brinquedoteca e sua importamcia

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  • 7/29/2019 Brinquedoteca e Sua Importamcia

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    BRINQUEDOTECA E SUA IMPORTAMCIA

    Crianas so sinnimos de brincadeiras e simplesmente de diverso, alegrias, enfim de

    felicidade.

    E nada melhor do que as brincadeiras so aquelas que divertem as crianas e ainda por

    cima educam.

    Como o caso da educao infantil, esta que uma grande e importante fase que todas

    as crianas devem passar para que futuramente saibam muitas coisas.

    Para a facilitao desta fase nada mais aconselhvel que os brinquedos, pois toda

    criana quando brinca na hora certa, com certeza estar sendo uma criana mais feliz.

    E exatamente isso o que proporciona uma Brinquedoteca na educao infantil, poisalm de informar as crianas de uma maneira ldica estar ensinando de uma forma

    muito mais prazerosa e interessante a crianada.

    A brinquedoteca no um local de passatempo para as crianas e sim ajuda no

    desenvolvimento das crianas onde promove processos de socializao e descoberta do

    mundo, sendo um espao preparado para estimular a criana a brincar onde possibilita o

    acesso a uma variedade de brinquedos, nas brinquedotecas existem brinquedos variadosnovos, usados, brinquedos de madeiras, plstico, metal, pano, aqueles de propaganda,

    um que nossos pais brincavam, ou aquele to desejado brinquedo que vai realizar sonho.

    Quando uma criana entra em uma brinquedoteca deve ser tocada pela decorao, pela

    alegria, e magia do espao, ela apresenta varias funes: pedaggica, social e

    comunitria, por exemplo, oferecer possibilidades de bons brinquedos e ao mesmo

    tempo brinquedos de qualidade a funo pedaggica, possibilitar que todas as crianas

    possam fazer o uso de brinquedos a funo social, favorecer que crianas que jogamem grupos a aprender a respeitar as pessoas e a colaborarem com elas funo

    comunitria.

    Portanto a brinquedoteca fundamental para a educao infantil sendo um ambiente

    para estimular a criatividade devendo ser preparados de forma criativa com espaos que

    a brincadeira de faz de conta e a construo de brinquedos e a socializao.

    http://www.guiagratisbrasil.com/brinquedoteca-na-educacao-infantil/#%23http://www.guiagratisbrasil.com/brinquedoteca-na-educacao-infantil/#%23http://www.guiagratisbrasil.com/brinquedoteca-na-educacao-infantil/#%23http://www.guiagratisbrasil.com/brinquedoteca-na-educacao-infantil/#%23http://www.guiagratisbrasil.com/brinquedoteca-na-educacao-infantil/#%23http://www.guiagratisbrasil.com/brinquedoteca-na-educacao-infantil/#%23
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    Sendo assim no podemos esquecer de que qualquer que seja o tipo de brinquedoteca

    vai proporcionar a criana momentos criativos, alegres, com muito prazer e

    aprendizado.

    A BRINQUEDOTECA NA ESCOLA: POSSIBILIDADE DO RESGATE DO

    LDICO OU RECURSO DA PRTICA PEDAGGICA

    O brincar nossa primeira forma de cultura e nas brincadeiras que a criana que se

    expressa, vive sua cultura e a reproduz.

    Brincar significa estar criativamenteno mundo, estar em dilogo com o outro, com a

    natureza, com o social.

    Pois, experimentando a atividade ldica a criana representa, cria, recria e se envolve

    nas complexas relaes sociais de sua cultura.

    A infncia parte fundamental da sociedade e a criana um cidado ao brincar, pois

    est cumprindo seu papel social.

    Cada dia que se passa a criana vai perdendo seu espao social e fsico para brincar.

    Existem ainda locais apropriados para uma criana exercer a prtica do ldico?

    Vivemos atualmente uma cultura na qual impera o individualismo, no dando espao

    para que o ldico se faa presente.

    Sendo assim, se vivemos em sistemas cada vez mais excludentes, preciso buscarmos

    alternativas para que as crianas experienciem o brincar e vivam melhor.

    Desta forma, algumas questes nos instigaram e conduziram busca de uma

    compreenso do que representaria a brinquedoteca para os profissionais da educao e

    para a sociedade:Por que a ausncia de brinquedotecas em instituies escolares?

    O que os diretores dessas instituies dizem sobre a brinquedoteca?

    Como o brincar visto pelos educadores?

    Estas questes, inquietaram-nos e motivaram a desenvolver um trabalho de pesquisa

    para assim, compreender qual a importncia dada pelos educadores a este espao

    ldico to prprio para o brincar.- Por que um espao ldico dentro da escola?

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    - Qual a concepo dos profissionais da educao da presena de brinquedotecas no

    espao escolar?

    Como foi o percurso...

    Com o intuito de conhecermos o que os educadores dizem sobre as brinquedotecas no

    mbito do contexto escolar, optamos por utilizar como metodologia de trabalho a

    investigao qualitativa.

    Quanto estratgia usada para a coleta de dados, utilizamos a tcnica das entrevistas

    semi-estruturadas com diretores das instituies previamente selecionadas.

    No decorrer da pesquisa foram entrevistadas quatro profissionais que gerenciam

    instituies escolares: uma diretora de uma Cooperativa Educacional, que trabalha com

    alunos da educao infantil e do ensino fundamental e trs diretoras de escolas pblicas,

    sendo duas de escolas municipais e uma de escola estadual.

    Uma das escolas municipais e a estadual trabalham exclusivamente com a educao

    infantil.

    A outra escola do municpio atende alm das crianas da educao infantil tambm

    alunos do ensino fundamental.

    Os sujeitos foram escolhidos sem critrios previamente estabelecidos, sendo definido

    como requisito apenas que estivessem atuando em escolas.

    Buscamos atravs de uma entrevista semi-estruturada com cada um dos sujeitos,

    estabelecer um dilogo para conhecer o que elas entendem e dizem sobre as

    brinquedotecas e seu funcionamento.

    Alm disso, procuramos compreender as suas concepes acerca do brincar.

    As seguintes questes nos orientaram:

    Como o brincar visto pelos educadores?

    O que os diretores das escolas entendem sobre o papel da brinquedoteca?O que dizem estes profissionais sobre o funcionamento de uma brinquedoteca dentro do

    espao escolar?

    Aps a realizao das entrevistas, fizemos registros nos dirios de campo, na busca de

    uma compreenso prvia do que foi discutido no decurso da entrevista entre o

    investigador e o investigado.

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    Os dirios de campo contribuem na medida em que, assim que finalizada a entrevista,

    ainda no calor das falas, o entrevistador relata com autoria as suas impresses,

    sentimentos e opinies acerca do que se constituiu dilogo entre ele e o entrevistado.

    Para o desenvolvimento desta pesquisa nos fundamentamos na teoria dos seguintes

    autores: Philippe Aris, Lev. S. Vygotsky, Donald W. Winnicott, Tisuko Morchida

    Kishimoto, entre outros estudiosos que vm pesquisando no Brasil, temas relativos

    infncia, criana, ao brincar e brinquedoteca.

    NO CAMINHO, O DILOGO COM ALGUNS TERICOS

    A criana e o brincar... alguns sculos de histria

    Para compreendermos a criana na contemporaneidade necessrio conhecermos sua

    histria ao longo dos sculos e principalmente a sua histria social construda no

    decorrer das ltimas dcadas, perodo em que a infncia foi alvo de muitos estudos e

    pesquisas.

    Estamos vivendo nos dias de hoje a passagem para um novo milnio e, como

    coadjuvantes deste fato histrico, somos convidados mudana de pensamento e de

    paradigma.

    Portanto, reconhecer socialmente a criana e valorizar suas especificidades uma das

    grandes responsabilidades dos tempos atuais, visto que a criana de hoje apesar de

    referendada em lei como um sujeito de direito no interior da sociedade, em alguns

    aspectos ainda continua margem nas relaes sociais, principalmente no que diz

    respeito ao seu direito de estarna sociedade como um cidado.

    Temos o Estatuto da Criana e do Adolescente - Lei 8069/90, que aponta comoprincipal objetivo a garantia dos seus direitos pessoais e sociais e a LDB - 9.394, que

    assegura o direito da criana educao e referenda, o direito da criana de 0 a 6 anos

    educao infantil.

    As crianas esto engendradas nas relaes familiares, culturais, polticas e

    educacionais da sociedade, apropriam-se dos valores e comportamentos do seu tempo e

    lugar e fazem parte da histria.

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    O educador KUHLMANN (1998), preocupado com as questes da infncia, fala deste

    aspecto com muita clareza:

    preciso considerar a infncia como uma condio da criana.

    O conjunto das experincias vividas por elas em diferentes lugares histricos,

    geogrficos e sociais muito mais do que uma representao dos adultos sobre esta fase

    da vida.

    preciso conhecer as representaes de infncia e considerar as crianas concretas,

    localiz-las nas relaes sociais, etc, reconhec-las como produtoras da histria.

    Voltando alguns sculos no tempo, tomando como referncia estudos histricos, vimos

    que apenas a partir do sculo XVII a criana passou a ser reconhecida pela sociedade;

    nos sculos anteriores elas no saiam do anonimato.

    Fatos como:

    O infanticdio, a venda de crianas, o abuso sexual, a barbrie e as altas taxas de

    mortalidade, exemplificam o descaso para com a criana e para com a sua efetiva

    permanncia na sociedade.

    A morte de uma criana, por exemplo, era vista sem muita tristeza, sendo percebida

    pelos pais como fato natural e at mesmo necessrio.

    Caso sobrevivesse ao perodo de risco de morte, a criana comeava a fazer parte do

    mundo dos adultos.

    ARIS (1981), historiador francs, em sua obra.

    A Historia social da criana e da famlia, nos chama a ateno para a condio social da

    criana na poca da antiguidade e idade mdia:

    Assim que a criana superava esse perodo de alto risco de mortalidade, em que

    sua sobrevivncia era improvvel, ela se confundia ao mundo dos adultos.

    Apenas a partir do sculo XVII, inicia-se uma tomada de conscincia em torno dasparticularidades da criana, o que Aris (1981) chama de Sentimento de Infncia:

    O sentimento de infncia no significa o mesmo que afeio pela criana: corresponde

    conscincia da particularidade infantil, essa particularidade que distingue

    essencialmente a criana do adulto, mesmo jovem.

    Este sentimento referido pelo autor, nasce dentro da famlia numa poca em que a

    criana por sua ingenuidade e graciosidade passa a ser um objeto de distrao erelaxamento para o adulto.

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    Inicia-se a o que Aris chamou de paparicaoe posteriormente, um novo sentimento,

    contraditrio ao primeiro comea a aparecer, o de moralizao da criana, que passa a

    ser vista como um ser frgil e inocente que, de engraadinha e motivo de entretenimento

    para os adultos precisa ser educada e disciplinada, para no ser corrompida pelo mundo

    adulto.

    a partir desta poca, final do sculo XVII, incio do sculo XVIII, que comeam as

    primeiras preocupaes com a higiene, sade e educao das crianas, esta ltima por

    interesse dos padres Jesutas, que empenhados na moralizao do infante.

    fundamentam sua pedagogia luz dos conhecimentos da psicologia e de seus mtodos

    para educao.

    At ento no havia, uma educao destinada s crianas em especial, elas eram

    misturadas aos adultos, sem qualquer distino de ordem fsica e ou psicolgica, o que

    no de difcil compreenso para aquela poca, em que apenas naquele momento

    histrico comeava a haver uma preocupao com a educao das crianas.

    De acordo com Aris (1981), este um trao caracterstico da viso social da poca:

    Assim que ingressava na escola, a criana entrava no mundo dos adultos.

    Essa confuso to inocente que passava despercebida, era um dos traos mais

    caractersticos da antiga sociedade.

    A infncia no era pensada de forma especfica na sociedade, pelo contrrio, educar a

    criana foi necessrio para ela poder ser enfim, moralizada e assim transformar-se em

    um adulto em condies de participar da vida social.

    Caso contrrio, poderia continuar sendo, provavelmente, um estorvo para a sociedade,

    j que era vista como um ser despreparado e mal educado:

    A criana no era divertida nem agradvel: s o tempo pode curar o homem da

    infncia e da juventude, idades da imperfeio sob todos os aspectos.

    (ARIS, 1981 p. 162) Cabe nesta reflexo histrica uma questo:A criana, sujeito sem importncia para a sociedade antiga, tinha o direito de brincar?

    Ou o brincar no fazia parte de sua vida?

    Na antiguidade, as brincadeiras e os jogos das crianas eram os mesmos dos adultos:

    No incio do sculo XII no existia uma separao to rigorosa como hoje entre as

    brincadeiras e os jogos reservados s crianas e as brincadeiras e jogos dos adultos.

    Os mesmos jogos eram comuns a ambos. (ARIS, 1981, p. 88).

    Da mesma forma que a criana no tinha seu espao na sociedade, tambm a prtica dobrincar dependia dos adultos.

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    Na sociedade antiga, os jogos e as brincadeiras eram muito comuns entre os adultos,

    constituam uma das formas mais utilizadas de estreitamento dos laos entre as pessoas,

    e as crianas tambm participavam juntamente com eles

    Aquele que no fala. deste valor social. No havia as brincadeiras destinadas s

    crianas, elas no tinham um tempo e um espao fsico e social para brincar, para criar

    ou para adquirir brinquedos.

    Os brinquedos mais utilizados pelas crianas, nas suas brincadeiras eram miniaturas de

    objetos do universo dos adultos, como o cavalo de pau, o arco de penas, o pssaro e a

    boneca.

    Muitas dessas miniaturas de objetos, eram tambm depositadas nos tmulos das

    famlias e possuam uma significao religiosa.

    No caso das bonecas, interessante observar, que elas serviam de presentes e enfeites

    para as mulheres, e at incio do sculo XIX faziam o papel de manequins para elas.

    Elas eram tambm brinquedos, tanto das meninas quanto dos meninos.

    Mas necessrio considerarmos ao analisar estas questes, que a infncia e o brincar

    possuam significados diferentes, de acordo com as determinaes culturais daquela

    poca.

    O tratamento dispensado s crianas condizia com os valores econmicos, sociais e

    culturais do perodo histrico em questo.

    Cabe a ns perguntarmos: e na contemporaneidade, a forma que nossas crianas so

    consideradas condiz com os nossos valores culturais?

    Que valores so esses, que permitem que as crianas trabalhem ao invs de brincar ou

    estudar; que vivam nas ruas e passem fome?

    Ao nos depararmos com a histria da criana ao longo dos tempos ficamos muitas

    vezes assustados com tanta indiferena, por isso a necessidade de considerarmos a

    escala social de valores de cada poca e relacionarmos aos fatos contemporneos.No verdade que vivenciamos atualmente situaes chocantes nessa poca de tantos

    avanos, em que a cincia e a tecnologia tudo podem?

    Brincar ... e ser criana ... coisas srias!

    Brincar,essencialmente satisfaz.

    Aps transitar por alguns sculos de histria sobre a infncia, vimos de que maneira obrincar acompanha a humanidade.

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    O que brincar?

    Atividade to simples, e ao mesmo tempo to sria, que diz tanto por si mesma.

    Assim como a infncia, o brincar precisa ser pensado, compreendido e cuidado.

    Necessita ser cultuado para que no seja desvirtuado: um brincar em que se faa

    presente, a criatividade, o prazer, o faz de conta, o brinquedo, a imaginao, a

    construo, e o sonho, porque extremamente importante para a criana a experincia

    da atividade ldica para que ela poder ser e acontecer.

    Tambm para que atravs da brincadeira aprenda o mundo sua volta e compreenda as

    relaes que nele esto presentes.

    O brincar, como atividade essencialmente da criana, acompanha como ela o caminhar

    das sociedades.

    E para que ele no seja desvalorizado com as mudanas de valores que ocorrem

    nas mesmas, precisa ser levado a srio, precisa ser praticado e experienciado

    principalmente pelas crianas, que trazem como marco de suas primeiras e principais

    atividades o brincar livre.

    A criana constri sua identidade brincando, e ao brincar atua sobre a realidade,

    representando-a, vivendo-a e transformando-a, num processo que imaginrio e ao

    mesmo tempo real.

    Por exemplo, em uma situao de faz de conta, na qual a criana brinca de mame e

    filhinha.

    Ela utiliza das regras que vivencia no seu cotidiano de filha para que sua brincadeira

    seja legtima, caso contrrio, no seria possvel a situao de faz de conta.

    Mesmo sendo uma atividade imaginria, ela calcada no real.

    No campo da psicologia, destaca-se a obra de VYGOTSKY (1998), que afirma:

    Sempre que h uma situao imaginria no brinquedo, h regras - no as regraspreviamente formuladas e que mudam durante o jogo, mas aquelas que tem sua origem

    na prpria situao imaginria.

    Portanto, a noo de que uma criana pode se comportar em uma situao

    imaginria sem regras simplesmente incorreta.

    Se a criana est representando o papel de me,ento ela obedece as regras do

    comportamento maternal.

    O papel que a criana representa e a relao dela com um objeto (se o objeto tem seusignificado modificado) originar-se-o sempre das regras.

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    WINNICOTT (1975), terapeuta especializado no trabalho com crianas pequenas,

    tambm nos fala da importncia do brincar para o desenvolvimento da criana e de sua

    ponte com a realidade:

    A criana traz para dentro dessa rea da brincadeira objetos ou fenmenos oriundos da

    realidade externa, usando-os a servio de alguma amostra derivada da realidade interna

    ou pessoal.

    Sem alucinar, a criana pe para fora uma amostra do potencial onrico e vive com essa

    amostra num ambiente escolhido de fragmentos oriundos da realidade externa.

    No brincar, a criana manipula fenmenos externos escolhidos com significados e

    sentimentos onricos.

    Mesmo sendo o brincar uma atividade tambm para a vida adulta, na infncia que ele

    se inaugura, e na infncia que ele promove a realizao dos fenmenos mais

    significativos para o indivduo na busca do seu eu.

    A prtica de brincadeiras proporciona criana um confronto e um dilogo do mundo

    externo com o mundo interno, criando uma rea prpria para o brincar, a qual leva a

    pessoa ao encontro do seu eu e consequentemente construo da sua subjetividade.

    WINNICOTT (1975), mostra que esta rea prpria do brincar no a realidade

    psquica interna.

    Est fora do indivduo, mas no o mundo externo.

    O brinquedo a forma de comunicao da criana com a realidade desde a mais tenra

    idade, e principalmente nela, pois o brincar ajuda a criana a superar suas necessidades

    mais primitivas e imediatas.

    O brinquedo funciona tambm como um atendimento s necessidades no realizveis

    imediatamente para a criana, pois ao brincar ela se envolve num mundo imaginrio

    onde satisfaz seus desejos.

    O beb no suporta no ser atendido prontamente, ele precisa de uma ao que osatisfaa naquele momento determinado, e esta satisfao vem no ato de brincar.

    De acordo com VYGOTSKY (1998),

    Para resolver esta tenso, a criana envolve-se num mundo ilusrio e imaginrio onde

    os desejos no realizveis podem ser realizados, esse mundo o que chamamos de

    brinquedo.

    Portanto, o papel do brincar no desenvolvimento da criana fundamental, pois

    atravs dele que a criana elabora o seu estar no mundo, dialogando sua maneira coma realidade concreta e com o outro.

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    importante ressaltar que a criana ao nascer, ainda est profundamente ligada me.

    Neste perodo de total dependncia, o beb vive suas primeiras experincias com o

    brincar, como a troca de sorrisos com a me, o toque no corpo dela e no seu, a

    brincadeira de esconde-esconde sob o cobertor.

    Estas brincadeiras podem ser consideradas uma conquista da relao de confiana

    estabelecida no dia de me-beb.

    O brincar uma linguagem, e o primeiro parceiro nas brincadeiras para a criana a

    me, que alm de proporcionar uma comunicao direta entre o beb e ela, permite a ele

    uma comunicao com o mundo, iniciando assim o seu viver criativo.

    De acordo com WINNICOTT (1975), no decorrer das suas experincias e ao dar incio

    diviso entre o eu e o no-eu, o beb passa a substituir o seio por um objeto

    transicional que o represente.

    Este objeto pode ser um ursinho, a ponta de um cobertor, ou algum outro objeto eleito

    pelo prprio beb.

    O objeto transicional, pode no ser necessariamente um objeto real, podendo ser uma

    palavra ou uma msica.

    Os fenmenos transicionais se tornam muito importantes para o beb na hora de dormir,

    ou como de defesa em situaes de ansiedade, ajudando-o a superar as frustraes

    necessrias ao seu desenvolvimento e conduzindo-o ao uso da iluso e dos smbolos.

    Estes fenmenos so chamados de transicionais, pelo fato de que eles

    incidem numa rea da experincia que no pertence nem pura subjetividade e nem

    pura objetividade, mas a meio caminho entre uma e outra.

    Esta terceira rea, a da experincia, tambm denominada por WINNICOTT (1975)

    como espao potencial o lugar onde se encontra o brincar e posteriormente a

    experincia cultural.

    Se buscamos compreender a criana e o seu desenvolvimento, devemos compreendertambm suas brincadeiras, pois o brincar uma das atividades mais significativas

    realizadas por elas.

    O brincar o meio que a criana encontra para se comunicar com o mundo ao seu redor.

    Quando beb, a realidade externa para a criana estranha e desordenada, e a atividade

    ldica, como um simples sorriso, acontece de maneira prazerosa e criativa fazendo com

    que ela se reconhea e conhea o mundo a sua volta, construindo assim, as suas

    primeiras interaes sociais.Para WINNICOTT (1975), o brincar que promove o estar criativo do ser humano no

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    mundo, e sendo criativo que ele constri sua subjetividade:

    no brincar somente no brincar que o indivduo, criana ou adulto, pode ser criativo e

    utilizar sua personalidade integral: e somente sendo criativo que o indivduo descobre

    o eu. (...) Ligado a isso, temos o fato de que somente no brincar possvel a

    comunicao, exceto a comunicao direta.

    Desta forma, mais uma vez, podemos afirmar o valor da atividade ldica para o

    desenvolvimento integral da criana e a necessidade que ela tem de viver a experincia

    do brincar, da verdadeira brincadeira espontnea, na qual ela faz as suas prprias

    descobertas, constri seus prprios conhecimentos e busca sua maneira o seu estar

    criativono mundo.

    S assim, sendo a criana sujeito de suas brincadeiras que ela encontrar o seu eu e

    construir sua identidade.

    Portanto, mais que reconhecermos a importncia do brincar, preciso dar

    oportunidade e espao tanto fsico quanto social, para que a criana viva o que lhe de

    direito, o brincar livre e criativo.

    A importncia do resgate do ldico

    Depois de refletir sobre a infncia e o brincar, buscaremos compreender o espao que as

    atividades ldicas ocupam na vida das crianas.

    Para isso, algumas questes so importantes apontar:

    permitido s crianas exercerem seu direito de brincar espontaneamente?

    Conhecemos os brinquedos e as brincadeiras com as quais as crianas vivenciam

    situaes ldicas?

    Podemos considerar o brincar como um fato universal, pois sua linguagem abrange

    todas as crianas do mundo independente da idade, sexo, raa ou classe social.Mas, podemos considerar como universal que todas as crianas brincam?

    Procurando refletir sobre as questes apontadas acima, vimos que nas ltimas dcadas,

    o avano tecnolgico e cientfico ocorreu de maneira extremamente acelerada, e com

    isto vrias transformaes aconteceram no interior da sociedade.

    Em relao ao desenvolvimento da criana e ao brincar podemos considerar como

    avanos, os estudos e pesquisas desenvolvidos acerca desta temtica, a conscientizao

    por parte de educadores da importncia do brincar para o desenvolvimento integral das

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    crianas e uma preocupao maior em relao segurana na fabricao dos

    brinquedos. (FRIEDMANN, 1998).

    Como retrocessos podemos apontar que as condies sociais e tecnolgicas da

    modernidade comprometeram, de certa forma o espao, o tempo, e os objetos de

    brincar.

    As crianas perderam o espao e a segurana das ruas e caladas, com isso perderam

    tambm parte da liberdade na escolha das suas brincadeiras e companheiros.

    As grandes cidades, os pequenos apartamentos no permitem mais as interaes sociais.

    Com a modernidade as crianas no tm tempo para perder com brincadeiras, pois

    tm uma srie de responsabilidades que so consideradas mais importantes, como

    cursos de informtica, lnguas, danas, esportes, etc.

    As instituies escolares so tambm fotografias destas mudanas de valores, as

    brincadeiras foram deixadas de lado em detrimento das atividades pedaggicas, que so

    mais produtivas.

    Em relao experincia do brincar necessrio que acontea uma busca coletiva dos

    valores ficados para trs, dos brinquedos tradicionais, autnticos, construdos a base de

    materiais simples, mas com infinitas possibilidades de brincar e sonhar; como as

    bolinhas de gude, as pipas de papel de seda, o cavalinho de pau, a boneca de pano, os

    carrinhos de madeira, as latinhas reaproveitadas que serviam para a construo de uma

    infinidade de objetos para brincar.

    Precisa-se tambm, que haja um resgate das brincadeiras da nossa cultura popular, as

    brincadeiras alegres, cheias de energia e companheirismo, como:

    o pique-esconde, a amarelinha, o soltar pipa, o brincar de casinha, o passar anel, o

    futebol de rua, as brincadeiras de roda; experincias gostosas e saudveis, nas quais as

    crianas corriam, pulavam, rolavam, brigavam e aprendiam.

    So estas brincadeiras que deixam saudades e que marcam a vida das pessoas, pois sosignificativas e acontecem profundamente na experincia de ser criana.

    ABRAMOVICH (1983), desenvolveu um trabalho de pesquisa com objetivo da saber se

    as crianas de hoje ainda brincam e com o que brincam e foi conversar diretamente com

    elas.

    Baseada nos depoimentos das crianas, chegou s seguintes consideraes:

    Vejam s, as crianas no esto vendo muita graa nestes brinquedos passivos, que s

    pedem que se olhem e que se lidem com eles cumprindo ordens, no melhor estiloescolar e no pior enfoque ldico...

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    E tem mais: no gostam no de brincar sozinhas e no esto vendo muito charme nessas

    propostas segregacionistas e isoladas...

    Querem companhia pra brincar!

    E se ainda preferem os brinquedos de sempre, aqueles que so eternos, como o carrinho

    e a boneca, se estes continuam a grande paixo (com todas as razes), esto perdendo

    todos os referenciais de antigamente por que os pais no esto lhes passando as magias

    e fascnios de suas prprias infncias...

    A televiso, inserida em um universo de mudanas e de novos valores na sociedade,

    alm de instrumento eficiente na divulgao de brinquedos modernos passou a

    concorrer fortemente com as brincadeiras livres e tradicionais das crianas, trazendo

    novas concepes acerca do que seja entretenimento.

    As crianas por uma srie de motivos como:

    falta de companhia para brincar, escassez de tempo dos pais para acompanh-la nas

    diverses, falta de brinquedo e de espao fsico, passam horas diante da imagem

    sedutora da TV.

    O computador, grande smbolo da modernidade, se tornou mais um instrumento no rol

    dos brinquedos das crianas.

    Juntamente com a internet, ambos contemporneos televiso, fazem parte tambm de

    um novo paradigma acerca do que seja o ldico, paradigma este que vem sendo

    construdo paralelamente aos avanos cientficos e tecnolgicos da nossa sociedade.

    Contudo, mesmo variando as formas e/ou as concepes, as crianas continuam a

    brincar, desde a criana dos centros das cidades, das periferias, ou do campo; desde a

    criana carente at a com melhores condies econmicas, at a criana de rua ou a

    institucionalizada, fato , que todas elas procuram maneiras e espaos para se

    descobrirem e descobrir o mundo atravs de suas brincadeiras.

    Nas ltimas dcadas temos conhecimento de algumas iniciativas que buscam resgatar osbrinquedos e o brincar no seu sentido amplo, que so as Brinquedotecas, estrutura fsica

    e social que tm como principal objetivo a promoo do "desenvolvimento de

    atividades ldicas e o emprstimo de brinquedos e materiais de jogo". (KISHIMOTO,

    1998).

    Ento... as brinquedotecas

    Como surgiram as brinquedotecas...

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    A primeira iniciativa de brinquedoteca surgiu em 1934, em Los Angeles, nos Estados

    Unidos, quando o dono de uma loja de brinquedos percebeu que estava sendo roubado

    por crianas e reclamou com o diretor de uma escola municipal sobre a situao.

    O diretor chegou a concluso de que as crianas estavam praticando furtos de

    brinquedos por que no tinham com o que brincar.

    Ento, com recursos da comunidade local iniciou um servio de emprstimo de

    brinquedos.

    O servio deu certo, existe at hoje e chamado deLos Angeles Toy Loan.

    (CUNHA4[4], 1998).

    Em 1963, em Estocolmo, na Sucia, a idia de emprestar brinquedos comeou a ficar

    mais consistente, sendo expandida quando duas mes de crianas excepcionais

    fundaram a primeiraLekotek(brinquedoteca em sueco), com o objetivo de orientar as

    famlias de Nylse Helena da Silva Cunha Presidente da Associao Brasileira de

    Brinquedotecas e membro da Associao Internacional de Brinquedotecas.

    excepcionais como poderiam brincar com seus filhos para estimul-los melhor.

    Em 1967, na Inglaterra, surgiram as Toy Libraries, (biblioteca de brinquedos), a quais

    emprestam brinquedos para as crianas levarem para casa.

    E assim a concepo de brinquedoteca foi sendo construda, e vem crescendo a cada

    ano em nmero e diversidade de objetivos.

    No Brasil as brinquedotecas apareceram na dcada de 80, e nasceu do desejo daqueles

    que preocupados com a criana e seu desenvolvimento viam no brinquedo um excelente

    companheiro e auxiliar no trabalho para com elas.

    Em 1984, foi fundada por Nylse Helena da Silva Cunha a Associao Brasileira de

    Brinquedoteca (ABB), com o objetivo de fornecer assessoria para novos projetos e

    promover o intercmbio entre as brinquedotecas j existentes, tendo como principal

    canal de comunicao o noticirio O Brinquedista. Em 1985, foi inaugurada abrinquedoteca da Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo, pioneira no

    Brasil enquanto brinquedoteca em universidades, que alm de propiciar s crianas o

    emprstimo de brinquedos, funciona tambm como laboratrio de observao e

    pesquisa para estudantes de pedagogia, psicologia e reas afins.

    A brinquedoteca convida a uma mudana de pensamento e uma nova postura diante

    dos atuais valores que imperam em nossa sociedade.

    Sua proposta abrangente a tal ponto que no se destina apenas s crianas, o convite para todos aqueles que buscam uma sociedade realmente de direito para todos.

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    Para tanto, o incio da mudana precisa ser sentido atravs das crianas, dando a elas o

    direito infncia que se principia a conquista da liberdade, pois sendo a criana livre

    hoje, ela ser amanh um adulto capaz de amar e de participar conscientemente do

    mundo ao seu redor.

    Afinal o que uma Brinquedoteca?

    A brinquedoteca um espao privilegiado que nos permite na contemporaneidade

    superarmos a falta que a vivncia do ldico vem fazendo na vida das pessoas, em

    especial, na vida das crianas.

    Ela , por excelncia um lugar para o brincar, ofertado s crianas de qualquer idade,

    condio social ou econmica.

    O seu propsito maior o de resgatar na vida das crianas o espao fundamental para o

    desenvolvimento das brincadeiras espontneas, espao que vem sendo sensivelmente

    perdido ao longo das ltimas dcadas na sociedade, devido aos interesses scio-

    econmicos, que acarretaram o comprometimento do bem estar da infncia e da famlia.

    Uma brinquedoteca traz em si uma diversidade de propostas e objetivos que no se

    limitam a si mesmos, podendo eles ser flexveis, de acordo com o interesse e a realidade

    de cada brinquedoteca.

    Apresentamos abaixo alguns deles:

    - Oferecer s crianas um espao especialmente para o brincar.

    -Emprestar brinquedos.

    - Estimular o desenvolvimento emocional, intelectual e social das crianas.

    - Possibilitar s crianas situaes que promovam o faz-de-conta.

    - Possibilitar s crianas carentes o acesso aos brinquedos.

    - Possibilitar s crianas interaes sociais.

    - Oportunizar s crianas relacionarem com adultos de forma agradvel e espontnea,

    livre do formalismo decorrente das situaes estruturadas em instituies. (CUNHA,1998)

    Ao falarmos em brinquedoteca estamos falando em uma oportunidade de experimentar

    o ldico em sua totalidade, de um espao repleto de liberdade e gratuidade, onde o ser

    humano pode dialogar com a sua essncia, o seu eu, promovendo assim, de maneira

    autnoma a construo de sua subjetividade e a sua viso de mundo.

    Desta forma, comungando com as idias de SANTOS (1997), complementamos:

    Um espao assim no comum: sem cobranas nem exigncia de produtos.

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    Este espao to pleno, to cheio de oportunidade pode ser a terra frtil apropriada para a

    germinao de um novo homem capaz de construir uma nova humanidade.

    Quem o profissional que trabalha na Brinquedoteca...

    De acordo com NEGRINE (1997), o profissional envolvido com a brinquedoteca, seja

    ele denominado de brinquedista ou ludotecrio, deve estar preparado no apenas para

    atuar como animador, mas tambm como observador e investigador das relaes e

    acontecimentos que ocorrem no mbito da brinquedoteca.

    Para uma tarefa desta dimenso social, o indivduo necessita de uma formao slida,

    fundamentada em trs pilares:

    formao terica,

    formao pedaggica e formao pessoal.

    A formao terica deve possuir embasamento nas teorias que trabalham com o

    desenvolvimento, a aprendizagem, o jogo, a recreao e o brinquedo.

    A formao pedaggica, deve proporcionar a vivncia no interior do ambiente ldico,

    no apenas no mbito da infncia, mas em diferentes contextos, seja com crianas,

    adolescente, adultos ou com a terceira idade, complementando desta forma,

    a formao terica, a qual se constri pela vivncia e no apenas pela conscincia.

    A formao pessoalaparece, segundo ele, como uma vertente totalmente inovadora,

    pois deve oportunizar ao educador em formao a vivncia do ldico, ou seja, uma

    prtica mais preocupada com a experincia do que com tcnica puramente simples.

    Por qu uma Brinquedoteca na escola...

    Vrios so os tipos de brinquedoteca, encontramo-las atualmente nos mais diversos

    contextos e nos mais diferentes lugares, como: hospitais, igrejas, creches, escolas,

    favelas, bairros, universidades, clnicas psicolgicas, museus, bibliotecas,brinquedotecas para crianas portadoras de deficincias fsicas e mentais,

    brinquedotecas circulantes, alm daquelas criadas para testes de brinquedos e as de

    carter temporrio.

    Cada uma destas brinquedotecas tem o seu valor e a sua razo de existir, todas possuem

    um objetivo especfico, porm todas possuem um objetivo comum, que o de resgatar a

    cultura ldica e proporcionar experincia do brincar na vida das crianas.

    As brinquedotecas em escolas possuem objetivos, que extrapolam o mbito da infncia,atingindo os pais e os profissionais da educao.

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    A brinquedoteca na escola funciona tambm como um espao de educao para os pais,

    que, ao apreciarem as brincadeiras de seus filhos, passam a compreend-los melhor.

    Os pais e professores tm muito que aprender com as crianas, e, atravs das

    brincadeiras e dos jogos infantis elas do o seu recado sociedade, apresentando o

    que gostam, o que podem e o que precisam para se desenvolverem de maneira integral.

    Podemos apresentar como funo de uma brinquedoteca escolar os seguintes objetivos:

    resgatar para o mbito da escola o carter ldico das atividades pedaggicas;

    oferecer para a criana no seu espao escolar uma variedade de brinquedos; estimular a

    interao entre pais e filhos por meio dos jogos; valorizar o ato de brincar, respeitando a

    liberdade, a criatividade e a autonomia, possibilitando assim a formao do auto-

    conceito positivo da criana (PAZ, 1997); e mais, passar para os professores e pais o

    conhecimento sobre a importncia do brinquedo para a criana e o significado que ele

    tem para o seu desenvolvimento afetivo, social, cognitivo e fsico.

    SANTOS (1997), ao discorrer sobre sua concepo de brinquedoteca nos chama a

    ateno para a seguinte afirmao:

    A brinquedoteca tem uma mensagem a dar para a escola porque pode ajudar as

    crianas a formarem um bom conceito de mundo onde a afetividade acolhida, a

    criatividade estimulada e os direitos da criana respeitados.

    KISHIMOTO (1997), estudiosa sobre jogos e brinquedos e sobre a educao infantil,

    contribui de maneira especial para a concepo das brinquedotecas e nos aponta as

    seguintes consideraes a respeito de brinquedotecas em escolas infantis:

    Se a funo da brinquedoteca emprestar brinquedos e oferecer espao de animao

    cultural, podemos compreender que o uso corrente, em muitas instituies infantis,

    distancia-se desta prtica.

    Substituir a falta de brinquedos e materiais para desenvolver atividades com pr-

    escolares introduzindo brinquedotecas aparece mais uma vez como forma de escamotearos objetivos desse nvel de ensino.

    Adotar uma instituio da moda, que valoriza o ldico como um apndice, sem

    questionar as funes da brincadeira enquanto proposta educativa outro exemplo que

    mascara a inconsistncia de um projeto educativo baseado no brincar.

    Assim, pudemos perceber o quanto especial um projeto social como o da

    brinquedoteca, elas vm para resgatar a brincadeira na vida das pessoas e para

    salvaguardar a infncia.

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    Desejamos um mundo melhor, e permitindo s crianas o brincar livre e dando a elas

    um limite para se expressarem, que estaremos abrindo espao para a experincia de um

    novo paradigma, mais condizente com os nossos desejos de liberdade e de construo

    de uma nova humanidade.

    Conversando sobre as brinquedotecas na escola

    Tendo como ponto central desta pesquisa conhecer o que dizem as diretoras de quatro

    escolas sobre o funcionamento de brinquedotecas dentro do espao escolar,

    selecionamos duas categorias para anlise:

    - A brinquedoteca escolar como possibilidade de resgatar o ldico versus a concepo

    de brincar dos educadores

    Ao dialogar com os diretores de escolas pblicas e particulares, vimos em suas falas oquanto o brincar encontra-se distante das atividades da infncia.

    As crianas enfrentam uma srie de dificuldades para se encontrarem de forma livre e

    saudvel com o brincar, seja pela falta de tempo dos pais, pela divulgao insistente dos

    programas de televiso e dos videogames, seja pelos pequenos apartamentos com suas

    limitaes de espao fsico; pela crescente desvalorizao dos brinquedos tradicionais

    ou pelo incentivo da sociedade na direo de uma adolescncia precoce.

    Encontramos nos depoimentos das profissionais um saudosismo em relao aos seus

    tempos de criana, s lembranas das brincadeiras de boneca, da liberdade das

    ruas e praas, das brincadeiras tradicionais repassadas atravs das geraes.

    Percebemos tambm uma preocupao ao constatarem que nos tempos atuais as

    crianas no esto brincando como antes.

    Entretanto, o que tem sido feito na escola para que o brincar se faa presente?

    Se a escola um espao, por excelncia da criana, no caber a ela o papel de

    possibilitar no seu mbito o brincar espontneo?

    Vejamos as falas das diretoras:

    Porque as crianas so criadas em apartamento, pelo pequeno espao primeiro,

    hoje no tem o espao que a criana tinha antigamente, que ns tnhamos

    antigamente, subir em rvore, de brincar na rua, de brincar de pique, de brincar

    de mar, a falta de espao faz com que a criana brinque menos sim.

    A gente sabe que a nossa sociedade hoje tem uma srie de cobranas que faz com

    que o ldico v se perdendo muito rapidamente e cada dia as crianas brincam

    menos, cada dia a adolescncia comea mais cedo, eu me lembro, eu brinquei de

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    boneca at os 15/16 anos de idade. (Carmem, 24/03/00)

    Em contrapartida, percebemos uma demasiada preocupao com o processo de ensino

    aprendizagem, embora exista paralelamente o reconhecimento da importncia do

    brincar.

    Ao mesmo tempo em que considera a necessidade da criana desenvolver a imaginao,

    e a importncia do simbolismo na idade pr-escolar, predomina a valorizao dos

    brinquedos destinados ao desenvolvimento cognitivo, como os blocos lgicos, os jogos

    de encaixes, as letras e os nmeros, em detrimento de materiais ldicos destinados

    representao simblica.

    Verificamos assim, uma concepo de brincar que valoriza atividades ldicas

    objetivadas, supervisionadas e direcionadas para as diversas reas do conhecimento

    sistematizado:

    Brinquedos bons so brinquedos de encaixe n, tm brinquedos, jogos de terceiro

    perodo, especfico de terceiro perodo, trabalha com letrinhas, quebra-cabea,

    tem aquela cruzadinha, jogos de madeira, tem muito brinquedo, pedaggico

    mesmo, que faz parte mesmo dentro do planejamento de 1, 2 e 3 perodo,

    dentro do referencial que a gente consegue colocar esses brinquedos, adaptando

    ao planejamento da professora.

    .O brinquedo... ideal que ele tenha, o carter

    pedaggico, mas o brinquedo na forma ldica, por que atravs do brinquedo,

    uma historinha ela faz dramatizao, mesmo com fantoche, com bonequinhos,

    ento isso a, eu acho que agua mais a ao da criana, o brinquedo em si para

    a criana de 4, 5, 6 anos, no s brinquedo pedaggico, mas o brinquedo em si

    muito importante.

    por que a idade, a faixa etria tambm, a criana, trabalha muito com a parte ldica da

    criana, muito importante por que a criana imagine muito nesta faixa etria, ento abrincadeira muito importante, mas uma brincadeira direcionada, tambm para outras

    reas, pra rea de portugus, matemtica, as cores, o encaixe, a forma, t, numerais e

    tambm a brincadeira em si para aguar a imaginao da criana.

    Nas palavras de KISHIMOTO (1999), Seria necessrio informar os professores da

    importncia de brincadeiras livres para o desenvolvimento da linguagem, imaginao e

    iniciativa da criana

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    notrio no registro em referncia, a nfase na necessidade de se preparar a criana da

    pr-escola para as sries seguintes, e que um bom resultado deste trabalho ser obtido

    atravs do uso das brincadeiras e dos brinquedos pedaggicos.

    Nas entrelinhas dessas falas, h uma viso contraditria do brincar e uma concepo da

    infncia que percebe a criana como um vir a ser, como uma preparao para...

    comunicando assim, que o mais importante no a criana, em seus aspectos globais, e

    o brincar pelo prazer em si.

    Na nossa compreenso, pudemos observar no relato a seguir, que existe um

    reconhecimento da necessidade de se resgatar o brincar no espao escolar.

    Entretanto, fica registrado um paradoxo ao transform-lo em instrumento de apoio para

    o trabalho didtico pedaggico na escola.

    Em outras palavras, h cincia da necessidade de se resgatar a atividade ldica, mas por

    outro lado reside a insistncia em didatiz-la e conduzi-la para os interesses

    predeterminados e conteudistas da escola.

    Observamos contradies na fala abaixo transcrita:

    , livremente as crianas de pr-escola j brincam, por que tem o horrio de

    recreio dela, que dirigido, que brincam tambm que utilizam brinquedos, tem o

    ptio da escola tambm, que tem mar, tem linhas, curvas abertas, fechadas,

    ento, esse trabalho paralelo com a matemtica, com esse tipo de atividade, a

    mar para os meninos tem nmero, ento eles esto adquirindo a noo de

    algarismo ali, n, ento independente disso na pr-escola a gente j faz um

    trabalho voltado para o resgate da brincadeira da criana.

    Aqui, o que o referencial nos diz, a gente no tem obrigatoriedade para a alfabetizao,

    ento eu acho que essas coisas de brincadeiras, essa coordenao motora fina, fazem

    parte da pr-escola, porque depois a criana vai para o ensino fundamental a

    criana no sabe recortar, no tem relao de espao, porque no foi trabalhadoeste tipo de coisa, brincadeiras e brinquedos da coordenao motora fina na pr-escola.

    (Luiza, 12/04/00) KISHIMOTO (1997), tece uma crtica s escolas que determinam as

    atividades com brinquedos:

    Muitas escolas preparam atividades dirigidas pelos professores selecionando

    brinquedos educativos ou delimitando o tipo de brinquedo que pode ser utilizado pela

    criana.

    O brincar enquanto recurso para desenvolver a autonomia da criana deixa de sercontemplado neste tipo de utilizao.

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    Na afirmao que segue, desponta a limitada liberdade de escolha da criana em

    relao ao material ldico e como eles so valorizados para a construo de conceitos

    sistematizados.

    Por exemplo o professor, ele tem que dar opes de mais de um, dois, trs materiais

    diferenciados, ento, oferece estes materiais para a criana e ela vai manipul-los, ela

    vai descobrir de acordo com o material que voc tem, ela vai construir o que ela quer

    naquele momento e aps essa construo o professor media dentro da proposta dele, por

    exemplo se um material de frao, eu vou ter blocos inteiros, divididos ao meio,

    dividido em quatro, ento sempre divididos em partes iguais, ento eu vou ter um

    material variado, mas que vai dar margem a esta criana de uni-los, de ver sempre que,

    as vrias opes para chegar a uma construo, a um conceito de frao, voc v,

    automaticamente ela chega por que um material adequado pra isso, ento no precisa

    direcionar, olha isso um inteiro...ela mesma vai chegar, esse inteiro est dividido em

    tantas partes, onde o professor vai intervir, dando a nomenclatura correta para o aluno.

    Desta forma, cabe ento buscar respostas para algumas questes:

    que significado tem para a criana este brincar escolarizado?

    Qual a importncia atribuda aos brinquedos e brincadeiras pelos profissionais da

    escola?

    Qual o significado do brincar para os professores?

    A fala abaixo, confirma que o espao construdo para acondicionamento dos

    brinquedos, foi exclusivamente elaborado para dar suporte ao processo de ensino-

    aprendizagem:

    Construmos essa sala justamente para dar suporte ao processo ensino-aprendizagem,onde a criana vai construir o seu saber atravs do ldico. (Mrcia, 11/04/00)

    A brinquedoteca seria ento um espao a mais para contribuir com os percalos do

    processo pedaggico:

    Enriqueceria muito a escola, seria um espao que a criana poderia utilizar e a

    professora tambm, para atingir certos percursos que no atinge sem essa sala.

    (Luiza, 12/04/00)

    Nas entrevistas realizadas, observamos que a viso de duas diretoras encontra-seindefinida quanto ao profissional que deve atuar nas brinquedotecas.

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    Em razo disso, uma outra categoria de anlise foi estabelecida:

    - O Brinquedista e seu trabalho na brinquedoteca:

    O brinquedista um profissional que tem uma formao e um papel especfico.

    De acordo com NEGRINE (1997), a formao do brinquedista se fundamenta em trs

    pilares:

    formao terica ,pedaggica e pessoal.

    No fragmento de entrevista abaixo, parece no estar muito claro a quem cabe o papel de

    coordenar o trabalho na brinquedoteca:

    No, acho que o professor, a gente reunindo com o professor, o professor tendo a

    conscincia do que est acontecendo, o que vai acontecer l dentro, o professor pode

    levar muito bem a sua parte sem ter um profissional especfico pra ficar ali, pode ter o

    supervisor, pra orientar pra sentar com os professores pra orientar nesta parte, voltar na

    brinquedoteca, organizar, seria o supervisor pra poder ajudar, mas essa pessoa

    consegue.

    Ter o espao, os brinquedos especficos, organizados, catalogados e o professor

    conscientizado do que significa a brinquedoteca, no tem... o professor poderia cuidar

    desta parte.

    O diretor, os supervisores, os professores e demais profissionais da escola precisam

    estar inteirados do projeto da brinquedoteca escolar, ela parte da escola. Contudo,

    um setor que possui suas especificidades e, como tal, necessita de um profissional

    qualificado para administrar o seu funcionamento.

    Ao ser concebida a idia da brinquedoteca escolar, deve-se pensar no brinquedista com

    especial ateno, para que depois de construda ela possa contar com um profissional

    preparado e disposio para gerenciar o seu funcionamento.

    Para ser brinquedista preciso ter conhecimentos acerca do desenvolvimento da crianae compreender o brincar nas suas vrias dimenses.

    No caso desta escola, o cargo de brinquedista foi destinado a uma pessoa que estava

    para se aposentar:

    Ela est de frias, uma pessoa que est se aposentando, que no est podendo ficar na

    regncia, ento a brinquedoteca, o cargo de brinquedista foi criado aqui para ela, porque

    ela no pode ficar em sala de aula. (...)Da criao deste cargo para a pessoa, eu penso que seria muito mais rico se

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    fosse algum que viesse com essa funo e no se deslocar um profissional que j est

    em fim de carreira, que no est em condio de ficar em sala de aula.

    No enunciado que se segue, alm de o brinquedista ser uma pessoa sem capacitao

    para a funo, a escola no reconhece o projeto na sua dimenso social e educacional:

    A maioria dos professores, quando a professora de brinquedoteca no est aqui,

    quase ningum leva. Por que?

    Porque no foi... como essa situao foi criada para algum que no tem como dar aula

    mais, eu acho que no se colocou a importncia real da brinquedoteca, t?

    Ento, porque que eu vou sair da minha sala e levar meus alunos pra l?

    Para brincar? Era mais ou menos este o questionamento.

    A criana vai brinquedoteca para brincar.

    Este o papel da brinquedoteca, possibilitar o brincar livre.

    Ao brinquedista cabe a funo de observar, buscando compreender o fazer ldico da

    criana e atend-la de acordo com suas solicitaes, para que sua interveno seja

    oportuna.

    De acordo com ANDRADE, o brinquedista deve criar uma situao de presena-

    ausncia: as crianas querem sentir a proximidade do adulto e, ao mesmo tempo,

    esquec-lo

    O brinquedista no seu papel um interlocutor privilegiado:

    Eu acho que tem que ser uma pessoa que goste de brincar, que faa despertar na criana

    que hoje, eu acho, no esto brincando tanto quanto h uns anos atrs, h muitos,

    mostrar para as crianas o interesse pelo brincar.(...)

    Eu acho que tem que ser algum que esteja envolvido e que acredite nisso, no pode ser,

    h eu estou cansada de dar aula e vou para a brinquedoteca, eu no acredito nisso.(...)

    Tem que ser uma pessoa capacitada, uma pessoa que no olhe para o brinquedo com oolho de qualquer pessoa leiga, eu acho que voc tem que olhar para o brinquedo e

    enxergar todas as possibilidades que ele pode dar.

    Desta forma, vimos que o brinquedista um profissional que precisa ser dinmico e

    bem formado, pois a proposta de uma brinquedoteca abrange uma diversidade de

    propsitos que vo alm do que hoje est posto na escola e na sociedade de forma

    hegemnica.

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    Alguns passos dados... muitos ainda so necessrios...

    A escola, como um espao privilegiado da criana precisa enxergar a sua pedagogia

    atravs do olhar da criana, dialogar de acordo com sua linguagem, e o brincar a

    linguagem da criana.Ao chegar na escola, a criana precisa desta forma de comunicao.

    Assim, aps alguns passos dados e tendo iniciado um novo caminhar, refletimos:

    Por que no o brincar no espao escolar?

    Por que no uma brinquedoteca na escola?

    Consideramos, aps analisar os dilogos mantidos nas entrevistas, que existe uma

    necessidade de se conhecer na escola a proposta e os objetivos de uma brinquedoteca de

    maneira mais aprofundada.Alm disso, faz-se necessrio o conhecimento e a compreenso do desenvolvimento

    infantil e da atividade ldica.

    S assim, a escola ir compreender a dimenso da proposta das brinquedotecas.

    Nas entrevistas est traduzida a concepo de brincar que possuem os educadores, os

    pais e a escola como um todo.

    uma concepo que valoriza um brincar predeterminado e direcionado a objetivos que

    no fazem parte dos interesses e necessidades da criana; uma concepo que no

    possibilita o brincar livre.

    Podemos dizer que desta forma h uma desconsiderao da criana como sujeito de

    direitos.

    A escola que se espera para o novo milnio uma escola que fale a linguagem da

    criana.

    Mas para isso preciso que ela perca o formalismo e autoritarismo nas salas de aula, a

    pedagogia de carter obrigatrio e conteudista, alm da viso adultocntrica sobre a

    criana.

    Considerando as reflexes que este trabalho nos proporcionou, recomendamos que a

    escola reveja a sua prtica com relao ao papel dos brinquedos e brincadeiras na escola

    e, em especial, a respeito da implementao de uma brinquedoteca escolar no seu

    espao fsico.