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FACULDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
MARCIO DA SILVA DE CARVALHO
A RELEVÂNCIA DA ÉTICA NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE
RIO DE JANEIRO 2016.1
FACULDADE SÃO JUDAS TADEU CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
MARCIO DA SILVA DE CARVALHO
A RELEVÂNCIA DA ÉTICA NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE
Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso à Faculdade São Judas Tadeu como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis, sob a orientação do professor Fabiano de Almeida Oliveira.
RIO DE JANEIRO 2016.1
TERMO DE APROVAÇÃO
MARCIO DA SILVA DE CARVALHO
A RELEVÂNCIA DA ÉTICA NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE
Monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso à Faculdade São
Judas Tadeu como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências
Contábeis, aprovado pela seguinte banca examinadora:
____________________________________________ Professor Orientador Fabiano de Almeida Oliveira.
Faculdade São Judas Tadeu
____________________________________________ Professor Rubem Roberto Magalhães de Souza
Faculdade São Judas Tadeu
____________________________________________ Professor Vanderlei Mello de Oliveira
Faculdade São Judas Tadeu
Rio de Janeiro, 16 de Junho de 2016.
Dedico esse trabalho a minha família que
sempre estive comigo na saúde e na
doença e aos meus professores que me
ensinaram a ser uma pessoa melhor.
AGRADECIMENTOS
A DEUS pela presença constante em
todos os momentos da minha vida, e a
todas as pessoas, que de forma direta ou
indireta contribuíram para a conclusão
deste curso, em especial minha
companheira, Lindomar, que me
incentivou no ingresso a esse curso.
RESUMO
Exercendo suas atividades profissionais, o contador, pode trabalhar de diferentes maneiras, em diferentes segmentos. Pode atuar como contador de empresas, contador na área pública, auditoria independente, consultoria ou professor. Sem depender da forma ou seguimento onde trabalha, o profissional terá relacionado com sua função muitos fatores dos quais dependem de seu próprio discernimento. A performance do profissional e o comportamento ético do contabilista, quando se trata desses elementos, podem ser decisivos no sucesso ou fracasso de sua carreira profissional, sem depender do seguimento que você trabalha ou de sua formação profissional. As Instituições que se importam com o código de ética, estão procurando, em todo mundo, investir em programas de treinamento que programam a cada dia novos instrumentos de conscientização profissional, conforme o grau de maturidade de cada cultura organizacional. Casos que envolveram grandes empresas e governos de diferentes países que atestam a importância dos documentos de orientação ética para o comportamento de seus integrantes. Um deles é o da empresa norte-americana General Eletric que despendeu US$ 7,9 milhões, subornando um general israelense para que manipulasse uma concorrência para venda de armamentos ao governo de Israel, em 1992. A GE concordou em pagar multa de US$ 69 milhões por ter iludido o Pentágono e o Ministério da Defesa de Israel. Este puniu o general a 13 anos de prisão. O caso Enron, que foi o maior processo de falência do mundo. A Enron varria débitos para a sociedade com propósitos específicos das quais tinha participações majoritária, mas por normas contábeis duvidosas, não eram consolidadas no balanço final, resultando em lucros superestimados de US$ 591 milhões, e dívidas não registradas no último balanço de US$ 628 milhões (dados preliminares). A ética empresarial determina o comportamento da empresa quando ela age com princípios morais seguindo regras aceitas pela coletividade. O bem comum da instituição está vinculado à atuação ética da empresa nas teorias do utilitarismo, do dever ético contratual, substancia e segue alguns conjuntos de regras éticas formalizadas, tal como, o Código de Ética Profissional dos Contabilistas. Palavras-chave: Código de ética, Ética empresarial, Ética do contador.
ABSTRACT
Performing his professional duties, the counter can work in different ways, in different segments. Can act as counter companies, accountant in the public area, independent auditing, consulting or teacher. Without depending on the form or follow where you work, the professional will related to its function of many factors which depend on their own judgment. The performance of professional and ethical behavior of the accounting officer, when it comes to these elements may be decisive in the success or failure of his career without relying tracking you work or your training. The institutions that care about the code of ethics, are looking all over the world, invest in training programs that schedule every day new professional awareness instruments, as the degree of maturity of each organizational culture. Cases involving large companies and governments of different countries that attests to the importance of ethical guidance documents for the behavior of its members. One is the US General Electric company spent US$ 7.9 million, bribing an Israeli general to manipulate competition for the sale of arms to the government of Israel in 1992. GE has agreed to pay a fine of US$ 69 million to have eluded the Pentagon and the Ministry of Defense of Israel. This has punished the general to 13 years in prison. The Enron case which was the world's largest bankruptcy proceedings. Enron swept debts to society for specific purposes which had majority stakes, but for dubious accounting rules, were not consolidated in the balance, resulting in overstated profits of US$ 591 million, and liabilities not recorded in the last balance sheet of US$ 628 million (preliminary data). Business ethics is the company’s behavior when it acts with moral principles following rules accepted by society. The common goodness of the institution is bound by the ethical performance of the company in utilitarian theories of contract ethical duty, substance and follows some set of formalized ethical rules, such as the Code of Professional Ethics of Accountants.
Keywords: Code of ethics, Business ethics, Ethics counter.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 9
1- A ÉTICA ............................................................................................................ 10
1.1- DEFINIÇÃO DE ÉTICA ....................................................................................... 10
1.2- A MORAL E OS COSTUMES (ÉTHOS).............................................................. 11
1.3- PROBLEMAS MORAIS E ÉTICOS ..................................................................... 12
1.4- CAMPO DA ÉTICA ............................................................................................. 14
1.5- FONTES DAS REGRAS ÉTICAS ....................................................................... 14
2- O CONTADOR E O NOVO MERCADO GLOBALIZADO ................................. 17
3- A RESPONSABILIDADE SOCIAL, ECONÔMICA E PENAL DO CONTADOR 19
4- FRAUDES CONTÁBEIS E EMPRESARIAIS .................................................... 21
4.1- O CASO ENRON ................................................................................................ 21
4.2- O CASO TYLENOL (1982) .................................................................................. 24
5- O CÓDIGO DE ÉTICA EMPRESARIAL ........................................................... 27
6- O CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL CONTADOR ............................... 29
7- PRESCRIÇÃO NORMATIVA DE CONDUTA ................................................... 32
8- AUDITORIA INDEPENDENTE ......................................................................... 34
9- O PROFISSIONAL PERITO ............................................................................. 35
10- O PROFISSIONAL AUDITOR .......................................................................... 36
11- O PROFISSIONAL CONTADOR ...................................................................... 37
12- O PROFISSIONAL PROFESSOR .................................................................... 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 40
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 41
ANEXOS ..................................................................................................................... 43
9
INTRODUÇÃO
A convivência social leva as pessoas travarem, entre si, diariamente, grande
número de relacionamentos. Esse aspecto tem por base a necessidade e interesse
de atingirem seus objetivos, que podem ser de natureza individual ou coletiva. Esses
relacionamentos são motivados por aspectos da forma em que o ser humano se
comporta que tais aspectos recebem influência das crenças e valores que cada
indivíduo carrega. É natural que conflitos surjam entre pessoas envolvidas nos
vários tipos de relacionamentos existentes em uma sociedade, é normal a
perseguição pelas partes de objetivos antagônicos.
Como, por exemplo, o caso de uma pessoa que entra numa loja com o
objetivo de adquirir um aparelho eletrodoméstico. Certamente na loja encontrará
alguém com o objetivo de vender eletrodomésticos. Para ambos os objetivos, tanto
para o de comprar e o de vender sejam concretizados, é imprescindível que um
relacionamento comercial seja mantido pelas partes.
Perceba que no relacionamento envolverá pessoas com objetivos opostos,
uma objetiva comprar, enquanto outra deseja vender. Desse relacionamento, várias
questões podem surgir, tais como, marca e preço do produto e condições de
pagamento, e prazo de entrega.
Na discussão para resolver tais questões, cada lado assumirá uma posição e
comportamento próprios, dentro daquilo que acredita ser certo e justo para a
situação. Desse modo os objetivos individuais só serão atingidos caso ambas as
pessoas, não obstante as posições opostas, cheguem a um ponto em comum. Essa
circunstância é de caráter particular e requer decisões simples de serem tomadas, e
repete-se diariamente na sociedade.
Já outras questões de caráter coletivo requerem soluções mais difíceis para
serem resolvidas. O principal desafio dessas questões é encontrar o ponto de
entendimento, se possível eliminando os conflitos, ou no mínimo atenuando essa
situação para as pessoas envolvidas.
O presente trabalho foi desenvolvido de pesquisas em órgãos gestores de
informações contábeis e procurando o perfeito alinhamento com todas as normas
contábeis da atualidade e leis da sociedade, visando o bom desempenho, e difusão
da Ética para a sociedade.
10
1- A ÉTICA
1.1- DEFINIÇÃO DE ÉTICA
No nascimento cada indivíduo tem seu próprio berço, que será para ele a
principal referência de tudo na vida, a família e o conjunto de condições que o
cercam, a classe econômica, a religião e o país em que nasceu.
Em primeira condição cada pessoa recebe um grupo de informações a
respeito à forma de viver, deixadas pelos seus ancestrais, passada de pai para
filhos, da forma de viver, assuntos da sociedade que lhe cercam, de suas crenças e
da justiça social. Seu comportamento, o modo de agir, e até mesmo a forma de se
vestir é fortemente influenciado pelas pessoas que o cercam e pelas condições que
lhe são adicionadas durante toda vida. Cada pessoa está dirigida por essas
informações que lhe são passadas durante sua existência.
Em sua etimologia, a Ética vem do grego ethos, que significa “modo de ser”
ou “caráter”, forma de vida adquirida ou conquistada pelo homem. A moral vem do
latim mos ou mores, “costume ou costumes”, no significado de conjunto de mormas
ou regras adquiridas pelo hábito.
Segundo Vázquez (2008, p.23) “A ética é a teoria ou ciência do
comportamento moral dos homens em sociedade, é ciência de uma forma específica
de comportamento humano.”
Para Sá (2009, apud MACHADO, 2012) ética é a ciência que rege a forma
que o ser humano se comporta, de si próprio e de sua sociedade.
Segundo Lisboa (1997, apud MACHADO, 2012) cada pessoa ao nascer tem
sua própria forma de viver em relação a sua família e as pessoas que o cercam, sua
condição de vida, classe social e religião. Que também pode mudar conforme
mudarem seus referenciais da forma que vivem sua existência.
Lisboa também conceitua ética como parte da filosofia do que é certo ou
errado, do que é bom e do que é mal.
Segundo Sá (2001, apud GOLVÊIA, 2006, p.86). A forma que as pessoas se
comportam não é instável, diante das modificações sofridas nas condições que
cercam cada pessoa durante a vida; também depende da capacidade individual de
cada um de entender e analisar as informações que lhe são passadas, isso pode
mudar seus valores e seu comportamento e influenciar novas pessoas, sabendo-se
11
que na sociedade existem pessoas imperativas no modo de viver. Pessoas buscam
satisfazer suas necessidades, adaptarem-se ao ambiente que o cerca, elas
precisam alimentar-se, se vestir, se divertir, para isso precisam buscar trabalho e em
seguida obedecer a ordens de chefia. O interesse na busca da satisfação de suas
necessidades influencia diretamente nas mudanças das condições que o cercam em
todas as fases da vida.
A Ética ao ser definida como um conjunto sistemático de conhecimentos
racionais e objetivos ao comportamento humano moral, se opõe a sua definição
tradicional que a simplifica em um simples capítulo da filosofia, e desenrola-se ao
estudo de diversos fatores que evidenciam claramente as diferenças entre ética e
moral. A ética está para a reflexão, assim como a moral está para o comportamento
adquirido por hábito. (VÁZQUEZ, 2008, p.24).
1.2- A MORAL E OS COSTUMES (ÉTHOS)
Desde o nascimento e durante toda sua existência o homem vive em
sociedade; “o homem é um animal social por natureza” (LISBOA, 2014, p.16). Viver
em sociedade é uma condição humana, virtude de várias sociedades que tornam
sua sobrevivência segura e dão continuidade a sua espécie. De diversas naturezas
são os relacionamentos estabelecidos no cotidiano pelo ser humano. Começa pelo
relacionamento primário que ocorre entre os pais e filhos, e assim durante sua
existência atingem inúmeros outros relacionamentos, na escola, no trabalho, na
religião, saúde e lazer. Cada relacionamento tem razão particular para existir e
busca determinado objetivo.
Podemos então dizer que cada um deles é uma formação de sociedade em
particular. Como por exemplo: uma sociedade matrimonial; sociedade religiosa;
sociedade militar; sociedade empresarial; sociedade de trabalho.
A quantidade de relacionamentos entre membros de determinada sociedade e
entre várias outras, torna complexa a vida comum. Essa complexidade existe pelo
fato de uma pessoa fazer parte de várias sociedades, que podem buscar atingir
objetivos opostos. Todas as sociedades estão relacionadas entre si de alguma
forma, inclusive no que é pertinente aos países. Com base nessa visão ampliada,
todos os homens, em primeiro plano, formam uma única sociedade, a sociedade dos
habitantes terrestres. A partir daí, são derivadas todas as demais sociedades: os
12
habitantes dos países, dos estados, das cidades, os integrantes das profissões e
das religiões. Por meio de sua necessidade, cada homem está obrigado a viver com
os demais, e esta convivência ultrapassa fronteiras entre as pessoas, para atender
seus interesses durante o percurso de sua vida para alcançar seus objetivos. Para a
pessoa em particular, e a sociedade em que convive, obriga-se a manter
relacionamentos com as demais. A própria sobrevivência da raça humana depende
desses fatores.
1.3- PROBLEMAS MORAIS E ÉTICOS
Mesmo se as pessoas fizerem parte da mesma sociedade, não significa que
elas sejam iguais, que pensem da mesma forma, que acreditem nas mesmas coisas,
que individualmente busquem o mesmo objetivo, que precise atender as mesmas
necessidades. Cada pessoa carrega seus próprios valores e suas próprias crenças,
busca alcançar seus interesses particulares a fim de suprir suas necessidades; ela
tem sua própria maneira de se comportar-se.
A procura de objetivos diferentes por parte das pessoas que se comportam de
maneira desigual, na busca de interesses distintos, inclusos nas sociedades, produz
conflitos de desejos entre os indivíduos ou contra as sociedades. Algumas vezes é
preciso decidir qual interesse atender em primeiro plano, qual comportamento deve
adotar diante de algumas situações, decidir o que é justo, o que é certo, o que é
errado, o que é bom, o que é ruim. Em várias situações, dependendo do
comportamento adotado pelas pessoas ou pela sociedade como um todo, é possível
haver como consequência prejuízos que atingem tanto quem tomou a decisão em
defesa de seu próprio interesse, quanto para quem teve seu interesse contrariado.
O cotidiano apresenta várias situações, nas quais, em virtude das decisões
tomadas, os comportamentos assumidos, dos interesses contrariados, prejuízos
individuais e coletivos são causados. Como por exemplo:
Um carro que avança um farol vermelho;
Funcionário que aceita um suborno;
Marginal que realiza um assalto;
Briga entre torcidas de times rivais;
Guerra entre dois povos e etc.
13
Percebe-se que mesmo que a humanidade seja obrigada a viver em
sociedade, nem sempre tem convivência pacífica, sendo tanto mais difícil quanto
maiores forem os conflitos de interesses existentes. Quanto maior for a distância
entre as sociedades, mais difícil torna-se a solução dos conflitos.
A questão colocada é: o que é direito quando o interesse de uma determinada
pessoa contraria o de outra, isto é, o que é certo ou errado, bom ou ruim, justo ou
injusto para as pessoas?
Todos os problemas que estão presentes em qualquer grupo social, são
relacionados com a forma que as pessoas se comportam e podem ser apontados de
modo geral problemas ligados a Ética. Considerando que cada indivíduo não vive
sem os demais, torna-se essencial que seus conflitos de interesses sejam
ultrapassados e que se estabeleça um tipo comum de comportamento, que mesmo
não servindo para um elemento em particular, mas sirva para o beneficio da
sociedade no todo.
Ética é um ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau,
certo ou errado.
O uso popular do termo “ética” implica em diferentes significados.
Para os filósofos, a ética é o estudo teórico do padrão de julgamentos morais
(LISBOA, 2014, p.30).
A ética como expressão do pensamento correto, leva a ideia de universidade
moral, a forma ideal universalizada do comportamento humano, expressa em
princípios que são válidos para todo pensamento moral sadio (LISBOA, 2014, p.30).
As pessoas não são totalmente boas ou más, não basta apenas ditar normas
de conduta para que os indivíduos ajam com probidade e decência. É preciso
controles e sanções compatíveis, que coíbam e intimidem os infratores.
O problema principal da ética é o de analisar o que significa e onde nasce o
comportamento humano. Um dos conceitos da ética nos negócios é que tudo que
está em conformidade com princípios de conduta é ético (LISBOA, 2014, p.30).
De acordo com o uso comum, os termos moral, bom, certo, justo, honesto,
são sinônimos de “ético”. Como um ramo da filosofia a ética influenciou e foi por ela
influenciada.
A Ética é um discurso de legalidade que está no coração da ideologia de
construir uma relação social que pode ser visualizada como uma relação de poder,
poder do que é certo e do que é justo (LISBOA, 2014, p.30).
14
1.4- CAMPO DA ÉTICA
Os dilemas morais surgem por causa do tipo de comportamento dos
indivíduos, e estão relacionados com o cotidiano de cada sociedade. O mesmo
comportamento pode ser visto por outra sociedade como imoral, enquanto diante de
outra sociedade pode ser moralmente correto.
É exemplo de fato normal de nossa sociedade condenar o ato de roubar, por
outro lado um chefe de família pode acreditar que possa roubar caso sua família
passe por necessidades e privações, e tomar isso como pretexto e justificativa pelo
ato doloso. Tratamos do fato de justificação dos valores que dão suporte a ação.
Existe um dilema moral que julga a ação de determinado indivíduo, ou grupo
de indivíduos, contrariando aquilo que genericamente a maioria da sociedade
acredita ser comportamento correto para a situação.
Observando qualquer sociedade, nota-se a existência de dilemas morais. São
os reflexos das ações das pessoas. Surgem no momento em que diante de uma
situação qualquer, o ato de algum indivíduo ou de um grupo de indivíduos, contraria
aquilo que uma sociedade estabeleceu como padrão de comportamento para aquela
situação.
O comportamento do individuo, é fruto dos valores de cada crença, e sofre
alterações ao longo da história. O fato significa que aquilo que sempre foi
considerado como um comportamento amoral pode, a partir de algum momento,
passar a ser visto como um comportamento correto a luz da moral. Os problemas
provenientes do comportamento do ser humano encontram-se inseridos no campo
de preocupações da Ética. Mesmo que não torne os indivíduos moralmente
perfeitos, a ética tem por função investigar e explicar o comportamento das pessoas
ao longo das várias fases da história.
Essa função tem grande importância, tanto no sentido de explicar o passado,
quanto servir de base regulamentar para fixar padrões de comportamentos, aceitos
pela maioria, para diminuição dos conflitos de interesses dentro da sociedade.
1.5- FONTES DAS REGRAS ÉTICAS
O postulado, no qual a Ética seria função da realidade social é motivo de
controvérsias entre filósofos e sociólogos, considerando que os diversos sistemas
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éticos (dos médicos, dos contadores, dos empresários, consumidores) têm o mesmo
valor, desde que regulados pela realidade social.
Durkheim reconhecia que há “elevados valores humanos”, nos quais se
exprime a civilização; ou seja, o dia a dia do cidadão constitui uma fonte de regras
éticas (LISBOA, 2014, p.38).
As origens das regras éticas podem ser citadas (LISBOA, 2014, p.45):
a. A natureza humana verdadeira;
b. A forma ideal de comportamento humano, expressa de princípios
valiosos para o pensamento sadio;
c. A procura refletida dos princípios do comportamento humano;
d. A legislação de cada país, dos foros internacionais, ou os códigos de
ética de cada corpo profissional organizado;
e. Os costumes (éthos).
Não existe um consenso entre os estudiosos no que diz respeito às origens
citadas. Na opinião de alguns filósofos, não existiriam duas naturezas humanas, ou
seja, uma verdadeira e outra falsa, mas uma só, fonte maior das normas éticas
(LISBOA, 2014, p.45).
Segundo outros autores, a realidade social é a maior fonte das regras éticas,
ela influencia o comportamento das pessoas, mostra durante suas vidas, o que é
certo e o que é errado.
A reflexão sobre como as pessoas se comportam no cotidiano irá indicar com
clareza, quais as origens do comportamento social aceito, o comportamento ético.
As regras que regem a ética nas sociedades, como nas sociedades de
profissionais, estejam elas definidas de maneira formal ou não, são estabelecidas
com bases em situações que contemplam o comportamento adequado das pessoas
que integram a sociedade diante de determinada situação.
Qualquer ato que desrespeita uma regra estabelecida e aceita pela
sociedade, independente de sua natureza, representa uma falta de ética.
O ato de sonegar Imposto de Renda, além de representar uma transgressão
das normas fiscais é um ato de falta de ética e é um crime fiscal.
Da mesma forma quando alguém assalta um banco, além de um crime penal,
essa pessoa teve uma atitude antiética.
16
As pessoas diante de determinadas situações tendem em decidir entre
cumprir ou quebrar uma regra. Nesse momento dois fatores pesam nesta decisão:
(1) o benefício que a violação da regra proporcionará; (2) o custo de sofrer a
penalidade pela quebra da regra (LISBOA, 2014, p.47).
A organização de qualquer sociedade está pautada num conjunto de regras,
que de modo geral, abordam situações do cotidiano da sociedade.
As regras que regem as sociedades se apresentam de vários modos,
formalmente impostas através das leis, ou informais, coercitivas ou facultativas, elas
podem ser segregadas por fatores como, natureza, objetivo, competência de quem
as determina, abrangência (LISBOA, 2014, p.46).
É normal na natureza humana que algumas pessoas optem por cumprir as
regras, por serem obedientes às mesmas; outras obedecerão às regras para não
sofrer as penalidades, mesmo que não concordem; e outras descumprirão as regras
e sofrerão o risco da penalidade.
Uma vez que o exercício profissional tem suas próprias regras, também tem
as punições normais contidas no Código Penal. Os profissionais especialistas, ao
desrespeitarem qualquer regra, assumem o risco das penalidades inerentes da
profissão.
O convívio harmônico em sociedade trará benefícios a partir do momento em
que todos se disponham em proteger os valores éticos. Para isso os valores devem
ser claros, amplamente difundido, e válido para todos.
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2- O CONTADOR E O NOVO MERCADO GLOBALIZADO
Hoje é preciso ter uma nova visão e mais abrangente das condições de
trabalho exigidas pelo mercado globalizado através de diversas mudanças em ritmo
acelerado. Todas as profissões passam por novos planejamentos para adaptarem-
se as mudanças do mercado globalizado e os novos preceitos surgidos tornam o
mercado mais exigente e exige a adaptação das empresas para manter sua
atividade competitiva.
O mundo passa por novas descobertas, com novas descobertas surgem
novas ideias influenciando no modo de agir, impondo novas regras. Estamos
vivendo, em uma nova sociedade dinâmica, instável, evolutiva e de transformação.
Diante desse senário, é necessária a atualização do profissional de
contabilidade para superar as novas barreiras surgidas pela competividade em
mudanças aceleradas do mercado globalizado. Em uma economia que se
desenvolve, o contador se destaca profissionalmente.
O contador na década de 1960 era chamado de ”guarda-livros”. Esse conceito
mudou. No Brasil atual a contabilidade está voltada para o enfoque gerencial, não se
prende somente em simples registros ou somente para atender o fisco. Conhecer o
passado é fundamental para compreender o presente e construir um futuro melhor
para a profissão contábil.
Segundo Marion (2007, p.33), o profissional de contabilidade é responsável
por gerar informações e pelo armazenamento dos dados, os quais serão utilizados
especialmente pelos empresários para tomada de decisões. O trabalho do contador
possui grande influência na sobrevivência das empresas. O autor considera que o
contador deva ser o intérprete das informações geradas, pois não adianta apenas
apurar os dados, é necessário que os gestores entendam claramente os relatórios
gerados. Os profissionais contábeis têm grande influência no processo decisório das
empresas, o que lhe confere grande responsabilidade. Espera-se, assim, que o
profissional tenha uma postura ética, elabore relatórios com clareza e de fácil
entendimento, seja um profissional íntegro e retribua a confiança depositada em seu
trabalho.
O profissional de contabilidade desempenha significante função na análise e
aperfeiçoamento da ética na profissão contábil, porque situações e cobranças de
sua consciência ética sempre o rodeiam, o profissional deve ser firme em suas
18
decisões, prestar informações claras e concisas de seus registros contábeis, e agir
de forma correta com o que for lícito.
Na ética contábil, os contadores convidados a assinarem demonstrações
contábeis fraudulentas ou com omissões, devem abster-se, e propor soluções
alternativas que estejam em comum acordo com os interesses da empresa e que
sigam os preceitos éticos, sem ferir as normas contábeis. Se a empresa não se
importar com a contabilidade, isso será falta de ética profissional, e estará
demonstrando incompetência nas suas atitudes.
Segundo Lisboa (1997, apud MACHADO, 2012) a competência profissional é
principio ético que deve nortear os procedimentos de elaboração de uma
contabilidade confiável.
A empresa que não leva sua contabilidade a sério e não segue os
procedimentos contábeis corretamente tem forte tendência a criar uma cultura
negativa que será difundida para outras empresas causando problemas futuros na
sua organização, podendo levá-la a falência, com sérias consequências judiciais.
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3- A RESPONSABILIDADE SOCIAL, ECONÔMICA E PENAL DO
CONTADOR
A contabilidade tem importante papel em qualquer entidade administrativa,
sendo elas de pequeno, médio, e grande porte. As informações geradas na
contabilidade são necessárias para atender a inúmeros usuários das informações
contábeis: sócios, acionistas, auditores, instituições financeiras, governo,
investidores, o fisco e outros.
Tão quanto é exigido, importante e interessante para seus usuários, tamanha
é a responsabilidade pela veracidade das informações geradas pelo profissional
contábil.
Com o Código Civil que entrou em vigor no dia 11 de janeiro de 2003, através
da Lei 10.406/2002, mais especificamente em seus artigos 1.177 e 1.1778, os
profissionais de contabilidade passam a ter, junto com seus clientes, a
responsabilidade pelos atos dolosos perante terceiros através da responsabilidade
solidária e também respondem pessoalmente perante aos seus auxiliares e
delegados pelos atos culposos.
O Código Civil em questão possui 18 artigos relacionados ao contabilista e à
escrituração contábil: os artigos 1.177 a 1.195 da Seção III – Do Contabilista e
Outros Auxiliares. Os artigos relevantes ao presente estudo são os artigos 1.177 e
1.178:
Art. 1.177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele. Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos. Art. 1.178. Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados por escrito. Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somente obrigarão o preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor.
Através dessa ampliação da responsabilidade civil, estendendo-se ao
profissional de contabilidade, a relação do contabilista com seus clientes passou por
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mudanças, pois diante desse cenário se produz uma relação transparente entre o
contador e seus clientes, e reorganiza a contabilidade de forma que atenda as novas
normas estabelecidas para a realização dos serviços contratados. Para atender as
mudanças, o profissional de contabilidade tem que estar em constante atualização e
agir conforme os princípios éticos.
O contabilista, se tratando em casos de prestadores de serviços, também têm
suas responsabilidades previstas no Código de Defesa do Consumidor. O seu art.14
determina que o fornecedor dos serviços responda pela reparação de danos
causados aos consumidores em decorrência de informações insuficientes ou
inadequadas que possam trazer riscos aos consumidores. No caso dos profissionais
liberais, o §4º prevê que a responsabilidade será apurada mediante a comprovação
de culpa.
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4- FRAUDES CONTÁBEIS E EMPRESARIAIS
A fraude contábil ocorre quando um ato doloso é cometido intencionalmente
para lesar ou prejudicar alguém, o erro contábil não tem esse propósito. A fraude
também ocorre quando se comete um erro premeditado a fim de prejudicar terceiros.
No Brasil o Conselho Federal de Contabilidade regulamenta:
Norma n.11.1.4.1 – Para os fins destas normas, considera-se: a) fraude, o ato intencional de omissão ou manipulação de transações, adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis; e b) erro, o ato não intencional resultante de omissão, desatenção ou má interpretação de fatos na elaboração de registros e demonstrações contábeis.
Para Sá (2001, apud GOLVÊIA, p.88) em relação às fraudes contábeis
existem vítimas e agentes, elas podem ser cometidas por qualquer indivíduo da
relação empresarial tais como: o acionista ou sócio, o administrador da empresa, a
empresa como um todo, o fornecedor, o cliente, o banco, o governo, o empregado.
As fraudes contábeis podem, portanto, ser cometidas contra a empresa por seus
funcionários; pelas empresas contra o governo ou contra o mercado; pelo
funcionário contra o governo, entre outros, alternando-se a posição de vítima e de
praticante.
4.1- O CASO ENRON
Um dos maiores processos de falência do mundo foi o caso da ENRON, que
envolveu ativos de US$ 63 milhões, perdas de US$ 32 milhões em valor de mercado
para as ações, e de quase US$ 1 bilhão de perdas para o fundo de pensão dos
funcionários.
Os baixos padrões morais de seus principais executivos, os frágeis padrões
de governança corporativa, falhas cometidas por auditores da empresa Arthur
Andersen LLP, fizeram dessa falência um caso polêmico.
A falência da Enron ocorreu durante um surto de irracionalidade provocado
pela alta das ações das empresas de alta tecnologia integrantes da Nova Economia.
Além disso, foi impulsionada pelo fato da desregulamentação do mercado de
energia e gás, ocorrido entre 1999 e 2000.
22
A nova visão da economia introduziu um paradigma: os ativos mais
importantes das empresas de alta tecnologia, não são as fábricas ou máquinas
declaradas como patrimônio em suas demonstrações contábeis, mas sim os ativos
intangíveis constituídos pelas marcas, clientes e tecnologias que desenvolvem. Nos
padrões contábeis tradicionais os gastos em pesquisa para criar um software ou em
marketing para construir uma marca, são registrados como custos correntes,
gerando prejuízos. Para algumas empresas de tecnologia, entende-se como ativos
intangíveis recuperáveis no futuro, pois em alguns casos, esse gasto constitui uma
despesa e não um investimento.
Essa prática da contabilidade torna alguns indicadores financeiros, como o
preço/lucro, inadequados para os investidores, pois não significa que esteja
efetivamente entrando dinheiro nas empresas, na medida em que não podem mais
confiar nos balanços elaborados nos critérios convencionais para por preço
adequado às ações das empresas de alta tecnologia. Na falta de parâmetros
confiáveis em um ambiente de ganhos fáceis, o mercado valorizou demais os
intangíveis, gerando uma enorme diferença entre as empresas feitas por um
mercado convicto e o que representava de fato um retorno econômico.
Nos anos finais a desonestidade no meio empresarial foi estimulada pelos
lucros provenientes do crescimento continuo do valor das ações, e do valor de
empresas da Nova Economia em especial, o que é propício à oferta de dinheiro fácil.
Essa oferta instigada pelo setor de alta tecnologia, que fez uso intenso da
“contabilidade pro forma” para melhorar resultados, e o processo de elaboração de
orçamento interno implica em um volume aumentado de autoengano.
Desde 1997, as atividades da Enron não se restringiam mais ao mercado de
distribuição de eletricidade e gás natural, pois a empresa diversificava fortemente
suas atividades, tendo lançado em novembro de 1999 o site Enron Online, o maior
portal de comercio do mundo, que intermediava 6 mil transações dias. Nos últimos 2
anos o portal negociou US$ 880 bilhões, envolvendo a capacidade de transmissão
de dados a derivados do mercado financeiro, passando por aço, papel,
petroquímicos, carvão, emissões de gás e, naturalmente, energia elétrica. Obtendo
em 1998 lucros de US$ 698 milhões, que passaram para cerca de 1,2 bilhões em
2000, sendo que 80% desses resultados vieram de transações de novos mercados
que não tinham sido explorados 3 anos antes.
23
Juntamente com o crescimento dessas atividades, que tornaram a Enron uma
empresa da Nova Economia, a Enron se beneficiava de seus ativos fixos, compostos
por usinas e gasodutos, para concentrar-se na compra e venda de contratos de
fornecimento. Acreditavam que, para ganhar dinheiro, a empresa não precisava ter
ativos, bastava comprar e vender o que os ativos geram e mostrar os lucros gerados
em seu balanço. A empresa atuava, na prática, mais como um banco de
investimentos do que uma produtora de gás e energia, com a vantagem de não estar
sujeita a regulamentos rigorosos de um banco comercial.
No final de 1996, as ações estavam cotadas em 21,50 dólares, tendo
ultrapassado o valor de 40 dólares no final de 1999. O ano de 2000 foi muito bom
devido aos efeitos da desregulamentação do mercado de gás e energia, o que
colocou o valor das ações em outro patamar, oscilando em torno de 90 dólares.
No começo de 2001, a Enron passou por sérios problemas: o
desabastecimento de energia na Califórnia e a queda das ações no mercado
associada com os documentos da empresa, mais à NASDAQ (bolsa eletrônica das
empresas da nova economia) do que a Dow Jones (bolsa de valores de empresas
de economia tradicional). Essa situação levou a queda do preço da ação no decorrer
do primeiro semestre de 2001, que caiu para um patamar de 60 dólares. E ainda
surpresas maiores a esperavam para o 2º semestre: o valor das ações despencou
99% durante as sete semanas anteriores ao pedido de concordata pela empresa em
30.11.2001, ficando cotada a 67 centavos de dólar.
No último trimestre daquele ano os fatos sucederam-se rapidamente: em
setembro de 2001 começou a circular um boato a respeito da saúde financeira da
empresa; em outubro a empresa informou um prejuízo de US$ 618 milhões no
terceiro trimestre, reduziu seus ativos em US$ 1,2 bilhões. A nota de dívida da
empresa foi cortada pelas agências de classificação de risco; em novembro desse
mesmo ano a empresa admitiu ter inflado seus lucros em US$ 586 milhões ao longo
dos 5 anos anteriores; nesse mesmo mês, fracassa sua última cartada: a fusão com
a empresa rival Dynergy.
Assim, o mercado soube a verdade: A Enron varria débitos para a sociedade
com propósitos específicos das quais tinha participações majoritária, mas por
normas contábeis duvidosas. Não eram consolidadas no balanço final, resultado em
lucros superestimados de US$ 591 milhões e dívidas não registradas no último
balanço de US$ 628 milhões (dados preliminares).
24
Antes de o escândalo vir à tona, executivos da Andersen passaram horas
apagando arquivos de computador e destruindo documentos no triturador de papel.
Duas semanas depois de vir à tona o escândalo, o executivo-chefe da Andersen,
Joseph Bernardino demitiu o responsável pela conta da Enron e mais cinco outros
executivos graduados, além de publicar uma retratação pública. Em 10 de janeiro, a
Andersen confessou que seus funcionários eliminaram ou deletaram um numero
significativo, mas indeterminado de documentos relacionados com a auditoria feita
pela empresa Ana contabilidade da Enron.
Em decorrência dos escândalos financeiros do período, inclusive o da Enron
que drasticamente afetou o futuro da empresa de auditoria Arthur Andersen, foi
redigida a Lei Sarbanes-Oxley para garantir a geração de mecanismos e segurança
das informações de auditoria e torná-las mais confiáveis nas empresas, agregando
normas para criação de comitês designados a supervisionar suas atividades e
operações, evitando fraudes e facilitar o meio de identificá-las, se ocorrerem, dando
garantia à transparência nos modelos de gestão das empresas. (BERGAMINI JR,
Ética empresarial e contabilidade: O caso Enron).
4.2- O CASO TYLENOL (1982)
O medicamento Tylenol tinha 35% do mercado de analgésicos para adultos
nos EUA, US$ 450 milhões vendidos por ano e 15% dos lucros da empresa que o
fabrica.
Em 29 de setembro de 1982, 7 pessoas na periferia de Chicago morreram
após tomarem cápsulas de Tylenol Extra-Forte. O produto passou a ser visto de
maneira negativa em todo os EUA, era fabricado pela empresa Mc Neil Consumer
Products Company, que afirmavam que o produdo foi adulterado.
Jornalistas descobriram que o cianeto era utilizado como agente analítico
para testar o Tylenol, nos estágios de matéria-prima e no produto final. Criou-se uma
dúvida sobre se as mortes teriam sido causadas por que o Tylenol teria sido
contaminado com o cianeto na sua fabricação.
Os dirigentes da empresa Johnson & Johnson decidiram abrir totalmente as
portas da empresa para os jornalistas, assim manteriam o público informado para
que enfrentassem o problema. A primeira decisão tomada com total consentimento
25
da direção da empresa, foi colaborar inteiramente com os veículos de comunicação.
A imprensa foi autorizada a alertar o público sobre o perigo.
Verificou-se mais tarde que nenhuma reunião tinha sido marcada para tomar
essa decisão importante. Os envenenamentos precisavam de uma atitude imediata
para proteger o consumidor. A empresa não teve nenhuma dúvida em se manter
transparente e à disposição da imprensa para esclarecimentos dos fatos.
Teve como sugestão culpar a Mc Neil Consumer Products Company pelo
ocorrido, mas essa sugestão foi rejeitada pelos diretores da Johnson & Johnson, que
tomaram essa decisão como falta de ética.
Para sustentar sua tradicional credibilidade junto ao público a Johnson &
Johnson assumiu o ônus do problema.
Durante a investigação concluíram que os componentes do cianeto, causador
dos envenenamentos, não eram usados na produção do Tylenol, só eram utilizados
nos Laboratórios da Mc Neil para realização de testes. Nestes termos conclui-se que
a Johnson & Johnson também era vítima. Essa explicação foi bem aceita pela
imprensa que cobria o assunto, e foram lançados 125 mil noticiários jornalísticos
com notícias do caso Tylenol, todos eles favorecendo a empresa.
Fonte: The Daily Herald (1982)
26
A cotação das ações da companhia despencou sete pontos, a quota
participativa do Tylenol no mercado dos EUA desceu para 87%, teve recolhimento
do produto de todas as prateleiras dos EUA. Com um prejuízo de US$ 50 milhões,
foram retiradas todas as propagandas do Tylenol.
A Johnson & Johnson teve que investir muito na verdade dos fatos e na
defesa do Tylenol.
Uma nova oportunidade de marketing surgiu com a superação da crise e a
divulgação jornalística. Houve uma boa resposta dos consumidores quando o
produto foi recolocado no mercado, 65% das vendas foram recuperadas, resgatando
a imagem da empresa.
Diante do exposto fica a lição que tomar decisões corretas sempre será válido
diante de uma causa justa, porque o público espera um posicionamento ético e
atitudes dignas. Dessa forma a empresa sempre terá uma boa imagem. (PREZI,
Johnson & Johnson: O Caso Tylenol – 1982).
27
5- O CÓDIGO DE ÉTICA EMPRESARIAL
O código de ética profissional, apesar de servir para coibir procedimentos
antiéticos, não tem esse como seu principal objetivo. Seu objetivo principal é
expressar e encorajar o sentido da justiça e decência em cada indivíduo do grupo
organizado (LISBOA, 2014, p.59).
A principal condição para se ter um código de ética efetivo é a liderança
dentro da organização. Isso não significa que esse conjunto de procedimentos deva
ser imposto de cima para baixo, da administração para os funcionários, mas também
que os administradores se disponham a segui-lo antes de todos.
O conteúdo do código de ética tem de ser consensual perante todos do grupo,
seus preceitos devem abranger a todos os membros da organização, ou da
instituição.
O código de ética varia de organização para organização. Ele se diferencia
em conteúdo, extensão e formato. Entre os vários códigos de éticas existentes, eles
podem ter conteúdos assemelhados. Exemplificando itens que podem constar em
um código de ética (LISBOA, 2014, p.59):
a. Dividir tudo (rotinas de trabalho, novas descobertas etc.);
b. Ser justo;
c. Não magoar as pessoas (elas vão te magoar também);
d. Colocar no lugar certo as coisas que tirou;
e. Limpar suas próprias sujeiras;
f. Não pegar o que não é seu;
g. Comida e leite quente fazem bem a você;
h. Levar uma vida balanceada;
i. Tirar uma soneca á tarde;
j. Quando você sair para o mundo, repare a movimentação, cumprimente
as pessoas ao seu redor, seja leal;
k. Prestar atenção em curiosidades.
Ou, sucintamente:
a. Seja honesto;
b. Seja responsável;
c. Seja eficiente;
28
d. Seja preparado;
e. Seja digno;
f. Seja justo;
g. Seja bondoso.
Um código de ética deve conter normas sobre obrigações do grupo
organizado sobre áreas, como: competência, sigilo, integridade e objetividade
(LISBOA, 2014, p.61).
29
6- O CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL CONTADOR
O código de ética é um corpo de princípios relacionando as práticas de
comportamento permitidas e proibidas no exercício da profissão.
Um ponto importante para programar uma administração ética, é distinguir o
que deve ser feito entre dois conceitos que fundamentam a ética: a questão ética e
os dilemas éticos (LISBOA, 2014, p.62). A questão ética está relacionada a como
está construído o problema.
Se um alto executivo mente e viola as regras de sua instituição, a questão
ética (ou antiética) é clara e o problema pode ser facilmente resolvido.
O dilema ético não lida com a solução do problema. O que envolve a escolha
dos fatores conflitantes, a solução não é divulgada. Se o referido alto executivo for
parente ou amigo do presidente da empresa, para decidir a resolução do problema,
o administrador estará diante de um dilema ético.
Como exemplo de dilema ético pode se citar o caso de um contador ser
convidado pelo presidente da empresa a assinar um balanço com distorções e
problemas de evidenciação. Essa situação se revela com conflito de valores
pessoais do contador: ao assumir uma atitude estritamente profissional de não
assinar as demonstrações, ou manter seu cargo assinando-as. Entre os problemas
causadores de dilemas éticos nas instituições estão a falta de diretrizes claras, a
comunicação de diferentes níveis hierárquicos e a inexistência de discursões
abertas sobre os problemas éticos que afetam as empresas (LISBOA, 2014, p.62).
As instituições que se importam com o código de ética, estão procurando, em
todo mundo, investir em programas de treinamento ético que programam a cada dia
novos instrumentos de conscientização profissional, conforme o grau de maturidade
de cada cultura organizacional.
O código de ética do contador tem por objetivo habilitar o profissional a adotar
uma atitude pessoal, de comum acordo com os princípios éticos conhecidos e
aceitos pela sociedade.
O código de ética do contador contém princípios inerentes à profissão
contábil, eles dizem respeito à (LISBOA, 2014, p.61):
a. Responsabilidade, perante a sociedade, atuar com esmero e
qualidade, adotando critério livre e imparcial;
30
b. Lealdade, perante o contratante e seus serviços, guardando sigilo
profissional e recusando tarefas que contrariem a moral;
c. Responsabilidade para com os deveres da profissão (aprimoramento
técnico, inscrição no conselho de classe);
d. Preservação da imagem profissional, mantendo-se atualizado sobre as
normas técnicas de trabalho, adotando igualmente, as mais altas
normas profissionais de conduta. O contador deve cumpri-las para o
desenvolvimento e difusão dos conhecimentos próprios da profissão. O
respeito aos colegas deve ser sempre observado.
A preparação técnica por melhor que ela seja, não é o bastante, o contador
deve ter uma postura social adequada para as exigências da sociedade.
O profissional deve defender abertamente os princípios e valores éticos
aplicados na sua profissão. Desse modo construir uma imagem verdadeira e nobre
para uma nova geração de profissionais.
O contador da atualidade enfrenta um árduo desafio: distinguir os limites da
honestidade e da dignidade de seus atos. Deve identificar com clareza quais são os
princípios morais que norteiam sua conduta. As questões aparecem para ele em
virtude do mercado globalizado interagente com diferentes povos, ocasionando
aumento das relações comerciais internacionais em nível global (LISBOA, 2014,
p.62).
Uma das condições principais para o sucesso profissional do contador é
aderir a um conjunto de princípios éticos que sirvam de premissas as suas ações.
A título de denotação cita-se: ANEXOS A/H - Código de Ética do Profissional
Contador.
O Código de Ética Profissional do Contabilista Resolução CFC nº 803/96, de
10-10-1996 foi alterado pela Resolução CFC nº 1.307/10. Dentre suas principais
alterações, apresenta-se de primeira mão, o nome que passa de “Código de Ética
Profissional do Contabilista” para “Código de Ética Profissional do Contador”.
Apesar de se nomeado “do contador”, ele aplica-se a toda classe profissional
tanto para Bacharel, quanto para Técnico.
Através da Lei 12.249/10 foram estipuladas novas condutas de
comportamentos aos profissionais quanto à participação nos programas de
educação continuada, e a inscrição no CRC. Sua transgressão também pode ser
considerada como infração ética.
31
6.1- PRINCIPAIS MUDANÇÃS DA RESOLUÇÃO CFC 803/96 PELA 1.307/10
Passa a ser considerada infração ética o não cumprimento dos programas de
educação continuada dos programas de educação continuada estabelecidos pelo
CFC, a falta de comunicação de mudança no domicílio ou da organização contábil, a
falta de comunicação de fatos necessários ao controle e fiscalização profissional e a
falta de auxílio à fiscalização do exercício profissional.
Também foram incluídas no Código novas condutas contrárias à ética
profissional, tais como apropriar-se indevidamente de valores confiados à sua
guarda, exercer a profissão demonstrando comprovada incapacidade técnica e
deixar de apresentar documentos e informações quando solicitados pela fiscalização
dos Conselhos Regionais.
O documento regulamenta como dever do profissional contábil exercer sua
profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica, observada toda
legislação vigente, em especial dos Princípios de Contabilidade e as Normas
Brasileiras de Contabilidade. Ficam resguardados os interesses dos seus clientes ou
empregadores, sem prejuízo da dignidade e da independência profissional.
32
7- PRESCRIÇÃO NORMATIVA DE CONDUTA
Entre os deveres dos contadores para a sociedade, figura o alto padrão de
conduta ética.
Exemplo de código de ética é aquele do contador gerencial, elaborado pelo
Institute of Manegement Accountants.1 Com base nesse Código, pode sugerir que o
código de ética do contador no Brasil contemple os itens abaixo:
A. COMPETÊNCIA:
a. Manter um nível adequado de competência profissional, aperfeiçoando-se
através do treinamento constante;
b. Adequar-se aos dispositivos legais pertinentes (Leis, regulamentos,
instruções, medidas provisórias, código de ética da profissão);
c. Preparar relatórios claros e completos, com recomendações apropriadas
após cada análise.
A competência do funcionário engloba, também, a habilidade de integrar-se
no meio social em que vive. Essa Habilidade social engloba falar em público e ter
conhecimento sobre o ambiente social em que opera a empresa.
B. SIGILO:
a. Guardar segredo de toda informação confidencial da empresa;
b. Informar os subordinados, bem como monitorá-los, de forma manter sigilo
das informações;
c. Abster-se de usar informações confidenciais em proveito próprio ou para
pessoas relacionadas;
Parece óbvio, à primeira vista, ser obrigação do contador manter sigilo das
informações que dizem respeito à empresa, já que ela está competindo, com outras,
por uma fatia do mercado. Sempre mencionado, mas nem sempre praticado, o sigilo
em casos de proveito de informações privilegiadas fornecidos de dentro da própria
empresa.
Os contadores devem ter como linha de atuação o apego irrestrito às normas
da lei. Caso haja problemas com a administração da empresa, no sentido de adotar
1 INSTITUTE OF MANEGEMENT ACCOUTANTS. Statements on management accounting: objectives of
management accounting, New York, Statement nº 1B, June 17, 1982.
33
procedimentos que contrariem os dispositivos legais, ações devem ser tomadas para
salvaguardar a própria responsabilidade profissional. Isto inclui a elaboração de
demonstrações contábeis claras, com recomendações para procedimentos
alternativos de evidenciação que abrange as Notas Explicativas às Demonstrações
Contábeis.
C. INTEGRIDADE
a. Evitar conflitos de interesse, avisando as partes envolvidas do
conflito potencial;
b. Recusar qualquer presente que possa influenciar suas ações;
c. Evitar tomar qualquer atitude que possa prejudicar a empresa e
atingir seus objetivos de forma ética;
d. Reconhecer e comunicar à administração da empresa qualquer
limitação profissional no exercício da função;
e. Comunicar toda e qualquer informação, julgamento e opinião a
administração da empresa.
D. OBJETIVIDADE
a. Adotar linguagem clara e objetiva;
b. Evidenciar toda e qualquer informação relevante que possa
influenciar o usuário do relatório financeiro. (LISBOA, 2014, p.69).
34
8- AUDITORIA INDEPENDENTE
O principal objetivo da auditoria independente é emitir pareceres sobre a
apresentação adequada das demonstrações contábeis que representam a posição
patrimonial e financeira da empresa durante os períodos contábeis e as origens e
aplicações de recursos, consoante as Normas Brasileiras de Contabilidade e a
legislação específica no que for pertinente.
O auditor independente, enquanto profissional graduado em Contabilidade
deve ser capaz de formular o parecer ou não, utilizando-se dos procedimentos
consagrados pela rotina de trabalho e após o exame detalhado das peças contábeis.
A possibilidade de o auditor vir a emitir uma opinião tecnicamente inadequada
sobre as demonstrações contábeis, o chamado “risco de auditoria”, não pode ser
confundida com falta de ética profissional. Esse é um evento fortuito, não
condenável sob o aspecto ético: tentou acertar, mas não foi possível. Este, ao
contrário, é a quebra do relacionamento saudável que deve existir entre empresa de
auditoria independente e os interessados em seu parecer. Entre esses, as Bolsas de
Valores, Bolsas de Mercadorias e Futuros, acionistas, investidores potenciais,
analistas etc. (LISBOA, 2014, p.66).
O número de auditores independentes, em atividade, em um país pode ser
usado como motivo de preocupação ética do país com os negócios de suas
empresas. Assim pode-se interpretar o maior número de auditores independentes
nos EUA, comparados aos do Brasil, e Grã-Bretanha, como uma maior preocupação
com a ética nas empresas (LISBOA, 2014, p.67). Todavia que a existência de forte
mercado de capitais, com expressivo número de empresas, com ações negociadas
na Bolsa, talvez seja fator preponderante.
No Brasil, em termos de formação de auditores independentes, uma das
possibilidades é a intensificação da educação continuada, como base dos princípios
éticos sólidos que forneçam, além dos conhecimentos técnicos da profissão, valores
morais de integridade, justiça e respeito.
Reconhecimento das universidades como instituição social, destinada a
formar pessoas capazes de cumprir efetivamente sua responsabilidade de servir a
sociedade, pois é condição das mais importantes para o sucesso da profissão de
auditor.
35
9- O PROFISSIONAL PERITO
O papel de perito contábil, atividade que constitui prerrogativa do bacharel em
Ciências Contábeis, é de grande importância no auxílio à justiça na resolução de
demandas que envolvam matéria contábil.
Para exercer a perícia contábil, o profissional necessita atender a todos os
requisitos do profissional contador. De modo particular, ele precisa ter um
conhecimento profundo a respeito do objeto de seu parecer em determinada
situação da empresa.
As informações divulgadas por ele para a justiça, verbalmente ou através de
seu parecer, devem estar embasadas em análises profundas e sobre elas o
profissional não pode apresentar qualquer dúvida. Se o profissional não conseguir
obter todos os dados relativos a quaisquer das circunstâncias envolvidas na questão
em julgamento, não deve emitir opinião ou parecer (LISBOA, 2014, p.82).
Quando convocado pela justiça para auxilia-la na função de perito contábil, o
profissional não deve aceitar a missão caso possua algum tipo de ligação com
qualquer das partes envolvidas. Aceitando o encargo, ele não deve, a partir de
então, aceitar, da mesma forma, qualquer tipo de envolvimento com as partes. É
fundamental que sua isenção e imparcialidade sejam preservadas (LISBOA, 2014, p.
83).
Diante da tentativa de aproximação de algum dos envolvidos na questão
então em julgamento pela justiça, principalmente quando tal fato tiver por objetivo
conduzir o profissional a maquiar, omitir ou, de alguma forma, desvirtuar as
informações que devem ser entregues ao juiz, o fato deve ser imediatamente
comunicado à justiça (LISBOA, 2014, p.83).
36
10- O PROFISSIONAL AUDITOR
Quando estiver atuando como auditor independente, além de todos os
conhecimentos técnicos requeridos pela função, o profissional deve zelar, acima de
tudo, por sua independência.
No exercício de sua atividade, para qualquer que seja a informação a que
tenha acesso, o profissional deve observar em toda extensão das Normas de
Auditoria. Especialmente, ele deve ter em mente que, mesmo tendo sido contratado
pelos administradores da empresa, seu parecer servirá para dar credibilidade às
demonstrações contábeis. Tal fato certamente irá influenciar as decisões de pessoas
alheias à empresa.
Tão quanto as informações contábeis sejam auditadas, seja de
responsabilidade dos administradores da empresa, o auditor não deve permitir que
qualquer informação inverídica venha ser nelas incluída.
Como é natural, o auditor independente presta serviços para muitas empresas
diferentes e, em virtude dessa situação, o profissional necessita cuidar para que as
informações de uma empresa não venham ser conhecidas pelas demais. Se
eventualmente essa prestação de serviço acontecer, ao mesmo tempo, para as
empresas concorrentes, um cuidado maior deve ser dedicado pelo auditor.
Caso o profissional atue como auditor interno, a despeito de sua situação de
empregado, ele deve procurar atuar, da mesma forma que o auditor independente,
com independência.
37
11- O PROFISSIONAL CONTADOR
Atuando como contador de empresas, o profissional, seja ele bacharel em
Ciências Contábeis ou Técnico em Contabilidade, como empregado ou por conta
própria, precisa (LISBOA, 2014, p.81):
a. Conhecer de maneira profunda os Princípios Fundamentais de
Contabilidade em vigor no Brasil, da mesma forma que no país de
origem da empresa, quando for o caso dela não ser brasileira. Vale
destacar que esse conhecimento implica atualização constante;
b. Conhecer profundamente o sistema tributário do país, especialmente
no que diz respeito aos tributos inerentes à atividade da empresa;
c. Conhecer de forma ampla a atividade da empresa, aqui incluído o seu
mercado de atuação;
d. Conhecer de maneira clara o modelo de decisão dos usuários das
informações contábeis.
Sendo portador dos conhecimentos apontados, e de outros mais específicos
para cada caso, resta ao profissional aplicá-los e utiliza-los de forma adequada.
Nestes termos um princípio de orientação geral seria elaborar as informações
contábeis respeitando as regras vigentes, tanto as externas a empresa, quanto as
internas, baseadas no modelo de decisão da empresa (LISBOA, 2014, p.81).
O profissional, especialmente quando na condição de empregado da
empresa, não deve deixar que sua eventual dependência econômica do empregador
o obrigue a divulgar informações não verdadeiras.
38
12- O PROFISSIONAL PROFESSOR
A ética deve procurar o bem comum, em seu total sentido, medindo
interesses individuais e coletivos. Ela tem a intensão de privilegiar o bem comum
estabelecendo princípios gerais de convivência. Doutrinador, sua maior intensão é
defender determinados princípios, ou benefícios para toda sociedade. Se para cada
atividade há a existência de mornas específicas, pode-se afirmar que não há um
único modelo ético geral. Não se fala mais em ética, mas sim das éticas, em virtude
da complexidade do mundo de hoje que se encontra em constante transformação.
Ele é fundamental para a compreensão das relações estabelecidas na escola
que, socialmente, englobam o problema da distribuição do saber e do poder. Como
escreve Sonia Kramer,
Precisamos pôr na ética nossas mãos e nosso coração (...) uma ética que, tecendo-se nos confrontos e se desenhando a partir da diversidade de vida comum não abdica nunca de si mesma (..) trata-se pois de uma nova forma didática política (...) uma ética que concretiza, assim sua ligação visceral com a educação (KRAMER, 1993)
A missão do profissional professor, considerando seu trabalho de formação
de futuros profissionais, é de tal importância para o desenvolvimento da
Contabilidade, enquanto ramo de conhecimento e, portanto, para o próprio
fortalecimento da classe profissional.
Dessa forma, um aspecto que deve sustentar todas as informações
transmitidas pelo profissional aos seus alunos é o aspecto ético.
Desde o início de sua formação, o profissional deve compreender que por
maior que seja seu conhecimento técnico, ele jamais será um profissional respeitado
caso não preze o seu lado ético. Despertar essa consciência no profissional em
formação é função do profissional professor.
Compete ao profissional professor, além de ensinar a ética, agir em qualquer
situação, perante seus alunos, de maneira ética. Muitas situações podem surgir no
dia-a-dia de uma classe de aula, nas quais um comportamento ético precisa ser
assumido e mostrado como exemplo.
Os exemplos de profissionais citados neste tópico não encerram as
possibilidades de atuação do contabilista. Qualquer que seja o tipo de atuação do
39
profissional, ao administrar informações, não deve em nenhuma circunstância
esquecer-se de que as informações que administra não lhe pertencem.
Mais ainda, ele não pode esquecer-se da influência que aquelas informações
exercem na tomada de decisões de terceiros, estejam eles próximos ou não do
campo de atuação profissional. Essa observação é importante, não apenas em
virtude do aspecto ético nela envolvido, mas também pelos aspectos cível e criminal.
Na prática de suas atividades profissionais, o contador, pode atuar de
diferentes maneiras, em diferentes departamentos. Ele pode atuar como contador de
empresas, contador da área pública, auditoria independente, consultoria, ou como
professor.
Sem depender de sua formação ou setor atuante, o profissional terá
relacionado com sua atividade muitos fatores dos quais depende a próprio
discernimento e, portanto, o bom desempenho profissional. Entre esses fatores,
alguns merecem mais atenção e estão ligados diretamente as formas de atuação do
profissional contador. São eles (LISBOA, 2014, p.86): “informação, ser humano e
recursos materiais.”
Muitos problemas éticos podem surgir em torno desses três fatores. Daí, a
necessidade de um amplo domínio profissional sobre eles. Esses fatores são
importantes por causa dos valores que possuem. A informação representa um dos
maiores bens dentro de qualquer entidade. Isso porque ela é a base para qualquer
tomada de decisões.
O ser humano deve ser considerado como patrimônio principal de uma
organização e os recursos materiais representam a substância necessária para
completar o processo operacional.
O comportamento ético do contador, quando tratar de qualquer desses
fatores, pode ser decisivo para o sucesso ou fracasso de sua carreira profissional,
sem depender da forma em que ele atua.
40
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No desempenho de sua função o contador sempre se depara com dilemas
que são comuns na profissão contábil e na vida. Tais como: eu quero, eu devo, e eu
posso. A ética cria princípios para decidir problemas como: têm coisas que eu
posso, mas não devo; coisas que devo, mas não posso; têm coisas que eu posso,
mas não quero. A reflexão do que está sendo feito, e é o correto a fazer. A ética
profissional envolve comportamento, envolve moral, envolve conflito de interesses,
também pode ser entendida como comportamento do ser humano no desempenho
de sua profissão, consiste na resposta entre a razão e a conveniência da situação
ou pessoal. Sem o conhecimento técnico, o conhecimento de Direito, de
Administração, de Filosofia ou Contabilidade, torna-se impossível escrever sobre
ética profissional, pois não há uma profissão ou ciência para embasar uma conduta
ética social. O modelo de conduta apresentado neste estudo é o modelo de conduta
através da investigação do comportamento do profissional pelas Ciências Contábeis,
o Código de Ética do Profissional Contador.
As organizações aumentaram seus interesses por atitudes éticas, pois se a
mesma é negligenciada, passa a vigorar desconfiança entre as empresas, falta de
lealdade dos empregados, o uso da tecnologia a serviço da fraude, colocando em
jogo o destino da organização. O Código de Ética Profissional é a materialização
formal da vontade do Conselho Federal de Contabilidade em expressar
regulamentos de conduta aos profissionais contadores, não só o Bacharel, mas
também ao Técnico em Contabilidade, e a toda classe contábil. São estabelecidos
os deveres e as proibições ao exercício da profissão. Hoje com a globalização, a
tecnologia, os grandes sistemas gerenciais, a necessidade de sustentabilidade, o
desvio de conduta da sociedade se tornou mais trágico, impactando um número
maior de indivíduos em uma sociedade interagente. Esse estudo foi motivado pela
preocupação comum na sociedade sobre as questões éticas. Os noticiários
abundam notícias de fraudes empresariais, e corrupção política. Para julgamento de
tais conflitos a ética unida às leis é uma ferramenta que contribui para o
desenvolvimento social harmônico e também de uma forma melhor de viver.
41
REFERÊNCIAS
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São Paulo: Atlas, 2010.
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Disponível em < http://www.cfc.org.br>. Acesso em: 10 out. 2015.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução Nº 803/1996 - Código
de Ética Profissional do Contador. Disponível em < http://www.cfc.org.br>.
Acesso em: 10 out. 2015.
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de Ciências Contábeis – FACCAT. A Responsabilidade Civil e Penal do
Profissional Contábil. Hortênsias, RS. Disponível em:
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Paulo: Atlas, 2007.
42
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https://prezi.com/l0xaztg8knkd/copy-of-johnson-johnson-caso-tylenol/>. Acesso
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Disponível em:
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Acesso em: 24 set. 2015.
VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez, DELL'ANNA, João. Ética. 30. ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2008.
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ANEXOS
ANEXO A – Código de Ética do Profissional Contador
Fonte: CRC-RJ (2016)
44
ANEXO B – Código de Ética do Profissional Contador
Fonte: CRC-RJ (2016)
45
ANEXO C – Código de Ética do Profissional Contador
Fonte: CRC-RJ (2016)
46
ANEXO D – Código de Ética do Profissional Contador
Fonte: CRC-RJ (2016)
47
ANEXO E – Código de Ética do Profissional Contador
Fonte: CRC-RJ (2016)
48
ANEXO F – Código de Ética do Profissional Contador
Fonte: CRC-RJ (2016)
49
ANEXO G – Código de Ética do Profissional Contador
Fonte: CRC-RJ (2016)
50
ANEXO H – Código de Ética do Profissional Contador
Fonte: CRC-RJ (2016)