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1 Boletim CONT-TRIB-JUR em 13.jan.2014 "Um homem é apenas o produto dos seus pensamentos. O que ele pensa, ele se torna." (Mahatma Gandhi) Importantíssimo pessoal, vejam: Ato Declaratório da Receita Federal O Diário Oficial da União, de 2 de janeiro, divulgou o Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 8, de 30 de dezembro de 2013. A norma declara a forma de tributação das microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional prestadoras de serviços de pintura predial, instalação, manutenção e reparação hidráulica, elétrica, sanitária, de gás, de sistemas contra incêndio, de elevadores, de escadas e esteiras rolantes. Confira abaixo: Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 8, de 30 de dezembro de 2013 Declara a forma de tributação das microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 , que prestem serviços de pintura predial, instalação, manutenção e reparação hidráulica, elétrica, sanitária, de gás, de sistemas contra incêndio, de elevadores, de escadas e esteiras rolantes. O SECRETÁRIO-ADJUNTO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL, no uso da atribuição que lhe confere os incisos III do art. 280 e inciso I do art. 281 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012 , e tendo em vista o disposto no art. 17, XI, XII, § 1º, art. 18, §5º-B, IX, §5º-C, §5º-F, §5º-H, da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 , declara: Art. 1º Os serviços de pintura predial, instalação, manutenção e reparação hidráulica, elétrica, sanitária, de gás, de sistemas contra incêndio, de elevadores, de escadas e esteiras rolantes exercidos por microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP) optante pelo Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, são tributados pelo Anexo III da Lei Complementar nº 123, de 2006, e não estão sujeitos à retenção da contribuição previdenciária prevista no art. 31 da Lei nº 8.212, de 1991. IPECONT – Instituto de pesquisas Contábeis e Tributárias – http://www.ipecont.com.br/contato

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Boletim CONT-TRIB-JUR em 13.jan.2014

"Um homem é apenas o produto dos seus pensamentos. O que ele pensa, ele se torna."

(Mahatma Gandhi)

Importantíssimo pessoal, vejam:

Ato Declaratório da Receita Federal

O Diário Oficial da União, de 2 de janeiro, divulgou o Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 8, de 30 de dezembro de 2013. A norma declara a forma de tributação das microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional prestadoras de serviços de pintura predial, instalação, manutenção e reparação hidráulica, elétrica, sanitária, de gás, de sistemas contra incêndio, de elevadores, de escadas e esteiras rolantes.

Confira abaixo:

Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 8, de 30 de dezembro de 2013

Declara a forma de tributação das microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que prestem serviços de pintura predial, instalação, manutenção e reparação hidráulica, elétrica, sanitária, de gás, de sistemas contra incêndio, de elevadores, de escadas e esteiras rolantes.

O SECRETÁRIO-ADJUNTO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL, no uso da atribuição que lhe confere os incisos III do art. 280 e inciso I do art. 281 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012, e tendo em vista o disposto no art. 17, XI, XII, § 1º, art. 18, §5º-B, IX, §5º-C, §5º-F, §5º-H, da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, declara:

Art. 1º Os serviços de pintura predial, instalação, manutenção e reparação hidráulica, elétrica, sanitária, de gás, de sistemas contra incêndio, de elevadores, de escadas e esteiras rolantes exercidos por microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP) optante pelo Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, são tributados pelo Anexo III da Lei Complementar nº 123, de 2006, e não estão sujeitos à retenção da contribuição previdenciária prevista no art. 31 da Lei nº 8.212, de 1991.

Parágrafo único. Caso a ME ou EPP seja contratada para construir imóvel ou executar obra de engenharia em que os serviços de pintura predial e instalação hidráulica, elétrica, sanitária, de gás, de sistemas contra incêndio,

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de elevadores, de escadas e esteiras rolantes façam parte do respectivo contrato, sua tributação ocorrerá juntamente com a obra, na forma do Anexo IV da Lei Complementar nº 123, de 2006.

LUIZ FERNANDO TEIXEIRA NUNES

1º Exame de Suficiência de 2014: inscrições abertas

Foi publicado no dia 19 de dezembro, no Diário Oficial da União (DOU), o Edital nº 01/2014, referente à primeira edição de 2014 do Exame de Suficiência. As inscrições poderão ser realizadas até o dia 30 de janeiro.

As provas para bacharéis em Ciências Contábeis e para técnicos em contabilidade serão aplicadas no dia 6 de abril, das 8h30min às 12h30min – horário de Brasília.

As inscrições poderão ser feitas nos sites do CRCMG ou CFC. A taxa de inscrição será de R$100,00. Para mais informações e consulta ao edital, clique aqui.

CFC publica Resolução sobre contrato de prestação de serviçosPublicado em 10 de janeiro de 2014 por Gabriel Peixoto

O Conselho Federal de Contabilidade publicou, na edição de 13 de dezembro de 2013 do Diário Oficial da União, a Resolução CFC nº 1457, que altera a Resolução CFC n° 987/03 e dispõe sobre a obrigatoriedade do contrato de prestação de serviços contábeis, além de outras providências.

Confira AQUI a íntegra da Resolução

Fonte: SESCON-SP

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FCI - Manual do Usuário - Nova versão 1.0.6 Postado por José Adriano em 8 janeiro 2014 às 7:30 Exibir blog

Encontra-se disponível no portal da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (SEFAZ-SP), a nova versão 1.0.7 do "Manual do Usuário – Validador e Sistema FCI"Faça aqui o download do Manual do Usuário – Validador e Sistema FCI na WEB (.pdf)As alterações encontram-se no no item “Versões do Manual.”, em "Requisitos de Software"Fonte: SEFAZ-SPhttp://tadeucardoso.blogspot.com.br/2013/12/fci-disponibilizada-ver...

Sped: Receita Federal alerta que cooperativas podem vir a ser obrigadas à adoção da ECD9 jan 2014 - Contabilidade / Societário

A obrigatoriedade de adoção da ECD de que trata a Instrução Normativa RFB nº 787/2007 (revogada recentemente pela Instrução Normativa RFB nº 1.420/2013) alcança apenas os empresários e as sociedades empresárias.

As cooperativas, por serem sociedades simples, estão dispensadas dessa obrigação.

Em que pese isto, a nova disciplina do Decreto nº 6.022/2007, introduzida pelo Decreto nº 7.979/2013, abre espaço para que, nos termos a serem regulamentados pela RFB, tal obrigatoriedade possa ser estendida a outras pessoas jurídicas além das sociedades empresárias.

Solução de Consulta Cosit nº 45/2013 - DOU 1 de 09.01.2014

Fonte: IR-LegisWeb

10/01/2014 às 00h00

Cooperativa está livre da escrituração digitalExclusivo para assinantesPara ler a matéria completa faça seu login ou cadastre-se A Receita Federal entendeu que as cooperativas, por serem sociedades simples, estão dispensadas da Escrituração Contábil Digital (ECD). A decisão está na Solução de Consulta nº 45, da Coordenadoria-Geral de Tributação (Cosit), publicada na edição de ontem do Diário Oficial da União.

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Simples Nacional: Receita Federal esclarece que prestadoras de serviços de transporte turístico podem optar pelo sistema 9 jan 2014 - Simples Nacional

A Solução de Consulta Cosit nº 66/2013- DOU 1 de 09.01.2014, esclareceu que pode optar pelo Simples Nacional a microempresa (ME) ou a empresa de pequeno porte (EPP) que exerça as atividades inerentes a agência de viagens e turismo, nas quais se inclui a prestação de serviço de transporte turístico com frota própria, nos termos da Lei nº 11.771/2008, independentemente de esse transporte ocorrer dentro de um município, entre municípios ou entre Estados.

Fonte: IR-LegisWeb

Contribuição paga pelos MEIs fica mais cara8 jan 2014 - Simples Nacional

Com o aumento do salário mínimo, o valor da contribuição previdenciária paga mensalmente pelos microempreendedores individuais (MEIs) passará de R$ 33,90 para R$ 36,20 por mês. O novo valor será pago em fevereiro, referente à guia de recolhimento de janeiro deste ano. A contribuição representa 5% do salário mínimo nacional, de R$ 724.

Para saber qual o total a ser pago mensalmente, deve-se somar o valor da contribuição previdenciária aos tributos municipais e estaduais, cuja incidência dependerá do ramo de atividade do empreendedor.

Para os que atuam no comércio ou indústria, o valor total será de R$ 37,20. Para os prestadores de serviços, o pagamento deve ser de R$ 41,20. Já os micros empreendedores de economia mista pagam um total de R$ 42,20. O carnê de pagamento é emitido exclusivamente no Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br).

Podem se formalizar como MEIs trabalhadores que atuam por conta própria e tem um faturamento anual de até R$ 60 mil anuais e até um funcionário. Através da formalização, ele passa a ter direito a um CNPJ e cobertura previdenciária.

Fonte: Diário do Nordeste – CE

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2014, Um ano de grandes projetos Postado por José Adriano em 8 janeiro 2014 às 12:00 Exibir blog

Por Jorge Campos – SPEDBRASIL

Pessoal, Feliz 2014 a todos! Iniciamos um ano repleto de atividades, a saber:

e-SOCIAL em projeto (Folha de pagamento, contratação e prestação de serviços de cessão de mão-de-obra, contratação de terceiros, etc.) com leiaute 1.1 publicado no final de dezembro.

ECF (Escrituração Fiscal Digital)( FCONT – IRPJ/CSLL – LALUR – DIPJ) – com leiaute publicado em dezembro/13

P/3 – RCPE – Registro de Controle da Produção e do Estoque – compondo a EFD ICMS/IPI, com leiaute publicado em dezembro/2013

EFD CONTRIBUIÇÕES (inst.finan, operadoras de planos de saúde, etc) entrada em janeiro/2014

CT-e (todos modais) – Conhecimento de transporte de todos os tipos de modais.

MDF-e – Manifestação de documentos fiscais

eManifestação – Confirmação do Recebimento pelos destinatários, setores de combustíveis, postos de gasolina, e álcool para outros fins.

NF-e 3ª Geração – Evolução da NF-e 2.0 com diversas melhorias e controles.

NFC-e – Nota Fiscal de Consumidor eletrônica – Varejo

BRASIL ID  – Sistema baseado na tecnologia de Identificação por Radiofreqüência (RFID)

EFD Contas a Pg/Receber – a ser lançado

EFD FINANCEIRA (Instit.Finan.) – a ser lançado

Enfim, muito trabalho, muita discussão de leiaute, de cenários e processos para o ano de 2014.

Fonte: email de Jorge Campos – SPEDBRASIL

http://www.mauronegruni.com.br/2014/01/06/2014-um-ano-de-grandes-pr...

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Aprenda a domar o leãoPara quase 30 milhões de brasileiros que se preparam para acertar contas com a Receita Federal, a pressa é inimiga da perfeição – e do bolso

 O primeiro risco da correria é a inclusão de um valor incorreto ou a omissão de dados na declaração — e a consequente parada na malha fina, já que o cruzamento de dados está cada vez mais intenso. No ano passado, dos 711 000 contribuintes que ficaram retidos no pente-fino da Receita, 53% tiveram problemas por ter deixado de informar uma fonte pagadora. O outro prejuízo pode passar despercebido ao contribuinte desatento: a falta de planejamento e de informação sobre o processo pode acarretar o recebimento de uma restituição menor do que a lei permite ou o pagamento de imposto além da conta. VEJA elaborou este Guia com dicas dos especialistas para ajudar o leitor a acertar as contas com o Leão sem prejuízos nem dores de cabeça desnecessários.

GANHOS DE CAPITAL COM VENDA DE IMÓVEL

É possível reduzir o imposto sobre o ganho de capital na hora da venda de um imóvel por meio do abatimento da comissão destinada a um corretor (desde que o vendedor guarde o comprovante de pagamento da comissão, claro). Altino Dias, sócio da Dias e Santos Contabilidade de Mauá, na Grande São Paulo, dá um exemplo: alguém que tenha comprado um imóvel por 800 000 reais e vendido por 1,2 milhão de reais teria de pagar 15% de imposto sobre o ganho de capital, ou seja, 60 000 reais. Se ele pagou uma corretagem de 70 000 reais, por exemplo, esse valor pode ser descontado do ganho de capital. O imposto, então, incidiria sobre 330 000 reais (400 000 reais menos 70 000 reais) e seria de 49 500 reais, o que significa uma economia de 10 500 reais

RENDIMENTOS COM IMÓVEL ALUGADO

O casal pode dividir os rendimentos de um imóvel alugado, desde que o bem esteja no nome dos dois e, claro, que as declarações sejam feitas separadamente. Uma conta simples para exemplificar: um contribuinte com rendimento anual de 60 000 reais e que receba aluguel mensal de 1 500 reais teria de pagar mais de 2 000 reais na declaração de ajuste anual. Se ele dividisse o rendimento dos aluguéis com a esposa, o valor do imposto cairia para cerca de 200 reais. “O ideal, para evitar a malha fina, é fazer o contrato com a imobiliária no nome do casal”, explica Valter Koppe, supervisor regional do imposto de renda para o Estado de São Paulo

ESCOLA DE PORTADOR DE DEFICIÊNCIA FÍSICA OU MENTAL

Pessoas que têm filhos deficientes matriculados em escolas voltadas para crianças com necessidades especiais podem declarar os gastos com instrução como despesas médicas, desde que possuam um laudo que comprove a deficiência do filho. A troca pode ser vantajosa, pois a Receita desconta um valor limitado para gastos com educação — pouco mais de 3 000 reais —, mas não impõe limite para despesas médicas

BENFEITORIAS NO IMÓVEL

Reformas que resultam em valorização do imóvel, como por exemplo a construção de uma garagem, devem ser declaradas. “Esses gastos não são abatidos, mas aumentam o valor do imóvel. Esse benefício será sentido no momento da venda, pois os gastos são descontados dos ganhos de capital e fazem com que o imposto sobre esse item seja menor”, diz Ricardo Oliveira de Jesus, sócio da consultoria contábil Assessor-Bordin, de São Paulo. Mais uma vez, é preciso ter em mãos todas as notas, inclusive as dos serviços, para comprovar os pagamentos

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PRÓTESES E APARELHOS DENTÁRIOS

Gastos com próteses ortopédicas podem ser deduzidos. Entram na lista: pernas e braços mecânicos, cadeiras de rodas, andadores ortopédicos e até palmilhas e calçados ortopédicos. Já as placas e parafusos utilizados em cirurgias ortopédicas ou odontológicas, aparelhos ortodônticos, lentes intraoculares e marca-passos só podem ser abatidos se o valor pago estiver incluído na conta hospitalar ou na nota fiscal do médico ou dentista. Para todos os casos, os contadores lembram que é preciso guardar os laudos e notas

PENSÃO ALIMENTÍCIA DOS FILHOS

A pensão do filho pode engordar os rendimentos de quem tem a guarda dele e, como resultado, acarretar mais imposto. Uma alternativa é abrir uma conta bancária em nome da criança para o depósito das mensalidades. Se a pensão for inferior a 1 710,78 reais mensais, a criança fica isenta de imposto. Se for superior, ela precisa declarar a renda — a vantagem é que, nesse caso, o imposto pode ser menor que a opção da soma dos rendimentos na declaração da pessoa que detém a guarda. Por outro lado, a medida só compensará se não houver muitas deduções, como gastos com educação e saúde. “Quando existem despesas elevadas com saúde e educação, é melhor optar pela declaração completa e incluir os filhos como dependentes. Assim, as deduções reduzem o imposto a pagar”, explica Altino Dias

FILHOS: UM CÔNJUGE PAGA E O OUTRO DECLARA

Tanto o pai como a mãe podem incluir o filho como dependente na declaração e, assim, abater do imposto de renda os gastos da criança ao longo do ano — mesmo que o outro assine o cheque que paga despesas como mensalidade escolar e consulta médica. “O mesmo vale para o parto. Não importa quem paga as contas, pois, para a Receita, essas despesas têm um objetivo comum, que é o filho”, explica Renata Veronesi Boerger, diretora da VB Contabilidade, de Belo Horizonte

As vantagens do livro-caixa

Para profi ssionais autônomos como médicos, dentistas ou cabeleireiros, o livro-caixa pode ser um importante e legítimo aliado na redução do pagamento de impostos. Segundo os contadores, porém, esses profi ssionais têm receio de usá-lo e cair na malha fi na da Receita Federal. Ledo engano. “Já tive cliente que pagava 10 000 reais de imposto de renda e passou a ter restituição depois que começou a utilizar o livro-caixa. Basta ter todas as despesas documentadas e ele funciona a favor do contribuinte”, diz Renata Veronesi Boerger, diretora da VB Contabilidade de Belo Horizonte.

No livro-caixa, o autônomo pode lançar todas as despesas indispensáveis para sua atividade, como aluguel, água, luz, telefone, serviços de gráfi ca ou papelaria, pagamento de associações ou sindicatos e até a compra de livros técnicos. Também entram nessa lista os gastos com viagens a congressos, inclusive passagens aéreas e hotel, com exceção de alimentação, pois a Receita entende que o profi ssional tem de se alimentar esteja onde estiver. Não são consideradas as viagens em que o autônomo é chamado para dar uma palestra. “Explico da seguinte forma aos meus clientes médicos o que entra no livro-caixa: para a manutenção do consultório, eles vão precisar de luvas e outros equipamentos, além de uma secretária. Mas as revistas disponíveis para os pacientes na sala de espera, por exemplo, não podem constar, pois não são necessárias para o atendimento”, exemplifi ca Renata.

A soma dos gastos inseridos no livrocaixa não deve ultrapassar o valor da receita mensal — despesas excedentes podem ser transferidas para o mês seguinte, mas nunca para o próximo ano. Outro detalhe que confunde os profi ssionais: prestar serviços como pessoa jurídica a um hospital não impede que o médico, por exemplo, faça uso do livro-caixa no consultório em que atende como pessoa física. Para o autônomo que trabalha em casa e não tem como comprovar quais despesas estão diretamente relacionadas ao trabalho exercido, só é possível deduzir até um quinto dos gastos com luz, água e

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telefone, por exemplo. Gastos com o carro, como IPVA e gasolina, são considerados apenas para representantes comerciais

Saindo da informalidade

A Lei Complementar nº 128, de 2008, criou o microempreendedor individual (MEI). De lá para cá, 3,5 milhões de trabalhadores que eram autônomos se cadastraram. Os requisitos para se tornar um MEI são ter um faturamento de até 60 000 reais no ano (ou seja, até 5 000 reais por mês) e não participar de outra empresa como sócio ou titular. O MEI traz vantagens como permitir o cadastro como pessoa jurídica, o que facilita a abertura de conta bancária e a emissão de notas fiscais.

Além disso, o MEI reduz os impostos pagos, inclusive o IR. Sem ele, o profi ssional autônomo paga imposto de renda a partir de um rendimento mensal de 1 710,79 reais. Para esse valor, a alíquota é de 7,5% — ela pode chegar a 27,5% se os ganhos ultrapassarem 4 271,59 reais por mês. Com o MEI, não há incidência de imposto de renda. O profi ssional paga apenas uma taxa fi xa mensal, que não chega a 40 reais, destinada à Previdência Social, ICMS e ISS, e nada mais. “Ele pode transferir o que recebeu como distribuição de lucro, o que é isento de tributação, e como pró-labore mensal, o que diminui o imposto para a pessoa física”, explica Altino Dias, sócio da Dias e Santos Contabilidade de Mauá, na Grande São Paulo.

O MEI também é simples de abrir e de fechar. Tudo pode ser feito pelo site portaldoempreendedor.gov.br.

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/aprenda-a-domar-o-leao

Fonte: Veja

TABELA DO IRF 2014 - VIGÊNCIA A PARTIR DE 01.01.2014Medida Provisória 528/2011 convertida na Lei 12.469/2011

Base de Cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a Deduzir do IR (R$)Até 1.787,77 - -De 1.787,78 até 2.679,29 7,5 134,08De 2.679,30 até 3.572,43 15 335,03De 3.572,44 até 4.463,81 22,5 602,96Acima de 4.463,81 27,5 826,15

Dedução por dependente: R$ 179,71 (cento e setenta e nove reais e setenta e um centavos).

TABELA EXCLUSIVA PARA PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS (PLR) - VIGÊNCIA DE 01.01 a 31.12.2014:

Tabela Aplicável Exclusivamente para Participação nos Resultados  (MP 597/2012, convertida na Lei 12.832/2013) e Instrução Normativa RFB 1.433/2013

Valor da PLR anual (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir do IR (R$)De         0,00 a   6.270,00 - -De  6.270,01 a   9.405,00 7,5 470,25De  9.405,01 a 12.540,00 15 1.175,63De 12.540,01 a 15.675,00 22,5 2.116,13Acima de 15.675,00 27,5 2.899,88

 Nota: Consoante disposto no §6º do art. 3 da Lei 10.101/2000 (incluído pela Lei 12.832/2013), para o cálculo do IRF sobre a PLR não haverá dedução de dependentes e nem de qualquer outra despesa

(saúde, educação, previdência privada e etc.), salvo a importância paga a título de pensão IPECONT – Instituto de pesquisas Contábeis e Tributárias – http://www.ipecont.com.br/contato

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alimentícia incidente sobre a PLR (decorrente de determinação judicial), conforme § 10 do mesmo dispositivo legal.

Dmed/2014 – Programa disponível para downloadEstá disponível para download, no site da Receita Federal, na internet, o PGD (Programa Gerador de Dados) -Dmed/2014.

 Está disponível para download, no site da Receita Federal, na internet, o PGD (Programa Gerador de Dados) -Dmed/2014. 

O programa deverá ser utilizado para apresentação das informações relativas ao ano-calendário 2013, bem como das informações relativas ao ano-calendário 2014, nos casos de extinção de pessoa jurídica decorrente de liquidação, incorporação, fusão ou cisão total e apresentada pela matriz da pessoa jurídica com todas as informações de todos os seus estabelecimentos.

A Dmed deve ser apresentada por pessoa jurídica ou pessoa física equiparada a jurídica nos termos da legislação do Imposto sobre a Renda, desde que seja prestadora de serviços médicos e de saúde, operadora de plano privado de assistência à saúde ou prestadora de serviços de saúde e operadora de plano privado de assistência à saúde.

A Declaração contendo informações relativas ao ano-calendário de 2013 deverá ser apresentada até as 23h59min59s (vinte e três horas, cinquenta e nove minutos e cinquenta e nove segundos), horário de Brasília, do último dia útil do mês de março de 2014.

Fonte: http://www.netcpa.com.br/noticias/ver-noticia.asp?Codigo=25743

Fonte: Netcpa

Empresas devem estar atentas à lei de desoneração da folhaDesde o advento da Emenda Constitucional 20, de 15 de dezembro de 1998 (“EC 20/98”), é atribuída competência à Justiça do Trabalho para a execução de ofício das contribuições previdenciárias devidas em decorrência de suas decisões (inciso VIII do artigo 114 da Constituição Federal).

Ana Luisa Nobre Varella e Cristiane Matsumoto Gago

 Desde o advento da Emenda Constitucional 20, de 15 de dezembro de 1998 (“EC 20/98”), é atribuída competência à Justiça do Trabalho para a execução de ofício das contribuições previdenciárias devidas em

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decorrência de suas decisões (inciso VIII do artigo 114 da Constituição Federal). Desse modo, a sentença condenatória ou homologatória de acordo trabalhista faz as vezes do lançamento tributário e acaba por constituir os créditos previdenciários decorrentes da relação empregatícia por ela reconhecida.

Antes do advento da Lei 11.941, de 27 de maio de 2009 (“Lei 11.941/2009”), o fato gerador das contribuições previdenciárias decorrentes de sentenças trabalhistas ocorria no momento da sentença, de modo que o valor devido a título de contribuição previdenciária era calculado sobre o montante fixo a ser pago ao empregado por força da decisão.

Ocorre que o mencionado diploma legal, ao modificar a redação do artigo 43 da Lei 8.212, de 24 de julho de 1991 (“Lei 8.212/91”), acabou por alterar o procedimento de lançamento das contribuições previdenciárias decorrentes de ações trabalhistas. A redação do parágrafo segundo do referido dispositivo passou a dispor expressamente que “considera-se ocorrido o fato gerador das contribuições sociais na data da prestação do serviço”[1].

Assim, com a ocorrência do fato gerador das contribuições previdenciárias no momento da prestação do serviço, as mencionadas contribuições deverão ser apuradas mês a mês e calculadas com os acréscimos moratórios contados desde a ocorrência do fato gerador.

Excepcionalmente, será adotada a competência referente à data da sentença ou do pagamento, “na hipótese de não reconhecimento de vínculo, e quando não fizer parte da sentença condenatória ou do acordo homologado a indicação do período em que foram prestados os serviços aos quais se refere o valor pactuado”, conforme preceitua o artigo 103, parágrafo 3º, da Instrução Normativa 971/2009 da Receita Federal do Brasil (“RFB”).

A alteração no regime de apuração das contribuições previdenciárias em reclamações trabalhistas (artigo 43 da Lei 8.212/1991) também trouxe implicações na contagem do prazo decadencial para a constituição do crédito previdenciário. Com base na Súmula Vinculante 8 do Supremo Tribunal Federal[2], que declarou inconstitucional o prazo decadencial de 10 anos em relação às contribuições previdenciárias, aplica-se o regime jurídico tributário previsto nos artigos 150[3] e 173[4] do Código Tributário Nacional (“CTN”), que estipula o prazo decadencial de 5 anos para a constituição do crédito tributário.

Nesse contexto, é possível sustentar que, em casos de contribuições previdenciárias constituídas por meio de sentença proferida em ação trabalhista após a vigência da Lei 11.941/2009, o prazo decadencial para a constituição do crédito previdenciário seria de 5 anos, tendo como termo inicial a efetiva prestação do serviço.

Feitas as considerações iniciais, passa-se à análise das questões envolvendo a incidência das contribuições previdenciárias sobre a remuneração apurada em sentença trabalhista, em relação às empresas sujeitas ao novo regime da desoneração da folha de salários previsto na Lei 12.546, de 14 de dezembro de 2011 (“Lei 12.546/2011”).

De acordo com o Parecer Normativo 25, de 5 de dezembro de 2013, da RFB e a Instrução Normativa RFB 1.436, de 30 de dezembro de 2013, será aplicada uma metodologia de cálculo diferenciada para o período em que a prestação de serviços tenha ocorrido antes da sujeição da empresa à contribuição substitutiva (incidente sobre a receita bruta) e para o período em que a atividade laboral tenha ocorrido quando a empresa já se encontrava submetida ao regime da desoneração da folha de salários.

Para o período em que a prestação de serviços tenha ocorrido quando a empresa estava sujeita ao regime anterior, a contribuição ao seu cargo incide sobre a folha de salários. Para o período em que a empresa já estava sujeita ao regime da desoneração da folha de salários, quando da prestação dos serviços, cabe a ela declarar à Justiça do Trabalho, em relação à época a que se refere a reclamação trabalhista, os períodos em

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que esteve enquadrada no novo regime (receita bruta). Nesta situação, não haverá incidência das contribuições previdenciárias sobre a folha de salários, relativas às respectivas competências.

Cabe notar que, enquadrando-se no regime misto da desoneração da folha de salários[5], a empresa deve declarar o período em que esteve sujeita a este regime e indicar o percentual para a apuração da contribuição previdenciária sobre a folha de salários em relação às competências abrangidas.

Nesse sentido, cabe atentar para o fato de que, desde a sua instituição, diversos produtos, serviços e atividades foram incluídos e excluídos do regime da desoneração da folha, por sucessivos diplomas legais editados para tratar do tema, pelo que as empresas submetidas às regras da Lei 12.546/2011 devem observar com cuidado a vigência dos seus dispositivos ao informar a Justiça do Trabalho quanto à sua sujeição ao regime substitutivo.

Por fim, importante destacar que continuam sendo devidas as contribuições a cargo dos segurados empregados e contribuintes individuais, bem como a contribuição ao Seguro Acidente do Trabalho/Risco Acidente do Trabalho, decorrente da decisão condenatória ou homologatória da Justiça do Trabalho, sem redução e independentemente do regime ao qual a empresa estiver sujeita.

[1] Destaque nosso.

[2] São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5° do Decreto-Lei n° 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/1991 que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.

[3] Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.

§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento.

§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito.

§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação.

§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

[4] Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;

II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

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Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.

[5] A empresa que exerce atividade mista (atividades sujeitas e não sujeitas ao regime da desoneração da folha de pagamentos) deverá: (i) quanto à parcela da receita correspondente a atividade abrangida pela Lei n° 12.546/2011, aplicar a alíquota de 1% ou 2%, conforme o caso; e (ii) quanto à receita de outras atividades não enquadradas na Lei n° 12.546/2011, o cálculo será efetuado reduzindo-se o valor da contribuição previdenciária patronal ao percentual resultante da razão entre a receita bruta de atividades não abrangidas e a receita bruta total:

Folha de pagamento (total da empresa) X 20% (alíquota patronal)=A

Receita bruta de outras atividades/receita bruta total da empresa (matriz e filial)=B(redutor)

A X B(redutor)=contribuição proporcional (recolhida via GPS)

Ana Luisa Nobre Varella é advogada das áreas de tributário e previdenciário do Pinheiro Neto Advogados.

Cristiane Matsumoto Gago é consultora e associada da Área Previdenciária do Pinheiro Neto Advogados.

Revista Consultor Jurídico, 10 de janeiro de 2014

Fonte: http://www.conjur.com.br/2014-jan-10/empresas-estar-atentas-lei-desoneracao-folha-pagamento

Fonte: Conjur

EMPRESAS CONTÁBEIS JÁ ESTÃO ENQUADRADAS NA RESOLUÇÃO CFC QUE TRATA DA LEI DA LAVAGEM DE DINHEIRO7 jan 2014 - Contabilidade / Societário

O SESCON-SP alerta a todos os empreendedores contábeis que já estão exigidos a seguir as instruções da Resolução CFC nº 1.445/2013, que instituiu normas gerais para a comunicação de informações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para prevenção de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, segundo a Lei 12.283/2012.

A referida Resolução foi publicada na edição de 30 de julho de 2013 do Diário Oficial da União, passou a vigorar neste mesma data, no entanto, com efeitos a partir de 1º de janeiro de 2014. Desta forma, informamos que as empresas de serviços contábeis devem estar alertas para este novo procedimento.

A resolução do CFC estabelece de que formas os profissionais e as empresas de contabilidade de todo o País devem prestar informações ao Coaf e como implementar políticas de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.

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De acordo com o texto "os profissionais e organizações contábeis devem avaliar a existência de suspeição nas propostas e ou operações de seus clientes, dispensando especial atenção àquelas incomuns ou que, por suas características, no que se refere a partes envolvidas, valores, forma de realização, finalidade, complexidade, instrumentos utilizados ou pela falta de fundamento econômico ou legal, possam configurar sérios indícios dos crimes previstos na Lei nº 9.613/1998".

Fonte: SESCON-SP

Redução de Base de cálculo do ICMS para implementos agrícolas (Convênio ICMS 52/91)Publicado por Robson de Azevedo em 6 de janeiro de 2014

Possibilidade de redução de base de cálculo do ICMS para máquinas industriais e implementos agrícolas, sem a necessidade de estorno dos créditos das entradas.

O Convênio ICMS 52/1991 possibilita a redução da base de cálculo nas operações com equipamentos industriais e implementos agrícolas, tanto nas operações dentro do Estado como para fora do Estado, sem a necessidade de estorno do crédito do ICMS, para os produtos descritos nos Anexos I e II do referido Convênio ICMS.

No Convênio ICMS 52/1991 está indicada a carga tributária final do produto e não o percentual de redução de base de cálculo ou a alíquota a ser aplicada. Por isso a parcela de redução depende do Estado onde está o estabelecimento de origem o local do estabelecimento destino.

Assim para aplicação do Convênio o vendedor da máquina ou implemento deve sempre verificar qual a alíquota que deve ser aplicada e qual a carga tributária definida na legislação.

Para facilitar o entendimento é possível verificar no quadro a seguir algumas das reduções de base de cálculo possíveis.

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Assim se, por exemplo, uma empresa de São Paulo vender uma Máquina apanhadora e carregadora de cana, autopropulsada que apresenta o NCM 8427.20.90 (implemento agrícola), para contribuinte no estado da Bahia, deve emitir a nota fiscal considerando o seguinte, em relação à tributação:

> Valor da operação = R$ 1.000,00

> Alíquota aplicável na operação interestadual = 7%

> Percentual de redução = 41,43%

> Base de cálculo reduzida = 58,57%

Assim, nessa situação, a nota fiscal será emitida além de outras informações da seguinte forma, com relação ao ICMS:

- base de cálculo do ICMS = R$ 585,70

- Alíquota do ICMS = 7%

- Valor do ICMS = R$ 41,00

E, como há previsão expressa de manutenção de crédito, mesmo praticando a redução de base de cálculo não há necessidade de se estornar o crédito da aquisição dos insumos necessários a produção da máquina industrial ou implementos agrícolas.

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Meus caros, em meus cursos venho respondendo que as empresas comerciais que estão tomando créditos de depreciação e outros materiais de consumo, estão correndo um grande risco. A tese da RFB é a de que nas empresas comerciais só são permitidos créditos de mercadorias para revenda (além dos aluguéis pagos a PJ e Energia elétrica, é lógico):

TRF impede varejista de deduzir gastos operacionais da CofinsPor

Redação

Publicado em: 08 jan 2014 | 14h 45m 47sCategorias: Valor

Procuradora Mônica Almeida Lima: "Estamos defendendo que, pela lei, as varejistas não têm direito a se creditar de qualquer despesa com insumo"

Uma nova tese da Fazenda Nacional, aceita recentemente pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região (São Paulo e Mato Grosso do Sul), impede varejistas de deduzir do cálculo do PIS e da Cofins créditos gerados com despesas operacionais. Comemorado por procuradores, o precedente acendeu o sinal de alerta entre advogados de varejistas.

Apesar de só valer para o Magazine Luiza, autor da ação, a decisão da Justiça Federal é um precedente que restringe significativamente os tipos de gastos que podem ser abatidos do cálculo das contribuições sociais. A consequência é um desembolso maior pelas varejistas que recolhem o PIS e a Cofins pelo sistema não cumulativo, com alíquota de 9,25%.

"Estamos apresentando uma nova tese", afirma a procuradora da Fazenda Nacional, Mônica Almeida Lima, da Divisão de Acompanhamento Especial. "Ao invés de discutir o que é insumo para cada empresa, estamos defendendo que, pela lei, as varejistas não têm direito a se creditar de qualquer despesa com insumo", completa. De acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), os varejistas poderiam apenas tomar crédito sobre bens que compram para revenda. "O que a empresa gastou ao adquirir um DVD do fabricante, por exemplo, gera crédito."

A Justiça Federal acolheu o argumento ao analisar o processo do Magazine Luiza que pede na Justiça uma tutela antecipada (espécie de liminar) para abater do cálculo das contribuições sociais gastos com a manutenção do serviço de vendas pela internet. Estão na lista despesas com transmissão de dados e hosting [hospedagem do site da empresa na internet], telefonia fixa e celular, além de outros serviços necessários para viabilizar e manter o "e-commerce".

Em junho, o juiz Clécio Braschi, da 8ª Vara Cível Federal de São Paulo negou o pedido. Ao interpretar o inciso II do artigo 3º das leis do PIS e da Cofins (nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003), o juiz entendeu que apenas indústrias e prestadores de serviços podem abater gastos com insumos. "Nos textos legais não pode ser extraída a norma de que as pessoas jurídicas que exercem o comércio varejista têm direito de descontar os créditos relativos a despesas com serviços de comunicação", diz na decisão.

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O juiz afirma ainda que, pelo parágrafo 12 do artigo 195, a Constituição teria delegado à lei ordinária definir os setores para os quais as contribuições serão não cumulativas. "Não cabe ao Poder Judiciário incluir novos setores não contemplados nos dispositivos legais, corrigindo o legislador", diz.

A sentença do juiz Clécio Braschi foi confirmada, em decisão monocrática, pela desembargadora Consuelo Yoshida, do TRF da 3ª Região.

O Magazine Luiza informou que já entrou com pedido de reconsideração da decisão. Por meio de nota, a varejista afirma que a não cumulatividade do PIS e da Cofins deve estar relacionada com os custos incorridos para realizar suas atividades, que geram as receitas tributadas pelo PIS e Cofins. "A rede ressalta que não está discutindo a dedução de todas as despesas necessárias à atividade da empresa, mas aquelas efetivamente ligadas à composição de seu faturamento", afirma.

Para advogados, as legislações do PIS e da Cofins devem ser interpretadas de acordo com a Constituição, que impõe a não cumulatividade das contribuições. "Da mesma forma, o insumo deve ser analisado em função da receita da empresa, como tem feito o Carf [Conselho Administrativo de Recursos Fiscais] e, em diversas oportunidades, o Poder Judiciário", afirma o tributarista Fabio Calcini, do Brasil Salomão e Matthes Advocacia.

Em novembro de 2011, por exemplo, a Câmara Superior do Carf decidiu que o Frigorífico Frangosul pode descontar gastos com uniformes do PIS e Cofins. Para os conselheiros, produtos e serviços inerentes à produção, mesmo que não sejam consumidos durante o processo produtivo, geram créditos.

O tributarista Fabio Calcini cita ainda uma decisão de agosto de 2012 da 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na ocasião, os ministros liberaram concessionárias a descontar do recolhimento gastos com frete de veículos entre as fábricas e suas lojas. "De certo modo, o precedente nos dá abertura para compreender de forma mais ampla a noção de insumo para o setor do comércio", afirma o advogado.

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Fonte: Valor | Por Bárbara Pombo | De Brasília

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O conflito entre o CARF e a RFB sobre o conceito de insumos para fins de créditos da COFINS e do PISElaborado em 10/2013

Uma das dificuldades dos gestores tributários na apuração da COFINS e do PIS no regime não cumulativo está na aplicação correta do conceito de insumos para fins de creditamento da COFINS e do PIS.

Desde a criação do sistema - PIS em 2002 e COFINS em 2003 - a legislação de regência listou o que era permitido creditar, vindo posteriormente a RFB (antiga SRF) normatizar através de Instrução Normativa.

A IN de número404/2004foi taxativa:

"Art. 8ºDo valor apurado na forma do art. 7º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores:I - das aquisições efetuadas no mês:b) de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumos:b.2) na prestação de serviços;§ 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende-se como insumos:II - utilizados na prestação de serviços:a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; eb) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço."

Vários contribuintes, discordando da limitação "por baixo" fixada pela RFB, optaram pelo conceito de insumos contidos no RIR/2000 (Decreto de nº 3.000/1999), inseridos nos seusartigos 290e299, a saber:

"Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 1º):I - o custo de aquisição de matérias-primas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior;II - o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção;III - os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção;IV - os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção;V - os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção.Parágrafo único. A aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda a cinco por cento do custo total dos produtos vendidos no período de apuração anterior, poderá ser registrada diretamente como custo (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 13, § 2º ).(...)Disposições Gerais Despesas NecessáriasArt. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47).§ 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º).§ 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º).§ 3º O disposto neste artigo aplica-se também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for à designação que tiverem.

Logicamente que tiveram que enfrentar a ganância por arrecadação, marca registrada da RFB, sendo alvos de autos de infração, que tempestivamente impugnados foram rejeitados pelas Delegacias de Julgamentos.

Após os cabíveis recursos voluntários para o CARF/MF, aquele órgão colegiado administrativo assim decidiuverbis:

"REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. MATERIAIS PARAMANUTENÇÃO DE MÁQUINAS.O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não

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cumulatividade de PIS e COFINS deve ser entendido como todo e qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ, não devendo ser utilizado o conceito trazido pela legislação do IPI, uma vez que a materialidade de tal tributo é distinta da materialidade dascontribuições em apreço...""É de se concluir, portanto, que o termo 'insumo' utilizado para o cálculo do PIS e da COFINS não cumulativos deve necessariamente compreender os custos e despesas operacionais da pessoa jurídica, na forma definida nos artigos 290 e 299 do RIR/99, e não se limitar apenas ao conceito trazido pelas Instruções Normativas nº. 247/02 e 404/04 (embasadas exclusivamente na (inaplicável) legislação do IPI)." (Processo nº 11020.001952/2006-22 - Acórdão nº 3202000.423)

No relatório e voto do julgado daquele colegiado vimos lições importantes, que valem ser inseridas:

"Em relação à vedação ao aproveitamento de créditos relativos à mão de obra paga a pessoas físicas, prevista no artigo 3º, § 2º, das Leis 10.637/02 e 10.833/03, entendo inexistir qualquer obscuridade, pois se analisarmos as técnicas legislativas constantes da Lei Complementar nº 95/98, que dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, conforme determina o parágrafo único, do artigo 59 da Constituição Federal, veremos que a função dos parágrafos é justamente expressar os aspectos complementares à norma enunciada no caput do artigo e as exceções à regra por este estabelecida, verbis:" Art. 11. As disposições normativas serão redigidas com clareza, precisão eordem lógica, observadas, para esse propósito, as seguintes normas:(...)III paraa obtenção de ordem lógica:(...)c) expressar por meio dos parágrafos os aspectos complementares à norma enunciada no caput do artigo e as exceções à regra por este estabelecida..." (grifamos)."Cabe aqui, inclusive, trazer a lição do Ministro Gilmar Ferreira Mendes e de Nestor José Foster Junior a respeito das questões fundamentais de técnica legislativa:""Os parágrafos constituem, na técnica legislativa, a imediata divisão de um artigo, ou, como anotado por Arthur Marinho, '(...) parágrafo sempre foi, numa lei, disposição secundária de um artigo em que se explica ou modifica a disposição principal.'" (Manual de redação da Presidência da República, 2. ed. rev. e atual. - Brasília : Presidência da República, 2002, p. 81 grifamos).

Vê-se, portanto, que o § 2º doartigo 3º das Leis nºs 10.637/02e10.833/03, ao dizer que "não dará direito a crédito o valor da mão de obra paga a pessoa física", excetuou ocaputdo referido artigo, cuja redação é a que segue:

"Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a...".

Não há qualquer obscuridade a ser sanada, pois se forem obedecidas as disposições contidas naLei Complementar nº 95/98, veremos que não existe a necessidade de se reafirmar aquilo que é inerente à técnica legislativa, ou seja, de que o referido § 2º doartigo 3º das Leis nºs 10.637/02e10.833/03excepcionou o direito de crédito dos contribuintes em relação ao valor da mão de obra paga a pessoa física. O mesmo ocorre em relação ao § 3º doartigo 3º das Leis nºs 10.637/02e10.833/03, que também limita o direito de crédito dos contribuintes, senão vejamos:

"§ 3º O direito ao crédito aplica-se, exclusivamente, em relação:I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País;II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País;III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei."

"Ora, tais limitações também devem ser respeitadas no momento do aproveitamento dos créditos para o cálculo do PIS e COFINS não cumulativos. Se houve, por exemplo, pagamento de custos e despesas a pessoa jurídica domiciliada no exterior, não haveria a possibilidade de creditamento desses montantes, ainda que para fins de IRPJ, possam ser considerados dedutíveis.No que diz respeito à decisão da CSRF citada no acórdão ora embargado que admite o conceito de insumo como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada, é de se destacar que os insumos acatados como passíveis de creditamento foram os dispêndios com combustíveis e lubrificantes utilizados pela frota de veículos para transporte de insumos entre estabelecimentos do contribuinte e

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com a remoção de resíduos industriais de empresa produtora de peles e artefatos de couro, o que reforça o entendimento no sentido de que os insumos a serem considerados na sistemática não cumulativa do PIS e COFINS não são somente aqueles ligados à produção ou à prestação de serviços."

Do inteiro teor vimos lições importantes para o convencimento do correto conceito de insumos, para creditamento da COFINS e do PIS no regime não cumulativo.

É de se concluir, portanto, que aos contribuintes inconformados com o conceito de insumos preconizados naIN nº 404/2004não resta ou caminho a não ser a desobediência ao comando daquela instrução, para se aliar à posição manifestada pelo CARF/MF, até que o tema se transforme em Súmula Vinculante daquele Colegiado Administrativo, quando então o tema irá para a lista da Portaria PGFN nº 2.025/2011 c/cart. 21 da Lei de nº 12.844/2013.

Enquanto não inserida no rol dos temas que a PGFN está proibida de recorrer resta aos contribuintes prejudicados o recurso voluntário ao CARF/MF, para fazer prevalecer os seus direitos aos créditos da COFINS e do PIS pelos insumos necessários à produção da riqueza faturada e tributada pelas contribuiçõesin comento, nos moldes previstos pelo RIR/2000 e aceitos pelo CARF.

Conclui-se que é necessário que a RFB acate as decisões do CARF/MF, levando-as para seus manuais internos para fins de respeito aos direitos dos contribuintes.

Roberto Rodrigues de Morais

Especialista em Direito Tributário

Fonte: FISCOSOFT

ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL FISCAL (ECF)A Escrituração Contábil Fiscal (ECF) é uma nova obrigação imposta às pessoas jurídicas estabelecidas no Brasil.

O sujeito passivo deverá informar, na ECF, todas as operações que influenciem a composição da base de cálculo e o valor devido do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

A ECF será transmitida anualmente ao Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) até o último dia útil do mês de julho do ano seguinte ao ano-calendário a que se refira.

O Manual de Orientação do Leiaute da ECF, contendo informações de leiaute do arquivo de importação, regras de validação aplicáveis aos campos, registros e arquivos, tabelas de códigos utilizadas e regras de retificação da ECF, será divulgado pela Cofis por meio de Ato Declaratório Executivo publicado no Diário Oficial da União (DOU).

OBRIGATORIEDADE

Através da Instrução Normativa RFB 1.422/2013 ficou estabelecido que a partir do ano-calendário de 2014, todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas, deverão apresentar a Escrituração Contábil Fiscal (ECF) de forma centralizada pela matriz.

A obrigatoriedade da entrega da ECF não se aplica:IPECONT – Instituto de pesquisas Contábeis e Tributárias – http://www.ipecont.com.br/contato

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I – às pessoas jurídicas optantes pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), de que trata a Lei Complementar nº 123/2006;

II – aos órgãos públicos, às autarquias e às fundações públicas; e

III – às pessoas jurídicas inativas.

LALUR E DIPJ

As pessoas jurídicas ficam dispensadas, em relação aos fatos ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2014, da escrituração do Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur) e da entrega da Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ).

Receita Federal do Brasil publica Instrução Normativa referente à contribuição previdenciária sobre a receita

bruta das empresas enquadradas na desoneração da folha de pagamento

Foi publicada no Diário Oficial da União de 02.01.2014, a Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil (RFB) n° 1.436 de 30 de dezembro de 2013, a qual dispõe sobre a Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), destinada ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), devida pelas empresas referidas nos artigos 7° e 8° da Lei n° 12.546/2011, conhecida como desoneração da folha de pagamento.

Dentre as disposições trazidas pela Instrução Normativa, destaque-se:

- As empresas que estiverem enquadradas na desoneração da folha de pagamento pelo CNAE, deverão considerar apenas o CNAE principal, sendo que, o enquadramento no CNAE principal será efetuado pela atividade econômica principal da empresa, ou seja, aquela de maior receita auferida ou esperada;

- A “receita auferida” será apurada com base no ano-calendário anterior, que poderá ser inferior a 12 (doze) meses, quando se referir ao ano de início de atividades da empresa;

- A "receita esperada" é uma previsão da receita do período considerado e será utilizada no ano-calendário de início de atividades da empresa;

- Em relação às empresas enquadradas no Anexo IV do Simples Nacional, a contribuição previdenciária sobre a receita bruta deverá ser informada por meio do Programa Gerador do Documento de Arrecadação do Simples Nacional – Declaratório (PGDAS-D), disponível no Portal do Simples Nacional www.receita.fazenda.gov.br/simplesnacional, a partir do período de apuração (PA) janeiro de 2014;

- A contribuição previdenciária sobre a receita bruta não é aplicável durante a fase pré-operacional, ou seja, aquela que se desenvolve em período anterior ao início das atividades da empresa. Nessa fase, as empresas estarão sujeitas às contribuições sobre a

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folha de pagamento, previstas nos incisos I a III do caput do artigo 22 da Lei n° 8.212/1991.

Bahia usa ICMS para reacender guerra fiscal no comércio virtualEstado diminuiu alíquota para atrair centros de distribuição

Em prenúncio de novo round da guerra fiscal no comércio eletrônico, a Bahia derrubou o ICMS do setor para vendas a outros Estados.

O corte na alíquota de 17% para 2%, em vigor desde o último dia 11, visa atrair ao menos três centros de distribuição de lojas virtuais e arrecadar R$ 40 milhões ao ano.

Hoje, a Bahia não arrecada ICMS nessas operações. A maioria das lojas virtuais fica no Sul e no Sudeste, pela facilidade logística.

Gigante do setor, a B2W será a primeira a instalar um centro de distribuição --no caso, da Americanas.com, investindo R$ 50 milhões.

A Saraiva também irá montar unidade na Bahia, e o governo negocia com o Ponto Frio, do Grupo Pão de Açúcar.

Antes da Bahia, Tocantins (desde 2008) e Espírito Santo (desde 2012) adotaram reduções fiscais no setor.

O ICMS do e-commerce deve ter movimentado R$ 30 bilhões no país em 2013. No formato atual, os Estados de origem dos produtos ficam com 100% do ICMS, não importando o destino dos itens.

A fórmula desagrada Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que não têm centros de distribuição. Os Estados discutem no Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) há anos, sem consenso.

"A situação é um crime contra os menos industrializados. Precisamos de um denominador comum", diz o governador Jaques Wagner (PT-BA).

Especialista em comércio eletrônico, o advogado André Portella estima que a redução fiscal na Bahia possa acarretar preços mais baixos. O efeito colateral, afirma, virá em condições tributárias desfavoráveis para lojas físicas, que não contam com o incentivo.

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Unificação do ICMS deve ser feita em 2015, afirma BarbosaO ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disse ontem que a definição sobre a unificação das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não deve passar de 2015, "independentemente se for no âmbito do Executivo ou do Legislativo".

Fernanda Bompan

 O ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disse ontem que a definição sobre a unificação das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não deve passar de 2015, "independentemente se for no âmbito do Executivo ou do Legislativo". 

Ele, que atualmente é professor e pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), afirmou que neste ano o assunto não deve ser discutido com mais força devido ao foco que será dado para a campanha eleitoral dos governadores, como também porque a agenda do Supremo Tribunal Federal (STF) está "cheia". 

No entanto, Barbosa acredita que se o STF decidir (súmula vinculante) sobre a inconstitucionalidade dos benefícios fiscais dados sem aprovação unânime no Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), "o Congresso não terá outra alternativa a não ser resolver essa questão". 

Antes de sua saída do Ministério da Fazenda, oficialmente em junho do ano passado, Barbosa liderou os debates no Confaz para uma reforma do ICMS. Uma de suas propostas, que é o atual destaque nas discussões, segundo ele, é que o Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR) - principal fator para aceitar a unificação da alíquota do imposto - seja feito 25% de recursos orçamentários e 75% de dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mas os governadores queriam 50% de cada. 

Ainda sobre os estados, o ex-secretário executivo da Fazenda, que esteve presente na 5ª edição do Latin American Advanced Programme on Rethinking Macro and Development Economics (Laporde), realizada pela FGV, mostrou preocupação sobre a negociação da repactuação da dívida desses entes. "Sou a favor de renegociar a divida, mas precisa colocar condicionantes, porque essa negociação dá espaço para o endividamento dos estados e municípios. Se utilizar esse espaço muito rápido, o [superávit] primário cai rapidamente e prejudica a estabilidade fiscal. O governo federal tem que autorizar o endividamento de maneira bem seletiva", disse. 

Segundo ele, os estados e municípios não devem atingir a meta do superávit primário neste ano, da mesma forma, que não alcançaram em 2013 - a divulgação oficial será no final deste mês pelo Banco Central (BC). "[Os governos regionais] não fazem a meta de 0,95% do PIB. Vão fazer o mesmo este ano que em 2013, 0,3% do PIB. Mas o cenário depende muito da discussão sobre a dívida dos estados e municípios", ressalta. Desta forma, ele prevê que em 2013 e neste ano, o superávit primário deve apresentar níveis semelhantes, em torno de 1,8% do PIB, sendo que 1,5% é do governo central (BC, Tesouro Nacional e Previdência Social). 

Por outro lado, diferentemente do que avaliam especialistas, para Barbosa, não existe "contabilidade criativa" nos resultados fiscais do governo federal. "Tudo o que o governo faz está dentro da metodologia da política fiscal, adequado à metodologia do FMI [Fundo Monetário Internacional]", explicou. 

Programas 

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Sobre a política econômica focada na transferência de renda, o ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda sugere que programas do governo federal, como o Bolsa Família precisam ser mantidos, mas não ajustados. 

"Agora, a agenda do crescimento [econômico] se desloca mais para investimento e produtividade do que necessariamente para inclusão social", disse. A expectativa é de que o PIB cresça 2,3% neste ano, igual ao que deve ter sido observado em 2013. E que os investimentos aumentem em linha com o avanço econômico. 

De acordo com ele, o crescimento em 2014 será menor que em 2013 por uma questão de efeito estatístico. "No ano passado teve um impulso grande no investimento por caminhões e ônibus, de 40%. Dos 6% de crescimento do investimento, de 3,5 a 4 pontos percentuais foram desse setor." 

Na opinião dele, programas, como o abono salarial e o seguro-desemprego, é que precisam ser alterados. "Hoje, o abono é pago, integralmente, independente se a pessoa trabalhou um mês ou 12 meses. Se torná-lo proporcional, o que é mais que defensável, já vai gerar uma economia substancial", disse, sem querer apontar números. 

Quanto ao seguro-desemprego, Barbosa disse que boa parte do crescimento tem a ver com o maior grau de formalização do trabalho e aumento do salário mínimo. "Porém, antes de reformar, é preciso fazer um levantamento para ver o tamanho do desembolso por região, idade e tipo de trabalhador. O Ministério do Trabalho trabalha nisso e aí teremos uma ideia se há alguma distorção [desvio ou maior formalização] e onde", apontou. 

Fonte: http://www.dci.com.br/politica-economica/unificacao-do-icms-deve-ser-feita-em-2015,-afirma-barbosa-id379364.html

Fonte: DCI

Hora de fazer o planejamento tributárioAinda dá tempo: os empreendedores que querem adequar a carga tributária ao orçamento da empresa devem ficar atentos aos prazos para aderir ao regime de tributação que será utilizado ao longo de 2014.

Karina Lignelli

 Ainda dá tempo: os empreendedores que querem adequar a carga tributária ao orçamento da empresa devem ficar atentos aos prazos para aderir ao regime de tributação que será utilizado ao longo de 2014.

No caso da opção pelo Simples Nacional, é possível optar pelo regime até 31 de janeiro. Se o escolhido for o Lucro Real, a opção será definida pelo primeiro recolhimento do Imposto de Renda do ano, que será no último dia útil de fevereiro. Para o Lucro Presumido, que em 2013 teve aumento no limite de enquadramento de R$ 48 milhões para R$ 78 milhões (faturamento anual da empresa), o prazo é até o fim de abril, já que o recolhimento é trimestral.

Por outro lado, o prazo é só um detalhe, já que a mudança deve ser feita com cautela, tanto para evitar problemas com o fisco como para não comprometer a lucratividade, alertam especialistas. Mas, apesar de

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o grande benefício da mudança ser a economia em impostos para quem está "atrasado", ter critério na mudança é primordial, afirma Leandro Cossalter, consultor tributário e sócio da Crowe Horwath Brasil. O ideal, explica, seria começar a fazer esse tipo de planejamento para um novo ano nos últimos meses do segundo semestre do ano anterior. "Claro que ainda dá tempo, mas a chance de erro aumenta. Isso pode gerar gastos desnecessários por vários meses, o que é um complicador, no caso das pequenas e médias empresas".

"Sabe-se que em média 33% do faturamento das empresas é para pagamento de impostos. Com a alta tributação no Brasil, além de terem de enfrentar empresas que vivem na informalidade, várias quebram com elevadas dívidas fiscais. Por isso a importância do planejamento prévio", afirma Welinton Mota, diretor tributário da Confirp Consultoria Contábil.

Estudo

Mas como optar pelo regime adequado? Mota, da Confirp, explica que existem "mil possibilidades". Porém, o que funciona para um empresa pode não funcionar para outra. "Tudo depende do porte, atividade, produto que vende, estado ou município em que está, fornecedores, clientes, enfim, tudo o que interfere nas alíquotas dos impostos. Faturamento, tamanho da folha de pagamento e lucro contábil também são fatores determinantes para montar esse estudo prévio", afirma Mota.

Mesmo sendo unanimidade como o melhor regime para as PMEs, Mota lembra que, pela atual legislação, há determinadas atividades em que se pagaria mais imposto optando pelo Simples Nacional do que pelo Lucro Presumido. Exemplo disso são atividades do ramo de serviços, como academias, imobiliárias, empresas de softwares, de montagens de estandes ou da área de saúde. Pelo regime, pagariam-se alíquotas diferenciadas, e na casa dos dois dígitos, a título de Simples e de Contribuição Previdenciária Patronal (CPP). Já se a opção fosse pelo Lucro Presumido, ficaria na casa dos 18%, para faturamentos de R$ 300 mil mensais, por exemplo.

E se a empresa projetar que terá prejuízos, pode ser possível até optar pelo Lucro Real, já que nesse caso não é preciso pagar imposto, lembra Cossalter, da Crowe Horwath Brasil. "Em um cenário como esse, se ela estiver no Lucro Presumido, pagará IR mesmo assim. Tem que pôr tudo na ponta lápis antes", reforça.

Por isso, de acordo com o especialista, é importante existir sinergia entre administradores e contabilistas, que devem ter conhecimento dos planos estratégicos que podem impactar nos resultados das empresas assim como na apuração dos impostos. Também é preciso ter em mente que a forma de tributação não pode ser uma escolha só desses profissionais. "É preciso levar em conta perspectivas do mercado para o ano, investimentos e projeção de crescimento, já que a escolha pelo regime será definitiva", destaca Cossalter.

Fonte: http://www.dcomercio.com.br/2014/01/09/hora-de-fazer-o-planejamento-tributario

Fonte: Diário do Comércio

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Compensação, restituição e reembolso de créditos previdenciários (INSS) - GFIP/SEFIP e PER/DCOMP -

Roteiro de ProcedimentosRoteiro - Previdenciário/Trabalhista - 2014/4085

Sumário IntroduçãoI - Tributos abrangidosII - RestituiçãoII.1 - Outras entidadesII.2 - Requerimento por meio do PER/DCOMPII.2.1 - PER/DCOMP versão 5.1II.3 - Representante do sujeito passivoII.4 - ÓbitoII.5 - Sucessão empresarialII.6 - Contribuições previdenciárias declaradas incorretamenteII.7 - Empresas optantes pelo Simples NacionalII.8 - Segurados da Previdência SocialII.8.1 - Informações necessárias para análiseII.8.2 - Análise dos requerimentos de restituiçãoII.9 - Contribuições descontadas dos trabalhadores e associações desportivasII.10 - Restituição de valores referentes à retenção de contribuições previdenciárias na cessão de mão de obra e na empreitadaII.10.1 - Recolhimento de valor retido em duplicidadeII.10.2 - PER/DCOMPII.10.3 - ConsórcioIII - Reembolso de salário-família e salário-maternidadeIII.1 - SaldoIII.2 - Outras entidades - vedaçãoIII.3 - PedidoIV - CompensaçãoIV.1 - Situação regular - ObrigatoriedadeIV.2 - Crédito utilizado entre estabelecimentosIV.3 - Construção civilIV.4 - Décimo terceiro salárioIV.5 - Ressarcimento do sujeito passivoIV.6 - Empresa optante pelo Simples IV.7 - GFIPIV.8 - Compensação indevidaIV.9 - Outras entidadesV - Compensação de valores referentes à retenção de contribuições previdenciárias na cessão de mão de obra e na empreitadaV.1 - Outras entidadesV.2 - Saldo remanescenteV.3 - ConsórcioVI - Compensação de ofícioVI.1 - Manifestação do sujeito passivoVI.2 - Crédito remanescenteVI.3 - Ordem de preferênciaVI.4 - Demais créditos ou saldo remanescenteVI.5 - Compensado de ofício sobre parcelamentoVI.6 - Atualização de valoresVII - HomologaçãoVIII - Compensação de débitos do sujeito passivo com créditos de terceirosIX - FiscalizaçãoX - Créditos reconhecidos por decisão judicial transitada em julgado XI - Valoração de créditos

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XI.1 - Compensação de contribuições previdenciárias realizadas até 3 de dezembro de 2008XII - PagamentoXII.1 - Instituição financeira pagadoraXIII - Retificação de pedido de reembolso e de restituiçãoXIII.1 - Pressupostos para a retificação do pedidoXIV - Desistência de pedidoXV - Penalidades no ressarcimentoXVI - Consultoria FISCOSoft

Introdução

Desde a criação da Super Receita por meio da Lei nº 11.457/2007, iniciou-se um processo de unificação das legislações e regras da Previdência Social e da Receita Federal do Brasil (RFB).

Neste contexto foi publicada a Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012 que disciplina as regras para restituição, compensação e reembolso de salário-família e salário-maternidade.

No que tange à área previdenciária, o fundamento legal da restituição e da compensação de valores encontra-se na Lei nº 8.212/1991, que por sua vez, prevê:

Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.(...)

I - Tributos abrangidos

O disposto neste Roteiro aplica-se:

a) ao reembolso de quotas de salário-família e salário-maternidade;

b) à restituição e à compensação relativas a:

b.1) contribuições previdenciárias das empresas e equiparadas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço, bem como sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho;

b.2) contribuições previdenciárias dos empregadores domésticos;

b.3) contribuições previdenciárias dos trabalhadores e facultativos, incidentes sobre seu salário de contribuição;

b.4) contribuições previdenciárias instituídas a título de substituição;

b.5) valores referentes à retenção de contribuições previdenciárias na cessão de mão de obra e na empreitada;

b.6) contribuições recolhidas para outras entidades ou fundos.

Fundamentação: art. 1º da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

II - Restituição

Poderão ser restituídas pela RFB as quantias recolhidas a título de tributo sob sua administração, bem como outras receitas da União arrecadadas mediante DARF ou GPS, nas seguintes hipóteses:

a) cobrança ou pagamento espontâneo, indevido ou em valor maior que o devido;

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b) erro na identificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento;

c) reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.

Também poderão ser restituídas pela RFB, nas hipóteses mencionadas nas alíneas "a" a "c", as quantias recolhidas a título de multa e de juros moratórios previstos nas leis instituidoras de obrigações tributárias principais ou acessórias relativas aos tributos administrados pela RFB.

A RFB promoverá a restituição de receitas arrecadadas mediante DARF e GPS que não estejam sob sua administração, desde que o direito creditório tenha sido previamente reconhecido pelo órgão ou entidade responsável pela administração da receita.

Fundamentação: "caput", §§ 1º e 2º do art. 2º da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

II.1 - Outras entidades

Compete à RFB efetuar a restituição dos valores recolhidos para outras entidades ou fundos, exceto nos casos de arrecadação direta, realizada mediante convênio.

Fundamentação: "caput" e § 3º do art. 2º da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

II.2 - Requerimento por meio do PER/DCOMP

A restituição poderá ser efetuada a requerimento do sujeito passivo ou da pessoa autorizada a requerer a quantia.

Esta restituição será requerida pelo sujeito passivo mediante utilização do programa Pedido de Restituição ou Reembolso (PER/DCOMP).

Na impossibilidade de utilização do programa PER/DCOMP, o requerimento será formalizado por meio do formulário Pedido de Restituição ou Ressarcimento, constante do anexo I da IN RFB nº 1.300/2012, ou mediante o formulário Pedido de Restituição de Valores Indevidos Relativos a Contribuição Previdenciária, constante do anexo II da IN RFB nº 1.300/2012, conforme o caso, aos quais deverão ser anexados documentos comprobatórios do direito creditório.

Será considerada como impossibilidade de utilização do programa PER/DCOMP, a ausência de previsão da hipótese de restituição, de ressarcimento, de reembolso ou de compensação no aludido programa, bem como a existência de falha no Programa que impeça a geração do Pedido Eletrônico de Restituição.

A citada falha será demonstrada pelo sujeito passivo à RFB no momento da entrega do formulário, sob pena de não ser formulado o pedido de restituição.

Por fim, não será considerada impossibilidade de utilização do programa PER/DCOMP, a restrição nele incorporada em cumprimento ao disposto na legislação tributária.

Os pedidos de restituição das pessoas jurídicas deverão ser formalizados pelo estabelecimento matriz.

Fundamentação: "caput", §§ 1º, 2º e 10 do art. 3º; "caput", §§ 3º, 4º e 5º do art. 113 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012, com as alterações trazidas pela Instrução Normativa RFB nº 1.425/2013.

II.2.1 - PER/DCOMP versão 5.1

Foi aprovado o programa Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação, versão 5.1 (PER/DCOMP 5.1), disponível para download no site da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), no endereço http://www.receita.fazenda.gov.br.

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As declarações retificadoras a serem entregues a partir de 2 de março de 2012 (data da publicação Instrução Normativa RFB nº 1.253/2012) deverão utilizar o PER/DCOMP versão 5.1.

Fundamentação: art. 1º, 2º e 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.253/2012.

II.3 - Representante do sujeito passivo

Na hipótese de pedido de restituição formulado por representante do sujeito passivo, o requerente deverá apresentar à RFB procuração conferida por instrumento público ou por instrumento particular com firma reconhecida, termo de tutela ou curatela ou, quando for o caso, alvará ou decisão judicial que o autorize a requerer a quantia.

Tratando-se de pedido de restituição formulado por representante do sujeito passivo mediante utilização do programa PER/DCOMP, os documentos declarados acima serão apresentados à RFB após intimação da autoridade competente para decidir sobre o pedido.

Fundamentação: "caput", §§ 3º e 4º do art. 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

II.4 - Óbito

Caso ocorra óbito da pessoa física, inclusive da pessoa física equiparada a empresa, havendo outros bens e direitos sujeitos a inventário ou arrolamento, a restituição será efetuada:

a) mediante alvará judicial expedido pela autoridade judicial;

b) mediante escritura pública expedida no processo extrajudicial de inventário.

Caso não haja bens ou direitos sujeitos a inventário ou arrolamento, a restituição será efetuada ao conjugê, companheiro, filho e demais dependentes do contribuinte falecido, nos termos do art. 13 do Decreto-Lei nº 2.292/1986 e do art. 34 da Lei nº 7.713/1988.

Por fim, caso não haja bens ou direitos sujeitos a inventário ou arrolamento e a pessoa falecida não possua conjugê, companheiro, filho ou dependentes, a restituição será efetuada mediante alvará judicial expedido pela autoridade judicial ou escritura pública expedida no processo extrajudicial de inventário.

Considera-se dependente do contribuinte falecido a pessoa habilitada na forma da legislação previdenciária ou militar.

Fundamentação: "caput" e § 7º do art. 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012, com as alterações trazidas pela Instrução Normativa RFB nº 1.425/2013.

II.5 - Sucessão empresarial

No caso de sucessão empresarial, terá legitimidade para pleitear a restituição a empresa sucessora.

Havendo encerramento das atividades, terão legitimidade para pleitear a restituição os sócios que detêm o direito ao crédito, conforme determinado no ato de dissolução.

A restituição de quantia recolhida a título de tributo administrado pela RFB que comporte, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente poderá ser efetuada a quem prove haver assumido referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la.

Fundamentação: "caput", §§ 8º e 9º do art. 3º; art. 6º da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

II.6 - Contribuições previdenciárias declaradas incorretamente

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A restituição das contribuições previdenciárias declaradas incorretamente fica condicionada à retificação da declaração, exceto quando o requerente for segurado ou terceiro não responsável por essa declaração.

Fundamentação: "caput" e § 11 do art. 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

II.7 - Empresas optantes pelo Simples Nacional

O pedido de restituição de tributos administrados pela RFB, abrangidos pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), instituído pela Lei Complementar nº 123/2006, deverá ser formalizado por meio do formulário Pedido de Restituição ou Ressarcimento (Anexo I da IN RFB nº 1.300/2012) inclusive o decorrente de retenção indevida.

No caso de empresa optante pelo Simples Federal, aos valores de contribuições previdenciárias retidos indevidamente no período de 1º de janeiro de 2000 a 31 de agosto de 2002, em que não havia a obrigação da retenção, poderão ser compensados (art. 86 da IN 1.300/2012).

Fundamentação: "caput" e § 12 do art. 3º; art. 96 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012; art. 114 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009.

II.8 - Segurados da Previdência Social

Poderão requer a restituição de valores pagos indevidamente a título de contribuição social, por meio do PER/DCOMP, disponível no sítio da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), na Internet, no endereço http://www.receita.fazenda.gov.br, os seguintes contribuintes:

a) contribuinte individual;

b) empregado doméstico;

c) segurado especial (que contribui facultativamente);

d) segurado facultativo.

Na impossibilidade de utilização do programa PER/DCOMP, o requerimento será formalizado por meio do formulário Pedido de Restituição de Valores Indevidos Relativos a Contribuição Previdenciária (anexo II da IN 1.300/2012), ao qual deverão ser anexados documentos comprobatórios do direito creditório.

Fundamentação: art. 1º da Portaria Conjunta INSS nº 03/2009; "caput" §§ 2º e 13 do art. 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

II.8.1 - Informações necessárias para análise

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), fornecerá à RFB as informações necessárias para análise dos requerimentos de restituição, nos seguintes casos:

a) em virtude de tempo não reconhecido como filiação obrigatória;

b) pagamentos em duplicidade ou a maior;

c) pagamentos em gozo de benefícios;

d) demais situações.

Fundamentação: art. 2º da Portaria Conjunta INSS nº 3/2009.

II.8.2 - Análise dos requerimentos de restituição

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Caberá à unidade da RFB que jurisdiciona o domicílio tributário do sujeito passivo, analisar e decidir sobre o requerimento de restituição.

O recurso contra a decisão que indeferiu ou deferiu parcialmente o requerimento de restituição deverá ser apresentado à unidade da RFB que jurisdiciona o domicílio tributário do sujeito passivo no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da ciência da decisão.

Fundamentação: art. 3º da Portaria Conjunta INSS nº 3/2009.

II.9 - Contribuições descontadas dos trabalhadores e associações desportivas

Na hipótese das contribuições previdenciárias dos trabalhadores e as instituídas a título de substituição, poderão requerer a restituição, desde que lhes tenham sido descontados indevidamente:

a) o empregado, inclusive o doméstico;

b) o trabalhador avulso;

c) o contribuinte individual;

d) o produtor rural pessoa física;

e) o segurado especial; e

f) a associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional.

Neste contexto, a empresa ou equiparada e o empregador doméstico poderão requerer a restituição do valor descontado indevidamente do contribuinte, caso comprovem o ressarcimento às pessoas físicas ou jurídicas.

Fundamentação: art. 7º da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

II.10 - Restituição de valores referentes à retenção de contribuições previdenciárias na cessão de mão de obra e na empreitada

A empresa prestadora de serviços que sofreu retenção de contribuições previdenciárias no ato da quitação da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços que não optar pela compensação dos valores retidos, ou, se após a compensação, restar saldo em seu favor, poderá requerer a restituição do valor não compensado, desde que a retenção esteja destacada na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços e declarada em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP).

Na falta de destaque do valor da retenção na nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços, a empresa contratada somente poderá receber a restituição pleiteada se comprovar o recolhimento do valor retido pela empresa contratante.

Fundamentação: art. 17 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

II.10.1 - Recolhimento de valor retido em duplicidade

Na hipótese de a empresa contratante efetuar recolhimento de valor retido em duplicidade ou a maior, o pedido de restituição poderá ser apresentado pela empresa contratada ou pela empresa contratante.

Quando se tratar de pedido feito pela empresa contratante, esta deverá apresentar:

a) autorização expressa de responsável legal pela empresa contratada com poderes específicos para requerer e receber a restituição, em que conste a competência em que houve recolhimento em duplicidade ou de valor a maior;

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b) declaração firmada pelo outorgante, sob as penas da lei, de que não compensou e nem foi restituído dos valores requeridos pela outorgada.

Fundamentação: art. 18 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

II.10.2 - PER/DCOMP

A restituição de valores referentes à retenção de contribuições previdenciárias na cessão de mão de obra e na empreitada será requerida pelo sujeito passivo por meio do programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante a apresentação do formulário Pedido de Restituição de Retenção Relativa a Contribuição Previdenciária (Anexo IV da IN RFB nº 1.300/2012), ao qual deverão ser anexados documentos comprobatórios do direito creditório.

Fundamentação: art. 19 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

II.10.3 - Consórcio

Estará sujeito à retenção previdenciária o serviço ou obra de construção civil, prestado de acordo com o inciso III do art. 117 e art. 142 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, executado por empresas em consórcio, observados os seguintes procedimentos:

a) o contratante do serviço ou da obra deve fazer a retenção e recolher o respectivo valor em nome e no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) do emitente da nota fiscal, fatura ou recibo, ressalvado o disposto nas linhas "b" e "c";

b) se a nota fiscal, fatura ou recibo for emitida pelo consórcio, poderá este informar a participação individualizada de cada consorciada que atuou na obra ou serviço e o valor da respectiva retenção, proporcionalmente à sua participação;

c) na hipótese da linha "b", o contratante poderá recolher os valores retidos no CNPJ de cada consorciada, de acordo com as informações prestadas pelo consórcio;

d) o valor recolhido na forma da linha "c" poderá ser compensado pela empresa consorciada com os valores das contribuições devidas à Previdência Social, vedada a compensação com as contribuições destinadas a outras entidades e fundos (terceiros), e o saldo remanescente, se houver, poderá ser compensado nas competências subsequentes ou ser objeto de pedido de restituição;

e) se a retenção e o recolhimento forem feitos no CNPJ do consórcio, somente este poderá apresentar pedido de restituição.

Fundamentação: "caput", alíneas IV, V, VI, VI e IX do § 2º do art. 112 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, com redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.080/2010.

III - Reembolso de salário-família e salário-maternidade

O reembolso à empresa ou equiparada de valores de quotas de salário-família e salário-maternidade, pagos a segurados a seu serviço, poderá ser efetuado mediante dedução no ato do pagamento das contribuições devidas à Previdência Social, correspondentes ao mês de competência do pagamento do benefício ao segurado, devendo ser declarado em GFIP.

O reembolso do salário-maternidade aplica-se ao benefício iniciado em período anterior a 29 de novembro de 1999 e aos requeridos a partir de 1º de setembro de 2003.

Fundamentação: "caput" e § 1º art. 37 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

III.1 - Saldo

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Quando o valor a deduzir for superior às contribuições previdenciárias devidas no mês, o sujeito passivo poderá compensar o saldo a seu favor no recolhimento das contribuições dos meses subseqüentes, ou requerer o reembolso.

Caso o sujeito passivo efetue o recolhimento das contribuições previdenciárias sem a dedução do valor a reembolsar, essa importância poderá ser compensada ou ser objeto de restituição.

Fundamentação: "caput", §§ 2º e 3º do art. 37 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

III.2 - Outras entidades - Vedação

É vedada a dedução ou compensação do valor das quotas de salário-família ou de salário-maternidade das contribuições arrecadadas pela RFB para outras entidades ou fundos.

Fundamentação: "caput" e § 4º do art. 37 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

III.3 - Pedido

O pedido será formalizado na unidade da RFB que jurisdiciona o domicílio tributário do sujeito passivo.

Quando o reembolso envolver valores não declarados ou declarados incorretamente, o deferimento do pedido ficará condicionado à apresentação ou retificação da declaração.

O reembolso será requerido por meio do programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante a apresentação do formulário Pedido de Reembolso de Quotas de Salário-Família e Salário-Maternidade (Anexo VI da IN RFB nº 1.300/2012), ao qual deverão ser anexados documentos comprobatórios do direito creditório.

Fundamentação: arts. 38, 39 e 40 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

IV - Compensação

O sujeito passivo que apurar crédito relativo às contribuições previdenciárias previstas abaixo, passível de restituição ou de reembolso, poderá utilizá-lo na compensação de contribuições previdenciárias correspondentes a períodos subseqüentes:

a) das empresas e equiparadas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço, bem como sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho;

b) dos empregadores domésticos;

c) dos trabalhadores e facultativos, incidentes sobre seu salário de contribuição; e

d) instituídas a título de substituição.

Fundamentação: "caput" do art. 41 e "caput" do art. 56 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

IV.1 - Situação regular - Obrigatoriedade

Para efetuar a compensação o sujeito passivo deverá estar em situação regular relativa aos créditos constituídos por meio de auto de infração ou notificação de lançamento, aos parcelados e aos débitos declarados, considerando todos os seus estabelecimentos e obras de construção civil, ressalvados os débitos cuja exigibilidade esteja suspensa.

Fundamentação: "caput" e § 1º do art. 56 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

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IV.2 - Crédito utilizado entre estabelecimentos

O crédito decorrente de pagamento ou de recolhimento indevido poderá ser utilizado entre os estabelecimentos da empresa, exceto obras de construção civil, para compensação com contribuições previdenciárias devidas.

Fundamentação: "caput" e § 2º do art. 56 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

IV.3 - Construção civil

Caso haja pagamento indevido relativo a obra de construção civil encerrada ou sem atividade, a compensação poderá ser realizada pelo estabelecimento responsável pelo faturamento da obra.

Fundamentação: "caput" e § 3º do art. 56 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

IV.4 - Décimo terceiro salário

A compensação poderá ser realizada com as contribuições incidentes sobre o décimo terceiro salário.

Fundamentação: "caput" e § 4º do art. 56 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

IV.5 - Ressarcimento do sujeito passivo

A empresa ou equiparada poderá efetuar a compensação de valor descontado indevidamente de sujeito passivo e efetivamente recolhido, desde que seja precedida do ressarcimento ao sujeito passivo.

Fundamentação: "caput" e § 5º do art. 56 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

IV.6 - Empresa optante pelo Simples

É vedada a compensação de contribuições previdenciárias com o valor recolhido indevidamente para o Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar nº 123, de 2006, e o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples), instituído pela Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996.

Fundamentação: "caput" e § 6º do art. 56 da Instrução Normativa nº 1.300/2012.

IV.7 - GFIP

A compensação deve ser informada em Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) na competência de sua efetivação.

Fundamentação: "caput" e § 7º do art. 56 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

IV.8 - Compensação indevida

No caso de compensação indevida, o sujeito passivo deverá recolher o valor indevidamente compensado, acrescido de juros e multa de mora devidos.

Caso a compensação indevida decorra de informação incorreta em GFIP, deverá ser apresentada declaração retificadora.

Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado.

Fundamentação: arts. 57 e 58 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012; "caput" e inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/1996.

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IV.9 - Outras entidades

É vedada a compensação pelo sujeito passivo das contribuições destinadas a outras entidades ou fundos.

Fundamentação: art. 59 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

V - Compensação de valores referentes à retenção de contribuições previdenciárias na cessão de mão de obra e na empreitada

A empresa prestadora de serviços que sofreu retenção no ato da quitação da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços, poderá compensar o valor retido quando do recolhimento das contribuições previdenciárias, inclusive as devidas em decorrência do décimo terceiro salário, desde que a retenção esteja:

a) declarada em GFIP na competência da emissão da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços, pelo estabelecimento responsável pela cessão de mão de obra ou pela execução da empreitada total;

b) destacada na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços ou que a contratante tenha efetuado o recolhimento desse valor.

Para fins de compensação da importância retida, será considerada como competência da retenção o mês da emissão da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços.

Fundamentação: "caput" e § 2º do art. 60 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

V.1 - Outras entidades

A compensação da retenção somente poderá ser efetuada com as contribuições previdenciárias, não podendo absorver contribuições destinadas a outras entidades ou fundos, as quais deverão ser recolhidas integralmente pelo sujeito passivo.

Fundamentação: "caput" e § 1º do art. 60 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

V.2 - Saldo remanescente

O saldo remanescente em favor do sujeito passivo poderá ser compensado nas competências subsequentes, devendo ser declarada em GFIP na competência de sua efetivação, ou objeto de restituição.

Se após a compensação efetuada pelo estabelecimento que sofreu a retenção restar saldo, este valor poderá ser compensado por qualquer outro estabelecimento da empresa cedente da mão de obra, inclusive nos casos de obra de construção civil mediante empreitada total, na mesma competência ou em competências subsequentes.

Fundamentação: "caput", §§ 3º e 4º do art. 60 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012 "caput" e § 1º do art. 31 da Lei nº 8.212/1991; art. 113 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, alterado pela Instrução Normativa RFB nº 1.071/2010.

V.3 - Consórcio

Estará sujeito à retenção previdenciária o serviço ou obra de construção civil, prestado de acordo com o inciso III do art. 117 e art. 142 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, executado por empresas, observados os seguintes procedimentos:

a) o contratante do serviço ou da obra deve fazer a retenção e recolher o respectivo valor em nome e no CNPJ do emitente da nota fiscal, fatura ou recibo, ressalvado o disposto nas linhas "b" e "c";

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b) se a nota fiscal, fatura ou recibo for emitida pelo consórcio, poderá este informar a participação individualizada de cada consorciada que atuou na obra ou serviço e o valor da respectiva retenção, proporcionalmente à sua participação;

c) na hipótese da linha "b", o contratante poderá recolher os valores retidos no CNPJ de cada consorciada, de acordo com as informações prestadas pelo consórcio;

d) o valor recolhido na forma da linha "c" poderá ser compensado pela empresa consorciada com os valores das contribuições devidas à previdência social, vedada a compensação com as contribuições destinadas a outras entidades e fundos (terceiros), e o saldo remanescente, se houver, poderá ser compensado nas competências subsequentes.

e) se a retenção e o recolhimento forem feitos no CNPJ do consórcio, somente este poderá realizar a compensação.

Fundamentação: "caput", §§ 5º e 6º do art. 60 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012; "caput", alíneas IV, V, VI, VI e IX do § 2º do art. 112 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, com redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.080/2010.

VI - Compensação de ofício

A restituição e o ressarcimento de tributos administrados pela Receita Federal do Brasil (RFB) ou a restituição de pagamentos efetuados mediante DARF e GPS cuja receita não seja administrada pela RFB, será efetuada depois de verificada a ausência de débitos em nome do sujeito passivo credor perante Fazenda Nacional.

A compensação de ofício de débitos parcelados restrige-se aos parcelamentos não garantidos.

Quando se tratar de pessoa jurídica, a verificação da existência de débito deverá ser efetuada em relação a todos os seus estabelecimentos, inclusive obras de construção civil.

As regras ora mencionadas não se aplicam ao reembolso.

Fundamentação: "caput", §§ 1º, 6º e 7º do art. 61 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012, com as alterações trazidas pela Instrução Normativa RFB nº 1.425/2013

VI.1 - Manifestação do sujeito passivo

Previamente à compensação de ofício, deverá ser solicitado ao sujeito passivo que se manifeste quanto ao procedimento no prazo de 15 (quinze) dias, contados do recebimento de comunicação formal enviada pela RFB, sendo o seu silêncio considerado como aquiescência.

Na hipótese de o sujeito passivo discordar da compensação de ofício, a autoridade da RFB competente para efetuar a compensação reterá o valor da restituição até que o débito seja liquidado.

Havendo concordância do sujeito passivo, expressa ou tácita, quanto à compensação, esta será efetuada.

Fundamentação: "caput", §§ 2º, 3º e 4º do art. 61 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

VI.2 - Crédito remanescente

O crédito em favor do sujeito passivo que remanescer do procedimento de ofício ser-lhe-á restituído ou ressarcido.

Fundamentação: "caput" e § 5º do art. 61 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

VI.3 - Ordem de preferência

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Na hipótese de restituição das contribuições previdenciárias, arrecadadas em Guia da Previdência Social (GPS), a compensação de ofício será realizada em 1º (primeiro) lugar com débitos dessas contribuições, observando-se a seguinte ordem:

1º - débitos cuja exigibilidade não esteja suspensa, na ordem crescente dos prazos de prescrição;

2º - parcelas vencidas e vincendas relativas ao acordo de parcelamento, ressalvado o parcelamento especial de que tratam os arts. 1º a 3º da Lei nº 11.941/2009.

A compensação de ofício de débito objeto de parcelamento será efetuada, sucessivamente:- na ordem crescente da data de vencimento das prestações vencidas; - na ordem decrescente da data de vencimento das prestações vincendas.

Para saber mais sobre o parcelamento especial, previsto na Lei nº 11.941/2011, consulte o nosso Roteiro Parcelamento especial de contribuições previdenciárias - REFIS da crise.

As contribuições previdenciárias sujeitas à citada ordem de preferência são:

a) das empresas e equiparadas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço, bem como sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho;

b) dos empregadores domésticos;

c) dos trabalhadores e facultativos, incidentes sobre seu salário de contribuição;

d) instituídas a título de substituição;

e) valores referentes à retenção de contribuições previdenciárias na cessão de mão de obra e na empreitada;

f) contribuições recolhidas para outras entidades ou fundos.

Remanescendo crédito a restituir e existindo outros débitos no âmbito da RFB e PGFN, o valor será utilizado na forma mencionada nos subitens VI.4 e VI.5

Fundamentação: arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 11.941/2009; arts. 62 e 66 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

VI.4 - Demais créditos ou saldo remanescente

Na hipótese de restituição dos demais créditos ou do saldo remanescente de que trata o item anterior, existindo no âmbito da RFB e da PGFN débitos tributários vencidos e exigíveis do sujeito passivo, exceto débitos de contribuições previdenciárias descritas nas alíneas "a" a "e" do subitem VI.3, observar-se-á, na compensação de ofício, sucessivamente:

a) em 1º (primeiro) lugar, os débitos por obrigação própria e, em 2º (segundo) lugar, os decorrentes de responsabilidade tributária;

b) primeiramente, as contribuições de melhoria, depois as taxas, em seguida, os impostos ou as contribuições sociais;

c) na ordem crescente dos prazos de prescrição;

d) na ordem decrescente dos montantes.

A prioridade de compensação entre os débitos tributários relativos a juros e multas exigidos de ofício isoladamente, inclusive as multas decorrentes do descumprimento de obrigações tributárias acessórias, bem como entre referidos débitos e os valores devidos a título de tributo, será determinada pela ordem crescente dos prazos de prescrição.

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Fundamentação: art. 63 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

VI.5 - Compensado de ofício sobre parcelamento

O crédito do sujeito passivo para com a Fazenda Nacional que remanescer da compensação, deverá ser compensado de ofício com os seguintes débitos do sujeito passivo, na ordem a seguir apresentada:

a) o débito consolidado no âmbito do Refis ou do parcelamento alternativo ao Refis;

b) o débito junto à RFB e à PGFN objeto do parcelamento especial de que trata a Lei nº 10.684/2003;

c) o débito junto à RFB e à PGFN objeto do parcelamento excepcional de que trata a Medida Provisória nº 303/2006;

d) o débito que tenha sido objeto da opção pelo pagamento à vista com utilização de créditos decorrentes de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL ou o débito objeto de parcelamento concedido pela RFB ou pela PGFN nas modalidades de que tratam os arts. 1º a 3º da Lei nº 11.941/2009;

e) o débito tributário objeto de parcelamento concedido pela RFB ou pela PGFN que não se enquadre nas hipóteses previstas nas linhas "a" a "d" e "f";

f) o débito das contribuições previdenciárias (incisos I e II do parágrafo único do art. 1º da IN RFB nº 1.300/2012), na ordem de preferência (veja o subtópico VI.3 deste Roteiro);

g) o débito de natureza não tributária.

Fundamentação: Lei nº 10.684/2003; Medida Provisória nº 303/2006; arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 11.941, de 2009; arts. 1º e 64 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

VI.6 - Atualização de valores

Na compensação de ofício, os créditos serão valorados, conforme regras contidas no item XI deste Roteiro, e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos e encargos legais, na forma da legislação de regência, até a seguinte data, quando se considera efetuada a compensação:

a) da efetivação da compensação, quando se tratar de débito:

a.1) relativo às contribuições previdenciárias (incisos I e II do parágrafo único do art. 1º da IN RFB nº 1.300/2012);

a.2) encaminhado à PGFN para inscrição em Dívida Ativa da União; ou

a.3) que tenha sido objeto da opção pelo pagamento à vista com utilização de créditos decorrentes de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL ou que tenha sido objeto de parcelamento concedido pela RFB ou pela PGFN nas modalidades de que tratam os arts. 1º a 3º da Lei nº 11.941/2009;

b) da consolidação do débito do sujeito passivo, na hipótese de compensação de débito incluído no Refis, no parcelamento alternativo ao Refis, no parcelamento especial de que trata a Lei nº 10.684, de 2003, ou no parcelamento excepcional de que trata a Medida Provisória nº 303/2006, com crédito originado em data anterior à da consolidação;

c) da origem do direito creditório, na hipótese de compensação de débito incluído no Refis, no parcelamento alternativo ao Refis, no parcelamento especial de que trata a Lei nº 10.684, de 2003, ou no parcelamento excepcional de que trata a Medida Provisória nº 303/2006, com crédito originado em data igual ou posterior à da consolidação; ou

d) do consentimento, expresso ou tácito, da compensação, nos demais casos.

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A compensação de ofício do débito do sujeito passivo será efetuada obedecendo-se à proporcionalidade entre o principal e respectivos acréscimos e encargos legais.

Fundamentação: Lei nº 10.684, de 2003; Medida Provisória nº 303/2006; arts. 1º a 3º da Lei nº 11.941/2009; art. 65 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

VII - Homologação

Homologada a compensação declarada, expressa ou tacitamente, ou consentida a compensação de ofício, a unidade da RFB adotará os seguintes procedimentos:

a) debitará o valor bruto da restituição, acrescido de juros, se cabíveis;

b) creditará o montante utilizado para a quitação dos débitos à conta do respectivo tributo e dos respectivos acréscimos e encargos legais, quando devidos;

c) registrará a compensação nos sistemas de informação da RFB que contenham informações relativas a pagamentos e compensações.

d) certificará, se for o caso:

d.1) no pedido de restituição, qual o valor utilizado na quitação de débitos e, se for o caso, o saldo a ser restituído ou ressarcido;

d.2) no processo de cobrança, qual o montante do crédito tributário extinto pela compensação e, sendo o caso, o saldo remanescente do débito;

e) expedirá aviso de cobrança, na hipótese de saldo remanescente de débito, ou ordem bancária, na hipótese de remanescer saldo a restituir ou a ressarcir depois de efetuada a compensação de ofício.

Fundamentação: art. 67 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

VIII - Compensação de débitos do sujeito passivo com créditos de terceiros

É vedada a compensação de débitos do sujeito passivo, relativos a tributo administrado pela RFB, com créditos de terceiros.

Esta vedação não se aplica ao débito consolidado no âmbito do Refis ou do parcelamento a ele alternativo, bem como aos pedidos de compensação formalizados perante a RFB até 7 de abril de 2000.

Fundamentação: art. 68 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

IX - Fiscalização

A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas.

Fundamentação: "caput" do art. 76 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

X - Créditos reconhecidos por decisão judicial transitada em julgado

É vedada a compensação do crédito do sujeito passivo para com a Fazenda Nacional, objeto de discussão judicial, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial

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Poderá a autoridade da RFB para dar cumprimento à referida decisão judicial exigir do sujeito passivo, como condição para a homologação da compensação, que lhe seja apresentada cópia do inteiro teor da decisão.

Na hipótese de ação de repetição de indébito, bem como nas demais hipóteses em que o crédito esteja amparado em título judicial passível de execução, a compensação poderá ser efetuada somente se o requerente comprovar a homologação da desistência da execução do título judicial pelo Poder Judiciário e a assunção de todas as custas e honorários advocatícios referentes ao processo de execução, ou apresentar declaração pessoal de inexecução do título judicial protocolada na Justiça Federal e certidão judicial que a ateste.

Não poderão ser objeto de compensação os créditos relativos a títulos judiciais já executados perante o Poder Judiciário, com ou sem emissão de precatório.

A compensação de créditos decorrentes de decisão judicial transitada em julgado dar-se-á na forma prevista na IN 1.300/2012, caso a decisão não disponha de forma diversa

Fundamentação: art. 81 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

XI - Valoração de créditos

O crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou reembolso, será restituído, reembolsado ou compensado acrescido:

a) de juros de 1% (um por cento) no mês em que:

a.1) a quantia for disponibilizada ao sujeito passivo;

a.2) for efetivada a compensação na GFIP;

a.3) for considerada efetuada a compensação de ofício (conforme a data definida no subtópico VI.6 deste Roteiro);

b) de juros Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) acumulados mensalmente, observando-se como termo inicial da incidência:

b.1) na hipótese de pagamento indevido ou a maior de contribuições previdenciárias e contribuições recolhidas para outras entidades ou fundos (terceiros), o mês subsequente ao do pagamento;

b.2) na hipótese de crédito referente à retenção na cessão de mão de obra e na empreitada, no 2º (segundo) mês subsequente ao da emissão da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços;

b.3) na hipótese de reembolso, o 2º (segundo) mês subsequente ao mês da competência cujo direito à percepção do salário-família e/ou do salário-maternidade tiver sido reconhecido pela empresa;

b.4) na hipótese de desconto indevido ou a maior de contribuição previdenciária do segurado, o 2º (segundo) mês subsequente ao da competência no qual o desconto tenha ocorrido.

Não haverá incidência dos juros sobre o crédito do sujeito passivo quando:

a) sua restituição for efetuada no mesmo mês da origem do direito creditório;

b) na compensação de ofício ou declarada pelo sujeito passivo, a data de valoração do crédito estiver contida no mesmo mês da origem do direito creditório.

As quantias pagas indevidamente a título de multa de mora ou de ofício, inclusive multa isolada, e de juros moratórios decorrentes de obrigações tributárias relativas aos tributos administrados pela RFB também serão restituídas ou compensadas com o acréscimo dos juros compensatórios, conforme demonstrado.

Fundamentação: "caput", incisos VII, VIII, IX e X do § 1º, §§ 4º e 7º do art. 83 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

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XI.1 - Compensação de contribuições previdenciárias realizadas até 3 de dezembro de 2008

Na compensação de contribuições previdenciárias, realizada até 3 de dezembro de 2008, observado na hipótese da alínea "a" o limite de 30% (trinta por cento), o crédito apurado deve ser acrescido de juros, calculados da seguinte forma:

a) em relação a crédito de pagamento indevido ou a maior, 1% (um por cento) relativamente ao mês em que houve o pagamento indevido ou a maior, 1% (um por cento) no mês em que for efetuada a compensação, e a juros Selic, acumulados mensalmente, relativamente aos meses intermediários;

b) em relação a crédito de retenção na cessão de mão de obra e na empreitada, 1% (um por cento) relativamente ao mês subsequente ao da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços, 1% (um por cento) no mês em que for efetuada a compensação, e a juros Selic, acumulados mensalmente, relativamente aos meses intermediários; ou

c) em relação a crédito de reembolso de quotas de saláriofamília e salário-maternidade, 1% (um por cento) relativamente ao mês subsequente ao que se referir o crédito, 1% (um por cento) no mês em que for efetuada a compensação, e a juros Selic, acumulados mensalmente, relativamente aos meses intermediários.

Fundamentação: art. 95 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

XII - Pagamento

A restituição, o ressarcimento e o reembolso serão realizados pela RFB exclusivamente mediante crédito em conta corrente bancária ou de poupança de titularidade do beneficiário.

Ao pleitear a restituição, o ressarcimento ou o reembolso, o requerente deverá indicar o banco, a agência e o número da conta corrente bancária ou de poupança de titularidade do sujeito passivo em que pretende seja efetuado o crédito.

Fundamentação: art. 85 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

XII.1 - Instituição financeira pagadora

Compete à instituição financeira que efetivar a restituição, o ressarcimento ou o reembolso verificar a correspondência do número de inscrição do respectivo beneficiário no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), constante dos documentos de abertura da conta corrente bancária ou de poupança, com o assinalado na correspondente autorização de crédito.

O descumprimento do disposto acima caracteriza desvio de recursos públicos e obriga a instituição financeira responsável à entrega dos valores ao legítimo credor ou sua devolução ao Tesouro Nacional, acrescidos dos juros previstos item XI, sem prejuízo da imposição das demais sanções cabíveis.

Fundamentação: art. 86 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

XIII - Retificação de pedido de reembolso e de restituição

A retificação do pedido de restituição e pedido de reembolso gerados a partir do programa PER/DCOMP, deverá ser requerida pelo sujeito passivo mediante apresentação à RFB de documento retificador gerado a partir do referido Programa.

A retificação do pedido de restituição e de reembolso apresentados em formulário em meio papel, nas hipóteses em que admitida, deverá ser requerida pelo sujeito passivo mediante apresentação à RFB de formulário retificador, o qual será juntado ao processo administrativo de restituição ou de reembolso para posterior exame pela autoridade competente da RFB.

Fundamentação: art. 87 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

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XIII.1 - Pressupostos para a retificação do pedido

O pedido de restituição e de reembolso somente poderão ser retificados pelo sujeito passivo caso se encontrem pendentes de decisão administrativa à data do envio do documento retificador.

Fundamentação: art. 88 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

XIV - Desistência de pedido

A desistência do pedido de restituição ou do pedido de reembolso poderá ser requerida pelo sujeito passivo mediante a apresentação à RFB do pedido de cancelamento gerado a partir do programa PER/DCOMP ou, na hipótese de utilização de formulário em meio papel, mediante a apresentação de requerimento à RFB, o qual somente será deferido caso o pedido de restituição ou, o pedido de reembolso se encontre pendente de decisão administrativa à data da apresentação do pedido de cancelamento ou do requerimento.

Considera-se pendente de decisão administrativa o pedido de restituição em relação ao qual ainda não tenha sido intimado o sujeito passivo do despacho decisório proferido pelo titular da Delegacia da Receita Federal do Brasil (DRF), Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária (Derat), Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro (Demac/RJ) ou Delegacia Especial de Instituições Financeiras (Deinf) competente para decidir sobre a restituição.

Fundamentação: arts. 93 e 107 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

XV - Penalidades no ressarcimento

Será aplicada, mediante lançamento de ofício, multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido.

O percentual da multa será de 100% (cem por cento) na hipótese de ressarcimento obtido com falsidade no pedido apresentado pelo sujeito passivo.

Fundamentação: art. 36 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012.

XVI - Consultoria FISCOSoft

1 - Existe previsão de limite para a compensação de valores recolhidos indevidamente ou a maior?

Atualmente não há. Todavia, é importante esclarecer que havia previsão de limite para a compensação, equivalente a 30% do valor das contribuições devidas à Previdência Social em cada competência, nos termos do § 3º do art. 89 da Lei nº 8.213/1991, revogado pelo inciso I do art. 79 da Lei nº 11.941 de 27.05.2009, conversão da Medida Provisória nº 449 de 03.12.2008.

2 - O pedido de restituição ou reembolso pode ser retificado?

O pedido de restituição e de reembolso somente poderão ser retificados pelo sujeito passivo caso se encontrem pendentes de decisão administrativa à data do envio do documento retificador (art. 87 da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012).

FONTE: FISCOSOFT

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Receita Federal traz esclarecimentos sobre a apuração da base de cálculo do imposto e da contribuição na prestação de serviços home care e laboratoriais10 jan 2014 - IR / Contribuições

A Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) trouxe os esclarecimentos a seguir em relação à apuração da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro (CSL):

a) Solução de Consulta Cosit nº 57/2013: dispõe que a pessoa jurídica prestadora de serviço médico ambulatorial com recursos para realização de exames complementares e serviços médicos prestados em residência, sejam eles coletivos ou particulares (home care), para fins de apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSL, não se aplicam os percentuais de 8% e de 12%, respectivamente, sobre a receita bruta auferida mensalmente, uma vez que aqueles serviços não são tipificados legalmente como serviços hospitalares;

b) Solução de Consulta Cosit nº 7/2014: estabelece que, desde 1º.01.2009, admite-se, para fins de determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSL devidos no regime do lucro presumido, por pessoa jurídica organizada sob a forma de sociedade empresária e cumpridora das normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a utilização dos percentuais de 8% e de 12%, respectivamente, sobre a receita bruta, quando proveniente da prestação de serviços laboratoriais voltados para a anatomia patológica e citológica e de serviços de diagnóstico por imagem, todos listados na Unidade Funcional 4 - Apoio ao Diagnóstico e Terapia da Resolução RDC nº 50/2002, da Anvisa.

 Fonte: IR-LegisWeb

A partir deste ano, Sociedades de Grande Porte terão que informar no cadastro do Sped os responsáveis por suas auditorias

Postado por José Adriano em 10 janeiro 2014 às 12:00 Exibir blog

A partir de agora, as Sociedades de Grande Porte deverão informar em seus cadastros no Sped (Sistema Público de Escrituração Digital) o nome do auditor independente responsável pela auditoria a elas considerada obrigatória, de acordo com a Lei 11.638/07, bem como seu respectivo registro junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A nova exigência foi aceita pela Secretaria da Receita Federal em atendimento à solicitação do Ibracon (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil) e divulgada em um normativo emitido pelo DREI (Departamento de Registro Empresarial e Integração) em dezembro de 2013.

Com essa importante atualização, a Lei 11.638/07, que passou a exigir que as Sociedades de Grande Porte elaborem e divulguem anualmente suas demonstrações contábeis e que sejam

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auditadas por um auditor independente registrado na CVM, deve ser mais respeitada. E foi com o intuito de garantir o cumprimento dessa lei que o Ibracon sugeriu ao Ministério da Fazenda que exigisse a identificação do auditor independente e seu registro quando do preenchimento do SPED.

São consideradas como de grande porte as sociedades ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiverem no exercício social anterior um ativo total superior a R$ 240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões, ainda que não sejam de capital aberto. “Essa é uma importante conquista para o segmento de auditoria independente. Isso porque, com a exigência, essas Sociedades não poderão mais descumprir a Lei que, em muitos casos, deixa de ser respeitada por não vir acompanhada de qualquer tipo de sanção em caso de desobediência”, afirma Eduardo Pocetti, presidente da Diretoria Nacional do Ibracon.

E completa: “a auditoria independente deve ser vista como um fator agregador a essas empresas, contribuindo para a melhoria da transparência e da qualidade das informações financeiras divulgadas para investidores, acionistas e outros interessados”, conclui Pocetti.

A atualização é mencionada no inciso II do Art. 4º da Instrução Normativa DREI N.º 11, de 5/12/2013, conforme o texto a seguir: “em se tratando de livro digital, as assinaturas digitais das pessoas acima citadas, nele lançadas, serão efetuadas utilizando-se de certificado digital, de segurança mínima tipo A3, emitido por entidade credenciada pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) e suprem as exigências do inciso anterior, e, ainda, quando couber identificação de auditores independentes e o registro na CVM (art. 3º da Lei Federal 11.638, de 2007)”.

Sobre o Ibracon

O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (www.ibracon.com.br) é uma entidade que representa contadores que atuam em auditoria independente e firmas de auditoria independente associadas. É porta-voz da categoria, buscando estimular a valorização da atividade perante a sociedade. O Ibracon tem como missão manter a confiança na atividade de auditoria independente e a relevância da atuação profissional, salvaguardando e promovendo os padrões de excelência em contabilidade e auditoria independente. O Instituto mantém ações nas áreas de comunicação, educação continuada, contribuição técnica para com o mercado e seus órgãos reguladores e representação institucional junto a entidades públicas e privadas.

Por: Ibracon Comunica-nos

http://www.jornaldiadia.com.br/news/noticia.php?Id=12668#.Us9MUPRDuSo

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Notícias STF Imprimir Quinta-feira, 09 de janeiro de 2014

STF julgará direito a crédito de ICMS requerido por distribuidora de combustíveisO Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a repercussão geral do tema tratado no Recurso Extraordinário (RE) 781926, em que uma distribuidora de combustíveis busca o direito de compensação de créditos de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incidente na aquisição de álcool anidro de usinas.

No recurso, a empresa alega que tem direito aos créditos de ICMS porque o álcool é adquirido sob regime de diferimento, em que o recolhimento é transferido do produtor para o distribuidor, enquanto a anulação do crédito do ICMS referente à compra existiria apenas nas hipóteses de isenção e não-incidência. Para a recorrente, a vedação ao creditamento importa em ofensa ao princípio da não-cumulatividade.  O relator do RE, ministro Luiz Fux, entendeu que a tese em debate merece ser analisada pelo STF. “O diferimento é uma substituição tributária para trás, consistindo em mera técnica de tributação, não se confundindo com isenção, imunidade ou não-incidência, uma vez que a incidência resta efetivamente configurada, todavia, o pagamento é postergado”, afirmou. De acordo com o ministro, o diferimento tem por finalidade funcionar como um mecanismo de recolhimento, criado para otimizar a arrecadação tributária.

De acordo com o ministro, a matéria em debate no recurso transcende o interesse subjetivo das partes, sob aspectos políticos e econômicos, e apresenta relevância constitucional, na medida em que discute a exata interpretação do artigo 155, parágrafo 2º, da Constituição Federal. “Considero ser necessário o enfrentamento por esta Corte do tema de fundo, com o fim de se estabelecer, com segurança jurídica desejada, o alcance da norma constitucional’.

A manifestação do relator reconhecendo a repercussão geral da matéria foi acompanhado por unanimidade no Plenário Virtual do STF.

FT/AD

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IRPJ e CSLL - Preços de transferência - Controle fiscal - Roteiro de procedimentos

Roteiro - Federal - 2014/3902

Sumário

IntroduçãoI - Conceitos iniciaisI.1 - Princípio "arm´s length"I.2 - Pessoas vinculadasII - Controle fiscal dos preços de transferênciaIII - Controle fiscal dos preços de transferência nas IMPORTAÇÕESIII.1 - Normas comuns aos custos na importação III.1.1 - MétodosIII.1.2 - Encargos de depreciação, exaustão e amortizaçãoIII.1.3 - Transporte, seguro e tributos201III.1.4 - Preço parâmetro x Preço praticado - Ajustes e contabilizaçãoIII.1.5 - CálculoIII.1.6 - Câmbio - ConversãoIII.2 - MétodosIII.2.1 - Método dos Preços Independentes Comparados - PICIII.2.1.1 - Ajustes permitidosIII.2.1.2 - Preços de outros períodos - AjustesIII.2.2 - Método do Custo de Produção Mais Lucro - CPLIII.2.3 - Método do Preço de Revenda Menos Lucro - PRLIII.2.3.1 - Vendas a prazoIII.2.3.2 - PRL 20% - Vigente até 31.12.2012III.2.3.3 - PRL 60% - Vigente até 31.12.2012III.2.4 - Método do Preço de Venda menos Lucro - PVL - Vigência a partir de 1º.01.2010III.2.5 - Método do Preço sob Cotação na Importação - PCIIV - Controle fiscal dos preços de transferência nas EXPORTAÇÕES IV.1 - Safe harboursIV.1.1 - Preço inferior a 90% do preço praticado no mercado brasileiroIV.1.1.1 - Ajustes permitidosIV.1.1.2 - Preço médio e preço parâmetroIV.1.1.3 - Preços de outros períodos - AjustesIV.1.1.4 - Câmbio - ConversãoIV.1.1.5 - Utilização dos métodos e ajustesIV.1.2 - Lucro líquido equivalente a no mínimo 5% - Exportação para vinculadaIV.1.3 - Receita líquida igual ou inferior a 5% - Exportação em geralIV.1.4 - Países com tributação favorecida e impugnaçãoIV.2 - MétodosIV.2.1 - Método do Preço de Venda Nas Exportações - PVEX IV.2.2 - Método do Preço de Venda por Atacado no País de Destino, Diminuído do Lucro - PVA IV.2.3 - Método do Preço de Venda a Varejo no País de Destino, Diminuído do Lucro - PVVIV.2.4 - Método do Custo de Aquisição ou de Produção Mais Tributos e Lucro - CAPIV.2.5 - Método do Preço sob Cotação na Exportação - PECEX IV.2.5.1 - Commodities - Preços de referência regionaisV - JurosV.1 - Margens percentuais a título de spreadVI - Back to backVII - Disposições geraisVII.1 - Conceito de similaridadeVII.2 - Elementos complementares de provaVII.3 - Operações atípicasVII.4 - Alteração de percentuaisVII.5 - Margem de divergênciaVII.6 - País com tributação favorecida ou cuja legislação interna oponha sigilo

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VII.7 - Regime fiscal privilegiadoVII.8 - Procedimentos de fiscalizaçãoVII.9 - Opção pelos métodosVII.10 - Tratados internacionaisVIII - Decisões administrativasIX - Decisões judiciaisX - Perguntas e respostas - Receita Federal

Introdução

Neste Roteiro tratamos do controle fiscal dos Preços de Transferência, com base principalmente na Lei nº 9.430/1996, com as alterações promovidas pela Lei nº 12.715/2012 e na Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

Por meio da Medida Provisória nº 478/2009, pretendeu-se alterar a legislação sobre o tema, visando principalmente inserir na legislação questões já tratadas na Instrução Normativa RFB nº 243/2002, ora revogada pela Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012. Tal MP, contudo, teve sua vigência encerrada em 1º de junho de 2010.

Segue a transcrição da Exposição de Motivos da aludida Medida Provisória:

"20. No tocante às regras de preços de transferência, a atual legislação, em grande parte baseada em Instrução Normativa expedida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, vem sofrendo crescentes questionamentos na esfera administrativa, razão pela qual se faz necessária a adoção de medidas voltadas a propiciar maior eficácia ao controle de preços de transferência, tendo em vista a importância da matéria para a proteção da base tributária brasileira.20.1. Visando instituir, em dispositivo legal, essas medidas que hoje constam apenas em Instrução Normativa, propõe-se a alteração da redação do art. 18 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com o intuito de reduzir a litigiosidade que a matéria tem suscitado, garantindo maior eficácia aos controles de preços de transferência.20.2. As alterações contempladas pela proposta de nova redação ao art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, visam instituir medidas de controle de preços de transferência incidentes sobre as operações de comércio internacional efetuadas entre pessoas, físicas ou jurídicas, vinculadas, ou, ainda que com não vinculadas, sejam residentes ou domiciliados em países ou dependências de tributação favorecida ou que gozem de regime fiscal privilegiado.20.3. Nesse sentido, o art. 9º altera o art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, de forma a instituir, em dispositivo com força de Lei, a metodologia de cálculo que permitirá às pessoas jurídicas sujeitas aos controles de preços de transferência e ao Fisco reconstituírem, com maior precisão, o valor pelo qual o bem, direito ou serviço importado de pessoas vinculadas, aplicados ou não à produção, teriam sido comercializados em condições de livre concorrência, tanto no caso de revenda de mercadoria quanto para as situações em que haja agregação de valor.20.3. O art. 10 acrescenta o art. 19-A possibilitando que as margens de lucros previstas nos métodos de que tratam os arts. 18 e 19 da Lei nº 9.430, de 1996, sejam revistas por setor ou ramo de atividade econômica, por ato do Ministro de Estado da Fazenda, o que propiciará a possibilidade de calibrá-la de maneira mais precisa, na hipótese de constatação de que a margem em questão não representa a realidade das operações empreendidas por entidades não enquadradas nos termos do art. 23 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996.20.4 Também acrescenta o art. 19-B à Lei nº 9.430, de 1996, visando estabelecer prazo peremptório para escolha do método de cálculo do preço parâmetro pelo contribuinte, como forma de garantir maior efetividade ao controle de preços de transferência e às eventuais autuações empreendidas pelo Fisco.

a) Sobre os procedimentos para solicitação de alteração de percentual e margens de lucro, vide Roteiro específico.b) As normas sobre preços de transferência aqui tratadas não se aplicam aos casos de pagamentos ao exterior de royalties e assistência técnica, científica, administrativa ou assemelhada (§ 9º do art. 18 da Lei nº 9.430/1996; art. 55 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012).c) A legislação brasileira sobre preços de transferência foi inspirada nas disposições da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Contudo, os métodos instituídos, em muitos aspectos são bastante distintos daqueles.

I - Conceitos iniciais

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Inicialmente, devemos esclarecer que o termo "preços de transferência", ou "transfer pricing", em verdade refere-se a conceito econômico, significando o valor cobrado na operação realizada entre pessoas vinculadas, por ocasião da compra ou venda de bens, serviços ou direitos.

Observem que, por se tratarem de pessoas vinculadas, os preços podem ser diferentes daqueles que seriam praticados em um mercado livre e aberto, ou seja, os valores cobrados na operação entre pessoas vinculadas em tese são diferentes daqueles que seriam praticados entre pessoas independentes, já que em última instância, há ausência das leis de mercado.

Assim, o objeto deste Roteiro é o "controle fiscal" dos preços de transferência, visto que abordaremos seus aspectos fiscais, e não econômicos.

Os grandes doutrinadores sobre esse assunto entendem que o controle fiscal dos preços de transferência coaduna-se perfeitamente com a Constituição Federal de 1988, uma vez que é compatível com o conceito constitucional de renda.

I.1 - Princípio "arm´s length"

O princípio "arm´s length" é a principal base norteadora do controle fiscal dos preços de transferência. Os países integrantes da OCDE adotam esse princípio para fins de conversão dos valores de grupo, para valores de mercado.

A OCDE define o preço "arm´s lenght" como aquele que teria sido praticado caso as partes da transação não fossem ligadas. Ou seja, trata-se de princípio que busca o preço que seria praticado, caso a operação fosse realizada entre partes independentes.

Assim, em princípio, a legislação do controle fiscal dos preços de transferência (Lei nº 9.430/1996) de certa forma positivou o princípio "arm´s length".

I.2 - Pessoas vinculadas

Conforme dispõe a Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012, e o art. 23 da Lei nº 9.430/1996, consideram-se vinculadas à pessoa jurídica domiciliada no Brasil:

a) a matriz desta, quando domiciliada no exterior;

b) a sua filial ou sucursal, domiciliada no exterior;

c) a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, cuja participação societária no seu capital social a caracterize como sua controladora ou coligada, na forma definida nos §§ 1º e 2º do art. 243 da Lei nº 6.404/1976;

Dispõe o § 1º e § 2º do art. 243 da Lei nº 6.404/1976 (com a alteração promovida pela Lei nº 11.941/2009):"§ 1º São coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa.§ 2º Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores."O art. 46 da Lei nº 11.941/2009, contudo, dispõe que:"Art. 46. O conceito de sociedade coligada previsto no art. 243 da Lei nº 6.404/1976, com a redação dada por esta Lei, somente será utilizado para os propósitos previstos naquela Lei.Parágrafo único. Para os propósitos previstos em leis especiais, considera-se coligada a sociedade referida no art. 1.099 da Lei nº 10.406/2002 - Código Civil."Assim, para fins dos preços de transferência, em regra permanece sendo utilizado o seguinte conceito:"Art. 1.099. Diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade participa com dez por cento ou mais, do capital da outra, sem controlá-la."

d) a pessoa jurídica domiciliada no exterior que seja caracterizada como sua controlada ou coligada, na forma definida nos §§ 1º e 2º do art. 243 da Lei nº 6.404/1976 (vide nota acima)

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e) a pessoa jurídica domiciliada no exterior, quando esta e a empresa domiciliada no Brasil estiverem sob controle societário ou administrativo comum ou quando pelo menos dez por cento do capital social de cada uma pertencer a uma mesma pessoa física ou jurídica;

Para fins da letra "e", considera-se que a empresa domiciliada no Brasil e a domiciliada no exterior estão sob controle: a) societário comum, quando uma mesma pessoa física ou jurídica, independentemente da localidade de sua residência ou domicílio, seja titular de direitos de sócio em cada uma das referidas empresas, que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais daquelas e o poder de eleger a maioria dos seus administradores; b) administrativo comum, quando: b.1) o cargo de presidente do conselho de administração ou de diretor-presidente de ambas tenha por titular a mesma pessoa; b.2) o cargo de presidente do conselho de administração de uma e o de diretor-presidente de outra sejam exercidos pela mesma pessoa; b.3) uma mesma pessoa exercer cargo de direção, com poder de decisão, em ambas as empresas.

f) a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, que, em conjunto com a pessoa jurídica domiciliada no Brasil, tiverem participação societária no capital social de uma terceira pessoa jurídica, cuja soma as caracterize como controladoras ou coligadas desta, na forma definida nos §§ 1º e 2º do art. 243 da Lei nº 6.404/1976;

g) a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, que seja sua associada, na forma de consórcio ou condomínio, conforme definido na legislação brasileira, em qualquer empreendimento;

Na hipótese da letra "g", as empresas serão consideradas vinculadas somente durante o período de duração do consórcio ou condomínio no qual ocorrer a associação.

h) a pessoa física residente no exterior que for parente ou afim até o terceiro grau, cônjuge ou companheiro de qualquer de seus diretores ou de seu sócio ou acionista controlador em participação direta ou indireta;

Para efeito da letra "h", considera-se companheiro de diretor, sócio ou acionista controlador da empresa domiciliada no Brasil, a pessoa que com ele conviva em caráter conjugal, conforme o disposto na Lei nº 9.278/1996.

i) a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, que goze de exclusividade, como seu agente, distribuidor ou concessionário, para a compra e venda de bens, serviços ou direitos;

j) a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, em relação à qual a pessoa jurídica domiciliada no Brasil goze de exclusividade, como agente, distribuidora ou concessionária, para a compra e venda de bens, serviços ou direitos.

Nas hipóteses das letras "i" e "j": a) a vinculação somente se aplica em relação às operações com os bens, serviços ou direitos para os quais se constatar a exclusividade; b) será considerado distribuidor ou concessionário exclusivo, a pessoa física ou jurídica titular desse direito relativamente a uma parte ou a todo o território do país, inclusive do Brasil; c) a exclusividade será constatada por meio de contrato escrito ou, na inexistência deste, pela prática de operações comerciais, relacionadas a um tipo de bem, serviço ou direito, efetuadas exclusivamente entre as duas empresas ou exclusivamente por intermédio de uma delas.

O § 5º do art. 2º da Instrução Normativa RFB 1.312/2012, dispõe ainda que aplicam-se, também, as normas sobre preço de transferência às operações efetuadas pela pessoa jurídica domiciliada no Brasil, por meio de interposta pessoa não caracterizada como vinculada, que opere com outra, no exterior, caracterizada como vinculada à empresa brasileira.

Exemplo prático: Uma empresa "trading" que realiza diversos tipos de importações e exportações de produtos, inclusive negociando também com empresas concorrentes, pode vir a ser caracterizada como interposta pessoa, pois está intermediando operações entre pessoas vinculadas.

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Da mesma forma, a "trading company", como pessoa jurídica domiciliada no Brasil, que goze de exclusividade, como agente, distribuidor ou concessionário, para a compra e venda de bens, serviços ou direitos, é considerada vinculada à pessoa jurídica domiciliada no exterior.

A existência de vinculação, na forma aqui tratada, com pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, relativamente às operações de compra e venda efetuadas durante o ano-calendário, será comunicada à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), por meio da Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ).

Fundamentação: art. 23 da Lei nº 9.430/1996; art. 2º da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2002.

II - Controle fiscal dos preços de transferência

Para efeito da legislação do Imposto de Renda (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), a dedutibilidade de custos de bens, serviços e direitos importados e o reconhecimento de receitas e rendimentos derivados da exportação, em operações praticadas por pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no Brasil, com pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, consideradas vinculadas, deve ser efetuada em conformidade com a legislação que trata do controle dos preços de transferência.

Esse controle fiscal, em linhas gerais, é um ajuste a ser realizado, adequando as despesas/custos com a importação realizada - ou seja, verificando, em tese, qual o valor seria praticado caso a operação fosse realizada com um vendedor independente (não vinculado ao comprador), e, havendo discrepância com o preço efetivamente praticado, adicionando a diferença para fins de tributação pelo IR e pela CSLL. Por outro lado, quando se tratar de exportação para pessoa vinculada, o que será averiguado é se o montante das receitas auferidas com essa exportação condiz com operações similares praticadas com compradores não vinculados.

O controle fiscal dos preços de transferência na importação, vai atuar, portanto, da seguinte forma:

a) calculando o "preço parâmetro";

b) comparando o "preço parâmetro" com o preço efetivamente praticado;

c) sendo o caso, obrigando à realização de ajustes (adições por excesso de despesa/custo - na importação).

No caso das exportações, por sua vez, o aludido controle deverá se dar da seguinte maneira:

a) apuração do limite (90% do valor do preço médio praticado na venda dos bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, no mercado brasileiro, durante o mesmo período, em condições de pagamento semelhantes);

b) verificação de enquadramento em algum dos outros itens do "safe harbours";

c) não havendo enquadramento conforme letra "b", deve ser comparado o preço praticado na exportação com pessoa vinculada com o valor obtido na letra "a";

d) sendo o caso, devem ser realizados os ajustes (adições por insuficiência de receitas - exportação).

Deve ser observado que a utilização de um dos métodos previstos para a exportação somente ocorrerá quando o preço praticado estiver abaixo do limite estipulado na letra "a".

Nota-se então, que para o Lucro Real deverão ser controladas tanto as importações como as exportações realizadas com pessoas vinculadas, mas por outro lado, as pessoas jurídicas tributadas pelo Lucro Presumido, somente estarão sujeitas ao controle aqui tratado, quanto às operações de exportação.

a) Isso se deve pela sistemática de apuração do Lucro Presumido, que não considera as despesas/custos, mas somente as receitas auferidas.

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b) As disposições relativas ao tratamento tributário nas operações praticadas por pessoa jurídica domiciliada no Brasil, com pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, aplicam-se, no que couberem, às operações praticadas por pessoa física residente no Brasil com pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior.

III - Controle fiscal dos preços de transferência nas importações

Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos:

a) Método dos Preços Independentes Comparados - PIC;

b) Método do Preço de Revenda menos Lucro - PRL;

c) Método do Custo de Produção mais Lucro - CPL.

d) Método do Preço sob Cotação na Importação - PCI

Atente-se que durante a vigência da Medida Provisória nº 478/2009 (1º.01.2010 a 01.06.2010), os métodos aplicáveis às importações eram:

a) Método dos Preços Independentes Comparados - PIC;

b) Método do Custo de Produção mais Lucro - CPL;

c) Método do Preço de Venda menos Lucro - PVL.

Assim, temos o seguinte cenário no que tange aos métodos aplicáveis às importações:

Até 31.12.2009 De 1º.01.2010 a 1º.06.2010

De 2.06.2010 a 31.12.2012 A partir de 1º.01.2013

Métodos aplicáveis

a) Método dos Preços Independentes Comparados - PIC;

b) Método do Preço de Revenda menos Lucro - PRL;

c) Método do Custo de Produção mais Lucro - CPL.

a) Método dos Preços Independentes Comparados - PIC;

b) Método do Custo de Produção mais Lucro - CPL;

c) Método do Preço de Venda menos Lucro - PVL.

a) Método dos Preços Independentes Comparados - PIC;

b) Método do Preço de Revenda menos Lucro - PRL;

c) Método do Custo de Produção mais Lucro - CPL.

a) Método dos Preços Independentes Comparados - PIC;

b) Método do Preço de Revenda menos Lucro - PRL;

c) Método do Custo de Produção mais Lucro - CPL.

d) Método do Preço sob Cotação na Importação - PCI

Fundamentação: art. 18 da Lei nº 9.430/1996; Ato Declaratório CN nº 18/2010.

III.1 - Normas comuns aos custos na importação

III.1.1 - Métodos

Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, nas importações de empresa vinculada, não-residente, de bens, serviços ou direitos, a pessoa jurídica importadora poderá optar por qualquer dos métodos acima referidos, independentemente de prévia comunicação à Secretaria da Receita Federal do Brasil.

Exceção existia no caso em que o bem, serviço ou direito houver sido adquirido para emprego, utilização ou aplicação, pela própria empresa importadora, na produção de outro bem, serviço ou direito (produção local), caso em que não se poderia utilizar o método PRL 20% (§ 1º do art. 4º da Instrução Normativa SRF 243/2002), porém,

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vale ressaltar que este método, na forma como apresentado, não é mais aplicável, tendo em vista a instituição dos novos métodos pela Lei nº 12.715/2012.

Porém, caso um mesmo bem importado ser revendido e aplicado na produção de um ou mais produtos, ou na hipótese de o bem importado ser submetido a diferentes processos produtivos no Brasil, o preço parâmetro final será a média ponderada dos valores encontrados mediante a aplicação do método PRL, de acordo com suas respectivas destinações.

Há também obrigatoriedade pela utilização do Método do Preço sob Cotação na Importação - PCI na hipótese de importação de commodities sujeitas à cotação em bolsas de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecidas

Na hipótese de utilização de mais de um método, pelo contribuinte, precedentemente ao início do procedimento fiscal, será considerado dedutível o maior valor apurado, observado que se os valores apurados forem superiores aos de aquisição, constante dos respectivos documentos, a dedutibilidade, para fins de determinação do lucro real, fica limitada ao montante deste último.

Nos termos do art. 20-B da Lei nº 9.430/1996, a utilização do método de cálculo de preço parâmetro deve ser consistente por bem, serviço ou direito, para todo o ano-calendário.

Fundamentação: art. 4º e 13 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012, e art. 18 da Lei nº 9.430/1996.

III.1.2 - Encargos de depreciação, exaustão e amortização

A dedutibilidade dos encargos de depreciação, exaustão ou amortização dos bens e direitos é limitada, em cada período de apuração, ao montante calculado com base no preço determinado por um dos métodos.

Fundamentação: art. 18, § 8º da Lei nº 9.430/1996; art. 4º, § 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

III.1.3 - Transporte, seguro e tributos

Dispõem os §§ 6º e 6º-A do art. 18 da Lei nº 9.430/1996, que não integram o custo, para efeito de apuração do percentual de participação dos bens, direitos ou serviços importados no custo total do bem, direito ou serviço vendido, ou seja, a relação percentual entre o custo médio ponderado do bem, direito ou serviço importado e o custo total médio ponderado do bem, direito ou serviço vendido, calculado em conformidade com a planilha de custos da empresa, calculado com base no método PRL, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, desde que tenham sido contratados com pessoas não vinculadas, e que não sejam residentes ou domiciliadas em países ou dependências de tributação favorecida, ou que não estejam amparados por regimes fiscais privilegiados, além dos tributos incidentes na importação e os gastos no desembaraço aduaneiro.

Nos preços apurados com base nos métodos PIC, tais valores poderão ser adicionados ao custo dos bens adquiridos no exterior desde que sejam, da mesma forma, considerados no preço praticado, para efeito de comparação.

Já nos preços apurados com base no método CPL,serão acrescidos os impostos e taxas cobrados pelo referido país na exportação.

Fundamentação: art. 18, § 6º da Lei nº 9.430/1996; art. 9º, 11 e 15 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

III.1.4 - Preço parâmetro x Preço praticado - Ajustes e contabilização

Após apurados por um dos métodos de importação, os preços a serem utilizados como parâmetro, nos casos de importação de empresas vinculadas, serão comparados com os constantes dos documentos de aquisição.

A parcela dos custos que exceder ao valor determinado por um dos métodos aqui referidos, deverá ser adicionada ao lucro líquido, para determinação do lucro real.

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O valor resultante do excesso de custo, despesas ou encargos, considerado indedutível na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, será ajustado contabilmente por meio de lançamento a débito de conta de resultados acumulados do patrimônio líquido e a crédito de:

a) conta do ativo onde foi contabilizada a aquisição dos bens, direitos ou serviços e que permanecerem ali registrados ao final do período de apuração; ou

b) conta própria de custo ou de despesa do período de apuração, que registre o valor dos bens, direitos ou serviços, no caso de já terem sido baixados da conta de ativo que tenha registrado a sua aquisição (art. 45 da Lei nº 10.637/2002).

No caso de bens classificáveis no ativo não circulante e que tenham gerado quotas de depreciação, amortização ou exaustão, no ano calendário da importação, o valor do excesso de preço de aquisição na importação deverá ser contabilizado conforme o disposto na letra "b" acima (débito em resultados acumulados no PL e crédito na conta de custo/despesa). Na hipótese de valores ainda não baixados, o excesso de preço de aquisição na importação será creditado diretamente na conta de ativo, em contrapartida à conta de resultados acumulados.

Caso a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido, o valor total do excesso apurado no período de aquisição deverá ser excluído do patrimônio líquido, para fins de determinação da base de cálculo dos juros sobre o capital próprio, de que trata o art. 9º da Lei nº 9.249/1995. Nesse caso, a pessoa jurídica deverá registrar o valor total do excesso de preço de aquisição em subconta própria da que registre o valor do bem, serviço ou direito adquirido no exterior.

Na prática, as empresas acabam por fazer esses ajustes via Livro de Apuração do Lucro Real - LALUR. Ou seja, na apuração do resultado do ano calendário, faz-se uma adição no LALUR, sem alterar a contabilidade. Mesmo porque, os ajustes realizados na contabilidade infringem princípios contábeis como, por exemplo, o Princípio do Custo como Base de Valor.

a) A Instrução Normativa SRF nº 243/2002, se utilizando da faculdade prevista no art. 45 da Lei nº 10.833/2003, apresentou dispositivo não constante da Lei nº 9.430/1996, o qual determina que os ajustes estão dispensados quando o preço ajustado, a ser utilizado como parâmetro, divirja, em até cinco por cento, para mais ou para menos, daquele constante dos documentos de importação. Tal previsão permaneceu com a publicação da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012. (veja subitem VI.6).b) Se o preço praticado na aquisição pela empresa vinculada, domiciliada no Brasil, for inferior àquele utilizado como parâmetro, nenhum ajuste com efeito tributário poderá ser efetuado.

Determinava o art. 19-A da Lei nº 9.430/1996, que o Ministro de Estado da Fazenda poderia fixar margens de lucro diferentes por setor ou ramo de atividade econômica para fins de apuração dos preços parâmetros relativos aos métodos. Tal dispositivo perdeu a eficácia, uma vez que a Medida Provisória nº 478/2009 teve seu prazo de vigência encerrado em 1º de junho de 2010.

Apesar disso, com a publicação da Lei nº 12.715/2012, conversão da Medida Provisória nº 563/2012, para o método PLR, foram fixadas margens diferentes por setor econômico. A mencionada Lei ainda alterou a redação do art. 20 da Lei nº 9.430/1996, a fim de determinar que o Ministro de Estado da Fazenda poderá, em circunstâncias justificadas, alterar os percentuais do métodos de importação e exportação, de ofício ou mediante requerimento.

Fundamentação: art. 18, § 7º da Lei nº 9.430/1996; art. 45 da Lei nº 10.637/2002; art. 5º da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

III.1.5 - Cálculo

Para efeito de determinação do preço parâmetro com base nos métodos PIC e PRL, preliminarmente à comparação, os preços apurados serão multiplicados pelas quantidades relativas à respectiva operação e os resultados serão somados e divididos pela quantidade total, determinando-se, assim, o valor médio ponderado do preço a ser comparado com aquele registrado em custos, computado em conta de resultado, pela empresa.

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Para efeito de comparação, o preço médio ponderado dos bens, serviços e direitos adquiridos pela empresa vinculada, domiciliada no Brasil, será apurado considerando-se as quantidades e valores correspondentes a todas as operações de compra praticadas durante o período de apuração sob exame.

Se os valores apurados segundo qualquer um dos métodos mencionados forem superiores ao de aquisição, constante dos respectivos documentos, a dedutibilidade fica limitada ao montante deste último.

Fundamentação: art. 6º da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012 e art. 18, §5º da Lei nº 9.430/1996.

III.1.6 - Câmbio - Conversão

O valor expresso em moeda estrangeira na importação de bens, serviços e direitos será convertido em reais pela taxa de câmbio de venda, para a moeda, correspondente ao segundo dia útil imediatamente anterior ao da ocorrência dos seguintes fatos:

a) do registro da declaração de importação de mercadoria submetida a despacho para consumo, no caso de bens;

b) do reconhecimento do custo ou despesa correspondente à prestação do serviço ou à aquisição do direito, em observância ao regime de competência.

Fundamentação: art. 7º da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

III.2 - Métodos

III.2.1 - Método dos Preços Independentes Comparados - PIC

A determinação do custo de bens, serviços e direitos, adquiridos no exterior, dedutível na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, poderá ser efetuada pelo método dos Preços Independentes Comparados (PIC), definido como a média aritmética ponderada dos preços de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, apurados no mercado brasileiro ou de outros países, em operações de compra e venda empreendidas pela própria interessada ou por terceiros, em condições de pagamento semelhantes.

Por esse método, os preços dos bens, serviços ou direitos, adquiridos no exterior, de uma empresa vinculada, serão comparados com os preços de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares:

a) vendidos pela mesma pessoa jurídica exportadora, a pessoas jurídicas não vinculadas, residentes ou não-residentes;

b) adquiridos pela mesma importadora, de pessoas jurídicas não vinculadas, residentes ou não-residentes;

c) em operações de compra e venda praticadas entre terceiros não vinculados, residentes ou não-residentes.

As médias aritméticas ponderadas dos preços serão calculados considerando- se os preços praticados e os custos incorridos durante todo o período de apuração da base de cálculo do imposto sobre a renda a que se referirem os custos, despesas ou encargos.

Conforme disposição da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012, a partir de 1º.1.2013, para este método somente serão consideradas as operações de compra e venda praticadas entre compradores e vendedores não vinculados. As operações utilizadas para fins de cálculo devem:

a) representar, ao menos, 5% (cinco por cento) do valor das operações de importação sujeitas ao controle de preços de transferência, empreendidas pela pessoa jurídica, no período de apuração, quanto ao tipo de bem, direito ou serviço importado, na hipótese em que os dados utilizados para fins de cálculo digam respeito às suas próprias operações, e

b) corresponder a preços independentes realizados no mesmo ano-calendário das respectivas operações de importações sujeitas ao controle de preços de transferência.

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Não havendo operações que representem 5% (cinco por cento) do valor das importações sujeitas ao controle de preços de transferência no período de apuração, o percentual poderá ser complementado com as importações efetuadas no ano-calendário imediatamente anterior, ajustado pela variação cambial do período.

Da mesma forma, não havendo preço independente no ano-calendário da importação, poderá ser utilizado preço independente relativo à operação efetuada no ano-calendário imediatamente anterior ao da importação, ajustado pela variação cambial do período.

Para fins do ajuste do preço parâmetro pela variação cambial do período de que trata o parágrafo anterior, aplica-se a seguinte fórmula:

PIA = PI x VC

VC = TOP/TOI

TOP = OPR/OPD

TOI = OIR/OID

em que:

PIA = Preço Independente Ajustado no ano calendário imediatamente anterior;

PI = Preço Independente no ano calendário imediatamente anterior;

VC = Variação Cambial do período;

TOP = Taxa média das Operações Praticadas no ano-calendário;

TOI = Taxa média das Operações Independentes no anocalendário anterior;

OPR = Operações Praticadas em Reais no ano-calendário;

OPD = Operações Praticadas em Dólares no ano-calendário;

OIR = Operações Independentes em Reais no ano-calendário imediatamente anterior;

OID = Operações Independentes em Dólares no ano-calendário imediatamente anterior.

a) Determinava o § 2º do art. 18 da Lei nº 9.430/1996, com a redação dada pela Medida Provisória nº 478/2009, que o cálculo do preço parâmetro, conceituado na forma da alínea "e" do tópico III.2.4 (método PVL), pelo método PIC, quando efetuado pelo contribuinte, deveria atender, cumulativamente, aos seguintes requisitos:a.1) estar embasado por operações de compra e venda praticadas, exclusivamente, por compradores e vendedores não vinculados;a.2) que as operações utilizadas para fins de cálculo representem, ao menos, dez por cento do valor das operações de importação sujeitas ao controle de preços de transferência, empreendidas pelo contribuinte, no período de apuração, quanto ao tipo de bem, direito ou serviço importado, na hipótese em que os dados utilizados para fins de cálculo digam respeito às suas próprias operações.Lembramos, no entanto, que referida MP perdeu sua eficácia a partir de 02 de junho de 2010.

Exemplo prático: Empresa "X" realiza operações de importação e exportação de produtos diferentes, cuja classificação na NCM é similar. Nestes casos não pode ser comparado para efeito de aplicação do método PIC, o preço médio dos produtos classificados em uma mesma NCM. Sempre que possível a comparação deve ser efetuada item a item.

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Vale lembrar que em algumas situações, em uma mesma NCM podem ser classificados produtos similares, para fins de comparação, assim, quando forem utilizados produtos semelhantes deve-se efetuar o ajuste de similaridade, nos termos do art. 10 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

Fundamentação: art. 18 da Lei nº 9.430/1996; arts. 8º e 11 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

III.2.1.1 - Ajustes permitidos

Os valores dos bens, serviços ou direitos serão ajustados de forma a minimizar os efeitos provocados sobre os preços a serem comparados, por diferenças nas condições de negócio, de natureza física e de conteúdo.

No caso de bens, serviços e direitos idênticos, somente será permitida a efetivação de ajustes relacionados com:

a) prazo para pagamento;

As diferenças nos prazos de pagamento serão ajustadas pelo valor dos juros correspondentes ao intervalo entre os prazos concedidos para o pagamento das obrigações sob análise, com base na taxa praticada pela própria empresa fornecedora, quando comprovada a sua aplicação, consistentemente, em relação a todas as vendas a prazo. Não sendo comprovada a aplicação consistente de uma taxa, o ajuste será efetuado com base nas taxas: a) de mercado dos títulos soberanos da República Federativa do Brasil emitidos no mercado externo em dólares dos Estados Unidos da América, na hipótese de operações em dólares dos Estados Unidos da América com taxa prefixada;b) de mercado dos títulos soberanos da República Federativa do Brasil emitidos no mercado externo em reais, na hipótese de operações em reais no exterior com taxa prefixada; ec) Libor pelo prazo de 6 (seis) meses, nos demais casos.

b) quantidades negociadas;

Os ajustes em função de diferenças de quantidades negociadas serão efetuados com base em documentos de emissão da empresa vendedora, que demonstrem a prática de preços menores quanto maiores as quantidades adquiridas por um mesmo comprador.

c) obrigação por garantia de funcionamento do bem ou da aplicabilidade do serviço ou direito;

Para efeito de ajuste decorrente das garantias, o valor integrante do preço, a esse título, não poderá exceder o resultante da divisão do total dos gastos efetuados, no período de apuração anterior, pela quantidade de bens, serviços ou direitos, com garantia em vigor, no mercado nacional, durante o mesmo período. Se o bem, serviço ou direito não houver, ainda, sido vendido no Brasil, será admitido o custo, em moeda nacional, correspondente à mesma garantia, praticado em outro país.

d) obrigação pela promoção, junto ao público, do bem, serviço ou direito, por meio de propaganda e publicidade;

e) obrigação pelos custos de fiscalização de qualidade, do padrão dos serviços e das condições de higiene;

Nos ajustes em virtude do disposto nas letras "d" e "e", o preço do bem, serviço ou direito adquirido de uma empresa vinculada, domiciliada no exterior, que suporte o ônus da promoção do bem, serviço ou direito no Brasil, poderá exceder o de outra que não suporte o mesmo ônus, até o montante despendido, por unidade do produto, pela empresa exportadora, com a referida obrigação. No caso de propaganda e publicidade que tenha por finalidade a promoção: a) do nome ou da marca da empresa, os gastos serão rateados para todos os bens, serviços ou direitos vendidos no Brasil, proporcionalizados em função das quantidades e respectivos valores de cada tipo de bem, serviço ou direito; b) de um produto, o rateio será em função das quantidades deste.

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f) custos de intermediação, nas operações de compra e venda, praticadas pelas empresas não vinculadas, consideradas para efeito de comparação dos preços;

Quando forem utilizados dados de uma empresa adquirente que houver suportado os encargos de intermediação na compra do bem, serviço ou direito, cujo preço for parâmetro para comparação com o praticado na operação de compra efetuada com uma empresa vinculada, não sujeita a referido encargo, o preço do bem, serviço ou direito desta poderá exceder o daquela, até o montante correspondente a esse encargo.

g) acondicionamento, e

h) frete e seguro.

Para efeito de comparação, os preços dos bens, serviços e direitos serão, também, ajustados em função de diferenças de custo dos materiais utilizados no acondicionamento de cada um e do frete e seguro incidente em cada caso.

Os valores de transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da pessoa jurídica importadora, os tributos não recuperáveis e os gastos com desembaraço aduaneiro poderão ser adicionados ao custo dos bens adquiridos no exterior desde que sejam, da mesma forma, considerados no preço praticado, para efeito de comparação.

No caso de bens, serviços ou direitos similares, além dos ajustes previstos acima, os preços serão ajustados em função das diferenças de natureza física e de conteúdo, considerando, para tanto, os custos relativos à produção do bem, à execução do serviço ou à constituição do direito, exclusivamente nas partes que corresponderem às diferenças entre os modelos objeto da comparação.

Exemplo prático: O air bag em cilindro e em tubo, têm a mesma função, apesar de não servirem para o mesmo veículo, possuem a mesma natureza e especificações equivalentes. Nestas situações, um laudo de engenheiro técnico pode atestar a similaridade.

Fundamentação: arts. 9º e 10 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

III.2.1.2 - Preços de outros períodos - Ajustes

Não sendo possível identificar operações de compra e venda no mesmo período a que se referirem os preços sob investigação, a comparação poderá ser feita com preços praticados em operações efetuadas em períodos anteriores ou posteriores, desde que ajustados por eventuais variações nas taxas de câmbio das moedas de referência, ocorridas entre a data de uma e de outra operação.

Nos ajustes em virtude de variação cambial, os preços a serem utilizados como parâmetros para comparação, quando decorrentes de operações efetuadas em países cuja moeda não tenha cotação em moeda nacional, serão, inicialmente, convertidos em dólares americanos e, depois, para reais, tomando-se por base as respectivas taxas de câmbio praticadas na data de cada operação.

Observa-se que a Receita Federal, em princípio, não aceita ajustes decorrentes de variações setoriais (alta ou baixa de mercado para o setor), bem assim, as variações decorrentes da inflação (atualização monetária).

Fundamentação: art. 25 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

III.2.2 - Método do Custo de Produção Mais Lucro - CPL

A determinação do custo de bens, serviços e direitos, adquiridos no exterior, dedutível na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, poderá, ainda, ser efetuada pelo método do Custo de Produção mais Lucro (CPL), definido como o custo médio ponderado de produção de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares,

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acrescido dos impostos e taxas cobrados na exportação no país onde tiverem sido originariamente produzidos, e de margem de lucro de 20% (vinte por cento), calculada sobre o custo apurado.

Na apuração de preço por esse método serão considerados exclusivamente os custos referidos abaixo, incorridos na produção do bem, serviço ou direito, excluídos quaisquer outros, ainda que se refira a margem de lucro de distribuidor atacadista.

Assim, poderão ser computados como integrantes do custo:

a) o custo de aquisição das matérias-primas, dos produtos intermediários e dos materiais de embalagem utilizados na produção do bem, serviço ou direito;

b) o custo de quaisquer outros bens, serviços ou direitos aplicados ou consumidos na produção;

c) o custo do pessoal, aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção e os respectivos encargos sociais incorridos, exigidos ou admitidos pela legislação do país de origem;

d) os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação, amortização ou exaustão dos bens, serviços ou direitos aplicados na produção;

e) os valores das quebras e perdas razoáveis, ocorridas no processo produtivo, admitidas pela legislação fiscal do país de origem do bem, serviço ou direito.

Na determinação do custo do bem, serviço ou direito, adquirido pela empresa no Brasil, os custos referidos acima, incorridos pela unidade produtora no exterior, serão considerados proporcionalmente às quantidades destinadas à empresa no Brasil.

a) Os custos de produção deverão ser demonstrados discriminadamente, por componente, valores e respectivos fornecedores.b) Poderão ser utilizados dados da própria unidade fornecedora ou de unidades produtoras de outras empresas, localizadas no país de origem do bem, serviço ou direito.

No caso de utilização de produto similar, para aferição do preço, o custo de produção deverá ser ajustado em função das diferenças entre o bem, serviço ou direito adquirido e o que estiver sendo utilizado como parâmetro.

A margem de lucro de 20% será aplicada sobre os custos apurados antes da incidência dos impostos e taxas cobrados no país de origem, sobre o valor dos bens, serviços e direitos adquiridos pela empresa no Brasil.

Sobre este método, podemos observar que sua utilização pode ser mais restrita, principalmente pela dificuldade na obtenção das informações requeridas (juntamente com a parte do exterior), bem como em decorrência da prova documental exigida.

Sobre a prova documental, vejam a pergunta e resposta nº 042 da DIPJ/2013, editada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, abaixo transcrita:

"042 - Quais seriam os documentos hábeis para a comprovação dos custos de produção dos bens e serviços importados, segundo o Método do Custo de Produção mais Lucro (CPL), fornecidos por pessoa jurídica vinculada, domiciliada no exterior? Os documentos hábeis para a comprovação dos custos de produção dos bens e serviços importados poderão ser as cópias dos documentos que embasaram os registros constantes dos livros contábeis, tais como, faturas comerciais de aquisição das matérias primas e outros bens ou serviços utilizados na produção, planilhas de rateio do custo de mão de obra e cópias das folhas de pagamentos, comprovantes de custos com locação, manutenção e reparo dos equipamentos aplicados na produção, demonstrativos dos percentuais e dos encargos de depreciação, amortização ou exaustão utilizados e das quebras e perdas alocadas, observando-se o disposto no § 5º do art. 15 da IN RFB nº 1.312, de 2012. Devendo ainda apresentar a cópia da declaração do imposto sobre a renda entregue ao fisco do outro país, equivalente a DIPJ do Brasil.Esclarece-se, outrossim, que qualquer documento de procedência estrangeira, para produzir efeitos legais no País e para valer contra terceiros e em repartições da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos

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Municípios ou em qualquer instância, juízo ou tribunal, deve ser vertido em vernáculo. Além disso, deve ser legalizado em seu país de origem, ou seja, notarizado, consularizado e registrado em Cartório de Registro de Títulos e Documentos. Normativo: Código Civil - Lei nº 10.406, de 2002, art. 224;Código de Processo Civil - Lei nº 5.869, de 1973, arts. 129 e 148; Lei nº 6.015, de 1973; ePN CST nº 250, de 1971."

A média aritmética ponderada do custo médio ponderado de produção será calculada considerando-se os custos incorridos durante todo o período de apuração da base de cálculo do imposto sobre a renda e da CSLL a que se referirem os custos, despesas ou encargos.

Fundamentação: art. 18 da Lei nº 9.430/1996; art. 13 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

III.2.3 - Método do Preço de Revenda Menos Lucro - PRL

Esse método não foi aplicável pelo período de 1º de janeiro de 2010 a 1º de junho de 2010 por conta da Medida Provisória nº 478/2009.

A partir de 1º.1.2013, a determinação do custo de bens, serviços ou direitos, adquiridos no exterior, dedutível da determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, poderá, também, ser efetuada pelo método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), definido como a média aritmética ponderada dos preços de venda, no País, dos bens, direitos ou serviços importados, em condições de pagamento semelhantes e calculados conforme a metodologia a seguir:

a) preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem, direito ou serviço produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas;

b) percentual de participação dos bens, direitos ou serviços importados no custo total do bem, direito ou serviço vendido: a relação percentual entre o custo médio ponderado do bem, direito ou serviço importado e o custo total médio ponderado do bem, direito ou serviço vendido, calculado em conformidade com a planilha de custos da empresa;

Não integram o custo médio ponderado do bem, para efeito do cálculo disposto na alínea "b": 1) O valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, desde que tenham sido contratados com pessoas:a) não vinculadas, eb) que não sejam residentes ou domiciliadas em países ou dependências de tributação favorecida, ou que não estejam amparados por regimes fiscais privilegiados.2) Os tributos incidentes na importação e os gastos no desembaraço aduaneiro.

Integrarão o custo total médio ponderado do bem todos os encargos necessários a sua composição, inclusive o valor do frete, do seguro, dos tributos incidentes na importação e os gastos com desembaraço aduaneiro.

c) participação dos bens, direitos ou serviços importados no preço de venda do bem, direito ou serviço vendido: aplicação do percentual de participação do bem, direito ou serviço importado no custo total, apurada conforme a letra "b", sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com a letra "a";

d) margem de lucro: a aplicação dos percentuais abaixo descritos, conforme setor econômico da pessoa jurídica sujeita ao controle de preços de transferência, sobre a participação do bem, direito ou serviço importado no preço de venda do bem, direito ou serviço vendido, calculado de acordo com a letra "c", e

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e) preço parâmetro: a diferença entre o valor da participação do bem, direito ou serviço importado no preço de venda do bem, direito ou serviço vendido, calculado conforme a letra "c"; e a "margem de lucro", calculada de acordo com a letra "d".

As margens a que se refere a letra "d" serão aplicadas de acordo com o setor da atividade econômica da pessoa jurídica brasileira sujeita aos controles de preços de transferência e incidirão, independentemente de submissão a processo produtivo ou não no Brasil, nos seguintes percentuais:

a) 40% (quarenta por cento), para os setores de:

a.1) produtos farmoquímicos e farmacêuticos;

a.2) produtos do fumo;

a.3) equipamentos e instrumentos ópticos, fotográficos e cinematográficos;

a.4) máquinas, aparelhos e equipamentos para uso odontomédico-hospitalar;

a.5) extração de petróleo e gás natural; e

a.6) produtos derivados do petróleo;

b) 30% (trinta por cento) para os setores de:

b.1) produtos químicos;

b.2) vidros e de produtos do vidro;

b.3) celulose, papel e produtos de papel; e

b.4) metalurgia; e

c) 20% (vinte por cento) para os demais setores.

Os preços de venda, a serem considerados, serão os praticados pela própria empresa importadora, em operações de venda a varejo e no atacado, com compradores, pessoas físicas ou jurídicas, que não sejam a ela vinculados.

Para efeito desse método, a média aritmética ponderada do preço será calculada considerando- se os preços praticados e os custos incorridos durante todo o período de apuração da base de cálculo do imposto sobre a renda e da CSLL a que se referirem os custos, despesas ou encargos.

Os preços médios de aquisição e venda serão ponderados em função das quantidades negociadas, sendo que na determinação da média ponderada dos preços, serão computados os valores e as quantidades relativos aos estoques existentes no início do período de apuração. O preço parâmetro deverá ser apurado considerando-se os preços de venda no período em que os produtos forem baixados dos estoques para resultado.

Na hipótese em que a pessoa jurídica desenvolva atividades enquadradas em mais de uma margem, deverá ser adotada para fins de cálculo do PRL a margem correspondente ao setor da atividade para o qual o bem importado tenha sido destinado.

No caso de um mesmo bem importado ser revendido e aplicado na produção de um ou mais produtos, ou na hipótese de o bem importado ser submetido a diferentes processos produtivos no Brasil, devem ser calculados, de forma individual, de acordo com suas respectivas destinações, os seguintes valores, sendo que o preço parâmetro final será a média ponderada dos valores encontrados na forma descrita neste parágrafo:

a) o custo médio ponderado de venda;

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b) o percentual de participação dos bens, direitos ou serviços importados no custo total do bem direito ou serviço vendido, nos termos já descritos neste tópico;

c) a participação dos bens, direitos ou serviços importados no preço de venda do bem, nos termos já descritos neste tópico;

d) o valor da margem de lucro, nos termos já descritos neste tópico, e

e) o preço parâmetro, nos termos já descritos neste tópico.

Serão considerados como:a) incondicionais, os descontos concedidos que não dependam de eventos futuros, ou seja, os que forem concedidos no ato de cada revenda e constem da respectiva nota fiscal;b) impostos, contribuições e outros encargos cobrados pelo Poder Público, incidentes sobre vendas, aqueles integrantes do preço, tais como ICMS, ISS, PIS/Pasep e Cofins;c) comissões e corretagens, os valores pagos e os que constituírem obrigação a pagar, a esse título, relativamente às vendas dos bens, serviços ou direitos objeto de análise.

As margens de lucro previstas neste tópico devem ser utilizadas independentemente de o bem, o serviço ou o direito importado ter sido revendido ou aplicado à produção e serão aplicadas sobre o preço de venda, constante da nota fiscal, excluídos, apenas, os descontos incondicionais concedidos.

Determinava o art. 11 da Medida Provisória nº 478/2009, para os fatos geradores ocorridos em 2009, que o contribuinte o qual optasse pelo método do preço de revenda menos lucro (PRL) deveria observar o disposto no inciso II do art. 18 da Lei nº 9.430/1996, com as alterações dadas pela Lei nº 9.959/2000.

Durante a V Jornada de Debates sobre Questões Polêmicas de Direito Tributário, realizada nos dias 16 e 17 de junho de 2011, o ilustre Professor Luís Eduardo Schoueri demonstrou entendimento no sentido de que em 31 de dezembro de 2010 o PRL estaria extinto, devido a perda de eficácia das Medidas Provisórias nº 476 e nº 478, e a manutenção dos efeitos da Medida Provisória nº 472 sem nenhuma outra norma reintroduzindo este método no ordenamento jurídico.

Fundamentação: art. 18 da Lei nº 9.430/1996; art. 11 da Medida Provisória nº 478/2009 e arts. 12 e 13 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

III.2.3.1 - Vendas a prazo

Se as operações consideradas para determinação do preço médio contiverem vendas a vista e a prazo, os preços relativos a estas últimas deverão ser escoimados dos juros neles incluídos, calculados à taxa praticada pela própria empresa, quando comprovada a sua aplicação em todas as vendas a prazo, durante o prazo concedido para o pagamento.

Não sendo comprovada a aplicação consistente de uma taxa, o ajuste será efetuado com base nas taxas:

a) de mercado dos títulos soberanos da República Federativa do Brasil emitidos no mercado externo em dólares dos Estados Unidos da América, na hipótese de operações em dólares dos Estados Unidos da América com taxa prefixada;

b) de mercado dos títulos soberanos da República Federativa do Brasil emitidos no mercado externo em reais, na hipótese de operações em reais no exterior com taxa prefixada, e

c) Libor pelo prazo de 6 (seis) meses, nos demais casos.

Fundamentação: art.12 da Instrução Normativa RFB nº 1.213/2012.

III.2.3.2 - PRL 20% - Vigente até 31.12.2012

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O método do Preço de Revenda menos Lucro mediante a utilização da margem de lucro de vinte por cento somente era aplicado nas hipóteses em que, no País, não havia agregação de valor ao custo dos bens, serviços ou direitos importados, configurando, assim, simples processo de revenda dos mesmos bens, serviços ou direitos importados.

A margem de lucro de 20% era aplicada sobre o preço de revenda, constante da nota fiscal, excluídos, exclusivamente, os descontos incondicionais concedidos.

III.2.3.3 - PRL 60% - Vigente até 31.12.2012

Já o PRL 60% era utilizado na hipótese de bens, serviços ou direitos importados aplicados à produção.

O preço parâmetro dos bens, serviços ou direitos importados era apurado excluindo-se o valor agregado no País e a margem de lucro de sessenta por cento, conforme metodologia a seguir:

a) preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas;

b) percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido: a relação percentual entre o valor do bem, serviço ou direito importado e o custo total do bem produzido, calculada em conformidade com a planilha de custos da empresa;

c) participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido: a aplicação do percentual de participação do bem, serviço ou direito importado no custo total, apurado conforme a letra "b", sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com a letra "a";

d) margem de lucro: a aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido, calculado de acordo com a letra "c";

e) preço parâmetro: a diferença entre o valor da participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido, calculado conforme a letra "c", e a margem de lucro de sessenta por cento, calculada de acordo com a letra "d".

Havia diferenças na metodologia de cálculo apontada pela Lei nº 9.430/1996 em relação à Instrução Normativa RFB nº 243/2002. Muitos doutrinadores entendem que a regulamentação realizada pela Receita Federal se excedeu, indo além do que a legislação permite. Em muitos casos, a diferença apresentada pela variação na forma de cálculo é bastante representativa.

Vale observar ainda, que a redação original da Lei nº 9.430/1996 não contemplava o PRL 60%. Havia somente o PRL 20%. A SRF, ao regulamentar o assunto, por meio da Instrução Normativa SRF nº 38/1997 (ora revogada), restringiu a aplicação do PRL 20%, vedando sua utilização nos casos em que há produção local.

Contudo, vários julgados administrativos entenderam que não cabe à SRF restringir as disposições da lei, de forma que por meio da Lei nº 9.959/2000, foi incluído na Lei nº 9.430/1996 o PRL 60%, destinado justamente para os casos em que há produção local.

Com a publicação da Lei nº 12.715/2012, a Lei nº 9.430/1996 foi alterada, e tanto o PRL 20% como o PRL 60% foram extintos, dando lugar a três novas porcentagens, a serem aplicadas de acordo com o setor econômico, conforme explicado no tópico III.2.3.

III.2.4 - Método do Preço de Venda menos Lucro - PVL - Vigência de 1º.01.2010 a 1º.06.2010

Com a alteração promovida pela Medida Provisória nº 478/2009, vigorou, de 1º de janeiro de 2010 a 1º de junho de 2010 o método PVL - Preço de venda menos lucro.

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Tal método deixou de existir no momento em que a Medida Provisória nº 478/2009 perdeu sua vigência.

Assim, os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado, podendo ser utilizado o método do Preço de Venda menos Lucro - PVL, definido como a média aritmética ponderada dos preços de venda no País dos bens, direitos ou serviços importados e calculado conforme a metodologia a seguir:

a) preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem, direito ou serviço produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas;

b) percentual de participação dos bens, direitos ou serviços importados no custo total do bem, direito ou serviço vendido: a relação percentual entre o custo médio ponderado do bem, direito ou serviço importado e o custo total médio ponderado do bem, direito ou serviço vendido, calculado em conformidade com a planilha de custos da empresa;

c) participação dos bens, direitos ou serviços importados no preço de venda do bem, direito ou serviço vendido: aplicação do percentual de participação do bem, direito ou serviço importado no custo total, apurada conforme a alínea "b", sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com a alínea "a";

d) margem de lucro: a aplicação do percentual de trinta e cinco por cento sobre a participação do bem, direito ou serviço importado no preço de venda do bem, direito ou serviço vendido, calculado de acordo com a alínea "c";

e) preço parâmetro: a diferença entre o valor da participação do bem, direito ou serviço importado no preço de venda do bem, direito ou serviço vendido, calculado conforme a alínea "c", e a "margem de lucro", calculada de acordo com a alínea "d".

Para esse método, somente serão considerados, para fins de cálculo do preço parâmetro, os preços de venda obtidos pela pessoa jurídica importadora do bem, direito ou serviço, exclusivamente, em operações com não vinculadas, empreendidas no período de apuração.

Dispõe ainda o § 10 do art. 18 da Lei nº 9.430/1996, que na hipótese de um mesmo bem importado ser revendido e aplicado na produção de um ou mais produtos, ou na hipótese de o bem importado ser submetido a diferentes processos produtivos, o preço parâmetro final será a média ponderada dos valores encontrados mediante a aplicação do método PVL, de acordo com suas respectivas destinações.

Fundamentação: art. 18 da Lei nº 9.430/1996 na redação dada pela Medida Provisória nº 478/2009.

III.2.5 - Método do Preço sob Cotação na Importação - PCI

Com a publicação da Lei nº 12.715/2012, conversão da Medida Provisória nº 563/2012, foi inserido à Lei 9.430/1996 o art. 18-A, o qual introduz em nosso ordenamento o Método do Preço sob Cotação na Importação - PCI, definido como os valores médios diários da cotação de bens ou direitos sujeitos a preços públicos em bolsas de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecidas.

Este método é obrigatório na hipótese de importação de commodities sujeitas à cotação em bolsas de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecidas.

Os preços dos bens importados e declarados por pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no País serão comparados com os preços de cotação desses bens, constantes em bolsas de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecidas, ajustados para mais ou para menos do prêmio médio de mercado, na data da transação, nos casos de importação de:

a) pessoas físicas ou jurídicas vinculadas;

b) residentes ou domiciliadas em países ou dependências com tributação favorecida; ou

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c) pessoas físicas ou jurídicas beneficiadas por regimes fiscais privilegiados.

Não havendo cotação disponível para o dia da transação, deverá ser utilizada a última cotação conhecida, e não havendo cotação dos bens em bolsas de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecidas, os preços dos bens importados poderão ser comparados com os obtidos a partir de fontes de dados independentes fornecidas por instituições de pesquisa setoriais internacionalmente reconhecidas.

Na hipótese de ausência de identificação da data da transação, a conversão será efetuada considerando-se a data do registro da declaração de importação de mercadoria.

Consideram-se commodities para fins de aplicação do PCI, os produtos:

a) listados no Anexo I e que, cumulativamente, estejam sujeitos a preços públicos em bolsas de mercadorias e futuros listadas no Anexo II, ou que estejam sujeitos a preços públicos nas instituições de pesquisas setoriais, internacionalmente reconhecidas, listadas no Anexo III, todos Anexos a Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012; e

b) negociados nas bolsas de mercadorias e futuros listadas no Anexo II a Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

A RFB poderá, de ofício ou em atendimento a pedido fundamentado de entidade de classe representativa de setor econômico ou da própria pessoa jurídica interessada, promover a inclusão ou exclusão de bolsa de mercadorias e futuros no Anexo II.

Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012:- ANEXO I (alterado pela Instrução Normativa RFB nº nº 1.395/2013)COMMODITIES E SEUS RESPECTIVOS CÓDIGOS NA NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL PARA FINS DE APLICAÇÃO DO MÉTODO PCI e PECEX: I - Açúcares de cana ou de beterraba e sacarose quimicamente pura, no estado sólido ( NCM 17.01.1); II - Algodão ( NCM 52); III - Alumínio e suas obras ( NCM 76); IV - Cacau e suas preparações ( NCM 18); V - Café, mesmo torrado ou descafeinado; cascas e películas de café; sucedâneos do café que contenham café em qualquer proporção ( NCM 09.01); VI - Carnes e miudezas, comestíveis (NCM 02); VII - Carvão ( NCM 27.01 a 27.04); VIII - Minérios de cobre e seus concentrados (NCM 2603.00); IX - Minérios de estanho e seus concentrados ( NCM 2609.00.00);X - Farelo de Soja ( NCM 2304.00); XI - Farinhas de trigo ou de mistura de trigo com centeio (méteil) ( NCM 1101.00); XII - Minérios de ferro e seus concentrados (NCM 26.01);XIII - Gás de petróleo e outros hidrocarbonetos gasosos ( NCM 27.11); XIV - Minérios de manganês e seus concentrados (NCM 2602.00);XV - Óleo de soja e respectivas frações ( NCM 15.07); XVI - Ouro (incluindo o ouro platinado), em formas brutas ou semimanufaturadas, ou em pó ( NCM 71.08); XVII - Petróleo ( NCM 27.09 e 27.10); XVIII - Prata (incluindo a prata dourada ou platinada), em formas brutas ou semimanufaturadas, ou em pó ( NCM 71.06); XIX - Soja, mesmo triturada ( NCM 12.01); XX - Suco (sumo) de laranja ( NCM 2009.1); XXI - Trigo e mistura de trigo com centeio (méteil) ( NCM 10.01);

- ANEXO II BOLSAS DE MERCADORIAS E FUTUROS: I - ChicagoBoard of Trade (CBOT) - Chicago - EUA; II - Chicago Mercantile Exchange (CME) - Chicago - EUA; III - New York Mercantile Exchange (NYMEX) - Nova York - EUA; IV - Commodity Exchange (COMEX) - Nova York - EUA; V - Intercontinental Exchange (ICE US) - Atlanta - EUA; VI - Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) - São Paulo - Brasil; VII - Life NYSE Euronext (LIFFE) - Londres - Reino Unido;

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VIII - London Metal Exchange (LME) - Londres - Reino Unido; IX - Intercontinental Exchange (ICE Europe) - Londres - Reino Unido; X - Tokio Commodity Exchange (TOCOM) - Tóquio - Japão; XI - Tokio Grain Exchange (TGE) - Tóquio - Japão; XII - Singapore Commodity Exchange (SICOM) - Cidade de Cingapura - Cingapura; XIII - Hong Kong Commodity Exchange (HKE) - Hong Kong - China; XIV - Multi Commodity Exchange (MCX) - Bombain - Índia; XV - National Commodity & Derivatives Exchange Limited (NCDEX) - Bombain - Índia; XVI - Agricultural Futures Exchange of Thailand (AFET) - Bangkok - Tailândia; XVII - Australian Securities Exchange (ASX) - Sidney - Austrália; XVIII - JSE Safex APD (SAFEX) - Johannesburg - África do Sul; XIX - Korea Exchange (KRX) - Busan - Coréia do Sul; XX - China Beijing International Mining Exchange, (CBMX); XXI - GlobalORE; XXII - London Bullion Market Association (LBMA).

O valor do prêmio é decorrente de avaliação de mercado, positiva ou negativa, que deve ser somado à cotação de bolsa internacional ou do instituto de pesquisa, para se obter o preço pago pelo importador, e devem ser consideradas, inclusive, as variações na qualidade, nas características e no teor da substância do bem vendido.

Na ausência de cotação específica para o bem importado, o prêmio médio de mercado também poderá ser aplicado ao bem similar com referência em publicação de instituições de pesquisa setoriais internacionalmente reconhecidas.

Além do prêmio, o valor da commodity poderá sofrer ajustes correspondentes às diferenças entre o valor líquido recebido pelo vendedor e às variáveis que são consideradas na cotação específica da commodity em bolsa de mercadorias e futuros, ou em instituições de pesquisa setoriais. As variáveis que podem ser consideradas nos ajustes mencionados são:

a) prazo para pagamento;

b) quantidades negociadas;

c) influências climáticas nas características do bem importado;

d) custos de intermediação nas operações de compra e venda praticadas pelas pessoas jurídicas não vinculadas;

e) acondicionamento; e

f) frete e seguro.

Nos ajustes em virtude do disposto na letra "d", o preço do produto vendido a uma pessoa jurídica que suporte o ônus dos referidos dispêndios, para ser comparado com o de outra que não suporte o mesmo ônus, será escoimado do montante despendido, por unidade do produto, relativamente a referido dispêndio.O custo de transporte, a que ser refere a letra "f", poderá ser ajustado tendo por base o Baltic Dry Index (BDI).

Os ajustes deverão levar em conta as diferenças existentes entre o preço recebido pelo exportador e a composição do preço de bolsa de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecida, conforme consta no regulamento da instituição negociadora, que poderá servir como prova documental da necessidade de ajuste. Os valores da variáveis, a serem considerados como ajustes, deverão ser provenientes de operações praticadas entre pessoas não vinculadas.

Na ausência de operações próprias da pessoa jurídica domiciliada no Brasil com pessoas não vinculadas, poderão ser utilizadas pesquisas efetuadas por empresa ou instituição de notório conhecimento técnico com base em publicações técnicas ou banco de dados internacionalmente reconhecidos.

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Considera-se a data da transação, para fins de comparação com a cotação em bolsa de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecidas, a data em que o preço foi negociado, conforme:

a) estabelecido em contrato usualmente praticado pela empresa, inclusive com pessoas não vinculadas; ou

b) procedimento normal de mercado.

Na hipótese em que o preço praticado for calculado com base em cotações ou índices relativos a uma média de dias determinados em evento contratualmente previsto, a apuração do preço parâmetro também levará em consideração o mesmo período da média em dias. A forma de apuração do preço parâmetro mencionada deverá ser aplicado, consistentemente, por produto, durante todo o período de apuração.

As instituições de pesquisas setoriais internacionalmente reconhecidas passíveis de utilização para fins de cotação de preços são as listadas no Anexo III da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012:- ANEXO III (alterado pela Instrução Normativa RFB nº nº 1.395/2013)INSTITUIÇÕES DE PESQUISAS SETORIAIS INTERNACIONALMENTE RECONHECIDAS:

I - PLATTS; II - ARGUS; III - CMA; IV - ESALQ; V - TSI; VI - THE METAL BULLETIN; VII - CRU MONITOR.VIII - CIS;IX - CMAI;X - POTEN&PARTNERS;XI - BLOOMBERG;XII - ICIS HEREN;XIII - U.S. Energy Information Administration (EIA).

Fundamentação: arts. 16, 17, 18 e 19 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.395/2013 e art. 18-A da Lei nº 9.430/1996

IV - Controle fiscal dos preços de transferência nas exportações

IV.1 - "Safe harbours"

A expressão "Safe Harbours" (ou "porto seguro" em tradução literal), pode ser conceituada, para fins dos preços de transferência, como parâmetros que, se obedecidos, dispensarão as transações da aplicação da legislação do controle fiscal dos preços de transferência.

Conforme dispõe o ilustre Professor Luís Eduardo Schoueri, "a adoção de regras de safe harbour tem o condão de possibilitar a redução do ônus que recaem sobre a Administração e os contribuintes em relação às transações submetidas a controle de preços de transferência." Ou seja, não se trata de aplicação do princípio arm´s length, mas ao contrário, de flexibilização dessas exigências, buscando coibir dispêndios exorbitantes tanto para o contribuinte como para a Administração Tributária.

O controle fiscal dos preços de transferência nas exportações, deve ser iniciado pela verificação do safe harbours. Somente depois disso, é que, sendo o caso, passaremos a calcular os métodos, para fins do ajuste fiscal.

Assim, podemos enumerar 3 (três) itens a serem verificados, antes de proceder ao cálculo dos métodos:

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a) preço de venda nas exportações igual ou superior a 90% do preço médio praticado na venda dos bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, realizada no mercado brasileiro durante o mesmo período, em condições de pagamento semelhantes (considerando os ajustes permitidos);

b) lucro líquido, antes da provisão da CSLL e do imposto de renda, decorrente das receitas de vendas nas exportações para empresas vinculadas, em valor equivalente a, no mínimo, dez por cento do total dessas receitas, considerando a média anual do período de apuração e dos dois anos precedentes;

c) receita líquida das exportações, no ano calendário, não exceder a cinco por cento do total da receita líquida no mesmo período.

Havendo enquadramento em qualquer desses itens, fica portanto, dispensada a utilização dos métodos previstos para cálculo do ajuste fiscal para exportações.

Analisaremos então, cada um desses itens.

a) A Instrução Normativa SRF nº 243/2002, revogada pela Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012, se utilizando da faculdade prevista no art. 45 da Lei nº 10.833/2003, apresentou dispositivo não constante da Lei nº 9.430/1996, o qual determina que os ajustes estão dispensados quando o preço ajustado, a ser utilizado como parâmetro, divirja, em até cinco por cento, para mais ou para menos, daquele constante dos documentos de importação (veja subitem VI.6). Essa disposição permance vigente, por meio do art. 51 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

Fundamentação: art. 19 da Lei nº 9.430/1996; art. 20, 48 e 49 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

IV.1.1 - Preço inferior a 90% do preço praticado no mercado brasileiro

As receitas auferidas nas operações efetuadas com pessoa vinculada, ficam sujeitas a arbitramento quando o preço médio de venda dos bens, serviços ou direitos, nas exportações efetuadas durante o respectivo período de apuração da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, for inferior a noventa por cento (90%) do preço médio praticado na venda dos bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, no mercado brasileiro, durante o mesmo período, em condições de pagamento semelhantes.

O preço médio referido acima será obtido pela multiplicação dos preços praticados, pelas quantidades relativas a cada operação e os resultados apurados serão somados e divididos pela quantidade total, determinando-se, assim, o preço médio ponderado.

Caso a pessoa jurídica não efetue operações de venda no mercado interno, a determinação dos preços médios será efetuada com dados de outras empresas que pratiquem a venda de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, no mercado brasileiro.

Somente serão consideradas as operações de compra e venda praticadas, no mercado brasileiro, entre compradores e vendedores não vinculados.

Para efeito de comparação, o preço de venda:

a) no mercado brasileiro, deverá ser considerado líquido dos descontos incondicionais concedidos, do ICMS, do ISS, das contribuições Cofins e PIS/Pasep, de outros encargos cobrados pelo Poder Público, do frete e do seguro, suportados pela pessoa jurídica vendedora;

b) nas exportações, será tomado pelo valor depois de diminuído dos encargos de frete e seguro, cujo ônus tenha sido da pessoa jurídica exportadora.

Fundamentação: art. 19 da Lei nº 9.430/1996; art. 20 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

IV.1.1.1 - Ajustes permitidos

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Os valores dos bens, serviços ou direitos serão ajustados de forma a minimizar os efeitos provocados sobre os preços a serem comparados, por diferenças nas condições de negócio, de natureza física e de conteúdo.

No caso de bens, serviços ou direitos idênticos, somente será permitida a efetivação de ajustes relacionados com:

a) prazo para pagamento;

As diferenças nos prazos de pagamento serão ajustadas pelo valor dos juros correspondentes ao intervalo entre os prazos concedidos para o pagamento das obrigações sob análise, com base na taxa praticada pela própria empresa, quando comprovada a sua aplicação de forma consistente para todas as vendas a prazo. Nesse caso, não sendo comprovada a aplicação consistente de uma taxa, o ajuste será efetuado com base nas taxas:a) de mercado dos títulos soberanos da República Federativa do Brasil emitidos no mercado externo em dólares dos Estados Unidos da América, na hipótese de operações em dólares dos Estados Unidos da América com taxa prefixada;b) de mercado dos títulos soberanos da República Federativa do Brasil emitidos no mercado externo em reais, na hipótese de operações em reais no exterior com taxa prefixada; ec) Libor pelo prazo de 6 (seis) meses, nos demais casos.

b) quantidades negociadas;

Os ajustes em função de diferenças de quantidades negociadas serão efetuados com base em documento da emissão da empresa vendedora, que demonstre praticar preços menores quanto maiores as quantidades adquiridas por um mesmo comprador.

c) obrigação por garantia de funcionamento do bem ou da aplicabilidade do serviço ou direito;

Para efeito de ajuste decorrente das garantias, o valor integrante do preço, a esse título, não poderá exceder o resultante da divisão do total dos gastos efetuados, no período de apuração anterior, pela quantidade de bens, serviços ou direitos em uso, no mercado nacional, durante o mesmo período. Nessa hipótese, se o bem, serviço ou direito não houver, ainda, sido vendido no Brasil, será admitido o custo, em moeda nacional, correspondente à mesma garantia, praticado em outro país.

d) obrigação pela promoção, junto ao público, do bem, serviço ou direito, por meio de propaganda e publicidade, observadas as notas abaixo;

e) obrigação pelos custos de fiscalização de qualidade, do padrão dos serviços e das condições de higiene;

Nos ajustes em virtude do disposto nas letras "d" e "e", o preço do bem, serviço ou direito vendido a uma empresa que suporte o ônus dos referidos dispêndios, para ser comparado com o de outra que não suporte o mesmo ônus, será escoimado do montante dispendido, por unidade do produto, relativamente a referido dispêndio. Devem ser observadas ainda as disposições constantes nos §§ 7º e 8º do art. 9º da IN RFB 1.312/2012.

f) custos de intermediação nas operações de compra e venda praticadas pelas pessoas jurídicas não vinculadas, consideradas para efeito de comparação dos preços;

Aplica-se o disposto na nota acima, relativamente aos encargos de intermediação, incidentes na venda do bem, serviço ou direito.

g) acondicionamento;

h) frete e seguro;

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Os preços dos bens, serviços e direitos serão, também, ajustados em função de diferenças de custo dos materiais utilizados no acondicionamento de cada um e do frete e seguro incidente em cada caso.

i) riscos de crédito.

Os ajustes por riscos de crédito serão: a) admitidos exclusivamente em relação às operações praticadas entre comprador e vendedor domiciliados no Brasil; b) efetuados com base no percentual resultante da comparação dos totais de perdas e de créditos relativos ao ano calendário anterior.

Além dos itens acima dispostos, por meio do art. 36 da Lei nº 11.196/2005, foi permitida a instituição, pelo Ministério da Fazenda, de mecanismo de ajuste para fins da comparação com o preço médio praticado no mercado brasileiro, bem como aos métodos de cálculo que especificar, aplicáveis à exportação, de forma a reduzir impactos relativos à apreciação da moeda nacional em relação a outras moedas.

Também dispõe o parágrafo único do aludido art. 36, que o Secretário-Geral da Receita Federal do Brasil poderá determinar a aplicação desse mecanismo de ajuste às hipóteses referidas no art. 45 da Lei nº 10.833/2003.

Dispõe o art. 45 da Lei nº 10.833/2003: "Art. 45. A Secretaria da Receita Federal poderá estabelecer normas, tendo em vista condições especiais de rentabilidade e representatividade de operações da pessoa jurídica, disciplinando a forma de simplificação da apuração dos métodos de preço de transferência de que trata o art. 19 da Lei nº 9.430/1996.§ 1º O disposto no caput não se aplica em relação às vendas efetuadas para empresa, vinculada ou não, domiciliada em país ou dependência com tributação favorecida, ou cuja legislação interna oponha sigilo, conforme definido no art. 24 da Lei nº 9.430/1996, e art. 4º da Lei nº 10.451/2002.§ 2º A autorização de que trata o caput se aplica também na fixação de percentual de margem de divergência máxima entre o preço ajustado, a ser utilizado como parâmetro, de acordo com os métodos previstos nos arts. 18 e 19 da Lei nº 9.430/1996, e o daquele constante na documentação de importação e exportação."

Assim, a Instrução Normativa RFB nº 1.321/2013, dispôs sobre mecanismo de ajuste para fins de comprovação de preços de transferência na exportação, de forma a reduzir impactos relativos à apreciação da moeda nacional em relação a outras moedas, para o ano calendário de 2012. Por esse ato, excepcionalmente, para o ano calendário de 2012, poderão ser ajustados, mediante multiplicação pelo fator de 1,00 (um inteiro).

Para o ano-calendário de 2012, alternativamente à apuração da média trienal prevista no caput do art. 1º, a pessoa jurídica poderá apurar o lucro líquido anual mínimo de 5% (cinco por cento), a que se refere o art. 58-A da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012, mediante a multiplicação das receitas de vendas nas exportações para empresas vinculadas, pelo fator referido no caput do art. 1º, considerando-se somente o próprio ano-calendário de 2012.

Vide também Instrução Normativa RFB nº 1.124/2011 e Instrução Normativa RFB nº 1.321/2013.

Para os anos anteriores, foram publicadas os seguintes atos com os respectivos fatores:

a) para o ano calendário 2011 - fator de 1,11 (um inteiro e onze centésimos) - Portaria MF nº 563/2011

b) para o ano calendário 2010 - fator de 1,09 (um inteiro e nove centésimos) - Portaria MF nº 4/2011;

c) para o ano calendário 2009 - fator de 1,00 (um inteiro) - Instrução Normativa RFB nº 1.010/2010;

d) para o ano calendário 2008 - fator de 1,20 (um inteiro e vinte centésimos) - Portaria MF nº 310/2008;

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e) para o ano calendário 2007 - fator de 1,28 (um inteiro e vinte e oito centésimos) - Portaria MF nº 329/2007;

f) para o ano calendário 2006 - fator de 1,29 (um inteiro e vinte e nove centésimos) - Portaria MF nº 425/2006;

g) para o ano calendário 2005 - fator de 1,35 (um inteiro e trinta e cinco centésimos) - Portaria MF nº 436/2005.

A Receita Federal também tratou desses mecanismos de ajuste por meio das Instruções Normativas: SRF nºs 602/2005 e 703/2006; RFB nºs 801/2007, 898/2008, 1.233/2012 , e 1.437/2013.

Fundamentação: art. 36 da Lei nº 11.196/2005; art. 22 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

IV.1.1.2 - Preço médio e preço parâmetro

O preço médio praticado na exportação e o preço parâmetro serão obtidos pela multiplicação dos preços pelas quantidades relativas a cada operação e os resultados apurados serão somados e divididos pela quantidade total, determinando-se, assim, o preço médio ponderado.

No caso de bens, serviços ou direitos similares, além dos ajustes acima mencionados, os preços serão ajustados em função das diferenças de natureza física e de conteúdo, considerando, para tanto, os custos relativos à produção do bem, à execução do serviço ou à constituição do direito, exclusivamente nas partes que corresponderem às diferenças entre os modelos objeto da comparação.

Determinava o art. 19-A da Lei nº 9.430/1996, que o Ministro de Estado da Fazenda poderia fixar margens de lucro diferentes por setor ou ramo de atividade econômica para fins de apuração dos preços parâmetros relativos aos métodos. Contudo, a Medida Provisória nº 478/2009, que inseriu tal disposição no ordenamento jurídico, perdeu sua vigência em 1º de junho de 2010.

Fundamentação: arts. 23 e 24 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

IV.1.1.3 - Preços de outros períodos - Ajustes

Não sendo possível identificar operações de venda no mesmo período a que se referirem os preços sob investigação, a comparação poderá ser feita com preços praticados em operações efetuadas em períodos anteriores ou posteriores, desde que ajustados por eventuais variações nas taxas de câmbio da moeda de referência, ocorridas entre a data de uma e de outra operação.

Conforme já salientamos quando tratamos sobre as importações, lembramos que a Receita Federal, em princípio, não aceita ajustes decorrentes de variações setoriais (alta ou baixa de mercado para o setor), bem assim, as variações decorrentes da inflação (atualização monetária).

Fundamentação: art. 25 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

IV.1.1.4 - Câmbio - Conversão

A receita de vendas de exportação de bens, serviços e direitos será determinada pela conversão em reais à taxa de câmbio de compra, fixada no boletim de abertura do Banco Central do Brasil, em vigor na data:

a) de embarque, no caso de bens;

b) da efetiva prestação do serviço ou transferência do direito.

A data da efetiva prestação do serviço ou transferência do direito é a data do auferimento da receita, assim considerada o momento em que, nascido o direito à sua percepção, a receita deva ser contabilizada em observância ao regime de competência.

Na hipótese em que o contribuinte seja optante pelo lucro presumido, com base no regime de caixa, considerar-se-á auferida a receita segundo o regime de competência.

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Fundamentação: art. 29 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

IV.1.1.5 - Utilização dos métodos e ajustes

Conforme foi exposto acima, primeiramente deve-se calcular o valor limite (90% do preço médio praticado no mercado brasileiro). Em seguida, deve ser comparado o preço efetivamente praticado nas exportações com esse valor limite. Se o preço praticado nas exportações for inferior, e ainda, não havendo enquadramento em qualquer dos outros itens do safe harbours, aí sim, é que deve ser procedido o cálculo por um dos métodos previstos.

A parcela das receitas apurada, que exceder ao valor já apropriado na escrituração da empresa deverá ser adicionada ao lucro líquido, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, bem assim ser computada na determinação do lucro presumido ou arbitrado.

No cálculo do lucro da exploração, a parcela a ser adicionada deverá ser computada no valor das respectivas receitas, incentivadas ou não.

Fundamentação: art. 28 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

IV.1.2 - Lucro líquido equivalente a no mínimo 10% - Exportação para vinculada

A partir de 1º.1.2013, a pessoa jurídica que comprovar haver apurado lucro líquido, antes da provisão da CSLL e do imposto de renda, decorrente das receitas de vendas nas exportações para empresas vinculadas, em valor equivalente a, no mínimo, dez por cento do total dessas receitas, considerando a média anual do período de apuração e dos dois anos precedentes, poderá comprovar a adequação dos preços praticados nas exportações, do período de apuração, exclusivamente com os documentos relacionados com a própria operação.

Para essa finalidade, o lucro líquido correspondente às exportações para empresas vinculadas será apurado segundo o disposto no art. 187 da Lei nº 6.404/1976 e na legislação do imposto de renda.

Na apuração do lucro líquido correspondente a essas exportações, os custos e despesas comuns às vendas serão rateados em função das respectivas receitas líquidas.

Não devem ser computadas, para fins de determinação do percentual de 10% acima estabelecido, as operações de venda de bens, serviços ou direitos cujas margens de lucro, previstas para os métodos PVA, PVV e CAP (veja os métodos abaixo), tenham sido alteradas nos termos do item VI.5.

Ou seja, preenchidas as condições determinadas neste subitem, também fica dispensado o cálculo pelos métodos, e conseqüentemente, o ajuste fiscal.

De acordo com a art. 58-A da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012, até 31 de dezembro de 2012, a pessoa jurídica que comprovar haver apurado lucro líquido, antes da provisão da CSLL e do imposto sobre a renda, decorrente das receitas de vendas nas exportações para pessoas jurídicas vinculadas, em valor equivalente a, no mínimo, 5% (cinco por cento) do total dessas receitas, considerando a média anual do período de apuração e dos 2 (dois) anos precedentes, poderá comprovar a adequação dos preços praticados nas exportações, do período de apuração, exclusivamente com os documentos relacionados com a própria operação.1. Para efeito do disposto nesta nota, o lucro líquido correspondente às exportações para pessoas jurídicas vinculadas será apurado segundo o disposto no art. 187 da Lei nº 6.404/1976, e na legislação do imposto sobre a renda.2. Na apuração do lucro líquido correspondente a essas exportações, os custos e despesas comuns às vendas serão rateados em função das respectivas receitas líquidas.3. Não devem ser computadas, para fins de determinação do percentual estabelecido no caput, as operações de venda de bens, serviços ou direitos cujas margens de lucro, previstas nos arts. 31, 32 e 33, tenham sido alteradas nos termos dos arts. 45, 46 e 47 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

Fundamentação: art. 48 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

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IV.1.3 - Receita líquida igual ou inferior a 5% - Exportação em geral

A pessoa jurídica, cuja receita líquida das exportações, no ano-calendário, não exceder a cinco por cento do total da receita líquida no mesmo período, poderá comprovar a adequação dos preços praticados nessas exportações, exclusivamente com os documentos relacionados com a própria operação.

No cálculo da receita líquida de exportação também devem ser incluídas as receitas de vendas efetuadas para pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas em país com tributação favorecida.

Também neste caso, havendo o enquadramento, não haverá cálculo pelo métodos para exportação.

Fundamentação: art. 49 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

IV.1.4 - Países com tributação favorecida e impugnação

O disposto nos subitens IV.1.2 e IV.1.3:

a) não se aplica em relação às vendas efetuadas para empresa, vinculada ou não, domiciliada em país ou dependência com tributação favorecida, ou cuja legislação interna oponha sigilo, conforme definido no subitem VI.7;

b) não implica a aceitação definitiva do valor da receita reconhecida com base no preço praticado, o qual poderá ser impugnado, se inadequado, em procedimento de ofício, pela RFB.

Fundamentação: art. 50 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

IV.2 - Métodos

Para a verificação dos ajustes a serem realizados, devemos utilizar um dos seguintes métodos:

a) Método do Preço de Venda nas Exportações - PVEX;

b) Método do Preço de Venda por Atacado no País de Destino, Diminuído do Lucro - PVA;

c) Método do Preço de Venda a Varejo no País de Destino, Diminuído do Lucro - PVV;

d) Método do Custo de Aquisição ou de Produção mais Tributos e Lucro - CAP.

e) Método do Preço sob Cotação na Exportação - PECEX

Para efeito de aplicação dos métodos referidos acima, as médias aritméticas ponderadas serão calculadas em relação ao período de apuração, exceto se a empresa estiver utilizando dados de outros períodos, caso em que as médias serão referidas ao respectivo período. Nesse caso, os preços apurados em moeda estrangeira serão ajustados em virtude de eventuais variações nas taxas de câmbio da moeda de referência, ocorridas entre as datas das operações.

Na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado o menor dos valores apurados, devendo o método adotado pela empresa ser aplicado, consistentemente, por bem, serviço ou direito, durante todo o período de apuração. Se o valor apurado segundo esses métodos for inferior aos preços de venda constantes dos documentos de exportação, prevalecerá o montante da receita reconhecida conforme os referidos documentos.

Fundamentação: art. 19 da Lei nº 9.430/1996; art. 27 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

IV.2.1 - Método do Preço de Venda Nas Exportações - PVEX

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A receita de venda nas exportações poderá ser determinada com base no método do Preço de Venda nas Exportações (PVEx), definido como a média aritmética ponderada dos preços de venda nas exportações efetuadas pela própria empresa, para outros clientes, ou por outra exportadora nacional de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, durante o mesmo período de apuração da base de cálculo do imposto de renda e em condições de pagamento semelhantes.

Para efeito deste método, serão consideradas apenas as vendas para outros clientes não vinculados à empresa no Brasil.

Aplicam-se aos preços a serem utilizados como parâmetro, por este método, os ajustes a que se referem os subitens IV.1.1.1 a IV.1.1.3.

Fundamentação: art. 19 da Lei nº 9.430/1996; art. 30 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

IV.2.2 - Método do Preço de Venda por Atacado no País de Destino, Diminuído do Lucro - PVA

A receita de venda nas exportações poderá ser determinada com base no método do Preço de Venda por Atacado no País de Destino, Diminuído do Lucro (PVA), definido como a média aritmética ponderada dos preços de venda de bens, idênticos ou similares, praticados no mercado atacadista do país de destino, em condições de pagamento semelhantes, diminuídos dos tributos incluídos no preço, cobrados no referido país, e de margem de lucro de quinze por cento sobre o preço de venda no atacado.

Consideram-se tributos incluídos no preço, aqueles que guardem semelhança com o ICMS e o ISS e com as contribuições Cofins e PIS/Pasep.

A margem de lucro de 15% acima referida, será aplicada sobre o preço bruto de venda no atacado.

Também aplicam-se aos preços a serem utilizados como parâmetro, por este método, os ajustes a que se referem os subitens IV.1.1.1 a IV.1.1.3.

Fundamentação: art. 19 da Lei nº 9.430/1996; art. 31 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

IV.2.3 - Método do Preço de Venda a Varejo no País de Destino, Diminuído do Lucro - PVV

A receita de venda nas exportações poderá ser determinada com base no método do Preço de Venda a Varejo no País de Destino, Diminuído do Lucro (PVV), definido como a média aritmética ponderada dos preços de venda de bens, idênticos ou similares, praticados no mercado varejista do país de destino, em condições de pagamento semelhantes, diminuídos dos tributos incluídos no preço, cobrados no referido país, e de margem de lucro de trinta por cento sobre o preço de venda no varejo.

Consideram-se tributos incluídos no preço, aqueles que guardem semelhança com o ICMS e o ISS e com as contribuições Cofins e PIS/Pasep.

A margem de lucro referida será aplicada sobre o preço bruto de venda.

Também aplicam-se aos preços a serem utilizados como parâmetro, por este método, os ajustes a que se referem os subitens IV.1.1.1 a IV.1.1.3.

Fundamentação: art. 19 da Lei nº 9.430/1996; art. 32 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

IV.2.4 - Método do Custo de Aquisição ou de Produção Mais Tributos e Lucro - CAP

A receita de venda nas exportações poderá ser determinada com base no método do Custo de Aquisição ou Produção mais Tributos e Lucro (CAP), definido como a média aritmética ponderada dos custos de aquisição ou de produção dos bens, serviços ou direitos exportados, acrescidos dos impostos e contribuições cobrados no Brasil e de margem de lucro de quinze por cento sobre a soma dos custos mais impostos e contribuições.

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Integram o custo de aquisição, os valores de frete e seguro pagos pela empresa adquirente, relativamente aos bens, serviços e direitos exportados.

Será excluída dos custos de aquisição e de produção a parcela do crédito presumido do IPI, como ressarcimento das contribuições Cofins e PIS/Pasep, correspondente aos bens exportados.

A margem de lucro de 15% será aplicada sobre o valor que restar após excluída a parcela do crédito presumido do IPI.

O preço determinado por este método, relativamente às exportações diretas efetuadas pela própria empresa produtora, poderá ser considerado parâmetro para o preço praticado nas exportações efetuadas pela empresa, por intermédio de empresa comercial exportadora, não devendo ser considerado o novo acréscimo a título de margem de lucro da empresa comercial exportadora.

Fundamentação: art. 19 da Lei nº 9.430/1996; art. 33 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

IV.2.5 - O Método do Preço sob Cotação na Exportação - PECEX

Com a publicação da Lei nº 12.715/2012, conversão da Medida Provisória nº 563/2012, foi inserido à Lei 9.430/1996 o art. 19-A, o qual introduz em nosso ordenamento o método do Preço sob Cotação na Exportação - PECEX, definido como os valores médios diários da cotação de bens ou direitos sujeitos a preços públicos em bolsas de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecidas.

A partir de 1º.1.2013 esse método é obrigatório na hipótese de exportação de commodities sujeitas à cotação em bolsas de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecidas.

Os preços dos bens exportados e declarados por pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no País serão comparados com os preços de cotação dos bens, constantes em bolsas de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecidas, ajustados para mais ou para menos do prêmio médio de mercado, na data da transação, nos casos de exportação para:

a) pessoas físicas ou jurídicas vinculadas;

b) residentes ou domiciliadas em países ou dependências com tributação favorecida; ou

c) pessoas físicas ou jurídicas beneficiadas por regimes fiscais privilegiados.

Na hipótese de ausência de identificação da data da transação, a conversão será efetuada considerando-se a data de embarque dos bens exportados.

Não havendo cotação disponível para o dia da transação, deverá ser utilizada a última cotação conhecida, e não havendo cotação dos bens em bolsas de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecidas, os preços dos bens exportados poderão ser comparados:

a) com os obtidos a partir de fontes de dados independentes fornecidas por instituições de pesquisa setoriais internacionalmente reconhecidas; ou

b) com os preços definidos por agências ou órgãos reguladores e publicados no Diário Oficial da União.

As receitas auferidas nestas operações ficam sujeitas ao arbitramento de preços de transferência, não se aplicando o percentual de 90% (noventa por cento) previsto no tópico IV.1.1.

Consideram-se commodities para fins de aplicação do Pecex, os produtos:

a) listados no Anexo I e que, cumulativamente, estejam sujeitos a preços públicos em bolsas de mercadorias e futuros listadas no Anexo II, ou que estejam sujeitos a preços públicos nas instituições de pesquisas setoriais, internacionalmente reconhecidas, listadas no Anexo III, todos Anexos a Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012; e

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b) negociados nas bolsas de mercadorias e futuros listadas no Anexo II a Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

A RFB poderá, de ofício ou em atendimento a pedido fundamentado de entidade de classe representativa de setor econômico ou da própria pessoa jurídica interessada, promover a inclusão ou exclusão de bolsa de mercadorias e futuros no Anexo II da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012:- ANEXO I (alterado pela Instrução Normativa RFB nº nº 1.395/2013)COMMODITIES E SEUS RESPECTIVOS CÓDIGOS NA NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL PARA FINS DE APLICAÇÃO DO MÉTODO PCI e PECEX: I - Açúcares de cana ou de beterraba e sacarose quimicamente pura, no estado sólido ( NCM 17.01.1); II - Algodão ( NCM 52); III - Alumínio e suas obras ( NCM 76); IV - Cacau e suas preparações ( NCM 18); V - Café, mesmo torrado ou descafeinado; cascas e películas de café; sucedâneos do café que contenham café em qualquer proporção ( NCM 09.01); VI - Carnes e miudezas, comestíveis (NCM 02); VII - Carvão ( NCM 27.01 a 27.04); VIII - Minérios de cobre e seus concentrados (NCM 2603.00); IX - Minérios de estanho e seus concentrados ( NCM 2609.00.00);X - Farelo de Soja ( NCM 2304.00); XI - Farinhas de trigo ou de mistura de trigo com centeio (méteil) ( NCM 1101.00); XII - Minérios de ferro e seus concentrados (NCM 26.01);XIII - Gás de petróleo e outros hidrocarbonetos gasosos ( NCM 27.11); XIV - Minérios de manganês e seus concentrados (NCM 2602.00);XV - Óleo de soja e respectivas frações ( NCM 15.07); XVI - Ouro (incluindo o ouro platinado), em formas brutas ou semimanufaturadas, ou em pó ( NCM 71.08); XVII - Petróleo ( NCM 27.09 e 27.10); XVIII - Prata (incluindo a prata dourada ou platinada), em formas brutas ou semimanufaturadas, ou em pó ( NCM 71.06); XIX - Soja, mesmo triturada ( NCM 12.01); XX - Suco (sumo) de laranja ( NCM 2009.1); XXI - Trigo e mistura de trigo com centeio (méteil) ( NCM 10.01);

- ANEXO II BOLSAS DE MERCADORIAS E FUTUROS: I - ChicagoBoard of Trade (CBOT) - Chicago - EUA; II - Chicago Mercantile Exchange (CME) - Chicago - EUA; III - New York Mercantile Exchange (NYMEX) - Nova York - EUA; IV - Commodity Exchange (COMEX) - Nova York - EUA; V - Intercontinental Exchange (ICE US) - Atlanta - EUA; VI - Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) - São Paulo - Brasil; VII - Life NYSE Euronext (LIFFE) - Londres - Reino Unido; VIII - London Metal Exchange (LME) - Londres - Reino Unido; IX - Intercontinental Exchange (ICE Europe) - Londres - Reino Unido; X - Tokio Commodity Exchange (TOCOM) - Tóquio - Japão; XI - Tokio Grain Exchange (TGE) - Tóquio - Japão; XII - Singapore Commodity Exchange (SICOM) - Cidade de Cingapura - Cingapura; XIII - Hong Kong Commodity Exchange (HKE) - Hong Kong - China; XIV - Multi Commodity Exchange (MCX) - Bombain - Índia; XV - National Commodity & Derivatives Exchange Limited (NCDEX) - Bombain - Índia; XVI - Agricultural Futures Exchange of Thailand (AFET) - Bangkok - Tailândia; XVII - Australian Securities Exchange (ASX) - Sidney - Austrália; XVIII - JSE Safex APD (SAFEX) - Johannesburg - África do Sul; XIX - Korea Exchange (KRX) - Busan - Coréia do Sul; XX - China Beijing International Mining Exchange, (CBMX); XXI - GlobalORE; XXII - London Bullion Market Association (LBMA).

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O valor do prêmio é decorrente de avaliação de mercado, positiva ou negativa, que deve ser adicionado ou diminuído à cotação de bolsa internacional ou do instituto de pesquisa, a que se refere o art. 36 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012, para se obter o preço recebido pelo exportador, e devem ser consideradas, inclusive, as variações na qualidade, nas características e no teor da substância do bem vendido.

Na ausência de cotação específica para o bem exportado , o prêmio médio de mercado também poderá ser aplicado ao bem similar com referência em publicação de instituições de pesquisa setoriais internacionalmente reconhecidas.

Além do prêmio mencionado, o valor da commodity poderá sofrer ajustes correspondentes às diferenças entre o valor líquido recebido pelo vendedor e às variáveis que são consideradas na cotação específica da commodity em bolsa de mercadorias e futuros, ou em instituições de pesquisa setoriais, conforme definido pelo art. 36 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012. As variáveis que podem ser consideradas nos ajustes mencionados são:

a) prazo para pagamento;

b) quantidades negociadas;

c) influências climáticas nas características do bem exportado;

d) custos de intermediação nas operações de compra e venda praticadas pelas pessoas jurídicas não vinculadas;

e) acondicionamento;

f) frete e seguro, e

g) custos de desembarque, de transporte interno, de armazenagem e de desembaraço aduaneiro, todos no mercado de destino da commodity.

Nos ajustes em virtude do disposto na letra "d", o preço do produto vendido a uma pessoa jurídica que suporte o ônus dos referidos dispêndios, para ser comparado com o de outra que não suporte o mesmo ônus, será escoimado do montante despendido, por unidade do produto, relativamente a referido dispêndio.O custo de transporte, a que ser refere a letra "f", poderá ser ajustado tendo por base o Baltic Dry Index (BDI).

Os ajustes mencionados deverão levar em conta as diferenças existentes entre o preço recebido pelo exportador e a composição do preço de bolsa de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecida, conforme consta no regulamento da instituição negociadora, que poderá servir como prova documental da necessidade de ajuste. Os valores, a serem considerados como ajustes, deverão ser provenientes de operações praticadas entre pessoas não vinculadas.

Na ausência de operações próprias da pessoa jurídica domiciliada no Brasil com pessoas não vinculadas, poderão ser utilizadas pesquisas efetuadas por empresa ou instituição de notório conhecimento técnico com base em publicações técnicas ou banco de dados internacionalmente reconhecidos.

Considera-se a data da transação, para fins de comparação com a cotação em bolsa de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecidas, a data em que o preço foi negociado, conforme:

a) estabelecido em contrato usualmente praticado pela empresa, inclusive com pessoas não vinculadas; ou

b) procedimento normal de mercado.

Na hipótese em que o preço praticado for calculado com base em cotações ou índices relativos a uma média de dias determinados em evento contratualmente previsto, a apuração do preço parâmetro também levará em consideração o mesmo período da média em dias. A forma de apuração do preço parâmetro mencionada deverá ser aplicado, consistentemente, por produto, durante todo o período de apuração.

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As bolsas de mercadorias e futuros que podem ser consideradas para fins de aplicação do Pecex são as listadas no Anexo II da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

As instituições de pesquisas setoriais internacionalmente reconhecidas passiveis de utilização para fins de cotação de preços são as listadas no Anexo III da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012:- ANEXO III (alterado pela Instrução Normativa RFB nº nº 1.395/2013)INSTITUIÇÕES DE PESQUISAS SETORIAIS INTERNACIONALMENTE RECONHECIDAS:

I - PLATTS; II - ARGUS; III - CMA; IV - ESALQ; V - TSI; VI - THE METAL BULLETIN; VII - CRU MONITOR.VIII - CIS;IX - CMAI;X - POTEN&PARTNERS;XI - BLOOMBERG;XII - ICIS HEREN;XIII - U.S. Energy Information Administration (EIA).

Fundamentação: art. 19-A da lei nº 9.430/1996 e art. 34 a 36 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012, com redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.431/2013.

IV.2.5.1 - Commodities - Preços de referência regionais

Na hipótese de commodities que possuem preços de referência regionais, a pessoa jurídica exportadora deverá escolher, como preço parâmetro, o preço de cotação dos bens no mercado de destino do bem exportado:

a) constante em bolsas de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecidas; ou

b) obtido a partir de fontes de dados independentes fornecidas por instituições de pesquisa setoriais internacionalmente reconhecidas.

Não havendo preço de cotação em bolsa de mercadorias e futuros ou em instituições de pesquisa no mercado de destino do bem exportado, a pessoa jurídica exportadora deverá escolher o preço de cotação do mercado mais próximo.

Na hipótese de não haver o preço de cotação em bolsa de mercadorias e futuros ou em instituições de pesquisa disponível ou, se houver, e este preço for muito dispare do preço de cotação do mercado de destino do bem exportado, a pessoa jurídica exportadora poderá utilizar um preço do bem vendido a pessoa jurídica não vinculada ou não residente em país com tributação favorecida ou que não se beneficie de regime fiscal privilegiado.

O preço independente proveniente das próprias operações do exportador, para ser utilizado deverá representar, ao menos, 5% (cinco por cento) do valor das operações de exportação sujeitas ao controle de preços de transferência, empreendidas pela pessoa jurídica, no período de apuração.

Fundamentação: art. 36-A da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

V - Juros

A partir de 1º.1.2013, os juros pagos ou creditados a pessoa vinculada somente serão dedutíveis para fins de determinação do lucro real até o montante que não exceda ao valor calculado com base em taxa determinada conforme este tópico, acrescida de margem percentual a título de spread, a ser definida por ato do Ministro de

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Estado da Fazenda com base na média de mercado, proporcionalizados em função do período a que se referirem os juros.

No caso de mútuo com pessoa vinculada, a pessoa jurídica mutuante, domiciliada no Brasil, deverá reconhecer, como receita financeira correspondente à operação, no mínimo o valor apurado segundo o disposto acima.

Para efeito dos limites mencionados, deverá ser utilizada a taxa Libor vigente na data do termo inicial do contrato, devendo ser alterada a cada 183 dias, até a data do termo final do cálculo dos juros.

Para efeito do limite acima referido, os juros serão calculados com base no valor da obrigação ou do direito, expresso na moeda objeto do contrato, e convertidos em reais pela taxa de câmbio, divulgada pelo Banco Central do Brasil, para a data do termo final do cálculo dos juros.

O valor dos encargos que exceder o limite referido, será adicionado ao lucro real e à base de cálculo da CSLL, e a e a diferença de receita apurada, será adicionada ao lucro real, presumido ou arbitrado e à base de cálculo da CSLL.

Nos pagamentos de juros em que a pessoa física ou jurídica remetente assuma o ônus do imposto, o valor deste não será considerado para efeito do limite de dedutibilidade.

O cálculo dos juros poderá ser efetuado por contrato ou conjunto de operações financeiras com datas, taxas e prazos idênticos.

São consideradas operações financeiras aquelas decorrentes de contratos, inclusive os de aplicação de recursos e os de capitalização de linha de crédito, celebrados com pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior não registrados no Banco Central do Brasil, cuja remessa ou ingresso de principal tenha sido conduzido em moeda estrangeira ou por meio de transferência internacional em moeda nacional.

A taxa de que trata este tópico será a taxa:

a) de mercado dos títulos soberanos da República Federativa do Brasil emitidos no mercado externo em dólares dos Estados Unidos da América, na hipótese de operações em dólares dos Estados Unidos da América com taxa prefixada;

b) de mercado dos títulos soberanos da República Federativa do Brasil emitidos no mercado externo em reais, na hipótese de operações em reais no exterior com taxa prefixada, e

c) Libor pelo prazo de 6 (seis) meses, nos demais casos.

Na hipótese descrita em "c)", para as operações efetuadas em outras moedas nas quais não seja divulgada taxa Libor própria, deverá ser utilizado o valor da taxa Libor para depósitos em dólares dos Estados Unidos da América.

A verificação de que trata este tópico deve ser efetuada na data da contratação da operação e será aplicada aos contratos celebrados a partir de 1º de janeiro de 2013, sendo que a novação e a repactuação são consideradas novos contratos.

1. Na hipótese de operações contratadas antes de 31 de dezembro de 2012, a comprovação da data de contratação deverá ser realizada com a demonstração do contrato registrado no Banco Central.2. Na falta da comprovação do registro mencionado, a pessoa jurídica deverá observar o limite de juros, para a despesa ou receita, calculado com base na taxa Libor, para depósitos em dólares dos Estados Unidos da América pelo prazo de 6 (seis) meses, acrescida de 3% (três por cento) anuais a título de spread, conforme disposto no art. 58 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

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Por meio dos arts. 24 a 26 da Lei nº 12.249/2010, foram introduzidas diversas alterações na Lei nº 9.430/1996, no que se refere ao cálculo do preço de transferência, especialmente no que refere a contratação de empréstimos no exterior.

A Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio da Instrução Normativa RFB nº 1.154/2011 esclareceu a aplicação prática da Lei, que tem como objetivo regulamentar a dedutibilidade dos juros pagos ou creditados por fonte situada no Brasil à pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cuja remessa ou ingresso de principal tenha sido conduzido em moeda estrangeira ou por meio de transferência internacional em moeda nacional.

Até 31.12.2012 deverão ser observadas as seguintes regras:Os juros pagos ou creditados a pessoa vinculada, quando decorrentes de contrato não registrado no Banco Central do Brasil, somente serão dedutíveis para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL até o montante que não exceda o valor calculado com base na taxa Libor, para depósitos em dólares dos Estados Unidos da América pelo prazo de 6 (seis) meses, acrescida de 3% (três por cento) anuais a título de spread, proporcionalizados em função do período a que se referirem os juros. No caso de mútuo com pessoa vinculada, a pessoa jurídica mutuante, domiciliada no Brasil, deverá reconhecer, como receita financeira correspondente à operação, no mínimo o valor apurado segundo o disposto nesta nota. Para efeito do limite, os juros serão calculados com base no valor da obrigação ou do direito, expresso na moeda objeto do contrato, e convertidos em reais pela taxa de câmbio, divulgada pelo Banco Central do Brasil, para a data do termo final do cálculo dos juros. O valor dos encargos que exceder o limite referido no caput será adicionado ao lucro real e à base de cálculo da CSLL. A diferença de receita apurada será adicionada ao lucro real, presumido ou arbitrado e à base de cálculo da CSLL. Nos casos de contratos registrados no Banco Central do Brasil, serão admitidos os juros determinados com base na taxa registrada. Nos pagamentos de juros em que a pessoa física ou jurídica remetente assuma o ônus do imposto, o valor deste não será considerado para efeito do limite de dedutibilidade. O cálculo dos juros poderá ser efetuado por contrato ou conjunto de operações financeiras com datas, taxas e prazos idênticos. Para efeito do disposto nesta nota, são consideradas operações financeiras aquelas decorrentes de contratos, inclusive os de aplicação de recursos e os de capitalização de linha de crédito, celebrados com pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior não registrados no Banco Central do Brasil, cuja remessa ou ingresso de principal tenha sido conduzido em moeda estrangeira ou por meio de transferência internacional em moeda nacional. Para efeito dos limites, deverá ser utilizada a taxa Libor vigente na data do termo inicial do contrato, devendo ser alterada a cada 183 (cento e oitenta e três) dias, até a data do termo final do cálculo dos juros.

Para mais informações sobre a dedutibilidade de juros pagos ao exterior, veja o Roteiro de Procedimentos "IRPJ e CSLL - Juros pagos à pessoa residente ou domiciliada no exterior - Dedutibilidade - Roteiro de Procedimentos".

Caso a pessoa jurídica opte pela aplicação das disposições contidas nos arts. 11, 12, 16, 34 e 38 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012, para fins de aplicação das regras de preços de transferência para o ano-calendário de 2012, para os contratos firmados no ano-calendário de 2012, os juros pagos ou creditados a pessoa vinculada, quando decorrentes de contrato de mútuo, serão dedutíveis, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, somente até o montante que não exceda o valor calculado com base na taxa London lnterbank Offered Rate (Libor), para depósitos em dólares dos Estados Unidos da América pelo prazo de 6 (seis) meses, acrescida de 3% (três por cento) anuais a título de spread, proporcionalizados em função do período a que se referirem os juros.

Fundamentação: art. 22 da Lei nº 9.430/1996; art. 38, 38-A, 39 e 59 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012; Instrução Normativa RFB nº 1.154/2011.

V.1 - Margens percentuais a título de spread

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A partir de 1º de janeiro de 2013, as margens percentuais a título de spread a serem acrescidas às taxas de juros para fins de dedutibilidade de despesas financeiras na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, em operações com vinculadas ou em operações com residentes ou domiciliadas em país com tributação favorecida, será de 3,5% (três e meio por cento).

As margens percentuais a título de spread a serem acrescidas às taxas de juros para fins de reconhecimento de valor mínimo de receita financeira, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, em operações com vinculadas ou em operações com residentes ou domiciliadas em país com tributação favorecida, será de 2,5% (dois e meio por cento), independentemente da operação. Para as operações ocorridas entre 1º de janeiro de 2013 até 2 de agosto de 2013, a margem percentual a título de spread será de zero por cento.

Fundamentação: Portaria MF nº 427/2013.

VI - Back to back

Estão sujeitas à aplicação da legislação de preços de transferência as operações back to back, quando ocorrer:

a) aquisição ou alienação de bens à pessoa vinculada residente ou domiciliada no exterior; ou

b) aquisição ou alienação de bens à pessoa residente ou domiciliada em país ou dependência com tributação favorecida, ou beneficiada por regime fiscal privilegiado, ainda que não vinculada.

Para fins do disposto neste tópico, as operações back to back são aquelas em que a compra e a venda dos produtos ocorrem sem que esses produtos efetivamente ingressem ou saiam do Brasil. O produto é comprado de um país no exterior e vendido a terceiro país, sem o trânsito da mercadoria em território brasileiro.

1. Deverá ser demonstrado que a margem de lucro de toda a transação, praticada entre vinculadas, é consistente com a margem praticada em operações realizadas com pessoas jurídicas independentes. 2. Deverão ser apurados 2 (dois) preços parâmetros referentes a operação de compra e a operação de venda, observando-se as restrições legais quanto ao uso de cada método de apuração.

Fundamentação: art. 37 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

VII - Disposições gerais

VII.1 - Conceito de similaridade

Dois ou mais bens, em condições de uso na finalidade a que se destinam, serão considerados similares quando, simultaneamente:

a) tiverem a mesma natureza e a mesma função;

b) puderem substituir-se mutuamente, na função a que se destinem;

c) tiverem especificações equivalentes.

Fundamentação: art. 42 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

VII.2 - Elementos complementares de prova

Além dos documentos emitidos normalmente pelas empresas, nas operações de compra e venda, a comprovação dos preços poderá ser efetuada, também, com base em:

a) publicações ou relatórios oficiais do governo do país do comprador ou vendedor ou declaração da autoridade fiscal desse mesmo país, quando com ele o Brasil mantiver acordo para evitar a bitributação ou para intercâmbio de informações;

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b) pesquisas efetuadas por empresa ou instituição de notório conhecimento técnico ou publicações técnicas, onde se especifique o setor, o período, as empresas pesquisadas e a margem encontrada, bem assim identifique, por empresa, os dados coletados e trabalhados.

As publicações, as pesquisas e os relatórios oficiais somente serão admitidos como prova se houverem sido realizados com observância de critérios de avaliação internacionalmente aceitos e se referirem a período contemporâneo com o de apuração da base de cálculo do imposto de renda da empresa brasileira.

Consideram-se adequadas a surtir efeito probatório as publicações de preços decorrentes de pesquisas efetuadas sob a responsabilidade de organismos internacionais, a exemplo da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização Mundial de Comércio (OMC).

No caso de pesquisa relativa a período diferente daquele a que se referir o preço praticado pela empresa, o valor determinado será ajustado em função de eventual variação na taxa de câmbio da moeda de referência, ocorrida entre os dois períodos.

As publicações técnicas, pesquisas e relatórios poderão ser desqualificados por ato do Secretário da Receita Federal do Brasil, quando considerados inidôneos ou inconsistentes.

Fundamentação: art. 43 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

VII.3 - Operações atípicas

Em nenhuma hipótese será admitido o uso, como parâmetro, de preços de bens, serviços e direitos praticados em operações de compra e venda atípicas, tais como nas liquidações de estoque, nos encerramentos de atividades ou nas vendas com subsídios governamentais.

Fundamentação: art. 44 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

VII.4 - Alteração de percentuais

Por meio de Portaria nº 222/2008 (DOU de 26.09.2008), o Ministério da Fazenda tratou sobre as regras relativas aos pedidos de alteração dos seguintes percentuais, todos relativos ao controle fiscal dos preços de transferência "transfer princing":

a) percentual de margens de lucro dos métodos PRL e CPL (utilizados nas importações) - incisos II e III do art. 18 da Lei nº 9.430/1996;

b) percentual para fins de dispensa dos cálculos do controle fiscal nas exportações - art. 19 da Lei nº 9.430/1996;

c) percentual de margem de lucro dos métodos PVA, PVV e CAP (utilizados nas exportações) - § 3º, incisos II, III e IV do art. 19 da Lei nº 9.430/1996.

A própria Lei nº 9.430/1996 em seu art. 20 admite a possibilidade de alteração dos percentuais e das margens de lucro previstos nos arts. 18 e 19, caput, e incisos II, III e IV de seu § 3º. Tal alteração poderá ser feita pelo Ministro do Estado da Fazenda, em circunstâncias especiais.

1. Determina a Portaria nº 222:a) que o pedido de alteração de percentual ou margem de lucro não caracteriza Processo de Consulta na forma dos arts. 48 a 50 da Lei nº 9.430, de 1996;b) que do despacho que indefira o pedido de alteração de percentual ou margem de lucro não cabe recurso;c) que a RFB poderá editar atos administrativos que se fizerem necessários para a sua aplicação. 2. Foi revogada a Portaria MF nº 95, de 30 de abril de 1997, que ora tratava desse assunto.3. Sobre esse assunto, vide Roteiro específico, intitulado "IR e CSLL - Preços de Transferência - Pedidos de alteração de margens de lucro e percentuais - Procedimentos".

Com a publicação da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012, esta possibilidade de alteração de percentuais foi regulamentada.

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Assim, de acordo com a mencionada norma, as alterações de percentuais serão efetuadas em caráter geral, setorial ou específico, de ofício ou em atendimento a solicitação de entidade de classe representativa de setor da economia, em relação aos bens, serviços ou direitos objeto de operações por parte das empresaspessoas jurídicas representadas, ou, ainda, em atendimento a solicitação da própria empresapessoa jurídica interessada.

Aos pedidos de alteração de percentuais, efetuados por setor econômico ou por pessoa jurídica, aplicam-se as normas relativas aos processos de consulta de que trata o Decreto nº 70.235/1972 - Processo Administrativo Fiscal (PAF).

A Cosit fica incumbida da análise dos pleitos de alteração de percentual, devendo, para cada caso, propor, ao Secretário da Receita Federal do Brasil, a solução a ser submetida à aprovação do Ministro de Estado da Fazenda.

A decisão, se denegatória, será exarada em despacho, formalizado no próprio processo de solicitação; se concessória, será formalizada por meio de Portaria do Ministro de Estado da Fazenda, publicada, em seu inteiro teor, no Diário Oficial da União. Os meios para formalização das decisões do Ministro de Estado da Fazenda, serão aplicados inclusive nos casos de atendimento parcial.

Nas hipóteses de atendimento ao pleito, a Cosit deverá informar se concorda com o prazo de vigência das novas margens, sugerido pela entidade ou pessoa jurídica interessada, ou, caso contrário, propor o prazo que julgar mais adequado.

1. As solicitações de alteração de percentuais, efetuadas por entidades de classe ou por pessoa jurídica, deverão conter indicação do prazo para vigência das margens sugeridas e ser instruídas com os seguintes documentos: a) demonstrativo dos custos de produção dos bens, serviços ou direitos, emitidos pela empresapessoa jurídica fornecedora, domiciliada no exterior; b) demonstrativo do total anual das compras e vendas, por tipo de bem, serviço ou direito, objeto da solicitação; c) demonstrativo dos valores pagos a título de frete e seguros, relativamente aos bens, serviços ou direitos; d) demonstrativo da parcela do crédito presumido do IPI, como ressarcimento das contribuiçõesda Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, correspondente aos bens objeto da solicitação. 2. Os demonstrativos deverão ser corroborados com os seguintes documentos: a) cópia dos documentos de compra dos bens, serviços ou direitos e dos demais documentos de pagamento dos impostos incidentes na importação e outros encargos computáveis como custo, relativos ao ano-calendário anterior; b) cópia dos documentos de pagamento dos impostos e taxas incidentes na exportação, cobrados no país exportador; c) cópia de documentos fiscais de venda emitidos no último ano-calendário, nas operações entre a empresapessoa jurídica vinculada, domiciliada no exterior, e as empresaspessoas jurídicas atacadistas, não vinculadas, distribuidoras dos bens, serviços ou direitos, objeto da solicitação; d) cópia de documentos fiscais de venda a consumidores, emitidos por empresaspessoas jurídicas varejistas, localizadas nos países de destino dos bens, serviços ou direitos, com indicação do respectivo preço cobrado. 3. Os documentos referidos no item "2" não serão anexados ao processo, devendo ser mantidos à disposição da Cosit, no domicílio fiscal da pessoa jurídica solicitante ou representada pela entidade de classe. 4. Além dos documentos mencionados nesta nota, as solicitações de alteração de percentuais poderão ser justificadas com os documentos referidos no art. 43.

Fundamentação: art. 20 da Lei nº 9.430/1996; Portaria nº 222/2008 e arts. 45 ao 47 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

VII.5 - Margem de divergência

Será considerada satisfatória a comprovação, nas operações com empresas vinculadas, quando o preço ajustado, a ser utilizado como parâmetro, divirja, em até cinco por cento, para mais ou para menos, daquele constante dos documentos de importação ou exportação.

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Nessa hipótese, nenhum ajuste será exigido da empresa na apuração do imposto de renda, e na base de cálculo da CSLL.

A Lei nº 9.430/1996 não contempla essa dispensa, que consta no art. 51 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

A margem será de 3% (três por cento) na hipótese de importação ou exportação de commodities sujeitas à cotação em bolsas de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecidas, quando deverá ser utilizado o método do Preço sob Cotação na Importação (PCI) ou o método do Preço sob Cotação na Exportação (Pecex).

Fundamentação: art. 51 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

VII.6 - País com tributação favorecida ou cuja legislação interna oponha sigilo

As disposições relativas a preços de transferência de bens, serviços e direitos e sobre taxas de juros, aplicam-se, também, às operações efetuadas por pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no Brasil, com qualquer pessoa física ou jurídica, ainda que não vinculada, residente ou domiciliada em país ou dependência que não tribute a renda ou que a tribute a alíquota inferior a vinte por cento, ou ainda, cuja legislação interna oponha sigilo relativo à composição societária de pessoas jurídicas, à sua titularidade ou à identificação do beneficiário efetivo de rendimentos atribuídos a não residentes.

O Poder Executivo poderá reduzir ou restabelecer o percentual de 20% aqui referido. Tal faculdade poderá também ser aplicada, de forma excepcional e restrita, a países que componham blocos econômicos dos quais o País participe.

No que se refere a país ou dependência com tributação favorecida, será considerada a legislação tributária do referido país, aplicável às pessoas físicas ou às pessoas jurídicas, conforme a natureza do ente com o qual houver sido praticada a operação.

No caso de pessoa física residente no Brasil:

a) o valor apurado segundo os métodos PIC, PRL e CPL será considerado como custo de aquisição para efeito de apuração de ganho de capital na alienação do bem ou direito;

b) o preço relativo ao bem ou direito alienado, para efeito de apuração de ganho de capital, será o apurado em conformidade com o disposto nas regras para preços de transferência nas exportações (arts. 20 a 33 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012);

c) será considerado como rendimento tributável o preço dos serviços prestados apurado em conformidade com o disposto nas regras para preços de transferência nas exportações (arts. 20 a 33 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012);

d) serão considerados como rendimentos tributáveis os juros determinados em conformidade com o item V.

Na aplicação do disposto neste item, a alíquota efetiva de tributação, no país de residência da pessoa física ou jurídica, será determinada comparando-se a soma do imposto pago sobre o lucro, na pessoa jurídica e na sua distribuição, com o lucro apurado em conformidade com a legislação brasileira, antes dessas incidências.

Para os fins do disposto neste tópico, considerar-se-á separadamente a tributação do trabalho e do capital, bem como as dependências do país de residência ou domicílio (§ 3º do art. 24 da Lei nº 9.430/1996).

Fundamentação: art. 24 da Lei nº 9.430/1996; art. 52 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

VII.7 - Regime fiscal privilegiado

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De acordo com o art. 24-A da Lei nº 9.430/1996, aplicam-se às operações realizadas em regime fiscal privilegiado as disposições relativas a preços, custos e taxas de juros do controle fiscal dos preços de transferência, nas transações entre pessoas físicas ou jurídicas residentes e domiciliadas no País com qualquer pessoa física ou jurídica, ainda que não vinculada, residente ou domiciliada no exterior.

Considera-se regime fiscal privilegiado aquele que apresentar uma ou mais das seguintes características:

a) não tribute a renda ou a tribute à alíquota máxima inferior a 20% (vinte por cento);

b) conceda vantagem de natureza fiscal a pessoa física ou jurídica não residente:

b.1) sem exigência de realização de atividade econômica substantiva no país ou dependência;

b.2) condicionada ao não exercício de atividade econômica substantiva no país ou dependência;

c) não tribute, ou o faça em alíquota máxima inferior a 20% (vinte por cento), os rendimentos auferidos fora de seu território;

d) não permita o acesso a informações relativas à composição societária, titularidade de bens ou direitos ou às operações econômicas realizadas.

O Poder Executivo poderá reduzir ou restabelecer os percentuais aqui referidos. Tal faculdade poderá também ser aplicada, de forma excepcional e restrita, a países que componham blocos econômicos dos quais o País participe.

Fundamentação: art. 24-A da Lei nº 9.430/1996, inserido pela Lei nº 11.727/2008.

VII.8 - Procedimentos de fiscalização

A pessoa jurídica submetida a procedimentos de fiscalização deverá fornecer aos Auditores-Fiscais da Receita Federal (AFRF), encarregados da verificação a documentação por ela utilizada como suporte para determinação do preço praticado e as respectivas memórias de cálculo para apuração do preço parâmetro e, inclusive, para as dispensas de comprovação, de que tratam os subitens IV.1.2 e IV.1.3.

Caso o método ou algum de seus critérios de cálculo venha a ser desqualificado pela fiscalização, a pessoa jurídica será intimada para, no prazo de 30 (trinta) dias, apresentar novo cálculo de acordo com qualquer outro método previsto, salvo no caso de operações com bens ou direitos sujeitos a preços públicos em bolsas de mercadorias e futuros internacionalmente reconhecidas.

Não sendo indicado o método, nem apresentados os documentos, para comprovação do preço parâmetro ou, se apresentados, forem insuficientes ou imprestáveis para formar a convicção quanto ao preço, os AFRFB encarregados da verificação poderão determiná-lo com base em outros documentos de que dispuserem, aplicando um dos métodos referidos na Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

As verificações dos preços de transferência, a que se refere a Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012, serão efetuadas por períodos anuais, em 31 de dezembro, exceto nas hipóteses de início e encerramento de atividades e de suspeita de fraude.

Fundamentação: arts. 53 ao 55 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

VII.9 - Opção pelos métodos

A Medida Provisória nº 478/2009, incluiu o art. 19-B à Lei nº 9.430/1996, dispondo que a opção por um dos métodos (tanto para importações quanto para exportações) será efetuada na Declaração de Informação Econômico- Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) e não poderá ser alterada pelo contribuinte uma vez iniciado o procedimento fiscal.

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Dispunha ainda referido dispositivo, que a autoridade fiscal responsável pela verificação poderá determinar o preço parâmetro, com base nos documentos de que dispuser, e aplicar um dos métodos previstos na lei, quando o sujeito passivo:

a) não indicasse, precedentemente ao início do procedimento fiscal, o método de apuração escolhido;

b) não apresentasse os documentos que dêem suporte à determinação do preço praticado nem as respectivas memórias de cálculo para apuração do preço parâmetro, segundo o método escolhido;

c) apresentasse documentos imprestáveis ou insuficientes para demonstrar a correção do cálculo do preço parâmetro pelo método escolhido.

Atente-se, contudo, que em virtude da perda de vigência da Medida Provisória nº 478/2009, o disposto acima deixou de ter validade a partir de 2 de junho de 2010.

Porém, a Lei nº 12.715/2012 inseriu o art. 20-A à Lei nº 9.430/1996, para, de forma semelhante, determinar que a partir do ano-calendário de 2012, a opção por um dos métodos será efetuada para o ano-calendário e não poderá ser alterada pelo contribuinte uma vez iniciado o procedimento fiscal, salvo quando, em seu curso, o método ou algum de seus critérios de cálculo venha a ser desqualificado pela fiscalização, situação esta em que deverá ser intimado o sujeito passivo para, no prazo de 30 (trinta) dias, apresentar novo cálculo de acordo com qualquer outro método previsto na legislação. Tais disposições também constam no art. 40 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

Portanto, da mesma forma, prevê que fiscalização deverá motivar o ato caso desqualifique o método eleito pela pessoa jurídica, sendo que a autoridade fiscal responsável pela verificação poderá determinar o preço parâmetro, com base nos documentos de que dispuser, e aplicar um dos métodos previstos na lei, quando o sujeito passivo, após decorrido o prazo de 30 dias:

a) não apresentar os documentos que deem suporte à determinação do preço praticado nem às respectivas memórias de cálculo para apuração do preço parâmetro, segundo o método escolhido;

b) apresentar documentos imprestáveis ou insuficientes para demonstrar a correção do cálculo do preço parâmetro pelo método escolhido; ou

c) deixar de oferecer quaisquer elementos úteis à verificação dos cálculos para apuração do preço parâmetro, pelo método escolhido, quando solicitados pela autoridade fiscal.

Por fim, é importante ressaltar que a utilização do método de cálculo de preço parâmetro deve ser consistente por bem, serviço ou direito, para todo o ano-calendário.

Fundamentação: arts. 19-B, 20-A e 20-B da Lei nº 9.430/1996; Ato Declaratório CN nº 18/2010 e art. 40 da Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012.

VII.10 - Tratados internacionais

O art. 98 do CTN determina que os tratados e convenções internacionais revogam ou modificam a legislação interna, devendo ser observados pela legislação posterior.

Há doutrinadores que entendem que os tratados internacionais prevalecem sobre a lei interna, de forma que, muito embora não revoguem dispositivos internos, atuam, em verdade, como limitadores à legislação brasileira.

Observem que há inúmeros Acordos para evitar a bitributação e para fins de controle fiscal, firmados entre o Brasil e diversos países. Tais acordos seguem a Convenção Modelo da OCDE (vide nossa tabela " Acordos Internacionais").

Entretanto, quando invocado o tratado internacional, para fins do controle fiscal dos preços de transferência, há entendimento contrário, emitido em Solução de Consulta pela Secretaria da Receita Federal do Brasil:

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"Processo de Consulta nº 12/00Órgão: Coordenação-Geral do Sistema de Tributação - COSITAssunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJEmenta: Aplicam-se os ajustes previstos na Lei nº 9.430, de 27 dezembro de 1996, em matéria de Preços de Transferência. Não há prevalência dos tratados internacionais sobre a legislação interna. Não há contradição entre o artigo 9º do Modelo de Convenção Fiscal sobre o Rendimento e o Patrimônio da OCDE - que trata dos preços de transferência nas convenções -, e os artigos 18 a 24 da Lei nº 9.430/96, que inserem os preços de transferência na legislação fiscal brasileira.DISPOSITIVOS LEGAIS: Constituição Federal, artigo 102, inciso III, alínea b; Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, arts.18 a 24; Decreto nº 76.988, de 06 de janeiro de 1976.CARLOS ALBERTO DE NIZA E CASTRO - Coordenador-Geral(Data da Decisão: 19.7.2000 20.07.2000)".

VIII - Decisões administrativas

A seguir, são transcritas algumas decisões em processos de consulta emanadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil sobre o assunto:

a) SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 4 de 16 de Junho de 2010 ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ EMENTA: IMPOSTO SOBRE A RENDA DA PESSOA JURÍDICA (IRPJ) E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO (CSLL). PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. CONTROLES. METODOLOGIA DE CÁLCULO DA RELAÇÃO PERCENTUAL A QUE SE REFERE O CAPUT DO ART. 19, DA LEI Nº 9.430, DE 1996. O modelo de preços de transferência preconizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE), adequado aos países filiados à common law, traz maior liberdade interpretativa por parte do aplicador da norma, face às especificidades do caso concreto, em detrimento, nas hipóteses de inocorrência de Acordos Prévios de Preços ou de margens, de uma maior segurança jurídica quanto ao tratamento tributário que será impingido ao contribuinte, vez que não há estipulação prévia de quaisquer margens, quanto aos métodos Resale Price Method (RPM) ou Cost Plus Method (CPM). O modelo brasileiro, em contrapartida, oferece, quanto ao aspecto em comento, maior segurança jurídica quanto ao tratamento tributário incidente, em detrimento de uma maior liberdade interpretativa por parte dos aplicadores da norma, seja porque a matéria em questão pode repercutir, de maneira relevante, sobre as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, seja porque o crédito tributário é indisponível, seja porque a temática em questão é afeta aos limites da estrita legalidade. Há que se interpretar o modelo brasileiro de preços de transferência de forma atenta a estas ordens de considerações, sob pena de que suas balizas demarcatórias se fragilizem, e, em conseqüência, tornem-se os controles pátrios absolutamente ineficazes. A relação percentual de 90% (noventa por cento) a que se refere o caput do art. 19 da Lei nº 9.430, de 1996, tem o condão de desobrigar o contribuinte, sujeito aos controles de preços de transferência, do ônus de comprovar ao Fisco, por meio de cálculos de preços parâmetros, a inocorrência de manipulações de preços de exportação, merecedoras de correção das bases de cálculo dos mencionados tributos. Pela constatação de que a adequação a este limite pode repercutir negativamente sobre as referidas bases de cálculo, vez que dispensa o contribuinte do cálculo de preços parâmetros para exportações, há impossibilidade de que se calcule a relação percentual em questão com base em operações de exportação e de comercialização no mercado interno que não envolvam os mesmos bens, sob pena de a relação percentual em comento ser manipulada, em detrimento das bases tributáveis brasileiras. A comparação entre o valor médio praticado em operações de exportação a vinculadas e aquele praticado no mercado interno, para fins de verificação quanto à adequação aos limites do caput do art. 19, da Lei nº 9.430, de 1996, não poderá incluir bem(s) comercializado(s) apenas em um dos mercados, ainda que sob a alegação de que há especificidades contratuais que condicionem a atividade operacional da pessoa jurídica brasileira em operações de exportação, sob pena de se compararem grandezas diferentes, e, em conseqüência, os valores médios de exportação não representarem, de forma fidedigna, o comportamento tido como de mercado pela legislação brasileira. O cálculo da relação percentual em questão poderá ser feito com base em cestas de produtos, desde que haja uma lógica econômica a impor a junção de diferentes produtos nas respectivas cestas, uma delimitação clara dos objetos, preços e condições contratuais das operações cotejadas, bem assim que se componham elas por todos e pelos mesmos bens, podendo as diferentes condições de pagamento das respectivas operações serem sopesadas, na forma do que estabelecem os atos infra-legais pertinentes, para tornar as comparações confiáveis. Não existe previsão na legislação pátria para consideração de um modelo de negócio, com várias operações distintas, como sendo uma cesta de produtos. Com efeito, a legislação se refere a comparação de operações por tipo de produto (item ou itens transacionados em uma operação única) e não por modelo(s) de negócios, que venham a ser empreendidos em exportações e no mercado doméstico.DISPOSITIVOS LEGAIS: Arts. 19, caput, e 48 da Lei Nº 9.430, de 27 de dezembro de 1.996; arts. 15, 16 e 18 da Instrução Normativa SRF Nº 243, de 11 de novembro de 2002; Instrução Normativa SRF Nº 740, de 2007.

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FERNANDO MOMBELLI - Coordenador-Geral(Data da Decisão: 16.06.2010 24.06.2010)

b) SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 5 de 08 de Julho de 2009 ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ EMENTA: A transação descrita pela interessada como "back to back credits", deverá sujeitar-se à legislação de preço de transferência prevista pela Lei nº 9.430, de 1996. Como a transação envolve duas operações de compra e de venda, ambas com empresas vinculadas, a interessada deverá demonstrar, utilizando-se a legislação de preço de transferência, uma margem de lucro de toda a transação que não divirja da margem que seria praticada se as operações houvessem sido realizadas com empresas independentes, para isso a interessada deverá apurar dois preços parâmetros, uma para a operação de compra e outro para a de venda.Dispositivos Legais Arts.. 18 e 19 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e Instrução Normativa SRF nº 243, de 11 de Novembro de 2002. (Gedoc nº 4730/2004)

c) SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 22 de 14 de Agosto de 2008 ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ EMENTA: PREÇO DE TRANSFERÊNCIA - MÉTODO PRL . A pessoa jurídica sujeita aos controles de preços de transferência, que importa bens de vinculadas e que procede apenas o acondicionamento (embalagem) do produto poderá adotar na apuração do preço parâmetro o método Preço de Revenda menos Lucro (PRL), com margem de lucro de vinte por cento. Caso, juntamente com o acondicionamento (embalagem) ocorrer à aposição de marca, com a conseqüente agregação de valor, proceder-se-á a apuração do preço parâmetro com base no método Preço de Revenda menos Lucro (PRL), com margem de lucro de sessenta por cento. DISPOSITIVOS LEGAIS: Art. 18 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; art. 12 da Instrução Normativa SRF nº 243, de 11 de novembro de 2002.ADALTO LACERDA DA SILVA - Coordenador-Geral(Data da Decisão: 14.08.2008 20.08.2008)

Fundamentação: art. 20 da Lei nº 11.508/2007.

IX - Decisões judiciais

Em julgamento realizado em fevereiro de 2011, a 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região passou a ser favorável a aplicação dos preços de transferência com base na IN SRF nº 243/2002, ora revogada pela Instrução Normativa RFB nº 1.312/2012, que é o posicionamento do fisco.

Até então, em julgamento realizado em agosto de 2010, o TRF3 havia se manifestado favoravelmente aos contribuintes, afastando as exigências da IN SRF nº 243/2002 e garantindo a aplicação da Lei nº 9.430/1996.

A seguir as duas decisões:

APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. MÉTODO DE PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO - PRL. LEI Nº 9.430/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 243/02. APLICABILIDADE. 1. Caso em que a impetrante pretende apurar o Método de Preço de Revenda menos Lucro - PRL, estabelecido na Lei nº 9.430/96, sem se submeter às disposições da IN/SRF nº 243/02. 2. Em que pese sejam menos vantajosos para a impetrante, os critérios da Instrução Normativa n. 243/2002 para aplicação do método do Preço de Revenda Menos Lucro (PRL) não subvertem os paradigmas do art. 18 da Lei n. 9.430/1996. 3. Ao considerar o percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido, a IN 243/2002 nada mais está fazendo do que levar em conta o efetivo custo daqueles bens, serviços e direitos na produção do bem, que justificariam a dedução para fins de recolhimento do IRPJ e da CSLL.. 4. Apelação improvida.ACÓRDÃO:Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.RUBENS CALIXTOData de decisão: 10/02/2011 Data de publicação: 18/02/2011

TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUTAÇÃO EM TRANSAÇÕES INTERNACIONAIS ENTRE PESSOAS JURÍDICAS VINCULADAS. METODOLOGIA DO PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO - PRL. IN Nº 243/2002. ILEGALIDADE. RECURSO PROVIDO. Tratando-se de transações

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internacionais entre pessoas jurídicas vinculadas, a tributação dá-se através do conceito "preço de transferência", sob a metodologia, no caso da impetrante, do "Preço de Revenda menos Lucro" (art. 18 da Lei nº 9.430/1996). À guisa de complementar a disposição legal regente do assunto, sobrevieram instruções normativas da Secretaria da Receita Federal, incluindo a de nº 243/2002, que extrapolou o poder regulamentar que lhe é imanente, daí se avistando ofensa ao princípio da reserva da lei formal. Necessidade de se garantir à impetrante a utilização dos critérios de apuração do preço de transferência pelo método PRL, conforme art. 18 da Lei nº 9.430/1996, afastadas as alterações trazidas pela IN nº 243/2002. Recurso provido.ACÓRDÃO: Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por maioria, dar provimento à apelação, nos termos do voto do Desembargador Federal Márcio Moraes e da certidão de julgamento, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.São Paulo, 19 de agosto de 2010.MARCIO MORAES Desembargador FederalData de decisão: 19/08/2010 Data de publicação: 13/09/2010

X - Perguntas e respostas - Receita Federal

008 A legislação brasileira considera país com tributação favorecida ou regime fiscal privilegiado aquele que não tributa a renda ou que a tributa à alíquota inferior a 20% (vinte por cento). Ao conceito se aplica a alíquota nominal ou a efetiva?

Trata-se de alíquota efetiva do imposto, determinada mediante a comparação da soma do imposto pago sobre o lucro, na pessoa jurídica e na sua distribuição, com o lucro apurado em conformidade com a legislação brasileira, antes dessas incidências, considerando-se separadamente a tributação do rendimento do trabalho e do capital.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 39, §§ 3º e 4º.

009 Uma empresa trading que realiza diversos tipos de importações e exportações de produtos, inclusive negociando também com empresas concorrentes, poderia vir a ser caracterizada como interposta pessoa?

Sim. Considera-se, para fins de controle de preço de transferência, como interposta pessoa a que intermedeia operações entre pessoas vinculadas, portanto as operações que a pessoa jurídica domiciliada no Brasil efetuar com a intermediação de uma trading company, quer esta seja ou não domiciliada no País, estarão sujeitas ao controle de preço de transferência.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 2º, § 5º.

010 Uma empresa trading que realiza diversos tipos de importações e exportações de produtos, poderia estar obrigada a efetuar os controles de preço de transferência?

Observa-se que a trading company, como pessoa jurídica, que goze de exclusividade, como agente, distribuidor ou concessionário, para a compra e venda de bens, serviços ou direitos é considerada vinculada à pessoa jurídica domiciliada no Brasil. Da mesma forma, a trading company, como pessoa jurídica domiciliada no Brasil, que goze de exclusividade, como agente, distribuidor ou concessionário, para a compra e venda de bens, serviços ou direitos, é considerada vinculada à pessoa jurídica domiciliada no exterior.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 2º, inciso IX e X.

011 A que tributos ou contribuições se aplica a legislação de preços de transferência?

Ao imposto de renda e à contribuição social sobre o lucro líquido. Normativo: Lei nº 9.430/1996, arts. 18, 19, 22, 24 e 28; e IN SRF nº 243/2002.

012 O que é preço parâmetro? E como efetuar a tributação da diferença apurada entre o preço parâmetro e o preço praticado na operação de importação ou de exportação?

O preço parâmetro é o preço apurado por meio dos métodos de preços de transferência constantes da legislação brasileira que servirá de referência na comparação com o preço que foi efetivamente praticado pela empresa. Resultando diferença, o contribuinte procederá conforme listado a seguir: Exportação: Quando o preço parâmetro, apurado pelos métodos de exportação, for superior ao preço praticado na exportação, significa que o contribuinte reconheceu uma receita a menor, portanto a diferença que exceder ao valor já apropriado na escrituração da empresa, deverá ser adicionada ao lucro líquido, para determinação do lucro real, bem como ser computada na

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determinação do lucro presumido ou arbitrado e na base de cálculo da CSLL. A partir do ano calendário de 2002, a parcela a ser adicionada ao lucro da exploração deverá ser computada no valor das respectivas receitas, incentivadas ou não (IN SRF nº 243/2002, art. 21, parágrafo único).Importação: Quando o preço parâmetro, apurado pelos métodos de importação for inferior ao preço praticado na importação, significa que o contribuinte reconheceu como custo ou despesa um valor maior que o devido, portanto esta diferença deverá ser tributada. A partir do ano calendário de 2002, de acordo com o previsto no art. 45 da Lei nº 10.637/2002, e §§ 1º a 4º do art. 5º da IN SRF nº 243/2002, nos casos de apuração de excesso de custo de aquisição de bens, direitos e serviços, importados de empresas vinculadas e que seja considerado indedutível na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, apurado na forma do art. 18 da Lei nº 9.430/1996, a pessoa jurídica deverá ajustar o excesso de custo, determinado por um dos métodos previstos na legislação, no encerramento do período de apuração, contabilmente, por meio de lançamento a débito de conta de resultados acumulados e a crédito de:a) conta do ativo onde foi contabilizada a aquisição dos bens, direitos ou serviços e que permanecerem ali registrados ao final do período de apuração; oub) conta própria de custo ou de despesa do período de apuração, que registre o valor dos bens, direitos ou serviços, no caso desses ativos já terem sido baixados da conta de ativo que tenharegistrado a sua aquisição.No caso de bens classificáveis no ativo permanente e que tenham gerado quotas de depreciação, amortização ou exaustão, no ano calendário da importação, o valor do excesso de preço de aquisição na importação deverá ser creditado na conta de ativo em cujas quotas tenham sido debitadas, em contrapartida à conta de resultados acumulados.Caso a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido, o valor total do excesso apurado no período de aquisição deverá ser excluído do patrimônio líquido, para fins de determinação da base de cálculo dos juros sobre o capital próprio, de que trata o art. 9º da Lei nº 9.249/1995. Nesta hipótese, a pessoa jurídica deverá registrar o valor total do excesso de preço de aquisição em subconta própria da que registre o valor do bem, serviço ou direito adquirido no exterior.Normativo: Art. 45 da Lei nº 10.637/2002.IN SRF nº 243/2002, art. 21, parágrafo único.

013 Quais as operações praticadas por pessoa jurídica residente ou domiciliada no Brasil, que estão sujeitas à apuração de preços parâmetros?

As operações abaixo relacionadas estarão sujeitas ao controle de preço de transferência, quando realizadas com pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no exterior, consideradas como vinculadas, ou, ainda que não vinculadas, sejam residentes ou domiciliadas em países ou dependências de tributação favorecida ou que gozem de regime fiscal privilegiado:a) as importações de bens, serviços e direitos;b) as exportações de bens, serviços e direitos;c) os juros pagos ou creditados em operações financeiras, quando decorrentes de contrato nãoregistrado no Banco Central do Brasil;d) os juros auferidos em operações financeiras, quando decorrentes de contrato não registrado noBanco Central do Brasil.Há que se salientar que os controles em questão aplicar-se-ão às operações citadas, ainda quando empreendidas por meio de interpostas pessoas.

014 O que são métodos de apuração de preços parâmetros?

São métodos determinados em lei, com o propósito de assegurar que os preços considerados para apurar o lucro real, presumido ou arbitrado, e a base de cálculo da contribuição social sobre o lucrolíquido se aproximem, tanto quanto possível, dos preços de mercado.Cada um dos métodos possui o seu respectivo ajuste, cujo objetivo é permitir a comparação entre os preços pelos quais são vendidos/comprados bens, serviços e direitos idênticos ou similares, mesmo quando negociados em condições diferentes.Assim, o Método dos Preços Independentes Comparados (PIC) autoriza ajustes de preços relacionados, por exemplo, a prazos de pagamento e quantidades negociadas.

016 Qual a diferença entre preço praticado pela empresa e preço parâmetro?

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Custo ou preço praticado pela empresa é a média aritmética ponderada dos preços pelos quais a empresa efetivamente comprou ou vendeu um determinado produto, durante o ano-calendário.Deve ser calculado, obrigatoriamente, produto a produto.Custo ou preço médio calculado, ou preço parâmetro, é a média aritmética ponderada de preços praticados em operações entre empresas independentes coletados e ajustados, conforme método definido em lei, escolhido pelo contribuinte. Também deve ser calculado, produto a produto.

017 Qual o período a ser considerado para fins de cálculo dos preços parâmetros e do eventual ajuste?

Será considerado sempre o período anual, encerrado em 31 de dezembro (ainda que a empresa apure o lucro real trimestral) ou o período compreendido entre o início do ano-calendário e a data de encerramento de atividades.O eventual ajuste será, em conseqüência, efetuado em 31 de dezembro ou na data de encerramento das atividades, exceto nos casos de suspeita de fraude.

018 Na Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), as operações de importação ou exportação de bens, serviços ou direitos devem ser agrupadas por produtos idênticos ou similares, ou pela Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), se for o caso?

Conforme a definição constante das Instruções de Preenchimento da DIPJ 2003, uma operação de importação ou exportação de bens, serviços ou direitos compreenderá o conjunto de transações de mesma natureza.Entendem-se como "de mesma natureza" as transações cujos bens, serviços ou direitos negociados apresentarem as mesmas especificações no campo "Descrição" da DIPJ. Este campo é preenchido com a descrição de cada grupo de transações de modo a permitir a sua perfeita identificação, inclusive com informações relativas à marca, tipo, modelo, espécie, etc. Ressalte-se que só existe a classificação por NCM para operações com bens.As operações de importação ou exportação de bens, serviços ou direitos devem ser agrupadas por produtos idênticos, podendo ser incluídos os similares, desde que efetuados os ajustes de similaridade previstos no art. 10, no art. 13, § 6º, e no art.17 da IN SRF nº 243/2002.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 10, art. 13, § 6º, e art.17.

019 Considerando a possibilidade de significativa flutuação da taxa do Dólar americano em relação ao Real no mesmo período-base, tais diferenças também poderão ser ajustadas?

Não, eventuais variações cambiais ocorridas no mesmo período-base não podem ser ajustadas, uma vez que, a variação cambial influencia igualmente o preço parâmetro e o preço praticado. Considerando-se que para cálculo do preço praticado na operação de importação ou de exportação devem ser consideradas todas as operações realizadas no ano calendário; se, no cálculo do preço parâmetro forem consideradas, também as operações efetuadas pelas empresas independentes, ocorridas ao longo do mesmo ano calendário, a variação cambial terá influenciado da mesma forma ambos os preços a serem comparados.Deve-se esclarecer que a partir da publicação da Lei nº 11.196/2005, art. 36, fica o Ministro da Fazenda autorizado a instituir, por prazo certo, mecanismo de ajuste para fins de determinação de preços de transferência, relativamente ao que dispõe o caput do art. 19 da Lei nº 9.430/1996, bem como aos métodos de cálculo que especificar, aplicáveis à exportação, de forma a reduzir impactos relativos à apreciação da moeda nacional em relação a outras moedas.Por outro lado, os ajustes cambiais decorrentes de comparação com operações realizadas em períodos anteriores ou posteriores devem ser efetuados segundo as disposições dos arts. 11 e 18 da IN SRF nº 243/2002.

020 Com base no art. 36 da Lei nº 11.196/2005, previu-se, para o ano calendário 2008, algum mecanismo de ajuste para fins de determinação de preços de transferência?

Sim. Com base nesta previsão legal, e, excepcionalmente para o ano calendário de 2008, previu-se que poderão ser ajustados, mediante multiplicação pelo fator de 1,20 (um inteiro e vinte centésimos):I- as receitas de vendas de exportações, para efeito do cálculo de comparação com as vendas do mesmo bem no mercado interno, de que trata o caput do art. 19 da Lei nº 9.430/1996; eII - o preço praticado pela pessoa jurídica nas exportações para pessoas vinculadas, para efeito de comparação com o preço parâmetro calculado pelo método Custo de Aquisição ou de Produção mais Tributos e Lucro (CAP), conforme dispõe o art. 19, § 3º, inciso IV, da Lei nº 9.430/1996. III - As receitas de vendas nas exportações, auferidas em Reais, para efeito de apuração da média aritmética ponderada trienal do lucro líquido, de que trata o art. 35 da IN SRF nº 243/2002, com a redação dada pela IN SRF nº 382/2003.

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Para fins de apuração da média aritmética ponderada trienal do lucro líquido, de que trata o item III, as receitas de vendas nas exportações auferidas em Reais no ano-calendário de 2006 e 2007, nas operações com pessoas vinculadas, poderão ser multiplicadas pelo fator de 1,29 (um inteiro e vinte e nove centésimos) e 1,28 (um inteiro e vinte e oito centésimos), respectivamente, conforme disciplinado nas Portarias MF nº 425/2006, e Portaria MF nº 329/2007.Alternativamente à apuração da média trienal prevista no item III, a pessoa jurídica poderá apurar o lucro líquido anual mínimo de 5% (cinco por cento), a que se refere o art. 35 da IN SRF nº 243/2002, mediante a multiplicação das receitas de vendas nas exportações, para empresas vinculadas, pelo fator de 1,20 (um inteiro e vinte centésimos), considerando-se somente o próprio ano-calendário de 2008.Normativo: IN SRF nº 243/2002, arts. 11 e 18; Lei nº 11.196/2005, art. 36, Portaria MF nº 310/2008 e IN RFB nº 898/2008.

021 Qual a data correta a ser utilizada para a conversão dos valores expressos em moeda estrangeira, constantes das operações de exportação de bens serviços ou direitos?

A receita de vendas de exportação de bens, serviços e direitos será determinada pela conversão em reais à taxa de câmbio de compra, fixada no boletim de abertura do Banco Central do Brasil, em vigor na data:a) de embarque averbada no Sistema de Comércio Exterior (Siscomex), no caso de bens;b) da efetiva prestação do serviço, em observância ao regime de competência, no caso de serviçosprestados ao exterior;c) da efetiva transferência do direito, em observância ao regime de competência.

022 Qual a data correta a ser utilizada para a conversão dos valores expressos em moeda estrangeira, constantes das operações de importação de bens serviços ou direitos?

O valor expresso em moeda estrangeira na importação de bens, serviços e direitos será convertido em reais pela taxa de câmbio de venda, para a moeda, correspondente ao segundo dia útil imediatamente anterior ao da ocorrência dos seguintes fatos:a) do registro da declaração de importação de mercadoria submetida a despacho para consumo, no caso de bens;b) do reconhecimento do custo ou despesa correspondente à prestação do serviço ou à aquisição do direito,em observância ao regime de competência.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 7º (c/red. dada pela IN SRF nº 321, art. 1º).

023 Qual a data correta a ser utilizada para a conversão dos valores expressos em moeda estrangeira, constantes das operações utilizadas para apuração dos preços parâmetros?

Quando for possível identificar as datas em que ocorreram as operações, deve-se utilizar a taxa de câmbio das respectivas datas, conforme explicitado nas duas perguntas anteriores; caso não seja possível, utilizar a taxa de câmbio média para o ano calendário, divulgada pela Receita Federal.Por exemplo: na aplicação do método PIC - Preços Independentes Comparados, se for utilizada operações de importações de bens realizadas por empresas independes (da IN SRF nº 243/2002, art. 8º, parágrafo único, inciso III), deve-se utilizar a taxa de câmbio de venda do segundo dia útil imediatamente anterior à data do registro da declaração de importação da mercadoria. Caso seja utilizado o método CPL - Custo de Produção mais Lucro para apuração do preço parâmetro, considerando-se que os valores que o compõem foram formados ao longo do ano calendário, deve-se utilizar a taxa de câmbio média do ano. Para apuração do preço parâmetro com base no método PVA - Preço de Venda no Atacado no País de Destino, deve-se utilizar as taxas de câmbio das datas em que ocorreram as respectivas vendas.

024 No caso dos países com os quais o Brasil possui acordo para evitar a dupla tributação, seria aceitável a comprovação dos preços parâmetros, para fins da legislação de preços de transferência, por intermédio dos métodos previstos pela OCDE?

Não. O Brasil não é país membro da OCDE. Portanto, os métodos a serem aplicados restringem-se àqueles previstos na legislação brasileira.Os acordos assinados pelo Brasil para evitar a dupla tributação não determinam quais métodos de preços de transferência podem ser utilizados, apenas asseguram, aos países signatários, nos limites de suas respectivas legislações, a possibilidade de aplicação de controles voltados a coibir eventuais transferências artificiais de lucros ao exterior.

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025 Os percentuais estabelecidos nos métodos de apuração do preço parâmetro de importação e de exportação e o disposto no art. 14 da IN SRF nº 243/2002, podem ser alterados?

Sim. Os percentuais de que tratam os métodos PRL (margens de 20% e de 60%), CPL, PVA, PVV e CAP e o previsto no art. 14 da IN SRF nº 243/2002, podem ser alterados de ofício ou em atendimento à solicitação de entidade de classe ou da própria empresa interessada.Os pedidos serão efetuados de acordo com as normas previstas na Portaria MF nº 222/2008, e serão instruídos com demonstrativos e documentos que dêem suporte ao pleito, conforme o método cuja margem se queira alterar.Normativo: Portaria MF nº 222/2008; e IN SRF nº 243/2002, arts. 32 e 34.

026 Qual o principal aspecto a destacar acerca da nova regulamentação atinente a pedidos de alteração de margens de lucro para fins de cálculo de preços parâmetros?

Entre as principais alterações empreendidas pela Portaria MF nº 222/2008, deve-se destacar a previsão da documentação a ser apresentada pelo interessado a fim de embasar seu pleito, que variará de acordo com o método de cálculo de preço parâmetro cuja margem se queira alterar.Há que se destacar que, independentemente do método escolhido- PRL20, PRL60, e CPL para importações, ou PVV, PVA ou CAP para exportações- há a necessidade de apresentação de demonstrativos que permitam ao Fisco verificar a margem de lucro que tenha sido alcançada, exclusivamente, em operações com independentes.A adoção desta metodologia se deve ao fato de que os métodos de cálculo de preços parâmetros em questão prestam-se ao papel de reconstruir, ainda que de maneira indireta, o valor da importação ou exportação alcançável segundo as condições de mercado, razão pela qual quaisquer alterações das margens de lucro neles previstas devem estar embasadas, exclusivamente, em operações com independentes, não localizadas em países ou dependências de tributação favorecida, ou que gozem de regime fiscal privilegiado.Na medida em que referidos métodos visam a corrigir valores de importações ou exportações junto a vinculadas, a serem admitidas, respectivamente, como dedutíveis ou tributáveis nas bases de cálculo do IRPJ ou da CSLL, o embasamento do pleito com base em operações com vinculadas ou com entidades residentes ou domiciliadas em países ou dependências de tributação favorecida inviabilizaria o atingimento de um dos principais objetivos da legislação de preços de transferência:- corrigir as bases de cálculo dos citados tributos- na medida em que as margens auferidas nestas operações poderiam estar manipuladas.Na hipótese de a própria interessada não empreender operações com independentes, poderá ela embasar seu pleito com dados advindos de operações empreendidas por terceiros que atendam, representativamente, à condição em questão.Normativo: Art. 20 da Lei nº 9.430/1996; Portaria MF nº 222/2008.

027 Quando a pessoa jurídica sujeita aos controles de preços de transferência importar diferentes bens, direitos ou serviços, haverá a possibilidade de cálculo de um único preço-parâmetro representativo de todas as importações?

Não, na hipótese em questão terá ela de calcular o custo médio ponderado das aquisições por tipo de bem, direito ou serviço importado.Exemplificativamente, se uma pessoa jurídica tiver comprado, de vinculada domiciliada no exterior, em dado exercício, os bens "A", "B" e "C"; o bem "A" em três diferentes ocasiões, o bem "B" em quatro ocasiões, e o bem "C" em cinco ocasiões, deverá ela efetuar três controles: um primeiro, atinente às operações que envolveram o bem "A", composta pelas três aquisições empreendidas pela pessoa jurídica brasileira; um segundo controle, atinente às operações que envolveram o bem "B", composta por quatro aquisições; e um terceiro controle, atinente às operações que envolveram o bem "C", composto por cinco aquisições.Nesta medida, os ajustes deverão ser feitos de forma individualizada quanto aos bens "A", "B" e "C", não se admitindo que a pessoa jurídica sujeita aos controles de preços de transferência proceda a quaisquer compensações de valores, e potenciais ajustes, com base em valores atinentes a diferentes bens, direitos ou serviços que tenham sido importados de vinculadas.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 5º, § 5º, e art. 20, parágrafo único.

028 Qual a amostra das operações realizadas no mercado brasileiro ou no exterior passível de ser aceita como aferidora da média aritmética do preço parâmetro, na hipótese de o produto não ter cotação oficial no mercado?

A legislação não estabelece um conceito legal de amostra de preços e custos. Considerando-se que para cálculo do preço praticado nas operações de importação ou de exportação devem ser consideradas todas as operações praticadas no ano calendário, se no cálculo do preço parâmetro forem consideradas, também, todas as operações realizadas pelas empresas independentes ocorridas ao longo do mesmo ano calendário, a amostra será

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consistente, evitando eventuais distorções em relação à variação cambial ocorrida no período, e facilitando a formação de convicção quanto aos preços, pelos AFRF encarregados da verificação.

029 Há situações em que a assistência técnica, os serviços administrativos e os royalties, por utilização de direitos artísticos não relacionados com propriedade industrial registrada no INPI, são recebidos e pagos por entidades brasileiras. É correto o entendimento segundo o qual estas transações necessitam de documentação sobre preços de transferência?

A prestação de serviços de manutenção que não envolvam a transferência de tecnologia ou processos, assim como os rendimentos percebidos pelo autor ou criador do bem ou da obra (direitos autorais), estão sujeitos aos ajustes de preços de transferência.No entanto, as normas sobre preços de transferência não se aplicam aos pagamentos de royalties e assistência técnica, científica, administrativa (ou assemelhados) referidos nos arts. 352 a 355 do RIR/1999, respeitadas as definições do art. 22 da Lei nº 4.506/1964.Normativo: Lei nº 4.506/1964, art. 22; RIR/1999, arts. 352 a 355; e IN SRF nº 243/2002, art. 43.

030 Em que hipóteses as operações de importação estão sujeitas à apuração de preços parâmetros?

Estão sujeitas à apuração de preços parâmetros as seguintes operações:a) as realizadas com pessoas vinculadas, ainda que efetuadas por meio de interpostas pessoas, residentes ou domiciliadas no exterior;b) as realizadas com pessoas vinculadas ou não, residentes ou domiciliadas em país ou dependência com tributação favorecida, ou que goze de regime fiscal privilegiado.

031 Podemos comparar, para efeito de aplicação do método PIC, o preço médio dos produtos classificados em uma mesma NCM?

Sempre que possível a comparação deve ser efetuada item a item.Considerando-se que em uma mesma NCM podem ser classificados produtos similares, para fins de comparação, quando forem utilizados produtos semelhantes, deve-se efetuar o ajuste de similaridade, nos termos do art. 10 da IN SRF nº 243/2002.Ressalte-se, por outro lado, que a classificação NCM só existe para bens, mas no caso de serviços e direitos, também, pode-se efetuar a comparação com similares, desde que efetuados os devidos ajustes, nos termos do artigo já citado.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 10.

032 No cálculo do PIC, como deverá ser apurada a média aritmética dos preços praticados com pessoas não vinculadas, a ser usada como parâmetro?

A média aritmética ponderada dos preços praticados com pessoas não vinculadas deve ser calculada segundo as disposições do art. 6º da IN SRF nº 243/2002.O valor médio ponderado do preço a ser comparado com o praticado e computado em conta de resultado será assim determinado: os preços obtidos serão multiplicados pelas quantidades relativas à respectiva operação e os resultados apurados serão somados e divididos pela quantidade total.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 6º.

033 Na apuração de preços de transferência na importação, um dos métodos é o CPL. Se o fornecedor externo não é o fabricante, mas adquiriu os produtos de terceiros, o método em questão não se aplica? O contribuinte deverá escolher outro método aplicável?

O § 3º do art. 13 da IN SRF nº 243/2002, permite a utilização de dados relativos à unidades produtoras de outras empresas localizadas no país de origem do bem, serviço ou direito, nas hipóteses em que não seja necessariamente o seu fornecedor. Assim, poderá ser aplicado o CPL também nesse caso, desde que a outra unidade produtora autorize a abertura de dados de custos.Normativo: IN SRF nº 243/2002, § 3º do art. 13.

034 Na aplicação do método CPL, o custo de produção no país de origem do produto deve ser apurado conforme a legislação brasileira ou pode ser considerado, para este fim, o custo computado conforme as regras do país de origem do produto?

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A apuração do custo de produção deve ser efetuada respeitando-se os princípios contábeis geralmente aceitos e de acordo com as disposições da legislação brasileira, desde que enquadrados nas situações previstas no § 4º do art. 13 da IN SRF nº 243/2002.Normativo: IN SRF nº 243/2002, § 4º do art. 13.

035 É possível a alocação de frete e seguros, proporcionalmente, por produto?

Sim. Caso a pessoa jurídica não disponha de informações sobre o frete e o seguro, discriminados por produto, é possível o seu rateio por produto, conforme a metodologia utilizada na contabilidade de custos da empresa.

036 Na hipótese de um produto importado permanecer no estoque, eventual excesso de custo também permanecerá na conta Estoque para ser oferecido à tributação no mesmo período em que houver baixa do estoque?

Sim, o excesso de preço pago nas importações, sujeitas ao controle de preços de transferência, somente deverá ser considerado nas bases de cálculo do IRPJ e CSLL quando os correspondentes bens forem contabilizados como custos.Contudo o valor resultante do excesso de custo, despesas ou encargos, considerado indedutível na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, será ajustado contabilmente por meio de lançamento a débito de conta de resultados acumulados do patrimônio líquido e a crédito de:1) conta do ativo onde foi contabilizada a aquisição dos bens, direitos ou serviços e que permanecerem ali registrados ao final do período de apuração; ou2) conta própria de custo ou de despesa do período de apuração, que registre o valor dos bens, direitos ou serviços, no caso de já terem sido baixados da conta de ativo que tenha registrado a sua aquisição.Caso a pessoa jurídica opte por adicionar, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o valor do excesso apurado em cada período de apuração somente por ocasião da realização por alienação ou baixa a qualquer título do bem, direito ou serviço adquirido, o valor total do excesso apurado no período de aquisição deverá ser excluído do patrimônio líquido, para fins de determinação da base de cálculo dos juros sobre o capital próprio, de que trata o art. 9º da Lei nº 9.249/1995. Nesta hipótese, a pessoa jurídica deverá registrar o valor total do excesso de preço de aquisição em subconta própria da que registre o valor do bem, serviço ou direito adquirido no exterior.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 5º.

037 Para converter o valor dos preços do mercado externo para a moeda nacional, deverá ser utilizado o valor da cotação média anual da moeda correspondente ou ser utilizado o valor da cotação da moeda na data de cada importação?

Para converter o valor dos preços do mercado externo para a moeda nacional deverá ser utilizado o valor da cotação da moeda correspondente ao segundo dia útil imediatamente anterior ao do registro da declaração de importação de mercadoria submetida a despacho para consumo.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 7º, inciso I (c/red. dada pela IN SRF nº 321/2003, art. 1º).

038 São aplicáveis as regras de preços de transferência para bens importados sem cobertura cambial e sem pagamento em Reais, destinados a retorno, como no caso dos protótipos?

Não, desde que a importação do bem não implique custos ou despesas que possam ser dedutíveis para fins de tributação do lucro real e da CSLL.Frisa-se que deve ser observada a obrigatoriedade do retorno do bem, conforme previamente estabelecido, não se admitindo seu uso para outros fins além do que foi inicialmente ajustado entre as partes.

039 Quais os ajustes admitidos nos preços de importação dos bens, serviços e direitos idênticos, quando for utilizado o Método PIC?

No caso de importação de bens, serviços e direitos idênticos, somente será permitida a efetivação de ajustes relacionados a:a) prazo para pagamento;b) quantidades negociadas;c) obrigação por garantia de funcionamento do bem ou da aplicabilidade do serviço ou direito;d) obrigação pela promoção, junto ao público, do bem, serviço ou direito, por meio de propaganda e publicidade;e) obrigação pelos custos de fiscalização de qualidade, do padrão dos serviços e das condições de higiene;

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f) custos de intermediação, nas operações de compra e venda, praticadas pelas empresas não vinculadas, consideradas para efeito de comparação dos preços;g) acondicionamento;h) frete e seguro.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 9º.

040 Na hipótese de bem importado diretamente pela própria empresa, com o fim de revenda, exclui-se o valor do IPI incidente na venda, para fins de aplicação do método "Preço de Revenda menos Lucro" (PRL), com margem de lucro de 20% (vinte por cento)?

Não se incluem na composição da receita bruta os impostos não-cumulativos (tais como o IPI), cobrados do comprador ou contratante, dos quais o vendedor dos bens ou o prestador dos serviços sejam meros depositários. Imposto não-cumulativo é aquele em que se abate, em cada operação, o montante de imposto cobrado nas operações anteriores.Igualmente, não deve ser computado no custo de aquisição das mercadorias e das matérias-primas o IPI que vai ser recuperado em operação de venda posterior.Portanto, na apuração do preço parâmetro - com base no Método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), com margem de lucro de 20% (vinte por cento), não se inclui o IPI, quando da saída da mercadoria, por não compor a Receita Bruta.Dessa forma, na comparação do preço parâmetro com o preço praticado na importação, deve-se excluir o IPI do preço de aquisição.

041 Na comprovação dos preços de bens importados pelo método CPL será aceito demonstrativo elaborado pelo fabricante no exterior e apresentado de forma genérica por item de custo, indicando os custos de que trata o § 4º do art. 13 da IN SRF nº 243/2002?

Não. O demonstrativo deverá observar todas as disposições estabelecidas pelo art. 13 da IN SRF nº 243/2002.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 13.

042 Quais seriam os documentos hábeis para a comprovação dos custos de produção dos bens e serviços importados, segundo o Método do Custo de Produção mais Lucro (CPL), fornecidos por pessoa jurídica vinculada, domiciliada no exterior?

Os documentos hábeis para a comprovação dos custos de produção dos bens e serviços importados poderão ser as cópias dos documentos que embasaram os registros constantes dos livros contábeis, tais como, faturas comerciais de aquisição das matérias primas e outros bens ou serviços utilizados na produção, planilhas de rateio do custo de mão de obra e cópias das folhas de pagamentos, comprovantes de custos com locação, manutenção e reparo dos equipamentos aplicados na produção, demonstrativos dos percentuais e dos encargos de depreciação, amortização ou exaustão utilizados e das quebras e perdas alocadas, observando-se o disposto no § 4º do art. 13 da IN SRF nº 243/2002. Devendo ainda apresentar a cópia da declaração do imposto sobre a renda entregue ao fisco do outro país, equivalente a DIPJ do Brasil.Esclarece-se, outrossim, que qualquer documento de procedência estrangeira, para produzir efeitos legais no País e para valer contra terceiros e em repartições da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios ou em qualquer instância, juízo ou tribunal, deve ser vertido em vernáculo. Além disso, deve ser legalizado em seu país de origem, ou seja, notarizado, consularizado e registrado em Cartório de Registro de Títulos e Documentos.Normativo: Código Civil - Lei nº 10.406/2002, art. 224; Código de Processo Civil - Lei nº 5.869/1973, arts. 129 e 148; Lei nº 6.015, de 1973; e PN CST nº 250/1971.

043 Na importação de bens usados para o ativo permanente, deve ser feita avaliação por peritos independentes para a constatação do preço/custo de aquisição?

Como regra geral, deve ser feita avaliação de acordo com os métodos de preços de transferência.Subsidiariamente, o inciso II do art. 21 da Lei nº 9.430/1996 prevê a possibilidade de uso de pesquisas efetuadas por empresa ou instituição de notório conhecimento técnico para comprovação de preços, sendo também considerados os documentos emitidos normalmente pelas empresas nas operações de compra.Normativo: Lei nº 9.430/1996, inciso II do art. 21.

044 Segundo previsão do §1º do art. 4º da IN SRF nº 243/2002, o PRL com margem de lucro de 20% (vinte por cento) não pode ser utilizado quando o produto importado houver sido adquirido para emprego na produção de

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outro bem. É possível a utilização do PRL nas hipóteses de acondicionamento ou reacondicionamento de produto importado?

Sim, o exclusivo acondicionamento ou reacondicionamento não implica a produção de outro bem, serviço ou direito, razão pela qual pode-se utilizar o PRL com margem de vinte por cento nestas hipóteses.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 4º, §1º.

045 É possível a utilização do método PRL, com margem de lucro de 20% (vinte por cento), nas hipóteses em que, no País, haja agregação de valor ao custo dos bens, serviços ou direitos importados?

Não. Para fins de utilização do método PRL, a margem de lucro de 20% (vinte por cento) poderá ser aplicada somente nas hipóteses em que, no País, não haja agregação de valor ao custo dos bens, serviços ou direitos importados, configurando, assim, simples processo de revenda dos mesmos.Havendo agregação de valor ao custos dos bens, serviços ou direitos importados, oriundos da aposição de uma marca previamente às suas comercializações no País, em caso de opção pelo método PRL, deverá ser aplicada a margem de lucro de 60% (sessenta por cento).Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 12, § 9º.

046 Podem ser aplicados métodos diferentes para um mesmo bem que seja objeto de transações com países distintos, ou seja, aplicar um método para cada país?

Não. Deverá ser utilizado o mesmo método para cada bem, serviço ou direito idêntico ou similar, independentemente do país objeto da transação.

047 A importação de bens para o ativo permanente que não tenham similar nacional, também está sujeita às regras de preços de transferência?

Sim, desde que a importação tenha sido efetuada de pessoa vinculada, mesmo que por intermédio de interposta pessoa, ou de residente em país ou dependência com tributação favorecida, ou que goze de regime fiscal privilegiado.

048 São aplicáveis as regras de preços de transferência quando uma pessoa considerada vinculada no exterior compra bens produzidos por terceiros e os revende para a vinculada domiciliada no Brasil, não repassando margem de lucro?

Sim. Qualquer operação de importação de bens efetuada com pessoa vinculada domiciliada no exterior; com residente ou domiciliado em país ou dependência com tributação favorecida, ou que goze de regime fiscal privilegiado, deverá submeter-se à legislação de preços de transferência.

049 É permitida a dedutibilidade de despesas decorrentes de contratos de cost sharing celebrados entre pessoas vinculadas?

Não, as despesas pagas ou incorridas, pela pessoa jurídica brasileira em benefício de uma de suas vinculadas, domiciliada no exterior, em função de contratos de rateio de custo (cost sharing), são indedutíveis para fins de constituição das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, uma vez que tais despesas competem ao estabelecimento permanente da empresa estrangeira e, em conseqüência, não devem impactar negativamente as bases de cálculo destes tributos no Brasil.Embasa tal entendimento o disposto nos arts. 5º e 7º da Convenção-Modelo da OCDE, respectivamente atinentes à definição de estabelecimento permanente, bem assim aos lucros passíveis de tributação pelos países contratantes.Ambos os artigos da Convenção-Modelo prevêem prerrogativa de os estados de residência e fonte tributarem os lucros respectivamente auferidos por cada um dos estabelecimentos permanentes que compõem um determinado grupo multinacional, na exata proporção do lucro que lhes sejam imputáveis.Desta forma, limitam a prerrogativa de os estados erigirem sistemas tributários que prevejam a incidência tributária sobre rendas que não revelem quaisquer relações com elementos de conexão internacionalmente aceitos, ao mesmo tempo em que confere a cada um deles, estados, a prerrogativa de tributarem as rendas, na exata proporção em que atribuíveis aos estabelecimentos neles domiciliados.A admissão da dedutibilidade das despesas em questão igualmente fragiliza a ficção jurídica de que cada um dos estabelecimentos de um grupo multinacional constitui pessoa jurídica absolutamente independente de todos as demais, uma vez que os resultados da subsidiária brasileira variariam a depender de deliberações empreendidas

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por sua matriz, domiciliada no exterior.Quando o objeto do contrato de rateio de custos adequar-se ao conceito de royalties, assistência técnica, científica, administrativa ou assemelhados, no termos do art. 22 da Lei nº 4.506/1964, e envolvam, tal qual averbado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), transferência de tecnologia, as despesas pagas ou incorridas poderão ser admitidas como dedutíveis para fins de constituição do lucro real e da base de cálculo da CSLL, não nos limites da legislação de preços de transferência, e sim naqueles estabelecidos nos arts. 352 a 355 do RIR/1999.Normativo: Lei nº 9.430/1996, art. 18, § 9º; IN SRF nº 243/2002, art. 43.

050 O cálculo do preço parâmetro, com base no método de Preços Independentes Comparados (PIC) pode ser efetuado com a utilização de lista de preços elaborada pela empresa controladora e baseada nos preços praticados entre as empresas do mesmo grupo?

Não. Para o cálculo do preço parâmetro, com base no método PIC, somente serão considerados, sem ordem de prioridade, os preços dos bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares:a) vendidos pela mesma empresa exportadora, a pessoas jurídicas não vinculadas, residentes ou não residentes;b) adquiridos pela mesma importadora, de pessoas jurídicas não vinculadas, residentes ou não residentes;c) em operações de compra e venda praticadas entre outras pessoas jurídicas não vinculadas, residentes ou não residentes.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 8º, parágrafo único.

051 Os rendimentos decorrentes da prestação de serviços de consultoria técnica pagos por pessoa jurídica domiciliada no Brasil a sua matriz no exterior estão sujeitos à legislação de preços de transferência?

Em primeiro lugar, há que distinguir se a prestação dos serviços no Brasil implicou transferência de tecnologia.Na hipótese de ficar comprovada a transferência de tecnologia, com a anuência do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a transação não estará sujeita às regras de preços de transferência consoante o estabelecido pelo art. 43 da IN SRF nº 243/2002. Nessa hipótese, a dedução de tais despesas está sujeita aos limites estabelecidos pelos arts. 352 a 355 do RIR/1999.Caso inexista transferência de tecnologia, esses serviços passam a se submeter às regras de preços de transferência.Normativo: Lei nº 9.430/1996; RIR/1999, arts. 352 a 355; e IN SRF nº 243/2002.

052 Como deve ser considerado o valor agregado para fins de cálculo do método PRL - Preço de Revenda, menos lucro, com margem de 60% (sessenta por cento)?

O método PRL com margem de sessenta por cento será utilizado na hipótese de bens, serviços ou direitos importados aplicados à produção.Nesta hipótese, o preço parâmetro dos bens, serviços ou direitos importados será apurado excluindo-se o valor agregado no País e a margem de lucro de 60% (sessenta por cento), conforme metodologia a seguir:a) preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas;b) percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido: a relação percentual entre o valor do bem, serviço ou direito importado e o custo total do bem produzido, calculada em conformidade com a planilha de custos da empresa;c) participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido: a aplicação do percentual de participação do bem, serviço ou direito importado no custo total, apurado conforme o item "b", sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com o item "a";d) margem de lucro: a aplicação do percentual de 60% (sessenta por cento) sobre a "participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado de acordo com o item "c";e) preço parâmetro: a diferença entre o valor da "participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado conforme o item "c", e a margem de lucro de 60% (sessenta por cento), calculada de acordo com o item "d".

Exemplo:a) cálculo do Preço Líquido de VendaPreço Médio de Venda 30.000,00Desconto Concedido 0,00Imposto s/venda 6.000,00Preço Líquido 24.000,00

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b) cálculo do Percentual de ParticipaçãoCusto Total, apurado conformePlanilha de Custo10.000,00 100%Custo do insumo importado, apurado conforme § 4º do art. 4º e §§ 2º e 3º do art. 12, da IN SRF nº 243/20021.000,00 10%Demais custos agregados, apurados conforme planilha de custo9.000,00 90%c) aplicação do percentual de participação sobre a Receita Líquida (item b/a)Participação (10% de 24.000) 2.400,00d) cálculo da Margem de LucroMargem (60% de 2.4.00) 1.440,00e) cálculo do Preço ParâmetroReceita Líquida - Proporcional 2.400,00(-) Margem de Lucro 1.440,00(=) Preço Parâmetro 960,00f) cálculo do Valor TributávelPreço Praticado 1.000,00(-) Preço Parâmetro 960,00(=) Valor do Ajuste 40,00

Há que se salientar que a metodologia em questão encontra-se em conformidade à Lei que rege os controles de preços da transferência, na medida em que prevê a aplicação da margem de lucro constante na legislação sobre a parcela da receita líquida correspondente à relação encontrada entre os custos atinentes ao próprio bem importado, em face do custo total incorrido na produção do bem final comercializado. O valor encontrado subtrai aquele que representa a parte da margem líquida que diz respeito ao próprio bem importado (sem agregações), resultando no chamado preço-parâmetro.Tal metodologia acaba por aproximar o valor em questão do valor pelo qual teria sido o bem importado comercializado em condições de mercado.Há que se aduzir que a lei deve ser interpretada em função dos fins a que ela se dispõe, e não, exclusivamente, em função de análises gramaticais eventualmente conducentes a interpretações literais- até mesmo porque a legislação de preços de transferência não se encontra entre as matérias esculpidas no art. 111 do Código Tributário Nacional.O fim primacial da legislação de preços de transferência é proteger a base tributável brasileira de eventuais transferências de lucros ao exterior, passíveis de ocorrer mediante superavaliações de importações ou de taxas de juros na qual a vinculada brasileira seja a mutuária, ou mediante subavaliações de exportações ou de taxas de juros nas quais seja a entidade brasileira mutuante. A maneira de se alcançar tal desiderato se dá mediante a obrigatoriedade de cálculos de preços parâmetros representativos dos valores pelos quais tais operações teriam sido empreendidas, uma vez atendidas as condições de mercado.Na hipótese específica do método PRL60, há de se aplicar a margem conforme a metodologia acima explicitada, e não sobre o valor pelo qual o produto final tenha sido comercializado, sob pena de se elevar, indevidamente, o limite de dedutibilidade das despesas incorridas pela importadora (atinentes ao bem importado) e, em conseqüência, transformar os controles em questão em instrumentos voltados a artificiais manipulações das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, de forma a furtar-se à tributação brasileira.Reforça todo o entendimento esposado, o brocardo jurídico segundo o qual não se deve conferir ao dispositivo legal interpretado uma interpretação conducente a que o próprio ato interpretado (Lei) não produza efeitos.

053 Qual o significado da expressão "consistentemente, por bem, serviço ou direito" contida na IN SRF nº 243/2002, art. 4º, § 2º? No caso de bens, como aplicar a referida consistência de métodos?

Considera-se a expressão "consistentemente por bem" o impedimento de uso de mais de um método na hipótese de o bem possuir as mesmas especificações. Essa consistência não é exigida se as especificações forem diferentes.Por exemplo, para encontrar o preço parâmetro relativo a um veículo marca "X", motor 2.0, 4 portas, pode ser utilizado um método; para um veículo com especificações semelhantes, porém com 2 portas, poderá ser utilizado outro método.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 4º, § 2º.

054 Qual o significado do termo "arbitramento", adotado pela legislação de preços de transferência?

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O termo "arbitramento", contido no art. 14 da IN SRF nº 243/2002, expressa a obrigatoriedade de submeter as receitas auferidas nas operações de exportação sujeitas ao controle de preço de transferência, ao cálculo do preço parâmetro, de acordo com os métodos estabelecidos pelas legislação de preços de transferência.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 14.

055 Se o próprio contribuinte exportador houver vendido apenas bens similares no mercado brasileiro, poderá utilizar o valor dessas operações como parâmetro, para fins do art. 14 da IN SRF nº 243/2002?

Sim, o art. 14 da IN SRF nº 243/2002, prevê a utilização dos preços praticados na venda dos bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, no mercado brasileiro, durante o mesmo período, em condições de pagamento semelhantes, devendo submeter-se aos ajustes de similaridade, previsto no art. 17 da IN SRF nº 243/2002.Normativo: IN SRF nº 243/2002, arts. 14 e 17.

056 Os métodos de arbitramento das receitas de exportações devem ser aplicados consistentemente por bem, serviço ou direito durante todo o período de apuração ou podem ser utilizados métodos distintos para um mesmo bem exportado?

Os métodos de cálculo dos preços parâmetros devem ser aplicados consistentemente por bem, serviço ou direito, não sendo admitida a utilização de mais de um método na determinação do preço parâmetro para um mesmo bem, serviço ou direito.

057 Em que hipóteses as operações de exportação não estão sujeitas à determinação do preço parâmetro?

As operações de exportação não estão sujeitas à determinação do preço parâmetro quando:a) a pessoa jurídica comprovar haver apurado lucro líquido, antes da contribuição social sobre o lucro líquido e do imposto de renda, decorrente das receitas de vendas nas exportações para empresas vinculadas, em valor equivalente a, no mínimo, cinco por cento do total dessas receitas, considerando a média anual do período de apuração e dos dois anos precedentes (IN SRF nº 243/2002, art. 35, redação da IN SRF nº 382/2003, art. 1º);b) a receita líquida das exportações não exceder a 5% (cinco por cento) do total da receita líquida no mesmo período (IN SRF nº 243/2002, art. 36);c) o preço médio de venda dos bens, serviços ou direitos exportados, durante o respectivo período de apuração da base de cálculo do imposto de renda, for igual ou superior a noventa por cento do preço médio praticado na venda dos mesmos bens, serviços ou direitos, no mercado brasileiro, durante o mesmo período, em condições de pagamento semelhantes (IN SRF nº 243/2002, art. 14);d) as exportações para empresa vinculada forem destinadas a conquistar mercado, em outro país, para os bens, serviços ou direitos de produção no território brasileiro, desde que obedecidas as condições estabelecidas no art. 30 da IN SRF nº 243/2002.Notas: Esclareça-se que o valor das receitas reconhecidas com base no preço praticado nas hipóteses a e b, não implica a aceitação definitiva, podendo ser impugnado, se inadequado, em procedimento de ofício, pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (IN SRF nº 243/2002, art. 37, inciso I).No cálculo do percentual de 5% (cinco por cento) da hipótese do item "a", pode-se excluir as operações de venda de bens, serviços ou direitos cujas margens de lucro dos métodos de exportação, previstas nos arts. 24, 25 e 26 da IN SRF nº 243/2002, tenham sido alteradas por determinação do Ministro da Fazenda, nos termos dos arts. 32, 33 e 34 da IN SRF nº 243/2002. (IN SRF nº 243/2002, art. 35, com redação dada pela IN SRF nº 321/2003, art. 1º).Ainda com relação à hipótese do item "a", esclareça-se que deverá ser considerada a média ponderada dos três anos mencionados.Os benefícios das hipóteses dos itens "a", "b" e "d" não se aplicam às vendas efetuadas para empresas vinculadas domiciliadas em países com tributação favorecida ou cuja legislação oponha sigilo, conforme definido no art. 39 da IN SRF nº 243/2002 (IN SRF nº 243/2002, art. 37, inciso I, e art. 30, § 4º).Normativo: IN SRF nº 243/2002, arts. 14, 30, 36 e 37 e art. 35 (c/red. dada pela IN SRF nº 382/2003, art. 1º).

058 Quando se exporta um bem semi-acabado, produzido de acordo com desenhos e especificações próprias e que só tenha mercado no país de destino após ser beneficiadopelo adquirente, é aplicável somente o método CAP?

A legislação brasileira sobre preços de transferência permite a livre escolha do método. Não há restrição para aplicação dos métodos PVEX, PVA e PVV, observadas as condições estipuladas para a utilização de cada método.Na impossibilidade de aplicação de outros métodos previstos na legislação, por falta de mercado que pratique preços independentes, que permita a avaliação de preços consistentes, o método CAP seria o recomendado a ser utilizado nesses casos.

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059 Para comprovação dos preços praticados pela empresa exportadora nas operações com pessoas não vinculadas, poderá ser apresentado demonstrativo do total comercializado, segregando-se as operações com empresas vinculadas e com empresas não-vinculadas? Em relação ao preço parâmetro apurado em operações com empresas não vinculadas, é necessária a inclusão de cópia dos principais contratos com os preços pactuados?

Sim. O demonstrativo segregando as operações efetuadas com empresas vinculadas deve conter as informações necessárias para determinar o preço praticado na exportação; da mesma forma, o demonstrativo com as operações de alienações efetuadas com empresas independentes deve conter as informações necessárias para a apuração do preço parâmetro, conforme ajustes apropriados ao método escolhido.Com relação aos documentos comprobatórios, devem ser apresentados, as cópias das Declarações de Exportação, os Registros de Exportação, as notas-fiscais de saída, as faturas comercias e outros documentos que comprovem a efetiva realização das operações e dos preços, além dos contratos pactuados.

060 Na apuração do PVA ou PVV podem ser utilizadas, como prova, cópias das faturas de venda a terceiros, realizadas pela pessoa vinculada domiciliada no exterior?

Sim. Frise-se, no entanto, que na falta de provas consideradas suficientes ou úteis, o Fisco poderá determinar a apresentação de outros documentos, aplicando um dos métodos discriminados pela legislação vigente.O importante é obter a comprovação do preço praticado no mercado atacadista ou varejista.Convém lembrar que, segundo o Método PVA, a receita de venda nas exportações poderá ser determinada com base na média aritmética dos preços de venda de bens, idênticos ou similares, praticados no mercado atacadista do país de destino ou ainda, com base nos preços de venda de bens, idênticos ou similares, praticados no mercado varejista do país de destino, no caso de apuração segundo o Método PVV.Normativo: IN SRF nº 243/2002, arts. 24, 25 e 40.

061 No caso de exportação para pessoa vinculada que exerça apenas papel de intermediária ou centralizadora, quando o destinatário final do bem for residente em país diverso, deve ser considerado "país de destino" o de domicílio da pessoa vinculada ou o de destino efetivo do bem, na apuração do PVA ou PVV?

O "país de destino" a ser considerado é o de destino final do bem.

062 As regras de preços de transferência são aplicáveis a vendas de participações societárias?

Sim. As participações societárias são direitos registrados no Ativo da empresa.Dessa forma, as regras de preços de transferência aplicar-se-ão às vendas de participações societárias nas seguintes hipóteses:a) alienação à pessoa vinculada, residente ou domiciliada no exterior; b) alienação à pessoa residente ou domiciliada em país ou dependência com tributação favorecida ou que goze de regime fiscal privilegiado, ainda que não vinculada;Normativo: IN SRF nº 243/2002, arts. 2º e 39.

063 A margem de divergência de que trata o art. 38 da IN SRF nº 243/2002, se aplica à dispensa de comprovação, objeto dos seus arts. 35 e 36?

Não. Os arts. 35 e 36 da IN SRF nº 243/2002, que tratam de dispensa de comprovação, contemplam apenas operações de exportação.Além disso, a margem de divergência de até 5% (cinco por cento) permitida pela RFB, tanto nas exportações quanto nas importações, pressupõe o cálculo do preço ajustado pelas regras de preços de transferência e sua posterior comparação com os documentos de importação e exportação, cotejamento não previsto nos artigos em referência.Normativo: IN SRF nº 243/2002, arts. 35, 36 e 38.

064 Para se caracterizar a conquista de novos mercados, basta que se cumpra apenas um dos requisitos listados no art. 30 da IN SRF nº 243/2002?

Não. Devem ser observados, cumulativamente, as condições estabelecidas pelo art. 30 da IN SRF nº 243/2002.Normativo: IN SRF nº 243/2002, art. 30.

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065 Empresa que atua na exportação de commodities, sujeita ao Registro de Vendas (RV) no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) - e respectivo controle pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) está desobrigada do cumprimento de obrigações fiscais, no que tange às regras de preços de transferência?

O fato de a empresa ter seus produtos subordinados ao controle de preços mínimos pela Secex não elide sua responsabilidade relativamente à observância da legislação fiscal de preços de transferência.Assim, se a operação for praticada com pessoa vinculada, ou com pessoa residente ou domiciliada em país ou dependência de tributação favorecida, ou ainda com entidade que goze de regime fiscal privilegiado, ainda que por intermédio de interposta pessoa, a empresa deverá cumprir o disposto nos arts. 19 a 24 da Lei nº 9.430/1996, e na IN SRF nº 243/2002.Normativo: Lei nº 9.430/1996, arts. 19 a 24; e IN SRF nº 243/2002.

066 Como tratar o custo financeiro, quando incluído nas exportações a prazo?

O encargo financeiro incluído nas vendas a prazo poderá ser ajustado de forma a minimizar os efeitos provocados sobre os preços a serem comparados, conforme dispõem os §§ 1º e 2º do art. 15 da IN SRF nº 243/2002.Esclareça-se que os juros auferidos em operações realizadas com empresas vinculadas, ou residentes ou domiciliadas em país ou dependência de tributação favorecida, ou que gozem de regime fiscal privilegiado , estão sujeitos ao limite estabelecido no § 1º do art. 27 da IN SRF nº 243/2002.

FONTE: FISCOSOFT

Estudos sobre ICMS: Alguns posicionamentos Publicado por Luiz Fernando Pereira Advocacia - 1 dia atrás

Inicialmente, cumpre afirmar que cabe aos Estados e ao Distrito Federal a instituição de ICMS, cuja competência está tratada em nossa Carta Política de 1988. (art. 155, II, CF).

A Lei Complementar n. 87/1996 traçou rumos de normativização deste imposto.

Regra-matriz do ICMS de mercadorias.

Para que tenhamos uma breve compreensão deste imposto, é interessante citar o Souto Maior Borges, que conceitua mercadoria:

“Mercadoria é o bem móvel, que está sujeito à mercancia, porque foi introduzindo no processo circulatório econômico. Tanto que o que caracteriza, sob certos aspectos, a mercadoria é a destinação, porque aquilo é mercadoria, no momento que se introduz no ativo fixo da empresa, perde esta característica de mercadoria, podendo ser reintroduzido no processo circulatório, voltando a adquirir, consequentemente, essa conotação de mercadoria”.

Complementando os dizeres do mestre acima, a mercadoria são bens moveis que podem ser comercializados com objetivo é a obtenção de lucro, devido a movimentação jurídica do bem, além, esta atividade deve ser habitual, daí o motivo que, quando há uma saída eventual de bens do ativo fixo ou imobilizado de uma empresa não resta configurada a circulação de mercadorias.

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Critério material: realizar operação relativa à circulação de mercadorias.

Critério espacial: No espaço territorial do Estado ou Distrito Federal em que ocorre ou se inicia a operação.

Critério temporal: A partir em que se opera a tradição.

Conseqüente

Critério subjetivo: Sujeito passivo: pessoas que pratiquem operações. Na Lei Complementar n. 87/96, em seu art. 4º diz:

“Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.

Sujeito ativo: O Estado ou DF, ente público com capacidade para cobrar o tributo, exigindo a prestação pecuniária.

Critério quantitativo:

Base de calculo: Deve-se por conta do valor da operação, observando o que prevê o art. 13º da LC n. 87/96.

Alíquota: é de 12% conforme aos ditames previstos na Resolução do Senado Federal n. 22/1989:

Art. 1º A alíquota do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação, nas operações e prestações interestaduais, será de doze por cento.

Regra-matriz do ICMS – Comunicação

Antecedente

Critério material: consiste em “prestar serviço de comunicação”. A LC N. 87/96, em seu art. 2º, III, “in verbis”:

”prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza”.

Critério espacial: No espaço territorial do Estado ou Distrito Federal em que se presta o serviço de comunicação.

Critério temporal: A partir em que se opera o serviço.

Conseqüente

Critério subjetivo: Sujeito passivo: pessoas que pratiquem operações. Na Lei Complementar n. 87/96, em seu art. 4º diz:

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“Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.

Sujeito ativo: O Estado ou DF, ente público com capacidade para cobrar o tributo, exigindo a prestação pecuniária.

Critério quantitativo:

Base de calculo: Deve-se por conta do valor da operação, observando o que prevê o art. 13º da LC n. 87/96.

Alíquota: 12% conforme aos ditames previstos na Resolução do Senado Federal n. 22/1989:

Art. 1º A alíquota do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação, nas operações e prestações interestaduais, será de doze por cento.

Regra-matriz do ICMS – Transporte

Antecedente

Critério material: consiste em “prestar serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores” conforme dispõe a LC N. 87/96, em seu art. 2º, II.

Critério espacial: No espaço territorial do Estado ou Distrito Federal em que se presta o serviço de transporte.

Critério temporal: O momento exato em que a obrigação tributária nasce. Dispõe o art. 12 da LC n. 87/96:

V – do inicio da prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal, de qualquer natureza;

VI – do ato final do transporte iniciado no exterior;

X – do recebimento, do destinatário, de serviço prestado no exterior.

XIII – da utilização, por contribuinte, do serviço cuja prestação se tenha iniciado em outro Estado e não esteja vinculada a operação ou prestação subseqüente.

Conseqüente

Critério subjetivo: Sujeito passivo: pessoas que pratiquem operações. Na Lei Complementar n. 87/96, em seu art. 4º diz:

“Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.

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Sujeito ativo: O Estado ou DF, ente público com capacidade para cobrar o tributo, exigindo a prestação pecuniária.

Critério quantitativo:

Base de calculo: Deve-se por conta do valor da operação, observando o que prevê o art. 13º da LC n. 87/96.

Conforme nos ensina José Eduardo Soares de Melo (Curso de Direito Tributário, cit., p. 411):

“a base de cálculo deve representar a quantificação compreendida na ‘operação mercantil’, e na prestação de serviços de transporte e de comunicação, isto é, o valor da operação mercantil e o preço dos serviços”.

Alíquota: 12% conforme aos ditames previstos na Resolução do Senado Federal n. 22/1989:

Art. 1º A alíquota do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação, nas operações e prestações interestaduais, será de doze por cento.

Fazendo um ponto de intersecção normativo surge uma dúvida: Qual o sentido do termo “cobrado” no inciso I do § 2º do art. 155? “Cobrado” e “pago” tem o mesmo significado?

Para que tenhamos uma resposta mais aprofundada, é interessante trazer a lume o texto constitucional, “in verbis”:

I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; (grifo nosso)

O que se transpõe a questão, deve-se em conta do princípio da não cumulatividade. Declinamo-nos aos ensinamentos de Paulo de Barros Carvalho (p. 325), quanto ao instituto:

“Apresenta-se como técnica que opera sobre o conjunto das operações econômicas entre vários setores da vida social, para que o impacto da percussão tributária não provoque certas distorções já conhecidas pela experiência histórica, como a tributação em cascata, com efeitos danosos na apuração dos preços e crescimento estimulado na aceleração inflacionária”.

É claro, “cobrado” e “pago” são atos distintos. Logo, a Carta Maior de 1988, como exposto acima, diz-se o verbo “cobrar” que no vernáculo da língua portuguesa significa: receber (dividas, aquilo que nos pertence); proceder a cobrança, distintamente do que trata o verbo “pago” ou “pagar”, que significa a entrega para pagamento; que recebeu o pagamento; quitar uma dívida; um encargo.

Resumindo, estabeleceu o legislador constitucional que o ICMS, é compensado o que for devido com o montante cobrado anteriormente pelo mesmo ou outro Estado ou pelo DF.

Não iremos de deixar outro ensinamento doutrinal e esclarecedor do constitucionalista pátrio, José Afonso da Silva (Curso de Direito Constitucional Positivo, p. 719), quanto ao tema:

“Na prática, isso se faz mediante um sistema de crédito, pelo qual o contribuinte se credita de todo o imposto que pagou ao adquirir os produtos (ou matéria-prima, no caso do IPI) ou mercadorias ou

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serviços (no caso do ICMS) em dado espaço de tempo (um mês, p. ex.) fixado em lei, ao mesmo tempo em que debita todo o imposto incidente sobre as saídas dos produtos ou mercadorias do seu estabelecimento no mesmo período é feita a compensação entre o crédito e o débito, recolhendo a diferença a mais ou continuando com o crédito para o período seguinte se o crédito for maior. Vale dizer, em cada operação o imposto incide efetivamente sobre o valor adicionado”.

Outro ponto a ser questionado: Quais os requisitos para que um montante de imposto seja considerado “cobrado na operação anterior”?

Complementando o mestre acima que, o ICMS em sua apuração, conforme regra geral, pela escrituração de créditos, adquiridos na compra de mercadorias no próprio Estado ou não e, de outra monta, os débitos, pelo registro das saídas tributáveis, como numa venda, pois, ao final do período, há um “encontro de contas” (por bem emprega este termo Anis Kfouri Junior, Curso de Direito Tributário, p. 350), tendo por apuração o total a ser recolhido.

Conceito de “mercadoria

A princípio é importante tecer um breve conceito de “mercadoria”: qualquer bem que possa ser alienado como elemento de circulação comercial.

Entretanto, não se pode definir (de modo mais abrangente que conceituar) algo que já existe no plano dos fatos, pois, a Constituição Federal cristalizou o conceito de “mercadoria”, fazendo supor que há um prévio conhecimento sobre o que é “mercadoria”, mas entendo que, apesar da existência do princípio da autonomia dos Estados-membros federativos, aplica-se a hermenêutica constitucional dedicada pelo constitucionalista José Afonso da Silva, que quando trata a Carta Magna da competência dos Estados e do DF instituir operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior, até neste sentido é norma autoaplicável, pois o instituir é o mesmo sentido que cobrar o imposto.

Assim, o significado “mercadoria” poderá até por uma Lei Complementar modelar-lo, mas é descabido aos Estados o DF conceituar o que é mercadoria, pois afrontaria o art. 146, III, a, por ser também uma norma autoaplicável.

Por derradeiro, um conceito previamente conhecido no plano dos fatos não pode ser tratado distintamente por um outro ramo do direito, pois Norberto Bobbio (Teoria do Ordenamento Jurídico) leciona que o direito é uno e indivisível e que, como mercadoria provém de mercado, supõe o próprio Texto Maior de 1988 como ordem como principio da ordem econômica (art. 170) o que por certo, mercadoria é um bem, podendo ser uma propriedade privada.

ICMS e Download

Por certo, fazendo uma analogia dos livros digitais, eis que o adquirente efetua o download estará fugindo da materialidade, isto é, um bem incorpóreo, entretanto, apesar da jurisprudência utilizar-se da linha restritiva (entendimento errôneo, pois a imunidade material dos livros precisa ser estendida e não de modo diverso) quanto a sua interpretação de imunidade tributária (RE 330.817. Ministro DIAS TOFFOLI. 04/02/2010). Enfim, o download tanto de um livro digital como num comercio de software, há uma incorporiedade do objeto, mas isto não quer dizer que não há tributação já que se trata de negócio jurídico com intuito de auferir lucros, onde há transferência representada pela tradição, ainda que não haja deslocamento físico.

Porém, podem os podem os tribunais fixar jurisprudência pela não incidência do ICMS em softwares desenvolvidos para clientes determinados e com finalidades específicas, por representarem uma prestação

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de serviços e não uma operação de circulação de mercadorias, daí, no caso em tela incide o ISS e não ICMS, mas quando é de modo genérico, que não seja a determinada empresa, seja tributável o ICMS.

Quanto à interpretação constitucional, na seara do direito tributário, quanto sua intersecção, ater-se a uma interpretação estática e não dinâmica, pois se fosse aplicada esta ultima, causará sérios problemas, ferindo inclusive princípios como a segurança jurídica, a razoabilidade e a proporcionalidade, devendo-se valer aos critérios postos, de modo, a salvaguardar a estabilidade das instituições jurídicas mais essenciais e que seus valores geram uma construção de significado de suas regras que seja não cambiante.

Por fim, entendo pela não tributação do ICMS, primeiro, não há uma legislação que trate especificamente (principio da legalidade restrita) cabendo Lei Complementar tratar a respeito, tanto porque é complexa a fiscalização por parte do ente ativo do tributo e de meios probatórios, devendo ser devida ou não ao plano dos fatos.

O ICMS é a marca do nosso sistema tributário: Caótico, regressivo e constitucionalmente inadequadoO Sistema e o ICMS, confusão e contradição

O resultado da mistura de complexidade e incoerência é o caos. Por certo, não há soluções simples para problemas complexos. Mas, a simplicidade na tributação, entendida como a compreensibilidade do sistema e de cada tributo, e sendo aplicada de modo coerente e adequado ao princípio da isonomia, máxime em sua conformação à capacidade contributiva de cada indivíduo, será sempre um atributo desejável e valioso, pois com ela (a simplicidade) busca-se a transparência, intenta-se criar as condições para que o cidadão compreenda a distribuição da carga tributária, e as condições para que o contribuinte saiba exatamente o que está pagando e possa ter a convicção de estar pagando o tributo corretamente.

Definitivamente, nosso sistema tributário é incoerente, caótico, incompreensível. O absurdo excesso de espécies tributárias e o indefinível emaranhado legislativo parecem mais graves até do que a excessividade da própria carga tributária.

No meio desse caos, há um tributo que se destaca como o mais problemático, o "inescrutável" ICMS, imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.

Sua estrutura legal compõe-se de preceitos dispostos no texto constitucional, regras gerais previstas em leis complementares, disposições de textos normativos do CONFAZ (ajustes, convênios, protocolos, etc.) e regras estabelecidas nas leis estaduais e seus respectivos atos regulamentares, ou seja, uma infinidade de decretos, portarias, instruções normativas, normas de execução, etc. As alíquotas mais comuns são de 4, 7, 12, 17, 18, 25, e 27 por cento. Contudo, há inumeráveis regimes de tributação diferenciada, com reduções de base de cálculo, créditos presumidos, aplicação de margens de valor agregado, bases de cálculo arbitradas em preços de venda a consumidor final, isenções condicionadas, diferimentos, regimes especiais ou diferenciados por espécie ou gênero de produtos, por segmento ou atividade econômica, incluindo-se nesta ordem os complicadíssimos regimes de substituição tributária. Enfim, há especificidades que ora se afiguram como benefícios, ora como ônus ao contribuinte. São, pois, de toda espécie imaginável, muitas delas com aplicação distinta (específica ou restrita) em alguma ou algumas das nossas 27 unidades federativas.

As atuais reformas do ICMS, referentes a comércio eletrônico, operações interestaduais e operações com produtos importados, definitivamente, passam ao largo do gravíssimo problema da incompreensibilidade desse imposto. Na

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verdade, tais reformas tornam ainda mais complicadas as operações interestaduais, como, por exemplo, a criação de regramentos específicos para produtos industriais, agropecuários ou de origem estrangeira. Isso se explica pelos claros e estritos objetivos das reformas: tentar minimizar os eternos conflitos federativos resultantes da estrutura normativa do ICMS, sobretudo no que se refere ao problema da "guerra fiscal". Nessa tentativa de harmonizar interesses conflitantes dos governos estaduais, vai se ampliando infindavelmente o aberrante emaranhado de regras que formam essa "teratologia" tributária denominada ICMS.

Essa sistemática disforme e incoerente tem origem numa contradição fundamental: o ICMS é o principal tributo da competência dos Estados, e ao mesmo, como decorrência de sua própria estrutura normativa, é o tributo que tem as maiores implicações sobre o comércio interestadual. E tais implicações são de extrema relevância, capazes de causar graves e incontornáveis conflitos federativos, o que se afigura como uma consequência lógica e inevitável, já que para se manter o equilíbrio em uma Federação, seria imprescindível que o comércio entre os entes federativos fosse efetivamente regulado pelo ente central, a união, o que, na atual conformação do ICMS, seria, de fato, uma impossibilidade evidente.

A questão federativa, mais precisamente as relações econômicas entre os Estados, sempre constituiu o ponto crítico, o aspecto mais essencial no âmbito normativo do ICMS, e de seus antecessores, o IVC e o ICM. Portanto, para se tentar compreender o ICMS é imprescindível estudar sua história. Nesse sentido, existem valorosas pesquisas que buscam empreender essa reconstrução histórica, como, por exemplo, o primoroso estudo de Fernando Rezende (01), que nos fornece referências para as linhas seguintes, sobre alguns dos mais relevantes aspectos históricos do ICMS.

Traços históricos do ICMS, ou de como uma contradição fundamental pode nos levar da simplicidade ao caos

O imposto sobre vendas mercantis, de competência da união, criado pela Lei nº 4.625, de 1922, era, como os demais impostos da união, uniforme em todos os Estados. A Constituição de 1934 estendeu a incidência do imposto às consignações mercantis, e o transferiu para a competência dos Estados, como forma de ampliar as receitas estaduais, em razão de uma mudança que criou limitações à cobrança do imposto sobre a exportação, que na época era de competência estadual. Criava-se assim o IVC, Imposto sobre Vendas e Consignações. Nos termos do art. 8º, parágrafo 2º, CF/34, o IVC seria uniforme, sem distinção de procedência, destino ou espécie dos produtos, regra importante para a isonomia na tributação tanto das vendas para o consumo interno quanto das vendas para outros Estados.

A Constituição de 1946 retirou a exigência de uniformidade por espécies de produto. O que parecia uma mudança sem grande relevância, veio, no entanto, a tornar-se fonte de graves conflitos no comércio interestadual, já que os Estados passaram a ampliar e reduzir alíquotas de determinados produtos, visando a incentivar a produção local, atrair para seu território a produção de determinados setores, ou aumentar as vendas para outros Estados. Tal prática configurava então as origens da guerra fiscal. Além disso, o problema da incidência cumulativa do IVC em cada operação, a denomina incidência em "cascata", gerava sério entrave ao comércio interestadual de mercadorias, causando verdadeiras barreiras tributárias à circulação de produtos.

Na reforma tributária de 1965,EC nº 18/65, o IVC foi substituído por um moderno imposto sobre o valor adicionado, o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias - ICM. A reforma tinha como objetivo a consolidação de um sistema nacional, e nesse sentido, a incidência cumulativa era a principal distorção do IVC a ser combatida. Para superar esse problema, o Senado Federal fixaria a alíquota para as operações interestaduais, e o imposto seria não cumulativo, isto é, o imposto pago numa operação antecedente, ainda que a outra unidade da Federação, poderia ser utilizado como crédito nas operações posteriores, criando-se assim uma sistemática de compensação de créditos e débitos do ICM, enfim, isso significava a adoção do princípio da não cumulatividade.

Na proposta da Comissão da reforma de 1965, intentava-se, portanto, superar os conflitos resultantes da guerra fiscal, com alíquotas uniformes para todas as mercadorias, a unificação das alíquotas interestaduais, e a adoção de uma alíquota uniforme para as operações internas. Contudo, quanto às operações internas, foi necessário abrir mão da alíquota única. Fixaram-se então alíquotas de 18% para os Estados das regiões norte e nordeste, e de 15% para os demais, tendo em vista que as alíquotas do antigo IVC eram bem mais elevadas nos Estados daquelas regiões.

Criou-se também um elaborado sistema de repartição de receitas tributárias e compensações a fim de possibilitar o apoio financeiro aos Estados de menor desenvolvimento econômico, o que, todavia, não foi o suficiente para evitar

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conflitos federativos, em razão do evidente desequilíbrio financeiro entre os Estados, fato que causava a concentração da arrecadação nos Estados mais industrializados. E foi nesse sentido que muitas alterações pontuais foram sendo feitas na medida em que o ambiente econômico e político se afigurasse propício a mudanças.

Nos primeiros anos de incidência do ICM houve um crescimento expressivo nas receitas estaduais, principalmente em razão da expansão da economia. Ao longo das décadas de 1970 e 80, as alterações das alíquotas seguiram o ritmo dos conflitos regionais e do desempenho da economia. A aplicação de uma alíquota única de 15% nas operações interestaduais foi desde o início criticada pelos Estados menos industrializados, que pediam a redução daquelas alíquotas, alegando que a maior parte das receitas do ICM de produtos oriundos de outros Estados acabava ficando com o Estado produtor, o que implicaria em transferência de renda dos consumidores dos estados mais pobres para os cofres dos Estados mais desenvolvidos.

Em 1968, por meio doDecreto-lei nº 406, foi determinada a não incidência do ICM na exportação de produtos industrializados, e em vista dessa mudança foi elevada para 17% a alíquota do ICM nas operações internas dos Estados das regiões sul e sudeste. O crescimento econômico do país na primeira metade da década de 1970 permitiu a redução das alíquotas internas para 15% nas regiões norte e nordeste e 14% nas demais regiões, e as alíquotas interestaduais caíram para 11%. Já com a crise econômica que se inicia na segunda metade da década de 1970 e se estende por toda a década de 1980, as receitas dos Estados industrializados foram gravemente afetadas, e esse novo fator de conflitos federativos deu origem a uma tentativa de alteração da alíquota interestadual para 16%, ainda em 1979.

Entretanto, a mudança almejada pelos Estados do Sul e Sudeste veio em sentido inverso, pois, por meio da Resolução nº 22, de 1980, do Senado, criou-se o regime de alíquotas interestaduais diferenciadas em razão da origem e do destino, aplicando-se então às saídas de mercadorias do Sul e Sudeste para as demais regiões as alíquotas de 10% em 1980, 9,5% em 1981 e 9% a partir de 1982, e mantendo-se, nas demais operações interestaduais, a alíquota de 11%, sendo que ao Estado do Espírito Santo foi dado o mesmo tratamento que os Estados do Norte e Nordeste. Essa diferença foi posteriormente ampliada, chegando a 12%, ainda em 1983, as alíquotas nas operações destinadas ao Sul e Sudeste, e reduzindo-se para 7% a alíquota nas saídas de mercadorias dessas regiões para as demais, nos termos daResolução nº 22, de 19 de maio de 1989. A questão das alíquotas interestaduais continua sendo tema de intensas disputas federativas entre os Estados, consistindo no ponto crucial das mais recentes propostas de reforma do ICMS.

Longe de ser superado estava então o ponto central da guerra fiscal, isto é, a concessão de benefícios fiscais de toda espécie imaginável, como a redução da base de cálculo e a concessão de crédito presumido. Os Estados buscavam assim ampliar sua produção industrial e desenvolver sua economia. Isso continuou sendo, mesmo após a mudança do imposto estadual (IVC para ICM), uma das principais fontes de conflitos federativos em nosso país.

Foi nesse sentido que o Governo Federal empreendeu a edição daLei Complementar nº 24/75, determinando que a concessão de qualquer espécie de benefício fiscal relativos ICM só seria possível após a celebração de convênios entre os Estados, com aprovação por unanimidade, em reuniões convocadas e presididas pelo Governo Federal. Em seu período inicial de vigência aLC nº 24/75, de fato, contribuiu para frear o ímpeto dos Estados na competição fiscal que então avançava. Além disso, a carência de investimentos, por efeitos do longo período de crise econômica, contribuiu para evitar o avanço da guerra fiscal, pelo menos, até o início da década de 1990. Todavia, após aConstituição de 1988, com a relativa reconquista da autonomia dos Estados para legislar sobre os impostos de sua competência, as regras daLC nº 24/75foram perdendo efetividade, sobretudo em razão da perda de poder decisório, moderador e arbitral do Governo Federal nas discussões do Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ. Revelou-se então a incapacidade do CONFAZ para dirimir os conflitos federativos relativos ao ICMS, que resultam de amplas e profundas questões regionais relacionadas ao desenvolvimento econômico.

A crise econômica que caracterizou a década de 1980 também foi importante para definir o destino do então ICM, já que uma acentuada perda de arrecadação fez com que os Estados buscassem a todo custo a ampliação das bases de incidência desse imposto, de modo que essa foi sua grande mudança na Constituição de 1988, com a incorporação de novos fatos geradores do imposto: os serviços de transporte interestadual e intermunicipal, os serviços de comunicação e as operações com combustíveis e energia elétrica, tendo sido então extintos os impostos únicos sobre combustíveis, lubrificantes, energia elétrica e minérios. E assim, o ICM tornou-se o ICMS.

No entanto, negligenciou-se o que era considerado o problema central do ICM: o fato de se ter um regime misto de tributação no comércio interestadual, incidindo em parte sobre a produção e em parte sobre o consumo. A adoção

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da incidência apenas no destino, ou seja, apenas sobre o consumo, era tida como a opção mais adequada do ponto de vista da eficiência econômica e do equilíbrio federativo, já que o consumo é menos concentrado do que a produção. Ademais, tal opção seria compatível com uma maior autonomia dos Estados na fixação de suas alíquotas internas, já que as mudanças de alíquota afetariam apenas o seu mercado consumidor interno. Aliás, a tributação apenas sobre o consumo era a preferência desde a criação do ICM (1965), porém, as condições da época eram desfavoráveis, em vista de evidentes dificuldades de fiscalização e controle. Em 1998, lamentavelmente, porém, os Estados apoiaram a autonomia para definir as alíquotas internas, mas rejeitaram a incidência apenas no Estado de destino nas operações interestaduais, o que só veio a contribuir para ampliar as distorções do ICMS e acentuar os conflitos federativos.

A partir de 1994, com a estabilização econômica e com o impacto das privatizações, os Estados voltaram a aumentar sua arrecadação, impulsionada também pela larga aplicação das alíquotas de 25%, principalmente sobre combustíveis, energia elétrica e comunicações, as chamadasblue chips, setores em que os fiscos estaduais alcançam altíssimos níveis de eficiência arrecadatória e que desde então passaram a representar a parcela principal da arrecadação dos Estados. Com isso, ampliou-se o espaço para concessão de benefícios fiscais, reaquecendo de vez a guerra fiscal. O que se viu a partir de então foi uma proliferação desenfreada de incentivos fiscais como crédito presumido, redução de bases de cálculo, diferimentos, prazos diferenciados, bem como toda espécie de mecanismos de redução da carga tributária efetiva, por vezes de modo obscuro, ou velado, vale dizer, de um modo inexplicado, sem a devida explicitação dos interesses prevalecentes.

ALei Complementar nº 87/96- Lei Kandir, das normas gerais sobre o ICMS, também não foi suficiente para aplacar as distorções desse imposto, bem como seus eternos conflitos que produzem entraves ao comércio entre os Estados. Até mesmo a desoneração tributária nas exportações continua sendo dificultada pelas limitações de aproveitamento dos créditos das operações anteriores à exportação. Outra questão federativa não resolvida com a Lei Kandir, e até mesmo agravada com ela, foi o desgaste nas relações dos Estados com a União em relação às compensações financeiras em razão das perdas de arrecadação decorrentes da não incidência do ICMS nas exportações. Outra distorção surgida com a Lei Kandir diz respeito aos créditos na aquisição de bens de capital, pois, apesar da coerência no fato de desonerar as empresas na aquisição de tais bens, há uma forte concentração da produção desses bens nos Estados mais desenvolvidos, os quais ficam com as receitas do ICMS incidente na venda interestadual, enquanto os Estados menos desenvolvidos acabam por suportar todo o ônus da concessão desses créditos.

A partir do início da década passada, houve redução da participação dos estados na arrecadação nacional, sobretudo em decorrência da acentuada elevação das contribuições sociais, em virtude do aumento das despesas da União e de sua necessidade de gerar superávits primários cada vez mais altos. O que se vê desde então é uma luta ferrenha dos Estados com o objetivo de recuperar sua participação no bolo da arrecadação do país.

O ICMS como parte principal de um sistema inadequado

Nesse breve olhar sobre alguns traços históricos do ICMS, pode-se ver que ele surgiu de um imposto que era inicialmente de competência da União, e que tinha pouco peso na arrecadação nacional. Foi então transferido à competência dos Estados, com o fim de compensar uma diminuição na arrecadação do imposto sobre as exportações e com o pressuposto de que deveria ser um imposto uniforme em todas as operações com mercadorias, a fim de se evitar interferências no comércio interestadual. Em pouco tempo, esse imposto se tornou a principal fonte de receitas tributárias dos Estados e, aos poucos, foi se tornando também a principal fonte de conflitos federativos, em razão dos graves problemas na sua estrutura normativa, como o regime misto (incidindo sobre produção e consumo) nas operações interestaduais e os entraves ao comércio interestadual, a multiplicidade de alíquotas e suas frequentes alterações conforme as condições políticas e econômicas de cada época, os desequilíbrios de arrecadação entre Estados "produtores" e Estados "consumidores", e, sobretudo, o problema da guerra fiscal, consistente nos benefícios fiscais concedidos à margem de acordos entre os Estados, enfim, ao arrepio da Constituição e das leis tributárias.

Foi assim que o ICMS deixou de ser aquele "moderno" imposto sobre valor adicionado, como se pretendia na criação do ICM, em 1965, e se tornou um tributo indefinível, assistemático e incompreensível. E mesmo com todas as suas contradições, manteve-se quase que estruturalmente intacto após a reforma promovida na Constituição de 1988, vale dizer, seus mais cruciais problemas estruturais não foram modificados quando o ICM se tornou o ICMS. O que ocorreu, após 1988, de fato, foi aquilo que os Estados priorizavam, o aumento de sua arrecadação, primeiro com os setores incorporados à base de incidência do ICMS (combustíveis, energia e comunicações), e, depois, com a proliferação dos regimes de substituição tributária, que são a mais significativa representação da preferência

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brasileira pela comodidade e conveniência da arrecadação, ainda que tal escolha seja em detrimento da coerência e da isonomia. Com a substituição tributária, aliás, o ICMS se aproxima muito mais de um imposto sobre a produção. E essa é hoje a base da arrecadação dos Estados.

As atuais discussões sobre a reforma do ICMS estão, portanto, presas às aspirações dos governos estaduais por mais aumentos de arrecadação, às dificuldades de conciliação dos interesses dos Estados dentro da caótica legislação do imposto, às exigências e desconfianças em relação às compensações financeiras para os casos de "perda" de arrecadação, e aos conflitos referentes aos benefícios fiscais concedidos sem acordos no CONFAZ e ainda as disputas relativas à repartição tributária das vendas no comércio eletrônico. Mas, com toda essa problemática, permanece esquecida a mais fundamental contradição do ICMS, que é a inadequação de sua estrutura normativa à forma federativa do Estado brasileiro. Questões fundamentais precisam ser discutidas, como, por exemplo: quem deve legislar sobre o ICMS? Qual fato econômico deve ser tributado pelo ICMS, a produção ou o consumo? Quais as prioridades na estruturação do imposto, aumento de arrecadação e competição fiscal ou equilíbrio federativo e isonomia tributária?

Nesse contexto, em vez desta míope disputa entre os Estados por mais arrecadação, quase sempre restrita a questões pontuais, necessário se faz um amplo debate sobre questões fundamentais do ICMS, com transparência, com a participação da sociedade e com a efetiva mobilização da comunidade jurídica. Afinal, o ICMS é o imposto que mais contribui para a regressividade do nosso sistema tributário, essa injusta característica da tributação brasileira, que faz com que os mais pobres paguem um percentual de imposto maior do que os mais favorecidos economicamente.

Nesse sentido, cabe indagar: as alíquotas do ICMS são adequadas? Se esse é um imposto essencialmente regressivo, como se justificam alíquotas de 17%, 18%, 25%?

É preciso lembrar que nossa tributação é inadequada aos objetivos constitucionais de justiça social, e o ICMS é uma parte relevante dessa inadequação. É preciso, portanto, discutir o ICMS não de forma isolada, mas como um dos mais importantes componentes de um sistema tributário caótico, incoerente e desproporcional.

Nota

(01) O estudo é parte de uma série de publicações em uma parceria entre a FGV Projetos e o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Fernando Rezende, professor, economista e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), resgata nesse estudo a história do tributo que ele próprio define como o principal imposto cobrado no país e traço mais singular de nosso sistema tributário, o ICMS. O texto está disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/10133/MIOLO_FernandoRezende_FINAL_20ago.pdf?sequence=1

 Luis Alberto da Costa*

Texto publicado originalmente no Jus Navigandi (www.jus.com.br), reproduzido mediante permissão expressa do site e de seu autor.

Luis Alberto da Costa

Auditor-Fiscal da Receita Estadual do Ceará.

Fonte: FISCOSOFT

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