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DESEMBAR UE O REVISTA N.º 21 · PUBLICAÇÃO PERIÓDICA · JUNHO 2015

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Publicação Periódica daAssociação de Fuzileiros

Revista n.º 21 • Junho 2015

PropriedadeAssociação de Fuzileiros

Rua Miguel Pais, n.º 25, 1.º Esq.2830-356 Barreiro

Tel.: 212 060 079 • Telem.: 927 979 461email: [email protected]

www.associacaofuzileiros.pt

Edição e RedacçãoDirecção da Associação de Fuzileiros

DirectorJosé Ruivo

Directores AdjuntosMarques Pinto, Leão Seabra e

Benjamim Correia

Editor PrincipalMarques Pinto

ColaboraçõesDelegações da AFZ, MP, CM, JR, LS, BC,

Ribeiro Ramos, Miranda Neto, José Horta e Paulo Gomes da Silva

Fotografia: Ribeiro, Afonso Brandão, Pedro Gonçalves e Mário MansoCapa (Fotografias): DFZJ/E

Capa (Arranjo): Manuel Lema Santos

Coordenação gráficae paginação electrónica

Manuel Lema [email protected]

Impressão e acabamentoGMT Gráficos, Lda.

Rua Sebastião e Silva, n.º 79, Piso OMassamá – 2745-838 Queluz

Tel.: 214 382 960 email: [email protected]

Tiragem2.000 exemplares

Depósito legal n.º 376343/14ISSN 2183-2889

Não reconhecemos qualquer nova forma de ortografia da língua portuguesa mas, no respeito por diferente opção, manteremos os textos de terceiros aqui publicados que

configurem outra forma de escrita.

índice ficha técnica

O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Editorial

O Dia da Fuzileiro 3

Dia do Fuzileiro

Formulário de Inscrição 4

Convite/Programa 5

Cadetes do Mar

Unidade do Corpo de Cadetes do Mar Fuzileiros 6

Cultura & Memória

Base Aérea das Lajes – Um pouco de “história” vivida, então, por um Marinheiro 9

250 Anos do Nascimento do Almirante Marquês de Nisa 11

O Emprego de Forças Anfíbias na Actualidade e a Sua Pertinência 13

A Captura de Fernando Assane 15

Notícias

Acordo de Colaboração entre a AFZ e a “AVIME 1537” 17

Assembleia-Geral 18

Visita do ALM Saldanha Lopes e do Dr. Humberto de Carvalho 22

Delegações

Delegação do Algarve 23

Delegação do Douro Litoral 24

Delegação de Jorumenha/Elvas 26

Contadores de Histórias

Em jeito de reportagem... e não só 28

Homenagem

Fuzileiro Francisco Guerreiro da Costa – DFE13 – 1965/67 falecido em Angola 30

Contos & Narrativas

Estórias por Contar 31

O “Chez Toi”… 32

Ou o cabelo, Senhor…!!! 34

Crónicas

Crónica de um Fuzileiro – Últimos tempos na Guiné, pelo DFE 5 35

Divisões

Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas 37

Convívios

Encontro Anual do 18.º CFORN – 43.º Aniversário 38

Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 8 – Guiné 1969/71 40

“Escola” de Setembro 1980 41

“Os Templários de Tomar” – 19.º Convívio do “Núcleo” de Fuzileiros 44

Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 6 – Angola 1973/75 45

Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 10 – Moçambique 1974/75 46

Obituário 47

Diversos 47

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editorial

3O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Fuzileiros, vamos comemorar mais uma vez, e pelo 6.º ano consecutivo, o DIA DO FUZILEIRO, numa iniciativa conjunta do Corpo de Fuzileiros e da Associação de Fuzileiros. Como habitualmente, o encontro terá lugar na Escola de Fuzileiros, “a

Casa Mãe” por onde todos nós entrámos para servirmos Portugal nos Fuzileiros, e que nos encheu deste orgulho e deste inexplicável sentimento de pertença. A passagem dos anos torna este encontro cada vez mais importante e mais significativo. A vossa presença é hoje tão importante como no dia em que fostes chamados.

Criado para unir a família dos Fuzileiros, a família que desde o início nos acolheu e nos ensinou a dar os primeiros passos, este Encontro sempre teve o convívio entre gerações como aquilo que motivará esta romaria anual até à Escola de Fuzileiros. E foi neste sentido que as duas organizações juntaram esforços para que todos os fuzileiros, novos e menos novos possam tomar parte na festa. É, na minha opinião, na base deste relacionamento que se conseguirá unir a tal geração mais antiga, do tempo do ultramar aos que, desde então, continuam a honrar a mesma boina, tão duramente conquistada.

A família junta-se mais uma vez, nesta inexorabilidade tão nossa para matar saudades, sentir nostalgias, contar e recontar histórias. A história é feita também de memória e de exemplos. Exemplos que o passado projecta no presente e nos esclarecem sobre quem somos.

Alguns, já afastados das fileiras há algumas décadas, continuam a exibir o mesmo sentido de camaradagem, o mesmo espírito e o mesmo orgulho na boina azul ferrete. Com eles mais me convenço que o nosso lema “Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre” é mesmo assim e que tem outro sentido e outra profundidade neste cenário e nesta fase da nossa vida. Recusamo-nos a ser velhos. O nosso tempo será sempre aquele em que por cá andarmos, independentemente da idade. E o afastamento da vida activa não tem que implicar um alheamento daquilo que tanto nos diz.

Mais uma vez, o programa do Dia do Fuzileiro proporcionará um dia cheio de actividades. Começamos por recordar a pista de lodo e os passeios de LARC pelo rio. A missa e a cerimónia militar, junto ao monumento ao Fuzileiros, recordando os que já partiram e homenageando os mortos ao serviço da Pátria. As honras serão prestadas por actuais e antigos Fuzileiros. Este ano teremos duas novidades: a exposição de viaturas antigas utilizadas pelos fuzileiros, da responsabilidade da DT, e a exposição e workshop de modelismo, voltados para os mais novos.

Muitos colaboram – sem cuidar recompensa – para que o Dia do Fuzileiro seja, de facto, o dia de todos nós. A Associação de Fuzileiros vem, ano após ano, oferecendo o seu prestígio, empenhando os seus elementos, emprestando o seu saber, garantindo o seu apoio incondicional e a participação significativa dos seus sócios. Cumpre aqui referenciar o esforço do Corpo de Fuzileiros e da Escola de Fuzileiros que colocam neste dia o melhor do seu saber de organização e do espírito do fuzileiro. Aqueles que, até hoje deram o seu tempo, a sua disponibilidade, o seu empenho e o seu saber a esta organização merecem de todos nós toda a estima, consideração e respeito.

Vem ter connosco, preenche a ficha de inscrição, ganharás tu e ganharemos todos. Divulga pelos teus camaradas este apelo e apareçam. O DIA DO FUZILEIRO terá o tamanho e a dignidade que merece.

José RuivoPresidente da Direcção

Dia do FuzileiroJosé Ruivo

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dia do fuzileiro

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dia do fuzileiro

O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

CONVITE 04 DE JULHO DE 2015

O Corpo de Fuzileiros e a Associação Nacional de Fuzileiros convidam todos os fuzileiros, sócios da AFZ e respetivas famílias, a estarem presentes nas cerimónias do “Dia do Fuzileiro” que, conjuntamente organizam.

TEMA “ A Educação Física na Escola de Fuzileiros “

PROGRAMA DE EVENTOS 0830h – Concentração na EF 0830h/0930h – Pista de Lodo 0900h/1300h 0930h/1030h

– –

Abertura do Museu do Fuzileiro e Exposição de Modelismo Passeios (Bote, LARC, LAR)

0930h/1700h – Exposição de Viaturas Museológicas da Marinha 1030h – Missa 1130h – Cerimónia Militar junto ao Monumento do Fuzileiro - Homenagem aos Mortos em defesa da Pátria com deposição de coroa de flores

- Discursos 1215h – Inauguração Placa Toponímica do Ginásio 1220h – Abertura da Exposição Fotográfica 1300h – Almoço convívio 1400h/1700h – Reabertura do Museu do Fuzileiro e Exposição de Modelismo.

INSCRIÇÕES

Agradece-se a todos quantos desejem estar presentes nas comemorações que efetuem a sua inscrição, até ao dia 26 de Junho de 2015, pelas seguintes formas: - Preenchendo o impresso que a seguir se retrata e remetendo-o, pelo correio ou via fax, para a Escola de

Fuzileiros ou para a Sede da Associação Nacional de Fuzileiros; - Fazendo a inscrição diretamente nas Cantinas da Escola de Fuzileiros e da Base de Fuzileiros, na Sede da

Associação Nacional de Fuzileiros ou nas suas Delegações; - Poderão, também efetuar as inscrições por correio eletrónico (E-mail) recebendo na volta do correio um

número de inscrição de que deverão fazer-se acompanhar (facilitando-se, assim, a distribuição de senhas da refeição).

Agradece-se que se privilegie a inscrição por grupos (DFE Nº XX do ano YY, Companhia Nº WW do ano ZZ, etc.), podendo-se, obviamente, fazê-la a título individual/familiar. O almoço vai ter o custo de 10 Fuzos para adulto e de 5 Fuzos para crianças dos 6 aos 12 anos.

CONTACTOS Escola de Fuzileiros Email: [email protected] ; [email protected] Telef.: 212151281 (Comissão do Dia do Fuzileiro) FAX: 211938542 (Secção do Protocolo - Escola de Fuzileiros) Associação Nacional de Fuzileiros Secretariado Nacional Rua Miguel Paes, n.º25 – 2830-356 Barreiro Email: [email protected]; Telef.: 212 060 079 – Telem: 927 979 461

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cadetes do mar

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A Formação iniciou-se com uma aula de Cerimonial Naval, onde foram apresentados pelos Cadetes, dois trabalhos abordando os seguintes temas: Carreira e Formação Militar

Naval e a Formação da Unidade de Cadetes do Mar Fuzileiros.

Seguiu-se uma aula de Aptidão Física, de treino Físico Geral, mi-nistrada pelo Senhor Tenente Marques, Oficial de ligação entre a Escola de Fuzileiros e os Cadetes do Mar Fuzileiros.

Depois do almoço, reiniciou-se a formação dos Cadetes, com aulas teóricas e práticas, sobre a Área de Cerimonial Naval na disciplina de Ordem Unida, efectuadas na Parada da Escola de Fuzileiros transmitindo-se. assim, novos conhecimentos quanto à execução de movimentos a pé firme e em marcha, como tam-

bém, a aprendizagem de movimentos sincronizados em diversas cerimónias protocolares do Corpo Cadetes do Mar.

Na Área de Comportamento Cívico/Comunidade Naval foram abordados temas relacionados com História da Marinha, referen-tes aos séculos XIX e XX.

A formação durante a manhã foi ministrada por Formadores da Associação de Fuzileiros e da Escola de Fuzileiros e, durante a tarde, por Formadores da Associação de Fuzileiros e do Corpo Cadetes do Mar.

José TalhadasSóc. Orig. n.º 95

Comte UCMF

Deu-se início à formação de Cerimonial Naval com a disci-plina de Ordem Unida do Cadete Porta Estandarte. Foram efectuadas revisões sobre os movimentos e as posições do

Porta Guião.

Também foi ministrada formação de um Bloco de Estandartes, as honras devidas ao Estandarte Nacional e os movimentos e posi-ções do bloco de Estandartes e Guiões.

Seguiu-se a área de Aptidão Física com travessia da Pista de Lodo. Os alunos foram acompanhados por um formador da Esco-la de Fuzileiros e iniciaram, assim, o primeiro contacto com no-vas dificuldades, designadamente, movimentarem-se em terreno pantanoso – um esforço diferente – onde tiveram oportunidade de colocar em prática o espírito de entreajuda, característica ne-cessária para ultrapassar as dificuldades encontradas ao longo do percurso.

No final, depois de um duche retemperador de água quente, ficou o sentimento de uma experiência vivida diferente.

Depois do almoço, reiniciou-se a formação dos Cadetes, na área de Comportamento Cívico/Naval, com uma palestra/divulgação, elaborada pela STEN TN RP Virgínia Moreiras, do Centro de

5.ª Formação da Unidade de Cadetes do Mar Fuzileiros14 de Março de 2015

Unidade do Corpo de Cadetes do Mar Fuzileiros

4.ª Formação da Unidade de Cadetes do Mar Fuzileiros14 de Fevereiro de 2015

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cadetes do mar

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Na tarde do dia 18 de Abril de 2015, realizou-se na Escola de Tecnologias Navais (ETNA) a homenagem solene da evocação do centenário dos feitos heróicos do Batalhão

de Marinha no Sul de Angola, comandado por Afonso Cerqueira. Lembramos que esta Escola é a Unidade herdeira da tradição dos Batalhões de Marinha do princípio do século XX.

O Corpo de Cadetes do Mar e o Corpo de Cadetes do Exército de Portugal associaram-se a esta cerimónia, escolhendo este dia para seu Dia Nacional. Também a Comissão Nacional para a Evo-cação do Centenário da Grande Guerra se associou à efeméride.

S. Ex.ª o Almirante CEMA, Macieira Fragoso chegou à parada da ETNA às 15h30 e foram-lhe prestadas honras pelos Cadetes de Portugal, comandados pelo Capitão-de-mar-e-guerra Franco Fa-cada, Comandante do Corpo de Cadetes do Mar de Portugal, por inerência de funções de Comandante da Fragata D. Fernando II e Glória.

Em seguida o CEMA passou revista às Unidades de Cadetes for-mados na parada. Foi depois colocada uma coroa de flores com escolta da Unidade de Cadetes do Mar Fuzileiros, tendo-se o Almirante CEMA associado à homenagem, acompanhado pelo Presidente do Grupo de Amigos do Museu de Marinha Contra--Almirante MN Moreira Braga.

Após os toques de homenagem a “Mortos em Combate” executado pela Fanfarra do Corpo de Fuzileiros, e o Hino Nacional tocado pela Banda da Armada e cantado pelos presentes, S. Ex.ª o Almirante CEMA visitou as sete salas de exposição dos trabalhos de final de ano das Unidades de Cadetes Presentes, tendo mantido animada conversa com os Cadetes autores dos projectos expostos.

O Dever da Memória dos jovens Cadetes das Escolas de Portu-gal, cumpriu-se neste dia, através da homenagem que quiseram prestar a todos os que defenderam Portugal no Século XX, pelas armas, com a sua inteligência ou pelo seu trabalho quotidiano, empenhado e competente. Mas Portugal precisa de continuar a ser defendido; por isso os Cadetes de Portugal comprometeram--se em público nesta jornada:– a combaterem o esquecimento deliberado a que remeteram

as causas por que Portugal se bateu em todas as épocas da sua História heroica e cosmopolita;

– a desmascararem no dia-a-dia os inimigos de Portugal e o relativismo apátrida veiculado na escola e nos media;

– a assumirem com orgulho a herança de defensores do nosso Portugal de sempre;

– a cumprirem o dever patriótico de recordar os heróis de Portugal, para que sirvam a todos de exemplo.

Comemoração do Dia Nacionaldos Cadetes do Mar e do Exército

18 de Abril de 2015

Recrutamento da Armada, sobre as candidaturas e condições de admissão para o ingresso em regime de contrato, assim, como as carreiras militares existentes na Armada. Por fim, foram esclarecidas todas as questões e dúvidas apresentadas pelos Cadetes.

Seguidamente foi realizada, na Parada da Escola de Fuzileiros, o treino geral da Unidade de Cadetes do Mar Fuzileiros, para a Cerimónia do Dia Nacional do Corpo de Cadetes do Mar de Portugal, realizado na Escola de Tecnologias Navais, em 18 de Abril, no Alfeite.

Esta formação foi ministrada por Formadores da Associação de Fuzileiros e da Escola de Fuzileiros.

José TalhadasSóc. Orig. n.º 95

Comte UCMF

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cadetes do mar

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A demonstrá-lo os Cadetes exibiram os seus trabalhos alusivos a estas causas, a S.Ex.ª o Almirante CEMA, aos Almirantes, Ge-nerais e Comandantes convidados, aos pais e aos professores das Escolas e ainda aos convidados das Associações parceiras que aderiram. Assim, os jovens, vindos de todas as Escolas e Clubes que já têm Cadetes do Mar e Cadetes do Exército, vieram ali mostrar a sua gratidão para com os que defenderam Portugal na Grande Guerra e lutaram na África Portuguesa, faz cem anos.

Mas também quiseram homenagear todos os militares presentes, que igualmente defendem Portugal, para que continuem a orgulhar-se de usar os uniformes e as medalhas que ali exibiram, símbolos do seu esforço e mérito, que merece ser por todos reconhecido e é legitimado pela Pátria.

Bellém RibeiroSóc. Orig. n.º 2030

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cultura & memória

9O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

O arquipélago dos Açores dista de Portugal continental cerca de 1420 km, ou 767 milhas náuticas. Foi descoberto pelos portugueses sucessivamente desde 1431 até 1460.

Até ao início da segunda guerra mundial não havia neste arqui-pélago qualquer base aérea, salvo, uma pequeníssima pista para pequenos aviões, na ilha Terceira, junto do sítio das Lajes. Com o advento da segunda guerra mundial, iniciada em 1 de setembro de 1939, começaram a ir para aquele arquipélago contingentes de tropas enviadas do Continente e, entre eles, um destacamento de aviação do exército (na época ainda não havia força aérea) que usou como pista na ilha de São Miguel, na costa norte, no sítio de Rabo de Peixe, perto da atual cidade da Ribeira Grande, num terreno que era frequentemente invadido por animais a pas-tarem e daí ter ganho o cognome de “Aéro-Vacas“. Como pista, era usada principalmente pelos trimotores “Junqueres”, ainda de cauda no solo.

A aviação da Armada, com os seus aviões navais e anfíbios insta-lou-se ao fundo do porto de Ponta Delgada, com os aviões, bimo-tores anfíbios, “Hidjon” tipo “Gruman”, os aeronavais “Gruman”, e ainda com os monomotores, “Avro” e “Flyt”.

Permitam-me, à guisa de esclarecimento, fazer aqui um diver-tículo para melhor nos situarmos, principalmente para os mais novos. Em 1942 e 1943, etc., ainda não havia aviões que num só voo atravessassem o oceano atlântico. Dou um exemplo: a “PAN AMERICA” era uma das poucas companhias, senão a úni-ca, sediada no nosso País, na época (tinha escritórios em Lisboa, nos Restauradores) que fazia essa travessia partindo do rio Tejo em Lisboa, Cabo Ruivo, com os seus hidroaviões quadrimotores, motores em estrela, movidos a gasolina. Faziam como primeira escala, só para abastecer, o porto da cidade da Horta na ilha do Faial. A amaragem e a descolagem eram efetuadas em parte, ainda dentro do porto, para se defenderem da ondulação. Os pas-sageiros saíam, levados para um bairro privativo da companhia enquanto o avião abastecia, após o que regressavam. O avião saía do Faial para ir amarar noutras ilhas, as Bermudas, onde ti-nha idêntico procedimento, e tornava a descolar, para finalmente chegar a Nova Iorque.

Voltemos ao tema principal.

No verão de 1943, já a segunda guerra mundial perfazia o seu quarto ano, o navio aonde eu pertencia, o C. T. Tejo (Contra Tor-pedeiro Tejo) recebe ordem para que, no Arsenal do Alfeite lhe fossem montados com a máxima urgência, cabos para afasta-mento de minas magnéticas. Foram montados com tanta rapidez que não houve tempo para os fixar corretamente. A maior parte foi atada com fios e arames! Foi montado na mesma altura um “asdic” (sonar). Enquanto decorriam os trabalhos, na habita, era voz corrente: “vamos entrar na guerra”.

Acabados os preparativos, no dia 4 de Outubro de 1943, nós, o contra torpedeiro Tejo, comandado pelo Capitão-Tenente Morei-ra Rato, e sendo Imediato, o 1.º Tenente Soares Branco, saímos cerca das vinte horas, o que não era costume, pois em missões anteriores, era frequente, sairmos mais cedo umas horas. E desta vez acompanhado com um aviso de primeira classe, o Afonso de Albuquerque.

Este navio fez todo percurso até terminar a missão sempre ao nosso lado, pelo nosso bombordo, dentro do raio de proteção con-tra minas magnéticas, que o nosso navio lhe dava, pois o Afonso de Albuquerque não tinha esse dispositivo. O tempo de viagem foi o do costume, cerca de 48 horas, o que dá uma velocidade horária, média, de 18 nós, entre Lisboa e Ponta Delgada. Aí che-gámos no dia 6 de Outubro de 1943 perto da hora do pô do Sol. Normalmente quando os navios ali chegavam, atracavam. O mo-mento era diferente. Foram passadas espias a terra, que ficaram tão folgadas que não era fácil falar com alguém. Mesmo assim, quando o navio ali chegou já estavam várias sentinelas ao longo do cais para que não houvesse essa possibilidade.

Ali passámos a noite e, à hora da alvorada, de 7 de Outubro de 1943, os dois navios, do mesmo modo, se fizeram ao mar. Mas para onde? Estava no segredo dos comandos. À tarde, cerca das 18 horas chegámos ao Faial. Na Horta, ambos os navios ficaram fundeados. À meia- noite, com todo o pessoal a dormir, menos o que estava de serviço, recebemos ordem para sair para o mar. Nem houve toque de faina. Como o navio ficou aceso, sempre pronto a sair, foi suficiente chamar somente o pessoal neces-sário à faina de levantar ferro. Eu dormia. Acordei com o ruido e vibração do levantar ferro. Vi as horas. Era meia-noite. Continuei a dormir, visto só entrar de serviço às duas horas da manhã. A essa hora, já do dia 8 de outubro de 1943, entrei de serviço na casa das máquinas principais. O pessoal ali em serviço era com-posto por um sargento condutor de máquinas (atualmente artífice condutor de máquinas) dois marinheiros fogueiros e um grumete da mesma especialidade, que era eu (tinha acabado o curso havia cinco meses) hoje condutores de máquinas.

Quando fui entrar de quarto, ao passar no convés, verifiquei que navegávamos em mar aberto e não se via luz alguma. Logo, não me apercebi para onde nos dirigíamos. Cerca de uma hora após ter entrado de quarto, o telégrafo toca e indica “PÁRA“. E, pas-sado pouco tempo, toca de novo e indica “MARCHA A RÉ“. Em seguida, “PÁRA“. Passados alguns minutos, como não houvesse mais movimentos, o sargento condutor de máquina disse-me que fosse lá cima ver o que se passava. Assim fiz, só que chegado ao convés, olhando em redor, não via nada. Era praticamente escuro absoluto. Contudo ao habituar-me um pouco à escuridão comecei a perceber o contorno em redor em que se distinguia mais escuro em baixo e em cima mais luminoso. Aquela configuração, por-que já lá tinha estado no ano anterior, e pelo tempo de viagem, reconheci que estava no porto frente a Angra do Heroísmo. Desci e dei essa informação. Foi-me dito que continuasse lá para ver o que se passava. Assim fiz. Perto das 04.00 horas da madrugada chegou, vinda de terra, uma embarcação de onde saíram umas cinco pessoas e que de imediato foram encaminhadas para baixo, para camara dos oficiais. Pouco depois, através do criado, já se sabia de quem se tratava: era o pessoal da embaixada alemã em Angra do Heroísmo. Levantámos ferro. Entretanto saí de serviço às 06.00 horas, mas já não me fui deitar. O que me interessava era saber o que mais viria.

Depois de navegarmos algum tempo, não muito, apercebi-me de que seguíamos, rumo aproximado, donde tínhamos vindo, e por certo iríamos de novo para o Faial. A seguir verifico que na ponte

Base Aérea das LajesUm pouco de “história” vivida, então,

por um MarinheiroAntónio Marreiros

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cultura & memória

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de comando estão a fazer transmissão luminosa com a lâmpada Hales. Depois de ver que ao longe na escuridão, alguém respon-dia, logo pensei ser o nosso outro navio, o Afonso de Albuquerque. Mas foi somente um cálculo, que saiu errado.

Entretanto começa a aparecer alguma claridade da manhã que se aproximava. Podemos então ver, pelo nosso estibordo, mais ou menos para os lados de S. Jorge, uma enorme quantidade de navios, uns de carga e outros de guerra. Eram navios pertencen-tes à nossa secular aliada Inglaterra. Dirigiam-se para o sítio das Lajes, onde foram montar uma pista aeronáutica, metálica, com dois quilómetros de comprimento. Lá deixaram cerca de 3.000 homens entre militares e civis.

Enquanto o nosso navio, em Angra do Heroísmo, fez o seu traba-lho, o Afonso de Albuquerque fez trabalho idêntico no Faial, e no porto da cidade da Horta onde estava, havia anos, ali “escondido” um navio de carga alemão, de seu nome, “Luize Bornhofen”. Es-tavam ali, como que escondidos porque sabiam que se, se fizes-sem ao mar seriam facilmente afundados.

Toda a tripulação foi trazida para bordo do Afonso de Albuquer-que. A nossa marinhagem, enquanto no percurso entre o Faial e Ponta Delgada, onde todas aquelas pessoas foram entregues, deu-lhes uns bons copos de “tinto” o que resultou em terem os alemães, sob o efeito de álcool, dito que dali davam informações acerca do movimento de navios com interesse para o governo alemão na época, ou seja, na guerra.

Como o faziam? Tinham escondido na chaminé do navio, um transmissor. Essa informação foi dada ao comandante do navio pelo pessoal que “amavelmente tinha servido as bebidas”. Es-tas informações foram recolhidas quando nos juntámos todos

em Ponta Delgada. Como é de calcular, eram os nossos assuntos

mais prioritários.

A segunda guerra mundial veio a terminar, como é sabido, em 8

de Maio de 1945.

António Marreiros

Sóc. Efect. n.º 2314

Nota do Editor: Trata-se de uma “história” vivida por um nosso sócio, nonagenário, com a impressionante lucidez para a poder escrever e contar.

INFORMAÇÃO aos SóciosSalão Polivalente e de Refeições

Informamos os nossos Associados que o Snack-Bar da AFZ, da nossa Sede Social, está em pleno funcionamento após obras de conservação e manutenção. O Salão Polivalente e a cozinha do Snack-Bar foram totalmente remodelados incluindo o mobiliário.

Daqui exortamos todos os Sócios a que frequentem a nossa/Vossa Sede, o Bar e o Salão Polivalente e de Refeições e a que, os Camaradas or-ganizadores dos habituais Almoços/Convívios, consultem sempre a AFZ e/ou o respectivo Concessionário do espaço, porque encontrarão, por certo, condições de relação qualidade/preço muito favoráveis, para além de um ambiente agradável e de muito nível, propício à realização de eventos de qualquer natureza, em que as nostálgicas saudades, as alegrias, a amizade, a solidariedade, as nossas histórias e o espírito do fuzileiro se podem revelar em toda a sua plenitude.

Sugerimos que as marcações de pequenos eventos ou os almoços/convívios sejam, em princípio, marcados com a intervenção do Secre-tariado Nacional da AFZ (telefone: 212 060 079; telemóvel: 927 979 461, email: [email protected]) por razões que têm a ver com a programação dos eventos da iniciativa da Direcção.

O Concessionário, cujo novo telefone é o 210 853 030, tem instruções para dar conhecimento à Direcção de todos os eventos e/ou convívios que venham a ocorrer na Sede Nacional, antes de se comprometer na sua realização.

Saudações a todos os Sócios e suas Famílias.

A Direcção Nacional da AFZ

in pt.wikipedia.org

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11O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

INTRODUÇÃO

Em Dezembro de 2015 completam-se 250 anos sobre o nasci-mento do Almirante Marquês de Nisa, que muito prestigiou Por-tugal e cuja carreira está profundamente ligada à história dos Fuzileiros portugueses.

Neste pequeno artigo debruçar-nos-emos um pouco sobre a vida e a obra desta emblemática figura da nossa Marinha.

UM ILUSTRE OFICIAL

D. Domingos Xavier de Lima nasceu a 30 de Dezembro de 1765. Filho de D. Thomaz Xavier de Lima Nogueira Telles da Silva, 1.º Marquês de Ponte de Lima e 14.º Visconde de Vila Nova da Cerveira, e de D. Eugénia Maria Josefa de Bragança, 2.ª filha dos quartos Marqueses de Alegrete, era o quinto de seis irmãos e o segundo varão, pelo que não tinha grandes horizontes quanto aos títulos a herdar. Este terá sido, provavelmente, um dos principais motivos que o levaram a alistar-se na Armada.

Com apenas 15 anos, embarcou, como voluntário, na nau de linha “Nossa Senhora do Pilar”. Em 1782 ingressou na Companhia dos Guardas-Marinhas, que, criada, nesse mesmo ano, viria a constituir o embrião da futura Escola Naval.

Em 1784, participou, na qualidade de chefe do estado-maior da força naval portuguesa, numa expedição combinada hispano--luso-napolitana contra Argel, destinada a punir e a dissuadir a pirataria argelina.

Em 1790 casou com a sua sobrinha Eugénia Teles da Gama, descendente, por via paterna, do grande Vasco da Gama. Uma vez que D. Eugénia não tinha irmãos do sexo masculino, foi o marido, D. Domin-gos, a adquirir, pelo casamento, os títulos de que era herdeira, entre os quais os de Almirante do Mar da Índia, de Conde da Vidigueira e de Marquês de Nisa.

Três anos mais tarde, comandando uma fragata, integrou a esquadra que levou ao reino da Sardenha o recém-nomeado enviado extraordinário de Portugal, o seu irmão Lourenço, que acolheu a bordo do seu navio. Nessa viagem, o Marquês de Nisa teve oportunidade de visitar, pela primeira vez, a cidade de Nápoles, onde a comitiva portuguesa foi recebida com muitas honras e grandes festejos.

Desejoso por combater, participou, no ano seguinte, como sol-dado, na campanha do Rossilhão contra a França revolucionária, onde se distinguiu pela sua bravura. Porém, quando as opera-ções terrestres atingiram um impasse, pediu a reintegração na Armada.

Ainda não tinha 30 anos quando, em 1795, ascendeu ao posto de chefe de divisão (equivalente a comodoro) e assumiu o comando da sua primeira força naval.

Em 1797, já como chefe de esquadra (posto equivalente a contra-almirante), D. Domingos é nomeado Inspector da recém--criada Real Brigada de Marinha, que o viria a acompanhar nas suas futuras missões.

A sua recente experiência em campanhas terrestres dava-lhe, de facto, uma certa afinidade com aquele corpo de infantaria de marinha antepassado dos Fuzileiros. Refira-se que este corpo, que também incluía artilheiros e lastradores, foi o primeiro de carácter exclusivamente naval, pois o Terço da Armada Real, que o antecedera, era formado por pessoal do Exército embarcado.

No Verão de 1798, à testa de uma força naval de 4 naus, 1 fra-gata e 1 bergantim, o Marquês foi enviado ao Mediterrâneo, para auxiliar o almirante britânico Horatio Nelson a combater a esqua-dra francesa.A sua primeira missão foi a de conduzir um bloqueio naval à ilha de Malta, que tinha sido ocupada pelos franceses. Além de con-trolar, com grande eficácia, a navegação na área, fez ainda de-sembarcar soldados, artilheiros, armas e munições para apoiar a população local na luta contra os ocupantes, a qual viria, porém, a arrastar-se por um longo período.

Quando, em Dezembro desse ano, as tropas francesas marcha-ram sobre Nápoles, participou, com a esquadra britânica, na re-tirada da família real napolitana para a Sicília. Voltaria, meses depois, para participar no bloqueio daquele porto e auxiliar a reconquista da cidade pelos exércitos reais.

Na altura, fez desembarcar cerca de 500 homens da Brigada (tantos como os marines britânicos enviados por Nelson) para ocupar os fortes da cidade.

250 Anos do Nascimento doAlmirante Marquês de Nisa

Jorge M. Moreira da Silva

Retrato do Almirante Marquês de Nisa

(anónimo, séc. XVIII)

Porto de La Valletta (Malta), onde a Brigada Real de Marinha teve, sob o comando do Almirante Marquês de Nisa, o seu baptismo de fogo (Van Wittel, c.1750)

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12 O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Depois de se terem distinguido no cerco do castelo de São Telmo, os infantes de Marinha portugueses marcharam, pouco depois, para tomar Cápua e Gaeta, tendo a sua acção sido determinante na restau-ração da monarquia napolitana.

Antes de se retirar do teatro de operações, Nisa viu, pela segunda vez, ser-lhe atribu-ído o comando do bloqueio naval a Malta, onde se manteve mais quatro meses.

Regressado ao solo pátrio no início de 1800, foi nomeado embaixador de Por-tugal na corte russa. Morreu dois anos mais tarde, quando, em viagem, foi sur-preendido em Königsberg por um ataque de varíola.

Desaparecia, assim, de modo inglório, um distinto oficial e cavalheiro, sempre pron-to a defender a honra da sua Pátria e a segurança daqueles que jurara proteger.

Retrato do Almirante Marquês de Nisa, pintado aquando da sua passagem por Londres, em 1801 (Domenico Pellegrini)

Bibliografia: ESPARTEIRO, António Marques, O Almirante Marquês de Nisa, Edições Culturais da Marinha, 1987.

Bloqueio do porto de Nápoles (Giacomo Guardi, c. 1800)

Entrada das tropas francesas em Nápoles, em Dezembro de 1798 (François-Taurel, 1799)

HOMENAGEAR UMA GRANDE FIGURA

A passagem do 250.º aniversário do nas-cimento do Almirante Marquês de Nisa poderá constituir uma excelente ocasião para homenagear condignamente esta personagem maior da nossa Marinha.

A atribuição do seu nome a um navio de guerra português seria um válido con-tributo para divulgar o seu nome não só dentro da Corporação mas também um pouco por todo o País.

Enquanto tal não se verifica saberão, de-certo, os nossos Fuzileiros recordar e ce-lebrar a vida e a obra daquele que acaba por ser um dos seus pais fundadores.

Moreira da SilvaSóc. Efect.. n.º 1053

Capitão-de-Fragata

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13O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

As zonas litorais têm, presentemente, uma importância ca-pital em todo o mundo. Comportando três quartos da po-pulação mundial, riquezas e áreas fulcrais para as rotas do

comércio marítimo internacional, as zonas litorais serão, cada vez mais, objecto de disputa e cenário de conflitos armados. Assim, as forças militares terão de servir-se do mar para aceder a essas zonas e, por isso, terão de ser muito especializadas, possuindo navios, homens e equipamentos adequados para a realização de operações a partir do mar.

Mas, por outro lado, o poder de combate necessário para as ope-rações será sempre limitado pelo espaço disponível nos meios navais, o que muito naturalmente implica a selecção criteriosa do pessoal e do equipamento, em vista dos prováveis cenários de actuação.

Por conseguinte, para aprontar forças anfíbias faz-se mister ante-ver os cenários do seu provável emprego. E, para tanto, equacio-nam-se dois factores:

i) a situação político-militar de emprego da força eii) as forças que eventualmente possam ser opostas, tudo em

ordem a que seja possível escolher com elevado critério o poder de combate a desembarcar.

Há actualmente três cenários prováveis para a realização de ope-rações anfíbias, que se distinguem entre si de acordo com a si-tuação político-militar de emprego da força e de acordo com os meios adequados para o cumprimento das missões.

Cenários possíveis – um primeiro cenário propício para a reali-zação de operações anfíbias consiste na projecção de poder de combate no litoral de um Estado soberano com o acordo ou, pelo menos, com a aquiescência do poder localmente instituído.

Grande parte das regiões litorais ora tidas em vista está localizada em países não desenvolvidos nos quais o exercício do poder polí-tico é dotado de escassa legitimação popular e que, por isso, vai perdendo gradualmente o monopólio do uso da força a favor de grupos armados e de outros agentes não estaduais. A estabilidade

nestes países é constantemente ameaçada quer por formações ideologicamente radicais que conseguem captar e congregar a população mais jovem, quer por grupos e associações criminosas que confrontam o sistema jurídico-político mediante a promoção de actos de pirataria, tráfico de droga, armas e seres humanos.

Neste cenário, poderá haver projecção de poder de combate naval com a concordância ou na sequência de pedido dos Governos locais. Normalmente, haverá presença de forças oponentes cons-tituídas por rebeldes, por grupos de delinquentes ou, inclusiva-mente, por forças militares clandestinas infiltradas por Estados terceiros. Neste cenário, empreendem-se operações de estabili-zação, mas podem também realizar-se operações de evacuação de não combatentes.

A comunidade internacional poderá, a convite do Governo em exercício, realizar operações de estabilização com o propósito de evitar o agravamento de conflitos ou para interpor forças milita-res entre as partes em conflito. Estas operações de estabilização podem realizar-se sob os auspícios da ONU (são as chamadas Operações de Paz), da NATO ou de outras alianças multinacionais. Realizar-se-ão, nestes casos, operações anfíbias de estabiliza-ção, sobretudo quando as infra-estruturas portuárias da região forem precárias ou ainda quando a região litoral estiver sob o controlo de forças ou grupos armados. As forças adversas repre-sentadas por grupos armados, sejam insurgentes patrocinados por outros Estados ou, até, criminosos, constituirão sempre uma ameaça que cumpre neutralizar pela força militar.

Quando a vida de cidadãos estrangeiros que residem nestas regi-ões é ameaçada, os Estados de origem desses cidadãos poderão, ainda, realizar operações de evacuação, mediante o empenho de meios anfíbios. Estas operações de evacuação são normalmen-te realizadas antes das próprias operações de estabilização. São exemplos vincados deste tipo de operações, as evacuações em-preendidas no Líbano em 2006 por navios de diversos países e, em Março de 2011, na Líbia, em que o Canadá, a China, a Coreia do Sul, a Índia e o Reino Unido fizeram uso do seu PODER NAVAL para protecção dos seus nacionais.

O Emprego de Forças Anfíbias na Actualidade e a Sua Pertinência

Paulo Gomes da Silva

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14 O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

As forças de desembarque deverão possuir meios de combate e de protecção compatíveis com a ameaça representada pela pre-sença de forças adversas. Se estas forem constituídas por grupos terroristas que realizam emboscadas com explosivos e com atira-dores furtivos (snipers) ao longo das vias de progressão, as forças de desembarque deverão contar com equipas de reconhecimen-to, meios blindados de transporte e de engenharia para poderem operar com segurança.

Nesta hipótese, o emprego de carros de combate, de mísseis anti-carro e de artilharia não teria grande utilidade, servindo sobretudo para desperdiçar o espaço das unidades navais, cujo número teria de aumentar irracionalmente. Um segundo cenário provável para a realização de operações anfíbias é o que tem a ver com o apoio humanitário.

Neste cenário, também com a concordância ou a pedido de Governos locais, pode empregar-se forças anfíbias para canalizar ajuda humanitária por mar a populações de zonas em conflito ou atingidas por catástrofes naturais.

Nestas hipóteses, sendo comum que grande quantidade de pessoas fique isolada devido a interrupções no sistema de transportes terrestres ou a avarias nas estruturas portuárias e aeroportuárias, as forças anfíbias podem, a partir do litoral, empregar aeronaves, viaturas anfíbias e até lanchas de desembarque e, posteriormente, veículos terrestres para transportar suprimentos e apoio médico às populações necessitadas ou a refugiados de guerra.

Apesar destas operações possuírem carácter humanitário, as forças anfíbias deverão possuir armamento ligeiro, individual e colectivo, para utilização contra possíveis grupos criminosos ou outras forças adversas, bem como armas não letais para controlar eventuais distúrbios.

Poderão ainda ser necessários equipamentos de proteção es-peciais contra radiação e para operar em condições sanitárias precárias.

Além de viaturas terrestres, poderão empenhar-se embarcações e aeronaves para o transporte e para a escolta de pessoal de apoio e dos suprimentos que constituem a ajuda humanitária.

Entretanto, de acordo com a natureza e as dimensões da catás-trofe, poderiam ser imprescindíveis meios especializados de en-genharia e defesa NBQ.

Nas catástrofes provocadas pelo tsunami que devastou a Ásia em 2004 e nos terramotos que devastaram Port-au-Prince, no Haiti, e o Noroeste do Japão, diversos países empenharam o seu PODER NAVAL para prestar apoio humanitário.

Por último, como terceiro cenário, temos a projecção de poder de combate naval contra outro Estado.

Se realizássemos um balanço do emprego da força militar nos úl-timos vinte a vinte e cinco anos, verificaríamos que a hipótese de um conflito armado internacional é de mais baixa probabilidade do que a ocorrência de conflitos internos e de crises regionais.

Mas se considerarmos que diversos conflitos internos e crises regionais recentes degeneraram em intervenções militares inter-nacionais, que há países que ameaçam a paz em virtude dos seus programas de desenvolvimento de armamento nuclear ou se con-siderarmos até a emergência da China como potência económica e militar, com interesses energéticos conflituantes com os dos EUA, a probabilidade de conflitos armados entre Estados não pode ser menosprezada.

A projecção de poder de combate naval no litoral de um Estado inimigo, no contexto de um conflito armado, deverá ser sempre objecto de estudo por parte da Marinha.

Esta probabilidade de emprego aumenta ainda mais quando se considera a possibilidade de composição de forças multinacionais para o cumprimento de um mandato do Conselho de Segurança das Nações Unidas ou para apoiar a decisão de outros arranjos de força regionais contra um inimigo comum.

Neste cenário, é de esperar a oposição de forças militares regu-lares e irregulares. Este tipo de operação anfíbia requererá uma preparação sistemática prévia e mais ou menos extensa e profun-da, em função do poder de combate inimigo.

Na preparação, seriam realizadas operações navais em vista da obtenção do controlo da área marítima necessária e operações aéreas visando a obtenção de supremacia aérea no local. O poder de combate necessário seria, portanto, de grandes dimensões, exigindo grandes quantidades de meios navais e aéreos para as batalhas pelo controlo do mar e do ar.

A força de desembarque seria compatível com a oposição espe-rada em terra, o que poderia exigir, além de navios militares, o empenho de navios e de embarcações civis como complemento para o transporte de homens e equipamento. Os meios blindados, a artilharia e os carros de combate seriam empregues na fase decisiva de projecção de poder em terra.

E é assim que, finalizando, damos as boas vindas, por antecipa-ção, a um navio chamado Siroco, um navio polivalente logístico (NPL) ou de assalto anfíbio que potenciará a operacionalidade da Esquadra e arredará a nossa costumeira necessidade de lançar mão a meios de recurso.

Gomes da SilvaSóc. Orig. n.º 2243

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Preâmbulo

O DFE4, sob o comando do signatário desta crónica, cumpriu uma Comissão de Serviço em Moçambique entre NOV67 e DEZ69. Rea-lizou 70 operações correspondentes a cerca de 300 dias no mato, percorrendo perto de 3.500 Km (valor estimado) além das desloca-ções em viaturas, aviões, helicópteros, comboio, meios navais, etc.

Nesta narrativa vou recordar factos ocorridos na 8.ª Operação, bap-tizada com a designação de “Chave de Ouro II”, por julgar causar boa disposição a quem a quiser ler.

Por natureza, formação e para minha defesa pessoal, só recordo acontecimentos que deram satisfação e boa disposição. Apesar dos enormes esforços físicos que nos foram exigidos nunca senti que qualquer dos homens que serviram comigo manifestasse sintomas de “stress” ou outros sentimentos deprimentes. Toda a nossa acti-vidade se desenvolvia com entusiasmo, aventureirismo e satisfação pelo dever cumprindo.

O Lago Nissa, um dos maiores reservatórios de água doce do mun-do, estava sob jurisdição do CDPLN (Comando da Defesa dos Portos do Lago Niassa). Considerava-se haver 3 portos com cais acostá-veis: Metangula, Cobué e Meponda.

O Lago era patrulhado por lanchas, de fiscalização e de desembar-que. Todos os meios navais foram transportados a partir do Oceano Indico, utilizando a linha de caminho-de-ferro e viaturas de grandes dimensões, numa epopeia que causa a maior perplexidade a quem tem curiosidade de saber como tudo se passou.

PressupostosEm Janeiro de 1968 dois comandantes de lanchas, em dias dife-rentes, comunicaram ao CDPLN terem sido flagelados com tiros de armas ligeiras, a partir duma vasta zona conhecida por Meluluca, tendo ripostado com peças de 20 mm. O controlo desta área era da responsabilidade do DFE4. Consequentemente, o Estado Maior do CDPLN gizou numa Ordem de Operações determinando que o DFE4 patrulhasse a referida zona para se inteirar das alterações havidas, já que era suposto estar limpa da presença de guerrilheiros.

Operação Chave de Ouro II

Iniciou-se no dia 14 de Janeiro de 1968. Saída de Metangula eram 20:00 h. Dois grupos de combate, num total de cerca de 40 homens, cada um comandado pelo comandante e imediato, embarcados em duas lanchas de fiscalização, com todos os meios necessários e suficientes para que a operação decorresse com toda a segurança.

Navegando em total ocultação de luzes, já perto do local de de-sembarque, previamente determinado, cerca das 22:00 h, surgiu uma tempestade medonha, com ventos muito fortes, chuva grossa e intensa, raios e trovões. O desembarque, na foz do rio Lussefa, realizou-se debaixo deste temporal. Os primeiros homens, de joe-lhos e com as mãos abriam trilhos na areia para detectarem a pre-sença de minas antipessoais. O distrito do Niassa era cognominado de “estado de minas gerais”!...

Já em terra, ficámos de pé, encostados às árvores existentes, pro-curando descansar. O solo estava com mais de 20 cm de água! Por outro lado seria muito arriscado movimentarmo-nos sem vermos nada. Os relâmpagos cegavam-nos.

O temporal foi amainando e os primeiros alvores surgiam cerca das 05:00 h, já com o céu limpo. Imediatamente iniciámos a deslocação em coluna de “pirilau” (fila indiana) com o grupo do Imediato à fren-te. Percorridos cerca de 800 metros o Comandante foi chamado à frente pois foram avistadas pegadas fresquíssimas, completas e muito bem definidas, em terra cultivada, o que indiciava terem an-dado por ali dois homens já depois das chuvas. Os rastos, em pas-sos normais, eram o testemunho de que não se tinham apercebido da nossa presença. As pegadas infletiam para um trilho bastante batido, pelo que o grupo do Imediato dispôs-se em T, com duas MG42 nos extremos e um LGF a meio, junto a si. Enquanto o grupo do Imediato se preparava para o combate, o grupo do Comandante, sempre em linha, trepou um monte à direita por forma a flanquear uma possível base inimiga ali sediada haveria poucos dias.

Andados cerca de 200 metros, o grupo do Comandante via perfei-tamente o aglomerado de palhotas novas.

Houve que esperar que o grupo do Imediato se aproximasse até cerca de 30 a 40 metros. Naquela progressão foi avistado um posto de vigilância, em cima de uma árvore, desguarnecido. Em terra, o hipotético vigia “aliviava a tripa”!!! Em vez de limpar o traseiro levou a mão à espingarda, que tinha ao seu lado. Azar o seu. Gerou--se um tiroteio violentíssimo que durou aproximadamente 4 a 5 minutos. Uma eternidade para quem estava a ver o desenrolar do combate. E ao mesmo tempo, ia fazendo uns tiros certeiros. Tipo tiro ao alvo.

O acampamento era formado por 25 a 30 palhotas, estrategica-mente camufladas debaixo das árvores. Após o combate, foi mon-tada a segurança, contados os mortos, passada revista às palhotas, recolhidos armas e documentos, sendo o acampamento destruído pelo fogo. Não ficaram feridos no terreno. Presumimos que os so-breviventes os tenham levado.

A Captura

Terminada a rotina da apreensão dos materiais encontrados foi o Comandante alertado para o facto de haver um rasto de sangue na periferia, indicando um ferido em fuga precipitada, a corta mato, em direcção a sul. Os sobreviventes, levando os feridos, terão fugi-do por um trilho muito batido em direcção a leste.

A Captura de Fernando Assane

José Cardoso Moniz

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Passados 10 a 15 minutos para descanso e para comermos, seriam perto das 07:00 h, encetámos a perseguição ao ferido. O sangue deixado no capim ia diminuindo, até que desapareceu. O capim partido denunciava a passagem do fugitivo.

Cerca das 11:30 h, já com o sol a pique, chegámos à beira de uma ravina, inclinada a mais ou menos 60º, com o talude completamen-te desnudado. A 120 m, em linha recta havia uma baía, à beira do lago, onde estavam implantadas 5/6 palhotas.

Houve que ponderar a decisão a tomar para avançarmos num ter-reno sem qualquer protecção. Decidimos avançar, estendidos em linha curva, tipo meia-lua, convictos de que iríamos encontrar o ferido fugido do Lussefa. Lentamente, passo a passo, íamos avan-çando sempre com receio de sermos “mal recebidos”!

Passada a revista às palhotas - ali havia um tufo de árvores que as encobriam - concluímos terem sido abandonadas precipitadamen-te, sem deixarem obejectos palpáveis. Havia 9 casquinhas (embar-cações manufacturadas a partir de troncos de árvores).

O ferido? Sem rasto!

Foi então que entrou em acção o nosso guia interprete que sempre nos acompanhava, o Domingos Aíde. A plenos pulmões gritou, ora em ajaua ora em nianja, dizendo que sabíamos estar ali e que se não se apresentasse varríamos tudo com rajadas de metralhadoras e granadas. Ao mesmo tempo garantíamos que nada de mal lhe aconteceria.

Passados cerca de 10 minutos, um dos muitos montes de pedregu-lhos ali existentes, parecia ter ganhado vida. Afastando as pedras, surgiu um homem com cerca de 25 anos, bastante corpulento e bexigoso, tremendo como varadas verdes. As suas queixadas pare-ciam castanholas sevilhanas!

O Domingos Aíde, muito calmamente, apresentou o Comandante daquela tropa, garantindo que ninguém lhe faria mal. Teria que colaborar respondendo com verdade às perguntas que lhe íamos fazer.

Aparentemente mais calmo, identificou-se como Fernando Assane, nascido próximo de Nova Coimbra, que viera para ali destacado havia cerca de uma semana com o objectivo de fazer fogo contra embarcações que passassem nas proximidades da “base do Lus-sefa”. Ficámos a saber que tínhamos atacado e destruído a “base do Lussefa”. Informou que falava português e que fora ferido na perna esquerda durante o tiroteio. O nosso enfermeiro desinfectou o ferimento. Não era profundo.

Ordenei que fosse buscar a sua arma. Logo uns fuzos se precipita-ram com receio de que fizesse uso “indevido” da dita. Impus que seria ele a ir buscar a arma e a entregá-la. Lá foi ao amontoado de pedras e trouxe uma metralhadora com dispositivo para fogo contra

aeronaves, com dimensões muito avantajadas, bastante pesada e diferente das que era suposto serem utilizadas pela Frelimo. Infor-mou que para manusear aquele “brinquedo” tinha recebido instru-ção na Tanzânia.

De imediato houve uma forte empatia entre o guerrilheiro e os fuzi-leiros. Depois das manifestações de pânico e à medida que ia acal-mando, começou a aceitar alimentos consigo partilhados. Como ficou dito havia 9 casquinhas.

Comunicamos com o CDPLN e pedimos para sermos reembarca-dos. Depois daquele tiroteio, todos os possíveis habitantes fugiram para longe.

Solicitámos ainda que fosse disponibilizada uma LDP para trans-portar as 9 casquinhas que poderiam ser aproveitadas pelos pes-cadores de Metangula.

Apresentação do Prisioneiro ao CDPLN

Reembarcámos, regressámos a Metangula onde todos os oficiais, sargentos e muitas praças nos esperavam. Entre todos estava Or-lando Cristina. Este, logo manifestou interesse em entrevistar o Fernando Assane.

A conversa foi longa, em Nianja. O Domingos Aíde ia traduzindo. Quando o Orlando ficou satisfeito e dispensou o Fernando este, com um sorriso matreiro, perguntou-lhe: “O senhor não se lembra de mim?”!!!

O Orlando, embasbacado e atento à fisionomia do Fernando, con-fessou não se lembrar. O Fernando, com uma grande lata, diz-lhe: “O senhor foi casado com a minha irmã. Sou filho do régulo…” (não me recordo do nome). O Domingos Aaíde nem conseguia tra-duzir de tanto rir.

Depois foi a risota geral. “Vai-te lá embora, vai-te lá embora”, disse o Orlando.

O Fernando foi entregue no Posto Administrativo de Metangula onde esteve sob prisão durante menos duma semana. Foi-nos de-volvido e integrado no DFE4 como guia, com direito a usar a G3 sempre que saia connosco.

As casquinhas constituíram o embrião duma empresa de pesca organizada pelos Comandantes Conceição e Silva e Chuquere. Contrataram pescadores, compraram as artes necessárias e foram profícuos na pesca no Lago, onde pontificava um peixe de nome Kapango que chegava aos 8 kg. Uma espécie de perca do Nilo.

Esta foi uma das muitas peripécias vividas na guerra que travámos em África.

Que saudades daqueles tempos!!!José Cardoso MonizSóc. Orig. n.º 36

CDMG

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17O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Carta de PresentaciónComo Secretario General de la ASOCIACION NACIONAL DE VETERANOS DEL REAL Y GLORISO CUERPO DE INFANTERIA DE MARINA DE LA ARMADA ESPAÑOLA, “AVIME 1537” y en representación de nuestra Junta General, Socios Numerarios, Socios Honoríficos, Socios junior, Socios Simpatizase y demás compañeros del nuestro amado Cuerpo, queremos dar la BIENVENIDA MAS EXPRESIVA a nuestros compañeros de armas, amigos y vecinos de la ASSOCIAÇAO DE FUZILEIROS DE PORTUGAL.

Esta Asociación totalmente legalizada e inscrita en el Registro Nacional de Asociaciones de Ministerio del Interior del Gobierno de España, con el número 595588, Inscrita en la Oficina de Patentes y Marcas de LA ASOCIACION en el Ministerio de Industria de Energía y Turismo con numero 3007064; Inscrita como marca “CTJIM-CAMPAMENTO TERCIOS JOVENES INFANTES DE MARINA-“AVIME-1537” en la Oficina de Patentes y Marcas del Ministerio de Energía y Turismo con el número 3503371 y Registros de los diseños Industrial de las diversas Marcas, Inscrita en el Registro General de Protección de Datos de la Agencia Española y como no podía sea de otra manera con el Número de Identificación Fiscal del Ministerio de Hacienda G-74288499 .

Nuestra humilde Asociación se fundo, va hacer 5 años, por un grupo compañeros todos procedentes del Cuerpo de Infantería de Marina con un deseo de volver a reunir a todos aquellos que hemos tenido la suerte y honor de servir al Cuerpo y llevar el uniforme de “franjas” como prenda inconfundible de su especial formación militar y humana (artículo 2.1 de nuestros Estatutos) Perpetuar el espíritu que nos forjo nuestro paso por él, la amistad, el compañerismo, la lealtad y el carácter del Infante que hoy seguimos siendo

En AVIME 1537, intentamos perpetuar esos espíritus y para ello realizamos actividades con arreglo a sus aficiones y al interés en fomentar la convivencia entre los socios. Como por ejemplo: Visitas a Unidades y Acuartelamientos de la Infantería de Marina, Museos Navales y Militares, participación de Raids y/o eventos deportivos organizados por otras Asociaciones de carácter militar y tal vez el de mayor reconocimiento y emoción es la partición en el DIA DEL VETERANO, organizado por la Real Hermandad de Veteranos de las Fuerzas Armadas y de la Guardia Civil a la que estamos adheridos. Recientemente se ha instaurado también el DIA DEL VETERANO INFANTE DE MARINA, instaurado por la recién FEDERACIÓN DE VETERANOS DE LA INFANTERIA DE MARINA ESPAÑOLA , de la cual nos sentimos orgullos de formar parte como socios fundadores de la misma, que este será su primer año, y por último y no menos importante la organización de nuestro Campamento Tercios Jóvenes Infantes de Marina (CTJIM) para jóvenes entre 15 – 23 años con el único deseos de darles a conocer la vida militar, durante 15 días intensos, y la a semejanza con la vida diaria en un Cuartel de Cuerpo y como base a la Defensa de Cultura

Dicho esto uno de nuestros principales objetivos es promover y apoyar las iniciativas encaminadas a completarla formación integral de los Veteranos Infantes de marina como personas integradas en nuestra sociedad, ayudando, en nuestros posibilidad, especialmente a quienes tienen dificultad en la inserción y promoción laboral.

Estamos orgullosos de esta incipiente relación de amistad entre ambas Asociaciones, y sabemos, a bien seguro, que no tardará mucho en dar sus frutos de colaboración, y para ello desde aquí y desde cada uno de los lugares donde hay un socio de AVIME 1537 saber que nos tenéis a vuestra entera disposición.

La Junta Directiva y demás socios sin excepción, una vez más os damos la BIENVENIDA y aquí tenéis vuestra casa, amistad y sobre todo a compañeros.

Un fuerte abrazo para la Junta Directiva de la ASSOCIAÇAO DE FUZILEIROS, y todos y cada uno de sus miembros.FUERZA Y HONOR

VALIENTES POR TIERRA Y POR MAR

O “Estatuto” da AFZ prevê, como um dos objetivos essenciais: “Promover e desenvolver laços de amizade e camaradagem, não só entre os associados, como com todos aqueles que tenham colaborado com os Fuzileiros ou com a Marinha de Guerra Portuguesa, bem como desenvolver relações de colaboração

e entreajuda com outras Associações Nacionais ou Internacionais”.

Dando razão de ser a este importante objetivo, no passado dia 16 de Abril de 2015, a AFZ celebrou um “Acuerdo de Colaboracion” com a “AVIME 1537” (Asociacion Nacional de Veteranos del Real y Gloriso Cuerpo de Infanteria de Marina de La Armada Española) constituindo, para todos nós, uma grande honra podermos confraternizar com os “nossos irmãos espanhóis”, trocar notícias sobre as nossas organizações, designadamente no que concerne a eventos protocolares, lúdicos e desportivos e colaborarmos no que nos for solicitado. Naturalmente que este acordo vai muito para além desta troca de “Notícias”. O “Acuerdo de Colaboracion” em apreço, publicado no nosso Site oficial, fala disso mesmo.

A partir deste mês, todas as “notícias” trocadas entre estas duas Organizações, serão publicadas nos tradicionais meios de comunicação que cada uma dispõe para se manterem mais próximas dos seus associados sendo, no nosso caso, o Site (http://www.associacaofuzileiros.pt), o Facebook (https://www.facebook.com/AssociacaodeFuzileiros) e a revista periódica “O Desembarque”.

Para saber o que a AVIME 1537 publica sobre nós, recomendamos visitas frequentes ao seguinte endereço: www.avime1537.es

É aqui, neste endereço, que poderá ver e ler a carta de apresentação da AFZ aos associados da AVIME 1537 e, brevemente, nas revistas editadas por essa associação. Em resposta, foi-nos enviada a carta de apresentação aos sócios da AFZ, que publicamos na íntegra:

Acordo de Colaboração entrea AFZ e a “AVIME 1537”

Leão SeabraSóc. Orig. n.º 2279

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18 O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Assembleia-Geral 28 de Março de 2015

ConvocatóriaNo cumprimento do Estatuto da Associação de Fuzileiros e dos seus Regulamentos e de acordo com a Lei, CONVOCO os sócios para se reunirem em Assembleia-Geral, no próximo dia 28 de Março de 2015, no salão da sede nacional, no Barreiro, sita à Rua Miguel Paes, n.º 25, com início às 15.00 horas, com a seguinte:

Ordem de Trabalhos

1. – Apresentação e eventual aprovação do Relatório de Actividades e Contas do exercício de 2014 e do Orçamento para 2015;

2. – Proposta de alteração do Art.º 9.º do Estatuto da AFZ;

3. – Apresentação, para ratificação, da decisão da Direcção, de 20 de Fevereiro de 2015, distinguindo e qualificando “Sócio de Mérito”, nos termos do Art.º 5º - 1.4. do Estatuto da AFZ, o Primeiro-Sargento Fuzileiro Henrique António Marques Madaíl.

No caso de não se encontrarem presentes, à hora marcada, mais de metade dos sócios, no pleno uso do seu direito de voto, a Assembleia-Geral reunirá 30 minutos depois, pelas 15.30 horas, com qualquer número de sócios.

Sede da Associação Nacional de Fuzileiros, no Barreiro, 20 de Fevereiro de 2015.

O Presidente da Mesa da Assembleia-Geral

CALM José Luís Ferreira Leiria Pinto Sócio Originário n.º 140

Com início às15.00 horas e com a respectiva mesa presidida pelo CALM Leiria Pinto acolitado pelo CMG Rocha Abreu (Vice-Presidente) e pelos Vogais Pronto dos Santos e Duarte Rodrigues, a Assembleia-Geral, com a ordem de trabalhos supra referenciada decorreu de forma civilizada tendo o Presidente da Direcção, José Ruivo e os Vice-Presidentes, Marques Pinto e Leão Seabra respondido

às pequenas dúvidas levantadas quanto ao Relatório de Actividades/2014 e, quanto às contas – irrepreensivelmente apresentadas, metodologicamente de forma totalmente idêntica às dos últimos quatro anos – pelo nosso Sócio Originário e Técnico de Contas, António Augusto.

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19O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Vale a pena transcrever a introdução e a conclusão do respectivo Relatório que vem sendo escrito na 3.ª pessoa do plural ou na forma reflexa, como aconselham as normas éticas de quem relata para um colectivo que, depois de aprovar e, eventualmente alterar pormenores tem de subscrever os respectivos textos, assumindo necessariamente uma responsabilidade solidária.

INTRODUÇÃO

«A cidadania é o exercício da comunidade de afectos»(Prof. Doutor Adriano Moreira “dixit”, em entrevista a estação de televisão em 9/1/2015 a propósito da Europa e do terrorismo)

Ouvidas estas palavras sábias do Mestre, que terá sido de quase todos nós, lembrámo-nos da nossa Comunidade Associativa e da forma como este pensamento se aplica à AFZ.

De facto, se não fora uma “Comunidade de Afectos” que outra coisa diferente poderia ser este enorme grupo de mais do que dois milhares de pessoas que de si próprias dão quase tudo com nada receber em troca?

Passar-lhe-emos a chamar, também, a nossa “Comunidade de Afectos”.

É que, tal como Miguel Torga se encontraria “dividido entre o mar e a terra”, quando chegasse “a hora da verdade”, “olhando as dunas”, não sabendo por onde optar, também a nossa “Comunidade de Afectos” se encontrará dividida entre o Mar e a Terra, olhando as dunas mas que unem os nossos afectos.

E se não, olhemos para os lodos do Rio Coina ou para as dunas de Pinheiro da Cruz, que todos os fuzileiros, ao longo de gerações vêm tratando por tu, ora vencendo as pistas da Escola, ora actuando nos 1.600 hectares de terra e da linha de quatro quilómetros de mar de que a Marinha ainda dispõe – por via de Protocolo com o Ministério da Justiça que o então Comandante do Corpo de Fuzileiros, Capitão-de-Mar-e-Guerra, Francisco Oliveira Monteiro (que aqui evoco em homenagem) e nós próprios, vencendo obstáculos, conseguimos que fosse subscrito – marcos que nos unem pelos nossos afectos.

Após este pequeno deambular por lembranças que não lembrarão a todos, mas que é bom que não deixemos esquecer nas nossas memórias curtas, é bom afirmar que os novos Membros deste novo executivo e os seus velhos “pluri-reincidentes” cumpriram um ano de sucesso no seu mandato e que as nossas Delegações continuam a revelar grande dinâmica.

Cabe, porém, referenciar que – não sendo as instituições corpos estáticos aos quais o sangue novo sempre imprime dinâmica e lobriga falhas e lacunas – se propõe aos Sócios a alteração do artigo nono do nosso Estatuto cuja razão se explicará.

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20 O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Outro aspecto que merece referência é o sucesso e a dinâmica que o nosso Salão Polivalente e o restaurante vieram dar à nossa Sede Social, reunindo com frequência uma centena de pessoas, sócios, familiares e amigos, à volta das mesas de almoços ou dos já tradicionais convívios dos Destacamentos e das Companhias de Fuzileiros que prestaram serviço no Ultramar, ou mesmo comemorando aniversários dos “Filhos da Escola”.

Convém ainda citar o sucesso que tem constituído o projecto da nossa Associada, Laurinda Rodrigues, os “Contadores de Histórias”, reunindo no nosso Salão Polivalente espectáculos de grande nível e cada vez mais frequentados. As histórias vão-se sucedendo, contadas por sócios e familiares, e os fados e as mornas, também, porque de facto, “cada história tem seu fado”. O objectivo – vamos ver se o atingimos – será reunir em brochura, livro ou qualquer publicação, as histórias da vida real que muitos de nós temos para contar e que ficarão fora da História se não forem dadas à estampa.

Uma Sede Social permanentemente renovada, Delegações vivas e representativas e uma situação financeira confortável, como se poderá concluir da apresentação das Contas, prenunciam uma vida cada vez mais fácil e activa da nossa Associação.

Resta-nos apresentar contas à Assembleia-Geral e propor: que seja distinguido como Sócio de Mérito o 1.º Sargento Fuzileiro, Henrique António Marques Madaíl e que seja alterado o artigo 9.º do Estatuto.

EM JEITO DE CONCLUSÃO

Sendo este o 5.º Relatório de Actividades que se relata, contendo outras tantas apresentações de Contas e que nos últimos anos se submeteram a escrutínio da Assembleia-Geral dos Sócios cremos ter cumprido as nossas obrigações imprimindo à Associação de Fuzileiros uma dinâmica, designadamente, organizativa assente na implementação dos instrumentos de gestão que elaborámos e fizemos aprovar ora em Assembleia-Geral (Estatuto e Regulamento Geral Interno) ora em reuniões de Direcção (Regulamento das Estruturas e Serviços Centrais e Regionais, Divisões, Serviços, Grupos de Trabalho e Grupos de Acção – a nível Central e Delegações – a nível regional).

Temos para nós que o balanço deste último ano (2014) foi muito positivo revelando-se, entre outros:

– Na eficaz resposta dada aos sócios pelo nosso Secretariado Nacional;

– Na dinâmica de visitas, cumprimentos, representações e deslocações às Delegações;

– No aumento líquido do número de sócios;

– Nos excedentes reais líquidos, ao nível das contas;

– Na informação, em tempo real, que se disponibiliza aos sócios, sobretudo, aos que nos vêm transmitindo os seus endereços electrónicos;

– Nos eventos lúdicos, desportivos e culturais que se ofereceram;

– Na dinâmica do nosso Salão Polivalente, onde o Restaurante tem tido acção relevante;

– No número de convívios que a nossa Sede Social apoia e alberga;

– No Protocolo que, manifestamente subiu de nível;

– Na informação que se disponibiliza nos nossos Site, Página do Facebook e revista “O Desembarque”.

Assim sendo, resta-nos cumprimentar os Sócios reunidos em Assembleia-Geral – Senhores absolutos da sua Associação – propondo a aprovação do presente Relatório e das respectivas contas que o Conselho Fiscal também julgará em seu parecer.

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21O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

E porque não o parecer do Conselho Fiscal?

PARECER DO CONSELHO FISCALO Relatório de Actividades e Contas da Direcção relativas a 2014 mereceu a melhor atenção por parte do Conselho Fiscal.

Nesse Relatório são escalpelizados todos os gastos e receitas, seguindo a terminologia do Sistema de Normalização Contabilística.

Antes da elaboração do Parecer do Conselho Fiscal, há que destacar a forma profissional e transparente como todos os assuntos que constituíram e constituem a actividade da Associação são tratados e valorados, não sendo passíveis de que alguém fique com dúvidas.

O Conselho Fiscal, através do seu Presidente, e dos outros eleitos, foi acompanhando a par e passo todas as actividades desenvolvidas pela Direcção, salientando o muito e profícuo trabalho desenvolvido, a par da exigência e seriedade que puseram em todos os seus actos. De realçar ainda a preocupação em não permitir devaneios imaginativos ou suspeitos quanto a gastos com representações. A ética, integridade, responsabilidade, respeito pelos regulamentos e por todos os sócios, foi a postura permanente da Direcção no exercício da sua actividade.

Assim, tendo como base a objectividade dos requisitos apresentados, solicitamos e propomos que esta Assembleia Geral:

– Aprove o bem fundamentado Relatório de Actividades e Contas da Direcção, em exercício no preterido ano de 2014, e

– Aprove um voto de louvor à mesma Direcção, pelo trabalho desenvolvido, que muito enaltece esta Associação.

Barreiro, 28 de Março de 2015 O Presidente do Conselho FiscalJosé Cardoso Moniz»

Tudo foi aprovado por unanimidade, incluindo o louvor à Direcção proposto pelo Conselho Fiscal, revelando-se grande consenso ao redor da gestão da nossa Casa.

Marques PintoSóc. Orig. nº 221

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22 O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

A convite da AFZ, o Almirante Saldanha Lopes (ex-CEMA) e o Dr. Carlos Humberto de Carvalho (Presidente da Câmara Municipal do Barreiro), visitaram-nos no dia 23 de Abril de

2015.

Tratou-se, acima de tudo, de um encontro de amigos na casa que, por direito próprio, também lhes pertence.

Falamos de duas personalidades que a Assembleia-Geral e a Direcção, em tempo, decidiu distinguir como “Sócios Honorários”, em reconhecimento pelos feitos excecionalmente meritórios e considerados muito relevantes prestados à AFZ.

Por mera coincidência, que classifico de “feliz coincidência” decorreu, também nesse dia, uma “Prova de Vinhos e Queijos” na esplanada da nossa Associação, patrocinada pelos proprietários do Instituto Médico & Dentário do Barreiro (IMDB), Dr. Hugo Ribeiro e Dr. Gervásio, com o qual a AFZ celebrou recentemente um protocolo.

Os vinhos ficaram a cargo de “Tiago Cabaço Wines”, produtor de vinhos de Estremoz e que, gentilmente, decidiu associar-se ao evento. Presenteou-nos, entre outros, com o “Tiago Cabaço – Vinhas Velhas – tinto 2012” que, segundo uma conhecida revista de vinhos, na sua apreciação, o classificou como um vinho de “boa complexidade aromática, com um pouco de pólvora, frutos vermelhos, fumados e tostados, terra húmida. Fresco e estruturado, com belo centro de boca, taninos sólidos, firmes, persistente, elegante e sóbrio”.

Nós, menos especialistas nesta matéria, apenas o classificamos de “boa pinga”!

Os queijos de ovelha, trazidos pelos patrocinadores do evento, vieram da Malpica do Tejo - Castelo Branco, região onde o Dr. Hugo Ribeiro explora uma produção artesanal deste produto regional de elevada qualidade. Desde o queijo Amanteigado à Ovelheira e do Curado à Cabreira, ainda nos bridou com o queijo Reserva (12 meses de cura) e com o Queimoso, o célebre queijo picante da Beira Baixa.

Durante o almoço que se seguiu no restaurante da AFZ, trocaram-se opiniões e experiências, fizeram-se algumas promessas sobre futuros eventos e, claro, falou-se muito de vinhos e queijos.

Graças à iniciativa do IMDB, os nossos ilustres convidados e nós próprios ficamos mais enriquecidos de saber e mais conhecedo-res da excelência de alguns produtos regionais que, felizmente, vão emergindo no nosso País.

Leão SeabraSóc. Orig. n.º 2279

Visita do ALM Saldanha Lopese do Dr. Humberto de Carvalho

abrilhantada com uma “Prova de Vinhos e Queijos”

Sócio da AFZParticipa, colabora

e mantém as tuas quotas em dia.

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23O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Decorreu no passado dia 11 de Abril 2015 o 4.º Aniversário da Delegação da Associação de Fuzileiros do Algarve que se realizou, este ano, nas suas novas instalações, à beira do rio

Arade, cidade de Portimão.

Este evento contou com das ilustres presenças da Dr.ª Ana Fazenda, Vereadora da Câmara Municipal de Portimão, do Comandante do Corpo de Fuzileiros, CALM Sousa Pereira, do Presidente da Associação de Fuzileiros, CMG António Ruivo, do Comandante da Zona Marítima do Sul, CMG José Isabel do Comandante da Base de Fuzileiros, CFR Marques Alberto, do Vice-Presidente da Associação de Fuzileiros, CFR Leão Seabra.

Cerca de 80 convidados, entre camaradas, filhos da escola, familiares e amigos, partilharam connosco este encontro para nós cheio de significado.

O dia começou com a apresentação do novo núcleo da DFZA, sediado nas instalações do Clube Naval de Portimão. Depois teve lugar a uma solene visita guiada ao Museu de Portimão onde foi possível ter uma ideia da história da cidade e da sua ligação ao mar e à Marinha.

À saída da visita, os convidados foram brindados com a atuação do Rancho Folclórico da Ria Formosa – Olhão, que abrilhantaram este dia de festa.

Seguiu-se o almoço com todos os presentes, onde a boa disposi-ção e a alegria fez com que o tempo passasse depressa demais!

Na reta final deste dia, foram trocadas algumas lembranças, proferidos uns discursos e partilhadas algumas histórias das quais é justo destacar na pessoa do filho da escola Lourenço, quando relembrou a sua entrada no primeiro curso de Fuzileiros em 1974, da forma como foram preparados ASAP para a Guerra e que marcou o início da nossa história mais recente.

A tarde seguiu animada até ao toque da “volta à faina” e os ilustres camaradas deram continuidade às hostilidades, partilhando, na esplanada virada para o rio, de uma bela tarde de verão passada, com amizade, neste nosso Algarve.

Delegação do Algarve

4.º Aniversário

Mais um passeio de BTT foi organizado pela Delegação de Fuzileiros do Algarve. Num percurso de 25 km que começou em Mexilhoeira Grande, por volta das 9:00 h,

o pelotão percorreu caminhos de terra batida e estrada durante

cerca de duas horas e meia, terminado em Portimão, por volta das 12:30 h.

Depois do aquecimento, começou a batalha mais complicada, pois tínhamos à nossa espera um “senhor” tacho de feijoada para recuperar as energias perdidas durante a manhã.

Quem corre por gosto não passa fome…

Passeio de BTT

PROTOCOLOS subscritos pela DFZA

AquaShow - Quarteira

50% desconto (entradas no parque) para sócios e familiares de 1.º grau15% sobre tarifa balcão (Hotel) para sócios e familiares de 1.º grau

Ginásio do Sul - Olhão Passe mensal free acessos: 25%/mês para sócios e familiares de 1.º grau

DFZA

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24 O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

No passado de 14 de Setembro, a Delegação da AFZ do Douro Litoral esteve representada no Aniversário do Núcleo de com-batentes do Ultramar em Felgueiras, pelos seus Presidente

Henrique Mendes e o Vice-Presidente Augusto Teixeira.

A convite do Sargento FZ Pinto que reside em Felgueiras e depois de solicitarmos autorização à Associação Nacional de Fuzileiros, aceitámos, com muita honra e orgulho este tão simbólico convite, pois trata-se de homenagear aqueles que deram a vida ao serviço de Portugal...

Quando chegámos ao ponto de encontro marcado, tivemos uma surpresa agradável pois o Presidente da Câmara de Felgueira disse: “olha os filhos da escola”! referindo que conhecia bem essa ex-pressão da Marinha uma vez que ele também tinha estado a cum-prir serviço na Armada como oficial, ficando muito agradado com a nossa presença.No final da cerimónia veio agradecer a nossa presença que para ele tinha muito significado. Foi uma cerimónia muito emotiva, onde os Fuzileiros estiveram muito bem representados, tendo-se recebido um “bem hajam” de todos os presentes.

Delegação do Douro Litoral

Aniversário do Núcleo de Combatentes de Felgueiras

A VOSSA ASSOCIAÇÃO VIVE DAS VOSSAS QUOTAS

Prezados Camaradas:

Pela estima que temos por todos os Sócios, Fuzileiros ou não, aqui estamos de novo, a dizer-vos quanto é importante, a Vossa participação.

Todos somos herdeiros de um património de que nos orgulhamos. Mas, para que tenhamos condições de levar em frente a tarefa a que nos propusemos, é determinante podermos contar com a quotização de todos nós, desta grande Família que, à volta da sua Associação, se vai juntando.

Temos a consciência de que o atraso no pagamento de quotas pode ter várias leituras, quiçá “razões” diversas, algumas das quais evidentemente ponderosas. Porém, para todas elas haverá uma solução desde que, em conjunto, nos dispusermos a resolver o problema.

Esperamos pela vontade e disponibilidade desta família de Fuzileiros, no sentido de ultrapassarmos esta dificuldade já que as portas da Associação e a dos membros da sua Direcção estão permanentemente franqueadas.

Pensamos que uma das razões, de menor importância, porque alguns sócios têm as suas quotas em atraso será por puro esquecimento. Para obstar a que o quantitativo das quotas se acumule aconselhamos e incentivamos a que optem pelo débito, em conta bancária, de 6 em 6 ou de 12 em 12 meses.

Já pensaram que o valor de um ano de quotas representa apenas cerca de quatro cafés por mês?

Por razões de custos – e desta vez será em definitivo – vamos suspender o envio da revista “O Desembarque”, que custa muito dinheiro à Associação, para os camaradas sócios com quotas em atraso por período superior a um ano.

Solicitamos a todos os Sócios que preencham o impresso para autorização de pagamentos das quotas por débito bancário, sistema que é muito mais cómodo e evita o pagamento de quotas acumuladas.

NIB da AFZ0035 0676 0000 8115 8306 9 (CGD)

Informem-se junto do Secretariado Nacional (tel.: 212 060 079, telem.: 927 979 461, email: [email protected])

Consideramos ser este um acto de justiça, uma vez que os que assiduamente pagam não devem suportar as despesas dos que não pagam.Cordiais e amigas saudações associativas.

A Direcção Nacional

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delegações

25O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Mais um almoço de Natal da Associação Nacional de Fuzileiros, onde se juntou, mais uma vez e em grande número, a Família dos Fuzileiros, um convívio a destacar

pela boa camaradagem e espírito de companheirismo, onde muitos Fuzileiros disseram presente, um convívio civilizado, coisa que deve preocupar sempre quem ostenta a boina azul ferrete.

Parabéns à Associação Nacional pela excelente organização.

A Delegação do Douro Litoral fez-se representar pelo seu Presidente, Henrique Mendes.

No passado mês de Fevereiro, a Delegação de Fuzileiros do Douro Litoral (DFZDL) fez a inauguração do seu novo espaço de mesas e cadeiras oferecidas pela

Associação Nacional de Fuzileiros, com um almoço/ /convívio de uns quantos “Filhos da Escola”.

Passou-se um dia bem agradável onde a Família dos Fuzileiros cresceu pois inscrevemos dois novos sócios na Associação.

Obrigado a todos.

Almoço de Natal da ANFZ

Inauguração do novo Espaço

No passado dia 11 de Abril, a nossa Delegação fez-se re-presentar no aniversário da Delegação de Fuzileiros do Algarve, dia importante para aquele núcleo.

Foi um aniversário onde a “Família dos Fuzileiros”, mais uma vez, disse presente num convívio onde reinou a boa disposição o companheirismo, a camaradagem e a solidariedade, apaná-gio de quem ostenta a boina azul ferrete. A nossa Delegação fez-se representar pelo Presidente Henrique Mendes e pelo sócio Rogério Silva.

Agradecemos à Associação Nacional de Fuzileiros a boleia des-de a sede, no Barreiro, até ao Algarve e respectivo regresso.

Aniversário da DFZA

No passado dia 17 de Abril, a DFZDL organizou o 1.º Passeio de Bicicleta na Murtosa, Distrito de Aveiro. Esteve connosco o Vereador da Cultura Eng.º Januário Cunha que muito nos

honrou com a sua presença e que nos fez um convite e um desa-fio: com o tempo melhor (pois neste dia choveu imenso) fazermos mais um evento mas este com a visita ao Museu da Conserva.

É óbvio que aceitámos com muito agrado o convite.

Tratou-se de um são convívio em família, para repetir.

1.º Passeio de Bicicletana Murtosa

DFZDL

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delegações

26 O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

À semelhança de anos anteriores, a DFZJ/E celebrou, no dia 19 de Dezembro, um Jantar de Natal para os associados da Delegação e seus familiares.

O jantar decorreu no restaurante da Vinha da Amada, em Elvas, e contou com cerca de 25 presenças entre sócios, familiares e amigos.

Foi uma noite de são convívio que serviu para fortalecer os laços de amizade, camaradagem e solidariedade que nos unem e também para demostrar que, além de camaradas de armas, também os Fuzileiros constituem uma Grande Família.

Jantar de Natal de 2014

Delegação de Jorumenha/Elvas

No dia 1 de Novembro 2014, a con-vite da Liga dos Combatentes de Elvas, a Delegação de Fuzileiros de

Jorumenha/Elvas esteve presente nas cerimónias comemorativas do Dia do Combatente.

Marcaram presença, por parte da nossa Delegação, o nosso Presidente Licínio Morgado, acompanhado pelos Vice-Presidentes Jorge Clérigo e Amílcar Canada e pelos membros da Direcção Paulo Infante, nosso tesoureiro e pelo vogal António Barroso.

Estiveram também presentes diversos camaradas nossos associados.

Homenagem aos Combatentes de Elvas

Dr. Pedro Mota

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delegações

27O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Pelo segundo ano consecutivo a DFZJ/E realizou no passado dia 31 de Janeiro a tradicional Matança do Porco, ao bom uso da nossa região.

O dia começou cedo com os preparativos inerentes a este tipo de evento, começando os participantes a chegar por volta das 9:00 h.

Logo começou a azáfama. Depois de sacrificado o animal deu--se início à fase do “desmanchar” e, seguidamente, começou o repasto que se prolongou pelo resto do dia.

Estiveram presentes cerca de 60 camaradas e amigos, alguns com as suas famílias. O Sr. Comandante José Ruivo, Presidente da Associação Nacional de Fuzileiros, honrou-nos com a sua pre-

sença, assim como alguns membros directivos da nossa Associação Nacio-nal.

A boa disposição não faltou e a ani-mação esteve a cargo do José Ma-nuel Parreira e da dupla de acordeo-nistas residentes. Foi um dia memo-rável que certa-mente se irá repe-tir anualmente.

Tradicional Matança do PorcoUma festa anual no Alentejo

No passado dia 9 de Abril, a Delegação de Fuzileiros de Juromenha/Elvas marcou presença nas comemorações

do Dia do Combatente e dos 97 anos da Batalha de La Lys.

Fomos condignamente representados por alguns dos nossos associados, nomeada-mente pelos camaradas Amílcar Canada, nosso Vice-Presidente e também pelo Bar-bado, João Rondão e Óscar Barradas.

A cerimónia decorreu em dois locais dis-tintos: Vila Boim e Elvas, onde foram de-postas coroas de flores junto aos monu-mentos aí existentes.

DFZJ/E

Dia do Combatente

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contadores de histórias

28 O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Dia 2 de Maio de 2015. Associação de Fuzileiros.

Voltamos a encontrar-nos nos “Contadores de Histórias”, nas histórias com fado.

E, ao voltar aqui, ao “Desembarque”, sinto que continuo a par-tilhar convosco a alegria que os nossos “encontros” me trans-mitem: através dos seus participantes ativos, através do público sempre acolhedor e sábio quando ouve em silêncio e, depois, se manifesta entusiasticamente nos aplausos. Porque este público também merece o meu aplauso!

Tudo bateu certo: o começo, o meio e o fim. Dentro do horário previsto. Com os tempos combinados para a história + a música + o fado.

Eu sigo sempre esta onda de comunicação, que é feita em terra mas tem sempre a evocação do mar, através das histórias dos que por lá andaram em diversas funções e tempos.

Se seguirem o Programa, perceberão o que estou dizendo.

A provocação, para mim, é encontrar a frase chave num título de fado que acompanhe a onda.

E nada melhor para acabar do que um “Povo que lavas no rio” (fado) o Povo que somos nós e que nos uniu neste dia 2 de Maio.

Por isso, é este Povo que me leva a partilhar convosco o poema “Tu não perdeste a alma”, na evocação daquilo que perdura no meio das vicissitudes e perdas.

Em jeito de reportagem... e não só

Laurinda Rodrigues

“Tu não perdeste a alma”

Tu não perdeste a alma, meu País,

fomos nós, portugueses, que a perdemos

quando, há muitos anos, esquecemos

que é em ti que temos a raiz.

Uma raiz tão funda e ampla – o mar -

que perdemos, até, a confiança

de olhar o mundo (sem ter de corar),

com dignidade, paz e segurança.

Tu não perdeste o corpo, Portugal,

(tens o rosto virado ao sol nascente)

nós, os teus filhos, é que vemos mal,

a olhar para trás, em vez de olhar p’ra frente.

Um rosto tão altivo e soberano

(em atitude, simples, de pensar),

que é como um barco, prestes a soltar

velas e amarras, rumo ao oceano.

Laurinda RodriguesAssoc. Aderente n.º 2252

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contadores de histórias

29O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Fados Voz: Inês GonçalvesGuitarra: José DuarteViola: João Filipe

HistóriasJosé Cardoso MonizOliveira CostaManuel FranciscoElísio CarmonaManuel BernardoJosé Parreira Entrada livre

2 de Maio 2015 18:00Associação de Fuzileiros

Barreiro

CONTADORESDE HISTÓRIAS

seis histórias, seis fados

PROGRAMA

BOAS VINDAS ao público, convidado e não convidado, por um Membro da Direção da Associação de Fuzileiros.

BREVE APONTAMENTO sobre este evento, feito pela Organização.

EVENTO “Seis histórias, seis fados”

INSTRUMENTAL pelos músicos, José Duarte e João Filipe

1.ª História

2.ª História

3.ª História

4.ª História

5.ª História

“Relacionamento Inter-Armas, durante a Guerra no Ultramar”, da autoria de José Cardoso Moniz, contada por João Pedro Marques da Luz.

Improvisação musical sobre o tema, se-guida do fado “Zé Soldado, Soldadinho” (Guilherme J. Melo/Fontes Rocha), can-tado por Inês Gonçalves.

“O Chez Toi”, contada pelo autor Olivei-ra Costa.

Improvisação musical sobre o tema, seguida do fado “Dá-me o braço, anda daí” (Linhares Barbosa/José Pedro Blanc; fado Blanc), cantado por Inês Gonçalves.

“Há coisas que só vividas!”, da autoria de Manuel Francisco, contada por Laurinda Rodrigues.

Improvisação musical sobre o tema, seguida do fado “Fado da Sina” (Ama-deu do Vale/Jaime Mendes-repertório Hermínia Silva), cantado por Inês Gon-çalves.

“JÁ STOU!!!”, da autoria de Elísio Car-mona, contada por Aurora Carmona.

Improvisação musical sobre o tema, se-guida do fado “Chora Mariquinhas, cho-ra!“ (Amália/Fontes Rocha), cantado por Inês Gonçalves.

“Estórias vividas e um Natal estranho no Niassa/Moçambique”, contada pelo autor Manuel Bernardo.

Improvisação musical sobe o tema, seguida do fado “Ai as Gentes, ai a Vida!”(Amália/Fontes Rocha), cantado por Inês Gonçalves.

6.ª História

“Cuidei que tinha morrido”, contada pelo autor José Parreira.

Improvisação musical sobre o tema, se-guida do fado com o mesmo nome “Cui-dei que tinha morrido” (Pedro Homem de Mello/Alain Oulman), cantado por Inês Gonçalves.

INÊS GONÇALVES canta, para terminar o evento, o fado “Povo que lavas no rio” (repertório Amália Rodrigues)

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homenagem

30 O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Fuzileiro Francisco Guerreiro da CostaDFE13 - 1965/67

falecido em Angola

No passado dia 14 de Fevereiro de 2015, conforme planeado, a Associação Nacional de Fuzileiros acompanhou os elementos do Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 13 na homena-

gem ao Camarada falecido em Angola,.

A cerimónia foi antecedida de uma Missa na capela da Aldeia do Rosário, a que assistiu a quase totalidade da população da Aldeia que é pequena. De seguida, na pequena praça da Aldeia, deu-se início à cerimónia para descerramento de uma placa, mandada efectuar pela Junta de Freguesia, em homenagem ao nosso Ca-marada falecido.

A Guarda de Honra formou, tocou os respectivos toques aos mortos, e o silêncio.

O Imediato do Destacamento, no final da cerimónia, ofereceu uma Boina ao irmão do falecido – o único vivo dos sete que existiram – e um boné com o símbolo dos Fuzileiros ao Presidente da respectiva Junta de Freguesia.

De realçar a presença de cerca de 60 pessoas relacionadas com o Destacamento n.º 13, entre fuzileiros e familiares, os elementos da Guarda de Honra, cedida pelo CCF, juntamente com o terno de clarins. Estas presenças dignificaram a Instituição Fuzileiros e quem teve a iniciativa de prestar esta homenagem.

Caldeira CoutoSóc. Orig. n.º 448

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contos&narrativas

31O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Aqui estou, mais uma vez, a quinta desde 2013, a escrever--vos um pouco das minhas memórias, e dar-vos uma visão, subjectiva, do que foram os fuzileiros, em África.

Ao narrar-vos estas estórias, tenho a maior preocupação, de não me tornar enfadonho, ser objetivo e claro na exposição, manter o élan que nos une e procurar envolver todos os que me lêem, porque este passado é a história dos Fuzos actuais.

O maior interesse destas crónicas, na minha perspectiva, digo-o todas as vezes que escrevo, advém do facto de vos descrever epi-sódios e cenas reais, vividas pela minha pessoa, ou por outros ca-maradas de armas, dos tempos, já distantes, da saudosa Guiné.

Eram tempos bons, de juventude generosa e fortemente imbuída do espírito patriótico e guerreiro de servir a Pátria. Para muitos dos meus colegas e amigos, na época, a Guiné era uma coisa tenebrosa, um autêntico pesadelo.

Lembro-me dum colega da faculdade que, todos os dias (passe o exagero), acordava às quatro da manhã, em sobressalto, porque o avião dos TAM (Transportes Aéreos Militares), a caminho daquela (então) província, passava por cima da sua casa e… acordava--o. Coitado do Hilário! Vivia em pânico com a perspectiva de ir “malhar com o coiro” àquelas paragens… Lá se safou, sem ser mobilizado!

Mas qual era, afinal, o encanto daquele inóspito território? Pode-ria descrever-vos vários cenários nada atractivos, directamente relacionados com a guerra, o clima, a separação de namoradas, da esposa, pais, familiares e amigos… As lágrimas de sal e de sangue, vertidas em momentos de maior angústia. A ausência de tudo, a par dum maior desconforto físico e existencial. Não é fácil acordar de manhã e vislumbrar, invariavelmente, a mesma pai-sagem, os mesmos edifícios, precários, o local onde quase tudo está ausente, onde falta quase tudo e o sonho não se mistura com a realidade e com o pensamento longínquo… a inacção dói, o “dolce fare niente” entorpece a alma e envilece o corpo e a mente…

De repente e duma forma inesperada, caíam-nos em cima, em acções traiçoeiras e com estrondo, umas quantas morteiradas, a espalhar ferro estilhaçado por todos os lados. As balas sibilavam por cima das nossas cabeças, acocoradas na vala de abrigo. Se o IN vinha ao arame, a resposta era pronta e temível. Geralmente, os “Turras” (como os apelidávamos) não ficavam muito tempo… Ao grito de “Vamos a eles!...”, qual Alcácer Quibir, mais parecia que o campo se inclinava a nosso favor. Ao inimigo restava nada mais que a retirada, bastas vezes na forma de fuga, apressada…

Na bolanha, no rio e suas margens ou nas matas, lá está o fu-zileiro a dar um ar da sua graça: “Fuz’lero pá… Manga di fogo báxo”. É, ainda, a bazucada certeira e o cantar, temível, da velha MG-42!!!

E há (haverá) sempre um camarada mais calejado, sereno a surpreender-nos e que sempre e em qualquer momento ou em qualquer situação, saberá bem o que se deve fazer.

Ao “encanto” da guerra, acresciam os bons momentos passados em Bissau. A boa comida da messe da Marinha, as casas noctur-nas, as mornas, as coladeiras, os copos e as guitarradas. A toada do Bana a cantar, placidamente “– Maria Bárbra, canta mais uma morna. – Sinhô tinente…mi cá pude cantá mais“.

O bairro do Cupilom (ou do Pilão) fervilha… Gritado estridente-mente por avantajada preta manjaca “ – É pira di Márinha”.

Aquelas ostras da capital eram inesquecíveis… O bom peixe da foz do Cacheu e o divinal camarão. Ali conseguíamos viver, por-que é naqueles momentos, que o valor da vida se empola e se revela na sua essência mais primária, mais genuína.

Não vos quero deixar, hoje, sem o relato de mais uma das peri-pécias passadas.

De tudo o que vivemos e dentro daquilo que é possível contar hoje (há algumas estórias, um pouco escabrosas, que não podemos revelar), ao contrário de outras já descritas, anteriormente, não tem a graça daquelas, tem o seu quê de funesto, nem termina com sorrisos!...

Em situações de guerra, há sempre decisões difíceis de tomar e de manter. Foi assim que, no decurso de várias acções ge-neralizadas da guerrilha, com custo de algumas vidas humanas, sou designado para fazer (mais) uma escolta que ia subir o rio Cumbijã. Sabia, antecipadamente, que os guerrilheiros do PAIGC estavam muito activos e estavam na disposição de atacar nas duas margens, no rio e, de seguida, marchar sobre Bedanda ou Caboxanque e/ou outras povoações.

Se a memória não me falha, um pouco antes, numa escala em Cufar, para reforço do “comboio”, um homem de idade avançada veio ter comigo e pediu-me se o deixava mais acima no rio, em lugar impreciso. As “boleias” que dávamos à população eram cri-teriosas e não muito comuns. O Exército era mais generoso nessa função que a Marinha, designadamente nós, fuzileiros. Tínhamos missões específicas de combate ou patrulha e não podíamos de-dicar-nos a funções que nada tinham a ver com a nossa presen-ça. Mas, às vezes, não quero dizer que não déssemos um jeito.

Alegava o pobre homem que lhe tinha morrido um filho e que lhe ia fazer o enterro. Acreditei no homem e foi algo destroçado que lhe recusei boleia, para mais com a perspectiva de ir haver confrontos… Recusei mais duas vezes e até lhe expliquei que não me podia responsabilizar pela segurança de civis. Inconfor-mado, foi fazendo o mesmo pedido a todas as praças, nos botes e, no tempo que durou a nossa curta permanência naquele cais. Obviamente, em vão.

Neste caso, eu nada podia fazer. Custou-me, mas foi feito o que tinha de ser!

José HortaSóc. Orig. n.º 485

2TEN FZE/RN

Estórias por Contar

José Horta

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contos&narrativas

32 O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Ficaríamos amigos, na Guiné, em 1974. O Cte. Ricou era, na altura, 2.º Comandante do Comando da Defesa Marítima da Guiné (CDMG), e eu, Chefe do Serviço do Pessoal, lugar

bastante trabalhoso diga-se, em abono da verdade.

Despachava com o Comandante Ricou diariamente e, no início do período da tarde, lá estava eu e o meu despacho. O Co-mandante chegava pouco depois, sempre com o seu ar bona-cheirão, bem-disposto e bem-humorado expressando-se numa gíria natural, de todos conhecida e que, a quase todos, cativava. Era um bom contador de histórias! Coisas que as memórias vão trazendo ao dia a dia e alimentam a recordação duma vida in-tensamente vivida.

Mas voltemos ao Comando da Defesa Marítima da Guiné.

Depois do almoço lá estava eu com o Despacho. O comandante Ricou chegava cansado, depois de subir as escadas do CDMG, ofegante e incomodado com o calor e a humidade sempre pre-sentes. Pedia-me, normalmente, um copo de água fresca, do mini frigorifico, que eu servia de boa vontade. Aquele início de tarde era sempre acompanhado de piadas relativas a notícias, sempre diferentes, que corriam diariamente naquela cidade. O meu problema dizia ele, é esta minha aterosclerose cerebral! O Despacho corria sempre bem e, normalmente, de forma anima-da apesar do volume de papelada a tratar. Quase tudo passava pelo Serviço do Pessoal!

Deixava para o fim os assuntos, dizendo-lhe sem qualquer des-respeito, serem para assinar de cruz; escritos de menos impor-tância evitando leituras monótonas ou menos apetecíveis em-bora lhe fosse explicando os assuntos antes da sua assinatura. Era um homem muito esperto e amigo do seu amigo. Na Guiné aquele período pós 25ABR foi muito conturbado e até confu-so. Muitos dos militares, em serviço na Província, tinham lá as suas mulheres, o que, para o Cte. Ricou representava um sério e grave problema de segurança dizendo-me, todos os dias, da sua preocupação.

Já tinha sido iniciado o corredor aéreo para a Metrópole dos militares ali colocados. Mas as famílias ou melhor as mulheres não saiam “nem à lei da bala”! A Marinha tinha uma quota de 33 lugares, no avião 707, e diariamente, via telefone, eu cedia ao Ten. Cor. Costa do Serviço do Pessoal do Quartel-general (QG), oficial encarregado de enviar para Lisboa o pessoal, do exército, que ia chegando a Bissau, às catadupas, amenizando a ansiedade de quem queria regressar a Lisboa. Assim, quan-do me telefonava, dizia-me simplesmente: Camarada, posso contar com os “seus” 33 lugares e eu inconformado, não tinha “clientes” para eles, lá os ia cedendo. O tempo foi passando e era quase uma rotina do exército a ocupação dos 33 lugares atribuídos à Marinha.

Um dia aparece-me no gabinete um cabo Fz magro, com um aspecto doentio, impecavelmente fardado, barba feita e muito aprumado. Inquirido do motivo da visita aproximou-se mais e, debruçando-se na minha direção, respondeu-me em ar sigiloso, em jeito de grande segredo, que tinha uma preocupação com a sua “garina”, que trabalhava no “Chez Toi”, e não parava de lhe pedir um lugar no avião, para Lisboa, pois caso não conseguisse que o

deixava; não queria continuar em Bissau, devido à insegurança que começava a ser cada vez mais visível e sentida nas ruas.

Respondi-lhe não o poder aju-dar. A senhora não era mulher dele.

Esmorecido e perturbado, o cabo Fz, lá me ia justificando das razões do seu pedido. “Estavam juntos há mais de quatro anos”, “já não sei viver sem ela”, “ela é tudo o que tenho”, e por aí fora, numa comoção de queixas e lamúrias.

Disse-lhe então que arranjasse uma declaração de dois camara-das mais antigos que atestassem estar ele a viver com a senho-ra há mais de dois anos. Lá se foi saltitando, na sua magreza, qual passarinho ao raiar da aurora. No dia seguinte, logo de manhã cedo, aparece-me o “dito cujo” desta vez acompanhado de outro cabo Fz. Um homem grande e igualmente impecável no trato e na apresentação. O meu amigo, do dia anterior, foi dizendo, enquanto me entregava o papel, que o camarada tinha igualmente a mesma preocupação para com a sua “piquena”, companheira da primeira, trabalhando igualmente no “Chez Toi”. Fiquei preocupado. Estava prestes a abrir um precedente que, certamente, não podia depois controlar.

O “ChezToi” era tudo o que qualquer um quisesse ou desejasse. Era uma “Boite”, um “Bar”, um “Salão de chá”, o “Escritório”, uma “Sala de Convívio”, uma “Casa de Meninas” enfim um local de encontro conhecido e reconhecido de quase todos os mili-tares, na Guiné, que passassem ou estacionassem em Bissau.

Perguntei então quantas meninas do “Chez Toi” estariam inte-ressadas em regressar à Metrópole recebendo, de chofre, a res-posta em voz alta e clara: -“Trinta e três”! Limitei-me a sugerir caso estivessem interessadas que me entregassem 33 pedidos idênticos devidamente assinados por dois camaradas mais an-tigos que o peticionário. Recebi-os no dia seguinte de manhã e à tarde levei-os, colocando-os no fim do Despacho. Na altura própria limitei-me a dizer que eram petições e seriam só para

O “Chez Toi”…

José Manuel Oliveira Costa

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contos&narrativas

33O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

assinar. Antes de sair o Cte. Ricou, como todos os dias fazia, relembrava-me da necessidade de mandar embora as famílias coisa, que nem ele, conforme confessava, conseguira até então convencer a sua própria mulher.

Quando o Ten. Cor. Costa me telefonou a saber dos “seus” habi-tuais 33 lugares disse-lhe que desta vez precisava deles!

Nessa tarde embarcavam, para Lisboa no 707, dos TAM, comandado pelo Major Ramalho, da Força Aérea, as companheiras, as amigas, as confessoras, as mulheres de muitas vidas, que desmontaram verdadeiros dramas em gente só e infeliz, desanimada e sofrida na solidão do seu ser, ainda não refeitos do brutal afastamento da sua juventude, confrontados com uma realidade, para que nunca foram preparados, encontrando ali quem os ajudou, quantas vezes, a crescer, dando-lhes alento para continuar, longe das suas raízes.

Essas heroínas, do “ChezToi”, embarcaram alegres, trajando vistosos e garridos vestidos, num ambiente de festa e muita alegria!

No dia seguinte, quando cheguei ao CDMG, ainda não eram sete horas da manhã, fui informado que o Ten. Cor. Costa, do QG, desejava falar comigo bem como o Senhor 2.º Cte. que já estava no gabinete e à minha espera.

O Cte. Ricou estava bem-disposto e pediu-me para arranjar lu-gar para a mulher que decidira ir para Lisboa na primeira opor-tunidade. Que me despachasse antes que ela mudasse de opi-nião pois naquela noite ninguém dormiu com o telefone sempre a tocar. Para eu confirmar, também, as mulheres de outros ofi-ciais, que expressaram a vontade de regressarem à Metrópole.

Finalmente aquele peso que trazia quanto à segurança do pes-soal civil parecia estar a chegar ao fim. Não sabia o que se tinha passado inquirindo-me até se eu tinha feito alguma diligência junto da sua mulher.

A seguir já no meu gabinete liguei para o Cor. Costa. Contou-me então que durante a noite recebeu várias chamadas de cama-radas, que tinham regressado, agradecendo a viagem que lhes fora proporcionada!

Era costume, quando o avião de regresso a Lisboa sobrevoava a Ponte sobre o Tejo, os passageiros baterem palmas repetindo, depois, quando o avião tocava com as rodas no chão. Desta vez tinha sido diferente.

Algumas das “pequenas” quando da passagem sobre a ponte começaram num quase frenético “strip-tease”, sem acompa-nhamento musical, mas bem acompanhado por palmas dos presentes à “representação”, o que durou até “apertar cintos”!

Alguns camaradas ainda incrédulos não quiseram deixar de agradecer, ao Cor Costa, tal compensação por outros momentos não tão agradáveis, passados na Guiné, longe da família e da sua terra.

Percebi então o nervosismo das damas em quererem deixar Bis-sau. Aquele “ChezToi” era o garante de que tudo corria bem!

A saída súbita, imprevista e inesperada daquelas tão zelosas quão carinhosas e dedicadas “escorts-girls” provocara o caos!

Foi bom, pois agilizou o regresso de civis que nos traziam em grande cuidado. Depois continuou a barafunda normal do dia-

-a-dia e fazer regressar os militares ali colocados.

Diariamente o Cor. Costa telefonava-me para organizar o plano de embarque do seu pessoal.

Apesar de todas as canseiras, desgostos, contrariedades e muitos dissabores foi um período que deixou saudades e se firmaram muitas amizades.

Coisas que as memórias vão trazendo ao dia a dia e alimentam a recordação duma vida intensamente vivida.

Oliveira CostaSóc. Efect. n.º 2423 CMG

RECOMENDAÇÕES/INFORMAÇÕES/PEDIDOS da Direcção

Endereços Electrónicos

A Direcção Nacional da AFZ solicita a todos os Sócios que possuam endereços electrónicos (email) o favor de os remeterem ao Secretariado

Nacional ([email protected]) para facilitar as comunicações/informações que se pretende assumam a natureza de constantes e

permanentes. É também importante que os sócios mantenham actualizados os seus contactos, as suas moradas, telefones e telemóveis. Assim, estarão os Sócios sempre informados, em tempo quase real, de todas as regalias de que poderão usufruir, bem como das datas e locais dos convívios e eventos, da iniciativa da Associação ou dos Associados.

Documentos de despesa com saúde

A Associação de Fuzileiros, através do seu Secretariado Nacional, disponibiliza aos seus associados o serviço de recepção e encaminhamento, para os serviços competentes, dos documentos de despesas com saúde.

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34 O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Janeiro, na Guiné, em Bissau, até que era um mês bem aprazível. Os dias, que não eram mais tórridos do que

um dia normal de Verão nas Beiras ou no Alentejo, e as noites, bem amenas, pro-porcionavam boas condições para uma aclimatação da Unidade que o marinheiro E integrava nas rotinas do Comando da Defesa Marítima da Guiné, sob os auspí-cios da outra Companhia.

Por essa altura, primeiros dias, digamos assim, do Ano da Graça de 1971, estava no auge o processo de substituição do Co-mandante do CDMG. O Senhor Comodoro, de que não recordo o nome e só vimos de relance uma vez e à noite, já não seria o comandante e as suas funções cometidas, nessa primeira semana da comissão, a S. Ex.ª o Senhor 2.º Comandante, ainda com o posto de CMG.

O Senhor 2.º Comandante, que dias mais tarde, poucos dias depois, havia de assu-mir definitivamente o Comando da Defesa Marítima da Guiné, logo após a sua pro-moção ao posto de Comodoro, era uma figura peculiar. Não era alto nem baixo, e nem gordo nem magro, e, talvez por isso, a natureza bafejara-o com aquelas carac-terísticas pessoais que faziam que nós, na nossa ingénua perplexidade, na inti-midade nos referíssemos à criatura com o mimo de “O Burro”.

Longe andávamos nós de imaginar que um dia um Burro, asinino mesmo, dos que zurra de verdade, apanhado numa operação lá para os lados do Tancroal, imediatamente havia de ser graduado, por distinção, no posto de Comodoro, erigido mascote da Unidade e, nessa condição, desfilaria pela marginal à cabeça do Des-tacamento, entre a Ponte Cais, bordejando o edifício da Defesa Marítima, sujeito aos olhares indiscretos, e as INAB – Instala-ções Navais de Bissau, montado por um

marinheiro que o ia incitando a andar mais depressa com um sonoramente repetido “arre comodoro!!!, arre comodoro!!!”. Má sorte teve, como não seria de imaginar…

Tinha, constava-se, o ainda Senhor 2.º Co-mandante, um arreliador contencioso con-tra bigodes, barbas e cabelos. Contava--se, aquando da chegada do Marinheiro E, que tendo regressado duma operação de vários dias no mato, o pessoal de deter-minada unidade, na sua totalidade, mais parecia um bando de bichos que um con-junto de homens, tal o seu aspecto des-grenhado e de cansaço. Era um tempo em que os Destacamentos de Fuzileiros ainda se aboletavam em Bissau. O desfile, pela marginal, ferira os mais fundos sentimen-tos de Sexa. Por essa razão terá o coman-dante sido chamado à presença do Senhor 2.º Comandante que, apercebendo-se de que o seu discurso, algo retórico e pouco directo, não fazia bulir sequer uma ruga na tez do seu interlocutor, resolvendo entrar a fundo disparou:– Estou a ver que tenho de lhe oferecer uma caixa de lâminas ...– Mas para quê Senhor Comandante?– Para o seu pessoal fazer a barba’, ex-clamou.– Mas, Senhor Comandante, do que o meu pessoal está necessitado é de uma “caixa de relâminas “!...– Relâminas?!...– Sim, Senhor Comandante, do que eles precisam de cortar, e rente, é a “rebar-ba”...

Fosse como fosse, a ordem para a apresentação protocolar ao Comando da Defesa Marítima da Guiné chegou na manhã dessa primeira 4.ª feira. E após o almoço, o Comandante da Companhia, acompanhado dos seus oficiais, de branco

trajados, lá se dirigiram ao gabinete de S.Ex.ª.

Aconteceu que um dos oficiais, alcunhado durante o curso com o epíteto de “Mis-ter Golpe”, vá lá a gente saber porquê, madeirense de sete costados, era uma daquelas figuras que, visto uma vez, nin-guém mais esquece: alto, meio descom-pensado no andar e coisa curiosa, cabelo negro – muito negro, azeviche – que, na altura das patilhas, começava a arruçar para se continuar numa barba vigorosa perfeitamente ruiva.

Nunca fizera a barba, dizia, e obtivera, in-vocando essa razão, autorização para não a fazer, nem durante o Curso de Instrução de Fuzileiro.

E é com esse cabelo e essa barba que se apresenta na cerimónia “de apresenta-ção de cumprimentos” perante o Senhor 2.º Comandante. Que não quis perder o ensejo de, a meio do seu discurso de bo-as-vindas, referir a questão candente das barbas e dos cabelos, talvez acicatado por tão vetusto espécime ali à mão de seme-ar. Só que ninguém acusou o toque. Nem sequer o bom do “Mister Golpe”...– Olhe lá, o exemplo vem de cima, sabe …o cabelo,…a barba,…– Mas eu nunca a cortei, Senhor Coman-dante! Até tenho aqui a autorização ...

Caiu o silêncio por instantes no gabinete, como quem faz uma pausa para ganhar forças. O suficiente para nova carga:– Olhe lá, você pinta a barba?

E nem houve tempo para mais pausas, que a resposta foi de rajada:– Ou o cabelo, Senhor. .. !!!

Marinheiro E*

*O Marinheiro “E” é o Sócio Originário n.º 1542, Oficial FZ RN que integrou os efectivos da CFZ 11 e que cumpriu uma comissão de serviço na Guiné nos anos 1971/1972.

Ou o cabelo, Senhor…!!!

Elísio Carmona

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crónicas

O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Dado o conflito armado existente no antigo Ultramar, na Pro-víncia de Angola onde começou a guerrilha em 1961, que se estendeu a Moçambique e à Guiné, aqui se agudizando,

dia a dia, tornaram-se necessários mais enfermeiros com o curso de fuzileiro especial, para integrarem os destacamentos de fuzi-leiros especiais, com destino a essas províncias ultramarinas (ou colónias).

Assim, cerca de um ano após ter terminado o curso de enferma-gem, era então 2SARG H, fui nomeado, por imposição de serviço, para frequentar o aludido curso de especialização de fuzileiros especiais, na Escola de Fuzileiros, em Vale de Zebro, no concelho do Barreiro. As Instalações Navais de Vale de Zebro situam-se junto à confluência do Rio Coina com a Ribeira do Zebro.

O 31.º curso de Fuzileiros Especiais teve início em 24 de Abril de 1973 e terminou em 17 de Agosto do mesmo ano, no qual obtive a classificação final de 14,7 valores. Nesse curso reprovaram 29 e foram aprovados 119.

O curso foi frequentado por mais quatro 2SARG H (enfermeiros) a saber: António Alves Madureira, Alcindo de Jesus Pacheco, Manuel António Franco da Silva e Fernando António Fernandes Damião,

O predito curso de FZE, atentas as carências de Sargentos FZE, ao tempo, foi também frequentado por Sargentos, até aí, Fuzileiros Navais, bem como por um 1TEN Engenheiro Maquinista Naval, António Manuel Martins, e ainda por vários Cadetes da Reserva Naval (futuros oficiais FZE RN) e por dezenas de praças.

Terminado o curso, houve a tradicional cerimónia de entrega das boinas azuis ferrete, com duas fitas pretas significando a entrada e saída do quartel, ou seja, o bom dia e a boa tarde, assim como o luto e respeito pelos fuzileiros mortos. A boina continha uma simples âncora, em metal. Esta boina não era um mero artigo de fardamento, que fosse distribuído como os demais mas sim um símbolo que tinha de ser conquistado, o que só com grande esforço, dedicação e muito sacrifício, se conseguia alcançar.

A boina assumia (e ainda assume) para o Fuzileiro, um significado de orgulho, honra e prestígio. Recebi a minha boina, e passei a ser designado por 2SARG H/FZE.

O curso foi muito duro, intenso, trabalhoso, enfim, próprio de uma tropa especial, de elite, vocacionada para a guerra de guerrilha no Ultramar e com preparação para atuarmos em terrenos alaga-diços e nos rios.

Em dezembro de 1973 é publicada na Ordem de Dia da Armada, a minha nomeação para o Destacamento de Fuzileiros Especiais n.º 5, com destino à Guiné e, em 8 de janeiro de 1974, passei para a Força de Fuzileiros do Continente (FFC), onde estava a ser formado o DFE 5, que integrei.

Preparados, em 9 de fevereiro de 1974 partimos para a Guiné, em avião da Força Aérea, para rendermos o DFE 12 . Estivemos com o DFE 1, em Ganturé, cerca de um mês, o que nos proporcionou um período de treino operacional (PTO).

Deixamos Ganturé em Lancha de Desembarque Grande (LDG) com destino a Cafine, onde chegamos em 16 de março de 1974, e rendendo o referido DFE 12. Doravante passamos a estar aí aquartelados, desenvolvendo as muitas operações, patrulhamen-tos de bote no rio Cubidjan e missões de “psico” aos nativos.

O Comandante do DFE 5 era o 2TEN FZE José Floriano Lopes Fernandes, sendo o Imediato o STEN FZE RN, Albano Matos Fernandes Pereira (estes dois Oficiais, integraram depois os quadros permanentes da Marinha) e mais 2 Oficiais, STEN FZE RN (Reserva Naval), José Manuel Carrajola Horta e Gabriel Caldas Antas de Barros.

O Destacamento tinha 5 Sargentos, sendo um deles eu próprio, como enfermeiro, o quartel-mestre, que era o 1SARG FZE Abel da Silva Lomba, mais três 2SARG Manuel José Borges Enteiriço, Arlindo de Almeida Oliveira e Manuel Paredes da Costa, e 67 Praças.

Efetivamente, nesses últimos tempos, antes do 25 de abril, os conflitos armados travavam-se com violência em quase todo o território da Guiné, recorrendo o inimigo a métodos cada vez mais sofisticados e letais, com bom material de guerra e guerrilheiros bem treinados.

O Sul da Guiné estava quase insuportável. O PAIGC queria “apanhar” rapidamente todo esse território, com ataques e flagelações sistemáticos aos aquartelamentos, embora a Norte da Guiné também houvesse problemas.

Nos primeiros meses, após o 25 de abril de 1974, não obstante, continuaram os ataques e flagelações às Unidades Militares fixas, bem como às colunas e patrulhas, por parte dos guerrilheiros do PAIGC, porque eles consideravam que a situação ainda não estava bem definida, quanto à independência.

Pairava, pois, a desconfiança, até porque as informações escas-seavam e os guerrilheiros do PAIGC, desconfiados, não desistiam, mantendo a pressão armada para mais rapidamente conseguirem o seu objetivo - a independência total e incondicional do território.

Efetivamente, uma guerra de guerrilha é quase sempre de difícil êxito, e sobre Portugal recaia a contestação internacional.

Os apoios dados aos movimentos de libertação, por vários países, como Cuba, Rússia, e outros países de Leste em que Cuba, até contribuiu com muitos soldados seus, que atuavam no terreno, nos ataques, ajudando o PAIGC. Alguns dos cubanos morreram em combate, pelo menos no Norte da Guiné, próximo de Farim, local onde o meu DFE 5 e o DFE 1 foram em reconhecimento, aquando do nosso PTO em Ganturé.

Tudo mais calmo, em 22 de junho de 1974 , o “meu” DFE 5 re-cebeu ordens para regressar a Bissau, e abandonar o quartel de Cafine. Veio então uma LDG (Lancha de Desembarque Grande) que nos transportou até Bissau, com todo o nosso material.

Depois, foi a vez do DFE 4 abandonar o seu último aquartelamento em Vila Cacheu, regressando a Bissau em 25 de julho de 1974.

Crónica de um FuzileiroÚltimos tempos na Guiné, pelo DFE 5

António Figueiredo

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crónicas

36 O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Estivemos instalados no Comando da Defesa Marítima da Guiné, até à independência da Guiné e o retorno à Metrópole.

Todo o pessoal do Exército, Força Aérea e Marinha foi regressando ao Continente e, em 25 de agosto de 1974 são desativados os DFE 21, 22 e 23, que estavam em Bolama.

Em 10 de Setembro de 1974, Portugal reconhece “de jure” a Guiné-Bissau, como Estado Soberano.

Os DFE 4 e 5 foram os únicos e últimos Destacamentos de Fuzi-leiros Metropolitanos a permanecer na Província da Guiné, isto é, as forças armadas já não dispunham lá de mais ninguém senão de nós.

Todos os militares da Guiné já tinham partido para a Metrópole quando, em 22 de outubro de 1974, pela tarde, o “meu” Desta-camento e o outro DFE 4, em formatura, fizemos a entrega formal da Província da Guiné que ocorreu no CDMG, na presença de uma delegação do PAIGC. Aí se arriou a Bandeira Nacional, hasteada no mastro dessa Unidade Naval e se içou a Bandeira do PAIGC, fazendo-se-lhe a continência.

A seguir foi a nossa retirada para o Cais de Bissau, que dista-va dali cerca de trezentos metros, onde nos esperava o Navio da Marinha, NRP “S. Gabriel”, que era um petroleiro. Então, sempre armados, como se em operação estivéssemos, prontos para re-agir a quaisquer eventuais represálias do PAIGC foram os dois Destacamentos recuando, em passos atrás, em fila indiana, de cada um dos lados da Estrada, até ao Cais de Bissau.

Entramos no Navio, que imediatamente largou para Lisboa.

A viagem durou seis dias, até chegar à Base Naval do Alfeite (Lisboa) onde atracou e lá estavam os familiares e amigos à nossa espera. Foi uma alegria!

Foram o “meu” Destacamento e o DFE 4, os últimos a deixar a Guiné. Fomos nós as últimas unidades de Fuzileiros na Guiné, que a entregámos ao PAIGC.

Estava assim terminada a nossa presença na Guiné.

Missão cumprida!António FigueiredoSóc. Orig. n.º 2012

PROTOCOLOS SUBSCRITOS PELA AFZ(Com vantagens para os Sócios)

KéroCuidados Presta Serviços a idosos e Famílias

Open Smile Clínica Médica – Presta Serviços Médicos, inclui Méd. Dentista

Associação Recreativa e Desportiva Bons Amigos(ARDBA)

Convívio Social e desenvolvimento de diversas Modalidades Desportivas

Grupo Desportivo e Recreativo Unidos da Recosta(GDRUR)

Convívio Social e desenvolvimento de diversas Modalidades Desportivas

Editora Náutica Nacional, Lda.(ENN)

Editora de Capitais privados – Edita a Revista de Marinha e também livros

Manuel J. Monteiro & Cª, Lda(MJM)

Especializada na Comercialização de Electrodomésticos, representa as Marcas: Junex, Vaillant, Gorenje, Dito Sama, Gisowatt e Stiebel Eltron

Funerária Central Vila Chã 30% desconto em todos os serviços

Associação Nacional de Agentes de Segurança PrivadaANASP

Formação e Credenciação

Ariston Thermo GroupARISTON

Painéis solares e Bombas de calor, Termoacumuladores eléctricos, a gás e Esquentadores, Caldeiras a gás

Casa de Repouso São João de Deus Acolhimento em regime interno, possui dois estabelecimentos: Lagoa da Palha, Pinhal Novo e Cabeço Verde, Barreiro

Casa de Repouso Quinta da Relva Acolhimento de idosos, lar e cuidados continuados

MH Wellness Club Motricidade Humana

Prestação de Serviços na área do desporto, saúde e lazer – Santo André, Barreiro

Kangaroo Health Clube Prestação de Serviços na área do desporto, saúde e lazer – Quimiparque, Barreiro

GAMMA Grupo de Amigos do Museu de Marinha

Universidade LusófonaCOFAC – Cooperativa de Formação e Animação Cultural – Lisboa e Porto 10% desconto nas propinas

Universidade Lusófona ISES – Instituto Superior de Segurança - Conferências

Funerária São Marçal 20% – Canha Montijo

SITAVA Parque Campismo – Brejo da Zimbreira, Vila Nova de Mil Fontes

Instituto Médico Dentário do Barreiro(IMDB)

Medicina dentária e gera

Para mais pormenores, podem consultar o Site da AFZ, o Secretariado Nacional (Tel.: 212 060 079 –Telm.: 927 979 461) ou as nossas Delegações

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divisões

37O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

A Associação de Fuzileiros realizou, no passado dia 15 de Março, na Mata da Machada, o evento “Machada em Orien-tação”.

Este acontecimento desportivo, orientado para a actividade em família, realizou-se num agradável ambiente de confraterni-dade em pleno coração da Mata da Ma-chada.

O primeiro evento nesta modalidade con-tou com vinte cinco participantes que de mapa e bússola na mão, em equipa, ponto a ponto atingiram o objectivo final…chegar ao fim.

A vertente didáctica permitiu aos mais jovens ter o seu primeiro contacto com a cartografia militar e com os princípios básicos da orientação topográfica. Foram

três quilómetros percorridos no coração da Mata da Machada que terminaram com um agradável almoço no parque de merendas da nossa mata.

Concluído este encontro/convívio, o pri-meiro na modalidade organizado pela Di-visão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas da Associação de Fuzileiros, ficou a promessa de o próximo vir a dar a conhecer a cartografia desportiva aos participantes que nele queiram participar.

Estamos certos de que esta foi a primeira “Orientação” de muitas que hão-de vir a acontecer.

Fica o desafio no ar…

Divisão do Mare das Actividades Lúdicas e Desportivas

Mata da Machada em Orientação

Caminhada da Sexta-Feira Santa 2015

Textos de Espada PereiraSóc. Orig. n.º 445

Chefe de Divisão do MALD

No passado dia 3 de Abril de 2015, realizou-se mais uma actividade desportiva na nossa Serra da Arrábida.

A subida da serra, na Sexta-Feira Santa é uma tradição com algumas dezenas de anos e a Associação de Fuzileiros tem vindo a marcar também a sua presença nestes últimos anos.

Este ano, o nosso grupo, com cerca de cem elementos, fez-se à Serra pelas dez da manhã, em marcha descontraída, em bom ambiente e rodeados pelas deslumbrantes paisagens com que a serra nos contempla durante o percurso até à praia do Portinho da Arrábida. A caminhada durou cerca de cinco horas.

Com a Serra envolvida por centenas de pessoas participantes de outros grupos organizados, o espírito de entreajuda e camaradagem marcaram a festa em alguns momentos mais traiçoeiros para o caminhante que se aventurou serra adentro. Assim, ultrapassaram-se todos os obstáculos e a bom porto se chegou, tendo como troféu a maravilhosa praia de areia branca!

Para o ano lá estaremos de volta!

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convívios

38 O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Encontro Anualdo 18.º CFORN

43.º Aniversário

7 de Junho de 2014

Cumprindo aquilo a que se poderá já apodar de dogma, os camaradas do 18.º CFORN reuniram-se mais

uma vez, desta feita para assinalar o 43.º aniversário. É obra! Ano após ano, religiosamente, no primeiro sábado de Junho, nunca há falta de quorum, que a vontade do reencontro é imensa e o abraço fraterno aquece os corações.

Neste ano, “O caminho de África passa pelo Mar” foi o mote encontrado, daí que, consumada a imprescindível concentra-ção, a visita à Fragata “D. Fernando II e Glória” tivesse sido o primeiro acto de um dia cheio e muito bem passado.

A “D. Fernando II e Glória” foi o último grande navio à vela da Marinha e também o derradeiro a fazer a chamada “Carreira

da Índia”, verdadeira linha militar regular que, desde o século XVI e durante mais de três dezenas de anos, fez a ligação entre Portugal e aquela antiga colónia.

Construída nos estaleiros do antigo Arse-nal Real de Marinha de Damão, recebeu o nome de “D. Fernando II e Glória”, não só em homenagem a D. Fernando Saxe Co-burgo Gota, marido da Rainha D. Maria II, mas também à sua santa protectora Nos-sa Senhora da Glória, de especial devoção entre os goeses.

A viagem inaugural, de Goa para Lisboa, teve lugar em 1845, com largada em 2 de Fevereiro e chegada ao Tejo, em 4 de Julho. O navio tinha boas aptidões náuticas e de habitabilidade, designadamente

quanto a instalações, aspecto relevante numa época em que ainda se faziam viagens, sem escala, de três meses, com 650 pessoas a bordo.

A Fragata “D. Fernando II e Glória” consti-tui uma espécie de museu vivo que, para além do apetrechamento próprio de um veleiro do séc. XIX e da reconstituição de cenas da vida de bordo dessa época, é ainda um testemunho eloquente da bri-lhante história marítima portuguesa, orgu-lho de todos nós.

Face ao tema em celebração, o “Almirante” do 18.º CFORN, José Oliveira Braga, concebeu e desenvolveu uma “arriscada” operação, que, dada a relevante importância, a seguir se transcreve:

ORDOP n.º 6/2014

CÓDIGO DA OPERAÇÃO – “Tia Bé”

DIA DA ACÇÃO – 07.06.2014

LOCAL – Cova da Piedade /Armazém K

HORA – A determinar pelo comandante da operação, a fim de garantir a surpresa possível.

OBJECTIVO – Eliminar “grupo terrorista” de cerca de 40 guer-rilheiros, localizados e dispostos a desestabilizar a zona sul de Lisboa, incluindo a destruição do restaurante “Tia Bé”.

MEIOS À DISPOSIÇÃO

2 grupos de assalto do 18.º CFORN (escolhidos dada a sua gran-de experiência na luta armada nos teatros de operações da Gui-né, Angola e Moçambique).

Em prontidão máxima:

2 hélis link da Fragata Álvares Cabral, com 12 fuzileiros a bordo.

4 botes (2 zebros III e 2 fibra de vidro) estacionados na Corveta António Enes, no Mar da Palha, com 12 fuzos;

1 pelotão de fuzileiros sediado na Escola Naval;

1 morteiro de 120 mm que substituiu um canhão, a bombordo, da Fragata D. Fernando II e Glória, fundeada em doca seca em Cacilhas.

ESTRATÉGIA

O Comandante da Operação (não referenciado por motivos de segurança), determinou:

1- Concentração das forças às 12H00 em Cacilhas;

2 - Briefing às 12H15 no interior da Fragata D. Fernando II e Glória;

3 - Desenvolvimento da acção: A força será transportada em carros civis, conduzidos por pessoal do 18.º CFORN com menor experiência operacional, usando uniforme “civil” para manter a surpresa;

4 - A Operação efectuar-se-á por terra, porque mais rápida, sendo que a meia maré obrigará a desembarcar a leste do local, com extensa pista de lodo para transpor, o que eventualmente poderá denunciar a presença da força.

ACÇÃO

O início da Operação foi determinado para as 13H15. Os 2 grupos avançaram para o objectivo, aproveitando a informação privilegiada de um elemento infiltrado na zona, conseguindo com isso uma aproximação mais rápida, sendo que o 1.º grupo atacou com granadas de fumo pela frente do Armazém K, enquanto o 2.º grupo ficou emboscado nas traseiras do mesmo.

Os guerrilheiros, face à surpresa e ao fumo das granadas, não conseguiram reagir, precipitando-se em fuga pelas traseiras do Armazém. Aqui, depararam-se com a reacção do 2.º grupo de combate que permitiu que todos fossem apanhados à mão sem que tivesse havido derramamento de sangue. O êxito da operação, justificado pelo elevado espírito de grupo, disciplina e capacidade técnico-táctica dos operacionais, foi solenemente comemorado com bastante entusiasmo, sentido de missão e recordação de tempos de outrora.

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39O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

E a comemoração foi de arromba! Atenta a centralidade africana deste evento, foi bem apropriada a escolha do restaurante “Tia Bé”, especializado em gastronomia cabo-verdiana. E África fez-nos de imedia-to rememorar o nosso querido camarada António Piteira, na passagem (cinco dias antes) do 41.º aniversário da sua morte em combate em Angola. Em sua memória ficou decidido – e desde logo cumprido – deixar sempre vago um lugar a ele des-tinado, encimado pelo boné de oficial de marinha e respectivo cordão de fuzileiro.

Após entradas variadas foi servida uma excelente sopa de peixe à moda das Ilhas, a que se seguiu uma bem confeccionada e saborosa cachupa (catchupa em crioulo) que saciaram, e bem, o apetite devorador dos “guerrilheiros”. Deve assinalar-se o

cariz familiar e acolhedor deste restau-rante, onde, para além da excelência da comida, pontificou a simpatia e lhaneza da Tia Bé e das suas filhas.

Os sabores e a ambiência africana potenciaram diálogos que transportaram os presentes para tempos de antanho, rebobinando acontecimentos e trazendo à tona das memórias cenas felizes e outras dramáticas que, pese embora terem constituído uma pequena fatia das nossas vidas, marcaram indelevelmente as nossas personalidades.

Tanto assim é, que esses curtos meses de Marinha são responsáveis por estes reen-contros anuais que, decorridos 43 anos, se continuam a recomendar, atenta a sua autenticidade e pujança. Houve tempo para tudo, incluindo a fruição de amena

cavaqueira, com retoma de conversas inacabadas e outras nunca contadas.

E ainda houve tempo para a poesia.O signatário, imbuído do espírito envol-vente, leu o poema Mar(inha), que julga traduzir o sentimento de todos aqueles que algum dia tiveram a honra de ostentar o botão de âncora.Foi um momento tocante e uma bela forma de encerrar formalmente este nosso Encontro, ali bem perto da Escola Naval que nos viu nascer e nos deu força para tantos anos depois ainda continuarmos teimosamente juntos a degustar uma cachupa, símbolo da nossa universalidade.

Adelino CoutoSóc. Orig. n.º 2382

2.º TEN FZ RN

Mar(inha)

O sonho, mesmo a utopia

Imitar Cabral, Dias e Gama

Ler a História Lusa, arrepia

Mar, como destino, para quem o ama.

Connosco parece ter nascido

De ser marinheiro, a arte

O engenho no gemido

Algures, em boa parte.

Camões e o mar salgado de Pessoa

Em forma de navio, a proa

Adamastor e a Nau Catrineta

Claramente vistos a bordo duma corveta.

Sobrou vivência, do mar a brisa

Abraço fraterno, nada de ofensa

Servir a Pátria, nossa divisa

E bem servimos sem cuidar recompensa.

Adelino Couto

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40 O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Passados 44 anos após a chegada do DFE 8 à “Metrópole”, foi levado a efeito, no dia 28 de Março de 2015,

mais um momento lúdico, de grande sig-nificado, de encontros, de grandes ami-zades, entre os elementos possíveis que fizeram parte desta família, o DFE 8.

O poeta não teria palavras para registar tais momentos, as palavras seriam im-profícuas, abafadas pelo sentimento que cada um transmite, no abraço dado, como aconteceu quando o nosso camarada Gas-par, o “Mealha” se apresentou dizendo quem era, porque não seria reconhecido: 44 anos se passaram desde a última vez que nos abraçou.

São estes momentos únicos que nos dão ânimo e, enquanto houver um elemento do DFE 8, esta quadra das nossas vidas, “dita gloriosa”, jamais será esquecida.

O programa estava definido e foi rigoro-samente cumprido ou não fossemos nós, Filhos da Escola, instruídos com os mais elementares valores administrados na Es-cola de Fuzileiros, a nossa casa mãe.

Após a Cerimónia em homenagem a todos os camaradas que já partiram, com a co-locação de uma coroa de flores no monu-mento do fuzileiro, regista-se com imenso agrado a presença do Sr. Comandante da Escola de Fuzileiros, Comandante Carlos Teixeira Moreira, a quem o Sr. Comandan-te Sanches de Oliveira teve a amabilidade de agradecer em nome de toda a “família” do DFE 8.

Seguiu-se a missa na capela da Escola de Fuzileiros, presidida pelo Sr. Capelão Licí-nio da Silva, em homenagem aos militares falecidos. Visitou-se ao Museu do Fuzilei-ro, onde mais uma vez, perante os regis-tos que o museu contém, as recordações afluíram e se recordaram episódios com mais de 44 anos.

Era hora de partida para o sempre apete-cido almoço e, em cortejo, nos dirigimos para à Quinta da Alegria, na Penalva, onde nos esperava um delicioso manjar bem re-gado, porque dias não são dias e não sa-bemos como estaremos em 2016.

Como sempre, estes dias têm o seu lado menos positivo, ou seja, as despedidas,

todavia, como mais ou menos emoção e fortes abraços, despedimo-nos fazendo votos para que em 2016 possamos estar de novo juntos e, se possível, que o grupo aumente.

A todos os que fazem parte desta imensa “família,” o meu muito obrigado pela vos-sa maravilhosa presença e a alegria que deu ter-vos ao meu lado e poder partilhar convosco tão agradáveis momentos.Até 2016...!

FUZILEIROS UMA VEZ,FUZILEIROS PARA SEMPRE

Joaquim Silva BatistaSóc. Orig. n.º 2138

Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 8Guiné 1969/71

28 de Março de 2015

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41O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

“Escola” de Setembro 19809 de Abril 2015

A fraternidade que se adquire nos Fuzileiros exige que pelo menos, um convívio anual se não dispense. É pois nessa senda, que os Filhos da Escola de Setembro de 80, mais uma vez estiveram reunidos para dar satisfação, ao espírito de camaradagem que dia após dia, se foi conquistando, enquanto se dispuseram a enfrentar as muitas dificuldades de que se reveste o Curso de Fuzileiro,

para obtenção da boina Azul Ferrete.

E foi assim que, no passado dia 9 de Maio de 2015 decorreu, entre Montemor-Novo e Alcácer do Sal, em São Cristóvão, no Restaurante “O Chouriço”, o Almoço/Convívio dos Filhos da Escola de Setembro de 1980, em família.

Estivemos assim mais uma vez juntos, cultivando os nossos valores, enraizando a nossa camaradagem, que é para cada um de nós importante que envelheça connosco.

Fuzileiro uma vez Fuzileiro para Sempre

Título A LARANJA MACULADA – Terrorismo no Mar Português (2.ª Edição)

Autor João Nobre de Carvalho

Editora Edições Revista de Marinha

Cód. Barras 9789729653568

ISBN 978-972-96535-6-8

N.º Págs. 190

Formato 15x23 cm (capa mole)

Preço de capa 15,00 €

“A Al Qaeda organiza e lança uma acção terrorista em Portugal

Entremeando a realidade com a ficção, o autor descreve a actuação, descentralizada, dos vários níveis da perigosa organização, desde a cúpula, aos operacionais, passando pela coordenação e as ligações às redes de tráfico de droga, seres humanos e crime organizado, em ambientes tão diversos como o Pa-quistão, o Afeganistão, a Somália, Marrocos, a Guiné-Bissau, culminando em Portugal com três atentados sucessivos a navios, nas águas sob jurisdição nacional.

O leitor poderá acompanhar a formação dos combatentes-mártires, iniciada nas madrassas do Paquistão e consolidada em operações de guerrilhano Afeganistão e nos assaltos a navios mercantes ao largo da costa da Somália, bom como a sua deslocação para Marrocos e, finalmente, a infiltração em Portugal, país cujo nome tem uma pronúncia parecida com a palávra árabe “Porthucal”, o que significa “laranja”.

Enquanto se desenrola o drama, o leitor observará, também a actuação da estrutura de segurança por-tuguesa e compreenderá as vulnerabilidades que urge colmatar para que a laranja não venha a

ser maculada.”

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42 O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 12Guiné 1970/71 – 45.º Aniversário

9 de Abril 2015

No passado dia 11 de Abril, o Desta-camento de Fuzileiros Especiais n.º 12, que esteve em comissão de ser-

viço na Guiné, durante os anos de Janeiro de 1970 a finais de Dezembro de 1971, comemorou os 45 anos da sua partida para aquela antiga colónia portuguesa.

As comemorações decorreram na Escola de Fuzileiros (Vale do Zebro) e no restau-rante da Associação de Fuzileiros (Barrei-ro).

E fez esta comemoração, justamente, num dia intermédio de um período de an-tanho onde efectuou duas das mais im-portantes, complexas e frutuosas acções de combate que uma unidade de tropas especiais da Armada naquela época de dois anos levou a efeito no Território Ope-racional guineense.

E podemos afirmá-lo que essas acções jamais foram efectuadas por qualquer outra unidade dos três ramos das Forças Armadas no ambiente e locais onde se deram.

Foram propositadamente esquecidas; conscientemente remetidas para um ce-

nário vulgar de combate, sem que tal fos-se devidamente transformado em esfor-ço heróico, nas condições então vividas, pelas autoridades principais do Governo e das Forças Armadas da Guiné.

A História da actividade real dos fuzileiros especiais e a sua acção em combate de-vem ser reanalisadas com dados e docu-mentos concretos e não em pressupostos, por vezes, míticos, assentes em vistosos relatórios ou em actividades tidas como grandiosas e ousadas, transmitidas por via oral, sem comprovação.

Vamos aos factos.

Em 3 de Abril de 1970, o DFE12, levou a efeito uma operação que se chamou “Ca-tanada” e a 12 de Abril desse mesmo ano efectuou outra operação no mesmo local que foi apelidada de “Cocha”.

A particularidade destas operações é que elas tiveram lugar dentro da base central norte do PAIGC, situada em Cumbamory, Senegal, onde o número de guerrilheiros presentes, confirmados pelos serviços de informações militares e civis portugue-ses – e mais tarde, já depois do 25 de

Abril de 1974, perante a minha pessoa, pelo falecido Presidente da República da Guiné-Bissau Luís Cabral, ultrapassava a centena e meia.

O DFE12 era composto por 80 homens, e, no momento em que se deram os com-bates, metade eram jovens grumetes, re-cém-chegados de Portugal, sem qualquer enquadramento operacional.

A unidade lutou, pois, contra um IN – a designação oficial então estabelecida para os grupos de guerrilha - bem pre-parado, fortemente armado e totalmente senhor do território, que nós desconhecí-amos totalmente.

Os combates não foram de minutos, mas de horas, e, somente terminaram quando os guerrilheiros se retiraram. Numa luta contínua, quase corpo a corpo. Melhor di-zendo, mesmo corpo a corpo em certos momentos.

Na realidade, o DFE 12 foi a única unidade das Forças Armadas da Guiné, no período de 1963 a 1974, que penetrou e ocupou a Base Central de Cumbamory do PAIGC.

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Fê-lo sozinha, sem qualquer apoio directo de quem comandava na altura a região militar, onde estava integrada, o Coman-do Operacional nº 3, sediado em Bigene. Sem qualquer baixa em combate. Apenas com alguns feridos ligeiros.

Na primeira operação, “Catanada”, além dos mortos confirmados no terreno pelos fuzileiros, capturaram-se cunhetes de munições, muito fardamento e material escolar.

No relatório da Repartição de Informa-ções, que está no Arquivo Histórico Mi-litar, apenas existe um comentário: “De salientar o grande número de baixas cau-sadas ao IN”, segundo informações mili-tares recolhidas: 16 mortos e 18 feridos.

Na operação “Cocha”, além de penetrar e ocupar a base, desde o princípio da ma-nhã ao fim da tarde, foi encontrado arma-mento, de que foram transportados, em várias levas de helicópteros, para Bigene, sempre sob o fogo de armas pesadas do PAIGC, mais de 10 toneladas, a maioria encontradas em pequenos bunker subter-râneos, bem como material de farmácia, cujo peso se devia aproximar dos 50 qui-logramas.

O que não se pôde trazer foi destruído pela aviação.

Vários foram os guerrilheiros mortos con-firmados por nós, mas o feito foi menos-prezado quer pelo comando em COP3, quer pelo Comando-Chefe, cujo resu-mo de “operações e acções realizadas” apenas assinala: “De salientar a grande quantidade de material apreendido”.

Já com outro comandante em Bigene, em 23/24 de Setembro de 1970, o DFE12 realizou um assalto a outra importante base militar do PAIGC, também sediada no Senegal, chamada de SANOU (nome francês) situada, mais ou menos, no me-ridiano do então quartel de Barro.

Foi uma acção de surpresa, que levou ao confronto directo com os guerrilheiros ali estabelecidos. O IN, após várias horas de combate, bateu em retirada. Foram con-firmados, no terreno, cinco combatentes do PAIGC mortos e rastos de sangue de outros levados pelos seus camaradas na retirada.

A base dava a impressão de ser um local de estacionamento permanente logístico, tal a quantidade de fardamento encontra-do.

Na consulta ao resumo de operações do Destacamento, que se pode consultar no Arquivo Histórico Militar e sob a chance-la do Chefe de Repartição de Operações encontrámos o único louvor dado pelo comandante-chefe ao DFE12: «Sua Ex-celência o general Comandante-Chefe, encarrega-me de manifestar a V.Ex.ª (não conseguimos identificar quem era o desti-natário directo deste louvor) o seu apreço pelo esforço operacional que tem vindo a ser desenvolvido por esse DFE e, em es-pecial, no que se refere à acção “Cuco”».

O DFE12 participou em dezenas de ac-ções de combate ao longo da sua comis-são.

Capturou o segundo comandante do bi-grupo do PAIGC do Tiligi e abateu, em combate, o comandante do grupo do mesmo partido que actuava na península de Brufa.

Esteve completamente isolado durante vários dias de castigo, sem qualquer mo-tivo concreto, a não ser a crítica frontal que o comando da unidade fez à opção estratégica da utilização de forças espe-ciais, como unidades de quadrícula, por ordem do Comandante-Chefe, primeiro, em alto mar ao largo de Bissau, no poço de calor infernal de uma Lancha de De-sembarque Grande, depois em operações em zonas consideradas, naquela altura, como libertadas e abandonadas pelas

Forças Armadas portuguesas, como a Ponta do Inglês e a Península do Gã-Pará.

Mas a unidade manteve sempre a sua chama de força unificada e disciplinada de combate, que se prolongou até aos dias de hoje, em termos de camarada-gem.

Apenas sofreu um morto em combate. Precisamente na estrada do Sambuiá.

Tal como referiu no encontro comemorati-vo dos 45 anos, o capitão de mar-e-guer-ra Mendes Fernandes, então com o posto 1.º tenente FZE, comandante da unidade, as acções efectuadas no Senegal, em ter-mos militares, “por muita gente tinha sido considerada um autêntico feito de armas e bastava outra unidade qualquer, fosse da Marinha ou do Exército, ter feito o que o DFE12”, se tivesse a bênção das altas instâncias do comando regional e do Co-mando-Chefe, poderia alcançar o mérito a que tinha direito.

E, digo eu, ainda hoje deveria ter.

O sargento-mor José Talhadas, um dos organizadores do encontro com o sar-gento-mor Leal, o Marinheiro Armando e eu próprio, igualmente realçou que as acções efectuadas com o nome de “Cata-nada” e “Cocha” foram das mais impor-tantes e duras em que eles participaram ao longo de quatro comissões. E que não as vão deixar no esquecimento.

O DFE12 deve ser reabilitado para dar a razão àquele corpo unido de 80 homens que há 45 anos se juntaram e serviram na Guiné.

Serafim LobatoSócio Orig. n.º 1792

2.º Ten FZE – 3.º Oficial do DFE12

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“Os Templários de Tomar”19.º Convívio do “Núcleo” de Fuzileiros

3 de Maio de 2015

No passado dia 3 de Maio de 2015 teve lugar o 19.º Almo-ço Convívio dos Fuzileiros “Os Templários de Tomar” que contou com cerca de uma centena de participantes.

Foi com muito gosto que o Presidente da Direcção da Asso-ciação de Fuzileiros aceitou o convite que lhe foi dirigido pelo Presidente deste núcleo, José Narciso.

O evento contou ainda com a presença do Sr. Almirante Leiria Pinto (Presidente da Mesa da Assembleia Geral da AFZ) e esposa e de um vereador da Câmara Municipal de Tomar.

Do programa das comemorações constava:

09h00 – Missa na igreja de Santa Maria dos Olivais, evocando os camaradas já falecidos.

10h30 – Concentração junto aos Bombeiros Voluntários e re-cepção aos convidados.

13h00 – Almoço convívio no restaurante “LÚRIA”.

Este núcleo de fuzileiros foi fundado em Maio de 1997 por acção do camarada Carlos Alberto Serpa Corte Real, já falecido, tendo vindo a reunir-se regularmente deste essa data. Actualmente o núcleo é presidido pelo camarada José Narciso.

Em Abril de 2001, por acordo celebrado entre o então Presidente do núcleo, Corte Real e o na altura Presidente da Associação de Fuzileiros, Almeida Viegas, passou a ser considerado um núcleo da Associação de Fuzileiros, ao abrigo dos anteriores Estatutos da Associação, entretanto alterados.

No entanto este acordo não chegou a tornar-se efectivo, estan-do actualmente desactualizado devido à alteração dos Estatutos da Associação.

As actuais Direcções da Associação de Fuzileiros e do Núcleo de Fuzileiros “Os Templários de Tomar” estão a envidar esforços no sentido de renegociarem um acordo, de forma a que este possa ser integrado na Associação Nacional de Fuzileiros, como uma delegação.

José RuivoSócio Orig. n.º 836

Presidente da Direcção da AFZ

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Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 6Angola 1973/75

9 de Maio 2015

Passados 40 anos sobre o regresso de uma comissão em Angola, o Destacamento de Fuzileiros Especiais

n.º 6 disse PRESENTE à chamada para um encontro/convívio que se realizou em Sever do Vouga, capital do mirtilo, no Restaurante “O Cortiço”, no dia 9 de Maio do ano em curso.

A chama do companheirismo levou pes-soas a, uma vez mais, percorrer grandes distâncias para recordarem caras e acon-tecimentos que marcaram uma época cru-cial não só na vida de cada um como na do próprio país.

Alegria e emoção, com homenagem aos camaradas já falecidos, a que se juntou o sempre desejado cante alentejano prota-gonizado por alguns camaradas do Alente-jo (e não só!), lançaram o mote para o pró-ximo convívio, a realizar em 2016, numa localidade da margem sul do Rio Tejo.Estrada das Palmeiras, 55 | Queluz de Baixo 1004 | 2734-504 Barcarena | Portugal | T.(+351) 214 349 700 | F. (+351) 214 349 754 | www.mjm.pt

Um mundo de soluções para o seu lar...

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Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 10Moçambique 1974/75

16 de Maio 2015

O encontro anual do DFE10 Moçambique 1974/75 decorreu, desta feita, em Fátima. Quarenta e um anos volvidos foi oca-sião propícia para agradecer e recordar.

Agradecer à Virgem o facto de podermos continuar a reunir tão grande número de elementos que integraram esta Unidade de Fuzileiros num período que, apesar de ser de “fim de guerra”, se revelou complicado face à incerteza das decisões politicas e militares e à falta de informação que se verificava, principalmente nos nossos opositores.

Recordar os que entretanto já partiram e para os quais todas as guerras terminaram. Entre nós deixaram a saudade e a tristeza de não podermos com eles partilhar estes momentos. Um minuto de silêncio expressou de forma sentida esta comunhão de espiritos a que o “grito do fuzileiro” deu ainda mais completo sentido.

O almoço decorreu animado e o grupo de concertinas do “Zé Grande” actuou em conformidade.

Ao Augusto Paulino e aos seus amigos, mais uma vez, expressamos o nosso agradecimento por disponibilizarem o seu talento e arte de bem tocar para animarem estes nossos encontros que, sem eles , não teriam o mesmo brilho.

O senhor Almirante Vargas de Matos, nas palavras que dirigiu ao “pessoal”, depois de elogiar a organização do evento, da responsabilidades do nosso camarada Mendes Gomes, aludiu à amizade e sã camaradagem então criadas na Unidade e que agora se traduzem e expressam neste extraordinário relacionamento a que, muito apropriadamente, chamou de familiar.

Cortado o bolo e feito o brinde da praxe seguiram-se as despedidas e um “até para o ano”.

Cá estaremos!

Benjamim CorreiaSóc. Orig. n.º 1351

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obituário

47O DESEMBARQUE • n.º 21 • Junho de 2015 • www.associacaodefuzileiros.pt

Aqui se presta homenagem aos que nos deixaram

A Associação Nacional de Fuzileiros e a nossa Revista “O Desembarque” apresentam sentidas condolências à Sua Família, publicando--se a respectiva fotografia que corresponde à que encontrámos, com menor ou razoável qualidade, nos nossos ficheiros.

Este nosso Camarada e amigo conservar-se-á sempre entre nós neste Planeta e quando nos encontrarmos noutros Mundos.

diversos

Novos SóciosNome do sócio N.º

Carlos Manuel Nunes Garcia 2404

David Fernandes Peixoto 2405

Manuel João Ramalhete Rodrigues 2406

António Barroso Costa Serra 2407

Américo Fernando Guia Laranjeira 2408

Augusto Dias Teixeira Brito 2409

Eugénio Manuel Paiva Boléo 2410

Manuel Amaro Bernardo 2411

Joaquim da Silva Moreira 2412

José Carlos Lopes 2413

Hélder Mendonça Barros 2414

Mário Paulo Carmo Neto Pereira 2415

Bruno Miguel L. dos Santos Felício 2416

Henrique António Marques Madail 2417

Eduardo Moreira Vaz Cardoso 2418

António Manuel Lopes de Matos 2419

Luís Miguel Águas Liberato 2420

Paulo José Mendes Ferreira de Almeida 2421

António José da Silva Bento 2422

José Manuel Rodrigues de Oliveira Costa 2423

Nuno Rodrigo Santos Pereira 2424

Artur José Figueiredo Mariano Alves 2425

Miguel Santana 2426

Henrique Manuel Algarvio Paulos 2427

Donativos à AFNome do sócio N.º Donativo

António Pacheco 816 10,00 €

António Capela Loureiro 1470 30,00 €

Jorge Luís Silva 1969 10,00 €

Jerónimo João Rosa 724 10,00 € Mª Isabel Romão(Viúva do Romão FZE 71/66) - 500,00 €

Assinatura Anualda Revista

Nome do sócio N.º 2015

Vítor Porto 1706 10,00 €

Martinho dos Santos Alves 1837 15,00 €

Diamantino Rodrigues 1887 10,00 €

Manuel Martins Teixeira 218 10,00 €

Mário Manso 161 10,00 €

Manuel Francisco Ventura 2333 10,00 €

Cesar Eusébio PolainaSócio n.º 561 - 1.º GRT FZ14/08/1942 a 10/03/2015

Francisco Custódioda Silva Parrinha

Sócio n.º 732 - CTEN FZ (301161)21/01/1940 a 11/03/2015

Manuel Maria Peraltade Castro Centeno

Sócio n.º 292 - CFR FZ (196371)20/03/1949 a 17/03/2015

Isidoro Miguez CernadasSócio n.º 130 - Cabo FZE (8930)

28/07/1945 a 28/03/2015

Joaquim António Rojão Caleiro “Mourão”

Sócio n.º 8114-04-1942 a 11-05-2015

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