos órgãos de proteção ao
crédito. Responsabilidade objetiva da casa lotérica corré. Afastado.
Danos suportados pelos apelantes decorrem do ato ilícito praticado,
única e exclusivamente, pela instituição financeira corré. Erro de
digitação. Suposta divergência entre o valor pago e aquele que constou no
comprovante de pagamento, a menor. Insuficiência do pagamento que
acarretou a primeira negativação pela corré instituição financeira. Eventual
divergência de valores sanável por fácil constatação, no ato do pagamento.
Culpa exclusiva dos apelantes que legitimou a primeira inscrição.
Excludente de responsabilidade. Artigo 14, § 3º, inciso II, do CDC. Segunda
inscrição. Instituição financeira não demonstrou a regularidade da nova
inscrição, efetivada dois dias após ter reconhecido a validade do pagamento
que ensejou a baixa da primeira negativação, sobre o mesmo contrato.
Apontamento indevido. Conduta negligente da instituição financeira corré.
Dano moral in re ipsa. Manutenção do quantum indenizatório fixado em
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primeira instância. Razoabilidade e proporcionalidade. Caráter inibitório e
reparatório, sem que haja enriquecimento sem causa. Verba honorária
mantida. Recurso improvido.
(Processo:APL 00046611320088260270 SP 0004661-13.2008.8.26.0270;
Relator(a): Lidia Conceição; Julgamento: 22/09/2014; Órgão Julgador: 12ª
Câmara de Direito Privado; Publicação: 22/09/2014).
TJ-DF-CIVIL. CONSUMIDOR. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO
INOMINADO. PRAZO DE INTERPOSIÇÃO. FLUIÇÃO A PARTIR DA
CIÊNCIA DA SENTENÇA. INTEMPESTIVIDADE. PRESSUPOSTO
OBJETIVO DE ADMISSIBILIDADE NÃO SATISFEITO. DANOS
MATERIAIS E MORAL. COMPRA E VENDA PELA INTERNET.
EMPRESA INTERMEDIADORA. CULPA EXCLUSIVA DE TERCEIRO
E DO CONSUMIDOR. CUMPRIMENTO DE DEVER OBJETIVO DE
CUIDADO PELO FORNECEDOR. DANOS MATERIAIS E MORAL
NÃO CARACTERIZADOS.
1. DE CONFORMIDADE COM O REGRAMENTO QUE ESTÁ INSERTO
NO ARTIGO 42 DA LEI DE REGÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS
(LEI N.9.099/95), O RECURSO INOMINADO DEVE SER INTERPOSTO
NO PRAZO DE 10 (DEZ) DIAS, CONTADOS DA CIÊNCIA DA
SENTENÇA.
2. CIENTIFICADO DA SENTENÇA, ATRAVÉS DE COMUNICAÇÃO
EXPEDIDA PELO CORREIO, APERFEIÇOA-SE A SUA INTIMAÇÃO
ACERCA DO CONTEÚDO DA SENTENÇA, INICIANDO-SE A
CONTAGEM DO PRAZO RECURSAL NO PRIMEIRO DIA ÚTIL
SEGUINTE AO DA JUNTADA DO RESPECTIVO AVISO DE
RECEBIMENTO AOS AUTOS.
3. PROTOCOLADO O RECURSO APÓS A EXPIRAÇÃO DO PRAZO
FIXADO EM LEI, NÃO PODE SER CONHECIDO POR NÃO
SUPLANTAR O PRESSUPOSTO OBJETIVO DE ADMISSIBILIDADE
PERTINENTE À TEMPESTIVIDADE.
4. A AÇÃO DELITUOSA DE TERCEIRA PESSOA NÃO É CAPAZ DE
EXCLUIR, POR SI SÓ, A RESPONSABILIDADE DOS
FORNECEDORES DE PRODUTOS E SERVIÇOS PELOS DANOS
CAUSADOS AOS CONSUMIDORES.
5. CONTUDO, SE A FORNECEDORA, ADOTANDO AS CAUTELAS
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NECESSÁRIAS À CORRETA FORMALIZAÇÃO DOS
CONTRATOS, FOI DILIGENTE E, NA MEDIDA DE SUA
POSSIBILIDADE, AGIU DE FORMA A PREVENIR A
OCORRÊNCIA DE DANOS AO CONSUMIDOR, NENHUMA
RESPONSABILIDADE PODE LHE SER IMPUTADA.
6. NA HIPÓTESE DE AÇÃO DELITIVA PERPETRADA POR
TERCEIRA PESSOA, QUANDO NÃO SE VISLUMBRA QUALQUER
PARTICIPAÇÃO DA FORNECEDORA DE SERVIÇOS QUE
INTERMEDIA AS NEGOCIAÇÕES , AINDA QUE SOB A FORMA DE
OMISSÃO, E OS DANOS SOFRIDOS DECORREM APENAS DA
AÇÃO CRIMINOSA DESENVOLVIDA POR TERCEIROS, BEM
COMO DA PRÓPRIA CONDUTA OMISSIVA DA VÍTIMA OU
CONSUMIDOR, IMPOSSÍVEL SE MOSTRA A CONDENAÇÃO DO
FORNECEDOR PRESTADOR D
7. RECURSO DO FORNECEDOR, PRIMEIRO RECURSO, C E
SERVIÇO DE MANDADO. ONHECIDO E PROVIDO, SENTENÇA
REFORMADA. RECURSO DO CONSUMIDOR, SEGUNDO RECURSO,
NÃO CONHECIDO
(Processo:ACJ 20051110046887 DF; Relator(a): JOÃO BATISTA
TEIXEIRA; Julgamento: 08/08/2006; Órgão Julgador: Segunda Turma
Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do DF; Publicação:DJU
06/09/2006 Pág. : 118).
STJ-RESPONSABILIDADE CIVIL. INCLUSÃO INDEVIDA NOS
CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. RISCO DA ATIVIDADE.
CASO FORTUITO INTERNO. NEGATIVAÇÕES ANTERIORES EM
DISCUSSÃO JUDICIAL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
DEVIDA. RECURSO PROVIDO.
I - É inaplicável a súmula 385, do STJ, persistindo, portanto, o dever de
indenizar, quando há discussão judicial em relação às anotações, nos órgãos
de restrição ao crédito, em nome do autor, que não são objeto do presente
feito.
II - A culpa exclusiva de terceiros capaz de elidir a responsabilidade
objetiva do fornecedor de produtos ou serviços é somente aquela que se
enquadra no gênero de fortuito externo, ou seja, aquele evento que não
guarda relação de causalidade com a atividade do fornecedor,
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absolutamente estranho ao produto ou serviço.
III - Para fixação do valor do dano moral deverá o Julgador se ater aos
critérios de razoabilidade e proporcionalidade para que a medida não
represente enriquecimento ilícito, bem como para que seja capaz de coibir a
prática reiterada da conduta lesiva pelo seu causador.
(processo: AgRg no AREsp 419171 MG 2013/0360211-0)
STJ-DIREITO CIVIL, DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL.
RECURSO DE AGRAVO INTERPOSTO CONTRA DECISÃO
TERMINATIVA EM SEDE DE APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS. FRAUDE NA ABERTURA DE CONTA
CORRENTE E EMISSÃO DE CHEQUES. FRAUDE DECORRENTE DA
OMISSÃO DE INSTITUIÇÃO BANCARIA. RÉ NÃO TEVE NENHUMA
PARTICIPAÇÃO NA CONSECUÇÃO DOS ATOS FRAUDULENTOS.
EXCLUDENTE. CULPA EXCLUSIVA DE TERCEIRO. ART. 14, § 30, II,
CDC. RECURSO DE AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. No caso sub examine, por mais diligente que fosse a conduta da empresa
ré, não seria possível identificar o caráter fraudulento dos cheques
apresentados pelos falsários.
2. Não pode ser civilmente responsabilizada a empresa que não concorreu
para a realização do ato fraudulento.
3. 0 inciso II do § 3° do art. 14 do CDC, dispõe expressamente que o
fornecedor de serviços não será responsabilizado quando provar que o fato
danoso decorreu da culpa exclusiva de terceiro.
4. Recurso de Agravo a que se nega provimento por unanimidade de votos"
(e-STJ, fl. 13).
(Processo: AREsp 332976 PE 2013/0121122-5; RELATOR: Ministro João
Otávio de Noronha; DJe: 12/12/2014)
Patente a impossibilidade da empresa requerida, que não concorreu para o
evento danoso, ser responsabilizada. Além disso, a empresa foi diligente no
cumprimento da lei, procedendo com o pedido de retirada de protesto, com vistas a
impedir a negativação do nome do recorrido, tão logo quando comprovado o pagamento
do débito.
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Portanto, ausente a responsabilidade da empresa requeria, eis que
patentemente demonstrada a culpa exclusiva de terceiro, Banco Santander, razão pela
qual deve ser a ação julgada totalmente improcedente.
VI. DA INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS
Quanto aos danos alegados, importante destacar que o Recorrido não demonstrou
ter sofrido danos, segundo os documentos apresentados.
Portanto, certo é que, não houve qualquer prejuízo ao Recorrido, uma vez que o
dano moral se caracteriza pela dor, humilhação e sofrimento que a pessoa sente ao passar por
uma situação vexatória e constrangedora, o que não se extrai do caso em testilha.
Nesse passo, resta evidente a ausência de culpa do Recorrente acerca dos
fatos ocorridos, não havendo como se impor ao mesmo o dever de indenizar, fazendo-se
imprescindível a reforma da sentença proferida.
Imperioso destacar ainda, no que concerne ao dano moral, que ele consiste no
abalo sofrido pela vítima em sua imagem e honra, na sua gama de interesses subjetivos, de
maneira a causar-lhe vexames em seu âmbito social, em sua intimidade e perante familiares.
Ocorre que, de acordo com os documentos anexos, o Recorrido já havia seu nome
inserido nos cadastros de restrição ao crédito, quando ocorreu o fato alegado na exordial,
razão pela qual não lhe dá o direito de requerer indenização por danos morais à empresa
recorrente.
Segue jurisprudência atual:
DANO MORAL. EXISTÊNCIA DE OUTRAS INSCRIÇÕES PRETÉRITAS. INDENIZAÇÃO NEGADA. Se existem inúmeras outras inscrições em desfavor da pessoa, não há que se falar em dano a sua imagem, em razão da existência de nova inscrição, pois essa já se encontrava maculada por aquelas.
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(TJ-MG - AC: 10024130355498001 MG , Relator: Cabral da Silva, Data de Julgamento: 18/03/2014, Câmaras Cíveis / 10ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 02/04/2014)
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - Reconhecida a irregularidade da cobrança, a inserção dos dados do autor, em tese, ensejaria indenização por danos morais Existência, contudo, de inscrições anteriores, cujas alegações do autor, no sentido de que são indevidas, não restaram comprovadas Caso em que não há idoneidade moral a ser resguardada Inexistência de dano moral - Inteligência da Súmula 385 do STJ - Sentença mantida. Recurso não provido.
(TJ-SP - APL: 10111355320148260405 SP 1011135-53.2014.8.26.0405, Relator: Marino Neto, Data de Julgamento: 30/04/2015, 11ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 30/04/2015)
RECURSO DE APELAÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÍVIDA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS Pretensão de declaração de inexistência de dívida c.c. indenização por danos morais - Descabimento Demora na retirada da anotação restritiva que não é causa determinante para obtenção de indenização por danos morais Improcedência mantida. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - Existência de precedentes inscrições em nome da apelante, sem demonstração de que tais fossem ilegítimas Incidência da S. nº 385, do STJ Inocorrência de danos morais Recurso desprovido.
(TJ-SP - APL: 01089589120118260100 SP 0108958-91.2011.8.26.0100, Relator: João Batista Vilhena, Data de Julgamento: 14/08/2014, 24ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 19/08/2014)
Diante do exposto, verifica-se que a condenação do Recorrente ao pagamento de
indenização por danos morais é infundada, quiçá pela ausência de comprovação de
qualquer defeito ou falha na prestação do serviço, devendo ser reformada a sentença ora
recorrida para afastar qualquer pretensão indenizatória.
VII. DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
Caso a sentença ora recorrida seja mantida, o que não se espera, mas se admite em
razão do princípio da eventualidade, há que se dizer que o valor arbitrado pelo MM. Juiz é Página 17 de 21
exorbitante.
Na sentença ora recorrida, a Recorrente foi condenada ao pagamento de R$
4.000,00 (quatro mil reais) a título de danos morais, sob o fundamento de que este valor é
suficiente para reparar os danos sofridos pelo Recorrido.
Entretanto, não merece prosperar o elevado valor da condenação arbitrado pelo
MM. Juiz a quo.
Como se sabe, o ressarcimento do dano moral, é uma forma de compensar
sofrimento causado, não pode, porém ser fonte de enriquecimento ou de abusos, devendo a
sua importância ser moderada.
Antônio Jeová Santos, em sua obra “Dano Moral Indenizável”, 3ª ed, faz uma
relação de elementos que devem ser observados, dentre eles, evitar o enriquecimento
injusto, vejamos:
“A reparação de um dano moral, seja qual for a espécie, não deve
significar uma mudança de vida para a vítima ou para a sua
família. Uma forma de enriquecimento surgida da indenização.
O dano moral não pode servir a que vítimas ou pseudovítimas vejam
sempre a possibilidade de ganhar um dinheiro a mais, enriquecendo-
se diante de qualquer abespinhamento. É certo que o dinheiro tem um
valor compensatório e que permite à vítima algumas satisfações que
trazem apazimento, que sirvam como sucedâneo do dano moral
padecido. Esse direito da vítima não pode se tornar em benefício
excessivo ou que não guarde correlação com o ressarcimento de
outros danos e com as circunstâncias gerais de uma comunidade”.
De acordo com essa linha, os Tribunais Pátrios têm se posicionado da seguinte
maneira:
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. Página 18 de 21
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO
CUMULADA COM ANULATÓRIA DE TÍTULO DE CRÉDITO E
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ARBITRAMENTO DO
DANO MORAL. Caracterizado o dano moral à pessoa jurídica com o
protesto de dívida não existente, a indenização não deve ser
irrisória, de modo a fomentar a reincidência, nem deve ser
desproporcional ou exagerada, de modo a acarretar
enriquecimento, justificando-se, no caso, o arbitramento da sentença,
conforme as circunstâncias e os julgamentos de casos análogos.
(Apelação Cível Nº 70061238812, Vigésima Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Carlos Cini Marchionatti, Julgado em
24/09/2014; Diário da Justiça do dia 29/09/2014).
TJ-SP-RESPONSABILIDADE POR ILÍCITO CIVIL
EXTRACONTRATUAL. NEGATIVA DE CELEBRAÇÃO DE
CONTRATO DE CONTA CORRENTE. INSCRIÇÃO
DESABONADORA. PREJUÍZOS DE ORDEM MORAL QUE SE
CONCRETIZAM A PARTIR, SÓ, DA INSCRIÇÃO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA. INCIDÊNCIA DO VERBETE N. 479 DAS
SÚMULAS DO STJ. DANOS MORAIS. ARBITRAMENTO EM
VALOR RAZOÁVEL PORQUE DEVE REFLETIR O
BINÔMIO REPARAÇÃO/REPRIMENDA SEM RESVALAR
PELO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. INDENIZAÇÃO
FIXADA EM PRIMEIRO GRAU MANTIDA, MESMO PORQUE
NÃO é SUPERIOR À COSTUMEIRAMENTE ARBITRADA
NESTA C. CÂMARA PARA CASOS ANÁLOGOS. RECURSO A
QUE SE NEGA SEGUIMENTO.
(Processo: APL 0041303520088260040 SP 0004130-
35.2008.8.26.0040; Relator(a): Araldo Telles; Julgamento:
15/06/2011; Órgão Julgador: 10ª Câmara de Direito Privado;
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Publicação: 22/07/2014)
STJ-CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.
ATROPELAMENTO. MORTE. DANO MORAL. FIXAÇÃO EM
PATAMAR EXCESSIVO. REDUÇÃO. POSSIBILIDADE. PENSÃO
ALIMENTÍCIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE
DEPENDÊNCIA ENTRE OS RECORRIDOS. SÚMULA 7/STJ. 1. O
critério que vem sendo utilizado por essa Corte Superior na
fixação do valor da indenização por danos morais, considera as
condições pessoais e econômicas das partes, devendo o
arbitramento operar-se com moderação e razoabilidade, atento à
realidade da vida e às peculiaridades de cada caso, de forma a não
haver o enriquecimento indevido do ofendido, bem como que sirva
para desestimular o ofensor a repetir o ato ilícito. 2. A redução do
"quantum" indenizatório a título de dano moral é medida excepcional
e sujeita a casos específicos em que for constatado abuso, tal como
verificado no caso. (Processo: REsp 747474 RJ 2005/0074322-4;
Relator(a): Ministro HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/AP); Julgamento:
02/03/2010; Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA; Publicação:
DJe 22/03/2010)
O valor aqui pleiteado é deveras exorbitante, pois não restou demonstrada a
dimensão do dano. Ainda mais, visto que seu nome já estava inserido do SPC e
SERASA, demonstrando que a ele não foi atribuído abalo econômico.
Não há razoabilidade em tal pedido. O arbitramento não prescinde de uma
avaliação comparada entre o dano e o quantum arbitrado, com vistas a combater o
enriquecimento sem causa. Uma vez que, repita-se, a indenização por dano moral não tem o
condão de aumentar o patrimônio do ofendido, mas serve para um propósito específico e
totalmente ligado ao sofrimento experimentado. Deve ser proporcional.
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Conforme cabalmente demonstrado, não há responsabilidade da empresa.
Porém, se entender cabível, deve ser fixada indenização mediante arbitramento judicial,
segundo os melhores critérios doutrinários e jurisprudenciais, como a natureza da
ofensa, a repercussão do fato, extensão do dano, o grau de culpa.
Desta forma, a Requerida desde logo requer que seja afastada qualquer
pretensão de condenação ao pagamento de indenização resultante de dano, em face da
sua inexistência, impugnando por consequência o valor exorbitante requerido na
exordial.
VIII. DO PREQUESTIONAMENTO
Para efeito de interposição de Recurso Especial, se necessário, fica desde já
prequestionada a matéria objeto do presente Recurso, que foi abordada pela Recorrente ao
longo do curso do feito.
IX. DO PEDIDO
PELO EXPOSTO, requer seja conhecido e provido o presente Recurso
Inominado, para o fim de reformar a sentença recorrida, para julgar os pedidos iniciais
totalmente improcedentes.
Caso não seja esse o entendimento de Vossas Excelências que, ao menos,
determinem a redução do valor arbitrado a título de danos morais.
Pede deferimento.
Teresina-PI, 14 de Maio de 2015.
Audrey Martins Magalhães Fortes
OAB/PI 1.829
Mariana de Souza Ladeira
OAB/MA 11.278
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