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Zoneamento da Produção de Leite no Brasil Rosangela Zoccal CPF 323.118.696-04 Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite Rua Eugênio do Nascimento, 610 - Dom Bosco, 36038-330 Juiz de Fora, MG [email protected] Aloísio Teixeira Gomes CPF 093.696.486-49 Pesquisador da Embrapa Gado de Leite Rua Eugênio do Nascimento, 610 - Dom Bosco, 36038-330 Juiz de Fora, MG [email protected] Grupo de Pesquisa: Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais Coordenador: Prof. Dr. Paulo Furquim de Azevedo Forma de apresentação: sessão sem debatedor

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Rosangela Zoccal CPF 323.118.696-04

Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite Rua Eugênio do Nascimento, 610 - Dom Bosco, 36038-330 Juiz de Fora, MG

[email protected]

Aloísio Teixeira Gomes CPF 093.696.486-49

Pesquisador da Embrapa Gado de Leite Rua Eugênio do Nascimento, 610 - Dom Bosco, 36038-330 Juiz de Fora, MG

[email protected]

Grupo de Pesquisa: Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais Coordenador: Prof. Dr. Paulo Furquim de Azevedo

Forma de apresentação: sessão sem debatedor

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ZZoonneeaammeennttoo ddaa PPrroodduuççããoo ddee LLeeiittee nnoo BBrraassiill RESUMO O leite é um produto importante em todos os países do mundo. Além do alto valor nutritivo, o leite e seus derivados participam na geração de renda de muitos países, gera empregos diretos e indiretos e contribui com a redução da migração de pessoas do meio rural para os centros urbanos. Este trabalho foi desenvolvido por meio de analises dos dados disponíveis na Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE e da FAO. O Brasil é o sexto maior produtor de leite, com 4,5% da produção mundial. Considerando a atual produção, existe um déficit de aproximadamente 400 bilhões de litros no mundo para atender um consumo médio de dois copos de leite diariamente (400 ml/habitante). No caso do Brasil a produção anual deveria ser de 26 bilhões de litros de leite para atender a este nível de consumo da população. As áreas de maior concentração da produção no país são os Estados de Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Santa Catarina. Analisando os dados disponíveis, observa-se que quatro mesorregiões brasileiras (Sudoeste Paranaense, Oeste Catarinense, Leste Rondoniense e Sudeste Paraense), importantes na produção de leite, apresentaram os mais altos índices de crescimento nos últimos dez anos. PALAVRAS-CHAVE Produção de leite, produtividade animal, demanda, áreas de produção.

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Introdução No mundo foram produzidos, em 2004, 515,8 bilhões de litros de leite de vaca. Deste volume, apenas 7% foram comercializados no mercado internacional. Este fato demonstra a importância do mercado doméstico para o produto. Neste contexto, os produtores rurais têm um papel extremamente importante em cada país, especialmente com relação ao leite consumido na forma refrigerada, como é o caso do leite fluido e a maioria dos derivados lácteos. A produção de leite tem um papel fundamental em todas as economias, especialmente em países em desenvolvimento, porque além de envolver um componente social, o leite é considerado um produto essencial para a população nestes países. No cenário internacional, o Brasil é o sexto maior produtor de leite, com 4,5% da produção mundial. O sistema agroindustrial do leite é um dos mais importantes no agronegócio brasileiro. Ocupou, em 2004, o sexto lugar em valor bruto da produção agropecuária, com faturamento de aproximadamente R$12 bilhões. Além da renda gerada, estima-se que somente na produção primária empregou 3,6 milhões de pessoas. No Brasil, a pecuária leiteira é praticada em todo o território nacional. As condições edafoclimáticas do País permitem a adaptação da atividade às peculiaridades regionais. Observa-se, conseqüentemente, a existência de diversas formas ou modelos de produção de leite. Existem sistemas com diferentes graus de especialização, desde propriedades de subsistência, utilizando técnicas rudimentares e produção diária menor que dez litros, até produtores comparáveis ao mais competitivos do mundo, usando tecnologias avançadas e com produção diária superior a 50 mil litros. Nesse trabalho encontram-se informações sobre a produção de leite, produtividade animal e vacas ordenhadas no mundo e no Brasil. As informações do País estão detalhadas por unidade da federação e por mesorregiões homogêneas. I. PRODUÇÃO MUNDIAL DE LEITE A produção mundial de leite foi estimada em 515,8 bilhões de litros, no ano de 2004, sendo 68,9% desse volume produzido na Europa e na América (Tabela 1). A produção de leite européia está reduzindo e apresentou uma queda de 6,7% no período de 1994 a 2004. Os países da Ásia, Oceania e África apresentaram taxas elevadas de crescimento, próximas de 40%, durante o período. Os países em desenvolvimento apresentaram um crescimento de 46,5%, nesse período de 10 anos, contra um crescimento de apenas 0,07% dos paises desenvolvidos, como se observa na Figura 1. O Brasil é um dos maiores produtores de leite do mundo, ocupando o sexto lugar (Tabela 2). Em nove países se concentram 50% da produção mundial de leite, sendo os Estados Unidos o maior produtor, com 15,0% do total produzido no mundo, seguido pela Índia, Rússia,

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Alemanha, França e Brasil. Considerando o período de 1994 a 2004, os países da Europa e Estados Unidos estão praticamente estagnados na produção, enquanto os países da Oceania, Nova Zelândia e Austrália, e alguns da América, como o Brasil e o México, apresentaram taxas de crescimento mais elevadas. A produção nacional é 57,4% maior que a produção da Nova Zelândia e quase o triplo da produção Argentina, que são países considerados importantes na produção mundial, por serem grandes exportadores de leite e derivados, principalmente para o Brasil. Dos países que compõem o Mercosul, o Brasil responde por 70% do volume total de leite, seguido pela Argentina (24%), Uruguai (5%) e Paraguai (1%).

Tabela 1. Distribuição da produção de leite nos cinco continentes, 1994-2004.

Produção de Leite (milhões de toneladas) Dif. % Continente 1994 1999 2004 2004/1994

Europa 224,6 210,8 209,5 -6,7

América 124,9 139,2 146,3 17,1

Ásia 77,8 92,9 113,1 45,4

Oceânia 18,2 21,4 25,2 38,5

África 15,8 18,7 21,7 37,3

T O T A L 461,3 483,1 515,8 11,8 Fonte: FAO

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100

200

300

400

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

mil

tone

lada

s

Países desenvolvidosPaíses em desenvolvimento

Figura 1. Produção de leite em países desenvolvidos e em desenvolvimento.

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Tabela 2. Classificação mundial dos principais países produtores de leite, 2004.

Produção de leite (mil t) Diferença % % do total Países 1994 2004 1994/2004 2004

1º Estados Unidos 69,7 77,6 11,3 15,0

2º Índia 26,1 37,8 44,8 7,3

5º Rússia 42,0 30,8 -26,7 6,0

3º Alemanha 27,8 28,0 0,7 5,4

4º França 25,3 24,2 -4,3 4,7

6º Brasil 16,3 23,3 42,9 4,5 8º Nova Zelândia 9,8 14,8 51,0 2,9

7º Reino Unido 15,0 14,6 -2,7 2,8

9º Ucrânia 17,9 13,7 -23,5 2,7

10º Polônia 12,2 12,4 1,6 2,4

11º Itália 10,7 10,7 0,0 2,1

13º Holanda 10,9 10,7 -0,2 2,1

12º Austrália 8,5 10,4 22,4 2,0

14º México 7,5 9,9 32,0 1,9

15º Argentina 8,0 8,1 0,1 1,6

Outros Países 153,6 188.8 22,9 36,6 T O T A L 461,3 515,8 100

Fonte: FAO Produtividade animal no mundo O desenvolvimento ou grau de especialização da atividade leiteira, avaliado por meio da produtividade animal, está demonstrado na Tabela 3, para os principais países de cada continente ou bloco, no ano de 2004. Sob este aspecto, a pecuária leiteira foi mais desenvolvida ou especializada na América do Norte, com média de produção de 8.515 litros de leite por vaca por ano, o que corresponde a uma média nos rebanhos de aproximadamente 23 litros de leite/vaca/dia, durante todo o ano. A produtividade animal média na Europa é de 4.516 litros/vaca/ano, porém nos países onde a produção de leite mais se destaca, a média foi de 6.300 litros/vaca/ano ou de 17 litros/vaca/dia. Na Oceania, onde predomina a produção de leite em base as pastagens, a produtividade média foi de 4.125 litros/vaca/ano. Nos países da América do Sul a produtividade foi muito baixa, quando comparada com outros países, de 1.500 litros/ano ou 4 litros/vaca/dia, excetuando-se a Argentina, cuja produtividade média foi de 11 litros/vaca/dia, o que corresponde a 4.050 litros/vaca/ano.

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Na Ásia a produtividade média foi de 1.347 litros/vaca/ano. O Japão se destaca com sua pecuária de leite especializada, produtividade animal de 6.900 litros/vaca/ano, semelhante aos países da Europa. A Índia, que é o segundo maior produtor de leite do mundo, apresenta um dos mais baixos índices de produtividade, de 969 litros/vaca/ano ou 2,6 litros/vaca/dia. Os índices de produtividade foram os mais baixos nos países da América Central e Caribe, em média de 719 litros/vaca/ano ou 2 litros/vaca/dia. Tabela 3. Produção de leite e produtividade animal nos principais paises de cada continente/

bloco, 2004. Produção de

leite Vacas

ordenhadas Produtividade

animal Países (mil t) (mil cabeças) (litros/vaca/ano) AMERICA DO NORTE 85.566 10.050 8.514 Estados Unidos 77.565 8.970 8.647 Canadá 8.000 1.080 7.407 EUROPA 209.518 46.391 4.516 Reino Unido 14.600 2.200 6.636 Alemanha 28.000 4.356 6.428 França 24.200 4.014 6.029 Rússia 30.850 10.190 3.027 OCEANIA 25.226 6.115 4.125 Austrália 10.377 2.030 5.112 Nova Zelândia 14.780 4.030 3.667 AMERICA DO SUL 46.356 34.009 1.363 Argentina 8.100 2.000 4.050 Uruguay 1.495 879 1.700 Brasil 23.320 20.500 1.138 Colombia 6.090 5.820 1.046 ASIA 113.077 83.954 1.347 Japão 8.350 1.210 6.900 China 18.850 7.034 2.680 Turquia 9.400 5.500 1.709 Índia 37.800 39.000 969 AMERICA CENTRAL E CARIBE 14.354 19.970 719 México 9.950 6.850 1.452 Cuba 610 525 1.161

T O T A L 515.837 235.751 2.188 Fonte: FAO

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Importância alimentar, consumo, oferta e demanda de leite no mundo. O leite é o alimento natural com maior concentração de cálcio, nutriente essencial para a formação e manutenção dos ossos, contém boa quantidade de fósforo, que também participa na formação dos ossos. Além da vitamina A, o leite contém vitamina B1, B2 e minerais que favorecem o crescimento e a preservação de uma vida saudável. Embora seja essencial para as crianças e adolescentes, o leite é importante também na fase adulta, evitando problemas na terceira idade. Estudos provam que beber leite todos os dias reduz incidência de osteoporose e previne doenças nutricionais como o escorbuto e o raquitismo. O consumo e a quantidade de leite disponível por habitante é muito variável nos diferentes países do mundo. A Organização Mundial para a Saúde recomenda que cada indivíduo consuma, em média, 600 ml/dia ou 219 litros/ano, na forma de leite fluído ou equivalente em derivados lácteos. O consumo de leite está relacionado diretamente com a renda per capita da população. À medida que cresce o PIB (Produto Interno Bruto) e melhora a distribuição de renda do país, aumenta o consumo de leite e derivados lácteos da população. Esse fato, é observado por meio do exame dos dados apresentados na Tabela 4, onde se verifica que nos países desenvolvidos há uma disponibilidade maior de leite. Em média, a quantidade de leite disponível nos Estados Unidos e Canadá foi de 261 litros/habitante e nos países da Europa de 290 litros. Na Oceania a disponibilidade é maior, de 778 litros/habitante. Esses valores são superiores ao recomendado pela OMS. Nos países da América do Sul e Central, África e Ásia a quantidade de leite disponível por habitante é inferior ao recomendado pela OMS. Nos países Africanos a média foi de 26 litros/habitante/ano, que é 8 vezes inferior ao recomendado. Em uma situação hipotética, assumindo que cada habitante consuma diariamente dois copos de leite (400 ml) ou 146 litros por ano, calculamos a demanda potencial de leite no mundo. Nesse exercício, verificamos que para atender a demanda potencial, será necessária uma oferta de 920 bilhões de litros. Considerando a situação atual, existe um déficit de aproximadamente 400 bilhões de litros de leite no mundo. Os países da Ásia e África, que são os mais populosos, apresentam maior deficiência na produção e conseqüentemente na oferta de leite. No caso do Brasil, admitindo um cenário em que se favoreça o consumo de laticínios, em especial as populações mais carentes, que pouco ou nada consomem, e tomando por base o consumo de dois copos de leite diariamente, o País requer uma disponibilidade anual de 26 bilhões de litros de leite, apenas para atender o potencial do mercado interno, composto de 178 milhões de pessoas.

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Tabela 4. Disponibilidade, déficit ou excesso de leite no mundo, 2003. Países

Produção mil toneladas

População mil habitantes

Disponibilidade Litros/hab/ano

Demanda potencial*

Mil toneladas

Oceania 25.069 32.234 778 4.706

Europa 210.562 726.339 290 106.045

América do Norte 85.134 325.698 261 47.552

América do Sul 46.679 362.277 129 52.982

América Central e Caribe 14.222 180.969 79 26.381

Ásia 113.051 3.823.389 30 558.215

África 21.845 850.557 26 124.181

T O T A L 516.560 6.301.463 82 920.014 *Considerando um consumo de 400 ml/hab/dia = 146 litros/ano Fonte: FAO II. EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL A pecuária de leite nacional sofreu grandes transformações no início dos anos 90, sendo as principais causas apontadas para essas mudanças a desregulamentação do mercado de leite a partir de 1991, a maior abertura da economia para o mercado internacional, em especial, a criação do Mercosul e a estabilização de preços da economia brasileira. A partir de 2005, espera-se que novas mudanças aconteçam com a implementação da Instrução Normativa 51, que estabelece os novos regulamentos técnicos de produção, conservação e transporte do leite. No Brasil, a pecuária de leite sempre esteve mesclada à pecuária de corte, principalmente na exploração de rebanhos de duplo propósito. O número de rebanhos leiteiros controlados e com registros de dados disponíveis ainda é relativamente pequeno no país. Esse fato dificulta uma análise específica e mais detalhada da atividade leiteira em si. Algumas informações disponibilizadas pelo IBGE, por meio da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), permitem avaliar, mesmo que de forma mais abrangente e simplificada a evolução da pecuária leiteira nacional, principalmente na identificação das áreas de maior produção e produtividade. Esse zoneamento foi realizado com os dados disponíveis pela PPM do IBGE e considerou as seguintes variáveis: volume de leite produzido, rebanho de vacas ordenhadas e produtividade animal. Os dados foram avaliados para as regiões, estados e as mesorregiões homogêneas do Brasil. Produção de Leite Nos últimos 15 anos, a produção brasileira de leite aumentou 53,6%, passando de 14,5 bilhões de litros em 1990 para 22,3 bilhões em 2003 (Tabela 5). Considerando uma estimativa para o ano de 2004 a expectativa é de que se confirme uma produção de 23 bilhões de litros de leite. Durante esse mesmo período, o efetivo bovino cresceu 32,9% e o número de vacas

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ordenhadas 0,8%. A taxa média de crescimento da produção, entre 1990 e 2003, foi superior à taxa de crescimento do rebanho bovino total e também de vacas ordenhadas, o que significa que houve aumento da produtividade animal de 52,3%. O aumento da produção de leite decorreu principalmente do aumento, em alguns sistemas de produção, tanto do volume produzido por fazenda, quanto da produtividade , em razão do uso de novas tecnologias. Aliado a este fator tem-se a expansão da atividade para as regiões de cerrado, que possui como vantagem competitiva o menor custo de oportunidade da terra e de mão-de-obra. Nestas regiões é dada prioridade ao pasto como alimento volumoso no verão, além de ser uma grande região produtora de grãos, o que reduz o custo de alimentação concentrada. Tabela 5. Evolução da pecuária de leite no Brasil, 1990/2003.

Efetivo bovino Vacas ordenhadas Produção anual de leite Ano (1.000 cabeças) (1.000 cabeças) Total (1.000 l) Litros/vaca

1990 147.102 19.073 14.484.413 759

1991 152.136 19.964 15.079.186 755

1992 154.229 20.476 15.784.011 771

1993 155.134 20.023 15.590.882 779

1994 158.243 20.068 15.783.557 786

1995 161.228 20.579 16.474.365 801

1996 158.289 16.273 18.515.390 1.138

1997 161.416 17.048 18.666.010 1.095

1998 163.154 17.280 18.693.914 1.082

1999 164.621 17.396 19.070.048 1.096

2000 169.876 17.885 19.767.206 1.105

2001 176.389 18.193 20.509.953 1.127

2002 185.347 19.005 21.643.740 1.139

2003 195.552 19.225 22.253.863 1.156 * Estimativas Fonte: IBGE – Pesquisa da Pecuária Municipal e Censo Agropecuário Analisando os dados de 1994 a 2003, últimos dez anos, verificamos que o aumento do volume produzido foi de 41%. No ano de 2003, a Região Sudeste respondeu por 40,1% da produção nacional (8.9 bilhões), seguida pela Região Sul com 26% (5.8 bilhões), como pode ser observado nas Figuras 2 e 3. Em termos de crescimento no período de 1994 a 2003 (Tabela 6), destacaram-se as Regiões Norte (129.8%) e Centro-Oeste (62.4%), seguidas da Sul (50.9%), Nordeste (41.5%) e Sudeste (21.5%).

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2.000

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Sudeste Sul Centro-Oeste

Nordeste Norte

1994 2003

Figura 2. Produção de leite por Região Brasileira (milhões de litros), 1994/2003.

IBGE - Pesquisa da Pecuária Municipal - 2003Fonte:

Brasil 94/03 = 41.0%

Sul 94/03= 50.9%1994 = 24.3%2003 = 26.0%

Figura 3. Percentual de Produção de leite por Região Brasileira, 1994/2003.

As áreas de maior concentração da produção de leite não são distribuídas de forma homogênea no País. No ano de 2003, 73.7% do volume produzido concentrou-se nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Santa Catarina (Figura 4). Se forem incluídos os dados dos Estados da Bahia, Rondônia, Pará, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rio de Janeiro, a produção correspondeu a 88,8% do leite produzido no País em 2003.

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IBGE - Pesquisa da Pecuária Municipal - 2003Fonte:

28.411.3

2.2

2.22.5

2.0

3.6

8.0

9.6

6.0

10.4

2.6

Figura 4. Percentual de Produção dos Principais Estados produtores de leite do Brasil.

No exame da Tabela 6, verifica-se nos estados que compõem a Região Norte, o grande desenvolvimento que teve a pecuária de leite em Rondônia (230,5%) e no Acre (230,2%). No Nordeste o crescimento foi maior nos Estados de Sergipe (107,8%) e Rio Grande do Norte (88,5%).

No Centro-Oeste a intensificação da atividade leiteira foi maior em Goiás (79%) e no Mato Grosso (71,7%). O Estado do Mato Grosso do Sul praticamente manteve o mesmo volume de leite produzido durante o período analisado. Nos estados da Região Sul se destaca Santa Catarina, onde a produção de leite aumentou 70,8%. O Estado do Paraná com crescimento de 50,4%, se fortalece também como um estado leiteiro.

Por último a Região Sudeste, onde cada vez mais Minas Gerais se solidifica a sua vocação leiteira, com aumento de 38,1%, que representa um acréscimo no volume de leite de 1,7 bilhões de litros, durante os últimos dez anos. Dentre os Estados maiores produtores, São Paulo foi o único onde a produção diminuiu, com redução de 11% no período. Neste estado a pecuária leiteira está cedendo lugar principalmente para o cultivo da cana-de-açúcar e laranja.

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Tabela 6. Produção Estadual de Leite, 1994/2003.

Produção de leite (mil litros) Unidade da Federação 1994 2003

Dif. % 2003/1994

% do total 2003

Amapá 2.545 3.240 27.3 0.0 Roraima 11.675 8.115 -30.5 0.0 Amazonas 45.139 41.605 -7.8 0.2 Acre 30.299 100.039 230.2 0.4 Tocantins 95.840 201.282 110.0 0.9 Rondônia 169.031 558.651 230.5 2.5 Pará 297.450 585.333 96.8 2.6

REGIÃO NORTE 651.981 1.498.265 129.8 6.7

Piauí 51.745 74.179 43.4 0.3 Paraíba 124.420 125.872 1.2 0.6 Sergipe 66.896 139.003 107.8 0.6 Rio Grande do Norte 92.406 174.146 88.5 0.8 Maranhão 140.461 230.205 63.9 1.0 Alagoas 189.662 241.016 27.1 1.1 Ceará 267.555 352.832 31.9 1.6 Pernambuco 209.686 375.575 79.1 1.7 Bahia 629.982 794.965 26.2 3.6

REGIÃO NORDESTE 1.772.817 2.507.793 41.5 11.3

Distrito Federal 25.794 38.200 48.1 0.2 Mato Grosso do Sul 454.673 481.609 5.9 2.2 Mato Grosso 286.430 491.676 71.7 2.2 Goiás 1.409.350 2.523.048 79.0 11.3

REGIÃO CENTRO-OESTE 2.176.249 3.534.533 62.4 15.9

Espírito Santo 365.181 379.253 3.9 1.7 Rio de Janeiro 403.897 449.425 11.3 2.0 São Paulo 2.005.188 1.785.209 -11.0 8.0 Minas Gerais 4.577.619 6.319.895 38.1 28.4

REGIÃO SUDESTE 7.351.888 8.933.782 21.5 40.1

Santa Catarina 780.121 1.332.277 70.8 6.0 Paraná 1.424.283 2.141.455 50.4 9.6 Rio Grande do Sul 1.626.215 2.305.758 41.8 10.4

REGIÃO SUL 3.830.620 5.779.489 50.9 26.0

T O T A L 15.783.557 22.253.863 41.0 100.0 Fonte: IBGE – Pesquisa da Pecuária Municipal

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O IBGE subdividiu o território nacional em 137 mesorregiões homogêneas. Na extratificação dessas mesorregiões de acordo com a produção de leite, observa-se que em 57% delas (78 mesorregiões) se produziu menos de 100 milhões de litros de leite/ano, que representou 14% da produção nacional (Tabela 7). Por outro lado, quando se somou as mesorregiões com produção acima de 500 milhões de litros, verificamos que 9% (12 mesorregiões) produziram 45% do total da produção nacional. Esses dados confirmam a existência de áreas com pecuária de leite mais desenvolvida, como é o caso do Triângulo Mineiro, Sul/Sudoeste de Minas, Noroeste Rio-Grandense, Sul Goiano e Oeste Catarinense. As 22 mesorregiões com maior volume de leite produzido (acima de 250 milhões de litros/ano), estão listadas na Tabela 8 e indicadas na Figura 5. Essas mesorregiões localizam-se principalmente nos Estados de Minas Gerais, Goiás e Paraná, que juntas produziram aproximadamente 13,2 bilhões de litros de leite por ano, o que corresponde a 61% da produção nacional. Entre as 22 mesorregiões maiores produtoras de leite, algumas apresentaram também grande crescimento no período analisado, como é o caso do Sul e Centro Goiano, Oeste Catarinense, Sudoeste e Centro Oriental Paranaense, Leste Rondoniense, Sudeste Paraense e Agreste Pernambucano. A mesorregião que não apresentou crescimento, dentre as grandes produtoras foi o Campo das Vertentes em Minas Gerais, que reduziu 1,1%, no período de 1994 a 2003, mantendo sua produção em aproximadamente 280 milhões de litros de leite por ano. Tabela 7. Distribuição das mesorregiões por extrato de produção de leite no Brasil, 2003.

Mesorregiões Produção de leite Extrato de produção (milhões de litros) Quant. % total Milhões litros % total

< 100 78 57 3.169 14

100 a 250 37 27 5.722 26

250 a 500 10 7 3.455 16

500 a 1.000 8 6 4.828 22

> 1.000 4 3 5.079 23

T O T A L 137 100 22.253 100 Fonte: IBGE – Pesquisa da Pecuária Municipal

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Tabela 8. Principais mesorregiões produtoras de leite no Brasil, 2003.

Produção de leite (milhões litros)

UF

Mesorregião

1994 2003

Dif % 2003/94

1º MG Triangulo Mineiro/Alto Paranaíba 986 1.569 59.1

2º RS Noroeste Rio-Grandense 770 1.296 68.4

3º GO Sul Goiano 776 1.212 122.5

4º MG Sul/Sudoeste de Minas 871 1.001 23.3

5º SC Oeste Catarinense 381 910 138.7

6º GO Centro Goiano 362 712 96.6

7º MG Zona da Mata 526 606 15.2

8º MG Oeste de Minas 336 541 60.9

9º MG Central Mineira 325 539 66.1

10º RO Leste Rondoniense 164 512 212.7

11º PR Oeste Paranaense 314 508 62.1

12º MG Metropolitana de Belo Horizonte 335 500 49.2

13º PA Sudeste Paraense 170 466 173.9

14º MG Vale do Rio Doce 315 435 38.2

15º PR Sudoeste Paranaense 206 395 91.9

16º SP São José do Rio Preto 361 394 9.2

17º PR Centro Oriental Paranaense 180 337 86.8

18º MG Noroeste de Minas 198 320 61.5

19º RS Nordeste Rio-Grandense 238 304 27.5

20º MG Campo das Vertentes 285 282 -1.1

21º PE Agreste Pernambucano 142 271 91.3

22º PR Norte Central Paranaense 200 252 25.9

M É D I A B R A S I L E I R A 115 162

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11.5

Fonte: IBGE -Pesquisa da Pecuária Municipal, 2003 Figura 5. Principais mesorregiões produtoras de leite no Brasil, 2003. O significativo crescimento da produção de leite na região de cerrado, especialmente em Goiás e nas regiões do Triângulo Mineiro e do Alto Paranaíba, em Minas Gerais, é influenciado, principalmente, pelo menor custo de produção do leite nestas regiões, em razão do menor preço de alguns insumos e da prioridade ao pasto como alimento volumoso do rebanho, durante o verão. Além de menor custo, os sistemas de produção nestas regiões podem suportar um menor preço do leite para sua sobrevivência e são menos vulneráveis às crises do mercado de lácteos, em razão da maior flexibilidade para serem conduzidos. Esses sistemas têm forte predominância para o gado mestiço Europeu Zebu e utilização de pasto como alimento principal.

Para avaliar a dinâmica da pecuária de leite, analiso-se o crescimento em termos percentuais das mesorregiões em geral, incluindo também as de menor produção. Na Tabela 9 e também na Figura 6 podem ser observadas as áreas de maior crescimento relativo da atividade durante o período. As regiões onde a pecuária leiteira está sendo incentivada estão localizadas mais ao Norte do País e em regiões de cerrado. No Sul do Brasil, principalmente no Estado do Paraná, a atividade esta se tornando cada vez mais desenvolvida, considerando que a atividade leiteira no estado já é bastante desenvolvida. Quatro mesorregiões devem ser destacadas, por estar presentes entre as que mais produzem e também entre as que mais cresceram no período. Estas são: Leste Rondoniense, Sudeste Paraense, Sudoeste Paranaense e Oeste Catarinense.

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Tabela 9. Mesorregiões de maior crescimento relativo, no período de 1994 a 2003.

Produção de leite (milhões litros) UF

Mesorregião 1994 2003

Dif % 2003/94

1º RO Madeira-Guapore 5 47 780.6 2º AC Vale do Acre 25 93 269.2 3º MT Nordeste Mato-Grossense 18 62 241.5 4º RO Leste Rondoniense 164 512 212.7 5º GO Norte Goiano 59 177 201.6 6º PA Sudeste Paraense 170 466 173.9 7º SC Oeste Catarinense 381 910 138.7 8º MA Oeste Maranhense 55 128 133.8 9º TO Oriental do Tocantins 18 41 130.6 10º MT Norte Mato-Grossense 67 154 128.4 11º RN Centro Potiguar 29 65 125.2 12º GO Noroeste Goiano 104 234 124.2 13º SE Sertão Sergipano 33 72 119.8 14º PR Sudeste Paranaense 31 67 115.8 15º BA Centro Norte Baiano 72 150 107.3 16º TO Ocidental do Tocantins 78 160 105.3

11.5

Fonte: IBGE -Pesquisa da Pecuária Municipal, 2003 Figura 6. Mesorregiões de maior crescimento relativo em percentuais no período de 1994 a

2003.

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Produtividade A pecuária leiteira no Brasil no início dos anos 90 apresentava uma produtividade, medida em litros de leite por vaca por ano, próximo de 750 litros de leite, considerando todos os rebanhos de vacas ordenhadas, com maior e menor aptidão leiteira (rebanhos de leite, carne e duplo-propósito). Esta produtividade aumentou em 52%, atingindo 1.156 litros em 2003, mas continua muito inferior à média de rebanhos especializados nacionais, como é o caso do rebanho de gado Holandês com 7.570 litros/vaca/ano ou do gado Jersey com 4.670 litros/vaca/ano ou, ainda, da raça Girolando com 3.790 litros/vaca/ano (Arquivo Zootécnico Nacional – Gado de Leite). A tecnologia teve um papel fundamental no desempenho da produção brasileira. Os dados dos últimos dez anos indicam um acréscimo na produtividade animal de 46%. Esse fato explica a maior parte do crescimento da produção brasileira. Há um recuo substancial no crescimento do rebanho de vacas em lactação, que no mesmo período reduziu 5% enquanto a produção de leite cresceu 39%. Na Figura 8, se observa a produtividade média por animal nos estados brasileiros. Nota-se que a atividade leiteira em Santa Catarina tem a maior produtividade por vaca, com média de produção de 2.071 litros de leite/ano. Rio Grande do Sul e Paraná também se destacam em termos de produtividade, quando comparados com outros estados brasileiros. Com médias variando entre 1.000 e 1.500 litros /vaca/ano estão todos os estados da Região Sudeste, Goiás e Mato Grosso do Centro-Oeste e Alagoas e Pernambuco na Nordeste. Entre os grandes estados produtores de leite no Brasil, São Paulo apresenta produtividade média de 1.036 litros/vaca/ano, que é inferior a média nacional.

IBGE - Pesquisa da Pecuária Municipal - 2003Fonte:

2.071

1.950

1.776

1.435

1.417

1.154

1.122

1.092

1.066

1.046

1.036990

947

845783

747

721

678

598

589

566557

517463

412

375

Legenda

375 a 1.000

1.000 a 1.500

1.500 a 1950

Figura 8. Produtividade por vaca nos estados brasileiros, 2003.

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Considerando a média de produtividade animal, por mesorregiões, nota-se na Tabela 10, que 56% do leite produzido no Brasil são originados por 80% das mesorregiões cuja produtividade animal é menor que 1.500 litros/ vaca/ dia. Esse índice de produtividade representa rebanhos com produção abaixo de 5,4 litros de leite por vaca/dia, se considerar uma média de 280 dias de lactação. Ainda no exame da Tabela 10, notamos que em sete mesorregiões de maior produtividade, 5% do total, produzem 18% do leite nacional. Tabela 10. Distribuição das mesorregiões por extrato de produtividade animal, 2003.

Mesorregiões Produção de leite Extrato de produtividade

(litros/vaca/ano) Quant. % total Milhões litros % total

< 1.000 74 54 5.905 27

1.000 a 1.500 36 26 6.508 29

1.500 a 2.000 20 15 6.041 27

2.000 a 2.500 6 4 3.464 16

> 2.500 1 1 337 2

T O T A L 137 100 22.253 100 Fonte: IBGE – Pesquisa da Pecuária Municipal Na Tabela 11 e na Figura 9, estão listadas e indicadas as mesorregiões com produtividade acima de 1.500 litros de leite/vaca/ano. Na mesorregião do Centro Oriental Paranaense obteve, no ano de 2003, uma produtividade média de 2.908 litros/vaca/ano. Outras mesorregiões que produziram acima de 2.000 litros/vaca ano são o Oeste e Norte Catarinense, Oeste e Sudoeste Paranaense, Noroeste Rio-Grandense e Campo das Vertentes em Minas Gerais.

11.5

Mesorregiões com produtividade acima de 2.500 l/vaca/ano

Figura 9. Produtividade animal (litros/vaca/ano) nas principais mesorregiões produtoras,

2003.

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Tabela 11. Produtividade animal (litros/vaca ordenhada/ano) nas principais Mesorregiões –

2003.

UF

Mesorregião

Produção de leite (milhões

litros)

Vacas Ordenhadas

(mil cabeças)

Produtividade (l/vaca/ano)

1º PR Centro Oriental Paranaense 337 116 2.908 2º SC Oeste Catarinense 910 379 2.403 3º PR Oeste Paranaense 508 219 2.324 4º RS Noroeste Rio-Grandense 1.296 584 2.183 5º PR Sudoeste Paranaense 395 188 2.097 6º SC Norte Catarinense 73 36 2.040 7º MG Campo das Vertentes 282 141 2.007 8º SP Campinas 204 106 1.928 9º RS Nordeste Rio-Grandense 304 158 1.919 10º MG Central Mineira 539 287 1.879 11º MG Oeste de Minas 541 289 1.872 12º RS Metropolitana de Porto Alegre 162 87 1.862 13º RS Centro Oriental Rio-Grandense 209 112 1.860 14º MG Metropolitana Belo Horizonte 500 284 1.756 15º SC Grande Florianópolis 45 26 1.731 16º PR Centro-Sul Paranaense 130 78 1.671 17º SC Vale do Itajaí 163 98 1.667 18º RJ Sul Fluminense 111 69 1.609 19º RS Sudeste Rio-Grandense 142 89 1.588 20º SC Sul Catarinense 85 54 1.581 21º SP Piracicaba 55 35 1.571 22º MG Sul/Sudoeste de Minas 1.001 641 1.562 23º RS Sudoeste Rio-Grandense 101 65 1.551 24º PR Metropolitana de Curitiba 52 34 1.532 25º AL Sertão Alagoano 118 77 1.529 26º MG Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba 1569 1035 1.517

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CONCLUSÕES A atividade leiteira nos diferentes países apresentam grande variabilidade em relação a tecnologia empregada. Esse fato reflete na produtividade dos rebanhos, que também é muito variável. Na América do Norte a produtividade média do rebanho é de 8.515 litros de leite/vaca/ano ou aproximadamente 23 litros/vaca/dia, enquanto nos países da América Central e Caribe, esses valores correspondem a 719 litros/vaca/ano ou 2 litros/vaca/dia. Existe um déficit de aproximadamente 400 bilhões de litros de leite no mundo para atender um consumo médio de dois copos de leite por dia (400 ml/habitante). O Brasil requer uma disponibilidade anual de leite de 26 bilhões de litros para atender essa demanda potencial. No Brasil, as áreas de maior concentração de produção de leite estão localizadas nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Santa Catarina. As principais mesorregiões produtoras são: Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, Noroeste Rio-Grandense, Sul Goiano, Sul/Sudoeste de Minas, Oeste Catarinense e Centro Goiano. Considerando a produtividade animal mais elevada, como indicativo de pecuária de leite mais tecnificada, destacam-se as mesorregiões do Centro Oriental, Oeste e Sudoeste Paranaense, Oeste e Norte Catarinense, Noroeste Rio-Grandense e Campo das Vertentes de Minas Gerais. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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GOMES, S.T. Diagnóstico e perspectivas da produção de leite no Brasil. In: Cadeia de Lácteos no Brasil: restrições ao seu desenvolvimento. Brasília: MCT/CNPq, Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, p.21-38, 2001.

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NUÑEZ, R. El mercado mundial de lácteos: un escenário futuro. In: Leite: uma cadeia produtiva em transformação. Embrapa Gado de Leite, p.25-34, 2004. PAES, M.; AMIN, M.M.; GOMES, S.T. Agronegócio do leite: características da cadeia produtiva do Estado de Rondônia. Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural, 42, Cuiabá, 2004. ZOCCAL, R.; GOMES, A.T.; CARVALHO, L.A. O agronegócio do leite: análise e perspectivas. Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural, 42, Cuiabá, 2004.