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XIV Semana Acadêmica do Curso de Pedagogia

VI Seminário de Tecnologias e Educação

Educação e tecnologias: interfaces no aprender e no ensinar

ANAIS

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Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões Reitor Luiz Mario Silveira Spinelli Pró-Reitora de Ensino Rosane Vontobel Rodrigues Pró-Reitor de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação Giovani Palma Bastos Pró-Reitor de Administração: Nestor Henrique de Cesaro Câmpus de Frederico Westphalen Diretora Geral Silvia Regina Canan Diretora Acadêmica Elisabete Cerutti Diretor Administrativo Clóvis Quadros Hempel Câmpus de Erechim Diretor Geral Paulo José Sponchiado Diretora Acadêmica Elisabete Maria Zanin Diretor Administrativo Paulo Roberto Giollo Câmpus de Santo Ângelo Diretor Geral Gilberto Pacheco Diretor Acadêmico Marcelo Paulo Stracke Diretora Administrativa Berenice Beatriz Rossner Wbatuba Câmpus de Santiago Diretor Geral Francisco de Assis Górski Diretora Acadêmica Michele Noal Beltrão Diretor Administrativo Jorge Padilha Santos Câmpus de São Luiz Gonzaga Diretora Geral Sonia Regina Bressan Vieira Câmpus de Cerro Largo Diretor Geral Edson Bolzan

ANAIS DA XIV SEMANA ACADÊMICA

DO CURSO DE PEDAGOGIA VI SEMINÁRIO DE TECNOLOGIAS E

EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS: INTERFACES NO APRENDER E NO

ENSINAR

19, 20, 21 e 22 de maio de 2015 FREDERICO WESTPHALEN - RS

ORGANIZAÇÃO DO EVENTO Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen Departamento de Ciências Humanas Curso de Pedagogia Comissão Organizadora Juliane Claudia Piovesan Luci Mary Duso Pacheco Rosane de Fátima Ferrari Comissão Científica Edite Maria Sudbrack Silvia Regina Canan Elisabete Cerutti Maria Cristiana Gubiani Aita Alessandra Tiburski Fink Fabiana Lopes Zampieri Marinês Ulbriki Costa Claudir Miguel Zuchi Jaime José Zitkoski Claudia Bellochio Hedi Maria Luft Maria de Lourdes Bernartt Evângela Barros Vaima Regina Alves Motta Saul Neves de Jesus

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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES CÂMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

XIV Semana Acadêmica do Curso de Pedagogia VI Seminário de Tecnologias e Educação

Educação e tecnologias: interfaces no aprender e no ensinar

ANAIS

Organizadora

Juliane Claudia Piovesan

Frederico Westphalen 2015

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Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-

SemDerivados 3.0 Não Adaptada. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/.

Organização: Juliane Claudia Piovesan Revisão metodológica: Diego Bonatti Diagramação: Diego Bonatti Capa/Arte: Silvana Kliszcz Revisão Linguística: Wilson Cadoná O conteúdo de cada resumo bem como sua redação formal são de responsabilidade exclusiva dos

(as) autores (as).

Catalogação na Fonte elaborada pela Biblioteca Central URI/FW

S47a

Semana Acadêmica do Curso de Pedagogia (14.: 2015 : Frederico Westphalen,

RS) Anais [recurso eletrônico] [da] XIV Semana Acadêmica do Curso de

Pedagogia : VI Seminário de Tecnologias e Educação / Organizadora: Juliane Claudia Piovesan. Frederico Westphalen : URI – Frederico Westph, 2015.

542 p. Modo de acesso: <http://www.fw.uri.br/site/pagina/editora>.

ISBN 978-85-7796-162-7 1. Semana Acadêmica – Curso de Pedagogia. I. Piovesan, Juliane Claudia. II.

Título.

CDU 37

Bibliotecária Gabriela de Oliveira Vieira

URI - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Prédio 9

Câmpus de Frederico Westphalen Rua Assis Brasil, 709 - CEP 98400-000 Tel.: 55 3744 9223 - Fax: 55 3744-9265

E-mail: [email protected], [email protected]

Impresso no Brasil Printed in Brazil

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 12

PLENÁRIA ................................................................................................... 14

POLÍTICAS EDUCACIONAIS: INTERFACES COM A FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFISSIONAL DOCENTE .................................................................................... 15

Camila de Fátima Soares dos Santos, Edite Maria Sudbrack

POLÍTICA DE FORMAÇÃO DOCENTE NO PROGRAMA PIBID ................................... 28

Dulce Maria de Souza, Edite Maria Sudbrack, Luci Mary Duso Pacheco

REFLEXÕES ACERCA DA FORMAÇÃO PERMANENTE DE PROFESSORES DE

EDUCAÇÃO FÍSICA: O QUE DIZEM AS PESQUISAS? .................................................. 37

Eliberto Lanza Cavalheiro

PIBID: UM SUPORTE NA FORMAÇÃO INICIAL E FORMAÇÃO CONTINUADA EM

PRÓ DA CONSTRUÇÃO DE UM NOVO PERFIL DOCENTE ......................................... 52

Fabiana Aparecida Somavilla, Andriéli Vanni de Arruda, Debora de Oliveira Cardoso, Maíra da Costa Szpanic, Luci Mary Duso Pacheco, Vildes Mulinari Gregolon

PIBID/URI-PEDAGIGIA-ENSINO MÉDIO: A PRÁXIS EM SALA DE AULA................. 63

Fernanda Cristina Piovesan de Souza, Keiti Florencio,Marcieli de Lourdes Danielli,Marisa Barbieri,Luci Mary Duso Pacheco,Vildes Mulinari Gregolon

POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: CONEXÕES ENTRE SABERES

TEORICOS E PRÁTICOS, EM FOCO O PIBID ................................................................. 74

Giovanessa Lúcia Poletti, Silvia Regina Canan

PARFOR NA URI - CÂMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN: O PROFESSOR-

ACADÊMICO EM FORMAÇÃO........................................................................................ 90

Jaqueline Freu, Juliane Cláudia Piovesan

A ATUAÇÃO DO PIBID NO CURSO DE PEDAGOGIA DA URI: REFLEXÕES

TEÓRICAS E CONTRIBUIÇÕES PRÁTICAS PARA A FORMAÇÃO DOCENTE ........ 105

Jéssica Ávila da Silva, Natana Fussinger, Luana Fussinger, Letícia Zanella, Luci Mary Duso Pacheco,Vildes Mulinari Gregolon

FORMAÇÃO DOCENTE PARA UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: CAMINHOS

POSSÍVEIS DIANTE DE GRANDES DESAFIOS............................................................ 115

Jéssica de Marco, Juliane Cláudia Piovesan

FORMAÇÃO DOCENTE: PRÁTICAS REALIZADAS PELO PIBID .............................. 128

Raquel da Silva Brochier, Carine Dalsasso, Keli Cristina Calisto, Tais Regina Freo, Luci Mary Duso Pacheco, Vildes Mulinari Gregolon

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PIBID NA ESCOLA CAMPO: CONTRIBUIÇÕES A PARTIR DAS LEITURAS

PEDAGÓGICAS EM PAULO FREIRE ............................................................................ 139

Rudinei Moreira, Josiane Ballin, Rejane Souza da Silva, Maila Cristina Calegari, Luci Mary Duso Pacheco, Vildes Mulinari

ESTADO DO CONHECIMENTO ACERCA DA POSTURA MEDIADORA DO

PROFESSOR EM RELAÇÃO AO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM. ....... 153

Tharles Gabriele Cauduro, Arnaldo Nogaro, Hildegard Susana Jung

LINGUAGEM, PENSAMENTO E COMUNICAÇÃO: UMA ABORDAGEM FILOSÓFICA

E HUMANA ...................................................................................................................... 169

Adriano Paulo da Silva, Claudir Miguel Zuchi

A GESTÃO EDUCACIONAL E O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO:

PRESSUPOSTOS À FORMAÇÃO DE PROFESSORES .................................................. 183

Anilce Angela Arboit, Janaíne Souza Gazzola, Silvia Regina Canan

AVALIAÇÕES DO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO...................................... 197

Antonieta da Silva Caetano, Elisângela Cristina Beuren, Ana Paula Baldo, Silvia Regina Canan, Arnaldo Nogaro

PROGRAMAS DE BOLSA E FINANCIAMENTO À EDUCAÇÃO SUPERIOR: UM

ESTUDO DO PROUNI E DO FIES ENQUANTO POSSIBILIDADE DE

DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO ................................................................................ 205

Debora de Oliveira Cardoso, Silvia Regina Canan

DEMOCRACIA COMO IDEAL POLÍTICO PEDAGÓGICO EM INSTITUIÇÕES QUE

PRECONIZAM A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL ........................................................... 219

Estela Mari Santos Simões, Arnaldo Nogaro, Edite Maria Sudbrack, Elisiane Andréia Lippi, Fabiana Cavalheiro Scale

SABERES INVESTIGATIVOS NA PRÁTICA DA PESQUISA NA INICIAÇÃO

CIENTÍFICA UNIVERSITÁRIA ...................................................................................... 230

Letícia Zanella, Luci Mary Duso Pacheco

POLÍTICAS PÚBLICAS INCENTIVANDO A INOVAÇÃO: TECNOLOGIA COMO

FERRAMENTA EDUCACIONAL.................................................................................... 241

Manoelle Silveira Duarte, Edite Maria Sudbrack, Neusa Maria Scheid, Elisângela Cristina Beuren

UM OLHAR SOBRE O TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO E DE

EMANCIPAÇÃO: APROXIMAÇÕES ENTRE O ENSINO POLITÉCNICO E A

PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA ................................................................................. 252

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Quézia da Cruz de Souza

A RESPEITO DA SOCIEDADE DO ESPETÁCULO E A TAREFA DA EDUCAÇÃO.... 264

Ricardo Cocco

AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA X ESTRATÉGIAS DE GESTÃO .......................... 275

Vanessa Taís Eloy, Luana Novakowski, Silvia Regina Canan

A INSERÇÃO DO NÚCLEO DE ACESSIBILIDADE NA UNIVERSIDADE: UMA

PROPOSTA INCLUSIVA ................................................................................................. 286

Vanice Hermel, Lucas Tadeu Amarante Bombana, Karim Kaiomi Bordignon, Theobaldo Dreye

ESTÁGIO CURRICULAR: UM OLHAR DIFERENCIADO SOB A PERSPECTIVA DO

ALUNO ............................................................................................................................. 311

Caliandra Piovesan, Eliane Miotto Kamphorst

PROCESSOS EDUCATIVOS NA RÁDIO ESCOLAR: UMA EXPERIÊNCIA DA ESCOLA

EDGAR MARQUES DE MATTOS .................................................................................. 319

Camila Guidini Camargo, Simone Girardi Schueigart, Cleuza Mariza Kiviatosz Sponchiado, Gládis Teresa Sartori de Campos

A EDUCAÇÃO POPULAR VISUALIZADA NO CRAS .................................................. 329

Elaine Cardoso Wentz, Raquel da Silva Brochier, Rosane Fátima Ferrari

MÚSICA E HOSPITALIZAÇÃO: BENEFÍCIOS E EFEITOS DA SUA PRÁTICA PARA

AS CRIANÇAS HOSPITALIZADAS ............................................................................... 340

Fabiana Vicente, Naiara Andreatto Da Silva, Juliane Cláudia Piovesan

PEDAGOGO: ASSESSOR E DIFUSOR CULTURAL DO CONHECIMENTO ................ 349

Janaíne Souza Gazzola, Anilce Angela Arboit, Rosane de Fatima Ferrari

NEUROCIÊNCIA E EDUCAÇÃO: UMA ARTICULAÇÃO NECESSÁRIA PARA A

EFETIVAÇÃO DA APRENDIZAGEM ............................................................................ 361

Luana Fussinger, Rosane de Fátima Ferrari

A MÚSICA NA ESCOLA: APRENDENDO E ENSINANDO .......................................... 374

Naiara Andreatto Da Silva, Juliane Cláudia Piovesan

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS: A ARTE DO ERA UMA VEZ ........................................ 382

Natana Fussinger, Alessandra Tiburski Fink

PEDAGOGIA DA INFÂNCIA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS DO CUIDAR E DO

EDUCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................................................... 393

Paulo Henrique Cadoná, Alessandra Tiburski Fink

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AFETIVIDADE X APRENDIZAGEM X EVASÃO ESCOLAR – ALGUMAS REFLEXÕES

SOBRE ESTA RELAÇÃO

Hildegard Susana Jung, Edite Maria Sudbrack, Tharles Gabriele Cauduro

IDEÁRIOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA EM TEMPOS DE CIBERCULTURA ........... 416

Ana Paula Baldo, Elisabete Cerutti, Elisângela Cristina Beuren, Antonieta da Silva Caetano

O MUNDO NANO(TECNOLÓGICO): UMA REVOLUÇÃO INTERDISCIPLINAR EM

ANDAMENTO - O QUE TEMOS A APRENDER? .......................................................... 427

Carmem Regina Cocco, Ricardo Cocco

USO DE TIC COMO MEDIADORA E CONSTRUTORA DA APRENDIZAGEM, NA

FORMAÇÃO DE UMA INTELIGÊNCIA COLETIVA .................................................... 439

Elisângela Cristina Beuren, Mariana Balestrin, Neusa Maria John Scheid, Antonieta da Silva Caetano, Ana Paula Baldo

A INFÂNCIA E AS TECNOLOGIAS: PROPOSTAS DE REFLEXÕES .......................... 449

Elisiane Andreia Lippi, Arnaldo Nogaro, Estela Mari Santos Simões, Manoelle Silveira Duarte

CONCEPÇÕES SOBRE A AULA NO CONTEXTO DA CIBERCULTURA: A VISÃO DOS

DISCENTES DOS CURSOS DE LICENCIATURA DA URI – CÂMPUS DE FREDERICO

.......................................................................................................................................... 463

Maila Cristina Calegari, Elisabete Cerutti

POLÍTICAS PÚBLICAS INCENTIVANDO A INOVAÇÃO: TECNOLOGIA COMO

FERRAMENTA EDUCACIONAL.................................................................................... 473

Manoelle Silveira Duarte, Edite Maria Sudbrack, Neusa Maria John Scheid, Elisângela Cristina Beuren

NOVAS TECNOLOGIAS E DIÁLOGO: DESAFIOS À CONSTRUÇÃO DA

INTELIGÊNCIA COLETIVA PELO CONHECIMENTO ................................................. 483

Silvana Aparecida Pin, Arnaldo Nogaro, Cênio Back Weyh, Camila de Fátima Soares dos Santos

A TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E AS MUDANÇAS NAS

FORMAS DE ENSINAR E APRENDER. ......................................................................... 495

Silvia D. Parussolo Boniati, Bruno Batista Boniati

INCLUSÃO DIGITAL NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS: USABILIDADE DAS BASES

DE DADOS NO CÂMPUS DA UFSM – FREDERICO WESTPHALEN .......................... 506

Sirlene Aparecida dos Santos

PÔSTER ..................................................................................................... 517

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10

PEDAGOGIA DA INFÂNCIA E AS CONTRIBUIÇÕES DA TECNOLOGIA PARA A

FORMAÇÃO DO EDUCADOR INFANTIL ..................................................................... 518

Adriele Puhl, Alessandra Tiburski Fink

DIREITOS HUMANOS E MINORIAS: POSSIBILIDADES EDUCACIONAIS E

REFLEXIVAS A PARTIR DA ÉTICA DO CUIDAO ....................................................... 519

Bruna Medeiros Bolzani, Fernando Battisti, Claudionei Vicente Cassol

CONCEPÇÕES SOBRE A AULA NO CONTEXTO DA CIBERCULTURA: A VISÃO DOS

DOCENTES UNIVERSITÁRIOS DOS CURSOS DE LICENCIATURA DA URI –

CÂMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN ................................................................... 520

Casiane Vargas, Elisabete Cerutti

CURSO NORMAL DE NÍVEL MÉDIO: ALGUMAS REFLEXÕES A PARTIR DE SUAS

DIRETRIZES .................................................................................................................... 521

Catiére Morais Meireles, Alessandra Tiburski Fink

RELATO DE EXPERIÊNCIA: ESTÁGIO EM GESTÃO EDUCACIONAL NO PRESÍDIO

DE FREDERICO WESTPHALEN .................................................................................... 522

Chana Francini Beltramin, Luana Hauch, Rudinei Moreira, Luci Mary Duso Pacheco

A EDUCAÇÃO POPULAR NO GRUPO DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS ..................... 523

Daléia Cebuliski, Teresinha da Costa, Rosane de Fátima Ferrari

ÉTICA NA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DOCENTE ........................................................ 524

Dhiúlia Rafaela Ciganski, Rosane de Fátima Ferrari

CONCEPÇÕES HISTÓRICAS SOBRE A FORMAÇÃO INICIAL DOCENTE ................ 525

Djeni Alessandra Tonello Bandeira, Silvia Regina Canan

A TECNOLOGIA E SUA INFLUÊNCIA NAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E

DOS ANOS INICIAIS ....................................................................................................... 526

Elaine Goulart, Juliane Cláudia Piovesan

FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA A EDUCAÇÃO DO CAMPO: SABERES

NECESSÁRIOS À PRÁTICA DOCENTE ........................................................................ 527

Fernanda Vargas Ellwanger, Geovana Busanello, Luci Mary Duso Pacheco

DIREITO À VIDA COMO GARANTIA CONSTITUCIONAL AO NASCITURO:

NECESSIDADE DE FORMAÇÃO PARA A AUTONOMIA............................................ 528

Gabriel Piovesan Ramos, Fernando Battisti, Claudionei Vicente Cassol

GESTÃO E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA ............................................... 529

Gabrieli Mattana Pokulat, Eliane Maria Balcevicz Grotto

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11

BRINQUEDOTECA: ESPAÇO LÚDICO PEDAGÓGICO ............................................... 530

Helena Ozilda Albarello, Rosane de Fátima Ferrari

A PESQUISA COMO INSTRUMENTO DE CONSTRUÇÃO DE SABERES, DO ENSINO

MÉDIO À LICENCIATURA, OPORTUNIZADA PELO PIBIC ....................................... 531

Jaine Braga da Silva, Hildegard Susana Jung, Edite Maria Sudbrack

REDES SOCIAIS: RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA O PROCESSO DE ENSINO

APRENDIZAGEM ............................................................................................................ 532

Jaíne Souza Gazzola, Luci Mary Duso Pacheco

EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS: POSSIBILIDADE DE ENFRENTAMENTO DA

EXCLUSÃO SOCIAL ....................................................................................................... 533

Joice Albarello da Silva, Vildes Mulinari Gregolon

A IMPORTÂNCIA DO JOGO E DA BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...... 534

Juliana Patrícia Bortolini

FORMAÇÃO INICIAL E OS SABERES DOCENTES ..................................................... 535

Kádina Mitiéli De Oliveira Walker, Juliane Cláudia Piovesan

REDE SOCIAL FACEBOOK NA PRÁTICA DOCENTE: POSSIBILIDADES E LIMITES

.......................................................................................................................................... 536

Karla Juline Schneider, Eliane Maria Balcevicz Grotto

A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO ............................................... 537

Keila Daiana da Rosa, Elisabete Cerutti

JOGOS EDUCACIONAIS ONLINE: NOVOS MODOS DE APRENDER E ENSINAR ... 538

Marcela Meneghetti de Oliveira, Rosane de Fátima Ferrari

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E O USO DAS TECNOLOGIAS ..................... 539

Paulo José Frizon, Rosane de Fátima Ferrari

CONTRIBUIÇÕES DE AULAS PRÁTICAS NOS ESTÁGIOS CURRICULARES PARA O

ENSINO DE CIÊNCIAS ................................................................................................... 540

Sheila Cassenote Ferreira

A NEUROCIÊNCIA E A EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA PEDAGÓGICA ................. 541

Tais Regina Freo, Rosane de Fátima Ferrari

MÚSICA E TECNOLOGIA: REFLEXÕES E PERSPECTIVAS NO PROCESSO DE

APRENDER E ENSINAR ................................................................................................. 542

Tatiane Brandão Da Silva, Juliane Cláudia Piovesan

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12

APRESENTAÇÃO

Com satisfação, apresentamos os Anais da XIV Semana Acadêmica do Curso de

Pedagogia - VI Seminário de Tecnologias e Educação - Educação e tecnologias: interfaces

no aprender e no ensinar, evento que ocorreu nos dias 19, 20, 21 e 22 de maio de 2015.

Pensar e refletir sobre Educação e Tecnologias é ainda um desafio para a sociedade

contemporânea. Assim, “Educação e tecnologias: interfaces no aprender e no ensinar” é o

tema que remeteu a pensar sobre os espaços digitais que vêm sendo constituídos e inseridos

na cultura educacional como meio de inovação dos processos educativos e sua aplicabilidade

no cotidiano escolar, trazendo presente à atuação do profissional da Educação.

Momentos de encontro vivenciados no evento permitiram ampliar os espaços de

formação continuada, refletindo sobre este campo temático tão presente no cotidiano social e

educacional, que é Educação e a Tecnologia.

A presente publicação, resultado dos pôsteres e plenárias apresentados no evento, é

distribuída em quatro temáticas, sendo, Formação de Professores, Política e Gestão

Educacional, Prática Educativa e Educação e Tecnologias.

A temática Formação de Professores abrange estudos sobre saberes teóricos e

práticos, reflexões acerca de programas de formação docente e os processos de ensinar e

aprender. Destaca-se a pertinência desse debate no contexto educacional, auxiliando na busca

de conhecimentos e do aperfeiçoamento do ser/fazer pedagógico.

Política e Gestão Educacional permeia estudos sobre a gestão educacional, reflexões

da avaliação do sistema educacional brasileiro, o trabalho docente e as políticas educacionais.

Essa temática é de suma importância para rever processos e aprimorar situações da política e

da gestão educacional presentes na conjuntura da educação atual.

Ainda, a temática Prática Educativa destaca a construção prática, embasada em

aportes teóricos, de situações sólidas e concretas do fazer pedagógico, perpassando

articulações fundamentais e necessárias para a efetivação da aprendizagem.

Também, enfatiza-se com veemência a temática Educação e Tecnologias, com

destaque para a cibercultura, o uso das tecnologias na educação, a infância e a tecnologia, a

tecnologia como ferramenta educacional e a inclusão digital. Essas reflexões, importantes nos

espaços escolares, trazem estudos que intensificam a construção de saberes e fazeres, com

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13

metodologia para formação do educando, que seja capaz de inseri-lo no contexto social,

auxiliando na promoção de uma educação de qualidade.

Assim, pensar em tecnologias na educação remete a reconhecer que elas vêm

adquirindo destaque nas pesquisas científicas realizadas por estudiosos ligados à área da

educação e por professores interessados em aprimorar constantemente a sua prática

educacional. Com esse momento de reflexão, foi possível vivenciar, aprender, conhecer e

compartilhar saberes sobre a Educação e Tecnologia.

Boa leitura a todos!

Juliane Cláudia Piovesan

Coordenadora do Curso de Pedagogia – URI/FW

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PLENÁRIA

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POLÍTICAS EDUCACIONAIS: INTERFACES COM A FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFISSIONAL DOCENTE

Camila de Fátima Soares dos Santos, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e

das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Edite Maria Sudbrack, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

RESUMO: Esse trabalho trata das políticas educacionais que orientam e definem os processos de formação continuada oferecida aos docentes e as contribuições e relações com a sua prática pedagógica. O objetivo da pesquisa buscou analisar quais as influências das políticas de formação continuada e a relação estabelecida com a prática pedagógica dos professores. O presente trabalho teve por enfoque a pesquisa qualitativa, de cunho bibliográfico. O trabalho apresenta os resultados de um estudo bibliográfico com base nos conceitos apresentados por investigadores na área de políticas educacionais e sobre a formação de professores. PALAVRAS-CHAVE: Políticas educacionais. Formação continuada. Prática docente.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho trata das políticas educacionais que orientam e definem os

processos de formação continuada. Nesse sentido, o objetivo da pesquisa buscou analisar

quais as influências das políticas de formação continuada e a relação estabelecida com a

prática pedagógica dos professores.

A metodologia do trabalho teve por enfoque a pesquisa qualitativa. Enquanto

objetivo define-se a pesquisa descritiva, utilizando-se da pesquisa bibliográfica.

Nesse sentido, diante da problemática, os procedimentos da pesquisa, foram

desenvolvidos com um estudo bibliográfico de investigadores em educação referentes ao tema

abordado. A pesquisa é descritiva de cunho qualitativo, contemplando a análise e

interpretação dos dados, buscando, desta forma, descobrir e compreender as políticas

educacionais, e, suas interfaces com a formação continuada e a prática pedagógica.

Assim, o presente trabalho aborda o conceito de política educacional, que está

vinculada ao conjunto das políticas sociais e dirige-se à resolução de questões educacionais,

estabelecendo relações com os processos de formação continuada e a efetivação desta na

prática do profissional docente.

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16

1 POLÍTICA EDUCACIONAL: ENTENDENDO SEU CONCEITO

Não existem políticas sem política. Esta, por sua vez, é uma manifestação da política

social. A política educacional está vinculada ao conjunto das políticas sociais. E, para

entendermos melhor acerca do tema, é necessário nos reportarmos a essas políticas, só assim

será possível fazer uma análise minuciosa da Política Educacional. Se partirmos da análise da

própria palavra “política”, saberemos que ela designa um campo dedicado ao estudo da esfera

das atividades humanas articuladas às coisas do Estado. (SHIROMA, 2011). Nessa

perspectiva, é oportuno retomar o que nos diz Vieira (2007, p. 55), quando cita os teóricos

que abordam a diferença entre política e políticas de educação:

A Política Educacional é uma Ciência Política em sua aplicação ao caso concreto da educação, porém as políticas educacionais são múltiplas, diversas e alternativas. A política educacional é, portanto, a reflexão teórica sobre as políticas educacionais [...] se há de considerar a Política Educacional como uma aplicação da Ciência Política ao estudo do setor educacional e, por sua parte, as políticas educacionais como políticas públicas que se dirigem a resolver questões educacionais. (PEDRO; PUIG 1998).

As políticas públicas surgiram para atender às diferenças sociais, tendo como

objetivo sanar as necessidades mais gritantes da população. Como essas funções, de regulação

e manutenção cabem ao Estado, tais políticas devem assegurar os direitos básicos atribuídos

aos indivíduos, como a saúde, educação e segurança. Por ser, ainda, considerada política

social, pode ser definida como:

[...] estratégias promovidas a partir do nível político com o objetivo de desenvolver um determinado modelo social. Essas estratégias se compõem de planos, projetos e diretrizes específicas em cada área de ação social. Em termos globais, integram estas políticas ligadas à saúde, educação, habitação e previdência social. (BIANCHETTI, 2001, p. 88-89).

Com efeito, de acordo com o autor, as políticas públicas, especialmente, as de caráter

social, são definidas pelas lutas, pressões e conflitos entre elas, ou seja, são empregadas

estrategicamente. Nesse sentido, ao nos reportarmos às políticas educacionais, estamos nos

referindo, ao agir e ao fazer, sobretudo com ações governamentais, que são pensadas e

implementadas no sistema educacional. Nessa perspectiva, expressam a multiplicidade e a

diversidade da política educacional em um dado momento histórico. Elas exercem uma

função específica, tendo certa autonomia para modificar-se e ajustar-se de acordo com o

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17

contexto e meio em que se inserem. Esses conceitos ficam mais claros nas palavras de

Shiroma (2011, p. 9):

Ao longo da história, a educação redefine seu perfil reprodutor/inovador da sociabilidade humana. Adapta-se aos modos de formação técnica e comportamental adequados à produção e reprodução das formas particulares de organização do trabalho e da vida. O processo educativo forma as aptidões e comportamentos que lhes são necessários, e a escola é um dos seus loci privilegiados.

Ao examinar determinada medida educacional ou intervenção do Estado, é essencial

levar em conta o ponto de vista e o local em que se faz a análise. Por exemplo, quando se

analisa a partir de um contexto macro, ou seja, a visão do governo estadual ou até mesmo

federal, certamente, será distinta da observação de um contexto micro, de um município ou

escola. As políticas ganham diferentes conceitos, assim, o contexto em que se encontram as

partes é diferente. Sendo assim, cada um com seus propósitos, experiências, valores,

limitações, modos de ver o mundo, definem as condições de seus entendimentos. Assim

sendo, tudo depende do lugar de onde se observam as políticas, seja a partir de uma esfera de

nível macro ou micro do objeto em estudo.

Nesse sentido, é importante ressaltar que as políticas educacionais não são apenas

condicionadas ou criadas pelo Estado. Pensar assim leva-nos a construir um entendimento

equivocado sobre políticas, compreendendo que estamos distantes da sua formulação. As

políticas são formuladas por diferentes sujeitos de vários contextos fato que atribui

complexidade às políticas sociais, ou seja, são construídas por humanos que deveriam projetar

ações para o benefício da população. São, por vezes, foco de tensões entre sujeitos.

Entretanto, por estabelecer um caráter de funções governamentais, as políticas

públicas e, nesse caso, educacionais, desvirtuam-se do seu verdadeiro sentido - o de visar ao

bem coletivo. Um dos maiores problemas em nosso país é a descontinuidade das políticas

educacionais, entre uma gestão e outra, as políticas são fragmentadas e interferem no processo

de desenvolvimento de tais ações, acarretando alguns prejuízos para as ações e sujeitos

envolvidos.

Uma política, portanto, surge a partir de uma questão ou problema, levantado,

socialmente, enfatizando a problemática em foco. Para que tal política se concretize, é

necessária a ação do Estado, e é preciso agir no processo de solução deste problema. Nesse

sentido, é importante fazer uma abordagem das políticas direcionadas à formação docente,

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destacando as ações que visam a oferecer uma formação continuada aos professores em

efetivo exercício de sua profissão.

2 FORMAÇÃO DOCENTE: DESAFIOS INADIÁVEIS

Vivemos em uma sociedade, na qual é fundamental possuir formação adequada para

exercer qualquer função e para ingressar e permanecer no mercado de trabalho. Não podia ser

diferente, no caso do profissional do magistério, ou seja, o professor. Independente da

profissão é necessária competência profissional, mas essa não pode ser uma formação

qualquer e, sim, devidamente compatível com a ideia de profissionais capacitados,

qualificados e competentes.

Nesse sentido, é importante analisar que conceitos atribuímos à formação deste

profissional. Ao início deste processo contínuo, denominamos formação inicial ou formação

acadêmico-profissional (PEREIRA, 2008) na qual o indivíduo estabelece uma relação entre a

aprendizagem e a formação. Nesse sentido, a aprendizagem tem por objetivo formar e

transformar o indivíduo em um ser prático e reflexivo, sendo capaz de compreender o meio

em que está inserido.

A formação inicial, dentro do contexto educacional, é fundamental para que

profissionais capacitados, em relação à sua prática docente, sejam capazes de ensinar de

maneira a colaborar com o processo de aprendizagem dos alunos, mas, para que isso ocorra, é

preciso um currículo que favoreça uma relação entre teoria e prática. No entanto, encontramo-

nos num contexto em que, nem sempre, essas relações estão estabelecidas, no que diz respeito

à formação inicial, ou seja:

[…] um currículo formal com conteúdos e atividades de estágios distanciadas da realidade das escolas, uma perspectiva burocrática e cartorial que não dá conta de captar as contradições presentes na prática social de educar pouco tem contribuído para gestar uma nova identidade do profissional docente. (PIMENTA, 2000, p. 16).

O processo de formação inicial ou formação acadêmico-profissional, apesar de

apresentar bases teóricas satisfatórias, não é suficiente para assegurar que o docente, ao

finalizar seu processo formativo, saiba como aplicar seus conhecimentos em sala de aula, pois

a teoria é, por vezes, trabalhada de maneira muito distanciada da prática, o que pode

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prejudicar o desenvolvimento do docente em seu cotidiano. A teoria deve contemplar a

prática, possibilitando ao docente uma visão mais ampla do ato de educar, tornando-se capaz

de promover a aprendizagem dos alunos, levando em consideração a sua realidade e os

objetivos que a educação busca, pois esta pode ser vista como uma maneira de transformar a

sociedade. O professor que não estiver preparado para tais desafios corre o risco de cair em

uma espécie de rotina, cujo processo ensino-aprendizagem não acontece, realmente,

considerando que é nesse ponto que se evidenciam as dificuldades em relação à construção de

conhecimento, devido ao distanciamento dos conteúdos estudados com a realidade

encontrada. A partir disso, Tardif salienta que:

Na formação de professores ensinam-se teorias sociológicas, docimológicas, psicológicas, didáticas, filosóficas, históricas, pedagógicas, etc., que foram concebidas a maioria das vezes sem nenhum tipo de relação com o ensino nem com as realidades cotidianas do ofício do professor. (TARDIF, 2002, p. 241).

Espera-se da formação inicial ou formação acadêmico-profissional (PEREIRA,

2008), uma formação que colabore para a produção do conhecimento, e, mais, para o seu

trabalho docente, que é ensinar de maneira a contribuir para o processo de humanização dos

alunos, historicamente situados. Almejamos que a licenciatura desenvolva nos alunos os

conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que lhes possibilitem construir seus saberes e

fazeres docentes para que possam resolver os desafios que o ensino, como uma prática social,

lhes exige. E que, a partir desses saberes e dessa prática, construam, de modo contínuo, a sua

identidade profissional.

Construir uma identidade é um processo de ação do sujeito que está situado na

história. A identidade profissional recebe influências da sociedade e da época em que o

profissional está inserido. Sendo assim, é preciso que as novas características respondam às

demandas da atual sociedade. Nesse sentido, Pimenta (2000, p.19) diz que: “uma identidade

profissional se constrói, pois, a partir da significação social da profissão; da revisão das

tradições. Mas também da reafirmação de práticas consagradas culturalmente e que

permanecem significativas”.

Para que o docente possa ser capaz de criar sua identidade é preciso que ele seja um

ser prático e, ao mesmo tempo, reflexivo, capaz de lidar com as diferentes situações

encontradas em seu cotidiano na prática docente, levando em consideração a realidade em que

está inserido, sendo que é através de sua história de vida e de sua significação perante ela que

o docente dá significado ao ser professor (PIMENTA, 2000), preocupando-se não apenas em

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transmitir conteúdos, mas estabelecer mediações entre o conteúdo e os alunos, ao mesmo

tempo em que desperta neles o pensamento crítico para que sejam capazes de exercer sua

função de cidadãos conscientes de seu papel perante a sociedade.

É importante ressaltar que:

O (re)conhecimento da identidade permite interpretar melhor o trabalho docente, interagir melhor com os outros, como contexto que se vive dia a dia nos centros, já que as experiências de vida do professorado se relacionam com as tarefas profissionais, já que o ensino requer um envolvimento pessoal. E a formação baseada na reflexividade será um elemento importante para analisar o que são ou que acreditam ser e o que se faz e como se faz. (IMBERNÓN, 2009, p. 75).

É por meio de seu reconhecimento em relação à sua profissão que o professor

conseguirá desenvolver o seu trabalho pedagógico com maior êxito e, a partir disso, criar um

vínculo maior com a comunidade escolar. Nesse sentido, interessa assinalar, ainda, que a

valorização da pessoa do professor, as suas relações interpessoais contribuem para que a sua

prática, realmente, obtenha sucesso, o envolvimento com os colegas de profissão colabora

tanto para o seu trabalho, quanto para a sua vida pessoal. A identidade dos docentes e de

qualquer outra profissão é uma construção que atravessa a vida profissional desde o momento

da escolha da ocupação, estendendo-se pela formação inicial e pelos diferentes espaços

institucionais onde se desenvolve e atua, profissionalmente, o que lhe confere uma dimensão

no tempo e no espaço.

A identidade do professor, portanto, significa fazer parte de uma profissão em

constante processo de revisão de seus significados sociais. Tendo em vista que a identidade é

um processo de construção do sujeito, historicamente situado, ao professor cabe responder às

exigências do contexto e momento histórico no qual se encontra.

O processo de identidade profissional engloba não só esta construção, mas também,

os saberes necessários para o exercício da docência. Em vista disso, é coerente o

reconhecimento de três saberes essenciais para a formação da identidade profissional do

professor. Em primeiro lugar, o saber da experiência, que são aqueles saberes que carregamos

desde a nossa jornada escolar, até chegar à Universidade. Estes saberes não bastam para

construir a identidade do professor, mas possibilitam aos cursos de formação inicial, fazerem

os alunos passarem de “ver o professor como aluno” para uma visão de “ver-se como o

professor”. (PIMENTA, 2000).

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Além da experiência como alunos, os saberes de experiência constituem-se, por

aqueles saberes que os professores produzem no seu cotidiano docente, num processo

contínuo de reflexão sobre sua prática.

O segundo saber é o conhecimento de sua ciência. Segundo Edgar Morin (1999),

citado pela autora, vale dizer que: “Conhecimento não se reduz à informação. Esta é um

primeiro estágio daquele. Conhecer implica um segundo estágio: o de trabalhar com as

informações, classificando-as, analisando-as, contextualizando-as”. (PIMENTA, 2000, p. 21).

É este saber que nos possibilita desenvolver a inteligência. É a vinculação dos conhecimentos

que permite produzir novas formas de progresso e desenvolvimento de consciência, sabedoria

e reflexão. Mas, conhecer implica, também, consciência do poder do conhecimento para a

vida material, social e existencial da humanidade.

Na escola, a construção do conhecimento dá-se na mediação entre a sociedade da

informação e os alunos, permitindo a eles desenvolver a reflexão e adquirir a sabedoria

necessária à permanente construção do humano.

No que tange à prática docente, são necessários os saberes pedagógicos. Para o ofício

docente, além dos saberes da experiência e os conhecimentos específicos, fazem-se

necessários os saberes pedagógicos e didáticos. Esses saberes devem ser reinventados,

partindo da prática social da educação. No caso da formação de professores, partir da prática

de ensinar, inovando sua metodologia e materiais didáticos. Desse modo, será ressignificada a

formação docente. Os saberes pedagógicos não envolvem apenas o planejamento e avaliação,

mas dizem respeito da diversidade epistemológica de sua área, das relações interpessoais na

sala de aula.

O professor, através de seus conhecimentos, dos saberes, das suas competências e

habilidades, dá sentido à sua prática e à sua identidade. Os docentes devem ser reconhecidos

como sujeitos que possuem, utilizam e produzem saberes específicos ao seu ofício, ao seu

trabalho. Eles ocupam na escola uma posição fundamental em relação ao conjunto dos

agentes escolares, pois é sobre eles que recai a responsabilidade no que diz respeito à missão

educativa da escola. Sob esse prisma, Tardif (2002, p. 240) elucida que:

[…] reconhecer que os professores de profissão são sujeitos do conhecimento é reconhecer, ao mesmo tempo, que deveriam ter o direito de dizer algo a respeito de sua própria formação profissional, pouco importa que ela ocorra na universidade, nos institutos ou em qualquer outro lugar.

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Diante de todos esses aspectos é que a formação continuada se faz necessária para

possibilitar a construção de uma nova identidade profissional, bem como para renovar os

saberes docentes, para que estes possam servir de subsídios para o aperfeiçoamento de sua

prática pedagógica. Levando em consideração que, para exercer a profissão docente em nossa

sociedade atual, é preciso estar atento às novas transformações pelas quais o contexto escolar

sofre grandes influências, torna-se importante atentar que, diante dos avanços na sociedade

multimídia, em que estão inseridos tanto os alunos, quanto a comunidade em geral, é preciso

que o profissional docente esteja consciente de que tais transformações afetam, diretamente, a

educação. Como diz Pimenta (2000, p. 26), “[...] também eles em constante processo de

transformação cultural, de valores, de interesses e necessidades, requer permanente formação,

entendida como ressignificação identitária dos professores”.

A formação continuada deve colaborar para a melhoria da prática pedagógica em

sala de aula. Nesse sentido, é fundamental que os responsáveis pelas políticas públicas de

oferta dos cursos de formação continuada levem em consideração o fato de que cada contexto

possui as suas especificidades e, portanto, os temas abordados não devem ser generalizados.

Para poder despertar o interesse dos docentes pela formação continuada é preciso

abordar questões que estejam vinculadas à sua realidade, podendo auxiliar em sua prática

diária em sala de aula. Para que isso aconteça, com sucesso, é imprescindível que o docente

tenha consciência do seu papel na escola e na sociedade como um todo, compreendendo a

formação continuada como algo fundamental para a sua profissão e para a qualidade do

ensino. Dessa maneira, cabe salientar que:

Somente quando o professorado vê que o novo programa formativo ou as possíveis mudanças da prática que lhes é oferecida repercutem na aprendizagem de seus estudantes, mudam suas crenças e atitudes de forma significativa e supõe um benefício para o alunato e a forma de exercer a docência, então, abre-se a forma de ver a formação não tanto como uma “agressão” externa, mas como um benefício individual e coletivo. (IMBERNÓN, 2009 p. 27).

Diante desta perspectiva, é necessário repensar a formação continuada, reestruturá-la

de modo que incentive os professores a participar, ativamente, desse novo processo de

aprendizagem. Essa formação deve estar em constante atualização e inovação, permitindo

uma repercussão nos projetos educacionais, nos quais estão envolvidos professores e

instituições. A reestruturação refere-se às posturas críticas, que busquem o novo e que

permitam sonhar em alcançá-lo. Segundo Imbernón (2009, p. 37):

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O objetivo dessa reestruturação deveria ser ressituar o professorado para ser protagonista ativo da sua formação em seu contexto trabalhista, no qual deve combinar as decisões entre o prescrito e o real, aumentar seu autoconceito, sua consideração e seu status trabalhista e social.

Para que o docente seja protagonista do processo deve poder participar na construção

de Planos e Programas de Formação.

A formação inicial é o ponto de partida para a formação do profissional docente, mas

não é o suficiente para que a sua prática seja de qualidade. É necessário estar em constante

aperfeiçoamento para saber como agir diante das mudanças sociais, no contexto escolar e

construir novos conhecimentos, atribuindo novos significados à sua profissão, atuando como

sujeito construtor, ressignificando a sua identidade. Por isso, a formação continuada torna-se

de grande importância para o profissional docente, pois é através dela que os professores

ampliam seus saberes pedagógicos e de sua ciência específica, portanto, contribuem para a

melhoria do ensino e da sociedade.

3 POLÍTICA EDUCACIONAL E A FORMAÇÃO DOCENTE

A profissionalização é um tema que ganha destaque em nossa sociedade. Nosso

contexto está em um processo contínuo e acelerado de transformações e inovações

tecnológicas, por isso, exige-se, cada vez mais dos profissionais, para que estes estejam

atualizados e consigam dar conta desta grande demanda, cumprindo as obrigações que lhes

são designadas. Então, é fundamental que estes profissionais tenham uma formação de

qualidade, como também, consciência da importância de atualizar-se e aprofundar seus

conhecimentos. Dessa forma, “a continuidade de estudos, quer se refira à ampliação da

escolaridade quer a seu aprofundamento e atualização, é hoje reconhecida como fundamental

por todos aqueles que tratam de formação profissional.” (PORTO, 1997, p. 122).

No que diz respeito à educação, as transformações sociais geram múltiplos desafios.

As novas formas organizacionais requerem indivíduos com habilidades que os ajudam a

gerenciar o trabalho de informação, em equipe, usar a tecnologia de forma eficiente, entre

outros. A escola, nesse sentido, fornecendo acesso aos meios de comunicação e produção,

constitui um elemento chave na oferta de oportunidades para inclusão dos indivíduos, ou para

excluí-los. As instituições de ensino, incluindo os professores, devem estar cientes das

grandes mudanças que o ambiente está sofrendo. Assim, dá-se início a um processo de

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repensar, refletir sobre como as escolas estão desenvolvendo seu trabalho e como os

professores estão desempenhando o seu papel. Reconhecendo que a sociedade está cada vez

mais tecnológica, ressalta-se a necessidade de acompanhar esse desenvolvimento com

competências e habilidades para lidar com as novas tecnologias. Mercado (1998, p. 03)

aponta que “no contexto de uma sociedade do conhecimento, a educação exige uma

abordagem diferente em que o componente tecnológico não pode ser ignorado”.

Com base nas palavras do autor, é possível afirmar o surgimento de um novo modelo

educacional, em que o professor precisa estar engajado, consciente das possibilidades e

limites das tecnologias, podendo contribuir para o processo de ensino-aprendizagem. Partindo

das perspectivas teóricas e das reformas educativas, sabe-se que o professor é de grande

importância, e sua função vai além de, simplesmente, tornar-se um transmissor de

conhecimento. No entanto, a nossa realidade revela muitos desafios que requerem tratamento

urgente, tais como: revisão dos sistemas de formação de professores, planejamento para a

formação continuada, condições de trabalho ou dificuldades na organização e gestão

pedagógica, bem como a falta de reconhecimento social da profissão. A partir desses

pressupostos, faz-se importante analisar e relacionar as implicações, ou não, das políticas

educacionais.

Interessa assinalar que tais políticas devem contemplar questões referentes à

educação, e, portanto, nesse caso, à formação de professores. Nesse sentido, uma política

educacional deve abranger um contexto maior, beneficiando a todos. Ao pensar em uma

política de formação continuada para professores, não podemos distanciar esses profissionais

do planejamento e da implantação de tais políticas, uma vez que, se estes estiverem

envolvidos no processo desde sua criação, certamente os objetivos e metas serão alcançados

com maior sucesso, pois, sabem de onde partir e onde querem chegar, além de serem

protagonistas das decisões e, portanto, estarem comprometidos com as mesmas. Com efeito,

para uma formação docente e uma prática pedagógica de qualidade, é preciso haver um

planejamento, uma política que contemple a teoria e a prática do trabalho docente.

Ademais, é fundamental que tais políticas atentem para alguns fatos, que, conforme

já relatado, representam desafios que precisam ser vencidos com urgência. A formação

docente é o primeiro passo para garantir um bom ensino, entretanto, é preciso haver condições

de trabalho, como também, um reconhecimento social da profissão, para que, além de

conhecimento, o profissional docente seja estimulado a realizar suas tarefas pedagógicas.

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Assim, a formação continuada do profissional docente é um desafio inadiável, tendo em vista

o novo modelo educacional e o contexto social contemporâneo.

CONCLUSÃO

Num contexto em que se discutem as políticas educacionais, a função da escola e o

papel do professor, há, também, um espaço privilegiado para refletir e analisar a formação

continuada. Reflexões sobre essa realidade e a busca de alternativas que contribuam para a

mudança desse quadro, tem se destacado.

Nessa perspectiva, é que se realizou a presente pesquisa tendo em vista entender e

conhecer as políticas educacionais e a sua relevância para os processos de formação e

atualização dos saberes do profissional docente.

Como resultado do estudo bibliográfico, pode-se afirmar que a formação inicial ou

formação profissional acadêmica é o ponto de partida para a formação do profissional

docente, mas não é o suficiente para que a sua prática seja de qualidade. É necessário estar em

constante aperfeiçoamento para saber como agir diante das mudanças sociais, no contexto

escolar e construir novos conhecimentos, atribuindo novos significados à sua profissão,

atuando como sujeito construtor, ressignificando a sua identidade. Com efeito, a formação

continuada torna-se de grande importância para o profissional docente, pois, é através dela

que os professores ampliam seus saberes pedagógicos e, portanto, contribuem para a melhoria

do ensino e da sociedade.

Defende-se que as políticas de formação continuada devem propiciar espaços-tempos

de formação, a partir de assuntos e temas de interesse e necessidade aos docentes para que,

realmente, venham a contribuir para sua formação pessoal e profissional, permitindo

ressignificar os resultados em seu cotidiano profissional. Estes espaços não podem ser

reduzidos a um número de horas, mas inseridos em reuniões pedagógicas, grupos de estudos,

leituras, entre outros.

É fundamental que tais políticas atentem para alguns aspectos que devem ser

supridos com urgência. A formação docente é o primeiro passo para garantir um bom ensino,

entretanto, é preciso haver condições de trabalho, como também, um reconhecimento social

do profissional docente, para que o profissional docente seja estimulado a realizar suas tarefas

pedagógicas. Ao pensar em uma política de formação continuada para professores, não

podemos distanciar esses profissionais do planejamento e da implantação de tais políticas.

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Enfatiza-se, mais uma vez, a importância do planejamento coletivo dessa política, levando em

consideração aspectos teóricos e práticos pertinentes ao trabalho docente.

É possível afirmar que as políticas de formação docente, desde a inicial e,

principalmente, a continuada, devem viabilizar espaços e tempos favoráveis para essa

formação. Propiciar uma formação de qualidade, pois, é somente a partir da formação docente

que a educação poderá mudar em direção à qualidade almejada. Entende-se por formação de

qualidade, aquela que contemple a teoria, a reflexão, que favoreça o pensamento crítico,

autônomo e a autoformação, que venha ao encontro do necessário e desejado pelo professor.

Cabe a esse profissional, estar comprometido com a sua formação, ter a consciência que a sua

prática pedagógica precisa ser inovada e renovada, acompanhando o desenvolvimento social,

tecnológico e as expectativas dos seus alunos. Nessa dimensão, pode contribuir para o

processo de ensino e aprendizagem e, portanto, para uma educação de qualidade.

Advoga-se, ainda, que as políticas educacionais viabilizam outras condições,

prioritárias ao profissional docente, tais como, condições de trabalho, espaço e materiais

adequados para a realização da função pedagógica, carga horária dedicada à formação

continuada, mediação, acompanhamento, valorização, reconhecimento, entre outros.

Considera-se, desse modo, que uma política de formação continuada para os

professores, exerce função primordial para atender as demandas sociais e educacionais, bem

como contribui fortemente para uma educação mais qualificada, contribuindo para uma

formação integral do ser humano.

É fundamental, ainda, que a formação docente ocorra de maneira dialógica e

participativa, na qual os professores como sujeitos que contribuem para a sua formação,

sugerem temas a serem abordados trazendo presente a realidade e o contexto em que vivem.

Tendo em vista o contexto histórico e social em que vivemos hoje há inúmeras necessidades

de se trabalhar diferentes temas com o corpo docente e isso quem pode nos dizer, mais

precisamente, são os sujeitos que conhecem a realidade e as dificuldades encontradas em seu

cotidiano.

A formação docente caracteriza-se como um tema contemporâneo e de grande

relevância para as políticas da educação. Vale dizer, que, dependendo do contexto histórico e

sociocultural, a formação de professores seguirá rumos diferentes, pois há sempre

conhecimentos, saberes, metodologias e tecnologias novas e, a escola por exercer função

social precisa acompanhar e atualizar-se. O professor, por exercer seu fazer pedagógico nesse

espaço, necessariamente, também, deve estar atualizado.

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REFERÊNCIAS BIANCHETTI, Roberto G. Modelo neoliberal e políticas educacionais. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001. IMBERNÓN, Francisco. Formação permanente do professorado - novas tendências. São Paulo: Cortez, 2009. IMBERNÓN, Francisco. Formação permanente e carreira docente. Revista de Ciências Humanas, Frederico Westphalen, v.13, n. 20, p. 45-50, jun. 2012. MERCADO, Luis Paulo Leopoldo. Formação docente e novas tecnologias. IV Congresso RIBIE, 1998. Disponível em: <http://lsm.dei.uc.pt/ribie/docfiles/txt200342414941210m.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2012. MORIN, Edgar. O método 3: o conhecimento do conhecimento. Porto Alegre: Princeton Universyti, 1999. PEREIRA, Júlio Diniz. A formação acadêmico-profissional: compartilhando responsabilidades entre universidades e escolas. In: EGGERT, Egla. et al. Trajetória e processos de ensinar e aprender: didática e formação de professores. Porto Alegre: PUCRS, 2008, p. 253-266. PIMENTA, Selma G. (org.). Saberes Pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 2000. PORTO, Yeda da Silva. Na concretude da experiência...a formação continuada de professores. Qualidade em educação: um debate necessário. Passo Fundo: Universidade Educação Básica, 1997. 121-134. SHIROMA, Eneida O. ; MORAES, Maria Célia M. de. ; EVANGELISTA, Olinda. Política Educacional. 4. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2011. TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. VIEIRA, Sofia Lerche. Política (s) e Gestão da Educação Básica: revisitando conceitos simples. In: Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, Recife, v. 23. n. 1. p. 53 – 69, jan./abr. 2007.

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POLÍTICA DE FORMAÇÃO DOCENTE NO PROGRAMA PIBID

Dulce Maria de Souza Hemielewski, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Edite Maria Sudbrack, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Luci Mary Duso Pacheco, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

RESUMO: O presente artigo visa relatar a experiência da supervisão escolar na formação acadêmica docente por intermédio do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência- PIBID- Subprojeto de Pedagogia Ensino Médio, URI - Câmpus de Frederico Westphalen. O programa desenvolvido na Escola Campo Instituto Estadual de Educação Madre Tereza iniciou no segundo semestre de 2012 tendo como principais atividades realizadas: conhecimento do Projeto Político Pedagógico – PPP, do Regimento Escolar, da Estrutura e Funcionamento do Curso Normal, análise dos Planos de Estudos, planos de trabalho do professor, observações, monitorias e intervenções nas disciplinas pedagógicas; planejamento e coordenação de oficinas pedagógicas, seminários de leituras pedagógicas, encontros pedagógicos com docentes com o intento de refletir sobre a prática, dentre outras ações educacionais. Considera-se que a atividade do Programa PIBID é de grande valia para a qualificação da formação docente, pois, proporciona um espaço de reflexão para os bolsistas acadêmicos do Curso de Pedagogia, bem como, para supervisoras professores e alunos da Escola Campo, aproximando ainda mais os estudos da Universidade com a realidade das escolas de Educação Básica. PALAVRAS-CHAVE: Formação docente. PIBID. Escola Campo. Universidade. INTRODUÇÃO

O presente artigo "Política de formação docente no PIBID" tem como objetivo relatar

a contribuição do PIBID na formação acadêmica docente através do Programa Institucional de

Bolsa de Iniciação à Docência- PIBID- Subprojeto de Pedagogia Ensino Médio, URI -

Câmpus de Frederico Westphalen. As atividades previstas no referido programa são

realizadas com os alunos e professores do Curso Normal do Instituto Estadual de Educação

Madre Tereza de Seberi/RS.

O PIBID é uma ação conjunta do Ministério da Educação, por intermédio da

Secretaria de Educação Superior - SESU, da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior – CAPES e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação -

FNDE. O programa tem como foco a valorização do magistério e a melhoria da qualidade da

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Educação Básica brasileira. Oferece bolsas para estudantes de licenciatura, professores

universitários e de escolas públicas.

Nas Diretrizes Curriculares Nacionais, para a formação de professores da Educação

em Nível Superior (Parecer CNE/CP Nº1, 18 de fevereiro de 2002) a aquisição de

determinadas competências e saberes necessários à prática educativa, as quais devem ser

contempladas na formação oferecida pelo Curso de Pedagogia mediante ação teórico-prática.

Embora tenha havido várias reformas e tenham sido pensadas diferentes políticas para

a Educação em geral, a formação de professores no Brasil tem se configurado como um

campo bastante polêmico em diversos aspectos, principalmente após a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional de 1996 (Lei 9.394/96).

O trabalho do PIBID na Escola Campo compreende uma atividade coletiva relevante

para a política de formação continuada do profissional do Magistério da Educação Básica, o

que envolve o fortalecimento da formação inicial dos acadêmicos bolsistas e a contribuição

para um melhor preparo do alunado da educação básica, enquanto futuros graduandos e

docentes.

Nessa perspectiva, o trabalho docente assume uma responsabilidade social através de

uma prática educativa ética de uma relação dialógica que implica respeito, solidariedade,

justiça e permite o avanço do conhecimento, pela capacidade de construí-la conscientemente

de forma emancipatória.

O trabalho apresentará questões pertinentes aos saberes docentes, à

profissionalização do professor e à formação continuada dos professores em exercício de sua

profissão, haja vista, que, o PIBID sendo um programa de política pública gera a oportunidade

de adquirir experiências na constituição do ser professor para os acadêmicos bolsistas e para o

profissional da educação, a possibilidade de formar-se de maneira abrangente e

contextualizada com o espaço no qual organiza suas práticas educativas.

2 METODOLOGIA

A metodologia de trabalho teve como referência o planejamento e o desenvolvimento

de ações previstas no Subprojeto de Pedagogia Ensino Médio da URI/Câmpus de Frederico

Westphalen; procurando trabalhar de modo coletivo e compartilhado, com compromissos e

responsabilidades estabelecidos entre bolsistas, supervisoras, coordenadora de área e

coordenadora do programa. Dessa forma, buscando a contribuição significativa na formação

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acadêmica docente dos bolsistas PIBID, vêm-se inserindo as mesmas nas vivências do espaço

escolar de maneira a aprimorar o desenvolvimento das ações inerentes ao projeto.

3 RESULTADOS

Ao abordar a referida temática compreende-se que o desenvolvimento educativo das

escolas e dos professores prevê um processo democrático da educação que oportuniza a

construção da autonomia profissional e social envolvendo a coletividade. Não se pode aceitar

um profissional da educação individualista, uma vez que a qualidade do ensino se dá no

coletivo. (IMBERNÓN, 2009). Em relação a isto, Tardif (2002) afirma que o saber do

professor é um saber social, porque é uma prática social e se dá num coletivo.

Será possível compreender a importância do fazer pedagógico docente articulada aos

processos de formação do mesmo, quando os profissionais da educação perceberem que a

construção dos saberes e a formação continuada constituem-se num processo dinâmico e

coletivo.

Diante do quadro de transformações que está posto na contemporaneidade e das transformações que ainda ocorrerão, muitos teóricos afirmam que temos que pensar numa formação mais qualificada da mão-de-obra mundial, mas há que se refletir profundamente numa afirmação de tal natureza, perguntando-nos sobre as intenções e interesses por ela referidas. Tal exigência é de natureza, instrumental, vinculada ao padrão atual de desenvolvimento científico-tecnológico. Não se refere a uma qualificação no sentido mais amplo, enquanto desenvolvimento de potencialidades dos indivíduos como sujeitos, como seres que necessitam responder aos diferentes apelos que a construção da cidadania exige. (NOGARO, 2002, p. 21).

Neste sentido, observa-se que o Plano de Desenvolvimento da Educação orientou a

criação do Programa Pró-Licenciatura (2005), criação e expansão da Universidade Aberta do

Brasil – UAB (2006), a reconfiguração da Capes como agência reguladora da formação

(2007) e o Programa de Apoio e Planos de Reestruturação e expansão das Universidades

Federais (REUNI – Decreto nº6.096/07), apresentou iniciativas do governo federal para

somar-se à parceria das instituições privadas de ensino, com a finalidade de articular um

mutirão nacional para a formação inicial de professores e formação continuada em serviço.

Sob esta ótica, a nova configuração da CAPES, como agência reguladora da

formação inicial apresenta-se restrita, uma vez que se define como preferência para esta

formação, o ensino presencial, fizeram-se necessárias algumas medidas concretas e urgentes

da CAPES como alternativas para fazer frente à demanda e escassez em algumas áreas e

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regiões do País. Assim surgem Programas como o PIBID (Programa Institucional de Bolsas

de Iniciação à Docência), PARFOR (Programa Nacional de formação de Professores),

incentivo à criação de mestrados profissionais, dentre outros.

Tais políticas atentam para o propósito de formar professores comprometidos a

interferir nos espaços das escolas públicas do nosso País, considerando que é nestas escolas

que ocorre a educação da grande maioria das crianças e jovens do Brasil. Neste sentido, se

aposta em levar a qualidade da Educação Básica, desmistificando a cultura do isolamento na

profissão docente.

A cultura do isolamento na profissão educativa faz com que o compromisso se separe da satisfação no trabalho, beneficiando os que se comprometem pouco e criando condições para que não haja solidariedade nas instituições educativas, estabelecendo-se lutas internas e padrões de trabalho, muitas vezes, egoístas e competitivos, os quais favorecem uma atomização educativa, com pensamento e trabalho isolados, compartimentando e sempre fazendo as coisas "cada uma a seu modo". (IMBERNÓN, 2009, p. 64).

A competência profissional do educador é uma exigência da sociedade atual.

Percebendo o ensino como uma prática inserida na sociedade, é preciso aceitar que a

competência torna o professor capaz de assumir responsabilidades sociais e exercê-las através

de sua autonomia dentro do contexto de trabalho. Tal compreensão nos leva a considerar as

palavras do autor, quando nos diz que: “Ser professor, enquanto escolha profissional, passou a

ser personagem reconhecido muito mais pela experiência individual e coletiva do passado

escolar do que pelos seus esforços, sua eficiência, sua eficácia.” (NOGARO, 2002).

Cada vez mais o dar-se conta da complexidade da tarefa de educar torna-se

necessário. Não somente dar-se conta, mas, articular ações que venham de encontro a esta

demanda. Para tanto, investir na reflexão sistemática de práticas educativas e saberes através

de estudos contínuos e formação permanente, torna-se um fator muito importante neste

processo. A formação permanente do professor pode ajudar no rompimento do

individualismo, haja vista, sejam aproveitados os momentos de coletividade na escola, nos

quais a partilha de experiências e o estudo de teorias entrelaçam-se em um diálogo

colaborativo e participativo fortalecendo os interesses do grupo.

Para que este profissional desperte enquanto intelectual crítico que manifesta a sua

autonomia na profissão como forma de emancipação, faz-se necessário que, a estrutura

escolar permita a participação do docente, exercendo um papel ativo, organizando-se com a

comunidade, objetivando as mudanças sociais e culturais do ensino que pretende realizar,

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superando as distorções ideológicas e efetivando o desenvolvimento da consciência crítica em

seu meio profissional.

Diante disso, a escola como instituição social que abriga mundos diferentes refletidos

em seus alunos e educadores, é uma instituição corresponsável pelo desenvolvimento e

transformação da sociedade.

O profissional docente reflexivo entende que seu que-fazer pedagógico requer

autonomia, responsabilidade social e individual, e que este precisa ter capacidade crítica e

criativa na busca de soluções aos obstáculos encontrados no decorrer da carreira docente.

Neste sentido, Nóvoa (1995, p. 25) afirma que, "estar em formação implica um investimento

pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projetos próprios, com vistas à

construção de uma identidade, que é também uma identidade profissional".

Sob esta ótica, no decorrer da sua prática, o professor vai construindo-se como um

intelectual crítico que manifesta a autonomia em sua profissão de maneira emancipatória com

vistas à formação de uma identidade não só profissional mas também pessoal. Sendo assim,

supera as distorções ideológicas e desenvolve a consciência crítica, exercendo um papel ativo

que objetive mudanças sociais e culturais do ensino que pretende realizar.

A identidade profissional do docente, conforme Pimenta (1997), não é imutável e

externa ao sujeito, mas construída dentro da sua profissão a partir de um contexto no qual o

sujeito está inserido historicamente e culturalmente situado. A autora afirma ainda que:

Uma identidade profissional se constrói, pois, a partir da significação social da profissão; da revisão constante dos significados sociais da profissão; da revisão das tradições. Como, também, da reafirmação de práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas. Práticas que resistem a inovações, porque estão prenhes de saberes válidos às necessidades da realidade. Do confronto entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas à luz das teorias existentes, da construção de novas teorias, constrói-se, também, pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor confere à atividade docente no seu cotidiano a partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas representações, de seus saberes, de suas angústias e anseios, do sentido que tem em sua vida: o ser professor. (PIMENTA, 1997, p. 7).

Sabe-se que o homem é agente de um processo histórico, social e cultural e a todo

profissional da educação se coloca uma tarefa: a de contribuir com essa construção,

sistematizar a teoria e a prática avaliando continuamente o processo pedagógico. Nesta

perspectiva, entende-se que o papel desempenhado pelo professor é fundamental partindo de

uma concepção metodológica básica: "prática-teoria-prática" (FREIRE, 1987). Teorizar sobre

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a prática significa ir além das aparências imediatas. Refletir, discutir, buscar, conhecer melhor

o tema problematizado e estudar criativamente.

Pimenta (1997), em suas palavras, enfatiza a reflexão como fator de suma

importância para a significação do que-fazer docente. Revisar constantemente conceitos já

postos, reafirmar teorias presentes na prática cotidiana do professor permitindo o confronto de

ideias e supostamente de práticas com teorias, fazem parte de um leque sistematizado de

aspectos fundamentais para uma prática consistente, reflexiva e crítica.

Dessa forma, o professor enquanto autor do processo de construção de

conhecimentos e conhecedor da realidade em relação às problemáticas e questões que surgem

no ambiente de trabalho é exigido de uma formação continuada centrada na escola, ancorada

no trabalho coletivo, que propicie uma constante revisão da prática de forma consciente,

crítica, revendo suas experiências enquanto profissional da educação qualificando-se

constantemente.

Em face do exposto, destaca-se que o “PIBID é a oportunidade de gerar experiências

na constituição do ser professor, e isto, representa, para o profissional da Educação, a

possibilidade de formar-se de maneira abrangente e contextualizada com espaço no qual deve

organizar suas práticas educativas.” (RODRIGUES et al, 2012, p.10).

Compreende-se que o PIBID é um Programa que objetiva a relação da Universidade

com a Educação Básica e vem contribuindo para a formação inicial dos bolsistas acadêmicos,

bem como com a formação permanente dos professores que já atuam na educação. Para tanto,

enfatiza-se que no mundo da docência não basta “estar” professor, é preciso “ser” professor

comprometido com seu ofício estabelecendo relações do conhecimento prático teórico

constituindo-se como profissional da educação.

A seguir, apresentam-se as ações realizadas na Escola Campo contempladas durante

a vigência do Programa PIBID com a orientação e acompanhamento da supervisão escolar:

- Disponibilização e orientação nas observações nas disciplinas pedagógicas;

- Acompanhamento nas intervenções nas disciplinas pedagógicas;

- Encontros semanais entre bolsistas e supervisoras para planejamento;

- Organização de murais pedagógicos da escola;

- Participação em encontros de formação com professores;

- Participação em atividades alusivas ao aniversário da escola, tais como: desfile, Dia do

Presente, Dia do Cinema e Teatro na Escola. Nessas atividades as bolsistas do PIBID ficavam

responsáveis pela elaboração e dinamização de uma ação.

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- Organização de dinâmicas para abertura de encontros de formação para professores e

outros;

- Condução de Leituras Pedagógicas;

- Construção de artigos;

- Organização de Grupos de Estudos;

- Organização e Dinamização de uma Gincana Cultural/Pedagógica com o Curso Normal;

- Organização de roteiros de filmes educativos trabalhados com os alunos do Curso Normal.

CONCLUSÃO

O programa desenvolvido na Escola Campo Instituto Estadual de Educação Madre

Tereza iniciou no segundo semestre de 2012 proporcionando inicialmente formação às

acadêmicas com o conhecimento do Projeto Político-Pedagógico da escola, Regimento

Escolar, da Estrutura e Funcionamento do Curso Normal, análise dos Planos de Estudos,

observações, monitorias e intervenções nas disciplinas de formação profissional;

planejamento e coordenação de oficinas pedagógicas, seminários de leituras pedagógicas,

dentre outras ações educacionais; buscando inseri-las em todas as vivências do cotidiano

escolar. Na vivência dos problemas reais da prática docente, conhecem o ambiente escolar de

forma crítica e reflexiva, contribuindo significativamente na formação do futuro professor.

As condições vividas, hoje, afastam a juventude da carreira do Magistério, que

poderiam inserir-se aos processos de formação das novas gerações. Assim, como forma de

romper com esse círculo vicioso e construir alternativas de formação, o governo federal, por

meio da CAPES, criou o PIBID para subsidiar, incentivar e atrair jovens para o magistério,

dando-lhes condições de inserção no espaço escolar, como mecanismos de experimentação e

percepção da prática docente.

Neste sentido, aproxima-se ainda mais teoria e prática; Universidade e Escola de

Educação Básica. Significativamente acontece o fortalecimento da formação inicial dos

acadêmicos bolsistas, pois estes podem relacionar as teorias estudadas na graduação com a

realidade diária da escola, assim como, os professores já em exercício da sua profissão

participam de um movimento de formação contínua, o que acontece a partir da reflexão, da

análise, da criticidade, da avaliação e principalmente do diálogo.

Percebe-se a partir disso que os processos de construção são recíprocos entre

professor, professor supervisor e acadêmico bolsista. O diálogo constante favorece um

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momento de trocas e partilha de saberes, o que possibilita a cada sujeito uma constante

formação baseada na pessoalidade e na profissionalidade de cada um tendo em vista a

autonomia e o lócus de trabalho.

Conclui-se afirmando que as atividades desenvolvidas pelo Programa PIBID são

importantíssimas para a qualificação da formação docente, uma vez que o mesmo proporciona

um espaço de reflexão para os bolsistas acadêmicos do Curso de Pedagogia, bem como para

as supervisoras da Escola Campo, aproximando ainda mais os estudos da Universidade com a

realidade das escolas de educação básica.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação e Cultura. Edital Nº018/2010/CAPES: Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. Disponível em://www.capes.gov.br/imagens/stories/download/bolsas/Edital18_PIBID2010. Acesso Janeiro 2015. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17 Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. HEMIELEWSKI, Dulce M. S.; FRIPP, Leila F. H.; SCHMIDT, Tanis M. H.. A supervisão no PIBID, educação continuada e saberes docentes: questões de profissionalização do professor. In. Anais I Ciclo de Estudos em Educação: contemporaneidade e interdisciplinaridade. URI – Frederico Westphalen. Editora URI. 2013, p. 220-229. HEMIELEWSKI, Dulce M. S. DAL CANTON, Vanessa. In. Anais VI FIPED – Fórum Internacional de Pedagogia UFSM – Santa Maria, RS. 2014. IMBERNÓN, Francisco. Formação Permanente do Professorado: novas tendências. São Paulo: Cortez, 2009. LDB. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996 MEC, Ministério da Educação e Cultura. Resolução CNE/CPNº01, de 18 de fevereiro de 2002. Disponível em:http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/res1_2.pdf. Acesso janeiro 2015. NOGARO, Arnaldo. Teoria e Saberes Docentes. A Formação de Professores na Escola Normal e no Curso de Pedagogia. Erechim: EdiFAPES, 2002. NÓVOA, Antonio Manuel Seixas de Sampaio. Os professores e as histórias da sua vida. In: NÓVOA, Antonio (Org.). Vida de professores. Lisboa: Porto Alegre, 1995, p. 11-30. PIMENTA, Selma Garrido. Formação de professores – saberes da docência e identidade do professor. Nuances. Presidente Prudente. Vol. III, set, p. 05-13, 1997.

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RODRIGUES, Rosane Vontobel (org). O PIBID na URI II atividades desenvolvidas em 2012. Frederico Westphalen/RS. Editora URI. 2013. TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

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REFLEXÕES ACERCA DA FORMAÇÃO PERMANENTE DE PROFESSORES DE

EDUCAÇÃO FÍSICA: O QUE DIZEM AS PESQUISAS?

Eliberto Lanza Cavalheiro, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

RESUMO: Busca-se refletir sobre a educação no geral e principalmente em relação à da Educação Física, em desrespeito às condições de trabalho. O estudo caracterizou-se por bibliográfico e procurou analisar o que dizem as pesquisas referentes à Formação Permanente dos professores de Educação Física, colhendo dados na plataforma do banco de dados do IBICT (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia). Em meio à pesquisa foram encontrados 61 trabalhos, sendo utilizada apenas uma parcela deles devido sua proximidade com o tema. As considerações foram de que a Educação Física é uma área que precisa urgentemente ser renovada, seja pelas condições de trabalho, remuneração ou liberdade e que uma possível solução seria a disponibilidade de condições adequadas para uma formação permanente. PALAVRAS-CHAVE: Educação; Educação Física; Formação Permanente.

INTRODUÇÃO

Procurando investigar o que dizem as pesquisas referentes à formação permanente

dos professores da área da Educação Física, cabe destacar a situação em que se encontra a

Educação no geral e em específico a área da Educação Física, ressaltando da mesma forma

que se faz necessária a construção de uma pesquisa referente à formação dos atuais

professores, procurando abordar aspectos relevantes do referido assunto.

Não é de hoje que a Educação Física vem sendo tratada como uma área “diferente”

das demais seja pelo seu aspecto mais prático, ou pela forma como muitos professores a

lecionam. As atuais formações aderiram a novos meios e métodos de ensinar a disciplina,

onde não basta a prática apenas, sendo preciso usufruir da teoria como forma de

complemento.

Imbernón (2006) comenta que a formação deve envolver a teoria e a prática com a

função de desenvolver e formar ou modificar atitudes, com a intenção de estimular a

capacidade crítica e de análise dos mesmos, podendo trabalhar em equipe cooperando com os

colegas, com o objetivo de configurar a própria opção pedagógica. Essa mistura de teoria e

prática deve servir para que os alunos construam suas decisões e modifiquem suas atitudes.

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Procurando refletir sobre este pensamento incrustado na sociedade, é que foi

realizada esta pesquisa. A formação permanente serve como base para a mudança, fazendo

com que o professor não fique preso a uma ideia, a um pensamento ou a um método,

buscando sempre inovar e se reinventar.

Atualmente os professores são cobrados no que tange ao seu desempenho, cabe

destacar que há uma diferença muito grande entre ensinar e formar, Demo (2004) comenta

que: “Do ponto de vista do professor, trata-se de passar do ensinar para o formar, educar. Do

ponto de vista do aluno, é o caso de passar do aprender para o aprender a aprender. (DEMO,

2004, p. 81).

Dentre muitos percalços faz-se imprescindível destacar que não basta formar-se

professor para exercer esta profissão, uma graduação não é o suficiente, um educador

necessita reconstruir-se a cada aula, procurando aprender com seus erros. O autor procura

explicar que: “Para transformar mero ensino em formação e mera aprendizagem em aprender

a aprender, um dos passos mais decisivos é a renovação do professor.” (DEMO, 2004, p. 82).

O presente estudo busca analisar pesquisas referentes a estas pertinentes renovações

necessárias à classe educadora, que podem receber o nome de formações continuadas,

permanentes, contínuas, aperfeiçoamentos, enfim vários termos poderão ser encontrados

advindos de diversos autores. Não existe um termo preciso que caracterize a continuidade do

processo de formação do professor, mas um intercâmbio entre todos eles, de forma que

verdadeiramente o que todos buscam é a eficácia do desenvolvimento educativo, construção e

reconstrução de profissionais diferenciados.

Diante da pesquisa o primeiro capítulo traz o assunto da formação inicial e

permanente como construção da identidade do professor. O segundo discutirá a formação

permanente dos professores da área da Educação Física, trazendo breves comentários sobre o

profissional reflexivo e a prática reflexiva.

O terceiro capítulo traz aspectos da metodologia bibliográfica utilizada para

construção da coleta dos dados analisados.

O quarto é a analise dos dados encontrados nas pesquisas do banco de Dados do

IBICT, dentre os achado foram analisados artigos, monografias, dissertações e teses, de

diversos estados do território nacional do Brasil. Trazendo por ultimo as considerações finais

acerca do assunto das pesquisas encontradas referentes à Formação Permanente dos

professores de Educação Física.

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2 A FORMAÇÃO INICIAL E PERMANENTE

A formação inicial é a parte mais importante da formação profissional, nesse

momento que ocorre a preparação para o futuro. As vivencias construirão a imagem dos

futuros professores, que não pode ser baseada somente em simulações e sim em situações

reais. Confirmando isso, Imbernón, (2006, p.61), comenta que: “[...] A estrutura da formação

inicial deve possibilitar uma análise global das situações educativas que, devido à carência ou

à insuficiência da prática real, se limitam predominantemente a simulação dessas situações.”.

As instituições de formação inicial são propulsoras da construção do futuro

profissional que atuará nas escolas e que terá a missão de transformar os alunos em futuros

cidadãos, sendo necessário proporcionar experiências que possibilitem a construção do

conhecimento prático e teórico. Segue o autor dizendo:

É preciso estabelecer um preparo que proporcione um conhecimento válido e gere uma atitude interativa e dialética que leve a valorizar a necessidade de uma atualização permanente em função das mudanças que se produzem: a criar estratégias e métodos de intervenção, cooperação, análise, reflexão; a construir um estilo rigoroso e investigativo. Aprender também a conviver com as próprias limitações e com as frustações e condicionantes produzidos pelo entorno, já que a função docente se move em contextos sociais que, cada vez mais, refletem forças em conflito. (IMBERNÓN, 2006, p. 61).

Os futuros professores devem estar preparados para as transformações, adequando-se

às necessidades. Imbernón (2006, p.61) diz que: “[...] é necessário aplicar uma nova

metodologia e, ao mesmo tempo, realizar uma pesquisa constante [...]”. Não é só pela leitura,

ou melhor, pela teoria que o professor adquire conhecimento, mas também através da

observação, do debate, da reflexão, da análise da realidade social e das simulações, todas

desenvolvidas pela perspectiva prática. (IMBERNÓN, 2006).

Na verdade a teoria ajudará na hora de colocar em prática o que deve ser ensinado e a

prática ajudará a provar se a teoria descrita está coerente ou não com o que os alunos

precisam, podendo utilizar uma em função da outra, para a melhora da qualidade de ensino e

da própria formação do professor.

Imbernón (2006) diz que:

Seria preciso abandonar práticas docentes dos alunos de formação inicial que suponham simplesmente um processo acrítico; e, ao contrário, favorecer uma análise teórica e de contraste de ideias com a realidade observada. Isso implica efetuar uma análise das práticas para valorizar os pressupostos a elas subjacentes, aprendendo a decodificá-las e a contextualizá-las. (IMBERNÓN, 2006, p. 64).

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O ensino deveria ser mais direto, presidido pela pesquisa-ação, vinculando a teoria e

a prática. Faz-se necessária uma formação mais flexível, desenvolvendo atitudes críticas e

formas de trabalho em equipe, tendo em vista que a formação inicial deve preparar para uma

profissão na qual é necessário estudo contínuo. O professor deve estar preparado para

mudanças, sem a atitude de acomodar-se e parar no tempo. O professor deve sempre pensar

em desenvolver sua consciência crítica gerando alternativas para a melhoria da profissão.

(IMBERNÓN, 2006).

Após a formação inicial, os então professores formados passam pelas experiências

que não são possíveis de adquirir na formação inicial, ou seja, nas simulações. Trata-se de

converter o conhecimento profissional em ações práticas, e segundo Imbernón (2006, p. 67)

nesta etapa da formação: “[...] a consolidação do conhecimento profissional educativo

mediante a prática apoia-se na análise, na reflexão e na intervenção sobre situações de ensino

e aprendizagem concretas e, é claro, em um contexto educativo determinado e especifico.”.

Como já citado, o fato de concluir o curso, não é mais uma situação segura. Nesta

etapa da formação os professores realizam a prática “real” e não apenas a simulação. Pode-se

dizer que sua atuação na escola, com diretores, professores, alunos e comunidade escolar,

proporciona uma oportunidade de aplicar o conteúdo aprendido durante toda formação inicial

e refletir o que está bom e o que pode ser alterado. (IMBERNÓN, 2006).

Confirmando esta ideia, Imbernón (2006, p. 68) comenta que: “É no cenário

profissional que se aplicam as regras da prática, em que o conhecimento profissional

imaginário, intuitivo ou formal se torna real e explícito [...].”.

Um aspecto a ser mudado, segundo Imbernón (2006) é o fato da individualidade na

profissão docente, onde a colaboração está ausente. Os companheiros de profissão deveriam

desenvolver um mecanismo onde o conhecimento profissional seja aprendido e interpretado

através de “[...] processos de formação permanente dos professores [...].” (IMBERNON,

2006, p. 68-69).

Imbernón (2006, p. 69) dizia que:

[...] já não podemos entender a formação permanente apenas como atualização científica, pedagógica e cultural do professor, e sim, sobretudo como a descoberta da teoria para organizá-la, fundamentá-la, revisá-la e combatê-la se preciso. Trata-se de remover o sentido pedagógico comum e recompor o equilíbrio entre os esquemas prático e os esquemas teóricos que os sustentam.

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Essa formação permanente também deve servir de base para uma autorreflexão dos

professores, repensando suas ideias, metodologias e práticas docentes, ou seja, a preparação

de profissionais que sejam capazes de refletir ou investigar como está acontecendo seu

processo de ensino aprendizagem.

Visando promover um conhecimento profissional ativo, essa formação permanente

deve oferecer a oportunidade de participação em observações, estratégias e projetos,

propiciando uma melhora, ou melhor, uma aprendizagem na tomada de decisões e análise da

interação humana. (IMBERNÓN, 2006).

A formação permanente possibilita ao profissional amadurecer desvelando a maneira

e os métodos a serem seguidos, podendo escolher dentre as várias metodologias que

aprenderam durante a graduação, e finalmente criar seus próprios métodos, que serão

utilizados para suprir suas necessidades, estudados na teoria e testados em prática.

3 FORMAÇÃO PERMANENTE EM EDUCAÇÃO FÍSICA: O PROFISSIONAL

REFLEXIVO E A PRÁTICA REFLEXIVA

Serão apresentados alguns aspectos metodológicos em Educação Física Escolar

diferentes do pensamento de cada escola e professor. A metodologia além de ser o método em

que o professor permeia suas aulas, é também o estudo do próprio meio em que o ensino

estará imerso. O professor deve estar ciente de que ao escolher uma metodologia, deverá

refletir constantemente sobre sua prática social. Deve haver a interação professor-aluno onde

todos são integrantes da mesma cultura escolar. Levando em consideração a influência

exercida pela coeducação e a mídia, devendo o professor refletir sobre tudo o que influencia

nessas ações e reações. (DARIDO; RANGEL, 2008).

Para formação de profissionais reflexivos, precisa-se de uma formação que

possibilite a prática da reflexão, dessa forma os profissionais devem refletir antes, durante e

após a ação de ensinar. Nesse método é importante também o estudo coletivo, na escola.

Nessa perspectiva os professores aprendem fazendo e refletindo suas ações práticas, quando o

pensamento é bem elaborado, ele gera novos pensamentos e reflexões, construindo assim

novas formas de ensino. (DARIDO; RANGEL, 2008).

O conhecimento na ação ocorre um pouco antes do inicio da aula, é o momento de

refletir sobre as possibilidades que já possui. A reflexão na ação ou reflexão na prática ocorre

durante a aula, onde o professor diagnostica a situação no exato momento em que está

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ocorrendo possibilitando a tomada de decisões no momento em que os problemas vão

surgindo. E a reflexão sobre a ação ou reflexão sobre a prática, é uma análise e reflexão sobre

os acontecimentos da aula resumindo o que deu certo e errado, o que poderia ser diferente.

Esta é uma aprendizagem que não pode ser ensinada, pois é aprendida através da

experiência de trabalho. Adotar esta prática reflexiva implica no individual e no coletivo, ou

seja, em uma responsabilidade social, não se deve refletir apenas em relação às aulas, mas em

relação às escolas, a profissão de professor especialmente de Educação Física escolar,

valorizando todo tipo de informação, vindas de todas as áreas, para o bem de todos.

(DARIDO; RANGEL, 2008).

O professor em específico o de Educação Física tem a função de formar o aluno

possibilitado oportunidades de futuramente exercerem seu lugar na sociedade, cheia de

desafios, que deverão ser ultrapassados da mesma forma com a qual ultrapassavam nas aulas

de Educação Física. O professor é um agente construtor da personalidade da criança, que visa

à construção da cidadania.

A relação professor-aluno deve ser contemplada pelo diálogo entre o professor e o

aluno, onde há troca de conhecimentos e decisões superadoras das situações problemáticas.

Tanto o sucesso como o insucesso do ensino aprendizagem depende da relação do professor-

aluno.

Todos os professores de Educação Física deveriam capacitar seus alunos a

adquirirem uma visão crítica em relação à mídia, os educando com e para a mídia. Por sua

importância e influência ela necessita ser o objeto de estudo. (DARIDO; RANGEL, 2008).

Atualmente a maioria das pessoas tem acesso à mídia, as crianças são o principal

alvo dela, por serem frágeis e possuírem pouco conhecimento de mundo elas acabam

tornando-se dependentes, e a Educação Física acaba sofrendo as consequências.

4 CAMINHOS METODOLÓGICOS: A PROCURA DOS DADOS

Esta pesquisa se caracterizou por ser bibliográfica de cunho explicativo, onde foi

desenvolvida a partir de material já elaborado e publicado, constituído principalmente de

artigos científicos monografias, dissertações e teses.

Segundo o autor:

A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como

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livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. Todavia em virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado pela internet. (GIL, 2010, p. 29).

Procurando aprofundar o tema formação permanente de professores de Educação

Física, buscou-se analisar bibliografias já publicadas. Pesquisou-se então o Banco de Dados

do IBICT o qual guarda inúmeras pesquisas de diversas áreas e instituições.

Foram analisados os descritores a fins como “Formação permanente de professores

de Educação Física”, “Formação continuada de professores de Educação Física”, “Formação

permanente em Educação Física”, “Formação continuada em Educação Física” e “Formação

em Educação Física”.

Foram encontradas pesquisas referentes à formação permanente de professores de

Educação Física, inclusão, TICs (Tecnologias de informação e comunicação), Práticas

Educativas e Educação Corporal, trazendo trabalhos sobre formação continuada, contínua ou

simplesmente a formação geral do professor de Educação Física, totalizando 61 trabalhos.

Iniciando a construção da análise das pesquisas encontradas, cabe destacar que

devido ao tempo despendido para a realização da pesquisa, e a problemática da pesquisa

referente aos achados relacionados à formação permanente dos professores de Educação

Física, foi utilizado apenas o descritor “Formação Permanente”.

5 ANALISANDO OS DADOS: O QUE DIZEM AS PESQUISAS RELACIONADAS À

FORMAÇÃO PERMANENTE DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA?

Diariamente o professor é cobrado, se por um lado é necessário estabelecer um

padrão de conduta, configurando um modelo de ser professor, por outro a sociedade apresenta

inúmeras outras maneiras. No entanto, desta forma, acaba-se homogeneizando as pessoas a

um padrão prescrito. Cardoso (2003) comenta que:

“[...] estamos sempre nos modificando, nos atualizando. Somos um produto sempre

inacabado, cuja fabricação se da no centro de múltiplas relações localizadas no interior da

história do tecido social e conectada a ela [...]” (CARDOSO, 2003, p. 14).

Necessita-se pensar na formação dos professores como algo inseparável da

autoformação, onde o docente se produz dentro de suas práticas discursivas e extra

discursivas. (CARDOSO, 2003).

Rodrigo Correia (2008) comenta em sua dissertação que:

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Diante do atual panorama em que se encontram as aulas de Educação Física na rede pública de ensino, no que diz respeito ao baixo aproveitamento, deficiências na aprendizagem, escassa retenção de conteúdos por grande parte dos alunos, somado às precárias condições de trabalho enfrentadas pelos professores como baixos salários, extensa jornada de trabalho, número excessivo de alunos por sala de aula, torna-se relevante uma investigação das competências necessárias aos professores, para que esse quadro seja melhorado. (CORREIA, 2008, p. 8).

Claudio Murat (2007) em sua dissertação discute aspectos de sua carreira docente e

expõe para os colegas vivências como, por exemplo, em relação à formação continuada.

Pode-se notar um fator que ocorre em muitas das instituições de ensino, como aponta

o autor dizendo que:

Muitas vezes questionei junto à unidade escolar e também na Oficina Pedagógica, sobre os critérios para a participação das capacitações do programa. Os gestores das unidades são diretos nas justificativas: a rede pública é muito ampla, afastar o professor da sala de aula incorreria em perdas consideráveis aos alunos, dificultando o cumprimento do calendário escolar. (MURAT, 2007, p. 19).

Se a própria instituição que deveria ser a primeira a lutar por melhores condições aos

professores acaba negligenciando seu papel, a quem recorrer. Não basta lançar campanhas de

formação permanente se não oferecer a oportunidade adequada para realização da mesma.

Ao concluírem sua pesquisa Rigui, Marin e Souza (2012) chegaram ao veredito de

que:

Segundo os dados das entrevistas, a formação continuada, do modo como vem sendo aplicada, na maioria dos casos não atende às expectativas alimentadas pelos professores, referentes à disciplina Educação Física. Em grande medida, as propostas são impostas e, além de não levarem em conta prioridades dos professores, precarizam sua participação através da falta de apoio e estrutura. Esse processo dificulta a relação entre os aspectos gerais do sistema educacional com as especificidades da área, uma vez que fragmenta o conhecimento e restringe o tempo de formação. (RIGUI, MARIN e SOUZA, 2012, p. 12).

Concorda Günther (2000) dizendo que:

Considero que a questão da autonomia do professorado parece ser a de maior relevância e que mereceria maior aprofundamento por parte de todos os segmentos envolvidos, de modo a um processo formativo onde os professores sintam seus interesses efetivamente contemplados e percebam-se como produtores de seu próprio saber. (GÜNTHER, 2000, p. 7).

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Ainda segundo Claudio Murat (2007): “Os resultados dessa política indireta e

distante do professor têm reflexos nas escolas onde a crise é deflagrada, prejudicando o

trabalho de todos os professores ou dos interessados em avançar nos desafios do seu trabalho.

(MURAT, p. 20, 2007).”

Muitas vezes a formação permanente torna-se um problema, seja pela ausência de

ações conjuntas entre o estado e as instituições formadores, pela escassez de programas de

longo alcance, realização de atividades pontuais. O docente passa por limitações econômicas

para realização de aperfeiçoamento, há uma grande dificuldade de deslocamento entre as

regiões, tornando impossíveis as viagens aos grandes centros, ocasionando o conformismo

com seu trabalho rotineiro.

Rigui, Marin e Souza (2012) descrevem em um artigo que vários especialistas da

formação estão denunciando o fato de muitas das propostas de formação continuada estarem

sendo organizadas com fins imediatistas, políticos e até mesmo financeiros, desvinculados

dos contextos escolares aos quais os professores se inserem. Sendo propostas que contribuem

para a fragmentação do saber, para o silenciamento dos professores e acreditem se quiserem

para estimular o comércio sob a égide da formação continuada.

Ana Paula Cristino (2007) ao analisar alguns modelos de formação continuada e aos

processos a que são submetidos comenta que:

É possível ver que no discurso, as atividades se encaminham para a perspectiva da reflexão na prática para a reconstrução social. No entanto, na efetivação das estratégias de formação, o estilo de formação é caracterizado por cursos e seminários, que atualiza de certa forma o professor, porém não possibilita um espaço para a reflexão. Sobre as estratégias de formação dos professores de Educação Física, elas são predominantemente individuais e com o enfoque técnico e prático. (CRISTINO, p. 9, 2007).

Concordando com Cristino (2007), Murat (2007) afirma que além dos profissionais

serem vítimas de um sistema inoperante e que não lhes dava condições para um trabalho

melhor, raras vezes esses encontros atendiam às finalidades e aos interesses dos professores.

Cristino (2007) destaca ainda, que:

A escola, o estado e o próprio professor não podem assistir a esta crescente generalização de crise no exercício da docência. A formação continuada não é a única responsável pela melhoria da qualidade de ensino, porém partindo das necessidades da sociedade contemporânea, a intensificação e a continuidade dos estudos sobre a atividade é o que torna o professor, conhecedor de sua profissão. (CRISTINO, p. 9, 2007).

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Murat (2007) concorda afirmando que:

O sistema educacional, com sua influente demanda política, não permite ao professor o acesso para que conheça as principais causas e de onde originam as vias de interferências no seu trabalho. Isso tem suas razões, pois com o afastamento dessa informação, o professor passa a ser dominado pelas cobranças das mazelas no interior da escola, das obrigações e deveres, e, também, responsável por tudo que não dá certo. (MURAT, p. 22, 2007).

Rigui, Marin e Souza (2012):

Portanto, para melhoria da qualidade da formação profissional e a valorização do trabalho pedagógico, faz-se imprescindível uma articulação entre instituições formadoras (no caso, as instituições de ensino superior), e a Escola Básica, de modo a valorizar as experiências e conhecimentos desenvolvidos pelos professores na trajetória profissional, bem como, conhecimento sobre a legislação que rege o direito à formação continuada em âmbito federal e estadual. (RIGUI, MARIN e SOUZA, p. 4, 2012).

Da mesma forma há vários aspectos negativos que atrapalham ao invés de ajudar

como a descontinuidade de programas de formação, onde seria necessário que o sistema

dialogasse com os docentes, sabendo ouvir seus desejos e aspirações, na construção do

programa para que ele não seja estéril.

Muitas vezes os conhecimentos dispostos pelos pensadores da Educação Física não

têm dado respostas satisfatórias aos problemas enfrentados pelos professores no cotidiano

escolar, muitos processos são “lindos” e vêm como solução, na teoria pelo menos, porém na

prática não é o que ocorre. Gerando segundo Walk Loureiro e Francisco Caparróz (2010):

[...] a crítica da grande maioria, quanto às atividades de Formação Permanente, no âmbito da educação física, é que essas têm priorizado novos procedimentos e estratégias didáticas inovadoras, quando, na opinião deles, o que os professores precisam é participar de um processo permanente de reflexão. Alternativa de Formação Permanente por eles reivindicada. (LOUREIRO e CAPARRÓZ, p. 3, 2010).

Nem toda formação representa competência, segundo Demo (2004)

Primeiro, cada vez mais é possível chegar a um título de mestre ou de doutor sem grande empenho ou por meio de produções caricaturais, abreviadas, meros exercícios acadêmicos. Segundo, se não se internalizar a atitude de pesquisa, o título passa a ser mero troféu para o Curriculum vitae. Facilmente o professor avança na carreira, amealha prestígio maior e se acomoda, sem mais nada produzir. (DEMO, p. 104, 2004).

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Muitos professores agem como repassadores de conhecimentos, onde o professor

“finge que ensina” e o aluno “finge que aprende”. O que ocorre é um equivoco na didática, na

medida em que a meta é apenas enfeitar e suavizar a aula. Utilizam-se gestos, posturas,

quadro-negro, recursos audiovisuais, etc, apenas para no fundo transmitir conhecimento,

facilitando a cópia do aluno. (DEMO, 2004).

É preciso buscar alternativas, dentro das possibilidades das escolas e dos sistemas de

ensino, para promover um desenvolvimento profissional mais autônomo e reflexivo, Cristino

(2008) em seu artigo comenta que:

Entre as iniciativas individuais ou informais, os professores colocam a troca de experiências, que é o fator que mais contribui para a transformação da prática pedagógica. Muitos deles falam da necessidade de sistematizar o espaço para a partilha de experiências e saberes da profissão como estratégia formativa. (CRISTINO, 2008, p.16).

A troca de conhecimentos possibilita um espaço para romper com a concepção

encravada nas escolas de “apenas” como um espaço para se ensinar o conteúdo, passando a

tornar-se um local de produção e troca de conhecimentos e saberes. (CRISTINO, 2008).

Com o intuito de introduzir a abertura de novas possibilidades de ensino para a área

da Educação Física Escolar, Nilva Souza (2003) através de dados colhidos em sua pesquisa

referente à formação continuada de professores de Educação Física em sua cidade, trouxe

esperança no sentido de modificar o pensamento, seja de alguns professores ou dos demais

sobre esta área.

Cabe ressaltar dados alarmantes achados em sua pesquisa, como por exemplo, em

sua cidade há:

[...] um total de 1.247 escolas e 30.590 professores. No que se refere à Educação Física, 67% do total das escolas possuem a disciplina Educação Física no currículo, com 1.389 professores da área atuando. Isso representa em média a existência de 1,65% professor em cada escola, restando ainda 409 escolas sem a disciplina Educação Física. [...]. (SOUZA, 2003, p. 87).

Analisando está porcentagem local, ou seja, apenas em uma cidade, é espantoso

pensar em âmbito global, de modo generalizado, hoje em dia muitas pessoas pensam nesta

disciplina como um momento livre, onde saem da sala de aula para descansarem a cabeça das

demais, sendo assim “qualquer um” pode atuar como professor.

Segue Souza (2003, p. 88) comentando que: “De acordo com os dados analisados,

dos 1.389 professores que atuam na disciplina de Educação Física da rede, somente 329 são

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graduados na área, o que pressupõe ser esta uma das causas da má qualidade do ensino da

referida disciplina.”.

Muitos alunos sem tomarem conhecimento de seus direitos, acabam sendo privados

dos benefícios advindos da Educação Física, uma vez que não têm acesso aos diversos outros

conhecimentos da cultura corporal, como os jogos, as danças, as brincadeiras, as ginásticas e

as lutas, fato esse que provoca a exclusão, a discriminação do menos hábil e a supremacia do

mais competente. (SOUZA (2003).

Procurando respostas aos atuais problemas, comenta Nilva Souza (2003)

[...] que a não formação inicial destes professores seja a única causa da baixa qualidade do ensino da Educação Física. Este fato se deve também à falta de formação permanente, de difícil acesso às Instituições de Ensino Superior, baixos salários, número excessivo de disciplinas ministradas pelo mesmo professor, etc. Resumindo, a não existência de políticas públicas viáveis à resolução de tais problemas. (SOUZA, 2003, p. 90).

Paiva (2003) aborda assuntos referentes à formação inicial e continuada do professor

constatando em seus estudos que é somente:

[...] a partir da formação inicial que proporciona uma base prévia ao exercício da atividade docente, a formação pessoal e profissional do professor prossegue ao longo de sua carreira. Esta formação continuada colocou em destaque a preparação do professor no exercício de sua prática como ator que reflete sobre suas ações que realiza em seu cotidiano. (PAIVA, 2003, p. 47).

Durante o processo de formação dos professores sejam de Educação Física ou não,

ocorre no momento em que o professor transforma ou é transformado seja numa perspectiva

social, cognitiva ou cultural, juntamente com toda a historicidade advinda de sua constituição.

“[...] Construímo-nos como profissionais da educação em um compromisso com o movimento

da autorreflexão aos elementos sistêmicos e incessantemente invadem o mundo da vida.” (DA

SILVA, 2008, p. 5).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de todos os fatos pode-se concluir com os achados das pesquisas referentes à

Formação Permanente do professorado, que do jeito que está não pode ficar, seja pela falta de

liberdade para realizarem uma formação que condiga com as necessidades de seu dia a dia, ou

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até mesmo pela dificuldade de afastamento da sala de aula, que muitas vezes acaba tornando-

se inviável devido à falta de tempo e disponibilidade.

Cabe destacar que muitas das formações não atendem aos interesses e necessidades

dos professores, prezando a individualidade e focando principalmente a parte técnica e

prática. E como se não bastasse mercantilizando a formação e a transformando em um

“mercado”, com fins imediatistas, políticos e financeiros.

Seja pelas condições de trabalho, remuneração ou liberdade, torna-se difícil a

realização de um trabalho realmente satisfatório. Com certeza muito professores lutam e

ultrapassam barreiras quase intransponíveis, porém nem todos suportam os limites a serem

quebrados, ficando no meio do caminho, pois, realizando a formação ou não o professor é

cobrado diariamente sendo responsabilizado por tudo o que ocorre dentro da escola, seja bom

ou ruim.

A Educação Física é uma área que precisa urgentemente ser repensada, renovada e

até mesmo reinventada. Como ela é a disciplina mais prática de todas, pensa-se não ser

necessário ir muito além da formação inicial, esquecendo-se de toda teoria que a sustenta. A

formação permanente adequada possibilita ao professor métodos para mudar esta realidade,

para construir uma nova história. As pesquisas relataram o que realmente acontece, onde

muitas escolas despreocupadas com a educação integral das crianças colocam “pessoas

despreparadas” para atuarem na área, fazendo com que o processo de mudança regrida cada

vez mais.

Inúmeras vezes surgem processos tidos como solução para os problemas, como

fórmulas inovadoras, quando simplesmente o que seria necessário é um processo permanente

de reflexão. O trabalho das formações deve estar próximo das escolas o que falta ainda é uma

maior aproximação das instituições formadoras de ensino superior com as escolas de ensino

básico

Uma possível solução para parcelas desses transtornos só poderia e pode ser ajustada

com um espaço e condições adequadas para a formação permanente dos professores.

Formações estas que possibilitem espaços para a reflexão, resolução de problemas comuns, e

que permitam disponibilizar a liberdade de construção de aplicação de possíveis soluções nos

ambientes de trabalho, pois a grande maioria das palestras e formações acabam por discutir

sempre o mesmo assunto, tornando-se um fim em si mesmo.

REFERÊNCIAS

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MURAT, C. P. Educação Física no ensino fundamental: uma experiência com base na Educação Física Plural. 85 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, SP, 2007. PAIVA, Edil V. de. A formação do professor crítico-reflexivo. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. (p. 46 à 66). In PAIVA, Edil V. de (Org). Pesquisando a formação de professores. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. RIGHI, M.; MARIN, E. C.; SOUZA, M. da S. Formação continuada: entendimentos e vivências dos professores de Educação Física no contexto do governo estadual (RS) gestão 2007/2010. V. 34, n. 4, p. 1-14. 2012.

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PIBID: UM SUPORTE NA FORMAÇÃO INICIAL E FORMAÇÃO CONTINUADA

EM PRÓ DA CONSTRUÇÃO DE UM NOVO PERFIL DOCENTE

Fabiana Aparecida Somavilla, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Andriéli Vanni de Arruda, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Debora de Oliveira Cardoso, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Maíra da Costa Szpanic, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Luci Mary Duso Pacheco, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Vildes Mulinari Gregolon, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected].

RESUMO: O presente artigo busca possibilitar uma reflexão sobre a formação docente articulada entre formação inicial e formação continuada, tendo como foco as Leituras Pedagógicas, em justaposição ao PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Subprojeto de Pedagogia Ensino Médio. O projeto das leituras pedagógicas, objetiva despertar o interesse pela leitura pedagógica e promover o desenvolvimento de leitores comprometidos, capazes de problematizar o fazer pedagógico, por meio da reflexão sobre a práxis. A partir disso, é possível afirmar que o PIBID representa o fortalecimento da formação inicial das bolsistas acadêmicas, oportunizando gerar experiências na constituição do ser professor. PALAVRAS-CHAVE: PIBID. Formação Inicial. Formação Continuada. Leituras Pedagógicas.

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como base a formação docente articulada entre a formação

inicial e a formação continuada, tendo como foco as Leituras Pedagógicas, desenvolvidas na

Escola Campo. Neste intento propõem-se uma análise das ações pedagógicas realizadas pelos

pibidianos que contribuem com a prática pedagógica e fundam-se como relevantes e

necessários à formação docente em processo também de construção de uma identidade

profissional perpassada pela pessoalidade de cada sujeito.

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Com o objetivo de aproximar Universidade e Escola de Educação Básica

privilegiando os processos de Formação Inicial para os licenciandos e Formação Continuada

para os professores que atuam na Educação Básica, o PIBID – Programa Institucional de

Bolsa de Iniciação à Docência apresenta-se como uma política de incentivo à formação

docente sendo uma ação conjunta do Ministério da Educação, por intermédio da Secretaria de

Educação Superior - SESu, da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior – CAPES , e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE. O

programa tem como foco a valorização do magistério e a melhoria da qualidade da Educação

Básica brasileira.

Embasado nos objetivos do PIBID realizou-se uma prática pedagógica denominada

Leituras Pedagógicas, esta atividade tem como propósito de despertar o prazer pela leitura e

desenvolvendo assim, leitores críticos, capazes de problematizar o fazer pedagógico, por meio

da reflexão sobre a práxis. Os alunos tiveram a oportunidade de debaterem indagações

adquiridas através da leitura dos livros de cunho pedagógico e compartilharem e

complementarem com o restante da turma assuntos pertinentes ao fazer pedagógico.

O Programa vem acrescentando melhorias nas práticas pedagógicas desenvolvidas

em sala de aula, devido ao fato do professor em exercício poder contar com auxílio desse

licenciado, o qual está repleto de teorias compreendidas na universidade, enquanto o

acadêmico deslumbra-se de toda a experiência de atuação docente que o professor possui.

Nesse viés uma Formação contribui para o fortalecimento da outra, uma na condição de

auxilio pedagógico, e a outra na possibilidade de constatação da realidade escolar.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Formação inicial

A Formação Inicial refere-se à formação que um docente recebe durante sua

graduação, durante a sua caminhada enquanto licenciando, podendo esta ser compreendida

como a base formadora do professor para a contextualização de sua atuação. A amplitude e

complexidade desta permitirão ao futuro professor uma melhor inserção no meio escolar.

Quanto mais próxima da realidade a Formação Inicial for, melhor preparação trará ao

docente, na medida em que este aprenderá desde a formação a conciliar teoria e prática, numa

constante busca pelo aprimoramento de sua ação pedagógica, sabendo significar a teoria com

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a prática, fazendo a práxis pedagógica tanto falada na graduação, conhecendo a realidade na

qual irá atuar futuramente.

O PIBID (Programa de Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) tem este

propósito, introduzir o licenciando dentro do meio escolar, a fim de construir um perfil

docente diferenciado, interligando a teoria aprendida na Universidade, com a atuação na

Escola Campo onde intervém enquanto bolsista do programa, para que este incorpore em suas

metodologias a constante busca pela inovação-/inovar a ação/ refazê-la/refletindo sobre ela

com o intento de diagnosticar alterações que se fazem pertinentes para o aprimoramento da

prática.

O PIBID fortalece a formação acadêmica, pois funciona com um laboratório,

permitindo que os bolsistas exercitem as teorias compreendidas em sala de aula, na prática

cotidiana escolar. Introduz o aluno por meio da assimetria invertida, ou seja, o sujeito retorna

aos bancos escolares com a função de observador e colaborador do professor em exercício,

tornando-se uma ferramenta de auxilio na ação pedagógica.

A importância que o PIBID exerce na construção de um novo perfil docente,

empenhado na aquisição do novo, contribui agora enquanto subsídios para a Formação Inicial

e posteriormente para a Formação Continuada do professorado, agregando nas ações

pedagógicas desse futuro profissional da área da educação a inquietude e curiosidade pelo

novo, o prazer na conquista do conhecimento.

Mas a inquietude por saber como (tanto na formação inicial e mais na permanente), de que modo, com quais pressupostos, com que modelos, quais modalidades formativas podem gerar maior inovação e, sobretudo, a consciência de que o que pretendemos saber deve ser revisto e atualizado à luz dos tempos atuais, trata-se de uma preocupação bem mais recente. (IMBERNÓN, 2009, p.12).

Devido a velocidade das mudanças, o professor deve estar preparado para adaptar-se

ao novo, diante disso há necessidade de um docente em constante evolução, que seja capaz de

acompanhar essas alterações. Tendo consciência do terreno tumultuoso e desafiador que o

professor confrontará em seu senário de trabalho, melhor conseguirá lidar com esses desafios.

Diante disso é notória a importância do PIBID enquanto artificio de fortalecimento da

Formação Iniciada dos licenciandos, pois os introduz nas escolas, tornando-os cientes dos

desafios que estão por vir.

Além de fortalecer a Formação Iniciada dos licenciandos, o PIBID, subprojeto

Pedagogia Ensino Médio, também enriquece a formação dos alunos do curso Normal, área

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onde o projeto atua, através das dinâmicas inovadoras que os pibidianos desenvolvem nas

escolas, sendo estas alicerçadas pelas pesquisas desenvolvidas.

A configuração do Projeto permite a criação de um docente que integre a pesquisa

em suas ações pedagógicas, através da carga horaria disponibilizada para este fim. Sobre esse

viés o PIBID não tem como único objetivo inserir o licenciando dentro da realidade escolar,

mas interligar ensino/pesquisa/prática e reflexão.

2.2 Formação Continuada

Pensar a educação pressupõe pensar a formação de professores com vistas à

formação continuada, esta por sua vez, compreende a construção, (re)construção, análise e

reflexão de saberes que precisam ser ressignificados constantemente levando em consideração

o lócus de trabalho.

O que se percebe é que a identidade construída pelo professor perpassa não só a sua

profissionalidade, mas também, a sua pessoalidade implicando em um compromisso do seu

ser com o seu fazer. A construção do sujeito, enquanto docente, requer uma prática reflexiva

constante, requer uma formação continuada, o que permitirá uma análise do seu trabalho, um

confronto do que está posto com o que pode ser melhorado e uma mudança de postura quando

for necessária. Haja vista, que o ser humano é um ser inacabado, conforme o autor afirma ao

dizer: “Na verdade, o inacabamento do ser ou sua inconclusão é próprio da experiência vital.

Onde há vida, há inacabamento”. (FREIRE, 2000, p. 55).

Partindo dessa reflexão consegue-se ter clareza de que todos são seres inacabados,

seres em constantes mudanças e o professor não é diferente. Este profissional não deve se

acomodar, muito pelo contrário, deve ser aquele que demonstre o verdadeiro sentido em

querer aprender, não se submetendo a ser um mero transferidor e receptor de conhecimentos,

mas sim, um construtor de novos saberes. Dessa maneira, o mesmo precisa ter a

responsabilidade e o comprometimento de buscá-lo constantemente e incessantemente.

A formação continuada é imprescindível, pois, vive-se um momento em que o

educador não pode se submeter a ficar estático em relação aos novos conhecimentos, e sim

estar sempre à frente, sendo um educador/pesquisador. Portanto, o educador insere-se em uma

constante busca de novos saberes refletindo sobre os diferentes aspectos presentes nessa

caminhada. Imbernón (2009, p. 12) diz que:

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Mas a inquietude por saber como (tanto na formação inicial e mais na permanente), de que modo, com quais pressupostos, com que modelos, quais modalidades formativas podem gerar maior inovação e, sobretudo, a consciência de que o que pretendemos saber deve ser revisto e atualizado à luz dos tempos atuais, trata-se de uma preocupação bem mais recente.

A preocupação que Imbernón fala é a vontade de estar sempre em busca do novo, de

buscar ferramentas, de se reciclar enquanto educador e renovar seus conhecimentos. A

formação continuada orienta e propicia ferramentas ao professor, pois a mesma possibilita que

este possa refletir sobre sua prática, ajustando o necessário e agregando o novo. Além disso, a

formação continuada oferece subsídios para o professor mudar/melhorar a sua prática.

A partir desse princípio, abandona-se o conceito de formação docente como

processos de atualização que se dão através da aquisição de informações científicas, didáticas

e psicopedagógicas, descontextualizadas da prática educativa do professor, para adotar um

conceito de formação que consiste em construir conhecimentos e teorias sobre a prática

docente, a partir da reflexão crítica. Sobre esta orientação, o autor afirma:

A formação terá como base uma reflexão dos sujeitos sobre sua prática docente, de modo a permitir que examinem suas teorias implícitas, seus esquemas de funcionamento, suas atitudes etc., realizando um processo constante de auto avaliação que oriente seu trabalho. A orientação para esse processo de reflexão exige uma proposta crítica da intervenção educativa, uma análise da pratica do ponto de vista dos pressupostos ideológicos e comportamentais subjacentes. (IMBERNÓN 2001 p.48-49).

Entende-se então, que os saberes são adquiridos através da experiência e da atividade

intelectual, mobilizados de forma inconsciente e mecânica nas ações cotidianas do professor,

em situações reais do exercício profissional e que perduram durante toda sua vida.

Nóvoa (1992), referindo-se ao contexto europeu, afirma que nos últimos dez anos o

centro das preocupações deslocou-se da formação inicial para a continuada. Segundo ele, é

fundamental que se aborde a formação continuada de professores a partir de três eixos: a

pessoa do professor e sua experiência; a profissão e seus saberes, e a escola e seus projetos. O

autor ainda afirma que:

A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimento ou de técnicas), mas através de um trabalho de reflexividade critica sobre as praticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir na pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência. (NÓVOA, 1992, p.25).

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Quanto ao segundo eixo, Nóvoa, fundamenta a necessidade de investir na práxis,

como produção de saber. A formação continuada deve, estimular os professores a se

apropriarem dos saberes, permitindo reconstruir os sentidos de sua ação profissional. O

terceiro eixo aponta para o fato de que não basta mudar o profissional, é preciso mudar os

contextos em que eles intervém. Segundo Nóvoa, “o desenvolvimento profissional dos

professores tem que estar articulado com as escolas e seus projetos”.

É de fundamental importância compreender que a formação do professor começa

antes mesmo de sua formação acadêmica e prossegue durante toda a sua atividade

profissional.

2.3 O PIBID tendo como foco as Leituras Pedagógicas

A CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior foi

criada em 11 de julho de 1951 e hoje, além de coordenar o alto padrão do sistema nacional de

pós-graduação, passa a induzir e fomentar a formação inicial e continuada de professores para

a Educação Básica. A Lei n° 11.502/2007 consolidada pelo Decreto n° 6.755 de 29 de janeiro

de 2009, instituiu a Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da

Educação Básica. Muitos são os programas criados por ela para melhorar a qualidade da

Educação Básica no Brasil, entre eles o PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação

à Docência foi criado para valorizar o magistério e apoiar estudantes de licenciatura plena de

Ensino Superior. (CAPES, 2014).

O PIBID tem como um de seus objetivos incentivar o fortalecimento da formação

inicial e a formação continuada de professores e graduandos, visando melhorias na educação e

a valorização dos profissionais. O Programa PIBID insere-se neste contexto no momento em

que aproxima o graduando da práxis pedagógica qualificando-o e inserindo-o na realidade das

vivências educativas, fornecendo dados reais e atualizados para futuros profissionais da

educação.

A formação de professores dentro do PIBID se vale das trocas de conhecimentos

entre os graduandos e os professores mais experientes. Adentrando no território das práticas

docentes o futuro educador se depara com o exercício das teorias estudadas na graduação, o

que lhe possibilita agregar subsídios à prática docente, haja vista, acontece uma verdadeira

relação entre teoria e prática.

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Nesse intento, relata-se uma prática que acontece na escola campo, denominadas

Leituras Pedagógicas, estas referem-se a leituras propostas pelos bolsistas PIBID, nas quais os

mesmos planejam e organizam atividades, acerca das obras lidas e debatidas. Na ocasião as

obras lidas foram do escritor Paulo Freire.

O projeto das Leituras pedagógicas, objetiva despertar o interesse pela leitura

pedagógica e promover o desenvolvimento de leitores comprometidos, capazes de

problematizar o fazer pedagógico, por meio da reflexão sobre a práxis e sobre a formação

qualificada dos docentes.

As atividades possibilitam um maior conhecimento acerca de saberes necessários à

prática pedagógica ilustrados nas obras do teórico. Além disso, a organização do trabalho

contribui para a integração entre todos os alunos do curso normal numa perspectiva de estudo,

reflexão e diálogo.

Os encontros das leituras pedagógicas são dinamizados no decorrer do semestre,

tendo um dia para o lançamento, três dias para discussões e reflexões e um quinto dia para

apresentar ao coletivo a produção do conhecimento, sendo esta uma síntese do que foi

estudado nos encontros, no que tange à metodologia, é utilizada de modo diferenciada, seja

ela um esquete, uma paródia, um teatro, um diagrama, em fim, aquilo que o grupo acreditar

que conseguirá relatar ou demostrar o conhecimento produzido e adquirido nos encontros.

Nos três encontros, utilizados para as discussões e reflexões, os bolsistas PIBID

ficam responsáveis pelo planejamento dos encontros, essas dinâmicas tem o intuído de

diversificar as atividades, deixando as discussões mais lúdicas e prazerosas, sempre visando a

construção do conhecimento.

Sendo assim, através de leituras e das discussões a respeito das obras de Paulo Freire,

percebe-se que sua linha de pensamento está embasada na esperança, otimismo, emancipação

e libertação dos sujeitos. Em Freire (1996), educar é construir, é libertar o ser humano das

cadeias do determinismo neoliberal, reconhecendo que a História é um tempo de

possibilidades. É um “ensinar a pensar certo” como quem “fala com a força do testemunho.”

E um “ato comunicante, coparticipado, de algum produto de uma mente “burocratizada”. No

entanto, toda a curiosidade de saber exige uma reflexão crítica e prática, de modo que o

próprio discurso teórico terá de ser aliado à sua aplicação prática.

Com essas práticas pode-se fortalecer e qualificar ainda mais a formação acadêmica,

dos alunos da Escola Campo e dos professores envolvidos, pois, o ensino teórico se alia ao

universo real da docência, que é a escola. Trabalha na construção do conhecimento e no fazer

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pedagógicas que possibilitam uma atuação inovadora de metodologias induzindo o graduando

e os alunos na postura do aluno-pesquisador e o professor-pesquisador, fundamental para

quem vive na era global e digital, rodeado por tantas modificações tecnológicas.

Diante disso, pode-se afirmar que as Leituras Pedagógicas auxiliam tanto na

Formação Inicial, quanto na Formação Continuada do professorado, devido ao fato desses

sujeitos estarem ativamente em busca de novos subsídios a fim de compartilhar ao grupo

leitor. A estruturação em forma de seminários permite aos grupos, formados em virtude do

livro escolhido, a disseminação de saberes provenientes de cada sujeito, os quais relacionam

com a leitura. O professor, em posição de mediador desse diálogo, aprende juntamente com o

grupo, buscando ferramentas a fim de facilitar a troca de saberes.

Sobre esse viés, cabe ressaltar que na atividade supracitada, os professores possuem

posição ativa na ampliação da Formação, Inicial e Continuada, na circunstância em que estes

buscam novas metodologias para ser realizadas na prática baseada na teoria estudada. Nessa

linha de pensamento, Santos (2002, p. 26) ressalta que:

As propostas de educação continuada produzem muito mais efeito quando partem das necessidades sinalizadas pelos próprios professores. Nesse contexto, muitas vezes, se definem não apenas o conteúdo da formação, os problemas a serem abordados, mas também, sua forma e sua organização. No entanto, não podemos deixar de considerar que, em certos casos, a administração da escola onde e deve tomar a iniciativa, propondo aos professores algum programa de educação continuada com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino.

Sendo assim, a Formação Continuada deve partir das próprias inquietações que o

profissional possui em sua atuação, não há coerência no oferecimento da mesma formação

para realidades escolares distintas. O docente deve ter a autonomia de optar pela formação

adequada a sua metodologia de ensino. As Leituras Pedagógicas possuem esse caráter,

possibilitando ao professor, licenciado e aluno desenvolverem-se a partir da teoria

compreendida e as concepções adquiridas a partir dela, tornando-se assim o professor o

grande responsável em desempenhar uma formação de qualidade.

As Leituras Pedagógicas lhes conferem trabalhar de forma profunda a teoria

defendida pelo autor, o que garante ao futuro educador uma dimensão maior dos

conhecimentos teóricos, buscando uma preparação de qualidade para o profissional da

educação, a fim de instituir uma educação de qualidade para todos.

Como em suas obras Freire, orienta sobre a liberdade em motivar os alunos a

pensar, agir e fazer. A liberdade de descobrir coisas novas, de valorizar os saberes e deixá-

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los falar com o bom senso da curiosidade inovadora e acolhedora. Assim respeitando a suas

qualidades e criação das diferentes culturas.

É esse pensamento de Freire citado acima que utilizamos nas leituras pedagógicas,

instigamos os participantes a pensar sobre, para depois poderem utilizar se desses

conhecimentos com o intuito que os mesmo possam fazer a práxis pedagógica dentro da sala

de aula, sendo que a práxis deve ser de forma consciente e acima de tudo entender que a

reflexão crítica do docente sobre sua própria atividade é muito importante no processo de

formação. Nóvoa (2009) afirma que a formação docente deve acontecer dentro da própria

profissão. Reafirma-se a partir das palavras do autor que a reflexão é necessária para a

formação construída dentro da profissão pelo próprio professor em trabalho conjunto com os

demais colegas. É preciso visualizar o espaço de práticas pedagógicas como um espaço rico

de formação. A partilha de experiências no espaço escolar constitui-se como uma prática de

intensa reflexão crítica na qual ocorre por consequência um processo contínuo de ação-

reflexão-ação.

Imbernón (2009, p. 36) afirma que “É preciso assumir uma perspectiva crítica em

educação e formação [...] formação colaborativa e dialógica como processo de diálogo entre o

professorado e todos aqueles componentes que intervêm na formação [...]”. Assim,

compreende-se a importância do PIBID na formação dos acadêmicos, em sua formação

inicial, e dos professores que participam de um movimento de pensar e (re) pensar suas

práticas no sentido de complementaridade.

CONCLUSÃO

A escola desempenha um papel fundamental na sociedade atual, o professor como

peça central deve manter-se em constante atualização, sendo ele o principal mediador do

aluno com a realidade, desenvolvendo pensamentos e as atitudes para com os alunos. Para que

o aprendizado ocorra de modo a contribuir para efetivação do sujeito enquanto ser ativo de

uma sociedade. O professor tem o dever de estar sempre em busca de novos saberes,

formação continuada. Uma educação de qualidade não se consolida sem este principal

expecto. Sobre este viés criou-se o PIBID, uma política publica voltada ao desenvolvimento

de novas competências aos docentes.

O PIBID tem o enfoque no aprimoramento das ações pedagógicas desenvolvidas no

contexto escolar, tendo como alicerce para essa transformação a qualificação da Formação

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Inicial e Continuada do professorado. Na medida em que coloca os licenciandos dentro da

realidade escolar proporciona a estes’ uma relação entre a teoria desenvolvida na universidade

com a prática presenciada na escola campo, enquanto ao professor atuante na escola, a

inserção desse acadêmico contribui para a incorporação de novas metodologias, novas

concepções, atualidades e demais benefícios que esse futuro docente pode trazer para o

ambiente supracitado.

As Leituras Pedagógicas, atividade desenvolvida pelos pibidianos na Escola Campo,

contribui para o desenvolvimento de leitores críticos, pois permite a esses a oportunidade de

confrontarem as diferentes concepções que cada sujeito obteve na leitura do livro. Na medida

em que o aluno possui essa oportunidade de expressar e ouvir, ele está desenvolvendo a

criticidade, deixando de lado a mera posição de receptor de informações e passa a ser um

sujeito participativo na construção do seu conhecimento.

A sociedade moderna exige a reestruturação do modelo da educação, e para que isso

ocorra é necessário a construção de um novo perfil docente, capacitado e envolvido com as

questões de âmbito social, um profissional em constante formação, visto a globalização de

informações as quais são apresentadas cotidianamente. Nesta perspectiva pode-se afirmar que

o PIBID vem ao encontro dessa ideologia, fortalecendo a Formação Iniciada e estimulando a

Formação Continuada, na medida em que coloca graduandos em contato com professores em

exercícios, onde cada qual agrega melhorias no fazer pedagógico, enfatizando a necessidade

do constante aperfeiçoamento, do inicio ao fim de sua carreira profissional, aceitando o fato

do professor ser um eterno aprendiz.

REFERÊNCIAS

CELANI, M, M, A. apud NÓVOA, Antônio. Debates e pesquisas no Brasil sobre formação Docente. 1992. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.14ª Ed. São Paulo.Editora Paz e Terra S/A, 1996. IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. São Paulo: Cortez, 2001. IMBERNÓN, Francisco. Formação permanente do professorado novas tendências. São Paulo. Editora Cortez, 2009. NÓVOA, Antônio. Professores Imagens do Futuro Presente. Lisboa: Portugal, 2009

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SANTOS, Sonia Regina Santos. Universidade e formação continuada de professores: das ações possíveis aos projetos em ação. 2002. Disponível em: <http://www.educacao.ufrj.br/ppge/dissertacoes/monicaabreu.pdf>. Acesso em 30 abr. 2015. www.capes.gov.br. Acessado em 22 de abril de 2015.

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PIBID/URI-PEDAGIGIA-ENSINO MÉDIO: A PRÁXIS EM SALA DE AULA

Fernanda Cristina Piovesan de Souza, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e

das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Keiti Florencio, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus

de Frederico Westphalen – BRASI [email protected]

Marcieli de Lourdes Danielli, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Marisa Barbieri, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus

de Frederico Westphalen – BRASI [email protected]

Luci Mary Duso Pacheco, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Vildes Mulinari Gregolon, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected].

RESUMO: O presente trabalho é resultado do desenvolvimento de estudos e das ações pedagógicas realizadas através do PIBID-Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência, este trabalho tem por objetivo abordar a importância do mesmo para a formação docente dos acadêmicos de Pedagogia, onde há a articulação entre teoria e prática, com os trabalhos de pesquisa e práticas que se desenvolvem na escola campo, as quais contribuem para os professores, quanto para os acadêmicos. Os resultados dessas atividades são de grande valia por oportunizar aos acadêmicos maiores conhecimentos. Desta forma o trabalho é fruto de ações conjuntas e interligadas que almejam uma formação de qualidade, favorecendo a ligação entre escola pública e universidade, na busca de uma educação mais digna e emancipatória.

PALAVRAS-CHAVE: PIBID, Formação docente, Pesquisa.

INTRODUÇÃO

O presente artigo busca apresentar pontos relevantes das atividades que são

desenvolvidas nas Escolas Públicas, chamadas escolas campo, pelas acadêmicas bolsistas

PIBID na formação de professores, através de observações das aulas e intervenções que são

aplicadas em sala de aula, desta maneira conhecemos como acontece o trabalho dos

professores no contexto escolar.

A formação de professores é sempre um tema de grande importância, pois para que o

professor desenvolva seu trabalho de forma prazerosa e de qualidade se faz necessária uma

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formação continuada, já que este é um ser unitário. Um dos programas nacionais de incentivo

à formação de professores é o PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a

Docência) que vem com o propósito de incentivar e ajudar na qualificação dos futuros

educadores. O programa atua na escola através da formação de futuros professores,

qualificando as habilidades exigidas do professor, fazendo uma ligação entre teoria e prática,

aliando o conhecimento sistematizado ao fazer, e o fazer articulado com a reflexão. Contribui

com nossos argumentos para as práticas educativas, tanto das (os) acadêmicas (os) bolsistas

quanto para alunos e professores da instituição que tem no PIBID um norte para o

aperfeiçoamento dos futuros mestres.

A formação deve estar relacionada à realidade cotidiana dos professores, e à reflexão

sobre a sua prática educativa, por este motivo teoria e prática precisam andar sempre juntas já

que desta forma este sempre poderá utilizar o que está aprendendo na teoria e em sua prática.

É importante que os professores busquem por formação já que estes são a base de

uma educação de qualidade, quando falamos de formação continuada logo pensamos em um

professor comprometido com o seu trabalho pois este busca estar se aperfeiçoando

profissionalmente para que seu trabalho seja desempenhado da melhor forma possível.

A escola tem um papel fundamental no processo ensino aprendizagem, alicerçada em

referências teóricas e metodológicas, conteúdos cognitivos, simbólicos, com planejamentos,

avaliações do conhecimento, munida de um currículo, trabalha perante a legislação através de

normas e recuos baseando-se nas políticas educacionais que norteiam a educação.

Seguindo esta tessitura destacamos aspectos contribuintes para que a formação

profissional se faça necessária e a pratica esteja intimamente relacionada com a formação de

professores, pois entendemos que a realidade educacional exige do docente uma postura de

compromisso, dinamismo e responsabilidade com a prática em sala de aula.

É neste sentido de dinamismo que as ações desenvolvidas através do PIBID

oportunizam vínculos entre os alunos e os bolsistas do programa, pois oferecem os subsídios

para as suas praticas futuras, buscando sempre a troca de aprendizagens entre bolsistas e

alunos, tendo em vista que essas dinâmicas vêm sempre ao encontro das necessidades e das

temáticas propostas pela escola campo.

2 DESENVOLVIMENTO

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A realização do programa PIBID- Pedagogia Ensino Médio se dá nas escolas

Instituto Estadual de Educação 22 de Maio e Instituto Estadual de Educação Madre Tereza,

sendo que realizamos o nossa trabalho no I.E.E Madre Tereza, através do qual desenvolvemos

atividades como por exemplo: observações em sala de aula, nas cinco disciplinas pedagógicas

que são elas, Didática Geral, Filosofia da Educação, Sociologia da Educação, Estrutura,

Psicologia da educação, nas quais desenvolvemos atividades de intervenções. Também são

desenvolvidas na escola gincanas, seminários, projetos de leituras pedagógicas, encontro para

estudos, reuniões com as supervisoras, ornamentação do mural com frases pedagógicas,

construção de artigos, trabalhos com documentários voltados para a realidade das escolas.

No programa são desenvolvidas atividades de diferentes cunhos, mas sempre

voltadas para a formação inicial sendo que estas atividades são desenvolvidas tanto com os

alunos quanto com os professores onde todos aprimoram seus saberes visando a melhoria na

qualidade de ensino através das atividades oportunizadas, bem como o dialogo sobre as

diferentes praticas, e realidades vivenciadas.

Para que os professores realizem um trabalho de qualidade, se faz necessário que os

profissionais da educação busquem por conhecimento desde muito cedo, esta procura precisa

começar já na graduação, pois é onde tudo acontece, é aonde os acadêmicos constroem um

conjunto de conhecimentos e aptidões que ao longo da sua formação vão aumentando cada

vez mais. Não basta sabermos apenas os conteúdos programáticos, é importante que a

pesquisa seja um suporte para que os acadêmicos possam aprender e ver como é a realidade

do espaço escolar.

Desta forma a pesquisa além de significar acréscimo cognitivo, também é um meio

de contato com a realidade educacional, propiciando uma relação entre teoria e prática. Sendo

que o PIBID-Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência é uma dessas formas de

pesquisa que nos possibilita aprender e crescermos enquanto acadêmicos. É a partir da prática

que realizamos enquanto bolsistas PIBID, que temos a oportunidade de conhecer como é o dia

a dia de uma instituição escolar.

Assim, o autor nos fala que:

Uma prática reflexiva metódica inscreve-se no tempo de trabalho, como uma rotina. Não uma rotina sonífera, uma rotina paradoxal, um estado de alerta permanente por isso ela tem necessidade de disciplina e de métodos para observar, memorizar, escrever, analisar após compreender escolher opções novas. (PERRENOUD, 1999, apud, ANTUNES, 2011, p.14).

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A formação dos professores é um ganho muito amplo que requer, para a sua

compreensão a visualização de um espaço constituído por diversas ideologias, concepções e

práticas culturais, políticas educacionais. Em um campo muito restrito, onde é necessário

entendimentos de escola, professor e de formação de professores.

Como futuras professoras o PIBID serve como uma formação de saberes vinculado

com a prática tendo em vista que (NONO 2011), “ao se referirem ao curso de formação

inicial, as professoras iniciantes destacam a importância de que ele se caracterize pela

articulação entre a teoria e a prática”.

É importante valorizar o que é produzido em sala de aula é um dos desafios para

todos aqueles que se dedicam a pesquisar sobre a temática da dimensão simbólica da

formação do professor.

Vimos então que os professores almejam por uma prática com base em uma teoria

que priorize a construção de conhecimento o programa também oferece tudo isso, pois nós

bolsistas vivenciamos a prática nas escolas campo e também temos a teoria como base para

melhor fundamentação do programa PIBID. Desta maneira destacamos a importância da

valorização da pesquisa, já que esta nos oferece instrumentos de análise e investigação,

valorizando os saberes adquiridos no decorrer o processo de ensino aprendizagem.

O PIBID nos proporciona a oportunidade de estar em contato com as instituições

públicas, para a realização de atividades, que nos possibilitam conhecer as práticas docentes

antes mesmo de estarmos em sala de aula, onde ocorre uma constante troca de conhecimentos

entre os bolsistas, os professores e os alunos. Desta forma há uma contribuição tanto do saber

escolar quanto da formação profissional. IMBERNÓN (2009) nos coloca que “a formação

acadêmica deve estar diretamente ligada aos diferentes ambientes educacionais a fim de

propiciar uma formação qualificada ao trabalho em espaços escolares e não escolares”.

O PIBID nos oferece a oportunidade de trabalharmos não apenas na escola campo,

mas também na universidade, uma vez que desenvolvemos atividades no Curso de Pedagogia

com as leituras pedagógicas em Paulo Freire, filmes educativos, oficinas como, por exemplo,

oficinas de Movie macker, contação de história, arte em EVA, e a importância da música em

sala de aula. Temos também a oportunidade de participarmos de eventos nos quais

apresentamos trabalhos desenvolvidos como, por exemplo, artigos e resumos. Fizemos

viagens de estudos para adquirir conhecimentos e interação com outros meios.

Ainda se destaca a grande importância de trabalharmos em grupos ocorrendo desta

forma a troca de saberes e experiências que acontecem entre as bolsistas juntamente com as

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professoras supervisoras e as professoras das disciplinas acontecendo à ampliação de saberes

diante das metodologias usadas em sala e dos conteúdos trabalhados nas praticas e teorias em

sala de aula.

Desta forma reitera-se a importância do desenvolvimento deste programa pelo seu

caráter formador o qual privilegia a relação teoria e prática, que se estabelece entre

universidade-escola campo, bolsistas, orientadores a fim de que ocorra uma melhoria na

qualidade educacional. É na sala de aula que este aprendizado irá acontecer, pois os alunos

bolsistas terão a oportunidade de fazer uma relação sobre o que estão aprendendo na

graduação e o que estão vendo em sala de aula enquanto bolsistas, desta forma os mesmos

poderem refletir sobre a sua prática e aplicá-la da melhor forma.

O autor nos coloca que:

Os processos formativos de professores para atuarem nas diversas licenciaturas devem estar articulados com a pesquisa e a extensão, pois é esta vinculação que permite a formação de professores capazes de compreender o significado de sua profissão, de refletir sobre a sua ação pedagógica, de relacionar os preceitos teóricos recebidos nos cursos de formação a ação docente desenvolvida na sala de aula e, principalmente, de estarem preparados para criar e construir alternativas metodológicas que tornem os processos de ensinar e de aprender expressões mais intensas e de reconstrução continuada. (ANTUNES, 2011, p.12).

Desta forma quando refletimos sobre a formação de professores pensamos em

diferentes espaços de aprendizagem, pois sabemos que há inúmeras formas de se construir

conhecimento. É necessário então que se preparem materiais formativos que estimulem os

professores para que busquem continuidade no processo, mesmo após estarem em sala de

aula. O professor precisa ter formação continuada nas escolas também, para que possa

questionar e reformular os elementos que fazem parte do PPP, (Projeto Politico Pedagógico),

procurando desta maneira elementos que tragam soluções para problemas do cotidiano

escolar. ANTUNES também nos coloca que:

A atitude investigativa, como principio fundamental na formação inicial de professores, justifica-se no momento em que cria as condições necessárias para instaurar trajetórias formativas que irão estimular o professos a buscar a continuidade desse processo, mesmo após estar atuando como docente(ANTUNES, 2011, p.12).

O PIBIB pode ser considerado um dos melhores programas aplicados na graduação,

pois possibilita a pesquisa para que o futuro educador aprimore seus estudos dentro da

universidade, assim, a Capes organizou este programa para o incentivo à carreira docente, no

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sentido de desenvolver aprendizagem, ensinamentos, habilidades e competência na formação.

Como nos diz Tardif (2002, p. 16), "Os saberes de um professor são uma realidade social

materializada através de uma formação, de programas, de práticas coletivas, de disciplinas

escolares, de uma pedagogia institucionalizada".

A formação de professores vem ao encontro da necessidade de uma especialização,

pois os mesmos sentem insegurança em sua área de atuação, os educadores devem ter um

amplo domínio de conteúdos e teorias para atender a demanda das instituições de ensino

assim irão fazer a diferença começando desde cedo na universidade sendo pesquisador.

[...] na construção da identidade do docente busca-se reelaborar os saberes inicialmente tomados como verdades, em confronto com as descrições das práticas cotidianas, que se tornam auxiliares nesse processo e em relação à teoria didática. (PIMENTA, 2010, p.113).

Acreditamos que seja indispensável que o professor durante a sua formação

permanente não deixe de ser um pesquisador e indagador, sabendo utilizar seus saberes e

competências promovendo uma aprendizagem mais real e significativa, para com seus alunos.

O fundamental é que as professoras possam ter acesso às diferentes linguagens que estão

postas na sociedade em que seus educandos vivem, tornando suas aulas acessíveis a seus

alunos. Porém ainda encontramos dificuldades na formação dos educadores, pois não é

trabalhado com a prática apenas com conteúdos, desta maneira quando os alunos da

graduação vão para a sala de aula acabam muitas vezes desistindo, pois não conheciam a

realidade.

O professor é desafiado a ressignificar seu papel sempre inovando, buscando novas

formas de pensar, agir, fazer e avaliar; o educador não deve ter medo das tecnologias, pois

jamais serão substituídos, pois as mesmas só irão enriquecer dinamizar e ajudarão na

compreensão de conteúdos tornando o processo de ensino- aprendizagem mais eficaz. A

prática docente necessita de um planejamento coerente, crítico e responsável, pois dele resulta

a eficácia e qualidade da educação.

Os professores podem buscar, então, por soluções para que possam melhorar as suas

práticas educativas, fazendo de seu trabalho um espaço onde acontece a transformação,

buscando desta forma, alternativas para não apenas reproduzir, mas sim criar métodos para

que estes se tornem críticos. Para que as escolas alcancem melhores resultados estas precisam

de um corpo docente que estimule os alunos, para que estes se tornem críticos e reflexivos

acerca de seus aprendizados.

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A formação de professores não é apenas um processo linear de acumulação de

conhecimentos, com afirma Nóvoa (1992), esta é como um processo de reflexão que o

professor faz em relação a sua própria ação e sobre a reconstrução permanente dos processos

identitários.

É importante que o professor tenha espaços de formação continuada, na escola, que

lhe permitam questionar e reformular constantemente os elementos que fazem parte do

Projeto Politico Pedagógico da escola e também buscar construir respostas e soluções para os

problemas que afetam o seu cotidiano escolar.

[...] considerar que os docentes não partem do zero, pois possuem uma formação e uma experiência durante a qual adquirem crenças, teorias pedagógicas e esquemas de trabalho; - conceituar a prática da formação a partir das experiências concretas e a sua análise, reflexão e critica; considerar a formação a partir da comparação e do questionamento da própria prática e em relação a outros colegas. Isso exige, na formação, um componente de coordenação e colaboração. (HERNÁNDES, 1998, apud, ANTUNES, 2011, p. 11).

O PIBIB (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) pode ser

considerado o melhor programa na graduação, possibilita a pesquisa para que o futuro

educador possa aprimorar seu estudo dentro da universidade, assim, a Capes organizou este

programa para o incentivo à carreira docente, no sentido de desenvolver aprendizagem,

ensinamentos, habilidades e competência na formação fazendo desta maneira um elo entre a

teoria e a prática.

O professor pesquisador é mediador entre o pensar e o fazer, este processo assume

uma característica vital, para a caminhada permanente, pressupondo ousadia, determinação e

coragem para questionar, refletir, analisar e saber pensar e aprender. Somos reflexão de

nossas ações, portanto o bom trabalho é realizado através da dedicação e da mudança em

serem pessoas que possam pensar antes de agir e é com os erros que permite refletir sobre os

acertos. Basta ter força de vontade em melhorar, se aperfeiçoar para poder fazer a diferença.

É importante que os profissionais da educação levem a sério o seus trabalhos, pois é

este trabalho com comprometimento e dedicação que farão a diferença na vida de seus alunos,

pois quando o aluno percebe que o professor gosta do que faz e faz com amor, este se dedica

mais e desta forma acontece maior aprendizado tanto do aluno quanto do professor, que se

sente motivado por ver que seu aluno esta aprendendo, acontece então uma troca de saberes.

O professor que se propõe a fazer mudanças, a reavaliar e a elaborar de uma forma

diferenciada a sua prática, consegue inovar e modificar os conhecimentos, isto acontece

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através de uma prática reflexiva consciente e responsável. E quando for transmitir

conhecimento ao seu aluno, não será de forma tediosa, mas sim de forma dinâmica e

envolvente transformando a sua prática em uma busca incessante por conhecimento.

Percebe-se então a importância do PIBID, para a nossa atuação futura enquanto

profissionais da educação, pois é através deste que aprendemos como sermos educadores que

fazem a diferença em sala de aula, e que pensam em fazer o melhor para os seus alunos.

As atividades desenvolvidas no programa objetiva a valorização do magistério,

estimulando a formação continuada dos professores da educação básica e do ensino médio,

cursos normais; aperfeiçoando a qualidade das ações acadêmicas voltadas à formação inicial

dos professores nos cursos de licenciatura.

Tendo como aliada a experiência do aluno, o educador não deve temer a construção

do conteúdo a partir da vida dos educandos, pois essa maneira aliada com outras ferramentas

enriquece e facilita a compreensão dos conteúdos, dinamizando o processo de ensino-

aprendizagem. O professor através do conhecimento científico deve levar o aluno a pensar,

refletir, levantar hipóteses havendo assim uma troca de experiências entre mestre e aluno.

Ressignificando saberes em prol da educação, tendo o professor como mediador da prática

educativa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para concluirmos o nosso trabalho acreditamos que os professores possuem grandes

desafios a serem enfrentados e o que se faz necessário em sua profissão é a formação

continuada, a qual oportunizará a estes profissionais o desenvolvimento do seu trabalho com

qualidade e saberes, pois o professor que é desafiado a ressignificar seu papel sempre

inovando, buscando novas formas de pensar, agir, fazer e avaliar. Desta maneira faz com que

o professor entenda que sua profissão exige a qualificação a valorização e a busca pelo

desenvolvimento de novos saberes que irão nortear a sua prática educativa.

Podemos compreender a importância da pesquisa na carreira profissional, e o PIBID

sendo um programa que ajuda a desfrutar o saber da teoria e da prática, faz a diferença

enquanto estudantes e futuros profissionais, proporcionando a leitura, o trabalho em grupo e a

realidade vivenciada na escola.

É com ajuda do programa que mais tarde formaremos professores mais

comprometidos com sua práxis, pensando em uma prática docente reflexiva tendo-a como

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ponto de partida para construção de seus saberes. Prática esta muito pesquisada por vários

estudiosos dessa área que é entendida como uma fonte de conhecimentos e lócus de produção

de saberes. Dessa forma a experiencia ganha uma grande importancia, enquanto parte do

saber-fazer, inerente dessa profissão.

Assim um professor reflexivo utiliza-se de pensamentos conscientes de sua prática,

dessa forma caracterizamos um ser humano criativo, capaz de construir ou reconstruir sua

própria prática.

Entendemos que o ato de refletir a prática e o processo de formação docente é muito

importante, já que há razões básicas para a construção de conhecimento e transformação do

contexto escolar. Vimos também a importância do professor conhecer a realidade de seus

alunos, para assim partir da realidade dos mesmos.

O programa está propondo aos acadêmicos o primeiro contato com o ambiente

escolar, oferecendo a oportunidade de vivenciar diferentes experiências na pratica e

novamente na teoria de diversos autores, pois temos muita pesquisa para melhorar nosso

conhecimento teórico e nossa capacitação de futuros pedagogos.

Percebemos que o PIBID é de grande relevância para a inserção dos acadêmicos de

licenciatura em sala de aula e na escola antes mesmo do inicio das atividades praticas da

graduação, possibilitando a compreensão da realidade que está inserida na escola que vai

trabalhar, bem como para a sua atuação futura como um profissional de educação. É também

um dos caminhos para o ensino emancipatório e promotor da cidadania.

Quando pensamos em educação precisamos pensar na formação docente e numa boa

prática pedagógica. No entanto se faz necessário entender a formação do professor no

desenvolvimento dos seus saberes docentes, no que implica qualificação, valorização

profissional e políticas adequadas, considerando a forma de trabalho de cada professor.

O modo de formação dos professores é visto como o principal responsável pelos

problemas que a educação vem enfrentando. Mesmo que muitos avanços tenham ocorrido

nesse campo à formação ainda nos deixa muito a desejar, ainda é muito difícil por em prática

a teoria e modelos inovadores.

É dessa forma que muitas escolas se fecham a um único modelo de educação,

utilizando-se apenas de suas experiências e de seus próprios contextos, o que dessa forma não

destaca a escola real. E outras ainda que se valem apenas de empirismos tradicional, dessa

forma ambas as escolas são criticáveis.

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Embora o pensar reflexivo venha se tornando uma exigência para fazê-lo docente,

bem mais que um simples atributo, não escapa das tensões e dilemas vivenciados pelos

professores. Devemos acreditar que é possível construir um caminho através de um trabalho

árduo de desconstrução e reconstrução dos protagonistas desse processo.

É através do processo de reflexão contínuo e permanente do professor que podemos

avaliar o seu próprio trabalho desenvolvido em sala de aula, percebendo assim como a prática

pedagógica age em sua formação e na vida de seus alunos.

Dessa forma essa reflexão irá contribuir para o rendimento do seu fazer pedagógico

buscando um aperfeiçoamento da sua ação docente. Essa ação-reflexão-ação é o que o PIBID

nos proporciona, fazendo com que possamos perceber se o nosso trabalho desenvolvido

dentro e fora de sala de aula está atingindo ás expectativas e interesses dos nossos alunos, em

geral, a formação do futuro professor.

Assim nós, enquanto graduandas e bolsista do programa PIBID, devemos nos

preocupar com a formação dos futuros professores nos comprometendo com a ética cidadã e

com a priori reflexão sobre a competência técnica e compromisso politico-ético-social, tendo-

os como norteadores e orientadores da prática pedagógica.

O programa nos leva a ver que para esse processo de reflexão da prática seja

efetuado com sucesso precisamos ter em mente a confiança no trabalho em conjunto no

pensar e agir reflexivo, no esforço consciente e voluntário, que conduz à ação e à descoberta

de meios para solucionar situações problemas do cotidiano escolar. Possibilitando assim

condições favoráveis para desabrochá-lo dessa forma de pensamento.

Precisamos ter presente que a formação reflexiva precisa ser assumida como uma

atitude, um valor constantemente presente entre pedagógico e político social.

É dessa forma que o programa PIBID vem auxiliar suas bolsistas a trabalhar de

forma crítica e autorreflexiva. Pensando em uma prática voltada à pesquisa e formação

continuada, através de leituras e pensamentos que nos levem a pensar cada dia mais

criticamente as nossa ações enquanto futuras pedagogas preocupadas com o seu fazer

pedagógico.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Elenise Sangoiser. Aluno e ser professora: um olhar para os ciclos de vida pessoal e profissional. Santa Maria ed. da UFSM,2011.

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NONO, Maévi, Anabel. Professores iniciantes: o papel da escola em sua formação. Porto Alegre, mediação, 2011. NÓVOA, Antônio. Organizações escolares em análise. 2. Ed. Lisboa: Dom Quixote, 1992. PACHECO, Luci Mary Dusocaderno tematico PIBID-URI: pedagogia ensino medio Frederico Westphalen, 2013. PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASION, Léa das Graças Camargo. Docência no ensino superior. São Paulo: Cortez, 2010. TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

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POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: CONEXÕES ENTRE SABERES

TEORICOS E PRÁTICOS, EM FOCO O PIBID

Giovanessa Lúcia Poletti, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Silvia Regina Canan, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

RESUMO: O presente texto apresenta alguns aspectos parciais do projeto de pesquisa em desenvolvimento no Mestrado em Educação da URI Câmpus de Frederico Westphalen. O objetivo principal desta pesquisa consiste em: Estudar o PIBID como programa de incentivo à formação de professores, buscando compreender se ele pode ser considerado um indutor de qualidade da formação docente, desenvolvido através da aproximação entre Universidade e Escola, a fim de compreender como ele pode contribuir com a qualidade da formação de professores, no Curso de Pedagogia da URI - FW. A sustentação teórica do artigo fundamenta-se no estudo do estado do conhecimento sobre o Programa, para que desta forma tenhamos um embasamento teórico. O foco está em estudarmos a formação do futuro professor a partir do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID. Palavras chaves: Política Nacional de Formação de Professores. PIBID. Formação Docente.

INICIANDO

As pesquisas voltadas para a educação, bem como as inúmeras discussões, debates e

avanços no seu âmbito, principalmente no que tange às políticas de formação inicial e

continuada de professores, é sempre um tema emblemático no contexto educacional

brasileiro. Podemos salientar que a relevância do estudo deste tema destaca-se face às

constantes modificações no cenário das políticas públicas vividas nos últimos anos.

Nesse sentido, a investigação apresenta-se de forma instigante pelo espaço de

reflexão que proporcionará sobre as Políticas Educacionais de Formação de Professores,

numa perspectiva de busca pela melhor qualidade da formação docente. Neste particular visa

compreender a complexidade do processo que envolve o tema.

O PIBID é uma iniciativa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (Capes) que oferece bolsas aos estudantes de licenciatura visando, dentre outros

aspectos, à valorização do magistério. Um dos objetivos do programa é a elevação da

qualidade das ações acadêmicas voltadas à formação inicial de professores nos cursos de

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licenciatura das instituições públicas e comunitárias de educação superior, assim como a

inserção dos estudantes de licenciatura no cotidiano de escolas da rede pública de educação, o

que promove a integração entre educação superior e educação básica. Outra finalidade é

proporcionar aos futuros professores a participação em experiências metodológicas,

tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar e que busquem a

superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem. A iniciativa,

também, propõe incentivar as escolas públicas de educação básica a tornarem-se protagonistas

nos processos formativos dos estudantes das licenciaturas, mobilizando seus professores

como coformadores dos futuros professores.

2 CONTEXTUALIZANDO O TEMA

Na perspectiva de dar corpo ao tema de Pesquisa, contextualizamos o cenário onde

se origina, bem como, mapeamos as produções na área.

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) teve seu marco

inicial através da Portaria Nº 38 de 12 de dezembro de 2007.

O mesmo constitui-se como uma iniciativa da Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (Capes) que oferece bolsas aos estudantes de licenciatura visando,

dentre outros aspectos, a valorização do magistério. Um dos objetivos do programa é a

elevação da qualidade das ações acadêmicas voltadas à formação inicial de professores nos

cursos de licenciatura das instituições públicas e comunitárias de educação superior, assim

como a inserção dos estudantes de licenciatura no cotidiano de escolas da rede pública de

educação, o que promove a integração entre Educação Superior e Educação Básica.

Outra finalidade da proposta é proporcionar aos futuros professores a participação

em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e

interdisciplinar e que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino-

aprendizagem. A iniciativa, também, propõe incentivar as escolas públicas de educação básica

a tornarem-se protagonistas nos processos formativos dos estudantes das licenciaturas,

mobilizando seus professores como coformadores dos futuros professores.

Assim, o Programa constitui-se numa das alternativas para melhorar a formação

inicial, na área das licenciaturas, considerando as conexões entre os diversos saberes,

principalmente, entre os saberes propiciados pela Universidade e os saberes da experiência

vivenciada em sala de aula, sendo que os bolsistas participantes deste programa entram em

contato com a realidade vivenciada por professores da educação básica. Deste modo, a

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formação acadêmica passa a ser o primeiro passo de uma caminhada que requer um contínuo

processo de construção, exigindo ação, reflexão, dinamismo.

São centenas de alunos dos Cursos de Licenciatura no Brasil que participam do

Programa, sendo estes de diferentes regiões e Universidades. A pesquisa sobreo Programa foi

iniciada pela autora na Iniciação Científica e como uma pesquisa nunca é considerada

concluída este primeiro estudo suscitou algumas inquietações no sentido de investigar se o

PIBID pode ser considerado uma política de incentivo à formação dos futuros professores

tendo em vista uma melhor qualidade da formação docente no Curso de Pedagogia.

Nesta dimensão, a proposta é relatar o mapeamento realizado para o Programa de

Pós-Graduação em Educação da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões – URI, na linha de pesquisa Políticas Públicas e Gestão da Educação, que tem como

tema Políticas de Formação Docente: o PIBID como indutor de qualidade. O objetivo

consistiu em identificar as dissertações e teses sobre o tema, com o intuito de compor um

estado do conhecimento entre os anos de 2004 a 2013, perfazendo um total de 10 anos. O

período adotado deve-se ao fato de que a proposta para dissertação é de um tema recente,

porém o estudo referente à formação inicial de futuros professores vem sendo debatido há um

longo período.

Para o levantamento de dados para a pesquisa, foi utilizado um único site, o IBICT,

tendo em vista que as informações contidas também nos outros sites de publicações das teses

e dissertações, no Brasil, muitas vezes se repetem.

O objetivo da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) é de

integrar, em um único portal, os sistemas de informação de teses e dissertações existentes no

país e disponibilizar para os usuários um catálogo nacional de teses e dissertações em texto

integral, possibilitando uma forma única de busca e acesso a esses documentos. (Portal

IBICT, 2014).

3 COLETA DE DADOS: DISSERTAÇÕES E TESES

Os estudos do Estado do Conhecimento basearam-se na Biblioteca Digital Brasileira

de Teses e Dissertações, junto à IBICT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e

Tecnologia, http://bdtd.ibict.br/, com acesso nos meses de março e abril de 2014.

Sendo que logo após a escolha do banco de dados, foram selecionados alguns

descritores ou PALAVRAS-CHAVEs relacionados ao tema da pesquisa.

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De acordo com a tabela a seguir, foram utilizados 06 descritores no decorrer da

pesquisa. As buscas tiveram como filtro o país Brasil, idioma português e o período 2004-

2013. Cabe ressaltar que as publicações estão relacionadas a qualquer área do estudo, não

especificas ao tema estudado.

TABELA 1: DISSERTAÇÕES E TESES POR DESCRITORES (2004-2013).

Descritor Dissertação Tese Total %

PIBID 4 0 4 2.76

Políticas Educacionais 21 4 25 17.25

Política de Valorização docente 0 0 0 0

Política de Valorização 1 1 2 1.37

Formação Inicial de Professores 24 9 33 22.75

Formação Inicial 58 23 81 55.87

Total 108 37 145 100

Fonte: elaborado pela autora.

Como podemos observar, o descritor “Formação Inicial” foi o que mais apresentou

dissertações e teses, sendo um total de 81 produções, ou seja, 55.87%. Logo em seguida, com

22.75%, 33 produções, o descritor ”Formação Inicial de Professores”. Já o descritor “Política

de valorização docente” não apresentou nenhuma produção cientifica encontrada, nesta

pesquisa, neste período.

3.1 Análise dos Dados Coletados

A partir do levantamento realizado no banco de dados da IBICT, com os descritores

escolhidos, conforme apresenta o Gráfico 1, obtivemos um total de 145 produções científicas,

entre dissertações e teses. Sendo que destas 108 são dissertações o que correspondente a

74.48%, já 37 correspondem à produção científica de teses o que equivale a 25.52%.

GRÁFICO 01: PORCENTAGEM DE DISSERTAÇÕES E TESES (2004-2013)

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Fonte: elaborado pela autora.

Para termos um conhecimento da distribuição geográfica da produção a tabela 2 nos

mostra a distribuição das 145 produções científicas nas 5 regiões do nosso país. Destacamos

que as regiões Sul e Sudeste possuem a maior concentração de dissertações e teses, com a

mesma porcentagem, contabilizando um total de 35.17%, o que corresponde a uma soma de

102 produções, entre dissertações e teses. Esses dados, revelam que nestas regiões estão

localizadas as cidades mais populosas e algumas das mais conceituadas universidades do país,

bem como, os Programas de Pós-Graduação mais consolidados. Para tanto, demandam uma

maior qualificação dos profissionais da educação, fazendo com que os mesmos ingressem em

cursos de mestrado e doutorado.

A região Nordeste vem logo depois, com o segundo maior índice, 14.48%, ou seja,

21 dissertações e teses. Logo após a região Centro Oeste com 11.72%, seguida pela região

Norte 3.46%. A região Norte apesar de ser a mais ampla do país contabilizou um pequeno

número de produções científicas, talvez pelo fato de que os Programas de Pós-Graduação em

maior número que o restante do país, conforme tabela abaixo:

TABELA 02: PRODUÇÕES CIENTÍFICAS POR REGIÃO (2004-2013)

Região Dissertação/Tese %

Sul 51 35.17

Sudeste 51 35.17

Nordeste 21 14.48

Centro-Oeste 17 11.72

Dissertações Teses0

20

40

60

80

100

120

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Norte 5 3.46

Total 145 100

Fonte: elaborado pela autora.

Através da pesquisa e analise de dissertações e teses, pudemos concluir que há um

reduzido número de trabalhos especificados sobre o Pibid, pois o mesmo é considerado ainda

novo, o que o valida a investigação do tema. No entanto ressalta-se que apesar o Programa ser

novo, oferece elementos para o desenvolvimento de pesquisas.

4 O PIBID: DO PRINCÍPIO À ATUALIDADE

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –CAPES, foi

criada em 1951, momento em que o principal objetivo era de garantir profissionais

qualificados e em número suficiente para atender as demandas de empreendimentos que

garantiam o desenvolvimento do país. Em meados de 1981 assume a responsabilidade de

elaborar o Plano Nacional de Pós – Graduação Strictu Sensu.

A CAPES exerce uma ação fundamental na extensão e concretização da pós-

graduação, desta forma assumiu no ano de 2007 a coordenação de programas de formação de

professores. Em uma de suas linhas de ação, está especificado a “indução e fomento da

formação inicial e continuada de professores para a educação básica nos formatos presencial e

à distância”. (CAPES1,2013,s/p).

O PIBID, apresentado como tema principal desta pesquisa, foi criado através da

Portaria Normativa nº 38 de 12 de dezembro de 2007, por intermédio da Secretaria de

Educação Superior – Sesu, CAPES e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação –

FNDE. Tendo como finalidade principal de fomentar a iniciação à docência contribuindo para

melhoria na qualidade da Educação Básica bem como para a valorização do magistério.

Destacamos aqui os documentos que norteiam o Programa ora apresentado:

• Foi criado pela Portaria Normativa Nº 38 de 12 de dezembro de 2007, por

intermédio da Secretaria de Educação Superior – Sesu, CAPES e Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação – FNDE.

• Portaria Nº 72 de abril de 2010, que dá nova redação a Portaria que dispõe o

Pibid no âmbito da CAPES.

1Informações obtidas no site da CAPES

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• Decreto Nº 7.219 de 24 de abril de 2010, que dispõe sobre o Programa

Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID e dá outras providências.

Lei 12.796, 04/04/2013: Art. 62: § 5º A União, o Distrito Federal, os Estados e

os Municípios incentivarão a formação de profissionais do magistério para atuar na educação

básica pública mediante Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência a estudantes

matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena, nas instituições de educação

superior.

A CAPES destaca ainda que o programa “mantém um eixo que é a formação de

qualidade em um processo intencional, articulado e capaz de retroalimentar, gerando um

movimento progressivo de aperfeiçoamento de formação docente.” (CAPES,2013, s/p).

O PIBID caracteriza-se como Política de incentivo à docência para professores da

Educação Básica e tem como um de seus objetivos melhorar a qualidade da formação inicial e

promover a integração entre Universidade e escola. Ao inserir os licenciandos nas escolas, o

programa pretende proporcionar-lhes práticas docentes com características inovadoras e

interdisciplinares que apontem para a superação de problemas no processo de ensino-

aprendizagem. Para além das práticas docentes, o Programa prevê também uma participação

nos planejamentos e nas reuniões pedagógicas. Destaca ainda em seus objetivos que os

professores são vistos como coformadores dos estudantes de licenciaturas, tornando-os

protagonistas no processo de formação inicial. (CAPES,2013).

Perante os objetivos propostos pela pesquisa e pelo PIBID, percebemos que os

benefícios não se restringem apenas aos participantes do programa, pois as escolas parceiras,

também saem ganhando, uma vez que são priorizadas aquelas com baixo índice de

desenvolvimento da educação básica e que, além de alcançar resultados positivos com os

projetos, atuam como protagonistas no processo de formação dos estudantes das licenciaturas.

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência pode ser considerado

uma aproximação da teoria mantida pelos cursos com a prática futura em sala de aula, na rede

pública de ensino. Desta forma, os alunos anteciparão sua prática tendo diversas experiências

metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar, com a

supervisão de outros professores, que já atuam no local em que o trabalho está sendo

desenvolvido. CUNHA ressalta que:

Nesse caso a prática se torna a base da reconstrução teórica, dando sentido ao estudo e aprofundamento de seus pressupostos. A teoria, também, se distancia das meta narrativas generalistas e inquestionáveis. Antes, se constitui em construtos que podem orientar a compreensão da prática, num processo intermediado por

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interpretações subjetivas e culturais, que ressignifiquem a teoria para contextos específicos. (CUNHA, 2011 p.100-101).

Desta forma, a relação dos docentes com os saberes que ensinam, faz-se importante

para sua atividade profissional, bem como para a construção de sua identidade enquanto

professores. Assim, a Política Nacional de Formação Docente vem para que ocorra essa

relação indispensável, entre teoria e prática, entre os saberes acadêmicos e os saberes

experienciais, durante a formação inicial, fazendo com que os alunos participantes do

Programa verifiquem a complexidade do trabalho docente e sua importância para a construção

de futuros cidadãos.

De acordo com Libâneo (2008) a educação de qualidade é uma das questões mais

discutidas na área das Políticas Educacionais. Para que a escola realmente cumpra sua função

social e os mecanismos de gestão, desenvolvimento e garantia da educação sejam efetivos,

devemos pensar no que Libâneo (2008) diz:

Primeiramente, é necessário admitir que há, de fato uma inter-relação entre as políticas educacionais, a organização e a gestão das escolas, as práticas pedagógicas na sala de aula e o comportamento das pessoas. As políticas educacionais e diretrizes organizacionais e curriculares são portadores de intencionalidades, ideias, valores atitudes, práticas, que influenciam as escolas e seus profissionais na configuração das práticas formativas determinando um tipo de sujeito a ser educado. (LIBANEO, 2008, p. 14).

Nesse sentido é preciso entender claramente quais os valores e intenções das

políticas que determinam as políticas educacionais. Ou seja, a força dos planos e programas

só acontecerá quando o todo for entendido. Todo programa tem, em sua essência, um foco

que o orienta e serve de base para a sua implementação. Isso acontece também com as

políticas educacionais.

Em outras palavras, uma política educacional é um conjunto de decisões tomadas

antecipadamente, para indicar as expectativas e orientações da sociedade em relação escola.

Uma política educacional visa assegurar a adequação entre as necessidades sociais de

Educação e os serviços prestados pelos sistemas educacionais por meio de três eixos

principais:

1. Estabelecimento de regras e mecanismos de controle aos quais o sistema educacional deve se submeter; 2. Incentivo de inovações educacionais pertinentes; 3. Garantia da gestão administrativa e financeira do sistema. (AKKARI, 2011, p.12).

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Como define Akkari (2011), as políticas educacionais visam uma segurança entre as

necessidades da sociedade em que as escolas estão e o que é oferecido pelo governo. Sabemos

que as necessidades não são iguais, porém giram em torno da qualidade educacional oferecida

nas escolas, a valorização e formação docente.

Podemos salientar que as políticas educacionais vêm crescendo no âmbito da

formação docente, no momento em que as mesmas contribuem para a educação de qualidade.

Muitas vezes, os acadêmicos não entendem a relação de entre ambas e tão pouco

como juntas podem fornecer elementos para a profissão professor. Para tanto, se esse

exercício for praticado desde a graduação, o acadêmico formado saberá usufruir melhor a

teoria que teve na Universidade, para construir novas práticas e os professores que já atuam

em sala de aula sentir-se-ão mais motivados em buscar algo novo, em querer aprender mais,

em aprofundar a teoria. O artigo 2º do Decreto Nº 7.219, de junho de 2010, determina quem

pode participar do programa:

Art. 2º Para fins deste Decreto, considera-se: I- bolsista estudante de licenciatura: o aluno regularmente matriculado em curso de licenciatura que integra o projeto institucional da instituição de educação superior, com dedicação de carga horária mínima de trinta horas mensais ao PIBID; II- coordenador institucional: o professor de instituição de educação superior responsável perante a CAPES por garantir e acompanhar o planejamento, a organização e a execução das atividades de iniciação à docência previstas no projeto de sua instituição, zelando por sua unidade e qualidade; III- coordenador de área: o professor da instituição de educação superior responsável pelas seguintes atividades: a)planejamento, organização e execução das atividades de iniciação à docência em sua área de atuação acadêmica; b) acompanhamento, orientação e avaliação dos bolsistas estudantes de licenciatura; e c) articulação e diálogo com as escolas públicas nas quais os bolsistas exerçam suas atividades; IV- professor supervisor: o docente da escola de educação básica das redes públicas de ensino que integra o projeto institucional, responsável por acompanhar e supervisionar as atividades dos bolsistas de iniciação à docência; e V - projeto institucional: projeto a ser submetido à CAPES pela instituição de educação superior interessada em participar do PIBID, que contenha, no mínimo, os objetivos e metas a serem alcançados, as estratégias de desenvolvimento, os referenciais para seleção de participantes, acompanhamento e avaliação das atividades.(DECRETO N° 7.219, 2010)

Destaca-se a estrutura do Programa, uma vez que, os participantes têm funções

específicas que, se bem desenvolvidas por cada parte, garantirão o cumprimento dos

objetivos. Os alunos das licenciaturas que fazem parte têm uma grande responsabilidade

perante a escola em que desenvolvem o PIBID, mas tudo isto é organizado e articulado,

juntamente com o coordenador institucional e o coordenador de área de trabalho, que

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auxiliam nos planejamentos, nas discussões, na aproximação da escola com os bolsistas e vice

e versa.

Dentre as responsabilidades dos alunos bolsistas, estão as relativas ao

desenvolvimento das seguintes atividades: conhecimento da escola campo, conhecimento dos

professores, estudos dos documentos da escola, estudos coletivos, observações das turmas em

que aplicarão as oficinas, intervenção nas disciplinas pedagógicas, orientação na escola

campo, planejamento e avaliação na URI.

Podemos destacar que no desenvolvimento destas atividades, o Programa é, também,

de suma relevância para a escola Pública que aceita o desenvolvimento das atividades, pois os

mesmos acabam por se tornar protagonistas na formação dos alunos de licenciatura, além de

os professores sentirem-se mais incentivados na sua formação continuada. O Decreto Nº

7.219, de junho de 2010, apresenta em seu art. 3º os objetivos dessa política:

Art. 3º São objetivos do PIBID: I- incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação básica; II - contribuir para a valorização do magistério; III-elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e educação básica; IV- inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem; V-incentivar escolas públicas de educação básica, mobilizando seus professores como co-formadores dos futuros docentes e tornando-as protagonistas nos processos de formação inicial para o magistério; VI-contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura. (DECRETO N° 7.219, 2010).

É possível perceber que os objetivos do PIBID vêm somar com os propósitos dos

cursos de licenciatura das Universidades. Uma vez que, além de incentivar para o exercício da

profissão de professor, aproximando os alunos da realidade escolar, oportunizam que os

professores supervisores das Escolas Públicas possam ser agentes ativos na formação dos

futuros educadores, havendo, assim, uma produtiva troca de experiências entre quem está na

prática cotidiana da escola e quem ainda não consegue estabelecer, mais profundamente, esta

relação pela supremacia da teoria nos bancos universitários.

O Programa, também, auxilia o acadêmico participante, financeiramente, com um

valor mensal que possa ser utilizado no desenvolvimento dos estudos. Tendo, desta forma,

mais um incentivo para experienciar mais cedo a profissão professor. Como destaca o autor:

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É necessário estabelecer uma formação inicial que proporcione um conhecimento válido e que gere uma atitude interativa e dialética que conduza a valorizar a necessidade de uma atualização permanente em função das mudanças que se produzem; a criar estratégias e métodos de intervenção, cooperação, análise, reflexão; a construir um estilo rigoroso e investigativo. (IMBERNÓN, 2011, p.69).

E o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência vem ao encontro da

fala do autor que destaca a importância de se ter uma formação inicial adequada, baseada e

refletida na teoria tida na Universidade, e a vivência na escola da futura atuação, formando,

deste modo, profissionais críticos e reflexivos. TARDIF (2008, p.69), contribui com esse

entendimento:

Tudo leva crer que aos saberes adquiridos durante a trajetória pré-profissional, isto é, quando da socialização escolar, tem um peso importante na compreensão da natureza dos saberes, do saber-fazer e do saber-ser que serão mobilizados e utilizados em seguida quando da socialização profissional e no próprio exercício do magistério.

O que TARDIF (2008), nos coloca entra em consenso com a fala de CUNHA(2011,

p.101) que propõe “[...] fazer perguntas, estimular perplexidades e incorporar a dúvida como

valor.” Este exige dos educandos uma grande articulação entre teoria e prática, sendo estes os

eixos principais para a considerada boa formação.

Um currículo acadêmico ainda requer a troca de conhecimentos, “[...] uma ação de

parceria, onde todos ensinamentos dos que aprendem.” CUNHA, (2011, p.101)

No entanto, ressalta-se a importância do referido trabalho, uma vez que o mesmo

vem a somar com o currículo das licenciaturas.

4.1 O Pibid na URI

A URI - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, inserida

como Universidade Comunitária, sempre atenta aos programas voltados para a educação, no

ano de 2010, quando as Universidades Comunitárias foram incluídas no Programa aderiu ao

mesmo. No Câmpus de Frederico Westphalen com os Cursos de Ciências Biológicas, Letras,

Matemática e Pedagogia – Ensino Médio, totalizando 25 bolsistas.

Através do informativo Nº 01/2014, expedido pela Pró-Reitoria de Ensino da

Universidade, apresentamos os números do programa no ano de 2014, nos Campi de:

Frederico Westphalen, Erechim, Santiago e Santo Ângelo conforme dados abaixo:

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Câmpus de Frederico Westphalen:

Curso de Ciências Biológicas: 12

Curso de Educação Física: 14

Curso de Letras: 31

Curso de Matemática: 15

Curso de Pedagogia: 22

TOTAL: 94

Câmpus de Erechim:

Curso de Ciências Biológicas: 12

Curso de Educação Física: 12

Curso de Letras: 18

Curso de Matemática: 6

Curso de Pedagogia: 24

TOTAL: 72

Câmpus de Santo Ângelo:

Curso de Ciências Biológicas: 12

Curso de Educação Física: 15

Curso de Matemática: 22

Curso de Pedagogia: 22

TOTAL: 71

Câmpus de Santiago:

Curso de Ciências Biológicas: 12

Curso de Educação Física: 12

Curso de Letras: 5

Curso de Pedagogia: 21

TOTAL: 50

Destacamos abaixo os documentos que norteiam o Programa Institucional de Bolsas

de Iniciação Docente na URI:

- RESOLUÇÃO Nº 1473/CUN/2010, que em seu Art. 1º estipula:

Aprovar o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID/URI, inserido na CAPES, com parcerias SEC/RS, Coordenadorias Regionais de Educação, escolas-campo, para um período de 24 meses (agosto 2010 a julho/2012), podendo tornar-se permanente, com 126 bolsas – 100 para acadêmicos, 20 para professores supervisores, 5 para coordenadores de áreas e uma para o coordenador institucional.

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Para as autoras BOERI e CONFORTIN (2012, p. 7) no primeiro livro “O Pibid na

URI”, volume I, escrito para relatar as atividades do Programa afirmam:

A inserção dos acadêmicos dessas licenciaturas nas escolas públicas, para realizar práticas pedagógicas singulares, articuladas a processos interdisciplinares, envolvendo observação, pesquisa e resolução de situação-problema, pode-se afirmar, está transformando os conhecimentos teóricos da prática acadêmica e reorganizando-os em estratégias que passaram a considerar diversos saberes, fundamentais para o cotidiano escolar.

Corroboramos com a citação realizada pelas autoras, uma vez que entende-se o Pibid

como uma política pública, articulada aos princípios da URI.

No ano de 2014 tem-se a aprovação da RESOLUÇÃO Nº 2022/CUN/2014, que

altera a Resolução nº 1473/CUN/2010 que dispõe sobre Programa Institucional de Iniciação à

Docência - PIBID/URI. Consta em seus Artigos 1º e 2º:

Art. 1º - Aprovar a Alteração da Resolução nº 1473/CUN/2010, que dispõe sobre o Programa Institucional de Iniciação à Docência - PIBID- URI, inserido na CAPES, adequando-o ao Edital/CAPES 061/2013 e Portaria/CAPES 96/13, de 18 de julho de 2013, que aprovou um período de 48 meses (março de 2014 a fevereiro de 2018), podendo ser prorrogado uma única vez por até 48 meses, a critério da Capes. O programa conta com 400 bolsas: 324 bolsas de Iniciação à Docência, 50 bolsas de Supervisores, 24 bolsas de Coordenação de Área, 1 bolsa de Coordenação de Gestão e 1 bolsa para Coordenação Institucional. Art. 2º - No âmbito da URI, o PIBID encontra-se vinculado à Pró-Reitoria de Ensino - PROEn, de acordo com as orientações da CAPES. É responsável pela Coordenação Institucional do PIBID/URI a professora Mr. Anelise Brod - Portaria nº 1800/2014 e, pela Coordenação de Gestão, a professora Mr. Márcia dos Santos Caron - Portaria nº 1800/2014, ambas com regime de tempo parcial na Pró-Reitoria de Ensino.

Outro documento que norteia Programa na Universidade é a RESOLUÇÃO Nº

2029/CUN/2014 que dispõe sobre o regimento do Programa Institucional de Bolas de

Iniciação à Docência - PIBID/URI, que apresenta: as características do Programa na IES, a

vinculação institucional do programa, dos processos de seleção das escolas, do

acompanhamento das escolas, da composição das equipes Pibid e gestora do Programa na IES,

as competências dos membros da comissão de acompanhamento do Pibid, dos instrumentos

de acompanhamento dos egressos do Pibid, dos indicadores de avaliação ou referenciais de

qualidade do programa para a formação de professores, da sistemática de avaliação de todos

os membros do Pibid, dos instrumentos de registro das atividades do programa, da forma de

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gestão e utilização dos recursos de custeio e capital do Pibid-URI, dos motivos de

desligamento dos membros do Pibid.

TENTANDO CONCLUIR

Ainda não é possível mensurar quais os impactos que essa nova política poderá ter

sobre a formação docente, a valorização profissional e sobre a qualidade do ensino. No

entanto, já é possível que olhemos para algumas ações e avaliemos seus resultados no intuito

de compreendermos em que medida a tão sonhada política de formação de professores se

efetivará e contribuirá com os avanços que o país tanto precisa no que se refere à educação e à

formação docente de qualidade.

O exercício da docência busca uma forma de reflexão, a fim de que o professor possa

sempre aprimorá-la, tendo como objetivo principal o aluno e sua formação. Levando-se em

conta a realidade em que atua de modo a adequar suas práticas e seus saberes conforme o

contexto em que está inserido.

Assim, o Programa Institucional de Iniciação à Docência - PIBID auxilia os

acadêmicos a entrarem em contato com a realidade escolar brasileira, antes de ter o título de

docente. Essa primeira experiência propiciada pelo PIBID, mostra aos acadêmicos o quão

complexa e desafiadora é a profissão docente. Além do mais, os bolsistas do Programa levam

até as escolas públicas de educação básica, a transformação do processo de ensino-

aprendizagem através de novas metodologias.

A partir dos dados apresentados é possível, ainda, afirmar que o PIBID, enquanto

política educacional promove a aproximação das licenciaturas com as escolas públicas,

aprimorando o relacionamento entre elas e aproximando, ainda mais, a Universidade e a

escola.

REFERÊNCIAS AKKARI, Abdeljalil. Internacionalização das políticas educacionais: transformações e desafios. Petrópolis: Vozes, 2011. BRASIL, Presidência da República, DECRETO Nº 6.755, DE 29 DE JANEIRO DE 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/Decreto/D6755.htm. Acessado em: 23 de dezembro de 2014.

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BRASIL, Presidência da República, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acessado em: 23 de dezembro de 2014. BRASIL, Presidência da República, Plano Nacional de Educação 2014-2024. Disponível em: http://fne.mec.gov.br/images/doc/LeiPNE.pdf . Acessado em: 20 de dezembro de 2014. BRASIL, Presidência da República, DECRETO Nº 7.219, DE 24 DE JUNHO DE 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7219.htm . Acessado em: 23 de novembro de 2014. BRASIL, Presidência da República, LEI Nº 12.796, DE 4 DE ABRIL DE 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12796.htm. Acessado em: 10 de junho de 2014. BRASIL, Presidência da República, Parecer 09/2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/009.pdf . Acessado em: 10 de junho de 2014. CANAN, Silvia Regina. Diretrizes nacionais para a formação de professores da educação básica: Tensões e limites entre o específico e o pedagógico na formação docente. Tese de Doutorado. UNISINOS, São Leopoldo, Brasil, 2009. CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, Disponível em: http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid Acesso em: 15 de agosto de 2011. CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Edital MEC/CAPES/FNDE Nº01/2007, Disponível em: http://www.capes.gov.br/images/stories/download/editais/Edital_PIBID.pdf. Acesso em: 15 de agosto de 2014. CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento e Pessoal de Nível Superior. Portaria Nº 72 de 09 de abril de 2010. Disponível em: https://www.capes.gov.br/images/stories/download/diversos/Portaria72_Pibid.pdf Acesso em: 15 de agosto de 2014. CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. EDITAL Nº 018/2010/CAPES – PIBID Municipais e Comunitárias. Disponível em: http://www.capes.gov.br/images/stories/download/bolsas/Edital18_PIBID2010.pdf Acesso em: 15 de agosto de 2014. CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Portaria Nº38 de 12 de dezembro de 2007. Disponível em: https://www.capes.gov.br/images/stories/download/legislacao/Portaria_Normativa_38_PIBID.pdf Acesso em: 15 de novembro de 2014. CONFORTIN, Helena. BOEIRA, Cleusa Salete Soares.(Orgs.) O PIBID na URI. Frederico Westphalen: ED. URI, 2012.

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CUNHA, Maria Isabel da. Formação de Professores em tempos complexos: perspectivas conceituais e processos em tensão. JORNADAS TRANSANDINAS DE APRENDIZAGEM (13:2010: Frederico Westphalen). Ensinar e aprender num mundo complexo e intercultural: acta/ Organização (de) Edite Maria Sudbrack, Luci Mary Duso Pacheco. Frederico Westphalen: URI/FW, 2011. IBICIT. Dissertações e teses. Disponível no site: http://bdtd.ibicit.br. Acessado em Janeiro e Fevereiro de 2014. LIBÂNEO. José Carlos. Pedagogia e Pedagogos Para Quê? São Paulo: Editora Cortez, 2008.

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PARFOR NA URI - CÂMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN: O PROFESSOR-

ACADÊMICO EM FORMAÇÃO

Jaqueline Freu, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus

de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Juliane Cláudia Piovesan, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

RESUMO: O artigo, Parfor na URI – Câmpus de Frederico Westphalen: o professor-acadêmico em formação, objetiva analisar as implicações do Parfor nos professores/acadêmicos dos Cursos de Letras, Matemática e Pedagogia, na relação teoria e prática, na formação dos sujeitos e nos desafios da realidade profissional. A pesquisa é qualitativa, bibliográfica e descritiva. Nesse sentido, para compor a revisão teórica, utilizou-se a teoria freireana e os escritos de Tardif, Arroyo, Cunha, Nóvoa, Demo, Zeichner, entre outros, na perspectiva de que a confluência desses contributos teóricos enseje a compreensão da formação docente. A pesquisa foi desenvolvida com o Curso de Letras, Matemática e Pedagogia, coletando, analisando e interpretando os dados, verificando a importância do Parfor para a formação humana e profissional. Percebe-se a relevância e a necessidade da formação, da especialização dos acadêmicos do Parfor, os quais destacam com veemência essa oportunidade. PALAVRAS-CHAVE: Parfor, Teoria e Prática, Pedagogia, Formação docente.

INTRODUÇÃO

O presente artigo apresenta a pesquisa que está sendo realizada através do projeto de

Iniciação Científica, do Edital PIIC-URI, cuja temática se destina a analisar a importância da

formação inicial e continuada no Parfor (Plataforma Freire – Plano Nacional de Formação dos

Professores da Educação Básica) da URI – Câmpus de Frederico Westphalen. Para a

realização deste estudo, buscou-se um maior aprofundamento teórico, embasado em diversos

autores, analisando os benefícios da formação inicial e continuada, com enfoque no Parfor e

após, a análise dos dados dos acadêmicos envolvidos do Curso de Pedagogia, Letras e

Matemática.

No ano de 2009, através do Decreto Federal 6.755, o Ministério de Educação (MEC)

instituiu a Política Nacional de Formação dos Profissionais do Magistério da Educação Básica

e orienta a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para

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promover programas de formação inicial e continuada, dando origem ao Plano Nacional de

Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR. (BRASIL, 2009).

A URI – Câmpus de Frederico Westphalen adere ao Plano no ano de 2011 e

atualmente está com seis turmas em curso, iniciadas no ano de 2012 e 2013, nas graduações

de Letras, de Pedagogia e de Matemática.

Para uma melhor compreensão e entendimento, foi desenvolvida uma pesquisa com

os acadêmicos do Parfor do Curso de Letras, Matemática e Pedagogia da URI - Câmpus de

Frederico Westphalen, na qual foi relatada a importância da formação inicial e continuada, a

aceitação da proposta, os desafios que os referidos enfrentam, a contribuição teórica para o

desenvolvimento da prática escolar, as dificuldades encontradas para realizar a Graduação

pelo Parfor e, por fim, a visualização de novas práticas e reflexões teóricas vistas pelos

acadêmicos em suas práticas docentes.

2 ENTENDENDO O PARFOR

A formação docente é uma temática de vastos e diversificados estudos, que

permeiam respostas e, muitas vezes, angústias e questões reais. Sendo o educador um

profissional que está interligado à formação da consciência do ser humano, deve,

indubitavelmente, ser uma pessoa de visão aberta, dinâmica, e um profundo questionador do

seu fazer e da realidade à sua volta. Como salienta Arroyo (2001, p. 35), “somos a imagem

que nos legaram, socialmente construída e politicamente explorada”.

Nesse contexto de formação docente é lançado o Parfor, objetivando oferecer

gratuitamente cursos de graduação aos professores que atuam nas escolas públicas, sem

formação adequada, com o intuito de orientar e articular as ações em parceria com as

Universidades e, em regime de colaboração, entre os entes federados - União, Estado e

Municípios, para atender à demanda existente, organizada pelos Fóruns Estaduais

Permanentes.

O Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica é resultado da

ação conjunta do Ministério da Educação (MEC), de Instituições Públicas de Educação

Superior (IPES) e das Secretarias de Educação dos Estados e Municípios, no âmbito do PDE -

Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação. É destinado aos professores em exercício

das escolas públicas estaduais e municipais sem formação adequada à LDB – Lei de

Diretrizes e Bases da Educação (9394/96), oferecendo cursos superiores públicos e gratuitos.

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De acordo com o Decreto 6.755 de 29 de janeiro de 2009, que Institui a Política

Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, disciplina a

atuação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES no

fomento a programas de formação inicial e continuada.

Os aspectos destacados na lei enfatizam a importância da formação docente na

promoção da qualidade da educação, na formação continuada dos docentes, na atualização e

no fortalecimento da relação teoria e prática.

A legislação, que fundamenta e regulamenta o Parfor, tem a clara intenção de

articular os sistemas de ensino e, com apoio técnico e financeiro dos seus respectivos órgãos,

oferecerem, em parceria com as Instituições de Ensino Superior – IES, cursos especiais

presenciais de primeira e segunda licenciatura e de formação pedagógica, aos (às) professores

(as), que atuam na educação pública, sem a formação adequada e exigida pela Lei nº 9394/96

(BRASIL, 1996).

De acordo com a pesquisa de Borba e Abdalla (2011, p. 126),

apesar do esforço em deixar prescrito na letra da lei a atribuição e, principalmente, a competência de cada um dos envolvidos: MEC, CAPES, FNDE, Secretarias Estaduais, Municipais, UNIDIME e IES, pelo que tudo indica, ainda são encontradas algumas dificuldades na execução do Plano e no consequente alcance de suas metas.

Abdalla (2011) chama a atenção para dois aspectos importantes, quando se

vivenciam reformas educativas: um, para a existência de uma produção de sentidos e, outro,

para a necessidade de se fazer uma avaliação sobre o que está implícito nessas reformas,

considerando os significados atribuídos à formação e ao contexto em que ela foi produzida.

2.1 A formação do educador

Formar professores é uma tarefa bastante complexa e os problemas da profissão

docente no Brasil são inúmeros, excedendo os limites dos cursos de formação acadêmica.

Para Libâneo (1992, p. 42), “o sistema de promoção na carreira do magistério precisa prever

formas de estímulo à iniciativa individual de autoformação e desenvolvimento profissional, de

modo que os professores tenham acesso a melhores níveis salariais”. Ao mesmo tempo,

fazem-se necessários estudos e pesquisas que respondam a questões essenciais, como estas: "o

que é formar professores?" ou "como formar professores?"

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O que se ressalta - baseado em estudos feitos por Cunha (1992; 2001), Tardif (2002)

- é que os alunos passam pelos cursos de formação de professores sem modificar suas crenças

anteriores sobre o ensino. Admite-se que uma boa parte do que os professores sabem sobre o

ensino, sobre os papéis do professor e sobre como ensinar provém de sua própria história de

vida e de vida escolar. Também é preciso salientar que a formação profissional não pode mais

ser reduzida aos espaços formais e escolarizados organizados para esse objetivo. Para Tardif

(2002, p. 265), “um professor tem uma história de vida, é um ator social, tem emoções, um

corpo, poderes, uma personalidade, uma cultura, ou mesmo culturas, e seus pensamentos e

ações carregam as marcas dos contextos nos quais se inserem”.

Destaca-se também que a prática pedagógica deve refletir no cotidiano do

profissional da educação como processo conscientizador e formador da cidadania dos

educandos. Nesse contexto,

os formadores de professores têm a obrigação de ajudar os futuros professores a interiorizarem, durante a formação inicial, a disposição e a capacidade de estudarem a maneira como ensinam e de melhorar com o tempo, responsabilizando-se pelo próprio desenvolvimento profissional (1993, p. 17).

As críticas e reflexões acerca das mazelas que afligem o sistema educacional estão

em sua maioria, destinadas à ineficiência da atuação dos professores, à falta de conhecimento,

de competência e de habilidades. Um dos pontos que merece destaque é o distanciamento

entre discurso e prática nos cursos de formação inicial, que pode encontrar, a partir do

trabalho conjunto entre docentes da universidade e docentes da escola, uma possibilidade de

superação. Ela vai definir a práxis educativa (ação, reflexão, criação e transformação), sendo

esse um dos objetivos do Parfor.

O desafio das Universidades é a formação de profissionais que congreguem

competências, saberes e habilidades, sabendo trabalhar em equipe, com capacidade adquirir e

produzir conhecimentos, não sendo somente reprodutores de conhecimentos já estabelecidos.

Ocorre a partir dos estudos uma grande necessidade de contemplação aos saberes

docentes e a forma com que é transmitido de acordo a experiência de vida, bem como sua

formação profissional. Assim, há a necessidade de compreensão e conhecimento da prática

docente, sendo imprescindível um trabalho coletivo e uma formação inicial e continuada com

qualidade teórica e relação prática.

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3 OUVINDO OS ACADÊMICOS/DOCENTES DO PARFOR DO CURSO DE LETRAS, MATEMÁTICA E PEDAGOGIA

Com base nos dados coletados, serão apresentados, a seguir, os resultados obtidos

dos questionários aplicados aos acadêmicos do Parfor - URI - Câmpus de Frederico

Westphalen - Curso de Pedagogia, Matemática e Letras, no processo de avaliar a importância

da formação inicial e continuada, os desafios e a avaliação do Programa pelos acadêmicos.

Desse modo, destaca-se que os sujeitos da pesquisa, foram identificados através das letras do

alfabeto, e o nome do Curso foi identificado como (C.P) Curso de Pedagogia, (C.M) Curso de

Matemática e (C.L) Curso de Letras como forma de preservar a integridade dos

colaboradores.

3.1 A proposta do Governo Federal da Licenciatura gratuita pelo Parfor

A proposta do Governo Federal – Parfor, no oferecimento de Licenciatura pela

Plataforma Freire, é um projeto que visa o aprimoramento, a busca por uma formação que

objetiva auxiliar na construção humana e profissional.

Dessa forma, questionando os acadêmicos de como receberam a proposta do Parfor,

as entrevistadas B, C e D do Curso de Pedagogia destacaram que receberam o convite através

da Secretaria Municipal de Educação e Direção Escolar. Da mesma forma, os acadêmicos A e

B do Curso de Matemática souberam da proposta através das Secretárias de Educação do

município e Direção de escolas em que atuam, ainda por colegas e através da CRE

(Coordenadoria Regional de Educação). Também os acadêmicos C, D e E do Curso de

Matemática relatam que ouviram a proposta em emissoras de televisão, através da internet e

pelo próprio site da URI - Câmpus de Frederico Westphalen. Destacam que a proposta está

sendo vista como um incentivo e uma qualificação para que os professores aperfeiçoem a

própria prática com bons embasamentos teóricos. Os acadêmicos A, B e C do Curso de Letras

também receberam a proposta das Secretárias de Educação dos Municípios e por folderes

distribuídos pela Universidade.

O entrevistado E do Curso de Pedagogia destaca que “a proposta foi aceita com

muito otimismo, pois era um sonho que tinha e não teve condições financeiras para custear

uma faculdade particular”. Já para a entrevistada F (C.P.), “foi uma oportunidade

maravilhosa, para aquela professora que sempre dedicou-se aos seus alunos com carinho e

nunca teve oportunidade financeira de aperfeiçoar-se.” Nessa perspectiva, pode-se refletir, de

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acordo com as palavras de Tardif (2002, p. 265): “Um professor tem uma história de vida, é

um ator social, tem emoções, um corpo, poderes, uma personalidade, uma cultura, ou mesmo

culturas, e seus pensamentos e ações carregam as marcas dos contextos nos quais se inserem”.

Dessa forma, eles trazem consigo, nesse momento, a força de vontade para que o

mesmo seja realizado, aceitaram o programa de maneira otimista, incentivadora e

principalmente vista como uma oportunidade e valorização por parte do governo. Em

complemento a entrevistada M (C.P.), relata, que “a proposta foi aceita maravilhosamente,

era uma oportunidade que faltava para prosseguir na minha profissão, pois o aperfeiçoamento

é indispensável neste caminho tão fascinante que é o de educar”.

Desse modo, é gratificante observar educadores de diversas áreas e idades que ainda

sonham com o desenvolvimento educacional, ainda acreditam e conseguirão fazer a diferença,

dando o melhor de si à educação. Cada um buscou, de uma forma ou de outra se aperfeiçoar,

deram valor e estão levando a sério a oportunidade do Governo Federal, muitos ainda,

realizando seu sonho de ser pedagogo e professor de áreas específica como a Matemática e

Português, atuando e fazendo a diferença nas escolas públicas. Como nos cita Freire (1996, p.

24) “a reflexão sobre a prática torna- se exigência da relação teoria/prática, sem a qual a

teoria pode ir virando blábláblá; a prática, ativismo”.

3.2 O Parfor e os desafios na realidade profissional

Para Libâneo (2002, p. 42) “o sistema de promoção na carreira do magistério precisa

prever formas de estímulo à iniciativa individual de autoformação e desenvolvimento

profissional, de modo que os professores tenham acesso a melhores níveis salariais”. Nesse

contexto, foi questionado aos professores sobre a oferta da formação gratuita superior,

incentivando e dando apoio aos professores atuantes nas redes públicas estaduais e municipais

de ensino.

Nessa perspectiva, os entrevistados A e B (C. P), avaliam que o Parfor é um

incentivo, um avanço na educação e uma melhor capacitação dos professores, uma vez que

estes, muitas vezes, não teriam condições financeiras para cursar uma graduação, ficando

apenas com o magistério. Também para os acadêmicos C, D e E (C. P), o projeto é visto como

uma porta aberta para o professor esclarecer suas dúvidas e aprender mais. Há aplicação

imediata de teoria e prática, fazendo com que o ensino docente seja reflexivo, melhorando as

práticas profissionais com um bom embasamento teórico, unindo a realidade diária com a

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Universidade oportunizando um conhecimento consistente e qualitativo, pois a educação está

em constante evolução e precisam acompanhar esse processo.

Ainda, os acadêmicos A e B, entrevistados do Curso de Matemática relatam que o

Parfor veio para melhorar a própria prática, atualizar informações e oportunizar vagas às

pessoas que não tiveram como se aperfeiçoar. Em complemento o acadêmico entrevistado D

(C.M) acrescenta “é uma oportunidade muito grande para os profissionais buscarem novos

conhecimentos, métodos e também a oportunidade de dar continuidade na formação

profissional.” Em complemento o acadêmico entrevistado E analisa “com a falta de incentivo

e procura pelos cursos de licenciaturas, deu-se a oportunidade para quem já estava atuando,

mas sem formação na área.”

Em acréscimo os acadêmicos A, B e C do Curso de Letras veem o Parfor como uma

melhoria na educação do País, buscando qualificar professores e melhorar o ensino nas

escolas, sendo um incentivo para professores formados em uma graduação e que atuavam em

outra. Dessa maneira o Parfor veio a possibilitar a formação adequada para os professores de

escolas públicas municipais e estaduais.

Em suma os acadêmicos D E e F (C.L) destacam que o projeto é de grande valia,

pois não teriam condições de pagar um curso superior. O Parfor é um projeto de relevante

importância para os educadores, por ser um gesto de valorização e incentivo ao profissional

da educação, enriquecendo assim sua prática e conhecimento teórico, destacam.

Desse modo, a teoria é vista com grande importância por parte dos acadêmicos, pois

muitos possuem formação em outras áreas da educação ou somente pelo magistério. Destaca-

se que desenvolvem assim suas práticas sem ter graduação na área pedagógica, trazendo desse

modo, muitas experiências em suas bagagens e estão aperfeiçoando com os saberes e

conhecimentos na Universidade. Para Tardif (2002, p. 11),

Na realidade, no âmbito dos ofícios e profissões, não creio que se possa falar do saber sem relacioná-lo com os condicionantes e com o contexto do trabalho: o saber é sempre saber de alguém que trabalha alguma coisa no intuito de realizar um objetivo qualquer. Além disso, o saber não é uma coisa que flutua no espaço. O saber dos professores é o saber deles e está relacionado com a pessoa e a identidade deles, com sua experiência de vida e com sua história profissional, com as suas relações com os alunos em sala de aula e com os outros autores escolares na escola, etc. Por isso, é necessário estudá-lo relacionando-o com esses elementos construtivos do trabalho docente.

Destaca-se ainda, o acadêmico entrevistado M (C.P), o qual ressalta que, “é um

projeto muito bom, devemos levá-lo a sério, estudar, pesquisar, nos empenhar ao máximo

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para mudarmos a realidade onde nos encontramos, pois são muitos os desafios e a caminhada

é árdua e longa, mas para quem gosta do que faz é um desafio gostoso de enfrentar, pois ao

mesmo tempo são gratificantes os resultados obtidos, para quem ama a profissão e luta para

melhorá-la cada vez mais”. Por fim o entrevistado L (C.P) acrescenta “é um projeto inovador

que vem a ajudar nós professores no desenvolvimento do próprio trabalho, porque o mesmo

nos qualifica e nos prepara melhor, dentro da nossa realidade escolar, como professora o

Parfor veio a somar à minha melhora como docente, trazendo uma oportunidade grandiosa

para quem deseja realmente ser um profissional qualificado”.

Verifica-se que o Curso de Letras, Pedagogia e Matemática do Parfor, favorece

veementemente no conhecimento, na esperança e concretização de melhores salários e

aprendizagens, pois, ao analisar os questionários, notou- se a alegria, valorização, entusiasmo

e principalmente a gratificação por parte dos professores ao Governo Federal que desenvolveu

e investiu em um projeto que além de proporcionar a graduação de qualidade e gratuita está

também desenvolvendo um ensino de qualidade às nossas crianças e jovens, conhecimento

aos nossos educadores e principalmente realizando o sonho de tantos profissionais que se

inseriam com outras licenciaturas ou somente com o magistério.

3.3 Contribuições na teoria e prática escolar

Na docência, ocorre a necessidade contínua de conhecimentos para qualificação da

educação. Nesse contexto, questiona-se sobre a forma como os acadêmicos do Parfor do

Curso de Letras, Pedagogia e Matemática observam a melhoria na carreira profissional,

destacando a contribuição da teoria sobre a prática escolar.

Desse modo o acadêmico D (C.P) relata “o curso tem contribuído, e muito, para a

realização do nosso trabalho, pois aqui buscamos sempre o conhecimento das práticas

pedagógicas, visando sempre qual a melhor maneira de trabalharmos com os alunos, para que

os mesmos se tornem cidadãos conscientes, descobridores e inovadores da nossa futura

sociedade”. Ainda o acadêmico F (C.P) enfatiza que por mais que tenham certo tempo de

carreira no magistério, acabam por “acomodar” e com a graduação pelo Parfor foi possível

compreender melhor os alunos, buscando conhecer suas realidades e unindo a teoria e prática,

a fim de melhorar cada vez mais a qualidade do ensino-aprendizagem.

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Para o acadêmico G (C.P) “o diferencial do Parfor é a troca de experiência entre os

colegas/professores, as aulas são enriquecedoras. Saímos das aulas satisfeitos com os docentes

que preparam as aulas para sanar nossas dúvidas e inquietudes profissionais”.

Da mesma forma, os acadêmicos A e B e C do Curso de Matemática enfatizam que o

Parfor tem ajudado muito na mudança de métodos utilizados na prática e auxílio para a

utilização das tecnologias em aula, oportunizou e abriu horizontes através de novos

conhecimentos e troca de ideias entre colegas, ocorrendo assim, uma desacomodação ao

professor. Do mesmo modo o acadêmico D (C.M) relata “contribui para a troca de

experiências, uma nova visão do contexto escolar, bem como um novo conhecimento com

relação às teorias que o curso oferece”. Em síntese o acadêmico entrevistado E (C.M) “houve

muitas mudanças, principalmente quando você se coloca no papel de aluno e vivência novas

possibilidades, principalmente as tecnológicas”.

Os acadêmicos A e B do Curso de Letras relatam que “houve melhorias com certeza,

pois a faculdade abre novos horizontes, faz-nos questionar sobre nossas práticas aplicadas em

sala de aula, instigando- nos a pesquisar, estudar, buscar, criar para melhorarmos quanto

profissionais docentes”. Em relato os acadêmicos C e D (C.L) destacam que, “com certeza

houve contribuição, hoje nos sentimos mais preparados para atuar com projetos de formação

de leitores conscientes, indo em busca de um saber efetivo, percebendo assim, melhoras na

interação dos alunos à aula, melhorando o discurso e a maneira de trabalhar assuntos que

antes não via importância nenhuma, como leitura e escrita”.

Em suma, o acadêmico E (C. L.) destaca “sim, pois no momento em que novos

saberes vêm a somar no nosso dia a dia, certamente irá contribuir para melhores práticas e

novas contribuições na busca de aprendizagem e descobertas que irão auxiliar os saberes na

formação de uma sociedade melhor”.

Neste sentido, é importante frisar que para todos os professores questionados, a

prática está sendo fundamentada e desenvolvida com saberes metodológicos, reflexivos,

teóricos e tecnológicos. Enfatiza-se também que muitas estão sendo as mudanças na área,

muito está se somando com essa formação inicial e continuada. Os professores sentem-se

motivados e cientes de que aprender e compartilhar conhecimentos científicos, alicerçados

com a prática faz sim a diferença na vida de todo e qualquer profissional.

Assim como ressalta Alves (2000), quando nos diz que devemos deixar de seguir a

mesma “trilha” sem ter medo da “onça”, é a nossa profissão devemos sim nos desacomodar,

buscar, pesquisar e ter embasamentos teóricos consistentes que proporcionem saber trabalhar

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com competência em todas as situações existente em sala de aula. É o docente que decide

caminhar na mesma trilha por anos ou se dispõe à mudança, à inovação, às complexidades

que surgirem, melhorando a cada dia o seu processo educativo e a sua carreira profissional.

3.4 Dificuldades para realizar o Parfor

Nóvoa (1992, p. 25) destaca que “estar em formação implica um investimento

pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projetos próprios, com vistas à

construção de uma identidade, que é também uma identidade profissional”.

Nessa perspectiva o acadêmico A (C.P) descreve que “na verdade não são

dificuldades, são desafios, pois deixamos nossa casa, marido e filhos para estarmos na

Universidade, com frio, chuva, sol, calor, enfim o que for, para aperfeiçoar nossa prática

profissional, pois apesar de morarmos longe ganhamos o curso e o transporte gratuito, então é

só ter força de vontade”. Em uma perspectiva de tempo para planejar aulas e realizar trabalho

extraclasse o acadêmico F (C.P) destaca “o horário semanal, pois algumas vezes os horários

se confrontam com atividades e compromissos do trabalho”. Acrescentando, o acadêmico H

(C.P) e o entrevistado A (C.M) relatam o tempo, pois “trabalho o dia todo, preciso planejar

para os dois turnos, buscar novidades e ser dinâmica, também temos vida pessoal, e é difícil

fazer os trabalhos em casa, o deslocamento e horários não compatíveis”. Ainda para o

entrevistado K (C.P) “a única dificuldade encontrada se deu no primeiro semestre, quando se

volta aos bancos escolares, a mudança de rotina e novos estudos, mas atualmente já não há

mais dificuldades nesse sentido”. Complementando o acadêmico M (C.P) descreve que

acredita não haver dificuldade que compense todo o conhecimento adquirido nas aulas do

Parfor.

Em entrevista aos acadêmicos A, B, C, D do curso de Letras, os mesmos enfatizam

que as dificuldades encontradas são à distância e a carga horária de trabalho, pois trabalham

40 horas e à noite estão na Universidade, e ainda os horários que se coincidem, como

momentos de reuniões e programações das escolas em que trabalham.

Diante das respostas dos entrevistados, analisa-se que várias são as dificuldades, mas

a prioridade dos acadêmicos/professores do Parfor do Curso de Pedagogia, Matemática e

Letras está em valorizar a oportunidade proporcionada pelo Governo Federal, não importa

para muitos, as situações enfrentadas hoje, o que importa é o conhecimento e o

aperfeiçoamento que estão tendo para sua carreira profissional, pois ao mesmo tempo em que

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enfrentam essas dificuldades, os acadêmicos se fortalecem, se desafiam e procuram melhorias

em sua prática.

Nesse contexto, Nóvoa (1992) enfatiza que o educador é livre para optar e escolher o

que quer, é ele o formador da sua própria identidade social e profissional. Então, cabe ao

acadêmico do Parfor fazer escolhas e avaliar se precisa/quer ou não ter uma formação inicial

continuada de qualidade, sem gastos e com incentivo governamental que possibilita melhoria

e valorização na profissão docente.

3.5 Práticas e reflexões teóricas

Para Alves (2000, p. 33) “a aprendizagem é assim: para se aprender de um lado há

que se esquecer do outro. Toda aprendizagem produz o esquecimento”. Nesse sentido,

compreende-se que para aprender novos conceitos deve haver mudanças de conceitos,

reflexões, aprimoramentos teóricos que intensificam o ser/fazer pedagógico.

Desse modo a acadêmica C (C.P) destaca “a cada dia aprendemos mais e assim

visualizamos novas formas de expor nossa opinião trocando saberes com os colegas e

melhorando nossas aulas, sempre contando com o maior auxílio do professor da graduação,

tendo maior embasamento teórico”.

Muitos dos alunos do Parfor iniciam o curso acreditando em aprimorar seu

conhecimento, assim como nos relata a acadêmica K (C.P) “é possível ver a mudança, pois a

partir dos semestres já cursados pude ter uma nova reflexão sobre a minha prática pedagógica,

uma mente que estuda que lê e pesquisa é uma mente aberta para o novo, para aceitar as

mudanças do cotidiano escolar.” Em complemento, o entrevistado B e C (C.M) destacam o

curso abre novas possibilidades de nos aperfeiçoar e poder estar em contato direto com a

teoria e a prática. Ainda, se importando com as exigências da profissão a acadêmica L (C.P)

frisa “sim, pois sempre temos que nos atualizar diante de um público mais exigente e ativo.”

Da mesma forma o entrevistado E (C.M) relata “auxilia no desenvolvimento e prática na

disciplina trabalhada, novos aprendizados e atualização constante.” Na mesma perspectiva a

acadêmica M (C.P) acrescenta “claro! Ser professor comprometido e responsável é isso,

procurar aprender e compartilhar práticas e teorias sempre, na conversa e na troca de

conhecimento com os colegas.”

Em relato os acadêmicos A, B, C e D do curso de Letras destacam que com o Parfor

tiveram a oportunidade de crescer profissionalmente e também uma melhora muito

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significativa em relação aos conhecimentos, tornando assim, seres melhores a cada dia,

desenvolvendo em nós mesmos e em nossos alunos a busca pelo conhecimento, leitura e

produção, despertar assim para o “aprender a aprender.”

Em destaque a acadêmica E (C.L) relata “a Universidade expõe a teoria e nós a

aperfeiçoamos na prática. Antes seguíamos maneiras ou modos diferentes de ensinar, e ao

visualizarmos o todo, escolhemos o aplicável em nosso meio, favorecendo assim, o processo

de ensino-aprendizagem em nosso meio.” Do mesmo modo, a acadêmica F (C.L) acrescenta

“já possuo uma graduação, mas o curso de Letras me possibilitou novas práticas de ensino,

podendo desenvolver e aplicar a mesma em sala de aula.”

Ainda o acadêmico A (C.M) destaca, “sim, por estar muito tempo afastado do meio

acadêmico novas práticas e teorias são visualizadas, dando um novo olhar em relação às

escolas e colegas, havendo a troca de saberes, tenho mais habilidades e percebo que o

conhecimento é ilimitado, reflito em cada aula e busco junto da mesma o conhecimento

pessoal e da equipe”. Tardif (2002, p. 10-11) que defende:

O saber é sempre o saber de alguém que trabalha alguma coisa no intuito de realizar um objetivo qualquer. Além disso, o saber do professor é o saber dele e está relacionado com a pessoa e a sua identidade, com a sua experiência de vida e com a sua história profissional, com suas relações com os alunos em sala de aula e com os outros atores escolares na escola.

Sendo assim, acredita-se que é notável a mudança. Em cada relato dos professores

percebe-se a diferença que o Parfor - URI - Câmpus de Frederico Westphalen está realizando

sobre a prática, um olhar mais voltado ao ser humano, uma busca de aprimoramento e

construção de novos conhecimentos. Acredita-se que o processo educativo dos que fazem

parte do Parfor será diferenciado, com profissionais qualificados dispostos a realizar a

mudança e a encarar os desafios da carreira profissional com embasamento teórico de

qualidade.

CONCLUINDO

A partir do estudo foi possível compreender que não há como falar em educação de

qualidade sem compreender a urgência e necessidade de uma educação voltada à continuidade

dos estudos, na qual a formação inicial e continuada precisa ser prioridade nas políticas

públicas da educação.

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A escola desempenha diversas atividades e novos papeis, sendo um campo de

constante mutação, no qual o docente tem também a responsabilidade de realizar mudanças e

atitudes perante os alunos, obtendo, através de programas de incentivos, a possibilidade de

preparar-se para novos e crescentes desafios.

Assim, a Universidade, juntamente com o conjunto vigente, proporciona uma nova

proposta de epistemologia da docência, havendo uma prática fundamentada na perspectiva de

bons profissionais, bem como, a formação reflexiva, tendo grande contribuição para a

valorização docente, dignificando e qualificando sua formação.

Nesse sentido, as instituições precisam definir os seus projetos institucionais para

formação de professores, na construção de políticas de formação docente, observando a

realidade e a necessidade da educação. Política essa que contemple não só as necessidades

imediatas de certificação dos docentes da Educação Básica, mas que contemple uma proposta

concreta e transformadora.

Acredita-se que é no Ensino Superior que serão vistos os fundamentos teóricos que

ajudarão os professores a desenvolver uma consciência ampla da realidade e, igualmente,

fornecer instrumentos para que possam atuar de maneira eficaz, contudo, tendo o educador,

sempre em mente que não existem receitas prontas para resolver todas as situações, mas com

a experiência embasada em estudos e teorias, pode-se desenvolver um processo educativo

mais coerente e qualitativo.

A relação Educação Básica e Universidade precisa ser fortalecida. O Parfor é um

programa que necessita vincular as situações reais e aprimorar teoricamente os acadêmicos,

baseado em estudos e pesquisas, fortalecendo e qualificando a prática cotidiana. Dessa forma,

eles trazem consigo o início da realização de um sonho e a força de vontade para que o

mesmo seja realizado, aceitaram o programa de maneira otimista, incentivadora e a

Universidade prima em desenvolver uma Graduação de qualidade.

De acordo com as falas dos acadêmicos do Parfor da URI – Câmpus de Frederico

Westphalen, esse programa está sendo uma oportunidade, desenvolvendo novos conceitos em

suas escolas e trazendo relatos do que deu certo, o que se deve fazer e também tendo a

humildade de tirar suas dúvidas.

Em cada relato dos professores percebe-se a diferença que a teoria do Parfor - URI

Câmpus de Frederico Westphalen está realizando sobre a prática do profissional, percebe-se

um olhar mais voltado ao ser humano, uma busca de aprimoramento, pois, estamos hoje

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diante de um público exigente, que exige um trabalho comprometido com a sociedade, e

encarando os desafios da carreira profissional com embasamento teórico de qualidade.

O Parfor veio a somar. Nessa perspectiva acredita-se que não somente na vida ou

carreira desses profissionais, mas também no desenvolvimento da educação pública, estadual

e municipal do nosso país. Estão buscando, pesquisando e obtendo embasamentos teóricos

consistentes que proporcionem saber trabalhar com competência em todas as situações

existente em sala de aula.

Ao mesmo tempo em que possuem algumas dificuldades, eles se fortalecem, se

desafiam e procuram melhorias em sua prática. Não importa para muitos, as dificuldades

enfrentadas no cotidiano, o que importa é o conhecimento e o aperfeiçoamento que estão

tendo para sua carreira profissional. Nesse contexto Nóvoa (1992) salienta que o educador é

livre para optar e escolher o que quer, é ele o formador da sua própria identidade social e

profissional. Então, cabe a ele fazer escolhas e avaliar se precisa ou não ter uma formação

continuada de qualidade, sem gastos e com incentivo, possibilitando a valorização do

profissional docente.

Assim, conclui-se que o Programa Parfor está favorecendo os professores públicos

que vêm aos bancos das Universidades realizarem sua formação, seu aperfeiçoamento,

realizando uma verdadeira práxis em seu processo educativo.

REFERÊNCIAS

ABDALLA, Maria de Fátima Barbosa. Reformas em movimento: desafios, tensões e possibilidades de mudança para a política de formação de professores da educação básica (PARFOR). In Anais do III Seminário de Educação Brasileira. CEDES, 2011, p. 972-989. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br/seminario3/anais.pdf> Acesso em 11 de jun. de 2011. ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. São Paulo: Papirus, 2000. ARROYO, Miguel G. Ofício de mestre: imagens e auto-imagens. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. BORBA, Denise Aparecida; ABDALLA, Maria de Fátima Barbosa. As implicações da formação inicial para a (re) constituição da identidade profissional. In. Anais do X Congresso Nacional de Educação – EDUCERE – I Seminário Internacional de Representações sociais, subjetividade e educação – SIRSSE. Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Curitiba, 2011. Disponível em: <educere.bruc.com.br/CD2011/pdf/5335_3350.pdf>

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A ATUAÇÃO DO PIBID NO CURSO DE PEDAGOGIA DA URI: REFLEXÕES

TEÓRICAS E CONTRIBUIÇÕES PRÁTICAS PARA A FORMAÇÃO DOCENTE

Jéssica Ávila da Silva, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

Natana Fussinger, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

Luana Fussinger, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

Letícia Zanella, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus

de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

Luci Mary Duso Pacheco, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

Vildes Mulinari Gregolon, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

RESUMO: Este trabalho provém das experiências adquiridas no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID no Curso de Pedagogia/URI-FW, e busca identificar as contribuições do mesmo para a formação acadêmica dos alunos envolvidos. Este estudo justifica-se pelo trabalho que o PIBID desenvolve, proporcionando aos bolsistas envolvidos uma iniciação à docência no período em que ainda se encontram na universidade. O texto compreende três momentos. O primeiro apresenta o Programa PIBID, o segundo retrata o Curso de Pedagogia e o último às contribuições teóricas e práticas do PIBID para a formação docente. Mediante os estudos realizados constata-se que o PIBID tem contribuído de modo geral, para reforçar a importância do professor na melhoria da educação. PALAVRAS-CHAVE: Formação Docente; Pedagogia; PIBID.

INTRODUÇÃO

A formação de professores é um tema de muita discussão e reflexão tendo em vista

inúmeras opiniões e caminhos a serem seguidos. Falar em formação no contexto social requer

determinados cuidados, principalmente ao se tratar de reflexões teóricas e contribuições

práticas para a docência. Desta maneira, a proposta deste artigo resulta dos trabalhos

desenvolvidos pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) pelo

viés da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de

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Frederico Westphalen1, que objetiva fortalecer a formação dos graduandos do curso de

Pedagogia.

Fomentando-se na perspectiva do programa de fortalecer a docência, que o subprojeto

de Pedagogia objetiva aproximar os alunos cada vez mais do cotidiano da Educação Básica,

direcionando-se ao Ensino Médio – Curso Normal e articulando o trabalho desempenhado por

meio das observações, intervenções, atividades lúdico-pedagógicas, formações teóricas, ao

ensino proveniente da universidade. É válido ressaltar que a atuação do Programa PIBID

contempla tanto as demandas da escola campo, quanto as atividades da universidade na qual

está inserido.

Assim, este estudo está organizado em três divisões: a primeira aborda o Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), caracterizando-o como um programa

formativo; a segunda fomentando-se no Projeto Pedagógico do Curso de Pedagogia (PPC,

2012);e a última trará as contribuições do PIBID na formação docente.

Este trabalho procura identificar as contribuições do programa para a docência,

contemplando as ações desenvolvidas na universidade. Buscar-se-á também, apresentar o

PIBID tendo em vista sua importância como um complemento na formação realizada no curso

de Pedagogia, por meio de atividades formativas diversificadas.

A grande necessidade de formar não somente professores, mas também alunos

autônomos e reflexivos é o que se pretende alcançar com as práticas desenvolvidas. Ser

professor é movimentar diferentes saberes que estão por toda parte, mas que são de suma

importância para a carreira docente. Espera-se que as contribuições aqui apresentadas, se

configurem como reflexões, no que tange ao trabalho que o PIBID proporciona aos alunos em

sua formação.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 O PIBID como programa de incentivo à docência

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) é um programa

de formação financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

1A Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI- atua em seis municípios, mantendo quatro Campi e duas Extensões. As atividades de ensino, pesquisa e extensão são desenvolvidas pelos Departamentos nos Campi de Erechim, Frederico Westphalen, Santo Ângelo, Santiago e nas Extensões de Cerro Largo e São Luiz Gonzaga. A URI nasceu como resultado da integração de instituições de ensino superior isoladas e identifica-se como comunitária.

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(CAPES) que busca incentivar alunos desde a graduação, como forma de seguir caminhos

para a docência. Através de bolsas remuneradas, para os alunos bolsistas do Curso de

Pedagogia da URI/FW, para os professores coordenadores da universidade e aos professores

supervisores das escolas da educação básica, o Subprojeto do Curso de Pedagogia trabalha no

âmbito de:

[...] ações que possibilitem aos bolsistas, desenvolver as habilidades e competências necessárias à formação de professores, através da realização de estágio de iniciação à docência nas disciplinas pedagógicas, buscando conhecer as práticas docentes, as necessidades didáticas e as dificuldades de aprendizagem existentes nesse universo educacional. (PACHECO et al. 2012, p. 260)

Portanto, o PIBID introduz mecanismos de valorização do ensino como uma ação

pedagógica indispensável à formação docente e valoriza também o contexto da escola básica

– modalidade Curso Normal, como espaço formativo.

O Programa foi instituído a partir da Portaria Normativa nº 38, de 12 de dezembro do

ano 2007, cuja finalidade é a articulação das políticas públicas para desenvolvimento da

educação básica. Dessa forma, a atuação dos Pibidianos na universidade e nas escolas campo

deve contemplar a realidade das escolas públicas, para que possam desenvolver atividades

didático-pedagógicas sob direção dos professores coordenadores de área do ensino superior e

professores supervisores das escolas de Educação Básica, configurando-se como promotores

de docentes, articulando teoria e prática. Além disso, o aluno bolsista fica a par das

responsabilidades que irá assumir futuramente, além de ir pensando, criando e pondo em

prática novas metodologias de ensino.

De acordo com a Portaria nº 260, de 30 de dezembro de 2010, são objetivos do

PIBID:

a) incentivar a formação de docentes em nível superior para a Educação Básica; b) contribuir para a valorização do magistério ;c) elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura, promovendo a integração entre a Educação Superior e a Educação Básica; d) inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a7superação de problemas identificados no processo de ensino aprendizagem; e) incentivar escolas públicas de Educação Básica, mobilizando seus professores como co-formadores dos futuros docentes e tornando-as protagonistas nos processos de formação inicial para o magistério; e f) contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura (p. 3).

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Em diversos estudos realizados por Canan (2012, p. 4), aponta-se que foi por meio de

medidas regulamentadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), mediante Pareceres e

Resoluções, que houve uma “reforma no campo da educação e da formação de professores no

Brasil”.

Neste sentido, houve maior importância pela aquisição de competências para esta

profissão, como saber fazer, dominar os conteúdos e ter habilidade pedagógica, não sendo

assim, um mero transmissor de conhecimentos. Segundo Imbernón (apud PACHECO et al.

2012, p. 260).“A formação acadêmica deve estar diretamente ligada aos diferentes ambientes

educacionais, a fim de propiciar uma formação diversificada e, ao mesmo tempo, qualificada

ao trabalho em espaços escolares e não escolares.”.

O aluno bolsista precisa atuar nesta modalidade de ensino para saber lidar com

situações complexas, preparando-se assim, para trabalhar com diferentes situações. Sendo

assim, o graduando da licenciatura aqui mencionada, terá a oportunidade de aprender, adquirir

experiência, pesquisar novas metodologias, lidar com indivíduos de diferentes realidades,

construir sentido entre o que se estuda na universidade e o que condiz verdadeiramente na

prática, partilhar os conhecimentos adquiridos com os demais alunos do curso, pois a cada dia

surgem novas vivências, que, refletidas e retomadas, transformam-se em experiências. Por

fim, poderá contribuir significativamente na valorização da docência, até mesmo dentro da

universidade, como, através dos grupos de estudos, onde é possível trabalhar de forma

coletiva, trazendo exemplos de práticas, modelos metodológicos, opiniões, experiências,

dentre outros. Portanto:

Nessa perspectiva, o diálogo e a interação entre licenciandos, coordenadores e supervisores geram um movimento dinâmico de formação recíproca e crescimento contínuo, que representa uma via de mão dupla em que, tanto a escola, quanto a universidade (através de seus professores e alunos), aprendem e ensinam ao mesmo tempo, retroalimentando a relação entre teoria e prática. (CANAN, CORSETTI, 2015, p. 05)

Nesta perspectiva, o PIBID tem contribuído também com a construção dos saberes

dentro da universidade. Através dele, os futuros professores têm tido a oportunidade de

refletir a docência em suas mais variadas formas e possibilidades, de uma maneira cada vez

mais dinâmica e dialogada, acrescentando a formação novas vivências e possibilidades de um

olhar mais concreto sobre a docência.

É nesse sentido e amplitude que o trabalho desenvolvido oferece suporte para que o

futuro professor possa criar e inovar momentos de aprendizagem, conhecendo e reconhecendo

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sua metodologia, construindo saberes e desenvolvendo suas competências e habilidades para

o ato de ensinar. Percebe-se também, que a ação do professor vai muito além de ensinar

conteúdos, construindo, desta forma, momentos de diálogo e novos conhecimentos.

2.2 O papel do Curso de Pedagogia para uma formação qualificada

A formação qualificada deve fazer parte do processo de profissionalização docente,

sendo este, o alicerce da profissão. Para tanto, deve fornecer um preparo pautado em

conhecimentos que levem o profissional em formação a ter uma participação efetiva, não

somente na construção do conhecimento profissional, mas também em todos os aspectos que

envolvem a profissão docente. Por isso, como afirma Imbernón (2006, p.61) os processos de

formação “devem ser em instituições ‘vivas’, promotoras da mudança e da inovação”.

A formação [...] deve dotar de uma bagagem sólida nos âmbitos científico, cultural, contextual, psicopedagógico e pessoal que deve capacitar o futuro professor ou professora a assumir a tarefa educativa em toda sua complexidade, atuando reflexivamente com a flexibilidade e o rigor necessários, isto é, apoiando suas ações em uma fundamentação válida para evitar cair no paradoxo de ensinar a não ensinar. (IMBERNÓN, 2006, p.66).

Compreende-se como é importante uma formação que seja bem fundamentada, que

tenha não só competência científica, mas que assuma o compromisso que a docência exerce

dentro da sociedade. Sabendo da relevância da formação docente, serão abordadas as

concepções provenientes do curso de Pedagogia da Universidade Regional Integrada do Alto

Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen (URI/FW), que se apresenta como

um curso de licenciatura, tendo o curso como base para a Docência na Educação Infantil e nos

Anos Iniciais, a formação Pedagógica do Profissional Docente e a Gestão Educacional. Diante

desta abordagem, tomamos como referência o Projeto Pedagógico do Curso de Pedagogia

(PPC, 2013).

O Curso de Pedagogia tem como ponto de partida o momento vivido, bem como a

prospecção do futuro e as necessidades que acabam envolvendo a formação de professores.

Diante disso, busca-se o desempenho do papel social do Curso, através da promoção do

ensino, da pesquisa, da extensão, da avaliação e da gestão, bem como da articulação direta

com a Pós-Graduação. Neste sentido, procura-se “[...] a formação do profissional da educação

que atenda aos desafios colocados pela realidade atual, com

capacidades/habilidades/condições de formação”. (PPC, 2013, p. 31)

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De maneira geral, o Curso de Pedagogia, abordado no trabalho em voga, objetiva

formar um pedagogo habilitado para atuar na perspectiva dos citados anteriormente. Nesta

ótica, evidencia-se a necessidade de proporcionar uma formação sólida, capaz de diagnosticar

problemas e apresentar soluções para a educação escolar, não escolar e popular, podendo

assim, desenvolver múltiplas competências e saberes necessários para a atuação profissional.

No âmbito curricular, a Pedagogia apresenta 3200 horas, sendo que dessas, 2800h

são para Atividades Formativas, envolvendo Assistência a Aulas e Aprofundamento de

Estudos, 300h para a prática de Estágio Supervisionado nas áreas de habilitação do Curso e

100h de Atividades Complementares. Conforme essa organização, para permitir uma

experiência de aprofundamento de estudos diversificada e significativa para o aluno, as

atividades são divididas em: 120h de visitas de estudos a instituições educacionais e culturais,

120h de participação em pesquisa, 120h de participação em grupos de estudos, 60h de

organização/realização de seminários e 40h de Consultas a Bibliotecas e Centros de

Documentação. (PPC, 2013)

Os Grupos de Estudos e Pesquisa ocorrem no decorrer de cada semestre, quando são

oferecidas temáticas que envolvem as áreas de formação, nas quais os alunos poderão se

inserir conforme seu interesse. As ações realizadas nos grupos de estudos deverão ser

registradas a cada encontro, tendo que gerar obrigatoriamente o relatório do aluno e até uma

divulgação de resultados. Este aprofundamento de estudos realizado no Curso de Pedagogia,

semestralmente, por meio das atividades formativas, proporciona a iniciação à pesquisa por

parte de todos os acadêmicos.

Dessa forma, buscou-se partir desses pressupostos para destacar, que os Grupos de

Estudo e Pesquisa, contam com a atuação do PIBID em algumas propostas desenvolvidas.

Entende-se assim, que a formação deve ser enriquecida com o maior número de atividades

necessárias à profissionalização dos docentes, pois somente o ensino não dá conta de atender

todas as peculiaridades da formação, necessita de algo que possibilite e dê sentido à

aprendizagem. Surge então, a importância do PIBID, que se configura como um programa

formativo que busca valorizar a docência e formação do graduando de licenciatura.

2.3 Práticas desenvolvidas pelo PIBID no âmbito universitário

Em sua terminologia, o PIBID descreve um dos seus focos centrais: a iniciação à

docência. Essa iniciação consiste em alguns casos, sendo o primeiro contato com a prática da

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sala de aula, principalmente na área do Ensino Médio modalidade do Curso Normal, que por

vezes não é muito explorada pelos graduandos em Pedagogia.

Esta iniciativa oportuniza a inserção dos estudantes, no contexto das escolas públicas

desde o início de sua formação acadêmica, para que também desenvolvam atividades

pedagógicas que atendam as necessidades da escola campo. No entanto, também é de suma

importância para a formação dos acadêmicos do curso, auxiliar nas semanas formativas do

mesmo e desenvolver atividades diferenciadas, que primeiramente foram executadas na escola

básica e que por terem alcançado êxito, foram trazidas e desenvolvidas também na

universidade. As atividades que serão abordadas neste espaço, buscam descrever e ressaltar as

leituras pedagógicas orientadas pelos Pibidianos. A realização desta ação, consiste na

compreensão e reflexão de livros relevantes para formação inicial de professores e,

posteriormente, sua ação principal pauta-se na socialização dos conhecimentos construídos

com os demais colegas.

Por apresentar conceitos importantíssimos para a formação de professores, os livros

de Paulo Freire2 foram escolhidos para o I Seminário de Leituras Pedagógicas em Paulo

Freire, visando enriquecer o trabalho realizado dentro das disciplinas do curso de Pedagogia.

No decorrer dos grupos de estudos, para que o contexto do livro fosse compreendido,

atividades diferenciadas e reflexões foram realizadas, tais como: jogos, vídeos informativos,

análise de imagens, confecção de painéis, produções de paródias, teatros, telejornais, círculos

de cultura, propagandas, encenações musicais, entre outras. Ao término das socializações, foi

possível evidenciar a necessidade de se pensar a formação docente, que contemple uma

educação para a emancipação e autonomia do indivíduo.

“Quando o homem compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o

desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la com seu trabalho,

2 Os acadêmicos do Curso de Pedagogia puderam escolher e inscrever-se nos grupos de estudo e pesquisa do mesmo. Para isso, foram organizados 6 grupos no semestre I/2014, no qual cada um realizou estudos de uma obra. A proposta foi desenvolvida pelas acadêmicas bolsistas do Programa sob a orientação, supervisão e acompanhamento da Coordenação do Subprojeto em parceira com a Coordenação do Curso de Pedagogia. O Projeto de Leituras Pedagógicas comtemplou leituras, discussões e produção de conhecimentos a partir das seguintes obras de Paulo Freire: Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar (1997); Pedagogia do Oprimido (1987); Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido (1992); Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa (1996); Conscientização: teoria e prática da libertação, uma introdução ao pensamento de Paulo Freire (1979); Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos (2000), O projeto teve início em março contando com reuniões de planejamento entre bolsistas responsáveis e orientadoras, momentos de estudos e organização de materiais, sendo aplicado nos meses de abril e junho, cujos meses compreendem as semanas formativas do Curso. O trabalho foi desenvolvido nas últimas semanas de tais meses, compreendendo três noites a cada semana, de intensa discussão, problematização e atividades dinâmicas para uma melhor compreensão do livro para posterior momento de produção e movimentação desses conhecimentos.

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pode criar um mundo próprio: seu eu e suas circunstâncias” (FREIRE, 1983, p.30).

Reconhecendo a importância da socialização realizada, acredita-se que somente quando as

ideias subjetivas forem compartilhadas, uma educação democrática poderá ser construída.

Tendo como ponto de partida, o princípio de que “[...] numa profissionalidade docente [...]

não pode deixar de se construir no interior de uma pessoalidade do professor.” (NÓVOA,

2009, p.12).

As diferentes visões de Paulo Freire apontadas em suas obras trazem aspectos

semelhantes relacionadas ao objetivo que elas possuem. Transformar a educação e voltá-la

para uma prática política, cidadã e crítica, em que os sujeitos pensem as relações de

dominação da sociedade e encontrem na visão dialógica (1987), formas de construção de

pensamento livre e autônomo (1996), que tenham a capacidade de indignar-se (2000) com as

situações que vivenciamos diariamente e de sonhar, ter esperança (1992) de mudar, ir em

busca, sem pensar.

As práticas do PIBID deste ano direcionam-se para o desenvolvimento dos grupos de

estudos com os filmes educativos3. Através de seus planejamentos, os bolsistas organizaram

formas dinâmicas e lúdicas, para que depois de assistir o filme possam aprofundar

teoricamente o mesmo. A utilização destes recursos se faz necessária para a construção de

conhecimentos mais significativos e para que a aprendizagem ocorra de maneira mais

contextualizada e consistente.

A linguagem cinematográfica enriquece pensamentos e abre portas para a linguagem global, ajudando a dar mais sentido às próprias experiências porque ele apresenta a realidade do passado, do presente e do futuro com toda a capacidade de ação humana. Coloca as pessoas em contato com as mais variadas culturas, com suas filosofias, pensamentos histórias, modos de vida e costumes favorecendo conhecê-las, compreendê-las, aceitá-las e respeitá-las, com a esperança de conviver com as diferenças de uma sociedade onde valores como tolerância, solidariedade, cidadania possam se tornar efetivos. (DANCOSKY; FOLTRAN, 2008, p. 25).

Atividades como essas, de Leituras Pedagógicas e com Filmes Educativos, são um

diferencial dentro do curso e vinculam-se à proposta que o mesmo contempla aos acadêmicos.

Estas, proporcionam momentos de reflexão, integração e compartilhamento de saberes, que só

ocorrem através da parceria formada pelo PIBID e o Curso de Pedagogia, contribuindo para a

3 Foram ofertados oito grupos de estudos para o semestre I/2015, com o objetivo de assistir a 2 filmes que trazem como tema central a educação. Neste intuito fez-se uso dos seguintes filmes: O menino do Pijama Listrado; Escritores da liberdade; A escola da vida; O Sorriso da Monalisa; O Clube do Imperador; Adorável Professor; Entre os Muros da Escola; Gênio Indomável; Meu Mestre Minha Vida; O grande Desafio; O Som do Coração; Como estrelas na Terra; Sociedade dos Poetas Mortos; O triunfo; O Líder da Classe; Mentes Perigosas; os quais servem como aporte teórico para as disciplinas pedagógicas do Ensino Médio Curso Normal.

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formação docente mais qualificada e capaz de prover a mudança e a melhoria do sistema

educacional.

CONCLUSÃO

Tendo em vista os argumentos apresentados, podemos afirmar que a implementação

do PIBID, no curso de Pedagogia é de grande valia, não apenas como forma de buscar maior

conhecimento e aprendizado, mas também como crescimento profissional docente.

De acordo com o objetivo de incentivar a formação de docentes em nível superior

para a Escola Básica - Curso Normal, este programa, dispõe aos pibidianos a oportunidade de

estar cada vez mais próximo do cotidiano escolar, com o pressuposto de adquirir novas

experiências e maiores aprendizados, ligados a uma escola campo e à universidade. Este laço

de ligação propõe aprimoramento teórico e prático, possibilitando aos mesmos, desenvolver

experiências, competências, habilidades e uma aprendizagem mais direcionada ao ato do

saber fazer docente.

Portanto para que o trabalho seja bem construído, precisamos de uma formação

qualificada, que atenda os desafios da realidade atual e a necessidade da escola. Por este

motivo é necessário cada vez mais repensarmos a prática pedagógica, para que se possa ter

um ambiente de ensino e aprendizagem mais significativo.

Dessa forma, sabendo que os saberes não se constroem sozinhos, mas, sim no

coletivo, o PIBID por meio das práticas descritas anteriormente, direcionadas aos alunos da

escola campo e aos demais acadêmicos do curso. Nesta visão o PIBID vem contribuindo para

o Curso de Pedagogia, como forma de maior desenvolvimento nas práticas e nas construções

de novos conhecimentos assim, concluímos que estas práticas são necessárias para nossa

docência, pois geram momentos de reflexões, interação e compartilhamento de saberes e

aprendizados, aonde não vamos apenas ensinar, mas sim aprender e melhorar a nossa prática

docente.

REFERÊNCIAS BRASIL. Portaria Normativa nº 38, de 12 de dezembro de 2007. Dispõe sobre o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. Diário Oficial da CANAN, Silvia Regina. CORSETTI, Berenice. O professor em formação: o PIBID no contexto da política nacional de formação de professores. Disponível em:

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<http://anpae.org.br/IBERO_AMERICANO_IV/GT4/GT4_Comunicacao/SilviaReginaCanan_GT4_integral.pdf> Acesso em: 20 de jan. 2015. ______. Portaria normativa nº 260, de 30 de dezembro de 2010: Normas gerais do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. Disponível em: <http://www.unifalmg.edu.br/pibid/files/file/Portaria260_PIBID2011_Nor. pd>. Acesso em: 15 de abr. 2015. CANAN, Silvia Regina. Política nacional de formação de professores: um estudo do PIBID enquanto política de promoção e valorização da formação docente. Disponível em: <http://www.portalanpedsul.com.br/admin/uploads/2012/Formacao_de_Professores/Trabalho/05_13_58_905-7174-1-PB.pdf> Acesso em: 17 de fev. 2015. DANCOSKY, Marli Aparecida Ferreira; FOLTRAN, Elenice Parise. O pedagogo e a formação em serviço do professor: roteiros para cine-fórum com análise na perspectiva histórico-social. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/30-2.pdf>. 2008. Acesso: 14 mar. 2015 FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação. 3ª ed. São Paulo: Moraes, 1979. ____,. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo, Editora olha D´água. 1997. ____. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. ____. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra,1992. ____. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000. ____. Pedagogia do oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987. IMBERNÓN, Francisco. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. 6. Ed. São Paulo, Cortez, 2006. – (Coleção Questões da Nossa Época; v.77). NÓVOA, António. Professores: imagens do futuro presente. Lisboa. Educa, 2009. PACHECO, Luci Mary. A práxis na formação de professores: a experiência do programa PIBID Pedagogia – Ensino Médio na URI – Frederico Westphalen. RODRIGUES, Rosane Vontobel (Org). O PIBID na URI II. Frederico Westphalen: Frederico Westph, 2013. p. 259-274. PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE PEDAGOGIA. 2013. Disponível em: <http://www.reitoria.br/ >. Acesso em: 20 mar. 2015.União, n. 239, seção 1, p. 39, 2007.

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FORMAÇÃO DOCENTE PARA UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: CAMINHOS

POSSÍVEIS DIANTE DE GRANDES DESAFIOS.

Jéssica de Marco, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Juliane Cláudia Piovesan, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

RESUMO: Este artigo contempla o relato de experiência vivenciado nas disciplinas de Educação Inclusiva I e II, no Curso de Pedagogia da URI – Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - Câmpus de Frederico Westphalen. O objetivo é demonstrar a importância dessas disciplinas estarem inseridas no currículo do Curso, tratando-se de seus aspectos teóricos e práticos, que proporcionam a construção do conhecimento e vivências de momentos de reflexão sobre a formação docente. Foram descritas duas atividades principais – teóricas e práticas - realizadas no decorrer dos dois semestres letivos, a fim de apresentar as contribuições na qualidade da formação dos futuros pedagogos. Desta forma, a partir das discussões e reflexões dos princípios norteadores das disciplinas de Educação Inclusiva I e II e adaptações curriculares verificaram-se no decorrer das aulas a quebra de muitos paradigmas e a construção de novos conceitos referentes à educação inclusiva. Assim, é necessário compreender que o futuro da escola inclusiva depende de uma expansão rápida dos projetos verdadeiramente imbuídos do compromisso de transformar a escola, para se adequar aos novos tempos, sendo que estes devem ser desenvolvidos nos Cursos Licenciaturas. PALAVRAS-CHAVE: Pedagogia. Educação Inclusiva. Formação Docente. Experiências. Reflexões.

INTRODUÇÃO

De acordo com o PPC – Projeto Político Pedagógico, do Curso de Pedagogia da URI

– Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - Câmpus de Frederico

Westphalen, que serve de referência para tomada de decisões sobre o funcionamento do curso,

a qualidade do trabalho docente, o desempenho discente, a função social da Universidade em

relação à comunidade e à sociedade, destacam-se as disciplinas que embasam este trabalho,

Educação Inclusiva I e Educação Inclusiva II, que foram cursadas pela acadêmica Jéssica de

Marco, respectivamente, no V e VI semestres (2014), nas quais foram desenvolvidas várias

atividades relevantes sobre os processos de inclusão escolar.

A inserção de tais disciplinas no currículo do Curso de Pedagogia representa uma

expressiva contribuição para a formação de um pedagogo crítico, autônomo, reflexivo e

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criativo, capaz de transformar o ambiente em que está inserido e trabalhar de maneira eficaz

com os desafios que se apresentam na sua realidade. Desta forma, o objetivo aqui proposto é

demonstrar, através do relato de experiência, a importância destas disciplinas estarem

inseridas no currículo do Curso de Pedagogia, tratando-se de seus aspectos teóricos e práticos,

que proporcionam a construção do conhecimento nesta área, além da vivência de momentos

de reflexão acerca da formação do professor que irá atuar na Educação Inclusiva.

Estruturado em três tópicos, iniciamos com o relato das principais atividades que

foram desenvolvidas no decorrer dos dois semestres letivos, descrevendo as observações e

posterior a prática e detalhando como foram as experiências. Este relato de experiências

configura-se como uma pesquisa qualitativa, que buscou contribuir para a formação

competente e autônoma, confrontando teoria e prática, a fim de ressaltar a importância de se

trabalhar com a educação inclusiva, sendo uma perspectiva legal, que se torna cada vez mais

presente do cotidiano escolar.

Vale destacar que, é imprescindível que se realizem estudos e práticas desta natureza

em cursos de licenciatura, principalmente no Curso de Pedagogia, uma vez que se realiza uma

reflexão sobre a Educação Inclusiva, reconhecendo as políticas em sistemas e instituições

escolares, garantindo que todos os alunos com ou sem deficiência participem ativamente de

todas as atividades na escola e na comunidade.

Destaca-se também que é preciso compreender que não basta matricular alunos com

deficiência em escolas regulares para dizer que a educação inclusiva está acontecendo. A

inclusão vai muito além disso: a criança precisa se sentir sujeito autônomo no cotidiano

escolar. É preciso garantir as condições de aprendizagem que os mesmos necessitam para

evoluir, ou seja, a aceitação e a valorização da diversidade, a cooperação entre diferentes e a

aprendizagem da multiplicidade são valores que norteiam a inclusão social e escolar.

2 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO CURSO DE PEDAGOGIA

Desde o ano de 2010 foi integrado ao currículo do Curso de Pedagogia a disciplina

de Educação Inclusiva I e II, com 30h cada. Anteriormente era chamada de Fundamentos da

Educação Inclusiva I, com carga horária de 60h. A referida, após reflexões com

coordenadores de Curso das unidades da URI (Universidade Regional Integrada do Alto

Uruguai e das Missões) e Núcleo Docente Estruturante (NDE) foi alocada e após modificada

na estrutura curricular do Curso de Pedagogia. Essa realidade surgiu do debate e após

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verificar a necessidade de momentos de reflexão, conhecimentos e saberes sobre o assunto,

bem como os acadêmicos vivenciarem na prática a teoria construída em sala de aula.

Destaca-se que as disciplinas fazem parte do Departamento de Ciências Humanas,

código 70-740 – Educação Inclusiva I, com carga horária de 30h, 02 créditos. Destaca-se que

tem por objetivos, possibilitar o conhecimento dos diversos enfoques teórico-metodológicos

concernentes à questão da inclusão e ao processo interativo da Pessoa com Deficiências,

reconhecendo a educação inclusiva como fundamental ao desenvolvimento do ser humano;

conhecer as políticas públicas que regem a Educação Inclusiva, tendo o conhecimento para

construir uma postura crítica e consciente nos ambientes sociais e escolares.

Já a disciplina 70-742 – Educação Inclusiva II, com carga horária de 30h , sendo

teórica: 15h - Prática: 15h, com 02 créditos e tem como objetivos, compreender a Educação

Inclusiva em seus aspectos teóricos e práticos, proporcionando a construção do conhecimento

nesta área.

As referidas possuem em sua base a constituição da pessoa com deficiência, a

questão fundamental das políticas públicas educacionais que norteiam a inclusão, a formação

docente para o trabalho inclusivo, a conscientização de que o ser humano é diferente, mas

precisamos respeitá-lo e trabalhar de forma competente, dinâmica e criativa, com

planejamento e sensibilidade, bem como a realização da prática escolar inclusiva, sendo

fundamental para o acadêmico.

Dentre as várias atividades, teóricas e práticas, desenvolvidas no decorrer dos dois

semestres, destacam-se, no presente texto, duas que foram relevantes para que os acadêmicos

pudessem compreender mais a realidade enfrentada por educadores da rede regular de ensino,

bem como vivenciarem como é ter um ou mais alunos incluídos numa turma dita “normal”.

2.1 O olhar da inclusão

O primeiro questionamento que surge ao se falar em educação inclusiva é justamente

o conceito que os educadores têm de inclusão escolar; afinal: o que é inclusão? Qual é o nosso

posicionamento: somos a favor ou contra a inclusão do aluno deficiente na rede regular de

ensino. Por quê? Como é a experiência de ter um aluno incluído? Quais os desafios? Como

enfrentar uma realidade tão distinta à legislação?

Durante a entrevista, os professores entrevistados contribuíram de forma significativa

ao relatarem suas experiências e sentimentos frente ao seu dia a dia com a prática da educação

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inclusiva. Ao ser questionada sobre o que é inclusão escolar, a educadora 1, descreveu o

seguinte:

Vivemos num momento de discussões férteis sobre a inclusão escolar. Após reflexões é possível afirmar que inclusão escolar é acreditar que a pessoa com deficiência tem o direito de ser, viver e conviver como um cidadão inserido na escola e também na sociedade. Da mesma forma, penso que incluir é tornar a pessoa com deficiência mais presente e participativa o que difere da atual condição escolar que busca apenas integração. A escola, como instituição social representa o cenário onde acontece o processo de ensino e aprendizagem num espaço vivo de interação. Não se pode produzir uma educação dissociada do mundo e da vida, e denominá-la como sendo inclusiva, enquanto o pensamento não está voltado para atender todas as necessidades. O caminho está aí para ser percorrido, cabe encontrá-lo e fazer parte dele. Reestruturar, reformular, fazer, integrar primeiros passos de uma longa caminhada. Para concluir acredito que só é possível falar em inclusão, levando em consideração a tríade: Família – Aluno - Escola. Assim, caracterizo inclusão como sendo aceitação primeiro pela família, segundo pelo próprio deficiente e terceiro aceitação da escola.

Podemos perceber que a inclusão é um desafio constante, uma vez que implica uma

mudança de perspectiva educacional, pois não atinge apenas alunos com deficiência e os que

apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais, para que obtenham sucesso em

sua vida. As escolas atendem às diferenças sem discriminar, sem trabalhar à parte com alguns

alunos, sem estabelecer regras específicas para se planejar, para aprender, para avaliar

(currículos, atividades, avaliação da aprendizagem para alunos com deficiência).

Segundo Mantoan (2003), a educação escolar não pode ser pensada nem realizada

senão a partir da ideia de uma formação integral do aluno, segundo suas capacidades e seus

talentos e de um ensino participativo, solidário e acolhedor. É preciso consolidar uma prática

social que encoraje toda a comunidade escolar, incluindo os alunos e suas famílias a rever

suas velhas crenças e comportamentos em relação a alunos e professores, ao ensino e à

aprendizagem, às funções da escola e a outras questões da vida escolar comunitária. É

necessário, acima de tudo, construir uma cultura inclusiva no interior das nossas escolas e

comunidades em geral.

Posterior, a pergunta seguinte referiu-se ao posicionamento da educadora 1,

questionando se era a favor ou contra a inclusão do aluno deficiente na rede regular de ensino

e por quê? Conforme depoimento, a mesma afirma que,

Eu sou a favor da inclusão, contudo entendo que a proposta da mesma é desafiadora, isto porque ela não só necessita da igualdade de condições, mas de ações e relações, a partir de uma escola que contemple a diversidade e a diferença. A escola tem um compromisso primordial e insubstituível: introduzir o aluno no mundo social, cultural e científico; e isto é direito incondicional de todo o ser humano,

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independente de padrões de normalidade estabelecidos pela sociedade ou pré-requisitos impostos pela escola. Ainda que incluir seja uma tarefa complicada, repleta de desafios para família e, principalmente para a escola e professores é preciso que haja interesse mútuo que vise a qualidade de vida da pessoa com deficiência. A sociedade está acostumada a ouvir sobre inclusão, opinar também, mas não está preparada para atender em primeiro momento a demanda e, em segundo, o preconceito que é inerente do ser humano. Novamente, considero que a inclusão acontece verdadeiramente, quando o aluno se sente acolhido na escola e quando ele percebe que o professor e toda a comunidade escolar quer trabalhar com ele e conhecê-lo para além de sua deficiência.

Compreendendo seu posicionamento, percebe-se que ao nos referirmos ao processo

de ensinar e de aprender numa escola, que deve estar aberta às diferenças e a todo e qualquer

aluno. Precisamos considerar que educar é uma constante dedicação, é empenhar-se por fazer

o outro crescer, se desenvolver, evoluir. É acreditar que sempre existe a possibilidade das

pessoas se transformarem, mudarem suas práticas de vida, enxergarem de outros ângulos o

mesmo objeto/situação, conseguirem ultrapassar obstáculos que julgam intransponíveis,

sentirem-se capazes de realizar o que tanto temiam e serem movidas por novas paixões.

E tal transformação é capaz de mover o mundo, modificando-o, tornando-o diferente,

uma vez que o sujeito transformador passa a enxergá-lo e a vivê-lo de outro modo, que vai

atingi-lo concretamente e mudá-lo, ainda que aos poucos e parcialmente. O mesmo ainda tem

que se habituar a reaprender constantemente suas ações, individuais ou coletivas, refletindo

sobre cada uma e buscando soluções coletivas.

Nesse sentido, apresentamos a seguir o relato de uma experiência vivenciada pela

educadora 2, na rede regular de ensino, de uma escola particular na qual ela resume no

próprio título o seu sentimento diante do que vivenciou: “Minha experiência: Realização é a

palavra certa!”

2.2 Minha experiência: Realização é palavra certa

A inclusão é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o

privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva

acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que

têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança

que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumamos dizer que estar junto é se

aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já a

inclusão é estar com, é interagir com o outro.

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Nesse sentido, destacamos o depoimento da professora da rede regular de ensino, que

sonha com uma educação de qualidade para todos. Nas palavras da docente,

afirmo que a educação inclusiva pode acontecer naturalmente e de maneira eficaz em sala de aula, contanto que haja investimentos para isso, ou seja, formação dos professores, planejamento, financiamento, apoio da família e de toda a equipe diretiva da escola para atender às necessidades que possam surgir durante este processo. Este ano estou tendo o privilégio de realizar a inclusão em minha sala de aula, o privilégio de conviver com um ser mais que especial, que me ensina muito mais do que aprende.

Com certeza, já ocorreram muitos progressos com relação a essas questões, contudo,

ainda estamos longe de uma educação de qualidade para “todos”, ou seja, que não exclua em

nenhum aspecto (raça, cor, sexo, religião, classe social, fisionomia, deficiências, etc). Existem

diferentes tipos de deficiências e cada caso é diferente. Algumas deficiências exigem mais do

professor do que outras, as crianças também são diferentes, umas estimuladas, outras que

nunca receberam estímulo algum, o que sem dúvida influencia no trabalho que o professor irá

desenvolver. Ainda a educadora relata:

Minha experiência é com um aluno que recebe muito estímulo, carinho e atenção desde o seu nascimento até os dias de hoje. Nesse caso, com o apoio e empenho da família trabalhando em parceria com a escola, torna-se muito mais efetivo o trabalho desenvolvido. Minha relação com este aluno foi ótima. Ele demonstrou-se um menino super amável, carinhoso, inteligente, aceita limites, não tem como não amá-lo e não sorrir ao ver o sorriso dele. Eu possuo a teoria para embasar o planejamento, mas o dia a dia é uma caixinha de surpresa e a cada dia me encanto mais com o crescimento dele. Sua relação com os colegas é de muita amizade e interação. Nos anos anteriores já eram colegas de aula e, portanto, já possuíam um vínculo muito forte. Todos os coleguinhas gostam muito dele, se preocupam e ajudam quando ele precisa. Eles brincam e interagem juntos, a socialização acontece de forma muito natural em sala de aula. O referido aluno possui uma linguagem acessível e acredito que isso facilite o relacionamento com os colegas. Pode-se dizer que a inclusão de alunos com deficiência é a grande meta para este novo século. De fato, seria muito bom se as escolas e os professores estivessem preparados para isso. Eu tenho formação nesta área porque busquei me atualizar e estar preparada para realizar a inclusão, no entanto, muitos são os educadores que se fecham para as mudanças e acreditam que é possível ignorar esta realidade que esta cada vez mais presente em nosso meio. Alguns alunos têm mais dificuldades de aprendizagem, não aceitam limites, outros possuem complicações mais graves, não recebem estímulos ou não tem apoio da família, entre outros aspectos, dificultando o trabalho do educador que muitas vezes possui 30 alunos em uma sala de aula, sem monitora e ainda exige-se que o mesmo realize um trabalho que atenda as necessidades e particularidades de cada um. Por todos os motivos já citados com relação ao meu aluno, ainda não foi necessário modificar a minha metodologia de trabalho, até porque na faixa etária que os mesmos se encontram tudo acontece através da ludicidade e sem cobranças de resultados imediatos. Ele acompanha as atividades, sempre participa, gosta de estar com os colegas, de brincar junto com eles, consegue se expressar, entende e respeita as regras da sala, quando faz algo errado é dialogado da mesma forma que os demais. Percebe-se que ele é muito feliz no ambiente da escola e por isso penso que, na minha realidade a inclusão acontece com sucesso, não há qualquer tipo de

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preconceito por parte dos colegas, pelo contrário, ele é adorado por todos. Até o momento não apareceram dificuldades que mereçam ser destacadas. O mais importante para mim, é que ele continue sentindo-se parte integrante e participante do processo. Gostaria de frisar minha opinião: não basta matricular alunos com deficiência em escolas regulares para dizer que a educação inclusiva está acontecendo. A inclusão vai muito além disso, a criança precisa se sentir sujeito autônomo no dia a dia. Em muitos lugares do Brasil isso está acontecendo, mas não podemos negar que ainda há muitas adaptações físicas e pedagógicas a serem feitas. (REFERENCIA)

De acordo com este depoimento, percebemos que a professora trabalha com

condições favoráveis para o sucesso do seu trabalho junto à turma, mas alerta para a grande

meta, para este novo século, que é a inclusão de alunos com deficiência e a preparação que as

escolas e os professores necessitam para enfrentar esta realidade. Ela deixa bem clara a

importância de se buscar formação, de estar em constante atualização, de ter preparação para

realizar a verdadeira inclusão.

Infelizmente, muitos profissionais da educação se fecham para mudanças e defendem

a crença de que é possível ignorar esta realidade que está cada vez mais presente em nosso

meio. E esta constatação é preocupante. Segundo estudos de Soares (2012), a legitimidade do

direito de todos à educação é a base para darmos o primeiro passo em relação à inclusão

escolar. Não se questiona mais sobre esta condição, mas se coloca em pauta quais são as reais

condições de atendimento educacional a estes alunos que ano após ano são autores do

aumento expressivo dos índices de fracasso escolar.

Existem culpados? De quem é a culpa? Quem deve se responsabilizar? Sociedade?

Escola? Família? Professores? A discussão abrange a compreensão de que a inclusão escolar é

parte de um processo amplo. A reflexão se estende às atuais condições estatais e sociais para o

cumprimento dos direitos constitucionais e de medidas legais que expressem as necessidades

coletivas. Entende-se que é necessária uma mudança de atitudes sociais em relação à inclusão

escolar de alunos com necessidades educacionais especiais e esta deve partir da escola.

E o grande questionamento justamente é esse. Como desenvolver nestes alunos seus

potenciais de forma efetiva levando em conta suas limitações? Toda e qualquer turma é

heterogênea. É preciso ter um atendimento que respeite as individualidades. O professor

precisa conhecer a criança que está sob sua responsabilidade para que encontre possibilidades

de atuar juntamente com a escola.

E diante disto, apresentamos a seguir a segunda atividade, que foi desenvolvida na

disciplina de Educação Inclusiva II, sendo uma experiência em trabalhar com um aluno

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deficiente em uma escola particular da rede regular de ensino. O objetivo era realizar

observações, realizando um diagnóstico e posterior a aplicação de um plano de aula.

Este trabalho configurou-se como uma pesquisa qualitativa, que buscou contribuir

para a formação competente e autônoma, confrontando teoria e prática. Envolveu atividades

diversas tais como: leituras, análises de livros, pesquisas, discussões coletivas, observações

nas escolas, seminários, elaboração e apresentação de relatório.

3 VIVÊNCIAS E EXPERIÊNCIAS

A prática inclusiva proposta foi realizada numa escola particular com uma turma de

Pré-escola, nível B, com 18 alunos, sendo um destes incluído. A deficiência, constatada em

laudo médico, foi Síndrome de Down e Autismo.

Posteriormente foi dialogado com a professora titular, sendo que relatou que W. tem

8 anos e é portador de Síndrome de Down e Autismo; sua comunicação é limitada, se

expressando através de gestos e balbucios; precisa ter uma rotina regrada e visual: explicou

que no início de toda aula era necessário mostrar e explicar a toda a turma a rotina (que é

exposta num quadro com desenhos que indicam cada ação a ser desenvolvida) da tarde e ir

tirando do quadro cada vez que aquela atividade é realizada. Relatou ainda que W. não aceita

trabalhos diferentes dos colegas, ou seja, cada vez que recebe uma atividade e percebe que

esta somente ele deverá fazer, empurra para longe ou devolve para a professora; tem

personalidade forte, quando não ganha o que deseja utiliza como recurso o choro para tentar

comover e conseguir aquilo que quer; quanto a situações desta natureza a professora é

convicta em afirmar que não o trata como uma criança diferente, afinal, a turma é

heterogênea, nenhum aluno é igual ao outro, todos tem seus limites e necessidades e com W.

não é diferente.

Descreveu W. como sendo independente em suas ações; entende tudo o que é falado

a ele; escuta e responde quando o assunto é de seu interesse; um dos pontos destacados é que

o seu fazer é limitado pelo autismo e nem tanto pela Síndrome de Down; quando terminam as

atividades propostas podem estar manuseando livros, gibis, revistas, caixa do alfabeto móvel;

outro detalhe interessante é que W. gosta muito de elefante e da cor vermelha; a família é

sempre presente, preocupada com ele, sendo que em casa por sugestão da professora foi

organizado um espaço somente dele para a realização dos temas, pois era algo que ele não

gostava de fazer; sempre que possível traz desenhos feitos em casa e entrega para a professora

que expõe os mesmos na sala para valorizar toda a dedicação dele; quanto a socialização, a

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turma é muito amada com ele, o convidam para brincar; gosta das aulas de Educação Física;

segundo a professora, trabalhar com ele é ter em cada dia uma descoberta.

Durante as observações foi possível detectar várias situações que comprovam o

quanto W. é uma criança especial e que precisa de carinho e atenção. Na aula de Educação

Física um colega tentou se aproximar, mas naquele momento ele se afastou, querendo brincar

sozinho. Ao retornar para a sala já foi diferente: ele interagiu, mostrou o livro que tinha

retirado na biblioteca, fez barulho, querendo assustar, imitando o urso do livro. Foi sozinho

devolver e retirar outro livro na biblioteca e novamente quando retornou, sentou na sua

cadeira, leu o livro e me chamou para que eu olhasse as gravuras. Posterior a isso, mostrou o

livro para a professora e disse que não gostou. Entregou o livro para ela, que questionou o que

tinha na história e brincou com ele, fazendo carinhos. É um menino tranquilo, às vezes

responde outras não.

Algo muito interessante do trabalho desenvolvido pela educadora é que ela trata

todos da mesma forma. Não age com W. como se ele fosse um “coitadinho” ou como se ele

não existisse; bem pelo contrário, busca desenvolver o máximo de habilidades e

potencialidades nele, juntamente com todos os outros da turma.

Em outra observação, ao iniciar a aula a professora apresentou a rotina e na

sequência, trabalhou com uma atividade escrita. Nesta W. pintou somente com a cor

vermelha. Muito amoroso, me beijou várias vezes. No decorrer da atividade um colega

questionou a professora: “- Porque W. não fala a nossa língua?”. A mesma, sempre atenciosa,

explicou que a comunicação dele é diferente da nossa, assim como todos nós somos

diferentes, ninguém é igual a ninguém. Questionou: Você é igual ao fulano? E ele respondeu:

- Não. E ela novamente explicou que cada um tem sua forma de se comunicar. Depois, me

relatou que este faz praticamente essa pergunta todos os dias, em especial quando senta ao

lado de W. e que ela age desta forma tentando fazer ele perceber estas diferenças.

Posterior, foi a hora do lanche: neste momento me surpreendi com W. , pois esperava

que ele fosse dependente em alguns aspectos. Me enganei: ele fez a mesma coisa que os

colegas: tirou o lanche da mochila, comeu sozinho e guardou tudo novamente; se mostrou ser

organizado, inclusive ao colocar suas comidas na mochila. Por fim, a turma assistiu o Filme:

“Rio 2” no auditório.

Outra questão muito importante é que a relação de W. com os colegas é de muita

amizade e interação. Nos anos anteriores, já eram colegas de aula e, portanto, já possuíam um

vínculo muito forte. Todos gostam muito dele, se preocupam e ajudam quando ele precisa.

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Eles brincam e interagem juntos.

Quanto à formação da professora, esta é formada no Magistério, graduada em

Pedagogia, pós-graduada em Psicopedagogia, pós-graduada e capacitada em Atendimento

Educacional Especializado. É a primeira vez em sala regular que tem aluno incluído. Ela

relata que ao saber que teria um aluno incluído não viu maiores problemas no âmbito da

turma, pois W. já está nesta mesma turma desde o início de sua vida escolar, assim os colegas

o respeitam. Quanto a ela, via como um desafio, porém hoje o vê como igual aos outros.

Dentre as conquistas que já teve com W. ela afirma:

Minha maior conquista foi na socialização. Ele costuma se isolar para brincar. Através de atividades direcionadas com a turma consegui fazer com que a turma o convidasse para brincar e assim as coisas foram mudando. Hoje ele procura os colegas, os quais o aceitam sem distinção alguma.

Já ao ser questionada sobre suas frustrações, ela é convicta em dizer que:

Nunca desanimei, pois sempre busquei estudar muito sobre assuntos relacionados a deficiências e síndromes e a cada atividade que não se concretizava com sucesso buscava de outras formas ajuda-lo a compreender o assunto, as brincadeiras, enfim, atividades que eram trabalhadas. Nem todos os dias ele está disposto a fazer as atividades e as brincadeiras da sala, assim respeito sua decisão, porém sempre converso explicando que ele poderia estar com seus colegas se divertindo, brincando.

Quanto ao planejamento, destacou que no início do ano tinha um planejamento

direcionado a W. e outro para a turma, porém não gostava de ter que fazer isso e percebeu que

ele também não, até que chegou um determinado momento que ele começou a se recusar a

fazer as atividades diferentes dos colegas e então ela passou a ter um só planejamento. Ele

começou a realizar as atividades mais confiante e feliz, porém do seu jeito. Ao término das

atividades, as quais ele faz muito rápido, sempre tem atividades motoras e atividades visuais e

sonoras (letras e imagens), porém também, nem sempre ele as realiza.

Tratando do processo de avaliação o mesmo é diário, visando ver suas conquistas e o

que ainda precisa ser aprimorado. Ele possui um parecer descritivo onde mostra o que

alcançou durante o trimestre e o que ainda precisa ser trabalhado para que consiga se

desenvolver mais. Ao ser indagada sobre o que é inclusão a professora afirma:

Inclusão para mim é olhar e não ver diferença, afinal, quem de nós é igual ao outro? Assim sendo, tudo bem ser diferente. Em algumas situações, vejo a inclusão como utopia; em outras vejo que ela está mais próxima. Vejo como utopia quando pessoas não conseguem ser independentes em situações simples como o caminhar pelas ruas,

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como poder ler um letreiro, entrar no lugar que deseja sem ter que precisar de ajuda. Infelizmente, muito ainda precisa ser mudado para que não só as escolas sejam espaços de inclusão. A sociedade precisa mudar, o município se adaptar. Acredito sim que este aluno está incluído, pois muito amor, carinho e respeito emanam na nossa sala. Ninguém sente pena ou algo parecido com este sentimento. Ele muito me ensinou... me ensinou a ver beleza em coisas simples, a não olhar com outro sentimento que não seja o amor. Percebi que com o carinho, com o olhar podemos conquistar muitas coisas. Que a vida sempre nos apresenta surpresas e elas muitas vezes são maravilhosas, basta saber entender, basta saber olhar.

Após a aplicação do plano de aula, o sentimento foi de dever cumprido e a certeza

que uma escola para todos não desconhece os conteúdos acadêmicos, não menospreza o

conhecimento científico, sistematizado, mas também não se restringe a instruir os alunos, a

“dominá-los” a todo custo. De nada adianta incluir um aluno e excluir os demais por não

conseguir lidar com a situação. É necessário garantir as condições de aprendizagem que os

mesmos necessitam para se desenvolver.

O sonho educacional de cada professor deve pautar, enquanto questionamento, uma

resposta sobre o que realmente se quer atingir quando se dedica horas, dias, anos de suas

vidas a ensinar. “Temos de saber aonde queremos chegar para encontrar um caminho, porque

não existe “o” caminho, mas caminhos a escolher, decisões a se tomar. E escolher é sempre

correr riscos.”

Temos que ter a certeza, como já descrito, que não basta matricular alunos com

deficiência em escolas regulares para dizer que a educação inclusiva está acontecendo. A

inclusão vai muito além disso: a criança precisa se sentir sujeito autônomo no dia a dia. De

nada adianta incluir um aluno e excluir os demais por não conseguir lidar com a situação. É

necessário garantir as condições de aprendizagem que os mesmos necessitam para evoluir, ou

seja, é imprescindível que hajam recursos especializados, a união de uma equipe

multidisciplinar, professores capacitados, juntamente com o apoio dos poderes

governamentais. Processo é longo, mas jamais impossível.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estamos inseridos num contexto de discussões férteis sobre a inclusão escolar. E ter

a oportunidade de experienciar na prática a educação inclusiva significou uma quebra de

muitos paradigmas. Após dois semestres de estudos, observações e reflexões, conclui-se que a

inclusão escolar é acreditar que a pessoa com deficiência tem o direito de ser, viver e conviver

como um cidadão inserido na escola e também na sociedade. Da mesma forma, incluir é

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tornar a pessoa com deficiência mais presente e participativa o que difere da atual condição

escolar que busca apenas integração.

A escola, como instituição social representa o cenário onde acontece o processo de

ensino e aprendizagem num espaço vivo de interação. Não se pode produzir uma educação

dissociada do mundo e da vida, e denominá-la como sendo inclusiva, enquanto o pensamento

não está voltado para atender todas as necessidades. Para que haja a verdadeira inclusão, o

aluno com deficiência deve ter seus direitos assegurados para que receba devida assistência e

também para que a comunidade escolar promova a sua permanência na instituição.

A palavra é muito instigante, incluir, porém os atos estão falhos. O caminho está aí

para ser percorrido, cabe encontrá-lo e fazer parte dele. Reestruturar, reformular, fazer,

integrar primeiros passos de uma longa caminhada. É possível falar em inclusão, levando em

consideração a tríade: família- aluno- escola. Assim, inclusão caracteriza-se como sendo

aceitação, primeiro pela família, segundo pelo próprio deficiente e terceiro aceitação da

escola.

Ainda que incluir seja uma tarefa complicada, repleta de desafios para família e,

principalmente para a escola e professores, é preciso que haja interesse mútuo que vise à

qualidade de vida da pessoa com deficiência. A sociedade está acostumada a ouvir sobre

inclusão, opinar também, mas não está preparada para atender em primeiro momento a

demanda e, em segundo, o preconceito que é inerente do ser humano. A inclusão acontece

verdadeiramente quando o aluno se sente acolhido na escola e quando ele percebe que o

professor e toda a comunidade escolar querem trabalhar e conhecê-lo para além de sua

deficiência, acreditando sempre no sentido de fazer, de promover, de desacomodar e de

pensar no outro.

Nesse sentido, como futura pedagoga, que sonha com uma educação de qualidade

para todos, afirmo que a educação inclusiva pode acontecer naturalmente e de maneira

eficácia em sala de aula, contanto que haja investimentos para isso, ou seja, formação dos

professores, planejamento, financiamento, apoio da família e de toda a equipe diretiva da

escola para atender às necessidades que possam surgir durante este processo. Com certeza, já

ocorreram muitos progressos com relação a essas questões, contudo, ainda estamos longe de

uma educação de qualidade para “todos”, ou seja, que não exclua em nenhum aspecto (raça,

cor, sexo, religião, classe social, fisionomia, deficiências, etc).

Concluindo, não basta matricular alunos com deficiência em escolas regulares para

dizer que a educação inclusiva está acontecendo. A inclusão vai muito além disso. A criança

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precisa se sentir sujeito autônomo no dia a dia. De nada adianta incluir um aluno e excluir os

demais por não conseguir trabalhar com a situação. É necessário garantir as condições de

aprendizagem que os mesmos necessitam para evoluir, ou seja, é imprescindível que hajab

recursos especializados, a união de uma equipe multidisciplinar, professores capacitados,

juntamente com o apoio dos poderes governamentais.

A proposta da disciplina vem ao encontro de todas estas questões e cumpre seu

objetivo na medida em que nos inserimos nas realidades das nossas escolas e ali realizamos

atividades pertinentes que visam uma educação inclusiva. Finaliza-se este trabalho com o

coração repleto de alegrias e conquistas por ter enfrentado mais este desafio que num primeiro

momento parecia ser tão difícil e complexo, mas que através do olhar daquelas crianças,

provou que quando se deseja e se sonha com um ideal, tudo é possível.

REFERÊNCIAS MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar - O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003. SOARES, Maria Aparecida Leite. O professor e o aluno com deficiência. São Paulo: Moderna, 2012.

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FORMAÇÃO DOCENTE: PRÁTICAS REALIZADAS PELO PIBID

Raquel da Silva Brochier - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

–Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil [email protected]

Carine Dalsasso - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões -Câmpus

de Frederico Westphalen, Brasil [email protected]

Keli Cristina Calisto - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil [email protected]

Tais Regina Freo - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões -Câmpus

de Frederico Westphalen, Brasil [email protected]

Luci Mary Duso Pacheco - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

-Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil [email protected]

Vildes Mulinari Gregolon - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

-Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil [email protected]

RESUMO: O presente trabalho origina-se das práticas realizadas no PIBID, juntamente com aportes teóricos referentes à formação do professor. O estudo realizado tem como objetivo proporcionar além da formação profissional, a inteira relação com a prática, compreendendo que o PIBID reforça este essencial aporte, pensando nisso, o mesmo vem a desenvolver atividades que contribuem para a formação docente assim realiza práticas com alunos do Curso Normal. Desenvolvemos uma gincana de fechamento das atividades do Curso, foi de suma importância o trabalho desenvolvido pelas acadêmicas bolsistas, sendo que integrou os alunos participantes com as atividades realizadas e demonstrou a contribuição do PIBID para os mesmos, onde as tarefas foram realizadas com grande sucesso, integrando-os, bem como possibilitando a ligação com a práxis, os assuntos abordados eram compreendidos e assimilados com a prática pedagógica, fazendo com que a aprendizagem fosse dinamizada entre o grupo, possibilitando o fortalecimento da pesquisa e uma relação com a formação continuada, sempre atualizando-se , aperfeiçoando-se para poder mudar quando é necessário. A construção da profissionalidade docente, por ser um espaço em aberto, envolve uma gama de processos de ação e reflexão, trocas e interações que dão forma ao compartilhamento de aprendizagens significativas ao constituir-se professor. Palavras chave: Formação Profissional, Pibid, relação teoria e prática.

INTRODUÇÃO

Este trabalho originou-se das leituras e discussões agregadas às práticas

desenvolvidas pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID). Cuja

temática contempla a educação e suas múltiplas implicâncias, especialmente no que tange à

formação de professores, um processo contínuo e dinâmico no qual estando incluídos

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queremos participar ativamente. Utilizamos o método qualitativo e descritivo para o estudo do

tema, favorecendo o aprofundamento do assunto abordado.

O estudo realizado salienta a importância da tarefa que é ser professor, compreende-

se a necessidade de ter uma formação bem consolidada e estruturada para que consiga

desenvolver a sua prática pedagógica de forma significativa. Assim é necessário considerar a

importância dos saberes e competências que dão legitimidade à ação docente, nesta

perspectiva, ser um profissional da educação necessita de uma formação de qualidade, e a

universidade por ser o lugar na qual tem maior aprimoramento da formação, proporciona

programas como PIBID que possibilita uma maior compreensão e desenvolvimento como

futuro profissional. Pimenta salienta:

[...] tenho investido na formação de professores, entendendo que na sociedade contemporânea cada vez mais se torna necessário o seu trabalho enquanto mediação nos processos constitutivos da cidadania dos alunos, para o que concorre a superação do fracasso e das desigualdades escolares. O que, me parece, impõe a necessidade de repensar a formação de professores. (PIMENTA, 1999, p.15).

Tendo em vista que é de suma importância entender o processo educativo e sua

valorização quanto ao profissional que exerce esta função bem como o investimento em sua

qualificação, tanto na formação inicial, quanto na formação em serviço, no contexto de

reformas que generalizam a escolarização, sabendo que a democratização do ensino passa

pelos professores e, por isso o objeto de estudo.

Compreendendo que o professor somente efetiva sua prática docente na medida em

que amplia a consciência sobre a própria prática educativa, sendo assim aponta-se de que

valorizar o trabalho docente significa dotar os professores de perspectivas que os ajudem a

compreender os processos históricos, sociais, culturais, nos quais exerce sua função. Neste

sentido compreendemos que o PIBID vem a somar com a formação inicial e contínua dos

futuros professores, auxiliando na construção teórica e prática do bolsista participante.

Pensando nisso, este Programa vem a desenvolver atividades que contribuem para a

formação docente, levando bases teóricas e práticas com alunos do Curso Normal das escolas

campo com a finalidade de auxiliar na formação destes futuros docentes, estendendo-se este

trabalho a graduação no Curso de Pedagogia. Entre meio a isso, o Programa Institucional de

Bolsas de Iniciação à Docência auxilia para que os professores sejam instigados a inovar a sua

aula e consequentemente pesquisar é construir o conhecimento conjuntamente são desafios

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para classe docente sendo que, a partir dos conhecimentos construídos os professores

conquistam sua autonomia de maneira democrática.

Muitas vezes para o aluno a escola é compreendida como espaço de construção do

conhecimento sofre uma redução fenomenológica a um método expresso num livro didático; a

resolução de exercícios cujo objetivo não lhe é claro ou significativo; uma fragmentação

disciplinar num mundo onde as “conexões” são importantes, enfim, um distanciamento e

mesmo desconexão entre teoria e prática dentre muitas outras questões problemáticas que é

possível apontarem. Então, o programa financiado pela Capes vem a suprir essas necessidades

e fazer com que os professores façam uma análise que tencione essas proposições na

perspectiva de estabelecer paralelos e pontes entre uma escola que temos e uma escola que

queremos ter, procurando continuamente diminuir o fosso entre estas duas instâncias.

O saber dos professores deve ser compreendido em relação com o trabalho deles na

escola e na sala de aula, em que, as relações dos professores com os saberes nunca deverão ser

relações estritamente cognitivas, devem ser mediadas pelo trabalho. O saber docente é

diversificado, envolve saberes e fazeres diversos de naturezas diferentes como da família, das

instituições formadoras, cultura pessoal, ou seja, o saber está na confluência de vários saberes

em que as relações que os professores estabelecem com estes saberes geram relações sociais.

A relação cognitiva está ligada a relação social. Ensinar supõe aprender a ensinar, dominar os

saberes necessários a realização do trabalho docente, mobilizando uma variedade de saberes,

reutilizando-os no trabalho para adaptá-los pelo e para o trabalho.

2 A CONSTRUÇÃO DO SABER DOCENTE INFLUENCIADO PELO PIBID

A necessidade de repensar a formação encontra no curso de Pedagogia também, uma

nova articulação e um equilíbrio entre os conhecimentos produzidos, a respeito do ensino e

saberes desenvolvidos pelos professores em suas práticas. Todo o saber insere-se numa

duração temporal que remete à história de aquisição e formação, implicando um processo de

aprendizagem e formação, e, quanto mais desenvolvido, formalizado e sistematizado é um

saber.

A formação propõe habilidades e atitudes, para serem profissionais reflexivos,

investigadores e inovadores. O eixo fundamental do currículo de formação do professor é o

desenvolvimento de instrumentos intelectuais para facilitar as capacidades reflexivas sobre a

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própria prática docente, cuja meta principal é aprender a interpretar, compreender e refletir

sobre a educação e a realidade social de forma comunitária.

António Nóvoa (2009), ao falar de profissionalidade e pessoalidade docente, esboça

cinco pontos principais que constituem o que marca um bom professor, sendo eles o

conhecimento, capacidade de conhecer o que se ensina; a cultura profissional, humildade para

aprender com os mais experientes; o tacto pedagógico, capacidade de comunicação e

intervenção; o trabalho em equipe; o compromisso social, ultrapassar os limites da escola e

abranger os limites da sociedade.

Dentro desta perspectiva, percebe-se a importância da formação profissional e as

maneiras que o PIBID pode auxiliar para esta aquisição de saber, sendo que a finalidade do

programa é apoiar a iniciação à docência de estudantes de licenciatura plena das instituições

de educação superior federais, estaduais, municipais e comunitárias sem fins lucrativos,

visando a aprimorar a formação dos docentes, valorizar o magistério e contribuir para a

elevação do padrão de qualidade da educação básica.

Com efeito o PIBID contribui para a formação ampla do conhecimento,

demonstrando a realidade da associação da teoria com a prática. Aprende-se através da nossa

mobilização, do nosso reconhecimento como seres reflexivos e construtores da própria

conscientização, o professor não é um simples reprodutor, desenvolve o seu conhecimento

numa forma dinâmica, inovadora e produtiva para a atuação da práxis.

A formação propõe habilidades e atitudes, para serem profissionais reflexivos,

investigadores e inovadores. O eixo fundamental do currículo de formação do professor sobre

a própria prática docente, cuja meta principal é aprender a interpretar, compreender e refletir

sobre a educação e a realidade social de forma comunitária.

Compreendida a abrangência propedêutica,e o trabalho que o PIBID desenvolve, é

necessário apropriar-se das ferramentas fundamentais a um educador consciente da sua práxis.

Daí surge pesquisa como eficaz, consciente e urgente, primando pela autonomia profissional

(DEMO, 1995).

A postura do pesquisador é questionadora quanto à própria postura, indagando-se

sobre sua prática em sala de aula e fora dela, já que estamos integrados na sociedade e nela

fizemos nosso papel mediador. Então somos pesquisadores com os outros, seja em

compreender os outros, seja em compreender o todo. Aliás, a escola precisa ser o todo. O todo

não exclui, enquanto força, mas acata cada parte, molda-as, esculpe-as, de forma que haja

conjectura, ligação e comunhão que se permita dizer que há o todo.

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Do ser crítico ao ser pesquisador, percebe-se que:

Pesquisar é primeiro duvidar, perguntar, criticar, dizer não. É querer saber, por não se aceitar a ignorância. Neste patamar, pesquisa tem o mesmo sentido da emancipação, pois esta também começa dizendo não, pela formação da consciência crítica. (DEMO, 1995, p 139).

Seja professor, seja aluno, o certo é que sem a pesquisa tornamo-nos monótonos,

conformados e dispostos a aceitar com passividade o que os outros nos impõem ou o que nós

impomos aos outros. Quando pesquisamos não impomos, mas temos o interesse de se chegar

mais perto de uma verdade e que essa verdade seja comum a todos. Todos precisam ser

participantes e, é acreditando numa pesquisa participativa e numa democracia educacional

que o professor precisa ser pesquisador. Consciente de sua capacidade finita, o professor

aproveita e os meios a sua volta, tecnológicos ou estruturas sociais, com seus colegas

professores, os educandos e pode perfeitamente abranger outras esferas, já que o todo é a

sociedade maior.

3 FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DOCENTE

Em Freire (1996), educar é construir, é libertar o ser humano das cadeias do

determinismo neoliberal, reconhecendo que a História é um tempo de possibilidades. É um

“ensinar a pensar certo” como quem “fala com a força do testemunho.” E um “ato

comunicante, coparticipado, de algum produto de uma mente “burocratizada”. No entanto,

toda a curiosidade de saber exige uma reflexão crítica e prática, de modo que o próprio

discurso teórico terá de ser aliado à sua aplicação prática.

O professor deve valorizar o conhecimento, e procurar desenvolvê-lo cada vez mais,

ou seja, tentar fazer com que esse conhecimento evolua, de um mero conhecimento simples e

menos consistente para um conhecimento mais amplo e científico, esta construção de

conhecimento ajuda na inter-relação entre os indivíduos, para que ai possam recriar o

conhecimento. Assim, o professor estará agindo eticamente na sua relação consigo mesmo e

com o outro, pois tem que ter em mente que formar é muito mais que puramente treinar o seu

aluno. A essa ética, Freire denomina de ética universal do ser humano e a julga como

essencial para a prática docente e, ao mesmo tempo, indissociável da mesma. O professor não deve apenas passar em vão na vida de seus alunos, este não deve ser

apenas um mero investigador do conhecimento, e sim alguém que busca o novo e o

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diferencial para os seus alunos, abrindo assim novos horizontes e caminhos para eles, pois

ensinar exige a convicção de que a mudança é possível. O professor que se realiza em sua

prática profissional, consegue compreender e entender seus alunos, tornando suas aulas mais

interessantes e voltadas à realidade que o aluno se encontra.

O aluno consegue assimilar melhor o conhecimento quando este for transmitido de

forma que o mesmo esteja ligado a sua realidade, ou seja, assim terá significância e prazer por

parte do aluno em aprender. O professor precisa estar sempre em constantes mudanças e

transformações, se aperfeiçoando assim de novos saberes, contribuindo de fato para a sua

carreira profissional.

A professora democrática, coerente, competente, que testemunha seu gosto da vida, sua esperança no mundo melhor, que atesta capacidade de luta, seu respeito ás diferenças, sabe cada vez mais o valor que tem para a modificação da realidade, a maneira consistente com que vive sua presença no mundo, de que sua experiência na escola é apenas um momento, mas um momento importante que precisa de ser autenticamente vivido.(FREIRE,1996, p.70)

Quando o professor entra em sala deve estar aberto à indagações, à curiosidade, as

perguntas dos alunos, às sua inibições, um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa

que tenho de ensinar e não a de transferir conhecimento.

Como educadores, devemos estar constantemente ligados com relação ao respeito

que implica igualmente o que devo ter por mim mesmo. O respeito à autonomia e à dignidade

de cada um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros.

Salientamos ainda que o bom professor é aquele que consegue, enquanto fala trazer o

aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim, um desafio e não

uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam não dormem, cansam porque acompanham as

idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.

A necessidade de repensar a formação para o magistério encontra no curso de

formação de professores uma nova articulação e um equilíbrio entre os conhecimentos

produzidos a respeito do ensino e saberes desenvolvidos pelos professores em suas práticas.

Todo o saber insere-se numa duração temporal que remete à história de aquisição e formação,

implicando um processo de aprendizagem e formação, e, quanto mais desenvolvido,

formalizado e sistematizado é um saber.

Para sermos professores precisamos se pôr diante dos alunos, sem revelar com

facilidade ou relutância minha maneira de ser, de descriminar o aluno em nome de nenhum

motivo. Não posso levar meus dias, minhas preocupações centrais devem ser de procurar

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como professor a perguntar aos alunos o que acham de aproximação cada vez maior entre o

que digo e o que faço. Freire (1996, p.74) ressalta que “E, por isso repito, que ensinar não é

transferir conteúdo a ninguém assim como aprender não é memorizar o perfil do conteúdo

transferido no discurso vertical do professor”.

Ou seja, o papel do professor não é transferir o conteúdo a seu aluno, que aprender

não é algo temporário, que se aprende só para um dado momento, aprender é algo que se leva

para sempre, então memorizar não significa que o aluno realmente aprendeu. Dessa forma

cabe ao professor respeitar o educando entendendo-o, valorizando sua realidade, com o seu

olhar voltado para o seu potencial não criticando, mas dando todo o suporte e ferramentas que

o mesmo necessita dentro do seu processo de ensino/aprendizagem.

O educando necessita desse acolhimento do professor, onde possa expor seus

conhecimentos de forma que não seja criticado e sim escutado, pois independentemente da

escola em que o docente for exercer seu papel profissional, sendo ela pública ou privada,

precisa se assumir realmente como profissional docente.

O professor precisa instigar o aluno na qual o desafie a buscar, em forma de debates,

seminários projetos de pesquisa, dramatização. Ensinar exige pesquisa, busca, a reflexão

crítica sobre a prática, ou seja, é se pensando criticamente na prática do hoje ou de ontem que

se pode melhorar a nossa próxima prática.

A curiosidade como inquietação indagadora, como inclinação ao desvelamento de algo, como pergunta verbalizada ou não, como procura de esclarecimento, como sinal de atenção que sugere e alerta faz parte integrante do fenômeno vital. Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos. (FREIRE,1996, p.18)

O aluno é um ser curioso, por isso o docente precisa estar aberto a indagações à

curiosidade de seus alunos, às perguntas, sendo que ensinar exige total respeito do professor

perante autonomia do educando. A instigação e a curiosidade são fundamentais para ter uma

aula atrativa e produtiva. Freire (1996, p. 25) salienta que “Quanto mais criticamente se

exerça a capacidade de aprender tanto mais se constrói e se desenvolve o que venho

chamando "curiosidade epistemológica". Podemos notar que, a aula não é só passar conteúdo,

mas desafiar o aluno, num processo contínuo de aprendizagem e conhecimento. Tornando o

mesmo criador, responsável por aquilo que faz, assim precisando da colaboração de todos os

envolvidos no meio educacional para manter um vínculo de harmonia e o diálogo entre grupo.

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Sabemos que estudamos para sermos diferentes, agir de forma diferente, onde o

nosso papel é fazer realmente com que nosso aluno aprenda, e não onde o professor finge que

ensina e o aluno finge que aprende nesse caso os dois saíram perdendo, mas dentro desse

processo de ensinar e aprender precisam andar juntos, para que os dois possam ter diferentes

ideias e saberes, fazer certa avaliação de nós mesmos para que sejamos autônomos.

A oportunidade de gerar experiências na constituição do ser professor, e isso

representa para os profissionais da Educação, a possibilidade de formar-se de maneira

abrangente e contextualizada com o espaço no qual deve organizar suas práticas educativas.

Como afirma (TEIXEIRA, apud SILVA, 2012, p. 10), “o educador deve manter em uma

atitude de inquietação permanente diante dos fatores, em uma busca contínua pelo

conhecimento”.

Neste sentido percebe-se que “ser” professor não é o mesmo que “estar” professor, e

o futuro profissional da Educação precisa conhecer os diferentes contextos escolares,

vivenciar o cotidiano da educação, estabelecer relações de construção do conhecimento

prático acima de tudo, pois ninguém nasce professor é na busca teórica e na prática que se

constrói o educador.

Sabe-se que a formação de professores está cada vez mais discutida em diversas

formas, sabendo que é preciso mudar e tentar várias formas de pôr em prática. Mas que não é

tão fácil o quanto se imagina e o que se faz reflete no que se tem nas escolas hoje quanto a

conteúdos e formas de proporcionar aos alunos a construção do conhecimento. E, Pimenta

(1999) apresenta que quando os profissionais estiverem em contato com os saberes

necessários a uma boa educação poderão encontrar instrumentos que alimentem sua prática e

a confrontem para que a partir de então se produza o saber pedagógico, na ação.

Tardif (2002) trabalha na perspectiva dos saberes docentes, apontando que estes são

adquiridos a partir de várias fontes: os saberes pessoais, os provenientes da formação escolar

anterior, os provenientes da formação profissional para o magistério, os provenientes dos

programas e livros didáticos usados no trabalho e os de sua própria experiência na profissão,

na sala de aula e na escola, ajuda-nos a compreender as falas dos alunos, às quais

acrescentamos: “O saber profissional está, de certo modo, na confluência entre várias fontes

de saberes provenientes da história de vida individual, da sociedade, da instituição escolar,

dos outros educativos, dos lugares de formação, etc.” (TARDIF, 2002, p. 64).

O saber dos professores deve ser compreendido em relação com o trabalho deles na

escola e na sala de aula, em que, as relações dos professores com os saberes nunca deverão ser

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relações estritamente cognitivas, devem ser mediadas pelo trabalho. O saber docente é

diversificado, envolve saberes e fazeres diversos de naturezas diferentes como da família, das

instituições formadoras, cultura pessoal, ou seja, o saber está na confluência de vários saberes

em que as relações que os professores estabelecem com estes saberes geram relações sociais.

A relação cognitiva está ligada à relação social. Ensinar supõe aprender a ensinar,

dominar os saberes necessários à realização do trabalho docente, mobilizando uma variedade

de saberes, reutilizando-os no trabalho para adaptá-los pelo e para o trabalho.

Como já evidenciado, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência,

vem para contribuir na formação dos professores inseridos nas escolas e instigando os alunos

que fazem parte do mesmo criar este aspecto para a sua formação.

Assim desenvolvemos uma gincana de fechamento das atividades do Curso Normal,

da escola campo Instituto Estadual de Educação 22 de Maio. Esta prática exigiu dos bolsistas

um maior preparo e estudo aprofundado das atividades desenvolvidas A metodologia utilizada

foi uso de atividades práticas com cunho pedagógico com reflexões, havendo um diálogo e

integração com os alunos envolvidos. Após realizamos atividades integradoras entre o grupo

com discussões envolvendo a temática abordada em que os alunos deveriam realizar as

atividades e correlacioná-las com as atividades até então propostas no decorrer do ano.

Realizamos esta atividade em um sítio neste mesmo município com o intuito de proporcionar

um momento de confraternização entre os bolsistas e alunos do Curso Normal.

Tivemos uma ótima aceitação, bem como contribuições acerca dos temas abordados,

demonstraram um grande interesse nesta atividade, contribuíram com as tarefas, trouxeram

exemplos de cooperação em grupo, houve uma troca de saberes e experiências nesta proposta

realizada pelo PIBID, contribuindo para que os alunos ao repensarem sua prática tenham um

olhar sobre seus alunos e de sua atuação como agente do processo educacional. Sendo que

esta atividade teve extremo cunho pedagógico e com tarefas procurou desenvolver relações

com as teorias e as práticas desenvolvidas pelos alunos e pelo PIBID no decorrer do ano

letivo.

CONCLUSÃO

Considerando a formação de professores um compromisso dinâmico e permanente

podemos depreender que o mesmo se dá considerando os saberes que cada um constrói em

sua particularidade, em sua maneira singular de aprender. Independente de ser docente ou

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discente o fato mais importante a ser considerado é que aprendemos com os outros, por isso a

importância de valorizar esse outro que está em vinculado ao nosso agir profissional ou

pessoal.

Imbricados nesta perspectiva, os objetivos do PIBID ao proporcionar a seus bolsistas

uma melhor e mais qualificada formação tende a auxiliar para a melhor qualidade profissional

de futuros professores.

Conforme Tardif (2013), essas múltiplas articulações entre a prática docente e os

saberes fazem dos professores um grupo social e profissional cuja existência depende, em

grande parte, de sua capacidade de dominar, integrar e mobilizar tais saberes enquanto

condições para a sua prática, fazendo com que tenhamos profissionais cada vez mais

capacitados para atuar frente às escolas.

Ressaltamos que foi de suma importância o trabalho desenvolvido pelas acadêmicas

bolsistas, sendo que integrou os alunos participantes com as atividades realizadas e

demonstrou a contribuição do PIBID para o curso, onde as mesmas foram realizadas com

grande sucesso integrando-os, bem como possibilitando a ligação com a práxis, onde os

assuntos abordados eram compreendidos e assimilados com a prática pedagógica, sabendo

que o PIBID tem como objetivo proporcionar esta integração possibilitando novas pesquisas

aos bolsistas, uma vez que este é um dos objetivos a serem alcançados pelo programa que

proporciona a iniciação à docência.

REFERÊNCIAS FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo.Disponível em:<WWW.SABOTAGEM.REVOLT.ORG>.Acesso em 12 fevereiro 2015. NÓVOA, António. Professores imagens do futuro presente. Lisboa: Educa 2009. PIMENTA, Selma Garrido. Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 1999. SILVA, Juliete Guedes de CHAGAS, Leandro Marcelo Cassimiro das. PIBID: A EXPERIÊNCIA DA SALA DE AULA NA FORMAÇÃO INICIAL DE SILVA, Vanessa de Fátima et al. A importância da formação continuada para uma atuação docente reflexiva. Disponível em: http://www.jornaldaeducacao.inf.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1453#myGallery1-picture(12), 26 de julho de 2012.

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TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 15. ed. Petrópolis: Vozes,2013. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 4. ed.2002.

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PIBID NA ESCOLA CAMPO: CONTRIBUIÇÕES A PARTIR DAS LEITURAS

PEDAGÓGICAS EM PAULO FREIRE

Rudinei Moreira, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Josiane Ballin, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de

Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Rejane Souza da Silva, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Maila Cristina Calegari, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Luci Mary Duso Pacheco, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Vildes Mulinari, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus

de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

RESUMO: O presente artigo tem como tema PIBID na Escola Campo: Contribuições a partir das Leituras Pedagógicas em Paulo Freire. Originou-se com o objetivo de ampliar os conhecimentos sobre a leitura pedagógica, proporcionando aos alunos a importância da leitura e um maior conhecimento das obras de Paulo Freire. A metodologia utilizada foi bibliográfica e experimental que buscou promover nos alunos o hábito da leitura pedagógica no intuito de formar professores capazes de ler criticamente o mundo, sendo composto por um referencial teórico que traz autores renomados que tratam da importância da formação inicial, e o relato do trabalho desenvolvido na Escola Campo através das Leituras Pedagógicas. Diante das leituras percebemos a importância da formação do professor, bem como a fundamentação teórica e do ato de ler, a contribuição das leituras pedagógicas em Paulo Freire possibilitando aos sujeitos uma visão mais crítica e de melhores conhecedores do mundo em que vivem. PALAVRAS-CHAVE: Escola Campo, Leituras Pedagógicas, Formação docente, Paulo

Freire.

INTRODUÇÃO

O presente artigo busca apresentar os saberes construídos a partir das leituras

pedagógicas baseados em Paulo Freire e a importância da formação inicial do professor

instigando e provocando através das leituras e atividades que desenvolvam a promoção do ato

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crítico de ler de forma a compreender a valorização e visão de mundo. A partir do trabalho

realizado na Escola Campo juntamente com Ensino Médio modalidade Normal, surgiu a

referente proposta de elaboração deste artigo com a intenção de fundamentar a importância do

ato de ler, bem como a contribuição de Paulo Freire na formação docente e de forma dialógica

através das Leituras Pedagógicas, estas com o objetivo de mobilizar os saberes construídos a

partir das obras de Paulo Freire e promover o desenvolvimento de leitores comprometidos,

capazes de problematizar o fazer pedagógico.

As leituras Pedagógicas foram desenvolvidas na Escola Campo, sendo esse trabalho

desenvolvido pelos bolsistas PIBID, no intuito de que pudessem realizar uma prática

diferenciada na mesma. Diante das contribuições esperadas a partir da análise das Leituras

Pedagógicas estão o empenho e comprometimento para o ser docente no desenvolvimento

pessoal e profissional e construção do saber, frente aos novos desafios encontrados na carreira

docente.

O ser humano precisa estar consciente do seu inacabamento, pois só assim buscará

sempre novos conhecimentos, até tornar-se mais completo, nunca acabado. Essa visão para a

educação representa a formação permanente do professor, pois a primeira graduação deve ser

o inicio da formação e não o fim. Buscar sempre novos estudos e reconstruindo os já

adquiridos, saindo da acomodação indo ao encontro de um novo aprendizado.

Para ocorrer uma grande mudança devemos começar com os mais simples atos do

nosso dia a dia. Se optarmos em mudar a escola em que trabalhamos o importante é

começarmos a mudar a nossa sala de aula, só assim partiremos para o todo. Muitos falam em

mudar o mundo, esta mudança até seria possível se ao invés de pensar em primeiro mudar o

mundo, começar mudando sua forma de pensar e agir.

Nesse sentido espera-se a conscientização dos educadores, uma vez que seu

desempenho está relacionado ao saber-fazer-bem, ao desenvolvimento de suas funções com

qualidade e eficiência. Isso exige, entre tantos desafios que envolvem a vida do educador,

compreender que o querer, o dever, o saber e o poder articulam-se no desenvolvimento de sua

prática docente, das competências, da profissionalidade e da ética profissional.

2 DESENVOLVIMENTO

Ser professor hoje, como diz Gadotti (2003, p.7), “não é nem mais fácil nem mais

difícil do que era há algumas décadas atrás. É diferente.” Então seu processo de formação se

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dá pelo sua constante qualificação, ou seja, que seja um profissional qualificado, consciente

do significado da educação, capaz de entender os educandos. Espera-se dos cursos formadores

que dotem os professores de perspectivas de análise que os ajudem a compreender os

contextos nos quais se dará sua atividade docente, aonde venham a exercer liderança

pedagógica e intelectual, que tenham capacidade de trabalho em equipe e interdisciplinar. Sua

formação e atuação devem se dar desenvolvendo o processo de construção de conhecimento.

As pesquisas acerca da linha de formações de professores vem sendo evidenciada

com grande importância na atualidade, autores como Paulo Freire, Pedro Demo, Antônio

Nóvoa, ressaltam a importância de vivermos em sociedade, e o salto que a humanidade deu

frente a 400 mil anos quando os seres humanos viviam em cavernas, diferentemente de hoje

na qual temos cidades enormes globalizadas com grandes prédios, como nova York trazida

pelo autor. (DEMO, 2004).

No entanto ainda pode se perceber que hoje a teoria não mudou, mas a prática tem

mudanças constantes, mudam-se os alunos, a realidade da escola, os professores, por isso o

educador deve se tornar e buscar ser um profissional reflexivo e critico que possa dominar as

teorias e práticas, se tornar um intelectual critico transformador ao buscar seu conhecimento, e

ao final apresentar autonomia profissional para buscar os elementos que lhe faltam.

É de suma importância a formação inicial de professores na sociedade

contemporânea e o contato com a prática pedagógica mesmo sem ter concluído a graduação,

nesse sentido a educação é um ato político, sendo o ensino muito mais que uma profissão, que

exige comprovados saberes em seu processo, dando ao docente a oportunidade de buscar

novos conhecimentos agregando em sua formação valores e experiências, que a partir de uma

formação inicial bem fundamentada possibilita a mudança na construção do pensamento

crítico.

O professor em nossa atualidade precisa ter domínios científicos, ser um professor

pesquisador, indo além de seus objetivos. Embora existam muitos desafios para que os

profissionais da educação possam ter uma formação continuada é fundamental que estes não

deixem morrer em si o desejo der ir além, na busca de ter um diferencial em sua carreira, e

principalmente na sua formação que lhe acrescentará em sua prática em sala de aula novos

conhecimentos e habilidades.

Os educadores devem estar conscientes que seu dever principal é ensinar, e por isso a

nossa missão é ir em busca do conhecimento, percorrer caminhos com grandes desafios de

saberes e inovações para que possamos ter êxito em nossa atuação profissional. É preciso que

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existam políticas de formação que possam instigar os professores para que invistam em sua

constante formação, pois é de suma importância manterem-se atualizados e assim sentirem-se

mais preparados para enfrentar os desafios que vão se deparar em seu dia a dia, em seu

cotidiano em sala de aula.

Segundo SAVIANI (1983, p. 65):

Os professores têm na cabeça o movimento e os princípios da escola nova. [...], porém, [...] a realidade em que atuam é tradicional. [...] A essa contradição se acrescenta uma outra: além de constatar que as condições concretas não correspondem à sua crença, o professor se vê pressionado pela pedagogia oficial que prega a racionalidade e a produtividade do sistema e do seu trabalho, isto é, ênfase nos meios (tecnicismo). [...]Aí está o quadro contraditório em que se encontra o professor: sua cabeça é escola novista, a realidade é tradicional [...].

A sociedade contemporânea tem vivido um processo de rápidas transformações,

impostas pelos avanços tecnológicos. A escola, enquanto instituição social enfrenta o desafio

de superar o seu fazer pedagógico para atender a estas mudanças. Em consequência disso,

crescem as exigências em torno do trabalho do professor que precisa ser um profissional

preparado para desempenhar funções que vão além da tarefa de dar aulas; para vencer os

novos desafios que estão postos na missão de “ensinar”. Paralelo ao crescimento das

exigências cresce também a insatisfação profissional docente. Esse contexto nos mostra as

dificuldades pelas quais passam os licenciandos dos cursos de formação docente para

construírem sua identidade profissional. Cabe aqui discorrer sobre o que é identidade

profissional docente e como se dá o seu processo de construção da identidade docente como

sendo:

Uma identidade profissional se constrói, pois, a partir da significação social da profissão; da revisão constante dos significados sociais da profissão; da revisão das tradições. Como, também, da reafirmação de práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas. Práticas que resistem a inovações, porque estão prenhes de saberes válidos às necessidades da realidade. Do confronto entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas à luz das teorias existentes, da construção de novas teorias, constrói-se, também, pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor confere à atividade docente no seu cotidiano a partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas representações, de seus saberes, de suas angústias e anseios, do sentido que tem em sua vida: o ser professor. (PIMENTA, 1997, p. 7).

Ao analisarmos a citação acima descrita podemos perceber o quão complexa vem

sendo a construção da identidade docente, que se fundamenta na reflexão e na revisão da

prática, a autora nos mostra ainda que a prática venha sofrendo algumas transformações com

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o decorrer dos anos com novas formas de inovações, no entanto as teorias são as mesmas que

dão luz à pratica, é preciso o professor, enquanto ator e autor, comece a recriar essas teorias a

partir de suas praticas do dia a dia, é só ele que conhece a sua prática e que tenta desenvolvê-

la de forma eficaz o que nem sempre lhe dará êxito.

Nesse sentido cabe ao professor se adequar as novas tecnologias, na busca de estar

sempre atualizado no que condiz com a aprendizagem de seus alunos, não basta apenas o

professor trabalhar com seus alunos algo que não diz respeito com sua realidade, com o seu

contexto, nesse sentido o conhecimento é algo que precisa ser inovado sempre, o professor

precisa estar ciente de que sua prática precisa ser repensada e que ele precisa muitas vezes

mudar sua metodologia de trabalho, o professor precisa conhecer as dificuldades de seus

alunos, para que possa de fato ajudar seu aluno fazendo a diferença na vida desse aluno.

Nesse sentido (FREIRE, 1997) colabora dizendo que:

As revoluções tecnológicas encurtam o tempo entre uma e outra mudança. O bisneto dos fins do século passado repetia, nos grandes traços no que tange as formas culturais de valorar, de expressar o mundo de falar, seu bisavô. Hoje, numa mesma família, nas sociedades mais complexas, o filho mais novo não repete o irmão mais velho, o que dificulta as relações entre pais, mães, filhas e filhos.

A evolução que está sendo vivenciada vem mostrando que nada é mais como

antigamente, algumas coisas evoluíram outras retrocederam. O autor nos coloca as mudanças

que acontecem tanto nas famílias como na sociedade de um modo geral. Nas famílias de hoje

algumas crianças não tratam mais seu pai da mesma forma que seu pai tratava seu avô, isso é

ocorrência de muitos fatores como a falta de diálogo, de respeito, e um desses causadores

seria os meios de comunicação.

De algumas décadas para cá as mudanças aconteceram em um ritmo muito acelerado,

o que foi muito bom em alguns pontos como: na economia, na agricultura, na tecnologia que

facilita o trabalho o aumento o entretenimento, etc. Mas ao mesmo tempo a mudança trouxe a

“correria do dia a dia”, afastando as famílias de suas casas perdendo assim o dialogo, a cultura

e os valores passados de geração em geração, o que significa que não estamos conseguindo

acompanhar as mudanças tecnológicas com a vida familiar e social.

O mais preocupante é quando a tecnologia invade a sala de aula sem um

planejamento de como e quando ela deve ser utilizada, o que pode trazer grandes prejuízos

para o aprendizado do educando. Freire (2000) em especial na primeira Carta Pedagógica do

livro Pedagogia da Indignação, se mostra bastante preocupado com a falta de limites com que

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as crianças estão sendo educadas, em que acabam perdendo até mesmo a noção do certo e

errado.

Os meios eletrônicos e tecnológicos são vistos por Demo (2004) como algo que

“atrapalha” a vida prática do docente, pois é capaz de produzir conhecimento com efeitos

muito mais atraentes para com a aprendizagem dos alunos, muitas vezes o professor não sabe

utilizar as tecnologias e acaba se isolando ainda mais. O autor nos remete a uma utopia na

busca de uma pedagogia “perfeita”, segundo ele a pedagogia do futuro deve se adequar às

novas tecnologias, usá-las a nosso favor, não fazer delas obstáculo para sua prática, mas sim

fazer delas instrumentos de apoio.

Em nossa atualidade a tecnologia esta ao alcance das pessoas, informando assim o

público em geral, o que nem sempre é bom na construção do conhecimento, pois poderão

surgir ideias divergentes, destorcendo o sentido real da informação. Outro ponto que podemos

citar como negativo é que a tecnologia apesar de aproximar as pessoas que estão distantes,

acaba afastando as pessoas mais próximas, ou seja, com quem convivem, pois toda essa

informatização acaba impossibilitando que pais e filhos tenham a oportunidade de dialogo.

Em situações em que os alunos preferem buscar respostas de pesquisas em sites não

confiáveis, do que em livros renomados, cabe ao professor fazer uma força conjunta com a

família para poderem encontrar a melhor situação de resolver este problema que a tecnologia

acaba causando. Trazer o aluno para mais perto dos livros, ensiná-los a selecionar os

conteúdos oferecidos pela internet, mostrar a ele a forma com que seus pais foram ensinados.

Antigamente era livro, não restavam outras formas de se buscar aprender assim foi com a

geração passada, hoje temos mais possibilidades de aprendizado, com diversificadas formas

de pesquisa, o que contribui para a educação, na busca de que seja utilizada de maneira

correta.

A família tem papel fundamental no que condiz à motivação escolar, não só no que diz

respeito aos alunos, mas também aos professores, à família desde muito cedo deve estimular,

motivar as crianças a irem à escola, e que a escola não é um lugar chato, em que as crianças

vão para passar o tempo. A família que valoriza o conhecimento, o ensino, desperta na criança

o desejo de aprender, a aprender por que gosta e não por que simplesmente é obrigado, mas

isso nem sempre acontece. Sabemos que a grande maioria das famílias não estimulam as

crianças a estudarem, ou ainda desmotivam as crianças a estudar, dizendo que são incapazes

de aprender, etc.

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Para Demo (2004) ficar mais tempo na escola ou ter mais aula por ano não significa

que os alunos irão aprender mais, pois para que os alunos possam de fato aprender, cabe ao

professor saber trabalhar de forma contextualizada, atraente e criativa. Para ele a aula se

resume em transmissão do conteúdo, e não construção do conhecimento, sendo assim, o autor

cita a pesquisa como principio educativo, em que aos alunos ao tomarem decisões, ou ainda,

iniciativa, pesquisando, buscando o que para eles terá sentido, ou seja, irão construir o

conhecimento, sendo assim, cabe ao professor estar aberto para tal situação sabendo trabalhar

com o contexto de seus alunos.

O autor coloca que os alunos aprendem melhor se sentirem mais desafiados, no

sentido de instigar na busca por conhecimento, ou seja, eles se vêem desafiados quando

propomos algo diferente a eles, e com certeza irão desempenhar com mais vontade e

disposição, pois é sempre instigante uma novidade e dessa forma construirão conhecimento,

pois é através da leitura que os alunos irão desenvolver uma boa escrita, na produção de textos

próprios, adquirindo um vocabulário vasto.

A aprendizagem só fará sentido na vida do aluno se de fato trazer para sua vida

significado, ou seja, ele irá aprender o que lhe trará sentido, diferente da inteligência artificial,

que é um sistema reprodutivo do conhecimento, onde só se reproduz algo estagnado e não

algo que possa ser mudado de forma flexível. Os robôs são máquinas programadas para

apenas reproduzir, diferente dos humanos que possuem habilidades motoras e intelectuais que

lhes permitem construir e reconstruir o conhecimento.

Segundo Freire (1997, p.16): “a mudança é uma constatação natural da cultura e da

história”. Para se realizar alguma mudança é indispensável ter sonhos e projetos para alcançá-

la. As mudanças são possíveis, mas levam tempo e trabalho, o que exige persistência, até nos

mais simples sonhos e projetos precisam ser planejados, o que nem sempre é garantia de

sucesso, mas que pode vir a ser se não houver desistência, e ver o erro como uma forma de

aprendizado para a vida.

As dificuldades e desafios enfrentados por educadores em várias partes do mundo

junto de seus alunos é algo que precisamos repensar, no sentido de refletir por que a

educação, trato agora de modo geral, é tão banalizada, talvez pela falta de políticas ou ainda

pelo abuso de autonomia de nossos governantes que na maioria das vezes pensam apenas em

si sem se preocupar com quem mais precisa, no entanto é preciso acreditar que essa

problemática será resolvida quando tivermos como lideranças pessoas que de fato se

preocupem com a educação.

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Precisamos sempre querer/buscar o melhor para nossos alunos, mesmos sem muitas

condições tentando desempenhar a aprendizagem de forma significativa, seguindo o exemplo

que Paulo Freire traz em suas obras. Nesse sentido Demo (2000, p. 30) contribui dizendo que:

A maior indignidade humana é a ignorância produzida, porque destrói a condição de sujeito político. Pobreza política é fenômeno ainda mais grave que carência material, pois revela as entranhas da contradição dialética na história concreta, feita de minorias privilegiadas que exploram maiorias ignorantes.

Sabe-se que a questão da exploração vem sendo questionada desde muito tempo,

sendo um assunto muito presente ainda em nossa sociedade, em que o poder de poucos se

sobressai sobre a fraqueza de muitos, segundo o autor isso ocorre mais precisamente com

pessoas que não sabem pensar, ou ainda, são ignorantes e isso faz com que os opressores

fiquem cada vez mais fortes no sentido de que os oprimidos não os afrontaram, pela situação

em que se encontram.

A formação do professor reflete na vida profissional que o mesmo terá, e

consequentemente na formação de seus alunos. O educador deve ter consciência de sua

responsabilidade em conduzir o processo de ensino, exercendo seu papel com

comprometimento e ética, afinal, a qualidade da educação de uma turma de alunos está sobre

seu comando. É igualmente importante também que o professor enxergue as necessidades de

cada aluno no individual, levando em conta a realidade onde o mesmo vive, e utilizando suas

vivências nas aulas, sendo assim, os conteúdos ficam mais reais e interessantes.

Segundo Freire (1996, p. 96),

[...] o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas.

Diante de um mundo de mudanças, a pesquisa deve ser tomada como hábito pelo

educador, trazendo os resultados das pesquisas para a sala de aula, como forma de facilitar e

incentivar o aprendizado, e trazendo o mundo da pesquisa para a sala de aula, mostrando aos

alunos que é mais interessante aprender descobrindo, do que apenas ter sido transferido do

professor para o aluno, o aluno desafiado irá buscar e aprender muito mais, tomando gosto

pela pesquisa e interagindo mais e melhor em aula.

Segundo Pimenta: “O exercício de qualquer profissão é prático nesse sentido, na

medida em que se trata fazer “algo” ou “ação”“. A profissão de professor é também prática. E

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se o curso tem por função preparar o futuro profissional para praticar, é adequado que tenha a

preocupação com a prática.

Sendo assim, o professor do futuro será diferenciado, irá sentir-se melhor preparado

e mais confiante, no sentido de que possa contribuir para com sua formação, buscando ser

cada vez melhor, e que possa despertar em seus alunos o gosto por aprender, pois deixará na

vida dos mesmos marcas, que poderão ser positivas ou não.

A formação é vista por Demo (2004) como algo que precisa estar presente na vida do

professor e que precisa estar diariamente ligada com sua prática. No entanto as condições para

que isso aconteça não são favoráveis, além de ganhar pouco, os professores não têm tempo de

continuar estudando, Imbernón contribui dizendo que:

Uma formação deve propor um processo que dote o professor de conhecimentos, habilidades e atitudes para criar profissionais reflexivos ou investigadores. O eixo fundamental do currículo de formação do professor é o desenvolvimento de instrumentos intelectuais para facilitar as capacidades reflexivas sobre a própria prática docente, e cuja meta principal e aprender a interpretar, compreender e refletir sobre a educação e a realidade social de forma comunitária (IMBERNÓN, 2001, p.55).

Os professores precisam ler mais, para que possam instigar aos alunos a ter gosto

pela leitura. Para ser professor não basta apenas dar aula, é preciso ter domínio do conteúdo,

deixar o livro didático, e apostila do início da carreira profissional, como suporte de apoio, ou

seja, não apenas transmitir o que nele está explicito, pois só assim poderá contribuir com a

aprendizagem dos alunos, na construção do conhecimento, buscando sempre se aprofundar na

teoria, para que desenvolva uma melhor prática. Nesse sentido Arroyo (2000, p. 45-46) nos

diz que:

Tornar o professor reflexivo, capaz de tematizar práticas pode ser demasiado racional para captar processos tão surpreendentes como acompanhar a formação da infância e adolescência. Por que insistir tanto em cultivar a capacidade de reflexão e tematização e não de sensibilizar-se, de ler, de dialogar, executar a infância e a adolescência? Cultivarmos educadores(as) o hábito de refletir sobre o real é necessário, porém não secundarizar outros traços de uma autoformação formadora.

A formação docente requer dos profissionais um olhar crítico e inovador perante as

diferentes realidades sociais, não basta apenas o professor ter uma formação inicial e com esta

passar grande parte de sua vida profissional sem atualizar- se, é preciso que o educador

reconheça que o que ele sabe é apenas uma base de tudo aquilo que ainda tem de aprender.

Paulo Freire (1993) nos seus escritos traz também a questão da valorização dos profissionais

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da educação, da luta por seus objetivos, por um mundo mais igual, pela valorização da

profissão docente, que tem a importante missão de educar/ensinar tornando as pessoas

melhores. O professor de nossa atualidade vem sendo pouco valorizado, um dos fatores pelos

quais se vê desmotivado em sua profissão, é importante destacar que não só o professor se

encontra em tal situação, os seus discentes vêm sendo desmotivados, diariamente

principalmente no que tange à sala de aula, pois os professores muitas vezes acabam

insultando, humilhando, ridicularizando os alunos em sua prática.

Os conteúdos trabalhados em sala de aula pelos professores muitas vezes sem

planejamento e contextualização acabam por deixar os alunos desmotivados, pois não têm

interesse em aprender algo que não lhe fará sentido. Segundo BECKER (2001,56.) no livro

construção do conhecimento “A matéria-prima do trabalho do professor é o conhecimento.”

Durante sua trajetória profissional o bom professor não tem apenas um currículo

fixo, ele vai se modificando a cada necessidade, e a cada nova reflexão da sua prática

educativa.

O profissional que tem apenas a formação inicial compromete sua prática educativa,

pois, ele se acomoda em seu espaço não tendo motivação para mudar sua metodologia de

trabalho acaba perdendo o verdadeiro sentido da palavra construção. A educação, como

qualquer atividade humana, demanda criatividade para sua evolução e seu desenvolvimento,

daí a necessidade de considerá-la como principio importante na sala de aula, pois o professor

quando é um bom profissional ele não mede dificuldades e não tem medo de mudar, pois sabe

que a educação precisa de pessoas comprometidas em dar melhor de si para seus alunos.

A tarefa do educador, em ensinar não é fácil, e cabe ao mesmo usar métodos que

possibilitem aos alunos um melhor entendimento do conteúdo, para que possam entender e de

fato acontecer aprendizagem, o professor precisa saber que está trabalhando com seres

humanos, pois é uma satisfação que levamos para toda a vida, sendo assim o ato de ensinar é

o alicerce que proporcionamos aos alunos, e isso não tem preço.

Nesse sentido, é fundamental que os currículos dos cursos de formação inicial e

continuada, sejam elaborados visando dar ao docente, oportunidades de desenvolver e

construir de forma crítica, global e contínua os diversos âmbitos do saber. Cabe-lhe o

conhecimento sobre os sujeitos que educa, sobre a dimensão cultural, social, política,

profissional e didático-pedagógica da educação. Ainda, cabe estudo, análise, pesquisa para

identificar, compreender e explorar as dificuldades do percurso.

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É preciso fazer uma reflexão sobre a própria prática, para tomar decisões

conscientes, fazer a opção conceptual de homem, de mundo e de educação que forem mais

adequadas para dirigir, organizar e transformar sua ação pedagógica. Assim o professor

poderá ter critérios e conhecimentos para refletir acerca da própria prática, compreender,

analisar e dominar as abordagens e processos pedagógicos que embasam o ensino-

aprendizagem.

É importante ressaltar que as teorias são importantes, mas cabe ao professor construir

sua prática embasado nelas, que são elementos norteadores e não "receitas" prontas. O

docente deve estudar e se apropriar destas, que servem de apoio para a sua prática pedagógica.

Dessa forma os profissionais devem construir e reconstruir seus saberes fazendo assim com

que eles se aperfeiçoem cada vez mais e fazendo assim com que o educador se torne um

critico-reflexivo o que garante aos futuros discente um pensamento autônomo num clima

participativo, no sentido de que possam compartilhar experiências entre professores e demais

envolvidos na educação.

Nessa perspectiva podemos ver que a formação de professores não pode ser vista

como um lugar somente de aquisição de técnicas e de conhecimento, mas , sim como um

espaço de socialização e de configuração profissional o qual passa também por uma

compreensão de que o educador não é uma construção neutra e fixa, mas sim determinada

historicamente pelas condições sociais.

Freire coloca ainda sobre a importância de sonharmos, “os sonhos são projetos pelos

quais se luta.” (1997, p.53). A importância de sonhar alto e não desistir de seus objetivos, isso

está presente ao longo do texto. Sendo assim todos somos capazes de aprender e adquirirmos

novos conhecimentos, possibilitando a transformação da nossa realidade.

O educador Freire (1996) refere-se à formação como um fazer permanente que se

refaz constantemente na ação. A educação não se dá por mera acumulação de conhecimentos,

mas se constitui uma conquista tecida por muitos recursos: dos livros, mestres, das aulas, das

conversas entre professores, da internet, entre outros. Freire ainda ressalta ninguém forma

ninguém, cada um forma-se a si mesmo.

Compreendendo que o professor somente efetiva sua prática docente na medida em

que amplia a consciência sobre a própria prática educativa, sendo assim valorizando o

trabalho docente, dotando os professores de perspectivas que ajude a compreender os

processos históricos, sociais, culturais, nos quais exercem sua função.

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O Programa Institucional de Bolsa a Iniciação à Docência - PIBID, tendo por

finalidade o fomento à iniciação à docência de estudantes das instituições de educação

superior, aprimorando a qualidade da formação docente em curso presencial de licenciatura de

graduação plena e contribuindo para a elevação do padrão de qualidade da educação básica.

A inserção do PIBID no curso de Pedagogia com o subprojeto do ensino médio, que

tem o objetivo de desenvolver atividades que contribuem para a formação docente,

desenvolvendo atividades com alunos do Curso Normal das escolas campo com a finalidade

de auxiliar na formação destes futuros docentes. Neste sentido compreendemos que o PIBID

vem a somar com a formação inicial e contínua dos futuros professores, auxiliando na

construção teórica e prática do bolsista participante. Pois para Paulo Freire:

A escola democrática não apenas deve estar permanentemente aberta a realidade contextual de seus alunos, para melhor compreendê-los, para melhor exercer sua atividade docente, mas também disposta a aprender de suas relações com o contexto concreto. Dai a necessidade de, professando-se democrática, ser realmente humilde para poder reconhecer-se aprendendo muitas vezes com quem sequer se escolarizou. (FREIRE,1997)

Para compreender a importância e significado do PIBID, é necessário, dentre outras

coisas, refletir sobre a realidade da Escola e assim percebendo a falta de conhecimento dos

acadêmicos diante de teóricos, principalmente como Paulo Freire, estabeleceu pontes que

ligam conhecimento e formação como o Seminário de Leituras Pedagógicas em Paulo Freire,

que tem o objetivo de despertar o interesse para as leituras das obras de Paulo Freire e

promover o desenvolvimento de leitores comprometidos, capazes de problematizar o fazer

pedagógico, por meio da reflexão sobre a práxis e, além disso, instituir um ideal de educação

libertadora, democrática, justa e humanizadora.

O seminário foi desenvolvido através de dinâmicas, leitura e discussão através dos

livros: Professora Sim Tia Não desenvolvido com o 1° ano, Conscientização com o 2° ano e

Pedagogia da Autonomia com o 3° ano, durante as leituras foram propostas discussões e

desenvolvido dinâmicas como: Teatro, Acróstico, Paródia, Quebra cabeça, Esconde- esconde

com citações, Bingo, Tabuleiro, Dinâmica dos balões, sempre procurando instigar e provocar

os acadêmicos uma nova forma de adquirir conhecimentos.

CONCLUSÃO

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Através de toda a busca, pesquisa, mobilização e observação percebem-se com mais

clareza ainda o quanto as Leituras Pedagógicas devem estar presentes e sendo desenvolvidas

nas Escolas campo, garantindo experiências que se somam à busca por um melhor

conhecimento dos alunos. Percebe-se também que a Escola Campo precisa estar ligada à

Universidade, desencadeando uma forma de interação que irá refletir de forma significativa na

vida do aluno, pois assim conseguirão fazer a relação entre teoria e prática.

Nesse sentido com a realização das leituras pedagógicas foi possível compreender

todo o processo de formação e importância das leituras em Paulo Freire desenvolvidas com o

curso normal, bem como para a formação dos acadêmicos envolvidos com a mesma,

possibilitando um maior conhecimento das obras e a contribuição de Freire para a formação

inicial incentivando-os a carreira docente. A cada encontro realizado, observamos o empenho

e interesse dos alunos diante das leituras e dinâmicas desenvolvidas, tendo assim um maior

conhecimento do autor que não era conhecido pelos mesmos. As dinâmicas foram

desenvolvidas de formas diferenciadas instigando os alunos a participarem e desenvolverem

as atividades com muito empenho e dedicação.

A cada página lida e dinâmica desenvolvida compreendeu-se a necessidade de ler,

sendo fundamental para a nossa prática e para nossa vida, Freire contribuiu muito com suas

teorias do conhecimento, onde o respeito ao educando e a conquista da autonomia são

fundamentais para a transformação da sociedade e a valorização da formação docente.

Acreditamos ser necessário que este projeto tenha continuidade, visando um melhor

conhecimento acerca das obras de Paulo Freire e de mais teóricos que ampliam os horizontes

da formação inicial e continuada de todos os envolvidos.

Diante das leituras percebeu-se, um novo olhar dos acadêmicos diante da formação e

o comprometimento dos mesmos diante das atividades, possibilitando a eles a visão de

melhores críticos e conhecedores do mundo em que vivem. Nessa perspectiva, a formação

associa-se ao processo de melhoria das práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores

em sua rotina de trabalho e em seu cotidiano escolar. Além disso, a formação relaciona-se

também à ideia de aprendizagem constante no sentido de provocar inovação na construção de

novos conhecimentos que darão suporte teórico ao trabalho docente.

REFERÊNCIAS

ARROYO, Miguel G. Oficio de mestre imagens e auto imagens. 4ed. Petrópolis: Editora vozes, 2001.

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BECKER, Fernando. Educação e construção do conhecimento. 2. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2006. DEMO, Pedro. Educação e conhecimento relação necessária, insuficiente e controversa. 2ed. , Petrópolis: Editora vozes, 2000. ___________. Professor do futuro e reconstrução do conhecimento. 6ª ed, Petrópolis: Editora vozes, 2004. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo. Editora UMESP, 2000. ___________. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 36. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. ___________. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. Ed. Olho dágua 1997. GADOTTI, Moacir. A boniteza de um sonho: ensinar e aprender com sentido. Curitiba: Pr: Nova didática, 2003. IMBERNON, Francisco. Formação docente e Profissional – Formar-se para a mudança e a incerteza. São Paulo: Cortez, 2001. PIMENTA, Selma Garrido. Saberes pedagógicos e atividade docente. 2.ed. São Paulo: Ed Petrópolis, RJ: vozes, 2010. TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação profissional. Petropolis, Rio de Janeiro: vozes, 2002. SOCZEK, Daniel. PIBID como Formação de Professores: reflexões e considerações preliminares. In: Revista Formação Docente. Disponível em: http://formacaodocente.autenticaeditora.com.br/artigo/exibir/10/39/1. Volume 03/n. 05, ago/dez, 2011. Acessado em: outubro de 2013.

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ESTADO DO CONHECIMENTO ACERCA DA POSTURA MEDIADORA DO

PROFESSOR EM RELAÇÃO AO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM.

Tharles Gabriele Cauduro, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Arnaldo Nogaro, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus

de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Hildegard Susana Jung, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

RESUMO: A presente investigação, de caráter bibliográfico, traz o resultado do levantamento de dissertações (DM) e teses (TD) publicadas em periódicos nacionais na área da Pedagogia Mediadora sobre os temas geradores “Mediação; Pedagogia Mediadora; Práticas de Mediação; Mediação Pedagógica; e, Ensino e Mediação”, pertinentes ao nosso projeto de Mestrado do PPGEdu – URI/FW. A pesquisa baseou-se na produção discente de mestrados e doutorados do Banco de Resumos de DM e TD do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia/IBICT, entre os anos de 2004 a 2014, com o objetivo de esboçar o estado do conhecimento acerca das PALAVRAS-CHAVE destacadas. Igualmente, este trabalho busca identificar alguns aspectos relevantes já pesquisados nesta linha de estudo e que dimensões vêm sendo destacadas e privilegiadas em diferentes épocas e localidades. Quanto ao método utilizado, buscou-se identificar a forma, o conteúdo e o universo geográfico que estas produções apresentavam, a partir de dados quantitativos e qualitativos coletados por meio de instrumentos desenvolvidos especificamente para esta pesquisa. Pode se destacar que, por mais que o tempo passa, poucos autores e pesquisadores tratam da mediação pedagógica (ou da postura mediadora do professor), o que se percebe a expansão de uma nomenclatura nova e que está, aos poucos, sendo inserida para a identificação do trabalho docente e o seu fazer pedagógico frente seus alunos, sejam eles de nível básico, superior ou até mesmo na formação continuada. PALAVRAS-CHAVE: Mediação Pedagógica. Ensino e Aprendizagem. Formação de Professores. Cursos de Licenciatura.

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como proposta o cumprimento das atividades atribuídas na

disciplina de “Pesquisa em Educação I”, do Programa de Mestrado em Educação da

Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - Câmpus de Frederico

Westphalen (URI-FW). A disciplina tem por objetivo refletir sobre os paradigmas da ciência e

sua relação com a pesquisa em educação, bem como, identificar as interações sujeito e o

estado do conhecimento de pesquisas nesta área, possibilitando ao aluno a adoção de um

comportamento científico na investigação em educação.

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Para delimitar os contornos do trabalho, fez-se um recorte temporal, estabelecendo o

período de 2004 a 2014, onde os limites abrangem dez anos de dados disponibilizados na

fonte da pesquisa1. O trabalho buscou identificar aspectos da produção veiculada em

periódicos científicos nacionais que abordam a temática da Postura Mediadora do Professor

em Relação ao Processo de Ensino e Aprendizagem.

Os critérios utilizados para a coleta resumem-se no mapeamento das regiões

geográficas brasileiras (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste), separando as

Universidades Públicas e Privadas e seus respectivos anos de publicação. Desta forma,

conforme o elencado acima se constitui o “Estado do Conhecimento”.

2 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE DADOS

O período adotado nesta investigação compreendeu os anos de 2004 a 2014. A

definição da metodologia para o levantamento dos dados em fontes como teses de doutorado

(TD) e dissertações de mestrado (DM) mostrou-se um tanto complexa. Primeiramente, foi

realizada uma série de pesquisas em sites eletrônicos, mas, devido à repetição de informações,

adotou-se o acervo da Biblioteca Digital Brasileira de TD e DM no endereço eletrônico

http://bdtd.ibict.br/busca.

Logo após, foram escolhidas as PALAVRAS-CHAVE a partir da temática proposta,

sendo elas: Mediação; Pedagogia Mediadora; Práticas de Mediação; Mediação Pedagógica; e,

Ensino e Mediação.

Em algumas ocasiões obtiveram-se repetições de fontes (DM e TD). Na medida em

que se selecionava um segundo descritor, não raro repetiam-se os mesmo títulos e autores.

Mesmo assim, foi agregado na coleta de dados.

Entre os problemas encontrados, destacam-se: Textos que não abriram ou não

constava o material para ser acessado. Neste caso, não foi possível considera-los nessa

investigação.

No que se referem as DM e TD mais relevantes (próximas ao tema proposto),

procurou-se elaborar um quadro (vide quadro1) para facilitar os dados acadêmicos de

interesse dessa investigação.

1 Biblioteca Digital Brasileira de Dissertações e Teses (http://bdtd.ibict.br/busca).

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QUADRO 1: Descritores de dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre o tema

Política de Formação Docente.

Descritor Título Autor Resumo Ano Local Instituição Região Públicas ou privada

Dissertação ou Tese

Fonte: organizada pelo autor.

2.1 Das pesquisas encontradas: análise quantitativa dos descritores

Antes de dar início a descrição dos dados, buscou-se elencar um roteiro de

classificação do que virá no decorrer do trabalho, incluindo os seguintes itens de identificação

das DM e TD:

a) Encontradas por tema gerador;

b) Consideradas relevantes e encontradas por tema gerador;

c) Por região;

d) Por ano de publicação;

e) Por tema gerador, em instituições públicas e privadas.

2.2 Análise quantitativa dos dados

DM e TD encontradas por tema gerador

Para o tema gerador Mediação encontraram-se 237 trabalhos2 (173 DM e 64 TD),

totalizando 24% das produções.

O descritor Pedagogia Mediadora totalizou 41 trabalhos3 (28 DM e 13 TD),

correspondendo a 4% do total de trabalhos científicos.

Quanto ao descritor Práticas de Mediação encontraram-se 6 trabalhos4 (3 DM e 3

TD) perfazendo 1% do total.

Em Mediação Pedagógica foram encontrados 268 trabalhos5 (177 DM e 91 TD), ou

seja, 27% do total de trabalhos científicos.

Finalmente, no descritor Ensino e Mediação, foram encontrados 423 trabalhos6 (298

DM e 125 TD) relativos a 43% do total da produção científica.

2 http://bdtd.ibict.br/busca. Acesso em 21.03.2015 3 http://bdtd.ibict.br/busca. Acesso em 21.03.2015 4 http://bdtd.ibict.br/busca. Acesso em 21.03.2015 5 http://bdtd.ibict.br/busca. Acesso em 24.03.2015 6 http://bdtd.ibict.br/busca. Acesso em 26.03.2015

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O Gráfico 01 apresenta uma visão geral dos descritores selecionados e respectiva

produção científica.

GRÁFICO 01: Quantidade de Dissertações e Teses no Total separado por descritores.

Fonte: Gráfico elaborado pelo autor.

O gráfico mostra os seis descritores pesquisados, na qual se observa que Ensino e

Mediação apresenta maior número de DM e TD, seguido por Mediação Pedagógica e

Mediação com descritores com menor número de DM e TD, são Pedagogia Mediadora e

Práticas de Mediação.

Todos os descritores de interesse de nosso projeto de pesquisa representaram um

total de 975 trabalhos científicos, sendo 679 DM e 296 TD. O gráfico 2 visa demonstrar esses

dados em porcentagem.

GRÁFICO 2: Representação do total de Dissertações e Teses.

Fonte: Gráfico elaborado pelo autor.

Verifica-se que a produção científica sobre o tema de nosso projeto de pesquisa

referente a postura mediadora do professores com maior número de DM (70%) do que TD

(30%).

0 50 100 150 200 250 300 350

Ensino e Mediação

Mediação Pedagógica

Práticas de Mediação

Pedagogia Mediadora

Mediação

TESES

DISSERTAÇÕES

70%

30%

TotalDISSERTAÇÕES TESES

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Identificação das DM e TD mais relevantes para o projeto de pesquisa, encontradas

por tema gerador.

Ao selecionar os trabalhos mais relevantes ao tema de pesquisa obtiveram-se as

seguintes quantidades:

Mediação - total de seis trabalhos (quatro DM e duas TD), ou

seja, 33% do total.

Pedagogia Mediadora – não foi encontrado nenhum trabalho,

totalizando 0%.

Práticas de Mediação – Da mesma forma que o anterior, não se

encontrou nenhum trabalho relevante ao tema, sendo 0% do total.

Mediação Pedagógica- nove trabalhos (cinco DM quatro TD)

equivalentes a 50%.

Ensino e Mediação- três trabalhos (uma DM e duas TD), 17%

do total.

Diante de tal coleta, Mediação Pedagógica é a que apresenta maior número de

trabalhos, seguido pelo descritor de Mediação que estão mais próximos ao nosso tema de

investigação.

Os Gráficos 3 e 4 mostram um panorama geral das DM e TD coletadas e com

relevância ao trabalho proposto.

GRÁFICO 03: Quantidade de DM e TD relevantes ao tema pesquisado

Fonte: Gráfico elaborado pelo autor.

O gráfico 3 mostra que o número de DM sobre os descritores não é muito superior

aos de TD, na qual, os temas de maior relevância entre DM são os Mediação e Mediação

Pedagógica, no que se refere as TD o tema de maior interesse continua sendo o descritor

0 1 2 3 4 5

Ensino e Mediação

Mediação Pedagógica

Práticas de Mediação

Pedagogia Mediadora

Mediação

TESES

DISSERTAÇÕES

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Mediação Pedagógica, sendo irrelevante nos estudos, tanto nas DM quanto nas TD os

descritores Pedagogia Mediadora e Práticas de Mediação que não apresentaram nenhum

trabalho. Já o tema Ensino e Mediação, observa-se que foi o único descritor que mostrou uma

superioridade de publicações de TD, demonstrando que os doutorandos possuem menos

interesse por tais temas do que os mestrandos.

O gráfico 3 mostra o total de DM e TD consideradas relevantes para o tema, na qual,

os dados descritos no gráfico 4 são apresentados em porcentagem.

GRÁFICO 04: Representação do total de DM e TD pesquisados que tiveram relevância ao

tema proposto.

Fonte: Gráfico elaborado pelo autor.

Através do gráfico 4, demonstra-se uma pequena relevância do tema para os

estudantes do curso de mestrado que totalizam 56% do total de investigações coletadas,

enquanto que, os candidatos dos cursos de doutorado apresentam como vimos, menos

interesse pelo tema, totalizando 46% das investigações coletadas.

2.3 Identificação de DM e TD por região

Organizaram-se as DM e TD por região brasileira, ou seja, Sul, Sudeste, Centro-

oeste, Norte e Nordeste. Verificou-se que a região Sudeste é que apresenta maior número de

DM e TD no Brasil, sobre o tema, totalizando 11 trabalhos (4 DM e 7 TD), sendo de 61% do

total.

A segunda região de maior número de pesquisas sobre o tema é o Sul com quatro

trabalhos (3 DM e 1 TD) tendo um total de 22% dos trabalhos. Logo após, vem o Nordeste

com dois trabalhos (2 DM e zero TD), totalizando 11% dos trabalhos encontrados.

56%44%

TotalDISSERTAÇÕES TESES

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Já a região Centro-Oeste, encontrou-se apenas um trabalho (1 DM e zero TD),

estabelecendo-se 6% do total.

De todas as regiões, é a Norte que parece ser a que não apresenta interesse em

investigar o tema, segundo nossos dados, não possui nenhum trabalho de pesquisa sobre o

tema.

No gráfico 5, podem-se verificar o interesse das pesquisas dos temas, de acordo com

regiões brasileiras.

GRÁFICO 5: Representação de DM e TD por Regiões

Fonte: Gráfico elaborado pelo autor.

O gráfico 5 demonstra, o que já se havia tratado sobre as regiões brasileiras, que

apresentam maior e menor interesse pelo estudo de Formação de Professores em relação à

Mediação Pedagógica de Docentes e Acadêmicos.

No entanto, também apresenta algumas alterações regionais quando separadas pela

quantidade de DM e TD. Em se tratando de TD a região Sudeste segue apresentando maior

número de investigações, e também de DM quando comparada às demais regiões.

O gráfico 5 mostra que a região Sudeste e Sul são as únicas regiões que despertam

interesse nos Doutores quanto ao tema. Sendo assim, pode-se afirmar que para a região

Centro-Oeste e Nordeste, as mesmas apresentam somente trabalhos de mestrado, não

despertando interesse na área dos doutores.

No que se refere às TD na região Centro-Oeste o número é insignificante, o que já se

havia constatado, assim como na região Norte que não apresenta DM nem TD.

2.4 Identificação de Dissertações e Teses por ano de publicação

0 2 4 6 8

SulSudeste

Centro-OesteNorte

Nordeste

TESES

DISSSERTAÇÕES

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Identificou-se o ano de publicação das DM e TD na margem de dez anos de pesquisa

sobre o tema (2004 a 2014). Conforme mostra a Tabela 1, nos anos de 2004, 2005, 2012 e

2014 não houve publicação de trabalhos científicos no site pesquisa (Ibict). Em 2006 e 2007

constatou-se que 11% agregavam essa data. Para 2009 a porcentagem de trabalhos publicados

foi de somente 6%, a menor de todos os anos pesquisados (exceto os anos que não houve

publicações de trabalhos).

As três com publicações um pouco mais significativas ocorreram nos anos 2010,

2011 e 2013, perfazendo 17% dos trabalhos. E, para finalizar, o ano que mais se encontrou

trabalhos foi 2008 com uma média de 22%.

A Tabela 1 mostra o total de DM e TD por ano, favorecendo a compreensão sobre o

maior e o menos período de investigação sobre o tema.

TABELA 1: Dissertações e Teses separadas pelo ano de publicação

ANO DISSERTAÇÕES TESES 2004 0 0 2005 0 0 2006 1 1 2007 0 2 2008 4 0 2009 1 0 2010 1 2 2011 3 0 2012 0 0 2013 0 3 2014 0 0 TOTAL 10 8

Fonte: Tabela elaborada pelo autor.

A tabela 1 mostra que, mesmo com pouca diferença, a maior parte dos trabalhos

publicados dentro da margem dos dez anos estabelecido para a pesquisa é de DM. Nos anos

2004, 2005, 2007, 2012, 2013 e 2014 não houve nenhuma publicação feita por mestrandos. Já

para as TD, 2004, 2005, 2008, 2009, 2011, 2012 e 2014 não houve publicações.

O que de fato consta, que tanto os mestrandos quanto os doutorandos não tiveram

tanto interesse na investigação de tal tema proposto no período de tempo estimado para a

pesquisa (2004 a 2014).

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2.5 Classificação das DM e TD, por tema gerador, em instituições públicas e privadas

Para o descritor Mediação, pesquisaram-se seis trabalhos, sendo desses, duas DM

IES públicas e duas DM IES privadas. Referentes às teses, encontraram-se dois trabalhos, e

esse, de IES privada. Quanto aos dados apresentados, observar gráfico 6 a seguir.

GRÁFICO 06: Quantidade de DM e TD separadas por IES públicas e IES privadas. Descritor: Mediação.

Fonte: Tabela elaborada pelo autor.

No gráfico 6, uma superioridade de publicações de DM, tanto com IES públicas

quanto IES privadas, equivalendo a 67% para o descritor elencado anteriormente. Já nas TD

obteve-se uma pequena margem de publicação de IES privadas e nenhuma de IES públicas,

perfazendo um total de 33%.

Quanto aos descritores Pedagogia Mediador e Prática Mediadora, não foi

encontrado nenhum trabalho. Vide gráfico 7 e gráfico 8.

GRÁFICO 07: Quantidade de Dissertações e Teses separadas por IES públicas e IES privada. Descritor: Pedagogia Mediadora

Fonte: Tabela elaborada pelo autor.

GRÁFICO 08: Quantidade de DM e TD separadas por IES públicas e IES privadas. Descritor: Prática Mediadora

0 0,5 1 1,5 2

Teses

DissertaçõesIES Privada

IES Pública

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

TesesDissertações IES Privada

IES Pública

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Fonte: Tabela elaborada pelo autor.

Já para o descritor Mediação Pedagógica, obteve-se nove trabalhos no total, sendo

de duas DM IES públicas e três DM IES privadas. Referente às TD constatou-se quatro

trabalhos com IES privadas e nenhum trabalho de IES públicas. Percebe-se gráfico 9.

GRÁFICO 09: Quantidade de DM e TD separadas por IES públicas e IES privadas. Descritor: Mediação Pedagógica

Fonte: Tabela elaborada pelo autor a partir dos dados pesquisados

Conforme elencado no gráfico 9, os cursos de IES privadas predominaram no campo

de investigação para tal descritor. E para as publicações de IES públicas, pode-se constatar

que as iniciativas vieram somente dos acadêmicos mestrandos.

Para o último descritor Políticas Ensino e Mediação, investigaram-se três trabalhos.

Foi uma DM, sendo esta de IES públicas, totalizando 33%. Já para as TD encontraram-se

duas e de IES privadas, equivalente a 67% do total. Observar gráfico10:

GRÁFICO 10: Quantidade de DM e TD separadas por IES públicas e IES privadas. Descritor: Ensino e Mediação

Fonte: Tabela elaborada pelo autor.

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

TesesDissertações IES Privada

IES Pública

0 1 2 3 4

TesesDissertações IES Privada

IES Pública

0 0,5 1 1,5 2

Teses

Dissertações IES Privada

IES Pública

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Nesse caso, observando o gráfico 10, percebe-se que nas DM as publicações ficam

somente para as IES públicas, e para as TD as publicações estabelecem somente para as IES

privadas.

Portanto, dos 18 trabalhos encontrados com relevância ao tema proposto, incluindo a

todos os descritores, as IES privadas têm um papel decisivo nas produções acadêmicas,

perfazendo um total de 13 trabalhos. Paras as IES públicas obteve-se um total de 5 trabalhos.

Para uma melhor análise observar gráfico 11.

GRÁFICO 11: TOTAL DE TRABALHOS, IES PÚBLICAS E IES PRIVADAS

Fonte: Tabela elaborada pelo autor.

2.6 Identificando as tendências e ideias nos trabalhos selecionados

Tendo como ponto de partida a análise dos resumos encontrados, buscou-se

identificar seus objetivos e conclusões comparando-os, tendo como objetivo central desse

item a análise dos conteúdos que integram nosso projeto de pesquisa cujo tema central é a

postura mediadora do professor em relação ao processo de ensino e aprendizagem.

Dos resumos das DM e TD, procura-se elencar PALAVRAS-CHAVEs. Tem-se um

total de 13 resumos relacionados aos descritores supracitados (Mediação; Pedagogia

Mediadora; Práticas de Mediação; Mediação Pedagógica; Ensino e Mediação).

Desses resumos identificam-se palavras que se repetiam no conjunto de nossa

análise. São elas: Práticas Educativas, Trabalho em grupo, Ensino-aprendizagem, Ensino

Online e Professor Mediador. Tal conjunto de PALAVRAS-CHAVEs permite que se analise

o processo de mediação de professores e alunos, no que permeia a contribuição de cada um

para um ensino e uma aprendizagem de qualidade, para que atenda as exigências atuais para a

educação na formação de alunos na Educação Básica, na formação de professores nas

28%

72%

TotalIES PÚBLICA IES PRIVADA

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Universidades de Ensino Superior presencial e nas de caráter à distância – EAD e demais

níveis de formação educacional.

Esse conjunto de PALAVRAS-CHAVEs demonstra que as investigações (DM e TD)

também estão sendo tratadas em diversos níveis da educação, sendo: Ensino Superior,

mencionado por Moraes (2008), Pacheco (2008), Santoro (2009) e Torres (2011). Para o

Ensino Superior EAD foram, Gevai (2007), Espirito Santo (2010), Lima (2011) e Galasso

(2013). Se tratando do Ensino Básico, Pesacco (2006), Bernardes (2006), Falção (2010),

Bittencourt (2011). A única autora que se deteve a pesquisa no ensino do EJA foi Vivian

(2008).

Vamos nos deter nossa discussão com os autores mencionados para as pesquisas

voltadas ao Ensino Superior, o que de fato iguala o foco da pesquisa aqui aferida.

Moraes (2008) aborda em sua pesquisa a importância do trabalho em grupo

proporcionada pelos docentes em sala de aula, como também, verifica a existência de indícios

de que o trabalho em grupo possa contribuir para a formação de pessoas colaborativas. Já

Pacheco (2008), investiga o Ensino-aprendizagem nas percepções dos alunos, frente às

atividades propostas pelos docentes em sala de aula.

O que de fato prevalece, é a importância que os autores expressam sobre a mediação

dos professores em seus trabalhos. Pacheco (2008, p. 7) descreve que, “[...] nesta perspectiva,

a mediação do professor é concebida como um meio de se efetivar e otimizar o processo de

ensino-aprendizagem tanto no contexto universitário quanto em qualquer outro nível

educacional, construindo um pré-requisito para a aprendizagem”.

Já por sua vez, Torres (2010) está preocupado com a pesquisa voltada para os

professores, procura entender a relação que se constrói entre o processo de apreensão de

conceitos e o desenvolvimento do pensamento teórico (pensamento crítico-reflexivo)

mediante a análise das diversas mediações/práticas docentes utilizadas em classe. De fato,

percebe-se em seu trabalho, que a importância principal está aferida no processo de formação

conceitual, bem como as suas implicações no desenvolvimento cognitivo do aluno, pelo qual,

“[...] considera-se que a escola é o contexto apropriado para promover o desenvolvimento das

funções psicológicas superiores, por meio das diversas atividades pedagógicas elaboradas

pelos professores de modo intencional e consciente” (TORRES, 2010, p.6).

Moraes (2008) e Pacheco (2008), como vimos, têm por objeto um estudo de caso. O

primeiro tem como objeto de estudo professores e alunos do curso de pedagogia, e busca suas

respostas e conclusões por meio de um questionário. Já o segundo, tem seu foco de estudo

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voltado para os acadêmicos dos cursos de Física e Pedagogia, buscando respostas e

conclusões da pesquisa por intermédio de entrevistas semiestruturadas.

Torres (2010), também aborda um estudo de caso voltado exclusivamente para

docentes de uma universidade. A pesquisa baseou-se por meio de entrevistas e na técnica do

grupo focal. Participaram dessa pesquisa dez professores distribuídos entre os cursos de

Pedagogia, História, Matemática, Letras, Ciências Biológicas, Psicologia e Ciências Sociais,

podendo ter uma diversidade de pensamentos voltados para as mais diversas áreas do

conhecimento humano.

O que chama a atenção, é que nos trabalhos de Moraes (2008), Pacheco (2008) e

Torres (2010) foram usados o mesmo autor para defender a relevância do trabalho, abordando

em seu referencial teórico-metodológico a psicologia histórico-cultural defendida por

Vigotsky.

Em se tratando das conclusões dos dados nas pesquisas, segundo Pacheco (2008), os

resultados apontam como variáveis incidentes na percepção dos alunos sobre suas atividades

acadêmicas, uma atitude docente incoerente em relação ao modelo de aula e o modelo

proposto em atividades para os alunos, o que “[...] confirma-se a necessidade de uma ação

docente mediadora visto que todas as variáveis apontadas pelos sujeitos, como envolvidos em

sua percepção de atividades acadêmicas, pressupõe uma presença viva e uma intervenção

docente eficiente e norteadora da aprendizagem dos alunos” (PACHECO, 2008, p. 7).

Para alcançar uma educação eficiente, de qualidade e que possa beneficiar tanto

professor quanto aluno, devemos atrelar para a constante mediação entre ambos, distribuindo

responsabilidades, não ficando a cargo somente do docente. Essa dificuldade pode-se perceber

nos resultados encontrados por Moraes (2008, p.7), aonde diz que “[...] apesar de se constituir

uma prática constante nas aulas, professores e alunos ainda encontram muitas dificuldades na

condução e execução de atividades grupais”. O que de fato se torna inerente, é obtenção de

um ambiente favorável, criando uma cultura de aprendizagem colaborativa, incentivando a

participação, a interação e a comunicação entre os participantes, possibilitando maior

aprendizado.

Não foi diferente nos resultados encontrados em Torres (2010, p.6), que aponta:

A necessidade de se buscar mediações pedagógicas alternativas que possam oferecer condições para o desenvolvimento do pensamento teórico, por meio da ampliação do uso da linguagem elaborada, tornando o domínio conceitual uma ferramenta de ensino e aprendizagem que possibilite a transformação das funções psicológicas superiores nos estudantes do ensino superior. Porém, antes é preciso que os professores, responsáveis pela formação de novos educadores, dominem o processo

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166

de formação conceitual, bem como compreender suas inevitáveis implicações no desenvolvimento cognitivo humano.

Os resultados obtidos no trabalho dos três autores até então mencionados, percebe-se

a importância do papel do professor mediador como ferramenta de controle, estando

diretamente ligada à conduta do processo de ensino e aprendizagem do aluno. Mas, o que de

fato obteve nas pesquisas, são resultados não tão positivos, o que carece vislumbrar

possibilidades e contribuições para a formação e espaços inovadores de atuação profissional

compatíveis com a realidade.

Para a pesquisa apresentada por Santoro (2009), foram abordadas a busca pela

superação de um modelo tradicional de ensino por um modelo educacional que faça frente aos

desafios colocados no contexto atual. Portanto, a mesma apresenta como objetivo do estudo o

compreender das influências desses novos modelos sobre a gestão e organização do trabalho.

O autor realiza um estudo de caso em uma instituição de Ensino Superior que tem se

direcionado para este novo modelo em suas propostas estratégicas e pedagógicas.

Santoro (2009) busca essa inovação dos modelos de educação, o que de fato acaba

sendo inserida de modo superficial como uma proposta a ser estudada dentro da mediação

pedagógica entre professor – aluno, não estabelecendo neste momento um grau de

importância para o principal foco da pesquisa aqui estudada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apurou-se no “estado do conhecimento” que quantitativamente o descritor Ensino e

Mediação foi o que obteve maior índice de trabalhos. No entanto, na análise dos resumos o

estudo de tal Mediação pedagógica não revela que estas são as que norteiam os resumos das

DM e TD para a análise da postura mediadora do professor. Como vimos, são apenas

norteadores de subtemas que se revelam dominantes nos discursos dos resumos.

Entre os períodos pesquisados (2004 e 2014) percebe-se uma pequena quantidade de

trabalhos com interesse no estudo do processo mediador do professor, sem diferença

significativa de investigadores de instituições de diferentes naturezas administrativa (públicas

e privadas) demonstrando que o tema se tornou pouco relevante no campo educacional

independente do tipo de instituição.

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A mediação do professor é apresentada com nomenclaturas diferentes nos trabalhos

de pesquisa aqui estudadas, pelo qual, é identificada como a Mediação pedagógica, o fazer

pedagógico, ensino e aprendizagem ou até mesmo o pensamento crítico-reflexivo.

O trabalho que de fato se aproxima da ideia central do tema de investigação aqui

proposto é o trabalho de Torres (2010), que tem como título central de pesquisa “O Processo

de Formação de Conceitos e a Configuração das Mediações Pedagógicas: a voz de professores

de curso de formação docente”, mas o que, apresenta em quase todo o seu trabalho o ensino,

aprendizagem e desenvolvimento cognitivo como principal preocupação dada a sua tese, não

abordando o processo de mediação pedagógica em si. Outro fato que acaba diferenciando do

tema em que se pretende pesquisar, é que em nenhum momento foi problematizada a questão

da postura mediadora do professor em sala de aula, ou em relação ao ensino aprendizagem do

docente para seus alunos. Torres (2010) aborda em sua tese a relação aos procedimentos

conceituais e teóricos quanto aos alunos em sala de aula. O que de fato torna ineditismo para

o trabalho que se deseja pesquisar.

Dada às constatações, conclui-se que por mais que o tempo passa, poucos autores e

pesquisadores tratam da mediação pedagógica (ou da postura mediadora do professor), o que

se percebe a expansão de uma nomenclatura nova e que está, aos poucos, sendo inserida para

a identificação do trabalho docente e o seu fazer pedagógico frente seus alunos, sejam eles de

nível básico, superior ou até mesmo na formação continuada.

REFERÊNCIAS

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LINGUAGEM, PENSAMENTO E COMUNICAÇÃO: UMA ABORDAGEM

FILOSÓFICA E HUMANA

Adriano Paulo da Silva, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

Claudir Miguel Zuchi, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

RESUMO: O fundamento filosófico e científico em torno da linguagem e do pensamento demonstra que tais discussões são antigas e são causas de como a sociedade encara as mudanças ou mantém sua forma de ser. Tanto a linguagem quanto o pensamento fazem com que construímos o nosso conhecimento vindo também por meio deles compartilhá-lo com os outros numa forma democrática e dialógica de trocar experiências e humanizar o conhecimento. A experiência do Projeto de Extensão Minuto da Filosofia demonstra uma forma de comunicação e diálogo filosófico através de rádios comunitárias. PALAVRAS-CHAVES: Linguagem; Pensamento; Comunicação; Diálogo.

INTRODUÇÃO

O uso da linguagem na comunicação faz com que possamos interagir uns com os outros

num constante aprendizado mediado pela troca de saberes. Na comunicação com os outros

vamos ampliando nossa maneira de pensar, já que pensamento e linguagem estão diretamente

relacionados.

No presente trabalho analisamos as concepções e discussões filosóficas em torno da

linguagem e do pensamento agregando aos conhecimentos científicos a fim de perceber o

quanto os conceitos influenciam a forma como a sociedade encara as questões linguísticas,

gerando atitudes que aproximam humanamente pessoas diferentes ou que excluem pelo

preconceito as mesmas.

Em primeiro momento mostramos algumas concepções filosóficas na história que ditou

a forma como se educava e como era excludente a sociedade para quem não usasse a forma

padrão de se comunicar. Também discorremos sobre o poder e influência que tem a

linguagem.

Em segundo momento abordamos a origem da linguagem do ponto de vista filosófico,

se é natural ou social, e científico, citando uma descoberta.

Em terceiro momento trazemos uma definição filosófica para a linguagem mostrando

sua abrangência.

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Em quarto momento apresentamos a visão empirista e intelectualista em torno da

linguagem com suas críticas e acordos.

Em quinto momento conceituamos a linguagem de acordo com a linguística.

Em sexto momento mostramos que a linguagem é uma experiência que está relacionada

ao conhecimento.

Em sétimo momento vemos os fatores que estão relacionados com a linguagem, como

os anatômicos.

Em oitavo momento tratamos do pensamento com suas concepções, experiências e

ligações.

Em nono momento falamos da relação do pensamento, linguagem e estruturação de

teorias.

Por último relatamos a experiência do Projeto de Extensão Minuto da Filosofia como

proposta comunicativa filosófica.

A LINGUAGEM NUMA ABORDAGEM HISTÓRICO-FILOSÓFICA

Essa capacidade humana de expressão e comunicação determinante nas relações

humanas, que é a linguagem, fez com que os filósofos também encontrassem nela uma fonte

inesgotável de estudo. A linguagem foi um dos mais importantes meios de aproximação, de

significação, de conceituação e conflitos de culturas e conhecimentos, servindo a

humanização ou desumanização, incluindo ou excluindo pessoas da sociedade, criando outras

sociedades e outras culturas.

Aristóteles dizia que os animais possuem voz (phone) para exprimir dor e prazer por

exemplo. Mas o homem possui a palavra (logos) e podem exprimir valores como da justiça e

da bondade (CHAUÍ, 1995). Essas e outras expressões aristotélicas fizeram com que os

surdos, por exemplo, sofressem suplícios horríveis, já que os não consideravam como tendo

uma língua.

Na antiguidade, os Gregos viam os surdos como animais, pois para eles o pensamento se dava mediante a fala. Sem a audição os surdos na época ficavam fora dos ensinamentos e com isso, não adquiriam o conhecimento. Os Romanos privavam os surdos de direitos legais, eles não se casavam, não herdavam os bens da família e diante da religião, a igreja católica considerava os surdos sem salvação, ou seja, não iriam para o reino de Deus após a morte. Pode-se dizer que a condição do sujeito surdo era a mais miserável de todas, pois a sociedade os considerava como imbecis, anormais, incompetentes. (SILVA, 2015, p.1).

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Rousseau (CHAUÍ, 1995) dizia que para se descobrir a identidade de um homem nada

melhor do que ouvi-lo falar. Assim a linguagem identifica o que somos e é uma característica

do nosso ser. Ainda Rousseau disse que a linguagem nasceu de uma profunda necessidade de

comunicação de sentimentos, pensamentos, emoções e intenções.

Platão (CHAUÍ, 1995) disse que a palavra é um pharmakon. Essa palavra grega em

português tem três sentidos principais: remédio, veneno e cosmético.

A linguagem pode ser um medicamento ou remédio para o conhecimento, pois na

comunicação e relação com os outros podemos nos dar conta da nossa ignorância e aprender.

Pode ser um veneno, pois pela sedução das palavras podemos tomar mentiras por

verdades.

Por último a linguagem pode ser um cosmético, uma maquiagem com a qual se oculta a

verdade. A linguagem pode ser conhecimento-comunicação, mas também pode ser

encantamento-sedução.

Ignorar que nossa capacidade de pensar, raciocinar e expressar o que somos vem da

linguagem é negar nossa estrutura humana e suas construções históricas.

Desde o princípio da existência humana a linguagem foi o meio pelo qual o homem fez

novas descobertas, conviveu em sociedade e a partir da historia, da linguagem registrada

(pintura, escrita) formulou teorias. Teorias como a de Vygotsky que mostra a relação e o

desenvolvimento entre linguagem e pensamento (REGO, 1995), são exemplos clássicos de

como o homem interage, descobrem e influenciam através da linguagem.

O homem fala. Falamos quando acordados e em sonho. Falamos continuamente. Falamos mesmo quando não deixamos soar nenhuma palavra. Falamos quando ouvimos e lemos. Falamos igualmente quando não ouvimos e não lemos e, ao invés, realizamos um trabalho ou ficamos à toa. Falamos sempre de um jeito ou de outro. Falamos porque falar nos é natural. Falar não provém de uma vontade especial. Costuma-se dizer que por natureza o homem possui linguagem. Guarda-se a concepção de que, à diferença da planta e do animal, o homem é o ser vivo dotado de linguagem. Essa definição não diz apenas que, dentre muitas outras faculdades, o homem também possui a de falar. Nela se diz que a linguagem é o que faculta o homem a ser o ser vivo que ele é enquanto homem. Enquanto aquele que fala, o homem é: homem. Essas palavras são de Wilhelm von Humboldt. Mas ainda resta pensar o que se chama assim: o homem (HEIDEGGER, 2003, p. 7).

Palavras cativam. Cativam milhares de adolescentes ao futebol, aliás, o carisma por um

jogador famoso é a segunda parte da ligação que Vygotsky diz haver entre sujeito e objeto.

Crianças fazendo e falando conforme o personagem de seu programa predileto de televisão,

ou jogos de computador. Adultos que ardilosamente tramam esquemas maléficos como o tão

falado esquema de corrupção em torno da Petrobrás.

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Palavras motivam. Quem já não se sentiu animado por uma palavra dita por alguém na

hora em que mais precisava? Palavras ferem. É conhecida a expressão de que uma palavra

pode doer mais do que uma agressão física.

Através da linguagem podemos resolver ou criar conflitos. Podemos fazer amigos ou

inimigos. Podemos nos expressar com sinceridade ou com astúcia. Enfim, há um poder

insondável na linguagem e como usaremos esse poder? Afinal qual deve ser o autêntico uso

da linguagem?

A ORIGEM DA LINGUAGEM PARA OS FILÓSOFOS E PESQUISADORES

Uma das perguntas mais consideráveis em torno da linguagem surgiu na Grécia quando

os homens se perguntaram se a linguagem é natural ou é uma convenção social (CHAUÍ,

1995).

Se a linguagem for algo natural então às palavras possuem um sentido próprio, mas se

for convencional, são decisões consensuais da sociedade, sendo que a sociedade poderia ter

escolhido outras palavras para designar determinadas coisas. Essa discussão levou à seguinte

conclusão: a linguagem como capacidade de expressão humana é natural, ou seja, já nascemos

com as condições necessárias para nos expressarmos pela palavra. Todavia as línguas são

convencionais, pois surgem de condições históricas, geográficas, econômicas e politicas

determinadas, ou seja, são fatos culturais.

A busca da origem da linguagem levou a quatro tipos de respostas:

1- a linguagem nasce por imitação, os humanos imitam os mais diversos sons em sua

volta, sons dos animais, das cascatas, dos trovões, dos ventos, etc.

2- a linguagem nasce por imitação de gestos. Sendo que cada gesto possui um

significado com o passar do tempo os gestos são substituídos por palavras.

3. a linguagem nasce da necessidade como a fome, a sede, o frio, os perigos naturais

criaram a necessidade de comunicação entre os homens assumindo gradativamente uma

complexidade.

4. a linguagem nasce das emoções e das consequentes formas de expressá-las.

Recentemente uma pesquisa conduzida por Mark Pagel, professor de biologia evolutiva

mostra que a diversidade linguística surgiu ao longo de milhares de anos, mas que todas

tiveram uma única língua como origem, apontando para a conhecida história da torre de

babel.

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A pesquisa feita pelo professor Pagel estuda apenas os sons semelhantes entre as palavras, e tenta chegar a uma origem em comum. Num estudo anterior, o mesmo professor conseguiu traçar uma linha de comparação para a evolução dos 7 mil idiomas falados atualmente. No mundo através da analise da linguagem e palavras que deixaram de ser usadas. “A forma como usamos determinadas palavras na linguagem cotidiana é algo comum a todas as línguas humanas. Verificou-se que os substantivos, pronomes e advérbios são substituídos com menos frequência, ou uma vez a cada 10 mil anos ou mais”, afirmou o professor, que citou as palavras “eu”, “nós”, “você” e “mãe” como exemplos de uma lista de 150 palavras que foram preservadas ao longo dos séculos e estão presente sem diferentes famílias de línguas, e aparentemente não possuíam relação entre si. De acordo com Pagel, atualmente existem 700 linguagens que são usadas por mais de 50% da população mundial que compartilham a mesma origem: “Elas são Descendentes de uma linguagem comum, usada por seres humanos há cerca de 15 mil anos”. (SUDOESTE, 2015, p.1).

DEFININDO A LINGUAGEM

A linguagem é um sistema de signos ou sinais usado para representar coisas, para a

comunicação entre as pessoas e para a expressão de ideias, valores, sentimentos (CHAUÍ,

1995). Ao longo dos anos os filósofos depreenderam dessa definição que:

1- a linguagem é um sistema, isto é, uma totalidade com princípios e leis próprios;

2- a linguagem é um sistema de sinais ou signos, isto é, os elementos que formam a

totalidade linguística são um tipo especial de objetos, os signos, ou objetos que indicam

outros. Por exemplo, a fumaça é um signo ou sinal de fogo, a cicatriz é signo ou sinal de uma

ferida, etc. No caso da linguagem, os signos são palavras e os componentes das palavras.

3- a linguagem indica coisas, isto é, os signos linguísticos (palavras) possuem uma

função indicativa ou denotativa.

4- a linguagem tem uma função comunicativa, por meio de palavras nos relacionamos

com os outros.

5- a linguagem exprime pensamentos, sentimentos, valores, possuindo a função de

conhecimento e de expressão, sendo conotativa, podendo uma mesma palavra ter vários

significados dependendo do contexto.

OS EMPIRISTAS E INTELECTUALISTAS DIANTE DA LINGUAGEM

Os empiristas veem a linguagem como um conjunto de imagens corporais e mentais

formadas por associação e repetição e constituem imagens verbais (as palavras). Essas

imagens corporais são de dois tipos: motoras e sensoriais. Imagens motoras são as que

adquirimos quando aprendemos a articular sons e letras por meio de mecanismos anatômicos

e fisiológicos. Imagens sensoriais são as que adquirimos por meio de nossa estrutura cerebral

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como a capacidade de ouvir e a de ler sinais. As imagens verbais são aprendidas por

associação, em função da frequência e da repetição de sinais externos.

A conclusão empirista se baseia no estudo médico de “perturbação da linguagem”,

sendo a afasia (incapacidade de usar e compreender todas as palavras disponíveis na língua); a

agrafia (incapacidade para escrever determinadas palavras); surdez verbal (incapacidade de

compreender as palavras ouvidas), e a cegueira verbal (incapacidade de entender o que lê).

Para a visão empirista a linguagem é um fenômeno físico do qual não temos

consciência das suas causas, mas sim de seus efeitos como falar, ouvir, ler, compreender

(CHAUÍ, 1995).

Já para os intelectualistas a linguagem é um fato do pensamento ou da consciência.

Sendo a linguagem apenas a tradução auditiva, oral, gráfica ou visível do nosso pensamento e

de nossos sentimentos. A linguagem é um instrumento do pensamento que exprime conceitos

e símbolos para transmitir ideias e valores.

O grande argumento intelectualista é a história de Helen Keller que aprendeu a

linguagem mesmo sendo surda e cega a partir do momento em conseguiu compreender a

relação simbólica entre duas expressões.

As ideias empiristas e intelectualistas têm dois pontos comuns. Ambas consideram a

linguagem fundamentalmente indicativa ou denotativa, ou seja, indicam coisas e ambas

consideram a linguagem instrumento de representação.

Podemos observar em Locke (1999, p.145) uma semântica psicológica conduzindo

suas ideias para a área psicológica demonstrando sua tendência empirista:

Ainda que o homem tenha uma grande variedade de pensamentos, dos quais, tanto os outros como ele mesmo devem receber proveito e prazer, todos eles, entretanto, estão no interior de si mesmo, invisíveis e escondidos dos outros, e não podem se manifestar por si mesmos. Como o bem estar e a vantagem da sociedade não são realizáveis sem a comunicação de pensamentos, foi necessário ao homem desvendar certos sinais sensíveis externos, por meio dos quais estas ideias invisíveis, dos quais seus pensamentos são formados, pudessem ser conhecidas por outros.

A LINGUÍSTICA E A LINGUAGEM

No século XIX procurou-se pela origem da linguagem a partir de sua concepção

histórica a fim de entender as modificações que uma língua passa ao longo dos anos.

Descobriu-se que a alteração linguística não se dá apenas por fatores externos como a

migração e mudanças sociais, mas por fatores internos resultado do desenvolvimento

intelectual (CHAUÍ, 1995).

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No século XX a linguística elaborou uma concepção de linguagem cujos pontos

principais são:

. A linguagem é constituída pela diferença entre língua e fala: a língua é instituída

socialmente com suas regras e estrutura, enquanto a fala é subjetiva, sendo a apropriação pelo

sujeito da língua.

. A língua é um todo que confere sentido às partes.

. Numa língua se distingue signo de significado.

. A relação dos signos e significantes com as coisas é convencional, mas uma vez

adotada pela língua torna-se necessário o seu uso.

. Como as partes de uma língua recebem sua função e sentido pelo que o todo da

língua lhes confere, essas partes distinguem-se uma das outras por suas diferenças de letras

por exemplo.

. A língua é um código que se dá pela comunicação entre os sujeitos, exercendo eles o

papel de emissor ou receptor.

. Quem fala possui a competência, ou seja, sabe usar a língua, e a performance, usa do

seu jeito.

. A língua possui sincronia, ou seu todo atualizado e a diacronia, suas mudanças ao

longo do tempo.

. A língua é inconsciente e a usamos sem a necessidade de conhecê-la cientificamente.

A EXPERIÊNCIA DA LINGUAGEM

Por sermos seres falantes podemos dizer que temos e somos linguagem, essa

capacidade humana de comunicação instituída socialmente que nos leva a sermos modificados

em nossa maneira de viver e conviver, modificados em nossa cultura. Por meio da linguagem

temos acesso ao pensamento e por ele ao conhecimento (CHAUÍ, 1995).

A linguagem é simbólica e por meio dela acessamos e compreendemos outras coisas

que não estão à vista, mas que estão em nossa imaginação. Por isso a linguagem está

diretamente ligada ao pensamento ou imaginação. Assim a linguagem:

. refere-se ao mundo e seus significados, por meio da linguagem nos relacionamos

com a realidade;

. cria novos sentidos e faz relações entre os sentidos criados.

. expressa significados, renova lembranças e imagina o inexistente.

Podemos perceber na linguagem a capacidade do desenvolvimento humano com suas

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alterações que se dão pelo constante uso e acesso da linguagem.

A linguagem para Locke (1999, p.149) ativa as ideias levando ao conhecimento:

Pelo uso as palavras imediatamente motivam as ideias. Com respeito às palavras, deve-se ainda observar: primeiro, que alcançam, pelo uso constante, tal conexão entre certos sons e as ideias que eles significam que os nomes ouvidos estimulam quase tão imediatamente certa ideia como se fossem os próprios objetos que são aptos para ocasioná-los, se realmente impressionam os sentidos.

LINGUAGEM SIMBÓLICA E LINGUAGEM CONCEITUAL

Podemos dizer que existe diferença entre a linguagem simbólica e a linguagem

conceitual. Sendo que a linguagem simbólica opera por meio de analogias e metáforas. Esse

tipo de linguagem está diretamente ligado à imaginação. Já a linguagem conceitual procura

evitar a analogia e a metáfora para que as palavras tenham um sentido direto e não figurativo

(CHAUÍ, 1995).

Assim a linguagem simbólica que aparece nos mitos, nas fábulas, nas poesias, no

teatro, e a linguagem conceitual que é própria das ciências diferem no seguinte:

. a linguagem simbólica é muito afetiva e emotiva enquanto a linguagem conceitual

não se confunde com as emoções.

. a linguagem simbólica oferece sínteses imediatas, que são as imagens, enquanto a

linguagem conceitual permite ver o processo de construção da mesma.

. a linguagem simbólica permite múltiplos significados a uma única palavra enquanto

a linguagem conceitual limita o uso da linguagem ao contexto inserido.

. a linguagem simbólica nos leva através da imaginação para dentro do texto por causa

da beleza e das emoções que nos transmitem enquanto a linguagem conceitual tenta nos

convencer por meio de argumentos, raciocínios e provas. Podemos dizer que a linguagem

simbólica fascina enquanto a linguagem conceitual exige o trabalho árduo do pensamento.

. a linguagem simbólica pode criar o mundo que quiser através da imaginação, seja

melhor ou pior do que conhecemos enquanto a linguagem conceitual tenta dizer o mundo

como ele é.

. a linguagem simbólica pode dizer como o mundo poderia ser no passado ou como

pode ser no futuro enquanto a linguagem conceitual nos fala como é o presente por meio da

razão.

COMPREENDENDO ALGUMAS DISCUSSÕES DA LINGUAGEM

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A linguagem compreendida como língua, fala e palavra é constituída por quatro

fatores (CHAUÍ, 1995):

. fatores físicos(anatômicos, neurológicos, sensoriais) que nos permitem falar escutar,

escrever, ler;

. fatores socioculturais que diferenciam a forma como as linguagens se apresentam;

. fatores psicológicos que criam a necessidade de comunicação e formas pelas quais

nos expressamos.

. fatores linguísticos, que são a estrutura e o funcionamento da linguagem, a forma

pela qual nos fazemos entender, e como nos expressamos. Esses quatro fatores nos mostram

por que existe a linguagem e como ela funciona, mas não esclarecem o que é a linguagem.

A linguagem não é um mecanismo psicomotor, também não é simples relação entre

signo e ideia, mas é uma relação ternária, na qual os signos são símbolos com respectivos

significados. A linguagem não traduz pensamentos, mas participa da formação e formulação

das ideias e valores. A linguagem é uma dimensão de nossa existência pela qual manifestamos

a experiência da mesma.

A linguagem, assim como a percepção e a imaginação pode ser escrava de

preconceitos e ideologias produzindo um falso conhecimento e omitindo o verdadeiro

conhecimento. A linguagem cria, interpreta e decifra significações, podendo fazê-la de várias

maneiras.

O PENSAMENTO

O pensamento é o que nos permite viajar por lugares mais recônditos identificando e

reconhecendo as coisas criadas e nos permitindo criar e recriar de formas diferentes. Para o

pensamento parece não haver barreiras suficientes para impedi-lo de se expandir, de

perscrutar, investigar, e ir muito longe.

Em nosso dia a dia usamos as palavras pensar e pensamento de formas variadas, com

sentidos variados. Para uma pessoa silenciosa podemos chegar e perguntar sobre o que ela

está pensando, pois sabemos que o pensamento é contínuo e precisa ser expresso para

conhecermos seus resultados. Ou diante de outra pessoa podemos afirmar que já sabemos o

que ela está pensando por meio de algum sinal transparecido.

Quando esperamos por uma resposta diante de uma proposta que previamente fizemos,

nós chegamos à pessoa e perguntamos se ela já pensou sobre o assunto, pois sabemos que o

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pensamento precede a ação. A pessoa que pensa muito pode ser tida como indecisa e temerosa

ao passo que quem toma decisões muito repentinas pode ser tomado como leviano. Assim em

torno do pensamento se fala sobre vários contextos.

Através de alguns meios de comunicação se apresenta o chamado pensamento do dia.

Com isso se fala sobre determinado assunto com certos objetivos. Para quem tem dificuldades

em que o outro consegue ver soluções diz-se que aquele não se esforça em pensar enquanto

esse pensa.

Pensar de acordo com alguns dicionários significa: aplicar a atividade do espírito aos

elementos fornecidos pelo conhecimento; formar e combinar ideias, julgar, refletir, raciocinar,

especular; exercer a inteligência; meditar, ver; exercer o espírito ou atividade consciente de

maneira global: sentir, querer, refletir; ter uma opinião, uma convicção; supor, presumir, crer,

admitir, suspeitar, achar; esperar, tencionar; preocupar-se; avaliar, cismar.

Pensamento para alguns dicionários significa: o ato de refletir, meditar ou pensar, ou

processo mental que se concentra em ideias; atividade de conhecimento ou tendo por objeto o

conhecimento; consciência mente espírito, entendimento, intelecto, razão; poder de formular

ideias e conceitos; faculdade de pensar logicamente, raciocínio, ponto de vista, formulação de

um juízo; aquilo que é pensado ou o resultado do ato de pensar: ideia, ponto de vista, opinião,

juízo; fantasia, sonho, devaneio,, lembrança, recordação, cuidado, preocupação, expectativa;

conjunto de ideias ou doutrina de um pensador, de uma sociedade, de um grupo, de uma

coletividade.

Com esses significados percebemos que o uso da palavra pensamento é variado e

muito usado por todos e nem sempre tão esclarecedor. A própria palavra pensamento se

origina do verbo latino pendere que significa ficar em suspenso, ficar pendente, ponderar,

equilibrar (CHAUÍ, 1995). Pensar, podemos dizer que é suspender o julgamento até ter plena

certeza; pesar as ideias; avaliar a autenticidade dos fatos.

É comum ficarmos um longo tempo pensando sobre um assunto que nos incomoda e

mesmo realizando uma atividade que exige concentração não pararmos de pensar sobre

aquele assunto. Isso é porque o pensamento cria em nós a necessidade de compreender os

fatos da forma mais clara possível exigindo de nós um constante pensar-repensar das ideias.

Demonstra também que é possível usar o pensamento para trabalhar com várias possibilidades

ao mesmo tempo.

De repente, no meio dessa concentração gritamos: “entendi! Entendi!” É como se

tivéssemos achado a peça que faltava ao quebra-cabeça. Isso se chama experiência do

pensamento.

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Outras vezes, num estudo específico, vamos lendo, analisando, organizando as

informações, montando as experiências até que chegamos à conclusão de que aprendemos

alguma coisa que antes não sabíamos. Tivemos novamente uma experiência de pensamento.

Durante um diálogo podemos ter várias experiências de pensamento. Quando

contrastamos as informações anteriores com as novas, quando questionamos, opinamos,

vamos compreendendo as coisas de outra forma.

Já percebeu como as ideias mudam depois de conversarmos pessoalmente com uma

pessoa sobre determinado assunto?

Essas experiências de pensamento são o que permite as múltiplas invenções humanas,

que são principalmente as invenções tecnológicas, que surgiram de necessidades e

dificuldades que a mente humana conseguiu alcançar através do pensamento, das

investigações e indagações humanas. Por causa das experiências do pensamento muitos

puderam dizer: “Eureca! Eureca!”.

INTELIGÊNCIA E PENSAMENTO

A inteligência colhe, recolhe e reúne os dados oferecidos pela percepção, pela

imaginação pela memória e pela linguagem, formando redes de significações com as quais

organizamos e ordenamos nosso mundo e nossa vida, recebendo e doando sentidos a eles. O

pensamento vai além da inteligência abstraindo, ou seja, separando os dados e criando

conceitos a partir deles, formulando teorias e procurando comprová-las e verificá-las, uma vez

que está voltado para o conhecimento.

Um conceito ou ideia é uma rede de significações que nos oferece: o sentido interno e

essencial daquilo a que se refere; os nexos ou relações entre os elementos é o que permite

conhecer as causas, as origens, os efeitos, os princípios daquilo a que se refere. O conceito é a

essência de alguma coisa demonstrando o seu modo de ser (CHAUÍ, 1995).

Se eu pensar, por exemplo, em rosas, margaridas, logo penso no conceito universal de

flor. Se sentir frio, calor logo pensarei no conceito de temperatura. Se vejo uma bola, uma

caixa, um cone logo penso nos círculos, nos quadrados, nos retângulos, nos triângulos, enfim

nas figuras geométricas representadas.

Os conceitos ou ideias são expressos pelo pensamento através de juízos feitos

relacionando qualidades, atributos, propriedades.

Um conjunto de juízos forma uma teoria quando:

. Existe uma clareza no campo de objetos e procedimentos para conhecê-los;

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. Organizam-se e ordenam-se os conceitos;

. São demonstrados os juízos por meios racionais.

Através do pensamento são elaboradas teorias. Teoria é explicação, descrição e

interpretação geral das causas, formas, modalidades e relações de um campo de objetos,

conhecidos por meio de procedimentos específicos que são próprios da natureza dos objetos

investigados (CHAUÍ, 1995).

O pensamento elabora teorias, ou seja, uma explicação ou interpretação intelectual de

um conjunto de fenômenos e significações sobre objetos, fatos, situações, acontecimentos,

que estabelecem a natureza, o valor e a verdade de tais fenômenos. Por isso falamos na teoria

genética, teoria da relatividade, teoria aristotélica.

Uma teoria pode ou não nascer diretamente de uma prática e ter ou não uma

explicação prática direta, mas não é a pratica que permite determinar a verdade ou falsidade

de uma teoria e sim critérios internos contidos na própria teoria. Os argumentos construídos

na estrutura teórica é uma das determinações para ver ou não sua coerência. Além disso, as

demonstrações e provas descritas.

O pensamento elabora e propõe teorias, além de criar métodos para criação e

estruturação das mesmas.

RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA COMUNICATIVA: PROJETO MINUTO DA

FILOSOFIA

O Projeto Minuto da Filosofia objetiva integrar a comunidade regional através de

breves discussões filosóficas, apresentadas via rádios comunitárias, cujas temáticas venham

condizer com a realidade presente. O trabalho ao mesmo tempo em que divulga a pesquisa

realizada instiga os abrangidos na busca pelo conhecimento a partir da necessidade de

qualificação do pensar surgida por meio de questionamentos, apontamentos, exposições de

dados. Colocar o cotidiano em pauta e fazer com que os sujeitos ajam criticamente sobre ele é

o foco central dessa proposta diferenciada, interligando a comunidade escolar no Programa e

qualificando o ensino da filosofia por meio de outras metodologias, como esta em pauta.

O Projeto se desenvolve por meio das rádios comunitárias regionais afinando

discussões pertinentes ao cotidiano, permitindo a participação dos ouvintes a partir da

temática apresentada pelo bolsista após sua pesquisa. De forma especial, o projeto é aberto às

escolas de Ensino Fundamental e Médio a fim de promover o ensino e prática filosófica. O

“Programa Minuto da Filosofia” é veiculada semanalmente em um pequeno espaço nas

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Rádios Comunitárias de Frederico Westphalen, Cerro Grande, Pinheirinho do Vale e Liberato

Salzano.

Durante a apresentação dos programas problematizamos através de questionamentos

pertinentes, citando pensadores e termos filosóficos, além de buscar dar a entonação da voz na

medida proporcional a que a comunicação oral exige. Permitimos e colaboramos para que os

ouvintes participem tendo um posicionamento crítico e ético mediante as temáticas abordadas

e acontecimentos atuais ou do dia a dia.

O projeto objetiva mais especificamente permitir e fomentar o ensino e práticas

filosóficas inovadoras e condizentes com a forma de expressão e comunicação atuais.

Aproximar os conhecimentos filosóficos dos conhecimentos usuais, questionando, propondo,

interagindo é uma forma encontrada de viabilizar a participação e comprometimento dos

sujeitos com a realidade e com a vida.

A partir da participação dos ouvintes e suas declarações, mesmo que algumas em

conversas informais podemos dizer que os objetivos do Programa foram alcançados

permitindo a mediação e reflexões do conhecimento acadêmico com o conhecimento popular.

Os temas escolhidos foram abordados a partir de contextualizações cotidianas e

interrogações como abaixo enunciamos:

_ Se dialogar é tão fundamental, por que dialogar é tão complicado?

_Quem de nós já não fez uso da narração em inúmeras situações existenciais?

_Na ágora do facebook, por exemplo, será que não têm faltado alguns quesitos

fundamentais da boa comunicação?

_Será que os visitantes do facebook manteriam as mesmas características se

estivessem em uma praça como a que Sócrates visitava para dialogar com os homens?

_Será que não existe um grau de certeza para as coisas que acontecem? Vivemos da

ilusão? São incertas todas as coisas?

_Quando alguém faz alguma coisa errada você acredita que ela deve pedir desculpas

ou perdão?

_O que é que você conhece? Como você tem conhecimento que conhece? O que é que

você sabe? Como é que você sabe que sabe?

_Qual é a maior dificuldade humana no que diz respeito aos pensamentos? Não é

justamente a dificuldade de pensar sobre si? Parece muito mais fácil pensar sobre os outros,

falar sobre os outros e dos outros. Por quê?

Ao frisarmos essas reflexões buscamos fazer com que houvesse uma despertamento

para a realidade com a criticidade que nos leva a um reavaliar de situações e circunstâncias,

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conduzindo a um agir mais consciente, pois, a arte da interrogação é uma das ferramentas que,

quando bem articuladas pode despertar, entre outras coisas, a dúvida, a busca pela resposta, a

resposta em si. Não há como fazer filosofia sem indagar-se, questionar-se, duvidar, refletir.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O pensamento está conectado com a linguagem, assim como a linguagem com o

pensamento. Das linguagens que ouvimos, lemos, captamos e interpretamos vamos

construindo o nosso conhecimento, vamos dando novos sentidos as informações que trazemos

conosco. Nossa capacidade de interpretação, comunicação e visão de mundo ampliam-se na

medida em que nos relacionamos com os outros. Por isso o diálogo é a expressão mais forte

da linguagem como característica da humanização. Fazemo-nos humanos na medida em que

alcançamos um conhecimento tal que nos permite compreender o mundo a nossa volta, a

sociedade em que estamos, as pessoas que convivem conosco; permitindo nos relacionar com

os outros em suas diferenças. Ter o direito de dizer a sua palavra é muito mais do um direito

de expressão de ideias: é a liberdade de comunicar-se, de aprender, de identificar-se, de

realizar-se na nossa condição humana de viver em sociedade.

REFERÊNCIAS CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 3 ed. São Paulo: Editora Ática, 1995. HEIDEGGER, Martin. A caminho da linguagem. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes; Bragança Paulista, São Paulo: Editora Universitária São Francisco, 2003. LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Editora Nova Cultura, 1999. REGO, Tereza Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1995. SILVA, Silvana Araújo. Conhecendo um pouco da história dos surdos. Disponível em: http://www.uel.br/prograd/nucleo_acessibilidade/documentos/texto_libras.pdf acesso em 22 de abril de 2015. SUDOESTE, Folha do. Origem das línguas. Disponível em http://www.folhadosudoeste.jor.br/edicoes_anteriores/1062/files/assets/common/downloads/page0012.pdf acesso em 22 de abril de 2015.

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A GESTÃO EDUCACIONAL E O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO:

PRESSUPOSTOS À FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Anilce Angela Arboit, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

Janaíne Souza Gazzola, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

Silvia Regina Canan, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

RESUMO: O trabalho em tela é resultado das reflexões e construções realizadas na disciplina de Campo Profissional PED E, no ano de 2013, onde compreende-se e analisa-se a Gestão Educacional no Campo da formação de professores, bem como infere-se as possibilidades do Projeto Político Pedagógico para a qualificação das práticas educativas. A abordagem teórica sustenta-se em referenciais da área e a análise da prática possibilitou reconhecer a dimensão e importância da Gestão Educacional para delineá-la dos processos educativos de qualidade. PALAVRAS-CHAVE: Gestão Educacional; Projeto Político Pedagógico; Formação de Professores; Teoria e Prática.

INTRODUÇÃO

Este estudo traça apontamentos sobre a Gestão Educacional, analisando sua relação

com a Coordenação Pedagógica, Conselho Escolar e sua articulação com o Projeto Político

Pedagógico, bem como suas implicações na prática pedagógica. A Gestão Educacional, neste

trabalho, assume contornos relacionais e transcendentes à Formação de Professores. Diante

disto, através de um enfoque teórico acerca da temática definiram-se as principais

responsabilidades atribuídas ao gestor e que a gestão democrática precisa contemplar. Por

último, analisou-se a prática realizada a partir de um trabalho realizado na disciplina de

Campo Profissional PED E, sob a orientação da Profª Drª Silvia Regina Canan no Curso de

Pedagogia da URI – Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen.

A estrutura deste trabalho está pautada em três eixos norteadores. O primeiro eixo

abeira-se em uma explanação da Gestão Educacional e a compreensão de suas implicações na

prática pedagógica desenvolvida em uma Secretaria Municipal de Educação da Região do

Alto Uruguai. No segundo eixo, atenta-se a uma inter-relação entre Coordenação Pedagógica

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e Conselho Escolar direcionando o foco ao Projeto Político Pedagógico, mencionando ideias

de autores que abordam a temática. E por fim, o terceiro eixo baseia-se nos aspectos da

Pesquisa com ênfase no contexto, no questionário e nos principais resultados alcançados.

Em tessitura de tais apontamentos, parte-se à apresentação dos resultados, enfocando

as concepções de autores, relacionando-as com a prática desenvolvida.

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Este estudo baliza-se na necessidade de conhecer/entender as principais

responsabilidades atribuídas à Gestão Educacional no que compete à delegação e à

institucionalização dos caminhos da Educação Municipal.

Objetiva-se com a realização desta investigação, apresentar alguns resultados sólidos

da gestão educacional desenvolvida em uma Secretaria Municipal de Educação da Região do

Alto Uruguai, visando à qualificação da formação acadêmica. Elencaram-se, portanto,

algumas questões norteadoras que passaram a ser base da prática na disciplina de Campo

Profissional PED E.

A seguir, apresentaram-se o roteiro para observações e a entrevista com o gestor da

Secretaria Municipal de Educação.

Guia de observações:

1- Organização do ambiente/espaço.

2- Acolhida pela equipe gestora.

3- A linguagem/vocabulário com que manifesta suas ideias.

4- Postura ética perante suas funções.

5- Motivação em explanar seu trabalho.

6- Reação frente aos questionamentos apresentados.

7- Diálogo entre teoria e prática.

Entrevista:

1) Que função desempenha no cargo de gestor?

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2) Principais desafios /dificuldades da função.

3) Existe Projeto Político-Pedagógico? Como foi elaborado?

4) O PPP prevê a Formação Continuada de Professores? Como ela acontece?

5) Como atuam os Coordenadores Pedagógicos?

6) Há conselho Escolar nas Escolas? Quais suas contribuições?

7) Que sugestões daria para quem desejasse ocupar a função de gestor educacional?

Percebe-se com a observação deste roteiro que, para alcançar o objetivo almejado,

requerer-se-ia a consideração não apenas da qualidade da formação do gestor, num aspecto

mais amplo, mas, acima de tudo, seria necessário um conhecimento aprofundado acerca de

seus principais objetivos, da concepção de gestão, do Conselho Escolar, Coordenação

Pedagógica, bem como das finalidades do Projeto Político-Pedagógico.

GESTÃO EDUCACIONAL E AS IMPLICAÇÕES DA/NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

A gestão educacional pode ser refletida na qualidade do ensino se for concebida

como mecanismo de inovação, capaz de (re)definir e (re)criar as práticas pedagógicas, de

forma a manter direcionados os objetivos de uma educação emancipatória e humanizadora.

No tocante, acredita-se que todos os sujeitos participantes da Escola, ou seja, pais,

professores, alunos, funcionários, toda a comunidade escolar devem comprometer-se com a

luta do outro e ser capazes de descortinar o instituído e re(inventar) a Escola. Torna-se,

primordial, para tanto, o entendimento de que tais concepções engendram-se com a prática

pedagógica.

Compreende-se que o compromisso da Secretaria de Educação estende-se desde a

priorização de políticas eficazes de formação dos profissionais de educação, até a valorização

dessa formação que passa por uma concepção de sociedade e de gestão.

Nesta perspectiva, enfatiza-se a ideia de que:

A questão central é que as leis firmam valores, não criam cultura. A efetivação do novo princípio da gestão democrática requer um processo instituinte de uma nova cultura de gestão escolar. Gestão que não se confunde mais com o gestor, com a centralização nas mãos do diretor, mas que passa a ser vista como um projeto coletivo, que institui uma organização colegiada. Trata-se da constituição de um novo paradigma de gestão escolar. E paradigmas não nascem da lei. Nascem das

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ideias, das concepções mais radicais de pensamento e das práticas que arruínam o velho para instituir o novo. (MEC, 2004, p.54)

A ideia de uma nova cultura de gestão escolar proposta pelo Programa Nacional de

Fortalecimento dos Conselhos Escolares, instituído pelo Ministério de Educação, pressupõe o

compartilhamento da gestão, no sentido de um revezamento das lideranças no espaço escolar,

para que todos experienciem o ato de gestar. (MEDEL, 2008).

Neste caso, faz-se menção à gestão democrática, especialmente, no que se refere à

excessiva regulação, com a qual se nega a intencionalidade do exercício da autonomia e da

democracia. “As formas não podem contrariar os objetivos.” (MEC, 2004). A essência da

gestão democrática é o espaço de autonomia. Por quanto,

Há uma impossibilidade real de se outorgar por decreto autonomia e democracia. [...] As leis e normas não pegam quando nascem de vontades que não correspondem aos valores instituídos, eleitos pelos desejos da cidadania, ou que não permitem, pela presunção do saber do legislador, espaços para o instituinte da prática social. (MEC, 2005, p. 55).

A democracia precisa ser mantida como um processo inacabado, uma utopia possível

em permanente construção. Reitera-se, dessa forma, a importância dessa “utopia possível”

concretizar-se efetivamente em ações. Ações eficazes, concretas e passíveis de mudanças, em

tempos atuais/reais.

Neste horizonte, ao que compete à gestão pública da educação, o principal desafio

que se apresenta é o da institucionalização das ações, isto é, a compreensão de que o

acompanhamento e a avaliação das medidas educacionais adotadas ocorrem por meio de um

processo gradual. “A institucionalidade da escola, para a conquista de progressivos graus de

autonomia, precisa ser reforçada, situando as estratégias de gestão democrática no interior, no

âmago de sua estrutura de poder.” (MEC, 2004, p. 56).

Portanto, não basta apenas legitimar as leis (por exemplo), mas formalizá-las, no

intuito de instituí-las através de uma gestão verdadeiramente democrática. Entende-se por

gestão democrática, o:

[...] exercício de poder, autocriação, auto-instituição, autogestão. Gestão democrática se constrói no cotidiano escolar, no espaço do exercício da autonomia, instituída pela vontade e segundo os valores e objetivos coletivos. Para que a gestão da escola [...] seja efetivamente democrática é fundamental que ela tenha seu espaço de autonomia, inclusive para decidir que tipo de exercício democrático deseja praticar. (MEC, 2004, p. 54-55).

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Isto serve também para a gestão em uma Secretaria de Educação, já que a

característica democrática da gestão poderá constituir um caminho para a melhoria da

qualidade do ensino e, consequentemente, da aprendizagem. Este é o grande desafio.

[...] a gestão democrática se assenta na promoção de educação de qualidade para todos os alunos, de modo que cada um deles tenha a oportunidade de acesso, sucesso e progresso educacional com qualidade, numa escola dinâmica que oferta ensino contextualizado em seu tempo e segundo a realidade atual, com perspectiva de futuro. (LÜCK, 2009, p. 70).

Para isso, entretanto, é necessária a articulação entre o local e o global, entre a

unidade e a diversidade, entre a teoria e a prática. Exercitar a discussão coletiva das questões

específicas de gestão e formar os diversos segmentos para a busca da democracia. Afinal,

Não há canal institucional que venha a ser criado no sistema público que, por si só, transforma a qualidade da educação pública se não estiver pressuposta a possibilidade de redefinição e se não existir uma vontade coletiva que queira transformar a existência pedagógica concreta. (VEIGA, 1998, p.54)

Neste intento, as implicações da gestão estabelecem coerção com/na Prática

Pedagógica, ramificando-se nas diversas modalidades em que se insere. Apresenta-se, nessa

lógica a gestão de resultados educacionais, a gestão democrática e participativa, a gestão de

pessoas, a gestão pedagógica, a gestão administrativa, a gestão do clima e cultura escolar,

bem como a própria gestão escolar.

É importante considerar de antemão, o gestor como pessoa que trabalha em conjunto,

de forma integrada, compartilhando competentemente responsabilidades, que fazem diferença

na qualidade do trabalho educacional promovido pela Secretaria de Educação. Em suma, as

pessoas, com sua competência, comprometimento e capacidade de ação coletivamente

organizada, constituem-se na “[...] alma da escola e a base da sua qualidade educacional [...]”.

(LÜCK, 2009, p. 82).

Exercer a gestão é, pois, assumir a liderança educacional que visa a articulação, a

condução e a movimentação de/entre saberes por todos os participantes do processo, na

facilitação do desenvolvimento de uma visão de conjunto sobre o lócus em que a educação se

processa. Este enredo coaduna-se “[...] na formação de uma cultura de aprendizagem; na

integridade, na ética e na justiça expressas por equipes de trabalho continuamente

acompanhadas, orientadas e estimuladas [...]” (LÜCK, 2009).

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COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E CONSELHO ESCOLAR: O FOCO NO

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Inter-relacionar a Coordenação Pedagógica e o Conselho Escolar se faz

imprescindível para o entendimento das finalidades do Projeto Político-Pedagógico.

Atenta-se para a importância da articulação entre esses instrumentos para a gestão

democrática. Decorrem-se referências em bases legais e, apontam a responsabilidade da

Secretaria de Educação na elaboração, execução e avaliação do projeto Político Pedagógico.

Salienta-se, além disso, que entre as prioridades propostas no Plano Nacional de Educação,

encontra-se a de que as políticas de Educação devem promover a participação da comunidade

na gestão, universalizando, em dois anos, a instituição de Conselhos Escolares em órgãos

equivalentes, objetivando a descentralização na gestão educacional e o fortalecimento da

autonomia pedagógica.

Para melhor entender esses elementos, precisa-se, necessariamente, analisar o

contexto total. Entende-se, que o Conselho escolar e o Projeto Político Pedagógico precisam

caminhar juntos, abraçados em compromisso com a plena efetivação de suas funções. No

entanto, é possível reconhecer os embates políticos e ideológicos que se travam no momento

da elaboração do Projeto Político Pedagógico, levando em consideração, as resistências e os

interesses individuais, que impedem, muitas vezes, a efetiva ação colegiada.

É cabível entender o Conselho Escolar como uma instância colegiada, que

deliberações que objetivam a democratização da cidadania ao se tratar de formação de seres

humanos. Acredita-se, com isso, que não se é único na tomada de decisões e que as ideias

“alheias”, não devem ser consideradas no sentido literal do termo, mas introduzidas no

trabalho coletivo de forma a conferir caráter primoroso às ações.

Para este entendimento, redimensionar a concepção de poder se faz inadiável quando

se pensa em um Conselho Escolar participante e quando a Educação, pela qual se prima, é

comprometida com a luta do outro.

É válido, pois, destacar, que estes aspectos instigam e fazem fermentar certas

questões, no que tange conceitos importantes a serem trabalhados: o poder e a participação.

Nessa linha, Veiga (2007) sublinha a tarefa imprescindível da escola democrática, que é o de

ouvir a palavra da comunidade escolar, e para que isso se concretize a Educação democrática

e emancipadora precisam partilhar e integrar as diferenças, que é resposta ao interesse da

coletividade.

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A autora (id.) ainda apresenta, as quatro grandes funções do Conselho Escolar que

são: a deliberativa, a supervisora, a consultiva e a mobilizadora. São funções interconectadas

e que se completam no fazer pedagógico, pois ao Conselho compete elaborar, aprovar,

deliberar, discutir, assessorar, emitir pareceres, supervisionar e acompanhar a comunidade

escolar. Nesse sentido, entendeu-se que Projeto Político Pedagógico e o Conselho Escolar são

instrumentos da gestão, que outorgam aos sistemas de ensino a tarefa de regulamentar e

assegurar efetivação das ações educativas.

A Coordenação Pedagógica constitui-se num espaço de excelência, dispondo de

inúmeras funções atreladas ao planejamento das ações do contexto educacional e situa-se

como um espaço privilegiado de formação continuada de professores. Nesse sentido, pode-se

elencar como tarefas fundamentais da Coordenação Pedagógica, construir, implementar,

acompanhar e avaliar o Projeto Político Pedagógico e, em decorrência, transformar o trabalho

educativo.

Ressalta-se que o processo de formação docente, centrado nas Escolas, tem como

pressuposto o fato de ser o professor quem melhor conhece a sua realidade com as

problemáticas e questões que emergem no seu contexto de trabalho. Faz-se, pois, uma reprise

ao momento de incertezas, no qual se vive inserido em uma sociedade complexa, marcada por

antagonismos, diferenças sociais, econômicas, religiosas e culturais e afirma-se que esse

momento requer uma nova postura diante de si própria, do outro e do conhecimento.

Diante disso, explica-se que a profissionalização docente implica a existência da

autonomia. Esta, por sua vez, deve se manifestar na construção e elaboração do Projeto

Político-Pedagógico para se pensar e concretizar caminhos possíveis, numa perspectiva

crítico-reflexiva. Veiga (2007) retrata que a elaboração do Projeto Político-Pedagógico requer

uma reflexão profunda sobre as finalidades da Escola e sublinha a necessidade de o PPP

assumir o caráter processual, organizativo e intencional. Necessário se faz buscar alternativas

formativas que possibilitem ao gestor olhar, acompanhar e analisar sua prática de forma

crítica, refletindo sobre as problemáticas que emergem no contexto das Escolas assim como

no âmbito da Secretaria de Educação.

Para firmar esses apontamentos, a autora (id.) destaca a importância de uma

construção coletiva que não pode admitir a separação entre quem pensa e quem executa.

Acerca disto, a autora demostra sua insatisfação:

[...] existe uma intencionalidade velada permeando as ações realizadas no espaço de Coordenação Pedagógica que contribui para a alienação do trabalho docente, ao se

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privilegiarem tarefas manuais e repetitivas em detrimento de momentos para se pensar sobre o “fazer”. (SILVA, 2007, p. 145)

Urge, portanto, a necessidade de romper com esse pensamento errôneo e implantar

um modelo de gestão e articulação democrática, de modo a fazer com que todos os setores do

ambiente escolar estejam cientes das funções da Coordenação Pedagógica, para que sejam

capazes de zelar pela sua plena efetivação.

De igual forma, fortalece-se a ideia de que o Projeto Político Pedagógico é o meio

pelo qual as Escolas pensam organizadamente e concretizam coletivamente um trabalho, que

atenda às necessidades de aprendizagem e sinalize novos caminhos, em busca de novas

possibilidades. É visível, nesse sentido, o alcance da significação da relação dialética entre

Projeto da Escola e a Coordenação Pedagógica.

Com base nos pressupostos destacados, reitera-se a concepção do Projeto Político-

Pedagógico, que se insere na lógica construtivista, retratando a identidade de cada escola, seu

processo de construção, que deve ocorrer coletivamente, bem como sua implementação, a

qual acontece (ou deveria acontecer) também de forma coletiva. Tal construção deveria

envolver toda a comunidade escolar na sua aplicação, o que acarretaria numa aprendizagem

bem mais significativa para todos.

Neste sentido, o PPP tem por objetivo explicitar a intencionalidade das ações

escolares e possibilitar a reflexão permanente sobre o trabalho que produz. No entanto, para

que se alcancem estes propósitos, é necessário que sua construção, execução e avaliação

aconteçam coletivamente. Para isso, torna-se fundamental que se crie um clima de confiança

na escola, no sentido de valorizar as relações interpessoais entre os segmentos envolvidos no

processo. Com isso, haverá, certamente, maior mobilização para a construção e reconstrução

de uma gestão verdadeiramente democrática.

O Projeto Político-Pedagógico, segundo Veiga (1998), mostra-se democrático,

abrangente, flexível e duradouro. Para isso, a avaliação deve ser algo constante na vigência de

um PPP, acompanhando-o não apenas no momento final de sua execução, mas, desde a sua

elaboração até a sua execução. Acerca disso, o “modelo” (se é que assim pode ser

denominado) de avaliação proposto por Medel (2008), no sentido de avaliar-se interna e

externamente o PPP, tem por objetivo revelar, em um primeiro momento, as implicações e

repercussões internas, observando-se o cotidiano dos segmentos escolares; e, em um segundo

momento, indagando a realidade, externa à escola, na qual o PPP está inserido, questionando

suas contribuições para a comunidade.

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Apresenta-se, ainda, a proposta de Marino (2003) e Veiga (1995), citados por Medel

(2008), a qual visualiza-se significativa, quando corrobora a ideia de que, “somente a partir de

um processo permanente de reflexão e de discussão dos problemas da escola, é possível

chegar a alternativas viáveis à efetivação de um PPP.” Barreira (2000), afirma que o papel do

avaliador é de ser o facilitador pedagógico.

Na seção a seguir tece-se a apresentação da pesquisa que abordou o contexto e os

principais resultados da prática realizada em uma Secretaria Municipal de Educação e Cultura

da Região do Alto Uruguai.

A PESQUISA: CONTEXTO, QUESTIONÁRIO E PRINCIPAIS RESULTADOS

Nesta unidade prenunciam-se os dados coletados por meio da investigação realizada

em uma Secretaria Municipal de Educação e Cultura da Região do Alto Uruguai durante a

qual foi possível levantar aspectos relevantes para o conhecimento organizacional da Gestão

Educacional.

Propôs-se a observação de aspectos importantes à formação acadêmica, em evidência

no Curso de Pedagogia, e fundamentais para a efetivação de uma Gestão Democrática, bem

como, a exemplificação das questões orientadoras deste estudo. Tais aspectos alinham-se no

propósito inicial deste estudo, conferindo validade aos conhecimentos construídos nas

disciplinas de Planejamento e Gestão Educacional e Campo Profissional PED E, traduzidos

neste trabalho. Apresentam-se, para um primeiro momento, dados quantitativos, que se

julgam imprescindíveis.

A equipe da Secretaria Municipal de Educação integra o gestor principal (que

administra a Secretaria de Educação), os dirigentes da Coordenação Pedagógica, além das

Secretarias, delegadas a cada função, suas atribuições específicas. A entrevista foi realizada

diretamente com o gestor de Educação o qual demostrou solicitude e receptividade na

acolhida, desde o primeiro contato até o término da entrevista.

O ambiente no qual se realizou a pesquisa, contemplava a organicidade de espaços,

bem distribuídos para o exercício de cada função. Uma das questões norteadoras das

observações e diálogos realizados junto ao gestor de Educação foi quanto às principais

funções desempenhadas por sua pessoa, na ocupação do cargo de gestor. Foi perceptível, a

amplitude do “ser gestor”, abarcando a variedade de atribuições delegadas, tais como, o

gerenciamento de ações, a distribuição de tarefas cotidianas, a administração dos recursos

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financeiros, a organização e o planejamento geral das questões educativas do município, a

articulação dos recursos humanos, além da indispensável renovação de saberes indissociados

à prática educativa/formativa, contemplando, entre outras coisas, o entendimento dos aspectos

legais.

No que tange aos principais desafios/dificuldades desta função, o gestor destacou,

justamente, os aspectos legais como sendo um grande desafio, especialmente, por se tratar de

questões burocráticas, que exigem tempo e conhecimento para serem efetivadas. Cita como

atividades burocráticas: situações corriqueiras, como ajustes de horários, transporte escolar,

jogo político, distorção de função docente (titulação da área), insuficiência de professores

com titulação adequada. Sublinhou, ainda, o constante planejamento de estratégias para a

superação de tais implicações.

Quando se questionou a respeito da existência de Projeto Político-Pedagógico e de

como sucedeu a elaboração, o gestor relatou que possui parcerias com Instituições de Ensino

Superior para contribuir com a construção do PPP. Esclarecem também, que este documento é

o “corpo” para todas as Escolas do Município, estas, por sua vez, possuem seus próprios

Planos de Estudos que sofrem alterações concordando com a realidade. Afirmou ainda, que a

validade do Projeto Político-Pedagógico é de dez anos consecutivos, sendo que durante este

período realizam-se encontros para a avaliação do trabalho desenvolvido. “São feitas reuniões

de avaliação e grupos de estudos por áreas do conhecimento, treinamento para secretários,

ações estas que validam a atuação docente, que é a nossa maior preocupação”, pontuou o

gestor.

Nesta ótica, referencia-se aos escritos de Medel (2008, p. 104) quando destaca que:

[...] os dirigentes do PPP devem dialogar, discutir, refletir em busca de caminhos que poderão ser trilhados em busca de uma melhor qualidade de ensino [...], de uma maior interação entre os membros da comunidade escolar e destes com os membros da comunidade local.

No que diz respeito aos Planos de Estudos, o gestor frisou a importância de se ter

conhecimento acerca da proposta prevista pelo PPP e se esta mantém coerência com os

assuntos prementes da realidade escolar. Afinal, pensar o Projeto Político Pedagógico

pressupõe “[...] rupturas com o presente e promessas para o futuro [...]” (GADOTTI, 1994, p.

579). Corroborando com ideia de Medel (2008, p, 105) “O PPP não é algo acabado,

finalizado, pois está sempre em construção, sendo ampliado, modificado e reconstruído de

acordo com as necessidades específicas de cada escola”.

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Indagou-se sobre o lugar que ocupa a Formação Continuada de Professores no PPP e

como esta acontece. Nesta questão visualizou-se, implicitamente, que o Projeto contempla

uma especificidade quanto à Formação Continuada de Professores, e que requer a efetivação

de uma gama de saberes intrínsecos à prática pedagógica. Para tanto, salientou que a

formação acontece por meio de palestras que englobam temas de interesse dos professores,

bem como reuniões de estudos.

Em contraponto Prada (2006) propõe a ideia de que:

A formação continuada é mais que horas marcadas no calendário escolar. É um tempo de todos os tempos institucionais, inserido em todas as atividades da escola, com momentos específicos, mas, não isolados do cotidiano escolar, nos quais o coletivo se constitui como tal em um processo de aprendizagem mediante o confronto de conhecimentos derivados das experiências com os conhecimentos universalmente sistematizados.

Reportando-se à afirmação do gestor, é certo de que nas Universidades há constante

circulação e renovação de informações e que diariamente são apresentados novos propósitos e

realizadas diversas pesquisas e buscas nas diversas áreas do conhecimento. Porém, acredita-se

que nas Escolas também devem acontecer espaços de formação. Nesta linha, Candau ilustra

tal abordagem pontuando que:

Na experiência dos professores o dia a dia na escola é um lócus de formação. Nesse cotidiano, ele aprende, desaprende, reestrutura o aprendizado, faz descobertas e, portanto, é nesse lócus que muitas vezes ele vai aprimorando a sua formação. Neste sentido, considerar e escola como lócus de formação continuada passam a ter uma afirmação fundamental na busca de superar o modelo clássico de formação continuada e construir uma nova perspectiva na área de formação continuada de professores. (CANDAU, 2003, p 57).

O gestor foi, portanto, interrogado acerca da existência destes espaços na escola, ao

que afirmou que os professores se reúnem para planejamento, nos momentos de “folga”.

Silva (2007) considera como espaço privilegiado de formação continuada do

professor, a Coordenação Pedagógica, na qual se pode construir, implementar, acompanhar e

avaliar ações e, em decorrência, transformar o trabalho educativo. Neste sentido, a resposta do

gestor à pergunta da existência ou não existência de Coordenação Pedagógica nas Escolas foi

enfática: “A lei exige coordenação, portanto, existe”.

Tal manifestação implica na destinação de que esse espaço/tempo (Coordenação

Pedagógica), na maioria das Escolas, tem se constituído numa atividade esvaziada de

significado político-pedagógico, traduzida, muitas vezes, em simples mecanismos de

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organização administrativa ou espaço de realização de atividades individualizadas. (Veiga,

2007).

Perguntou-se se há Conselho Escolar e quais suas contribuições para as Escolas, ao

que afirmou que estão ainda estudando a possibilidade de funcionamento desse Conselho,

porém, que há a existência de CPMs – Círculo de Pais e Mestres, em todas as Escolas.

Percebeu-se, no princípio, o desfoco na compreensão da função do Conselho, bem como na

diferenciação entre Conselho Escolar e Conselho de Classe, este último citado como um

momento de avaliação, tanto para o aluno quanto para o professor (“ali você descobre o

verdadeiro professor”, relata).

Nesta perspectiva, não houve apontamentos quanto às contribuições do Conselho

Escolar. Com efeito, o Conselho Escolar prevê funções interligadas e que se completam no

fazer pedagógico, pois a ele competem funções, tais como a deliberativa, a supervisora, a

consultiva e a mobilizadora, as quais contemplam ações que visam o planejamento, a

elaboração, a aprovação, o acompanhamento, a promoção e avaliação de todas as atividades

que a escola desenvolve, assim como, primar pela efetivação do Projeto Político-Pedagógico.

Vale destacar, ainda, que o Conselho Escolar implica em atender questões técnico-

políticas, imprescindíveis no delinear de um Projeto Político Pedagógico, e para que este seja,

de fato, significativo, exige-se uma ação colegiada, porque o Projeto tem uma função social.

Com bases nos pressupostos de Veiga (2007, p. 121), “O trabalho do Conselho

Escolar implica o compartilhamento do processo de tomada de decisão e o engajamento

participativo [...] ”Com isso, torna-se ainda mais evidente, que o Conselho Escolar. [...] requer

uma visão do todo construído desde os diferentes pontos de vista das categorias que o

constituem”.(BORDIGNON, 2005, p.56 apud VEIGA, 2007, p. 113).

Durante os posicionamentos do gestor de Educação estava explícita claramente a

motivação em falar de suas funções, bem como a utilização de uma linguagem culta, corretas,

demostrando seriedade, coerência e compromisso ético com sua função.

Em sua fala, o gestor expressou exemplos de nucleação nas Escolas, o que resultaria

em um número significativo de alunos por turma, e, consequentemente, a remuneração

adequada/merecida aos professores. Ilustrou, além disso, ideias de turmas multisseriadas para

cortar gastos excessivos e qualificar o ensino oferecido nas Escolas.

Por fim, de uma forma pessoal, imaginou-se ocupar a posição de Gestor Educacional

e promover mudanças significativas no cenário da Educação. Para tanto, pediu-se que

enumerasse sugestões à atuação nesta função. Ao que nos sugeriu que não houvesse

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contaminação com os discursos de “seres parasitas” que habitam o campo da Educação.

“Venham e revolucionem”, enfatizou.

À GUISA DE CONCLUIR

Mediante os conhecimentos construídos e as experiências vivenciadas no

desenvolver deste trabalho, é possível aproximar alguns aspectos conclusivos no que tange à

Gestão Educacional.

Acerca das constatações levantadas, percebeu-se que a gestão entrevistada possui

“vontade política” em desenvolver ações voltadas para o atendimento dos anseios

educacionais da sua realidade educativa, atentando, além disso, para a educação, vista em seu

panorama geral. Compreende-se que, para isto, exige-se:

Fundamentalmente, a vitalidade da escola, na promoção de educação de qualidade, centra-se na competência das pessoas que a compõem e realizam o seu fazer pedagógico e em sua determinação em promover ensino de qualidade voltado para a formação e aprendizagem dos alunos. (LÜCK, 2009, p. 82)

Visualizaram-se, entre outros aspectos, os desafios que se fundem nas formas de

elaboração do Projeto Político Pedagógico; primeiro, no que diz respeito ao caráter

burocrático atribuído ao mesmo, elaborado para atender as formalidades institucionais;

segundo, refere-se ao caráter político no sentido de compromisso com a qualidade da

formação do cidadão para um tipo de sociedade; terceiro aspecto emblemático, uma vez que

tem sido frequente a encomenda de Projetos a pessoas distantes da realidade; quarto, que diz

respeito à gestão da Escola e as incumbências do gestor, o qual não pode perder de vista a

função de acompanhamento e articulação do trabalho pedagógico.

É possível corroborar com a ideia de Silva (2007), quando afirma que a organização

da Coordenação Pedagógica e do Conselho Escolar tem ficado à deriva no emaranhado de

funções, visto a ausência de um articulador pedagógico voltado especificamente para as

funções de gestor. E é justamente a complexidade dessa tarefa que tem afugentado docentes

que apresentam um perfil desejável para assumir a função de gestar.

Arroyo afirma com muita propriedade que todo Projeto Pedagógico de Escola é:

[...] um projeto de pedagogo, de professor. Por isso provoca embates, resistências, divide grupos ou aproxima. Os embates tocam em nossas áreas, em nossos terrenos e quintais. Se o Projeto é do coletivo da Escola, fica ultrapassado falar em minha

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turma, minha disciplina, meus conteúdos, meus aprovados e reprovados; nossas tranquilidades ou inseguranças ficam expostas (2003, p.173).

Percebe-se, portanto, a reflexão e a capacidade de aliar a teoria à prática, na

perspectiva da dialogicidade emancipatória. Diante dos questionamentos, visualiza-se o

desejo do gestor por uma Educação edificante e de qualidade para todos. Utilizou-se de

ousadia ao expressar o sentimento de construir uma Educação de “primeiro mundo” para o

município.

BIBLIOGRAFIA ARROYO, M. G. Ofício de Mestre: imagens e autoimagens. Petrópolis: Vozes, 2003. BARREIRA, Maria Cecília Roxo Nobre. Avaliação participativa de programas sociais. São Paulo: Veras; Lisboa: CPIHTS, 2000. CANDAU, Vera Maria. Formação continuada de professores: tendências atuais. In: ______. Magistério: construção cotidiana. Rio de Janeiro: Vozes, 2003. LÜCK, Heloísa. Dimensões de gestão escolar e suas competências. Curitiba: Positivo, 2009. MEC. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília. 2004. MEDEL, Cássia Ravena Mulin de Assis. Projeto Político-Pedagógico: construção e implementação na escola. Campinas: Autores Associados, 2008. PRADA, Luís Eduardo Alvarado. Dever e direito à formação continuada de professores. In: Revista Profissão Docente, v.7, n.16, 2007. Disponível em: http://revistajuridica.uniube.br/index.php/rpd/article/view/257. Acessado em: 23/04/2013. SILVA, Edileuza Fernandes da. A Coordenação Pedagógica como espaço de organização do trabalho escolar: o que temos e o que queremos. In: VEIGA, I.P.A. NOME DO LIVRO. Campinas, SP: Papirus 2007. VEIGA, Ilma Passos Alencastro. As instâncias colegiadas da escola. In: VEIGA, I.P.A.; RESENDE, L.M.G. (Orgs.) Escola: espaço do projeto político-pedagógico. Campinas: Papirus, 1998. ______. Conselho Escolar e Projeto Político-Pedagógico. Campinas, SP: Papirus, 2007. ______. Projeto Político-Pedagógico, Conselho Escolar e Conselho de Classe: instrumentos da organização do trabalho. UnB/UniCEUB. BRASÍLIA, s/d.

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AVALIAÇÕES DO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO

Antonieta da Silva Caetano, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

Elisângela Cristina Beuren, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

Ana Paula Baldo, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

Silvia Regina Canan, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

Arnaldo Nogaro, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus

de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

RESUMO: O artigo resulta de pesquisa bibliográfica e tem por propósito analisar e descrever, de modo breve, as avaliações do sistema educacional brasileiro, desde a sua implementação até os dias atuais, apresentando quais políticas públicas são utilizadas para chegar aos resultados e melhorar a qualidade educacional, sendo foco desta pesquisa avaliações voltadas à educação básica. PALAVRAS-CHAVE: Avaliação em Larga Escala. Política Pública. Educação Básica.

INTRODUÇÃO

A partir dos anos 80 deu-se início às políticas públicas de avaliações em larga escala,

sendo estas ampliadas nos anos 90, avaliações que perpassam o sistema escolar, são

responsáveis pelo apontamento do índice de qualidade na educação, nos dias de hoje a política

de avaliação é considerada uma das mais abrangentes e eficientes do mundo.

Para Machado, a avaliação externa: “[...] é todo processo avaliativo do desempenho

das escolas desencadeado e operacionalizado por sujeitos alheios ao cotidiano escolar”

(MACHADO, 2012, p. 71).

Alguns Estados e Municípios também organizaram localmente seus sistemas de

avaliação das aprendizagens, agindo paralelamente aos exames nacionais, sendo observada a

progressiva institucionalização da avaliação como meio importante para monitorar e dar

suporte às políticas responsáveis por nortear o processo de ensino aprendizagem.

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O Sistema de Avaliação Educacional exerce no Brasil um papel fundamental de

prestação contas à comunidade escolar sobre anseios e conquistas, sendo temas em debates

públicos sobre a educação no nosso país onde constantemente observamos debate sobre o

tema.

As avaliações realizadas pelo sistema educacional são a melhor forma de observar

como anda a educação nos Estados e Municípios, em diferentes regiões e culturas, é o

instrumento que pode indicar a realidade apresentada da Educação no Brasil, anteriormente as

avaliações de qualidade da educação eram medidas com base no acesso e permanência na

escola, matrícula, evasão, repetência, anos de estudos, a aprendizagem era aferida pelo acesso

e permanência.

Muito se conquistou com o Sistema de Avaliação Escolar, porém a Avaliação em

Larga Escala é projetada muitas vezes por pessoas que não conhecem o cotidiano escolar, não

conhecem a prática, as diferenças, e sua importância no sistema educacional.

Esse é um assunto que reúne inúmeras questões em torno do tema, apontando

resultados e também induzindo muitas vezes ao ranking. Nesse viés, temos consciência de que

o assunto não será esgotado devido a sua complexidade.

AVALIAÇÕES EXISTENTES NO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO

A avaliação tem o poder de exclusão, inclusão e retenção, mas em contrapartida

também tem a função de acompanhar o desenvolvimento da criança, contribuindo para que

aconteça de forma a estimular a busca por descobertas, observando quais as dificuldades e o

que precisa ser mudado para que os objetivos sejam alcançados, tanto nos Estados quanto nos

Municípios. Tanto professores quanto gestores devem estar comprometidos e conscientes da

importância que exercem na vida desses educandos surgindo assim a necessidade de estarem

juntos e unidos nesse trabalho para que ele dê resultados positivos.

Sobrinho (2003, p.97) acredita que a “[...] avaliação nunca será neutra, desinteressada

ou objetiva, mas sim política, ideológica e trazendo uma opção de sociedade”.

A intencionalidade da avaliação é acompanhar o desenvolvimento da criança,

observando, registrando sua caminhada retrocedendo nos casos em que o objetivo não esteja

sendo atingido tendo por finalidade a de acompanhar o crescimento do educando, auxiliando

no que for necessário para que suas dificuldades sejam sanadas e o objetivo almejado

alcançado.

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Segundo Sant’Anna avaliação é:

Um processo pelo qual se procura identificar, aferir, investigar e analisar as modificações do comportamento e rendimento do aluno, do educador, do sistema, confirmando se a construção do conhecimento se processou, seja este teórico (mental) ou prático (SANT’ANNA, 1998, p.29, 30).

Assim sendo, abaixo podemos observar os instrumentos, índices e sistemas de

avaliação:

ANEB – Avaliação Nacional da Educação Básica

ANRESC – Avaliação Nacional do Rendimento Escolar

ENADE – Exame Nacional de Desempenho de Estudantes

ENCCEJA – Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e

Adultos

ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio

IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes

SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica

SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

SISU – Sistema de Seleção Unificada

O INEP Instituto Nacional de Educação e Pesquisa é responsável pela política na área

educacional realizando a montagem, análise, aplicação, interpretação e divulgação dos

resultados, porém os resultados e divulgação não são imediatos por motivo de tecnologias e

métodos de estatísticas complexas.

O IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica é uma política pública que

foi criado em 2007 para indicar dois conceitos de fundamental importância para a educação:

fluxo escolar e média de desempenho nas avaliações, divulgando dados obtidos no Censo

Escolar, médias de desempenho nas avaliações do Inep, Saeb (aplicados no país) e Prova

Brasil (aplicada nos municípios).

O SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) é de responsabilidade do INEP e

avalia a aprendizagem tendo cunho diagnóstico e não classificatório, ocorrendo em vários

momentos da vida escolar do educando, porém um único modelo de avaliação é aplicado em

todas as regiões, não levando em consideração as particularidades socioeconômicas, culturais.

O Saeb é uma avaliação externa sendo aplicada por um profissional fora da rede escolar.

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Segundo o Instituto Nacional de Ensino e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira –

INEP são avaliações aplicadas ao ensino fundamental:

A ANEB – Avaliação Nacional da Educação Básica realizada bianualmente

é aplicada de forma amostral, ou seja, apenas partes dos alunos participam

da prova, desde que as escolas tenham entre 10 e 19 estudantes matriculados

nos anos a ser realizada a avaliação do 5º ano e 9º ano do ensino

fundamental e 3º ano do ensino médio de escolas públicas e privadas, seus

resultados são importantes para o país, objetivam avaliar a igualdade,

qualidade e competência na educação. Seus resultados são oferecidos apenas

para as unidades da federação e regiões do Brasil.

A ANRESC – Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Prova Brasil)

avalia alunos do 5º ano e 9º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas

e privadas, com intuito de avaliar qualidade do ensino, é uma avaliação

bianual censitária, ou seja, todos os estudantes são avaliados desde que

tenham mais de 20 alunos matriculados nas séries de aplicação. A ANRESC

é responsável por fornecer as médias de desempenho das escolas

participantes para municípios, entes federados, regiões e Brasil.

A ANA – Avaliação Nacional da Alfabetização é uma avaliação realizada

anualmente com todos os alunos do 3º ano do ensino fundamental das

escolas pública, com o intuito de avaliar os níveis de alfabetização e

letramento em Português e matemática. A ANA foi incorporada ao SAEB

pela Portaria nº 482, de 7 de junho de 2013.

Fonte: http://portal.inep.gov.br/web/saeb/aneb-e-anresc

A metodologia para aplicação da ANRESC e ANEB são testes padronizados em

Português e Matemática, há também questionários que são respondidos pelos diretores e

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professores das turmas avaliadas, bem como um questionário respondido pelo aplicador da

avaliação relacionado à escola avaliada, esses dados coletados são comparados no decorrer

dos anos, acompanhando assim a evolução dos resultados, permitindo sua análise ao longo do

tempo.

Através desses resultados o IDEB indica o desempenho e fluxo escolar,

disponibilizando o desempenho das escolas a todos os interessados, podendo essa política de

avaliação ser acompanhada pela comunidade, Estados e Municípios assim como todas as

esferas governamentais.

Para chegar aos dados é utilizada pelo MEC a metodologia de Teoria de Resposta ao

Item – TRI, fazendo o uso de escore, para verificar a proficiência dos alunos em uma

determinada área do conhecimento através de um determinado número de questões, sendo

analisados através de parâmetros de dificuldade e de discriminação, isso significa se a

probabilidade de acerto for alta ele pode ser chamado de proficiente ao item.

FONTE: CENTRO DE POLITICAS PÚBLICAS E AVALIAÇAO DA EDUCAÇÃO UFJF http://www.caed.ufjf.br/

Então o parâmetro de grau de dificuldade, poder de discriminação e possibilidade de

acerto ao acaso (chute), formam o conjunto de itens para alcançar a proficiência desejada,

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sendo construídos testes baseados nesses parâmetros para atender os objetivos das avaliações,

os diferentes testes são medidos na mesma escala, comparáveis entre si.

Além das avaliações também é respondido um questionário por aluno relacionado à

cultura socioeconômica, e por professores para conhecer o perfil de instrução deste, sendo

passível a consulta por escolas similares, ou seja, escolas que tenham o mesmo nível de

condições, proficiência e pertencentes a mesma microrregião.

Fica a cargo do INEP disponibilizar os resultados em seu portal demonstrando por

nível de proficiência em Português e Matemática, ficando disponível a todos, a consulta pode

ser realizada por escolas, estados, municípios e unidade federativa.

As avaliações e dados citados são comparáveis ao longo dos anos e metas lançadas

para serem alcançadas a determinado tempo, ou seja, números mostrados para acompanhar a

evolução dos desempenhos das escolas, e metas para serem alcançadas nas redes e do sistema

como um todo, entretanto observa-se que há grande equiparação de pontuação, enquanto o

objetivo prima por qualidade, dois pontos totalmente diferentes, qualidade e pontuação podem

trazer consequências negativas à educação.

Vasconcelos (2002, p. 102) afirma que:

[...] alterar a realidade é um grande desafio, e uma transformação mais substancial que pode depender da acumulação de uma série de pequenas transformações na mesma direção. Tenta-se hoje uma mudança durante uma semana, se não funciona já não pratica mais. É preciso persistir, ter a impaciente paciência histórica para conseguir os resultados almejados.

A Avaliação sendo único modelo para todo o país gera um desconsiderar em nível de

particularidades, pois os diferentes aspectos geográficos, econômicos, sociais, culturais, não

estão sendo considerados, sendo que esses fatores são de suma relevância no resultado que irá

se obter. Um novo “pensar” nesses aspectos seria de grande importância no que se refere aos

índices das provas aplicadas. De acordo com Soligo (2010, p. 132),

[...] há a necessidade de reflexão e problematização de seus processos, práticas e

resultados; caso contrário, toda avaliação servirá à lógica classificatória e à criação

de rankings dos melhores e piores, sem considerar as especificidades locais das

múltiplas realidades educacionais do país.

A avaliação exerce o poder de regulação. As avaliações externas sob formato de testes

objetivos são avaliações que sancionam os educandos “medindo seu empenho” de acordo com

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o que se solicita nas avaliações por um modelo padrão, mesmo sem obrigatoriedade das

escolas em participar desses testes, há um apelo e pressão de comprometimento em participar,

sem a qual não se dá a reposta para os recursos investidos pelos programas de governo. É

preciso ter uma visão de aprendizagem significativa, abolindo essa visão “rankiadora” do

sistema educacional.

O próprio Ministério da Educação reconhece que o SAEB não responde a todas as necessidades de informação, não apreende toda a diversidade e singularidade das escolas e sistemas de ensino, não abarca todos os requisitos necessários para apurar a qualidade e não dá conta do avanço da qualidade do (s) sistema (s) educacional (is). Entretanto, o montante de recursos já investidos, o acúmulo de informações na base de dados e tradição do SAEB contribuem fortemente para a manutenção desta sistemática de avaliação (WERLE, 2010, p.27-28).

O objetivo da escola é educar, formar cidadão crítico participativo que seja atuante na

sua comunidade, que conheça, exija e cumpra seus direitos e deveres, é preciso voltar o olhar

para a aprendizagem significativa, abolindo essa visão rankiadora do sistema educacional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na década de 90 o Brasil progrediu nos projetos voltados a avaliação na educação, e

informações educacionais, esses projetos são indicadores para diagnosticar as deficiências

apresentadas no ensino, levando a questão a debates em torno do tema.

Há uma grande problematização em torno do tema Avaliação. Percebe-se que temos

que progredir e aperfeiçoar nos pontos que criticamos, sendo de fundamental importância a

participação de todos para que esses protótipos no quesito Avaliação Em Larga Escala sejam

quebrados, voltando as suas atenções ao que realmente fará diferença no sistema educacional

a Aprendizagem e não o ranking.

Para o desenvolvimento da educação no Brasil e para que se alcancem os índices

almejados se faz necessário uma política pública de investimento em educação, avançar na

aprendizagem é o principal foco, se faz necessário apropriar-se dos resultados, entender a

fundo, e lançar o olhar para além dele, pois é esse é o caminho para uma educação de

qualidade. Essa jornada é um desafio a todos os educadores, por sua complexidade e há ainda

pela frente um vasto caminho a trilhar sobre o tema.

Necessitamos de políticas públicas que levem em consideração as particularidades de

cada região, seus aspectos econômicos e sociais, para que os resultados sejam levados em

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consideração perante a realidade ali apresentada e apontando soluções concretas para o

enfrentamento das dificuldades, encontrando meios para que alcancem os objetivos

idealizados.

Sendo assim, é de fundamental relevância que os índices apresentados pela avaliação

seja “olhado“ com minucioso cuidado para que auxiliem na formação do cidadão, não sendo

possível finalizar a discussão acerca do tema, porém instigar a sua importância para o

processo de ensino aprendizagem.

REFERÊNCIAS

MACHADO, C. Avaliação Externa e Gestão Escolar: Reflexões sobre usos dos resultados. Revista @ambienteeducação, 5(1): 70-82, jan./jun./2012. BRASIL, Ministério da Educação. Disponível em http://ideb.inep.gov.br/. Acessado em 23/03/2015. VASCONCELOS, C. dos S. Avaliação: Concepção Dialético-Libertadora do Processo de Avaliação Escolar. São Paulo: Libertad, 1994. SANT’ANNA, I. M. Por que avaliar? Como avaliar? Critérios e Instrumentos. 3ª Edição, Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. WERLE, F. O. C. (Org.) Avaliação em larga escala: foco na escola. Brasília: Liber Livro, 2010.

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PROGRAMAS DE BOLSA E FINANCIAMENTO À EDUCAÇÃO SUPERIOR: UM

ESTUDO DO PROUNI E DO FIES ENQUANTO POSSIBILIDADE DE

DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO

Debora de Oliveira Cardoso, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Silvia Regina Canan, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

RESUMO: O estudo aqui apresentado refere-se a uma reflexão sobre a promoção da democratização do acesso ao Ensino Superior gerada pelo PROUNI e FIES. Políticas Públicas compensatórias que buscam equiparar os direitos de acesso ao ensino superior. Diante de uma breve retrospectiva das gestões dos governos e suas influências no cenário da educação brasileira, é possível constatar que em momentos anteriores a geração das políticas supracitadas, as medidas dos governos desencadearam a inacessibilidade das camadas populares ao Ensino Superior, o qual somente usufruíam deste aqueles que poderiam custeá-lo. O PROUNI e o FIES surgiram diante da necessidade de promover o acesso aos extratos economicamente desfavorecidos, frente à grande defasagem de estudantes dessa classe social que conseguiam atingi-lo. Possibilitando o direito do acesso à educação, garantido pela Constituição Federal. Adentrar na Universidade representa a esses jovens, até então exclusos dela, a oportunidade de alçarem novos rumos para suas vidas. O ingresso desses sujeitos não se limita a democratização da educação, mas sim a democratização do direito de lutarem em pé de igualdade por uma vida mais digna. PALAVRAS-CHAVE: PROUNI e FIES, Democratização do Ensino Superior, Equidade de acesso a educação.

INTRODUÇÃO

O presente estudo tem por base uma análise do PROUNI e do FIES enquanto políticas

públicas que promovem a igualdade de acesso ao Ensino Superior, levando em consideração

que até sua instituição, havia a ausência de medidas governamentais que permitissem às

camadas populares a alcançarem tal formação. O artigo tem como intento demonstrar que

tanto o PROUNI quanto o FIES têm sido porta de acesso de inúmeros jovens que não teriam a

oportunidade de estarem em bancos universitários caso essas políticas não lhes tivessem

possibilitado.

Inicialmente a democratização do acesso se efetua por intermédio do PROUNI

(Programa Universidade Para Todos), que proporciona a inserção das camadas populares ao

Ensino Superior através da concessão de bolsas de estudos e também do FIES (Fundo de

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Financiamento Estudantil), o qual fornece aos estudantes o subsidio das mensalidades do

curso de graduação.

O referido trabalho analisa os programas supracitados, na busca de compreendê-los

como possibilidades de promoção da equidade, restituindo aos sujeitos a oportunidade de

formação a nível superior, que lhes foi negada em virtude da impossibilidade de custeá-lo, já

que as vagas das Universidades Públicas nem sempre atendem a todos. Políticas públicas

compensatórias, baseadas no princípio democrático de tratar desigualmente os desiguais, na

geração de uma sociedade igualitária.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Políticas de governo e suas influências no campo educacional

A dificuldade de acesso ao Ensino Superior das camadas mais populares é reflexo da

ausência de políticas públicas que oportunizassem o alcance de tal formação. A possibilidade

de ingresso a nível universitário, desde seu advento, sempre foi privilégio da elite, alguns

casos raros aconteciam à medida em que sujeitos oriundos das demais classes adentravam na

vida religiosa, que em virtude desta o conquistavam.

O Ensino Superior chegou tardiamente ao Brasil, acompanhado da vinda da Corte

Portuguesa, por volta de 1808, período este em que se teve as primeiras constatações de

escolas isoladas de Ensino Superior no país, seu surgimento foi com o objetivo de atender as

necessidades portuguesas. Somente em 1920 foi criada a primeira Universidade brasileira,

denominada Universidade do Rio de Janeiro.

Durante todo esse período, a educação era vista como uma possibilidade de poucos, a

limitação do acesso tornou-se estratégia de detenção do poder, somente usufruíam dela,

aqueles que podiam custeá-la. Segundo Fonseca (2013) em 1933 os pensadores designados

como Pioneiros constituíram uma proposta baseada na Constituição Federal, a qual abrangia a

educação como direito a todos os cidadãos, sendo dever do governo promover a

acessibilidade para a população, tendo caráter emancipatório e democrático. As propostas não

obtiveram êxito.

No governo de Getúlio Vargas, as medidas voltaram-se para o reestabelecimento da

economia, enfraquecida pela Segunda Guerra Mundial. Com o propósito de desenvolver a

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indústria, houve a necessidade de se capacitar mão de obra a fim de suprir as novas exigências

do mercado. Com esse propósito criou-se uma educação diferenciada entre as classes sociais.

O ensino básico foi organizado por ramos profissionais que correspondiam a divisão econômica-social do trabalho e das classes sociais. Na contramão da proposta dos pioneiros, criou-se uma educação diferenciada para elite, para a mulher e outra, de base profissional, para aqueles que comporiam o grande exercito de trabalhadores para dar suporte ao projeto industrial do governo. (FONSECA, 2013 p.87).

Nessa perspectiva, pode se ressaltar que em virtude dos diferentes tipos de educação

oferecidos às classes sociais distintas, ocasionou um desequilíbrio na qualidade de ensino

fornecido. Enquanto os “filhos da elite” se preparavam para um futuro ingresso ao nível

Superior, os “filhos do proletariado” recebiam uma educação preparatória para atuarem no

mercado de trabalho.

Durante a gestão de Kubitschek de Oliveira, período compreendido entre 1956- 1960,

o governo incorporou a educação em seus Programas de Metas, vista como sustentação do

desenvolvimento industrial. Durante esse período teve inicio a difusão dos ideais do educador

Paulo Freire, protestando uma educação libertadora, onde esta atribuísse criticidade ao sujeito,

que a disponibilizaria como ferramenta de luta pela democracia.

Esses novos ideais foram bruscamente barrados pelo período ditatorial vivido no país

entre 1964-1985, a educação ficou a mercê das necessidades do mercado de trabalho,

evidenciada pelo valor quantitativo, ampliando a formação intensiva de trabalhadores para

sustentar o crescimento econômico do país.

Devido à educação designada às classes populares, evidenciar a formação de

trabalhadores, ocasionou o desencadeamento de uma desigualdade de oportunidades entre as

classes sociais. “Enquanto o ensino público preparava para o trabalho, a escola privada

atendia ao anseio dos mais ricos para alçá-lo ao ensino superior”. (FONSECA, 2013, p.91).

Desse modo, “aos olhos governamentais”, a única contribuição que a classe popular tinha a

oferecer em prol do desenvolvimento do país era sua força de trabalho.

Na medida em que se educa um sujeito com um único propósito, limita-se sua

capacidade de escolhas, não há exercício de cidadania onde os indivíduos não desfrutem de

liberdade e autonomia. A educação deve fornecer ao homem possibilidades, abrindo

caminhos, não os reduzindo.

Com o fim da Ditadura Militar, em 1985, o Brasil enfrentou uma severa crise, as

medidas de desenvolvimento foram substituídas por estratégias de estabilidades econômicas.

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Em 1990 assume a presidência Fernando Collor de Mello, aderindo em seus planos um feitio

neoliberal, transferindo parte das responsabilidades para a iniciativa privada.

No ano de 1995, Fernando Henrique Cardoso foi eleito Presidente da Republica, suas

ações voltaram-se para a intensificação da política neoliberalista iniciada no governo Collor.

A administração FHC realizou a venda de várias Empresas Estatais e repassou parte de suas

responsabilidades à iniciativa privada, incluindo a educação, sendo considerada pelo MEC

como responsabilidade da família e da sociedade. Essas medidas objetivaram a redução dos

gastos da União. Sobre a política Neoliberal Koliski afirma:

A política de governo neoliberal, processo bastante criticado por estudiosos, o qual só faz aumentar o desemprego e as diferenças sociais num país em desenvolvimento [...] esse tipo de economia só beneficia as grandes potências econômicas e as empresas multinacionais. (2014, p. 32).

Diante da perspectiva do autor, pode-se afirmar que a adoção de uma política com esse

perfil era inviável ao Brasil, um país em desenvolvimento, com gritantes diferenças sociais. O

Neoliberalismo ocasionou o crescimento dessas diferenças, no que tange ao Ensino Superior,

com a falta de investimento em IES (Instituições de Ensino Superior) públicas, o setor

privado se fortaleceu, aumentando expressivamente o número de vagas ofertadas, enquanto o

público sofria com a estagnação. Fonseca relata que: “O ensino público sofreu com a

contração de recursos e de vagas, enquanto o ensino superior privado aumentou de forma

expressiva sua oferta.” (2013, p.94).

Com relação ao crescimento não planejado das IESP, sucedeu-se na falta de alunos

capazes de custear os gastos universitários. Ao encontro desta perspectiva, alicerçado pelo

objetivo de alçar um numero maior de sujeitos ao ensino superior, em 1999 foi criado o FIES,

Fundo De Financiamento Estudantil, uma reedição do CREDUC, Programa de Crédito

Educativo que teve falência decretada em função da inadimplência.

Em 2003 Luís Inácio Lula da Silva venceu as eleições presidenciais, dentre as medidas

adotadas, deu ênfase ao rompimento com o processo de privatização de empresas estatais e

estimulou o investimento público local. Interligou os níveis de ensino proporcionando

continuidade entre eles. Buscou medidas a fim de promover a acessibilidade ao ensino

superior. (FONSECA, 2013).

Tendo em visto a existência de um grande número de vagas ociosas no ensino superior

privado e a necessidade de criar possibilidades a curto prazo para inserir jovens das classes

economicamente desfavorecidas em bancos universitários, foi se criado uma política social de

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oferecimento de bolsas de estudos na rede privada de ensino superior, o Programa

Universidade Para Todos (PROUNI). As IESP aderem ao programa, disponibilizam bolsas de

estudos a alunos carentes, em contrapartida o governo as isenta de alguns tributos. A medida

vai ao encontro da perspectiva de auxiliar a democratização do acesso ao ensino superior

brasileiro.

2.2 PROUNI: promoção da acessibilidade ao Ensino Superior Brasileiro

Criado em setembro de 2004 pelo PL n 3.582/2004 e implantado em 2005, o Programa

Universidade Para Todos tem como meta garantir o acesso e permanência de jovens carentes

ao ensino superior, oportunizando o direito de uma educação de qualidades a esses sujeitos. O

programa disponibiliza bolsas de estudos na rede privada do ensino. Uma política pública de

inclusão social do governo federal.

Os candidatos são pré-selecionados através da nota obtida no ENEM, Exame Nacional

do Ensino Médio. O aluno concorre a bolsas de estudo nas universidades privadas e seus

respectivos cursos. A inscrição é feita por meio eletrônico, onde os bolsistas são pré-

selecionados em ordem decrescente da média obtida no ENEM, até que o número total de

vagas disponibilizadas por curso sejam totalmente preenchidas. Para que o aluno possa se

inscrever no PROUNI é preciso ter adquirido nota satisfatória no exame, média de 450 pontos

nas questões objetivas, e diferente de zero na redação.

A nota obtida no ENEM garante ao aluno uma pré-seleção no curso almejado,

entretanto, para adquirir a bolsa, este precisa se deslocar à IES para a qual foi selecionado,

para efetuar a comprovação de sua situação socioeconômica, a qual não deverá ultrapassar um

salário mínimo e meio por integrante familiar, no caso de bolsa integral, ou até três salários

mínimos per capita com relação à parcial. A comprovação é realizada por meio da

apresentação de documentos que correspondem à renda do candidato e dos integrantes que

residem com ele.

Outros requisitos se fazem necessários para adquirir uma bolsa pelo PROUNI, ser

brasileiro sem formação superior e ter cursado todo o ensino médio na rede pública de ensino

ou na rede privada em condição de bolsista integral. O programa também atende a portadores

de deficiência, a professores da rede pública de ensino não portadores de diploma

universitário e aos cidadãos autodeclarados negros, pardos e índios.

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Os beneficiários de bolsas parciais pelo PROUNI têm a oportunidade de recorrer ao

FIES a fim de subsidiar o restante da mensalidade. Dessa forma o governo interligou ambos

os programas a fim de democratizar a educação superior brasileira.

As IESP inserem-se ao PROUNI por meio de um termo de adesão pactuado junto ao

MEC, com vigência de dez anos. Cabendo a elas a disponibilização de bolsas de estudos,

compreendidas como o custeio das mensalidades do curso universitário, em contrapartida

ficam isentas do pagamento de determinados tributos, IRPJ, CSLL, COFINS, PIS.

As universidades privadas com ou sem fins lucrativos não beneficentes deverão

oferecer a razão de uma bolsa integral para cada 10,7 alunos pagantes, no caso das IES

beneficentes este calculo e uma para cada nove.

Koliski (2014) afirma que a qualidade das bolsas fornecidas são certificadas pelo

SINAES, onde o curso que não adquirir nota satisfatória é desvinculado do programa. Dessa

forma o PROUNI vem possibilitando aos sujeitos de extratos economicamente desfavorecidos

a oportunidade de ingressar em um curso universitário de qualidade.

2.3 Adesão ao Fies como oportunidade de ingresso universitário

O FIES, criado em 1999 pelo governo FHC, possibilita ao aluno regularmente

matriculado em uma instituição superior não gratuita em um curso de qualidade comprovada

pelo MEC, a financiar até 100% do custo das mensalidades. A solicitação do financiamento é

realizada pelo sistema informatizado do FIES, onde as informações são validadas pela

Comissão Permanente de Supervisão e Acompanhamento (CPSA). Posterior à aprovação dos

dados, o aluno terá um prazo para se deslocar à instituição bancária para efetuar o

requerimento do financiamento.

O FIES é vedado àqueles que já disponibilizaram do programa, indivíduos

inadimplentes do CREDUC, com a matrícula em situação de trancamento, beneficiários com

bolsa integral pelo PROUNI, portadores de renda mensal acima de vinte salários mínimos, ou

que o valor da mensalidade universitária represente menos que 20% da renda familiar bruta

total.

Durante o curso é pago um valor trimestral para incidência da taxa de juro, após a

conclusão deste, o aluno disponibiliza de dezoito meses de carência, para início da

amortização da divida, após esse período, o beneficiado pode usufruir do triplo do tempo de

duração da graduação adicionado mais doze meses para quitação do investimento.

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O SISFIES (2014) destaca que as taxas de juros para o Financiamento Estudantil,

adquiridos a partir de 2010 são de 3,4% ao ano para todos os cursos de graduação, muito

inferior a Taxa Selic que se encontra em 12,75% até dezembro de 2014. Aos alunos que

concluíram o ensino médio posterior ao mesmo ano, somente poderão contratar o

financiamento se tiverem realizado o ENEM na data de conclusão ou posterior a essa.

2.3.1 Estagnação no princípio norteador do programa

No dia 26 de dezembro de 2014 foram divulgadas novas regras para a contratação do

FIES, as quais vigorarão a partir de abril de 2015. Tais alterações vão de encontro com a

perspectiva de democratização da Educação Superior Brasileira. Limitando a possibilidade de

requisição do financiamento, em caso de bolsistas parciais do PROUNI, a adesão somente se

concretizará se esta for para subsídio do restante das mensalidades no mesmo curso e

instituição o qual foi contemplado com a bolsa. Outro esbarro, é o requisito da pontuação de

450 pontos do ENEM, e nota maior que zero na redação, critérios esses até então utilizados

pelo PROUNI.

No que tange à renovação do referido investimento, este somente será realizado se os

reajustes das mensalidades do curso, não forem superiores a 6,4%.Tais alterações estão

ocasionando espanto em inúmeros alunos, os quais temem por não conseguirem usufruir do

programa para adentrarem no Ensino Superior, ou até mesmo, não poderem concluir o curso

em virtude das novas exigências.

A imposição de nota mínima para contratação do FIES é uma forma de selecionar os

candidatos melhores preparados para ingressarem na Universidade. Todavia, não existe

seleção justa se as oportunidades de preparo não forem as mesmas a todos. A precariedade da

Educação Básica pública, que apresenta graves problemas no que concerne à construção de

saberes necessários para aquisição da média exigida, ocasionando àqueles que desproveem de

boas estabilidades, financeira e familiar, o risco de não conseguirem ingressar no Ensino

Superior.

O fato de selecionarem candidatos sem o mesmo nível de preparo é uma forma de

excluir os já excluídos da oportunidade de alçarem na universidade. Selecionando estes, o

FIES não estaria com o mesmo impasse que as Instituições Públicas de Ensino Superior?

Privilegiando uma minoria, numa concorrência que cobra saberes necessários que a Educação

Pública Básica Brasileira não proporciona.

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É notório que a educação básica brasileira não comporta qualidade suficiente para

proporcionar a alunos de baixos extratos econômicos a aquisição de tal nota. Alunos

provenientes dessa rede de ensino, em grande maioria, não estão aptos a responderem

questões interdisciplinares, como as que o ENEM aborda. Uma reestruturação na educação

pública se faz necessária, todavia esta precisa ser realizada gradativamente, reavendo as

conexões entre os níveis.

Quanto aos critérios para a concessão do financiamento, a Presidente afirmou que

agora haverá padrões mínimos para isso. “Não aceitamos mais que uma pessoa que tirar zero

em português tenha direito à bolsa. Vai ter de ter um mínimo. (PORTAL BRASIL, 2015)

Selecionar é um bom modo de qualificar os ingressantes das IES, porém isso somente

seria feito democraticamente se houvesse uma reestruturação do Ensino Básico. Não há

democracia, tão pouco democratização sem antes haver igualdade de oportunidades.

Uma das causas apontadas para a restrição na contratação do FIES, foi a falta de

controle público no número de financiamentos concedidos.

Deixamos as matrículas nas mãos do setor privado. Não foi culpa do setor privado, foi nossa. Voltamos atrás e estamos corrigindo o problema”, afirmou a presidente. Dilma admite que o programa não deveria ter aprovado financiamento para alunos indiscriminadamente. O reconhecimento de um erro que se repetiu nos últimos anos veio justamente em meio a um ajuste fiscal que afeta, entre outros, o Ministério da Educação (MEC). A falta de critério para a participação no Fies fez o gasto com o programa saltar de 1 bilhão para 14 bilhões de reais em quatro anos. (VEJA, 2015).

Diante do parecer da Presidente é possível perceber a necessidade de novos reajustes

no FIES, todavia, este não deve ser feito de forma radicalista, com intento de reduzir gastos.

Estabelecer nota de corte e limitar o número de financiamentos, sem antes reaver os critério

de seleção, verificando os que mais necessitam do programa, é romper com seus princípios,

diante deste parecer, não mais se reportaria a uma política pública, tendo em vista o bem-

comum.

2.4 PROUNI E FIES: uma busca pela equidade ao Ensino Superior

A fim de reparar as dificuldades de acesso ao ensino superior gerada pelas medidas

governamentais, foram criadas políticas afirmativas, que buscam minimizar o déficit de

sujeitos que ingressam no ensino superior: PROUNI e FIES; proporcionado a alunos de baixo

poder aquisitivo a oportunidade de frequentar um curso superior. Baseado na ótica que:

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A questão do acesso à educação superior sempre foi um tema polêmico, confrontando, de um lado, perspectivas mais elitistas de contenção do acesso, visando à manutenção do prestigio dos diplomas e o status dos profissionais no mercado de trabalho e, de outro, perspectivas mais populares de ampliação do acesso, representando aspirações de inserção profissional e ascensão por partes de largas camadas sociais. (DOURADO, CATANI, OLIVEIRA, 2004, p. 102 apud LAMBERTUCCI, 2007, p. 37).

Lambertucci (2007) destaca que a oportunidade de ingresso ao Ensino Superior

representa para a classe desfavorecida economicamente o ensejo de mudança nos padrões

sociais, enquanto a classe superior teme em perder o “poder” que exercem sobre os menos

instruídos.

O PROUNI e FIES não se referem a artimanhas de privatização da educação, mas sim

uma reestruturação do ensino superior. Sabendo que desde a época da Ditadura Militar as

IESP gozavam da isenção fiscal, reciprocidade para a sociedade.

[...] desde o regime militar, as instituições privadas contavam com incentivos e benefícios fiscais, pois a constituição de 1967 determinava a não incidência de impostos sobre a renda, patrimônio, e os serviços dos estabelecimentos do ensino superior de qualquer natureza. (KOLISKI, 2014, p.33).

Com a criação do PROUNI as universidades privadas obtêm a isenção de alguns

impostos, mas em contrapartida oportunizam a jovens o ingresso universitário, na concessão

de bolsas. Visto que a qualidade dos cursos disponibilizados é requisito essencial para manter-

se no programa, a hipótese da geração de vagas com qualidade duvidosa fica descartada.

Devido ao seu caráter democrático, o PROUNI e FIES, tornaram-se porta de acesso de

inúmeros brasileiros pertencentes às classes populares, que não estariam frequentando cursos

superiores se estes não os tivessem possibilitado. Segundo Koliski, (2014) entre 2005 a 2014

foram disponibilizados 830000 bolsas integrais e 380000 bolsas parciais, somando um total

de 1.210.000 alunos que tiveram a oportunidade de frequentar um curso superior Nessa

perspectiva Aprile e Barone abordam que: “Os programas de acesso ao ensino superior

inserem-se no âmbito das políticas inclusivas compensatórias. Tais políticas visam corrigir as

lacunas deixadas pelas insuficiências das políticas universalistas.” (2009, p.44). Desse modo

as medidas buscam minimizar as ações que reprimiram o acesso universitário da população.

Garantindo o direito à educação em todos os níveis de ensino, assegurada na Constituição

Federal.

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O art. 6° da Constituição Federal (1988) menciona o direito a educação como um direito social: “são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção a maternidade e a infância, a assistência aos desamparados, na forma dessa Constituição. (MOURA, 2014, p. 2).

Sendo a educação considerada um direito social, é subentendida como principio básico

para o desenvolvimento do sujeito enquanto ser inerente de uma sociedade, dispondo de

iguais oportunidades.

São diversas as criticas feitas aos projetos que buscam democratizar a educação

superior Brasileira. A compra de vagas no Ensino Privado, promovida pelo FIES, onde a taxa

de juros é inferior a Taxa Selic, tendo em vista que a diferença é arcada pelo Governo. O

dinheiro que o governo deixa de arrecadar em troca da isenção fiscal promovida pelo

PROUNI, que poderia ser usado na ampliação de vagas no ensino público superior, etc.

Entretanto, é importante salientar o déficit da educação básica do país, o que coloca os jovens

que a frequentam em desvantagens na disputa do vestibular para ingresso na mesma. Visto

que não basta possibilitar o acesso, mas é preciso garantir a permanência, constatando a

realidade de estudantes que precisam se autossustentar, o que dificulta o acesso às instituições

públicas, em virtude de sua carga horária, dificultando a articulação trabalho/universidade.

Sobre isso Lambertucci afirma:

A realidade cotidiana desses estudantes alerta-nos para o fato de que nossos sujeitos são, na maioria, trabalhadores que procuram compatibilizar as atividades acadêmicas com as atividades que lhes dão o seu sustento e, para alguns, também o de suas famílias. (2007, p. 60).

Outra dificuldade encontrada pelos baixos extratos sociais a frequentarem uma IES

pública é a sua localização, na maioria, elas residem nas grandes cidades brasileiras, onde o

custo de vida é elevado, dificultando a permanência desses indivíduos na instituição. No que

tange aos alunos residentes das áreas rurais a situação é mais complicada, com a configuração

de famílias menores, para muitos jovens não é possível “abandonar” a casa dos pais a fim de

adquirirem formação. Nessa ótica tanto o PRONI quanto o FIES possibilitam a esses jovens a

oportunidade de adentrarem na Universidade sem a necessidade de deixarem seus lares, visto

que as IESP são melhores distribuídas quando comparadas com as públicas.

Ao contrário do que se preconiza o governo não deixou de investir na educação

superior pública, segundo o INEP (2013) entre 2000 e 2011 o investimento público por

estudante cresceu 500%, passando de R$ 970,00 em 2000 para R$ 4916,00 em 2011.

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Outra questão que surgiu com a oportunidade de acesso universitário das camadas

populares, foi a insinuação de que o ingresso desses alunos ocasionaria uma queda na

qualidade da educação superior privada, Koliski (2014) rebate essa ideia, salientando o oposto

ocorrido, onde em todas as avaliações os bolsistas PROUNI tiveram desempenho superior aos

outros alunos, derrubando o mito que o mérito do sujeito está relacionado com sua situação

socioeconômica. Portanto, é irrelevante proclamar que os alunos, ingressantes no ensino

superior por intermédio das políticas públicas não possuem potencialidades como os demais,

visto que estas viabilizam o acesso e permanência deste, ficando sobre competência do

individuo seu desenvolvimento acadêmico.

Através do apresentado é possível constatar que tanto o PROUNI como o FIES, vem

possibilitando o acesso a estudantes carentes, que alicerçados pelas universidades privadas,

contribuem para o que individuo disponha de melhores oportunidades, Lambertucci traduz a

percepção de jovens sobre a possibilidade de ingressarem no ensino superior.

[...] ecoam as experiências e vozes de muitos estudantes bolsistas e nos mostram o lugar da universidade como oportunidade para que possam demonstrar suas potencialidades, sua capacidade de transformar sua realidade a partir das oportunidades a que tenham acesso, e, dessa maneira, ter o reconhecimento da sociedade. (2007, p.62).

As políticas públicas de acesso ao Ensino Superior, já citadas anteriormente,

acompanham a perspectiva de democratizar o acesso, viabilizando o cumprimento do direito

ao ensino público gratuito garantido pela Constituição Federal promulgada em 1988.

Lambertucci (2007) aborda que tais ações cumprem provisoriamente um importante papel

social, na medida em que possibilita a entrada no ensino superior de um contingente

significativo de sujeitos pertencentes a classes populares. Na perspectiva de que milhões de

brasileiros já foram contemplados com o programa, todavia, segundo Koliski (2014)

estatísticas não medem a esperança de um futuro melhor e aspirações que cada indivíduo

beneficiado deposita na oportunidade de cursar o Ensino Superior.

CONCLUSÃO

Através do contato com apontes teóricos que fazem referência ao assunto apresentado,

é possível constatar que as politicas públicas têm como objetivo concretizar o princípio da

equidade, tanto material quanto social, inibindo quaisquer ações discriminatórias.

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O PROUNI e FIES surgiram sob o alicerce de igualar os direitos de acesso

universitário, alçando indivíduos oriundos de extratos economicamente desfavorecidos para a

formação superior. Visto que a defasagem desta classe é virtude de ações políticas aderidas,

na qual até pouco tempo atrás, o ensino superior era exclusivamente elitista.

Os programas facilitam o acesso e permanência de estudantes, pelo fato das

universidades privadas estarem mais bem distribuídas quando comparadas às públicas, o que

facilita o acesso de jovens que não dispõem de condições financeiras para manter-se em outra

cidade, possibilitando a esses continuarem a residirem com suas famílias, ao que se refere às

regiões agrícolas, auxilia na diminuição do êxodo rural.

Outro fator que contribui para o PROUNI e o FIES serem portas de acesso

universitário a muitos jovens, é a possibilidade destes poderem trabalhar no turno inverso ao

curso, fato que devido à carga horária não seria possível em uma IES pública. A concessão de

bolsas remuneradas de pesquisa e extensão a alunos beneficiados com o programa auxilia no

ingresso e permanência destes no ensino superior privado.

Cursar o Ensino superior representa para muitos jovens a possibilidade de melhorar

suas condições de vida, não somente no que tange à situação econômica, mas com relação à

vida afetiva e social desses sujeitos. A educação cria possibilidades, e esta é a solução de

inúmeros problemas sociais.

Perante o pressuposto é possível afirmar provisoriamente, que tanto o PROUNI como

o FIES têm possibilitado aos jovens alçarem a universidade. Mais do que um ensejo de

ingresso, as políticas públicas compensatórias devolvem o direito que lhes foi negado,

democratizando o acesso ao ensino superior por intermédio do principio de igualar as

oportunidades, “não dando o peixe, ensinado a pescar”.

REFERÊNCIAS

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DEMOCRACIA COMO IDEAL POLÍTICO PEDAGÓGICO EM INSTITUIÇÕES

QUE PRECONIZAM A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

Estela Mari Santos Simões, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL

Arnaldo Nogaro, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

Edite Maria Sudbrack, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

Elisiane Andréia Lippi, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

Fabiana Cavalheiro Scale, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL

RESUMO: O presente artigo aborda a questão da educação para a democracia participativa, refletindo a função social e a influência que a escola tem, enquanto financiadora para a ocorrência de transformações sociais. Por meio de revisão de literatura e diálogo com autores, buscou-se identificar o ideal democrático como forma de intervenção social. Neste aspecto pontuamos características essenciais em escolas que procuram construir uma instituição educativa participativa, preocupada com a formação cidadã de seus discentes. A educação escolar precisa ir muito além da instrução de conteúdos deve abarcar valores éticos e morais, que tornam o sujeito um cidadão capaz de atuar de forma critica e reflexiva, realizando ações conscientes em prol de uma sociedade melhor com mais qualidade de vida.

PALAVRAS-CHAVE: Democracia. Transformação social. Ideal pedagógico.

APONTAMENTOS PARA INÍCIO DA REFLEXÃO

Construir a escola de melhor qualidade envolve trilhar caminhos de múltiplos debates,

dentre eles o de como oportunizar na escola um espaço de vivência democrática necessária

para constituição de cidadãos de direitos, de deveres e de voz ativa na sociedade. Este texto

busca refletir a questão da democracia no âmbito das instituições educacionais, estando

organizado com vistas a propor um diálogo, perfazendo e compreendendo aspectos que estão

entrelaçados à questão e que podem contribuir na formação de uma escola de práticas cidadãs

e democráticas.

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Atualmente inúmeras reflexões são realizadas sobre o tema democracia/totalitarismo e

suas diferentes visões, crescentes são também os debates sobre o papel do Estado, enquanto

regulador e do mercado enquanto influenciador de políticas. Estas discussões já não se

resumem à diferenciação de movimentos de direita e esquerda, ou na tipificação de

neoliberalismo e de socialismo. Percebe-se que entre um extremo e outro há diversificadas

tendências, visões e posicionamentos que influenciam e refletem nas questões políticas de

democracia da atualidade. Segundo Gómez (2015, p. 16) é necessário considerar que a

supremacia da economia sobre a política, da economia financeira sobre a economia produtiva,

da rentabilidade sobre a produtividade, como denunciam não só intelectuais como Saramago,

mas também mobilizações populares estão provocando a deterioração “[...] das democracias

representativas, o aumento da corrupção política e o enfraquecimento das instâncias

representativas de caráter internacional”.

Tudo isto, gera, sem dúvida, uma crise geral na política, instaurando muitas

interrogações sobre o futuro. Origina-se, então, uma encruzilhada de questões, que se

contrapõem às concentrações de poder, e demandam uma noção de comunidade mais humana,

embora em um mundo altamente condicionado pelo conformismo e pelo jogo de interesses.

“As confluências de mudanças tão significativas e radicais estão moldando um novo

metacontexto que modifica as instituições, os Estados e a vida cotidiana dos cidadãos dentro

de uma era de globalização e interdependência” (GÓMEZ, 2015, p. 15).

Em meio às discussões provenientes do momento histórico atual, que tem raízes ainda

no século 20, o conceito de democracia já não é mais visto como outrora onde marxistas e

liberais pleiteavam a democracia. Sendo os primeiros na busca de confundir socialismo com

democracia, diminuindo sua abrangência, de acordo com o que dizia o Sociólogo Herbert de

Souza (1990) “O Verdadeiro nome do socialismo é democracia.”. Já os segundos não

autorizam a entrada da democracia no campo da economia. No entanto, democracia não é

socialista e tão pouco capitalista, pois sua amplitude é bem maior e suas características

implicam igualdade, liberdade, solidariedade, diversidade, participação, estando, portanto,

muito longínqua de qualquer das propostas de padrão de sociedade já existente.

Coexiste, uma participação popular representativa nas decisões, tida como uma

democracia formal, que possibilita a participação deliberativa, no entanto, esta já é pré-

determinada e não permeia, de fato, a dimensão do que deve ser decidido. Há uma democracia

centralizada na síntese, ou seja, nos fins, onde os meios para alcançá-la não são debatidos, são

considerados irrelevantes.

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O pós-modernismo traz à tona todas estas polêmicas e põe em xeque dogmas e

posturas até então presentes em nossa sociedade, demandando novos paradigmas sociais, que

venham a responder ou fomentar colóquios sobre o tema democracia.

Segundo Lafer (1951), o essencial nesta discussão é buscar uma fusão de princípios

entre os diversos direitos do homem, dos mais formais aos mais complexos. A democracia

clássica se caracteriza pela soberania popular, mas a democracia moderna pelos direitos

humanos.

Recorrendo a origem da palavra democracia, constata-se que sua origem vem do

grego (demos, povo; kratos, poder), significando, então, o poder do povo. Onde o povo

escolhe quem o governa e o governo torna-se do povo, e este controla quem o governa. Vê-se

neste breve recorte, a revelação de um componente essencial na democracia, o controle social.

Define-se a necessidade do controle social em todas as esferas de organização da sociedade,

mas em especial com relação à educação, que esta de fato seja pública e de controle da

sociedade.

A QUESTÃO DA AUTONOMIA ESCOLAR

No contexto educacional a revelação da democracia na maioria das vezes é superficial,

não tem amplitude necessária para acarretar um debate produtivo que realmente leve a

mudanças na prática desenvolvida nas escolas.

Os sistemas escolares baixam normas complementares e as aplicam de forma vertical,

assim como programas de governos são emitidos às escolas, cabendo aos docentes o papel de

executores, responsabilizados pelo fracasso ou sucesso de propostas que geralmente não são

debatidas e nem formuladas por profissionais da educação. É fato, portanto, que o Estado

implanta políticas e os sujeitos que atuam nas instituições escolares colocam-nas em prática,

sem participarem da tomada de decisões que levam a tais práticas, e sem poder opinar e de

certa forma nem opor-se às mesmas, ficando com a tarefa de meros cumpridores de normas.

As políticas neoliberais propõem o desmantelamento do estado de bem-estar social e a concepção de educação não como um serviço público, mas como uma mercadoria de valor notável submetida, logicamente, à regulação das relações entre a oferta e a demanda (GÒMEZ, 2015, p. 32).

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Isto leva, muitas vezes, a não compreensão da totalidade das propostas e a erros de

implementação. Além de aumentar a carga burocrática ascendente que, na maioria das vezes,

sobrecarrega gestores e educadores.

O cotidiano escolar revela, então, práticas que precisam de análises mais profundas

para serem entendidas. De acordo com Gómez (2015), com lamentável frequência, a vida na

instituição escolar continua sendo guiada pela uniformidade, pela predominância da disciplina

formal,

[...] pela autoridade arbitrária, pela imposição de uma cultura homogênea, eurocêntrica e abstrata, pela proliferação de rituais já desprovidos de sentido, pelo fortalecimento da aprendizagem acadêmica e disciplinar de conhecimentos fragmentados, inclusive memorístico e sem sentido, distanciados dos problemas reais que, logicamente provocam o tédio, a preguiça e até mesmo fobia à escola e à aprendizagem (GÓMEZ, 2015, p. 32).

É no espaço escolar que se percebe a pouca autonomia das instituições, que recebem

programas, ações governamentais e legislações de cima para baixo, sem espaço para

discussões pelos que de fato estão no espaço escolar. “A questão da autonomia da escola é um

tema central e preocupação da maioria dos sistemas educativos atuais e de numerosos teóricos

da educação” (GADOTTI, 2000, p. 57)

O mesmo autor diz que “[...] a evolução da educação está ligada à evolução da própria

sociedade” (2006, p.16). Então, não se podem esquecer os fins da educação, o que é anseio da

grande maioria, educadores preocupados e perspicazes, ofertar uma formação de qualidade

para os alunos, outros, em menor proporção, permanecem apenas no preenchimento de papéis

de cunho meramente burocrático.

Falar da escola autônoma é também falar da resistência e do conflito que caracterizam essa escola vivida. A tradição burocrática da escola é um fardo pesado que limita os ideais de liberdade e a autonomia. Mas no interior dessa escola vivida é possível construir outra escola (GADOTTI, 2000, p. 57).

Há ainda certa autonomia que pode emancipar o fazer pedagógico e que é delegada às

instituições escolares que, embora limitada, permite que os profissionais da educação reflitam

sobre ela e organizem sua implementação de forma direcionada e mais flexibilizada à

realidade escolar, ao contexto da escola e dos alunos que a frequentam.

Mas como de fato, é possível, neste cenário atual de sociedade e de educação, tornar a

escola democrática? Muito se dialoga sobre isto, buscando construir uma escola realmente

preparada, que proporcione um ensino de qualidade para todos, de acordo com os interesses e

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ritmos de cada sujeito, alicerçada no respeito à heterogeneidade, na especificidade de cada

comunidade escolar e que realmente oportunize espaço de participação democrática, sendo

um espaço para preparar sujeitos para que melhorem a sociedade. Segundo Freire (1993) o

objetivo do homem deve ser criar e transformar o mundo, sendo ele o sujeito de sua ação.

Para que haja mudanças neste processo, necessita-se, sobretudo, de um perfil de

docente protagonista, “[...] imerso na dinâmica do amor pelos alunos, pelo conhecimento,

pelo ensinar, por si, pela sociedade e pela vida” (VASCONCELLOS, 1997, p. 62) e que

busque espaços e fortaleça mecanismos de participação já existentes junto às escolas, como os

conselhos, que podem atuar de forma decisória em prol da causa democrática da educação.

É preciso também incentivar na escola manifestações a favor do controle social,

fortalecendo os instrumentos que podem agregar valor, sentido e maior número de sujeitos

capazes de participar e superar a lógica de uma sociedade capitalista, colocando a humanidade

como ponto de convergência. A escola pode e deve emancipar os sujeitos por meio da

participação ativa em sociedade, para que esse deixe de ser um sujeito explorado para ser

sujeito transformado.

O país não pode crescer, não pode propiciar condições de exercícios de cidadania, de formar a sociedade civil, de equipar a população de instrumentos de participação social e política sem que se efetive a escolarização básica e se qualifique a escola para isso (LIBÂNEO, 2002, p.205).

Não se pode desconsiderar que novos segmentos sociais passam a ter acesso e

participar nas instituições escolares. Estas ganham uma vasta gama de diversidade, são novos

valores, novas culturas, novas linguagens que passam a pertencer à escola, que agora precisa

urgentemente reorganizar-se, pois perdeu seu monopólio de detentora do saber, de orientação

exclusiva de cultura legítima e homogênea.

As reformas educacionais das últimas décadas postulam a escola como um lugar de

relações sociais vastas, onde podem ocorrer experiências para a conservação ou para a

emancipação humana. Seguindo o preceito que as unidades escolares seguem com o intuito de

visar uma formação emancipatória regida pela construção de valores morais e éticos

necessários para a participação crítica em sociedade é preciso essencialmente repensar a

prática desenvolvida no cotidiano das mesmas, buscando refletir e encontrar caminhos que

possam alicerçar uma atuação mais autônoma dos docentes com objetivo de formar de fato

estes cidadãos que se desejam para uma transformação social.

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O modelo institucional da escola moderna pressupõe uma expectativa de que esta seja

um espaço público, de articulação do comum, de respeito e reconhecimento às diferenças. Há

ainda a expectativa de que a escola venha a promover a justiça social, sem indagar as reais

possibilidades de resolver esta equação social. O que na visão de Gómez (2015) é muito real,

pois, apesar das reformas que marcaram o último século, o modelo escolar herdado do

período industrial é incapaz de promover a compensação das desigualdades sociais e

econômicas de origem. É evidente que esta instituição não é a única promotora de mudanças,

mas bem sabemos que nela há um espaço privilegiado para iniciar as mudanças que se almeja.

Inúmeros são os desafios postos à escola, dentre eles, o de oferecer condições

adequadas de atendimento à diversidade de alunos que a ela chegam, sem resquícios de

preconceito ou de exclusão. Apresenta-se, então, para a escola uma necessidade urgente de

renovar sua estrutura educacional, com vistas a atender todas as demandas postas a ela.

Reinventar a educação e, por consequência contribuir para mudanças na sociedade, passa pelo

compromisso de tornar a escola um espaço de formação de indivíduos capazes de construir e

realizar projetos de vida e de participar ativamente de forma crítica na sociedade. Cabe, não

somente à escola, mas especialmente a ela, contribuir na formação de sujeitos participativos,

desenvolvendo a autonomia do estudante em meio a um ambiente democrático, aberto, onde a

expressão, colaboração e a reflexão sejam constantes.

A educação para a democracia requer que a escola se converta em uma instituição que seja, provisoriamente, um lugar de vida para a criança, em que ela seja um membro da sociedade, tenha consciência de seu pertencimento e para a qual contribua (DEWEY,1895, p. 224).

Desenvolver o espírito social na escola e o sentido democrático não é tarefa fácil, pois

não se pode impor aos alunos tal estado, é preciso criar situações práticas e concretas onde

eles mesmos se assumam como sujeitos de responsabilidades e direitos. Este é papel da escola

fomentar a prática democrática na escola, na comunidade e na sociedade como um todo.

A ESCOLA NA CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA

O debate a respeito de uma escola democrática ganha créditos quando se pensa numa

instituição educativa que favoreça e oriente o desenvolvimento pleno dos indivíduos,

contemplando a aquisição de conhecimentos necessários para viver e acompanhar a sociedade

atual, de forma atuante e efetiva. Para a constituição de tal escola é preciso superar incertezas

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contemporâneas e assumir sua função social, fazendo com que cada sujeito, de cada segmento

escolar, encare o desafio de contribuir para a construção coletiva de uma escola de fato

democrática.

Pressupostos como o diálogo, discussão e participação ativa, são princípios que

precisam estar presentes para colaborar na formação de sujeitos que preconizam

transformações sociais. Esta esfera individual refere-se ao sujeito como ser crítico, capaz de

analisar, refletir e agir, dentro da perspectiva de exigências da contemporaneidade.

Já no plano coletivo compreende uma construção coletiva que edifica e almeja

transformações sociais. O ser humano, que vive em nossa sociedade individualista e

competitiva, desenvolve mecanismos para reforçar cada vez mais a postura egocêntrica, não

cooperativa. Os formadores devem ter ciência de que a cooperação e o espírito coletivo são

estratégias que devem ser desenvolvidas, incentivadas na contracorrente cultural da época que

vivemos. Para Dewey (1978), devemos considerar o aluno um ser social, que só existe em

sociedade, que é impossível isolar. Também sobre isso Gómez (2015) pontua que as pessoas

não chegam à escola preparadas para cooperar, e a cooperação deve ser desenvolvida. O

sentimento de coletividade precisa ser aguçado no indivíduo. Deve ser aprendido com muita

paciência e:

[...] sistematicamente por meio de experiências reiteradas de cooperação e utilizando múltiplas estratégias de rotação de funções que ajudem os aprendizes a experimentar a satisfação da ajuda e do cuidado mútuo, da execução de projetos comuns e da empatia das emoções compartilhadas (GÓMEZ, 2015, p. 123).

Nesta perspectiva, a escola é promotora de uma educação que visa à tomada de

decisão e responsabilização dos discentes e dos docentes, através do que Freire (1997)

denomina de sujeitos que sejam “presenças marcantes no mundo”. Aqui também vemos a

impossibilidade da neutralidade do educador, do protagonismo que deve assumir frente às

diferentes situações encontradas.

É o uso da liberdade que nos leva à necessidade de optar e esta à impossibilidade de ser neutros. Agora bem, a impossibilidade total de ser neutros em face do mundo, do futuro – que não entendo como um tempo inexorável, um dado, mas como um tempo a ser feito através da transformação do presente com que se vão encarnando os sonhos –, nos coloca necessariamente o direito e o dever de nos posicionar como educadores. O dever de não nos omitir (FREIRE, 2001, p. 36).

A escola democrática tem também, então, como princípio a intervenção participativa,

a reestruturação da instituição e da própria sociedade:

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A educação não pode contentar-se em reunir as pessoas, fazendo-as aderir a valores comuns forjados no passado. Deve, também, responder à questão: viver juntos, com que finalidades, para fazer o quê? E dar a cada um, ao longo de toda a vida, a capacidade de participar, ativamente, num projeto de sociedade (DELORS et al., 1996, p. 60).

A preparação para a vida cívica e para a prática da cidadania é também hoje missão

das instituições de educação. Estas se constituem como espaços propícios para a efetivação do

compromisso social de formar sujeitos aptos a conviver em sociedade ativamente e de

maneira cidadã. O que é, portanto, função educativa de cunho escolar e da sociedade como

um todo. Segundo Gómez (2015, p. 89), a convivência precisa ser aprendida, experimentada,

e constitui-se papel da escola. Esta deve ultrapassar a interação de conteúdos, preocupar-se

em levar o aluno a exercícios de vida coletiva, pois é de sua alçada fazer “[...] aprender a

viver e a se comprometer na elaboração e no desenvolvimento de algumas regras de

convivência que amparem todos os cidadãos requer vivências, experiências, intercâmbios,

debates e propostas”.

Assim tratar de práticas democráticas no ambiente das escolas, torna-se indispensável.

Afinal, educação é vida (DEWEY, 1978). Faz-se necessário criar espaços que levem os

educandos a compreender, por meio de situações concretas, quais são seus deveres e direitos,

bem como o exercício da liberdade enquanto percurso de respeito e garantia da liberdade e

direito do outro.

Segundo Simões (1990), a escola assumirá a função libertadora, pela utilização do

debate e do diálogo como métodos, tendo o professor como animador do grupo, a sala de aula

como um grande espaço de pesquisa, investigação e exercício da concidadania.

Há elementos que fazem parte da prática democrática já experimentada em diferentes

instituições educacionais que podem reforçar a aprendizagem para a democracia participativa,

tais como: elaboração do Projeto Político Pedagógico de forma colaborativa por todos os

segmentos escolares; participação da comunidade escolar em conselhos escolares;

envolvimento em grêmios estudantis; implantação do jornal e rádio da escola; assembleias

comunitárias; RAE- Rede de apoio à escola; criação de parlamento de alunos, dentre outros.

As práticas democráticas devem visar muito além da escola, mirar a busca constante

por envolver a comunidade de forma geral, pois isto irá proporcionar também a aquisição de

poder participativo das escolas em decisões locais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Na busca de uma relação sinérgica entre escola e prática democrática participativa,

convém estruturar uma educação, visando à preparação dos sujeitos para o exercício de seus

direitos e deveres, para que estes estejam engajados na construção de uma sociedade civil

ativa, assumindo suas responsabilidades enquanto cidadãos a serviço de um futuro de

propósitos solidários, com raízes no bom senso, na humildade, na tolerância e com base em

pensamentos críticos e reflexivos que se aliam a ações concretas. Para Gómez (2015), criticar

não é destruir, é discernir, ser capaz de questionar, debater, contrastar, mesmo as opiniões

mais básicas de cada indivíduo, cada grupo e cada comunidade. Paradoxalmente, os cidadãos

do século 21 podem falhar na construção do conhecimento útil e confiável precisamente

porque estão saturados, inundados com montanhas de dados grosseiros e desconexos.

Para Mészáros (2005), a educação não pode ser um negócio de reprodução social e

sim um espaço possível de transformação de sujeitos, para uma verdadeira transformação

social. A escola tem papel essencial de através do conhecimento afastar o aluno da lógica do

individualismo capitalista, que permeia as relações sociais atualmente.

De acordo com Gadotti (2000) não se muda a história sem o conhecimento, mas tem-

se que educar o conhecimento e as pessoas para tornarem-se sujeitos da sua história e intervir

no mercado como atores, e não como povo sujeitado, massa de manobra da lógica interna da

razão econômica. O mercado precisa estar submetido à cidadania.

Desacomodar-se e pensar a necessidade de um sistema educativo com mais controle

social que realmente atenda as necessidade de cada realidade educacional e que incentive

práticas de democracia para a liberdade consciente, é um convite a reagir à acomodação e à

neutralidade a que geralmente estamos submetidos na sociedade do consumo a qual estamos

sujeitados. É preciso, portanto, pensar nossa responsabilidade enquanto educadores,

humanizadores e membros de uma comunidade que pode buscar meios de representar-se,

mobilizando-se de forma a influenciar no plano decisório dos governos, procurando construir

a legitimidade social que possam confrontar ou debater atitudes impositivas, visando à

participação social. No entendimento de Gómez (2015) a finalidade da escola não pode se

esgotar no ensino e na aprendizagem dos conteúdos disciplinares estabelecidos no currículo

organizado nos livros didáticos. A missão da escola é ajudar a desenvolver capacidades,

competências ou qualidades humanas fundamentais que o cidadão contemporâneo precisa

para viver satisfatoriamente em complexos contextos da era da informação.

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Finalmente, vivenciar a democrática no âmbito escolar é oportunizar espaço para

construção de uma sociedade com mais equidade, onde a diversidade seja respeitada e a

convivência seja fraterna e de responsabilidade.

REFERÊNCIAS ALTHUSS ER, L. Ideologia e aparelhos ideológicos do estado. Lisboa: Presença, 1969. AVRITZER, Leonardo. Instituições participativas e desenho institucional: algumas considerações sobre a variação da participação no Brasil democrático. Opinião Pública, Campinas, v. 13, n. 1, jun. 2008. BAUDELOT, C.; ESTABLET, R. La escuela capitalista. México: Siglo Veintiuno, 1975. BOUR DIEU, P.; PASS ERON, J. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro: F. Alves, 1975. CLARKE, J.; NEWMAN, J. The managerial state. London: Sage Publications, 1997. DELORS, J. et al. Educação - Um tesouro a descobrir. Porto: Edições ASA, 1996. DEWEY. Plan of organization of the university primary school, 1895. In: SOUTHERN ILLINOIS UNIVERSITY. Early works of John Dewey, v 5. Carbondale: Southern Illinois University Press, 1972. (Collected works of John Dewey). DEWEY. J. Vida e educação. Rio de Janeiro: Nacional, 1978. DOURADO, Luiz Fernandes (Org.). Gestão escolar democrática: a perspectiva dos dirigentes escolares da rede municipal de ensino de Goiânia-GO. Goiânia: Alternativa, 2003. FERREIRA, Naura S. C. (Org.). Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios. São Paulo: Cortez, 1998. FREIRE, P. Política e educação: ensaios. São Paulo: Cortez, 2001. _________ Pedagogia da Esperança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. _________ Professor sim, tia não. São Paulo: Olho D´ água, 1993. GADOTTI, M. Perspectivas Atuais da Educação. Porto Alegre: Artmed, 2000. _________. História das ideias pedagógicas, 8.ed. São Paulo: Ática, 2006. GÓMEZ, A. P. Educação na era digital: a escola educativa. Porto Alegre: Penso, 2015. LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez. 2002.

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SABERES INVESTIGATIVOS NA PRÁTICA DA PESQUISA NA INICIAÇÃO

CIENTÍFICA UNIVERSITÁRIA

Letícia Zanella, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus

de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

Luci Mary Duso Pacheco, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

RESUMO: Este estudo é fruto de um projeto de pesquisa, que no decorrer de seus estudos, busca identificar os saberes movimentados pela universidade, por seus pesquisadores: acadêmicos e professores, e quais as contribuições do mesmo para a formação acadêmica do todo. Este estudo justifica-se pela importância da pesquisa, que aliada ao ensino, e à extensão, forma o tripé de uma universidade, contribuindo para seu desenvolvimento de modo geral. O texto abordará de forma ampla o contexto universitário, visando assim demostrar os saberes adquiridos na iniciação científica, e de forma mais específica como ocorre uma educação pautada na pesquisa e a atuação do professor frente à mesma. Falar da pesquisa no contexto educacional atual, é construir possibilidades para o melhoramento de uma realidade defasada. PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa, Saberes, Universidade, Educação.

INTRODUÇÃO

A pesquisa deve, sem dúvidas, ser um dos pontos mais importantes para a construção

de uma universidade de qualidade. Ensinar, com e pela pesquisa, precisa fazer parte das

práticas de alunos e professores do meio acadêmico. Primeiramente precisamos clarear nossos

pensamentos acerca do que é pesquisa. Neste sentido, Minayo (2009, p.16) ao conceituar

pesquisa, afirma:

Entendemos por pesquisa a atividade da ciência na sua indagação e construção da realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação. As questões da investigação estão, portanto, relacionadas a interesses e circunstâncias socialmente condicionadas. São frutos de determinada inserção na vida real, nela encontrando suas razões e seus objetivos.

Desta forma abordaremos como a universidade encontra-se frente esta realidade e

buscaremos contextualizá-la socialmente. Necessitamos conhecer que saberes se fazem

presentes na iniciação científica, os conhecimentos e experiências gerados nos momentos de

pesquisa e qual a influência deste na vida acadêmica do bolsista, buscando neste contexto

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identificar como a pesquisa é desenvolvida dentro dos programas de iniciação cientifica

universitária e também nas distintas modalidades de cursos que a mesma oferece.

Também buscamos mostrar como o conhecimento é gerado dentro da universidade,

como ocorre, e principalmente mostrar como a pesquisa aliada ao ensino pode ser

imprescindível para este contexto. Dentre outros, mostrar as competências e habilidades

desenvolvidas, bem como, frisar a importância destes projetos no âmbito da universidade.

Em um mundo que se busca constantemente por respostas, nos deparamos com

inúmeras perguntas, por vezes fáceis outras difíceis de serem respondidas. Esta é a proposta

de iniciação científica, responder as perguntar, encontrar soluções para os problemas e

formular ideias e conhecimentos, específicos e estruturados sobre determinado tema.

SABERES PRESENTES NA INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Segundo o dicionário de língua portuguesa Ferreira (1986, p.1320) o termo “pesquisa”

significa o ato de pesquisar; informação; indagação; inquirição; busca. Todas estas definições

explicitam claramente os objetivos que alguém quer alcançar ao realizar uma pesquisa.

No entanto, para pesquisar precisamos, sobretudo, definir muito bem o que queremos

como objeto para uma pesquisa. A necessidade de construir objetivos e trabalhar em cima dos

mesmos, bem como a utilização de métodos adequados para alcançar o fim proposto. Tudo

que pesquisamos é de extrema relevância aos aspectos sociais e do mundo, do qual necessitou

participar ativamente, discutir e apontar soluções.

As experiências que os programas de iniciação cientifica proporcionam tanto para

bolsistas como orientadores, os saberes movimentados durante este processo, bem como as

habilidades adquiridas e a notável produção de conhecimentos são frutos de um trabalho

investigativo.

Para realizar qualquer experiência que tenha impacto inovador, é preciso despertar a capacidade de invenção, de estímulos, de iniciativas, assim como a criação de uma atmosfera favorável em que tanto os professores como os alunos se sentem estimulados para indagar, descobrir, refletir e fomentar mudanças, pois o ensino deve ser questionador, aberto, despertar a curiosidade e a motivação para a inovação, para a criatividade, para o descobrimento audaz de novos âmbitos de conhecimento ou de habilidades. (LAMPERT, 2008, p.137)

O ato de conhecer e observar são técnicas realizadas geralmente no início do processo

de pesquisa e que a apresentam ao pesquisador e permitem um primeiro contato com o objeto

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de pesquisa. Já em seguida tem a oportunidade de manipular e interpretar, parte esta do

processo em que há a oportunidade de maior interação e onde o mesmo participa ativamente

na construção do conhecimento e alcança os resultados finais.

Como podemos perceber em Reis (2014) que define quatro modalidades, técnicas e

instrumentos de pesquisa.

A primeira delas, que é a principal fonte de dados e, também imprescindível em

qualquer projeto, é a pesquisa bibliográfica, onde a fonte de consulta é realizada através de

bibliografia adequada, ou seja, autores e teorias que abordam a temática desejada.

Outra modalidade de pesquisa muito utilizada é a pesquisa de campo, cujo nome bem

expressa é aquela em que o pesquisador vai até o ambiente em que ocorre o fenômeno

relacionado ao seu tema e faz a coleta de dados, com a aplicação de algumas técnicas e

instrumentos, e posteriormente realiza a análise das informações obtidas.

A pesquisa documental também muito utilizada acontece quando o pesquisador busca

informações pertinentes em documentos (histórico, institucional, associativo, oficial, etc).

Por fim, a pesquisa ação ou também denominada pesquisa participante, que alia os

conhecimentos sobre a realidade com a prática da mesma.

Podemos também entender a pesquisa com um estudo teórico, mas que ao discutir

questões de cunho social, acaba por aplicar-se totalmente na prática. É o que percebemos nas

palavras de Demo (2003, p.1) “[...] O critério diferencial da pesquisa é o questionamento

reconstrutivo, que engloba teoria e prática, qualidade formal e politica, inovação e ética. [...]

Do ponto de vista da inovação, trata-se do conhecimento crítico e criativo”.

Os benefícios de um projeto de iniciação científica, que um aluno pesquisador poderá

adquirir, irão enriquecer seu futuro acadêmico e profissional. É o que reforça Thomas (2012,

p.7) em seu discurso em defesa das pesquisas “[...] Ter realizado um projeto de pesquisa

demonstra que você é capaz de pensar de maneira crítica e reflexiva, é capaz de trabalhar de

um modo independente, contínuo e disciplinado além de ter boas habilidades de

gerenciamento de tempo e de projeto”.

Na questão do professor orientador, este também é beneficiado na medida em que

auxilia e abre as portas do mundo científico para seu aluno, que juntos buscam formas de

pensar e refletir acerca da realidade estudada.

Pesquisando o sujeito torna-se mais autônomo, consegue achar soluções para suas

dúvidas de forma mais rápida e eficaz, sabendo também da importância da criticidade, que

nos alerta para a quantidade, muitas vezes, de informações equivocadas que circulam no meio

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acadêmico. A criatividade é essencial no momento que algo não ocorre conforme planejado, e

em muitos casos é preciso mudar afim de não perder a essência daquilo que se busca.

Em CUNHA (1996, p. 32) evidenciamos alguns pontos positivos, e de certa forma

vantajosos, que o aluno da iniciação científica e que tem na pesquisa sua fonte de construção

primordial do saber, apresentam em relação aos demais:

Enfocam o conhecimento a partir da localização histórica de sua produção, e o percebem como provisório e relativo; Estimula a análise, a capacidade de compor e recompor dados, informações, argumentos e ideias; Valorizam a curiosidade, o questionamento exigente e a incerteza; Percebem o conhecimento de forma interdisciplinar, propondo pontes de relações entre eles e atribuindo significados próprios aos conteúdos em função dos objetivos acadêmicos. Entendem a pesquisa como um instrumento do ensino e a extensão como ponto de partida e de chegada da apreensão da realidade.

A melhoria na formação do acadêmico está intimamente ligada à pesquisa, e não há

como fugir da realidade, o aluno que vive e envolve-se na iniciação científica tem um

diferencial muito grande em relação aos demais graduandos que não tem a oportunidade, ou

por vezes a vontade de pesquisar.

Pesquisar é dar sabor, forma e conteúdo a tudo aquilo que muitas vezes passa

despercebido aos nossos olhos, é construir saberes significativos para toda vida, acadêmica e

profissional.

PESQUISA NO CONTEXTO DA UNIVERSIDADE

A universidade é o espaço acadêmico destinado para a construção do conhecimento.

Conhecimento este encontrado em diferentes espaços e de diferentes formas. “O mais

importante é compreender a pesquisa como um processo de produção de conhecimentos para

a compreensão de uma dada realidade, isto é, de conhecimentos que nos auxiliem na

interpretação da realidade vivida. [...]” (REIS, 2014, p. 2)

Como já exposto a universidade trabalha na perspectiva e sobre o princípio do ensino,

pesquisa e extensão, sendo que “[...] solidifica-se a pesquisa como razão central de ser da

universidade, além de ser a base da transformação de mero ensino em educação. Esta

educação será tanto mais emancipatória, quanto mais se educar no questionamento

reconstrutivo.” (DEMO, 2003, p. 67)

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A relação existente entre pesquisa e ensino é muito importante e necessária, pois ambas

se completam e produzem bons resultados.

Conforme já foi exposto, a pesquisa é a função principal da universidade, e ela tem, entre outras, a premissa de ajudar a melhorar o ensino, principalmente através do ensino com pesquisa. Cabe à universidade produzir o saber e não, conforme vem fazendo ao longo dos séculos, simplesmente repassar e/ou reproduzir os conhecimentos advindos de outras áreas. (LAMPERT, 2008, p.135)

A produção, o protagonismo na aprendizagem, a construção do saber são fatores que

demostram e que são o diferencial na formação acadêmica dos alunos de graduação. Isso tudo

deve ser proporcionado em sala de aula, mas o aluno que desenvolve projetos de iniciação

cientifica também tem a oportunidade de viver isso mais profundamente em suas pesquisas,

ao passo que o tema das mesmas é objeto de ensino pela universidade.

A formação ética e cidadã também deve ser uma das preocupações no meio

acadêmico, já que o profissional formado neste espaço irá desempenhar sua função na

sociedade, e questionar a respeito de, como construir pessoas mais humanas, responsáveis e

comprometidas com seu papel social, somente repassando o saber. A pesquisa apresenta-se

então como uma forma de emancipação, construção e formação deste profissional mais apto a

desenvolver seu trabalho. É o que podemos evidenciar no discurso de Demo (2003, p.55):

A universidade poderia confirmar papel imprescindível e gerador frente ao desenvolvimento humano, desde que se fizesse o signo exemplar da formação da competência, indicando a gestação do cidadão capaz de intervir eticamente na sociedade e na economia, tendo como alavanca instrumental crucial o conhecimento inovador. Não poderia, por isso, bastar-se com ensino, de apenas ensinar a copiar, não só porque significa mero treinamento, mas, sobretudo porque implica inequívoca imbecilização.

Daí provém a fundamentação para a construção de novos paradigmas onde a principal

fonte de ensino seja pela pesquisa, e que o aluno tenha consciência do seu protagonismo e

busque assim construir para si um futuro promissor. A universidade deve organizar-se na

busca de informações, na inquietação por respostas e ousar na construção de teorias, a partir

do que se estuda dentro da universidade e pelos projetos de pesquisa. Como vemos também

nas palavras de CUNHA (1996, p. 32):

[...] o ensino só será indissociado da pesquisa quando for construído um novo paradigma de ensinar e aprender na universidade. Um ensino que seja realizado com pesquisa, isto é, incorporando os processos metodológicos dessa atividade, e tendo a

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dúvida como referência pedagógica. Nesse caso, o aluno deverá ser o ator principal da ação e é nele que deverá acontecer o processo indissociável.

Quando ocorre ensino, precisa haver pesquisa, para fundamentar tal prática, também

pesquisando produzimos conceitos que posteriormente são fontes para o ensino.

Conforme Zabalza (2004), a universidade hoje se constitui como um cenário

específico e especializado de formação. Há um novo sentido atribuído à universidade e às

profundas modificações que esta instituição vem sofrendo: transformações do próprio cenário

ao sabor de fortes mudanças políticas, sociais e econômicas das últimas décadas; e no sentido

formativo da universidade, levando em consideração os atuais dilemas e contradições para

cumprir essa missão.

É muito importante a modificação da função da universidade. Uma nova visão de sociedade, a qual atribui especial e particular valor ao conhecimento, necessariamente deveria atribuir à universidade um papel de protagonista. Isso vem acontecendo; porém, há uma nuance fundamental: a formação é um recurso social e econômico indispensável; por outro lado, para que seja eficiente, deve ser entendida como um processo que não se limita aos anos de estudo na universidade, e sim como um processo contínuo ao longo da vida. (ZABALZA 2004, p. 27-28)

Quando se fala em identidade da universidade, remete-se ao seu fazer e atuar na

sociedade e o resultado ou resultados desse fazer. Sendo assim, não é qualquer atividade que

define uma instituição, e nem é qualquer produto dessas atividades que define o vínculo social

da instituição universitária. Nesse sentido, faz-se necessário que a universidade prime pela

qualidade de suas relações sociais e do conhecimento que é produzido a partir ou juntamente

com a sociedade.

A EDUCAÇÃO PELA PESQUISA

Não é de hoje que o tema pesquisa vem sem desenvolvido por vários estudos, e que

também venha sendo percebida sua validade tanto para acadêmicos bolsistas, professores

pesquisadores, e todo o universo universitário. Salientar a importância da curiosidade e da

investigação enquanto formas de aperfeiçoamento de suas práticas parece um trabalho em

vão, pois não há como pensar a construção de um processo educativo sem estes pilares.

No entanto, precisamos de mais apoio e motivação para que nossos professores

busquem na pesquisa cotidiana a resolução de muitos problemas que encontram, mas que

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também tenham a oportunidade e a vontade de desenvolvê-la mais elaboradamente em cursos

de pós-graduação.

O interesse está voltado a fundamentar a importância da pesquisa para a educação, até o ponto de tornar a pesquisa maneira escolar e acadêmica própria de educar. O que distingue e educação escolar e acadêmica de outras tantas maneiras de educar, é o fato de estar baseada no processo de pesquisa e formulação própria. (Demo, 2003, p.1)

Nesse sentido, a pesquisa constitui-se uma importante atividade de professores e

alunos, em especial, nas instituições universitárias de ensino superior. A mesma é considerada

uma das principais funções sociais do ensino superior. Isso porque se entende que o ensino

superior ou a universidade representam um espaço educativo privilegiado, onde a produção

crítica de conhecimento contribui significativamente para a sociedade.

Para Demo (2011) a pesquisa científica desencadeia a produção do conhecimento já a

pesquisa educativa é a instrumentação criativa para a emancipação, é o processo de aprender a

criar.

Sabe-se da importância de termos consciência que a educação como um todo, atua

como instrumento de transformação da sociedade, e por vezes não cumpre seu papel quando

atua como reprodutora da sociedade que está posta, ou seja, aquela que assume a finalidade de

adaptação do sujeito à sociedade, agravando ainda mais a desigualdade já existente. No

entanto, a educação como instrumento de transformação social, visa à instrumentalização dos

sujeitos para que estes tenham uma prática social crítica e transformadora.

No entanto, sabe-se que ainda é preciso superar a visão equivocada que se conserva no

meio universitário. Ainda persistem algumas diferenças entre o real e o ideal. A atividade de

pesquisa na graduação, cujos pesquisadores são os alunos, concretiza-se apenas nos relatórios

de pesquisa ou nos Trabalhos de Conclusão de Curso; Na pós-graduação, ela se efetiva em

Monografias, Trabalhos de Conclusão de Curso (lato sensu), Dissertações (mestrado) e Teses

(doutorado).

Assim sendo, entende-se que educação seja um processo de relações complexas, por

meio do qual se “aprende” a pensar e agir criticamente, (re) construindo saberes relevantes

que irão ser úteis para a vida do indivíduo na sociedade. Sendo esta uma teia de relações

complexas, exige que igualmente se tenha uma educação que leve o indivíduo a “ler” a

realidade na qual está inserido, exige que mais do que nunca se alfabetize cientificamente.

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É muito complexo alfabetizar cientificamente. É preciso ir além da simples

alfabetização para o português e a matemática, é preciso ensinar ler as coisas do mundo

natural, e para isso desde cedo é preciso educar para e pela pesquisa.

Diante disso, faz-se necessário dialogar com a realidade de modo criativo, fazer da

pesquisa condição de vida, progresso e cidadania, sabendo-se que a pesquisa começa na

infância e se estende por toda a vida social do indivíduo. Portanto, vale afirmar que educação

criativa começa e vive na pesquisa desde o primeiro instante de vida da criança. Aliás,

pesquisa coincide com a vontade de viver, como nos afirma Demo (2011, p.40):

Pesquisa coincide com a vontade de viver, de sobreviver, de mudar, de transformar, de recomeçar. Pesquisar é demonstrar que não se perdeu o senso pela alternativa, que a esperança é sempre maior que o fracasso, que é sempre possível reiniciar.

A modalidade mais comum de pesquisa nos cursos de graduação e de pós-graduação é

a iniciação científica. Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq), o objetivo principal da Iniciação Científica é ”despertar a vocação

científica e incentivar os novos talentos potenciais entre os acadêmicos de graduação”. Nesse

sentido, no âmbito da educação a pesquisa é vista como combate a reprodução, sendo que

para atingir tal fim, precisa- se olhar a pesquisa num caráter investigativo.

A pesquisa na graduação e o esforço acadêmico que a ela se vincula, pode constituir

um caminho, uma possibilidade; O conhecimento não se produz ao acaso, e sim a partir de

necessidades humanas e sociais (CUNHA 1998). Portanto, estimular o sujeito a saber pensar,

e não obrigatoriamente a fazer ciência, a entender e fazer-se entender, equivalem a munir o

estudante- o cidadão, o trabalhador, com um aprender que certamente não acaba na escola,

pois a busca pelo saber continua. Assim sendo, a postura investigativa serve de ponte para a

compreensão e problematização do mundo e dos saberes dos homens, isso implica

compreender e viver a relação com o concreto, descortinando um universo de possibilidades

de mudar a realidade, atuando como partícipe dessa história.

É necessário levar em conta que todo pesquisador é, de certa forma um humano

problematizador, que rompe a inércia cultural e intelectual pelo entusiasmo da descoberta e do

novo possível. O encontro com a pesquisa fomenta a ativação intelectual e contribui para a

formação de sujeitos ativos e não passivos na construção da história. O que se percebe, no

entanto é que esse conhecimento/cultura por vezes se apresenta como privilegio de poucos,

fato que a universidade deve lutar contra e criar condições para a melhoria, fazer a história na

direção ensejada.

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A PESQUISA E O DESENVOLVIMENTO DOS PROFESSORES

Não é de hoje que o tema pesquisa vem sendo desenvolvido por vários estudos, e que

também venha sendo aliada com a educação. Salientar a importância da curiosidade e da

investigação enquanto formas de aperfeiçoamento de suas práticas parece um trabalho em

vão, pois não há como pensar a construção de um processo educativo sem estes pilares.

O benefício desta prática para a profissão docente é, pois inegável. É o que reforça

Thomas (2012, p.9) em suas abordagens:

[...] a pesquisa pode ser uma ferramenta poderosa para o aperfeiçoamento como professor especialmente se for estruturada mediante inscrição em uma universidade, onde você terá de examinar minuciosamente suas metas e intenções bem como os métodos que pretende usar na condução de sua pesquisa. O próprio projeto de pesquisa encorajará a reflexão sobre a sua prática e oferecerá fortes evidências para que você possa repensar e refinar essa prática.

A tarefa da Universidade e do professor é fazer com que o aluno/pesquisador

estabeleça relação do saber com o mundo, com os outros e consigo mesmo, pois o próprio

saber é esse conjunto de relações.

A inserção e a introdução à pesquisa na formação superior nutrem-se da esperança de

uma sociedade melhor. Assim, Pesquisa na graduação e o esforço escolar que a ela se vincula

podem constituir um caminho, uma possibilidade para a construção de uma sociedade

diferente (para melhor). Estimular o aluno, a saber, pensar, e não obrigatoriamente a fazer

ciência, equivalem a munir o estudante (o cidadão, o trabalhador) com uma “sede” de

aprender que não se sacia na escola.

Assim podemos perceber a figura do docente como mediador, e principalmente como

aquele que através de suas práticas de sala de aula, de pesquisa e extensão mostram-se como

uma figura que sirva de exemplo e incentivo para que seu aluno se qualifique através desta

tríplice aliança da fazer acadêmico.

CONCLUSÃO

Pesquisar é sem dúvidas o gás para que a universidade desempenhe seu papel na

sociedade. É somente através da pesquisa, e a qualidade de suas pesquisas, que a universidade

se torna realmente uma universidade.

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As pesquisas desenvolvidas no meio acadêmico estão contribuindo de fato para

melhorar os aspectos complexos e por vezes problemáticos da sociedade? Pois como diz

Lampert (2008, p.136) “[...] uma sociedade com cidadãos formados cientificamente seria

capaz de avançar econômica, social e culturalmente”.

É preciso despertar o gosto no aluno pela pesquisa e isto deve ocorrer já no início do

curso. Também isto funciona como uma mola que projeta o aluno a continuar pesquisando em

outras modalidades de formação lato sensu ou strictu sensu. Quem reforça esta ideia também

é Lampert (2008, p.136) “O ensino com pesquisa, etapa inicial e característica dos cursos de

graduação e de pós-graduação, é uma poderosa ferramenta de que se pode lançar mão para

introduzir o aluno na iniciação científica, despertando-lhe o gosto pela investigação. [...]”.

Pesquisamos o que é nosso, e por isso buscamos melhorar o que está ao nosso redor, é o

que Bagno (1998), nos fala, que se não ocorreu nenhum avanço na sociedade isso se deve ao

fato da inexistência de pesquisas, e consequentemente não podemos chamar isto de ciência.

Fato este que influencia e diminui o crescimento e desenvolvimento de um país e da ciência.

O pesquisador que ousa e se desafia, vai aos poucos progressivamente realizando, desde

a mais simples até a mais difícil tarefa. Amadurecendo ideias e conceitos, aperfeiçoando a

criticidade e a responsabilidade. O constante questionamento, a certeza de que não temos

certeza de nada, que quanto mais aprendemos e conhecemos, mais precisamos e devemos

querer conhecer e aprender.

As informações estão em todo lugar, mas o conhecimento é o que cada um constrói a

partir da seleção, análise e estudo destas informações.

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POLÍTICAS PÚBLICAS INCENTIVANDO A INOVAÇÃO: TECNOLOGIA COMO

FERRAMENTA EDUCACIONAL

Manoelle Silveira Duarte, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Edite Maria Sudbrack, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Neusa Maria Scheid, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

Elisângela Cristina Beuren, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL [email protected]

RESUMO: O objetivo deste artigo é refletir sobre as políticas públicas que dizem respeito à inserção das TICs no espaço escolar. Para melhor compreendermos, no primeiro momento vamos desmistificar o conceito de política, a fim de compreender seus procedimentos e demandas em cada segmento social que rege. Em seguida, identificaremos as atuais políticas públicas voltadas para a inserção das tecnologias no contexto escolar. Apresentaremos os conceitos e objetivos dos dois programas que estão em desenvolvimento nas escolas oportunizando aos professores e alunos essa aproximação entre educação e as novas e modernas tecnologias da informação e comunicação. De cunho totalmente bibliográfico, este artigo trará a visão de alguns autores em relação ao impacto desta aproximação, incluindo a necessidade de mudanças a nível pedagógico e curricular. Por fim, apresentaremos algumas conclusões, ainda preliminares, que indicam que as ações governamentais em geral contribuem de forma positiva para a inovação tecnológica na educação, mas que impasses como a formação inicial descontextualizada, a falta de habilidades tecnológicas e principalmente a necessidade de desestruturação de algumas práticas já enraizadas nos professores impedem que as mudanças ocorram de fato.

PALAVRAS-CHAVE: Políticas públicas. Educação. Tecnologias. Inovação. TICs.

PROVOCAÇÕES INICIAIS

A preocupação com os rumos da educação é instigante e desafiadora, este processo

sofre mudanças em função dos movimentos relacionados às políticas em torno da educação e

do advento das TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação que provocaram um forte

impacto no contexto escolar, exigindo uma nova postura do educador, com novas formas de

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ensinar e, consequemente, políticas educacionais que deem suporte para estas significativas

mudanças.

A educação é um fenômeno que engloba habilidades e competências para ensinar e

aprender, neste contexto é possível inovar as práticas e métodos pedagógicos, uma vez que, as

tecnologias surgem como ferramentas capazes de somar a ação docente. Com a utilização

destes aparatos tecnológicos o processo de ensino aprendizagem se torna mais dinâmico e

interativo, atendendo as novas exigências da sociedade. Aproximar as tecnologias da

educação, através de políticas governamentais, é proporcionar a inovação pedagógica por

meio das tecnologias, além de permitir que a escola insira-se nas transformações atuais da

sociedade contemporânea.

As políticas governamentais objetivam buscar a solução de problemas e acompanhar

as demandas de ordem social. Sendo assim, diante esta nova sociedade que vem se

caracterizando no último século, em que tudo está conectado em redes de internet e que as

tecnologias ampliam as formas de produção e proliferação do conhecimento, cabe ao governo

ampliar as possibilidades pedagógicas dos professores assegurando que aparatos tecnológicos

sejam disponibilizados às escolas, bem como a formação necessária para a utilização a fim de

promover a mudança na prática docente.

Sob esta perspectiva, nosso intento com esse texto é produzir provocações

relacionadas ao sistema educacional brasileiro pelo viés das políticas públicas voltadas para a

inovação tecnológica nas escolas. Vamos promover a analisar questões referentes às políticas,

focando em aspectos relacionados à inovação, diante da atualidade.

Para melhor compreendermos o texto, no primeiro momento vamos desmistificar os

caminhos conceituais das políticas e suas segmentações a fim de compreender seus

procedimentos e demandas em cada segmento social que rege. Em seguida, identificaremos as

atuais políticas públicas voltadas para a inserção das tecnologias no contexto escolar.

Apresentaremos os conceitos e objetivos dos dois programas que estão em desenvolvimento

nas escolas oportunizando aos professores e alunos essa aproximação entre educação e as

novas e modernas tecnologias da informação e comunicação. Vamos conhecer e analisar os

prós e contras dos programas governamentais TV Escola e PROINFO.

2 POLÍTICA: DECIFRANDO OS CAMINHOS CONCEITUAIS

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A abordar o tema política, é imprescindível falar de Aristóteles, filósofo que

conceituou política através da divisão do estado em governos. Ainda, segundo o pensador,

política está ligada à ação seja humana ou administrativa, que por sua vez, está diretamente

relacionada ao poder. Exercer política é a capacidade de organizar, administrar, orientar ou

dirigir algo. Segundo Mattos e Dias (2012 p. 02) o termo políticas refere-se ao conjunto de

interações que definem múltiplas estratégias entre atores para melhorar seu rendimento e

alcançar certos objetivos. Os autores referem-se à política como a construção do consenso e

luta pelo poder. Ainda, para Rua (1998, p. 40) a política, consiste no conjunto de

procedimentos formais e informais que expressam relações de poder e que se destinam à

resolução pacífica dos conflitos quanto aos bens públicos. Diante das ideias apresentadas

pelos autores, podemos perceber que política está diretamente ligada ao sentido de poder e

estratégias de intervenção junto ao que é público. Ainda, o filósofo Michel Foucault (1979)

afirmou que todas as pessoas fazem política, nas suas próprias ações, com a resolução de

conflitos próprios por exemplo.

Do alargamento do conceito de políticas, emergem as políticas públicas e

educacionais. Para melhor compreendermos e conceituarmos de forma clara e objetiva, vamos

primeiramente tratar do conceito de política pública. Diretamente ligada à ação do governo

que detém o poder. As políticas públicas são compreendidas como uma ação empreendida

pelo estado a partir de suas instâncias. Estas políticas advêm da necessidade que a sociedade

pública coloca para o estado, que passa a ser responsável por desenvolver ações e programas,

assegurando aos cidadãos por meio de direitos o acesso à moradia, educação, saúde entre

outros aspectos sociais. Neste contexto de direitos em comum, Mattos e Dias (2012)

explanam sobre o conceito de público, que segundo os autores, refere-se à atividade humana

com finalidades em comum que é necessária para a intervenção governamental.

O conceito de política pública pressupõe que há uma área ou domínio da vida que não é privada ou somente individual, mas que existe em comum com outros. Essa dimensão comum é denominada propriedade pública, não pertence a ninguém em particular e é controlada pelo governo para propósitos públicos. (MATTOS e DIAS, 2012, p. 11).b

Contudo, estas políticas deveriam ser mais bem planejadas, normatizadas,

implantadas e avaliadas, a fim de contribuir mais com a qualidade de vida da sociedade. As

políticas públicas organizam estratégias orientadas à solução de problemas, com respostas

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contingentes às situações de um determinado local, atendendo assim as necessidades da

sociedade.

Retomando as ideias apresentadas por Aristóteles, diante da divisão do estado em

governos, o conceito de política também está relacionada ao a tudo que é civil, público, social.

Neste caso, o estado, pertence à esfera política e assim detém o poder de determinar leis

comandando as normas para viver e conviver em sociedade deriva das normatizações do país,

ou seja, nossa legislação, bem como assegurar os direitos dos cidadãos. Souza preconiza:

Campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações e ou entender por que o como as ações tomaram certo rumo em lugar de outro (variável dependente). Em outras palavras, o processo de formulação de política pública é aquele através do qual os governos traduzem seus propósitos em programas e ações, que produzirão resultados ou as mudanças desejadas no mundo real (SOUZA, 2003, p. 13).

Compreendida com parte fracionária das políticas públicas, as políticas educacionais

são designadas especificamente para o setor educacional, são responsáveis pelo planejamento

educacional e pelo financiamento de programas governamentais. Infelizmente, as decisões são

definidas no sentido macro, fazendo com que não seja atendida a realidade de cada instituição

escolar, que por questões culturais carregam suas próprias especificidades sociais. Por isso a

escola deve ter uma visão/ação crítica diante destas políticas, que são formas diretas de

intervenção na realidade. Movimentos e referenciais educacionais se fazem presentes neste

contexto através da legislação educacional que rege, a nível nacional, o sistema educacional.

Para definir política educacional, segundo Martins, deve-se ter um cuidado, pois:

A política educacional também não pode receber uma definição terminal. Como processo ela se revela em cada época histórica, em cada contexto, em cada momento dado da organização dos seres humanos em uma ou várias formas concomitantes da ação humana, com uma dinâmica, uma força motora própria, que impulsiona e dita sua relação com as demais esferas do mundo social. (MARTINS, 1993, p. 08).

Quando nos referimos à política educacional, estamos tratando de ideias e de ações,

sobretudo, de ações governamentais destinadas a um determinado período e local, cada um

com suas especificidades. Por este motivo, Martins afirma que não podemos trabalhar com

uma definição terminal.

Ter claro os conceitos de Estado e governo, assim com suas devidas funções torna-se

interessante, a fim de compreender a descontinuidade da maioria dos programas implantados

nas escolas via governo.

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Quando utilizamos a palavra “estado” estamos nos referindo a totalidade da sociedade política, ou seja, o conjunto de pessoas e instituições que formam a sociedade juridicamente organizada sobre um determinado território. A palavra “governo”, por sua vez refere-se somente à organização específica de poder ao serviço do estado, ou seja, àqueles que gerenciam os negócios do estado por um determinado período de tempo. ( MATTOS e DIAS, 2012, p. 5).

Conforme podemos visualizar, o governo é o representante eleito temporariamente

que através do estado investe/ cria políticas educacionais para as escolas que atendam as

necessidades vigentes.

No estágio atual de desenvolvimento tecnológico e econômico, emergem os novos

paradigmas educacionais que contemplam a inserção de tecnologias de informação e

comunicação em ambientes educacionais. As escolas precisam trabalhar com as tecnologias e

conduzir os alunos ao bom uso destes recursos e para a produção e proliferação do

conhecimento em rede. Contudo, para atingirmos este objetivo, as TIC – Tecnologias da

informação e comunicação precisam ser incorporadas nas escolas, não só pela infraestrutura,

mas pela formação dos professores, a fim de desenvolver habilidades tecnológicas garantindo

o manuseio e estabelecendo um panorama das tecnologias na educação e sua prática

pedagógica.

A incorporação das TICs na educação, nas práticas pedagógicas dos docentes

contribui para a democratização do acesso à informação, para a produção e disseminação do

conhecimento. Além de atender a necessidade de formação cidadã do sujeito. A utilização das

tecnologias poderá trazer efeitos positivos, se tiver intencionalidade pedagógica, pois aspectos

cognitivos relevantes podem ser encontrados. Contudo, esses resultados positivos não podem

ser atribuídos somente à tecnologia, à mediação docente, são essenciais e indispensáveis neste

processo.

O objetivo da educação está pautado na formação íntegra e autônoma do sujeito.

Independente da intensidade das modificações no contexto social este princípio não irá mudar.

As mudanças são e serão necessárias no que se refere à forma de intervenção da escola, em

especial do professor, na formação, na vida destes alunos a fim de atingir esses princípios.

A educação, em seu sentido ampliado, é uma prática de cunho social voltada para o

processo de aprendizagem e para as relações. A escola é um espaço destinado à formação de

sujeitos, que permite a construção e compartilhamento de saberes estabelecido através da

relação professor e aluno.

A função da escola, segundo Mercado (1999, p. 48) pressupõe:

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A função da escola veicular o conhecimento socialmente organizado e sistematizado, incluindo a diversidade e pluralidade de culturas. A escola como espaço privilegiado para a apropriação e construção de conhecimento, tem como papel fundamental instrumentalizar seus alunos e professores para pensar, de forma criativa, soluções tanto para os antigos como para os novos problemas emergentes desta sociedade em constante renovação.

De forma similar, é preciso compreender sobre as atribuições destinadas ao docente

Silva e Viana (2010, p. 14), ponderam que:

No que se refere ao educador, este tem um papel definido com o objetivo de mediar o processo de ensino-aprendizagem, tendo como foco a formação teórico-prática do educando, mantendo a dinâmica no ambiente virtual que tem como uma de suas vantagens à possibilidade de comunicação dialógica.

Diante desta compreensão da nova realidade da sociedade contemporânea, da função

social da escola e do papel do educador neste contexto, urge a necessidade de repensar a

formação de professores e consequentemente as políticas públicas, uma vez que são evidentes

as novas exigências educacionais.

A diversidade de demandas para a educação exige do estado a criação de novas

políticas que atendam esta nova realidade tecnológica, em função do impacto das

transformações nas formas de comunicação com a chegada das TICs. Com o aumento desta

complexidade, em relação às inovações no campo educacional, programas de governo são

implantados, incorporados no intuito de preparar professores e equipar escolas para trabalhar

com as tecnologias na formação de sujeitos críticos e autônomos.

Temas emergentes devem ser inseridos nas políticas, que por sua natureza são

voltadas ao bem estar social. A realidade, hoje, clama por políticas no sentido da inovação.

Neste contexto, pretendemos a seguir, evidenciar que são políticas no sentido da inovação

tecnológica para as escolas.

3 POLÍTICAS E INOVAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR

O Brasil, ainda de forma muito lenta, está criando políticas educacionais de apoio à

inovação, através de programas governamentais vem engajando as tecnologias no contexto

escolar, visando atingir, dessa forma, um patamar superior de desenvolvimento da educação.

Um novo contexto social se configura, as TICs permitem que informações passem a

circular de forma incontrolável e acabam tornando-se estratégia para o ensino. Vale ressaltar

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que o simples acesso à informação não supera essa nova realidade. A informação deve ser

sistematizada, trabalhada no sentido educativo e na produção de conhecimento.

Inovação, no contexto educacional corresponde à utilização de novos métodos que

provocarão mudanças nas formas de ensinar e aprender, diante desta nova realidade da

sociedade tecnológica. Inovar significa modificar as velhas práticas empregadas há anos e

acompanhar as transformações sociais que veem ocorrendo.

Muitos são os motivos com os quais podemos justificar a incorporação das

tecnologias à prática educativa. Primeiro deles refere-se à necessidade de adequar o sistema

escolar às novas características da sociedade contemporânea, onde a informação é informação

passa a ser ferramenta de ensino. O surgimento de uma nova cultura, a cultura digital, o fato

de preparar os alunos para as novas formas de culturas e de materiais digitais. Talvez o mais

importante, a inovação dos métodos e materiais didáticos, já tradicionalmente enraizados.

Todos os segmentos da sociedade evoluíram com a chegada das tecnologias, somente o

espaço escolar ainda está resistente, em função da resistência dos professores em se

empenharem e modificarem suas práticas.

No intuito de inovar no contexto escolar, urge a necessidade de criar políticas

públicas voltadas ao uso das tecnologias no contexto escolas, esta forma, o MEC – Ministério

da Educação responsável pelas ações voltadas à educação busca através, de programas

governamentais, aproximar esta realidade tecnológica das escolas, sendo um suporte de

pesquisa, busca de materiais para os professores e alunos da rede de ensino.

O Ministério da Educação, juntamente com o atual governo vêm implantando dois

grandes projetos relacionados à inovação tecnológica nas escolas. O primeiro deles é a TV

Escola, um canal voltado à produção de conteúdo educacional e o segundo é o Projeto que

prevê a informatização das escolas públicas brasileiras - PROINFO.

As tecnologias digitais se tornam atrativas por utilizar-se de recursos audiovisuais,

som, imagem e movimento, se diferem dos métodos tradicionais de ensino, onde o quadro é o

único recurso do professor expor e conteúdo. O canal da TV Escola disponibiliza diversos

conteúdos educacionais em forma de vídeos e jogos virtuais que completam currículos dos

alunos. Acessando o site, o canal no Youtube ou assistindo o canal transmitido via satélite

professores, alunos e demais interessados da sociedade terão acesso a uma ferramenta

pedagógica para uso didático, trata-se de um ambiente integrador de conteúdos.

Neste contexto, podemos perceber que este canal de televisão público, criado pelo

ministério da educação, originou-se através de uma política pública da educação com o

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objetivo de subsidiar as escolas com materiais pedagógicos atendendo a esta nova realidade

tecnológica. O MEC compreende este canal como um espaço disponível ao professor para

completar sua formação, na busca constante de formação e metodologias que possam ser

inovadas em sala de aula com os alunos, através do uso destes recursos. Algumas informações

contidas no site do MEC divulgam informações, os objetivos e a distribuição do projeto TV

Escola:

A TV Escola é uma plataforma de comunicação baseada na televisão e distribuída também na internet. Na televisão, ela é distribuída por satélite aberto, analógico e digital, para todo o território Nacional. O sinal da TV escola está também disponível simultaneamente na internet, no portal tvescola.mec.gov.br (BRASIL, 2015).

Segundo o MEC, O Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo)

objetiva promover o uso pedagógico da informática na rede pública de educação básica. É um

programa educacional que leva às escolas computadores, recursos digitais e conteúdos

educacionais. Em contrapartida, estados, Distrito Federal e municípios devem garantir a

estrutura adequada para receber os laboratórios e capacitar os educadores para uso das

máquinas e tecnologias.

Desta forma, outra política educacional disponibilizada aos professores e alunos,

voltada ao viés da inovação diz respeito à Tecnologia Informática, em especial o PROINFO –

Programa Nacional de Informática na Educação - programa governamental de incentivo ao

uso pedagógico da informática, como ação desta política pública, as escolas públicas

brasileiras estão sendo equipadas com laboratórios de informática.

Este sistema tem chegado às escolas públicas brasileiras por intermédio do MEC,

mais especificamente através da Secretaria de Educação à Distância, que é responsável pelo

Programa Nacional de Tecnologia Educacional – PROINFO.

O PROINFO configura-se como a maior ação do Governo Federal em termos de

estímulo ao uso pedagógico da informática na rede pública de educação básica. O programa

tem como objetivo principal introduzir novas formas de tecnologia nas escolas de Ensino

Fundamental e Ensino Médio de todo o Brasil, levando às escolas computadores, recursos

digitais e conteúdos educacionais especificamente relacionados ao sistema operacional Linux

Educacional. Algumas informações contidas no site do MEC divulgam fatos relacionados à

criação do PROINFO:

O Programa Nacional de Tecnologia Educacional (PROINFO) é um programa educacional criado pela Portaria nº 522/MEC, de 9 de abril de 1997, para promover

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o uso pedagógico de Tecnologias de Informática e Comunicações (TICs) na rede pública de ensino fundamental e médio. O PROINFO é desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distância (SEED), por meio do Departamento de Infra-Estrutura Tecnológica (DITEC), em parceria com as Secretarias de Educação Estaduais e Municipais. O programa funciona de forma descentralizada, sendo que em cada Unidade da Federação existe uma Coordenação Estadual do ProInfo, cuja atribuição principal é a de introduzir o uso das tecnologias de informação e comunicação nas escolas da rede pública, além de articular as atividades desenvolvidas sob sua jurisdição, em especial as ações dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs) (BRASIL, 2015).

Desde o ano de 1997, estão sendo implantados laboratórios de informática

concedidos às escolas pelo PROINFO, com programas preparados como o Linux

Educacional, com softwares educacionais de código aberto, mas que não são tão conhecidos e

utilizados habitualmente por professores e alunos.

Diante das informações encontradas em relação a políticas educacionais existentes

destinadas ao incentivo da inovação tecnológica, podemos concluir que políticas existem,

materiais são disponibilizados, basta os professores repensarem suas práticas e suas posturas

pedagógicas, desafiando-se a inovar em suas práticas, atrelando as tecnologias ao processo

educacional como ferramentas pedagógicas. Sabemos, ainda, que mais incentivos do governo

devem ser ofertados, e que a lacuna ainda existente está na formação, tanto inicial, quanto

continuada dos professores.

4 DESDOBRAMENTOS FINAIS

A política, diretamente ligada ao poder, medeia todas as relações, sejam pessoais ou de

ordem pública social. O texto evidenciou primeiramente, a função normativa das políticas e a

forma como ela se constitui e é constituída nos espaços, com um olhar especial na educação.

O mundo das tecnologias está diante de nós em todas as esferas sociais, assim,

interessa analisar as políticas públicas existentes que se constituem de ferramentas

indispensáveis para o desenvolvimento da sociedade.

Diante das transformações nas formas de ensinar e aprender, podemos perceber que as

políticas públicas estão direcionando-se para atender as necessidades na sociedade

contemporânea. Assim a educação, processo primordial no qual o ser humano aperfeiçoa suas

capacidades, caracteriza-se como processo mediador capaz de correlacionar a cognição com

os aspectos sociais em evidencia, no caso as tecnologias.

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Um fator extremamente importante a destacar, é as vantagens das tecnologias na

educação. Muitos recursos tecnológicos tornam-se ferramentas pedagógicas quando utilizadas

pelo viés educativo com atividades intencionadas.

Como já vimos as políticas voltadas para a inovação nas escolas são cada vez mais

necessárias, considerando o acelerado avanço das tecnologias em todos os sentidos. Sendo

assim, articular políticas públicas às necessidades atuais e reais da educação, respeitando a

esfericidade de cada região, é primordial para que possamos ter educação de qualidade.

Conforme podemos perceber, os resultados encontrados indicam que as ações

governamentais, no caso o programa PROINFO e TV Escola, estão sendo disponibilizados

pelo governo e contribuem de forma positiva para o desenvolvimento científico e tecnológico

das escolas, além de impulsionar a inovação no contexto e nas práticas escolares. Ambos os

programas dispõem de recursos pedagógicos online que enriquecerão o planejamento do

professor. Entretanto, ainda é necessário mais investimento na formação de professores e mais

interesse dos mesmos em usufruir dos recursos disponíveis.

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TV ESCOLA. Disponível em: http://tvescola.mec.gov.br/tve/sobre>. Acesso em: 01 mai.2015.

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UM OLHAR SOBRE O TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO E DE

EMANCIPAÇÃO: APROXIMAÇÕES ENTRE O ENSINO POLITÉCNICO E A

PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA

Quézia da Cruz de Souza, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

RESUMO: O presente artigo visa apresentar o trabalho como princípio educativo e de emancipação. Para isso os estudos vêm a contemplar duas modalidades de Ensino: O Ensino Médio Politécnico, que pelos indicadores do Governo do Estado do Rio Grande do Sul passou a ser implantado no período de 2011 a 2014 nas Escolas de Ensino Médio e, também a modalidade da Pedagogia da Alternância, desenvolvida nos Centros Familiares de Formação por Alternância. Por intermédio de uma pesquisa de caráter qualitativo foi possível obter a constatação das similaridades em ambas as modalidades de ensino, no que tange o trabalho como princípio educativo e de emancipação dos sujeitos, primando a uma formação ética e crítica para uma cidadania participativa.

PALAVRAS-CHAVEs: Ensino Politécnico, Pedagogia da Alternância, Trabalho, Educação,

Emancipação.

INTRODUÇÃO

Em meio às discussões sobre a educação e os rumos que a mesma vem tomando no

contexto da atualidade, marcado por um processo de grandes mudanças, em relação ao Ensino

Médio. Considerando também às conquistas dos Centros Familiares de Formação por

Alternância (CEFFAS) em relação a seu projeto educativo emerge a temática em questão.

Dessa forma busca-se conhecer os princípios e linhas norteadoras presentes na

Pedagogia da Alternância e no Ensino Politécnico, que expressem similaridades a fim de

analisar como essas modalidades de ensino contemplam as discussões sobre o trabalho como

princípio educativo e de emancipação dos sujeitos.

Ambos os processos educativos têm em vista o trabalho como princípio educativo e

buscam relacionar as atividades profissionais com os conhecimentos escolares, fazendo com

que os sujeitos sejam autores de suas próprias histórias. O ensino, nessa perspectiva deve estar

enraizado no mundo do trabalho e das relações sociais, de modo a promover a formação

científico-tecnológica e sócio-histórica a partir dos significados derivados da cultura, tendo

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em vista a compreensão e a transformação da realidade e da emancipação humana.

1 O TRABALHO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO E DE EMANCIPAÇÃO

De acordo com Santos (apud, FRIGOTTO; CIAVATTA, 2006, p. 167) “Por não estar

fora do mundo, o Brasil não pode propor-se a qualquer tipo de política educacional e modelo

de desenvolvimento econômico sem analisar as tendências globais e gerais do

desenvolvimento contemporâneo.” Do mesmo modo, o país em não pode permanecer em uma

proposta educacional alienada à realidade. Portanto, as relações entre as mudanças ocorridas

no mundo do trabalho e as novas demandas de educação, profissional e tecnológica,

evidenciam o advento de um novo princípio educativo.

Correspondendo, desse modo, ao contexto global atual de evolução da ciência e

tecnologia, há uma urgente necessidade de desenvolver consciências críticas capazes de

compreender a nova realidade e organizar-se para exercerem sua cidadania de maneira

emancipatória.

No que concerne ao regimento de referência para a Politecnia (RS/SE, 2011), no que

diz respeito ao item trabalho como princípio educativo pontua:

A capacidade de fazer passa a ser substituída pela intelectualização das competências, que demanda raciocínio lógico formal, domínio das formas de comunicação, flexibilidade para mudar e capacidade para aprender permanentemente. A função precípua da Escola é ensinar a compreender e a transformar a realidade a partir do domínio da teoria do e do método científico.

O trabalho intelectualizado e a participação na vida social, portanto, demandam uma

formação escolar sólida, ampliada e de qualidade social, para os quais a escola é o único

espaço possível de relação intencional com o conhecimento sistematizado.

Assim, quando se fala no trabalho como um princípio educativo, é preciso parar e

perguntar em que medida, em que situações o trabalho é educativo. O que quer dizer que não

podemos pensá-lo abstratamente, fora das condições de sua produção. Então em princípio se

questiona: de que maneira o trabalho e a educação podem encontrar-se interligados? Brandão

(s/d, p.9) traz algumas colocações a respeito:

A criar um tipo absolutamente novo de trocas onde entre um ser e outro não há apenas eles e a natureza, mas também objetos – o produto do trabalho do homem sobre a natureza – sinais, símbolos, instituições e significados – o produto do homem sobre si mesmo – a cultura. Então as pessoas aprendem. Como ensinar e

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aprender torna-se inevitável para que os grupos humanos sobrevivam agora e através do tempo, é necessário que se criem situações onde o trabalho e a convivência sejam momentos de circulação do saber.

A interligação entre o trabalho como princípio educativo se dá, então, pela própria

forma de ser dos seres humanos. Sendo parte da natureza e dependentes dela para reproduzir a

sua vida, é pela ação vital do trabalho que os seres humanos transformam essa natureza em

meios de vida. Se o trabalho é essencial como produtor de valores de uso para manter e

reproduzir a vida, observa-se que este é, então, educativo.

Sabendo que a própria forma de trabalho capitalista não é natural, mas produzida pelos

seres humanos e que a luta histórica é para superá-la (FRIGOTTO, 2012), o desafio encontra-

se em compreender o trabalho como princípio educativo, o que não se confunde com o

“aprender fazendo” nem é sinônimo de formar para o exercício do trabalho. Considerar o

trabalho como princípio educativo equivale dizer que o ser humano é produtor de sua

realidade e, por isto, se apropria dela e pode transformá-la.

Como Teodoro e Santos (2011, p. 158) nos afirmam:

O trabalho visto como intercâmbio entre a natureza e o ser humano: 1. produz os bens de que o homem necessita para viver; 2. aperfeiçoa a si mesmo (o ser humano); 3. gera conhecimentos; 4. padrões culturais; 5. cria relações com os demais homens; e 6. constitui a vida social.

Diante dessa afirmativa, entende-se que o trabalho não se reduz, meramente, a um

exercício profissional para obtenção de capital, mas sim perpassa por outras dimensões da

vida e do ser, seja ao responder a necessidades da vida cultural, social ou afetiva. Estes fatores

configuram-se em tempos de espaços produtores da existência humana e educativa.

A partir destas constatações, compreende-se a elementar centralidade do trabalho

como práxis que possibilita criar e recriar, não apenas no plano econômico, mas no âmbito

das múltiplas e históricas necessidades humanas. Desse modo, percebe-se que tanto o trabalho

quanto a vida social se modificam, passando a ser regidos pela dinamicidade e pela

instabilidade da evolução e transformação da ciência e da tecnologia, além dos instrumentos

metodológicos no processo de aprendizagem.

Com a acelerada necessidade de mão de obra no contexto capitalista, o que perdurou

por muito tempo foi à lógica de mercado da obtenção de mão de obra com destrezas,

habilidades e atitudes facilitadoras à produção. Porém para que se corresponda aos desafios

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do contexto da sociedade atual do conhecimento, é preciso muito mais do que isso. A tônica

da questão se insere na lógica da emancipação humana na medida em que os trabalhadores

sejam verdadeiramente livres, conscientes, críticos, criativos e tenham autonomia, buscando

com que a direção dessa história de desigualdades sociais possa ser transformada.

Através do dilema entre o trabalho cooperativo como prática educativa e sua busca

pela produção de sujeitos socialmente emancipados, percebe-se que o processo de

emancipação dos trabalhadores, necessita não só da construção coletiva da dimensão política

dos projetos de economia solidária, e da educação popular, mas também de uma educação que

possa propor dimensões significativas a sua realidade, a partir de análises que o possibilitem

reconhecer-se como parte desta, ou seja, como um sujeito capaz de refletir e intervir para

transformá-la. (FREIRE, 1987).

Nesta ótica, é importante trazer para a baila das discussões o conceito de emancipação

humana para Paulo Freire, que desponta como uma possibilidade a ser construída no embate

travado em favor da libertação dos sujeitos dominados pelos processos sociais que os

oprimem e os desumanizam. Para Freire (1987), o processo emancipatório deriva de um

projeto político de seus sujeitos sociais que chamam para si a responsabilidade e o

compromisso de levar a cabo por meio de providências concretas, processos de transformação

social.

Neste contexto de dilemas a educação tem se colocado como alternativa para a

consolidação desta via de (co) participação crítica que desperta e encoraja a intervenção no

mundo, construindo os elementos necessários para a efetivação do projeto de libertação e

emancipação humana.

A Educação e o Trabalho como princípio educativo e de emancipação, trata-se,

portanto, de uma perspectiva que tem como foco o ser humano, entendido como produtor de

sua realidade, autor de sua história e, por isso, capaz de se apropriar dela e transformá-la. O

sentido ontológico do trabalho como princípio educativo e a emancipação dos sujeitos é

determinado em lei como podemos ver na Constituição Federal (BRASIL, 1988, Art.205) no

que se refere à educação, quando a mesma afirma que “A educação, direito de todos dever do

Estado e da Família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando

ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho. E é também n LDBEN n° 9.394/1996:

Seção IV Do Ensino Médio

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Art. 35º. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades: I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.

Perante esta conceituação e abertura a compreensão do trabalho como princípio

educativo e emancipação, é possível constatar que se faz necessária uma educação que

dialogue com o sujeito sobre sua realidade, por intermédio da interdisciplinaridade e da

relação teoria e prática. Desse modo, para que o trabalho seja concretamente entendido e

desenvolvido como princípio educativo e para que haja a emancipação dos sujeitos enquanto

cidadãos criticamente ativos na sociedade é preciso pensar e colocar em prática uma estrutura

educacional que corresponda a isso.

2 A POLITECNIA NO CONTEXTO DO TRABALHO COMO PRINCÍPIO

EDUCATIVO E DE EMANCIPAÇÃO

A Politecnia em sua essência baseia-se no trabalho. A centralidade das discussões na

politecnia é o trabalho como princípio educativo. A educação organizada se dá a partir do

conceito e do fato, portanto, do produto do trabalho humano.

Azevedo e Reis (2014, p. 98) destacam que:

O trabalho é elemento essencial na atividade humana na construção da sua humanidade, condição ontológica dos indivíduos, e é nele que estes se reconhecem em sua condição social, inseridos nos processos históricos. É na construção dos processos inerentes à transformação da natureza, expressos nas relações sociais, que os indivíduos constroem o conhecimento científico que pressupõe a possibilidade dessas transformações. É, ainda, por intermédio do trabalho que, ao construírem processos de transformação da natureza, expressos na construção das relações societárias, os indivíduos se constituem na sua humanidade, inserem-se no contexto social e desenvolvem suas potencialidades.

Por questão de sobrevivência, há a necessidade humana da produção de meios de vida,

que ao longo da história foram sendo modificados pelo próprio ser humano, por meio do

produto do trabalho do homem sobre a natureza, na relação com o outro e consigo mesmo.

(BRANDÃO, s/d). Esta produção de meios de vida, que se consolida em bens materiais e

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imateriais, se dá com base no trabalho humano que é, portanto, a condição da existência

humana que para Marx (1999, p. 27) significa “o primeiro pressuposto de toda história

humana”, independente de qual seja a sociedade.

De acordo com Frigotto e Ciavatta (2006, p. 166) a […] educação e, particularmente, o

ensino de segundo grau só podem ser entendidos a partir de uma visão aprofundada da

realidade social, política e econômica. Neste aspecto, a partir da década de 60, no Brasil, com

o surgimento da "teoria do capital humano", a educação passa a ser entendida como algo não

meramente ornamental e sim, decisivo para o desenvolvimento econômico, na formação,

daqueles aos quais os mesmos autores, nomeiam como cidadãos trabalhadores.

Para que seja possível entender a proposta de aplicação da Politecnia, primeiro é

necessário compreender os pressupostos que originam e dão forma à mesma. A Politecnia,

portanto, está associada a uma perspectiva de Educação Integrada, e está fundamentada no

domínio dos fundamentos científicos das diferentes técnicas que caracterizam o processo de

trabalho (FRIGOTTO, CIAVATTA E RAMOS, 2005). Além disso, o debate sobre politecnia

está voltado à construção de práticas educativas visando à superação da dicotomia entre

trabalho manual e trabalho intelectual, cultura geral e cultura técnica.

Em face de tais apontamentos, vem se desenhando a estrutura da proposta politécnica

que as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM) propõem como a

interlocução entre os eixos da Ciência, Tecnologia, Cultura e Trabalho. Desse modo Azevedo

e Reis (2014, p. 31) afirmam que:

Isso pressupõe a apropriação dos fundamentos da ciência, da tecnologia, do trabalho e da cultura como etapa imprescindível para o aprofundamento de sua consciência cidadão, possibilitando que atuem criticamente como sujeitos sociais nos contextos em que habilitam técnica e cientificamente munidos para o exercício da cidadania.

A sociedade atual envolta no capitalismo, ameaça a organização social e econômica e

a própria existência humana. Em contrapartida a isso, vê-se como necessário um modelo

escolar que forme coletividades, por meio de uma sistemática pedagógica que vise a

emancipação, a formação cidadã e a conscientização social. (AZEVEDO, REIS, 2014). Essa

unificação das áreas do conhecimento proposta na politecnia expressa uma concepção de

formação humana, com base na a formação integral dos sujeitos, fundamental à vida e à

prática social.

A Politecnia constitui-se no domínio científico e técnico, ou seja, tecnológico dos

processos produtivos. Para o aluno trabalhador significaria a superação da ”fragmentação do

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conhecimento humano” e do rompimento da “dicotomia estabelecida entre trabalho

intelectual e trabalho manual”, que tem sido segundo Nascimento e Amaro (2014) um dos

grandes impulsos para a evasão e defasagem, o que vem impedindo a universalização do

Ensino Médio. Portanto para a superação destes desafios busca-se assim uma nova concepção

educacional, “emancipatória e desalienadora”. (AZEVEDO, REIS, 2014, p. 35).

Com isso, projeta-se uma nova proposta para a educação do século XXI, no qual

mudanças estruturais coloquem o Ensino Médio para além de uma mera continuidade do

Ensino Fundamental, instituindo-o efetivamente o que propõe a LDBN de 1996 ao afirmar

que: “A Educação Básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a

formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para

progredir no trabalho e em estudos posteriores.” (Brasil, 1996, Art. 22).

A Politecnia é segundo Saviani (2003, p.132) uma experiência que pode trazer

importantes subsídios para se repensar a direção do sistema de ensino no país. Para tanto,

considera-se importante (re) formular propostas e implantar medidas que apontem para uma

nova direção, porque é à luz destas propostas e da experiência que se podem incorporar, à

legislação geral do ensino no país, medidas mais consistentes e avançadas.

No entanto, é necessário destacar que segundo indicadores do estado, a execução dessa

proposta demanda uma formação fundamentada na articulação entre o conhecimento

científico dos alunos e a realidade dos indivíduos, partindo do conteúdo social, revisitando os

conteúdos formais para interferir nas relações sociais e de produção, na tentativa de conferir

uma identidade consistente ao Ensino Médio. Por conseguinte, buscar com que este se

empenhe na construção de projetos de vida pessoais e coletivos que contemplem a

possibilidade de compreensão da realidade e de intervenção dos indivíduos nessa realidade,

garantindo assim a inserção social e produtiva com cidadania.

Nesta perspectiva, nota-se que há uma mudança possível e necessária na estrutura

educacional do país. No entanto, é necessária mais do que uma reestruturação curricular, mas

também a formação de professores capacitados para os desafios da educação no século XX,

bem como investimentos de recursos humanos e financeiros, visando o desenvolvimento de

consciências críticas capazes de compreender a nova realidade e organizar-se para exercerem

sua cidadania de maneira emancipatória.

3 A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA E AS POSSÍVEIS APROXIMAÇÕES DESTA

COM O TRABALHO ENQUANTO PRINCÍPIO EDUCATIVO E DE EMANCIPAÇÃO

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De acordo com a UNEFAB (2015) a Alternância é uma pedagogia da experiência ou

da complexidade, que vai do concreto ao abstrato, que prioriza a experiência do aluno, que

valoriza os conhecimentos existentes no meio, a formação desenvolvida a partir da realidade

específica de cada jovem e a troca de experiências com os colegas, famílias, escola

comunidade e propriedade.

É tida como pedagogia da “complexidade”, pois a “alternância real” ou “integrativa” é

uma proposta ainda em construção. Essa pedagogia tem como objetivo a formação integral do

jovem rural no aspecto intelectual e profissional, enfatizando a iniciativa própria, a

criatividade individual, o trabalho em equipe, o senso de responsabilidade, de cooperação e de

solidariedade. Porém o que a limita é na prática, muitas vezes, tornar-se uma relação

dicotômica e não interativa, sem o equilíbrio, de não privilegiar um ou outro tempo e espaço

na relação teoria e prática. (GIMONET, apud, BEGNAMI, 2010).

A alternância vem a ser tomada como “da experiência”, pois é caracterizada como uma

pedagogia de relação:

“Seja entre as instituições: família, empresa, comunidade, escola. Seja entre os atores: pais, alternantes, formadores, mestres de estágio. Seja, ainda, entre a natureza dos saberes e aprendizagens trabalhados: empíricos, familiares, práticos, experienciais, teóricos, abstratos, conceituais. Seja entre os processos: ação-reflexão, pesquisa-ação-formação, ou ainda, problematização, conceitualização.” (GIMONET, apud, BEGNAMI, 2010, p.55).

Ciente de que nos Centros Familiares de Formação por Alternância (CEFFAs) o que se

busca, de acordo com a proposta, é uma formação integral do ser humano,

conscientizadora/emancipadora dos alunos e suas famílias, na perspectiva de compreender os

processos educativos como balizadores da emancipação dos sujeitos o outro foco da presente

pesquisa será a Pedagogia da alternância desenvolvida nestes centros.

O movimento CEFFAs nasceu em 1935, a partir da iniciativa e agricultores da França.

Eles desejavam uma escola que respondesse às necessidades reais e aos problemas

vivenciados no campo. Entre outros objetivos, os centros surgem como uma possibilidade de

educação apropriada às necessidades sociais históricas para conter o êxodo, desenvolver o

campo, superando as condições de pobreza, abandono, entre outras mazelas existentes no

campo.

Pensar uma proposta educacional em oposição à educação convencional foi uma

necessidade frente à realidade rural brasileira. Os fatores que contribuíram para o surgimento

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dos CEFFAs no Brasil tiveram relação direta coma a economia agrícola baseada na produção

de subsistência, a falta de conhecimento de técnicas alternativas para a preservação ambiental,

o rápido processo de desmatamento, o uso de fogo de modo indevido, preparo inadequado do

solo, uso intensivo de agrotóxicos, baixo uso de práticas convencionais nas áreas de cultivo, a

monocultura, êxodo rural, evasão escolar pela falta de respostas das escolas básicas do campo.

A metodologia utilizada no sistema CEFFA é a Pedagogia da Alternância, para a qual o

jovem é o centro e sujeito do processo educativo, situado no seu meio. A proposta visa um

desenvolvimento da pessoa e do meio. Para a alternância a vida também ensina por isto o

espaço socioprofissional também é formativo didático e integra o período letivo da escola.

Para que haja uma integração formativa nos diferentes espaços escola-família é necessária

uma didática específica, com instrumentos metodológicos que ajudam a articular o tempo

escola e o tempo socioprofissional.

Ao longo de sua história os CEFFAs vêm criando instrumentos tais como: o Plano de

Estudos com temas geradores escolhidos a partir de um diagnóstico da realidade local, o

Caderno de Pesquisa, Caderno de Acompanhamento, Estágios, Avaliação do Processo

Formativo, Visitas de estudos, Caderno Didático, Visita de Acompanhamento Familiar, entre

Outros. (UNEFAB, 2015).

Essa pedagogia possibilita ao aluno períodos de formação integral alternando tempo-

escola, em regime de internato, com tempo-comunidade, em que fica junto a sua família,

participando normalmente das atividades de produção, subsistência familiar e realizando

trabalhos escolares selecionados por eles e os professores.

Durante as duas semanas do tempo-comunidade, o jovem discute sua realidade com a

família, com os profissionais e provoca reflexões, planejam soluções e realizam experiências

na sua realidade, disseminando, assim novas técnicas nas comunidades. Já no tempo-escola na

Casa Familiar Rural (CFR), os jovens colocam em comum com a ajuda dos monitores os

problemas e situações levantadas na realidade, buscam novos conhecimentos para

compreender e explicar os fenômenos científicos.

As CFRs buscam proporcionar aos jovens do meio rural uma possibilidade de

educação a partir da sua realidade, de sua vida familiar e comunitária e das suas atividades.

Isto é feito, procurando desencadear junto aos jovens, um processo de reflexão e ação que

possa transformar essa mesma realidade. O partir da realidade não significa apenas método

entre quatro paredes das escolas, mas uma opção política, um compromisso de transformação

do meio e da sociedade como um todo.

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4 AS SIMILARIDADES ENTRE AS DUAS PROPOSTAS EDUCACIONAIS

Ambas as propostas compreendem o trabalho como princípio educativo e de

emancipação dos sujeitos enquanto cidadãos criticamente ativos na sociedade, podendo

transformar a realidade em que se encontram inseridos.

Nesse sentido a politecnia conecta-se ao tema na medida em que traz na centralidade

das discussões o trabalho como princípio educativo. Tanto quando aborda este como questão

de sobrevivência e necessidade humana da produção de meios de vida, quanto quando o vê

inserido na lógica da emancipação pela formação de sujeitos conscientes, críticos, criativos e

autônomos; trabalhadores livre que buscam a transformação da direção da história de

desigualdades sociais.

Formação esta, a ser desenvolvida, de acordo com Azevedo e Reis (2014), no Ensino

Médio Politécnico, através da pesquisa, da pergunta e da investigação. Tais atividades

realizam-se por meio da reorganização dos componentes curriculares em áreas do

conhecimento visando à interdisciplinaridade e articulação entre os diferentes campos de

saberes específicos, através dos seminários integrados; a ampliação da carga horária; o

equilíbrio entre horas-aulas e horas-atividades e a pesquisa como princípio pedagógico.

Já a Pedagogia da Alternância que tem como objetivo a formação integral do jovem

rural no aspecto intelectual e profissional, enfatiza a iniciativa própria, a criatividade

individual, o trabalho em equipe, o senso de responsabilidade, de cooperação e de

solidariedade. Busca assim proporcionar aos jovens do meio rural uma possibilidade de

educação a partir da sua realidade, em um processo de reflexão e ação para poder assim

transformar essa mesma realidade, bem como o engajamento social e o compromisso com o

desenvolvimento local sustentável.

Nas CEFFAS, esta formação emancipatória por meio do trabalho como princípio

educativo, se dá através da proposta da elaboração de um “Projeto Educativo Profissional”

que é segundo Gimonet (s/d) o sentido, o significado e a direção para a formação do

alternante. Há além deste projeto uma relação entre teoria e prática estabelecida pela

experiência que Gimonet (s/d) descreve em cinco fases de ações científicas registradas e

organizadas no “Plano de Estudo” e depois partilhadas na “Colocação em comum” (outra

etapa do processo de formação). As cinco fases de ações científicas são:

- Ver, coletar dados, ler a realidade;

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- Expressar, formalizar os dados;

- Questionar, problematizar;

- Buscar respostas;

- Submeter à prova da realidade, experimentar.

Desse modo as duas propostas se aproximam quando trabalham o tema em questão

através de atividades de pesquisa e projeto profissional, que estabelecem ações científicas de

investigação, coletas de dados e suporte teórico; de contextualização da teoria com a realidade

do educando, através da harmonia entre horas-aulas e horas práticas; da participação no

processo de transformação social na medida em que o aluno pode alternar momentos no

ambiente escolar e momentos no ambiente familiar/comunitário ou quando os dados de sua

pesquisa são tirados de sua própria realidade; partilha e integração de conhecimentos por meio

de seminários integrados ou pela colocação em comum. Todos esses itens corroboram com

outro ponto em comum entre as duas propostas educacionais, que é a Educação Integral,

visando assim a preparação do sujeito educando ou alternante, para o processo produtivo e

para a vida em uma sociedade técnico-informal. Primando a uma formação ética e crítica para

uma cidadania participativa.

CONCLUSÃO

Tendo em vista os aspectos observados referentes aos princípios norteadores tanto do

Ensino Politécnico quanto da Pedagogia da Alternância, pode-se perceber a profundidade da

similaridade existente entre ambas. Tanto uma quanto a outra, propõe-se a formar sujeitos

conscientes, críticos, criativos e autônomos; trabalhadores livres que busquem a

transformação do meio em que se encontram inseridos. Tais propostas se dariam através de

uma educação ligada à realidade, em um processo de reflexão e ação para poder assim

transformar a mesma.

São pontos em comum entre ambas, o trabalho como princípio educativo e a relação

das atividades profissionais com os conhecimentos escolares. Pode-se também destacar nessa

relação de compatibilidade a interdisciplinaridade, a formação integral do indivíduo, a troca

de saberes, e a promoção da formação científico-tecnológica e sócio-histórica. Conclui-se,

portanto que, tendo em vista a compreensão e a transformação da realidade, as duas propostas

educacionais contribuem para a emancipação humana.

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REFERÊNCIAS AZEVEDO, José Clovis; REIS, Jonas Tarcísio. O ensino médio e os desafios da experiência: movimentos da prática. 1. ed. – São Paulo: Fundação Santillana: Moderna, 2014. BEGNAMI, Marinalva Jardim Franca. Inserção sócio profissional de jovens do campo: desafios e possibilidades de egressos da Escola Família Agrícola Bom tempo. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-8DAJ7X/disserta__o_de_mestrado_de_marinalva_jardim_franca_begnami.pdf?sequence=1. Acessado em 24 de abril de 2015. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação Popular. Disponível em: http://sitiodarosa dosventos.com.br/livro/images/stories/anexos/oque_ed_popular.pdf. Acessado em 27 de abril de 2015. BRASIL. Contituição Federativa do Brasil 1988. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acessado em 27 de abril de 2015. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acessado em 27 de abril de 2015. FREIRE; Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. FRIGOTTO, Gaudêncio. CIVATTA, Maria. A formação do cidadão produtivo: a cultura de mercado no ensino médio técnico. – Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa educacionais Anísio Teixeira, 2006. FRIGOTTO, Gaudêncio. CIVATTA, Maria. RAMOS, Marise. Ensino Médio Integrado: Concepções e contradições. 3. ed.- São Paulo: Cortez, 2012. FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria; RAMOS, Marise. Ensino médio integrado: concepções e contradições. São Paulo: Cortez, 2005. MARX, Karl. Contribuição para a crítica da economia política. Lisboa: Estampa. 1999. RIO GRANDE DO SUL/ SE – Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Sul. Proposta pedagógica para o ensino médio politécnico e educação profissional integrada ao ensino médio - 2011-2014. Novembro de 2011. SANTOS, Rosineide Lourinho; TEODORO, Elinilze Guede. Trabalho como princípio educativo na educação profissional. Disponível em: http://www.cch.ufv.br/revista/ pdfs/artigo4evol11-1.pdf. Acessado em 27 de abril de 2015. SAVIANI. Dermeval. O choque teórico da politecnia. Fundação Oswaldo Cruz- FIOCRUZ. Revista Trabalho, Educação e Saúde, 2003, v.1(1), p. 131-152. UNEFAB. União Nacional das Famílias Agrícolas do Brasil. Disponível em: http://www.unefab.org.br/. Acessado em: 23 de abril de 2015.

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A RESPEITO DA SOCIEDADE DO ESPETÁCULO E A TAREFA DA EDUCAÇÃO

Ricardo Cocco. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - Câmpus

de Frederico Westphalen - BRASIL; [email protected]

RESUMO: Guy Debord, na obra A Sociedade do Espetáculo, afirma que toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos. O Espetáculo é a característica principal das sociedades onde os indivíduos contemplam e consomem passivamente as imagens de tudo o que lhes falta em sua existência real. O operário, o estudante, a dona de casa, enfim, todos de uma forma geral, passam a ser adulados por imperativos culturais e pirotécnicos e se convertem em meros consumidores. A educação não pode se furtar, então, à tarefa de propor a reflexão crítica como forma de revelar e combater as artimanhas desse tipo de sociedade a fim de que a vida não caia numa artificialidade irrecuperável devido à nossa apatia em relação a esta opressão. PALAVRAS-CHAVE: Sociedade do Espetáculo, Guy Debord, Educação.

GUY DEBORD E O CONCEITO DE SOCIEDADE DO ESPETÁCULO

Guy Debord, na abertura de sua obra La Societè du Spectacle (A Sociedade do

Espetáculo) começa parafraseando Feuerbach: “E sem dúvida o nosso tempo... prefere a

imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser [...]”

(DEBORD, 1997, p. 13). O autor francês, na obra, discute a noção de Sociedade do

Espetáculo, que caracteriza, segundo ele, uma sociedade, em que não mais se vive

diretamente a vida natural, mas sim, uma representação da vida original e verdadeira. Para

Debord (1931 – 1994), “toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições

de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo que era

diretamente vivido se esvai na fumaça da representação” (DEBORD, 1997, p. 1). Primeira,

das 221 afirmações que compõem o livro, essa tese indica que o Espetáculo é a característica

principal das sociedades nas quais a vida real é pobre e fragmentada, e os indivíduos são

obrigados a contemplar e a consumir passivamente as imagens de tudo o que lhes falta em sua

existência real. E é sobre essa tese que Debord, um pensador situacionista francês, cineasta e

ativista, pós-marxista, se debruçará a discutir a fim de compreender este elemento como

determinante da nova ordem social existente no mundo.

PROBLEMATIZAÇÃO E DISCUSSÕES: ESPETACULARIZAÇÃO, ALIENAÇÃO E

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MIDIATIZAÇÃO

Nesta obra, escrita em 1967, Debord, ampliando as ideias da Escola de Frankfurt1,

apresenta uma crítica ao modo operante da sociedade capitalista em que “o espetáculo que

inverte o real é produzido de forma que a realidade vivida acaba materialmente invadida pela

contemplação do espetáculo, refazendo em si mesma a ordem espetacular pela adesão

positiva” (DEBORD, 1997, p. 8). Essa Sociedade do Espetáculo caracteriza-se como uma

endemia social, na qual os indivíduos criam uma situação de alienação em relação à sua

própria vida real, acreditando ser verdade tudo aquilo que as imagens apresentam. Para

Mattos (2008) nesse modelo de sociedade: “[...] os homens os produzem e adoram, atribuindo

poderes sobrenaturais a objetos materiais”. Os produtos a que se refere estão diretamente

ligados às necessidades que o sistema cria nas pessoas por meio da orientação de seus desejos,

e que tornam atraentes os produtos oferecidos pelo mercado. Essa é a forma de representação

da realidade mais comum na atualidade e, por isso, a mais poderosa.

Percebe-se então que, no Espetáculo, o uso de representações, se faz presente em todo

o viver. Para Debord, esta situação caracteriza que: “O espetáculo não é um conjunto de

imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens” (DEBORD, p. 14). Ele

usa o termo “Sociedade do Espetáculo”, a fim de compreender a forma de organização da

estrutura social e as manifestações que possui na sociedade atual, tanto na política, como na

economia, na cultura e na educação. Dessa forma, há uma intensa fuga da realidade, pois a

sociedade espetacular caracteriza-se não pela simples contemplação de representações da

realidade, mas também pela própria reprodução do espetáculo na sociedade. O espetáculo é o

meio pelo qual o sistema capitalista, a economia de mercado vigente, garante a sua

manutenção: “O espetáculo submete para si os homens vivos. […] Ele não é nada mais do que

a economia desenvolvendo-se para si própria.” (DEBORD, 1997, p. 16). É a produção e o

consumo alienado dando uma falsa experiência da realidade.

Os meios de comunicação de massa, nesse sentido são tomados como instrumentos

para propagação e reprodução deste espetáculo sem limites. Neste sentido, afirma Debord: “O

espetáculo, considerado sob o aspecto restrito dos “meios de comunicação de massa” — sua

manifestação superficial mais esmagadora — que aparentemente invade a sociedade como

1 A Escola de Frankfurt consistia em um grupo de intelectuais que, a partir da década de 20, produzia um pensamento conhecido como Teoria Crítica. Dedicaram-se ao estudo dos problemas tradicionais do movimento operário, unindo trabalho empírico e análise teórica. Os autores ligados à Escola de Frankfurt não se pretendiam ser comentadores ou intérpretes do pensamento de Marx, mas tinham como proposta buscar inspiração no marxismo para uma análise da sociedade contemporânea.

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simples instrumentação, está longe da neutralidade, é a instrumentação mais conveniente ao

seu automovimento total (DEBORD, 1997, p. 24)”.

Tudo o que se vive, diz Debord, nada mais é do que representação de uma vida real,

mas de forma ilusória. O Espetáculo:

[…] consiste na multiplicação de ícones e imagens, principalmente através dos meios de comunicação de massa, mas também de rituais políticos, religiosos e hábitos de consumo, de tudo àquilo que falta à vida real do homem comum. Celebridades, atores, políticos, personalidades, gurus, mensagens publicitárias – tudo transmite uma sensação permanente de aventura, felicidade, grandiosidade e ousadia. O Espetáculo é a aparência que confere integridade e sentido à uma sociedade esfacelada e dividida. É a forma mais elaborada de uma sociedade que desenvolveu ao extremo o ‘fetiche da mercadoria’ (felicidade identificada ao consumo). Onde os Meios de Comunicação de Massa são apenas a manifestação superficial mais esmagadora deste fenômeno da Sociedade do Espetáculo, que faz o indivíduo um ser infeliz, sempre insatisfeito, anônimo e solitário em meio à massa de consumidores. (DEBORD, 1997).

A realidade torna-se espetáculo, a partir de um aparato tecnológico, de imagens e

representações e, estas, por sua vez, acabam constituindo a realidade. As relações entre os

homens já não são mais mediadas pelas coisas, mas diretamente pelas imagens. Nessa

sociedade, não somente as relações sociais, mas econômicas, culturais, religiosas, afetivas,

educacionais, etc., são estabelecidas sob tal égide. “Tudo o que antes era vivido se esvai na

fumaça da representação. Vivemos como se estivéssemos num não mundo, ou um universo de

ilusões” (DEBORD, 1997).

Debord considera o espetáculo como um agente de manipulação social e conformismo

político – “uma permanente Guerra do Ópio” (DEBORD, 1997, #44) – que visa entorpecer os

atores sociais, turvando-lhes a consciência acerca da natureza dos fatos, dos efeitos do poder e

da opressão capitalista. Na Sociedade do Espetáculo o operário, o estudante, a dona de casa,

enfim, todos de uma forma geral, passam a ser adulados por imperativos culturais e

pirotécnicos e tendem a se converterem em meros consumidores. A vida se converte em show,

o “show da vida”. Identificamo-nos com o(a) ator(atriz) da novela (ele(a) vive a nossa vida ou

aquela que queríamos viver). Ficamos acomodados com o discurso cheio de oratória do

político. Somos anestesiados com as tragédias humanas tornadas espetáculos ante nossos

olhos. Esquecemo-nos da dura realidade do dia a dia que nos persegue ao apreciarmos o

espetáculo de nosso “time do coração” ou do carnaval; e, por fim, consumimos produtos,

ideias e comportamentos bem embalados, visto que hoje o “empacotamento simbólico gera

uma indústria da imagem e uma nova estética da mercadoria” (FILHO, 2003). Desta forma, a

própria embalagem não é mais pensada apenas como proteção contra os riscos do transporte,

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mas é um verdadeiro rosto a ser visto pelo comprador em potencial. Percebemos uma crise da

experiência subjetiva e a proliferação de autômatos sem sujeito.

“A expressão de ordem das relações sociais mediadas pela dimensão espetacular da vida é: ‘Apareço, logo existo’. (...) As instâncias sociais regidas pelo sistema espetacular são baseadas na contemplação passiva dos acontecimentos, em que os indivíduos, em vez de viverem autonomamente, olham avidamente as ações dos outros, por meio dos mais diversos dispositivos técnicos disponíveis” (BITTENCOURT, 2011, p. 2).

A discussão a que se propõe Debord aponta para a perversão da vida moderna que

prefere a imagem e a representação ao realismo concreto e natural. Os homens, pela mediação

das imagens e mensagens, principalmente dos meios de comunicação de massa, da cultura do

consumo e da educação convencional abdicam da dura realidade dos acontecimentos da vida e

passam a viver num mundo movido pelas aparências e pelo consumo permanente de fatos,

notícias e ideias transformadas em produtos e mercadorias. Vivemos em um mundo de

aparências, consumimos aparências e somos consumidos por elas. A imediatez da imagem

suscita e requer reflexos e reações também imediatos, e assim, exclui o momento da reflexão,

o que provoca uma transformação inaudita de despotencialização do pensamento.

“A alienação do espectador em proveito do objeto contemplado exprime-se assim: quanto mais se contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos ele compreende a sua própria existência e seu próprio desejo. [...] Os seus próprios gestos já não são seus, mas de outro que lhos apresenta.” (DEBORD, 1997, p. 30).

Vivemos uma supremacia da economia sobre a vida e uma degradação do ser para tê-

lo e do ter para o parecer - “Apareço, logo existo”. A mídia mercadológica, nestes termos,

representaria a principal estrutura de defesa e manutenção da economia

capitalista/consumista, pois instiga por meio dos ditos apelos midiáticos, os indivíduos a

correrem em busca da sua felicidade através do consumo de produtos, comportamentos e

imagens que alegam conter em si a “chave” para a felicidade. Ligando-se diretamente com o

que diz Debord: “O espetáculo é uma permanente guerra do ópio para confundir bem com

mercadoria” (1997, p. 44), a estrutura do capitalismo procura reproduzir-se por meio da

alienação provocada nos indivíduos quando estes consomem de forma não mais consciente.

Ou seja, a estratégia é a seguinte: os indivíduos consomem, pensam ou se comportam, sem ao

menos saber o motivo ou o objetivo pelo qual consomem, pensam ou se comportam. É a

característica básica da alienação.

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A espetacularização da vida normal dos indivíduos contribui para a criação de uma

imagem ideal da coisa a ser consumida, o que causará o desejo de possuir a referida coisa. E é

isso o que move o sistema capitalista/consumista, de mercado. Debord aponta que o

espetáculo é “nada mais que a economia desenvolvendo-se para si mesma. É o reflexo fiel da

produção das coisas, e a objetivação infiel dos produtores” (1997, # 16). O sistema capitalista

usa-se, assim, desta espetacularização da vida real para desenvolver-se buscando fazer o

indivíduo crer ser seu bem os bens produzidos pela sociedade capitalista, defendendo, enfim,

sua manutenção. Ou seja, a Sociedade do Espetáculo na verdade é a própria sociedade

capitalista, mas agora vista pelo uso de mecanismos de reprodução, como é o caso da mídia,

procurando apresentar a sua forma mais sutil de estar presente na vida das pessoas, moldando-

as por meio de mecanismos próprios.

Portanto, Debord diz que a organização social, hoje, constitui-se como uma sociedade

do espetáculo, pois não só tudo que era vivido se torna representação, mas a representação

vem tornando-se o ideal que as pessoas querem viver. Além disso, percebe-se também a

criação de estereótipos de heróis, de pessoas perfeitas, e estas representações imprimem nos

indivíduos o desejo dos mesmos de se igualarem aos “modelos”. Nesse sentido, Fischer

(2008, p. 8) aponta a TV como exemplo, “um espaço que se oferece como lugar da perfeição,

em que desfilam pessoas e objetos inalcançáveis, em comparação com as vidas simples dos

“pobres mortais” (idem, p. 23)”. Percebe-se que a imagem da perfeição que é apresentada faz

com que se reafirme a tese que Debord usa para justificar a ideia do espetáculo: “o que

aparece é bom, o que é bom aparece” (DEBORD, 1997, p. 12).

Quando a realidade se converte em imagens, estas se tornam seres reais e motivam

hipnoticamente os indivíduos a agirem de acordo com o espetáculo. Ou seja, a Sociedade do

Espetáculo está viva e presente no meio social e precisa construir aparatos que venham torná-

la invisível, dificultando, assim, a percepção de sua ação hipnótica, que é a de transformar

pessoas em meros consumidores alienados de sua própria existência. Pode-se afirmar que,

historicamente, a primeira fase da supremacia da economia sobre a vida social, que define

toda pseudo (falsa)-realização humana, é uma degradação do ser para tê-lo. Na sociedade do

Espetáculo, caracterizada como uma fase posterior à sociedade do ser para tê-lo ocorre um

deslocamento generalizado, da sociedade do ter para o parecer. “O objeto material puro e

simples dá lugar a uma multidão crescente de imagens-objetos, valorizada e consumida

apenas como imagem” (DEBORD, 1997, p. 15).

Somos constantemente bombardeados por imagens e apelos de consumo. Consumimos

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não só objetos, mas padrões de comportamento, maneiras de pensar, de nos relacionarmos e

de viver, ao mesmo tempo em que, sem nos darmos conta, somos consumidos por eles. Assim,

vê-se que o espetáculo, presente na realidade, é diretamente vivido pelas pessoas, de forma

que estas não mais conseguem viver diretamente suas vidas, que se esvaem na fumaça da

representação. Isto é possível pelo fato de as pessoas desejarem ter e ser coisas que na

realidade são representações ideais da realidade, geradas pelo sistema econômico vigente. A

mídia de caráter mercadológico e comercial costuma ser um instrumento do mercado e age

em defesa do mesmo e na sua manutenção, instigando, para isso, os indivíduos a consumir, a

tornar–se parte dele. A utilização de imagens que apresentam um estereótipo da perfeição,

agregando no mesmo a necessidade de possuir determinado produto para poder o indivíduo

chegar a alcançar o “modelo”, é a forma que a mídia usa para suscitar nos indivíduos a

necessidade de consumir.

Cada vez mais o sistema midiático da era tecnicista se caracteriza pela criação de gêneros de entretenimento de cunho majoritariamente alienante, servindo apenas para manter a consciência telespectadora preenchida do vazio intelectual e existencial de sua existência cotidiana. Isso ocorre pelo fato de que a disponibilização de programações de elevado refinamento cultural não é uma atividade muito conveniente para os propósitos meramente lucrativos das grandes redes de televisão, que preconizam, acima de tudo, manter a ordem medíocre vigente em nossa fragilizada cultura massificada. Trata-se de uma transposição contemporânea da política social do “Pão e Circo”, que, em nossa contemporaneidade, se expressa em diversas configurações espetaculares, e uma delas se materializa no formato reality show. (BITTENCOURT, 2011, p. 3).

O indivíduo é instigado a contemplar e consumir passivamente as imagens de tudo o

que lhes falta em sua existência real. Isso impede que os mesmos sejam independentes,

capazes de julgar e de decidir conscientemente. Assim, a realidade transforma-se em imagens,

e as imagens tornam-se realidades; daí o argumento de Debord que contempla essa análise:

“no mundo invertido o verdadeiro é momento do falso” (DEBORD, 1997, p. 9). Para Mattos

(2008) “a mercadoria é o totem capitalista ao qual o indivíduo se sacrifica”. Isto é, a dúvida, a

reflexão, a crítica, o diálogo encontram-se totalmente bloqueados.

Nesta perspectiva, a mídia de massa se consolida como um poder muito ligado ao

modus operandi do mercado e à lógica da economia hegemônica, tornando-se meio de

controle social e cultural e, sobretudo, um instrumento de poder. “Do ponto de vista do

receptor, o aparelho de rádio e a televisão são eletrodomésticos como o liquidificador e a

geladeira. Do ponto de vista do produtor, são centros de poder econômico (tanto porque é uma

mercadoria que transmite e vende outras mercadorias) e centros de poder político ou de

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controle social ou cultural” (CHAUI, 2006, p. 44). Agindo desse modo: “[...] o rádio e a

televisão podem oferecer-nos o mundo inteiro em um instante, mas o fazem de tal maneira

que o mundo real desaparece, restando apenas retalhos fragmentados de uma realidade

desprovida de raiz no espaço e no tempo” (CHAUI, 2006, p. 49-50), e podem esconder um

processo opressor subjacente às entrelinhas da programação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A comunicação é um ato pedagógico, e a educação, um ato comunicativo. Neste

sentido, a comunicação é elemento fundamental no processo de humanização do ser humano.

É através dela que nos realizamos como pessoa e criamos um mundo que possibilite que isto

aconteça na prática. No entanto, “falar, por exemplo, em democracia e silenciar o povo é uma

farsa. Falar em humanismo e negar os homens é uma mentira” (FREIRE, 1983, p. 44).

Precisamos estabelecer entre os homens um diálogo a partir de uma linguagem que favoreça,

não somente no nível do discurso, mas igualmente na prática humana, atitudes

problematizadoras e humanistas em contraposição às correntes dominadoras, que tiram do

homem sua liberdade e esperança.

Para isso, a educação deve estimular o ímpeto criador do ser humano, como forma de combater a acomodação ao mundo. Um dos preceitos fundamentais para a compreensão das práticas educativas dotadas de uma finalidade libertadora e emancipatória consiste em considerar o educando como ser inacabado, que por meio da consciência de seu inacabamento encontra na Educação um processo permanente de busca (DELIBERADOR; LOPES, 2012, p. 10).

Segundo Paulo Freire, “[...] a educação é comunicação, é diálogo, na medida em que

não é a transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a

significação dos significados” (FREIRE, 1983, p. 69), num processo infinito que se constrói a

partir da problematização-ação, alicerçada no diálogo crítico, libertador e na tomada de

consciência como condição existencial de todo o homem. Portanto, a educação deve

contribuir para que o homem se volte a buscar menos uma conformação ao mundo nos modos

do espetáculo e mais uma atividade crítica e criadora do ser humano, para que saiam da

posição de espectadores do processo histórico e assumam a atitude de cidadãos críticos e

sujeitos de sua história.

Para o educador-educando, dialógico, problematizador, o conteúdo programático da educação não é uma doação ou uma imposição – um conjunto de informes a ser depositado nos educandos, mas a revolução organizada, sistematizada e acrescentada

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ao povo, daqueles elementos que este lhe entregou de forma desestruturada. A educação autêntica, repitamos não se faz de “A” para “B” ou de “A” sobre “B”, mas de “A” com “B”, mediatizados pelo mundo. Mundo que impressiona e desafia a uns e a outros, originando visões ou pontos de vista sobre ele. Visões impregnadas de anseios, de dúvidas, de esperanças ou desesperanças que explicitam temas significativos, à base dos quais se constituirá o conteúdo programático da educação (FREIRE, 1983, p. 47-48).

A educação constrói-se no existir cotidiano. O ser-com-os-outros como modo de ser

do homem é a possibilidade da liberdade, da justiça e da autonomia. No entanto nem toda a

prática educativa é humanizadora e emancipatória. Ao mesmo tempo, o lugar do 'público'

cotidiano na Sociedade do Espetáculo, onde tudo é para todos indistintamente, onde “somos

como os outros são”, preocupamo-nos com o que 'a gente' se preocupa, pode também nos

habituar ao 'afastamento' de nossas próprias responsabilidades e de nosso próprio ser e, tornar-

se, o “lugar do nivelamento ou 'uniformidade'” (CRITELLI, 1981, p. 65). O cotidiano do

mundo público, onde se desenvolve a massificação e o espetáculo, encarrega-se de interpretar

o mundo e o homem. O universo do 'a gente' (ninguém), da imagem em forma de espetáculo,

do discurso vazio, também um educador, mas que despotencializa o pensamento.

Entendemos que a comunicação social precisa contribuir para que os homens se

convertam em sujeitos e partícipes do processo de construção de conhecimento e significação

de mundo. A comunicação de massa e a educação tradicional tem caráter massificador e

tendem a impedir a realização ontológica do humano que é ser sujeito. A educação, numa

perspectiva contra hegemônica, pensada também por Freire deve basear-se “no respeito pelo

outro, não visa acomodação ou ajustamento, mas enfatiza a integração que torna o homem

sujeito de suas ações e o afasta da condição de objeto, de dominado, sem vez e sem voz”

(DELIBERADOR; LOPES, 2012, p. 12). Freire, no texto “Extensão ou Comunicação”?

(1977), elabora uma consistente crítica ao extensionismo e à domesticação – contrapondo a

educação bancária com os processos de educação e comunicação de caráter problematizador.

Os processos educativos e comunicacionais precisam estar fundamentados numa

epistemologia que esteja marcada pelo respeito aos saberes popular a partir de práticas

cotidianas “problematizando-as, tratando de descobrir a teoria presente na prática popular,

teoria ainda não conhecida pelo povo, problematizando-a também, incorporando-lhe um

raciocínio mais rigoroso, científico e unitário” (GADOTTI, 2012, p. 7).

E por que podemos afirmar que Comunicação/Educação é um espaço concreto? Como diz Paulo Freire, nós vivemos no mundo e com o mundo. E que mundo é esse? E aquele que é trazido até o horizonte de nossa percepção, até o universo de nosso conhecimento. Afinal, não podemos estar "vendo" todos os acontecimentos,

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em todos os lugares. É preciso que "alguém" os relate para nós. O mundo que nos é trazido, que conhecemos e a partir do qual refletimos, é um mundo que nos chega editado, ou seja, ele é redesenhado num trajeto que passa por centenas, às vezes milhares de filtros até que "apareça" no rádio, na televisão, no jornal. Ou na fala do vizinho e nas conversas dos alunos (BACCEGA, 1999, p. 177).

As críticas de Debord se dão sobre quaisquer possibilidades que possam levar o

homem à aceitação dos valores preestabelecidos pelo capitalismo desumano. Com isso, tem

por objetivo romper com a manipulação cultural e social a que estariam submetidos os

indivíduos, instigando-os a agir contra qualquer tipo de opressão. A teoria crítica da sociedade

proposta pela Escola de Frankfurt é ainda muito pertinente, pois fomenta a reflexão a fim de

descortinar uma realidade reificada e “contaminada” pela lógica capitalista. Para isso, é

necessário diagnosticar e revelar as artimanhas desse tipo de sociedade para que a própria

vida não caia numa artificialidade irrecuperável devido à nossa apatia e ao nosso sono em

relação a essa problemática. Dessa forma, diz Debord: “O espetáculo é o mau sonho da

sociedade moderna acorrentada, que ao cabo não exprime senão o seu desejo de dormir. O

espetáculo é o guardião desse sono.” (DEBORD, 1997, p. 21). É preciso recuperar as

potencialidades da reflexão crítica e o diálogo emancipador que permitam analisar, interpretar

e propor caminhos que nos levem a resgatar a vida humana autêntica desgastada pela

superficialidade e pela economia da sociedade de consumo.

A educação libertadora deve, então, ser pensada fundamentando-se na compreensão de

que o homem é sempre possibilidade que se abre temporalmente e se pergunta pela verdade a

partir do mundo que o circunda. A “educação como prática da liberdade, não é a transferência

ou a transmissão do saber, nem da cultura, (como faz a mídia mercadológica de massa); não é

a extensão de conhecimentos técnicos; não é o ato de depositar informes ou fatos nos

educandos; não é a perpetuação dos valores de uma cultura dada; não é o esforço de

adaptação do educando a seu meio” (FREIRE, 1977, p. 78). A educação libertadora não pode

ser uma narrativa verbalista ou se constituir numa espécie de assistencialismo educativo, no

qual alguém (professor, escola, igreja, meio de comunicação de massa, etc) se limita a

dissertar, narrar ou apenas falar de algo. Nesta perspectiva, o homem é anestesiado e

transformado em depósito de informes e consumidor de produtos e ideias “bem” embaladas.

O que fundamentalmente importa à educação é o diálogo problematizador que se dá em torno

de situações reais, num retorno crítico à ação, num processo de tomada de consciência que

solidariza os indivíduos como sujeitos cognoscentes mediados pelo objeto cognoscível, pelo

mundo e pela vida em que ambos constroem e reconstroem permanentemente, enquanto agem

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e trabalham o sentido de seus saberes e do viver, que se opera no encontro e no diálogo,

tornando-se sujeitos de seu próprio processo de conhecimento. “A tarefa do educador, então, é

a de problematizar aos educandos o conteúdo que os mediatiza, e não a de dissertar sobre ele,

de dá-lo de estendê-lo, de entregá-lo, como se tratasse de algo já feito, elaborado, acabado,

terminado” (FREIRE, 1977, p. 81).

REFERÊNCIAS BACCEGA, Maria Aparecida. Comunicação & Educação: do mundo editado à construção do mundo. Comunicação & Informação, [S.l.], v. 2, n. 2, p. 176- 187, 1999. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/ci/article/view/22853>. Acesso em: 18/05/2014. BITTENCOURT, Renato Nunes. Apareço, logo existo. Revista Filosofia e Ciência, n. 57. Disponível em: <http:// filosofiacienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/57/artigo213501- 3.asp>. Acesso em: 19 maio 2011. CHAUI, Marilena. Simulacro e poder: uma análise da mídia. Editora Fundação Perseu Abramo, 2006. CRITELLI, Dulce Maria. Todos nós...ninguém: um enfoque fenomenológico do social. São Paulo: Moraes, 1981. DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. DELIBERADOR, Luzia Yamashit;.LOPES, Mariana Ferreira. O legado de Paulo Freire pra a pxáxis de midiaeducação na perspectiva da comunicação comunitária. In.: Anais. XVI Colóquio Internacional da Escola Latino-Americana de Comunicação. Bauru – São Paulo. 8 a 10 de agosto 2012. Disponível em: http://www2.faac.unesp.br/celacom/anais. Acessado em: 20/05/2014 FILHO, J. Freire.A sociedade do Espetáculo revisitada.Revista Famecos, v. 22, p. 33-45, 2003. Disponível em: <http:// revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/famecos/article/view/ 231/175>. Acesso em: 05 set. 2008. FISCHER, Rosa Maria Bueno. Mídia, juventude e educação: modos de construir o “outro” na cultura. In. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas: Porto Alegre, 2008. Volume 16, Número 2. ______. Extensão ou comunicação? tradução de Rosisca Darcy de Oliveira. prefácio de Jacques Chonchol 7ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977. ______ Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. GADOTTI, Moacir. Educação Popular, educação social, educação comunitária: conceitos e práticas diversas, cimentadas por uma causa comum. In.: Anais 4 Congresso Internacional de Pedagogia Social e Congresso Internacionla de Pedagogia Social, 2012, São Paulo, SP, Brasil

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[online]. Disponível em www.proceedings.scielo.br/pdf/cips/n4v2/13.pdf. Acessado em 28/07/2014. MATTOS, Olgária Chaim Feres. O sex appeal da imagem e a insurreição do desejo. Disponível em:<http://www.revista. Criterio. nom. br/debordolgaria002.htm>. Acesso em: 05 set. 2008.

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AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA X ESTRATÉGIAS DE GESTÃO

Vanessa Taís Eloy, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

Luana Novakowski, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

Silvia Regina Canan, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

RESUMO: O presente artigo é resultado de um estudo referente à avaliação em larga escala e o ENADE como política integrante da mesma. Procurou-se saber com a pesquisa a visão dos coordenadores dos cursos de graduação de uma universidade, sobre o ENADE, bem como se eles lançam mão de alguma estratégia de gestão para melhorar o desempenho do curso na avaliação. Dessa forma, foi possível analisarmos a bibliografia construída por estudiosos da área, com a realidade encontrada nos cursos de educação superior que são avaliados através de um exame aplicado aos seus discentes. Através da análise, foi possível identificar algumas falhas no sistema de avaliação do ENADE, bem como compreender a mesmo como forma de controle dos cursos superiores a fim de buscarem garantir ao acadêmico um bom nível no ensino superior. Palavras chave: Avaliação em larga escala, ENADE, Gestão de Cursos.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Através do projeto de pesquisa “Políticas de avaliação em larga escala: o ENADE no

contexto da gestão dos cursos superiores” buscou-se saber como os coordenadores dos cursos

de graduação da universidade avaliam o ENADE enquanto política de avaliação em larga

escala, bem como, quais estratégias usam para melhorar a avaliação dos cursos.

Para tanto, foi realizada uma entrevista com os gestores (coordenadores) dos cursos,

seguindo um roteiro de perguntas pré-elaboradas com questionamentos norteadores da

pesquisa. O artigo em questão abordará os resultados de uma destas perguntas, sendo ela: “Na

condição de coordenador de curso de graduação da universidade como você avalia o ENADE

enquanto política de avaliação em larga escala?” “Você lança mão de estratégias de gestão

para melhorar a avaliação dos cursos? Se a resposta for sim, cite quais e argumente. Se a

resposta for não argumente por que”.

Através das respostas foi possível identificar como o ENADE é encarado nas

universidades, aprofundando os estudos bibliográficos realizados através da análise dos

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resultados, comparando a teoria de estudiosos sobre o tema, e a prática identificada pelos

coordenadores dos cursos da universidade em questão.

A avaliação em larga escala já traz em seu nome a abrangência da mesma sobre o

sistema educacional, a mesma se destaca das demais avaliações pelo fato de ser organizadas e

elaboradas por um órgão externo à instituição de ensino, e por esse motivo recebe críticas,

pelo fato de não contemplar as especificidades regionais, e elogios por propor caminhos mais

amplos, minimizando as deficiências da educação brasileira.

O presente estudo busca compreender o ENADE como política pública da educação

superior, e se o mesmo é um instrumento de avaliação que contribui para a melhoria da

qualidade do ensino nas instituições de ensino superior. Identificando a influência que o

Programa exerce na gestão dos cursos na universidade e no ensino oferecido pela mesma.

REFERENCIAL TEÓRICO

A avaliação de uma instituição de ensino é um instrumento muito importante para

detectar déficits e através dos mesmos orientar as reformas educacionais e induzir políticas

públicas para a melhoria da qualidade do ensino.

Após diversas tentativas frustradas:

A partir de 1995, com a Lei nº 9.131, que definiu a sistemática de avaliação coordenada pelo MEC, ficou estabelecido que se realizassem “avaliações periódicas das instituições e cursos de graduação, utilizando-se procedimentos e critérios abrangentes dos diversos fatores que determinam a qualidade e a eficiência das atividades de ensino, pesquisa e extensão” (MAIA FILHO; PILATI; LIRA apud ARAGÃO; BERTAGNA, p. 243, 2012).

O desenvolvimento da avaliação educacional superior se deu durante os mandatos de

Fernando Henrique Cardoso, e embora tenha sofrido muitas críticas na época, pela

comunidade acadêmica, e de especialistas educacionais foi uma iniciativa de avaliação que

leva a estimular mudanças no sistema de ensino superior no nosso país. Identificando as

deficiências de avaliação do ensino superior do primeiro sistema, no governo de Luís Inácio

Lula da Silva é criado o SINAES- Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior,

iniciando uma nova etapa que engloba aspectos como ensino, pesquisa e extensão, gestão da

instituição e corpo docente, responsabilidade social, criação de um banco de dados sobre a

situação educacional no Brasil (HILLESHEIM, ET AL, 2015)

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O ENADE foi instituído em 2004 como uma política de avaliação, segundo

Hillesheim ET AL (p. 5, 2015) o ENADE é: “parte do processo avaliativo do SINAES, que

por sua vez, fora “regrado” pela Medida Provisória 147, que seguiu a Lei 10.861 (BRASIL,

2004),” tendo como objetivo continuar o legado de avaliação nas IES, mas cobrindo as

deficiências identificadas no antigo Provão.

É importante ressaltar que o ENADE faz parte de um conjunto de aspectos que são

considerados, desta forma o curso e a instituição são avaliados de forma ampla, não se

tratando apenas de uma nota final, mas parte de um todo.

A avaliação em larga escala, ao abranger fenômenos de escala nacional não leva em

consideração as diversidades regionais, não valorizando os diferentes saberes locais de cada

região do país. Mas é preciso ter presente que o grande desafio é proporcionar uma educação

de qualidade que leve à formação de bons profissionais, e para isso a avaliação possui um

importante papel, não só a externa como a interna, que é realizada entre as disciplinas, cursos

e universidades. Ambas as avaliações precisam ser discutidas na instituição de ensino para

que a obtenção dos resultados sirva para a melhoria da aprendizagem e qualificação dos

cursos.

Para tanto, os alunos também precisam entender o ENADE como o exercício da

cidadania, pois a prova aplicada aos estudantes universitários tem o dever de garantir aos

mesmos o ensino de qualidades necessário para a sua formação profissional, cobrando as

falhas das universidades quando necessário.

Esta falta de entendimento acontece pela precária compreensão sobre o exame, os

acadêmicos sentem-se prejudicados, forçados a se submeter a uma avaliação, na visão de

muitos deles, desagradável e desnecessária. Através de uma estratégia de gestão, poderia ser

dada maior ênfase ao assunto, já que a participação do aluno representa uma contribuição para

assegurar a qualidade do seu curso, da instituição e do sistema nacional de educação superior,

assim, a resistência que persiste poderia ser reduzida. Em vez de encarar o exame como uma

punição individual e/ou coletiva, o aluno deveria entender sua participação como uma

contribuição social, como uma das responsabilidades que compõem a cidadania.

Afonso (p. 18, 2009) cita L. Allal (1986, p.176) que afirma:

“As modalidades de avaliação adoptadas por um sistema de formação têm sempre uma função de regulação, o que significa que a sua finalidade é sempre a de assegurar a articulação entre as características das pessoas em formação, por um lado, e as características do sistema de formação, por outro”.

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A regulação vista no processo de avaliação também é importante para garantir a

formação de um profissional de qualidade, uma fez que o resultado das avaliações serve para

os professores refletirem sobre seus métodos pedagógicos, e sobre a sua própria imagem

profissional, identificando as falhas para posteriormente corrigi-las junto ao grupo de

docentes. Deste modo, é possível afirmar que a avaliação influencia na gestão da aula, na

aprendizagem e na motivação do aluno. Mas essa deve ser uma influência positiva, que

agregue em uma educação de qualidade, já que o objetivo principal dos cursos de graduação

deve ser formar profissionais de qualidade, e não apenas um bom resultado nas avaliações

externas, aliás, o bom resultado deve vir em consequência da boa formação que o curso

oferece.

Concomitantemente, a avaliação deve ser utilizada como um instrumento para corrigir

os erros apontados no seu resultado, implicando em uma reflexão/ação em que a instituição de

ensino como um todo coloca a disposição os recursos necessários para superar os déficits

identificados na avaliação.

Segundo MAZONETTO ET AL (p. 7, 2013), “A Avaliação Educacional é um sistema

que tem por finalidade diagnosticar e subsidiar a implantação de novas políticas Educacionais.

Também deve ser concebida para promover um monitoramento contínuo em relação ao

sistema escolar.” Servindo da mesma forma para destacar os efeitos positivos e negativos das

políticas educacionais.

O ensino superior hoje é uma necessidade para o ingresso no mercado de trabalho, e

dessa forma, podemos notar até em lugares mais carentes que a expansão da universidade é

muito grande, e por mais que ainda não tenha o número de vagas necessário o aumento de

instituições de ensino superior foi muito grande e esse aumento se deu de forma rápida. É por

esse motivo que o ensino superior é tão distinto entre uma instituição e outra e que se tem

uma insuficiência nos recursos orçamentários, principalmente nas instituições públicas.

A expansão do ensino superior reforça ainda mais a importância da avaliação externa

para garantir aos estudantes e ao mercado de trabalho uma boa formação profissional.

Segundo Aragão; Bertagna (p. 242, 2012) há duas opiniões referente ao que é necessário para

a universidade, afirmando:

Para uns, a universidade deve responder a desafios e demandas de setores desenvolvidos das sociedades e das administrações governamentais, na perspectiva da eficiência. Para outros, a universidade deve estar comprometida com sua história e autonomia, com um papel social importante na formação e desenvolvimento da cidadania.

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Desse modo, é possível identificar extremos diferentes entre universidades, é certo que

é importante valorizar as especificidades locais e regionais das instituições de ensino, mas as

características e saberes de cada curso devem ser prioridades, e então serem bem trabalhadas

junto à cultura local.

A cobrança que a universidade vem sentido, está relacionada ao Banco Mundial “[...]

que dissemina a perspectiva neoliberal e exerce um papel central no processo de globalização

do capitalismo” (p. 242), essa cobrança, vem em relação à eficiência e à qualidade em relação

à demanda de uso racional e responsável pelos recursos públicos. Desse modo, a avaliação

externa demandada pelo governo, volta-se à política e à gestão das instituições de ensino

superior, utilizando testes padronizados para medir o nível de conhecimentos dos acadêmicos

no final dos cursos, não valorizando o processo de ensino-aprendizado e a produção cultural,

científica, tecnológica e de formação cidadã (ARAGÃO; BERTAGNA, 2012).

Apesar das falhas ainda existentes no programa é importante salientar que o ENADE é

uma importante política de avaliação que busca verificar a qualidade do ensino superior, além

de oferecer importantes informações para a construção de novas políticas e a revisão e

reflexão das práticas desenvolvidas nos cursos superiores, minimizando assim as deficiências

do ensino superior brasileiro.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Buscando conhecer o entendimento dos Coordenadores de Curso sobre o assunto

pesquisado, perguntou-se: “Na condição de coordenador de curso de graduação da

universidade como você avalia o ENADE enquanto política de avaliação em larga escala?”

“Você lança mão de estratégias de gestão para melhorar a avaliação dos cursos? Se a resposta

for sim, cite quais e argumente. Se a resposta for não argumente por que”.

C1: Avalio como sendo uma política que ajuda a verificar o nível de aprendizagem dos alunos do ensino superior. Como gestor, busco revisar os conhecimentos gerais dos acadêmicos que realizam o ENADE, refletindo, principalmente a Realidade Brasileira. Também coloco para os alunos a importância de verificar as provas anteriores, bem como, responsabilizo os acadêmicos da imprescindível função que possuem ao realizar a referida, na interpretação e compreensão das questões. C2: Sim, estamos adotando estratégias de orientação aos professores do colegiado de adoção de questões do padrão ENADE nas provas para familiarizar os alunos.

C4: Hoje temos uma preocupação que no curo o aluno tenha contato anteriormente com as provas do ENADE, com a organização das questões que nas disciplinas sejam desenvolvidas a relação conceitual e contextualizada, que ocorra encontros de

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revisão e discussão a cerca das questões norteadoras da avaliação. Acredito que também desenvolver a “cultura” do ENADE e a responsabilidade no educando seja aspecto prioritário. C5: Há necessidade sim da avaliação a partir do ENADE e entendo que todos os cursos devem ser avaliados sob a mesma ótica e mesmos critérios, independente de pertencerem a Instituições públicas ou privadas, presenciais ou não presencias. Sim, utilizo estratégias de gestão para melhorar a qualificação dos diplomados, mas não exclusivamente para o ENADE. C9: O ENADE é importante no sentido de mensurar e avaliar realmente a educação [...]. Quem fizer um bom uso do ENADE, com certeza, vai ter um curso melhor e obviamente, vai ganhar um pouco mais com isso na formação mais adequada do profissional lá na frente. Utilizo estratégias de gestão como trabalhar questões que já caíram na prova do ENADE. C10: O ENADE é um exame nacional que procura avaliar competências e habilidades dos vários cursos. Acho que tem uma importância decisiva à medida que aponta requisitos mínimos para cada curso para cada área de conhecimento. Então a importância é uma importância estratégia no sentido de avaliar nossos discentes quando entraram e quando saem da Instituição, ou seja, permite verificar o valor adicionado que a Instituição propiciou aos seus estudantes. Utilizo estratégias de gestão como aplicar nas provas as questões referentes ao exame.

Nessa ótica, através dos relatos dos coordenadores, percebe-se que o ENADE induz os

currículos já que os coordenadores passam a trabalhar as questões do exame nas disciplinas,

força uma mudança nas formas de avaliação, neste sentido determina um modo de regulação

que induz a busca de resultados ainda que esses não representem necessariamente a realidade

dos cursos.

O ENADE é considerado como importante para todos os entrevistados, embora, em

algumas falas, os coordenadores colocam algumas críticas mais severas a tal instrumento de

avaliação, como pode ser exemplificado pelos trechos transcritos a seguir:

C3: Prova única, incapaz de aferir inúmeras competências e habilidades que julgo imprescindíveis na sociedade atual, tais como, criticidade, capacidade investigativa e o relacionamento humano. Um questionário cuja veracidade das respostas não é totalmente confiável- o aluno pode ser induzido a responder determinadas alternativas. Um comparativo do corpo docente dos cursos sem fazer qualquer tipo de distinção quanto a realidade social/local- privilegiando cursos estabelecidos em grandes concentrações urbanas e instituições federais.

C7: Toda política de avaliação em larga escala não leva em consideração as especificidades de cada região. Entendo que é uma política mercantilista onde a produção, digo, o conceito é mais importante que a aprendizagem. C8: O ENADE é uma política de avaliação muito subjetiva que favorece os cursos em que os alunos estudam em turnos integrais, isto é, só estudam.

Com relação às respostas dos coordenadores, os mesmos explanam que, o ENADE é

um sistema de avaliação, uma política que busca verificar a qualidade dos Cursos de

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Graduação. Desta forma, avaliam esse processo como ainda deficitário, frente a um cabedal

de conhecimentos que o acadêmico constrói em torno de um curso de graduação, sendo que

verificam como uma prova ampla, mas que não tem o mérito/poder de avaliar a qualidade de

um curso.

Neste viés, percebe-se que o ENADE é um instrumento de avaliação que está

definindo o status dos cursos de forma geral, porém, diferem em alguns aspectos, seja no

questionário quanto da prova que são diferentes da estrutura de ensino que as universidades se

propõem a trabalhar desta forma, estes aspectos dificultam os resultados obtidos. Isso fica

explícito na fala dos coordenadores C3, C7 e C8, que percebem o ENADE como uma

avaliação externa da qual são reféns, tendo em vista os impactos que causa na mídia, se forem

positivos, projeção para o curso e para a universidade, já no caso negativo, depreciação.

Desta forma é importante salientar que a obtenção de conceitos bons no ENADE é

fundamental para a manutenção dos cursos e para a visibilidade da Universidade. Entretanto,

através das entrevistas pode-se dizer que o ENADE não cumpre com o seu objetivo (aferir o

rendimento dos alunos dos cursos de graduação em relação aos conteúdos programáticos, suas

habilidade e competências), à medida que apenas estabelece padrões comparativos entre

cursos, não tendo a real preocupação de mensurar a aprendizagem dos discentes.

Nesta mesma linha de entendimento, não é demais afirmarmos que a realização da

prova é responsabilidade exclusiva do aluno. A ele basta estar presente no local da prova no

dia e hora marcados, podendo, se quiser somente assinar a presença e após o tempo mínimo

exigido, entregá-la. Ao fazer isso, ele garante a possibilidade de se formar, pois compareceu à

prova, mas prejudica o desempenho do curso. Sob essa ótica, o ENADE, de fato, pode não

estar medindo a qualidade dos cursos e sim aferindo resultado para o curso, excluindo do

ranqueamento.

Destaca-se que as ações desenvolvidas pelos gestores dos cursos em relação ao Exame

Nacional de Desempenho dos Estudantes, basicamente compreendem a discussão do conceito

obtido pelos alunos e como estes poderiam se sentir mais “qualificados” para realizar o

exame. Para tal, aulas preparatórias para a prova ganharam expressão na gestão curricular de

vários dos cursos investigados.

Nessa ótica, o ótimo resultado obtido no ENADE pode estar sendo fruto de um

conjunto de práticas implantadas no curso, onde o aluno, desde o I semestre, é motivado a

aprender e conduzir-se de acordo com as linhas gerais da profissão e incentivado a refletir na

lógica da questão da prova. Além dá formação específica e necessária, exigida pela profissão,

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para algumas áreas há a exigência do Exame de Suficiência ou exame da classe a qual será

vinculado como profissional. Assim, o resultado no ENADE é consequência de um projeto

maior, visando formar o melhor profissional, ou conquistar o melhor resultado.

Ao indagar os coordenadores se a prova do ENADE pode gerar estratégias de gestão

com a finalidade de melhorar os resultados dos cursos, os mesmos salientam que:

C1: Sim, o ENADE fornece resultados que apontam fragilidades do curso avaliado, a partir dessas fragilidades, a coordenação e equipe podem tomar medidas estratégicas para melhorar o resultado na avaliação. C2: Pode, mas temos que definir o perfil do profissional que queremos formar, não podemos ficar mais preocupados com o resultado do que a formação total e integral. C3: Com certeza, nós como coordenadores nos sentimos no direito de preparar o aluno para obter êxito na prova. C4: Com certeza. Mas é preciso conduzir isso ano a ano e não somente para as turmas que farão a prova. A preparação e administração das disciplinas devem contemplar ações rotineiras para o ENADE. C5: Com certeza. Mas é preciso conduzir isso ano a ano e não somente para as turmas que farão a prova. A preparação e administração das disciplinas devem contemplar ações rotineiras, tanto para o ENADE quanto para o Exame do CFC. C6 Pode. Motivar os alunos e professores a manter a qualidade em caso de tirar uma nota boa, buscando sempre um crescimento maior. Caso for regular a nota, merece retomar o todo do curso e/ou da Universidade para dar uma boa “injeção” de qualidade. Por isso, reforço dizendo que é preciso manter a qualidade sempre. O ENADE é periódico, mas pode indicar estratégias de gestão, “acordar’ para a superação de algumas deficiências pontuais”. C7: Claro que gera estratégias, principalmente a partir da nota que o curso recebe. C8: Com certeza gera estratégias de gestão. C9: Reforça a metodologia do curso, bem como podemos fazer uma análise criteriosa dos conteúdos e a forma que está sendo trabalhado. C10: Acredito que gere sim estratégias.

Através das falas dos gestores dos cursos, o ENADE pode ser considerado um

mecanismo de avaliação dos cursos na atualidade que merece atenção. A melhor estratégia é

manter o nível de qualidade no ensino que o resultado virá sem que haja necessidade de

induzir o currículo com o intuito de responder a uma prova.

A partir da entrevista com os coordenadores dos cursos de graduação é possível

constatar que, enquanto política de avaliação, consideram o ENADE, apesar de suas

especificidades, uma importante ferramenta para o controle de qualidade dos cursos

superiores, porém com suas especificidades. Constata-se que todos os coordenadores de

alguma forma, lançam estratégias de gestão para melhorar os resultados do curso. Estratégias

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de gestão são de grande relevância para o sistema de avaliação, desta forma, percebe-se que

os gestores não abrem mão de utilizá-las no processo. Para complementar a ideia, Tumolo

(2010, p. 13) salienta a importância de algumas estratégias de gestão, tais como:

Planejamento e execução de disciplinas de forma integrada; Desenvolvimento de projetos integradores e de atividades interdisciplinares; Aplicação da metodologia de Resolução de Problemas e Estudo de Caso como estratégias de ensino e avaliação; Realização de semanas temáticas acadêmicas e eventos com profissionais envolvidos com o mercado de trabalho; Incremento de bibliografia complementar e atualização constante dos conteúdos e competências vinculadas às disciplinas; Utilização de metodologias ativas de ensino, principalmente, por meio da pesquisa e da extensão; Manutenção da monitoria como atividade de apoio pedagógico permanente; Realização de investimentos na titulação e na formação dos docentes, assim como na vinculação dos mesmos ao curso; e Qualificação das salas de aula e dos laboratórios e investimentos em recursos materiais e equipamentos que favoreçam a aprendizagem.

Nesse interim, é possível constatar que o Exame vem perdendo sua real intenção à

medida que não consegue estabelecer parâmetros para atender a realidade de cada curso e de

cada universidade, ao invés disso, acaba criando estratégias muito mais para melhorar a nota

do que para promover conhecimentos.

É de relevância destacar que os coordenadores não repudiam o processo de avaliação,

mas que existe uma grande preocupação em melhorá-lo para atender melhor os alunos.

Espera-se que, ao receber os resultados, as instituições analisem o desempenho dos

seus alunos (e cursos) e, em uma postura eminentemente pedagógica e acadêmica, os compa-

rem, por exemplo, com seus outros cursos. Todavia, isso deve ocorrer sem perder de vista que

a avaliação institucional não está centrada somente no ENADE, existindo outros componentes

e indicadores a serem levados em conta.

Há de se considerar também, na visão dos gestores, que os resultados são instrumentos

importantes de aferição da qualidade educacional e também servem para suprir as

necessidades de informação à sociedade.

Por último, cabe ressaltar que o envolvimento dos coordenadores com a avaliação

institucional é importante, pois possibilita que toda a instituição, bem como os alunos, possam

ampliar a cultura avaliativa. Com isso, um olhar sobre como a instituição trabalha esse

conceito com os acadêmicos poderá resultar em formas mais elaboradas de como esses alunos

realizam o ENADE.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos estudos realizados referente a avaliação em larga escala, e o ENADE como

política de avaliação, e identificando como o mesmo é visto pelos coordenadores da

instituição de ensino superior, podemos afirmar que o ENADE é um instrumento importante

de controle da qualidade do ensino superior, apesar de não conseguir valorizar as

especificidades locais das instituições de ensino.

A visão dos coordenadores referente à importância do ENADE como política de

avaliação em larga escala demonstra a insatisfação de três coordenadores em especial que

ressaltam a incapacidade do exame em analisar um curso em uma prova única, sendo

subjetiva, os mesmos ainda destacam que a avaliação favorece as instituições localizadas em

grande concentrações urbanas e cursos em que os alunos estudam em turno integral, o que não

é nossa realidade, já que a maioria dos alunos da instituição pesquisada trabalham durante o

dia e estudam à noite, pagando as suas despesas. Esses coordenadores também ressaltam o

ENADE como uma prova que visa o conceito e não a aprendizagem do aluno.

As críticas devem der levadas em conta, já que são falhas que realmente acontecem no

sistema de avaliação em larga escala, mas é importante ressaltar que a influência do mesmo

exame exige dos cursos um cuidado maior com o seu currículo e com o ensino oferecido, que

podem vir a aperfeiçoar a qualidade do ensino, o que não pode acontecer é a avaliação induzir

uma mudança em busca de um resultado melhor que não representa as necessidades e

realidades do curso.

Ao serem perguntados referente à utilização de estratégias de gestão para melhorarem

o desempenho do curso, todos afirmaram que sim, que buscam estratégias para aperfeiçoarem

os resultados dos seus cursos. O que pode significar que os resultados da avaliação podem ter

sido gerados por um conjunto de práticas do curso em que o aluno é levado a pensar de

acordo com a lógica da prova e quando isso é realizado de acordo com as linhas gerais da

profissão, formando um profissional crítico, reflexivo e criativo só vem a beneficiar a

formação dos futuros profissionais e a qualidade do ensino do curso em questão.

Um dos coordenadores destaca a responsabilidade do curso e da instituição em definir

o perfil do profissional que se pretende formar e que a maior preocupação deve ser com a

formação do acadêmico e não apenas com o resultado da avaliação. Nesse sentido, podemos

ressaltar que a melhor estratégia é manter uma boa qualidade de ensino oferecido pelo curso,

e assim o resultado positivo vem por consequência das boas práticas.

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O ENADE como parte de uma política de avaliação em larga escala, apesar de suas

fragilidades, pode ser considerado uma importante ferramenta de avaliação que vem a regular

os cursos superiores, buscando garantir ao aluno um ensino profissional de qualidade,

desenvolvendo nas mesmas especificidades importantes do curso em questão, bem como na

vida social e cidadã. Desta forma, podemos considerar o ENADE como uma alternativa de

minimizar as deficiências na educação superior brasileira, oferecendo mais oportunidade e

melhor qualidade do ensino para os cidadãos que buscam uma profissionalização superior.

REFERÊNCIAS AFONSO, Almerindo Janela. AVALIAÇÃO EDUCACIONAL: regulação e emancipação: para uma sociologia das políticas avaliativas contemporâneas. São Paulo, Cortez, 2009. ARAGÃO, José Euzébio de Oliveira Souza; BERTAGNA, Regiane Helena. Políticas Públicas de Avaliação do Ensino Superior: tateando um conceito de qualidade da educação. Revista NUPEM, Campo Mourão, v. 4, n.7, ago./dez. 2012. HILLESHEIM, Maíra Adriana; SIEVES, Douglas; VIZZOTTO, Liane. ENADE: uma visão político-educacional sobre suas competências. Disponível em: http://www.upe.br/portal/download/imprensa/cpa/09%20%20ENADE%20UMA%20VIS%C3%83O%20POL%C3%8DTICO-EDUCACIONAL.pdf. Acesso em: 12 abr. 2015. MOZZONETTO, Clenio Vianei; MAZZONETTO, Angela Maria Paloschi; CANAN, Silvia Regina. Políticas de Avaliação em Larga Escala e suas Possibilidades. Disponível em: Acesso em: anais do evento VIII Congresso Internacional de Educação da UNISINOS e III Congresso Internacional de Avaliação. Ano 2013. TUMOLO, Ligia Maria Soufen. O ENADE como processo de autoavaliação dos cursos de graduação e a instituição. Disponível em: www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Cadernos.../article/.../550. Acesso em 08 abr. 2015.

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A INSERÇÃO DO NÚCLEO DE ACESSIBILIDADE NA UNIVERSIDADE: UMA

PROPOSTA INCLUSIVA

Vanice Hermel, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de

Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

Lucas Tadeu Amarante Bombana, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

Karim Kaiomi Bordignon, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

Theobaldo Dreye, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus

de Frederico Westphalen – BRASIL, [email protected]

RESUMO: Em consonância com a legislação vigente que, assegura o direito de todos à educação (CF/88 art. 205), com a atual política de educação especial e os referenciais pedagógicos da educação inclusiva, os quais advogam a igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola (CF/88 art. 206, I), importa explicitar os significados destes marcos legais, políticos e pedagógicos, bem como, seu impacto na organização e oferta da educação em todos os níveis e etapas. Garantindo, dessa forma, o acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade singular de cada indivíduo (art. 208, V). Sabe-se que a Universidade atualmente desenvolve inúmeros projetos e ações que ofertam condições para a participação e aprendizagem de estudantes com deficiência na educação superior, bem como, da necessidade de atendimento à legislação vigente. Neste contexto, o presente projeto tem a finalidade de ressaltar as condições necessárias para o pleno acesso, na busca da estruturação, padronização e institucionalização de práticas inclusivas e de acessibilidade em nosso Câmpus. PALAVRAS-CHAVE: Acessibilidade. Pessoa com deficiência. Legislação. Educação inclusiva.

INTRODUÇÃO

A concepção de acessibilidade que propomos nesse estudo consiste na articulação de

valores e princípios para formulação de políticas institucionais, práticas pedagógicas e de

gestão para o cumprimento da responsabilidade social. Entendemos que a inclusão se

manifesta na responsabilidade social através da inclusão social na forma de educação

inclusiva. Assim é necessário que a responsabilidade social se traduza em ações concretas,

como por exemplo, a acessibilidade arquitetônica. Conforme os referenciais de acessibilidade

do MEC, no que tange a acessibilidade e inclusão nas instituições de educação superior,

marcos históricos e conceituais. Cabe aos gestores institucionais da IES, a inserção da

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educação inclusiva em seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e Projeto Político

Pedagógico do Curso (PPC) e, ainda planejar e promover as mudanças requeridas,

assegurando a transversalidade na educação inclusiva. Considerando o Núcleo proposto com

uma das ações concretas, citada pelo referencial, aquele tem a função de dar suporte aos

gestores no alcance das metas e objetivos definidos no PDI, PPC, legislação e normas técnicas

vigentes. Reconhecemos a necessidade de mudança cultural, rompendo as barreiras atitudinais

e a necessidade de adaptações físicas e pedagógicas. Partimos do princípio que existe a

necessidade de uma sistemática de abordagem para pessoas com deficiência permanente ou

temporária, baseado em uma política de inclusão que assegure a comunidade acadêmica

condições plenas.

Consideramos que a inserção do Núcleo de acessibilidade alinha-se com a Missão, a

Visão e os Valores da Universidade à qual se destina este projeto, pois evidenciamos que os

objetivos a que se propõe o núcleo envolvem a preocupação com a solidariedade humana na

promoção da cultura que preconiza o desenvolvimento da consciência coletiva. Este projeto

prima pela qualidade, considerando os principais indicadores estabelecidos pelo sistema de

avaliação da educação superior (SINAES) e, ainda destina-se à ação solidária e integração

com as comunidades, buscando um ambiente que contemple a acessibilidade plena. Sendo a

Universidade um espaço de encontro de pessoas com diferentes culturas, valores e crenças, o

foco dos esforços deve ser o de garantir que todos participem da vida acadêmica com

igualdade de condições, e para tal justificamos a relevância da implementação do Núcleo de

Acessibilidade como projeto permanente no Câmpus.da URI-FW.

1 PANORAMA DA INCLUSÃO

Embora não mais atualizados, os dados do Censo Demográfico Brasileiro (2000)

informam que existem 24,5 milhões de pessoas com deficiência, o correspondente a 14,5% da

população, percentual bastante superior ao encontrado nos levantamentos anteriores (menos

de 2%). Em obediência às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), foram

incorporados ao universo dos deficientes, aqueles com “alguma ou grande dificuldade de

andar, ouvir ou enxergar”, permitindo, dessa forma, a realização de um diagnóstico

diferenciado de acordo com o grau de deficiência. Entretanto, o aumento considerável do

número de deficientes não se deve exclusivamente às mudanças metodológicas promovidas

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naquele censo, mas também, ao envelhecimento da população. Este que vem acompanhado de

crescentes limitações nas capacidades física-funcionais, e às vezes, intelectuais do indivíduo.

Nesse contexto, o quadro se torna mais complexo quando olhamos para um

futuro próximo, segundo dados da OMS, a porcentagem de idosos (faixa etária com 60 anos

ou mais) no mundo vai dobrar, passará de 11% da população total, em 2000, para 22% em

2060, quando o Brasil figurará com uma proporção de idosos de 26,7% do total (58,4

milhões). No período, a expectativa média de vida do brasileiro deve aumentar dos atuais 75

anos para 81 anos, semelhante à que já é registrada em países desenvolvidos. Esse quadro

merece atenção especial dada as suas implicações sociais e do ponto de vista da saúde

pública. Vale ainda ressaltar, a necessidade de promover um amplo diagnóstico desse

segmento da população brasileira, bem como o delineamento de políticas específicas para

pessoas com deficiência que levem em consideração o fator idade, sendo imprescindível

conhecer as necessidades e condições de vida dessas pessoas a fim de contribuir para o

desenho e implementação de ações de inclusão social.

Na última década vivenciamos a implantação da política de Educação Inclusiva,

discutida ao redor do mundo, a qual pressupõe a criação e o desenvolvimento de estratégias

que possam atender as especificidades de cada aluno no processo educacional. Deparamo-nos

com a acessibilidade arquitetônica como fator integrante do processo inclusivo, constituindo

um desafio a ser superado na construção de uma sociedade mais justa. A acessibilidade

significa dar condições e possibilitar, a todos, segurança, autonomia, garantia de direitos, a

fim de que possam viver com dignidade e igualdade de condições. Nesse sentido, a diferença

se faz presente entre os educandos matriculados nas escolas e instituições de ensino superior

de todo o país, desafiando a sociedade a um maior comprometimento com o processo de

inclusão. Salientamos que a diversidade presente nas escolas e universidades requer

conscientização, cooperação, além de responsabilidade por parte de todos os envolvidos, ou

seja, do professor, da família, dos funcionários e de toda a comunidade, colaborando para que

a inclusão seja factível, com melhoria na qualidade de atendimento ao aluno com deficiência.

Lovato e Zych (2008) relatam que cada vez mais o livre acesso de pessoas, sejam

crianças ou adultos, homens ou mulheres, a todos os lugares está sendo possível devido às

mudanças nas construções civis aliadas à conscientização das pessoas no intuito de

possibilitar condições favoráveis de acesso a todos. Com base na universalidade do direito de

ir e vir, novos projetos de acessibilidade está surgindo e ofertando múltiplos benefícios à

população.

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Apesar de a LDB preconizar a inclusão desde 1996, a inclusão e acesso ao ensino

superior é uma experiência recente em nosso país. Um grande avanço em termos legislativos

aconteceu com a promulgação do Decreto nº 7611 de 17 de novembro de 2011, que dispõe

sobre a educação especial e o atendimento educacional especializado. Tal Decreto determina a

complementação da formação dos estudantes com deficiência, por meio de serviço de apoio

especializado, tendo por base suas necessidades individuais. No ensino superior, o

contingente de 5,2 mil deficientes visuais simboliza somente 0,09% dos 5,8 milhões de

universitários, segundo o Censo da Educação Superior de 2008. Já no Censo da Educação

Superior de 2011, esses estudantes representaram um contingente de 9,3 mil deficientes

visuais num total de 6,7 milhões de universitários, o que representa 0,13% desse total (INEP,

2011).

Por Núcleo de Acessibilidade compreende-se a constituição de espaço físico, com

profissionais responsáveis pela organização das ações, articulação entre os diferentes órgãos

da instituição para a implementação da política de acessibilidade e efetivação das relações de

ensino, pesquisa e extensão na área (BRASIL/MEC, 2010).

A criação e a consolidação do Núcleo de Acessibilidade da URI-FW, busca organizar

e promover ações institucionais que visem à inserção plena de acadêmicos, docentes e

técnico-administrativos com deficiência na vida acadêmica, eliminando as barreiras físicas,

pedagógicas, atitudinais, de comunicação e de informação que restrinjam a participação e o

desenvolvimento acadêmico e/ou profissional.

2 DEFICIÊNCIAS E DEMAIS CONDIÇÕES ACOMPANHADAS

Segundo critério adotado no Brasil para definir deficiência, encontramos na convenção

sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada pelo Brasil em março de 2007,

aprovada em julho de 2008 pelo decreto legislativo n. 186 promulgada em 25 de agosto de

2009 pelo decreto presidencial n. 6949 a seguinte descrição: “Pessoas com deficiência são

aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais em

interação com diversas barreiras podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade

com as demais pessoas” (BRASIL, 2009).

No decreto nº 3.298 de 1999 da legislação brasileira, tem-se a definição do conceito de

deficiência, conforme segue abaixo:

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Art. 3…: - Para os efeitos deste Decreto, considera-se: I - Deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano.

De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva

Consideram-se alunos com deficiência àqueles que têm impedimentos de longo prazo, de natureza física, intelectual ou sensorial, que em interação com diversas barreiras podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade. (BRASIL, 2008, p.9)

No entanto, apesar de tantos dispositivos legais garantirem os direitos de acesso e

permanência à educação apenas após o ano de 1996, as instituições de ensino superior

começaram a discutir tal assunto, em razão das responsabilidades que a nova LDB implicou.

O direito ao ensino, sob o aspecto da acessibilidade, foi contemplado na parte referente ao

ensino superior pela Portaria 1.679/99 MEC. Os sistemas de ensino, nos termos da Lei

10.098/2000 e da Lei 10.172/2001, devem assegurar a acessibilidade aos alunos que

apresentem necessidades educacionais especiais, mediante a eliminação de barreiras

arquitetônicas urbanísticas, na edificação – incluindo instalações, equipamentos e mobiliário –

e nos transportes escolares, bem como de barreiras nas comunicações, provendo as escolas

dos recursos humanos e materiais necessários (TORRES, 2002).

2.1 Deficiências físico-motoras

São aquelas que alteram a capacidade de motricidade geral do indivíduo, acarretando

dificuldades, ou impossibilidade de realizar quaisquer movimentos. De forma geral, as

deficiências físico-motoras afetam a realização de atividades que demandam força física

(agarrar, puxar, empurrar, levantar, torcer, bater, etc.); coordenação motora e precisão

(rotacionar, pinçar, escrever), ou ainda aquelas relativas à mobilidade do indivíduo no espaço

(caminhar, correr, pular). (DISCHINGER, 2012).

Machado em sua sucinta definição nos apresenta conceitos sobre as dificuldades

motoras e suas classificações:

Alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades

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estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções (2007. p 22).

As terminologias “para, mono, tetra, tri e hemi”, dizem respeito à localização no corpo

da parte afetada, significando respectivamente, somente os membros inferiores, somente um

membro, os quatro membros, três membros ou um lado do corpo. Também podem ser

encontradas alterações cinésio-funcionais como consequência de lesão do Sistema Nervoso e,

nesses casos, observa-se principalmente a alteração do tônus muscular, como por exemplo:

hipertonia, hipotonia, atividades tônicas reflexas, movimentos involuntários e incoordenados

(BERSCH; MACHADO, 2007).

A deficiência física se refere ao comprometimento do aparelho locomotor que compreende o sistema Osteoarticular, o Sistema Muscular e o Sistema Nervoso. As doenças ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto, podem produzir grandes limitações físicas de grau e gravidades variáveis, segundo os segmentos corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida. (BRASIL, 2006, p. 28)

2.2 Deficiências sensoriais

São aquelas em que há perdas significativas nas capacidades dos sistemas de

percepção do indivíduo, gerando dificuldades em perceber diferentes tipos de informações

ambientais.

A) Deficiências no sistema de orientação/equilíbrio:

De acordo com as colocações de DISCHINGER, et al. (2012), essas alterações

provocam a perda da capacidade de equilíbrio do indivíduo afetando a manutenção da postura

em pé, a percepção do movimento próprio de aceleração (início e fim de movimentos do

indivíduo) e a identificação dos referenciais espaciais corpóreos e ambientais (eixos vertical/

horizontal e frontal/posterior e direções de encima/embaixo, direita/esquerda, etc.).

As alterações nesse sistema comprometem o funcionamento de todas as atividades

sensoriais e podem significar desde a perda da capacidade de equilíbrio até dificuldades de

orientar-se espacialmente.

2.3 Deficiência visual

A pessoa com deficiência visual, baixa visão ou cegueira terá a gravidade da

deficiência associada à parte do olho afetado. Os casos mais leves e moderados são chamados

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baixa visão, no qual a pessoa enxerga muito pouco e com dificuldade, mesmo com o auxilio

de óculos. Os casos mais severos são chamados de cegueira, no qual a pessoa não enxerga

absolutamente nada.

Baixa Visão: Acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção

óptica e os casos nos quais a somatória de medida do campo visual em ambos os olhos for

igual ou menor que 60%. Comprometimento do funcionamento visual de ambos os olhos,

mesmo após tratamento ou correção. Possui resíduos visuais que permitem a leitura de textos

impressos ampliados ou com o uso de recursos ópticos especiais (MEC/INEP, 2009).

Cegueira: A acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor

correção óptica. Ausência total de visão até a perda da percepção luminosa, tendo como

principal meio de leitura e escrita o sistema Braille.

2.4 Deficiência auditiva

A deficiência auditiva se caracteriza pela redução ou ausência da capacidade de ouvir

determinados sons. Pode ser classificada em escalas que são caracterizadas como leve,

moderada, severa e profunda. Sua influência na vida do individuo será determinada não só

pelo grau da deficiência, mas também momento de vida em que ela surgiu. Se no nascimento,

na primeira infância ou no período pré-linguístico.

Deficiência Auditiva: Perda bilateral, parcial ou total, de 41 dB até 70 dB, aferida por

audiograma nas frequências de 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz e 3000 Hz. O aluno que utiliza o

Aparelho de Amplificação Sonora Individual - AASI (prótese auditiva) pode, ou não,

processar informações linguísticas pela audição e, consequentemente, tornar-se capaz de

desenvolver a linguagem oral, mediante atendimento fonoaudiológico e educacional

(MEC/INEP, 2009).

Surdez: Perda auditiva, bilateral, parcial ou total, acima de 71 dB, aferida por

audiograma nas frequências de 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz e 3000 Hz. Considera-se pessoa

surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de

experiências visuais. O aluno com essa surdez, em geral, utiliza naturalmente a Língua

Brasileira de Sinais - Libras.

2.5 Deficiências múltiplas

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Ocorrem quando o indivíduo apresenta a associação de mais de um tipo de deficiência.

Devemos considerar que mesmo que o indivíduo não possua deficiências múltiplas

geralmente a ocorrência de uma deficiência acarreta alterações em outras estruturas ou

funções corpóreas

Será sempre preciso apurar o grau de comprometimento em cada uma das deficiências

para que sejam verificadas as barreiras que possam ser encontradas pela pessoa e sua família.

Elas podem ser classificadas em: deficiência intelectual associada em deficiência física;

deficiência auditiva associada à deficiência física e intelectual ou deficiência visual associada

a paralisia cerebral.

2.6 Mobilidade reduzida

Pessoa com mobilidade reduzida é aquela que não se enquadra no conceito de pessoa

com deficiência, tenha por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se permanentemente,

gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção.

Decreto 5.996 de 2 de dezembro de 2004 (DISCHINGER, et al. 2012).

2.7 Deficiência intelectual

No Brasil, adota-se a definição genérica da convenção sobre Direitos das Pessoas com

Deficiências, que foi assinada pelo Brasil e mais 196 países, em março de 2007, aprovados

em julho de 2008 pelo Decreto Legislativo n˚ 186 e promulgado em 25 de agosto de 2009

pelo decreto pelo Decreto presidencial n˚ 6.949. Em seu artigo 1˚ estabelece: “pessoas com

deficiências são aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual, sensorial, os

quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na

sociedade com as demais pessoas”.

A Deficiência Intelectual refere-se a um funcionamento intelectual inferior à média

(medida pelo quociente intelectual: social), associado às limitações adaptativas em pelo

menos duas áreas destas habilidades (comunicação, autocuidado, atividades da vida diária,

adaptação social, saúde e segurança, usam de recursos da comunidade, determinação, funções

acadêmicas, lazer e trabalho).

O Brasil não possui sua própria definição de Deficiência Intelectual e utiliza a

definição da AAIDD, quando necessário.

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Segundo a definição da AAIDD (America Association on Intelectual Developmental

Desabilities) de 2010, a deficiência intelectual é caracterizada por uma limitação significativa

no funcionamento intelectual e nos comportamentos adaptativos expressos nas questões

conceituais, sociais e atividades da vida prática. Este funcionamento origina-se

necessariamente antes dos 18 anos (AAIDD, 2010).

2.8 Transtorno do espectro autista

Apesar da tríade típica do autismo, as características manifestas aparecem através de

uma ampla variedade de sintomas e graus de severidade. Frente a isso, considera-se o termo

TEA mais condizente à medida que abarca diferentes graus de manifestações, caracterizando

um continuo que compõem desde as formas mais brandas até as mais incapacitantes. Essa

compreensão corrobora com a versão do DSM V prevista para ser lançada em 2013, que

prevê mudanças na organização do diagnóstico do autismo, com a exclusão das categorias

Autismo, síndrome de Asperger, Transtorno Desintegrativo e Transtorno Global do

Desenvolvimento Sem Outra Especificação, permanecendo apenas a denominação de TEA

(HEROLD e CONNORS, 2012).

Os estudos sobre o autismo têm demonstrado evoluções, no que se refere ao conceito e

compreensão, possibilidades etiológicas, graus de severidade e características específicas. E

neste contexto, atualmente, a definição de autismo mais aceita é de considerá-lo como uma

síndrome comportamental de etiologias diversas que comprometem o desenvolvimento

infantil (GILLBERG, 2005).

Szpir (2006) refere que alguns casos de autismo estão relacionados a fatores

ambientais, como a exposição pré-natal a agentes químicos ou agentes infecciosos, como o

vírus da gripe e da rubéola. Todavia, a presença de uma predisposição genética parece ser

necessária, sendo os insultos ambientais desencadeadores. Diante disso, considera-se que não

há uma causa única para o autismo e que este ocorre devido a uma interação entre fatores

genéticos e ambientais.

Os estudantes com TEA são aqueles que apresentam alterações qualitativas das

interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades

restrito, estereotipado e repetitivo (MEC/INEP 2009).

Queiroz (2011) enfatiza as vantagens do acesso à tecnologia para a melhora da

qualidade de vida e socialização de pessoas com autismo, mas ressalta que no Brasil ainda são

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escassas iniciativas de desenvolver programas e dispositivos específicos e, que, muitas das

propostas não se convertem em soluções acessíveis ao beneficiário direto, o autista, nem aos

cuidadores, pais, professores que também seriam favorecidos.

2.9 Altas habilidades

As pessoas com altas habilidades/superdotação apresentam capacidade mental

significativa superior a média, salientam-se em relação a seu grupo social, em uma ou mais

destas “inteligências1” ou habilidades, evidenciando sua capacidade superior. Com o

entendimento destas habilidades, pode-se perceber que os indivíduos com altas

habilidades/superdotação apresentam características que podem ser evidenciadas em

comparação a um grupo, as quais podem ser observadas pelas pessoas de seu convívio ou por

ela mesma.

Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em

qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança,

psicomotricidade e artes. Também apresentam elevada criatividade, grande envolvimento na

aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (INEP, 2009). Pelo fato de, na

maioria das vezes, esses estudantes não apresentarem dificuldades acadêmicas, geralmente

não são identificados ou encaminhados para acompanhamento.

No quadro abaixo se apresentam oito grupos de usuários classificados para análise

espacial, que são: pessoas sem restrições significativas, pessoas com deficiência físico-

motora, pessoas com deficiência visual, pessoas com deficiência auditiva, pessoas com

mobilidade reduzida e pessoas com deficiências múltiplas associadas (Decreto 5.296/2004).

Nesta análise, não se incluem, de forma discriminada as pessoas com deficiência mental.

Entretanto, propõem-se que estas sejam consideradas no grupo de deficiências múltiplas

associadas, para o qual se convergem as características diversificadas de restrições, inclusive

as relacionadas à cognição.

1 GARDNER (1995, 2001) aponta que os indivíduos apresentam oito inteligências, que são: corporal-cenestésica, musical, linguística, lógico-matemática, espacial, interpessoal, intrapessoal e naturalista, sendo que mais uma está em processo de estudo, a existencial. Estas inteligências, conforme o autor, na maioria das pessoas, funcionam combinadas e a resolução de algumas atividades poderá envolver uma fusão de várias delas.

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FONTE: Vasconcellos, 2011.

3 CONCEITUANDO A ACESSIBILIDADE

Acessibilidade é tornar o mundo acessível, fazer com que todos possam ir e vir, com

segurança e autonomia. Também pode ser o direito de usar os espaços e serviços que a cidade

oferece independente da capacidade de cada um. Precisamos que o necessário esteja ao nosso

alcance, seja em nossa limitação permanente ou não, pois todas as pessoas, em algum

momento de suas vidas, necessitarão da acessibilidade (CONADE2, 2004). Acessibilidade é

definida pela Legislação Brasileira através do Decreto 5.296 de dezembro de 2004, no seu

capítulo terceiro, artigo 8º como:

Acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. (Decreto n°5.296/2004, Art. 8°, inciso I)

Outros órgãos governamentais também zelam pelos direitos das pessoas com

deficiência. Para o Ministério da Educação, o termo “acessibilidade” significa incluir a pessoa

com deficiência na participação de atividades, como o uso de produtos, serviços e

2 CONADE: Conselho Nacional das Pessoa Portadora de Deficiência.

Quadro 1 - Grupos de usuários classificados para análise espacial. Fonte: Vasconcellos, 2011.

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informações. Alguns exemplos são os prédios com rampas de acesso para cadeira de rodas e

banheiros adaptados para deficientes. Já a ABNT3 (considerada o Fórum Nacional de

Normalização) que estabeleceu a Norma Brasileira NBR 9050 de 2004, a qual determina os

padrões acessíveis para o espaço urbanos, para as edificações, mobiliários e outros definem

acessibilidade como:

Acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos. (NBR 9050, 2004, pág. 2)

A partir da década de 90, a adequação dos sistemas sociais vem sendo enfatizada,

principalmente através de documentos internacionais como a Declaração de Salamanca

(1994) da UNESCO (The United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization),

que relata extensamente o conceito de inclusão, propondo o desenvolvimento de programas

que atendam a diversidade dos alunos que frequentam nossas escolas.

...cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprios... as pessoas com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas comuns que deverão integrá-las numa pedagogia centralizada na criança, capaz de atender a essas necessidades; as escolas comuns, com essa orientação integradora, representam o meio mais eficaz de combater atitudes discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras, construir uma sociedade integradora e dar educação para todos. (CORDE4, 1994, p. 10)

Os espaços físicos das instituições de ensino deveriam estar adequados às

necessidades de todos (alunos, professores, funcionários), porém, como estes representam

uma minoria, o problema ainda persiste. Tais adequações vêm ao encontro da acessibilidade,

assim como ratifica a Revista da Educação Especial, da Secretaria de Educação Especial apud

Lovato e Zych (2008): Acessibilidade arquitetônica (...); acessibilidade educacional (...);

acessibilidade instrumental (...); acessibilidade programática (...); acessibilidade atitudinal

(...)5.

Machado (2007) advoga a favor da necessidade de reestruturação e adequação dos

ambientes físicos já construídos nas instituições de ensino, assim como, de orientação aos

novos projetos com base na acessibilidade. Sendo que, apenas rampas e banheiros adaptados,

3 ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. As Normas Brasileiras são de responsabilidade dos Comitês Brasileiros (ABNT/CB), dos Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS) e das Comissões de Estudo Especiais Temporárias (ABNT/CEET). 4 CORDE – Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. 5 Maiores esclarecimentos em: LOVATO e ZYCH, 2008.

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são insuficientes para que os princípios da acessibilidade sejam consolidados. Assim, para

além das exigências das normas técnicas de atender as reais necessidades de cada pessoa com

deficiência, temos que estudar detalhadamente as necessidades do ambiente

escolar/universitário.

[...] é necessário que os professores conheçam a diversidade e a complexidade dos diferentes tipos de deficiência física, para definir a estratégia de ensino que desenvolva o potencial do aluno. De acordo com a limitação física apresentada é necessário utilizar recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua educação buscando viabilizar a participação do aluno nas situações práticas vivenciadas no cotidiano escolar, para que o mesmo, com autonomia, possa otimizar suas potencialidades e transformar o ambiente em busca de uma melhor qualidade de vida (BRASIL, 2006, p. 29).

De acordo com Stainback e Stainback (1999) há uma miríade de arranjos inclusivos

para todos os integrantes das comunidades escolar e acadêmica, como exemplo, são

necessárias atitudes de respeito, compreensão e cooperação com as pessoas com deficiência.

Para que a inclusão ocorra de forma positiva, precisamos continuar trilhando rumo à

conscientização social, principalmente dentro das instituições de ensino.

Conforme Maciel (2000) a verdadeira integração docente-discente somente será

alcançada quando, o professor da sala regular e os especialistas de educação nas instituições

de ensino, adquirirem conhecimento a respeito do que é deficiência, quais são suas causas,

principais tipos, características e as necessidades educativas originárias de cada uma. O

professor precisa, antes de tudo, da construção de uma óptica abrangente e específica dessa

área, que deve ser proveniente de sua formação acadêmica. Em uma abordagem regional,

pode-se dizer que, é restrito o número de escolas e universidades que formam professores e

abordam adequadamente a questão da deficiência em seus currículos. A formação contínua é

uma indispensável ferramenta, devendo ocorrer através de cursos, seminários, treinamentos e

formação em serviço.

3.1 Acessibilidade arquitetônica

A tradição filosófica europeia fundamenta-se no reconhecimento, aceitação e

promoção dos direitos humanos de todos os segmentos da sociedade, entre eles pessoas com

mobilidade reduzida. Nesse contexto, a acessibilidade é um atributo essencial do meio físico

centrado na pessoa. Em novembro de 2003, em Luxemburgo, foi apresentada uma versão

atualizada do Conceito Europeu de Acessibilidade (CEA). O novo texto assumiu os conceitos

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do Desenho Universal e reviu soluções para problemas detectados em projetos de edifícios,

construções, instalações, sistemas de informação e de reforço das práticas adotadas pelas

instituições da União Europeia (UE). As recomendações decorrentes dessa ação trouxeram

benefícios a toda a população da UE, e não apenas às pessoas com deficiência.

O conceito de Desenho Universal surgiu em decorrência de reivindicações de dois

segmentos sociais. O primeiro composto por pessoas com deficiência que não sentiam suas

necessidades contempladas nos espaços projetados e construídos. O segundo formado por

arquitetos, engenheiros, urbanistas e designers que desejavam maior democratização do uso

dos espaços e tinham uma visão mais abrangente da atividade projetual.

O Desenho Universal é um conceito novo dentro da concepção de formação das

cidades que, se utilizado na produção de espaços ou de objetos, permite a igualdade no seu

emprego por todos, inclusive pelas pessoas com deficiências ou com mobilidade reduzida. Ele

vai além deste pensamento simplista de eliminação de barreiras, trata-se de evitar a

necessidade de produção de ambientes ou elementos especiais para atenderem públicos

diferentes. Segundo a ABNT, e a lei 5.296/04, Art.8, Inciso IX, referencia que Desenho

Universal:

... É aquele que visa atender a maior gama de variações possíveis das características antropométricas e sensoriais da população (ABNT NBR 9050:2004)... .É a concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade (Decreto Federal nº 5.296/04, Art. 8º, Inciso IX).

A respeito disso Bastetti e Colbs. (2012, p. 125) afirmam que é preciso, adequar os

ambientes, em que todos irrestritamente possam vivenciar experiências diárias. Os princípios

básicos que norteiam o Desenho Universal dizem respeito à adequação dos espaços a todas as

pessoas, reduzindo esforços desnecessários e considerando a diminuição da capacidade

motora, visual ou auditiva. Boa sinalização, seja visual, tátil ou sonora, possibilita maior

autonomia aos usuários de espaços coletivos, diminuindo riscos de desorientação. É

importante considerar posicionamento adequado, assim como uso de elementos gráficos

facilmente decifráveis e com linguagem adequada às características culturais da população.

As barreiras físicas-espaciais são os elementos físicos, naturais ou construídos, que

dificultam a realização de atividades desejadas de forma independente. Por exemplo, a

colocação de canteiros reduzindo a área de circulação num passeio público impede o

deslocamento de uma pessoa em cadeira de rodas, sendo também um obstáculo para todos os

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pedestres. O excesso de propaganda nos espaços urbanos causa poluição visual, dificultando o

acesso às informações urbanas necessárias para a orientação, tais como nomes de ruas e

números de prédios, constituindo-se também em barreira. Outro exemplo de barreira, mas

chamada de barreira dinâmica pode ser o excesso de ruído que afeta a comunicação para

pessoas com audição reduzida e atrapalha a orientação de uma pessoa cega ao encobrir sons

que se constituem em referências positivas, como uma sinaleira sonora na faixa de segurança.

(DISCHINGER, et al. 2012).

No Brasil, segundo CARLETTO e CAMBIAGHI (2008), o debate sobre a questão

iniciou-se de forma tímida em 1980, com o objetivo de conscientizar profissionais da área da

construção. O ano de 1981 foi declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como

Ano Internacional das Pessoas com Deficiência, sendo que na oportunidade, foi defendida a

"igualdade de oportunidade para todos". Com isso, o tema ganhou repercussão no país,

fortalecendo o que na época denominava-se Eliminação de Barreiras Arquitetônicas às

Pessoas Portadoras de Deficiência. Em razão da conjuntura internacional, essa discussão foi

positiva para o país, pois a partir de então, vários planos foram elaborados e metas foram

traçadas: Plano de Ação da Comissão Internacional de Pessoas Deficientes (1981); Plano

Nacional de Ação Conjunta para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (1985).

Centrados na garantia de direitos e, consequentemente, no exercício da cidadania serviram

para regulamentar o acesso a todos e garantir que a parcela da população com deficiência ou

mobilidade reduzida tivesse as mesmas garantias que os demais cidadãos. Rompendo, desta

forma, com aquele papel benevolente e assistencialista que até então vivenciávamos.

Em 1985 a ABNT criou a primeira norma técnica relativa à acessibilidade, hoje

denominada, após duas revisões, NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário,

espaços e equipamentos urbanos. A última revisão ocorreu em 2004 e vigora até hoje para

regulamentar os parâmetros técnicos de acessibilidade no país.

Passados 30 anos do início desse debate no país, é possível aferir avanços em

diferentes esferas. Como exemplo, podemos citar: a progressiva sensibilização social em

relação às necessidades específicas das pessoas com deficiência; a crescente conscientização

por parte de profissionais, gestores e usuários de que a acessibilidade melhora a qualidade de

vida de todas as pessoas. Há, ainda, o reconhecimento de que a inclusão dos conceitos do

Desenho Universal no Brasil é determinante para a mudança de paradigma na arquitetura e no

urbanismo, pois a partir da compreensão prévia das necessidades de todos os tipos de

indivíduos, busca conceber espaços/habitações que possam ser utilizados por qualquer pessoa,

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em qualquer etapa da vida, com conforto, segurança e integração, induzindo a experiências e

processos de amadurecimento voltados à democratização dos espaços públicos e privados

para todos.

A acessibilidade arquitetônica se faz mediante a análise das condições do ambiente,

numa parceria constante entre profissionais da educação, da arquitetura e da engenharia

dentro de uma perspectiva ampla de inclusão. É preciso verificar as necessidades específicas

oriundas de cada tipo de dificuldade: motora, sensorial, de comunicação, cognitiva ou

múltipla (MACHADO, 2007).

Segundo Machado (2007) é sabido que as construções que abrigam instituições de

ensino não apresentam acessibilidade espacial e há uma grande dificuldade de arquitetos e

engenheiros entenderem esse direito. É preciso fazer uso da legislação, para que de fato, os

ambientes de ensino se transformem em ambientes acessíveis e, consequentemente,

acolhedores. Também, pode-se observar a falta de acessibilidade espacial na quase absoluta

maioria dos edifícios escolares que foram construídos, não levando em consideração, as

necessidades das pessoas com deficiência. Se o objetivo é a participação efetiva de todos os

alunos (com ou sem deficiência) no processo ensino-aprendizagem, faz-se necessário um

ambiente adequado para garantir essa participação.

Recorrendo a Dischinger et al (2004) os projetos arquitetônicos acessíveis podem se

valer dos cinco princípios do Desenho Universal que muito colaboram para a inclusão escolar.

São eles:

1…. Direito à equidade, participação: Todos os ambientes devem ser

desenhados de forma a não segregar ou excluir pessoas, promovendo a socialização e a integração entre indivíduos com diferentes condições físicas, mentais e sensoriais. Desta forma, ambientes e equipamentos adaptados não devem ser isolados dos demais espaços, possibilitando o uso independente, na medida do possível, por indivíduos com habilidades e restrições diferentes (DISCHINGER et al, 2004, p. 157).

2…. Direito à independência: Todos os espaços físicos – pátios, caminhos, salas, etc... e seus componente – brinquedos, pisos, rampas, carteiras etc... – devem permitir o desempenho de atividades de forma independente por todos os usuários. No caso de indivíduos com restrições devem-se prover as condições par sua independência. Na impossibilidade da realização de atividades de forma independente, o indivíduo tem direito a um acompanhante (DISCHINGER et al, 2004, p. 158).

3…. Direito à tecnologia assistiva: Todos os alunos portadores de necessidades especiais têm direito à utilização de equipamentos, instrumentos, recursos e material técnico-pedagógico adaptados de uso individual ou coletivo necessários para o desempenho das atividades escolares. Incluem-se nesta categoria as salas de recurso, computadores com programas especiais material em braile, etc (DISCHINGER et al, 2004, p. 159).

4…. Direito ao conforto e segurança: Todos os ambientes e equipamentos devem possibilitar seu uso e a realização de atividades com conforto e segurança,

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de acordo com as necessidades especiais de cada indivíduo. O desenho deve minimizar o cansaço, reduzir o esforço físico, evitar riscos à saúde e acidentes dos usuários (DISCHINGER et al, 2004, p. 160).

5…. Direito à Informação Espacial: Deve estar prevista a possibilidade de acesso à informação espacial necessária para a compreensão, orientação e uso dos espaços a todos os alunos, independentemente de suas habilidades. A informação espacial é fornecida através das qualidades dos elementos arquitetônicos ou adicionais (mapas, totens, sinalização sonora...) que permitem a compreensão da identidade dos objetos no espaço. No caso de alunos portadores de deficiência sensorial (surdos, cegos e com baixa visão) fontes alternativas de informação deverão estar disponíveis quando necessárias (DISCHINGER et al, 2004, p. 161).

Podemos concluir que esses planos provocaram rupturas e mudanças em favor da

pessoa com deficiência e o processo de inclusão da mesma no meio social e educacional.

Nessa busca por uma sociedade mais interativa, depara-se com a acessibilidade como fator

integrante do processo inclusivo, constituindo-se um desafio para assegurar uma sociedade

mais justa. A escola se sobressai como meio para alcançar a inclusão social, pois através da

educação inclusiva a sociedade em geral se beneficia das relações entre os envolvidos com a

escola. Para finalizar, é válido salientarmos que a acessibilidade arquitetônica é um direito

garantido por lei, absolutamente fundamental para que as crianças e jovens com deficiência

tenham condições de acessar todos os espaços de sua escola e participar de todas as atividades

escolares com segurança, conforto e maior autonomia, respeitando sempre as habilidades e as

limitações de cada aprendiz.

Fundamentalmente o núcleo de acessibilidade irá realizar a gestão do sistema de

acessibilidade da universidade, buscando a acessibilidade total suportada em três pilares,

mostrados na figura 1.

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Figura 1 – Pilares do Sistema de Acessibilidade Total da URI Frederico Westphalen

No alicerce dos pilares existe o Núcleo de acessibilidade, executando a gestão do

sitema de acessibilidade baseado na política de acessiblidade da instituição de ensino.

No primeiro pilar temos práticas de gestão, o diagnóstico da acessibilidade espacial do

Câmpus, que permite elaborar o plano de ação da acessbilidade espacial, que irá servir como

orientação a direção de quais ações de ajuste arquitetônico executar e priorizar. O diagnóstico

também se aplica em novos projetos, garantindo que todo novo projeto siga os conceitos do

desenho universal.

O segundo pilar auxilia a gestão individual das demandas específicas de cada

deficiência de alunos, professores e funcionários que exige atendimento especial. Nas

reuniões do Núcleo de Acessibilidade será utilizado como referência na tomada de decisões

de apoio especializado, treinamentos e práticas pedagógicas a serem aplicadas.

No terceiro pilar temos as práticas pedagógicas, representadas pelo atendimento

especializado, envolvendo desde o treinamento para professores e técnicos, tutoriamento, até

a especificação de estratégias pedagógicas, equipamentos de tecnologia assitiva e outros.

Também realiza a interface com programas de ensino e extensão e comunidade. Em resumo,

todo o amplo espectro de disciplinas e especialidades necessários para a acessibilidade total.

No topo o objetivo final de todo o processo, a acessbilidade total ocorrendo na prática

dentro da universidade, buscando que a URI Frederico Westphalen seja reconhecida na

comundiade como referência.

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A gestão do processo será baseada em ciclos que têm como base o referencial de

acessibilidade do MEC e alinhamento com o ciclo PDCA. Abaixo, na imagem 1, a

representação do gráfica do ciclo.

Imagem 1 – Ciclo de Gestão do Núcleo de Acessibilidade

A gestão ocorre com um ciclo anual, que objetiva um planejamento anual, mas

também outros pequenos ciclos ocorrendo paralelamente, focando em melhorias e processos

específicos.

No passo identificar devem ser aplicadas ferramentas da qualidade como, por

exemplo, gráficos de pareto, brainstorm, diagramas causa efeito, checklist e outras, além de

estatísticas, números e indicadores.

No passo planejar devem estar estruturados os indicadores do sistema de gestão da

acessibilidade e suas metas, estabelecidas pela direção. Outras ferramentas de gestão como

cronograma e plano de ação também são elaboradas e definidas.

No item treinamento entendem-se todas as ações para efetivar a mudança cultural,

tanto a formação contínua como a sensibilização e desenvolvimento de novas habilidades.

A execução cabe aos responsáveis definidos por cada ação a execução, cabe a direção

o acompanhamento do plano e a disponibilização de recursos necessários. Todas as ações

relevantes devem ser evidenciadas e deve ser verificada sua eficácia pela direção ou

representante.

5 PRATICAR

1 IDENTIFIAR

2 PLANEJAR

3 TREINAR

4 EXECUTAR

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Finalmente o item cinco, praticar, o centro do ciclo de gestão, onde a educação

inclusiva se cristaliza ao aluno através do professor, das práticas pedagógicas e condições

físicas para pleno acesso. Praticar a educação inclusiva.

Abaixo planilha com apanhado das definições e responsáveis por cada passo. No

campo responsável, onde é dito gestor, entende-se a direção para ações gerais da

universidade, as coordenações para as ações específicas do curso e o professor em sala de aula

quando identificar a necessidade de atendimento especializado em algum aluno.

Planilha 1 – Sistema de gestão do Núcleo de Acessibilidade, requisitos, práticas e responsável.

A metodologia tem como objetivo a estruturação de um sistema de gestão da

acessibilidade, que será coordenado pelo núcleo de acessibilidade, estruturado como sugerido

pelo referencial de acessibilidade do MEC, com ciclo de gestão dividido em cinco etapas:

1 – IDENTIFICAR

2 – PLANEJAR

3 – TREINAR

5 – EXECUTAR

4 – PRATICAR

O processo de identificar consiste em levantar as potencialidades e fraquezas locais e

globais, relacionados à acessibilidade, para promover a inclusão social. Em outras palavras

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coletar dados e fatos para embasar o planejamento das ações do Núcleo. Como por exemplo, o

diagnóstico da acessibilidade espacial e levantamento de alunos que possuem deficiência.

Através da anamnese, que é a coleta de dados que contém um breve resumo sobre o

paciente e a história da doença, obtido por meios de informações médicas juntamente com a

avaliação multidisciplinar, tem-se o objetivo de proporcionar dados ou informações a respeito

do aluno para a elaboração de um plano apropriado (BARRETOS, 2004).

Uma das principais necessidades de uma anamnese é o armazenamento organizado

dos dados, no sentido de documentar a atenção a cada aluno atendido pelo Núcleo de

Acessibilidade, essenciais para adaptações bem sucedidas.

Dando sequência à metodologia, realiza-se o planejamento, que consiste na elaboração

do plano de ação com ações de acessibilidade espacial e atitudinal, inclusive com implantação

de práticas de gestão e pedagógicas. Também são definidos os indicadores e metas a serem

alcançadas.

O treinamento é ponto chave para o atingimento das metas e na mudança cultural

necessária para alcançar uma acessibilidade plena. Inclui a formação continuada de

professores e comunidade acadêmica.

A execução das ações propostas envolve o acompanhamento do plano de ação,

garantindo apoio e recursos para concretização do planejamento, promovendo a acessibilidade

plena. Com a execução é necessário também evidenciar e verificar a eficácia do trabalho.

Finalmente, no centro de todo o processo a etapa praticar, onde a estrutura física,

práticas pedagógicas e treinamentos apoiam o professor em sala de aula na efetivação da

educação inclusiva.

Com o encerramento de um ciclo inicia-se outro, deste modo acontece a gestão e a

melhoria contínua.

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ANEXO 01- PLANO DE AÇÃO PÓS IDENTIFICAÇÃO DE ALUNO COM DEFICIÊNCIA

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DISCHINGER, Marta et al. Desenho universal nas escolas: acessibilidade na rede municipal de ensino de Florianópolis. SME, Florianópolis: Prelo, 2004. DISCHINGER, Marta et al. Promovendo acessibilidade espacial nos edifícios públicos: Programa de Acessibilidade às Pessoas com Deficiência ou Mobilidade Reduzida nas Edificações de Uso Público. Florianópolis: MPSC, 2012. GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artmed, 1995. ______. Inteligência: um conceito reformulado. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. GILLBERG. Christopher. Transtornos do espectro do autismo. Palestra apresentada no Congresso de Psiquiatria em Belo Horizonte, trazido pela AMA/SP – Associação de Amigos do Autista. 2005. Disponível em http://www.caleidoscopio-olhares.org/artigos/Palestra%20Gillberg%2020051010.pdf acesso em: 16 de junho de 2012. HEROLD, Eve; CONNORS, Erin. DSM-5 Proposed Criteria for Autism Spectrum Disorder Designed to Provide More Accurate Diagnosis and Treatment. News Release – American Psychiatric Association. 12-3, 2012. Disponível em <http://www.dsm5.org/Documents/12-03%20Autism%20Spectrum%20Disorders%20-%20DSM5.pdf> acesso em: janeiro de 2015. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo, 2000. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: novembro de 2014. INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Diretoria de Estatísticas Educacionais, 2011. LOVATO, Jessana. ZYCH, Anisia. C. A Questão da Acessibilidade do Educando com Deficiência Física, na Escola. In: Revista Eletrônica Lato, Ano 3, nº1, março de 2008. Disponível em: http://web03.unicentro.br/especializacao/Revista_Pos/ P%C3%A1ginas/3%20Edi%C3%A7%C3%A3o/Humanas/PDF/8-Ed3_CH-QuestaoAces.pdf Acesso em: dezembro de 2014. MACHADO, Rosangela. Acessibilidade Arquitetônica. In: SHIRMER et al. Atendimento Educacional Especializado: Deficiência Física. São Paulo: MEC/SEESP, 2007. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Portaria 1679/99. Disponível em: <http://www.inf.ufsc.br/IEE/MEC>. Acesso em: Novembro de 2014. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Disponível em: <http://www.terra.com.br/cgibin/index_frame/mundo/>. Acesso em: fevereiro de 2015. QUEIROZ, Murilo. Autismo e tecnologia. Revista Autismo: informação gerando ações. Disponível em. http://www.revistaautismo.com.br/edic-o-1/autismo-e-tecnologia acesso em 2 novembro de 2014. SZPIR, Michael. Investigate prenatal and postnatal environmental exposures that may lead to ASDs. Environmental Health Perspectives. v.114, n. 7, 2006. Disponível em <

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ESTÁGIO CURRICULAR: UM OLHAR DIFERENCIADO SOB A PERSPECTIVA

DO ALUNO

Caliandra Piovesan, URI - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen – Brasil, [email protected]

Eliane Miotto Kamphorst, URI - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – Brasil, [email protected]

RESUMO: O estágio é de fato importantíssimo para a vida acadêmica. Ele é para a maioria dos acadêmicos o marco inicial para posterior atuação profissional de qualquer estudante de licenciatura. Também proporciona ao estagiário uma visão ampla do cotidiano de uma escola, bem como o papel do professor em sala de aula. Levando em consideração essa importância do estágio na vida acadêmica, aplicou-se um questionário em uma turma do 8º ano com foco especial para a matemática. As respostas foram positivas, demonstrando respeito por parte dos alunos aos professores estagiários. PALAVRAS-CHAVE: Estágio; Educação; Matemática. INTRODUÇÃO

Muitas são as mudanças que vêm ocorrendo no cenário da educação e, com isso a

forma de ministrar as aulas, também sofre impacto. O avanço da tecnologia é um dos grandes

vilões desta mudança que vem ocorrendo, pois, compactuamos de uma nova geração de

crianças, as quais não conseguem ficar por muito tempo, sentados, escutando o professor. Esta

geração quer estar atrelado aos artefatos tecnológicos o que, para o professor, em especial o

professor de matemática vem a ser um desafio, uma vez que a matéria exige que muitas

atividades sejam realizadas pelo método tradicional.

O estágio, para a maioria dos alunos de um curso de licenciatura é o primeiro contato

com a prática docente. Ele também pode ser considerado um elo entre professores estagiários,

professores titulares, escola e Universidade. Pois a partir dele o estagiário compactua suas

experiências da Universidade, em contra partida o professor titular compartilha seu

conhecimento, bem como, a maneira de ensinar seus educandos.

O presente trabalho busca conhecer a opinião e pensamento dos alunos quanto ao

estágio, seus pontos positivos e negativos. Para a coleta de dados aplicou-se um questionário

na turma do 8º ano da escola campo. Escola esta onde uma das autoras realizou seu estágio

curricular do Ensino Fundamental do curso de Licenciatura em Matemática.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Sabemos que os problemas no ensino de Matemática estão presentes em todas as

cidades, todos os estados e fora do Brasil. As nossas crianças não conseguem ter todo o

aproveitamento necessário que deveriam ou necessitariam. Em contra partida vão ficando

lacunas que perpassam de série para série.

Desde o século XIX o ensino da matemática vem sofrendo reformas e o Brasil já

participou e se enquadrou em diversas, para buscar um método em que se torne prazeroso e

acessível o aprendizado das crianças, mas ainda não se chegou ao que chamamos de “ideal”.

A ideia é que os alunos não aprendam apenas a utilizar as fórmulas, e fazer os cálculos

matemáticos, mas sim, que a Matemática possa embutir nos alunos o espirito crítico,

instigando-os a analisar os resultados mas, acima de tudo, despertando o gosto pela mesma.

2.1 O papel da Escola e os Recursos disponíveis por ela

A escola é considerada por muitos alunos, sua segunda casa. É nela que eles passam a

maior parte da semana, é com os professores e colegas que dividem a maioria do seu tempo, e

é na escola que aprendem o conhecimento que não é adquirido em qualquer lugar.

A escola tem sido uma instituição obrigatória de ser frequentada para todas as

crianças, adolescentes e jovens. No entanto, possui muitos ideais em diferentes áreas,

indiferente de ser da rede estadual ou municipal de ensino, tem o papel de ensinar, ou seja,

receber seus alunos de portas abertas como também de oferecer a eles o que tem de melhor no

ensino.

Para que sejam mantidas algumas normas na educação contamos com os Parâmetros

Curriculares Nacional (PCNs), destacando “... a intenção de ampliar e aprofundar um debate

educacional que envolva escolas, pais, governos e sociedades e dê origem a uma

transformação positiva no sistema educativo brasileiro”. (1998, p. 2)

São diversas as tecnologias que chamam a atenção das crianças, mas não sabemos se

vamos conseguir acompanhar estas mudanças e, trazê-las para dentro da nossa escola. Na

matemática existem softwares específicos onde os alunos podem ver e analisar conceitos.

Dentre eles menciono o software régua e compasso, é o software que explorei neste estágio,

por ser um software gratuito e ao mesmo tempo dinâmico.

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Ainda menciono alguns recursos tecnológicos bem como softwares de matemática

disponíveis e que o professor, bem como, futuro professor possam vir a utilizar em sua prática

pedagógica, como: o site do “Só Matemática”, Linux Educacional, Geogebra, Máxima, bem

como, alguns recursos, como o facebook, fórum e chat.

A maioria das escolas já possui laboratório de informática, porém na maioria delas,

são poucos os computadores que funcionam, ou que a internet é de qualidade.

Ainda são muitos os desafios para as escolas, em função de melhorar a estrutura e a

qualidade dos laboratórios de informática.

2.2 A importância da formação docente na sala de aula

O Professor hoje é uma peça fundamental para o aprendizado das crianças e jovens,

principalmente na área da matemática. Na maioria dos casos os alunos chegam na escola

temendo a “tal” matemática que todos comentam, alguns têm mais facilidades, outros menos,

mas mesmo os que têm facilidade, às vezes não conseguem identificar essa matemática em

nosso cotidiano, o que cabe ao Professor mostrar-lhes.

Tornando assim, um modo mais acessível aos alunos de entender a matéria, onde cada

assunto seja ligado com um ato do dia a dia, como uma compra no supermercado ou os

objetos de casa, enfim.

No livro Formação de Professores destaca-se:

O Professor de matemática é chamado com frequência de matemático. Essa associação, entretanto, nem sempre é válida, pois suas práticas profissionais podem ser muito distintas e seus conhecimentos que são na base da profissão podem não pertencer à mesma vertente epistemológica. Embora tenha em comum a matemática, o olhar para esse campo de saber pode ser diferente, mesmo quando ambos pensam sobre o ensino dessa matéria. (FIORENTINI, LORENZATO, 2006, p. 3).

Ou seja, o matemático vai se deter aos conteúdos formais da matemática, procura

promover novos pesquisadores em matemática, já o educador matemático, tende a ensinar a

matemática como um instrumento importante a formação das crianças e dos jovens, onde usa

de outras artimanhas, como os materiais de apoio, fazendo com que a matemática se torne um

meio de educação.

Um ponto muito importante é a relação professor/aluno, onde no ensino fundamental,

os alunos ainda são crianças, necessitam de uma atenção maior, talvez precisam de mais

elogios e serem compreendidos. É necessário um jogo de cintura, como se diz, muito grande,

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pois além de ensinar o seu conteúdo com qualidade, o professor precisa lidar com a parte

emocional e familiar de seus alunos.

Na matemática o professor tem um papel ainda maior, fazer a interação dos conteúdos

com as vivencias dos alunos. Chegar no 6° ano do ensino fundamental e dizer aos alunos que

matemática não é difícil, mas o mais importante, mostrar que a matemática está presente nas

vidas dessas crianças, é uma responsabilidade enorme, pois são nestes primeiros anos que as

crianças vão despertando o gosto pelas disciplinas, e quando existe um bloqueio quanto a elas

é um caminho bem mais difícil ao professor, para transmitir seus ensinamentos.

No PCNs de Matemática do ensino fundamental diz o seguinte referente ao professor:

Para desempenhar seu papel de mediador entre o conhecimento matemático e o aluno, o professor precisa ter um sólido conhecimento dos conceitos e procedimentos dessa área e uma concepção de matemática como ciência que não trata de verdades infalíveis e imutáveis, mas como ciência dinâmica, sempre aberta à incorporação de novos conhecimentos. (PCNs, 1998 p.36)

O professor é a peça fundamental para os alunos do ensino fundamental, eles o têm

como referencia, é nesse sentido que se ressalta a importância do conhecimento do professor.

2.3 Professores Estagiários em sala de aula

Os professores estagiários são assim denominados pelo fato de precisar passar pela

sala de aula, vivenciar por um momento esta realidade escolar, para assim poder concluir um

curso de licenciatura. Esse procedimento é feito tanto no ensino fundamental quanto no médio

e, no EJA (Educação de Jovens e adultos).

Alguns professores tem certo receio em receber estagiários, é uma questão de

escolhas, até mesmo porque os estagiários estarão vivenciando, por algum momento, a forma

de ensino do professor titular. Porém a maioria das escolas abre as portas para receber os

professores estagiários, algumas mais sorridentes, outras um pouco menos, mas sempre em

prol a ajudar o acadêmico de uma licenciatura. Afinal qual o professor de matemática que, em

algum momento de sua vida acadêmica, não teve que passar pelo estágio?

É uma experiência desafiadora ao professor estagiário, pois ele assume a turma e passa

os conteúdos assim como o professor titular, no percurso da duração do estágio e com o

passar das aulas o professor estagiário tem uma noção de como é a escola, além de aprender e

tirar lições de atitudes que podem ou não serem tomadas em sala de aula.

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Quanto aos alunos, é muito complexo avaliar a postura, pois alguns fazem uma boa

recepção aos professores estagiários, já outros não gostam e acabam por desfazer suas aulas.

Existem turmas boas e turmas ruins? É uma resposta um tanto complicada, na verdade

existem formas e culturas. Formas diferentes de serem ensinadas, pois cada professor (pessoa)

possui uma maneira, um jeito de ensinar, e cultura, pois mesmo em uma única cidade existe

diferença entre escolas, seja no ambiente profissional como no ambiente de vivencia com os

alunos, a realidade de cada um é diferente.

Analisar a realidade dos alunos em que se vai estagiar é uma boa opção para fazer uma

integração com eles, mostrando a ocupação dos conteúdos no cotidiano daqueles alunos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O diagnóstico aplicado na turma, para posterior análise dos resultados, é composto por

algumas questões que envolvem a relação entre professor estagiário e aluno, quanto à

percepção do aluno, dentre as quais destacamos:

Perguntou-se se eles sabiam por que o professor estagiário está dando aula e ainda não

é formado, as respostas foram:

GRÁFICO 1: Respostas dos alunos Fonte: Dados da pesquisa

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

Como se fosseuma Prova

Mostrar seuconhecimento

Completar afaculdade

Ter experiência Não

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Ao analisar as respostas e o comportamento dos alunos em sala de aula, nota-se que

ocorre um entendimento por parte dos alunos, que o estagiário está sendo avaliado enquanto

trabalha com eles, como se fosse uma espécie de “prova oral”.

A próxima pergunta foi a seguinte: Como você imagina a aula do(a) Professor(a)

Estagiário(a)?

GRAFICO 2: Resposta dos alunos Fonte: Dados da Pesquisa

Nesta, observa-se que os alunos esperam aulas diferenciadas, com novidades,

principalmente jogos, e ainda que não ocorram avaliações, e se ocorrerem, que sejam “fáceis”.

Pediu-se se gostariam de ser professor, as respostas foram:

GRÁFICO 3: Respostas dos alunos Fonte: Dados da Pesquisa

0

1

2

3

4

5

6

Muito Boas Igual as Outras Criativa Interessante

0

2

4

6

8

10

12

14

Não Pedagogia Sim

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Nesta questão ilustra a concordância dos alunos quanto ao desafio de ser professor.

Logo quando teve o primeiro contato com os alunos eles questionaram o porquê a estagiária

estava cursando uma licenciatura, e o porquê matemática, exclamando certo espanto com a

profissão.

Quando perguntado se eles já tiveram aula com professores estagiários, 15 alunos

responderam que sim e somente 1 não teve aula com professores estagiários. A segunda

pergunta foi: O que você entende quando vem um Professor(a) Estagiário(a)? Diversas foram

as respostas, as mais cotadas foram que o estagiário(a) esta na reta final da faculdade e quer

ser professor; o estagiário vem conhecer como é dentro de uma sala de aula; ele vem ensinar

com materiais diferentes e não vem para xingar o aluno; o estagiário(a) vem substituir a

professora, ainda houve algumas respostas em branco.

Na pergunta seguinte foi pedido se os alunos gostavam quando vinha um professor

estagiário e o por que. Todos responderam que sim, pois muda a rotina com métodos

diferentes de ensino.

E por fim, quando perguntados o que chama atenção em um Professor(a) Estagiário(a),

as respostas ficaram entre, a vontade, o modo, inteligência e a paciência de ensinar os alunos.

As respostas foram positivas quanto ao olhar do aluno sobre o professor(a)

estagiário(a), porém negativa quanto a eles quererem seguir essa profissão.

CONCLUSÃO

Ao findar o estágio pode-se perceber a importância do planejamento do professor,

mesmo que algumas vezes ele tem sido flexível, no sentido de que as aulas nem sempre

acontecem conforme o cronograma do professor, principalmente quando se usa tecnologias

aliadas à prática pedagógica. Por fim, o estágio é muito significativo, pois o mesmo apresenta

de forma muito sucinta a vivência de um educador. Ele é o ponto de partida para o acadêmico,

futuro professor, vivenciar um pouco da profissão de ser professor.

REFERÊNCIAS FIORENTINI, Dario; LORENZATO, Sergio. Investigação em Educação Matemática percursos teóricos e metodológicos. São Paulo: Autores Associados, 2006. BRASIL. Secretaria de Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais, 1998.

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D’AMBROSIO, Beatriz S. Como Ensinar Matemática Hoje? Disponível em: (http://educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/MATEMATICA/Artigo_Beatriz.pdf). Acesso em: 12.12.2014. SOUZA, Antonio C. C.; GARNICA, Antonio V. M.; MURARI, Claudemir; PEREZ, Geraldo; BICUDO, Irineu. Educação Matemática: pesquisa em movimento. São Paulo: Cortez, 2005

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PROCESSOS EDUCATIVOS NA RÁDIO ESCOLAR: UMA EXPERIÊNCIA DA

ESCOLA EDGAR MARQUES DE MATTOS

Camila Guidini Camargo, Escola Estadual de Ensino Fundamental Edgar Marques de

Mattos de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

Simone Girardi Schueigart, Escola Estadual de Ensino Fundamental Edgar Marques de

Mattos de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

Cleuza Mariza Kiviatosz Sponchiado, Escola Estadual de Ensino Fundamental Edgar

Marques de Mattos de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

Gládis Teresa Sartori de Campos, Escola Estadual de Ensino Fundamental Edgar Marques

de Mattos de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMO: o presente artigo contempla reflexões acerca de experiências da rádio escolar na Escola Estadual de Ensino Fundamental Conselheiro Edgar Marques de Mattos, localizada no município de Frederico Westphalen. Inserida como meio de tecnologia na Educação, rádio na escola contribui com a formação midiática nos processos de aprendizagem, promovendo novos espaços de diálogos, divulgação de informações e saberes, bem como construção de metodologias para o ensino. Assim, a rádio da escola torna-se um instrumento que colabora para a interação entre as tecnologias e as instituições de ensino, possibilitando conectar ideais e gerações para sintonizar em meio a práticas, desafios e incertezas o cenário escolar, tradicionalmente de caráter engessado, na conectividade de uma Educação além sala de aula. PALAVRAS-CHAVE: Rádio Escolar. Experiências. Mídias na Educação. INTRODUÇÃO

A gente aprende a se comunicar praticando comunicação. Aprende-se a falar, falando. A escrever, escrevendo. Nesse sentido, é imprescindível que cada escola possua o seu meio de comunicação. Até cada sala de aula. Que seja um boletim simples, talvez no mural. Ou um alto-falante, onde se fala e se escuta a própria voz. A escola como um todo deve ter seu meio de comunicação. É aí que os alunos aprendem a ser sujeitos, praticar comunicação. (GUARESCHI, 2011, p. 148)

Em tempos líquidos, de individualização de consumo e das bases das relações

humanas (BAUMAN, 2001), onde concomitante ao momento em que estamos mais do que

nunca conectados em redes, elencados como virtuais, permanecemos, na maioria das vezes,

na ordem física, sozinhos, em nossos computadores, celulares e demais dispositivos

eletrônicos – e em muitos casos, vinculados a fones de ouvidos para selarmos a nossa

“unidade” – alterando o sentido de tempo e espaço, tornando-se célere a reflexão da

comunicação na práxis coletiva da Educação escolar.

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Como salienta Pedrinho Guareschi (2011), precisamos nos fazer sujeitos de

comunicação, ou seja, construir bases de diálogos horizontais, onde se promova a prática da

escuta, não apenas na direção professor- aluno, mas também no sentido aluno-professor,

construindo pontes para percorrer juntos os processos de ensino-aprendizagem.

Com esse olhar, que prima à formação de sujeitos críticos para a comunicação e

tecnologias, a professora Assumpção pondera que,

a escola não pode desconsiderar ou negar a presença das mídias no cotidiano dos alunos. As novas tecnologias fazem parte do mundo da escola, do educando e do educador. Todos vivem e convivem numa sociedade movida pela informação. O rádio, como as outras mídias eletrônicas, é mais dinâmico, atraente, sedutor e rápido do que a dinâmica escolar. [...] Um dos desafios da escola é procurar maneiras mais criativas de interação com as linguagens das mídias no contexto escolar, integrando a cultura tecnológica no espaço educativo, desenvolvendo nos alunos habilidades para utilizar os instrumentos dessa cultura. (2001, p.2)

Assim, na perspectiva da formação de diálogos na Educação escolar, que alimente os

elos de equilíbrios entre uma sociedade tecnológica, e a formação, crítica, reflexiva e

humanizadora, o presente artigo apresenta experiências da Escola Estadual de Ensino

Fundamental Conselheiro Edgar Marques de Mattos com uma das grandes mídias de

comunicação, que sintoniza nas suas frequências a introdução de novas formas de

comunicação para a aprendizagem, com a formação da rádio escolar.

Construindo-se como um instrumento que colabora para a interação entre as

tecnologias e as instituições de ensino, a rádio da Escola Edgar Marques de Mattos possibilita

conectar ideais e gerações em meio a práticas, desafios e incertezas no cenário escolar, para

uma Educação além sala de aula.

OS DESAFIOS DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA

EDUCAÇÃO

No espaço escolar emanam incertezas, desafios e construção de alternativas sobre as

tecnologias na Educação. Pensando a escola como rede, temos na maioria das realidades

situações antagônicas que se lapidam com considerações em comum – a Educação -; em um

ponto da “conectividade” observa-se a escola com alguns entraves tecnológicos, seja pela

(falta) de infraestrutura, conectividade da internet, máquinas obsoletas e/ou lacunas de

conhecimento/formação e metodologias dos professores para o desenvolvimento e curiosidade

epistemológica com o seu uso. Interligado a esse a rede, também se destacam os alunos, que

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na maioria dos casos, possuem mobilidade tecnológica1 (celulares, notebooks, ipods, etc;),

constante acesso em redes sociais e aplicativos, estando atualizados sobre as tecnologias –

quando não condicionados a elas -, sabendo utilizar recursos que ela dispõe, porém se fixando

nos aspectos superficiais, o que os tornam reprodutores de informações e tendências,

distanciando a construção da autonomia e saberes.

Essas considerações podem ainda serem observadas nas diferenças geracionais entre

professores e alunos no uso das tecnologias:

De um lado, estão os nativos da era digital, que não precisam despender esforços adicionais para reconhecer este potencial, uma vez que tal reconhecimento parece fazer parte de sua constituição sociocultural. De outro, temos os imigrantes digitais, classificação dada a todos aqueles que não são contemporâneos das tecnologias digitais de rede. [...]. Mesmo considerando essa diferença, acreditamos que a decisão consciente e o investimento devem ser na formação dos professores, tanto dos nativos quanto dos imigrantes. O desafio do professor é ser capaz de, pelo reconhecimento do potencial das tecnologias, desenvolver estratégias didático-pedagógicas que explorem suas possibilidades. (MACHADO, 2010, p.194)

Com essa leitura sócia educacional, consolida-se como urgente a necessidade de

“linkar” a rede escolar, construindo fios condutores para que juntos, professores e alunos,

criem elos em prol de tecnologias na Educação, ou seja, dialogada, planejada e desenvolvida

para pensar subsídios tecnológicos no sentido de mediar a Educação, sem é claro, tornar-se

mero transmissor de informações.

Entendendo que a escola não está alheia ao processo de transformações sociais,

interferindo e sendo afetada pelas realidades, a tecnologia produz (inter) ação na práxis

escolar, trazendo até o seu espaço não só novas tecnologias, mas o que essas produzem –

aproximações, conflitos e incertezas – nas diversidades geracionais, como exemplo, a

formação de hábitos, valores, ideologias, leituras de realidade e principalmente o

entendimento do tempo e espaço, observando um crescimento de “racionalização maior do

uso do tempo nas diversas atividades vinculadas a utilização de máquinas” (PAIS, 2010,

p.128).

Buscando ponderações, Tania Maria Esperon Porto (2006, p.49) salienta que no

âmbito da escola,

“não se trata de apenas incorporar o conhecimento das modernas tecnologias e suas linguagens. É preciso avançar. É preciso ultrapassar as relações com os suportes

1 Vale lembrara existência da Lei Estadual nº 12.884/2008 que proíbe o uso de celulares nas salas de aulas dos estabelecimentos de ensino do Rio Grande do Sul, gerando resistências e conflitos nas instituições de ensino da rede básica.

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tecnológicos, possibilitando comunicações entre os sujeitos, e destes com os suportes tradicionalmente aceitos pela escola (livros, periódicos), até os mais atuais e muitas vezes não explorados no âmbito escolar (vídeos, games, televisão, Internet...)”.

Ambos, escola e educandos, precisam avançar. É sabido que esse avanço implica

mudanças na aprendizagem, seja na formação inicial e continuada de docentes, seja na

conscientização do aluno sobre o uso da tecnologia em beneficio da educação, e

principalmente a troca de diálogos para a construção de alternativas e estratégias educativas

para utilizar as tecnologias de informação e comunicação a serviço do conhecimento,

criatividade e contribuição na constituição da autonomia para a busca da curiosidade

epistemológica.

A comunicação torna-se imprescindível para esse processo, não apenas na promoção

de alternativas para tecnologias na Educação, mas também para trabalhar, relacionar e

interpretar os meios de comunicação de massa presente na sociedade. Ou seja, compreender

que as informações e as comunicações produzem ideologias, assimilações e culturas,

imbuindo através de seus veículos de divulgação (televisão, rádio, internet, revistas, jornais,

etc;), sistemas de ideias, desejos e condutas que se moldam – ou não - nos coletivos por eles

aderidos.

Com essa concepção, é necessário desenvolver leituras da realidade sócio-tecnológico-

educacional, que podem ser viabilizadas pela escola, no sentido de compreender as

entrelinhas, a subjetividade e a cultura proeminente nas comunicações de massa, ampliando a

compreensão sobre veículos de comunicação, bem como a reflexão e criticidade dos alunos.

A esperança, talvez a única, para uma profunda transformação na produção dos meios de comunicação de massa que temos nos dias de hoje é a escola. É no processo de formação que a escola deve assumir como motor do conjunto indivíduo-família-sociedade, que está é a real chance de produzirmos pessoas conscientes da importância dos meios de comunicação, de como usá-los em beneficio delas e de como não se deixar usar por estes veículos quando isso lhes for nocivo. Formar alunos conhecedores dos meios de comunicação a ponto de poder interferir nos produtos oferecidos pelos veículos é um objetivo que devemos perseguir diariamente no processo escolar. (AMORA, 2011, p.27).

No sentido de mediar saberes escolares que proporcionem a formação de professores e

alunos que se construam ouvintes e leitores dos meios de comunicação, tradutores das

diferentes culturas veiculadas na sociedade atual, bem como promotores da sua aprendizagem,

consideram-se “para formação do leitor crítico (alunos e professores) ao aprender e conviver,

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ler e entender melhor os significados, mecanismos de ação e resultados práticos da influência

dos meios de comunicação de massa na vida das pessoas” (POCHO, 2010, p. 121).

Na perspectiva de construir aportes para o conhecimento e leitura crítica dos meios de

comunicação na escola, apresentamos a experiência da Escola Edgar Marques de Mattos com

um dos grandes veículos de comunicação de massa, a rádio, tecendo algumas considerações

sobre as práticas e desafios produzidos com o seu uso, no sentido de refletir e socializar

práticas para possibilitar a produção de caminhos a uma Educação que vivencie

aprendizagens com sentidos, conscientização e autonomia na sociedade tecnológica.

A RÁDIO NA ESCOLA: EXPERIÊNCIA DA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO

FUNDAMENTAL CONSELHEIRO EDGAR MARQUES DE MATTOS

Contextualizando, a Escola Edgar Marques de Mattos localiza-se no município de

Frederico Westphalen – Rio Grande do Sul, no bairro Jardim Primavera, às margens da BR

386. Conta com 24 professores, 09 funcionários e atende cerca de 300 alunos, da educação

infantil e do ensino fundamental, oriundos, na sua maioria, de famílias onde os pais são

trabalhadores em geral – como pedreiros, faxineiras, comerciantes, frentistas, funcionários

públicos, com boas condições socioeconômicas e alguns de famílias carentes, desprovidas de

condições dignas de vida, as quais possuem auxílio financeiro de projetos governamentais e

outros rendimentos autônomos pontuais para sobrevivência.

Nessa conjuntura, a escola se torna o principal referencial de ensino, cultura e lazer do

bairro e assim com o objetivo de proporcionar maior envolvimento, a escola sempre esteve

aliada a projetos, com a finalidade de desenvolver o indivíduo como cidadão participante,

tendo como filosofia “Educar para a construção do ser humano integrado à comunidade”.

Também, a escola conta com uma sala de recursos que proporciona atendimentos

especializados para crianças com dificuldade aprendizagem. São exemplos de projetos: A

COM-VIDA, com o projeto Cuidando do Ambiente em que vivemos: Espaço escolar, o

projeto Tribos nas Trilhas da Cidadania, o qual contribui para ações voluntárias, a Escola

Aberta para a Cidadania que atualmente desenvolve atividades de dança, taekwondo, vôlei e

também conta com uma parceria com a CUFA – Central Única das Favelas da cidade que

realiza atividades como circo, capoeira e escolinha de futebol, bem como o Programa Mais

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Educação2 que atende os alunos em tempo integral os quais realizam inúmeras atividades,

como acompanhamento pedagógico, teatro, banda, esporte e lazer entre outros.

Ainda pelo Programa Mais Educação, no ano de 2013 a escola aderiu à oficina de

rádio, sendo uma das atividades propostas dentro do eixo Tecnologias da Educação,

proporcionando assim a organização da Rádio Edgar.

Inicialmente, contratou-se um oficineiro, o qual permanece comandando as atividades

da rádio escolar, no período de oito horas semanais, e contava com um grupo de seis alunos.

Porém, devido algumas dificuldades de ordem estrutural e organizacional e com a expectativa

de integrar um maior número de pessoas, no ano de 2014 a rádio que antes era apenas no

período inverso, também passou a estar presente no período de aula, traçando alternativas para

integrar professores e alunos, divulgando saberes e notícias.

Para a realização da rádio, no primeiro momento o MEC encaminhou alguns

instrumentos, sendo instalada a mesa de som, três caixas de som grandes e dois microfones e

um computador. Posteriormente, com o fomento do programa federal, foram adquiridas

caixas de som que se encontram distribuídas nas salas de aula, biblioteca, no auditório e

refeitório, igualmente um link e um transmissor de áudio.

Assim, com o entoar da vinheta “Rádio Edgar, a voz do aluno em primeiro lugar”, a

rádio escolar ganha vida nas quartas-feiras, durante o turno da manhã e da tarde e nas

diferentes atividades produzidas na instituição, podendo promover a voz dos sujeitos que

constroem o ensino-aprendizagem.

Para compreender a distinção de uma rádio escolar para outras rádios, utilizamos da

análise do professor Marcos Baltar (2012, p. 39), o qual a conceitua como uma forma de

letramento midiático avaliando que,

As rádios escolares caracterizam-se por serem instrumentos de interação sociodiscursiva entre os membros da comunidade escolar. Fruto de projetos de letramento, elas podem funcionar como recurso de ensinagem de conteúdos [...]. A concepção e a execução dos programas da rádio escolar são de responsabilidade dos estudantes e dos professores [...] olhamos para a rádio escolar também como uma ferramenta de ensinagem de gêneros de textos orais e escritos, e como um instrumento ao mesmo tempo aglutinador e catalisador do trabalho didático-pedagógico na esfera escolar.

2 O projeto educativo Mais Educação é um programa do Ministério da Educação que tem como proposta uma educação em tempo integral na rede pública de ensino, desenvolvendo atividades/oficinas elencadas e aderidas pelas escolas.

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Sendo um dos principais veículos de comunicação, a rádio constrói um espaço

importante na vida da escola, uma vez que ela divulga informações da comunidade, notícias

regionais, do Brasil e do mundo, estando sempre presente nas atividades escolares, como por

exemplo, o início do ano letivo, aniversário da escola, festa junina, datas comemorativas,

auxiliando com seus programas e tecnologias a gravação de áudio nas atividades culturais

como teatro e música e principalmente trazendo informação pela sintonização da rádio nas

salas de aula da escola.

No entanto, a rádio escolar não se limita a tais contribuições, ela cria suporte para a

aprendizagem dos alunos, com o desenvolvimento de elementos importantes como a escuta da

voz através da gravação, a forma de se posicionar para falar no microfone, contribuindo com a

postura, dicção, atenuação do nervosismo, responsabilidade pela participação, entre outras

habilidades, como o conhecimento de edição de notícias e construção de uma redação para ser

gravada.

Além disso, pensando na atuação do oficineiro, a função de radialista está muito além

do limite que propõe esse setor, tendo em vista que tal atividade engloba competências e

habilidades como animador, locutor, repórter e apresentador, o que permite uma dinamização

na formação do profissional, contribuindo com diferentes elementos na aprendizagem dos

alunos e professores que participam da oficina.

Porém, a caminhada ainda se faz recente, há muito que avançar, existindo assim

percalços pontuais, como a infraestrutura para a rádio, hoje localizada em uma sala pequena, a

qual compartilha o ambiente com a organização de outros materiais, a formação de uma

cultura para a tecnologia da informação e comunicação entre professores e alunos, no sentido

de incorporar a prática da rádio nas atividades pedagógicas do cotidiano escolar, não se

limitando a eventos e produções culturais.

Outras considerações importantes se referem à necessidade de maior conhecimento

dos alunos que realizam a oficina com o manuseio dos dispositivos da rádio, para que a

mesma possa ser veiculada em outros horários, bem como a construção de um calendário da

rádio escolar para que profissionais da educação, alunos e comunidade socializem matérias e

vivências.

Ainda, torna-se cada vez mais necessário que os conhecimentos da rádio escolar e

outras formas de comunicação e tecnologia sejam também um processo de assimilação e

conhecimento realizado pelos professores.

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Nesse sentido, afirma-se a ideia de Cláudia Lopes Pocho (2010, p.99), sobre a

utilização desse veículo de comunicação, quando comenta que “o rádio pode ser utilizado

como agente de educação formal e de aperfeiçoamento de professores [...]. Para isso, sua

programação deve fornecer elementos que permitam a compreensão, a problematização e a

estimulação do pensamento crítico”.

Assim, o trabalho docente deve ser repensado, dialogado entre seus pares para

viabilizar alternativas que produzam práticas com esse veículo de comunicação,

consequentemente alterando a formação docente, conforme observa Rosa (2013, p.224):

É importante ressaltar que é preciso mais do que um simples domínio instrumental, torna-se necessário um conhecimento das potencialidades proporcionadas por cada tipo de tecnologia de acordo com cada método de ensino a ser aplicado. O professor precisa ser reflexivo e se questionar: De que modo pode esta tecnologia favorecer ao meu trabalho docente? De que modo pode ela transformar a minha atividade, criando novos objetivos, novos processos de trabalho, novos modos de interação com os meus alunos?

Com essas indagações, alvitramos projeções na expectativa de nos tornarmos sujeitos

de comunicação, proporcionando, a partir da referida experiência, pontes de aprendizagem

pedagógica entre professores e alunos, momento em que se faz necessário refletir onde

estamos na dinâmica da rádio escolar e quais as possibilidades possuímos para evoluir em

comunidade com os diálogos tecnológicos na Educação.

Esses são os primeiros passos, existe muito para ser construído, porém observa-se nas

experiências do cotidiano escolar, a rádio da Escola Edgar Marques não apenas como veículo

de informação, mas como possibilidade da construção e promoção de conhecimentos e

habilidade – tanto os divulgados como os construídos para a sua divulgação -, tornando-se

uma ponte de comunicação na escola que também abre espaços para a comunidade escolar.

CONCLUSÕES

O presente artigo teve como proposta construir reflexões bem como socializar a

experiência da Escola Edgar Marques de Mattos com uma das maiores mídias de

comunicação de massa, a rádio. Observou-se que a rádio da escola tornou-se um instrumento

de grande referencia nas atividades da instituição, proporcionando novas pedagogias nas

tecnologias de informação e comunicação.

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Atualmente, vivenciamos uma virtualização das relações humanas, processo

desencadeado pelas novas e constantes tecnologias lançadas na sociedade, o que transforma o

espaço escolar, construindo desafios na prática docente. Partindo desse viés, Pais (2010,

p.145) afirma que,

Diante das crescentes restrições impostas pelo ritmo acelerado da sociedade digital, no contexto escolar, será praticamente inviável manter todas as situações didáticas, envolvendo somente interlocutores humanos. Como consequência dessa realidade, é provável que os alunos sejam levados a se comunicarem cada vez mais por interfaces computadorizadas. (PAIS, 2010, p. 145)

Porém, precisa-se criar um ponto de equilíbrio entre a humanização e a digitalização

da sociedade pós-moderna. A escola torna-se elementar para esse processo, com a produção

de diálogos e o uso das mídias na Educação com sentidos de aprendizagem, o que Baltar

(2012) conceitua como letramento midiático.

Das considerações de uma breve e quase conclusão (entendemos que o processo das

tecnologias e das mídias está em constantes transformações) que segue, vale ressaltar que

inserir as tecnologias de informação e comunicação no espaço escolar não significa a

apropriação de um conhecimento em detrimento de outras formas de ensino-aprendizagem.

Ou seja, a escola não é a única detentora de saberes, pois as informações transitam em

diferentes vertentes de comunicação, porém, ainda a escola possui o suporte primário para

interpretar as informações, assimilar conhecimentos e construir saberes, formando assim uma

comunidade escolar crítica, autônoma e principalmente, leitora de diferentes realidades e

ideologias.

Ainda, o processo da rádio da Escola Edgar, precisa possuir maiores reflexões e ações

para ser alimentado e dinamizado partindo da socialização de alternativas entre os sujeitos da

Educação, construindo suportes, no sentido de ampliar o seu uso não restringindo a

divulgação de informações, veiculando a produção de habilidades e aprendizagem,

entendendo que tecnologias e escola podem sim construir uma Educação com sentidos e

saberes.

REFERÊNCIAS AMORA, Dimmi. Professor, você está preparado para ser dono de um meio de comunicação de massa? In: FREIRE, Wendel. Tecnologia e educação: as mídias na prática docente. 2.ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2011, p. 15-30.

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ASSUMPÇÃO, Zeneida Alves De. A rádio na escola: uma prática educativa eficaz. Unitau: Universidade de Taubaté, 2001. Disponível em: http://www.unitau.br/scripts/prppg/humanas/download/aradioescola-N2-2001.pdf. BALTAR, Marcos. Rádio escolar: uma experiência de letramento midiático. 1.ed. São Paulo: Cortez, 2012. BAUMAN, Zygmunt, Modernidade líquida. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. GUARESCHI, Pedrinho A. Sociologia crítica: alternativas de mudança. 63.ed., ver. E ampl. – Porto Alegre: EDIPUCRS, 2011. MACHADO, Glaudio José Couri (Org.). Educação e ciberespaço: estudos, propostas e desafios. Aracaju: Virtus, 2010. PAIS; Luiz Carlos. Educação escolar e as tecnologias da informática. 1.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. POCHO, Cláudia Lopes. Tecnologia Educacional: descubra suas possibilidades na sala de aula. 5.ed. Petrópolis: RJ: Vozes, 2010. PORTO, Tania Maria Esperon. As tecnologias de comunicação e informação na escola; relações possíveis... Relações construídas. In: Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 31 jan./abr. 2006, p. 43-57. ROSA, Rosemar. Trabalho docente: dificuldades apontadas pelos professores no uso das tecnologias. In: VII Encontro de Pesquisa em Educação, II Congresso Internacional: Trabalho docente e processos educativos e II Simpósio de Ética em Pesquisa. Revista Encontro de Pesquisa em Educação, Uberaba, v. 1, n.1, 2013, p. 214-227.

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A EDUCAÇÃO POPULAR VISUALIZADA NO CRAS

-Centro de Referência de Assistência Social

Elaine Cardoso Wentz, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

Raquel da Silva Brochier, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

Rosane Fátima Ferrari, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

RESUMO: o presente trabalho origina-se da prática realizada na disciplina de Campo Profissional C, no Curso de Pedagogia da URI – Câmpus de Frederico Westphalen, com aportes teóricos referentes à Educação Popular e formação do professor e com observação realizada junto ao CRAS, objetivando proporcionar, além da formação profissional, a inteira relação com a prática, esta disciplina visa desenvolver atividades que contribuam para a formação docente, realizando observações e práticas em diferentes áreas de atuação do Pedagogo. A partir desta disciplina desenvolveram-se observações das atividades oferecidas pelo CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) do município de Palmitinho-RS, para meninas de nove a doze anos, em que visualizou-se a contribuição das atividades realizadas para as participantes. PALAVRAS-CHAVE: Educação Popular; Campo Profissional; Formação Pedagógica.

INTRODUÇÃO

A pedagogia é a ciência ou disciplina cujo objetivo é a reflexão, ordenação,

sistematização e a crítica do processo educativo. Começou a se desenvolver no Século XIX,

como a ciência do ensino que estuda diversos temas relacionados à educação, tanto no aspecto

técnico como no prático.

A pedagogia prioriza o processo de aprendizagem dos indivíduos, e como ciência

social, está conectada com os aspectos da sociedade e também com as normas educacionais

do país. É uma das mais ricas ciências práticas em tradição tendo uma linguagem própria,

onde é impossível uma receita pronta com modelos educativos.

A formação em Pedagogia tem como meta buscar a formação do profissional da

educação que atenda aos desafios colocados pela realidade atual, com capacidades,

habilidades, condições de formação, superando a fragmentação do ensino e da aprendizagem,

tradicionalmente desenvolvidas no espaço educacional, articulando o ensino, a pesquisa e a

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extensão, em um exercício interdisciplinar, que permita o trabalho coletivo em uma visão

integradora.

Tendo como meta formar o pedagogo, habilitado para atuar na Educação Infantil, nos

Anos Iniciais da Educação Básica, na Formação Pedagógica do Profissional Docente e da

Gestão Educacional, com sólida formação, capaz de diagnosticar problemas e apresentar

soluções no campo da educação escolar, não escolar e popular, de modo a garantir o

desenvolvimento de múltiplas competências e saberes necessários à atuação profissional do

Pedagogo.

Este trabalho foi desenvolvido em Campo Profissional C, que tem como meta estudar

a Educação Popular, suas concepções e contribuições à sociedade, onde podemos identificar a

Educação Popular como a busca sistemática pela organização, mobilização, conscientização e

transformação da cultura, da educação, das relações de poder e do próprio poder, visando uma

educação grupal, democrática e comunitária, organizada, através de uma relação pedagógica

horizontal, tendo como participante a população rural e adulta, tendo como necessidade criar

uma proposta, com ênfase na vivência popular, a serviço dos trabalhadores rurais e de outras

categorias de pessoas populares, verdadeiros movimentos de cultura popular.

O lugar escolhido para a realização do trabalho de observação foi o CRAS-Centro de

Referência de Assistência Social do município de Palmitinho – RS, que entre os diversos

trabalhos realizados, chamou atenção para uma prática realizada com meninas de nove a doze

anos, com palestras informativas sobre sexualidade, drogas, gravidez na adolescência,

oficinas de artesanato, envolvendo crochê, biscuit, tricô, onde são realizados encontros

quinzenais ao longo do ano.

2 A EDUCAÇÃO POPULAR

Para falar de Educação Popular, é necessário compreender as regras e os sistemas de

seu funcionamento, pensando na sua prática dentro de domínios, que ocorre em um processo

que envolve o cotidiano, as ideias, códigos e práticas culturais, incluindo saberes formais e

informais.

Por isso buscou-se compreender as necessidades que surgem na educação popular e a

sua contribuição para a educação escolar, pois vive-se num tempo de grandes transformações,

no qual são lançados muitos desafios à educação, com perspectivas de que novas alternativas

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sejam criadas, no que diz respeito à construção dos sujeitos como seres históricos e como

transformadores da sociedade.

Os sentidos da educação popular envolvem: “1) como a educação da comunidade

primitiva anterior à divisão social do saber; 2) como a educação do ensino público; 3) como

educação das classes populares; 4) como educação da sociedade igualitária”. (BRANDÃO,

1982, p.6).

A educação popular é a ponte entre teoria e prática do conhecimento das vivências de

cada cidadão. Esta educação acontece em espaços formais e não formais de aprendizagem. É

aquela educação em que o professor ensina e aprende com as experiências dos alunos.

Ainda, segundo Brandão (1982), para ensinar e aprender os seres humanos precisam

criar situações onde o trabalho e a convivência sejam momentos de circulação do saber, é na

verdade, a socialização de experiências.

Sabe-se que a educação popular, proporciona aprender a experimentar ofícios de

compromisso com o povo, na crença de que é com palavras que se faz a opressão e que

através delas se escrevem modos de saber, que poderão libertar o homem e o mundo. Quando

o homem ensina o saber, através da relação de objetos, ideias que ele está falando, é através

dos frutos do trabalho e de situações que o homem garante a sobrevivência e a convivência. A

educação ocorre entre si, onde o homem ensina e aprende. Aprender significa realizar em cada

experiência humana individual a passagem da natureza à cultura. (DUFRENNE apud

BRANDÃO, 1982).

A educação para o povo é a que o povo mesmo constrói, cria a partir de seu projeto

histórico, e a educação popular é negação de uma educação dirigida as camadas populares, em

que consagra a necessidade de manter sujeitos populares, envolvidos na construção do seu

processo formativo. Sendo assim, a educação popular propõe uma teoria de relações do

homem, sociedade e cultura, em que a pedagogia se funda em uma educação libertadora, com

um trabalho conscientizador das classes populares.

A educação popular não é apenas a possibilidade de uma emergência de educação para

o povo, mas a necessidade de transformação de todo o projeto de educação, a partir do ponto

de vista do trabalho popular. Surgindo através de grupos e de agências, na promessa de

modificar a vida das pessoas em comunidade, do trabalho e da educação das classes

populares, tendo em vista que ela surgiu como um trabalho, que parte de ideias das classes

populares culturais, tendo como meta estar ligada à emancipação do povo. Como política de

libertação, sugere Brandão (apud CERUTTI, 2013, p.2): “Haveria necessidade de criar uma

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proposta, com ênfase na vivência popular, a serviço dos camponeses e de outras categorias de

pessoas populares, verdadeiros movimentos de cultura popular”.

A cultura popular nasce de um movimento e é centralizada na busca por uma

sociedade menos excludente, a qual é baseada na ação dialogada que foge das noções

hierárquicas e desumanas, sendo um ato humano e político que ressalta a cultura do povo que

trabalha, para reconstruir sua cidadania, a partir de suas experiências, mas, porém sem negar

sua hierarquia existente, entendendo-a como eficaz na organização das classes oprimidas,

estimulando a organização do povo.

No caminho histórico da Educação popular pode-se entender que no final da década de

50 e 60, no Brasil há um fortalecimento da cultura como projeto próprio. Gerada pelos

movimentos de centros militares que iniciaram o processo do rompimento da educação

bancária para a transição de uma educação libertadora. Para tanto, Gadotti e Torres (1994,

p.43) afirmam:

Educação Popular = participação de uma educação libertadora nos movimentos sociais de orientação popular e nos movimentos populares de libertação; conscientização, etc., do militante popular constituído como sujeito e classe de condição de transformações sociais de alteração estrutural do sistema vigente.

Ressaltando o ensino da educação bancária em que o saber era visto como um depósito

para o aluno, daquele que era o dono do saber, o professor. O Saber Popular em que possui o

encontro político do povo, da classe popular, em que as classes, convictas de seus direitos,

veem a possibilidade de inculcar maior participação, desencadeando ações de libertação

política, através da conscientização, com encontro dialógico dos saberes científicos,

entrelaçados com o saber popular, extraído da vivência e da experiência das relações humanas

e sociais, possibilitando a construção social do conhecimento.

O princípio da Educação Popular é operacional, tendo sentido na política, na

capacidade de não só comprometer-se com uma dimensão pedagógica do saber necessário

com os movimentos populares, que é de reproduzir ela própria como um movimento

pedagógico, pode-se ressaltar que: “[...] toda uma educação nacional se redimensiona e

retotaliza como uma forma enfim libertada de educação popular.” (GADOTTI, TORRES,

1994, p.49).

Assim, pode-se imaginar que a educação popular, gira em torno da educação nacional,

uma vez que é um movimento político-pedagógico e libertador, em que as classes populares

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têm voz e vez, fazendo com que a educação, torne-se cada vez melhor em seus aspectos

culturais, sociais e educacionais.

O trabalho na Educação Popular envolve uma educação libertadora, longe da educação

bancária, uma vez que para o conhecimento popular ter vez é necessário reconhecê-lo e

valorizá-lo, ter respeito e saber introduzi-lo na escola, desde o projeto político pedagógico da

escola até a finalização do processo de ensino-aprendizagem em diferentes espaços de

aprendizagem, envolvendo diferentes autores sociais.

Para a educação popular a aprendizagem acontece além da sala de aula, em qualquer

lugar, na rua, em uma reunião, sempre que houver duas pessoas ou mais, a dialogicidade

prevalecerá favorecendo as trocas de experiências, e isso, chama-se a real “educação

popular”.

De acordo com Brandão (2002, p. 338), estamos vivendo um tempo de passagem da

formação individualizada da consciência, para a construção coletiva de conhecimentos através

da comunicação.

Para acontecer essa comunicação é necessária a consciência de que é preciso

socializar, integrar e construir o conhecimento. Educar é um trabalho político através da

cultura, na dimensão em que a cultura se realiza como educação. Como uma práxis por meio

do qual, sujeitos pensantes por conta própria e criadores de sua vida social aprendem,

contínua e aprofundadamente, a se recriarem a si mesmos enquanto trabalham com outros na

experiência sem fim de participarem de alguma dimensão da criação de seus próprios

mundos. (BRANDÃO, 2002).

A intervenção da Educação Popular para a construção de uma sociedade emancipada é

a base que fundamenta as possíveis manifestações de participação dos sujeitos ativos na

sociedade. Para Freire, (2002) há diferentes formas de conhecer o contexto, e as classes

populares o fazem de maneira peculiar. Uma preocupação dos educadores populares é saber

como se organizam os conteúdos e programas a serem aprendidos por uma organização.

Desse modo, a intenção desta pesquisa no Campo Profissional C, foi o de voltar o olhar para a

cultura do povo sua cultura, através de diferentes espaços, em que acontece a troca de saberes

e a formação de cidadãos.

2.1 A formação do profissional docente voltada à educação popular

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De acordo com Ceroni (2006), os profissionais da educação, professores do curso de

pedagogia e acadêmicos, sentem a necessidade de compreender a sua capacidade de atuação

profissional em ambientes que extrapolem as unidades escolares, aumentando suas áreas de

atuação e com isso, se tornando cada vez mais empregáveis. Mas, para que isso aconteça é

necessário que o curso de formação forneça elementos que façam com que estes profissionais

tenham segurança e competência profissional.

Ainda segundo o autor, acredita-se que é de responsabilidade muito especial e

pertinente que a Universidade não apenas acompanhe as rápidas mudanças que estão

acontecendo, mas que também se antecipe na formação de profissionais da educação com as

qualificações e o perfil que a sociedade do século XXI exige, estando preparados para tais

transformações.

Ainda, conforme Ceroni (2006), a otimização no processo de formação do educador,

para o mundo globalizado, implica em conquistar a autonomia para a construção do próprio

caminho na nova trajetória de transformação, o que exige atitude resiliente, ou seja, posturas

proativas, organizadas, éticas, positivas, flexíveis, bem como, iniciativas educacionais que

valorizem a diversidade; e ainda, em participação efetiva nos relacionamentos interpessoais

não só em espaços escolares, como também em espaços não escolares.

Ao analisar a importância da formação dos professores e a desvalorização deste

profissional ao longo da história, percebe-se a importância do mesmo buscar uma formação

inicial e continuada, de qualidade, que envolva os saberes científicos, mas não desconsidere

os outros tipos de saberes, ou seja, os populares, religiosos, filosóficos, advindos da

experiência, da construção coletiva, conhecimentos formais e informais existentes.

A atividade do professor é o ensinar. Na sua acepção corrente, é definida como uma atividade prática. O professor em formação está se preparando para efetivar as tarefas práticas de ser professor. Dado que não se trata de formá-lo como reprodutor de modelos práticos dominantes, mas como agente capaz de desenvolver a atividade material para transformar o mundo natural e social humano, cumpre investigar qual a contribuição que a pedagogia pode dar nessa formação .( PIMENTA, 2000, p. 10)

A formação de professores envolve um grande diálogo entre teoria e prática, uma vez

que a intervenção e a ação reflexiva estão entrelaçadas a uma conscientização do

inacabamento do professor e a necessidade de desvelar sua atividade docente, em que esta

identidade é construída através de um processo contínuo de produção de saberes e trocas de

experiências, pois o professor precisa comprometer-se com a qualidade de sua formação,

abrindo espaço para discussão, criação e inovação pedagógica.

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Ser professor não é algo que ocorre somente por vocação e sim por um misto de

desejos, descobertas, alegrias, encantos e desencantos e, principalmente, pelo conhecimento

científico, adquirido através da formação.

Freire (2010), defensor da educação popular, aponta as qualidades indispensáveis para

a formação e atuação docente dentre elas estão: a coragem, a amorosidade, a humildade, a

segurança, a tolerância, entre outras, as quais se devem desenvolver no decorrer da prática

pedagógica, em que a construção do professor, acontece ao longo da docência, passando por

diversos estágios, concretizando as qualidades acima referidas. É nesse cenário, que surge o

ator e autor da prática social, neste caso o professor.

O saber dos professores deve ser compreendido em relação com o trabalho deles na

escola e na sala de aula, em que, as relações dos professores com os saberes nunca deverão ser

relações estritamente cognitivas, devem ser mediadas pelo trabalho. O saber docente é

diversificado, envolve saberes e fazeres diversos, de naturezas diferentes, como da família,

das instituições formadoras, da cultura pessoal, ou seja, o saber está na confluência de vários

saberes, em que as relações que os professores estabelecem com estes saberes, geram relações

sociais de aprendizagem. A relação cognitiva está ligada a relação social. Ensinar supõe

aprender a ensinar, dominar os saberes necessários a realização do trabalho docente,

mobilizando uma variedade de saberes, reutilizando-os no trabalho para adaptá-los pelo e para

o trabalho.

Tardif (2002), que trabalha na perspectiva dos saberes docentes, aponta que estes são

adquiridos a partir de várias fontes: os saberes pessoais, os provenientes da formação escolar

anterior, os provenientes da formação profissional para o magistério, os provenientes dos

programas e livros didáticos usados no trabalho e os de sua própria experiência na profissão,

na sala de aula e na escola.

Um dos grandes desafios é construir a teoria a partir da prática, sabendo que é possível

e necessário e que somente se realizará, com muita análise e reflexão, analisando do que valeu

o esforço e o que se deve melhorar, para que essa busca de aperfeiçoamento torne-se

conhecimento teórico e sempre incite a buscar atualização. Surgindo o professor reflexivo, um

profissional em constante processo de formação, que reflete na e sobre a prática, sendo o

próprio autor da prática social. (PIMENTA, 1999).

Tendo em vista a formação de professores reflexivos acredita-se em uma política de

valorização de profissionais de escolas, pois são profissionais que possuem grande

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responsabilidade na formação de cidadão críticos e atuantes na sociedade, que lutem por seus

interesses e necessidades.

A escola gira em torno dos professores, de seu ofício e de seu profissionalismo, são

eles que reinventam a mesma, a partir da socialização, do reconhecimento e da participação

da comunidade escolar. Assim, Arroyo (2002 p.21), afirma:

[...] Sabemos que a educação enquanto direito é uma empreitada tão séria que não poderá ficar apenas por conta de seus profissionais, mas também não aconteceria sem eles, sem sua perícia, seu trabalho qualificado. Seu planejamento e ação competentes são insubstituíveis. Seu ofício não é descartável.

Destaca-se a importância dos encontros para formação de professores, uma vez que

estes devem proporcionar uma melhor reflexão do que é ser professor, os pontos positivos e

negativos, os sentimentos, os conhecimentos diversificados, o papel social da escola, a forma

de atuação, as metodologias, enfim todos aqueles aspectos que venham contribuir para a

construção de sua identidade e que o chamem para a responsabilidade de formar pessoas.

Deve-se acreditar, pois, que uma política de democratização tenha como objetivo um

ensino de qualidade com profissionais de qualidade para que não aconteça que, com docentes

qualificados um ensino de má qualidade assim o trabalho docente:“[...] ele é e deve ser uma

práxis, mais especificamente uma práxis criadora, a ideia clara apresenta-se ainda obscura em

sua essência. Daí a importância de buscar a apreensão do seu significado.”. (PIMENTA,

1999.p.37)

A práxis deve ser inovadora a cada dia, advinda da reflexão da prática, tendo como

principal função a melhoria da ação pedagógica, levando a um aprendizado mais significativo

e participativo. A educação popular anda e sempre andará em conjunto com a nossa cultura,

nossas vivências e convivências, nunca sozinha, mas, com o outro, tornando assim uma

educação mais humana e dialogada.

Problematizar sobre a formação docente, segundo Arroyo (2002), seria um bom

começo para que seja mais bem pensada a imagem do ser professor. Nesse sentido, ser

professor é representar um papel, uma imagem social com muitos traços marcantes e

misturados, incômodos que se tornam impossíveis de separar. Não há como esquecer essas

questões importantes no perfil do professor, de confronto social, que dá imagem que a

categoria carrega.

Segundo Freire (1987, p. 40), quanto mais se problematizam os educandos como seres

no mundo e com o mundo, tanto mais se sentirão desafiados. Tão mais desafiados, quanto

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mais obrigados a responder ao desafio. Desafiados, compreendem o desafio na própria ação

de captá-lo. Mas, precisamente porque captam o desafio como um problema em suas

conexões com outros, num plano de totalidade, e não como algo petrificado, a compreensão

tende a tornar-se crescentemente crítica, por isso, cada vez mais desalienada.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: um olhar sobre a Educação Popular no

CRAS

Para além da teoria, realizou-se a partir do Campo Profissional C do Curso de

Pedagogia da URI – Câmpus de Frederico Westphalen, uma pesquisa de cunho qualitativo,

em que buscou-se analisar a importância da Educação Popular no CRAS de Palmitinho - RS,

a fim de compreender a sua contribuição para a sociedade e na formação do ser docente.

Os instrumentos utilizados para a pesquisa foram leituras e fichamentos sobre

Educação Popular e ainda, observações no CRAS de Palmitinho – RS. Após a observação,

foram realizadas as análises dos dados que compreenderam a análise de conteúdo. Para a

realização desta pesquisa foram tomados alguns cuidados tais como: pedido de autorização

para entrar no local, respeito, sigilo com as informações, troca de ideias, informações e

experiências.

O local escolhido para a realização das observações foi de suma importância por

trabalhar com meninas, com o objetivo de atender suas necessidades e anseios de conhecer,

expressar-se e entender sobre os assuntos trabalhados nos encontros oferecidos. Tendo em

vista que é uma educação das classes populares, da sociedade e da educação comunitária,

valorizando os aspectos que mais preocupam a sociedade atual.

Foi um conhecimento único, em que se pode refletir sobre a atuação do pedagogo,

dando importância para o trabalho coletivo, trabalhar unido em uma só direção com

planejamento organizado, de acordo com a realidade.

A educação popular é uma experiência que se realiza através de atividades formativas,

que partem das necessidades sentidas, das ações praticadas e sempre em sintonia com as

diversas dimensões das pessoas envolvidas.

Neste sentido, percebe-se a ideia de Paulo Freire, que reforça a importância do

trabalho a partir da realidade e sobre a realidade. “A educação é um ato de amor, por isso, um

ato de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir a discussão

criadora, sob pena de ser uma farsa”. (FREIRE, 1996, p.104).

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CONCLUSÃO

Através desta pesquisa, percebeu-se o quanto a Educação popular está presente, na

sociedade de diferentes formas, através dos movimentos organizados, instituições, grupos,

que se constituem em prol de necessidades e que constroem sua história, seus objetivos, a

partir de experiências que se somam na busca por uma melhoria da qualidade de vida, a partir

de práticas com mais igualdade, participação e solidariedade, as quais podem ser construídas

diante de uma pedagogia libertadora.

A educação popular e um movimento pedagógico que possibilita uma educação

voltada para a realidade dos educandos, ela vem se atualizando para melhorar o aprendizado

da população em geral.

O movimento pedagógico, desencadeado pela educação popular, fundamenta uma

nova concepção de mundo, de relações humanas e sociais, provocando uma revolução

cultural. Enquanto pedagogia, a educação popular sustenta uma educação não para o povo,

mas do povo. Uma educação que o povo cria e recria na sua organização e luta por libertação,

conduzindo à transformação social e cultural.

Freire (1980), diz que a Educação Popular trabalha essencialmente com a libertação,

mas só a libertação seria capaz de acolher a todos como cidadãos sujeitos de direito.

Neste ínterim, conclui-se que a experiência vivenciada no Campo Profissional C, do

Curso de Pedagogia da URI – Câmpus de Frederico Westphalen, proporcionou uma ligação da

teoria com a prática, fortalecendo o entendimento do que educação popular e a

experimentação da pesquisa como principio educativo e científico, que auxilia o profissional

da área da educação a manter-se atualizado, aperfeiçoando-se, através da formação

continuada, visando uma apropriação do conhecimento, para a partir dele criar possoibilidades

de atuação diferenciadas, no que tange ao processo de ensino-aprendizagem.

REFERÊNCIAS BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação Popular. São Paulo: Brasiliense, 1982. CERUTTI, Elisabeti. Apostila da disciplina de Educação Popular e Campo Profissional B. Curso de Pedagogia-URI - Câmpus de Frederico Westphalen, 2013. FREIRE, Paulo. Professora sim tia não. 1. ed. São Paulo: Olho d’ Água, 2010.

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_____. Pedagogia do Oprimido. 13ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. _____. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. GADOTTI, Moacir. TORRES, Carlos Alberto, Educação Popular: Utopia Latino americana.São Paulo,Cortez,1994. PIMENTA, Selma Garrido.Saberes pedagógicos e atividade docente. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2000. PIMENTA, Selma Garrido; LIBÂNEO, José Carlos. Formação de profissionais da educação:Visão crítica e perspectiva de mudança. In: Educação & Sociedade, ano XX, nº 68, dezembro, 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v20n68/a13v2068.pdf. Acesso em 28 abr. 2014. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

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MÚSICA E HOSPITALIZAÇÃO: BENEFÍCIOS E EFEITOS DA SUA PRÁTICA

PARA AS CRIANÇAS HOSPITALIZADAS

Fabiana Vicente, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus

de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

Naiara Andreatto Da Silva, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

Juliane Cláudia Piovesan, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

RESUMO: este estudo, intitulado “Música e hospitalização: benefícios e efeitos da sua prática para as crianças hospitalizadas”, é um projeto de extensão promovido pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Câmpus de Frederico Westphalen, em parceria com o Hospital Divina Providência (HDP) da referida cidade, e tem como objetivo abordar os aspectos relevantes acerca da música, bem como, os seus efeitos em relação ao processo de melhora da saúde na infância, compreendendo a sua importância visto que toda criança é um ser ativo e vivencia o lúdico no seu cotidiano. Nesse sentido, a pesquisa busca proporcionar momentos de descontração e alegria, amenizando a angústia da criança e seus familiares, através de atividades lúdicas, a prática da música e brincadeiras musicais no âmbito hospitalar. Além disso, o trabalho proposto destina-se a realizar atividades com a música para cada fase do desenvolvimento infantil, para crianças de 0 a 12 anos, no espaço da brinquedoteca do hospital, proporcionando desta forma, o contato com a cultura, auxiliando na sensibilidade, desinibição, socialização e comunicação, bem como o auxílio à cura do paciente enfermo. Com base nos métodos, esta pesquisa busca um aporte teórico, através de autores como Bastian, Chiarelli, Cunha, Ferreira, Howard, Kishimoto, Lima, Maffioletti, entre outros, que trazem em seus estudos e pesquisas a importância da música bem como a sua necessidade de estar presente em ambientes hospitalares. É possível afirmar que a música em hospitais é de fundamental importância para as crianças e seus familiares, sendo necessária a sua prática nesse ambiente.

PALAVRAS-CHAVE: Música. Criança. Hospitalização.

CONTEXTUALIZAÇÃO

O estudo em pauta, “Música e hospitalização: benefícios e efeitos da sua prática

para as crianças hospitalizadas” é um projeto de extensão, desenvolvido pela Universidade

Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - Câmpus de Frederico Westphalen,

juntamente com o Hospital Divina Providência (HDP) da referida cidade tem como objetivo

refletir sobre o papel da música para crianças em ambientes hospitalares, através de estudos

teóricos e práticas lúdico-pedagógicas com a música e atividades musicais na brinquedoteca

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hospitalar, amenizando dessa forma a dor e angústia das crianças e seus familiares no

momento da internação.

Com base nas pesquisas realizadas, percebe-se que muitos são os estudos, que estão

sendo voltados à análise da música e seus benefícios para os seres humanos, no que se

referem ao desenvolvimento psicomotor, emocional, cognitivo e social, no qual envolvem

educadores, filósofos, psicólogos e músicos, que buscam através de suas inquietações,

respostas para este tema que é de importância e abrangência.

Por outro lado, destaca-se que a Organização Mundial de Saúde (OMS) define o

hospital como “o elemento de uma organização médico social, cuja função consiste em

assegurar assistência médica completa, curativa e preventiva à população e cujos serviços

externos se irradiam até a célula familiar considerada em seu meio”. Nesse aspecto, em meio

a ações da medicina, é que está se buscando, através da música proporcionar momentos de

descontração e alegria para as crianças hospitalizadas, tendo em vista que a sua permanência

no hospital, na maioria dos casos, significa olhar de preocupação, cuidado e tristeza.

Diante desse contexto, pode-se destacar que a utilização de atividades lúdicas

interferem significativamente para as crianças hospitalizadas, no caso específico desse projeto

extensionista, é a música, como benefício para amenizar a angústia através da implementação

de projetos que valorizem o brincar como recurso de desenvolvimento, reabilitação e

humanização em um hospital.

Com base nos dados apresentados, o estudo a seguir abordará aspectos como a

importância da música, o processo de hospitalização infantil, seguindo dos benefícios que a

música oferece para o corpo e a mente do paciente infantil.

2 MÚSICA: IMPORTÂNCIA E BENEFÍCIOS PARA CRIANÇAS

HOSPITALIZADAS

A música está presente em todos os lugares fazendo parte de diversos momentos da

vida do homem, desde o desenvolvimento embrionário do ser humano, através da voz da mãe,

músicas, cantigas ou sons externos, até a fase adulta, auxiliando o contato com diversidade

cultural e as tradições existentes entre os povos.

Sendo assim, a música se faz necessária em todas as fases da vida. Na infância, esta

contribui com o processo de coordenação motora, socialização, aprendizagem escolar,

desenvolvimento da linguagem, raciocínio lógico, memória, potencializa a imaginação e

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exterioriza sentimentos. Na adolescência, a vivência musical torna-se ainda mais visível,

criando/ fortalecendo os vínculos afetivos, bem como a manifestação das emoções contidas no

íntimo de cada ser.

Na fase adulta, o processo afetivo minimiza, as emoções e sentimentos através do

contato musical, contribuindo também com a saúde física por meio de atividades com o

corpo. Na velhice, as emoções/sentimentos permanecem, auxiliando também com a saúde

física através de exercícios com o corpo, bem como na memória e sensibilidade. Com base no

que fora exposto, compreende-se que a música é um modo que crianças, jovens e adultos

encontram para equilibrar suas tensões, trabalhar suas necessidades cognitivas, psicológicas e

afetivas.

Por outro lado, compreende-se que a música é uma importante ferramenta lúdica que

pode ser usada em diferentes espaços, como em ambientes hospitalares para as crianças em

processo de hospitalização, pois esta se configura como um período de grande fragilidade

para o paciente e seus familiares. Diante disso, Cunha e Viegas (2003), consideram

importante salientar, que a vida de uma criança, bem como o seu crescimento e

desenvolvimento físico/mental/emocional, continuam a se desenvolver no período de

hospitalização, uma vez que a impossibilidade de suas atividades cotidianas, diante das

rotinas bem como a ausência de laços familiares e de amigos podem alterar comportamentos e

emoções da criança. Para Rosa (1997, p. 37),

a hospitalização na infância pode se configurar como uma experiência potencialmente traumática. Ela afasta a criança do seu cotidiano, do ambiente familiar e promove um confronto com a dor, com a limitação física e com a passividade. Essa confrontação leva, na maioria das vezes, aos sentimentos de culpa, punição e medo da morte.

Em meio a sofrimentos, diante dos procedimentos dolorosos, pelos quais, as crianças

precisam passar, justifica-se a necessidade de espaços que viabilizem o brincar, primando não

somente o bem estar físico, mas também emocional. Conforme Rosa e Santos (1997),

destacam que em qualquer ambiente ou situação, o brinquedo e o brincar é sempre o

companheiro inseparável de toda e qualquer criança. De acordo com Maffioletti (2008, p. 06),

Enquanto brinquedo, a música oferece um universo estruturado com significações originais, no qual a criança pode mergulhar. A criança não apenas imita, mas inventa, conversa, anula, transforma e dá novas significações.

Para a criança, o ouvir/cantar, além de despertar sentimentos, faz com que, através da

imaginação, do fazer de contas, perpasse caminhos e lugares no qual o impossível passa a ser

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real no instante onde tudo ocorre. De acordo com Maffioletti (2008, p. 10) a música enquanto

brinquedo,

[...] oferece um universo estruturado com significações originais, no qual a criança pode mergulhar. A criança não apenas imita, mas inventa, conversa, anula, transforma e dá novas significações. A brincadeira não é uma imitação servil, mas um conjunto de imagens que podem ser compartilhadas por todos, oportunizando uma linguagem comum, um suporte de comunicação. [...].

Ainda no que se refere aos benefícios musicais para ambientes hospitalizados,

Chiarelli e Barreto (2005, p.7), nos revelam,

Em alguns hospitais a música tem sido utilizada antes, durante e após cirurgias, os resultados vão desde pressão sanguínea e pulso mais baixo, menos ansiedade, sinais vitais e estados emocionais mais estáveis, até menor necessidade de anestésico.

Destaca-se que estudos revelam ainda que sessões de música ao vivo, diminuem a

sensação de dor de pacientes infantis, bem como atua de maneira direta no sistema cerebral,

mais precisamente, no sistema límbico. Este por sua vez, age através do aumento e liberação

de endorfinas, contribuindo com o processo de cura, prevenção e auxílio de diversas doenças

como o estresse, depressão, ansiedade, câncer, dores crônicas e hipertensão. (BUENO, 2012).

Com base no que fora exposto, percebe-se na música, grandes benefícios no auxílio ao

tratamento de pacientes, no caso dessa pesquisa infantil, contribuindo em diferentes aspectos,

pois de acordo com Ferreira (2005, p.16), “[...] a música harmoniza a vida das pessoas, e é

também por isso que sempre damos razão à antiga máxima que afirma: ‘Quem canta, seus

males espanta. ’ Cantar é vibrar, e vibrar é viver.”

2.1 Resultados da prática realizada no Hospital

Este estudo, baseia-se em um projeto Extensionista, promovido pela URI - Câmpus de

Frederico Westphalen em conjunto com o Hospital Divina Providência, no qual são realizadas

atividades de cunho teórico/prático, através de estudos bibliográficos e de campo com

crianças de 0 a 12 anos de idade. As atividades práticas ocorrem duas vezes por semana, onde

são realizadas em um ambiente sonorizado com a execução e apreciação musical, bem como

brincadeiras com a utilização de jogos pedagógicos sonoros.

Primeiramente é realizado um convite nos quartos dos pacientes, chamando-os para

visitar a brinquedoteca, cabendo a tarefa de levá-los ou não, aos pais, ou responsáveis. No

espaço da brinquedoteca hospitalar procura-se criar um ambiente sonorizado com um

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reportório variado, baseando-se em musicas infantis de diversos ritmos, para bem recepcionar

as crianças e para introduzi-las numa atmosfera diferenciada.

Diante desse contexto, no que se refere ao espaço da brinquedoteca, Santos (2008,

p.31), revela que, “a brinquedoteca é, antes de mais nada, um espaço criado para que a criança

possa brincar livremente. Com isso, propicia-se o verdadeiro brincar, aquele que possibilita a

expressão das necessidades mais profundas do ser humano [...]”.

Para Gimenez e Teixeira (2011), a função da brinquedoteca é deixar a estadia do

paciente infantil menos traumatizante, e o ambiente mais alegre, contribuindo assim, com sua

recuperação.

A brinquedoteca, na qual é desenvolvido o projeto, disponibiliza variados brinquedos

e jogos, dentre eles os brinquedos lúdicos musicais que são bem vistos e apreciados pela a

maioria das crianças, de todas as faixas-etárias. Dentre eles pode-se destacar o xilofone,

teclados, dentre outros instrumentos sonoros, bem como tapete musical e livros sonoros.

Diante disso, a palavra lúdico deriva do latim “ludus” e representa o jogo/brincar,

sendo este também, um recurso pedagógico de importante valor educacional envolvendo o

prazer, a alegria, a criatividade, a imaginação, a espontaneidade, além da vontade em

aprender, de forma dinâmica, divertida e eficaz.

Diante desse contexto, Santos, (2008, p.57) revela que o lúdico se configura através do

brincar o que envolve a conduta daquele que joga/brinca.

Com base nas percepções realizadas na prática, compreende-se que de início as

crianças ficam um pouco nervosas, tímidas diante da nova situação que estão vivenciando.

Logo após a recepção alegre e amigável da bolsista, nota-se que todos começam a brincar e

interagir e por vezes acabam por chorar ao saber que precisam retornar aos quartos.

A hospitalização modifica a rotina da criança, e assim, os aspectos emocionais que

ficam abalados. Sendo assim, Viegas e Cunha (2003) abordam as consequências da

hospitalização na infância, revelando que nos primeiros dois anos de vida, a criança

hospitalizada tem a sensação de estar sendo abandonada pelos pais. Entre 4 e 5 anos, sente

esta nova situação como castigo por alguma falha que tenha cometido (VIEGAS e CUNHA,

2003). Já dos 10 aos 12 anos, possui uma profunda ansiedade e medo da morte. De acordo

com Cunha e Viegas e Cunha (2003), a internação, seja em quarto individual ou enfermaria -

com pessoas diferentes e muitas vezes em companhia de outros pacientes em estado grave,

com rotinas não habituais, horários rígidos e sono interrompido para avaliação de temperatura

corporal e outros exames clínicos, causa na criança irritação, ansiedade, dor e fantasia.

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Destacam-se algumas experiências significativas ocorridas no decorrer da prática da

bolsista no âmbito da brinquedoteca hospitalar, dentre elas pode-se perceber com as crianças

entre 4 e 6 anos que o principal interesse era em montar bandas onde os mesmos fossem os

cantores ou os artistas centro, muitas vezes tocando mais de um instrumento por vez, sempre

interagindo com a bolsista. Quanto aos menores de 0 a 3 anos, percebeu-se que os mesmos

contemplam instrumentos que fazem barulho ou que tocam músicas que os acalmam e

relaxam. Por fim, as crianças entre sete anos ou mais, apreciam livros sonos e de teclados nos

quais disponibilizam de maiores funções.

Outra experiência significativa, vivenciada pela bolsista, ocorreu com uma menina,

por volta de três anos, muito tímida. Logo que chegou ao espaço da brinquedoteca, sentou-se

e pôs-se a observar o que a rodeava, pegou um brinquedo que estava próximo dela muito

timidamente, mas ao ouvir tocar uma música conhecida e de seu apresso, levantou-se e

colocou-se a dançar e cantar. Ao término da música, sentou-se e voltou a brincar

normalmente, mais calma e com um sorriso no rosto. Em síntese pode-se observar que a

música foi uma forma de exteriorização dos sentimentos, de adaptação com o espaço e

relaxamento, contribuindo positivamente para a situação que ela estava vivendo.

Outro fato relevante a ser destacado refere-se a uma menina, por volta dos 5 anos,

onde a mesma estava brincando com o teclado e o xilofe, relacionando as cores de ambos os

instrumentos para retirar o som deles e formar sua própria música. Depois de muito ensaio,

esta fez uma apresentação para a bolsista e a mãe que ali estavam presentes no momento.

Dado o exposto, nota-se que, “A criança por meio da brincadeira, relaciona-se com o

mundo que descobre a cada dia e é dessa forma que faz música: brincando. [...]” (SOUZA E

JOLY, 2010, p.98).

Percebe-se que o espaço que está sendo disponibilizado cumpre a tarefa relaxante

ajudando na melhora física e psicológica do paciente enfermo, e de seus familiares que

enfrentam junto com ele a tarefa da internação.

A seguir, alguns registros fotográfico dos atendimentos musicais na brinquedoteca do

Hospital Divina Providência- HDP de Frederico Wesphalen.

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Foto 1: Música e brincadeiras sonoras Foto 2: Execução Musical

3 FINALIZANDO...

Com base nos dados apresentados, percebe-se que a música está constantemente

presente na vida da humanidade, desde o processo de fecundação, perpassando pelas demais

fases. Além disso, nota-se as contribuições da mesma, da infância à velhice, sendo uma

ferramenta importante no desenvolvimento cognitivo, físico e emocional.

Diante desses estudos, observou-se que a música pode/deve ser utilizada nos mais

diferentes espaços, sendo o hospital de suma relevância para o auxílio no tratamento dos

pacientes infantis. Observou-se também, que a criança que passa pela internação não deixa de

se desenvolver, e a mudança em sua rotina pode causar consequências psicológicas.

Além disso, constatou-se serem imprescindíveis espaços que possam primar pelo bem

estar emocional dos pacientes infantis, onde o brincar seja respeitado, compreendido e

valorizado, que nesse caso, a música como forma de amenizar a angústia e a dor de pacientes

e familiares.

Através dessa pesquisa, pode-se perceber a importância da música nesses espaços não

somente viabilizando o lúdico e bem estar emocional dos pacientes, mas também físico, pois

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como os estudos apontam, a música contribui com a diminuição da dor e auxilia no processo

de cura de algumas doenças.

Por meio de atividades práticas, observou-se a relevância da música nesses espaços,

contribuindo com a melhora da ansiedade, socialização e desinibição dos pacientes para que

os mesmos possam ter uma melhor aceitação do espaço.

Ao analisar os resultados, observou-se que a criança quando submetida à internação

tem mudanças emocionais, sendo que o hospital muitas vezes não está preparado para acolher

a criança. Entra nesse caso a música e o lúdico, os quais trazem consigo inúmeras vantagens

no âmbito hospitalar, que podem ser usadas como relaxante, como ferramentas de

aprendizagem ou como formas de brincar. A música cria um espaço harmonioso onde o

lúdico pode ser aproveitado de forma prazerosa e espontânea.

Destaca-se então a importância do presente trabalho. Onde percebe-se a necessidade

de haver brinquedotecas hospitalares bem equipadas e desenvolvidas para trabalhar com a

música e o lúdico com crianças, para que o trabalho desenvolvido colabore com a sua melhora

e sua adaptação.

REFERÊNCIAS BUENO, Chris. Além de fazer bem para a alma, música ajuda no tratamento de algumas doenças. São Paulo. 2012. Disponível em <http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/08/25/alem-de-fazer-bem-para-a-alma-musica-ajuda-no-tratamento-de-algumas-doencas.htm> Acesso em 27 de mar de 2014. CHIARELLI, Lígia; BARRETO, Sidirley. A Música como meio de desenvolver a inteligência e a integração de Ser. Junho de 2005. Disponível em <http://www.iacat.com/Revista/recrearte/recrearte03/musicoterapia.htm>. Acesso em 17 de Dez. de 2012. CUNHA, N. H S. & VIEGAS, D.. Brinquedoteca Hospitalar. São Paulo: Guia de Orientação, 2003. FERREIRA, Caroline Cristina Moreira, REMEDI, Patrícia Pereira; LIMA, Regina Aparecida Garcia de. A música como recurso no cuidado à criança hospitalizada: uma intervenção possível? Rev Bras Enferm 2006 set-out; 59(5): 689-93. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672006000500018&script=sci_arttext> Acesso em: 23 de janeiro de 2013. GIMENEZ, Beatriz Piccolo; TEIXEIRA, Sirlândia Reis de Oliveira. Brinquedoteca: Manual em educação e saúde - 1 ed. São Paulo: Cortez, 2011.

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MAFFIOLETTI, Leda de Albuquerque. A dimensão lúdica na infância. In.: XIV Endipe - Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino. Trajetórias e processos de ensinar e aprender: lugares, memórias e culturas- 27 a 30 de abril de 2008 - PUC-RS Porto Alegre, CD. ROSA, S. E. Um desafio às regras do jogo: Da análise na infância ao infantil na análise. Rio de Janeiro: Contra Capa, 1997. SANTOS, Santa Marli Pires (Org). Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. SOUZA, Carlos Eduardo de; JOLY, Maria Carolina Leme. A importância do ensino musical na educação infantil. Cadernos da Pedagogia. São Carlos, Ano 4v. 4n. 7, jan-jun. 2010.p. 96-100.

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PEDAGOGO: ASSESSOR E DIFUSOR CULTURAL DO CONHECIMENTO

Janaíne Souza Gazzola, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

Anilce Angela Arboit, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões–

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

Rosane de Fatima Ferrari, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

RESUMO: o trabalho em tela é fruto do desenvolvimento de um projeto intitulado “Atuação do pedagogo na Rádio, uma instituição não formal de Ensino”, realizado na disciplina de Campo Profissional PED B, do Curso de Pedagogia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen, que tinha por objetivos compreender a importância da atuação do pedagogo na Rádio e implantar o Programa “Fala Pedagogo” na Rádio Chirú AM 1380, do município de Palmitinho-RS. Reconhecem-se as possibilidades da atuação do pedagogo nesses espaços, pois se caracterizam pela maior autonomia e flexibilidade de ações, constituindo-se em espaços democráticos de participação política que articulam educação e cultura. PALAVRAS-CHAVE: Pedagogo. Espaço não formal de ensino. Rádio Chirú.

INTRODUÇÃO

O pedagogo é um profissional flexível, sua atuação se dá não somente em instituições

escolares; estende-se ao trabalho em instituições não formais de ensino, como os meios de

comunicação, por exemplo, como afirma Libâneo (2000, p. 23), “[...] o campo educativo é

bastante vasto, porque a educação ocorre na família, no trabalho, na rua, na fábrica, nos meios

de comunicação, na política.”.

Segundo o autor, o campo pedagógico ultrapassa o âmbito escolar, englobando esferas

mais amplas da educação formal e não formal. Isso ocorre devido à evolução da sociedade e o

aligeiramento da necessidade de se obter cada vez mais resultados.

Este trabalho nasce do desenvolvimento de um projeto intitulado “Atuação do

pedagogo na Rádio, uma instituição não formal de Ensino”, realizado na disciplina de Campo

Profissional PED B, do Curso de Pedagogia da Universidade Regional Integrada do Alto

Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen e que tinha por objetivos

compreender a importância da atuação do pedagogo na Rádio, uma instituição não formal de

ensino, além de implantar o Programa “Fala Pedagogo” na Rádio Chirú AM 1380, do

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município de Palmitinho-RS, programa que levaria informações e conhecimentos acerca de

questões de interesse pedagógico aos radiouvintes.

Algumas questões nortearam a realização do Projeto, tais como, o papel do pedagogo

em instituições não formais de ensino, as funções que o pedagogo poderia desempenhar na

Rádio, como o pedagogo poderia contribuir na geração de novos conhecimentos e no

aperfeiçoamento dos trabalhos da Rádio, quais as programações em que o pedagogo poderia

ser inserido, o público-alvo do pedagogo no desempenho de suas funções na Rádio e quais os

resultados da implantação do programa “Fala Pedagogo” na Rádio Chirú Comunicações AM

1380, em Palmitinho-RS, a instituição não formal de ensino na qual se desenvolveu a prática

pedagógica.

Destaca-se a importância desta pesquisa, já que praticamente não há referências sobre

a atuação do pedagogo em rádios. Enfatiza-se a necessidade de contribuir para a expansão do

conhecimento dos radiouvintes, objetivando a melhoria da qualidade de vida destas pessoas,

através das informações e conhecimentos veiculados por este meio de comunicação, tão

abrangente em nossa microrregião.

Buscando ampliar o conhecimento acerca da atuação do pedagogo em instituições não

formais de ensino, como nos meios de comunicação, por exemplo, mais especificamente, na

Rádio, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, tendo referência em autores renomados que

tratam do assunto. Fez-se um apanhado geral dos fundamentos da Pedagogia, bem como um

breve histórico da mesma, enfatizando também o próprio papel do pedagogo e sua função

como assessor na difusão cultural e na comunicação de massa.

PEDAGOGIA: FUNDAMENTOS DO PROCESSO EDUCATIVO

A Pedagogia, embora esteja ligada, umbilicalmente, com a docência e a escolarização

de crianças, inúmeras são as possibilidades e responsabilidades atribuídas ao pedagogo. A

Pedagogia trata do campo teórico-investigativo da educação, do ensino, da aprendizagem e do

trabalho pedagógico que se realiza na práxis social.

Nesse sentido, torna-se essencial conhecer os fundamentos da Pedagogia, a fim de

compreender seu significado, bem como relacioná-lo com a ação diária do pedagogo no

contexto em que o mesmo está inserido, ou seja, tanto nas atividades que envolvam a esfera

da educação formal, quanto da não formal.

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A Pedagogia pode ser entendida como a interação entre teoria e prática, sendo o

pedagogo um prático-teórico das ações educativas. De acordo com Houssaye (2002, p.10) “o

pedagogo é aquele que procura conjugar a teoria e a prática a partir de sua própria ação. É

nessa produção específica da relação teoria-prática em educação que se origina, se cria, se

inventa e se renova a pedagogia”.

Sendo assim, a Pedagogia prepara o profissional para ser um teórico-prático, exigindo

dessa formação uma consistente fundamentação teórica, bem como uma diversidade de

conhecimentos e de práticas que se articulam no decorrer da sua atuação, o que lhe possibilita

um conhecimento global e dialético da prática pedagógica.

Entende-se que a formação do licenciado em Pedagogia fundamenta-se no trabalho

pedagógico realizado em espaços escolares e não escolares, que têm a docência como base.

Nesta perspectiva, a docência é compreendida como ação educativa e processo pedagógico

metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas, as quais

influenciam conceitos, princípios e objetivos da Pedagogia. Libâneo afirma que

[...] há práticas de educação informal, não formal e formal, caracterizando a educação informal como não intencional, isto é, sem objetivos explícitos, sem o caráter de institucionalidade e estruturação, e as outras duas como intencionais. A Pedagogia ocupa-se da educação intencional. [...] duas características fundamentais do ato educativo intencional: primeira, precisamente a de ser uma atividade humana intencional; segunda, a de ser uma prática social (2001, p.25).

Assim, a docência, tanto em processos educativos formais como não formais, não se

confunde com a utilização de métodos e técnicas pretensamente pedagógicos. Constitui-se na

confluência de conhecimentos oriundos de diferentes tradições culturais e das ciências, bem

como de valores, posturas e atitudes éticas, de manifestações estéticas, lúdicas, laborais. Já

dizia o italiano Visalberghi (1983, p. 265) “o educador e mesmo o pesquisador pedagógico,

necessitam não apenas de conhecimentos científicos e filosóficos, mas também de

conhecimentos e atitudes derivados diretamente da experiência educativa concreta”.

PEDAGOGIA: BREVE HISTÓRICO

Ao longo da história, a Pedagogia, passa por inúmeras transformações, por assim

dizer, no que diz respeito aos seus objetivos. O termo “Pedagogia” teve origem na

terminologia grega paidagogia formada a partir da agregação de dois outros conceitos, paid

(criança) e agogia (conduzir, levar).

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O curso de Pedagogia, ao longo de sua história, teve definido como seu objeto de

estudo os processos educativos em escolas e em outros ambientes, além da gestão

educacional. Cabe salientar que nas primeiras propostas para este Curso, a ele foi atribuído o

“estudo da forma de ensinar”.

A padronização do Curso de Pedagogia, em 1939, é decorrente da concepção normativa da época, que alinhava todas as licenciaturas ao denominado “esquema 3 + 1”, pelo qual era feita a formação de bacharéis nas diversas áreas das Ciências Humanas, Sociais, Naturais, Letras, Artes, Matemática, Física, Química. Seguindo esse esquema o curso de pedagogia oferecia o título de bacharel, a quem cursasse três anos de estudos em conteúdos específicos da área, quais sejam fundamentos e teorias educacionais; e o título de licenciado que permitia atuar como professor, aos que, tendo concluído o bacharelado, cursassem mais um ano em estudos, dedicado a Didática e a Prática de Ensino (Parecer CNE/CP nº 5/2005).

O curso de Pedagogia, portanto, dissociava o campo da ciência pedagógica, do

conteúdo da didática, abordando-os em cursos distintos e tratando-os separadamente.

Ressalta-se ainda que aos licenciados em Pedagogia também era concedido registro para

lecionar Matemática, História, Geografia e Estudos Sociais, no primeiro ciclo do ensino

secundário.

A dicotomia entre bacharelado e licenciatura levava a entender que no bacharelado se

formava o pedagogo que poderia atuar como técnico em educação e, na licenciatura, formava-

se o professor que iria lecionar as matérias pedagógicas do Curso Normal.

No processo de desenvolvimento social e econômico do país, ampliou-se o aceso a

escolarização, com isso cresceram as exigências de qualificação docente, a fim de trazer para

dentro da sala de aula novas visões de mundo e perspectivas de cidadania.

Sob essa perspectiva, firmaram a compreensão de que a Pedagogia trata do campo

teórico investigativo da educação, do ensino e do trabalho pedagógico que se realiza na práxis

pedagógica, indissociavelmente.

PEDAGOGIA: PAPEL DO PEDAGOGO

Após este período histórico, o Pedagogo foi constituindo-se, por excelência, em um

ser flexível, desempenhando inúmeras funções, que lhe são permitidas considerando sua

formação. Sua atuação está vinculada a práticas educativas, que por sua vez, são concernentes

ao seu papel enquanto pedagogo. Entretanto, não é uma função restrita.

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[...] pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo em vista objetivos de formação humana previamente definidos em sua contextualização histórica (LIBÂNEO, 2001, p. 25).

De acordo com o autor, o pedagogo pode atuar em diferentes instituições, sejam estas

de cunho formal, informal ou não formal. Esta atuação está indissociada da postura docente,

porém, pode estar desligada do puro e simples ato de repassar conhecimentos prontos. O

importante é que em todas as instituições de possível atuação de um pedagogo, este estará

contribuindo (e tem, portanto, a responsabilidade) para o aperfeiçoamento e melhoria da

qualidade de vida do seu “público-alvo”.

Considerando a Pedagogia, uma Ciência da Educação, responsável pela formação e

construção do pedagogo, o próprio Libâneo afirma em seu livro “Pedagogia e Pedagogos,

para quê?”, que a Pedagogia é uma ciência integradora dos aportes das demais áreas. Assim

denominada, tem por principal objetivo promover uma integração e uma aproximação global

e intencionalizada dirigida principalmente aos problemas educativos e, nesse caso, os saberes

das ciências se transformam em saberes pedagógicos.

Com essa definição, é possível designar a concepção de pedagogo e, assim,

compreender melhor a essência do seu papel. De acordo com a afirmação de Libâneo (2001,

p. 31), Pedagogia deve formar o pedagogo stricto sensu, para este ser

[...] um profissional qualificado para atuar em vários campos educativos para atender demandas socioeducativas de tipo formal e não formal e informal decorrentes de novas realidades – novas tecnologias, novos atores sociais, ampliação das formas de lazer, mudanças nos ritmos de vida, presença dos meios de comunicação e informação, mudanças profissionais, desenvolvimento sustentado, preservação ambiental – não apenas na gestão, supervisão e coordenação pedagógica de escolas, como também na pesquisa, na administração dos sistemas de ensino, no planejamento educacional, na definição de políticas educacionais, nos movimentos sociais, nas empresas, nas várias instâncias de educação de adultos, nos serviços de psicopedagogia e orientação educacional, nos programas sociais, nos serviços para a terceira idade, nos serviços de lazer e animação cultural, na televisão, no rádio, na produção de vídeos, filmes, brinquedos, nas editoras, na requalificação profissional, etc.

Aborda-se essa questão para evidenciar as inúmeras atribuições do pedagogo no

contexto global em que está inserido. Imersos nessa ideia, o pedagogo, seja ele escolar ou não,

é um profissional considerado especializado em estudos e ações relacionadas com a ciência

pedagógica, pesquisa pedagógica e problemática educativa, com a possibilidade de trabalhar

com o fenômeno educativo em sua multidimensionalidade. O pedagogo, portanto, é um

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profissional apto a desempenhar funções em diferentes setores de atividades, inclusive nos

meios de comunicação.

[...] o campo de atuação do profissional formado em Pedagogia é tão vasto quanto são as práticas educativas na sociedade. Em todo lugar onde houver uma prática educativa com caráter de intencionalidade, há aí uma pedagogia (LIBÂNEO, 2001, p. 43-44).

Contemporaneamente vive-se em uma sociedade pedagógica onde, segundo Beillerot

(1985), citado por José Carlos Libâneo (2001), revelam-se amplos campos de atuação

pedagógica. Explicita-se a ação pedagógica desenvolvida por pedagogos extraescolares, os

quais se distinguem dos profissionais sistematizados, por assim dizer, exercendo diversas

atividades, tais como, formadores, animadores, instrutores, organizadores, técnicos,

consultores, orientadores, que desenvolvem atividades pedagógicas (não escolares) em órgãos

públicos, privados e públicos não estatais, ligadas às empresas, à cultura, aos serviços de

saúde, alimentação, promoção social, meios de comunicação, etc.

De fato, vem se acentuando o poder pedagógico de vários agentes educativos formais e não formais. Ocorrem ações pedagógicas não apenas na família, na escola, mas também nos meios de comunicação, nos movimentos sociais e outros grupos humanos organizados, em instituições não escolares. Há intervenção pedagógica na televisão, no rádio, nos jornais, nas revistas, nos quadrinhos, na produção de material informativo, tais como livros didáticos e paradidáticos, enciclopédias, guias de turismo, mapas, vídeos e também na criação e elaboração de jogos, brinquedos (LIBÂNEO, 2001, p. 19).

Diante destas inúmeras possibilidades, direciona-se o estudo para o pedagogo como

difusor cultural e comunicador de massa.

PEDAGOGO: ASSESSOR NA DIFUSÃO CULTURAL E NA COMUNICAÇÃO DE

MASSA

Muito se discute o papel do pedagogo no campo acadêmico. Tem-se, ainda, a

concepção de que a área de atuação do pedagogo se restringe somente à docência na educação

infantil e no ensino fundamental, como há duas décadas. Contudo, alguns autores defendem

que considerando que pedagogia é a ciência cujo objetivo é a reflexão, ordenação,

sistematização e crítica do processo educativo, visá-la apenas na formação de professores é

sem dúvida um ato reducionista.

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Para uma melhor compreensão, é necessário conceituar difusão cultural. Esta é a

manifestação de movimentos das características e ideias de parcela da sociedade que são

levadas à outra parcela por meio da comunicação de massa, através de jornais, livros, revistas,

internet, rádio, entre outros.

Apesar de se tratar da área de comunicação, a preocupação com produções educativas

de qualidade abriu um notável espaço para educadores, em especial pedagogos. Com todo o

avanço tecnológico que vem ocorrendo, este campo fortaleceu-se ainda mais com a criação de

canais educativos e interativos na internet, que permitem e incentivam o estudo e a pesquisa,

sendo a maioria deles elaborados e orientados por pedagogos.

Sabe-se que nas escolas enfatizam-se muito os conteúdos curriculares previamente

estabelecidos, deixando à parte as questões cotidianas de interesse dos educandos. Tal

separação vem causando um empobrecimento do processo educativo, uma vez que os

conteúdos tornam-se significativos quando os alunos participam da sua construção.

Tudo isso nada mais é do que uma gestação, um processo de transformação, no qual o

professor deve estar grávido de ideias inovadoras, criativas e revolucionárias para alcançar os

propósitos almejados, buscando levar aos bancos escolares visões pertinentes às questões

relacionadas ao contexto de vida dos alunos, rumando a uma educação de excelência.

Nesta perspectiva, os alunos estão intrinsecamente ligados aos valores e à cultura que

estão presentes nos meios de comunicação. Acerca disso, acabam por sofrer influências de

caráter comportamental, intelectual e, consequentemente, pessoal.

Após um longo período de amadurecimento e esclarecimento de ideias, dá-se a luz à

Pedagogia da Comunicação, que é a elaboração de estratégias, atividades e instrumentos que

permitam o aprendizado através dos meios de comunicação. Para tanto, necessita-se ter

cuidado ao trabalhar nessa área, já que os alunos tendem a aceitar, “respeitar” e até mesmo

reproduzir o que é veiculado, fugindo de sua subjetividade.

É essencial que o profissional de tal área reflita sobre a importância da comunicação

no mundo atual e qual seu verdadeiro papel na construção do mundo e do “ser”. Nesse mundo

globalizado e cada vez mais competitivo, onde as informações circulam gratuita e

rapidamente, as empresas necessitam de profissionais éticos, conscientes de seu papel na

sociedade, compromissados com o desenvolvimento humano e abertos a valores de dignidade,

preservação, respeito e amor.

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E os pedagogos têm apresentado grande diferencial no ramo empresarial, conduzindo

e desenvolvendo pessoas, transformando e iluminando conceitos, a fim de promover uma

organização, uma sociedade mais participativa, com seriedade e responsabilidade.

PROGRAMA FALA PEDAGOGO: UMA REALIDADE

Com a finalidade de estreitar a compreensão referente à atuação do profissional

pedagogo em instituições não formais de ensino, destaca-se a pesquisa campo realizada na

Rádio Chirú AM 1380 em Palmitinho-RS.

Para atender aos objetivos do trabalho, foi realizada uma entrevista na instituição não

formal de ensino, ou seja, na Rádio, com os profissionais responsáveis. Entre as questões,

indagou-se para que eles relatassem o histórico da Rádio (data, fundadores, objetivos). Os

relatos apontaram que a Rádio Chirú AM 1380 e 107,9 FM era fruto do desejo de

Palmitinhenses que sempre desejaram o progresso desta terra, e sabiam que ela viria somente

com a inclusão de investimentos diferenciados como este, voltado ao fomento do município e

da região. Instituída em 12 de março de 1990, a AM 1380 e, recentemente inaugurada a 107,9

FM, sendo o mais novo veículo de comunicação dentro dos canais FM, orgulhava-se de estar

entre as melhores estruturas de rádio do Brasil. A exemplo da emissora AM, a 107,9 FM,

tinha como objetivo consolidar-se como a emissora preferida da comunidade regional,

expandindo sua potência.

Quando questionados sobre o público-alvo da instituição, os profissionais responsáveis

destacaram que a abrangência das duas emissoras, tanto a AM quanto a FM era local e

regional, atingindo um total de setenta municípios da região Norte e Nordeste do Rio Grande

do Sul e Extremo Oeste de Santa Catarina, num público de cerca de um milhão de pessoas.

Destaca-se, também a questão referente à existência ou não da atuação de um

pedagogo na Rádio, ao que foi respondido de que não havia atuação de nenhum pedagogo

nesta instituição. Prosseguindo com a entrevista, indagou-se se existiria a necessidade de um

pedagogo atuar nesta instituição, ao que eles responderam que, devido a falta de

conhecimento do verdadeiro papel do pedagogo, não se via a necessidade da atuação desse

profissional na Rádio.

Questionados a respeito das atividades que o pedagogo poderia realizar na Rádio, eles

ressaltaram que, mesmo não vendo necessidade da atuação de um pedagogo nesta instituição,

atuar como funcionário ele não poderia, “[...] quem sabe como produtor de algum programa

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específico para o público-alvo do pedagogo, considerando que sua prática está indissociada da

docência” (GERENTE, 2012). Já que não se tinha o conhecimento do que um pedagogo

realizaria, não havia como sugerir algo, então eles relataram a importância de sugestões

advindas dos próprios pedagogos.

A partir dessas respostas, os profissionais foram questionados se seria de interesse da

Rádio a realização de uma prática pedagógica, e solicitaram-se sugestões, ao que eles

responderam, deixando claro que a Rádio estaria de portas abertas para a possível realização

de uma prática pedagógica, embora não se teria sugestões. Ao ponto em que destacaram,

também, que seria importante que aquilo que fosse realizado trouxesse benefícios e

aumentasse a audiência, o que atingiria, assim, um maior público. Sugerimos, pois, a eventual

realização de uma programação específica para o público educativo (professores, gestores,

pais, alunos).

Com o aceno positivo do gestor da Rádio, elaborou-se uma Proposta Pedagógica, para

a implantação do programa “Fala Pedagogo”. Essa proposta constava de uma pauta

previamente organizada em forma de entrevista com quatro questões, abordando o aspecto da

importância do brincar na infância, a fim de contribuir para o desenvolvimento da criança

nessa fase tão importante de sua vida, e atentar para os cuidados que os pais deveriam ter para

com seus filhos, quando da escolha de suas brincadeiras.

Dessa forma, após a aprovação necessária, desenvolveu-se a Proposta Pedagógica, a

qual constou de uma gravação da entrevista previamente planejada. Realizada a gravação da

entrevista, a mesma foi transmitida, o que teve repercussão, haja vista a abrangência da

emissora. Neste sentido, o profissional responsável ofereceu um espaço, dentro das

programações da Rádio, em que pudessem desenvolver o Programa “Fala Pedagogo”, que era

um dos objetivos específicos do Projeto de Pesquisa.

Assim, durante um período de oito meses o programa “Fala Pedagogo” foi ao ar todas

as terças-feiras, num espaço de vinte minutos nas ondas da emissora Chirú AM 1380 de

Palmitinho. Para a efetivação do programa, eram elaboradas pautas sobre assuntos referentes

ao processo pedagógico, no que concerne às fases do desenvolvimento infantil, contemplando

os aspectos físico-motor, social, emocional e cognitivo; dicas para cuidados em todas estas

fases; importância de cada fase; exemplos de brincadeiras infantis que podem (e devem) ser

mediadas pelos adultos (pais e professores), entre outros assuntos que também eram sugeridos

pelos radiouvintes.

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A realização deste programa só reafirmou a relevância da atuação do profissional

pedagogo neste espaço não formal de ensino que é a rádio. Compartilha-se da abordagem em

que o pedagogo é o profissional capaz de atuar em espaços educativos formais ou não

formais, porém visando sempre à formação integral do ser humano, mediante o

reconhecimento do direito à apropriação efetiva dos saberes dos indivíduos. À luz de Charlot

(2005), avalia-se que as potencialidades da atuação do pedagogo nos espaços não formais de

ensino consistem em não ensinar informações, mas saberes, ensinar para compreender melhor

o sentido do mundo, da vida humana, das relações com os outros, das relações consigo

mesmo.

CONCLUSÃO

O debate sobre o lugar dos espaços não formais de ensino na formação do pedagogo

chega tardiamente ao Brasil não acompanhando o crescimento das ações educativas. Além de

o enfoque da pedagogia social não ser observado nos cursos de graduação, a oferta de cursos

de pós-graduação com esse enfoque ainda é pouco expressiva. Tal fato pode estar relacionado

à secundarização na nossa pesquisa educacional em relação a todo tipo de educação que não é

escolar, formal e obrigatória (TRILLA, 2008).

Partindo do exemplo da formação específica, é que também se discute no Brasil, que

os profissionais da educação atuantes nos espaços não formais de ensino carecem de uma

formação acadêmica mais diferenciada e mais completa. Há hipóteses de que: a) o curso de

pedagogia não prepara o profissional para enfrentar a complexidade dos espaços não formais

de ensino; b) o curso é suficiente para o preparo dos mesmos; e c) que a educação social deve

ser uma formação separada dos demais cursos de graduação, conforme propostas levantadas e

discutidas por Gohn (2010).

A realização deste trabalho pode ser uma resposta à hipótese b e c. Afinal, percebe-se

que, apesar de se tratar da área de comunicação, a preocupação com produções educativas de

qualidade abriu um notável espaço para atuação dos educadores, em especial pedagogos. Com

o avanço tecnológico, este campo cresceu mais ainda com a criação de canais educativos e

interativos na internet, que permitem e incentivam ao estudo e à pesquisa, sendo a maioria

elaborados e ou orientados por pedagogos.

Podemos perceber, ao ler estas informações que o papel do pedagogo é amplo e talvez

pouco explorado, uma vez que a grande maioria dos profissionais se dedica à escola. Além do

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mais, os valores e cultura presente nos meios de comunicação são altamente significativos e

presentes na vida do educando; trazer esses valores e culturas para a sala de aula pode resultar

num melhor aprendizado aproveitando a experiência que os alunos têm.

Com a realização do programa “Fala Pedagogo” foi possível perceber a importância

desta prática pedagógica, já que praticamente não há referências sobre a atuação do pedagogo

em rádios. Enfatiza-se a repercussão que esse trabalho gerou, no sentido de contribuir para a

expansão do conhecimento dos radiouvintes, proporcionando a melhoria da qualidade de vida

destas pessoas, através das informações e conhecimentos veiculados.

Destaca-se a importância e a relevância deste Programa, não apenas para quem o

desenvolveu, mas, principalmente, para os sujeitos da Pesquisa e da Prática, sendo que

auxiliou para a conquista da ampliação dos espaços destinados à atuação do profissional

pedagogo, levando a uma propagação de informações e conhecimentos de interesse da

população que está em contato, direta e indiretamente, com as ações educativas.

Dessa forma, enfatiza-se que os espaços não formais de ensino tornaram-se um campo

fértil para a inserção no mercado de trabalho desses profissionais. Reconhecem-se as

possibilidades da atuação do pedagogo nesses espaços, pois eles se caracterizam pela maior

autonomia e flexibilidade de ações, podendo se constituir em espaços democráticos de

participação política que articulam educação e cultura. São espaços onde o pedagogo pode

repensar soluções inovadoras e eficazes que contribuam para a construção das identidades dos

sujeitos envolvidos.

REFERÊNCIAS BRASIL. Parecer CNE/CP n° 5/2005. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Pedagogia. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pcp05_05.pdf. Acesso em: 24 abr. 2015. CHARLOT, Bernard. Relação com o saber, formação de professores e globalização: questões para a educação hoje. Porto Alegre: Artmed, 2005. GOHN, Maria da Glória. Educação não formal e cultura política: impactos sobre o associativismo do terceiro setor. São Paulo: Cortez, 2005. ______. Educação não formal e o educador social: atuação no desenvolvimento de projetos sociais. São Paulo: Cortez, 2010. v. 1. 103 p. HOUSSAYE, J. Pedagogia: justiça para uma causa perdida? In: ______ et al. Manifesto a favor dos pedagogos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

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LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 2001. TRILLA, Jaume. A educação não formal. GHANEM, Eli; TRILLA, Jaume; ARANTES, Valéria Amorim (Org.). Educação formal e não formal: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus, 2008, p.15-48. VISALBERGHI, A. Pedagogia e Ciências da Educação. Milano: Arnoldo Mondadori, 1983.

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NEUROCIÊNCIA E EDUCAÇÃO: UMA ARTICULAÇÃO NECESSÁRIA PARA A

EFETIVAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Luana Fussinger, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

Rosane de Fátima Ferrari, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

– Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

Resumo: o presente trabalho tem o propósito investigar de que forma a neurociência pode colaborar com o processo de ensino-aprendizagem e identificar os componentes cognitivos e comportamentais, que contribuam com uma formação mais humana e profissional. Diante desses pressupostos, realizou-se um trabalho bibliográfico, de cunho qualitativo, que teve como foco principal analisar como a neuroeducação pode ajudar na melhoria da prática de ensino. Desta forma, considerar a importância dos mecanismos da memória, da atenção, da emoção e da motivação durante a prática de ensino, tornam-se fatores necessários para a potencialização da capacidade cognitiva e, principalmente, para a efetivação do processo ensino-aprendizagem.

PALAVRAS-CHAVE: Neurociência. Educação. Processo de Ensino-Aprendizagem.

INTRODUÇÃO

O principal desafio da educação é o de contextualizar suas abordagens, tendo em vista,

os anseios e as necessidades da sociedade. E é justamente este compromisso, que evidencia a

necessidade do professor buscar atualização contínua, tanto no que se refere ao domínio dos

saberes científicos, quanto no aperfeiçoamento da competência pedagógica.

Entender o processo da aprendizagem em meio à contemporaneidade tornou-se um

grande desafio para os educadores. Dessa forma, busca-se através deste estudo, averiguar de

que forma a neurociência pode colaborar para o processo de ensino-aprendizagem, a fim de

analisar componentes cognitivos e comportamentais que contribuam com a formação humana

e profissional. Considerando uma abordagem qualitativa e de cunho bibliográfico, objetiva-se

também, analisar como a neuroeducação pode ajudar na melhoria da prática de ensino.

No decorrer deste trabalho, diversos aspectos referentes ao processo de ensino-

aprendizagem serão apresentados, em especial aqueles relacionados à neurociência cognitiva

e comportamental. Ao buscar analisar os mecanismos da atenção e da memória e relacionar

emoção e motivação ao desempenho, procura-se evidenciar como a neurociência aliada à

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educação, pode contribuir para o trabalho pedagógico correspondente às demandas

educacionais.

2 NEUROCIÊNCIA E EDUCAÇÃO

Quando se fala da neurociência na educação, pensa-se em como essa ciência, que

trabalha a otimização do processo de ensino e aprendizado do estudante, pode facilitar a

maneira de ensinar e de aprender na escola. Dessa forma, compreende-se que esta ciência

pode colaborar com o aperfeiçoamento dos métodos utilizados para ensinar, apresentando

alternativas para a construção de novos saberes, repensando-se o que é ensinado, como se

ensina e como se avalia a aprendizagem.

É válido ressaltar, que a neurociência não se detém em formular receitas prontas de

como o ensino deve ser conduzido, por exemplo. Da mesma forma, ela não propõe uma nova

Pedagogia, nem soluções definitivas para os problemas de aprendizagem. A neurociência

direcionada a educação, busca romper com os conceitos conservadores cultivados a respeito

do aprender e do ensinar, bem como, articula as descobertas sobre a organização neural com

as necessidades educacionais, direcionando-se, principalmente, ao processo de ensino-

aprendizagem. (NOGARO, 2015).

Com o propósito de aprofundar teoricamente o estudo da neurociência direcionada ao

processo de ensino-aprendizagem, este trabalho baseia-se nas abordagens da Neurociência

Comportamental e Cognitiva. A abordagem comportamental compreende a relação entre os

sistemas que influenciam o comportamento, tendo em vista condições diferenciadas, já a

abordagem cognitiva volta-se para o estudo dos processos que envolvem o pensamento, a

linguagem, o aprendizado e a memória. Essas subdivisões permitem que uma maior

aproximação com a temática proposta, pois acabam tratando de aspectos relevantes para

compreensão das funções cerebrais e, consequentemente, dos processos influenciam

diretamente as formas de ensino.

O trabalho do educador pode ser mais significativo e eficiente quando ele conhece o funcionamento cerebral. Conhecer a organização e as funções do cérebro, os períodos receptivos, os mecanismos de linguagem, da atenção e da memória, as relações entre cognição emoção, motivação e desempenho, as dificuldades de aprendizagem e as intervenções a elas relacionadas contribui para o cotidiano do educador na escola [...]. (COSENZA; GUERRA, 2011, p. 143).

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Entende-se então, que a neurociência tem um vasto leque de abordagens, de estudos e

pesquisa, um dos campos desta ciência, denomina-se neuroeducação, o qual se aproxima mais

da pesquisa em voga, ou seja, a contribuição desta ciência para a educação. A neuroeducação

utiliza-se das contribuições da Pedagogia, da Psicologia e da Neurologia, a serviço do

processo de ensino-aprendizagem, a qual parte da pesquisa científica em busca de melhores

práticas pedagógicas, ligando mente, cérebro e educação em benefício da aprendizagem.

Sendo assim, a relação entre neurocientistas e professores torna-se imprescindível, para que as

reflexões provenientes das duas áreas possam ser aplicadas na prática.

A sala de aula é o lugar da pesquisa e experimentação que falta às demais áreas de Neurociência para se testar as ideias na prática. A Neurociência não tem proposta de criar teorias, metodologias ou técnicas de ensino-aprendizagem. A proposta, da maioria dos autores pesquisados, é contribuir para a compreensão dos mecanismos cerebrais envolvidos no processo educativo e no desenvolvimento de metodologias que compatibilizem o processo de ensino e o processo de aprendizagem. (OLIVEIRA, 2011, p. 17).

Os conhecimentos acerca da neurociência podem auxiliar o docente na construção de

metodologias que correspondam às necessidades da educação, abrangendo tanto o processo

educativo do próprio professor, quanto à compreensão dos alunos. A aprendizagem nesse

sentido deve ir além da assimilação, possibilitando que o aprendizado ganhe significado e

correspondência com a realidade do aluno. Contudo, o estudo da neurociência aliada à

educação, gera questões desafiadoras, mas que precisam contar com o envolvimento dos

professores tanto na aquisição, quanto na aplicação dos conhecimentos neurocientíficos na

prática.

2.1 Neuroplasticidade a favor da aprendizagem

A plasticidade, que ocorre de forma permanente no ser humano, é a capacidade de

fazer e desfazer as ligações entre os neurônios, por meio da influencia das interações entre o

ambiente e o meio interno do indivíduo. Desta mesma forma ocorre a aprendizagem, através

da “[...] neuroplasticidade o cérebro humano não finaliza seu desenvolvimento, mas

reestrutura-se, reorganiza-se constantemente [...]” (OLIVEIRA, 2011, p.5). Por meio destas

novas ideias sobre a aquisição do conhecimento, que novas direções podem ser dadas para

educação.

No entanto, é possível se destacar que “[...] o sistema nervoso central, embora tenha

uma grande capacidade plástica, não é capaz de aprender igualmente qualquer tipo de

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associação ou de contingência presente no meio externo.” (CALLEGARO; FERNANDEZ,

2008, p. 859). De acordo com isso, os processos de aprendizagem podem se diferenciar,

ocorrendo de acordo com o valor emocional e os estímulos recebidos pelo indivíduo. Isso

justifica também, porque o nosso cérebro está preparado para aprender com mais facilidade

certos tipos de informações.

As funções cerebrais são elementos fundamentais para socialização humana e

permitem que possa se definir a subjetividade da pessoa e sua individualidade. Nesta

perspectiva, as influencias do ambiente sociocultural, também tem ligação direta com a

formação do indivíduo e suas experiências. E é exatamente este contexto evidenciado, que

pode contribuir para o desempenho cerebral, pelo fato de que: “O cérebro é moldável pelos

estímulos advindos do próprio organismo, da programação genética e do ambiente externo.”

(OLIVEIRA, 2011, p.17). De acordo com essa abordagem, aliar as experiências do indivíduo

ao processo de ensino-aprendizagem, resulta na modificação da estrutura cerebral de quem

aprende e pode promover a neuroplasticidade.

As informações externas ou internas, presentes no cotidiano do indivíduo, acabam

definindo o conhecimento. Logo, através desse processo, as informações provenientes do

ambiente externo agem na mente por meio do pensamento. “Talvez fosse mais produtivo

pensar em modos de desenvolver os pensamentos dos alunos, ao invés de preocupar-se apenas

com informações que comporão os conteúdos curriculares.” (TABACOW, 2006, p.110). Ao

passo que se torna relevante tal abordagem, o ideal seria trabalhar com novas informações que

levem a pensar em várias proposições e associações, mobilizando todas as áreas cerebrais.

“A construção do cérebro humano não é somente uma questão de produção celular.

Existe uma organização em todo este processo iniciado na concepção e que não se finda

mesmo com o indivíduo adulto.” (OLIVEIRA, 2011, p. 126). Neste sentido, o cérebro

humano pode passar por constantes transformações para atender cada etapa da vida do

indivíduo, provocando mudanças físicas e funcionais no cérebro e alterando a quantidade de

neurônios e conexões entre eles.

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FIGURA 1 – NEURÔNIOS E SUAS CONEXÕES CONFORME A IDADE DO INDIVÍDUO Fonte: Nicolau e Rocha (2014)

Como demonstra a figura 1, durante a construção cerebral, o número dos neurônios

formados torna-se muito maior do que o necessário. No entanto, muitos neurônios acabam

sendo descartados pelo fato de que, durante o desenvolvimento, não estabelecem as conexões

adequadas. Isso evidencia a intensa formação de sinapses nos primeiros anos de vida, que

gradativamente, na vida adulta acabam diminuindo. Além disso, nessa fase de vida a

aprendizagem de novas informações também é menor, porém amplia-se a capacidade de usar

e elaborar o que já foi aprendido. (COSENZA; GUERRA, 2011).

É normal morrerem neurônios durante o desenvolvimento: a “morte celular programada”, como fenômeno é conhecido, é um dos mecanismos de lapidação do cérebro, que elimina as sobras, apara as rebarbas e ajusta o número de neurônios de acordo com o número de alvos disponíveis. (HERCULANO-HOUZEL, 2007, p.48).

Algumas regiões do cérebro produzem novas células neurais durante a vida inteira e,

em contrapartida, as perdas acabam sendo menos intensas do que as que ocorrem antes do

nascimento. Cosenza e Guerra (2011, p.32) declaram que: “Durante muito tempo acreditou-se

que não se formavam novos neurônios após o nascimento e que havia uma perda progressiva

na população neuronal à medida que envelhecemos.” Com base em várias demonstrações

realizadas, Herculano-Houzel (2007) assegura que continuam surgindo novos neurônios

depois que a gente nasce até a idade avançada, esses se direcionam para o hipocampo,

estrutura capaz de formar novas memórias, e para o bulbo olfatório, receptor de sinais do

nariz. O problema é que os neurônios recém-nascidos costumam morrer em poucas semanas,

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porém, a autora salienta que eles podem apresentar um papel importante no aprendizado, já

que o hipocampo participa da formação de novas memórias. No entanto,

[...] não faz mal algum pensar que seus neurônios novos são uma chance que o cérebro lhe dá, a cada dia, de aprender coisas novas. E para lembrar da máxima do cérebro: “Seus neurônios (novos ou usados), use-os ou perca-os”. (HERCULANO-HOUZEL, 2007, p.126).

Contudo, é possível destacar que o sistema nervoso é extremamente plástico nos

primeiros anos de vida. Isso tem sido possibilitado pela grande capacidade de formação de

novas sinapses que provém das estimulações presentes do ambiente. Destaca-se então que a

plasticidade é a base para a aprendizagem, porém seu potencial diminui com o passar dos

anos, demandando um esforço maior para a efetivação da aprendizagem.

As associações daquilo que é ensinado, com os conhecimentos prévios dos alunos

ajudam na promoção da aprendizagem, ou seja, o cérebro acaba tendo um padrão de

reconhecimento através de comparações daquilo que já conhece. Com base nisso,

Vasconcellos (2009, p.45) afirma que: “Nada se cria a partir do nada; ninguém conhece algo

totalmente novo, pois se for de fato totalmente novo, o sujeito não terá nem estruturas de

percepção para o novo objeto”.

Da mesma forma que o cérebro busca por padrões, ele também é capaz de procurar por

novidades que possam ser relacionadas com os conhecimentos anteriores. Assim, a variação

da rotina torna-se um fator importante para necessidade de novidade que o cérebro acaba

tendo pelo fato de que, a aprendizagem humana demanda estar envolvida na tarefa e no

monitoramento do ambiente externo. Com base neste fator, torna-se relevante também levar

em consideração o modo pelo qual as informações são processadas, decodificadas e

armazenadas, através dos mecanismos cerebrais que atuam decisivamente na aprendizagem: a

emoção e a motivação, além da memória e da atenção.

2.1.1 O impacto da emoção e da motivação no ensino

São muitos os desafios de um professor para que ele obtenha bons resultados em prol

de seus alunos. É necessário que este, enquanto sujeito, vise também construir e promover

relações mais humanas, para que estas também possam ser estabelecidas fora do ambiente

educacional. Oliveira (2011, p. 62) justifica isso, afirmando que: “Para o ser humano, ter um

cérebro e ser uma mente pode significar ter emoções, mas também sentimentos; ter funções

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mentais, mas também ter intencionalidade, personalidade, subjetividade, consciência”. São

justamente todos esses fatores e, principalmente, a afetividade que determinam a motivação

para aprender, pois acaba sinalizando tudo aquilo que está interferindo no desenvolvimento.

As emoções demonstram a presença de algo importante na vida do indivíduo,

costumando ser determinante nas escolhas e na mobilização da atenção e percepção. Sendo

assim, “[...] os processos cognitivos e emocionais estão profundamente entrelaçados no

funcionamento de cérebro [...].” (COSENZA; GUERRA, 2011). Assim, todas as emoções tem

origem do processamento cerebral e podem ser observáveis ou não, de acordo com as

modificações internas concebidas pelo organismo.

“Da mesma forma que sem fome não aprendemos a comer e sem sede não

aprendemos a beber água, sem motivação não conseguimos aprender.” (IZQUIERDO apud

SALA, 2012, p.4). Com base nisso, ainda destaca-se que a dopamina, neurotransmissor

liberado pelo cérebro, ativa-se diante de situações agradáveis e estimula o sujeito a procurar

uma atividade prazerosa. Igualmente, essa substância mobiliza a atenção e motiva o cérebro

na busca de um sistema de recompensa. Isso justifica a desmotivação, quando o cérebro deixa

de obter recompensa diante de tarefas consideradas muito difíceis ou muito fáceis.

Aprendemos ao máximo quando nos são dadas tarefas cognitivas que sejam otimamente desafiadoras – não tão difíceis que nos assoberbem, mas não tão fáceis que não precisemos estender nossas habilidades ou expandir nosso conhecimento, a fim de completar as tarefas. (STERNBERG apud TABACOW, 2006, p.179).

Desta maneira, as emoções precisam ser consideradas nos processos educacionais e

estar vinculadas, principalmente, de forma que possam mobilizar as emoções positivas para, a

partir disso, promover a aprendizagem. Portanto, um ambiente estimulante, de forma que as

pessoas sintam-se reconhecidas, que estimule a confiança e que ajude na superação das

dificuldades, certamente, preparará indivíduos mais capazes de viver em sociedade e de se

realizar pessoal e profissionalmente.

2.1.2 O papel da memória na consolidação da aprendizagem

O aprendizado pode se integrar ao sistema de memórias, pelo fato de que o processo

de raciocínio consiste na associação de novas informações com os conhecimentos já obtidos.

“As memórias começam como impulsos que são conduzidos pelos circuitos do cérebro

deixando, de alguma forma, vestígios neuronais permanentes.” (TABACOW, 2006, p.98). Ao

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mesmo nível das sinapses, é através desta forma que ocorre a aprendizagem, capaz de se

consolidar quando dois ou mais neurônios conectam-se e possibilitam a formação de outras

conexões. Isso se estabelece na maioria das vezes pela associação, onde uma rede é ativada

por outra. Desta maneira, quando mais isso acontece, mais forte torna-se a conexão sináptica e

mais fácil fica de se relembrar as informações.

Uma vez adquirida, a informação pode ou não ser armazenada na forma de memórias.

Existem memórias que só duram poucos segundos e só dão sentido ao que está acontecendo

no momento. Por ser rápida e não deixar rastros, a memória de trabalho permite que a

informação possa ser analisada e se torne de curto ou longo prazo. Assim como já é

denominada, a memória de curto prazo retém a informação por um curto período de tempo,

cerca de alguns segundos ou minutos. Já a memória de longo prazo possui uma maior

capacidade de armazenamento, podendo reter informações por dias, meses ou anos.

De acordo com os estudos de Callegaro e Landeira-Fernandez (2008, p.855), a

memória de longo prazo pode ser dividida em explicita e implícita. Em síntese, “memórias

explícitas ou declarativas são mediadas por processos conscientes e podem ser evocadas de

forma voluntária”. Por ser assim caracterizado, esse tipo de memória pode ainda ser

subdividida em episódica e semântica. A primeira está associada às experiências pessoais, ou

seja, pode-se evidenciar o local e o momento em que ocorreu determinada situação. A

segunda corresponde às informações que são compartilhadas e que não possuem nenhum

aspecto pessoal, podendo ser estabelecida sem nenhum fator temporal. Conforme os eventos

episódicos são armazenados temporariamente, sua retenção de forma mais permanente poderá

se constituir sob a forma de memória semântica.

[...] a repetição do uso da informação, juntamente com sua elaboração, ou seja, sua associação com os registros já existentes, o que fortalece o traço de memória e o torna mais durável. Quantas vezes mais se repetir essa atividade, o quanto mais ligações ou “ganchos” forem estabelecidos com informações disponíveis no cérebro, melhor será, pois o registro vai se fixar de forma mais permanente. (COSENZA; GUERRA, 2011, p.62).

Por se manifestar de maneira automática e que, dificilmente, pode ser traduzida em

palavras, Callegaro e Landeira-Fernandez (2008), conceituam que, a memória implícita ou

não declarativa, não atinge o nível de consciência e se relaciona com as habilidades motoras e

diante da percepção. Por isso, pode compreender a repetição de uma atividade que segue

sempre o mesmo padrão e, dependendo da habilidade, pode ser executada com o nosso

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pensamento voltado para algo completamente diferente. Esse tipo de memória, também pode

influenciar a mudança de comportamento e as reações emocionais.

Tanto a memória implícita, quanto a memória explicita, podem ser executadas

simultaneamente durante o processo de aprendizagem. Desta forma, ao desempenhar uma

tarefa implícita pode-se também atingir certo nível de consciência, característico da memória

explicita. Callegaro e Landeira-Fernandez (2008, p.856), diante desta questão afirmam que,

“[...] com a repetição da tarefa, ela vai se tornando cada vez mais automática e independente

de processos conscientes ou explícitos”. Com base nesta abordagem, é possível destacar

também que “[...] a repetição de uma atividade faz com que as ligações de uma rede vão

ficando cada vez mais fortes e mais neurônios são envolvidos nessa atividade.” (TABACOW,

2006, p. 101). Ao direcionar a educação, esse processo pode se fortalecer ainda mais se

vínculos e relações com os conteúdos forem criados. Contudo, ressalta-se que aprender não é

apenas memorizar informações, mas é o modo como o aluno atribui sentido ao conhecimento

e constrói sua aprendizagem.

2.1.3 A atenção e sua relevância para a aprendizagem

Através da atenção, conscientemente somos capazes de focalizar determinados

aspectos enquanto ignoramos outros. Ao mesmo tempo, uma boa parte das informações que

chega ao cérebro acaba não sendo processada, em contrapartida, ele apresenta esse

mecanismo que permite selecionar aquilo que é mais importante.

Desta forma, o cérebro só processa aquilo a que está atento e isso depende

essencialmente do ele é capaz de entender. Com base nisso, é relevante destacar que a atenção

está diretamente ligada com o que apresenta significado e novidade, o que é percebido diante

das associações com os conhecimentos prévios que o indivíduo já possui.

“Sem o despertar da atenção, ninguém poderia ver ou ouvir nada do que o rodeia ou

do que tenta aprender.” (MORA, 2012, p.7) De acordo com o autor, a atenção possibilita a

distinção daquilo que é fora do foco, possibilitando que o aluno aprenda e direcione sua

curiosidade para o tema desejado. Contudo, ressalta-se a importância de que: “O material a

ser aprendido deve ser exposto de maneira clara, coerente, estimulante. A memória que com

ele se formará será maior ou menor, dependendo da atenção que aquilo que é aprendido

merece de nós.” (IZQUIERDO, 2009, p.11).

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De acordo com Lima (2005), com relação à origem, a atenção pode ser dividida em

voluntária ou involuntária. Na atenção voluntária o individuo é quem seleciona e determina a

atividade, ou seja, se atentar a uma modalidade as outras ficam inibidas. Já a atenção

involuntária ocorre diante de eventos inesperados no ambiente e o individuo não é agente de

sua escolha, sendo mediada de maneira automática e sem o controle consciente. Diante disso,

o nível de atenção também pode ser regulado por meio de duas formas: a atenção reflexa, que

considera tudo aquilo que é novidade ou apresenta contraste, e a atenção voluntária, que

depende de fatores internos do organismo e das escolhas pessoais.

A atividade cerebral pode sofrer variações e é influenciada por vários processos, desde

a sonolência até o estado de alerta extremo podem prejudicar a atenção e o processamento

cerebral. Cosenza e Guerra (2011) afirmam que, para o cérebro manipular a atenção de

maneira adequada, é preciso que ele mantenha certo nível de vigília. A dificuldade para

manter o foco da atenção durante um estado de sonolência acaba evidenciando o quanto o

nosso cérebro precisa de sono. Sua relevância é demonstrada por Herculano-Houzel (2007),

ao descrever as mudanças cerebrais que acorrem durante a aprendizagem. Segundo a autora, a

primeira fase da aprendizagem inicia-se durante o treino e a prática do que se deseja aprender

e a segunda fase ocorre quando tudo aquilo que foi aprendido é consolidado através do sono.

Nos estudos de Tokuhama-Espinosa (2011), ficou evidente a queixa dos professores

de que perdiam a atenção de seus alunos, durante as aulas. A autora assegura que a

capacidade de atenção do aluno dura entre dez e vinte minutos, salientando o tempo máximo e

o tempo mínimo, que uma pessoa consegue ficar focada em diferentes situações. Afirma

também que, o tempo em que se pode prestar atenção pode variar, dependendo da idade do

aluno, bem como, do interesse que ele tem pela matéria, da sua motivação interna para estudar

o assunto, da relação com o professor ou com os conhecimentos prévios. Contudo, se o aluno

não mantiver um bom nível de atenção, consequentemente, não vai conseguir aprender. Por

isso, indica técnicas como: mudar o foco da pessoa que está em evidência na aula, do

professor para o aluno, por exemplo, o lugar ou o assunto continuadamente, criar pequenos

grupos, mudando a localização dos mesmos em sala de aula, ajudam a mantê-los atentos.

Em síntese, pode-se afirmar que, “[...] o cérebro tem uma motivação intrínseca para

aprender, mas só está disposto a fazê-lo para aquilo que reconheça significante.” (CONSEZA;

GUERRA, 2011, p.48). Na visão de Sala (2012), a falta de atenção não se dá exclusivamente

pela indisciplina e desinteresse por parte dos alunos, mas pode se suceder de um meio

desestimulador e de suas situações. Então, é possível assegurar que um ambiente rico

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vinculado com a atuação do professor, pode promover o aumento das sinapses e,

consequentemente, da atividade cerebral.

CONCLUSÃO

O cérebro humano sempre foi objeto de estudos, porém na atualidade as pesquisas

referentes à neurociência tem tido grande repercussão na educação, voltando-se,

principalmente, para o entendimento de como ocorre o processo de aprendizagem. Dessa

forma, através da neuroeducação objetiva-se o desenvolvimento de estratégias que garantam a

compreensão de como o sujeito aprende, buscando a melhoria do processo de ensino-

aprendizagem e a otimização da capacidade cognitiva do aluno.

Ao abordar os mecanismos envolvidos no processo de aprendizagem, ressalta-se a

importância de um professor qualificado e capacitado, que saiba interagir com as

características cerebrais do aluno e promover uma aprendizagem significativa. Contudo, por

apresentar grande influência na sociedade, a educação deve ser o ponto de partida da

efetivação desses saberes na prática, já que a aprendizagem é seu foco principal e alguns dos

descobrimentos da neurociência podem ajudar no processo de ensino-aprendizagem de

maneira mais apropriada, efetiva e agradável.

É válido destacar que ninguém é capaz de aprender igualmente determinados tipos de

informações, os processos de aprendizagem podem se diferenciar de acordo com o valor

emocional e os estímulos recebidos. Da mesma forma, as influencias do ambiente

sociocultural tem uma ligação direta com a formação do individuo e podem resultar na

modificação da estrutura mental de quem aprende, ou seja, promover a neuroplasticidade.

Além disso, aliar a atenção, as emoções e a memória durante a prática de ensino torna-

se um fator necessário para a efetivação da aprendizagem, pois os conteúdos a serem

ensinados, precisam ser expostos de maneira clara e estimulante, para que possibilitem o

aumento do foco atencional e permitam às associações com os conhecimentos prévios durante

a construção do conhecimento. Somando-se a isso, considerar a história de vida do aluno e

sua individualidade, de forma com que ele se sinta reconhecido e confiante para superar suas

dificuldades, certamente é onde ocorre realmente a aprendizagem.

Por fim, reforça-se o pressuposto de que a educação é capaz de alterar o cérebro e

reestruturá-lo, e os educadores são os principais responsáveis por esses processos. A ação

pedagógica do professor neste sentido, tanto poderá auxiliar na formação de novas sinapses e

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aumentar o potencial cerebral, quanto simplesmente reforçar o contrário. Do mesmo modo, os

conhecimentos sobre a neuroeducação, não devem simplesmente ser adquiridos pelo

professor, se seus resultados não forem evidenciados na prática de ensino.

REFERÊNCIAS

CALLEGARO, Marcos M.; LANDEIRA-FERNANDEZ, J. Pesquisas em neurociência e suas implicações na prática psicoterápica. IN: CORDIOLI, Aristides V. et al. 3.ed. Porto Alegre, Artmed, 2008, p. 851 – 872. COSENZA, Ramon M.; GUERRA, Leonor B. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011. HERCULANO- HOUZEL, Suzana. O cérebro nosso de cada dia: descobertas da neurociência sobre a vida cotidiana. Rio de Janeiro: Vieira e Lent, 8. ed., 2007. IZQUIERDO, Iván. Muitas formas de aprendizagem, muitas formas de memória. Revista Pátio, Porto Alegre, n. 49, p. 8 – 11, fev/abr. 2009. LIMA, Ricardo Franco. Compreendendo os mecanismos atencionais. Disponível em: <http://www.cienciasecognicao.org/revista/index.php/cec/article/view/537>. Publicado em: 30 nov. 2005. Acesso em: 31 jan. 2015. MORA, Francisco. Neuroeducação: para ensinar e aprender melhor. Revista Pátio, Porto Alegre, n. 61, p. 6 – 9, fevabr. 2012. NICOLAU, Paulo F. M.; ROCHA, Carolina A. M. N. Neurotransmissão Química. Disponível em: <http://www.psiquiatriageral.com.br/cerebro/neurotransmissao.htm>. Acesso em: 17 nov. 2014. NOGARO, Arnaldo. Neurociência, formação de professores e práticas pedagógicas. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/neurociencia-formacao-de-professores-e-praticas-pedagogicas/90118/. Acesso em: 20 mar. 2015. OLIVEIRA, Gilberto Gonçalves de. Neurociência e os processos educativos: um saber necessário na formação de professores. Uberaba: UNIUBE, 2011. Dissertação (mestrado) – Universidade de Uberaba. Programa de Mestrado em Educação, Uberaba, 2011. SALLA, Fernanda. Neurociência: como ela ajuda a entender a aprendizagem. Revista Nova Escola, São Paulo, 2012. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/neurociencia-como-ela-ajuda-entender-aprendizagem-691867.shtml>. Acesso em: 18 jun. 2014. TABACOW, Luiz S. Contribuição da neurociência cognitiva para formação de professores e pedagogos. Campinas: PUC – Campinas, 2006. Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Pós-Graduação em Educação, Campinas, 2006.

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TOKUHAMA-ESPINOSA, Tarcey. Dilema de Mestre: atenção do aluno só dura 20 minutos. Jornal Zero Hora. Disponível em: < http://ccbeu.com/blog/dilema-de-mestre-atencao-do-aluno-dura-so-20-minutos/>. Publicado em: 18 jul. 2011. Acesso em: 03 fev. 2015. VASCONCELLOS, Celso dos S. O que é necessário para que o aluno aprenda. Revista Pátio, Porto Alegre, n. 49, p. 44 – 47, fev/abr. 2009.

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A MÚSICA NA ESCOLA: APRENDENDO E ENSINANDO

Naiara Andreatto Da Silva, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

Juliane Cláudia Piovesan , Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

- Câmpus Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

RESUMO: o presente estudo, intitulado “A música como recurso didático-pedagógico: aprendendo e ensinando” é um trabalho de conclusão de curso que tem como objetivo mostrar a importância da música e como esta pode ser utilizada enquanto recurso didático-pedagógico no processo de aprender e ensinar na Educação Infantil e nos Anos Iniciais, tendo em vista a lei 11/769 do dia 18 de agosto de 2008, que determina a obrigatoriedade do ensino da música no processo escolar. Diante desses aspectos, pesquisas apontam para os benefícios da música tanto para o corpo, mente e saúde do ser humano, nas diferentes fases do desenvolvimento e nos mais diversos acontecimentos. Nesse sentido, ensinar e aprender música e com música na escola de Educação Infantil e Anos Iniciais precisa ser constituído como processo de ensinar e aprender, conscientemente, ao desenvolvimento infantil. Além disso, este é um estudo qualitativo, que se encontra baseado em pesquisas bibliográficas através de estudiosos como Bastian, Brito, Beyer, Jeandot, entre outros que buscam através de suas pesquisas, mostrar a importância da música para o ser humano e no processo escolar. Diante desse contexto, faz-se necessário saber ainda, que o ensino de música nas escolas só trará os benefícios necessários para a formação integral do ser, quando todos se unirem em prol de uma educação de qualidade, inovadora e criativa, enfim uma educação mais musicalizada. PALAVRAS-CHAVE: Música. Recurso didático-Pedagógico. Escola. Aprendizado. CONTEXTUALIZANDO...

O presente estudo é resultado de um trabalho de conclusão de curso, intitulado “A

música como recurso didático-pedagógico: aprendendo e ensinando”, e tem como objetivo

compreender o significado da música, sua importância para a vida dos indivíduos bem como

analisar se esta pode contribuir com o processo de ensino/aprendizagem nas escolas.

Como metodologia, está embasada em um estudo qualitativo e bibliográfico com

diversos autores e estudiosos do assunto como Jeandot, Bastian, Beyer e Brito, que buscam

através de suas reflexões mostrar a importância da música para o desenvolvimento humano

bem como no processo escolar.

Além disso, percebe-se que a música é um meio universal, de interligação entre as

pessoas. Sua utilização, por meio da execução, criação ou apreciação pode contribuir em

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aspectos sociais e culturais, sendo estes tão necessários nos dias de hoje. Através da música,

os indivíduos expressam-se, alegram-se e choram, compartilham momentos de prazer,

relaxamento e agitação, experimentando, dessa forma, sensações que só a música pode

proporcionar.

Ao fazer uma análise do ensino musical infantil, percebe-se que este é/deve ser

caracterizado pelo viés lúdico, sendo uma ferramenta facilitadora no processo de ensinar e

aprender do professor e do aluno. Através de atividades lúdicas, com a utilização da

execução/criação/apreciação o educador pode/deve desenvolver seus conteúdos didáticos,

tornando suas aulas mais dinâmicas e prazerosas e consequentemente o aprendizado do aluno

mais significativo.

Se trabalhada de forma correta, a música pode contribuir em aspectos cognitivos,

sociais, emocionais e psicomotores das crianças, seja por proporcionar momentos de

relaxamento em presença da música clássica ou instrumental e nas ocasiões de provas e

trabalhos avaliativos ou com o processo de expressão e socialização de crianças com

problemas de relação social no processo escolar.

Atualmente, observa-se que a música e o processo escolar vêm sendo abordados em

diversos eventos e documentos, sejam eles Nacionais, Internacionais ou Regionais, como a

câmara dos deputados, PCN (Plano Nacional de Educação), Abem (Associação Brasileira de

Educação Musical), Confaeb (Congresso Nacional da Federação de Arte- Educadores do

Brasil, Departamento de Música- CEART- UDESC, Endipe (Encontro Nacional de Didática e

prática de Ensino).

Por todos esses aspectos, destaca-se que esse estudo é de fundamental importância, por

ser ainda uma temática que muitos educadores desconhecem ou conhecem pouco. Também,

por proporcionar um aporte teórico, através de estudos bibliográficos, que poderão auxiliar os

docentes em suas práticas pedagógicas.

MÚSICA E ESCOLA: UMA PRÁTICA EFICAZ

O estudo da música nas escolas tem sido um assunto ainda polêmico e “tímido” no

Brasil. Luiz Inácio Lula da Silva, em sua gestão, através da Lei n° 11. 769, de 18 de agosto de

2008, decreta: Art. 1o O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o: § 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo.” (NR).

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Art. 2o (VETADO) Art. 3o Os sistemas de ensino terão 3 (três) anos letivos para se adaptarem às exigências estabelecidas nos arts. 1o e 2o desta Lei. Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

No entanto o que ocorre, é um processo de implantação que se dá a passos lentos. Por

um lado, há carência de profissionais especializados na área, e, por outro, a falta de

conhecimento de alguns professores a respeito da lei, bem como, as formas de utilização em

sala de aula e as contribuições que a música oferece. Nesse sentido, Pena Apud Scherer e

Domingues (2012, p.11), aponta para um dos problemas referentes ao ensino da música nas

escolas, uma vez que, para ensinar música, é preciso uma formação específica, porém, para

ensinar as crianças, torna-se ainda mais necessário uma formação pedagógica.

Nesse sentido, o ensino musical, seja ele ministrado por um professor formado em

música ou não, deve ter como objetivo “expandir o universo musical do aluno, isto é,

proporcionar-lhe a vivência de manifestações musicais de diversos grupos sociais e culturais e

de diferentes gêneros musicais dentro da nossa própria cultura”. (SOUZA E JOLY, 2010, p.

101). Trata-se de um grande desafio docente, para que haja uma melhora significativa no

processo de ensino/aprendizagem escolar.

Além disso, diante desse contexto real, o MEC (Ministério da Educação e Cultura),

recomenda para o ensino musical: noções básicas de música, cantos cívicos nacionais, sons de

instrumentos de orquestra, canto coral, ritmos, danças, sons de instrumentos regionais e

folclóricos, para que se possa enfim conhecer, as diversidades culturais existentes.

Sendo assim, para que o ensino da música de fato possa trazer algum benefício

humano, três aspectos indispensáveis se fazem necessários na visão de estudiosos. Assim,

É proposição compartilhada entre professores de música e teóricos da área que o currículo de música deve incluir atividades de execução, criação e apreciação. Esse tripé pode ser encontrado, por exemplo, no modelo (T)EC(L)A de Swanwick onde execução, composição e apreciação consistem nos parâmetros ou atividades indispensáveis para o desenvolvimento dos conhecimentos musicais, sendo a técnica e a literatura elementos complementares nesse processo (SWANWICK HENSTSCHKE; apud BEYER et al, 2009, p. 27)

Para que sejam realizados os três parâmetros fundamentais, no processo de ensino

escolar, mesmo sem formação prática da música, o educador pode desenvolver a execução

através do canto coral, sendo este uníssono ou por vozes. Em relação à criação, deve-se levar

em conta a espontaneidade do aluno, deixando de lado os aspectos “formais da música”. Com

as crianças menores essa prática é de fácil compreensão, por se tratar de seres espontâneos. Já

com os maiores, a improvisação pode ser feita através de uma paródia, podendo envolver o

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conteúdo que está sendo estudado. Em relação à apreciação, esta pode ser realizada nos mais

diferentes espaços, possibilitando a expressão e exteriorização dos sentimentos.

Em face dessa realidade, para as escolas e professores, resta um grande desafio:

desenvolver métodos que possam trazer os benefícios que a música oferece. Como

componente curricular, a música deve ser trabalhada em sala de aula, de forma interdisciplinar

e não separada das demais matérias. Trabalhar a música em todas as disciplinas possibilita ao

aluno perceber o que há de belo em cada uma, como salienta Bastian (2009, p. 135):

Não desejo que o campo musical se feche em si mesmo, quero vivamente que a música intervenha na interdisciplinaridade, mas em condições em que ela possa fazer ressoar a sua ‘nota’ própria: a aproximação com os outros campos e o trabalho em comum me parecem mais louváveis se contribuírem para a alegria estética e dela participarem

Ainda, no que se refere à interdisciplinaridade, Chiarelli e Barreto (2008 p.5) afirmam

que a música, pode contribuir para deixar o ambiente escolar mais alegre e divertido, podendo

ser usada em diferentes situações e ocasiões. Assim,

Além de contribuir para deixar o ambiente escolar mais alegre, podendo ser usada para proporcionar uma atmosfera mais receptiva à chagada dos alunos, oferecendo um efeito calmante após períodos de atividade física e reduzindo a tensão em momentos de avaliação, a música também pode ser usada como recurso no aprendizado de diversas disciplinas. O educador pode selecionar músicas que falem do conteúdo a ser trabalhado em sua área, isso vai tornar a aula dinâmica, atrativa, e vai ajudar a recordar as informações [...].

Já para Ponso, (2011, p.13-14), a música deve ser tratada como uma linguagem que se

constrói através do conhecimento e não um produto que serve apenas como reprodução. Este

é sem dúvida, mais um dos grandes desafios para os educadores musicais. E acrescenta,

Sendo a música uma disciplina em que cada professor determina sua forma de agir, que conteúdos desenvolver e que parcerias formar, encontramos espaço para a inovação pedagógica nessa área, sem comprometer o plano pedagógico da escola como um todo. (PONSO, 2011, p.14).

Perante a realidade e dificuldade existente em relação a uma educação musical de

qualidade, muitos educadores ainda se questionam, por que mesmo assim deve-se ensinar a

música nas escolas? Nesse sentido, a Associação Brasileira Musical nos dá a sua resposta,

Podemos pensar que ensinar música na escola é importante primeiramente porque a música é uma prática social, presente em todas as sociedades. Os seres humanos, ao longo de sua existência, produzem músicas para serem vivenciadas socialmente,

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constituindo-se assim uma manifestação humana que tem uma história acumulada (Associação Brasileira Musical, 2009, p.38 e 39).

Além do aspecto social apresentado acima, outro princípio relevante que justifica a

permanência da música nas escolas encontra-se fundamentado nos dizeres de Dehem (2003,

p. 107), no qual enfatiza que a “música desperta a concentração, e a disciplina que é

apresentada a partir da mesma, motiva os alunos para a aprendizagem do conteúdo, pois dessa

forma, o processo de aprendizado não ocorrerá de fora para dentro e sim ao contrário”.

Nesse sentido, o conteúdo que é passado ao aluno de forma lúdica e musicalizada trará

significados/resultados mais satisfatórios tanto para o docente como para o discente, sendo a

música uma forma divertida de aprender. Para Márscico (1982), a música é considerada na

atualidade um caminho para o desenvolvimento global da personalidade. Assim,

Segundo os estudiosos do assunto, há na natureza humana aptidões que estão à espera de desenvolvimento. Assim, a criança que respira, caminha, corre e salta possui instinto rítmico e este somente precisa ser liberado e orientado para atingir o máximo do seu desenvolvimento. Por outro lado, a criança que acompanha seus jogos e brinquedos cantando com espontaneidade só precisa desenvolver o que já é capaz de fazer, a fim de que possa crescer segundo as leis de sua própria natureza. Musicalizar a criança nada mais é do que despertar-lhe a expressão espontânea e as potencialidades latentes. (MÁRSICO, 1982, p.39).

Outro aspecto que resume a importância da música no processo escolar encontra-se

fundamentada nos dizeres de Maffioletti (2008), nos quais revela que:

A música é importante na escola porque é importante para a criança. As crianças precisam da música como precisam da palavra para se comunicar. Elas inventam rotinas, danças, versos e situações agregadoras, onde a dimensão lúdica da música é o elo que socializa e ensina. A dimensão lúdica da música pode restabelecer e criar o vínculo que humaniza a todos nós (MAFFIOLETTI, 2008, p. 06).

Embora seja grande a responsabilidade e os desafios enfrentados pelas escolas

brasileiras, percebe-se no estudo musical, inúmeras contribuições, não só para a vida dos seres

humanos, como para o processo de desenvolvimento e aprendizagem. Dessa forma, Campbell

(2000, p.147), resume os vários motivos pelos quais a música deve ser valorizada na educação

escolar:

- conhecer a música é importante; - a música transmite nossa esperança cultural; - a música é uma aptidão inerente a todas as pessoas e merece ser desenvolvida; - a música é criativa e auto-expressiva, permitindo a expressão de nossos pensamentos e sentimentos mais nobres;

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- a música ensina os alunos sobre seus relacionamentos com outros, tanto em sua própria cultura quanto em culturas estrangeiras; - a música oferece aos alunos rotas de sucesso que eles podem não encontrar em parte alguma do currículo; - a música melhora a aprendizagem de todas as matérias; - a música ajuda os alunos a aprender que nem tudo na vida é quantificável;

Se trabalhada de forma correta, a música pode desenvolver na criança a sensibilidade,

estimular a criatividade, a capacidade de concentração, o raciocínio lógico, a coordenação

motora, a memorização, desenvolver o intelecto, além da alegria, que esta por si só, é capaz

de proporcionar. Assim,

a educação musical deve, antes de mais nada, desenvolver nas crianças a alegria proporcionada pela música – a alegria pelo belo, pelo lúdico, pela autoexperiência criativa nos espaços da música. Como educadores musicais, devemos ‘’capacitar’’ nossas crianças para essa alegria pessoal pela música. A razão para a ocupação com música é sempre a música mesma – e nada mais! (BASTIAN, 2009. p.129).

Ao fazermos uma análise do ensino da música nas escolas, faz-se necessário ainda

saber, que o estudo da mesma não possui a intenção de formar músicos profissionais. Para

Chiarelli e Barreto (2005), a música nas escolas busca através das vivências musicais,

proporcionar a abertura de canais sensoriais, contribuindo com as emoções, ampliando a

cultura e auxiliando na formação integral do ser. Além disso, deve-se ter cuidado, pois para

Jeandot, Uma aprendizagem voltada apenas para os aspectos técnicos da música é inútil e até prejudicial, se ela não despertar o senso musical, não desenvolver a sensibilidade. Tem que formar na criança o musicista, que talvez não disponha de uma bagagem técnica ampla, mas será capaz de sentir, viver e apreciar a música. (1997, p.21).

Outro aspecto que o educador musical deve ter em mente, segundo a visão de Beyer

(2009, p.74), refere-se ao canto como prática que se constrói, assim:

Perceber o canto como um conhecimento a ser construído e não inato ou adquirido, muitas vezes é um desafio, pois culturalmente aprendemos que para muitas coisas precisamos ter dom. A música, geralmente, é tratada de forma mística e incompreensível, dificultando a objetividade e a reflexão sobre a educação musical, sobre as metodologias, sobre como trabalhar esse conhecimento nas escolas e em outras instituições.

Apesar dos grandes desafios, e alguns empecilhos que fazem com que os educadores

sintam receio em trabalhar a música nas escolas, percebe-se em síntese, que essa prática

deve/merece ser exercida e principalmente aplicada tanto na educação infantil quanto nos

anos iniciais, pois a criança acaba aproximando-se da sua realidade através do contato com a

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ludicidade, criando oportunidades de aprendizado que poderao ser mais eficazes e

significativas que o próprio método formal de ensino. E é dessa forma que acontece o

aprendizado: brincando.

CONCLUINDO

Com base nos dados apresentados, percebeu-se que a lei 11/769 de 18 de agosto de

2008 determina a obrigatoriedade do ensino musical escolar sendo esta uma grande conquista

para a educação no Brasil, embora o processo de implantação caminhe a passos lentos devido

à falta de professores especializados para atuar na área.

Ainda no que se refere ao estudo musical, pesquisas afirmam a do trabalho com os três

elementos básicos da música, sendo estes a execução, criação e apreciação. Além disso, os

elementos acima citados podem e devem ser apresentados em sala de aula pelo educador

mesmo sem formação específica, para o desenvolvimento global do aprendiz.

A questão da interdisciplinaridade é um ponto essencial para o ensino de música

escolar na visão de pesquisadores. De acordo com o currículo escolar no Brasil, a música não

deve ser trabalhada de forma separada e sim aliada aos diferentes conteúdos curriculares.

Outro aspecto relevante a ser ressaltado refere-se ao ensino da música no processo

escolar que não visa à formação de músicos, e sim a contribuição através de seu caráter lúdico

com a aprendizagem dos conteúdos, de forma dinâmica e significativa.

Além disso, estudos revelam que se trabalhada de forma correta, a música pode

desenvolver na criança a sensibilidade, criatividade, concentração, o raciocínio lógico,

coordenação motora, memorização e o desenvolvimento do intelecto.

Em meio a dificuldades existentes, compreende-se o ensino musical nas escolas de

suma importância, sendo uma ferramenta do professor, no processo de ensinar e aprender, de

forma divertida e eficaz.

REFERÊNCIAS BASTIAN, Hans Günther. Música na escola. 1. ed. –São Paulo: Paulinas, 2009. BRASIL. Presidência da República- Casa Civil- Subficha para assuntos Jurídicos. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/lei/L11769.htm>. Acesso em 29 de mar. de 2014.

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CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS: A ARTE DO ERA UMA VEZ

Natana Fussinger, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

Alessandra Tiburski Fink, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

- Câmpus de Frederico Westphalen Brasil, [email protected]

RESUMO: o presente artigo “Contação de Histórias: a arte do era uma vez” é resultado do projeto de extensão de cunho qualitativo “Contação de histórias: arte, magia e encantamento” que objetiva conhecer como a contação de histórias pode contribuir para o processo de construção do conhecimento, bem como a formação desse indivíduo enquanto leitor crítico. Os estudos e práticas realizadas mostram que a presença da leitura na formação da criança é essencial e a contação de histórias, o ato de declamar poesias, a brincadeira com trava-línguas e cantigas, entre outros, abre espaço para que a criança possa adquirir novos conhecimentos, sentir emoções e viajar por mundos conhecidos e desconhecidos e, principalmente, incentiva a criança a querer ler cada vez mais. PALAVRAS-CHAVE: Literatura infantil. Contação de histórias. Formação do leitor.

INTRODUÇÃO

A Literatura Infantil, desde sua existência, passou a ter papel fundamental na vida do

ser humano. É através das histórias infantis e outros recursos que a Literatura Infantil oferece

à criança encontrar possibilidades para sua aprendizagem, para o conhecimento de outras

culturas e do mundo a sua volta. Sabendo interpretar e interagir com o texto, automaticamente

acontece o ato de posicionar-se. Nisso encontra-se a oportunidade de através da contação de

histórias formar leitores críticos, onde o início do desenvolvimento do gosto e da curiosidade

pela leitura estará inserido nesta prática. A sua grandiosidade deve ser compreendida como

um fator que permite a viagem pelo mundo da imaginação, tão presente e essencial na

infância.

Com este intuito, surgiu a necessidade de através do projeto de extensão “Contação de

histórias: arte, magia e encantamento”, conhecer como a contação de histórias pode contribuir

para o processo de desenvolvimento do conhecimento, bem como a formação desse indivíduo

enquanto leitor crítico. Procura-se também, compreender como a contação de histórias pode

possibilitar uma aprendizagem prazerosa, interessante e significativa para a criança, bem

como um espaço para que ela permita-se brincar, fantasiar e divertir-se com o mundo mágico

da leitura.

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Assim, o presente projeto de extensão: “Contação de histórias: arte, magia e

encantamento”, tem como objetivos específicos promover a integração entre a universidade e

a comunidade; compreender como a contação de histórias pode dar início a formação do

leitor, para que esse se torne um leitor crítico, bem como desenvolver o gosto pela leitura

desde cedo; realizar pesquisas e estudos teórico-práticos, que possam vir a auxiliar e dar

embasamento teórico no planejamento de atividades relativas ao Grupo de Contação de

Histórias do Curso de Pedagogia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões – Câmpus de Frederico Westphalen, as quais também contribuirão para a formação

pessoal da bolsista; ampliar o acervo de recursos e materiais para a prática de contação de

histórias do Grupo de Contação de Histórias; oportunizar a organização e aplicação de

atividades de extensão do grupo já existente, fortalecendo assim sua formação acadêmica,

bem como dar continuidade ao trabalho que vem sendo realizado nas instituições de ensino

com crianças de Educação Infantil e Anos Iniciais pelo grupo de Contação de Histórias do

Curso de Pedagogia da URI/FW.

Durante a caminhada de estudos e práticas através do projeto mencionado acima, vem

se percebendo que a presença da leitura na formação da criança é essencial. Neste sentido,

pode-se considerar importante que o contato direto com as histórias e os mais variados meios

literários seja o início para a formação do leitor. A contação de histórias, o ato de declamar

poesias, a brincadeira com trava-línguas e cantigas, entre outros, abre espaço para que a

criança possa adquirir novos conhecimentos, sentir emoções e viajar por mundos conhecidos e

desconhecidos e, principalmente, incentiva a criança a querer ler cada vez mais, tornando-se,

no futuro, um leitor crítico.

DESENVOLVIMENTO

A arte de contar histórias, desde seus primórdios, tem grande importância para a

humanidade. Antes da existência do livro impresso, era através dessa arte milenar que era

possível difundir histórias e culturas passadas de geração em geração. A prática de contar

histórias “muito provavelmente tenha sido a primeira manifestação artística surgida depois da

linguagem articulada ao longo da história do homem” (CORTES 2006, p. 116).

Os contadores eram figuras de destaque na comunidade por serem os que sabiam apresentar conselhos, fundamentados em fatos, histórias e mitos, mantendo viva, enfim, a herança cultural pela memória do grupo. Os contadores retiravam de suas vivências e dos saberes delas obtidos o que contar. (RAMOS, 2011, p.30)

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Em todos os tempos e lugares, ouvir histórias é um acontecimento tão prazeroso que

desperta o interesse pela leitura nas pessoas de todas as idades. Um adulto, quando ouve uma

boa piada, “bom causo”, sente satisfação nesta história engraçada e humorística, querendo

ouvi-la várias vezes, desde que seja bem contada, porque caso contrário, não despertará nele a

vontade de rir e de ouvir novamente. O mesmo ocorre com a criança ao ouvir uma boa

história, mas como sua capacidade de imaginar é mais intensa do que a do adulto, é capaz de

se interessar e gostar ainda mais do que ouve, criando cenários, personagens e fatos em sua

imaginação.

Seguindo este mesmo objetivo de formar leitores que gostem de ler, o Grupo de

Contação de Histórias através do projeto de extensão “Contação de histórias: arte, magia e

encantamento”, possui um perfil de contar histórias totalmente originais, em que se envolvem

desde histórias infantis até brincadeiras, cantigas, poesias, quadrinhas, adivinhas e tudo o mais

que a literatura infantil possibilita.

Ao fazer referência à criação de protocolos, enfatiza-se que este sempre parte de uma

história que vai nortear as demais atividades que serão realizadas, fazendo uso de vários

recursos literários, como pode-se comprovar no plano nomeado como “Protocolo Viviana: a

rainha do pijama”. Neste protocolo, os contadores iniciam a sua prática com as poesias “O

peru” e “O elefantinho” do autor Vinicius de Moraes, em seguida a poesia “Passarinho

fofoqueiro” do autor José Paulo Paes. Dando sequência ao momento de contação de histórias,

um contador do Grupo saúda o público, correlaciona as poesias com a história que vem em

seguida e conta a história “Viviana: a rainha do pijama” do autor Steve Webb com o auxílio

do recurso de animais feitos com E.V.A. Neste ponto, percebe-se o porquê do nome do

protocolo: todos os momentos da prática estarão relacionados com esta história infantil que

fala sobre animais como o leão, o pinguim, o urso, o polvo, o jacaré, o macaco e a girafa.

Prosseguindo com o momento de contação de histórias, um dos contadores convida o

público para dançar ao som da música “Sou um jacaré” da coletânea “XSPB volume 3”,

fazendo referência ao jacaré que apareceu na história contada. Em seguida, as crianças são

convidadas para voltar à calma com a poesia “Pescoço” do autor Kalunga, também fazendo

referência à girafa que estava na história já mencionada.

Continuando, as crianças são convidadas por um dos contadores à ouvir outra história

intitulada “O macaco danado” dos autores Julia Donaldson e Axel Scheffer, contada através

do recurso de projeção de slides e com um macaco de pelúcia pendurado no pescoço do

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contador. Fazendo referência à história contada, outro contador convida as crianças a dançar

novamente, fazendo gestos e no ritmo da música “A dança do macaco” que pode ser

encontrada na coletânea “Brincando com Patati Patatá”.

Ao encerrar a música, outro contador convida as crianças para fazerem a brincadeira

da mímica, em que, dentro de uma caixa surpresa, colocam-se os nomes dos animais que

aparecem na história da “Viviana: a rainha do pijama”. Convida-se uma das crianças do

público para retirar o nome e imitar o animal sem emitir som algum, para que o resto da

plateia tente adivinhar qual animal está sendo imitado. Se a criança não conseguir imitar, os

contadores auxiliam.

Dando continuidade ao protocolo, um dos contadores de histórias convida as crianças

a procurar o amigo ursinho que está perdido na floresta através de uma narrativa em que as

crianças participam das ações. Durante a história, através da imaginação, a criança passa por

pontes, por milharais, nada em um lago, sobe em árvores, encontra a caverna do ursinho que

está muito escura e levam um tremendo susto ao perceber, através do tato, que quem eles

encontraram na caverna escura não foi o ursinho, mas sim a sua mãe. Nisto, passam

novamente por todo o caminho, porém rapidamente para escapar da mãe do ursinho que, em

seu imaginário, está perseguindo-os.

Dando sequência, as crianças são convidadas a participarem das adivinhas que serão

feitas pedindo a participação do público para respondê-las e em seguida, participam das

quadrinhas1 completando a última frase com uma palavra que rime. Ainda relacionando com a

história principal, é realizada a história cantada “A vó a bordar” que pode ser encontrada na

coletânea “Cocoricó: cante e dance”. Trata-se de uma mnemônica em que vão se acumulando

animais e provocando a interação entre o contador de histórias e o público.

Para finalizar o momento de contação de histórias, um dos contadores questiona ao

público presente se gostaram das histórias, músicas e brincadeiras, fazendo com que as

crianças pensam que o momento chegou ao fim. Neste momento, outro contador intervém,

colocando para as crianças, que antes do grupo de contação de histórias ir embora, ainda há

uma música chamada “Dança do pinguim” da cantora Xuxa Meneghel, onde todos são

convidados a ficar em pé para cantar e dançar imitando o pinguim da música.

Quanto a contar histórias e fazer interações em grupo, Sisto (2012, p. 63) argumenta

que:

1 Que são pequenos versos que contém rimas.

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Para quem está ouvindo, é sempre superbenéfico ouvir histórias em diferentes vozes, com maneiras diferentes de quem conta, com ritmos diferentes, com expressões gestuais de plasticidades diferentes, o que renova a atenção da plateia e mantém a dinâmica de uma apresentação.

A dinâmica entre os contadores diante do público infantil deve acontecer de maneira

uniforme. Para que isso possa ser possível, é necessário que haja muito ensaio entre o grupo,

preparação teórica no que se refere ao ato de contar histórias, ter domínio do conteúdo da

parte que vai apresentar às crianças, escolher o que se sente mais seguro em realizar, seja

contando uma história ou conduzindo uma brincadeira, o que vem se percebendo ao longo das

práticas realizadas pelo Grupo de Contação de Histórias aqui descrito e construídas através

deste projeto de extensão.

Além da construção deste protocolo descrito, foram criados muitos outros protocolos

que contemplaram as histórias citadas a seguir: “A menina das borboletas” de Roberto Caldas;

“Romeu e Julieta” de Ruth Rocha; “A verdadeira história dos três porquinhos” de Jon

Scieszka; “Casa na floresta” Autor desconhecido; “A bengala mágica da Tia Zuraide” de

Kalunga; “Cinderela” dos Clássicos da Literatura Infantil; “O sapo inglês e a sapa espanhola”

de Kalunga; “A princesa e o sapo” dos Clássicos da Literatura Infantil; “O sonho do

balãozinho” autor desconhecido; “Uma formiga especial” de Márcia Honora; “Uma amiga

diferente” de Márcia Honora; “Uma joaninha diferente” de Regina Célia Melo; “A margarida

friorenta” de Fernanda Lopes de Almeida; “O mágico de Óz” dos Clássicos da Literatura

Infantil; “Um sonho de Natal” de Patrícia Engel Secco; “A fada que tinha ideias” de Fernanda

Lopes de Almeida; “A centopeia que pensava” de Herbert de Souza Betinho; “Uma

professora muito maluquinha” de Ziraldo, “Macaco Danado” de Julia Donaldson e Axel

Scheffler, “As flores da primavera” de Ziraldo (Coleção Bichim), dentre outras histórias que

ilustraram momentos mágicos de contação de histórias, juntamente com poesias, cantigas,

quadrinhas e brincadeiras.

Em face do que foi relatado, o Grupo de Contação de Histórias do Curso de Pedagogia

da URI – Câmpus de Frederico Westphalen desenvolve suas atividades em vários municípios

da região que solicita a sua presença, contemplando crianças de Educação Infantil e dos Anos

Iniciais, passando já de 10.000 sujeitos contemplados nos 5 anos em que o projeto de

extensão vem sendo executado.

Abramovich (2001, p.24) aponta que “Ouvir histórias é viver um momento de

gostosuras, de prazer, de divertimento dos melhores [...]”. Neste sentido, a escolha do enredo

que será contado é muito importante para que a prática de contar histórias seja um sucesso. E

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que, além de um momento de prazer, divertimento e ludicidade, a contação de histórias seja

também um momento de aprendizagem. Quanto a isso, Sisto (2012, p. 25) expõe que

O momento de escolher uma história pra contar é muito importante. Critério indispensável é o que leva em conta a qualidade literária (o trabalho com a linguagem escrita) do texto que vai ser contado. Então, abrir espaço para o lúdico, para o humor, sem deixar de observar a força e a coerência dos personagens, atentar para a magia e a fantasia ou o real entremeando os diálogos fluidos e ricos. É sempre bem-vinda a sugestão poética perpassando o texto e tocando a sensibilidade do ouvinte!

Na escolha da história, devem-se observar alguns aspectos importantes antes de

ocorrer a prática da contação de histórias. O primeiro aspecto a ser considerado na escolha de

uma história é a motivação do contador em contá-la, pois não há como mostrar ao ouvinte

amor pelas histórias se não transmitir isso através do sentimento que tem ao contar. Outro

aspecto é a adequação da história à faixa etária de quem ouve e, para que isto seja possível, o

contador deve saber qual será o seu público no momento em que irá preparar-se para contar a

história. Deve ser considerado, ainda, qual é a mensagem que se quer passar ao contar

determinado enredo. A credibilidade é mais um aspecto importante, pois quando se conta uma

história é necessário que o ouvinte acredite que ela realmente aconteceu, seja com o próprio

contador ou que ele tenha sido testemunha ocular do ocorrido.

Além disso, para que o encantamento com a arte de contar histórias aconteça, o

contador deve ter alguns cuidados essenciais, tais como: transpor sentimento, ter

expressividade, segurança do que conta, cuidar com a tonalidade da voz, ter habilidade de

improviso, observar o clima, o local, a luminosidade, o ritmo da história e marcar o clímax,

ficar atento aos vícios de linguagem, às pausas e ao silêncio na hora de contar histórias, ceder

espaço para que a criança participe e prestar atenção na escolha dos recursos que irá utilizar.

Existem muitas estratégias, individuais e coletivas, no trabalho com a literatura, no entanto, o uso desse recurso deve possibilitar atividades que envolvam a participação, o movimento, a música, o riso o lúdico e a atribuição de novos sentidos [...] (RAMOS, 2011, p.35)

Quando se fala em uma contação de histórias que seja atraente e que envolva a

participação da criança, fala-se também da escolha de recursos para contar. A narração de

uma história poderá ter diversas técnicas como suporte, cada qual se constituindo em um novo

olhar para a história ampliando o mundo imaginário da criança.

No tempo atual em que vivemos é preciso encantar cada vez mais o público infantil

através de momentos de contação de histórias ricos de fantasia recursos e cores. Além de

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fazer do momento de contar histórias um espaço prazeroso, o contador de histórias deve saber

como iniciar este momento com alguma estratégia mágica que agrade o contador e também o

ouvinte na hora da contação. Segundo Abramovich (2001, p. 21) o contador de histórias deve

“[...] segurar o escutador desde o início, pois se ele se desinteressa logo de cara, não vai ser na

metade ou quase no finalzinho que vai mergulhar.” Pensando nisso, o grupo de contação de

histórias planeja suas atividades no intuito de que a criança primeiramente faça seu

reconhecimento acerca da história que será contada, ou seja, conte o que sabe sobre ela e dê a

sua opinião sobre o que possivelmente acontecerá no decorrer da narração. Além disso, faz-se

uma correlação entre a história contada e as demais atividades que serão vivenciadas naquele

momento, levando o ouvinte a interagir com o grupo e não perder a atenção.

Enfim, através dos estudos feitos e das práticas realizadas no projeto de extensão,

pode-se afirmar que a contação de histórias destaca-se pela importância como fator de

desenvolvimento das aptidões para o contato com a leitura, com a escrita, com a oralidade,

estimulando na criança a sua criatividade, imaginação, formas de expressão oral e corporal,

proporcionando um ambiente lúdico de contato com a leitura, repleto de sentidos e

significados.

CONCLUSÃO

Na realização dos objetivos propostos pelo projeto de extensão “Contação de histórias:

arte, magia e encantamento” aqui brevemente relatado, pontua-se que é de fundamental

importância para o estímulo da apreciação literária que o contador de histórias atue de

maneira expressiva, que encante o ouvinte e o faça interagir diretamente com a história

contada, pois é através da interação com a literatura infantil, desde a mais tenra idade, que a

criança aprende sobre si, sobre os adultos e sobre o modo de viver coletivamente, sem que

para isso precise abandonar o seu universo infantil, repleto de descobertas, magia,

brincadeiras e fantasia.

Quando trata-se da iniciação à leitura, pode-se dizer que a porta de entrada para que o

aluno se interesse pela leitura é a contação de histórias, já que é através destes momentos de

encontro com as histórias que a criança vivencia o prazer e o entretenimento que uma boa

história pode proporcionar. A respeito disso, Kaercher (2001, p. 82-83) defende a seguinte

opinião:

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[...] acredito que somente iremos formar crianças que gostem de ler e tenham uma relação prazerosa com a literatura se propiciarmos a ela, desde muito cedo, um contato frequente e agradável com o objeto livro e com o ato de ouvir e contar histórias, em primeiro lugar e, após, com o conteúdo deste objeto, a história propriamente dita - com seus textos e ilustrações. Isso equivale a dizer que tornar um livro parte integrante do dia a dia das nossas crianças é o primeiro passo para iniciarmos o processo de sua formação como leitores.

Neste sentido, acredita-se que a prática da contação de histórias seja o primeiro passo

para a formação do leitor, depois é tomar-se da magia da Literatura Infantil como arma para

iniciar a talhar os caminhos da leitura desde cedo.

Benjamin (1994, p. 197-198) fala que “[…] a arte de narrar está em vias de extinção.

São cada vez mais raras as pessoas que sabem narrar devidamente.” Neste sentido, o essencial

é assumir realmente o papel de contador de histórias, sem medo, sem inseguranças e, acima

de tudo, ser expressivo ao extremo e ter amor pelo que faz, dando à criança o seu testemunho

de que ler é algo prazeroso, gostoso, divertido e extremamente encantador.

É importante ressaltar aqui a reação de tristeza das crianças quando o Grupo de

Contação de Histórias anuncia o término de um protocolo, evidenciando a importância de

preparar-se bem para desenvolver a contação de histórias e possibilitar com ela momentos em

que as crianças possam divertir-se, fantasiar, imaginar, descobrir palavras novas, deparar-se

com os vários tons e alterações de voz que há durante a prática, estimulando o interesse da

criança pela leitura e qualificando a formação dela enquanto leitor e admirador de uma

história bem contada.

E, para isso, quem conta tem que criar o clima de envolvimento, de encanto... saber dar as pausas, o tempo para o imaginário da criança construir seu cenário, visualizar os seus monstros, criar os seus dragões, adentrar pela sua floresta, vestir a princesa com a roupa que está inventando, pensar na cara do rei e tantas coisas mais. (CORTES, 2006, p. 82)

Assim, quando a criança é apresentada por meio das práticas de contação de histórias

ao mundo das palavras através da literatura infantil e da maneira expressiva de contar

histórias, de forma lúdica e prazerosa, participando do texto, da história, sentindo emoções,

transportando-se para o mundo imaginário, sem distanciar-se do real, esta com certeza

encontra sentido para as palavras, passando a ver que a leitura é mais do que ler um

amontoado de palavras, é magia, é prazer, fantasia e realidade. (FINK, 2001, p. 17)

Desta forma, conclui-se que contar histórias exige uma responsabilidade imensa por

parte do contador, pois quando se refere a ele, diz-se daquele que transpõe as barreiras do

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medo, da insegurança, da vergonha, de esquecer a própria personalidade para assumir um

novo jeito de ser.

Através da proposta deste projeto de extensão universitário, vem-se contribuindo

também com a formação acadêmica das alunas contadoras de histórias do Curso de Pedagogia

da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Câmpus de

Frederico Westphalen, bem como a formação de leitores críticos, por intermédio do Grupo de

Contação de Histórias, incentivando desta forma as crianças a viajarem pelo mundo mágico

da leitura e descobrirem que ao abrir um livro muitas coisas podem acontecer e que

consequentemente ler é bom e interessante. Através do referido projeto de extensão, acredita-

se que foi possível também contribuir nas práticas de professores e acadêmicos a utilizarem

propostas diferenciadas de ensino na área da literatura infantil, no que se refere a contar

histórias e utilizar os recursos e estilos literários disponíveis, uma vez que vêm se divulgando

os resultados do mesmo, bem como as práticas de contação realizadas, em semanas

acadêmicas, seminários, grupos de estudos, minicursos, rede social, dentre outros.

Por fim, torna-se importante afirmar que contar histórias é algo significativo, que fica

marcado tanto para quem conta quanto para quem ouve, principalmente quando a história é

boa e capaz de emocionar. Como é gratificante para o contador de histórias perceber o

encanto na expressão das crianças, como é perfeito mexer no imaginário delas e observar

como isso traz efeitos positivos, transformando o momento lúdico da leitura em uma mistura

de aprendizagem e satisfação pela história contada, fazendo deste, um espaço para a

apreciação da palavra bem articulada, do vocabulário novo e ainda, um momento de

descoberta e realização para a criança.

Destaca-se o quanto é indispensável ao Grupo de Contação de Histórias e a qualquer

outro contador de histórias planejarem suas atividades, com base na faixa etária do público

que irá abranger, no número de crianças, no local, no ambiente, nos recursos que irá utilizar,

primando por uma prática lúdica, recheada com adivinhas, quadrinhas, trava-línguas, poesias

e brincadeiras, mesclando essas formas literárias com histórias bem contadas, com recursos

coloridos e que chamam a atenção, como por exemplo, a televisão pedagógica, os fantoches,

flanelógrafo, palitoches, marionetes, roupas coloridas, bonés bordados com lantejoulas, dentre

outros.

Podemos dizer também, que uma história é feita na cabeça do ouvinte, pela construção

de expectativas, frustrações, reconhecimento e identidades. Considerando-se a inserção do

leitor numa sociedade tecnológica e midiática, podemos até pensar em aliar esse universo à

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prática de contação de histórias como mais um recurso, como por exemplo, um recurso

audiovisual, um data show para a realização de um conto tradicional. Entretanto, precisamos

ter em mente que estes recursos auxiliam, mas não podem substituir a arte de contar, e de

contar mais uma e mais uma vez, e quantas vezes mais o contador se dispuser. Ambos devem

estar aliados em prol do engrandecimento desses momentos de contação de histórias tão

relevantes em nosso meio social.

É importante ressaltar aqui, que mesmo sendo crianças que vivem numa sociedade

com inúmeros estímulos tecnológicos, é nítida a reação de tristeza das crianças quando se

anuncia o término de um protocolo de contação de histórias pelo grupo de contadores. Esse

tem sido um ponto marcante de nossas experiências, pois contamos histórias, brincamos com

elas, cantamos, usamos recursos literários simplistas, se comparados aos meios televisivos e

tecnológicos e mesmo assim somos presenteados com plateias grandes, entusiasmadas e

vibrantes com as histórias que ali vão ganhando vida. Esse também tem sido um ponto de

reflexão teórica, pois evidencia a importância do contador de histórias preparar-se para

desenvolver a contação de histórias e possibilitar com ela momentos em que as crianças

possam divertir-se, fantasiar, imaginar, descobrir palavras novas, deparar-se com os vários

tons e alterações de voz, expressões variadas que há durante a prática, objetivando estimular o

interesse da criança pela leitura e buscando qualificar a formação dela enquanto leitor e

admirador de uma história bem contada, o que mais tarde o levará querer ler por conta própria

as histórias que ouve e que tanto lhe provocam prazeres, surpresas e fantasias.

REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e Bobices. 5 ed. São Paulo: Scipione, 2001. BENJAMIN, Walter. O Narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 197-221. CORTES, Maria Oliveira. Literatura Infantil e Contação de Histórias. Viçosa – MG, CPT, 2006. FINK, Alessandra Tiburski. O ensino-aprendizagem e a formação do leitor a partir da literatura infantil. 2001. Monografia de conclusão de curso (Pedagogia) – Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, 2001. KAERCHER, Gládis. (org) Educação Infantil: Pra que te quero? Porto Alegre: ARTMED, 2001.

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RAMOS, Ana Cláudia. Contação de histórias: um caminho para a formação de leitores? 2011. Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação – Universidade Estadual de Londrina, 2011. SISTO, Celso. Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias. 3. ed.rev. e ampl. Belo Horizonte: Aletria, 2012.

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PEDAGOGIA DA INFÂNCIA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS DO CUIDAR E DO

EDUCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Paulo Henrique Cadoná, Universidade Regional Integral do Alto Uruguai e das Missões,

Câmpus de Frederico Westphalen. Brasil. [email protected]

Alessandra Tiburski Fink, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões,

Câmpus de Frederico Westphalen. Brasil. [email protected]

RESUMO: o presente estudo é resultado do projeto Pedagogia da Infância: Desafios e Perspectivas do Cuidar e do Educar na Educação Infantil, de cunho qualitativo que tem como objetivo conhecer o que se entende por pedagogia da infância bem como compreender os desafios e perspectivas do cuidar e do educar, considerando que a mesma seja pautada na criança enquanto um sujeito social e cultural. Os estudos na área da educação infantil apontam que o cuidar e educar são os eixos fundamentais para o desenvolvimento integral da criança e que o educador infantil precisa fazer acontecer simultânea e prazerosamente. Para tanto, o mesmo deve ter conhecimentos teóricos e práticos acerca da criança e da pedagogia da infância, ressaltando-se a importância da formação do educador infantil. Palavras chave: Pedagogia da Infância. Cuidar e Educar. Educador Infantil.

INTRODUÇÃO

É real que são vastos os estudos e discussões acerca de uma pedagogia própria à

infância, porém muito pouco daquilo que vem à cabeça como uma ideia e mentalmente se

planeja é colocado em prática. É perceptível hoje em dia a necessidade de uma pedagogia da

infância pautada na criança enquanto um sujeito social, cultural e que possui direitos e não

voltada apenas a um sentido assistencialista, de guarda e de cuidados, mas com um olhar

educativo vinculado aos atos de cuidado. Dessa forma, refletir sobre educação infantil requer

revisitar questões que se referem ao cuidado e educação que são os eixos fundamentais para o

desenvolvimento integral da criança e que o educador da educação infantil precisa fazer

acontecer simultânea e prazerosamente, e para tanto o mesmo deve ter conhecimentos teóricos

e práticos a respeito da infância, da criança e também acerca da pedagogia da infância.

Entendendo que hoje não basta mais um atendimento assistencialista, ou por outro

lado nos moldes escolarizantes, busca-se uma ação docente na educação infantil sobre a

perspectiva de uma pedagogia voltada para a criança, para o seu contexto, necessidades e

particularidades da sua faixa etária e do seu desenvolvimento e aprendizagem integral.

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Garantir à criança o seu direito à educação e ao cuidado que são contemplados nos

documentos legais, significa oferecer espaços de qualidade para este atendimento e

educadores qualificados, tendo em vista que muitos estudos sobre educação infantil vêm

afirmando que as vivências e experiências desta fase são fundamentais para o

desenvolvimento cognitivo, emocional e social da criança, visto que estes acontecimentos e

experiências se refletem em longo prazo, para o sucesso das fases superiores de sua

escolaridade e de sua vida.

Apesar dos avanços sinalizados por pesquisadores e estudiosos da área da educação

infantil, muito ainda precisa ser pensado, revisto e reorganizado, muitos são os desafios

colocados para os educadores e gestores da educação infantil, campo este, rico de estudos.

Nesse sentido o presente artigo, intenta trazer algumas reflexões e revisitar os desafios e

perspectivas do cuidar e do educar na educação infantil em prol de uma pedagogia da infância

e da importância da formação do educador infantil.

CUIDAR E EDUCAR: ALGUNS DESAFIOS E PERSPECTIVAS

A educação infantil está inserida no meio educacional e cada vez mais é vista como

uma etapa de extrema importância. É considerado pela Constituição/881, um direito tanto da

criança como do trabalhador, e ganha destaque com a Lei de Diretrizes e Bases/962, passando

a ser considerada a primeira etapa da educação básica e assim, tendo uma responsabilidade

ainda maior.

Precisa-se definitivamente romper a ideia do atendimento da criança, no sentido

assistencialista, mas passar a preocupar-se com o caráter educativo que a educação infantil

prevê a partir da legislação e também dos estudos e pesquisas na área. Sobre o direito à

educação a partir do nascimento. A Lei de Diretrizes e Bases/96 (LDB/96) da educação

nacional, em seu artigo 29, Seção II, instituiu a nova concepção de educação infantil,

pressionando sua finalidade: “A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem

como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus

aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da

comunidade”.

1 Constituição Federal 1988 Seção I Capítulo III Artigo 205 2 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/96 no Artigo IV inciso IV onde diz: atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos.

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É importante destacar que a lei 11.274 de 06 de fevereiro de 2006, que institui o ensino

fundamental de nove anos, traz mudanças para a faixa etária da educação infantil, passando o

seu atendimento para crianças de 0 a 5 anos, sendo que as crianças de seis anos vão para o

primeiro ano do ensino fundamental. Outra mudança foi com a lei nº 12.796, de 4 de abril de

2013 e publicada no Diário Oficial da União em 5 de abril de 2013, instituindo a

obrigatoriedade da pré-escola. A lei prevê a obrigatoriedade3 para crianças a partir dos 4 anos

permanecendo até os 17 anos. A Emenda da LDB/96 estabelece que os municípios e os

Estados tenham até o ano de 2016 para garantir a inclusão dessas crianças na escola pública.

Na sua origem, a escola de educação infantil tinha um conceito assistencial, onde as

crianças passavam o dia todo nas instituições para que seus pais pudessem trabalhar, o

atendimento à criança acontecia de forma dividida entre apenas cuidar e apenas educar. Na

maioria dos casos, para as crianças das classes populares era oferecido atendimento

assistencial (cuidar) e às da elite se oferecia atendimento educacional (educar) e o

aprendizado de leitura, escrita e conteúdos escolares. Essa separação também se dava pela

idade das crianças, oferecendo-se às de 0 a 3 anos apenas cuidados e às de 4 a 6 anos, a

educação, sendo esta prática um dos paradoxos da educação infantil ainda hoje, e poderíamos

dizer, o seu maior desafio, de que a creche cuida e a pré-escola educa, muitas vezes

entendendo o caráter educativo no sentido escolarizante. Isso talvez explique a razão de que

no cotidiano das creches e pré-escolas ainda se observe a organização do trabalho dos

professores em rotinas divididas, constituídas de momentos chamados de “cuidado" e

momentos considerados como "educativos" (AZEVEDO, 2007), esvaziando-se assim o

próprio sentido da rotina para o desenvolvimento e aprendizagem infantis.

“As monitoras passavam os dias olhando as crianças brincarem e o professor era aquele que ficava com o desenvolvimento intelectual planejado (quando havia planejamento). Nesse período, os papéis, dentro da instituição infantil eram bem claros: um cuidava e o outro educava”. (FOREST, 2008, p. 1).

Mesmo que as discussões em relação a esse descaso ainda aconteçam, é necessário que

a restrição na faixa etária de 0 a 3 anos não exista. O senso comum, ao que se pensa sobre

essa faixa etária entende que o cuidar é importante e só ele basta, deixando o educar somente

como responsabilidade dos profissionais que atuam na faixa etária de 4 a 5 anos, o que mostra

que a ação pedagógica do educador infantil ainda é um processo em construção. Nesse sentido

3 Art. 6º "É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 anos de idade" Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013.

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Forest (2008) chama a atenção para o profissional que deve não só cuidar como também

educar de forma indissociável desde a faixa etária da creche.

“Embora existam situações na qual o modelo antigo ainda ocorra, que em determinados momentos há um responsável para cuidar e outro para educar, atualmente a discussão vai muito além dessa análise simplificada. Cuidar e educar, de acordo com as novas diretrizes, devem caminhar juntos” (FOREST, 2008, p. 02).

Faz-se ainda muita restrição no que se refere ao cuidado e educação das crianças,

tendo uma antiga e equivocada concepção de que a criança somente deve ser educada a partir

de certa idade, omitindo o cuidado e tornando esta uma fase incompleta para a formação do

sujeito. É necessidade das próprias crianças de 0 a 5 anos, que precisam e tem o direito de

serem cuidadas e educadas em instituições de qualidade, com profissionais qualificados, que

possam garantir o seu pleno desenvolvimento e aprendizagem.

Essa reflexão é necessária, sobretudo na educação infantil, que historicamente se viu dividida entre apenas cuidar (no caso das crianças mais pobres) ou apenas educar (no caso das mais ricas). Isso talvez explique por que motivo embora todos os especialistas e documentos publicados no processo de implementação de uma educação infantil de qualidade no Brasil reiterem que cuidar e educar sejam “faces da mesma moeda” – no cotidiano das creches e pré-escolas ainda se observe a organização do trabalho dos professores em rotinas dicotomizadas, constituídas de momentos chamados “de cuidado” e momentos considerados “educativos”. Para compreender a relação entre cuidado e aprendizagem, é preciso observar como as crianças vivenciam os procedimentos e respondem às atitudes dos professores ou de familiares ao cuidar delas, ao ensiná-las a cuidarem de si e nas brincadeiras com seus pares. (MARANHÃO e ZURAWSKI, 2014, p.09). As situações de cuidado são ricas em aprendizagens para as crianças, visto que elas não param de sentir, pensar, falar e interagir durante a troca, o banho, a higiene das mãos ou a alimentação. No entanto, para que os professores valorizem os cuidados como situações de aprendizagem, é preciso tornar observável o modo como as crianças participam do cuidado pessoal desde que nascem. (idem, p. 10)

As colocações de Maranhão e Zurawski 2014, mais uma vez apontam para a

importância de que as instituições de educação infantil articulem as funções de cuidar e

educar indissociavelmente, não fazendo diferença, nem hierarquia com os profissionais e

instituições que atuam com crianças pequenas ou àqueles que trabalham com as de mais

idade. Também é necessário estar atento aos detalhes, dar a devida atenção às ações do bebê,

da criança, principalmente nos momentos mais “construtivos” de sua rotina, e de uma rotina

repleta de significados, sentidos, vivências e descobertas, e não num molde rotinizado e

mecânico de momentos de cuidados e momentos de educação.

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“Além das ações do cuidar e do educar, o trabalho com crianças pequenas é marcado por momentos de sutileza, de rotinas, de descobertas, de dúvidas e incertezas, que muitas vezes passam despercebidos, aparentemente pouco significativos, mas que revelam a importância da prática pedagógica com bebês, pouco ainda estudada, discutida, ainda em processo de construção e em busca de especificidades próprias.” (FINK, 2005, p. 144).

Visualizar uma educação para os pequenos na perspectiva acima, que contemple as

particularidades e especificidades próprias das crianças de 0 a 5 anos, é pensar numa ação

pedagógica, enquanto prática social, pautada na criança e para a criança, embasada

teoricamente numa pedagogia da infância que respeito o direito delas a um cuidado e uma

educação indissociáveis. E ainda, para a efetiva consolidação de uma Pedagogia da Infância

precisamos repensar e investir na formação dos professores que atuam na educação infantil,

pois são inúmeros os conhecimentos e saberes que estes precisam agregar à sua profissão,

estando preparados para dar conta da superação da dicotomia educação/assistência que vem se

perpetuando ao longo da história da educação infantil, tendo como ponto de partida o duplo

objetivo do educador infantil de cuidar e educar as crianças pequenas, articulando esses dois

eixos de forma lúdica, significativa e com sentido para a vida das crianças.

Não há um conteúdo “educativo” na creche, descolado dos gestos de cuidar. Não há um “ensino”, seja um conhecimento ou um hábito, que use via diferente da atenção afetuosa, alegre, disponível e promotora da progressiva autonomia da criança. (DIDONET, 2003, p.06)

Didonet (2003) nessa citação deixa bem claro que não existe e não é concebível

educação sem cuidado tampouco cuidado sem educação, a criança precisa sim ser cuidada e

educada. A criança tem direito à educação, não qualquer educação, mas uma educação que

contemple os aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais e para que isso aconteça é

preciso ter professores qualificados, capacitados e que nunca desvinculem o ato de cuidar e

educar.

Sabendo o educador, que está lidando com um ser em construção, que possui direitos e

deveres e que também possui valores sendo estes passados pela sua família e pelo educador, o

mesmo deve ter cautela ao lidar com o pequeno sujeito. Voltando-se ao lado psicopedagógico

da infância, muitos fatores interferem no crescimento e no amadurecimento, e assim, com o

passar do tempo podem interferir também no desenvolvimento, na aprendizagem e na

autonomia da criança. Geralmente ao falar sobre os desafios na educação infantil, muitas são

as questões, a maior delas é como fazer acontecer a articulação do cuidar e do educar, outras

poderiam girar em torno de como lidar com o aluno tímido, com o aluno inquieto, com o

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aluno proveniente de uma família com baixa renda, com o aluno incluso, entre outros,

sabendo que todos esses alunos podem estar juntos na mesma classe, no mesmo espaço,

crescendo juntos, e trazendo situações do seu cotidiano familiar para o ambiente escolar.

Independentemente dos contextos, ressalta-se que o primeiro passo para uma ação

pedagógica de qualidade e comprometida é o estudo e o planejamento, que fazendo ligação

com estas questões, precisa da pesquisa e da ação-reflexão, para que os desafios no espaço

escolar, na educação e cuidados das crianças sejam cada vez menores. Assim, além do estudo

formal e da chamada formação continuada, é necessário que o educador conheça a vasta gama

de ferramentas tecnológicas que podem auxiliar seu trabalho acerca do cuidado e educação e

as utilize como aliada na busca de conhecimentos, procedimentos metodológicos, brincadeiras

e outras práticas voltadas para a criança e à sua infância.

O educador durante seu processo de formação, de pesquisa e planejamento de sua

prática, precisa ter clara a concepção de criança e de infância de hoje e de como essa criança

aprende e se relaciona com os outros e com o mundo. Isso também passa a ser um desafio e

por que não uma perspectiva para uma educação e um cuidado de qualidade, uma vez que

ainda hoje parece não estar clara a concepção da criança como sujeito de direitos, capaz, ativa

e que necessita ser cuidada e educada, pois permanecerem muitas vezes de oito a dez horas

diárias na instituição de educação infantil, mais tempo que ficam em casa com os pais.

Os termos cuidar e educar não são tratados explicitamente na Constituição/88, nem na

LDB/96, porém estes aparecem no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil

(RCNEI/98), como em outros documentos específicos da educação infantil, no qual fica

explícita a necessidade das instituições de educação infantil incorporar as funções de educar e

cuidar de maneira integrada, trazendo as seguintes contribuições:

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. (1998, p. 23) [...] cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda a integração de vários campos de conhecimentos e a cooperação de profissionais de diferentes áreas. A base do cuidado humano é compreender como ajudar o outro a se desenvolver como ser humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O cuidado é um ato em relação ao outro e a si próprio que possui uma dimensão expressiva e implica procedimentos específicos. [...] Para se atingir os objetivos dos cuidados com a preservação da vida e com o desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário que as atitudes e procedimentos estejam baseados em

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conhecimentos específicos sobre o desenvolvimento biológico, emocional, e intelectual das crianças, levando em consideração as diferentes realidades socioculturais. [...] Assim, cuidar da criança é sobretudo dar atenção a ela como pessoa que está em contínuo crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas necessidades. Isto inclui interessar-se sobre o que a criança sente, pensa, o que ela sabe sobre si e sobre o mundo, visando à ampliação deste conhecimento e de suas habilidades, que aos poucos a tornarão mais independente e autônoma (1998, p. 24-25).

Podemos perceber a partir da citação acima, que aos atos de cuidado, para que seus

objetivos de bem estar, aprendizagem e desenvolvimento da criança, sejam alcançados, é

necessário que a educadora tenha conhecimentos específicos em torno do desenvolvimento

biológico, emocional e intelectual, levando em consideração as diferentes realidades

socioculturais, buscando não só uma prática comprometida, mas uma formação de qualidade,

para que assim esta prática também possa ser exercida e oferecida com qualidade, deixando

nas suas entrelinhas uma intenção educativa clara e evidente, não é cuidar, no sentido

assistencialista e mecânico, mas um cuidar que permita o desenvolvimento integral da criança.

E ainda, quando o educar é contemplado este não se restringe apenas às atividades didático-

pedagógicas e escolarizantes, mas um educar que dê espaço para a atenção, à afetividade, à

segurança, às vivências, descobertas, situações essas que têm em seu bojo ações de cuidado

com a criança.

Acredita-se que é possível oferecer às crianças, condições para aprendizagens que

ocorrem nas rotinas diárias, nas brincadeiras e também aquelas de situações pedagógicas

intencionais ou aprendizagens orientadas pelos adultos. É importante observar que essas

aprendizagens diversas ocorrem de maneira integrada ao processo de desenvolvimento

infantil, processo esse construído a partir de uma pedagogia própria para as crianças de 0 a 5

anos, que respeita as particularidades e especificidades dessa faixa etária e de como se

estrutura e organiza a ação e o espaço pedagógico da educação infantil.

PEDAGOGIA DA INFÂNCIA: SABERES EM CONSTRUÇÃO

Houve um tempo em que a criança não era considerada como o sujeito de direitos que

vemos hoje, mas um adulto em miniatura, sem o reconhecimento de alguma necessidade

específica pertinentes da sua faixa etária. Desde o início da Idade Moderna felizmente a

concepção de criança e a maneira da mesma ser atendida vem sofrendo mudanças

significativas. Ao longo dos tempos muitos foram as formas de conceber a criança e a sua

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infância. De um adulto em miniatura, a criança é transformada em um sujeito histórico e

social, construtor de conhecimento e cultura, podendo desfrutar da sua infância, período

único, rico em descobertas onde o que é magia, ficção e realidade, ajuda na construção deste

ser social, e onde também o mesmo está fazendo descobertas acerca de si, das pessoas e do

mundo.

A partir dessa perspectiva, os estudos na área vêm apontando para ações que respeitem

as particularidades e especificidades das crianças de 0 a 5 anos, sinalizando uma pedagogia

própria para a educação infantil, sendo assim, a Pedagogia da Infância é marcada pelo brincar,

o cuidar e o educar. O brincar exerce controle sobre a criança, sendo este conduzido e mantido

por ela, o que faz dele um ato criativo, aberto e imaginativo, enaltecendo seus elementos: o

brincar espontâneo, o aprender brincando e o ensinar brincando.

A função do educador, dentro de uma pedagogia da infância é trazer para a criança

ferramentas e recursos apropriados para que a brincadeira se desenvolva de maneira correta e

significativa, sendo ele um educador interessado e que compreenda o brincar como um ato

lúdico, importante, prazeroso, construtivo que tende a ajudar no desenvolvimento e

aprendizagem do pequeno indivíduo. Salienta-se que frente aos inúmeros desafios que se

colocam na ação pedagógica do educador infantil, dia a dia, é fundamental que além de

formação específica na área, ele precisa de uma boa dose de dedicação, comprometimento e

delicadeza, pois “trocar uma fralda e escrever no quadro têm a mesma importância”

(STROZZI, 2014, P. 17).

“Brincar é uma atividade aprendida na cultura que possibilita que as crianças se constituam como sujeitos em um ambiente em contínua mudança, onde ocorre constante recriação de significados, condição para a construção por elas de uma cultura de pares, conjunto relativamente estável de rotinas, artefatos, valores e interesses que as crianças produzem e partilham na interação com companheiros de idade. Ao brincar com eles, as crianças produzem ações em contextos sócio-histórico-culturais concretos que asseguram a seus integrantes, não só um conhecimento comum, mas a segurança de pertencer a um grupo e partilhar da identidade que o mesmo confere a seus membros.” (OLIVEIRA, 2011, p. 140).

O brincar na Pedagogia da Infância, isto é, o brincar lúdico só se torna construtivo

quando o educador planeja e avalia a maneira como a criança a está fazendo e se a brincadeira

é apropriada. É necessário ter em mente e questionar como esse ato de brincar pode repercutir

de maneira positiva para o aprendizado da criança. O professor deve procurar o que faz

sentido, educando-se em parceria, garantindo e valorizando o protagonismo de cada um,

interlocutores indispensáveis e a altura uns dos outros, desta maneira, o professor/educador

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deve estar apto a entender a concepção do aluno, e sua formação deve ser a base para que

cuidado e educação aconteçam juntos.

Brincar fornece à criança a possibilidade de construir uma identidade autônoma, cooperativa e criativa. (ABRAMOWICZ; WAJSKOP, 1995 p. 56) Brincar é experimentar, por meio da repetição e da ação imaginativa, outras formas de ser e de pensar. É também repetir o já conhecido para compreendê-lo e adaptar-se a ele. (idem, p.58) Nas creches, a brincadeira é educação por excelência. No ato de brincar ocorrem trocas, as crianças convivem com suas diferenças, se dá o desenvolvimento da imaginação e da linguagem, da compreensão e apropriação de conhecimentos e sentimentos, do exercício da iniciativa e da decisão. (idem, p. 59)

Partindo da perspectiva de uma Pedagogia da Infância, lúdica e significativa, entende-

se que as instituições de educação infantil devem organizar suas propostas pedagógicas

considerando também o currículo como conjunto de experiências culturais, na perspectiva da

formação humana. É essencial que o educador (assim como também os pais) permita que a

criança questione e dê sua opinião, ou seja, dando voz à criança, ouvindo a mesma, tornando-a

pertencente do meio pedagógico e social.

O professor precisa estar preparado para enfrentar qualquer situação dentro do

ambiente em que vai haver o aprendizado. Ele deve se autoconhecer, saber “onde a pedra

aperta no sapato”, isto é, aprender a lidar com suas dificuldades para não gerar problemas

maiores. Todas as crianças são diferentes, possuem manias diferentes, gritam, choram,

esperneiam, pulam, por isso é necessário manter a calma para que a situação não saia do

controle, sendo que a prática pedagógica deve também ter este enfoque, saber lidar com as

crianças de maneira correta e, sobretudo ética, respeitando as crianças e sabendo impor os

devidos limites de forma afetiva e acolhedora.

A formação do docente deve ser baseada na ideia de educação infantil que vise a

superação de educação/assistência, levando em conta o duplo objetivo da educação infantil de

cuidar e educar, bem como uma pedagogia da infância que contemple desenvolvimento e

aprendizagem da criança numa totalidade compreendendo os aspectos biológicos, cognitivos,

afetivos, sociais e culturais.

“A educadora que precisa construir uma visão própria da educação infantil, uma visão que se comprometa com uma educação de qualidade, voltada ao aprender e conhecer, aprender e conviver, aprender a fazer e principalmente o aprender a ser, e que precisa ser construídas e desenvolvidas com as crianças desde pequenas para que cresçam como sujeitos dignos, solidários, competentes e felizes”. (FINK, 2011 p. 181)

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Portanto, as questões descritas até aqui, validam a importância do profissional da

educação infantil ter uma formação sólida e atualizada, uma formação que possa facilitar para

as crianças o seu desenvolvimento e aprendizagem em todos os seus aspectos. Uma formação

que possibilite que o educador esteja preparado para realizar uma prática de qualidade que

realmente promova a articulação do cuidar e do educar, direito de todas as crianças, sem

perder de vista o universo infantil e suas características próprias. Uma formação que

contemple o contexto social e cultural em que as crianças e suas famílias estão inseridas,

quais problemas enfrentam e como lidam com eles, tendo como ponto de reflexão inicial

quais aspectos envolvem o desenvolvimento integral das crianças, as rotinas escolares, os

espaços e as ações que efetivam o cuidar e o educar de forma indissociável,

instrumentalizando o educador com diferentes ferramentas de ensino, pesquisa e busca pelo

conhecimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As questões por hora esboçadas neste artigo evidenciam a importância de se refletir os

aspectos teórico-práticos do cuidar e do educar, da Pedagogia da Infância e do educador

infantil, para que estes possam de fato contribuir com a melhoria do trabalho realizado com as

crianças pequenas, servindo ainda de auxílio para outros estudos que acreditam também na

construção de uma pedagogia da infância que possa garantir um cuidado e uma educação de

qualidade para as crianças de 0 a 5 anos, dentro de uma perspectiva lúdica e significativa.

Também se percebe a necessidade de uma pedagogia da infância que possibilite à

criança o seu desenvolvimento social e integral, que respeite as crianças com seres integrais,

históricos, sociais e construtores de conhecimento e cultura, numa possibilidade de construir

contextos educativos humanizantes oferecendo uma educação que ajude as crianças a

acreditar em si mesmas, no seu direito de ter uma vida digna, solidária, generosa, partilhada e

bem sucedida e que principalmente possam viver uma infância rica e feliz.

Deve-se considerar que o profissional que atua na educação infantil não pode mais ser

apontado pelo senso comum como sendo apenas um mero professor, um monitor que está ali

para cuidar dos filhos enquanto seus pais trabalham, mas um profissional que tem um perfil

próprio e que precisa ter conhecimentos teóricos e práticos em torno da pedagogia da infância.

Portanto, trata-se de um sujeito, que troca com as crianças conhecimentos e as faz enxergar a

sociedade com o discernimento para saber o que é certo e o que é errado. O educador precisa e

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possibilita através de suas ações que elas se desenvolvam de forma prazerosa e significativa,

precisando como mencionado anteriormente, ter formação específica e continuada e ainda,

planejar tudo o que vai ser trabalhado, tudo o que vai explorar com as crianças. Aborda-se

com isso que o cuidado e a educação têm duas formas de chegar às crianças, pelos pais e

responsáveis em casa e pelo educador na escola, cada um cumprindo seu papel, porém um

precisando do outro, bem como a prática pedagógica na educação infantil, o educar andando

lado a lado com o cuidar e o cuidar andando lado a lado com o educar.

Ser educador de educação infantil e realizar uma prática que contemple todos os

aspectos do educando não é tarefa fácil, esse nível abrange um universo muito amplo de

conhecimentos e de habilidades a serem descobertas e isso exige dos educadores muita

pesquisa, formação sólida, qualificação e preparação, pois temos em nossas mãos crianças que

precisam ser cuidadas e educadas com qualidade. Faz-se necessário que o professor conheça

seus alunos, como eles pensam, aprendem e como agem no mundo que vivem, e a partir disso

e dos conhecimentos específicos para a faixa etária de 0 a 5 anos, saber selecionar e planejar o

quê e como deve trabalhar com as crianças, para que estas encontrem no espaço da educação

infantil oportunidades para brincar, para aprender, para desenvolver-se a partir de vivências e

descobertas ricas em sentidos e significados.

REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, Anete e WAJSKOP, Gisela. Educação infantil: Creches. Atividades para crianças de zero a seis anos. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1995. AZEVEDO, Heloisa Helena Oliveira de. Implicações teórico-práticas do binômio cuidar-educar na formação de professores de educação infantil. Ponta Grossa, v. 10, n. 2, p. 159-179, 2007. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. ______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. ______. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998. DIDONET, Vital. Não há educação sem cuidado. Pátio Educação Infantil. Porto Alegre, v.1, 2003

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FINK, Alessandra Tiburski. O cuidar e o educar na educação infantil: uma questão da prática pedagógica. Passo Fundo: UPF, 2005, 153f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2005. FOREST, Nilza Aparecida. Cuidar e educar: Perspectivas para a prática pedagógica na educação infantil. 2008. Disponível em: http://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev03-07.pdf. Acesso em: 19 de jan. 2015. MARANHÃO, Damaris Gomes e ZURAWSKI, Maria Paula Vignola. Cuidado e aprendizagem na educação Infantil. Pátio Educação Infantil. Porto Alegre: Grupo A Educação S.A, ano XII, no 41, p. 08-11, Out/Dez 2014. OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Jogos de papéis - um olhar para as brincadeiras infantis. São Paulo: Cortez, 2011. STROZZI, Paola. Um sistema educativo em todos os momentos. Pátio Educação Infantil. Porto Alegre: Grupo A Educação S.A, ano XII, no 41, p. 16-19. Out/Dez 2014.

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AFETIVIDADE X APRENDIZAGEM X EVASÃO ESCOLAR – ALGUMAS

REFLEXÕES SOBRE ESTA RELAÇÃO

Hildegard Susana Jung, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões -

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

Edite Maria Sudbrack, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões -

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

Tharles Gabriele Cauduro, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

RESUMO: o presente estudo, de caráter bibliográfico, tem o objetivo de refletir sobre a afetividade na escola, enquanto agente facilitador da aprendizagem e da permanência do estudante nela. Buscando investigações realizadas sobre o tema, encontrou-se forte relação entre uma atitude afetiva do professor e um ambiente afetuoso e que promova a autoconfiança, fortalecendo a autoestima do educando e seu crescimento intelectual, bem como com os números de evasão apresentados. Corroboram, com estes achados, a teoria da educação dialógica de Freire (1979) e de Gusdorf (1978). Este último traz a responsabilidade do educador, principalmente o das séries iniciais, para quem os pequenos transferem o prestígio, depois dos pais. Ainda, em Dewey (1978), tem-se a relação entre vida e educação, fatores que não podem ser dicotomizados e a hipótese do filtro afetivo de Stephen Krashen (1987), que coloca o afeto como barreira (ou não) para o aprendizado. PALAVRAS-CHAVE: Afetividade. Aprendizagem. Permanência escolar.

INTRODUÇÃO

O presente artigo traz uma reflexão, através de pesquisa bibliográfica, sobre a questão

da afetividade como facilitadora da aprendizagem e como colaboradora à permanência

escolar. Partindo-se de um pequeno retrospecto sobre a etimologia da própria palavra

“educação”, passando pelas primeiras normas metodológicas das quais se tem notícia em

território brasileiro, se chegará ao conceito de educação vertical e do afeto propriamente dito.

A hipótese do filtro afetivo de Krashen (1987), ainda que desenvolvida tendo como foco

aprendizes de uma segunda língua também é abordada.

Num segundo momento, se apresentam-se dois estudos de caso realizados no sentido

de comprovar a eficácia de um método de ensino baseado em um ambiente afetuoso, no qual

se levam em conta as reais (e individuais) necessidades dos alunos, estimulando-lhes a

autoconfiança e a autoestima. O primeiro deles foi conduzido em uma escola municipal da

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EJA, no estado de São Paulo. O segundo realizou-se em uma instituição para adolescentes e

jovens com risco de vulnerabilidade social, no estado de Sergipe.

Revisitando autores como Freire (1979), Gusdorf (1987) e Dewey (1978), tem-se a

fundamentação teórica que leva à questão à qual este ensaio se propõe. Será possível

identificar um ponto em comum entre a base da metodologia da Educação Popular proposta

por Freire (1979) e o princípio essencial da educação trazido por Gusdorf (1987): o diálogo. O

primeiro alerta que na dialogicidade, na problematização e no afeto, tem-se a

congnoscitividade, condição essencial ao ato de aprender; o segundo dá ênfase à primeira

experiência educativa do ser humano, a Educação Infantil, onde o educador ocupará um papel

de grande prestígio, que anteriormente à educação formal era atribuído aos pais.

Dewey (1859-1952), prefaciado e traduzido por Anísio Teixeira (1978), segue na

mesma linha, dizendo que somente aprendemos quando podemos nos expressar, pensar,

comparar e decidir. Por último, apresenta-se os estudos da autora mexicana María del Carmen

Benítez Hernández, em busca da inteligência emocional na escola.

Como está a escola do século 21? Existe relação entre afetividade, aprendizagem e

permanência escolar? A instituição escolar educa para as relações sociais? Como ela lida com

as emoções e com o afeto? Essas são algumas das questões com relação às quais este trabalho

pretende levar o leitor a refletir.

DESENVOLVIMENTO

A etimologia da palavra “educação” vem do latim educatio, que está ligada ao

vocábulo educere, verbo construído pelo prefixo “ex” (fora) + ducere, que significa conduzir,

levar. Literalmente, quer dizer “conduzir para fora”, preparar o sujeito para o mundo.

Curiosamente, o termo “educação” em português apresenta uma conotação distinta daquela

encontrada na palavra education, do inglês. Enquanto a primeira pode ser associada aos bons

modos e boas maneiras, especialmente com o adjetivo “educado”, em inglês educated

significa unicamente o grau de instrução formal.

As primeiras escolas no Brasil foram concebidas pelos jesuítas e para seu melhor

funcionamento (e controle), passaram a seguir os preceitos inscritos no Ratio Estudiorum, o

Plano de Estudos da Companhia de Jesus, a partir de 1551. “Naquela época foi um êxito, pois

se tratava de um verdadeiro código de leis, que passava a orientar toda a atividade pedagógica

da Companhia” (FRANCA, 1952, p. 23), em um país que se incorporava ao domínio

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português. Passados já quase quinhentos anos desde o Brasil-colônia, passando-se pelo

Império e chegando-se à República, tem-se ainda grande influência deste primeiro plano de

trabalho pedagógico.

Saviani (2008) observa que, hoje, estaríamos entre duas grandes fases: a pedagogia

popular, da prática, crítico social dos conteúdos e a histórico-crítica; e a fase do

neoprodutivismo e suas variantes: neo-escolanovismo, neoconstrutivismo e neotecnicismo.

Segundo Santos (2010, p. 48), educação vertical é aquela em que o professor se revela

como o detentor do saber, transmitindo aos alunos conhecimentos instituídos. Os estudantes,

que não terão consideradas seus saberes prévios, nem suas diferenças histórico-sociais e

culturais, serão conduzidos “[...] num abismo intelectual desconectado da realidade social”

unificando o saber posto pela escola. O que se percebe é que a educação vertical ainda se

encontra presente em muitas de nossas escolas: vê-se alunos sentados em separado, ênfase nos

conteúdos, no acúmulo de conhecimentos e nas normas de comportamento, o professor é o

centro do processo, e o aluno é um sujeito passivo neste sistema.

“Educação é vida, não preparação para a vida” (DEWEY, 1978, p. 37), ou seja, ao

frequentar a escola a criança coincide no estudante, esta se torna a continuidade ou extensão

de sua vida privada. Na escola continuará aprendendo, crescendo, vivendo, ela não pode abrir

mão de tudo isso como se passasse por período de “congelamento” que ao ser concluído

devolver-lhe-ia a vida. Anísio Teixeira prefaciou a obra de John Dewey, “Vida e Educação”,

afirmando que toda a teoria deweyana assenta-se na restituição da aprendizagem ao caráter

natural que ela tem na vida. O autor complementa dizendo que a educação é infinitamente

anterior às escolas. Assim, entende-se que existe educação também fora das instituições

escolares, antes durante e depois.

A etimologia da palavra afeto remete ao Latim affectus particípio passado do verbo

afficere, que significa tocar, comover o espírito e, por extensão, unir, fixar1.

O ser humano não é somente cognoscível, mas também um emaranhado de emoções,

de sentimentos e experiências já vividas antes do período escolar. Freire (1979) alerta para o

respeito que deve ter o educador ao saberes prévios do educando, adquiridos em sua vivência

na comunidade e que não podem ser ignorados pela escola.

A afetividade, portanto,

1 Segundo definição da Associação Brasileira de Ontopsicologia. Disponível em http://onto.net.br/index.php?title=P%C3%A1gina_principal. Acesso em 22.01.2015.

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[...] não se acha excluída da cognoscibilidade. O que não posso obviamente permitir é que minha afetividade interfira no cumprimento ético de meu dever de professor no exercício de minha autoridade. Não posso condicionar a avaliação do trabalho escolar de um aluno ao maior ou menor bem querer que tenha por ele (FREIRE, 1979, p. 89).

Dito isso, imagine o leitor, uma pequena criança, dirigindo-se à escola em seu

primeiro dia letivo. Dewey (1978, p. 43) descreve bem esta cena: “A criança é arrancada do

seu pequeno meio físico familiar e atirada dentro do mundo inteiro, até os limites do sistema

solar”. Até esta data, ela somente teve laços vitais de afeição unindo suas vivências vitais.

Então, o “novo” estudante chega à escola e esta insiste em combater as individualidades, já

que todos devem ser tratados da mesma maneira, dentro de uma realidade lógica e estável, e

onde impera a cultura do silêncio, pois o educando está naquele lugar para ouvir e não para

falar. Parece cruel se narrado desta forma, mas é exatamente isto que acontece na maioria das

instituições escolares, ainda hoje, no século 21!

Stephen Krashen (1987) desenvolveu a hipótese do Filtro Afetivo (affective filter2).

Embora seus estudos em Linguística Aplicada estejam voltados à aquisição de uma segunda

língua (ASL), o linguista americano sustenta que o estado emocional do aluno poderia

funcionar como uma barreira ao seu aprendizado. Segundo o autor, a aprendizagem dependerá

de três importantes fatores ligados à afetividade: a autoconfiança, a motivação e a ansiedade.

Dentre estes, dá ênfase à motivação como uma predisposição interna para aprender, mas que

sofre forte influência de fatores externos, como o papel do comportamento do professor, da

família ou do grupo social e do próprio ambiente onde a aprendizagem ocorre.

A ansiedade também estaria ligada a fatores internos, mas principalmente ao medo de

reações negativas do professor, do grupo ou da família.

A autoconfiança poderia estar influenciada pela postura afetiva e amigável por parte

do professor e do grupo como um todo, estabelecendo um ambiente tranquilo, de ensino não

autoritário e aprendizagem não centrada no sucesso ou insucesso do aluno.

2 Krashen é mais conhecido por sua Teoria da Aquisição da Segunda Língua (Second language acquisition) e por ter sido co-fundador (com Tracy D. Terrell) da chamada Abordagem Natural (Natural Approach) à aprendizagem de línguas estrangeiras. Sua teoria inatista, à qual chamou de monitor model, constitui-se de cinco hipóteses: A hipótese de aquisição-aprendizado (acquisition-learning); A hipótese de monitoramento (monitor hypothesis); A hipótese da ordem natural; A hipótese do insumo (input) e a hipótese do filtro afetivo (affective filter). Disponível em: http://www.sdkrashen.com/content/books/principles_and_practice.pdf. (acesso em 25.01.2015).

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RESULTADOS

São escassos os estudos relacionados à afetividade como fator de permanência (ou

não) escolar. Esta investigação abordou os dados coletados em dois estudos desenvolvidos

sobre o assunto, um deles levando em conta alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA)

em uma escola municipal paulista, e outro, analisando a vida escolar em um projeto social

sergipano, chamado “Crescer para o Futuro”, que atende a jovens e adolescentes em situação

de vulnerabilidade social.

Costa et. Al. (2006, p. 2) encontraram que:

Quando existe uma expressão de afetividade nas relações professor-aluno e entre os próprios alunos, sobre a forma de incentivos, proximidade cultural, interesse em saber sobre o seu cotidiano e amizade, tudo isso contribui significativamente para a construção e manutenção de um vínculo do aluno da EJA com a escola e com o saber, pois quando há formação de um laço afetivo e uma interação entre o grupo, o processo de ensino-aprendizagem se torna mais efetivo e a permanência na escola, em sua maioria, é garantida.

Baseando seus estudos em teorias da Psicologia (Rogers, Piaget, Vygostky, Wallon e

outros) e também da Psicanálise (Freud e Kupfer ), os autores (2006) mantém que a

aprendizagem percebida converge à permanência. E ambas acontecem quando o professor

demonstra empatia pelos seus alunos, num clima afetuoso de profunda e incondicional

aceitação, levando-os a confiarem em si mesmos e tornando-os protagonistas de seu processo

de aprendizagem.

Dentre os resultados encontrados através de questionários e entrevistas gravadas, os

mesmos mostram que 70% dos alunos entrevistados revelaram abandonar seus estudos

anteriores devido à falta de afetividade e de interesse que as professoras demonstravam em

sua prática. Com relação à permanência, 85,7% responderam que pretendem terminar os

estudos na EJA e cursar o Ensino Médio porque se sentem incentivados pelas professoras.

Quando perguntados sobre o motivo pelo qual voltavam todos os dias à escola, 57%

respondeu que era pela amizade que sentiam pelas professoras e colegas, e os outros 43%

disseram que se devia à vontade de aprender (motivação). Desta forma, Costa et. Al. (2006)

afirmam que é possível comprovar que “[...] não se pode isolar o afetivo e o cognitivo como

se fossem duas dimensões distintas” (p. 21).

Já nos estudos realizados por Santos (2014, p. 3) junto ao Projeto Crescer Junto, em

Sergipe, o autor assevera que

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[...] a afetividade tem uma concepção mais ampla que engloba um componente orgânico, corporal, motor, plástico (emoção), um componente cognitivo, representacional (sentimentos) e um componente expressivo (comunicação), os quais dão sustentação às ações dos indivíduos. Ela cumpre o papel de fonte de energia para o funcionamento da inteligência e, apesar de não lhe modificar a estrutura, pode interferir no que se refere a acelerar ou retardar o desenvolvimento do processo de aprendizagem dos indivíduos.

As referidas investigações apontaram uma drástica queda na evasão escolar daquele

estabelecimento de infoinclusão: em 2011 o índice era de 66,7% e em 2012 os dados

apontaram para apenas 12,5%. Estes resultados foram alcançados através de uma mudança na

postura dos educadores, que através de encontros de formação continuada assumiram uma

postura de cativar o educando dentro de um contexto comunicacional participativo “[...]

acreditando que o caminho para a inclusão social do discente passa pela educação

conscientizadora” (Santos, 2014, p. 4). O trabalho aconteceu em três etapas: a elaboração do

diagnóstico do problema, a construção preliminar da proposta de trabalho propriamente dita, e

o desenvolvimento e complementação do processo com a participação de toda a comunidade

pedagógica da Instituição na implementação da proposta. A partir daí, tendo-se a participação

de todos e a dialogicidade como premissas, foram analisados os dados estatísticos da evasão.

O foco foi o atuar pedagógico e a intervenção principal aconteceu na qualidade das relações

entre educadores e educandos.

Sustentando-se principalmente em observações, mas também em entrevistas abertas,

no princípio o autor encontrou um cenário pouco animador.

Era comum nos jovens considerados em situação de risco social, a manifestação de um comportamento arredio e de baixa autoestima, os quais não realizavam as tarefas, não tinham zelo e acabavam se isolando; por outro lado, o professor entrava em sala esperando mais uma aula monótona e sem a participação dos alunos, ficando, portanto, em posição de defesa e agindo, até certo ponto, com relativa grosseria e prepotência. Na análise do comportamento dos professores, verificou-se que ministravam aulas muito técnicas e tediosas, acontecidas apenas no campo cognitivo, sem o estabelecimento, pois, de vínculos como expressão da afetividade, do mesmo modo que os alunos, por não estarem suficientemente motivados, acabavam por prejudicar as aulas com conversas paralelas até o abandono total de seus estudos na Instituição (SANTOS, 2014, p. 5).

Baseando-se na perspectiva teórica fundamentalmente social de estudiosos como

Piaget, Vygotsky, Freire e Wallon, a intervenção propôs que a afetividade professor-aluno,

enquanto elemento inseparável do processo de construção da aprendizagem deveria fazer-se

presente. Assim, a interação pedagógica passaria a conferir um sentido afetivo ao objeto de

conhecimento a partir das experiências vividas em sala de aula. Desta forma, os alunos

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passaram a sentir-se mais acolhidos e “[...] valorizados no ambiente de ensino, acreditando

que absolutamente todos se preocupam com eles, sua opinião e sua aprendizagem” (Santos,

2014, p. 6), sentindo-se o centro das atenções e não somente um número, ou mais um no meio

de tantos outros alunos.

“A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem. Não pode temer o

debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob pena de ser uma

farsa” (FREIRE, 1979, p. 104). A pedagogia freireana está baseada na dialogicidade, na

problematização, no afeto, em conhecer o educando e seus saberes prévios, respeitando suas

múltiplas dimensões, sejam culturais, sociais ou étnicas. O autor vai além, e assevera que, sem

diálogo, não há cognoscitividade. Mas o que é diálogo? O próprio Freire (1979, p. 114)

responde:

E que é o diálogo? É uma relação horizontal de A com B. Nasce de uma matriz crítica e gera criticidade. Nutre-se do amor, da humildade, da esperança, da fé, da confiança. Por isso, só o diálogo comunica. E quando os dois polos do diálogo se ligam assim, com amor, com esperança, com fé um no outro, se fazem críticos na busca de algo. Instala-se, então, uma relação de simpatia entre ambos. Só aí há comunicação.

Ora, para haver diálogo como genuína ferramenta pedagógica, faz-se necessário que

haja um verdadeiro interesse do educador pelo educando, empatia e afeto.

John Dewey (1859-1952), na obra “Vida e Educação”, diz que a escola deverá ser

encarada como um meio especial de educação, já que “[...] não se educa diretamente, mas

indiretamente, através de um meio social” (p. 24). O autor continua, dizendo que este meio

especial de educação deverá contar com uma preparação que atenda às condições para que a

criança cresça em saber, em força e em felicidade. Neste viés, coloca três características

fundamentais da escola: a) um ambiente simplificado, para que gradualmente a criança possa

conhecer seus segredos e nele participar; b) um meio purificado, trazendo felicidade aos

pequenos e livre dos aspectos maléficos do ambiente social; c) um local de integração, de

harmonização e de tolerância, onde os alunos formarão inteligências claras, tolerantes e

compreensivas. Desta forma, teremos uma escola que contribuirá para que a vida seja

“melhor, mais rica e mais bela.” (DEWEY, 1978, p. 32).

Gusdorf (1978, p. 4) situa os primeiros professores como “[...] sustentáculos da

verdade, guardiões da esperança humana” e herdeiros dos pais, a quem os pequenos

estudantes “transferem” o sentimento de proteção e prestígio.

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Todos os professores futuros, por maior que seja seu valor, não conseguirão o mesmo prestígio de que naturalmente se acha revestido o anjo a guarda do espaço escolar perante a criança que, pela primeira vez, transpõe com respeito, temor e tremor o limiar da escola. O professor é, pois, o herdeiro do pai [...] a devoção pelo professor exprime uma afirmação quase religiosa, dirige-se a um saber é simultaneamente sabedoria e posse dos segredos da vida (GUSDORF, 1978, p. 2-3).

É mágico e ao mesmo tempo preocupante pensar no tamanho da responsabilidade dos

educadores das séries iniciais, pois mais uma vez apresenta-se o afeto como fator de extrema

relevância para o processo de aprendizagem, que ali tem início, sendo que as experiências

anteriores do educando são afetivas em sua essência.

Corroborando com a ideia de educação dialógica de Freire (1979), Gusdorf (1978, p.

32) também apresenta o diálogo como o princípio “[...] aventuroso, durante o qual dois

homens de maturidade desigual confrontam-se, mas que cada um, a seu modo, dá testemunho

perante outro das possibilidades humanas”. O filósofo francês ainda chama a atenção para as

relações com a classe e para o acolhimento que o aluno recebe do professor, cuja palavra não

deverá ser para diante da classe, mas para dentro e com a classe, conceituando o ensino como

uma relação humana, antes de tudo. Nesta perspectiva, a educação se apresenta não somente

como formação intelectual, mas também como formação moral, humanizadora. Neste sentido,

apresenta a distinção entre o professor e o mestre: “O professor ensina a todos a mesma coisa;

o mestre anuncia a cada um uma verdade particular [...] o mestre contribui para uma tomada

de consciência da situação humana que desenha para cada um o horizonte de suas perguntas e

respostas.” (GUSDORF, 1978, p. 70).

Por último, mostra-se interessante também a pesquisa de Maria del Carmen Benítez

Hernández (2009), com respeito à inteligência emocional e de como esta se desenvolve na

escola (ou não). Segundo a autora mexicana, os conceitos de inteligência e emoção, que até

pouco tempo se considerava serem antagônicos, foram desmistificados em 1990 pelos

psicólogos americanos Salovey e Meyer, que definiram inteligência emocional como a

habilidade de atuar, de maneira sábia, nas relações humanas, levando-se em conta que temos

duas mentes: uma racional e outra emocional. Com respeito à aprendizagem, seus estudos

apontam para uma estreita relação entre o processo educativo e uma relação emocional entre

docente e aluno em interação como meio, aspecto ainda pouco presente nas escolas, nas quais,

segundo ela “No se ha valorado la dimensión instrumental de la afectividad” (HERNÁNDEZ,

2009, p. 99) e que o afeto nas escolas é ainda uma matéria pendente.

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CONCLUSÃO

A afetividade e a aprendizagem andam, há muito tempo, por caminhos distintos. Tem-

se, ainda, a ideia de que a afetividade deveria ter lugar na família e na relação com os amigos

mais próximos e que a escola é lugar de aprender, de conhecer, de ouvir, somente. Ainda

impera a “pedagogia do silêncio”. Afinal, aluno bem comportado e aplicado é aquele que fica

quietinho, que deixa a professora dar aula. Este é ainda o cenário da maioria das escolas: um

aluno sentado enfileirado atrás do outro, o centro do processo é o professor e todos estão ali

para adquirir conhecimento. O que se acaba de descrever é a “educação bancária” descrita por

Freire em Pedagogia do Oprimido (1987), na qual o educador deposita os saberes no

educando, como quem o faz em uma conta bancária, o qual os recebe passivamente.

Estudos (nem tão recentes) mostram, porém, que a afetividade é um grande aliado da

aprendizagem e que os seres humanos são feitos de emoções, e a partir delas agem e reagem.

A hipótese do filtro afetivo desenvolvida por Krashen (1987), embora tenha tido como alvo

estudos com aprendizes de uma segunda língua, aponta que um ambiente que não seja

afetuoso, que intimide e que não traga autoconfiança, poderá funcionar como uma barreira

para o aprendizado. Para haver genuína construção do conhecimento, é preciso haver diálogo,

como aponta Freire (1979), uma vez que somente através da problematização, da

dialogicidade e da amorosidade é que se constrói a cognoscitividade. Gusdorf (1978) também

sugere que o diálogo é o princípio fundamental da aprendizagem, dando ênfase à educação

básica, já que o primeiro professor ninguém jamais esquece, pois a ele é transferido todo o

prestígio que anteriormente cabia aos pais. O autor ainda chama a atenção para o fato de que

toda a bagagem de conhecimentos que levamos à escola está recoberta de emoções e afetos

vindos do seio familiar. Como é possível que se rompa esta forma de aprender?

Dewey (1978) afirma que aprendemos sempre, não somente na escola, já que a criança

chega ao ambiente escolar como um processo de experiência individual, um conjunto de

hábitos e produtos de seu passado.

Através dos estudos investigados, ainda que escassos, comprovou-se grande avanço no

processo de aprendizagem e no aumento da permanência escolar em uma escola municipal da

EJA no estado de São Paulo, e em uma instituição de infoinclusão para crianças em situação

de vulnerabilidade social no estado de Sergipe. Percebe-se que a afetividade e o interesse

genuíno pelo aluno e pelas suas emoções se apresentam como grandes aliados. Hernández

(2009) arrisca-se a dizer que a questão da afetividade e da inteligência emocional é ainda uma

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disciplina pendente na escola. As relações sociais na escola (e fora dela), ainda que educar

seja um ato social, se apresentam ainda frágeis e existe imensa dificuldade para lidar com as

emoções e com o próprio afeto. Talvez seja chegada a hora de a comunidade acadêmica voltar

seus estudos de uma maneira mais profunda à epistemologia do afeto.

REFERÊNCIAS CITTOLIN, S. F. A afetividade e a aquisição de uma segunda língua: a teoria de Krashen e a hipótese do filtro afetivo. 2010. Disponível em: http://www.dacex.ct.utfpr.edu.br/simone6.htm. Acesso em 24.01.2015. COSTA, A. C. de O.; REIS, K. C. dos e ARAÚJO, J. de. A afetividade nas relações professor-aluno: um estudo na Educação de Jovens e Adultos. 2006. Disponível em: https://www.ufpe.br/ce/images/Graduacao_pedagogia/pdf/2006.2/a%20afetividade%20nas%20relaes%20professor-aluno%20um%20estudo%20na%20educao%20de%20jovens%20e%20adultos.pdf. Acesso em 25.01.2015. DEWEY, J. Vida e educação. Tradução e estudo preliminar por Anísio Teixeira. 10ª edição. São Paulo: Edições Melhoramentos em convênio com a Fundação Nacional de Material Escola – Ministério da Educação e Cultura. 1978. FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. _________ .Pedagogia do oprimido. 17ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. FRANCA S.J., L. O método pedagógico dos jesuítas: o “Ratio Studiorum”: Introdução e Tradução. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora, 1952. GURSDORF, G. Professores para quê? Para uma pedagogia da pedagogia. São Paulo: Martins Fontes, 1978. HERNÁNDEZ, M. del C. B. La escuela y el desarrollo de la inteligencia emocional. Revista ISCEEM – Reflexiones en torno a la educación. Enero-junio 2009, 2ª época. México. Disponível em: <http://www.edomexico.gob.mx/Isceem/DOC/PDF/Revista%207.pdf>. Acesso em 26.01.2015. KRASHEN, S. D. (1987) Principles and Practice in Second Language Acquisition. Prentice-Hall International. Disponível em: <http://www.sdkrashen.com/content/books/principles_and_practice.pdf>. Acesso em 25.01.2015. PICOLOMINI, K. C. e SANTOS, M. R. dos. A inclusão dos surdos na educação superior numa perspectiva multicultural. Revista Expressão, Mossoró-RN, v. 41, n. 1, p. 47-57, jan./jul. 2010. Disponível em: http://periodicos.uern.br/index.php/expressao/article/viewFile/3/5 Acesso em 26/01/2015.

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SANTOS, F. M. Afetividade nada prática docente como forma de combater a evasão escolar: experiência com alunos do Instituto Luciano Barreto Júnior. 2014. Disponível em: http://www.grupouninter.com.br/intersaberes/index.php/cadernointersaberes/article/view/557/391. Acesso em 25.01.2015. SAVIANI, D. Escola e democracia. Campinas/SP: Autores Associados, 2008.

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IDEÁRIOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA EM TEMPOS DE CIBERCULTURA

Ana Paula Baldo, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –Câmpus

de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

Elisabete Cerutti, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –Câmpus

de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

Elisângela Cristina Beuren, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões –Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

Antonieta da Silva Caetano, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões –Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

RESUMO: o presente artigo apresenta as tecnologias como um aspecto contribuinte à prática pedagógica, sendo que o educador poderá, a partir das tecnologias digitais, fazer o paralelo entre a ação pedagógica e a sua vivência diária, bem como de seus educandos. Este ensaio busca defender a ideia da inclusão das tecnologias como ferramenta de construção de saberes e inserção de conhecimentos sociais e educacionais. O artigo apresentará em seu último capítulo nuances de como uma prática pode aderir às ferramentas das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) enquanto um aparato à ação pedagógica, tendo as TICs como aliadas a fim de facilitar e incrementar a ação do professor. As tecnologias apresentam um meio de inclusão social, pois estamos imersos de aparelhos que vêm com o objetivo de facilitar e tornar o acesso mais ágil. Apresentam-se os escritos a partir da situação que vivemos em uma sociedade cibercultural e a escola faz parte deste espaço, sendo ela uma das detentoras do poder de transformar informação em conhecimento.

CONTEXTUALIZANDO

A finalidade a qual este ensaio teórico destina-se é sobre a prática pedagógica,

enquanto fruto das promissoras mudanças sociais e culturais a qual a sociedade e,

consequentemente, a educação tem vivenciado.

Estamos inseridos em um processo histórico em que a escola faz parte desta sociedade

em constante transformação.

A Cibercultura vem sendo abordada, apresentando seus conceitos e sua influencia no

meio e na ação do docente, visto que os educados estão predestinados à inovação. Podemos

dizer, então, que a educação é associada à demanda das mudanças sociais, sendo que não mais

apenas uma prática estática suprirá as necessidades encontradas no ambiente escola e

extraescolar.

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Enquanto inovação é necessário ressaltar que neste momento histórico temos

inovações, conhecidas enquanto Tecnologias Digitais (TDs) que estão inseridas nas

Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), ligando que está última é um dos pontos

chave da cibercultura. Tal contexto imprime em nós, a necessidade de inovar na educação.

O propósito deste ensaio no que se refere a nuances, no sentido de que eles são

momentâneas e necessárias de serem inseridas aos alunos socialmente desenvolvidos e

conectados ao mundo das tecnologias.

Ao término deste artigo, serão apresentados, brevemente, exemplos de TICs que

podem ser utilizadas enquanto ferramenta pedagógica. São sugestões que familiarizam a

relação educando as atividades que tecem na vida diária das quais o educador e a escola estão

envolvidos, utilizando meios tecnológicos como recurso educativo, o que para nós são

também nuances de inovação.

Antes de fundamentar sobre o assunto tecnologias interligadas à educação precisa

salientar que não buscamos suprir o uso do quadro e do giz, mas sim inserir novas alternativas

de trabalho ao educador. A prática pedagógica não é substituída pelos meios eletrônicos,

apenas estes como uma possibilidade de melhorá-la enquanto educação, processo de formação

humana e social e caminhos para melhor interagir com os educandos com aulas mais atrativas

que propiciem participação e construção.

CARACTERIZANDO O CONTEXTO CIBERCULTURAL E A PRÁTICA

PEDAGÓGICA

Quando nos referimos às práticas pedagógicas, relacionamos estas à ação. Exercitar o

conhecimento se refere ao ato conduzir o conhecimento, então, prática pedagógica é a ação de

conduzir aprendizados.

Estamos vivenciando a metade da segunda década do Século XXI, não podemos

deixar de constatar que estamos inseridos em um espaço que denominamos ciberespaço. Este

é marcado por três princípios segundo Levy (1999) a interconexão (um contínuo sem

fronteiras, um universo por contato virtual), a criação de comunidades virtuais (ligadas por

interesses, mantêm relações de contato, são os motores, a vida diversa e surpreendente do

universo por contato) é a inteligência coletiva (trocas de ideias, informações, questionamentos

e respostas – a finalidade ultima dos três princípios).

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Os três princípios acima se inclinam para um fim em si mesmo: a autonomia e a

abertura para a alteridade. A Cibercultura é o universo sem totalidade e o ciberespaço surge

como ferramenta de organização de comunidades de todos os tipos e de todos os tamanhos em

coletivos inteligentes, que permitem que haja a interligação, que se articulem entre si.

Cada um dos três espaços constitui uma condição necessária à existência do outro,

pois não há comunidade virtual sem interconexões, não há inteligência coletiva em grande

escala sem virtualização ou deterritorialização das comunidades no ciberespaço. A

intercomunicação condiciona a comunidade virtual, que é uma inteligência coletiva em

potencial.

“(...) a organização do ciberespaço procede de uma forma particular do urbanismo ou da arquitetura”. “E “que” colocar a inteligência coletiva no posto de comando é escolher o novo a democracia, reatualizá-la por meio da exploração das potencialidades mais positivas dos novos sistemas de comunicação”. (LÉVY, 1999, p. 196).

Então, cabe à prática pedagógica inserir formas e meios para tornar essas informações

acessíveis e interessantes ao educando. Uma das alternativas que temos hoje enquanto

inovação são as TICs. Em particular o uso da Internet e dos materiais digitais na vida

cotidiana das pessoas otimiza para que seja aguçado o interesse dos educadores no sentido de

utilizar múltiplas potencialidades dos recursos digitais no trabalho pedagógico.

Analisando os termos da tecnologia permeados pelo decorrer histórico da humanidade

Castells (1999, p.71) alega que:

Segundo os historiadores, houve pelo menos duas revoluções industriais: a primeira iniciou-se pouco antes dos últimos trinta anos do século XVIII e a segunda, cerca de cem anos depois, cujo destaque é para o desenvolvimento da eletricidade e do motor de combustão interna. Nesses dois momentos, fica claro um período de rápidas transformações tecnológicas e sem precedentes. “Um conjunto de macroinvenções preparou o terreno para o surgimento de microinvenções nos campos da agropecuária, indústria e tecnologia”

Em tempos de cibercultura, em que todos estão inseridos na sociedade digital, na

sociedade do fácil acesso à rede mundial de computadores, muitas ações mudam, desde o

simples fato dos nossos dados estarem em um sistema que pode ser acessado em diversos

locais do mundo a fim de facilitar o acesso a eles, como pelo fato das informações estarem

socialmente direcionados à oportunidade de construir conhecimentos a partir delas. Assim,

também, inova a educação, a aprendizagem dos alunos, os professores e tudo isso é formado

pela prática pedagógica que deriva de uma formação docente.

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A finalidade maior da Cibercultura é a propagação dos conhecimentos a todos de

forma virtualizada, ou seja, conhecimento aliado aos meios de comunicação de acesso ao que

este tem interesse e domínio, sem deixar de lado as relação virtualizadas e as interconexões

que tornam as demais relevantes e ponderantes mediante o espaço em que vivemos. A

organização das relações virtuais formam um conjunto de informações coletivas, que a partir

da utilização desta cultura, e intelectualmente, permite que haja a interligação, ou seja,

articulação entre si.

Situados em relação à sociedade virtual e ao ciberespaço em relação à construção do

conhecimento, estamos intrinsecamente rodeados pelos meios tecnológicos.

Diante da realidade social posta sobre utilização das TICs e das TDs, em que os

aparatos tecnológicos permeiam as comunicações, a interatividade, a pesquisa e a realidade, é

preciso considerar que tais questões chegaram, também, na relação entre professor, aluno e

aprendizagem. O ambiente escolar é integrante desta sociedade do qual emerge a utilização

das TDs de forma que os processos educativos não se dissociam das relações vivenciadas

extra-ambiente escolar.

O educador, ciente deste contexto de inovar as práticas educativas atua em prol de

modificar estruturas pré-estabelecidas e que não mais suprem por si só processo de ensino-

aprendizagem, no qual o educador atua estimulando os alunos para a criatividade, para a

autonomia e partindo das ideias de que os conhecimentos dos alunos são úteis e colaborativos,

atuando como troca de experiências e informações.

Quanto ao educador cabe a necessidade de rever sua ação e investigar maneiras

inovadoras de trabalho entre o conteúdo e a aprendizagem, em que conscientemente liga seus

conhecimentos, com os dos alunos indo além de uma atitude passiva de reprodução dos

conhecimentos, é sim, autonomia no processo de aprendizagem. Isso pode atuar

favoravelmente com a inserção das TICs às atividades escolares, envolvendo a participação

social dos aluno e professores para que possam usufruir dos benefícios, da inclusão digital e

do acesso às novas tecnologias quando colocadas de forma favorável à aprendizagem. Nesse

sentido vem agregar a consideração de Freire:

Penso que a educação não é redutível à técnica, mas não se faz educação sem ela. Não é possível, a meu ver, começar um novo século sem terminar este. Acho que o uso de computadores no processo de ensino/aprendizagem, em lugar de reduzir, pode expandir a capacidade crítica e criativa de nossos meninos e meninas. Depende de quem o usa, a favor de quê e de quem, e para quê. Já colocamos o essencial nas escolas; agora podemos pensar em colocar computadores. (FREIRE, 1995, p.98).

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Para que estas tecnologias que estão no ambiente escolar e em nossa vida sejam um

instrumento favorável na educação é preciso que haja mais diálogo entre educador, prática

pedagógica e aparato tecnológico para então utilizar as TICs como uma opção de aula

interativa em que de fato o meio tecnológico faça parte do planejamento de aula. O educador,

também, precisa estar consciente que mais do que simplesmente utilizar o aparelho eletrônico

em seu planejamento, é preciso saber manuseá-lo a favor das aulas, pois o aparato tecnológico

não deve apresentar-se como um fim em si mesmo, mas como um meio de comunicação entre

o conteúdo e a aprendizagem.

A ideia de Kenski (2001), referenciando sobre o assunto tecnologias tece que:

O espaço virtual é um canal interativo de múltiplas aprendizagens e a interação, a cooperação e a colaboração on line, são indispensáveis para que não se percam os fins educativos deste espaço virtual. As redes possibilitam que mesmo em lugares distantes, estejamos próximos, não apenas em relação a outro usuário, mas com relação a sons, imagens tridimensionais, vídeos entre outros.

Visto a partir desta reflexão que somente a tecnologia está disponível de fato não é a

resposta para as perguntas acima elencadas. É necessário que durante os processos de

aprendizagem, as relações humanas, que comandam e movem os seres.

Segundo Freire, (1995) a educação associada à tecnologia não é apenas um

instrumento a ser utilizado a favor da educação, mas sim utilizada enquanto mediadora do

conhecimento, da prática pedagógica e da realidade social e cultural em que a escola se

encontra.

A introdução de ferramentas tecnológicas nas escolas evidencia desafios e

questionamentos acerca de seu uso no processo de mediação do ensino-aprendizado. Para que

o uso de tecnologias torne-se democrático é de fundamental importância entendê-los e superá-

los reconhecendo o seu uso, suas potencialidades, a realidade em que a escola esta inserida,

assim, proporcionando, ampliando e mediando o trabalho pedagógico.

As invenções sempre fizeram parte da vida humana, seja pela descoberta do fogo ou

pelas Tecnologias Digitais, elas sempre modificaram e continuam a mudar a vida humana, o

“inventar” traz a mudança, a revolução, aguçando um novo fazer e um novo ver dos inventos

e das formas de vida.

[...] a educação nos últimos cem anos, passou por um desenvolvimento que se caracteriza por uma revisão de conceitos e de técnicas de estudo, à maneira, dir-se-ia, da transformação operada na arte de curar – a medicina – quando se emancipou

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da tradição, do acidente, da simples 'intuição' e do empirismo e se fez, como ainda se vem fazendo, cada vez mais científica”. (TEIXEIRA, 1977, p. 44).

Para o autor, a educação é uma arte. “E arte é algo de muito mais complexo e de muito

mais complexo que uma ciência” (p. 44). Nesta perspectiva, a arte consiste em modo de

fazer, que implica no conhecimento da matéria com que se está lidando, em métodos e no

modo de realizar determinada atividade.

Em todos os elementos da sociedade, a informação passa a ter aspecto central, e sua

disponibilidade cresce exponencialmente em todos os instantes. O acesso à informação é

aspecto fundamental para o indivíduo ser considerado informado, especialmente em relação

às informações que são vinculadas nos mecanismos eletrônicos. A globalização enraizou

diferenças entre nações, aumentando o abismo social entre as privilegiadas e as menos

favorecidas. O acesso à informação permite que se crie mecanismos para que as sociedades

cresçam nos aspectos sociais, culturais, políticos, econômicos e educacionais oportunizando a

consolidação de uma sociedade com cidadania ativa.

IDEÁRIOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA NA SOCIEDADE CIBERCULTURAL

Tendo como objetivo primordial da prática pedagógica o ensino, está atrelado às

demandas encontradas pela escola, pelas quais busca-se um aprendizado emancipatório e que

inclua os envolvidos em torno do processo de aprendizagem, assim sendo:

Inclusão consiste em adequar os sistemas sociais gerais da sociedade de tal modo que sejam eliminados os fatores que excluíam certas pessoas do seu seio e mantinham afastadas aquelas que eram excluídas. A eliminação de tais fatores deve ser um processo continuo e concomitante com o esforço que a Sociedade deve empreender no sentido de acolher todas as pessoas, independentemente de suas diferenças na diversidade humana.” (SASSAKI, 2002, p.21)

Com acesso aos meios tecnológicos, o educador terá uma atuação mais próxima da

realidade dos educados constatando, assim, que a educação também é um conjunto de ações

que busca relacionar realidade e possibilidades de aprendizado.

Incluir digitalmente, não é apenas inserir aparelhos digitais no espaço escolar, mas sim

oportunizar e desenvolver atividades úteis à vida, pois os meios digitais estão em todos os

espaço dos quais vivenciamos, desde passar um cartão de crédito, assistir a um filme,

pesquisar na internet, entre tantas outras atividades que são utilizados os meios eletrônicos

para facilitar e agilizar a vida humana.

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Então, estar inserido em uma cultura digital, é saber manusear os aparelhos enquanto

necessidade e facilitadores da vida humana. Tendo a cibercultura como uma forma de definir

o que temos em relação à facilidade e rapidez que as informações estão disponíveis ao acesso

humano, consideramos que a finalidade maior dos princípios ciberculturais é a inteligência

coletiva, ou seja, a informação direcionada e de livre acesso.

Assim, com a inteligência coletiva partimos do pressuposto que os alunos possuem

acesso às informações, chegam ao ambiente escolar repletos de um enxurrada de informações,

É neste espaço cibercultural, que um educador, que recebe seus alunos necessita ter uma

prática pedagógica.

Mediante os novos paradigmas que norteiam a ação do professor, é preciso ter clareza

de que com o emaranhado de informações que está disponível na rede e quando o educando

tem acesso a estas ele tem a possibilidade de transformar informação em conhecimento por

seu próprio desejo de descobrir. Porém julga-se que é no espaço escolar que as informações

passam a sediar o conhecimento, ou seja, que no ambiente da escola o professor transforma os

saberes socialmente recebidos em construção sólida de conhecimento.

Com este olhar sobre as tecnologias temos um aprendizado significativo e uma prática

associada à vida que os educados têm fora do ambiente escolar. Quando as tecnologias são

utilizadas como uma ferramenta que melhora a aprendizagem, estas têm sim, em si, um cunho

pedagógico, pois facilitam ao educador cativar a atenção dos educandos e aos educandos

aprenderem a tornar um processo prazeroso.

Não há como não relacionar que os meios digitais são de uso misterioso para alguns,

quando isso acontece, deve-se ter clareza que para a utilização dos mesmos é necessária à

pesquisa, de como utilizá-los. Ou seja, é preciso conhecer a bula para então ministrar o

medicamento.

Quando os alunos deparam-se com uma aula que a eles é comum, está gera

internamente um desejo que motiva a aprender, assim facilitando tanto a construção do

conhecimento quanto a elaboração de novas aprendizagens.

Muitas opiniões divergem sobre a utilidade destes meios no espaço escolar, quanto a

esta questão nota-se que é necessário inserir meios novos para atrair nossos educandos que

são de uma geração que possui ritmo e forma de conduzir os acontecimentos bem particulares

e para muitos, difíceis de compreender. Para esclarecer está geração que temos hoje enquanto

educandos da Educação Básica, observa-se que o “Z” vem de “zapear”, ou seja, trocar os

canais da TV de maneira rápida e constante com um controle remoto, em busca de algo que

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seja interessante de ver ou ouvir ou, ainda, por hábito. “Zap”, do inglês, significa “fazer algo

muito rapidamente” e também “energia” ou ”entusiasmo”.

Como deveríamos chamar estes “novos” alunos de hoje? Alguns se referem a eles como N-gen [Net] ou D-gen [Digital]. Porém a denominação mais utilizada que eu encontrei para eles é Nativos Digitais. Nossos estudantes de hoje são todos “falantes nativos” da linguagem digital dos computadores, vídeo games e internet (PRENSKY, p.4, 2001).

É neste ritmo de aceleração, de necessidade de interação que temos uma geração que é

ao mesmo tempo conectada e isolada. Em que, muitas relações sociais correm o risco de

serem midiatizadas sem contato real.

Tudo isso atrelado à forma como estão inseridos no mundo de muitas informações

encontramos então a geração da agilidade, que busca suas relações muitas vezes pelos

aparelhos digitais, que neste artigo aparecem enquanto um dos facilitados educacionais.

A indagação que não quer calar é a de como esta prática pedagógica atua mediante as

situações diversas de acesso e construção das informações em conhecimento.

A resposta pode ser respondida de diversas formas. Talvez não haja respostas prontas

para este momento que vivemos, talvez seja mais simples do que possamos imaginar, mas

hoje já supomos que isto parte de um processo de educação que tem as ferramentas digitais

enquanto alicerce do professor e não como algo contra o educador.

Considerando as informações e uma prática bem organizada e elaborada a partir das

interações entre professor, aluno, tecnologia, aprendizagem, humanização é preciso sim, uma

prática interdisciplinar que integre vida social e educacional, então sim, utilizando as

ferramentas tecnológicas como mais uma possibilidade de acesso à construção do

conhecimento.

NUANCES DE INSTRUMENTOS PARA UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA

INTERATIVA

Já tendo definido o que é uma prática pedagógica, em que espaço ela se encontra e

quais são os sujeitos inseridos, neste momento de forma breve apresentaremos algumas

sucintas possibilidades de trabalho interativo.

Primeiramente interativo tem-se, segundo dicionário Priberam (2015) como

fenômenos que reage uns sobre os outros, que são dotados de interatividade, suporte de

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comunicação que favorece uma permuta com o público, ou seja, processo em que há

interação, movimento e ação com e sobre algo.

O processo interativo associa-se ao contato do aprendente com o objeto, ou conteúdo a

ser estudado. As ferramentas tecnológicas aparecem enquanto um objeto a ser manipulado

para obter a essência de algo.

Muitos meios são citados quando busca-se sobre aprendizagens interativas. Jogos

propriamente ditos, são riquíssimos em interação, basta o professor atrelar o conteúdo

estudado em sala de aula a um jogo disponível em rede que pode ser utilizado como revisão e

reforço do estudado até então.

Uma técnica muito utilizada, porém não mais tão inovadora, é a apresentação dos

professores para os alunos com os conteúdos presentes em “Power point”. Podemos utilizar

este programa como uma forma do professor apresentar os conceitos, bem como, o aluno

apresentar o que ele aprendeu, ou pesquisou. Caso o educador desejar algo mais interativo e

que obtenha mais atenção por parte dos alunos há o programa Prezzi, que além de texto, é

possível inserir imagens diretamente da internet e tem efeitos durante a apresentação, além do

que este fica salvo em rede e o aluno pode compartilhar com mais pessoas o que ele produziu.

A nuvem de palavras é uma instrumento de revisão de estudos que serve tanto para o

coletivo como para reforço individualizado, visto que, o que se pesquisa nos conteúdos já

estudados, o aluno revê os mesmos e utiliza-se da escrita para sintetizá-lo.

Para o trabalho escrito, produções com alunos são mesmo ideais. Este instrumento

pode ser utilizado na construção com o aluno, pode ser mantido um responsável para atualizar

(ou todos, ou o educador), podem ser postados conteúdos complementares do que os alunos

estão aprendendo para que em casa possam acessar mais informações, como também pode ser

um meio de divulgação de apostas pedagógicas de sucesso de uma instituição.

Os blogs, pouco ainda utilizados como ferramenta de trabalho do professor permitem

o processo de interação, ao que o aprendente lê e faz suas contribuições, além do que

apresenta as próprias produções e pode demonstrá-las em qualquer espaço do qual ele tem

acesso à internet.

As famílias podem acompanhar o desenvolvimento escolar do filho, contribuir com

apreciações e, ainda, socializar. Os blogs permitem que seja realizada uma apresentação

interdisplinar dos aprendizados, pois uma ação ligará a outra, além do que desperta a

motivação nos envolvidos.

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Com as produções a partir do blog, o professor tem como acompanhar a escrita, a

leitura e interpretação de texto, além do que trabalhar a questão da preservação do meio

ambiente sendo que no blog estarão disponíveis leituras, imagens, obras a serem utilizadas

pelos alunos, sem necessitar a impressão das mesmas.

Na medida em que os alunos vão interagindo com este material, pode-se avaliar o

manuseio da tecnologia, as produções, o interesse, a criatividade e as inúmeras possibilidades

de inovação que os alunos fazem a partir da ferramenta inserida nas TICs como um atrativo

educacional em que é possível aprimorar a prática sem deixar de lado valores.

Acima foram citados alguns exemplos que podem ser utilizados como meios para o

educador aprimorar sua prática pedagógica e incrementar sua ação com instrumentos de vida

cotidiana sua e de seus alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para findar, considero que no decorrer do texto pautaram-se ideários de uma proposta

inovadora ao docente, inserindo formas de tornar sua prática mais próxima da vivencia e

interesse diário de seus alunos.

Visto que a educação é um processo social e a comunicação um dos objetivos da

educação, pauta-se que inserir tecnologias da informação e comunicação no espaço escolar

oportunize aos alunos desenvolver aprendizagens a partir do que lhes é comum.

Os aparelhos tecnológicos nos permeiam em diversas situações diárias, desde a

televisão, computadas até como ferramenta que facilita a vida humana como caixas

eletrônicos, leitor de barras em mercados, cartão de crédito entre muitos outros instrumentos

de ação diária.

Este artigo propõe uma inovação à prática docente inserindo meios para facilitar a

mesma. Bem como justifica-se durante os escritos, não é um propósito de substituir, mas sim

de ter os meios tecnológicos como mais uma ferramenta de uso para o educador.

Uma ferramenta que visa facilitar a vida do aluno e do professor, pois facilita a

construção do conhecimento, a produção. O professor pode acompanhar o desenvolvimento

ao mesmo tempo em que o aluno interage e aprende novas técnicas úteis aos estudos e à vida.

Assim sendo, busquei neste espaço, sugerir meios para melhorar a prática docente

acentuando a familiaridade com a vida diária e proporcionar um planejamento dinâmico e

inovador.

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REFERÊNCIAS CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: a era da informação: economia, sociedade e cultura. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. FREIRE, Paulo. A Educação na cidade. São Paulo, Cortez Editora, 1995. KENSKI, V. M. Pessoas conectadas, integradas e motivadas para aprender... em direção a uma nova socialização na educação. 24ª Reunião Anual da ANPED. Caxambu/MG. Grupo de Trabalho : educação e comunicação – DEZ ANOS, p. 11-32, 2001. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999 PRENSKY, MARC. Nativos Digitais Imigrantes Digitais. De On the Horizon NCB University Press, Vol. 9.No. 5, Outubro 2001. Disponível em: https://docs.google.com/document/d/1XXFbstvPZIT6Bibw03JSsMmdDknwjNcTYm7j1a0noxY/edit?pli=1. Acesso em 10 fevereiro.2015 SASSAKI. Paradigmas da Inclusão. Revista Inclusão, out. 2002. TEIXEIRA, Anísio. Educação e o mundo moderno. 2ªed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1977. 245.

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O MUNDO NANO(TECNOLÓGICO): UMA REVOLUÇÃO INTERDISCIPLINAR

EM ANDAMENTO - O QUE TEMOS A APRENDER?

Carmem Regina Cocco, Professora na Escola Estadual de Educação Básica Sepé Tiarajú e

no Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (NEEJA) de Frederico Westphalen –

Brasil. E-mail: [email protected]

Ricardo Cocco, Professor na URI Câmpus Frederico Westphalen; Técnico em Assuntos

Educacionais na UFSM Câmpus Frederico Westhalen, Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMO: nanotecnologia é uma ciência multidisciplinar. Áreas como a eletrônica, engenharias, medicina, trabalham junto com físicos, matemáticos, químicos, biólogos, etc. Desta união surgem inovações que poderão contribuir para a resolução de muitos dos problemas que a sociedade enfrenta atualmente. A escala nano pode ser utilizada em diversos âmbitos da vida humana. Entre as principais aplicações em potencial da nanotecnologia estão os nanomedicamentos, indústria automotiva, nanomedicina, indústria têxtil, nanocosméticos e área ambiental. As implicações decorrentes deste novo conhecimento ainda são uma incógnita, o que torna indispensável um intenso debate ético, político e econômico para que a evolução científica não se transforme numa involução humana. PALAVRAS-CHAVE: Nanotecnologia, Revolução científica, Riscos e Potencialidades.

INTRODUÇÃO: O QUE É “ESSA” NANO CIÊNCIA?

A escala nano é considerada hoje uma revolução na ciência, e pode ser utilizada em

diversos âmbitos da vida humana. A nanotecnologia é, verdadeiramente, uma ciência

multidisciplinar. Várias áreas como a eletrônica, engenharias, medicina, estão trabalhando

junto com físicos, matemáticos, químicos, biólogos, etc. Desta união estão resultando

inovações que poderão contribuir para a solução de muitos dos problemas que a sociedade

enfrenta atualmente. As implicações decorrentes deste novo conhecimento ainda são uma

incógnita, o que torna indispensável um intenso debate ético sobre o assunto para que a

evolução científica não se transforme numa involução humana.

A nanotecnologia não é algo fictício ou criado pela fértil imaginação humana. O termo

nanotecnologia é utilizado para descrever a criação, manipulação e exploração de materiais

com escala nanométrica, que têm por meta a compreensão e o controle da matéria em escala

nano e o conhecimento da natureza na organização da matéria átomo por átomo, molécula por

molécula para construir estruturas mais complexas como, dispositivos eletrônicos ou mesmo

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nanorrobôs capazes de carregar fármacos para o combate a células cancerígenas ou fabricação

de tintas inteligentes.

Cabe entendermos a definição que dá nome a esta ciência: o nanômetro (abreviado

como nm) é um metro dividido por um bilhão ou seja, 1 nm é igual a 10-9m. Somente para se

ter uma ideia de tamanho, um fio de cabelo tem cerca de 100 x10-6m sendo que 0,1mm de

diâmetro é 100.000 vezes maior que um nanômetro. "Nano" é um prefixo que vem do grego

antigo e significa "anão". Tente imaginar uma praia começando em Salvador, na Bahia, e indo

até Natal, no Rio Grande do Norte. Pegue um grão de areia nesta praia. Pois bem, as

dimensões desse grão de areia estão para o comprimento desta praia, como o nanômetro está

para o metro.

Fonte: http://www.tecmundo.com.br/amd/2539-o-que-e-nanotecnologia-.htm

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Assim, quando se fala de 1 nanômetro, refere-se a um fator de 10-9 do metro, ou seja,

um bilionésimo do metro: 0,000 000 001m. Esse tamanho é aproximadamente 100 mil vezes

menor do que o diâmetro de um fio de cabelo, 30 mil vezes menor que um dos fios de uma

teia de aranha ou 700 vezes menor que um glóbulo vermelho1.

É algo muito difícil de imaginar. Mesmo cientistas que trabalham com átomos todos

os dias, precisam de toda sua imaginação e muita prática para se familiarizar com quantidades

tão pequenas.

Mas quando começou esta revolução? Considera-se como o marco inicial da

nanotecnologia, como ciência, o famoso discurso do Físico americano Richard Feynman,

onde em 1959 propunha que na escala nanométrica haveria muitas coisas a serem descobertas

e muitas propriedades novas. Nas décadas de 80 e 90 do século passado, um grande esforço

de químicos e físicos em todo mundo, conduziram ao desenvolvimento de novos materiais e

novos métodos de síntese, que foram avaliados com os novos microscópios de força atômica e

de transmissão, daí houve a possibilidade de descobertas de novas propriedades e estruturas,

que levaram a uma revolução científica e a uma corrida no sentido de compreender e dominar

o nanomundo.

Quando se discute a nanotecnologia, pode-se pensar que a mesma é recente, o que

pode ser verdade em relação ao nome. A escala nano sempre esteve presente na vida das

pessoas, porém pouco se sabia ou ainda se sabe. Ainda no século V Leucipo de Mileto

desenvolveu a teoria de que “tudo seria composto por partículas extremamente minúsculas,

indivisíveis e invisíveis a olho nu”, os átomos. Desde então, não foi só a ciência que avançou

na direção do entendimento das relações entre tamanho e propriedades, vários processos

artesanais antigos se assemelham com os nanoprodutos de hoje. Um exemplo típico foram os 1 Conforme cartilha sobre Nanotecnologia da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial, p. 11.

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pigmentos feitos à base de metais (ouro, cobre e ferro) que serviram para construir os vitrais

de catedrais da Europa. As espadas das guerras possuíam compostos da carbono semelhantes

aos nanotubos de carbono, o que lhes conferiam uma dureza excepcional.

A nanotecnologia está presente em exemplos bem práticos e notáveis na natureza. Um

efeito muito interessante creditado à presença de nanoestruturas é o chamado efeito lótus, que

ocorre em muitas folhas de plantas. A presença das nanoestruturas faz com que a superfície

fique super-hidrofóbica (tendência a repelir a água). Como resultado, tem-se que a água não

escorre, mas, literalmente, “rola”. As lagartixas podem andar nas superfícies do jeito que bem

entenderem: de cabeça para cima, de cabeça para baixo ou de lado. Tais animais têm essa

“autonomia decisória” porque em suas patas existem nanoventosas, que acabam

proporcionando uma fortíssima adesão nas mais diferentes superfícies (alvenaria, plásticos,

vidros, metais etc.). Existem estruturas em escala nanométrica, denominadas nanoestruturas

nas asas da borboleta azul e nas penas do pavão, que, ao interagir com a luz, modulam o

índice de refração causando interessante efeito óptico, no qual a cor muda com o ângulo de

observação ou iluminação. Por fim, podemos citar os nossos dentes, graças à presença de uma

organizada nanoestrutura, possuem elevada resistência mecânica, o que permite a mastigação

de alimentos sólidos e duros. Como visto, vários fenômenos associados à escala nano na

natureza fazem parte do cotidiano, apesar de muitas vezes não nos darmos conta disso.

2 AS POTENCIALIDADES DA NANOTECNOLOGIA

Entre as principais aplicações em potencial da nanotecnologia, podemos encontrar os

nanomedicamentos. A aplicação da micro e nanotecnologia para o desenvolvimento de

medicamentos inteligentes tem recebido grande interesse por parte da comunidade científica e

de empresas dos setores farmacêutico, veterinário e de biotecnologia, pois permitem a

produção e comercialização de medicamentos mais eficazes e seguros. As pesquisas nesta

área concentram-se: (i) o domínio de tecnologia de produção de biofármacos pela tecnologia

recombinante associando estes produtos a micro e nanocarreadores visando otimizar a cinética

de liberação ou atingir um alvo específico; (ii) o estudo de biocompatibilidade e de

biossegurança de nanomateriais desde as etapas de produção, logística de estudos pré-clínicos

e clínicos e comercialização; (iii) aplicação de nanomedicamentos na prevenção e tratamento

de doenças de grande impacto econômico e social e condução de estudos clínicos em

humanos e animais.

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Na nanomedicina um dos ramos mais promissores tem se voltado em boa parte a

esforços científicos na busca de novos tratamentos para doenças como o câncer e a AIDS.

Estas pesquisas são diretamente beneficiadas pelos avanços em biologia molecular e em

nanorrobótica. Os cientistas já almejam a construção de nanorrobôs que viajam através da

nossa corrente sanguínea para levar medicamentos a áreas especificas do corpo ou ate mesmo

trabalhar na reparação de tecidos danificados por lesões ou problemas crônicos de nosso

organismo. Na medicina, a nanotecnologia promete revolucionar também, com o

desenvolvimento de medicamentos revolucionários (COCCO, 2008). Por exemplo, “os

medicamentos podem ser acopladas à nanopartículas magnéticas, estas nanopartículas (com o

medicamento) seriam injetadas na corrente sanguínea, e com o auxilio de um imã, a droga

poderia ser encaminhada diretamente no local do organismo que necessitaria deste

medicamento” (NASCIMENTO, 2008) diminuindo os efeitos colaterais pesados do

tratamento de câncer. Para além disso, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) monitorou o

sangue dos atletas brasileiros nos Jogos de Londres. Pelo menos 50 competidores forma

submetidos quase que diariamente a uma coleta sanguínea para "potencializar o desempenho"

da delegação. Pela nova tecnologia, basta apenas um pequeno corte no dedo para "mapear" o

atleta. Nesta área ainda, um trabalho conjunto de pesquisadores da Universidade Federal de

Minas Gerais (UFMG) e de profissionais do Centro Nacional de Biopreparados (Biocen), de

Cuba, está resultando em uma inovadora tecnologia para rápido diagnóstico de bactérias.

Na área da eletrônica os nanotubos de carbonos são fundamentais pois podem ser

usados na confecção de dispositivos eletrônicos, como transistores e diodos, como emissores

de elétrons para televisores, como sensores de gases e sensores biológicos e quando

misturados a outros materiais, como os polímeros e fibras, modificam dramaticamente suas

propriedades mecânicas e elétricas.

Na indústria têxtil, adicionar funcionalidades aos tecidos é uma outra área de grande

interesse da nanotecnologia. Os polímeros condutores representam uma classe de materiais

com características interessantes para potenciais aplicações na nanotecnologia. Estes podem

combinar as propriedades mecânicas e processabilidade dos polímeros convencionais com um

comportamento elétrico, ótico e magnético semelhante ao dos metais e semicondutores

inorgânicos. Também a indústria têxtil, já está criando tecidos que não amassam, não sujam e

não pegam cheiro e no âmbito da alimentação, em mais de 500 produtos que contêm aditivos

sintéticos na escala nano.

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Na área dos nanocosméticos partículas estão diminuindo de tamanho. E são

classificados como nanocosméticos quando contêm estruturas organizadas e menores que

999(nm) nanômetros. Essa tecnologia significa incorporar princípios ativos (vitamina C,

antioxidantes e estimuladores de colágeno, etc) em partículas muito pequenas. Assim, eles

passam através das barreiras da pele, penetram mais profundamente e têm a sua ação

garantida. Por atingir camadas mais profundas, os produtos com nanotecnologia

potencializam a ação de hidratar, prevenir e proteger a pele. Outras aplicações de

nanotecnologia já estão presentes em nossos dias, tais como a utilização de nanopartículas em

filtros solares. Nanopartículas são utilizadas para absorver radiação ultravioleta do sol,

evitando assim problemas como câncer de pele. Existem inúmeros outros exemplos em que a

nanotecnologia está modificando as tecnologias atuais, resultando em produtos com superior

desempenho. Uma nova maneira de transportar para dentro da pele uma substância cosmética

já amplamente utilizada em cremes antienvelhecimento, através da nanotecnologia, pode

tornar mais eficiente o combate às rugas. Sem dúvida a incorporação de materiais

nanoestruturados em produtos do dia a dia já é uma realidade.

Na área ambiental, nanotubos de carbonos também estão sendo usados para a

fabricação de membranas. Estas, feitas com nanotubos de carbono e silício poderão, além de

inúmeras outras aplicações, serem uma forma mais eficiente de realizar a dessalinização da

água ou até mesmo, poderão funcionar como uma espécie de membrana celular, que é

responsável por regular o tráfego de substâncias para o interior e o exterior das células, um

elemento fundamental em todos os processos vitais.

Com o surgimento de uma enorme variedade de nanomateriais, espera-se também a

solução para muitos problemas, inclusive os ambientais. Por exemplo, a criação de uma

nanotoalha de papel que será capaz de auxiliar na solução das consequências de um dos mais

graves problemas de poluição dos mares: o vazamento de petróleo.

Como visto, a nanotecnologia tem um vasto campo de aplicações, dentre eles também

com o uso de nanotubos de carbono. Por apresentarem propriedades eletrônicas, ópticas,

magnéticas e mecânicas são facilmente usados na confecção de diferentes tipos de

dispositivos como sensores de gases ou biológicos, carreadores de moléculas orgânicas ou

fármacos, emissores de elétrons para televisores, pontas de microscopia de força atômica

(AFM), entre outros. Os nanotubos quando misturados a outros materiais, modificam suas

propriedades mecânicas, o que faz com que os mesmos sejam usados na engenharia, como

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dopantes de concreto e ligas metálicas, suporte para catalizadores, (MORTARI et. al., 2010)

na obtenção de membranas para filtração, aditivos para polímeros, nanopinças, músculos

artificiais. Além disso, estudos mostram que materiais a base de nanotubos de carbono podem

apresentar uma resistência de 10 a 100 X a resistência do aço. Além disso compostos a base

de carbono apresentam baixa densidade, resultando em materiais altamente resistentes, leves e

por apresentarem alta resistência a tensões e a temperaturas, ideais para aplicações em

indústrias aeroespacial e automobilística a longo prazo.

É muito difícil saber exatamente quantos produtos obtidos por nanotecnologia ou que

contêm nanotecnologia embarcada estão sendo comercializados atualmente no mundo. Um

detalhamento dos dados do projeto PEN (Project on Emerging Nanotechnology) da Woodrow

Wilson (EUA) mostra que a categoria onde aparecem mais produtos é a “Saúde e Fitness”,

dentro da qual temos: vestuário, cosméticos, filtros, cuidados pessoais, artigos esportivos e

protetores solares.

O crescimento do consumo de cosméticos no Brasil coloca o país como o terceiro

maior mercado consumidor de produtos de higiene e beleza do mundo, de acordo com dados

da Euromonitor, atrás apenas dos Estados Unidos e Japão. Dentre eles, pigmentos para tintas,

secadores de cabelo, lápis, produtos para tratamento de água, esterilizadores de água,

cosméticos, palmilhas.

É difícil fazer uma estimativa de quantos produtos com nanotecnologia existem

atualmente, por exemplo, no mercado cosmético mundial, porque não há obrigatoriedade

legal de informar a presença de nanopartículas em cosméticos (Devido às possibilidades

toxicológicas, ainda não conhecidas, é urgente que se elabore leis que informem os possíveis

riscos de sua utilização). Também pode ocorrer de a empresa indicar na embalagem que o

produto contém partículas de dimensão nanométrica, sem, contudo, verificar o tamanho da

partícula.

É importante ter noção que novos produtos estão incorporando nanotecnologia e

surgindo todos os dias. Tecidos mais resistentes, cosméticos de penetração profunda, LCDs e

outras conveniências usando nanotecnologia estão no mercado. Antes de nos darmos conta,

veremos dúzias de outros produtos que possuem vantagem da nanotecnologia, abrangendo

desde microprocessadores a bionano baterias, capacitores de apenas uns poucos nanômetros

de espessura. Embora isso seja excitante, é apenas a ponta do iceberg de como a

nanotecnologia vai nos impactar no futuro.

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Porém, sabe-se até então, que os produtos estão sendo comercializados em todo o

mundo, mesmo antes de se ter uma legislação específica para sistemas contendo

nanoestruturas. No entanto, a ciência anda num compasso diferente do comercial. Enquanto a

indústria chega com inúmeros lançamentos, a academia está preocupada com a toxicidade do

produto. Devido às empresas estarem preocupadas com um maior número de produtos a

serem vendidos, acabam por não dar tanta importância a essa toxicidade.

Setor Tipo de Produto/Observações

Energia Sistemas fotovoltáicos; células solares; grids de energia; baterias; pás para geradores eólicos.

Iluminação LEDs baseados em quantum dots para iluminação pública, domiciliar e automobilística.

Automobilístico Pinturas especiais (não riscam, autolimpantes); catalisadores para conversores catalíticos para gases de escapamento; eletrônica embarcada; tecidos antibacterianos.

Esportes Raquetes de tênis (nanotubos de carbono); roupas esportivas antitranspirantes e antibactericidas; calçados para esportes; quadros para bicicletas; tacos de golf; luvas para esportes.

Tecidos Tecidos resistentes à sujidades (efeito lótus); tecidos antibactericidas; tecidos técnicos e não tecidos.

Embalagens Embalagens com propriedades de barreira (umidade, gases), à base de nanocompósitos; embalagens inteligentes, sensíveis a gases de decomposição de alimentos; recipientes bactericidas (prata) para guardar alimentos perecíveis.

Cosméticos Protetores solares; produtos para recuperação da pele; produtos contendo cores físicas (índice de refração); produtos para maquiagem.

Fármacos Novas formas de administração de fármacos (nanoemulsões e nanopartículas); drug-delivery; terapia de cânceres.

Fonte: http://www.abdi.com.br/Estudo/Cartilha%20nanotecnologia.pdf

3 POSSÍVEIS RISCOS E QUESTÕES ÉTICA

A nanotecnologia trouxe junto com suas descobertas, novos materiais com

propriedades químicas e físicas especiais. O crescente uso no campo de aplicações, nos

ambientes de trabalho e no meio ambiente, associados à exposição as partículas nanométricas

levam a cuidados especiais referentes à nanotecnologia. Uma questão a ser compreendida é a

interação das nanopartículas. Uma possível toxicidade seria creditada intrinsecamente a quê?

Tal questão, ainda não tem resposta de forma satisfatória, o que aponta para a necessidade de

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mais estudos. Há poucos estudos ainda relacionados aos efeitos citotoxicológicos no

organismo e ao meio ambiente. O estudo de qualquer problemática vinculada à

nanotecnologia insere-se, desde o início, numa polêmica reconhecidamente forte, tanto por

suas consequências quanto pelo que afeta a relação entre natureza e cultura. “As implicações,

sobretudo, no campo do debate ético, legal e social são de tal relevância, que o estudo da

intervenção das nanotecnologias representa, por si só, um desafio que não apavora, mas atrai,

por seu ineditismo” (SILVA, 2003, p.88).

Portanto, com os estudos realizado até agora se sabe que os sistemas desenvolvidos

com nano, além de carregar, aumentam, por exemplo, a penetração cutânea dos princípios

ativos dos cosméticos. Cabe, também, às empresas adotar princípios éticos informando

didaticamente a composição e os possíveis riscos do produto e não só os benefícios aos

usuários. Ao utilizar um cosmético em que ainda se desconhece os riscos, primeiramente

observar se ele possui o registro na ANVISA, que faz inúmeros testes para regulamentar e

aprovar a distribuição dos produtos no mercado e, segundo, adotar o chamado Princípio da

Precaução. Além disso, a ausência da certeza científica formal, a existência de um risco de um

dano sério ou irreversível requer a implementação de medidas que possam prever este dano.

Trocando em miúdos: na dúvida, muito cuidado no uso da nova tecnologia.

Mas ainda acreditamos que o desafio mais imediato na nanotecnologia é que nós

precisamos aprender mais sobre materiais e suas propriedades na nanoescala. Universidades e

corporações de todo o mundo estão estudando rigorosamente como os átomos se encaixam

para formar grandes estruturas. Nós ainda estamos aprendendo como a mecânica quântica

impacta as substâncias à nanoescala. Como os elementos em nanoescala se comportam de

maneira diferente do que eles fariam em sua forma principal, há uma preocupação de que

algumas nanopartículas possam ser tóxicas.

Considerando as aplicações discutidas e os conceitos básicos da nanotecnologia,

podemos agrupar seus riscos potenciais em três categorias: riscos para a saúde e o ambiente

devido a nanopartículas e nanomateriais; riscos pela fabricação de moléculas, riscos sociais e

militares. A mera presença de nanomateriais (materiais que contêm nanopartículas) não é, por

si só, uma ameaça. Somente se certas propriedades de determinadas nanopartículas forem

perigosas para seres vivos ou para o ambiente é que esses materiais realmente representariam

um perigo real.

Os riscos inerentes à introdução de novas tecnologias exigem um diálogo constante

com a sociedade civil, que é quem sofre os riscos, mas nem sempre recebem os benefícios

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resultantes da nanotecnologia. Também a indústria, área acadêmica e o governo deveriam

ouvir o público, num sistema de comunicação em duas vias. Entre outros problemas que

deveria ter maior envolvimento da sociedade nesta área destacam-se as decisões sobre

alocação de recursos para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e a avaliação de projetos e seu

monitoramento. Isto exigiria a promoção e a explicitação de diálogo sobre a escala de valores

e as diferentes opções sociais. Deve ser exigido, particularmente nas áreas de saúde,

segurança do trabalho, privacidade e preservação do meio ambiente, um acordo sobre os

referenciais éticos, o respeito à dignidade humana, autonomia, a obrigação de não ferir e fazer

o bem (riscos versus benefícios).

As mesmas características que tornam as nanopartículas interessantes do ponto de

vista de aplicação tecnológica podem ser indesejáveis quando essas são liberadas ao meio

ambiente. O pequeno tamanho das nanopartículas facilita sua difusão e transporte na

atmosfera, em águas e em solos, ao passo que dificulta sua remoção por técnicas usuais de

filtração. Pode facilitar também a entrada e o acúmulo de nanopartículas em células vivas. De

modo geral, sabe-se muito pouco ou nada sobre a biodisponibilidade, biodegradabilidade e

toxicidade de novos nanomateriais. A contaminação do meio ambiente por nanomateriais com

grande área superficial, boa resistência mecânica e atividade catalítica pode resultar na

concentração de compostos tóxicos na superfície das nanopartículas, com posterior transporte

no meio ambiente ou acúmulo ao longo da cadeia alimentar; na adsorção de biomoléculas,

com consequente interferência em processos biológicos in vivo; numa maior resistência à

degradação (portanto, maior persistência no meio ambiente) e em catálise de reações químicas

indesejáveis no meio ambiente. Evidentemente, cabe avaliar continuamente as tecnologias em

desenvolvimento do ponto de vista do seu potencial de risco, buscando conscientemente

soluções e alternativas que eliminem ou minimizem os possíveis danos ao meio ambiente ou à

saúde, principalmente daqueles que manipulam nanopartículas em nossos laboratórios

(QUINA, 2004).

É preciso que haja acompanhamento constante dos resultados e a preocupação em

avaliar os impactos negativos que porventura possam ocorrer. Há quem ache conveniente

evitá-los, pois as nanopartículas uma vez no corpo humano fogem ao controle, assim como no

solo e na água. O importante é a verificação do registro desses nanoprodutos e sua aprovação,

para posterior comercialização. Enfim, a nanotecnologia não é coisa do futuro, ainda que

próximo, mas uma realidade presente e deve passar não somente pelo crivo científico, mas

impreterivelmente pelo crivo ético e político.

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Um dos aspectos a ser considerado é a implicação econômica da tecnologia nano. Isto

porque a apropriação deste conhecimento pode resultar no aumento das desigualdades entre as

pessoas, visto que o patenteamento destas descobertas pode reduzir o acesso da humanidade a

esta revolução. Ela pode ser usada como uma forma de controle social e político por que parte

da humanidade pode ficar dependente destes produtos nano e eles, então, estarem nas mãos do

capital privado e usado não em benefício de todos, do público, mas para o crescimento do

próprio capital.

As pesquisas e descobertas nesta área podem criar um mercado muito lucrativo. E

antes mesmo da comprovação dos possíveis efeitos colaterais a proliferação desta tecnologia,

considerada por muitos até salvacionista, tende a conquistar muitos consumidores que buscam

a solução imediata para diversos problemas que assolam a humanidade atual.

Estimasse que o conhecimento gerado pela nanotecnologia poderá vir a incrementar na

economia cerca de 1 trilhão de dólares nos próximos anos. Isto quer dizer que muito dinheiro

estará envolvido nestas pesquisas e nos resultados, o que pode corromper tais pesquisas ou

direcioná-las segundo interesses particulares.

O caráter interdisciplinar e multidisciplinar garante à nanotecnologia status de uma

tecnologia plenamente inovadora, podendo, se bem conduzida, trazer benefícios

inimagináveis a todos as áreas do conhecimento humano. No entanto, é preciso criar um

controle político, social e técnico que fiscalize a evolução das pesquisas, das aplicações e

experiências que envolvam a nanotecnologia a fim de evitar desvios de conduta deste

conhecimento em favor do interesse do capital privado. Estes conhecimentos devem ser de

domínio público e por isso o controle público também é imprescindível, pois eles precisam

estar a serviço da humanidade e não apenas de uns poucos.

REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL. Cartilha sobre Nanotecnologia. Disponível em: http://www.abdi.com.br/Estudo/Cartilha%20nanotecnologia.pdf. Acessada em: 05/06/2012. COCCO, C. R. Determinação de resíduos de catalizadores em nanotubos de carbono. 2008. 80f. Dissertação (Mestrado em Nanociências) – Curso de Pós- Graduação, Centro Universitário Franciscano, Santa Maria, 2008. MORTARI, S. R.; COCCO, C. R.; BARTZ, F. R.; DRESSLER, V. L.; FLORES, E. M. DE M.; Fast digestion procedure for determination of catalyst residues in La- and Ni-based carbon nanotubes. Analytical Chemistry, Vol.82, 4298-303, 2010.

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USO DE TIC COMO MEDIADORA E CONSTRUTORA DA APRENDIZAGEM, NA

FORMAÇÃO DE UMA INTELIGÊNCIA COLETIVA

Elisângela Cristina Beuren, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguiai e das

Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

Mariana Balestrin, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguiai e das Missões-

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

Neusa Maria John Scheid, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguiai e das

Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

Antonieta da Silva Caetano, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguiai e das

Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

Ana Paula Baldo, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguiai e das Missões- Câmpus

de Frederico Westphalen, Brasil, [email protected]

RESUMO: o artigo como um todo aborda um tema muito discutido atualmente, o uso das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) no processo de ensino e aprendizagem e o significado de inteligência coletiva sob a ótica de Piérre Lévy. Para tanto, inicialmente, investigou-se a obra desde autor. Pretende-se com isso, contribuir para a epistemologia do tema e ampliar a discussão subsequente. PALAVRAS-CHAVE: TIC. Aprendizagem. Inteligência coletiva.

INTRODUÇÃO

A utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) na didática

escolar, sobretudo com base no paradigma construtivista contribui para a formação do

desenvolvimento crítico e autônomo, permite cooperação de trabalho, na construção de

conceitos e incentiva a transdisciplinaridade.

No tempo atual, vivemos em um amplo processo de transformação no que tange à

comunicação e à informação. A sociedade apresenta-se mutável, os saberes circulam de modo

imediatista e há uma crescente necessidade de busca pela informação. O espaço educativo

também se insere nesse contexto de mudanças, provocadas pela incessante introdução de

ferramentas tecnológicas que possibilitam a disseminação da informação.

Ao usar as TICs como ferramentas didáticas pedagógicas envolve-se uma série de

complexidades, obrigando a mobilização de saberes multidisciplinares, onde os alunos se

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apropriam de diferentes variáveis pedagógicas e tecnológicas para produzir conhecimento por

intermédio da informação.

Caminhamos para uma nova fase no processo ensino-aprendizagem, os alunos

apresentam características diferentes do passado, tendem a ser imediatistas, todos podem se

comunicar com todos por meio das mídias, a informação é compartilhada de forma rápida, o

mundo físico se traduz no virtual.

[...] Quanto melhor os grupos humanos conseguem se constituir em coletivos inteligentes, em sujeitos cognitivos, abertos, capazes de iniciativas, de imaginação e de reação rápidas, melhor asseguram seu sucesso no ambiente altamente competitivo que é o nosso. Nossa relação material com o mundo se mantém por meio de uma formidável infraestrutura epistêmica e de software: instituições de educação e formação, circuitos de comunicação, tecnologias intelectuais com apoio digital, atualização e difusão contínua [...]. (LÉVY, 2007, p.19).

Através do uso das mídias podemos ampliar a aprendizagem, o conhecimento, os

valores, a visão de mundo e de espaço, contribuindo para a formação de um ser cidadão,

consciente e sensibilizado para com a sociedade. E nesta nova sociedade do conhecimento,

onde o trabalho coletivo ganha espaço, norteado pela introdução da tecnologia da informação

e da comunicação, que possibilita a formação de uma rede de relações, de colaborações, de

pessoas interligadas para formar conhecimento, não de modo isolado, mas sim, de modo

coletivo, em um espaço coletivo, compartilhando saberes e experiências.

Segundo Lévy (2007, p.30), a inteligência coletiva é “[...] uma inteligência distribuída

por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada e mobilizada em tempo real”. Nesse

sentido, inteligência coletiva não se restringe a um grupo restrito, ela se distribui a todos os

indivíduos envolvidos em uma relação.

Aprender no tempo atual, não é tarefa fácil, os estudantes necessitam de disposição

para enfrentar os obstáculos acerca do desconhecido. O conhecimento é produzido de forma

efetiva quando se parte de conceitos prévios, colocando-se em prática conceitos e

assimilações, indagando-se as dúvidas e buscando a solução dos questionamentos, assim se

estabelecem novas relações e permite-se que se aprenda aquilo que ainda não se sabe.

Para que o espaço escolar se torne um local de aprendizagens significativas, se faz

necessário a integração entre professor e aluno, onde esses dois elementos estejam atuantes e

presentes, permitindo-se, assim, o processo de ensino-aprendizagem.

O professor é essencialmente importante para estimular o estudante a se reconhecer

como ser ativo e formador de conhecimento. No tempo em que vivemos a mídia adquiriu

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papel fundamental para a comunicação e propagação de conceitos e conhecimentos prévios e

científicos, nesse sentido precisam-se classificar as informações. O professor não é mais o

único detentor do conhecimento e nem tão pouco o transmissor, o aluno precisa aprender,

assimilar e gerir as informações para que assim se efetive a aprendizagem.

Ao se pensar no professor como agente facilitador do processo de ensino-

aprendizagem, que procura usar TICs como ferramentas de apoio, para tornar suas aulas mais

atrativas e investigativas, trilhando um cenário que transforme o modo de se aprender e de se

ensinar por intermédio do uso de ferramentas inovadoras, ele passa a ser construtor de

conhecimento.

A escola também deve ser aberta aos novos métodos de aprendizagem, aberta para si e

para a comunidade em que está inserida, escola entendida como um local democrático, que

assegure a aprendizagem, que visualize o estudante como um ser em desenvolvimento e que

considere aspectos sociais, culturais e suas necessidades. O espaço escolar também deve

oferecer um projeto de construção social, para que junto da informação se construa

conhecimento de forma efetiva e permanente.

2 A VIRTUALIDADE NA ATUALIDADE, EDUCAÇÃO E TIC

As discussões sobre a educação na contemporaneidade são cada dia mais visíveis e

evidenciam a importância de um processo formativo contínuo, no qual os saberes pedagógicos

necessitam contemplar uma nova concepção sobre o uso das tecnologias na educação. É

necessário, através de um novo fazer, mudanças nas práticas pedagógicas com vista a

consolidar o processo de ensino-aprendizagem.

No tempo atual, a escola deve interagir com os diversos espaços da sociedade, onde o

aprender e o ensinar não estão mais em locais fixos, e sim em interação de espaços e de

saberes diversos, assim, pode-se efetivar o processo de ensino-aprendizagem, em uma

sociedade mutável a todos os instantes.

A mediação digital remodela certas atividades cognitivas fundamentais que envolvem a linguagem, a sensibilidade, o conhecimento e a imaginação inventiva. A escrita, a leitura, a escuta, o jogo e a composição musical, a visão e a elaboração das imagens, a concepção, a perícia, o ensino e o aprendizado, reestruturados por dispositivos técnicos inéditos, estão ingressando em novas configurações sociais. (LÉVY, 1998, p.17).

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Vivemos na era das tecnologias onde muitas vezes o mundo real se confunde com o

virtual. Cabe à escola encontrar mecanismos de aproximação com o campo tecnológico,

principalmente como naquele que tange às TICs, permitindo aproximação, interação e

equilíbrio do universo tecnológico com o universo escolar, para que assim, se possa ampliar,

melhorar e concretizar uma aprendizagem efetiva, construcionista e cidadã.

Segundo Lévy (1998, p. 53) “A informatização quase sempre é acompanhada de uma

tentativa para ampliar o campo do possível à custa do virtual”. O surgimento e o uso das TICs

não serviram apenas como ferramenta para a comunicação, mas permitiu e influenciou uma

nova forma de organização dos indivíduos que estão inseridos em uma nova sociedade, onde a

modernidade, a agilidade na comunicação, a busca incessante por conhecimento e

informação, a diminuição das fronteiras entre as pessoas, a cada dia ganham mais espaço e

valor.

A cibercultura provocou e vem provocando mudanças por seu impacto significativo

sobre a cultura e o cotidiano das pessoas e possibilita reorientação das perspectivas sociais,

econômicas, científicas e políticas.

O avanço provocado pelo uso de ferramentas tecnológicas está relacionado com o

surgimento de uma nova linguagem, que influencia e possibilita novas práticas socioculturais,

com novas formas de pensar, de agir e de construir conhecimento.

Ao redefinir algumas atividades cognitivas modifica-se nossa apreensão do mundo,

institui uma nova era antropológica, assim como a invenção da escrita mudou o contexto da

história. Entre as invenções que mobilizaram as transformações sociais, econômicas e

políticas, destaca-se a criação da prensa para impressão desenvolvida por Johann Gutenberg

(1400-1468).

As atividades cognitivas tendem a ser estimuladas com o uso das TIC e na interação

com coisas, objetos e com o meio, desenvolvemos competências.

Por meio de nossas relações com os signos e com a informação adquirimos conhecimento. Em relação com os outros, mediante iniciação e transmissão, fazemos o saber. Competências, conhecimento e saber (que podem dizer respeito aos mesmos objetos) são três modos complementares do negócio cognitivo, e se transformam constantemente uns nos outros. Toda atividade, todo ato de comunicação, toda relação humana implica um aprendizado. (LÉVY, 2007, p. 27).

Nesse sentido, podemos relacionar o pensamento de Lévy com a teoria darwiniana,

onde as populações se adaptam e interagem para permanecer no meio, os mais aptos

permanecem e os menos aptos são eliminados ou desfavorecidos. No tempo atual, esta relação

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seria entre a população e a informação, caso não ocorra atualização e propagação de

conhecimento, o meio pode tornar-se desfavorável para o indivíduo inserido na sociedade

atual.

O conhecimento pode ser entendido como um processo de construção social, onde a

construção de saberes é ampliada e favorecida pela participação social em ambientes de troca

e de interação, possibilitando o crescimento de todos os indivíduos envolvidos.

A aprendizagem norteada pela relação de troca permite ampliar o processo de ensino-

aprendizagem, pois o aluno aprende a trabalhar em um sistema de cooperação, onde todos os

envolvidos possuem como condição a interação, a troca de informação, o crescimento

intelectual e a possibilidade de construir conhecimento a partir destas relações.

Neste contexto, o aluno torna-se construtivista, pois passa a buscar informações para

construir um novo conhecimento, que supere o já conhecido, aprofundando suas interações e

relações cognitivas. A formação cognitiva esta relacionada ao modo de o indivíduo ser, de

agir, de estar aberto e relacionar-se com o meio em que está inserido.

O papel do professor nesse espaço seria o de mediar e o de orientar, a produção e

formação de conhecimento, indicando materiais disponíveis em rede, links, aplicativos, o uso

de ferramentas como a web 2.0, onde o aluno possa interagir e formar conhecimento, por

intermédio de uma atividade dirigida e construtora, com possibilidade de ampliar a

aprendizagem para outros segmentos da sociedade perpassando assim o espaço escolar.

A elaboração e a participação de atividades geradoras e construtoras de conhecimento

vão além do envolvimento para com a atividade específica, pois permite-se amplitude quanto

ao trabalho e aos objetivos a serem alcançados, a partilha de saberes, a construção e a

efetivação da aprendizagem de modo colaborativo.

Atividades instigantes que induzem à pesquisa, à partilha e à comunicação podem

auxiliar os alunos a tornarem-se construtores de conhecimento, a desenvolver autonomia,

pensamento crítico e formação da cidadania ativa e, nesse sentido, as TIC tornam-se

importantes para a educação.

As TICs são fundamentais para que ocorra propagação da informação e que a partir

delas se produza conhecimento, num espaço novo, com desafios novos, onde o ciberespaço é

a fonte para a formação de um saber coletivo, em que as relações entre os indivíduos

contribuem para a formação de todos os seres envolvidos.

De acordo com os pressupostos de Lévy (1998, p.32), “reconhecer essas

transformações nem por isso significa prever a substituição das antigas tecnologias pelas

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novas”. A utilização de TIC não substituirá o papel do professor, nem será a salvação para a

educação, mas poderá ser utilizada como mecanismo de auxílio para a construção de uma

nova forma de aprender. O professor não perderá seu papel perante seus alunos, mas passará a

utilizar ferramentas da atualidade para tornar suas aulas mais atrativas e vinculadas à

realidade do aluno.

3 APRENDIZAGEM E INTELIGÊNCIA NA COLETIVIDADE

O uso de ferramentas tecnológicas como as ofertadas pela Web 2.0 possibilita a

interação de todos os indivíduos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, e nesta

relação se estabelece uma ligação onde todos podem interagir, compartilhar e cooperar com a

formação de saberes diversos.

A Web 2.0 qualifica-se enquanto ferramenta interativa que torna o ambiente online

mais dinâmico, além de permitir que os usuários contribuam na organização dos conteúdos

disponíveis em rede, diferente de enciclopédias virtuais, nas quais os internautas

disponibilizam e editam informações, sem que as mesmas sejam analisadas e filtradas. Com a

utilização da Web 2.0, o usuário passa de simples coletor de informações para construtor de

conteúdos.

O uso de ferramentas da Web 2.0 tem sido usado para diversas finalidades, dentre elas,

como mecanismo para potencializar as práticas pedagógicas. Com a disseminação da Web,

Lévy propôs o conceito de Inteligência Coletiva.

A inteligência coletiva está intimamente ligada com as funções cognitivas, como as

relacionadas à memória, aprendizagem e a percepção e pode ser potencializada com o uso de

ferramentas tecnológicas que permitem a partilha de informações, a cooperação por todos os

envolvidos e a competição. A inteligência coletiva desenvolveu-se por intermédio da

evolução da linguagem, quanto mais ideias tendem a ser disseminadas, maior será a amplitude

de mecanismo intelectual, cultural, social e coletivo.

A inteligência coletiva só tem início com a cultura e cresce com ela. Pensamos, é claro, com ideias, línguas, tecnologias cognitivas recebidas de uma comunidade. Mas a inteligência culturalmente constituída não é mais fixa ou programada como a do cupinzeiro ou da colméia. Por meio de transmissão, invenção e esquecimento, o patrimônio comum passa pela responsabilidade de cada um. A inteligência do todo não resulta mais mecanicamente de atos cegos e automáticos, pois é o pensamento das pessoas que pereniza, inventa e põe em movimento o pensamento da sociedade. (LÉVY, 2007, p. 31).

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Nesse sentido, a inteligência coletiva pode ser entendida como uma forma de pensar e

de compartilhar a informação para que se produza conhecimento por intermédio de

ferramentas ou recursos, como os ofertados pelas TICs.

Segundo Lévy (2007, p.28) a inteligência coletiva “é uma inteligência distribuída por

toda parte, incessantemente valorizada em tempo real, que resulte em uma mobilização

efetiva das competências”. Na inteligência coletiva o indivíduo pode usar ferramentas

tecnologias para compartilhar informações que estão a sua disposição, assim, pode-se

fortalecer o processo de ensino-aprendizagem apoiado-se na interação e em atividades

colaborativas.

A internet e as diversas formas de TIC tendem a auxiliar a comunicação e a

informação. A informatização quase sempre é acompanhada de uma tentativa para ampliar o

campo do possível à custa do virtual, em uma sociedade que em muitos momentos está

distante do real, em um espaço pairado pelos novos avanços tecnológicos, onde os saberes se

espalham quase que instantaneamente e se faz necessário atualizações frequentes quanto ao

uso de TICs, para que não se fique “atrasado” e desconectado das novas formas de se

comunicar e também de se aprender.

O intelectual coletivo é uma espécie de sociedade anônima para a qual cada acionista traz como capital seus conhecimentos, suas navegações, sua capacidade de aprender e de ensinar. O coletivo inteligente não submete nem limita as inteligências individuais; pelo contrário, exalta-as, fá-las frutificar e abre-lhes novas potências. Esse sujeito transpessoal não se contenta em somar as inteligências individuais. Ele faz florescer uma forma de inteligência qualitativamente diferente, que vem se acrescentar às inteligências pessoais, uma espécie de cérebro coletivo ou hipercórtex. (LÉVY, 2007, p.94).

Na educação usa-se a inteligência coletiva quando se inserem ferramentas como as

ofertadas pelas TICs, que propiciam troca de informação, permitindo-se assim, a formação de

um novo saber, construído ou reconstruído a partir de saberes prévios.

Mas o que é saber? Não se trata apenas, é claro, do conhecimento científico – recente, raro e limitado –, mas daquele que qualifica a espécie: Homo sapiens. Cada vez que um ser humano organiza ou reorganiza sua relação consigo mesmo, com seus semelhantes, com as coisas, com os signos, com o cosmo, ele se envolve em uma atividade de conhecimento, de aprendizado. (LÉVY, 2007, p.121).

Segundo Lévy (2007, p. 29) inteligência está em toda parte, e possibilita a formação

de uma rede de saber, onde todos podem compartilhar suas vivências, atitudes, colaborações e

informações para que se produza um novo conhecimento, a partir de conhecimentos prévios e

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partindo do pressuposto que [...] “Ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa, todo o saber

está na humanidade. Não existe nenhum reservatório de conhecimento transcendente, e o

saber não é nada além do que o que as pessoas sabem” [...].

O saber é fundamental para o crescimento de um indivíduo, o conhecimento pode ser

compartilhado e partilhado de modo rápido, e esta relação proporciona aprendizado e

possibilita a formação de uma nova sociedade do saber.

O espaço do saber começa a viver desde que se experimentam relações humanas baseadas nesses princípios éticos de valorização dos indivíduos por suas competências, de transmutação efetiva das diferenças em riqueza coletiva, de integração a um processo social dinâmico de troca de saberes, o qual cada um é reconhecido como uma pessoa inteira, não se vendo bloqueada em seus percursos de aprendizado por programas, pré-requisitos, classificações a priori ou preconceitos em relação aos saberes nobres ou ignóbeis. (LÉVY, 2007, p.28).

No passado a informação era algo restrito e, muitas vezes, necessitavam-se longos

deslocamentos para se ter acesso à informação. No tempo atual, a informação circula na

palma de nossa mão, com o uso e a popularização de equipamentos eletrônicos que permitem

a comunicação de modo rápido, isto provocou e vem provocando mudanças no modo de

comunicação e nas relações humanas. As escolas não estão fora desse processo, os alunos

estão “conectados” ao virtual, cabe à escola e aos professores encontrar formas de gerir esta

nova sociedade do saber. A escola esta em processo para o novo, para o mundo das TICs e

talvez tenha que se manter constantemente nesse processo.

Aprender é entra no mundo do outro. Mas ao mesmo tempo em que aprender, ou seja, transforma-se, o sujeito pensante reduz permanentemente o estrangeiro a si, transforma o outro em si, de tal modo que o estrangeiro deixa de ser aprendido como tal e torna-se necessário abrir novamente um caminho para fora. (LÉVY, 2007, p.99).

Nesta perspectiva, aprender não é somente somar conceitos, mas, reformular seus

próprios meios de aprender, produzindo assim, mais conhecimento. O conhecimento quando

compartilhado pode tornar-se mais complexo, amplo, com muitos significados e

principalmente construcionista.

A educação torna-se construcionista quando um aluno passa a ser entendido como um

ser social, construtor de conhecimento que está em um espaço social e que possui relações no

ambiente e com o ambiente no qual esta inserido, que pode usar todos os elementos sociais e

de comunidade para trocar ideias, gerir conhecimento e questionar problemas a serem

resolvidos.

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CONCLUSÃO

Diante do exposto, se faz necessário ressaltar que o uso de TICs como ferramenta

pedagógica deverá ser entendido e utilizado como complemento de construção de

conhecimento, que vai auxiliar no pensamento autônomo e crítico, na reflexão, na ação

cognitiva e na mediação e promoção da aprendizagem. Educação não consiste em transmitir

conhecimentos prontos, mas em propor aos educandos situações que possam ser investigadas

para que se permita o desenvolvimento das atividades intelectuais e que assim, se consiga

atingir um denominador comum, o conhecimento, gerado e produzido pela transmissão de

informação.

O educador, que está mediante este processo de construção e socialização do seu

conhecimento, tem a oportunidade de gerar novos aprendizados de forma a atender as

demandas sociais e humanas, ou seja, realiza um processo de emancipação social e intelectual

a partir da sua própria vivência.

Para Lévy (2007, p.134) “no espaço do saber, a identidade do indivíduo organiza-se

em torno de imagens dinâmicas, imagens que ele produz por intermédio de exploração das

realidades virtuais das quais participa”. Nesse sentido, a aprendizagem torna-se significativa e

construtora, onde os alunos possam aprender fazer e pensar, tornando-se sujeitos críticos,

autônomos e como formação cidadã.

A escola apresenta papel muito importante para com a sociedade, pois ela é

responsável pela formação de indivíduos com olhar crítico e com formação cidadã, o papel da

escola não é só transmitir conhecimento, é formar conhecimento e ensinar para a vida, vida

em sociedade e em comunidade.

Com o avanço tecnológico e da cibercultura, tem-se a convicção de que podemos

adquirir diversas informações e cultura e que o uso de tecnologia vem revolucionando a

sociedade e principalmente a educação com a introdução de novos métodos possíveis para

potencializar a aprendizagem.

No Espaço do saber, cada descoberta é uma criação. A comunidade pensante que “nomadiza” no Espaço do saber não se deixa por céu algum, nem esquadrinhar por nenhum sistema de categorias transcendentes. [...] No Espaço do saber, conhecer é, em um mesmo movimento, redefinir sua identidade, observações e modificações configurações dinâmicas, entregar-se a uma dialética da avaliação, da decisão e da reavaliação permanente dos critérios de avaliação. (LÉVY, 2007, p.175).

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Nesse sentido, o espaço do saber ocorre no coletivo, na contemporaneidade, com

interações, partilha e cooperação, características de um novo saber, de uma nova inteligência

em um espaço novo, atual e moderno, uma inteligência coletiva.

[...] O problema da inteligência coletiva é descobrir ou inventar um além da escrita, um além da linguagem tal que o tratamento da informação seja distribuído e coordenado por toda parte, que não seja mais o apanágio de órgãos sociais separados, mas se integre naturalmente, pelo contrário, a todas as atividades humanas, volte às mãos de cada um. Essa nova dimensão da comunidade deveria, é claro, permitir-nos compartilhar nossos conhecimentos e apontá-los uns para os outros, o que é condição elementar da inteligência coletiva. [...] (LÉVY, 2007, p.17-18).

Lévy (2007, p. 209) afirma que a inteligência coletiva “não adia a felicidade para mais

tarde”. [...] “A inteligência coletiva não possuí inimigos”. [...] “Não busca dominação alguma,

mas mil germinações. Tende a dar vida à maior variedade de existentes”.

Nesse cenário de modificações reais e virtuais, cresce a responsabilidade dos

professores quanto ao uso e aos critérios de transmissão da informação, a fim de que se forme

conhecimento, conhecimento real e não virtual.

REFERÊNCIAS LÉVY, P. A inteligência coletiva: Por uma antropologia do ciberespaço. 5ed. São Paulo: EDIÇÕES LOYOLA, 2007. ______. Cibercultura. (Trad. Carlos Irineu da Costa). São Paulo: Editora 34, 2009. ______. A máquina universo. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

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A INFÂNCIA E AS TECNOLOGIAS: PROPOSTAS DE REFLEXÕES

Elisiane Andreia Lippi, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões–

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

Arnaldo Nogaro, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões–Câmpus

de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

Estela Mari Santos Simões, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões–Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

Manoelle Silveira Duarte, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões–

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a infância e o uso das tecnologias pelas crianças, a fim de trazer à tona reflexões que contemplem as influências causadas pela adoção das tecnologias nas brincadeiras e no cotidiano infantil e resgatar o conceito de infância. Por oferecer informações rápidas e entretenimento, as tecnologias têm influenciado muito no cotidiano das crianças do século 21. Assim, através desta pesquisa bibliográfica, buscou-se retratar como a infância é vista atualmente no que tange às influências das tecnologias nas brincadeiras e também no cotidiano infantil. Ao abordar o assunto, pode-se concluir que as tecnologias influenciam de forma ampla na maneira de brincar da criança na atualidade, o que exige controle dos pais no acompanhamento e restrição de tempo para o uso das tecnologias como um todo.

PALAVRAS-CHAVE: Infância. Tecnologias. Brincar. INTRODUZINDO O TEMA

O grande avanço das tecnologias e a sua disseminação através da globalização tem se

tornado alvo das pesquisas atuais no que tange a interação do ser humano com as mesmas. No

mesmo viés, a infância está atraindo cada vez mais pesquisadores interessados em analisar a

sua história, desde seu surgimento até os tempos atuais, englobando, neste período, a era

tecnológica.

Com a conectividade, as relações entre a criança e o meio em que vive se tornam mais

intrínsecas. Através dos meios de comunicação, as crianças divertem-se descobrindo uma

gama de curiosidades, exploram outros países, interagem com pessoas do mundo todo através

dos jogos online, enfim, então sempre prontas para pesquisar e estar ligadas ao que acontece

no mundo todo, a todo instante.

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Da mesma maneira em que utilizam os meios eletrônicos para a comunicação e a

interação imediata, a forma de brincar da criança do século 21 também passa por mudanças

que podem ser favoráveis ou não para o desenvolvimento integral da infância.

Com a evolução das tecnologias acontecendo a todo o momento e tão rapidamente na

vida da sociedade, que tem por si só um ritmo acelerado, fica claro que este processo envolve

pessoas de todas as faixas etárias, principalmente as crianças, já que são considerados nativos

digitais por nascer e crescer com as tecnologias digitais presentes em seu cotidiano.

Tendo em vista esses fatores, esta pesquisa bibliográfica busca refletir sobre a infância

e o uso das tecnologias pelas crianças, a fim de trazer à tona reflexões que contemplem as

influências causadas pela adoção das tecnologias nas brincadeiras e no cotidiano infantil e

resgatar o conceito de infância.

Visando cumprir o objetivo proposto por este trabalho relativo à tecnologia e à

infância, cabe pesquisar e refletir alguns fatores importantes que se desencadeiam desde o

conceito inicial de infância: como a criança era vista antigamente? Do que brincava? Como

interagia com seus pares? Neste mesmo viés, será retratado como a infância é vista

atualmente, principalmente no que tange às influências das tecnologias nas brincadeiras e

também no cotidiano infantil.

2 RESGATE DA INFÂNCIA: DO ADULTO EM MINIATURA AO NATIVO DIGITAL

As tecnologias vêm adquirindo destaque muito amplo nas pesquisas científicas

realizadas por sociólogos e por pesquisadores ligados à área da educação. Por abranger muitas

pessoas mundialmente, as mídias eletrônicas vieram para ficar e ganham cada vez mais

espaço. Segundo Schmidt e Cohen (2013) as tecnologias de comunicação continuarão a

transformar nossas instituições por dentro e por fora. Cada vez mais alcançaremos pessoas

muito distantes de nossas fronteiras e grupos linguísticos e nos aproximaremos delas,

compartilhando ideias, fazendo negócios e construindo relacionamentos genuínos.

Por meio dos meios de comunicação é fácil encontrar um amigo de longa data, um

familiar que não vê há muito tempo, saber de notícias do que acontece ao seu redor ou do

outro lado do planeta, contatar com pesquisadores e suas pesquisas mais recentes, conversar

com alguém distante, ou até mesmo com o vizinho mais próximo.

Há algum tempo as pessoas ficavam admiradas quando ouviam o som do rádio.

Quando surgiu a televisão, mesmo com visualização em preto e branco, foi uma grande

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descoberta. E com imagem colorida, então, foi um acontecimento impressionante. Os avós,

hoje, contam aos netos histórias das evoluções que aconteciam nas tecnologias do passado e,

os netos, apresentam aos avós as tecnologias do presente e já incluem previsões para as

tecnologias do futuro.

Hoje, as crianças estão muito presentes nas decisões das famílias quando se trata de

tecnologia, inclusive opinando sobre a nova televisão de plasma a ser comprada para a

família, pedindo como presente de aniversário um novo Playstation 3 ou o Xbox 360,

auxiliando na compra do Tablet para a irmã, em um Notebook para o irmão e, ainda, em um

Smartphone para a mãe. Com isso, as tecnologias tornam-se ferramentas corriqueiras na

infância das crianças. Porém, há que se questionar: Até que ponto esta influência das

tecnologias na vida das crianças contribui com a sua vivência da infância?

O conceito de infância vem mudando cada vez mais durante o passar do tempo e da

história. Ao ser considerada, nos tempos passados, como um “adulto em miniatura”, não fazia

parte da identidade da criança como ser pensante e ativo e assumia um papel totalmente

passivo perante os adultos. Somente a partir do século 18 a importância do desenvolvimento

integral do ser humano, desde a mais tenra idade, é reconhecida e, então, surge o conceito de

infância que pode ser observado nos tempos atuais (ARIÈS, 1978).

Anterior a esta data, as crianças apareciam raramente pintadas em obras de arte. Estas

obras que, segundo historiadores, são retratos da realidade do que ocorria nos tempos

passados. Quando finalmente as crianças foram retratadas em uma pintura de Oto III no

século 11, foram caracterizadas como adultos. Segundo Ariès (1978, p. 17):

Até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou à falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância neste mundo. Uma miniatura otoniana do século XI nos dá uma ideia impressionante da deformação que o artista impunha então aos corpos das crianças, num sentido que nos parece muito distante do nosso sentimento e de nossa visão. O tema é a cena do Evangelho em que Jesus pede que se deixe vir a ele as criancinhas, sendo o texto latino claro: parvuli. Ora, o miniaturista agrupou em torno de Jesus oito verdadeiros homens, sem nenhuma das características da infância: eles foram simplesmente reduzidos numa escala menor. Apenas seu tamanho se distingue dos adultos.

Assim, pode-se afirmar que a infância era desconhecida como uma parte importante na

vida do ser humano. Porém, isto não significa que as crianças daquela época não eram bem

cuidadas.

Na sociedade medieval, que tomamos como ponto de partida, o sentimento da infância não existia – o que não quer dizer que as crianças fossem negligenciadas,

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abandonadas ou desprezadas. O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem. Essa consciência não existia (ARIÈS, 1978, p.99).

Esta forma de negligenciar a infância também ficou evidente na literatura que, apenas

por volta do século 18, começou a incorporar em seu repertório palavras mais infantis e

histórias que condiziam com o imaginário infantil. “Desta forma, conclui-se que é muito

recente o conceito de infância, embora já tenham transcorrido alguns séculos” (AYRES, 2012,

p. 162-163).

No decorrer dos tempos, os conceitos de infância foram se transformando

gradualmente. “Como cada nação tentou entendê-la e integrá-la na sua cultura, a infância

assumiu um aspecto singular conforme o cenário econômico, religioso e intelectual em que

apareceu” (POSTMAN, 1999, p. 66). Em alguns países, as condições de infância melhoraram

e, em outros, foi negligenciada e chegou a ponto de quase se extinguir pelas atividades que

realizavam nas indústrias capitalistas que primavam pela mão de obra barata oferecida às

crianças em troca do seu trabalho braçal.

Segundo os estudiosos, as concepções de infância passaram a mudar depois do livro de

Jean-Jacques Rousseau “Emílio”, “[...] no qual o autor traça as bases do que concebe como

um projeto pedagógico” (MUNIZ1,1999, p. 245), mostrando a influência da escola na história

da infância. Ainda, segundo a autora,

As ideias de Rousseau a respeito da educação de crianças e de seu lugar na sociedade vieram a influenciar a pedagogia, e seus reflexos são percebidos ainda hoje. Nesse livro, Rousseau inaugura uma noção de infância que vai marcar e caracterizar essa fase da vida do homem.

Neste sentido, atualmente, partindo do princípio de que a criança é um ser pensante e

atuante na sociedade, que possui seus próprios direitos e deveres, o conceito de infância volta-

se para o ser criança como um todo.

A Constituição Federal de 1988 traz um capítulo que reconhece todos os direitos básicos para todas as crianças, adotando, portanto o princípio da universalidade, bem como a sua condição especial de pessoa em desenvolvimento. Marco importante no Brasil para a mudança da concepção de infância (BONA, 2010, p.25)

1 Apud KRAMER, S.; SANTOS, A. P. dos (Org.) Infância e educação infantil. 2.ed Campinas, SP: Papirus, 1999.

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Ainda, segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL,

v.1, 1998, p.21) “As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres

que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio”. Com isto, efetiva-se o fato de que

hoje, na sociedade, a criança é respeitada e valorizada dentro de suas potencialidades,

capacidades humanas de se comunicar, vivenciar experiências, aprender, interagir, dentre

outros.

Nesta realidade, a criança do século 21 carrega consigo uma bagagem de

conhecimento e cultura diferente da criança dos séculos passados. As mudanças ocorrem tão

frequentemente e rapidamente no mundo das tecnologias que o conceito de infância está se

modificando.

Nesse ambiente sempre camaleônico, a infância, tal como conhecemos, está mudando em decorrência de inúmeros fatores, como: o contato com diversas manifestações multiculturais; a complexidade das transformações presentes no cotidiano em relação à cidade, às famílias e às formas de interação com as tecnologias móveis; o hibridismo entre tradicionais e novos modos de brincar e se divertir; o fascínio e a ludicidade com os jogos eletrônicos, as redes sociais digitais e a conectividade etc. Tais fatores modificam modos de vida e sinalizam mudanças nas maneiras de entender a infância e o lugar que a criança ocupa nesse cenário em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam (COUTO, 2013, p. 898 ).

Ainda, segundo Ravasio e Fuhr (2013, p. 227) neste conceito de infância do século 21

[...] o sujeito torna-se ativo no seu processo de aprendizagem, pois para desenvolver determinado jogo, precisa pesquisar estratégias, muitas vezes utilizar sites tradutores para compreender a informação obtida, interagir com diferentes sujeitos que estão jogando ao mesmo tempo, em diferentes espaços, seja em LAN House ou do outro lado da tela, virtualmente. Dessa forma, o sujeito compartilha suas experiências, conhecimentos, estratégias. Desenvolve-se como sujeito autônomo na sua própria aprendizagem.

Com o domínio das tecnologias existentes, as crianças passaram a ser mais autônomas

do próprio conhecimento na medida em que pesquisam o que têm interesse.

Porém, assim como as tecnologias trazem conhecimento e informação a qualquer hora

e de qualquer parte do mundo, elas também podem tornar-se prejudiciais, especialmente para

as crianças. Setzer (2014) fala a respeito da hiperatividade infantil, assunto que está muito em

voga nos tempos atuais, relatando este como um dos problemas que a criança pode

desencadear quando assiste, por tempo indeterminado, a certos programas de televisão.

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A produção de hiperatividade pela TV é fácil de ser compreendida: crianças saudáveis não ficam quietas, estão sempre fazendo algo, pois é assim que aprendem, desenvolvem musculatura, coordenação motora etc. Uma criança saudável só fica parada se ouvir uma história: aí se pode observar que ela fica como que olhando para o infinito, pois está imaginando interiormente os personagens, o ambiente e a ação. No caso da TV, a criança fica fisicamente estática e, como já vimos, em estado de sonolência (V. item 1), não tendo nada a imaginar, pois as imagens já vêm prontas e se sucedem com rapidez. Ao se desligar o aparelho, a criança tem uma explosão de atividade, para compensar o tempo que ficou imóvel e passiva; os pais, incomodados, colocam-na novamente à frente da TV para "acalmá-la"... (SETZER, 2014, p. 3)

Desta forma, a criança perde seu momento de descontração e utilização física e

psíquica do corpo para concentrar-se em algo estático que, influenciada pela programação,

pode adquirir atos agressivos, uma vez que ela, dependendo da sua faixa etária, não sabe

definir o que é real ou imaginário. Além disso, Postman (1999, p.93) enfatiza que “[...] ver

televisão não só não requer habilidade alguma como também não aprimora habilidade

alguma”, justificando o que afirma anteriormente em seus escritos “[...] se considerarmos a

televisão comercial como hoje a conhecemos, podemos ver nela, claramente, um paradigma

de uma estrutura social emergente que deve fazer ‘desaparecer’ a infância” (POSTMAN,

1999, p. 89). E ainda complementa que

[...] a televisão destrói a linha divisória entre infância e idade adulta em três maneiras, todas relacionadas com sua acessibilidade indiferenciada: primeiro, porque não requer treinamento para apreender sua forma; segundo porque não faz exigências complexas nem à mente nem ao comportamento; e terceiro porque não segrega seu público (PORTMAN, 1999, p.94).

Nestes casos, o desenvolvimento da imaginação, inibido pela televisão que mostra

imagens prontas, fica à mercê da própria sorte. Postman (1999) insiste que existem assuntos

que deveriam ser reservados aos adultos e, com essa disseminação imediata de informações,

perde-se a “inocência da infância”, em que a criança não possui mais a curiosidade por

encontrar algo inerente ao adulto que lhe era restringido na infância, extinguindo o “encanto

da infância”. Com o avanço contínuo do uso das tecnologias na infância e tendo em vista essa

disseminação em massa de informações, é possível observar que as crianças de hoje, quando

se trata da disponibilidade de acesso, são semelhantes aos adultos, como há muitos séculos

atrás. “En las postrimerías del siglo XX e inicios del XXI, la generalización de internet ha

contribuido a un cambio sociocultural y de acceso al conocimiento de gran envergadura, con

impacto directo en la educación e, sobre todo, en la enseñanza” (CANOURA e BALAGUER,

2014, p. 97).

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Ainda, segundo Postman (1999, p. 104), todo “[...] meio de comunicação que se liga

numa tomada na parede contribui com sua parte para libertar as crianças do limitado círculo

da sensibilidade infantil”.

Portanto, independente da influência da tecnologia na história e na concepção de

infância serem positivas ou negativas, em tempos em que a censura é praticamente livre, é

preciso ficar atento aos conteúdos assistidos na televisão ou acessados via internet através do

Tablet, Smartphone, iPhone, do computador, enfim, todos os aparatos digitais.

Além disso, fica o grande desafio do adulto, para que conduza a criança a não

direcionar suas brincadeiras, sua interação com amigos e sua principal atividade do dia apenas

ligada às tecnologias eletrônicas que, por serem atrativas e estarem sempre presentes na vida

cotidianas da criança do século 21, influenciam na sua forma de brincar e interagir com os

demais.

3 O BRINCAR NA INFÂNCIA: DA BOLA DE GUDE AO CIBERESPAÇO

A forma de ver a infância, como já mencionado, vem se modificando e se estruturando

diariamente na sociedade. Com as mídias eletrônicas à disponibilidade de qualquer pessoa em

qualquer faixa etária, os atrativos existentes e fizeram com que a criança mudasse sua forma

de brincar e interagir com as pessoas. Segundo Friedmann (2012, p.19)

O brincar já existia na vida dos seres humanos bem antes das primeiras pesquisas sobre o assunto: desde a Antiguidade e ao longo do tempo histórico, nas diversas regiões geográficas, há evidências de que o homem sempre brincou. Mas, talvez, em decorrência da diminuição do espaço físico e temporal destinado a essa atividade, provocada pelo aparecimento das instituições escolares, pelo incremento da indústria de brinquedos e pela influência da televisão, de toda a mídia eletrônica e das redes sociais, tenha começado a existir uma preocupação com a diminuição do brincar e a surgir um movimento pelo seu resgate na vida das crianças e pela necessidade de demonstrar sua importância em estudos e pesquisas.

É inegável que, o conceito do brincar modificou-se no decorrer da história, uma vez

que o indivíduo relaciona-se com o meio e o modifica, da mesma forma em que isto ocorre de

maneira recíproca, em que o meio modifica o homem.

Como sujeito social e histórico a criança vive e promove mudanças no seu meio. Atualmente, é a tecnologia digital que medeia cada vez mais as nossas relações sociais. É ela que organiza o cotidiano. Ora, se é assim para todos, não pode ser diferente para as crianças. A cibercultura infantil deve, portanto, ser entendida para além dos aparelhos e dos usos, pois ela é, principalmente, o conjunto variado de

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saberes e atitudes, de conteúdos produzidos por e para os infantes (COUTO, 2013, p. 901-902 ).

Neste caso, a tecnologia abre portas para inserir a criança no ciberespaço de forma a

utilizar ferramentas virtuais elaboradas exclusivamente para despertar o interesse delas. A

internet pode se tornar uma forma de produção de conhecimento, quando bem conduzida pelo

adulto que media e orienta as pesquisas e exploração da mesma pela criança. Ainda, em sites

educacionais, as crianças podem acessar histórias infantis, jogos temáticos, jogos que

estimulam o faz de conta online, dentre outros atrativos, que aparecem de forma dinâmica,

colorida e ao alcance de um “clique”.

Segundo Bomtempo2 (2010, p.64) “[...] remonta ao romântico século XIX o início da

abertura do mundo infantil”. Assim, é nesta época que surgem as pesquisas sobre a

importância do faz de conta na infância. Assim, Bomtempo (2010, p.65) enfatiza que

examinando,

[...] brevemente, algumas teorias e pontos de vista, chega-se a jogos imaginativos naturais que enfatizam o elemento faz de conta. Isso inclui crianças concentradas na construção de uma torre de blocos o mais alto possível, montando um quebra-cabeças, cortando roupas de papel e vestindo figuras de brinquedo ou, ainda, passeando num triciclo ou jogando xadrez. Estas e outras dúzias de atividades, como “voar”, cair, correr e pular corda, representam experiências concretas que envolvem um mínimo de elementos, de imaginação e de faz de conta.

Neste contexto que está sendo discutido, faz-se necessário observar os tipos de jogos e

brincadeiras que a autora destaca e que faziam parte dos jogos imaginários de faz de conta

daquela época e que também se destacam resgatadas no tempo de hoje, porém com menor

afinco, devida a influência do uso das tecnologias na brincadeira da criança do século 21.

Couto (2013, p. 906) explica que

[...] diante do apelo do consumo de imagens, mercadorias e opiniões observamos que certos esforços conservadores para proteger noções tradicionais de infância são predestinados ao fracasso, pois não podemos proteger, limitar ou afastar as crianças do conhecimento de mundo que a cibercultura torna fascinante, irresistível e facilmente acessível.

Tendo em vista esta realidade, em que os jogos eletrônicos, os ciberespaços, os sites

infantis são encontrados com tamanha facilidade, comodidade e rapidez, as crianças sentem-

2 Apud KISHIMOTO, T. M. (Org.) Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 13.ed. São Paulo: Cortez, 2010.

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se atraídas. Couto (2013, p. 907) sustenta, ainda, que as crianças ficam fascinadas com as

possibilidades que as rodeiam.

Em aparelhos cada vez menores e de fácil manuseio, na palma da mão dos pequenos um mundo de desenhos animados, filmes, jogos eletrônicos, livros e revistas, sites e páginas pessoais e institucionais, músicas e ambientes para todo tipo de conversação magicamente se desvela e organiza o cotidiano pela lógica do divertimento, do encanto e do prazer.

Porém, o brincar não pode ficar restrito apenas a este mundo “mágico” das mídias

eletrônicas. Exige que a criança tenha acesso à infância promovida pelo movimento do corpo,

pelo experimentar as texturas, pelo ver através dos cinco sentidos existentes e que devem ser

explorados. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL,

1998, v. III, p. 25)

As brincadeiras que compõem o repertório infantil e que variam conforme a cultura regional apresentam-se como oportunidades privilegiadas para desenvolver habilidades no plano motor, como empinar pipas, jogar bolinhas de gude, atirar com estilingue, pular amarelinha etc.

Estas brincadeiras, muito utilizadas pelas crianças na década de 90, precisam ser

resgatadas e postas como possibilidade para as crianças da realidade atual. Até porque, o

brincar exige interação com as pessoas que circundam seu meio de forma pessoal e não,

apenas, através do contato visual em uma tela de computador.

Sabe-se que, assim como a infância, as brincadeiras das crianças sofrem influências

das mudanças que ocorrem historicamente na sociedade, criando culturas de brincar em

diferentes espaços em que vivem, conforme os espaços disponíveis para o brincar.

No caso da criança que vive no meio urbano, seu espaço é limitado pelas casas com

pátios pequenos, apartamentos, ruas movimentadas, falta de segurança, dentre outros

aspectos, que fazem com que elas passem a maior parte do tempo envolvidas com as

tecnologias midiáticas. Conforme Friedmann (2012, p. 26) essas crianças

[...] são influenciadas por conteúdos “multiculturais”, ou seja, que provêm de variadas culturas, incluindo toda a cultura local e a cultura global – que adentra os espaços lúdicos por meio da TV, rádio, publicidade, revistas, internet e manifestações artísticas em geral.

Já as crianças que são provenientes do meio rural, possuem espaços mais amplos para

realizar suas brincadeiras, que inclui o contato direto com a natureza, animais, correr pelo

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campo e, até mesmo, auxiliar seus pais nas atividades rurais como se fosse uma brincadeira de

faz de conta. Estas crianças, devido à sua realidade, são menos propensas às influências

negativas causadas pelas mídias.

A partir daí, a escola torna-se uma fonte de união dessas culturas do brincar, em que as

crianças do campo passam a conhecer melhor as mídias e as crianças urbanas encontram as

novidades para suas brincadeiras com a cultura rural.

Uma das características dos grupos infantis é a de serem integrados por crianças de diversas origens multiculturais. Assim, brincadeiras em grupo, como Macaco Simão3, podem ser muito proveitosas, incentivando a troca de papéis e colocando diversas crianças em situação de liderança. Brincadeiras e jogos também tem o potencial de desenvolver a criatividade, por exemplo, em situações em que é necessário construir brinquedos ou acessórios que sirvam para brincar (FRIEDMANN, 2012, p.53). 00000000

É por este rico espaço de brincar e interagir com o outro que as crianças não podem

limitar-se a interagir unicamente com a máquina. Segundo o Referencial Nacional para a

Educação Infantil,

O âmbito social oferece [...] ocasiões únicas para elaborar estratégias de pensamento e de ação, possibilitando a ampliação das hipóteses infantis. Pode-se estabelecer, neste processo, uma rede de reflexão e construção de conhecimentos na qual tanto os parceiros mais experientes quanto os menos experientes têm seu papel na interpretação e ensaio de soluções. A interação permite que se crie uma situação de ajuda na qual as crianças avancem no seu processo de aprendizado (BRASIL, 1998, v.1, p.31 - 32).

Por estas possibilidades que a interação entre as crianças proporciona é que, volta-se a

salientar, se faz necessário que a infância não se restrinja apenas a brincadeiras ligadas às

mídias eletrônicas.

Além disso, muito mais do que intervir na forma de brincar da criança, as mídias

influenciam através do consumismo induzido e especialmente programado para chamar a

atenção dos pequenos. Neste quesito, o mercado de brinquedos ganha seus quinhões sem se

importar necessariamente com a forma como as crianças irão utilizar o brinquedo, mas sim

com a quantidade que irá comprar depois que conseguir aliciar os pais para que adquiram o

objeto tão esperado.

3 Esta brincadeira consiste em seguir ordens dadas pelo professor ou por uma criança mediadora. Porém, as ordens só poderão ser seguidas pelas crianças quando forem precedidas da expressão Macaco Simão. Como por exemplo: Macaco Simão abraça um colega, Macaco Simão finge que dorme, etc. Se o mediador falar alguma instrução sem essa expressão e o aluno obedecer, estará fora da brincadeira. Alguns objetivos desta brincadeira são desenvolver a atenção, coordenação motora, senso de humor, agilidade, concentração.

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Friedmann (2012, p. 159-160) preocupa-se com estes fatores quando fala do

consumismo exacerbado produzido pela influência da mídia.

Essa onda de consumismo “líquido”, termo cunhado pelo sociólogo Bauman, tem um efeito nocivo para as crianças que pedem e ganham os brinquedos que são veiculados pela mídia, descartando-os rapidamente em prol dos mais novos lançamentos, constituindo um círculo vicioso de consumo. Embora seja um fato que deve ser assimilado e compreendido pela geração atual de adultos, a entrada da tecnologia de forma tão precoce na vida das crianças pequenas – a cultura globalizada que, em inúmeras regiões, é bem alheia às realidades locais – por meio de videogames, redes sociais, celulares, computadores e todas as suas variações, tem “escondido” do cotidiano infantil tantos brinquedos artesanais cheios de mensagens e valores, que dizem das culturas tradicionais, origens multiculturais, diversidades regionais. As consequências dessa massificação são visíveis: o desnorteio de muitas pessoas em relação à sua própria essência; muita solidão e poucas trocas; uma cultura mais competitiva do que cooperativa; uma cultura lúdica violenta, impassível, indiferente ao outro, medrosa; uma cultura em crise, que não mais se adapta às atuais gerações, que tem inúmeras dúvidas a respeito de como restituir ou recriar um brincar mais saudável.

Levando em consideração o que a autora pontua, pode-se dizer que há um grande

desafio para os adultos: resgatar, dentro das possibilidades de cada localidade existente, a

cultura da brincadeira na infância das crianças do século 21, fazendo com que reaprendam a

brincar utilizando seu corpo, sua mente, seus espaços e suas possibilidades infinitas, que vão

além do uso dos eletrônicos e suas tecnologias avançadas.

4 ALGUMAS CONCLUSÕES

Tendo em vista os aspectos que foram observados, pode-se concluir que há

importantes aspectos a serem considerados quanto à influência das tecnologias na infância.

Primeiramente, encontra-se a atratividade, a interatividade, a autonomia de pesquisa, a

receptividade de informação e produção do conhecimento a todo o momento dentro e fora da

escola. Aspectos esses que podem ser considerados como pontos positivos. Em detrimento a

isso, depara-se com a falta de entusiasmo para brincar com atividades que envolvam o

movimento corporal, a solidão imposta pela comunicação mais rápida, que inibe o diálogo e

interação pessoal, a falta de atenção e afastamento da família por consequência do uso

contínuo e sem regras das tecnologias existentes.

A tecnologia expõe seus benefícios em formato de pesquisas, troca de conhecimento,

de informações, em brincadeiras lúdicas e atrativas através dos efeitos gráficos e

computadorizados elaborados especificamente para o público que quer se atingir que, no caso,

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são as crianças. É comprovado que tudo o que é atrativo e interessante é assimilado mais

rápido pelo ser humano. Então, neste caso, a tecnologia tornou-se uma importante ferramenta

no aprendizado, quando utilizada de maneira correta.

No entanto, é essencial que se tome cuidado com os conteúdos acessados pelas

crianças e, principalmente, atentar para o uso consciente das tecnologias, priorizando as

brincadeiras clássicas, que envolvam o movimento, em detrimento de momentos que deixam

as crianças estagnadas e fixadas em um mesmo local frente à televisão, computadores, etc. A

infância é um momento de descobertas, de experimentação, de tocar, de pegar, de sentir, de

explorar e, portanto, vivenciar na forma mais íntegra da palavra.

Comenta-se, com frequência, frases como: “A tecnologia dominará o mundo”. Esta

afirmação até pode ser considerada verdadeira, afinal, os seres humanos vêm se adaptando a

muitas coisas no decorrer dos séculos. Porém, o que a tecnologia não pode se sobrepor é a

forma de ser humano, alguém que não vive sozinho, que precisa de afeto, dependente do

toque, do olho no olho, do carinho incondicional dos pais, dos irmãos, dos amigos, da

professora. O movimentar-se, curtir a natureza ao vivo, subir em árvores, cair, levantar com

os joelhos ralados, jogar futebol na rua, arrancar a “tampa” do polegar do pé, sentir o vento

fresco de uma chuva que se aproxima, o colorido do arco-íris, riscar uma sapata no chão e

brincar de se equilibrar são vivências importantes, ninguém substitui. Nem mesmo a

tecnologia mais avançada.

Em tempos passados era normal observar uma criança brincar de pega-pega, esconde-

esconde, bonecas de espiga de milho, “roda cotia”, pular corda, bolinha de gude, com carrinho

de lomba ou carrinho de fabricação caseira. Hoje, se uma criança é vista brincando destas

brincadeiras ou com estes brinquedos, é comum tirar fotos, gravar vídeos e postar no

Facebook, Instagram ou demais redes sociais, afinal, tudo o que é novidade, precisa aparecer

na Rede.

Não se quer aqui propor a extinção das mídias eletrônicas da vida das crianças, afinal,

rodeadas destes artefatos como estão isto seria praticamente impossível e até mesmo um ato

irresponsável. Também não se quer afirmar que as influências são prejudiciais à infância, pois

os ciberespaços existentes também possibilitam momentos de criação e descontração,

atratividade e troca de conhecimento através das redes. No entendimento de Schmidt e Cohen

(2013, p. 19), para todas as possibilidades que o desenvolvimento das comunicações

representa, seu “[...] uso para o bem ou o mal só depende das pessoas. Esqueça toda aquela

conversa das máquinas assumindo o comando. O que acontecerá no futuro é responsabilidade

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nossa”. O que se propõe é exatamente uma reflexão acerca do resgate da infância, das

brincadeiras de roda, do movimento. A criança precisa estar intrinsicamente ligada ao mundo

que a cerca, mas também é necessário estar atento ao compromisso com a infância ativa, que

é o essencial do ser criança.

REFERÊNCIAS ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 1978. AYRES, S. N. Educação infantil: teorias e práticas para uma proposta pedagógica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. BONA, V. de. Tecnologia e infância: ser criança na contemporaneidade. 2010. Dissertação de Mestrado em Educação – Universidade Federal de Pernambuco. Ceará, 24 de Fevereiro de 2010. BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília, MEC/SEF, 1998. Vol. I, Vol. II, Vol. III. CANOURA, C. BALAGUER, R. Hiperconectados: Guía para la educación de nativos digitales: el impacto de las tecnologías en las mentes de niños y adolescentes. Buenos Aires: Centro de Publicaciones Educativas y Material Didáctico, 2014. COUTO, E. S. A infância e o brincar na cultura digital. Perspectiva, Florianópolis, v. 31, n. 3, 897-916, set./dez. 2013. FRIEDMANN, A. O brincar na Educação Infantil: Observação, adequação e inclusão. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2012. KISHIMOTO, T. M. (Org.) Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 13.ed São Paulo: Cortez, 2010. KRAMER, S.; SANTOS, A. P. dos (Org.) Infância e educação infantil. 2.ed Campinas, SP: Papirus, 1999. POSTMAN, N. O desaparecimento da infância. Rio de Janeiro: Graphia, 1999. RAVASIO, M. H.; FUHR, A. P. de O. Infância e tecnologia: aproximações e diálogos. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, SP, v. 15, n. 2, p. 220-229, maio/ago. 2013. ISSN 1676-2592. Disponível em: <http://www.fae.unicamp.br/revista/index.php/etd/article/view/3035>.Acesso em: 08 jan. 2015. SCHMIDT, E. COHEN, J. A nova era digital: como será o futuro das pessoas, das nações e dos negócios. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013.

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SETZER, V. W. Efeitos negativos dos meios eletrônicos em crianças, adolescentes e adultos. São Paulo, 2014. Disponível em: <https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/efeitosnegativos-meios.html>. Acesso em 08 jan. 2015.

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CONCEPÇÕES SOBRE A AULA NO CONTEXTO DA CIBERCULTURA: A VISÃO

DOS DISCENTES DOS CURSOS DE LICENCIATURA DA URI – CÂMPUS DE

FREDERICO

Maila Cristina Calegari, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões–

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

Elisabete Cerutti, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões–Câmpus

de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMO: o presente artigo aborda os estudos do tema Concepções Sobre a aula no contexto da Cibercultura: A visão dos discentes dos Cursos De Licenciatura da Uri – Câmpus de Frederico Westphalen. O mesmo tem como objetivo de investigar as concepções sobre a aula no contexto da cibercultura, a fim de compreender o discente universitário, nativos digitais, pertencentes aos cursos de licenciatura. A metodologia está pontuada na pesquisa qualitativa e bibliográfica, com os discentes dos cursos de licenciatura da URI, destacando: Letras, Ciências Biológicas, Pedagogia, Educação Física e Matemática, bem como, leitura de materiais teóricos específicos, em encontros semanais para orientação, na participação semanal em grupo de estudos, na construção de relatórios mensais e na participação de Seminários. As leituras das temáticas permitem analisar e refletir sobre os processos da tecnologia e da educação, no que tange o aprender e o ensinar e visam à construção de um referencial teórico específico. Como conclusão preliminar, entendemos que estudar a inter-relação entre educação e tecnologia torna-se cada vez mais necessária porque o acadêmico de licenciatura necessita ter conceitos e um ferramental para aplicar em sua futuras aulas. PALAVRAS-CHAVE: tecnologia, educação, cibercultura, discentes de licenciatura.

INTRODUÇÃO

A pesquisa em questão pretende tratar da formação discente realizada nos cursos de

licenciatura da URI – Câmpus de Frederico Westphalen, considerando os sujeitos acadêmicos

nativos digitais, formandos dos Cursos de Licenciatura. Partimos do pressuposto que os

alunos são sujeitos, nascidos na geração digital.

O projeto em questão, embasado nas reflexões do Grupo de Pesquisa e Tecnologia -

GPET, parte da compreensão de que os sujeitos, nascidos na geração digital e que estão

cursando licenciaturas são capazes de organizar e planejar suas aulas de forma alinhada e com

um comportamento da cibercultura, uma vez que as tecnologias já são familiares. Por outro

lado, temos os docentes universitários que necessitam conhecer o contexto que atuam e dispor

de novas tecnologias para atrair a atenção de seus alunos em suas aulas e proporcionar a

interação e a construção do conhecimento.

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A cibercultura na sociedade parece demandar aulas diferentes daquelas

tradicionalmente organizadas para espaços não convencionais, sem perder o foco principal

que está na formação de um sujeito crítico e adaptado aos desafios que vai enfrentar durante

sua caminhada acadêmica e profissional. Torna-se importante refletir sobre quais são os

diferenciais que precisam ser levados em consideração quando se trata de aulas inovadoras e

que permitem maior interação do educando diante do seu aprendizado.

Para ter um conhecimento maior sobre as concepções, percepções, expectativas de um

fazer pedagógico desses sujeitos, considerados jovens, temos realizado um estudo nos cursos

de licenciaturas em Ciências Biológicas, Letras, Matemática, Educação Física e Pedagogia da

URI – Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de

Frederico Westphalen.

Trata-se de um tema de relevância diante do atual contexto e dos desafios da formação

didática para as tecnologias. Os estudos na área vêm contribuindo para verificação da

compreensão do sujeito aluno, que por sua vez são concluintes. Neste sentido, buscamos

entendimento de como esses futuros professores atuarão com seus alunos, diante das

concepções do que seja uma aula apoiada por recursos tecnológicos.

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO

Talvez seja complexo dizer o motivo pelo qual as Universidades estão neste grande

debate, em meio uma grande parte dos alunos terem dificuldades na aprendizagem, pesquisa e

construção do conhecimento. Diante dos conhecimentos de Demo (2008) pode-se mencionar,

por exemplo, a, falta de interesse de professores universitários que continuam comparando

Educação Básica com a Universidade. São duas modalidades diferentes mas que para eles se

resumem em “dar” e “escutar” aula, sem debates, pesquisas, e argumentos, gerando somente a

transmissão do conhecimento, sem por vezes, construí-lo com o educando.

De acordo com Demo (2000) a universidade é aprendizagem e conhecimento, ambos

os desafios são de grande importância e requerem muita pesquisa. Sendo esta uma importante

ferramenta didática para todas as disciplinas. A pesquisa precisa ser mais bem usada em sala

de aula. Ao planejá-las adequadamente possibilita uma aprendizagem mais eficaz para os

acadêmicos aprenderem os conteúdos do currículo, enquanto se tornam estudantes

autônomos. De modo geral a pesquisa surge a partir de inquietações, perguntas, dúvidas a

respeito de algum tema, significa a condição de consciência crítica, é um dos componentes

principais para o estudo, trata-se de reconstruir o conhecimento já obtido em uma construção

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de qualidade, é uma atitude de aprender pela elaboração própria, substituindo a curiosidade de

escutar pela de produzir. Na concepção de Demo (2005, p.40) a pesquisa deve ser vista como

um processo social que perpassa a vida acadêmica do professor e do aluno. “Pesquisar

coincide com a vontade de viver de mudar, de transformar, de recomeçar”.

Segundo Vasconcellos (1996), a universidade é um local em que se privilegia antes de

tudo a transmissão do saber já consagrado, criadora de novos saberes, além de ser uma

instituição investigadora com estimulo à curiosidade, à ousadia e à iniciativa. Inserida em uma

realidade histórica, política e social, a universidade deve atuar e intervir neste contexto.

Diante disso, percebe-se que a universidade exige muito mais que a aprendizagem seja

dinâmica, reconstrutiva, sendo que a pesquisa é fundamental para formar alunos competentes,

capazes de exercer sua profissão no campo de trabalho.

Importante é que o aluno experimente o obstáculo, que sinta o difícil- só assim verá a necessidade de adequar-se, de limitar-se aos processos que a matéria sugere. (...) Sem o obstáculo, sem o difícil, a necessidade de disciplina não se manifesta, e toda possibilidade de compreensão é frustrada. (Guimarães, 1982 apud AQUINO, 1996, p. 53).

Dessa forma, ao ingressar na universidade o aluno depara-se com uma nova realidade,

em relação ao que ele já vivenciou anteriormente em sua vida escolar, tornando-se um agente

ativo no seu processo de ensino, por isso é preciso despertar no acadêmico o interesse pela

pesquisa e a participação em projetos, fazendo da Universidade um laboratório de

informações. A chegada das tecnologias de informação e comunicação (TICs) invadiu o nosso

cotidiano, principalmente o escolar que por sua vez trouxe alguns benefícios para a

construção do conhecimento, estimulando assim a abertura de novas aprendizagens, com essa

mudança o individuo interage com seu meio, produzindo aprendizagem satisfatória, tornando-

se assim um ser ativo e participativo. Almeida (2009, p.29) salienta:

As tecnologias e o conhecimento integram-se para produzir novos conhecimentos que, por sua vez, facilitam a compreensão das problemáticas atuais e favorecem, sobremaneira, o desenvolvimento de projetos em busca de alternativas inovadoras para a transformação do cotidiano e para a construção da cidadania.

A participação ativa do aluno no processo de aprendizagem é fundamental,

construindo atividades em grupos e individuais propiciando motivação e sentido naquilo que

constitui o foco dos estudos. Para que a aprendizagem seja eficaz é necessário que professores

criem grupos de pesquisas por meio digital, usando ferramentas virtuais para integrarem-se

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aos projetos, permitindo um espaço de partilha de recursos, informações comuns e,

principalmente, para toda troca de ideias estimulando o trabalho cooperativo. Assim, o

professor aprende ao mesmo tempo em que os estudantes, ocorrendo uma troca de

conhecimentos de ambas as partes.

Segundo Vasconcellos (1996, p.23) considera que a universidade necessita de três

princípios fundamentais para a formação, o ensino-pesquisa-extensão na medida em que os

três são de grande importância. Neste sentido, o ensino é ponto de partida para a apreensão do

conhecimento, na pesquisa o desconhecido é definido partindo dos conhecimentos já

existentes e a extensão traduz-se pela importância do conhecimento apreendido e ampliado.

A pesquisa é peça fundamental para a construção da aprendizagem. Com ela se

aprende a manejar o próprio conhecimento, questionar, argumentar, fundamentar e duvidar.

Formando um profissional pesquisador que constrói o conhecimento com autonomia. O

professor precisa ter uma ação pedagógica inovadora que contemple a instrumentalização dos

diversos recursos oferecidos em computadores, redes sociais de informação e comunicação.

Sendo assim, um profissional competente, que resolva e acompanhe os desafios que a

sociedade enfrenta, alicerçando seu trabalho com as (TICs) na sala de aula. Com essa

concepção sobre o ensino e aprendizagem, voltado às tecnologias os alunos envolvem-se com

as atividades, mostrando um olhar mais crítico e interessado sobre as aulas.

Para Fávero (1994) a pesquisa na formação de professores vem como uma

possibilidade de rompimento com um ensino repetitivo e repassador de conhecimento. Para

que o espaço da sala de aula se transforme em um campo fértil e produtivo para o

conhecimento, e um lugar onde os educando sintam o desejo de estar é necessário que o

educador mude e transforme sua prática, despertando a atenção dos alunos durante sua

prática. Nessa perspectiva é preciso que o professor conheça suas limitações sobre as

diferentes tecnologias e como usá-las. Isso se faz necessário porque mesmo que esses recursos

ainda não estejam fisicamente instalados na sala de aula ou na escola, a mídia audiovisual já

invade o espaço escolar.

Considerando as informações dos autores citados torna-se um desafio ao professor

universitário em usar em suas práticas pedagógicas os recursos audiovisuais como as imagens,

movimentos e sons que atraem e tomam conta das novas gerações, diferenciando dos livros

didáticos e da mesma rotina escolar, ao integrar as novas tecnologias o professor estará

oferecendo um ensino mais dinâmico e atual transformando o espaço da sala de aula em um

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lugar de investigação, reflexão, descoberta e construção de novos conhecimentos. Conforme

Freire (1997) salienta “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.”

Assim, os alunos aprenderão a construir a própria maneira de ver, argumentar,

interpretar e redigir, isso não significa que o professor vá pesquisar por ele, mas sim orientá-

lo, pois o professor que não sabe aprender não conseguirá ensinar.

A articulação das tecnologias e o uso da internet em nosso cotidiano foi uma inovação,

oportunizando a atualização de novas possibilidades cognitivas pedagógicas, cativando os

alunos para novas aprendizagens, ocorrendo mudanças na aprendizagem de alunos e

professores, estimulando a pesquisa, a criatividade, a participação e a comunicação. Com

essas tecnologias envolvidas trouxe, também, algumas consequências como, por exemplo, o

uso exagerado das redes sociais, que por sua vez acaba prejudicando a vida acadêmica.

Muitas vezes a internet é usada inadequadamente ocasionando a cópia de conhecimento já

elaborado, sem gerar a construção própria de aprendizagem. “Nela tudo se “copia” nada se

cria. Mas não é sina. O que mais falta são bons professores”, indaga Prado (2009, p.23).

Um dos grandes desafios dentro das Universidades é ter docentes que saibam

transformar informação em formação, fazer com que o aluno pense e se desenvolva formando

assim bons profissionais, que estejam seguros e bem estruturados em sua formação. Nessa

perspectiva a docência se constitui uma profissão carregada de paradoxos, com demandas,

expectativas e desafios, mas também com esperança e possibilidades, com objetivo principal

de construção de uma prática que promova a integração da universidade/sociedade, Lévy

(2011)explica que “Através de uma ferramenta tecnológica o docente estimula a inteligência

coletiva de seus alunos, pois os procedimentos de comunicação interativa ampliam uma

profunda mutação da informação e da relação com o saber”.

Devemos considerar que para ter bons resultados, os acadêmicos precisam saber

interagir, cooperar, pesquisar e desenvolver suas habilidades, em grupo ou individual. Com

essas condições sendo trabalhadas pode-se oferecer um profissional adequado, com produção

de qualidade em seu setor de trabalho, tendo uma trajetória profissional de qualidade,

formando cidadãos preparados e competentes para o mundo contemporâneo, todavia, isso é

um grande desafio para quem promove a educação, preparar educandos para exercer a

cidadania, para que tenham autonomia e saibam resolver problemas da vida e do trabalho, é

uma tarefa que exige muitas experiências e muita pesquisa, para saber administrar

adequadamente o papel de docente.

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As novas tecnologias estão cada vez mais presentes, trazendo amplas oportunidades de

produção individual e coletiva gerando uma construção de conhecimentos a partir das

interações com seu meio, pois a aprendizagem vai sendo construída pelas interações e

cooperações, o acesso e a troca de informações sempre fizeram parte das vivencias da

sociedade. Atualmente, os dispositivos comunicacionais possibilitam as diferentes

comunicações entre as pessoas, e abrem novas possibilidades, principalmente, para os sujeitos

que dominam a nova era digital, que tem como base uma linguagem inédita de grandes

fenômenos para a universidade em que o acadêmico está inserido, pois são as novas técnicas

disponíveis que efetivamente revolucionam a forma de comunicação e de interação

acadêmica. Lévy explica que os educadores devem imergir na cultura digital, para

compreender o universo dos estudantes, explorando sua singularidade e dando mais espaço

para que os mesmos participem ativamente do processo ensino-aprendizagem, o professor

precisa capacitar-se nessa nova era, pois ele só poderá disponibilizar aquilo que por ele é

dominado. A transformação desse conhecimento possibilita ao nativo digital tornar-se

indivíduos criativos, colaborativos, com capacidade de se concentrar, planejar e realizar os

projetos das disciplinas com êxito, Levy (1994, p.141) salienta:

[...] ao considerar um espaço dos conhecimentos no qual todos os indivíduos possuem zonas de competências, cada um pode se definir a partir de sua própria mestria. Essas zonas se tornam ilhas de confiança e servem de base para a exploração e a apropriação de novos conhecimentos. O individuo não é mais marcado a partir do que ele não sabe, mas a partir do que ele sabe. Esse reconhecimento instaura uma dinâmica psicológica e social positiva a partir da qual o excluído pode definir um projeto de formação, primeiro passo em direção a inserção.

É evidente a necessidade de um maior envolvimento entre as áreas tecnológicas e

educacionais. As multimídias interativas permitem uma exploração profunda diante da

maneira de se apresentar, demonstrar e estruturar a informação apreendida. Na sociedade

contemporânea os avanços das TICs, trouxe uma grande mudança para os que vivem nela,

não mais ignorando os conhecimentos adquiridos com esse beneficio, seu uso se tornou uma

importante ferramenta pedagógica em sala de aula. As mídias na educação é uma temática

muito pouco usada para os cursos de formação inicial de professores, assunto de grande

debate nas Instituições de Ensino Superior (IES)por ser um recurso de grande importância,

tendo uma aprendizagem significativa a partir da produção do novo conhecimento. Não basta

introduzir as mídias na educação apenas para acompanhar o desenvolvimento tecnológico ou

usá-las como forma de “passar o tempo”, mas como preparação para que os professores

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tenham segurança tanto em manuseá-las quanto em saber utilizá-las de modo seguro e

satisfatório, transformando-se em aliadas e de grande utilidade no ensino aprendizagem dos

conteúdos propostos.

Nesse sentido, o primeiro aspecto a ser considerado é reconhecer que a medida que

nascem temas de pesquisa, é preciso que nasçam modos de pesquisar e modos de ser

pesquisador. As diferentes pesquisas impulsionaram as escolas a se movimentar de diferentes

maneiras no sentido de pensar sobre as novas mídias no cotidiano, sobre as interações dos

acadêmicos com esses meios, sobre as consequências e vantagens disso nos processos de

ensino e aprendizagem dentro da Universidade. Esses assuntos se tornam cada vez mais

presentes dentro das IES, construindo novas e diversas propostas neste campo e assim

fazendo com que o acadêmico nativo digital desenvolva mais interesse pelos conteúdos

trabalhados durante seu período letivo, tornando as aulas mais atrativas e produtivas, gerando

conhecimentos e construção própria do aluno. Essas vantagens trouxeram muitos benefícios

para os acadêmicos, como por exemplo, o modo de ensino à distância (EAD), que permite ao

aluno, de difícil acesso a frequentar uma IES. Onde as aulas são realizadas por intermédio

virtual. Nessa linha de pensamento Levy constata que:

[...] com as novas tecnologias, novas formas de aprender e novas competências são exigidas para realizar o trabalho pedagógico, e assim, é fundamental formar continuamente esse novo professor que vai atuar neste ambiente telemático em que a tecnologia será um mediador do processo ensino-aprendizagem. (1994, p.23).

A respeito das TICs destaca-se o uso do computador, uma ferramenta tão importante

quanto o uso da internet, disponibilizando ao individuo sugestões, dinâmicas lúdicas e

interativas, necessárias à educação. As TICs são muito usadas como recurso de investigação e

comunicação, trazendo novas culturas e novos modos de aprendizagem, essa sociedade

globalizada é capaz de enriquecer-nos, mudar-nos, converter-nos, porque nos permite ver o

que era invisível para nós, a partir das informações e dos conhecimentos que os indivíduos

têm, essa visão de mundo diferenciada, permite que os acadêmicos possam obter

conhecimentos mais amplos sobre os conteúdos estudados.

Pode-se perceber que muitas escolas têm computadores, porém sem acesso à internet,

ou professores que não sabem usá-los adequadamente e nem aproveitá-los em sua prática

pedagógica, privando os alunos de ter acesso a essa ferramenta, que vem contribuir para o

processo de aprendizagem. Nessa perspectiva as mídias não mais serão vistas com receio ou

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medo, mais sim como recursos pedagógicos capaz de dinamizar o processo educativo e

colaborar no ensino-aprendizagem. A partir das ideias de Mercado (2000, p.73):

A escola, ao invés de passar informações, geralmente desatualizadas e descontextualizadas, terá de se ocupar do aprender a aprender, de levar o aluno a construir o seu próprio conhecimento, mantendo-se alerta para revisões e ampliações necessárias. A pretensão da escola é fazer o aluno pensar, estimular suas faculdades, criar oportunidades de utilizar seus talentos, respeitando os diversos modos de aprender e de expressar. A escola terá que ser um espaço de produção e aplicação do conhecimento.

A construção metodológica passa não só pela definição das estratégias de investigação,

mas passa, sobretudo, pelo processo de formação de pesquisador e sua tomada de consciência

do lugar que ocupa na pesquisa, o pesquisador deve participar ativamente no mundo social

que estuda estar atento a todos os tipos de mudanças que ocorre no cotidiano. Um bom

pesquisador deve ter um domínio técnico de qualidade, conhecimentos de recursos

disponíveis em sites, autonomia de leitura e escrita, interesses nas redes sociais, para que

saiba conduzir uma aula baseada nas tecnologias, onde os alunos vão sentir interesse em

participar, pois é uma das ferramentas usadas por eles no dia a dia e vivenciada em sua

realidade.

No ciberespaço, especificamente nos ambientes virtuais de aprendizagem os saberes

são produzidos pela cibercultura, principalmente no que se refere aprender com o outro,

criando uma rede de aprendizagem em um ambiente aberto, para qualquer acadêmico. A

cibercultura é definida pela codificação digital, interativo e em tempo real da informação,

quanto mais se produz e acessa, as informações tornam-se mais acessíveis e possíveis no

cotidiano, pois o acadêmico nativo digital é oriundo a essas tecnologias, sendo esta cada vez

mais utilizada pelas novas gerações que estão se materializando com essa mudança, com esse

novo jeito de aprender.

Segundo Lévy (1999) a cibercultura é uma nova forma de comunicação gerada pela

interconexão de computadores ao redor do mundo, abrangendo um universo informacional

que abriga os seres humanos que a utilizam. As redes digitais permitem que principalmente os

acadêmicos nativos digitais de hoje, trabalhem em equipe, coordenem, cooperem, e realizem

suas atividades com êxito.

Acreditamos que na cibercultura, produzir, fazer circular e acessar cada vez as

informações tornam-se ações cotidianas e possíveis pela materialização do digital, com o uso

desse novo recuso temos práticas de informação a partir dos dispositivos móveis, esse recuso

que é muito utilizado por acadêmicos dentro das universidades. A era da conexão parece estar

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sintonizando o espaço virtual e o espaço urbano pela mobilidade da internet sem fio, percebe-

se uma grande utilidade em seu uso, que possivelmente aliena muitos jovens, que por sua vez

acabam sendo prejudicados e sendo alienados a isso, mas apesar disso, trouxe uma variedade

de conhecimentos que abrange uma grande parte do universo.

CONCLUSÃO

Através de toda a busca, pesquisa, mobilização percebe-se com mais clareza ainda o

quanto as Tics devem estar presentes e sendo desenvolvidas nas Universidades, garantindo

experiências que se somam a busca por um melhor conhecimento dos alunos. Percebe-se

também que a Universidade, desencadeia uma forma de interação que irá refletir de forma

significativa na vida dos acadêmicos, pois assim conseguiram fazer a relação entre teoria e

prática envolvendo as tecnologias digitais.

Nesse sentido com a realização das leituras foi possível compreender todo o processo

de formação e importância das Tecnologias Digitais desenvolvidas com os cursos de

licenciatura da URI – Câmpus de Frederico Westphalen, bem como para a formação dos

acadêmicos envolvidos com a mesma, possibilitando um maior conhecimento dessa

ferramenta tão importante para a formação docente.

Diante das leituras feitas sobre a cibercultura percebe-se, um novo olhar dos

acadêmicos diante da formação e o comprometimento dos mesmos diante das atividades,

possibilitando a eles a visão de melhores críticos e conhecedores do mundo em que vivem.

Nessa perspectiva, a formação associa-se ao processo de melhoria das práticas pedagógicas

desenvolvidas pelos professores em sua rotina de trabalho e em seu cotidiano escolar. Além

disso, a formação relaciona-se também à ideia de aprendizagem constante no sentido de

provocar inovação na construção de novos conhecimentos que darão suporte teórico ao

trabalho docente.

REFERÊNCIAS AQUINO, Julio Roberto Gropp. A desordem na relação professor-aluno: in disciplina, moralidade e conhecimento. In: AQUINO, JulioGroppa (org) Indisciplina na escola/ Alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996. ASSIS, Renata Machado; BONIFÁCIO, Naiêssa Araújo. A Formação Docente Na Universidade: Ensino, Pesquisa e Extensão. Disponível em:<http://www.periodicos.ufgd.edu.br>. Acesso em 24 de nov. 2014.

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DEMO, Pedro. Universidade, aprendizagem e avaliação.2ª ed. Porto Alegre Horizontes reconstrutivos, 2004. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 25. ed. São Paulo: Paz na Terra, 1996. 54p. GRIEBLER, Gustavo. Pierre Lévy: As Novas Tecnologias e a Virtualização Do Mundo Humano. Disponível em: <http://sites.setrem.com.br>. Acesso em 27 de out. 2014. LEVY, Pierre. O que é virtual. Tradução de Paulo Neves. São Paulo. ed.34, p.160, 2011. OLIVEIRA, Alice Virginia Brito; OLIVEIRA, Maria José Houly Almeida. O Uso Das Mídias Na Sala De Aula: A Internet Como Ferramenta Pedagógica. Disponível em:<http://www.forumdocente.prograd.ufu.br>. Acesso em 22 de nov. 2014. RIVAS.F, Raul Alessandro; ALVES, Mariza Terezinha Thiel. Tecnologias digitais usadas em sala de aula. Revista do professor. Porto Alegre, v.2, n.98, p.38-44, Jun,2009. ZANCHET, Beatriz Maria Atrib; FAGUNDES, Maurício Vitoria; FACIN, Helenara. Motivações, Experiências Iniciais E Desafios: O Que Expressam Os Docentes Universitários Iniciantes. Disponível em: <http://www.ucs.br>. Acesso em 18 de out. 2014.

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POLÍTICAS PÚBLICAS INCENTIVANDO A INOVAÇÃO: TECNOLOGIA COMO

FERRAMENTA EDUCACIONAL

Manoelle Silveira Duarte, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões– Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

Edite Maria Sudbrack, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões– Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

Neusa Maria John Scheid, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões– Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

Elisângela Cristina Beuren, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões–Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMO: o objetivo deste artigo é refletir sobre as políticas públicas que dizem respeito à inserção das TICs no espaço escolar. Para melhor compreendermos, no primeiro momento vamos desmistificar o conceito de política, a fim de compreender seus procedimentos e demandas em cada segmento social que rege. Em seguida, identificaremos as atuais políticas públicas voltadas para a inserção das tecnologias no contexto escolar. Apresentaremos os conceitos e objetivos dos dois programas que estão em desenvolvimento nas escolas oportunizando aos professores e alunos essa aproximação entre educação e as novas e modernas tecnologias da informação e comunicação. De cunho totalmente bibliográfico, este artigo trará a visão de alguns autores em relação ao impacto desta aproximação, incluindo a necessidade de mudanças a nível pedagógico e curricular. Por fim, apresentaremos algumas conclusões, ainda preliminares, que indicam que as ações governamentais em geral contribuem de forma positiva para a inovação tecnológica na educação, mas que impasses como a formação inicial descontextualizada, a falta de habilidades tecnológicas e principalmente a necessidade de desestruturação de algumas práticas já enraizadas nos professores impedem que as mudanças ocorram de fato.

PALAVRAS-CHAVE: Políticas públicas. Educação. Tecnologias. Inovação. TICs.

PROVOCAÇÕES INICIAIS

A preocupação com os rumos da educação é instigante e desafiadora, este processo

sofre mudanças em função dos movimentos relacionados às políticas em torno da educação e

do advento das TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação que provocaram um forte

impacto no contexto escolar, exigindo uma nova postura do educador, com novas formas de

ensinar e, consequemente, políticas educacionais que deem suporte para estas significativas

mudanças.

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A educação é um fenômeno que engloba habilidades e competências para ensinar e

aprender, neste contexto é possível inovar as práticas e métodos pedagógicos, uma vez que, as

tecnologias surgem como ferramentas capazes de somar a ação docente. Com a utilização

destes aparatos tecnológicos o processo de ensino aprendizagem se torna mais dinâmico e

interativo, atendendo as novas exigências da sociedade. Aproximar as tecnologias da

educação, através de políticas governamentais, é proporcionar a inovação pedagógica por

meio das tecnologias, além de permitir que a escola insira-se nas transformações atuais da

sociedade contemporânea.

As políticas governamentais objetivam buscar a solução de problemas e acompanhar

as demandas de ordem social. Sendo assim, diante esta nova sociedade que vem se

caracterizando no último século, em que tudo está conectado em redes de internet e que as

tecnologias ampliam as formas de produção e proliferação do conhecimento, cabe ao governo

ampliar as possibilidades pedagógicas dos professores assegurando que aparatos tecnológicos

sejam disponibilizados às escolas, bem como a formação necessária para a utilização a fim de

promover a mudança na prática docente.

Sob esta perspectiva, nosso intento com esse texto é produzir provocações

relacionadas ao sistema educacional brasileiro pelo viés das políticas públicas voltadas para a

inovação tecnológica nas escolas. Vamos promover a analisar questões referentes às políticas,

focando em aspectos relacionados à inovação, diante da atualidade.

Para melhor compreendermos o texto, no primeiro momento vamos desmistificar os

caminhos conceituais das políticas e suas segmentações a fim de compreender seus

procedimentos e demandas em cada segmento social que rege. Em seguida, identificaremos as

atuais políticas públicas voltadas para a inserção das tecnologias no contexto escolar.

Apresentaremos os conceitos e objetivos dos dois programas que estão em desenvolvimento

nas escolas oportunizando aos professores e alunos essa aproximação entre educação e as

novas e modernas tecnologias da informação e comunicação. Vamos conhecer e analisar o os

prós e contras dos programas governamentais TV Escola e PROINFO.

2 POLÍTICA: DECIFRANDO OS CAMINHOS CONCEITUAIS

A abordar o tema política, é imprescindível falar de Aristóteles, filósofo que

conceituou política através da divisão do estado em governos. Ainda, segundo o pensador,

política está ligada à ação seja humana ou administrativa, que por sua vez, está diretamente

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relacionada ao poder. Exercer política é a capacidade de organizar, administrar, orientar ou

dirigir algo. Segundo Mattos e Dias (2012 p. 02) o termo politics refere-se ao conjunto de

interações que definem múltiplas estratégias entre atores para melhorar seu rendimento e

alcançar certos objetivos. Os autores referem-se à política como a construção do consenso e

luta pelo poder. Ainda, para Rua (1998, p. 40) a política, consiste no conjunto de

procedimentos formais e informais que expressam relações de poder e que se destinam à

resolução pacífica dos conflitos quanto aos bens públicos. Diante das ideias apresentadas

pelos autores, podemos perceber que política está diretamente ligada ao sentido de poder e

estratégias de intervenção junto ao que é público. Ainda, o filósofo Michel Foucault (1979)

afirmou que todas as pessoas fazem política, nas suas próprias ações, com a resolução de

conflitos próprios por exemplo.

Do alargamento do conceito de políticas, emergem as políticas públicas e

educacionais. Para melhor compreendermos e conceituarmos de forma clara e objetiva, vamos

primeiramente tratar do conceito de política pública. Diretamente ligada à ação do governo

que, detém o poder, as políticas públicas são compreendidas como uma ação empreendida

pelo estado a partir de suas instâncias. Estas políticas advêm da necessidade que a sociedade

pública coloca para o estado, que passa a ser responsável por desenvolver ações e programas,

assegurando aos cidadãos por meio de direitos o acesso à moradia, educação, saúde entre

outros aspectos sociais. Neste contexto de direitos em comum, Mattos e Dias (2012)

explanam sobre o conceito de público, que segundo os autores, refere-se à atividade humana

com finalidades em comum que é necessária para a intervenção governamental.

O conceito de política pública pressupõe que há uma área ou domínio da vida que não é privada ou somente individual, mas que existe em comum com outros. Essa dimensão comum é denominada propriedade pública, não pertence a ninguém em particular e é controlada pelo governo para propósitos públicos. (MATTOS e DIAS, 2012, p. 11).

Contudo, estas políticas deveriam ser mais bem planejadas, normatizadas, implantadas

e avaliadas, a fim de contribuir mais com a qualidade de vida da sociedade. As políticas

públicas organizam estratégias orientadas à solução de problemas, com respostas contingentes

às situações de um determinado local, atendendo assim as necessidades da sociedade.

Retomando as ideias apresentadas por Aristóteles, diante da divisão do estado em

governos, o conceito de política também esta relacionada a tudo que é civil, público, social.

Neste caso, o estado, pertence à esfera política e assim detém o poder de determinar leis

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comandando as normas para viver e conviver em sociedade deriva nas normatizações do país,

ou seja, nossa legislação, bem como assegurar os direitos dos cidadãos. Souza preconiza

Campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações e ou entender por que o como as ações tomaram certo rumo em lugar de outro (variável dependente). Em outras palavras, o processo de formulação de política pública é aquele através do qual os governos traduzem seus propósitos em programas e ações, que produzirão resultados ou as mudanças desejadas no mundo real (SOUZA, 2003, p. 13).

Compreendida com parte fracionária das políticas públicas, as políticas educacionais

são designadas especificamente para o setor educacional, são responsáveis pelo planejamento

educacional e pelo financiamento de programas governamentais. Infelizmente, as decisões são

definidas no sentido macro, fazendo com que não seja atendida a realidade de cada instituição

escolar, que por questões culturais carregam suas próprias especificidades sociais. Por isso a

escola deve ter uma visão/ação crítica diante destas políticas, que são formas diretas de

intervenção na realidade. Movimentos e referenciais educacionais se faz presente neste

contexto através da legislação educacional que rege a nível nacional o sistema educacional.

Para definir política educacional, segundo Martins, deve-se ter um cuidado, pois:

A política educacional também não pode receber uma definição terminal. Como processo ela se revela em cada época histórica, em cada contexto, em cada momento dado da organização dos seres humanos em uma ou várias formas concomitantes da ação humana, com uma dinâmica, uma força motora própria, que impulsiona e dita sua relação com as demais esferas do mundo social. (MARTINS, 1993, p. 08).

Quando nos referimos à política educacional, estamos tratando de ideias e de ações,

sobretudo, de ações governamentais destinadas a um determinado período e local, cada um

com suas especificidades. Por este motivo, Martins afirma que não podemos trabalhar com

uma definição terminal.

Ter claro os conceitos de Estado e governo, assim com suas devidas funções torna-se

interessante, a fim de compreender a descontinuidade da maioria dos programas implantados

nas escolas via governo.

Quando utilizamos a palavra “estado” estamos nos referindo a totalidade da sociedade política, ou seja, o conjunto de pessoas e instituições que formam a sociedade juridicamente organizada sobre um determinado território. A palavra “governo”, por sua vez refere-se somente à organização específica de poder ao serviço do estado, ou seja, àqueles que gerenciam os negócios do estado por um determinado período de tempo. ( MATTOS e DIAS, 2012, p. 5)

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Conforme podemos visualizar, o governo são os representantes eleitos

temporariamente que através do estado investem/ criam políticas educacionais para as escolas

que atenda as necessidades vigentes.

No estágio atual de desenvolvimento tecnológico e econômico, emergem os novos

paradigmas educacionais que contemplam a inserção de tecnologias de informação e

comunicação em ambientes educacionais. Às escolas precisam trabalhar com as tecnologias e

conduzir os alunos ao bom uso destes recursos e para a produção e proliferação do

conhecimento em rede. Contudo, para atingirmos este objetivo, as TIC – Tecnologias da

informação e comunicação precisam ser incorporadas nas escolas, não só pela infraestrutura,

mas pela formação dos professores, a fim de desenvolver habilidades tecnológicas garantindo

o manuseio e estabelecendo um panorama das tecnologias na educação e sua prática

pedagógica.

A incorporação das TICs na educação, nas práticas pedagógicas dos docentes contribui

para a democratização do acesso a informação, para a produção e disseminação do

conhecimento. Além de atender a necessidade de formação cidadã do sujeito. A utilização das

tecnologias poderá trazer efeitos positivos, se tiver intencionalidade pedagógica, pois aspectos

cognitivos relevantes podem ser encontrados. Contudo, esses resultados positivos não podem

ser atribuídos somente à tecnologia, à mediação docente é essencial e indispensável neste

processo.

O princípio da educação está pautado na formação íntegra e autônoma do sujeito.

Independente da intensidade das modificações no contexto social este princípio não irá mudar.

As mudanças são e serão necessárias no que se refere à forma de intervenção da escola, em

especial do professor, na formação, na vida destes alunos a fim de atingir esses princípios.

A educação, em seu sentido ampliado, é uma prática de cunho social voltada para o

processo de aprendizagem e para as relações. A escola é um espaço destinado à formação de

sujeitos, que permite a construção e compartilhamento de saberes estabelecido através da

relação professor e aluno.

A função da escola, segundo Mercado (1999, p. 48) pressupõe

A função da escola veicular o conhecimento socialmente organizado e sistematizado, incluindo a diversidade e pluralidade de culturas. A escola como espaço privilegiado para a apropriação e construção de conhecimento, tem como papel fundamental instrumentalizar seus alunos e professores para pensar, de forma criativa, soluções tanto para os antigos como para os novos problemas emergentes desta sociedade em constante renovação.

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De forma similar, é preciso compreender sobre as atribuições destinadas ao docente

Silva e Viana (2010, p. 14), ponderam que

No que se refere ao educador, este tem um papel definido com o objetivo de mediar o processo de ensino-aprendizagem, tendo como foco a formação teórico-prática do educando, mantendo a dinâmica no ambiente virtual que tem como uma de suas vantagens à possibilidade de comunicação dialógica.

Diante desta compreensão da nova realidade da sociedade contemporânea, da função

social da escola e do papel do educador neste contexto, urge a necessidade de repensar a

formação de professores e consequentemente as políticas públicas, uma vez que são evidentes

as novas exigências educacionais.

A diversidade de demandas para a educação exige do estado à criação de novas

políticas que atendam esta nova realidade tecnológica, em função do impacto das

transformações nas formas de comunicação com a chegada das TICs. Com o aumento desta

complexidade, em relação às inovações no campo educacional, programas de governo são

implantados, incorporados no intuito de preparar professores e equipar escolas para trabalhar

com as tecnologias na formação de sujeitos críticos e autônomos.

Temas emergentes devem ser inseridos nas políticas, que por sua natureza são voltadas

ao bem estar social. A realidade, hoje, clama por políticas no sentido da inovação. Neste

contexto, pretendemos a seguir, evidenciar que são políticas no sentido da inovação

tecnológica para as escolas.

3 POLÍTICAS E INOVAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR

O Brasil, ainda de forma muito lenta, está criando políticas educacionais de apoio à

inovação, através de programas governamentais vem engajando as tecnologias no contexto

escolar, visando atingir, dessa forma, um patamar superior de desenvolvimento da educação.

Um novo contexto social se configura, as TICs permitem que informações passem a

circular de forma incontrolável e acabam tornando-se estratégia para o ensino. Vale ressaltar

que o simples acesso a informação não supera essa nova realidade. A informação deve ser

sistematizada, trabalhada no sentido educativo e na produção de conhecimento.

Inovação, no contexto educacional corresponde à utilização de novos métodos que

provocarão mudanças nas formas de ensinar e aprender, diante desta nova realidade da

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sociedade tecnológica. Inovar significa modificar as velhas práticas empregadas há anos e

acompanhar as transformações sociais que veem ocorrendo.

Muitos são os motivos com os quais podemos justificar a incorporação das tecnologias

à prática educativa. Primeiro deles refere-se à necessidade de adequar o sistema escolar às

novas características da sociedade contemporânea, onde a informação é informação passa a

ser ferramenta de ensino. O surgimento de uma nova cultura, a cultura digital, o fato de

preparar os alunos para as novas formas de culturas e de materiais digitais. Talvez o mais

importante, a inovação dos métodos e materiais didáticos, já tradicionalmente enraizados.

Todos os segmentos da sociedade evoluíram com a chegada das tecnologias, somente o

espaço escolar ainda está resistente, em função da resistência dos professores em se

empenharem e modificarem suas práticas.

No intuito de inovar no contexto escolar, urge a necessidade de criar políticas públicas

voltadas ao uso das tecnologias no contexto escolas, esta forma, o MEC – Ministério da

Educação responsável pelas ações voltadas à educação busca através, de programas

governamentais, aproximar esta realidade tecnologia das escolas, sendo um suporte de

pesquisa, busca de materiais para os professores e alunos da rede de ensino.

O Ministério da Educação, juntamente com o atual governo vem implantando dois

grandes projetos relacionados à inovação tecnológica nas escolas. O primeiro deles é a TV

Escola, um canal voltado à produção de conteúdo educacional e o segundo é o Projeto que

prevê a informatização das escolas públicas brasileiras - PROINFO.

As tecnologias digitais se tornam atrativas por utilizar-se de recursos audiovisuais,

som, imagem e movimento, se diferem dos métodos tradicionais de ensino, onde o quadro é o

único recurso do professor expor e conteúdo. O canal da TV Escola disponibiliza diversos

conteúdos educacionais em forma de vídeos e jogos virtuais que completam curriculares dos

alunos. Acessando o site, o canal no Youtube ou assistindo o canal transmitido via satélite

professores, alunos e demais interessados da sociedade terão acesso a uma ferramenta

pedagógica para uso didático, trata-se de um ambiente integrador de conteúdos.

Neste contexto, podemos perceber que este canal de televisão público, criado pelo

ministério da educação, originou-se através de uma política pública da educação com o

objetivo de subsidiar a escolas com materiais pedagógicos atendendo a esta nova realidade

tecnológica. O MEC compreende este canal como um espaço disponível ao professor para

completar sua formação, na busca constante de formação e metodologias que possam ser

inovadas em sala de aula com os alunos, através do uso destes recursos. Algumas informações

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contidas no site do MEC divulgam informações os objetivos e a distribuição do projeto TV

Escola:

A TV Escola é uma plataforma de comunicação baseada na televisão e distribuída também na internet. Na televisão, ela é distribuída por satélite aberto, analógico e digital, para todo o território Nacional. O sinal da TV escola está também disponível simultaneamente na internet, no portal tvescola.mec.gov.br.

Segundo o MEC, O Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) objetiva

promover o uso pedagógico da informática na rede pública de educação básica. É um

programa educacional que leva às escolas computadores, recursos digitais e conteúdos

educacionais. Em contrapartida, estados, Distrito Federal e municípios devem garantir a

estrutura adequada para receber os laboratórios e capacitar os educadores para uso das

máquinas e tecnologias.

Desta forma, outra política educacional disponibilizada aos professores e alunos,

voltada ao viés da inovação diz respeito à Tecnologia Informática, em especial o PROINFO –

Programa Nacional de Informática na Educação - programa governamental de incentivo ao

uso pedagógico da informática, como ação desta política pública, as escolas públicas

brasileiras estão sendo equipadas com laboratórios de informática.

Este sistema tem chegado às escolas públicas brasileiras por intermédio do MEC, mais

especificamente através da Secretaria de Educação a Distância, que é responsável pelo

Programa Nacional de Tecnologia Educacional – PROINFO.

O PROINFO configura-se como a maior ação do Governo Federal em termos de

estímulo ao uso pedagógico da informática na rede pública de educação básica. O programa

tem como objetivo principal introduzir novas formas de tecnologia nas escolas de Ensino

Fundamental e Ensino Médio de todo o Brasil, levando às escolas computadores, recursos

digitais e conteúdos educacionais especificamente relacionados ao sistema operacional Linux

Educacional. Algumas informações contidas no site do MEC divulgam fatos relacionados à

criação do PROINFO:

O Programa Nacional de Tecnologia Educacional (PROINFO) é um programa educacional criado pela Portaria nº 522/MEC, de 9 de abril de 1997, para promover o uso pedagógico de Tecnologias de Informática e Comunicações (TICs) na rede pública de ensino fundamental e médio. O PROINFO é desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distância (SEED), por meio do Departamento de Infra-Estrutura Tecnológica (DITEC), em parceria com as Secretarias de Educação Estaduais e Municipais. O programa funciona de forma descentralizada, sendo que em cada Unidade da Federação existe uma Coordenação Estadual do ProInfo, cuja atribuição principal é a de introduzir o uso das tecnologias

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de informação e comunicação nas escolas da rede pública, além de articular as atividades desenvolvidas sob sua jurisdição, em especial as ações dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs). (PROINFO).

Desde o ano de 1997, estão sendo implantados laboratórios de informática concedidos

às escolas pelo PROINFO, com programas preparados como o Linux Educacional, com

softwares educacionais de código aberto, mas que não são tão conhecidos e utilizados

habitualmente por professores e alunos.

Diante das informações encontradas em relação a políticas educacionais existentes

destinadas ao incentivo da inovação tecnológica, podemos concluir que políticas existem,

materiais são disponibilizados, basta os professores repensarem suas práticas e suas posturas

pedagógicas, desafiando-se a inovar em suas práticas, atrelando as tecnologias ao processo

educacional como ferramentas pedagógicas. Sabemos, ainda, que mais incentivos do governo

devem ser ofertados, e que a lacuna ainda existente está na formação, tanto inicial, quanto

continuada dos professores.

4 DESDOBRAMENTOS FINAIS

A política, diretamente ligada ao poder, medeia todas as relações, sejam pessoais ou de

ordem pública social. O texto evidenciou primeiramente, a função normativa das políticas e a

forma como ela se constitui e é constituída nos espaços, com um olhar especial a educação.

O mundo das tecnologias está diante de nós em todas as esferas sociais, assim,

interessa analisar as políticas públicas existentes que se constituem de ferramentas

indispensáveis para o desenvolvimento da sociedade.

Diante das transformações nas formas de ensinar e aprender, podemos perceber que as

políticas públicas estão direcionando-se para atender as necessidades na sociedade

contemporânea. Assim a educação, processo primordial no qual o ser humano aperfeiçoa suas

capacidades, caracteriza-se como processo mediador capaz de correlacionar a cognição com

os aspectos sociais em evidencia, no caso as tecnologias.

Um fator extremamente importante a destacar, é as vantagens das tecnologias na

educação. Muitos recursos tecnológicos tornam-se ferramentas pedagógicas quando utilizadas

pelo viés educativo com atividades intencionadas.

Como já vimos às políticas voltadas para a inovação nas escolas são cada vez mais

necessárias, considerando o acelerado avanço das tecnologias em todos os sentidos. Sendo

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assim, articular políticas públicas as necessidades atuais e reais da educação, respeitando a

esfericidade de cada região, é primordial para que possamos ter educação de qualidade.

Conforme podemos perceber, os resultados encontrados indicam que as ações

governamentais, no caso o programa PROINFO e TV Escola, estão sendo disponibilizados

pelo governo e contribuem de forma positiva para o desenvolvimento científico e tecnológico

das escolas, além de impulsionar a inovação no contexto e nas práticas escolares. Ambos os

programas dispõem de recursos pedagógicos online que enriquecerão o planejamento do

professor. Entretanto, ainda é necessário mais investimento na formação de professores e mais

interesse dos mesmos em usufruir dos recursos disponíveis.

REFERÊNCIAS DIAS, Reinaldo. MATTOS, Fernanda. POLÍTICAS PÚBLICAS: Princípios, Propósitos e Processos, 2012. FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979 MARTINS, C. O que é política educacional. São Paulo: Brasiliense, 1993. PROINFO. Programa nacional de informática na educação. Disponível em: <http://www.proinfo.mec.gov.br>. Acesso em: 01 mai. 2015. RUA, Maria das Graças. Análise de Políticas Públicas: Conceitos Básicos. In: RUA, Maria das Graças; VALADÃO, Maria Izabel. O Estudo da Política: Temas Selecionados. Brasília: Paralelo 15, 1998. SILVA, J. Barbosa da M. VIANA, M. A. P. Incorporação das TIC as práticas pedagógicas no ensino superior. Acessado em dezembro de 2014. Disponível em: http://dmd2.webfactional.com/anais/, 2010. MERCADO, Luís Paulo Leopoldo, Formação continuada de professores e novas tecnologias. Maceió: EDUFAL, 1999. SOUZA, Celina. Políticas públicas: questões temáticas e de pesquisa. Caderno CRH, Salvador, n. 39, jul./dez. 2003. TV ESCOLA. Disponível em: <http://tvescola.mec.gov.br/tve/sobre>. Acesso em: 01 mai.2015.

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NOVAS TECNOLOGIAS E DIÁLOGO: DESAFIOS À CONSTRUÇÃO DA

INTELIGÊNCIA COLETIVA PELO CONHECIMENTO

Silvana Aparecida Pin, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões–

Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected].

Arnaldo Nogaro, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões–Câmpus

de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

Cênio Back Weyh, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões–Câmpus

de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

Camila de Fátima Soares dos Santos, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e

das Missões–Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMO: o presente trabalho trata do diálogo entre as novas tecnologias e a construção do

conhecimento na educação. Tem por objetivo trazer reflexões sobre as novas tecnologias e os

desafios para a profissão docente no uso desses instrumentos para a construção coletiva do

conhecimento. O desenho metodológico da pesquisa é de abordagem hermenêutica, a fim de

problematizar alguns conceitos apresentados por autores contemporâneos, especialmente,

Pierre Lévy. A pesquisa é bibliográfica, com enfoque qualitativo. Muitos são os desafios que

se descortinam nesse contexto. Assim, na tessitura do trabalho algumas questões são refletidas

e, no decorrer da escrita apresentam-se algumas possibilidades como suporte para a inovação

da prática docente, com vistas à qualidade do ensino e da aprendizagem.

PALAVRAS-CHAVE: Educação. Novas Tecnologias. Diálogo.

INICIANDO O EXERCÍCIO DO PENSAMENTO

Sabe-se das inúmeras vantagens que a evolução da comunicação trouxe à sociedade,

contudo observa-se também, certa padronização e manipulação midiática das consciências,

além de muita informação que não chega a transformar-se em conhecimento individual e

coletivo. Nessa perspectiva, o presente estudo tem o objetivo de trazer algumas reflexões

sobre as novas tecnologias e os desafios para a profissão docente no uso desses instrumentos

para a construção coletiva do conhecimento.

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No desenho metodológico da pesquisa, segundo a abordagem filosófica, utilizou-se a

hermenêutica, a fim de abordar alguns conceitos apresentados por autores contemporâneos,

especialmente Pierre Lévy. O estudo tem enfoque qualitativo e quanto aos meios utilizou-se a

pesquisa bibliográfica.

A sociedade complexa em que a universidade, a escola e os demais ambientes de

ensino e aprendizagem estão inseridos é marcada por inúmeras formas de comunicação e pela

disponibilidade das novas tecnologias que, por um lado estimulam as relações interpessoais, e

por outro lado podem suscitar distanciamento e impessoalidade nos vínculos estabelecidos.

Dessa forma, grandes e novos desafios apresentam-se diante dos sujeitos em busca de

conhecimento.

A ideia de complexidade surge para contrapor-se, antepor-se ao paradigma

cientificista-positivista de entendimento do mundo. Este descreve a realidade sob uma

perspectiva muito distante dos atributos necessários para que tenhamos um diagnóstico

preciso do que ela é. Segundo Morin (2000), a Ciência Clássica pode tratar os problemas

cujos fatores julgados predominantes obedecem às leis da lógica clássica e são para a maioria

mensuráveis. Ela se encontra bloqueada diante dos problemas onde essa lógica é desafiada e

onde a medida é incerta.

Dentre tantas caracterizações apresentadas na literatura para adjetivar a sociedade

contemporânea, adotamos “complexa” por considerar que se constitui no conceito genuíno e

que melhor se enquadra com nossos propósitos de mostrar o aprender e ensinar nesta

sociedade.

A etimologia nos esclarece sobre o sentido e origem do termo: complectere, que significa entrelaçar, traçar junto, correspondendo metaforicamente a tecer os diferentes fios do saber de modo a, entrelaçando-os, formar um tecido denso. Por outro lado, complexere quer dizer abraçar, representando um saber que abraça, engloba, constituindo-se como uma fé na cultura (COSTA, 2003, p. 270).

No pensar de Ciurana (2003, p. 49), tudo isto “[...] não é afã literário, é a expressão da

necessidade de compreender e explicar uma realidade com um ritmo multidimensional,

conectada de forma multidimensional, mesmo com combinações sempre novas, a cada vez,

num mesmo nível”.

Desse modo, segundo Florentino (2007), a complexidade configura-se numa nova

visão de mundo, que aceita e procura compreender as mudanças constantes do real e não

pretende negar (é importante que digamos isso!) a multiplicidade, a aleatoriedade e a

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incerteza dos fenômenos, mas sim conviver com elas. Esse pensamento procura explicar os

fenômenos considerando o seu contexto, a sua totalidade e a sua interatividade.

Isto é, há necessidade de outra forma de organização do pensamento.

O complexo surge como impossibilidade de simplificar lá onde a desordem e a incerteza perturbam a vontade do conhecimento, lá onde a unidade complexa se desintegra se a reduzirmos a seus elementos, lá onde se perdem distinção e clareza nas causalidades e nas identidades, lá onde as antinomias fazem divagar o curso do raciocínio, lá onde o sujeito observador surpreende seu próprio rosto no objeto de sua observação (MORIN, 2000, p. 132).

Desaparece a ideia de um centro unificador, de um único polo de referência. Na visão

de Morin (2000), o complexo é aquilo que é tecido simultaneamente, aí subentendidos

ordem/desordem, uno/múltiplo, todo/partes, objeto/meio ambiente, objeto/sujeito,

claro/escuro. Já não são mais possíveis conclusões e definições acabadas, tudo está em

suspenso, paira certa “irracionalidade”, uma vez que a razão encontra dificuldades para

abraçar os fatos e os acontecimentos.

A comunicação entre os seres humanos, e deles com o universo, está ligada à

necessidade de compreensão e de transformação da realidade que os cerca. A formação da

pessoa acontece no ambiente sociocultural em que ela vive, estuda, trabalha. Nesse espaço ela

se constrói como personalidade através das relações dialógicas estabelecidas em seu ambiente

de convívio. Assim, assume posição de destaque a comunicação com a sociedade estabelecida

pelos ambientes educacionais caracterizados pelo ensino, a pesquisa, a formação de

identidades profissionais, de seres humanos que influenciarão a comunidade onde vivem.

Diante deste panorama, pode-se refletir sobre qual lugar é apropriado às novas

tecnologias da informação, e que lugar ainda existe, em espaços coletivos, para o diálogo,

para a relação interpessoal face a face, em rodas de conversa, em trabalhos de grupo. Não se

está contestando o lugar imprescindível conquistado pelas novas tecnologias em salas de aula,

em trabalhos grupais à distância, mas se está trazendo para a discussão qual é a contribuição

que os instrumentos tecnológicos podem trazer aos ambientes de aprendizagem presenciais.

Para uma busca contínua do fortalecimento das relações humanas e o desenvolvimento

da consciência coletiva da valorização e da solidariedade humana, tem-se a tarefa de

promover, na universidade e na escola etc, o diálogo, a reflexão, a criação, a inovação, a

produção do conhecimento nos ambientes de ensino e aprendizagem e através das pessoas

formadas nesses ambientes encontrar saídas a uma visão individualista e competitiva da

educação. Assim, é preciso usar meios de comunicação que estimulem uma educação

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dialógica capaz de inserir na sociedade educandos e educadores e dar-lhe voz na solução dos

problemas sociais dentro do ambiente educacional, estabelecendo relações de comunicação

que possam dar sentido à existência humana.

2 NOVAS TECNOLOGIAS COMO INCENTIVO À COMUNICAÇÃO ENTRE AS

PESSOAS

O processo de conhecimento e aprendizagem é constante e exigente, pois precisa de

disciplina, mas ao mesmo tempo deve ser agradável, desafiador, questionador, de forma que

suscite o desejo de busca, a satisfação da descoberta e o prazer de seguir sempre mais

firmemente nessa procura. Ser educador, educadora, no século XXI não é melhor, nem pior,

que em outras épocas, mas é diferente, tem que ser diferente, porque a humanidade muda,

descobre, evolui, tem outras necessidades e outros anseios.

Educar envolve o desafio de encontrar a cada tempo e a cada momento maneiras

próprias de construir o conhecimento. Os paradigmas sociais mudam e os ambientes de ensino

e aprendizagem precisam necessariamente evoluir sob pena de não conseguirem mais

interagir com as novas gerações. As novas tecnologias têm incentivado a constante

comunicação entre as pessoas. O mundo é uma “aldeia global”, onde é possível saber tudo

sobre todos, ou seja, é possível estabelecer contatos com pessoas, com culturas que estão à

milhas do lugar onde se vive.

Nos ambientes globalizados das escolas e universidades, muitas vezes, os educadores

e educadoras se veem em dificuldades com as novas tecnologias, mas é preciso dar conta

delas, usá-las como instrumentos de aprendizagem com a mesma sensatez e conhecimento

que os educadores e educadoras de outros tempos usaram o giz e o quadro negro. Pode-se

ainda usar o giz, até porque os discursos são bem diferentes da realidade encontrada em

muitas escolas, mas, que isso não faça os docentes pararem no tempo, acomodarem-se e

pensarem que o novo não tem nada a contribuir.

Eu sei que a educação, a escola e a sociedade brasileira deveriam ser bem melhores e têm todas as condições de serem. A nossa maestria do professor tem que ser outra, não a do passado. A arquitetura da aprendizagem tem que ser outra, a partir dos novos direitos e dos novos deveres sociais. Mas isso não impede que eu repita sobre a nossa vida, sobre o papel do professor, sobre a escola, “é bonita, é bonita e é bonita”, e é a mais bela de todas as profissões da humanidade, porque consiste em recriar em uma única criança a humanidade inteira e plenamente (NUNES, 2013, p.9).

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O autor supracitado aponta para a beleza da profissão docente, que enche de sonhos a

todos e todas que se propõe a cumprir essa tarefa com a riqueza de sua inteligência e

criatividade, e a inconfundível esperança de que a educação pode e deve ser bem melhor.

Nesse sentido, existem avanços e perspectivas de desenvolvimento quanto às políticas

públicas e programas disponibilizados às escolas e universidades. Pode-se citar como

exemplo, o Plano Nacional de Educação – PNE, construído em conjunto com toda a

sociedade, através da Conferência Nacional de Educação - CONAE. A partir do PNE, cada

Estado e cada município estão construindo o Plano Estadual de Educação – PEE e o Plano

Municipal de Educação – PME.

O incentivo à participação dos educadores e a possibilidade de opinar sobre os rumos

da educação envolve também o uso das novas tecnologias em todos os espaços da educação

formal e informal. A educação pode e deve ser diferente, a partir do uso e da disponibilização

dos instrumentos de comunicação às escolas, aos professores e aos alunos. Contudo, se a

escola depende do incentivo e da disponibilidade desses instrumentos, também depende da

formação adequada dos docentes, e da vontade destes a investirem em sua própria formação.

Daí a necessidade de fazer as coisas acontecerem pelo investimento na formação permanente

e pela cobrança de melhor infraestrutura nos ambientes educacionais. O que falta em muitos

educadores e educadoras é a busca de qualificação, de atualização, formação permanente,

essencial para a profissão docente e para atender às novas demandas educacionais.

As tecnologias da informação, quando utilizadas com bom senso, são um constante

incentivo à comunicação entre as pessoas, ao conhecimento da diversidade das culturas

humanas, à cooperação entre as diferentes sociedades para fortalecer laços de solidariedade,

de fraternidade e para resolver os problemas comuns que afetam a todos quantos vivem em

um mundo globalizado. Contudo, vive-se hoje, também, o inverso desses valores, pode-se

alimentar, via tecnologias, o ódio, o engano, a morte do diferente.

Neste ponto perigoso de virada ou de encerramento, a humanidade poderia reapoderar-se de seu futuro. Não entregando seu destino nas mãos de algum mecanismo supostamente inteligente, mas produzindo sistematicamente as ferramentas que lhe permitirão constituir-se em coletivos inteligentes, capazes de se orientar entre os mares tempestuosos da mutação (LÉVY, 2007, p. 15)

Nesse horizonte de reflexão é possível vislumbrar um espaço tênue entre a euforia de

construções positivas da inteligência coletiva e as transformações negativas advindas do uso

sem sentido desses importantes instrumentos. O saber torna-se uma nova infraestrutura, a

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informação e o conhecimento são essenciais na contemporaneidade. Mas, é preciso que a

inteligência coletiva gerada pelas redes sociais torne-se condição elementar para a partilha do

conhecimento. O mais importante não é o acúmulo de informações, mas a profundidade a que

se chega em relação às mesmas, a ampliação da reflexão, a construção coletiva do

conhecimento em favor de todos.

O conhecimento ampliado através das redes de comunicação deve ser capaz de

melhorar a espécie humana, de construir a noção de interdependência entre os seres humanos

e destes com todo o universo. Lévy (2007, p. 19) afirma que

[...] a prosperidade das nações, das regiões, das empresas e dos indivíduos depende de sua capacidade de navegar no espaço do saber. A força é conferida de agora em diante pela gestão ótima dos conhecimentos, sejam eles técnicos, científicos, da ordem da comunicação ou derivem da relação “ética” com o outro.

O universo do saber, instrumento de trabalho da profissão docente, tornar-se-á, aliado

às novas tecnologias, importante fator de influência nos ambientes de aprendizagem, nas

novas metodologias construídas a partir da necessidade de adaptação ao mundo novo advindo

das redes de comunicação. Relações de poder, de amizade, de fraternidade, de respeito ao

outro, de ódio, de destruição são possibilidades que se abrem diante de cada um no acesso

ilimitado e irrestrito à maioria das pessoas que estão em contato com as mídias sociais.

Meios simples e práticos precisam ser descobertos e construídos pelos educadores e

educadoras para que seja possível a convivência e o uso adequado e inteligente das

tecnologias da informação. O espaço social ocupado por cada um é o definidor do que pode

ser feito no sentido de aproveitar as amplas possibilidades abertas por esse mundo novo, mas

é imprescindível conhecer e saber manusear os instrumentos disponíveis para a aquisição do

conhecimento, da informação, dos saberes múltiplos que os educandos trazem ao contexto da

sala de aula.

3 DESAFIOS DAS NOVAS TECNOLOGIAS PARA OS AMBIENTES

EDUCACIONAIS

Na era do individualismo exacerbado, em parte incentivado pela competitividade

mercadológica e em parte pelo uso abusivo e prejudicial das novas tecnologias, os educadores

e educadoras têm a tarefa de despertar valores de solidariedade, de construção conjunta, do

caminhar juntos, do aprender juntos, do compartilhar saberes, descobertas e experiências. Um

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dos desafios, para os educadores, é reunir a classe docente em torno de objetivos comuns,

fortalecer-se em grupos de estudos, de discussões, criar comunidades de aprendizagem e redes

colaborativas. É preciso juntar forças para mudar a educação do país, e não permitir que o

sistema trate as pessoas como fantoches.

O desafio da profissionalização docente envolve a busca de formação que dê conta do

uso das novas tecnologias dentro dos ambientes de ensino e aprendizagem. Vive-se na era da

virtualização do saber. No contexto contemporâneo é virtual, no entendimento filosófico:

“[...] toda entidade desterritorializada, capaz de gerar diversas manifestações concretas em

diferentes momentos e locais determinados, sem, contudo, estar ela mesma presa a um lugar,

ou tempo, em particular (LÉVY, 2009, p. 47). A virtualização do saber dá inúmeras

possibilidades aos docentes e educandos de adquirirem informações e transformá-las em

conhecimento.

Segundo Lévy (2007), com o advento do ciberespaço, o saber articula-se à nova

perspectiva de educação, em função das novas formas de se construir conhecimento, que

contemplam a democratização do acesso à informação, os novos estilos de aprendizagem e a

emergência da inteligência coletiva.

Nesse sentido, segundo o autor, duas reformas são necessárias à educação e aos

processos de formação: a primeira, o professor precisa incentivar e animar o intelecto de seus

alunos, ao invés de se restringir ao papel de fornecedor direto de informações relevantes à

construção do conhecimento. Na segunda reforma, é preciso que se aproveite a experiência

adquirida na educação a distância quanto à formação de grupos de estudos e de sistemas

compartilhados para a construção do conhecimento. No espaço contemporâneo de busca e

construção coletiva do saber faz-se necessária uma nova identidade docente, pois

[...] as identidades tornam-se identidades de saber. As consequências éticas dessa nova instituição da subjetividade são imensas: quem é o outro? É alguém que sabe. E que sabe as coisas que eu não sei. O outro não é mais um ser assustador, ameaçador: como eu, ele ignora bastante e domina alguns conhecimentos (LÉVY, 2007, p. 27).

Os educadores e as educadoras necessitam, para sua tarefa de ensinar e aprender, mais

que fornecer dados científicos acerca de determinado conhecimento, ampliar seus

conhecimentos em relação às novas tecnologias, repensar as práticas pedagógicas para dar

espaço aos ambientes virtuais de aprendizagem e atender às demandas de novas metodologias

de ensino. É preciso construir uma nova identidade docente, uma reconstrução interna da

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docência, uma nova compreensão da própria profissão docente: saber que o outro também

sabe, mas cada qual sabe e ignora algumas coisas.

O incentivo à pesquisa nos ambientes virtuais é uma forma de trazer para a sala de

aula informações prévias que podem ser usadas para a transformação conjunta destas em

conhecimento, a partir do saber que cada estudante carrega consigo. Mas, o professor também

tem algo a contribuir a partir dos seus conhecimentos. Dessa forma, o desafio está em

construir pontes entre os saberes do educador e do educando. Essas pontes podem ser

construídas quando um não se torna estranho ao outro, mas cada qual sabe o seu lugar na

tarefa de aprender juntos.

Outro desafio que se apresenta no cotidiano docente é preparar os educandos para

desenvolver o senso crítico, o pensar reflexivo diante da diversidade da vida contemporânea

que se apresenta através das inúmeras informações que vêm até o sujeito da aprendizagem por

meio das novas tecnologias.

4 O INCENTIVO AO DIÁLOGO INTERPESSOAL: UM EXERCÍCIO CONSTANTE

NO CONTEXTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS

Estar diante de crianças, adolescentes, jovens ou adultos como professor, como

professora, é estar diante da responsabilidade por tudo o que se diz e se faz nessa profissão

porque, em última análise, é isso que vai marcar (insignar) indelevelmente aquela vida que

está tendo experiências coletivas de busca de conhecimento. Mas, aí está o fascínio de ser

educador, educadora, o poder contribuir para que aquela pessoa seja sempre a melhor, alguém

que vai deixar uma marca de justiça, de amor, de felicidade onde quer que esteja. Educadores

e educadoras são portadores desses valores que fazem da vida um grande empreendimento,

embora, às vezes, ela passe despercebida aos holofotes da sociedade capitalista.

Para contrapor-se ao ambiente sedutor das comunicações de massa, o docente é

alguém imprescindível, mas é preciso que ele aprenda novas formas de realizar sua prática e

de lidar com os novos saberes que circulam no mundo da educação. Dessa forma,

compreende-se o pensamento inovador de Lévy (1998, p. 26-27) quando afirma que: “[...] a

utilização multiforme dos computadores para o ensino está se propagando na escola, na casa,

na formação profissional e contínua. Essa utilização carrega em si uma redefinição da função

docente e de novos modos de acesso aos conhecimentos”. Para fazer jus a essa redefinição é

preciso o docente profissionalizar-se constantemente.

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A compreensão das novas formas de aprender deve ocupar o dia a dia da profissão

docente, pois é preciso apreender novos conceitos, novas formas de entender o mundo e suas

relações. “Antes mesmo de influir sobre o aluno, o uso dos computadores obriga os

professores a repensar o ensino de sua disciplina” (LÉVY, 1998, p. 27). A forma de interagir

com os alunos é totalmente diferente, pelo menos no domínio da linguagem própria que se

origina com o advento das novas tecnologias.

Estabelecer o diálogo entre os sujeitos da aprendizagem, nesse contexto, torna-se uma

necessidade constante ao cotidiano da educação. As tecnologias tanto podem aproximar as

pessoas, quanto distanciá-las. Contudo, acredita-se que:

A função da escola é humanizar. Não inspirem a prática de suas escolas somente na estreiteza da lei... A escola tem que reassumir sua função humanizadora, passar na universidade da ética, da autonomia, da autoestima, da felicidade, do cuidado, do ambientalismo, dos novos direitos sociais, da responsabilidade, da nutrição saudável, e isso precede o conhecimento de uma mera aprovação nas pouquíssimas vagas públicas (NUNES, 2013, p. 10).

Tratar da educação, pensar as relações que possam ser estabelecidas na escola e na

universidade é considerar a função humanizadora do ambiente educacional. Educar traz em

seu âmago o dever de formar a pessoa para a vida. Mesmo em meio aos computadores e mil

outras tecnologias, o ser humano precisa aprender a valorizar a si mesmo, a respeitar o espaço

do outro, a conviver, a ter senso de justiça e a se relacionar em rede, seja virtual ou real. O

diálogo é fonte essencial de comunicação, pois comunicar é estabelecer uma relação de

empatia em busca de uma resposta com o envolvimento do outro.

A interação dialógica se faz ainda mais necessária hoje, em tempos de isolamento por

trás das redes de comunicação. Embora possa parecer contraditório, as redes digitais geram

isolamento físico e afetivo, pois transmitem uma sensação de presença quando na verdade

cada um está em seu território sem a presença acalentadora própria das relações humanas.

Dialogar é intercomunicar-se, é estabelecer meios de colaboração, é trazer à tona elementos

para a intercomunicação como, amor, humildade, esperança, confiança, criticidade. Assim,

“[...] dialogar é interagir com o outro, respeitá-lo em sua forma de ser, acolher suas

necessidades e dispor-se a construir uma nova história junto com o outro, a partir da história

que cada um já traz consigo” (PIN, 2014, p. 79). O fazer com o outro se torna de fundamental

importância num mundo interligado em rede.

Dialogar é atividade essencialmente humana e pertence, em parte, ao docente a missão

de gerar as condições para que a comunicação dialógica aflore, e para isso, a sala de aula pode

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ser um ambiente propício. “O diálogo é a força que impulsiona o pensar crítico-

problematizador em relação à condição humana no mundo. Através do diálogo podemos dizer

o mundo segundo nosso modo de ver” (ZITKOSKI, 2008, p. 130). Estabelecer o diálogo entre

os saberes dos alunos e dos docentes é colaborar para que se produza senso crítico,

pensamento reflexivo diante das infinitas informações que chegam a cada um todos os dias.

Por fim, pode-se afirmar que “educar é um gesto de amor, não uma manifestação

piegas, “sentimentaloide” como muita gente fala. Amor que liberta do egoísmo, da

ignorância, da ditadura, do senso comum, de uma televisão perversa” (NUNES, 2013, p.11) e

por isso, é capaz de gerar relações construtivas, de confiança, de humanização e de alegria

com a vida. Ser educador, educadora é saber viver de novo cada fase da vida, num processo

dialógico de construção com a criança, com o adolescente, com o jovem, com o adulto, em

suas diferentes formas de compreender o mundo.

O educador, a educadora, é um ser humano que precisa de muitas habilidades e

competências para despertar no educando o lado belo da vida, para o prazer de conhecer, para

a aventura cativante da descoberta. Dar respostas a perguntas que não são feitas é a morte do

conhecimento, porque não desperta o interesse, a criatividade, a vida mesma que é feita de

buscas, de sonhos, de surpresas... É preciso compreender que o aprendizado é fundamental, e

ele segue sempre com os livros, com as pessoas, com as relações dialógicas estabelecidas, na

escola, na rua, na família, nos ambientes virtuais, mas, sobretudo, ele acontece com a vida,

com os vínculos criados dia após dia, no esforço de compreender, de ouvir o outro, de dar o

melhor de si, de exigir quando for necessário, de despertar o desejo de ser melhor, de

conseguir fazer com que o outro deseje conhecer sempre mais.

A Escola e a Universidade têm tarefas e responsabilidades que não podem ser

delegadas a outros, tarefas que não podem ser deixadas para os meios de comunicação de

massa, para a realidade virtual, pelo simples motivo de que o ser humano é real, ele está aí

“em carne e osso” e precisa de uma resposta real para seus problemas, de uma resposta que

diga a respeito da vida, que prove a ele que aquele conhecimento tem a ver sim com a vida

presente ou com a vida que ele pretende ter.

É na caminhada de todo dia que o perfil docente é construído, que o aluno se apropria

do conhecimento, sem acomodação, num processo de construção que acontece dia após dia,

para participar efetivamente da transformação da sociedade. A Escola e a Universidade não

podem restringir-se à função de informar, mas precisam descobrir, ou redescobrir, sua missão

de influenciar a sociedade através do conhecimento produzido, construído em conjunto, não

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apenas passado adiante. Ser humano é poder construir a própria existência com autonomia,

com respeito, com liberdade e os educadores e educadoras participam ativamente da

construção do humano.

5 PARA O PENSAMENTO CONTINUAR FLUINDO

Com o estudo realizado pode-se concluir que refletir a respeito das novas tecnologias

da informação e de como se pode usá-las em prol da aprendizagem deve ser uma preocupação

constante dos educadores e educadoras. As ferramentas estão disponíveis e acessíveis à

maioria dos alunos, não se pode mais ignorar esse fato. Por isso, a necessidade da formação

dos professores e professoras para o uso devido e inteligente das mesmas nas suas aulas.

Os desafios que envolvem o uso inteligente das novas tecnologias da informação são:

saber usá-las com criatividade e estimular os alunos a construírem o conhecimento a partir das

informações recebidas por meio das tecnologias. Além disso, o grande desafio do professor é

suscitar nos educandos o senso crítico, o pensar reflexivo e questionador acerca das inúmeras

informações veiculadas pelas mídias sociais.

Nessa perspectiva, é preciso que o profissional docente tenha conhecimento da

necessidade de buscar atualização no que concerne às novas tecnologias e ao uso adequado

em sala de aula. Não se utilizar das tecnologias porque são atuais ou estão “na moda”, mas

como um suporte para a inovação da sua metodologia, com vistas à qualidade do ensino e,

principalmente, da aprendizagem de seus alunos.

REFERÊNCIAS CIURANA, E. R Complexidade: elementos para uma definição. In: CARVALHO, E. de A.;MENDONÇA, T. Ensaios de complexidade 2. Porto Alegre: Sulina, 2003. COSTA, W. M. M. Pedagogia e complexidade: uma articulação necessária. In: CARVALHO, E. de A; MENDONÇA, T. Ensaios de complexidade 2. Porto Alegre: Sulina, 2003. FLORENTINO, J. A. A. Linearidade, complexidade e sistemas. In: RODRIGUES, L. P. (Org.). Sociedade, conhecimento e interdisciplinaridade: abordagens contemporâneas. Passo Fundo: UPF, 2007. FREIRE, P. Política e Educação: ensaios. São Paulo: Cortez, 1993. LÉVY, P. A Máquina Universo: criação, cognição e cultura informática. Tradução de Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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________. A Inteligência Coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 5 ed. São Paulo: Loyola, 2007. ________. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 2009. MORIN, E. A inteligência da complexidade. São Paulo: Peirópolis, 2000. NUNES, C. Onde fica a maestria do professor. Educação em Revista. Nº 99, Ano XVIII, agosto de 2013. Porto Alegre: Comunicação Impressa, 2013, p. 8-11. PIN, S. A. Educar o humano: construção do sujeito em Paulo Freire. Frederico Westphalen: Pluma, 2014. ZITKOSKI, J. J. Diálogo/Dialogicidade. In: Dicionário de Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2008, p. 130-131.

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A TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E AS MUDANÇAS NAS

FORMAS DE ENSINAR E APRENDER.

Silvia D. Parussolo Boniati, Escola Estadual de Educação Básica. José Zanatta/Brasil -

[email protected]

Bruno Batista Boniati, Instituto Federal Farroupilha/Brasil – [email protected]

RESUMO: este texto tem por objetivo refletir acerca da maneira de ensinar e aprender nos ambientes escolares com o uso das TIC (Tecnologias da informação e comunicação) como auxiliadoras nesse processo. A grande disseminação da informação e a possibilidade de estarmos conectados a todo momento instiga os aprendizes a não se contentarem somente com a sala de aula monótona, passiva e fragmentada. Os alunos querem e precisam vivenciar diversas possibilidades na escola como forma de auxiliá-los a lidar com este mundo efêmero e desafiador. Assim, o uso das tecnologias na educação escolar é uma forma de se aproximar da realidade do aluno, proporcionar diferentes formas de aprender e possibilitar o compartilhamento dos conhecimentos vividos por cada um fora da sala de aula. PALAVRAS-CHAVE: TICs, Tecnologia na Educação, Aprender e Ensinar. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

À Escola1 sempre se atribuiu a tarefa de ensinar aquilo que fora dela os alunos não

teriam acesso. Hoje, porém, com o advento de uma nova e fantástica agilidade nos processos

de comunicação e da característica efêmera da sociedade possibilitou-se o acesso à

informação fora da Escola — com a inversão do vetor de emissora para receptora da

informação —, modificando assim, a maneira de ensinar e aprender.

Pensar educação escolar hoje é pensar em uma Escola acolhedora, inclusiva e que

auxilie na construção de sujeitos autônomos capazes de se adaptar às exigências do mundo

globalizado. Auxiliar é caminhar junto, é ensinar e aprender e nunca abandonar.

Neste contexto as tecnologias da informação e comunicação invadem as salas de aula

para auxiliar os professores na tarefa, não de transmitir informações, mas de proporcionar

situações de aprendizagem que possibilitem aos alunos saber onde buscar as informações que

ele precisa e ao mesmo tempo agir criticamente sobre o que ele encontra em diversos meios

de comunicação.

1 Sempre que grafarmos Escola com letra maiúscula, estamos nos referindo a qualquer estabelecimento que faz Educação formal desde a Educação Infantil até a pós-graduação na Universidade.

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Assim, esse texto busca refletir sobre a importância da utilização das TIC nas salas de

aula e suas possibilidades de uso, uma vez que as tecnologias já foram inseridas em nosso dia

a dia e são indispensáveis inclusive para ensinar e aprender. Evidencia-se também o fato de

que diante da popularização dos dispositivos móveis (smartphones e tablets) e a ampliação da

disponibilidade da infraestrutura de comunicação, a grande maioria dos alunos já vem para a

escola “vestido” de tecnologia e esta não pode desconhecer ou ignorar essa realidade e sim

encontrar oportunidades de potencializar e inovar as ações de ensinar e aprender.

APRENDER E ENSINAR NA ESCOLA

A Escola que se gratificava na transmissão de conteúdos não sobrevive mais. As

informações estão em todo lugar e disponível a todo o momento. A produção do

conhecimento não tem hora e nem lugar para acontecer. Por isso a Escola necessita quebrar

com paradigmas que já não se enquadram na sociedade atual, ela precisa repensar seu papel e

acompanhar as mudanças tecnológicas e de pensamento para não ficar ultrapassada.

Numa sociedade de extrema diferenciação de trabalho, importa despertar e manter as diferenças de interesse; num mundo em transformação rápida e constante, importa preparar o aluno para ajustar-se a situações novas, não para repetir soluções apresentadas (LEITE, 2003, p. 188).

É preciso trabalhar procurando fazer de suas práticas pedagógicas instrumentos para

qualificar o processo de avaliação realizado com professores e alunos, visando

essencialmente, a aprendizagem, como diz Demo (2006, p.1), muitos “[...] outros aspectos

fazem parte do projeto pedagógico, mas a aprendizagem dos alunos é a sua maior razão de

ser”. A atual forma de organização e metodologia utilizada é preparada para atender turmas de

alunos homogêneas, que aprendem em um mesmo ritmo e através da transmissão de

informações.

O aprender na Escola de hoje é mais complexo do que “tirar boas notas ou ser aprovado no vestibular” – os estudantes precisam de sua autoestima preservada, identificar-se como cidadãos, aprender a conviver com as diferenças, construir valores morais, sobretudo confiar no apoio dos adultos que formam o corpo docente dessa escola (HOFFMANN, 2012, p. 162).

Em tempos muito próximos a escola era responsável em repassar as informações para

o aluno, hoje, é o aluno que vem para a Escola com a informação. O fluxo da informação

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mudou. O dogmatismo da Escola, com suas afirmações e certezas é substituído pela incerteza

que é a marca registrada da passagem do século 20 para o 21 e se apresenta no mundo

globalizado onde tudo é instável e muda rapidamente (CHASSOT, 2010). Ela tem que se

preocupar com os diferentes tipos de aprendizagens e ritmos, trabalhar na diversidade,

buscando formas de ensinar que contemplem todos, afinal, não tem aluno que não aprende,

tem Escola que não ensina.

É preciso que o currículo esteja ligado à realidade dos alunos. Algo que faça sentido,

que os ajude a resolver pequenos problemas do seu dia a dia. A escola precisa abrir suas

portas e deixar o aluno trazer para dentro dela o que é de seu interesse, desvendando o imenso

mundo externo e que tem muito a ensinar.

A Escola como espaço onde se busca “aprender” é bastante presente. Talvez os alunos

não tenham compreensão disso de forma explícita, mas as manifestações de “indisciplina” em

sala de aula possa ser o indício de que algo não está certo e o ir a Escola esteja associado

ainda à obrigação e não ao prazer. A Escola do mundo globalizado necessita compreender

essas individualidades e partir para a efetivação de um paradigma sistêmico, contribuindo

cada vez mais com a formação do ser humano.

OS AMBIENTES EDUCACIONAIS E A TECNOLOGIA

Muito antes da tecnologia da informação (TI) ganhar os espaços escolares ela invadiu

o mundo social, transformando o manual em automática e fazendo com que o trabalho

passasse por uma verdadeira revolução. A preparação para o trabalho passa a ser um dos

objetivos descrito já no segundo artigo da vigente Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB 9394/96) “[...] preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho”. A intenção é fazer com que o aluno adquira habilidades para sua inserção e

sobrevivência em um mercado competitivo e muito efêmero. Isso já está acometido à Escola

há muito tempo, um presidente da República há mais de meio século, afirmava:

As necessidades sociais de nosso tempo estão a exigir que a Escola primária se transforme. (...) Entre os pedagogos modernos, já não se considera a Escola primária simples estágio para aprendizagem dos rudimentos da leitura, da escrita e do cálculo. Há de, também, preparar o homem para o trabalho, integrando-o na economia nacional (Kubitschek, 1957, p. 143 apud FERNANDES 2000).

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Muito dessa revolução aconteceu quando as empresas e as instituições comerciais

começaram a se informatizar. Assim os computadores são inseridos nas escolas como forma

de qualificar os futuros alunos que trabalharão com estes artefatos. Como instrumento de

trabalho as TIC se efetivam como em uma estrada de mão única, ou seja, não tem como voltar

atrás e o uso de equipamentos e programas mais sofisticados são inevitáveis. As aulas de

informática que ensinam trabalhar com o mouse, com editor de texto, planilhas eletrônicas

viram moda e o slogan de escola moderna passa a reinar sob aquelas que ainda não se

adaptaram ao novo. Mas a TI mudou não apenas o mundo do trabalho e a possibilidade de

comunicação e informação transformou a maneira de aprender, de ensinar e de viver em

sociedade.

O passar do tempo mostrou que as técnicas básicas para se trabalhar com os

equipamentos tecnológicos eram aprendidas em casa e que estes deveriam ser usados como

meio para se chegar ao conhecimento. A tecnologia sempre existiu na Escola. As tecnologias

independentes (aquelas que não necessitam de energia para funcionar), lousa de giz, livro,

mimeógrafo, e muitos outros artefatos contribuíram com a educação escolar em uma época

em que a escola era o centro irradiador de informações e conhecimento.

Hoje, os alunos vem para escola munidos de muitos conhecimentos, o acesso a

informação está em todo lugar, seja nos meios de comunicação, seja através da internet. É

preciso que estejamos disponíveis para que o aluno tenha o professor como um parceiro do

seu aprendizado. Assim o professor deve fazer também, trazer o aluno para perto de si, pois

ele tem muito a ensinar.

Essas crianças, então, habitam o virtual. As ciências cognitivas mostram que o uso da internet, a leitura ou a escrita de mensagens com o polegar, a consulta à Wikipédia ou ao Facebook não ativam os mesmos neurônios nem as mesmas zonas corticais que o uso do livro, do quadro-negro ou do caderno. Essas crianças podem manipular várias informações ao mesmo tempo. Não conhecem, não integralizam nem sistematizam da mesma forma que nós, seus antepassados. Não tem mais a mesma cabeça (SERRES, 2013, p.19).

Hoje nos deparamos com três questões importantes que dizem respeito as TI no

ambiente escolar. O primeiro está relacionado à formação dos professores para atuar com as

tecnologias e a consequente conscientização dos mesmos sobre a sua importância. Tudo que é

novo e desconhecido causa medo e insegurança e muitos professores apresentam essas

características porque na sua formação a preocupação em ensinar os conteúdos era tão grande

que se deixava de lado o como e o porquê ensinar. Também é possível encontrar professores

que resistem ao uso pelo fato de não verem sentido e utilidade em seu dia a dia. É algo

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dispensável. Moran (2012) diz que é fundamental a capacitação não só dos docentes, mas

também de funcionários e alunos, e que ela não pode ser pontual, mas continua.

A segunda questão é disponibilidade de recursos tecnológicos para uso nos espaços

escolares, tanto por professores como alunos. Esses recursos referem-se não apenas a

computadores, mas a qualquer tecnologia, por exemplo: Câmera digital, filmadora,

gravadores, som, TV, microfone, etc. Recursos que facilitam o acesso à informação e que

proporcionam um aprendizado mais divertido e ativo são indispensáveis.

As escolas necessitam de profissionais capacitados para dar suporte técnico aos

equipamentos e a seus usuários. De nada adianta a escola ganhar os equipamentos se estes

ficam parados, esperando que alguém venha instalar, e que auxilie no cuidado com vírus,

download de programas, vídeos, etc.

A incorporação de ambientes virtuais da aprendizagem também não pode ser

desconsiderado pois, segundo Moran (2012, p. 9), “O mundo físico e o mundo virtual não se

opõem, mas se complementam, integram, combinam numa interação cada vez maior,

contínua, inseparável”. A utilização de redes sociais pode ser uma forma de se aproximar,

conhecer e acolher melhor os alunos, além de ser uma fonte de compartilhamento dos

conhecimentos trabalhados na sala de aula.

Espera-se que a incorporação das TIC pelas escolas seja elemento catalizador de

mudanças significativas na aprendizagem dos alunos (ALONSO, 2008, p. 749). Por isso,

inserir as TIC nas escolas e não modificar a prática do professor é continuar com um ensino

que não mais ensina, que não é mais atrativo e desafiador, mas que gera problemas e rejeição

à escola. É preciso ter consciência de que o papel do professor, tradicionalmente conhecido

como transmissor do conhecimento não existe mais e que a sua função de mediador se efetiva

para contribuir com a autonomia do aluno.

UM NOVO TIPO DE ALUNO

Evidencia-se a cada ano uma mudança muito significativa nas características dos

alunos que frequentam as escolas. Tomando-se como parâmetro os anos finais do ensino

fundamental bem como os alunos do ensino médio, pode-se observar um estereótipo de aluno

que nem de longe lembra aquele que a maior parte dos professores se recorda, “no tempo em

que foi aluno”. Trata-se de um aluno que “veste” a tecnologia como se ela fizesse parte de si.

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A popularização dos dispositivos móveis (smartphones e tablets) proporcionada pela

redução dos custos, bem como a ampliação de serviços de telefonia móvel e redes de dados

tem possibilitado que a grande maioria destes alunos já tenha experiências de uso da

tecnologia antes mesmo de frequentar os bancos escolares. E mais do que isso, essa

experiência de uso faz parte de seu dia a dia de forma indissociável de si próprio e

independente da escola.

Trata-se de uma realidade a qual o professor e a escola precisam se acostumar e buscar

encontrar oportunidades positivas de se explorar em prol de potencializar suas atividades de

ensino. É preciso repensar as práticas tradicionais e deixar de ignorar a presença destes

artefatos tecnológicos, buscando forma de aliá-los a tarefa de ensinar.

Recentemente, um grupo de alunos ingressantes no primeiro ano do ensino médio do

Instituto Federal Farroupilha, Câmpus de Frederico Westphalen, foi desafiado a aplicar um

questionário aos demais alunos (também ingressantes), nas diferentes turmas. O objetivo

deste estudo era traçar um perfil do aluno calouro, como forma de subsidiar algumas

discussões importantes em sala de aula. Dentro do conjunto de questões que foram

elaboradas, entre elas: idade, sexo, naturalidade, etc., havia também, questões que buscavam

conhecer de que forma estes alunos utilizavam os recursos tecnológicos.

Neste sentido, os participantes da enquete foram questionados sobre o fato de

utilizarem ou não a rede social Facebook, utilizarem ou não o comunicador instantâneo

Whatsapp bem como se teriam ou não acesso a um computador fora da instituição de ensino.

Ao todo foram entrevistados 105 alunos, todos eles ingressantes (alunos do primeiro ano do

ensino médio). Os resultados podem ser observados no quadro 1, disposto a seguir.

Quadro 1 – Perfil Tecnológico dos Alunos Ingressantes do Ensino Médio no Instituto Federal Farroupilha

Sim Não Respostas % Respostas % Utiliza Facebook? 100 95% 5 5%

Utiliza Whatsapp2? 94 90% 11 10%

Tem acesso a computador fora da escola? 99 94% 6 6% Enquete realizada no período de 6 até 10 de abril de 2015

2 Whatsapp é um comunicador instantâneo exclusivo para utilização em disponível móveis e desenvolvido para diferentes plataformas. Atualmente é mantido pela empresa Facebook.

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Obviamente que a enquete realizada é insuficiente para que se possa concluir algo

definitivo em relação ao perfil dos alunos e tampouco generalizar tais conclusões para outras

escolas/instituições. No entanto observando os dados levantados podem-se realizar algumas

reflexões: em se tratando de uma escola pública, cuja maior parte dos alunos ingressantes

(75%) procura por um curso com fortes interfaces com o meio rural (Curso Técnico em

Agropecuária) observa-se que percentuais iguais ou maiores que 90% nas respostas que

indicam utilização de recursos tecnológicos por parte dos alunos é um forte indicativo de que

de fato, aquelas constatações e observações se traduzem em uma realidade bastante concreta:

Sim! Os alunos estão conectados!

Obviamente que se pode imaginar que o uso de tecnologia pelos alunos em espaços

escolares nem sempre é positivo. E de fato, ela pode facilmente dispersar o aluno ou consumir

seu tempo de estudo transformando-o em um tempo de recreação permanente. No entanto há

também um conjunto de iniciativas positivas que se observam, um exemplo é a organização

de grupos de discussão e comunidades virtuais.

Entende-se que o professor e a escola (direção, supervisão, etc.) precisam se inserir

nestes espaços virtuais de forma natural, até mesmo para poder mediar as discussões

propostas pelos alunos e encontrar nessas discussões oportunidades de aprendizado. É preciso

ressaltar que o uso da tecnologia na escola não pode ser ignorada, sob pena de a escola ser

ignorada.

A consumerização de recursos de tecnologia da informação (FERNANDES et al.,

2012), ou seja, a invasão de dispositivos e/ou serviços de tecnologia da informação de uso

pessoal em espaços “não pessoais”, que a pouco tempo atrás era uma preocupação das

empresas e organizações agora passa a ser também uma questão que a escola precisa ficar

atenta. Assim como boa parte das empresas soube tirar proveito do fato de seus funcionários

terem acesso a recursos da empresa fora do ambiente de trabalho, a escola também precisa

visualizar em tal situação oportunidades para potencializar o aprendizado ou então

oportunidades para se fazer escola, fora da escola.

É PRECISO ENSINAR A PENSAR

Em meados de 2013 um grupo de profissionais liderados por importantes nomes do

cenário de tecnologia, como por exemplo, Bill Gates (Microsoft), Mark Zuckerberg

(Facebook), Drew Houston (Dropbox) e outros profissionais de destaque em outras áreas,

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como por exemplo, William J. A. Jr (da banda The Black Eyed Peas) e Chris Bosh (astro da

NBA) lançaram um vídeo denominado de “O que a maioria das escolas não ensinam aos

bilionários que você conhece”3 no qual fazem um alerta acerca da falta de profissionais de

Tecnologia da Informação que nossa sociedade evidenciará nos próximos anos. O intuito de

tal material é tentar motivar crianças e jovens a se desafiar a conhecer a “linguagem dos

computadores”. O material transmite a ideia de que não é difícil, mas é preciso gostar.

É muito importante que o ensino fundamental e médio traga ao conhecimento do aluno

atividades que os desafiem a entender como as coisas funcionam. Talvez isso seja feito muito

bem em áreas como química, biologia, física, geografia, etc.. Mas é importante também trazer

ao conhecimento do aluno de que forma os recursos tecnológicos os quais eles estão

acostumados a usar funcionam. Como podemos dar instruções aos computadores de forma

que os mesmos possam desempenhar as tarefas que estamos propondo. De acordo Bell,

Witten e Fellows (2011) os profissionais que desenvolvem a tecnologia devem ser capazes de

especificar exatamente o que desejam que o computador ou outros dispositivos façam e

diferentemente dos seres humanos, estes dispositivos realizarão essas instruções literalmente,

ainda que elas sejam totalmente ridículas.

O ensino de programação de computadores como uma atividade normal e corriqueira

em nossas salas de aula não é algo novo. Ainda nos anos 80, o matemático e pesquisador sul-

africando Seymour Papert, alertava acercada da necessidade de introduzir o ensino de

computação como algo normal dentro dos espaços escolares e criar condições de o aluno

construir conhecimento a partir de suas próprias experiências.

De acordo com Papert (1988), é mais importante que o professor crie condições para a

“invenção” do que de proporcione aos alunos um conhecimento já pronto. Para um melhor

aprendizado não necessariamente os docentes devem instruir, mas sim criar melhores

oportunidades para que o aluno possa construir (PAPERT, 1998).

Mello e Mello (2011) afirmam que por mais sofisticados que sejam os equipamentos

atuais a maioria deles não será utilizada daqui a 20 anos. Então, para compreender o futuro, é

preciso que os estudantes de hoje aprendam a pensar. O raciocínio é comum a todas as

ciências. O ensino de programação e de tecnologia em geral exige que tal raciocínio seja

desenvolvido. Não necessariamente este desenvolvimento ocorra dentro do espaço da sala. É

preciso criar condições para que por meio da interação com outros sujeitos tal habilidade seja

desenvolvida.

3 https://www.youtube.com/watch?v=LTTuWg0SWFM

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Almeida (2000) enfatiza que os computadores possibilitam representar e testar ideias

ou hipóteses, que levam à criação de um mundo abstrato e simbólico, ao mesmo tempo em

que introduzem diferentes formas de atuação e de interação entre as pessoas. A construção

deste mundo simbólico, pode ser explorada em diferentes áreas de conhecimento e o

computador ou os recursos tecnológicos em geral precisam ser aliados do professor e da

escola, potencializando o aprendizado dos alunos e explorando as melhores oportunidades

para tal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Aqui vale uma pequena historieta sobre o uso da tecnologia:

... em casa, preparando o almoço, meu filho no computador vem até mim e fala: Mãe, eu não estou achando a envergadura da Arara Canindé! Você pode me ajudar? Desliguei o fogo e fui até ele. Chegando lá a surpresa. Ele estava realizando uma pesquisa no Wikipédia sobre a ave. Viu a foto, o comprimento da arara e a desenhou em tamanho real, juntando algumas folhas, cola e a minha trena de costura. Fomos pesquisar em outros sites, mas não encontramos. Então procuramos uma foto em que a arara estivesse de asas abertas, para então fazer a proporção do corpo com as asas, e assim ter a envergadura que ele tanto queria. A Arara Canindé de papel ficou pronta e ele orgulhoso, levou à escola (MATHIAS, 7 anos).

Aprender e ensinar talvez não devam ser mais o objetivo principal da Escola. Não ser

mais a emissora da informação, mas mediar e compartilhar conhecimentos e informações

importantes no dia a dia e trazidos pelos alunos. A Escola é o espaço legitimado para a

formação de novos cidadãos, é a educação formal, mas ambientes de aprendizagem estão

disponíveis a todo o momento e em qualquer lugar.

Mudar as formas de organização da Escola é mudar com métodos e concepções

presentes há muito tempo, por isso a resistência ao novo e ao moderno pode ser um grande

problema. É preciso que todos estejam abertos a possibilidades de mudança.

A geração de professores que nasceram sem conhecer a tecnologia e que demostram

medo ao usá-la ainda é grande. Assim é preciso inseri-los no mundo tecnológico,

apresentando-os às tecnologias como inserção de novas possibilidades de trabalhar com seus

alunos na escola.

Lembro aqui o livro de Celso Antunes intitulado Professores e Professauros, o qual faz

referência aos professores e suas práticas em sala de aula. Ora professores que, motivam,

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criam, incentivam, ora professauros que repetem, informam, criticam, se acomodam e param

no tempo, a espera de um pensamento mágico que os faça melhores.

Usar a tecnologia em sala de aula não é deixar de trazer o conhecimento do professor,

mas é partilhar esse com aquele conhecimento que o aluno traz, utilizando-se de várias formas

de aprendizagem que, nos dias de hoje, estão intrinsecamente relacionadas ao som, imagem e

movimento.

Não adianta dispormos de tecnologia na Escola, é preciso uma mudança de cultura e

de como se vê a aprendizagem nos dias de hoje. A educação para o trabalho de ontem

formava cidadãos passivos, sem iniciativa, sem conhecimento. O trabalho de hoje exige

pessoas que tenham iniciativa, que saibam se comunicar e que busquem sempre aprender.

Será que a escola de hoje está preparando ou despreparando os alunos para o trabalho? É

preciso pensar.

REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. E. Informática e Formação de Professores. Volume 1. Brasilia/DF: SEED/MEC, 2000. ALONSO, Katia Morosov. Tecnologias da informação e comunicação e formação de professores: Sobre redes e escolas. Educação e Sociedade, Campinas, vol. 29, n. 104, out. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v29n104/a0629104.pdf> Acesso em: 3 de maio de 2013. ANTUNES, Celso. Professores e Professauros: Reflexões sobre a aula e práticas pedagógicas diversas. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. BELL, T.; WITTEN, I. W.; FELLOWS, M. Computer Science Unplugged - Ensinando Ciência da Computação sem o uso do computador. On-line: <http://csunplugged.org>, 2011. CHASSOT, Attico. Diálogo de aprendentes, in MALDANER, Otavio Aloisio; SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos (Orgs.) p. 23-50 Ijuí: Ensino de Química em Foco. Editora Unijuí, 2010, 368 p. ISBN 978-85-7429-888-7. DEMO, Pedro. Ser professor é cuidar que o aluno aprenda. Porto Alegre: Mediação, 2010. FERNANDES, Alexandre R. V; et al. Consumerização da Tecnologia da Informação nas Organizações. III Encontro Anual de Tecnologia da Informação, 2012, Frederico Westphalen - RS, 2012. HOFFMANN, Jussara. Avaliar: Respeitar primeiro educar depois. Porto Alegre: Mediação, 2010.

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LEITE, Dante Moreira. Promoção automática e adequação do currículo ao desenvolvimento do aluno. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 187-196, jan/dez 2003. Disponível em: <http://rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/113/115> Acesso em: 07 de julho de 2013. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem na Escola. 2. ed. Salvador: Malabares, 2005. MELLO, D. A.; MELLO, P. M. Jogos de Boole: Enigmas do Futuro. 2ª Edição. Porto Alegre: Dolika, 2011. MORAN, José Manuel. Educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá. 5 ed. Campinas, SP: Papirus, 2012. PAPERT, S. Logo: computadores e educação. São Paulo: Brasiliense, 1988. RAVITCH, Daiane. Vida e morte do grande sistema escolar americano: como os testes padronizados e o modelo de mercado ameaçam a educação. Tradução Marcelo Duarte. Porto Alegre: Sulina, 2011. SANTOS, Katia Silva. Os Contornos da Escola: espaços Escolares, dificuldades de aprendizagem e organização curricular por ciclos. (Dissertação de Mestrado). UFRGS/ Universidade Federal do Estado do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, 2007. SERRES, Michel. Polegarzinha: Uma nova forma de viver em harmonia, de pensar as instituições, de ser e de saber. Tradução: Jorge Bastos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.

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INCLUSÃO DIGITAL NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS: USABILIDADE DAS

BASES DE DADOS NO CÂMPUS DA UFSM – FREDERICO WESTPHALEN

Sirlene Aparecida dos Santos, Universidade Federal de Santa Maria – Brasil. E-mail:

[email protected]

RESUMO: este artigo apresenta resultados preliminares da pesquisa que está sendo desenvolvida entre os estudantes de graduação e pós-graduação da UFSM, Câmpus Frederico Westphalen, sobre a usabilidade das Bases de Dados oferecidas pela universidade. A investigação foca especialmente na usabilidade do Portal Capes. Com a aplicação de um questionário, que será enviado aos estudantes e nos fornecerão subsídios para o estudo de cinco variáveis: características pessoais; vínculo atual com a UFSM; recursos e uso das Bases de Dados; uso do Portal Capes; e capacitação dos estudantes pelos bibliotecários. Pretende-se identificar possíveis dificuldades no uso do Portal tanto no que se refere ao conhecimento de suas potencialidades quanto ao desconhecimento do processo da comunicação científica em si. PALAVRAS-CHAVE: Bases de Dados; Portal CAPES; Capacitação; Bibliotecário. INTRODUÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO

Em uma época marcada pelos avanços tecnológicos, constante necessidade de

comunicação e de informações atualizadas; o prisma de atenção direciona-se à adoção de

recursos tecnológicos responsáveis por potencializar os negócios e os processos

organizacionais, em relação às Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), a Tecnologia

da Informação vem assumindo um papel tanto de suporte às decisões estratégicas como de

desenvolvimento direto do ensino. Nesse caminhar a biblioteca universitária tem um papel

fundamental nessa evolução tecnológica.

Diante do exposto, entende-se que os serviços prestados, atualmente, pelas bibliotecas

universitárias devem se reconfigurar para dar conta das demandas dos seus usuários reais ou

potenciais como: os alunos da graduação e da pós-graduação, os professores, os pesquisadores

que estão, na maioria das vezes, envolvidos com pesquisas e produção de conhecimentos e,

para tanto, necessitam de informação atualizada.

Para que essas informações atuais cheguem aos usuários, o governo disponibiliza o

uso de diversas Bases de Dados, reconhecidamente um dos recursos tecnológicos mais

utilizados por ampliarem significativamente a qualidade das buscas informacionais, e válidos

para a disponibilização, atualização e troca de informações especializadas, essas bases

surgiram com o intuito de organizar, disponibilizar e oferecer uma maior quantidade de

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informações em um tempo reduzido.

No caso da UFSM temos várias Bases de Dados como: o Minha Biblioteca, Banco de

Teses e Dissertações, entre outros serviços online, e o Portal de Periódicos Capes que é

disponibilizado para todas as universidades federais, o uso é livre e gratuito para os usuários

das instituições. Esse Portal é uma Biblioteca Virtual que reúne e disponibiliza às instituições

de ensino e pesquisa no Brasil o melhor da produção científica nacional e internacional.

No entanto, a informação disponibilizada nem sempre é sinônimo de utilização, uma

vez que as dificuldades encontradas por muitos usuários podem prejudicar a sua utilização,

dificuldades essas que variam entre a falta de experiência em manusear essas Bases de Dados

que disponibilizam as informações e também a falta de estrutura física como por exemplo a

disponibilidade de computadores com um bom acesso à internet para que essas pesquisas

possam ser realizadas com sucesso. Assim emerge a questão central dessa pesquisa: como se

configura a utilização das Bases de Dados oferecidas pela UFSM pelos estudantes dos cursos

de graduação e os estudantes de pós-graduação do Câmpus de Frederico Westphalen?

Diante desse cenário de inovações constantes, o objetivo deste estudo firma-se em

verificar se os usuários da UFSM - Câmpus Frederico Westphalen estão utilizando essas

Bases de Dados disponibilizadas, em especial o Portal de Periódico Capes, se sim, quais as

dificuldades encontradas, se não, quais os motivos, observar a possível subutilização dessas

Bases, por fim, oferecer aos professores de metodologia um plano de capacitação e um

material de divulgação das Bases de Dados, para que os mesmos possam utilizar nas aulas

com as turmas iniciais, dando assim a oportunidade para que os alunos já comecem a vida

acadêmica inseridos nessas novas fontes informacionais.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:

Quanto à natureza das variáveis estudadas, a pesquisa é classificada como descritiva e

essencialmente quantitativa, considerando que serão utilizados métodos de quantificação, por

meio da aplicação de questionário semiestruturado com escala de concordância do tipo Likert,

o método Likert, ou escala de classificação, exige que os respondentes indiquem em um grau

de concordância com cada uma de uma série de declarações sobre o objeto de estímulo. No

estudo, cada item da escala possui sete categorias que vão de 1, “Discordo Plenamente”, até 7,

“Concordo Plenamente”, e 1, “Nada Importante” até 7, “Extremamente Importante” os

números intermediários indicam o grau de concordância como a declaração em análise.

Portanto, escala de Likert consiste de uma série de afirmações que expressam uma

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atitude favorável ou desfavorável em relação ao conceito em estudo. Será aplicado o

questionário para os estudantes de graduação e os de pós-graduação com o intuito de

relacionar tempo de universidade com as dificuldades e utilização das Bases de Dados.

3 BASES DE DADOS

Entende-se por bases de dados um conjunto de dados estruturados, manipulados usando

um Sistema de Gestão de Bases de Dados. Na década de 60, as bases de dados começam a ser

acessadas remotamente, a partir de 1985, passam também a ser produzidas e disseminadas

utilizando a tecnologia de CD-ROM, que se expandiu rapidamente, em virtude de sua

capacidade de armazenamento e baixo custo da mídia. Já na década de 90, com a difusão da

Internet, houve uma maior facilidade ao acesso remoto as mesmas. Isso ocorreu devido ao

amplo desenvolvimento científico e tecnológico e ao considerável aumento da produção

literária científica o que alavancou e introduziu as bases de dados em nossa sociedade. Como

complementa Coelho (2014, p.56):

[...] a mudança mais significativa nas bases de dados ocorreu nos anos 1990 com o advento da internet e da Web. A Web alterou radicalmente o mercado dos conteúdos, principalmente pelo hipertexto, o acesso ao texto completo, a constate atualização da informação e a facilidade de consulta.

Cunha (1984), ao analisar a literatura sobre o assunto, observa que não está claro

qual foi a primeira base a ser citada. Contudo, segundo o autor, sabe-se que as precursoras

foram citadas nos Estados Unidos e que uma das primeiras foi a base de dados numérica

criada em 1951 pelo U.S. Bureau af Census.

As bases de dados eletrônica tornaram-se uma ferramenta fundamental para que o

pesquisador desempenhe suas atividades de investigação e os bibliotecários e usuários,

devem ser capacitados; o bibliotecário deve conhecer os recursos e ferramentas de busca

disponíveis, ter experiência em estratégia de busca e conhecer a terminologia adotada para

cada base de dados. O usuário com sua formação e especialização, orientado pelo

bibliotecário, deve ter condições de fazer melhor suas buscas nas bases de dados, sobre

tudo em função das novas tecnologias disponíveis para o acesso à informação.

Essas Bases se tornaram peça chave na disseminação da informação produzida nas

universidades, dando maior rapidez na divulgação de pesquisas científicas produzidas no

mundo todo. O Portal de Periódico da Capes, é uma das bases de dados mais utilizadas e

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conhecidas no meio acadêmico brasileiro.

3.1 Portal de periódico da capes

O Portal de Periódicos Capes é uma das bibliotecas digitais científicas que elenca sua

estatística de acessos anuais que ultrapassa milhões de acessos por ano. A Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é uma instituição do governo que

exerce papel fundamental no desenvolvimento da Pós-Graduação stricto sensu (mestrado e

doutorado) no Brasil.

Esse Portal se constitui hoje em um dos maiores acervos mundiais nesse setor e é

atualmente o principal mecanismo para o apoio bibliográfico às atividades de Ciência,

Tecnologia e Inovação no Brasil, o que garantiu uma base para os excepcionais avanços

recentes da ciência brasileira. (ALMEIDA et al., 2010).

Em 1994, o Programa era financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq), pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), pela

Secretaria de Ensino Superior (SESU) e pela CAPES. Este programa foi denominado

Programa de Apoio a Periódicos da Secretaria de Ensino Superior (PAP-SESU). A partir de

1996 esse programa passou a ser financiado exclusivamente pela CAPES, passando a

denominar-se Programa de Apoio à Aquisição de Periódicos - PAAP - conhecido como Portal

de Periódicos CAPES.

Segundo Almeida (2006, p.95), em 1996, “o conteúdo disponível no Portal era de

nove bases de dados referenciais ou temáticas e de aproximadamente 1.800 títulos de

periódicos em texto completo”. Almeida destaca que, apenas dois anos depois, “em 1998

foram adquiridos 9.684 títulos num total de 32.311 assinaturas, a um custo de

aproximadamente 21 milhões de dólares americanos para atender as 72 instituições

participantes”.

Estão disponíveis no Portal, desde o ano de 2010, mais de 21,5 mil títulos com artigos

em texto completo, cerca de 150 mil livros, 130 bases de dados em todas as áreas do

conhecimento, nove bases de patentes, estatísticas, enciclopédias e normas técnicas. (SOUZA,

2011, p. 34).

São disponibilizados no Portal de Periódicos CAPES, periódicos eletrônicos

consagrados pelo meio científico do mundo inteiro. Os periódicos científicos são

considerados o principal veículo de comunicação da comunidade científica e de divulgação do

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conhecimento científico.

O processo de mudança do formato impresso para o formato eletrônico gera

modificações em todos os envolvidos na produção, disseminação e utilização de informações.

No Portal de Periódicos da CAPES, o acesso é gratuito para instituições credenciadas e pode

ser feito por um computador localizado dentro das instituições ou por um computador

doméstico com as devidas configurações e permissões para acesso.

De acordo com informações disponíveis no site da CAPES, são eletível para acesso

gratuito ao Portal de Periódicos:

a) As instituições federais de ensino superior;

b) As instituições de pesquisa e instituições públicas de ensino superior (estaduais ou

municipais), com pós-graduações avaliadas trienalmente pela CAPES; e

c) As instituições privadas que tenham curso de doutorado com nota igual ou superior

a cinco na avaliação trienal da CAPES.

Por meio das bases de dados do Portal, que disponibilizam milhares de referências

bibliográficas e resumos de publicações científicas, os pesquisadores podem localizar

documentos sobre assuntos de seu interesse, muitos dos quais são disponibilizados em texto

completo nas revistas científicas oferecidas no próprio Portal. O uso e acesso ao Portal são

destinados ao corpo docente e discente, pesquisadores e funcionários de 268 instituições de

ensino superior e de pesquisa em todo o país. (SOUZA, 2011, p. 34).

O Portal de Periódicos da CAPES vem evoluindo em diferentes aspectos, tais como

investimentos, custos, acessos, aumento no número de instituições conveniadas, número de

títulos e bases referenciais oferecidas e ainda em títulos por grandes áreas do conhecimento.

Almeida (2006) destaca que o Portal CAPES, em 2001, possuía 72 instituições

participantes do Programa. Já em 2008 esse número aumenta para 191 instituições. Em 2010,

o Portal de Periódicos da CAPES promove o acesso à informação científica e tecnológica

internacional a 268 instituições de ensino superior e de pesquisa em todo o país (Portal

CAPES, 2010).

Cendón e Ribeiro (2008) abordam os recursos informacionais do Portal CAPES, os

quais têm em vista atingir objetivos, tais como:

[...] a atualização dos conhecimentos da comunidade científica e tecnológica, a dinamização do processo do ensino e da pesquisa no Brasil, o aumento da quantidade, da qualidade, da visibilidade e da competitividade internacional da produção científica brasileira e a promoção da internacionalização da comunidade acadêmica brasileira (CENDÓN E RIBEIRO, 2008, p.158).

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Ainda segundo Cendón e Ribeiro (2008), os investimentos no Portal são altos e sua

existência deve ser justificada pelo seu uso. O uso do sistema pelos usuários do Portal é

acompanhado pela CAPES para que haja redução das disparidades em relação ao acesso à

informação. O Portal é instrumento de democratização à informação entre os pesquisadores

das várias regiões do país, que passam a ter igual oportunidade de acesso, com maior rapidez

e comodidade, a um maior número de títulos de publicações periódicas e bases de dados.

3.1.1 Capacitação dos usuários

Com a grande facilidade de acesso à informação nas bibliotecas, houve significativa

mudança no comportamento dos usuários que passaram a ter maior autonomia na busca e na

obtenção da informação. Estes, agora vêm, cada vez mais, demandando ao aprimoramento

dos serviços nas bibliotecas. Neste contexto, e principalmente com o advento das bibliotecas

virtuais, o papel do bibliotecário tem mudado para acompanhar a necessidade desse novo

usuário. Cuenca (1999) salienta que uma das tendências observadas nas atividades desde

profissional, principalmente nas bibliotecas acadêmicas, tem sido a do bibliotecário atuar mais

fortemente como educador [trainer], aquele que capacita os usuários a desenvolverem

competência para realizarem, eles próprios, suas buscas bibliográficas, via novas tecnologias

da informação.

Capacitar segundo Ferreira (1993) é “tornar capaz; habilitar; convencer; persuadir”,

por isso a capacitação dos usuários é fundamental para que os mesmos tenham as habilidades

necessárias para realizar pesquisas em bases de dados. Cuenca (1999) acredita que para que os

usuários conheçam os sistemas automatizados de recuperação da informação, sejam capazes

de elaborar uma estratégia de busca simples e saibam utilizar a “nova biblioteca eletrônica” e

os recursos informacionais de que dispõem, é necessário que as bibliotecas ofereçam

treinamentos e cursos específicos, como modalidades de programas educativos.

Estudos sobre o usuário final da busca informatizada, com o foco na competência

informacional, devem ser realizados como meta permanente nas bibliotecas para adequação

de seus programas de capacitação de usuários. É um novo paradigma que se evidencia frente à

sociedade atual, a explosão da informação e a constante evolução das novas tecnologias. As

bibliotecas devem ter como uma de suas grandes metas, tornar seus usuários autossuficientes

na busca da informação, inserindo os treinamentos, e a avaliação de seus resultados, nas suas

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atividades de rotina (CUENCA, 2008).

Nesse sentido, faz-se necessária a forte inserção do bibliotecário na comunidade

acadêmica para implementar programas educacionais. Este é o sentido da competência

informacional que começa a fazer parte das necessidades dos usuários, grande desafio das

bibliotecas, uma vez que exige nova abordagem do aprendizado e o desenvolvimento de um

novo perfil do bibliotecário. Cuenca (1999) alega que a capacitação de usuários para o acesso

e uso da informação em bibliotecas acadêmicas, há vários anos, tem sido tarefa dos

bibliotecários.

Em consonância com todo o exposto a cima, percebemos que as bibliotecas, nos dias

atuais, devem ser vistas também como centros de aprendizado, com sua equipe

desempenhando o papel fundamental de capacitar, oferecendo cursos e treinamentos para que

os usuários conheçam os sistemas de recuperação da informação, a arquitetura das bases de

dados, a organização da informação nas diferentes áreas do conhecimento (CUENCA, 2008).

Além disso, o usuário deve ter competência para elaborarem sua estratégia de busca, para

saberem utilizar a “nova biblioteca eletrônica” e seus recursos.

Por isso a importância de se manter, adequar e desenvolver essa capacitação pois é o

caminho das bibliotecas. Quanto mais tecnologia é disponibilizada maior é o compromisso

das bibliotecas em capacitar e orientar o usuário final da busca informatizada.

3.1.2 Bibliotecário como mediador da informação

Em meio a tantas transformações, entra em cena o bibliotecário de referência, um

profissional importante na busca e recuperação da informação, independente do formato em

que ela se encontra, e não é demais ressaltar, conforme Almeida Júnior (1999, p.17), que o

serviço de referência “é o espaço onde se dá a relação entre a informação e o interesse do

usuário; é o momento em que se procura satisfazer as necessidades informacionais do usuário,

enfim, é quando todo o trabalho da biblioteca se completa”.

Araújo e Dias (2005, p120) acreditam que:

[...] os serviços de referência deverão capacitar os usuários para utilizar serviços e produtos de informação oferecidos pelas bibliotecas. Esta questão exige dos bibliotecários um posicionamento pró-ativo, ou seja, faz-se necessária uma postura de antecipação às necessidades do usuário.

Silva (2004) diz que o “[...] o bibliotecário de referência, até por força de seu dia a dia

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de trabalho com o público, deve estar aberto às inovações e ao uso de ferramentas modernas e

flexíveis a parcerias e trabalhos multidisciplinares”. Esse profissional deve acrescentar novos

conhecimentos além daqueles adquiridos no curso de graduação, e esses devem ser buscados

em outros cursos e campos de conhecimento, à medida que os desafios e/ou dificuldades

forem surgindo (ARAÚJO e DIAS, 2005, p.121).

Neste contexto Tarapanoff (2000, p.11) acredita que “o bibliotecário deve em primeiro

lugar educar-se nas Tecnologias da Informação para ter acesso e participar no processo de

informação globalizada, e em segundo instruir/educar usuários a utilizar a informação em

meio digital e disponível nas redes”.

Teixeira (1997, p.71) acrescenta que “[...] torna-se necessário o estabelecimento de

programas de capacitação do profissional da informação de modo a torná-lo apto a usar os

recursos da Internet e identificar estratégias eficientes para sanar necessidades informacionais

de seus clientes/usuários no uso adequado daqueles recursos”.

Novas mediações da informação entre o profissional da informação e o usuário devem

ser estudadas e implementadas, devem também ser a disseminação da informação e seus

canais de distribuição. No caso específico da mediação da informação, as tecnologias de

informação têm afetado e afetarão sobremaneira a forma e o meio de mediar. A Internet, por

exemplo, modificou a forma e o meio quanto à busca da informação e, consequentemente,

modificou também a forma e o meio de mediar a informação. (VALENTIM, 2000 p.139).

De qualquer forma, as novas tecnologias geram impactos e transformações que, bem

ou mal contribuem para a reestruturação de serviços, para a capacitação profissional e para

formas de relacionamento entre a comunidade usuária e a unidade de informação. (SILVA,

2004, p.86).

Por isso é necessário que os bibliotecários estejam prontos e receptivos para se

adaptarem às novas condições proporcionadas pelo desenvolvimento tecnológico e possam

ver a Internet como um espaço importante para a operação de serviço de informação,

transformando não só o funcionamento das bibliotecas tradicionais, mas também o trabalho

do bibliotecário.

3.2 O CESNORS Câmpus Frederico Westphalen como lócus da pesquisa

O Centro de Educação Superior Norte do Rio Grande do Sul (CESNORS), insere-se

num contexto de expansão do Ensino Superior, por parte do Governo Federal e da

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Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), buscando o fortalecimento das universidades

federais, aliado ao essencial desenvolvimento da região norte do estado do Rio Grande do Sul.

Foi criada em 20 de julho de 2005, com o objetivo de promover a interiorização e a

expansão do Ensino Superior gratuito e de qualidade e, assim, contribuir para impulsionar o

desenvolvimento da região norte do estado, além de proporcionar o acesso à educação pública

superior a uma parcela maior da população, atender aos anseios da comunidade, por meio da

formação de profissionais nas áreas de ciências agrárias, saúde e humanas, incentivar o

candidato que não tem condições de custear seus estudos em instituições de ensino privadas a

permanecer na região de origem, favorecer o aumento da mão de obra qualificada na região.

Iniciou suas atividades letivas no segundo semestre de 2006 e conta, atualmente, com duas

unidades: uma no município de Frederico Westphalen e outra em Palmeira das Missões é a

nona unidade universitária da UFSM, e localiza-se a 300 Km da sede.

Sua missão é: “Construir, produzir e promover conhecimento por meio de ações de

ensino, pesquisa e extensão voltadas para o desenvolvimento regional." Sua visão de futuro é:

"Como Unidade Universitária da UFSM, ser reconhecida como centro de excelência em

ensino, pesquisa e extensão, formando profissionais críticos e comprometidos com o

desenvolvimento sustentável da sociedade." E tem como principais princípios o respeito à

diversidade, ética e transparência nas ações, cooperação interpessoal, competência,

comprometimento institucional, responsabilidade social e ambiental.

(http://www.cesnors.ufsm.br/, acesso em 24/03/2015).

Os municípios que receberam o Centro foram escolhidos a partir de um levantamento

de necessidades e demandas das comunidades locais. Em Frederico Westphalen, são ofertados

atualmente os cursos de graduação em Agronomia, Comunicação Social – Habilitação em

Jornalismo, Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas (Ênfase em

Multimídia), Engenharia Ambiental, Engenharia Florestal e Sistemas de Informação e conta

com um curso de pós graduação na área de agronomia. Já em Palmeira das Missões, a unidade

oferta os cursos superiores de Administração – Bacharelado (Noturno/Diurno), Licenciatura

Plena em Ciências Biológicas, Ciências Econômicas, Enfermagem, Nutrição e Zootecnia e

conta com diversos cursos de graduação e pós graduação em EAD.

O CESNORS tem atualmente 2.496 alunos de graduação (presencial), o quadro

docente é composto por 171 profissionais, conta com o apoio de 79 técnicos administrativos,

os números foram retirados da UFSM é a soma das duas unidades - Frederico Westphalen e

Palmeira das Missões.

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CONCLUSÃO

Esta pesquisa está em andamento e prevê investigar com um aporte teórico e por meio

da aplicação de questionário como os alunos de graduação e os pós graduandos se comportam

com as novas formas de obter informações cientificas. Por se tratar de universidade federal

com ensino de graduação e de pós-graduação, pressupõe-se que nosso público teria boas

condições de conectividade e de acesso às redes de computadores e aos recursos web.

Não seria um público iniciante no uso de computadores; pelo contrário, seria

experiente com habilidade na busca de informação e no uso da tecnologia. No entanto,

somente com as respostas dos questionários é que podemos analisar o real estado que se

encontram os alunos em relação as pesquisas em bases de dados oferecidas pela universidade.

A situação de acesso e os recursos utilizados também podem variar dependendo da formação

e do envolvimento dos alunos com a pesquisa.

Pretende-se também analisar por meio das respostas dos questionários se os estudantes

evoluíram na busca pela informação no decorrer de sua vida acadêmica.

REFERÊNCIAS ALMEIDA, E. C. E. de. O portal de periódicos da CAPES: estudo sobre a sua evolução e utilização. 2006. 175 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável)-Universidade de Brasília, Brasília, 2006. –––––––. Dez anos do Portal de Periódicos da Capes: histórico, evolução e utilização. RBPG, Brasília, v. 7, n. 13, p. 218-246, novembro de 2010. Disponível em: http://www2.capes.gov.br/rbpg/images/stories/downloads/RBPG/Vol.7_13/1_Artigo.pdf. Acesso em 22 de mar. 2015. ALMEIDA JR., F.de. Avaliação dos serviços desenvolvidos no serviço de referência e informação em bibliotecas públicas. Tese (Doutorado em Ciência da Informação e Documentação) – USP/ECA, São Paulo, 1999. ARAÚJO, E. A.; Dias, G.A. A atuação profissional do bibliotecário no contexto da sociedade de informação: os novos espaços de informação. In: OLIVEIRA, M. de. Ciência da Informação e Biblioteconomia: novos conteúdos e espaço de atuação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. Cap.6, p.111-121. CENDÓN, B. V.; RIBEIRO, N. A. Análise da literatura acadêmica sobre o Portal Periódicos Capes. Informação & Sociedade: Est., João Pessoa, v.18, n.2, p. 157-178, maio/ago. 2008.

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CUENCA, A. M. B. Avaliação da capacitação de usuários para a recuperação da informação: o caso de uma biblioteca acadêmica. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 4, n. 1, p.1-13, 2008. Disponível em: <http://wwwbrapci.rfpr.br>. Acesso em: 08 abr. 2015. _________. O usuário final da busca informatizada: avaliação da capacitação no acesso a bases de dados em biblioteca acadêmica. Ciência da Informação, Brasília, v. 28, n.3, p.291-299, 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ci/v28n3/v28n3a7.pdf. Acesso em: 08 de abr. 2015. COELHO, O. M. M. Recuperação da informação: estudo da usabilidade na base de dados Public Medical (PubMed). 2014. 171 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciência da Informação, Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2014. Disponível em: <http://bdtd.biblioteca.ufpb.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3680>. Acesso em: 07 abr. 2015. CUNHA, M. B. Bases de dados e bibliotecas brasileiras. Brasiília: ABDF, 1984. FERREIRA, A. B. de H. Minidicionário da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. 577 p. SILVA, J. F. M. O impacto tecnológico no exercício profissional em Ciência da Informação: o bibliotecário. In: VALENTIM, M.L. Atuação Profissional na Área de Informação. São Paulo: Polis 2004. Cap.5, p.83-96. SOUZA, J. L. de A. Satisfação dos usuários do Portal de Periódicos da Capes. 2011. 210 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciência da Informação, Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2011. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/ECIC-8KMJ2M>. Acesso em: 07 abr. 2015. TARAPANOFF, K. O bibliotecário na sociedade pós-industrial. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, XI, 2000, Brasília: Universidade de Brasília, 2000. 38 p. Disponível em: http://www.bu.ufsc.br/snbu/snbu.html. Acesso em 15 de mar. 2015. TEIXEIRA, C.. M.S. A Internet e seu impacto nos processos de recuperação da informação. Ciência da Informação, Brasília, v.26, n.1, p.65-71, jan. /abr. 1997. Disponível em: www.ufpe.br/snbu/murilo1.ppt. Acesso em 15 de mar. 2015. VALENTIM, M.L.P. (Org.) Profissionais da informação: formação, perfil e atuação profissional. São Paulo: Polis, 2000. 156p.

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PÔSTER

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PEDAGOGIA DA INFÂNCIA E AS CONTRIBUIÇÕES DA TECNOLOGIA PARA A

FORMAÇÃO DO EDUCADOR INFANTIL

Adriele Puhl1

Alessandra Tiburski Fink2

RESUMO: O projeto PIBIC/EM “Educação e Tecnologia: Reflexões Teóricas e Metodológicas no Processo de Ensinar e Aprender” objetiva refletir sobre a relação Educação e tecnologia, no intuito de fornecer subsídios teóricos e metodológicos para estudantes do Curso Normal, proporcionando a inserção do indivíduo numa sociedade tecnológica e da informação. Assim o Plano de Trabalho Pedagogia da Infância, Educador Infantil e Tecnologia: Um Processo Educativo em Construção busca estudar as questões que envolvem a Pedagogia da Infância e o papel do educador na articulação do cuidar e do educar, e ainda, como os recursos tecnológicos podem contribuir para a formação e qualificação do educador infantil. A partir dos estudos na área da educação infantil é possível perceber que a criança hoje é palco de preocupações e discussões, tem um espaço que é seu, tem um direito instituído na Constituição/88 de ser cuidada e educada, e reafirmado na LDB/96, e que precisa ser oferecido com qualidade e comprometimento (FINK 2005, p. 132). Assim, a formação do educador infantil precisa preocupar-se com a superação da dicotomia educação / assistência, levando em conta o duplo objetivo da educação infantil de cuidar e educar, bem como numa pedagogia da infância que contemple o desenvolvimento e a aprendizagem da criança numa totalidade. O presente estudo mostra que a conquista de uma Pedagogia da Infância é um desafio perante os conhecimentos e saberes necessários para uma prática pedagógica pautada no cuidar e educar, no brincar e nas particularidades e especificidades da faixa etária da educação infantil. A partir desta perspectiva acredita-se que o educador infantil, precisa estar atento às contribuições que a tecnologia vem trazendo para o setor educacional, e usufruir de todos os seus recursos como fonte de informação e pesquisa dos conhecimentos e questões que envolvem o universo infantil no que diz respeito à pedagogia da infância, ao cuidar e ao educar, ao papel e perfil do educador infantil. PALAVRAS-CHAVE: Pedagogia da Infância, Tecnologias, Formação do Professor

1 Aluna do Ensino Médio, Bolsista do PIBIC/EM, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil E-mail: [email protected] 2 Professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

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DIREITOS HUMANOS E MINORIAS: POSSIBILIDADES EDUCACIONAIS E

REFLEXIVAS A PARTIR DA ÉTICA DO CUIDAO

Bruna Medeiros Bolzani1

Fernando Battisti2

Claudionei Vicente Cassol3

RESUMO: Este estudo discute as minorias sociais na comunidade humana em suas relações cotidianas e tem o objetivo de aproximar a ética do cuidado, do cotidiano das pessoas, ações e instituições. O Tratado de Vestefália, de 1648, se constitui em importante ação a conferir direito e proteção para algumas minorias religiosas. Após a Primeira Guerra Mundial, em 1918, aflorou na Europa Central o princípio da autodeterminação nacional. Foram elaboradas novas leis para as minorias, em tratados de paz multilaterais que continham cláusulas de não discriminação. No mesmo sentido, a Sociedade das Nações era responsável pela fiscalização das proteções outorgadas às minorias e a elas expandiu sua atenção, principalmente no sentido étnico ou nacional. Depois da Segunda Guerra Mundial, ao final de 1945, com base nos princípios de igualdade e não discriminação, os Direitos Humanos individuais ganharam prevalência sobre os direitos de minorias e a União Europeia estabeleceu a proteção das minorias como condição para novas relações diplomáticas entre a União e os novos Estados. No final do século XX, os problemas das minorias reapareceram na agenda dos Direitos Humanos com a fundação da Convenção Quadro para a Proteção das Minorias Nacionais do Conselho da Europa e a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança contendo cláusulas de proteção dos direitos de parcelas minoritárias da população. Não existe uma definição consensual sobre quem são as minorias sociais. A Organização das Nações Unidas (ONU), na subcomissão para Prevenção da Discriminação e Proteção das Minorias, compreende o conceito a partir do entendimento do perito Francesco Capotorti, como sendo “um grupo numericamente inferior ao resto da população de um Estado, em posição não-dominante, cujos membros – sendo nacionais desse Estado – possuem características étnicas, religiosas ou linguísticas diferentes das do resto da população e demonstre, pelo menos de maneira implícita, um sentido de solidariedade, dirigido à preservação de sua cultura, de suas tradições, religião ou língua”. Tal deliberação não é consensualidade, havendo divergências epistemológicas e discussões de ordem sociológica e antropológica que se assentam nas diferentes características físicas ou culturais com tendência a serem isoladas por tratamentos diferenciados e desiguais podendo, o grupo dominado (minoria), ser numericamente maior que o grupo dominante. Além disso, há questão do prisma objetivo e subjetivo. PALAVRAS-CHAVE: Minorias sociais. Direitos Humanos. Cuidado. Discriminação.

1 Acadêmica do curso de Direito, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected] 2 Professor do Departamento de Ciências Humanas, na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. Email: [email protected] 3 Professor de Filosofia no CE Dr. Dorvalino Luciano de Souza e na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. Email: [email protected]

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CONCEPÇÕES SOBRE A AULA NO CONTEXTO DA CIBERCULTURA: A VISÃO

DOS DOCENTES UNIVERSITÁRIOS DOS CURSOS DE LICENCIATURA DA URI –

CÂMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN

Casiane Vargas1

Elisabete Cerutti2

RESUMO: O presente resumo aborda os estudos do projeto “Concepções sobre a aula no contexto da cibercultura: A visão dos docentes universitários dos cursos de licenciatura da URI – Câmpus de Frederico”. Trata-se de um tema de relevância diante do atual contexto e dos desafios da formação didática para as tecnologias. O mesmo tem como objetivo promover um avanço no que tange o professor universitário, que necessita compreender como planejar e sistematizar suas aulas, levando em consideração o contexto da cibercultura existente, sua didática, a uso das tecnologias, capazes de aproximar-se do acadêmico que possui ambiência com uso das tecnologias. Sendo, assim, investigamos as concepções sobre a aula no contexto da cibercultura, a fim de compreender a visão do docente universitário e dos acadêmicos, nativos digitais, pertencentes aos cursos de licenciatura da URI - Câmpus de Frederico Westphalen, em analisar como pode ser estruturada uma aula no contexto de cibercultura e como tal questão pode ser conduzida através de tecnologias digitais enquanto espaço de produção coletiva, compreender como o docente universitário constrói sua didática e em que medida estão presentes as tecnologias digitais em sala de aula. Em sua especificidade há a abrangência sobre a cibercultura e o contexto em que o professor atua. Em seu referencial teórico, o projeto está embasado em Penteado (1991), Seabra (2010), Margarites e Sperotto (2011), Rocha (2011) e Sabbatini (2011), Levy (2011), autores que destacam a relação entre ensino e tecnologia, partindo dos aspectos dialógicos na elaboração do conhecimento e não como uma mera reprodução. As tecnologias são ferramentas de ensino no ambiente Universitário e, por isso, torna-se relevante a formação do professor focado nessas questões. A metodologia está pontuada na pesquisa qualitativa e bibliográfica, com os docentes dos cursos de licenciatura da URI, destacando: Letras, Ciências Biológicas, Pedagogia, Educação Fìsica e Matemática, bem como, leitura de materiais teóricos específicos, em encontros semanais para orientação, na participação semanal em grupo de estudos, na construção de relatórios mensais e na participação de Seminários. As leituras das temáticas permitem analisar e refletir sobre os processos da tecnologia e da educação, no que tange o aprender e o ensinar e visam à construção de um referencial teórico específico. Como conclusão preliminar, entendemos que estudar a inter-relação entre educação e tecnologia torna-se cada vez mais necessária porque o professor da Universidade necessita ter um ferramental para aplicar em suas aulas, e automaticamente, ensinar seus alunos (futuros professores) a serem usuários de novas metodologias de trabalho voltadas às tecnologias, as quais propiciam a aprendizagem de forma mais eficaz e significativa. PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia, Educação, Cibercultura

1 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]. 2 Professora do Departamento de Ciências Humanas, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

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CURSO NORMAL DE NÍVEL MÉDIO: ALGUMAS REFLEXÕES A PARTIR DE

SUAS DIRETRIZES

Catiére Morais Meireles 1

Alessandra Tiburski Fink2

O presente estudo vem sendo construído através do projeto PIBIC/EM “Formação Profissional Acadêmica: Espaço-Tempo Interdisciplinar na Construção do Professor” que objetiva oportunizar ao estudante do Ensino Médio, do Curso Normal a construção de bases teóricas relativas à formação inicial docente, desenvolvendo no discente o espírito pesquisador, tão necessário para o ser professor. Assim, o Plano de Trabalho Diretrizes Para o Ensino Normal busca por meio da pesquisa bibliográfica, conhecer as questões e discussões em torno da formação docente, bem como as diretrizes propostas para o Ensino Normal. Embora o Curso Normal tenha sido palco de discussões quanto à sua validade e extinção, nos diz Pimenta (2000), que essa forma de ensino remete o aluno a refletir sobre a constituição de suas identidades como futuros professores e assim ao mesmo tempo, problematizando-as diante da realidade de ensino das escolas. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- n° 9394/96 intensifica os debates sobre a formação de professores, reforçando a importância de analisar, mediante discussões e pesquisas as perspectivas de mudanças nos currículos dos Cursos de Ensino Médio-Normal. A Resolução n° 2 de 19/04/ 1999 do Conselho Nacional de Educação, afirma que o Curso Normal em função de sua natureza profissional, requer ambiente profissional próprio com organização adequada à identidade da sua proposta pedagógica. Assim, a proposta pedagógica de cada escola deve assegurar conhecimentos e competências gerais, específicos e necessários ao exercício da atividade docente com a educação infantil e os anos iniciais. O debate atual sobre a formação do professor acontece num cenário político e econômico que vem ao encontro de um professor pesquisador e prático-reflexivo. Assim, Nóvoa (1993) defende uma formação docente que esteja voltada para a reflexividade das ações do professor, na qual os seus saberes experienciais, curriculares e disciplinares sejam planejados e contextualizados. PALAVRAS-CHAVE: Curso Normal; Diretrizes; Formação do Professor

1 Aluno do Ensino Médio, Bolsista do PIBIC/EM , Universidade Regional Integrada - Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected] 2 Professora do Curso de Pedagogia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

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RELATO DE EXPERIÊNCIA: ESTÁGIO EM GESTÃO EDUCACIONAL NO

PRESÍDIO DE FREDERICO WESTPHALEN

Chana Francini Beltramin1

Luana Hauch2

Rudinei Moreira3

Luci Mary Duso Pacheco4

RESUMO: Criamos um espaço pedagógico em um ambiente de risco para as crianças, com o intuito de levar diversão, alegria e conhecimento para eles que estavam a margem de discriminação e do preconceito que muitas vezes acontece por serem meninos e meninas que vivem em periferias. A construção deste espaço foi também a construção de saberes, de metodologias e práticas para serem desenvolvidas neste local. Afinal ser Gestor em um ambiente escolar, com uma estrutura preparada para receber as crianças é bem diferente do ser Gestor em um ambiente marginalizado e discriminado pela sociedade. Pode-se afirmar que foi um processo de muito aprendizado, pois se conheceu a realidade de como tudo acontece dentro desse espaço muitas vezes discriminado por muitos, podendo confrontar os estudos teóricos vistos em sala de aula com a prática desse gestor que faz a diferença no contexto onde atua. As experiências contribuíram no aprofundamento dos conhecimentos, sendo possível perceber a importância da formação tanto inicial como continuada bem como o desenvolvimento de uma gestão democrática, que vise objetivos para o bem comum e assim a construção de uma escola mais justa, igualitária e cidadã. Este projeto nos valeu muito mais do que uma nota no fim do semestre, foi a realização de um sonho que já estava sendo sonhado desde os primeiros dias da faculdade. Como nos diz Freire “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.” PALAVRAS-CHAVE: Educação, Gestão, Brinquedoteca, Formação.

1 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen. E-mail: [email protected] 2 Acadêmica do Curso de Pedagogia, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen. E-mail: [email protected] 3 Acadêmico do Curso de Pedagogia, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen. E-mail: [email protected] 4 Professora do Departamento de Ciências Humanas, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen. E-mail: [email protected]

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A EDUCAÇÃO POPULAR NO GRUPO DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

Daléia Cebuliski1

Teresinha da Costa2

Rosane de Fátima Ferrari3

RESUMO: O presente estudo traz os resultados de um trabalho realizado na disciplina de Campo Profissional C, no Curso de Pedagogia da URI – Câmpus de Frederico Westphalen, realizado no Grupo Renascer de Alcoólicos Anônimos, onde foi assistido um encontro do grupo, a fim de visualizar e destacar os aspectos da Educação Popular lá presentes. O AA é uma Irmandade de homens e mulheres que compartilham suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver seu problema comum e ajudar outros a se recuperar do alcoolismo. O único requisito para se tornar membro é o desejo de parar de beber. As reuniões são regulares, nas quais os membros relatam entre si suas experiências – geralmente em relação aos “DOZE PASSOS” sugeridos para a recuperação, e às “DOZE TRADIÇÕES” sugeridas para as relações dentro da Irmandade e com a comunidade de fora. Existem reuniões abertas para qualquer pessoa interessada e reuniões fechadas somente para alcoólicos. A pesquisa possibilitou novos olhares acerca do alcoolismo, uma doença que traz diversos danos ao indivíduo e também mostra a importância da participação no Grupo de Alcoólicos Anônimos. Através deste estudo foi possível perceber a relação aspectos da educação popular, tais como; participação, colaboração, comunhão de sonhos, reunião de pessoas em prol de um objetivo único, a melhoria da qualidade de vida. Esta visão vem complementar a formação pedagógica, pois dinamiza o entendimento dos movimentos sociais, aprendendo sobre outras faces da educação, observando pessoas engajadas em aprender a conhecer, a viver melhor, com mais dignidade, comprometendo-se com a utopia e exercitando a aprendizagem política. PALAVRAS-CHAVE: Alcoólicos Anônimos; Educação Popular; Pedagogo; Pedagogia

1Acadêmica do Curso de Pedagogia, URI- Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen. E-mail: [email protected] 2Acadêmica do Curso de Pedagogia, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen-RS. E-mail: [email protected] 3 Professora do Departamento de Ciências Humanas, URI- Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen. E-mail: [email protected]

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ÉTICA NA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DOCENTE

Dhiúlia Rafaela Ciganski1

Rosane de Fátima Ferrari2

RESUMO: O professor trabalha com um coletivo de pessoas e se vê envolvido em situações conflituosas cujo entendimento solicita conhecimentos e atitudes éticas. Esta pesquisa é oriunda do projeto PIBIC-EM: Formação profissional acadêmica: Espaço-tempo interdisciplinar na construção do professor; e objetiva pesquisar o que se entende por ética e de que forma a mesma é trabalhada e vivenciada por professores e alunos no espaço escolar. A metodologia empregada neste estudo é a pesquisa bibliográfica, realizada através da consulta de diversas fontes de dados. A ética é uma das pautas mais atuais e vem sendo discutida na política, na mídia, nas ciências e também diariamente, como forma de avaliação dos comportamentos rotineiros dos indivíduos. Neste contexto, percebe-se a dificuldade da efetivação de uma educação baseada em princípios éticos e também da consideração desse componente no processo de profissionalização do magistério. Isso se deve à complexidade do processo de formação do professor que exige muito mais do que somente uma abordagem técnico-intelectual e instrumental. A educação abriga em si um componente ético, afinal, ela depende dos valores do educador e dos valores da prática educativa. Assim, cabe ao professor comprometer-se com sua profissão e com os alunos, autoavaliar suas atitudes e manter a ética, repassando os saberes acumulados pela humanidade ao longo da história e também os valores, para que o aluno tenha os conhecimentos necessários na construção de sua própria ideologia e possa transformar sua realidade individual e social. PALAVRAS-CHAVE: Ética; formação docente; prática pedagógica.

1 Aluna do Ensino Médio, Bolsista PIBIC/EM, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected] 2 Professora do Departamento de Ciências Humanas, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

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CONCEPÇÕES HISTÓRICAS SOBRE A FORMAÇÃO INICIAL DOCENTE

Djeni Alessandra Tonello Bandeira1

Silvia Regina Canan2

RESUMO: É importante refletir quando a formação de um professor competente, este terá que aprender os conteúdos específicos e também os pedagógico-didáticos. Por isso os professores e formadores precisam levar em conta que a teoria também é importante na educação, pois sem ela fica difícil haver práticas de qualidade. Esta pesquisa objetiva pesquisar o que se entende por formação inicial docente, de que forma a mesma é trabalhada e vivenciada por professores e alunos no espaço escolar, bem como refletir de que forma/maneira os valores subjacentes à formação de professores interferem no processo de ensino aprendizagem. A metodologia empregada neste estudo é a pesquisa bibliográfica, realizada através da consulta de diversas fontes de dados, a qual auxiliará a busca de informações especificas da temática. Para um bom educador não basta o conhecimento teórico, pois é necessário construir competência transformando e renovando esse conhecimento aplicando-o de acordo com a realidade social, o tempo e o espaço criando oportunidades e inovando a cada dia. Educar não é transmitir conhecimento, mas sim uma busca constante de conhecimento. Muitos professores tomam por base a teoria empirista, isto é, passam o conhecimento para o aluno e cabe ao mesmo, pacificamente reproduzir somente aquilo que o professor manda. Assim o estudante é considerado uma “tábula rasa”. O bom professor é aquele que encaminha seu aluno para a busca de novos conhecimentos, ampliando seus saberes para ser capaz de desenvolver habilidades e tornar-se independente naquilo que faz. Os professores devem sempre manter-se atualizado, informado e buscando sempre coisas novas para enriquecer ainda mais o seu conhecimento e proporcionar aulas com mais qualidade. É na formação inicial docente, que o professor irá identificar os pontos fundamentais para a formação de um profissional responsável e comprometido com a mudança da educação. O professor da atualidade precisa construir sua própria identidade, ser capaz de ensinar de maneira diferente, criativa, precisa saber refletir e fazer com que seus alunos também avaliem a sociedade de que faz parte e que tenham a capacidade de transformá-la. Portanto, o professor deve buscar constantemente o aperfeiçoamento, uma atualização constante, visando assim formar cidadãos conscientes de seus próprios papéis na comunidade em que vive. E essas habilidades o professor só vai conseguir se tiver uma formação inicial adequada. Ressaltamos que, a pesquisa está sendo desenvolvida com leituras e pesquisas sobre o tema para adquirirmos maior conhecimento e apresentarmos maiores resultados. PALAVRAS-CHAVE: Formação. Conhecimento. Docente. Responsabilidade.

1 Aluna do Ensino Médio, Bolsista PIBIC-EM, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected] 2 Professorado Departamento de Ciências Humanas, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões– Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected]

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A TECNOLOGIA E SUA INFLUÊNCIA NAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO

INFANTIL E DOS ANOS INICIAIS

Elaine Goulart1

Juliane Cláudia Piovesan2

RESUMO: O referido estudo aborda “A tecnologia e sua influência nas crianças da Educação Infantil e dos Anos Iniciais” e identifica através das pesquisas, o papel da tecnologia no cenário da educação, como ferramenta que auxilia no processo cognitivo. Também proporciona ao discente de Ensino Médio a iniciação à pesquisa científica, construindo saberes relativos à educação e tecnologia para o futuro profissional, refletindo como os recursos tecnológicos podem contribuir para o processo de ensinar e aprender das crianças na Educação Infantil e nos Anos Iniciais. Nesse aspecto, o avanço das tecnologias permitiu que elas se tornassem mais presentes na vida do ser humano e inclusive no cotidiano das crianças, que cada vez mais cedo já estão entrando neste mundo repleto de informações propiciadas por essas inovações. Este novo caminho em direção à aprendizagem, propiciado pelo incessante número de informações presentes no cotidiano das crianças, torna necessária uma reflexão sobre o papel do professor, sua metodologia e sua formação. Essa temática, de cunho bibliográfico, leva em consideração a abrangência nessa área atual e evolutiva, buscando implementar as tecnologias nas práticas pedagógicas. Por meio das ferramentas tecnológicas muitas informações podem ser transformadas em conhecimento, mas para que isso se concretize o professor deve ser um profissional de visão aberta, dinâmica, um profundo questionador do seu fazer e da realidade a sua volta, e sobretudo, ser um pesquisador das novas tecnologias e das suas potencialidades educacionais. Desta maneira, é necessário que o professor reflita sobre a importância de uma nova metodologia para formação do educando, que seja capaz de inseri-lo neste contexto social, garantido uma educação de qualidade e formando pessoas aptas a exercerem sua autonomia. PALAVRAS-CHAVE: Educação. Tecnologia. Ensinar e aprender

1 Aluna do Ensino Médio, Bolsista PIBIC/EM– Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, Email: [email protected] 2 Professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, Email: [email protected]

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FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA A EDUCAÇÃO DO CAMPO: SABERES

NECESSÁRIOS À PRÁTICA DOCENTE

Fernanda Vargas Ellwanger1

Geovana Busanello 2

Luci Mary Duso Pacheco3

RESUMO: O plano de trabalho: “A formação do professor para a Educação do Campo: Saberes necessários à prática docente” tem como objetivo oportunizar ao estudante de Ensino Médio, do Curso Normal, a construção de bases teóricas relativas à formação profissional acadêmica, desenvolvendo no discente o espírito pesquisador, tão necessário para o ser professor. O referido tema demonstra a necessidade de rever a formação docente para atuar na educação do campo. Este estudo é de fundamental importância para os alunos do Curso Normal, na medida em que o contato com mestres e doutores especialistas na área de formação docente, com referencias e temáticas atuais, poderá fortalecer e desenvolver o conhecimento, tão necessário para a construção de uma educação com mais qualidade. Esta pesquisa analisa os processos de formação docente presentes na literatura, realizando um trabalho bibliográfico em que são propostos aos bolsistas leituras, discussões e escritas. Procura aprofundar o conhecimento por meio de referenciais balizadores da formação do professor, conhecer os princípios legais da Educação do Campo e analisar os saberes necessários da pratica docente quanto a Educação do Campo. A formação inicial de professores para desempenhar tal função na escola básica, o que vem se mostrando uma esfera envolta por muitas contradições, que podem ser mudadas se a qualificação dos docentes for aprimorada. Portanto, percebe-se que ensinar é uma atividade altamente determinada por fatores que escapam ao controle de quem ensina. Ensinar exige aprender a inquietar-se, indignar-se com o fracasso sem deixar-se destruir por ele, construindo nos limites da realidade possibilidades alternativas. PALAVRAS-CHAVE: Educação do Campo, Formação de Professores, Saberes.

1 Aluna Ensino Médio, Bolsista PIBIC/EM, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. Email: [email protected] 2 Aluna Ensino Médio- Bolsista PIBIC/EM, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. Email: [email protected] 3 Professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. Email: [email protected]

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DIREITO À VIDA COMO GARANTIA CONSTITUCIONAL AO NASCITURO:

NECESSIDADE DE FORMAÇÃO PARA A AUTONOMIA

Gabriel Piovesan Ramos1

Fernando Battisti2

Claudionei Vicente Cassol3

RESUMO: A Constituição Federal de 1988 prevê a igualdade entre as pessoas, sem distinção, garantindo aos brasileiros natos, naturalizados e, até mesmo, aos estrangeiros que aqui residem, o direito mais fundamental de todos: o direito à vida. Sendo o direito à vida primordial, nenhum outro direito amparado por esta Constituição existiria sem antes ser protegido e garantido, a todos, o direito à vida. O dispositivo Constitucional assegura o direito à vida, cabendo ao Estado a tutela jurídica para sua efetividade, em todos os seus desmembramentos, seja na continuidade deste direito, seja na efetiva operação dos direitos sociais, desde o início da vida. Na visão teórica da concepção, considera-se como o “início da vida” a fecundação do óvulo pelo espermatozoide. Importante se faz ressaltar que a Constituição Federal garante o direito à vida de forma ampla, genérica. O entendimento de que a vida inicia com a fecundação, pressupõe que esse direito deverá ser garantido antes mesmo do nascimento. O questionamento que se impõe é qual o nível de efetividade das normas constitucionais na proteção da vida como bem jurídico tutelado? O presente ensaio utiliza-se de pesquisa bibliográfica na área do direito de família, do direito constitucional e inclusive das ciências biológicas, temáticas do Biodireito e Bioética, com enfoque ao direito à vida como sendo garantia tutelada pela Constituição Federal. Utiliza-se de argumentos científicos acerca do entendimento do início da vida, correlacionados com o entendimento jurisprudencial. São analisadas ainda a forma que a Constituição Federal usa para a efetivação do direito do nascituro, do direito à vida, à dignidade humana, da garantia e o controle/fiscalização dos atos que a Constituição usa nessa proteção. O presente estudo visa obter informações que tenham grau de relevância para posterior aprofundamento a fim de proporcionar alternativas viáveis ao controle constitucional do Estado na aplicação e fiscalização do efeito direito à vida. Na visão da Filosofia, percebe-se que a pessoa é o ser humano no seu aspecto racional dotado de ação, razão e vontade. Na acepção Jurídica, a pessoa é o ser capaz de direitos e passível de obrigações. A aplicação das Normas Constitucionais aos nascituros ainda encontra pendências de complementação para sua efetividade. De um lado tem-se a garantia constitucional da vida como direito primordial e essencial; de outro, percebe-se a lacuna, até mesmo de outros Códigos como no caso do Código Civil, quanto à aplicação do direito. Discute-se, portanto, a necessidade de legislação complementar dessas normas, ou a efetiva aplicação de todos os dispostos, às pessoas, sem exclusão dos nascituros. PALAVRAS-CHAVE: Nascituro. Biodireito. Bioética. Direito Constitucional. Cuidado.

1 Acadêmico do Curso de Direito, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. 2 Professor do Departamento de Ciências Humanas na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. Email: [email protected] 3 Professor de Filosofia no CE Dr. Dorvalino Luciano de Souza e na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. Email: [email protected]

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GESTÃO E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Gabrieli Mattana Pokulat1

Eliane Maria Balcevicz Grotto2

RESUMO: A temática Gestão e Organização da Educação Básica tem por objetivo oportunizar ao estudante de Ensino Médio, do Curso Normal, a construção de bases teóricas relativas à Gestão e Organização da Educação Básica, desenvolvendo no discente o espírito pesquisador, tão necessário para o ser professor. Esta pesquisa caracteriza-se como estudo bibliográfico (artigos, revistas, livros). Refletir sobre o tema citado é de extrema importância, pois a sua concepção de educação é entendida como prática social, portanto constitutiva e constituinte das relações mais amplas. Com essa análise a educação é compreendida com o processo amplo de socialização de uma cultura historicamente produzida pelo homem, e a escola. Desta maneira, a gestão educacional tem suas características próprias. Com essa visão, a articulação e a rediscussão de diferentes ações e programas, direcionados à gestão educacional deve ter uma concepção ampla de gestão que considere a centralidade das políticas educacionais. A atividade de pesquisa tem possibilitado, também, o contato com mestres e doutores, especializados na área de formação docente, proporcionando uma relação Ensino Médio X Universidade. Até o momento podemos sinalizar que havendo uma participação de todos os segmentos da Escola podemos melhorar o ensino, planejando novas ações que torne essa modalidade de ensino, ainda mais conceituada e muito bem estruturada, através da organização e competência de toda a comunidade escolar. PALAVRAS-CHAVE: Escola. Gestão. Políticas. Universidade.

1 Aluna do Ensino Médio, Bolsista PIBIC/EM, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected] 2 Professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

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BRINQUEDOTECA: ESPAÇO LÚDICO PEDAGÓGICO

Helena Ozilda Albarello1

Rosane de Fátima Ferrari2

RESUMO: A URI – Câmpus de Frederico Westphalen, conta com uma brinquedoteca, coordenada pelo Curso de Pedagogia, através do Projeto de Extensão: BRINQUEDOTECA UNIVERSITÁRIA: Espaço de formação teórica, pedagógica e Lúdica, o qual objetiva oportunizar aos acadêmicos, professores e comunidade em geral, momentos de aprendizagem envolvendo a formação lúdico-pedagógica. A metodologia empregada neste trabalho envolve o método qualitativo, de cunho bibliográfico e descritivo no que se refere à atuação junto ao espaço da brinquedoteca, a partir da manutenção deste local, agendamento de visitas, empréstimos de jogos e brinquedos aos acadêmicos e professores, monitoria de vista de escolares de diferentes instituições de ensino. O jogo, o brincar e a brincadeira são indispensáveis ao desenvolvimento de uma criança, pois estimulam a aprendizagem, através da ludicidade são potencializados o raciocínio, a agilidade, concentração, coordenação motora, psicomotricidade, motricidade e atenção. Neste sentido a formação pedagógica dentro da brinquedoteca, torna-se fundamental, para que o futuro professor, consiga desenvolver a ludicidade em sua prática pedagógica, de forma responsável, planejada, organizada, para fins de aprendizagem, socialização, interação, para a formação integral do aluno. Para tanto, este projeto de extensão, tem dentre os seus objetivos o de abrir espaço para atividades como: grupos de estudo, oficinas, minicursos, monitorias e outros, incentivando a interlocução e a socialização dos conhecimentos das várias áreas de licenciaturas, através da exploração e construção de jogos e brinquedos. PALAVRAS-CHAVE: Brinquedoteca; Ludicidade, Pedagogia.

1 Aluna do Ensino Médio, Bolsista do PIBIC/EM, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil E-mail: [email protected] 2 Professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail:[email protected]

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A PESQUISA COMO INSTRUMENTO DE CONSTRUÇÃO DE SABERES, DO

ENSINO MÉDIO À LICENCIATURA, OPORTUNIZADA PELO PIBIC

Jaine Braga da Silva1

Hildegard Susana Jung2

Edite Maria Sudbrack3

RESUMO: A comunidade acadêmica discute, atualmente, a concepção do docente enquanto pesquisador, passando pela prática da pesquisa na própria atividade profissional. Como articular teoria e prática? Discute-se amplamente a noção de professor reflexivo. Mas esta reflexão deverá basear-se em que pressupostos? Sobre o que, precisamente, há que refletir? Este trabalho, de cunho teórico e bibliográfico, busca refletir sobre a importância da pesquisa científica enquanto instrumento de construção de saberes discentes e docentes. A Metodologia baseou-se em pesquisa bibliográfica, a qual constou de leitura e discussão de artigos a respeito do assunto. A inserção do estagiário normalista no ambiente acadêmico permite a construção de uma sólida base teórica, do espírito pesquisador e da capacidade de articulação dos conteúdos com distintas áreas do conhecimento. O programa PIBIC é de fundamental importância no sentido de formarmos professores comprometidos com a pesquisa e com o espírito investigativo e reflexivo. Por outro lado, evita que persista a dicotomia entre teoria e prática, pesquisa e conhecimento, fazendo com que a universidade cumpra com seu papel social em toda a sua plenitude. A formação docente, portanto, implica na sua precoce inserção no meio acadêmico e na articulação de seus saberes com a prática da pesquisa, no lastro da relação teoria e prática. Programas que privilegiam esta inclusão, como é o caso do PIBIC, levam a que tenhamos uma futura geração de professores e professoras preparados para a reflexão crítica do seu fazer pedagógico à luz da teoria, relacionando os saberes teóricos aos saberes práticos. PALAVRAS-CHAVE: Pesquisa; Pibic; Ensino Médio; Licenciatura.

1 Bolsista Pibic Ensino Médio. 2 Aluna do Mestrado em Educação do PPGEdu URI – Câmpus de Frederico Westphalen. Bolsista Prosup / Capes. E-mail: [email protected]. 3 Professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected].

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REDES SOCIAIS: RECURSOS TECNOLÓGICOS PARA O PROCESSO DE ENSINO

APRENDIZAGEM

Jaíne Souza Gazzola1

Luci Mary Duso Pacheco2

RESUMO: A pesquisa que tem como título de Plano de Trabalho “Redes Sociais: recursos tecnológicos para o processo de ensino aprendizagem”, tem como objetivo principal refletir sobre a relação Educação e Tecnologia, no intuito de fornecer subsídios teóricos e metodológicos para estudantes do Curso Normal, proporcionando a inserção do indivíduo numa sociedade tecnológica e da informação. Nos últimos anos, o avanço tecnológico tem afetado vários aspectos da vida, gerando novas ferramentas que aceleram a comunicação, transformam a produção, as relações dos homens entre si e com suas atividades e, dessa forma, a própria organização da sociedade. Tais acontecimentos produzem efeitos sociais que chamam a atenção das instituições de ensino e de seus profissionais. Em meio a essas novas manifestações, encontrasse a escola, como lugar em que o saber é matéria prima. Nesse sentido, a Pedagogia – como curso que forma professores, necessita olhar para este contexto em que a aquisição rápida de informações pode gerar a assimilação de um novo conhecimento e refletir sobre estes processos de interação. Bertrand (2011) ao tratar das teorias contemporâneas da educação salienta que a palavra tecnologia tem um sentido lato, como conjunto de suportes para a ação, os quais podem ser citados como instrumentos, aparelhagens, métodos, ferramentas, o que resultam todos eles, da aplicação sistemática do conhecimento científico para resolver problemas práticos. Esta pesquisa analisará os processos da tecnologia e educação, no que tange o aprender e o ensinar, presentes na literatura, realizando um trabalho bibliográfico de apreciação de teorias e estudos na área. Terá como universo a pesquisa bibliográfica, a qual auxiliará na investigação, com consulta de fontes diversas de informações escritas, na busca de dados específicos para a temática. O momento atual revela a necessidade de o professor estar em permanente processo de aprender a aprender, pois, diariamente, temos contato com diferentes meios que possibilitam a construção do conhecimento. A aprendizagem ocorre de várias maneiras e em diferentes espaços, para além da sala de aula tradicional e expositiva. PALAVRAS-CHAVE: Redes Sociais. Tecnologia. Ensino. Aprendizagem. Educação.

1 Bolsista PIBIC-EM/CNPq. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen. E-mail: [email protected]. 2 Professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected].

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EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS: POSSIBILIDADE DE ENFRENTAMENTO DA

EXCLUSÃO SOCIAL

Joice Albarello da Silva1

Vildes Mulinari Gregolon2

RESUMO: Este estudo tem por finalidade refletir a relação entre Educação e tecnologia, no intuito de fornecer subsídios teóricos e metodológicos para estudantes do Curso Normal, proporcionando a inserção do indivíduo numa sociedade tecnológica e da informação. O processo tecnológico cujos resultados ainda são de difícil percepção em sua totalidade e completude faz parte de uma sociedade que procura a informação. Essa sociedade tecnológica esta organizada para o processamento e transmissão da informação, criando a cada dia novas fontes de produtividade demandadas pelo mercado por exigência da globalização. Com as tecnologias gerou-se uma distância entre a sociedade e a escola, alunos e professores assim como, com outras pessoas. Hoje, praticamente todas as crianças têm acesso à escola, mas nem todas têm acesso ao conhecimento, às novas tecnologias e a tantas modernidades. Portanto se faz necessário que a Escola valorize as diferentes formas de se chegar ao conhecimento, multiplicando as oportunidades numa perspectiva de mobilidade social, evitando a exclusão digital, que por ora parece um problema cuja solução depende só da universalização do acesso aos computadores e às conexões com a internet, porém seus malefícios vão muito além, tirando a oportunidade de muitos jovens se inserirem no mundo do trabalho.. Com as novas tecnologias, a educação precisa dar acessibilidade a todos, aos que têm a ousadia de ir em busca de seus objetivos e aqueles que precisam de uma concepção de futuro baseadas na tecnologia. A escola precisa de um pensamento que não se feche nas dificuldades atuais, nem na ilusão de um futuro mágico, e sim compreender o modo como a experiência está inscrita e como o futuro se delineia a partir do presente, portanto o estudo nos remete a entender e questionar a rapidez e a facilidade com que a tecnologia tem se feito presente na educação, replicando os modos de fazer educação. PALAVRAS-CHAVE: Educação, Tecnologias, Exclusão Social

1 Aluna do Ensino Médio, Bolsista do PIBIC/EM, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil E-mail:: [email protected] 2 Professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail [email protected]

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A IMPORTÂNCIA DO JOGO E DA BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Juliana Patrícia Bortolini1

RESUMO: Quem nunca se lembrou de suas brincadeiras de criança? Recordações boas que vêm em nossa memória, recordação de brincadeiras, aventuras e fantasias, muitas alegrias e desejos. Os jogos e brincadeiras são práticas que permeiam o cotidiano infantil, precisamos regatar estas brincadeiras lúdicas, as quais são necessárias para o desenvolvimento da criança. Quando pensamos em brincadeiras e jogos, primeiramente nos reportamos à infância, ou seja, a brincadeiras de criança, onde toda criança gosta de se entregar a essas atividades lúdicas. É neste momento da brincadeira e do jogo, que a criança faz uso de sua imaginação, despertando curiosidades, interesses e sonhos, próprios de sua idade e necessários para seu desenvolvimento infantil. Percebemos durante a brincadeira que a criança imagina-se em lugares que somente existem em sua imaginação, de personagens que só existem em filmes ou contos infantis. Esta ponte entre o imaginário e o real é de suma importância para a infância, é a base de construção para sua formação adulta, dessa forma, o papel do professor deve ser de acolhedor de vivencias lúdico, o de intermediário entre o brincar e a criança. O professor precisa estar preparado para oferecer estes cenários infantis. Ainda tem o papel de instigar a criança à criação e observação, além de despertar a curiosidade em buscar o saber. Ao brincar e cantar sua expressão é de alegria, seus movimentos corporais são muitas vezes espontâneos. Concluímos que o jogar e brincar na vida da criança é fundamental como aprender a falar, aprender a caminhar e de indagar. PALAVRAS-CHAVE: Jogo. Brincadeira. Educação infantil.

1 Graduada em Letras Inglês e Respectivas Licenciaturas, URI- Câmpus Federico Westphalen. Especialização em Pós-Graduação em Análise do Discurso. URI- Câmpus de Frederico Westphalen. Graduanda do curso de Pedagogia- URI Câmpus de Frederico Westphalen

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FORMAÇÃO INICIAL E OS SABERES DOCENTES

Kádina Mitiéli De Oliveira Walker 1

Juliane Cláudia Piovesan2

RESUMO: O projeto do PIBIC/EM, “Formação inicial e os saberes docentes”, busca relacionar conceitos sobre formação inicial de docentes, de acordo com teóricos e estudiosos contemporâneos. Objetiva realizar pesquisas acerca da profissão professor, fundamentando a construção de um saber teórico; proporcionando ao discente de Ensino Médio a iniciação à pesquisa científica, construindo saberes para o futuro profissional, bem como identificando os saberes necessários e fundamentais para construção da identidade do profissional professor. Nesse horizonte, ensinar é uma atividade altamente determinada, pois, leva a definição das competências profissionais do professor, refletindo acerca da relação docente/ensino/saberes e analisando a importância para a formação inicial. A pesquisa é de cunho bibliográfico e descritivo, enfatizando a necessidade de uma formação inicial alicerçada nos saberes docentes, guiados por estudiosos, como Freire, Tardif, Nóvoa, Pimenta e Cunha. Pode-se enfatizar que é na formação inicial, que o professor formador irá trazer as bases fundamentais para a construção de um profissional comprometido e responsável pela educação transformadora. Portanto, é preciso valorizar paradigmas que formem docentes reflexivos e responsáveis com o próprio desenvolvimento e o desenvolvimento social do meio onde estão inseridos, sabendo atuar nas diferentes situações enfrentadas pela educação e pela sociedade e adquirindo um instinto investigativo capaz de auxiliá-los na profissão docente. Portanto, pensar a formação inicial do professor é desvelar um caminho frente aos rumos que o docente poderá transitar em sua formação. Nesse sentido, conclui-se que os saberes docentes são fundamentais na formação profissional, pois permitem a articulação entre teoria e prática, fornecendo novas formas de trabalho mais competentes, qualificando a prática profissional. PALAVRAS-CHAVE: Formação Inicial. Saberes. Docência.

1 Bolsista PIBIC/EM - CNPQ Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil, E-mail: [email protected] 2 Professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

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REDE SOCIAL FACEBOOK NA PRÁTICA DOCENTE: POSSIBILIDADES E

LIMITES

Karla Juline Schneider1

Eliane Maria Balcevicz Grotto2

RESUMO: A rede social vem ganhando destaque nos últimos anos, entre os mais populares estão facebook. Com toda a tecnologia disponível, as redes sociais podem ser acessadas de qualquer lugar; a influência delas é tão grande que várias discussões sobre o seu uso estão surgindo no campo educacional. As mesmas são fenômenos sociais que ocorrem desde o inicio da humanidade e estas permitem que as pessoas se conectem por um interesse em comum, pois são formadas por pessoas com iguais interesses e se utilizadas, de forma adequada, podem tornar-se uma ferramenta extraordinária e com múltiplas opções de impulsionar o ensino. A referida pesquisa tem como objetivo conhecer a rede social facebook e suas aplicabilidades na educação, sinalizando que a mesma abrange grande parte das atividades sociais e setores econômicos, portanto, a escola, enquanto instituição fundamental no desenvolvimento da criança e do adolescente deve estar preparada para utilizar as mesmas como espaço de ensino e aprendizagem. Esta pesquisa analisará os processos da tecnologia e educação, no que tange o aprender e o ensinar, presentes na literatura, realizando um trabalho bibliográfico de apreciação de teorias e estudos na área. A partir das leituras feitas até o momento podemos sinalizar que da forma como se apresenta a plataforma do facebook, a mesma pode motivar as pessoas a buscar o conteúdo desejado e fazer desses ambientes, depositórios de objetos de aprendizagem, salas de discussões e trocar conhecimentos. Contudo, faz-se necessário refletir e entender a importância e os ganhos que terão os professores e alunos ao utilizarem os serviços oferecidos pelo facebook. PALAVRAS-CHAVE: Ensino. Facebook. Redes Sociais.

1 Aluna do Ensino Médio, Bolsista do PIBIC/EM, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil 2 Professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail:[email protected]

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A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO

Keila Daiana da Rosa1

Elisabete Cerutti2

RESUMO: O presente resumo aborda os estudos do projeto “A aula e as tecnologias digitais na contemporaneidade.” O mesmo tem como objetivo refletir sobre a relação entre educação e tecnologia, no intuito de fornecer subsídios teóricos para estudantes de Curso Normal, proporcionando a inserção do indivíduo na sociedade tecnológica e da informação. Em sua especificidade há o estudo da Pedagogia da Comunicação como contribuição para as aprendizagens significativas ao professor e ao aluno. Em seu referencial teórico, o projeto está embasado em Penteado (1991), Seabra (2010), Margarites e Sperotto (2011), Rocha (2011) e Sabbatini (2011), autores que destacam a relação ensino e comunicação, partindo dos aspectos dialógicos na elaboração do conhecimento e não como uma mera reprodução. As tecnologias da comunicação são ferramentas de ensino no ambiente escolar e, por isso, tornaram-se relevantes na formação do professor focado nessas questões. A metodologia está pontuada na pesquisa qualitativa e bibliográfica, na busca de materiais teóricos específicos, em encontros semanais para orientação, na participação semanal em grupo de estudos, na construção de relatórios mensais e na participação de Seminários. As leituras das temáticas permitem analisar e refletir sobre os processos da tecnologia e da educação, no que tange o aprender e o ensinar e visam à construção de um referencial teórico específico. Como conclusão preliminar, entendemos que estudar a inter-relação entre educação e tecnologia é dialogar de forma dinâmica com as teorias e estudos, bem como, os diversos caminhos que as permeiam. Desta maneira as novas metodologias de trabalho voltadas às tecnologias e às ferramentas de comunicação presentes em nosso cotidiano, propiciam a aprendizagem de forma mais eficaz e significativa. PALAVRAS-CHAVE: formação do professor, tecnologia, educação

1 Aluna do Ensino Médio, Bolsista do PIBIC/EM, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil E-mail: [email protected] 2 Professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

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JOGOS EDUCACIONAIS ONLINE: novos modos de aprender e ensinar

Marcela Meneghetti de Oliveira1

Rosane de Fátima Ferrari2

RESUMO: Este estudo teve como objetivo realizar a análise de jogos educacionais, a fim de identificar suas características, finalidade, linguagem, ferramentas, tempo de acesso, instruções, grau de dificuldade/ facilidade e formas de utilização em sala de aula. A metodologia empregada nesta pesquisa é o estudo bibliográfico de teorias da área da educação e tecnologias, bem como a realização de análises de sites de jogos educacionais online. Ao realizar está pesquisa percebe-se a necessidade de edificar as bases teóricas que compreendem esta importante e necessária ferramenta de ensino que são os jogos educacionais aliados às novas tecnologias, visto que o ser humano esta cada vez mais cedo inserido nesse mundo tecnológico, e ainda, que os meios digitais, como a internet e os jogos de computador, têm enorme potencial para o aprendizado. Salienta-se a importância do professor buscar conhecer e vivenciar os jogos educacionais, anterior a sua utilização, prevendo o objetivo de sua utilização, bem como os conteúdos a serem trabalhados e a metodologia empregada para tanto, ou seja, realizando um planejamento didático-metodológico deste recurso. A aplicação inteligente do computador na educação é aquela que sugere mudanças na abordagem pedagógica, encaminhando os sujeitos para atividades mais criativas, críticas e de construção conjunta. O professor deve estar preparado para interagir com uma geração mais atualizada com os meios tecnológicos, percebendo a aprendizagem como um processo de construção de conhecimentos, em que o aluno tem participação ativa nesta trajetória. PALAVRAS-CHAVE: Jogos educacionais; Ensino-Aprendizagem; Tecnologias.

1 Aluna do Ensino Médio, Bolsista do PIBIC/EM, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil E-mail: [email protected] 2 Professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

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DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E O USO DAS TECNOLOGIAS

Paulo José Frizon1

Rosane de Fátima Ferrari2

RESUMO: Este relato faz parte de um projeto do PIBIC-EM, o qual objetiva pesquisar as abordagens teóricas concernentes às dificuldades de aprendizagem, enfocando a identificação, o reconhecimento, a intervenção, bem como o uso das tecnologias no diagnóstico e tratamento de alunos que apresentam problemas no seu processo de aprendizagem. As principais dificuldades são: a dislexia que é a dificuldade que aparece na linguagem, na leitura; à Disgrafia, caracterizada pela dificuldades na escrita, trocas e inversões de letras; a Discalculia que é a dificuldade relacionada à matemática; à Dislalia, dificuldade na fala; a Disortografia, dificuldade na linguagem escrita e o TDAH, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade que é um problema de ordem neurológica, que traz consigo sinais evidentes de inquietude, desatenção, falta de concentração e impulsividade. Uma alternativa para o atendimento das dificuldades de aprendizagem são as tecnologias disponíveis no contexto atual, tais como programas, software, plataformas, aparelhos eletrônicos (smartphone, tablet, celulares), jogos online, entre outros, que proporcionam atividades diferenciadas e atrativas, favorecendo o desenvolvimento da atenção, concentração, memória, estimulando o aprendizado de forma interativa. Para tanto, percebe-se que existe uma necessidade muito grande de formação de educadores, no que diz respeito à compreensão do que sejam dificuldades de aprendizagem, bem como de que forma podem usar a tecnologia para a realização de um trabalho efetivo no diagnóstico prévio e no trabalho em sala de aula, auxiliando na aprendizagem do aluno, independente da sua dificuldade.

1 Aluna do Ensino Médio, Bolsista do PIBIC/EM, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil E-mail: [email protected] 2 Professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

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CONTRIBUIÇÕES DE AULAS PRÁTICAS NOS ESTÁGIOS CURRICULARES

PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS

Sheila Cassenote Ferreira1

RESUMO: O Estágio Curricular tem como objetivo formar o licenciado em Ciências Biológicas apto para atuar com qualidade e responsabilidade no ensino de Ciências Naturais e Biologia na Educação Básica, com as competências e habilidades necessárias para o exercício da profissão. O mesmo também deverá apresentar uma formação sólida e ampla dos princípios e teorias da Biologia e da educação, ser capaz de relacionar ciência, tecnologia e sociedade. O curso, os estágios, as aprendizagens das demais disciplinas, experiências e vivências dentro e fora da universidade ajudam a construir a identidade docente ao promover a presença do aluno estagiário no cotidiano da escola. Essa participação abre espaço para a realidade, a vida e o trabalho do professor na sociedade. O estágio proporciona esse grande contato com a sala de aula, espaço formal no qual, os acadêmicos podem vivenciar os desafios educacionais e se adaptarem ao ambiente escolar. Porém essa experiência não pode ser ensinada, apenas vivenciada na prática e essa possibilidade é oportunizada no período do estágio, momento em que a aprendizagem dos alunos, a contextualização e a aplicabilidade dos conteúdos ficam sob inteira responsabilidade do estagiário o que, consequentemente abre um horizonte sobre a futura profissão. O presente trabalho objetivou elencar a importância da inserção de aulas práticas como metodologia complementar no ensino de Ciências como ferramenta adicional para a percepção a melhoras no desenvolvimento dos alunos e professora estagiária. A pesquisa foi realizada durante a disciplina de Estágio Curricular III, no Curso de Ciências Biológicas – Licenciatura, da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, com alunos da 7ª série de uma escola pública estadual e, a metodologia utilizada foi de caráter qualitativo, visando à percepção de melhoras no aprendizado dos alunos e estagiária envolvidos. Os resultados obtidos foram satisfatórios, visto que houve uma evolução significativa na assimilação dos conteúdos pelos alunos através das práticas realizadas, pois após trabalhá-las foi possível perceber a melhora da qualidade do assunto abordado apenas teoricamente. Tanto professora estagiária quanto alunos conseguiram construir através da prática, conceitos mais elaborados sobre os temas abordados trazendo maior compreensão sobre os mesmos. O ensino de ciências deve, especialmente, oportunizar a todos os estudantes a possibilidade de desenvolver capacidades que neles despertem a inquietação diante do desconhecido, buscando explicações lógicas e plausíveis, amparadas em elementos tangíveis, de maneira testável. Neste sentido, após trabalhar atividades práticas em laboratório, os alunos conseguiram formular suas próprias hipóteses e construir conclusões a respeito do tema estudado, estabelecendo uma relação coerente entre a teoria e prática. PALAVRAS-CHAVE: Estágio Curricular. Atividades Práticas. Ciências.

1 Aluna do nono semestre do Curso de Ciências Biológicas URI – Câmpus de Frederico Westphalen –RS. Email: [email protected]

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A NEUROCIÊNCIA E A EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA PEDAGÓGICA

Tais Regina Freo1

Rosane de Fátima Ferrari2

RESUMO: Esta pesquisa buscou aprofundar estudos sobre a neurociência, voltados para a atuação pedagógica, objetivando obter maiores conhecimentos sobre a temática e a sua utilização na prática docente. O caminho metodológico usado foi a abordagem qualitativa, bibliográfica, realizada através da consulta de diversas fontes de dados, as quais auxiliaram na busca de informações do tema exposto. O estudo do cérebro, em toda sua complexidade, tem como base a contribuição de saberes de diversas áreas. Desta forma, a neurociência pode ser definida como o conjunto de ciências que, de modo interdisciplinar, visa entender, principalmente, o funcionamento do cérebro e da mente humana. Em suas abordagens, neurociência pode se constituir de uma ciência do cérebro e da educação, porque ambos possuem relação direta com o processo de aprendizagem e com a atuação pedagógica. Com a finalidade de compreender a função cerebral envolvida no processo educativo, a neurociência pode se aliar à educação com a proposta de repensar as práticas de ensino e promover uma aprendizagem significativa. Os conhecimentos acerca da neurociência podem promover metodologias que correspondam às necessidades da educação, tanto para o processo educativo dos professores, quanto para compreensão dos alunos. A aprendizagem, nesta concepção, deve ir além da assimilação, possibilitando que o aprendizado ganhe significado e correspondência com a realidade do aluno. Contudo, o estudo da neurociência aliada à educação, gera questões desafiadoras, mas que devem contar com o envolvimento dos professores de forma ativa, a partir da sua formação acadêmica inicial e continuada, capacitando-o para o papel essencial na educação que é o de maximizar a aprendizagem, auxiliar o aluno a aprender a aprender. PALAVRAS-CHAVE: Neurociência; Aprendizagem; Prática Pedagógica.

1 Aluna do Curso de Pedagogia e Bolsista do PIBID, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil E-mail: [email protected] 2 Professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Câmpus de Frederico Westphalen, Brasil. E-mail: [email protected]

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MÚSICA E TECNOLOGIA: REFLEXÕES E PERSPECTIVAS NO PROCESSO DE

APRENDER E ENSINAR

Tatiane Brandão Da Silva 1

Juliane Cláudia Piovesan2

RESUMO: O projeto “Música e tecnologia: reflexões e perspectivas no processo de aprender e ensinar”, objetiva através das leituras, identificar o papel da tecnologia na educação, proporcionando ao discente do Ensino Médio o acesso à pesquisa científica, intensificando saberes para seu futuro profissional, bem como refletindo acerca da música, educação e tecnologia, oferecendo subsídios teóricos e metodológicos para o processo de ensinar e aprender. Neste aspecto, define-se a música como a arte de combinar sons e a tecnologia como facilitadora do acesso a diferentes tipos e gêneros musicais. Ao realizar este estudo bibliográfico surge a necessidade de edificar as bases teóricas da relação indissolúvel entre música/tecnologia/educação para que melhor se entenda essa correlação. Porém, a educação tecnológica musical possui alguns desafios, como a progressividade da educação musical e a formação dos professores. A educação musical é bastante presente na Educação Infantil, mas com o decorrer dos anos de escolaridade, de acordo com pesquisas, ela vai se tornando menos importante e atuante nas escolas. É imprescindível, para esses professores, no contexto dessa temática, compreender as possibilidades que a música oferece, na utilização de tais recursos em sala de aula, bem como (re)aprender os seus princípios básicos para elencar ferramentas potenciais para ensinar música, além de serem capazes de solucionar problemas decorrentes de seu uso nas práticas educativas diárias, certos de seus objetivos educacionais. Outro desafio é a formação do professor que é deficitária, quando se fala em tecnologias e música em sala de aula. Assim, as possibilidades oferecidas pelas tecnologias da informação e comunicação permitem criar e difundir a música de forma dinâmica e auxiliando no processo interdisciplinar de desenvolvimento do indivíduo, atribuindo sentido e significado ao aprender e ao ensinar, necessitando de estudos e práticas coerentes nos processos educacionais. PALAVRAS-CHAVE: Educação. Tecnologia. Música.

1 Bolsista PIBIC/EM - Cnpq – URI – Câmpus de Frederico Westphalen/RS - [email protected] 2 Professora do Departamento de Ciências Humanas da URI - Câmpus de Frederico Westphalen – [email protected]

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A presente edição foi composta pela URI, em caracteres Times New Roman,

formato e-book, pdf, em novembro de 2015.