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resenhade política exterior do brasil

ministério das relações exteriores

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presidente joão figueiredovisita a

Discurso do Presidente João Figueiredo, em Santa Cruzde La Sierra, em 7 de fevereiro de 1984,por ocasião de sua chegada à Bolívia e ao ser recebidocomo hóspede de honra da Municipalidade.

Excelentíssimo SenhorPresidente Hernán SilesSuazo,

Em nome de todos os brasileiros, saúdocordialmente Vossa Excelência, a Excelen-tíssima Senhora de Siles e o povo irmão daBolívia.

Ainda sob a emoção de minha chegada aesta terra amiga, recebo, com viva satisfa-ção, o significativo título de Hóspede deHonra da Municipalidade de Santa Cruz deLa Sierra Registro esse gesto de generosi-dade como testemunho do carinho e daamizade do povo boliviano ao povo brasi-leiro. A vizinhança nos tem permitido, aolongo do tempo, estreitar, em benefíciomútuo, os vínculos de fraterno entendi-mento entre os nossos dois países.

Santa Cruz de La Sierra sempre desempe-nhou papel de relevo na história da Bolívia.No período colonial, foi centro de projeçãodas atividades económicas e importanteponto de interconexão entre as diversas re-giões do país. Com o correr dos anos, suaimportância não decresceu. Ao contrário,graças ao esforço permanente de seus f i -lhos, Santa Cruz de La Sierra pôde acompa-nhar as transformações do país e associar-se

intimamente, sempre em caráter pioneiro,ao processo de modernização da Bolívia.Hoje, destaca-se pelo dinamismo de sua mo-derna agricultura, pela contribuição de seusprodutos agrícolas e agroindustriais à pautade exportação e pelo êxito com que desen-volve a exploração de suas reservas de hi-drocarbonetos.

Brasileiros e bolivianos muito se têm bene-ficiado com a contribuição positiva de San-ta Cruz de La Sierra à região fronteiriça. Nasemelhança da paisagem física, na identi-dade de aspectos humanos e na comunhãode valores culturais e espirituais, ref lete-se ainterpenetração de influências recíprocas,de efeitos tão salutares para ambos os po-vos.

Senhor Presidente,

Sob a liderança de Vossa Excelência, os bo-livianos nos têm procurado superar as difi-culdades presentes, aprimorar as suas estru-turas económicas, propiciar justiça socialmais ampla, em atmosfera de respeito aosdireitos do homem e de fortalecimento dasinstituições nacionais. Posso assegurar-lheque o povo brasileiro empenha seus melho-res esforços nesses mesmos objetivos.

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exemplo, o ideário e as realizações do Ge-neral Sucre, prócer da independência boli-viana, crescem aos olhos de todos.

País de múltiplas vertentes — andina, ama-zônica e platina — a Bolívia tem um grandepapel a desempenhar na realização das aspi-rações e dos ideais latino-americanos depaz, progresso e solidariedade. Suas varia-das projeções sub-regionais a incentivam àprodutiva convivência com todo o conti-nente.

Senhor Presidente,

Empenhados em superar problemas concre-tos e prementes, os países em desenvolvi-mento estão conscientes do agravamento dasituação internacional. O recrudescimentode tensões seja em escala global, seja emáreas localizadas, não pode deixar de frus-trar países e povos cuja preocupação pri-meira é garantir a paz e a estabilidade.

A América Central nos dá hoje exemplo do-loroso e concreto dessa realidade. Vemospovos irmãos, que participaram da constru-ção de um ideário de boa convivência e desolidariedade, envolvidos em perigosas con-frontações. Em lugar do progresso e daprosperidade, criam-se situações capazes delevar parte do Continente a um conflito degraves proporções.

O Brasil tem reafirmado que os conflitosdevem ser solucionados por via pacífica,mediante negociações lastreadas na vontadepolítica de superar diferenças, negociaçõesque sejam um diálogo efetivo e asseguremcondições para acordos substantivos, aceitá-veis para as partes envolvidas e merecedoresdo reconhecimento da comunidade inter-nacional.

O fortalecimento da cooperação política naAmérica Latina muito pode contribuir paraessa finalidade. O esforço que os países deContadora desenvolvem, em prol da paz eda estabilidade no istmo centro-americano,possui conteúdo ético e sentido autenti-camente latino-americano, cujo valor vem

sendo reconhecido por todas as Nações. Sãoesses esforços, destinados a promover o diá-logo e o entendimento onde há tensões econflitos, que nos trazem a certeza de queserá possível substituir o medo pela espe-rança, a confrontação pela cooperação, aguerra e a miséria pela paz e o progresso.

A América Latina tem dado provas de quenão lhe falta determinação para trilhar essecaminho. No âmbito do Tratado de Coope-ração Amazônica e do Tratado da Bacia doPrata, Brasil e Bolívia demonstram exem-plarmente a capacidade de nossos países dese reunirem em torno de projetos concretosde cooperação, em regiões específicas ouem setores determinados da atividade hu-mana.

Senhor Presidente,

Afetados de forma aguda e desproporcionalpela crise econômico-financeira que assolao mundo atual, os países em desenvolvi-mento continuam a ver ignorados seus ape-los em favor de um aperfeiçoamento do sis-tema económico internacional. Esses ape-los, feitos a partir da análise realista dasestruturas vigentes do comércio e das finan-ças internacionais, levam em conta interes-ses permanentes de toda a comunidade dasNações.

Ao mesmo tempo em que prevalecem práti-cas de curto prazo, nossos países vêem agra-var-se seu quadro interno e perderem-seconquistas duramente alcançadas. Não seignora a necessidade de sérios ajustes quelevem em conta a conjuntura internacional;não é possível, contudo, sem que se corramgraves riscos, transferir aos países em desen-volvimento a maior parte do ónus do rea-juste da economia internacional. Se a inter-dependência é real entre as nações do mun-do, deve ela estender-se a todos os campos,a fim de que seja fator de progresso global enão de mera transferência de custos da crisepresente. Além de outras consequências, opróprio comércio entre países em desenvol-vimento estancou e regrediu. Reduziu-se,

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assim, importante fator de dinamização eintegração de nossas economias.

A América Latina tem plena consciência desuas dificuldades, assim como de suas ne-cessidades e potencialidades. A feliz inicia-tiva do Presidente do Equador, de convocaruma reunião em que nossos países pudes-sem examinar bases para uma resposta co-mum à crise que nos afeta, congregou oContinente e levou a Quito, em janeiro últi-mo, grande número de propostas equili-bradas. Procuramos, naquele encontro, nãouma estratégia de confrontação, que a nadapode conduzir, mas uma análise políticaque colocasse em sua verdadeira dimensãoos problemas económicos, financeiros e co-merciais em que se debatem os países lati-no-americanos.

As fórmulas então propostas — entre asquais ressalto o aprofundamento da coope-ração intra-regional, a adoção de medidasconcretas tendentes a deter e superar a inu-sitada queda dos níveis do comércio entreos países latino-americanos e o impulso àintegração regional — são medidas que nospermitiriam retomar os níveis do intercâm-bio e o crescimento regional como passosimportantes para enfrentar a crise presente.

Senhor Presidente,

Numerosas são, para nossos países, as áreasde coincidências de posições e interesses re-cíprocos. Nossa idêntica vocação de paísesplatinos e amazônicos revela um conjuntode aspirações comuns; nossa condição depaíses em desenvolvimento, que muito têrra ganhar com o intercâmbio tecnológico ecientífico e com uma cooperação adaptadaa nossas reais condições de vida, aponta ou-tro conjunto de potencialidades; a proximi-dade geográfica, a complementaridade denossas economias e a fronteira comum, deviva e intensa atividade humana, configu-ram também um conjunto de interesses co-muns.

Ademais, o Brasil não poderia deixar de es-tar atento às circunstâncias especiais da si-

tuação geográfica da Bolívia. Nesse sentido,temos sempre buscado contribuir para a su-peração das dificuldades que essa situaçãopossa trazer ao intercâmbio do país irmãocom os mercados externos de seu interesse.E é com esse objetivo que lhe concedemosfacilidades em nossos portos e mantemosentendimentos operacionais no campo dostransportes, que asseguram à Bolívia trânsi-to fluido pelo território brasileiro de parce-la relevante de seu comércio exterior. In-centivamos e apoiamos, também, os estu-dos de projetos e planos de interconexãoviária entre os dois países.

Apesar da riqueza e complexidade que ca-racterizam o relacionamento bilateral, gran-de é o potencial de sua expansão. Não igno-ramos que as dificuldades do momentoatual podem obrigar-nos a estender prazos ea efetuar uma escolha acurada dentre amultiplicidade de temas que nos cabe de-senvolver. No anterior Governo de VossaExcelência, importantes acordos de coope-ração económica foram firmados entre nos-sos países. Deste nosso encontro resultarãooutros instrumentos, que manterão a co-operação tradicional, adaptada à presenteconjuntura.

Senhor Presidente,

Ressalta, por sua importância para o pro-gresso de ambos os países, a cooperaçãoagrícola, a agroindustrial em diversos cam-pos, como a pesquisa agrícola, o desenvol-vimento de sistemas de cooperativas agrí-colas e o escoamento da produção. São se-tores de grande sensibilidade social e econó-mica, da maior importância em países comvocação agrícola como os nossos. A coope-ração técnica, científica e tecnológica e ointercâmbio cultural e académico comple-tam essa vasta área em que nossos paísespodem oferecer-se mutuamente experiên-cias e soluções apropriadas para seus pro-blemas.

Estamos abertos a iniciativas relativas atransportes e infra-estrutura viária e medi-das tendentes a aumentar os fluxos do co-

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mércio bilateral, seja^através do incrementode vendas diretas, seja pela promoção deprojetos conjuntos. O equacionamento dosvínculos financeiros entre os nossos paísespoderá favorecer o incremento dointercâmbio bilateral e a própria dinamiza-ção de setores importantes de nossas res-pectivas economias.

A troca de informações e as consultas sobretemas bilaterais, regionais e mundiais, exer-cidas com a franqueza e a fluidez própriasde relacionamento estreito e maduro, com-pletam esse quadro promissor e confirmam,no plano político-diplomático, as coinci-dências e os interesses comuns que aproxi-mam o Brasil e a Bolívia.

Senhor Presidente,

Em reconhecimento à valiosa contribuiçãopessoal de Vossa Excelência ao aprimora-mento das relações entre nossos dois países,o Governo brasileiro, que já lhe havia de-monstrado seu especial apreço ao outorgar-lhe o Grande Colar da Ordem do Cruzeiro doSul, decidiu, conferir-lhe a Ordem de Rio-Branco, em sua mais alta graduação, cujainsígnia tenho neste momento a especial sa-tisfação de impor-lhe.

Convido todos os presentes a me acompa-nharem num brinde à prosperidade da Na-ção boliviana, ao crescente estreitamentodos laços de fraterna amizade que unemnossos povos e à saúde e felicidade pessoalde Vossa Excelência e da Senhora de Siles.

a assinatura de atos entre o brasile a bolívia

Discurso do Presidente João Figueiredo, em Santa Cruzde La Sierra, em 9 de fevereiro de 1984, por ocasião

da assinatura de atos entre o Brasil e a Bolívia.

Senhor Presidente,

Ao manifestar minha satisfação pelos resul-tados extremamente positivos desta visita,desejo reiterar meu particular apreço pelacalorosa hospitalidade do Governo e povobolivianos.

As qualidades de estadista de Vossa Exce-lência contribuíram decisivamente paranosso diálogo e para o êxito de minha visitaà Boi ívia.

Senhor Presidente,

Os atos ora firmados somar-se-ão ao elencode acordos já existentes entre nossos países,integrando o arcabouço indispensável à efe-tiva implementação da cooperação bilate-ral. A par dessa cooperação, a convergênciadas posições brasileira e boliviana em tan-tos aspectos da conjuntura regional e mun-dial configuram base sólida para o estreita-mento de nossos vínculos.

Siderurgia, transportes, agricultura e agro-indústria, ciência e tecnologia, para citarapenas algumas, são áreas particularmentepromissoras para o desenvolvimento dacooperação bilateral, em bases mutuamentevantajosas. O realismo que tem caracteriza-do os diversos contatos de alto nível entrenossos países dá-nos razões para confiar nofuturo.

Senhor Presidente,

Levo comigo grata lembrança da atmosferade cordialidade reinante em nossos encon-tros nestes dois dias. Essa atmosfera refletenão apenas o espírito das relações entre osGovernos, se não também, e especialmente,a simpatia natural entre bolivianos e brasi-leiros.

Parto, assim, com a convicção de que avan-çamos, de forma significativa, na intensifi-cação de nossas relações, o que reverteráem benefício de nossos povos e de toda aAmérica Latina.

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ao deixar santa cruz de Ia sierra,presidente figueiredo saúda aimprensa boliviana

Desejo inicialmente ressaltar o significadodeste encontro com a imprensa boliviana ea oportunidade que me foi concedida deme dirigir aos meios de comunicação social,e, por seu intermédio, à opinião pública.

A imprensa vem desempenhando papel derelevo no processo de evolução históricadeste país. Graças ao seu caráter pioneiro edinâmico e à sua identificação com as gran-des causas, pôde interpretar os anseios dacoletividade e acompanhar, assim, as trans-formações mais significativas da vida na-cional.

Nesta feliz ocasião, quero referir-me, emprimeiro lugar, à atmosfera francamentepositiva e amistosa que encontrei em SantaCruz de La Sierra e que muito contribuiupara o êxito das conversações que mantivecom o Presidente Siles Suazo e com as maisaltas autoridades bolivianas.

Esses encontros serviram para reforçar osentido de continuidade que caracteriza onosso relacionamento e o propósito comum

Saudação do Presidente João Figueiredo àimprensa boliviana, em 9 de fevereiro de 1984, por ocasião

do encerramento de sua visita oficial a Bolívia.

de intensificar e ampliar, em benefício mú-tuo, a cooperação entre os dois países.

Encontrei no Presidente Siles Suazo um in-terlocutor perfeitamente sintonizado comas exigências de seu tempo e com a causada aproximação crescente entre o Brasil e aBolívia.

Estou persuadido de que esses entendimen-tos abrem perspectivas novas e promissoraspara o relacionamento bilateral e para o tra-balho a ser empreendido no objetivo de su-perar as dificuldades da hora presente e rea-firmar a vocação construtiva da colabora-ção brasileiro-boliviana.

Ao deixar Santa Cruz de La Sierra, agrade-ço penhorado a hospitalidade e a calorosaacolhida que o Governo e o povo da Bolíviadispensaram a minha mulher, a minha co-mitiva e a mim próprio. Esse gesto reflete afraterna amizade que nos une e que a vizi-nhança de nossos territórios tem permitidoaprofundar ainda mais, em benefício denossos povos.

declaração conjunta brasil-bolíviaDeclaração Conjunta Brasil—Bolívia,

divulgada em Santa Cruz de La Sierra, em 9 de fevereirode 1984, ao final da visita

do Presidente João Figueiredo aquele País.

Atendendo a convite do Senhor Presidenteda República da Bolívia, Hernán Siles Sua-zo, o Senhor Presidente da República Fede-rativa do Brasil, João Baptista de OliveiraFigueiredo, acompanhado de sua esposa,

Senhora Dulce Maria de Castro Figueiredo,realizou visita oficial à Bolívia (Departa-mento de Santa Cruz), entre os dias 7 e 9de fevereiro de 1984.

O Presidente da República Federativa do

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Brasil esteve acompanhado da seguinte co-mitiva:

— Sua Excelência o Senhor EmbaixadorRamiro Saraiva Guerreiro, Ministro de Esta-do das Relações Exteriores;

— Sua Excelência o Senhor Cloraldino Soa-res Severo, Ministro de Estado dos Trans-portes;

— Sua Excelência o Senhor Amaury Stábi-le, Ministro de Estado da Agricultura;

— Sua Excelência o Senhor General-de-Brigada Rubem Carlos Ludwig, Ministro-Chefe do Gabinete Militar da Presidência daRepública;

— Sua Excelência o Senhor Professor JoãoLeitão de Abreu, Ministro-Chefe do Gabi-nete Civil da Presidência da República;

— Sua Excelência o Senhor General-de-Divi-são Octávio Aguiar de Medeiros, Ministro-Chefe do Serviço Nacional de Informações;

— Sua Excelência o Senhor General-de-Divi-são Danilo Venturini, Ministro Extraordiná-rio para Assuntos Fundiários;

— Sua Excelência o Senhor Senador Octá-vio Cardoso;

— Sua Excelência o Senhor Deputado Fede-ral José Carlos Martinez;

— Sua Excelência o Senhor João Tabajarade Oliveira, Embaixador do Brasil em LaPaz.

Integraram também a Comitiva:

— Sua Excelência o Senhor EmbaixadorPaulo Tarso Flecha de Lima, Chefe do De-partamento de Promoção Comercial doMinistério das Relações Exteriores;

— Sua Excelência o Senhor EmbaixadorJoão Carlos Pessoa Fragoso, Subchefe Espe-

cial do Gabinete Civil da Presidência da Re-pública;

— Sua Excelência o Senhor EmbaixadorSérgio Martins Thompson-Flôres, Chefe doGabinete do Ministério dás Relações Exte-riores;

— Sua Excelência o Senhor EmbaixadorRubens Ricupero, Chefe do Departamentodas Américas do Ministério das RelaçõesExteriores;

— Sua Excelência o Senhor EmbaixadorPaulo Pires do Rio, Chefe do Cerimonial doMinistério das Relações Exteriores;

— Sua Excelência o Senhor EmbaixadorRonaldo Mota Sardenberg, Chefe da Secre-taria Especial de Assuntos Políticos e Eco-nómicos da Área Internacional Bilateral doMinistério das Relações Exteriores;

— Sua Excelência o Senhor EmbaixadorRoberto Abdenur, Coordenador de Assun-tos Económicos e Comerciais do Ministériodas Relações Exteriores.

Na qualidade de Convidados Especiais,acompanharam igualmente o Senhor Presi-dente da República Federativa do Brasil:

— Sua Excelência o Senhor Júlio José deCampos, Governador do Estado de MatoGrosso;

— Sua Excelência o Senhor Nabor Teles daRocha Júnior, Governador do Estado doAcre;

— Sua Excelência o Senhor Wilson BarbosaMartins, Governador do Estado do MatoGrosso do Sul;

— Sua Excelência o Senhor Jorge Teixeirade Oliveira, Governador do Estado de Ron-dônia;

— Sua Excelência o Senhor Senador Albano

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do Prado Franco, Presidente da Confede-ração Nacional da Indústria;

— Sua Excelência o Senhor Shigeaki Ueki,Presidente da PETROBRÁS;

— Sua Excelência o Senhor Henrique Bran-dão Cavalcanti, Presidente da SIDERBRÁS;

— Sua Excelência o Senhor António de Oli-veira Santos, Presidente da ConfederaçãoNacional do Comércio;

— Sua Excelência o Senhor Flávio da CostaBrito, Presidente da Confederação Nacionalda Agricultura; e

— Senhor Hugo Miguel Etchenique.

A visita do Presidente João Baptista de Oli-veira Figueiredo á Bolívia reflete o caráterfranco e positivo das relações brasileiro-bolivianas.

Ambos os Presidentes mantiveram, na opor-tunidade, diversas entrevistas que consti-tuíram ocasião especial para renovar os pro-pósitos de seus respectivos Governos decontinuar a fortalecer o entendimento e aconcórdia que tradicionalmente prevalecemnas relações entre o Brasil e a Bolívia.

Os Presidentes expressaram sua satisfaçãopelo excelente nível das relações bilaterais,tanto no plano político e diplomáticoquanto no económico, e pelas perspectivasalentadoras e promissoras de uma crescentecooperação e complementação económica ede um amplo e fraternal diálogo político.

Destacaram, em especial, a consolidaçãocrescente dos processos democráticos deambos os países, que, ainda que ajustadosàs suas próprias tradições e características,sublinham uma coincidência plena quantoao propósito de estabelecer sólidas demo-cracias representativas, com garantias doexercício dos direitos humanos e políticos,que propiciem uma ativa participação detoda a comunidade na discussão e soluçãodos problemas nacionais.

À luz desse relacionamento bilateral, dinâ-mico e em franca expansão, os dois Presi-dentes examinaram a presente conjunturamundial e latino-americana e verificaramcom satisfação a existência de substanciaiscoincidências em seus pontos de vista.

Os Ministros e altos funcionários bolivianose brasileiros, ademais, efetuaram frutíferasreuniões de trabalho a fim de avaliar o de-senvolvimento da cooperação bilateral nasdiversas áreas.

Ao final das conversações os dois Chefes deEstado acordaram subscrever a presente.

DECLARAÇÃO CONJUNTA

Ressaltaram o direito de todos os Estados àsua plena realização na comunidade mun-dial de acordo com os princípios básicos doDireito Internacional, assim como a deter-minação do Brasil e da Bolívia de conduzi-rem suas relações exteriores em clima depaz, confiança e respeito com vistas a atin-gir as metas prioritárias do bem-estar desuas populações e do desenvolvimento inte-gral, independente e soberano.

Reiteraram a convicção de que a observân-cia dos propósitos e princípios da Carta dasNações Unidas constitui base indispensávelpara alcançar a boa convivência internacio-nal, e ratificaram sua confiança na Organi-zação das Nações Unidas como promotorados objetivos maiores da manutenção dapaz, do fortalecimento da segurança inter-nacional e do desenvolvimento económicoe social dos povos.

De conformidade com tais princípios, reco-nheceram o direito soberano de todos osEstados à livre determinação, rejeitaram to-da forma de intervenção e colonialismo, ereafirmaram que o respeito aos princípiosacima mencionados é condição básica parao desenvolvimento pacífico e harmónicodas relações entre os Estados.

Manifestaram sua profunda preocupaçãocom o agravamento contínuo das tensões

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internacionais, que ameaça seriamente apaz mundial, e resolveram insistir em seuapelo para pôr fim à corrida armamentista,eliminando definitivamente o recurso àameaça ou ao emprego da força para resol-ver os conflitos internacionais.

Acentuaram que o desarmamento geral ecompleto, sobretudo nuclear, sob efetivocontrole internacional é fundamental paragarantir-se uma paz duradoura entre as na-ções, e renovaram seu apoio aos esforçosinternacionais tendentes a alcançá-lo.

Manifestaram a importância que atribuem àparticipação ampla e representativa dos Es-tados no processo decisório internacionalrelativo aos problemas de seu interesse e dacomunidade internacional.

Afirmaram, ainda, que os procedimentos dediálogo e de negociação devem ser a únicabase para que se alcancem níveis de estabili-dade necessários para enfrentar os gravesproblemas mundiais como a fome, o sub-desenvolvimento, o armamentismo e as ten-sões internacionais.

No que diz respeito à situação africana, rei-teraram a firme convicção de seus Governosde que é essencial fazer valer os direitos dopovo da Namíbia à autodeterminação, inde-pendência e dignidade humana, de acordocom as Resoluções pertinentes das NaçõesUnidas. Reiteraram sua rejeição a todas asformas de discriminação racial, em particu-lar o apartheid.

Os dois Presidentes expressaram sua espe-cial preocupação com a situação no Líba-no, onde a destruição de vidas e proprieda-des continua. Foram de opinião de que de-vem ser dadas as condições para que o povodo Líbano, amante da paz, se dedique àstarefas de reconstrução de seu país. Con-cordaram que, para esse f im, seria essencialque todas as tropas estrangeiras fossem reti-radas do território libanês.

Os dois Presidentes examinaram a situaçãodo Oriente Médio e expressaram sua convic-

ção de que uma paz justa e duradoura po-deria ser alcançada na região através da reti-rada de Israel das terras árabes ocupadas.

Os dois Chefes de Estado confirmaram seureconhecimento dos direitos do povo pales-tino à autodeterminação e ao estabeleci-mento de seu próprio país e dos direitos detodos os Estados da região de viverem empaz dentro de fronteiras internacionalmen-te reconhecidas.

Acordaram em que, dado o papel relevantedos países em desenvolvimento na econo-mia internacional, é urgente encaminharadequadamente as questões relativas ao diá-logo Norte—Sul, como etapa importantedos esforços para superar as presentes difi-culdades económicas globais, em benefíciode todos os países, tanto desenvolvidosquanto em desenvolvimento.

Ressaltaram sua preocupação com a persis-tência de acentuados e sérios desequilíbriosentre as nações desenvolvidas e os paísesem desenvolvimento, assim como com a es-tagnação das negociações com vistas à efeti-va implantação de uma nova e mais justaOrdem Económica Internacional, para oque é indispensável contar com a franca edecidida vontade dos países desenvolvidos.

Nesse sentido, assinalaram a importância deque os países industrializados adotem polí-ticas que ajudem a resolver os sérios dese-quilíbrios nos campos do intercâmbio co-mercial, transferência de tecnologia e finan-ciamento para o desenvolvimento, bem co-mo medidas tendentes a eliminar as políti-cas protecionistas lesivas aos interesses dospaíses em desenvolvimento. Assim, destaca-ram a sua preocupação com a atual situaçãoem que se desenvolvem os sistemas monetá-rio e financeiro internacionais e as elevadastaxas de juros que constituem sérios entra-ves ao esforço de progresso dos países emdesenvolvimento. Manifestaram a necessida-de de serem tomadas medidas urgentes noplano internacional, que removam esses gra-ves obstáculos.

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Ressaltaram, ademais, que a comunidadeinternacional deve realizar esforços para autilização racional dos recursos energéticosnão-renováveis, desenvolver ao máximofontes alternativas de energia, e promover ointercâmbio de suas experiências nesse se-tor.

Os dois Presidentes passaram em revista aconjuntura latino-americana e coincidiramem que as necessidades e aspirações daAmérica Latina representam aspecto priori-tário da ação diplomática. Concordaram emque os países latino-americanos deveriamter uma participação crescente na tomadade decisões sobre questões de interesseglobal.

Julgaram benéfico e importante o desenvol-vimento de meios flexíveis e eficazes deconsulta e coordenação entre os países daregião, em regime de igualdade, dentro doespírito de contribuir positivamente paraassegurar bases justas e igualitárias nas rela-ções entre os Estados, em harmonia com astradições e a perspectiva universalista quecaracterizam a atuação diplomática daAmérica Latina.

Expressaram sua oposição a todas as formasde hegemonia, blocos ou eixos na AméricaLatina, indicando que tais padrões de com-portamento são contrários à tradição de in-dependência e autonomia da região. Assina-laram, com satisfação, a existência de reno-vados esforços de cooperação e de integra-ção, assim como a intensificação do diálogopolítico na América Latina.

Sublinharam sua profunda preocupaçãocom a gravidade da crise económica daAmérica Latina e com a situação da econo-mia mundial que provocou séria deteriora-ção dos níveis de vida da população latino-americana, afetando a estabilidade social eo desenvolvimento económico da região.

Assinalaram, com ênfase especial, a cargadesproporcional da dívida externa como fa-tor limitante da recuperação económica daregião e a necessidade imperiosa de aplicar

critérios flexíveis e realistas para sua rene-gociação, incluindo taxas de juros, períodosde carência e prazos compatíveis com osobjetivos de reativação económica, bem co-mo a urgência de facilitar o acesso das ex-portações latino-americanas aos mercadosmundiais, como uma forma efetiva de au-mentar sua capacidade de pagamento.

Coincidiram na importância de fortaleceros mecanismos de cooperação e integraçãosub-regionais e regionais e os instrumentosde complementação bilateral, como meiopara resistir e superar a crise económica.

Nessa ordem de ideias, reiteraram seu apoioàs conclusões da recente Conferência Eco-nómica Latino-Americana, contidas na De-claração e no Plano de Ação de Quito, de13 de janeiro de 1984.

Ressaltaram que o Tratado de Montevidéude 1980, que instituiu a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) é umdos instrumentos adequados para promovera integração regional. Assinalaram, outros-sim, a importância da intensificação da co-operação no Sistema Económico Latino-Americano e em outros foros.

Reiteraram sua adesão ao princípio da solu-ção pacífica das controvérsias, cuja obse-vância por parte dos países latino-america-nos tem sido linha permanente de condutaque caracteriza a ação diplomática da re-gião. Com esse espírito, assinalaram a exis-tência de numerosos instrumentos que, noâmbito regional, contemplam tais procedi-mentos e constituem elemento importantedo património político da América Latina.

Os dois Mandatários manifestaram o perma-nente apoio de seus Governos à Carta daOrganização dos Estados Americanos e res-saltaram a necessidade de prosseguir os es-forços conjuntos para o aperfeiçoamentodos mecanismos da OEA.

Os dois Presidentes examinaram as condi-ções que prevalecem na América Central econcordaram quanto à complexidade e am-

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plitude da crise política, económica e socialexistente na região. Nesse quadro, expressa-ram o propósito de colaborar no sentido deevitar que os problemas centro-americanossejam utilizados como instrumento de con-frontações alheias à área. Reafirmaram,ademais, a convicção de que o processo denegociação conduzido pelo Grupo de Con-tadora representa o melhor caminho para asuperação da crise centro-americana, tendoreiterado a disposição de seus Governos deapoiá-lo nos esforços que envida com vistasa propiciar condições favoráveis ao diálogoe à conciliação e propor fórmulas tendentesa restabelecer a paz e a concórdia naquelaregião, de acordo com os princípios de au-todeterminação e não-intervenção.

Sublinharam, ainda, que um dos ideais lati-no-americanos é o aperfeiçoamento das ins-tituições democráticas e coincidiram emque, no assunto, os dois Governos têm fir-mes compromissos. Nesse contexto, reitera-ram a importância de que sejam respeitadosos direitos fundamentais da pessoa humana,os quais incluem, além dos direitos polí-ticos, os direitos sociais e económicos, ereafirmaram que a vigência desses direitosem cada um dos países em desenvolvimentoseria significativamente facilitada por umaatitude mais positiva por parte das naçõesindustrializadas, no quadro dos esforçosmundiais para a remoção dos obstáculos aodesenvolvimento.

O Presidente Figueiredo, ao evocar o bicen-tenário do nascimento de Simón Bolívar,destacou o alto apreço existente no Brasilpela figura do Libertador. Ambos os Man-datários recordaram que o valor perene daepopeia bolivariana faz que permaneçamtão vivas como quando de sua formulaçãoas exortações de Bolívar à unidade e solida-riedade latino-americanas, condições de va-lidade permanente e de grande atualidadena crítica conjuntura política e económicade nossos dias. Reafirmaram a convicção deque os ideais continentais de união, frater-nidade e justiça, que inspiraram Simón Bo-lívar, constituem, hoje como ontem, o fun-

damento constante da concórdia e do de-senvolvimento na América Latina.

Os dois Presidentes registraram o êxito daXIV Reunião de Chanceleres da Bacia doPrata, realizada em Assunção, em 1o e 2 dedezembro de 1983, e da II Reunião dosMinistros das Relações Exteriores dos Paí-ses-membros do Tratado de CooperaçãoAmazônica, realizada em Santiago de Cali,em 7 e 8 de dezembro de 1983. Renovaramseu apoio à "Declaração de Belém" de 24de outubro de 1980 e às mais recentes deci-sões adotadas como linhas-mestras da co-operação regional amazônica, consubstan-ciadas na "Declaração de Cali", de 8 de de-zembro de 1983. Determinaram que se man-tenha a melhor coordenação na preparaçãoda reunião do Conselho de CooperaçãoAmazônica, a realizar-se na Bolívia, no anoem curso.

Os Presidentes coincidiram na necessidadede prosseguir com os esforços comuns parao aperfeiçoamento dos mecanismos de inte-gração e cooperação sub-regionais, em espe-cial no âmbito dos sistemas amazônico e doPrata, dos quais ambos os países fazemparte.

A esse propósito, os dois Presidentes desta-caram o papel da Bolívia como terra decontatos e gravitações múltiplas ao formarparte dos sistemas amazônico, do Prata eandino, e expressaram sua determinação decontribuir ainda mais à articulação e inte-gração continentais.

Os dois Presidentes ressaltaram o significadodo Memorando de Entendimento entre oBrasil e o Grupo Andino e a importância dediversificar e aprofundar os contatos e ointercâmbio de informações entre ambos.

Os dois Presidentes examinaram detidamen-te o estado das relações entre ambos os paí-ses e suas perspectivas futuras. Manifesta-ram, a respeito, sua satisfação pelo caráterdinâmico e operacional com que estão sen-do levadas a cabo iniciativas concretas decooperação em campos prioritários para o

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desenvolvimento dos dois países. Expressa-ram sua disposição de prosseguir os esfor-ços tendentes a diversificar e ampliar a co-operação bilateral.

Os dois Presidentes ressaltaram a importân-cia da existência de uma vontade política,da parte de ambos os Governos, no sentidoda cooperação mutuamente vantajosa, embenefício dos povos brasileiro e boliviano.Nesse sentido, expressaram o desejo de, nãoobstante as limitações impostas pela con-juntura adversa, diversificar e intensificar acooperação bilateral de forma a potenciali-zar ao máximo os escassos recursos em proldos ideais comuns de prosperidade e desen-volvimento.

Manifestaram sua satisfação pelo nível decontatos mantidos entre os Governos deambos os países durante o ano de 1983, emparticular com as visitas ao Brasil dos Minis-tros das Relações Exteriores, Planejamento,Transportes e Finanças da Bolívia e as reu-niões dos gupos técnicos bilaterais, aosquais foi encomendada a tarefa de exami-nar as possibilidades de cooperação agrope-cuária, siderúrgica e de transportes. Desta-caram com satisfação a renegociação dadívida externa pública da Bolívia com oBrasil, nos termos definidos no Memorandode Entendimento de 18 de outubro de1983, subscrito pelo Ministro da Fazendado Brasil e o Ministro das Relações Exterio-res da Bolívia, e pelo Acordo dos BancosCentrais de 8 de fevereiro de 1984.

Registraram sua satisfação pelos seguintesaspectos favoráveis no âmbito das relaçõesfinanceiras bilaterais:

a) as conversações entre os Bancos Centraisdos dois países para exame da possibilidadede incrementar o limite de crédito técnicoexistente no Convénio de Créditos Recípro-cos;

b) a disposição boliviana de emitir normaslegais que incluam a solução do problemada dívida externa privada tramitada e regis-trada pelo Sistema Bancário do Brasil e da

Bolívia. Neste sentido, os dois países acor-daram em constituir um grupo misto parainventariar, conciliar e qualificar este tipode dívidas em prazo não superior a 90 dias;

c) o compromisso do Banco Central da Bo-lívia de regularizar as obrigações pendentesdo setor público da Bolívia com o Bancodo Brasil - CACEX;

d) o acordo entre os Bancos Centrais paratomar as medidas necessárias com vistas aincluir no Convénio de Créditos Recíprocoso pagamento de operações comerciais futu-ras.

Os Presidentes manifestaram sua decisão dereativar as relações comerciais entre os doispaíses pelo incremento e diversificação dointercâmbio bilateral. Neste sentido, salien-taram a assinatura pelas autoridades finan-ceiras de ambos os países dos instrumentosque põem em execução os mecanismos ope-rativos referentes à utilização dos financia-mentos da CACEX de até cem milhões dedólares acordados pelos Chanceleres doBrasil e da Bolíyia, em outubro de 1983,para a exportação de bens e serviços brasi-leiros, para projetos declarados prioritáriospelo Governo boliviano. Os Presidentesconcordaram em que os projetos para equi-pamentos de reposição no parque ferroviá-rio boliviano, para a construção de diversostrechos rodoviários na Bolívia, para a fábri-ca de álcool em La Paz, o matadouro frigo-rífico em Santa Cruz, o aeroporto de Cobi-ja, insumos e equipamentos para pesquisaagropecuária, silos e centros de abasteci-mento em vários pontos do país, sejam im-plementados com brevidade possível. Am-bos os Mandatários instruíram as autori-dades de ambos os países no sentido de darconsideração prioritária a esses projetos.Outrossim, manifestaram satisfação pela as-sinatura do Ajuste Complementar ao Acor-do de Cooperação Económica e Técnica en-tre o Brasil e a Bolívia, no qual se estabele-cem mecanismos operativos, prioridades bá-sicas e responsabilidades para a implemen-tação de vários projetos específicos de inte-resse comum.

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Com respeito à ligação viária entre ambosos pafses, os presidentes acordaram emapoiar conjuntamente as solicitações de f i -nanciamento ao Banco Interamericano deDesenvolvimento (BID) relativamente aprojetos de interesse mútuo, tais como asrodovias La Paz — Guayaramerin^e La Paz—Cobija em território boliviano e"Porto Ve-lho — Rio Branco, inclusive sua vinculaçãocom as localidades de Guajará-Mirim e Bra-siléia, em território brasileiro.

Outrossim, quanto ao projeto de interco-nexão ferroviária entre Aiquile e SantaCruz de La Sierra, ambos os Presidentesacordaram em que técnicos em assuntosferroviários dos dois países se reunam nasegunda quinzena de março de 1984 na ci-dade de Cochabamba, Bolívia, para estabe-lecerem os termos de factibilidade da reto-mada dos estudos assim como da contribui-ção que ambas as partes possam oferecerpara esse f im, considerando acordos ante-riores vigentes.

Com relação à construção de Puerto Quijar-ro e à dragagem do canal de Tamengo acor-daram, no espírito do Acordo assinado em19 de julho de 1978, encomendarão Grupode Trabalho respectivo, a definição, emuma reunião que se realizará em abril emCorumbá e Puerto Suárez, do alcance dosestudos complementares que sejam necessá-rios para o dimensionamento em detalhedos aspectos hidrográficos, técnicos, econó-micos e financeiros das obras.

Reiteraram seu interesse em aprofundar acooperação no campo da siderurgia, e, aten-dendo a uma solicitação do Governo da Bo-lívia, o Governo do Brasil expressou suavontade e boa disposição de buscar, no pra-zo de 90 dias, formas especiais de coopera-ção técnica, financeira e outras, para a im-plementação do projeto siderúrgico boli-viano.

Os Presidentes manifestaram sua satisfaçãopela conclusão do Ajuste Complementarque viabilizará, no âmbito dos mencionados

financiamentos CACEX, a realização dostrabalhos de consultoria, viabilidade, proje-to final e supervisão das obras da CentralHidroelétrica de Cachuela Esperanza, quefoi declarada prioritária pelo Congresso epelo Governo bolivianos.

Determinaram que os órgãos competentesdos dois países realizem estudos das alter-nativas de obtenção de créditos de institui-ções financeiras multilaterais, como porexemplo o BIRD, o BID e o FONPLATA,para a execução de projetos relevantes deinteresse comum. Com esse objetivo, osdois países realizarão gestões conjuntas.

O Presidente do Brasil manifestou satisfa-ção pelo fato de que a construção da im-portante rodovia Chimoré—Yapacaní, queconta com financiamento do BID e que me-lhorará substancialmente as comunicaçõesentre as partes oriental e ocidental da Bolí-via, tenha sido adjudicada a uma empresabrasileira através de concorrência públicainternacional.

Expressaram seu interesse no incrementodas exportações bolivianas para o Brasil,com o objetivo de favorecer o equilíbrio dabalança comercial entre ambos os países efacilitar as operações de interesse recíprococom compensação de pagamentos que ele-vem os níveis de intercâmbio e reduzam autilização de divisas conversíveis nas transa-ções recíprocas. Para tanto, instruíram aComissão Geral de Coordenação Brasilei-ro—Boliviana no sentido de adotar medidasvisando a esse objetivo no ano em curso. Desua parte, o Governo do Brasil organizaráprogramas de visitas de empresários e ex-portadores com o objetivo de incentivar ofluxo comercial, inclusive mediante proje-tos de formação de pessoal e intercâmbiode mercado.

Anunciaram a firme vontade de reativar,por parte dos organismos técnicos e finan-ceiros de ambos os países, os trabalhos doFundo de Desenvolvimento da zona de in-fluência da ferrovia Corumbá—Santa Cruz.

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Os Presidentes do Brasil e da Bolívia ressal-taram os acordos alcançados dentro do es-pírito da cooperação técnica e intercâmbioobtidos através dos seguintes acordos e en-tendimentos:

a) a assinatura do Ajuste Complementar aoAcordo Básico de Cooperação Técnica eCientífica referente à Cooperação e Assis-tência Técnica para o melhoramento daprodução, processamento e comercializaçãoda borracha que estabelece as bases de ummaior intercâmbio de experiência, pessoal,tecnologia, informação e equipamento', or-ganizando seminários, cursos, bolsas e alo-cando recursos para ações específicas;

b) a assinatura do Ajuste Complementar aoAcordo Básico de Cooperação Técnica eCientífica de Cooperação no campo agrope-cuário e agroindustriai, que cria um Grupode Trabalho para desenvolver programasnas áreas de irrigação e drenagem, formaçãode cooperativas, capacitação em diferentesníveis e modalidades e assistência e equipa-mento para estações experimentais;

c) a assinatura de um Ajuste Complementarao Acordo Básico de Cooperação Técnica eCientífica no campo da Saúde, tendo comoentidades executoras o Ministério da Saúdedo Brasil — Fundação Instituto OswaldoCruz (FIOCRUZ), e o Ministério da Previ-dência Social e Saúde Pública da Bolívia,com ênfase em um programa de cooperaçãohorizontal, visando à pesquisa, o aperfei-çoamento de recursos humanos e ao estabe-lecimento de um centro de documentaçãona área de saúde;

d) a assinatura do Ajuste Complementar aoAcordo Básico de Cooperação Técnica eCientífica entre o Governo da RepúblicaFederativa do Brasil e o Governo da Repú-blica da Bolívia que prevê a intensificaçãoda cooperação científica e tecnológica en-tre o Brasil e a Bolívia, bem como a organi-zação de intercâmbio entre os dois paísesnesse campo com base no Artigo I do Acor-do Básico de Cooperação Técnica e Cientí-

fica celebrado entre os dois Governos, em10 de julho de 1973;

e) a assinatura do Acordo Geral de Coope-ração em matéria de siderurgia entre a Sl-DERSA (Empresa Siderúrgica BolivianaS.A.) e a SIDERBRÁS (Siderurgia Brasilei-ra S.A.) que estabelece meios, mecanismose procedimentos em relação ao referido as-sunto, com vistas a canalizar interesses con-vergentes e a estimular intercâmbio de tipotecnológico, científico, comercial, de servi-ços ou de recursos humanos entre as partes;

f) a assinatura do Convénio mediante oqual a Universidade de São Paulo ea Funda-ção para o Desenvolvimento Tecnológicoda Engenharia (FDTE), dependente da mes-ma, comprometem seus serviços a entidadesbolivianas, autorizando o Governo da Bolí-via a contratar diretamente com a FDTEprojetos e assessorias de conteúdo tecnoló-gico;

g) a intenção de manter, por intermédiodos organismos e entidades competentesdos dois países, um intercâmbio de crité-rios, informações e assessorias sobre os te-mas atuais da economia, particularmente,inflação, indexação, dívida e aspectos mo-netários;

h) a intenção de analisar conjuntamente,através de seus respectivos Ministérios dasMinas, a assinatura de um Convénio de Co-operação e Assistência Técnica em áreas es-pecíficas que, entre outras, compreenderiaa prospecção, exploração, produção, bene-ficiamento, metalurgia e comercializaçãodos minerais e metais produzidos nos doispaíses, particularmente do estanho, ouro epedras preciosas, para o qual, no prazo de90 dias, ambos os Governos iniciarão con-versações a nível técnico;

i) a intenção de promover o intercâmbio deexperiência e informações com relação àadministração e operação de Aeroportos,particularmente tendentes à ativação doAeroporto de Viru-Viru.

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Acordaram constituir um Grupo de Traba-lho sobre Cooperação regional-fronteiriça,com a finalidade de fomentar o intercâm-bio económico, cultural e social, recomen-dar ações específicas de cooperação regio-nal-fronteiriça de interesse mútuo e asses-sorar ambos os Governos, na execução deuma pol ítica ativa dê colaboração de interes-se recíproco, em âmbito regional e frontei-riço. O mencionado grupo contará tambémcom a participação de autoridades estaduaise departamentais e de representantes de or-ganismos oficiais e entidades, tanto regio-nais como locais.

O Presidente da Bolívia manifestou a deci-são de seu Governo de impulsionar uma po-lítica integral no campo energético, buscan-do a transformação e a substituição dos re-cursos naturais não-renováveis por renová-veis.

Nesse contexto, os dois Presidentes reafir-maram a vontade política de ambos os Go-vernos de executar o Acordo de Coopera-ção e Complementação Industrial de maiode 1974 e o Acordo Complementar deagosto de 1977, com as adequações neces-sárias às circunstâncias atuais.

Salientaram igualmente o progresso dos tra-balhos técnicos realizados para a pesquisa edesenvolvimento dos campos de gás da Bo-lívia, o estudo económico e de engenhariado gasoduto Santa Cruz — São Paulo e acertificação das reservas de gás natural, as-sim como os avanços no exame técnico-econômico do programa siderúrgico boli-viano, da planta de fertilizantes e de cimen-to, assim como os projetos petroquímicos.

Nesse contexto, acordaram que comissõesdos dois países continuem as negociações,incluindo ademais as seguintes diretrizes:

Gás: iniciar a exportação de gás naturalpara o Brasil com o volume estipulado em1974, incrementando-se de comum acordoaté o volume estabelecido em 1978.

Hidreletricidade: com vistas a incrementar

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os fluxos de comércio recíproco resultantesdo suplemento do gás e materializar a polí-tica energética boliviana, o Brasil participa-rá, com condições competitivas a nível in-ternacional, na construção de centrais hi-drelétricas e projetos de aproveitamentomúltiplo na Bolívia, de acordo com o cro-nograma do Plano Integral de Desenvolvi-mento Energético boliviano, que inclui osprojetos de Cachuela Esperanza, Sakha-huaya, Misicuni, Icla-Villamontes — Sacha-pera e Rositas.

A Bolívia criará um fundo de desenvolvi-mento hidrelétrico com mecanismos especí-ficos que garantam uma utilização eficientedestes recursos.

Finalmente, os Presidentes instruíram osórgãos competentes de ambos os países pa-ra que, com a possível brevidade, se reali-zem as negociações que permitam dispordos instrumentos para implementar o gaso-duto Santa Cruz — São Paulo e os outrosprojetos, de forma coordenada e gradual.

Registraram sua satisfação pelo incrementodas relações comerciais entre PETROBRÁSe YPFB, que se traduzirá, inclusive, peloaumento das exportações bolivianas deGLP para o Brasil, do montante de 40.000toneladas/áno em 1984 a 100.000 tonela-das/ano em 1985, bem como pelo iníciodas negociações para a compra pela PE-TROBRÁS de gasolina de aviação produzi-da pela YPFB.

O Presidente da Bolívia expôs ao Presidentedo Brasil os princípios que orientam suapolítica para encontrar soluções amistosas eeficazes para o enclausuramento geográficoque afeta seu país. O Presidente Figueiredoratificou, com respeito ao que lhe disse oPrimeiro Mandatário boliviano, a posiçãodo Brasil de confiar em que se encontreuma solução pacífica, amistosa e satisfató-ria para a questão.

Nesse sentido, o Presidente do Brasil men-cionou a simpatia com que seu país apro-vou, juntamente com os demais membros

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da OEA, a última resolução sobre o assuntona XIII Assembleia Geral da Organização.

O Presidente do Brasil reafirmou o propósi-to de seu Governo no sentido de colaborarefetivamente com a Bolívia, com vistas afacilitar seu acesso a portos brasileiros noAtlântico, inclusive através da implemen-tação do oferecimento de livre trânsito peloterritório brasileiro, do aperfeiçoamento dainfra-estrutura de conexão das redes viárias,e das facilidades concedidas à saída dosprodutos bolivianos de exportação.

Os dois Presidentes concordaram em que asrespectivas Chancelarias manterão consultasregulares sobre temas de atualidade, tantono plano bilateral, quanto no regional emundial.

Os Presidentes do Brasil e da Bolívia, emespecial, manifestaram sua satisfação com arealização da presente visita, na medida emque, através do diálogo franco e constru-tivo, possibilitou um estreitamento ainda

maior de vínculos já existentes entre osdois países, abrindo também novas perspec-tivas para o desenvolvimento de iniciativase ações de interesse recíproco.

Ao término de sua visita, o Presidente JoãoBaptista de Oliveira Figueiredo destacou aimportância das conversações mantidascom o Presidente Hernán Si les Suazo e suasatisfação pela atmosfera fraterna e cordialem que se desenvolveram. Agradeceu viva-mente ao Chefe de Estado, ao Governo e aopovo bolivianos a generosa hospitalidadeque lhe foi dispensada e que é a expressãoda inalterada amizade que une o Brasil e aBolívia.

O Presidente João Baptista de Oliveira Fi-gueiredo formulou ao Presidente Hernán Si-les Suazo convite para visitar oficialmente oBrasil em data a ser acordada mutuamente,convite que o Mandatário boliviano aceitoucom grande satisfação.

Santa Cruz de La Sierra, em 9 de fevereirode 1984.*

Na sepão Tratados, Acordos, Convénios, página 135, os textos dos Atos Bilaterais entre Brasil e Bolívia, assinadospor ocasião da visita do Presidente Figueiredo àquele País; na seção Mensagens, página 155, o texto da mensagem doPresidente Figueiredo ao Presidente Hernán Siles Suazo, logo após deixar o espaço aéreo boliviano.

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em brasília, o presidente douruguai gregório álvarez

DISCURSO DO PRESIDENTEJOÃO FIGUEIREDO

Senhor Presidente,

É com especial satisfação que recebemosVossa Excelência e seus ilustres acompa-nhantes. Sua presença entre nós realça ossentimentos fraternos de estima e admira-ção que o Brasil dedica à República Orien-tal do Uruguai.Seu país sempre deu importantes contribui-ções ao diálogo e à compreensão entre asnações. Como o povo brasileiro, o uruguaioacredita que o aprofundamento do conheci-mento mútuo é o caminho para a harmoniae o progresso da comunidade internacional.Na pessoa de Vossa Excelência, acolhemoso Chefe de Estado cuja vida pessoal e pro-fissional, assim como as altas funções quetem desempenhado, refletem capacidade eexperiência que asseguram o proveito dasnossas conversações.

Senhor Presidente,

Vossa Excelência nos visita quando a agudacrise mundial põe em evidência o acerto doconstante processo de aproximação brasilei-

Discursos dos Presidentes do Brasil, João Figueiredo,e do Uruguai, Gregório C. Álvarez, no Palácio do

Itamaraty, em Brasília, em 27 de fevereirode 1984, por ocasião de banquete oferecido pelo

Presidente brasileiro ao Presidente Uruguaio.

ro-uruguaio. Este encontro possibilita nãoapenas dialogar no mais alto nível sobre te-mas de interesse bilateral, continental emundial, como também, e sobretudo, tra-balhar na busca de ações comuns entre osdois países, que possam concorrer para mi-tigar as dificuldades por que passam nossaseconomias.

Fatores negativos dominam o panoramaatual. É verdade que começa a esboçar-semovimento de reativação da economia dospaíses industrializados. Essa tendência, po-rém, é ameaçada pela persistência de dese-quilíbrios nas finanças públicas, no comér-cio e no câmbio, que alimentam dúvidassobre a durabilidade da recuperação.

Enquanto isso, o mundo em desenvol-vimento suporta o peso da crise, sofre aperda de expectativas e a ameaça de des-truição de estrutura produtiva construídacom sacrifício ao longo dos anos. Nas socie-dades menos desenvolvidas o custo social éainda exacerbado pela pobreza tradicional epela crescente pressão demográfica sobre omercado de trabalho.

Não pode o exame das razões da crise mun-

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dial ficar restrito a visões dogmáticas e uni-laterais, mas terá de ser objeto de diálogoamplo, intenso e desprovido de inibições oupreconceitos. Estou seguro de que a respon-sabilidade pela busca de soluções e pela im-plementação de medidas corretivas cabe atodos os países. Contudo, se essa responsa-bilidade é universal, os sacrifícios para su-perar a crise deverão repartir-se segundo acapacidade de cada país.

Se algo há de positivo na crise atual, é oaprofundamento da consciência de que paí-ses industrializados e em desenvolvimentopartilham de um destino comum. No entan-to, esse fato não se traduziu ainda em mo-dificações de caráter institucional que con-sagrem o novo ordenamento que almejanos.

Assim, se a contribuição dos industrializa-dos terá de assumir a forma de aceitação demudanças estruturais, para benefício geral,cabe a nós, conforme tive a oportunidadede manifestar nas Nações Unidas, demons-trar plenamente nossa capacidade de bus-car, com serenidade e espírito construtivo,o encaminhamento de nossas postulações.

Senhor Presidente,

Aproximados pela geografia, pela história epela cultura, com tantos aspectos comuns,nossos países revelam naturais e marcantesafinidades.

A extensa fronteira que compartilhamosconstitui um traço de união entre dois po-vos cujos contatos ultrapassam o mero ri-tual quotidiano da boa vizinhança. Entrenossas populações multiplicam-se os laçosde sangue e as relações humanas, consoli-dando sentimentos indissolúveis de afeto esolidariedade.

Nas ocasiões em que vivi em regiões próxi-mas da fronteira, tive a satisfação de teste-munhar a cordialidade com que se desen-volvem os contatos de toda ordem entre osnacionais de um e outro país e a convivên-cia amena e fraterna entre brasileiros e uru-guaios. Esse congraçamento permanente se

manifesta nas estreitas relações entre os ha-bitantes das cidades gémeas de nossa fron-teira.

A consciência dos interesses e destinos co-muns está amplamente disseminada nos di-ferentes setores da sociedade brasileira, aqual sempre dedicou à Nação uruguaia par-ticular simpatia e admiração.

A trajetória positiva da convivência entre oBrasil e o Uruguai foi certamente fruto dasabedoria com que nossos maiores soube-ram palmilhar os caminhos seguros de umaaproximação crescente.

Baseados na tradição de seus contatos bila-terais, o Brasil e o Uruguai forjaram vastoarcabouço jurídico, apto a fortalecer o seurelacionamento nos mais variados campos.

Entre os principais marcos desse notávelacerto, sobressaem instrumentos como oTratado de Amizade, Cooperação e Comér-cio, o Tratado de Cooperação para o Apro-veitamento de Recursos Naturais e o Desen-volvimento da Bacia da Lagoa Mirim e oProtocolo de Expansão Comercial.

O Tratado de Amizade abre horizontes pro-missores a orientarem nossos Governos eseus preceitos mantêm plena validade.

Concluído de acordo com o espírito doTratado de Amizade, o Tratado da LagoaMirim destina-se a promover o desenvolvi-mento económico e social de uma área quecobre extensa parte da nossa fronteira co-mum, a qual nossos Governos têm dirigidoespecial atenção. Além de refletir a impor-tância que ambos os países conferem a umprocesso de cooperação iniciado há cercade duas décadas, esse acordo refere-se a re-gião que, graças à visão e às iniciativas denossos estadistas, entre os quais o Barão doRio Branco, patrono desta Casa, simbolizao clima de exemplar entendimento entre oBrasil e o Uruguai.

De particular significado é também o Proto-

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colo de Expansão Comercial. Bem demons-tra a atenção dedicada por nossas autorida-des a esse instrumento o constante aperfei-çoamento de sua implementação e suaadaptação às circunstâncias. Estamos asso-ciados para explorar a fundo as possibili-dades de expansão de um intercâmbio co-mercial mutuamente vantajoso.

Nossos esforços em prol da máxima utiliza-ção de oportunidades de cooperação mútuaassumem particular relevo em face das difi-culdades económicas que ambos os paísesatravessam. Buscar a ampliação e o apro-fundamento dos pontos de contato entrenossos países é condição básica para que anossa atuação exterior, seja no plano bilate-ral, seja na esfera muitilateral, adquiramaior eficácia. Representa, ademais, contri-buição positiva nos contextos da integraçãoregional e da participação da América Lati-na em foros internacionais.

Senhor presidente,

O quadro jurídico do relacionamento brasi-leiro-uruguaio e os expressivos anseios deaproximação bilateral norteiam as conversa-ções com Vossa Excelência.

É relevante efetuar balanço do que nossospaíses já realizaram nesse âmbito e das pers-pectivas à nossa frente.

Essa tarefa exige a consciência de que nos-sos problemas são similares e de que, jun-tos, podemos aumentar as possibilidades desoluções adequadas. Nosso relacionamentodeve desenvolver-se no espírito de coopera-ção entre nações que se estimam e respei-tam, dentro de parâmetros de igualdade ebenefícios recíprocos.

Senhor Presidente,

Com a certeza de que muito já se fez entreo Brasil e o Uruguai, e do que ainda maisserá feito, convido todos os presentes a co-migo brindarem à prosperidade da nobrenação uruguaia, á constância das fraternasrelações brasileiro-uruguaias e à saúde e feli-

cidade pessoal de Suas Excelências o Presi-dente da República Oriental do Uruguai eSenhora Gregorio Álvarez.

Muito obrigado.

DISCURSO DO PRESIDENTEGREGORIO ÁLVAREZ

Senor Presidente:

Agradezco vivamente Ias expresiones verti-das por Vuestra Excelência que traducen Iacalurosa y fraterna acogida de que hemossido objeto desde nuestro arribo a esta her-mosa tierra.

Esas demonstraciones, ai tiempo que evi-dencian vuestro generoso espíritu, renuevanmi convicción sobre Ia fortaleza y profundi-dad de los sentimientos de amistad queunem a nuestros pueblos.

Brasília nos brinda generosamente el marcoideal para este encuentro, pues significa nosolo un alarde de imaginación plasmado ensu arquitectura deslumbrante, sino funda-mentalmente una muestra de creatividad ytemple de este pueblo, que en un acto desublime esfuerzo erigió su capital, símbolode su própria grandeza, proyectandose ha-cía ese enorme horizonte de progreso y fel i-cidad por el que Vuestra Excelência vela.

Tengo Ia seguridad de que nuestro encuen-tro ha de contribuir para fortalecer y dina-mizar aun más Ias relaciones entre Brasil yUruguay, que se verán beneficiadas por unamejor comprensión de nuestras necesidadesy aspiraciones y una mayor vinculación en-tre ambas naciones.

Comprensión y vinculación, Senor Presi-dente, sin Ias cuales no podremos materiali-zar totalmente los objetivos comúnes deuna más amplia cooperación e integración,cimentadas en el diálogo sincero y los valo-res compartidos, que hán determinado unafranca, leal y estrecha colaboración.

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Esos valores, adquiren renovada importân-cia en Ia actual coyuntura internacional, ca-racterizada por un preocupante aumento deIas tensiones políticas y por una profundacrisis económico-financiera, que ponen enpeligro Ia paz y seguridad de Ia humanidad.

Nos alarma particularmente, el camino quetransita Ia relación Este-Oeste, y que estariadeterminando el retorno a Ias tensiones deIa guerra fria, peligrosamente acompanadapor el incremento dei potencial bélico, sien-do asimismo motivo de nuestros desvelospara que América no sea escenário de Iasconsecuéncias que esos enfrentamientospuedan proyectar.

Nada más repudiado por nuestra conciénciaque e! flagelo de Ia violência, — en sus for-mas de guerras convencional, psicológica eterrorismo —, que apartaria a nuestro conti-nente dei futuro de progreso y realizacionespor el que tanto lucharon nuestros antepa-sados ilustres y por el que realizamos nues-tros mejores esfuerzos para lograr Ia felici-dad de nuestros pueblos y Ia consolidaciónde Ia libertad y democracia, causas a Ias quejamás renunciaremos.

En este contexto no podremos dejar demencionar Ia situación que afecta Ia Améri-ca Central y el Caribe, sobre Ia cual mi pais,en los correspondientes foros intemacio-nales, ha dado a conocer en forma clara suposición.

Asi, fiel a su invariable vocación pacifista,el Uruguay ha otorgado su apoyo a todasIas propuestas dirigidas a soluciones pacífi-cas, destacandose Ias intensas gestiones rea-lizadas por el Grupo de Contadora, ai quenuestro país, ai igual que Brasil, ha brinda-do su pleno respaldo.

Se que Su Excelência, con los dotes de esta-dista que le caracterizan, coincidirá en queestas situaciones conforman de por si unreto a nuestra acción exigiendonos cada diamás, el mejor empeno y Ia mayor voluntad.

Ante un desafio de tal magnitud, el Uru-

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guay renueva su profunda y permanenteconvicción de que solamente, mediante Iaaplicación irrestricta de los princípios deiderecho internacional, se podrá construirun mundo en el que Ias tensiones y conflic-tos sean desplazados por una convivênciabasada en Ia armonía y cooperación entreIas naciones.

Al referido enfrentamiento ideológico, sesuperponen Ias crecientes dificultades deidiálogo Norte-Sur, en el que se conformaun retroceso que evidencia Ia falta de com-prensión y voluntad política de los paísesindustrializados para cooperar positiva-mente en Ia busqueda de un nuevo ordeneconómico internacional.

Ese retroceso es de por si un elocuente tes-tigo de Ia necesidad de fortalecer los meca-nismos de cooperación multilateral, adáp-tandolos a Ia nueva realidad económica in-ternacional.

Asistimos con preocupación a un procesode acentuación dei desequilíbrio entre paí-ses desarrollados y en vias de desarrollo,donde los últimos deben cargar con unamayor porción de injusticia, ai no ser res-ponsables por una crisis que no obstante lesafecta de manera significativa y ante Ia queno cuentan con los mecanismos y médiosaptos para enfrentaria.

Nuestros países deben soportar los efectosnegativos dei sistema económico internacio-nal vigente, puestos claramente de manif ies-to en Ia actual coyuntura, donde Ias condi-ciones de sus deudas externas, el proteccio-nismo practicado por los países desarrol-lados, el deterioro de los términos dei inter-câmbio, Ias limitaciones drásticas ai finan-ciamiento para el desarrollo y Ia transferen-cia de tecnologías, así como Ias altas tasasde interés que rigen el mercado financierointernacional, son una pesada carga que in-cide dramaticamente en el bienestar socialde los pueblos contrariando los objetivospermanentes de sus gobiernos y, porque no,en muchos casos fueron causa premeditadade Ia inestabilidad política de su vida insti-

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tucional como forma neocolonialista demantener el privilégio de fijar los precios deIo que compran y Io venden.

Los resultados financieros de esta anacróni-ca situación, son sin duda Ia injusta contri-bución de nuestros pueblos a mantener elalto Standard de vida de muchos países cali-ficados como altamente industrializados.

Los países en desarrollo, conscientes de estarealidad, hán continuado realizando pro-puestas, aguardando Ia adopción por partedei mundo industrializado de Ias solucionesglobales y de fondo capaces de sortear Iaprofunda crisis que vivimos.

En ese empeno, hemos podido comprobarque tanto de Ias reuniones de Cancún y Mi-nisterial dei GATT, así como de Ia SextaUNCTAD, no emanaron los resultados ane-lados, frustandose una vez más Ias expecta-tivas y legítimas aspiraciones dei mundo endesarrollo.

Sin embargo, no podemos dejar que Ia pasi-vidad derivada dei desaliento nos limite enIa exploración de nuevos caminos, puespostergaríamos el inalienable derecho denuestros pueblos a su destino de grandeza yestabilidad.

Aún reconociendo que esta tarea cabe a to-dos los miembros de Ia comunidad de paí-ses con aspiraciones de progreso, es impre-cindible que los países desarrollados acep-ten Ia responsabilidad que les cabe en fun-ción de su própio potencial e interés polí-tico, ya que inevitablemente, también suprogreso y estabilidad dependen en definiti-va dei bienestar económico y social denuestros pa íses.

Nuestra America no puede ni debe perma-necer de espaldas a este desafio, no soloporque significaria una traición a los ideaiesde nuestras progénies, que sonaron con unfuturo de prosperidad para este continente,sino porque dejaríamos de lado, con toda Iaresponsabilidad que ello impone, Ias espe-ranzas y aspiraciones de nuestros pueblos

ante los que estamos hondamente compro-metidos.

En Ia reciente historia de América están re-gistrados esos esfuerzos que hán quedadoplasmados en Ia creación de multiples me-canismos de integración y cooperación.

Ese vasto marco institucional, que refleja Iacreatividad de nuestros países, no basta depor si para viabilizar Ias respuestas quenuestras actuales necesidades exigen. Es im-prescindible dotarlo de respaldo políticoconcertado ai más alto nível, sin el cual, —Ia experiência así nos Io ha demostrado -carece de eficácia, quedando relegado a Iamera elaboración de una nómina de aspira-ciones, sin posibilidades de concretarse enrealidades operativas.

Ejemplifica Io antedicho, Ia acentuada dis-minución dei intercâmbio comercial intra-zonal, que no obstante contar con un ins-trumento como ALADI , reformulado en1980 después de 20 anos de experiência, noha logrado aún materializar los objetivos enque se fundamenta su própria creación.

Las naciones americanas conscientes de Iarealidad de Ia hora, assumieron en SantoDomingo el compromiso de aunar "sus vo-luntades políticas a fin de impulsar accio-nes y procedimientos que requiren el es-fuerzo conjunto ante Ia grave crisis econó-mica regional e internacional".

Aquél compromiso, tuvo su primera res-puesta en Ia Conferencia Económica Lati-noamericana celebrada en Quito, dondeadernas de reiterar Ia hermandad y solidari-dad de nuestros pueblos, ratifica nuestraunidad ante Ia adversidad y nuestro respetoai derecho soberano de todas las nacionesde Ia región a transitar en paz y en libertad,exentos de todo tipo de intervención ex-tranjera, sus própios caminos en los âmbi-tos económicos, social y político.

Con tal fin fué que se decidió reforzar Iaintegración entre nuestros países, encaran-dola en base a medidas compartidas que

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buscan conseguir mejores condiciones derefinanciamiento de Ia deuda externa, im-pulsando paralelamente el comércio intrar-regional, el incremento de los organismosde cooperación energética y todas aquellasacciones que nos permitan, no solo re-impulsar el desarrollo, sino fortalecer a unmismo tiempo Ia capacidad de respuesta deIa región.

Debemos concertadamente, tener Ia convic-ción y Ia facultad de convencer que Ia solu-ción a esta angustiante ecuación tiene trans-cendência mundial. Solamente sacrificandolos extremos de Ias exigências de Ias partesen pugna y con Ia cooperación entre Iasmismas, para minimizar los factores de irri-tación y dinamizar el potencial ocioso ori-entandolo a mercados receptivos, podremosdar una primera y justa respuesta ai peli-groso estancamiento que vivimos.

Senor Presidente:

Esta visita, que por si refleja el excelentenivel de nuestra relación bilateral, cimenta-da en Ia robustez de los tradicionales lazosque nos unem, propicia una pronta y nuevaoportunidad de reencuentro en Uruguay,para revitalizar el ejercício incansable deientendimiento y dei diálogo.

Brasil y Uruguay no están unidos solamentepor Ias condicionantes geográficas que de-terminam su vecindad, ni por sus propiashistórias forjadas en episódios comúnes, si-no también por los profundos sentimientosde hermandad, originados en los valoresesenciales que conforman una misma con-cepción dei mundo y de Ia vida.

Esos valores, trasladados a nuestras polí-ticas exteriores, determinan Ia semejanza deprincípios que Ias guian, caracterizadas poruna convivência internacional fundada enLa Paz, el respeto a Ia igualdad de los esta-dos, Ia no intervención en sus asuntos inter-nos y Ia autodeterminación, así como en elrechazo a toda forma de hegemonia y a to-da pretensión de liderazgo.

El Io se ve traducido en nuestra relación bi-lateral que es un ejemplo de esfuerzos reno-vados para consolidar una armónica coope-ración, basada en una nutrida estructuranormativa que abarque practicamente to-dos sus campos, particularmente eviden-ciada en los acuerdos celebrados en Ia ciu-dad de Rivera el 12 de junio de 1975, entrelos que se destaca por su relevância el Tra-tado de Amistad, Cooperación y Comércio.Dicho instrumento, donde se ve plasmadoel profundo grado de entendimiento quepueden alcanzar nuestras dos naciones todavez que se Io propongan, se puede ver com-plementado y reafirmado asimismo, por Iaracionalización y adecuación dei protocolode expansión comercial, peldano funda-mental en nuestra relación de intercâmbio.

Los diferentes grados de significación quepara cada uno de nuestros países tiene, enfunción de Ias dimensiones de sus econo-mias, el intercâmbio comercial bilateral, nodebe Ilevar a desconocer que diversos facto-res hacen que ambos sean mercados natura-les para una vasta gama de bienes y serví-cios, Io que torna aún en estrictos términosde mutuo beneficio, dei mayor interés deIas partes en incremento de Ia corriente co-mercial.

No podremos desconocer, Sehor Presidente,que Ia realidad política y económica inter-nacional, con sus reflejos a nivel regional einterno, nos determina a mantener una pro-funda y permanente evaluación de todanuestra relación comercial y de los instru-mentos por Io que se canaliza.

Así, reiteramos de fundamental importân-cia actualizar el protocolo de expansión co-mercial, instrumento este que deberia ser elprincipal vehiculo canalizador de nuestroflujo comercial y que ha cumplido solo par-cialmente sus objetivos de agente dinamiza-dor.

Inevitablemente Ias circunstancias nos hánimpuesto hoy, dar prioridad ai campo eco-nómico.

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No esta en nuestra voluntad desconocer Iasáreas que componen el rico universo de unarelación compleja, madura y fecunda comoIa nuestra. Por eso, me anima Ia certeza queeste encuentro no alcanzará sus limites enesa urgente problemática, sino que servirátambién para tonificar y dinamizar aún másIa asistencia técnica, el intercâmbio culturaly científico, Ia capacitación de nuestros re-cursos humanos, en una palavra, Seííor Pre-sidente, continuar ampliando el vasto hori-zonte de Ia cooperación entre nuestros pue-blos y gobiernos, sin Ia cual resultaria esté-ril todo esfuerzo para lograr respuestas ade-cuadas a presentes y futuros desafios.

No alentamos falsas ilusiones de que estatarea sea fácil, Ia sabemos compleja y ár-dua, requiriendo permanentemente unaacción dedicada y realista empero, sabemostambién que el aval dado por Ia creatividad,alto espíritu de sacrifício y profundo senti-miento nacional que caracterizan a nuestrospueblos, nos colocan a Ia altura de ese reto.

Brasil y Uruguay desde sus origénes supie-ron convivir en Ia aventura fascinante deIa história de Ia América, y así, con profun-da vocación americanista, supieron plantar,cuidar y tutelar el crecimiento enhiesto deese frondoso arbol que es hoy nuestra rela-ción.

Solidamente enraizado en el suelo fértil denuestro pasado histórico y el desarrollo desus potenciales humanos, materiales e inte-lectuales, sua ramas plenas de vida se nu-tren de Ia savia siempre renovada dei diálo-go franco y solidária colaboración, prote»giendo con sombra serena el invariablecompromiso entre nuestros pafses.

Imbuído por los sentimientos de amistad yfraterna admiracion que signan mi visita aeste pais, invito a los presentes a que meacompanen en un brindis por un futurode grandeza para Ia nacion brasilena, y porIa salud y ventura personal de VuestraExcelência y Senora de Figueiredo.

presidente figueiredo: brasil e uruguaimantêm relacionamento intensoe fraterno

Senhor Presidente Gregorio Álvarez,

Sensibiliza-me de maneira especial esta ho-menagem de Vossa Excelência, recebida,sobretudo, como um gesto de amizade daRepública Oriental do Uruguai para com oBrasil.

A presença de Vossa Excelência entre nósconstituiu passe importante no estreita-mento dos laços entre nossos povos tradi-cionalmente unidos em torno dos valoresda cooperação mútua e da boa vonvivência.Com efeito, o Brasil e o Uruguai mantêmhá longo tempo, relacionamento intenso e

Discurso do Presidente João Figueiredo, no Clube Navalde Brasília, em 28 de fevereiro de 1984, por ocasião de jantar

que lhe foi oferecido pelo Presidente do Uruguai,Gregorio C. Álvarez.

fraterno, pautado pela franqueza e com-preensão recíprocas.

A visita de Vossa Excelência a Brasília con-figura relevante marco em nossas relações.Nossos Governos coincidem na convicçãode que somente as modalidades de entendi-mento e colaboração que levem em contaas especificidades nacionais e não atentemcontra o princípio do respeito mútuo entreos Estados serão capazes de enfrentar comêxito os efeitos adversos da crise interna-cional que ora vivemos. No curso de nossasconversações, estivemos de acordo em su-blinhar pontos importantes. Coincidimos

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em que é na manutenção de um espíritoaberto ao diálogo e a iniciativas de benefí-cio comum, que os Governos dos diversospaíses estarão em condições de alcançarseus mais lídimos objetivos: no plano polí-tico, preservar a paz em meio ao perigosoclima de tensão hoje reinante; no terrenoeconómico, lançar os alicerces para a edifi-cação de uma nova ordem internacional embases mais justas e equitativas.

Senhor Presidente,

A estada de Vossa Excelência no Brasil nostem possibilitado passar em revista a amplagama de temas relativos ao relacionamentobilateral. Desejo ressaltar as potencial idadesabertas à intensificação das relações brasi-leiro-uruguaias. Dispomos de vasto arcabou-ço jurídico que nos oferece variados e ricoscaminhos. O pleno desenvolvimento dos t i -pos de cooperação nele previstos adquire

caráter especial em virtude do momentocrítico por que passam atualmente as eco-nomias de nossos países.

As conversações que mantivemos testemu-nham a disposição de nossos países em tri-lhar juntos a senda do entendimento e dacolaboração. Demonstram exemplar rela-cionamento entre nossas nações, historica-mente abertas ao diálogo e às iniciativascomuns. Nossas conversas robustecem aconsciência de que nosso relacionamentodeve multiplicar seus frutos.

Inspirado pelos fraternos laços que nosunem, peço todos os presentes que brindemcomigo à crescente prosperidade da nobrenação uruguaia, à permanente amizade ecooperação entre nossos povos e à saúde efelicidade do Presidente Gregorio Álvarez ede sua Excelentíssima esposa.

declaração conjuntabrasil-uruguai

A convite de Sua Excelência o Senhor JoãoBaptista de Oliveira Figueiredo, Presidenteda República Federativa do Brasil, Sua Ex-celência o Senhor Tenente-General Grego-rio C. Álvarez, Presidente da RepúblicaOriental do Uruguai, acompanhado de suaesposa, Senhora Maria dei Rosário Floresde Álvarez, realizou uma visita oficial à ci-dade de Brasília, Brasil, nos dias 27 e 28 defevereiro de 1984.

Esta visita constituiu uma nova expressãoda tradicional amizade brasileiro-uruguaia,e torna explícita a importância que ambosos Governos atribuem a suas relações bila-terais no contexto latino-americano e àsperspectivas de intensificação de sua coope-ração e intercâmbio recíprocos.

O Presidente da República Oriental do Uru-

Declaração Conjunta Brasil-Uruguai, feita em Brasília,em 28 de fevereiro de 1984, ao final da visita

do Presidente do Uruguai, Gregorio C. Álvarez.

guai fez-se acompanhar pela seguinte comi-tiva:

— Sua Excelência, o Senhor Juan José SilvaDelgado, Presidente da Suprema Corte deJustiça;

— Sua Excelência o Senhor Carlos A.Maeso, Ministro das Relações Exteriores;

— Sua Excelência o Senhor Alejandro VeghVillegas, Ministro da Economia e Finanças;

— Sua Excelência o Senhor Luiz A. Givo-gre, Ministro da Saúde Pública;

— Sua Excelência o Senhor Carlos MattosMoglia, Ministro da Agricultura e Pesca;

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— Sua Excelência o Senhor Angel M. Scelza,Secretário da Presidência da República;

— Sua Excelência o Senhor Brigadeiro-General Herbert R. Pampillon, Presidentedo Diretório da Administração Nacional deCombustíveis, Álcool e Portland (ANCAP),Presidente da COM ASPO;

— Sua Excelência o Senhor General JorgeA. Bazzano, Chefe da Casa Militar da Presi-dência da República;

— Sua Excelência o Senhor Contra-Almiran-te Jorge Laborde, Chefe do Estado-MaiorConjunto;

— Sua Excelência o Senhor Eduardo Este-va, Conselheiro de Estado;

— Sua Excelência o Senhor Alfredo Platas,Embaixador da República Oriental do Uru-guai em Brasília;

— Sua Excelência o Senhor Hélio Fernan-dez, Vice-Presidente do Banco da Repúbli-ca Oriental do Uruguai.

Ambos os Chefes de Estado mantiveramproveitosas conversações, com um amploespírito de cordialidade e franqueza, duran-te as quais analisaram as relações bilaterais,assim como aspectos relevantes da conjun-tura política e económica interamericana einternacional.

Ambos os Presidentes expressaram sua con-vicção de que as relações internacionais de-vem basear-se nos princípios fundamentaisde independência e igualdade soberana dosEstados, de respeito a sua integridade terri-torial, de autodeterminação dos povos, não-intervenção, proibição da ameaça e do usoda força ou de qualquer outro tipo de coa-ção nas relações entre os Estados, de solu-ção pacífica das controvérsias, boa fé, res-peito aos tratados e de cooperação interna-cional para o desenvolvimento.

Reiteraram, outrossim, a firme adesão deseus países aos princípios e propósitos da

Carta das nações Unidas e da Carta da Orga-nização dos estados Americanos — OEA —,e ressaltaram a necessidade de fortalecer osdois organismos, porquanto constituem osinstrumentos mais apropriados para preser-var a paz e a segurança mundial e do hemis-fério, para promover a cooperação interna-cional para o desenvolvimento e para fun-damentar e manter o entendimento e a har-monia entre as nações, com base no DireitoInternacional.

Afirmaram que a paz, a justiça, o desenvol-vimento e o bem-estar social constituem di-reito inalienável dos povos e aspiração co-mum do Brasil e do Uruguai. Coincidiramem que todas as nações têm o direito deprocurar tais objetivos, com pleno respeitoaos princípios consagrados do Direito Inter-nacional e da Carta das nações Unidas esem sofrerem pressões que limitem sua au-tonomia.

Concordaram em que a deterioração cadavez mais grave e inquietante da situação po-lítica e económica internacional exige es-forços de distensão e entendimento, comomeio de se eliminarem focos de tensão econflito existentes em diversas partes domundo e que envolvem inclusive países emdesenvolvimento, deslocando esforços e re-cursos humanos e materiais essenciais aodesenvolvimento e ao bem-estar das suaspopulações.

Expressaram profunda preocupação com oagravamento da corrida armamentista ecom a acumulação de arsenais nuclearesque constituem verdadeiras ameças à sobre-vivência da humanidade, além de implica-rem dispêndio de volumosos recursos neces-sários para dinamizar a economia mundial,especialmente numa época de recessão eco-nómica e crise financeira, como a presente.Sublinharam que o desarmamento geral ecompleto, sob efetivo controle internacio-nal, é uma das condições essenciais para ga-rantir a paz entre as nações, e instaram àrenovação dos esforços internacionais paraalcançá-lo.

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Os dois Chefes de Estado estão convictosde que os profundos vínculos históricos en-tre os povos americanos e a coincidência deseus interesses essenciais, constituem a sóli-da base e o permanente fundamento da co-operação e da solidariedade no Continente.Com esse propósito, sublinharam que o res-peito à individualidade dos países da regiãoé a base da convivência hemisférica.

Os dois Mandatários reiteraram o apoio deseus países à justa reivindicação da sobera-nia argentina sobre as Ilhas Malvinas, assina-lando a necessidade de se realizarem nego-ciações entre a República Argentina e oReino Unido, de acordo com as resoluçõespertinentes das Nações Unidas.

Reiteraram sua convicção de que a via pací-fica deve sempre prevalecer na procura desoluções para controvérsias, como forma degarantir que a solidariedade e a cooperaçãocontinentais não sejam prejudicadas porameaças à paz na região.

Expressaram sua preocupação pelo quadrode crise que vive a América Central, espe-cialmente pela possibilidade de deteriora-ção da situação regional, que traz riscos gra-ves para a paz e cooperação hemisféricas.Coincidiram em que as causas profundasdos problemas centro-americanos têm raí-zes históricas e estruturais, os quais sãoagravados por formas de intervenção estran-geira. Neste sentido, os esforços para resol-vê-los devem levar em conta a complexarealidade regional e o mais rigoroso respeitoao princípio de não-intervenção.

Reconheceram, ademais, que a crise só serásuperada mediante o diálogo e a negocia-ção. Enalteceram, nesse contexto, os prin-cípios e a ação do Grupo de Contadora econcordaram que os esforços envidados pe-la Colômbia, pelo México, pelo Panamá epela Venezuela são positivos e merecempleno apoio da comunidade interamericanae da comunidade internacional. Os dois Pre-sidentes manifestaram a especial disposiçãode seus Governos no sentido de continuar a

atribuir a maior atenção e o mais decididoapoio à ação do Grupo de Contadora.

Assinalaram, igualmente, ser essencial, paraque tenham êxito os mecanismos de nego-ciação estabelecidos pelo Grupo de Conta-dora, que as partes envolvidas na crise seabstenham de atitudes e ações que possamagravar as tensões, prejudicando os esforçosde paz ora em andamento.

Diante da grave e dramática situação queafeta o Oriente Próximo, os dois Presiden-tes expressaram sua profunda solidariedadeem relação ao sofrimento do povo libanês,formulando um apelo para que todas aspartes interessadas realizem o máximo es-forço, com vistas a se obter uma imediata eefetiva cessação das hostilidades, assim co-mo uma solução definitiva do conflito queenluta o nobre povo libanês, pela via doentendimento e da negociação.

Examinaram a situação da África Austral,considerando o regime do apartheid comofator responsável direto pela persistência dastensões regionais. Si/blinharam, outrossim,a necessidade de que se chegue, prontamen-te, e de acordo com as resoluções pertinen-tes das Nações Unidas, à independência daNamíbia, o que constitui fator indispensá-vel para a eliminação das tensões na área.

Os dois Mandatários coincidiram em que oTratado da Antártida é o instrumento jurí-dico básico internacionalmente válido paraaquela região. Reafirmaram os propósitosde seus Governos de trabalhar no âmbitodo Tratado e de intercambiar experiências,com vistas a uma cooperação mais estreitaentre os dois países.

Ambos os Presidentes expressaram sua sa-tisfação pela conclusão e assinatura da Con-venção das Nações Unidas sobre o Direitodo Mar e concordaram em que tal instru-mento representa um notável progresso pa-ra a obtenção de uma situação de paz, justi-ça e cooperação nos espaços marítimos, es-pecialmente pela forma equilibrada comque protege os direitos de todos os Estados,

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regula a preservação do meio marinho, autilização pacífica dos mares e oceanos, oaproveitamento racional e equitativo de seusrecursos vivos e não vivos na zona económi-ca exclusiva, na plataforma continental enos fundos marinhos e contempla as legíti-mas aspirações dos países em desenvolvi-mento, particularmente em matéria de ex-ploração das riquezas minerais do solo esubsolo marinhos.

Ao examinarem detidamente a atual criseeconômico-financeira internacional, os doisChefes de Estado coincidiram em que setrata de uma situação sem paralelo na histó-ria mundial, sobretudo no que respeita aospaíses em desenvolvimento. Lembraramque têm sido os países em desenvolvimentoos que mais severamente sofrem os efeitosda crise não apenas internamente, mas tam-bém pelo acréscimo das dificuldades deacesso de seus produtos aos mercados dospaíses industrializados; pela deterioraçãodos termos de intercâmbio que avilta ospreços de seus produtos básicos e semi-manufaturados; pela menor disponibilidadede recursos financeiros externos, simulta-neamente ao aumento, a níveis insuportá-veis, das taxas de juros internacionais; peloaumento da carga do endividamento exter-no e pela redução, a níveis regressivos, desuas exportações.

Manifestaram a necessidade de que os esfor-ços em prol da reativação económica in-cluam não somente as expectativas das eco-nomias desenvolvidas, como também, eprincipalmente, as medidas tendentes a ali-viar a dramática situação dos países em de-senvolvimento.

Concordaram, portanto, que o caráter glo-bal da crise económica requer soluções damesma natureza, consequência da conjun-ção das vontades políticas dos governos afe-tados, baseadas na cooperação internacio-nal e dirigidas, fundamentalmente, à supe-ração das dificuldades dos países em desen-volvimento nos campos financeiro e comer-cial.

Neste sentido, ambos os Presidentes reitera-ram a necessidade urgente de que se promo-va uma nova ordem económica internacio-nal na qual prevaleçam as relações de co-operação e participação efetiva, manifestan-do sua convicção de que relações económi-cas internacionais mais justas e equitativasconstituirão um poderoso estímulo ao de-senvolvimento económico de todos os paí-ses do mundo.

Ao examinarem a situação económica naAmérica Latina, os dois Chefes de Estadorealçaram a necessidade de se reforçarem ediversificarem os esforços de cooperação,para que a região possa enfrentar commaior eficácia uma crise económica interna-cional cujos efeitos a afetam de maneiraparticularmente onerosa. Neste sentido,concordaram em que se deve propiciar amaior aproximação possível entre os paíseslatino-americanos, apoiando-se os esforçosde integração e cooperação, bem como aplena realização da solidariedade entre eles.

Em consequência, expressaram seu especialinteresse na Conferência Económica Lati-no-Americana, realizada em Quito, em ja-neiro de 1984, e consideraram que os resul-tados da mesma exprimem a determinaçãopolítica da América Latina de enfrentarcom decisão os problemas económicos e f i -nanceiros que a afetam e de procurar basespara uma ação comum à presente conjun-tura. Neste sentido, deve-se promover a co-operação, nos campos financeiro e comer-cial, dos agentes credores e devedores, co-mo forma de se chegar à eliminação dospreocupantes desequilíbrios atuais, median-te o incentivo às exportações, ao comérciointernacional e ao aprimoramento tecnoló-gico da produção.

Os dois Presidentes notaram, com satisfa-ção, que, dentre os fatores que contribuí-ram para o êxito da Conferência Econó-mica Latino-Americana de Quito, desta-cam-se os estudos preparatórios elaboradospela CEPALe pelo SELA.

A esse respeito, ressaltam a análise que am-

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bos os organismos vêm realizando sobre aestratégia para o desenvolvimento a ser apli-cada no restante desta década, bem comoos diferentes mandatos que os Chefes deEstado e seus Representantes lhes incumbi-ram na Declaração de Quito, para a realiza-ção de estudos sobre temas de vital impor-tância para a região.

Os Primeiros Mandatários referiram-seigualmente aos novos esforços de coopera-ção que se realizam na Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), orienta-dos para o aumento do intercâmbio comer-cial e da complementação regionais. Em no-me de seus respectivos países, ambos osPresidentes manifestaram sua confiança nosmecanismos previstos na Associação paralograr estes fins.

Os dois Chefes de Estado reafirmaram seuapoio ao Sistema Económico Latino-Ameri-cano (SELA), que constitui um importanteórgão da cooperação e da coordenação re-gionais, e concordaram em colaborar para oseu fortalecimento, atribuindo aos seus Go-vernos um papel ativo no próprio Sistema eem seus diversos Comités de Ação.

Ambos os Presidentes reafirmaram sua von-tade de cooperar para a obtenção dos obje-tivos fixados no Tratado de Brasília, com-prometendo-se a combinar esforços paraimpulsionar o desenvolvimento harmónicoe a integração física da Bacia do Prata e desuas áreas de influência direta e ponderável,propondo o melhor aproveitamento dos re-cursos da sub-região.

Ainda dentro do âmbito fundamental dacooperação latino-americana, ambos os Pre-sidentes reafirmaram a disposição de seuspaíses de continuar participando, de manei-ra ativa e construtiva, nos trabalhos que serealizam no âmbito da Organização Latino-Americana de Energia (OLADE), e expres-saram sua convicção de que a OLADE cons-titui o foro adequado para o exame e odesenvolvimento da cooperação energéticaregional.

Ambos os Presidentes analisaram as rela-ções brasileiro-uruguaias, e constataram,com satisfação, que continuam aprofundan-do-se, com suas características tradicionaisde respeito mútuo, entendimento e realiza-ções conjuntas, o que tem possibilitadouma significativa colaboração, particular-mente no âmbito bilateral e regional, embenefício de seus povos.

Reafirmaram a plena vigência do Tratadode Amizade, Cooperação e Comércio, assi-nado em Rivera, a 12 de junho de 1975,assim como a permanente validade de seusobjetivos, e, nesse sentido, expressaram queo amplo espectro de possibilidades previstasno Tratado continua proporcionando viasúteis para incrementar, ainda mais, os es-treitos vínculos que há muito unem os doispa íses.

Salientaram, outrossim, a importância doAcordo Básico de Cooperação Científica eTécnica, celebrado naquela data, e concor-daram em que, apesar das dificuldades deri-vadas da atual conjuntura internacional,existem auspiciosas perspectivas de amplia-ção da cooperação recíproca, com o apro-veitamento das relevantes potencialidadespor ele oferecidas.

Anotaram, com satisfação, as recentes reu-niões da Comissão Mista Brasileiro—Uru-guaia para o desenvolvimento da Bacia daLagoa Mirim (CLM), no que representampara a plena aplicação das provisões do Tra-tado da Lagoa Mirim, a fim de utilizar, damelhor maneira possível, os recursos natu-rais daquela região.

Ao recordarem a inauguração, em dezem-bro de 1983, da Usina Hidrelétrica de Pal-mar "9 de Fevereiro de 1973", congratula-ram-se pelo importante feito, que represen-tou cabal demonstração das transcendentesrealizações que se pode alcançar mediantecooperação entre ambos os países.

Consideraram, com especial atenção, oAcordo sobre Interconexão Elétrica, assi-nado, em Rivera, em 12 de junho de 1975,

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e a Ata Final do Encontro entre o Ministrodas Minas e Energia do Brasil e o Ministroda Indústria e Energia do Uruguai, realizadoem 1980 na mesma cidade, bem como ou-tros encontros entre autoridades dos doispaíses, e concordaram em que o campoenergético continua a oferecer amplas pos-sibilidades para o estreitamento das rela-ções bilaterais; pelo que, recomendam queas respectivas autoridades competentes con-tinuem a se reunir com vistas a incrementara cooperação no setor, inclusive em matérianuclear.

Ambos os Mandatários concordaram emque o campo das telecomunicações conti-nua a oferecer amplas possibilidades para oestreitamento das relações bilaterais, peloque recomendam que as respectivas autori-dades competentes se reunam, o quanto an-tes, com vistas a incrementar a cooperaçãono setor, especialmente mediante a transfe-rência de tecnologia, a capacitação e a par-ticipação conjunta em organismos inter-nacionais especializados.

Consideraram, com especial atenção, o en-tendimento recíproco e a colaboração entreambos os países que possibilitou à imple-mentação do Acordo Multilateral relativoao uso dos canais de radiodifusão em fre-quência modulada.

Outrossim, viram com satisfação os progres-sos realizados no sentido da assinatura deum novo acordo em matéria de telefoniarural de acesso múltiplo.

Tomaram nota, outrossim, das promissorasatividades realizadas pela Subcomissão Sa-nitária Mista Brasil-Uruguai, criada peloAcordo de Cooperação Sanitária, ao estabe-lecer áreas prioritárias, o que tem possibili-tado progressos concretos na matéria, fun-damentalmente em benefício das respecti-vas populações fronteiriças.

Recomendaram que os dois Governos estu-dem, através de suas entidades competen-tes, a melhor maneira de implementar asrecomendações das Conferências Especiali-

zadas Interamericanas sobre Direito Inter-nacional Privado a respeito da cooperaçãocom vistas a agilizar os trâmites judiciais,tendo por objetivo a realização de consultasrecíprocas quanto à matéria.

Em matéria de transportes entre os doispaíses, ambos os Chefes de Estado salienta-ram as múltiplas e relevantes possibilidadesde expansão que oferece a cooperação bra-sileiro-uruguaia no setor, em suas várias mo-dalidades. Outrossim, no que se refere aoConvénio sobre Transporte InternacionalTerrestre, assinado em Mar dei Plata em1977, reafirmaram a utilidade desse instru-mento como meio de alcançar o desenvol-vimento equitativo do transporte bilateral.

Os dois Mandatários, conscientes do valordas culturas uruguaia e brasileira e da im-portância decisiva que o fator cultural tempara o melhor conhecimento e entendimen-to entre os povos, convieram em incremen-tar os intercâmbios atualmente existentesentre ambos os países, conforme previstono artigo 19 do Tratado de Amizade, Co-operação e Comércio de 1975.

Ao examinarem os diversos aspectos da co-operação económica brasileiro-uruguaia,ambos os Presidentes registraram com satis-fação as possibilidades que existem paraampliá-la e diversificá-la, inclusive em maté-ria de intercâmbio comercial, não obstanteos efeitos depressivos resultantes da atualconjuntura internacional.

Por conseguinte, os dois Mandatários ex-pressaram o firme propósito de que seusGovernos trabalhem juntos na busca de so-luções que permitam não apenas a recupe-ração dos níveis de intercâmbio e coopera-ção anteriormente existentes, mas tambémseu incremento a níveis compatíveis com asjustas aspirações de seus povos.

Neste sentido, destacaram a importância doProtocolo de Expansão Comercial (PEC),assinado em Rivera, em 12 de junho de1975, não apenas pelo que esse instrumen-to representa em si para a constante expan-

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são das relações brasileiro-uruguaias, atravésdo intercâmbio comercial, como também,e, em especial, pela constatação de que,desde sua entrada em vigor, o protocolo emquestão tem sido objeto de contínua me-lhora através de sucessivas ampliações.

Portanto, ambos os Presidentes concorda-ram em empenhar esforços para que os doispaíses consolidem uma relação comercial amais fluida e transparente possível.

Tendo presente o objetivo de se realizaremprogressos mutuamente benéficos na áreacomercial, não obstante a crise mundial, as-sinalaram a alta responsabilidade de todosos setores da sociedade em participar aindamais ativa e imaginativamente na concreti-zação do propósito de ambos os países in-centivarem seu intercâmbio. Nesse sentido,estimam que os grupos negociadores devemrealizar os máximos esforços no sentido deobter resultados operativos para melhorar onível do intercâmbio. Outrossim, recomen-daram a realização, o quanto antes, de am-plo e diversificado encontro de empresáriosbrasileiros e uruguaios, a fim de se encon-trarem novos meios que levem ao estreita-mento de seus contatos e ao incremento deseus negócios.

Reconhecendo o cada vez maior grau decomplexidade das relações económicas in-ternacionais, e o sempre crescente papel dosetor dos serviços como fator de equilíbrioem suas contas nacionais, exprimiram suaconvicção de que será altamente benéficopara a economia de ambos os países a utili-zação mútua e equitativa das capacidadesdesenvolvidas pelas respectivas empresas es-pecializadas, em diversos setores, através deacordos operativos.

Persuadidos de que as possibilidades decomplementaridade nos setores agropecuá-rio e industrial das economias brasileira euruguaia se constituem em elemento alta-mente positivo para o desenvolvimento dasrelações entre ambos os países, reafirmarama necessidade de se analisarem os meios deintensificá-las.

Ambos os Presidentes sublinharam que oscontatos frequentes, nos mais diversos ní-veis, entre autoridades de um e outro paísrepresentam valiosa contribuição para aconsolidação dos laços de fraterna amizade,que sempre presidiram as relações entre aRepública Federativa do Brasil e a RepúblicaOriental do Uruguai, em vista do que con-cordam em promover sua intensificação ediversificação.

Concordaram que esse propósito tem pro-fundas raízes na história e nas tradições deambas as Nações, e corresponde aos maisautênticos sentimentos de seus povos, quese harmonizam plenamente com os altos enobres valores que regem a família latino-americana.

O presidente Figueiredo aceitou com satis-fação o convite formulado pelo PresidenteÁlvarez para que visite oficialmente o Uru-guai em data a ser determinada pelos canaisdiplomáticos.

O Senhor Presidente da República Orientaldo Uruguai expressou seu profundo agrade-cimento pelas múltiplas atenções que ele esua comitiva receberam durante sua gratapermanência nesta Capital.

Feita na cidade de Brasília, aos vinte e oitodias do mês de fevereiro de mil novecentose oitenta e quatro.

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a presença do presidente doméxico, miguei de Ia

madrid, no brasilDiscursos dos Presidentes do Brasil, João Figueiredo,e do México, Miguel de Ia Madrid Hurtado, no Paláciodo Itamaraty, em Brasília, em 29 de março de 1984,por ocasião de jantar oferecido pelo Presidente brasileiroao Presidente mexicano.

PRESIDENTE JOÃO FIGUEIREDO

Senhor Presidente,

Vossa Excelência e sua ilustre comitivamuito nos distinguem com sua honrosa vi-sita. O encontro entre mexicanos e brasilei-ros é sempre ocasião de intercâmbio provei-toso e congraçamento fraterno. Tenho viva,na memória, a calorosa acolhida que recebiem Cancún, em abril do último ano.

A presença de Vossa Excelência entre nós éocasião oportuna para reafirmar a atençãoprioritária que o Brasil dedica aos paísesirmãos da América Latina. O excelente es-tado das relações entre o México e o Brasile o sólido entendimento que as caracterizaé exemplo da atmosfera de concórdia e co-operação que procuramos criar em nossaregião.

Durante minha estada no México, pudeapreciar a grandeza da história, o vigor dopresente e as potencial idades de sua grandenação. Beneficiário da herança de culturasautóctones, possuidor de alta capacidadecriadora de caminhos e modelos próprios, o

México constrói com tenacidade, coragem etrabalho, uma sociedade moderna.

Para tanto, muito tem contribuído a firmezae eficiência de Vossa Excelência na condu-ção dos destinos mexicanos.

A difícil situação mundial pede reflexão pa-ra que se encontrem fórmulas capazes deevitar as confrontações, que tão adversa-mente afetam o conjunto das relações inter-nacionais.

A interrupção da corrida armamentista, es-pecialmente nuclear, e a obtenção de desar-mamento geral, completo e efetivamenteverif icável são objetivos que se tornam cadadia mais prementes.

As circunstâncias indicam que esses objeti-vos ainda estão distantes. Urge, pois, insistirem que seja sustado um processo que a nin-guém beneficia. Os países em desenvolvi-mento, que enfrentam dificuldades econó-micas agravadas, não podem assistir caladosà destinação de enormes recursos ao poderde destruição.

A retórica e a prática do equilíbrio da forçanão têm poupado o mundo de dolorosos

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conflitos, que ameaçam regiões inteiras erompem a harmonia entre as nações. Nossapreocupação é ainda maior quando conside-ramos os problemas de nossa região.

Jamais a América Latina se havia defron-tado com questões tão graves quanto as quevêm marcando a América Central.

Pela feliz iniciativa do México, juntamentecom a Colômbia, Panamá e Venezuela, con-seguiu-se colocar em marcha o processo deContadora. Diante da dimensão humana esocial dos antagonismos regionais, Conta-dora abre perspectivas para soluções equili-bradas e estáveis, fundadas, nas melhorestradições diplomáticas do continente.

Pouco mais de um ano depois de formaliza-da, a proposta de Contadora, desdobrada jáem iniciativas concretas, constitui a únicaalternativa política e ética para a soluçãodo problema centro-americano. Conta comêxitos palpáveis: conseguiu evitar conflagra-ção militar aberta na região e desencadeouprocesso negociador multilateral de amplosreflexos positivos. O espírito de Contadoraref lete-se igualmente na criação, no âmbitodo SELA, do Comité de Ação de Apoio aoDesenvolvimento Económico da AméricaCentral, feliz inspiração mexicana, que seperfila como indispensável complementoeconómico da ação política e diplomáticaregional.

Não vêm de hoje o apoio e o incentivo queo Brasil empresta a Contadora. Já antes deformalizada a iniciativa, o Governo brasilei-ro expressara, em dezembro de 1982, suaconvicção de que a mediação entre os paí-ses do istmo se beneficiaria da experiência ecapacidade diplomática de Estados latino-americanos mais próximos e presentes naregião, entre eles o México.

Verifico que nos assistia razão quando acre-ditamos na vocação negociadora e pacifistada América Latina.

Esta convicção é fator que nos leva a em-

prestar maior apoio à Organização dos Esta-dos Americanos e a augurar que o foro he-misférico, pelo empenho de seus membros,veja revigorada sua ação e valorizados seusesforços pelo progresso e pelo entendimen-to.

Nossos países não podem relegara segundoplano a experiência de tantos anos de con-vivência interamericana. A OEA é valiosoinstrumento, a ser preservado e utilizado notrato dos problemas continentais.

Senhor Presidente,

O México e o Brasil são nações que têmsabido pautar seu relacionamento pelo diá-logo profícuo e fraterno. Mantemos firme aconvicção de que a união de esforços é ins-trumento que possibilitará o advento demelhores dias para nossos povos. Faço mi-nhas as palavras de Vossa Excelência, emseu discurso de posse, segundo as quais "oisolamento não é apenas anacrónico, mastambém impossível. A cooperação entrepovos livres é o único caminho para a pazem um mundo interdependente".

Nossos dois países têm procurado, em to-das as ocasiões, sensibilizar as nações desen-volvidas para o tratamento eficaz a ser dis-pensado à crise económica mundial.

O Brasil, assim como o México, realizam in-gente esforço no sentido de implementarpolíticas de estabilização, de austeridade,de reformas de instituições internas, comvistas à superação da crise económica quetão rudemente nos atinge. Temos procura-do reativar os fluxos de comércio, essen-ciais, por seu dinamismo, ao trabalho deestabilização económica que empreende-mos.

Registro, aqui, o notável trabalho que Vos-sa Excelência, à frente do Governo mexica-no, realiza a fim de permitir a recuperaçãoeconómica de seu país. Outro tanto temosfeito os brasileiros, a despeito dos sacrifí-cios envolvidos. Nosso esforço, cujo preço é

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bem conhecido por nossos povos, só produ-zirá, porém, os frutos almejados na medidaem que houver, por parte dos países desen-volvidos, uma atitude mais construtiva. Atéo momento, muito pouco temos visto nessesentido. Devemos, portanto, intensificar asiniciativas que possam conduzir ao estabele-cimento de uma ordem económica interna-cional mais justa, mais equilibrada e maiscondizente com as legítimas e irrenunciá-veis aspirações dos povos em desenvolvi-mento.

A presente crise económica afeta, ainda queem diferentes graus, todos os países latino-americanos. Vinculadas por multiplicidadede laços, as nações do Continente adotamatitude positiva em face dos problemas co-muns. A Conferência Económica Latino-Americana, realizada em Quito, no mês dejaneiro, é acontecimento de relevante signi-ficado. Ao estabelecerem princípios paraatuação coordenada, os países reunidos emQuito demonstraram sua correta percepçãode que, diante dos desafios que nos são lan-çados pela economia mundial, somente acooperação e a racionalização de esforçospermitirão a abordagem eficiente da atualcrise. Reitero hoje o empenho do Brasil emprestigiar as iniciativas que deverão decor-rer da Conferência de Quito, tanto no quese refere ao relacionamento com o mundodesenvolvido, quanto no que diz respeito àdinamização do comércio e da cooperaçãointra-regionais.

Senhor Presidente,

As relações entre o México e o Brasil são,hoje, intensas e diversificadas, nossas eco-nomias são complementares. A determina-ção de nossos Governos de expandir o rela-cionamento e estimular a crescente aproxi-mação entre nossos países serve aos maislegítimos interesses dos povos mexicano ebrasileiro.

É bem verdade que a recessão tem inibido ocomércio bilateral e a implementação deprojetos de cooperação em diferentes áreas.A presença de Vossa Excelência no Brasil

nos dá oportunidade de demonstrar nossaconvicção de que urge remover os obstácu-los criados pela crise.

A moldura institucional que sustenta as re-lações bilaterais tem notável valor no mo-mento atual. Desejaria, entre os instrumen-tos existentes, referir-me ao Programa deTrabalho sobre Cooperação Económica eComercial, firmado quando de minha visitaa Cancún, e ao Memorandum de Entendi-mento sobre Cooperação Económica e In-dustrial, que data de 1980. Esses dois docu-mentos versam assuntos de interesse co-mum, como a exploração de bauxita, enxo-fre e minério de ferro; a produção de bensde capital; o fornecimento de matérias-primas; o incremento do intercâmbio co-mercial; e a cooperação industrial e finan-ceira. Estou convencido de que, apesar dasdificuldades, o intercâmbio bilateral seráampliado e enriquecido com a implemen-tação de múltiplos projetos, no campo dacooperação industrial e da complementaçaoeconómica. Para tanto, o que vale, acima detudo, é a vontade política dos dois Gover-nos.

É com especial agrado, portanto, que, nestaoportunidade, vejo firmar-se um Programade Trabalho atualizado sobre CooperaçãoEconómica e Comercial, entre os dois paí-ses, para o período 1984-1985.

Pareceu-me igualmente auspiciosa a criaçãode mecanismos de consulta sobre assuntospolíticos, inaugurado em setembro de 1983pelos Chanceleres dos dois países. Naquelaocasião realizou-se proveitoso exercício, re-novado em outras oportunidades, de inter-câmbio de opiniões sobre numerosos tópi-cos internacionais e bilaterais, o que ampliaa base de entendimento entre o México e oBrasil.

Senhor Presidente,

Estou seguro de que a visita de Vossa Exce-lência estreitará os laços que unem o Méxi-co e o Brasil. Desejo convidar todos os pre-sentes a me acompanharem num brinde à

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prosperidade da nobre nação mexicana, àtradicional e sempre crescente amizade queune nossos povos e à felicidade pessoal deVossa Excelência.

PRESIDENTE MIGUEL DE LA MADRID

Senor Presidente:

Debo, en primer término, agradecer Ias ex-presiones generosas con que Vuestra Exce-lência me recibe. Encuentro en ellas, junto aIa expresión de Ia tradicional hidalguia bra-silena, el afecto cercano con que se distingueai amigo. Nos encontramos antes de quetermine de transcurrir un ano desde nues-tras conversaciones en Cancún. Este hechosubraya Ia prioridad que atribuímos ai for-talecimiento de Ias relaciones y a Ia identif i-cación de coincidências que den base, comoIo han hecho en el pasado, a oportunidadesde acción común. Debemos contratularnosque ello ocurra, con cada vez mayor fre-cuencia, entre nuestros países.

Seííores:

Llegar a Brasil nos permite, a otros lati-noamericanos, presenciar otra dimensión deIa riqueza y diversidad de Ia morada geográ-fica, el contexto histórico y Ias vivênciasculturales que nos pertencen. Para los mexi-canos, situados en el lindero norte de nues-tra parte dei mundo, significa llegar a otrafrontera: Ia que penetra ai Atlântico comoavanzada hacía el contacto con el otro he-misfério. Así, en más de un sentido, Brasily México constituyen puntos extremos deAmérica Latina. Dejan constância, con surelación de tradicional amistad yfructíferacolaboración, de Ia unidad esencial de nues-tra región, construída en Ia diversidad deherencias históricas; en Ia variedad de for-mas de organización social y de institucio-nes políticas, y en Ia multifacética riquezade culturas y formas de vida. Así, en suesencia profunda, Ia relación que une anuestros países no se agota en ellos mismos,

sino que los rebasa, inscribiéndose en unamplio conjunto regional.

México y Brasil son, y han sido, participan-tes activos e interesados en el complejo ydifícil sistema de relaciones políticas deimundo de nuestros d ias. Desarrollan, y hándesarrollado, una política exterior activa,cuyos contenidos concretos dei momento,reflejan Ia invariabilidad de los princípiosque les dan base, resultado directo de Iaexperiência histórica.

El ejercicio de una política exterior de prin-cípios no es, en el mundo contemporâneo,simple insistência retórica ni, aún menos,deseo de ignorar Ia realidad política inter-nacional.

Es, sobre todo, guia permanente para cono-cerla y reaccionar ante ellas y es, también,oportunidad de modificaria, em función delos intereses de Ia paz y Ia cooperación in-ternacional.

Postular Ia no intervención, no equivale aignorar una deplorable realidad y violacio-nes ai derecho internacional: injerenciasdi-rectas e indirectas, acciones de desestabili-zación y agresiones abiertas; equivale, encambio, a recordar que su estricta observân-cia es requisito central para modificaria yestablecer un âmbito para el ejercicio de Iaautodeterminación. Insistir en Ia renunciaai uso y a Ia amenaza de Ia fuerza, no equi-vale a desconocer Ia preocupante frecuenciacon que se açude a Ia violência para dirimirIas diferencias internacionales; equivale, encambio, a senalar que los conflitos, localiza-dos encierran un aterrador potencial de ex-tensión y generalización, por Io que aumen-tan el riesgo de una guerra nuclear.

Defender Ia soberania y Ia integridad terri-torial es, ante todo, fórmula para senalarque Ias acciones de los poderosos, debentener como valladar el respeto escrupulosoa! espacio geográfico y a Ia identidad nacio-nal de cada uno, elementos esenciales de Ia

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igualdad jurídica de los estados. Buscar Iatransformación, em favor dei desarrollo, deiinequitativo esquema de relaciones econó-micas internacionales, no es intento de im-ponerse sobre Ias realidades de Ia economiamundial, sino reconocer que son ellas mis-mas Ias que imponen Ia necessidad de unfuncionamiento más equitativo, armónico ycompartido.

Solo con preocupación puede verse el de-terioro que ha experimentado Ia relaciónentre Ias superpotências, de Ia que en tangran medida depende el ambiente políticointernacional. Su agudización se ha refle-jado en Ia aceleración de Ia carrera arma-mentista, que sustrae recursos que fortale-cer ían de manera más efetiva Ia seguridadinternacional, si se aplicaran a Ia coopera-ción y ai desarrollo. Tensiones y armamen-tismo desembocan, inevitablemente, en Iamultiplicación de los focos regionales deconflicto, aumentando Ias amenazas a Iapaz y Ia seguridad e inf lingiendo graves per-didas, humanas y materiales, a los paísesinvolucrados.

La multiplicación de los conflictos regiona-les subraya Ia urgência de definir una res-puesta global. Es concebible un renovadocompromiso político de Ia comunidad in-ternacional en favor de Ia solución pacíficade controvérsias. Y, como demuestra Iaexperiência dei grupo de Contadora en Cen-troamérica, puede ser factible que paísescercanos ai área de conflicto, genuinamenteinteresados en Ia solución de problemas quepueden Ilegar a comprometerlos, jueguenun papel activo e importante para contri-buir a restablecer el diálogo y Ia negocia-ción y, por esta via, aliviar Ias tensiones yrestaurar Ia paz. Es igualmente importanteque los países involucrados, directa o indi-rectamente, en un conflicto regional seabs-tengan de adoptar acciones que Io agudi-cen, renuncien a aspiraciones hegemónicasy no acudan a injerencias o acciones dedesestabilización.

Nuestros países han ocupado, en diversosmomentos el centro de Ia atención y de Ia

preocupación internacionales alrededor deiproblema dei endeudamiento externo.Hemos actuado responsablemente paramantener Ia viabilidad dei sistema finan-ciero mundial. Brasil y México conocenbien Ia forma de operación de Ia economiainternacional, porque se han beneficiado desu expansión, aunque recientemente hansentido más que proporcionalmente losefectos de su crisis. Esta se ha originado, enbuena medida, en Ia insuficiente compren-sión de Ia naturaleza, el alcance y Ias conse-cuencias de Ia creciente interdependênciade Ia economia mundial, que ha impedidoIa adopción de políticas favorables a Ia reac-tivación y el desarrollo. Por el contrario,se ha recurrido a medidas que han provo-cado un funcionamiento negativo de Ias re-laciones de interdependência, multipli-cando los efectos recesivos sobre Ia produc-ción y el comercio.

Es evidente que el número cada vez mayorde acciones proteccionistas de los paísesavanzados, que se orientan contra Ias im-portaciones provenientes de países en de-sarrollo, constituye un ejemplo dei recursosa políticas que ejercen efectos depresivoscrecientes sobre el volumen dei comerciomundial. Otra manifestación de esta ten-dência se encuentra, desde luego, en el pro-piciam iento de tasas de interés reales muyelevadas, que há dado lugar, en buena me-dida, a Ia explosión de los problemas deiendeudamiento y que, em más de un sen-tido, amenazan con perpetuarlos, ai tornarpráct icamente prohibitivo el financia-miento dei desarrollo.

Sumados, estos dos factores han deprimidoIa capacidad de pago, que esencialmente de-pende de Ia dinâmica de los ingresos porexportación y de Ia continuidad de Ias cor-rientes financieras, precisamente cuando Iaelevación de Ia carga dei servicio de Ia deu-da obliga a destinar mayores recursos a suatención.

México inicio, hace catorce meses, una po-lítica clara, definida y sin titubeos, orien-tada a vencer Ia crisis y a restaurar Ias con-

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diciones para un desarrollo diferente. Elajuste, que era inevitable realizar porque Iainflación estaba desbocada, el endeuda-miento crecía sin freno y los desequilíbriosfiscal y externo alcanzaban niveles inmane-jabels, ha supuesto sacrifícios importantes.

El ajuste ha empezado a producir resulta-dos: de una reducción sin precedente de Iascompras ai exterior, sumada a un repunteexportador, se obtuvo una corrección sus-tancial dei desequilíbrio externo. Una es-tricta disciplina y un mejor control de ejer-cicio dei gasto público produjeron, en unsolo ano, Ia reducción en más de Ia mitaddei déficit de Ias finanzas públicas. Por ello,pudo cambiarse de rumbo Ia tendência deIa inflación, sometiéndola a control e ini-ciando su abatimiento. Simultaneamente,no cejó el empeno por defender Ia plantaproductiva y el empleo, evitando que elajuste en el corto plazo danara Ias basespara el desarrollo sostenido.

En 1984 continuará este proceso, pêro yapuede esperarse el inicio de Ia reactivación,sin descuidar Ia reducción continuada de Iainflación. La voluntad de ajuste de Ia socie-dad mexicana tuvo expresión en el Pro-grama Inmediato de Reordenación Econó-mica, puesto en marcha en diciembre de1982. Su voluntad de alentar un desarrollodiferente, que sustente una cada vez mayordemocratización de Ia vida nacional, estáexpresada en el Plan Nacional de Desarrol-lo, instrumento central dei sistema de pla-neación participativa y democrática.

Otros países de nuestra región, de acuerdoasus propias experiências y obedeciendo asus prioridades nacionales, han emprendidotambién procesos de ajuste y, en este sen-tido, destaca Ia experiência brasilena. Esimportante subrayar que estos procesos nopodrán ser plenamente efectivos y sus resul-tados no podrán manifestarse a plenitud,sin un mejoramiento drástico dei ambienteinternacional en el que se producen. El es-fuerzo nacional es, desde luego, crucial,pêro Ia incidência de los factores externos

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no puede desconocerse. Por ello, es esencialel mejoramiento de Ia situación económicamundial y Ia adopción de una estratégiaglobal de reactivación y desarrollo.

La perspectiva de recuperación económicaa escala mundial, abierta como resultado deIa reactivación registrada en 1983 por al-gunos países desarrollados, debe ser fortale-cida. Se requieren acciones de cooperacióninternacional que Ia afirmen y Ia difundan,particularmente en los campos interrelacio-nados, dei comercio y el f inanciamiento. Esindispensable revertir Ia tendência protec-cionista. Ahora más que nunca, mayoresexportaciones de los países en desarrollosignifican, no solo el aumento de su capaci-dad de importar y de atender el servicio deIa deuda, sino también mayores niveles deactividad económica y empleo en los paísesavanzados. Al mismo tiempo, se requiererestaurar Ias corrientes netas de recursos ha-cia los países en desarrollo, en condicionesmejoradas, a través de un abatimiento im-portante de Ias tasas de interés reales.

Solo de este modo podrá financiarse unareactivación sostenida de sus economias yaumentarse su capacidad de pago. Es cadavez más claro que, ahora, Ia expansión debeser compartida para poder sostenerse y ge-neralizarse.

La colaboración bilateral entre nuestrospaíses tiene bases firmes. Hablamos con fre-cuencia, a través dei mecanismo de consul-ta, establecido hace un ano en Cancún, ydescubrimos un amplio campo de coin-cidências y propósitos comúnes, que, cadavez más, da base a iniciativas conjuntas enel campo internacional y eleva Ia contribu-ción de nuestros países a un mundo másarmónico y a una sociedad internacionalmás democrática.

En los anos recientes, Ia relación comercialy Ia colaboración económica bilaterales hanresentido los efectos de nuestras propiasdificultades y de los factores de signo nega-tivo que han dominado el panorama de Iaeconomia mundial.

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En Ia perspectiva inmediata continúan exis-tiendo elementos que dificultan una rápidarecuperación dei comercio y Ia coopera-ción. Lo anterior obliga, por una parte, a vercon realismo Ia situación que se enfrenta ya plantear objetivos viables, cuya consecu-ción sea factor de estímulo para el avance.Es preciso, por otra parte, ver más ai lá deIa coyuntura y sentar Ias bases para unarelación sólida, creciente y diversificadaque habrá de derivarse, sobre todo de losprocesos mismos de recuperación econó-mica de nuestros países. Debemos avanzaren diversos âmbitos: nuevas fórmulas demanejo dei intercâmbio comercial que con-tribuyan a su reanimación, sin esperar a Iarestauración de Ia capacidad de financia-miento tradicional de comercio: que orien-ten los intercâmbios hacia sectores clavepara el desarrollo de más largo plazo. Decara el futuro, hay que fortalecer Ia coope-ración en ciência y tecnologia, para que seacada vez más relevante ante Ias necesidadesdei desarrollo.

El mejor conocimiento de Ias diversas yplurales formas de vida de nuestros paísesdeben ser base de Ia relación cultural. Con-cibámosla en el amplio sentido dei conjun-to de estas experiências nacionales, variadasy mutuamente enriquecedoras.

En Centroamérica se pretende dirimir con-flictos ajenos. Las diferentes vias de desarro-llo que sus países han elegido, se inscribenen el contexto de un enfrentamiento globalque las distorsiona. La agudización de lastensiones y de los enfrentamientos puedeconducir, si no Ia evitamos todos, a un con-flicto generalizado que comprometa Ia se-guridad en el âmbito latinoamericano y másalia de él. América Latina requiere de unaCentroamérica estable y plural, que puedaintegrarse a los esquemas de cooperación yque enriquezca Ia acción común de Ia re-gión.

El camino para conseguir este objetivo es.

claramente, el dei diálogo y Ia negociación,basados en el respeto de las identidades y

formas de expresión nacionales. No lo es,desde luego, el dei enfrentam iento y el con-flicto, el de las acciones desestabilizadoras,el de Ia imposición de modelos disenadosafuera, por quienes creen conocer, mejorque los centroamericanos mismos, lo quelos centroamericanos quieren y lo que aellos conviene.

Es este el sentido de las acciones dei Grupode Contadora. De ellas se desprende unentendimiento político básico de los cincopaíses de Ia región en favor de Ia paz, elalivio de las tensiones y el desarrollo econó-mico y social dei área, aunado a un enten-dimiento sobre las fórmulas para Nevar a Iapráctica dichos objetivos. Se persigue ahoratraducirlos en compromisos jurídicos queden lugar a un proceso irreversible de paci-ficación y desarrollo. Para Ilevarlo adelante,hay que perseverar en Ia negociación, acre-centar el ambiente amplio de comprensióny solidaridad internacionales, y, sobre todo,conseguir que no se contrarreste conacciones que, a través de Ia injerencia y Iadesestabilización, agudicen las tensiones yestrechen el campo de Ia colaboración. Enmás de un sentido, Ia tarea de Contadora esuna tarea de América Latina y, másamplia-mente, de Ia comunidad internacional.

Senor Presidente,

Senores:

Invito a ustedes a brindar por Ia prosperi-dad creciente y sostenida dei Brasil, compo-nente esencial de una América Latina vigo-rosa y solidaria: por Ia ventura personal deVuestra Excelência y de los dirigentes y re-presentantes dei noble pueblo brasileno;por Ia continuada colaboración amistosaentre nuestros países, y por Ia contribucionque unidos, Brasil y México, hacen a Ia cau-sa común de los pueblos latinoamericanos ya Ia consolidación de Ia paz en el mundo.

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presidente mexicano visita o supremotribunal federal

Discurso do Presidente do México, Miguel de Ia Madrid Hurtado(tradução não-oficial), em Brasília, em 29 de março de 1984,por ocasião de sua visita ao Supremo Tribunal Federal.

Excelent íss imo Senhor Presidente doSupremo Tribunal FederalExcelentíssimos Senhores MinistrosMeus Senhores:

Na cordialidade com que Vossa Excelênciame recebeu, assim como nas eloquentes pa-lavras que me dirigiu o Excelentíssimo Se-nhor Ministro Décio Meireles de Miranda,vejo uma vez mais, e com profunda satisfa-ção, o grande afeto que une os mexicanos eos brasileiros e que não podia faltar nesteaugusto recinto.

No campo jurídico, como em tantos ou-tros, a nossa herança comum manifesta-se eforma parte da aliança profunda que une oslatino-americanos.

Tanto no México como no Brasil, ao órgãosupremo do Poder Judiciário compete não sódefinir o direito e resolver litígios em últi-ma instância, mas também, e sobretudo,controlar a constitucionalidade e legalidadeda função pública. Os nossos povos deci-diram que ele é o defensor por excelência,da ordem e das instituições.

Neste sentido, além de jurídica, a sua ativi-dade é essencialmente política. Assim oindicava, há mais de um século, o ilustretratadista José António Pimenta Bueno,Marquês de São Vicente, que na sua obrasobre o direito público brasileiro, afirmouque o Supremo Tribunal Federal "é umainstituição mista de caráter político e judi-cial, em que predomina o primeiro, pelofato de que é ele o que mais garantias ofe-rece à ordem social. Não só à ordem civilou judicial a que esta instituição presta ser-viços: a ordem política deve-lhe também va-liosas garantias. É um guarda zeloso da pre-

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cisa divisão dos poderes e da independênciada autoridade judicial".

O conteúdo da política dificilmente se po-de circunscrever, na sua riqueza, a um úni-co valor básico; seja este a equidade, o po-der, a estabilidade ou o desenvolvimento,para mencionar unicamente aqueles que emdiferentes épocas têm constituído a preocu-pação primordial, tanto dos homens deação como dos de reflexão. Podemos, noentanto, afirmar que, implícita em cada umdesses valores, se encontra a noção de Justi-ça. Nos anos que correm, e dentro dasprioridades que a crise global impõe, a nos-sa tarefa prioritária é o desenvolvimento.Mas o desenvolvimento não é senão ummeio para conseguir uma sociedade maisjusta e reta, dentro duma democracia inte-gral.

Por isso atribuímos uma alta missão, dentrodo plano nacional de desenvolvimento, àaplicação da justiça e à necessidade deadaptar às aceleradas modificações da vidamoderna e à transformação constante danossa realidade nacional.

Reconhecemos que o direito e a justiça têmum papel preponderante como fator deconsolidação e estabilidade, mas tambémcomo motores da transformação social, pa-ra favorecer o melhoramento das condiçõesde vida dos nossos compatriotas, fortalecera função social da propriedade e do traba-lho, promover a educação popular e garan-tir a independência nacional.

Dentro da renovação moral da sociedademexicana que temos em vista, é essencialque a ética impere na ordem jurídica e naaplicação da justiça. Por este motivo esta-

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mos empenhados numa ampla reforma, vi-sando corrigir, qualitativa e quantitativa-mente, normas e processos tradicionais quea rápida transformação da sociedade tornouobsoletos ou inoperantes. Sabemos, no en-tanto, que a independência do Poder Judi-cial, que este digno Tribunal zelosamentedefende, é premissa insubstituível de liber-dade e que, por sua vez, a liberdade é a basedo estado social de direito, que a partir da

Revolução Mexicana temos procurado for-talecer e aperfeiçoar.

Senhor Presidente:

Como advogado, como antigo professor deDireito Constitucional, sinto-me entre cole-gas. Neste ambiente de cordialidade foi-medado exprimir, duma maneira esquemática,alguns dos objetivos que os mexicanos pro-curamos atingir no campo jurídico. Agra-deço-lhe esta oportunidade e todas as suasfinezas.

presidente figueiredo destaca aconstante aproximação entre obrasil e o méxico

PRESIDENTE MIGUEL DE LA MADRID

Excelentíssimo Senhor Presidente:

Corresponde-me, em primeiro termo, mani-festar a Vossa Excelência meu reconheci-mento perante o cúmulo de atenções e fine-zas que teve por bem brindar-me desde aminha chegada a esta cidade. Faço-o tam-bém em nome dos colaboradores que meacompanham nesta visita oficial à Repúbli-ca Federativa do Brasil. Encontramos emvossas palavras e em vossa atitude, manifes-tações da fraternidade tradicional com aqual são distinguidos os mexicanos nestePaís nobre e belo.

Senhor Presidente,

Meus Senhores:

Nossas conversações em Brasília, mantidasantes de que cumprissem um ano aquelasque sustentamos quando tive a grande hon-ra de receber em Cancún o ExcelentíssimoSenhor Presidente Figueiredo, marcam umanova etapa das relações entre nossos países,

Discursos dos Presidentes do México, Miguel de Ia MadridHurtado (tradução não-oficial), e do Brasil,

João Figueiredo no Clube Naval de Brasília, em 30 demarço de 1984, por ocasião de jantar oferecido pelo

Presidente mexicano ao Presidente brasileiro.

na qual estas continuaram desenvolvendo-see diversificando-se: tornando-se mais ricas evariadas, contribuindo ainda mais à nossaaproximação e ao nosso conhecimento. Es-tou convencido de que, assim orientando ofuturo de amizade entre o Brasil e o Méxi-co, interpretamos plenamente o sentimentoe o desejo dos povos de nossos respectivospa íses.

Examinamos com os nossos colaboradoresuma longa série de questões que nos inte-ressam: no campo das relações políticas eeconómicas internacionais; no mais pró-ximo da harmonização e da cooperação la-tino-americanas, e no mais imediato e pro-fundo da relação bilateral. Em todos elesencontramos numerosos pontos de coin-cidência que dão base às nossas iniciativas eações comuns; em todos eles identificamosoportunidades para prosseguir, para fazermais coisas juntos, para avançar para o bemde nossos povos.

Nos documentos que emitimos ou que fo-ram assinados pelos altos funcionários denossos governos no dia de hoje, exprime-se

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o alcance e a dimensão dos acordos deriva-dos de nossas conversações. Tanto o Comu-nicado Conjunto quanto a Programa deTrabalho de Cooperação Bilateral para1984—1985, refletem uma vontade única efirme, a de fortalecer nossa amizade ances-tral e, sobre ela, construir relações de coope-ração que respondam às necessidades e de-sejos de nossos povos.

Nossa estada em Brasília — e as próximasvisitas a São Paulo e ao Rio de Janeiro —permitem que meus acompanhantes e eumesmo nos aproximemos da realidade bra-sileira. O país vive horas cruciais para o seufuturo económico e político; enfrenta comdecisão as dificuldades e desafios da horapresente; marcha adiante com passo firme.De tudo isso nos devemos congratular, poisum Brasil que tenha recuperado o desenvol-vimento acelerado, é componente essencialde uma América Latina que possa fazer dasaspirações de seus povos uma realidade.

Senhor Presidente:

Convido todos os presentes a brindar pelasaúde e pelo bem-estar pessoal de VossaExcelência, ao agradecer-lhe, uma vez mais,os testemunhos de amizade e de apreçocom que Vossa Excelência me distinguiu.

PRESIDENTE JOÃO FIGUEIREDOExcelentíssimo Senhor Presidente do Méxi-co,Miguel de Ia Madrid Hurtado,

Agradeço as palavras de amizade com quesou recebido por Vossa Excelência, no climade concórdia que marca as fraternas rela-ções entre nossos dois países.

Admiramos no México, a riqueza de suacultura, sua capacidade de sintetizar tradi-ção e ímpeto renovador. Seu notável pro-cesso de modernização lhe permitiu crescere projetar-se nos cenários regional e mun-dial sem abdicar de seus valores tradicio-nais.Senhor Presidente,

Sua presença no Brasil bem testemunha aestima que unem nossos povos irmãos. Asconversações que mantivemos, fluíram coma naturalidade só encontrada entre amigosque compartilham as mesmas aspirações,princípios e ideais.

Nossos países lutam por uma nova ordeminternacional que torne mais harmoniosa aconvivência entre as nações, com indepen-dência, dignidade e respeito mútuo.

Essa identidade de anseios alicerça firme-mente a aproximação constante que, nosúltimos anos, tem caracterizado o relacio-namento entre o México e o Brasil. Múlti-plos, fecundos e intensos têm sido os con-tatos entre nossos países, englobando osmais diversos campos e criando os meca-nismos necessários para sua continuação,aperfeiçoamento e consolidação.

Senhor Presidente,

Permita-me convidar os presentes a comigolevantarem suas taças para brindar à amiza-de que une nossos dois países, ao grandiosofuturo da Nação mexicana, à felicidade pes-soal de Vossa Excelência e a todos os mem-bros de sua ilustre comitiva.

na declaração conjunta,osentendimentos do presidentemexicano em brasília

Declaração Conjunta Brasil—México, assinada, no Paláciodo Planalto, em Brasília, em 30 de março de 1984,

pelos Presidentes João Figueiredo e Miguel de Ia Madrid Hurtado.

Convidado pelo Presidente da RepúblicaFederativa do Brasil, João Baptista de Oli-

veira Figueiredo, o Presidente dos EstadosUnidos Mexicanos, Miguel de Ia Madrid,

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realizou visita oficial ao Brasil de 28 a 30de março de 1984. O Presidente do Méxicofez-se acompanhar do Secretário de Rela-ções Exteriores, do Presidente da GrandeComissão do Senado da República, e dosSecretários do Comércio e Fomento Indus-trial e da Educação Pública. Durante suapermanência em Brasília, o Presidente doMéxico foi recebido pelo Congresso Nacio-nal, reunido em sessão solene conjunta, epelo Supremo Tribunal Federal, tambémreunido em sessão plenária solene. As con-versações mantidas entre os Presidentes re-fletiram a amizade, a cordialidade e a fran-queza que distinguem os vínculos entreseus países e permitiram reafirmar a von-tade de seus Governos de fortalecer e diver-sificar suas relações bilaterais. Reconhece-ram que tal relacionamento assumiu cres-cente importância em todos os terrenos eque-ambos lhe concedem alta prioridadedentro do quadro geral de suas relações ex-teriores.

As conversações permitiram também umatroca franca de pontos de vista sobre a si-tuação internacional, na qual foi sublinhadaa perspectiva latino-americana. Atualizarama agenda da cooperação bilateral em todosos setores: consultas políticas, intercâmbiocomercial, complementação industrial etecnológica, cooperação financeira, coope-ração técnico-científica, assim como inter-câmbio cultural e educativo. Manifestarama coincidência de pontos de vista no querespeita aos grandes problemas da vida in-ternacional contemporânea e reafirmaram aimportância que atribuem ao desenvolvi-mento das relações latino-americanas noscampos político, económico e cultural.

Os Chefes de Estado consideraram compreocupação a deterioração do cenáriopolítico mundial, perceptível desde suasconversações em abril de 1983. Comprova-ram que infelizmente a paz tornou-se maisprecária e a negociação política entre asgrandes potências se interrompeu de fato,provocando a persistência e, por vezes, oagravamento dos focos de conflitos e umdramático estreitamento do espaço para o

entendimento e a cooperação. A corridaarmamentista absorve recursos crescentesque são retirados das dotações destinadasao desenvolvimento. Recorre-se novamentea ações de intervenção e de desestabilizaçãoque aviltam em alto grau o ambiente dasrelações internacionais.

Reiteraram, conseqúentemente, a urgênciado restabelecimento do diálogo em todosos níveis entre as superpotências e, especial-mente, o reinicio das negociações sobre odesarmamento, as quais devem conduzir àinterrupção da corrida armamentista e via-bilizar o desarmamento geral e completo,sob um controle internacional eficaz. Nes-sas negociações deve participar toda a co-munidade internacional através dos órgãosespecíficos já estabelecidos, particularmen-te a Conferência do Desarmamento.

Os Presidentes reiteraram a firme e invariá-vel adesão de seus Governos aos princípiose propósitos da Organização das NaçõesUnidas. Concordaram que a responsabili-dade de apoiar e fortalecer o organismouniversal, atualizando seus instrumentos,melhorando sua administração e aumentan-do sua eficácia, cabe a todos os estados-membros, devendo todos eles contribuirpara a realização desses objetivos. As Na-ções Unidas — apesar das limitações e insu-ficiências pelas quais todos os seus mem-bros são sem dúvida responsáveis, especial-mente aqueles que exercem maior influên-cia nos destinos da Organização — conti-nuam a ser o instrumento fundamental parapreservar a paz e a segurança no mundo,para propiciar a solução pacífica das con-trovérsias e o alívio das tensões, para pro-mover a cooperação internacional com vis-tas ao desenvolvimento, e para construirum ambiente de entendimento e harmonia,com base nos princípios da convivênciaentre as nações e nas normas do DireitoInternacional.

Ambos os Presidentes estiveram de acordoem que o mapa dos conflitos internacionaisrevela a premente necessidade de realização

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de novos esforços destinados a diminuir atensão entre as grandes potências e a elimi-nar os focos de conflitos regionais. Essesesforços exigem uma revitalização das açõesde cooperação que tenha por base o reco-nhecimento de que a democracia, a justiçae o progresso económico e social cons-tituem aspirações irrenunciáveis dos povos,de que o respeito aos direitos humanos e oexercício das liberdades fundamentais doindivíduo são ingredientes básicos de umavida internacional pacífica, e de que ademocratização das relações internacionais,com base no respeito à independência esoberania das nações, é indispensável para apaz, a segurança e o desenvolvimento.

Ao examinarem a atual crise económicainternacional, os dois Presidentes concorda-ram em ressaltar que se trata da mais agudados últimos cinquenta anos e que trouxeconsigo uma deterioração sem precedentesda cooperação internacional para o desen-volvimento, comprometendo, assim, a paz ea estabilidade mundiais. A estagnação daeconomia mundial e a diminuição dos ní-veis de comércio internacional, experimen-tados nos últimos anos, originaram-se dafalta de reconhecimento da natureza, alcan-ce e consequências da crescente interdepen-dência económica mundial. Esse fato tempermitido a adoção de políticas que agudi-zam e propagam efeitos negativos sobre aprodução e o comércio. A multiplicação demedidas protecionistas e a manutenção detaxas de juros extraordinariamente eleva-das, por parte de numerosos países desenvol-vidos, são manifestações do tipo de políticaque afetou severamente o conjunto dospaíses em desenvolvimento, especialmenteàqueles mais integrados à economia mun-dial.

Ao recordarem a Declaração de Cancún,que deram a público há praticamente umano, os Presidentes concordaram que os si-nais de recuperação em alguns países indus-trializados não se poderão consolidar nemse estender, a menos que o conjunto dacomunidade internacional adote políticas

coordenadas em favor da reativação e dodesenvolvimento e fortaleci mento da coope-ração internacional. Nesse sentido, reite-raram sua convicção de que estão madurasas condições para se iniciar uma nova etapade diálogo construtivo entre o Norte e oSul.

Observaram que nas atuais condições eco-nómicas mundiais, torna-se particularmenteurgente deter e reverter as tendências prote-cionistas, que têm dificultado de maneiracrescente a entrada de produtos dos paísesem desenvolvimento nos mercados dos paí-ses industrializados. Da mesma forma,dever-se-ia assegurar que o sistema monetá-rio e financeiro internacional permitisse ofornecimento de recursos financeiros emcondições adequadas, sobretudo para ospaíses que já realizaram processos de ajusta-mento, com vistas a corrigir os desequilí-brios interno e externo de suas economias.

Ao reafirmarem o decidido respeito de am-bos os países a seus respectivos compromis-sos externos, assinalaram a importância deque os Governos dos principais países de-senvolvidos, a comunidade financeira inter-nacional e as organizações financeiras mul-tilaterais reconheçam a necessidade urgentede assegurar aos países devedores melhorescondições de financiamento e alívio efetivoda carga do serviço de sua d ívida externa, afim de permitir que se reestabeleçam, nomais breve prazo, taxas adequadas de cres-cimento económico.

Coincidiram em assinalar que a crise exigesoluções de alcance global, e que essas deve-rão definir-se no âmbito das Nações Unidase de suas agências especializadas, no proces-so de negociações globais que é imperiosoexecutar. A esse respeito, observaram que asconsultas realizadas a partir do último pe-ríodo de sessões da Assembleia Geral abri-ram uma perspectiva positiva que é precisoaproveitar.

Ambos os Mandatários expressaram sua sa-tisfação pelos êxitos do Grupo dos 77 emmatéria de cooperação económica entre os

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países em desenvolvimento. Reiteraram seuapoio a essas atividades e ressaltaram a con-veniência de que sejam definidos programase projetos de cooperação realistas e factí-veis, que, ao serem postos em prática, forta-leçam a economia desses países.

Consideraram que os resultados muito posi-tivos e alentadores da Conferência Econó-mica Latino-Americana permitiram atuali-zar e tornar mais efetiva a posição da regiãoem face dos principais problemas da econo-mia internacional, especialmente das áreascorrelatas do comércio e do financiamento.Reiteraram seu apoio à Declaração de Qui-to, cujo conteúdo deve pautar a atuaçãodos países latino-americanos nos foros eco-nómicos multilaterais, procurando-se ativa-mente a adesão a ela e seu enriquecimentopor parte de outros países em desenvolvi-mento.

As questões hemisféricas, em especial as re-lações latino-americanas, foram objeto deconsideração particularmente cuidadosa nasconversações entre os dois Mandatários.Ambos reafirmaram que os propósitos,ações de solidariedade e cooperação régio-.nais estão baseados nos profundos vínculoshistóricos e culturais que unem a AméricaLatina, dotando-a de sólida e definidaidentidade regional. Para isso contribui,igualmente, a afinidade das questões que ospaíses da região devem enfrentar com oobjetivo de se integrarem à economia inter-nacional hodierna.

Sublinharam, ao mesmo tempo, que a plu-ralidade é traço característico e enriquece-dor da região, e que o reconhecimento e orespeito dessa qualidade fundamentam aconveniência hemisférica.

Na mais ampla perspectiva das relações con-tinentais, os Presidentes expressaram que sefaz necessário um grande esforço de renova-ção e mudança nos enfoques e nos compor-tamentos, capaz de reconhecer as profun-das transformações ocorridas no hemisférioe na realidade dos dias atuais.

Nesse sentido, assinalaram ser inadiável amodificação da natureza das relações conti-nentais, a fim de conceber novas formas decomunicação política e de cooperação eco-nómica, que expressem a capacidade deacordo e de solidariedade latino-americana,bem como a autêntica vontade de aproxima-ção dos demais países do Continente.

Expressaram que esse novo relacionamentocontinental proposto, com base em víncu-los mais equitativos, dinâmicos e solidários,permitiria responder aos legítimos interes-ses de todos e às necessidades de desenvol-vimento da América Latina, favorecendo,assim, a estabilidade e o progresso no Con-tinente.

Renovaram sua adesão aos princípios daCarta da Organização dos Estados America-nos e consideraram que, em respeito a eles,tornam-se necessários a revitalização e ofortalecimento do Sistema Interamericano.O Presidente do México expressou sua con-fiança de que o Diplomata brasileiro eleitoSecretário-Geral da Organização se empe-nhará na reorientação eficaz desse processo,de acordo com o mandato a ser definidopelos países-membros.

Nesse sentido, os dois Presidentes se referi-ram aos trabalhos da Comissão Especial deFinanciamento e Comércio, estabelecida noâmbito da OEA. Manifestaram sua esperançade que os trabalhos da Comissão contri-buam para facilitar o acesso dos produtoslatino-americanos ao mercado norte-ameri-cano, incrementando assim as rendas prove-nientes da exportação, bem como a capaci-dade de pagamento da região. Indicaram, naocasião, ser necessária a abertura de novasopções ao financiamento do desenvolvi-mento, a identificação e consecução de me-didas efetivas para enfrentar o prementeproblema do endividamento.

Os Presidentes coincidiram na apreciaçãode que, desde suas conversações de um anoatrás, registrou-se importante evoluçãopositiva no panorama político latino-ameri-

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cano, que amplia as possibilidades de diálo-go e cooperação regionais.

Os Presidentes estimam que se devem ini-ciar rapidamente negociações para resolvera controvérsia sobre as Ilhas Malvinas, emconformidade com as Resoluções 37/9 e38/12 da Assembleia Geral das Nações Uni-das, de vez que qualquer demora poderátransformar o problema em foco permanen-te de tensões. Reiteraram o claro apoio deseus países à reivindicação argentina de sobe-rania sobre o território daquelas ilhas.

Os Mandatários mantiveram um diálogo de-talhado sobre a situação na América Cen-tral e suas perspectivas. Observaram que,nos últimos meses, a paz se viu seriamenteameaçada e que aumentou o risco de umconflito bélico de dimensões regionais.Nessa hipótese, comprometer-se-iam a paz ea estabilidade internacionais e se causariairreparável dano às relações hemisféricas.Por isso, ambos os Presidentes destacaram aimportância do fortalecimento dos esforçosdo Grupo de Contadora em prol da paz, doalívio das tensões e do desenvolvimentoeconómico e social dos países centro-ameri-canos. O Presidente do Brasil reiterou oapoio decidido e solidário de seu Governo aesses esforços e assinalou que o Grupo deContadora constitui a única alternativa po-lítica e ética para a solução dos problemascentro-a merica nos.

Os Mandatários concordaram que o proces-so de Contadora obteve resultados inques-tionáveis em seu empenho para impedir queos conflitos se tornassem mais agudos epara evitar uma conflagração generalizada,bem como na busca de bases para o enten-dimento político entre os países centro-americanos. Reconheceram que essa inicia-tiva latino-americana obteve amplo apoioda comunidade internacional.

Assinalaram que, diante da perspectiva depaz e entendimento ensejada pelas gestõesde Contadora, torna-se imperioso que todosos países com interesses na região, e os pró-prios países centro-americanos, abstenham-

se de ações que possam perturbá-las ou quecontribuam para deteriorar ainda mais asituação. A esse respeito, faz-se mister, ade-mais, demonstrar a vontade política neces-sária para tornar efetivos os compromissosoriginados no Documento de Objetivos enas Normas para sua Execução. De tudoquanto precede depende a obtenção deuma solução pacífica, justa e duradourapara os problemas que afligem os povos daregião.

Os Presidentes destacaram os resultadosalentadores da recente reunião do Comitéde Ação de Apoio ao DesenvolvimentoEconómico e Social da América Central(CADESCA), mecanismo de cooperaçãoque constitui a dimensão económica do es-forço de paz de Contadora. É importanteque, com a contribuição de seus membros,assim como com a de países e organismosextra-regionais, o Comité .execute o Progra-ma de Trabalho adotado na reunião doMéxico.

Ao examinarem a situação da economia eda cooperação regionais na América Latina,os Presidentes destacaram que o Plano deAção de Quito contém um conjunto equili-brado de ações de cooperação, cuja execu-ção é factível em breve prazo, bem comomandatos e orientações para a atividade dosorganismos de cooperação económica naAmérica Latina. Consideraram ser impor-tante que o Plano de Ação se traduza emprogressos efetivos nos diversos foros e con-tribua para uma oportuna racionalização daestrutura institucional da cooperação lati-no-americana.

Nesse sentido, os Mandatários destacaramseu apoio político ao Sistema EconómicoLatino-Americano (SELA) como organismodestinado a orientar e promover a coopera-ção económica e técnica regional. Regis-traram com satisfação os progressos obtidosnas últimas reuniões do Conselho com vis-tas a definir um conjunto de ações para re-duzir a vulnerabilidade externa dos paíseslatino-americanos e fortalecer a segurançaeconómica regional. Consideraram que, por

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essa ótica, convém examinar as tarefas doSistema e de seus Comités de Ação paraassegurar maior congruência de conjunto.

Coincidiram que, para o futuro da Asso-ciação Latino-Americana de Integração(ALADI), é crucial acelerar o processo deconvergência com outros organismos sub-regionais de integração, a fim de garantir oalcance regional das medidas de estímuloao comércio e complementação económica,especialmente a preferência tarifária regio-nal, e a ampliação e o fortalecimento dosmecanismos regionais de financiamento docomércio.

Reiteraram que a Organização Latino-Ame-ricana de Energia (OLADE) deve apressar aexecução do Programa Latino-Americanode Cooperação Energética a fim de incre-mentar a auto-suficiência regional ea auto-nomia tecnológica nesse campo.

À luz dos critérios anteriores, os Mandatá-rios reafirmaram sua convicção de que acooperação económica regional na AméricaLatina entrou numa fase nova e mais pro-missora, que requer um compromisso reno-vado dos países da região para a sua conso-lidação.

O amplo quadro do relacionamento brasi-leiro-mexicano foi motivo de consideraçãocuidadosa e pormenorizada nas conversa-ções dos Mandatários. Os dois Presidentesreferiram-se ao Mecanismo de Consultas emMatéria de Interesse Mútuo estabelecidocomo resultado de suas conversações em1983 e destacaram que aquele documentopermitiu a avaliação sistemática do relacio-namento bilateral. Manifestaram, igualmen-te, que a frequente troca de opiniões en-tre o Secretário de Relações Exteriores doMéxico e o Ministro das Relações Exterio-res do Brasil contribui para reafirmar ascoincidências e realizar ações conjuntas noque diz respeito a algumas questões interna-cionais de interesse para ambos os países.

Ao analisarem o estado atual das relaçõeseconómicas bilaterais, ambos os Mandatá-

rios tomaram nota da forma com que seinstrumentaram os compromissos contraí-dos durante o seu último encontro em Can-cún, em abril de 1983, e convieram na ne-cessidade de se levarem a cabo ações con-cretas para que as metas estabelecidas noPrograma de Trabalho emanado daquelareunião se tornem mais próximas. A essepropósito, adotaram um Programa de Traba-lho reformulado para 1984—1985 em maté-ria de cooperação económica. Esse Progra-ma reflete também os resultados da últimareunião da Subcomissão Mista de Coopera-ção Económica e Comercial, realizada naCidade do México, durante o mês de setem-bro passado, bem como as conclusões a quechegaram, em meados do corrente mês, noBrasil, delegações dos dois países, as quaiscelebraram reuniões em matéria de coope-ração económica.

Examinaram amplamente o intercâmbio co-mercial dos dois países, cujo desenvol-vimento continuou afetado pelas circuns-tâncias derivadas da aplicação dos respecti-vos programas nacionais de ajustamentoeconómico. Manifestaram sua firme deter-minação de continuar aplicando políticas,ações e mecanismos que fortaleçam e au-mentam as transações comerciais bilateraise, em particular, outorgaram prioridade àsque permitam alcançar um comércio maisdinâmico, diversificado e equilibrado.

Com efeito, desenvolver-se-ão programasespeciais de intercâmbio comercial para aaquisição recíproca de pacotes de determi-nados produtos propostos pelos setoresempresariais de cada país. Tomaram notacom satisfação de que já foram apresenta-dos os primeiros pedidos de operações des-se tipo.

Observaram também que o objetivo de in-crementar o comércio bilateral será facili-tado pelos entendimentos em matéria deagilização recíproca de trâmites administra-tivos de importação, em cada país, bemcomo pelo apoio às atividades de promoçãoe intercâmbio de informações sobre oportu-nidades comerciais.

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Os Presidentes manifestaram satisfaçãopelos resultados alcançados na negociação,entre o Brasil e o México, do Acordo deAlcance Parcial n9 9, relativo às preferên-c ias o u t o r g a d a s , no per íodo de1962-1980, no âmbito da Associação Lati-no-Americana de Livre Comércio (ALALC).Nesse sentido, tomaram nota com agradode que o referido instrumento será firmadona sede da Associação Latino-Americana deIntegração (ALADI), em Montevidéu, pelosPlenipotenciários de ambos os países, em31 de março de 1984.

Concordaram em continuar o estudo, comparticipação da Argentina, da iniciativa deestabelecer, pelos três países, uma preferên-cia tarifária unilateral, sem exigências dereciprocidade, em favor dos membros daALADI e de outros países da região. Aoassinalarem que esse mecanismo proporcio-nará forte estímulo ao comércio regionallatino-americano, destacaram que o mesmoreflete o espírito dos acordos da Conferên-cia Económica Latino-Americana.

Ao analisarem os progressos em matéria decomplementação industrial, os Presidentescoincidiram em que essa área de coopera-ção apresenta amplas oportunidades para ofortalecimento das relações económicas b -laterais. Nesse sentido, acordaram em darinício a programas que permitam avançar,de forma realista, no sentido da consolida-ção das relações económicas entre ambos ospaíses, principalmente nos setores em quecontinuam dependendo, de forma conside-rável, de insumos, equipamentos etecnolo-gias importados.

A fim de lograr esse objetivo, convieram nanecessidade de mobilizar recursos de em-presas públicas de ambos os países e levar acabo esforços para a identificação de seto-res suscetíveis de gerar correntes comerciaise vínculos empresariais a médio e longoprazo.

Nesse sentido, expressaram sua convicçãode que contato e cooperação mais estrei-tos dos homens de negócios dos dois países

afiguram-se como essenciais para a expan-são e diversificação comercial que se pro-põem.

Os Mandatários sublinharam que, para ob-ter, com maior rapidez, os objetivos dacomplementação económica e expansão docomércio, é necessário contar com apoiosfinanceiros suficientes. A esse respeito,viram com interesse a ampliação das linhasde crédito do Convénio de Pagamentos eCréditos Recíprocos, para estabelecer mon-tantes adequados às necessidades do comér-cio bilateral e para evitar os frequentes pe-didos de liquidações extraordinárias. Ex-pressaram sua satisfação pela assinatura deum Protocolo entre seus Governos em ma-téria de apoio financeiro ao comércio bila-teral, que prevê a concessão recíproca delinhas de crédito. Consideraram importantelevar adiante os mecanismos de estímulo àsco-inversões.

Viram com particular agrado a possibilida-de de celebração de uma reunião para exa-minar conjuntamente o estabelecimento denovos instrumentos financeiros regionais.

Ademais, os Mandatários observaram comsatisfação a próxima realização, em Brasí-lia, de seminário sobre políticas de ajusta-mento económico e infra-estrutura para pla-nejamento, bem como a participação detécnicos brasileiros em cursos relacionadoscom as técnicas de planejamento econó-mico e social, no México, no âmbito doAjuste Complementar nessas matérias, ado-tado em Cancún.

Os dois Chefes de Estado estiveram de acor-do em que a cooperação científica e téc-nica, através da formação de pessoal, do in-tercâmbio de experiências científicas e téc-nicas e da realização de pesquisas conjun-tas, tem contribuído para estimular o de-senvolvimento económico e social em am-bos os países.

Expressaram sua satisfação pelos resultadosalcançados na II Reunião da Subcomissãode Cooperação Científica e Técnica, realiza-

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da em setembro de 1983, no México, oca-sião em que foi aprovado amplo programade trabalho para o biénio 1984/85, já emexecução de maneira satisfatória.

Concordaram os dois Chefes de Estado emque se acrescentem ao programa de traba-lho duas áreas de colaboração, consideradasprioritárias para o fortalecimento da capaci-dade produtiva dos dois países: a microele-trônica e o co-desenvolvimento tecnológicoentre pequenas e médias indústrias, comvistas à geração coordenada de novas tecno-logias. Manifestaram, igualmente, seu agradopelo início da implementação do Programade Intercâmbio de Jovens Cientistas entreos dois países e pela assinatura de instru-mento relativo ao intercâmbio no âmbitoda metrologia, normalização e controle dequalidade.

Os dois Presidentes renovaram o interessede seus Governos em estimular relaciona-mento cultural e educacional dinâmicoentre ambos os países que, além de inter-câmbios importantes na área, converta-seem veículo de conhecimento recíproco econtribua para o fortalecimento da identi-dade latino-americana, baseada na plurali-dade de culturas, que tanto a enriquecem.Destacaram que a cultura nacional englobaamplamente a vida de um povo, motivopelo qual o intercâmbio nessa matéria deveconcebê-la em toda sua riqueza e complexi-dade, como dimensão inseparável do pro-cesso de desenvolvimento que destaca, en-tre seus principais parâmetros e orientação,a necessidade de preservar a identidade na-cional e a democratização de acesso e frui-ção dos bens culturais. Concebido em taistermos, o programa poderá contribuir parao fortalecimento dos vínculos regionaiscomo requisito na sua busca comum paraenfrentar o desafio do momento presente.

Os dois Presidentes assinalaram que a pró-xima reunião da Subcomissão Educacionale Cultural, em dezembro, constituirá aoportunidade para implementar amplo pro-grama de intercâmbio que reflita as polí-

ticas culturais ativas dos dois países. Comesse propósito, foram examinadas, entreoutras, as seguintes ações:

— fortalecer a colaboração académica entreos centros de educação superior dos doispaíses, inclusive o intercâmbio de expe-riências, a realização de projetos conjuntos,o envio recíproco de publicações especia-lizadas, a celebração de seminários de altonível académico e a possível criação de no-vas cátedras do idioma nacional no outropaís, bem como o fortalecimento das jáexistentes;

— fortalecer, igualmente, o envio de bol-sistas entre os dois países, nas áreas e espe-cialidades que se determinem na reunião daSubcomissão;

— colaborar no âmbito da cultura e da artea fim de proporcionar a presença de artistase especialistas em teatro, dança e música deum país no outro; a apresentação de expo-sições das diversas manifestações das artesvisuais; e, no campo da música, a promoçãodo intercâmbio de regentes de orquestra,solistas e partituras de compositores deambos os países;

— estimular o intercâmbio de publicações ematerial etnográfico e as visitas recíprocasde conferencistas e especialistas em antro-pologia que contribuam para um melhorconhecimento da riqueza étnica e culturalde ambas as nações;

— promover o conhecimento mútuo da pro-dução literária — ação que reveste especialimportância — através do intercâmbio delivros, do estímulo às traduções e do conhe-cimento recíproco entre os escritores;

— promover a cooperação em diversas ma-térias entre as instituições de arquivos na-cionais de ambos os países, a fim de abran-ger a realização de pesquisas e o intercâm-bio de experiências técnicas relativas à siste-matização de informação e restauração dedocumentos e materiais gráficos;

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— examinar o estabelecimento de contactosdiretos entre os institutos de rádio, televi-são e cinematografia do México e as entida-des correspondentes do Brasil, a f im de in-crementar o intercâmbio de material audio-visual, a organização de festivais de cinemae semanas radiofónicas e a co-produção emcinema, televisão e rádio.

Os dois Mandatários concordaram que apresente visita traduz um significativo passoadiante no crescente processo de fraternaamizade e eficaz colaboração entre o Brasileo México.

O presidente do México ressaltou, ao térmi-no das conversações, o ambiente extrema-mente cordial no qual se desenrolaram, eagradeceu ao Presidente da República Fede-rativa do Brasil e às autoridades brasileiras

com as quais se avistou as demonstraçõesde interesse no fortalecimento das relaçõescom o México. Agradeceu, igualmente, acalorosa hospitalidade que lhe foi dispen-sada pelo povo brasileiro durante sua visita,que interpretou como manifestação da tra-dicional simpatia e identificação entre bra-sileiros e mexicanos.

O Presidente do México formulou conviteao Presidente da República Federativa doBrasil para realizar visita oficial ao México,em data a ser mutuamente acertada, a f imde que prossiga o diálogo direto entre osMandatários dos dois países, que se caracte-riza por sua fluidez, franqueza e utilidade.

O Presidente do Brasil aceitou, sumamenteagradecido, este convite.

* Na seção Tratados, Acordos, Convénios, página 144, os textos dos atos bilaterais entre o Brasil e o México, assinados porocasião da visita do Presidente mexicano, Miguel de Ia Madrid Hurtado.

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saraiva guerreiro representao brasil na conferência

económica -americanaDiscurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, em Quito, em 12 de janeiro de 1984,por ocasião da abertura da Conferência EconómicaLatino-Americana.

Senhores,

Tenho prazer em trazer-lhes as saudaçõesdo Presidente João Baptista de OliveiraFigueiredo, e seus sinceros votos de êxitopara os trabalhos desta importante Confe-rência. O Chefe de Governo brasileiroacompanhou desde o primeiro momento,com vivo interesse e simpatia, os prepara-tivos para esta reunião, tão oportunamenteconvocada pelo Senhor Presidente do Equa-dor. Sinto-me por isso particularmente hon-rado com a incumbência de representar oBrasil nesta ocasião.

Esta Conferência Económica Latino-Ameri-cana ocorre no momento mais difícil vividopor nossos países em mais de meio século.

Pela primeira vez em muitas décadas, en-contramo-nos em período prolongado deestagnação e mesmo retrocesso económico.

Pela primeira vez em muito tempo, falta anossos países a perspectiva do desenvolvi-mento.

Pela primeira vez, após intenso processo deintegração à economia internacional, somosconfrontados com dramáticas restrições,

quando antes, mal ou bem, se nos abriamoportunidades de acesso aos mercados co-merciais e financeiros internacionais.

Pela primeira vez, enfim, sentimos materia-lizarem-se, em toda sua força e extensão, osvícios e precariedades de um sistema inter-nacional que há muito denunciávamoscomo instável, mas que não supuséramospudesse vir a depositar sobre nossos om-bros, de maneira tão abrupta e despropor-cional, a pesada carga de suas disfunções.

A crise que vivemos resulta essencialmenteda dependência económica e da vulnerabili-dade externa.

Suas origens imediatas não estão em carên-cias e limitações intrínsecas à constelaçãode recursos e à estrutura produtiva de nos-sos países, embora carecesse esta de reajus-tes, mas sobretudo em inusitada conjunçãode fatores externos adversos.

Cada um de nossos países tem, intransferi-velmente, a responsabilidade de corrigir osdesequilíbrios de estruturas económicas esociais que apresentam aspectos injustos —mas o que hoje nos reúne é a necessidadede procurar respostas comuns aos novos

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desafios e obstáculos que o comportamentoatual da economia internacional colocadiante de nossos esforços de superação dosubdesenvolvimento, por vezes agravandoas distorções a ele inerentes.

Senhores,

Nos anos 70, enquanto as economias desen-volvidas experimentavam baixas taxas decrescimento, os países do Terceiro Mundo,e especialmente as economias latino-ameri-canas, cresciam rapidamente. Pela primeiravez, atenuou-se então a vinculação estreitaentre o crescimento do Norte e do Sul, dei-xando a expansão dos países em desenvol-vimento de ser mero reflexo do crescimen-to do Norte. Tal crescimento acelerado foipossível graças à crescente vinculação denossos países ao sistema económico inter-nacional, tanto pelo lado comercial, onde aparticipação dos países em desenvolvimen-to no comércio mundial aumentou e sediversificou, incrementando-sé também seucomércio recíproco, quanto pelo lado f i -nanceiro, onde a disponibilidade de recur-sos na rede bancária privada permitiu-nosfinanciar vultosos programas de ajustamen-to às novas realidades do setor energético, aque fomos forçados pela elevação dos pre-ços do petróleo.

Se foi a América Latina que, por seu maiorgrau de desenvolvimento, abertura e entro-samento com o sistema internacional, obte-ve ao longo dos anos 70 maiores taxas decrescimento, aprofundando seu processo deindustrialização, é a nossa região, agora, aprincipal atingida com a ruptura do vínculoentre comércio e finanças. De forma até im-provisada e desorganizada, havíamos evita-do uma contração brusca de nossas econo-mias e contribuído para sustentar os níveisdo comércio internacional. Agora, emboraa crise não seja exclusivamente latino-ame-ricana, são nossos países que estão a pagaro maior preço do ajustamento requeridopor um sistema económico internacionalinstável e desestabilizador, e que passou afuncionar de forma ainda mais concentra-

dora em benefício dos países desenvol-vidos.

Confrontados com modificação radical dopanorama externo, por obra de fatores forade seu controle, os países latino-americanossão chamados a aplicar políticas de ajusta-mento que privilegiam os elementos reces-sivos e visam à abertura de suas economiasem condições que podem representar umareversão dos ganhos do passado em matériade desenvolvimento e industrialização. Talreceituário, formulado a partir de concep-ções alheias às especificidades de economiassubdesenvolvidas, é aplicado de modo me-cânico a países com condições económicase sociais distintas, e segundo regras defini-das para uma conjuntura económica inter-nacional diversa da presente.

A gravidade da situação requer sérios sacri-fícios, mas o peso do ajustamento não deverecair exclusivamente sobre os países deve-dores. Por outro lado, as estratégias de ajus-te têm que forçosamente ter presente aconjuntura internacional.

Uma coisa é contrair demanda, aumentarexportações e servir à dívida numa econo-mia internacional em expansão, com cres-cente abertura de mercados, taxas de jurosbaixas ou até decrescentes e fluxos finan-ceiros em expansão. Outra, muito diferen-te, é aplicar a mesma estratégia de ajusteem meio a uma recessão internacional que atodos afeta, a um aumento sem precedentesdo protecionismo, uma brutal deterioraçãonos termos de intercâmbio, a mercados emcrise em todo o mundo, a taxas de jurosinimagináveis e a severa e duradoura contra-ção nos fluxos financeiros para os paísesendividados.

O peso do ajuste se desloca quase exclusiva-mente para a contração da demanda, refor-çando as características recessivas do pro-cesso e inibindo a recuperação da economiainternacional. O ónus do reajuste recai pe-sadamente sobre os países devedores. En-quanto isso não se nota, infelizmente, de

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parte das nações credoras, medidas, no pla-no comercial e financeiro, à altura da res-ponsabilidade substancial que tais naçõesdetêm pelo futuro da economia mundial,da co-responsabilidade a que não se podemfurtar pelo problema do endividamentoexterno, e dos meios superiores de que dis-põem. Em recente pronunciamento, o Dire-tor Geral do FMI salientava que "dos 40bilhões de dólares de melhora no déficitcomercial conjunto dos países em desenvol-vimento não-exportadores de petróleo, nosúltimos dois anos, três quartos representa-ram redução nas importações" — fato queilustra de modo enfático a inadequação dosmétodos seguidos, em última análise emdetrimento de toda a economia mundial.

O mal-estar de nossa época está longe, po-rém, de ser exclusivamente económico: tãoreal quanto a crise económica que nos afli-ge é a crise política no relacionamento en-tre as nações, caracterizada pela incapaci-dade da comunidade internacional de detero acúmulo avassalador de medidas unilate-rais e de soluções de força.

Claramente aumenta a tensão internacional,quer a nível de conflitos localizados, querno plano do relacionamento entre as Super-potências e as grandes alianças militares.

Nas circunstâncias atuais evidencia-se, maisdiretamente, uma inequívoca correçãoentre a tensão política e as dificuldadeseconómicas dos países em desenvol-vimento. Se antes, em contexto de expan-são económica, era válido lamentar o des-perdício, pelas grandes potências, em arma-mentos sofisticados, especialmente os nu-cleares, de recursos que poderiam apressaro desenvolvimento das nações mais pobres,hoje o subdesenvolvimento é diretamenteagravado pela adoção nos grandes centrosde pol fticas económicas condicionadas pelasexigências de despesas militares verdadeira-mente inéditas. Os grandes déficits públicosem que incorrem mantêm as taxas de jurosacima da taxa de rendimento das atividadesprodutivas dos países que têm dívidas apagar.

De certa forma, pois, repercute sobre a eco-nomia dos países latino-americanos parteconsiderável dos custos acarretados pelacarreira armamentista.

Tal circunstância intensifica e torna maisconcreto o interesse que sempre teve aAmérica Latina nas soluções pacíficas dura-douras para as tensões de nosso tempo,com base nos princípios da Carta das Na-ções Unidas, e ao mesmo tempo na preser-vação de seu espaço político próprio, com arejeição de ingerências externas e de situa-ções que provoquem a superposição de umadimensão de guerra fria e conflitos regio-nais, e buscando, em suas próprias raízes,soluções autóctones e autênticas para con-flitos e divergências entre nossas nações,que têm mais laços a uni-las do que diferen-ças a separá-las.

Nossa voz no plano internacional é certa-mente reforçada em sua autoridade pelasconquistas democráticas que estão a eviden-ciar a imensa identificação de nossos povoscom os valores ocidentais permanentes.

Senhores,

A América Latina tem, na crise atual, odever histórico de contribuir com propostaspara a recuperação da economia internacio-nal, e de trabalhar com empenho para aretomada do crescimento económico daregião.

É nesse contexto que vê meu país a impor-tante iniciativa do Presidente Hurtado: nes-te foro, a solidariedade latino-americanadeve mais uma vez permitir alcançar umacordo sobre um conjunto e propostas rea-listas a nível regional e internacional que aAmérica Latina possa apresentar aos paísesamigos do Terceiro Mundo e do mundodesenvolvido para fazer frente à crise.

Tal programa teria, no que se refere àsquestões económicas globais, duas verten-tes: uma, que conteria medidas de curtoprazo, para fazer frente à gravidade da situa-

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cão conjuntural, e outra, que contemplariamedidas mais profundas, de longo prazo,endereçadas a algumas das causas da atualsituação e a criar condições para um reorde-namento das relações económicas interna-cionais em bases mais eficazes e equitativas.

Certos pressupostos básicos deveriam presi-dir a nossas propostas:

— o crescimento económico sustentado écondição indispensável para o atendimentodas necessidades mínimas de nossas popula-ções e para a estabilidade político-social denossos países;

— as conquistas alcançadas no processo deindustrialização de nossos países em desen-volvimento devem ser preservadas, e conti-nuados com vigor nossos esforços de capa-citação autónoma em setores de importân-cia estratégica para o desenvolvimento e asoberania nacionais;

— a conquista de saldos comerciais crescen-tes pelos países devedores deve ser assegura-da, principalmente, pelo crescimento dasexportações, evitando-se a excessiva contra-ção das importações;

— é imprescindível o alívio imediato da si-tuação do endividamento externo dos paí-ses em desenvolvimento, por alguma formade redução do serviço da dívida, reduzin-do-se, pelo menos, as pesadíssimas sobre-cargas dos juros, senão estes mesmos, efazendo-se um esforço com vistas ao reesca-lonamento de pagamentos em perspectivade longo prazo; pelo aumento dos fluxosfinanceiros e por maior previsibilidade doacesso a recursos.

Dado que a crise atual rompeu o vínculoentre comércio e finanças, e que nas cir-cunstâncias atuais o que se observa é a acu-mulação de efeitos recessivos em que, nolado comercial, cada vez mais se restringemas importações dos países em desenvolvi-mento, e, no lado financeiro, cada vez maisaumentam as remessas como pagamento doserviço da dívida, as propostas no curto

prazo devem atacar as duas faces da moedae tentar recompor o elo comércio-finançasde uma forma não-recessiva e duradoura.Nesse sentido, dois problemas sobressaem:o protecionismo nos países desenvolvidos,que, ainda no dizer do Diretor Geral doFMI, "ameaça lançar o mundo numa espiralrecessiva que seria muito difícil reverter", eo atual nível das taxas de juros nos merca-dos financeiros internacionais. Ou se ata-cam frontalmente esses problemas ou nãohaverá como pensar em soluções de longoprazo.

No plano comercial há que se adotar, a cur-to prazo, um programa de emergência deabertura dos mercados dos países desenvol-vidos para os produtos de especial interessedos países em desenvolvimento, através demedidas a serem tomadas pelos países de-senvolvidos, com vistas à abolição imediatade barreiras ilegais à exportação dos paísesem desenvolvimento, e à reversão do prote-cionismo em setores de especial interessepara tais países.

Adotadas tais medidas pelos países desen-volvidos, algumas das quais por tempo de-finido, ter-se-ia contribuído para restau-rar condições para o revigoramento docomércio internacional, graças à ampliaçãoda capacidade de importar dos países endi-vidados (uma vez que suas exportações pas-sariam a crescer em ritmo bem superior aoatual). Estaria lançada assim a base parauma retomada do processo de liberalizaçãodo comércio internacional, inclusive me-diante eventual nova rodada de negociaçõescomerciais globais. Os países desenvolvidosdevem, porém, ter presente a necessidadede definir previamente os termos e condi-ções para a participação dos países em de-senvolvimento em tal rodada, através de umprocesso prévio de redução de barreiras na-quelas áreas de interesse específico dos paí-ses em desenvolvimento, cabendo a estescontribuição relativa e diferida no tempo.

É indispensável, com efeito, que se tomemdesde logo as decisões políticas necessáriaspara reverter o protecionismo que se faz

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sentir, de maneira crescente, sobre os seto-res onde precisamente vinha ocorrendo des-locamento de vantagens comparativas em fa-vor dos países em desenvolvimento, emprodutos como têxteis, siderurgia, calçados,autopeças, entre muitos outros — ou seto-res onde as vantagens comparativas tradi-cionais detidas por nossos pafses são anula-das pelos imensos recursos desperdiçadossob a forma de subsídios à produção e ex-portação agrícola.

Qualquer processo de liberalização comer-cial a mais longo prazo só será factível, por-tanto, se os países desenvolvidos com-preenderem ser imprescindível adotar medi-das de ajuste estrutural que reduzam suapresença em setores onde suas indústriasnão mais são competitivas. Pensarem rever-ter a presença dos países em desenvolvi-mento no mercado internacional de certosprodutos industrializados, ou congelar talpresença aos níveis atuais, é estratégia mío-pe e autodestrutiva.

Qualquer avanço no campo comercial, con-tudo, por mais significativo que seja, levaránecessariamente tempo para materializar-see, portanto, não poderá, por si só, aliviar asituação dos países endividados enquantoalgo mais amplo não for feito com relaçãoaos quase 800 bilhões de dólares devidospor esses pa íses.

É paradoxal a situação, em que hoje nosencontramos, de, em sendo países pobres eestruturalmente carentes de capital, estar-mos a transferir recursos reais para o mun-do desenvolvido, subsidiando-lhes a recupe-ração enquanto vemos drasticamente tolhi-da nossa capacidade de revigorar nossaseconomias. Essa é uma situação que nãopode ser senão muito transitória. Os ajusta-mentos que certamente temos de fazer nãodevem destruir nossa própria capacidadeprodutiva, para não falar nos riscos sociais epol íticos decorrentes.

É urgente encontrar soluções duradourasno interesse tanto dos países devedoresquanto dos credores.

É preciso que a comunidade financeiracompreenda que seus interesses de longoprazo devem ter primazia sobre ganhos decurto prazo.

É por isso necessário que todas as partesinteressadas — Governos de países devedo-res e credores, bancos privados e organiza-ções muItilaterais competentes — façam es-forços de reflexão com vistas ao encontrode rumos novos e mais adequados para oencaminhamento dos problemas do endivi-damento externo. Tais esforços devem in-cluir, sempre que necessário, uma reprogra-mação de pagamentos devidos, tanto a t í tu-lo de principal quanto de juros — pois semisso será difíci l , se não impossível, a reto-mada de nosso desenvolvimento, se persis-tirem graves dificuldades para a ampliaçãosubstancial de nossas exportações e a pers-pectiva de manutenção, no futuro previsí-vel, de taxas de juros elevadas nos mercadosfinanceiros.

As taxas de juros, com efeito, não podemseguir em seus níveis atuais, sob pena deque se tornem inviáveis os esforços já feitospara a administração da dívida dos paísesem desenvolvimento e se extinga a própriarecuperação, incipiente e ainda insegura,que se esboça em alguns países desenvol-vidos.

As renegociações, respeitadas as caracterís-ticas de cada país e o perfil e composiçãode sua dívida, devem ter em vista um equa-cionamento do problema a longo prazo eque permita uma recuperação significativano nível das reservas do país interessado,sem o que não se criará a necessária estabili-dade e tranquilidade para que os países de-vedores possam atacar a tarefa de reajustede suas economias e de eventual retomadade seu crescimento económico.

Senhores,

A crise económica mundial provou que aintegração não é um processo isolado em simesmo. É que os países, em época de crise,tendem a retrair-se, com resultados que rea-

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limentam o processo de deterioração desuas relações económicas e comerciais emgeral. Cumpre-nos, porém, em nome do idealintegracionista de nossos povos, o esforçode evitar, em nosso relacionamento, as ten-tações dos protecionismos injustificados edas vantagens unilaterais, característicasdos tempos atuais Cabe-nos transformar acrise em oportunidade de dinamização dasolidariedade e da cooperação entre nossospa íses.

Creio que, para solucionar as dificuldadesque enfrenta o comércio intra-regional, umprimeiro passo seria a implementação daPreferência Tarifária Regional, prevista peloTratado de Montevidéu de 1980. Sem pre-tender abordar pormenores técnicos, cujadiscussão cabe ao foro competente — ouseja, o da Associação Latino-Americana deIntegração, em cujo âmbito o instrumentodeve ser implementado, através do Acordode Alcance Regional aberto à adesão dosdemais países da Região não-membros daALADI —, diria apenas que a eficácia dareferida Preferência está condicionada a de-terminados requisitos. Primeiramente, quesua criação seja acompanhada de um pro-grama negociado de eliminação gradual debarreiras não-ta rifar ias, passível, no entan-to, de ser cumprido sem exigências irrealis-tas que o transformem em instrumento inó-cuo, como o foi a Lista Comum da extintaAssociação Latino-Americana de Livre Co-mércio. Em seguida, seria necessário que omecanismo a ser criado resguardasse os jus-tos interesses de todos os países, segundoseus graus de desenvolvimento, através, noentanto, de fórmulas que não se constituam,na prática, em mais uma restrição não-tari-fária, pelo acúmulo de pormenores supér-fluos.

Com respeito, ainda, à área do comércio,buscaríamos maximizar as possibilidades decomplementação de nossas economias eprocurar tirar proveito até mesmo de seusaspectos competitivos. Seria necessário,assim, no quadro da ampliação dos Convé-nios de Créditos Recíprocos, vencer os últi-

mos obstáculos, ainda existentes, para queo pagamento de determinados itens essen-ciais ao nosso desenvolvimento possa sercursado através da compensação muIti late-ral, quando adquiridos dentro da própriaRegião.

Senhores,

Ao comparar a crise de hoje com a dos anos30, nem sempre se assinala uma diferençaem favor dos tempos atuais. É que hoje odesafio mundial encontra a América Latinatransformada por um quarto de século deesforços de integração. Esta Conferênciamesma é um exemplo de coordenação econsulta entre latino-americanos que seriadifícil de conceber cinquenta anos atrás.

Vem de longe a aspiração que, nas últimasdécadas, temos tentado transformar em rea-lidade. Bolívar, também neste ponto umantecipador do futuro, viu claramente queo valor da independência só se realizaria emplenitude se fosse acompanhado da unida-de.

Integração e unidade são, da mesma formaque desenvolvimento ou democracia, con-ceitos de vocação global, indivisível. Nãodevem ser confinados ao domínio do co-mércio ou da economia sob risco de, mes-mo nesses campos, verem o progresso ini-cial logo perder força e inspiração.

Após quase vinte e cinco anos de fase pio-neira, já é tempo de que o movimento deintegração económica atinja sua maturida-de. Para isso, devemos trabalhar para que,entre nós, as diferenças de opinião ou inte-resse, quaisquer que sejam os motivos, en-contrem sempre encaminhamento e soluçãoatravés de métodos institucionais. Indispen-sável é não apenas superar os conflitos, re-duzir-lhes o número e a frequência, masfazer que a própria hipótese de conflito setorne aos poucos inconcebível, implausível.

Só assim haveremos de construir com fatose ações a confiança recíproca na qual sealicerça a integração. São seus pressupostos

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a comunidade de destino e de aspirações, ariqueza e diversidade de expressões nacio-nais harmonizadas pelo denominador co-mum da identidade latino-americana.

A vitória sobre a desesperança e o pessimis-mo deve nascer de uma reação baseada naautoconfiança. Não apenas da afirmaçãoda vontade contra a adversidade dos tem-pos, mas do conhecimento sereno que te-mos da força, perseverança e vitalidade deque nossos povos, mesmo nos piores mo-mentos, sempre souberam dar provas.

Para outros continentes, a idéia-força queplasmou a unidade foi ora a desço Ionizaçãoe a luta contra o racismo, ora a construçãoda convivência num espaço geográfico sobameça ideológica e militar externa.

Para nós, latino-americanos, o fio unifica-dor, a ideia comum capaz de gerar a unida-

de e de dar-nos um perfil internacional in-confundível, só poderá ser a renovação donosso compromisso com um desenvolvi-mento pleno e equilibrado, fonte de bem-estar e de justiça. É hora de forjar conceitosnovos que atualizem o ideário do desenvol-vimento.

A fim de alcançar esse objetivo, a Conferên-cia que nos reúne, graçasà visão de Estadistado Presidente Oswaldo Hurtado, tem todasas condições de contribuir decisivamente aoelevar o nível de consciência dos problemasque nos afetam nesta grave hora e, se Deusquiser, tornar possível um consenso míni-mo sobre a nossa resposta solidária à crisecontemporânea. Uma resposta que contri-bua para a concretização de nossos ideaisde ordem com liberdade e progresso comjustiça.

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chanceler saraivaguerreiro abre a quarta reunião

da comissão mista brasil-iraqueDiscurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, no Palácio do Itamaraty,em Brasília, em 18 de janeiro de 1984,por ocasião da abertura da quarta reunião da ComissãoMista Brasil-iraque, que contou com a participaçãodo Ministro iraquiano do Comércio, Hassan Ali.

Senhor Ministro,

Receber Vossa Excelência em nome do Go-verno brasileiro é missão que cumpro comespecial agrado, consciente do alto signifi-cado deste encontro para o aprimoramentodas relações de amizade e cooperação entrenossos dois países. Desejo-lhe, e a sua comi-tiva, muito boa estada no Brasil.

Desde 1979, quando se reuniu pela primei-ra vez, em Bagdá, a Comissão Mista vemrepresentando instrumento muito útil parao ordenamento de prioridades, a análise eintercâmbio de experiências, a correção defalhas eventuais e o estudo de meios e mo-dos para consolidar e diversificar os víncu-los entre Iraque e Brasil.

A difícil conjuntura internacional, caracte-rizada pela mais séria crise económica e f i -nanceira dos últimos cinquenta anose peloagravar-se das tensões mundiais e regionaisrequer de nossos Governos ainda maior em-penho no sentido de procurar, no aperfei-çoamento da cooperação solidária entrepaíses do Sul, uma resposta aos múltiplosdesafios da hora presente.

A pressão de circunstâncias é, sem dúvida,desfavorável. Contemplamos, em todos osquadrantes do Globo, um quadro de reces-são, de desemprego, de limitação do comér-cio internacional, de impasse e paralisaçãodos mecanismos do diálogo Norte-Sul.

A crise atinge com rigor os países do Sul,cujos produtos de exportação se vão grada-tivamente desvalorizando, e cujas econo-mias têm sido solapadas pela violenta eleva-ção das taxas de juros e pela diminuição dasiniciativas voltadas à cooperação interna-cional.

No entanto, Iraque e Brasil timbram em nãose deixar imobilizar pelas agruras do presen-te. Agimos confiantes em nossa capacidadede superar obstáculos e de estruturar meca-nismos bilaterais mutuamente proveitososque nos permitam preservar em alto nível emesmo ampliar o intercâmbio de bens e ser-viços e a cooperação entre nossos países.Assim, estaremos correspondendo adequa-damente às aspirações comuns de nossospovos.

Nesse sentido, registro como fato encora-jador os resultados dos trabalhos do Comité

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Ad-hoc, constituído, durante minha visita aBagdá, de tão grata memória, em setembrodo ano passado, para encontrar soluções aoproblema dos sobrecustos incorridos pelasempresas brasileiras em operação no Iraque.O Relatório do Comité, que será examina-do pela Comissão Mista, constituirá oportu-no ponto de referência para a continuidadeda participação brasileira em projetos dedesenvolvimento no Iraque.

Estou, portanto, seguro de que definiçõesadequadas surgirão do esforço construtivodas duas partes, de forma a evitar que sedesenvolva um contencioso comercial queem nada contribuiria para o bom andamen-to das relações entre nossos dois países.

Considero, também, com expectativa con-fiante a possibilidade de que se venha aconcluir o Protocolo de Cooperação Econó-mica destinado a contornar muitos dosobstáculos que a escassez de divisas estran-geiras enfrentadas por nossas economias im-põem ao comércio bilateral.

No campo da cooperação técnica, científicae cultural afiguram-se promissoras as pers-pectivas. Essa cooperação poderá desenvol-

ver-se com maior vigor mediante a esque-matização de empreendimentos e organiza-ção de programas conjuntos dimensionadosrealisticamente, em escala de grandeza com-patível com nossas possibilidades atuais, eadequados às características de nossos paí-ses.

Senhor Ministro,

Com espírito de colaboração e fraternaamizade haveremos de examinar os temasque compõem a agenda deste encontro.Estou certo de que do trabalho conjuntodas duas delegações brotarão resultadosconcretos e satisfatórios. A cooperação ira-quiano-brasileira confirma-se como dinâmi-ca realidade vivida com o ânimo de propi-ciar conteúdo sempre mais rico às nossasrelações.

Desejo também cumprimentar o DoutorAbdul Wahab Al-Mufti pela designação paraa elevada responsabilidade de Prefeito damilenar cidade de Bagdá.

É, portanto, com genuína satisfação que,juntamente com Vossa Excelência, MinistroHassan Al i , dou início aos trabalhos da IVReunião da Comissão Mista.

ministro do comércio do iraque recebea grã-cruz da ordem do rio-branco

Discurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, no Palácio do Itarnaraty,

em Brasília, em 18 de janeiro de 1984, por ocasião dasolenidade de entrega das insígnias da Grã-Cruz da Ordem

do Rio-Branco ao Ministro do Comércio do Iraque, Hassan Ali.

Senhor Ministro Hassan Al i ,

A história das relações entre o Brasil e oIraque guardará lugar especial à gestão deVossa Excelência como Ministro do Comér-cio da grande nação iraquiana.

Com efeito, ao longo de mais de uma déca-

da, as autoridades brasileiras nos camposeconómico, diplomático e comercial têmencontrado em Vossa Excelência interlocu-tor competente e confiável, defensor lealdos interesses legítimos do seu país e aber-to à cooperação com o Brasil e outros paí-ses do Hemisfério Sul, para projetos e açõescomuns em benefício de nossos povos.

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Na condição de presidente da Seção ira-quiana da Comissão Mista, Vossa Excelên-cia não tem poupado esforços no sentidode promover as iniciativas de comum inte-resse de nossos países e de encontrar solu-ções para obstáculos surgidos no caminhodo nosso bom entendimento.

É natural, portanto, que nessa sua segundaviagem ao Brasil, Vossa Excelência possaperceber, ainda uma vez, em seus contatoscom autoridades e com o povo brasileiros, aespontaneidade do nosso apreço pelas suasqualidades pessoais e de homem público.

Senhor Ministro,

Em reconhecimento à ação desenvolvidapor Vossa Excelência no sentido do apri-moramento crescente das relações entre oIraque e o Brasil, incumbiu-me o SenhorPresidente da República da honra de apor-lhe as insígnias da Grã-Cruz da Ordem doRio-Branco, que perpetua a memória dopatrono da diplomacia brasileira.*

Ao fazê-lo, desejo transmitir-lhe, com meuscumprimentos, os votos de felicidade pes-soal e de amizade contínua e crescente en-tre o Iraque e o Brasil.*

* Na seção Noticias, página 157, uma informação sobre a quarta reunião da Comissão Mista Brasil-lraque.

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a visita do secretário deestado norte-americano,

george shultzDiscursos do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, e do Secretário de Estadonorte-americano, George Shultz (tradução não-oficial),no Palácio do Itamaraty, em Brasília, em 6 de fevereiro de 1984,por ocasião de almoço oferecido ao representante do Governodos Estados Unidos da América.

SARAIVA GUERREIRO

Senhor Secretário de Estado,

Ao acolher Vossa Excelência e sua comiti-va, desejo expressar-lhe a satisfação comque sua visita é recebida pelo Governo bra-sileiro. Sua vinda ao Brasil constitui exce-lente oportunidade para impulsionarmos odiálogo entre nossos países, diálogo que es-tá lastreado por amplo capital de boa von-tade recíproca.

Nos últimos anos, registrou-se importanteintensificação nos encontros entre altas au-toridades dos dois países. Em 1982, os Pre-sidentes João Figueiredo e Ronald Reagantrocaram visitas extremamente bem-sucedi-das e que revigoraram os contatos no maisalto nível. Na ocasião da visita do Presiden-te norte-americano, os dois mandatários de-cidiram criar os Grupos de Trabalho, cujasatividades constituem o motivo mais ime-diato de nosso encontro nesta oportuni-dade.

Eu próprio estive em Washington em marçode 1983, para o lançamento das atividades

desses Grupos de Trabalho, e, naquelaoportunidade, manifestei a esperança deque Vossa Excelência pudesse aqui virquando elas se encerrassem. Tais eventosencontram paralelo na multiplicação doscontratos nas demais esferas do relaciona-mento bilateral.

Vossa Excelência tem prestado valiosa con-tribuição pessoal para desenvolver e atuali-zar os laços entre nossos países. A variadaexperiência que Vossa Excelência traz aocargo que ocupa, e seu conhecimento darealidade brasileira, o credenciam como in-terlocutor lúcido, neste difícil momentointernacional que todos atravessamos.

Nosso encontro de hoje convida à reflexãosobre as características marcantes do rela-cionamento entre os Estados Unidos daAmérica e o Brasil.

Se nossas nações dialogam há mais de du-zentos anos e nossos Governos há mais decento e cinquenta, é porque esses contatosfluem de fontes perenes e porque lhes sou-bemos dar flexibilidade e adequá-los à reali-dade. Assim construímos uma relação aomesmo tempo estável, pois que baseada em

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valores consagrados, e dinâmica, pois quedotada da plasticidade necessária para aco-lher os anseios cambiantes de nossos povos.

A amizade é o traço mais nítido de nossasrelações. É um fator presente desde as pri-meiras instâncias em que nossas nações sefizeram conscientes uma da outra. Espontâ-nea, reforçada pelo progresso e pelo traba-lho de tantas gerações, é ela a garantiamaior para o futuro.

A solidariedade é outro fator permanente.Desde o século XVI I I , com o interesse sus-citado em nosso país pela Revolução ameri-cana, e, através dos séculos, fomos solidá-rios, os Estados Unidos e o Brasil, em cau-sas decisivas, de amplo escopo, defendidaspor ambos os países no interesse da huma-nidade.

Hoje, como antes, a solidariedade manifes-ta-se e se deve manifestar através da com-preensão da complexidade dos problemas edas atitudes específicas de cada um dosdois países.

O respeito mútuo é também uma caracte-rística essencial de nosso convívio. Naturalem nossos países, de índole democrática eavessos à uniformidade e à unanimidade co-mo norma, constitui ele orientação segurapara nosso intercâmbio político, económi-co e cultural.

Nossa comum adesão a certos valores per-manentes, não só nos permite, senão nosimpõe, o respeito às identidades próprias eaos pontos de vista da outra parte na cons-trução de uma relação equilibrada e mutua-mente satisfatória.

O reconhecimento de diferenças nas situa-ções que vivem cada um dos dois paísesconfere realismo e vitalidade a nossos en-tendimentos. Dialogamos com plena cons-ciência dessas diferenças decorrentes, emúltima análise, das circunstâncias própriasde situação geográfica, de inserção política,de níveis de poder e desenvolvimento e de

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interesses específicos que caracterizam cadaum de nossos países.

Poder-se-ia dizer que a maturidade é, f i -nalmente, traço marcante de nosso relacio-namento. Virtude essencial, ela confere aodiálogo bilateral a serenidade necessária pa-ra torná-lo operativo e equilibrado.

A amizade, a solidariedade, o respeito mú-tuo, a aceitação da identidade e dos interes-ses próprios, a maturidade são mais do queexpressões de um relacionamento diplomá-tico bem construído. Na verdade, são pa-drões de relacionamento que orientam e de-vem orientar o complexo de intercâmbiosentre o Brasil e EUA, em que todas as for-mas de aproximação entre nações são to-cadas. As trocas económicas e financeiras, apresença cultural, a participação nos esfor-ços de desenvolvimento são facetas de umarelação que se renova e aperfeiçoa a cadadia.

Em síntese, Senhor Secretário de Estado,devo ressaltar que a busca do relacionamen-to estreito é uma das bases tradicionais dahistória de nossa aproximação, meta perma-nente de sucessivos Governos. Diante destequadro, o Governo brasileiro mantém suadecisão de dinamizar a cooperação com osEstados Unidos da América, em bases igua-litárias, dando relevo à exploração de con-vergências e buscando sempre solucionar,pelo canal diplomático e de forma criativa edinâmica, as questões que se colocam noplano bilateral.

Senhor Secretário de Estado,

As dificuldades que marcam a economia in-ternacional — a recessão ainda dominanteem tantas áreas, as elevadas taxas de juros,a desaceleração do comércio, o reforço doprotecionismo e a abrupta contração dosfluxos financeiros dirigidos aos países endi-vidados — afetam de maneira grave, aindaque em graus e modalidades diferentes, anossos países.

Tais fatos em nada diminuem, entretanto,nossa disposição de buscar cooperação mais

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estreita nas questões bilaterais, assim comomaior conhecimento recíproco no que serefere a atitudes diante dos problemas eco-nómicos globais.

A recuperação económica que ora se inicianos EUA revela de forma inequívoca a pu-jança e o inesgotável poder de renovação deseu país. Confiamos em que, em seus des-dobramentos, tal recuperação venha a con-tribuir efetivamente para que a economiamundial — por força dos fatos, mas tam-bém de ações deliberadas da comunidadeinternacional — readquira as condições deestabilidade e previsibilidade sem as quaisnem o Norte nem o Sul reencontrarão osrumos de uma prosperidade sustentada.

O Brasil, de sua parte, vem dando, apesardos dramáticos impactos externos que temsofrido, exemplo de persistência na lutapela superação da crise de endividamentoque ora lhe tolhe tão severamente as pers-pectivas de desenvolvimento.

O Governo dos Estados Unidos da Américatem adotado atitude particularmente positi-va diante do esforço que estamos fazendo,em especial na condução dos entendimen-tos no plano financeiro. Esperamos queoutros setores de opinião nos próprios EUAe em outros países exportadores de capitalrevelem sensibilidade à altura da determina-ção com que a sociedade brasileira se empe-nha em sobrepujar a presente crise. Refiro-me, sobretudo, à necessidade de que sejamreduzidos os óbices que se antepõem aoimenso esforço exportador empreendidopor este país, cujo êxito é essencial para oencaminhamento da questão da dívidaexterna.

Senhor Secretário de Estado,

A multiplicação dos focos de tensão mun-dial e regional constitui motivo de constan-te sobressalto. Em não poucos casos, a paze a segurança internacionais se vêem, deuma forma ou outra, ameaçadas. A acelera-ção da carreira armamentista nuclear susci-ta inquietações em todos os quadrantes doglobo.

Em nosso entender, o momento requermaior diálogo entre todos os países e, so-bretudo, entre as Grandes Potências. AosEstados Unidos da América cabe a difícilresponsabilidade histórica de contribuir pa-ra a reconstrução do entendimento interna-cional.

Como país que pertence tanto ao Ocidentequanto ao Terceiro Mundo, o Brasil, porsua vez, tem sensibilidade apurada para anecessidade de uma aproximação mais níti-da entre esses dois grupos de nações. Per-manecemos convencidos de que existe umafundamental mutualidade de interesses en-tre os países do Norte e do Sul, o que deveter permanente tradução tanto na esferaeconómica quanto na política.

No plano interamericano, continua o Brasila apoiar o entendimento e a negociação. Noque diz respeito à América Central, o Gru-po de Contadora merece, como se sabe, odecidido apoio brasileiro por seus esforçosno sentido de uma solução pacífica dosconflitos da região. Temos acolhido tam-bém favoravelmente as reiteradas declara-ções de autoridades norte-americanas deque desejam trabalhar nesse sentido. Demodo mais amplo, acreditamos que o trata-mento adequado para os problemas políti-cos de nossa região só pode ser o diálogoaberto e a negociação diplomática, com ba-se no respeito mútuo, na não-intervenção ena compreensão recíproca.

Senhor Secretário de Estado,

Foi com especial agrado que, conjunta-mente com Vossa Excelência, dei hoje porconcluídas as tarefas dos Grupos de Traba-lho. Os resultados de tal iniciativa bem ex-pressam as melhores tendências de nossasrelações bilaterais, pois estimulam a coope-ração ao mesmo tempo que permitem pre-servar os interesses específicos e as políticasde cada um dos dois países.

Não menor foi minha satisfação em mantercom Vossa Excelência uma troca de impres-sões sobre as principais questões da atuali-

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dade, renovando o contato que temos man-tido. Continuo disposto a realizar con-sultas com Vossa Excelência sempre quenecessário ou conveniente, assim como aconservar abertos e em pleno funcionamen-to os canais de comunicação entre o Itama-raty e o Departamento de Estado.

Desejo agora convidar todos os presentes ame acompanharem erguendo suas taças emum brinde aos laços de amizade que unemo Brasil e os Estados Unidos da América, àprosperidade do povo norte-americano, àsaúde do Presidente Ronald Reagan e à feli-cidade pessoal de Vossa Excelência.

Muito obrigado.

GEORGE SHULTZ

Os Estados Unidos e o Brasil são mutua-mente importantes por inúmeras razões. Vi-vemos no mesmo hemisfério e compartilha-mos a mesma experiência de imigração, tra-balho árduo e de fronteiras. Ambos acredi-tamos na democracia como a forja da na-cionalidade.

Mas temos ainda um outro ponto em co-mum. É o futuro, e especificamente à utili-zação do conhecimento e de uma organiza-ção moderna para colocar em ação o dina-mismo de nossos povos, para melhorar aprodutividade e construir vidas melhores.

Esta manhã tivemos o prazer de completaro programa dos grupos de trabalho iniciadoem dezembro de 1982 pelos nossos presi-dentes. Fazendo uma avaliação das realiza-ções de cada um dos grupos, acredito quepodemos afirmar que os resultados supera-ram o que muitos esperavam.

— Na área nuclear, concordamos em princí-pio numa maneira de resolver uma de nos-sas maiores diferenças e abrimos caminhopara um intercâmbio de pessoal e de infor-mações.

- 0 grupo de ciência e tecnologia fez um

acordo geral de cooperação que intensifica-rá tanto a interação de governo a governocomo a participação do setor privado.

— Em assuntos espaciais, identificamos umaestrutura para uma cooperação muito maisampla.

— Por último, na difícil área económica,nossos assessores realizaram um exame pro-fundo das principais questões comerciais efinanceiras. Estou certo de que as suas con-versações os levarão a soluções pragmáticase equitativas.

Embora tenhamos encerrado as tarefas es-pecíficas determinadas pelos nossos doispresidentes, a cerimónia de hoje é apenas ocomeço de um processo de cooperação maisestreito e mutuamente benéfico. Ao invésde estarmos concluindo o livro, estamosapenas virando uma página.

Podemos agora construir sobre este alicer-ce, criando condições que eliminarão a crisefinanceira dos últimos anos; podemos resol-ver pelo menos algumas das principais ques-tões comerciais; e podemos criar novosvínculos orientados para o futuro que bene-ficiarão ambos os países.

Agora que a inflação nos Estados Unidoscaiu ao nível mais baixo dos últimos dezanos e se observa uma forte recuperação,nossa economia deverá ajudar a sua a recu-perar-se também. Ao mesmo tempo, a vita-Iidade económica do Brasil tem umimpacto sobre nossa própria economia; porexemplo, o declínio nas exportações para oBrasil desde 1980 — um declínio de 50 porcento — representou uma perda de mais decem mil empregos nos Estados Unidos.

Essas realidades reforçam o nosso interessemútuo na promoção de uma expansão re-novada do nosso comércio bilateral. Se va-mos crescer, precisamos crescer juntos. Enão podemos permitir que prevaleçamaqueles que se voltariam para o protecionis-mo. O déficit comercial dos Estados Unidospara o ano de 1983 foi de mais de 70 bi-

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Ihões de dólares, e poderá chegar a 100bilhões de dólares em 1984. Mesmo assim,estamos empenhados em manter o livre flu-xo de mercadorias e serviços num mercadointernacional aberto. O Brasil também sebeneficiará a longo prazo ao tomar essemesmo rumo.

O capital para os investimentos é tão essen-cial quanto o incremento comercial. Comoé bem sabido em todo o mundo, a crise deliquidez forçou reduções em investimentosprodutivos e em inúmeros programas so-ciais. Tanto a restauração do crédito ban-cário, ora em andamento, como a captaçãode investimentos diretos são essenciais paraa vitalidade do Brasil e da ordem económi-ca internacional.

Assim como as empresas precisam dar aten-ção à sua relação dívida/ativos, os paísestambém podem ser fortemente afetados pe-la relação entre a sua dívida externa e osseus ativos externos. A necessidade claraagora é de um menor grau de dependênciade dívida.

É motivo de satisfação saber que o Brasilconseguiu o financiamento necessário paraatenuar os seus problemas de liquidez, e te-nho confiança de que o Brasil continuará aencontrar o financiamento de que precisa. Osinvestidores e credores^tanto do setor pri-vado quanto do setor público, há muitoconsideram o Brasil um excelente risco, eessa confiança tem sido um fator de impor-tância no desenvolvimento do Brasil comouma nação industrial e agrícola moderna. OBrasil tem grandes recursos, um amplo mer-cado interno que estimula uma produçãodiversificada, empresários criativos e umaforça de trabalho altamente qualificada. As-sim, não obstante os problemas a curto pra-zo, as perspectivas brasileiras a longo prazosão excelentes. Mesmo agora, o Brasil estáconstruindo os alicerces de uma nova toma-da de crescimento económico. A confiançaque temos no Brasil tem bases sólidas.

Mas a nossa cooperação se baseia em maisdo que amplos e fortes vínculos económi-

cos. Seria ingénuo sugerir que os nossos in-teresses coincidem em todos os aspectos,mas os nossos valores e preocupações mú-tuos são tão significativos que os EstadosUnidos e o Brasil precisam trabalhar emconjunto.

Como disse, Sr. Ministro, os nossos povossão amigos. O seu calor mútuo é espontâ-neo e verdadeiro. Nós que conhecemos oBrasil temos testemunhado o fortalecimen-to constante das instituições brasileiras e dainfluência internacional do Brasil com mui-ta admiração.

Como sugeriu, Sr. Ministro, o resultado éum relacionamento ao mesmo tempo alta-mente dinâmico e profundamente estável.É dinâmico, pois os nossos países estão emconstante transformação e crescimento,orientados para o futuro. É estável, poisconstruímos sobre uma história de diálogo,cooperação e uma harmonia de civilizaçãoque jamais será negada.

O resultado — repito — é a capacidade desuperar problemas com base na dignidade,na compreensão e na acomodação dos nos-sos respectivos interesses. É a capacidade denos fortalecermos através do trabalho con-junto sem a perda da individualidade quetornou ambos os países fortes.

Os Estados Unidos valorizam a opinião doBrasil e é motivo de satisfação que as nossasrelações permitam consultas estreitas efrancas, como foi bem demonstrado emnosso encontro desta manhã. Sr. Ministro,aguardo com expectativa a oportunidade demuitos outros encontros no futuro.

Em dezembro de 1982, o Presidente Rea-gan disse que temos um compromisso sóli-do com o Brasil. Sr. Ministro e ilustres con-vidados, proponho um brinde à amizade eao respeito que, em conjunto, moldarão onosso futuro.

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os cinco grupos de trabalho brasil-euaencerram suas tarefas

Discursos do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, e do Secretário de Estado

norte-americano, George Shultz (tradução não-oficial), noPalácio do Itamaraty, em Brasília, em 6 de fevereiro de 1984,

por ocasião da cerimónia de encerramento das tarefas doscinco Grupos de Trabalho formados pelos dois pafses para estudo

dos Assuntos Económicos, da Cooperação Nuclear, da CooperaçãoEspacial, da Cooperação Industriai-Militar e da Cooperação Científica

e Tecnológica.

CHANCELER SARAIVA GUERREIRO

Senhor Secretário de Estado,

A presente cerimonia de encerramento dastarefas dos Grupos de Trabalho simboliza oestágio alcançado pelas relações entre os Es-tados Unidos da América e o Brasil. O rela-cionamento bilateral, abrangente e comple-xo, pautado pela cordialidade e constantedisposição ao diálogo, evoluiu nos últimostempos para um patamar de equilíbrio eamadurecimento.

A decisão de dar continuidade e maior di-namismo a alguns dos aspectos mais impor-tantes do relacionamento bilateral e de ex-plorar modalidade de cooperação de inte-resse mútuo levou os Presidentes João Fi-gueiredo e Ronald Reagan a instituírem osGrupos de Trabalho.

A visita de Vossa Excelência, com o objeti-vo de encerrar o ciclo de atividades dosGrupos, bem demonstra a importância quenossos Governos atribuem a esse exercício.Foram alcançados resultados significativos,que poderão ampliar e aprofundar as di-mensões da cooperação entre o Brasil e osEstados Unidos da América.

0 Grupo de Trabalho sobre Assuntos Eco-nómicos, co-presidido pelo Ministro da Fa-zenda do Brasil e pelo Secretário do Tesou-ro dos EUA, avaliou aspectos da atual criseeconómica internacional, a conjuntura eco-

nômicp-financeira do Brasil e dos EstadosUnidos da América e o comportamento re-cente do comércio bilateral. Os dois paísesreconheceram a gravidade da atual recessão,assim como seus efeitos altamente prejudi-ciais aos países em desenvolvimento. Con-cordaram quanto à necessidade de soluçõesglobais para os problemas do sistema eco-nómico internacional, através do fortaleci-mento da cooperação entre todos os países.As partes brasileira e norte-americana alcan-çaram uma compreensão mais aprofundadadas diretrizes e formas de atuação dos Esta-dos Unidos da América e do Brasil, respec-tivamente, o que deverá contribuir para oaperfeiçoamento das relações económicasbilaterais. Concordaram, ainda, os dois Go-vernos em examinar, na instância apro-priada, os relatórios preparados pelos repre-sentantes dos respectivos setores privados.

O Grupo de Trabalho sobre CooperaçãoNuclear concentrou suas atividades no exa-me de três aspectos básicos do relaciona-mento nesse setor: os programas nuclearespara fins pacíficos brasileiro e norte-ameri-cano; as questões pendentes e as perspecti-vas das relações nucleares bilaterais; e as po-sições de cada um dos países no âmbitomultilateral.

Foi encaminhada satisfatoriamente a ques-tão relativa ao suprimento de combustívelpara a usina de Angra I e a do reparo deelementos combustíveis de fabricação nor-te-americana existentes no reator de pesqui-

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sa do IPEN. No decorrer das conversações,identificaram-se sete áreas específicas pro-pícias à cooperação, respeitados as pol íticase programas nucleares de cada país, e pro-cedeu-se a intercâmbio de pontos de vistasobre temas globais no campo nuclear.

O Grupo de Trabalho sobre Cooperação Es-pacial passou em revista os resultados alcan-çados na já longa e frutífera cooperaçãoexistente nesse campo. Foram instituídosprogramas específicos para incrementar acooperação bilateral em diversas áreas, taiscomo ciência espacial e intercâmbio de pes-soal. Chegou-se, igualmente, a um entendi-mento positivo com vistas à cooperação emdiversos setores, dentre eles, o desenvol-vimento de satélites artificiais e o treina-mento para seu controle, temas sem dúvidade interesse para os especialistas brasileiros.

O Grupo de Trabalho sobre Cooperação In-dustrial-Militar examinou as perspectivas denovas modalidades de cooperação na suaárea específica, tendo em vista as peculiari-dades de cada país, e a evolução significati-va ocorrida nesse setor no passado recente.Concordou-se em que, de modo geral, osdois países beneficiar-se-ão de cooperaçãomais abrangente entre as indústrias de am-bos nessa área. Foi concluído, no âmbitodo Grupo, memorando de entendimentoque visa a definir parâmetros gerais quepossibilitem o intercâmbio de informaçõestécnicas e de pessoal, com o objetivo depromover programas específicos de coope-ração industrial-militar de interesse mútuo,a serem implementadas no âmbito de atua-ção das respectivas indústrias. O espírito e aletra desse documento revelam a importân-cia de dimensão de transferência de tecno-logia nessa área.

Os objetivos do Grupo de Trabalho sobreCooperação Científica e Tecnológica foramplenamente alcançados. Negociou-se, noseu âmbito, texto de novo Acordo Básicosobre a matéria, que substituirá documentohomólogo assinado em 1971. O novo ins-trumento visa a promover modalidades decooperação tradicional, tais como o inter-

câmbio de informações técnico-científiças ede cientistas e as atividades conjuntas depesquisa e desenvolvimento. Além disso,busca ampliar o escopo da cooperação bila-teral, especialmente nas áreas de^ agricul-tura, saúde, oceanografia, espaço,' metro-logia, recursos naturais, ciências básicas,meio ambiente, engenharia e tecnologia in-dustrial. Constitui-se em moldura institu-cional para a realização de contatos diretosecooperação entre entidades públicas e em-presas privadas dos dois países.

Senhor Secretário de Estado,

Terminadas as tarefas dos Grupos não te-nho dúvidas de que os contatos foram fru-tíferos e de que a cooperação bilateral seirá beneficiar dessa intensa atividade desen-volvida ao longo de 1983, cabendo-nos ago-ra examinar as perspectivas que foram aber-tas para o futuro.

Desejo agradecer a Vossa Excelência pelointeresse e atenção que dedicou ao desen-volvimento desses trabalhos. É com satisfa-ção, também, que deixo registrado meu re-conhecimento às autoridades dos dois Go-vernos, cujo esforço tornou possível o êxitodessa importante iniciativa.

Congratulo-me, portanto, com Vossa Exce-lência, ao dar por conluídas as tarefas dosGrupos de Trabalho, convencido de queseus resultados, que teremos a honra desubmeter aos nossos Chefes de Estado, for-talecem os laços de amizade entre o Brasil eos Estados Unidos da América.

SECRETÁRIO DE ESTADO GEORGE SHULTZ

Excelentíssimo Senhor Ministro SaraivaGuerreiro,Senhoras e Senhores:

Completamos hoje a tarefa que nos foi con-fiada há cerca de um ano pelos nossos presi-dentes — explorar meios de expandir nossacooperação. Realizamos isso trabalhando

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em cinco áreas de grande importância paranossos países: Questões Económicas, Ener-gia Nuclear, Ciência e Tecnologia, e Ativi-dades Espaciais e IndustriaI-Militar.

Em parte, essas áreas são de grande interes-se porque envolvem questões que têm tu-multuado durante um certo tempo o nossorelacionamento. Encontrar soluções paraassuntos que, em algumas ocasiões, foramcausa de persistente desentendimento, nãofoi uma tarefa fácil. A missão a nós confia-da era ambiciosa. E somente poderia ter si-do concebida por líderes de grande discer-nimento que não se desencorajaram porpessimistas que recordavam interesses diver-gentes e velhos ressentimentos.

Vossa Excelência e eu, Senhor Ministro, co-mo Chefes dos Grupos de Trabalho, aceita-mos essa responsabilidade e iniciamos oprograma após cuidadosa preparação. Am-bos convocamos pessoas capazes para traba-lhar nesse programa. Encorajamos seus es-forços. Em alguns casos, duras decisões fo-ram tomadas para assegurar seu prossegui-mento. Agora, que concluímos nosso tra-balho, acho que podemos nos orgulhar dasnossas realizações.

Primeiro, o Grupo de Trabalho de Econo-mia. Nossas delegações abordaram seus as-suntos com perspectivas diferentes; umacom a perspectiva de um país em desenvol-vimento, a outra com a perspectiva de umpaís industrializado. Mas ambas reconhece-ram a gravidade da situação económicamundial.

Em discussões francas e diretas, consegui-ram reduzir as diferenças e aumentar asáreas de concordâncias, concluindo:

— Que o protecionismo é prejudicial paraambos os países e para todo o comérciomundial:

— Que devemos procurar expandir o comér-cio em ambas as direções;

— E que devemos lutar para reduzir a infla-

ção e os juros, e para fortalecer as institui-ções financeiras internacionais.

Nossas posições em várias questões econó-micas ainda são diferentes. Concluímos, noentanto, que nossas opiniões não são tãodiferentes quanto pareciam ser. Tendo as-sentado as bases e reconhecendo a impor-tância de conciliar nossos pontos-de-vista,devemos continuar a trabalhar juntos numesforço determinado para solucionar nossasdiferenças.

Segundo, o Grupo de Trabalho Nuclear en-controu várias possibilidades de cooperaçãona área de energia nuclear. Nossos especia-listas encontraram um meio de eliminar adivergência de longa data que envolvia, oreabastecimento de combustível para An-gra I, e acertaram um procedimento parareprocessar elementos de combustíveis de-feituosos estocados há algunsanos no Brasil.Eles também relacionaram vários projetosde interesse mútuo nos quais técnicos brasi-leiros e americanos podem trabalhar juntos.Mais importante ainda, as conversações nospropiciaram uma compreensão maior dosobjetivos nucleares de cada um. As relaçõespessoais estabelecidas nesse programa e o es-forço conjunto a ser levado a efeito produ-zirão um grande aumento em contatos nocurso dos próximos meses.

Terceiro, o Grupo Industrial-Militar chegoua um entendimento que abre a possibilida-de de uma cooperação maior entre nossossetores industriais. Esse entendimento faci-litará a deliberação inter-governamental detransferência de tecnologia e, portanto, fa-cilitará mais programas binacionais.

Quarto, o Grupo de Trabalho sobre Ciênciae Tecnologia negociou um novo acordoque:

— Aumentará a cooperação do setor indus-trial privado em pesquisa e desenvolvi-mento;

- Fortalecerá a cooperação entre agênciasgovernamentais nas áreas de agricultura,

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saúde, oceanografia, recursos naturais, ciên-cias básicas, meio ambiente, engenharia, etecnologia industrial; e

— Conduzirá à criação de uma comissão bi-lateral para supervisionar a expansão danossa cooperação em ciência e tecnologia.

Finalmente, em quinto lugar, o Grupo Es-pecial delineou um programa para ativida-des práticas vitais à vida moderna: previsãodo tempo, sensores remotos e ciênciaatmosférica. Um cientista brasileiro (pay-load specialist) deverá realizar experiênciascom equipamento brasileiro a bordo donosso ônibus espacial (Shuttle) antes do f i -nal desta década. A esperança que o Presi-dente Reagan expressou durante a sua visitahá quatorze meses será realizada.

Com o trabalho realizado até hoje, acredita-mos que tenha sido aberto o caminho paraprosseguirmos rapidamente de uma políticaampla de cooperação para projetos específi-cos de benefício para ambos os países. Po-demos prever, por exemplo, a cooperaçãotécnica na exploração oceanográfica, in-cluindo a perfuração do leito do oceano emáguas profundas. O Brasil tornou-se, no úl-timo trimestre do ano passado, membroconsultor do Tratado da Antártida, e aguar-damos com expectativa a colaboração napesquisa da Antártida. Os Estados Unidos eo Brasil estão agora em processo de defini-ção dos termos básicos para cooperação nomapeamento, preparação de gráficos e geo-désia. Estamos também interessados na pes-quisa conjunta de tecnologia energética,particularmente na gaseificação do carvão.

O acordo industria-militar abre novos cam-pos para empreendimentos conjuntos. Aon-de eles nos levarão dependerá da engenhosi-dade dos representantes de nosso governoe de nossos setores privados que desejam hámuito tempo explorar possibilidades de co-operação.

No comércio e nas finanças, já estamos tra-balhando estreitamente para harmonizar eexpandir nossas relações, sendo os EstadosUnidos o maior mercado para as exporta-ções brasileiras, estou convencido de que oBrasil poderá expandir as suas vendas paraos Estados Unidos, principalmente agoraque a nossa economia está crescendo vigo-rosamente de novo. Igualmente, esperamosque nossas exportações para o Brasil come-cem também a crescer uma vez mais. Nossocomércio deve fluir em ambas as direçõespara assegurar uma base sólida. Nas finan-ças, nós e muitos outros estamos cooperan-do para apoiar os esforços brasileiros parasuperar a presente crise de liquidez a curtoprazo. Considerando o bom senso e a atitu-de responsável que vejo em todos os lados,estou confiante em que o Brasil encontraráuma solução satisfatória para suas dificulda-des financeiras.

Todos nós devemos nos sentir satisfeitospela realização de nossa tarefa. As realiza-ções dos grupos de trabalho servirão a am-bos os países. Mais importante ainda, a lon-go prazo, provamos que o Presidente Fi-gueiredo estava certo quando disse, em1982, que nossos países, embora estivessemem diferentes estágios de desenvolvimentoe ocupassem posições diferentes na ordeminternacional, podiam se empenhar em umdiálogo construtivo. Os Estados Unidos e oBrasil, disse ele corretamente, sabem comoavaliar a situação de cada um, harmonizan-do realisticamente seus respectivos interes-ses e objetivos.

Minhas congratulações a todos que partici-param nos Grupos de Trabalho. Espero queseu espírito e engenhosidade nos ajudem aconstruir sobre as novas bases que foramestabelecidas.

Obrigado.

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itamaraty relata os resultados dos cincogrupos de trabalho brasil-estadosunidos da américa

Nota do Itamaraty à imprensa, divulgada em Brasília,em 6 de fevereiro de 1984, a propósito do encerramento

das tarefas dos cinco Grupos de TrabalhoBrasil-Estados Unidos da América.

0 Ministro de Estado das Relações Exte-riores do Brasil, Embaixador Ramiro Sarai-va Guerreiro, e o Secretário de Estado dosEUA, Senhor George P. Shultz, encaminha-ram, hoje, aos Presidentes de seus países,por meio de carta assinada conjuntamente,os relatórios finais dos cinco Grupos deTrabalho Brasil-Estados Unidos da Améri-ca, criados em decorrência de decisão toma-da durante os encontros presidenciais emBrasília, em dezembro de 1982, e que con-sideram as possibilidades de intensificaçãoda cooperação entre os dois países nos cam-pos de atividade económica; industrial-mili-tar; de energia nuclear; de ciência e tecnolo-gia; e espacial.

O Grupo sobre Assuntos Económicos foi co-presidido pelo Ministro da Fazenda do Brasile pelo Secretário do Tesouro dos EstadosUnidos da América, e proporcionou um fó-rum de alto nível no qual ambos os paísespuderam alcançar melhor entendimento dasrespectivas políticas comerciais e financei-ras bilaterais e multilaterais e das circuns-tâncias específicas dos programas económi-cos e de desenvolvimento de cada país. Otrabalho do Grupo auxiliou a estabelecer asbases para o fortalecimento das relaçõeseconómicas entre os dois países. Para essef im, o Grupo foi assistido por representan-tes do setor privado de cada país, que pre-pararam análises separadas das condiçõeseconómicas e de negócios.

Ambas as partes reconheceram a gravidadeda recente recessão económica e da crise deendividamento e de seus efeitos graves epersistentes sobre os países em desenvolvi-mento. Concordaram em que soluções glo-bais para os problemas que enfrentam o sis-

tema económico internacional devem serbuscadas através do fortalecimento da co-operação internacional. Expressaram, tam-bém, sua crença em que, ao enfrentar osproblemas da atual situação económicamundial, todos os países devem buscar po-líticas que conduzam a um caminho decrescimento real mais sustentado e a que seevite o protecionismo. Concordaram, ade-mais, em trabalhar em prol da retomada deníveis mais elevados de comércio bilateral,tendo em mente a necessidade de que oBrasil aumente suas receitas em divisas es-trangeiras.

Os participantes reafirmaram também suaconvicção quanto à necessidade urgente decooperação mais estreita no tratamento dacrise financeira internacional e afirmaramque suas políticas para tal f im devem visar a:

1) reduzir taxas de juros e expandir finan-ciamentos líquidos, tanto de fontes oficiaisquanto privadas;

2) alcançar uma redução sustentável da in-flação como elemento para produzir umaexpansão contínua da produção e um de-créscimo no desemprego;

3) dotar as instituições financeiras interna-cionais de recursos adequados para apoiarprogramas de ajustamento de balanças depagamentos e projetos de desenvolvimentonos países em desenvolvimento.

O Grupo sobre Cooperação Industrial-Mili-tar examinou as possibilidades de novos t i -pos de empreendimentos em sua área espe-cífica, levando em consideração a legisla-ção, políticas, interesses e níveis de desen-

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volvimento industrial de cada país. O Gru-po concordou em que, em termos gerais,ambos os países beneficiar-se-iam com o au-mento da cooperação no setor industrial-militar. Para estimular a cooperação sob osauspícios de ambos os Governos, o Grupoconcluiu um memorando de entendimentoque estabelece as bases para o intercâmbiode informações técnicas e de pessoal comvistas à realização de programas industriaisde interesse mútuo.

No Grupo de Trabalho sobre Energia Nu-clear, três áreas principais foram examina-das em ambiente muito positivo: a) os pro-gramas de energia nuclear do Brasil e dosEstados Unidos da América; b) questõespendentes e perspectivas nas relações nu-cleares bilaterais; e c) os pontos de vista decada país com referência a questões multi-laterais.

Ao final das reuniões, concordou-se em queos objetivos estabelecidos para o Grupo ha-viam sido plenamente alcançados, na medi-da em que foram estabelecidas as bases paraum relacionamento renovado, no contextodo Acordo Bilateral de Cooperação de 17de julho de 1972. Cada parte compreendeagora mais integralmente a importância daenergia nuclear para as necessidades globaisde desenvolvimento energético da outraparte.

O Grupo deu andamento a soluções paraproblemas como o do suprimento de com-bustível para o reator de ANGRA I e dautilização de elementos combustíveis forne-cidos pelos Estados Unidos da América pa-ra o Reator de Pesquisa do IPER. Foramidentificadas sete áreas específicas em quese realizarão intercâmbios de cooperação,sem prejuízo da legislação, das políticas edos programas de cada país.

Realizou-se, também, um exame abrangen-te dos compromissos internacionais com re-lação ao uso pacífico da energia nuclear. Aesse respeito, ambas as delegações expressa-ram seus pontos de vista quanto ao Tratado

de Tlatelolco e ao Tratado de Não-Prolife-ração. Efetuou-se exposição detalhada doscontroles de exportação na área nuclearexistentes em ambos os países. Ao mesmotempo, as duas partes salientaram a impor-tância da Al EA para assegurar o uso pacífi-co da energia nuclear e para contribuir paraos programas nucleares dos países em de-senvolvimento.

O Grupo de Trabalho sopre Cooperação Es-pacial examinou os resultados já alcançadosdurante a longa e frutífera cooperaçãoespacial entre os dois países. Além disso,foram estabelecidos programas específicospara o aumento da cooperação bilateral emdiversas áreas relacionadas com o espaço,tais como ciência espacial e suas aplicações,intercâmbio de pessoal e participação deum especialista brasileiro em carga útil emuma missão do ônibus Espacial. Em conse-quência, abriram-se perspectivas novas epromissoras para entendimentos entre osórgãos brasileiros, INPE e CTA, e seus cor-respondentes norte-americanos, NASA,NOAA, NSF e USAF.

Os objetivos do Grupo de Trabalho sobreCooperação Científica e Tecnológica foramplenamente atingidos. O grupo negociounovo acordo sobre cooperação científica etecnológica, que amplia o escopo da coope-ração bilateral, especialmente nas áreas deagricultura, saúde, oceanografia, espaço,metrologia, recursos naturais, ciências bási-cas, meio ambiente, engenharia e tecnologiaindustrial. Além de promover as modalida-des tradicionais de cooperação, tais como atroca de informações técnicas e científicas,o intercâmbio de cientistas, atividades con-juntas e pesquisa e desenvolvimento, o no-vo acordo proporcionará bases para conta-tos diretos renovados e atividades de coope-ração entre empresas privadas de ambos ospaíses, que conduzam a inovações tecnoló-gicas conjuntas. O acordo permitirá tam-bém a participação de terceiros países e deorganizações internacionais nos programassob sua égide.*

Na seção Tratados, Acordos, Convénios, página 116, o texto do Acordo, por troca de Notas, entre o Brasil e os EstadosUnidos da América, colocando em vigor o Memorando de Entendimento para Cooperação Militar-lndustrial, de 31 deagosto de 1983; na mesma seção, página 119, a íntegra dos relatórios finais dos cinco Grupos de Trabalho Brasil-EUA.

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no brasil, o ministro dosnegócios estrangeiros do

senegal, moustapha niasseDiscurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, no Palácio do I tamaraty, em Brasília,em 13 de fevereiro de 1984, por ocasião de almoço oferecidoao Ministro dos Negócios Estrangeiros do Senegal,Moustapha Niasse.

Senhor Ministro,

É para mim motivo de grande prazer reto-mar o contato com Vossa Excelência apósa visita que o Presidente João Figueiredofez a seu país.

Poderemos agora retribuir-lhe a acolhida f i -dalga e hospitaleira que nos foi proporcio-nada em Dacar. Poderemos também exami-nar nossas relações bilaterais, em um planode renovado entrosamento e cooperação,graças aos entendimentos alcançados nosencontros entre os Chefes de nossos Gover-nos e suas respectivas delegações.

Vossa Excelência, com a experiência queaporta a seu cargo, como Ministro dos Ne-gócios Estrangeiros do Senegal, sabe melhorque ninguém que a maior aproximação en-tre nossos países abre-nos novos horizontesde empreendimentos comuns e dinamizaum relacionamento cujo potencial apenascomeça a ser aflorado.

Vivemos, sem dúvida, um momento inter-nacional adverso. Mostram-se claros os pro-blemas — a crise económica profunda, amaior das últimas cinco décadas, e o agrava-mento das tensões e dos conflitos em diver-

sas áreas. Acentuam-se também as tendên-cias à polarização entre o Norte e o Sul,tendências que trazem consigo o divisionis-mo e a confrontação ao invés do diálogo edo entendimento.

E no entanto nunca foram tão necessários odiálogo e o entendimento.

Senhor Ministro,

Sabemos que a aproximação entre nossospaíses reflete e reafirma os melhores valoresda cooperação internacional. Ela se cons-trói sobre a base do mais estrito respeito àigualdade entre os Estados e às identidadespróprias de cada país.

Acreditamos na viabilidade de explorar no-vos campos de ação, em benefício geral.Não atribuímos prioridades excludentes anenhum parceiro ou grupo de países, e es-tou certo de que essa também é a percep-ção do Senegal. Nosso propósito é o de co-operar, em bases proveitosas e equilibradas,e explorar as oportunidades de ação abertasem cada relacionamento.

A experiência diversificada e rica da naçãosenegalesa, que se destaca em uma das re-

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giões mais promissoras do Continente afri-cano, demonstra as vantagens do equilíbrio,da moderação e do diálogo. Virtudes quepresidem a cooperação entre o Brasil e oSenegal. É muito o que podemos fazer jun-tos em termos de apoio aos planos de de-senvolvimento económico, de expansão dacooperação técnica, de intercâmbio de pres-tação de serviços de engenharia, de criaçãode infra-estrutura. Também no domínioagrícola, no aproveitamento industrial dosalimentos, na busca de fontes alternativasde energia, Senegal e Brasil podem inter-cambiar experiências, valendo-se de suaspróprias realizações, de suas experiênciasespecíficas de países tropicais.

Nossos países enfrentam desequilíbrios porvezes sérios de balança de pagamentos e,diante disso, é necessário que, ao invés derestringirmos nosso intercâmbio, abramo-nos o mais possível às oportunidades de ge-rar fluxos adicionais de bens e serviços que,em um patamar superior de equilíbrio, nospermitam crescer juntos e apoiar-nos mu-tuamente.

Apesar da escassez de recursos, ambos paí-ses vêem na conquista do desenvolvimentoum imperativo irrenunciável. A carência demeios financeiros, ao invés de sufocar ini-ciativas, deve ser um desafio a mais e umestímulo à inovação nas modalidades de re-lacionamento.

Senhor Ministro,

A cooperação entre os países em desenvol-vimento, franca e dirigida ao bem comum,implica também a solidariedade para comas causas justas que defendemos.

Ela é afim com o nobre e histórico processode desço Ionização que empolgou, em levassucessivas, nossos continentes. A afirmaçãodos países independentes envolve ainda atarefa da construção de bases sólidas e pró-prias das nacionalidades, a lucidez em tiraro melhor benefício do que já existe, a parda condução da renovação e da conquistade horizontes próprios e mais amplos.

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0 Brasil sempre confiou no espírito de in-dependência autêntica das nações africanase com ele se identifica no processo de es-treitamento de laços através do Atlântico.Congratulamo-nos com o processo de afir-mação da África, do qual emerge todo umcontinente de nações ansiosas por partilhardos frutos do desenvolvimento, do inter-câmbio, do relacionamento internacional edas decisões mais importantes que se refe-rem aos problemas de interesse global.

Senhor Ministro,

É nessa conjuntura difíci l , mas estimulante,que renovo a Vossa Excelência o desejode estreitar os laços que unem Brasil e Se-negal.

Herdeiro de brilhante tradição cultural, oSenegal é fonte de inspiração para todopaís que queira transformar, pela via pacífi-ca, suas estruturas políticas, sociais e eco-nómicas,

O êxito dos entendimentos entre nossosPresidentes e a potencialidade de numero-sas iniciativas conjuntas confirmam a pers-pectiva de uma aproximação ainda mais sig-nificativa entre o Brasil e o Senegal.

Estou certo, Senhor Ministro, de que nós,nossos Governos, nossos empresários, nos-sos povos saberão estar à altura dos desafiosque se abrem para construir uma ponte sóli-da de cooperação entre nossas nações.

Senhor Ministro,

Desejo expressar uma vez mais, e falo tam-bém em nome do Presidente João Figueire-do, nossos agradecimentos mais sinceros pe-la acolhida fraternal que nos foi reservadaem Dacar, durante a visita que fizemos aseu belo país.

Queira transmitir ao Excelentíssimo SenhorPresidente Abdou Diouf o apreço do Go-verno brasileiro pela oportunidade criada dese trocarem ideias e de se elaborarem pla-nos conjuntos visando ao aprimoramento

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de nossas relações. Estou seguro de que aatual reunião da Comissão Mista Brasil-Senegal produzirá, para proveito de nossasnações, os melhores frutos.

É neste contexto de solidariedade e coope-ração que saúdo Vossa Excelência e convi-do todos os presentes a erguerem suas taças

pelo contínuo desenvolvimento das rela-ções de amizade entre o Brasil e o Senegal,pela saúde do Presidente Abdou Diouf, pelaprosperidade do povo senegalês e pela feli-cidade pessoal de Vossa Excelência.

Muito obrigado.

a quarta reunião da comissãomista brasil-senegal

Discurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, no Palácio do Itamaraty, em Brasília,em 13 de fevereiro de 1984, por ocasião da instalação da quarta

reunião da Comissão Mista Brasil-Senegal, que contou coma participação do Ministro dos Negócios Estrangeiros daquele

País, Moustapha Niasse.

Excelentíssimo Senhor Moustapha Niasse,Ministro de Estado Encarregado dos Negó-cios Estrangeiros do Senegal,

É com particular satisfação que, em nomedo Governo brasileiro, tenho a honra demais uma vez receber nesta Casa Vossa Ex-celência e a comitiva que o acompanha.

A recente visita do Presidente João Figuei-redo ao Senegal bem demonstra a impor-tância que o Brasil atribui às relações com oContinente africano e em especial com obelo país de Vossa Excelência.

As afinidades e vínculos que nos aproxi-mam são motivo de orgulho para o homembrasileiro. Senegal e Brasil não comparti-lham, entretanto, apenas uma cultura co-mum. Como países em desenvolvimento,

.buscamos revigorar nosso intercâmbio, ace-lerar nosso progresso e contribuir para umaordem económica internacional mais justa,capaz de favorecer o desenvolvimento so-cial e económico de nossos povos.

Senhor Ministro,

Nesses próximos dias, as Delegações brasi-

leira e senegalesa estarão trabalhando jun-tas, buscando avaliar o atual quadro de nos-sas relações bilaterais nos mais variados do-mínios.

Mais de dois anos se passaram desde a últi-ma Reunião da Comissão Mista, em Dacar,período esse marcado por contratempos noquadro das trocas comerciais, com reflexossobre o relacionamento económico entre osdois países. Estou certo, no entanto, de quenossos encontros e nossa disposição diantedos trabalhos que ora se iniciam contribui-rão decisivamente para a superação dessesproblemas.

A leitura da Agenda desta Quarta Reuniãorevela, de forma bastante eloquente, as am-plas possibilidades de cooperação entre oBrasil e o Senegal, especialmente se bemcontornarmos os obstáculos impostos pelasituação atual de nossos balanços de paga-mentos.

As relações económicas, financeiras e co-merciais entre nossos dois países já foramreciprocamente proveitosas. Confio em queos trabalhos que agora se abrem constitui-

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rão um novo marco no diálogo brasileiro- útil e mutuamente vantajosa, movidos pelasenegalês e poderão atenuar os efeitos que a vontade política de colocar em termos cadacrise económica internacional impõe parti- vez mais concretos a amizade que vinculacularmente aos países em desenvolvimento. permanentemente o Brasil ao Senegal.Haveremos de desenvolver meios própriosde dinamização da cooperação horizontal, Muito obrigado. *

* Na seção Tratados, Acordos, Convénios, página 142, o texto do Protocolo de aplicação do Acordo Cultural entre o Brasile o Senegal, relativo ao Programa de I ntercãmbio Cultural para o biénio 1984/85.

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a visita ao brasil dovice-ministro dos negócios

estrangeiros da noruegaDiscurso do Ministro de Estado, interino, das Relações Exteriores,João Clemente Baena Soares, no Palácio do Itamaraty, em Brasília,em 1? de março de 1984, por ocasião de almoço oferecido aoVice-Ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino da Noruega,Eivinn Berg.

Senhor Vice-Ministro,

É com especial satisfação que dou as boas-vindas do Governo brasileiro a Vossa Exce-lência e sua ilustre comitiva que tanto noshonram com esta visita ao nosso país e, emparticular, a esta Casa.

Sua presença entre nós revela o desejo doGoverno da Noruega de aprofundar o bomentendimento que rege as relações entrenossos dois países. Esteja Vossa Excelênciacerto de que esse propósito encontra plenaressonância nesta Chancelaria, uma vez quecoincide com a disposição brasileira de esti-mular o diálogo e a cooperação bilateral.

0 Brasil e a Noruega mantêm, de longa da-ta, relacionamento cordial e amistoso, quehoje se reflete em expressivas realizaçõesconjuntas, notadamente na área económica.Diversas empresas norueguesas têm ativapresença no mercado nacional e as perspec-tivas de novos empreendimentos são alta-mente promissoras.

No campo do comércio, porém, as relaçõesbilaterais não ficaram isentas dos efeitos dacrise económica que atinge a todos, em es-

cala global, e aos países em desenvolvimen-to mais intensamente. Por isso, não poupa-mos esforços para reativar o intercâmbiocomercial entre nossos dois países e alçar acooperação à altura das potencial idades dosrespectivos mercados.

Nesse contexto, têm sido muito úteis ostrabalhos da Comissão Mista Brasil-Noruegade Comércio e Cooperação Económica, In-dustrial e Técnica, que se reuniu, em Oslo,pela quinta vez, no ano passado. Criada pe-lo Acordo celebrado por ocasião da visita doPríncipe Herdeiro Harald em 1978, consti-tui foro propício para examinar formas deagilizar o intercâmbio nas áreas de sua com-petência e apontar novos caminhos para odesenvolvimento de uma cooperação mu-tuamente proveitosa.

Ainda na área económica, foi especialmenterelevante a recente visita do Senhor Minis-tro da Fazenda, Doutor Ernane Galvêas, aOslo, a convite do Ministro das Finanças daNoruega, Senhor Rolf Presthus. Os conta-tos que lá manteve, com altas autoridadesgovernamentais e figuras exponenciais doempresariado local, certamente darão novo

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alento às relações entre o Brasil e a Norue-ga nesse terreno.

Com a visita de Vossa Excelência, SenhorVice-Ministro, surge a oportunidade de seacrescentar ao património das relações bila-terais uma nova e importante dimensão: ado diálogo político. O intenso programa deconversações que está cumprindo no Itama-raty, no dia de hoje, lhe permite trocarideias com seus interlocutores brasileirossobre ampla gama de temas de interessemútuo. Além de favorecer o conhecimentorecíproco, podemos, enriquecer as respecti-vas avaliações dos variados e complexos as-pectos da conjuntura mundial, política eeconómica.

É, para nós, motivo de particular satisfaçãodialogar com representante de uma diplo-macia que granjeou respeito universal porsua incansável dedicação às causas da paz eda concórdia. São características que ema-

nam da própria natureza do povo norue-guês, cujas realizações tanto admiramos, apar da singular beleza de sua terra.

Tem Vossa Excelência, pois, justa razão deorgulho por exercer tão alta função no Mi-nistério dos Negócios Estrangeiros da No-ruega. As responsabilidades que se lhe de-frontam não são, decerto, leves, neste mun-do conturbado e eivado de injustiças de to-da ordem, que se contrapõem à realizaçãodos legítimos anseios dos povos. A inteli-gência e o descortino, porém, de que temdado prova ao longo de sua trajetória nacarreira diplomática, facultam-lhe brilhantedesempenho no cargo que ora ocupa.

A todos aqui presentes, peço que ergam co-migo suas taças num brinde à saúde de SuaMajestade o Rei Olavo V, ao futuro das re-lações entre o Brasil e a Noruega e à felici-dade pessoal do Vice-Ministro Eivinn Berg.

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chanceler em islamabad:potencial de cooperação

brasil-paquistão é promissorDiscurso do Ministro de Estado das Relações Estertores,Ramiro Saraiva Guerreiro, em Islamabad, em 3 de março de 1984,por ocasião do jantar que lhe foi oferecido peloMinistro das Relações Exteriores do Paquistão,Sahabzada Yaqub-Khan.

Senhor Ministro,

Permita-me, em primeiro lugar, agradecerahospitalidade oferecida por Vossa Excelên-cia a mim e minha mulher, assim como aosdemais membros de minha comitiva, duran-te nossa permanência em vosso grande país.Permita-me também agradecer-lhe, em espe-cial, pelas palavras amáves que Vossa Exce-lência acaba de dirigir-me. De minha parte,posso dizer apenas que minha presença noPaquistão exprime a atmosfera de cordiali-dade espontânea que caracteriza as relaçõesentre nossos países, e a necessidade, reco-nhecida por ambos os Governos, de fortale-cer e diversificar, em todos os níveis, osnossos vínculos bilaterais.

Senhor Ministro,

0 Paquistão e o Brasil estão buscando comdeterminação seus próprios caminhos dedesenvolvimento social e económico, numcontexto internacional reconhecidamenteadverso. Sofremos, todos, os efeitos de umacrise mundial sem precedentes, que castigatodos os países, mas tem repercussões espe-cialmente rigorosas sobre os países em de-senvolvimento.

Essa situação torna ainda mais necessáriorevitalizar as reações entre o Brasil e o Pa-quistão. Se conjugarmos nossos esforços,no espírito da cooperação Sul-Sul, e se mo-bilizarmos, de forma igualitária e criadora,o potencial económico, comercial e tecno-lógico dos nossos países, teremos melhorescondições para superar tanto os obstáculosestruturais resultantes de uma ordem eco-nómica mundial injusta, como os que deri-vam da atual crise internacional.

Senhor Ministro,

Não estaremos, nesses esforços, partindo exnihilo.O Acordo Cultural de 1968 e o Acor-do Comercial de 1982 constituem moldurasadequadas para a canalização da nossa co-operação adicional.

Mas o que é verdadeiramente essencial é aconfiança mútua que permite a aproxima-ção dos nossos países com naturalidade,sem reservas ou inibições, e que transcendequaisquer acordos formais. Essa consciênciaderiva de valores e princípios compartilha-dos, que injetam nesses acordos o sopro davida, e logram gerar relações bilaterais mu-tuamente satisfatórias. Esses pontos de vistacomuns nos permitem manter uma atitude

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semelhante com relação às normas que deve-riam reger a ordem internacional, e assimidentificar as transformações necessárias,para que palavras como a paz e a segurança,a solidariedade e o desenvolvimento, possamadquirir sentido e substância.

Senhor Ministro,

O Paquistão e o Brasil atribuem a máximaimportância à inviolabilidade da soberanianacional, e condenam com veemência qual-quer forma de interferência nos assuntos in-ternos dos Estados.

Os dois países criticam, igualmente, de mo-do firme, equilibrado e maduro, a atual es-trutura económica internacional. Seus efei-tos negativos só poderão ser abolidos se aordem económica estabelecida em BrettonWoods sofrer uma reforma abrangente. OBrasil e o Paquistão partilham firmementeesse objetivo, baseado na generosidade e norealismo, numa concreta reciprocidade deinteresses, na convicção de que essa posiçãonão é uma plataforma de confrontação,mas de cooperação entre o Norte e o Sul.Somente assim poderá nascer uma nova rea-lidade económica, benéfica para todas asnações, e não apenas para um grupo restritode países industrializados.

Nosso diagnóstico coincide também, emgrande medida, quanto às questões políti-cas. Preocupam-nos igualmente a crescentedeterioração do tecido das relações interna-cionais, as tendências indesejáveis à polari-zação, derivadas de axiomas e concepçõesdo mundo simplistas, e a corrida armamen-tista, que multiplica os focos de tensão eameaça com o aniquilamento maciço nãosomente regiões inteiras como também atotalidade do planeta.

Senhor Ministro,

Confrontados com a disseminação dos con-flitos, o Brasil e o Paquistão têm procuradodefender em foros globais e regionais a pri-mazia da razão, ameaçada pela irracionali-

dade política, e a primazia do diálogo, emoposição à força ou a ameaça da força.

Mas a atual crise política não conhece fron-teiras — nacionais, regionais ou continen-tais. Poderíamos multiplicar exemplos trá-gicos de crises regionais. A maioria delasbrota de fontes locais. Com grande frequên-cia, elas oferecem uma oportunidade paraque a confrontação global Leste-Oeste sejaextrapolada para cenários regionais. Permi-ta-me mencionar dois conflitos desse géne-ro, que sei preocuparem especialmente oGoverno de Vossa Excelência.

A invasão do Afeganistão pela União Sovié-tica, em transgressão direta aos princípiosda Carta das Nações Unidas, constituiu semdúvida um sério golpe à estabilidade daÁsia e da comunidade internacional. O Bra-sil apoiou sistematicamente o Paquistão eoutros países interessados, nas Nações Uni-das e outros órgãos, em sua oposição àagressão soviética, e em sua exigência deretirada das forças invasoras. Estamosacompanhando com grande atenção os es-forços do Secretário Geral das Nações Uni-das com vistas a uma solução negociada doconflito. É nossa sincera esperança que taisesforços tenham êxito no futuro imediato,a fim de pôr um fim aos sofrimentos dopovo afegão, e de restaurar estabilidade àregião.

A situação no Oriente Médio é outra gravefonte de ansiedade, e tornou-se mais dramá-tica com o agravamento recente da crise doLíbano. A posição brasileira quanto aoOriente Médio foi deixada clara em nume-rosas ocasiões. Permita-me recordar algunsdos elementos que consideramos pré-requi-sitos para uma solução justa, abrangente eduradoura:

— evacuação completa de todas as forças deocupação dos territórios árabes, de acordocom as resoluções 242 e 338, do Conselhode Segurança;

— respeito ao direito do povo Palestino deretornar à Palestina, e reconhecimento do

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seu direito à autodeterminação, indepen-dência e segurança;

— participação do povo Palestino, atravésda OLP, em negociações relativas a seu fu-turo;

— reconhecimento do direito de todos osEstados da região, inclusive Israel, de exis-tirem em paz, dentro de fronteiras interna-cionais reconhecidas.

Exprimir nossos pontos de vista com rela-ção a esses temas e outros semelhantes, co-mo a invasão de Campuchea, a política ra-cista do apartheid, e muitos outros, e agircoerentemente com esses pontos de vista,constitui uma contribuição positiva para apreservação da paz e da estabilidade mun-dial. O Brasil e o Paquistão nunca deixaramde fazê-lo. Nossa ampla convergência quan-to a esses temas revela a existência de umgrande espectro de afinidades entre nossosdois países, que transcende nossos interes-ses estritamente bilaterais, mas proporcio-nam uma base mais sólida para nossa co-operação mútua.

Senhor Ministro,

O potencial para essa cooperação bilateral éespecialmente promissor. Operações comer-ciais, tanto na área do comércio físico co-mo na de serviços, colaboração científica etecnológica, participação recíproca em pro-jetos de desenvolvimento, através de váriasmodalidades, inclusive empreendimentosconjuntos — em todos esses setores, nossacooperação já está em curso, ou em vias dematerializar-se. Alguns passos positivos parafavorecer esse processo já podem ser dadosdurante minha visita, especialmente na áreado comércio e da ciência e tecnologia. Mui-tos outros podem ser dados no futuro pró-ximo. Graças à vontade política dos doisGovernos, e ao interesse ativo das firmaspúblicas e privadas, assim como ao da co-munidade académica e científica, estouconvencido de que as condições estão dadaspara uma expansão dinâmica de nossas rela-ções, em todas as áreas, e para a amizadedurável entre o Brasil e o Paquistão.

Muito obrigado.

a conferência do chancelersaraiva guerreiro no institutode estudos estratégicos do paquistão

Minha visita ao Paquistão pretende inaugu-rar uma nova fase em nossas relações bilate-rais. Temos uma base expressiva de conta-tos, especialmente na área diplomática, masreconheço que as potencial idades a explo-rar são imensas.

Como fazê-lo? É fundamental, penso, quebusquemos equilibrar, em nossos relaciona-mentos, os interesses concretos e o conheci-mento recíproco. Laços fortes e permanen-tes entre os Estados exigem, além do inter-câmbio económico e da cooperação técni-

Conferência do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, no Instituto de Estudos Estratégicos

do Paquistão, em Islamabad, em 4 de março de 1984.

ca, a construção de uma moldura de conhe-cimento, de compreensão mútua. E, nessecaminho, um aspecto decisivo é o do diálo-go político sobre a realidade internacional.

Um dos temas, que se tornará central nodiálogo Brasil—Paquistão, será, sem dúvida,o de como entendemos a realidade interna-cional, o que significam suas tendências, deque forma somos afetados pela conjuntura,de que forma podemos modificar situações.Pela sua própria natureza, é este um com-plexo de preocupações que vai além do

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contato diplomático e engaja setores diver-sos da sociedade, como a comunidade aca-démica.

Neste sentido, a oportunidade de falar aoInstituto de Estudos Estratégicos, que con-grega eminentes personalidades paquista-nesas, e, de certa forma, sugerir ideias e no-ções sobre os rumos desse diálogo me grati-ficaram muito. Assim, gostaria de tomar,como linha central de minhas palavras, aquestão da formulação da política externabrasileira. Daria ênfase a certos diagnósticosque orientam a ação diplomática brasileirae que estão ligados à nossa condição de paísem desenvolvimento e que, portanto, pode-riam guardar pontos de aproximação com asituação paquistanesa.

Quando iniciamos uma reflexão geral sobrea posição dos países em desenvolvimentono mundo de hoje, um dos primeiros ele-mentos a considerar é o contraste entrenossas necessidades, que se ampliam cons-tantemente, e um quadro internacional ten-so, refratário às reivindicações e propostasque fazemos, tanto na área da economiaquanto na política. Os dois lados da equa-ção não se completam, e exigem de nós,países em desenvolvimento, esforço perma-nente de criatividade e imaginação políti-cas.

Do lado das necessidades, se observarmos opercurso histórico dos países em desenvol-vimento, veremos que, em regra, dois fenó-menos acontecem: em primeiro lugar, as so-ciedades nacionais se tornam mais comple-xas; o tecido social se diversifica, as exigên-cias de desenvolvimento se ampliam, e, emconsequência, alargam-se as formas de pre-sença no processo internacional. São doismovimentos que se dão simultaneamente,o de complexidade interna e o da amplia-ção da presença internacional, e, nesse sen-tido, as tentativas de fechamento e autar-quia aparecem como coisa rara, excepcio-nal. Em segundo lugar, a presença do Ter-ceiro Mundo no sistema internacional nun-ca foi politicamente passiva. Ao contrário,procuramos, sempre conjugar a presença

com uma compreensão própria do cenáriointernacional e com formas próprias deatuação sobre o sistema internacional. Emsuas diversas dimensões, há uma nítida li-nha que nasce com o diagnóstico, passa pe-la articulação política, ganha sentido insti-tucional, e finalmente vai valer como pesopolítico específico dos países em desenvol-vimento no sistema internacional. Os exem-plos são muitos. Na área económica, é alinha que nasce, ainda nos anos cinquenta,na CEPAL, por exemplo, com as análisessobre deterioração dos termos de intercâm-bio e que culmina na UNCTAD, e, maisrecentemente, se desdobra nas tentativas deNegociações Globais e outras reuniões deamplo escopo para lidar com a crise inter-nacional. A busca de conceitos próprios, demecanismos que traduzissem a vocação deautonomia, também se dá no campo da po-lítica, com o movimento pela descoloniza-ção, com a luta pelo desarmamento, com osesforços não-alinhados.

Neste longo percurso, aprendemos, nós,países do Terceiro Mundo, apesar de suaevidente heterogeneidade, a trabalhar poli-ticamente de forma conjunta, harmoniosa,e criando formas de associação política en-tre Estados, que tinham sentido verdadeira-mente inovador. Não nos associamos, comonas alianças tradicionais, com objetivosimediatos de poder, ou "contra" um grupode Estados adversários, mas, fundamental-mente, para implantar modalidades de con-vivência internacional, que, se aceitas, tra-riam benefícios para toda a comunidade in-ternacional. Duas outras características des-se já longo percurso histórico ressaltam: oprocesso de atualização constante, que res-pondia às necessidades crescentementecomplexas de nossas sociedades e do siste-ma como um todo (é sempre bom lembrarque fenómenos novos vão acontecendo aolongo desses anos, e, só para dar exemplo,na área da economia, assinalo a expansãodas empresas multinacionais) e, além disto,o perfil diplomático, essencialmente nego-ciador, que sempre teve o conjunto de insti-tuições e instrumentos que foram articula-

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dos. É claro que, ao longo da história, terãoocorrido dificuldades e disputas, a harmo-nia e o consenso nunca foram perfeitos,nem fáceis, mas eu sublinharia que os ideaisbásicos nunca foram traídos. Nossos ideais,que não são utópicos, permanecem fortes eválidos, e, hoje mais do que nunca, repre-sentam caminho de saúde económica e po-lítica para a sociedade internacional.

Hoje, numa conjuntura marcada por tantasformas de crise, a distância entre o comple-xo de posições, conceituações e reivindica-ções do Terceiro Mundo, e as "respostas"do sistema internacional são imensas. Nemsempre foi assim. Embora o percurso tenhasido marcado mais por frustrações e desa-lento do que por êxitos, houve situaçõeshistóricas em que passos adiante foram da-dos; em regra, a partir de penosos esforçospolíticos dos países em desenvolvimento. Avitória do movimento pela descoíonizaçãofoi um dos êxitos; os ganhos institucionais,tanto na área económica quanto política,foram outros. Mas, hoje, a desesperança rei-na.

As nossas soluções acentuam as vantagensda negociação e pedem que a cooperaçãoseja a regra a organizar a vida internacional;do lado das Superpotências, a tendência àssoluções unilaterais ganha terreno. As nos-sas soluções pedem que as formas democrá-ticas, estribadas em princípios como o daigualdade soberana dos Estados, prevaleçamnas disputas e nos conflitos; do lado dasPotências, nunca se usou com tanta natura-lidade o argumento da força e do poder.Quando pedimos que, em cada tema inter-nacional, não se deixe de considerar a di-mensão ética, que dá solidez às soluções,contrapõe-se, do lado das Potências, realis-mo de curto prazo, de fugaz eficácia.

As consequências desse quadro são nefas-tas. E, são nefastas não só para os países emdesenvolvimento, mas para todo o sistemainternacional, que vive bloqueado, com ten-sões acumuladas e irresolvidas. O clima deconfrontação e de exacerbação retórica noâmbito global das relações entre as Super-

potências traz consequências extremamentenegativas. De nosso ponto de vista, e nistocompartilhamos o diagnóstico da maioriados países em desenvolvimento, especial-mente graves são a corrida armamentista, acriação de um clima de incerteza no sistemainternacional em que a guerra nuclear passaa ser ingrediente no universo das pressõespolíticas, a concentração da agenda interna-cional em temas estratégicos em detrimentoda necessidade de renovação e reforma daordem internacional, a ligeireza com que seinterfere, ostensiva ou sorrateiramente, nosassuntos internos de terceiros, e, finalmen-te, a questão da transferência de tensõespara as crises regionais.

A persistência das tensões regionais tam-bém preocupa. Se traduzem questões histó-ricas, por vezes seculares, não deixa de ha-ver, frequentemente, e, de forma profunda,processos de transferência da tensão globalpara o campo regional, com efeito agravan-te sobre a crise.

Processos de intervenção, que, em regra, ge-ram espirais negativas, tendem a se tornarperigosamente corriqueiros, e tenta-se, atémesmo legitimá-los. Aqui, a dissonância en-tre o nosso poder de afirmação política e aafirmação política do poder é enorme, efica marcada, por exemplo, em episódioscomo o da interferência soviética no Afega-nistão, condenada pela unanimidade dospaíses em desenvolvimento, e que, ainda as-sim, não se arrefece, depois de quatro anos.De forma similar, é triste verificar a perma-nente precariedade da situação do OrienteMédio. Multiplicam-se as formas de confli-to, e, assim, abandona-se um dos temas cen-trais da crise, que é o da necessidade de queos palestinos tenham um Estado com baseem equitativa autodeterminação.

Outra área onde se cruzam as questões re-gionais, os fenómenos estruturais de pobre-za e insatisfação social, e as tensões globais,é a América Central. A posição brasileira namatéria pede que, nas soluções, respeite-sede forma estrita o princípio da não-inter-

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venção, atente-se à complexidade das raízesda crise, e caminhe-se exclusivamente porprocessos negociadores e diplomáticos, co-mo tenta o Grupo de Contadora.

Também o continente asiático tem sido ce-nário de graves crises. Muitas das quais, de-generaram, infelizmente, em confrontaçõesmilitares. Por exemplo, a invasão de Cam-puchea pelas forças vietnamitas produziuuma crise política cuja solução ainda nãoestá à vista. O Brasil tem votado a favor deresoluções, nas Nações Unidas, que pro-põem uma retirada de Campuchea de todasas tropas estrangeiras, e garantam a neutra-lidade, a independência, a soberania, e a in-tegridade territorial daquele país. Outra cri-se, afetando mais imediatamente o Paquis-tão, é a provocada pela invasão soviética noAfeganistão. Essa agressão, que ainda per-dura, constitui uma flagrante violação daobrigação de todos os Estados de abster-se,em suas relações internacionais, do uso daforça, contra a soberania, a integridade ter-ritorial e a soberania dos demais Estados.Estamos acompanhando com atenção os es-forços mediadores desenvolvidos pelo Se-cretário Geral das Nações Unidas, e espera-mos que uma solução negociada se concre-tize a breve prazo, de molde a assegurar apronta retirada das tropas soviéticas, e odireito do povo afegão de determinar suaprópria forma de governo, livre de qualquerforma de intervenção externa.

Ao examinarmos a situação de crise econó-mica mundial que atravessamos, vamos des-cobrir fenómenos de impasse que se aproxi-mam, conceitualmente, do que descreve-mos na área política. Não preciso referir asdeficiências e deformações da ordem eco-nómica internacional, que encontram ex-pressão particularmente dramática na reces-são que vivemos. Pretendem os países doNorte perpetuar, através de protecionismo,formas de divisão do trabalho que se torna-ram obsoletas. Pretendem fechar-se em ins-tituições cuja vocação se esgotou e cujasregras desconhecem as necessidades atuaisda ordem internacional. Procuram, defen-dendo soluções de curto prazo e limitadas a

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situações emergenciais, ignorar a necessida-de de reformas amplas, que tomem a pers-pectiva de longo prazo, e que partam danoção de que o progresso do Norte passaem boa medida pelo desenvolvimento doSul.

Feito esse rápido balanço da conjuntura in-ternacional, penso que terei descrito umadas chaves conceituais da atitude diplomá-tica brasileira: de um lado, compreende-mos, como a maioria dos países em desen-volvimento, que é forte e clara a necessida-de de mudança da ordem internacional; deoutro, também compreendemos que forte eclara é a resistência à mudança. No proces-so, as tensões e as crises não arrefecem; an-tes, se agravam.

Já apontei que o contraste entre a necessi-dade de mudar e a resistência à mudançaestá ligado aos interesses em que se mante-nham as assimetrias de poder. Estaremoscondenados a viver neste equilíbrio precá-rio, em que se combinam, de forma sinistra,a ameaça de um holocausto nuclear com aproliferação da miséria absoluta? Estare-mos condenados a ver no sistema interna-cional uma teia de constrangimentos, quesó premia o poder e as soluções de força?

Não quero trazer aos Senhores receitas defi-nitivas, seja de otimismo seja de pessimis-mo. Minha atitude é a de buscar o diálogo,procurar entender, a partir da conversamais franca, o que poderemos fazer daquipara frente, para estimularmos as mudançasno sistema que acreditamos úteis e efetivas.Não temos, na diplomacia brasileira, pana-ceias nem lições a dar.

Sabemos que é necessário que se criem, acurto prazo, e em todas as áreas, estruturaságeis de diálogo e negociação. As linhas eorientações da mudança são conhecidas, e énecessário alimentá-las de vigor político.Trajetórias individualistas, esforços hege-mónicos, terão sempre o sinal da precarie-dade. Equilibrar, no movimento de mudan-ça, o verdadeiramente nacional com a reno-vação do sistema é um dos desafios funda-

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mentais de nosso tempo, tanto para os di-plomatas e homens de estado, quanto paraos intelectuais.

De outro lado, é preciso criar um clima deconfiança entre os Estados para que as dife-rentes formas de negociação não sejam vis-tas como capitulação. É fundamental reva-lorizar a diplomacia, não como uma daspontas dos instrumentos de poder, mas co-mo veículo para esforços criativos de co-operação e de conciliação entre os Estados.

Em resumo, quero praticar com os Senho-res o mesmo exercício de diálogo, sempreem bases iguais, que temos mantido, comotraço essencial, da diplomacia brasileira.

Até aqui, apresentei aspectos da interpreta-ção da realidade internacional que o Brasilcertamente compartilha com outros países.De outro lado, gostaria de indicar, de formainfelizmente resumida, outros aspectos denossa presença internacional, que talvez nosindividualizem.

Em primeiro lugar, diria que existe uma di-mensão de números, estatística, que deveser levada em consideração quando se falada presença internacional do Brasil. É agrandeza do território (8,5 milhões deKm2), da população (125 milhões), doPNB (o oitavo do Ocidente), e, também, asdimensões da presença económica, tantocomerciais (cerca de 40 bilhões de inter-câmbio em 1983), quanto financeiras (dívi-da externa de mais de 90 bilhões de dóla-res). A "administração" dos números envol-ve evidentemente uma série de atitudes econstruções diplomáticas. Uma das maisimportantes é justamente a de lidar com aquestão territorial, já que temos dez vizi-nhos, e, ao longo da história, conseguimoscriar excelentes bases de convivência, de talforma que, hoje, não temos nenhum atritoque mereça menção na América Latina (eno mundo).

Os números da presença económica colo-cam outro tipo de problema, como o da

necessidade de termos extremo cuidado nosesforços de promoção comercial, que cor-respondam, de forma efetiva, às necessida-des de divisas do país. Também, quandoanalisamos a questão demográfica, e assina-lamos as diferenças de renda, a persistênciada pobreza, criamos sensibilidade especialpara a necessidade de transformações na or-dem económica que favoreçam o desenvol-vimento que permita absorver contingentesde mão-de-obra que são postos anualmenteno mercado de trabalho.

Um segundo elemento peculiar é a varieda-de das formas de presença. Somos latino-americanos, o que nos dá uma moldura deatuação diplomática, que se forma com ba-se na ideia de não-intervenção, do respeitoaos tratados, da solução pacífica, do com-bate às hegemonias, e que, hoje, traduz-sepor mecanismos de cooperação extrema-mente sofisticados e amplos, como exem-plifica a construção da barragem de Itaipu.A presença africana é extremamente impor-tante na formação da nacionalidade e criapontes extremamente sólidas no nosso rela-cionamento atual com a África. A nossa ba-se cultural é Ocidental, e repudiando asaberrações dos valores do Ociden-te, aderimos àqueles que são permanentes,o pluralismo, a tolerância, a democracia, orespeito aos direitos individuais. Recebe-mos emigrantes de todas as partes do globo,inclusive asiáticos, o que nos predispõe deuma forma especial para um diálogo univer-salista. Somos também um país Atlântico,onde estamos procurando desenvolver, comnossos vizinhos africanos, a tese de que ooceano que nos liga antes que nos separadeve ser livre das tensões estratégicas, e vol-tado fundamentalmente para abrigar esque-mas de cooperação. Por nossas realidades,somos um país do Terceiro Mundo, e algu-mas das consequências e implicações inter-nacionais dessa condição já as expus na par-te inicial de minha palestra.

Um terceiro elemento que nos individualizaé o da tradição diplomática. Temos um ser-viço diplomático organizado há mais de100 anos. Isto terá contribuído para que

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aceitemos o sentido permanente dos inte-resses nacionais. A moderação, a busca decoerência e consistência, a sintonia entre aretórica e a prática, entre os princípios e aação, tem sido uma das características per-manentes da ação diplomática brasileira.Dessa forma, procuramos criar bases deconfiança com nossos parceiros, de tal for-ma que praticamos hoje uma política exter-na de cunho universalista, com aberturareal, busca de formas de ação conjunta, emtodos os quadrantes do globo. A confiançaimpulsiona o universalismo, sobretudo namedida em que, hoje, não mantemos qual-quer contencioso internacional grave. Te-mos controvérsias normais que não configu-ram conflito e que têm sido invariavelmen-te conduzidas pelos canais diplomáticos.

Somos um país sem conflitos internacio-nais.

De uma forma ou outra, a soma desses ele-mentos reforça as linhas básicas da ação di-plomática brasileira, sempre voltadas paradescobrir, na ação concreta, o melhor cami-nho para a solução de paz, para o encontroque favoreça o desenvolvimento. Somos,por isto, profundamente afeitos ao diálogo,gostamos do diálogo, como o melhor dosexercícios diplomáticos, sobretudo quandofeito, como aqui, com sentido de equilí-brio, em bases de respeito mútuo, e na bus-ca de verdadeira compreensão mútua. Nãoexiste melhor base para a ação conjunta,para dar passos adiante na construção deuma ordem internacional melhor.

comunicado de imprensabrasil-paquistão

Comunicado de Imprensa Brasil-Paquistão, divulgadoem Islamabad, em 4 de março de 1984, ao final da visita do

Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro.

Sua Excelência o Senhor Embaixador Ra-miro Saraiva Guerreiro, Ministro das Rela-ções Exteriores do Brasil, acompanhado deuma delegação de 33 membros, dentre elesaltos funcionários do Governo brasileiro,fez uma visita oficial ao Paquistão entre osdias 2 e 4 de março de 1984. Durante avisita, o Ministro das Relações Exterioresdo Brasil manteve conversações com o Mi-nistro das Relações Exteriores do Paquis-tão, Sr. Sahabzada Yaqub-Khan, e com oMinistro das Finanças, Sr. Ghulam IshaqKhan. O Ministro Saraiva Guerreiro foiigualmente recebido pelo Presidente do Pa-quistão. As discussões se desenrolaram nu-ma atmosfera cordial que reflete os estrei-tos laços de amizade entre o Brasil e o Pa-quistão.

Os Ministros examinaram as principaisquestões do atual panorama internacional,

tanto no plano global como no regional,com especial ênfase aos assuntos asiáticos elatino-americanos. Os Ministros dedicaramparticular atenção à avaliação das relaçõesbilaterais entre o Brasil e o Paquistão. Essedebate revelou convergência de pontos devista existentes entre os dois Governos so-bre as questões de maior relevância. Ambasas partes expressaram a firme determinaçãode fortalecer a amizade e cooperação dosdois países em todas as áreas.

As duas partes expressaram profunda preo-cupação com o agravamento das tensõesmundiais, decorrente da contínua confron-tação entre Leste e Oeste e a persistência dacorrida armamentista, que ameaça a própriaexistência humana. Consideraram igualmen-te com preocupação as tentativas de solu-ção das disputas internacionais por meio daforça, ou da ameaça da força.

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Ambas as partes reiteraram seu repúdio àstentativas de imposição de hegemonia ouestabelecimento de esferas de influência.Tais tendências foram consideradas um ris-co à paz e segurança mundiais e uma viola-ção dos princípios da Carta das Nações Uni-das.

Concordaram em que a situação na Améri-ca Central exige solução negociada entre ospaíses diretamente envolvidos e expressa-ram seu apoio aos esforços do Grupo deContadora, com vistas a evitar a escalada doconflito e a assistir aqueles países na conse-cução de uma solução pacífica.

Concordaram em que a presença continu-ada de tropas estrangeiras no Afeganistãorepresenta séria ameaça à segurança na re-gião e tem implicações de longo alcance pa-ra a paz e a segurança globais. Exortaram aretirada imediata de todas as tropas estran-geiras do Afeganistão e, nesse contexto,acolheram com satisfação os esforços doSecretário Geral das nações Unidas em pro-mover uma solução política abrangente,com base nos princípios enunciados nas re-soluções pertinentes das Nações Unidas quecontam com o apoio da comunidade inter-nacional. O Ministro das Relações Exterio-res do Brasil expressou sua profunda solida-riedade pelos três milhões de refugiadosafegães que foram forçados a procurar abri-go no Paquistão. Apreciou a assistência hu-manitária que tem sido a eles prestada peloPaquistão e reiterou o apoio do Brasil e to-dos os esforços envidados, com vistas a pos-sibilitar aos refugiados o retorno a seus la-res com honra e dignidade.

O agravamento da crise no Oriente Médiofoi considerado com grave preocupação.Com referência ao tema, os Ministros con-clamaram todos os países envolvidos a exer-cerem esforços adicionais no sentido deuma solução justa, abrangente e duradourapara a questão, baseada entre outros princí-pios, no reconhecimento dos direitos alie-náveis do povo palestino, inclusive o do es-tabelecimento de um Estado próprio.

Ambas as partes expressaram profundapreocupação pelo prolongado conflito en-tre o I rã e o Iraque e renovaram o seu apeloa ambos os países a colocarem um fim ime-diato a esse conflito fratricida.

Reafirmaram sua firme condenação à polí-tica do apartheid e reiteraram a necessidadede uma solução urgente para a questão daNamíbia, em conformidade com as resolu-ções pertinentes das Nações Unidas.

A respeito da situação económica mundial,os Ministros expressaram que a crise mun-dial, que afeta tanto os países do Nortequanto os do Sul, revelou drasticamente asdistorções estruturais do sistema económi-co internacional, em função das quais umónus desproporcional de reajuste recai so-bre os países em desenvolvimento. Os Mi-nistros expressaram sua preocupação com oalto nível de endividamento internacionaldos países em desenvolvimento causado,em grande medida, por fatores alheios a seucontrole, tais como as políticas económicasdos países desenvolvidos. Ressaltaram quesoluções efetivas para o problema requeremo ressurgimento da cooperação internacio-nal por meio de um maior acesso aos mer-cados dos países desenvolvidos e do aumen-to e melhoria de condições do fluxo de re-cursos financeiros para o desenvolvimento.

Ao reconhecerem que a cooperação entrepaíses em desenvolvimento não é um subs-tituto à cooperação Norte—Sul, os Minis-tros sublinharam a importância crucial dacooperação Sul—Sul. Os Ministros reafirma-ram seu comprometimento em envidar es-forços, tanto internamente, quanto no seiodo Grupo dos 77, com vistas a acelerar aimplementação do Programa de Ação deCaracas, permitindo, assim, aos países emdesenvolvimento maximizar a complemen-taridade de suas economias, com base nobenefício mútuo.

Os Ministros notaram, com satisfação, pers-pectivas promissoras para o incremento dacooperação bilateral, particularmente nasáreas de comércio, ciência e tecnologia. Os

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Ministros discutiram as modalidades desti-nadas a imprimir maior dinamismo ao inter-câmbio comercial, em especial no tocanteaos produtos prioritários especificados nosAnexos do Protocolo Adicional ao Acordode Comércio, que assinaram a 4 de março. OsMinistros debateram, igualmente, modalida-des para incrementar a participação de em-presas de ambos os países em projetos dedesenvolvimento que implementem em seusrespectivos territórios, bem como o estabe-lecimento de "joint ventures".

Quanto à ciência e tecnologia, reconhece-ram o interesse mútuo das comunidadescientíficas e agências de ciência e tecnolo-gia pelo estabelecimento de um quadro le-gal que permita uma troca sistemática de

informações, um intercâmbio periódico decientistas e técnicos, bem como a imple-mentação de programas conjuntos de pes-quisa, e a transferência de tecnologia emáreas como as fontes novas e renováveis deenergia, irrigação, desertificação, tecnologiade alimentos, habitação popular, pesquisaagrícola, informática, microeletrônica ebiotecnologia. Os Ministros concordaramna necessidade de celebração a curto prazode um acordo de cooperação sobre a ciên-cia e tecnologia.

O Ministro das Relações Exteriores do Bra-sil estendeu um caloroso convite ao Minis-tro das Relações Exteriores do Paquistãopara visitar o Brasil em data próxima. Oconvite foi aceito com grande satisfação.

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impulso renovado nas relaçõesbrasil-índia, diz saraiva

guerreiro, em nova délhiDiscurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, em Nova Delhi, em 6 de março de 1984,por ocasião do jantar que lhe foi oferecido peloMinistro dos Negócios Estrangeiros da índia,Shri P.V. Narasimha Rao

Senhor Ministro,

Permita-me agradecer, em primeiro lugar,suas saudações calorosas e suas cordiais pa-lavras de boas-vindas. Interpreto-as menoscomo uma expressão protocolar de hospita-lidade, que como o reconhecimento do sig-nificado simbólico da minha visita: no quediz respeito a nossos vínculos mútuos, elasignifica, ao mesmo tempo, continuidade emudança.

Continuidade, porque não é esta a primeiravisita à índia de um Ministro das RelaçõesExteriores do Brasil. Como sabe Vossa Ex-celência, um dos meus predecessores esteveneste país há exatamente dezesseis anos,por ocasião da 11 Sessão da Conferência dasNações Unidas para o Comércio e o Desen-volvimento. Nesse fórum multilateral, nos-sas duas delegações trabalharam juntas, co-mo já haviam feito no passado, e mais umavez reafirmaram sua dedicação ao objetivocomum de introduzir uma Ordem Econó-mica Internacional mais equitativa. No pla-no bilateral, a visita contribuiu para fortale-cer nossa amizade, que data do acesso daíndia à independência, e proporcionou umquadro para o desenvolvimento futuro dasnossas relações, através da Assinatura de

um Acordo de Comércio e de um Acor-do Cultural. Desde então, os dois paísesaproximaram-se um do outro, através denumerosas visitas e contatos. Fomos honra-dos, em particular, pela visita ao Brasil daPrimeira-Ministra Indira Gandhi, em 1968.Seguiram-se muitas outras visitas, tanto decaráter político, quanto empresarial. Nessesentido, minha visita é parte de um proces-so em curso, que com ela não se iniciou ecertamente prosseguirá depois dela.

Mas esta visita também significa mudança,pois cada nova iniciativa no campo das rela-ções internacionais é de certo modo um no-vo começo. O ambiente internacional trans-formou-se nos últimos dezesseis anos, ecom ele transformaram-se nossas sociedadese políticas nacionais. Sabemos agora, maisclaramente que nunca, que nenhuma opor-tunidade pode deixar de ser explorada, ne-nhum esforço pode ser omitido, nenhumaocasião de mal-entendimentos pode aflorar,se quisermos atingir o objetivo, que é o nos-so e seguramente também o do Governo deVossa Excelência, de lançar as bases parauma relação estável e duradoura entre nos-sos dois países. A visita pode, efetivamente,ser um novo começo, se ajudar o Brasil e aíndia a aprofundarem o conhecimento do

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seu potencial recíproco e do seu respectivopapel nas questões internacionais, e a tradu-zir essa consciência em termos operacio-nais.

Nesse sentido, uma nova partida está defini-tivamente ao nosso alcance. Permita-meexaminar, brevemente, Senhor Ministro, asprincipais áreas que em nossa opinião po-dem e devem beneficiar-se de um impulsorenovado.

Senhor Ministro,

A cooperação política pressupõe como con-dição mínima uma convergência de opi-niões em torno de um amplo espectro detemas. Pode essa convergência ocorrer entredois países, como os nossos, que parecemdiferir tão profundamente em suas históriase em suas tradições culturais?

Há mais de uma década a Primeira-MinistraIndira Gandhi declarou que "a política ex-terna deve estar relacionada ao pano defundo histórico e geográfico de cada país.Vemos o mundo a partir de onde estamos.Outros países vêem o mundo a partir deonde estão. Assim, não podemos ver as coi-sas do mesmo ângulo. Temos alguns paísescomo nossos vizinhos. A relação que comeles mantemos é importante. Outros países,mais distantes, são vistos de outro ângulo".

Concordamos, sem dúvida, com essa afir-mação. Nossa própria política externa éuma projeção de nossa identidade nacional,modelada por fatores geográficos e históri-cos. Ao mesmo tempo, esses determinantesnão devem ser vistos como absolutos. Ageografia pode em si ser corrigida pela his-tória. Assim a vizinhança é um produto dageografia, mas a boa vizinhança depende daação consciente do homem. As distânciasgeográficas tendem a tornar-se cada vezmais relativas, nessa era das comunicaçõespor satélite e do transporte ultra-sônico. Aíndia e o Brasil pertencem a duas tradiçõeshistóricas fundamentalmente distintas, masa relatividade até dessa diferença é atestadaQGIO fato de que as mesmas correntes histó-

ricas que levaram à descoberta do Brasil le-varam à inserção da fndia, para o bem oupara o mal, no sistema político europeu. Hádois anos, saudando o Presidente SamoraMachel, de Moçambique, a Primeira-Minis-tro da fndia disse que "A frota de Vasco daGama trouxe a Europa a Vosso litoral, as-sim como ao nosso". O mesmo se aplica aoBrasil. Nossa descoberta, em 1500, foi decerto modo o subproduto de uma expedi-ção portuguesa à fndia.

É nesse sentido que devemos interpretar afrase da Senhora Gandhi segundo a qual"vemos o mundo a partir de onde esta-mos". Com efeito, o mundo nunca percebi-do in vácuo, mas sempre a partir de umlugar definido. Para a fndia e o Brasil, esselugar está claro. Pertencemos inequivoca-mente ao Ocidente e a fndia ao Oriente,mas apesar da profecia de Kipling, podemosencontrar-nos, e já nos encontramos, no es-paço social, político e económico do Ter-ceiro Mundo. Este é o nosso solo comum.Em consequência, frequentemente partilha-mos percepções semelhantes sobre a nature-za da crise mundial, sobre a situação dospaíses em desenvolvimento, e sobre a neces-sidade de uma reestruturação básica da or-dem internacional, tanto política comoeconómica.

Acabei, no Centro Internacional Indiano,de descrever em suas grandes linhas a políti-ca externa brasileira, e espero que tenha f i -cado claro até que ponto as nossas opiniõessobre questões mundiais são semelhantes.Sem repetir aqui o que foi dito naquelaocasião, basta assinalar que temos ambosuma clara consciência dos perigos suscita-dos pela corrida armamentista, pela tentati-va de estabelecer esferas de influência, pelasuperposição em cenários regionais da con-frontação global Leste-Oeste, pelas sequelasdo colonialismo, pelo apartheid, pelo nãoreconhecimento ao povo palestino dos di-reitos humanos e nacionais básicos. Preocu-pam-nos a crescente tendência de resolvercontrovérsias pela força ou pela ameaça daforça, e o armazenamento insensato de ar-mamentos nucleares, que põem em risco a

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própria sobrevivência da espécie, e se baseiana falácia de que a geração de insegurançaglobal pode aumentar a segurança nacional.Enfim, preocupa-nos a falta de disposiçãodos países desenvolvidos de agir construti-vamente com vistas ao estabelecimento deuma Nova Ordem Económica Internacio-nal, como se demonstra pelas dificuldadesprocessuais para o lançamento das negocia-ções globais, e recentemente pelo fracassoda VI UNCTAD.

A fndia e o Brasil têm trabalhado, conjuntaou separadamente, para a solução dessesproblemas em foros muItilaterais. Conjuga-mos nossos esforços, repetidas vezes, nasNações Unidas, na UNCTAD, nos Gruposdos 77 para obtenção de soluções justas.Como observadores à última Conferênciade Cúpula do Movimento Não-Alinhado, t i -vemos o privilégio de testemunhar os esfor-ços da índia, dentro do mesmo espírito.Como foi dito pelo Presidente Figueiredoem mensagem à Senhora Gandhi, "o Brasiltem acompanhado o Movimento dos PaísesNão-Alinhados, com interesse e esperança,desde sua criação. Nele identificamos umaintenção justa e necessária em prol da paz eda redução das tensões internacionais".Nossa confiança no futuro do movimentorenovou-se quando a fndia assumiu a res-ponsabilidade de coordená-lo. Em conse-quência o movimento terá à sua disposiçãoa dedicação da Senhora Gandhi à causa dapaz mundial e do desenvolvimento, e suaexcepcional experiência e talento diplomá-tico.

Mas a cooperação e os objetivos partilhadosno nível multilateral não bastam. Acredita-mos que chegou o tempo para uma coope-ração bilateral mais estreita. Em vista dogrande número de temas em que nossasposições são semelhantes ou convergentes emesmo daqueles em que possamos divergir,seria aconselhável contemplar mecanismosde consulta apropriados, nos quais pudésse-mos periodicamente intercambiar pontosde vista sobre questões mundiais. As moda-lidades desses mecanismos podem ser deta-

lhadas no devido tempo pelos dois Gover-nos.

Senhor Ministro,

Apoiamos a declaração da Conferência so-bre Cooperação entre Países em Desenvol-vimento, reunida em Caracas em 1981, deque "a cooperação económica entre paísesem desenvolvimento não é um substituto àcooperação global entre países em desen-volvimento e desenvolvidos". Mas nesse pe-ríodo de crise, devida em grande parte afatores que escapam a nosso controle (talcomo o protecionismo nos países desenvol-vidos e as altas taxas de juros que agravamo ónus da nossa dívida) e caracterizada poruma ameaçadora estagnação no diálogoNorte-Sul, a cooperação entre os países emdesenvolvimento torna-se crucialmente im-portante.

No espírito da Conferência de Caracas,acreditamos que o Brasil e a fndia têm umaespecial responsabilidade em proporem oexemplo de uma fecunda cooperação Sul-Sul. Dispõem ambos de um grande terri-tório, e de recursos naturais abundantes.Estão entre os países mais populosos doTerceiro Mundo. Têm as duas maiores eco-nomias entre os países em desenvolvimentonão-exportadores de petróleo. Seu nível decrescimento industrial é comparável. Seucomércio externo é amplo e diversificado.Juntos, e trabalhando em cooperação comoutros países em desenvolvimento, podere-mos lograr muitos resultados cuja obtençãoseria mais árdua se agíssemos separadamen-te. O crescimento do nosso comércio bilate-ral é uma ilustração tangível do progressoalcançado nos últimos anos. Assim, entre1978 e 1983, o volume global do nosso co-mércio mais que duplicou, ascendendo decerca de 114 milhões de dólares a mais de260 milhões de dólares. Mas estamos longede satisfeitos com estes resultados. Muitoresta a fazer para assegurar um crescimentoestável e equilibrado do comércio. A com-posição qualitativa das nossas exportaçõesmútuas está igualmente abaixo do nossopotencial: estamos certos de que com boa

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vontade, teríamos a possibilidade de forne-cer um ao outro itens mais significativos emtermos das prioridades nacionais de desen-volvimento.

Uma área importante na cooperação econó-mica, além do comércio em bens físicos, é aárea de serviços. O Brasil e a fndia desenvol-veram sistemas sofisticados de consultoria eengenharia, que poderiam ser benéficos pa-ra ambos os países. Veríamos com prazeruma oportunidade de participar mais ativa-mente dos projetos indianos de desenvolvi-mento, através do fornecimento de know-how que adquirimos num amplo espectrode áreas que vão desde grandes complexoshidroelétricos até a construção de rodovias,e receberíamos com agrado ofertas seme-lhantes de cooperação por parte da fndia.

As modalidades dessa cooperação são múl-tiplas. As concorrências competitivas inter-nacionais oferecem uma oportunidade pro-missora para nossa participação recíprocaem projetos de desenvolvimento. Explora-ríamos de bom grado a possibilidade de es-tabelecer empreendimentos conjuntos coma índia, que não precisariam limitar-se anossos próprios territórios, mas poderiamoperar em terceiros países. A participaçãoconjunta em concorrências realizadas emcertos mercados poderia aumentar nossacompetitividade nesses mercados, e assimmelhorar nossas perspectivas de êxito. Paradiscussão desses temas e outros, de nature-za económica e comercial, estamos propon-do o estabelecimento de uma comissão mis-ta, através de um protocolo adicional aoAcordo de Comércio assinado em 1968. Es-tou certo de que esse mecanismo propor-cionaria um quadro institucional útil paracanalizar a nossa cooperação económica.

Senhor Ministro,

Um dos milagres da fndia moderna foi ocrescimento impressionante de sua basecientífica e tecnológica. A fndia dispõe ho-je do terceiro maior reservatório de enge-nheiros e cientistas, depois dos EstadosUnidos e da União Soviética. Observo, de

passagem, que muitos cientistas indianos,da melhor qualidade, já trabalham em uni-versidades e centros de pesquisa no Brasil.Alguns dos centros tecnológicos da fndiaestão entre os melhores do mundo.

Esse resultado não emergiu espontanea-mente. Foi o fruto de uma política firme ede uma filosofia abrangente. Segundo a Pri-meira-Ministra da fndia, "a ciência não po-de ser confinada a laboratórios ou universi-dades, mas deve ser parte da educação, dasaúde, de todos os aspectos de desenvolvi-mento; assim como da vida no lar, no cam-po e na fábrica. A ciência não deve seguircaminhos trilhados, mas indicá-los, não de-ve simplesmente reagir a problemas, e simantecipá-los".

Não surpreende, assim, que a fndia tenhalogrado alcançar sucessos notáveis, desde oespetacular programa espacial que culmi-nou com o lançamento, pela nave espacialChallenger, há poucos meses, do satéliteINSAT I B, até áreas como processamentode dados e bio-tecnologia.

Sentimo-nos no Brasil justificadamente or-gulhosos com os nossos avanços nessa área.Permita-me Vossa Excelência mencionarapenas o progresso alcançado no setor deinformática, através de uma política gover-namental coordenada, visando a produçãonacional de certos tipos de computadores, ena tecnologia do álcool combustível, o qualsubstituiu quase inteiramente a gasolina emnossa frota automobilística. Existe campo,portanto, para uma cooperação mutuamen-te vantajosa na área da ciência e tecnologia.Estamos atualmente negociando um Acor-do de Cooperação Científica e Tecnológica,que abrirá caminho para a cooperação in-terinstitucional entre os dois países.

Senhor Ministro,

Permita-me finalmente mencionar a necessi-dade de dar maior substância ao AcordoCultural, assinado em 1968. Já existe umleitorado de literatura brasileira na universi-dade Jawaharlal Nehru, e como já disse,

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professores indianos trabalham atualmenteem universidades brasileiras. Existe um cur-so abrangente de Sânscrito na Universidadede São Paulo, com vários semestres de dura-ção.

Mas muito resta fazer. Estamos consideran-do a possibilidade de inaugurar um Seminá-rio sobre a 1'ndia na Universidade de Brasí-lia, nos próximos meses. Podemos contem-plar a organização de festivais cinematográ-ficos nos dois países, e de exposições ilus-trando, por exemplo, certas interações cul-turais entre a índia e o Brasil. Quando Vos-sa Excelência for ao Brasil, o que esperovenha a ocorrer no futuro próximo, terá aoportunidade de ver um conjunto de escul-turas representando profetas bíblicos — eobra do Aleijadinho, um dos nossos maio-res artistas do século XVII I — e observará aimpressionante semelhança entre essas es-culturas e as expostas no Convento de SãoCaetano, em Goa. Este é apenas um exem-plo de certas surpreendentes correntes cru-zadas que se desenvolveram no plano cultu-ral entre a fndia e o Brasil, ao longo dosanos.

Exploremos portanto, de forma realista,compatível com os recursos disponíveis, asperspectivas de uma cooperação culturalmais ampla entre os nossos dois países.

Senhor Ministro,

Não posso encontrar palavras mais apro-priadas para encerrar meu discurso que o an-tigo texto védico, ainda vivo hoje, comotantos outros da multimilenar tradição in-diana: "Possa haver bem-estar para o povo,possam os governantes proteger o mundo,seguindo o caminho da justiça; possa omundo inteiro ser feliz". O desenvolvimen-to económico e social, a paz mundial e, emconsequência, uma vida melhor para a hu-manidade: são essas, em essência, as três es-peranças manifestadas pelo texto, e deve-riam ser os três objetivos visados por nossospaíses, em sua nova trilha de colaboração.

Em minhas observações iniciais, referi-me aum novo começo. Comecemos.

Convido todos os presentes a acompanhar-me num brinde à saúde de Sua Excelência oPresidente Giani Zail Singh e Sua Excelên-cia a Primeira-Ministra Indira Gandhi, àprosperidade crescente do povo indiano, àamizade perpétua entre a fndia e o Brasil eà felicidade pessoal de Vossa Excelência eda Senhora Rao.

Muito obrigado.

saraiva guerreiro fala sobreaspectos da política externa brasileira,no centro internacional indiano

A interdependência é uma das principais ca-racterísticas da vida internacional de nossosdias. Fala-se muito sobre esse conceito que,algumas vezes, é apresentado em termosque não oferecem senão um novo disfarcepara fórmulas ultrapassadas de pensar. Nes-sa linha, os países do Sul se tornaram aindamais dependentes do Norte, e o fenómeno

Conferência do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, sobre "Aspectos da Política

Externa Brasileira", pronunciada no Centro InternacionalIndiano, em Nova Delhi, em 5 de março de 1984.

inverso não ocorreu; o Norte seria, ainda,na prática, motor que gera o crescimento ea retração económica global e o lugar ondeas decisões políticas fundamentais são to-madas.

De um ponto-de-vista pragmático, acreditoque podemos concordar com o fato de que

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existe uma medida de verdade naquela afir-mação. Contudo, ela esconde um fator deprofunda importância. Vivemos num pe-ríodo de mudanças aceleradas, e a ideiaque apresentei reflete muito mais a condi-ção em que o mundo se encontrou até ago-ra do que a situação para a qual nos dirigi-mos. Não leva, assim, em consideração algu-mas tendências básicas que já estão ocor-rendo na cena global.

A interdependência é uma via de mão du-pla. Tanto em termos práticos como mo-mento do raciocínio político, está baseada— e estimula — a ideia de que todas as na-ções são soberanas e iguais e que os princi-pais agrupamentos de países do Norte e doSul deveriam imaginar formas novas de co-operação entre si em moldes igualitários emutuamente proveitosos.

A própria interconexão da economia mun-dial — para não falar da esfera política —tece um panorama complexo e integrado.Felizmente, reconhecemos desenvolvimen-tos positivos neste cenário, tais como aemergência da mutualidade de interessesentre diferentes países e especialmente en-tre os países do Sul.

Acredito que essa seja uma das razões por-que eu estou aqui. A crescente mutualidadede interesses entre o Brasil e a fndia tornaoportuno que reforcemos o nosso diálogo enosso intercâmbio, tanto em nível bilateralquanto multilateral.

Embora relativamente nova, a história daaproximação entre os países do Sul já é sig-nificativa e promissora. Não estamos maisnos primeiros passos de nossa caminhada. Opoderoso movimento pela descolonização,que galvanizou a vida política do planetafoi um dos mais impressionantes marcos doprocesso de crescente consciência, da partede nossas nações como um todo, de nossoslegítimos interesses.

O espírito nascido em Bandung e que sedesenvolveu nas primeiras Reuniões dos

Países Não-Alinhados mostrou progressiva-mente o vigor desse Movimento, no qual aíndia desempenhou um papel crucial. AUNCTAD trouxe este espírito para o níveleconómico multilateral e, mais uma vez, aformação natural de núcleos para a agluti-nação dos países em desenvolvimento emorganizações internacionais demonstrou aviabilidade de nossa colaboração.

O Brasil, como nação latino-americana, foiparte integrante desse processo global desdesua origem. Apoiamos sinceramente a inde-pendência dos países irmãos da Ásia, daÁfrica e da América Latina; construímoscuidadosamente uma política de reforçar acooperação entre os países em desenvolvi-mento; temos sido dos mais ativos promo-tores do esforço coordenado para o estabe-lecimento de uma Nova Ordem EconómicaInternacional. Essa tem sido a nossa orien-tação por mais de vinte anos.

Se, de um lado, durante esse período, oprogresso tem sido desigual e faltaramtransformações práticas e institucionais, éinquestionável, de outro lado, que os paísesdo Sul cresceram em estatura política e de-senvolveram a sua própria visão do mundo.

Acabaram-se os dias em que as atitudes dasGrandes Potências eram a principal referên-cia para nossas ações e reações. Hoje, conti-nuamos muito interessados em cooperarcom os países do Norte para resolver pro-blemas de interesse geral. Mas, temos nossaspróprias ideias, que enriquecem nosso rela-cionamento. Baseamos nossos esforços emcertos interesses comuns e esperanças e es-tamos dispostos a trabalhar com nossospróprios meios, ainda que limitados pararealizar esses interesses e satisfazer essas es-peranças.

Para alcançar nossos objetivos, confiamosem algo diferente do divisionismo ideoló-gico e político, que nós superamos atravésdo respeito pela autodeterminação pelaidentidade nacional. Contamos, essencial-mente, com nossa disposição e criatividade

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para superar os problemas da pobreza. Esta-mos organizados para a cooperação igualitá-ria, livre dos constrangimentos de poder edominação, e objetivando o desenvolvimen-to recíproco, a satisfação mútua, e resulta-dos compartilhados.

Cooperação e diálogo, relaxamento de ten-sões e compreensão são hoje mais do quenunca necessários. A situação internacionalde nossos dias está num processo de cons-tante deterioração. O aprofundamento decrises regionais em várias áreas do mundo ea crescente confrontação entre as Superpo-tências combinam-se com uma crise econó-mica de dimensões globais que afeta todosos países e regiões e resiste às terapias orto-doxas. O quadro resultante, como o Presi-dente do Brasil assinalou em seu discursoperante a Assembleia Geral das Nações Uni-das em 1982, lembra dramaticamente osacontecimentos que precederam à SegundaGuerra Mundial.

As crises regionais que agora dominam aagenda internacional são em si mesmas con-sequências de profundos fatores estruturais.Não serão resolvidas adequadamente a me-nos que as questões subjacentes específicassejam atacadas. A dinâmica sócio-políticade cada região envolvida é um fator chaveque, como princípio geral, deve ser tomadoem consideração de tal forma que soluçõeslegítimas possam ser encontradas. É apenasrazoável admitir que os esforços construti-vos e os pontos de vista dos países de umaregião tenham prioridade na consideraçãodos problemas daquela região, livres de in-terferência externa.

Essa situação pode ser vista claramente seenfocamos, por exemplo, as condições dosoceanos Índico e Atlântico Sul. Nada podeser mais legítimo e positivo do que o desejodos países de cada uma dessas duas áreas decriar as bases para sua paz e segurança nasregiões referidas, mantendo-as livres das re-percussões das tensões globais.

Esta é a nossa posição fundamental em rela-ção ao Atlântico Sul: queremos que seja vis-

to, acima de tudo, de uma perspectiva hori-zontal, como um meio para promover a co-operação entre países em desenvolvimentoda África e da América Latina, e não de umaperspectiva vertical, como cenário para con-frontação entre potências estranhas à área.Queremos mantê-lo livre das rivalidades ex-ternas que tendem a dividir nossos paísesem vez de uni-los e a aumentar a militariza-ção e instabilidade em vez de promover asegurança.

Esses princípios também se aplicam a situa-ções como as da América Central, da ÁfricaMeridional e do Oriente Médio, em que, co-mo regra, o envolvimento Leste-Oeste ten-de frequentemente a alargar o escopo dosconflitos, a aprofundar as rivalidades locais,a encorajar atitudes de intransigência, emvez do diálogo, e a reduzir as possibilidadesde soluções justas e duradouras.

Assim como outras regiões do TerceiroMundo, a Ásia tem, lamentavelmente, sidoo cenário de muitos desses conflitos regio-nais. Se tais conflitos são o resultado defatores locais ou globais ou se de uma inte-ração de ambos, suas repercussões são, cer-tamente, de natureza mundial. Este é ocaso do conflito de Campuchea, ocasionadopela invasão desse país por forças vietnami-tas. Acompanhamos com atenção especialos esforços empreendidos pelos países daASEAN e outras partes interessadas em al-cançar uma solução compatível com o prin-cípio da autodeterminação e não-interven-ção. Outro exemplo é a situação do Afega-nistão, que é fonte de séria preocupaçãopara a comunidade internacional. Temosreiteradamente condenado a invasão sovié-tica e estamos esperançosos quanto a umapronta solução para o problema. O papelmediador desempenhado pelo SecretárioGeral da ONU é essencial e esperamos queseus esforços com vistas a uma solução ne-gociada obtenham êxito.

Em relação aos problemas da América Cen-tral, favorecemos tratamento diplomático enegociado das tensões, de tal sorte que um

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clima de entendimento possa ser criado, emlugar da confrontação e polarização ideo-lógicas. 0 problema centro-americano nãopode ser reduzido à confrontação ideoló-gica. Nem é possível remover suas dificulda-des pela força. Confiamos no espírito deresponsabilidade e independência dos paí-ses centro-americanos. Confiamos na demo-cracia e no pluralismo, como um sistema deconvivência interna e de paz externa. Poressa razão, apoiamos os esforços do Grupode Contadora para a articulação de uma so-lução pacífica para os problemas da AméricaCentral.

Em relação ao Oriente Médio, o Brasil, emcompanhia da imensa maioria da comunida-de internacional, favorece uma paz justa eduradoura, baseada na retirada de todos osterritórios ocupados pela força, na imple-mentação do direito do povo palestino àautodeterminação e independência e no re-conhecimento do direito de todos os Esta-dos da região a viver em paz dentro de fron-teiras internacionais reconhecidas.

O Brasil condena enfaticamente o apartheidcomo uma clara violação dos mais funda-mentais direitos do ser humano. Tambémrepudiamos as políticas de intimidação eagressão que têm sido praticadas contra osEstados da Linha de Frente da África Meri-dional e a ocupação ilegal da Namíbia, cujaindependência tem sido indevidamenteatrasada. Reiteramos a necessidade parauma solução justa dos problemas da áreapara que os povos da África Meridional,que tanto sofrem, possam finalmente se de-votar às tarefas cruciais do desenvolvimen-to.

Como o Presidente Figueiredo assinalou emseu pronunciamento, anteriormente men-cionado, o Brasil "vê com grave preocupa-ção a ampliação do processo de transferên-cia para as áreas menos desenvolvidas detensões geradas pela confrontação entre asSuperpotências. A política de prestígio epoder com relação ao Terceiro Mundo en-gendra divisões e afeta seriamente as pro-postas de cooperação entre as Nações em

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desenvolvimento. E firma posição brasilei-ra — e, para tanto, estamos dispostos a pres-tar nossa contribuição — que esse processodeve ser urgentemente estancado e reverti-do".

Devemos opor-nos ao divisionismo e lutarfirmemente pelo respeito, estrito e comple-to, da Carta das Nações Unidas e dos prin-cípios básicos do Direito Internacional, taiscomo a autodeterminação, a não-interven-ção e a solução pacífica de controvérsias.Estamos profundamente convencidos deque essa moldura política e jurídica éa me-lhor forma de proteção de nossos interessese de promoção dos mais altos ideais dahumanidade.

Estamos também profundamente preocupa-dos com a persistência e aprofundamentoda corrida armamentista nuclear entre asSuperpotências, que não apenas desvia re-cursos tão necessários para a promoção dodesenvolvimento e da dignidade, mas tam-bém nos obriga a viver com uma paz sinis-tra e provisória, que é a balança do terror.

Favorecemos discussões verdadeiramentesignificativas com o objetivo de colocar umtermo a essa corrida insana e de alcançar odesarmamento geral e completo, sob efeti-vo controle internacional. Ao mesmo tem-po, continuamos a nos opor às políticas dis-criminatórias que prejudicam nosso acessoà tecnologia nuclear para fins pacíficos.Nessa matéria, a posição brasileira é clara ebem conhecida: não objetivamos produzirarmamentos nucleares em nosso país masdevemos estar aptos a desenvolver nossacapacidade nuclear para fins pacíficos.

A índia e o Brasil são países que não po-dem ser vistos, como membros de qualquergrupo específico de nações. Em nosso caso,temos relações extremamente boas com aAmérica Latina como um todo e particular-mente com todos os nossos dez vizinhosfronteiriços. A África, à qual estamos liga-dos pelo Oceano Atlântico, contribuiu paraa formação de nosso povo e de nossa cultu-ra. A Europa, é óbvio, sempre esteve pre-

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sente. Nossas relações com os Estados Uni-dos da América são diversificadas e madu-ras. Mas estamos ligados ao mundo inteiropor um sistema bem desenvolvido de rela-cionamentos e através de uma política ex-terna universalista, interessada, acima detudo, na paz e no desenvolvimento. Nãopertencemos a qualquer bloco militar oualiança intercontinental. Lutamos por nos-sos próprios interesses nacionais.

Por razões culturais, geográficas, históricase económicas, o Brasil é ao mesmo tempoum país ocidental e do Terceiro Mundo.Posso c i ta r , de novo, o PresidenteFigueiredo, quando afirmou que: "Integra-do no mundo ocidental, o Brasil deseja rea-lizar suas aspirações nacionais com plenorespeito à liberdade, à democracia e aos di-reitos da pessoa humana. Esses altos valo-res, bem como a tradição ocidental do plu-ralismo e de igualdade entre as nações, for-mam um quadro que faculta ao Brasil atuarfora do constrangimento hegemónico deSuperpotências ou de pressões ideológicasadversas".

Como um país do Terceiro Mundo, o Brasilestá particularmente interessado em incre-mentar suas relações com os países do Sul,em termos de igualdade, respeito mútuo ebenefícios recíprocos.

Estamos entre aqueles países que estão in-teressados em forjar uma Nova Ordem Eco-nómica Internacional, baseada em paz justae em desenvolvimento equitativo, livre dedominação, paternalismo e rivalidade. Esta-remos sempre prontos a lutar por um mun-do em que as relações de cooperação preva-leçam sobre as relações de poder.

No último meio século, a economia mun-dial não experimentou crise tão profunda,tão duradoura, e tão ampla. Enquanto suasconsequências de longo prazo são causapara séria preocupação, seus efeitos imedia-tos já se constituem em uma fonte poten-cial de instabilidade social e uma pesadalimitação nas condições de vida de um gran-de segmento da humanidade.

O primeiro traço expressivo da crise é o deque afeta tanto as nações desenvolvidasquanto às nações em desenvolvimento. Seusefeitos não conhecem uma clara fronteirageográfica, não estão limitados a certossetores da economia. A interdependênciatornou a economia global uma realidade enão mais uma abstração teórica.

Tal situação não nos deve levar, contudo, aimaginar os efeitos da recessão, das altastaxas de juros, do protecionismo são senti-dos de forma igual pelas economias do Nor-te e do Sul. Ao contrário, a crescente inte-gração dos países em desenvolvimento naeconomia internacional, e a emergência deuma economia verdadeiramente global mos-tra seu lado vulnerável quando confrontadacom a ausência de compreensão em relaçãoà necessidade fundamental de uma maiorcooperação económica. Chegou o momentode entendermos a necessidade de transfor-mações. Esperamos que a rise económicatraga essa lição, duramente aprendida. Alongo prazo, os riscos associados com a pre-servação do estado atual do sistema finan-ceiro, monetário e comercial são certamen-te maiores do que aqueles derivados de umareestruturação racional e inovadora da eco-nomia mundial.

Desde os anos sessenta, na sua luta parapromover o desenvolvimento, os países emdesenvolvimento tiveram uma fase de cres-cimento económico. Em meados dos anossetenta, esse processo foi acompanhado deuma inflação mundial e da necessidade dereciclar os superávits dos países produtoresde petróleo, o que estimulou a expansão docrédito internacional. Fortes flutuações emalguns parâmetros chave afetaram decisiva-mente a continuidade do crescimento eco-nómico e engendraram uma duradoura re-cessão. A década presente revelou que aduração e a profundidade da crise econó-mica são mais fortes do que inicialmenteimaginaram aqueles que são incapazes deentender as inadequações estruturais do sis-tema económico internacional. Pagamentosde juros altos e baixas receitas de exporta-

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cão têm sido uma fonte importante de pre-ocupações.

trução de um sistema económico interna-cional mais equitativo, mais equilibrado.

A dimensão da dívida do Terceiro Mundotem mostrado que o impacto adverso dastaxas de juros crescentes tem sido forte-mente doloroso, especialmente porquecoincidiu com o declínio de cerca de umterço do poder de compra das exportaçõesde "commodities" nos anos de 1981 e1982. A programação das obrigações doserviço da dívida enfrenta uma dificuldadeadicional derivada do corte nos emprésti-mos para o mundo em desenvolvimento e oaumento das tendências protecionistas nasnações industrializadas.

Eu não gostaria de encerrar essas palavrassem mencionar um aspecto específico dacooperação internacional que espero se pro-vará amplo e promissor. Refiro-me à cha-mada cooperação Sul-Sul. 0 amplo escopodo tema nos leva à questã do futuro doTerceiro Mundo. Acredito que não deve-mos ver as perspectivas do Terceiro Mundocom a visão limitada pelas tendências cor-rentes. O panorama económico desoladorque enfrentamos não nos deve desviar dosobjetivos de cooperação ampla, que nossospaíses devem promover e aprofundar.

Não há dúvida de que existe a necessidadede ajustamento. Esse processo, contudo,não deve ser nunca visto como um encargounilateral dos países em desenvolvimento.Nossos esforços para construir uma baseindustrial mais forte e o desenvolvimentoauto-sustentado estão agora seriamenteameaçados por uma situação anormal emque estamos sendo transformados em paí-ses exportadores de capital para o mundoindustrializado.

Não devemos nos recusar a ver as conse-quências positivas dos recentes sinais derecuperação na economia dos Estados Uni-dos. Mas, esse acontecimento, tão esperado,ainda não produziu efeitos em escala inter-nacional. Nossa avaliação é de que a recupe-ração parcial não deve ser vista como umaalternativa para necessidade, profundamen-te enraizada, de uma Nova Ordem Econó-mica Internacional. Sua agenda é obviamen-te matéria ampla e está aberta ao debateinternacional. Seus objetivos, porém, de-vem certamente ir além da gerência da crisee incluir as legítimas aspirações para a cons-

Sou dos que acredita que as crises não sãoapenas tempo de sofrimento, mas tambémmomento para transformação. Identificoclaramente um enorme potencial para acooperação entre países do Terceiro Mun-do. Se a presente crise pode ensinar-nos al-go será a necessidade de buscarmos novoscaminhos, novas formas de relacionamento.

A existência de interesses mútuos entre ospaíses do Terceiro Mundo e a luta para su-perar nossas dificuldades é o melhor estí-mulo que temos para promover formas ino-vadoras e construtivas de cooperação nocampo das consultas políticas, intercâmbiode experiências e assistência mútua.

É dever de nossas sociedades continuar ocaminho para um relacionamento mais es-treito e para forjar formas novas de coope-ração que nos ajudem a superar a crise pre-sente e a construir um futuro melhor paraos nossos povos e para a humanidade.

Muito obrigado.

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comunicado conjuntobrasil-índia

Atendendo a convite de Sua Excelência oSenhor Shri P.V. Narasimha Rao, Ministrodos Negócios Estrangeiros da República daíndia, Sua Excelência o Senhor Embaixa-dor Ramiro Saraiva Guerreiro, Ministro deEstado das Relações Exteriores do Brasil,realizou visita oficial à índia, de 5 a 7 demarço de 1984.

Os dois Ministros debateram questões bila-terais e multilaterais de interesse mútuo. Asconversações se desenvolveram na atmosfe-ra de amizade e compreensão recíprocasque caracteriza as relações estreitas e amis-tosas entre os dois países.

Sua Excelência o Senhor Ministro das Rela-ções Exteriores do Brasil entrevistou-secom Suas Excelências o Senhor Giani ZailSingh, Presidente da índia, o Senhor ShriM. Hidayatullah, Vice-Presidente, a Senho-ra Indira Gandhi, Primeira-Ministra, o Se-nhor Sri Balram Jakhar, Presidente da Câ-mara Baixa, o Senhor Shri Shiv Shankar,Ministro do Petróleo e Energia, e o SenhorShri N.K.P. Salve, Ministro do Aço e Minas.

Os dois Ministros passaram em revista osestreitos vínculos entre os povos do Brasil eda índia e recordaram que tais vínculos fo-ram aprofundados pela história comum deluta pela descolonização, pela eliminaçãode todas as formas de injustiça, dominaçãoe hegemonia, e pelo estabelecimento deuma ordem internacional mais justa, naqual a cooperação prevaleça sobre as riva-lidades. As conversações revelaram altograu de compreensão e similitude de pontosde vista dos dois países. Ambas as partesexpressaram vontade sincera de desenvolver

Comunicado Conjunto Brasil—índia, divulgado à imprensa,em Nova Délhi, em 7 de março de 1984, ao final da visita do

Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro.

e fortalecer ainda mais suas relações estrei-tas e amistosas.

Os dois Ministros expressaram sua gravepreocupação pela deterioração da situaçãointernacional e pela persistência de diversasformas de crise, tanto de natureza políticaquanto económica. Concordaram em quetal situação requer esforços destinados a di-minuir tensões e eliminar as fontes existen-tes de conflito e controvérsia, de tal manei-ra que a comunidade internacional possaconcentrar suas forças no sentido do esta-belecimento de uma ordem internacionalmais equitativa. Reiteraram a firme adesãode seus países aos princípios da Carta dasNações Unidas e sublinharam a necessidadede fortalecimento daquela Organizaçãocom vistas a transformá-la em instrumentoefetivo de preservação da paz e da seguran-ça internacionais e de promoção da coope-ração internacional para o desenvolvimen-to.

Os dois instaram pelo desarmamento geral ecompleto, especialmente o nuclear, sob efe-tivo controle internacional. Concordaramem que os Estados dotados de poder militarnuclear deveriam adotar medidas urgentespara suspender e reverter a corrida arma-mentista, com vistas a impedir, de maneiraefetiva, a proliferação horizontal e verticalde armas atómicas. Instaram ainda pelo con-gelamento do desenvolvimento, da produ-ção, da estocagem e da instalação de armasatómicas e pela conclusão, em futuro próxi-mo, de um tratado abrangente sobre a proibi-ção de testes, do uso e da ameaça de uso dearmas nucleares. Deploraram também astentativas de alguns Estados nuclearmente

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armados de impor restrições discriminató-rias aos Estados que não dispõem de armasnucleares, como as salvaguardas, e de retar-dar, assim, seus avanços tecnológicos; rea-firmaram o direito de todos os Estados de-senvolveram a energia nuclear para fins pa-cíficos, de conformidade com suas aspira-ções e capacidade nacionais.

Os dois Ministros concordaram na urgênciade que todos os Estados se abstenham, demaneira escrupulosa, de quaisquer atos deagressão, do recurso ao uso da força ou àameaça de uso de força, bem como daintervenção e interferência em assuntosinternos de outros Estados, e de todas asoutras formas de pressão, inclusive os blo-queios económicos e militares. Reafirma-ram o direito de todos os povos à autode-terminação nacional, à independência, àsoberania, à integridade territorial, à esco-lha do respectivo sistema político, econó-mico e social, à persecução do próprio de-senvolvimento económico, sem qualquertipo de interferência ou pressão externas.

Os dois Ministros ressaltaram sua firmecrença na relevância e significado do papeldo Movimento dos Não-Alinhados no esta-belecimento e fortalecimento da paz e dasegurança internacionais. Concordaram emque o Movimento dos Não-Alinhados, cujaaspiração é a de que os Estados se mante-nham afastados da guerra fria, de aliançasmilitares, da rivalidade das grandes potên-cias e da confrontação Leste-Oeste — temum papel importante a desempenhar na sal-vaguarda da paz mundial e na proteçao dospaíses não-alinhados contra pressões estran-geiras, de maneira a habilitá-los a concen-trar seus esforços em seu desenvolvimentoeconómico e social.

Os Ministros expressaram profunda preocu-pação pela persistência de crises regionais eindicaram que a transferência de tensõesglobais para os cenários regionais é um dosfatores de agravamento de tais crises. Con-cordaram em que as forças regionais deve-riam envidar plenos esforços, de maneiraflexível e aberta, na busca de uma solução

adequada, livre de interferência das super-potências ou potências extra-regionais.

No tocante à situação do Oriente Médio, osdois Ministros expressaram sua grave preo-cupação pelos atos de agressão continuadoscontra o povo da Palestina, do Líbano e dasnações árabes, e reiteraram o direito inalie-nável do povo palestino a estabelecer umEstado independente em seu território, aPalestina. O Ministro das Relações Exterio-res do Brasil expressou a opinião de quetodos os Estados da região têm o direito aexistir em paz, dentro de fronteiras reco-nhecidas.

Os dois Ministros expressaram sua conster-nação pela continuação do trágico conflitoentre o Ira e o Iraque, dois importantesmembros do movimento dos Não-Alinha-dos — e conclamaram ambas as partes atomarem medidas imediatas para evitar per-das adicionais de vidas civis e danos a obje-tivos não-militares. Reiteraram o apelo fei-to pela Presidente do Movimento dos Não-Alinhados durante o VII Cúpula dosNão-Alinhados de Nova Delhi, que expressao desejo universal de que a luta cesse ime-diatamente e as duas partes alcancem umapaz honrada, justa e duradoura, através denegociações e meios pacíficos.

Os dois Ministros expressaram sua preocu-pação pela situação do Afeganistão e reafir-maram seu apoio à independência, sobera-nia, integridade territorial e à condição denão-alinhado daquele país.

Sobre a situação do Caribe, os Ministrosressaltaram as necessidades específicas dospequenos Estados da área, tanto no campodo desenvolvimento económico quanto noda segurança, inclusive o seu direito à sobe-rania e integridade territorial. Neste contex-to, analisaram e deploraram a recente inter-venção em Granada e apelaram em favor daautodeterminação daquele país, sem qual-quer forma de interferência externa.

Os dois Ministros expressaram sua gravepreocupação pela evolução da situação da

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América Central. Concordaram em que acomplexa crise regional tem causas estrutu-rais, agora agravadas por formas de inter-venção e interferências externas. Considera-ram, portanto, que os esforços para a solu-ção da crise deveriam levar em conta, demaneira abrangente, o contexto regional eo respeito estrito pelo princípio da não-interferência. Neste sentido, sublinharam aação positiva do Grupo de Contadora, quetem procurado criar condições de paz naregião, através de meios exclusivamente di-plomáticos.

No tocante à África do Sul, os dois Minis-t ros concordaram em que os aconte-cimentos na África Meridional demonstramque o apartheid e a dominação colonialcontinuam a resistir às forças de transfor-mação. Concordaram em que a política doapartheid continua a gerar tensão em todosos países da região. Os dois Ministros subli-nharam a necessidade de imediata indepen-dência da Namíbia, de conformidade comas resoluções pertinentes das Nações Uni-das; expressaram ainda seu apoio à SWAPOcomo representante do povo da Namíbia.

Os Ministros deploraram o impasse, em to-das as negociações no marco do DiálogoNorte-Sul, para o estabelecimento de umnovo conjunto de regras conducentes à re-estruturação do sistema económico interna-cional e conclamaram os países desenvol-vidos a um sério esforço no sentido de faze-rem reviver a cooperação internacional parao desenvolvimento, de especial urgência nomomento atual, diante da crise económicainternacional.

Os dois Ministros sublinharam a importân-cia que atribuem à meta da auto confiançacoletiva entre os países em desenvolvi-mento. Expressaram satisfação pelo pro-gresso registrado até agora na implementa-ção de vários programas de cooperação en-tre os países em desenvolvimento e insta-ram por maiores esforços com vistas a talf im. Tomaram nota de que as negociaçõespara o estabelecimento do sistema global de

preferências comerciais entre os países emdesenvolvimento foram lançadas e afirma-ram sua determinação de trabalhar pelaconclusão das mesmas em futuro próximo.

Conclamaram também a adoção de medidasinternacionais apropriadas para aliviar oónus da dívida dos países em desenvolvi-mento — que se deve, em grande medida, afatores fora do seu controle, como certaspolíticas económicas dos países desenvolvi-dos —, de maneira a fornecer uma respostainternacional ordenada à atual situação deendividamento dos mencionados países.

Com vistas a habilitar os dois Governos a semanterem informados sobre os respectivospontos de vista quanto à evolução das ques-tões acima referidas, e outras de naturezasemelhante, os Ministros concordaram emestabelecer um mecanismo informal de con-sultas, no âmbito do qual poder-se-á proce-der, alternativamente no Brasil e na fndia, aintercâmbio periódico de opiniões sobre atemática internacional, de natureza políticae económica.

Ao passarem em revista as relações bilate-rais, os Ministros reconheceram com satisfa-ção a existência de perspectivas concretasde incremento da cooperação entre o Brasile a fndia, especialmente nas áreas das rela-ções económicas e de ciência e tecnologia.

Neste contexto, os Ministros decidiram es-tabelecer, o mais rapidamente possível,uma Comissão Mista sobre CooperaçãoComerc ia l , Económica e Científica eTecnológica, integrada pelas Sub-comissõescorrespondentes, que fornecerá o marcoinstitucional apropriado para avaliar e pro-mover a cooperação em tais áreas.

A respeito das relações económicas, os Mi-nistros expressaram a necessidade de incre-mentar e diversificar as importações e ex-portações entre os dois países, levando emconta o desejo de equilibrar o comércio.

Reconheceram a necessidde de participaçãorecíproca em projetos de desenvolvimento,

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considerando a complementaridade exis-tente na área de bens de capital e serviçosde engenharia, e consultoria. "Joint ventu-res" deveriam ser encorajadas, inclusivecom vistas à cooperação em projetos a se-rem implementados em terceiros países.

Tomando em consideração o Acordo deComércio entre o Brasil e a índia e a impor-tância que ambas Partes atribuem ao incre-mento do intercâmbio comercial e à coope-ração económica, os dois Ministros decidi-ram ainda que, enquanto não se estabelecea Comissão Mista referida em parágrafoanterior, conversações sobre temas comer-ciais e económicos deveriam realizar-se en-tre os dois Governos, de conformidade commodalidades apropriadas, que poderiam in-cluir a criação de um Comité Interino deComércio.

Concordaram em que um programa de tra-balho deveria ser estabelecido, com a espe-cificação de áreas de cooperação económicaque os dois lados considerem de mútuo in-teresse, que será adotado e implementadopelo mecanismo que vier a ser proposto oupelo Comité de Comércio acima referido.Neste contexto, a Delegação brasileira for-mulou propostas que refletem sua opiniãosobre as áreas de cooperação económicaprioritárias, que a Parte indiana concordouem considerar.

No campo da ciência e da tecnologia, osMinistros expressaram o profundo interessedas autoridades governamentais e da comu-nidade científica do Brasil e da índia pelacriação de sólidos vínculos de cooperação.Discutiram as possibilidades de cooperaçãoe realização de pesquisas conjuntas noscampos da informática, microeletrônica,tecnologia do silício, química, instrumenta-ção, controle de qualidade, estandardiza-ção, agricultura, tecnologia espacial, biotec-nologia, oceanografia e fontes novas e reno-váveis de energia, tais como biogáse álcoolcomo combustível alternativo. À luz des-sas perspectivas promissoras, consideraramda maior relevância a celebração tão logocomo possível, de um Acordo de Coo-peração Científica e Tecnológica, que pre-tendem assinar até o final de 1984.

Com vistas a imprimir maior impulso à co-operação cultural entre os dois países, osMinistros concordaram em elaborar um cro-nograma de implementação para o progra-ma bilateral de intercâmbio cultural relati-vo ao biénio 1985-1987.

O Ministro das Relações Exteriores da Re-pública Federativa do Brasil expressou suasincera gratidão pela calorosa acolhida quelhe foi dispensada e à sua delegação, peloGoverno da fndiá. Formulou um convitecordial ao Ministro do Exterior da fndiapara que visite o Brasil. O convite foi aceitocom prazer. A visita terá lugar em data a seroportunamente fixada por ambas as partes.

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relações diplomáticas

entrega de credenciaisde embaixadores estrangeirosJosé Fernando Martinez Jimenez, de Honduras;Walter Gorenf los, da República Federal da Alemanha; eSimon Insonere, de Ruanda, em 17 de janeiro.

Gustavo Júlio Rivera Orriols, da Guatemala;Soetadi, da Indonésia, Werner Hãnold, da RepúblicaDemocrática Alemã; e John Burns Ure,da Grã-Bretanha, em 13 de março.

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tratadosacordos

convénios

república da coreia formalizadoação de propriedades

rurais ao incra *Acordo, por troca de Notas, entre o Brasil ea República da Coreia, formalizando a doação,pelo Governo coreano, das propriedades rurais "Poções"e "Santa Cruz" ao Instituto Naéional de'Colonização e Reforma Agrária ( INCRA), assinadoem Brasília, em 10 de janeiro de 1984, peloMinistro de Estado, interino, das Relações Exteriores,Joio Clemente Baena Soares, e pelo EmbaixadorExtraordinário e Plenipotenciário da Repúblicada Coreia, Ro Myung Gong.

NOTA BRASILEIRA

A Sua Excelência o Senhor Ro Myung Gong,Embaixador Extraordinário e Plenipotenciárioda República da Coreia.

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de comunicar a Vossa Excelência que, emdecorrência dos entendimentos havidos entre os Ministrosda Relações Exteriores do Brasil e da Coreia por ocasiãodas Assembleias Gerais das Nações Unidas em 1982 e1983, foram concluídas as negociações com vistas à doa-ção ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrá-ria (INCRA) das propriedades rurais "Poções" e "SantaCruz".

2. O Ministério das Relações Exteriores toma nota do atode doação feito ao Instituto Nacional de Colonização eReforma Agrária (INCRA) em 10 de janeiro de 1984. Adoação compreende o equivalente a 2.692, 1428 hectares,além de benfeitorias especificadas na escritura de doação.A partir da data de doação, deverão cessar todos os direi-tos e obrigações legais, administrativos ou financeiros con-cernentes è propriedade e existentes até aquele momento.Desse modo, as pessoas físicas e jurídicas de algum modoenvolvidas com a propriedade ficarão exoneradas de quais-quer demandas legais, impostos ou outras obrigações refe-rentes à propriedade em si ou à sua administração.

3. Caso o Governo da República da Coreia concorde com0 acima exposto, a presente Nota e a de resposta de VossaExcelência, desta data e de teor análogo, constituirãoAcordo entre nossos dois Governos, a entrar em vigor nadata de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração.

JoSo Clemente Baena SoaresMinistro de Estado, interino, da Relações Exteriores

NOTA COREANA

His ExcellencyAmbassador João Clemente Baena SoaresActing Minister of Externai Relations Federative Republicof Brazil

Excellency,

1 have the honour to acknowledge receipt of Your Excel-lency^ note dated January 10, 1984, which reads as fol-lows:

"I have the honour to inform Your Excellency that, pur-suant to the understandings between the Ministers of Ex-ternai Relations of Brazil and Korea on the occasion ofthe General Assembly of the United Nations in 1982 and1983, the negotiations concerning the act of donation ofthe rural estates "Poções" and "Santa Cruz" to the Natio-nal Institute of Colonization and Agrarian Rerorm(INCRA) have been concluded.

The Ministry of Externai Relations takes note of the actof donation to the National Institute of Colonization andAgrarian Reform (INCRA) done on January 10, 1984.The donation comprises plots of land equivalent to2.692,1428 hectares, besides buildings and other non-movable goods ("benfeitorias") described and specifiedon the legal document of donation. From the data ofdonation henceforward, ali legal, administrative and finan-cial rights and obligations concerning the above-mentioned estates and existing up to that moment willcease. Therefore, ali physical or juridical persons in anyway involved with the said estates will be exempted fromany legal suits, taxes or obligations referring to the estatesthemselves or to their administration.

Os Acordos bilaterais do Brasil com outros países, localizados nas páginas 109 a 119 e 135 a 148, entraram em vigorimediatamente após a assinatura.

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if the Government of the Republic of Korea agrees to theabove-mentioned proposal, the present note and YourExcellency's reply of the same date with the same contentconstitute an agreement between our two Governments,which shall enter into force as from today."

I have further the honour to confirm on behalf of theGovernment of the Republic of Korea that the understan-dings of the Government of the Federativo Republic ofBrazil set forth in Your Excellency's note are also theunderstandings of the Government of the Republic ofKorea, and that Your Excellency's note and this note inreply thereto constitute an agreement between our twoGovernments on this matter, which shall enter into forceas f rom this date.

Accept, Excellency, the renowed assurances of my highestconsideration.

Ro Myung GongAmbassador of the Republic of Korea

brasil e república federalda alemanha

assinam três ajustes ao acordobásico de cooperação técnica

Ajustes ao Acordo Básico de Cooperação Técnica,de 30 de novembro de 1963, entre o Brasile a República Federal da Alemanha, assinados,no Palácio do Itamaraty, em Brasília, pelo Ministrode Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, e pelo Encarregado deNegócios a.i. da República Federal da Alemanha,Ministro Gotz-Alexander Martius. O primeiro Ajuste,assinado no dia 16 de janeiro de 1984, refere-seao projeto "Cooperação entre a UniversidadeTécnica de Berlim e a Universidade Federal do Pará,em Belém, no Setor de Geofísica". Os outros doisAjustes, assinados no Palácio do Itamaraty, emBrasília, em 24 de fevereiro de 1984,referem-se aos projetos "Bases Ecológicas para oPlanejamento do Desenvolvimento do Rio Grande do Sul"e "Implantação das Regiões Metropolitanas/CNDU".

PROJETO "COOPERAÇÃO ENTRE AUNIVERSIDADE TÉCNICA DE BERLIM EA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ,EM BELÉM, NO SETOR DE GEOFÍSICA"

 sua Excelência o SenhorMinistro Gotz-Alexander Martius,Encarregado de Negócios a.i. daRepública Federal da Alemanha.

Senhor Encarregado de Negócios,

Tenho a honra de acusar recebimento da Nota n° EZ624.40/3/890/83, datada de hoje. cujo teor em portuguêsó o seguinte:

"Senhor Ministro,

Com referência às Notas verbais DCOPT/DE-l/121, de 23de junho de 1981, e DCOPT/DE-I/DAI/C/222, de 13 desetembro de 1978, bem como ao Acordo Básico de Co-operação Técnica, de 30 de novembro de 1963, concluídoentre os nossos dois Governos, tenho a honra de propor aVossa Excelência, em nome do Governo da RepúblicaFederal da Alemanha, o seguinte Ajuste referente ao pro-jeto "Cooperação entre a Universidade Técnica de Berlime a Universidade Federal do Pará, em Belém, no Setor deGeofísica" (PN 76.2518.9):

I. O Governo da República Federal da Alemanha e o Go-verno da República Federativa do Brasil continuarão apromover, conjuntamente o Núcleo de Ciências Geoffsicase Geológicas (NCGG) da Universidade Federal do Pará,em Belém, visando a consolidá-lo como centro eficaz deformação de pôs-graduados e de pesquisa.

I I . Ao Governo da República Federal da Alemanha ca-berá:

1. Enviar:

a) um docente de geofísica (especialidade sismologia),por um prazo de até 36 homens/mês;

b) um docente de geofísica (especialidade instrumenta-ção), por um prazo de até 24 homens/mês;

c) um engenheiro-eletrônico, por um prazo de até 6 ho-mens/mês;

d) até 5 professores-visitantes alemães, por um prazo deaté 7,5 homens/mês;

e) até 4 cientistas, por um prazo de até 1 homem/mês,para participarem de simpósio em Belém.

2.a) convidar para a República Federal da Alemanha,como professores-visitantes, até 4 professores brasileiros,por um prazo de 6 homens/mês;b) conceder até 5 bolsas de estudo, por um prazo total de

até 180 homens/mês.3. Fornecer instrumentos, material de ensino e bibliográ-fico para o Núcleo de Ciências Geofísicas e Geológicas(NCGG) da UFPA.

4. As constribuições acima incluem também as contribui-ções restantes que ainda não foram prestadas, referidas noAjuste de 13 de setembro de 1978.

II I . Ao Governo da República Federativa do Brasil ca-berá:

1. Tomar providências com vistas a colocar à disposiçãodo projeto:

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a) o necessário pessoal científico e técnico;b) os recintos necessários, inclusive instalações com abas-

tecimento adequado de energia elétrica e água, equipa-mentos, bem como material de ensino e de pesquisa,desde que esses bens não sejam fornecidos pelo Gover-no da República Federal da Alemanha;

c) os recursos necessários para o funcionamento das ins-talações científicas e a manutenção de seus equipa-mentos; e

d) os recursos necessários para viagens de serviço indis-pensáveis dos pesquisadores e técnicos alemães no Bra-sil (inclusive diárias adequadas).

2. Encarregar-se das seguintes tarefas:a) preencher os cargos efetivos (em regime de tempo inte-

gral) na Universidade Federal do Pará, necessários paraa consecução do objetivo do projeto;

b) designar, com a devida antecedência, os técnicos a se-rem enviados para um estágio de aperfeiçoamento,pagando-lhes, durante o mesmo, seus vencimentos naíntegra;

c) arcar com as despesas relativas ao convite de 10 cien-tistas nacionais e estrangeiros para o Simpósio I nterna-cional de 1982, em Belém;

d) isentar, em conformidade com o Artigo 4, parágrafo 2,do Acordo Básico de Cooperação Técnica, de 30 denovembro de 1963, os equipamentos, a serem forne-cidos pela parte alemã no âmbito deste Ajuste, detaxas portuárias, direitos de importação e demais gra-vames fiscais;

e) providenciar o transporte dos equipamentos do portode desembarque ao local de destino, arcando com asdespesas daí decorrentes;

f) cuidar da instalação adequada, de acordo com as nor-mas de segurança brasileiras, dos equipamentos forne-cidos pelo Governo da República Federal da Ale-manha;

g) providenciar para que os pesquisadores técnicos ale-mães participem no Colégio do Curso de Pós-Gradua-ção em Ciências Geof ísicas e Geológicas, bem como noConselho Deliberativo do Núcleo de Ciências Geofísi-cas e Geológicas.

IV. 1. O Governo da República Federal da Alemanhaencarregará da execução de suas contribuições a "Deut-sche Gesellschaft fuer Technische Zusammenarbeit (GTZ)GmbH" (Sociedade Alemã de Cooperação Técnica Ltda.),em Eschborn.

2. O Governo da República Federativa do Brasil encarre-gará da execução de suas contribuições a UniversidadeFederal do Pará, em Belém.

3. Os órgãos encarregados, nos termos dos parágrafos 1 e2 deste item, poderão estabelecer conjuntamente os por-menores da implementação do projeto num plano opera-cional ou de outra maneira adequada e, caso necessário,adaptá-los ao andamento do projeto.

V. De resto aplicar-se-ão também, ao presente Ajuste asdisposições do acima referido Acordo Básico, de 30 de

novembro de 1963, inclusive a cláusula de Berlim (Artigo10).

Caso o Governo da República Federativa do Brasil concor-de com as propostas contidas nos itens I a V, esta nota e ade resposta de Vossa Excelência, em que se expresse aconcordância de seu Governo, constituirão um Ajuste en-tre os nossos dois Governos, a entrar em vigor na data danota de resposta de Vossa Excelência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração".

2. Em resposta, informo Vossa Excelência de que o Go-verno brasileiro concorda com os termos da Nota acimatranscrita, a qual, juntamente com a presente, passa aconstituir um Ajuste entre os nossos dois Governos, aentrar em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das Relações Exteriores da RepúblicaFederativa do Brasil

PROJETO "BASES ECOLÓGICAS PARA OPLANEJAMENTO DO DESENVOLVIMENTODO RIO GRANDE DO SUL"

A Sua Excelência o SenhorMinistro Goetz-Alexander MartiusEncarregado de Negócios a.i. da República Federalda Alemanha.

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar recebimento da Nota n? EZ624.40/6/147/84 datada de hoje, cujo teor em portuguêsé o seguinte:

"Senhor Ministro,

Com referência à Nota verbal DCOPT/DE-l/250, de 8 deoutubro de 1982, bem como em execução do AcordoBásico de Cooperação Técnica, de 30 de novembro de1963, concluídos entre os nossos dois Governos, tenho ahonra de propor a Vossa Excelência, em nome do Gover-no da República Federal da Alemanha, o seguinte Ajustesobre o prosseguimento da cooperação no âmbito do pro-jeto "Bases Ecológicas para o Planejamento do Desenvol-vimento do Rio Grande do Sul" (PN 77.2510.4)

I - O Governo da República Federal da Alemanha e oGoverno da República Federativa do Brasil, no âmbito dacooperação entre a Universidade Federal do Rio Grandedo Sul e a Universidade do Sarre, acordam em continuar aapoiar conjuntamente a Universidade Federal do RioGrande do Sul, em Porto Alegre, na instalação de umCentro de Ecologia. É objetivo dessa cooperação pôr aUniversidade Federal do Rio Grande do Sul em condições

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de realizar, de acordo com os padrões internacionalmentereconhecidos, uma formação de pós-graduação em ecolo-gia, e efetuar pesquisas aplicáveis a problemas de ordemprática, com vistas ao assessoramento de entidades estataise privadas e à elaboração de bases ecológicas para o plane-jamento do Rio Grande do Sul.

II - Ao Governo da República Federal da Alemanha cabe-rá arcar com as despesas decorrentes das seguintes medi-das:a) envio de um assessor técnico/coordenador, por um pe-

ríodo total de até 15 homens/mês;b) envio de até 8 docentes a curto prazo, para executa-

rem tarefas específicas de ensino e pesquisa, por umperíodo total de até 24 homens/mês; a atuação e asatribuições dos mesmos serão determinadas pelo asses-sor técnico/coordenador, em comum acordo com oCentro de Ecologia e o coordenador da parceria daUniversidade do Sarre;

c) até 6 estágios de cientistas brasileiros na RepúblicaFederal da Alemanha, com a finalidade de aperfeiçoa-mento e realização de programas conjuntos de pesqui-sa, por um período total de até 24 homens/mês;

d) concessão de até 3 bolsas de estudo a jovens cientistasbrasileiros para cursos de formação e aperfeiçoamentona República Federal da Alemanha, até um total de108 homens/mês;e) concessão de até 3 bolsas de estudo a técnicos bra-sileiros para cursos de formação e aperfeiçoamento naRepública Federal da Alemanha, por um período totalde até 12 homens/mês;

f) participação de até 5 cientistas alemães ou brasileirosem respectivamente 3 simpósios a serem realizados al-ternadamente em Porto Alegre e em Saarbrúcken, umavez por ano, pelo prazo de duração do projeto, para adiscussão dos resultados das atividades científicas;

g) fornecimento de equipamentos científicos e materiaisespecíficos de consumo, não disponíveis no Brasil eimprescindíveis para a execução dos projetos de ensinoe pesquisa em laboratórios, bem como para a pesquisade campo, até um valor total de até DM 500.000, 00(quinhentos mil marcos alemães); além disso, transpor-te e seguro do material até o local do projeto. O equi-pamento passará, quando da sua chegada no Brasil, aopatrimónio da UFRGS, sob a condição de ser colocadoà inteira disposição dos técnicos enviados para o exer-cício de suas funções.

Ill — Ao Governo da República Federativa do Brasil cabe-rá tomar providências para assegurar que o executor doprojeto:a) designe um cientista brasileiro idóneo como diretor do

Centro e coordenador da parceria;b) indique o pessoal científico necessário à realização re-

gular do ensino e da pesquisa no Centro de Ecologia,para que cientistas suficientemente qualificados exer-çam as funções de chefes de grupos de trabalho nossetores da ecologia urbana, ecotoxicologia, ecologiaaquática e terrestre;

c) contrate pessoal técnico devidamente qualificado in-

dispensável para o manejo e a manutenção de apare-lhos científicos de grande porte;

d) coloque à disposição os recintos necessários, inclusiveinstalações técnicas imprescindíveis à realização doensino e pesquisa, arcando com as despesas decorren-tes do funcionamento regular do instituto;

e) coloque à disposição as estações ecológicas Taim eEsmeralda, bem como, na cidade de Porto Alegre,áreas adequadas para ensaios permanentes objetivandoa realização de trabalhos de ensino e pesquisa ecoló-gicos;

f) dispense das suas funções os cientistas e técnicos brasi-leiros selecionados para participarem de medidas deformação e aperfeiçoamento, continuando estes a rece-ber os seus vencimentos;

g) isente os equipamentos a serem fornecidos ao projetopela República Federal da Alemanha de licenças, taxasportuárias, direitos de importação e exportação e de-mais encargos fiscais, na forma do Artigo 49 item 2 doAcordo Básico de Cooperação Técnica de 30.11.1963;.

h) preste aos técnicos enviados todo o apoio necessáriona execução das tarefas que lhes foram confiadas, colo-cando-lhes à disposição toda a documentação perti-nente disponível.

IV — O Governo da República Federal da Alemanha en-carregará da execução de suas contribuições e "DeutscheGesellschaft fur Technische Susammenarbeit (GTZ)GmbH" (Sociedade Alemã de Cooperação Técnica), emEschborn.

2. O Governo da República Federativa do Brasil encarre-gará da implementação do projeto a Universidade Federaldo Rio Grande do Sul (UFRGS)/Centro de Ecologia.

3. O executor do projeto (UFRGS/Centro de Ecologia) ea GTZ estabelecerão conjuntamente os pormenores da im-plementação do projeto num plano operacional ou de ou-tra forma adequada, adaptando-os, caso necessário, ao seuandamento.

V — De resto, aplicar-se-So também ao presente Ajuste asdisposições do acima referido acordo Básico, de 30 de no-vembro de 1963, inclusive a cláusula de Berlim (artigo 10).

Caso o Governo da República Federativa do Brasil concor-de com as propostas contidas nos itens I a V, esta nota e ade resposta de Vossa Excelência, em que se expresse aconcordância de seu Governo, constituirão um Ajuste en-tre os nossos dois Governos, a entrar em vigor na data deresposta de Vossa Excelência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração".

2. Em resposta, informo Vossa Excelência de que o Go-verno brasileiro concorda com os termos da Nota acimatranscrita, a qual juntamente com a presente, passa a cons-tituir um Ajuste entre os nossos dois Governos, a entrarem vigor na data de hoje.

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Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das Relações Exteriores daRepública Federativa do Brasil

PROJETO "IMPLANTAÇÃO DAS REGIÕESMETROPOLITANAS/CNDU"

A Sua Excelência o Senhor Goetz-Alexander Martius, En-carregado de Negócios a.i. da República Federal da Ale-manha.

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar recebimento da Nota verbal n?EZ 445/114/148/84, datada de hoje, cujo teor em portu-guês é o seguinte:

"Senhor Ministro,

Com referência à Nota Verbal DCOPT/DE-I/DAI/C/65/644, de 1? de março de 1983, e ao Ajuste Comple-mentar de 23 de junho de 1981, bem como em execuçãodo Acordo Básico de Cooperação Técnica, de 30 de no-vembro de 1963, concluído entre os nossos dois Gover-nos, tenho a honra de propor a Vossa Excelência, emnome do Governo da República Federal da Alemanha, oseguinte Ajuste Complementar sobre o projeto "Implanta-ção das Regiões Metropolitanas/CNDU" — 3a fase(PN75.2131.3).

I — O Governo da República Federal da Alemanha e oGoverno da República Federativa do Brasil darão prosse-guimento à promoção conjunta do Conselho Nacional deDesenvolvimento Urbano — CNDU, no período compre-endido entre os dias 1? de julho de 1983 e 30 de junho de1986.

Assim sendo, ao Governo da República Federal da Alema-nha caberá:

a) enviar um técnico com experiência em planejamentona implementação de medidas de desenvolvimento ur-bano, pelo prazo máximo de 24 meses, e um técnicocom experiência na organização e execução de medi-das de cooperação intermunicipal, pelo prazo máximode 12 meses;

b) enviar igualmente, pelo prazo máximo de 33 homens/mês, técnicos de diferentes especialidades para desem-penharem tarefas de assessoramento a curto prazo;

c) proporcionar estágios de formação a 10 técnicos brasi-leiros no setor de planejamento urbano regional;

d) organizar dois seminários de informação na RepúblicaFederal da Alemanha, para aproximadamente 12 técni-cos brasileiros.

II — Ao Govorno da República Federativa do Brasil ca-berá:

a) colocar à disposição dos técnicos acima referidos, deacordo com a duração de suas atividades, técnicos bra-sileiros habilitados, bem como intérprete e auxiliarespara trabalhos de datilografia e para a produção dedocumentação cartográfica;

b) facultar aos técnicos alemães a utilização de salas detrabalho, bem como de instrumento técnicos necessá-rios para a realização dos trabalhos, inclusive veículode serviço;

c) facilitar a conclusão de convénios contratuais entre oCNDU e outras instituições, desde que isso seja neces-sário para os serviços de assessoramento a serem pres-tados pelos técnicos alemães.

III . Atribuições dos técnicos enviados:a) assessorar o CNDU na redação de um relatório de de-

senvolvimento urbano;b) colaborar com o CNDU na coordenação de medidas

setoriais destinadas ao desenvolvimento urbano e re-gional;

c) auxiliar o CNDU e autoridades estaduais e municipaisna organização e execução de medidas de cooperaçãointermunicipal, bem como no planejamento geral douso do solo e planos técnicos específicos;

d) prestar assessoria na coordenação de medidas de for-mação e aperfeiçoamento de recursos humanos.

IV. Dos executores do projeto:

1. O Governo da República Federal da Alemanha encarre-gará da execução de sua contribuição a "DeutscheGesellschaft fúr Technische Zusammenarbeit (GTZ),GmbH" (Sociedade Alemã de Cooperação Técnica),em 6236, Eschborn.

2. O Governo da República Federativa do Brasil encarre-gará de execução do projeto o Conselho Nacional deDesenvolvimento Urbano (CNDU).

3. Os órgãos encarregados nos termos dos parágrafos 1 e 2deste item apresentarão no início de cada ano o Pro-grama de Trabalho, o qual deverá especificar as ativida-des a serem implementadas naquele período, indican-do, se for o caso, outras instituições envolvidas na suaexecução.

4. O Governo da República Federal da Alemanha e o Go-verno da República Federativa do Brasil procederão,em conjunto, anualmente, após o início das atividadesprevistas neste Ajuste, a um exame do andamento doprojeto.

V. De resto, aplicar-se-ão também ao presente Ajuste asdisposições do acima referido Acordo Básico de 30 denovembro de 1963, inclusive a cláusula de Berlim (ArtigoX).

VI. Caso o Governo da República Federativa do Brasilconcorde com as propostas apresentadas nos itens I a V,esta Nota e a de resposta de Vossa Excelência, em que seexpresse a concordância de seu Governo, constituirão umAjuste entre os nossos dois Governos, a entrar em vigor nadata prevista para o início da terceira fase do projeto.

Permita-me Senhor Ministro, apresentar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração".

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2. Em resposta, informo Vossa Excelência de que oGoverno brasileiro concorda com os termos da Nota aci-ma transcrita, a qual, juntamente com a presente, passa aconstituir um ajuste entre os nossos dois Governos, a en-trar em vigor na data prevista para o início da terceira fasedo projeto.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das RelaçSes Exteriores daRepública Federativa do Brasil

ajuste complementarbrasil-canadá para treinamentode engenheiros e técnicos emtelecomunicações por satélite

Ajuste Complementar ao Acordo de Cooperaçãotécnica entre o Brasil e o Canadá (de 2 de abrilde 1975) para um programa de cooperação técnica parao treinamento de engenheiros e técnicosbrasileiros em operação e manutenção de umsistema de telecomunicações por satélite,assinado, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, em30 de janeiro de 1984, através de troca de Notasentre o Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, e o Embaixador Extraordinárioe Plenipotenciário do Canadá, Anthony Tudor Eyton.

A Sua Excelência o Senhor Anthony Tudor Eyton,

Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Canadá.

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar recebimento da Nota n? B-08,datada de hoje, cujo teor em português é o seguinte:

"Senhor Ministro,

Com referência à Nota verbal DCOPT/DCS/31, de 13 dejulho de 1983, desse Ministério, e ao Acordo de Coopera-ção Técnica entre o Governo do Canadá e o Governo daRepública Federativa do Brasil, de 02 de abril de 1975,tenho a honra de propor, em nome do Governo doCanadá e'de acordo com o Artigo II do Acordo acimamencionado, o seguinte Ajuste Complementar, relativo aoprograma de cooperação técnica para o treinamento deengenheiros e técnicos brasileiros em operação e manuten-ção de um sistema de telecomunicações por satélite. EsteAjuste Complementar está em conformidade com o Acor-do de Cooperação Técnica, excetuando-se as responsabili-dades do Governo do Brasil mencionadas nas cláusulas 1 e2 do Anexo B do referido Acordo, as quais serão assumi-das pelo Governo do Canadá na forma descrita no presen-te Ajuste.

1. O Governo do Canadá designa a Agência Canaden-

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se para o Desenvolvimento Internacional (doravante deno-minada Cl DA) como a agência responsável pelo cumpri-mento de suas obrigações no âmbito deste Ajuste.

2. O Governo da República Federativa do Brasil designa aTelecomunicações Brasileiras S.A. (doravante denomi-nada TE LE BRÁS), como a agência responsável pelocumprimento de suas obrigações no âmbito deste Ajus-te.

II. O objetivo deste projeto é treinar pessoal técnico daEmpresa Brasileira de Telecomunicações (EMBRATEL)na operação e na manutenção do Sistema Brasileiro deTelecomunicações por Satélite (SBTS).

1. Este objetivo será alcançado através da execução dasseguintes atividades principais:a) treinamento teórico de engenheiros e técnicos brasilei-

ros, no Canadá e nos Estados Unidos da América;b) treinamento prático de engenheiros e técnicos brasilei-

ros, no Canadá e nos Estados Unidos da América;c) treinamento prático no Brasil de engenheiros e técni-

cos brasileiros;

d) preparação de material de treinamento.

2. O projeto terá a duração de aproximadamente trêsanos. Este período poderá ser extendido através de acordomútuo entre as Partes, mediante troca de notas.

III. 1. Como contribuição a este projeto, o Governo doCanadá concorda em fornecer o seguinte:a) sumários dos cursos e materiais de treinamento;b) os serviços de instrutores;c) aproximadamente 700 homens/mês de treinamento

em vários aspectos da operação e da manutenção desatélite e de estações de controle, em locais escolhidos,no decorrer de um período de três anos;

d) instalações, equipamento, roupas, materiais e provisõesnecessárias ao treinamento no Canadá e nos EstadosUnidos da América;

e) transporte, manutenção e outros benefícios-padrão emnível de bolsista de nível superior, para os participan-tes do treinamento no Canadá e nos Estados Unidos daAmérica;

f) viagens e subsídios para manutenção e acomodação- para os instrutores canadenses envolvidos no treina-

mento local a ser feito no Brasil;g) Administração do projeto.

2. Concorda-se que o total da contribuição canadensenão excederá a Cdn$ 8.000.000 (oito milhões de dólarescanadenses), incluindo a administração do projeto peloDepartamento de Comunicações do Canadá (DOO e aavaliação pela Cl DA. Concorda-se também que os custosda administração, p/slo DOC, e da avaliação, pela Cl DA,não excederão 3% (três por cento) da contribuição totalcanadense.

3. Um plano de Operação detalhado para este projeto

será fornecido pelo DOC até dois meses após a assina-

tura deste Ajuste, para a aprovação pela Cl DA eTELE-

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BRÁS. Este plano de operação constituirá um anexo,ao presente Ajuste e deverá:

a) fornecer descrição pormenorizada do projeto;b) esquematizar os métodos e os meios a serem utilizados

para a implementação do projeto;c) designar as pessoas das agências mencionadas no pará-

grafo I deste Ajuste que serão responsáveis pela execu-ção do projeto, por parte do Governo do Canadá e doGoverno da República Federativa do Brasil;

d) estipular as obrigações, deveres e responsabilidadesdoGoverno do Canadá e do Governo da República Fede-rativa do Brasil, bem como suas contribuições financei-ras;

e) incluir um cronograma de execução e de desembolsoaproximado pela duração do projeto;

f) especificar os prazos em que deverão realizar as avalia-ções conjuntas mencionadas nos parágrafos V. 2. eVIM. 2. os meios pelos quais deverão ser feitas.

IV. 1. Como contribuição para este projeto, o Governo

da República Federativa do Brasil concorda em prover,

em tempo hábil, o seguinte;

a) aproximadamente trinta e dois (32) engenheiros e ou-tros profissionais da EM BR ATE L para treinamento naAmérica do Norte e quarenta e sete (47) engenheiros eoutros profissionais para o treinamento local no Brasilno âmbito deste projeto, além dos salários normaisdestes empregados durante os respectivos períodos detreinamento;

b) instalações de estação terrestre para fins de treinamen-to em testes pré e pós-lançamento;

c) pessoal de contrapartida, locais de escritório, serviçosde secretariado e serviços de tradução, quando necessá-rio, para os instrutores canadenses no Brasil;

d) qualquer outro tipo de apoio não especificado nas con-tribuições canadenses mencionadas no parágrafo IIIdeste Ajuste e necessário para a execução satisfatóriado projeto.

2. A contribuição do Governo brasileiro, incluindo salá-rios, treinamento e outros custos locais (mas excluindoinstalações e equipamento) é estimada no valor deCr$ 2.365.820.000,00 (dois bilhões, trezentos e sessentae cinco milhões, oitocentos e vinte mil cruzeiros).

V. 1. O DOC será responsável pela administração desteprojeto em nome da Cl DA. O DOC contratará uma agên-cia executora para realizar a administração e a operaçãocotidianas do projeto. Todos os subcontratos serão admi-nistrados diretamente pela agência executora.

2. A agência executora fornecerá trimestralmente relató-rios descritivos e financeiros detalhados à CIDA/DOC e aoMinistério das Comunicações do Brasil (MCI/TELEBRÁS.Em Concordância com o MC/TELEBRÁS, a CIDA/DOCtomará ações corretivas, inclusive de natureza financeira,sobre as atividades cobertas por esses relatórios que fo-rem consideradas insatisfatórias para qualquer uma das

Partes. Os resultados destaspróximo relatório.

ações deverão constar do

3. A Agência executora trabalhará em estreita coopera-ção com a EMBRATEL para selecionar treinandos, paraarranjar viagens e acomodações para treinandos e instruto-res, para acompanhar o progresso dos treinandos e paraplanejar e implementar o treinamento local no Brasil.

VI . O Governo da República Federativa do Brasil e oGoverno do Canadá assegurar-se-ão de que o presente A-juste seja cumprido com a diligência e eficiência devidas ecada Parte fornecerá à outra todas as informações perti-nentes que venham a ser pedidas.

VI I . Quaisquer comunicações administrativas ou docu-mentos relativos a este Ajuste dados, feitos ou enviadospelas Agências mencionadas no parágrafo I do mesmoAjuste, deverão ser formalizados por escrito e serão consi-derados como dados, feitos ou enviados à Parte à qualforam endereçados no momento de sua entrega em mãos,pelo correio, por via telegráfica, telex ou radiograma nosrespectivos endereços abaixo relacionados:

Pelo lado brasileiro:Diretoria de Recursos HumanosTelecomunicações BrasileirasS.A. — TELEBRÁSSAS — Quadra 06 - Lotes 5 a 870.313 - BRASÍLIA - DFBRASIL

Pelo lado canadense:The PresidentCanadian International Development Agencyc/o Canadian EmbassySES - Av. das Nações, lote 1670.410 - BRASÍLIA - DFBRASIL

VI I I . 1. A avaliação final do projeto será realizada deacordo com o procedimento que constará do Plano deOperação referido no parágrafo "I — 3. deste Ajuste.

2. A Cl DA e o DOC efetuarão também uma revisãooperacional das realizações feitas até a data em que ocontrato com a agência executora for assinado.

IX. As medidas orçamentarias, financeiras e administra-tivas necessárias que já tenham sido tomadas pelo Gover-no do Canadá e pelo Governo da República Federativa doBrasil deverão ser continuadas e suplementadas com o ob-jetivo de que o projeto seja completado satisfatoriamente.

X. O presente Ajuste cancela qualquer outro acordo an-terior, verbal ou escrito, relativo ao projeto descrito noparágrafo II do presente Ajuste entre os Governos do Ca-nadá e da República Federativa do Brasil. Se necessário,ele poderá ser alterado através de troca de notas diplomá-ticas entre os Governos do Canadá e do Brasil. O presenteAjuste expirará ao final do prazo mencionado no parágra-fo I I . 2. Se, ao final deste período, o projeto não tiver

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Documento digitalizado pela equipe de Mundorama - Divulgação Científica em Relações Internacionais (http://www.mundorama.net).

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sido completado em conformidade com as disposiçõesdeste Ajuste, poderá ser prorrogado mediante acordo en-tre as Partes, conforme previsto no parágrafo 11—2.

Caso o Governo da República Federativa do Brasil con-corde com as propostas contidas nos parágrafos I a Xtenho a honra de propor que esta Nota e a Nota de res-posta de Vossa Excelência, em que se expresse a concor-dância de seu Governo, constituam um Ajuste Comple-mentar entre os dois Governos, a entrar em vigor na datada nota de resposta de Vossa Excelência.

Permita-me Senhor Ministro, apresentar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração".

2. A respeito, informo Vossa Excelência de que o Go-verno brasileiro concorda com os termos da Nota acimatranscrita, a qual, juntamente com a presente, passa aconstituir um Ajuste Complementar entre os dois Gover-nos, a entrar em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das Relações Exteriores daRepública Federativa do Brasil

brasil e estados unidosda américa colocam em vigor o

memorando de entendimento paracooperação militar-industrial

O Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, e o Secretáriode Estado norte-americano,George P. Shultz, assinaram, no Palácio doItamaraty, em Brasília, em 6 de fevereirode 1984, um Acordo, por troca de Notas,colocando em vigor o Memorando de Entendimentopara cooperação militar-industrial,de 31 de agosto de 1983.

NOTA BRASILEIRA

A Sua Excelência o Senhor George P. Shultz,Secretário de Estado.

As delegações rubricaram um Memorando de Entendimen-to, cuja cópia está apensa à presente Nota. Gostaria demanifestar a Vossa Excelência a concordância do Governodos Estados Unidos da América com os termos do Me-morando de Entendimento.

Se os termos do Memorando de Entendimento forem acei-táveis para o Governo da República Federativa do Brasil,proponho a Vossa Excelência que esta Nota, juntamentecom a de resposta de Vossa Excelência, constituam umAcordo entre nossos dois Governos, mediante o qual asdisposições do acima referido Memorando de Entendi-mento entrarão em vigor na data da resposta de VossaExcelência.

Queira aceitar. Excelência, os renovados votos de minhamais alta consideração".

2. Em resposta, informo Vossa Excelência de que o Go-verno brasileiro concorda com os termos do Memorandode Entendimento, cuja cópia está igualmente apensa à pre-sente Nota, juntamente com a sugestão de Vossa Excelên-cia de que sua Nota, juntamente com a presente Nota,constituam um Acordo entre nossos dois Governos, o qualentra em vigor na presente data.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das Relações Exteriores daRepública Federativa do Brasil

NOTA NORTE-AMERICANA

His Excellency.Ramiro Saraiva GuerreiroMinister for Externai RelationsBrasília, D.F.

Excellency:

As Your Excellency is aware, delegations representing theGovernments of the Federativa Republic of Brazil and theUnited States of America met in Brasilia from August 30to 3 1 , 1983 to discuss military-industrial cooperation andto seek mutually satisfactory agreements in this área.

Excelência,

Tenho a honra de acusar recebimento da Nota n? 403,datada de hoje, cujo texto em português tem o seguinteteor:

"Como á do conhecimento de Vossa Excelência, delega-ções representando o Governo da República Federativa doBrasil e o Governo dos Estados Unidos da América reuni-ram-se em Brasília, nos dias 30 e 31 de agosto de 1983,com o objetivo de examinar a cooperação militar-indus-trial e buscar acordos mutuamente satisfatórios nessa área.

The delegations have initialed a Memorandum of under-standing, a copy of which is attached hereto. I would liketo express to Your Excellency the agreement of the Uni-ted States Government with the terms of the Memoran-dum of Understanding.

If the contents of the Memorandum of understanding areacceptable to the Government of the Federative Republicof Brazil, I propose to Your Excellency that this note,together with Your Excellency's repley thereto, shallconstitute an agreement between our two governments

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under which the terms of the above referenced Memoran-dum of Understanding will enter into force upon the dateof Your Excellency's reply.

Please accept Excellency, the renewed assurances of myhighest consideration.

George P. Shultz

The Secretary of State

Enclosure:

1. Memorandum of Understanding

Memorando de Entendimentode Cooperação Industrial-Militar

Preâmbulo: o Governo da República Federativa do Brasil e

o Governo dos Estados Unidos da América, daqui em

diante referidos como os Governos,

No cumprimento de um entendimento alcançado peloPresidente do Brasil e pelo Presidente dos Estados Unidose

Para fazer melhor uso de suas respectivas capacidades in-dustrial e militar através da cooperação no desenvol-vimento e na produção de material de emprego militar demodo a beneficiar ambas as Nações,

Acordam entre si este Memorando de Entendimento, oqual estabelece os princípios orientadores que governam acooperação industrial-militar.

Artigo 19 — Princípios que Governam a Cooperação In-dustrial-Militar:

nologia para facilitar os programas de coope-ração aprovados, de acordo com o seguinte:

1.2.1 - Os dispositivos de um Acordo-Geral de Segu-rança das Informações Militares e outros ar-ranjos a serem negociados, pelos respectivosGovernos, para a proteção contra divulgaçãonão autorizada de informações militares classi-ficadas.

1.2.2 — Os requisitos legais e a política de transferên-cia de tecnologia determinados pelos respec-tivos Governos, numa base caso-a-caso.

1.3— Ambos os Governos fornecerão orientaçãopolítica apropriada e estabelecerão proce-dimentos administrativos, dentro de suas res-pectivas organizações, no sentido de facilitar acooperação industrial-militar.

1.4— Informações técnicas, inclusive os pacotes dedados técnicos (PDT), fornecidas por um Go-verno ao outro Governo ou a pessoas no outropaís, para a finalidade dos programas de co-operação aprovados, não deverão ser usadaspara qualquer outra finalidade sem a concor-dância prévia do Governo de origem.

1.4.1 — Cada Governo assegurará, de conformidadecom sua própria legislação, que total proteçãoserá dada, por seus funcionários, agentes econtratantes, ao direito de propriedade dasinformações privadas, ou a quaisquer informa-ções protegidas ou classificadas que elas con-tenham.

1.1— Os Governos tencionam estabelecer a coopera-ção industrial-militar, através de programas su-jeitos à aprovação mútua. Tais programas decooperação serão consistentes com leis, regu-lamentos e políticas vigentes, dos dois Gover-nos, e:

1.1.1 — Devem levar em consideração os requisitos mi-litares e os objetivos de cada Governo.

1.1.2 — Devem representar um investimento de recur-sos, racional e eficaz em termos de custos.

1.1.3— Devem englobar benefícios recíprocos paraambos os Governos ao mesmo tempo em quedevem ser estruturados para se ajustarem aosrecursos disponíveis e às práticas comerciaiscorrentes.

1.1.4 — Devem contribuir para aprimorar a capacidade

das Forças Armadas de ambos os países.

1.2 — Os Governos concordam em intercambiar tec-

1.4.2 — Informações técnicas ou pacotes de dados téc-nicos somente serão transferidos pelo Gover-no receptor a qualquer terceiro Governo, aqualquer entidade de um terceiro país ou aqualquer pessoa de um terceiro país, mediantearranjo escrito entre ambos os Governos. Taistransferências serão objeto de consideração nabase caso a caso antes que um programa espe-cífico seja implementado nos termos desteMemorando de Entendimento.

1.4.3 — Cada Governo envidará, também, seus melho-res esforços para assegurar o cumprimento dosdispositivos anteriores, por parte de outraspessoas em seu país.

1.5 — Cada Governo colocará à disposição do outroas informações adequadas para permitir umaavaliação da factibilidade de se iniciarem pro-gramas de cooperação específicos, propostos eaceitos segundo os dispositivos deste Memo-rando de Entendimento.

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Artigo 2° - Medidas Provisórias de Segurança

Z1 — Como estabelecido em 1.2.1, a segurança dasinformações industrial-militares classificadas,trocadas sob as condições deste Memorandode Entendimento estará sujeita aos Acordos eArranjos de Segurança a serem negociados pe-los Governos. Até que tais Acordos e Arranjosde Segurança entrem em vigor, os seguintesdispositivos serão aplicados:

2.1.1 — Quaisquer itens, planos, especificações, dadostécnicos ou outras informações fornecidas emconexão com a implementação deste Memo-rando de Entendimento, que sejam considera-dos classificados pelo Governo fornecedor, pa-ra a finalidade de segurança, serão transferidosatravés dos canais governamentais e o Gover-no receptor deverá manter uma classificaçãosimilar, bem como empregar medidas de segu-rança substancialmente equivalentes aquelasempregadas pelo Governo fornecedor.

2.1.2— Todas as informações classificadas comuni-cadas entre ambos os Governos ou através de-les à sua respectiva indústria serão protegidasde acordo com os seguintes princípios:

A. As informações industrial-militares classificadas serãoprotegidas em cada um dos países, de acordo com seusrespectivos regulamentos e legislação de salvaguarda detais informações.

B. As autorizações de acesso às informações industrial-militares classificadas serão da competência das autorida-des governamentais do país no qual as mesmas estejamcustodiadas.

C. As informações industrial-militares classificadas serãoreveladas somente a pessoas, civis ou militares, funcioná-rios ou particulares, que tenham uma propriada credencialde segurança e a necessidade de conhecê-las, em razão desuas funções ou de seus cargos.

2.1.3 — Informações fornecidas por qualquer dos doisGovernos ao outro na condição de que perma-neçam classificadas, deverão reter sua classifi-cação original ou receber uma classificaçãoequivalente à requerida pelo outro Governo,de modo a assegurar a proteção contra divul-gação não autorizada. Para ajudar no provi-mento da proteção desejada, cada Governomarcará tal informação com uma legenda indi-cando a origem da informação, que a informa-ção tem relacionamento com este Memorandode Entendimento e que a informação é dadaem confidência.

2.1.3.1 — As informações industrial-militares classifica-

das, que legalmente caírem no domínio públi-

co ou que tiverem a sua classificação de segu-rança modificada pelo Governo que as houverfornecido ficarão, em consequência e respecti-vamente, isentas de aplicação do estabelecidoneste Memorando de Entendimento, ou re-classificadas de maneira idêntica à reclassifica-ção havida no país de origem. Em hipótesenenhuma poderá haver classificação diversaentre os dois Governos para tais informações.

2.1.4 — Cada Governo permitirá, mediante solicitação,visitas por peritos de segurança do outro Go-verno ao seu território para discutir as regras eprocedimentos de segurança relativos às infor-mações, industrial-militares classificadas, rece-bidas do outro Governo, no contexto dos pro-gramas de cooperação. O Governo do país vi-sitado assistirá tais peritos para que seja verifi-cado, como mutuamente conveniente, se asinformações a ele fornecidas, pelo outro Go-verno, estão sendo adequadamente protegidas.

2.1.5 — Ambos os Governos investigarão, em seus res-pectivos territórios, todos os casos em que forconhecido ou em que houver bases para sus-peita de que informações industrial-militaresclassificadas intercambiadas nos termos desteMemorando de Entendimento tenham sidoextraviadas ou divulgadas a pessoas não auto-rizadas. No caso de tais ocorrências, cada Go-verno também informará, pronta e integral-mente, o outro Governo dos pormenores dequaisquer tais ocorrências, bem como dos re-sultados finais das investigações e das açõescorretivas tomadas para impedir reincidências.

Artigo 39 — Participação da Indústria

3.1 — A implementação deste Memorando de Enten-dimento envolverá significativa participaçãoindustrial. Sem prejuízo dos procedimentosgovernamentais para facilitar tal implemen-tação, as indústrias de cada país terão a res-ponsabilidade básica de notificar os respecti-vos Governos sobre suas capacidades de co-operação e condução das ações de apoio ne-cessárias à participação industrial.

3.2 — Cada Governo será responsável pela comunica-ção às suas indústrias relevantes para esta co-operação industrial-militar, dos termos básicosdeste Memorando de Entendimento e daorientação para que seja implementado de for-ma apropriada. Cada Governo deverá tomar asmedidas necessárias para assegurar que suas in-dústrias cumpram os dispositivos deste Memo-rando de Entendimento, no que se refere aouso e à transferência de informações técnicase de pacotes de dados técnicos e aos regula-mentos pertinentes à segurança e à salvaguar-da das informações industrial-militares classifi-cadas.

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3.3 — Para encorajar o intercâmbio de informações,de acordo com este Memorando de Entendi-mento, cada Governo facilitará visitas de fun-cionários e representantes autorizados do ou-tro país, às instalações industriais e militaresapropriadas para o desenvolvimento e à execu-ção dos programas de cooperação.

Artigo 49 - Duração

4.1 — Este Memorando de Entendimento permane-cerá em vigor por um período de cinco anos.Pode ser estendido por períodos sucessivos decinco anos, mediante entendimento entre osrespectivos Governos.

4.2 — Este Memorando de Entendimento poderá serdenunciado a qualquer momento, por qual-quer dos dois Governos, que notificará o ou-tro por via diplomática. A denúncia surtiráefeito 180 dias após a data da respectiva noti-ficação.

4.3 — O término da vigência do Memorando não im-plicará, em hipótese alguma, a suspensão daproteção atribuída às informações industrial-militares classificadas que tenham sido inter-cambiadas no quadro e durante a vigência des-te Memorando de Entendimento.

4.4 — Saindo de vigor este Memorando de Entendi-mento, qualquer contrato estabelecido deacordo com os seus termos permanecerá emvigor a menos que seja considerado concluídode acordo com seus próprios termos ou con-forme mutuamente acordado por ambas aspartes.

Artigo 59 — Entrada em Vigor e Dispositivos Finais

5.1 — Este Memorando de Entendimento entrará emvigor por troca de notas.

5.2 — Os dois Governos poderão concluir protocolossuplementares a este Memorando de Entendi-mento, se julgado necessário à luz da expe-riência.

5.3— Quaisquer emendas a este Memorando de En-tendimento entrarão em vigor por troca deNotas.

Brasília, 31 de agosto de 1983.

General-de-Divisão Mário Rubens Brum NegreirosNestor Sanchez

os relatórios finaisdos cinco grupos

de trabalho brasil-estadosunidos da américa

0 Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, e o Secretário de Estadodos Estados Unidos da América, George P. Shultz,assinaram, no Palácio do Itamaraty,em Brasília, em 6 de fevereiro de 1984, os atosde encerramento das tarefas dos cinco Grupos de Trabalhoentre os dois Pafses, relativos à Cooperação Espacial,Cooperação em Matéria de Energia Nuclear,Cooperação Cientifica e Tecnológica, sobre AssuntosEconómicos e Cooperação Industrial-Militar,constituídos em dezembro de 1982, por ocasião davisita do Presidente Ronald Reagan ao Brasil.

RELATÓRIO FINAL DO GRUPO DETRABALHO SOBRE COOPERAÇÃO ESPACIAL

O Grupo de Trabalho sobre Cooperação Espacial, um doscinco grupos de trabalho estabelecidos pelos PresidentesJoão Figueiredo e Ronald Reagan, foi criado com oobjeti-vo de avaliar os programas em andamento entre os doispaíses na área espacial, bem como de identificar novosprojetos e perspectivas de cooperação.

O Grupo de Trabalho foi copresidido pelo EmbaixadorMarcos Castrioto de Azambuja, do Ministério das Rela-ções Exteriores do Brasil, e pelo Embaixador James L.Malone, do Departamento de Estado dos Estados Unidosda América. Lista dos membros das duas Delegações seencontra em anexo.

O Grupo de Trabalho realizou duas sessões, a primeira emBrasília, de 25 a 26 de maio último, e a segunda emWashington, nos dias 1 e 2 de setembro de 1983. A reu-nião de Brasília passou em revista os resultados já obtidosdurante a longa e frutífera cooperação espacial entre osdois países. Ademais, as duas Delegações trocaram propos-tas para futuras atividades cooperativas, além de docu-mentos de apoio, que foram examinados pelas agênciasespecializadas dos dois países.

O Grupo de Trabalho adotou, em ambas as sessões, aseguinte Agenda:

I — geodinâmica;11 — Operações com Balões;

III — Ciências Atmosféricas;IV — Pesquisa em Ciências Espaciais;V — Projetos Cooperativos com Intercâmbio de Pessoal;

VI - Satélite de Busca e Salvamento - SARSAT;VII - Utilização do Ônibus Espacial;

VI11 — Sistemas de Coleta de Dados por Satélite;

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IX - LANDSAT;X — Sensoreamento Remoto;

XI - Participação no Satélite da NASA de Tecnologia deComunicação Avançada.

Após a consideração das propostas apresentadas, ematmosfera cordial e com ambas as partes imbuídas de âni-mo construtivo, as duas Delegações chegaram às seguintesconclusões sobre cada item da Agenda:

I - Geodinâmica: A NASA E O INPE continuarão aintercambiar informações sobre possível cooperação ematividades de mensuração por laser em satélite para pes-quisa geodinâmica. Ambas as agências endossaram o expe-rimento conjunto para medidas de interferometria da li-nha de base muito longa (VLBI) para pesquisa em placastectõnicas, programado para 1984;

II - Operações com Balões: A NASA e o INPE ultimamnegociações sobre um projeto de Memorando de Entendi-mento para operações com balões pela NASA no Brasil.Esse Memorando de Entendimento substituirá o Memo-rando de Entendimento existente entre a "National Scien-ce Foundation" (NSF) e o Conselho Nacional de Desen-volvimento Científico e Tecnológico/Instituto de Pesqui-sas Espaciais (CNPq/INPE).

III — Pesquisa em Ciências Atmosféricas:

1) Atividades nesta área se qualificam para receber apoiode programa de cooperação científica já existente entre aNSF e o CNPq. Propostas competitivas de alta qualidade eportadoras de benefícios mútuos ao Brasil e aos EstadosUnidos devem ser apresentadas pelas organizações partici-pantes ao respectivo órgão financiador (NSF ou CNPq),de conformidade com os procedimentos adotados para oprograma.

2) A NASA e o INPE confirmaram seu decidido interesseem futuras mediações de ozônio (foguetes de sondagem,medidas no solo, balões e satélites) no Brasil. A NASAestendeu convite ao INPE para participar de um semináriodedicado a estudar os resultados de campanhas de ozônioe planejar futuras atividades relativas a ozônio. A NOAAmanifestou interesse em receber resultados de sondagensatmosféricas e de ozônio, realizadas em terra no Brasil.Em contrapartida, a NOAA assistiria na calibração deequipamento do INPE para medição de ozônio, localizadoem terra, no contexto das atividades em andamento edependendo da amplitude do esforço brasileiro, a NOAAforneceria ao INPE algoritmos para receber medições doSondador Vertical de Ozônio Troposférico (TOVS) do sa-télite NOAA-TIROS-N, bem como dados do projetadoSensor Radiômetro de Radiação Solar Ultravioleta Retro-espalhada (SBUV).

3) A NASA e o INPE trocarão informações sobre planosfuturos em pesquisa troposférica a fim de identificarempossíveis atividades conjuntas. A "National Academy ofScience" (NAS) publicará um relatório, no final de outu-bro de 1983, sobre o Programa de Química Troposférica

Global, um estudo realizado pela NSF e a NASA. Cópiasdo relatório serão enviadas ao INPE para posteriores dis-cussões, eventuais recomendações e possível ampliação dacooperação Brasil—Estados Unidos;

4) A NASA e o INPE endossaram a presente e futuracolaboração em modelagem de circulação global da atmos-fera. Cientistas do INPE continuarão a realizar investiga-ções nessa área em centros de pesquisa da NASA;

5) A NOAA e o INPE manifestaram interesse em coope-rar em pesquisas utilizando dados adquiridos sobre o Bra-sil pelo sondador atmosférico GOES-VISSR(VAS). Levan-do-se em consideração as limitações técnicas do VAS, nãose podem fazer sondagens de forma operacional sobre osEstados Unidos ou o Brasil. A NOAA fornecerá, duas ve-zes ao ano, um conjunto limitado de dados sobre o Brasil,consistente com as exigências meteorológicas operacionaisdos Estados Unidos. O INPE fornecerá as datas para taistestes de varredura. O INPE remeterá à NOAA dados deverdade terrestre a serem usados para comparação com assondagens tropicais VAS. Além disso, o INPE foi solicita-do a fornecer um pesquisador qualificado para participarna equipe de avaliação VAS, na Universidade de Wiscon-sin. As atividades do pesquisador incluirão a comparaçãode dados de radiância TOVS/VAS e trabalho com o siste-ma MICDAS.

IV Pesquisas em Ciências Espaciais:

1 —A NASA e o INPE concordaram em procurar coope-rar na utilização da projetada Pinhole/Occulter Facility daNASA. Esta forneceu informação pormenorizada sobre ainstalação, a fim de ajudar o INPE na avaliação de umapossível cooperação futura em astronomia de raios X.

2 — A NASA formulou um convite, aceito pelo INPE, pa-ra que o Brasil participe do Programa Internacional deVigilância do Cometa Halley.

3 - A NASA e o INPE concordaram em realizar conjunta-mente vários experimentos de astrofísica e de física solarutilizando balões, no período 1985—1987.

4 — Está em andamento cooperação em radioastronomia eem física solar entre os dois países. Um pesquisador doINPE deverá participar das atividades relacionadas com aanálise de dados obtidos pela Missão Máximo Solar (SMM)da NASA. Há vários projetos cooperativos em curso entreo INPE e universidades e laboratórios norte-americanos,no âmbito do programa de colaboração entre a NSF e oCNPq. O fortalecimento desta cooperação, sempre quepossível, é altamente desejável.

5 — As atividades de pesquisa em ciências espaciais tambémse qualificam a receber apoio no âmbito do ProgramaNSF/CNPq.

V - Projetos de Cooperação com Intercâmbio de Pes-soal:

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1 — A NASA forneceu ao INPE Informações sobre doisprogramas, o do técnico visitante e o do pesquisador resi-dente associado, e continuará a oferecer, quando apro-priado, oportunidades de treinamento prático a brasileirospara um projeto de cooperação. A NASA e o INPE con-cordaram em fazer pesquisa conjunta em três áreas noquadro do programa de técnico visitante. O pessoal doINPE ficará trabalhando, de um a dois anos, num Centrode Pesquisas da NASA, em três áreas: rastreamento e aqui-sição de dados, apoio a missões e a rede de espaço longín-quo (DSN).

2 —A NASA e o INPE concordaram em cooperar numprojeto para estudar os mecanismos, estrutura e operaçãodo programa de utilização tecnológica da NASA que in-cluiria visitas de pessoal do INPE aos Centros de Pesquisana NASA.

3 — A continuada participação do INPE no Comité Con-sultivo da NASA sobre padronização de dados espaciais évivamente estimulada. Continuarão dentro deste quadroas discussões sobre padronização e sistemas de rastreamen-to de apoio cruzado.

4 —A NASA convidou formalmente o INPE a participarde seu programa de verão para estudantes. O INPE desig-nará um candidato em fins de 1983.

5 — Em agosto de 1983, o Reitor do ITA visitou váriasbases e laboratórios da Força Aérea norte-americana(USAF), para definir os parâmetros para o Memorando deEntendimento (MOU) para o Programa de Intercâmbio deCientistas e Engenheiros.

6 — Em julho de 1983, um representante do Instituto deTecnologia da USAF (AFIT) visitou o CTA para discutirdetalhes do intercâmbio de pessoal de engenharia de com-putação. Como resultado dessa visita, um oficial da FABestá no AFIT estudando engenharia de computação, visan-do obter o Mestrado naquele campo. A USAF está selecio-nando um engenheiro de computação a ser designado co-mo membro do corpo docente do ITA.

7 — AFIT está assistindo o CTA/ITA nos contactos comuniversidades civis num esforço para iniciar um intercâm-bio de professores.

8 — 0 "Systems Command" da USAF identificou tentati-vamente, um oficial do Laboratório de Propulsão a serdesignado para servir durante o período de um ano noCTA, como engenheiro de propulsão.

9 — Existem, em curso, entre o Laboratório de Geofísicada USAF (USGL) e o CTA, programas de pesquisas emmeteorologia e experiências científicas e tecnológicas comfoguetes de sondagem.

10 — Há, também, um programa de instrumentação radio-métrica entre as duas Forças Aéreas para estabelecer asbases para futuras atividades em pesquisas meteorológicas.

11 — A NOAA manifestou interesse em iniciar um projetode cooperação com o INPE sobre o uso de radar para amedição de ventos mesoesféricos, estratosféricos e topos-féricos sobre o território brasileiro. Apesar da atuai limita-ção de fundos, a NOAA gostaria de continuar discutindocom o INPE sobre uma possível cooperação nesta área.

VI - Satélite de Busca e Salvamento - SARSAT

0 Serviço de Busca e Salvamento (SAR) do Brasil remeteuao Presidente do SARSAT "Joint Steering Group" pro-posta de participação no projeto COSPAS/SA RSAT. O Bra-sil está adquirindo um terminal local para usuários (LUT).Caso essa proposta seja aceita, adquiriria um outro termi-nal. O Brasil solicitou a instalação de um terceiro LUTpelos EUA de forma a ampliar a cobertura do SARSAT.Conversações a esse respeito continuarão a ser mantidasentre autoridades brasileiras e norte-americanas.

VII - Utilização do Ônibus Espacial

1 —A NASA e o INPE trocaram informações sobre umapossível cooperação entre o experimento brasileiro de sen-soriamento remoto e um sensor compatível da NASA, noÔnibus Espacial. Para o início de 1984, está prevista umareunião de análise técnica e científica, destinada a identifi-car objetivos científicos, requisitos de engenharia e possí-veis oportunidades de v6o. Esta missão, bem como qual-quer outra atividade definida conjuntamente, incluirá aparticipação, a bordo, de um especialista em carga útil doINPE. De conformidade com a política normal da NASA,dados dos sensores estarão à disposição de forma livre enão-discriminatória.

2 — 0 INPE propôs colocar a bordo do Ônibus Espacialum VAS. A NASA e o INPE continuarão a trocar infor-mações a respeito das atividades planejadas sobre os seussensores atmosféricos, a fim de identificar áreas de possí-vel cooperação.

VII I - Sistema de Coleta de Dados por Satélite:

1—0 Brasil tem utilizado tanto os satélites meteorológi-cos NOAA/GOES como os NOAA/TIROS-N (ArgosSystem) para a coleta de dados ambientais. Dada a impor-tância dos dados coletados para a pesquisa em curso emambos os países, o INPE e a NOAA discutiram a possibili-dade de se aumentar o número de plataformas de coletade dados (PCD) no Brasil.

2 — Ademais, as discussões entre a NOAA e o INPE per-mitiram conhecer, com maior detalhe, os interesses brasi-leiros e norte-americanos na coordenação das capacidadesdo sistema de coleta de dados por meio de satélite, comvistas a otimizar sua compatibilidade técnica do ponto devista do usuário. Com tal objetivo em vista, a NOAA for-neceu ao INPE dados técnicos sobre os sistemas de coletade dados GÓES (GOES/DCS) e Argos (ARGOS/DCS) pa-ra exame. Estão sendo analisados possíveis mecanismos decoordenação entre os sistemas do PCD dos Estados Unidose os planejados pelo Brasil.

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IX - LANDSAT:

Assinalou-se que a COBAE e a NOAA chegaram a umacordo a respeito do texto final do Memorando de Enten-dimento para a recepção d ire ta de dados LANDSAT pelaestação terrena do INPE. Esse Memorando deverá ser bre-vemente assinado em Brasília. O INPE e a NOAA salienta-ram seu interesse na continuada cooperação LANDSAT,que inclui troca de informações e coordenação sobre da-dos LANDSAT produzidos, seus formatos e arquivos.

X — Sensoreamento Remoto

1 — O INPE, a NASA e NOAA trocaram informações so-bre suas experiências a respeito da utilização de dados desatélites de sensoreamento remoto. Possíveis áreas de co-operação continuada incluem agricultura (sobretudo pre-visão de colheita e mapeamento de solo), desenvolvimentoflorestal e meteorologia. O INPE está participando na fasede avaliação dos dados LANDSAT TM e na utilização dedados obtidos pelas experiências do Ônibus Espacial sobreo Brasil. O INPE recebe diretamente fio Brasil as imagensde alta resolução de satélites NOAA/GOES e NOAA/TIROS-N. Outras instituições brasileiras recebem dadosAPT e WEFAX desses satélites.

2 — 0 INPE e a NASA trocaram informações sobre seusplanos de sensoreamento remoto e concordaram em esta-belecer consultas para a seleção futura de bandas parainstrumentos de sensoreamento remoto utilizados princi-palmente para agricultura e desenvolvimento florestal. OINPE e a NASA também explorarão atividades conjuntasno campo de campanhas de medição de verdades terres-tres. O INPE e a NOAA reiteraram seu interesse numacoordenação técnica multilateral informal entre os atuaise futuros operadores de satélites de sensoreamento remo-to a fim de explorar possibilidades de compatibilização. Âluz dos planos brasileiros de desenvolvimento de satélitesde sensoreamento remoto, a NOAA descreveu os mecanis-mos informais existentes de coordenação multilaterais deplanejamento a longo prazo, e sugeriu que o INPE consi-derasse participar de discussões sobre o tema. A próximareunião informal multilateral para o planejamento a longoprazo será realizada no verão de 1984, em Washington.

3 —A NASA e o INPE concordaram em avaliar o experi-mento brasileiro de sensoreamento remoto a ser colocadono Õnibus Espacial mediante os instrumentos da NASA.Uma revisão técnica está programada para o início de1984.

4 — A NASA manterá o INPE informado sobre os desen-volvimentos de esforço da NASA em habitabilidade glo-bal. Em outra área de cooperação em pesquisa sobre apli-cações de dados de satélites ambientais, a NOAA e.o INPEaprofundaram outras atividades específicas futuras. A co-operação entre o INPE e a NOAA incluirá trabalhoscooperativos em técnicas para estimativas de precipitaçãoe insolação, medidas da temperatura da superfície do mar,e pesquisas nas escalas sinòtica e dinâmica. Outras áreas

possíveis de cooperação incluíram em desenvolvimento dosalgoritmos de ozônio TOVS/SBUV, técnicas para classifi-cação de vegetação e experiências de sequências animadasdo GÓES.

XI - ParticipaçSo no Satélite da NASA de Tecnologia deComunicação Avançada.

A NASA e o INPE darão prosseguimento às discussõessobre possível colaboração nos estudos de propagação emregiões equatoriais, como parte do programa satélite deTecnologia Avançada de Comunicações.

Ajustes Complementares a serem acordados a respeito dosprojetos e programas de cooperação na área espacial, aci-ma referidos, serão concluídos e implementados de con-formidade com as leis e práticas administrativas dos doispaíses.

As duas delegações concordaram em que foram cumpridasas diretrizes traçadas pelos Presidentes João Figueiredo eRonald Reagan na criação do Grupo de Trabalho Brasil—Estados Unidos da América sobre Cooperação Espacial.As duas delegações examinaram as atuais atividades decooperação entre os dois países no campo espacial e, sobre-tudo, discutiram projetos específicos para a ampliação dacooperação bilateral. Concordaram em continuar o diálo-go iniciado com sucesso pelo Grupo de Trabalho Brasil—Estados Unidos sobre Cooperação Espacial. Concordaram,ademais, em manter como documentos de referência paradiscussões futuras as propostas originais e as respostas bra-sileiras e norte-americanas. As duas delegações se congra-tularam pelo clima de objetividade e cordialidade que pre-valeceu nas sessões do Grupo de Trabalho, e que refletiuas orientações recebidas do Ministro Ramiro Saraiva Guer-reiro e do Secretário de Estado George Shultz.

Washington, 2 de agosto de 1983.

Marcos Castrioto de AzambujaChefe do Departamento de Organismos Internacionais doMinistério das Relações Exteriores.

James L. MaloneSecretário Assistente para Assuntos Oceânicos e Ambien-tais e Científicos Internacionais do Departamento de Esta-do.

MEMBROS DA DELEGAÇÃO BRASILEIRADO GRUPO DE TRABALHO BRASIL-ESTADOSUNIDOS SOBRE COOPERAÇÃO ESPACIAL.(25 e 26 de maio)

— Embaixador Marcos Castrioto de Azambuja do Minis-tério das Relações Exteriores;

- Major-Brigadeiro Hugo de Oliveira Piva, Vice-Diretordo Centro Técnico Aeroespacial do Ministério daAeronáutica;

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Brigadeiro-do-Ar Fernando César de Oliveira, do Esta-do Maior das Forças Armadas;

Doutor Nelson de Jesus Parada, Diretor do InstitutoNacional de Pesquisas Espaciais do Conselho Nacionalde Desenvolvimento Científico e Tecnológico;

Doutor Arthur Alves Peixoto, Secretário de Planeja-mento e Tecnologia do Ministério das Comunicações;

Coronel Geraldo de Freitas Bastos, Secretário daCOBAE;

Tenente-Coronel Aviador Edson Ambrósio Pommotdo Conselho de Segurança Nacional;

Conselheiro Annunciata Salgado dos Santos do Minis-tério das Relações Exteriores;

Conselheiro Marcos de Vincenzi do Ministério das Re-lações Exteriores.

MEMBROS DA DELEGAÇÃONORTE-AMERICANA DO GRUPO DETRABALHO BRASIL-ESTADOS UNIDOSSOBRE COOPERAÇÃO ESPACIAL(25 e 26 de maio)

— Ambassador James L. Malone;

— Mr. Francis Kapper, Acting Assistant Deputy Under-Secretary of Technology Transfer in the Office of theUnder-Secretary of Defense for Research in Enginee-ring;

— Mr. Thomas Coony, Office of Brazilian Affairs Depar-tment of State;

— Col. george D. Ojalehto, Acting Deputy Director, Offi-ce of Advanced Technology State Department;

— Eduardo Feller, Programme Manager InternationalPrograms, Latim American and Pacifc National Scien-ce Foundation;

— Ms. Margaret G. Finarelli, Chief, International Plan-ning and Programs, National Aeronautics and SpaceAdministration;

— Mr. Kenneth Hodgkins, National Oceanic and Atmos-pheric Administration, Department of Commerce;

— Lieutenant Colonel John Poast, Deputy Chief Infor-mation Branch International Affairs Division, Officeof the Vice-Chief of Staff, U.S. Air Force (fala portu-guês);

— Mr. Daniel J. Serwer, Science Counselor, AmericanEmbassy Brasília

DELEGAÇÃO BRASILEIRA DO GRUPO DETRABALHO BRASIL-ESTADOS UNIDOSSOBRE COOPERAÇÃO ESPACIAL(1? e 2 de setembro)

Chefe da Delegação:Embaixador Marcos Castrioto de Azambuja, Chefe do De-partamento de Organismos Internacionais, Ministério dasRelações Exteriores.

Delegados:— Major-Brigadeiro Hugo de Oliveira Piva, Vice-Diretor

do Centro Técnico Aeroespacial do Ministério daAeronáutica;

— Brigadeiro-do-ar Fernando César de Oliveira, do Esta-do-Maior das Forças Armadas;

— Ministro José Artur Denot Medeiros, Chefe do SetorEconómico da Embaixada em Washington;

— Conselheiro Annunciata Salgado dos Santos, Chefe daDivisão de Organismos Internacionais Especializados,Ministério das Relações Exteriores;

— Conselheiro Luiz Tupy Caldas de Moura, da Embaixa-da em Washington;

— Coronel Geraldo de Freitas Bastos, Secretário da Co-missão Brasileira de Atividades Espaciais (COBAE);

— Tenente-Coronel Aviador Edson Ambrósio Pommot,do Conselho de Segurança Nacional;

— Doutor Nelson de Jesus Parada, Diretor do Institutode Pesquisas Espaciais (INPE); e

— Primeiro Secretário Sérgio Eduardo Moreira Lima, daEmbaixada em Washington.

U.S. DELEGATION LIST (1-2 SEPTEMBER)

Ambassador James L. MaloneAssistant Secretary,Bureau of Oceans and International Environmental andScientif ic Aff arisOES — Department of State

Col. George OjalehtoActing Deputy Director,Office of Advanced TechnologyOES/SAT — Department of State

Ms. EleanorSavageDeputy Director,Office of Brazilian AffairsDepartment of State

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Col. Thomas J. 0'ConnorSpecial Assistant,Deputy Under-Secretary,International Programs and TechnologyDepartment of Defense

Lt. Col. Loyal G. BassettInformation Branch,International Affairs DivisionOffice of the Vice-Chief of StaffUnited States Air Force

Dr. Eduardo Fel ler Program Manager,International ProgramsLatin America and PacificNational Science Foundation

Ms. Margaret G. FinarelliChief,International Planning and ProgramsNational Aeronautics and Space Administration

Dr. Kenneth D. HodgkinsInternational Affairs Unit,National Environmental SatelliteData Information ServiceNational Oceanic and Atmospheric AdministrationDepartment of Commerce

Dr. Daniel ServerScience CounselorAmerican Embassy Brasília

RELATÓRIO FINAL DO GRUPO DE TRABALHOSOBRE ENERGIA NUCLEAR

O Grupo de Trabalho sobre Energia Nuclear, um dos cin-co grupos de trabalho estabelecidos pelos Presidentes JoãoFigueiredo e Ronald Reagan em dezembro de 1982, foicriado com o propósito de retomar um relacionamentopositivo no campo nuclear e de identificar áreas específi-cas nas quais uma cooperação mutuamente benéfica possaser ativamente desenvolvida, em consonância com as leis,políticas e programas nacionais de cada um dos doispaíses.

O Grupo de Trabalho sobre Energia Nuclear foi co-presidi-do pelo Embaixador Carlos Augusto de Proença Rosa, doMinistério das Relações Exteriores do Brasil e pelo Embai-xador Richard T. Kennedy, do Departamento de Estadodos Estados Unidos da América. Um aspecto importanteda atividade desenvolvida pelo Grupo de Trabalho consti-tuiu na oportunidade proporcionada aos representantes devárias entidades governamentais ligadas à área nuclear detrocar pontos de vista com funcionários de organizaçõescongéneres do outro país. Estiveram representadas as se-guintes entidades do lado brasileiro: Ministério das Rela-ções Exteriores, Ministério das Minas e Energia, Secreta-

ria-Geral do Conselho de Segurança Nacional, ComissãoNacional de Energia Nuclear e NUCLEBRÁS S/A. Do la-do norte-americano, as seguintes agências estiveram repre-sentadas: Departamento de Estado, Departamento deEnergia, Agência para o Controle de Armamentos e Desar-mamento e a Comissão Reguladora Nuclear (a lista departicipantes consta do Anexo I).

O Brasil e os Estados Unidos da América ao longo de duasdécadas desenvolveram extensa cooperação no campo nu-clear. Em 1965, os dois países concluíram um Acordopara a Cooperação nos Usos Civis da Energia Atómica,revisto em 1972 e com validade prevista por trinta anos.Além do intercâmbio no campo da pesquisa e atividadesexperimentais da ciência e tecnologia nucleares, esta co-operação incluiu a construção do reator nuclear de AngraI. Contudo, o alcance destas atividades de cooperação nu-clear foi diminuído em consequência da legislação adota-da pelos Estados Unidos da América em 1978.

O Grupo de Trabalho sobre Energia Nuclear realizou duasreuniões, a primeira delas em Brasília, nos dias 9 e 10 demaio de 1983, e a segunda em Wasington de 8 a 10 deagosto de 1983. Essas reuniões transcorreram em ambien-te de muita cordialidade. Informações a respeito dos res-pectivos programas e políticas nucleares foram intercam-biadas. Ademais, funcionários de ambos os países tiverama oportunidade de visitar importantes estabelecimentosnucleares no Brasil e nos Estados Unidos da América paraum contacto d ire to com os programas industriais, técnicose científicos de ambos os países para a utilização da ener-gia nuclear.

Durante as duas sessões, o Grupo de Trabalho, de acordocom agendas previamente acordadas (Anexo II), trocoupontos de vista sobre três principais áreas de interessemútuo:

a) Exame dos programas nucleares do Brasil e dos Esta-dos Unidos da América, seu papei atual e perspectivasno contexto da situação energética global em ambos ospaíses;

b) Problemas pendentes nas relações nucleares bilaterais eperspectivas para novas áreas de cooperação;

c) Os papéis e pontos de vista de ambos os países no to-cante a foros multilaterais e ao comércio e cooperaçãona área nuclear.

A - O PAPEL DA ENERGIA NUCLEAR NO BRASILE NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Na primeira sessSo, o Grupo de Trabalho examinou osprogramas de geração nuclear no Brasil e nos Estados Uni-dos da América. A Delegação brasileira indicou que osfatores geográficos e de distribuição populacional molda-ram o planejamento energético no Brasil. Comentáriospormenorizados foram feitos sobre o consumo e a produ-ção de energia no Brasil e sobre como a energia nuclearconstitui um importante elo no esforço de estabelecer en-

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tre os dois. Na apresentação da situação energética brasi-leira, foi demonstrada a relação entre a energia nuclear eoutras fontes tais como a hidreletricidade, carvão e bio-massa. A Delegação brasileira apresentou de forma porme-norizada o estágio da implantação das diversas etapas dociclo do combustível que integram o programa nuclearbrasileiro. A delegação enfatizou a importância do papelque a energia nuclear desempenha tanto no que concerneà segurança de abastecimento energético, quanto no quetange ao desenvolvimento tecnológico. Na mesma ocasião,foi também reiterado o caráter pacífico, civil e não-proli-ferante do programa nuclear brasileiro.

A parte norte-americana indicou que, desde o princípiodo programa Átomos para a Paz, nos anos cinquenta, osEstados Unidos da América buscaram incentivar os usospacíficos da energia nuclear tanto em seu próprio país,quanto em outros países. O lado norte-americano tambémsublinhou que a energia nuclear não apenas é responsávelpor contribuição significativa para a atual oferta nacionalde energia (cerca de 12,3% do total), mas também contri-buiu para mais da metade das necessidades de energia elé-trica em certas regiões do país. No início dos anos noventa,quando entrarem em operação instalações atual mente emconstrução, espera-se que a energia nuclear forneça em tor-no de 20% da demanda total por eletrícidade. Desta ma-neira os Estados Unidos da América possuem o programanuclear mais amplo do mundo; no momento abrange 144reatores dos quais 80 em operação, 60 em construção e 4encomendados.

Essa troca de informações e de pontos de vista sobre osprogramas nucleares brasileiro e norte-americano consti-tuiu a base de todo o trabalho subsequente nesse foro econfirmou a importância atribuída por ambos os países aopapel que a energia nuclear tem no contexto energéticoglobal do Brasil e dos Estados Unidos da América.

B - RELAÇÕES NUCLEARES BILATERAIS

B-1 — Expansão da Cooperação Nuclear

Nesta matéria, ambas as delegações expressaram o seu en-tendimento de que a cooperação no futuro continuará aser desenvolvida no marco do "Acordo para a Cooperaçãoentre o Governo da República Federativa do Brasil e oGoverno dos Estados Unidos da América Relativo aosUsos Civis da Energia Atómica", concluído em Washing-ton, D.C. em 17 de julho de 1972. As duas delegaçõessalientaram a importância desse Acordo como um instru-mento válido e valioso para ordenar a cooperação nuclearbilateral.

As relações nucleares bilaterais foram abordadas de modoabrangente e detalhado. Não obstante os objetivos estabe-lecidos para o Grupo de Trabalho não contemplarem qual-quer mandato negociador, foi possível, como resultado deatmosfera franca e cordial prevalecente nas reuniões, che-gar a acordo sobre diversas propostas para medidas e açõesconcretas. Por um lado, tais propostas objetivaram solu-cionar problemas pendentes no campo bilateral que, no

passado, haviam prejudicado o melhor diálogo na esferanuclear entre os dois países. Por outro lado, além de lidarcom o passado, o Grupo de Trabalho pode também deli-near o rumo para novas iniciativas no futuro.

Foram identificados sete temas como base inicial para im-pulsionar a cooperação nuclear entre Brasil e EstadosUnidos da América, a saber:

1) Expansão do intercâmbio de informação na área desegurança nuclear entre a Comissão Nacional de EnergiaNuclear do Brasil (CNEN) e a Comissão Reguladora Nu-clear dos EUA (NERC);

2) Participação de cientistas e engenheiros brasileiros,por intermédio da CNEN, no programa para o uso de com-bustível de baixo enriquecimento em reatores de pesquisae teste (RERTR), sendo realizado pelo Laboratório Nacio-nal de Argonne do Departamento de Energia;

3) Atividades de cooperação na área de administraçãode combustível irradiado (estocagem e/ou depósito);

4) Atividades de cooperação em aspectos da pesquisae desenvolvimento avançados para extensão de queima decombustível em reatores â água leve;

5) Atividades de cooperação em estocagem e armaze-namento de rejeitos radiativos;

6) Contatos entre instituições norte-americanas e aCNEN em atividades atuais da avaliação de risco probabi-lístico;

7) Cooperação entre funcionários brasileiros e norte-americanos em treinamento de preparo para emergênciasnucleares.

Diversas ações específicas decorrentes de contatos préviosentre o Brasil e os EUA já se encontram em curso emalgumas das áreas acima mencionadas.

O Grupo de Trabalho explorou também possibilidades pa-ra a cooperação em outras áreas. São exemplos nesse sen-tido o possível interesse no reprocessamento nos EUA decombustível norte-americano para reatores de pesquisa e aparticipação no programa de Teste de Perda de Fluido deRefrigeração (LOFT).

B-2 — Solução de Questões Nucleares

Foi examinada a questão de fornecimento de combustívelpara o reator de Angra I. Ambas as partes concordaramem que o contrato FURNAS-DOE fosse suspenso indefini-damente, de modo a que, ao ocorrer a empresa brasileira aum terceiro fornecedor, não crie quaisquer problemas emtermos de penalidades contratuais.

Outro assunto pendente nas relações bilaterais discutidono Grupo de Trabalho se refere à possibilidade de reparo

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de elementos combustíveis danificados fornecidos pelosEUA para o reator de pesquisa do IPEN. Entre as duassessões, o assunto teve seguimento através de uma trocade cartas. Na reunião do Grupo de Trabalho, em Washing-ton, a Delegação brasileira forneceu os dados técnicos soli-citados pela parte norte-americana de modo que ambas aspartes pudessem acordar o procedimento para o reparo doreferido material. A Delegação brasileira aceitou o ofereci-mento para um técnico norte-americano visitar o Brasilpara prestar assessoria nessa tarefa.

C - TEMAS MULTILATERAIS

Ambas as delegações fizeram um exame abrangente doatual papel da Agência Internacional de Energia Atómicae de suas perspectivas. Especial atenção foi dada às ques-tões a serem discutidas na próxima Conferência Geral daAl EA e ao trabalho de subgrupos, tais como o IPS e oCAS. Foram abordados, também, os preparativos para aConferência das Nações Unidas sobre os Usos Pacíficos daEnergia Nuclear (PUNE).

Tanto o Brasil quanto os EUA apoiam firmemente aAgência Internacional de Energia Atómica (AIEA) comoo foco central para consideração de assuntos nuclearesinternacionais. A AIEA conduz duas atividadesde impor-tância fundamental: um programa de assistência técnicapara o desenvolvimento nuclear e um indispensável siste-ma de salvaguardas para assegurar os usos pacíficos daenergia nuclear. As duas partes expressaram sua determi-nação de prosseguir nos esforços no sentido de apoiar efortalecer a Agência nessas importantes funções.

Ambas as delegações procederam a um pormenorizado in-tercâmbio de pontos de vista sobre compromissos interna-cionais para utilização pacífica da energia nuclear. A esserespeito, mencionou-se o Tratado de Tlatelolco. A Delega-ção brasileira ressaltou que, na dependência do cumpri-mento de todas as condições para a entrada em vigor doTratado, o Brasil, de acordo com os princípios do DireitoInternacional, não praticará nenhuma ação que contrarieos objetivos e propósitos do Tratado, ao que correspondea garantia de que os demais signatários procederão da mes-ma forma. Os EUA também salientaram seu compromissocom o regime do Tratado de Tlatelolco, tal como eviden-ciado por sua adesão a ambos os Protocolos aplicáveis aosEstados fora da zona do Tratado. De sua parte, os EUAafirmaram ser desejável alcançar-se uma adesão universalao Tratado de Não-Proliferação. Por seu turno, reiterandosua posição favorável à utilização pacífica da energia nu-clear, o lado brasileiro reafirmou suas de há muito conhe-cidas reservas em relação ao TNP, dada à natureza discri-minatória desse Tratado.

No que se refere ao comércio e à cooperação internacio-nais no campo nuclear, ambas as delegações fizeram apre-sentações pormenorizadas sobre seus regimes de coopera-ção e sistemas de controle de exportações com vistas aassegurar que o material, equipamento e tecnologia expor-tados sejam usados unicamente para fins pacíficos.

D - CONCLUSÕES

Em conclusão, as duas delegações concordaram em que osobjetivos traçados para o Grupo de Trabalho Brasil—EUAsobre Energia Nuclear foram plenamente atingidos, deacordo com as diretrizes estabelecidas pelos PresidentesJoão Figueiredo e Ronald Reagan. De fato, o grupo detrabalho não somente possibilitou estabelecer as bases pa-ra soluções de problemas que, no passado, dificultaram odiálogo no campo nuclear entre os dois países, mas conse-guiu também definir campos específicos para ampliaçãoda cooperação bilateral. As duas delegações concordaramem continuar o renovado diálogo sobre assuntos nuclearese que contatos mais frequentes sobre esses assuntos pode-rão ser úteis para ambas as partes. Tais resultados forampossíveis em razão da franqueza e cordialidade que carac-terizaram as sessões do Grupo de Trabalho Brasil—EUA eque refletiram as orientações do Ministro Ramiro SaraivaGuerreiro e do Secretário de Estado George Shultz.

Washington, D.C., 10 de agosto de 1983.

Embaixador Carlos Augusto Proença Rosa

Embaixador Richard T. Kennedy

PRIMEIRA SESSÃO DO GRUPO DE TRABALHO- BRASÍLIA, 9 e 10 de maio de 1983

Participantes Americanos

1) Ambassador Richard T. Kennedy, State Department,Head of Delegation;

2) Mr. Lewis A. Dunn, Counselor to the Ambassador-at-large;

3) Mr. James Ferrer, Director, Office of BrazilianAffairs, State Department;

4) Mr. Carlton Stoiber, Director, Office of Nuclear Ex-port and Import Control, State Department;

5) Mr. Carlton Thorne, Acting Chief, International Nu-clear Affairs Division, Arms Control and Disarma-ment Agency;

6) Mr. Thomas Dillion, Deputy Assistant Secretary forNuclear Energy, Department of Energy;

7) Mr. James Shea, Director, Office of InternationalPrograms, Nuclear Regulatory Commission;

8) Mr. Daniel Serwer, Counselor for Scientific Affairs,U.S. Embassy, Brasília.

Participantes Brasileiros

1) Embaixador Carlos Augusto de Proença Rosa, Chefedo Departamento Económico do Ministério das Rela-ções Exteriores;

2) Dr. Rex Nazaré Alves, Presidente da Comissão Nacio-nal de Energia Nuclear (CNEN);

3) Dr. Dário José Gonçalves Gomes, Presidente da NU-

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CLEBRAS S/A e representante do Ministério das Mi-nas e Energia;

4) Ministro Sebastião do Rego Barras Neto, Chefe deGabinete do Secretário-Geral do MRE;

5) Ministro Roberto Pinto Ferreira Abdenur, Coorde-nador para Assuntos Económicos e Comerciais, Gabi-nete do Ministro das Relações Exteriores;

6) Senhor Carlos Alberto Quijano, da Secretaria-Geraldo Conselho de Segurança Nacional;

7) Conselheiro Genaro António Mussiolo, Chefe da Di-visão da América Central e Setentrional, Ministériodas Relações Exteriores;

8) Conselheiro Paulo Dias Pereira, Coordenador paraAssuntos Internacionais da Comissão Nacional deEnergia Nuclear;

9) Conselheiro Roberto Rodrigues Krause, Chefe da Di-visão de Energia e Recursos Minerais do Ministériodas Relações Exteriores;

10) Conselheiro Luiz Augusto de Castro Navas, Secreta-ria-Geral do Conselho de Segurança Nacional;

11) Sr. Luiz Francisco Ferreira, Chefe do Escritório deBrasília da NUCLEBRAS S/A;

12) Sr. Flávio Murtinho de Carvalho, Chefe do Escritóriode Brasília da Comissão Nacional de Energia Nuclear;

13) Secretário J.A. de Macedo Soares, Divisão de Energiae Recursos Minerais, Ministério das Relações Exte-riores.

Segunda SessSo do Grupo de Trabalho — Washington,D.C., 8 a 10 de agosto de 1983

Participantes Brasileiros

1) Embaixador Carlos Augusto de Proença Rosa, Chefedo Departamento Económico do Ministério das Rela-ções Exteriores;

2) Dr. Rax Nazaré Alves, Presidente da CNEN;3) Dr. Dário José Gonçalves Gomes, Presidente da NU-

CLEBRÁS S/A e Representante do Ministério dasMinas e Energia;

4) Ministro Roberto Pinto Ferreira abdenur. Coorde-nador para Assuntos Económicos e Comerciais doGabinete do Ministro das Relações Exteriores;

5) Ministro José Artur Denot Medeiros, Chefe do SetorEconómico da Embaixada do Brasil em Washington;

6) Sr. Carlos Alberto Quijano, da Presidência da Repú-blica;

7) Conselheiro Paulo Dias Pereira, Coordenador de Re-lações Internacionais da CNEN;

8) Conselheiro Roberto Rodrigues Krause, Chefe da Di-visão de Energia, do Ministério das Relações Exte-riores;

9) Conselheiro Luiz Augusto de Castro Neves, da Presi-dência a República;

10) Conselheiro Luiz Tupy Caldas de Moura, da Embai-xada do Brasil em Washington;

11) Conselheiro J.A. Macedo Soares, Subchefe da Divi-são de Energia do Ministério das Relações Exteriores;

12) Sr. Luís Francisco Ferreira, da NUCLEBRAS;13) Sr. Cláudio Rodrigues, da CNEN;

14) Primeiro Secretário Sérgio E. Moreira Lima, da Em-baixada do Brasil em Washington.

Participantes Americanos

1) Richard T. Kennedy, Ambassador-at-Large;2) James Devine, Deputy Assistam Secretary for Nu-

clear Energy and Energy Technological Affairs;3) Archaelus Turrentire, Arms Control & Disarmament

Agency;4) James Shea, Director, Office of International Pro-

grams. Nuclear Regulatory Agency;5) Haroldo Jaffe, Acting Deputy Assistam Secretary for

International Nuclear Cooperation and Nuclear Non-Proliferation Policy, Department of Energy;

6) Salvador Ceja, Acting Director, Office of Internatio-nal Nuclear Non-Proliferation Policy, Department ofEnergy;

7) Sol Rosen, Office of Nuclear Energy, Department ofEnergy;

8) Michael McDonough, Office of International NuclearNon-Proliferation Policy, Department of Energy;

9) Jarvis Schwenessen, Office of Nuclear Energy, De-partment of Energy;

10) Alex Perge, Office of Nuclear Energy, Department ofEnergy;

11) Cari Thorne, Armas Control & Disarmament Agency;12) Allen Sessoms, Director, Office of Nuclear Techno-

logy and Safeguards;13) Carlton Stoiber, Director, Office of Nuclear Export

control;14) James Ferrer, Director, Office of Brazilian Affairs;15) Ann Gore, Nuclear Regulatory Commission;16) Richard J.K. Stratford, Executive Assistant to Am-

bassador-at-Large Kennedy;17) Ron Kohler, American Cônsul, Rio de Janeiro;18) Brenda Coleman, Office of Brazilian Affairs.

Primeira SessSo do Grupo de Trabalho — Brasília,9e 10 de maio de 1983

1) Programas de Energia Nuclear2) Cooperação na Área de Segurança Nuclear3) Acordo Bilateral Brasil-EUA4) Angra I5) Fornecimento de Combustível Nuclear pelos EUA6) Foros Multilaterais7) Temas e Políticas de Não-Proliferação8) Exportações nucleares dos EUA9) Posição Brasileira sobre a Cooperação Nuclear sendo

Efetuada com Outros Países em Desenvolvimento10) Próximas Etapas.

Segunda Sessão do Grupo de Trabalho — Washington,D.C., 8 a 10 de agosto de 1983

1) Áreas de possível cooperação no campo nuclear2) Combustível para o reator do IPEN3) Fornecimento de combustível para ANGRA-I

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4) Sistema norte-americano de controle de exportaçãonuclear

5) O papel do Brasil como um fornecedor nuclear6) Questões multilaterais7) Elementos para o Relatório aos Presidentes8) Minuta de Relatório9) Próximas Etapas.

RELATÓRIO FINAL DO GRUPO DE TRABALHOSOBRE COOPERAÇÃO CIENTÍFICAE TECNOLÓGICA

O Grupo de Trabalho sobre Cooperação Científica e Tec-nológica, um dos cinco grupos de trabalho estabelecidospelos Presidentes João Figueiredo e Ronald Reagan, emdezembro de 1982, foi constituído para fortalecer a co-operação bilateral em ciência e tecnologia, mediante a ne-gociação de um novo Acordo básico de Cooperação Cien-tífica e Tecnológica e a ampliação de áreas de colabora-ção, de modo a incluir a participação do setor privado epesquisa e desenvolvimento industrial.

O Grupo de Trabalho sobre Ciências e Tecnologia foi pre-sidido, conjuntamente, pelo Embaixador Miguel A. Ozo-rio de Almeida e pelo Conselheiro Francisco de Lima eSilva, pelo lado brasileiro, e pelo Embaixador James L.Malone, pelo lado norte-americano. Um aspecto importan-te de sua atividade foi a oportunidade de propiciar umencontro entre autoridades de vários órgãos governamen-tais responsáveis por assuntos ligados à ciência e à tecnolo-gia com seus pares de órgãos congéneres do outro país.Esta ampla representação abrangeu os seguintes órgãosbrasileiros: Ministério das Relações Exteriores; Secretariado Conselho de Segurança Nacional; Estado-Maior dasForças Armadas; Ministério das Minas e Energia; Ministé-rio da Indústria e do Comércio; Ministério da Agricultura eConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-nológico. Pelo lado norte-americno, fizeram-se representaros seguintes órgãos: Departamento de Estado; Departa-mento de Defesa; Departamento de Comércio; Depar-tamento da Agricultura; Departamento de Saúde e Servi-ços Humanos; Administração Nacional Aeronáutica e Es-pacial (NASA); Fundação Nacional para a Ciência; Admi-nistração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA); Ser-viço de Levantamento Geológico dos Estados Unidos(USGS); Agência de Proteção Ambiental (EPA) e o Pro-grama de Comércio e Desenvolvimento (USTDP). A listade participantes consta do Anexo I.

O Grupo de Trabalho sobre Ciência e Tecnologia reuniu-seduas vezes: em Brasília, nos dias 26 e 27 de maio de 1983;e, em Washington, de 29 a 31 de agosto do mesmo ano.

Anteriormente às duas citadas reuniões, realizou-se, emWashington, um Seminário sobre Cooperação Científica eTecnológica, de 14 a 16 de dezembro de 1982, com afinalidade de rever e avaliar as atividades conjuntas decooperação nos campos da ciência e da tecnologia. DesteSeminário, presidido pelos Embaixadores Miguel A. Ozó-

rio de Almeida e James L. Malone, participaram represen-tantes das principais entidades de caráter científico e tec-nológico governamentais dos dois países.

O Seminário possibilitou a discussão de projetos potenciaisentre as diferentes entidades participantes. As áreas poten-ciais de colaboração sugeridas constam de sua Ata (AnexoII).

Além do Seminário e das reuniões do Grupo de Trabalhosobre Cooperação Científica e Tecnológica, realizou-se,ainda, em Reston, Virgínia, de 23 a 26 de março de 1983,uma reunião de Cooperação Científica e Tecnológica doSetor Privado Brasil—Estados Unidos. Esse encontro, orga-nizado pela Fundação Nacional para a Ciência (NSF) epelo Programa de Comércio e Desenvolvimento dos EUA(USTDP), objetivou incentivar o intercâmbio de pontos--de-vista entre representantes do empresariado dos doispaíses, no campo da cooperação industrial e tecnológica.A reunião consistiu em uma série de "mesas-redondas"que focalizaram quatro temas específicos: (a) análise deexperiências concretas de cooperação-sugestões para o fu-turo; (b) pontos-de-vista do setor privado de importânciapara futura cooperação; (c) novos rumos da cooperaçãoem ciência e tecnologia; e (d) cooperação futura: gover-no/indústria/u niversidade.

Com o propósito de reforçar a pesquisa e o desenvolvi-mento industrial nos dois países, acordou-se que os gover-nos do Brasil e dos Estados Unidos deveriam incentivar acooperação do setor privado em atividades tecnológicasconjuntas. O novo Acordo Brasil—Estados Unidos relativoà Cooperação em Ciência e Tecnologia constitui meio peloqual as comunidades de pesquisa industrial dos dois paísespossam cooperar e beneficiar-se.

De acordo com as agendas das duas sessões do Grupo deTrabalho sobre Ciência e Tecnologia, dois itens foramobjeto de especial atenção: (a) prosseguimento das discus-sões de importantes projetos e programas de cooperaçãocientífica e tecnológica e (b) negociação do novo AcordoBrasil—Estados Unidos relativo â Cooperação em Ciência eTecnologia.

Observou-se que, (a) durante a visita ao Brasil, em agostode 1983, do Secretário de Agricultura, Sr. John Block, foiassinado um Memorando de Entendimento sobre Inter-câmbio Científico e Técnico em Agricultura, cujos órgãosexecutores são a EMBRAPA e o Setor de CooperaçãoInternacional e Desenvolvimento, do Departamento daAgricultura (USDA); (b) em 12 de abril de 1983, foi assi-nado um Memorando de Entendimento sobre CooperaçãoCientífica e Tecnológica em Ciências Geológicas e Recur-sos Terrestres relativo a Minerais e Energia, cujos órgãosexecutores são o Ministério das Minas e Energia pelo Bra-sil e o Departamento do Interior dos EUA. Da parte nor-te-americana, o programa contará com a participação doServiço Geológico (USGS), do "Bureau of Mines"(USBM), de outros órgãos do Departamento do Interior eoutras organizações norte-americanas. Da parte brasileira,está prevista a participação do Departamento Nacional de

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Produção Mineral (DNPM), do Departamento Nacional deAguas e Energia Elétrica (DNAEE), da Companhia de Pes-quisa de Recursos Minerais (CPRM), outros órgãos do Mi-nistério das Minas e Energia e outras entidades brasileiras.

No decorrer dos debates dos Grupos de Trabalho, verifi-cou-se amplo processo de esclarecimento de posições mú-tuas, sobretudo no tocante â cooperação entre os setoresprodutivos dos dois países. A Delegação brasileira emitiuo parecer de que, dentro de condições adequadas de estí-mulo e dentro de parâmetros institucionais também ade-quados, seria do interesse do empresariado, tanto brasilei-ro quanto norte-americano, cooperar na elaboração de no-vos produtos que correspondessem à demanda dos novosmercados em processo de formação no Terceiro Mundo,incluído, naturalmente, o Brasil. Contemplaram-se amplasperspectivas do potencial deste tipo de cooperação queseria, por assim dizer, formado de mercado, isto é, nosquais a elaboração de novos produtos viria atender merca-dos ainda relativamente subdesenvolvidos. A ideia é que,ao invés de disputarem antigos mercados para os quaisprodutos foram elaborados há muito tempo, os dois paí-ses se concentrariam na criação de novos produtos quecorrespondessem aos estágios culturais de um amplo seg-mento da humanidade no Terceiro Mundo e, por conse-guinte, no próprio Brasil. A parte norte-americana tomounota desses pontos-de-vista com interesse.

O novo projeto de Acordo relativo à cooperação em ciên-cia e tecnologia (Anexo III) amplia o Acordo vigente nossegintes aspectos:

(a) relaciona campos de cooperação passíveis de seremconsiderados no âmbito do Acordo, tais como agricul-tura, saúde, oceanografia, espaço, metrologia, recur-sos naturais, ciências básicas, meio ambiente, engenha-ria e tecnologia industrial, além de outras áreas acor-dadas;

(b) possibilita o incentivo de contatos diretos e coopera-ção entre firmas industriais;

(c) possibilita, mediante aprovação de ambas as partes, aparticipação de indivíduos e instituições de terceirospaíses e organizações internacionais em programas re-gidos pelo Acordo;

(d) possibilita a conclusão de Ajustes Complementares so-bre questões de patentes, direitos autorais e outrosdireitos de propriedade intelectual decorrentes de ati-vidades de cooperação bilateral regidas pelo Acordo; e

(e) prevê o estabelecimento da Comissão Mista Brasil—Estados Unidos de Cooperação em Ciência e Tecnolo-gia, com a finalidade de planejar, coordenar e rever acooperação regida pelo Acordo.

Concordou-se, ainda, em que, caso necessário, o Acordopara um Programa de Cooperação Científica entre o Brasile os Estados Unidos da América, concluído em Brasília, a

1? de dezembro de 1971, fosse prorrogado até a entradaem vigor do novo Acordo.

Acordou-se que os Ajustes Complementares ao Acordobásico seriam concluídos e implementados consoante àsleis e práticas administrativas do Brasil e dos Estados Uni-dos e que os Ajustes Complementares entre entidades pri-vadas dos dois lados entrariam em vigor por via diplomá-tica.

As duas delegações concordaram em que os objetivos esta-belecidos para o Grupo de Trabalho Brasil—Estados Uni-dos sobre Cooperação em Ciência e Tecnologia foram ple-namente atingidos, de conformidade com as diretrizes bai-xadas pelos Presidentes João Figueiredo e Ronald Reagan.isto foi possível graças à franqueza e cordialidade quecaracterizaram as sessões do referido Grupo e que refleti-ram a orientação do Ministro Ramiro Saraiva Guerreiro edo Secretário de Estado George Schultz.

Washington, D.C. de agosto de 1983.

Francisco de Lima e SilvaChefe, substituto, do Departamento de Cooperação Cien-tífica, Técnica e Tecnológica do Ministério das RelaçõesExteriores.

James L. MaloneSecretário Assistente para Assuntos Oceânicos e Ambien-tais e Científicos Internacionais do Departamento de Esta-do.

ANEXO I - LISTA DOS PARTICIPANTES

Delegação Brasileira às reuniões do Grupo de TrabalhoBrasil—EUA sobre Cooperação Cientifica e Tecnológica:

1) Embaixador Miguel A. Ozório de Almeida, Chefe doDepartamento de Cooperação Científica, Técnica eTecnológica do Ministério das Relações Exteriores(chefe da 1a reunião do Grupo de Trabalho);

2) Conselheiro Francisco de Lima e Silva, Chefe, substi-tuto, do Departamento de Cooperação Científica,Técnica e Tecnológica do MRE (chefe da 2a reuniãodo Grupo de Trabalho);

3) Coronel Joubert de Oliveira Brfzida, Secretário deInformática do Conselho de Segurança Nacional;

4) Ministro Sérgio da Veiga Watson, Coordenador deAssuntos Internacionais da Secretaria de TecnologiaI ndustrial do Ministério da I ndústria e Comércio;

5) Conselheiro Celina A. do Vale Pereira,.Chefe da Divi-são de Atos internacionais do MRE;

6) Conselheiro Luiz Tupy Caldas de Moura, Assessor doMinistro de Estado das Relações Exteriores;

7) Doutor José Duarte Araújo, Diretor do Conselho Na-cional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq);

8) Doutor Carlos Oiti Berbert, Diretor de Geologia do

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Departamento Nacional de Produção Mineral do Mi-nistério das Minas e Energia;

9) Primeiro-Secretário Sérgio Eduardo Moreira Lima,Chefe do Setor de Ciência e Tecnologia da Embaixa-da em Washington;

10) Tenente-Coronel Jorge Fernandes Monteiro, da Sub-chefia de Assuntos Tecnológicos do Estado-Maiordas Forças Armadas;

11) Doutor Guilherme Euclides Brandão, Coordenadorjunto à Assessoria de Cooperação Internacional doCNPq;

12) Doutor Oscar Sala, Consu Itor do CNPq;13) Secretário Renato de Assunpção Faria, da Divisão da

América Central e Setentrional do MRE.

Dr. Kurt HeinrichOffice of International AffairsNational Bureau of Standards

Ken HodgkinsNational Oceanographic and Atmospheric Administration

Rob MastersNational Oceanographic and Atmospheric Administratiot

John McAlpineDepartment of Agricultura

Barbara MooreOffice of Science and Technology PolicyWhite House

UNITED STATES DELEGATION

ChairmanJames L. MaloneAssistant SecretaryBureau of Oceans and International Environmental andScientific AffairsDepartment of State

Deputy ChairmanMarry R. MarshallPrincipal Deputy Assistant SecretaryBureau of Oceans and International Environmental andScientific AffairsDepartment of State

Alternate ChairmanDonald C. FergusonDirectorOffice of Cooperativo Science and TechnologyDepartment of State

USG RepresentativasLt. Col. Loyal G. BassettOffice of International AffairsUnited States Air Force

Jean ChristoffOffice of Energy Technology CooperationDepartment of State

Dr. Phyllis E vele thDepartment of Health and Human Services

Eduardo FellerNational Science Foundation

Peter FlournoyAssistant Legal AdvisorDepartment of State

Susan FruchterNational Aeronautics and Space Administration

Col. Thomas O'ConnorResearch and EngineeringOffice of the Under Secretary of Defense

Edward PadelfordOffice of Cooperative Science and Technology (Brazil)Department of State

Eleanor SavageBureau of Inter-American AffairsDepartment of State

Joe SconceTrade and Development ProgramDepartment of State

Dr. Harold StolbergNational Science Foundation

ObservarRichard ConroySmithsonian Institution

RELATÓRIO FINAL DO GRUPO DE TRABALHOSOBRE ASSUNTOS ECONÓMICOS

Durante seu encontro, no Brasil, em dezembro de 1982,os Presidentes João Figueiredo e Ronald Reagan decidi-ram estabelecer, em nível ministerial, um Grupo de Traba-lho sobre Assuntos Económicos, co-presidido pelo Minis-tro da Fazenda do Brasil e pelo Secretário do Tesouro dosEstados Unidos. Tal iniciativa foi particularmente impor-tante em vista da amplitude e complexidade das relaçõeseconómicas entre o Brasil e os Estados Unidos. Além dis-so, o estabelecimento do Grupo de Trabalho foi decididoem um momento especialmente significativo, dadas a se-riedade da situação económica mundial e a necessidade,por parte de ambos os países, de avaliar suas respectivasreaçOes a esta situação. Ao Grupo de Trabalho foi confia-da a tarefa de proceder a um exame das diferentes pers-pectivas dos dois países, bem como de sua respectiva si-

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tuaçâo económica, dando-se particular atenção ao comér-cio bilateral e às relações financeiras. Os debates e estudosrealizados no Grupo de Trabalho devem contribuir parauma melhor compreensão das políticas e programas decada país e para um fortalecimento de suas relações eco-nómicas.

O Grupo de Trabalho sobre Assuntos Económicos foi pre-sidido conjuntamente pelo Doutor Ernane Galveas, Minis-tro da Fazenda do Brasil, e pelo Senhor Donald Reagan,Secretário do Tesouro dos Estados Unidos. A diversidadee complexidade das relações económicas entre os dois paí-ses se ref letiram na composição das respectivas delegaçõesàs reuniões do Grupo de Trabalho. Da parte do Brasil, osseguintes órgãos estiveram representados: Ministério daFazenda, Ministério das Relações Exteriores, Ministério daAgricultura, Ministério da Indústria e do Comércio, Secre-taria de Planejamento, Conselho de Segurança Nacional eCACEX. Da parte norte-americana, fizeram-se representaros seguintes órgãos: Departamento do Tesouro, Represen-tante de Comércio dos Estados Unidos, Departamento deEstado, Departamento do Comércio e Departamento daAgricultura.

O Grupo de Trabalho reuniu-se, em nível ministerial, emWashington, em 22 de abril de 1983, e, em nível técnico,no Rio de Janeiro, de 22 a 26 de agosto, em uma atmosfe-ra construtiva. As referidas reuniões propiciaram umaoportunidade para se ampliar a compreensão mútua dasprioridades de cada país, suas reações à recessão mundial eos respectivos programas e políticas nas áreas do comércioe das finanças. A sessão plenária do Grupo de Trabalho foiaberta com um discurso do Ministro Galveas e obedeceu auma agenda estabelecida na própria reunião. Em suasobservações, o Ministro Galveas descreveu a situação eco-nómica internacional e o seu impacto negativo sobre oBrasil e passou em revista as medidas que o Brasil estavatomando para fazer face aquela situação. No tocante àsituação económica internacional, o Ministro Galveas res-saltou os efeitos cumulativos sobre o Brasil da recessãomundial e dos recentes acontecimentos no setor financei-ro e comercial. Citou, em particular, a segunda alta dospreços do petróleo, os níveis sem precedentes das taxas dejuros, a deterioração dos termos de troca nos países emdesenvolvimento, a intensificação do protecionismo e acrise de liquidez. Estes acontecimentos levaram a uma de-terioração imprevisível na situação do balanço de paga-mentos do Brasil e ao início de negociações com as insti-tuições financeiras multilaterais e com o sistema bancárioprivado, com vistas à obtenção dos recursos necessáriospara fechar o balanço de pagamentos do Brasil em 1983.Em relação a medidas internas adotadas pelo Brasil parafazer face a essa situação sem precedentes, o Ministro Gal-veas descreveu a política de reajustes adotada pelo país eo seu impacto sobre a taxa de crescimento da economia.Ressaltou a necessidade de um aumento das exportações eredução das importações, a fim de se conseguir saldoscrescentes na balança comercial, como forma de se obteros recursos necessários para atender aos compromissos fi-nanceiros externos do Brasil. A esse respeito, salientou o

crescimento dessas obrigações nos anos recentes, devido,em grande medida, aos altos níveis das taxas de juros.

O Secretário Reagan declarou que a economia norte-ameri-cana se vinha fortalecendo e que as perspectivas de umaalta taxa de crescimento no segundo trimestre e no restan-te de 1983 eram bastante boas. Ressaltou o progressoalcançado pelo seu Governo na redução da taxa de infla-ção nos últimos 18 meses e mencionou que a consolidaçãodesse progresso continuaria a ser altamente prioritária.Observou ainda que se havia registrado um progresso con-siderável na redução das taxas de juro em relação aosníveis máximos atingidos em 1981, embora acreditasseque as taxas reais de juros se mantenham excessivamenteelevadas, o Secretário disse ainda que o déficit fiscal erademasiado e que seriam necessárias maiores reduções nosgastos. Não esperava, todavia, que isso fosse fácil; serianecessário um grande esforço para se obter a aprovação doCongresso para tais cortes. O Secretário Reagan referiu-setambém às mudanças estruturais que se vinham registran-do na economia norte-americana, com a crescente impor-tância dos setores de serviços e de alta tecnologia. Obser-vou que se tratava de um processo difícil, porém salutar,que implicaria no declínio da importância de certas indús-trias e nos reajustamentos necessários. Estava convencidode que isso seria conseguido, com êxito, e que a economiahaveria de continuar forte e dinâmica. Para assegurar isso,ressaltou ser importante resistir ao protecionismo, tantonos Estados Unidos quanto em outros países.

Após os discursos iniciais dos dois chefes de delegação,seguiu-se um intercâmbio de pontos-de-vista, durante oqual analisaram-se, em pormenor, as relações económicasbilaterais, a política adotada por seus países para fazerface à situação económica mundial, bem como a contri-buição de cada um, nos foros multinacionais, para a iden-tificação e solução dos atuais problemas da economiamundial. Nesse sentido, chamou-se a atenção para os re-centes desenvolvimentos no GATT e no FMI , conformerefletidos nos resultados da Reunião Ministerial do GATTde 1982 e da reunião anual do FMI /BIRD, em Toronto,em 1982.

As observações do Ministro Galveas e do Secretário Rea-gan, bem como os debates que se seguiram, tiveram parti-cular importância no delineamento das atividades do Gru-po de Trabalho. Os dois países concordaram em que oGrupo deveria concentrar sua atenção sobre o vínculo en-tre os aspectos comerciais e financeiros de suas atuais si-tuações económicas. O Grupo de Trabalho se reuniu, emnível técnico, no Rio de Janeiro, de 22 a 26 de agosto, afim de discutir os recentes acontecimentos financeiros ecomerciais, bem como as políticas de cada país em facedos mesmos. Tais assuntos foram debatidos numa perspec-tiva tanto global quanto bilateral, com ênfase nas atuaisáreas-problemas e na reação de cada país às mesmas.

No que diz respeito à convocação de um grupo do setorprivado, concordou-se em que tal grupo deveria reunir-separa debater toda a gama de relações económicas Brasil—Estados Unidos, e, subsequentemente, preparar relatórios

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separados, um brasileiro e um norte-americano, tecendocomentários sobre tais relações e fazendo recomendaçõespara o seu aprimoramento. Tais reuniões do setor privadose realizaram no Brasil e nos Estados unidos.

Tendo examinado todos os elementos acima descritos, osdois presidentes aprovaram o presente relatório, bem co-mo o seguinte conjunto de conclusões:

O Grupo de Trabalho sobre Assuntos Económicos foi umaexperiência alentadora. Proporcionou um foro de altonível em que os dois países, expressando franco e aberta-mente seus pontos de vista, contribuíram para uma me-lhor compreensão de suas respectivas políticas e para ofortalecimento de suas relações económicas em matériacomercial e financeira.

Num quadro de uma prolongada e profunda recessãomundial, ambas as partes concordaram em que as soluçõespara os problemas da economia mundial devem ser busca-das através do fortalecimento da cooperação internacio-nal.

Ambas as partes reconheceram o alto grau de interdepen-dência da economia mundial e reafirmaram sua convicçãoquanto à necessidade urgente de uma cooperação maisestreita e de uma ação concertada entre todos os países,para fazer face à situação económica internacional. Apesarde levarem em consideração o carãter global dos proble-mas da situação económica internacional, os dois países

(a) deploraram seus profundos efeitos paralisadores sobreas economias de países em desenvolvimento não-produto-res de petróleo, evidenciados na constante diminuição docrescimento econõmico e no aumento dos déficits em suascontas correntes, aumento este que poderia ser atribuído,em grande medida, a fatores externos, entre os quais arecessão internacional, a contração do comércio interna-cional, o declínio da demanda externa, uma queda bruscanos preços de produtos primários e os elevados níveis dastaxas de juros nos mercados internacionais de crédito; e

(b) expressaram sua convicção de que, ao se ajustarem àcrise, tanto os países desenvolvidos quanto os países emdesenvolvimento deveriam, não obstante suas perspectivasdiferentes, adotar políticas que acreditem contribuir paraum clima mais sustentável de crescimento real no futuro.

Ambos os países manifestaram particular preocupaçãocom a necessidade de se evitar o aumento do protecio-nismo. A esse respeito, concordaram em envidar esforçosem favor da liberalização do comércio. No caso dos Esta-dos Unidos, considerou-se que a manutenção de mercadosabertos é essencial para se promover a recuperação econó-mica global e para se facilitar um crescimento sustentávelno futuro. No caso do Brasil, salientou-se que a liberaliza-ção do comércio continuaria a ser buscada, segundo asnecessidades do balanço de pagamentos e dos esforços dopaís no sentido de assegurar uma taxa adequada de cresci-mento económico.

Quanto ao comércio bilateral, ambos os países reconhece-ram que a redução do intercâmbio registrada em 1982 e

no início de 1983 foi uma infeliz ocorrência. Concorda-ram em trabalhar em prol da retomada de níveis maiselevados de comércio bilateral, tendo em vista a necessida-de do Brasil de aumentar suas divisas, a fim de podersatisfazer seus compromissos financeiros externos.

Neste sentido, ambos os países atribuíram particular im-portância às atividades do Subgrupo sobre Comércio, quetem sido um foro em que podem consultar-se sobre suaspolíticas respectivas. Concordaram também em fortalecerainda mais este mecanismo de consulta e em utilizá-locom a possível frequência, como meio de expressar seuspontos de vistas sobre problemas de interesse mútuo. Am-bas as partes se referiram a outras áreas de cooperação emmatéria de comércio bilateral, tais como os recentes me-morandos de entendimento entre o Departamento deComércio dos Estados Unidos e o Ministério das Minas eEnergia do Brasil, que visam a promover a participação dosetor privado norte-americano no desenvolvimento de im-portantes projetos energéticos brasileiros, bem como a re-cente proposta norte-americana de fornecer até US$ 1,5bilhão de dólares em novas garantias e seguros do U.S.Export — Import Bank para promover o comércio com oBrasil.

Reconheceu-se que o Sistema Generalizado de Preferên-cias dos Estados Unidos, ao permitir a entrada de umgrande número de produtos manufaturados brasileiros, li-vres de direitos alfandegários, ajudava a melhorar a com-petitividade brasileira no mercado norte-americano. Reco-nheceu-se também que o sistema deveria ser aprimoradoainda mais, de modo a aumentar, para os países em desen-volvimento, as oportunidades de comércio e a diversifica-ção das exportações. Ambos os países concordaram emdar prosseguimento a suas consultas no que tange ao apri-moramento do SGP e à sua renovação, tanto bilateralmen-te quanto em foros multilaterais.

Ambos oa lados concordaram em que os problemas comos quais se defronta o sistema comercial e financeiro inter-nacional exigem soluções globais multilaterais. A este res-peito, concordaram em que se fazem necessárias consultassobre os tópicos debatidos em foros multilaterais, paraque possam alcançar uma compreensão adequada das res-pectivas posições e, quando possível, explorar rumos deação cooperativa.

No campo do comércio, ambas as partes concordaram emcontinuar a procurar aprimorar o GATT e reiteraram seuapoio à Declaração Ministerial e ao Programa de Trabalhodo GATT contido na mesma. A este respeito, expressaramsua intenção de observar estritamente os termos da refe-rida Declaração, particularmente no que tange ao futuroprograma do GATT.

Reafirmando sua convicção com relação à necessidadepremente de mais estreita cooperação para fazer face àcrise financeira internacional, ambas as partes manifesta-ram que suas políticas deveriam visar a: .

- Redução sustentável de inflação e das expectativas in-

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f lacionárias como um elemento para se conseguir a expan-são continuada da produção e o declínio do desemprego;

— Baixa das taxas de juros e o incentivo de novos financia-mentos líquidos de fontes oficiais e privadas, em apoio aesforços efetivos de reajustamento;

— Necessidade de um fluxo sustentado de assistência e deapoio económico aos países em desenvolvimento, comocomplementação aos recursos fornecidos pelos mercadosfinanceiros;— Necessidade de se equiparem as principais instituiçõesfinanceiras com recursos adequados, para que tenhammaior capacidade financeira de apoiar os programas dereajustamento do balanço de pagamentos e financiar odesenvolvimento. Neste sentido, saudaram os passos re-centemente dados rumo a tais objetivos no âmbito doFM I (conclusão da VI11 Revisão Geral de quotas e aumen-to do montante total dos compromissos e da capacidadede compra por parte de não-participantes, de conformi-dade com os arranjos gerais para tomar empréstimo/GAB); do BIRD (início de negociações para a VI I reposi-ção de recursos da IDA; consideração futura de propostasespecíficas de gerenciamento com vistas a um aumentoseletivo do capital do Banco; introdução de um conjuntode novos instrumentos de co-financiamento destinados aaumentarem a participação de bancos comerciais em pro-jetos do BIRD); do BID (conclusão de negociações sobreo VI aumento geral dos recursos do Banco).

(Donald Reagan) Secretário do Tesouro

(Emane Galvsas)Ministro da Fazenda

3 de outubro de 1983

RELATÓRIO FINAL 00 GRUPO DE TRABALHOSOBRE COOPERAÇÃO INDUSTRIAL-MILITAR

Em decorrência dos entendimentos estabelecidos entre osPresidentes João Figueiredo e Ronald Reagan durante avisita deste ao Brasil, em dezembro de 1982, foi criadoum Grupo de Trabalho com vistas a estudar a cooperaçãoindustrial-militar bilateral. Os objetivos principais do Gru-po de Trabalho seriam examinar as perspectivas de umacooperação industrial-militar compatível com as exigên-cias legais e políticas de ambas as nações e estabelecer osentendimentos inte.governamentais necessários.

O Grupo de Trabalho foi co-presidido pelo General Ru-bens Mário Brum Negreiros, Vice-Chefe do Estado-Maiordas Forças Armadas do Brasil, e pelo Senhor Richard L.Armitpge, Secretário Adjunto de Defesa para Assuntos deSegurança Internacional. A lista dos participantes das de-legações encontra-se no Anexo 1.

o Brasil e os Estados Unidos da América sempre mantive-ram cooperação no campo militar, seja em termos detransferência de equipamento, seja em termos de treina-mento de pessoal. A partir de 1952, tal atividade se desen-volveu ao amparo do Acordo de Assistência Militar, etapaque se encerrou em 1977 diante da nova realidade quepassou a caracterizar o relacionamento bilateral nessa área.

Desse modo, ambos os Governos concordaram no estabe-lecimento de novos parâmetros orientadores da coopera-ção industrial-militar entre os dois países, tendo presenteque essa atividade não poderia ignorar as profundas altera-ções ocorridas neste setor nos anos recentes e a necessida-de de autonomia tecnológica para o segmento militar daindústria.

Ambas as delegações ressaltaram que qualquer eventualintensificação da cooperação industrial-militar bilateralserá plenamente compatível com as relações de fraterni-dade e de solidariedade que os dois países mantêm comtodos os seus vizinhos e com a boa convivência interna-cional.

o Grupo de Trabalho reconheceu de imediato que os Esta-dos Unidos e o Brasil possuem estruturas de Governo,sistemas jurídicos, situações económicas e aspectos geopo-líticos diferentes. Reconheceu, ademais, que tais diferen-ças são normais tratando-se de duas nações independentese soberanas, e, mais importante, percebeu claramente queos valores e interesses comuns de ambos os países superamessas diferenças, o Grupo de Trabalho concentrou seusesforços no sentido de destacar as atividades que pode-riam reforçar os programas bilaterais de cooperação.

As delegações realizaram seus primeiros encontros infor-mais em Washington nos dias 13 e 14 de junho de 1983,com vistas a verificar se reuniões formais de trabalho deve-riam ser realizadas para considerar uma cooperação indus-trial-militar. As reuniões, destinadas essencialmente à tro-ca de dados e informações, examinaram os sistemas jurídi-co e constitucional de ambas as nações, suas experiênciascom terceiros países e assuntos relacionados com transfe-rência de tecnologia na área industrial-militar. As questõesentão consideradas versaram principalmente sobre temasde controle sobre a exportação de produtos derivados detransferência de tecnologia e a dificuldade de a indústriabrasileira se restringir ao mercado interno. Como conse-quência dessa troca de informações e de apreciações, asduas delegações concordaram em convocar a reunião deum grupo formal de trabalho, a ser realizada no mês deagosto, no Brasil.

o Grupo de Trabalho reuniu-se oficialmente em fins deagosto, após intensa preparação. Iniciou suas atividades nodia 29, com visitas à várias instalações industriais e depesquisa na região de São José dos Campos. As sessõesformais foram realizadas em Brasília nos dias 30 e 31 deagosto. Após esse bem sucedido encontro, membros doGrupo visitaram, no dia 01 de setembro, duas instalaçõesindustriais e de pesquisa perto de Campinas.

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Ao longo das discussões de junho e agosto, as delegaçõesexpressaram claramente as principais preocupações desuas respectivas autoridades. A delegação brasileira salien-tou que seu Governo, como parte de sua política de de-senvolvimento económico, está determinado a consolidare a reforçar a indústria brasileira de material de empregomilitar. Para tanto, o Governo brasileiro deseja promoveruma efetiva transferência de tecnologia e resguardar osinteresses comerciais dos fabricantes de material de em-prego militar cujas atividades de exportação, controladaspelo Governo, são, em muitos casos, essenciais à viabili-dade económica de empreendimentos isolados, assim co-mo da indústria em geral. Esse processo deverá capacitar aparte brasileira a adquirir familiaridade crescente e contro-le da tecnologia moderna. A delegação norte-americanaexpressou o desejo de suas autoridades em encorajar umintercâmbio de informações mais intenso. Enfatizou seudesejo de que ambos os países extraiam o máximo debenefícios de tais intercâmbios, no contexto das respecti-vas leis e políticas dos dois Governos.

As reuniões caracterizaram-se por suas deliberações cons-trutivas e amadurecidas. As discussões ref letiram os forteslaços de amizade que unem os dois países, os quais permi-tem uma análise completa e franca dos objetivos e preocu-pações de ambas as partes. As delegações aproveitaramesse ambiente altamente produtivo para buscar objetivosque fossem de genuíno interesse mútuo e que favoreces-sem um relacionamento bilateral mais amplo.

Ambas as delegações concordaram em que os programasde cooperação industrial-militar, a serem estabelecidos,devem basear-se em um conceito de parceria equilibrada,levar em conta os interesses e objetivos próprios de cadapaís, representar uma efetiva transferência de tecnologia,com vistas a fortalecer a base tecnológica própria de cadapaís.

Ambas as delegações ressaltaram o papel fundamental quecabe às indústrias dos respectivos países que, sob a orien-tação dos respectivos Governos no que concerne à segu-rança nacional e aos interesses gerais do país, são agenteseficazes e dinâmicos da promoção de desenvolvimento, dointercâmbio e da cooperação mutuamente vantajosa nessecampo.

Essa abordagem ponderada e positiva explica, sem dúvida,o êxito alcançado pelo Grupo de Trabalho em chegar aum entendimento.

Durante o curso de suas deliberações o Grupo de Tra-balho:

— concluiu que uma cooperação industrial-militar equili-brada é exequível e beneficiaria ambos os países;

— rubricou um Memorando de Entendimento que estabe-lece a intenção de ambos os Governos de encorajar a co-operação industrial-militar e fixa os parâmetros para a sal-vaguarda das informações militares classificadas trocadascom base no referido Memorando. 0 Memorando de En-

tendimento, aqui apenso como Anexo 2, entrará em vigorpor meio de troca de notas diplomáticas;

— ressaltou que uma das áreas de maior potencialidade defactibilidade imediata no desenvolvimento da cooperaçãobilateral é o intercâmbio de equipes técnicas entre ambosos países, com o fim de acelerar o intercâmbio tecnológi-co industrial-militar. Por conseguinte, ambas as delegaçõesdecidiram recomendar a seus respectivos Governos quetomem as medidas necessárias para que o intercâmbio detais equipes em áreas de interesse mútuo venha a realizar-se no futuro próximo;

— concordou em que seus respectivos Governos estabele-çam as linhas e as medidas administrativas necessárias àimplementação dos entendimentos acima citados;

— conduziu consultas preliminares sobre o Acordo Geralde Segurança de Informações Militares;

— recomendou a continuação, no âmbito dos foros apro-priados, das discussões com vistas a ampliar os entendi-mentos já alcançados, e

— tendo concluído que o mandato atribuído pelos Presi-dentes havia sido cumprido, encerrou suas atividades for-mais.

6 de outubro de 1983

Gen. Rubens Mário Brum NegreirosChefe da Delegação Brasileira

Richard L. ArmittageChefe da Delegação dos EUA

DELEGAÇÃO BRASILEIRAGRUPO DE TRABALHO SOBRE COOPERAÇÃO

INDUSTRIAL MILITAR COM OSESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

General-de-DivisãoRubens Mário Brum Negreiros

General-de-BrigadaLuiz da Silva Vasconcelos

General-de-B rigadaRondon de Oliveira Guimarães

Contra-AlmiranteVictor A Ibérico Boisson Moraes

Brigadeiro-do-ArRoberto de Carvalho Rangel

Vice-Chefe do Estado-Maior das Forças Ar-madas

Representante do Mi-nistério do Exército.

Representante do Mi-nistério do Exército.

Representante do Mi-nistério da Marinha.

Representante do Mi-Representante do Mi-nistério da Aeronáu-tica.

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MinistroJosé Viegas Filho

Capitão-de-Mar-e-GuerraUmberto Barbosa Lima Martins

ConselheiroGenaro António Mucciolo

ConselheiroElim Saturnino Ferreira Dutra

Coronel R/R/Luiz de Alencar Araripe

Coronel R/RJosé Carlos de Avelar

Ca pi tSo-de- F ragataJorge Alberto Pereira da Silva

Pri mei ro-SecretárioAntonino Lisboa Mena Gonçalves

Tenente-CoronelEnnio de Mattos Bueno

Tenente-Coronel-AviadorJosé Carlos Pereira

Tenente-CoronelRubens Edison Pinto

Representante do Mi-nistério das RelaçõesExteriores

Representante do Mi-nistério da Marinha.

Representante do Mi-nistério das RelaçõesExteriores.

Embaixada do Brasilem Washington.

Assessor da Presidên-cia da República.

Assessor da Presidên-cia da República.

Representante da Casasa Militar da Presidên-cia da República.

Representante do Mi-nistro das RelaçõesExteriores.

Representante da Se-cretaria-Geral do Con-selho de Segurança Na-cional.

Representante do Ga-binete Militar da Presi-dência da República.

Representante do Ga-binete Militar da Presi-dência da República.

UNITAD STATES DELEGATIONSINDUSTRIAL-MILITARYWORKING GROUP MEETING

Mr. Richard L. Armitage Assistant Secretary of Defense,International Security Affairs, Department of Denfense

Mr. Nestor D. Sanchez Deputy Assistant Secretary ofDefense, Inter-American Region, Department of Defense

Mr. Les Brown Deputy Director, Political-Military Affairs,Department of State

Dr. Frank Kapper Acting Deputy Under Secretary ofDefense, Research and Engineering, Department of Defen-

GB Clarke M. Brintnall Defense Attache and Army Atta-che, American Embassy, Brazil

Mr. James Ferrer, Jr. Director of Brazilian Affairs, Depart-ment of State

Mr. Charles Wilson GSOMIA Advisor, Office of the UnderSecretary, Department of Defense

Mr. Michael J. Cifrino Legal Advisor, Office of the Secre-tary of Defense

Mr. Joseph P. Smaldone Chief, Arms Licensing Division,Department of State

Mr. Paul Jamushian Inter-American Advisor on DefenseAcquisition Procedures for Foreign Suppliers, Departmentof Defense

Cdr. Alexander Castro, Jr. Country Director, Inter-Ame-rican Region, Department of Defense

LTC Jerome S. Wilkowski USAF, Office of the JointChiefs of Staff

Maj James Hawkins USA, Military Liaison Office, Ame-rican Embassy, Brazil

Cdr Raymond C Smith USN, Military Assistant to Assis-tant Secretary Armitage, Department of Defense

os acordos entre o brasil ea bolívia, assinados durante

a visita do presidente figueiredo a

santa cruz de Ia sierraPor ocasião da visita do Presidente João Figueiredoa Santa Cruz de La Sierra, o ministro de Estado dasRelações Exteriores do Brasil, Ramiro Saraiva Guerreiro,e o Ministro das Relações Exteriores e Culto da Boi (via,José Ortiz Mercado, assinaram, no dia 8 de fevereiro de1984, um Acordo, por troca de Notas, para criação deum grupo de trabalho sobre cooperação regionalfronteiriça, e os seguintes Ajustes Complementares aoAcordo Básico de Cooperação Técnica e Cientificaassinado em 10 de julho de 1973: Ajuste para cooperaçãono campo da saúde; Ajuste para cooperação no campoda pesquisa científica e tecnológica; Ajuste paracooperação nos campos agropecuário e agroindustrial;Ajuste para cooperação no campo da produção,processamento e comercialização da borracha; Ajustepara cooperação económica e comercial; e Ajuste paracooperação na execução do projeto hidrelétrico deCachuela Esperanza,

ACORDO PARA CRIAÇÃO DE GRUPODE TRABALHO SOBRE COOPERAÇÃOREGIONAL FRONTEIRIÇA

Col. Donald Kendall Director for International Economicand Energy Affairs, Department of Defense A Sua Excelência o Senhor José Ortiz Mercado,

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Ministro das Relações Exteriores e Culto da República daBolívia

Senhor Ministro,

O desenvolvimento dos contactos a nível regional-frontei-riço entre o Brasil e a Bolfvia tem constituído aspecto dosmais positivos no contexto das relações de amizade e en-tendimento entre os dois países.

2. A multiplicidade destes contactos, bem como as pro-missoras perspectivas que se abrem para o aprofundamen-to da cooperação em matéria de desenvolvimento regio-nal, em benefício sobretudo das populações das áreas vizi-nhas e fronteiriças, requer a manutenção de um diálogopermanente e ágil entre as autoridades nacionais e locaisdos dois países.

3. Com vistas a esse objetivo, o Governo brasileiro propõea criação de um grupo de trabalho sobre cooperação regio-nal-fronteiriça, a fim de identificar e sistematizar as possi-bilidades de ampliação da cooperação a nível local, bemcomo de apresentar sugestões referentes à execução demedidas concretas com esse objetivo.

4. O referido grupo de trabalho, a ser coordenado pelaschancelarias, contaria com a participação de representan-tes de órgãos nacionais, de desenvolvimento regional elocais e se reuniria, alternadamente, com a frequência quefor necessária, em localidades brasileiras e bolivianas.

5. Caso o Governo boliviano esteja de acordo, a presenteNota e a de resposta de Vossa Excelência, de idênticoteor, constituem um acordo entre nossos dois Governos,que entrará em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das Relações Exteriores daRepública Federativa do Brasil

AJUSTE PARA COOPERAÇÃONO CAMPO DA SAÚDE

O Governo da República Federativa do BrasileO Governo da Republicada Bolívia,

CONSIDERANDO o Acordo Básico de Cooperação Técni-ca e Científica entre o Governo da República Federativado Brasil e o Governo da República da Bolfvia, firmadoem La Paz, em 10 de julho de 1973;

RECONHECENDO a importância do intercâmbio nas áreasde recursos humanos, informações, pesquisa e documen-tação, dentro de um marco geral de cooperação técnicaauspiciado pela Organização Panamericana de Saúde;

COM O PROPÓSITO de identificar problemas similares desaúde, tais como a alta mortalidade infantil, desnutriçãoprotéico-calòrica, alta incidência de doenças transmissí-veis, difícil acesso aos serviços de saúde e alto custo dosmedicamentos básicos,

ACORDAM no seguinte:

ARTIGO I

Os países contratantes designam, para a execução do pre-sente Ajuste, as seguintes entidades:

Pela República Federativa do Brasil, o Ministério da Saúde- Fundação Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ);

Pela República da Bolívia, o Ministério da Previdência So-cial e Saúde Pública.

ARTIGO II

Ambas as entidades se comprometem a desenvolver pro-gramas de intercâmbio tecnológico nas áreas de atividadeque constituem objeto do presente Acordo.

ARTIGO III

Os Governos acordam em cooperar nas seguintes áreas:

a) assessoria para a implementação de programas de capa-citação em Medicina Social;

b) programa de intercâmbio de docentes e residentes;

c) intercâmbio de experiências e de informações;

d) desenvolvimento conjunto de pesquisas;

e) apoio bibliográfico e de material de ensino.

ARTIGO IV

O presente Ajuste entrará em vigor na data de sua assina-tura e tem validade de cinco anos, a qual será automatica-mente prorrogada por períodos adicionais de um ano, amenos que qualquer das partes notifique à outra de suaintenção de denunciá-lo, com antecipação mínima de seismeses da data de expiração do período de vigência.

O presente Ajuste poderá ser objeto de modificação me-diante troca de Notas.

Feito em Santa Cruz de La Sierra, aos 8 dias do mês defevereiro de 1984, em dois originais de igual teor nosidiomas português e espanhol, sendo ambos os textosigualmente autênticos.

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AJUSTE PARA COOPERAÇÃO NO CAMPO DAPESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

O Governo da República Federativa do BrasileO Governo da República da Bolívia,

RECONHECENDO a importância da cooperação científi-ca e tecnológica entre o Brasil e a Bolívia;

DESEJOSOS de intensificar essa cooperação e de melhororganizar o intercâmbio entre os dois países nesses cam-pos, com base no Artigo I do Acordo Básico de Coopera-ção Técnica e Científica, celebrado entre o Governo daRepública Federativa do Brasil e o Governo da Repúblicada Bolívia, em 10 de julho de 1973;

CONVIERAM no seguinte:

ARTIGO I

As Partes Contratantes decidem nomear, para a execuçãodo presente Ajuste, as seguintes entidades:

— o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico, doravante denominado "CNPq", pelo la-do brasileiro, e

— A Diretoria da Ciência e Tecnologia, doravante chama-da DICYT, subordinada ao Ministério do Planejamentoe Coordenação, representando o Sistema Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnológico (SINDE-CYT), pela parte boliviana.

ARTIGO II

O CNPq e a DICYT comprometem-se, no âmbito de seusrespectivos programas e no daqueles definidos em comum,a desenvolver e fortalecer a sua colaboração no campo dapesquisa científica e tecnológica. Esta colaboração seráefetivada através de projetos que formarão parte integran-te dos programas de cooperação científica e tecnológicadefinidos pelos respectivos Governos.

ARTIGO III

O CNPq e a DICYT promoverão esta colaboração utilizan-do, entre outros, os seguintes mecanismos de cooperação:

a) intercâmbio de pesquisadores, cientistas, técnicos eprofessores, tendo como objetivo a pesquisa, a forma-ção de quadros de cientistas, consultas e troca de expe-riências, sobre temas relacionados com suas respectivaspolíticas científica e tecnológica;

b) realização de projetos conjuntos de pesquisa científicae tecnológica com vistas â solução de problemas de in-teresse recíproco;

c) intercâmbio de informação e de documentação cientí-fica e tecnológica;

d) organização e realização de cursos de curta duração(período máximo de 04 meses), conferências, seminá-rios, simpósios e colóquios sobre temas de interessecomum;

e) intercâmbio de materiais e equipamentos científicosnecessários à realização dos programas e projetos apro-vados conjuntamente; e

f) qualquer outra modalidade convencionada pelas partesem instrumentos complementares, dentro de suas res-pectivas atribuições legais.

ARTIGO IV

Para fins do presente Ajuste, ambas as entidades concor-dam em:

1. Estabelecer programas de cooperação conjunta atravésde reuniões de delegações entre os dois órgãos executivosou troca de correspondência. Estes programas deverão, emprincípio, ser complementados ou revistos uma vez porano e neles serão fixadas as áreas de interesse para o de-senvolvimento das ações conjuntas;

2. Apresentar os referidos programas de cooperação con-junta â Comissão Mlta Brasil—Bolívia, para os fins previs-tos no Artigo III do Acordo Básico de Cooperação Técni-ca e Científica.

ARTIVO V

Dentro dos programas de intercâmbio de pesquisadores,cientistas, técnicos e professores, cada um dos países rece-berá, anualmente, visitantes qualificados, de interesse mú-tuo, mediante concordância prévia de ambas as PartesContratantes, através da análise da proposta apresentada eda aprovação dos "curricula" dos participantes. Neste pro-grama de intercâmbio, terão prioridade as ações relaciona-das com a execução dos programas de cooperação mencio-nados no Artigo III do presente Ajuste.

ARTIGO VI

O CNPq e a DICYT concordam em facilitar o intercâmbiode pesquisadores, cientistas, técnicos e professores, fican-do a cargo do organismo do país que recebe o visitante, acoordenação das medidas administrativas e técnico-cientí-ficas junto às instituições interessadas em participar dosprogramas de trabalho.

ARTIGO VII

Dentro do quadro do presente Ajuste poderão, também,ser acolhidas candidaturas de pesquisadores, cientistas,técnicos e professores pertencentes a instituições de pes-quisa de seus respectivos países, fora do âmbito das duasinstituições executoras.

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ARTIGO VIII

Cada uma das entidades fará as gestões necessárias para aobtenção dos recursos financeiros que garantam a execu-ção das atividades aprovadas.

ARTIGO IX

1. O CNPq e a DICYT financiarão os gastos de transporteinternacional de ida e volta de seus pesquisadores, cientis-tas, técnicos e professores, inclusive os deslocamentos in-ternos que forem considerados necessários para a realiza-ção de suas missões, cabendo, ao país anfitrião, o custeiodas diárias correspondentes ao período de sua permanên-cia em seu território.

2. O valor das diárias para os visitantes será definido erevisado, periodicamente, mediante troca de correspon-dência entre o CNPq e a DICYT.

3. Excepcionalmente, poderá o país anfitrião, a seu crité-rio, custear as despesas relativas a viagens internas, nãoprevistas no programas, desde que consideradas importan-tes para o melhor desenvolvimento da atividade.

ARTIGO X

As partes assegurarão ao pessoal intercambiado, na formaque acharem mais conveniente, assistência médica adequa-da em casos de emergência. Os ónus decorrentes de morteacidental ou invalidez permanente que possam ocorrer du-rante as visitas previstas ou não previstas nos programas eprojetos aprovados ficarão a cargo da Parte remetente.

ARTIGO XI

O pessoal intercambiado não poderá dedicar-se, no territó-rio do país hospedeiro, a atividades alheias às suas fun-ções, e, nem exercer atividades remuneradas sem a autori-zação prévia de suas respectivas autoridades governa-mentais.

ARTIGO XII

Quando os projetos comuns de pesquisa ou de intercâm-bio derem lugar à importação de equipamento ou materialindispensável à sua execução, as Partes signatárias provi-denciarão as facilidades necessárias para a liberação dosmesmos, de conformidade com as disposições do ArtigoVI do Acordo Básico de Cooperação Técnica e Científica.

ARTIGO XIII

Os assuntos que surgirem relacionados com patentes, as-sim como direitos autorais e correlatos, além dos direitosde proteção e utilização dos resultados alcançados durantea execução do presente Ajuste, serão regulados segundo asdisposições dos convénios internacionais sobre a matéria,dos quais façam parte ambos os países, e pela legislaçãolocal, sem prejuízo do aproveitamento que, para fins de

pesquisa, possam fazer as escolas, universidades e outrasinstituições de pesquisa sem fins lucrativos.

No caso de inexistirem direitos a serem protegidos, confor-me o disposto no parágrafo anterior, os resultados cientí-ficos decorrentes deste Ajuste poderão ser publicados, porqualquer das partes, com a devida citação da fonte.

ARTIGO XIV

O CNPq e a DICYT apresentarão relatório anual conjuntode suas atividades aos respectivos Governos, por intermé-dio dos seus Ministérios das Relações Exteriores.

ARTIGO XV

Os mecanismos necessários à execução dos programas,projetos e atividades, decorrentes da assinatura do presen-te Ajuste, serão estabelecidos mediante troca de corres-pondência entre o CNPq e a DICYT.

ARTIGO XVI

O presente Ajuste entrará em vigor na data de sua assina-tura por um período de três anos e será automaticamenteprorrogado por iguais períodos, a menos que uma dasPartes notifique à outra, por escrito e por via diplomática,com antecedência mínima de seis meses, sua decisão dedenunciá-lo.

A denúncia não afetará os programas e projetos em execu-ção, salvo se as Partes acordarem de modo diferente.

ARTIGO XVII

O presente Ajuste Complementar poderá ser alterado portroca de notas diplomáticas, mediante mútuo entendimen-to entre as Partes, entrando a alteração em vigor na datada nota de resposta.

Feito em Santa Cruz de La Sierra, aos 8 dias do mês defevereiro, do ano de 1984, em dois originais, nos idiomasportuguês e espanhol, sendo ambos os textos igualmenteautênticos.

AJUSTE PARA COOPERAÇÃO NOS CAMPOSAGROPECUÁRIO E AGROINDUSTRIAL

O Governo da República Federativa do BrasileO Governo da República da Bolívia,

CONSIDERANDO o Acordo Básico de Cooperação Técni-ca e Científica entre o Governo da República Federativado Brasil e o Governo da República da Bolívia, firmadoem La Paz, em 10 de julho de 1973;

DESEJOSOS de estabelecer um sistema permanente decooperação-complementação entre os dois países;

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COM O PROPÓSITO de apoiar os programas bolivianoscom vistas a atender sua demanda interna de produtosagropecuários e de elevar os níveis de intercâmbio com oBrasil e incrementar e desenvolver suas exportações aosmercados internacionais;

CONSCIENTES dos benefícios aue esta cooperação ecomplementação podem proporcionar a ambos os países;

ACORDAM no seguinte:

ARTIGO I

1. Constituir um Grupo de Trabalho sobre assuntos agro-pecuários e agroindustriais, presidido pelo Ministro daAgricultura do Brasil ou pelo Secretário-Geral do Ministé-rio da Agricultura e pelo Ministro dos Assuntos Campo-neses e Agropecuários da Bolívia ou pelo Subsecretário daAgricultura, o qual estará encarregado de estudar a coope-ração e complementação mútuas no campo agropecuárioe agroindustrial e recomendar as medidas mais aconselhá-veis para promovê-las e implementá-las.

2. Para participar das sessões do Grupo de Trabalho, se-rão indicados, pelas autoridades competentes, especialistasrepresentando empresas ou centros de educação especiali-zados, públicos ou privados, de ambos os países.

ARTIGO II

1. O Grupo de Trabalho terá o objetivo básico de exami-nar e coordenar a cooperação bilateral em investigação eextensão agrícola, planejamento e administração rural, co-operativismo, irrigação, armazenamento, transporte, con-servação e comercialização nacional e internacional deprodutos agrícolas e promover o treinamento de pessoal.

2. De acordo com o interesse mútuo dos Governos deambos os países, o Grupo de Trabalho facilitará o inter-câmbio de informação entre instituições de ambas as Par-tes Contratantes sobre as verdadeiras possibilidades de co-operação, especialmente nos campos da pecuária, avicultu-ra, reflorestamento, medicina veterinária, horticultura,produção de sementes, produção de ração animal e pro-cessamento de produtos agrícolas.

ARTIGO III

O Grupo de Trabalho reunir-se-á pelo menos uma vez porano, alternadamente, na República Federativa do Brasil ena República da Bolívia, prevendo-se que a primeira reu-nião deverá ser realizada na Bolívia, dois meses após aassinatura do presente Ajuste.

ARTIGO IV

O Grupo de Trabalho buscará, logo que possível, a aprova-ção das sugestões para programas e projetos de coopera-ção pelas respectivas autoridades competentes.

2. As propostas, uma vez aprovadas pelas autoridades

competentes das Partes Contratantes, deverão ser imple-mentadas no mais breve prazo possível.

ARTIGO V

1. As despesas relativas à viagem entre os dois países e àestada das delegações do Grupo de Trabalho serão da res-ponsabilidade do Governo que as envia. O país anfitriãoresponderá pelas despesas necessárias para a organização erealização da sessão do Grupo de Trabalho.2. As obrigações financeiras e materiais resultantes dosprogramas e projetos de cooperação, elaborados pelo Gru-po de Trabalho, estarão sujeitas ao entendimento mútuoentre as Partes Contratantes.

ARTIGO VI

1. O presente Ajuste entrará em vigor na data da suaassinatura.

2. o presente Ajuste permanecerá em vigor por um perío-do de 5 anos e será automaticamente prorrogado por pe-ríodos adicionais de um ano, a menos que qualquer daspartes notifique a outra de sua intenção de denunciá-lo,com antecipação mínima de seis meses da data de expira-ção do per rodo de vigência.

Feito em Santa Cruz de La Sierra, aos 8 dias do mês defevereiro de 1984, em dois exemplares originais, nos idio-mas português e espanhol, sendo ambos os textos igual-mente autênticos.

AJUSTE PARA COOPERAÇÃO NO CAMPODA PRODUÇÃO, PROCESSAMENTOE COMERCIALIZAÇÃO DA BORRACHA

O Governo da República Federativa do BrasileO Governo da República da Bolívia,

CONSIDERANDO o Acordo Básico de Cooperação Técni-ca e Científica entre o Governo da República Federativado Brasil e o Governo da República da Bolívia, firmadoem La Paz, em 10 de julho de 1973;

RECONHECENDO a importância da cooperação e assis-tência técnica para o desenvolvimento das atividades pro-dutivas nas zonas fronteiriças e nos campos de produção,processamento e comercialização da borracha;

COM O PROPÓSITO de intensificar a cooperação e inter-câmbio de experiências e material genético;

ACORDAM no seguinte:

ARTIGO I

Os países contratantes designam para a execução do pre-sente Ajuste as seguintes entidades:

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Pela República Federativa do Brasil, o Ministério da In-dústria e do Comércio — Superintendência para o Desen-volvimento da Borracha (SUDHEVEA);

Pela República da Bolívia, o Ministério de Assuntos Cam-poneses e Agropecuários — Instituto Boliviano de Tecno-logia Agropecuária (IBTA).

ARTIGO II

Ambas as entidades se comprometem a desenvolver pro-gramas de intercâmbio tecnológico nas áreas de atividadeque constituem o objeto do presente Ajuste.

ARTIGO III

Acordam em cooperar nas seguintes áreas:

a) intercâmbio de material genético e de equipamentospara a pesquisa científica no campo da borracha;

b) transferência de tecnologia para aplicação na produçãoe processamento da borracha;

c) Intercâmbio de profissionais, técnicos e catedráticosuniversitários, cujas atividades tenham relação diretacom os campos assinalados anteriormente;

d) intercâmbio de informação e documentação;e) organização e realização de conferências e seminários;f) concessão de bolsas de estudo em universidades brasi-

leiras para cursos de pós-graduação;g) realização de estudos e alocação de recursos para o

funcionamento de fábricas processadoras de borrachanas zonas de produção.

ARTIGO IV

1. Ambas as instituições acordam, em princípio, em reali-zar reuniões anuais para examinar o progresso das açõesempreendidas com vistas a efetivar o estabelecido no pre-sente instrumento.

2. Estas reuniões serão efetuadas de forma alternada emambos os países.

ARTIGO V

O presente Ajuste entra em vigor na data de sua assinaturae tem validade de cinco anos, a qual será automaticamenteprorrogada por períodos adicionais de um ano, a menosque qualquer das partes notifique à outra sua intenção dedenunciá-lo, com a antecipação mínima de seis meses dadata de expiração do período de vigência.

ARTIGO VI

O presente Ajuste poderá ser objeto de modificação me-diante troca de Notas.

Feito em Santa Cruz de La Sierra, aos 8 dias do mês defevereiro de 1984, em dois exemplares originais de igualteor nos idiomas português e espanhol, sendo ambos ostextos igualmente autênticos.

AJUSTE PARA COOPERAÇÃOECONÓMICA E COMERCIAL

O Governo da República Federativa do BrasileO Governo da República da Bolívia,

DESEJOSOS de intensificar a cooperação económica ecomercial e de ampliar o intercâmbio entre ambos ospaíses;

COM VISTAS a estabelecer critérios básicos para a utiliza-ção do financiamento de fornecedor CACEX no valor deaté US$ 100.000.000,00 (cem milhões de dólares norte-americanos) para a exportação de máquinas e equipamen-tos, e de bens e serviços de procedência brasileira destina-dos a projetos prioritários que o Governo da Bolívia exe-cutará para reativar sua economia.

CONVÊM no seguinte:

ARTIGO I

O Governo boliviano apresentou ao Governo brasileiro osseguintes projetos que foram objeto de análise inicial con-junta e que serão considerados prioritários, para efeito daconcessão dos créditos segundo critérios aplicáveis pelaCACEX, essa modalidade de financiamento:

1) Puerto Quijarro;2) usina de álcool em La Paz,3) matadouro frigorífico em Santa Cruz;4) equipamentos para obras urbanas em La Paz;5) equipamentos para serviços e assistência no Aeropor-

to de Viru-Viru;6) equipamentos para reposição do parque ferroviário

boliviano;

7) Equipamentos e estudos para os projetos de conexãorodoviária do Plano Diretor Viário — acordado entreambos os países, e entre os quais, a curto prazo,destacam-se os seguintes trechos:— Rurrenabaque a Guayaramerin— Yucumo a Cobija— Cobija a El Hondo— La Paz a Yucumo— San Rafael a San Matías e Puerto Suárez— CasarabeaEl Hondoe Blanca Flor

8) Aeroporto de Cobija;9) projeto final de Puerto Bush;

10) melhoramento e repopulação do gado;11) silos e centros de abastecimento em Cochabamba, La

Paz e Santa Cruz;12) factibilidade, projeto final e outros serviços para o

parque industrial de La Paz;13) equipamentos e assistência para telecomunicação

rural;14) sistemas e ligação fronteiriços;15) insumos agropecuários;

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16) equipamentos para pesquisa agropecuária;17) assistência, equipamento e materiais para obras no

rio Piraí, em Santa Cruz e18) veículos para a ENTA.

ARTIGO II

Para os projetos mencionados no Artigo I e com préviocumprimento do Artigo IV as entidades bolivianas esco-lherão os exportadores brasileiros. A seleção por parte dasempresas públicas bolivianas far-se-á necessariamente me-diante licitação pública, na qual participarão apenas em-presas brasileiras, à exceção dos casos nos quais o caráterespecializado da demanda implique em número limitadode fornecedores. Nesse último caso, será imprescindívelum certificado oficial brasileiro. Na contratação de servi-ços influirão prioritariamente os fatores técnicos, enquan-to que para a aquisição de bens privilegiar-se-á o fatorpreço.

ARTIGO III

Uma vez aprovada a licitação, o Banco Central da Bolíviaestabelecerá mecanismos e normas financeiras aos quais sesujeitarão avais e completados os trâmites pertinentes.

ARTIGO IV

Com base no pedido boliviano, as solicitações de financia-mento serão apresentadas pelos exportadores brasileiros,na modalidade de crédito de fornecedor CACEX, que osexaminará projeto por projeto, segundo critérios aplicá-veis ao mencionado crédito de fornecedores até o valor deUS$ 100.000.000,00 (cem milhões de dólares norte-ame-ricanos).

ARTIGO V

Para cada projeto, o Governo boliviano designará a entida-de responsável e o Governo brasileiro, poderá indicar, sefor solicitado, a contrapartida adequada para empreenderações de implementação conjunta.

ARTIGO VI

O presente Ajuste Complementar vigorará até o final daaplicação dos financiamentos mencionados, a menos queuma das partes comunique à outra, por escrito, e por viadiplomática, com a antecipação mínima de seis meses, sua.intenção de denunciá-lo.

ARTIGO VII

Este Ajuste poderá ser alterado por troca de notas, combase em entendimentos entre as partes, entrando a altera-ção em vigor na data da nota de resposta.

Feito em Santa Cruz de La Sierra, aos 8 dias do mês defevereiro de 1984, em dois exemplares originais, nos idio-mas português e espanhol, sendo ambos os textos igual-mente autênticos.

AJUSTE PARA COOPERAÇÃONA EXECUÇÃO DO PROJETO HIDRELÉTRICODE CACHUELA ESPERANZA

O Governo da República Federativa do BrasileO Governo da República da Bolívia,

DESEJANDO intensificar a cooperação económica e co-mercial, bem como organizar o intercâmbio entre os doispaíses, e de conformidade com os parágrafos 21 e 22 doComunicado Conjunto assinado por ocasião da visita doChanceler José Ortiz Mercado ao Brasil, em 18 de outubrode 1983;

CONSIDERANDO que o Governo e o Congresso bolivia-no declararam prioritário o Projeto Hidrelétrico de Ca-chuela Esperanza, essencial para o desenvolvimento dosDepartamentos do Beni e Pando;

CONHECENDO a decisão boliviana expressa em lei espe-cífica da República no sentido de iniciar os trabalhos rela-tivos ao mencionado Projeto no ano de 1983;

CONVIERAM no seguinte:

ARTIGO I

Examinar de comum acordo a execução do projeto hidre-létrico de Cachuela Esperanza. O Governo da Bolívia de-signa como entidade diretora do referido projeto a Empre-sa Nacional de Eletricidade (ENDE), que supervisionará aimplantação do projeto, o qual estará a cargo de umaempresa brasileira especializada.

ARTIGO II

Ao tomar nota dos contatos mantidos entre a empresabrasileira "HIDROSERVICE - Engenharia de ProjetosLTDA." e a Empresa Nacional de Eletricidade — ENDE, oGoverno brasileiro coloca à disposição da entidade bolivia-na os competentes certificados referentes aos( serviçosprestados por "HIDROSERVICE" a órgãos do Governobrasileiro, com vistas a comprovar a capacidade1 técnica,administrativa e financeira na elaboração de projetos naárea hidrelétrica.

ARTIGO III

o Governo brasileiro, por intermédio da Carteira de Co-mércio Exterior (CACEX) do Banco do Brasil S.A., con-cordou em financiar os trabalhos de consultoria, viabili-dade, desenho final e supervisão das obras do Projeto Hi-drelétrico de Cachuela Esperanza, no valor de atéUS$ 5.000,000,00, observados os critérios aplicáveis a fi-nanciamentos desta espécie. Este financiamento não sedestina a cobrir gastos locais e seu valor deverá ser deduzi-do do montante acordado no Ajuste Complementar aoAcordo de Cooperação Económica e Técnica entre os Go-vernos da República Federativa do Brasil e da Repúblicada Bolívia.

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ARTIGO IV I - Na área cultural

De conformidade com as diretrizes e especificações a se-rem aprovadas, as mencionadas empresas acordarão ascondições e montantes para a execução total da obra,inclusive construção, equipamentos e serviços, sempre noâmbito do presente documento.

ARTIGO V

O presente Ajuste Complementar vigorará até a conclusãode todas as etapas do P roje to Hidrelétrico de CachuelaEsperanza, a menos que uma das partes comunique à ou-tra, por escrito e por vid diplomática, com antecedênciamínima de seis meses, a intenção de denunciá-lo.

ARTIGO VI

Este Ajuste poderá ser alterado por troca de notas, combase em entendimentos entre as partes contratantes, en-trando a alteração em vigor na data de recebimento danota de resposta.

Feito em Santa Cruz de La Sierra, aos oito dias do mês defevereiro de 1984, em dois exemplares originais nos idio-mas português e espanhol, sendo ambos os textos igual-mente autênticos.*

o programa de intercâmbiocultural entre brasil e senegal

para o biénio de 1984/85Protocolo de aplicação do Acordo Cultural de23 de setembro de 1964, relativo aoPrograma de Intercâmbio Cultural entreo Brasil e o Senegal no biânio de 1984/85,assinado, no Palácio do Itamaraty, em Brasília,em 14 de fevereiro de 1984, pelo Ministrode Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, e pelo Ministro dosNegócios Estrangeiros do Senegal, Moustapha Niasse.

O Governo da República Federativa do BrasileO Governo da República do Senegal,

nos termos do Acordo Cultural firmado em Brasília aos23 de setembro de 1964, entre o Governo da RepúblicaFederativa do Brasil e o Governo da República do Senegalacordaram nas disposições do presente Protocolo de Inter-câmbio Cultural.

ARTIGO I

Cada Parte se compromete a organizar, no território daoutra, manifestações destinadas a ilustrar certos aspectosde sua cultura, mediante representações teatrais, sessõesde cinema, conferências, concertos, exposições de obrasde arte e artesanato, livros e fotografias.

ARTIGO II

As duas Partes incentivarão o intercâmbio de críticos dearte e escritores.

ARTIGO III

A Parte senegalesa organizará uma semana de cinema sene-galês no Brasil numa data que será fixada de comum acor-do entre as Partes. A parte brasileira comunicou a realiza-ção em Dakar, em 1984, da retrospectiva "80 anos docinema brasileiro".

ARTIGO IV

A Parte brasileira examinará a possibilidade de realizar em1985 uma exposição de arte e artesanato relativa à histó-ria do povo brasileiro.

ARTIGO V

As duas Partes promoverão o intercâmbio de técnicos decinema.

ARTIGO VI

A Parte brasileira oferecerá em 1985 à Parte senegalesaestágios de aperfeiçoamento, sem ónus para o Governobrasileiro, nas áreas de artes plásticas e património histó-rico.

II - Na área da Educação

ARTIGO VII

As duas partes trocarão em 1985 técnicos de educaçãopara estudar, num ou noutro país, as reformas, em anda-mento ou futuras, de seus sistemas educacionais.

ARTIGO VIII

As duas Partes levarão a efeito trocas de manuais escolarese materiais didâticos, relacionados ao ensino das respecti-vas línguas.

ARTIGO IX

A Parte brasileira examinará a possibilidade de receber

* Na página 155, seção Mensagens, o texto do telegrama do Presidente João Figueiredo ao Presidente Hernán Sile Zuazo,logo após deixar o espaço aéreo boliviano.

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para estágios de aperfeiçoamento professores senegalesesde línguas portuguesa e literatura brasileira.

ARTIGO X

A Parte brasileira continuará a oferecer vagas em cursossuperiores a estudantes senegaleses.

ARTIGO XI

A Parte senegalesa receberá, na Universidade de Dakar,professores de alto nível universitário.

I l l — Na área da Informação

ARTIGO XII

As duas Partes trocarão documentação e publicações di-versas.

ARTIGO XIII

As duas Partes facilitarão o intercâmbio de missões dejornalistas.

ARTIGO XIV

As rádios e televisões nacionais dos dois pafses colabora-rão em matéria de trocas de programas culturais, sociais edesportivos.

ARTIGO XV

As duas Partes estimularão a agência senegalesa de impren-sa e a agência brasileira de imprensa para que desenvolvamprogramas específicos de intercâmbio.

IV — Na área da Juventude e dos Esportes

ARTIGO XVI

A Parte brasileira oferecerá a partir de 1985, dois estágiosde aperfeiçoamento para professores senegaleses de Edu-cação Física.

ARTIGO XVII

A Parte brasileira informou à Parte senegalesa acerca doPrograma "Esportes para Todos", desenvolvido em nívelnacional pelo Ministério da Educação e Cultura, compro-metendo-se a enviar à Parte senegalesa publicação e docu-mentação sobre o mencionado programa.

ARTIGO XVIII

A Parte senegalesa receberá seleções nacionais de futebol ebasquete.

ARTIGO XIX

A Parte brasileira contribuirá com documentação para a

criação de um Centro Regional de Documentação coloca-do sob a égide do Instituto Nacional Superior de Educa-ção Física e Desportiva (INSEPS).

V — Disposições Gerais

ARTIGO XX

As questões financeiras ligadas à execução do presenteProtocolo, em caso de ausência de ajustes especiais, serãoresolvidas na base da reciprocidade, a saber:

A Parte que envia toma a seu cargo as despesas de trans-porte ida e volta de suas delegações e representantes e aParte que recebe toma a seu cargo as despesas de estada(alojamento, alimentação, deslocamentos locais).

ARTIGO XXI

1. O presente Protocolo entrará em vigor na data de suaassinatura e será válido por um período de dois anos, salvodenúncia escrita por uma das Partes.

2. Em caso de denúncia, os programas em andamentoserão regidos pelo disposto neste Protocolo até completarealização. O presente Protocolo não exclui a execução deoutras medidas que serão julgadas oportunas pelas duasPartes.

Feito em Brasília, aos 14 dias do mês de fevereiro de1984, em português e francês, os dois textos fazendoigualmente fé.

brasil e peru criam grupode trabalho para

elaboração de projetode acordo técnico de navegação

Acordo, por troca de Notas, entre o Brasil e o Peru,para constituição de um Grupo de Trabalhodestinado a elaborar um projeto de acordo técnicode navegação entre os dois Pafses, assinado, emLima, em 28 de fevereiro de 1984, peloEmbaixador brasileiro. Vasco Mariz, e pelo Ministroperuano das Relações Exteriores,Fernando Schwalb Lopez Aldana.

NOTA BRASILEIRA

A Sua Excelência o Senhor EmbaixadorFernando Schwalb Lopez Aldana,Ministro das Relações Exteriores.

Senhor Ministro,

Tenho a honra de dirigir-me a Vossa Excelência para fazer

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referência ao Memorando de Intenções, firmado em 29 desetembro de 1983, na cidade de Lima, pelo Ministro daMarinha do Brasil e pelo Ministro da Marinha do Peru, noqual se estabelece o entendimento para elaborar um acor-do técnico de navegação que defina regras mutuamenteaceitáveis sobre o trânsito e a visita aos portos de naviosde guerra dos dois países em águas fluviais fronteiriças enas que possam ser acordadas por ambas as Partes.

2. A fim de tornar efetivo o estabelecido no referido do-cumento, proponho a Vossa Excelência a constituição deum grupo de trabalho integrado por representantes deambas as Marinhas e pelos assessores que as Partes consi-derem necessários, para que, em prazo razoável, elaboreprojeto de acordo técnico de navegação que regulamente amatéria, em caráter definitivo.

3. Esta Nota e a resposta de Vossa Excelência, concebidaem termos iguais, formalizarão a criação do grupo de tra-balho, que contribuirá a um maior fortalecimento das tra-dicionais relações existentes entre ambos os Países.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração

Vasco MarizEmbaixador

NOTA PERUANA

Al Excelentfsimo SehorVasco MarizEmbajador Extraordinário y Plenipotenciáriodei BrasilCiudad.

Sefior Embajador:

Tengo a honra dirigirme a Vuestra Excelência con el finde hacer referencia ai Memorándum de Intenciones suscri-to el 29 de septiembre de 1983, en Ia ciudad de Lima, porel Ministro de Marina dei Brasil y el Ministro de Marinadei Peru, en el cual se establece el entendimiento paraelaborar un Acuerdo Técnico de Navegación que definaregias mutuamente aceptables sobre paso y visita a lospuertos de buques de guerra de los dos países en aguasfluviales f ronterizas y en Ias que puedan ser acordadas porambas Partes.

A fin de hacer efectivo Io establecido en el referido docu-mento, propongo a Vuestra Excelência Ia constitución deun Grupo de Trabajo integrado por representantes deambas Marinas y los asesores que Ias Partes considerennecesarios, para que en un plazo razonable, elaboren elproyecto de Acuerdo Técnico de Navegación que regia-mente Ia matéria, con carácter definitivo.

Esta Nota y Ia respuesta de Vuestra Excelência concebi-da em términos iguales, perfeccionarán Ia creaciôn dei

Grupo de Trabajo, que contribuirá a un mayor fortaleci-miento de Ias tradicionales relaciones existentes entre am-bos países.

Aprovecho Ia oportunidad para renovar a Vuestra Exce-lência Ias seguridades de mi más alta y distinguida conside-ración.Fernando Schwalb Lopez AldanaMinistro das Relações Exteriores do Peru

os acordos entre o brasil e oméxico, assinados durante a visitado presidente miguei de Ia madridPor ocasi3o da visita do Presidente do México, Miguelde Ia Madrid Hurtado, ao Brasil, foram assinados, noPalácio do Itamaraty, em Brasília, em 30 de março de1984, os seguintes atos bilaterais entre os dois Países:Programa de Trabalho sobre Cooperação EconómicaBilateral para 1984/85 e Protocolo em matéria deapoio financeiro ao comércio bilateral, assinados pelosMinistros das Relações Exteriores, Ramiro SaraivaGuerreiro, e da Fazenda, Ernane Galvâas, e pelosSecretários de Relações Exteriores, Bernardo SepúlvedaAmor, e de Comércio e Fomento Industrial, HectorHernández Cervantes; e o Ajuste Complementar aoAcordo Básico de Cooperação Industrial (assinado naCidade do México, em 18 de janeiro de 1978) paracooperação no campo da Normalização, Metrologia,Certificação de Conformidade às Normas,Credenciamento de Laboratórios de Ensaio,Documentação e Informação, bem como estímulo àsatividades de Controle de Qualidade, assinado peloChanceler Saraiva Guerreiro e pelos Secretários deRelações Exteriores, Bernardo Sepúlveda Amor,e de Comérco e Fomento Industrial, Hector HernándezCervantes.

PROGRAMA DE TRABALHO SOBRECOOPERAÇÃO ECONÓMICA BILATERAL

Como resultado dos entendimentos alcançados pelos Pre-sidentes do Brasil e do México, em reuniões realizadas emBrasília, de 28 a 30 de março, ambos os Governos acorda-ram em desenvolver conjuntamente o presente Programade Trabalho sobre Cooperação Económica Bilateral, para1984-1985. Este Programa, atendendo à complementaçãoeconómica existente entre os dois países, ao benefíciorecíproco, e às disponibilidades de recursos, estabelece asbases operativas de ação comum, nos campos comercial,industrial, financeiro, energético, técnico e científico, detransporte marítimo e de política e planejamento econó-mico.

I - COOPERAÇÃO EM ASSUNTOS COMERCIAIS

Acordou-se em que o comércio bilateral se desenvolva, deacordo com os seguintes princípios e normas:

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i) ampliação sustentada de ambas correntes comerciais,eliminação progressiva de barreiras à comercializaçãode bens, e maior intercâmbio de serviços entre os doispaíses;

ii) adoção das medidas que viabilizem o intercâmbio co-mercial bilateral dinâmico, equilibrado em seus resulta-dos e diversificado em sua composição;

iii) exploração conjunta de oportunidades para exportaçãode bens e serviços para terceiros países;

iv) estabelecimento de mecanismos de intercâmbio de in-formações sobre a oferta e demanda efetivas e poten-ciais de cada país, com vistas a maximizar a comple-mentação das duas economias;

v) apoio mútuo às iniciativas promocionais de cada país,mediante intercâmbio de visitas de empresários públi-cos e privados, realização de missões empresariais ecomerciais e participação em feiras e exposições; e

vi) fortalecimento dos mecanismos de compensação, cré-ditos e pagamentos, para ampliar o intercâmbio comer-cial bilateral.

Para tanto, acordou-se em estabelecer, para 1984-1985, osseguintes objetivos:

i) agilização dos trâmites administrativos para importa-ção de produtos de interesse comum: para os produtosnegociados no Acordo de Alcance Parcial n? 09 e nosacordos comerciais de que participam ambos os países,no marco da ALADI, a emissão das licenças ou guiasde importação se fará, de forma recíproca, nos seguin-tes prazos:— em até 15 dias, sempre que os pedidos não exce-

dam os volumes de importação anual que normal-mente efetue a empresa solicitante; e

— em até 45 dias, quando os pedidos formuladosexcederem os mencionados volumes;

ii) quando exista interesse ou necessidade de continuar-sea importar os produtos de que trata o item anterior, equando se esgotarem as quotas para eles estabelecidasna ALADI, negociar-se-ão, caso a caso, novos níveis dequotas;

iii) adoção recíproca de medidas que facilitem e agilizemo intercâmbio comercial e a participação de empresasde cada país no outro mercado:a) O Governo brasileiro expressou interesse, entre ou-

tros, nos seguintes produtos, setores e oportunida-des: lecitina de soja, fosfato de magnésio, ferro-gusa, polipropileno, sintonizadores eletrònicos, am-plificadores estereofónicos, sintonizadores AM/FM;soja, papel e celulose, fósforo de alumínio, petro-químicos, lubrificantes e parafinas, ònibus elétri-cos, trilhos para ferrovias; e bens de capital: equipa-mentos agrícolas, para manipulação de carga por-tuária, para as indústrias petrolífera, siderúrgica, de

calçados e têxtil; projetos de implantação de unida-des processadoras de frutas, de modernização da in-dústria açucarei ra e de instalação de armazéns in-fláveis.

b) o governo mexicano expressou interesse, entre ou-tros, nos seguintes produtos, setores e oportunida-des: elétrodos de grafite, bioxido de manganês, mi-nerais metálicos e não-metãlicos e seus derivados,produtos químicos e petroquímicos, enxofre, sulfa-to de amónia, partes e equipamentos elétricos eeletrònicos, equipamentos periféricos para a indús-tria de informática; bens de capital para as indús-trias siderúrgica, petrolífera, petroquímica e deplásticos; projetos de exploração petrolífera, espe-cialmente no mar ("off-shore"), de expansão side-rúrgica e de obras de infra-estrutura.

iv) concessão recíproca, na medida do possível, de prefe-rência nas concorrências públicas, dos respectivos paí-ses, quando existam propostas com financiamento bra-sileiro, mexicano ou de ambos os países;

v) desenvolvimento de programas especiais de intercâm-bio comercial para a aquisição recíproca de pacotes dedeterminados produtos, propostos pelos setores em-presariais de ambos os países. Nas primeiras operaçõesdeste tipo, poderiam incluir-se os seguintes produtos:discos e cintas magnéticas, e equipamentos periféricospara computação; bens de capital; trilhos ferroviários,componentes para equipamento de âudio, componen-tes para máquinas de escrever e minicomputadores eoutros produtos eletrònicos.

vi) estudar a iniciativa de estabelecer, no âmbito daALADI, e com aplicação ao conjunto da América Lati-na preferências tarifárias regionais, de caráter unilate-ral. Cada um dos países de maior desenvolvimento re-lativo da região concederia preferência tarifária subs-tantiva a listas de produtos definidas unilateralmente apartir das solicitações recebidas, sem exigências de re-ciprocidade e, para tanto, modificáveis a qualquer mo-mento. Espera-se que outros países da região outor-guem, também unilateralmente, preferências de magni-tude adequada a seu nível de desenvolvimento. Destaforma, sem esperar o estabelecimento da PreferênciaTarifária Regional (PTR) da ALADI, contar-se-ia comum incentivo poderoso para ampliar e diversificar ocomércio intralatino-americano.

II - COOPERAÇÃO INDUSTRIAL

Os dois Governos concordaram em que, no campo indus-tral, abrem-se perspectivas apreciáveis de complementaçãoe cooperação, com participação de empresas públicas, pri-vadas e de economia mista, e de acordo com os respecti-vos planos nacionais de desenvolvimento.

No curto prazo, identificaram-se as seguintes áreas especí-ficas de colaboração:

i) matérias-primas farmacêuticas: estabelecimento de sis-tema conjunto de informações sobre preços, demanda.

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oferta e tecnologia desses produtos, com vistas à possí-vel reorientação de compras, pelo Brasil e pelo México,em favor de suas empresas nacionais;

ii) bens de capital: fabricação no México, sob contratoentre a Nardini S/A e a Ahmsa Fábrica Nacional deMáquinas Herramientas, de tornos paralelos universais,com tecnologia da empresa brasileira;

iii) indústria do açúcar e do álcool: estabelecimento deesquemas de cooperação, com intercâmbio de informa-ções nas áreas tecnológica e administrativa, e com rela-ção a produção, processamento e comercialização doaçúcar e do álcool, entre a Azúcar S/A e uma empresaou entidade brasileira adequada;

iv) bauxita: continuação da cooperação na área de explo-ração e comercialização industrial de bauxita;

v) celulose, fibras duras, bens de capital, equipamentossiderúrgicos e ferroviários e produtos petroquímicos:reativação do Convénio BNDES/NAFINSA para exa-me prioritário de cooperação a nfvel empresarial, nes-sas áreas, e do estabelecimento de fundos de coinver-são;

vi) produtos na área de siderurgia: reativação do "Acordode Cooperação Técnica entre a SIDERBRÁS e aSIDERMEX e do Convénio entre CONSIDER e CCIS,para propiciar intercâmbio de informações sobre bensde capital e comercialização de produtos siderúrgicos.

Para o médio prazo, confirmou-se a importância de que sepromovam p roje tos de desenvolvimento no Brasil e noMéxico, que abram maiores perspectivas de cooperaçãobilateral, destacando-se entre eles:

i) estabelecimento de projetos de infra-estrutura portuá-ria, especialmente no Porto de Altamira, com presta-ção de serviços e fornecimento de equipamentos porempresas do Brasil e do México;

ii) estabelecimento de uma Usina de Peletização em Alta-mira; e

iii) ampliação da capacidade instalada da USIBA, com em-prego de tecnologia HYL I I I .

Ill - COOPERAÇÃO FINANCEIRA

Em matéria financeira, concordou-se em que se deveráatribuir prioridade ao tratamento dos seguintes assuntos:

i) Divida comercialEstabelecimento de um sistema de crédito-coberturacambial, a ser negociado entre o Banco do Brasil S/A(CACEX) e o Banco Nacional de Comércio Exterior,aplicável à cobertura de operações pendentes, não cur-sadas pelo Convénio de Pagamentos e Créditos Recí^procos que constituam dívidas de importadores mexi-canos com exportadores brasileiros;

ii) Convénio de Pagamentos e Créditos RecíprocosAmpliação das atuais linhas de crédito entre o BancoCentral do Brasil e o Banco de México, com vistas aestabelecer montantes adequados às necessidades docomércio bilateral e evitar os frequentes pedidos deliquidação extraordinária. Conveniência de que todosos pagamentos derivados de importações de cada país,procedentes do outro, se canalizem por meio do Con-vénio, em conformidade com as disposições cambiaisem vigor em cada país.

iii) Linhas Reciprocas de CréditoEstabelecimento de uma linha de crédito, por US$ 50milhões, do Banco Nacional de Comércio Exterior aoBanco do Brasil S/A, equivalente à que esta instituiçãooutorgou àquele banco mexicano;

iv) Intercâmbio nos Setores Petrolífero e PetroquímicoAgilização dos entendimentos entre o Banco Centraldo Brasil e o Banco de México e, a nível técnico, entrea PETROBRÁS e a PEMEX, para estender a mecânicade financiamento mútuo de exportações de petróleo(PEMEX) e produtos petrolíferos e petroquímicos(PETROBRÁS), até 31 de dezembro de 1984.

IV - COOPERAÇÃO ENERGÉTICA

O Brasil manifestou interesse, em caso de que se imple-mente o projeto de transmissão de energia em correntecontínua, a cargo da Comisión Federal de Electricidad,em que se considere a proposta apresentada por um con-sórcio de firmas brasileiras.

O México, de seu lado, expressou interesse de empresasmexicanas em participarem do programa de prospecção daPETROBRÁS. Além disso, mencionou seu desejo de obtercooperação brasileira no campo hidrelétrico.

V - COOPERAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

Acordou-se em dar prioridade aos seguintes objetivos, semprejuízo de outras iniciativas de cooperação:

i) Estabelecimento de um esquema de "risco comparti-lhado bilateral", proposta mexicana sob estudo noBrasil, para promover o intercâmbio contínuo de in-formações técnicas e tecnológicas e para gerar tecnolo-gias próprias, desenvolvidas de forma conjunta, porempresas médias e pequenas, dos dois países;

ii) intercâmbio, no presente ano, de até 20 bolsistas, paracursos de pós-graduação, nos dois países, no marco doprograma de intercâmbio de jovens cientistas entre oCNPq e o CONACYT; e

iii) inclusão de microeletronica entre os campos compre-endidos no programa de cooperação científ ico-técnicabilateral.

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VI - COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DETRANSPORTE MARÍTIMO

Quando os fretes marítimos se convertam em obstáculo,ao intercâmbio comercial, promover-se-ão, em cada caso,consultas entre os interessados diretos e as autoridadesmarftimas compententes.

VII - COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE POLÍTICA EPLANEJAMENTO ECONÓMICOS

Concordou-se em dar prosseguimento à coopeação nessecampo, como previsto no Ajuste Complementar ao Acor-do Básico de Cooperação Científica e Técnica, firmadoem Cancún, em abril de 1983. Para isso, realizar-se-á, emBrasília, seminário sobre as políticas de ajustamento eco-nómico e a infra-estrutura de planejamento económico esocial. Visitarão o México, em futuro próximo, técnicosbrasileiros, para estágio em instituições mexicanas de pes-quisa e planejamento económico.

Adotado em Brasília, aos 30 dias do mês de março de1984, em dois exemplares, nos idiomas português e espa-nhol, ambos originais e igualmente válidos.

PROTOCOLO EM MATÉRIA DE APOIOFINANCEIRO AO COMÉRCIO BILATERAL

O Governo da República Federativa do Brasil eO Governo dos Estados Unidos Mexicanos,

Considerando a importância que reveste o fomento dascorrentes comerciais entre ambos os países, bem como oredirecionamento do comércio para a região;

Considerando a conveniência de criar condições adequa-das em que essas correntes comerciais possam ocorrer coma maior fluidez;

Considerando os desejos manifestados por ambos os Go-vernos de adotar ações tendentes a fortalecer os vínculoscomerciais e financeiros dentro de um marco amplo decooperação;

Acordam no seguinte:

ARTIGO I

Outorgar, através de suas respectivas entidades especializa-das, linhas de crédito recíprocas até o montante deUS$ 50 milhões para o apoio de suas exportações, tendopor base os mecanismos já instituídos em ambos os paísespara o financiamento dessas operações.

ARTIGO II

Formalizar, com a maior brevidade possível, os convéniostécnicos operativos para instrumentar este Protocolo, atra-vés do Banco do Brasil S.A. e o Banco Nacional de Comér-cio Exterior S.A., do México.

ARTIGO III

O presente Protocolo entra em vigor na data de sua assina-tura.

Feito em Brasília, aos 30 dias do mês de março de 1984,em dois exemplares originais, nos idiomas português e es-panhol, sendo ambos os textos igualmente autênticos.

AJUSTE COMPLEMENTAR PARACOOPERAÇÃO NO CAMPO DANORMALIZAÇÃO, METROLOGIA,CERTIFICAÇÃO DE CONFORMIDADE ÀSNORMAS DE CREDENCIAMENTO DELABORATÓRIOS DE ENSAIO,DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO, BEMCOMO O ESTIMULO ÀS ATIVIDADESDE CONTROLE DE QUALIDADE

O Governo da República Federativa do BrasileO Governo dos Estados Unidos Mexicanos,

Inspirados no desejo de desenvolver a cooperação tecnoló-gica, industrial e comercial, de conformidade com o quedispõe o Acordo Básico de Cooperação Industrial, firma-do na Cidade do México em 18 de janeiro de 1978, econsiderando a conveniência de realizar intercâmbios emmatéria de Normalização, Metrologia, Certificação deConformidade às normas, Credenciamento de Laborató-rios de Ensaio, Documentação e Informação, bem como oestímulo às atividades de Controle de Qualidade,

Acordam no seguinte:

ARTIGO I

O Governo brasileiro designa como entidade responsávelpela execução do presente Ajuste o Instituto Nacional deMetrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INME-TRO), da Secretaria de Tecnologia Industrial, do Ministé-rio da Indústria e do Comércio, e o Governo mexicanodesigna, com a mesma finalidade, a Direção Geral de Nor-mas (DGN), da Subsecretária de Comércio Interior, daSecretaria de Comércio e Fomento Industrial.

ARTIGO II

Os dois Governos promoverão a cooperação no domínioda Normalização, Metrologia, Certificação de Conformi-dade às Normas, Credenciamento de Laboratórios de En-saio, Documentação e Informação, bem como o estímuloàs atividades de Controle de Qualidade através das seguin-tes modalidades:

1) intercâmbio e atualização permanente de catálogosde normas oficiais, assim como das relações de pro-dutos que obtiveram a licença de uso da marca deconformidade e de seus respectivos fabricantes, e for-

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necimento permanente de relações de laboratórioscredenciados;

2) prévio estudo em cada caso e, mediante solicitação,aceitação mútua de certificação de conformidade àsnormas oficiais, expedidas por autoridade competen-te, bem como instituições ou laboratórios credencia-dos pelos órgãos designados no presente Ajuste;

3) intercâmbio de informações sobre os sistemas de cer-tificação estabelecidos em ambos os patos e em de-terminados setores de produtos, com o propósito dealcançar nesse campo um nível de reciprocidade;

4) intercâmbio de informação sobre sistemas internosde acreditamento de laboratórios de ensaios e de cali-bração de padrões e instrumentos de medição;

5) estabelecimento de procedimentos administrativos emétodos de teste que se apliquem em cada país a fimde que sejam os mesmos para os produtos nacionais eos de importação;

6) fornecimento, pelas entidades encarregadas da execu-ção do presente Ajuste, mediante solicitação, dos se-guintes dados:

a) normas segundo as quais os produtos são ensaia-dos; e

b! indicação dos requisitos das normas que o pro-duto deixou de cumprir quando de sua rejeição;

7) intercâmbio de informações, de experiências e pro-gressos em matéria de sistemas de melhora de contro-le e certificação de qualidade, bem como das ativjda-des metrológicas;

8) iniciar conversações com respeito ao reconhecimentomútuo das marcas nacionais de conformidade comnormas;

9) estabelecimento de um mecanismo de consultas pré-vias, o qual será utilizado sempre que ocorrer necessi-dade de mudança ou de atualização de um dos Siste-mas Nacionais de Certificação;

10) estabelecimento de um programa conjunto de com-paração de padrões metrológicos;

11) estabelecimento de um mecanismo que permita ho-mogeneizar especificações das normas tanto de no-menclatura quanto de qualidade e dos métodos deensaio de ambos os países, nos produtos objeto deintercâmbio comercial;

12) promoção, mediante entendimentos recíprocos, decursos, conferências e seminários sobre os temasobjeto do presente Ajuste, em ambas as instituições,inclusive sob o co-patrocínio de organizações inter-nacionais para a formação de recursos humanos;

13) trato, acordado por ambas as Partes, de outros temasrelacionados com este Ajuste;

14) realização de consultas mútuas entre as entidades en-carregadas da execução do presente Ajuste sobre ostemas nele constantes, desde que assim o exija o inte-resse de uma das Partes;

15) manutenção de um fluxo mútuo de informações so-bre as conversações ou gestões que as Partes possamter com terceiros países, sobre os assuntos de quetrata o presente Ajuste, a fim de fortalecer a posição

comum do Brasil e do México, a respeito desses as-suntos.

ARTIGO I I I

O presente Ajuste entrará em vigor na data de sua assina-tura e terá a mesma vigência do Acordo Básico de Coope-ração Industrial, salvo se uma das Partes comunicar à ou-tra, por via diplomática, sua decisão de denunciá-lo. Nestecaso, a denúncia surtirá efeito seis meses após a data danotificação.

ARTIGO IV

O presente Ajuste poderá ser modificado, por troca denotas diplomáticas, mediante mútuo consentimento dasPartes. A modificação entrará em vigor na data da nota deresposta.

Feito em Brasília, aos 30 dias do mês de março de 1984,em dois exemplares originais, nos idiomas português e es-panhol, sendo ambos os textos igualmente autênticos.

acordos bilaterais do brasilcom outros países, promulgados

no primeiro trimestre de 1984Acordo Comercial com a Argélia, assinado em Brasília, em3 de junho de 1981, foi aprovado pelo Decreto Legislativon? 86, de 24 de outubro de 1983, publicado no DiárioOficial n? 205, de 25 de outubro de 1983, entrou emvigor no dia 10 de novembro de 1983 e foi promulgadopelo Decreto n? 89.299, de 13 de janeiro de 1984, publi-cado no Diário Oficial n? 11, de 16 de janeiro de 1984. Otexto do Acordo Comercial com a Argélia foi publicadopor esta Resenha, em seu número 29, página 144.

Convânio sobre Transporte Terrestre Fronteiriço de Cargacom a Venezuela, assinado em Caracas, em 19 de fevereirode 1982, foi aprovado pelo Decreto Legislativo n?88 , de24 de outubro de 1983, publicado no Diário Oficial n?205, de 25 de outubro de 1983, entrou em vigor no dia17 de novembro de 1983 e foi promulgado pelo Decreton? 89.327, de 25 de janeiro de 1984, publicado no DiárioOficial n? 19, de 26 de janeiro de 1984. O texto doConvénio sobre Transporte Terrestre Fronteiriço de Cargacom a Venezuela foi publicado por esta Resenha, em seunúmero 32, página 162.

Convânio sobre Transportes Marítimos com o Equador,assinado em Brasília, em 9 de fevereiro de 1982, foi apro-vado pelo Decreto Legislativo n? 59, de 29 de agosto de1983, publicado no Diário Oficial n? 168, de 31 de agostode 1983, entrou em vigor no dia 9 de fevereiro de 1984 efoi promulgado pelo Decreto n? 89.419, de 8 de março de

1984, publicado no Diário Oficial n? 48, de 9 de marçode 1984. O texto do Convénio sobre Transportes Maríti-mos com o Equador foi publicado por esta Resenha, emseu número 32, página 152.

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Tratado de Amizade e Cooperação com o Equador, assina-do em Brasília, em 9 de fevereiro de 1982, foi aprovadopelo Decreto Legislativo n? 106, de 5 de dezembro de1983, publicado no Diário Oficial n? 235, de 9 de dezem-bro de 1983, entrou em vigor no dia 22 de fevereiro de1984 e foi promulgado pelo Decreto n? 89.456, de 20 demarço de 1984, publicado no Diário Oficial n? 56, de 21de março de 1984. O texto do Tratado de Amizade eCooperação com o Equador foi publicado pgr esta Rese-nha, em seu número 32, página 148.

ACORDOS BILATERAIS DO BRASIL COMOUTROS PAÍSES, ASSINADOS NOPRIMEIRO TRIMESTRE DE 1984, E QUEAINDA NÃO ESTÃO EM VIGOR

Protocolo de Intenções com a Argentina, assinado, emBrasília, em 31 de janeiro de 1984, pelo Ministro de Esta-do das Relações Exteriores, Ramiro Saraiva Guerreiro, epelo Secretário de Comércio argentino, Ricardo O. Cam-pe ro.

Acordo sobre Cooperação em Ciência e Tecnologia comos Estados Unidos da América, assinado, em Brasília, em6 de fevereiro de 1984, pelo Ministro de Estado das Rela-ções Exteriores, Ramiro Saraiva Guerreiro, e pelo Secretá-rio de Estado norte-americano, Gerorge P. Shultz.

Protocolo Substitutivo do Artigo VI do Acordo Culturalcom o Senegal (o Acordo foi assinado em 23 de setembrode 1964), assinado, em Brasília, em 14 de fevereiro de1984, pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, e pelo Ministro de Estado En-carregado dos Negócios Estrangeiros do Senegal, Mousta-pha N iasse.

Protocolo Adicional ao Acordo de Comércio com o Pa-quistão, assinado, em Islamabad, em 4 de março de 1984,pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores, RamiroSaraiva Guerreiro, e pelo Ministro das Finanças, Comércioe Coordenação, Ghaulan Ishaq Khan.

registro de assentamentos deatos multilaterais, dos

quais o brasil é parte, ocorridosno primeiro trimestre de 1984

CONSTITUIÇÃO DE ORGANISMOSINTERNACIONAISEstatuto da Agência Internacional de Energia Atómica —1956China ADERIU.

CONVENÇÕESConvenção sobre a Proteção do Património Mundial, Cul-tural e Natural — 1972República Árabe do lêmen RATIFICOU.

ConvençSo sobre a Eliminação de todas as Formas de Dis-criminação contra as Mulheres — 1979Brasil (com declarações e reservas) e Espanha (com reser-vas) RATIFICARAM.

Convenção para a Repressão ao Apoderamento II feito deAeronaves — 1970Bahrein ADERIU.

Convenção para a Repressão de Atos Ilícitos contra Segu-rança da Aviação Civil - 1971Bahrein ADERIU

Convenção Internacional sobre Normas de Treinamentode Marftimos, Expedição de Certificados e Serviço deQuarto — 1978.Brasil ADERIU; Finlândia RATIFICOU.

Convenção que Institui uma Organização Internacional deMetrologia Legal - 1955Brasil ADERIU.

Emenda à Convenção que Institui uma Organização Inter-nacional de Metrologia Legal de 1955-1963Brasil ADERIU.

Revisão de Estocolmo que Modifica a Convenção daUnião de Paris para a Proteção da Propriedade Industrialde 1883-1967Suazilândia ACEITOU.

TRATADOSTratado de Cooperação em Matéria de Patentes (PCT) —1970Bulgária ADERIU (com declarações); Sudão ACEITOU.

ACORDOS

Acordo Internacional do Açúcar de 1977Egito RATIFICOU; Uruguai ADERIU.

Acordo Constitutivo do Fundo Internacional para o De-senvolvimento Agrícola - 1976Oman e Suriname ADERIRAM.

Acordo que Estabelece o Banco Africano de Desenvolvi-mento, emendado pela Resolução 05/79—1979.Brasil, Áustria e Bélgica RATIFICARAM; Arábia Saudita,índia (com declarações) e Portugal ADERIRAM; Repúbli-ca Federal da Alemanha (com declarações e reservas). Es-tados Unidos (com reservas), Grã-Bretanha (com reservas),Japão (com reservas) e Países Baixos (com declarações)ACEITARAM.

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Acordo sobre Salvamento e Devolução de Astronautas eRestituição dos Objetos Lançados ao Espaço Cósmico —1968Japão ADERIU.

Acordo de Implementação do Artigo VII do Acordo Geralsobre Tarifas Aduaneiras e Comércio — 1979África do Sul e malawi ACEITARAM.

Acordo Operacional sobre a Organização Internacional deTelecomunicações Marítimas por Satélite (INMARSAT) —1976Arábia Saudita, Em irados Árabes e Tunísia ASSINARAM(sem reservas de ratificação).

Acordo sobre Privilégios e Imunidades da Agência Interna-cional de Energia Atómica — 1959México ADERIU (com reservas); China e Colômbia ACEI-TARAM.

Acordo sobre a Organização Internacional de Telecomuni-cações por Satélite (INTELSAT) - 1971Cabo Verde e Papua-Nova Guiné ADERIRAM.

Acordo Operacional sobre a Organização Internacional deTelecomunicações por Satélite (INTELSAT) - 1971Cabo Verde ADERIU; Papua-Nova Guiné ASSINOU (semreserva de ratificação)

registro de assentamentosde atos multilaterais,

dos quais o brasil éparte, ocorridos no ano de 1983

CONSTITUIÇÃO DE ORGANISMOS

INTERNACIONAIS

Constituição da Organização Mundial de Saúde (OMS) -1946Ilhas Salomão, São Vicente e Granadinas e VanuatuACEITARAM.

Estatutos do Centro Internacional de Estudos para a Con-servação dos Bens Culturais — 1956Filipinas ADERIU.

CONVENÇÕES

Convenção Internacional para a Proteção dos Vegetais —1951Tchecoslovâquia ADERIU (com declarações).

Convénio de Criação de um Conselho de Cooperação Adu-neira e Anexo — 1950China e Líbia ADERIRAM.

Convenção sobre Asilo Diplomático — 1954Guatemala RATIFICOU.

Convenção sobre Asilo Territorial — 1954Guatemala RATIFICOU.

Convenção Internacional relativa à Utilização da Radiodi-fusão na Causa da Paz — 1936União Soviética RATIFICOU (com declarações e reservas)

Novo Convénio sobre Transporte Internacional Terrestre eAnexos I, II, III e IV - 1977Chile RATIFICOU (com reservas).

Convenção sobre as Medidas a serem adotadas para Proibire Impedir a Importação, Exportação e Transferência dePropriedade Ilícita de Bens Culturais - 1970República Popular Democrática da Coreia RATIFICOU.

Convenção sobre a Proteção do Património Mundial Cul-tural e Natural - 1972Madagáscar RATIFICOU; Bangladesh e Colômbia ACEI-TARAM.

Convenção sobre Consentimento para Casamento, IdadeMínima para Casamento e Registro de Casamento — 1962Guatemala (com reservas), México e Venezuela ADE-RIRAM.

Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime deGenocídio - 1948China RATIFICOU (com declarações e reservas); Gabão eSenegal ADERIRAM.

Convenção sobre os Direitos Políticos da Mulher — 1953Venezuela ADERIU (com reservas).

Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas asFormas de Discriminação Racial — 1966Guatemala e Kampuchea Democrática RATIFICARAM;Afeganistão (com declarações e reservas), Moçambique(com reservas) e República Dominicana ADERIRAM.

Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas deDiscriminação contra as Mulheres - 1979Austrália (com reservas), Dinamarca, França (com declara-ções e reservas), Gabão, Grécia, Honduras e Venezuela(com reservas) RATIFICARAM; Togo ADERIU.

Convenção relativa à Luta contra a Discriminação noCampo do Ensino — 1960Guatemala RATIFICOU.

Convenção Regional sobre o Reconhecimento de Estudos,Títulos e Diplomas de Ensino Superior na América Latinae no Caribe — 1974Nicarágua RATIFICOU.

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Convenção relativa à Escravatura assinada em Genebra a25 de setembro de 1926 e Emendada pelo Protocolo de07 de dezembro de 1953Bolívia e Guatemala ADERIRAM.

Convenção Suplementar sobre a Abolição da Escravatura,do Tráfego de Escravos e das Instituições e Práticas Análo-gas à Escravatura — 1956Bolívia e Guatemala ADERIRAM.

Convenção sobre Responsabilidade Internacional por Danos Causados por Objetos Espaciais — 1972Itália, Luxemburgo e Marrocos RATIFICARAM; JapSoADERIU.

Convenção sobre Exposições Internacionais e Protocolode Assinatura — 1928Uruguai ADERIU.

Convenção para a Melhoria da Sorte dos Feridos e Enfer-mos dos Exércitos em Campanha — 1949Moçambique, Namíbia e Zimbábue ADERIRAM.

Convenção para a Melhoria da Sorte dos Feridos, Enfer-mos e Náufragos das Forças Armadas no Mar — 1949Moçambique, Namíbia e Zimbábue ADERIRAM.

Convenção relativa ao Tratamento dos Prisioneiros deGuerra - 1949Moçambique, Namíbia e Zimbábue ADERIRAM.

Convenção relativa à Proteção dos Civis em Tempo deGuerra — 1949Moçambique, Namíbia e Zimbábue ADERIRAM.

Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produ-ção e Estocagem de Armas Bacteriológicas (Biológicas) e àBase de Toxinas e sua Destruição — 1972República Federal da Alemanha e Kampuchea Democráti-ca RATIFICARAM.

Convenção concernente a Certas Questões relativas aosConflitos de Leis sobre a Nacionalidade — 1930Karibati ACEITOU.

Convenção sobre a Nacionalidade da Mulher Casada —1957Venezuela ADERIU (com reservas).

Convenção Complementar à Convenção de Varsóvia paraa Unificação de Certas Regras relativas ao TransporteAéreo Internacional realizado por quem não seja o Trans-portador Contratual — 1961Bielorrúsia, Ucrânia e União Soviética RATIFICARAM(com declarações).

Convenção para a Repressão ao Apoderamento Ilícito deAeronaves — 1970Jamaica e Venezuela RATIFICARAM; Maurício, Mónaco,Santa Lúcia e Tanzânia ADERIRAM.

Convenção para a Repressão de A tos Ilícitos contra a Se-gurança da Aviação Civil - 1971Jamaica RATIFICOU; Maurício, Mónaco, Santa Lúcia eTanzânia ADERI RAM.

Convenção Internacional para a Unificação de Certas Re-gras relativas aos Privilégios e Hipotecas Marítimas e Pro-tocolo de Assinatura — 1926Cuba ADERIU (com declarações).

Convenção sobre a Organização Marítima Consultiva In-tergovernamental (IMCO) - 1948*Fiji, Guatemala e Togo ACEITARAM.* Pela Resolução A.358 adotada pela IX Assembleia Geral

da IMCO, em Londres, a 14 de novembro de 1975, emvigor internacional e para o Brasil, o título desta Con-venção foi modificado para "Convenção relativa à Cria-ção da organização marítima Internacional (IMO)".

Convenção para a Facilitação do Tráfego Marítimo Inter-nacional — 1965México ADERIU; Argélia ACEITOU.

Convenção Internacioal sobre Linhas de Carga — 1966Emirados Árabes ACEITARAM.

Convenção Internacional sobre Medida de Tonelagem(Arqueamento) de Navios — 1969Emirados Árabes, Maldivas e São Vicente e GranadinasADERIRAM; Conveite, Grécia e Venezuela ACEITA-RAM.

Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil emDanos Causados por Poluição por Óleo — 1969Austrália RATIFICOU (com declarações); Sri Lanka eVanuatu ADERIRAM.

Convenção sobre o Regulamento Internacional para Evitaro Abalroamento no Mar — 1972Barbados, Cuba (com declarações), Emirados Árabes, Fiji,São Vicente e Granadinas e Venezuela ADERIRAM.

Emendas à Convenção sobre a Organização Marítima Con-sultiva Intergovernamental — IMCO (Resolução A.315)-1974Guatemala ACEITOU.

Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Hu-mana no Mar — 1974Gana, Portugal e Venezuela RATIFICARAM; Austrália,Emirados Árabes, Fiji, Irlanda, Jamaica, Líbano, Malásia,SSo Vicente e Granadinas e Sri Lanka ADERIRAM; Islân-dia ACEITOU.

Emendas à Convenção sobre a Organização Marítima Con-sultiva Intergovernamental - IMCO (Resolução A.358) —1975Guatemala, República Democrática Popular do lêmem.Indonésia, Moçambique e Togo ACEITARAM.

Convenção que Institui a Organização Internacional de

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Telecomunicações Marítimas por Satélite (INMARSAT) -1976.Arábia Saudita, Em irados Árabes e Tunísia ADERIRAM.

Convenção Internacional sobre Normas de Treinamentode Marítimos, Expedição de Certificados e Serviço deQuarto — 1978Austrália, Grécia e Polónia RATIFICARAM; África doSul, Bahamas, Emirados Árabes e Líbia ADERIRAM.

Convenção Internacional para a Regulamentação da Pescada Baleia - 1946Finlândia e Maurício ADERIRAM; Jamaica DENUN-CIOU.

Convenção Internacional para a Regulamentação da Pescada Baleia Emendada pelo Protocolo de 19 de novembro de1956Finlândia e Maurfcio ADERIRAM; Jamaica DE-NUNCIOU.

Convenção Internacional para a Conservação do Atum doAtlSntico - 1966Uruguai ADERIU.

Convenção relativa aos Privilégios e Imunidades das Agên-cias Especializadas das Nações Unidas - 1947Botswana e Uganda ADERIRAM.

Convenção Universal sobre o Direito do Autor - 1952Barbados ADERIU.

Convenção Internacional para a Proteção aos Artistas In-terpretes ou Executantes, aos Produtores de Fonogramase aos Organismos de Radiodifusão — 1961Finlândia RATIFICOU (com reservas); Barbados e Pana-má ADERIRAM.

Convenção que Institui a Organização Mundial da Proprie-dade Intelectual (OMPI) - 1967Guatemala, Haiti, Honduras, Panamá, Ruanda e TanzâniaADERIRAM.

Convenção de Berna para.a Proteção das Obras Literáriase Artísticas (Revista pelo Ato de Paris de 24 de julho de1971)Chipre RATIFICOU (com reservas); Barbados e RuandaADERIRAM.

Convenção Universal sobre o Direito do Autor (Revisãode Paris, de 24 de julho de 1971)Barbados ADERIU.

Convenção sobre Proteção de Produtores de Fonogramascontra a Reprodução não Autorizada de seus Fonogramas- 1 9 7 1Barbados ADERIU.

Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados — 1951El Salvador, Guatemala (com declarações e reservas) e Mo-çambique (com reservas) ADERIRAM.

Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas - 1961São Tomé e Príncipe ADERIU.

Convenção de Viena sobre Relações Consulares — 1963Japão, Moçambique (com declarações). São Tomé ePríncipe e Togo ADERIRAM.

Convenção Internacional de Telecomunicações — 1973São Vicente e Granadinas ADERIU.

Convenção para a Repressão do Tráfico de Pessoas e doLenocínio e Protocolo Final — 1950Luxemburgo RATIFICOU; Bolívia e Chipre ADERIRAM.

PROTOCOLOSProtocolo Adicional ao Acordo sobre a Implementação doArtigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras eComércio (Valoração Aduaneira) - 1979África do Sul e Malawi ACEITARAM.

Protocolo de Genebra sobre a Proibição de Emprego naGuerra de Gases Asfixiantes, Tóxicos ou Similares e deMeios Bacteriológicos — 1925Guatemala e Kampuchea Democrática ADERIRAM.

Protocolo relativo a Determinado Caso de Apátrida —1930Karibati ACEITOU.

Protocolo relativo às Obrigações Militares em Certos Casosde Dupla Nacionalidade - 1930Karibati ACEITOU.

Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados — 1967.El Salvador (com reservas), Guatemala (com declarações)ePeru (com declarações) ADERIRAM.

Protocolo de 1981 para a Sexta Prorrogação da Conven-ção sobre o Comércio do Trigo de 1971Brasil RATIFICOU; Países Baixos ADERIRAM.

TRATADOSTratado sobre a Antártida — 1959China e índia ADERIRAM.

Tratado para a Proscrição das Armas Nucleares na Améri-ca Latina (Tratado de Tlatelolco) - 1967Antíguae Barbuda RATIFICOU.

Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes (PCT) -1970Mauritânia ACEITOU.

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comunicados e notas

itamaraty anuncia visita dopresidente figueiredo

à espanha e ao marrocosComunicados do Itamaraty à imprensa, divulgados em

Brasília em 14 e em 29 de março de 1984:

COMUNICADO DE 14 DE MARÇO

A convite de Sua Majestade Rei Juan Carlos I, Sua Exce-lência O Senhor João Baptista Figueiredo, Presidente daRepública Federativa do Brasil, visitará oficialmente a Es-panha de 12 a 14 de abril.

COMUNICADO DE 29 DE MARÇO

A convite de Sua Majestade o Rei Hassan I I , o SenhorPresidente da República visitará oficialmente o Reino doMarrocos de 9 a 11 de abril.

entre Moçambique e a África do Sul, tendo sido inclusivedelas informado, antes de sua conclusão, pelo Governomoçambicano.

O Governo brasileiro espera que os entendimentos agoraconcluídos contribuam para que Moçambique possa dedi-car-se com segurança ao seu desenvolvimento nacional, oque por sua vez não pode deixar de interessar ao Brasilpor todos os motivos, inclusive por nossas relações econó-micas e comerciais com aquele país.

O Governo brasileiro sempre considerou que os interessesnacionais específicos de Moçambique, como definidos porseu Governo, seriam o fator determinante de seu relacio-namento externo.

presidente figueiredovisitará o japão e a china

Comunicados do Itamaraty à imprensa, divulgados emBrasília, em 30 de março de 1984:

a opinião do chanceler

saraiva guerreiro sobre o acordo

entre moçambique e áfrica do sulDeclaraçio do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, sobre o acordo entre Moçambique

e África do Sul, divulgada pelo Palácio do Itamaraty,em Brasília, em 19 de março de 1984:

O Brasil tem acompanhado a evolução das negociações

VISTA AO JAPÃOSua Excelência o Senhor João Baptista de Oliveira Figuei-redo, Presidente da República Federativa do Brasil, reali-zará visita oficial ao Japão em fins do mês de maio pró-ximo. As datas e o programa da visita estão sendo acerta-dos pelos dois Governos e serão divulgados oportunamen-te,

VISITA À CHINA

A convite de Sua Excelência o Senhor Li Xiannían, Presi-dente da República Popular da China, Sua Excelência oSenhor João Baptista de Oliveira Figueiredo, Presidenteda República Federativa do Brasil, realizará visita oficialàquele país, entre 26 de maio e 1? de junho próximos.

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a independência do estado debrunei darussalam

Mensagens do Presidente João Figueiredo e do Ministrode Estado das Relações Exteriores, Ramiro SaraivaGuerreiro, respectivamente, ao Sultão e ao Ministrodo Exterior do Estado de Brunei Darussalam, enviadasem 2 de janeiro de 1984:

MENSAGEM DO PRESIDENTE

JOÃO FIGUEIREDOI wish to express to Your Majesty, on behalf of the Brazi-lian people and in my own name, my warmest congratula-tions for the independence of the State of Brunei Darus-salam, and my best wishes for the increasing prosperity ofyour country. I am confident that Brazil and Brunei shallbe able to cooperate in a constructive manner in order tocreate and develop strong and mutually beneficiai linksbetween their peoples.

I avail myself of this opportunity to express to YourExcellency the assurance of my highest consideration.

João FigueiredoPresident of the Federative Republic of Brazil

MENSAGEM DO CHANCELERSARAIVA GUERREIRO

I wish to express to Your Excellency my warmest congra-tulations for the accession of the State of Brunei Darussa-lam to independence and convey my best wishes for yourpersonal well being aind for the increasing prosperity ofyour country. Highest consideration.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinister of Externai Relations of theFederative Republic of Brazil

inaugurada a estação brasileirade pesquisa e investigação

científica da antártidaDeclaração do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, em 6 de fevereiro de 1984,a propósito da inauguração oficial da primeiraestação brasileira de pesquisa e investigaçãocientifica na Antártida:

A inauguração oficial, no dia de hoje, da primeira estaçãobrasileira de pesquisa e investigação científica na Antár-tida, a Estação Comandante Ferraz, assinala o auspiciosocoroamento dos esforços que levaram o Brasil a assegurarsua plena participação de direito e de fato no aproveita-mento futuro do vasto potencial económico e cientfficodaquele continente, de acordo com os princípios consa-grados no Tratado da Antártida: a utilização exclusiva-mente pacífica do continente, a liberdade da pesquisacientífica em toda sua extensão, a cooperação internacio-nal nesse campo, e a preservação dos recursos vivos antár-ticos.

Como Presidente da Comissão Nacional para Assuntos An-tárticos (CONANTAR), congratulo-me com a Marinha deGuerra e demais membros da Comissão, congratulo-mecom a comunidade académica e com a iniciativa privada,por esse passo significativo, revelador da vontade comumdo país.

ao deixar o espaço aéreoboliviano, presidente

figueiredo envia mensagem aopresidente hernán siles zuazo

Mensagem do Presidente JoSo Figueiredo ao Presidenteda Bolfvia, Hernán Siles Zuazo, em 9 de fevereiro de1984, logo apôs deixar o espaço aéreo boliviano:

Excelentíssimo SenhorDoutor Hernán Siles Zuazo,Presidente Constitucional daRepública da Bolívia.

Ao deixar o espaço aéreo boliviano, de regresso a meupaís, após visitar oficialmente a Republicada Bolívia,dese-jo, em meu nome, no de minha mulher e dos membros deminha Comitiva, expressar a Vossa Excelência, à Senhorade Siles, às autoridades e ao nobre povo boliviano, o maissincero reconhecimento pela atenção, hospitalidade e cari-nho com que fomos distinguidos em todos os momentosde nossa memorável estada em Santa Cruz de Ia Sierra.

Estou certo de que os instrumentos firmados e as conver-sações mantidas no decorrer da visita, em clima de amiza-de e confiança, constituirão marco inestimável e garantiapara o estreitamento, sempre crescente, das relações de

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cooperação e fraternidade, já tão expressivas, entre nossospaíses.

Queira aceitar. Senhor Presidente, os meus mais calorososcumprimentos e transmitir, mais uma vez, ò Senhora deSiles, às autoridades e ao povo da Bolívia nossas afetuosassaudações.

JoSo FigueiredoPresidente da República Federativa do Brasil

o falecimento deyuri andropov

Telegramas do Presidente João Figueiredo aoVice-Presidente do Presidium do Soviete Supremoda União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, VassilyV. Kuznetsov, e do Ministro de Estado das RelaçõesExteriores, Ramiro Saraiva Guerreiro, ao Ministro dosNegócios Estrangeiros da URSS, Andrei Gromiko, em10 de fevereiro de 1984, a propósito do falecimento doPresidente Yuri V. Andropov.

TELEGRAMA DO PRESIDENTE

JOÃO FIGUEIREDOProfondément ému par Ia nouvelle du décès de Son Excel-lence Monsieur Yuri V. Andropov, je prie Votre Excellen-ce d'accepter, au nom du peuple et du Gouvernementbrésilien, et en mon propre nom, les condoléances les plusattristées.

JoSo FigueiredoPrésident de Ia Republique Fédérative du Brésil

TELEGRAMA DO CHANCELERSARAIVA GUERREIRO

Tristement ému par Ia nouvelle du dècès de Son Excellen-ce Monsieur Yuri V. Andropov, Président du Presidium duSoviet Suprême de 1'union des Republiques Socialistes So-viétiques, je prie Votre Excellence d'accepter mes sincèrescondoléances. Três haute considération.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistre des A ff a ires Etrangères deIa Republique Fédérative du Brasil

o falecimento do presidenteda guiné-conacri,

sekou touréTelegramas do Presidente JoSo Figueiredo aoPrimeiro-Ministro da República Popular e Revolucionáriada Guiné-Conacri, Lansana Beavogui, e do Ministrode Estado das Relações Exteriores, Ramiro SaraivaGuerreiro, ao Chanceler daquele País, Abdoulayé Touré,em 27 de março de 1984, a propósito do falecimentodo Presidente Ahmed Sekou Touré.

TELEGRAMA DOPRESIDENTE FIGUEIREDO

"Profondóment ému par Ia nouvelle du décès de Son Ex-cellence Monsieur Ahmed Sekou Touré, Président de IaRepublique Populaire et Révolutionaire de Guinée, je prieVotre Excellence d'accepter au nom du peuple brésilien etmon propre nom, les condoléances les plus attristées.

JoSo FigueiredoPrésident de Ia Republique Fédérative du Brésil.

TELEGRAMA DO CHANCELERSARAIVA GUERREIRO

Tristement ému par Ia nouvelle du décês de Son Excel-lence Monsieur Ahmed Sekou Touré, Président de Ia Re-publique Populaire et Révolutionaire de Guinée je prieVotre Excellence d'accepter mes sincères condoléances.Três haute considération.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistre des Affaires Etrangères de IaRepublique Fédérative du Brésil.

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a quarta reunião da comissãomista brasil-iraque

Reuniu-se em Brasília, nos dias 18 e 19 de janeiro, a Co-missão Mista Brasil-iraque.

A delegação brasileira foi chefiada pelo Ministro de Esta-do das Relações Exteriores e integrada por funcionáriosdos Ministérios das Relações Exteriores, Fazenda, Minas eEnergia, Indústria e do Comércio, Educação e Cultura,contando também com a participação de representantesda Petrobrás, Interbrás, Vale do Rio Doce, Cobec, do Ban-co Iraquiano-Brasileiro, do CNPq, Siderbrás e outros ór-gãos com atividades ligadas ao desenvolvimento das rela-ções entre Brasil e Iraque. A delegação iraquiana, de 17membros, foi chefiada pelo Ministro do Comércio, HassanAli.

A Comissão Mista foi criada pelo Acordo de CooperaçãoEconómica e Técnica, assinado em Bagdá em 11 de maiode 1977, e se tem revelado instrumento útil para o examede questões ligadas ao desenvolvimento da cooperação en-tre os dois países nos campos económico, financeiro, cul-tural e da cooperação técnica e científica, bem como parao estudo de medidas tendentes a favorecer o intercâmbiode bens e serviços.

Durante o encontro, foram passados em revista os princi-pais tópicos de interesse para as relações bilaterais, inclusi-ve as recomendações do Comité Ad-Hoc constituído porocasião da visita a Bagdá do Ministro Saraiva Guerreiropara solucionar os problemas decorrentes dos sobrecustosenfrentados pelas empresas brasileiras em operação noIraque.

saraiva guerreiroinaugura exposição

sobre "dez anos de livrosbrasileiros no exterior"

O Senhor Ministro de Estado das Relações Exterioresinaugurou, no dia 22 de fevereiro, no hall do andar térreodo prédio administrativo do Itamaraty, exposição intitula-da "Dez Anos de Livros Brasileiros no Exterior:1973-1983", na qual foram exibidos 120 livros de autoresbrasileiros traduzidos e publicados no exterior. Em grandemaioria, essas obras foram publicadas com o apoio do

Departamento de Cooperação Cultural e Divulgação doMinistério das Relações Exteriores e entre elas se encon-tram textos que vão do clássico ao contemporâneo, deJosé de Alencar a Rubem Fonseca. Os livros, traduzidosem várias línguas — espanhol, inglês, francês, italiano,alemão, polonês e chinês — abrangem os campos de fic-ção, poesia e ensaio.

o II encontro dosministros do trabalhodos países lusófonos

Foi realizado, de 27 de fevereiro a 2 de março, no auditó-rio do Itamaraty, o II Encontro dos Ministros do Trabalhodos Países Lusófonos, com a participação de delegaçõesdo Brasil, Portugal, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bis-sau, São Tomé e Príncipe e da Organização Internacionaldo Trabalho. A reunião marca a continuação dos estudosiniciados durante o Primeiro Encontro, realizado em Lis-boa em abril de 1983, sobre a formação profissional e oemprego nos referidos países e sobre as possibilidades deincremento da cooperação entre eles na área trabalhista.

chanceler saraiva guerreirovisita caraças

O Ministro de Estado das Relações Exteriores, RamiroSaraiva Guerreiro, visitou Caracas entre os dias 14 e 15 demarço de 1984, aproveitando o seu retorno a Brasília,depois de haver visitado o Paquistão e a índia, bem comoapós ter participado da Assembleia Geral da Organizaçãodos Estados Americanos (OEA) que elegeu para Secretâ-rio-Geral o Embaixador João Clemente Baena Soares.

A visita do Chanceler Saraiva Guerreiro a Caracas foi oprimeiro contato brasileiro com o novo Governo venezue-lano, desde sua posse, em fevereiro. Durante sua estadaem Caracas, o Chanceler Saraiva Guerreiro manteve con-versações informais com o Chanceler Morales Paul, nasquais foram passados em revista os assuntos de interessecomum, tanto no plano internacional quanto no planobilateral. Saraiva Guerreiro foi, também, recebido em au-diência pelo Presidente venezuelano, Jaime Lusinchi.

a quinta carta deintenções ao fundo

monetário internacionalEm seguida às Cartas de Intenções e Memorandos Técni-cos e Entendimentos, datados de 06/01/83, tramitados no

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quadro de reestruturação da dívida externa brasileira, oMinistro da Fazenda, e o Ministro-Chefe da Secretaria dePlanejamento da Presidência da República e o Presidentedo Banco Central do Brasil endereçaram ao Diretor-Geren-te do Fundo Monetário Internacional (FMI), em15/03/84, uma Quinta Carta de Intenções, aditada de umMemorandum Técnico de Entendimentos, da mesma data,cujos textos, na íntegra, abaixo se reproduzem:

Carta de Intenções

Desejamos informar a Vossa Senhoria do progresso reali-zado até o presente na implementação do programa eco-nómico e financeiro empreendido pelo governo brasileiroe apoiado pelo "acordo ampliado", que a Junta Executivado Fundo Monetário Internacional aprovou em 28 de fe-vereiro de 1983. Desejamos igualmente aproveitar estaoportunidade para comunicar a Vossa Senhoria nossas in-tenções com respeito às diretrizes para 1984.

O programa económico de prazo médio foi adotado aofinal de 1982, não somente para fazer face à deterioraçãoda posição externa do País, que provocou a perda de partesubstancial das reservas internacionais do Brasil, mas tam-bém em atendimento à necessidade mais fundamental demodificar-se a estratégia de longo prazo, de forte depen-dência de empréstimos externos, para uma nova estratégiade geração de poupança doméstica. O programa tinha pormeta, no curto prazo, reduzir os desequilíbrios externos einternos e, no médio prazo, produzir mudanças estruturaisque permitiriam o retorno a elevadas e sustentáveis taxasde crescimento de emprego.

A adversa situação financeira externa e as dimensões dosdesequilíbrios domésticos determinaram a necessidade deajustamento substancial, já no primeiro ano do programa.Na área externa, o programa tinha por meta a redução dodéficit em conta corrente, de quase US$ 15 bilhões em1982 para US$ 7 bilhões em 1983, assim como alcançar-seo equilíbrio no balanço de pagamentos, o que exigia ageração de um superavit de cerca de US$6 bilhões nabalança comercial. O apoio em restrições de câmbio e decomércio exterior não poderia ser mantido além do curtoprazo, e a principal parcela do esforço para o ajustamentointerno tem de ser suportada pelo setor público, atravésda redução de sua necessidade de financiamento para 8%do PIB. Além disso, em seu primeiro ano, o programadeveria produzir importantes mudanças estruturais, inclu-sive a eliminação de subsídios, aumentando a eficiência daeconomia e criando as condições para a retomada do cres-cimento económico nos anos finais do programa.

Alcançou-se progresso substancial no ajustamento dascontas externas e o balanço de pagamentos do Brasil sefortaleceu mais que o esperado. A balança comercial de1983 apresentou superavit de cerca de US$ 6,5 bilhões,refletindo não apenas forte contração das importações,mas também recuperação das exportações, estimulada pe-la política cambial posta em prática durante o ano. 0

resultado mais favorável na balança comercial, assim comoos pagamentos de juros e serviços em níveis mais baixosque os esperados, propiciaram redução superior à inicial-mente estimada no déficit em conta corrente, que situou-se próximo a US$6 bilhões de 1983, contra US$ 14,8bilhões em 1982. Ao longo do ano, entretanto a situaçãocambial do Brasil manteve-se difícil, tendo em vista que osingressos de investimentos diretos, créditos de fontes ban-cárias e créditos comerciais de curto prazo situaram-seaquém dos níveis projetados. A crítica situação cambialacarretou atrasos nos pagamentos externos e restriçõescambiais. A fim de aliviar essa dificuldade cambial foramfeitos acordos financeiros em novembro de 1983, com aparticipação de credores oficiais e privados, visando asse-gurar o financiamento externo requerido para a parte finalde 1983 e para todo o ano de 1984. O programa previaque US$ 3,5 bilhões dos novos recursos financeiros propi-ciados pelos bancos comerciais seriam desembolsados emdezembro de 1983. Na realidade, esse desembolso foi pos-tergado, causando a inobservância de alguns critérios dedesempenho referente ao último trimestre de 1983.

A maxidesvalorização de fevereiro de 1983 representouafastamento radical das metas originais, como exposto emnossa carta de 24 de fevereiro de 1983. Enquanto essen-cial â extraordinária melhoria que se produziu no ajusta-mento do balanço de pagamentos, a maxidesvalorizaçãodificultou a realização dos objetivos internos do programae, em particular, contribuiu para a aceleração da inflação.Diversos outros ajustamentos nos preços administrados,levados a efeito em 1983, produziram impacto similar,mas tiveram de ser efetuados por serem essenciais à restau-ração da eficiência da economia e à estabilidade financeirae monetária. Devido a atrasos na implementação dessasmedidas e no ajustamento das finanças públicas, o resulta-do alcançado ficou aquém do previsto no programa. Essesatrasos tiveram efeitos adversos na execução da políticamonetária.

Desde junho de 1983, o Governo tem adotado medidasgradualistas com vistas a aprimorar o esforço de ajusta-mento. A legislação salarial foi modificada para permitiruma desindexação parcial do processo de ajustamento sa-larial. As finanças do setor público foram fortalecidasatravés da combinação de esforços para elevar as receitas ereduzir as despesas em todos os níveis. Medidas decisivasforam tomadas para reduzir os subsídios. Os preços relati-vos aos derivados de petróleo e do trigo foram elevados eos preços de outros serviços públicos passaram a ser ajus-tados no mesmo ritmo da inflação. Foram eliminadas ta-xas de juros negativas sobre a maioria dos créditos à agri-cultura e às exportações. A política monetária tornou-semais restritiva tanto pelo aumento nos níveis dos depósi-tos compulsórios como pela limitação da expansão da ba-se monetária à meta de 90% para 1983.

Em virtude dos desvios ocorridos, tornou-se necessáriomodificar as metas do programa para a fase final de 1983.O teto para a necessidade de financiamento do setor pú-blico ("Public Sector borrowing requirement — PSBR")em 1983 elevou-se de 8,8% para 18,6% do PIB, refletindo

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principalmente os efeitos da inflação mais alta sobre omontante da dívida do setor público. A meta para o défi-cit operacional foi estabelecida em 2,7% do PIB. Em 31de dezembro de 1983, foram cumpridos ambos os tetosrevistos; a necessidade de financiamento do setor públicocorrespondeu a 17,9% do PIB, enquanto o déficit opera-cional ficou em 2,5% do PIB. Tanto a base monetáriacomo os meios de pagamento cresceram de acordo com ameta de 90% implícita no programa. No entanto, o tetoestabelecido para o crédito interno líquido das autorida-des monetárias, que havia sido modificado de conformida-de com a revisão do ingresso de recursos financeiros exter-nos a que se referiu o parágrafo 4 anterior, não pode serobservado, uma vez que tais ingressos não se concreti-zaram.

A taxa de inflação em 1983 foi de 211%. A aceleraçãoobservada na primeira metade do ano foi agravada subse-quentemente pelas medidas corretivas de preços adotadascomo parte do esforço de ajustamento, associadas âsadversidades climáticas, ao comportamento do comércioexterior e à eliminação de certos subsídios. A taxa mensalde inflação permaneceu na faixa de 12 a 13 porcento dejunho até outubro. Posteriormente, observou-se desacele-ração no ritmo inflacionário, tendo a taxa de novembro sesituado em 8,4% e a de dezembro em 7,6%.

Em nossas cartas de 15 de setembro de 1983 e de 14 denovembro de 1983, indicamos nossas intenções com res-peito às diretrizes económicas para 1984, explicitandotambém metas específicas para o primeiro trimestre de1984. Em especial, expressamos nossa intenção de reduzira necessidade de financiamento do setor público a 9% doPIB em 1984 (embora ficasse ressaltado que o resultadoreal dependeria da rapidez com que a inflação se desacele-rasse); de alcançar um superavit operacional no setor pú-blico equivalente, no mínimo, a 0,3% do PI B; de limitar aexpansão dos meios de pagamento e da base monetária a50% em 1984; e de buscar uma redução adicional no défi-cit do balanço de pagamentos em conta corrente. Nestaoportunidade, desejamos reiterar nossa intenção de man-ter essas diretrizes. As medidas requeridas para cumprirreferidas metas são descritas mais pormenorizadamente aseguir.

Como mencionado anteriormente, o ritmo da inflação semanteve persistentemente alto, coexistindo com o maiorrigor das medidas financeiras, com uma legislação salarialmodificada e com uma indesejável queda da atividade eco-nómica. Cremos firmemente que a redução da inflação éde importância decisiva para se alcançar o equilíbrio ex-terno e pcjra se lançarem as bases de um crescimento sus-tentável. Atualmente, todas as medidas internas requeridaspara tanto foram tomadas e deverão levar a um substan-cial declínio da inflação. No entanto, como a inflação entáenraizada e é elevado o grau de indexação da economia,tanto formal como informal, a defasagem entre a imple-mentação daquelas medidas a seus efeitos sobre a inflaçãona*o pode ser prevista com segurança. É portanto necessá-rio cautela na previsão de uma*determinada taxa de infla-ção em determinado tempo, no futuro próximo. Não po-

de haver dúvida, no entanto, de que a taxa de inflação quepredominou em 1983 e nos primeiros meses de 1984 seráreduzida substancialmente. Na verdade, em nossa opinião,as medidas já tomadas deveriam permitir, durante 1984,uma queda de pelo menos metade da taxa observada.

Em verdade, as preocupações com a inflação não estãoimpedindo a execução da política de ajustamentos correti-vos e liberação dos preços.

a) Aumentos frequentes nos preços dos derivados de pe-tróleo têm sido aplicados para evitar o ressurgimentode subsídios.

b) Os preços do trigo e seus derivados foram aumentadosde 50% em fevereiro de 1984 e futuros aumentos eli-minarão o subsídio do produto em meados do ano; apartir daí, os preços do trigo e seus derivados serãoajustados na medida necessária para impedir o ressurgi-mento de qualquer subsídio.

c) Os preços do aço e da energia elétrica serão ajustadosem 1984, de modo a produzir um aumento que seja5% acima da taxa de inflação, medida pelo índice depreços por atacado — produtos industriais e pelo índi-ce nacional de preços ao consumidor, respectivamente.

d) novas iniciativas estão sendo contempladas para libera-lizar o comércio de vários produtos agrícolas, a fim deharmonizar seus preços com as cotações interna-cionais.

e) não se pretende usar controle de preço para limitar ouretardar os necessários ajustes de preços para os produ-tos e serviços prestados pelo setor privado. Verifica-seque este setor necessita gerar internamente recursossuficientes para seu crescimemento e desenvolvimento,permitindo-se que se façam os ajustamentos adequadosde preços. Controles serão contudo usados para conterinjustificados aumentos de preços nos casos de empre-sas que operam em condições de mercado oligopolís-tico.

No que tange as finanças do setor público, uma evoluçãoimportante e muito útil foi o estabelecimento, ,em 23 dejulho de 1983, do "Comité Interministerial de Acompa-nhamento da Execução dos Orçamentos Públicos"(COMOR). O COMOR coordena, a nível do Governo Cen-tral, as ações que afetam a necessidade de financiamentodo setor público, inclusive das empresas estatais e gover-nos estaduais e municipais. Foram estabelecidas metasmensais, para os seis meses que irão até setembro de 1984,relativas as necessidades de financiamento para cada umdos componentes do setor público.

O Governo Central alcançou superavit operacional em1983, contra um déficit equivalente a 2% do PIB no anoprecedente. Em dezembro de 1983, introduziram-se medi-das adicionais para tornar mais rigorosa a administraçãofiscal, em particular no que respeita à taxação da rendagerada pelas operações financeiras. O efeito das recentes

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medidas sobre a receita e a administração fiscal, juntamen-te com a continuação da rigorosa austeridade nas despesase a eliminação do subsídio do trigo e seus derivados, deve-rá produzir no orçamento operacional do Governo Centralsuperavit equivalente a 0,8% do PIB, em 1984.

A posição financeira das empresas estatais em 1983 apre-sentou resultado melhor do que o previsto, em virtude dereceitas mais elevadas e maiores transferências do Tesou-ro, que compensaram amplamente a redução das despesasde investimento em nfveis aquém dos projetados. O défi-cit no orçamento operacional das empresas estatais fede-rais reduziu-se ao equivalente a 1,9% do PIB em 1983, emcomparação com a previsto de 2,4%. Em 1984 terão con-tinuidade os esforços para restaurar a estabilidade finan-ceira deste importante segmento da economia. Para 1984o orçamento consolidado das empresas estatais federaisestabelece um aumento de 5% em suas receitas operacio-nais em termos reais, fato este que será possibilitado, prin-cipalmente, através de efetiva política de preços, início deoperação de alguns projetos de investimento e aumento daprodução. Um corte adicional nos gastos com investimen-tos e redução nos gastos correntes terão de ser obtidos afim de compensar o considerável aumento nos pagamen-tos de juros sobre as dívidas externa e interna. Rigorosocontrole de despesas e estrita implementação do Decreto-lei n? 2 100 e do Decreto n? 89.253, referentes a saláriose a benefícios suplementares nas empresas estatais, serãonecessários para se alcançar a projetada contenção das des-pesas correntes. Ao todo, o déficit operacional das empre-sas estatais federais será reduzido a 1,2% do PIB em 1984.

A situação financeira dos estados e municípios, e de suasempresas, terá nítida melhoria em 1984. Em 1983 seudesempenho operacional manteve-se dentro do limite es-perado equivalente a um déficit de 1,3% do PIB, em virtu-de, principalmente, dos controles sobre a expansão dosempréstimos tomados junto ao sistema financeiro, bemcomo no que se refere às emissões de títulos. Esses con-troles serão mantidos em 1984. Espera-se um resultadooperacional equilibrado para esse setor em 1984, comodecorrência da ação conjunta daquelas medidas, associa-das ao aumento das receitas dos estados e municípios, emdecorrência da elevação da alfquota sobre o imposto sobrecirculação de mercadorias (ICM) e das novas medidas demaior participação nas receitas do Governo Federal.

Os demais segmentos do setor público, compreendendoprincipalmente o sistema de previdência social, assim co-mo algumas agências descentralizadas e fundos e progra-mas, apresentaram superavit operacional equivalente a0,5% do PIB em 1983, acima do superavit de 0 ,1% quehavia sido projetado. Isso ocorreu apesar da deterioraçãoda situação financeira do sistema de previdência social, efoi devido principalmente â apropriação, pelos fundos eprogramas, dos ganhos adicionais obtidos como resultadoda eliminação de subsídios ao crédito. Para 1984 encon-tra-se em curso esforço no sentido de restaurar uma situa-ção financeira sólida no sistema de previdência social.Através desse esforço e do efeito continuado de medidastomadas em 1983, espera-se que o superavit operacional

do conjunto dos demais segmentos do setor público seeleve a 0,7% do PI B em 1984.

No conjunto, o Governo mantém a determinação de asse-gurar um superavit operacional equivalente, pelo menos, a0,3% do PIB em 1984. Isso equivaleria a um incrementode cerca de 3 pontos de percentagem em relação ao PIB,entre 1983 e 1984. A necessidade global de financiamentodo setor público será reduzida a nível equivalente entre11% e 13% do PIB, dependendo do comportamento dospreços e do ritmo com que a taxa de inflação se desace-lere. Foram definidas as metas correspondentes para a ne-cessidade de financiamento do setor público e para o de-sempenho operacional relativos aos períodos de três mesesterminados em junho e setembro de 1984.

A política monetária adquiriu importância decisiva nascircunstâncias atuais. Para assegurar uma redução signifi-cativa da inflação, será necessária uma rigorosa política decrédito, de modo que o crescimento dos meios de paga-mento e da base monetária seja mantido sob rígido con-'trole, enquanto se buscará seguir uma política que assegu-re taxas reais positivas de juros. Conseqúentemente, o coe-ficiente de correção monetária, que se usa para ajustar ovalor das obrigações financeiras, continuará a ser fixadoao final de cada mês, em nível não inferior ao da taxa deinflação (medida pelo fndice Geral de Preços — Disponibi-lidade Interna, ajustado segundo os fatores acidentais),correspondente aquele mês. Além disso, pretendemosmanter a expansão dos meios de pagamento e da basemonetária em 1984 em não mais que 50%. Para tanto,definimos metas mensais para esses agregados para o pe-ríodo até setembro de 1984. As operações de "openmarket" serão inteiramente orientadas para a observânciadaquelas metas e serão usadas para corrigir qualquer even-tual desvio. Ao mesmo tempo, estamos administrando asoperações de "overnight" visando a que não se mantenhaum financiamento médio líquido permanente neste mer-cado. A redução do crédito subsidiado e as restriçõesquantitativas impostas aos bancos resultarão numa aloca-cão mais eficiente dos escassos recursos disponíveis e re-duzirão a ampla dispersão das taxas de juros existentes nopassado. Pretendemos proceder à liberalização do merca-do de crédito, mediante outras reduções adicionais nossubsídios e restrições quantitativas. Os objetivos que des-crevemos, na área da política monetária, se traduzem numconjunto de limites impostos ao crédito interno líquidodas autoridades monetárias.

Com respeito ò política do setor externo, e à luz dosresultados encorajadores obtidos em 1983, tudo indicaque a meta de um superavit comercial de US$ 9 bilhõesem 1984 poderá ser alcançada. Os resultados da experiên-cia recente revelam que há incertezas quanto às projeçõesrelativas aos pagamentos líquidos de serviços, em 1984.No entanto, supondo não ocorram modificações adversasnas condições do mercado mundial, inclusive nas taxas dejuros internacionais, acreditamos viável alcançar um défi-cit no balanço de pagamentos em conta corrente de cercade US$ 5 bilhões em 1984, meta original contemplada emnossa carta de 6 de janeiro de 1983. Essa melhoria espera-

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da no déficit em conta corrente, para 1984, juntamentecom o sucesso da conclusão dos acordos financeiros men-cionados acima, dá-nos a confiança de que também sepoderá alcançar a meta de um superavit global de US$ 1bilhão no balanço de pagamentos, no conjunto dos resul-tados dos anos de 1983 e 1984.

O Governo continua firmemente comprometido a manteruma taxa de câmbio competitiva e a eliminar todas asremanescentes taxas múltiplas de câmbio e restrições cam-biais, durante o período do acordo ampliado:

a) Durante 1983, a taxa de câmbio foi depreciada em289%, em termos de.cruzeiros por dólar dos EstadosUnidos, com o valor real do cruzeiro caindo de 25%em relação ao dólar. No período de março de 1983 até15 de janeiro de 1984, o cruzeiro foi desvalorizado deacordo com o "índice Geral de Preços" (IGP), ajusta-do aos fatores acidentais, cumprindo-se assim o crité-rio de desempenho estabelecido no programa. No futu-ro, a política de minidesvalorizações do cruzeiro serámantida de tal forma a assegurar a competitividade dasexportações brasileiras, permitindo ao mesmo tempo aeliminação das remanescentes taxas múltiplas de câm-bio e restrições cambiais;

b) Certas restrições cambiais a remessas de lucros, algu-mas taxas múltiplas de câmbio e todos os remanescen-tes acordos bilaterais de pagamentos com países mem-bros do Fundo foram eliminados em dezembro de1983. As duas principais práticas múltiplas de câmbioainda existentes são o crédito-prêmio às exportações eo imposto sobre operações financeiras (IOF) aplicávelà venda de câmbio. O crédito-prêmio, que expirará aofinal de abril de 1985, será eliminado naquela data.Em dezembro de 1983, a abrangência do imposto so-bre operações financeiras foi ampliada para incluir asvendas de cambio para as importações de petróleo. Noentanto, o Governo reafirma sua intenção de eliminaro IOF, na medida em que ele incida sobre transaçõescambiais, no máximo até o final de 1985. Na verdade,já começamos a estudar alternativas que compensem asperdas de receita daí decorrentes;

c) As autoridades reafirmam sua intenção de introduzir,durante o período do programa, um sistema de comér-cio capaz de prover proteção às atividades domésticasatravés de tarifas, de preferência a restrições quantita-tivas. O trabalho técnico para a implementação de talpolítica foi confiado a um grupo de trabalho compos-to de representantes de alto nível dos diferentes setoresgovernamentais. As autoridades pretendem submeterao Congresso, em meados de 1984, a legislação per-tinente. Os progessos na área de liberalização das im-portações serão avaliados na revisão de agosto.

A previsão de certa recuperação na economia mundial,combinada com os resultados esperados das reformas em-preendidas no contexto do "acordo ampliado" com oFundo, justificam uma avaliação positiva das perspectivasdo balanço de pagamentos do Brasil no médio prazo. A

continuação da recuperação nas principais economias de-verá trazer uma ampliação das oportunidades de expor-tações. Nossas reformas internas, que fortaleceram o papelos preços relativos e reduziram a importância dos contro-les administrativos, deverão colocar os produtos brasilei-ros em melhor posição para tirar vantagem daquelas opor-tunidades, à medida em que elas forem surgindo. Espera-mos que as condições dos mercados internacionais de ca-pital se normalizarão, produzindo taxas de juros mais bai-xas e conseqúentemente reduzindo o serviço da dívidabrasileira Nossas políticas já conseguiram reduzir substan-cialmente o déficit em conta corrente do País, conseqúen-temente diminuindo a dependência do Brasil de novosempréstimos externos e criando-nos a oportunidade derecompor, em níveis desejáveis, nossa posição de reservainternacional.

À vista dos resultados mais favoráveis alcançados no ba-lanço de pagamentos em conta corrente e das melhoresperspectivas nessa área, podemos esperar que prevaleçamcircunstâncias mais normais com respeito às finanças ex-ternas do Brasil. Isso nos permitirá dar formulação apro-priada ao nosso objetivo de reduzir a dependência de pou-panças externas em nossa estratégia de crescimento nolongo prazo. Conseqúentemente, pretendemos limitarqualquer novo endividamento externo líquido, tanto decurto como de longo prazo, a montantes que guardemcoerência com as metas da conta corrente e do balanço depagamentos como um todo.

As autoridades brasileiras crêem que as políticas e as me-didas descritas nesta carta são adequadas à realização dosobjetivos do programa, mas tomarão medidas adicionaisque venham a revelar-se apropriadas àquele f im. Durante operíodo restante do "acordo", o Brasil e o Fundo consul-tar-se-ão periodicamente, em consonância com as diretri-zes aplicáveis a tais consultas, para examinar o progressoalcançado na implementtação do programa e na realizaçãode seus objetivos. Em particular, as autoridades brasileirasconsultarão o Fundo antes de 31 de agosto de 1984 sobreo progresso feito na implementação do programa econó-mico aqui escrito.

MEMORANDO TÉCNICO DE ENTENDIMENTOS

Este memorando define os conceitos utilizados para quan-tificar determinadas variáveis do programa económico,descrito na carta datada de 15 de março de 1984, e esta-belece modelos para os relatórios periódicos.

A meta para o balanço de pagamentos no ano de 1984,mencionada no parágrafo 19 daquela carta, é de um supe-ravit de US$ 4,3 bilhões. As metas trimestrais são de su-peravit de US$ 1,7 bilhão ao final do primeiro trimestre;de US$ 2,65 bilhões ao final do primeiro semestre; e desuperavit de US$ 3,65 bilhões ao final do período janei-ro—setembro. PWa os fins de verificação dessas metas, odesempenho do balanço de pagamentos será medido pelasvariações na posição das reservas internacionais líquidasdas Autoridades Monetárias (o Banco Central e o Banco

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do Brasil S.A.), conforme Quadro 1 (anexo). No entanto,com o propósito de medir o desempenho do balanço depagamentos, a variação na posição das reservas interna-cionais líquidas não incluirá a monetização líquida doouro. Por outro lado, o ouro, os DES, e os ativos e asobrigações não expressos em dólar terão seu valor calcula-do com base nos preços e nas taxas de câmbio em vigorem 31 de dezembro de 1983.

A necessidade de financiamento do setor público não-financeiro, a que se refere o parágrafo 17 da carta, serádefinida como a soma dos acréscimos líquidos, ocorridosnos itens descritos no Quadro 2 anexo, em relação aosrespectivos saldos em 31 de dezembro de 1983. Essas ne-cessidades f inanceiras acumuladas não excederãoCr$ 11.750 bilhões durante o período de três meses quetermina em 31 de março de 1984; Cr$ 23.750 bilhõesdurante o período de seis meses que termina em 30 dejunho de 1984; e Cr$ 35.500 bilhões no período de novemeses que termina em 30 de setembro de 1984.

O desempenho operacional do setor público mencionadono parágrafo 17 da carta será definido como a necessidadede financiamento do setor público não-financeiro confor-me estabelecido no parágrafo 2 acima e no Quadro 2,menos a soma das correções monetária e cambial implíci-tas no saldo do déficit público interno daquela necessida-de de financiamento. O cálculo da correção monetária ecambial foi combinado mutuamente. O desempenho ope-racional definido dessa forma será um déficit que nãoexcederá Cr$ 1.300 bilhões em 31 de março de 1984; umdéficit que não excederá Cr$ 300 bilhões em 30 de junhode 1984; e um déficit que não excederá Cr$ 600 bilhõesem 30 de setembro de 1984,

As metas mensais para as necessidades de financiamentodo Governo Central, empresas estatais e governos esta-duais e municipais, mencionadas no parágrafo 12 da carta,aparecem no Quadro 3. Os resultados mensais serão comu-nicados ao Fundo com uma defasagem de 4 semanas e osdesvios das metas serão motivo de consulta ao "staff" doFundo.

As metas da política monetária para 1984, mencionadas noparágrafo 18 da carta, expressam o propósito do programaem estabelecer limites para o crédito interno líquido dasautoridades monetárias; esses créditos são definidos como

a diferença entre as obrigações com o setor privado e asreservas internacionais líquidas das autoridades monetá-rias conforme aparece no Quadro 4, em anexo. Essas re-servas internacionais líquidas serão expressas em cruzeirosutilizando-se taxas de câmbio mutuamente combinadas. Ocrédito interno líquido assim definido não excederáCr$ 5.350 bilhões em 31 de março de 1984; Cr$ 4.550bilhões em 30 de junho de 1984; e Cr$ 2.800 bilhões em30 de setembro de 1984.

As metas mensais para a oferta monetária e a base mone-tária até setembro de 1984 (inclusive), mencionadas noparágrafo 18 da carta, aparecem no Quadro 5, anexo, osdesvios serão objeto de consulta ao "staff" do Fundo.

Os limites do novo endividamento externo líquido men-cionados no parágrafo 22 da carta serão definidos como adiferença entre o desembolso e a amortização da dívidaexterna a médio e longo prazos, tanto do setor públicocomo do privado', mais a variação na posição líquida decertos tipos de dívida de curto prazo como descrito noQuadro 6 anexo. A nova dívida externa assim definidanão excederá US$ 3,9 bilhões durante o primeiro trimes-tre; US$6,8 bilhões no primeiro semestre; e US$9,1 bi-lhões no período de nove meses terminado em 30 de se-tembro de 1984.

Levando em conta a defasagem que ocorre na publicaçãodos principais, índices de preços, a política cambial descri-ta no parágrafo 20 da carta será implementada de maneiraque a variação percentual no valor em cruzeiros do dólaramericano em 15 de abril de 1984, em relação ao seuvalor em 31 de dezembro de 1983, não será menor que avariação percentual acumulada no índice Geral de Preços— Disponibilidade Interna (IGP-DI) no trimestre que ter-mina em 31 de março de 1984; a variação percentual novalor em cruzeiro do dólar americano em 15 de julho de1984, em relação ao seu valor em 31 de dezembro de1983, não será menor do que a variação percentual acu-mulada do IGP-DI durante os seis meses que terminam em30 de junho de 1984; a variação percentual no valor emcruzeiros do dólar americano em 15 de outubro de 1984,em relação ao seu valor em 31 de dezembro de 1983, nãoserá menor do que a variação percentual acumulada noIGP-DI durante o período de nove meses terminado em30 de setembro de 1984.

ANEXOS: 6 quadros

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Quadro 1

Reservas Internacionais Líquidas das Autoridades Monetárias1

US$ milhões

31 de dezemtrol t e n s 1983

1. AtivosA. Haveres Prontos6. Haveres a Curto PrazoC. Haveres a Médio e a Longo Prazos

2. PassivosA. Obrigações Prontas —B. Obrigações a Curto Prazo 4.408.4C. Obrigações a Médio Prazo (FMI)2 2.644,5

3. Reservas Internacionais Líquidas (1-2) -3.295,9

4. Ajustamentos (acumulados) 579.1A. Monetização de OUro 556,7B. Ganhos e Perdas de Valorização 22,4

5. Reservas Internacionais Líquidas Ajustadas (3-4) -3.875,0

Fonte: Banco Central do Brasil, DIBAP.

1. Banco Central do Brasil e Banco do Brasil.2. Inclui todas as obrigações de recompra decorrentes do uso de recursos da

primeira "tranche" de crédito do Fundo, sob o "esquema ampliado", asfacilidades de financiamentos compensatórios e as facilidades dos financia-mentos de estoques reguladores.

Quadro 2

Necessidades de Financiamento do Setor Público

Cr$ bilhões

I t e n s Dezembro/831

1. Crédito Líquido do Sistema Bancário 18.634Autoridades Monetárias 4.716Bancos Comerciais 7.206Restante do Sistema Bancário 6.712

2. Títulos da Dívida Pública em Poder doSetor Privado 2.774

3. Títulos da Dívida Municipal e Estadual em Poder

do Estado 1.525

4. Dívida Flutuante das Empresas Estatais2 406

5. Financiamento Interno Total (1+2+3+4) 23.339

6. Financiamento Externo 265

7. Financiamento Total do Setor Público (5+6) 23.604

1. Variação de estoques entre dezembro de 1982 e dezembro de 1983.2. Junto a empreiteiras e fornecedores. "Jg3

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Quadro 3

Metas Mensais para as Necessidades deFinanciamento do Setor Público

(Fluxos acumulados para final de período)Cr$ bilhões

Período Governo Governos Empresas FinanciamentoCentral Estaduais e Estatais Externo

Municipais

1984JaneiroFevereiroMarçoAbrilMaioJunhoJulhoAgostoSetembro

9852.1203.2452.6053.5954.8055.8156.6207.620

1.7752.5603.2405.6906.2256.8659.1159.735

10.335

1.6952.9204.1056.2457.935

10.72012.81014.43515.930

220460715

1.2501.5501.6001.8002.0002.200

1. Financiamento externo para governos estaduais e municipais e paraempresas estatais.

Quadro 4

Crédito Interno Líquido das Autoridades Monetáriasem 31.12.1983

Saldos emCr$ bilhões

A. Obrigações Junto ao Setor Privado

1. Passivos MonetáriosPapel-moeda em Poder do Público

Papel-moeda EmitidoCaixa das Autoridades MonetáriasCaixa dos Bancos Comerciais

Depósitos à Vista do Setor Privado no Banco do Brasil1

2. Depósitos a Prazo no Banco do Brasil

3. Outras ObrigaçõesDepósitos sobre ImportaçõesOutros Depósitos do Setor Privado2

Outros Depósitos Restituíveis sobre Viagensao Exterior (Resolução n°380)

B. Reservas Internacionais Líquidas (Quadro 1. linha 3)

C. Crédito Interno Líquido (A-B)

3.419,5

2.670,81.841,92.047,3

-26,0-179,4-828,9

506,8

241,9

237,5

1. Conta 60.25.10 do balancete consolidado sintético das Autoridades Mo-netárias.

2. Contas 70.10.10.50 a 70.10.10.75 do balancete consolidado sintético dasAutoridades Monetárias.

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Quadro 5

Metas para a Base Monetáriae Meios de Pagamento

Saldos em Final de Período (Cr$ bilhões)

Finalde

Período

BaseMonetária

Meiosde

Pagamento

1983Dezembro1

19842

Janeiro1

FevereiroMarçoAbrilMaioJunhoJulhoAgostoSetembro

1. Dados preliminares2. Metas

4.197

4.4084.3734.2814.4094.5024.7634.9254.9005.219

7.783

7.4337.3907.3207.8808.2508.7108.8809.2209.490

despedida deembaixador estrangeiro

O Embaixador de Trinidad e Tobago, Harrison Elbert Ma-jor, deixou suas funções em Brasília e foi homenageadopelo Chanceler Saraiva Guerreiro com um almoço no Palá-cio do Itamaraty, em Brasília, em 31 de janeiro de 1984.Durante a solenidade, o Chanceler Saraiva Guerreiro en-tregou ao Embaixador daquele País a Grã-Cruz da OrdemNacional do Cruzeiro do Sul.

visitas ao brasilJANEIRO

- Ministro do Comércio do Iraque, Hassan Ali, dias 18 e

19;

— Subsecretário para Assuntos Económicos da Argen-

tina, Jorge Romero, dia 26;— Ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Carlos

Augusto Saldívar, dias 26 e 27.

FEVEREIRO

— Secretário de Estado dos Estados Unidos da América,George Shultz, de 3 a 7;

— Ministro dos Negócios EstrangeirosdoSenegal, Mousta-phaNiasse, de 13 a 18;

— Missão económica da Nicarágua, chefiada pelo Minis-tro-Diretor do Fundo Internacional de Reconstruçãodaquele País, Edmundo Jarquim, de 18 a 25; Presiden-te do Uruguai, Gregório C. Álvarez, de 27 a 29.

MARÇO

— Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros da Noruega,Eivinn Berg, dias 01 e 02; Vice-Ministro dos NegóciosEstrangeiros da Tailândia, Prapas Limpabandhu, de 16a 20; Presidente do México, Miguel de Ia Madrid Hur-tado.de 28 a 31.

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Quadro 6

Desembolsos Líquidos da Divida Externa

Fluxo em US$ milhões

I t e n s Jan-Dez./1983

1. Desembolsos (médio e longo prazos) 12.184

A. Empréstimos e Financiamentos Externos ao Brasil 12.177

1. Organismos Internacionais e Agências Governamentais 2.5042. Linhas de Crédito de Exportação e Importação

de Médio e Longo Prazos (até 24 meses) —2473. Contratos de Risco (petróleo) 254. Créditos de Compradores e Fornecedores

(Suppliers'and Buyers')1 9915. Lei n94.131 e Resolução n9632 1.8026. Bónus —7. Projeto I (líquido) 4.195

Projeto I (desembolso) 4.195Amortização de Empréstimos-ponte —2.339

8. Projeto II 4.5329. Clube de Paris 714

B. Financiamento a Residentes para Exportação (receita) 7

2. Amortizações (médio e longo prazos) 8.011

A. Empréstimos e Financiamentos Externos ao Brasil 8.010

1. Organismos Internacionais e Agências Governamentais 9002. De Governamentais 2523. Créditos de Compradores e Forencedores3

(Suppliers'and Buyers') 1.1144. Lei n°4.131 e Resolução n°633 4.6105. Compensatórios 206. Conversão em Investimentos 4197. DCvida Pública Externa Consolidada 18. Bónus 2759. Clube de Paris4 419

B. Financiamento a Residentes para Exportação (despesa) 1

3. Capitais de Curto Prazo (bancos comerciais —684

4. Desembolsos Líquidos da Dívida Externa (1-2+3) 3.489

5. Teto 9.000

6. Margem sob o Teto (5-4) 5.511

Fonte: Banco Central do Brasil - DIBAP

1. Exclui refinanciamentos, os quais estão incluídos no Projeto 11.2. Inclui adiantamento por conta do Projeto I e novos empréstimos rela-

cionados à Resolução n°767, Committed/82 e Intercompanhias.3. Inclui refinanciamento sob Projeto I I .4. Refere-se apenas ao principal.

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ÍNDICE

presidente joão figueiredo visita a bolíviadiscurso do presidente joão figueiredo, em santa cruz de Ia sierra, por ocasião de sua chegada à boi Mae ao ser recebido como hóspede de honra da municipalidade 3

presidente figueiredo recebe o grande colar do condor dos andesdiscurso do presidente joSo figueiredo, em santa cruz de Ia sierra, por ocasião de banquete que lhe foioferecido pelo presidente da bolfvia, hernán siles suazo, durante o qual o presidente brasileiro recebeudo presidente boliviano o grande colar do condor dos andes 4

presidente siles zuazo recebe de figueiredo a ordem do rio-brancodiscurso do presidente joão figueiredo, em santa cruz de Ia sierra, por ocasião de jantar oferecido aopresidente da bolfvia, hernán siles suazo, durante o qual o presidente brasileiro entregou ao presidenteboliviano as insígnias da ordem do rio-branco 5

a assinatura de atos entre o brasil e a bolíviadiscurso do presidente joão figueiredo, em santa cruz de Ia sierra, por ocasião da assinatura de atosentre o brasil e a bolívia 8

ao deixar santa cruz de Ia sierra, presidente figueiredo saúda a imprensabolivianasaudação do presidente joão figueiredo à imprensa boliviana, por ocasião do encerramento de sua visitaoficial à bolfvia 9

declaração conjunta brasil-bolíviadeclaração conjunta brasil—bolfvia, divulgada em santa cruz de Ia sierra, ao final da visita do presidentejoão figueiredo àquele país 9

em brasília, o presidente do uruguai gregório álvarezdiscursos dos presidentes do brasil, joão figueiredo, e do uruguai, gregório c. álvarez, no palácio doitamaraty, em brasflia, por ocasião de banquete oferecido pelo presidente brasileiro ao presidenteuruguaio 21

presidente figueiredo: brasil e uruguai mantêm relacionamento intenso e fra-ternodiscurso do presidente joão figueiredo, no clube naval de brasflia, por ocasião de jantar que lhe foioferecido pelo presidente do uruguai, gregório c álvarez 27

declaração conjunta brasil—uruguaideclaração conjunta brasil—uruguai, feita em brasflia, ao final da visita do presidente do uruguai,gregório c álvarez 28

a presença do presidente do méxico, miguei de Ia madrid, no brasildiscursos dos presidentes do Brasil, joão figueiredo, e do méxico, miguei de Ia madrid, no palácio doitamaraty, em brasflia, por ocasião de jantar oferecido pelo presidente brasileiro ao presidente me-xicano 35

presidente mexicano visita o supremo tribunal federaldiscurso do presidente do máxico, miguei de Ia madrid hurtado (tradução não-oficial), em brasflia, porocasião de sua visita ao supremo tribunal federal 42

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presidente figueiredo destaca a constante aproximação entre o brasil e oméxicodiscursos dos presidentes do méxico, miguei de Ia madrid hurtado (tradução não oficial), e do brasil,joáb figueiredo, no clube naval de brasília, por ocasião de jantar oferecido pelo presidente mexicano aopresidente brasileiro

43na declaração conjunta, os entendimentos do presidente mexicano em bra-síliadeclaração conjunta brasil—méxico, assinada, no palácio do planalto, em brasflia, pelos presidentesjoão figueiredo e miguei de Ia madrid hurtado 44

saraiva guerreiro representa o brasil na conferência económica latino-ame-ricanadiscurso do ministro de estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro, em quito, por ocasiãoda abertura da conferência económica latino-americana 53

chanceler saraiva guerreiro abre a quarta reunião da comissão mista brasil—iraquediscurso do ministro de estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro, no palácio do itama-raty, em brasília, por ocasião da abertura da quarta reunião da comissão mista brasil—iraque, quecontou com a presença do ministro iraquiano do comércio, hassan ali 61

ministro do comércio do iraque recebe a grã-cruz da ordem do rio-brancodiscurso do ministro de estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro, no palácio do itama-raty, em brasflia, por ocasião da solenidade de entrega das insígnias da grã-cruz da ordem do rio-brancoao ministro do comércio do iraque, hassan, ali 62

a visita do secretário de estado norte-americano, george shultzdiscursos do chanceler saraiva guerreiro e do secretário de estado norte-americano, george shultz(tradução não-oficial), no palácio do itamaraty, em brasília, por ocasião de almoço oferecido aorepresentante do governo dos estados unidos da américa 65

os cinco grupos de trabalho brasil—eua encerram suas tarefasdiscursos do ministro de estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro, e do secretário deestado norte-americano, george shultz (tradução não-oficial), no palácio do itamaraty, em brasília, porocasião da cerimónia de encerramento das tarefas dos cinco grupos de trabalho formados pelos doispaíses para estudo dos assuntos económicos, da cooperação nuclear, da cooperação espacial, da coope-ração industrial-militar e da cooperação científica e tecnológica 7 0

itamaraty relata os resultados dos cinco grupos de trabalho brasil—estadosunidos da américanota do itamaraty à imprensa, divulgada em brasília, a propósito do encerramento das tarefas doscinco grupos de trabalho brasil—estados unidos da américa 74

no brasil, o ministro dos negócios estrangeiros do senegal, moustapha niassediscurso do ministro de estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro, no palácio do itamara-ty, em brasflia, por ocasião de almoço oferecido ao ministro dos negócios estrangeiros do senegal,moustapha niasse 77

a quarta reunião da comissão mista brasil—senegaldiscurso do chanceler saraiva guerreiro, no palácio do itamaraty, em brasília, por ocasião da instalaçãoda quarta reunião da comissão mista brasil—senegal, que contou com a participação do ministro dosnegócios estrangeiros daquele país, moustapha niasse 79

a visita ao brasil do vice-ministro dos negócios estrangeiros da noruegadiscurso do ministro de estado, interino, das relações exteriores, joão clemente baena soares, nopalácio do itamaraty, em brasília, por ocasião de almoço oferecido ao vice-ministro dos negóciosestrangeiros do reino da noruega, eivinn berg &'

chanceler em islamabad: potencial de cooperação brasil—paquistão é pro-missor

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discurso do ministro de estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro, em islamabad, porocasião de jantar que lhe foi oferecido pelo ministro das relações exteriores do paquistão, sahabzadayaqub-khan 83

a conferência do chanceler saraiva guerreiro no instituto de estudos estraté-gicos do paquistãoconferência do ministro de estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro, no instituto deestudos estratégicos do paquistão, em islamabad 85

comunicado de imprensa brasil—paquistãocomunicado de imprensa brasil—paquistão, divulgado em islamabad, ao final da visita do ministro deestado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro 90

impulso renovado nas relações brasil—índia, diz saraiva guerreiro, em novadélhidiscurso do chanceler saraiva guerreiro, em nova délhi, por ocasião de jantar que lhe foi oferecido peloministro dos negócios estrangeiros da índia, shri p.v.narashimha rao 93

saraiva guerreiro fala sobre aspectos da política externa brasileira, no centrointernacional indianoconferência do ministro de estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro, sobre o tema"aspectos da política externa brasileira", pronunciada no centro internacional indiano, em nfcva delhi 97

comunicado conjunto brasil—índiacomunicado conjunto brasil—índia, divulgado à imprensa, em nova delhi, ao final da visita do ministrode estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro 1 0 3

relações diplomáticas

entrega de credenciais de embaixadores estrangeiros 107

tratados, acordos, convénios

república da coreia formaliza doação de propriedades rurais ao incra 109

brasil e república federal da alemanha assinam três ajustes ao acordo básicode cooperação técnica 110

ajuste complementar brasil—canada para treinamento de engenheiros e técni-cos em telecomunicações por satélite 114

brasil e estados unidos da américa colocam em vigor o memorando de enten-dimento para cooperação militar-industrial 116

os relatórios finais dos cinco grupos de trabalho brasil—estados unidos daamérica 119

os acordos entre o brasil e a bolívia, assinados durante a visita do presidentefigueiredo a santa cruz de Ia sierra 135

o programa de intercâmbio cultural entre brasil e senegal para o biénio de1984/85 142

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brasil e peru criam grupo de trabalho para elaboração de projeto de acordotécnico de navegação 143

os acordos entre o brasil e o méxico, assinados durante a visita do presidentemiguei de Ia madrid 144

acordos bilaterais do brasil com outros países, promulgados no primeirotrimestre de 1984 148

acordos bilaterais do brasil com outros países, assinados no primeiro trimes-tre de 1984, e que ainda não estão em vigor 149

registro de assentamentos de atos muItilaterais, dos quais o brasil é parte,ocorridos no primeiro trimestre de 1984 149

registro de assentamentos de atos multilaterais, dos quais o brasil é parte,ocorridos no ano de 1983 150

comunicados e notas

itamaraty anuncia visita do presidente figueiredo à espanha e ao marrocos 153

a opinião do chanceler saraiva guerreiro sobre o acordo entre moçambique eáfricadosul 153

presidente figueiredo visitará o Japão e a china 153

mensagens

a independência do estado de brunei darussalam 155

inaugurada a estação brasileira de pesquisa e investigação científica da antár-tida 155

ao deixar o espaço aéreo boliviano, presidente figueiredo envia mensagem ao

presidente hernán siles suazo 155

o falecimento de yuri andropov 156

o falecimento do presidente da guiné-conacri, sekou touré 156

notícias

a quarta reunião da comissão mista brasil—iraque 157

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saraiva guerreiro inaugura exposição sobre "dez anos de livros brasileiros noexterior" 157

o II encontro dos ministros do trabalho dos países lusófonos

157chanceler saraiva guerreiro visita caraças

157a quinta carta de intenções ao fundo monetário internacional

165

despedida de embaixador estrangeiro

visitasao brasil

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