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PERSPECTIVA

JUNHO 2009 3

Sumário# 21 | JUNHO 2009

Propriedade. Escala de Ideias – Edições e Publicações, Lda - R. D. João I, 109, RC - 4450-164 Matosinhos NIF 507 996 429 Tel. 229 399 120 Fax. 229 399 128 Site. www.escaladeideias.pt E-mail. [email protected] Directora-Geral. Alice Sousa - [email protected] Director Editorial. Pedro Laranjeira Redacção. Ana Mendes - [email protected] Colaboraram neste

número. Diana Pedrosa, Filipe Ferraz, Pedro Mota Opinião. Isabel do Carmo, Joaquim Jorge, Ten. Cor. Brandão Ferreira Design e Produção Gráfica. Teresa Bento - [email protected] Banco de Imagens. StockXpert, SXC Webmaster. Pedro Abreu - [email protected] Contactos. Redacção 229 399 120 [email protected] Departamento Comercial. 229 399 120 - [email protected] Tiragem. 70 000 exemplares Periodicidade. Mensal Distribuição. Gratuita, com o jornal “Público” Impressão. Mirandela - Artes Gráficas S. A. Depósito Legal. 257120/07 Internet. www.revistaperspectiva.info Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios, e para quaisquer fins, inclusive comerciais sem a autorização do editor.

Reportagem 4 A Latitude do Olhar: Egipto – Antigos portos baleeiros da América

Opinião 6 Isabel do Carmo 7 Joaquim Jorge 8 Ten. Cor. Brandão Ferreira

Dia de África 9 Mário Soares, presidente da Fundação Portugal África, faz uma reflexão sobre as relações bilaterais entre Portugal e a África Lusófona.

E-Learning23 Aprendizagem criativa e inovadora nas Lojas do Cidadão24 Aprender a língua francesa através de E-Learning

Tecnologias de Informação25 IportalMais: Alicerces seculares para Software do século XXI

Sustentabilidade26 Excelência na extrusão, nos tratamentos e comercialização de perfis de alumínio

Arte Equestre28 Coudelaria Entre Tejo e Sorraia: “Paixão pelo Puro Sangue Lusitano”30 O Cavalo Lusitano

Madeira: Pérola do Atlântico40 Deixe a Natureza tomar conta de siSão Ilhas, Senhor, são Ilhas!

27 Ambiente: Águas de Gaia, 10 anos a correr por Gaia31 Cidades Mais: Mirandela impõe-se no contexto regional34 Vinhos Internacionais: Internacionalização dos vinhos portugueses35 Vinhos Internacionais Quinta dos Currais36 Saúde: Saber fazer é saber comer!37 Cultura 38 Praias com Bandeira Azul: Gaia é recordista nacional

10Advocacia em Portugal

10 Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, defende a classe e alerta os políticos para o erro de desjudicializar a Justiça.

12 “Um advogado deve pugnar pela sua integridade”, entrevista a Dantas Rodrigues.

13 A violação da Justiça por força da Lei, artigo de Sara Marques da G Advogados

14 “Ética Profissional e eficiência, seja na consultoria, seja na litigân-cia”, depoimento de Manuel de Magalhães e Silva

15 “O estado da Justiça em Portugal está fragilizado”, entrevista a José Drago

16 “Há que dar mais meios aos juízes existentes e caminhar declaradamente para a arbitragem.”

17Dia Nacional do Reino Unido

17 Portugal celebra relações bilaterais de excelência, entrevista ao Embaixador do Reino Unido em Portugal

18 Externato Luso-Britânico: Prática de um ensino de Excelência 19 “Para um futuro de sucesso pessoal, social e profissional

20 Aprender a Língua Inglesa através de conteúdos disciplinares relevantes

22 Quinta do Chocalhinho: Turismo Rural de Excelência

32Decoração

32 Decoração: Show-room com espaço para passar a noite

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REPORTAGEM

4 JUNHO 2009

A Latitude do Olhar

Antigos portos baleeiros da América

Estamos em Nantucket, ilha ao largo da Nova Inglaterra na costa leste dos Estados Unidos da América. Sinto um arrepio na espinha…Há tanto tempo que queria vir aqui! O tempo está lúgubre. Há prenúncios de tempestade no ar…não poderia ser de outra maneira!

Texto: Pedro Mota

Esta é a Nantucket misteriosa e agoirenta que recordo de Moby Dick, o romance de Herman Melville que me fez meditar até sentir a vertigem do eu. As sombras alon-gam-se esbatendo-se sob um manto de névoa, a bruma cínzea faz a ponte entre o real e a minha imaginação espicaçada.

Agora sim, perpassam fantasmas, víti-mas dos inúmeros naufrágios que aqui aconteceram. Quase podemos ouvir os gritos abafados pela procela uivante, o estilhaçar da madeira, o rasgar de velas e o estalar do cordame contra os esco-

lhos em serrilha, quase como as fiadas de dentes dos esqualos…que também por aqui abundam.Depois da selvática bátega com que a ventania nos zurzia o corpo, ficou não mais do que uma chuva miudinha, como uma morrinha, que tornava imprecisos os contor-nos da paisagem. Seriam navios vira-dos ali ao fundo perto de Great Point? Seriam botes varados na areia e aqueles corpos estirados à sua volta seriam cadá-veres de afogados? Já não me admiraria

se na próxima esquina divisasse o vulto do colérico e irascível capitão Ahab ou o do taciturno arpoador Queequeg.

Ao chegar ao porto de Nantucket, guia-dos pela luz benfazeja dos vários faróis que circulam a ilha na sua circunferên-cia protectora dos leviatãs do mar e dos seus bruxedos. A tempestade amainava, mas se o vento passara a um zumbido a destrançar-se, já o mar ainda açoitava os faróis com fúria desmedida, talvez a tentar vingar-se dos seus misericordiosos filamentos de luz que haviam conduzido a bom porto aquele naco suculento que lhe apetecera abocanhar. As vagas inin-terruptas estilhaçavam-se contra a base dos faróis como se quisessem roer-lhes a sustentação.

Depois caiu o silêncio como um manto atirado que abafou tudo. Só o gotejar dos telhados, ou o leve tamborilar das gotas sobre os toldos ou ainda o vazar em sor-vedouro da água escorrente de volta para o mar desafiavam o silêncio sepulcral.

Ao raiar do dia, um céu de um anil per-feito e um Sol glorioso como nos bilhe-tes-postais emprestavam um ar plácido à ilha. A despeito de alguns galhos partidos nada faria lembrar o cenário dantesco do dia anterior.

Texto e fotos: Pedro Mota

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REPORTAGEM

JUNHO 2009 5

E os faróis lá estavam belos e apru-mados, singelos na sua altivez esguia. Fiquei a gostar ainda mais destas altanei-ras construções.Nantucket é apelidada como a Dama Grisalha. As casas são recober-tas com pequenas placas de madeira de cedro branco como se foram escamas de peixe e que ao envelhecer adquirem uma patine de tons cinza.Já no vizinho continente, é mais usado o cedro vermelho dando às casas envelhe-cidas um tom escuro e áspero.

Nos tempos áureos, esta ilha foi a capital mundial da baleação, com inúmeros armadores e respectivas embarcações aliteralmente acotovelarem-se no espaço apertado do porto.

Homens, feros e determinados, embar-cavam nos veleiros armados à redonda, com os marinheiros nas vergas a rizar o velame. Estes homens rudes e belico-sos eram engajados nas quatros parti-das do mundo. Mas os mais apetecidos eram uns baixinhos morenos autóctones de um arquipélago atlântico de tez ainda mais morena do que a deles. Os açorianos desde há longo tempo que se dedicavam à caça à baleia a partir de terra nos seus esguios e longílineos botes baleeiros, afi-nados como instrumentos musicais.Este povo marítimo era exímio na arte da baleação possuindo, à altura, a técnica mais eficaz de caçar os enormes mamíferos marinhos…principalmente o mais perigoso: o cachalote. Assim, as avisadas companhias baleeiras da Nova Inglaterra, iam com frequência recrutar homens entre as ilhas dos Açores. Sendo frequente os ilhéus saltarem para os velei-ros americanos na calada da noite, ofus-cados pelo brilho desmedido do sonho americano e fugindo à dura proeza que era arrancar o sustento nas bravias ilhas atlânticas de cútis tão enegrecida como eles próprios.

Dos veleiros, quando era avistada a coluna de vapor do repuxo da baleia, apossava-se da equipagem um frene-sim inaudito, por entre gritos de: “ – Já

sopra!...Já sopra!... Três pontos a barla-vento”. Arriavam-se os botes que cerca-vam o colosso a força de remos, o tran-cador arpoava o animal que partia à desfilada arrastando o bote, numa ensan-decida corrida por entre um torvelinho de homens e remos, deixando só uma esteira de espuma. Era a célebre: “Corrida de trenó de Nantucket”.

Ao acercarem-se do animal exausto pelo esforço de puxar o bote e já nas vascãs da agonia. Era asseada a lança para perfu-rar algum órgão vital, aí o repuxo era ver-melho de sangue e a tripulação gritava: “- Há fogo na chaminé!”, sinal de que o animal estava moribundo.

Depois, a baleia era “descascada” do seu cobertor de toucinho que era derre-tido em enormes caldeirões. O cheiro rançoso da gordura de baleia empestava tudo pois o fogo era alimentado por peda-ços de baleia a arder, a baleia derretia a própria baleia. O escortanhar do corpo era feito por marinheiros que galgavam o cadáver sempre em risco de escorre-gar e serem pasto dos vários tubarões que depressa juncavam o espaço.

O óleo carregado em barricas era trans-portado para Nantucket. Um judeu de Nantucket havia desenvolvido um pro-cesso de juntar potassa à gordura de baleia purificada, fazia, assim, umas velas de chama muito brilhante e em nada fuma-renta. Foi o início da grande fortuna da Nova Inglaterra, pois foi de tal ordem importante que “iluminou o mundo”, desde as casas até à iluminação pública, passando pelo combustível dos faróis.O dealbar da fortuna foi sorte madrasta para Nantucket, de porto pequeno e assoreado pelas correntes. O ponto nevrálgico da baleação mudou-se para a vizinha New Bedford, com um porto excelente e profundo, ainda hoje porto americano de notável importância.Uma gaivota eleva-se no ar e pouco depois oiço um leve estampido, pouco depois a coreografia repete-se, vendo com atenção vejo outras gaivotas no mesmo bailado…depois entendo: estão a deixar cair con-chas para as quebrar e acederem assim ao suculento interior.

Para aqui para New Bedford e para as cidades vizinhas dos estados da Nova Inglaterra, veio uma verdadeira diáspora de emigrantes açorianos. Tudo começou com a baleia, depois veio a erupção do vulcão dos Capelinhos na ilha do Faial.

O rugido das entranhas da terra, aliado

aos sismos que saracoteavam a ilha como se fosse um corpo em estado de convulsão epiléptico, trazia as gentes com o credo na boca até debandarem para a América a ponto de algumas povoações ficarem semi-desérticas e a ilha ficar silenciosa e exangue.

Numa segunda vaga, estes emigran-tes, foram trabalhar na pesca e nas inú-meras fábricas de tecidos da região, mas também este arremedo de fortuna em breve feneceu criando muitas provações a esta gente esforçada. A Nova Inglaterra é como uma décima ilha açoriana. É comum ouvir falar português com sotaque aço-riano na rua. O pequeno comércio e a gastronomia têm forte influência portu-guesa. Até a cidade de Fall River ostenta desde há pouco tempo uma réplica em tamanho natural das portas da cidade de Ponta Delgada.

Há festas religiosas decalcadas das do arquipélago atlântico. Assim como várias devoções religiosas como os Romeiros de São Miguel ou o culto do divino Espí-rito Santo. As saudades da terra são como espinho entranhado no espírito dos nossos emigrantes. O amor à terra liga-os a Portugal por um cordão umbilical invisível e nunca cortado. Quanto mais longe é a terra de adopção em relação à terra-mãe, mais esticado fica essa corda. A doçura nostálgica é tangida nesta corda esticada e é muito comum ver a pureza do amor e a saudade que lhes vai na alma, na forma como cantam as baladas da terra natal…em tons cada vez mais agudos…mais cruciantes.

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OPINIÃO PERSPECTIVA

6 JUNHO 2009

» Isabel do CarmoQuem dá aos pobres empresta a DeusA propósito dos incidentes do Bairro da Bela Vista em Setúbal, vários “sábios” em ciências humanas e desumanas aproveitaram para criticar o alojamento em bairros sociais, desta vez encontrando neles a causa de tais distúrbios.

Não se percebe bem o que é que estes sábios queriam e querem. Que as pes-soas tivessem permanecido nos bairros da lata? Gostavam mesmo é de os ver na Curraleira, na Musgueira, “nas ilhas” do porto, nos bairros degradados de Setúbal, na Azinhaga da Torrinha em Lisboa, na Pedreira dos Húngaros de Caxias? Claro que esses cenários eram óptimos para grupos de senhoras “tias” e meninas betas irem fazer caridade ou “solidariedade”, em dose q.b. para ficarem de consciên-cia descansada e o resto da semana dize-rem “nós, graças a Deus, não nos falta nada” ou seja, várias casas, carros, barcos e motas, viagens de luxo, propinas milio-nárias em colégios estrangeiros e muita ociosidade. E como quem dá aos pobres empresta a Deus, isto funciona como uma espécie de PPR que soma pontos para a entrada no paraíso. Mesmo assim, alguns filhos maus destas famílias bem fazem das suas. Mas não precisam geralmente de exercer violência.

Qual seria então a solução? Alguns sociólogos dizem de facto que não se devem criar guetos e que as pessoas a rea-lojar deveriam ser misturadas nos bairros das pessoas “normais”. Mas quando isso acontece, aqui d’el-rei, que lhes metem marginais no prédio, ou que a casa se desvaloriza porque no edifício ao lado moram ciganos. Mas o gueto será mais gueto se for afastado com uma distância higiénica, se não tiver transportes, se não tiver escolas, lojas e espaço para associa-ções e festas.

Não se fala dos casos bem sucedidos, como os projectos SAAL, a Quinta da Cabrinha e numerosos outros casos. Como sempre, as situações bem sucedidas não têm protagonismo nem visibilidade. Acho que todos deveríamos ter orgulho em ver

milhares de pessoas que toda a vida vive-ram em condições infra-humanas (ao lado das outras em condições boas ou muito boas) e que passaram a ter sala, cozinha, quartos, água e luz. Já experimentaram ver a alegria dessas pessoas? Pode-nos com-pensar de muitas tristezas da vida. Já me aconteceu entrar sem aviso em casas de vários destes novos bairros e fico como-vida como é que aquelas mulheres, depois de viverem toda a vida na terra e na lama, “aprenderam” a ter móveis arrumados, com bibelôs a seu gosto, tudo limpo. E digo as mulheres, porque quem manda nos bairros são as mulheres, quando há associações baseiam-se nelas e são elas que podem mediar.

Olha lá a mãozinhaMas a verdade é que há uma área social que está sempre a vigiar e a chorar com a mão esquerda o que dá com a direita. O que dá, não. O que é obrigado a dar através dos impostos. O mesmo clamor se ouve em relação ao rendimento social de inserção e ao salário mínimo. O que eles gostariam mesmo é que os impostos fossem gastos na segurança, isto é na pro-tecção dos seus bens e das suas pessoas. O que sobrasse seria para esmolas, que é o que deve entender-se pela “perspectiva social” política, visto nem quererem ren-dimento social de inserção, nem aumento do salário mínimo, nem bairros de rea-lojamento e apelarem à “flexibilidade”. Então o que é social?

Entretanto vêem-se passar debaixo do nosso nariz os milhões do BPN, do BPP e do BCP, com os seus protagonistas, Dr. Oliveira e Costa, Dr. Dias Loureiro, Dr. Miguel Cadilhe, os quais, a seu tempo e no passado defenderam exactamente essa restrição de benesses aos pobres.

Também é arriscado falar das causas sociológicas que levam à desordem nos bairros de realojados e nos subúrbios em geral, porque estamos a justificar o crime. Claro que as pessoas de idade maior têm que ser responsabilizadas pelo que fazem, particularmente quando exercem violên-cia física sobre outrem. Mas por que diabo é que isto só ataca os pobres? Será que já nascem assim? Será genético? Ou será que nascem de facto com o destino mar-cado? Alguns, a maioria, foge ao destino e faz um esforço sobrehumanao. Muitos, é verdade, conseguem tirar cursos supe-riores. Mas muitos têm toda a conjuntura para descarrilar. E a vida corre-lhes mal – acabam na prisão.

Vêm-nos então dizer que isto é uma “crise de valores”. Cheira-me sempre um bocadinho a sacristia, com o devido res-peito pelos meus amigos cristãos…

Isto é, pelo contrário, a exposição dos valores em que se tem baseado o nosso sistema – lucro individual, exploração do trabalho de outrem, exército de desempre-gados para fazer baixar os salários.

A ganância é o sistema. É o lucro o que faz correr os investidores. Por isso um tão grande desprezo pelos serviços públicos, que não têm lucro privado. São só ser-viço…

Tudo isto me faz lembrar uma cena des-crita por António Lobo Antunes não sei se numa crónica se num livro. As senho-ras “bem” antigamente tinham cada uma o seu pobre ou os seus pobres de estima-ção a quem davam esmola. E uma tia do António um dia deu vinte e cinco tostões ao seu pobre e disse-lhe: “Agora vê lá onde é que os vais gastar! “Respondendo-lhe ele: “Então o que quer? Que eu com isto vá comprar um Cadillac?”

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OPINIÃO PERSPECTIVA

JUNHO 2009 7

FrugalidadeQuantas pessoas vão cada dia trabalhar sentindo que o que fazem não tem sentido, não vale a pena, não é reconhecido ou não é reconhecido como deveria ser? As pessoas não se sentem realizadas. Centenas ou quiçá milhares? As pes-soas estão despidas interiormente, a infelicidade laboral que nos leva a pensar que o tra-balho é uma prisão, em que passam a maior parte do tempo a olhar para o relógio, o que fazem carece de sentido.

Por vezes a nossa vida parece um absurdo e Camus ao evocar Sísifo no trabalho do operário na cadeia de produção em que repete o mesmo gesto durante todo o dia. E cada um de nós rever-se-á facilmente em Sísifo ao realizar pequenas rotinas do dia-a-dia, ao deparar-se com proble-mas repetitivos e inúteis, ao confrontar-se com o sofrimento, etc.

Estes pensamentos lembram-me outros por exemplo que devemos tra-balhar menos para viver melhor. Eu sou contra a busca obsessiva de «mais, mais e mais e cada vez mais». Outras gostam do que fazem, mas não como, nem com quem. Há sempre tanto para fazer que não há outro remédio que viver stres-sado. A tentativa das empresas obte-rem lucros e benefícios não podem ter um crescimento perpétuo, em contra-partida deveremos trabalhar menos para viver melhor e tentar a busca do poder de viver. Como diz Albert Camus, que faz alusão ao «amor fati», isto é, amor à vida, àquilo que é aqui e agora em detri-mento daquilo que apenas poderá vir a ser – por vezes não fazer nada e por que não ser e estar. O nosso afã obses-sivo por fazer é na realidade uma fuga,

busca-se o alívio não a cura. Deve-se repartir melhor o trabalho e a sua organi-zação: utilizar os benefícios obtidos para que todos trabalhem moderadamente e todas as pessoas tenham um emprego. O objectivo é o poder aquisitivo, que é enganoso e reduz as pessoas «à dimen-são de consumidoras». Deve-se procu-rar mudar a organização e melhorar a repartição do trabalho. Não é aceitável que alguns empresários e administrado-res de empresas ganhem várias centenas de milhares de vezes mais do que o salá-rio dos seus trabalhadores. Deve ser per-mitido às pessoas terem uma vida mais equilibrada, frugal e de lazer que não seja só a vida laboral: vida familiar, vida associativa, prática de artes, actividade política, cultivar amizades, etc..

O excesso de crescimento interfere nas condições ambientais, sociais e huma-

nas, devemos anteciparmo-nos e mudar de direcção. Se não o fizermos será a recessão contínua e o caos. Temos que crescer em humanidade, isto é, tendo em conta todas as dimensões que constituem a riqueza humana. É preciso acabar com a ideia de que crescimento é progresso e a situação sine qua non de um desenvol-vimento justo. Produzir sim, mas com mais qualidade. Essa produção exige habilidade, tempo e oferece empregos numerosos e mais gratificantes.

Devolver o protagonismo às pessoas e o espírito crítico frente ao modelo domi-nante «mais, mais e mais e cada vez mais». Substituir um crescimento estri-tamente económico por um crescimento «em humanidade». É um desafio que se deve tentar.

Por vezes não fazer nada, para come-çarmos a fazer o que gostamos e nos dá prazer.

» Joaquim JorgeBiólogo

Não se pode viver o estigma de que produzir é o caminho, é a meta. A única coisa que importa são os resultados e a velocidade a que se move tudo provoca com que nos sintamos uma máquina metafórica e literal.

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OPINIÃO PERSPECTIVA

8 JUNHO 2009

» Ten. Cor. Brandão FerreiraA Somália e os cretinos esféricosPartiu a fragata “Corte Real” – nome de um navegador quase esquecido – para o outro lado do mundo, com pompa e circunstância. Não que ao evento os políticos entendam dar qual-quer relevância, mas porque a Armada (“Briosa”) não costuma deixar os seus créditos por mãos alheias. O caso justificava-se: a Corte Real ia juntar-se em Nápoles a outros navios da NATO e embarcaria o Contra-Almirante português Pereira da Cunha que passaria a comandar a força. Estávamos a 5 de Março.

A primeira paragem da pequena esquadra deu-se nas águas da Somália/Yémen, a fim de combater a pirataria marítima que, sem ainda ninguém ter explicado muito bem porquê, irrompeu por aquela zona. Não tendo um interesse nacional directo na ques-tão, já que a marinha mercante (que mon-tava quase a um milhão de toneladas) desa-pareceu nos idos de 74/5 do século XX, e a marinha de pesca por via dos cortes catastró-ficos que Bruxelas tem imposto (outra cre-tinice), nem lhe passa pela cabeça ir pescar para aquelas bandas, resta a Portugal a soli-dariedade da Aliança e a visibilidade polí-tica (à custa dos militares), para se envolver nesta operação. A operação, diga-se, custa muito dinheiro.

Chegados à zona de operações logo os descendentes contemporâneos do “Barba Roxa” e quejandos, lhes deram que fazer. Numa zona sem lei nem roque, à mistura com estados falhados, miséria, ódios étni-cos e fanatismos religiosos, fruto das des-colonizações demagógicas e criminosas (e cretinas) que se fizeram, tudo pode aconte-cer. E a vida não vale grande coisa...

A força comandada pela Corte Real – cuja actuação até hoje nada tem ficado a dever aos seus aliados nem desmerece dos nossos antepassados mais ilustres – logo se viu envolvida em acções reais. Numa delas, uma equipa de marinheiros portugueses capturou uns quantos piratas somalis (ou devemos dizer putativos piratas?) e respec-tivo armamento, um sucesso, portanto.

A partir daqui corre tudo mal. Inquirido o governo em Lisboa sobre o que fazer com os prisioneiros, este chega à conclu-são que a lei portuguesa é omissa relativa-mente à questão (isto apesar de haver 17 faculdades de Direito no país, centenas de juízes conselheiros com pingues proventos e 90% de deputados terem aquela forma-ção) e manda libertar os detidos. Ignora-se se com alguma palmadinha nas costas e um “desculpa lá, pá”. Sem embargo, ficámos-lhes com as armas que, esperan-çosamente, um dia viremos a contemplar numa sala do Museu de Marinha. A não ser, claro, que a Amnistia Internacional, ou outra organização filantrópica qualquer, venha a reclamar a sua devolução, sabe-se lá se acompanhada por uma indemni-zação. Já estamos também a ver o Bloco de Esquerda a clamar contra a medida, já que não só a culpa do sucedido é da socie-dade como também por as armas apresa-das serem as ferramentas que garantem o sustento aos desvalidos.

Não se entende como se pode enviar cidadãos militares arriscar as vidas em missões ao serviço do Estado – embora de interesse nacional duvidoso – sem legisla-ção que os proteja e regras de empenha-mento claras e assumidas. Não se entende, a seguir, como se podem aprisionar cida-dãos armados em alto mar se não existe legislação que o permita; não se entende também como, sendo uma missão da NATO, esta organização não tenha o

assunto estudado e a questão tenha que ser posta a Lisboa, que entretanto tinha feito a transferência de autoridade da nossa fragata para aquela organização; não se entende também porque não se entregam os prisioneiros directamente aos Tribu-nais Penais Internacionais (afinal para que servem?)… e porque é que a ONU não cri-minaliza a pirataria e não tipifica os dife-rentes crimes?

E que poderá acontecer a um militar nosso que se veja na con-tingência de abater um “pirata”? E se for o militar a morrer? Morreu para quê? Pedem-se responsabili-dades a quem? E porque terá que haver tantos pruridos legais, numa zona onde impera a lei da selva e não existem convénios aceites pelas partes?

Porque é que pura e simplesmente, não se avisa os “amigos do alheio” que se forem apanhados serão “lançados à água”?

Oh grande D. João, o segundo, fazes cá muita falta!

Os militares portugueses já estão habitu-ados às constantes trapalhadas e dilações de tesouraria com que o governo financia estas operações e às deficiências em arma-mento e equipamento. Agora isto?

Lamentavelmente a grande maioria dos políticos que pululam pelo mundo vira-ram cretinos e esféricos. Não têm ponta por onde se lhes pegue!

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DIA DE ÁFRICA

JUNHO 2009 9

“Chamada de atenção para um Continente que tem sido muito mal tratado”Mário Soares, presidente da Fundação Portugal África, faz uma reflexão sobre a importância da comemoração do Dia de África, no dia 25 de Maio, e fala um pouco sobre as relações bilaterais entre Portugal e a África Lusófona.

Qual a importância da comemoração do Dia de África?O dia de África é uma chamada de atenção para um Continente que tem sido muito mal tratado, para não dizer explorado, e onde as populações continuam a ter grandes difi-culdades, apesar das independências.

Actualmente, como caracteriza as rela-ções entre Portugal e o continente afri-cano?São as melhores, principalmente com os países lusófonos - como é natural - mas não só. A descolonização, que foi feita num tempo recorde, após o 25 de Abril, abriu caminho a um relacionamento fra-terno, que permitiu a existência da criação da CPLP, na qual deposito muitas esperan-ças.A Fundação Portugal África nasce em 1995 com o objectivo de contribuir para o aumento de acções de carácter cultural e educacional a desenvolver em Portugal e em África. De que forma é este objectivo visível?A Fundação Portugal África, criada em 1995, pelo Prof. Miguel Cadilhe, tem como objectivo ajudar ao desenvolvi-mento das relações entre Portugal e a África Lusófona. Mas tem, como calcula, meios modestos. Tem organizado diversas parcerias e tem feito trabalho útil, na opi-nião dos interessados, sobretudo no domí-nio educacional, cultural e das relações empresariais.

Neste sentido, qual tem sido o papel da Fundação Portugal África no desen-volvimento dos PALOP?Temo-nos esforçado por trabalhar em con-tacto permanente com a CPLP e o IPAD, tendo também relações próximas com o Secretário de Estado dos Negócios Estran-geiros e da Cooperação, João Cravinho.

As grandes prioridades traduzem-se nos sete projectos que a Funda-

ção tem em curso? Que projectos são estes e quais as grandes repercus-sões a nível de intervenção?Os projectos a que se refere são: Memó-ria de África (preservação e utilização adequada de todo o conhecimento que adquirimos em África, nomeadamente de expressão portuguesa); inventariação com as diásporas africanas lusófonas, procurando contactá-las e realizando com elas encontros de reflexão e debate; Observatório Africano, aberto a cola-borações diversas (uma revista mensal sobre a actualidade africana); reactivação do Ensino de Artes e Ofícios, o qual se tem desenvolvido sobretudo em Moçam-bique, com grande êxito, mas que ten-cionamos estender a outros países; pro-gramas de prevenção ITS's/VIH e SIDA, que funciona em rede, em vários países como Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Angola; organização de coló-quios internacionais sobre temáticas afri-

canas; contacto com estudantes africanos que vivem em Portugal (aos quais, em casos especiais, concede bolsas); a sede da Fundação, no Porto, está aberta aos estudiosos africanos e tem uma Biblio-teca de grande valor que está à disposi-ção deles.

Como perspectiva, num futuro pró-ximo, as relações entre Portugal e a África Lusófona?Da melhor maneira. Com as independên-cias criou-se, entre nós, um clima novo. Deixámos de ser colonizadores para ser amigos e parceiros, em igualdade e no respeito mútuo. Tendo hoje relações com todos os Estados do Mundo, a nossa política externa reside em três pilares: a União Europeia, à qual pertencemos de pleno direito; a CPLP; e a política euro-atlântica, que inclui os Estados Unidos e o Brasil e os países africanos lusófo-nos...

» Dr. Mário Soares e Malagantana

“Deixámos de ser colonizadores para ser amigos e parceiros, em igualdade e no respeito mútuo.”

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ADVOCACIA EM PORTUGAL

10 JUNHO 2009

Marinho Pinto defende que um advogado é um

“Homem profundamente respeitador dos valores da Justiça”

António Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, afirma-se como “um advogado de corpo inteiro, de alma e coração” que vai cumprir o programa que os advogados inscritos na Ordem elegeram em Novembro de 2007. “Sem subserviências em relação a ninguém”, pretende dignificar a profissão, criar regras na entrada para a Ordem dos Advogados e alertar os políticos para o erro que estão a cometer ao desjudicializar a Justiça.

A 19 de Maio comemorou-se o Dia do Advogado. Qual é a importância?Celebra a advocacia, uma profissão milenar, uma profissão de futuro. Enal-tece os valores da advocacia e homena-geia os advogados que se notabilizaram na defesa desses valores, pela sua acção junto dos cidadãos na defesa dos princí-pios da justiça, do Estado de direito e da advocacia.

Este ano decorreu em Portalegre e foi dedicado ao tema”Duas Culturas: O Direito versus a Economia”, porquê?Esse foi o tema escolhido pela delegação organizadora. As celebrações são sempre organizadas por uma delegação. Este ano, por proposta minha, a direcção esco-lheu a delegação de Portalegre que tem menos de 40 advogados. Quisemos sim-bolizar o apreço e o carinho que a Ordem dos Advogados e esta direcção têm pela advocacia que se faz no interior, que luta com dificuldades para afirmar os valo-res do Estado do direito nos litígios, na composição dos litígios, defendem a dig-nidade da pessoa humana. Enfim, defen-dem aquilo que constitui o património moral da advocacia e o seu orgulho.

“Os tribunais são os únicos órgãos soberanos para administrar justiça.“

Como está a advocacia em Portugal?A verdade é controversa. As pessoas estão habituadas a admitir as meias verdades e a ocultar a realidade. A realidade da advo-cacia em Portugal hoje é má, resultado da convergência de dois factores. Por um lado, a massificação da advocacia que fez com que o número de advogados cres-cesse muito para além das necessidades sociais do patrocínio forense e da demo-cracia. Este crescimento deveu-se a inte-resses da própria Ordem e seus dirigen-

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tes que puseram os interesses da Ordem acima dos interesses da advocacia. Não se importaram em massificar a profis-são porque isto trazia vantagens para a Ordem, designadamente recursos eco-nómicos. Basta ver o que os estagiários pagam à Ordem. Mas também resulta de uma postura dos vários governos nos últi-mos quinze anos que conduz a uma ideia: desjudicializar a justiça, de retirar a admi-nistração da justiça aos tribunais entre-gando-a a órgãos que não estão vocacio-nados para isso. Fazendo com que litígios que ao longo de séculos foram resolvi-dos nos tribunais, passem a ser resolvi-dos em farsas de tribunais. Os litígios que sejam resolvidos em repartições públi-cas por funcionários sem independência e muitas vezes sem a preparação técnica para isso como no registo civil. Os lití-gios de família, os divórcios, a regulação do poder paternal, entre outras matérias, sejam resolvidos à força em centros de mediação e arbitrários num regime obri-gatório.

“Justiça sem advogados é uma farsa que leva a composições leoninas a favor das partes economicamente mais poderosas.”

Mas os cidadãos sentem que conse-guem resolver os seus problemas judicais mais rapidamente?Houve um retrocesso civilizacional. Porque a administração da justiça, seja qual for a dimensão do conflito ou valor económico, tem de ter uma dimensão de soberania. Os tribunais são os únicos órgãos soberanos para administrar jus-tiça. A criação de outros espaços onde supostamente se faz justiça visa afastar os advogados, porque se entende que os mesmos não são necessários à adminis-tração da Justiça. É uma cultura retró-

grada que não é própria de um Estado de Direito. Justiça sem advogados é uma farsa e que leva a composições leoninas a favor das partes economicamente mais poderosas. Os advogados são uma com-ponente essencial na administração da justiça, desde logo porque igualizam as partes perante o julgador, perante a jus-tiça, perante a lei. Se se quer poupar na justiça, isso vai sair muito caro ao Estado de direito. E quando a poupança é nos advogados, sai muito caro ao direito dos cidadãos.

O que é que a Ordem tem feito para contrariar esta tendência? Por exemplo, na Ordem queremos inver-ter o ciclo da massificação. A Ordem não pode estar aberta a todas as pessoas licenciadas em direito que querem entrar na Ordem. Não pode ser. A advocacia é uma profissão que não pode ser apenas sujeita à selecção por parte do mercado. Esta selecção tem de ser feita no âmbito do poder regulador da Ordem. A advoca-cia é uma profissão vinculada a rigorosos princípios de ética e de deontologia pro-fissionais que têm de ser estabelecidos no âmbito do poder de regulação da Ordem. Por outro lado, é preciso convencer o poder político de que é necessário inves-tir na Justiça, em mais tribunais, em mais magistrados, e não obrigar os cidadãos a ir comprar justiça fora dos tribunais. O que leva a formas de administrar a justiça próprias da barbárie. Hoje temos deze-nas de pessoas presas por praticar crimes a fazer justiça, ou seja, a cobrar dívidas sobretudo. Os tribunais são um paraíso para os caloteiros, mas um inferno para os credores. É isto que é preciso alterar.

A utilização de Tecnologias de Informação é um desafio?Estamos abertos às novas tecnologias. Queremos informatizar os escritórios de todos os advogados do país. Quere-mos que o advogado participe e aceda às novas ferramentas de que necessita para

exercer a sua actividade. É preciso elimi-nar ou minimizar o uso do papel. É pre-ciso também dar formação no âmbito das novas tecnologias para poder gerir melhor os processos.

Como deve ser um bom advogado?Deve ser um Homem profundamente res-peitador dos valores da Justiça, da ver-dade, da seriedade, do direito. Deve ser um homem de causas, de coragem, de independência, não ter receio de enfrentar os poderes sejam eles quais forem. Não ser subserviente em relação a nenhum poder. E ser, sobretudo, honesto consigo próprio. Quem for honesto consigo pró-prio sê-lo-á com todos os outros. A esma-gadora maioria dos advogados são hones-tos. O problema é que há clientes para advogados que não têm esta qualidade.

Isso é preocupante?Nem todos os advogados são dignos da profissão, como existem situações idênti-cas noutras profissões. Mas a Ordem está atenta e vai combater estas situações, por muito que custe a alguns.

Que balanço faz do seu mandato?Positivo apesar de todas as adversidades de que tenho sido alvo. Podia ser melhor concordo, mas também podia ser muito pior e não foi. Ser bastonário é trabalhar, às vezes, 24 horas por dia. É ser vítima de ataques pessoais. É não ter tempo para a família.

Um Bastonário deve ser interventivo?Sempre fui uma pessoa de causas, de prin-cípios e de valores. Não ando nisto por motivos pessoais, nem para mim nem para a minha família. Nunca tive empregos do Estado. Não tenho contratos com empre-sas públicas. Os meus clientes são empre-sas e cidadãos. Uma das minhas causas é fazer com que a advocacia volte a ser res-peitada como sempre foi e que nos últimos quinze anos se degradou muito por culpa da própria Ordem dos Advogados.

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12 JUNHO 2009

A Dantas Rodrigues & Associados é uma sociedade constituída por um conjunto de advogados, que interage com uma rede de Juristas de reconhecido mérito. Com sede em Lisboa, conta ainda com várias parcerias com escritórios do mundo inteiro e irá abrir brevemente novos escritórios no Porto. Em entrevista à Perspectiva, Dantas Rodrigues dá-nos o seu ponto de vista relativamente à justiça em Portugal.

Qual deve ser o perfil de um advogado?Para além da respectiva qualificação téc-nica, um advogado deve pugnar pela sua integridade e total disponibilidade para a defesa dos direitos, liberdades e garantias dos seus constituintes. Os tempos moder-nos exigem ao advogado de hoje carac-terísticas diferentes de tempos passa-dos. A capacidade e espírito de trabalho em equipa são, actualmente, fundamen-tais. A especialização é hoje um aspecto fundamental no exercício da advocacia. A voracidade de produção legislativa impede que o advogado hoje seja, como há 20 ou 30 anos, um profissional mul-tifacetado capaz de satisfazer as necessi-dades dos seus constituintes em qualquer uma das suas áreas técnicas. Seja através de sociedades, seja através da cooperação com outros colegas, o advogado de hoje tem consciência da necessidade de traba-lhar em equipa. Um outro aspecto, fun-damental para nós, é o conhecimento e cumprimento do código deontológico.

Quais são as grandes questões que preocupam esta classe?A principal preocupação de qualquer advogado deve ser a defesa dos direi-tos, liberdades e garantias dos cida-dãos consagrados na Constituição da República Portuguesa. Assim, questões como o excesso de prisão preventiva, o recurso excessivo às escutas telefóni-cas como método corrente de investiga-ção, as modernas tendências legislativas optando pela inversão do ónus da prova, a violação sistemática de direitos cons-titucionalmente garantidos, entre outros, não podem deixar de ser preocupação

dos advogados. No seio da classe, a apa-rente divisão entre advogados, nomea-damente entre órgãos legalmente eleitos pelos seus pares, pode provocar em toda a comunidade uma situação de descon-forto e desconfiança na actuação destes profissionais do foro. E uma sociedade civilizada não pode deixar de acreditar naqueles que são capazes de os defender dentro dos limites da lei.

Qual é o estado da justiça em Portugal?Em qualquer Estado de Direito Demo-crático a Administração da Justiça deve ser pensada como um serviço público aos cidadãos como forma de protecção dos seus direitos, liberdades e garantias. A lentidão do nosso sistema judiciário não favorece os cidadãos e é, nos nossos dias, um verdadeiro entrave à actividade eco-nómica. Várias reformas foram produzi-das num passado recente. Não obstante, nem o comum cidadão nem os diferentes operadores judiciários vislumbram, salvo honrosas excepções, quaisquer melho-rias. Entre os maiores “desastres” encon-tramos a reforma da acção executiva, o novo regulamento de custas judiciais e a reforma do código de processo penal.

Como aspectos mais positivos salien-tamos, entre outros, a sistematização do código do trabalho e o esforço de infor-matização dos procedimentos e proces-sos judiciais. Uma incógnita, para já, o novo mapa judicial.

De que forma pensa ser possível inverter a crise premente da Justiça em Portugal?Temos de repensar no modelo de pro-

cesso civil e processo penal. Urge mudar a acção executiva; reformar substan-cialmente o regime jurídico do arrenda-mento; modificar o inquérito criminal, impondo em todos os interrogatórios a presença do advogado e a imprescindí-vel gravação audiovisual; dotar os tribu-nais de meios matérias e humanos que lhe permitam fazer face ao actual volume de processos em atraso.

Quais são os principais valores porque se rege a sociedade “Dantas Rodrigues & Associados”?A qualidade é o nosso valor matriz. Pro-curamos atingir a excelência na presta-ção dos nossos serviços. Excelência com rigor, com ética.

Quais são as expectativas para o escritório do Porto?A “Dantas Rodrigues & Associados” tem na região norte um vasto conjunto de clientes a quem queremos proporcio-nar um atendimento mais célere e mais cómodo. Maior a proximidade ao norte de Espanha e aos nossos clientes espa-nhóis. Expectativa de alargar os nossos serviços localmente àqueles que nos conhecem, mas por variadas razões ainda não têm a colaboração dos profissionais desta sociedade.

“Um advogado deve pugnar pela sua integridade”

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JUNHO 2009 13

A violação da Justiça por força da LeiAo contrário do que muitos gostariam a Justiça não é, necessariamente, o que resulta da aplicação da Lei. O justo e o injusto, tal como o bem e o mal são conceitos perfeitamente conceptualizados que não são, e não podem ser, afectados por leis que, ao invés de garan-tirem a defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos, pretendem criar um Homem Novo.

O mote que nos foi proposto para este artigo foi “o estado actual da justiça”. Ora, parece evidente a todos que o estado actual da justiça é a sua constante viola-ção, a qual ocorre, muitas das vezes, por força da própria lei.

A justiça é, e tem que ser, o bem social primário, sem o qual não se justifica a existência do Estado. O Estado deve, acima de tudo, garantir a paz e a justiça. O problema é que, de facto, sob a veste da realização do bem geral se praticam os maiores atropelos às liberdades indi-viduais.

Realizar a justiça pressupõe garantir a inviolabilidade dos direitos individuais, a propriedade, a vida e a liberdade. Sucede porém que o que se assiste actualmente em Portugal é a constante violação dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, violação essa que ocorre, muitas das vezes, por força da própria lei.

O legislador tem usado a Lei com uma função legitimadora, organizativa e ide-ológica. Actualmente, com a desculpa da crise económica, ao bom estilo dos Esta-dos autoritários, atropelam-se os direitos, liberdades e garantias individuais. Como

se a busca da felicidade geral pudesse justificar a violação da liberdade indivi-dual.

Tal visão, apenas serve, conforme a história já se encarregou de provar, para legitimar totalitarismos que em nada defendem os cidadãos.

A violação pública dos direitos indi-viduais começa a ser tão constante e rei-terada que começamos, até, a deixar de nos surpreender. O relativismo moral que nos querem impor começa, de facto, a criar raízes. Os exemplos actuais do des-respeito pelos direitos fundamentais dos cidadãos são muitos, como a inversão do ónus da prova em matérias fiscais, onde o Estado, com o argumento da busca de uma maior eficiência e eficácia, considera legítimo encarar todos os cidadãos como presumíveis culpados, impendendo sobre estes o ónus da prova da sua inocência. Outro exemplo, é a falta de protecção ao

sigilo profissional. Novamente aqui, sob a presunção de que todo o cidadão é um presumível criminoso, acabam-se com as garantias da defesa da liberdade dos cida-dãos. Certo da sua incapacidade de inves-tigação e recolha de provas pelos meios legítimos, o Estado pretende detectar infracções e infractores pela delação.

Os poderes públicos assumem, muitas vezes, uma menoridade geral dos cidadãos para legitimar o seu paternalismo, como o demonstram disposições tão simples e tão ridículas, como o facto de se legislar sobre a solução a adoptar no caso de um casal não chegar a acordo quanto ao nome do seu filho, conflito que, pasme-se, será resolvido pelo Juiz, ou como o facto de se considerar mais importante a convicção que alguém formou com base num spot publicitário, do que o que está escrito no contrato que livremente firmou.

A tudo isto acresce o visível desprezo dos poderes públicos pela função juris-dicional, função que procuram, cada vez mais, esvaziar. Ficando a desejada sepa-ração de poderes cada vez mais difusa. No entanto, quando se fala de Justiça importa sublinhar que os tribunais apli-cam as leis, e por isso, a realização da justiça é, quando ocorre, cada vez mais, uma feliz coincidência.

* Advogada da sociedade G Advogados

Manuel G Pinheiro, Paulo Reis e Associados - Soc. de

Advogados

Por Sara Marques*

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14 JUNHO 2009

“Ética profissional e eficiência, seja na consultoria, seja na litigância”A “Jardim, Sampaio, Magalhães e Silva e Associados” formou-se em 1973 e é constituída actualmente por oito sócios e por um total de vinte e quatro advogados. Manuel de Magalhães e Silva, um dos responsáveis da sociedade, responde a algumas questões sobre o Estado da Justiça em Portugal.

Na sua opinião, qual é o estado da Justiça em Portugal?Como já se tornou lugar-comum, caótico. Apenas alguns apontamentos: em grande parte das comarcas do litoral e das gran-des cidades, a morosidade dos processos torna, inútil, na prática, o recurso à jus-tiça civil e à justiça laboral. Mas é na jus-tiça penal que mais se sente que Justiça que tarda é Injustiça, a que acresce ser a demora consabido factor de crimina-lidade. É que ao delinquente, ao contrá-rio do que pensa a demagogia securitária, pouco lhe importa que seja aumentada a medida abstracta das penas. Na sua con-tabilidade, ensina a criminologia, o que conta são as circunstâncias em pode ser preso e qual o tempo entre a prática do crime e a ida para a cadeia. Depois, é a acção executiva, em que nada se cobra, transformando as sentenças em telas para emoldurar. Finalmente, são as custas judiciais, a introduzir uma carestia que impede a classe média de aceder aos tri-bunais, ela que não pode beneficiar de isenção, reservada que está aos quase indigentes.

A crise da Justiça agudiza-se no país, os processos acumulam-se nos tribu-nais, as decisões adiam-se e o tempo limite de resolução prescreve. De que forma pensa ser exequível alterar a situação vigente?Temos, em proporção, tantos juízes e fun-cionários judiciais como a generalidade dos países da União Europeia, mas com o mapa judiciário existente, em que um juiz tem 100 processos e outro 6000, não se torna possível estabelecer uma contingen-tação de processos financeiramente viável; e sem contingentação não pode haver nem celeridade, nem qualidade das decisões. Depois, na justiça criminal, impõe-se reservar o segredo de justiça para crimes de catálogo – criminalidade altamente vio-lenta, criminalidade organizada, crimina-lidade económica complexa, corrupção, terrorismo – e, no mais, processo sempre público. O que significa que o inquérito pode passar a ter uma estrutura contraditó-ria, eliminando-se a instrução. Na fase de inquérito, onde a prova pessoal é rainha, videogravadores que transcrevam, com redução para metade da duração das inqui-

rições e segura genuinidade dos autos. Depois, simplificação e efectiva desmate-rialização de procedimentos, restaurando-se a direcção da execução pelo juiz, com acesso a toda a informação disponível nas diversas bases de dados patrimoniais. Finalmente, instituição de uma verdadeira cultura de arbitragem, que passe pela cre-dibilização da jurisdição arbitral, tantas vezes a funcionar em circuito fechado, pai e mãe de todas as desconfianças.

Quais são os valores por que se deve reger um bom advogado?Exigência na busca da informação técnica, seja jurídica, seja de outros saberes, leal-dade, seriedade e rigor de actuação, tanto na consultoria, como na litigância, fideli-dade ao interesse do constituinte.

Quais são as grandes questões que preocupam a classe?Na sua esmagadora maioria, está proleta-rizada, com um abaixamento da qualidade média. Importa, por isso, estabelecer vias que restrinjam, drasticamente, o acesso à advocacia, restaurem o estágio como ver-dadeira aprendizagem da profissão, e con-trolem a qualidade da advocacia, que, tendo uma função social e praticando um saber que não é acessível à generalidade dos cidadãos, dificilmente pode ser con-trolada pelo mercado. Infelizmente a OA não tem feito nada disto.

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JUNHO 2009 15

“O estado da Justiça em Portugal está fragilizado”José Drago, responsável pela sociedade JDA, em conversa com a Perspectiva fala sobre alguns pontos fulcrais relativamente à actividade da Justiça em Portugal.

Qual o estado da Justiça em Portugal?Está enraizada a ideia entre os cidadãos que existem demasiados processos, os quais, perduram por um tempo excessivo e quando a decisão é proferida muitas das vezes já está desenquadrada face à reali-dade que visava tutelar. Ora, este quadro da Justiça que têm a sua géneses em inú-meros factores entre os quais destaco a ideia generalizada do não cumprimento das obrigações; o uso do sistema judi-cial para atrasar esse cumprimento; uma incorrecta afectação e gestão dos recur-sos humanos existentes; um excesso de burocracia a nível de procedimentos; um sistema que não valora a eficiência e meritocarcia e por último a prolifera-ção excessiva de legislação que entor-pecesse a Justiça. Por conseguinte, o estado da Justiça em Portugal está fra-gilizado, todavia, não se pode deixar de referir serem meritórios todos os esforços que têm por fim a desburocratização da Justiça, no entanto verifica-se que essas medidas na prática muitas das vezes não produzem os efeitos esperados.

Qual o bom perfil de um advogado?O cidadão constrói a imagem da classe dos advogados fundamentada em dimensões éticas, sociais e profissionais, assente na experiência de cada um teve com a acti-vidade da Advocacia. Por conseguinte, para o exercício da advocacia impõe-se que o advogado nas relações que mantêm com o cliente ou com os colegas actue com ética social e deontologia profissio-nal não atropelando os deveres que lhe são impostos. Também deverá respei-tar o meio social onde se insere e aspire ser bom profissional estudando os assun-tos que lhe são confiados. Ao advogado impõe-se ainda, que seja criativo no sen-tido da procura de novas realidades para satisfação dos seus clientes e inovador nas soluções que apresenta.

Quais os valores porque se pauta a JDA- José Drago e Associados?Direi que a sociedade tem como pedra angular os seguintes valores: i) Qualidade dos serviços, isto é, a escolha do melhor advogado que possa tecnicamente satis-fazer os interesses do cliente; ii) Neces-

sidade de proporcionar ao cliente uma resposta clara e rápida da realidade que apresenta; iii) O estabelecimento de uma relação próxima e individualizada com o cliente; iv) Apresentação e concepção de soluções que constituam uma mais-valia para a actividade do cliente; v) Desenvol-vimento e aprofundamento da formação de todos os advogados que integram a sociedade. Naturalmente que para a per-secução destes valores impõe-se que os critérios de selecção dos advogados que integram a sociedade sigam critérios de excelência.

Que soluções sugere para uma alteração na situação vigente na Justiça? A mesma poderá passar por: i) Desjudi-cialização, de todos os casos de “litígio de massa”, a serem tratados administra-tivamente, ou em Tribunais “ad hoc”; ii) Criação mecanismos e meios que fomen-tem o recurso à arbitragem e à mediação melhorando a lei da arbitragem e regu-lamentando uma lei base para a media-ção; iii) Fomentação para a criação de instituições privadas de auto-regulação; iv) Estabilização das reformas já realiza-das na Justiça; v) Cuidado na elaboração das Leis a fim de se evitar que as mesmas antes de entrarem em vigor sejam objecto de sucessivas alterações que têm como fim a ratificação de lapsos.

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» José Drago, responsável pela sociedade JDA

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16 JUNHO 2009

“Há que dar mais meios aos juízes existentes e caminhar declaradamente para a arbitragem”

A Leite de Campos, Soutelinho & Associados, RL, tem a sua sede em Lisboa, embora preste serviços em todo o país, acompanhando a actividade dos seus clientes, em diversos países europeus, africanos e no Brasil. A sociedade fornece serviços em todos os ramos do Direito, com principal desta-que para as áreas do Direito Fiscal, Financeiro e Penal

Qual é o Estado da Justiça em Por-tugal? Quais as reformas que enun-ciaria como máximas e urgentes?Diogo Leite de Campos: A administração da Justiça em Portugal sofre do exces-sivo número de processos, o que implica demoras excessivas e alguma degradação da qualidade das decisões. Não se resolve o problema aumentando o número de juízes, pois esse aumento seria multipli-cador dos processos. Há que dar mais meios aos juízes existentes (gabinete administrativo e assessores técnicos) e caminhar declaradamente para a arbi-tragem. Aliás como se vem fazendo nos países que devem servir de exemplo.

Quais as qualidades necessárias para se ser um advogado de eleição/pres-tígio?D.L.C Uma sólida preparação jurí-dica desenvolvida por estudo constante. Pelo menos metade do tempo do advo-gado deve ser empregue em estudo – e não estou a falar do estudo para resolver questões concretas. Pôr os interesses do Cliente acima de tudo. Empenho total. Honestidade total. Ter como objectivo a justiça e não qualquer outro.

Quais são os desafios actuais que se apresentam a esta classe?D.L.C: Providenciar muito boa pre-paração e encontrar trabalho para o número crescente de advoga-dos jovens. Levantar a imagem do advogado junto da opinião pública.Encontrar representantes da Ordem dos Advogados que procurem o bem desta e não as suas efémeras famas pessoais. Ou seja (e como em todos os sectores da

vida): um trabalho intenso de muitos a favor de todos.

Quais as características com que define a “ Leite Campos, Soutelinho e Associados”?Susana Soutelinho: Uma sociedade de profissionais, com elevado sentido de responsabilidade que não a impede de manter uma visão humana sobre o direito e o exercício da advocacia.A LCS é uma sociedade com cerca de um ano de existência, que nasceu da necessidade que os seus fundadores, sócios e associados, vinham sentindo de se unirem num projecto que cobrisse diversos objectivos: prestar bom ser-viço jurídico, quer em termos técnicos, quer na vertente da relação de proximi-dade com o cliente; apostar na formação dos seus advogados; empenhar-se numa especialização não limitativa do conhe-cimento; internacionalizar a sua inter-venção para os países de Língua Oficial Portuguesa e, por fim, proporcionar aos seus advogados condições que lhes per-mitam exercer a sua profissão de forma livre, fomentando o diálogo e a troca de experiências entre advogados mais ou menos experientes e entre advogados com especializações em diferentes áreas.A LCS pauta a sua actividade pela quali-dade técnica do trabalho que desenvolve, em detrimento da quantidade, sempre com a pretensão de prestar não só um bom ser-viço, em sentido abstracto, mas encontrar a melhor solução jurídica para a questão concreta que lhe é colocada pelo cliente.As áreas do direito que lhe são mais características, atento o percurso pro-fissional e académico dos seus sócios e

associados, são: o direito fiscal, quer na sua vertente substantiva, quer adjectiva, o direito financeiro, o direito penal eco-nómico, o direito civil e a arbitragem.A internacionalização para o Brasil está em curso, desde a constituição da socie-dade, e assenta numa parceria com a sociedade Rolim, Godoi, Viotti e Leite Campos, com escritórios em Belo Hori-zonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasí-lia e Curitiba da qual é sócio o Professor Diogo Leite de Campos.

Acha que as novas gerações de jovens irão trazer uma renovação e uma nova atitude para esta classe ?S.S.: Atendendo à falta de empenho e perseverança que encontramos nos recém-licenciados que nos chegam para iniciar o estágio, a nossa convic-ção é que a curto prazo não é expectá-vel uma renovação da classe dos advo-gados, nem uma mudança de atitude.No entanto, o contacto com profissio-nais de outros países que tem vindo a ser intensificado, com proliferação de cursos de pós-graduação, especializações, eras-mus, entre outros, poderá, a médio prazo, originar uma mudança de mentalidades de que a classe dos advogados poderá beneficiar.

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» Diogo Leite de Campos e Susana Soutelinho

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DIA NACIONAL DO REINO UNIDO

JUNHO 2009 17

Dia Nacional do Reino Unido

Portugal celebra relações bilaterais de excelência

O Dia Nacional do Reino Unido é uma data móvel que coincide com a comemoração oficial do Dia do Aniversário da Rainha Isabel II. Em Portugal Alex Ellis, embaixador do Reino Unido em Portugal, à semelhança do que acontece em todo o mundo comemora este dia “com pompa e circunstância”. Texto: Ana Mendes

As relações bilaterais entre Portugal e o Reino Unido são das mais antigas do Mundo, têm cerca de 600 anos de histó-ria. Um conjunto de séculos que se pautou por momentos de grande desenvolvi-mento para ambas as nações. Alex Ellis refere mesmo que as relações “sempre foram muito boas” e, também por isso, está a ser preparada uma grande festa para a comemoração do Dia Nacional do Reino Unido. Uma celebração que vai juntar mais de 600 pessoas na residência oficial do embaixador.

Na opinião de Alex Ellis a Embaixada deve ter um papel interventivo e de apoio aos turistas, a empresas portuguesas que estão a operar no Reino Unido, bem como junto das empresas do Reino Unido que estão a desenvolver a sua actividade em Portugal. “Somos um país muito aberto a negociações, embora exigentes na segu-

rança”, esclarece acrescentando que “os serviços públicos servem para facilitar a entrada de novas empresas que queiram investir no Reino Unido.

Sobre o papel do embaixador, Alex Ellis reforça que deve ser o de “facilitar as rela-ções humanas e políticas entre os países e servir de intérprete e actor principal nas relações bilaterais entre os dois países, nomeadamente em áreas como as energias renováveis, economia, o sector bancário, entre outros”. Aliás, “a Inglaterra detém o 5º maior volume de negócios em Por-tugal”.

Ao nível turístico, esclarece que o investimento britânico em Portugal tem vindo aumentar, explicando também que “o número de turistas do Reino Unido em Portugal cresceu recentemente de 2 para 2,5 milhões, tornando-se na sua segunda maior fonte de turistas”. Alex Ellis con-fessa-se um apaixonado pela cultura por-tuguesa, pela gastronomia, por tudo. Na sua opinião, “Portugal é hoje um país que se abre para fora das suas fronteiras”.

» Alex Ellis, embaixador do Reino Unido em Portugal

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DIA NACIONAL DO REINO UNIDO

18 JUNHO 2009

Externato Luso-Britânico

Prática de um ensino de Excelência

Quais são as principais valências que o Externato Luso Britânico procura incutir nos seus alunos, além dos conhecimentos curriculares ineren-tes à prática do ensino? Antes de responder à questão colocada, permita-me dizer que o Externato se encontra inserido numa zona de Lisboa que, de certo modo, marcou alguns movi-mentos de ordem cultural, nas décadas de 60/70, do século passado. As chama-das Avenidas Novas, com os seus cafés e cinemas, deram um contributo impor-tante no domínio cultural.O ensino fami-liar com uma constante interligação Escola/Família, incutindo valores éticos e morais, que facilitem uma futura inte-gração numa cidadania plena, são pontos de honra que não abdicaremos..

Quais são as grandes mais-valias para quem frequenta este Externato?O ensino diário e obrigatório da língua Inglesa desde os 3 anos de idade, de Infor-

mática no 1º Ciclo e o desenvolvimento da ginástica mental através do ensino de xadrez. Nas Artes Plásticas, que vão para além do que é oficialmente pedido, a ver-tente humanística tem uma importância fundamental pois ajuda as nossas crian-ças a encontrarem em tudo o sentido do Belo.

Considera o nível de ensino de Inglês em Portugal, suficiente para um eficaz desempenho futuro?Penso que ainda não. O País tem evoluído positivamente nesse sentido, mas ainda temos um longo trabalho a realizar.

Qual é a importância dos 50 anos de ensino desta Instituição? Como vão decorrer as comemorações?Como deve calcular, para nós é gratifi-cante sabermos que as respostas que nos têm sido dadas, face ao que nos propu-semos, encoraja-nos a prosseguir o cami-nho encetado. Por essas razões e outras acrescidas, continuamos a centrar os nossos esforços no domínio do ensino, pedra fundamental, com outro vector, não menos importante, como é o ambiente familiar. Por este conjunto de razões, as gerações que por aqui passaram, voltam sempre a esta casa, muitos deles acom-panhados dos filhos e netos, facto este, como calcula, nos enche de orgulho pelo trabalho desenvolvido em prol das popu-lações. Iremos realizar uma grande Festa no Fórum Lisboa (antigo cinema Roma), no dia 15 de Junho pelas 15 horas, onde

O Externato Luso-Britânico foi fundado em Outubro de 1958 por António José Baptista e Maria Luisa Bastos Baptista Trigo de Mira, respectivamente, avô e mãe dos actuais proprietários. É um estabelecimento de Ensino Particular, dispondo de valências de Ensino Pré-Esco-lar (Infantil e Pré-Primário) e 1º Ciclo do Ensino Básico até ao 4º ano de escolaridade. É tradição deste Externato proporcionar um ensino de qualidade, mas dentro de um ambiente familiar.

teremos todos os nossos alunos em palco. Nesta Festa contaremos com a presença dos pais e avós que por aqui também passaram. Será, portanto, a grande Festa da Família do Externato Luso-Britânico.

Quais pensa serem os desafios futu-ros para esta Instituição?Continuar a fornecer um Ensino de Exce-lência com a capacidade da permanente adaptação aos novos desafios do mundo con temporâ -neo, nunca per-dendo de vista a parte humanista e familiar que esteve sempre presente desde a sua fundação.

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DIA NACIONAL DO REINO UNIDO

JUNHO 2009 19

“Para um futuro de sucesso pessoal, social e profissional”O St. Peters School caracteriza-se por um modelo pedagógico assente na prática bilingue (Português - Inglês), fundamentado num conjunto de valores estruturantes,uma educação personalizada e uma formação humana orientada para os valores.

O Colégio St. Peter’s School oferece um projecto educativo no qual os alunos rece-bem uma preparação eclética que simul-taneamente lhes vai abrindo os mais qua-lificados centros de saber e cultura do mundo, no âmbito intelectual, cultural, desportivo e social.

Acreditamos que esta convicção é válida também para a dimensão da edu-cação. Se o aluno deve ser educado para a autonomia, de modo a poder ser promo-vida a sua independência, não pode nem deve, contudo, ser descurada a educa-ção dos seus afectos nem, em virtude da abrangência dos afectos, das suas manei-ras.

Se descuramos a educação dos afectos num jovem, essa situação pode vir a tra-duzir-se num comportamento em que a irreverência é apenas a aparência simpá-tica de uma tragédia mais vasta. O jovem

poderá vir a perder, ou nunca vir efectiva-mente a adquirir, referências de qualida-des como a lealdade, o sentimento de jus-tiça, o respeito pela dignidade do outro e, em última instância, a sua própria digni-dade enquanto pessoa.

Por todos estes motivos, a formação para a cortesia e o respeito é parte inte-grante do currículo transversal da nossa instituição e constitui estímulo essencial na obtenção dos resultados em que tanto nos revemos e dos quais recebemos a ins-piração e o entusiasmo para continuar.

No seu projecto educativo, para além do vínculo ao currículo nacional, o St. Peter’s School institucionalizou o ensino da língua inglesa enquanto 2.ª língua, associada à cultura anglo-saxónica num ambiente bi-cultural, desde o Jardim de Infância ao Ensino Secundário, de forma a os alunos poderem prosseguir estudos superiores em reconhecidas Universida-des estrangeiras.

Defendemos o princípio de que a aprendizagem de uma língua não pode nem deve ser dissociada, pressupondo sempre uma herança cultural por detrás da mesma em termos da realidade social dos hábitos, costumes e necessidades de um povo, daí ter introduzido igual-mente a Língua Espanhola como parte integrante do seu currículo para além da Língua Alemã.

No nosso projecto educativo, atribuí-mos a maior importância ao desenvolvi-mento da competência multilinguística e multicultural para o aprofundamento de uma cidadania mais empenhada, mais forte e actuante em conformidade com os princípios e os valores universais, abrindo-lhes as portas para um futuro de sucesso pessoal, social e profissional.

O Colégio é uma instituição viva e

Contactos

Quinta dos Barreleiros, CCI 3952Volta da Pedra, 2950-201 Palmela

PortugalTlf: 21 233 6990

No estrangeiro marque:+351 21 233 6990

os desafios são uma constante, recen-temente estabeleceu um protocolo com uma universidade em Nova York na qual os seus alunos têm acesso directo, e de entre os melhores serão atribuídas Bolsas de estudo.

Entendemos portanto, poder oferecer um projecto educativo em que os alunos recebem uma preparação que simultanea-mente lhes vai abrindo os mais qualifica-dos centros de saber e cultura não só em Portugal mas no mundo.

A Direcção,Maria Isabel Simão

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DIA NACIONAL DO REINO UNIDO

20 JUNHO 2009

Aprender a Língua Inglesa através de conteúdos disciplinares relevantes

No âmbito das suas áreas de actuação tem como fim primordial promover, dinamizar e cooperar em iniciativas, actividades e pro-gramas de acção que criem sinergias e par-cerias relevantes entre instituições da socie-dade civil portuguesa e britânica alicerçadas na aliança histórica mais antiga do mundo. Em 1987, a Fundação Denise Lester teve a honra de receber a visita oficial do Prín-cipe Carlos e da Princesa Diana ao Queen Elizabeth´s School, o estabelecimento de ensino de que é proprietária aquela Funda-ção.

A Fundação Denise Lester é proprietá-ria e titular do alvará do estabelecimento de ensino do pré-escolar e do 1º ciclo do ensino básico denominado Queen Elizabeth’s School. Este estabelecimento de ensino lec-ciona o currículo português a par do ensino do inglês, como segunda língua, inserido no contexto da cultura britânica, de uma forma muito natural e idêntica à da língua mãe, recorrendo a uma nova metodologia já adoptada em alguns países da União Euro-peia denominada CLIL (Content Language Integrated Learning). Pretende-se com esta metodologia aprender a língua inglesa atra-vés de conteúdos disciplinares relevantes na área das Ciências, das Tecnologias de Infor-mação e Comunicação (TIC), das Expres-sões e da Cidadania. O Queen Elizabeth’s School tem participado em iniciativas e desafios lançados por entidades reconhe-cidas e competentes na área da educação e colaborado com a própria sociedade civil quando esta o solicita em questões relacio-nadas com o exercício de uma cidadania activa por parte dos alunos.

A nível cultural e recreativo, a Fundação Denise Lester organiza, regularmente, visitas de estudo dos alunos do Queen Elizabeth’s School a monumentos de interesse histórico ou artístico relevante, a museus, exposições, concertos, bailados, óperas, teatros, quintas pedagógicas, passeios pedestres e percursos de interpretação natural e ambiental. Tem um jornal de escola feito pelos alunos com

A Fundação Denise Lester foi constituída em 1965, ao abrigo do antigo Código Administra-tivo de 1940, como instituição de utilidade pública administrativa, com o objectivo de pros-seguir finalidades educativas, culturais, sociais e de beneficência.

a colaboração dos professores para divulga-ção deste tipo de actividades culturais, bem como para dar voz aos seus alunos. Depois das aulas, a título de actividades extra-cur-riculares, criou um clube de inglês para os alunos poderem pôr em prática os seus conhecimentos nesta segunda língua, traba-lhando temas da área da cidadania e ciên-cia.

Além do Clube de Inglês, proporciona aos seus alunos, em horário não lectivo, a possibilidade de serem acompanhados no estudo, de terem aulas nas diferentes moda-lidades desportivas, tais como Ténis, Fute-bol, Karaté, Patinagem, Ballet, assim como aulas de iniciação num instrumento musi-cal.

Em todos os finais de ano lectivo, realiza uma grande festa de Escola, na qual parti-cipam todos os seus alunos e são convida-das as respectivas famílias para assistirem a uma dramatização, usualmente bilingue, encenada pelas crianças. Em todos os even-tos solenes do Queen Elizabeth’s School são hasteadas as bandeiras portuguesa e inglesa e os respectivos hinos são cantados pelos alunos.

Nas férias escolares de Verão, o Clube de Férias do Queen Elizabeth’s School tem a funcionar nas suas instalações ateliês de culinária, artes plásticas, conto e leitura, actividades experimentais na área das ciên-

cias, fotografia, pintura, bem como activi-dades de exterior, em que os alunos vão para a praia, podendo ter aulas de surf, para o Clube de Campo da Aroeira onde têm a sua iniciação no Golf e para as aulas de canoa-gem no Clube Náutico da Expo.

Em termos de projectos para 2009, aposta cada vez mais na dimensão europeia da edu-cação; na participação da Fundação Denise Lester e do Queen Elizabeth’s School em redes europeias ligadas à educação; em par-cerias com escolas de outros países da União Europeia; na adaptação das infra-estruturas do Queen Elizabeth’s School às exigências do Novo Plano Tecnológico; na criatividade e inovação, criando sinergias com a socie-dade civil, nomeadamente com fundações, associações, centros de investigação e ins-tituições de ensino superior; na certifica-ção, segundo o modelo de excelência do Common Assessment Framework (CAF), que foi o modelo adoptado pelo European Institute of Public Administration (EIPA).

Para conhecer melhor o Projecto Educa-tivo da Escola consulte o seu site em www.qes.pt e o seu livro comemorativo dos 70 anos, denominado “Queen Elizabeth’s School – Espírito e Cultura de Escola”.

Leia artigo na íntegra em www.revistaperspectiva.info

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DIA NACIONAL DO REINO UNIDO

22 JUNHO 2009

Turismo Rural de excelênciaA Quinta do Chocalhinho é uma herdade centenária situada perto de Odemira.Luís Freitas, o proprietário, herdou do seu avô, os cerca de 70 hectares de terreno, com uma casa muito antiga, a qual reconstrui num desenho bastante fiel ao original. Depois de uma infância feliz nesta herdade e de muitos anos de trabalho por vários pontos do mundo, Luís Freitas e a sua mulher Margarida, decidiram apostar no Turismo Rural, com todo o empenho e dedicação.

Como nasceu e como se tem desen-volvido até aos dias de hoje a Quinta do Chocalhinho? A Quinta do Chocalhinho, nasceu em Julho de 1942 nesta família, quando o meu avô, vindo de Faro, a comprou. Anteriormente, já era uma herdade centenária, que tinha pertencido a famílias ilustres do Alentejo. O meu avô, que aqui vivia a maior parte do tempo, transformou-a numa bonita quinta, airosa e florida, muito procurada por vizi-nhos, nomeadamente, pelos habitantes da Aldeia da Bemposta, que diariamente vinham encher os cântaros com água da mina. Aos domingos, da parte da tarde, vinham para aqui desfrutar do que lhes era oferecido. Os passeios pela quinta, era um dos passatempos favoritos... Aqui passei longas temporadas com o meu avô. Os afectos, quer familiares, quer aqueles que me ligam à terra, acompanharam-me ao longo da vida. Ainda hoje tenho bem pre-sentes os sabores do pão vindo do forno, bem como os cheiros da terra e do gado. São tantas as sensações, bem presentes na minha memória,, que fazem da Quinta do Chocalhinho, a grande referência da minha vida. Por estas razões, e outras acrescidas, deram-me o ânimo necessário, para ence-tar, de forma decisiva, a recuperação da propriedade.

Quais são as particularidades desta Quinta? Desde logo, trata-se de uma proprie-dade de regadio, com quatro minas de água, duas pequenas barragens e uma

comprida charca que se estende ao longo da área florestada da Quinta. Agora esta-mos a reiniciar o aproveitamento hortí-cola, sendo nossa intenção que este vector agrícola, venha a ser aproveitado pelos hóspedes das cinco pequenas casas que temos em acabamento. Assim, sem qual-quer custo acrescido, aqueles hóspedes poderão colher da horta, os produtos que entendam necessários, para a confecção das suas refeições. A mais-valia para os hóspedes não será certamente de ordem económica, mas sim a possibilidade rara de consumirem produtos genuinamente orgânicos. Hoje, com a actividade TER (Turismo no Espaço Rural), a agricultura e a fruticultura passarão a ter um papel importante, essencialmente como suporte de apoio à casa. Para já, apostamos nos sobreiros e a prova dessa aposta, encon-tra-se no recente plantio de 12.000 destas árvores. Com trilhos abertos ao longo da propriedade, que acompanham a sinuo-sidade das colinas (imponente manifes-tação paisagística), as irresistíveis ca-minhadas através de um micro-ecossis-tema ainda preservado, transmite-nos a força interior sem a qual não seria pos-sível resistir ao apelo do cimento e das ideias utilitaristas do aproveitamento da natureza. E não esqueçamos que a propriedade é contígua com a estrada nacional Fica a 2 klms de Odemira e a 20 minutos das bonitas praias da Costa Vicentina. Zambujeira do Mar, Cabo Sardão, Almograve e Vila Nova de Mil-fontes, são algumas dessas praias.

A Quinta do Chocalhinho é um local bastante conhecido no Turismo Rural. O investimento efectuado para fazer da Quinta um local de excelência, é compensador? Quais as mais-valias e as compensações?Há ainda muito a fazer. O que está feito é, essencialmente, para assegurar o bem-estar dos hóspedes. O investimento efec-tuado na Quinta do Chocalhinho, teve em vista a recuperação da propriedade no seu todo e a sua valorização. Nesta perspec-tiva, o retorno do capital investido bem como as mais valias daí subjacentes, irão, a seu tempo, ter o seu lugar. Trata-se de um investimento, cujos resultados só serão visíveis após a conclusão das cinco casinhas que se encontram na fase de aca-bamentos. Trata-se de uma propriedade de família, que já vai na quinta geração, com o nome de LMF sendo certo que, prima facie, urgia inverter o processo de aban-dono em que se encontrava..

Qual o significado de pertencer à Câmara de Comércio Luso Britânica?A adesão á Associação por parte da Quinta do Chocalhinho, não deixa de ser uma homenagem a um País que desde há sécu-los, embora nem sempre pelas melho-res razões, teve fortes ligações connosco, a todos os níveis, incluindo o comercial. Hoje em dia, os ingleses continuam por cá, têm aqui as suas casas, as suas famílias, as suas indústrias e interligam connosco nos mais variados aspectos, com resultados bastante positivos para ambas as partes.

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E-LEARNING

JUNHO 2009 23

Aprendizagem criativa e inovadora nas Lojas do CidadãoA importância das novas tecnologias nos dias de hoje é inegável, especialmente na formação. A velocidade a que se desenvolvem novos conceitos tecnológicos é similar à velocidade a que se identificam novas necessidades de aprendizagem mas de todo diferente do ritmo de aquisição de competências.

É necessário reverter esta situação repen-sando a cultura das organizações, apos-tando no capital humano, na transfor-mação das equipas em comunidades de prática e abraçando, sem receios, as novas metodologias de aprendizagem, como seja o e-Learning e o b-Learning, capazes de devolver aos profissionais a responsabilidade pela sua própria forma-ção, em qualquer espaço físico e tempo-ral.

A experiência de b-Learning viven-ciada, desde o ano passado, pelos fun-cionários, dos vários organismos, afectos às Lojas do Cidadão, tem procurado res-ponder a estes desafios com o desenvol-vimento de competências profissionais, pessoais e sociais através de novas formas de participação e de realização que inte-gram não só metodologias inovadoras de aprendizagem, com destaque para a Tutoria online activa e para actividades de role-playing inspiradas nas situações que decorrem em tempo real nas Lojas do Cidadão, mas também na dinamiza-ção de fóruns de discussão sobre temas seleccionados pelos próprios participan-tes. A verdadeira aprendizagem ocorre se partirmos da valorização do saber dos trabalhadores e se dermos a oportunidade ao indivíduo e ao grupo para contribuí-rem com as suas experiências, questões e sugestões. Tal tem sido possível pela criação de uma comunidade de aprendi-zagem à escala nacional onde todas as Lojas do Cidadão têm participado e par-tilhado preocupações comuns, celebrado conquistas e aprendido com as soluções menos eficazes.

A motivação que daqui surge tem tra-zido aos próprios organismos represen-tados nas Lojas do Cidadão e à gestão da Agência para a Modernização Admi-

nistrativa, IP (AMA) a confiança de que estamos a traçar um caminho de mudança com a participação dos actores principais – todos os funcionários.

Os testemunhos dos próprios bene-ficiários da formação que a AMA tem desenvolvido revelam a aplicabilidade e a potencialidade destes recursos online e destas metodologias inovadoras porque permitiu-lhes “a partilha de ideias com colegas de todo o país”, “o refrescamento de alguns conhecimentos e o desenvolvi-mento de mais competências”, “o acesso rápido à informação, a qualquer hora do dia”, “a discussão, em tempo real, dos desafios profissionais diários”, “uma maior facilidade na utilização das tec-nologias de informação e comunicação” e “uma verdadeira oportunidade para aprender e trabalhar em rede”.

Celebrando o próprio ano da Criati-vidade e Inovação, as Lojas do Cida-dão mostraram ter a ousadia para inovar, motivar e trabalhar criativamente em par-ceria com as entidades nelas representa-das naquele que é o factor actual mais competitivo – o conhecimento.

A AMA vai continuar a apostar, no pre-sente ano de 2009, no desenvolvimento de competências dos funcionários das Lojas do Cidadão, e ainda das Lojas de Empresa, através destas novas metodolo-gias de formação e de gestão do conhe-cimento. Prevê-se a formação de cerca de 1000 funcionários, incluindo os das Novas Lojas do Cidadão, a serem inau-guradas ainda este ano, cujos temas prin-cipais serão, entre outros, o Serviço ao Cidadão, a Liderança e a Gestão de Equi-pas. É igualmente objectivo para este ano a difusão destas experiências junto de outros organismos da Administração Pública dado o potencial de aplicação da metodologia em muitos serviços e a transversalidade das temáticas.

*Coordenadora da Iniciativa Nova Aprendizagem, Agência para a Modernização

Administrativa, IP

» Carina Américo

Por Carina Américo

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E-LEARNING

24 JUNHO 2009

A Alliance Française de Lisboa nasceu há 64 anos com o propósito de difundir o ensino da língua francesa e o gosto pelas culturas francófonas por todo o mundo. A Perspectiva conversou com Michel Drouère, director desta instituição, para esclarecer algumas questões sobre o ensino desta língua através do sistema de e-learning.

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É possível aprender uma língua estrangeira através da Internet?A Internet é uma ferramenta fabulosa que entrou naturalmente no ensino das línguas. Para os profissionais sem dis-ponibilidade para seguir aulas tradicio-nais com horas determinadas, esta é uma alternativa que se tornou bastante sofisti-cada e elaborada. Aliás, a Alliance Fran-çaise propõe o seu curso on-line para responder principalmente à procura das empresas.

Este processo foi, de alguma forma, um manual de língua posto em linha?De modo algum, apesar de se basear numa progressão pedagógica como num

manual. O portal do “Mon cours en ligne” é uma página web, onde se pode intera-gir, abrir vídeos, seguir ligações, voltar a um exercício ou descobrir um vídeo … O prazer da navegação desempenha aqui um papel primordial na aprendizagem.

Existem algum tipo de inconvenientes?As aulas em linha dirigem-se sobre-tudo a pessoas organizadas. É necessário ter-se disciplina para encontrar dois perí-odos calmos na semana e ligar-se com os seus auscultadores (pode até ser a meio da noite), e também reservar 45 minutos para a entrevista semanal on-line com o tutor (mas não de noite!)

Qual é o papel do tutor?Para começar, o coach assegura-se que domina bem a ferramenta e orienta-o, em português. A seguir, é a vez do tutor: fá-lo praticar o francês oralmente, segue e valida os seus progressos. É frequente que se crie uma verdadeira ligação com o próprio tutor, fala das suas férias, do seu stress, da próxima reunião a prepa-rar, enfim de coisas verdadeiras. Assim, a partir de uma situação pedagógica na base, depressa se chega a autênticos inter-câmbios. Desta forma, o e-learning torna-se num método mais humano.

Aprender a língua francesa através de e-learning

Alliance Française Lisboa

Av. Luís Bívar, 911069-141 LisboaTel: (+351) 213 111 484Fax: (+351) 213 157 950E-mail: [email protected] Website: www.alliancefr.pt

E- Learning

O E-Learning é um processo perso-nalizado, que permite a flexibilidade em termos de tempo e espaço, pois formador e aluno não se encontram fisicamente no mesmo local, mas estão ligados através da rede. É através da Internet que são transmitidos os conteúdos educativos e é feito o acompanhamento pelo formador.Esta metodologia permite ao formando aprender ao seu ritmo, desenvolvendo as competências individuais que neces-sita, no menor tempo possível.

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» Futuras instalações da iPortalMais antes das obras de recuperação

TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO

JUNHO 2009 25

iPortalMais

Alicerces seculares para Software do Século XXINo nono aniversário da empresa, Raúl Oliveira, director-geral da iPortalMais, presenteou os colaboradores com novas instalações num edifício histórico bem no coração da cidade do Porto. A celebração do aniversário foi feita com um jantar para os 50 colaboradores e suas famílias dentro da própria prenda – e em conjunto recordaram os momentos mais marcantes da empresa no espaço que os irá acolher daqui a um mês.

Surgida como um Spin-off da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, a iPortalMais resultou de um encontro de vontades que teve como pano de fundo o evento Porto Linux Cidade Tecnológica em 2000. A época era de crise, com o rebenta-mento da bolha bolsista das “dot-com”. E, como actualmente, as empresas tiveram que racionalizar custos, nomeadamente ao nível do software de comunicação e redes. A iPortalMais respondeu positivamente a este desafio com as suas soluções basea-das em Linux. Hoje está presente em mais de 20 países nos cinco continentes, com as suas linhas de produtos IPBrick, sistemas operativos e appliances de Comunicações Unificadas, Intranet e Segurança, e iPor-talDoc, sistema de gestão documental e workflow. E a crise continua a afigurar-se como uma oportunidade de crescimento, continuando a responder à necessidade de aumentar a produtividade empresarial.

No Coração do PortoDesde sempre a história da iPortalMais esteve intimamente ligada ao Porto, lugar de onde se projecta para o Mundo. E é por isso que para Raúl Oliveira o novo edifí-cio nos números 66 a 76 da Rua de Passos Manuel têm um significado muito espe-cial. Não se trata só de um presente para os seus colaboradores, mas um presente para a própria Cidade, mostrando o com-promisso da iPortalMais com a sua revi-talização. “Transformamos, um ruína num local aprazível, vamos trazer clientes a uma das mais bonitas cidades de Portugal, eliminamos a última fachada destruída da Rua de Passos Manuel, uma das artérias mais importantes do Porto”, revela Raúl Oliveira com um orgulho que não conse-gue conter.

São mais de 2500 m2 habitáveis perto de todas as infraestruturas administrati-vas, de comércio e serviços fundamen-tais da Cidade, incluindo parques de estacionamento. A alguns passos encon-tram-se alguns ícones do Porto – o Coli-seu, o Rivoli, os cafés Majestic e A Brasi-leira e a zona comercial de Santa Catarina. Também ao nível dos transportes, o espaço encontra-se numa zona muito próxima da estação de comboio de São Bento e as estações de metro de São Bento, Aliados e Bolhão. A partir de agora, os seus cola-boradores podem deslocar-se facilmente para o local de trabalho em transportes públicos

O crescimento desta empresa nortenha há muito que denunciava a necessidade de novas instalações. O interessante foi a decisão de trocar o aluguer pela compra e

recuperação do seu próprio espaço. Para a iPortalMais, a História é algo em perma-nente construção, valorizando os activos que a integram, e em que os seus respon-sáveis incluem a própria cultura e auto-estima da empresa e até da Cidade de onde se projectam para o Mundo.

Esta opção da iPortalMais mudar as ins-talações para o centro histórico do Porto contraria a tendência actual de desloca-ção para a periferia. Dado o estado inicial de degradação do edifício, a sua restaura-ção demonstra bem o papel de responsa-bilidade social assumido pela iPortalMais. Como em muitos outros aspectos da tec-nologia, também ao nível do comporta-mento a iPortalMais revela-se pioneira, assumindo que só entrando no caminho da mudança se pode consolidar a alteração de tendências nefastas.

E hoje, com toda a propriedade, a iPor-talMais pode já ser considerada a Tecno-lógica do Porto, já que na realidade todas as outras empresas de TI se encontram na periferia.

» Recuperação das futuras instalações da iPortalMais

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SUSTENTABILIDADE

26 JUNHO 2009

Excelência na extrusão, nos tratamentos e comercialização de perfis de alumínioA Navarra é uma empresa industrial vocacionada para o sector da construção civil, quepara além da fabricação de perfis de alumínio e tratamento de superfície, anodização e lacagem, desenvolve também sistemas de alumínio, dirigidos a vários segmentos e de acordo com a legislação e normas aplicadas. Os produtos desenvolvidos privilegiam a poupança de energia, segurança e estética, aliada à facilidade no fabrico, aplicação e fácil manuseamento.

Dentro do mercado das “Portas, jane-las e Caixilharias”, em que área actua a empresa? Qual a oferta que disponi-biliza ao mercado? A Navarra para além da fabricação de perfis de alumínio e tratamento de super-fície, anodização e lacagem, desenvolve também sistemas de alumínio, dirigidos a vários segmentos e de acordo com a legis-lação e normas aplicadas. Além disso, os produtos que desenvolvemos privilegiam a poupança de energia, segurança e esté-tica, aliada à facilidade no fabrico, aplica-ção e fácil manuseamento.

Neste segmento, e de acordo com a sua opinião, quais são as tendências de futuro? Qual é o caminho da evolu-ção neste segmento, de acordo com a área de actuação da sua empresa?As tendências de futuro no segmento da

construção civil são produtos que respon-dam ás preocupações energético e ambien-tais, diminuição consumo de energia nos edifícios e logo diminuição da emissão de CO2. De acordo com a área de actuação da empresa a evolução neste segmento passa pelo estabelecimento de parcerias com os vários intervenientes no processo e a certificação das soluções aplicadas.

Que novidades é que a empresa vai apresentar este ano, ou em que mate-riais vai recair a vossa aposta para este ano?Dentro do mercado das “Portas, Janelas e Caixilharias” vamos apresentar:

- Um novo sistema de batente que con-seguirá uma redução mais eficiente de possíveis perdas de energia (valores Uf ≈ 2,0 W/m²K) e com acessórios de segu-rança.

- Sistema de folha oculta com perfis de ruptura de ponte térmica

- Temos em estudo sistemas para seg-mento da renovação

A nova regulamentação para a efici-ência energética veio trazer maior exi-gência ao sector? O mercado está desperto para esta realidade ou ainda funciona pelos mínimos exigidos.A nova regulamentação veio trazer uma maior exigência ao sector, havendo já casos em que existem parâmetros para cumprir embora se note que há um grande caminho a percorrer pois noutros sectores ainda funciona abaixo dos mínimos, sem nenhuma preocupação. A navarra tem especial atenção a este tema, pois actu-almente são de ruptura de ponte térmica todos os perfis desenvolvidos para siste-mas de caixilharia.

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AMBIENTE

JUNHO 2009 27

Águas de Gaia, EEM

10 anos a correr por GaiaAo transformar os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento na Empresa Municipal Águas de Gaia em Abril de 1999, o actual e então presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia dotou o município de um instrumento fundamental para concretizar a sua visão de desenvolvimento sustetável de todo o território municipal, com um enorme potencial até então desaproveitado.

As duas actividades principais da Empresa – abastecimento de água e pres-tação do serviço de saneamento, que pre-enchiam o seu objecto social, levaram a que no subsolo de Gaia se iniciasse a grande transformação do território, ao serem ampliadas e renovadas as infra-estruturas de abastecimento de água e instaladas as grandes infra-estruturas de drenagem e tratamento das águas residu-ais, processo que permite servir hoje 130 000 clientes de água e de saneamento, atingindo actualmente o concelho taxas

de cobertura de mais de 94% no abaste-cimento de água e igual nível na área do saneamento.

Com a nova redacção dos Estatu-tos de Águas de Gaia, na sequência da entrada em vigor da Lei 53-F/2006 de 29.12.2006, a Empresa consolidou o seu objecto com a gestão da rede de águas pluviais, a qual foi integrada no patri-mónio da Empresa, com a realização de trabalhos de limpeza e requalificação de rios e ribeiras e, complementarmente, com a colaboração na gestão das zonas balneares da orla marítima do concelho e na organização e manutenção, durante a época balnear, de todas as tarefas esti-puladas pela Associação Bandeira Azul da Europa.

Em poucos anos, mas com muito empenho e determinação, foi requali-ficada toda a orla costeira, com aces-sos bem estruturados, caminhos pedo-nais, estacionamentos e equipamentos de praia, que atraem cada vez mais vera-neantes de toda a região e dos concelhos limítrofes.

Se quiséssemos avaliar os efeitos posi-tivos da preservação do ambiente, num local antes quase abandonado e tantas vezes maltratado, bastaria ler a memó-ria antiga da costa de Gaia e percorrê-la agora que a mão do homem a trans-figurou.

Águas de Gaia, EEM teve e continua a ter um papel central na construção desta nova Gaia, comunidade modelar com qualidade ambiental e com capacidade para oferecer à vida económica oportu-nidades que garantam a sustentabilidade do seu desenvolvimento.

Completaram-se no passado mês de Abril 10 anos de trabalho ao serviço

» José Miranda Maciel, das Águas de Gaia S.A.

do Município, período durante o qual a Empresa efectuou um investimento global no montante de 190 milhões de euros, com manifesta satisfação dos gaienses que têm reconhecido as melho-rias verificadas ao longo dos anos na qualidade ambiental do concelho e na qualidade de vida da população.

Estabelecemos a nossa relação com os diferentes parceiros numa cultura de con-fiança e respeito mútuo, sempre atentos à evolução dos indicadores de desempe-nho, que reflectem prudência na gestão e capacidade financeira para dotação com meios técnicos adequados das equipas que, no terreno, dão forma aos projectos desenvolvidos e sua consolidação.

É nesta visão de futuro, assente nos princípios de serviço público e na exi-gência de políticas de qualidade, de pro-tecção do ambiente e de segurança, saúde e responsabilidade social, que baseamos o crescimento e asseguramos o desen-volvimento da Empresa.

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ARTE EQUESTRE

28 JUNHO 2009

“Paixão pelo Puro Sangue Luistano”A Coudelaria Entre Tejo e Sorraia, dedica-se à criação de cavalos Lusitanos, apostando em animais com dimensão e estrutura, bem conformados e com bons andamentos. Aliado a isto, esta Instituição procura também a excelência na cor, em quatro pelagens diferentes como o Preto, Isabel, Palomino e Baio.

Tiago Albergaria, responsável pela direc-ção desta coudelaria, elucida a Perspectiva sobre algumas questões relacionadas com a mesma.

Como caracteriza o cavalo lusitano?O cavalo lusitano é muito apreciado, sobre-tudo, por ter um carácter dócil e uma forte ligação ao cavaleiro. É um animal nobre, com andamentos suaves e elásticos, carac-terísticas que se tornam agradáveis para os cavaleiros e interessados pelos cavalos.

Quais são as suas principais particula-ridades em relação a outras raças? Este é um cavalo que colabora com o cava-leiro, ao contrário, de outras raças, como

os cavalos alemães e outros mais chega-dos ao sangue, que,de certa forma, têm de ser obrigados a fazer aquilo que quere-mos. O cavalo lusitano em termos de tra-balho é mais disponível, está mais atento áquilo que nós pretendemos, sempre no sentido de aprender. O lusitano foi criado no seu início para o toureio e para a guer-rilha, visto ser um cavalo muito ágil, que

consegue virar num curto espaço de ter-reno. Esta facilidade de movimentação e a rapidez tornou-o no cavalo ideal para o toureio. Actualmente,os criadores, cada vez mais, começam a tentar melhorar o lusitano apurando-o para um cavalo mais despor-tivo, com uma vertente mais para o ensino e para os obstáculos. Este ano tivemos uma grande percentagem de lusitanos nos jogos

Zulu - um cavalo de referência

O zulu é um lusitano preto de 1.70 m, com excelentes qualidades para a competição.2008 (Zulu) vencedor da Taça de Portugal de Ensino, no nível Preliminar e Vice Campeão dos critérios

de cavalos novos de quatro anos.

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ARTE EQUESTRE

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olímpicos o que é demonstrativo de uma certa evolução em termos de criação.

Qual é a história desta coudelaria?Esta coudelaria começou em 2003, embora o Dr. Pedro Choy, dono da mesma, já tivesse anteriormente alguns cavalos. Mas foi nessa altura que se reduziu o efectivo de éguas, de forma a se criar uma éguada mais homogénea. Começamos então a partir daí, efectivamente com 23 éguas, sendo que os primeiros poldros nasceram em 2004, e pode-se dizer que entramos com o pé direito. O primeiro poldro a sair da nossa coudela-ria é o Zulu, que começou a competir com quatro anos. Foi o nosso primeiro produto e teve sucesso imediato. Venceu a taça de Portugal de Ensino de 2008 ( nível prelimi-nar), este ano de 2009 tem já uma jornada em 1º lugar e outra em 2º lugar, vai bastante bem qualificado. Este cavalo está também a fazer além da taça, o apuramento para o campeonato do mundo de cavalos novos, que se realiza este ano na Alemanha, onde só vão os melhores cavalos a nível nacio-nal. Creio que podem ir dois cavalos de 5 anos e dois cavalos de 6 anos, são poucos cavalos, a selecção é muito rigorosa.

Quais os outros serviços que comer-cializam aqui na Coudelaria?Além de vender-mos cobrições dos nossos garanhões, fazemos também criação do cha-mado grande cão Japonês ou Akita Ameri-cano. Esta raça era utilizada na caça aos ursos e é um excelente cão de guarda pois intimida as pessoas pelo seu porte e apa-rência. É importante tê-los numa quinta de grande dimensão, por exemplo como nesta, pois salvaguarda os cavalos e as éguas. Têm dado aqui uma boa ajuda, nos campos onde temos estes cães ninguém aparece, e nos locais onde não os temos. já tivemos tentativas de assaltos.

O que é que distingue os vossos cava-los dos demais? Quais são as princi-

Coudelaria Entre Tejo e Sorraia

Estrada da Peteja, Lote 7 - 2 º, Edifício Lezíria. 2120 - 111 Salvaterra de Magos

Portugal Tel.:+ 351 263 506 347Tlm.:+ 351 969 800 002 (Dr. Tiago Albergaria)

+ 351 967 198 140 (Sr. Francisco Ferreira)

e-mail:[email protected]

Pedro Salvador (Toureiro)

Começou a relação com as touradas quando tinha 14 anos, altura que toureou as primeiras vezes. O toureiro Pedro Salvador é adepto dos cavalos desta coudelaria, nomeadamente treina o cavalo Ábaco que como o próprio salienta “ é o mais novo dos cavalos da quadra. Mas a sua tenra idade não lhe tira a arrogância e a plástica que têm os cavalos craques. É agressivo e muito elástico... Um toureiro.

pais particularidades dos mesmos?A nossa coudelaria estás centralizada na criação de puros sangue lusitano de cores específicas, mais precisamente, como se diz na gíria equestre “lusitanos de cores”( cor Isabel, a cor Palumino, os Pretos, e os Baios.) Estamos a especificar-nos portanto dentro dessas cores, ao mesmo tempo que estamos a tentar seleccionar animais com funcionalidade. Um exemplo disso é o Zulu, e estamos agora com outro cavalo de 4 anos, o Ábaco ( um lusitano preto) que está está a demonstrar grandes capacidades para tourear. Eu escarranchei-o, desbastei-o e trabalhei-o até ao ensino base, agora a outra parte do ensino, passa para o Pedro Salvador, que está a iniciá-lo no toureio.

Quais os desafios actuais e a nível futuro para esta coudelaria?Tentar levar o Zulu o mais longe possível em competição de Dressage, iniciar mais cavalos para poderem competir e para o toureio.Em simultâneo vamos continuar a criar, melhorar e seleccionar Puro Sangue Lusitano dentro do gosto do Dr Pedro Choy, que são os lusitanos de cor,com qua-lidade e funcionalidade. Estamos a traba-lhar no sentido de criar animais de competi-ção, assim como cavalos com uma vertente vocacionada para o toureio e para a equi-tação de trabalho. Actualmente abrange-mos o mercado nacional, mas estamos bem projectados também a nível internacional, nomeadamente em Espanha, França, Suíça e Suécia.

Enumere algumas coudelarias de refe-rência a nível nacional?Parece-me um pouco injusto falar-se em coudelarias de referência, porque existem muitos criadores que estão agora a desen-volver um excelente trabalho na selecção e melhoramento da Raça. Embora tenhamos 3 linhas de referência: a linha Veiga, Andrade e Alter Real que são a base da selecção que temos vindo a desenvolver.

Trajecto de Tiago Albergaria, Director da coudelaria

1997-2000 - Curso técnico de gestão equina, na Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes2000 - Curso de Monitores de Equitação da Federação Equestre Portuguesa (FEP)2000-2008 - Licenciatura em Equini-cultura, Escola Superior Agrária de Santarém. Durante este tempo frequentei também o Curso de Oficiais de Cavalaria em RC e fui cavaleiro da Reprise da Escola de Mafra - Exército, durante 4 anos.2008 - Curso de Instrutores de Equi-tação de FEP

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» Coudelaria Ervideira | Foto de Aurélio Grilo

PERSPECTIVA

30 JUNHO 2009

O Cavalo LusitanoMontado há cerca de 5000 anos, o mais antigo cavalo de sela do Mundo chega ao séc. XXI reconquistando o esplendor de há dois mil anos, quando Gregos e Romanos o reconheceram como melhor cavalo de sela da antiguidade.

Seleccionado como cavalo de caça e de combate ao longo dos séculos, é um cavalo versátil, cuja docilidade, agilidade e coragem lhe permitem hoje competir em quase todas as modalidades do moderno desporto equestre, confrontando-se com os melhores especialistas.

Nos últimos séculos o Lusitano des-tacou-se por ser o cavalo por excelên-cia para a Arte Equestre e para o Toureio mas, para além de ser o cavalo que mais prazer dá montar, continuará a surpreen-der pela sua natural aptidão para o Ensino e Atrelagem de competição onde aliás já obteve, por duas vezes, o título de Cam-peão do Mundo. Também na Equitação de Trabalho se distingue ao obter os mais importantes títulos internacionais.

É actualmente procurado como montada de desporto e de lazer, e como reprodutor pelas suas raras qualidades de carácter e antiguidade genética.

A sua raridade resulta de um pequeníssimo efectivo de cerca de 4000 éguas reprodu-toras.

Em Portugal, no Brasil, França e Espa-nha está o maior número de animais estando os restantes dispersos um pouco

APSL Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Puro Sangue Lusitano

Rua Sebastião José Carvalho e Melo, nº 157 – 1º Dto. 2750-483 Cascais

Tel: 00 351 213541684/88 Fax: 00 351 21 354 1666

[email protected] www.cavalo-lusitano.com

por todo o Mundo, com maior incidên-cia no México, Inglaterra, Bélgica, Ale-manha, Itália, Holanda, Suécia, Suiça, Canadá, Austrália, Colômbia, África do Sul e EUA.

O Livro Genealógico da “Raça Puro Sangue Lusitano” (Stud-Book) , pertença do Estado Português – Ministério da Agri-cultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, é único e funciona em Portugal, país berço da raça.

A APSL – Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Puro Sangue Lusitano – Entidade de Utilidade Pública, é a respon-sável pela gestão do Stud-Book da Raça, assegurando a sua pureza étnica e o seu aperfeiçoamento zootécnico e sanitário.

» Félix Brausser - Campeões de Mundo de Atrelagem | Foto de Mark Weintein

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CIDADES MAIS

JUNHO 2009 31

Mirandela impõe-se no contexto regionalA saída de serviços públicos do distrito e da região tem sido significativa. Desde que sou Presidente da Câmara Municipal extinguiram-se em Mirandela a maternidade e o GAT (Gabinete de Apoio Técnico). Em relação à EDP e à Portugal Telecom, os serviços foram reconvertidos e ficaram apenas as lojas de atendimento, com a consequente diminuição de postos de trabalho e de serviços de coordenação. Estas extinções foram sempre da responsabilidade do Governo e contra a opinião dos autarcas.

Mas, desde que sou Presidente da Câmara Municipal também se criaram novos ser-viços públicos em Mirandela. Estou a referir-me ao Tribunal Administrativo e Fiscal, à Escola de Hotelaria e Turismo, à Delegação da AZAE, à Empresa Inter-municipal de Resíduos do Nordeste e ao Instituto Cartográfico. Também se reor-ganizaram a Direcção Regional de Agri-

cultura e Pescas do Norte e agora a rees-truturação dos Serviços Hidráulicos, que passaram a um pólo do Douro Interior da Administração da Região Hidrográfica do Norte. Convém também aqui referir que o Governo extinguiu os Gabinetes de Apoio Técnico e foram os municípios que ficaram com todo o pessoal existente, não havendo nenhum despedimento, mas com custos financeiros acrescidos para as Câmaras Municipais.

Esta é a prova evidente de que Miran-dela deve ser o único concelho do país que cresceu em número e importância de serviços públicos. Não ficamos contentes com os serviços que saíram, mas quere-mos justiça em relação ao conjunto dos que saíram e dos que foram criados de novo. Neste período, Mirandela ganhou serviços no conjunto de Trás-os-Montes e afirmou-se como principal pólo aglu-tinador na região. Se a isto somarmos o

mediatismo do nosso concelho na televi-são e em toda a comunicação social, bem podemos afirmar que Mirandela está na moda e se impõe a nível regional e nacio-nal.

*Presidente da Câmara

Por José Lopes Silvano*

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DECORAÇÃO

32 JUNHO 2009

Show-room com espaço para passar a noite

Novo conceito de decoração a preço de fábrica Mais do que um projecto de venda de mobiliário, um conceito de decoração orientado para a satisfação total do cliente.

Um projecto inovador na área da deco-ração de espaços com personalidade e individualizados. Elias Pacheco criou este novo conceito baseado naquilo que diz ser o seu único defeito: “gostar das pessoas!” Entrega-se com total dedica-ção aos projectos que lhe são confiados indo ao encontro do cliente com propos-tas de decoração globais, não só na área do mobiliário, mas também propondo acessórios decorativos.

Para materializar esta ideia criou um

show-room ao lado do Mosteiro de Vilela, que actualmente está a ser res-taurado a partir de um projecto de Siza Vieira para ser convertido no Museu do Design de Mobiliário. Este espaço, lade-ado por um jardim bem cuidado com 4.000 m2, espelha bem o conceito ino-vador de Elias Pacheco. A construção deste espaço de decoração teve como base a madeira que lhe confere um iso-lamento térmico perfeito de forma a manter a temperatura ambiente está-

vel e independente do exterior. Mesmo a iluminação interior é assegurada em grande parte por led´s com um consumo baixíssimo.

O mais interessante deste show-room que provoca o deslumbramento de quem o invade, é o conforto e a estética de cada composição de mobiliário, que apesar de ser um open-space cria recan-tos agradáveis e habitáveis, uma vez que um dos seus propósitos é acolher os seus clientes, que precisem de mais

» Da esquerda para a direita: Alberto Santos (presidente C.M. Paredes), Elias Pacheco e Celso Ferreira (presidente C. M. Penafiel)

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DECORAÇÃO

JUNHO 2009 33

tempo para desenvolver os seus projec-tos de decoração, e possam pernoitar na suite principal, onde se encontra uma casa de banho completa à disposição. Desta forma, Elias Pacheco recebe os seus amigos/clientes dando-lhes a opor-tunidade de conviver neste espaço inti-mista e requintado.

O público-alvo que mais solicita o tra-balho de Elias Pacheco é sobretudo de uma faixa etária jovem que procura a decoração funcional, ora moderna ora

rústica, que embora aliando a estética à melhor qualidade, tanto a nível de mate-riais como de concepção das peças, não é necessariamente cara. Isso é possível porque a responsabilidade pela execução das peças fica completamente a cargo deste empresário que nasceu nos móveis. Descendente de uma família de indus-triais do mobiliário, manteve-se fiel ao negócio familiar e seleccionou os melho-res parceiros para dar forma aos seus pro-jectos, beneficiando os seus clientes com

preços normalmente de “fábrica”. Inaugurou o seu show-room a 23 de

Maio contando com a presença dos presi-dentes das autarquias de Paredes e Pena-fiel, além de muitas outras figuras ilus-tres. Celso Ferreira, em representação de Paredes, fez as honras da casa com um discurso inaugural onde teceu os maio-res elogios a este empresário da terra que é um dos bons exemplos de sucesso na área de maior prestígio para o concelho, a Rota dos Móveis.

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VINHOS INTERNACIONAIS

34 JUNHO 2009

Internacionalização dos vinhos portugueses na actual conjuntura económica

A conjuntura económica que Portugal actualmente atravessa, em que se verifica uma quebra do poder de compra por parte dos consumidores e uma significativa diminuição das exportações, como consequência do que se passou, em primeiro lugar nos Estados Unidos e, posteriormente, na Europa, tem tido repercussões no sector empresarial português, não deixando incólume o sector vinícola.

Se em termos globais, os planos promo-cionais emanados do Relatório Porter já vinham sendo aplicados na área ins-titucional, nomeadamente nos Estados Unidos e no Reino Unido, e comple-mentados, aqui e ali, por acções pontu-ais noutros mercados, hoje reparamos que estas acções são por si sós insuficien-tes. Há que fazer mais e melhor. De outra maneira o sector vinícola pode estar con-denado ao fracasso.

Contudo, a resposta à questão que todos colocam – «O que fazer para sair desta situação?» - não é fácil de dar.

É reconhecido, nos meios vinícolas internacionais, que Portugal tem vindo a incrementar a qualidade dos seus vinhos, especialmente a partir da década de 90. Porém, verifica-se que não é fácil encon-trá-los nos lineares das mais diversas superfícies quando nos deslocamos ao estrangeiro. Há razões para esta ausência e é preciso implementar soluções para a colmatar:

- É necessário dar continuidade e consolidar o trabalho institucional de promoção que tem vindo a ser feito, nomeadamente pela aicep Portugal Global, Viniportugal, IVDP e CVR’s, os quais, embora dispondo de recur-sos escassos relativamente às demais potencias vinícolas mundiais, muito têm feito pelo sector;

- Os vinhos nacionais só se conse-guirão diferenciar, no comércio inter-nacional, através da utilização cada vez mais consistente das castas autóc-tones e isto, só o podem fazer os enó-logos que trabalham nas inúmeras empresas portuguesas;

- É fundamental considerar a for-mação de um maior número de parce-rias entre empresas do sector de modo a serem criadas economias de escala.

Se aliarmos estas premissas à expres-siva quantidade de prémios que os nossos vinhos e enólogos têm arrecadado nos mais importantes concursos internacio-nais da especialidade, não deixaremos de atingir os nossos objectivos.

Não podemos é pensar que a actual situ-ação se inverterá de um momento para o outro. É necessário prosseguir um traba-lho sólido, consistente e de entreajuda entre todas as partes para que se consiga afirmar, no mais curto espaço de tempo, a imagem dos vinhos portugueses fora de portas.

AICEP

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VINHOS INTERNACIONAIS

JUNHO 2009 35

Quinta dos Currais.

Do coração de Portugal para o mundoCom uma área de 130ha, a Quinta dos Currais está situada no coração de Portugal, entre as serras da Gardunha e da Estrela, estendendo-se pelas terras de Currais e pela encosta de Santana até à Ribeira da Meimoa, que a delimita a sul.

Os proprietários, terceira geração de viti-vinicultores, apostaram num projecto em moldes modernos, plantando, numa pri-meira fase, 30ha de vinha exclusivamente com castas típicas da região, tirando o máximo partido da exposição Norte-Sul e do solo xistoso. Nas castas brancas optou-se pela plantação de Arinto, Síria e Fonte-Cal; nas castas tintas por Castelão, Tou-riga Nacional, Tinta Roriz, Jaen e Rufete.

Numa segunda fase foi construída uma adega equipada com a mais moderna tec-nologia enológica. Hoje com um potencial de produção anual equivalente a cerca de 180.000 kl de Vinho Tinto e a 30.000 kl de Vinho Branco, a Quinta incorpora inte-

gralmente todo o processo produtivo, uti-lizando apenas matéria própria para a pro-dução dos vinhos que comercializa. Para isso foi equipada com alta tecnologia, desde o desengaçador, prensa automática, centrais de frio e um laboratório devida-mente equipado, passando pelas cubas de armazenamento e fermentação e pelo pro-cesso de engarrafamento e rotulagem.

Presente no mercado com a marca “Quinta dos Currais”, nas variedades Tinto, Tinto Reserva, Branco Colheita Seleccio-nada e Síria, a estratégia da empresa passa pela conquista do mercado nacional, sem esquecer as grandes montras internacio-nais. Os prémios entretanto alcançados

são a prova da afirmação de uma marca que tem vindo a conquistar paladares um pouco por todo o mundo.

Galardões conquistados:

- Medalha de Prata no 1º Concurso de vinhos da Beira Interior, para o Tinto Reserva 2002.- Menção Honrosa no mesmo Concurso para o Síria Branco, Branco Colheita Seleccionada e Tinto DOC.- Menção Honrosa no Berliner Wein Trophy 2007, para o Tinto Reserva 2001.- Tinto Reserva 2002 eleito por Jaime Goode um dos 50 Melhores Vinhos Portugueses 2008.

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SAÚDE

36 JUNHO 2009

Saber fazer é saber comer!

Ganhar competências em alimentaçãoA actual crise económica veio pôr em causa alguns dos hábitos por todos nós adquiridos no seio desta sociedade de consumo. Subitamente, o verbo “poupar” passou a fazer parte do nosso vocabulário e vemo-nos forçados a economizar até mesmo na alimentação. Neste contexto, a Direcção Geral de Saúde criou propostas de ementas saudáveis e económicas a disponi-bilizar nas unidades de saúde: uma iniciativa pertinente que vem ajudar a desfazer o mito de que uma alimentação saudável é cara.

Contudo, e apesar da ameaça económica, é preciso não esquecer que o problema da obesidade mantém-se: um terço das crian-ças portuguesas tem excesso de peso ou é obesa. A prevenção da obesidade assenta na promoção de estilos de vida saudáveis, particularmente na alimentação.

Uma forma de confrontar ambas as questões passa por desenvolver compe-tências básicas em alimentação junto da população portuguesa, desde logo junto das crianças. Mais do que o conhecimento teórico, o “saber fazer” assume especial importância.

Saber comprar – comparar os preços, ter capacidade crítica face à publicidade, avaliar a frescura, verificar a validade e interpretar os rótulos dos alimentos –, preparar e confeccionar os alimentos são competências que, uma vez adquiridas, permitem-nos fazer escolhas mais saudáveis e também mais económicas.

Numa publicação recente da Organização Mundial da Saúde – Food and nutrition policy for schools – salienta-se a impor-tância da aquisição dessas competências para o aumento da saúde e desenvolvi-mento responsável e sustentado de estilos de vida saudáveis nas crianças. Ainda que

por toda a Europa exista um esforço para integrar nos currículos escolares o tema da alimentação e nutrição, a verdade é que ainda há trabalho a fazer: recomenda-se por isso que a educação alimentar nos esta-belecimentos de ensino seja suportada por aulas de culinária ministradas por profes-sores especializados e enfatiza-se a econo-mia doméstica como um tema a ser desen-volvido e projectado num futuro próximo.

Competências Básicas em AlimentaçãoIdade Preparação de Alimentos Compra de Alimentos

2 Limpar a mesa, lavar legumes, brincar com utensílios.

3 Colocar alimentos em tabuleiros, misturar líquidos e ingredientes,

dentificar e separar o lixo.

4 Descascar fruta, esmagar banana com um garfo, pôr a mesa.

5-6 Medir ingredientes, cortar vegetais tenros, usar a batedeira.

7 Compreender conceitos básicos de higiene dos alimentos, aprender a utilizar a cozinha com segurança

(fogão, facas).

Identificar o talho, padaria, peixaria, etc.

8-10 Preparar sandes e refeições simples, utilizar técnicas simples de confecção,

ler e seguir receitas.

Adquirir bens básicos, manusear o dinheiro, estar atento aos rótulos dos alimentos;

reconhecer um anúncio como um método de venda de produtos.

11-13 Utilizar receitas, medir vários tipos de ingredientes; utilizar todos os

equipamentos e utensílios de cozinha com higiene e segurança.

Reconhecer a influência da publicidade; capacidade para ir às compras (relação

dinheiro e produto); conhecimento da cadeia alimentar; compreender as

instruções de utilização de determinado produto; ler os ingredientes e identificar o

principal grupo de alimentos.

14-18 Planear e preparar refeições para si e para os outros; aplicar diferentes

técnicas culinárias; prevenir a contaminação cruzada dos alimentos; demonstrar confiança e independência

no uso da cozinha.

Fazer listas de compras, estabelecer orça-mento alimentar; capacidade de comparar

preços e qualidade; compreender rótulos nutricionais; compreender os

factores que determinam a qualidade dos alimentos; compreender e criticar técnicas

de marketing utilizadas nos estabelecimentos comerciais.

Depois das aulas de Inglês e de Infor-mática, é chegado o momento de adoptar estas recomendações no nosso país, para assim, como diz o provérbio, “não lhes dês o peixe, dá-lhes a cana e ensina-os a pescar” – a saúde das crianças portugue-sas pode muito bem depender disso.

*DietistaAssociação Portuguesa de Dietistas

www.apdietistas.pt

» Por Raquel Ferreira*

JUNHO 2009 36

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CONCERTOS CULTURA

JUNHO 2009 37

Sensation WhiteO maior espectáculo de dance music

do mundo, esteve em Portugal.Sensation White – a melhor White Party do mundo, realizou-se no Pavilhão Atlântico a 9 de Maio, juntando 15 mil pessoas num mega espectáculo de música electrónica.Um cenário impressionante, um ritmo acelerante, glamour e beautiful people foi o que não faltou nesta sublime festa.A deslumbrante decoração, bailari-nas, efeitos de luz, lasers, fizeram da Sensation White a maior dance party a que Portugal alguma vez assistiu.A música ficou a cargo de alguns dos melhores dj's mundiais e nacio-nais, com as actuações de Erick E, Diego Miranda, MastikSoul, Sebastian Ingrosso, Felix da Housecat e Tocadisco.Sem dúvida este foi um evento que deixou marca em todos os presentes…

Elton John27 de Junho no Estádio do Restelo,

LisboaO cantor e compositor britânico Elton John regressa a Portugal para um con-certo único.

Com quarenta anos de carreira (o seu primeiro disco, "Empty Sky", foi lan-çado em 1969), Elton foi o cabeça de cartaz do primeiro festival rock em Por-tugal, o de Vilar de Mouros, em 1971. Actuou mais tarde em Portugal, no estádio de Alvalade, em 1992. 17 anos depois o cantor traz-nos a Rocket Man Tour 2009, em que se apresenta com a sua banda, para um concerto repleto de enormes êxitos.

Leonard Cohen30 de Julho, Pavilhão Atlântico,

LisboaLeonard Cohen regressa a Portugal para mais um concerto, no qual "Live InLondon", o seu novo trabalho, regista este regresso. Esta será a quarta passa-gem do cantor por Portugal, onde actuou pela primeira vez em 1985 e regressou para mais um concerto em 1988. Vinte anos depois, actuou no Passeio Marítimo de Algés e agora marca presença aos 75 anos de idade no Pavilhão Atlântico.

LIVROS MÚSICA“Eu e as Mulheres da Minha Vida”Autor: Tiago Rebelo Editora: PresençaQuem é que, tendo uma vida banal, não sonha com outra mais extraordinária? Que circunstâncias na vida de uma pessoa fazem com que esta se altere de um momento para o outro, quando já nada o faria prever? É destas e doutras perplexidades metafísicas que trata esta obra, através da história de Zé, um homem sem ambição que entra na inevitável crise dos 40, cinco anos antes de os completar.

Onde Caem os Anjos?Autor: Nora Roberts Editora: Chá dos CincoReece Gilmore foge de um passado traumático como única sobrevivente de um crime brutal em que viu todos os seus amigos morrer. Um dia chega a Angel's Fist, um lugar idílico rodeado por belas montanhas, e decide aceitar um emprego como cozinheira.Reece cedo encanta os locais com os seus dotes de culiná-ria, mas continua atormentada pelo crime de que foi vítima, e luta constantemente contra os pesadelos que a assombram. Até que um dia é a única testemunha de um novo homicídio...Sendo tão frágil e dada a ataques de pânico, ninguém na cidade parece acreditar em Reece a não ser Brody, um irascível e atraente escritor de policiais.

Amália HojeAmália Hoje, é um álbum lançado pelo projecto pop português Hoje, liderado pelo músico Nuno Gonçalves. Um disco que revela novos arranjos pop para fados popularizados por Amália Rodrigues.

Reunindo três vozes distintas, Fer-nando Ribeiro dos Moonspell, Paulo Praça de mil e um projec-tos e Sónia Tavares dos The Gift, contém canções que vivem para além dos vestidos pretos e das guitarras Portuguesas.

XINTISara TavaresXinti é o terceiro álbum de originais da cantora portuguesa Sara Tavares. O álbum surge de um pensamento de reno-vação e continua a conjugar os ritmos de Cabo Verde com o "mainstream".Três anos depois de Balançê, Sara Tava-res está de volta com um novo álbum tão doce como o anterior. Xinti" ou "Sente", é um disco onde a artista revela os sentimen-tos mais íntimos da sua alma.

Texto: Ana Mendes

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PRAIAS COM BANDEIRA AZUL

38 JUNHO 2009

40% de todas as bandeiras azuis do Norte do País

Gaia é recordista nacional de Bandeiras Azuis

A Orla Marítima do Concelho é já uma referência a nível nacional, o que mais uma vez foi atestado pela Associação Europeia da Bandeira Azul que distin-

guiu todas as praias do Concelho com o símbolo máximo da qualidade: a Ban-deira Azul.

“Já é um hábito mas é sempre motivo de grande orgulho”. É desta forma que Luís Filipe Menezes, presidente da Câmara Municipal de Gaia, comenta o facto de pela quarta vez consecutiva Vila Nova de Gaia ser o Concelho do País que arrecada o maior número de bandeiras azuis para as suas praias, assumindo mais um recorde nacional, arrecadando nova-mente 17 bandeiras azuis para todas as suas praias, cerca de quarenta por cento das bandeiras atribuídas às praias de todo o Norte do País.

O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia demonstra-se extrema-mente satisfeito, acima de tudo porque, diz, “se este “score” é difícil de alcançar uma vez, é muito mais complexo mantê-lo, principalmente se se considerar a grande componente urbana que caracte-riza este Concelho, onde a acção humana, naturalmente predadora, é sempre uma dificuldade acrescida no alcance deste tipo de resultados de qualidade ambien-tal.”

Para Luís Filipe Menezes “este resul-tado vem no seguimento de um “trabalho

O Concelho de Gaia é, pelo quarto ano consecutivo, recordista nacional de bandeiras azuis. Este Verão, cuja época balnear se iniciou no dia 1 de Junho, as praias de Gaia serão frequentadas por centenas de milhares de veraneantes confirmando assim a sua qualidade e excelência ambiental.

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PRAIAS COM BANDEIRA AZUL

JUNHO 2009 39

de casa”, onde se insere a limpeza per-manente de rios e de ribeiras, a acção das ETAR’s e o investimento feito na última década em saneamento básico, o que pos-sibilitou ao Concelho atingir uma taxa de cobertura de 100%”.

A política ambiental do Município de Vila Nova de Gaia, tem continuado a apostar fortemente no litoral de Gaia, nomeadamente a nível da qualidade da água.

A exemplo do ano transacto, mais uma vez em 2009 as dezassete zonas balnea-res de Vila Nova de Gaia recebem, este Verão, o galardão da Bandeira Azul, sig-nificando que as mesmas cumprem todas as condições de qualidade exigidas por aquela instituição europeia.

A qualidade das praias, uma das ban-deiras de excelência do Município de Gaia, há mais de dez anos liderado por Luís Filipe Menezes, são considerados um dos melhores destinos de lazer dos gaienses e cidadãos de todo o País.

Todos os anos, milhares de portugue-ses frequentam as praias de Gaia e per-correm o longo passadiço que se estende por dezasseis quilómetros de orla cos-teira, um referencial quotidiano e de qua-lidade de vida da população que usufrui deste espaço.

Lavadores, Salgueiros, Canide Norte, Canide Sul, Marbelo, Madalena Norte, Madalena Sul, Valadares Norte, Valada-res Sul, Dunas Mar, Francelos, France-mar, Sãozinha, Senhor da Pedra, Mira-mar, Mar e Sol, Aguda, Granja e São Félix da Marinha são as zonas balneares de Vila Nova de Gaia que compõem os dezasseis quilómetros de praias de altís-sima qualidade, um número invulgar, só conseguido graças à defesa de uma forte política de qualidade ambiental e de qua-lidade de vida de todos os cidadãos.

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MADEIRA: PÉROLA DO ATLÂNTICO

40 JUNHO 2009

Deixe a Natureza tomar conta de si!Na Madeira tudo convida a relaxar. Uma natureza inigualável repleta de ar puro e balsâmico e um oceano de águas cálidas e cristalinas apelam aos sentidos. O equilíbrio entre o corpo e a mente, entre o Homem e a Natureza, está apenas a uma hora e meia de distância de Portugal Continental.

De natureza inigualável, este arquipélago apresenta uma história e tradições secula-res que o tornaram conhecido aos olhos do Mundo como um Jardim Flutuante. Como uma verdadeira pérola do atlântico.

Na Madeira, as montanhas de recorte irregular e com uma vegetação luxu-riante rasgam os céus, enquanto as baías, as praias e as escarpas encontram, no mar cristalino, um azul profundo. Os con-trastes harmoniosos aliam a Natureza ao pulsar cosmopolita da capital madeirense, onde impera o requinte e a animação. O cartaz turístico e cultural da Madeira, de renome internacional, inclui eventos como o Carnaval, a Festa da Flor, o Festival do Atlântico, o Funchal Jazz, o Festival de Colombo, a Festa do Vinho da Madeira, as festividades do Natal e o ponto alto do ano que culmina com o grande espectá-culo do fogo-de-artifício na noite de 31 de Dezembro. A nível desportivo, desta-cam-se o Rally Vinho Madeira, o Rally de Automóveis Clássicos e o Open de Golfe da Madeira, provas integradas no calendá-rio europeu das respectivas modalidades.

A cultura, os costumes e as tradições ganham vida ao dobrar de cada esquina: nos museus históricos e contemporâneos, no típico Mercado dos Lavradores ou na indústria do Vinho e do Bordado. O pas-sado e o presente andam, efectivamente, de mãos dadas.

O clima ameno que caracteriza tanto a ilha da Madeira como a do Porto Santo permite a prática de todo o tipo de activi-dades desportivas e de lazer ao ar livre, em qualquer época do ano.

Para os amantes do mar, cuja tempera-tura varia entre os 19º e os 24º, estão reu-nidas todas as condições para a prática do

mergulho, da vela, do windsurf, do surf e da pesca desportiva durante todo o ano. Imperdível é, igualmente, embarcar num tranquilo passeio ao longo da costa, a bordo de uma nau, de um catamarã ou de um veleiro, de onde poderão ser observa-dos golfinhos, baleias e focas que cruzam os mares madeirenses.

A cidade do Funchal escala as monta-nhas e faz fronteira com o Parque Natural, que ocupa 2/3 da ilha, e onde se encontra um dos principais ícones da beleza genu-ína da Ilha: a Floresta Laurissilva, floresta indígena que remonta ao Período Terciário e que foi classificada pela UNESCO como Património Natural Mundial.

É uma floresta encantada mas não é proibida. Ao percorrer as levadas ou vere-das que serpenteiam as florestas luxurian-tes e que podem chegar até aos 1862m de altitude, com uma beleza indescritível, os visitantes podem tornar-se parte dela, des-cobrindo a natureza no seu estado mais puro.

A par do deslumbramento da paisa-gem, a Madeira encanta os seus visitantes pelo requinte e pelo carinho de bem rece-ber. As unidades hoteleiras são verdadei-ras catedrais de saúde, com programas e pessoal especificamente qualificado, onde a beleza e a estética se aliam aos tratamen-tos relaxantes, isto para além das tradicio-nais e requintadas Quintas madeirenses e das unidades de turismo rural que se espa-lham pela ilha e que permitem um con-tacto mais próximo com a natureza.

Porto Santo: O paraíso na TerraO paraíso existe, apenas a 40 quilóme-tros da Madeira. Tanto de avião como por barco, é possível chegar-se à ilha do Porto

Santo, descrita pelos viajantes como sendo o “Paraíso na Terra”.

Passear pelo extenso areal dourado, mergulhar nas águas cálidas azul-turquesa e usufruir da tranquilidade de uma terra quase virgem… tudo isto é possível aqui, nesta ilha, procurada, também, para a pra-tica do mergulho, do golfe, do hipismo, do jeep-safari, do ténis, sem descurar os passeios de charrete ou a visita obriga-tória à casa onde o navegador Cristóvão Colombo viveu.

O maior atributo desta ilha é, no entanto, o seu extenso areal dourado, famoso pelas suas propriedades terapêuticas, reco-mendado para o tratamento de doenças ósseas. São areias finas, com característi-cas únicas, que possuem elementos quími-cos extremamente benéficos para a saúde, à semelhança daquilo que acontece com a água do mar e a água das fontes.

É neste cenário majestoso e de rara beleza, em constantes variações entre os verdes da natureza e o azul profundo do céu e do mar, onde o charme e a tradição do passado se aliam às modernas como-didades com absoluto respeito pela Natu-reza e pelo Homem, que a Madeira espera por si!

Venha descobrir as ilhas onde o sonho se torna realidade! É mesmo aqui ao lado.

Body.Mind.Madeira

Direcção RegionalTurismo Madeira

Av. Arriaga, 189004-519 Funchal

Tel. 291 211900 Fax: 291 [email protected] www.madeiraislands.travel

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NOTÍCIAS

PERSPECTIVA

JUNHO 2009 41

São Ilhas, Senhor, são Ilhas!Milagre das Descobertas, desdobradas do regaço azul do Oceano, as Ilhas de Zarcolembram os dedos apontados ao céu da memória perdida dos últimos Atlantes que vivem ainda no imaginário da fantasia humana.

Há algo de mágico na sensação de se estar numa Ilha, rodeado por todos os lados do mar que nos fez nascer!

Quem chega de avião sente-o logo: não são as costas de um continente, são os contornos da Ilha. Até o pontilhar das Desertas nos ajuda a percebê-lo. De barco, é o arrepio de aventura do nave-gante a ver terra! Por dentro, quem aqui desenha os dias de toda uma vida, tem no fundo do seu âmago a experiência de quatro estações num só dia, da beleza fria da serra a descer em torrentes verdes até ao azul quente do mar, por entre casinhas com história, palácios de dramas passa-dos, ribeiras de medos vencidos e mis-térios por saber, tudo envolto na exube-rância estonteante de uma pérola que os deuses semearam no coração do Atlân-tico.

É a Madeira, a virgem que gerou a glo-balização humana, meta primeira dos grandes argonautas lusitanos, dealbar dos Descobrimentos. Está ali há milhões de anos, na espera paciente dos portugue-ses com quem casou há 590. Depois flo-resceu. Por câmaras, furados, levadas e pessoas, desabrochou em mil fogos que se foram agarrando às colinas de uma cidade a meio caminho do primeiro milé-nio: assim nasceu o Funchal, a flor da pérola.

São incontáveis as experiências que o burgo do funcho oferece a quem com ele se partilha. Da cultura ao lazer, do turismo ao trabalho, da beleza à aventura, da tradição à surpresa, é uma cidade onde a única coisa que não existe é o stress doutras terras. Aqui a vida bebe-se com

prazer, as gentes são afáveis, os dias tran-quilos.

Sabe bem passear no Parque, num fim de tarde quente em que o horizonte se pinta de cores feéricas e a noite acende milhares de luzes pelas colinas, num pre-sépio que dura o ano inteiro.

Bem no coração da cidade, Santa Cata-rina é um pulmão de verdura por entre flores encantadas, a civilização de um lado, a baía do outro e o Funchal a toda a volta… uma vista de tirar a respiração.

É neste jardim de fadas, sob a vigia da Quinta e a guarda do Infante, que o Verão da cidade abraça mais uma vez – é já o décimo ano – o som da linguagem uni-versal a que a expressão humana chama Jazz.

Durante três noites, vai chover magia.A arte não é uma ciência exacta: é

muito mais que isso, é a capacidade de transmitir emoções numa semântica uni-versal, é o que de mais humano transpira da humanidade.

Aqui, a música vai partilhar com a brisa o afagar dos jacarandás e envolver numa nuvem de sonho e emoção os senti-dos despertos dos milhares que vão viver momentos que nunca esquecerão.

Todos os anos, durante três noites, o Funchal acolhe o que de melhor há de Jazz no mundo. Se já assistiu, não pre-cisa de conselhos… se ainda não o fez, experimente! Olhe que não interessa que género de música gosta, este Festival “é outra coisa”!

Venha até cá, sente-se numa cadeira, sente-se na relva, deite-se ao lado de um arbusto, mas venha!

Nos dias 2, 3 e 4 de Julho, a Madeira acolhe o “Funchal Jazz Festival”, que será o 10º Festival Internacional de Jazz organizado pela Câmara Municipal do Funchal. Vai ter lugar no Parque de Santa Catarina, em pleno centro histórico da cidade.Na primeira noite actuarão Vânia Fernandes, cantora madeirense, e o mestre francês que revolucionou a história do acordeão, Richard Galliano Tangaria Quartet. No dia 3 sobe ao palco Ron Carter, um dos mais respeitados contrabaixistas da actualidade, e Guida De Palma & Jazzinho, um projecto sediado em Londres. Benny Golson e Cedar Walton Quintet abrem a última noite exclusivamente com temas de sua autoria e Alejandro Luzardo y La Candombera vão fechar o evento, prolongando as últimas horas de sábado até às primeiras de domingo.

REPORTAGEM COMPLETA NA EDIÇÃO DE AGOSTO

DA PERSPECTIVA

Vai ter uma surpresa!Porque não é só música, não é só

Jazz…É Magia Pura!

Texto: Pedro Laranjeira

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