excelentÍssimo senhor juiz da 3ª vara federal do...

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1 de 23 EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA 3ª VARA FEDERAL DO TRABALHO DE ANANINDEUA/PA Processo nº 0000798-17.2015.5.08.0121 RECURSO ORDINÁRIO C F H EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS E REPRESENTAÇÕES LTDA, já devidamente qualificada nos autos da Reclamação Trabalhista que move XXX XXXX XXXXX, por intermédio de sua advogada, com endereço para intimações de estilo na Rua Elizeu Martins, nº 1.294, Ed. Oeiras, salas 104/107, Centro, Teresina/PI, requerendo desde logo que todas as intimações e publicações sejam feitas em nome da advogada Audrey Martins Magalhães, sob pena de nulidade, inconformada com a respeitável sentença, no prazo legal, vem interpor o presente RECURSO ORDINÁRIO, pedindo que as razões anexas sejam enviadas ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 8 a Região. Anexos à presente, seguem os comprovante de custas recursais e deposito recursal. Teresina, 21 de outubro de 2015. Audrey Martins Magalhães Advogada OAB/PI n° 1.829

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA 3ª VARA FEDERAL DO TRABALHO DE ANANINDEUA/PA Processo nº 0000798-17.2015.5.08.0121 RECURSO ORDINÁRIO

C F H EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS E REPRESENTAÇÕES

LTDA, já devidamente qualificada nos autos da Reclamação Trabalhista que move XXX XXXX XXXXX, por intermédio de sua advogada, com endereço para intimações de estilo na Rua Elizeu Martins, nº 1.294, Ed. Oeiras, salas 104/107, Centro, Teresina/PI, requerendo desde logo que todas as intimações e publicações sejam feitas em nome da

advogada Audrey Martins Magalhães, sob pena de nulidade, inconformada com a respeitável sentença, no prazo legal, vem interpor o presente RECURSO ORDINÁRIO, pedindo que as razões anexas sejam enviadas ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 8a Região.

Anexos à presente, seguem os comprovante de custas recursais e deposito recursal. Teresina, 21 de outubro de 2015.

Audrey Martins Magalhães Advogada OAB/PI n° 1.829

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EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO Recorrente: C F H EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS E REPRESENTAÇÕES LTDA Recorrida: XXX XXXX XXXXX

RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO I. DA TEMPESTIVIDADE

Conforme comprova certidão dos autos, a r. decisão que julgou procedente em parte a reclamação trabalhista em epígrafe, foi divulgada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho do Estado do Pará em dia 20/10/2015 (terça-feira).

O prazo para a interposição do Recurso Ordinário, conforme preconiza o art. 895 da

CLT, é de 08 (oito) dias, começando a contagem no dia útil após a publicação, qual seja, 21/10/2015 (quarta-feira), findando-se em 28/10/2015 (quarta-feira).

Portanto, o presente recurso é manifestadamente tempestivo.

II. SINTESE DA DEMANDA

Trata-se de Reclamação trabalhista onde a reclamante requereu a condenação desta recorrente no pagamento das seguintes verbas:

1) Pagamento da parte fixa do salário e seus reflexos; 2) Multa do Art. 467 da CLT; 3) Diária por uso de veículo próprio; 4) Multa do Art. 477 da CLT; 5) M u l t a d o F G T S.

As reclamadas apresentaram suas contestações produzindo suas provas nos autos,

bem como foram ouvidas as testemunhas indicadas pelas partes, proferindo o MM. Juízo a quo, por conseguinte, a seguinte sentença (Id: 757a887):

[...]I) Acolher a preliminar de ilegitimidade passiva, determinando a exclusão da Cosan Combustíveis E Lubrificantes S/A da lide; II) Rejeitar a prejudicial de prescrição bienal; III) julgar procedentes, em parte, os pedidos deduzidos, de modo a condenar a reclamada

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a pagar à reclamante, com juros e correção monetária, no prazo e condições da fundamentação, a importância de r$-40.157,96, a título de: salário fixo com reflexos em aviso prévio, férias mais um terço, gratificações natalinas, repouso remunerado e FGTS com 40%; multa do artigo 477, da CLT; diárias pelo uso do veículo próprio em serviço. São concedidos, ainda, os benefícios da justiça gratuita à reclamante. Improcedentes os demais pedidos, por falta de amparo legal. Tudo nos termos da fundamentação e da memória de cálculo em anexo, que integram o dispositivo, para todos os fins. Custas, pelas reclamadas, em R$-1.281,24, calculadas sobre o valor da condenação.

Ocorre que, data vênia, a r. decisão deve ser reformada, conforme será demonstrado a seguir. III. PRELIMINARMENTE III. a) DA NULIDADE DA SENTENÇA POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISCIDIONAL. AUSENCIA DE ANÁLISE DAS PROVAS DOCUMENTAIS E TESTEMUNHAIS CONSTANTES NOS AUTOS

Note-se que a sentença de mérito (id: 757a887) o MM. Juízo não apreciou em totalidade as provas advindas aos autos, fato que desconsiderou totalmente a confissão da reclamante e os depoimentos testemunhais constantes na ata de audiência do dia 26 de agosto de 2015 (id: bc65fa7), além de desconsiderar deliberadamente elementos importantes para o caso em testilha.

Por uma simples leitura da sentença vergastada verifica-se que o MM. Juízo a quo,

não considerou para sua análise os seguintes documentos: 1) Documentos das Frotas de Veículos da Reclamda – Ids: 8f3e6c1, 82398d6,

13f0176, 19d50e8, cd3fc54, e927382, 3f145ea, bcab38c, f98814c, 7d5bfc0, cbe6c30 e e41dde8

2) Recibo de Prestação de Servilos – ids: 2a151cd e d9df460 3) Fichas de Registros de Empregados Vendedores ids: ee872b4, 2ca110e,

3a7914f e a526b1e; 4) Depoimento da Autora e das testemunhas – Ata de instrução do dia 26/08/2015

– id: bc65fa7.

Note-se que pelos documentos apresentados e pelos depoimentos das testemunhas, comprovas que não havia qualquer exigência da reclamada para que a recorrida/reclamante ou qualquer outro funcionário possuísse veículo próprios para o desempenho das funções.

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Restou comprovado nos autos que os vendedores externos, na Capital e no Interior, não são objeto de controle da Reclamada, e portanto as atividades dadas a eles são executadas de acordo com a rota e estratégia de trabalho criadas por eles mesmos, podendo solicitar a empresa as despesas de transporte, ou mesmo a utilização dos veículos da Frota da Recorrente.

Note-se que estou comprovado por depoimento das testemunhas que existem no

quadro de funcionários vendedores que não possuem veículos próprios mas executam as suas atividades da mesma forma que os demais.

Urge aclarar que a reclamante confessa que a referida empresa possuía veículos

para utilização das atividades que a mesma por si mesma decidiu fazer com seu veículo próprio, Senão vejamos:

“que utilizava o seu próprio carro para o trabalho; que vendia óleos lubrificantes de marca mobil; que utilizava seu carro para buscar o gerente e coordenadores nos hotéis quando estavam em Belém; que não foi ajustada indenização pelo uso do carro. AO ADVOGADO DA RECLAMADA, RESPONDEU: que a empresa possui veículos próprios; que não podia utilizar os veículos no trabalho; que os veículos serviriam para transportar os gerentes e coordenadores mas nunca eram usados com esse fim; que possui vários motorista em seus quadros, porém não havia uma clara distinção de tarefas na empresa”

Além da referida confissão, encontra-se evidente no depoimento das duas

testemunhas indicadas por esta recorrente que assim depuseram sobre a utilização de veículos próprio:

Sr. EDMUNDO PAZ LIMA METO: “que não é condição para admissão de funcionário o fato de ser proprietário de veículo; que é gerente comercial; que é possível o vendedor fazer as vendas apenas por telefone; que a empresa possui um cadastro de clientes, mas o procedimento das visitas fica a cargo do vendedor; que cada vendedor tem sua área de atuação com o cadastro de cliente pertinente. A advogada da 1ª reclamada respondeu: que conheceu vendedores sem carros na reclamada; que os vendedores Francisco Elias e Plinio não tem carros; que o mesmos acontece em Teresina [...] que não pode precisar se a reclamante recebeu cartão gold card; que o vendedor pode utilizar o carro ou outro meio de transporte para fazer as vendas; que pode também fazê-las por telefone como disse anteriormente”.

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Sr. ANTONIO DE PADUA AMARAL DE LIMA: “que existem vendedores sem carros na empresa; que pode citar o caso dos senhores Francisco Elias e Plinio; que é possível efetuar vendas por telefone”.

A reclamada afim de dar força ao depoimento efetuado pelas testemunhas,

apresentou as fichas dos empregados citados nos depoimentos de ambas, fazendo a comprovação de que existe na reclamada funcionários que não possuem carros próprios e mesmo assim desempenham suas atividades de vendas normalmente.

Ademais, comprovou também a recorrente possui frota própria veicular, o que

comprova mais uma vez que as alegações iniciais encontram-se falaciosas, devendo as mesmas serem desconsideradas, o que não fez o MM. Juízo a quo.

Urge aclarar que essa informações todas constam dos autos e foram completamente

ignoradas pelo MM. Juízo a quo quando da prolação de sua sentença, uma vez que tais provas documentais e testemunhais dão força a tese da reclamada/recorrente de AUSÊNCIA DE PROVA DA OBRIGATORIEDADE O USO DE VEÍCULO PRÓPRIO.

Note-se que o conjunto fático probatório existente nos autos não foram analisados

detidamente, portanto, encontra-se sem a prestação jurisdicional adequada, violando o Art. 832 da CLT e o Art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, exatamente pela falta de fundamentação da decisão.

A jurisprudência pátria tem entendido que o Julgador deve apreciar todas as provas

insertas nos autos, fundamentando a sua decisão de forma plena, senão vejamos:

HORAS EXTRAS. ADICIONAL NOTURNO. CONTROLES DE JORNADA. PROVA DOCUMENTAL. ANÁLISE. OBRIGAÇÃO DO JULGADOR. A obrigação da parte é de produzir a prova e a do julgador examiná-la. À vista da prova documental adunada pelas partes, é obrigação do julgador, e não faculdade analisá-la detidamente – cotejando, por exemplo, registros de jornada e recibos de pagamento - para verificar a procedência de determinado pedido, sob pena de prestação jurisdicional insuficiente. Não se trata aqui de atividade de auditoria, mas sim de atividade jurisdicional em sua plenitude. Se para a apreciação da procedência de determinado pedido condicione o juiz que a parte autora aponte numericamente, na oportunidade em que se manifestar sobre os documentos juntados, onde residiria o seu crédito, estaria transferindo àquela a sua atuação jurisdicional. Nos casos em que efetivamente a complexidade da matéria e da

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documentação exija análise técnica, há que ser nomeado perito contábil. (TRT-5 - RecOrd: 00006654620135050341 BA 0000665-46.2013.5.05.0341, Relator: LUÍZA LOMBA, 2ª. TURMA, Data de Publicação: DJ 25/08/2014, disponível no sítio eletrônico: http://trt-5.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/158329296/recurso-ordinario-record-6654620135050341-ba-0000665-4620135050341)

Deverá, assim, ser reconhecida a nulidade parcial da V. sentença por este Egrégio

Tribunal, por ausência de fundamentação, devolvendo os autos à origem para prolação de novo julgamento, apreciando integralmente o tema de AUSÊNCIA DE PROVA DA OBRIGATORIEDADE DE USO DE VEÍCULO PRÓPRIO, diante da análise do conjunto provatório inserto aos autos, ou, alternativamente, seja a referida decisão modificada neste particular por este Douto Colegiado. III. b) DA APLICAÇÃO DA PRESCRIÇÃO BIENAL

O MM. Juízo de primeiro grau, entendeu está afastada a prescrição bienal, posto

que restou comprovado pela certidão de id 86fe917 a indisponibilidade do Sistema do PJE no âmbito da Justiça do Trabalho da 8ª Região entre 27/06 e 04/07/2015 (sábado), porquanto a reclamação trabalhista ajuizada em 06/07/2015 estaria imprescrita.

Ocorre que a demissão da recorrida se deu em 02/07/2013, portanto, nos termos da

prescrição bienal a recorrida possuía até o dia 1º/07/2015 para o ajuizamento da presente ação, tendo efetuado apenas em 06/07/2015.

Ocorre que, referida certidão id 86fe917 não indica quais serviços estavam

indisponíveis, o que é requisito essencial para caracterizar a indisponibilidade do sistema, conforme Art. 8º, I, II e III, da Resolução 1589/2013, do TST, in verbis:

Art.8º Considera-se indisponibilidade dos sistemas de tramitação eletrônica de processos a falta de oferta ao público externo de qualquer dos seguintes serviços: I - consulta aos autos digitais; II - transmissão eletrônica de atos processuais; ou III - citações, intimações ou notificações eletrônicas,

Logo, não é possível precisar a real indisponibilidade do sistema PJE, desta forma,

como a presente ação apenas veio a ser ajuizada em 06.07.2015, percebe-se que ultrapassado o prazo máximo previsto no Art. 7º, XXIX, CRFB/88, havendo, assim, incidência da prescrição bienal.

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Portanto, vem requerer deste Egrégio Tribunal aplique a prescrição bienal, reformando a sentença neste particular. IV. MÉRITO

Acaso superadas as preliminares arguidas acima, o que se admite apenas por apego

ao debate, passa-se ao mérito do presente recurso. IV. a) DO PAGAMENTO DA PARTE FIXA DO SALÁRIO E SEUS REFLEXOS

A sentença vergastada fundamentou que as normas coletivas sobre o tema foram

descumpridas pela reclamada, ora recorrente, e julgou procedente o salário fixo a partir de 1º de março de 2011 até a extinção do contrato laboral. Fixando o valor em um mínimo, independente das comissões já percebidas, senão vejamos, in verbis:

Descumpridas as normas coletivas, que passaram a garantir, a contar de 1º de março de 2011, o salário fixo equivalente a um mínimo, independente das comissões já percebidas, é procedente a pretensão da trabalhadora. Contudo, antes de 1º de março de 2011, não há prova do ajuste de salário fixo, pois a testemunha apresentada pela reclamante começou a laborar em novembro de 2011. [...] Logo, são procedentes os salários fixos de 1º de março de 2011 até a extinção do pacto. Tratando-se de parcela habitual, cabem as repercussões em aviso prévio, férias mais um terço, gratificações natalinas, repouso remunerado e FGTS com 40%.

Ocorre que em o período em que a recorrida foi contratada, todos os empregados da

empresa, que atuavam na mesma função, recebiam apenas comissão, conforme ajustado entre as partes, sendo que o percentual de COMISSÃO assegurado ao empregado variava, dependendo do PRODUTO vendido e do RAMO DE ATIVIDADE para o qual o vendedor efetuava a comercialização. Conforme consta na própria CTPS da Reclamante, a empresa ajustou o pagamento de 0,1 a 2% de comissão.

Em março de 2011, o Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Ananindeua -

SINTRACOM, através de convenção coletiva, alterou a forma de remuneração dos vendedores, passando a constar um valor fixo + comissões. Entretanto, a implantação do salário misto (valor fixo + comissões) resultaria em alteração do Contrato de Trabalho, sem que o trabalhador e o empregador manifestassem sua vontade.

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Em outros termos, a ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO, na forma de pagamento, unilateralmente pelo SINDICATO, através de CCT, não levou em consideração os contratos em vigor. No caso da Reclamada, que possui VENDEDORES EXTERNOS em 03 (três) Estados (Pará, Maranhão e Piauí), desempenhando funções na Capital e no Interior dos referidos Estados, a mudança da forma de pagamento, implicaria em estabelecer METAS e PERCENTUAIS distintos para os VENDEDORES do Estado do Pará.

Melhor explicando, para que a forma de pagamento não implicasse para a

Reclamada a obrigação de pagar a mais 01 salário mínimo, além das Comissões ajustadas, teria que diminuir o percentual e metas dos vendedores do Pará, desse modo, a mudança da forma de pagamento não resultaria em PREJUÍZO para o Empregador e Enriquecimento Ilícito para o empregado.

A CCT ao estabelecer salário misto não o fez para propiciar AUMENTO e/ou

REAJUSTE da remuneração dos vendedores. Obviamente, tratou-se somente de modificar a FORMA de pagar.

Os vendedores da Recorrente, entretanto, NÃO ACEITARAM receber percentual

inferior aos outros vendedores dos outros Estados. Também a Reclamante/recorrida não aceitou modificar seu Contrato de Trabalho. Sendo assim, não foi implementado a modificação da FORMA de cálculo das comissões.

Frisa-se, que a Recorrida NÃO ACEITOU receber sua remuneração de FORMA

MISTA, preferindo continuar a receber como todos os outros vendedores externos, dos demais estados, POIS ENTENDIA QUE ISTO LHE CAUSARIA PREUÍZO FINANCEIRO.

Apenas em MARÇO/2013, a Reclamante manifestou seu interesse em receber

a sua remuneração de FORMA MISTA, nos termos da Convenção Coletiva, quando a Reclamada passou a pagar a parte fixa do salário, conforme se observa nos contracheques apresentados pela própria Reclamante.

Ainda, se infere pelos CONTRAS-CHEQUES pagos a Reclamante que não ocorreu

nenhum prejuízo financeiro, pois a obreira continuou a receber a média salarial que vinha recebendo.

Desse modo, a Reclamada não malferiu o disposto no art. 486, da CLT que assim

dispõe:

Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita à alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou , sob pena de

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nulidade da cláusula infringenteindiretamente, prejuízos ao empregado desta garantia.

Em que pese não ter cumprido o estabelecido na convenção coletiva durante todo o pacto laboral, a reclamada demonstrou não existir prejuízo material a reclamante, uma vez que não houve redução no salário da empregada.

Por outro lado, convém destacar que a CFH é distribuidora dos produtos da

COSAN nos estados do Maranhão, Piauí e Pará, incluindo Capital e interior, onde possui um número muito significativo de vendedores externos, daí o deferimento da verba em favor da reclamante, resultaria em quebra da isonomia salarial entre os empregados, causando o efeito cascata em outras possíveis reclamações trabalhistas contra esta recorrente.

Portanto, patentemente demonstrado que a Reclamada efetuou o pagamento de

todas as verbas devidas, sempre respeitando o contrato de trabalho, sendo evidenciado que o pagamento de valores relativos à parte fixa do salário causará enriquecimento sem causa da Reclamante.

Sendo assim, evidente a necessidade de reforma da referida decisão, o que se já se

requer desse E. TRT, evitando por consequência o enriquecimento sem causa da recorrida em detrimento dos prejuízos advindo à recorrente.

IV. b) DA INAPLICABILIDADE DA MULTA DO ARTIGO 477, §8ª DA CLT ANTE O RECONHECIMENTO DE DIFERENÇAS DE VERBAS RESCISÓRIA EM JUÍZO

O Douto Juiz de primeira instância, condenou a ora recorrente em pagamento da multa estipulada no art. 477 da CLT, por entender que o não pagamento do salário fixo, resultou no saldo de verbas rescisórias a pagar, portanto, caracterizado o atraso, incidindo os pressupostos para aplicação da referida multa.

Restou comprovado nos autos que todas as verbas rescisórias foram quitadas

quando da rescisão do contrato de trabalho, dentro do prazo estabelecido no referido artigo, portanto não poderia ser considerada intempestiva a quitação, como forçou o entendimento do Mm Juízo de primeira instância.

É de conhecimento deste Egrégio Tribunal que a multa do § 8º, do artigo 477, da

CLT, é devida, exclusivamente, na hipótese de atraso no pagamento das verbas rescisórias constantes do termo de rescisão, não se podendo elastecer o seu alcance.

Ademais, o reconhecimento judicial de parcelas não tem o condão de atrair a

aplicação da multa discutida, de modo que eventual incorreção dos valores das verbas constantes do termo de rescisão contratual não justifica a aplicação de tal penalidade.

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Evidencia-se que o entendimento esposado pelo Doutro magistrado a quo,

encontra-se dissociado do entendimento pacificado do TST, senão vejamos:

RECURSO DE REVISTA. ENTE PÚBLICO. PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS DENTRO DO PRAZO PREVISTO EM LEI. HOMOLOGAÇÃO TARDIA. MULTA DO ART. 477 DA CLT INDEVIDA. Se o pagamento das verbas rescisórias ocorreu no prazo previsto no § 6º do art. 477 da CLT, e foram quitadas aquelas discriminadas no termo de rescisão contratual, não incide a multa prevista no § 8º do mesmo dispositivo, ainda que a homologação do termo de rescisão tenha ocorrido após o prazo. A multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT somente é devida quando não quitadas, no prazo legal as parcelas salariais incontroversas. Precedentes. Recurso de revista a que se dá provimento. (TST, RR 769320145030173, 6ª Turma, Relator: Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 08/04/2015, Publicado no DEJT em 10/04/2015, disponível no sítio oficial do TST, bem como no endereço eletrônico: http://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/180425618/recurso-de-revista-rr-769320145030173) RECURSO DE REVISTA. MULTA DO ART. 477 DA CLT. DIFERENÇAS DE VERBAS RESCISÓRIAS RECONHECIDAS EM JUÍZO. O art. 477, § 8º, da CLT impõe a aplicação de multa ao empregador que não quitar as parcelas rescisórias no prazo previsto no § 6º do mesmo dispositivo de lei. O único requisito para a imposição da penalidade é o pagamento dos haveres trabalhistas a destempo. Por conseguinte, não há previsão legal para aplicação de multa quando o pagamento é feito no prazo, e a sentença, posteriormente, defere diferenças de verbas rescisórias. Recurso de revista de que não se conhece. (TST - RR: 505003520095170009, 4ª Turma, Relator: Fernando Eizo Ono, Data de Julgamento: 04/03/2015, Data de Publicação: DEJT 13/03/2015, disponível no sítio oficial do TST, bem como no endereço eletrônico: http://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/173814346/recurso-de-revista-rr-505003520095170009) RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT. PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS NO PRAZO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE DA

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APLICAÇÃO DA MULTA FUNDAMENTADA NA EXISTÊNCIA DE DIFERENÇAS DE VERBAS RESCISÓRIAS DECORRENTES DE REFLEXOS DE VERBAS DEFERIDAS EM JUÍZO. A reclamada efetuou o pagamento das verbas rescisórias dentro do prazo estabelecido no § 6º do artigo 477 da CLT, não podendo ser condenada ao pagamento da multa prevista no § 8º do citado preceito legal apenas porque foram deferidas na mesma reclamação outras parcelas ao obreiro, que repercutiram no valor das verbas rescisórias. Recurso de revista conhecido e provido. HORAS EXTRAS. INCIDÊNCIA NO CÁLCULO DO REPOUSO SEMANAL REMUNERADO. No caso, o Regional, ao entender que as horas extras repercutem no descanso semanal remunerado, decidiu em conformidade com o disposto na Súmula nº 172 do TST, in verbis: "REPOUSO REMUNERADO. HORAS EXTRAS. CÁLCULO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Computam-se no cálculo do repouso remunerado as horas extras habitualmente prestadas. (ex-Prejulgado nº 52)". Além disso, a invocação genérica de violação do artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal de 1988, em regra e como ocorre neste caso, não é suficiente para autorizar o conhecimento deste recurso com base na previsão da alínea c do artigo 896 da CLT, na medida em que, para sua constatação, seria necessário concluir, previamente, ter havido ofensa a preceito infraconstitucional. Por outro lado, não ficou configurada, de forma direta e literal, nos termos em que estabelece a alínea c do artigo 896 da CLT, a alegada ofensa ao artigo 67 da CLT e contrariedade às Súmulas n os 118, 225 e 256 do TST. Recurso de revista não conhecido. RECURSO DE REVISTA ADESIVO DO RECLAMANTE. PRECLUSÃO CONSUMATIVA . O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região não conheceu do recurso ordinário interposto pela reclamada porque deserto. De outra parte, deu provimento parcial ao recurso do reclamante para deferir a multa prevista no art. 477 da CLT. Inconformada, a reclamada interpôs recurso de revista, cujo processamento foi deferido, no qual se insurgiu contra o não conhecimento do seu recurso ordinário , bem como contra a sua condenação à multa do art. 477 da CLT. Por sua vez, o reclamante apresentou recurso de revista adesivo, impugnando a decisão regional no que concerne às horas extras, descontos indevidos e dano moral. A Corte a quo denegou seguimento ao recurso de revista adesivo do reclamante. Todavia, o reclamante não se insurgiu contra a decisão em que se denegou seguimento ao seu recurso adesivo, o que inviabilizada sua análise nesse momento processual, em razão da preclusão consumativa.

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Cabia à parte , naquele momento , interpor agravo de instrumento, a fim de possibilitar a análise do recurso denegado, o que , no entanto, não ocorreu. Recurso de revista não conhecido. (TST - RR: 46001520075060006, 2ª Turma, Relator: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 09/09/2015, Data de Publicação: DEJT 18/09/2015, inteiro teor disponível no sítio oficial do TST, bem como disponibilizado no endereço eletrônico: http://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/234219959/recurso-de-revista-rr-46001520075060006)

Dessa forma, se o pagamento das verbas rescisórias foi realizado tempestivamente,

como se extrai da sentença recorrida, não há ofensa ao art. 477, § 8º, da CLT, porquanto indevida a referida condenação, merecendo a reforma neste particular, devendo este Egrégio Tribunal Julgar improcedente tal pleito. IV. c) DA AUSENCIA DE PROVA DA OBRIGATORIEDADE DO USO DE VEÍCULO PRÓPRIO PARA DESEMPENHO DAS ATIVIDADES. AUSENTES OS PRESSUPOSTOS PARA APLICAÇÃO DA REFERIDA INDENIZAÇÃO

Note-se que a sentença de mérito (id: 757a887) o MM. Juízo não apreciou em totalidade as provas advindas aos autos, fato que desconsiderou totalmente a confissão da reclamante e os depoimentos testemunhais constantes na ata de audiência do dia 26 de agosto de 2015 (id: bc65fa7), além de desconsiderar deliberadamente elementos importantes para o caso em testilha, o que motivou a arguição de prejudicial de mérito de negativa de prestação jurisdicional.

Veja-se, in verbis, sobre o tema o que decidiu o douto magistrado de primeira

instância:

Além do mais, conforme declarado pela testemunha supra e do que afirmou o preposto da reclamada, a ex-empregadora custeava o combustível dos vendedores, por meio do cartão "gold card", demonstrando que se valia do automóvel dos funcionários para a sua atividade econômica. Ora, como os riscos da atividade econômica cabem ao empregador, não é lícito que se imponha um desgaste ao bem do trabalhador para que a empresa desenvolva as suas atividades e lucre. É claro que o carro sofre depreciação quanto mais é utilizado. Logo, cabe a indenização, porém a calculada pela reclamante, com base no valor da locação de um veículo com as mesmas características, é excessiva. É que, evidentemente, a trabalhadora também utilizava o carro em proveito próprio.

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Dessa maneira, arbitra-se a indenização em 50% do valor pretendido por mês (R$-1.050,00), por todo o contrato.

Por uma simples leitura da sentença vergastada verifica-se que o MM. Juízo a quo,

não considerou para sua análise os seguintes documentos:

1) Documentos das Frotas de Veículos da Reclamada – Ids: 8f3e6c1, 82398d6, 13f0176, 19d50e8, cd3fc54, e927382, 3f145ea, bcab38c, f98814c, 7d5bfc0, cbe6c30 e e41dde8

2) Recibo de Prestação de Serviços – ids: 2a151cd e d9df460 3) Fichas de Registros de Empregados Vendedores ids: ee872b4, 2ca110e,

3a7914f e a526b1e; 4) Depoimento da Autora e das testemunhas – Ata de instrução do dia

26/08/2015 – id: bc65fa7.

Note-se que pelos documentos apresentados e pelos depoimentos das testemunhas, comprovas que não havia qualquer exigência da reclamada para que a recorrida/reclamante ou qualquer outro funcionário possuísse veículo próprios para o desempenho das funções.

Restou comprovado nos autos que os vendedores externos, na Capital e no Interior,

não são objeto de controle da Reclamada, e portanto as atividades dadas a eles são executadas de acordo com a rota e estratégia de trabalho criadas por eles mesmos, podendo solicitar a empresa as despesas de transporte, ou mesmo a utilização dos veículos da Frota da Recorrente.

Note-se que estou comprovado por depoimento das testemunhas que existem no

quadro de funcionários vendedores que não possuem veículos próprios mas executam as suas atividades da mesma forma que os demais.

Urge aclarar que a reclamante confessa que a referida empresa possuía veículos

para utilização das atividades e que a mesma por si mesma decidiu fazer com seu veículo próprio, Senão vejamos:

“que utilizava o seu próprio carro para o trabalho; que vendia óleos lubrificantes de marca mobil; que utilizava seu carro para buscar o gerente e coordenadores nos hotéis quando estavam em Belém; que não foi ajustada indenização pelo uso do carro. AO ADVOGADO DA RECLAMADA, RESPONDEU: que a empresa possui veículos próprios; que não podia utilizar os veículos no trabalho; que os veículos serviriam para transportar os gerentes e coordenadores mas nunca eram usados com esse fim; que possui vários motorista

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em seus quadros, porém não havia uma clara distinção de tarefas na empresa”

Além da referida confissão, encontra-se evidente no depoimento das duas

testemunhas indicadas por esta recorrente, que assim depuseram sobre a utilização de veículos próprio:

Sr. EDMUNDO PAZ LIMA METO: “que não é condição para admissão de funcionário o fato de ser proprietário de veículo; que é gerente comercial; que é possível o vendedor fazer as vendas apenas por telefone; que a empresa possui um cadastro de clientes, mas o procedimento das visitas fica a cargo do vendedor; que cada vendedor tem sua área de atuação com o cadastro de cliente pertinente. A advogada da 1ª reclamada respondeu: que conheceu vendedores sem carros na reclamada; que os vendedores Francisco Elias e Plinio não tem carros; que o mesmos acontece em Teresina [...] que não pode precisar se a reclamante recebeu cartão gold card; que o vendedor pode utilizar o carro ou outro meio de transporte para fazer as vendas; que pode também fazê-las por telefone como disse anteriormente”. Sr. ANTONIO DE PADUA AMARAL DE LIMA: “que existem vendedores sem carros na empresa; que pode citar o caso dos senhores Francisco Elias e Plinio; que é possível efetuar vendas por telefone”.

A reclamada afim de dar força ao depoimento efetuado pelas testemunhas,

apresentou as fichas dos empregados citados nos depoimentos de ambas (ids: ee872b4, 2ca110e, 3a7914f e a526b1e), fazendo a comprovação de que existe na reclamada funcionários que não possuem carros próprios e mesmo assim desempenham suas atividades de vendas normalmente.

Ademais, comprovou também a recorrente possui frota própria veicular (Ids:

8f3e6c1, 82398d6, 13f0176, 19d50e8, cd3fc54, e927382, 3f145ea, bcab38c, f98814c, 7d5bfc0, cbe6c30 e e41dde8), o que comprova mais uma vez que as alegações iniciais encontram-se falaciosas, devendo as mesmas serem desconsideradas, o que não fez o MM. Juízo a quo.

Urge aclarar que essa informações todas constam dos autos e foram completamente

ignoradas pelo MM. Juízo a quo quando da prolação de sua sentença, uma vez que tais

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provas documentais e testemunhais dão força a tese da reclamada/recorrente de AUSÊNCIA DE PROVA DA OBRIGATORIEDADE O USO DE VEÍCULO PRÓPRIO.

Veja-se que o pedido autoral é a percepção de INDENIZAÇÃO por uso de "carro

particular utilizado a serviço da reclamada" pedindo a título de indenização o correspondente ao que seria o ALGUEL MENSAL de um determinado veículo, diante da depreciação e manutenção do seu carro.

Observa-se que a mesma indica que o seu veículo estava sendo utilizado de maneira

indevida, para tanto não comprova a referida conduta, ao contrário, pelo seu depoimento e do depoimento dos demais, partiu da recorrida utilizar-se do seu próprio veículo, mesmo sabendo que a empresa possuía Frota veicular para servir as atividades a serem exercidas.

Ademais, não comprovou a recorrida o prejuízo material advindo, portanto, não

poderia o MM. Juízo a quo deferir o referido pedido sem verificar a correta demonstração do prejuízo material.

A reparação material deriva assertiva e prova material de que o veículo sofreu

DEPRECIAÇÃO substancial, definida pela desvalorização maior que a ordinária pela utilização indireta da recorrente do veículo da recorrida. Ademais, é imperiosa e indispensável ser comprovada a utilização do referido veículo para a realização das atividades de venda.

Evidencia-se que o Douto magistrado a quo, deixou de apreciar o conjunto

probatório dos autos, e aplicou a referida condenação em total desacordo com a jurisprudência dos tribunais regionais pátrios, sobre o tema, senão vejamos:

TRT-PR-24-08-2010 RESSARCIMENTO DE DESPESAS - USO DE VEÍCULO PRÓPRIO - PROVA DE AJUSTE DE RESSARCIMENTO OU DE OBRIGATORIEDADE DO USO: As despesas decorrentes do uso de bens particulares, no caso, de veículo e celular, tornam-se ressarcíveis se comprovado pela parte autora (art. 818 da CLT) que tal uso decorre de obrigatoriedade imposta pela empresa, não de mera comodidade por parte do trabalhador. Ou, ainda, da prova da existência de ajuste de ressarcimento por parte da ré. Ausente prova em ambos os sentidos, indevida a indenização postulada. Sentença mantida. DANOS MORAIS - TRATAMENTO DESRESPEITOSO - EXISTÊNCIA DE PROVA DE AGRESSÕES DIRETAMETNE DIRIGIDAS À PARTE AUTORA. O tratamento desrespeitoso e agressivo vertido pelo superior hierárquico em relação ao trabalhador, configura violação dos direitos da personalidade e agressão ao patrimônio moral.

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Havendo prova da ocorrência de agressões pessoais direcionadas especificamente ao empregado, resta configurado o dano moral individual ressarcível, tal como ocorrido no presente caso, em que o diretor de vendas comprovadamente agia de forma faltosa, menosprezando a produtividade e insultando a honra da autora, restando demonstrada pois as agressões específicas à parte demandante. Presentes, pois, todos os elementos do dano moral, quais sejam: conduta culposa, dano e nexo de causalidade, é imperiosa a responsabilização do empregador. Condenação em indenização por danos morais devida. (TRT 9ª Região, 72732008513909 PR 7273-2008-513-9-0-9, 4ª Turma, Relator: SUELI GIL EL-RAFIHI, Data de Publicação: 24/08/2010, disponível no sítio oficial do TRT 9ª Região, bem como no endereço eletrônico: http://trt-9.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/18894478/72732008513909-pr-7273-2008-513-9-0-9-trt-9) TRT-PR-01-04-2011 RESSARCIMENTO DE DESPESAS PELO USO DE VEÍCULO PRÓPRIO EM SERVIÇO. NECESSIDADE DE PROVA DE OBRIGATORIEDADE. Conquanto seja certo que o risco do empreendimento incumbe, efetivamente, à empregadora (nos termos do artigo 2º da CLT), somente se pode cogitar do direito do trabalhador ao ressarcimento de despesas efetuadas em serviço caso estas decorram de determinação da empresa. Não há como se desconsiderar que o empregado possa se utilizar do veículo particular em serviço por seu próprio interesse e comodidade, de modo que se afigura imprescindível a existência de prova de que o uso de veículo tenha decorrido de ordem da empregadora, prova essa inexistente no caso presente. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. JUROS DE MORA. NÃO INCIDÊNCIA. É Indevida a incidência dos descontos previdenciários sobre o juros de mora, uma vez que estes não se inserem no conceito de salário-de-contribuição, nos termos do artigo 28 da Lei 8.212/91. Efetivamente, os juros detêm natureza nitidamente punitiva e não salarial, não estando sujeitos à incidência das contribuições previdenciárias. Nesse sentido, o entendimento constante da OJ 24, IX, da Seção Especializada deste E. TRT, in verbis: Base de cálculo. Juros de mora. As contribuições previdenciárias devem ser calculadas apenas sobre o capital corrigido monetariamente, excluídos os juros e as multas fixados em acordo ou sentença, em virtude da natureza punitiva, e não salarial destes.

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(TRT 9ª Região 5152009242905 PR 515-2009-242-9-0-5, Relator: MÁRCIA DOMINGUES, 4A. TURMA, Data de Publicação: 01/04/2011, disponível no sítio oficial do TRT da 9ª Região, bem como no endereço eletrônico: http://trt-9.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/18880674/5152009242905-pr-515-2009-242-9-0-5-trt-9) RECURSO ORDINÁRIO - INDENIZAÇÃO PELA DEPRECIAÇÃO DO VEÍCULO - IMPROCEDÊNCIA. 1. Ficando demonstrado nos autos que a utilização, pelo autor, de veículo de sua propriedade no deslocamento para a realização de visitas aos clientes não era condição imposta pelo reclamado, e ainda inexistindo prova de que o empregador tenha se comprometido a ressarcir os gastos com a depreciação desse bem, nem tampouco previsão normativa nesse sentido, improcede o pleito de pagamento da respectiva indenização, citando-se, a propósito o seguinte aresto: Indenização decorrente de depreciação do veículo utilizado na prestação de serviços - Inexistência de amparo legal ou convencional - Não dispondo a lei ou mesmo o contrato de trabalho celebrado acerca de eventual ressarcimento pelo tempo de uso e depreciação do automóvel utilizado na prestação de serviços, inviável se mostra a pretensão obreira nesse sentido. O uso do mesmo situa-se do campo da contratualidade (art. 444 da CLT), e na falta de ajuste,... (TRT 6ª Região, RO: 106000532008506 PE 0106000-53.2008.5.06.0001, 3ªTurma, Relator: Pedro Paulo Pereira Nóbrega, Data de Publicação: 18/12/2009, Inteiro teor disponível no sitio oficial do TRT 6ª Região, bem como no endereço eletrônico: http://trt-6.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/15651736/recurso-ordinario-ro-106000532008506-pe-0106000-5320085060001/inteiro-teor-103278903 ) USO DE VEÍCULO PRÓPRIO. INDENIZAÇÃO. Evidenciando-se que o reclamante - por sua livre iniciativa - utilizou veículo próprio para o desempenho do seu trabalho, bem como não houve comprovação de qualquer combinação ou ajuste de clausula contratual quanto à obrigação de ressarcimento de despesas com veículo, não há como imputar à reclamada a condenação ao pagamento da parcela de indenização a título de depreciação. (TRT 3ª Região, RO: 01651200913403002 0165100-72.2009.5.03.0134, 3ª Turma, Relator: Bolivar Viegas Peixoto,

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Data de Publicação: 03/11/2010 e 28/10/2010, inteiro teor disponível no sítio oficial do TRT da 3ª Região, bem como no endereço eletrônico: http://trt-3.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/124320584/recurso-ordinario-trabalhista-ro-1651200913403002-0165100-7220095030134/inteiro-teor-124320591)

No caso alhures, o pedido formulado é de DANOS MATERIAS, sendo a ônus da

recorrida a prova do alegado uso indevido em favo da recorrente. Neste caso, além de não comprovar a obreira o dano material sofrido, restou comprovado nos autos que a recorrida fez uso do veículo por mera liberalidade e conforto pessoal, conforme constata-se da documentação constante nos autos.

Além do mais a recorrida não apresentou qualquer tipo de orçamento de despesas

oriundas da manutenção do veículo não comprovando o quantum do dano material a que persegue.

Não há, nos autos, prova do real prejuízo sofrido em razão especificamente e

diretamente do uso do carro no exercício das atividades. O que se torna um óbice para a condenação em indenizar o empregado. Pois a depreciação e desvalorização ocorrem, independentemente de utilização, e não pode o empregador indenizar pela depreciação ordinária do veículo do obreiro Indispensável a prova do dano decorrente da utilização em serviço.

Vislumbremos o entendimento do TST sobre a necessidade da prova do prejuízo e

depreciação, também em decisão recente, que negou seguimento ao Agravo de Instrumento do empregado, mantendo a decisão regional:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE - INDENIZAÇÃO PELO USO DO VEÍCULO - SÚMULA Nº 126 DO TST. Tendo o Tribunal Regional consignado expressamente que o reclamante não comprovou que o uso do automóvel decorreu de obrigatoriedade imposta pela empresa, tampouco provou a existência de ajuste/norma convencional estipulando o ressarcimento por parte do reclamado e que houve contradição no depoimento das testemunhas quanto à efetiva utilização de veículo para o labor, além de estas não terem mencionado que para as atividades desenvolvidas pelo reclamante era obrigatório o uso de veículo próprio e que não restou provada a alegação de negativa pelo reclamado do reembolso das despesas com veículo, para se chegar à conclusão pretendida pela parte seria

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necessário o revolvimento dos fatos e provas coligidos aos autos, o que não se coaduna com a natureza extraordinária do recurso de revista, nos termos da Súmula nº 126 do TST. Agravo de instrumento desprovido. [...] (TST - ARR: 4675220125090011, 7ª Turma Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 15/04/2015, Data de Publicação: DEJT 17/04/2015, disponível no sítio oficial do TST, bem como disponibilizado através do endereço eletrônico: http://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/182358383/arr-4675220125090011) I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DO BANCO MERCANTIL. [...]INDENIZAÇÃO PELAS DESPESAS COM UTILIZAÇÃO DO VEÍCULO. RECURSO DE REVISTA AMPARADO APENAS EM DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. ARESTOS INESPECÍFICOS. O Tribunal Regional reconheceu que não há prova de gasto extraordinário ou prejuízo que decorresse diretamente do uso do automóvel próprio a serviço do banco. Assinalou que a depreciação a que se referiu o reclamante não atinge apenas os veículos utilizados em serviço, mas também os veículos de uso estritamente particular. Concluiu que não parece razoável que o banco possa ser responsabilizado por uma depreciação de valor que ocorreria ainda que o automóvel do autor não houvesse sido utilizado na realização do trabalho e reformou a sentença para excluir da condenação a indenização pelo uso de veículo particular, incluído despesas de depreciação e combustível. Os arestos apresentados são inespecíficos, nos termos da Súmula 296 do TST. [...] (TST - ARR: 8656920115090096, 3ª Turma, Relator: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 04/02/2015, Data de Publicação: DEJT 06/03/2015, inteiro teor disponível no sítio oficial do TST, bem como no endereço eletrônico: http://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/172136000/arr-8656920115090096/inteiro-teor-172136010)

Outro problema que se infere no pedido de indenização deferido pelo MM. Juízo a

quo é fato da estimativa de que o veículo funcionasse para empresa reclamada como um veículo LOCADO. Ora, a atividade do vendedor não entregava a MERCADORIA vendida sequer inclui a emissão de Nota Fiscal, o vendedor é mero intermediário da venda, repassa pedido de compra/venda à Administração da Empresa, que tem uma equipe financeira,

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equipe de faturamento, equipe que cuida do estoque e equipe que entrega a mercadoria (motoristas em veículo próprio da empresa).

Portanto, o entendimento de indenização arbitrada com base em estimativa de

aluguel de veículo é ato de inteira má fé, em dissonância com a jurisprudência pátria. É por essa razão que o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região julgou:

TRT-PR-24-01-2012 UTILIZAÇÃO DE VEÍCULO DO EMPREGADO NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. INDENIZAÇÃO PAGA PELA EMPRESA PARA RESTITUIR GASTOS COM O AUTOMÓVEL. PLEITO DE DIFERENÇAS. ÔNUS DA PROVA DO AUTOR. NÃO CABIMENTO DO PEDIDO DE PAGAMENTO DO ALUGUEL PELO VALOR DE MERCADO. Considerando que a primeira reclamada efetuava o pagamento de uma indenização referente à utilização do veículo particular pelos instaladores - sendo que esta tinha o intuito de cobrir todas as despesas, incluindo o aluguel, a manutenção do veículo e seu desgaste - e, tendo em vista que a peça de ingresso informa que o valor pago mensalmente a tal título era de R$ 350,00, caberia ao autor demonstrar diferenças devidas pela alegada depreciação ou gastos com a manutenção do automóvel. Não se pode presumir que a quantia de R$ 350,00 mensais não cobrisse as parcelas citadas. Ademais, não cabe a aplicação dos aluguéis de mercado de automóveis ao caso, pois, por evidente, naqueles casos objetiva-se o lucro, o que não pode se admitir na relação trabalhista, da forma como quer o autor, sob pena de enriquecimento ilícito deste. Pelo exposto, não há que se falar em violação ao art. 464 da CLT. Sentença mantida. (TRT-9 3524720084909 PR 35247-2008-4-9-0-9, Relator: SUELI GIL EL-RAFIHI, 6A. TURMA, Data de Publicação: 24/01/2012, inteiro teor disponível do sítio ofocial do TRT da 9ª Região e no endereço eletrônico: http://trt-9.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21111211/3524720084909-pr-35247-2008-4-9-0-9-trt-9)

O C. TST em decisão recente corrobora com essa lógica, mantendo o entendimento das instâncias inferiores:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. CERCEAMENTO DE DEFESA. A tese do banco é de cerceamento de defesa desde a instrução processual, tendo em vista a errônea valoração do juízo de primeiro grau, que considerou a

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testemunha indicada como mero informante. Não há falar em violação do art. 5º, LV, da Constituição Federal, pois apesar do reconhecimento de preclusão temporal acerca da atribuição da prova oral do banco, -como mero informante-, em decorrência da falta de protesto nas razões finais, asseverou a v. decisão regional que o juízo ad quem pode valorar novamente a produção da prova oral e atribuir, ou não, ênfase às declarações de um -informante-. HORAS EXTRAS. ATIVIDADE EXTERNA. CONTROLE DE JORNADA. O banco sustenta que não há necessidade de reexame das provas para verificar o exercício de atividade externa, quando a própria decisão regional admite tal fato. O e. Tribunal Regional admite o labor em atividade externa, porém assenta, com base em prova oral, que quando o empregado trabalhava em atividade externa havia controle de jornada: -tinha que iniciar e encerrar a jornada na agência-. Incidência da Súmula nº 126/TST. REFORMATIO IN PEJUS. INDENIZAÇÃO DE MANUTENÇÃO E DEPRECIAÇÃO DE VEÍCULO PRÓPRIO. PERIODICIDADE MENSAL E VALOR ARBITRADO. O banco sustenta a reformatio in pejus, no tocante à condenação ao pagamento de indenização a título de manutenção e depreciação de veículo próprio. Afirma que a r. sentença não determinou qualquer tipo de periodicidade para o respectivo pagamento. Como pedido sucessivo pugna pela redução do valor arbitrado com base nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Não há falar em reformatio in pejus muito menos em afronta aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, pois a v. decisão regional, além de reconhecer que a r. sentença determinara a periodicidade mensal da condenação, a título de indenização pela manutenção e depreciação de veículo próprio, diminuiu consideravelmente o valor arbitrado de R$ 1.300,00 (um mil e trezentos reais) para R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais), por considerar incoerente o parâmetro de valor mensal de locação de um veículo, pois esta condenação é para apenas ressarcir eventuais dispêndios do empregado com o uso do seu veículo e a locadora almeja lucro. Incólumes os dispositivos de lei invocados. Agravo de instrumento não provido. (TST - AIRR: 25133420105120000 3ª Turma, Relator: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 12/03/2014, Data de Publicação: DEJT 14/03/2014, inteiro teor disponível no sítio oficial do TST e no endereço eletrônico: http://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/121809719/agravo-de-instrumento-em-recurso-de-revista-airr-25133420105120000/inteiro-teor-121809738)

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Ante o exposto, requer sejam julgados os pedidos de indenização a

IMPROCEDENTES título de DEPRECIAÇÃO, reformando a sentença de primeira instância, uma vez que o reclamante não comprovou a utilização do bem ao referido trabalho, não comprovou a exigência do carro particular nas atividades desenvolvidas, nem houve a correta demonstração do ilícito e do quantum indenizatório material, nos termos da fundamentação exposta acima. IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ante o exposto, requer ao E. TRT da 22ª Região receba o presente recurso ordinário, e conhecendo e provendo-o, reforme a sentença de primeira instância nos seguintes pontos:

a) Preliminarmente, em respeito ao art. 5º, inciso LV, e art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, seja determinada a nulidade parcial da V. sentença por este Egrégio Tribunal, por ausência de fundamentação, devolvendo os autos à origem para prolação de novo julgamento, apreciando integralmente o tema de AUSÊNCIA DE PROVA DA OBRIGATORIEDADE DE USO DE VEÍCULO PRÓPRIO, diante da análise do conjunto provatório inserto aos autos, ou, alternativamente, seja a referida decisão modificada neste particular por este Douto Colegiado. b) Ainda em Preliminar, em respeito ao art. 7º, inciso XXIX, da CRFB/88, requer a aplicação da prescrição bienal da presente ação, desconsiderando a certidão insuficiente juntada aos autos, reformando a sentença neste particular. c) No Mérito, Julgue totalmente improcedente a presente reclamação trabalhista, reformando em especial a v. sentença para afastar a condenação imposta quando ao pagamento da parte fixa do salário do período compreendido de 1º/03/2011 até a extinção do pacto laboral, evitando por consequência o enriquecimento sem causa da recorrida em detrimento dos prejuízos advindo à recorrente, julgando improcedente o referido pedido. d) Reforme a decisão quanto a aplicação da Multa do Art. 477 da CLT, em atenção à jurisprudência do TST, Julgando improcedente o referido pleito, por não atrair a aplicação da referida multa quando as diferenças das verbas é oriunda de reconhecimento judicial de parcelas.

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e) Seja mantido o entendimento de quitação da Multa incidente sobre FGTS diante do pagamento efetuado na rescisão contratual;

f) Por último, requer o Reconhecimento da inexistência de

dano material, afastando a condenação da indenização referente a diária de uso do veículo, julgando improcedente o pedidos de indenização a título de DEPRECIAÇÃO, reformando a sentença de primeira instância, por não haver a correta demonstração do ilícito e do quantum indenizatório material, nos termos da fundamentação exposta acima.

Nestes termos, pede deferimento.

Teresina-PI, 21 de outubro de 2015.

Audrey Martins Magalhães Advogada OAB/PI n° 1.829