[x] motivacaoresumo

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1/4 (resumo parcial) Conteúdo conforme programa da pós-graduação: I- Concepções racionalista e motivacional de natureza humana. II- O status teórico do conceito de Motivação. Teoria do Impulso. III- Fundamentos biológicos da Motivação. Teoria do Instinto e Etologia. IV- Papel da estimulação externa. Comportamento exploratório. V- Teorias do reforço e de incentivo. VI- Sistemas motivacionais humanos. VII- Teorias do Conflito. Dissonância cognitiva. Bibliografia: Cofer CN. Motivação e Emoção. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. - Motivação, definição: “Usa-se a palavra motivação para fazer referência às causas ou ao porquê do comportamento” [Cofer, Introdução] - Concepções Racionalistas: “Sustenta que o homem é um ser essencialmente racional, seletivo, dotado de vontade, que conhece as fontes de sua conduta ou que está cônscio das razões para sua conduta e é, portanto, responsável por elas... Os fatores motivacionais pouco ou nada contam numa descrição racionalista da conduta, porque a razão do homem seria o determinante do que ele faz... A escolha do bem seria determinada pelo conhecimento adequado. Os animais, não dotados de razão, tinham “impulsos naturais” ou instintos, que o Criador lhes atribuíra... Essa formulação a que chegaram os estóicos no período grego é precursora da noção de instinto”. - Descartes: - Hedonismo: Representa um dos afastamentos do racionalismo. Hobbes: “Nós nos comportamos de maneira a obter prazer e evitar a dor e que, não importa o que pensemos, essas são as verdadeiras razões subjacentes à nossa conduta. Hedonismo como princípio motivacional, sem aspectos morais, éticos ou racionais. O hedonismo é uma concepção central na visão dos filósofos ingleses associacionistas ou empiristas”. - Associacionismo (filósofos ingleses): Idéias decorrem da experiência. Assim, duas ou mais idéias simples, se ocorressem igualmente no espaço ou no tempo, poderiam interassociar-se, resultando numa idéia complexa. Oposição ao nativismo (idéias do homem são dons naturais), contido no racionalismo. Leis da associação: não houve consenso. - Instinto: “Fontes irracionais que impeliam à conduta... Uma disposição psicofísica, herdada ou inata,... que orientavam os organismos em direção a objetivos... Instintos representavam ímpetos ou forças no comportamento que lhe davam aspecto intencional”. O homem é capaz de proceder racionalmente graças ao sentimento , uma estrutura na qual diversos instintos e suas emoções eram unidos sob a idéia de eu e de seu status, o que levava ao controle sobre os instintos via o desenvolvimento da personalidade. PROBLEMAS: (1) Uso fácil e promíscuo do termo instinto; (2) Pouco trabalho experimental ou de observação controlada defendia a base instintiva da conduta; (3) Observações de antropólogos culturais não se ajustavam à universalidade pretendida pelos instintivistas. McDougall foi o primeiro a propor o uso do conceito de instinto para explicar comportamentos motivados, porém de modo bem diferente do que os etologistas fariam no futuro. Segundo a visão de McDougall, todos os comportamentos seriam instintivos. Essa concepção atraiu seguidores que passaram a dar as mais diversas interpretações sobre os mesmos comportamentos. Tais arbitrariedades não conferiam ao conceito de instinto a padronização necessária à comunicação científica . Daí surgiu, em substituição, o conceito de impulso . - Impulso (drive): “Condições fisiológicas que parecem levar à ocorrência de comportamentos preparatórios e reações consumatórias... A quantidade e o grau do comportamento variam conforme a variação do impulso”. Duas formas de conceito: Impulso como estímulo interno = Teoria Local da Motivação : A idéia é encontrar estímulos internos para cada um dos impulsos geralmente postulados – fome, sede e sexo... Leva a busca de um local onde se encontram os estímulos resultantes de um impulso”. PROBLEMAS: Experimentos

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    (resumo parcial)

    Contedo conforme programa da ps-graduao: I- Concepes racionalista e motivacional de natureza humana. II- O status terico do conceito de Motivao. Teoria do Impulso. III- Fundamentos biolgicos da Motivao. Teoria do Instinto e Etologia. IV- Papel da estimulao externa. Comportamento exploratrio. V- Teorias do reforo e de incentivo. VI- Sistemas motivacionais humanos. VII- Teorias do Conflito. Dissonncia cognitiva. Bibliografia: Cofer CN. Motivao e Emoo. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.

    - Motivao, definio: Usa-se a palavra motivao para fazer referncia s causas ou ao porqu do comportamento [Cofer, Introduo]

    - Concepes Racionalistas: Sustenta que o homem um ser essencialmente racional, seletivo, dotado de vontade, que conhece as fontes de sua conduta ou que est cnscio das razes para sua conduta e , portanto, responsvel por elas... Os fatores motivacionais pouco ou nada contam numa descrio racionalista da conduta, porque a razo do homem seria o determinante do que ele faz... A escolha do bem seria determinada pelo conhecimento adequado. Os animais, no dotados de razo, tinham impulsos naturais ou instintos, que o Criador lhes atribura... Essa formulao a que chegaram os esticos no perodo grego precursora da noo de instinto.

    - Descartes:

    - Hedonismo: Representa um dos afastamentos do racionalismo. Hobbes: Ns nos comportamos de maneira a obter prazer e evitar a dor e que, no importa o que pensemos, essas so as verdadeiras razes subjacentes nossa conduta. Hedonismo como princpio motivacional, sem aspectos morais, ticos ou racionais. O hedonismo uma concepo central na viso dos filsofos ingleses associacionistas ou empiristas.

    - Associacionismo (filsofos ingleses): Idias decorrem da experincia. Assim, duas ou mais idias simples, se ocorressem igualmente no espao ou no tempo, poderiam interassociar-se, resultando numa idia complexa. Oposio ao nativismo (idias do homem so dons naturais), contido no racionalismo. Leis da associao: no houve consenso.

    - Instinto: Fontes irracionais que impeliam conduta... Uma disposio psicofsica, herdada ou inata,... que orientavam os organismos em direo a objetivos... Instintos representavam mpetos ou foras no comportamento que lhe davam aspecto intencional. O homem capaz de proceder racionalmente graas ao sentimento, uma estrutura na qual diversos instintos e suas emoes eram unidos sob a idia de eu e de seu status, o que levava ao controle sobre os instintos via o desenvolvimento da personalidade. PROBLEMAS: (1) Uso fcil e promscuo do termo instinto; (2) Pouco trabalho experimental ou de observao controlada defendia a base instintiva da conduta; (3) Observaes de antroplogos culturais no se ajustavam universalidade pretendida pelos instintivistas. McDougall foi o primeiro a propor o uso do conceito de instinto para explicar comportamentos motivados, porm de modo bem diferente do que os etologistas fariam no futuro. Segundo a viso de McDougall, todos os comportamentos seriam instintivos. Essa concepo atraiu seguidores que passaram a dar as mais diversas interpretaes sobre os mesmos comportamentos. Tais arbitrariedades no conferiam ao conceito de instinto a padronizao necessria comunicao cientfica. Da surgiu, em substituio, o conceito de impulso.

    - Impulso (drive): Condies fisiolgicas que parecem levar ocorrncia de comportamentos preparatrios e reaes consumatrias... A quantidade e o grau do comportamento variam conforme a variao do impulso. Duas formas de conceito:

    Impulso como estmulo interno = Teoria Local da Motivao: A idia encontrar estmulos internos para cada um dos impulsos geralmente postulados fome, sede e sexo... Leva a busca de um local onde se encontram os estmulos resultantes de um impulso. PROBLEMAS: Experimentos

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    comprovaram que fatores locais [ex.: sexo por estimulao dos rgos sexuais] no podem explicar adequada e inteiramente qualquer aspecto do comportamento ligados ao impulso.

    Impulso como Estado Central: Dcadas de 1920, 30 e 40. Impulso era uma espcie de empurro ou fora que ativa o organismo para o comportamento... [Homeostase:] O estado de privao induziria a um desequilbrio (o impulso) que motivaria ento o comportamento geral ou especfico. O comportamento, aprendido ou no, era considerado funcional, ou seja, deveria persistir at que resultasse no comportamento consumatrio necessrio pata atenuar as necessidades do organismo. Condies de privao de algum tipo tendem a estar associadas a uma atividade acrescida ligada a um objeto-meta. Assim, as condies de impulso eram fontes de energia para esses comportamentos. 1. Atividade Geral ou Espontnea: Animais so freqentemente ativos... Essa atividade parece

    ocorrer cclica ou periodicamente; 2. Periodicidade: Ocorreu na alimentao de ratos com livre acesso comida [ a cada 2 hs] 3. Comportamento Consumatrio: A variao na quantidade ingerida conforme o grau de privao

    e a reduo da velocidade de ingesto com o tempo sugerem uma determinao quantitativa do comportamento consumatrio do impulso.

    4. Estudos com a Caixa de Obstruo: Warden, 1931. Privao + uma caixa de partida e outra de incentivo ou meta (alimento, fmea receptiva etc.), separadas por uma rede eletrificvel. Foi medido o nmero de travessias no intervalo padro de 20 minutos. Quanto > a privao, > a quantidade de passagens para o incentivo. Conclui que com o aumento do impulso, empreende-se mais comportamento.

    5. Fomes Especficas: Se podem, animais e homens selecionam uma dieta saudvel = H mecanismos que permitem escolher alimentos conforme a necessidade do organismo. = Impulso necessrio para manter economia interna do organismo.

    6. Hormnios: Grande parte do comportamento s ocorre esporadicamente. Ex.: reproduo. =Controle do comportamento por fatores internos.

    7. Reforo: enquanto recompensa. A eficcia de uma recompensa depende da existncia de uma condio interna apropriada, isto , de um impulso.

    PROBLEMAS: (A) So possveis interpretaes alternativas do significado dos 7 tipos de evidncias supra-

    citadas... O fato de que os padres de atividade esto sujeitos aprendizagem um srio golpe na teoria dos impulsos;

    (B) Grande parte do comportamento motivada por fatores que no se ajustam concepo homeosttica, conforme ela tinha sido desenvolvida na teoria dos impulsos;

    (C) Problemas com o impulso secundrio: no foi possvel demonstrar que h impulsos adquiridos baseados na fome ou na sede.

    EVIDNCIAS EMPRICAS A FAVOR E LIMITAES: As primeiras evidncias empricas favorveis ao conceito de impulso ( luz da teoria local) foram fornecidas por um (1)experimento que indicou correlao entre contraes estomacais (detectadas por um balo introduzido no estmago de um sujeito humano) e pontadas de fome relatadas pelo mesmo sujeito. Em outro (2)experimento, a diminuio da salivao causada pela administrao de atropina causou sede apesar da ausncia de qualquer regime de privao. Contudo, outros experimentos demonstraram que a seo de nervos que conectam o estmago ao SNC no reduz a fome, bem como a seo de nervos que conectam a boca ao SNC no reduz a sede. Essas evidncias contrariam a idia de que impulsos como fome e sede teria suas origens no estmago e na boca, respectivamente.

    - A concepo homeosttica afirma que os comportamentos motivados representam uma constante busca pelo equilbrio fisiolgico. Provas empricas favorveis a tal concepo foram obtidas com experimentos que envolviam a motivao pela sede. Assim props-se que a concepo homeosttica, vlida para a sede, se aplicaria para outros comportamentos. No entanto, tal extrapolao no foi possvel nem mesmo para a fome.

    - Incentivo: So objetos, condies ou estmulos externos ao organismo. Podem ser positivos (organismos tendem a se aproximar) ou negativos (tendem a evitar). Funes do incentivo:

    (A) Instigar a aproximao do incentivo ou a sua evitao/retirada; (B) Evocar um estado de excitao.

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    DIFERENA DO REFORO: A atribuio de fenmenos motivacionais ao reforo uma teoria no motivacional.Reforo sustenta que comportamento de interesse explicado em termos de condies existentes no momento do reforo, isto , que ele aprendido.

    TEORIA DE McCLELLAND: Todos os motivos so aprendidos porque dependem do resultado de antecipao afetiva do intercmbio com a situao = prazer (haver aproximao) e desprazer (afastamento). O grau de discrepncia da expectativa ou NA determina se a experincia ser ou no agradvel. Se a discrepncia pequena, haver prazer e, se grande, haver desprazer. A teoria de McClelland semelhante ao hedonismo por defender que o mecanismo bsico da motivao humana de aproximao do prazer e afastamento da averso. Mas McClelland apresenta um diferencial: o fato de um estmulo ser agradvel ou desagradvel depende do grau de desvio da intensidade do estmulo em relao a determinado nvel de adaptao. Assim, desvios pequenos podem ser prazerosos e desvios grandes podem ser aversivos. Um exemplo um experimento em que sujeitos relatavam prazer ao colocar as mos em gua ligeiramente fria ou quente, apesar de, obviamente, demonstrarem averso a temperaturas mais distantes do nvel de adaptao.

    NOO DE INCENTIVO: O incentivo tem funo ativadora de um estado de antecipao dependente do valor de incentivo do estmulo reforador. Por exemplo, uma maior quantidade de comida serve como maior incentivo, que torna o responder mais intenso.

    - Motivao x Comportamento: Conceitos motivacionais tm duas funes no que diz respeito ao comportamento: (1) Dar energia a respostas e controlar seu vigor e eficincia e; (B) Dar uma direo ao comportamento. Apesar de ter havido uma longa seqncia de conceitos motivacionais que concorreram entre si, a evoluo deles foi til para tentar explicar o vigor e o direcionamento dos comportamentos motivados.

    - Motivao x Aprendizagem: Aprendizagem um dos outros mecanismos que no a motivao, que controlam o comportamento.

    - Etologistas: Retorno ao instinto = Contribuies: (1) H padres especficos de espcies e (2) Estmulos

    deflagradores. Padres especficos de espcies ocorriam em presena de padres de estmulos particulares. A etologia introduziu os conceitos de padres tpicos da espcie (comportamentais inatos) e estmulos deflagradores. Os comportamentos inatos so deflagrados por determinados estmulos, de modo que a aprendizagem no necessria em determinadas situaes relevantes para a sobrevivncia (por exemplo, somente um determinado padro de bico capaz de deflagrar com mxima eficcia o comportamento dos filhotes de abrir seus bicos para receberem alimento). A ateno aos padres tpicos da espcie pode facilitar a introduo de comportamentos operantes. Por exemplo, mais fcil tornar o sobressalto de um rato um comportamento operante de esquiva do que a presso barra. As atividades de deslocamento foram assim explicadas pelos etlogos em termos motivacionais:

    haveria um acmulo de energia motivadora em situaes de conflito, em que duas ou mais tendncias comportamentais se anulam. Esse acmulo transborda na forma de comportamentos incompatveis com a situao presente (por exemplo, limpar-se durante cpula). No entanto, essa idia no sustentada por dados neurofisiolgicos.

    - Uma teoria da emoo que enfatiza os aspectos biolgicos, pioneira na tentativa de explicar as emoes foi a de James-Lange. De acordo com ele, eventos estressantes causariam, em primeiro lugar, alteraes fisiolgicas (por exemplo, taquicardia). Hoje sabe-se que tais alteraes so devidas ativao do sistema nervoso simptico. As emoes, por sua vez, seriam o resultado da percepo de tais alteraes fisiolgicas. Em outras palavras, James-Lange afirmavam que ns sentimos medo porque corremos, e no o contrrio. Cannon-Bard discordou dessa teoria baseando-se em experimentos em que a interrupo da comunicao do SNC com o SNA no afetava comportamentos emocionais. Assim, Cannon-Bard foi um dos primeiros pesquisadores que introduziram a idia de que as emoes esto sob controle do SNC.

    - Procedimentos que envolvem manipulao e estimulao externa na motivao costumam usar primatas como sujeitos, pois sua destreza manual permite a interao com quebra-cabeas, por

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    exemplo. Esses tipos de experimentos demonstram a tendncia de esses animais manipular tais objetos, mesmo no primeiro contato. A manipulao aumenta com o aumento da complexidade dos quebra-cabeas. A necessidade de estimulao externa tambm demonstrada por um experimento em que sujeitos humanos recebem recompensa em dinheiro para permanecerem isolados em uma sala pobre em estmulos sensoriais. Apesar da possibilidade da recompensa, os sujeitos desistem do experimento depois de determinado perodo, por consider-lo intolervel.

    - Os desenvolvimentos na cincia biolgica facilitaram o surgimento de conceitos motivacionais na Psicologia foram: o abandono da teleologia (sugesto de foras metafsicas governando o comportamento), que era compatvel com o racionalismo, deu lugar idia de que princpios fsicos e qumicos so capazes de explicar o comportamento. Alm disso, houve a contribuio de Darwin, que demonstrou que, assim como as caractersticas morfolgicas, as comportamentais tambm tm valor adaptativo na luta pela sobrevivncia.

    - Dissonncia Cognitiva: O indivduo possui a cognio sobre si mesmo e sobre seu ambiente. Quando as duas cognies so incompatveis entre si, ocorre a dissonncia cognitiva (o conflito inerente a uma deciso complicada). Prope-se que o conflito motiva a busca pela soluo, ou seja, o indivduo est constantemente pressionado a reduzir dissonncias cognitivas.