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W4Co. Working for Companies Boletim da Área Trabalhista Maio de 2015 Terceirização O Projeto de Lei nº 4330/2004 (“PL”) foi recentemente aprovado pela Câmara Legislativa, envolvendo discussões acaloradas e remetido para o Senado Federal, onde está pendente de análise e votação, sem previsão de data para aprovação final. Diante da falta de legislação sobre a matéria, na esfera judicial as ações trabalhistas têm sido decididas com base na Súmula 331 do TST. A Súmula procura distinguir a terceirização ilícita da lícita, o que passa pela definição do que seja atividade-meio e atividade-fim. O PL, provisoriamente aprovado, põe fim a essa controvérsia, admitindo a terceirização de qualquer atividade das empresas, desde que respeitados alguns parâmetros, como, por exemplo, (i) não contratação de ex-empregados pelo período de 12 meses, e (ii) não contratação de empresa prestadora cujo sócio ou titular seja administrador da empresa contratante. A questão da natureza da responsabilidade da tomadora dos serviços, se subsidiária ou solidária, também se encontra sob intenso debate. Assim como a contratação de empresas de uma mesma categoria econômica para prestação de serviços, TAC e seu reconhecimento judicial Ao contrário do que se espera com a celebração de um Termo de Ajustamento de Conduta (“TAC”), o Tribunal Superior do Trabalho (“TST”) entendeu que o Ministério Público do Trabalho (“MPT”) "não tem legitimidade para renunciar ou transacionar o próprio direito material dos trabalhadores (artigos 213, 840 e 841 do Código Civil), cabendo-lhe somente ajustar a conduta do infrator às exigências do ordenamento jurídico positivado" e invalidou um TAC firmado com o MPT. Já estava consolidado o entendimento dos Tribunais do Trabalho de invalidar normas coletivas, quais sejam: acordos coletivos de trabalho e convenções coletivas de trabalho quando desfavoráveis aos trabalhadores e/ou em desacordo com a lei, mas a decisão do TST quanto à invalidação de TAC firmado com o MPT é recente e pode levar as empresas a correrem o risco de ter o TAC invalidado e incorrer em custos desnecessários e adoção de medidas que são demasiadamente onerosas. De todo o modo, se por um lado a possibilidade de discussão do TAC firmado com o MPT no âmbito judicial gera maior cautela por ocasião de sua assinatura; por outro lado, também dá maior possibilidade para argumentação junto ao MPT de cláusulas que podem ser prejudiciais ao bom andamento das atividades empresariais, uma vez que o TAC não exime a empresa de eventual risco futuro sobre discussão da matéria. (TST – AIRR - Processo nº - 1291-87.2013.5.24.0001; Rel. Desembargadora convocada Jane Granzoto Torres da Silva).

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W4Co. Working for Companies

Boletim da Área Trabalhista Maio de 2015

Terceirização

O Projeto de Lei nº 4330/2004 (“PL”) foi

recentemente aprovado pela Câmara Legislativa,

envolvendo discussões acaloradas e remetido para

o Senado Federal, onde está pendente de análise

e votação, sem previsão de data para aprovação

final.

Diante da falta de legislação sobre a matéria, na

esfera judicial as ações trabalhistas têm sido

decididas com base na Súmula 331 do TST. A

Súmula procura distinguir a terceirização ilícita da

lícita, o que passa pela definição do que seja

atividade-meio e atividade-fim.

O PL, provisoriamente aprovado, põe fim a essa

controvérsia, admitindo a terceirização de

qualquer atividade das empresas, desde que

respeitados alguns parâmetros, como, por

exemplo, (i) não contratação de ex-empregados

pelo período de 12 meses, e (ii) não contratação

de empresa prestadora cujo sócio ou titular seja

administrador da empresa contratante.

A questão da natureza da responsabilidade da

tomadora dos serviços, se subsidiária ou solidária,

também se encontra sob intenso debate. Assim

como a contratação de empresas de uma mesma

categoria econômica para prestação de serviços,

TAC e seu reconhecimento judicial Ao contrário do que se espera com a celebração de um Termo de Ajustamento de Conduta (“TAC”), o Tribunal Superior do Trabalho (“TST”) entendeu que o Ministério Público do Trabalho (“MPT”) "não tem legitimidade para renunciar ou

transacionar o próprio direito material dos

trabalhadores (artigos 213, 840 e 841 do Código

Civil), cabendo-lhe somente ajustar a conduta do

infrator às exigências do ordenamento jurídico

positivado" e invalidou um TAC firmado com o MPT. Já estava consolidado o entendimento dos Tribunais do Trabalho de invalidar normas coletivas, quais sejam: acordos coletivos de trabalho e convenções coletivas de trabalho quando desfavoráveis aos trabalhadores e/ou em desacordo com a lei, mas a decisão do TST quanto à invalidação de TAC firmado com o MPT é recente e pode levar as empresas a correrem o risco de ter o TAC invalidado e incorrer em custos desnecessários e adoção de medidas que são demasiadamente onerosas. De todo o modo, se por um lado a possibilidade de discussão do TAC firmado com o MPT no âmbito judicial gera maior cautela por ocasião de sua assinatura; por outro lado, também dá maior possibilidade para argumentação junto ao MPT de cláusulas que podem ser prejudiciais ao bom andamento das atividades empresariais, uma vez que o TAC não exime a empresa de eventual risco futuro sobre discussão da matéria. (TST – AIRR - Processo nº - 1291-87.2013.5.24.0001; Rel. Desembargadora convocada Jane Granzoto Torres da Silva).

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hipótese em que os empregados da empresa

contratada seriam representados pelo mesmo

sindicato representante dos empregados da

empresa contratante.

Essas são apenas algumas questões do que está

por vir, caso o PL seja aprovado.

O PL visa regulamentar uma prática corriqueira

que não está prevista em lei. O PL aprovado pela

Câmara dos Deputados não significará,

necessariamente, precarização dos direitos

trabalhistas dos terceirizados. Pelo contrário, tudo

leva a crer que os empregados terceirizados

poderão ter seus direitos equiparados aos dos

trabalhadores do tomador de serviços e a

responsabilidade pelo cumprimento dessa

condição será também do tomador de serviços na

medida em que ele será responsável solidário. A

regulamentação trará maior segurança jurídica

sobre o tema.

De todo o modo, os impactos efetivos sobre as

relações de trabalho só poderão ser avaliados

quando e se o PL for aprovado pelo Senado e

sancionado pela Presidência da República.

Grupo Econômico

As decisões acerca da caracterização de grupo econômico na Justiça do Trabalho tendem a ser bastante abrangentes, muitas vezes em detrimento de aspectos fáticos determinantes no caso concreto, dificultando a discussão em sede de recurso de revista ao TST. A Décima Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho (“TRT”) da 2ª Região – São Paulo, entendeu que a administração de empresas por integrantes de um mesmo grupo familiar não é fato determinante para caracterização do grupo econômico trabalhista. É fundamental que exista interligação clara entre as empresas, seja por meio de prova quanto à administração comum, direção ou coordenação das atividades. (TRT-2ª Região - AP – 0140400-02.2006.5.02.0090, Rel. Maria José Bighetti Ordonõ Rebello, 2014). Essa decisão é importante porque pode ser o início de uma discussão mais adequada no âmbito trabalhista acerca da caracterização do grupo econômico.

Sucessão Trabalhista e Planos de Saúde

A Sexta Turma do TST manteve a decisão anterior do TRT que havia anulado a adesão da ex-empregada a um novo plano de saúde, oferecido por seu novo empregador, após a fusão das empresas. O TST tem entendimento bastante restritivo quanto à alteração de benefícios, o que deve ser analisado com cuidado na hipótese de fusão, aquisição e incorporação de empresas. A equalização de benefícios e a possibilidade de escolha entre os benefícios (antigo e novo) são temas de maior relevância e que não devem ser desconsiderados por gerar passivo trabalhista relevante. Além dos planos de saúde, objeto específico desta ação, enquadram-se no mesmo raciocínio os demais benefícios indiretos como, por exemplo, auxílio-alimentação, planos de previdência complementar, concessão de veículos, e assim por diante. (TST - AIRR-953-76.2011.5.042.022, Rel. Min. Kátia Arruda, 23.4.2015).

Autora: Manuela Mendes Prata (associada sênior/SP)

Revisão: Thais Galo (sócia)