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XI Jornada de História Cultural Cidade, memória e identidade Caderno de Resumos 30 a 31 de agosto de 2013 Museu Júlio de Castilhos Porto Alegre, RS, Brasil ISSN 2178-1761

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XI Jornada de História Cultural

Cidade, memória e identidade

Caderno de Resumos

30 a 31 de agosto de 2013

Museu Júlio de Castilhos

Porto Alegre, RS, Brasil

ISSN 2178-1761

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Fotografia: Cláudio de Sá Machado Júnior / Paris, 12 de fevereiro de 2013

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Apresentação

A partir das novas perspectivas trazidas pelos aportes conceituais e metodológicos da História Cultural, pretendemos nesta Jornada colocar em discussão os múltiplos âmbitos da história do urbano em sua relação com os processos memoriais e de construção de identidades. Tomamos como ponto de partida a assertiva de Sandra Pesavento (1999, p. 24), no livro O imaginário da cidade: visões literárias do urbano – Paris, Rio de Janeiro e Porto Alegre: "Assim, a cidade é objeto de múltiplos discursos e olhares, que não se hierarquizam, mas que se justapõem, compõem ou se contradizem, sem por isso serem uns mais verdadeiros ou importantes que outros". As diversas representações da cidade que constituem o imaginário de hoje e do passado, entrecruzam-se com as novidades midiáticas e, à luz dessa profusão de olhares, perguntamos como fica o indivíduo, enquanto cidadão que deve se relacionar com a urbe a partir de um sentimento de pertencimento, criando uma identidade. Algumas indagações podem nortear um caminho profícuo de reflexão: qual o papel dos indivíduos enquanto cidadãos na formação do imaginário social e simbólico de uma cidade; em que medida a sociedade midiática contemporânea interfere no processo de urbanização e patrimonialização das cidades de hoje; como os seres humanos contemporâneos podem viver em suas identidades e ao mesmo tempo sobreviverem nos espaços públicos que, por vezes, apagam suas individualidades enquanto cidadãos; como pensar historicamente, a partir deste início do século XXI, a problemática da identidade urbana dos indivíduos submetidos a todo tipo de intervenções dos poderes públicos e das mídias; historicamente percebidos, quais processos memoriais de uma sociedade, ou de seus grupos constitutivos, estariam inseridos na formação de identidades culturais urbanas? Desta forma, pretendemos discutir a cidade e o aspecto espaço-temporal da experiência humana nela inserida. Alguns eixos (ou sub-temáticas) podem balizar as reflexões e as comunicações apresentadas, tais como: diversidade das formas de ocupar e habitar o espaço urbano; cidade, memória e esquecimento; trabalho e lazer na cidade; cidade e cultura; cidade e patrimônio cultural; paisagens urbanas e paisagens culturais, paisagens da memória, paisagens subjetivas; identidades x mídias; grupos sociais e suas transformações identitárias; saberes e fazeres na cidade; imagens da cidade e suas estéticas; relações entre temporalidades coletivas e subjetivas; das relações entre os espaços público e privado na cidade/urbanização; planejamento urbano e sua relação com patrimônio cultural. Página da XI Jornada de História Cultural: http://www.ufrgs.br/gthistoriaculturalrs/xijornada.htm.

Comissão Organizadora

Prof.ª Dr.ª Alice Dubina Trusz / Prof.ª Doutoranda Carmem Adriane Ribeiro (PUCRS) Prof. Dr. Cláudio de Sá Machado Júnior (UFPR) / Prof.ª Dr.ª Nádia Maria Weber Santos (UNILASALLE)

Realização

GT História Cultural – ANPUH-RS – Gestão 2012/2014 Coordenador: Prof. Dr. Cláudio de Sá Machado Júnior Vice coordenadora: Prof.ª Dr.ª Nádia Maria Weber Santos Secretária: Prof.ª Doutoranda Carmem Adriane Ribeiro

Apoio

Associação Nacional de História - Seção Rio Grande do Sul (ANPUH-RS) - http://www.anpuh-rs.org.br Revista Latino Americana de História (Publicação discente da Universidade do Vale do Rio dos Sinos) - http://projeto.unisinos.br/rla/index.php/rla Museu Júlio de Castilhos - http://museujuliodecastilhos.blogspot.com.br / Centro Universitário La Salle (UNILASALLE) - http://www.unilasalle.edu.br/canoas

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Programação geral

30 de agosto de 2013 - Sexta-feira 31 de agosto de 2013 - Sábado

9h - 10h Credenciamento

8h - 10h Sessão de comunicações IV

10h - 12h Sessão de comunicações I

10h30 - 12h30 Sessão de comunicações V

13h - 15h Sessão de comunicações II

13h30 - 15h30 Sessão de comunicações VI

15h30 - 17h30 Sessão de comunicações III

16h - 18h Sessão de comunicações VII

18h – 18h15 Sessão de abertura

18h15 - 19h30 Conferência de abertura

Cléria Botêlho da Costa (PPGH/Universidade de Brasília)

18h30 - 20h30 Mesa redonda

Francisca Ferreira Michelon (PPGMP/UFPEL) Zita Rosane Possamai (PPGEDU/UFRGS)

Nádia Maria Weber Santos (PPGMSBC/UNILASALLE)

Conferencista

Cléria Botêlho da Costa Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília (1975), mestrado em Sociologia pela Universidade de Brasília (1983), doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (1993) e pós-doutorado na Universidade de Londres. É professora no Departamento de História da Universidade de Brasília, em nível de graduação e de pós-graduação e no Mestrado em Direitos Humanos e Cidadania na mesma Universidade. No Departamento de História, trabalha com Teoria e Metodologia da História e História do Brasil República, desenvolvendo pesquisas nos seguintes temas: memória, oralidade e literatura com ênfase nas identidades culturais e nas experiências dos sujeitos. Parte da compreensão teórica de que a memória, a história e a literatura expressam direitos de todos os homens. São, portanto, direitos humanos e da cidadania, como uma forma de participação solidária, que reforçam a compreensão da História como um fato social e enquanto uma construção de sujeitos, concepções que perpassam os temas de pesquisa trabalhados. Currículo completo: http://lattes.cnpq.br/8588677710379703.

Palestrantes

Francisca Ferreira Michelon Possui mestrado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1993) e doutorado em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2001). Estágio no Arquivo Fotográfico da Câmara de Lisboa (2009) em conservação de fotografia. É professora (atualmente na categoria Associado) da Universidade Federal de Pelotas desde 1992.Participou das comissões que criaram os cursos de Bacharelado em Museologia (2006), Mestrado e Doutorado em Memória Social e Patrimônio Cultural (2006), Curso de Conservação e Restauro (2008), todos da Universidade Federal de Pelotas. Coordenou o Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural de 2006 a 2008.

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Orienta alunos em pesquisa nos níveis de graduação e pós-graduação desde 1996. É editora da Revista Memória em Rede do PPG em Memória Social e Patrimônio Cultural (eletrônica). Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Patrimônio Cultural, atuando principalmente nos seguintes temas: fotografia, patrimônio cultural, memória social, gestão de acervos, conservação de fotografias, história da fotografia e acessibilidade em museus. Tutora do Grupo PET Conservação e Restauro. Participa de curadorias de exposições (organização de eventos- exposição). Currículo completo: http://lattes.cnpq.br/4451406034191031.

Zita Rosane Possamai Possui graduação em Bacharelado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1993), graduação em Licenciatura em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1991), mestrado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1998) e doutorado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005). Foi servidora da Prefeitura de Porto Alegre, onde atuou como pesquisadora na Assessoria de Estudos e Pesquisas (1989-1993); membro da Comissão de Restauração do Mercado Público de Porto Alegre (1991-1993); Diretora do Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo (1993-1999); Coordenadora da Memória Cultural (1999-2001); membro do Conselho do Patrimônio Histórico-Cultural de Porto Alegre (1999-2001); membro da Unidade Executora do Projeto Monumenta (2001-2005). Foi docente em vários cursos de pós-graduação lato sensu nas áreas de Patrimônio Cultural e Museologia. Foi docente do Centro Universitário Metodista IPA (2000-2006), onde atuou como Coordenadora do Curso de História; Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Direitos Humanos e Educação; Coordenadora do Museu IPA. Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, exercendo suas atividades no Curso de Museologia da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação e no Programa de Pós-Graduação em Educação, da Faculdade de Educação. Líder no CNPq do Grupo de Estudos em Memória, Patrimônio e Museus (GEMMUS). Tem experiência na área de História, com ênfase em investigação histórica e gestão do patrimônio cultural urbano e museus. Autora e organizadora de artigos e livros sobre História de Porto Alegre, memória, patrimônio, museu. Sua dissertação de mestrado teve como temática o museu de cidade e sua tese de doutorado investigou as imagens fotográficas de Porto Alegre. Vem atuando principalmente nos seguintes temas: memória, história, cidade, patrimônio, museu, educação em museus, cultura visual e fotografia. Currículo completo: http://lattes.cnpq.br/4910388368160076.

Nádia Maria Weber Santos Possui mestrado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000) e doutorado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005). Possui graduação em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1985), graduação em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1980), Fez doutorado sanduíche na EHESS de Paris em 2003. Possui Título de Especialista em Psiquiatria pela ABP desde 1997. Foi bolsista recém-doutor (FAPERGS) na EST (Escola Superior de Teologia), entre 2008 e 2009, tendo desenvolvido pesquisa sobre espaços de cidadania e loucura nos municípios do Vale do Rio dos Sinos. Atualmente, é professora do Mestrado em Memória Social e Bens Culturais da UNILASALLE/Canoas-RS. Trabalho de pesquisa em Cidadania e Loucura. Participa do GT Nacional de História Cultural da ANPUH; atualmente é integrante do Comitê Científico deste GT, pela seção ANPUHRS. Coordenadora do GT de História Cultural da ANPUHRS, gestão 2010-2012; vice-coordenadora na gestão 2012-2014. Membro do GT História e Saúde - ANPUHRS. Membro da Sociedade Brasileira da HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA. Desde setembro de 2010 é membro da ISCH (International Society for Cultural History). Faz parte do conselho editorial da revista ARTELOGIE, vinculada ao CNRS e EHESS - PARIS; http://www.artelogie.fr/. Pesquisadora associada do EFISAL (Équipe des fonctions imaginaires et sociales des arts et dês littératures) ligada à EHESS de Paris (desde setembro/2011). Membro da COMINTER (Comissão Interdisciplinar de Preservação de Processos Judiciais Aptos a Descarte), nomeada pelo TJ pela Portaria 001/2012-P, 06 de janeiro 2012. Membro da AHILA (Associação de Historiadores Latinoamericanistas Europeus), com sede na University of Liverpool, integrando o GT de "Historia de la ciencia, la Tecnologia y la Medicina en America Latina" (http://www.ahila.net/). Tem experiência na área de História, com ênfase em História Cultural; na área de Medicina/Psiquiatria e Psicologia Analítica; na área de Memória Social e Bens Culturais, Patrimônio. Contemplada com Bolsa de Estudo e Pesquisa (Faculty Enrichment Program) pelo Conselho Internacional de Estudos Canadenses, com viagem de estudo à cidade de Québec, Universidade de Laval, 21 de setembro a 21 de outubro de 2012. Líder do Grupo de Pesquisa 'Temáticas Lassalistas", criado em 20-09-2012 no Diretório de Grupos CNPq. Associada ao ACFAS (Association francophone pour le savoir), desde fevereiro 2013. Membro do Grupo de Estudos Historia y Justicia, em Santiago do Chile. Currículo completo: http://lattes.cnpq.br/3929583037339642.

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Programação das Sessões de Comunicações - Sexta-feira, 30 de agosto de 2013

SESSÃO I (das 10h às 12h) SESSÃO II (das 13h às 15h) Centro Histórico de Porto Alegre – uma relação entre arquitetura, mídia e história Eder Santos Carvalho (UNISC, Graduando em Arquitetura e Urbanismo) Simone Cardoso (PUCRS, Graduada em Comunicação Social - Jornalismo)

Saúde e suas implicações nas modificações urbanas de Santa Maria/RS na segunda metade do século XIX - Daiane Silveira Rossi (UFSM, Mestranda em História)

Práticas culturais discentes e cultura urbana: a “Semana Centenária” em Pelotas/RS (1910 a 1930) - Giana Lange do Amaral (UFPEL, Doutora em Educação)

Homenagens e Monumentos Médicos: a criação de uma identidade de classe João Gabriel Toledo Medeiros (UNISINOS, Mestrando em História)

Noites populares: um estudo sobre a cultura popular na vida noturna da cidade de Pelotas, RS (1930-1939) - Thaís de Freitas Carvalho (UFPEL, Mestranda em História)

A Cidade em tempo de Festa: Comer, Rezar e Festejar o Divino em Pirenópolis - Amanda Alexandre Ferreira Geraldes (PUC-SP, Mestranda em História)

Praça da Alfândega: “a Praça dos Italianos” Leonardo de Oliveira Conedera (PUCRS, Doutorando em História)

Corpo, Memória, Identidade no Grupo Redenção de Danças Circulares Sagradas Ana Lucia Marques Ramires (UNILASALLE, Mestre em Memória Social e Bens Culturais)

Política urbana brasileira: análise a partir da gestão democrática e da participação local para proteção do patrimônio cultural Giselda Siqueira da Silva Schneider (UPF, Mestranda em História)

O Atlas de Borges: cidades, memórias e textos pelos “caminhos das veredas que se bifurcam” Mateus Cavalcanti Melo (UDESC, Graduado em História)

A fluidez da inclusão: memória coletiva e práticas cotidianas de mulheres artesãs na Ilha da Pintada, em Porto Alegre - Helenice Maria de Morais Christaldo (UNILASALLE, Mestranda em Memória Social e Bens Culturais)

“O Robespierre leopoldense” – memória e representações de Lindolfo Collor na cidade de São Leopoldo Tiago de Oliveira Bruinelli (UNISINOS, Mestre em História)

SESSÃO III (das 15h30 às 17h30) A Paris regencial (1715-1723): o renascimento de uma cidade Laura Ferrazza de Lima (PUCRS, Doutoranda em História)

Um olhar sobre o início da colonização alemã no RS por meio das pinturas de Pedro Weingärtner - Cyanna Missaglia de Fochesatto (UNISINOS, Mestranda em História)

Visualidades da Oktoberfest da SOGIPA e de Porto Alegre em uma edição comemorativa: memória e patrimônio cultural em fotografias - Luzia Costa Rodeghiero (UFPEL, Mestranda em Memória Social e Patrimônio Cultural)

O veraneio de antigamente: Ipanema, Tristeza e os contornos de uma tempo passado na Zona Sul de Porto Alegre (1900-1960) Janete da Rocha Machado (PUCRS, Mestranda em História)

Popularização das salas de Cinema na Cidade do Rio Grande: memória e sociabilidade - Fernando Milani Marrera (FURG, Graduação em História)

A cidade, fotografias e identidades: um breve olhar sobre as fotografias de Porto Alegre e suas representações do Patrimônio Arquitetônico Jussara Moreira de Azevedo (ULBRA, Mestre em Educação)

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Programação das Sessões de Comunicações - Sábado, 31 de agosto de 2013

SESSÃO IV (das 8h às 10h) SESSÃO V (das 10h30 às 12h30) Cidades em álbuns comemorativos: história, memória e visualidade Eduardo Roberto Jordão Knack (PUCRS, Doutorando em História)

Novo Hamburgo: A “Cidade Industrial” e sua Vila Operária Jorge Luís Stocker Júnior (FEEVALE, Graduando em Arquitetura e Urbanismo)

Transformações para uns, desocupação para outros: as reclamações da população nos jornais Correio do Povo e Diário de Notícias em Porto Alegre, 1928-1935 Alexandre Pena Matos (PUCRS, Doutorando em História)

Cidade sensível, cidade de areia, Cidade Nova Felipe Nóbrega Ferreira (UFRGS, Mestre em História) Ticiano Duarte Pedroso (UFPEL, Mestre em Ciências Sociais

A partilha da experiência visual vivenciada nas páginas do jornal A Plebe Maitê Peixoto (PUCRS, Doutoranda em História)

Memórias das cheias em São Sebastião do Caí Luiz Antônio Gloger Maroneze (FEEVALE, Doutor em História); Janice Roberta Schröder (FEEVALE, Mestranda em Processos e Manifestações Culturais)

A morte tem sua beleza no sul: túmulos, culto e memória na Porto Alegre do século XX - Mauro Dillmann Tavares (UNISINOS, Doutorando em História)

De “território do vazio” a cidade balneária: urbanização da costa marítima no Rio Grande do Sul - Joana Carolina Schossler (UNICAMP, Doutoranda em História)

A representação municipal do Gaúcho de Passo Fundo João Vicente Ribas (UPF, Mestre em História)

Em busca do(s) espaço(s) perdido(s): cartografia urbana, memória e territorialidade Danielle Heberle Viegas (PUCRS, Doutoranda em História)

A cidade não cala, ri: representações sobre cidade em charges produzidas no Rio Grande do Sul durante a Ditadura Civil-Militar Dante Guimaraens Guazzelli (UFRGS, Doutorando em História)

Arroio do Padre/RS e sua identidade luterana: práticas de educação e cultura de uma comunidade (1950-1960) - Patrícia Weiduschadt (UNISINOS, Doutora em Educação) Cássia Raquel Beiersdorf (UFPEL, Mestranda em Educação)

SESSÃO VI (das 13h30 às 15h30) SESSÃO VII (das 16h às 18h) Mulheres leitoras no sul do Brasil (século XIX) Nikelen Acosta Witter (UNIFRA, Doutora em História)

Os viajantes a partir de Porto Alegre: os relatos de viagens e o jogo de alteridade (um exercício metodológico) - Denize Terezinha Leal Freitas (UFRGS, Doutoranda em História) - Jonathan Fachini da Silva (UNISINOS, Mestrando em História)

Porto Alegre Imaginada. Cidade, Cartas de Amor e Poesia Maristela Bleggi Tomasini (UNILASALLE, Mestre em Memória Social e Bens Culturais)

“Auto de reconhecimento da cabeça de um preto apresentada pelo Capitão de Mato”: Crime, honra e negociação na formação de uma comunidade de senzala (Porto Alegre/Taquari, século XIX) - Paulo Roberto Staudt Moreira (UNISINOS, Doutor em História) - Raul Rois Schefer Cardoso (UNISINOS, Mestre em História)

Diálogos entre Mnemósine e Clio: a representação do passado da cidade na narrativa de Athos Damasceno - Gabriela Correa da Silva (UFRGS, Mestranda em História)

As doações de Ildefonso da Silva Dias: passagens de um afrodescendente no Museu Julio de Castilhos/RS - Jane Rocha de Mattos (PUCRS, Mestre em História)

Porto Alegre dos escritores: as memórias de Augusto Meyer e Erico Verissimo Viviane Viebrantz Herchmann (PUCRS, Doutoranda em Letras) Luciana Gransotto (UNILASALLE, Mestranda em memória Social e Bens Culturais)

Imagens de uma cidade sitiada: as fotografias de José Greco e a Revolução Federalista em Bagé-RS, 1893-1895 Aristeu Elisandro Machado Lopes (UFPEL, Doutor em História)

A cidade vista pela literatura de periferia Luciana Paiva Coronel (FURG, Doutora em Literatura Brasileira)

Representações e imaginário sobre a Chácara da Baronesa- Pelotas/RS Jezuina Kohls Schwanz (UFPEL, Doutoranda em Educação) Jeane dos Santos Caldeira (UFPEL, Mestranda em Educação)

Cidade e cultura: representações artísticas sobre as Missões Jesuíticas guarani na 8ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre/RS Liane Maria Nagel (UFSC, Doutora em História)

À espera na gare: sociabilidades e visualidades urbanas na estação férrea de Pelotas/RS (1884-1920) - Maira Eveline Schmitz (UFPEL, Mestre em História)

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Resumos das Sessões de Comunicações

SESSÃO I (das 10h às 12h) - Sexta-feira, 30 de agosto de 2013 Coordenação: Cláudio de Sá Machado Júnior (UFPR, Doutor em História)

Centro Histórico de Porto Alegre – uma relação entre arquitetura, mídia e história Eder Santos Carvalho (UNISC, Graduando em Arquitetura e Urbanismo) Simone Cardoso (PUCRS, Graduada em Comunicação Social - Jornalismo)

Este artigo trata, em um primeiro momento, da observação e análise sobre a preservação de centros históricos, bem como a valorização desses espaços para a memória coletiva das cidades, destacando também a importância do Centro Histórico de Porto Alegre como núcleo irradiador da expansão da cidade, procurando mostrar sua evolução urbana, desde a fixação das primeiras famílias de açorianos, passando pela construção dos primeiros prédios públicos, pela modernização idealizada pelo governo positivista, pela estagnação da metade do século XX até chegar aos projetos atuais de revitalização da região central. Em um segundo momento traça um paralelo entre arquitetura, mídia e história, mostrando como a divulgação da preservação da história e da arquitetura do centro de Porto Alegre através da mídia pode auxiliar a população local na valorização do seu patrimônio cultural. Esta divulgação feita através dos meios e comunicação tem o poder de divulgar e contribuir para a reflexão acerca de importância da preservação do patrimônio cultural e da memória coletiva da sociedade. Por fim, expõe uma conclusão sobre os projetos atuais de preservação do Patrimônio Cultural da região central da capital gaúcha, intervenções que buscam formar a imagem da urbe e do bem cultural que cada habitante carrega de sua cidade e a consequente valorização do Centro Histórico de Porto Alegre como marco da memória da cidade.

Práticas culturais discentes e cultura urbana: a “Semana Centenária” em Pelotas/RS (1910 a 1930) Giana Lange do Amaral (UFPEL, Doutora em Educação)

Este texto busca analisar práticas culturais discentes na Pelotas do início do século XX, enfocando as atividades da Semana Centenária e sua inserção na cultura urbana. Desde o final do século XIX e boa parte do século XX, no Brasil, as práticas evocativas

e as liturgias de recordação, condicionadas ao paradigma positivista republicano, reforçam a perspectiva tridimensional do tempo: passado, presente e futuro. A partir do presente, busca-se no passado fatos, pessoas, experiências e expectativas que justifiquem a existência e a identidade de determinados grupos sociais. Foi em 1913 que, João Simões Lopes Neto, hoje literato de destaque nacional, lançou através da imprensa, entre os estudantes, a ideia da comemoração da Semana Centenária. Esse nome surgiu em alusão ao fato de que no ano anterior, no dia 07 de julho de 1912, a cidade completara cem anos. A história de crescimento econômico e cultural de Pelotas, que teve seu apogeu na segunda metade do século XIX foi, então, muito lembrada. Lopes Neto incitou os estudantes a realizarem os festejos que ocorreriam do dia 07 de julho ao dia 14 de julho – data em que os republicanos enalteciam os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, propugnados pela Revolução Francesa. Os jornais locais, boletins informativos, almanaques e revistas são fontes aqui destacadas e fundamentadas por textos de Certeau, Chartier, Bourdieu, Burke, dentre outros, nas considerações sobre práticas culturais discentes que deixaram suas marcas e conferiram identidade à cultura urbana pelotense. Passados cem anos da primeira Semana Centenária, Pelotas destaca-se em termos educacionais e culturais, porém a evocação da memória saudosista dos “bons tempos” do passado ainda permanece e merece ser estudada e compreendida.

Noites populares: um estudo sobre a cultura popular na vida noturna da cidade de Pelotas, RS (1930-1939) Thaís de Freitas Carvalho (UFPEL, Mestranda em História)

O presente estudo discute a noite pelotense de 1930 a 1939, período considerado culturalmente rico pela historiografia, devido à intensa política de centralização empreendida pelo governo de Getúlio Vargas e suas preocupações acerca de uma unidade nacional. A escolha desta década também refere-se à conjuntura de urbanização e modernização da cidade, quando, na análise do desenvolvimento do espaço urbano, eletrificação e dinamização das atividades culturais, torna-se evidente a relação da cidade e seus habitantes com concepções e normas de comportamento ligadas às noções de modernidade e civilidade. O confronto entre estes novos padrões de convivência social na cidade e os valores de uma sociedade com significativa herança rural, são discutidos nesta comunicação. A noite, escolhida por privilegiar o

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domínio dos trabalhadores sobre seu tempo, revela traços de uma cultura popular que mostra-se efervescente e singular, estabelecendo trocas e intercâmbios com outros estados e países. Partindo das fontes criminais, torna-se possível visualizar com clareza a vitalidade de uma noite que transitou pelas ruas e recheou o espaço urbano com sua música, seus conflitos e seus amores. Com o intuito de dar alguns passos no sentido de preencher esta lacuna na História de Pelotas, propõe-se a discussão do tema “noite popular”, para que a cidade dos casarões e charqueadas também seja conhecida por sua boemia, a qual, de geração em geração, dá vida à noite pelotense até os nossos dias.

Praça da Alfândega: “a Praça dos Italianos” Leonardo de Oliveira Conedera (PUCRS, Doutorando em História)

A partir da década de 40, a cidade de Porto Alegre começou a transição para a moderna metrópole. O crescimento demográfico de 1940 a 1950 foi de 45 %, ou seja, neste decênio a população aumentou de 272.000 para 394.000 habitantes. O início da Segunda Guerra Mundial provocou a aceleração do desenvolvimento da capital gaúcha, cujo resultado apareceu na década de 1950. Em meio a estas transformações que a capital enfrentava um grande número de imigrantes vindos da Itália, Portugal, Alemanha, Espanha, Polônia entre outros países chegaram para compor o tecido social porto-alegrense. Os imigrantes passaram a frequentar vários espaços públicos da cidade. Dentre os lugares na cidade frequentado por estes estrangeiros está Então, a presente comunicação pretende contextualizar a imigração italiana no período do pós-guerra (1946-1976) em Porto Alegre. Destacar-se-á as narrativas de imigrantes italianos que apontam a Praça da Alfândega como um dos principais espaços de sociabilidade durante a chegada na sociedade receptora. Além disso, apresentar-se-á o olhar destes italianos que vivenciaram, durante as décadas de 50 e 60, a praça através de entrevistas que assinalam a perspectiva deste imigrante que foi acolhido pela nova cidade.

Política urbana brasileira: análise a partir da gestão democrática e da participação local para proteção do patrimônio cultural Giselda Siqueira da Silva Schneider (UPF, Mestranda em História)

A Constituição Federal Brasileira em seu artigo 216 previu o instituto do patrimônio cultural. Tal expressão foi utilizada no texto constitucional de maneira ampla, englobando a riqueza, o patrimônio moral, cultural e intelectual. O conceito de

patrimônio cultural na concepção contemporânea está associado à construção social, onde os indivíduos são agregados em torno de um sentimento comum e identitário. Da mesma forma, a tutela do patrimônio cultural o integra ao meio ambiente, considerado direito de terceira geração, transindividual, difuso, consoante o art. 5º, inciso LXXIII da Carta Maior. A proteção ao patrimônio cultural decorre do dever e do direito que as gerações presentes e futuras têm de conhecer sua história. E nesse sentido, cabe ao Município a atribuição de fiscalização, devendo tomar as medidas indispensáveis à proteção do patrimônio local. O poder público municipal detém as condições favoráveis para conhecer e eleger as políticas e diretrizes para ocupação dos espaços públicos. Ao município cabe editar normas próprias referentes ao uso e a ocupação dos espaços públicos em observância à preservação do patrimônio cultural, tal como o Plano Diretor, entre outras leis. O planejamento urbanístico é a melhor forma para elaboração de ações à proteção do patrimônio cultural. No Brasil não existe uma lei específica para tutela do patrimônio cultural. Mas, o Estatuto das Cidades veio a ser importante instrumento para execução da política urbana brasileira, com possibilidade de aplicação ao patrimônio cultural. Trata-se de Gestão Democrática das Cidades e da Participação Local.

A fluidez da inclusão: memória coletiva e práticas cotidianas de mulheres artesãs na Ilha da Pintada, em Porto Alegre Helenice Maria de Morais Christaldo (UNILASALLE, Mestranda em Memória Social e Bens Culturais)

Este trabalho toma por objeto a memória coletiva e as práticas cotidianas do grupo de mulheres Art’Escama, que produz artesanato sustentável na Ilha da Pintada em Porto Alegre. A Ilha integra o bairro Arquipélago e é parte de Área de Proteção Ambiental no Parque Estadual do Delta do Jacuí. Desde o final dos anos 1990 essas mulheres utilizam escamas de peixe na confecção de bijuterias como estratégia para compor a renda familiar e rememorar um passado que remete a uma maior conexão com o território que habitam. Mais recentemente, o grupo tem passado por intervenções que visam à profissionalização do trabalho e ao aumento da produtividade. A pesquisa, de caráter qualitativo, visa à compreensão da dinâmica do grupo e, em particular, o entendimento de seu cotidiano como espaço de estratégias e táticas de sobrevivência (Certeau, 1994). Em fase de finalização, este trabalho já possibilita uma reflexão sobre diferentes paisagens urbanas que compõem Porto Alegre, em particular no que se refere às tentativas de incluir socialmente o grupo de mulheres. Interpretada a partir

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da “gramática do tempo” (Santos, 2006), tais tentativas surgem como maneiras de enquadrar as práticas culturais e formas sociais consideradas como de baixo valor mercadológico ou social. Além disso, produz conflitos internos ao grupo e modifica as práticas cotidianas que organizam o contexto social em que essas mulheres se inscrevem. A partir desse ponto de vista, pergunta-se em que medida um encontro com essa Porto Alegre fora do continente e cercada por águas que evocam trabalho e arte não se configura como um equívoco que traz o risco do esfacelamento das relações sociais que, até então, garantiam a duração das experiências coletivas do grupo.

SESSÃO II (das 13h às 15h) - Sexta-feira, 30 de agosto de 2013 Coordenação: Carolina Martins Etcheverry (UFPEL, Doutora em História)

Saúde e suas implicações nas modificações urbanas de Santa Maria/RS na segunda metade do século XIX Daiane Silveira Rossi (UFSM, Mestranda em História)

Investigando a respeito do projeto de saneamento de Santa Maria/RS no início do século XX, notou-se que esta ação política e de saúde teve repercussões no cenário urbano da cidade no período. A partir disto, procurou-se por indícios que evidenciassem preocupações e ações semelhantes em um período anterior ao estudado, no qual se encontrou relatos desde meados do século XIX sobre intervenções no meio urbano relacionadas a questões de saúde e higiene. Como se trata de uma pesquisa de dissertação de mestrado em sua fase inicial, optou-se por verificar nesta proposta apenas um estudo de caso sobre a preocupação do vigário da paróquia de Santa Maria para que cemitério da cidade fosse transferido do centro para uma área mais afastada, cuja principal justificativa era o melhoramento da salubridade do local. Verificando a documentação referente a este pároco, percebe-se que seus interesses perpassavam por ordens religiosas e espirituais; de organização urbana e, o que chama mais atenção, de saúde pública. Dessa maneira, objetiva-se compreender melhor esta relação que se dá entre intervenção urbana e saúde pública, através da figura do cemitério. Para isto, serão utilizadas as correspondências trocadas entre o vigário Antônio Gomes Coelho do Vale com os presidentes da Província, entre eles Joaquim Fernandes Leão.

Homenagens e Monumentos Médicos:

a criação de uma identidade de classe João Gabriel Toledo Medeiros (UNISINOS, Mestrando em História)

O presente trabalho procura discutir a formação de uma identidade médica a partir dos monumentos e homenagens espalhadas pela cidade de Porto Alegre. As homenagens / monumentos, assim como a escolha dos nomes e os discursos nas inaugurações são atos culturais, sociais e políticos que possuem um sentido e uma intenção, que devem ser problematizados e investigados. O intento principal desta comunicação é de demonstrar e problematizar como culturalmente através da criação de homenagens / monumentos a médicos ilustres, a classe afirmou a sua identidade e memória frente à liberdade profissional, além de mostrar as possibilidades de pesquisa. O embate entre médicos graduados e a liberdade profissional defendida pelos positivistas, – ideologia política que governou o Estado de 1890 a 1930 através do Partido Republicano Rio Grandense - tem sido correntemente discutida dentro da historiografia da medicina / saúde no Rio Grande do Sul. Dessa forma, a medicina gaúcha firmou seu posicionamento usando a cultura como um dos suportes para civilizar as práticas médicas, tendo a ciência e a habilitação como requisito primordial para seu exercício. Essas homenagens e monumentos estão espalhados pela cidade, inaugurados em momentos diferentes, o que reforça a ideia de que foram criados e colocados com um significado, com uma intenção, em um longo processo histórico.

A Cidade em tempo de Festa: Comer, Rezar e Festejar o Divino em Pirenópolis Amanda Alexandre Ferreira Geraldes (PUC-SP, Mestranda em História)

Partindo da temática da festa, buscamos analisar objetos da cultura material produzidos para a Festa do Divino Espírito Santo, da cidade de Pirenópolis, no estado de Goiás. Neste artigo, cuja pesquisa se encontra em desenvolvimento para a dissertação de Mestrado, iremos apresentar uma breve descrição dos tempos da festa e as muitas formas de celebrar o Divino. Tal rito ocupa um espaço especial no imaginário coletivo da comunidade repercutindo também na categoria das festas em geral, das festas religiosas e das festas no Brasil. Buscamos compreender como e por que esse espaço foi ocupado, qual sua singularidade e como foi - e é ainda hoje - o processo de construção dessa memória. A análise parte da identificação na relação estabelecida entre os significados dos símbolos e suas representações na coletividade da comunidade. Portanto, entendemos que os saberes, as artes de fazer e a tradição são sustentados por uma memória e constroem referências identitárias coletivas e

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individuais. A escolha metodológica parte do trabalho com fontes da Cultura Material, História Oral e Iconografia, procedendo com o paradigma do saber indiciário de Ginzburg, perfazendo o diálogo entre morfologia e história e buscando assim revelar no particular, em cada detalhe – sejam nas permanências, ausências ou transformações – a dinâmica cultural e social representada simbolicamente na cultura material da festa em questão e na memória coletiva da comunidade.

Corpo, Memória, Identidade no Grupo Redenção de Danças Circulares Sagradas Ana Lucia Marques Ramires (UNILASALLE, Mestre em Memória Social e Bens Culturais)

O presente artigo trata sobre corpo, memória social e identidade de um grupo que dança no Parque Farroupilha, na capital gaúcha. Estas temáticas fazem parte da dissertação de mestrado intitulada, Uma Mandala Viva em Movimento: Dez Anos de Danças Circulares Sagradas no Grupo Redenção de Porto Alegre (2002-2012), a qual se insere nos campos da História Cultural e da Memória Social, na linha de pesquisa em Memória, Cultura e Identidade. Nela, a autora objetivou identificar e registrar os processos de construção da memória social do citado grupo. A metodologia empregada consistiu em entrevistas individuais semiestruturadas (no total de vinte e duas, tendo como critério a antiguidade e importância dos entrevistados para estas danças), realizadas com quatro grupos diferentes, compostos por focalizadores e praticantes de Danças Circulares Sagradas. As entrevistas foram filmadas, gravadas, transcritas e classificadas com a identificação dos depoentes. Como referencial teórico principal utilizou-se três aspectos da memória social apontados por Halbwachs: comunidade afetiva, intuição sensível e semente da rememoração, que embasam sucessivamente os três capítulos da dissertação. Além deste autor, destaca-se também Pollak, Pesavento, Santos, Barton, Brasil e Wosien. Os trechos dos depoimentos foram usados como citações textuais que revelaram os aspectos histórico-culturais, sensíveis e sociabilizadores destas danças. Desta forma, este artigo é parte da citada dissertação e nele restringimo-nos a apresentar, a articulação entre a ideia de intuição sensível de Halbwachs e de memória e identidade em Pollak aos achados de pesquisa, considerando o corpo e a dança na perspectiva histórica e sensível.

O Atlas de Borges: cidades, memórias e textos pelos “caminhos das veredas que se bifurcam”

Mateus Cavalcanti Melo (UDESC, Graduado em História)

O presente artigo é um desdobramento da pesquisa que vêm realizando-se junto ao programa de pós-graduação em História da UFRGS, intitulado, “Borgeando: por uma leitura historiográfica dos contos de Jorge Luís Borges”, sob orientação do prof. Drº Fernando Nicolazzi. O artigo analisa uma das vertentes de como Borges lida com a questão da memória; mas não a memória de suas personagens fictícias, mas a sua própria; e como esta é intimamente conectada com as cidades que viveu/visitou. Para tanto a analise se concentra na obra Atlas (1984). Essa obra é a união de pequenos textos do autor, junto com fotografias de sua companheira, Maria Kodama, durante uma viagem “ao redor do globo”. Na obra, Borges escreve de maneira muito delicada e sensível às memórias que adquire ao passar por tais cidades, de Buenos Aires à Tóquio, memórias essas que em muitos casos já eram prévias, baseadas em conhecimentos adquiridos sobre os lugares, ou em outras vezes formuladas pelas circunstâncias da viagem. O autor está mais preocupado em agir como flâneur, usando o termo de Benjamin, do que em visitar os “grandes monumentos”. As “coisas” que lhe chamam atenção são esquinas, sonhos, um brioche, um idioma, etc..., dando-se assim, uma construção de uma memória muito particular sobre as cidades que foram visitadas. Além de analisar a construção de memórias coletivas, sobre o ponto de vista de Maurice Halbwachs, e as memórias individuais de Borges, o trabalho também usará a história das sensibilidades, através de alguns textos de Sandra Pesavento, além de estudos mais pontuais da autora sobre as cidades. Torna-se necessário abordar a memória do autor de forma sensível, pois esse, ao fim de sua vida, já estava quase cego. Assim, muitas das memórias registradas nessa obra não são visuais, mas auditivas, sinestésicas, oníricas, subjetivas, plurais. Como um escritor cego transmite suas memórias sobre suas cidades prediletas a nós, leitores visuais? Suas expectativas mnemônicas são atingidas ou frustradas ao visitar tais locais? Como ser flâneur pode oferecer outras percepções a lugares que já foram muito visitados? São essas questões que investigaremos.

“O Robespierre leopoldense” – memória e representações de Lindolfo Collor na cidade de São Leopoldo Tiago de Oliveira Bruinelli (UNISINOS, Mestre em História)

A partir de questões propostas sobre produções de caráter biográfico e as íntimas relações possíveis com a memória e a identidade propostas por autores como François Dosse, Sabina Loriga, Roger Chartier, Peter Burke, entre outros, discute-se neste texto

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a apropriação da imagem de Lindolfo Collor, em diferentes momentos comemorativos da cidade de São Leopoldo, como um dos principais símbolos do desenvolvimento político/econômico do município; bem como exemplo máximo de labor, ética e integridade, atribuídos à imigração alemã – um dos pilares memorialísticos da cidade de São Leopoldo – e a Lindolfo Collor, considerado em diferentes momentos um dos mais destacados representantes da imigração alemã na cidade. Em diferentes contextos, sobretudo comemorativos à imigração alemã, ou mesmo em eventos que rememoram e/ou exaltam a história da cidade, Lindolfo Collor surgiu como figura relembrada por uma série de intelectuais ligados à cidade de São Leopoldo, que o exaltam, por exemplo, como o primeiro ministro do Trabalho, jornalista incansável e combativo, ferrenho defensor dos próprios ideais, e como grande perseguido durante o Estado Novo (1937-1945) de Getúlio Vargas. Percebe-se também, nessas apropriações, grande interesse da família de Lindolfo, sobretudo no período de campanha eleitoral e estada na presidência da República do neto, Fernando Collor de Mello, em cristalizar e perpetuar um tipo de memória sobre Lindolfo, que pode ser considerada a “imagem oficial” do biografado até os dias de hoje.

SESSÃO III (das 15h30 às 17h30) - Sexta-feira, 30 de agosto de 2013 Coordenação: Carmem Adriane Ribeiro (PUCRS, Doutoranda em História)

A Paris regencial (1715-1723): o renascimento de uma cidade Laura Ferrazza de Lima (PUCRS, Doutoranda em História)

Após a morte de Luís XIV em 1715 sobe ao poder seu sobrinho Felipe de Orléans. Depois de um longo reinado repleto de regras a corte já demonstrava o desejo por mais liberdade. No final do século XVII e início do XVIII importantes transformações se operaram na cultura e na sociedade francesas. O novo gosto pela intimidade contrastava com a pompa e o luxo do período anterior. Na arte surgia a estética do Rococó que já contava com seu mais célebre pintor, Antoine Watteau. Este último aceito pela Academia Real de Arte em 1712. Mesmo essa instituição tão tradicional abria seus salões para os quadros que retratavam reuniões elegantes ao ar livre, as chamadas “fête champetre”. O regente do futuro rei Luís XV passa a empreender importantes transformações. A corte deixa seu isolamento em Versalhes e se muda para Paris. Eles se dispersam por diferentes palácios. O jovem rei nas Tulherias, e o regente no Palais Royal, redecorado ao gosto da época. Os nobres constróem suas

casas na cidade, os “hôtel de ville”. Os espaços íntimos são valorizados e a sociabilidade ocorre nos teatros, bailes e salões da cidade. A vida da “cidade” deixa de ser subordinada à da “corte”; ocupa seu lugar e assume suas funções culturais. No espaço urbano convivem agora a nobreza e a alta burguesia. Surge a necessidade de demonstrar a superioridade financeira ou cultural, expressa através de um rico jogo de aparências. Nele se destaca a moda, a decoração de interiores e a própria arte.

Um olhar sobre o início da colonização alemã no RS por meio das pinturas de Pedro Weingärtner Cyanna Missaglia de Fochesatto (UNISINOS, Mestranda em História)

Este trabalho busca fazer uma análise das obras do pintor gaúcho Pedro Weingärtner de temática regional que retratem a imagem do imigrante alemão no Rio Grande do Sul, no final do século XIX e início do XX. A análise dessas pinturas busca dialogar com a História do Estado, tentando compreender de que forma esse tipo social aparece nas pinturas, suas características, seu modo de vida, e os elementos socioculturais que podem ser encontrados e estudados, aliando, dessa forma, Arte e História. Este trabalho também visa à compreensão do processo de imigração e o estabelecimento dos primeiros imigrantes alemães chegados ao Estado do RS sob a ótica das Artes Plásticas, apontando para as questões de formação e colonização dos imigrantes no Rio Grande do Sul. Contudo, parte da análise da representação e identidade desse tipo social nas pinturas. Analisando as telas de um pintor com características tão peculiares quanto Weingärtner, nas suas narrativas pictóricas, que reproduziu cenários e situações a partir de esboços e fotografias do meio em que interagia, nos dão algumas pistas dessa formação inicial da colonização dos imigrantes alemães na sociedade sulista.

Visualidades da Oktoberfest da SOGIPA e de Porto Alegre em uma edição comemorativa: memória e patrimônio cultural em fotografias Luzia Costa Rodeghiero (UFPEL, Mestranda em Memória Social e Patrimônio Cultural)

Uma das estratégias para preservação e difusão do patrimônio cultural são as publicações, impressas e digitais, fundamentadas nos acervos que ainda reúnem raras fontes de pesquisa. Este trabalho se dirige à memória da Oktoberfest da Sociedade de

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Ginástica Porto Alegre, 1867 – SOGIPA, evento que completou cem anos, em 2011, marcando a data desde a realização da primeira festa no Brasil, que foi promovida em 1911, pelo Grupo Die Haberer, à época uma associação independente, sediada no Turnerbund (Aliança de Ginástica), atual SOGIPA. As atividades que pontuaram a data foram contempladas pelo projeto cultural “Centenário da Oktoberfest da SOGIPA – 58ª Edição”, realizado entre 2011 e 2013, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura. A SOGIPA surgiu em 1867, como Deustcher Turnverein (Sociedade Alemã de Ginástica), sendo um clube social, esportivo e cultural, de forte influência enquanto instituição representativa da etnia germânica na cidade até a década de 1940. Há muitos anos, deixou de ser um clube exclusivo de alemães e reúne, hoje, várias etnias entre seus associados, colaboradores e atletas. Promove a Oktoberfest, em sua sede do Parque São João, o local em que a festa sempre ocorreu, com um público diversificado, interessado em conhecer a cultura trazida pelos imigrantes bávaros. O acervo fotográfico do Memorial do clube, por conservar imagens únicas da festa e seus agentes no cenário da cidade, foi a base para a produção do livro “Centenário da Oktoberfest da SOGIPA– Edição comemorativa trilíngue – Década de 1910 a 2011”, organizado pela autora, com textos em português, espanhol e alemão e mais de uma centena de imagens, e a ser distribuído gratuitamente para instituições. Dentre as imagens, há registros de uma antiga Porto Alegre, que desde o século XIX recebeu a presença do clube, como parte desse mosaico cultural que é a cidade.

O veraneio de antigamente: Ipanema, Tristeza e os contornos de uma tempo passado na Zona Sul de Porto Alegre (1900-1960) Janete da Rocha Machado (PUCRS, Mestranda em História)

A proposta desse artigo é analisar a formação e o desenvolvimento de parte da Zona Sul de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, a partir do uso da região para o lazer e o veraneio na primeira metade do século XX. Considerando as águas do Lago Guaíba como espaços de recreação e de descanso, o aproveitamento do local, desencadeou e sedimentou relações sociais e culturais que culminaram com o progresso de toda a região. A orla do Guaíba, durante muito tempo, foi o local preferido pelos porto-alegrenses que não podiam se deslocar até o litoral, e isso ocasionou um desenvolvimento econômico, motivado pela vinda de grupos que visavam o lazer e o descanso. Nesse sentido, será abordada a forma como essas famílias, muitas oriundas de imigrantes alemães, se apropriaram do local, vivendo e convivendo entre si, transformando a região em uma estação de repouso, de verão e

de sociabilidades à beira rio. Centrada em documentos tais como jornais, diários, mapas, fotografias e depoimentos orais, a pesquisa possibilitou também a produção de novos questionamentos, bem como de outras visões. Assim, abordando questões urbanísticas e culturais, esse trabalho pretendeu não só um análise do veraneio vivido em Porto Alegre, como também um estudo sobre o processo de urbanização dos bairros margeados pelo lago, entre eles o Ipanema e a Tristeza.

Popularização das salas de Cinema na Cidade do Rio Grande: memória e sociabilidade Fernando Milani Marrera (FURG, Graduação em História)

As transformações ocorridas na cidade do Rio Grande durante os anos de 1940 e 1950 colocaram a cidade num patamar que possibilitou o surgimento de novos setores industriais, além da mudança e ampliação de modalidades já existentes, como o setor de exibição cinematográfica. Esta modalidade, representada pelas salas de cinema da cidade, conheceu grande ampliação com a chegada do Circuito Cinematográfico Glória na esfera local, reavivando a prática de “ir ao cinema” e recolocando a população cada vez mais próxima de suas salas de projeção. Esta prática compunha na maioria dos casos uma gama maior de atividades que a ela foram agregadas, se relacionando direta ou indiretamente, como o comércio, o footing, a praça, os restaurantes e cafés, em suma, a vida social do centro. Nesta pesquisa, através de relatos coletados de antigos frequentadores dos cinemas do Circuito Glória, propomos discorrer acerca da sociabilidade destes espaços, de modo a demonstrar como a frequência a esta atividade proporcionava a seu frequentador um sentimento ativo de participação na vida moderna e social. Abordaremos também como pano de fundo, as transformações ocorridas no espaço urbano da cidade do Rio Grande que contribuíram para a popularização do cinema como modalidade de entretenimento, tornando-o atividade intrínseca as relações sociais da vida urbana.

A cidade, fotografias e identidades: um breve olhar sobre as fotografias de Porto Alegre e suas representações do Patrimônio Arquitetônico Jussara Moreira de Azevedo (ULBRA, Mestre em Educação)

Neste artigo discuto brevemente sobre cultura visual, memória e as identidades atribuídas a cidade de Porto Alegre encontradas em álbuns fotográficos virtuais.

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Analiso como se constituem e se exibem certas identidades da cidade de porto alegre, a partir das imagens de seu Patrimônio Arquitetônico, Artístico e Natural e de suas manifestações políticas e religiosas. Procuro ver como as fotografias constroem uma narrativa de cidade que valoriza sua história, suas tradições, expressas nas imagens daquilo que se define como seu patrimônio, bem como algumas fotografias a vinculam a uma identidade com os poderes políticos e religiosos. Sendo este um recorte de minha pesquisa de Mestrado no campo da Cultura Visual em que analisei as representações desta urbe através das fotografias. Considerando o olhar como construção cultural e os álbuns fotográficos (analógicos e digitais) como lugares de memória. A análise orienta-se teoricamente em estudos de Nicholas Mirzoeff, Philippe Dubois, Gilian Rose, Sandra Pesavento e Lucia Santaella entre outros.

SESSÃO IV (das 8h às 10h) - Sábado, 31 de agosto de 2013 Coordenação: Alice Dubina Trusz (USP, Doutora em História)

Cidades em álbuns comemorativos: história, memória e visualidade Eduardo Roberto Jordão Knack (PUCRS, Doutorando em História)

O presente trabalho busca discutir as relações existentes entre a escrita da história, a memória e a visualidade urbana em álbuns publicados em função de comemorações relativas a aniversários de cidades, especialmente cinquentenários e centenários. Entre as publicações analisadas estão: Album comemorativo do cincoentenário da fundação de Ijuí: 1890-1940; Anuário de Cruz Alta: em comemoração ao 128º aniversário da fundação da cidade, de 1949; Passo Fundo centenário: guia turístico, literário e comercial, de 1957, e o Álbum oficial: cinqüentenário de Erechim, de 1968. O ponto de partida da análise é a reflexão sobre a própria definição desses álbuns no contexto em que foram publicados, questionando a sua função dentro das comemorações das quais fazem parte, as condições e os agentes envolvidos na sua produção e o seu espaço de circulação. Também é fundamental refletir sobre as possibilidades e limites dessas fontes para a pesquisa histórica, apontando os cuidados e possíveis caminhos para compreender os diferentes elementos que convergem para dentro do álbum, como a apresentação da história dos municípios, a construção/afirmação de uma memória política (e o esquecimento de determinados aspectos), o recurso das fotografias para a elaboração de narrativas visuais das cidades como elemento marcante desse tipo de publicação, delimitando as fronteiras entre

aquilo que deveria ser visível e invisível nos aniversários municipais. Partindo desses apontamentos iniciais, objetiva-se problematizar a relação entre os principais elementos que compõem os álbuns (história, memória e visualidade) e a conjuntura histórica em que se desenrolam as respectivas comemorações.

Transformações para uns, desocupação para outros: as reclamações da população nos jornais Correio do Povo e Diário de Notícias em Porto Alegre, 1928-1935 Alexandre Pena Matos (PUCRS, Doutorando em História)

O presente trabalho traz a Porto Alegre do período de 1928 a 1935, com suas especificidades que acarretaram transformações para uns e desocupações para outros. O objetivo é expor o cotidiano da população, através das reivindicações, das necessidades e das sugestões que estamparam a seção Queixas e Reclamações, durante o processo de urbanização, parcelamento do solo e embelezamento do espaço da urbes. Os jornais pesquisadores apresentaram por vezes uma linearidade na publicação de tal coluna, existindo sim, diferenças em suas linhas jornalísticas e editorias. Ou seja, em geral, os temas não se alteram entre si, apenas encontram-se, por vezes, evidências na composição e exposição destas queixas. O universo das reclamações totalizaram 2.494, sendo analisados 599, correspondente ao jornal Correio do Povo, através das colunas Caixa Urbana, Microscopio e As Queixas do Público e, 1.895 do Diário de Notícias, com as seções A Cidade, O Publico Reclama, Ecos & Notas, Pontos de Vista, Queixas e Reclamações, Crônica do Dia e Carta à Direção. Os queixosos são moradores ou transeuntes expostos às ações do dia a dia, vítimas das más condições dos serviços públicos, de empresas ou companhias, assim como, de outros indivíduos, que não dispunham de outro canal de comunicação para manifestarem suas insatisfações nos casos de omissão ou arbítrio desses agentes. A mídia impressa teve um peso substancial, visto que em suas folhas as narrativas da cidade tomaram forma. Alimentando-se do substrato da ocorrência, seja ela pública ou privada, ela narra, em suas linhas, uma espécie de realidade a partir de textos e imagens, provocando práticas e representações que se desenrolam em novas realidades. A História e a Comunicação guardam cada uma determinadas especificidades, em contra partida, o foco de ambas permanece o mesmo, as ações humanas e os acontecimentos por elas implicados.

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A partilha da experiência visual vivenciada nas páginas do jornal A Plebe Maitê Peixoto (PUCRS, Doutoranda em História)

A presente pesquisa propõe uma breve reflexão teórico-metodológica acerca das possibilidades de análise das imagens publicadas no jornal A Plebe, uma publicação de caráter anarquista e anticlerical que circulou no Brasil durante as primeiras décadas do século XX. Pretendemos através deste estudo, problematizar alguns aspectos que dizem respeito também ao uso da imprensa operária enquanto fonte e objeto de pesquisa, bem como evidenciar os primeiros vestígios de uma cultura operária em formação em meio a sua produção imagética, entendendo esse processo em paralelo à conformação dos primeiros lastros identitários do operariado brasileiro, expressos posteriormente e, tendo também como base, essas imagens. O foco de análise está concentrado na experiência visual que contemplou tanto produtores quanto receptores desses periódicos destacando, sobretudo, a dinâmica criada entre as escolhas temáticas e os elementos visuais, à luz da crítica social e política. Tal dinâmica é compreendida como parte de um fenômeno social de mão dupla, já que tanto interfere no social quanto é sugestionado por ele. Salienta-se que tal estudo é resultado parcial de uma investigação mais ampla, que contempla outros aspectos relevantes na análise da produção imagética publicada na imprensa operária e sindical, produzida particularmente no eixo São Paulo – Rio de Janeiro, e que circulou no Brasil durante as três primeiras décadas do século XX.

A morte tem sua beleza no sul: túmulos, culto e memória na Porto Alegre do século XX Mauro Dillmann Tavares (UNISINOS, Doutorando em História)

Nas primeiras décadas do século XX, a morte mereceu, no Cemitério da Irmandade São Miguel e Almas de Porto Alegre/RS, uma distinção expressa na grande materialidade tumular de modo a configurar o culto aos túmulos e à memória do morto, além do fortalecimento do prestígio do nome, já que era a família o suporte de status social e poder econômico ou político. O desejo de construir mausoléus e de privatizar eternamente o local de sepultamento (as perpetuações) permitiram simbolicamente a atenuação da angústia e emoção diante da morte, o reforço dos elos do parentesco, a preservação da memória do defunto e a garantia da imortalidade e eternização do mesmo na memória dos vivos. Tais anseios, de uma parcela da elite católica da cidade, refletiam os novos desejos estéticos e a modernização cemiterial, que acompanhavam

as mudanças urbanas pelas quais passava Porto Alegre. Esta comunicação, portanto, tem por objetivo analisar a relação entre cemitério, mortos/morte e memória a partir da consulta às atas de reuniões administrativas da Irmandade, dos regulamentos do cemitério e das fotografias dos túmulos da década de 1920, presentes no arquivo da instituição. Tal análise permite, do ponto de vista histórico, perceber as transformações na concepção de cemitério, bem como nos desejos e vontades sociais – em cemitério privado e católico no contexto de secularização republicana – de construir memórias e esconder a morte sob a beleza dos túmulos.

A representação municipal do Gaúcho de Passo Fundo João Vicente Ribas (UPF, Mestre em História)

A representação do município de Passo Fundo através de uma identidade gauchesca é um fenômeno oriundo do século XX. O primeiro Centro de Tradições Gaúchas (CTG) instalou-se em 1952 na cidade e trouxe diversas outras manifestações de pretensão hegemônica, apesar da cultura cabocla local. Uma das maiores contribuições para a construção deste imaginário deu-se com o longa-metragem “Gaúcho de Passo Fundo”, produzido e estrelado pelo cantor Teixeirinha. Entendendo o processo de produção deste feito icônico, pode-se ilustrar uma prática recorrente até o século seguinte, em que poder público e mídia utilizam e postulam o gauchismo a representação legítima de uma cidade situada no norte do estado do Rio Grande do Sul, onde não viveu o tipo sociocultural do gaúcho, registrado por pesquisadores na região do Pampa, ao sul. Esteticamente, nota-se a bricolagem que sustenta o enredo do filme de Teixeirinha e se estende a monumentos nas praças da cidade, rodeios, festivais de folclore e projetos de promoção do turismo, em nome de um gauchismo inventado e sem sustentação histórico-cultural. Do ponto de vista da gestão dos recursos públicos destinados à cultura, Teixeirinha foi pioneiro na aprovação de aportes financeiros justificados nesta identidade construída, legitimando o discurso que cola o gauchismo à representação do município de Passo Fundo.

A cidade não cala, ri: representações sobre cidade em charges produzidas no Rio Grande do Sul durante a Ditadura Civil-Militar Dante Guimaraens Guazzelli (UFRGS, Doutorando em História)

Esta comunicação pretende analisar a forma como é representada a cidade em algumas charges produzidas no Rio Grande do Sul durante a Ditadura Civil-Militar. Utilizarei para isto o material levantado pela pesquisa Memória Visual da Ditadura no

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Rio Grande do Sul, realizada durante o ano de 2012 pelo Centro de Assessoria Multiprofissional (CAMP) com financiamento da Comissão de Anistia, através do Edital Marcas da Memória. Esta pesquisa resultou na publicação do livro Não Calo, Grito: Memória Visual da Ditadura Civil-Militar no Rio Grande do Sul. A charge é vista aqui como crônica e interpretação, já que, ao mesmo tempo em que documenta um determinado evento, ela apresenta um ponto de vista. Por estar inserida dentro de meio de comunicação (em geral o impresso), a charge apresenta tanto a opinião do artista que a produziu quanto a do meio no qual ela é divulgada, sendo o resultado do embate entre estes dois interesses. As charges que serão analisadas por esta comunicação apresentam três formas diferentes de representar a cidade: a cidade como cenário de eventos relacionados à repressão, a cidade como metáfora visual e a cidade como protagonista de eventos. No primeiro caso a cidade é apresentada como o lugar onde se dão determinados acontecimentos relativos à repressão, representando a sociedade civil brasileira. Devido às diferenças nas formas da repressão ao longo da ditadura, em determinados momentos representa-se a repressão nas ruas, e, em outros, afastada dos “olhos da cidade”. No segundo caso, a imagem da cidade é utilizada para representar o país ou a situação política. Já no terceiro, vemos a cidade sendo representada como vítima de um modelo econômico.

SESSÃO V (das 10h30 às 12h30) - Sábado, 31 de agosto de 2013 Coordenação: Charles Monteiro (PUCRS, Doutor em História)

Novo Hamburgo: A “Cidade Industrial” e sua Vila Operária Jorge Luís Stocker Júnior (FEEVALE, Graduando em Arquitetura e Urbanismo)

A década de 30 marca um período de intenso desenvolvimento econômico e industrial, mas também de conflitos étnicos, políticos e culturais na recém-emancipada cidade de Novo Hamburgo. Conhecida pelas alcunhas de “cidade industrial” e “manchester brasileira”, Novo Hamburgo distanciava-se da imagem de antiga colônia alemã e passava a ser palco uma série de medidas públicas principalmente a partir da vigência do Estado Novo. Este artigo propõe-se a acompanhar o processo de instalação da Vila Operária de Novo Hamburgo, também conhecida como “Vila do I.A.P.I.”, cujo anúncio dá-se na década de 30 e a efetiva inauguração apenas décadas depois. A efervescência social pela qual a comunidade passa naquele momento, tendo por pano de fundo a campanha de nacionalização e a explosão demográfica que reflete na ocupação irregular e insalubre das periferias, parece contrapor-se a morosidade em que se deu

a viabilização da esperada Vila Operária. Concebida como um modelo de habitação digna para o proletariado, implantada num traçado-urbano inspirado na Cidade-Jardim, a Vila do I.A.P.I. de Novo Hamburgo simboliza o descompasso entre a representação oficial de cidade “desenvolvida” e “ordeira” e a cidade efetivamente materializada. Além das notícias publicadas em periódicos, em especial o jornal hamburguense O Cinco de Abril, foram consultados o arquivo de aprovação de projetos aprovados na Prefeitura Municipal, como forma de subsidiar o entendimento das transformações culturais do período através da arquitetura e urbanismo.

Cidade sensível, cidade de areia, Cidade Nova Felipe Nóbrega Ferreira (UFRGS, Mestre em História) Ticiano Duarte Pedroso (UFPEL, Mestre em Ciências Sociais)

As cidades e as sensibilidades se coadunaram junto à História Cultural – essa consolidada enquanto abordagem no campo da História no decorrer dos anos 1990 - a partir de obras que se preocupavam em aproximar o universo do sensível ao pulsar urbano. A partir desse reposicionamento, seja do entendimento das cidades enquanto objeto, ou da abertura do entendimento das sensibilidades, apresentamos um diálogo em que o objetivo é adentrar as camadas sensíveis presentes na constituição de um espaço urbano que passa por transformações contundentes: de território limítrofe de uma cidade, tomado por areias, a bairro ocupado por sujeitos alijados do perímetro considerado, até então, central. Trata-se esse lugar do “Cidade Nova”, bairro localizado na cidade do Rio Grande/RS, no qual, através da memória de quatro narradores, visamos encontrar a projeção de sensibilidades na constituição de uma grafia e pulsar urbano específico para esse local no contexto de seus primeiros anos – salientando que, essa especificidade se faz pelo fato de ser esse o primeiro bairro suburbano e eminentemente operário da cidade. Nossa temporalidade inicia em meados dos anos 1940, quando da consolidação da ocupação do bairro, e finda na contínua e atual reconstituição das reminiscências. Fazendo uso da história oral enquanto metodologia, bem como do aporte teórico de autores que operam no âmbito dessa tríade cidade/sensibilidade/memória, construímos um mosaico de vivências, as quais possuem elementos recorrentes, como a infância, a chegada da vida adulta e, sobretudo, o mundo do trabalho no desenho de uma grafia do bairro que permanece presente nas lembranças desses sujeitos. Por fim, se o ato dessa investigação não decifra por completo esse Cidade Nova, que fascina, ao menos dotamos de um pouco mais de subjetividade as linhas que compõe a escrita de suas histórias.

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Memórias das cheias em São Sebastião do Caí Luiz Antônio Gloger Maroneze (FEEVALE, Doutor em História) Janice Roberta Schröder (FEEVALE, Mestranda em Processos e Manifestações Culturais)

A cidade de São Sebastião do Caí se tornou vila em 1875 em virtude do rio Caí. Em suas margens foi construído um porto e este serviu como escoadouro da produção dos moradores da região. Em virtude da importância do rio, muitas habitações foram construídas em seu entorno, contudo o povoamento teve de conviver sistematicamente com as cheias do manancial. As enchentes, para os habitantes de São Sebastião do Caí, parecem funcionar como um traço distintivo para a cidade. As lembranças das antigas cheias, e as formas tradicionais de se relacionarem com elas filiam os caienses a uma estranha forma de distinção. Apesar das cheias constituírem um evento natural que traz prejuízos, sua rememoração fornece elementos para uma identidade local. A frequência das cheias e a relação dos caienses com as mesmas geraram memórias coletivas e tornaram as enchentes traço cultural de muitos caienses. Não se tem a intenção de explicar as causas das enchentes, o objetivo deste artigo é analisar as memórias e representações sociais das enchentes, incluindo o estudo no campo da História Cultural do urbano, como propõe Pesavento (2002). A pesquisa é qualitativa e a fundamentação metodológica para o trabalho com História oral, através de entrevistas, foi buscada em Thompson (1992) e Alberti (2008). Foram entrevistados dez caienses entre 22 e 83 anos. O presente estudo foi desenvolvido a partir da percepção de que para parte dos caienses as cheias são vistas como um evento "natural" e como algo comum aos moradores afetados, as enchentes se tornaram parte da cultura local e marco identitário. O trabalho justifica-se pela inexistência de estudos sobre as cheias a partir de um viés cultural. A pesquisa com os caienses afetados pelas cheias traz subsídios para que se analise a lógica cultural específica desse espaço urbano, o imaginário das enchentes.

De “território do vazio” a cidade balneária: urbanização da costa marítima no Rio Grande do Sul Joana Carolina Schossler (UNICAMP, Doutoranda em História)

Desde meados do século XIX, os banhos de mar no Rio Grande do Sul eram praticados de forma terapêutica por uma pequena parcela da população. Com o despontar do século XX, o crescente desejo de beira-mar e a melhoria de estradas, hotéis,

transportes e serviços, possibilitaram a proximidade dos banhistas ao litoral, resinificando a prática da vilegiatura marítima. Nessas primeiras décadas, os balneários marítimos se desenvolveram com investimentos de capital privado, em sua grande maioria de empresários imigrantes, pioneiros no ramo. Entretanto, a praia para usufruto de toda população era o que muitos defendiam. Desta forma, a criação do Departamento de balneários marítimos visava o planejamento e a urbanização das cidades balneárias, que a cada veraneio recebiam um crescente número de banhistas. O presente trabalho trata da mudança que se operou no litoral norte do Rio Grande do Sul nas primeiras décadas do século XX, enfatizando os planos de urbanização que foram executados pelo poder público a partir dos anos 1940. A analise do estudo será abordada por meio da bibliografia especializada, das fontes jornalísticas, dos boletins de engenharia, de fotografias e das memórias, que permitem acompanhar a emergência do prazer dos banhos de mar e a consequente urbanização da costa marítima em cidade balneária.

Em busca do(s) espaço(s) perdido(s): cartografia urbana, memória e territorialidade Danielle Heberle Viegas (PUCRS, Doutoranda em História)

O texto ora apresentado busca tecer considerações sobre os possíveis usos da documentação cartográfica como fonte especialmente relevante para pesquisas em História Urbana. Mapas e plantas – usualmente incluídos em estudos como elementos meramente ilustrativos – detém grande potencialidade de investigação, ao ter-se em conta suas condições e desígnios de produção. A abordagem empírica acerca das reflexões teórico-metodológicas anunciadas integra uma pesquisa dedicada a analisar a urbanização de Canoas/RS, priorizando a construção social que envolveu a divulgação das três principais tipologias associadas ao Município (cidade-veraneio, cidade-dormitório, cidade-industrial), no decorrer de um século (1874-1973). Tem-se a intenção de ressaltar os subsídios específicos que os mapas agregaram à problemática em foco, especialmente no que tange à projeção da identidade de cidade-industrial e, por outro lado, da invisibilidade conferida a determinados territórios da cidade em prol dessa meta. São questões: como tais referências são re(produzidas) nos mapas e plantas da cidade? De que forma a documentação cartográfica dialoga as com outras fontes históricas relacionadas ao tema? Quais repertórios foram agregados e excluídos aos cenários urbanos de Canoas através da produção de mapas da cidade? Para cumprir tais objetivos, foram selecionados dez documentos cartográficos que serão consideradas à luz de publicações historiográficas

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recentes que priorizem a abordagem de mapas tal como discursos e, nesse sentido, enquanto documentos de memória e esquecimento da cidade.

Arroio do Padre/RS e sua identidade luterana: práticas de educação e cultura de uma comunidade (1950-1960) Patrícia Weiduschadt (UNISINOS, Doutora em Educação) Cássia Raquel Beiersdorf (UFPEL, Mestranda em Educação)

Arroio do Padre é uma pequena cidade localizada ao sul do Rio Grande do Sul. Emancipou-se de Pelotas no dia 17 de abril de 1996, tornando-se um dos quatro enclaves do Brasil. Enclave porque se limita unicamente com o município de Pelotas. Possui uma área de 124,69 km² e uma população de 2.722 habitantes. No ano de 1868, a localidade passou a ser ocupada com a expansão da imigração alemã-pomerana de São Lourenço do Sul. Estes, na sua maioria, não eram oriundos do sul da Alemanha, onde a religião católica era predominante, mas sim de regiões onde as igrejas eram protestantes, principalmente luteranas. Neste sentido, este processo imigratório criou vínculos identitários específicos, já que havia questões étnicas e religiosas envolvidas. Identidade compreendida como uma construção e não como um processo essencialista. (HALL, 2000; WOODWARD, 2000). No que se referem à educação, os imigrantes também se baseavam nos ideais de Lutero que já no século XVI defendia o ensino para todos e de caráter obrigatório. Chegando ao Brasil, sem encontrarem condições sequer semelhantes ao com que viviam na sua terra de origem, logo trataram de criá-las, mas sem dúvida reinventando-as (HOBSBAWN, 1987).. Nestes ideais, Arroio do Padre se ergueu e hoje de acordo com os dados do IBGE é destacado como o município brasileiro com o maior percentual de evangélicos (85,8%) e, por consequente, com o menor percentual de católicos (7,8%). Assim, esta proposta de artigo tratará das práticas de educação e cultura promovidas especificamente pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil de Arroio do Padre II (1950-1960), suas manifestações construtoras de identidades nesta realidade, com base, principalmente, em fontes documentais, orais e iconográficas sob um olhar crítico e problematizador, privilegiando-se assim a história “vista de baixo” na perspectiva da História Cultural.

SESSÃO VI (das 13h30 às 15h30) - Sábado, 31 de agosto de 2013 Coordenação: Nádia Maria Weber Santos (UNILASALLE, Doutora em

História)

Mulheres leitoras no sul do Brasil (século XIX) Nikelen Acosta Witter (UNIFRA, Doutora em História)

O estudo das mulheres leitoras vem há muito fascinando os historiadores que se dedicam à História da Leitura. Embora as fontes para seu estudo nos sejam fugidias, descobrir e compreender os espaços que a leitura ocupou na vida das mulheres no passado nos figura de imensa importância. Isso porque a leitura tem a capacidade de adentrar na intimidade – fazendo parte inclusive de sua construção – e no imaginário de um grupo mantido por muito tempo à margem do todo social. Estudar essas leitoras no século XIX é dar relevo a uma época de contrastes, teatro privilegiado para análise de temas como família e intimidade versus atuação pública e política. O Rio Grande do Sul aparece, portanto, como um interessante espaço de estudo. É o local em que duas épocas se defrontam: a forte herança militarista combinada a resistência às estruturas de Estado menos flexíveis versus as influências do mundo capitalista burguês e suas exigências na formação dos indivíduos. Contudo, peca quem opõe o interior de grandes propriedades e costumes quase bárbaros ao litoral urbano citadino, deduzindo disso que a elite da campanha desconhecia os códigos de sociabilidade da moderna civilização burguesa ocidental. Pelo contrário, os próceres da província sabiam que a continuidade de seu poder estava em atender as exigências dos novos tempos. Estas apontavam tanto para o crescimento dos níveis de formação letrada quanto da leitura e da escrita; bem como para uma educação das moças da elite em moldes que aumentavam seu valor no mercado de casamentos. A leitura, o piano e a capacidade de receber com distinção seriam pontos fundamentais para a ocupação do cargo de esposa para a elite política e econômica desta “nova” sociedade. É sobre esta formação que esta pesquisa se debruça.

Porto Alegre Imaginada. Cidade, Cartas de Amor e Poesia Maristela Bleggi Tomasini (UNILASALLE, Mestre em Memória Social e Bens Culturais)

Pode-se estudar uma cidade a partir de seus dados oficiais, especialmente econômicos, de suas estatísticas, produzindo com isso uma seriação infindável de relações de inquestionável exatidão. Tais dados, certamente, muito informam; todavia, eles pouco ensinam, ao menos do ponto de vista das sensibilidades e das sociabilidades que afetam o nosso ethos urbano, essa identidade a partir da qual concebemos o espaço onde nos inserimos, vivemos, trabalhamos, amamos. A relação entre a cidade e os homens que a habitam, ou que apenas habitualmente a

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frequentam, vem sendo objeto de estudos, avaliações e perquirições acerca de sua natureza, inclusive do ponto de vista da História Cultural. Por outro lado, há lugar, não apenas para uma concepção dessa cidade como espaço real, mas ainda como plena de imaginários, de lugares onde a ficção acontece na interioridade dos sujeitos, exteriorizando-se depois mediante suas práticas. O artigo apresenta visões do espaço urbano de Porto Alegre, a partir de fontes epistolares. Tratam-se de três poemas e de duas cartas de amor escritas na década de 1920. Os documentos foram extraídos de um conjunto maior, fonte da dissertação de mestrado da autora intitulada Memória Social em Cartas de Amor: Sensibilidades e Sociabilidades na Porto Alegre de 1920, sob orientação da Dra. Nádia Maria Weber Santos. Escolheram-se, para elaboração deste artigo, trechos destes documentos, onde foram destacados relatos pessoais do remetente da correspondência, para colocar-se em relevo sua relação com o espaço urbano metaforizado pelas sensibilidades de um apaixonado.

Diálogos entre Mnemósine e Clio: a representação do passado da cidade na narrativa de Athos Damasceno Gabriela Correa da Silva (UFRGS, Mestranda em História)

Este trabalho busca investigar como é representação do passado de Porto Alegre elaborada pelo escritor Athos Damasceno Ferreira (1902-1975). As fontes são alguns dos estudos históricos do autor publicados na década de quarenta tais como “Imagens Sentimentais da Cidade” (1940) e “Sacadas e Sacadinhas Porto-alegrenses” (1945). Athos Damasceno teve uma atividade intelectual bastante diversificada, mas, seja como poeta, cronista ou historiador, é flagrante seu interesse pela história cultural, por ele acionada através do estudo do cotidiano da cidade, seu objeto de pesquisa favorito. Nesse sentido, é possível afirmar que o contexto de modernização e urbanização da capital, experimentado a partir dos anos 1940, motivou a abordagem de duas questões fundamentais. A primeira delas é a problemática da identidade dos cidadãos porto-alegrenses, fragilizada diante do advento das transformações do espaço urbano. A segunda questão, diretamente ligada à primeira, refere-se às relações do autor e da sociedade com o tempo. A hipótese deste estudo é de que possivelmente esteja em questão um momento de crise de tais relações, espelhado nos interesses de pesquisa de diversos intelectuais. Com sua narrativa, Athos Damasceno investe na afirmação da continuidade temporal de uma identidade local, que se debilitava em razão da aceleração da temporalidade. Desse modo, sua escrita evidencia a indissociável relação dialógica entre memória e história. O que se quer explorar, portanto, é o fato de que o autor, ao investir no estudo dos costumes,

práticas e manifestações culturais dos habitantes da capital, dá a ver determinada face da identidade da cidade e seus habitantes.

Porto Alegre dos escritores: as memórias de Augusto Meyer e Erico Verissimo Viviane Viebrantz Herchmann (PUCRS, Doutoranda em Letras) Luciana Gransotto (UNILASALLE, Mestranda em memória Social e Bens Culturais)

Os gaúchos Augusto Meyer e Erico Veríssimo marcam Porto Alegre em suas obras memorialísticas. Meyer nasceu na capital gaúcha, mas dividiu-se entre sua cidade natal e a capital carioca. Verissimo, nativo de Cruz Alta, carregou para Berkley, na Califórnia, nos EUA, recordações de suas vivências pela Rua da Praia. Escritores atuantes, pertenciam, juntamente com Mansueto Bernardi, Pedro Vergara, João Pinto da Silva, Moysés Vellinho, Zeferino Brasil, entre outros, ao chamado Grupo da Globo. Políticos e literatos cultivavam o hábito de se reunirem à porta da Livraria do Globo, às tardinhas, onde fumavam, conversavam, discutiam política, literatura... Sob o enfoque desses escritores, busca-se levantar registros sobre a cena cultural e intelectual de Porto Alegre nos anos 1920 e 1930, destacando-se a produção “No tempo da Flor”, de Augusto Meyer, e a obra “Um certo Henrique Bertaso: pequeno retrato em que o pintor também aparece”, de Erico Verissimo, assim como relatos e depoimentos dos autores nos periódicos da capital, com destaque ao Correio do Povo.

A cidade vista pela literatura de periferia Luciana Paiva Coronel (FURG, Doutora em Literatura Brasileira)

Desde Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus, publicado em 1960, a cidade tem sido objeto do olhar e da escrita dos moradores de periferia. O trabalho pretende apresentar as diferentes representações da cidade sob a perspectiva da autora Maria Carolina, espécie de precursora da literatura de periferia contemporânea, e igualmente sob a perspectiva de Ferréz, autor de Capão pecado, publicado em 2000, bem como organizador de obras que reúnem a produção dos novos autores da periferia. Utopia de felicidade para a primeira, a cidade é espaço de conflitos de diversas naturezas para o segundo. O estudo comparativo de ambas as visões parece iluminar a questão da cidade no Brasil contemporâneo, locus de segregação, mas também espaço de onde emergem novos discursos que parecem reinvindicar direitos historicamente negados de cidadadia por meio do exercício da

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criação literária. O embasamento teórico provém de estudiosos e críticos interessados na investigação da produção cultural dos segmentos subalternos, como Gayatry Spivak, Pierre Bourdieu, Michel de Certeau, entre outros. A metodologia consiste na análise dos textos literários através do suporte fornecido pelos autores citados. A conclusão a que se chega é que a literatura de periferia amplia a representatividade da literatura brasileira contemporânea, permitindo que novas vozes, portadoras de novos horizontes de significação para a questão da vivência na cidade, se expressem e sejam ouvidas.

Cidade e cultura: representações artísticas sobre as Missões Jesuíticas guarani na 8ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre/RS Liane Maria Nagel (UFSC, Doutora em História)

A Bienal de Artes Visuais do Mercosul tem se constituído ao longo de sua história em um espaço importantíssimo onde a população da cidade de Porto Alegre e também das pessoas de todos os lugares que a visitam podem apreciar as mais atuais manifestações artísticas de inúmeros países, não só da América Latina, mas de outros continentes. Caracterizada por uma proposta de situar Porto Alegre no mapa cultural das Américas com um perfil internacional, em 2011 a 8ª Bienal se propôs a intensificar a relação com o meio local, em especial com as cenas artísticas nacionais e regionais. Procurando temas que aludissem às diferentes formas com que as noções de localidade, território, mapeamento e fronteiras são abordadas pelos artistas contemporâneos, ao Mercosul como constituição geopolítica e a cidade de Porto Alegre como um lugar a ser descoberto e ativado por meio das artes, se efetivou a estratégia expositiva e ativadora. Desta forma, em alguns dos projetos que a curadoria criou, tais como o Além Fronteiras, no MARGS e o Cadernos de Viagem, no Cais do Porto, foram apresentadas obras onde aparecem referências às Missões Guarani-Jesuíticas. As mesmas, realizadas por artistas como Carlos Vergara, Juan Alejandro Restrepo, Bernardo Oyarzún e Maria Elvira Escallón serão analisadas a partir de alguns conceitos como o de territorialidade, a memória, o patrimônio e o tensionamento de espaços e tempos. Através dessa análise pode-se deduzir sobre a importância desse tipo de evento para a cidade de Porto Alegre e a cultura do Rio Grande do Sul, pois as obras oportunizam reflexões a respeito da maneira como parte da atual sociedade rio-grandense e latino americana se relacionam com a história das Missões e com seus remanescentes arquitetônicos e artísticos. Além disso, apontam também o desejo de cidadãos conscientes e ansiosos por uma sociedade na qual todas as culturas sejam reconhecidas e respeitadas.

SESSÃO VII (das 16h às 18h) - Sábado, 31 de agosto de 2013 Coordenação: José Carlos da Silva Cardozo (UNISINOS, Doutorando em

História)

Os viajantes a partir de Porto Alegre: os relatos de viagens e o jogo de alteridade (um exercício metodológico) Denize Terezinha Leal Freitas (UFRGS, Doutoranda em História) Jonathan Fachini da Silva (UNISINOS, Mestrando em História)

Os relatos deixados por viajantes que estiveram por terras sulinas durante os séculos XVIII e XIX nos parecem num primeiro momento uma fonte única em detalhes. Não por menos o historiador é tentado a ver seu objeto de análise a partir dos olhos desses aventureiros do passado, uma das armadilhas possíveis dessa fonte. Nesse caso procuramos cruzar as leituras de Peter Burke (2000) e François Hartog (2004), entre outros, no sentido de propor um exercício metodológico, que delimita a fronteira cultural existente nesse jogo de alteridades, entre o viajante e o seu destino. O lugar de saída (identidade) que é deixado para trás e o lugar de chegada, o outro que é visto e relatado. Por este caminho, as impressões de viagens ganham novas dimensões nas mãos do historiador. Para esse fim utilizaremos dois viajantes do velho mundo que, por diferentes motivos, estiveram em Porto Alegre em meados dos oitocentos: são eles, Arsène Isabelle (1807-1888) e August Saint-Hilaire (1779-1853). Desse exercício podemos concluir que o significante para cada um desses sujeitos depende das suas trajetórias específicas, ou seja, são leituras, portanto, passíveis de novas interpretações que devem ser (re) significadas. Desse modo, muitas vezes, é Porto Alegre que nos apresenta esses viajantes e não o contrário.

“Auto de reconhecimento da cabeça de um preto apresentada pelo Capitão de Mato”: Crime, honra e negociação na formação de uma comunidade de senzala (Porto Alegre/Taquari, século XIX) Paulo Roberto Staudt Moreira (UNISINOS, Doutor em História) Raul Rois Schefer Cardoso (UNISINOS, Mestre em História)

Na rua da Ponte, após a Guerra do Paraguai rebatizada de Riachuelo, morava o Dr. Caetano Xavier Pereira de Brito, cavaleiro da Ordem de Cristo e Juiz de Fora, nascido em Pernambuco. Uma rotina habitual, mas não por isso menos tétrica, esperava o Juiz naquele dia 30 de outubro de 1821. O Capitão de Mato Francisco Gonçalves trouxera

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uma cabeça humana, que necessitava de identificação. Pelo Capitão de Mato foi dito que a cabeça era de Antonio Banguela, escravo do comerciante Manoel Alves dos Reis Louzada, morto “no ato de ser apreendido em um quilombo”. No dia 01.09.1821 alguns africanos falquejavam numa chácara próxima a Porto Alegre. Descontentes com o ritmo imposto pelo capataz, o agarraram pelas goelas e, com uma pancada com o olho de um machado, o assassinaram. Os homicidas, todos da África Central Atlântica, eram cativos do futuro Barão de Guaíba, que, ao falecer em 1862, alforriou em testamento 23 cativos, todos envolvidos em relações familiares oficiais, de um total de cerca 168 escravos. No ano seguinte à morte do Barão, uma desordem ocorreu em suas fazendas nas margens do rio Taquari, naquela época já pertencentes ao seu herdeiro universal e compadre, o cirurgião-mor Antonio Moraes. Os depoimentos dos escravos presos evidenciam uma comunidade de senzala madura e que o movimento visava negociar a manutenção de direitos costumeiros. Assim, nossa proposta é estabelecer uma aproximação com as experiências mais cotidianas desta comunidade negra, dispersa (mas interligada) entre o espaço urbano de Porto Alegre e o rural de Taquari. Sob a perspectiva de uma história social da cultura, a via de acesso será o uso etnográfico de fontes judiciárias, nelas coletando experiências que ilustrem a tensa e difícil constituição de uma comunidade de senzala, onde valores associados a honra e parentesco embasam relações hierárquicas e pessoais.

As doações de Ildefonso da Silva Dias: passagens de um afrodescendente no Museu Julio de Castilhos/RS Jane Rocha de Mattos (PUCRS, Mestre em História)

Isaura Dias Bittencourt falece no Natal de 1925, em Porto Alegre, o seu obituário veiculado no jornal O Exemplo descreve a cerimônia fúnebre realizada por meio da doutrina espírita, solicitada por seu irmão Ildefonso da Silva Dias. Na década seguinte, os objetos de indumentária de Isaura Bittencourt são doados ao Museu Julio de Castilhos, leques dos mais variados tamanhos e cores surgem na documentação museal tendo como doador seu irmão Ildefonso Dias. As doações continuam, posteriormente, e os acessórios cedidos foram os utilizados pela sua esposa, que emergem do livro tombo de forma abundante. Ildefonso da Silva Dias nasceu em 1880, na cidade de Porto Alegre, afrodescendente, engenheiro, funcionário público do Estado, chefe de seção de estatística da Viação Férrea e um dos principais fundadores da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, escrevendo inúmeros textos publicados em revistas espíritas como Reencarnação. Esta comunicação tem por objetivo apresentar a trajetória de Ildefonso Dias dentro do contexto do pós-abolição do Rio

Grande do Sul. Por sua vez, o ato de doação de objetos tão preciosos e pessoais de Isaura Bittencourt ao Museu Julio de Castilhos, guardião da história da elite política, instigou o aprofundamento da pesquisa biográfica, pois, a presença de um afrodescendente como doador de inúmeras peças da instituição no contexto rio-grandense não foi recorrente. Desta forma, o ato de cedência dos objetos suscitou reflexões em torno das memórias individual e coletiva, das representações, das práticas, e do protagonismo negro na cidade de Porto Alegre das primeiras décadas do século XX.

Imagens de uma cidade sitiada: as fotografias de José Greco e a Revolução Federalista em Bagé-RS, 1893-1895 Aristeu Elisandro Machado Lopes (UFPEL, Doutor em História)

A Revolução Federalista de 1893 foi um conflito armado caracterizado pela disputa política no estado do Rio Grande do Sul entre dois grupos ideologicamente diferenciados. De um lado estavam os apoiadores de Julio de Castilhos e, do outro, o grupo liderado por Gaspar da Silveira Martins. Batalhas e conflitos ocorreram em várias cidades do estado, entre as quais Bagé se destacou pela forma como a revolução ocorreu. Trata-se do cerco a cidade, promovido pelos federalistas. O cerco foi uma ação desencadeada durante a revolução mas, também, uma atitude política, estratégica e simbólica. Resistir significava para os republicanos assegurar o controle da cidade de Joca Tavares e Silveira Martins, as lideranças dos maragatos. Já para os maragatos manter a cidade sob seu domínio representaria a retomada de um dos seus principais redutos. Os conflitos foram acompanhados pelo fotógrafo José Greco que registrou-os em suas fotografias. As imagens capturadas por suas lentes apresentavam o cotidiano da cidade, os moradores caminhando entre as barricadas, as trincheiras erguidas nas ruas, as lideranças das batalhas e a catedral da cidade transformada em refúgio para os republicanos. Analisar as imagens da cidade de Bagé durante o sitio a partir das fotografias de José Greco é o objetivo desta comunicação. As fotografias permitem averiguar o comportamento dos bageenses durante e após os conflitos e apresentam a cidade transformada pela guerra com estabelecimentos comerciais e residências alvejadas e soldados armados nas ruas. Dessa forma, as imagens registradas por Greco revelam os resultados imediatos da guerra, mas, de igual maneira, constituem-se como parte relevante para a compreensão da história da Revolução Federalista de 1893 e fazem parte da memória da cidade, uma vez que o passado sobre o cerco ainda está presente em suas ruas, praças, esquinas, casas e na lembrança dos moradores mais antigos.

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Representações e imaginário sobre a Chácara da Baronesa- Pelotas/RS Jezuina Kohls Schwanz (UFPEL, Doutoranda em Educação) Jeane dos Santos Caldeira (UFPEL, Mestranda em Educação)

O presente texto versa sobre as representações criadas em torno da “Chácara da Baronesa”, local onde moraram os barões dos Três Serros e seus descendentes e que hoje abriga o Museu Municipal Parque da Baronesa, localizado em Pelotas, RS. A chácara possui um casarão que data do século XIX e que foi palco de vários eventos que aconteceram em quase um século, habitado por três gerações da família Antunes Maciel. Acontecimentos de destaque na comunidade foram narrados nos jornais locais, fato esse que fez com que fosse criada uma aura de curiosidade e até mesmo mistério em torno do local e de sua família. O atual Parque da Baronesa faz parte do imaginário social de Pelotas. O presente trabalho foi construído através de pesquisa em documentos privados, tais como cartas, diários e fotografias, e também em documentos públicos, como jornais e revistas da época. Tais fontes permitem analisar as peculiaridades de uma família que viveu seu período áureo ainda no Brasil Império. Como fio condutor, são utilizadas entrevistas e cartas trocadas entre os membros da família que trazem aspectos de seu cotidiano e de sua intimidade. Os principais referenciais teóricos utilizados foram Roger Chartier, Michel Certeau, Joel Candau, Ecléa Bosi entre outros.

À espera na gare: sociabilidades e visualidades urbanas na estação férrea de Pelotas/RS (1884-1920) Maira Eveline Schmitz (UFPEL, Mestre em História)

A construção da ferrovia em Pelotas, ao fim do século XIX e início do século XX, foi marcada por uma profusão de imagens, relacionadas à constituição sensível de novos espaços da cidade. O principal lugar de visibilidade ferroviária, nesta perspectiva, foi a Estação Férrea, não só por se constituir como uma paisagem símbolo, mas por seu caráter de local público. A estação fez-se somar às ruas na função de lugar da sociabilidade urbana: transformou-se em local de interação, de exposição e fortalecimento de imagens e status pessoais. Mais do que evidenciar a espera para o trem que partia ou chegava, a prática do afluir à gare se caracterizou como um momento de vitrine social. Neste sentido, a partir da análise das descrições sobre recepções e despedidas na estação contidas nas matérias dos jornais pelotenses do período de 1884 a 1920 e de fotografias, pretende-se compreender as práticas desenvolvidas neste espaço e a proximidade entre pessoas que só ocorreram em função da presença férrea, não sendo possíveis, de forma tão específica, em outros pontos da cidade. Para tanto, a base teórico-analítica se constitui das noções de sociabilidade e visualidade. Acredita-se que além da constituição visual de paisagens, a própria movimentação de pessoas contribuiu para construção imagética do espaço férreo, efetivando a visualidade também nas relações sociais; o ir à gare, de ação social, passou a ser imagem, de ato prático, atuação simbólica.

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Sobre o GT História Cultural da ANPUH-RS

A História Cultural investiga representações e imaginários, isto é, "re-apresentações" do outro, produzidas num âmbito específico, que não visa reproduzir, mas criar. Ela trata de sistemas imaginários e relaciona-se, cada vez mais, com vários domínios das ciências humanas e sociais, tais como antropologia, literatura, psicologia, arquitetura, comunicação e, também, as artes visuais, teatro, patrimônio. Enquanto vertente historiográfica, tem possibilitado aos estudiosos abordarem um vasto leque de temáticas, tais como: literatura, cidade, loucura, memória, religiosidade, cidadania, modernidade, individualismo, espaços público e privado e a escrita dos 'homens comuns', entre outras. Desta forma, vem se consolidando, mais incisivamente, a partir e ao longo da última década do século XX, enquanto aporte teórico de análise, tanto para a disciplina de História quanto para todas as outras que se dispõem à transdisciplinaridade. Visando expandir o debate neste viés teórico, é que foi criado o Grupo de Trabalho de História Cultural (GTHC-RS) em Porto Alegre no ano de 1997, tendo à frente de sua fundação e coordenação a historiadora Dr.ª Sandra Jatahy Pesavento, professora titular de História da UFRGS. Vinculado à Associação Nacional de História - Seção Rio Grande do Sul (ANPUH-RS), este grupo logo se ampliou e contribuiu para formar e consolidar o GTHC Nacional, que congrega reconhecidos pesquisadores de várias instituições do país empenhados em discutir amplamente as produções realizadas sob esta égide. Desde o início, o GT criou diversas atividades de discussão e debate, acadêmicos e também fora da academia, que vingaram em suas várias edições. Citamos, principalmente, as “Jornadas de História Cultural”, evento bianual que acontece em Porto Alegre e que já está em sua nona edição. Outra realização importante deste GT são as chamadas “Leituras de História Cultural”, que iniciaram no ano de 2003 na Livraria Cultura de Porto Alegre e existindo até hoje, conta com a parceria de várias instituições de ensino, pesquisa e culturais, que já as sediaram (PUCRS, UFRGS, Livraria e editora Zouk, Centro Cultural Érico Veríssimo, Memorial do RGS). Outros locais públicos de debates e ligados à cultura municipal e estadual também foram sede de eventos do GT de História Cultural – RS, entre eles: MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Museu Júlio de Castilhos, Memorial do Rio Grande do Sul, Casa de Cultura Mário Quintana. E como parceira, desde 2005, temos a Câmara Rio-grandense do Livro, entidade responsável pelo evento anual na cidade “Feira do Livro de Porto Alegre”, que tem a presença do GT e seus membros na grade de suas atividades. Para maiores detalhes: http://www.ufrgs.br/gthistoriaculturalrs.

Sobre a Associação Nacional de História, Seção Rio Grande do Sul - ANPUH-RS

No Rio Grande do Sul, o Núcleo Regional da ANPUH está organizado desde o ano de 1979, tendo sofrido uma reestruturação em 1994. Possui em torno de 300 associados ativos anualmente espalhados por todo o estado e é o segundo maior núcleo em número de filiados do Brasil. Parte dos seus sócios está organizada em Grupos de Trabalho (GTs) que visam trabalhar temas específicos de interesse histórico e/ou profissional. O Encontro Estadual de História é a principal das diversas atividades científicas da ANPUH no estado. É realizado bienalmente, nos anos pares, contando com um tema central escolhido de acordo com a pertinência historiográfica e social. Constitui-se num momento privilegiado de intercâmbio entre a comunidade dos historiadores e de articulação entre os estudos e pesquisas já realizados ou em andamento. Desde 2008, a ANPUH-RS possui uma sede própria, localizada no centro de Porto Alegre, onde está localizado seu arquivo administrativo. O local possui ainda uma sala de reuniões com capacidade para aproximadamente 30 pessoas, onde são realizadas atividades de iniciativa dos membros dos GTs e de sócios com anuidade em dia. Os sócios da ANPUH com o pagamento em dia da anuidade, além de garantirem os seus direitos estatutários, recebem regularmente os informes eletrônicos da ANPUH-RS e podem enviar artigos para a Revista Brasileira de História. Também ganham descontos na compra de publicações da Coleção ANPUH-RS e inscrevem-se nos encontros estaduais e nos simpósios nacionais com valores de taxas diferenciadas. Para mais informações sobre filiação: www.anpuh-rs.org.br.