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WILLIAM FREIRE RISCOS JURÍDICOS NA MINERAÇÃO

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WILLIAM FREIRE

RISCOS JURÍDICOSNA MINERAÇÃO

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RISCOS JURÍDICOS NA MINERAÇÃO

WILLIAM FREIRE é advogado formado pela UFMG. Autor de

diversos livros de Direito Minerário e Direito Ambiental. Professor de

Direito Minerário em vários cursos de pós-graduação. Fundador do Instituto Brasileiro do Direito da Mineração — IBDM. Árbitro da

Câmara de Mediação e Arbitragem Empresarial Brasil – CAMARB.

Diretor do Departamento do Direito da Mineração do Instituto dos Advogados de Minas Gerais.

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BELO HORIZONTE2019

WILLIAM FREIRE

RISCOS JURÍDICOS NA MINERAÇÃO

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2019

Todos os direitos reservados Editora Jurídica Rua Paraíba, 476, sala 402 CEP: 30130-141, Belo Horizonte, MG

Copyright © William Freire Copyright © Editora Jurídica Todos os direitos reservados

Capa: Ludmila Andrade Rennó

SUMÁRIO

PREFÁCIO ...................................................................................................................9

PESQUISA ..................................................................................................................13

FASE DE PESQUISA MINERAL ...........................................................................15

PESQUISA EM ÁREA DEGRADADA ............................................................................................... 15

RESISTÊNCIA DO PROPRIETÁRIO OU POSSUIDOR DO IMÓVEL .................................. 15

PROCEDIMENTO JUDICIAL PARA AVALIAÇÃO DE RENDAS E DANOS ......................17

NECESSIDADE DE OCUPAR IMÓVEL VIZINHO PARA A PESQUISA ..............................17

NECESSIDADE DE ADICIONAR OU ALTERAR SUBSTÂNCIA ........................................... 18

TAXA ANUAL POR HECTARE (TAH) ............................................................................................. 18

PRORROGAÇÃO DO PRAZO DO ALVARÁ DE PESQUISA .................................................. 19

CONTINUIDADE DOS TRABALHOS DE PESQUISA APÓS A ENTREGA DO RFP ...............................................................................................................20

ANÁLISE DO RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA ..................................................................... 21

MUDANÇA DE REGIME ...................................................................................................................... 22

GUIA DE UTILIZAÇÃO — GU .............................................................................. 23

INFOGRÁFICO I ...................................................................................................24

RISCOS NA FASE DE PESQUISA .........................................................................24

LAVRA ....................................................................................................................... 27

FASE DE REQUERIMENTO DE LAVRA .............................................................29

PRORROGAÇÃO DO PRAZO PARA REQUERER A LAVRA ................................................29

CUMPRIMENTO DE EXIGÊNCIAS .................................................................................................29

INTERAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO MINERÁRIO E AMBIENTAL ........30

INÉRCIA DOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS .......................................................................................... 31

ATUALIZAÇÃO DO PAE ANTES DA OUTORGA DA CONCESSÃO DE LAVRA .......... 31

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SERVIDÃO MINERAL APÓS APRESENTAÇÃO DO REQUERIMENTO DE LAVRA ................................................................................................... 32

SERVIDÃO MINERAL ANTES DA CONCESSÃO DE LAVRA .............................................. 33

DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEL EM FAVOR DO EMPREENDIMENTO MINERAL ...................................................................................................... 33

FASE DE LAVRA .................................................................................................34

PRORROGAÇÃO DO PRAZO PARA INICIAR A LAVRA ........................................................ 34

CUMPRIMENTO DO PLANO DE APROVEITAMENTO ECONÔMICO (PAE) ............. 34

SUSPENSÃO DA LAVRA ..................................................................................................................... 35

CUMPRIMENTO DAS NORMAS REGULADORAS DE MINERAÇÃO – NRM ..............36

NECESSIDADE DE ÁREA DE SERVIDÃO MINERAL APÓS O INÍCIO DA LAVRA .....36

RISCOS NA RELAÇÃO COM O SUPERFICIÁRIO ......................................................................37

APROVEITAMENTO DE ESTÉREIS E REJEITOS .....................................................................38

REQUERIMENTO DE TERCEIRO SOBRE PILHAS DE ESTÉRIL E BARRAGENS DE REJEITO DO MINERADOR .............................................38

CONTRATO DE ARRENDAMENTO............................................................................................... 39

RISCOS COMO ARRENDANTE ....................................................................................................... 39

RISCOS COMO ARRENDATÁRIO .................................................................................................. 40

INFOGRÁFICO II ...................................................................................................41

RISCOS NA FASE DE LAVRA ................................................................................41

REGIME DE LICENCIAMENTO MINERAL ...............................................................45

CONTRATO COM O PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL ................................................................46

PRORROGAÇÃO DO TÍTULO ..........................................................................................................46

RISCOS RELACIONADOS À EXTRAÇÃO .................................................................................... 47

ALTERAÇÃO DE REGIME ................................................................................................................... 47

INFOGRÁFICO III .................................................................................................48

RISCOS NO LICENCIAMENTO MINERAL ...........................................................48

RISCOS COMUNS ......................................................................................................51

RISCOS COMUNS AOS DIVERSOS REGIMES DE EXPLORAÇÃO MINERAL ............................................................................. 53

SIGILO DOS PROCESSOS MINERÁRIOS .................................................................................... 53

INÉRCIA DA AGÊNCIA NACIONAL DA MINERAÇÃO – ANM ............................................ 54

DISPUTA POR PRIORIDADE ............................................................................................................. 54

INVASÃO DE ÁREAS DE DIREITOS MINERÁRIOS ................................................................. 55

BARRAGENS DE REJEITOS ..............................................................................................................56

INTERFERÊNCIA COM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO .......................................................57

INTERFERÊNCIA COM TERRAS INDÍGENAS............................................................................57

CONFLITOS COM OUTROS EMPREENDIMENTOS DE INTERESSE PÚBLICO ....... 58

PRAZOS NA LEGISLAÇÃO MINERAL ..........................................................................................58

GESTÃO FUNDIÁRIA............................................................................................................................ 59

DISPONIBILIDADE ............................................................................................................................... 60

RELATÓRIO ANUAL DE LAVRA — RAL ...................................................................................... 60

CADASTRO DE TITULARES DE DIREITOS MINERÁRIOS – CTDM ................................. 61

DISPENSA DE TÍTULO MINERÁRIO .............................................................................................. 61

DIREITO MINERÁRIO EM FAIXA DE FRONTEIRA ................................................................. 62

RESPONSABILIDADE DO MINERADOR EM MATÉRIA DE TRANSPORTE DE CARGAS EM RODOVIAS .............................................................................63

AUSÊNCIA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DO PATRIMÔNIO MINERAL ..........................63

TRIBUTÁRIO .............................................................................................................65

OPORTUNIDADES EM RELAÇÃO À TRIBUTAÇÃO ..........................................67

PENAL...................................................................................................................... 69

RISCOS EM MATÉRIA PENAL ............................................................................71

CRIME DE USURPAÇÃO ...................................................................................................................... 71

CRIMES AMBIENTAIS ........................................................................................................................... 71

POSFÁCIO ................................................................................................................. 73

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ANEXOS .................................................................................................................... 77

CÓDIGO DE MINERAÇÃO ..................................................................................79

REGULAMENTO DO CÓDIGO DE MINERAÇÃO ..............................................114

PREFÁCIO

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A atuação no setor mineral é, sem dúvida, grande desafio. A legislação mineral, desatualizada e, em grande medida, desorganizada, é fonte de parte dos problemas.

As dificuldades aumentam sempre que novas normas surgem. Recentemente, entraram em vigor a Lei 13.540/2017, que alterou a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais – CFEM, e a Lei 13.575/2017, que criou a Agência Nacional de Mineração — ANM.

Foi publicado o Decreto nº 9.587/2018, que instalou a ANM e, como consequência, iniciou a vigência do novo Regulamento do Código de Mineração — Decreto nº 9.406/2018. A ANM vem publicando suas Resoluções, atualizando as normas do Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, o qual substituiu.

Além das mudanças normativas, que por si só causam necessidade de adaptações nas empresas, a mineração está sujeita a riscos específicos da atividade.

Embora os problemas sejam inúmeros e muitas vezes bem específicos, os mais de 25 anos de atuação na área do Direito da Mineração nos permitiram compreender as situações vividas pelos mineradores.

A partir dessa experiência, preparamos este livro com a relação dos riscos (e algumas oportunidades) mais comuns para as empresas de mineração e sua cadeia produtiva. O texto está acompanhado, ao final, de esquemas ilustrativos (infográficos), com indicação de riscos nas fases do processo administrativo minerário.

Embora o conteúdo seja fruto da visão de advogados, pode ser lido e compreendido pelos diversos profissionais da mineração.

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Não é o objetivo do livro apresentar as soluções para todos os casos, uma vez que as situações precisam ser analisadas em sua singularidade. Apesar disso, entendemos que ele poderá contribuir com o primeiro passo necessário para evitar qualquer problema: a identificação do risco.

William Freire

Belo Horizonte, janeiro de 2019.

PESQUISA

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FASE DE PESQUISA MINERAL

PESQUISA EM ÁREA DEGRADADA

Ao se decidir realizar a pesquisa mineral, o minerador poderá se deparar com uma área sem indícios de atividades anteriores ou poderá encontrar a área já degradada (por atividade mineral ou não).

Nesse segundo cenário, é importante que o minerador adote medidas preventivas para evitar que a responsabilidade pelos danos recaia sobre ele.

O registro prévio dessa situação, de forma profissional, e a tomada de providências imediatas evitam futura responsabilização.

RESISTÊNCIA DO PROPRIETÁRIO OU POSSUIDOR DO IMÓVEL

A Constituição brasileira estabelece a divisão da propriedade do imóvel e dos recursos minerais e confere à União a propriedade sobre esses recursos.

A União dá ao minerador o consentimento para realizar pesquisa ou lavra nos vários regimes, sendo que, em regra1, não precisará da anuência do superficiário (proprietário ou possuidor do imóvel) para executá-la.

Muitas vezes o superficiário opõe resistência contra a mineração, impedindo o acesso à área ou, em alguns casos, até constituindo unidade

1 Como será tratado adiante, no regime de Licenciamento Mineral, a legislação exige que o titular seja proprietário do imóvel ou tenha autorização expressa do proprietário.

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de conservação ambiental ou reserva legal sobre seu imóvel. Nesses casos em que é oferecido algum tipo de resistência, há alternativas legais para superá-la. Em boa parte das vezes, a melhor opção é realizar acordos com os superficiários, que precisam ser bem formulados, para não se tornarem fontes de problemas futuros.

O Novo Regulamento do Código de Mineração acrescentou ainda mais importância para esses acordos. Antes da sua vigência, salvo raríssimas exceções, o minerador estava autorizado somente a realizar atividades de pesquisa durante o prazo do Alvará de Pesquisa ou após a publicação da Portaria de Lavra. Então, era comum que a vigência dos acordos fosse estabelecida com base no prazo do Alvará.

O Regulamento admite a continuidade das pesquisas em determinadas situações (fora do período originalmente estabelecido no Alvará de Pesquisa), como nas hipóteses de pedido de prorrogação tempestivamente formulado e após a entrega tempestiva do Relatório Final de Pesquisa.

É importante, portanto, que sejam bem definidos os direitos e as obrigações das partes nesses períodos. Com isso em vista, a abrangência do objeto do acordo com os superficiários, entre outras coisas, pode envolver:

• Acordo para pesquisa simples;

• Acordo com previsão de atividades após o Relatório Final de Pesquisa;

• Acordo com previsão de Guia de Utilização;

• Acordo com previsão de prorrogação da Autorização de Pesquisa;

• Acordo com previsão de Servidão Mineral.

A melhor opção deve ser definida com base nas particularidades do caso concreto.

PROCEDIMENTO JUDICIAL PARA AVALIAÇÃO DE RENDAS E DANOS

A principal forma de vencer a resistência do superficiário na fase de pesquisa é o processo judicial de avaliação de rendas e danos, em que se busca decisão judicial de imissão de posse do minerador na área a ser pesquisada e, também, a quantificação do valor a ser pago ao superficiário.

O Código de Mineração estabelece que, na ausência de acordo com os proprietários ou posseiros do imóvel, a ANM enviará ofício ao Juiz da Comarca onde está situada a jazida para iniciar o procedimento de avaliação de rendas e danos.

Entretanto, o minerador pode, voluntariamente, iniciar esse procedimento. Assim, estrategicamente, levando em conta os riscos e oportunidades de uma outra alternativa, deve decidir se inicia o procedimento por sua própria conta ou se aguarda o envio do ofício pela ANM.

De aparência simples, o procedimento de avaliação judicial de rendas e danos contém especificidades que, se forem ignoradas, podem levar ao insucesso do processo judicial.

A consequência de um procedimento judicial malconduzido é o atraso no ingresso no imóvel, o que gera a necessidade de requerer a prorrogação do prazo do Alvará de Pesquisa e, em casos críticos, pode colocar o direito minerário em risco.

NECESSIDADE DE OCUPAR IMÓVEL VIZINHO PARA A PESQUISA

De maneira geral, os trabalhos de pesquisa são realizados dentro do polígono da Autorização de Pesquisa. Entretanto, em caso de necessidade,

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é possível ocupar, também, imóveis vizinhos. Nessa hipótese, é necessário verificar a melhor forma, se por acordo com os superficiários ou se por procedimento judicial.

É preciso avaliar eventual risco de conduzir um procedimento judicial para acessar essas áreas e aguardá-lo para iniciar as pesquisas. Isso porque há o risco da ANM não considerar a demora desse procedimento fundamento suficiente para a prorrogação do Alvará de Pesquisa, o que pode gerar a perda do direito minerário.

NECESSIDADE DE ADICIONAR OU ALTERAR SUBSTÂNCIA

Embora o requerimento de pesquisa tenha a indicação da substância a ser pesquisada, o minerador não está vinculado a ela, podendo adicionar ou alterar a substância do seu processo minerário.

Entretanto, é necessário que isso seja feito observando as exigências legais, com a comunicação à ANM. O descumprimento dessa exigência é fundamento para a aplicação de multas pela ANM.

TAXA ANUAL POR HECTARE (TAH)

O titular do Alvará de Pesquisa é obrigado a pagar a Taxa Anual por Hectare (TAH) por cada ano em que estiver vigente o seu Alvará. O pagamento atrasado da TAH acarreta multa e o seu não pagamento após a imposição da multa é hipótese de perda da Autorização de Pesquisa.

No caso de renúncia da Autorização de Pesquisa, o titular ficará desobrigado de pagar a TAH dos anos seguintes. Entretanto, é preciso que a renúncia seja protocolizada na ANM antes que o Alvará complete um ano de vigência. Exemplo: Se o Alvará tem validade de 05/05/2018

a 05/05/2021, para não pagar a TAH referente aos dois últimos anos, o titular deve protocolizar a renúncia, no máximo, até 04/05/2019. É preciso que o minerador fique atento a esses prazos, para que não tenha despesa adicional desnecessária.

Possibilidades que devem ser avaliadas pelo minerador a fim de reduzir as despesas com pagamento de TAH são a desistência parcial do requerimento de pesquisa e a renúncia parcial da Autorização de Pesquisa. Nos casos em que o minerador consegue perceber, antes ou depois de obter o Alvará de Pesquisa, que somente parte da poligonal tem relevância, pode apresentar desistência parcial (se estiver na fase de requerimento) ou renúncia parcial (se estiver na fase de Autorização de Pesquisa) de modo a pagar apenas a TAH referente à área de interesse.

PRORROGAÇÃO DO PRAZO DO ALVARÁ DE PESQUISA

O requerimento de prorrogação do prazo do Alvará de Pesquisa deve ser realizado em até 60 dias antes do fim do prazo e deve ser fundamentado em alguma das hipóteses legais.

O novo Regulamento do Código de Mineração dispõe que é possível apenas uma prorrogação com base na avaliação do desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa.

Admite-se mais de uma prorrogação somente nas hipóteses de impedimento de acesso à área ou falta de assentimento ou licença do órgão ambiental, desde que o minerador demonstre comportamento diligente e ausência de culpa na demora do processo judicial de avaliação de rendas e danos ou do processo ambiental.

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Essa limitação aumenta a necessidade de boa gestão na realização da pesquisa mineral e acrescenta o risco de perda do direito para os processos minerários com primeira prorrogação já concedida.

Outro foco de risco relacionado ao pedido de prorrogação do Alvará de Pesquisa é o Relatório Parcial de Pesquisa (RPP).

O Código de Mineração determina que o pedido de prorrogação deve ser instruído com esse relatório. Especialmente nas situações em que o minerador não conseguiu iniciar as pesquisas ou obteve acesso tardio à área, existem questões importantes a serem avaliadas, com o objetivo de minimizar o risco de indeferimento do requerimento de prorrogação: (I) a quantidade de trabalho a ser demonstrada (II) se, considerando a impossibilidade fática da realização da pesquisa (pela impossibilidade de acesso ou por ausência de licença ambiental), seria possível requerer a prorrogação do prazo da autorização de pesquisa sem apresentar o RPP (apesar da disposição do Código de Mineração); e (III) as alternativas para os casos em que não há tempo para preparar o RPP.

CONTINUIDADE DOS TRABALHOS DE PESQUISA APÓS A ENTREGA DO RFP

É comum o minerador precisar realizar trabalhos adicionais de pesquisa mesmo após a entrega do Relatório Final de Pesquisa.

O novo Regulamento do Código de Mineração trouxe modificações muito relevantes nesse aspecto. De acordo com a norma, é possível realizar a pesquisa após a entrega do RFP, mediante simples comunicação à ANM, desde que o objetivo seja o melhor detalhamento da jazida e a conversão de recursos em reservas para a instrução do Plano de Aproveitamento Econômico ou para o planejamento adequado do empreendimento.

Ainda não está claro, porém, quais atividades estão autorizadas e se o novo sistema conviverá com a antiga Autorização Especial de Pesquisa

Essa indefinição gera risco considerável. Isso porque é possível que, após a realização da pesquisa, entenda-se que os trabalhos foram realizados sem autorização legal, o que poderia gerar, inclusive, responsabilização criminal.

É importante entender bem a aplicação dessa regra, para maior celeridade do processo minerário e redução dos custos do projeto.

ANÁLISE DO RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA

A ANM, ao analisar o Relatório Final de Pesquisa (RFP), pode proferir quatro tipos de decisões, a depender do relatório:

a) aprovação (quando o RFP, bem elaborado, concluir pela existência de jazida);

b) não aprovação (quando entender que os trabalhos realizados foram insuficientes ou que o relatório possui deficiência técnica);

c) arquivamento (quando o RFP, bem elaborado, concluir pela inexistência de jazida); e

d) sobrestamento da decisão (quando ficar caracterizada a impossibilidade temporária da exequibilidade técnico-econômica da lavra).

Antes de tomar a decisão, se for o caso, poderá formular exigências para melhor instrução do RFP. Essas exigências podem ser fonte de risco, por exemplo, por ausência de prazo hábil ou impossibilidade de cumprimento (exigência indevida).

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Além disso, a decisão de não aprovação do RFP costuma gerar muitos problemas. Isso porque não há parâmetro claro e objetivo para definir a suficiência/insuficiência dos trabalhos ou a qualidade/deficiência técnica do relatório, havendo situações em que o julgamento realizado pelo técnico responsável pela análise do RFP pode ser questionado. Nesses casos, não é raro que, dentro da própria ANM, haja divergência de entendimento sobre o julgamento adequado.

Para evitar que tenha o seu RFP não aprovado (e, consequentemente, perca a área), além de cuidar para que a pesquisa seja bem realizada e os dados adequadamente apresentados à ANM, é importante que o minerador avalie os fundamentos da decisão proferida, a fim de adotar as medidas na forma e prazo adequados.

MUDANÇA DE REGIME

As normas minerárias admitem a mudança de regime mineral de Autorização de Pesquisa para Licenciamento (Registro de Licença) ou Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) ou vice-versa.

Considerando que os regimes de Licenciamento e PLG possibilitam o início da lavra de forma mais célere, nos casos em que o minerador cumpre os requisitos para a mudança de regime e tenha bem avaliado as questões relacionadas à segurança jurídica do regime para o qual pretende migrar, a mudança de regime pode representar uma oportunidade.

GUIA DE UTILIZAÇÃO — GU

A Guia de Utilização (GU) é o instrumento pelo qual a ANM dá ao minerador o consentimento para realizar extração de substâncias minerais antes da outorga da Concessão de Lavra.

Vários são os pontos de risco relacionados à GU, como os períodos de validade em caso de prorrogações sucessivas (é comum que o minerador desconsidere eventual lacuna e tenha a lavra considerada irregular no período); a contagem do volume lavrado em caso de prorrogação; o licenciamento ambiental; a dificuldade para ingressar em imóvel de terceiro para realizar a lavra; a necessidade de vender o estoque do minério após o vencimento da GU; a relação contratual com o superficiário; a eventual necessidade de servidão mineral, entre outros.

O novo Regulamento adicionou novas situações de risco, uma vez que trouxe grandes restrições à outorga da GU, se comparado com o regime anterior. As novas regras estabelecem que as GU serão emitidas apenas uma vez, pelo prazo de 1 a 3 anos, admitida apenas uma prorrogação.

A principal questão, ainda sem resposta, é como serão aplicadas essas novas regras aos processos em curso. Na hipótese da ANM entender que deve aplicar as novas regras imediatamente para todos os casos, é possível, por exemplo, que empreendimentos planejados totalmente com base na possibilidade de obtenção da GU e respectivas prorrogações sejam inviabilizados.

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INFOGRÁFICO I

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RISCOS NA FASE DE PESQUISA

� Requerimento

1 ê Demora para publicar a autorização de pesquisa

2 ê Disputa por prioridade com terceiros

3 ê Requerimento em área com proteção ambiental

4 ê Exigências

5 ê Indeferimento do requerimento de pesquisa

6 ê Conflito com outros empreendimentos de utilidade pública

� Autorização de pesquisa

7 ê Sigilo do processo administrativo

8 ê Pesquisa em área degradada

9 ê Resistência do proprrietário ou possuidor

10 ê Resistência da comunidade

11 ê Resistência do prefeito e pressões políticas

12 ê Necessidade de ocupar imóvel vizinho da autorização na fase de pesquisa

13 ê Procedimento judicial de avaliação de rendas e danos

14 ê Necessidade de adicionar ou alterar a substância

15 ê Necessidade de guia de utilização

16 ê Licença ambiental para Guia de Utilização - GU

17 ê Demora da ANM em analisar e publicar a GU

� Guia de utilização

18 ê Dúvida no pagamento da CFEM na GU

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19 ê Participação do proprietário no resultado da lavra na GU

20 ê Necessidade de prorrogar Guia de Utilização

21 ê Necessidade de prorrogar a autorização de pesquisa

� Requerimento de prorrogação do prazo da autorização de pesquisa

22 ê Demora da ANM em analisar o pedido de prorrogação da autorização de pesquisa

� Prorrogação da autorização de pesquisa

� Protocolo do relatório final de pesquisa

23 ê Necessidade de continuar os trabalhos de pesquisa após o relatório final

24 ê Necessidade de autorização especial de pesquisa

25 ê Alteração de regime

26 ê Suspensão da análise do relatório final de pesquisa em razão de fatores técnicos ou econômicos

27 ê Exigências no relatório final de pesquisa.Exigências descabidas

28 ê Indeferimento do relatório final de pesquisa. Necessidade de recursos

� Aprovação do relatório final de pesquisa

LAVRA

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FASE DE REQUERIMENTO DE LAVRA

PRORROGAÇÃO DO PRAZO PARA REQUERER A LAVRA

O prazo para requerer a lavra é de um ano, a contar da aprovação do Relatório Final de Pesquisa. Antes do fim do prazo, o minerador pode requerer sua prorrogação por igual período.

O pedido de prorrogação deverá ser muito bem fundamentado, sob pena de caducidade do direito de requerer a lavra. A necessidade de prorrogar o prazo, portanto, pode colocar o direito minerário em risco. Por isso, é necessário definir a melhor forma de apresentar os dados e os fundamentos que justificam a prorrogação.

CUMPRIMENTO DE EXIGÊNCIAS

Exigências podem ser feitas em várias fases do processo administrativo minerário: para melhor instrução do requerimento (de pesquisa, licenciamento, permissão de lavra garimpeira), para correção de deficiência no Relatório Final de Pesquisa, para melhor instrução do Requerimento de Lavra etc.

No que se refere especificamente às exigências para a melhor instrução do Requerimento de Lavra, o Novo Regulamento traz regras importantes. De acordo com a norma, o requerente terá o prazo de 60 dias para cumprir eventuais exigências formuladas, podendo o prazo ser prorrogado, em regra, apenas uma vez, por igual período.

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Quando intimado, o minerador terá 6 meses para provar que iniciou o processo de licenciamento ambiental e deverá demonstrar à ANM, espontaneamente, a cada 6 meses, o andamento do licenciamento ambiental, até que a licença seja apresentada.

O não cumprimento das exigências ou a não comprovação do início e desenvolvimento do licenciamento ambiental ocasiona o indeferimento do requerimento de lavra e o encaminhamento da área para procedimento de disponibilidade. Portanto, deve ser objeto de bastante atenção.

Algumas situações são especialmente críticas, como nos casos de exigências indevidas e de prazo insuficiente (ainda que considerada a prorrogação admitida). Caso a caso, devem ser objeto de prévia e minuciosa avaliação de riscos.

INTERAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO MINERÁRIO E AMBIENTAL

Para que possa dar início ao empreendimento mineiro, o minerador necessita de consentimentos dos órgãos regulatórios (ANM e MME) e dos órgãos ambientais. Os processos para obtenção desses consentimentos, entretanto, tramitam de forma separada.

É preciso que o minerador conduza ambos os processos de forma diligente e integrada, cumprindo todos os prazos e realizando as devidas comunicações dos eventos do processo ambiental à ANM. Ponto relevante de atenção é o fato de que a outorga da Concessão de Lavra está vinculada à obtenção da Licença Ambiental de Instalação pelo minerador.

O Regulamento do Código de Mineração determina que, enquanto não obtém a referida licença, o minerador deve comunicar à ANM, de seis em seis meses, o andamento do processo ambiental.

O minerador deve ter atenção para que, enquanto cuida do licenciamento ambiental, não se descuide do processo minerário, uma vez que isso pode gerar o indeferimento do requerimento de lavra (portanto, a perda do direito minerário).

INÉRCIA DOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS

A demora na análise dos processos administrativos ambientais é um dos grandes fatores de prejuízo para o minerador.

Os órgãos ambientais têm prazo legal curto para analisar os processos administrativos. Em alguns casos, pode ser aconselhável adotar medidas judiciais para provocar a análise dos processos.

ATUALIZAÇÃO DO PAE ANTES DA OUTORGA DA CONCESSÃO DE LAVRA

O processo minerário está estruturado, inicialmente, para que o minerador apresente o Plano de Aproveitamento Econômico, obtenha a sua aprovação, consiga a Licença Ambiental e, enfim, seja outorgada a Concessão de Lavra.

Não é raro que, em virtude da enorme demora da ANM em analisar o Plano de Aproveitamento Econômico (PAE) e por razões técnicas ou econômicas, o minerador tenha a necessidade de alterá-lo antes de ser publicada a Portaria de Lavra. Essa alteração, antes ou depois da análise e aprovação do PAE, é possível, mas deve ser feita de maneira adequada,

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sob pena de grande atraso no processo minerário e comprometimento do projeto.

Na hipótese do novo PAE ser apresentado enquanto pendente a obrigação de comprovação (a cada seis meses) de andamento do processo de licenciamento ambiental, é preciso que o minerador avalie se mantém a comunicação a respeito do licenciamento ou se deixa de cumprir essa obrigação, em virtude da sua incompatibilidade com a pretensão de aprovação do novo PAE.

SERVIDÃO MINERAL APÓS APRESENTAÇÃO DO REQUERIMENTO DE LAVRA

A servidão mineral é o instrumento jurídico que possibilita ao minerador ter acesso à área de terceiro, para a execução de empreendimento minerário. A constituição da servidão é possível tanto no polígono do direito minerário como nas áreas externas que forem necessárias ao empreendimento.

O procedimento de servidão possui duas fases: uma administrativa e outra judicial. Ao final da fase administrativa, a ANM emite o Laudo de Servidão, reconhecendo a necessidade e adequação do tamanho da área requerida. Posteriormente, esse laudo instruirá processo judicial para que ocorra a constituição da servidão sobre o imóvel.

O requerimento administrativo de servidão pode ser realizado a partir da apresentação do PAE até o fim do empreendimento. A forma e o momento de requerer a servidão mineral demandam decisão estratégica, devendo, entre outras coisas, serem analisados o melhor momento para o requerimento, a real necessidade, os custos envolvidos e a celeridade de cada alternativa.

SERVIDÃO MINERAL ANTES DA CONCESSÃO DE LAVRA

É comum situação em que o órgão ambiental exige o consentimento do proprietário do imóvel para emitir a Licença Ambiental de Instalação, o que é essencial para que o minerador obtenha a Concessão de Lavra.

Nesse caso, é possível ocorrer um grande entrave: o minerador não consegue a LI porque não possui o consentimento do superficiário. Sem a LI não consegue a Concessão de Lavra e sem a Concessão de Lavra, pelo procedimento tradicional, não consegue a servidão mineral. Nessa situação, pode-se buscar a antecipação da servidão mineral pela ANM.

DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEL EM FAVOR DO EMPREENDIMENTO MINERAL

A lei que criou a ANM (Lei nº 13.575/2017) e o Novo Regulamento do Código de Mineração estabeleceram a possibilidade de a Agência declarar imóvel de terceiro como de utilidade pública para fins de desapropriação. Ainda há diversas dúvidas sobre a utilização do instituto, mas, com certeza, trata-se de oportunidade que poderá ser aproveitada pelos mineradores

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FASE DE LAVRA

PRORROGAÇÃO DO PRAZO PARA INICIAR A LAVRA

O Código de Mineração estabelece prazo de 6 meses para o minerador iniciar os trabalhos de lavra após a publicação da Portaria de Lavra. Esse prazo, porém, pode ser prorrogado.

O requerimento de prorrogação do início da lavra deve ser bem justificado, sob pena de ser indeferido e, como consequência, o minerador ser obrigado a iniciar a lavra em momento inoportuno ou colocar o direito minerário em risco ( já que o descumprimento dos prazos de início da lavra é hipótese de perda da Concessão).

CUMPRIMENTO DO PLANO DE APROVEITAMENTO ECONÔMICO (PAE)

O Plano de Aproveitamento Econômico (PAE) é o guia do empreendimento minerário. O seu descumprimento sujeita o minerador a variados riscos.

A lavra exercida em desconformidade com o PAE pode ser considerada ambiciosa, hipótese de multa e de caducidade (perda) da Concessão de Lavra.

É comum que alguns mineradores lavrem em quantidades bem inferiores ao previsto no PAE, quando, por razões técnicas e/ou econômicas, a lavra está inviável, mas não querem requerer a suspensão da lavra. Essa lavra é considerada simbólica e também sujeita o minerador a multa por descumprimento do PAE e, em situações extremas, à perda do direito minerário.

Outra situação de risco relacionada ao PAE está na hipótese contrária: a realização de lavra acima do limite estabelecido. Essa situação, em alguns casos, pode gerar responsabilização administrativa, civil e criminal.

Para minimizar esses riscos, é importante que o minerador esteja sempre atento à necessidade de alterar o seu PAE. Deverá, para tanto, levar em consideração o grande tempo que a ANM costuma demorar para aprovar as alterações no plano, requerendo as alterações com a máxima antecedência possível.

São muito relevantes as alterações promovidas pela Portaria DNPM nº 70.507/2018, que admite que determinadas modificações no empreendimento sejam realizadas sem prévia aprovação da ANM, mediante apresentação de Projeto Executivo.

Dessa forma, o minerador deverá sempre ter em mente quais alterações no plano de lavra demandam a elaboração e a aprovação de um novo PAE e quando é possível a simples apresentação de um Projeto Executivo para implementar as modificações.

SUSPENSÃO DA LAVRA

O exercício da lavra, além de um direito decorrente da Concessão de Lavra, também é um dever de seu titular. Portanto, o minerador somente poderá suspender a lavra nas hipóteses legalmente estabelecidas.

O Código de Mineração exige requerimento fundamentado e instruído com relatório contendo: a) os trabalhos efetuados; b) o estado da mina e suas possibilidades futuras. O novo Regulamento do Código de Mineração trouxe a novidade de autorizar a suspensão da lavra enquanto o minerador aguarda a decisão do requerimento de suspensão pela ANM.

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A suspensão da lavra sem a formalização do requerimento é passível, inicialmente, de multa e, posteriormente, pode gerar a caducidade do direito minerário.

Além dos cuidados prévios para a suspensão, é importante que o minerador também se atente para as normas a respeito da retomada da lavra, a fim de que sua atividade não seja considerada irregular.

CUMPRIMENTO DAS NORMAS REGULADORAS DE MINERAÇÃO – NRM

A atividade de mineração é regida, entre outras normas, pelas chamadas Normas Reguladoras de Mineração – NRM, que estabelecem várias regras para a lavra, beneficiamento, disposição de estéreis e rejeitos, suspensão e retomada da lavra, proteção ao trabalhador, fechamento de mina e outras.

O descumprimento de qualquer dessas regras pode gerar a aplicação de multa pela ANM. Em alguns casos, servidores da Agência têm sustentado a aplicação de várias multas, com base no descumprimento de diversos dispositivos das NRM decorrentes da prática de apenas um ato, fazendo com que o valor total das multas torne-se bastante considerável.

NECESSIDADE DE ÁREA DE SERVIDÃO MINERAL APÓS O INÍCIO DA LAVRA

Muitas vezes o minerador obtém a Concessão de Lavra sem a necessidade de constituir servidão mineral mas, com o desenvolvimento do projeto, passa a ter necessidade de expandir as áreas de servidão que possuía.

A forma e o momento de requerer a servidão mineral demandam decisão estratégica, devendo, entre outras coisas, serem analisados o melhor

momento para o requerimento, a real necessidade, os custos envolvidos e a celeridade de cada alternativa.

RISCOS NA RELAÇÃO COM O SUPERFICIÁRIO

O minerador que não é proprietário do(s) imóvel(is) necessário(s) ao seu empreendimento possui algumas alternativas para executar o seu projeto. Uma delas é a constituição judicial de servidão mineral. Entretanto, muitas vezes a melhor solução é celebrar contrato(s) com o(s) superficiário(s).

Esses contratos costumam ser fontes de problemas. Vários são os modelos de contratos possíveis e o minerador deve estar atento às possibilidades para que celebre o contrato adequado às suas necessidades e inclua cláusulas que minimize os riscos.

Alguns exemplos de situações que costumam gerar problemas:

• Imóvel em inventário ou com mais de um proprietário;

• Imóvel invadido;

• Área de utilização do imóvel mal dimensionada;

• Valores estabelecidos com base em cenário econômico favorável que, posteriormente, tornam-se muito onerosos para o minerador;

• Pagamento incorreto de CFEM e, como consequência, da Participação do Proprietário no Resultado da Lavra – PPRL, que pode gerar crédito (se a CFEM foi paga a maior) ou débito (se a CFEM foi paga a menor) para o minerador em relação ao superficiário.

É preciso atenção para as áreas que são utilizadas sem acordo com o superficiário, uma vez que existe a possibilidade do minerador ser futuramente executado pelo superficiário.

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APROVEITAMENTO DE ESTÉREIS E REJEITOS

É comum em alguns empreendimentos que, por razões técnicas ou econômicas, aquilo que era considerado estéril ou rejeito passe a ter valor econômico e o minerador deseje realizar o seu aproveitamento.

O aproveitamento realizado sem a observância das normas minerárias é passível de grave responsabilização nas esferas administrativa, cível e criminal.

O Novo Regulamento indica que o procedimento para o aproveitamento de estéreis e rejeitos de mineração será simplificado em futura Resolução da ANM.

Atualmente, porém, o procedimento é bastante demorado, uma vez que exige elaboração e aprovação de relatório de reavaliação de reservas e de novo PAE.

REQUERIMENTO DE TERCEIRO SOBRE PILHAS DE ESTÉRIL E BARRAGENS DE REJEITO DO MINERADOR

As pilhas de estéril e as barragens de rejeito, especialmente quando localizadas fora do polígono do direito minerário, costumam ser visadas por terceiros, que requerem direito minerário sobre essas áreas, muitas vezes com fins especulativos.

A ANM entende que o aproveitamento do rejeito e do estéril, enquanto perdurar a atividade de lavra, ainda que suspensa, é direito do titular do direito minerário, mesmo que esses materiais estejam alocados fora de sua poligonal. Portanto, rejeito e estéril não podem ser aproveitados por terceiros.

Apesar disso, há risco de outorga de direito minerário sobre essas áreas, já que em grande parte das vezes a ANM não terá e não buscará a informação a respeito da existência de estéril ou rejeito sobre a área requerida.

Assim, é importante fazer boa gestão sobre essas áreas, para evitar que algum processo de terceiro avance e tenha direito minerário outorgado sobre elas.

CONTRATO DE ARRENDAMENTO

O arrendamento é o instrumento por meio do qual o titular do direito minerário transfere temporariamente a terceiro o direito de exploração da jazida, sem que haja a transferência do título minerário.

O arrendamento pode ser realizado total ou parcialmente. É cabível apenas nos títulos de Concessão de Lavra e de Manifesto de Mina, e demanda anuência e averbação do contrato na ANM. Há riscos relacionados ao contrato de arrendamento tanto para o arrendante como para o arrendatário.

RISCOS COMO ARRENDANTE

Apesar de não exercer diretamente a exploração da jazida mineral, a ANM entende que o arrendante (titular do direito minerário) responde solidariamente com o arrendatário (aquele que recebe o direito de explorar a jazida durante o prazo do contrato) por todas as obrigações.

Em razão disso, o arrendante deverá gerir de forma atenta o contrato de arrendamento, assim como acompanhar o desenvolvimento dos processos administrativos minerário e ambiental, com o intuito de inibir comportamentos do arrendatário que possam gerar sanções cíveis,

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penais e administrativos, bem como aqueles que possam gerar a perda do direito minerário.

Deve também acompanhar o cumprimento das obrigações relacionadas à CFEM e à relação com os superficiários, já que o pagamento incorreto, nessas situações, pode gerar débito ao arrendante.

RISCOS COMO ARRENDATÁRIO

O arrendatário responde solidariamente com o arrendante por todas as obrigações minerárias. Além disso, só poderá iniciar as atividades de lavra após a averbação do contrato de arrendamento.

É comum que os contratos de arrendamento prevejam sanções adicionais aos arrendatários pelo descumprimento de obrigações legais e eventual responsabilização do arrendante, o que aumenta a necessidade de boa gestão da operação e da condução do processo minerário.

Na gestão do contrato, algumas situações devem ser analisadas pelo arrendatário, como a eventual alteração na relação negocial entre as partes (o que pode demandar a celebração de termo aditivo) e a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, que pode ser impactado, por exemplo, por alterações no cenário econômico.

INFOGRÁFICO II

Clique na imagem para ampliar e visualizar na web.

RISCOS NA FASE DE LAVRA

1 ê Sigilo do processo administrativo

2 ê Necessidade de prorrogar prazo para requerer a lavra

3 ê Conflito com outro empreendimento de utilidade pública

� Requerimento de lavra

4 ê Demora da ANM em analisar o Plano de Aproveitamento Econômico (PAE)

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5 ê Necessidade de alterar o PAE antes de sua análise

6 ê Dificuldade de acordo com o proprietário do imóvel

7 ê Atraso na licença ambiental

8 ê Cumprimento de exigências

9 ê Requerimento de servidão mineral antes ou após aprovação do PAE

10 ê Necessidade de alterar o PAE já aprovado antes da concessão de lavra

� Concessão de lavra

11 ê Antecipação da publicação da servidão mineral antes da concessão de lavra

12 ê Necessidade de Prorrogar o prazo para iniciar a lavra

13 ê Resistência do proprietário do imóvel

14 ê Dúvida no pagamento da CFEM

15 ê Pagamento da participação do proprietário no resultado da lavra - PPRL

16 ê Necessidade de servidão mineral sobre imóvel de terceiro

17 ê Necessidade de servidão mineral sobre direito minerário de terceiro

18 ê Desapropriação de imóvel em favor da lavra

19 ê Conflito com empreendimentos imobiliários

20 ê Aproximação de núcleos urbanos

21 ê Criação de restrição ambiental sobre o direito minerário

22 ê Interferências políticas sobre a mineração

23 ê Cumprimento das obrigações relacionadas às barragens

24 ê Renovação da licença ambiental

25 ê Aproveitamento de estéreis e rejeitos

26 ê Requerimento de terceiro sobre pilha de estéril e barragem de rejeitos do minerador

27 ê Riscos dos contratos de cessão total ou parcial

28 ê Demora da ANM em averbar o contrato de cessão

29 ê Riscos em contratos de arrendamento total ou parcial

30 ê Demora da ANM em averbar o contrato de arrendamento

31 ê Contrato de arrendamento extremamente oneroso que necessita revisão

32 ê Problemas com arrendatário

� Renovação das licenças ambientais

33 ê Necessidade de suspender atividades

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34 ê Descumprimento do PAE e riscos para o direito minerário

35 ê Necessidade de alterar o método de lavra

36 ê Lavra abaixo ou acima do limite do PAE

37 ê Aditamento de substância

38 ê Demora da anm em analisar o aditamento da substância

39 ê Ampliação do empreendimento

40 ê Demora da anm em analisar o novo pae da ampliação

41 ê Necessidade de alterar ou ampliar servidão

42 ê Risco de terceiro requerer servidão mineral sobre direito minerário da empresa

43 ê Necessidade de revisão do contrato de servidão

44 ê Lavra fora dos limites da concessão de lavra

45 ê Risco de crime de usurpação

46 ê Risco de crime ambiental

� Exaustão da jazida

47 ê Cuidados com o descomissionamento da mina

48 ê Necessidade de monitoramento pós-fechamento da mina

� Extinção do processo administrativo

� Baixa no licenciamento ambiental

REGIME DE

LICENCIAMENTO

MINERAL

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O regime de Licenciamento Mineral (ou Registro de Licença) possui muitas particularidades. A sua outorga está condicionada à obtenção de Licença Municipal (pela autoridade competente do Município onde está localizada a jazida) e à autorização do proprietário do imóvel.

Essas particularidades geram riscos relevantes para os direitos minerários nesse regime, além de vários daqueles mencionados acima, referentes à fase de lavra.

CONTRATO COM O PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL

Considerando que a autorização do proprietário do imóvel é requisito para a validade do direito minerário, algumas situações geram riscos específicos, tais como: contratos por prazo indeterminado; contratos com possibilidade de retomada mediante simples notificação; contratos celebrados apenas com parte dos proprietários; contratos não averbados no cartório imobiliário; contratos sem cláusula de que o novo adquirente deve respeitar o contrato com o minerador.

PRORROGAÇÃO DO TÍTULO

O prazo do Registro de Licença está vinculado ao menor prazo entre aquele previsto na Licença Municipal e aquele do contrato com o proprietário do imóvel. A ANM exige, antes do vencimento de qualquer desses documentos, que o minerador apresente requerimento de prorrogação e junte novo documento com prazo vigente.

Dessa forma, eventual dificuldade para obter a renovação da Licença Municipal ou da autorização do proprietário do imóvel pode resultar na perda do direito minerário. Por isso, é importante que o minerador busque a renovação com antecedência razoável, para que possa, no caso de

dificuldades, adotar as medidas necessárias para a preservação do seu direito de prioridade.

Em caso de negativa injustificada da autoridade municipal à renovação da licença, é possível adotar medidas judiciais.

RISCOS RELACIONADOS À EXTRAÇÃO

O Regime de Licenciamento está restrito ao aproveitamento das substâncias minerais elencadas na Lei nº 6.567/1978. A lavra de substância não incluída no referido rol gera risco de responsabilização civil, administrativa e criminal. Também gera risco de responsabilização a venda do minério extraído sob esse regime para fins industriais.

ALTERAÇÃO DE REGIME

A mudança do Regime de Licenciamento para o Regime de Autorização de Pesquisa é admitida. Essa mudança, porém, pode ter alguns riscos para o minerador, especialmente considerando a relação existente entre o titular do direito e o proprietário do imóvel no regime de licenciamento.

O titular do licenciamento, se continuar cumprindo os requisitos legais desse regime, poderá manter a lavra até obter a Concessão de Lavra, possibilitando que a mudança do regime ocorra sem que as atividades sejam suspensas.

Entretanto, se a pesquisa for conduzida sem acordo com o proprietário do imóvel, há grande risco de suspensão. Na hipótese de contrato com prazo determinado, por exemplo, o superficiário poderá se negar a prorrogar o contrato.

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Além disso, é possível que o proprietário do imóvel intervenha no processo administrativo minerário visando à manutenção do regime de licenciamento, que lhe pode ser mais favorável.

INFOGRÁFICO III

Clique na imagem para ampliar e visualizar na web.

RISCOS NO LICENCIAMENTO MINERAL

1 ê Recusa do município em outorgar a licença mineral

2 ê Especificidades do contrato com o proprietário do imóvel

3 ê Contrato por prazo indeterminado e risco de retomada

� Requerimento de licenciamento na ANM

4 ê Disputa por prioridade

5 ê Demora da anm em analisar o requerimento de licenciamento mineral

6 ê Dificuldade para obter a licença ambiental

� Registro da licença pela ANM

7 ê Sigilo do processo administrativo

8 ê Morte do proprietário. vários herdeiros. condomínio.

9 ê Dúvida no pagamento da cfem

10 ê Pagamento da participação do proprietário nos resultados da lavra?

� Alteração de regime

11 ê Relação com o proprietário após alteração de regime

12 ê Substância extraída como de emprego imediato na construção civil, mas vendida como minério industrial

13 ê Extração muito abaixo da possibilidade da mina e demanda de mercado

14 ê Lavra paralisada

15 ê Conflito com outro empreendimento de utilidade pública

16 ê Conflito com empreendimento imobiliário

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17 ê Aproximação de núcleos urbanos

18 ê Interferências políticas sobre a mineração

19 ê Criação de restrições ambientais

20 ê Dúvida no pagamento da CFEM

� Prorrogação do licenciemento

21 ê Dúvida no pagamento de tributos

22 ê Indeferimento da prorrogação

23 ê Necessidade de utilizar imóvel vizinho (do mesmo ou de outro proprietário)

24 ê Descumprimento do título minerário e riscos perante a ANM

25 ê Descumprimento do título minerário e riscos ambientais

26 ê Necessidade de revisão do contrato com o proprietário

27 ê Descumprimento do título minerário e riscos penais

28 ê Vencimento do prazo contratual

29 ê Caducidade do licenciamento mineral

� Exaustão de jazida

30 ê Descomissionamento da mina

31 ê Necessidade de monitoramentos

� Baixa no processo administrativo

� Baixa no licenciamento ambiental

RISCOS

COMUNS

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RISCOS COMUNS AOS DIVERSOS REGIMES DE EXPLORAÇÃO MINERAL

SIGILO DOS PROCESSOS MINERÁRIOS

Até janeiro de 2019, o acesso ao processo administrativo perante a Agência Nacional de Mineração — considerado sigiloso — era permitido somente a quem tinha procuração do titular ou comprovasse a condição de terceiro interessado (o que ocorria em casos muito específicos).

Entretanto, a ANM publicou, em 31/01/2019, a Resolução 01/2019, que trata do fim do sigilo dos processos administrativos minerários. A partir de então, qualquer pessoa poderá examinar os processos minerários sem ser titular ou comprovar a condição de terceiro interessado.

A Resolução dispõe sobre o sigilo de alguns documentos, tais como o Relatório de Pesquisa, o Relatório de Reavaliação de Reservas, o Plano de Aproveitamento Econômico e o Relatório Anual de Lavra. Essa disposição é insuficiente para proteger o minerador porque: (i) não está claro na norma que o sigilo sobre esses documentos básicos será automático; e (ii) no processo administrativo há muitas outras informações que não devem ser vistas por concorrentes e especuladores.

A Norma dispõe que é possível requerer sigilo de outros documentos e relatórios, mediante requerimento fundamentado.

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Essa disposição abre oportunidade para a empresa colocar sob sigilo outros documentos e informações. Cada processo é diferente e cada documento é distinto do outro. Em razão disso, cada processo deverá ser examinado individualmente, sob pena de a ANM indeferir o requerimento de sigilo feito de forma padronizada.

INÉRCIA DA AGÊNCIA NACIONAL DA MINERAÇÃO – ANM

Um dos problemas mais graves do processo administrativo minerário é a demora no andamento dos processos na ANM, em razão de sua estrutura deficitária atual. O atraso na análise dos processos administrativos é um dos fatores que mais geram riscos e prejuízos para os mineradores.

Os exemplos de possibilidade de prejuízo para o minerador são diversos: demora para outorgar direitos minerários, averbar cessões, analisar documentos etc. Essas situações, muitas vezes, geram risco de perda de oportunidade econômica.

A ANM tem prazo legal curto para analisar os processos administrativos. Nesses casos de demora, o Poder Judiciário tem respondido com razoável eficiência, obrigando a ANM a dar solução para o processo em trinta dias. Não há notícia de retaliação por parte da Agência, que tem agido de maneira correta e profissional.

DISPUTA POR PRIORIDADE

O direito de prioridade é a garantia ao minerador que primeiro apresentar requerimento, sobre área livre, instruído com a documentação exigida, de obtenção do título minerário.

A verificação do requerimento prioritário pode ter várias discussões, envolvendo, por exemplo, o momento em que a área ficou livre, o cumprimento dos requisitos por outro requerente, a retirada de interferências com as áreas oneradas etc.

Essas questões podem fazer com que a ANM defina a prioridade de forma indevida. Portanto, deve ser foco de atenção, seja para o titular de novo requerimento ou para o titular de requerimento ou direito minerário anterior. No caso de incorreção da definição da prioridade, poderão ser adotadas medidas administrativas e/ou judiciais.

INVASÃO DE ÁREAS DE DIREITOS MINERÁRIOS

É bastante comum o minerador, ao examinar a área para a qual tem requerimento ou direito minerário de qualquer regime, deparar-se com invasão. Para qualquer tipo de invasão, há possibilidade de desocupar o imóvel, seja por ação dos órgãos administrativos, seja por determinação judicial.

Em casos de constatação de invasão, é recomendável tomar providências imediatamente, o que evita que a culpa pela invasão recaia sobre o minerador.

Quanto mais demorarem as providências do minerador, maior a chance de o número de invasores aumentar, mais consolidada se torna a situação dos invasores, mais difícil a obtenção de decisão liminar para retomada da posse e maiores os danos ambientais gerados pelos invasores.

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BARRAGENS DE REJEITOS

Há várias normas que regulam as barragens de mineração. São muitas as situações que comportam riscos relevantes. Citamos alguns exemplos que devem ser verificados pelos mineradores que possuem barragens:

• Barragens com algum grau de insegurança ou instabilidade.

• Não preenchimento/atualização do Sistema Integrado de Gestão de Barragens de Mineração – SIGBM ou prestação de informações incorretas.

• Não elaboração do Plano de Segurança de Barragens – PSB, o Projeto “como construído” – “as built” ou o Projeto “como está” – e “as is”, nos prazos estabelecidos pela Portaria ANM nº 70.389/2017.

• Não elaboração do Mapa de Inundação para auxílio na classificação referente ao dano potencial associado no prazo estabelecido.

• Não implementação do Sistema de Monitoramento de Segurança de Barragem no prazo estabelecido.

• Não realização de revisões e inspeções observando a periodicidade mínima determinada pela legislação.

• Não preenchimento e/ou não apresentação da documentação necessária após cada vistoria.

• Não cumprimento das determinações e/ou recomendações contidas nos Relatórios de Inspeção e Revisão Periódica de Segurança.

• Não elaboração do PAEBM nos casos determinados.

• Não cumprimento das obrigações estabelecidas para as barragens que possuem PAEBM.

INTERFERÊNCIA COM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

As Unidades de Conservação são espaços territoriais protegidos pelo Poder Público, em decorrência de características ambientais relevantes, em que se define um regime especial de administração e proteção.

Nas Unidades de Conservação de Proteção Integral e nas Reservas Extrativistas e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), é completamente vedada a atividade de mineração, enquanto nas demais Unidades de Conservação, de Uso Sustentável, é, em regra, permitida, desde que atendidas às restrições e condicionantes.

A ANM possui entendimento de que os requerimentos que interferem com as unidades em que a mineração é proibida devem ser indeferidos e os direitos minerários vigentes devem passar por processo de “decaimento” (extinção do direito).

Portanto, sempre que é criada nova UC sobre áreas oneradas, há o risco de perda dos direitos minerários interferentes. É importante que o minerador fique atento à criação dessas unidades, para que possa adotar as medidas necessárias, seja para manter o seu direito, seja para requerer a devida indenização. A criação de unidades de conservação pelos Municípios demanda atenção ainda maior, uma vez que não é possível identificar a existência dessas unidades na base de dados da ANM.

INTERFERÊNCIA COM TERRAS INDÍGENAS

Atualmente, a mineração é proibida em terras indígenas, por ausência de regulação da atividade pelo Congresso Nacional.

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De modo semelhante ao que ocorre com as Unidades de Conservação (tratado no tópico anterior), a ANM entende que os requerimentos que interferem com terras indígenas devem ser indeferidos e que os direitos minerários vigentes devem passar por processo de “decaimento” (extinção do direito). Portanto, também é preciso atenção a eventual interferência com essas áreas.

CONFLITOS COM OUTROS EMPREENDIMENTOS DE INTERESSE PÚBLICO

Há a possibilidade, em determinadas áreas, de conflito da mineração com outra atividade de interesse público, como empreendimentos para geração e transmissão de energia elétrica.

Nessa hipótese, a ANM, caso constate a inviabilidade de coexistência, deverá ponderar qual atividade melhor atende ao interesse público. Se considerar que o interesse público na outra atividade é superior ao da mineração, no caso analisado, poderá bloquear a área do processo minerário.

Portanto, é preciso que o minerador atente-se à existência de outros empreendimentos de interesse público, que poderão atingir seu direito minerário e de eventual requerimento de bloqueio sobre a área, para que possa defender o seu direito e/ou requerer a devida indenização.

PRAZOS NA LEGISLAÇÃO MINERAL

A legislação mineral estabelece diversos prazos para as manifestações nos processos minerários. As normas, no entanto, não são completas, deixando, em determinadas situações, de prever o prazo e a forma de contagem.

Em razão dessas peculiaridades, para o cumprimento tempestivo de suas obrigações, é necessário que o minerador atente-se ao prazo específico de cada manifestação ou evento de seu processo minerário.

Na hipótese de perda de prazo, deve observar também se todas as questões formais foram observadas, especialmente relacionadas à regularidade da intimação, uma vez que eventual nulidade pode ser fundamento para o questionamento de sanção e para a manutenção do direito minerário.

GESTÃO FUNDIÁRIA

Em muitos casos, o minerador adota várias medidas para a condução dos processos administrativos minerários e ambientais, mas não se preocupa com a situação dos imóveis próprios ou de terceiros que serão utilizados pelo empreendimento.

A falta de boa gestão dessas áreas, ainda antes do ingresso nos imóveis, gera o risco de atraso na implantação do projeto. Algumas medidas que devem ser adotadas:

• Regularização da documentação do imóvel para que não haja empecilho para o licenciamento ambiental ou a lavra.

• Análise da documentação do imóvel rural e dos atos constitutivos do empreendedor para confirmar eventual empecilho à aquisição, no caso de empresas brasileiras equiparadas às estrangeiras, examinando as alternativas existentes.

• Prevenção contra invasões e adoção de medidas para desocupação dos imóveis invadidos.

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• Prevenção contra aproximação de núcleos urbanos, o que causará problemas para a mineração a curto e longo prazos.

DISPONIBILIDADE

O novo Regulamento do Código de Mineração modificou o critério de julgamento dos procedimentos de disponibilidade. Antes, o vencedor era definido com base na melhor proposta técnica apresentada. Agora, será realizado leilão eletrônico, vencendo aquele que apresentar o maior valor.

Ainda há dúvida a respeito do andamento dos procedimentos de disponibilidade iniciados antes da vigência da nova regra. É preciso atenção para que eventual aplicação das novas regras não atinja direitos adquiridos e atos jurídicos consolidados.

Algumas questões devem ser verificadas nos procedimentos de disponibilidade, a fim de vencê-los ou evitar que algum concorrente vença de forma indevida: cumprimento dos requisitos exigidos para a habilitação, valoração das propostas (para os procedimentos antigos), cumprimento da proposta técnica (para os procedimentos antigos) ou o pagamento do valor ofertado (para os procedimentos novos).

RELATÓRIO ANUAL DE LAVRA — RAL

O Relatório Anual de Lavra (RAL) é obrigatório para todos os titulares ou arrendatários de títulos de lavra e, também, para os que têm Guia de Utilização, e deve ser apresentado anualmente à ANM, com base nas atividades desenvolvidas no ano anterior.

A não apresentação do RAL ou sua apresentação intempestiva, assim como o seu preenchimento com ausência ou manipulação de informações

ou dados exigidos por lei ou por Resolução da ANM, sujeitam o minerador a multa.

Situações comuns, que podem gerar responsabilização administrativa e criminal, são o preenchimento do RAL com informações incorretas e o lançamento de produção de um direito minerário em outro.

CADASTRO DE TITULARES DE DIREITOS MINERÁRIOS – CTDM

Os requerentes ou titulares de direito minerário na ANM são obrigados a possuir e manter atualizado cadastro eletrônico (denominado Cadastro de Titulares de Direitos Minerários – CTDM) na ANM, que tem registradas as suas informações básicas, como nome, razão social, endereço e representação.

Embora o cumprimento dessa obrigação seja relativamente simples, deve ser objeto de muita atenção. Isso porque, além do descumprimento acarretar multa, é possível, por exemplo, que o minerador não seja intimado para cumprir determinada exigência no processo minerário, por estar com o endereço desatualizado no cadastro e, como consequência, sofra alguma sanção ou perca o direito minerário.

DISPENSA DE TÍTULO MINERÁRIO

O Código de Mineração estabelece, como hipótese que não depende da obtenção de título minerário, a realização dos trabalhos de movimentação de terras e de desmonte de materiais in natura, necessários à abertura de vias de transporte, obras gerais de terraplanagem e de edificações, desde que o material seja utilizado na própria obra e que não haja comercialização.

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A ANM possui entendimento restritivo em relação a aplicação dessa hipótese, considerando, por exemplo, que se houver oferta de material no mercado regional, não é possível a dispensa de título. Portanto, mesmo nos casos de movimentação de areia, cascalho ou argila, por exemplo, há risco de responsabilização, nas esferas civil, administrativa e criminal, se o responsável não tiver título minerário para a referida substância.

Essa hipótese de dispensa de título possui outro risco relacionado: a possibilidade de incidir sobre áreas oneradas. É importante que o minerador atente-se para a atividade de terceiros em sua área com base nessa hipótese, seja para impedir a atividade ou delimitar a sua extensão.

DIREITO MINERÁRIO EM FAIXA DE FRONTEIRA

A faixa de fronteira é a faixa interna paralela à linha divisória do território nacional com extensão de 150 quilômetros de largura. O exercício da mineração nessa área, devido à importância que assume para a segurança nacional, encontra restrições.

É preciso o minerador obtenha o assentimento prévio do Conselho de Defesa Nacional (CDN), para o qual deverá demonstrar que possui a) ao menos 51% do capital social pertencente a brasileiros; b) 2/3 de trabalhadores brasileiros; e c) gerência e administração conduzida por maioria de brasileiros, com poderes predominantes.

Esses requisitos devem ser observados também nas operações de cessão e arrendamento do título minerário, já que o cessionário e o arrendatário devem atender a essas condições.

É importante, portanto, que os interessados em requerer ou adquirir título minerário cuja poligonal interfira com a faixa de fronteira verifiquem se essas restrições podem atingi-los.

RESPONSABILIDADE DO MINERADOR EM MATÉRIA DE TRANSPORTE DE CARGAS EM RODOVIAS

Há inúmeras ações judiciais que objetivam responsabilizar o minerador pelo transporte de cargas com excesso de peso nas rodovias do país. Nessas ações, o Ministério Público costuma pleitear o pagamento de altos valores de indenização por danos materiais e morais.

O risco de responsabilização nesses casos pode e deve ser evitado com a defesa adequada dos interesses das empresas de mineração nessas ações.

AUSÊNCIA DE GESTÃO ESTRATÉGICA DO PATRIMÔNIO MINERAL

A gestão estratégica do patrimônio mineral é o sistema de análise, planejamento e condução da atividade mineral, considerando os múltiplos riscos, imediatos ou futuros.

Muitas vezes o minerador trata suas áreas isoladamente, sem qualquer estratégia de curto, médio e longo prazos. Decisões em cima da hora, sempre urgentes, oneram a atividade, geram estresse, comprometem a qualidade da análise e colocam em risco o direito minerário.

Quanto mais tarde a gestão estratégica for iniciada, mais riscos o minerador terá corrido desnecessariamente.

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A gestão estratégica evita muitos riscos e economiza tempo e dinheiro. Além das várias medidas já indicadas nesse material, são recomendações para uma boa gestão estratégica:

• Requerer o sigilo dos documentos e informações estratégicas da empresa presentes nos processos minerários.

• Verificar sobreposição de outros direitos minerários.

• Analisar a razão pela qual um terceiro teria protocolizado um requerimento sobre a poligonal do seu direito minerário.

• Verificar a existência de lacunas entre as poligonais dos direitos minerários.

• Conduzir os procedimentos para constituição das servidões minerais, com a antecedência necessária.

• Analisar eventuais requerimentos de servidão mineral sobre seu direito minerário por terceiros.

• Analisar conveniência de bloqueio de direito minerário de terceiro.

• Realizar due diligence periódica nos direitos minerários, tanto no processo administrativo quanto no processo de licenciamento ambiental.

TRIBUTÁRIO

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OPORTUNIDADES EM RELAÇÃO À TRIBUTAÇÃO

A tributação de empresas de mineração é repleta de detalhes e peculiaridades. Seguem alguns entendimentos jurídicos que podem gerar oportunidades econômicas para os mineradores:

i. Inconstitucionalidade da incidência da CFEM sobre frete e seguro.

ii. Inexigibilidade do Imposto Territorial Rural — ITR sobre área com direito minerário.

iii. Existência de direito a crédito de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais — CFEM decorrente de reajuste retroativo do preço de commodities.

iv. Não incidência de PIS/COFINS e IRPJ/CSLL sobre benefícios fiscais (subvenção para investimento e custeio).

v. Possibilidade de dedução das despesas com capatazia no imposto de importação.

vi. Invalidade da alíquota de 10% sobre FGTS.

vii. Inconstitucionalidade e ilegalidade do Decreto 6.957/2009, na parte que majorou as alíquotas da contribuição ao RAT.

viii. Ilegalidade da cobrança da alíquota adicional do RAT, por exposição do segurado a ruído.

ix. Inconstitucionalidade da redução do REINTEGRA de 3% para 2%, em 2018.

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PENAL

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RISCOS EM MATÉRIA PENAL

CRIME DE USURPAÇÃO

O crime de usurpação pode ocorrer de várias maneiras. Os exemplos mais comuns são a extração de bens minerais sem título minerário e acima do limite do título outorgado, inclusive acima dos limites da Guia de Utilização.

Frequentemente ocorrem, no dia a dia da mineração, avanço da lavra fora dos limites da poligonal de forma não intencional e outras situações que colocam as pessoas físicas envolvidas em risco. Prevenir e remediar o mais rapidamente possível, caso ocorra uma falha na operação, são providências de extrema relevância.

CRIMES AMBIENTAIS

A Lei de Crimes Ambientais traz extenso rol de tipificações que podem ser classificadas como crimes ambientais. No ramo da mineração, duas chamam a atenção:

Art. 55. Executar a pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem título minerário ou em desacordo com ele.

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ambiental ou contrariando as normas legais ou regulamentares.

Os tipos são bem abertos e o menor descuido pode causar problemas na esfera criminal à empresa, e aos diretores e gerentes. Devem ser adotadas medidas de prevenção e, quando identificado caso que possa se enquadrar em algum dos tipos penais, devem ser adotadas medidas imediatas para a defesa.

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POSFÁCIO

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Os riscos que envolvem a mineração são imensos e podem gerar sérios prejuízos para o minerador, se não houver gerenciamento estratégico deles.

A experiência na atuação diária com a mineração revela que grande parte dos problemas decorrem da ausência de conhecimento e prevenção.

Em muitos casos, projetos enormes são comprometidos pela falta de adoção de medidas simples na gestão dos processos minerários.

O desenvolvimento da mineração depende daqueles que, apesar de todas as dificuldades, perseveram. O objetivo é auxiliar os mineradores a superar as dificuldades desse árduo caminho.

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ANEXOS

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CÓDIGO DE MINERAÇÃO

DECRETO-LEI Nº 227, DE 28 DE FEVEREIRO DE 1967

Dá nova redação ao Decreto-lei nº 1.985, de 29 de janeiro

de 1940. (Código de Minas)

O Presidente da República  no uso da atribuição que lhe confere o artigo 9º, § 2º, do Ato

Institucional nº 4, de 7 de dezembro de 1966 e  (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de

1967)

CONSIDERANDO, que da experiência de vinte e sete anos de aplicação do atual Código de

Minas foram colhidos ensinamentos qual impende aproveitar; (Redação dada pelo Decreto-lei

nº 318, de 1967)

CONSIDERANDO que a notória evolução da ciência e da tecnologia, nos anos após a 2ª Guerra

Mundial, introduziram alterações profundas na utilização das substâncias minerais; (Redação

dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

CONSIDERANDO que cumpre atualizar as disposições legais salvaguarda dos superiores

interesses nacionais, que evoluem com o tempo; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de

1967)

CONSIDERANDO que ao Estado incumbe adaptar as normas que regulam atividades

especializadas à evolução da técnica, a fim de proteger a capacidade competitiva do País nos

mercados internacionais; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

CONSIDERANDO que, na colimação desses objetivos, é oportuno adaptar o direito de

mineração à conjuntura; (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

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CONSIDERANDO, mais, quanto consta da Exposição de Motivos número 6-67-GB, de 20 de

fevereiro de 1967, dos Senhores Ministros das Minas e Energia, Fazenda e Planejamento e

Coordenação Econômica, (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

DECRETA:

CÓDIGO DE MINERAÇÃO

CAPÍTULO I Das Disposições Preliminares

Art. 1º Compete à União administrar os recursos minerais, a indústria de produção mineral e a distribuição, o comércio e o consumo de produtos minerais.

Art. 2º Os regimes de aproveitamento das substâncias minerais, para efeito deste Código, são: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

I - regime de concessão, quando depender de portaria de concessão do Ministro

de Estado de Minas e Energia; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

II - regime de autorização, quando depender de expedição de alvará de

autorização do Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção Mineral

- DNPM; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

III - regime de licenciamento, quando depender de licença expedida em

obediência a regulamentos administrativos locais e de registro da licença no

Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM;  (Redação dada pela

Lei nº 9.314, de 1996)

IV - regime de permissão de lavra garimpeira, quando depender de portaria de

permissão do Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção Mineral

- DNPM; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

V - regime de monopolização, quando, em virtude de lei especial, depender de

execução direta ou indireta do Governo Federal. (Incluído pela Lei nº 9.314, de

1996)

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos órgãos da administração direta e autárquica da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sendo-lhes permitida a extração de substâncias minerais de emprego imediato

na construção civil, definidas em Portaria do Ministério de Minas e Energia, para uso exclusivo em obras públicas por eles executadas diretamente, respeitados os direitos minerários em vigor nas áreas onde devam ser executadas as obras e vedada a comercialização.(Redação dada pela Lei nº 9.827, de 1999)

Art. 3º Este Código regula:

I - os direitos sobre as massas individualizadas de substâncias minerais ou

fósseis, encontradas na superfície ou no interior da terra formando os

recursos minerais do País;

II - o regime de seu aproveitamento, e

III - a fiscalização pelo Governo Federal, da pesquisa, da lavra e de outros aspectos

da indústria mineral.

§1º Não estão sujeitos aos preceitos deste Código os trabalhos de movimentação

de terras e de desmonte de materiais  in natura, que se fizerem necessários

à abertura de vias de transporte, obras gerais de terraplenagem e de

edificações, desde que não haja comercialização das terras e dos materiais

resultantes dos referidos trabalhos e ficando o seu aproveitamento restrito à

utilização na própria obra. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

§2º Compete ao Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM a

execução deste Código e dos diplomas legais complementares. (Renumerado

do Parágrafo único para § 2º  pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 4º Considera-se jazida toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando à superfície ou existente no interior da terra, e que tenha valor econômico; e mina, a jazida em lavra, ainda que suspensa.

Art. 6º Classificam-se as minas, segundo a forma representativa do direito de lavra, em duas categorias: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

I - mina manifestada, a em lavra, ainda que transitoriamente suspensa a 16 de

julho de 1934 e que tenha sido manifestada na conformidade do art. 10 do

Decreto nº 24.642, de 10 de julho de 1934, e da Lei nº 94, de 10 de dezembro

de 1935;(Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

II - mina concedida, quando o direito de lavra é outorgado pelo Ministro de

Estado de Minas e Energia. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

Parágrafo único. Consideram-se partes integrantes da mina:

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a) edifícios, construções, máquinas, aparelhos e instrumentos destinados à

mineração e ao beneficiamento do produto da lavra, desde que este seja

realizado na área de concessão da mina;

b) servidões indispensáveis ao exercício da lavra;

c) animais e veículos empregados no serviço;

d) materiais necessários aos trabalhos da lavra, quando dentro da área concedida;

e,

e) provisões necessárias aos trabalhos da lavra, para um período de 120 (cento e

vinte) dias.

Art. 7º O aproveitamento das jazidas depende de alvará de autorização de pesquisa, do Diretor-Geral do DNPM, e de concessão de lavra, outorgada pelo Ministro de Estado de Minas e Energia. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Parágrafo único. Independe de concessão do Governo Federal o aproveitamento de minas manifestadas e registradas, as quais, no entanto, são sujeitas às condições que este Código estabelece para a lavra, tributação e fiscalização das minas concedidas.(Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 9º Far-se-á pelo regime de matrícula o aproveitamento definido e caracterizado como garimpagem, faiscação ou cata.

Art. 10 Reger-se-ão por Leis especiais:

I - as jazidas de substâncias minerais que constituem monopólio estatal;

II - as substâncias minerais ou fósseis de interesse arqueológico;

III - os espécimes minerais ou fósseis, destinados a Museus, Estabelecimentos de

Ensino e outros fins científicos;

IV - as águas minerais em fase de lavra; e

V - as jazidas de águas subterrâneas.

Art. 11 Serão respeitados na aplicação dos regimes de Autorização, Licenciamento e Concessão:(Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)

a) o direito de prioridade à obtenção da autorização de pesquisa ou de registro de licença, atribuído ao interessado cujo requerimento tenha por objeto área considerada livre, para a finalidade pretendida, à data da protocolização do pedido no Departamento Nacional da Produção Mineral (D.N.P.M), atendidos os demais requisitos cabíveis, estabelecidos neste Código; e  (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)

b) o direito à participação do proprietário do solo nos resultados da lavra. (Redação dada pela Lei nº 8.901, de 1994)

§1º A participação de que trata a alínea b do caput deste artigo será de cinquenta por cento do valor total devido aos Estados, Distrito Federal, Municípios e órgãos da administração direta da União, a título de compensação financeira pela exploração de recursos minerais, conforme previsto no caput do art. 6º da Lei nº 7.990, de 29/12/89 e no art. 2º da Lei nº 8.001, de 13/03/90. (Incluído pela Lei nº 8.901, de 1994)

§2º O pagamento da participação do proprietário do solo nos resultados da lavra de recursos minerais será efetuado mensalmente, até o último dia útil do mês subsequente ao do fato gerador, devidamente corrigido pela taxa de juros de referência, ou outro parâmetro que venha a substituí-la. (Incluído pela Lei nº 8.901, de 1994)

§3º O não cumprimento do prazo estabelecido no parágrafo anterior implicará correção do débito pela variação diária da taxa de juros de referência, ou outro parâmetro que venha a substituí-la, juros de mora de um por cento ao mês e multa de dez por cento aplicada sobre o montante apurado. (Incluído pela Lei nº 8.901, de 1994)

Art. 12 O direito de participação de que trata o artigo anterior não poderá ser objeto de transferência ou caução separadamente do imóvel a que corresponder, mas o proprietário deste poderá:

I - transferir ou caucionar o direito ao recebimento de determinadas prestações

futuras;

II - renunciar ao direito.

Parágrafo único Os atos enumerados neste artigo somente valerão contra terceiros a partir da sua inscrição no Registro de Imóveis.

Art. 13 As pessoas naturais ou jurídicas que exerçam atividades de pesquisa, lavra, beneficiamento, distribuição, consumo ou industrialização de reservas minerais, são obrigadas a facilitar aos agentes do Departamento Nacional da Produção Mineral a inspeção de instalações, equipamentos e trabalhos, bem como a fornecer-lhes informações sobre:

I - volume da produção e características qualitativas dos produtos;

II - condições técnicas e econômicas da execução dos serviços ou da exploração

das atividades mencionadas no “caput” deste artigo;

III - mercados e preços de venda;

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IV - quantidade e condições técnicas e econômicas do consumo de produtos

minerais.

CAPÍTULO II Da Pesquisa Mineral

Art. 14 Entende-se por pesquisa mineral a execução dos trabalhos necessários à definição da jazida, sua avaliação e a determinação da exequibilidade do seu aproveitamento econômico.

§1º A pesquisa mineral compreende, entre outros, os seguintes trabalhos

de campo e de laboratório: levantamentos geológicos pormenorizados

da área a pesquisar, em escala conveniente, estudos dos afloramentos

e suas correlações, levantamentos geofísicos e geoquímicos; aberturas

de escavações visitáveis e execução de sondagens no corpo mineral;

amostragens sistemáticas; análises físicas e químicas das amostras e dos

testemunhos de sondagens; e ensaios de beneficiamento dos minérios ou

das substâncias minerais úteis, para obtenção de concentrados de acordo

com as especificações do mercado ou aproveitamento industrial.

§2º A definição da jazida resultará da coordenação, correlação e interpretação

dos dados colhidos nos trabalhos executados, e conduzirá a uma medida das

reservas e dos teores.

§3º A exequibilidade do aproveitamento econômico resultará da análise preliminar

dos custos da produção, dos fretes e do mercado.

Art. 15 A autorização de pesquisa será outorgada pelo DNPM a brasileiros, pessoa natural, firma individual ou empresas legalmente habilitadas, mediante requerimento do interessado.  (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Parágrafo único. Os trabalhos necessários à pesquisa serão executados sob a responsabilidade profissional de engenheiro de minas, ou de geólogo, habilitado ao exercício da profissão. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 16 A autorização de pesquisa será pleiteada em requerimento dirigido ao Diretor-Geral do DNPM, entregue mediante recibo no protocolo do DNPM, onde será mecanicamente numerado e registrado, devendo ser apresentado em duas vias e conter os seguintes elementos de instrução: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

I - nome, indicação da nacionalidade, do estado civil, da profissão, do domicílio

e do número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da

Fazenda, do requerente, pessoa natural. Em se tratando de pessoa jurídica,

razão social, número do registro de seus atos constitutivos no Órgão de

Registro de Comércio competente, endereço e número de inscrição no

Cadastro Geral dos Contribuintes do Ministério da Fazenda;  (Redação dada

pela Lei nº 9.314, de 1996)

II - prova de recolhimento dos respectivos emolumentos;  (Redação dada pela

Lei nº 9.314, de 1996)

III - designação das substâncias a pesquisar; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de

1996)

IV - indicação da extensão superficial da área objetivada, em hectares, e do

Município e Estado em que se situa; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

V - memorial descritivo da área pretendida, nos termos a serem definidos em

portaria do Diretor-Geral do DNPM; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

VI - planta de situação, cuja configuração e elementos de informação serão

estabelecidos em portaria do Diretor-Geral do DNPM;  (Incluído pela Lei nº

9.314, de 1996)

VII - plano dos trabalhos de pesquisa, acompanhado do orçamento e cronograma

previstos para sua execução. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

§1º O requerente e o profissional responsável poderão ser interpelados pelo

DNPM para justificarem o plano de pesquisa e o orçamento correspondente

referidos no inciso VII deste artigo, bem como a disponibilidade de

recursos. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

§2º Os trabalhos descritos no plano de pesquisa servirão de base para a

avaliação judicial da renda pela ocupação do solo e da indenização devida

ao proprietário ou posseiro do solo, não guardando nenhuma relação com

o valor do orçamento apresentado pelo interessado no referido plano de

pesquisa. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

§3º Os documentos a que se referem os incisos V, VI e VII deste artigo deverão

ser elaborados sob a responsabilidade técnica de profissional legalmente

habilitado.(Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

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Art. 17 Será indeferido de plano pelo Diretor-Geral do DNPM o requerimento desacompanhado de qualquer dos elementos de instrução referidos nos incisos I a VII do artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§1º Será de sessenta dias, a contar da data da publicação da respectiva intimação

no Diário Oficial da União, o prazo para cumprimento de exigências formuladas

pelo DNPM sobre dados complementares ou elementos necessários à

melhor instrução do processo.  (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§2º Esgotado o prazo de que trata o parágrafo anterior, sem que haja o requerente

cumprido a exigência, o requerimento será indeferido pelo Diretor-Geral do

DNPM. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 18 A área objetivada em requerimento de autorização e pesquisa ou de registro de licença será considerada livre, desde que não se enquadre em quaisquer das seguintes hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)

I - se a área estiver vinculada a autorização de pesquisa, registro de licença,

concessão da lavra, manifesto de mina ou permissão de reconhecimento

geológico; (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)

II - se a área for objeto de pedido anterior de autorização de pesquisa, salvo se

este estiver sujeito a indeferimento, aos seguintes casos: (Redação dada pela

Lei nº 6.403, de 1976)

a) por enquadramento na situação prevista no caput do artigo anterior, e no §

1º deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976)

b) por ocorrência, na data da protocolização do pedido, de impedimento à

obtenção do título pleiteado, decorrente das restrições impostas no parágrafo

único do Art. 23 e no Art. 26 deste Código; (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976)

III - se a área for objeto de requerimento anterior de registro de licença, ou estiver

vinculada a licença, cujo registro venha a ser requerido dentro do prazo de 30

(trinta) dias de sua expedição; (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976)

IV - se a área estiver vinculada a requerimento de renovação de autorização de

pesquisa, tempestivamente apresentado, e pendente de decisão;  (Incluído

pela Lei nº 6.403, de 1976)

V - se a área estiver vinculada a autorização de pesquisa, com relatório dos

respectivos trabalhos tempestivamente apresentado, e pendente de

decisão; (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976)

VI - se a área estiver vinculada a autorização de pesquisa, com relatório dos

respectivos trabalhos aprovado, e na vigência do direito de requerer a

concessão da lavra, atribuído nos termos do Art. 31 deste Código.  (Incluído

pela Lei nº 6.403, de 1976)

§1º Não estando livre a área pretendida, o requerimento será indeferido por

despacho do Diretor-Geral do Departamento Nacional da Produção Mineral

(D.N.P.M.), assegurada ao interessado a restituição de uma das vias das peças

apresentadas em duplicata, bem como dos documentos públicos, integrantes

da respectiva instrução. (Renumerado do Parágrafo único para  § 1º com nova

redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)

§2º Ocorrendo interferência parcial da área objetivada no requerimento, como

área onerada nas circunstâncias referidas nos itens I a VI deste artigo, e

desde que a realização da pesquisa, ou a execução do aproveitamento

mineral por licenciamento, na parte remanescente, seja considerada técnica

e economicamente viável, a juízo do Departamento Nacional da Produção

Mineral - D.N.P.M. - será facultada ao requerente a modificação do pedido

para retificação da área originalmente definida, procedendo-se, neste caso, de

conformidade com o disposto nos §§ 1º e 2º do artigo anterior. (Incluído pela

Lei nº 6.403, de 1976)

Art. 19 Do despacho que indeferir o pedido de autorização de pesquisa ou de sua renovação, caberá pedido de reconsideração, no prazo de 60 (sessenta) dias, contados da publicação do despacho no Diário Oficial da União. (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)

§1º Do despacho que indeferir o pedido de reconsideração, caberá recurso ao

Ministério das Minas e Energia, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da

publicação do despacho no Diário Oficial da União. (Incluído pela Lei nº 6.403,

de 1976)

§2º A interposição do pedido de reconsideração sustará a tramitação de

requerimento de autorização de pesquisa que, objetivando área abrangida

pelo requerimento concernente ao despacho recorrido, haja sido

protocolizado após o indeferimento em causa, até que seja decidido o pedido

de reconsideração ou o eventual recurso. (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976)

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§3º Provido o pedido de reconsideração ou o recurso, caberá o indeferimento

do requerimento de autorização de pesquisa superveniente, de que trata o

parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976)

Art. 20 A autorização de pesquisa importa nos seguintes pagamentos: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

I - pelo interessado, quando do requerimento de autorização de pesquisa,

de emolumentos em quantia equivalente a duzentas e setenta vezes a

expressão monetária UFIR, instituída pelo  art. 1º da Lei nº 8.383, de 30 de

dezembro de 1991; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

II - pelo titular de autorização de pesquisa, até a entrega do relatório final

dos trabalhos ao DNPM, de taxa anual, por hectare, admitida a fixação em

valores progressivos em função da substância mineral objetivada, extensão e

localização da área e de outras condições, respeitado o valor máximo de duas

vezes a expressão monetária UFIR, instituída pelo art. 1º da Lei nº 8.383, de 30

de dezembro de 1991. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§1º O Ministro de Estado de Minas e Energia, relativamente à taxa de que

trata o inciso II do  caput  deste artigo, estabelecerá, mediante portaria,

os valores, os prazos de recolhimento e demais critérios e condições de

pagamento. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§2º Os emolumentos e a taxa referidos, respectivamente, nos incisos I e II

do caput deste artigo, serão recolhidos ao Banco do Brasil S.A. e destinados

ao DNPM, nos termos do inciso III do caput do art. 5º da Lei nº 8.876, de 2 de

maio de 1994. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§3º O não pagamento dos emolumentos e da taxa de que tratam, respectivamente,

os incisos I e II do caput deste artigo, ensejará, nas condições que vierem a

ser estabelecidas em portaria do Ministro de Estado de Minas e Energia, a

aplicação das seguintes sanções: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

I - tratando-se de emolumentos, indeferimento de plano e consequente

arquivamento do requerimento de autorização de pesquisa; (Incluído pela Lei

nº 9.314, de 1996)

II - tratando-se de taxa: (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

a) multa, no valor máximo previsto no art. 64;  (Incluído pela Lei nº 9.314, de

1996)

b) nulidade  exofficio  do alvará de autorização de pesquisa, após imposição de

multa.(Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 22 A autorização de pesquisa será conferida nas seguintes condições, além das demais constantes deste Código: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

I - o título poderá ser objeto de cessão ou transferência, desde que o cessionário

satisfaça os requisitos legais exigidos. Os atos de cessão e transferência só

terão validade depois de devidamente averbados no DNPM; (Redação dada

pela Lei nº 9.314, de 1996)

II - é admitida a renúncia à autorização, sem prejuízo do cumprimento, pelo

titular, das obrigações decorrentes deste Código, observado o disposto no

inciso V deste artigo, parte final, tornando-se operante o efeito da extinção do

título autorizativo na data da protocolização do instrumento de renúncia, com

a desoneração da área, na forma do art. 26 deste Código; (Redação dada pela

Lei nº 9.314, de 1996)

III - o prazo de validade da autorização não será inferior a um ano, nem superior

a três anos, a critério do DNPM, consideradas as características especiais da

situação da área e da pesquisa mineral objetivada, admitida a sua prorrogação,

sob as seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

a) a prorrogação poderá ser concedida, tendo por base a avaliação do

desenvolvimento dos trabalhos, conforme critérios estabelecidos em

portaria do Diretor-Geral do DNPM; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

b) a prorrogação deverá ser requerida até sessenta dias antes de expirar-se

o prazo da autorização vigente, devendo o competente requerimento

ser instruído com um relatório dos trabalhos efetuados e justificativa do

prosseguimento da pesquisa; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

c) a prorrogação independe da expedição de novo alvará, contando-se o

respectivo prazo a partir da data da publicação, no Diário Oficial da União,

do despacho que a deferir; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

IV - o titular da autorização responde, com exclusividade, pelos danos

causados a terceiros, direta ou indiretamente decorrentes dos trabalhos de

pesquisa; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

V - o titular da autorização fica obrigado a realizar os respectivos trabalhos

de pesquisa, devendo submeter à aprovação do DNPM, dentro do prazo

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de vigência do alvará, ou de sua renovação, relatório circunstanciado dos

trabalhos, contendo os estudos geológicos e tecnológicos quantificativos

da jazida e demonstrativos da exequibilidade técnico-econômica da lavra,

elaborado sob a responsabilidade técnica de profissional legalmente

habilitado. Excepcionalmente, poderá ser dispensada a apresentação do

relatório, na hipótese de renúncia à autorização de que trata o inciso II deste

artigo, conforme critérios fixados em portaria do Diretor-Geral do DNPM, caso

em que não se aplicará o disposto no § 1º deste artigo. (Redação dada pela Lei

nº 9.314, de 1996)

§1º A não apresentação do relatório referido no inciso V deste artigo sujeita o

titular à sanção de multa, calculada à razão de uma UFIR por hectare da área

outorgada para pesquisa. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§2º É admitida, em caráter excepcional, a extração de substâncias minerais

em área titulada, antes da outorga da concessão de lavra, mediante prévia

autorização do DNPM, observada a legislação ambiental pertinente. (Redação

dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 23 Os estudos referidos no inciso V do art. 22 concluirão pela: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

I - exequibilidade técnico-econômica da lavra;  (Incluído pela Lei nº 9.314, de

1996)

II - inexistência de jazida; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

III - inexequibilidade técnico-econômica da lavra em face da presença de fatores

conjunturais adversos, tais como: (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

a) inexistência de tecnologia adequada ao aproveitamento econômico da

substância mineral; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

b) inexistência de mercado interno ou externo para a substância

mineral. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 24 A retificação de alvará de pesquisa, a ser efetivada mediante despacho publicado no Diário Oficial da União, não acarreta modificação no prazo original, salvo se, a juízo do DNPM, houver alteração significativa no polígono delimitador da área. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Parágrafo único. Na hipótese de que trata a parte final do caput deste artigo, será expedido alvará retificador, contando-se o prazo de validade da autorização a partir

da data da publicação, no Diário Oficial da União, do novo título.(Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 25 As autorizações de pesquisa ficam adstritas às áreas máximas que forem fixadas em portaria do Diretor-Geral do DNPM. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 26 A área desonerada por publicação de despacho no Diário Oficial da União ficará disponível pelo prazo de sessenta dias, para fins de pesquisa ou lavra, conforme dispuser portaria do Ministro de Estado de Minas e Energia. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§1º Salvo quando dispuser diversamente o despacho respectivo, a área

desonerada na forma deste artigo ficará disponível para pesquisa.  (Redação

dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§2º O Diretor-Geral do DNPM poderá estabelecer critérios e condições específicos

a serem atendidos pelos interessados no processo de habilitação às áreas

disponíveis nos termos deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§3º Decorrido o prazo fixado neste artigo, sem que tenha havido pretendentes, a

área estará livre para fins de aplicação do direito de prioridade de que trata a

alínea a do art. 11. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§4º As vistorias realizadas pelo DNPM, no exercício da fiscalização dos trabalhos de

pesquisa e lavra de que trata este Código, serão custeadas pelos respectivos

interessados, na forma do que dispuser portaria do Diretor-Geral da referida

autarquia. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996) (Vide Medida Provisória

nº 791, de 2017     Vigência)

Art. 27 O titular de autorização de pesquisa poderá realizar os trabalhos respectivos, e também as obras e serviços auxiliares necessários, em terrenos de domínio público ou particular, abrangidos pelas áreas a pesquisar, desde que pague aos respectivos proprietários ou posseiros uma renda pela ocupação dos terrenos e uma indenização pelos danos e prejuízos que possam ser causados pelos trabalhos de pesquisa, observadas as seguintes regras:

I - A renda não poderá exceder ao montante do rendimento líquido máximo da

propriedade na extensão da área a ser realmente ocupada;

II - A indenização por danos causados não poderá exceder o valor venal da

propriedade na extensão da área efetivamente ocupada pelos trabalhos de

pesquisa, salvo no caso previsto no inciso seguinte;

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III - Quando os danos forem de molde a inutilizar para fins agrícolas e pastoris

toda a propriedade em que estiver encravada a área necessária aos trabalhos

de pesquisa, a indenização correspondente a tais danos poderá atingir o valor

venal máximo de toda a propriedade;

IV - Os valores venais a que se referem os incisos II e III serão obtidos por

comparação com valores venais de propriedade da mesma espécie, na

mesma região;

V - No caso de terrenos públicos, é dispensado o pagamento da renda, ficando o

titular da pesquisa sujeito apenas ao pagamento relativo a danos e prejuízos;

VI - Se o titular do Alvará de Pesquisa, até a data da transcrição do título de

autorização, não juntar ao respectivo processo prova de acordo com os

proprietários ou posseiros do solo acerca da renda e indenização de que trata

este artigo, o Diretor-Geral do D. N. P. M., dentro de 3 (três) dias dessa data,

enviará ao Juiz de Direito da Comarca onde estiver situada a jazida, cópia do

referido título;

VII - Dentro de 15 (quinze) dias, a partir da data do recebimento dessa comunicação,

o Juiz mandará proceder à avaliação da renda e dos danos e prejuízos a que se

refere este artigo, na forma prescrita no Código de Processo Civil;

VIII - O Promotor de Justiça da Comarca será citado para os termos da ação, como

representante da União;

IX - A avaliação será julgada pelo Juiz no prazo máximo de 30 (trinta) dias,

contados da data do despacho a que se refere o inciso VII, não tendo efeito

suspensivo os recursos que forem apresentados;

X - As despesas judiciais com o processo de avaliação serão pagas pelo titular da

autorização de pesquisa;

XI - Julgada a avaliação, o Juiz, dentro de 8 (oito) dias, intimará o titular a depositar

quantia correspondente ao valor da renda de 2 (dois) anos e a caução para

pagamento da indenização;

XII - Feitos esses depósitos, o Juiz, dentro de 8 (oito) dias, intimará os proprietários

ou posseiros do solo a permitirem os trabalhos de pesquisa, e comunicará seu

despacho ao Diretor-Geral do D. N. P. M. e, mediante requerimento do titular

da pesquisa, às autoridades policiais locais, para garantirem a execução dos

trabalhos;

XIII - Se o prazo da pesquisa for prorrogado, o Diretor-Geral do D. N. P. M. o

comunicará ao Juiz, no prazo e condições indicadas no inciso VI deste artigo;

XIV - Dentro de 8 (oito) dias do recebimento da comunicação a que se refere o

inciso anterior, o Juiz intimará o titular da pesquisa a depositar nova quantia

correspondente ao valor da renda relativa ao prazo de prorrogação

XV - Feito esse depósito, o Juiz intimará os proprietários ou posseiros do solo,

dentro de 8 (oito) dias, a permitirem a continuação dos trabalhos de pesquisa

no prazo da prorrogação, e comunicará seu despacho ao Diretor-Geral do D.

N. P. M. e às autoridades locais;

XVI - Concluídos os trabalhos de pesquisa, o titular da respectiva autorização e o

Diretor-Geral do D.N.P.M. Comunicarão o fato ao Juiz, a fim de ser encerrada a

ação judicial referente ao pagamento das indenizações e da renda.

Art. 28 Antes de encerrada a ação prevista no artigo anterior, as partes que se julgarem lesadas poderão requerer ao Juiz que se lhes faça justiça.

Art. 29 O titular da autorização de pesquisa é obrigado, sob pena de sanções:

I - A iniciar os trabalhos de pesquisa:

a) dentro de 60 (sessenta) dias da publicação do Alvará de Pesquisa

no Diário Oficial da União, se o titular for o proprietário do sol ou tiver

ajustado com este o valor e a forma de pagamento das indenizações a

que se refere o Artigo 27 deste Código; ou,

b) dentro de 60 (sessenta) dias do ingresso judicial na área de pesquisa,

quando a avaliação da indenização pela ocupação e danos causados

processar-se em juízo.

III - A não interromper os trabalhos, sem justificativa, depois de iniciados, por

mais de 3, (três) meses consecutivos, ou por 120 dias acumulados e não

consecutivos. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

Parágrafo único. O início ou reinício, bem como as interrupções de trabalho, deverão ser prontamente comunicados ao D. N. P. M., bem como a ocorrência de outra substância mineral útil, não constante do Alvará de Autorização.

Art. 30 Realizada a pesquisa e apresentado o relatório exigido nos termos do inciso V do art. 22, o DNPM verificará sua exatidão e, à vista de parecer conclusivo, proferirá despacho de: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

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I - aprovação do relatório, quando ficar demonstrada a existência de

jazida; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

II - não aprovação do relatório, quando ficar constatada insuficiência dos

trabalhos de pesquisa ou deficiência técnica na sua elaboração;  (Redação

dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

III - arquivamento do relatório, quando ficar demonstrada a inexistência de

jazida, passando a área a ser livre para futuro requerimento, inclusive com

acesso do interessado ao relatório que concluiu pela referida inexistência de

jazida; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

IV - sobrestamento da decisão sobre o relatório, quando ficar caracterizada a

impossibilidade temporária da exequibilidade técnico-econômica da lavra,

conforme previsto no inciso III do art. 23. (Incluído dada pela Lei nº 9.314, de

1996)

§1° Na hipótese prevista no inciso IV deste artigo, o DNPM fixará prazo para o

interessado apresentar novo estudo da exequibilidade técnico-econômica da

lavra, sob pena de arquivamento do relatório. (Incluído dada pela Lei nº 9.314,

de 1996)

§2° Se, no novo estudo apresentado, não ficar demonstrada a exequibilidade

técnico-econômica da lavra, o DNPM poderá conceder ao interessado,

sucessivamente, novos prazos, ou colocar a área em disponibilidade, na forma

do art. 32, se entender que terceiro poderá viabilizar a eventual lavra. (Incluído

dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§3° Comprovada a exequibilidade técnico-econômica da lavra, o DNPM proferirá,

ex officio ou mediante provocação do interessado, despacho de aprovação

do relatório. (Incluído dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 31 O titular, uma vez aprovado o Relatório, terá 1 (hum) ano para requerer a concessão de lavra, e, dentro deste prazo, poderá negociar seu direito a essa concessão, na forma deste Código.

Parágrafo único. O DNPM poderá prorrogar o prazo referido no caput, por igual período, mediante solicitação justificada do titular, manifestada antes de findar-se o prazo inicial ou a prorrogação em curso. (Incluído dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 32 Findo o prazo do artigo anterior, sem que o titular, ou seu sucessor, haja requerido concessão de lavra, caducará seu direito, cabendo ao Diretor-Geral do Departamento Nacional da Produção Mineral - D. N. P. M. - mediante Edital publicado no Diário Oficial

da União, declarar a disponibilidade da jazida pesquisada, para fins de requerimento da concessão de lavra. (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)

§1º O Edital estabelecerá os requisitos especiais a serem atendidos pelos

requerentes da concessão de lavra, consoante as peculiaridades de cada

caso. (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976)

§2º Para determinação da prioridade à outorga da concessão de lavra, serão,

conjuntamente, apreciados os requerimentos protocolizados dentro do

prazo que for convenientemente fixado no Edital, definindo-se, dentre estes,

como prioritário, o pretendente que a juízo do Departamento Nacional da

Produção Mineral - D. N. P. M. - melhor atender aos interesses específicos do

setor minerário. (Incluído pela Lei nº 6.403, de 1976)

Art. 33 Para um conjunto de autorizações de pesquisa da mesma substância mineral em áreas contíguas, ou próximas, o titular ou titulares das autorizações, poderão, a critério do D.N.P.M., apresentar um plano único de pesquisa e também um só Relatório dos trabalhos executados, abrangendo todo o conjunto.

Art. 34 Sempre que o Governo cooperar com o titular da autorização nos trabalhos de pesquisa, será reembolsado das despesas, de acordo com as condições estipuladas no ajuste de cooperação técnica celebrado entre o D.N.P.M. e o titular.

Art. 35 A importância correspondente às despesas reembolsadas a que se refere o artigo anterior será recolhida ao Banco do Brasil S/A, pelo titular, à conta do “Fundo Nacional de Mineração - Parte Disponível.

CAPÍTULO III Da Lavra

Art. 36 Entende-se por lavra o conjunto de operações coordenadas objetivando o aproveitamento industrial da jazida, desde a extração das substâncias minerais úteis que contiver, até o beneficiamento das mesmas.

Art. 37 Na outorga da lavra, serão observadas as seguintes condições:

I - a jazida deverá estar pesquisada, com o Relatório aprovado pelo D.N.P.M.;

II - a área de lavra será a adequada à condução técnico-econômica dos trabalhos

de extração e beneficiamento, respeitados os limites da área de pesquisa.

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Parágrafo único. Não haverá restrições quanto ao número de concessões outorgadas a uma mesma empresa. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 38 O requerimento de autorização de lavra será dirigido ao Ministro das Minas e Energia, pelo titular da autorização de pesquisa, ou seu sucessor, e deverá ser instruído com os seguintes elementos de informação e prova:

I - certidão de registro, no Departamento Nacional de Registro do Comércio, da

entidade constituída; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

II - designação das substâncias minerais a lavrar, com indicação do Alvará de

Pesquisa outorgado, e de aprovação do respectivo Relatório;

III - denominação e descrição da localização do campo pretendido para a lavra,

relacionando-o, com precisão e clareza, aos vales dos rios ou córregos,

constantes de mapas ou plantas de notória autenticidade e precisão, e estradas

de ferro e rodovias, ou , ainda, a marcos naturais ou acidentes topográficos

de inconfundível determinação; suas confrontações com autorização de

pesquisa e concessões de lavra vizinhas, se as houver, e indicação do Distrito,

Município, Comarca e Estado, e, ainda, nome e residência dos proprietários do

solo ou posseiros;

IV - definição gráfica da área pretendida, delimitada por figura geométrica formada,

obrigatoriamente, por segmentos de retas com orientação Norte-Sul e Leste-

Oeste verdadeiros, com 2 (dois) de seus vértices, ou excepcionalmente 1

(um), amarrados a ponto fixo e inconfundível do terreno, sendo os vetores

de amarração definidos por seus comprimentos e rumos verdadeiros, e

configuradas, ainda, as propriedades territoriais por ela interessadas, com os

nomes dos respectivos superficiários, além de planta de situação;

V - servidões de que deverá gozar a mina;

VI - plano de aproveitamento econômico da jazida, com descrição das instalações

de beneficiamento;

VII - prova de disponibilidade de fundos ou da existência de compromissos de

financiamento, necessários para execução do plano de aproveitamento

econômico e operação da mina.

Parágrafo único. Quando tiver por objeto área situada na faixa de fronteira, a concessão de lavra fica ainda sujeita aos critérios e condições estabelecidas em lei. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

 Art. 39 O plano de aproveitamento econômico da jazida será apresentado em duas vias e constará de:

I - Memorial explicativo;

II - Projetos ou anteprojetos referentes;

a) ao método de mineração a ser adotado, fazendo referência à escala de

produção prevista inicialmente e à sua projeção;

b) à iluminação, ventilação, transporte, sinalização e segurança do trabalho,

quando se tratar de lavra subterrânea;

c) ao transporte na superfície e ao beneficiamento e aglomeração do

minério;

d) às instalações de energia, de abastecimento de água e condicionamento

de ar;

e) à higiene da mina e dos respectivos trabalhos;

f) às moradias e suas condições de habitabilidade para todos os que

residem no local da mineração;

g) às instalações de captação e proteção das fontes, adução, distribuição e

utilização da água, para as jazidas da Classe VIII.

Art.40 O dimensionamento das instalações e equipamentos previstos no plano de aproveitamento econômico da jazida, deverá ser condizente com a produção justificada no Memorial Explicativo, e apresentar previsão das ampliações futuras.

Art. 41 O requerimento será numerado e registrado cronologicamente, no D.N.P.M., por processo mecânico, sendo juntado ao processo que autorizou a respectiva pesquisa.

§1º Ao interessado será fornecido recibo com as indicações do protocolo e

menção dos documentos apresentados.

§2º Quando necessário cumprimento de exigência para menor instrução do

processo, terá o requerente o prazo de 60 (sessenta) dias para satisfazê-las.

§3° Poderá esse prazo ser prorrogado, até igual período, a juízo do Diretor-Geral do

D.N.P.M., desde que requerido dentro do prazo concedido para cumprimento

das exigências. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§4° Se o requerente deixar de atender, no prazo próprio, as exigências formuladas

para melhor instrução do processo, o pedido será indeferido, devendo o

D.N.P.M. declarar a disponibilidade da área, para fins de requerimento de

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concessão de lavra, na forma do art. 32.  (Incluído dada pela Lei nº 9.314, de

1996)

Art. 42 A autorização será recusada, se a lavra for considerada prejudicial ao bem público ou comprometer interesses que superem a utilidade da exploração industrial, a juízo do Governo. Neste último caso, o pesquisador terá direito de receber do Governo a indenização das despesas feitas com os trabalhos de pesquisa, uma vez que haja sido aprovado o Relatório.

Art. 43 A concessão de lavra terá por título uma portaria assinada pelo Ministro de Estado de Minas e Energia. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 44 O titular da concessão de lavra requererá ao D.N.P.M., a Posse da Jazida, dentro de 90 (noventa) dias a contar da data da publicação do respectivo Decreto no Diário Oficial da União.

§1º O titular pagará uma taxa de emolumentos correspondente a 5 (cinco)

máximos salários mínimos, a qual será recolhida ao Banco do Brasil S. A., à

conta «Fundo Nacional de Mineração - Parte Disponível».

§2º A data da Imissão de Posse da jazida será fixada pelo D.N.P.M., depois de

recebido o requerimento, dela tomando conhecimento o interessado por

ofício e por publicação de edital no Diário Oficial da União.

§3º O interessado fica obrigado a preparar o terreno e tudo quanto for necessário

para que o ato de Imissão de Posse se realize na data fixada.

Art. 44 O titular da concessão de lavra requererá ao DNPM a Posse da Jazida, dentro de noventa dias a contar da data da publicação da respectiva portaria no Diário Oficial da União. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Parágrafo único. O titular pagará uma taxa de emolumentos correspondente a quinhentas UFIR. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 45 A imissão de Posse processar-se-á do modo seguinte:

I - serão intimados, por meio de ofício ou telegrama, os concessionários das

minas limítrofes se as houver. Com 8 (oito) dias de antecedência, para que,

por si ou seus representantes possam presenciar o ato, e, em especial, assistir

à demarcação; e,

II - no dia e hora determinados, serão fixados, definitivamente, os marcos dos

limites da jazida que o concessionário terá para esse fim preparado, colocados

precisamente nos pontos indicados no Decreto de Concessão, dando-se, em

seguida, ao concessionário, a Posse da jazida.

§1º Do que ocorrer, o representante do D.N.P.M lavrará termo, que assinará com o

titular da lavra, testemunhas e concessionários das minas limítrofes, presentes

ao ato.

§2º Os marcos deverão ser conservados bem visíveis e só poderão ser mudados

com autorização expressa do D.N.P.M.

Art. 46 Caberá recurso ao Ministro das Minas e Energia contra a Imissão de Posse, dentro de 15 (quinze) dias, contados da data do ato de imissão.

Parágrafo único. O recurso, se provido, anulará a Imissão de Posse.

Art. 47 Ficará obrigado o titular da concessão, além das condições gerais que constam deste Código, ainda, às seguintes, sob pena de sanções previstas no Capítulo V:

I - iniciar os trabalhos previstos no plano de lavra, dentro do prazo de 6 (seis)

meses, contados da data da publicação do Decreto de Concessão no Diário

Oficial da União, salvo motivo de força maior, a juízo do D.N.P.M.;

II - Lavrar a jazida de acordo com o plano de lavra aprovado pelo D.N.P.M., e cuja

segunda via, devidamente autenticada, deverá ser mantida no local da mina;

III - Extrair somente as substâncias minerais indicadas no Decreto de Concessão;

IV - Comunicar imediatamente ao D.N.P.M. o descobrimento de qualquer outra

substância mineral não incluída no Decreto de Concessão;

V - Executar os trabalhos de mineração com observância das normas

regulamentares;

VI - Confiar, obrigatoriamente, a direção dos trabalhos de lavra a técnico

legalmente habilitado ao exercício da profissão;

VII - Não dificultar ou impossibilitar, por lavra ambiciosa, o aproveitamento ulterior

da jazida;

VIII - Responder pelos danos e prejuízos a terceiros, que resultarem, direta ou

indiretamente, da lavra;

IX - Promover a segurança e a salubridade das habitações existentes no local;

X - Evitar o extravio das águas e drenar as que possam ocasionar danos e

prejuízos aos vizinhos;

XI - Evitar poluição do Art., ou da água, que possa resultar dos trabalhos de

mineração;

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XII - Proteger e conservar as Fontes, bem como utilizar as águas segundo os

preceitos técnicos quando se tratar de lavra de jazida da Classe VIII;

XIII - Tomar as providências indicadas pela Fiscalização dos órgãos Federais;

XIV - Não suspender os trabalhos de lavra, sem prévia comunicação ao D.N.P.M.;

XV - Manter a mina em bom estado, no caso de suspensão temporária dos

trabalhos de lavra, de modo a permitir a retomada das operações;

XVI - Apresentar ao Departamento Nacional da Produção Mineral - D.N.P.M. - até

o dia 15 (quinze) de março de cada ano, relatório das atividades realizadas no

ano anterior. (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)

Parágrafo único. Para o aproveitamento, pelo concessionário de lavra, de substâncias referidas no item IV, deste artigo, será necessário aditamento ao seu título de lavra.

Art. 48 Considera-se ambiciosa, a lavra conduzida sem observância do plano preestabelecido, ou efetuada de modo a impossibilitar o ulterior aproveitamento econômico da jazida.

Art. 49 Os trabalhos de lavra, uma vez iniciados, não poderão ser interrompidos por mais de 6 (seis) meses consecutivos, salvo motivo comprovado de força maior.

Art. 50 O Relatório Anual das atividades realizadas no ano anterior deverá conter, entre outros, dados sobre os seguintes tópicos:

I - Método de lavra, transporte e distribuição no mercado consumidor, das

substâncias minerais extraídas;

II - Modificações verificadas nas reservas, características das substâncias

minerais produzidas, inclusive o teor mínimo economicamente compensador

e a relação observada entre a substância útil e o estéril;

III - Quadro mensal, em que figurem, pelo menos, os elementos de: produção,

estoque, preço médio de venda, destino do produto bruto e do beneficiado,

recolhimento do Imposto Único e o pagamento do Dízimo do proprietário;

IV - Número de trabalhadores da mina e do beneficiamento;

V - Investimentos feitos na mina e nos trabalhos de pesquisa;

VI - Balanço anual da Empresa.

Art. 51 Quando o melhor conhecimento da jazida obtido durante os trabalhos de lavra justificar mudanças no plano de aproveitamento econômico, ou as condições do mercado exigirem modificações na escala de produção, deverá o concessionário

propor as necessárias alterações ao D.N.P.M., para exame e eventual aprovação do novo plano.

Art. 52 A lavra, praticada em desacordo com o plano aprovado pelo D.N.P.M., sujeita o concessionário a sanções que podem ir gradativamente da advertência à caducidade.

Art. 53 A critério do D.N.P.M., várias concessões de lavra de um mesmo titular e da mesma substância mineral, em áreas de um mesmo jazimento ou zona mineralizada, poderão ser reunidas em uma só unidade de mineração, sob a denominação de Grupamento Mineiro.

Parágrafo único. O concessionário de um Grupamento Mineiro, a juízo do D.N.P.M., poderá concentrar as atividades da lavra em uma ou algumas das concessões agrupadas contanto que a intensidade da lavra seja compatível com a importância da reserva total das jazidas agrupadas.

Art. 54 Em zona que tenha sido declarada Reserva Nacional de determinada substância mineral, o Governo poderá autorizar a pesquisa ou lavra de outra substância mineral, sempre que os trabalhos relativos à autorização solicitada forem compatíveis e independentes dos referentes à substância da Reserva e mediante condições especiais, de conformidade com os interesses da União e da economia nacional.

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se também a áreas específicas que estiverem sendo objeto de pesquisa ou de lavra sob regime de monopólio.

Art. 55 Subsistirá a Concessão, quanto aos direitos, obrigações, limitações e efeitos dela decorrentes, quando o concessionário a alienar ou gravar, na forma da lei.

§1º Os atos de alienação ou oneração só terão validade depois de averbados no

DNPM. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§2º A concessão de lavra somente é transmissível a quem for capaz de exercê-la

de acordo com as disposições deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.085,

de 1982)

§3º As dívidas e gravames constituídos sobre a concessão resolvem-se com

extinção desta, ressalvada a ação pessoal contra o devedor. (Incluído pela Lei

nº 7.085, de 1982)

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§4º Os credores não têm ação alguma contra o novo titular da concessão

extinta, salvo se esta, por qualquer motivo, voltar ao domínio do primitivo

concessionário devedor. (Incluído pela Lei nº 7.085, de 1982)

Art. 56 A concessão de lavra poderá ser desmembrada em duas ou mais concessões distintas, a juízo do Departamento Nacional da Produção Mineral - DNPM, se o fracionamento não comprometer o racional aproveitamento da jazida e desde que evidenciadas a viabilidade técnica, a economicidade do aproveitamento autônomo das unidades mineiras resultantes e o incremento da produção da jazida. (Redação dada pela Lei nº 7.085, de 1982)

Parágrafo único. O desmembramento será pleiteado pelo concessionário, conjuntamente com os pretendentes às novas concessões, se for o caso, em requerimento dirigido ao Ministro das Minas e Energia, entregue mediante recibo no Protocolo do DNPM, onde será mecanicamente numerado e registrado, devendo conter, além de memorial justificativo, os elementos de instrução referidos no artigo 38 deste Código, relativamente a cada uma das concessões propostas.  (Redação dada pela Lei nº 7.085, de 1982)

Art. 57 No curso de qualquer medida judicial não poderá haver embargo ou sequestro que resulte em interrupção dos trabalhos de lavra.

Art. 58 Poderá o titular da portaria de concessão de lavra, mediante requerimento justificado ao Ministro de Estado de Minas e Energia, obter a suspensão temporária da lavra, ou comunicar a renúncia ao seu título. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§ 1º Em ambos os casos, o requerimento será acompanhado de um relatório dos

trabalhos efetuados e do estado da mina, e suas possibilidades futuras.

§ 2º Somente após verificação «in loco» por um de seus técnicos, emitirá o D.N.P.M.

parecer conclusivo para decisão do Ministro das Minas e Energia.

§ 3º Não aceitas as razões da suspensão dos trabalhos, ou efetivada a renúncia,

caberá ao D.N.P.M. sugerir ao Ministro das Minas e Energia medidas que se

fizerem necessárias à continuação dos trabalhos e a aplicação de sanções, se

for o caso.

CAPÍTULO IV Das Servidões

Art. 59 Ficam sujeitas a servidões de solo e subsolo, para os fins de pesquisa ou lavra, não só a propriedade onde se localiza a jazida, como as limítrofes. (Renumerado do Art. 60 para Art. 59 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

Parágrafo único. Instituem-se Servidões para:

a) construção de oficinas, instalações, obras acessórias e moradias;

b) abertura de vias de transporte e linhas de comunicações;

c) captação e adução de água necessária aos serviços de mineração e ao

pessoal;

d) transmissão de energia elétrica;

e) escoamento das águas da mina e do engenho de beneficiamento;

f) abertura de passagem de pessoal e material, de conduto de ventilação e de

energia elétrica;

g) utilização das aguadas sem prejuízo das atividades pré-existentes; e,

h) bota-fora do material desmontado e dos refugos do engenho.

Art. 60 Instituem-se as Servidões mediante indenização prévia do valor do terreno ocupado e dos prejuízos resultantes dessa ocupação. (Renumerado do Art. 61 para Art. 60 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

§1º Não havendo acordo entre as partes, o pagamento será feito mediante

depósito judicial da importância fixada para indenização, através de vistoria

ou perícia com arbitramento, inclusive da renda pela ocupação, seguindo-se o

competente mandado de imissão de posse na área, se necessário.

§2º O cálculo da indenização e dos danos a serem pagos pelo titular da autorização

de pesquisas ou concessão de lavra, ao proprietário do solo ou ao dono das

benfeitorias, obedecerá às prescrições contidas no Artigo 27 deste Código, e

seguirá o rito estabelecido em Decreto do Governo Federal.

Art. 61 Se, por qualquer motivo independente da vontade do indenizado, a indenização tardar em lhe ser entregue, sofrerá, a mesma, a necessária correção monetária, cabendo ao titular da autorização de pesquisa ou concessão de lavra, a obrigação de completar a quantia arbitrada. (Renumerado do Art. 62 para Art. 61 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

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Art. 62 Não poderão ser iniciados os trabalhos de pesquisa ou lavra, antes de paga a importância à indenização e de fixada a renda pela ocupação do terreno. (Renumerado do Art. 63 para Art. 62 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

CAPÍTULO V Das Sanções e das Nulidades

Art. 63 O não cumprimento das obrigações decorrentes das autorizações de pesquisa, das permissões de lavra garimpeira, das concessões de lavra e do licenciamento implica, dependendo da infração, em: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

I - advertência;  (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

II - multa; e (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

III - caducidade do título. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§1º As penalidades de advertência, multa e de caducidade de autorização de

pesquisa serão de competência do DNPM. (Redação dada pela Lei nº 9.314,

de 1996)

§2º A caducidade da concessão de lavra será objeto de portaria do Ministro de

Estado de Minas e Energia. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§3º A caducidade da concessão de lavra, será objeto de Decreto do Governo

Federal.

Art. 64 A multa inicial variará de 100 (cem) a 1.000 (um mil) UFIR, segundo a gravidade das infrações. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 64 A multa inicial variará de 100 (cem) a 1.000 (um mil) UFIR, segundo a gravidade das infrações.(Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§1º Em caso de reincidência, a multa será cobrada em dobro;

§2º O regulamento deste Código definirá o critério de imposição de multas,

segundo a gravidade das infrações.

§3º O valor das multas será recolhido ao Banco do Brasil S. A., em guia própria, à

conta do Fundo Nacional de Mineração - Parte Disponível.

Art. 65 Será declarada a caducidade da autorização de pesquisa, ou da concessão de lavra, desde que verificada quaisquer das seguintes infrações:  (Renumerado do Art. 66 para Art. 65 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

a) caracterização formal do abandono da jazida ou mina;

b) não cumprimento dos prazos de início ou reinício dos trabalhos de pesquisa

ou lavra, apesar de advertência e multa;

c) prática deliberada dos trabalhos de pesquisa em desacordo com as condições

constantes do título de autorização, apesar de advertência ou multa;

d) prosseguimento de lavra ambiciosa ou de extração de substância não

compreendida no Decreto de Lavra, apesar de advertência e multa; e,

e) não atendimento de repetidas observações da fiscalização, caracterizado pela

terceira reincidência, no intervalo de 1 (hum) ano, de infrações com multas.

§1º Extinta a concessão de lavra, caberá ao Diretor-Geral do Departamento

Nacional da Produção Mineral - D.N.P.M. - mediante Edital publicado no Diário

Oficial da União, declarar a disponibilidade da respectiva área, para fins de

requerimento de autorização de pesquisa ou de concessão de lavra. (Incluído

pela Lei nº 6.403, de 1976)

§2º O Edital estabelecerá os requisitos especiais a serem atendidos pelo

requerente, consoante as peculiaridades de cada caso.  (Incluído pela Lei nº

6.403, de 1976)

§3º Para determinação da prioridade à outorga da autorização de pesquisa, ou da

concessão de lavra, conforme o caso, serão, conjuntamente, apreciados os

requerimentos protocolizados, dentro do prazo que for conveniente fixado

no Edital, definindo-se, dentre estes, como prioritário, o pretendente que,

a juízo do Departamento Nacional da Produção Mineral - D.N.P.M. - melhor

atender aos interesses específicos do setor minerário. (Incluído pela Lei nº

6.403, de 1976)

Art. 66 São anuláveis os Alvarás de Pesquisa ou Decretos de Lavra quando outorgados com infringência de dispositivos deste Código. (Renumerado do Art. 67 para Art. 66 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

§ 1º A anulação será promovia «ex-officio” nos casos de:

a) imprecisão intencional da definição das áreas de pesquisa ou lavra; e,

b) inobservância do disposto no item I do Art. 22.

§ 2º Nos demais casos, e sempre que possível, o D.N.P.M. procurara sanar a

deficiência por via de atos de retificação.

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§ 3º A nulidade poderá ser pleiteada judicialmente em ação proposta por qualquer

interessado, no prazo de 1 (hum) ano, a contar da publicação do Decreto de

Lavra no Diário Oficial da União.

Art. 67 Verificada a causa de nulidade ou caducidade da autorização ou da concessão, salvo os casos de abandono, o titular não perde a propriedade dos bens que possam ser retirados sem prejudicar o conjunto da mina. (Renumerado do Art. 68 para Art. 67 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

Art. 68 O Processo Administrativo pela declaração de nulidade ou de caducidade, será instaurado “ex-officio” ou mediante denúncia comprovada. (Renumerado do Art. 69 para Art. 68 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

§1º O Diretor-Geral do D.N.P.M. promoverá a intimação do titular, mediante

ofício e por edital, quando se encontrar em lugar incerto e ignorado, para

apresentação de defesa, dentro de 60 (sessenta) dias contra os motivos

arguidos na denuncia ou que deram margem à instauração do processo

administrativo.

§2º Findo o prazo, com a juntada da defesa ou informação sobre a sua não

apresentação pelo notificado, o processo será submetido à decisão do

Ministro das Minas e Energia.

§3º Do despacho ministerial declaratório de nulidade ou caducidade da

autorização de pesquisa, caberá:

a) pedido de reconsideração, no prazo de 15 (quinze) dias; ou

b) recurso voluntário ao Presidente da República, no prazo de 30

(trintas) dias, desde que o titular da autorização não tenha solicitado

reconsideração do despacho, no prazo previsto na alínea anterior.

§4º O pedido de reconsideração não atendido, será encaminhado em grau de

recurso, «ex-officio”, ao presidente da República, no prazo de 30 (trinta) dias, a

contar de seu recebimento, dando-se ciência antecipada ao interessado, que

poderá aduzir novos elementos de defesa, inclusive prova documental, as

quais, se apresentadas no prazo legal, serão recebidas em caráter de recurso.

§5º O titular de autorização declarada Nula ou Caduca, que se valer da faculdade

conferida pela alínea a do § 3º, deste artigo, não poderá interpor recurso ao

Presidente da República enquanto aguarda solução Ministerial para o seu

pedida de reconsideração.

§6º Somente será admitido 1 (hum) pedido de reconsideração e 1 (hum) recurso.

§7º Esgotada a instância administrativa, a execução das medidas determinadas

em decisões superiores não será prejudicada por recursos extemporâneos

pedidos de revisão e outros expedientes protelatórios.

Art. 69 O processo administrativo para aplicação das sanções de anulação ou caducidade da concessão de lavra, obedecerá ao disposto no § 1º do artigo anterior. (Renumerado do Art. 70 para Art. 69 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

§1º Concluídas todas as diligências necessárias à regular instrução do processo,

inclusive juntada de defesa ou informação de não haver a mesma sido

apresentada, cópia do expediente de notificação e prova da sua entrega

à parte interessada, o Diretor-Geral do D.N.P.M. encaminhará os autos ao

Ministro das Minas e Energia.

§2º Examinadas as peças dos autos, especialmente as razões de defesa oferecidas

pela Empresa, o Ministro encaminhará o processo com relatório e parecer

conclusivo, ao Presidente da República.

§3º Da decisão da autoridade superior, poderá a interessada solicitar

reconsideração, no prazo improrrogável de 10 (dez) dias, a contar da sua

publicação no Diário Oficial da União, desde que seja instruído com elementos

novos que justifiquem reexame da matéria.

CAPÍTULO VI Da Garimpagem, Faiscação e Cata

Art. 70 Considera-se: (Renumerado do Art. 71 para Art. 70 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

I - garimpagem, o trabalho individual de quem utilize instrumentos rudimentares,

aparelhos manuais ou máquinas simples e portáveis, na extração de pedras

preciosas, semi-preciosas e minerais metálicos ou não metálicos, valiosos, em

depósitos de eluvião ou aluvião, nos álveos de cursos d’água ou nas margens

reservadas, bem como nos depósitos secundários ou chapadas (grupiaras),

vertentes e altos de morros; depósitos esses genericamente denominados

garimpos.

II - faiscação, o trabalho individual de quem utilize instrumentos rudimentares,

aparelhos manuais ou máquinas simples e portáteis, na extração de metais

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nobres nativos em depósitos de eluvião ou aluvião, fluviais ou marinhos,

depósitos esses genericamente denominados faisqueiras; e,

III - cata, o trabalho individual de quem faça, por processos equiparáveis aos

de garimpagem e faiscação, na parte decomposta dos afloramentos dos

filões e veeiros, a extração de substâncias minerais úteis, sem o emprego de

explosivos, e as apure por processos rudimentares.

Art. 71 Ao trabalhador que extrai substâncias minerais úteis, por processo rudimentar e individual de mineração, garimpagem, faiscação ou cata, denomina-se genericamente, garimpeiro. (Renumerado do Art. 72 para Art. 71 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

Art. 72 Caracteriza-se a garimpagem, a faiscação e a cata: (Renumerado do Art. 73 para Art. 72 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

I - pela forma rudimentar de mineração;

II - pela natureza dos depósitos trabalhados; e,

III - pelo caráter individual do trabalho, sempre por conta própria.

Art. 73 Dependem de permissão do Governo Federal, a garimpagem, a faiscação ou a cata, não cabendo outro ônus ao garimpeiro, senão o pagamento da menor taxa remuneratória cobrada pelas Coletorias Federais a todo aquele que pretender executar esses trabalhos. (Renumerado do Art. 74 para Art. 73 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967) (Vide Lei nº 7.805, de 1989)

§1º Essa permissão constará de matrícula do garimpeiro, renovada anualmente

nas Coletorias Federais dos Municípios onde forem realizados esses trabalhos,

e será válida somente para a região jurisdicionada pela respectiva exatoria que

a concedeu.

§2º A matrícula, que é pessoal, será feita a requerimento verbal do interessado e

registrada em livro próprio da Coletoria Federal, mediante a apresentação do

comprovante de quitação do imposto sindical e o pagamento da mesma taxa

remuneratória cobrada pela Coletoria. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 318,

de 1967)

§3º Ao garimpeiro matriculado será fornecido um Certificado de Matrícula, do qual

constará seu retrato, nome, nacionalidade, endereço, e será o documento

oficial para o exercício da atividade dentro da zona nele especificada.

§4º Será apreendido o material de garimpagem, faiscação ou cata quando

o garimpeiro não possuir o necessário Certificado de Matrícula, sendo o

produto vendido em hasta pública e recolhido ao Banco do Brasil S/A, à conta

do «Fundo Nacional de Mineração - Parte Disponível».

Art. 74 Dependem de consentimento prévio do proprietário do solo as permissões para garimpagem, faiscação ou cata, em terras ou águas de domínio privado. (Renumerado do Art. 75 para Art. 74 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

Parágrafo único. A contribuição do garimpeiro ajustada com o proprietário do solo para fazer garimpagem, faiscação, ou cata não poderá exceder o dízimo do valor do imposto único que for arrecadado pela Coletoria Federal da Jurisdição local, referente à substância encontrada.

Art. 75 É vedada a realização de trabalhos de garimpagem, faiscação ou cata, em área objeto de autorização de pesquisa ou concessão de lavra. (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)

Art. 76 Atendendo aos interesses do setor minerário, poderão, a qualquer tempo, ser delimitadas determinadas áreas nas quais o aproveitamento de substâncias minerais far-se-á exclusivamente por trabalhos de garimpagem, faiscação ou cata, consoante for estabelecido em Portaria do Ministro das Minas e Energia, mediante proposta do Diretor-Geral do Departamento Nacional da Produção Mineral. (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 1976)

Art. 77 O imposto único referente às substâncias minerais oriundas de atividades de garimpagem, faiscação ou cata, será pago pelos compradores ou beneficiadores autorizados por Decreto do Governo Federal, de acordo com os dispositivos da lei específica. (Renumerado do Art. 78 para Art. 77 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

Art. 78 Por motivo de ordem pública, ou em se verificando malbaratamento de determinada riqueza mineral, poderá o Ministro das Minas e Energia, por proposta do Diretor-Geral do D.N.P.M., determinar o fechamento de certas áreas às atividades de garimpagem, faiscação ou cata, ou excluir destas a extração de determinados minerais. (Renumerado do Art. 79 para Art. 78 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

CAPÍTULO VII Das disposições Finais

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(Renumerado do Capítulo VIII para Capítulo VII, com nova redação pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Art. 81 As empresas que pleitearem autorização para pesquisa ou lavra, ou que forem titulares de direitos minerários de pesquisa ou lavra, ficam obrigadas a arquivar no DNPM, mediante protocolo, os estatutos ou contratos sociais e acordos de acionistas em vigor, bem como as futuras alterações contratuais ou estatutárias, dispondo neste caso do prazo máximo de trinta dias após registro no Departamento Nacional de Registro de Comércio. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Parágrafo único. O não cumprimento do prazo estabelecido neste artigo ensejará as seguintes sanções: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

I - advertência; (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

II - multa, a qual será aplicada em dobro no caso de não atendimento das

exigências objeto deste artigo, no prazo de trinta dias da imposição da multa

inicial, e assim sucessivamente, a cada trinta dias subsequentes. (Incluído pela

Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 83 Aplica-se à propriedade mineral o direito comum, salvo as restrições impostas neste Código. (Renumerado do Art. 84 para Art. 83 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

Art. 84 A Jazida é bem imóvel, distinto do solo onde se encontra, não abrangendo a propriedade deste o minério ou a substância mineral útil que a constitui. (Renumerado do Art. 85 para Art. 84 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

Art. 85 O limite subterrâneo da jazida ou mina é o plano vertical coincidente com o perímetro definidor da área titulada, admitida, em caráter excepcional, a fixação de limites em profundidade por superfície horizontal. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

§1º A iniciativa de propor a fixação de limites no plano horizontal da concessão

poderá ser do titular dos direitos minerários preexistentes ou do DNPM, ex officio, cabendo sempre ao titular a apresentação do plano dos trabalhos

de pesquisa, no prazo de noventa dias, contado da data de publicação da

intimação no Diário Oficial da União, para fins de prioridade na obtenção do

novo título. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

§2º Em caso de inobservância pelo titular de direitos minerários preexistentes

no prazo a que se refere o parágrafo anterior, o DNPM poderá colocar em

disponibilidade o título representativo do direito minerário decorrente do

desmembramento. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

§3º Em caráter excepcional, ex officio ou por requerimento de parte interessada,

poderá o DNPM, no interesse do setor mineral, efetuar a limitação de jazida

por superfície horizontal, inclusive em áreas já tituladas. (Incluído pela Lei nº

9.314, de 1996)

§4º O DNPM estabelecerá, em portaria, as condições mediantes as quais os

depósitos especificados no  caput  poderão ser aproveitados, bem como

os procedimentos inerentes à outorga da respectiva titulação, respeitados

os direitos preexistentes e as demais condições estabelecidas neste

artigo. (Incluído pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 86 Os titulares de concessões e minas próximas ou vizinhas, abertas situadas sobre o mesmo jazimento ou zona mineralizada, poderão obter permissão para a formação de um Consórcio de Mineração, mediante Decreto do Governo Federal, objetivando incrementar a produtividade da extração ou a sua capacidade. (Renumerado do Art. 87 para Art. 86 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

§1º Do requerimento pedindo a constituição do Consórcio de Mineração, deverá

constar:

I - Memorial justificativo dos benefícios resultantes da formação do

Consórcio, com indicação dos recursos econômicos e financeiros de que

disporá a nova entidade;

II - Minuta dos Estatutos do Consórcio, plano de trabalhos a realizar,

enumeração das providências e favores que esperam merecer do Poder

Público.

§ 2º A nova entidade, Consórcio de Mineração, ficará sujeita a condições fixadas

em Caderno de Encargos, anexado ao ato institutivo da concessão e que será

elaborado por Comissão especificamente nomeada.

Art. 87 Não se impedirá por ação judicial de quem quer que seja, o prosseguimento da pesquisa ou lavra. (Renumerado do Art. 88 para Art. 87 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

Parágrafo único. Após a decretação do litígio, será procedida a necessária vistoria “ad perpetuam rei memoriam” a fim de evitar-se solução de continuidade dos trabalhos.

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Art. 88 Ficam sujeitas à fiscalização direta do D.N.P.M. todas as atividades concernentes à mineração, comércio e à industrialização de matérias-primas minerais, nos limites estabelecidos em Lei. (Renumerado do Art. 89 para Art. 88 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

Parágrafo único. Exercer-se-á fiscalização para o cumprimento integral das disposições legais, regulamentares ou contratuais.

Art. 90 Quando se verificar em jazida em lavra a concorrência de minerais radioativos ou apropriados ao aproveitamento dos misteres da produção de energia nuclear, a concessão, só será mantida caso o valor econômico da substância mineral, objeto do decreto de lavra, seja superior ao dos minerais nucleares que contiver. (Renumerado do Art. 91 para Art. 90 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

§2º Quando a inesperada ocorrência de minerais radioativos e nucleares

associados suscetíveis de aproveitamento econômico predominar sobre

a substância mineral constante do título de lavra, a mina poderá ser

desapropriada.

§3º Os titulares de autorizações de pesquisa, ou de concessões de lavra,

são obrigados a comunicar, ao Ministério das Minas e Energia, qualquer

descoberta que tenham feito de minerais radioativos ou nucleares associados

à substância mineral mencionada respectivo título, sob pena de sanções.

Art. 91 A Empresa de Mineração que, comprovadamente, dispuser do recurso dos métodos de prospecção aérea, poderá pleitear permissão para realizar Reconhecimento Geológico por estes métodos, visando obter informações preliminares regionais necessárias à formulação de requerimento de autorização de pesquisa, na forma do que dispuser o Regulamento deste Código. (Renumerado do Art. 92 para Art. 91 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

§1º As regiões assim permissionárias não se subordinam aos previstas no Art. 25

deste Código.

§2º A permissão será dada por autorização expressa do Diretor-Geral do D.N.P.M.,

com prévio assentimento do Conselho de Segurança Nacional.

§3º A permissão do Reconhecimento Geológico será outorgada pelo prazo

máximo e improrrogável de 90 (noventa) dias, a contar da data da publicação

no Diário Oficial.

§4º A permissão do Reconhecimento Geológico terá caráter precário, e atribui

à Empresa tão somente o direito de prioridade para obter a autorização de

pesquisa dentro da região permissionária, desde que requerida no prazo

estipulado no parágrafo anterior, obedecidos os limites de áreas previstas no

Art. 25.

§5º A Empresa de Mineração fica obrigada a apresentar ao D.N.P.M. os resultados

do Reconhecimento procedido, sob pena de sanções.

Art. 92 O DNPM manterá registros próprios dos títulos minerários. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Art. 93 Serão publicados no Diário Oficial da União os alvarás de pesquisa, as portarias de lavra e os demais atos administrativos deles decorrentes. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 1996)

Parágrafo Único - A publicação de editais em jornais particulares, é também feita à custa dos requerentes e por eles próprios promovidos, devendo ser enviado prontamente um exemplar ao D.N.P.M. para anexação ao respectivo processo.

Art. 94 Será sempre ouvido o D.N.P.M. quando o Governo Federal tratar de qualquer assunto referente à matéria-prima mineral ou ao seu produto. (Renumerado do Art. 95 para Art. 94 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

Art. 95 Continuam em vigor as autorizações de pesquisa e concessões de lavra outorgadas na vigência da legislação anterior, ficando, no entanto, sua execução sujeita a observância deste Código. (Renumerado do Art. 96 para Art. 95 pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

Art. 96 A lavra de jazida ser organizada e conduzida na forma da Constituição.  (Incluído pelo Decreto-lei nº 318, de 1967)

Art. 97 O Governo Federal expedirá os Regulamentos necessários à execução deste Código, inclusive fixando os prazos de tramitação dos processos.

Art. 98 Esta Lei entrará em vigor no dia 15 de março de 1967, revogadas as disposições em contrário.

Brasília, 28 de fevereiro de 1967; 146º da Independência e 79º da República.

H. CASTELLO BRANCO

Octavio Bulhões | Mauro Thibau | Edmar de Souza

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REGULAMENTO DO CÓDIGO DE MINERAÇÃO

DECRETO Nº 9.406, DE 12 DE JUNHO DE 2018

DOU DE 13 DE JUNHO DE 2018

Regulamenta o Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de

1967, a Lei nº 6.567, de 24 de setembro de 1978, a Lei nº

7.805, de 18 de julho de 1989, e a Lei nº 13.575, de 26 de

dezembro de 2017.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso

IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de

1967,

DECRETA:

Art. 1º Este Decreto regulamenta o Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967 -Código de

Mineração, a Lei nº 6.567, de 24 de setembro de 1978, a Lei nº 7.805, de 18 de julho de 1989, e

parte da Lei nº 13.575, de 26 de dezembro de 2017.

CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 2º São fundamentos para o desenvolvimento da mineração:

I - o interesse nacional; e

II - a utilidade pública.

Parágrafo único. As jazidas minerais são caracterizadas:

I - por sua rigidez locacional;

II - por serem finitas; e

III - por possuírem valor econômico.

Seção I Da competência da União e da Agência Nacional de Mineração

Art. 3º Compete à União organizar a administração dos recursos minerais, a indústria de produção mineral e a distribuição, o comércio e o consumo de produtos minerais.

Parágrafo único. A organização a que se refere o caput inclui, entre outros aspectos, a formulação de políticas públicas para a pesquisa, a lavra, o beneficiamento, a comercialização e o uso dos recursos minerais.

Art. 4º Compete à Agência Nacional de Mineração - ANM observar e implementar as orientações, as diretrizes e as políticas estabelecidas pelo Ministério de Minas e Energia e executar o disposto no Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração, e nas normas complementares.

Seção II Da atividade de mineração, da jazida e da mina

Art. 5º A atividade de mineração abrange a pesquisa, a lavra, o desenvolvimento da mina, o beneficiamento, a comercialização dos minérios, o aproveitamento de rejeitos e estéreis e o fechamento da mina.

§1º Independe de concessão o aproveitamento de minas manifestadas e

registradas, as quais são sujeitas às condições que o Decreto-Lei nº 227, de

1967 - Código de Mineração, este Decreto e a legislação correlata estabelecem

para a lavra, a tributação e a fiscalização das minas concedidas.

§2º O exercício da atividade de mineração implica a responsabilidade do

minerador pela recuperação ambiental das áreas degradadas.

§3º O fechamento da mina pode incluir, entre outros aspectos, os seguintes:

I - a recuperação ambiental da área degradada;

II - a desmobilização das instalações e dos equipamentos que componham

a infraestrutura do empreendimento;

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III - a aptidão e o propósito para o uso futuro da área; e

IV - o monitoramento e o acompanhamento dos sistemas de disposição de

rejeitos e estéreis, da estabilidade geotécnica das áreas mineradas e das

áreas de servidão, do comportamento do aquífero e da drenagem das

águas.

Art. 6º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se:

I - jazida - toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, que aflore à

superfície ou que já exista no solo, no subsolo, no leito ou no subsolo do mar

territorial, da zona econômica exclusiva ou da plataforma continental e que

tenha valor econômico; e

II - mina - a jazida em lavra, ainda que suspensa.

§1º A jazida é bem imóvel, distinto do solo onde se encontra, e não abrange a

propriedade deste o minério ou a substância mineral útil que a constitui.

§2º O limite subterrâneo da jazida ou da mina é o plano vertical coincidente com

o perímetro definidor da área titulada, admitida, em caráter excepcional,

a fixação de limites em profundidade por superfície horizontal, a ser

implementada na forma prevista no art. 85 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 -

Código de Mineração, e em Resolução da ANM.

Seção III Do direito de prioridade e da área livre

Art. 7º Ao interessado cujo requerimento de direito minerário tenha por objeto área considerada livre para a finalidade pretendida na data da protocolização do requerimento na ANM é assegurado o direito de prioridade para a obtenção do título minerário, atendidos os demais requisitos estabelecidos no Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração, neste Decreto e na legislação correlata.

Art. 8º Será considerada livre a área que não se enquadre em quaisquer das seguintes hipóteses:

I - área vinculada a autorização de pesquisa, registro de licença, concessão

da lavra, manifesto de mina, permissão de lavra garimpeira, permissão de

reconhecimento geológico ou registro de extração a que se refere o art. 13,

parágrafo único, inciso I;

II - área objeto de requerimento anterior de autorização de pesquisa, exceto se

este for indeferido de plano, sem oneração de área;

III - área objeto de requerimento anterior de concessão de lavra ou de permissão

de lavra garimpeira;

IV - área objeto de requerimento anterior de registro de licença, ou vinculada a

licença, cujo registro seja requerido no prazo de trinta dias, contado da data

de sua expedição;

V - área objeto de requerimento anterior de registro de extração, exceto se

houver anuência do órgão ou da entidade da administração pública que

apresentou o requerimento anterior;

VI - área vinculada a requerimento anterior de prorrogação de autorização de

pesquisa, permissão de lavra garimpeira ou de registro de licença, apresentado

tempestivamente, pendente de decisão;

VII - área vinculada a autorização de pesquisa nas seguintes condições:

a) sem relatório final de pesquisa tempestivamente apresentado;

b) com relatório final de pesquisa apresentado tempestivamente, mas

pendente de decisão;

c) com sobrestamento da decisão sobre o relatório final de pesquisa

apresentado tempestivamente, nos termos do disposto no art.

30,  caput, inciso IV, do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de

Mineração; ou

d) com relatório final de pesquisa apresentado tempestivamente, mas não

aprovado nos termos do disposto no art. 30, caput, inciso II, do Decreto-

Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração;

VIII - área vinculada a autorização de pesquisa, com relatório final de pesquisa

aprovado, ou na vigência do direito de requerer a concessão da lavra, atribuído

nos termos do disposto do art. 31 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de

Mineração; e

IX - área que aguarda declaração de disponibilidade ou declarada em

disponibilidade nos termos do disposto no art. 45.

§1º O requerimento será indeferido pela ANM se a área pretendida não for

considerada livre.

§2º Na hipótese de interferência parcial da área objeto do requerimento com área

onerada nas circunstâncias referidas nos incisos I a VIII do caput, o requerente

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será notificado para manifestar interesse pela área remanescente, conforme

disposto em Resolução da ANM.

Seção IV Dos conceitos de pesquisa, lavra, lavra garimpeira e licenciamento

Art. 9º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se pesquisa mineral a execução dos trabalhos necessários à definição da jazida, à sua avaliação e à determinação da exequibilidade de seu aproveitamento econômico.

§1º A pesquisa mineral compreende, entre outros, os seguintes trabalhos de

campo e de laboratório:

I - levantamentos geológicos pormenorizados da área a ser pesquisada,

em escala conveniente;

II - estudos dos afloramentos e suas correlações;

III - levantamentos geofísicos e geoquímicos;

IV - aberturas de escavações visitáveis e execução de sondagens no corpo

mineral;

V - amostragens sistemáticas;

VI - análises físicas e químicas das amostras e dos testemunhos de

sondagens; e

VII - ensaios de beneficiamento dos minérios ou das substâncias minerais

úteis, para obtenção de concentrados de acordo com as especificações

do mercado ou para aproveitamento industrial.

§2º A definição da jazida resultará da coordenação, da correlação e da

interpretação dos dados colhidos nos trabalhos executados e conduzirá a

uma medida das reservas e dos teores dos minerais encontrados.

§3º Considera-se reserva mineral a porção de depósito mineral a partir da qual um

ou mais bens minerais podem ser técnica e economicamente aproveitados.

§4º A reserva mineral se classifica em recursos inferido, indicado e medido e em

reservas provável e provada, conforme definidos em Resolução da ANM,

necessariamente com base em padrões internacionalmente aceitos de

declaração de resultados.

§5º A ANM estabelecerá em Resolução o padrão de declaração de resultados

para substâncias que não se enquadrem no disposto no § 4º.

§6º A exequibilidade do aproveitamento econômico, objeto do relatório final de

pesquisa a que se refere o art. 25, decorrerá do estudo econômico preliminar

do empreendimento mineiro baseado nos custos da produção, dos fretes

e do mercado, nos recursos medidos e indicados, no plano conceitual da

mina e nos fatores modificadores disponíveis ou considerados à época da

elaboração do relatório, com base no fluxo de caixa simplificado do futuro

empreendimento conforme definido e disciplinado por Resolução da ANM.

§7º Encerrado o prazo da autorização de pesquisa e apresentado o relatório de

pesquisa, o titular, ou o seu sucessor, poderá dar continuidade aos trabalhos,

inclusive em campo, com vistas ao melhor detalhamento da jazida e à

conversão dos recursos medido ou indicado em reservas provada e provável,

a ser futuramente considerada no plano de aproveitamento econômico e

para o planejamento adequado do empreendimento.

§8º Os trabalhos a que se refere o § 7º não incluem a extração de recursos

minerais, exceto mediante autorização prévia da ANM, observada a legislação

ambiental pertinente, nos termos do disposto no art. 24.

§9º Os dados obtidos em razão dos trabalhos a que se refere o § 7º não poderão

ser utilizados para retificação ou complementação das informações contidas

no relatório final de pesquisa.

Art. 10 Considera-se lavra o conjunto de operações coordenadas com o objetivo de aproveitamento da jazida, desde a extração das substâncias minerais úteis que contiver até o beneficiamento destas.

§1º As operações coordenadas a que se refere o  caput  incluem, entre outras,

o planejamento e o desenvolvimento da mina, a remoção de estéril, o

desmonte de rochas, a extração mineral, o transporte do minério dentro

da mina, o beneficiamento e a concentração do minério, a deposição e o

aproveitamento econômico do rejeito, do estéril e dos resíduos da mineração

e a armazenagem do produto mineral.

§2º O Ministério de Minas e Energia e a ANM estimularão os empreendimentos

destinados a aproveitar rejeito, estéril e resíduos da mineração, inclusive

mediante aditamento ao título por meio de procedimento simplificado.

§3º A ANM disciplinará em Resolução o aproveitamento do rejeito, do estéril e dos

resíduos da mineração.

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Art. 11 Considera-se lavra garimpeira o aproveitamento imediato de substância mineral garimpável, compreendido o material inconsolidado, exclusivamente nas formas aluvionar, eluvionar e coluvial, que, por sua natureza, seu limite espacial, sua localização e sua utilização econômica, possa ser lavrado, independentemente de trabalhos prévios de pesquisa, segundo os critérios estabelecidos pela ANM.

Art. 12 Considera-se licenciamento o aproveitamento das substâncias minerais a que se refere o art. 1º da Lei nº 6.567, de 1978, que, por sua natureza, seu limite espacial e sua utilização econômica, possa ser lavrado, independentemente de trabalhos prévios de pesquisa.

CAPÍTULO II DOS REGIMES DE APROVEITAMENTO DE RECURSOS MINERAIS

Seção I Disposições gerais

Art. 13 Os regimes de aproveitamento de recursos minerais são:

I - regime de concessão, quando depender de Portaria do Ministro de Estado

de Minas e Energia ou quando outorgada pela ANM, se tiver por objeto as

substâncias minerais de que trata o art. 1º da Lei nº 6.567, de 1978;

II - regime de autorização, quando depender de expedição de alvará pela ANM;

III - regime de licenciamento, quando depender de licença expedida em

obediência a regulamentos administrativos locais e de registro da licença na

ANM;

IV - regime de permissão de lavra garimpeira, quando depender de permissão

expedida pela ANM; e

V - regime de monopolização, quando, em decorrência de lei especial, depender

de execução direta ou indireta do Poder Executivo federal.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos:

I - órgãos da administração direta e autárquica da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios, sendo-lhes permitida, por meio de registro de

extração, a ser disciplinado em Resolução da ANM, a extração de substâncias

minerais de emprego imediato na construção civil, definidas em Portaria do

Ministro de Estado de Minas e Energia, para uso exclusivo em obras públicas

por eles executadas diretamente, respeitados os direitos minerários em vigor

nas áreas onde devam ser executadas as obras e vedada a comercialização; e

II - trabalhos de movimentação de terras e de desmonte de materiais  in natura que se fizerem necessários à abertura de vias de transporte e a obras

gerais de terraplenagem e de edificações, desde que não haja comercialização

das terras e dos materiais resultantes dos referidos trabalhos e ficando o seu

aproveitamento restrito à utilização na própria obra.

Art. 14 O requerimento de autorização de pesquisa, de permissão de lavra garimpeira ou de registro de licença terá por objeto apenas um polígono, que deverá ficar adstrito à área máxima estabelecida em Resolução da ANM, sob pena de indeferimento sem oneração de área.

Art. 15 O título minerário será recusado ou revogado se a atividade minerária for considerada prejudicial ao bem público ou comprometer interesses que superem a utilidade da exploração industrial do recurso mineral, a critério do Ministério de Minas e Energia ou da ANM, conforme o caso.

Seção II Do regime de autorização

Subseção I Do requerimento de autorização de pesquisa

Art. 16 A autorização de pesquisa será outorgada a brasileiro, sociedade empresária constituída sob as leis brasileiras e com sede e administração no País ou a cooperativa, mediante requerimento à ANM, que deverá conter os elementos de instrução constantes do art. 16 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração, e atender aos requisitos estabelecidos em Resolução da ANM.

Parágrafo único. É admitida a desistência total ou parcial do requerimento de autorização de pesquisa, conforme dispuser Resolução da ANM.

Art. 17 Será indeferido de plano pela ANM, sem oneração de área, o requerimento de autorização de pesquisa desacompanhado de quaisquer dos elementos de instrução referidos no do art. 16 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração.

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Art. 18 A ANM poderá formular exigência sobre dados complementares ou elementos necessários à melhor instrução do processo, observado o disposto no art. 17.

§1º Caberá ao requerente cumprir a exigência de que trata o caput no prazo de

sessenta dias, contado da data de publicação da intimação no Diário Oficial

da União, admitida a prorrogação do prazo, a critério da ANM, mediante

requerimento justificado e apresentado anteriormente ao término do prazo.

§2º Encerrado o prazo de que trata o § 1º sem que o requerente tenha cumprido

a exigência ou o requerimento de prorrogação de prazo para o cumprimento

tenha sido negado, o requerimento será indeferido pela ANM e a área será

declarada disponível para pesquisa, na forma prevista no art. 26 do Decreto-

Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração.

Art. 19 Da decisão que indeferir o requerimento de autorização de pesquisa caberá pedido de reconsideração no prazo de sessenta dias, contado da data de publicação do despacho no Diário Oficial da União.

§1º Contra a decisão que indeferir o pedido de reconsideração, caberá recurso

ao Ministério das Minas e Energia no prazo de trinta dias, contado da data de

publicação do despacho no Diário Oficial da União.

§2º A apresentação de pedido de reconsideração ou de recurso sustará, até que

seja obtida decisão administrativa definitiva, a tramitação de requerimentos

supervenientes de títulos minerários que tenham por objeto toda ou parte da

área.

Subseção II Da autorização de pesquisa

Art. 20 A autorização de pesquisa terá como título alvará, cujo extrato será publicado no Diário Oficial da União e teor transcrito em registro da ANM.

Art. 21 O prazo de validade da autorização de pesquisa não será inferior a um ano, nem superior a três anos, a critério da ANM, consideradas as características especiais da situação da área e da pesquisa mineral objetivada, admitida prorrogação única, nas seguintes condições:

I - a prorrogação poderá ser concedida por até igual período, com base na

avaliação do desenvolvimento dos trabalhos; e

II - a prorrogação deverá ser requerida até sessenta dias antes de o prazo da

autorização vigente expirar e o requerimento deverá ser instruído com

relatório dos trabalhos efetuados e justificativa do prosseguimento da

pesquisa.

§1º A prorrogação independerá da expedição de novo alvará e o seu prazo será

contado da data de publicação da decisão que a deferir no Diário Oficial da

União.

§2º É admitida mais de uma prorrogação do prazo da autorização de pesquisa

exclusivamente nas hipóteses de impedimento de acesso à área de pesquisa

ou de falta de assentimento ou de licença do órgão ambiental competente,

desde que o titular demonstre, por meio de documentos comprobatórios,

que:

I - atendeu às diligências e às notificações promovidas no curso do

processo de avaliação judicial ou determinadas pelo órgão ambiental

competente, conforme a hipótese; e

II - não contribuiu, por ação ou omissão, para a falta de ingresso na área ou

de expedição do assentimento ou da licença ambiental.

§3º Até que haja decisão do requerimento de prorrogação do prazo apresentado

tempestivamente, a autorização de pesquisa permanecerá válida.

Art. 22 Sem prejuízo do cumprimento, pelo titular, das obrigações decorrentes do disposto no Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração, é admitida a renúncia total ou parcial à autorização de pesquisa, que se tornará eficaz na data do protocolo do instrumento de renúncia, com a desoneração da área renunciada, na forma prevista no art. 26 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração, conforme dispuser Resolução da ANM.

Parágrafo único. Excepcionalmente, poderá ser dispensada a apresentação do relatório a que se refere o art. 25, na hipótese de renúncia total à autorização, conforme critérios estabelecidos em Resolução da ANM.

Art. 23 A retificação de alvará de pesquisa, a ser efetivada por meio de despacho publicado no Diário Oficial da União, não acarretará modificação no prazo original, exceto se houver alteração significativa no polígono delimitador da área, hipótese em que será expedido alvará retificador, situação em que o prazo de validade da autorização de

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pesquisa será contado a partir da data de publicação, no Diário Oficial da União, do novo título.

§1º A retificação do alvará de pesquisa que resultar em redução, sem

deslocamento, da área autorizada não alterará o prazo original do alvará.

§2º Na hipótese de aumento ou de deslocamento da área, a ANM estabelecerá

em Resolução, os critérios para fins de concessão de prazo adicional.

Art. 24 É admitida, em caráter excepcional, a extração de substâncias minerais em área titulada anteriormente à outorga da concessão de lavra, por meio de autorização prévia da ANM, observada a legislação ambiental pertinente.

Parágrafo único. A autorização a que se refere o caput será emitida uma vez, pelo prazo de um a três anos, admitida uma prorrogação por até igual período, conforme as particularidades da substância mineral, nos termos de Resolução da ANM.

Subseção III Do relatório final de pesquisa

Art. 25 Ao concluir os trabalhos, o titular apresentará à ANM relatório final dos trabalhos de pesquisa realizados, conforme o disposto em Resolução da ANM.

§1º O titular da autorização fica obrigado a apresentar, no prazo de sua vigência,

o relatório final dos trabalhos realizados independentemente do resultado da

pesquisa.

§2º O conteúdo mínimo e as orientações quanto à elaboração do relatório final

serão definidos em Resolução da ANM, de acordo com as melhores práticas

internacionais.

§3º Se, encerrado o prazo de vigência da autorização ou de sua prorrogação,

o titular deixar de apresentar o relatório a que se refere este artigo, será

dada baixa na transcrição do título de autorização de pesquisa e a área será

declarada disponível para pesquisa, na forma prevista no art. 26 do Decreto-

Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração, sem prejuízo do disposto no art. 55

deste Decreto.

Art. 26 Realizada a pesquisa e apresentado o relatório final a que se refere o art. 25, a ANM verificará a sua exatidão e, à vista de parecer conclusivo, proferirá despacho de:

I - aprovação do relatório, quando ficar demonstrada a existência de jazida

aproveitável técnica e economicamente;

II - não aprovação do relatório, quando ficar constatada a insuficiência dos

trabalhos de pesquisa ou a deficiência técnica na sua elaboração, que

impossibilitem a avaliação da jazida;

III - arquivamento do relatório, quando ficar provada a inexistência de jazida

aproveitável técnica e economicamente, passando a área a ser livre para

futuro requerimento, inclusive com acesso do interessado ao relatório que

concluiu pela referida inexistência de jazida; ou

IV - sobrestamento da decisão sobre o relatório, quando ficar caracterizada a

impossibilidade temporária da exequibilidade técnico-econômica da lavra,

conforme o disposto no art. 23,  caput, inciso III, do Decreto-Lei nº 227, de

1967 - Código de Mineração.

§1º A ANM estabelecerá em Resolução os critérios e os procedimentos para a

verificação da exatidão do relatório final de pesquisa, inclusive quanto às

hipóteses em que a realização de vistoria in loco ficará dispensada.

§2º Na hipótese prevista no inciso II do caput, constatada a deficiência técnica

na elaboração do relatório, a ANM poderá formular exigência a ser cumprida

pelo titular do direito minerário no prazo de sessenta dias, prorrogável por

igual período, a critério da ANM, desde que o requerimento de prorrogação

seja justificado e apresentado no prazo concedido para cumprimento da

exigência.

§3º Encerrado o prazo sem que o requerente tenha cumprido a exigência a que

se refere o § 2º, a ANM deverá negar aprovação ao relatório final e declarar a

área disponível, na forma prevista no art. 26 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 -

Código de Mineração.

§4º Na hipótese prevista no inciso IV do  caput, a ANM estabelecerá, no ato

de sobrestamento, prazo para o interessado apresentar novo estudo da

exequibilidade técnico-econômica da lavra, sob pena de arquivamento do

relatório.

§5º Se o novo estudo a que se refere o § 4º comprovar a exequibilidade técnico-

econômica da lavra, a ANM proferirá despacho de aprovação do relatório.

Art. 27 Para um conjunto de autorizações de pesquisa da mesma substância mineral em áreas contíguas ou próximas, o titular ou os titulares das autorizações poderão

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apresentar plano único de pesquisa e também relatório único dos trabalhos executados que abranjam todo o conjunto, conforme o disposto em Resolução da ANM.

Seção III Do regime de concessão

Subseção I Requerimento de concessão de lavra

Art. 28 Aprovado o relatório final de pesquisa, o titular terá um ano para requerer a concessão de lavra e, neste prazo, poderá negociar o seu direito minerário.

§1º A ANM poderá prorrogar o prazo referido no  caput, por igual período, por

meio de requerimento justificado do titular, apresentado anteriormente ao

prazo inicial ou à prorrogação em curso terminar.

§2º Até que haja decisão a respeito do requerimento de prorrogação de prazo, se

apresentado tempestivamente, o direito minerário permanecerá válido e será

mantida a prerrogativa de que trata o art. 9º, § 7º.

Art. 29 Encerrado o prazo a que se refere o art. 26 sem que o titular ou o seu sucessor tenha requerido concessão de lavra, caducará o seu direito e caberá à ANM declarar, por meio de edital, a disponibilidade da jazida pesquisada, para fins de requerimento de concessão de lavra.

Parágrafo único. A ANM definirá em Resolução as hipóteses de sucessão para fins do disposto no caput.

Art. 30 O requerimento de concessão de lavra, a ser formulado por empresário individual, sociedade empresária constituída sob as leis brasileiras e com sede e administração no País ou cooperativa, será dirigido ao Ministro de Estado de Minas e Energia ou à ANM, conforme o disposto no art. 33, e deverá ser instruído com os elementos de informação e prova referidos no art. 38 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração.

Art. 31 O requerente terá o prazo de sessenta dias para o cumprimento de exigências com vistas à melhor instrução do requerimento de concessão de lavra e para comprovar o ingresso, no órgão competente, da solicitação com vistas ao licenciamento ambiental.

§1º O prazo de que trata o caput poderá ser prorrogado uma vez por até igual

período.

§2º Excepcionalmente, o prazo de que trata o  caput  poderá ser prorrogado

mais de uma vez se o não cumprimento da exigência decorrer de causa de

responsabilidade do Poder Público, a juízo da ANM, e desde que efetuado por

meio de requerimento justificado apresentado no prazo prorrogado.

§3º Encerrado o prazo sem que o requerente tenha cumprido a exigência, o

requerimento será indeferido e a área declarada disponível para lavra, na forma

prevista no art. 32 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração.

§4º O requerente deverá demonstrar à ANM, a cada seis meses, contados da data

de comprovação do ingresso, no órgão competente, da solicitação com vistas

ao licenciamento ambiental e, até que a licença ambiental seja apresentada

à ANM, demonstrar que o procedimento de licenciamento ambiental está

em curso e que o requerente tem adotado as medidas necessárias para a

obtenção da licença ambiental, sob pena de indeferimento do requerimento

de lavra.

Art. 32. O plano de aproveitamento econômico, firmado por profissional legalmente habilitado, é documento obrigatório do requerimento de concessão de lavra e deverá conter, além dos documentos e das informações exigidas pelo art. 39 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração, descrição das instalações de beneficiamento, indicadores relativos às reservas e produção e plano de fechamento da mina, nos termos estabelecidos em Resolução da ANM.

Subseção II Da concessão de lavra

Art. 33 A concessão de lavra terá título cujo extrato simplificado será publicado no Diário Oficial da União e teor transcrito em registro da ANM, outorgado por Portaria do Ministro de Estado de Minas e Energia.

Parágrafo único. Para as substâncias minerais de que trata o art. 1º da Lei nº 6.567, de 1978, a concessão de lavra terá título outorgado em Resolução da ANM.

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Obrigações do titular

Art. 34 Além das condições gerais que constam do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração e deste Decreto, o titular da concessão fica obrigado, sob pena das sanções previstas em lei, a:

I - iniciar os trabalhos previstos no plano de aproveitamento econômico no

prazo de seis meses, contado da data de publicação da concessão de lavra no

Diário Oficial da União, exceto por motivo de força maior, a juízo da ANM;

II - lavrar a jazida de acordo com o plano de aproveitamento econômico

aprovado pela ANM;

III - extrair somente as substâncias minerais indicadas na concessão de lavra;

IV - comunicar à ANM o descobrimento de qualquer outra substância mineral

não incluída na concessão de lavra;

V - executar os trabalhos de mineração com observância às normas

regulamentares;

VI - confiar, obrigatoriamente, a responsabilidade dos trabalhos de lavra a técnico

legalmente habilitado ao exercício da profissão;

VII - não dificultar ou impossibilitar, por lavra ambiciosa, o aproveitamento posterior

da jazida;

VIII - responder pelos danos e pelos prejuízos a terceiros que resultarem, direta ou

indiretamente, da lavra;

IX - promover a segurança e a salubridade das habitações existentes no local;

X - evitar o extravio das águas e drenar aquelas que possam ocasionar danos e

prejuízos aos vizinhos;

XI - evitar poluição do ar ou da água que possa resultar dos trabalhos de

mineração;

XII - proteger e conservar as fontes e utilizar as águas de acordo com os preceitos

técnicos, quando se tratar de lavra de águas minerais;

XIII - tomar as providências indicadas pela fiscalização da ANM e de outros órgãos

e entidades da administração pública;

XIV - não suspender os trabalhos de lavra sem comunicação prévia à ANM;

XV - não interromper os trabalhos de lavra já iniciados, por mais de seis meses

consecutivos, exceto por motivo de força maior comprovado;

XVI - manter a mina em bom estado, na hipótese de suspensão temporária dos

trabalhos de lavra, de modo a permitir a retomada das operações;

XVII - apresentar à ANM, até o dia 15 de março de cada ano, relatório anual das

atividades realizadas no ano anterior, de forma a consolidar as informações

prestadas periodicamente, conforme o disposto em Resolução da ANM;

XVIII executar e concluir adequadamente, após o término das operações e antes

da extinção do título, o plano de fechamento de mina; e

XIX - observar o disposto na Política Nacional de Segurança de Barragens,

estabelecida pela Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010.

§1º Para o aproveitamento, pelo titular, das substâncias referidas no inciso IV

do caput, será necessário o aditamento à concessão de lavra pelo Ministro de

Estado de Minas e Energia ou, para as substâncias minerais de que trata o art.

1º da Lei nº 6.567, de 1978, pela ANM.

§2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se lavra ambiciosa aquela

conduzida sem observância ao plano preestabelecido, nos termos do disposto

em Resolução da ANM, ou de modo a impossibilitar o aproveitamento

econômico posterior da jazida.

Revisão do plano de aproveitamento econômico

Art. 35 Na hipótese de conhecimento da jazida obtido durante os trabalhos de lavra justificar mudanças no plano de aproveitamento econômico ou as condições do mercado exigirem modificações na escala de produção, o titular deverá propor à ANM as alterações necessárias, para exame do novo plano, conforme critérios estabelecidos em Resolução da ANM.

Relatório anual de lavra

Art. 36 O relatório anual das atividades realizadas no ano anterior deverá ser apresentado na forma estabelecida pela ANM, observado o disposto no art. 50 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração.

Grupamento mineiro

Art. 37 O titular poderá requerer a reunião, em uma só unidade de mineração denominada grupamento mineiro, de duas ou mais de suas concessões de lavra da mesma substância mineral, em áreas de um mesmo jazimento ou zona mineralizada, conforme procedimentos e requisitos estabelecidos em Resolução da ANM.

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Desmembramento

Art. 38 A concessão de lavra poderá ser desmembrada em duas ou mais concessões distintas, a juízo da ANM, se o fracionamento não comprometer o aproveitamento racional da jazida e desde que evidenciados a viabilidade técnica, a economicidade do aproveitamento autônomo das unidades mineiras resultantes e o incremento da produção da jazida, conforme critérios estabelecidos em Resolução da ANM.

Parágrafo único. O desmembramento será pleiteado pelo titular e pelos os pretendentes às novas concessões, conjuntamente.

Seção IV Do regime de licenciamento

Art. 39 O aproveitamento de recursos minerais sob o regime de licenciamento obedecerá ao disposto na Lei nº 6.567, de 1978, e em Resolução da ANM.

Parágrafo único. O licenciamento será outorgado pela ANM em conformidade com os procedimentos e os requisitos estabelecidos em Resolução.

Seção V Do regime de permissão de lavra garimpeira

Art. 40 O aproveitamento de recursos minerais sob o regime de permissão de lavra garimpeira obedecerá ao disposto na Lei nº 7.805, de 1989, e em Resolução da ANM.

Parágrafo único. A permissão de lavra garimpeira será outorgada pela ANM em conformidade com os procedimentos e os requisitos estabelecidos em Resolução.

Seção VI Disposições comuns a todos os regimes

Subseção I Da servidão mineral e da desapropriação

Art. 41 O titular poderá requerer à ANM que emita declaração de utilidade pública para fins de instituição de servidão mineral ou de desapropriação de imóvel.

Subseção II Da cessão, da transferência e da oneração de direitos minerários

Art. 42 O alvará de autorização de pesquisa, a concessão de lavra, o licenciamento e a permissão de lavra garimpeira poderão ser objeto de cessão ou de transferência, total ou parcial, desde que o cessionário satisfaça os requisitos constitucionais, legais e normativos aplicáveis.

Parágrafo único. É admitida a cessão total ou parcial do direito minerário após a vigência da autorização de pesquisa e antes da outorga da concessão de lavra.

Art. 43 A concessão da lavra poderá ser oferecida em garantia para fins de financiamento.

Art. 44 A ANM estabelecerá em Resolução as hipóteses de oneração de direitos minerários e os requisitos e os procedimentos para a averbação de cessões, transferências e onerações de direitos minerários.

Subseção III Da disponibilidade de área

Art. 45 A área desonerada e aquela decorrente de qualquer forma de extinção do direito minerário será disponibilizada a interessados, por meio de critérios objetivos de seleção e julgamento, definidos por meio de Resolução da ANM, observado o disposto no art. 26 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração.

Parágrafo único. O não cumprimento das obrigações relacionadas com o processo seletivo, no prazo estabelecido, sujeitará o proponente vencedor à perda imediata do direito de prioridade sobre a área e às sanções previstas na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, conforme dispuser o edital ou a Resolução da ANM.

Art. 46 Com vistas a avaliar o potencial de atratividade da área desonerada para leilão eletrônico, a ANM poderá, a seu critério, submetê-la a oferta pública prévia, conforme estabelecido em Resolução da ANM.

§1º A manifestação de interesse pela área ofertada deverá ocorrer de forma

eletrônica e será protegida de sigilo, de modo a resguardar a quantidade e a

identidade dos interessados.

§2º Encerrado o prazo para manifestação de interesse pela área ofertada:

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I - na hipótese de nenhuma manifestação de interesse ter sido apresentada,

a área será considerada livre a partir do dia útil subsequente àquele do

término do prazo, dispensada a realização do leilão eletrônico;

II - na hipótese de apenas uma manifestação de interesse ter sido

apresentada, o interessado será notificado para protocolizar o seu

requerimento de título minerário no prazo de trinta dias, contado da

data de recebimento da notificação, dispensada a realização do leilão

eletrônico; e

III - na hipótese de mais de uma manifestação de interesse ter sido

apresentada, a ANM disponibilizará a área nos termos do disposto no art.

45.

Subseção IV Dos encargos financeiros

Art. 47 Sem prejuízo de outros encargos financeiros previstos em lei, são devidos à ANM:

I - taxa anual, por hectare; e

II - valor relativo ao custeio de vistorias da ANM.

Taxa anual por hectare

Art. 48 Durante a vigência da autorização de pesquisa, incluída a sua prorrogação, até a entrega do relatório final de pesquisa, o titular de autorização de pesquisa pagará à ANM taxa anual, por hectare, admitida a fixação em valores progressivos em função da substância mineral objetivada, da extensão e da localização da área e de outras condições, respeitado o valor máximo estabelecido no art. 20, caput, inciso II, do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração.

Custeio de vistorias da Agência Nacional de Mineração

Art. 49 As vistorias realizadas pela ANM, no exercício da fiscalização dos trabalhos de pesquisa e lavra, serão custeadas pelos interessados.

Seção VII Disposições comuns aos regimes de concessão de lavra e de registro de licença

Suspensão temporária da lavra

Art. 50 O requerimento de suspensão temporária da lavra deverá estar justificado e instruído com relatório dos trabalhos efetuados e do estado da mina e de suas possibilidades futuras, conforme dispuser Resolução da ANM.

§1º O titular fica autorizado a interromper as atividades enquanto o requerimento

de suspensão temporária de lavra estiver pendente de decisão da ANM, sem

prejuízo da observância à obrigação estabelecida no art. 34, caput, inciso XVI.

§2º A decisão da ANM sobre o requerimento de suspensão temporária de lavra

deverá ser precedida de vistoria in loco.

§3º Não aceitas as razões da suspensão dos trabalhos, a ANM adotará as medidas

necessárias à continuação dos trabalhos, estabelecerá prazo para o reinício

das operações e determinará a aplicação das sanções cabíveis.

Renúncia

Art. 51 A comunicação da renúncia total ou parcial da concessão de lavra, do licenciamento ou da permissão de lavra garimpeira deverá ser instruída com relatório dos trabalhos efetuados e do estado da mina e de suas possibilidades futuras, conforme Resolução da ANM.

§1º A renúncia será efetivada no momento de sua comunicação.

§2º A extinção do título dependerá da homologação da renúncia e ficará

condicionada à conclusão do plano de fechamento de mina, previamente

aprovado pela ANM.

§3º Efetivada a renúncia, a ANM adotará as medidas necessárias com vistas a

assegurar a execução adequada do plano de fechamento de mina, inclusive

por meio da aplicação das sanções cabíveis.

§4º Na hipótese de haver mais de uma unidade mineira inserida em um

mesmo título minerário, poderá ser homologada a renúncia parcial do título

e desonerada a área de cuja a unidade mineira tenha o relatório final de

execução do seu plano de fechamento aprovado.

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§5º Homologada a renúncia e reduzido ou extinto o título minerário, a ANM

poderá declarar a área disponível, na forma prevista no art. 26 do Decreto-Lei

nº 227, de 1967 - Código de Mineração, ou mantê-la bloqueada, se assim for

tecnicamente justificável.

§6º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, à renúncia de direito

minerário em área objeto de lavra mineral realizada por meio da autorização a

que se refere o art. 24.

CAPÍTULO III DAS INFRAÇÕES E DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS

Seção I Disposições gerais

Art. 52 O não cumprimento das obrigações decorrentes da autorização de pesquisa, da concessão de lavra, do licenciamento e da permissão de lavra garimpeira implicará, a depender da infração:

I - advertência;

II - multa; e

III - caducidade do título.

§1º Compete à ANM a aplicação das sanções de advertência, de multa e de

caducidade, exceto de caducidade de concessão de lavra de substância

mineral que não se enquadre no disposto no art. 1º da Lei nº 6.567, de 1978,

que será aplicada em ato do Ministro de Estado de Minas e Energia.

§2º A aplicação das sanções previstas neste artigo deverá ser precedida de

notificação do titular, de modo a assegurar os princípios do contraditório e

da ampla defesa, conforme estabelecido em Resolução da ANM e, para a

caducidade de concessão de lavra de substância mineral que não se enquadre

no disposto no art. 1º da Lei nº 6.567, de 1978, conforme estabelecido em ato

do Ministro de Estado de Minas e Energia.

Art. 53 A multa variará entre R$ 329,39 (trezentos e vinte e nove reais e trinta e nove centavos) e R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa centavos), de acordo com a gravidade das infrações.

§1º A ANM estabelecerá em Resolução os critérios detalhados a serem

observados na imposição das multas e na fixação dos seus valores, para as

infrações administrativas previstas neste Decreto.

§2º Na hipótese de reincidência específica no prazo de até cinco anos, a multa

será cobrada em dobro.

Seção II Das infrações administrativas

Art. 54 Realizar trabalhos de pesquisa ou extração mineral sem título autorizativo ou em desacordo com o título obtido:

Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa centavos) e advertência.

Parágrafo único. Na hipótese de reincidência de trabalhos de lavra de substância não constante do título autorizativo, aplica-se a multa em dobro e declara-se a caducidade do direito minerário.

Art. 55 Praticar lavra ambiciosa:

Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa centavos) e advertência.

Parágrafo único. Na hipótese de reincidência, aplica-se a multa em dobro e declara-se a caducidade do direito minerário.

Art. 56 Deixar de pagar ou pagar fora do prazo a taxa anual a que se refere o art. 48:

Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa centavos).

Parágrafo único. Se não for efetuado o pagamento da taxa anual no prazo de trinta dias, contado da data da imposição da multa, será declarada a nulidade ex officio do alvará de autorização de pesquisa.

Art. 57 Deixar de apresentar ou apresentar intempestivamente o relatório a que se refere o art. 25:

Sanção: multa de R$ 3,29 (três reais e vinte e nove centavos) por hectare.

Art. 58 Não obedecer aos prazos de início ou de reinício dos trabalhos de pesquisa ou de lavra:

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Sanção: na hipótese de pesquisa, multa de R$ 809,82 (oitocentos e nove reais e oitenta e dois centavos) e advertência, e, na hipótese de lavra, multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa centavos) e advertência.

Parágrafo único. Aplicada a multa, o titular terá o prazo de seis meses para dar início ou reinício à pesquisa ou à lavra, sob pena de imposição de multa em dobro e de declaração de caducidade do direito minerário.

Art. 59 Deixar de comunicar prontamente o início ou reinício ou as interrupções dos trabalhos de pesquisa:

Sanção: multa de R$ 809,82 (oitocentos e nove reais e oitenta e dois centavos).

Art. 60 Deixar de comunicar prontamente a ocorrência de outra substância mineral útil, não constante do alvará de autorização de pesquisa:

Sanção: multa de R$ 1.619,63 (um mil, seiscentos e dezenove reais e sessenta e três centavos).

Art. 61 Não confiar a responsabilidade dos trabalhos de lavra a técnico legalmente habilitado ao exercício da profissão (art. 34, caput, inciso VI):

Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa centavos).

Art. 62 Deixar de propor à ANM, para exame, as alterações necessárias no plano de aproveitamento econômico (art. 35):

Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa centavos).

Art. 63 Suspender os trabalhos de lavra sem prévia comunicação à ANM (art. 34, caput, inciso XIV):

Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa centavos).

Art. 64 Interromper os trabalhos de lavra já iniciados, por mais de seis meses consecutivos, exceto por motivo de força maior comprovado:

Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa centavos).

Art. 65 Deixar de prestar, no relatório anual de lavra, informação ou dado exigido por lei ou por Resolução da ANM ou prestar informação ou dado falso.

Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa centavos).

Art. 66 Deixar de comunicar à ANM a descoberta de outra substância mineral, não incluída na concessão de lavra, no regime de licenciamento e na permissão de lavra garimpeira:

Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa centavos).

Art. 67 Realizar deliberadamente trabalhos de lavra em desacordo com o plano de aproveitamento econômico:

Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa centavos).

Art. 68 Abandonar a mina ou a jazida, assim formalmente caracterizada conforme disposto em Resolução da ANM:

Sanção: multa de R$ 3.293,90 (três mil, duzentos e noventa e três reais e noventa centavos) e caducidade do título.

Art. 69 Deixar de apresentar ou apresentar intempestivamente os estatutos ou os contratos sociais e os acordos de acionistas em vigor e as alterações contratuais ou estatutárias que venham a ocorrer (art. 76):

Sanção: multa de R$ 809,82 (oitocentos e nove reais e oitenta e dois centavos).

Parágrafo único. A multa será aplicada em dobro na hipótese de não atendimento às exigências objeto deste artigo no prazo de trinta dias, contado da data da imposição da multa inicial, e assim sucessivamente, a cada trinta dias subsequentes.

Art. 70 O descumprimento às obrigações previstas no art. 34,caput, incisos V, IX, X, XI, XII, XIII, XVI, XVIII e XIX implicará multa de R$ 1.619,63 (um mil, seiscentos e dezenove reais e sessenta e três centavos) a R$ 3.239,26 (três mil, duzentos e trinta e nove reais e vinte e seis centavos), conforme estabelecido em Resolução da ANM.

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CAPÍTULO IV DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 71 Os titulares de concessões e minas próximas ou vizinhas, abertas ou situadas sobre o mesmo jazimento ou zona mineralizada, poderão obter permissão para a formação de consórcio de mineração, com o objetivo de incrementar a produtividade da extração ou a sua capacidade, nos termos do disposto no art. 86 do Decreto-Lei nº 227, de 1967 - Código de Mineração, e de Resolução da ANM.

Art. 72 Em zona declarada reserva nacional de determinada substância mineral ou em áreas específicas objeto de pesquisa ou lavra sob o regime de monopólio, o Poder Executivo federal poderá, mediante condições especiais condizentes com os interesses da União e da economia nacional, outorgar autorização de pesquisa ou concessão de lavra de outra substância mineral, quando os trabalhos relativos à autorização ou à concessão forem compatíveis e independentes dos relativos à substância da reserva nacional ou do monopólio.

§1º Nas reservas nacionais, a pesquisa ou lavra de outra substância mineral

somente será autorizada ou concedida nas condições especiais estabelecidas

em ato do Ministro de Estado de Minas e Energia, ouvidos, previamente, os

órgãos governamentais interessados.

§2º Nas áreas sob regime de monopólio, a pesquisa ou a lavra de outra substância

mineral somente será autorizada ou concedida nas condições especiais

estabelecidas em ato do Ministro de Estado de Minas e Energia, ouvido,

previamente, o órgão executor do monopólio.

§3º Verificada, a qualquer tempo, a incompatibilidade ou a dependência dos

trabalhos, a autorização de pesquisa ou concessão de lavra será revogada.

§4º O direito de prioridade não se aplica às hipóteses previstas neste artigo e cabe

ao Poder Executivo federal outorgar a autorização ou a concessão tendo em

vista os interesses da União e da economia nacional.

Art. 73 Cabe ao profissional legalmente habilitado que constar como responsável técnico pela execução de atividades ou pela elaboração de planos e relatórios técnicos de que trata este Decreto, e ao titular do direito minerário, assegurar a veracidade das informações e dos dados fornecidos ao Poder Público, sob pena de responsabilização criminal e administrativa.

Parágrafo único. A aprovação ou a aceitação de planos e relatórios técnicos não ensejarão qualquer responsabilidade do Poder Público na hipótese de imprecisão ou falsidade de dados ou informações neles contidos.

Art. 74 O exercício da fiscalização da atividade minerária observará os critérios de definição de prioridades e abrangerá a fiscalização das áreas tituladas por amostragem.

Art. 75 As pessoas naturais ou jurídicas que exerçam atividades de pesquisa, lavra, beneficiamento, distribuição, comercialização, consumo ou industrialização de recursos minerais ficam obrigadas a facilitar aos agentes da ANM a inspeção de instalações, equipamentos e trabalhos e a lhes fornecer informações sobre:

I - o volume da produção e as características qualitativas dos produtos;

II - as condições técnicas e econômicas da execução dos serviços ou da

exploração das atividades mencionadas no caput, as análises químicas e os

laudos técnicos;

III - os mercados e os preços de venda; e

IV - a quantidade e as condições técnicas e econômicas do consumo de produtos

minerais.

Art. 76 As sociedades empresariais que requererem ou forem titulares de direitos minerários ficam obrigadas a apresentar à ANM os estatutos ou os contratos sociais e os acordos de acionistas em vigor e as alterações contratuais ou estatutárias que venham a ocorrer, no prazo de trinta dias, contado da data de registro na junta comercial.

Art. 77 O comércio no mercado interno ou externo de pedras preciosas, de metais nobres e de outros minerais especificados fica sujeito a registro especial, nos termos de ato do Poder Executivo federal.

Art. 78 O disposto neste Decreto aplica-se, no que couber, aos requerimentos de direitos minerários e de registro de extração pendentes de decisão e aos direitos minerários e registros de extração ativos na sua data de entrada em vigor.

Art. 79 Naquilo em que não contrariarem este Decreto, os atos normativos do extinto Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM permanecem aplicáveis, no que couberem, até que sejam substituídos por Resoluções da ANM.

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Art. 80 Os valores expressos neste Decreto e as multas e os encargos devidos à ANM serão reajustados anualmente em Resolução da ANM, respeitada a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA no exercício anterior.

Parágrafo único. Os valores corrigidos serão divulgados pela ANM até o dia 31 de janeiro e passarão a ser exigidos a partir de 1º de março daquele mesmo ano.

Art. 81 A ANM definirá os prazos para tramitação dos processos minerários em Resolução, a ser editada no prazo de cento e oitenta dias, contado da data de entrada em vigor do Decreto de instalação da ANM.

Parágrafo único. A ANM publicará as Resoluções a que se referem o art. 40, parágrafo único, e o art. 13, parágrafo único, inciso I, no prazo de cento e oitenta dias, contado da data de entrada em vigor deste Decreto.

Art. 82 O Ministério de Minas e Energia será ouvido previamente sobre os assuntos referentes às atividades de mineração ou que criem restrições ao desenvolvimento dessas atividades.

Art. 83 Ficam revogados:

I - o Decreto nº 62.934, de 2 de julho de 1968;

II - o Decreto nº 98.812, de 9 de janeiro de 1990; e

III - o Decreto nº 3.358, de 2 de fevereiro de 2000.

Art. 84 Este Decreto entra em vigor:

I - quanto aos incisos II e III do caput do art. 83, em cento e oitenta dias, contados

da data de sua publicação; e

II - quanto aos demais dispositivos, na data de instalação da ANM, nos termos do

disposto no art. 36 da Lei nº 13.575, de 26 de dezembro de 2017.

Brasília, 12 de junho de 2018; 197º da Independência e 130º da República.

MICHEL TEMER

W. Moreira Franco

Essa edição eletrônica foi composta pela Jurídica Editora. Abril de 2019

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LIVROS PUBLICADOS

Comentários ao Código de Mineração (1995)

Revista de Direito Minerário, volume I (coordenador, 1997)

Direito Ambiental Brasileiro (1998)

Revista de Direito Minerário, volume II (coordenador, 2000)

Recurso Especial e Extraordinário (coautor, 2002)

Os Recursos Cíveis e seu Processamento nos Tribunais (coautor, 2003)

Direito Ambiental Aplicado à Mineração (2005)

Natureza Jurídica do Consentimento para Pesquisa Mineral, do Consentimento para Lavra e do Manifesto de Mina no Direito Brasileiro (2005)

Dicionário de Direito Minerário. Inglês – Português (coautor, 2008)

Gestão de Crises e Negociações Ambientais (2009)

Dicionário de Direito Ambiental e Vocabulário Técnico de Meio Ambiente (cocoordenador, 2009)

Mineração, Energia e Ambiente (cocoordenador, 2010)

Fundamentals of Mining Law (2010)

Aspectos controvertidos do Direito Minerário e Ambiental (cocoordenador, 2013)

The Mining Law Review (6ª edição. Participação. Capítulo Brasil, 2017)

Direito da Mineração: questões minerárias, ambientais e tributárias (cocoordenador, 2017)

Direito da Mineração: relações jurídicas do minerador com o proprietário e possuidor do imóvel (2019)

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