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PERSPECTIVA

OUTUBRO 2008 3

Sumário# 14 | Setembro 2008

8 Política Energética

“A questão energética cerca-nos”Ângelo Correia fala da hiper-dependência

dos combustíveis fósseis

46Reportagem

O Sonho cor-de-verde da RitaUm livro, um projecto, uma luta

Propriedade. Escala de Ideias – Edições e Publicações, Lda - R. D. João I, 109, RC - 4450-164 Matosinhos NIF 507 996 429 Tel. 229 399 120 Fax. 229 399 128 Site. www.escaladeideias.pt E-mail. [email protected] Directora-Geral. Alice Sousa - [email protected] Director Editorial. Pedro Laranjeira - [email protected] Redacção. Alexandra Carvalho Vieira - [email protected] Colaboraram neste número. Ana Mendes,

Luís António Patraquim, Marta Costa, Pedro Mota Opinião: Isabel do Carmo, Joaquim Jorge, Ten. Cor. Brandão Ferreira Director de Marketing e Projectos Especiais. Luís Ribeiro - [email protected] Design e Produção Gráfica. Teresa Bento - [email protected] Banco de Imagens. StockXpert, SXC Webmaster. Pedro Abreu - [email protected] Edição. Alexandra Carvalho Vieira Contactos. Redacção 229 399 120 - [email protected] Departamento Comercial. 229 399 120 - [email protected] Tiragem. 70 000 exemplares Periodicidade. Mensal Distribuição. Gratuita, com o jornal “Público” Impressão. COBRHI – Arvato Madrid Depósito Legal. 257120/07 Internet. www.revistaperspectiva.info Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios, e para quaisquer fins, inclusive comerciais.

60Moda Lisboa/Estoril

A Cidadela de Cascais, junto à marina, vai ser o palco.

Reportagem6 Latitude do Olhar – A Barlavento... Boa Vista

Opinião14 Isabel do Carmo15 Ten. Coronel Brandão Ferreira17 Joaquim Jorge

Regiões - São João da Madeira18 Centro Empresarial e Tecnológico20 Cidade de vanguarda tecnológica21 Autenticidade, Conforto e Funcionalidade

Pescas24 “A pesca tem futuro”26 Docapesca lança Certificado de Compra em Lota29 Investigação e desenvolvimento em Engenharia Naval

Empreendedorismo31 Tecnologia e inovação em materiais de construção

E-Learning - Web 2.037 A formação Avanzo e os desafios da Web 2.038 Um impulso para a competitividade

Novas Oportunidades33 Fundação Alentejo: Um parceiro para o desenvolvimento35 Processos de RVCC – Revolução no panorama de qualificação dos portugueses

Oftalmologia40 DMI: Em Portugal afecta mais de 300 mil pessoas41 Cirurgia de Catarata42 Cirurgia Refractiva

Portugal sem Barreiras50 Mobilidade Reduzida: Viajar pelo Mundo é possível52 Parceiro de marcha para uma vida activa

Vida Sénior54 Saúde e beleza intemporais56 Qualidade no conforto do Lar

Turismo62 Anfitrião no lançamento do novo modelo Renault

44 Células Estaminais: Mais do que um “seguro de vida” 58 Aniversário: “Vermelhos” com novo quartel64 Livros66 Ao Vivo

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PERSPECTIVA

4 SETEMBRO 2008

NOTÍCIAS

Clube dos Pensadores

Novo Ciclo de Debates em Gaia e LisboaManuel Maria Carrilho, Isabel Stilwell, Medina Carreira, Ricardo Costa, Guilherme Aguiar e Sónia Araújo são alguns dos convidados.

Por Pedro Laranjeira

Está agendado o 6º Ciclo de Debates do Clube dos Pen-sadores, que se iniciou a 22 Setembro com uma avaliação do papel das mulheres na sociedade, apresentada por Isabel Stilwell, directora do gratuito "Destak" e Sónia Araújo, apresentadora da RTP.

Uma novidade é a deslocação do Clube a Lisboa em 18 de Outubro, para ouvir Manuel Maria Carrilho, antigo ministro da Cul-tura e Embaixador da Unesco, que falará sobre política. Vai ser no Hotel Meliá Tryp Oriente.

Em 17 de Novembro, o Clube regressa ao Holi-day Inn de Gaia, onde Medina Carreira, ex-mi-nistro das Finanças, na

companhia do número um do jornalismo da SIC Notícias, Ricardo Costa, vão falar de Economia.

Dezembro trará um olhar sobre o Futebol português, o seu peso e dimensão na nossa sociedade, com Guilherme Aguiar, antigo Director Executivo da Liga: dia 2, em Gaia.

Os debates são apresentados pelo fundador do Clube, o biólogo Joaquim Jorge, que entretanto sabemos conti-nuar em negociações com Alberto João Jardim, para tentar encontrar uma janela na sobrecarregada agenda da presi-dência do governo regional da Madeira que permita a sua presença num debate futuro. Também Marcelo Rebelo de Sousa está na mira de Joaquim Jorge, como convidado de honra.

Pelo Clube passa-ram já nomes como Pedro Santana Lopes, Manuel Alegre, Paulo Portas, Luís Filipe Menezes, Francisco Louçã, Garcia Pereira, entre outros.

Richard Branson esteve em

Portugal O presidente do Grupo Virgin, que tem empresas em áreas tão díspares como hotelaria, avia-ção, telecomunicações, bebidas, turismo espacial e health clubs,

esteve em Portugal. E numa visita à cidade do Porto deu uma conferência sobre os seus investimentos na área da saúde e bem-estar através da cadeia de health clubs Virgin Active. Questio-nado sobre a possibilidade de criar uma agência espacial em Portugal, respondeu que dentro de três ou quatro anos essa ques-tão estará em cima da mesa até porque o objectivo é criar estru-turas por todo o mundo.

Parlamento Europeu lança canal online O Parlamento Europeu abriu um canal online que visa demonstrar toda a sua acti-vidade. Através do endereço http://www.europarltv.europa.eu o cibernauta pode assis-tir sessões plenárias, debates e entrevistas aos deputados. Disponível em 22 línguas, vai também existir a possibilidade de haver uma interacção com os cidadãos dos 27 países membros.

Sugestão de Leitura

Um livro onde se reflecte, de forma ágil e vincada, a paixão do jovem autor angolano (Paulo Seco), pelas suas origens: África, Angola. Algo quase indizível – aquilo que tanto procura na sua terra-mãe – a quase inca-sável vontade de encontrar o âmago das suas origens, transpõe-se para a figura de Susana, como personagem dilecta. Enquanto se deam-bula pelo livro, em “companhia” de Susana, parecem vivenciar-se, subtilmente, momen-tos biográficos do autor que, aqui e ali, intro-

duz apontamentos literários de experiências pessoais, estrategi-camente associadas ou, cruzadas, com as linhas do enredo.[...] Catarina Pimenta (Tiota)

“A nudez cristalina de Susana”

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REPORTAGEM

6 SETEMBRO 2008

A Latitude do Olhar

A Barlavento… Boa Vista

Aportámos nas imaculadas praias da ilha de Boa Vista no arquipélago de Cabo Verde. Uma imensa corrente de vento parece engolfar a ilha, seguindo depois, imper-turbável, o seu caminho até às longínquas paragens das Américas… são os Alísios, ou os “ventos do comércio” como dizem os britânicos.

Texto: Pedro Mota

Quem olha a placidez da costa e dos seus areais não consegue imaginar os perigos que encerra. Inúmeros baixios e escolhos juncam o litoral. Correntes marítimas cruzam-se no azimute dos ventos constantes, tornando traiçoei-ras as baías e enseadas que num pri-meiro olhar pareciam idílicas.

Quando o sortilégio dos ventos encrespa o mar manso, irrita-o até ficar bravo e fustigar a orla da ilha com vagalhões como se a quisesse roer até ao tutano. Estes não são dias de bom augúrio para demandar as suas costas. Muitos dos que se afoi-taram jazem agora, esventrados, nas suas profundezas. Outros foram ati-

rados para a praia como se, ensande-cidos pela procela, quisessem singrar pela terra adentro.Não é em vão que a ilha da Boa Vista goza da funesta fama de cemitério de navios.

Num paradoxo, a sua faixa costeira não é, somente, sinónimo de barcos encalhados ou de terríveis naufrá-gios. É também farol de esperança para várias espécies de tartarugas marinhas, algumas à beira da extin-ção.

A custo a larga carapaça alçou-se da rebentação em direcção ao areal. Ultrapassada a linha de maré, a tarta-ruga levantou a cabeça, perscrutando

o horizonte com infinitos cuidados. Ainda hesitou um pouco, ensaiando alguns passos de retorno ao oceano, mas lá se encheu de determina-ção e começou a escavar um buraco na areia. Espadanando com as suas potentes e algo desajeitadas barbata-nas, a tartaruga acabou por tapar com areia as pérolas de vida que deposi-tara, os ovos donde iria brotar a sua prole ao fim de escassas semanas. O sucesso da sua postura poderá signi-ficar a diferença entre a continuidade e a trágica extinção deste belo animal marinho.Noutros tempos esta ilha já conheceu a riqueza. Tempos de tanques de evaporação e salinas lodo-sas donde era raspada a crosta de sal, o “ouro branco”, que fez fortunas. Chamariz de muitos comerciantes que propiciaram o desenvolvimento e a edificação de povoações costei-ras. Contudo o luzir da bem-aventu-rança atrai, como é hábito, as aves de rapina. Trazendo vagas sucessivas de piratas que pilhavam e destruíam o fruto do labor esforçado do povo ilhéu.

Alguns piratas eram argelinos, mas a maior parte dos sanguinários bandi-dos eram corsários ingleses. Estranho era o facto destes assassinos maríti-mos terem o aval e a cumplicidade

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REPORTAGEM

SETEMBRO 2008 7

da monarquia inglesa. Caso flagrante de terrorismo de estado, apesar da crueza deste facto ser esbatida nas páginas da História, não fosse ela própria reescrita pelos povos domi-nantes.

Ainda hoje se acredita que, nos ermos desérticos da ilha, vagueiam espectros de finados, almas descon-soladas por lhes ter sido arrebatada a vida de forma violenta…são os Gongons. Os contos populares estão pejados destes espíritos atormenta-dos, como é o caso da Capotona.

Mais uma vez o sempiterno vento Nordeste traçou os desígnios da ilha. O soprar ininterrupto dos alísios, envolveu tudo num sudário de areia fina como farinha, que lhe tomou a forma e o feitio. Cobrindo as sali-nas e assoreando os regatos, a areia trouxe a miséria e a desolação. Agora a paisagem é de dunas e pedregais, de parcas árvores vergadas de tão açoi-tadas pelo vento. Aliando ao aspecto desnudado um Sol abrasador, impla-cável, sentimo-nos imersos numa zona desértica. Como se se tivesse destacado um pedaço do deserto do Sara e este navegasse, qual jangada

de areia, em pleno Atlântico.Há uma lenda sobre a criação do

mundo, em Cabo Verde, na qual Deus, após moldar o mundo em barro, sacudiu as mãos. Os resquí-cios de barro que se soltaram e que caíram no mar geraram o arquipélago de Cabo Verde. Se bem que a paisa-gem seja, na verdade, erma e inós-pita, por outro lado gera uma efer-vescência sonhadora e cultural que forjou o espírito criativo e poético do cabo-verdiano. Como atesta a pro-fícua literatura das ilhas, mas prin-cipalmente a excelente qualidade e diversidade da sua música.Estamos agora em Curral Velho, na costa Norte. Uma larga en-seada, sublinhada por um extenso areal, espraia-se a perder de vista. Aqui ou ali desponta um ilhéu ou a rebentação nos baixios. Da povoação restam só ruínas sobranceiras a uma salina, mas ainda assim, quando lá chegámos, estava montado um palco improvisado… apesar das casas des-conjuntadas, a música, essa, é sempre viçosa em Cabo Verde.

Boa Vista é feita de céu e areia, quase tanto de um como da outra.

Mas num paradoxo…a Ilha é linda…fotogénica. Depois, são as gentes de sorriso franco e aberto, de olhos luminosos como se alguma centelha do imenso Sol lhes luzisse na alma. Como é possível que um povo, fruto de tanto sofrimento, possa emanar tanta bondade?

O mulato cabo-verdiano, resultado da confluência de sangues e coales-cência de culturas, é fonte de espe-rança para a humanidade como exem-plo de energia positiva. Esta atitude é bem representada pela morna de Cabo Verde.

Voltámos a Sal Rei, cruzando no caminho inúmeros burros que pulu-lam por toda a ilha. Chegámos ao entardecer, com o Sol já a tocar a fímbria do mar. Na pracinha central da povoação, uma miríade de crian-ças gira e corre, corre e salta, felizes pela simples razão de existir.

Ficámos a pernoitar na antiga casa da família Ben Oliel, uma famí-lia importante dos tempos áureos da ilha. Hoje a pousada Migrante. Recu-perada com extrema sensibilidade…e bom senso.

Anoitece…

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POLÍTICA ENERGÉTICA

8 SETEMBRO 2008

“A questão energética cerca-nos”

Ângelo Correia foi ministro da Administração Interna, é um político fervoroso e um homem que tem uma opinião formada sobre a política energética portuguesa. Crítico em relação a medidas do passado e firme na apresentação de algumas directrizes, inclusive na abertura de um debate sobre o nuclear, o presidente da FomentInvest comenta algumas questões da actualidade, incluíndo a crise no Cáucaso.

Texto: Alexandra Carvalho Vieira

Qual a sua posição em relação às políticas energéticas do país? Primeira questão da política energé-tica portuguesa: o diagnóstico tardio da nossa hiper-dependência de petró-leo e gás natural. A constatação deu-se apenas há quatro anos, portanto todas as apostas que são feitas agora em energias renováveis são tardias. Lembro que há 10/12 anos quando se queria fazer uma unidade eólica, os ambientalistas manifestavam-se contra por causa, por exemplo, dos morcegos. Parece uma história muito antiga, mas é recente. Isto é, o país não percebeu, sobretudo alguns acto-res não perceberam, que o paradigma ia mudar e que precisávamos de nos adaptar. Adaptar era ter uma compo-nente de energias renováveis forte. Segundo: a relativa vontade em avan-çar com algumas energias renováveis nomeadamente biomassa e mini-hi-dricas. É curioso que já há 10/15 anos era relativamente fácil fazer mini-hí-

dricas, no entanto estiveram para-das por dificuldades de enquadra-mento jurídico entre aquilo que são as necessidades energéticas, os PDM's e, sobretudo, a falta de articulação entre o ministério do Ambiente e o da Ener-gia. Como tal, demoraram cerca de 6 a 7 anos a aprovar. Aliás, em entrevista, de fins de Agosto ao Expresso, o pre-sidente da REN disse que só utiliza-mos 50 por cento do potencial hídrico. O que é uma pena.

Porque é que é uma pena?O potencial hídrico em Portugal não tem só a ver com a energia, mas também com a necessidade de reten-ção de água. O país pode ter um pro-blema dramático de possível desertifi-cação do Sul. No caso das biomassas dou um exemplo: ainda estamos há espera do resultado de um concurso que foi lançado há dois anos. Ou seja, na pior das hipóteses a primeira fábrica começará a funcionar em

2010, quatro anos depois do início do concurso. Existe uma capacidade definida, que tem a ver com a orga-nização florestal do país, de obtenção de biomassa em termos insuficientes. Isto é um problema porque a biomassa portuguesa é exportada para Espanha e para a Itália. Como o tarifário é pra-ticado lá, em Itália 50 por cento mais caro e em Espanha 30 por cento mais caro, é evidente que a biomassa se desloca para os países onde os tarifá-rios são mais elevados. É uma ques-tão de concorrência da nossa matéria-prima que não está resolvida.

“Em Portugal não existe uma política correcta para o automóvel.”

Mas quais são as suas perspecti-vas em termos de capacidade do

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SETEMBRO 2008 9

país em relação às renováveis?Por mais que façamos, a nossa com-ponente de energias renováveis nunca chegará a mais de 40/45 por cento de energia eléctrica. Ora a questão fun-damental não está só na energia eléc-trica, está também nos veículos auto-móveis. Em Portugal não existe uma política correcta para o automó-vel. Devia-se ter taxado menos, há alguns anos, os veículos híbridos, definir uma política de incentivo aos veículos a gás e taxar mais os veícu-los de cilindrada elevada. Surgiu há um ano uma nova legislação de efi-ciência energética, mas é preciso tor-ná-la compulsiva junto das entidades que têm prédios, edifícios. A começar pelo próprio Estado, a impor medidas a ele próprio. Inclusive se isto não se fizer ficaremos aquém dos objectivos traçados.

Concorda com a chamada estraté-gia 20-20-20 estipulada pela União Europeia?São as três fundamentais, aceitáveis e desejáveis. Não só a percentagem das energias renováveis, mas também a oferta geral de energia.

E em relação às medidas apresen-tadas pelo governo português?O governo português tem um compro-misso para 2009. O problema está a dois níveis. O primeiro é muito sério e tem a ver com o nível da aceitabi-lidade por parte dos operadores eléc-tricos do valor atribuído às energias renováveis porque a energia reno-vável é mais cara. A mais barata é a eólica e a seguir as mini-hidricas. O que acontece é que essas energias, em princípio, têm uma capacidade de oferta bastante forte na Europa, sobretudo na plataforma offshore. Na altura vai-se colocar um problema de tensão entre os reguladores eléctricos e o preço real que os operadores vão ter que praticar. O primeiro exemplo tem a ver com a fixação da energia em Portugal. Quando no ano passado o regulador propôs um valor justo para o tarifário que incluísse todos os facto-res das energias renováveis, o governo disse que deveria crescer menos. Ou seja, o combate político provoca uma tensão óbvia entre os reguladores e operadores que fixam as tarifas, e que

depois os políticos em tempo de crise actuam para evitar maior a inflação. Este problema é sério e portanto assis-te-se a uma sobreposição do poder político ao regulador do mercado. E até que ponto é que essas metas vão colidir e ser prescindíveis? Esta é a questão mais grave e que penso ser de repensar.

Ainda há muito por fazer na área da eficiência energética?Essa é outra questão que eu acho que tem algum efeito neste problema das medidas e que tem a ver com os 20 por cento de racionalização energé-tica, porque há países que já fizeram muito. Veja-se o caso da Alemanha e da Inglaterra onde a nível de cons-trução há muitos anos que as medidas de eficiência energética foram imple-mentadas, em Portugal ainda há muito por fazer. Apesar de tudo, acho que o problema é compelir as autarquias, as construtoras, os projectistas, a aceita-rem introduzir desde logo no projecto as reais medidas que tendem a benefi-ciar a poupança energética. Em Por-tugal o problema tem de ser regulado com base em duas premissas: ou a tarifa aplicada à microgeração na habi-tação sobe para induzir mais ou então deve haver um aumento de megawatts atribuídos à poupança energética. Actualmente, são poucos megawatts. Quer dizer que Portugal tem poten-cial, mas não há oferta de volume de energia atribuível pelo governo portu-guês para essas poupanças.

O QREN pode dar algum auxílio nesta matéria?O QREN é um excelente programa, teoricamente falando. Ainda não per-cebi qual é a limitação. Vejo-o muito centrado no Estado, como um ante-projecto que permite consumir e absorver despesas que eram da admi-nistração pública e transferi-las para lá, pelo menos durante 4/5 anos. Isto é excelente para o Estado. Para os ope-radores, ainda não vi nada de sensí-vel. Os primeiros despachos estão a sair agora e já estamos neste processo há um ano e tal. Neste QREN o valor atribuível a projectos de infraestrutu-ras tem uma agravante: a transferên-cia de sectores brainware para har-dware já não é possível, portanto ou

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sou-se escudado por um poder que não tem hardpower e só tem softpo-wer que é a NATO, e meteu-se com alguém que está num crescendo. Segunda questão, a Rússia e lem-bro-me sempre de uma frase histó-rica do conde de Bismark “o papel da Rússia Czarista é fechar as portas da Europa às hordas da Ásia Central”. Já então se percebia que a Rússia não era um inimigo, mas sim um aliado. Os pontos de conexão com a cultura russa são maiores do que podemos pensar. E não podemos voltar hoje à Guerra Fria, mas isso também não pode significar que a Europa se colo-que numa posição de permitir tudo. A questão essencial não é a Geórgia, mas sim a Ucrânia.

Porquê a Ucrânia?Pela sua importância geopolítica. A questão é, todavia, como é que vamos abrir a porta a uma Ucrânia onde uma parte é de obediência cultural ocidental e a outra é de obediência a Moscovo. Há uma percepção de que a Rússia hoje é o retorno da União Soviética o que não é verdade. A Rússia é uma federação de nações que engloba tudo. Na história, as suas fronteiras sempre foram um pouco instáveis. Se se dá a independência a uma área abre-se um precedente. Logo se a Europa tem algumas desconfianças deve estabele-cer um diálogo frutífero que também englobe a questão do escudo protec-tor. Se o objectivo é proteger-nos dos mísseis iranianos porque a localiza-mos o escudo na Polónia ou Repú-blica Checa? Não advirá daí a per-cepção por parte da Rússia de que é ela a ameaça para a NATO?

POLÍTICA ENERGÉTICA

10 SETEMBRO 2008

os utilizamos ou perdemo-los.

“Acelerar e tornar mais expeditos os projectos relativos à biomassa e mini-hidricas.”

Na sua óptica, qual é a política energética ideal para Portugal?Pensar nuclear com uma condição: perceber que pensar não é implemen-tar o nuclear em Portugal. A necessi-dade de água corrente e de terrenos que não colidam com áreas de debili-dade tectónica pode ser determinante. Não estou a afirmar, mas sim a colo-car como uma hipótese possível de análise para Portugal. Se calhar pode ser em Espanha com capitais portu-gueses. Até lá a aceleração das eóli-cas é necessária, bem como todos os processos de energia renovável são fundamentais. Inclusive a construção de grandes barragens apesar de terem uma rentabilidade baixa. De qualquer forma, acelerar a construção de uma ou duas unidades de energia combi-nada: unidades de produção termoe-léctrica que trabalham com gás natu-ral e com fuel. Por último, acelerar e tornar mais expeditos os projec-tos relativos à biomassa e mini-hídri-cas. Não têm um impacto muito forte,

Como comenta a desaceleração da economia?

A desaceleração da economia tem a ver com uma questão com que há muito nos batemos em Portugal: os programas comunitários serviram para acrescentar hardware à economia portuguesa. O que está em causa é a passagem do hardware físico para o software e para o brainware, ou seja, começar pela organização do projecto e para a mudança da natureza da produção. Está a demorar muito tempo e a rentabilidade é longínqua. Demora, mas é uma fase inevitável. As empresas portugueses não estão habituadas a isso. As empresas portuguesas estão habituadas à pura aquisição de tecnologia, sua implementação e produção. Hoje em dia é preciso inovar.

mas a primeira tem um efeito protec-tor das florestas e permite aproveitar um recurso que é abundante. O custo unitário para uma potência de um megawatt para uma minihídrica não se afasta da energia eólica, contudo para as energia do mar e fotovoltai-cas a questão é diferente. Esta última ainda está numa fase de maturidade tecnológica. (custo de 1 megawatt menos de 4 milhões; energia mini-hi-drica 1,3 e na eólica 1,4). Não pode-mos ser demasiado críticos, mas pode haver melhorias.

Qual a sua opinião sobre o mer-cado ibérico de energia?Dentro do mercado ibérico de ener-gia o mibel não funciona e é funda-mental. O que é interessante é a REN portuguesa estar muito mais próxima da modernidade e da adaptação ao futuro, do que a sua congénere espa-nhola. Faz-se fundamentalmente uma auto-defesa espanhola, mas também existe o déficit tarifário, que é muito grande e esse valor em Espanha é 50 vezes maior do que em Portugal.

A crise no Cáucaso é um dado novo no mercado energético…A força da Geórgia é ser o ponto de passagem do Azerbeijão para o Mar Negro. Sou muito cauteloso em rela-ção à análise porque a Geórgia é inde-pendente, mas nem a Ossétia do Sul nem a Abecásia se declararam inte-gradas. Nunca aceitaram. São popu-lações russas e russófilas que sempre pretenderam ter passaporte e cidada-nia russa. Logo o primeiro passo foi precipitado. Não tinha as forças pre-paradas, não tinha força política, pen-

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POLÍTICA ENERGÉTICA

SETEMBRO 2008 11

“Gás Natural é uma alternativa aos derivados do petróleo”Em entrevista Gabriel Sousa, director da Lusitânia Gás, S.A. fala da liberalização do mercado português de Gás Natural, que teve início a 1 de Janeiro de 2007, dos prin-cipais desafios que este sector enfrenta e do possível “crescimento do consumo de gás natural acima dos 12% ao ano, durante os próximos 4 anos”.

Texto: Alexandra Carvalho Vieira

Qual a sua opinião sobre a política energética em Portugal?O cenário energético em Portugal caracteriza-se por uma forte depen-dência de fontes externas, pelo aumento do consumo energético veri-ficado nos últimos anos e pelo peso preponderante do recurso a combus-tíveis fósseis. A este cenário importa acrescentar a necessidade de assegu-rar a redução de emissões e o facto do tecido empresarial ter de compe-tir em mercados globais, o que torna relevante a competitividade que con-siga obter nos custos de energia e na qualidade de fornecimento ener-gético. Estas questões estão paten-tes na Estratégia Nacional de Ener-gia, que visa garantir a segurança no abastecimento de energia, estimu-lar e favorecer a concorrência e asse-gurar a adequação ambiental de todo o processo energético. No conjunto de objectivos e de metas estabele-cidas, nomeadamente as que dizem respeito às fontes de energia reno-váveis e às opções adoptadas para a liberalização e regulação dos mer-cados, será importante verificar ao longo do tempo o efectivo impacto nos preços da energia para o consu-midor e a evolução dos défices tari-fários que os Sistemas podem vir a incorporar. Relativamente à utiliza-ção eficiente de energia e à redução de emissões, será crítico identificar a

capacidade de fiscalizar a implemen-tação da legislação, nomeadamente a que respeita à eficiência energé-tica dos edifícios e verificar como se pode melhorar o contributo de um sector tão significativo como o dos transportes, que representa o maior peso no consumo final de energia e aquele que mais tem crescido.

Deve haver uma maior aposta no gás natural?O gás natural tem apresentado um crescimento significativo desde o início da sua utilização em Portugal, em 1997. Os números indicam que a introdução do Gás Natural em Por-tugal tem sido um caso de sucesso, tendo, inclusive, o Governo Portu-guês decidido antecipar a liberali-zação deste mercado, relativamente ao prazo estabelecido pela UE. Esta medida demonstra a forte aposta que tem sido feita nesta energia. Com as condições decorrentes do processo de regulação, “unbundling” e liberaliza-ção, criam-se agora novos desafios para continuar a construir a maturi-dade desejada para este mercado, de forma a que se venha a confirmar a existência de um mercado atractivo para operadores das redes de trans-porte e distribuição, comercializado-res e consumidores. Importa recordar que o processo análogo para o sector eléctrico foi realizado num sector em

plena maturidade, onde as empresas e o sector residencial eram já plenos utilizadores das infra-estruturas de distribuição de electricidade constru-ídas.

E no sector do gás natural, esta antecipação foi positiva?Já no sector do Gás Natural, a ante-cipação do processo de liberalização contribui para que as infra-estrutu-ras de distribuição de Gás Natural, construídas desde 1997 numa pers-pectiva de saturação do mercado no longo prazo, se vejam agora confron-

» Gabriel Sousa, director da Lusitânia Gás, S.A.

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POLÍTICA ENERGÉTICA

12 SETEMBRO 2008

tadas com um processo de liberaliza-ção onde a remuneração dos activos das empresas terá de ser suportado pelos regimes tarifários, sem que se verifique ainda a plena utilização das capacidades asseguradas pelo inves-timento realizado nestas infra-estru-turas. Apesar de haver já um nível bastante elevado de penetração na ligação de clientes empresariais às redes de distribuição, o sector resi-dencial ainda tem uma considerá-vel margem de progressão ao invés do que se verificava no sector eléc-trico. Desta forma, é essencial con-tinuar a criar condições para que os operadores da distribuição possam, não só operar as suas redes em segu-rança garantindo o fornecimento de gás, mas também, continuar a fazer crescer o mercado do gás natu-ral, para que assim possa existir um maior nível de utilização dos activos associados à distribuição de gás. Este é um desafio para as empresas do sector e para a Entidade Reguladora.

“O consumo de gás natural pode crescer acima dos 12% ao ano, durante os próximos 4 anos.”

O gás natural é a energia de elei-ção da maioria dos europeus para uso nos sectores doméstico, ter-ciário e industrial. Quais são as principais vantagens?A utilização do gás natural apresenta vantagens a diversos níveis. Desde logo, apresenta benefícios ecológi-cos, porquanto reduz as emissões de gases com efeito de estufa, apresenta uma maior eficiência no processo de combustão e elimina as emissões associados ao transporte, pelo facto de ser distribuído através de condu-tas. Depois apresenta vantagens em termos de segurança pelo facto de ser mais leve do que o ar, dissipando-se de forma mais fácil e diminuindo riscos e porque dispensa armazena-mento em recipientes de alta pres-são. O gás natural garante ainda um fornecimento contínuo, comodidade para o consumidor associada ao facto de pagar o consumo somente depois

de o haver realizado e a eliminação de custos de manutenção dos equi-pamentos associados à utilização de combustíveis menos eficientes e poupança da factura energética pelo facto de ter um menor preço de venda ao consumidor.

Pode ser uma alternativa ao petró-leo? Verifica-se que o crescimento do consumo final de gás natural em Por-tugal, tem sido feito precisamente à custa da redução de consumo de petróleo. O Gás Natural representa uma alternativa aos derivados do petróleo, nomeadamente na geração de electricidade, no sector dos trans-portes, como já hoje em dia é bem patente nas nossas maiores cidades e nas aplicações dos sectores domés-tico, terciário e industrial.

A liberalização do mercado por-tuguês de Gás Natural teve início a 1 de Janeiro de 2007. Sente que desde aí houve alterações signifi-cativas? Em benefício do consu-midor?Desde essa data que as principais alterações se têm reflectido na reor-ganização e adaptação do sector com impacto nos operadores de trans-porte, distribuição e comercializa-ção. Desde logo, importa salientar a separação jurídica das actividades que constituem a cadeia de valor, as

alterações ao nível de sistemas de informação para incorporar os pro-cesso de facturação das tarifas regu-ladas e a criação de condições para operar em mercado livre. Estas alte-rações visam obter uma maior trans-parência na formação de preços finais para o consumidor e a prazo, em função do sucesso que se venha a verificar no mercado livre, permitir ao consumidor aceder a esta energia através da livre escolha do seu forne-cedor. Importa confirmar a possibili-dade dos comercializadores de mer-cado livre, conseguirem apresentar preços finais de venda competitivos com as tarifas reguladas.

Quais são as suas perspectivas em termos de crescimento de uti-lização de gás natural em Portu-gal nos próximos anos?Além do crescimento do consumo associado ao sector electro-produtor, nomeadamente pelas novas licenças para a construção de 4 centrais de ciclo combinado, continuaremos a assistir ao crescimento da utilização desta energia no sector residencial, terciário e industrial. A micro-gera-ção, virá também a representar um impacto positivo no crescimento do consumo de gás natural em Portugal. Creio que haverá condições para que o consumo de gás natural possa cres-cer acima dos 12% ao ano, durante os próximos 4 anos.

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OPINIÃO

» Isabel do Carmo

PERSPECTIVA

14 SETEMBRO 2008

O Menino e a Água do BanhoHá quarenta anos, quando aconteceu a derrota de Praga, nesse ano luminoso em que também aconteceu o Maio de 68 e outras revoltas pelo mundo, publiquei em Portugal um livro sobre o processo da Checoslováquia, com as posições do líder derrotado, Dubček. O livro aí está, para provar que tomei posição pública na altura. A tradução dos textos foi minha e a edição foi minha e de um jovem primo já fale-cido, João Lobo.Fizemo-lo contra a posição do partido a que, clandestina-mente, ambos pertencíamos, o Partido Comunista; fizemo-lo em plena ditadura, que gostava muito das denúncias desses regimes feitas pela direita, mas que não as suportava quando propunham alternativas de esquerda; e fizemo-lo também com a ignorância de dois jovens de vinte e tal anos, sem per-ceber que tínhamos que pagar direitos de autor dos textos traduzidos, pelo que acabámos por ter que pagar uma multa em processo instaurado por um conhecido advogado anti-fascista. Que bom que é quando temos vinte anos, mesmo que apertados entre tantas malhas! Hoje tenho orgulho nesse livrinho, que figura numa espécie de curriculum oculto.

Na altura, a revolta do Partido Comunista checoslovaco liderado por Dubček era um sobressalto e uma esperança, tal como na década anterior tinha acontecido na Hungria. O projecto comunista ressuscitava como uma luz ao fundo do túnel, contra o horror do estalinismo. Um punhado de homens, traduzindo a vontade de muitos homens e mulhe-res, arriscava de novo a liberdade e a vida, em nome duma igualdade que fosse compatível com uma existência livre.

Foram derrotados, mortos, feitos prisioneiros, esquecidos. Mas são derrotas que valem a pena. Pode ser que um dia o projecto vivifique, bebendo inspiração nos derrotados.

Hoje, estas propostas que reúnam a igualdade e a liber-

dade, são esquecidas e abafadas.Celebra-se Soljenítsin, porque denunciou o estalinismo,

como se muitos outros não o tivessem feito. Só que Solje-nítsin pertence à categoria de personagens para os quais há a repressão boa e a má. A repressão era má na URSS, mas era boa no Chile, em Portugal e em Espanha, regimes que ele apoiou.

Conhecemos o estilo, com posições simétricas. Há os que condenam a repressão em Guantanamo, mas que a toleram na China ou na Coreia do Norte. Há os que a condenam no Zimbabwe, mas a toleram em Guantanamo. Há os que a condenam em Cuba, mas que a toleram na Palestina. É a repressão à la carte… de acordo com as preferências ideoló-gicas ou simplesmente com as conveniências. Ora, a repres-são sobre o ser humano não tem cor nem escolha. É sempre má.

Há duas organizações cujo pedido de desculpa e cujo remorso deviam ter a dimensão dum grito infinito: a Igreja Católica, pela Inquisição, os partidos comunistas, pelo Esta-linismo. Não me venham com contextos históricos, nem com enquadramentos na época. Ambos extravasaram todos os contextos e deram forma legitimada ao que de mais cruel e bestial há na natureza humana. Não foram revoltas sangui-nárias, espontâneas e sem controlo, como tantas vezes houve na história da humanidade. Foram crueldades de papel pas-sado, pensadas, continuadas, fabricadas. E em qualquer dos casos foram a morte, o assassinato, de projectos luminosos do ser humano - o cristianismo e o comunismo. Diferente foi o nazismo que já continha em si, de origem, o carácter mortífero. Por isso, a compreensão não é possível. A tragé-dia é essa.

Claro que nos podemos perguntar se estes dois projectos também não continham a semente da intolerância. As religi-ões monoteístas - o Deus único, o povo escolhido, a religião única, os textos de epopeia que se tornam sagrados e fonte histórica indiscutível - não conterão em si gérmen do sec-tarismo? Traduzindo a origem da palavra, a pequena seita

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OPINIÃO PERSPECTIVA

SETEMBRO 2008 15

transformou-se em grande seita? Os meus amigos cristãos e islâmicos dizem que não, que nos textos não está nada do que foi ou é a prática, mas… dá que pensar.

E será que na história do movimento do proletariado, durante o século XIX, nas suas utopias, nas organizações que se sucederam, nas revoluções que fizeram, não estará já o gérmen do estalinismo? Dá que pensar. Eu, por mim, penso.

No entanto, atrás da derrota do projecto de Praga, veio vinte anos depois a vitória do sistema capitalista e daquilo que podemos classificar, para encurtar palavras, o Império. Foi derrotado, e bem, o estalinismo - a água do banho - mas com a água do banho deita-se fora o menino - o projecto de igualdades e do fim da exploração do homem pelo homem, para usar um chavão infelizmente bem actual.

Temos assistido ao triunfo da exploração e da desigualdade. Os países globalizados têm eminente ainda mais fome provo-cada pelos globalizadores. As economias de estrutura histori-

camente pobre, como a nossa, não resistem aos poderosos. O grupo dos ricos do mundo está cada vez mais rico e mais dis-tante dos mais pobres. As conquistas sociais encolhem, não porque haja menos riqueza ou menos produção, mas porque o sistema o impõe. A finança anda roda livre; na economia da roleta, a satisfação dos accionistas é que comanda - aumentar lucros significa reduzir custos (emprego, salários), mesmo que não haja crises nenhumas. É uma espiral! Os chefes corrompidos de África e os corruptores "ocidentais" fazem parte da socialite mundial, com os Sarkozy e Berlusconi, que parecem caricaturas mas não são. Compram-se e vendem-se mulheres de Leste como quem vende gado. Encurtam-se as reformas e admite-se 65 horas de trabalho por semana!

É a lógica do neo-liberalismo e da sua inevitabilidade.Tudo se transforma em mercadoria. Ter êxito na vida sig-

nifica ganhar dinheiro. Esta roleta automática desenrolou-se e anda em roda livre. Alguns administram-na com algum esforço social, outros vão a toda a velocidade.

Não meto todos no mesmo saco e peço, apesar de tudo, dis-tinções. Penso que é muito perigoso dizer "é tudo igual". Mas entregarmo-nos à inevitabilidade deste inferno de desigual-dade, como se fossemos numa torrente imparável, é perder-mos a qualidade vital de revolta e de esperança. Outro mundo é possível: aquele que une a liberdade e a igualdade, com direito à diferença.

Eu, por mim, tenho um sonho. Salvar o menino. E sem sonho não há sobrevivência.

A Água, os Alimentos e a Energia » Ten. Cor. Brandão Ferreira

Vai para aí grande alarme por causa do preço dos alimentos. O Presidente do Banco Mundial e outros grandes da cena mundial, já vieram perorar solenemente sobre os perigos desta alta de preços. Como se eles fossem inocentes no meio de tudo isto e não soubessem ou pudes-sem fazer nada…

Nós podemos viver sem um número considerável de coisas, mas não sobrevivemos sem água, comida e energia. Por esta ordem.

Mesmo que voltássemos à Idade da Pedra esta “máxima” era uma sentença!

Ora, ao que nos habituámos, no Ocidente, foi ao des-perdício e a ver os hipermercados cheios com uma quan-tidade de produtos tal, que precisamos de vários anos para os experimentarmos a todos … E a pensar que o abasteci-mento estava assegurado para todo o sempre, sem precisar-mos de nos preocupar muito com o assunto.

Talvez um dia vamos ter de plantar cenouras num vaso !...

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PERSPECTIVA

16 SETEMBRO 2008

O mundo rico tem resistido à evolução dos tempos atra-vés de alta tecnologia aplicada à agricultura; domínio monopolista de multinacionais de indústria alimentar e do subdesenvolvimento alheio. E com muitos subsídios. A UE tem até sobrevivido à cretinice da PAC – Política Agrícola Comum.

As pessoas estão agora surpresas. Não entendemos porquê.

O petróleo não pára de subir, incontinente. Os metais também, embora pouco se fale nisso. Estranhava-se era que os produtos alimentares, outrossim, não subissem. Quem perceba quem e como se puxa os cordelinhos disto tudo, que explique!

Tudo se tem permitido para que as coisas fiquem piores: demografia desequilibrada sobretudo nos países mais pobres (por excesso), mas também nos mais ricos (por defeito); correntes migratórias fora de controlo; desflores-tação galopante; poluição descuidada; agressões contuma-zes ao equilíbrio ecológico; desertificação a aumentar, etc.

E, agora, até se quer plantar cada vez mais vegetais para servirem de biocombustiveis, em vez de servirem para nos alimentar...

Ainda não se conseguiu meter na cabeça das pessoas que os recursos do planeta são finitos e o respectivo ecossistema requer equilíbrios delicados.

O que se faz em Portugal para nos precavermos, enquanto é tempo, das consequências de tudo isto? Temos feito pouco e mal.

Relativamente à água é necessário garantir que os nossos vizinhos cumpram os tratados que regulam a gestão dos rios internacionais; construir muitas mais, pequenas e médias barragens (embora neste âmbito se tenha feito algum esforço); desassorear rios e bacias hidrográficas;

combater a poluição; equacionar a necessidade de cons-truir centrais de dessalinização; não permitir a contamina-ção dos níveis freáticos, etc.

No campo alimentar há que parar o criminoso abandono dos campos; a destruição das actividades piscatórias e a distribuição aleatória de subsídios. É necessário diminuir rapidamente a nossa dependência alimentar que já ultra-passa os 60%; equilibrar a balança de pagamentos; apostar na aquacultura; reflorestar ordenadamente o país inteiro; prioritizar os produtos que representem mais valias, já que não temos hipóteses de nos tornarmos auto suficientes em tudo o que precisamos; resolver os problemas centenários da agricultura portuguesa, que são a estrutura fundiária, a falta de investimento e a baixa instrução média dos agricul-tores. É preciso passar a ter uma política de defesa dos inte-resses portugueses enquanto estivermos na UE.

Por fim é necessário reordenar o território e proibir a construção em terrenos de aptidão agrícola. Um dia destes não haverá um palmo de terra, onde plantar batatas …

Não é difícil de entender, que povo que não é capaz de se alimentar, não é um povo livre …

Finalmente, na energia, estamos longe de ter os nossos problemas resolvidos, embora não haja dificuldade no abastecimento de crude e de se estarem a tomar medidas correctas relativamente ao gás natural, depois da asneira de o ter feito entrar exclusivamente pela Andaluzia.

Temos capacidade de refinação suficiente, mas devemos resistir à tentação de ficar apenas com uma refinaria. E devemos passar a ser mais agressivos no sentido de garan-tir poços de exploração. E não faz sentido não se conse-guir nenhuma concessão em Angola, S. Tomé, e Timor, por exemplo, depois de todos os laços criados e investimentos em cooperação e não só.

Vamos bem encaminhados no sentido de esgotar as nossas capacidades em energia hídrica, depois do flop de Foz Coa.

Temos que apostar nas energias alternativas e na investigação nesta área; e deve-se equacionar sem complexos a hipótese do nuclear.

Tudo isto precisa de tempo e dinheiro e não é muito visí-vel nas necessidades eleitorais…

Em termos comuns, temos que urgentemente educar os cidadãos em todas estas matérias; aprender a poupar; reci-clar tudo o que pudermos ; evitar desperdícios, tratar todos os resíduos e aumentar as reservas estratégicas.

Em vez de pensarmos descuidadamente que os nossos problemas económicos e de segurança estão resolvidos por pertencermos à UE e à NATO e a outras organizações internacionais (e internacionalistas …); em vez de estar-mos escorados em variáveis que não dominamos, ou são contingentes, ou até na Providência Divina, melhor faría-mos em pensar pela nossa cabeça e a não contarmos tanto com os outros, mas sobretudo com nós próprios.

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PERSPECTIVA

SETEMBRO 2008 17

Táctica de Sócrates com Alegre

O importante não é o poder pelo poder, mas sim chegar-se a uma maioria social com políticas sociais.

José Sócrates durante estes quatro anos foi anulando um a um os seus adversários e os incómodos: João Soares ex-candidato a Sintra, é presidente da Assembleia Parlamentar da OSCE; Mário Soares deu-lhe um presente envenenado, candidato a Presidente da República; João Cravinho despa-chou-o para administrador do European Bank for Recons-truction and Development; António Costa para Lisboa, Manuel Maria Carrilho para a UNESCO; Victor Ramalho para o INATEL, etc.. Ou os mantém ocupados ou longe da sua vista. António José Seguro está em stand-by mas, pelo que me parece, auto-marginalizou-se.

Sobra Manuel Alegre: foi alguém que teve a ousadia de enfrentar Sócrates nas presidenciais, tendo uma votação muito superior ao PS. Todavia Sócrates, já percebeu que Alegre é uma consciência crítica, com quem os portugueses se identificam pelas suas tomadas de posição, que pode pro-vocar uma erosão no eleitorado socialista. Não se coíbe de criticar o Governo no que julga necessário. Sócrates sabe que existe a possibilidade de perder votos à esquerda, depois do sinal enviado pelo comício com outras forças de esquerda. À direita o risco é menor, a imagem de Ferreira Leite pouco incómoda, é parecida com ele, mas usa saias.

A máxima é: se não podes combater o inimigo, junta-te a ele. O busílis da questão é que Manuel Alegre não pode defraudar todo o apoio que foi tendo na sociedade civil com

as suas iniciativas depois das presidenciais. Não pode ceder à tentação que lhe passem a mão pelo pêlo. Se pensa concorrer às eleições presidenciais deve apresentar-se como candidato autónomo e de cidadãos. Se o PS, a seguir, o apoiar, tudo bem, será bem-vindo. É assim que as coisas se devem pro-cessar, quem tem que vir ter com Alegre é o PS e não o con-trário. Não seria curial e de bom-tom defraudar toda a cor-rente de gente que está sempre pronta a ajudá-lo quando ele precisou e precisa, independentemente do resto, com custos e sacrifícios. A seguir a essa intuição fantástica, não se pode submergir todo este capital político, humano e voluntário. A dimensão que se atingiu não se pode esvaziar de sentido.

José Sócrates fomenta esta aproximação porque não tem outra saída, não sendo alheio à dimensão cultural e obra poé-tica de Alegre. Se não fosse assim não o faria. Sabe que a saída de Helena Roseta do partido e a votação expressiva em Lisboa poderão ser o clique para a formação de um novo par-tido devido à sua capacidade de ser capaz, de fazer, impul-sionadora, mobilizadora e a concomitante sangria de votos. Num ápice, o adeus à maioria absoluta e porventura à vitó-ria nas legislativas.

Sócrates, muito bem, na antecipação e previsão tenta o approach, mas o importante não é o poder pelo poder, mas sim chegar-se a uma maioria social com políticas sociais.

OPINIÃO

» Joaquim Jorge

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SÃO JOÃO DA MADEIRA

Centro Empresarial e Tecnológico em funcionamentoJá entrou em funcionamento o Centro Empresarial e Tecnológico (CET) de S. João da Madeira, apontado pelo presidente da Câmara, Castro Almeida, como um exem-plo do que deve ser a nova geração de investimentos com recurso a fundos comu-nitários, já que foi pensado para ajudar o sector empresarial a produzir mais e com mais valor acrescentado.

A autarquia é a entidade impulsiona-dora de todo o projecto do CET, caben-do-lhe a liderança da Sanjotec, entidade gestora na qual estão representadas diversas outras instituições: Univer-sidade de Aveiro, Centro Tecnológico do Calçado, Faurécia-Assentos para Automóveis, Associação de Parques de Ciência e Tecnologia do Porto e Clube de Empresários de S. João da Madeira. “Queremos continuar a melhorar as

condições para a instalação de empre-sas em S. João da Madeira, e é nessa aposta que se insere a criação do CET”, afirma o presidente da autarquia acres-centando: “é fundamental atrair boas empresas para S. João da Madeira. Boas empresas criam bons empregos, o que significa bons salários”.

O edifício do central, da autoria do arquitecto portuense Filipe Oliveira Dias, consiste em dois módulos contí-

guos, um dos quais destinado à sede do CET e um outro à implantação da Incu-badora de Empresas de base Tecnoló-gica (com capacidade para 40 empre-sas). A missão passa pela promoção e aumento da produtividade e com-petitividade do concelho e da região, apoiando o desenvolvimento e moder-nização das empresas existentes e a implementação de projectos empresa-riais inovadores”.

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SÃO JOÃO DA MADEIRA

20 SETEMBRO 2008

Cidade de vanguarda tecnológicaO tecido empresarial de São João da Madeira está em “transformação a todos os níveis, quer pelos desafios resultantes da globalização, quer no caso do comércio, com os desafios lançados pela abertura de hipermercados”.

Texto: Alexandra Carvalho Vieira

Quem o afirma é Álvaro Gouveia, pre-sidente do Clube de Empresários de São João da Madeira, “uma associa-ção jovem, mas dinâmica, com von-tade de contribuir para que São João da Madeira se torne numa Cidade de vanguarda tecnológica, em termos de progresso e bem-estar sociais, incen-tivando e promovendo o espírito empreendedor e a excelência empre-sarial”.

Como caracteriza o tecido empre-sarial e industrial de São João da Madeira?A comunidade empresarial enfrenta desafios importantes associados à globalização e aos novos contextos da competividade à escala mundial. Estes desafios adquirem uma importância especial se atendermos que uma parte substancial do concelho é constituído pela indústria transformadora e que se encontrava dominada por sectores tra-dicionais, caso do calçado, que sofrem os efeitos da concorrência internacio-nal intensa. A economia local está, por isso, em transformação em todos os níveis quer pelos desafios resultan-tes da globalização, quer no caso do comércio, com os desafios lançados pela abertura de hipermercados.

Que iniciativas têm sido lançadas pelo Clube de Empresários para potenciar o desenvolvimento do concelho?Está na matriz de formação do Clube a busca permanente de soluções e cami-nhos inovadores para os desafios da actualidade. O lema “Um novo estilo na actividade associativa”, pretende isso mesmo, dinamizar novas ideias e trazer novos conceitos. Assim, tem vindo, a marcar presença na participa-ção, promoção e organização de pro-

jectos. Promovemos desde 2005, as mais variadas iniciativas na necessi-dade das redes de banda larga de nova geração e das redes metropolitanas sem fios de alto débito, pensando que a pequena dimensão do concelho e a sua alta densidade populacional sejam uma vantagem para o teste deste tipo de comunicações emergentes. Este projecto teve a sua maior visibili-dade com a realização do Workshop “Competitividade e banda larga” realizado a Junho de 2007 e o lança-mento de uma consulta pública para a necessidade de um “Plano Nacional para a Banda Larga de Nova Gera-ção” em www.clubedeempresarios.pt/banda_larga. É necessário criar uma nova centralidade entre Aveiro e o Porto. Promovemos também “Encon-tros dos Empresários” com países que apresentam grande crescimento eco-nómico. Para adequar a nova reali-dade, cidade empreendedora e inova-dora, pensamos ser necessário criar uma nova “marca” para a cidade como representou a ideia de “Cidade do Calçado”. Qual a importância do novo Centro Tecnológico?O Clube de Empresários é um dos membros fundadores do novo Centro Empresarial e Tecnológico de São João da Madeira, estando envolvido neste processo de uma forma muito empenhada. Esta nova realidade, é uma iniciativa estruturante que vai potenciar um ambiente favorável ao empreendedorismo e inovação. A ino-vação é essencial para a manutenção e reforço da competividade das empre-sas. O papel da indústria transforma-dora é tão dominante que a inovação significa inovação industrial. A cria-ção deste Centro aliado a outras con-

dições favoráveis existentes, como sejam, a qualidade das zonas indus-triais, a existência de uma rede de banda larga sem fios que abrange todo o concelho, um forte espírito empre-endedor da sua população e a proxi-midade de centros de I&D (Aveiro e Porto), proporciona um ambiente raro e favorável à inovação.

Que conselhos deixa aos empre-sários da região para fazer face a algumas dificuldades?Face à crescente competitividade das economias e dos mercados, muitas empresas defrontam-se hoje com pro-blemas de reestruturação e com a necessidade de procederem a mudan-ças tecnológicas, de gestão e de orga-nização, em particular nos sectores industriais tradicionais. Estes proble-mas surgem acrescidos com a pas-sagem de uma tecnologia de “pro-dução de massa” a uma tecnologia de informação que reserva um papel muito mais importante aos “serviços” e às competências. Estes processos de mudança e transformação carecem de novas competências por parte dos empresários, novas formas de coo-peração entre si, por forma a que as empresas aumentem as suas compe-tências internas, melhorem a sua pro-dutividade, rentabilidade e competi-tividade, aumentem as qualificações profissional e escolar dos colabora-dores, permitindo assim aumentar o nível de conhecimentos e alfabeti-zação da população e a consequente melhoria das suas condições de vida e a valorização do meio envolvente à actividade empresarial. Queremos apostar fortemente na formação dos empresários, em áreas necessárias aos desafios da nova realidade econó-mica.

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SETEMBRO 2008 21

WR Hotel em São João da MadeiraAutenticidade, Conforto e FuncionalidadeChegando a São João da Madeira deparamo-nos com um edifício de um dinamismo e vivacidade sem igual. Assim é a mais recente unidade hoteleira do grupo WR – um hotel moderno com uma combinação perfeita de autenticidade e funcionalidade.

Situado no coração da cidade de São João da Madeira, este hotel conjuga o conforto e o requinte sendo o espaço ideal para congressos e incentivos. Na confluência do jardim e rotunda da ponte, dista apenas a alguns minu-tos do Museu da Indústria de Chape-laria, da Capela de Santo António e do Parque das Senhoras dos Milagres.

RestaurantesSob modernas linhas de design o res-taurante País oferece um requintado serviço à la Carte num ambiente de eleição. Para um almoço ou jantar de negócios, um dia especial ou simples-mente para saborear as deliciosas igua-rias da região, o restaurante do WR Hotel em São João da Madeira é o espaço indicado para várias ocasiões.

Bar As noites de São João da Madeira ganham vida no Bar. Às pontualmente música ao vivo e o resto da semana com a Happy Hour no Bar.

EventosO WR Hotel destina-se essencialmente a empresas que pretendem realizar eventos sem descorar o design e o con-forto tão característicos desta unidade pensada para satisfazer as necessidades da sua empresa. O Hotel tem 4 salas de conferências que possibilitam múl-tiplas disposições e moderno equipa-mento audiovisual que irão de encon-tro às necessidades do seu evento.

Salas equipadas com: Ecrãs de Pro-jecção, Flipcharts, Retroprojectores e todas as salas com luz Natural.

WR Hotel em São João da Madeira

Quartos

Total de 117 Quartos:- 109 Quartos Twins- 8 Suites- Secador de Cabelo (Profissional)- Mini Bar- TV Satélite- Telefone com acesso ao exterior- Internet- Cofre para PC

Facilidades

- Parque de Estacionamento privativo - Wireless- Room Service - Lavandaria- 4 Salas para Congressos e Incentivos- Elevadores- Serviço de Despertar- Ar Condicionado- Recepção 24 horas- Babysitting (pago)

Contactos

Rua Adelino Amaro da Costa, nr 573. 3700-023 São João da MadeiraTelf.: + 351 256 106 700Fax.: + 351 256 106 701url: http://www.wrsjmhotel.com

Recepçã[email protected] Reservas Individuais:[email protected]

Grupos:[email protected]

Descobrir São João da Madeira

Integrada na área metropolitana do Porto desde 2004, São João da Madeira é denominada como a “Capital do Calçado”, famosa pela sua chapelaria e orgulha-se de ser conhecida como a “Cidade do Trabalho”.Apesar da sua pequena dimensão, a cidade é a 2ª maior do distrito de Aveiro tendo um importante papel no seio empresarial português.

O que fazer:- Ver a Ponte sobre o Rio UL- Visitar o Monumento à indústria Sanjoanense- Visitar o Chafariz da Praça- Visitar o Monumento aos Mortos da Grande Guerra- Visitar o Monumento Sapateiro- Visitar o Monumento à Mulher Sanjoanenese- Ver o Museu da Chapelaria- Ver o Palácio dos Condes - Realizar actividades de aventura: Rafting no rio paiva, Escalada, Rappel, slide etc..- Realizar Percursos Pedestres: vermelho, azul-securo; verde, azul claro; - Uma escapadinha ao Porto (apenas a 40 km de distância)- Assistir a um evento cultural na Casa das Artes do Espectáculo

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S. JOÃO DA MADEIRA

22 SETEMBRO 2008

Segurança, higiene e saúde no trabalho

Rigor e profissionalismoEm entrevista Pedro Henriques, do CEPHE – Centro Médico Preventivo Esteves Pereira & Henriques, salienta a importância de os empresários se sensibi-lizarem que a “melhoria e/ou vigilância do bem-estar físico e psíquico dos trabalhadores, se traduz em resul-tados financeiros”.

De que forma a implementação de medidas preventivas na área da medicina no trabalho pode influir na produtividade de uma empresa?As actividades desenvolvidas no âmbito da SHST são muito vastas, no entanto, todas visam o aumento da produtividade, incidindo sobre-tudo pela melhoria e/ou vigilância do bem-estar físico e psíquico dos traba-lhadores, que consequentemente se traduz em resultados financeiros. Os estudos dizem que a vigilância clínica pelo médico do trabalho e o acompa-nhamento dos técnicos de segurança e higiene no trabalho se traduzem na melhoria da qualidade dos produ-tos e dos serviços prestados, na redu-ção de custos inerentes às paragens, perdas de produção e defeitos, redu-ção dos custos em indemnizações por lesões e incapacidades, redução de custos de substituição dos trabalha-dores acidentados ou em situação de doença profissional, redução drástica dos custos de formação de novos tra-balhadores, e na melhoria da imagem interna e externa da empresa. Pessoal-mente, defendo que o exame médico de cada trabalhador é fundamental para a prevenção das doenças profis-sionais a nível individual. A observa-ção técnica do trabalhador é também importante para detectar a presença de um risco “oculto”. É óbvio que o que referi acima só pode acontecer quando estes serviços são implemen-tados com rigor e profissionalismo, e para isto é fundamental que as três partes envolvidas estejam motivadas

neste sentido. Ou seja, é necessário que a empresa prestadora de serviços de SHST se empenhe nos serviços, fazendo-o com o firme fundamento de contribuir para o aumento da pro-dutividade, combatendo a sinistrali-dade, os factores de risco, as doen-ças profissionais, etc., mas também é necessário que os empresários com-preendam a necessidade destes ser-viços, não só como uma obrigação legal, mas sim como uma mais-valia para a empresa, e é muito importante que os trabalhadores cooperem com a empresa de SHST e com a Entidade Empregadora.

Neste sentido, que tipo de servi-ços são prestados pelo CEPHE?O CEPHE iniciou a sua actividade tendo como principal objecto a pres-tação de serviços de SHST, abran-gendo os restantes serviços: análi-ses clínicas, exames complementares de diagnóstico, medições de ruídos, estudos de luminosidade, avaliações de riscos, estudos ergonómicos, etc.. Desde cedo que marcámos uma posi-ção nesta actividade, com um cresci-mento muito rápido não só no número de empresas a quem prestámos os ser-viços, mas também pela confiança que as principais empresas dos conce-lhos de S. João da Madeira, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira, Vale de Cambra e Arouca, deposita-ram em nós. Com este rápido cresci-mento, e porque desde sempre procu-rámos primar pela qualidade, fomos “obrigados” a ampliar os nossos ser-viços, para responder às solicitações

do mercado. Hoje, além da medicina no trabalho e da higiene e segurança, organizamos acções de formação pro-fissional, com planos de formação à medida das necessidades de cada cliente, sendo que estabelecemos inclusive um protocolo com a empresa Euro Consult, por forma a apresentar gratuitamente candidaturas a progra-mas de incentivos comunitários para a formação profissional. Estabelecemos ainda uma parceria com o Laboratório de Análises Microbiológicas A3, para os serviços de Segurança Alimentar (HACCP), e ainda temos um proto-colo muito especial com a empresa FIREPRIN – Protecção Contra Incên-dios, Lda., para apresentar as melho-res condições nos serviços de segu-rança contra incêndios. Em suma, o CEPHE presta directa e indirecta-mente serviços de: Medicina do Tra-balho, SHT, Segurança Alimentar, Formação Profissional e Segurança Contra Incêndios.

Qual a importância da empresa para o concelho?Acredito que é uma mais-valia para o concelho de S. João da Madeira, não só pelos mais de 30 postos de traba-lho que criou, mas também pela jovia-lidade, determinação e empenho que desde sempre o caracterizou, e que fez do CEPHE em apenas 4 anos uma das empresas de prestação de serviços de segurança, higiene e saúde no tra-balho mais respeitadas no distrito de Aveiro.

Leia entrevista na íntegra em www.revistaperspectiva.info

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2. DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

Unidade Monetária: Euro

Código dascontas POCEducação

Custos e perdas 2007 2006 2007 2006

61 CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS E MATÉRIAS CONSUMIDAS:

7.133,79

7.133,79

768.479,41

7.362.673,34

711.341,39

17.444,94

17.462,57 8.877.401,65

848.249,70

0,00 848.249,70

1.523,03 1.523,03

9.734.308,17

16,00 16,00

9.734.324,17

728,95 728,95

9.735.053,12

- 468.908,53

9.266.144,59

9.068,84

9.068,84

798.516,14

7.353.785,73

227.344,96

7.846,42

183.253,02 8.570.746,27

705.136,92

0,00 705.136,92

1.781,25 1.781,25

9.286.733,28

110,43 110,43

9.286.843,71

1.930,00 1.930,00

9.288.773,71

839.137,12

10.127.910,83

Mercadorias

Matérias

62 FORNECIMENTOS E SERVIÇOS EXTERNOS

CUSTOS COM O PESSOAL:

641+642 Remunerações

643 a 648 Encargos sociais

Outros

63 TRANSF. CORRENTES CONCEDIDAS E PRESTAÇÕES SOCIAIS

66 AMORTIZAÇÕES DO EXERCÍCIO

67 PROVISÕES DO EXERCÍCIO

65 OUTROS CUSTOS E PERDAS OPERACIONAIS

(A)

68 CUSTOS E PERDAS FINANCEIRAS

(C)

69 CUSTOS E PERDAS EXTRAORDINÁRIAS

(E)

88 RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

Código dascontas POCEducação

Proveitos e ganhos 2007 2006

71 VENDAS E PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS:

711 Vendas de mercadorias 15.276,86 14.806,34

712 Prestações de serviços 5.924,52 21.201,38 9.870,00 24.676,34

72 Impostos e taxas 2.421.287,28 2.769.380,69

Variação da produção

75 Trabalhos para a própria entidade

73 Proveitos suplementares 19.841,40 20.192,56

74 TRANSF. E SUBSÍDIOS CORRENTES OBTIDOS:

741 Transferências - Tesouro

742 e 743 Outras 6.311.009,38 6.890.448,33

76 OUTROS PROVEITOS E GANHOS OPERACIONAIS 5.957,18 8.758.095,24 3.949,14 9.683.970,72

(B) 8.779.296,62 9.708.647,06

78 PROVEITOS E GANHOS FINANCEIROS 90.196,06 90.196,06 82.132,94 82.132,94

(D) 8.869,492,68 9.790.780,00

79 PROVEITOS E GANHOS EXTRAORDINÁRIOS 396.651,91 396.651,91 337.130,83 337.130,83

(F) 9.266.144,59 10.127.910,83

Resumo 2007 2006

Resultados operacionais: (B)-(A)= -955.011,55 421.913,78

Resultados financeiros: (D-B)-(C-A)= 90.180,06 82.022,51

Resultados correntes: (D)-(C)= -864.831,49 503.936,29

Resultado líquido do exercício: (F)-(E)= -468.908.53 839.137,12

2 - Demostração de resultados

Relatório e Contas do Instituto Superior de contabilidade e Administração do Porto – Exercício 2007 (Republicação da tabela referente à Demonstração de Resultados).

ERRATA» Na página 5 do relatório e contas do ISCAP, publicado na última edição da PERSPECTIVA,

o quadro da “Demonstração de resultados” deve ser lido da seguinte forma:

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“A pesca tem futuro” PESCAS

24 SETEMBRO 2008

As palavras são de Luís Vieira, secretário de Estado Adjunto da Agricultura e das Pescas, que faz uma análise do sector e deixa uma mensagem: “Daqui a 10 anos, face à situação actual, antevê-se um maior contributo da produção aquícola na pro-dução do sector, bem como uma natural valorização dos produtos da pesca”.

Texto: Alexandra Carvalho Vieira

Quais são as grandes causas para a intranquilidade que quem actua no sector das pescas transmite?O sector das pescas não está imune às alterações que ocorrem na econo-mia europeia/mundial. Estou a refe-rir-me concretamente à crise dos com-bustíveis que afecta significativamente a actividade da pesca, especialmente a captura, uma vez que o custo do combustível representa grande parte dos custos operacionais das empre-sas, e estas não conseguem reflectir no preço do produto final estes aumentos. Tal facto deriva da forte concorrên-cia externa a que o sector está sujeito. O Governo tomou de imediato algu-mas iniciativas para atenuar os efei-tos negativos do aumento dos combus-tíveis, como sejam a criação de linha de crédito para aquisição de factores de produção ou renegociação de dívi-das, a redução de algumas taxas supor-tadas pelo armamento e criação de um mecanismo para, temporariamente compensar o pagamento das contribui-ções devidas à Segurança Social. Além disso, trabalhámos em conjunto com outros Estados-membros e apresentá-mos à CE uma posição comum no sen-tido de serem tomadas medidas a nível comunitário que uniformizassem os benefícios a conceder ao sector, mas que tivessem a flexibilidade necessária para se adequarem às especificidades das respectivas frotas. É neste contexto que foi aprovado, num curto espaço de tempo, o Reg.(CE) nº 744/2008, de 24 de Julho, que derroga algumas dispo-sições do actual Fundo Europeu para a Pesca e do regulamento base da Polí-tica Comum de Pesca. Estamos agora a trabalhar em ligação com os repre-sentantes do sector para que o novo regulamento, que foi publicado a 31 de Julho último, e que prevê, entre outras

medidas, o apoio a cessações tempo-rárias, cessações definitivas e investi-mentos a bordo, que visem aumentar a eficiência energética, seja aplicado de forma a responder às principais preo-cupações dos pescadores e armadores causadas pelo aumento dos preços dos combustíveis.

“A sustentabilidade do sector é o objectivo a prosseguir.”

Aliás, há quem diga que não existe uma política activa de pescas em Portugal. Quais as medidas a implementar para corresponder aos anseios do sector e do País?Os anseios do sector deverão ser con-sentâneos com as necessidades do País. Esta é uma verdade inquestionável e que deverá estar sempre presente na decisão política. Ainda recentemente foi elaborado o Plano Estratégico Nacional para a Pesca, para o período 2007-2013, onde estão definidas as linhas de orientação estratégica para o sector, em consonância com a política definida no Programa do Governo. A sustentabilidade do sector é o objectivo a prosseguir que só será conseguido se houver uma atitude responsável na produção e exploração dos recursos pesqueiros, como também, um esforço de diversificação da actividade econó-mica do sector. A aposta no desenvol-vimento do sector aquícola, que é uma realidade assumida pelo Governo, bem como o reforço das acções direcciona-das para a qualificação dos recursos humanos em factores imateriais, como sejam a melhoria da capacidade orga-nizativa, de gestão e de comercializa-ção das unidades produtivas, e a aposta

na inovação de processos e produtos, contribuirão para fomentar estruturas produtivas competitivas.

Como antevê o sector daqui a 10 anos?Estamos a trabalhar para que o futuro do sector da pesca seja a expressão do esforço financeiro que tem vindo a ser feito nos últimos anos, inclusive do que está previsto no Programa de Investimentos para o período 2007-2013. Daqui a dez anos, deveremos ter um sector melhor estruturado e com capacidade para enfrentar, a nível global, um quadro competitivo mais exigente e selectivo. Ao Governo, atra-vés da adopção de políticas, e à Admi-nistração, através da sua operaciona-lização, competirá criar as condições para que o sector ao nível de toda a fileira da pesca, possa prosperar empe-nhando-se em melhorar a rentabilidade das empresas; aumentar os níveis de formação profissional; tornar o sector mais atractivo para os jovens; reforçar a capacidade de intervenção das orga-nizações do sector. Daqui a 10 anos, face à situação actual, antevê-se um maior contributo da produção aquícola na produção do sector, quer seja pro-veniente dos projectos estruturantes em curso, quer seja de futuras unida-des que se desenvolverão em offshore, bem como uma natural valorização dos produtos da pesca em resultado na nossa aposta na política de qualidade e certificação. A pesca tem futuro e, em meu entender, é, e continuará a ser, um factor chave no equilíbrio socioeconó-mico das zonas costeiras.

Leia entrevista na íntegra em www.revistaperspectiva.info

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PESCAS

26 SETEMBRO 2008

Docapesca lança Certificado de Compra em LotaO Certificado de Compra em Lota (CCL) é um projecto, concebido pela DOCA-PESCA, que tem como objectivo fundamental a identificação e valorização do pes-cado transaccionado nas lotas do continente português, junto do consumidor final.

Através de um conjunto de suportes físicos que vão desde a Etiqueta CCL, a materiais promocionais e folhetos infor-mativos, será possível dotar o consumidor final, de um con-junto de informações úteis, sobre o pescado que pretende consumir, ajudando-o a efectuar uma compra responsável.

O consumidor final vai poder encontrar a Etiqueta CCL junto do pescado transaccionado nas lotas do Continente, em diversos pontos de venda do grande e pequeno retalho, como as grandes superfícies, os mercados municipais, pei-xarias e outros distribuidores autorizados.

A Etiqueta CCL inclui diversa informação visível para o consumidor final, como o nome comercial e científico da espécie de pescado, a zona e o método de captura, o nome da lota e o respectivo número de controlo veterinário.

Como é a etiqueta CCL?É uma Etiqueta, colocada num suporte próprio, que iden-tifica o Pescado comercializado nas Lotas Portugue-sas do Continente, cumpridoras das Regras de Higiene e Segurança Alimentar exigidas por Lei. A sua imagem é a seguinte:

De onde vem o pescado?A maior parte deste Pescado é capturado por Embarcações de Pesca Portuguesas a operar em Águas Portuguesas, na Costa Portuguesa.

Onde pode encontrar o CCL?Nas Grandes Superfícies, nos Mercados Municipais, nas Peixarias e noutros Distribuidores autorizados.

Vantagens para o Consumidor:O pescado passa por um Circuito Controlado, do Mar ao

Consumidor, respeitando a identificação e o tamanho das espécies.

- Permite identificar a Origem do Pescado.- É sujeito a Inspecção Higio-Sanitária, coordenada por médicos veterinários.Fornece a informação necessária para uma Compra Res-ponsável.

Vantagens para a Gestão Ambiental dos Recursos Pesqueiros:

- O pescado com CCL respeita os tamanhos mínimos exi-gidos por Lei, contribuindo para a Protecção dos Juvenis (peixe miúdo).- O pescado com CCL respeita as quotas de pesca estabe-lecidas, contribuindo para a Preservação dos Stocks Pis-cícolas.- O pescado com CCL é, essencialmente, capturado na costa portuguesa, exigindo Menores Consumos Energé-ticos, nomeadamente de gasóleo, durante a captura e no transporte terrestre.- O pescado com CCL respeita as regras de Rastreabili-dade.

Este projecto encontra-se em fase de implementação nas diversas lotas, prevendo-se que a sua cobertura nacional esteja concluída até ao final do próximo mês de Novem-bro.

Estão também em fase de planeamento, extensões deste projecto, específicas para a Restauração e Hotelaria.

Docapesca

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PESCAS

28 SETEMBRO 2008

Acreditar e InovarA Conserveira do Sul nasce em 1954 como uma empresa familiar e hoje tem uma longa história na produção e comercialização de conservas, patés de atum, sardi-nha, cavalas, entre outros. Superou períodos conturbados nesta indústria e, enquanto muitos se afundaram, conseguiu singrar. Jorge Ferreira, responsável pela empresa, explica os segredos do sucesso.

Qual o segredo?Não considero que tenha havido um segredo especial ou uma “arma secreta”. Houve sim uma forte deter-minação e vontade por parte dos seus sócios no sentido de alterar o rumo que a generalidade das empre-sas do sector estavam a tomar. De um modo geral as empresas neste sector viram-se na década de 70 e 80 sem mercados de exportação em conse-quência da concorrência desleal pra-ticada pela industria marroquina nos mercados internacionais, não tiveram capacidade de se reestruturar e pro-curar produtos e mercados alternati-vos que fossem solução para o pro-blema acima referido. O caminho que a Conserveira do Sul decidiu seguir foi exactamente o da diversificação de produtos, procura de outros mercados e conseguiu, a nível interno acompa-nhar a evolução e transformação que se dava no mercado com o apareci-mento de conceitos como o Cash & Carry ou as Grandes Superfícies.

Qual a sua opinião sobre as con-servas de marca branca? Consi-dera que vieram abalar o sector?Sobre os produtos de marca branca, há que salientar que há produtos de grande qualidade e outros que nem por isso. À partida estes pro-dutos não vieram abalar o sector na medida em que se tornaram mais uma oferta para o consumidor. Muitas das marcas “brancas”, do distribuidor são feitas no nosso país com tanta qua-lidade quanto as marcas do fornece-dor e com um controlo de qualidade redobrado já que esse controlo é feito pelo fabricante e verificado e auditado pelas empresas de distribuição deten-

toras da marca. A questão das marcas “brancas”só se torna negativa quando se procura comparar o incomparável. Quando se quer a qualidade superior idêntica à da marca do fornecedor, ao preço da qualidade relativa do pro-duto elaborado nas chamadas “eco-nomias emergentes” que se pautam por um baixo custo, mas também pelo incumprimento de todo e qualquer direito social dos seus trabalhadores e por salários extremamente baixos.

A monitorização de todo o pro-cesso e o controlo da qualidade são essenciais?Naturalmente que sim. Para além das obrigações legais que cumprimos escrupulosamente através do Sistema HACCP que temos implementado, fazemos questão de ter a informação completa de todas as fases do pro-cesso produtivo com o registo de inci-dências que possam ter ocorrido. A Conserveira do Sul rege-se por um critério de produção que nos foi trans-mitido pelos nossos Pais (Sócios-Fun-dadores) segundo o qual, os produtos que elaboramos deverão ter uma qua-lidade tal que nós, os nossos filhos e familiares possam consumir sem qual-quer dúvida ou hesitação.

Uma das mais-valias é a “frescura” do peixe e a forma como depois ele é confeccionado?O peixe elaborado na Conserveira do Sul é na sua maioria fresco e captu-rado na Costa do Algarve. Apenas o Atum é adquirido congelado, nos portos galegos, já que em Portugal não há captura em quantidade e em preço que permita a sua aquisição em fresco. Todos os nossos produtos de

Sardinhas, Cavalas, Carapaus são ela-borados com peixe fresco, o que per-mite que a o processo produtivo esteja finalizado (produto pronto a consu-mir) 6 horas após a captura do peixe no mar. Este factor de qualidade dos nossos produtos é também um ponto que nos diferencia e nos permite con-tinuar.

Futuro

“As perspectivas passam por continuar a lutar enquanto houver matéria-prima e clientes que valorizem produtos não só pelo preço, mas também pela qualidade com que são elaborados, que nos permitam trabalhar e dar sustento aos 75 trabalhadores que diariamente partilham grande parte das suas vidas. É também pelo esforço destas pessoas que a Conserveira do Sul tem conseguido chegar aonde chegou, tem sobrevivido e progredido. Naturalmente que temos que continuar a lutar na modernização da empresa, dos seus processos de trabalho, na inovação e criação de novos produtos para que os tempos difíceis que se vivem e se perspectivam para o futuro não nos derrubem”.

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PESCAS

SETEMBRO 2008 29

Instituto Superior Técnico

Investigação e Desenvolvimento em Engenharia e Tecnologia NavalO mar tem um importante potencial para a humanidade e pode fornecer um conjunto variado de riqueza e de oportunidades. Portugal tem sido apresentado muitas vezes por pessoas res-ponsáveis como tendo uma vocação marítima, o que se pode relacionar com a nossa extensão de costa, dimensão da Zona Económica Exclusiva e com a navegação e descobertas marí-timas no passado.

Por Carlos Guedes Soares, professor Catedrático do IST

A Engenharia Naval, não cobrindo todas as áreas científicas e tecnoló-gicas que se podem relacionar com o mar, dedica-se no entanto a um con-junto de actividades que só se desen-volvem no mar e por isso a ligação é

íntima entre a Engenharia Naval e o Mar.

Os engenheiros navais tratam de diferentes aspectos tecnológicos rela-cionados com a exploração sustentada do mar nas várias vertentes do trans-

porte marítimo, e da exploração sus-tentada dos recursos do mar, incluindo nas zonas fora de costa e costeiras. Tratam destes assuntos nas várias fases de identificação de oportunida-des, definição de conceitos, projecto

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PESCAS

30 SETEMBRO 2008

e construção de equipamentos e infra-estruturas, bem como da operação e manutenção dos veículos e platafor-mas marítimas.

O Instituto Superior Técnico tem vindo a promover o ensino de Enge-nharia Naval desde 1981 e o corpo docente de engenharia naval e os investigadores associados têm vindo a desenvolver também uma activi-dade de investigação diversificada em várias áreas científicas e tecnológicas ligadas ao sector marítimo.

A investigação desenvolvida pelos docentes de Engenharia Naval tem vindo a ser promovida através do Centro de Engenharia e Tecnolo-gia Naval (CENTEC), anteriormente conhecido como Unidade de Enge-nharia e Tecnologia Naval, o qual é um centro de investigação do IST, criado em 1994, e que é reconhecido e financiado pela Fundação para a Ciên-cia e a Tecnologia. No entanto, o seu financiamento dominante é através de projectos em consórcio com a indús-tria portuguesa e europeia, co-finan-ciados pelos Programas dos Quadros Comunitários de Incentivo a I&D.

Apesar de o financiamento estar ligado a projectos e portanto a acti-vidade operacional do CENTEC se efectuar através de projectos, tipi-camente com duração de três anos,

por uma questão de coerência cienti-fica, o CENTEC está organizado em 4 grupos de investigação, nomeada-mente, Ambiente Marinho, Dinâmica e Hidrodinâmica de Navios, Estrutu-ras Navais, e Segurança, Fiabilidade e Manutenção.

O CENTEC trata pois de I&D aplicado às actividades marítimas, embora com uma grande ênfase na avaliação de riscos, segurança e fiabi-lidade a qual é aplicada a todos os sec-tores industriais.

Actualmente, conta com cerca de 50 investigadores e participa em cerca 15 projectos europeus, e cerca de 8 projectos nacionais, vários dos quais envolvendo a indústria nacional, o que permite tratar de uma grande variedade de temas e ter um con-tacto diversificado com empresas de vários países. No entanto, apesar da sua internacionalização, o CENTEC tem por politica privilegiar o apoio à indústria nacional, tendo-se sempre disponibilizado para desenvolver pro-jectos nacionais.

A internacionalização manifesta-se também nos seus investigadores, que são de vários países. Em muitos casos estes investigadores utilizam os resul-tados dos seus estudos para apresen-tarem teses de mestrado e de doutora-mento dando assim um elevado nível ao ensino de pós-graduação em Enge-nharia Naval.

O CENTEC está reconhecido como um dos mais importantes centros euro-peus de investigação no seu domínio e têm coordenado vários projectos dos vários Programas Quadro e organi-zado várias conferências internacio-nais de grande projecção.

Restringindo-se só aos projectos europeus coordenados pelo CENTEC, é de referir a Rede de Excelência em Estruturas Navais (MARSTRUCT), a qual envolve os 33 grupos europeus mais avançados na investigação neste domínio. Recentemente terminou uma rede temática em Segurança e Fiabi-lidade de Produtos Industriais, Sis-temas e Estruturas (SAFERELNET) que envolveu 70 parceiros europeus de diferentes industrias.

No passado o CENTEC coorde-nou um projecto sobre Projecto de Estruturas de Navios baseado na Fia-bilidade, onde se desenvolveu uma

metodologia de dimensionamento de navios e de atribuição de coeficientes de segurança que 10 anos mais tarde veio a ser adoptada pelas Sociedades de Classificação nos recentes regula-mentos para projecto e construção de navios tanques e navios graneleiros.

Mais relacionado com as áreas de ambiente marinho, o CENTEC coor-denou o projecto WAVEMOD que estudou os modelos de agitação marí-tima em águas costeiras e recente-mente terminou o projecto HIPOCAS onde se realizou um estudo de recons-tituição das condições de vento, agi-tação marítima e elevação da super-fície do mar de 44 anos no Atlântico Norte e em todos os mares em torno da Europa. Ficou assim criada uma importante base de dados que pode ser utilizada para estudos sobre as condi-ções de projecto para o tráfego marí-timo e para actividades costeiras e fora de costa, o que actualmente é impor-tante para o planeamento de activida-des de obtenção de energia das ondas e de energia eólica fora de costa.

Para além destes projectos, o CENTEC também assumiu a coorde-nação técnica de vários outros relacio-nados com a determinação dos esfor-ços e movimentos provocados pelas ondas nos navios e plataformas, inclu-ído por ondas gigantes, cujo estudo tem tomado a atenção da comuni-dade cientifica nos últimos 10 anos. O CENTEC tem também participado em vários projectos relacionados com estruturas de navios em materiais que vão desde os aços de muito alta resis-tência até aos materiais compósitos, projectos de tecnologias de constru-ção e reparação naval, de tecnologias de informação para o projecto e cons-trução, de análise de riscos e segu-rança das actividades marítimas e também em projectos relacionados com os aspectos logísticos do trans-porte marítimo e da actividade dos portos.

Pode pois dizer-se que no CENTEC se criou um conjunto de conheci-mentos e uma experiência variada e importante em muitos aspectos rela-cionados com a utilização do mar que podem continuar a ser utilizados e até se podem expandir para apoiar o desenvolvimento do sector marítimo em Portugal e na Europa.

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Península IbéricaTecnologia e inovação em materiais de construção

Presente em mais de 150 países, o Grupo S&P Clever Reinforcement tem uma fábrica única de compósitos em chapas de carbono na Península Ibérica. Filipe Dourado, da S&P Clever Reinforcement Ibérica, Lda, avança com as metas: “para este ano esperamos atingir 1,8 milhões de euros de vendas, onde cerca de 60 por cento representa exportações, e espera-mos dentro dos próximos três anos atin-gir a meta dos 3 milhões de euros.”

Um crescimento assente no desenvolvimento de mate-riais de reforço de estruturas de base polimérica arma-dos com fibras de carbono, materiais que têm uma forte componente tecnológica e de inovação.

S&P é um dos maiores grupos mundiais de compó-sitos para construção. O slogan é “Reinforcing the World”, de que forma é possível aplicá-lo ao cresci-mento da empresa?A S&P Clever Reinforcement tem uma forte implemen-tação no mercado mundial, está presente em mais de 150 países em todo o mundo, directamente ou através de empresas distribuidoras. O grupo, originário da Suíça, está presente directamente em Portugal e Espanha atra-vés da nossa empresa a S&P Clever Reinforcement Ibé-rica. Os materiais que desenvolvemos são materiais de reforço de estruturas de base polimerica armados com fibras de carbono, materiais têm uma forte componente tecnológica e de inovação. O nosso lema reflecte a forte presença no mercado Global e a necessidade premente

» Filipe Dourado, da S&P Clever Reinforcement Ibérica, Lda

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EMPREENDEDORISMO

32 SETEMBRO 2008

de reforçar as estruturas existentes, valorizando o patri-mónio construído, em vez da desenfreada corrida à construção nova. O mercado da reabilitação representa cerca de 40 por cento do mercado da construção nos países desenvolvidos, é um mercado emergente e em crescimento, assim esperamos que venha a ser também em Portugal.

Como caracteriza a presença do Grupo na Penín-sula Ibérica?A nossa casa mãe, investiu fortemente em Portugal, apostando no mercado ibérico e na nossa capacidade de inovação e empreendedorismo. Apesar de estar pre-sente no nosso mercado desde 1996 através de uma representante multinacional Alemã a Degussa, foi deci-dido apostar numa abordagem directa do mercado, adaptando a oferta às exigências dos nossos clientes nacionais e internacionais. A aposta na implementa-ção da fábrica de laminados de chapas de carbono em Portugal, um investimento de 2,5 milhões euros, teve a ver com dois factores essenciais: a aposta na capaci-dade I&D do país, para tal foi essencial a participação do departamento de materiais compósitos do INEGI, e a possibilidade de obter a derradeira possibilidade de fundos europeus no quadro do QREN, que foi aprovado no mês de Junho deste ano. Esta fábrica é a única exis-tente na Península Ibérica, todos os métodos implemen-tados são de tecnologia de ponta, aliados a um rigoroso controlo de processos e de qualidade.

Qual é o impacto na economia portuguesa? Pensamos que num futuro próximo esta unidade indus-trial representará a médio prazo uma cota de exportação para países comunitários e extra comunitários na ordem dos 3 milhões de euros. Penso sinceramente que a eco-nomia portuguesa terá que direccionar os seus investi-mentos neste sentido, isto é, pequenas empresas com capacidade de inovação e colocação de produtos ino-vadores de baixa concorrência no mercado externo. Se olharmos para a Suíça, um pequeno país que conheço bem, onde existem milhares de empresas como a nossa a produzir e a exportar produtos únicos, podemos ima-ginar o impacto que teria este modelo aplicado ao nosso país.

Os compósitos em chapas de carbono são muito utilizados na indústria aeroespacial e automobilís-tica. Qual a importância de serem transpostos para a construção?Este tipo de materiais apresenta enormes vantagens quando aplicados na área da construção, o facto de não apresentarem corrosão e serem praticamente imu-táveis ao longo da vida permite realizar intervenções de reforço onde o factor durabilidade não depende do material de reforço, mas sim do suporte onde este está aplicado, uma vantagem relativamente às técnicas tra-dicionais como as chapas de aço coladas. Por outro lado, a sua extraordinária leveza aliada a elevada resis-tência (cerca de 10 vezes mais que o aço) representa

uma versatilidade e facilidade de aplicação imbatíveis. Por outro lado, a aplicação por empresas especializa-das e certificadas pela S&P reduz ao mínimo os riscos indesejáveis de uma má aplicação. Os custos finais do sistema, por ser de rápida instalação, são muito com-petitivos quando comparados com outras técnicas, e o facto de serem pouco intrusivos, com secções muito reduzidas de reforço, são uma mais-valia para o dono de obra.

“Temos tido alguns projectos-piloto interessantes com a Brisa e a Estradas de Portugal com a finalidade de comprovar a eficiência destes sistemas.”

Em Portugal, onde podemos encontrar a aplicação dos compósitos em chapas de carbono?Em Portugal temos cerca de 70 obras já realizadas, podemos destacar o Viaduto Duarte Pacheco, a Casa da Música, diversos viadutos das auto-estradas da A1 e A3, Ponte Europa, o Viaduto Ramalho Ortigão e dezenas de edifícios diversos.

Além do reforço de estruturas em edifícios e pontes existem outras áreas de aplicação de com-pósitos que possa destacar?Começamos no ano 2005 a aplicar em Portugal gre-lhas de fibra de carbono e vidro em pavimentos rodo-viários, uma área onde já temos experiências muito positivas noutros países da Europa onde a exigência a nível de durabilidade dos pavimentos é um requisito fundamental. Temos tido alguns projectos-piloto inte-ressantes com a Brisa e a Estradas de Portugal com a finalidade de comprovar a eficiência destes sistemas. Esta nova tecnologia, com base nos exemplos de apli-cação e estudos já feitos em diversos laboratórios de estradas, evita a fissuração dos pavimentos e aumenta a capacidade de carga sem aumentar a espessura do pavimento. Se pensarmos no brutal aumento de trá-fego nas últimas décadas e na rede viária existente no nosso país, facilmente chegamos a conclusão que esta é uma área de grande futuro.

Quais as expectativas para este ano e anos vin-douros?As nossas expectativas para o ano 2008, são o de con-solidar o investimento na fábrica de laminados, espe-ramos agora poder concluir o processo de certificação de qualidade, e continuar a crescer de uma forma con-solidada. Para este ano esperamos atingir 1,8 milhões de euros de vendas, onde cerca de 60% representa exportações, e esperamos dentro dos próximos três anos atingir a meta dos 3 milhões de euros, assente no aumento das exportações para Espanha, Suíça e Ale-manha.

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FORMAÇÃO

SETEMBRO 2008 33

Fundação Alentejo

Um parceiro para o desenvolvimento

“No Alentejo: Qualificamos e Certificamos as Pessoas, Promovemos o Desenvolvimento Sustentável”,

assevera Fernanda Ramos, presidente da Fundação Alentejo.

A comemorar 9 anos, esta instituição detém a Escola Profissional da Região do Alentejo que contribui “no pro-cesso de desenvolvimento regional, valorizando a inovação tecnológica e o empreendedorismo orientados para as áreas charneira do tecido econó-mico e empresarial da nossa região e do país.”

Que balanço faz dos 9 anos da Fundação Alentejo?É um balanço bastante positivo aquele que fazemos destes 9 anos de Funda-ção e, forçosamente, dos 18 anos da sua Escola Profissional. Queremos com isto dizer que os objectivos que estiveram presentes na constituição de ambas as instituições foram clara-mente alcançados e, em alguns aspec-tos, largamente ultrapassados.

Pode precisar a sua afirmação e falar-nos sobre as grandes linhas de acção da Fundação?Ao longo destes anos criámos uma estrutura de referência de formação escolar e profissional de jovens, ino-vadora nos planos organizacionais e pedagógicos. Nela diplomámos mais de 3600 Técnicos Altamente Qualifi-cados em diversas áreas de formação orientadas para o processo de desen-volvimento regional, conforme era nosso objectivo. Além disso, deve-se a nós e ao movimento das Escolas Profissionais, o processo de afirma-ção social e escolar desta alternativa de formação de nível secundário, de tal forma que, graças ao nosso esforço e ao nosso pioneirismo, o Ministério

da Educação julgou oportuno alargar essa oferta à rede pública de Escolas Secundárias. Reconciliámos, ainda, muitos jovens e suas famílias com a escola e demonstrámos à sociedade, às empresas e instituições, que o nível secundário de formação pode ser socialmente útil e não apenas esco-larmente digno, para isso implicá-mos a Escola no processo de desen-volvimento regional, valorizando a inovação tecnológica e o empreende-dorismo orientados para as áreas char-neira do tecido económico e empresa-rial da nossa região e do país.

E ao nível da oferta formativa?Finalmente, alargámos a nossa oferta a novos públicos, aos adultos, àqueles que as circunstâncias sociais e fami-liares não permitiram a conclusão do seu percurso escolar. Para o efeito, desde 2001, iniciámos o processo de

RVCC, ou seja a certificação de com-petências adquiridas na vida activa, tendo concluído mais de 3.800 certi-ficações de adultos e atribuído os res-pectivos diplomas. Hoje temos dois Centros Novas Oportunidades, um sediado em Évora e outro em Elvas. Em ambos levamos a cabo a certifi-cação escolar de nível básico e secun-dário e no CNO de Évora realizamos, também, o RVCC PRO, na área de Hotelaria. Sob o lema “A sua experi-ência conta” e “Aprender compensa”, temos vindo a certificar e reconciliar com a formação escolar profissional milhares de adultos da nossa região, os quais obtiveram os seus diplomas e assumiram o desafio fundamental da formação ao longo da vida. É neste contexto que, a par do RVCC, lançá-mos a educação e formação de adul-tos, quer através de Cursos EFA, quer na nova modalidade de Unidades Cer-tificadas de Formação Modular (uni-dades de curta duração).

“Acreditamos que 'pelo Sonho é que vamos' e, por isso mesmo, não temos deixado de sonhar com um Alentejo mais desenvolvido.”

É desta forma que a Fundação contribui para o Desenvolvimento do Alentejo? Como encara o desenvolvimento da região?Entendemos o desenvolvimento como

» Fernanda Ramos, presidente da Fundação Alentejo.

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FORMAÇÃO

34 SETEMBRO 2008

processo que interpela, implica e deve mobilizar diversos agentes do tecido institucional e empresarial da região e, em última análise, cada um dos seus habitantes. Na linha de Sebastião da Gama, acreditamos que “pelo Sonho é que vamos” e, por isso mesmo, não temos deixado de sonhar com um Alentejo mais desenvolvido e onde aconteçam oportunidades de realiza-ção pessoal e profissional de cada um dos seus habitantes. Acreditamos que tal é possível, se, de forma concertada e em parceria, todos assumirmos esse desafio, essa utopia. Nesse sentido temos conduzido a nossa prática e a nossa acção, cooperando, propondo e estando disponíveis para todas as dinâ-micas de desenvolvimento, tendo em conta a nossa área de intervenção: o desenvolvimento da qualificação esco-lar e profissional de jovens e adultos e a promoção da dignidade e da quali-

dade de vida dos alentejanos. De terra esquecida do poder central e feudo de poucos, o Alentejo ganhou, nos últimos anos, novas perspectivas de desenvol-vimento, novos projectos em áreas relevantes do desenvolvimento nacio-

nal e respeitadoras do nosso patrimó-nio cultural e ambiental. Acreditamos nestes projectos, nas suas potencialida-des, pelo que a nossa oferta formativa é sensível a essas áreas e aos desafios de qualificação que elas implicam.

» Sede da Fundação Alentejo, EPRAL.

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NOVAS OPORTUNIDADES

SETEMBRO 2008 35

Processos de RVCC

Revolução no panorama de qualificação dos portuguesesA Escola Secundária Daniel Faria, em Baltar, situa-se num concelho (Paredes) com uma população que apresenta um nível de qualificação muito baixo. Por isso lança-mo-nos nesta aventura de abrirmos um Centro Novas Oportunidades para dar res-posta a essa necessidade de qualificação quer ao nível do concelho, quer ao nível nacional.

Por Carlos Santos*

No concelho de Paredes fomos a pri-meira escola pública a criar um Centro Novas Oportunidades. Esta nossa opção foi coadjuvada pela Equipa de Apoio às Escolas bem como pela Direcção Regional do Norte. A neces-sidade de abertura de um novo centro no concelho de Paredes estava bem patente no facto de os centros novas oportunidades existentes no conce-lho de imediato nos enviarem adul-tos para os quais já não tinham capa-cidade de resposta.

Para além dos cursos EFA (Educa-ção e Formação de Adultos) de nível 3 (3º Ciclo) e Secundário que iniciá-mos neste ano lectivo, o Centro Novas Oportunidades surge como uma nova possibilidade de formação para os adultos que não necessitem de fazer um curso EFA. Até agora podemos dizer que quer o Centro quer os cursos EFA estão a ser um sucesso, podendo este sucesso ser medido pelo número diminuto de adultos que desisti-ram dos cursos EFA, bem como pelo número de inscrições no Centro que todos os dias não pára de aumentar.

Em grande parte este sucesso tem muito a ver com os formadores esco-lhidos para integrarem os cursos EFA e a equipa do Centro. Ao contrário de outras situações mais comuns de colo-cação de docentes, para estes cursos pudemos escolher os nossos formado-res. Esta possibilidade permitiu selec-cionar aqueles que apresentavam o melhor perfil para desempenharem este papel. O trabalho com adultos tem

características muito próprias e muito diferentes do trabalho com jovens e adolescentes. Quer os professores da escola quer aqueles que tiveram de ser contratados reconhecem que tem sido um trabalho gratificante e um desafio para a sua carreira profissional.

Um dos princípios do nosso Centro e que é corroborado pelo coordena-dor do mesmo é não entrar em facili-tismos nos processos de RVCC (reco-nhecimento, validação e certificação de competências). Queremos que a nossa equipa de técnicos atendam a todas as dificuldades e problemas que os adultos lhes possam apresen-tar, mas nunca criarem expectativas de um trabalho sem esforço por parte do adulto. Um dos problemas com que temos de lidar é a informação que muitos adultos trazem, verda-deira ou não, de que em certos centros

se fazem RVCC em 3, 4 ou 6 meses, sejam de nível básico ou secundário. Se nalguns casos isso possa ser possí-vel, na maioria das situações os adul-tos não têm competências que lhes permitam concluir um RVCC em tão pouco tempo. Contudo esta represen-tação de que os Centros Novas Opor-tunidades são locais onde se obtém o “9º” ou “12º” anos em poucos meses é algo que todos os Centros têm de com-bater, para poderem continuar a ser credíveis aos olhos da comunidade. Por isso tivemos o cuidado de reunir com todos os adultos e informar-lhes o que os esperava num curso EFA ou num processo de RVCC, mostrando-lhes que estaríamos disponíveis para os ajudar, mas também apresentando-lhes as dificuldades que se lhes iriam deparar. Esta nossa clareza tem tido um efeito muito positivo na manuten-ção dos adultos na nossa escola, pois só ficam aqueles que verdadeiramente querem ter uma qualificação de qua-lidade.

Sendo um Centro Novas Oportuni-dades muito recente, ainda não temos um feedback que nos permita avaliar o nosso trabalho. Contudo, através dos adultos dos cursos EFA, temos tido muito boas opiniões. A relação entre adultos e formadores não podia ser melhor. Ao nível do EFA secun-dário e que se iniciou em Fevereiro, os adultos pediram-nos para conse-guir manter a equipa de formado-res pois não queriam mais ninguém para o novo ano lectivo. Quase todos

» Carlos Santos

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NOVAS OPORTUNIDADES

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os docentes destes cursos foram con-tratados e os seus contratos termina-ram em Agosto. Chegaram mesmo a pensar em escrever para o Ministério da Educação pedindo a manutenção dos seus formadores. Isto demonstra bem a relação que se criou e desenvol-veu entre estas pessoas.

A necessidade de qualificação dos portugueses é claramente muito impor-tante e necessária mas não poderá ser feita a qualquer preço. Consideramos que os Centros Novas Oportunida-des e os Cursos EFA podem contri-buir para a diminuição dessa falta de qualificação mas têm de o fazer com rigor e qualidade. Algumas infor-mações que vamos tendo de alguns adultos que passaram por certos cen-tros de formação é algo preocupante, pois descredibiliza o esforço de todos os outros Centros e nivela-os a todos por baixo. Não podemos fazer deste esforço nacional uma fraude, nem passar para a opinião pública que o trabalho desenvolvido nos centros é apenas uma formalidade para melho-rar as estatísticas de formação e qua-lificação, ficando assim Portugal bem visto na comunidade europeia. Não é nisto que acreditamos. Julgamos que este processo tem muito potencial e poderá contribuir efectivamente para uma melhoria da qualificação dos portugueses. Há que reconhecer que muitos adultos têm percursos de vida riquíssimos que devem ser validados,

mas devido às contingências pesso-ais das suas vidas, em termos oficiais, têm uma escolaridade incompleta ou muito diminuta. O podermos qualifi-car estes adultos é permitir-lhes reco-nhecer aquilo que sabem e, por vezes, criar-lhes a possibilidade de retoma-rem a sua formação para níveis que estes nunca teriam imaginado. Temos também a obrigação de esclarecer o público em geral sobre o que é isto do RVCC. A opinião pública tem muitas vezes uma imagem deturpada do nosso trabalho, já que comparam os níveis do ensino regular aos módu-los de formação dos cursos EFA ou ao trabalho do RVCC. Estes últimos estão a dar equivalências e não cursos de ensino básico ou ensino secundário regular. Dizer que um adulto concluiu um EFA secundário não é o mesmo que dizer que um adolescente termi-nou o seu curso de ciências e tecno-logias no secundário regular. Ao pri-meiro foi-lhe reconhecido e validado competências que possui, de um nível secundário, tenha-as adquirido na sua actividade profissional, pessoal ou escolar. O segundo está a ter uma formação inicial de nível secundário,

dentro do sistema de ensino formal e que lhe permitirá, se assim o entender, ingressar num curso superior. Estes são dois percursos totalmente diferen-tes. O adolescente está a ter a sua 1ª oportunidade o adulto está a ter uma NOVA OPORTUNIDADE. É nisto que acreditamos e é com este espírito que trabalhamos.

O futuro dir-nos-á se estávamos certos ou não, mas enquanto não per-dermos esta confiança tudo fare-mos para que os adultos possam ver reconhecidas as suas competências e permitir que aumentam a sua auto-estima. Daqui a um ano, quando fizer-mos um primeiro balanço do nosso trabalho poderemos falar com outra certeza. Por agora acreditamos que os Centros Novas Oportunidades são uma aposta que para ser ganha tem de ser credível, rigorosa e honesta. Se o conseguirmos teremos, todos, escolas e adultos, feita uma enorme revolução no panorama de qualificação dos por-tugueses.

* Presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária Daniel Faria, em Baltar

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WEB 2.0

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A formação AVANZO e os desafios da Web 2.0O permanente acompanhamento da evolução tecnológica pela AVANZO tem um duplo objectivo: proporcionar ambientes ricos de aprendizagem para os forman-dos e potenciar o retorno do investimento das organizações.

Por João Manuel Rato, country manager da Avanzo Portugal

Especialistas em E-learningO Desafio do mundo Global conduz à especialização. A AVANZO responde a esta tendência com o foco da sua actividade no E-Learning, encarando a tecnologia como um meio para atingir dois objectivos: proporcionar um ambiente rico de aprendizagem e, através dele, potenciar o retorno do investimento (ROI) das organizações que pro-curam a formação como forma de atingir a excelência.

O desafio Web 2.0 da AVANZONa Web 2.0, o formando não mais deseja consumir de forma passiva e solitária conteúdos formativos com estru-tura pré-definida e direccionada ao público em geral. Pelo contrário, quer participar activamente na sua forma-ção, interagir livremente e através de diversos canais com outros formandos e tutores, partilhar colaborativamente os seus próprios conhecimentos e recursos. A estrutura dos conteúdos deverá adaptar-se dinamicamente às suas neces-sidades mediante provas de nível, sistemas de recomenda-ção e sistemas de agregação ou sindicação de conteúdos. A AVANZO investiga, desenvolve e inova de modo conti-nuado, com o propósito de satisfazer as necessidades reais destes novos formandos Web 2.0, investindo anualmente uma percentagem significativa do seu lucro em I+D+i.

O esforço é feito no sentido de incorporar na sua LMS, Cursos e Portais de Formação, soluções e ferramentas Web 2.0 que respondam à crescente procura de ambientes de aprendizagem activa, comunicativa e participativa, ao invés de mediums de disponibilização, armazenamento e consumo de informação.

Tirando o máximo partido da sua LMS própria, a AVANZO garante a possibilidade de permanente actuali-zação e adequação às necessidades de formação dos indi-víduos, não perdendo de vista o contexto no qual estes se inserem: o seu meio corporativo e organizacional.

Os portais de formação AVANZO são disso mesmo um exemplo. Mais que um mero ponto de acesso, informa-tivo e institucional, são ambientes de intercâmbio e parti-lha comunicacional pessoais integrados no seio da organi-zação. A aposta na requalificação profissional funde-se e confunde-se com o investimento pessoal de cada indivíduo na sua própria aprendizagem, numa relação simbiótica que contribui intimamente para a evolução da pessoa e da orga-nização. A aprendizagem não é mais estanque (temporal e espacialmente), mas antes transversal à (sobre)vivência

de qualquer indivíduo ou organiza-ção. O propósito da AVANZO com o desenvolvimento das suas solu-ções de formação está na forma de utilização das ferramentas, não nas ferramentas em si e de per si. Pondo a sua infra-estrutura tecnológica e know-how pedagógico ao serviço das organizações, reduz as necessi-dades de investimento do cliente e proporciona uma autên-tica experiência de aprendizagem ao utilizador final.

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WEB 2.0

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E-learning

Um impulso para a competitividadeO desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (TIC) tem cons-tituído um dos aspectos mais importantes para o estímulo da competitividade no espaço europeu na última década. Na transição para a Sociedade do Conhecimento, a existência de recursos humanos qualificados e a aquisição de novas competências constituem desafios a que a Europa tem de dar resposta, de forma a poder competir num mundo cada vez mais globalizado.

Por Carlos Zorrinho, coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico, e António Bob dos Santos, assessor do Gabinete de Coordenação da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico

O desenvolvimento das tecnolo-gias de informação e comunicação (TIC) tem constituído um dos aspec-tos mais importantes para o estímulo da competitividade no espaço euro-peu na última década. Na transição para a Sociedade do Conhecimento, a existência de recursos humanos qualificados e a aquisição de novas competências constituem desafios a que a Europa tem de dar resposta, de forma a poder competir num mundo cada vez mais globalizado.

Embora a generalização das TIC seja temporalmente recente, tem sido essencial para o desenvolvi-mento de ambientes pedagógicos inovadores, conciliando as formas tradicionais de ensino e aprendiza-gem com as novas tecnologias, cada vez mais interactivas e direcciona-das para as diferentes necessidades dos intervenientes no processo de aprendizagem. A aquisição de novas competências e saberes é hoje facili-tada pelas novas tecnologias ligadas à Internet, que permitem o acesso à informação e ao conhecimento de uma forma quase imediata, atenu-ando os custos associados ao tempo e ao espaço. As actuais metodolo-gias eLearning/bLearning permitem “aprender” e “ensinar” em qualquer lugar, a qualquer hora, e a partir de qualquer dispositivo com ligação à

Internet, estimulando uma aprendi-zagem contínua e ao longo do ciclo de vida de cada pessoa.

Esta realidade esteve em foco durante a Presidência Portuguesa da UE1, onde foram aprovadas as Comunicações “New Skills for New Jobs” e “eSkills for XXI Cen-tury”, bem como se procedeu à rea-lização da conferência internacio-nal eLearning Lisboa 20072, sob os auspícios da Presidência Portu-guesa da UE, sinal de que o eLear-ning pode ser um instrumento fun-damental para a concretização dos objectivos traçados pela Estratégia de Lisboa, contribuindo para maio-res níveis de crescimento e criação de emprego.

Ao nível das políticas europeias, destaque-se igualmente o Pro-grama de Aprendizagem ao Longo da Vida, com o horizonte temporal 2007-2013, que salienta a importân-cia da mobilidade dos trabalhado-res, através do aumento das qualifi-cações e do seu reconhecimento no espaço europeu. A implementação do processo de Bolonha vem também reforçar o papel das Universidades e das restantes instituições do Ensino Superior na mobilidade de inves-tigadores e outro pessoal afecto ao sistema académico e científico.

Ao nível das políticas nacionais,

o papel do Estado continua a ser importante na mobilização e dina-mização para a sociedade da infor-mação e do conhecimento. Portu-gal tem sido um bom exemplo a este nível, nomeadamente através da implementação do Plano Tec-nológico, onde se destacam as ini-ciativas como o “Ligar Portugal”, a “Iniciativa Nova Aprendiza-gem” (eLearning nas iniciativas de Modernização Administrativa), a iniciativa “e-Escolas”, o projecto “Magalhães”, o “Plano Tecnológico da Educação” ou a nova geração de redes digitais, que contribuem para estimular a interactividade e a par-tilha de conhecimento sem barrei-ras, a certificação de competências TIC e a preparação da população em geral para a Sociedade do Conheci-mento.

O acesso ao conhecimento é a chave do sucesso para o desenvol-vimento sustentável na economia global. O E.Learning é uma ferra-menta determinante de acesso ao conhecimento. Por isso o Plano Tec-nológico e a Estratégia de Lisboa procuram tirar todo o partido do impulso para a competitividade que ela constitui.

1 Que ocorreu no 2º semestre de 2007.2 Em Lisboa, 15-16 Outubro de 2007.

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OFTALMOLOGIA

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Degenerescência Macular da Idade

Em Portugal afecta mais de 300 mil pessoas

Entrevista a Ângela Carneiro, responsá-vel pela Consulta de Retina Médica do Instituto Cuf, assistente hospitalar gradu-ada do Serviço de Oftalmologia do Hos-pital de São João e assistente convidada da Faculdade de Medicina da Universi-dade do Porto.

O que é a DMI?A Degenerescência Macu-lar da Idade (ou DMI) é caracteriza-se por deterio-ração progressiva da parte central da retina, a mácula, com a idade, podendo levar a uma perda grave e irre-versível da visão central. Primeira causa de cegueira nos países desenvolvidos, acima dos 50 anos de idade. afecta em Portugal mais de 300 000 pessoas. Existem duas formas da doença: a DMI seca ou atrófica – evolui durante anos de forma silenciosa para atrofia progres-siva da retina macular e a DMI exsudativa ou neovascu-lar – desenvolvem-se vasos anómalos que levam a uma perda rápida e agressiva da visão central. Os neovasos originam hemorragias e exsudação com desorganização da retina e finalmente formação de lesões cicatriciais irreversíveis.

O que causa a DMI? O principal factor causal da DMI é a idade. Acima dos 50 anos aumenta o risco de desenvolvimento da doença. Também uma história familiar positiva significa maior risco de desenvolvimento da doença .Entre os factores ambientais destaca-se o tabaco.

Como se manifesta a DMI? Durante anos, a DMI pode ter uma evolução silenciosa com formação das primeiras alterações degenerativas maculares, sem que o doente detecte alterações visu-ais perceptíveis. Só o oftalmologista detecta as altera-ções precoces. Daí a importância da realização regular de consulta de oftalmologia em todas as pessoas com mais de 50 anos. Na consulta, a observação do fundo ocular permite identificar os olhos com risco de desen-volvimento das formas avançadas da doença, informar

sobre a doença, prescrever terapias antioxidantes e dis-tribuir testes simples, de fácil execução em casa, para detecção de sinais precoces da forma exsudativa. Os pri-meiros sintomas da forma exsudativa são a diminuição da visão central, o aparecimento de manchas no campo visual e a distorção das imagens. Caso estes sintomas surjam, o doente deve ser observado com urgência por um oftalmologista.

Como se diagnostica?Na consulta de Oftalmologia é possível observar as lesões na fundoscopia com dilatação pupilar. Contudo a angiografia fluorsceínica é fundamental para caracteri-zar as lesões, bem como o OCT (Tomografia Óptica de Coerência). Os OCT´s de alta resolução, como o exis-tente no Instituto Cuf, permitem detectar sinais de acti-vidade de neovasos em fases precoces, por vezes dificil-mente diagnosticáveis por outros métodos.

Que tratamentos temos disponíveis para a DMI?A forma atrófica da DMI não é tratável, apenas se pode fazer suplementação com vitaminas e antioxidantes, que podem diminuir o risco de evolução para as formas avançadas da doença. Para a forma exsudativa há trata-mento, que deve ser iniciado o mais cedo possível. Até ao ano 2000 o único tratamento para a DMI exsudativa era o laser, que só permitia tratar um pequeno número

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de doentes. Em 2000 surgiu a terapia foto-dinâmica com verteporfina (Visudyne®), o primeiro tratamento selec-tivo que permitia destruir os neovasos com relativa pre-servação da retina adjacente. Contudo, não permitia tratar todas as lesões e apesar do tratamento a visão dos doentes continuava a diminuir. Em 2004 surgiram novos tratamentos com injecções intra-vítreas de medicamen-tos anti-angiogénicos. São injecções realizadas no globo ocular de medicamentos que permitem inibir o cresci-mento dos vasos anómalos. Neste momento em Portu-gal existem dois medicamentos aprovados para o trata-mento da DMI exsudativa: o pegaptanib (Macugen®) e o ranibizumab (Lucentis®). Existe um terceiro medica-mento, aprovado para uso endovenoso no tratamento de neoplasias cólon-rectais metastizadas, o bevacizumab (Avastin®), que pode ser aplicado em injecção intra-vítrea off-label ou seja, fora da indicação constante na bula do medicamento. O Macugen®, o primeiro dispo-nível comercialmente, está indicado no tratamento de maior número de lesões que o Visudyne®. Contudo, a visão média dos olhos tratados é semelhante à dos doen-tes submetidos a terapia foto-dinâmica, continuando a diminuir ao longo do tempo. Os outros dois medicamen-tos apresentam melhores resultados visuais. O Lucen-tis® mostrou resultados em ensaios clínicos envol-vendo centenas de doentes com estabilização visual em mais de 90% dos doentes tratados e melhoria da visão em cerca de 70% dos doentes. Permite por outro lado impedir novos casos de cegueira legal e manter visão de leitura numa percentagem considerável de doentes. O Avastin® em uso off-label implica aceitação mais infor-mada pelo doente dos potenciais riscos mas parece ser eficaz e seguro a curto prazo.

É possível realizar estes tratamentos em Portugal?Neste momento todos estes tratamentos estão disponí-veis em Portugal. Devem ser efectuados por médicos treinados no tratamento de doenças retinianas. As injec-ções intra-vítreas são realizadas em blocos, para evitar ao máximo o risco de infecções intra-oculares graves, com anestesia local, rápidas e relativamente indolo-res. Realizam-se em regime de ambulatório, pelo que o doente volta para casa após o tratamento. Os tratamentos da DMI exsudativa estão disponíveis em Portugal quer através do Serviço Nacional de Saúde (SNS), quer em clínicas privadas que reúnam as condições para efectuar tratamentos - pessoal médico e técnico e meios auxilia-res de diagnóstico para acompanhamento dos doentes, que disponham de especialistas diferenciados no trata-mento de doenças retinianas.

Os tratamentos são urgentes?Um doente com sintomas de DMI exsudativa não deve ficar à espera de uma consulta externa. Caso haja dúvi-das, deve consultar o mais brevemente possível um oftalmologista ou recorrer a uma urgência de oftalmo-logia, pois quanto mais precocemente for tratado, maio-res são as hipóteses de manutenção de uma boa função visual.

Cirurgia de Catarata

“É um momento único e decisivo na vida de uma pessoa”

A afirmação é de Manuel Castro Neves, coordenador da Unidade de Oftalmolo-gia do Instituto Cuf, que refere: “Em 2007 foram realizadas 82 mil cirurgias de cata-rata em Portugal, bem acima do número realizado noutros países da União Euro-peia com população semelhante à nossa”.

Como é que se explica o apareci-mento das cataratas?O olho é dotado de uma lente natu-ral chamada cristalino, situada atrás da íris. O cristalino é transparente mas com a idade ou algumas doenças vão surgindo opacidades. A sintoma-tologia inicial é o encandeamento em situações em que a luz incide directa-mente no olho gerando. Em estados mais avançados a catarata gera dimi-nuição da acuidade visual e em casos extremos (hoje injustificáveis) a perda total da visão.

Quantas cataratas se operam por ano em Portugal?A catarata tem uma grande prevalência devido à maior longevidade e à maior agressividade de factores exóge-nos como a radiação ultravioleta da luz solar. Hoje ope-ra-se muito mais precocemente, quer pela maior demanda de qualidade de vida quer porque a segurança da cirurgia permite a abordagem de olhos com acuidades visuais razo-áveis. A cirurgia de catarata é o procedimento cirúrgico mais vezes realizado acima dos 65 anos de idade e também o mais bem sucedido. Em 2007 foram realizadas 82000 cirurgias de catarata em Portugal, bem acima do número realizado noutros países da União Europeia com popula-ção semelhante à nossa.

Que avanços cirúrgicos destaca nos últimos anos?A técnica estandardizada desde os anos 90 é a facoemul-sificação da catarata através duma incisão de 2 mm na córnea com introdução de uma lente dobrável. A evolu-ção tornou a cirurgia mais segura e minimamente invasiva. Todos os avanços visaram aumentar a eficácia da emul-sificação, diminuindo a potência dos ultrasons emitidos

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durante o acto. O maior avanço deu-se há 3 anos com o aparecimento de uma agulha de emulsificação que em vez de martelar com ultrasons a massa densa da catarata, a frac-tura por movimentos de translação o que tornou a cirurgia ainda menos agressiva para as outras estruturas do olho. Fiz parte do núcleo restrito de cirurgiões seleccionado para introduzir esta técnica na Europa e adoptei-a como a minha pratica de eleição, não usando já a técnica anterior há cerca de 3000 cataratas. Não será por acaso que todos os con-gressos desta área, na Europa como nos Estados Unidos, têm incidido sobre este tema. Em breve creio que esta téc-nica da cirurgia torsional venha a estar acessível em mais centros, nomeadamente nos Hospitais públicos.

Há muitos centros que dispõem dessa técnica?Alguns. Requer uma grande experiência do cirurgião, para tirar partido de uma técnica mais suave mas que necessita de uma arte especial para que a sua eficácia seja aprovei-tada ao máximo principalmente nas cataratas mais duras. Mas é incomparavelmente mais segura.

O que pode esperar o doente da cirurgia?Desde que não coexistam outras patologias na grande maioria dos casos pode esperar a reabilitação total da visão logo nas 24 horas após a cirurgia. Ganha a batalha da segu-rança, o desafio que agora se nos apresenta é a batalha da precisão. Através de sofisticados exames para o cálculo das lentes a introduzir, consegue-se em grande parte dos casos corrigir o erro refractivo prévio à cirurgia, permitindo uma boa visão de longe sem óculos após a cirurgia. Mesmo o astigmatismo é agora possível corrigir com o aparecimento das lentes tóricas. E com as lentes multifocais é possível proporcionar uma boa visão para longe e para perto sem óculos. Com o surgimento de novas fórmulas e aparelhos como o IOL Master e o Pentacam é hoje possível ter essa precisão mesmo em casos mais difíceis de calcular como em pessoas com cataratas previamente operadas a miopia.

A grande maioria dos oftalmologistas em Portugal esta habilitada a operar cataratas?A qualidade da cirurgia de cataratas em Portugal é, muito boa. Como noutras actividades há uma diferenciação e uma sub especialização. Foi aliás esse o conceito que esteve na origem da equipa de Oftalmologia do Instituto Cuf . Quando fomos convidados pela José de Mello Saúde a estruturar uma equipa de Oftalmologia, em vez de centrar-mos a estrutura numa ou duas figuras fomos buscar Oftal-mologistas que são lideres de opinião nas mais diferen-tes áreas, assim criando uma rede de referenciação interna que permita que o paciente seja tratado pelos médicos mais indicados em cada caso. Por isso há oftalmologistas dife-renciados em córnea, retina medica e cirúrgica, de glau-coma, oftalmologia pediátrica, entre outras. E há os que se diferenciaram na área da catarata, membros activos das Sociedades Europeia e Americana de Cirurgiões de Cata-rata e Refractiva e que frequentam os cursos e congres-sos nesta área. A cirurgia de catarata é um momento único e decisivo na vida de uma pessoa, pelo que não deve ser encarado como um numero numa lista de milhares a resol-

ver, operado seja por quem for. Tal como noutras profis-sões, em que procuramos o melhor arquitecto, o melhor advogado, também devemos escolher o médico que nos vai operar. A relação de confiança entre medico e doente é essencial. Trata-se de um acto cirúrgico sob anestesia tópica, em que a colaboração serena do paciente é capital, nesse momento único e irrepetível. Por outro lado a preo-cupação com a qualidade e fundamental. A pressão pelas grandes séries e contenção de custos não pode permitir a tentação de baixar a qualidade. E isso por vezes acontece nalguns centros, com opção por lentes intra-oculares de menor qualidade e redução nas equipas medicas.

Há um momento certo na vida para a cirurgia de cata-ratas?Sim, quando a vida quotidiana perde qualidade pela dimi-nuição da visão resultante da catarata. Essa dificuldade e o seu impacto na vida normal do individuo , bem como as suas expectativas, devem ser ponderadas com o risco cirúr-gico. Essa ponderação que decide o timing da cirurgia, é feita em conjunto por médico e paciente. É fundamental avaliar a condição global do olho já que a catarata pode não ser a única patologia a condicionar a visão. Pacien-tes bem informados das expectativas prognósticas, mesmo que por qualquer limitação alheia á catarata não recuperem os 100% que sempre desejamos, a satisfação pós operató-ria é na maioria dos casos esfusiante.

Cirurgia Refractiva

Portugal está ao nível do melhor que se faz no Mundo

Quem o diz é Fernando Vaz, coordenador da cirurgia Implanto Refractiva de Portu-gal e coordenador do Departamento de Oftalmologia do Instituto Cuf.

O que é a Miopia?A Miopia é um erro refractivo que determina uma má acuidade visual para longe afectando cerca de 15% da população. Na miopia a imagem dos objectos é focada à frente da retina, seja como resultado de um olho muito grande, seja pela curvatura anómala da córnea. É o erro refractivo mais comum na criança e os objectos distantes ficam desfocados. A miopia moderada, abaixo de 6 diop-trias, é a mais frequente, sendo facilmente corrigível com óculos ou lentes de contacto. A miopia, severa, acima de

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12 dioptrias, mal corrigida com óculos, associa-se a um maior risco de lesões degenerativas e descola-mento da retina.

Há quantos anos se opera a Miopia?A Cirurgia Refractiva reali-za-se em Portugal há cerca de 20 anos, tendo surgido a correcção por Laser, a mais comum, em 1992. Desde então tem-se verificado uma grande evolução ao nível do software dos Lasers. Com a consequente optimização do perfil de ablação que proporciona uma melhor qualidade de visão. Alem disso, Lasers como o de que dispomos no Instituto Cuf, per-mitem uma ablação personalizada, guiada pela topogra-fia da córnea que permite não apenas a correcção do erro refractivo, mas também a correcção de irregularidades da córnea que interferiram com a visão.

A cirurgia é muito frequente? Existe uma crescente procura da Cirurgia da Miopia e do astigmatismo que lhe está associado na maioria dos casos. Tal deve-se à busca por maior qualidade de vida e à segurança e bons resultados da cirurgia. Em Portugal a Cirurgia Refractiva, como aliás outras áreas da Oftal-mologia, está ao nível do melhor que se faz na Europa e no resto do Mundo. Existem em Portugal diversos cen-tros de excelência nesta área, dotados dos mais modernos equipamentos, não só cirúrgicos mas também ao nível do diagnóstico.

Qual a técnica mais indicada?Na cirurgia de miopia existem diferentes técnicas sendo a escolha da mais adequada a cada paciente feita após um cuidado estudo pré-operatório. A cirurgia está indi-cada após os 18 anos de idade em pacientes com refrac-ção estável há pelo menos 12 meses. A primeira opção é o LASIK que, sendo uma cirurgia extra ocular, permite uma rápida recuperação da visão. Realiza-se sob aneste-sia tópica (gotas), em cerca de 5 minutos, tendo o paciente alta 30 minutos depois, e uma acuidade visual satisfató-ria às 24 horas após o procedimento. O pós-operatório não é doloroso, havendo no entanto picadelas e intole-rância à luz nas primeiras horas. Factores como a espes-sura e a curvatura da córnea e as dioptrias do olho do paciente podem levar o cirurgião a optar por outra téc-nica. O LASIK pode corrigir as dioptrias que quisermos. A questão é que as alterações induzidas na córnea torná-la-iam instável.

Quando estão indicadas as lentes intra-oculares?Acima de 8 dioptrias é difícil a correcção com o Laser, estando indicado o implante de uma lente intra-ocular. Esta técnica é igualmente segura, realizada também com o paciente acordado, sendo com a nova geração de lentes

dobráveis, a recuperação da acuidade visual ainda mais rápida que no LASER. No final deste ano irá estar dispo-nível uma nova lente de câmara anterior, ainda mais sim-ples de implantar, e serei um dos quinze médicos, que a nível europeu a poderão implantar. No entanto, dada a sua maior complexidade e preço, reserva-se esta técnica para os casos em que o LASER não é possível.

A cirurgia é segura?A cirurgia é bastante segura e a principal fonte de com-plicações é a má selecção. Cerca de 15% das pessoas que pretendem realizar a cirurgia por Laser não podem ser operados. É obrigatória a realização de uma topografia de córnea que detecta alterações que contra-indicam a cirur-gia. No implante de lente intra-ocular é obrigatório reali-zar um estudo da profundidade da câmara anterior (zona do olho onde a lente será colocada) para confirmar se temos espaço para implantar a lente com segurança, e um estudo endotelial, que será realizado anualmente, após o implante da lente. Em todos os casos deve ser avaliada a retina para comprovar que não existem lesões Não seguir este procedimento significa correr riscos desnecessários. Assim, os pacientes interessados neste tipo de cirurgia devem procurar centros dotados com este tipo de equi-pamento.

A cirurgia implica um período de inactividade alar-gado?Na maioria das profissões o regresso à actividade pode ser quase imediato, sendo excepção a exposição a poei-ras, vapores ou alguns produtos químicos. Em relação à actividade física ele pode ser retomada no dia seguinte no Lasik (a excepção é a piscina) e nas lentes fáquicas a cor-rida pode ser feita no dia seguinte, mas devem-se evitar grandes esforços, durante quatro semanas.

Quem deve ser operado?A cirurgia de miopia, salvo excepções como a grande dife-rença de graduação entre os dois olhos, não se realiza por indicação médica. É sim uma solução oferecida a quem está saturado de óculos ou lentes de contacto. Assim não é o médico que recomenda a cirurgia, mas sim o paciente que tem de sentir essa motivação. Seja por razões pro-fissionais, de práticas desportivas ou estéticas. A cirur-gia proporciona melhor qualidade de vida ao libertar da necessidade de óculos e está indicada em todos os pacien-tes motivados para a cirurgia que a possam realizar.

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SAÚDE

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Células Estaminais

Mais do que um “seguro de vida” a certeza da saúde futura dos seus filhos

A gravidez é, sem dúvida, a fase da vida que maio-res dúvidas levanta aos pais sobre o que é melhor para os seus filhos, sobretudo, no que toca ao futuro da sua saúde. As células estaminais representam hoje um dos temas importantes na gestação do bebé e, sem dúvida, uma das grandes decisões para os futuros pais.

O grande interesse e crescente impor-tância das células estaminais devem-se ao facto de serem células imaturas que se podem “transformar” em células específicas dos vários tecidos de um organismo humano. Por esta razão, podem ser utilizadas para substituir células que não estão a desempenhar a sua função ou que estão a morrer e, desta forma, permitem tratar vários tipos de doenças. É aqui que podemos classificar a sua criopreservação como um “seguro de vida”.

Criada em 2003 por profissionais e empresas da área da saúde, a Crioes-taminal é hoje uma referência sempre que se fala da criopreservação de célu-las estaminais do sangue do cordão umbilical dos recém-nascidos. Como empresa pioneira nesta área e com uma posição líder no mercado ibérico,

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sendo já a 3ª maior empresa a nível europeu, a Crioestaminal aposta na criação e diversificação de serviços e nos projectos de investigação e desen-volvimento.

Até ao momento, já são mais de 20 mil o total de pais que aderiram no nosso país a esta técnica e que a con-sideram mais do que um “seguro de vida”, a certeza da saúde futura dos seus filhos. Esta realidade con-firma a solidez, experiência, qualidade e segurança que a empresa cumpre ao serviço da saúde e que a tornam uma referência no momento de optar pela criopreservação de células estaminais do sangue do cordão umbilical.

A Crioestaminal é a entidade de criopreservação pioneira e líder em Portugal no isolamento e criopre-servação de células estaminais com

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SAÚDE

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a certificação em Gestão de Qualidade ISO 9001:2000 pelo grupo internacio-nal TÜV Rheinland, líder em certifica-ção, inspecção e formação.

Actualmente, a utilização de células estaminais centra-se na área da hema-to-oncologia, mas está a ser investi-gada, em todo o mundo, a sua utili-zação em doenças como enfarte do miocárdio, lesões vasculares, diabetes, AVC e muitas outras. Estão, também, em curso diversos estudos tendo em vista o desenvolvimento de méto-dos que permitam a multiplicação das células estaminais e o alargamento do seu leque de aplicações clínicas.

O primeiro transplante com células

estaminais do sangue do cordão umbi-lical, criopreservadas num laboratório privado em Portugal data de Fevereiro de 2007. A operação realizou-se com uma criança de 14 meses, cujos pais tinham guardado o sangue do irmão na Crioestaminal. O IPO do Porto recor-reu às células quando foi diagnosti-cado à criança uma imunodeficiência combinada severa. O transplante foi realizado com sucesso, tendo a criança registado melhorias significativas. A Crioestaminal é a única empresa de criopreservação com transplantes realizados em Portugal.

Os pais interessados em usufruir do serviço de criopreservação de células

estaminais do sangue do cordão umbi-lical devem adquirir um Criokit, que deve ser levado para a sala de parto, aquando do nascimento do bebé. Este Criokit contém todo o material neces-sário para efectuar a recolha do sangue do cordão umbilical e pode ser adqui-rido nas instalações da Crioestaminal, por telefone ou pela internet. É acon-selhável efectuar a aquisição do Crio-kit com uma antecedência mínima de pelo menos um mês antes da data pre-vista para o parto. Aconselhe-se com o seu médico ou contacte a Crioestami-nal através do telefone 231 410 900, ou pela internet através do site www.crioestaminal.pt.

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REPORTAGEM

46 SETEMBRO 2008

O Sonho cor-de-verde da RitaUm livro, um projecto, uma luta

Pedro Laranjeira

Numa sociedade em que a lei protege as pessoas com necessidades especiais, mas ninguém obriga ao seu cumprimento e não há fiscalização, quem precisa tem duas soluções: ou soçobra, ou faz pelas próprias mãos… se as tiver, ou puder usá-las!...

É o caso da Rita, uma criança de 5 anos sem esperança de vida pelos seus próprios meios, e de uma mãe que luta para lhos proporcionar enquanto for viva e deixar garantidos se morrer pri-meiro.

Um caso que tem movido o inte-resse de milhares de pessoas, origi-nando incontáveis iniciativas de apoio e que traduz a realidade quotidiana de uma família que procura sobrevi-ver, em demanda de uma qualidade de vida que todos tomamos como certa, mas para alguns é um sonho vaga-mente visível ao fundo de um túnel de sacrifício e sofrimento.

Entre nascer e morrer

Tudo começou com um parto compli-cado aos oito meses de gestação. Pri-meiro, problemas de transporte para o Hospital, depois, quatro horas de espera com uma hemorragia interna, num quadro de hematoma hepático, ecografia a mostrar um bebé de 34 semanas quase morto, decisão de cesa-riana e, logo, adiamento por falta de incubadoras no estabelecimento hos-pitalar. Portanto, transferência ainda para outro Hospital, onde a Rita foi retirada sem vida e reanimada. Cui-dados intensivos, prognóstico reser-vado, possibilidade de colapso fatal nas 24 horas seguintes, tanto para a mãe como para a filha.

Ambas sobreviveram, no entanto. A mãe com sequelas graves que se pro-longaram por dois meses, durante os

quais não conheceu a filha. A Rita com uma maciça destruição de célu-las já à nascença, um mês de incuba-dora e paralisia cerebral para o resto da vida.

Danos irreversíveis

Maria Santos ainda hoje recorda o momento fatídico e a frase com que uma médica lhe traçou o que seria o seu destino: "Então a senhora não sabe o que tem a sua filha? Toda a gente já sabe que a sua filha tem danos irreversíveis!" - "Assim, nua e crua!"

Doente, sozinha, com uma filha deficiente de um quilo e oitocentos aos dois meses e um filho de pouco mais de dois anos, Maria Santos fez-se à vida numa sociedade onde não encon-trou, então, o auxílio de que tão deses-peradamente precisava.

O último reembolso de IRS chegou para pagar dois meses de assistência domiciliária, depois disso mãe e filhos ficaram por sua conta. Até o apoio de um psicólogo ao irmão da Rita, foi suportado pela mãe, para sessões de ludoterapia meio ano depois - "Desde que a minha filha nasceu, desde que a tragédia me bateu à porta, sou eu que ando a apalpar terreno e a procu-rar aqui e ali… se estiver à espera de um organismo do Estado, estou muito mal!"

Pedro Larajeira - Há alguma espe-

rança de recuperação para a Rita?...Maria Santos - Há. A minha filha, infelizmente, nunca vai ver, mas a nível motor poderá evoluir. O pro-blema é que estas crianças pouco se movimentam e, como qualquer pessoa que esteja acamada, quem não se movimentar cria deformações ósseas. Isso é particularmente grave numa criança em crescimento.

Dividem o mal pelas aldeias...

Não há respostas para essa situação?O Estado tem um serviço de aten-dimento precoce, com psicólogos, assistentes sociais e fisioterapeu-tas, mas há uma multidão de crian-ças carenciadas e então dividem o mal pelas aldeias. Fui lá duas vezes por semana, meia hora de cada vez… isso é uma gota de água no Oceano! Se a criança não for estimulada com fisioterapia intensiva durante o cres-cimento, nenhum santo lhe valerá na adolescência!

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REPORTAGEM

SETEMBRO 2008 47

Não há capacidade para atender toda a gente?Acho que há falta de motivação por parte de alguns profissionais.

“Nasceu deficiente, coitadinho…”

Ainda que eles não o digam, a imagem com que eu fiquei foi que se pensa “Olha, nasceu deficiente, coitadinho, está condenado. Vamos fazendo uns tratamentos e pronto!” - eu não posso pactuar com uma situ-ação dessas!

Quais são, então, as hipóteses da Rita?...A minha filha ainda não desenvol-veu deformações ósseas, porque eu faço fisioterapia à minha conta e com a ajuda pontual de pessoas boas que aparecem de vez em quando. O grande problema é a falta de apa-relhos, como cadeiras de rodas ou planos inclinados, que é um instru-mento que as crianças usam para ganhar força nas pernas. É lamen-tável que o Estado não tenha apa-relhos, mesmo velhos, para empres-tar…

É tudo uma treta!

Mas há aparelhos novos para venda?Há, mas não são comparticipados… Há situações como a de o Centro de Paralisia Cerebral requisitar uma cadeira para uma escola, e a cadeira chegar dois ou três anos depois. Quando chega, já não serve… Há escolas que nem sequer têm rampas e na maior parte não há condições, é tudo uma treta! As infra-estruturas não estão no terreno.

Cuba, um passo em frente

Entretanto, sei que esteve em Cuba...Estive lá seis meses, por solidarie-dade das pessoas. Foi há três anos. A minha filha não comia, agora já come. Se não tivesse ido a Cuba, a Rita alimentava-se agora por um tubo.

Pensa voltar?Não, a minha vida familiar não o permite, por causa da escola do meu filho, e por falta de meios, Cuba é muito caro. Mas em Portugal podia fazer-se o mesmo que em Cuba, se o Estado o quisesse!

Um sonho cor-de-verde

E o livro? Conte-me lá essa histó-ria …Quando vim de Cuba, vim a pensar no livro. A ideia partiu disto: eu recu-so-me a aceitar que a Rita, e outras como ela, sejam retratadas como “aquela coitadinha, deficiente”…, penso que ninguém ainda se lembrou de fazer um conto infantil em que a personagem seja uma menina “dife-rente”.Não quis fazer uma biografia, porque essa é um drama e os portu-gueses já têm dramas a mais. Eu quis fazer um livro que transmitisse posi-tivismo.

Fadas reais paracrianças diferentes

No livro, a minha filha vai ter um sonho com fadas. E porquê fadas? Porque eu entendo que na sociedade qualquer pessoa pode ser uma fada para uma criança diferente.A história foi escrita por mim e pela Ana Almeida, uma amiga. Tentá-mos personalizar as fadas em figu-ras reais, precisamente para dar a ideia de que as fadas existem, na realidade! No livro, todas têm o seu nome real.Outro sonho que eu tinha era o de ter uma canção dedicada à minha filha. Como ela ouve, quis que pudesse perceber através de uma canção o amor que lhe dedico e a esperança que tenho por ela.

Trata-se de um livro inclusivo, um áudio-livro…Claro, eu achei que tinha que dar o exemplo e portanto o livro é acom-panhado por um CD, com a história contada verbalmente pelas persona-gens e com língua gestual para que os surdos possam ter acesso á histó-ria. A canção, cuja letra aparece no

livro, é um tema inédito.

As figuras públicas

Como é que conseguiu publicar o livro?Depois da tragédia da minha filha, foi o maior drama da minha vida! Enviei-o para todas as grandes edi-toras, que ou me diziam que não ou que só talvez no ano seguinte. Por-tanto, decidi pedir a ajuda de algu-mas figuras públicas. Primeiro, só conhecia a Margarida Pinto Correia, depois pedi à cantora Paula Teixeira, porque é uma intérprete de língua gestual, para além de que ela, desde a adolescência que está ligada a ins-tituições para crianças com deficiên-cia. A Paula Teixeira tem como asses-sora a Mafalda Ribeiro, também ela uma pessoa diferente - e uma pessoa fabulosa - que é amiga da Fernanda Freitas e que me conseguiu o apoio de todas as outras. É a autora do poema da canção da Rita. A Mafalda é o meu anjo da guarda, é a minha fada! Foi a pessoa mais fantástica que conheci até hoje!

Da Mafaldinha a Cavaco Silva

Finalmente, cheguei a um ilustrador, o Adelino Barroso, que me ajudou e se juntou ao projecto, o que acabou por me resolver também o problema da edição, porque a esposa dele tinha trabalhado na Gailivro e levou-me até eles. Hoje, está em todas as gran-des livrarias e espaços comerciais,

» Mafalfa Ribeiro

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Apoios

Quero também que essa casa seja uma referência para outras famílias que se revejam neste projecto.

Que apoios já conseguiu?Vários: a Liberty Seguros comprou um lote de livros que distribuiu pelos colaboradores, a Mandala gravou o CD, a Lupi ofereceu as fotografias, tenho tido o apoio do Montepio, a Robialac ofereceu-se para pintar a casa e tenho já também o arquitecto, mas falta-me ainda muito.

…o quê?Materiais de construção, por exem-plo. Essencialmente, quero que a casa responda às necessidades da minha filha, que tenha rampas, que ela possa andar na casa toda e que tenha um pequeno jardim para poder apa-nhar ar, que é uma coisa que agora não tem, porque no nosso aparta-mento não há varanda. Não quero um palácio, quero apenas uma casa com acessibilidades onde possa tomar conta da minha filha, porque não vou nunca abrir mão dela. Enquanto for viva quero ser eu a cuidar dela, como tenho feito até hoje, com muito amor,

e garantir que quando eu estiver “do outro lado” e já não puder tomar conta dela, alguém tenha condições para o fazer.

Quando a minha filha deixar de estar neste mundo, quero que a casa seja transformada numa instituição de solidariedade social, ao serviço da comunidade.

As meninas normais sonham cor-de-rosa

Porquê o sonho em “cor- d e --verde”?Cor-de-verde é a cor da esperança. As meninas normais sonham cor-de-rosa, a ela a vida não lhe deu esse direito, portanto tem que sonhar verde, como eu sonho com ela e para ela, enquanto for viva!

A minha filha não é um fardo, é um ser humano que eu amo muito!

O Sonho Cor-de-Verde da Rita

Contactos:

email: [email protected] tel: 934 765 545

internet: www.sonhodarita.com

» Susana Félix, Tânia Ribas Oliveira, Beatriz Bastos, Fernanda Freitas, Paula Teixeira, Rita,Mila Belo, Marta Leite Castro e Margarida Pinto Correia

....as fadas :

REPORTAGEM

48 SETEMBRO 2008

com muito destaque. O Presidente Cavaco Silva ofereceu-me uma men-sagem que vem publicada na contra-capa do livro e a Secretária de Estado da Reabilitação Social, Idália Moniz, escreveu o prefácio.

A venda do livro dá-lhe alguma ajuda para a Rita?Ah, sem dúvida! O livro tem dois objectivos: o primeiro é sensibilizar as pessoas para a diferença, duma forma bonita, de uma forma mágica, alegre.

Um sonho cor-de-casa

O outro objectivo, possível porque todas as pessoas abdicaram dos seus direitos de autor, é construir uma casa adaptada para a Rita.

E o que é uma casa adaptada para a Rita?Olhe, eu moro há doze anos num T1, no último andar: o elevador é um pro-blema, a cadeira não cabe na casa de banho, os aparelhos ocupam grande volume de espaço. Portanto, o que é que pretendo? Com o apoio de várias empresas, construir, de raiz, uma casa simples, humilde, mas adap-tada com as acessibilidades absoluta-mente necessárias que proporcionem à minha filha um mínimo de quali-dade de vida, enquanto viver.

» Maria Santos, mãe da Rita

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Texto: Alexandra Carvalho Vieira

» Ana Garcia, Luís Varela e Joana Prates (da esq. para a dta.)

PORTU AL SEM BARREIRAS

50 SETEMBRO 2008

Mobilidade Reduzida

Viajar pelo Mundo é possívelFazer turismo numa cadeira de rodas no país ou no estrangeiro! Por que não? A verdade é que nem todas as cidades estão preparadas para receber turistas com mobilidade reduzida da melhor forma, mas acredita-se que as mentalidades estão a mudar e que é possível tornar Portugal e o Mundo em espaços mais acessíveis.

É comum em Portugal ver turistas estrangeiros em cadeira de rodas que procuram conhecer a cultura portu-guesa. Ficam hospedados em hóteis, visitam museus, fazem refeições em restaurantes. Desde a chegada ao aero-porto até à partida são normalmente acompanhados por um guia que asse-gura o transfer entre os locais a visi-tar e também a exequibilidade do que está programado. Luís Varela, um dos mentores da Accessible Portugal, uma agência de viagens vocacionada para pessoas com mobilidade reduzida e familiares, salienta ser necessário pro-gramar tudo com o máximo cuidado para que não haja constrangimentos.

O grande problema é que “os guias portugueses para pessoas com mobi-lidade reduzida estão desactualizados e, por vezes, incorrectos porque têm a indicação de que determinada uni-dade hoteleira tem condições, mas a realidade é outra: a cadeira de rodas entra no quarto mas depois não cir-

cula, a casa de banho não está total-mente adaptada, há degraus por todos os lados, etc.”, alerta Luís Varela. Por este motivo, “antes de nos lançarmos na criação da Accessible Portugal, durante um ano visitámos cidades, museus, hotéis e restaurantes, para que os programas que disponibilizás-

semos fossem passíveis de concreti-zação”. Em 2005, em conjunto com Joana Prates, o projecto da Accessi-ble Portugal avança para a internet. Durante três anos esta agência de via-gens faz o acompanhamento em Por-tugal a turistas estrangeiros, oriundos de países como os Estados Unidos, o

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PORTU AL SEM BARREIRAS

SETEMBRO 2008 51

Canadá e o Reino Unido. O feedback dos programas foi de tal forma posi-tivo que os dois jovens receberam o Prémio Empreenda 2006 atribuído pelo IAPMEI e decidiram dedicar-se também ao mercado nacional abrindo, em Julho deste ano, um espaço em Lisboa.

Mudança de mentalidadesEm Portugal existem ainda muitas bar-reiras culturais, financeiras e infraes-truturais. O número elevado de carros estacionados em cima dos passeios, a falta de rampas de acesso a prédios ou a edifícios públicos, o número dimi-nuto de unidades hoteleiras preparadas para receber estas pessoas ou mesmo a falta de condições dos restaurantes, são aspectos que prejudicam e dificul-tam quem quer circular numa cadeira de rodas. Por outro lado, os portugue-ses com mobilidade reduzida não têm o culto de viajar, uma situação que

“Tudo depende da vontade de querer passear, visitar, viajar!”

A Accessible Portugal organiza desde viagens pelo país e pelo mundo, a percursos mais pequenos e aventuras: saltos de pára-quedas, andar de balão de ar quente, entre outras. Ana Garcia refere que as pessoas com mobilidade reduzida podem apresentar sugestões que a Accessible Portugal procurará a melhor forma de as concretizar. “Trabalhamos com grupos pequenos para que possamos proporcionar um serviço personalizado”, esclarece. A parte do transporte é assegurada por carrinhas adaptadas com elevador para que as pessoas possam viajar sentadas na cadeira de rodas e, inclusive, junto dos seus familiares se assim o entenderem, uma característica que pode parecer insignificante, mas que dá um conforto e uma maior confiança a quem nela viaja.

Um dado curioso é que a Accessible Portugal é contactada por outras agências que estão a organizar uma viagem para pessoas com mobilidade reduzida e se deparam com algumas dúvidas. Na sequência destes contactos, “estas agências subcontratam-nos porque a programação das viagens é mais complexa e é preciso tratar desde a deslocação passando pelo hotel, quarto, casa de banho, aluguer de equipamento adaptado, entre outros pormenores”. Luís Varela esclarece que uma reserva de uma pessoa com necessidades especiais pode demorar sensivelmente duas semanas a ser preparada, porque não é apenas fazer a marcação: “é preciso conhecer o local, saber se tem condições e assegurar qual o equipamento de apoio que vai ser necessário”.

está relacionada com algumas barrei-ras burocráticas que têm de ultrapas-sar, nomeadamente para acederem a uma cadeira de rodas ou a subsídios do Estado. Por este motivo, a equipa da Accessible Portugal assume uma postura pró-activa e defende: “a nossa perspectiva é a de que não adianta estar sempre a dizer que está mal. Temos é de passar para a fase cons-trutiva, pedagógica e não desanimar. Sensibilizar também os empresários para o facto de isto poder melhorar e gerar mais negócio”.

É desta forma que nasce uma par-ceria de complementaridade nacional

com a Associação Salvador no âmbito do projecto Portugal Acessível. O fito é construir uma plataforma de infor-mação online sobre turismo e lazer, acessível a todos. O papel da equipa da Accessible Portugal é o de fazer o cadastro, ou seja, um guião de algu-mas cidades, percursos, etc. “Tudo é medido e é feito o registo de tudo o que é visitado”, refere Luís Varela acrescentando que “as equipas são normalmente constituídas por dois ou mais elementos, sendo que um cir-cula em cadeira de rodas. Nos guias que fazemos constam informações como o local onde deve ser estacio-nada a carrinha e onde é que a pessoa tem a rampa para subir para o pas-seio, qual o melhor percurso se esti-ver sol, entre muitos outros aspectos”. Ana Garcia confessa que esta parceria é “fundamental para a realização do negócio, porque dá uma visibilidade em termos de contributo e responsa-bilidade social” e defende ainda que “todas as pessoas devem ser guardiãs das acessibilidades e interiorizar que é uma missão que compete a todos”. A equipa da Accessible está também inte-grada na ENAT (European Network for Accessible Tourism), uma rede europeia de países empenhados em desenvolver um conjunto de normas de acessibilidade. “O objectivo é que daqui a 5 a 10 anos exista uma rede de países a adoptar um padrão em termos de normas e sinaléctica”.

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Trionic WalkerParceiro de marcha para uma vida activaCom motivação e as ferramentas ade-quadas, tudo é possível. Exercício diário e actividades físicas, fortalecem o corpo e melhoram a saúde e a quali-dade de vida.

Por João Ogando, Ática

Ocasionalmente, no entanto, necessitamos de encoraja-mento para mostrar aquilo de que efectivamente somos capazes. Ajudar os outros a alcançar essas metas, é o nosso objectivo. Queremos que o Trionic Walker seja o nosso parceiro de marcha e funcione como uma exten-são do corpo humano, permitindo que as pessoas se desi-nibam, saiam de casa e sejam como as outras pessoas que vulgarmente se passeiam pelos shoppings, pela praia, pelo campo, pela cidade.

Graças ao seu design moderno, à sua leveza, à sua ver-satilidade e adaptabilidade a todos os terrenos, o Trionic Walker motivará as pessoas a sair de casa, sentindo-se seguras e confiantes.

Roda de TreparO Trionic Walker está equipado com a Roda de Trepar Trionic (patenteada) a qual aumenta a capacidade de ultrapassar diferentes tipos de obstáculos. A tecnologia desta roda proporciona diversas vantagens: curvar e ultra-passar obstáculos, graças à suspensão e a um modo duplo de controlo.O Quadro Ergonómico, aliado ao design de 3 rodas e pneus com câmaras de ar, proporcionam excelentes con-dições de manuseamento, obrigando a uma postura direita durante a marcha.

O Trionic Walker é amigo do ambiente, pois é produzido por forma a minimizar o impacto negativo no ambiente, durante o seu ciclo de vida. Quando o pro-duto já serviu os seus objec-tivos, pode ser desmontado e os seus com-ponentes reci-clados.

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54 SETEMBRO 2008

Saúde e beleza intemporaisCada vez mais, passar a barreira dos 50 anos é sinónimo de ser jovem e activo. O aumento da esperança de vida, e o estímulo sensorial a que estamos sujeitos diaria-mente, contribuem para que a juventude se mantenha durante mais tempo.

A longevidade está inegavelmente associada a um estilo de vida salu-tar, que começa pela forma como nos alimentamos e passa pela actividade física que mantemos. Qualquer uma destas vertentes deve ter um início precoce, porque apesar de não ser tarde começar a ter um estilo de vida saudável aos 50, a verdade é que nesta idade já sofremos as consequências de todos os erros alimentares que come-temos e da inactividade em que vive-mos durante vários anos.

Tanto para quem viveu saudavel-mente, como para quem só ao virar do meio século decidiu que era altura para mudar o estilo de vida, existem possibilidades eficazes de se manter jovem ou de recuperar a juventude perdida.

Tudo deve começar com uma consulta de nutrição, porque a alimentação é a base da nossa saúde e juventude. Esse é o pri-meiro passo dado na minha prática clínica.

É fundamental conhecer os hábitos alimentares e de vida de cada pessoa, para que possa haver uma reeducação eficaz. O objectivo é criar rotinas sau-

dáveis de alimentação que possam ser mantidas durante toda a vida. Trata-se basicamente de ensinar a comer.

A actividade física é a outra vertente da manutenção da juventude. Não só pela tonifica-ção muscular, mas também por todo o estímulo metabólico que advém do exercício, favorecendo a circulação, a oxigenação dos órgãos e tecidos, o consumo de calorias e a libertação de toxinas.

Para os amantes do exercício físico, o ginásio é uma boa opção. Para quem

Por Humberto Barbosa, especialista em Nutrição, fundador da Clínica do Tempo

prefere exercitar-se de forma sosse-gada e sem transpiração, as novas tec-nologias, como o Biotime5, disponí-vel na Clínica do Tempo, permitem tonificar o corpo ao mesmo tempo que se modela a silhueta. Aplicado na zona abdominal, por exemplo, 30 minutos de Biotime5 equivalem a 750 abdominais.

Para os cuidados de rosto é válida a mesma fórmula da alimentação regrada, na medida em que a pele revela a verdadeira condição de saúde em que nos encontramos. Uma pele bem nutrida tem mais hipóteses de envelhecer mais tarde.

Por dentro e por fora, é pos-sível ser jovem aos 50 anos… e manter-se jovem durante muito mais tempo. Se quando olha para o espelho já não se vê tão jovem assim, lembre-se que ainda pode fazer voltar atrás o seu relógio biológico, com a alimentação correcta e os tratamentos adequados. Não perca mais tempo, comece hoje a cuidar de si.

www.clinicadotempo.ptParede.: 21 458 85 00Lisboa.: 21 316 32 00

» Humberto Barbosa

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VIDA SÉNIOR

56 SETEMBRO 2008

Qualidade no conforto do larExistem momentos em que não somos capazes de assegurar sozinhos o bem estar e tranquilidade da nossa familia, dos que nos rodeiam e nos são mais queridos. É nessas alturas que recorremos a outras pessoas e entidades que nasceram para isso, assumir em nome da família a prestação dos cuidados que o seu ente querido necessita, no conforto do lar e perto dos que lhe são mais próximos.

Um exemplo é a Lar Valor, uma empresa do Porto, legalmente autori-zada, que disponibiliza serviços domici-liários nas mais diversas vertentes: ser-viços de saúde, prestação de cuidados de higiene e conforto, apoio à família, acompanhamento, babysitting, ajudas técnicas (aconselhamento, venda e alu-guer) e adaptação dos espaços à condi-ção do Utente. “Durante 24 horas, 365 dias por ano a cuidar da família dentro dos mais elevados padrões da quali-dade”, salienta Eulália Ribeiro, enfer-meira coordenadora de serviços da Lar Valor.

“Valorizamos o profissionalismo aliado à atenção personalizada e cui-dada, contribuindo para o bem-estar do Utente e da Família. Procuramos ser uma alternativa viável para todos aque-les que necessitam de apoio médico, acompanhamento ou outro serviço atra-vés de uma avaliação detalhada. Esta avaliação é fundamental, uma vez que pretendemos, sempre, ir de encontro às necessidades de cada um e consequen-temente, entendemos que nos devemos adaptar à realidade e às expectativas do meio familiar e do Utente em causa. A nossa missão é apoiar a Família, permi-tindo uma melhor qualidade de vida, sempre sem interferir na rotina e dinâ-mica familiar”.

“Apoio à família e assistência domiciliá-ria no grande Porto.”

Oferecendo um vasto leque de ser-viços, todos assegurados por técnicos

especializados nas mais diversas áreas, a Lar Valor é uma empresa vocacio-nada para o apoio à família e assistência domiciliária a idosos, doentes, acama-dos, pessoas com mobilidade reduzida ou em fase de convalescença que, por iniciativa própria ou da família, optam por receber todos os cuidados que necessitam no domicílio, sem necessi-dade de sair do seu ambiente e se afastar dos que lhe são mais queridos.

Eulália Ribeiro explica que, numa altura em que a família tem o seu tempo cada vez mais preenchido pelas suas obrigações profissionais e sociais, é fundamental a existência de empresas e serviços que assumam, em seu nome, a prestação dos cuidados que os seus familiares necessitam.

Para esta enfermeira “é um orgu-lho poder fazer parte da vida das pes-soas colaborando e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida do Utente possibilitando, em simultâneo, um descanso da família livre de preocu-pações. Mais ainda constatar, através de inquéritos, a total satisfação e reconhe-cimento dos nossos clientes”. Exem-plo é a proximidade da equipa técnica da Lar Valor com as diversas entidades envolvidas na recuperação dos Uten-

tes, fazendo inclusivamente o acompa-nhamento hospitalar que estes eventual-mente necessitem.

José Fernandes, responsável pela empresa, refere que o futuro da mesma passa pela “certificação dos procedi-mentos, que neste momento está numa fase avançada e é um passo fundamen-tal e pioneiro”. Relativamente ao cresci-mento e volume de negócios “entende-mos que o continuar do crescimento, até agora verificado, deve acontecer sem afectar a qualidade e personalização dos nossos serviços, aliás, não o equaciona-mos de outra forma!”

» Eulália Ribeiro, enfermeira coordenadora de serviços

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ANIVERSÁRIO

58 SETEMBRO 2008

“Vermelhos” com novo quartelNum “dia de memória”, mas de olhos postos no futuro, a Associação Humanitária Bombeiros Voluntários de Santo Tirso festejou a 20 de Julho o 130º aniversário. Com os da casa, outras corporações e entidades oficiais. Sempre com a construção do novo quartel no horizonte.

Texto: Marta Costa

Não só “se torna imperiosa a cons-trução de um novo quartel”, como “queremos uma obra marcante para a cidade e de referência para os bom-beiros de Portugal”. O desejo foi for-mulado pelo presidente da Associação Humanitária Bombeiros Voluntários de Santo Tirso, Asuil Dinis, no dia em que abriu as portas do actual quartel, na Praça Conde São Bento, para feste-jar o aniversário. O espaço, “que muito nos honra” e “que na altura marcou”, tem 74 anos e já foi recuperado. Mas é insuficiente, em termos operacionais.

Actualmente, as viaturas ficam aparcadas na rua, em frente ao quar-tel, até “causando algum conflito com as pessoas”, reconheceu o presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, Castro Fernandes, admitindo que o novo quartel “é um bem absoluta-mente necessário” para esta que é uma das “referências” do concelho. Ora, a

intenção dos “Vermelhos” é congregar no novo espaço as viaturas, os serviços de apoio e as escolas de formação.

Projecto existe e espaço também. A câmara cedeu um terreno com mais de 4500 metros quadrados, na Quinta de Geão, junto ao edifício da Biblio-teca Municipal. Passa para as mãos da Associação Humanitária, mas não deixa de ser património do município, ao mesmo tempo que vai proporcio-nar melhores condições à corporação e melhores condições de circulação no centro da cidade. Soma-se o benefí-cio para a actividade operacional, pela proximidade à Estrada Nacional 104, com possibilidades de acesso a Sul e a Norte do concelho. Sobre o projecto, e porque é o primeiro da autoria de Siza Vieira, Castro Fernandes prevê que venha a ser “um projecto de referência a nível nacional”.

O apoio da autarquia não fica por

aqui. O executivo aprovou já a atribui-ção de um subsídio de 200 mil euros para apoiar as obras de construção deste quartel. Trata-se apenas de uma fatia de um projecto cujo investimento previsto ronda os 1,1 milhão de euros. A obra, do arquitecto Siza Vieira, deve ser uma realidade em 2010, a ser apro-vada a candidatura ao Quadro de Refe-rência Estratégico Nacional (QREN), com um financiamento previsto de 70 por cento. O restante será suportado pela Associação Humanitária e pela Câmara de Santo Tirso.

Quartéis em construçãoA construção do novo quartel foi também designada de “imprescindí-vel” pelo chefe de gabinete da Gover-nadora Civil do Porto, no aniversário dos “Vermelhos”. João Paulo Cor-reia anunciou ainda que, no distrito do Porto, há mais dois ou três para cons-truir até 2009 e outros em fase final de análise para ampliações. Ao Governo Civil do Porto foi dirigida a interven-ção do representante distrital da Asso-ciação Nacional de Protecção Civil. José Alberto Costa destacou a entrega de equipamentos de protecção indivi-dual às corporações e deu a Câmara de Santo Tirso como “um exemplo ao nível da protecção civil”.

Com o novo quartel no horizonte, foi ainda em frente ao actual que decorreu a formatura para assinalar os 130 anos da Associação Humanitária Bombei-ros Voluntários de Santo Tirso, com a colaboração dos Voluntários de Fel-gueiras. E muitas outras corporações se juntaram à festa. Desde os vizinhos “Amarelos” aos de Vila das Aves, pas-

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ANIVERSÁRIO

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“Os bombeiros são essenciais nos projectos que fazemos”

O apoio da Câmara Municipal de Santo Tirso aos bombeiros tem sido uma preocupação constante do executivo, sendo frequentes os protocolos celebrados com as associações humanitárias do concelho. A autarquia tem também em vigor o Regulamento de Concessão de Regalias aos Bombeiros Voluntários do Município que, de acordo com o número de anos de serviço, “podem até ter isenção das licenças de construção”. No que toca a concursos de emprego para a câmara ou até uma candidatura a habitação social, e desde que em igualdade de circunstâncias, Castro Fernandes garante que os bombeiros “são privilegiados”, contando ainda com um seguro especial.Financeiramente, a edilidade atribuiu, este ano, um subsídio de 11 mil euros a cada corporação, mais 16500 euros para a aquisição de material e equipamento logístico e ainda 3650 euros (por corporação) para acções de vigilância florestal. “Mas é merecido”, reconhece o autarca.A prevenção é outra das apostas. A câmara viu aprovada a candidatura ao programa Agris e procedeu à limpeza e arranjo de caminhos, beneficiação de caminhos florestais e criação de pontos de água. Soma-se o Plano Municipal de Defesa da Floresta, cuja aplicação é assegurada pela Comissão Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios e onde “os bombeiros são essenciais nos projectos que fazemos”, sublinha Castro Fernandes à Perspectiva. Fica também como exemplo dessa cooperação o Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil.

sando pelos da Lixa, Trofa, Volun-tários do Porto, Moreira da Maia e Póvoa de Varzim. Lá dentro, o Salão Nobre Fernando Pinheiro da Rocha recebeu ainda o representante da Liga dos Bombeiros Portugueses, o Coman-dante Gomes da Costa, da Federação Distrital dos Bombeiros Voluntários, Geraldo Garcia, e muitos outros con-vidados.

Neste mesmo espaço, que orgu-lha a direcção, foi descerrada a foto-grafia de Fernando Jorge Guimarães, falecido recentemente, mas que fica na memória como “um homem dedi-cado, leal aos bombeiros e ao seu pre-sidente”, sublinhou Asuil Dinis. E fica em casa o reconhecimento por alguém que dedicou duas décadas à associa-ção.

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MODA LISBOA | ESTORIL

60 SETEMBRO 2008

O poder do olhar com Khôl Minéra

Na última edição deste evento, e à seme-lhança das anteriores, a equipa de maqui-lhadores profissionais liderada por Antó-nia Rosa complementou cada nova criação que desfilou nas passereles com as cores e texturas-tendência para este Outono-In-verno.Os olhos foram o ponto comum de desta-que das novas colecções, revelando cores fortes e vibrantes, com pigmentos inten-sos, magnéticos. Seguindo esta tendência, L’Oréal Paris

concebeu o produto-estrela da sua maquilhagem Outono-In-verno: o liner Khôl Minéral. Inovador, este liner em pó de um negro profundo permite a cada mulher reproduzir o olhar marcante ditado nas passe-reles.

Inicialmente utilizado pelos Egípcios, os Árabes e os Ber-beres para purificar e proteger os olhos, o khôl tornou-se mais tarde numa arma de sedução incomparável para inten-sificar o olhar das mulheres orientais. Verdadeira “receita” de beleza secular, a L’Oréal Paris reinventou o khôl e inte-grou-o na tecnologia da maquilhagem. A sua fórmula rica em minerais, com reconhecidas propriedades benéficas para

Moda Lisboa/Estoril – tendências maquilhagem Outono-Inverno 2008

EMBRO 2008

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MODA LISBOA | ESTORIL

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l de L’Oréal Paris

a pele, respeita-a profundamente. O seu pincel, fino e bise-lado, permite uma aplicação muito precisa e fácil no con-torno dos olhos, junto à raiz das pestanas para um resultado delineador; ou esbatido para efeito esfumado.

Perfeitamente definido ou esfumado, neste Outono/Inverno o olhar detém sem dúvida o poder de toda uma ten-dência de moda.

“Reflashion” revelará as tendências Primavera/Verão 2009, traduzindo uma reflexão sobre os desafios da Moda pela mestria dos criadores portugueses.

L’Oréal Paris

Demonstrando como a maquilhagem é um componente essencial no mundo da Moda, a L’Oréal Paris será mais uma vez Maquilhador Oficial da 31ª edição da Moda Lisboa | Estoril, evento que dita as principais tendências para cada estação, desta feita para a Primavera/Verão 2009.

A Cidadela de Cascais, junto à marina, é o palco da 31ª edição do ModaLisboa|Estoril que se realiza entre os dias 9 e 12 de Outubro. Um evento inigualável onde vão ser apresentadas as colecções Prima-vera/Verão 2009 de vários estilistas por-tugueses consagrados. Luís Buchinho, Miguel Vieira, José António Tenente são algumas das presenças já confirmadas num evento que sob o tema “Reflashion” vai surpreender os mais desa-tentos. Múltiplos tecidos em diferentes cores vão encher as passerelles durante quatro dias.

Como já é de esperar também as grandes marcas se aliam a este projecto. Assim, vão marcar presença a L’Oréal Paris e L’Oréal Professionnel, a marca brasi-leira de biquínis CIA Marítima, entre muitas outras. De salientar que durante o ModaLisboa|Estoril vai ser apre-sentado um projecto inovador assinado pela aforest-de-sign, denominado o “Combo”, que visa recriar 5 objec-tos desenvolvidos para intervir em 5 lojas de comércio tradicional: uma drogaria, uma mercearia, uma florista, uma pastelaria e uma livraria. Objectos de design de moda e de produto elaborados no estabelecimento prisio-nal de Tires, que além de um papel decorativo ou pura-mente estético, cumprem também uma funcionalidade, podendo ser “vestidos” como um acessório de moda ou “utilizados” como um acessório de design de produto. Financiada pela Direcção-geral das Artes e acreditada pelo Centro Português de Design, esta iniciativa vai per-correr o País e promete dinamizar o comércio tradicio-nal e os centros históricos das cidades, bem como apro-ximar o design do público em geral.

Moda Lisboa|Estoril

Semana oficial da Moda Portuguesa

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TURISMO

62 SETEMBRO 2008

Hotel de Baião

Anfitrião no lançamento do novo modelo Renault

Douro Palace Hotel Resort & SPA, um hotel recém inaugurado em Baião, foi esco-lhido para receber um mega evento: o Lançamento Mundial de um novo modelo automóvel da Marca Francesa Renault. Entre 22 de Agosto e 12 de Setembro mais de 250 jornalistas de vários países, estiveram hospedados neste hotel e desfruta-ram do Douro.

Ainda o Hotel estava em construção e já a administração da Renault Internacio-nal reservava este período para fazer a apresentação mundial do novo modelo. Fernando Amorim, director operacio-nal do Hotel, confessa que “a locali-zação magnífica no Douro, o facto de ser um hotel novo, moderno e a pro-ximidade da cidade do Porto, cerca de 1 hora (80 kms)” foram os principais motivos que influenciaram a escolha. Factores que permitiram que os jorna-listas pudessem desfrutar de paisagens magínificas e pisos diferentes (cidade,

auto-estrada e vilas) ao volante do novo modelo.

O Douro Palace Hotel Resort & SPA “não é um hotel nem muito grande nem demasiado pequeno”, tem 60 quartos, um deles preparado para receber pessoas com mobilidade reduzida, e possui também vários espaços de

lazer tanto no interior, piano bar e spa com piscina interior, como no exterior, piscina e bar. Para receber este tipo de eventos, para os quais também está vocacionado, possui 4 salas de reuni-ões com capacidade para 200 pessoas mediante a disposição da sala.

Construído de raíz, o Douro Palace Hotel Resort & SPA concilia uma casa burguesa com uma arquitectura que aposta na luz natural e priveligia a vista sobre o Douro ao longo de 10 hectares. Outra preocupação dos responsáveis por esta unidade hoteleira é a possibili-dade de proporcionar bons momentos a quem procura este espaço para relaxar e conhecer melhor o Douro. Por este motivo, foram firmados recentemente protocolos com instituições do conce-lho de Baião, nomeadamente a Casa do Lavrador (espaço onde é recriado o lar, a gastronomia e o modo de vida de um camponês de há cem anos), a Funda-ção Eça de Queiroz e o Centro Hípico de Baião.

Fernando Amorim orgulha-se por poder dizer que em Agosto consegui-ram atingir os 70 por cento de lotação,

A simpatia no primeiro contacto é primordial para Liliane Pereira (à dta. na foto). Uma jovem licenciada em Ciências Empresariais que, com apenas 24 anos, é responsável pela recepção do Hotel. A determinação, o Douro e a paixão por desafios trouxeram-na a esta unidade hoteleira que considera que está a ter um feedback muito positivo.

um valor que reflecte “o trabalho que todos têm feito tanto na divulgação do Hotel a nível nacional e internacional e o empenhamento para que o bem-es-tar do cliente seja sempre uma priori-dade.”

Para o próximo ano está prevista a construção de courts de ténis e também de alguns espaços para crianças.

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Texto: Luís António Patraquim LIVROS CULTURA

64 SETEMBRO 2008

Romance

A inocência na forma de diário

“Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura”, título que é também uma apropriação do verso de Dylan Thomas, “Do not go genttle into that good night”, principia com um poema de Eugénio de Andrade. Como dizia em entrevista ao JL (4/10/00), “cada vez mais a (referindo-se à sua prosa) tenho tentado tratar como se de poesia se tratasse. Em termos de conten-ção, no que respeita ao fazer cintilar as palavras como se fossem objec-tos com brilho próprio.” E falava deste seu livro como um “desafio”. Desafio para o escritor, para o leitor, que vai desmontando, ou organi-zando, o puzzle desta narrativa, con-tada por Maria Clara, à medida que nela avança. Com Maria Clara somos convidados a entrar na casa do Esto-ril com as fotografias do senhor gene-ral e do Presidente Krüger cobertas de pó nas prateleiras e a partilhar as suas fantasias, as suas invenções.

Agora a obra é reeditada pela Dom Quixote. Não é com certeza um livro

fácil de ler para quem não conhece a escrita de Lobo Antunes, mas como acontece nas grandes narrativas, dei-xe-se o leitor levar pelas palavras, de alma aberta, para que o espanto surja.

Guia prático

Geração compreendida São muitos e complexos os obstáculos que surgem ao longo do percurso edu-cativo. Todos os pais procuram educar os seus filhos da melhor forma possí-vel, mas é na fase da adolescência que surge a incompreensão e o fosso gera-cional. Karen Sullivan, a autora desta obra, garante que o entendimento entre pais e filhos é possível.

Desta forma, são abordadas com inteligência e sensibilidade, questões relacionadas com aspectos físicos e emocionais essenciais na educação de

qualquer criança, desde os oito anos de idade até à adolescência. Um guia imprescindível para os pais.

» O romance foi publicado pela primeira vez em Outubro de 2000.

FicçãoRomancista e poeta inglês (1865-1936) nascido em Bombaim, na Índia, Rudyard Kipling foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1907. Escreveu mais de 300 contos, fábulas, romances de aventura e baladas popu-lares. Como jornalista na Índia, entre 1882 e 1892, descreveu as suas expe-riências em obras quase impressionis-tas.

Neste volume o leitor encontra cinco contos onde o tema sobrenatu-ral marca presença de forma gradual, como é hábito na escrita de Kipling. Em A Casa dos Desejos conhecemos a Sr.ª Ashcroft, que se reformou e tra-balha esporadicamente como cozi-nheira em Londres desde a morte do marido.

Animais de EstimaçãoEste livro é um guia, elaborado segundo a estrutura de perguntas-res-postas, de forma a facilitar ao leitor o seu manuseamento, e um manual que certamente responderá a muitas das questões e dúvidas que assolam o seu quotidiano felino. Quem é que nunca se interrogou sobre esta e aquela ati-tude do seu gato? Quem nunca temeu pela sua saúde e duvidou dos seus cuidados? Neste livro, os amantes dos felinos não só acederão a uma série de informações sobre gatos, como poderão desvendar muitos dos misté-rios que estão por detrás de como os gatos pensam e agem.

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Texto: Luís António Patraquim

AO VIVO

Dança/Artes Cénicas

Liberdade equestreDepois de mais de 1100 espectáculos por todos o mundo, o “ballet mágico entre o homem e o cavalo” chega ao Passeio Marítimo de Algés, no dia 2 de Outubro. Um espectáculo imaginado por um dos funda-dores do Cirque du Soleil, que já encantou mais de dois milhões de espectadores em todo o mundo.

Cavalia, um espectáculo diferente de todos os criados até hoje, é uma junção de técnicas multimédia, com artes equestres e performativas. Os espectadores serão transpor-tados para um cenário virtual para testemunhar um sonho de liberdade, cumplicidade e harmonia que explora a rela-ção histórica entre humanos e cavalos.

O espectáculo é uma criação de Normand Latourelle, um dos fundadores do Cirque du Soleil, aclamado pelas suas produções arrojadas e inovadoras. O espectáculo é dirigido por Erick Villeneuve e a direcção equestre está a cargo de Frederic Pignon e Magali Delgado. Todas as músicas são tocadas ao vivo e são uma composição de Michel Cusson, propositadamente para o Cavalia.

Concerto

Corporativismo eclético A dupla norte-americana Thievery Corporation vai esgo-tar o Coliseu de Lisboa no próximo dia 19 de Outubro. Na bagagem, Rob Garza e Eric Hilton trazem o novo álbum, “Radio Retaliation”.

É a continuação da revolução do conceito da música electrónica através da mistura de sonoridades dub, acid jazz, boss nova, cantadas em várias línguas.

Rob Garza e Eric Hilton admiram compositores brasi-leiros como Tom Jobim e João Gilberto.

Em comunicado afirmaram que “a subtileza dessas composições realmente abriu as nossas mentes para novas possibilidades. Sempre fomos entusiastas da bossa nova, jazz e dub, e agora penso que a linha comum entre esses diferentes géneros é o uso do espaço. A música electrónica é muitas vezes mecânica: isso não é atractivo para nós. As nossas influências vêm de produções orgânicas”.

Em palco, o duo apresenta-se com um vasto leque de convidados, que transformar o palco do Coliseu de Lisboa numa viagem étnica. Ao passado e a um futuro edílico onde o ecletismo é a sonoridade de ordem.