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O processo de desindustrialização: São José dos Campos e São
Bernardo do Campo, um estudo de caso.
Resumo: o presente artigo busca compreender o processo de desindustrialização em curso em São José dos Campos e São Bernardo do Campo. A extensão do fenômeno da desindustrialização e sua contextualização no plano do desenvolvimento regional toma como referência as premissas históricas do desenvolvimento capitalista no Brasil. Procura-se demonstrar que o processo de desindustrialização está associado aos padrões de desenvolvimento assumidos no percurso histórico da industrialização, marcado alternadamente por dois padrões: o desenvolvimentismo e o neoliberalismo. O exame do percurso histórico da industrialização deixa evidente três fases a saber: a fase da industrialização por substituição de importações ancorada no nacional desenvolvimentismo, dos anos 30 até meados da década de 80; a fase de abertura à concorrência internacional, marcada pelo padrão neoliberal de 1990 a 2002; o breve período do novo desenvolvimentismo, de 2003 a 2014; e o retorno do neoliberalismo em sua versão ortodoxa, a partir de 2018.
Palavras Chaves: Desindustrialização, Padrões de Desenvolvimento, Desenvolvimentismo, Neoliberalismo.
The process of deindustrialization: São José dos Campos and São Bernardo do Campo, a case study.
Abstract: this article seeks to understand the process of deindustrialization in progress in São José dos Campos and São Bernardo do Campo. The extent of the deindustrialization phenomenon and its understanding in terms of regional development takes as reference the historical premises of capitalist development in Brazil. It seeks to demonstrate that the process of deindustrialization is associated with the development patterns assumed in the historical course of industrialization, alternately marked by two models: developmentalism and neoliberalism. The examination of the historical course of industrialization makes evident three phases namely: the phase of industrialization by substitution of imports anchored in the national developmentalism, from the 1930s to the mid 1980s; the phase of openness to international competition, marked by the neoliberal standard from 1990 to 2002; the brief period of new developmentalism, from 2003 to 2014; and the return of neoliberalism in its orthodox version, from 2018, up to now.
Key Words: Deindustrialization, Development Patterns, Developmentalism, Neoliberalism.
El proceso de desindustrialización: São José dos Campos y São Bernardo do Campo, un estudio de caso.
Resumen: este artículo busca comprender el proceso de desindustrialización en curso en São José dos Campos y São Bernardo do Campo. La extensión del fenómeno y su contexto en términos de desarrollo regional se basa en las premisas históricas del desarrollo capitalista en Brasil. Busca demostrar que el proceso de desindustrialización está asociado con los patrones de desarrollo asumidos en el camino histórico de la industrialización, marcados
alternativamente por dos patrones: el desarrollismo y el neoliberalismo. El examen del curso histórico de la industrialización evidencia tres fases, a saber: la fase de industrialización por sustitución de importaciones ancladas en el desarrollismo nacional, desde la década de 1930 hasta mediados de la década de 1980, la fase de apertura a la competencia internacional, marcada por el estándar neoliberal, de 1990 a 2002; el breve período del nuevo desarrollismo, de 2003 a 2014, y el regreso del neoliberalismo en su versión ortodoxa, desde 2016, hasta ahora.
Palabras clave: Desindustrialización, Patrones de Desarrollo, Desarrollismo, Neoliberalismo.
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1- Introdução
Este artigo coloca em evidência o processo de desindustrialização tendo como
parâmetro duas regiões, o chamado Grande ABC (GABC) enquanto sub-região da Região
Metropolitana de São Paulo (RMSP) e a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e
Litoral Norte (RMVALE), polarizadas por algumas das principais referências da economia
regional do Estado de São Paulo: os municípios de São José dos Campos (SJC) e de São
Bernardo do Campo (SBC). Duas cidades de grande expressão econômica e política do
Estado de São Paulo, onde o fenômeno da desindustrialização tem ocorrido de forma
mais acentuada.
A manifestação mais evidente do fenômeno da desindustrialização é a queda da
participação do PIB industrial na geração de riquezas de uma região ou de um país como
um todo, processo que se insinua de forma mais acentuada a partir da década de 90 no
caso brasileiro, em especial nas regiões mais expressivas que caracterizam o núcleo
original da industrialização por substituição de importações no Estado de São Paulo: a
sub-região do Grande ABC, na RMSP e o eixo da Dutra, na RMVALE, em especial nos
dois núcleos urbanos municipais já referidos, SBC e SJC.
Neste sentido observa-se que ambos municípios vem manifestando perda de
dinamismo econômico reflexo da queda na participação do Valor Adicionado (VA) gerado
pela indústria de transformação no total do VA gerado pelos dois municípios, fenômeno
associado à emergência de padrões de desenvolvimento e, também, reflexo dos avanços
tecnológicos ocorridos na estrutura produtiva do sistema capitalista. Ao fenômeno da
desindustrialização está vinculado o aumento do processo de terciarização da economia,
fruto da expansão das atividades comerciais e de serviços que passam a sobrepujar cada
vez mais intensamente a capacidade de geração de valor antes concentrada na indústria
de transformação.
Adiciona-se ainda como fator explicativo secundário do fenômeno, nos núcleos
urbanos citados, o processo de descentralização industrial envolvendo principalmente a
indústria automotiva e eletroeletrônica no que se convencionou chamar de nova
espacialização destes setores, que ocorreu de forma induzida no âmbito dos vários entes
federativos, enquanto política pública, particularmente no Estado de São Paulo –
movimento que envolve a guerra fiscal entre municípios e regiões por meio da concessão
de incentivos fiscais, como fator de atração de empresas – enquanto alternativa de
impulsionamento econômico de outros territórios, envolvendo também outros setores e
ramos da indústria de transformação.
A partir deste referencial pretende-se abordar o desenvolvimento econômico nos
dois municípios e respectivas regiões de influência, nas décadas mais recentes, tendo por
foco de atenção o fenômeno da desindustrialização a partir da emergência do padrão
neoliberal de desenvolvimento na década de 90, quando o processo se intensifica. Tal
modelo se articula com a estrutura política prevalecente nas respectivas escalas
territoriais, articulado com as práticas políticas cartoriais e patrimonialistas, naquilo que se
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convencionou chamar de modernização conservadora no processo histórico de
estruturação política da sociedade brasileira.
Cabe ressaltar que a literatura sobre o fenômeno da desindustrialização é
relativamente recente, corroborada por vários estudos já elaborados, dentre os quais o
trabalho de SAMPAIO (2015); BRESSER-PEREIRA (2015); e PRADO (2017).
Para apoiar a interpretação deste fenômeno, observável de diferentes formas nas
várias escalas do território, a presente análise baseia-se na interpretação do fenômeno
feita por SAMPAIO (2015), autor que faz uma análise do processo a partir de uma
perspectiva regional, tendo como referência a relação centro-periferia e a questão do gap
tecnológico – base de análise de vários estudos já realizados, que abrange a importante
contribuição da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) – como
uma da variáveis explicativas, distinguindo entre desindustrialização relativa e absoluta;
essa última, enquanto tendência que se manifesta numa perspectiva mais de longo prazo,
conforme se posicionam e se alternam no poder posições de governo mais pró liberais ou,
num sentido inverso, mais desenvolvimentistas.
O artigo revela um conjunto de informações que dão consistência ao estudo de
caso e à validação do processo de desindustrialização em curso nos dois municípios e
coloca em relevo, de forma sintética, o posicionamento dos atores políticos locais e
regionais no enfrentamento das possíveis causas da desindustrialização, enquanto
referência temática incorporada nas respectivas agendas de trabalho dos governos
municipais no âmbito dos poderes executivo e legislativo, bem como, na esfera de
competência dos respectivos arranjos institucionais consorciados existentes nas duas
regiões, o Consórcio de Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraíba (CODIVAP) e o
Consórcio Intermunicipal do Grande ABC (GABC).
Para tanto o artigo divide-se em três partes onde se faz, depois da parte
introdutória, a contextualização dos dois polos da relação
industrialização/desindustrialização, e a relação dos dois termos com os padrões de
desenvolvimento – desenvolvimentismo/neoliberalismo – para em seguida tomar como
base interpretativa do fenômeno da desindustrialização, a série histórica do PIB municipal
do IBGE, de 2002 a 2016, e de seus componentes, dentre os quais o Valor Adicionado
por setores de atividade, enquanto recorte histórico recente. Por último, as conclusões.
2- Contextualização
Parte-se da premissa que as diferenças existentes entre os dois centros industriais
– SJC e SBC – são consequência, entre outros fatores, de determinados comportamentos
e padrões hegemônicos da cultura política brasileira em vigência nos respectivos
territórios. Formas sociais complexas que pautam as práticas políticas dos agentes
públicos, onde sobressaem determinados comportamentos, herança do passado colonial,
a exemplo do patrimonialismo, entre outros. Comportamentos que contam com a
aderência do setor privado da economia e das várias frações do capital, corporificadas
nos respectivos interesses de classe, e que acompanham a opção por distintos padrões
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de desenvolvimento no curso histórico da industrialização no Brasil. Arcabouços
institucionais associados ao processo de escolha dos modelos de desenvolvimento
econômico por parte do bloco de poder e de suas frações de classe no plano nacional.
Existe neste sentido ampla literatura neste campo, onde se destacam autores que
interpretam o processo tardio da industrialização brasileira, em especial a contribuição
Cepalina, versando sobre a peculiaridade da configuração da aliança de classes que
pautou o processo de industrialização e a incapacidade de se construir um projeto de
nação, dado a configuração social e política no Bloco de Poder – aliança entre os
interesses da oligarquia agrária e da burguesia industrial, e das demais frações de classe
– apesar das tentativas para a modulação do Brasil Potência feita por governos de feições
bonapartistas, ou de viés autoritário, como foi o caso do nacional desenvolvimentismo sob
a ditadura militar a partir de 1964.
Quanto a este aspecto e transposto ao contexto regional, parte-se da observação
empírica de que no perfil da ação política joseense e nos municípios da RMVALE
prevalece o modelo de política municipal menos cooperativo nas relações intermunicipais
apesar do pioneirismo da região em formar o primeiro Consórcio de Desenvolvimento
Intermunicipal CODIVAP1. Revela também uma preferência dos eleitores e da elite
regional por plataformas de governos representativos, pertencentes ao espectro
ideológico de centro-direita, e da extrema direita, conforme o mapa eleitoral das últimas
eleições presidenciais.
Mais que isto: o modelo vertical de gestão metropolitana como principal fator
estruturante da política local e regional coloca em evidência o poder dos governadores e
sua ascendência na estruturação política no conjunto dos municípios, que, por sua vez,
reforça outra deformidade sistêmica: a gestão pública vista, via de regra, seja no poder
executivo ou no poder legislativo, como trampolim para a carreira política de vereadores e
prefeitos enquanto meio de obtenção de vantagens pessoais: inversão clássica da esfera
pública, tomada como esfera privada.
Características preservadas mesmo quando se observa a emergência de novas
instituições como a Agência e Desenvolvimento do Vale do Paraíba (AGEMVALE) órgão
de gestão vinculado à RMVALE, pela utilização das mesmas práticas verticalizadas,
expressão do poder de influência dos governadores sobre os governos e instituições
municipais.
Na região do Grande ABC enquanto sub-região da RMSP, observa-se a mesma
estrutura política no exercício do poder territorial, mas que dele se diferencia. Em razão
da maior presença de forças sociais surgidas dos movimentos populares na vida política
de SBC e Região, fortemente associadas à influência das lutas sindicais inseridas no
processo de redemocratização na década de 70, o que favoreceu a emergência de atores
1 CODIVAP - Consórcio intermunicipal criado em 1970, reunindo ao todo 43 municípios dos quais 39 pertencentes à atual Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Instituição que acabou subsumida na prática pela AGEMVALE, devido a uma trajetória histórica submissa à política dos governadores, hoje, por força de mudança regimental, tornada uma mera associação de prefeitos. Característica que a diferencia do Consórcio do Grande ABC, um arranjo paradigmático, enquanto primeiro Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento de personalidade jurídica pública, após a regulamentação da Lei de Consórcios em 2005 e 2007, posição que conquistou em 2010.
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sociais cujas lideranças ao se incorporarem no campo político como alternativa de poder,
em especial o sindicalismo combativo e outras redes sociais de organização popular –
movimentos eclesiais de base, movimentos contra a carestia, e a própria formação do
Partido dos Trabalhadores e da Central Única dos Trabalhadores – passaram a conferir
um outro sentido no modo de fazer política a partir de bandeiras de luta de maior
conteúdo e alcance social.
Afinal, do movimento sindical do ABC enquanto campo de força política renovada
é que surgiram várias lideranças, não por acaso, uma delas, alçada à presidência da
República por dois mandatos consecutivos, e as demais, assumindo posições no
comando da administração pública municipal, enquanto prefeitos, vereadores ou
deputados.
Campo de força política com papel relevante nos trabalhos de elaboração da Carta
Magna na constituinte de 1988, reunindo atores com visada de maior profundidade quanto
aos problemas regionais e maior sensibilidade crítica em relação às questões estruturais
impeditivas da decolagem brasileira rumo ao desenvolvimento pleno. Quanto a este
aspecto cabe mencionar que do ponto de vista histórico, tal propósito emancipatório
sempre esteve mais ajustado ao nacional-desenvolvimentismo, independentemente do
campo político – se esquerda ou direita –, fato observável no esforço de industrialização
por substituição de importações, realizado pelo Estado brasileiro, desde os anos 30 até
meados dos anos 80.
Parte-se deste quadro referencial portanto, para se compreender o
comprometimento das estruturas políticas no exercício de poder local e regional enquanto
construção de uma agenda política de desenvolvimento tendo em vista a sustentação do
processo de industrialização dos dois municípios, posição conquistada durante a trajetória
histórica da industrialização brasileira.
Neste sentido, dá-se ênfase às ações do poder público local às políticas voltadas à
preservação e continuidade da ação desenvolvimentista que assegurou em SJC o
surgimento da indústria aeroespacial e de defesa, como um dos segmentos de maior
projeção nacional; e em SBC, a instalação do mais importante complexo industrial na área
metal mecânica da indústria de transformação do país. Trajetória que prosseguiu de
forma descompassada após o esgotamento do modelo de substituição de importações e o
advento do padrão neoliberal de desenvolvimento de 1990 até 2002. Mesmo assim, com
o setor industrial ainda responsável pela maior parcela do Valor Adicionado gerado, mas
já em processo de declínio.
O modelo neoliberal e seus fundamentos, desde os anos 90, passam a
hegemonizar as políticas macroeconômicas com novos parâmetros de política industrial,
fato que expõe o protegido parque industrial brasileiro à competição internacional. A
abertura do mercado passa a ser o fundamento da inserção “competitiva” do Brasil no
processo de globalização, racionalidade que inverte a mão do capitalismo emergente,
revelando a fragilidade da indústria nacional pela exposição precoce à concorrência
internacional.
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Advém deste período as baixas taxas de crescimento do PIB, momento em que as
duas pernas da sagrada aliança (LESSA; DAIN, 1995) formadas pelo capital estatal e
pelo capital privado nacional se fragilizam; a primeira, pelo processo de privatização e a
segunda, pela incapacidade competitiva em razão do atraso tecnológico, dado a opção
preferencial do empresariado nacional pela adaptação inovativa do que ao esforço próprio
de investimento em P&D. Ao final, sobressai como capital hegemônico, diante do
insucesso da tríade inicial, apenas o capital multinacional, a terceira perna da aliança,
praticamente dominante em toda extensão das atividades industriais enquanto núcleo
avançado do capital produtivo e financeiro.
Este é o padrão de desenvolvimento que sobressai do esgotamento da fase do
nacional desenvolvimentismo e que sofre uma relativa inversão de 2003 até 2014, quando
se retoma a política industrial com leves pinceladas desenvolvimentistas, nos governos
Lula da Silva e Dilma Rousseff, com a ascensão ao poder do Partido dos Trabalhadores
em governo de coalizão – presidencialismo de coalizão – com o PMDB ocupando a vice-
presidência. Esse novo governo embora tenha prosseguido com algumas políticas
definidas nos governos Collor e de FHC, deles se diferencia ao procurar corrigir algumas
das velhas distorções estruturais do subdesenvolvimento brasileiro, a exemplo da extrema
concentração de renda, distorção que passou a ser mitigada por meio de políticas
redistributivas e de valorização do salário mínimo.
De igual forma, é também nesta fase que se verifica mais uma tentativa de
diminuição do atraso tecnológico em relação aos países centrais. Para tanto, retoma-se
as políticas de apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico criando-se pela primeira
vez uma ampla base de sustentação jurídica e de fomento visando o fortalecimento do
Sistema de Inovação em âmbito nacional e regional, recuperando com isso diretrizes do II
PND, do período militar.
De forma correlata procura-se conferir maior grau de autonomia ao exercício da
política geoestratégica do país no cenário internacional, quando se abandona o projeto de
alinhamento da política externa brasileira aos interesses norte-americanos, priorizando-se
as relações horizontais Sul-Sul. Decorre desta política a formação do BRICS e da União
de Nações Sul-americanas (UNASUL) do qual o Brasil fez parte ativa como um dos
principais protagonistas.
A retomada do neoliberalismo na sua versão ortodoxa volta a ocorrer nos
governos Temer e Bolsonaro, após o golpe jurídico/político/parlamentar de 2016 que
resultou no impeachment da presidenta Dilma Rousseff e na prisão de Lula da Silva em
2018; fatos que do ponto de vista político possibilitaram a ascensão da extrema direita ao
poder, com apoio de praticamente todas as frações de classe vinculadas às várias órbitas
de valorização do capital, e de parte expressiva da sociedade.
A plataforma econômica do novo governo passa a ser representativo do abandono
de políticas industriais ativas e consequente aprofundamento do processo de
desindustrialização, não apenas pelo ciclo recessivo que se acentua a partir de 2016, mas
pela paralisação dos investimentos produtivos tanto na esfera privada como estatal da
economia.
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A retração dos investimentos e fuga de capitais coadjuvada pela estratégia de
desmonte de qualquer resquício de política econômica desenvolvimentista, reforçou a
tendência de conferir ao setor agroexportador e à indústria extrativa de minerais,
destaque especial no redirecionamento das políticas setoriais de desenvolvimento;
especialmente no que tange à ocupação irracional da Amazônia Legal, por meio do
desmonte das políticas ambientais de proteção ao bioma da floresta tropical.
Esta breve narrativa da trajetória recente da industrialização brasileira, enquanto
força motriz do processo de acumulação capitalista, compõe o cenário que acompanha a
construção do parque fabril de SJC e SBC, da fase inicial de sua constituição, no período
nacional desenvolvimentista, até a fase mais recente de volta aos ideais ultraliberais,
colocadas à prova como opção de desenvolvimento. Circunstância onde o enfrentamento
do fenômeno da desindustrialização e suas consequências passam a se constituir num
dos principais desafios do desenvolvimento local e regional.
Ressalte-se porém que apesar do fenômeno da desindustrialização, a retomada
do impulso das políticas industriais setoriais promovidas no período de 2003 a 2014
conseguiu repor as taxas de crescimento do PIB brasileiro em patamares próximos à fase
do chamado ‘milagre brasileiro’, ritmo que poderia ter sido mais contundente não fosse a
crise global provocada pelo mercado financeiro norte-americano, no estouro da bolha
financeira do subprime em 2008, e também pela crise política gerada pela recondução de
Dilma Rousseff a um novo mandato presidencial.
Dados de evolução do PIB desta fase atenuam o diagnóstico de
desindustrialização precoce e absoluta, uma vez que a possibilidade de retomada de
investimentos em políticas ativas de apoio industrial, mesmo que setoriais, responderam
positivamente em termos de crescimento econômico; o mesmo acontecendo com o nível
de emprego, garantindo-se assim sustentabilidade nos níveis de participação da indústria
no total do VA, como demonstrado pela evolução das variáveis analisadas.
O cenário da desindustrialização pós Dilma acentuou-se pelo insucesso na
retomada do crescimento econômico, assumindo contornos dramáticos a partir da
emergência da pandemia da Covid-19 em 2020. O quadro recessivo desenhado para o
planeta a partir da pandemia é algo que subverte qualquer tentativa de prognóstico de
retomada de desenvolvimento econômico nos próximos anos: para o Brasil prevê-se um
decréscimo de 9,1% no PIB em 2020, segundo projeções do FMI, na melhor das
hipóteses; e para o mundo, uma recessão maior do que a crise de 29 ocorrida no século
passado.
Neste aspecto, tirante a questão da pandemia, dentre as variáveis explicativas do
fenômeno da desindustrialização destaca-se o atraso tecnológico em relação aos países
avançados, situação que mantém o país numa eterna condição de dependência, distante
dos padrões de competitividade e autonomia atingidos de longa data pelos países
desenvolvidos.
Nos países centrais o processo de terciarização também se verifica, porém, com
outra característica: os governos mantêm preservadas as políticas estratégicas de
investimento em ciência básica e aplicada, constantemente renovadas e ampliadas, como
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forma de preservação dos marcos competitivos das empresas, conferindo a elas a
dianteira no processo de acumulação e da reprodução do capital, fator importante no
exercício da hegemonia geoestratégica e domínio dos mercados globais. Nos países
avançados o Estado é o grande garantidor de recursos e provedor dos fundos de
investimento para o desenvolvimento de novas tecnologias em parceria com as
universidades e centros de pesquisa, mantenedor dos fundos que os grandes
conglomerados oligopolistas deles usufruem, na manutenção dos custosos
departamentos de P&D.
No caso brasileiro, por não prevalecer este ambiente, a dinâmica da inovação
defronta-se com um Sistema de Inovação pouco eficiente e baixa capilaridade, devido às
frequentes injunções impostas por padrões de desenvolvimento cujo foco é a contenção
de gastos públicos como forma preferencial de promoção dos ajustes fiscais; sempre
relegando a pesquisa científica, a educação e a saúde, para uma posição de segundo
plano, no rol de prioridades.
A natureza do capitalismo no Brasil, em especial o industrial, em função da
herança histórica da formação do Estado brasileiro, ficou circunscrita a uma aliança entre
frações de classes cujo comportamento empresarial sempre optou pela preferência à
incorporação de caixas pretas, em termos de investimentos tecnológicos, com baixa
aderência a processos de desenvolvimento em inovação, por via de departamentalização
na própria empresa de setores dedicados à P&D2.
Contexto definidor de uma opção preferencial das várias órbitas de valorização do
capital pelas formas rentistas e especulativas do capital financeiro, onde os mercados de
ações e derivativos – taxas de juros, moedas, ao qual se agrega os títulos da dívida
pública além dos ativos tangíveis urbanos e rurais determinados pela posse da terra –
configuram formas de investimento alternativos que oferecem a possibilidade de ganhos
extraordinários, acima das margens de lucro obtidas nas atividades produtivas clássicas.
Marca distintiva da elite empresarial brasileira cuja opção na geração de excedente se faz
preferencialmente pelo processo de valorização fictícia, sem lastro real na produção.
3- A desindustrialização segundo indicadores do IBGE
A partir deste contexto toma-se por base de interpretação do processo de
desindustrialização as escalas territoriais que abrangem o Brasil, o Estado de São Paulo e
os principais aglomerados metropolitanos – RMSP, Grande ABC e RMVALE – onde se
localizam os municípios de SJC e SBC, focos da presente análise. Faz-se referência à
evolução do PIB e de seu principal componente o Valor Adicionado (VA) por setores de
atividade: o VA Industrial e o VA de Serviços, como as variáveis mais importantes que
2 Ver neste sentido trabalho de tese de ANAU (2017) que avalia as políticas em defesa do sistema de inovação inseridas na plataforma de governo nas duas gestões de Luiz Marinho em SBC, e as dificuldades de engajamento dos empresários no processo de fortalecimento das cadeias produtivas e apoio aos arranjos de desenvolvimento local, baseados no exemplo dos distritos industriais da região do mezzogiorno italiano. A fraca adesão aos arranjos produtivos se explica por essa característica dos empresários brasileiros pela compra direta de tecnologia ou incorporação por pagamento de royalties.
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compõem o PIB, exclusive o VA das atividades agrícolas por ser mínima sua participação
no PIB municipal de SJC e SBC.
A evolução do PIB conforme ilustra a Figura 1 mostra a trajetória evolutiva da
economia brasileira numa dimensão ampliada, que abrange a fase mais intensa da
industrialização por substituição de importações de 1962 a meados da década de 80;
passa pela fase do neoliberalismo, de 1990 a 2002 e pela retomada do padrão
‘desenvolvimentista’3 sob nova roupagem chamada por alguns de ‘nova economia’, de
2003 a 2014, seguida pela retomada do padrão neoliberal, de 2016 em diante.
A série compreende ainda o resultado de 2019 e a projeção para 2020 de um
crescimento negativo de -9,1%, por conta do efeito depressivo da Covid-19. O período
2014 a 2018 pode-se considerar como tecnicamente recessivo por conta do crescimento
negativo por dois anos consecutivos – 2015 e 2016 – e da persistência das baixas taxas
nos anos posteriores – 1,06%, 1,12% e 1,1% – de 2017 a 2019. A projeção de
crescimento negativo na magnitude projetada pelo FMI e a sombra depressiva lançada
para o mundo, pior que a crise de 29, não permite para o momento o vislumbre de uma
saída otimista para a reversão da desindustrialização no âmbito interno, prevendo-se
taxas negativas para os anos vindouros, e num plano otimista, taxas bem abaixo dos
melhores momentos da pré-pandemia.
A Covid-19 subverte assim todos os fundamentos do regime de acumulação do
capital ao colocar em xeque os pressupostos ideológicos do neoliberalismo: fato que
passa a requerer a atuação e intervenção dos Estados para suportar a continuidade do
regime de acumulação e de reprodução do capital, da mesma forma como se deu em
1929 , agora de forma potencializada, não importa os níveis dos déficits fiscais
acumulados por cada país.
3 O conceito de novo desenvolvimentismo aplica-se ao período da gestão presidencial de Lula da Silva e Dilma Rousseff, cujas políticas macroeconômicas se aproximam do padrão nacional desenvolvimentista, onde a presença do Estado é determinante para a viabilização do conjunto de políticas de apoio ao desenvolvimento industrial e ao sistema de inovação, por exemplo. Chama-se de ‘nova economia’ porque ao incorporar e manter práticas de conteúdo neoliberal herdadas do governo de Fernando Henrique Cardoso – a exemplo da política cambial flexível, manutenção da taxa de câmbio sobrevalorizada, entre outros – distancia-se do padrão clássico de desenvolvimento com base no nacional desenvolvimentismo.
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Figura 1 - Evolução do PIB
Fonte: elaboração do autor a partir dos dados do IBGE
O início da desindustrialização se dá dos anos 80 em diante, e de forma mais
intensa nos anos 90. As décadas de 80 e 90 ficaram conhecidas como ‘décadas perdidas’
pelas baixas taxas de crescimento do PIB, por terem sido tempos de intensas
transformações que implicaram na mudança de paradigmas tecnológicos e de
organização da produção industrial. O resultado do término do modelo de industrialização
por substituição de importações na década de 70/80 foi a consolidação de um parque
fabril próximo do estado da arte, com pouco a dever aos países desenvolvidos. O fim do
modelo de substituição de importações dá vez à inserção do Brasil no mundo do
capitalismo globalizado, sob o signo da abertura radical da economia à concorrência
internacional. Fato que precipitou o início do decréscimo das taxas do PIB industrial e o
fim de políticas ativas de defesa industrial, como forma alegada de ‘inserção competitiva’
do Brasil na nova ordem mundial.
A retomada da evolução do PIB a taxas crescentes volta a ocorrer de 2002 a
2014, com o registro de taxas anuais de crescimento comparáveis aos anos do chamado
‘milagre econômico’ na década de 70, atingindo 7,5% em 2010, depois de ter crescido
6,1% e 5,1% em 2007 e 2008. Em 2009/2010 tal trajetória foi interrompida enquanto
reflexo da crise financeira global, iniciando-se a fase de declínio do PIB, que culmina com
taxas negativas em 2015 e 2016, apesar das medidas contracíclicas adotadas pelo
governo Dilma, na tentativa de conter os efeitos da crise global e seus reflexos no
mercado interno.
Quando se compara o primeiro ano (2002) com o último da série histórica (2016),
conforme mostra a Tabela 1, verifica-se que o processo de queda do VA industrial em
valores absolutos e constantes – deflacionado pelo deflator implícito do PIB – foi mais
intenso em SBC e no conjunto dos municípios do Grande ABC, com recuos de 46,0% e
36,5%, respectivamente, o mesmo acontecendo na RMSP e RMVALE, com recuos
menores, na casa de 16,5% e 8,2%. Há registro positivo de crescimento do VA industrial
apenas no âmbito Brasil, com acréscimo de 14,7% e no Estado de São Paulo com
crescimento de 4,3%, segundo este recorte temporal.
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O quadro se altera de forma significativa quando se toma como referência o ponto
de valor máximo do VA industrial atingido no curto ciclo de expansão de 2002 a 2014, no
melhor momento vivido pelos resultados da política econômica dos governos Lula/Dilma,
cujas ações, principalmente por meio de investimentos setoriais corporificados no
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), repercutem positivamente no nível de
atividade com efeito multiplicador em termos de emprego e renda; além do PAC os
programas sociais de inclusão social – ‘Bolsa Família’ – , e o programa de habitação
popular, entre outros, conformaram um conjunto de políticas que mesmo após o advento
da crise financeira norte-americana de 2008, conseguiram sustentar o ciclo de expansão
econômica mesmo em sua fase de declínio, até 2014.
Assim, a trajetória com os melhores momentos de crescimento do VA industrial se
verifica entre 2002 e 2011 conforme registro dos dados, assim distribuídos: Brasil
(crescimento do VA industrial de 46,7% de 2002 até 2011), Estado de São Paulo (29,2%
até 2010), RMSP (20,0% até 2010), RMVALE (29,7% até 2008), Grande ABC (35,6% até
2008), São Bernardo do Campo (54,0% até 2008) – a mais alta taxa de crescimento do
VA industrial entre as escalas consideradas – e São José dos Campos (28,0% até 2004 )
junto com a RMSP, ambas escalas, com o registro de taxas de crescimento mais
modestos.
A evolução do VA industrial neste recorte temporal indica que o fenômeno da
desindustrialização, embora em curso no Brasil desde meados da década de 90, precisa
ser relativizado por não ser um fenômeno que afeta uniformemente todas as regiões. Ele
acontece de forma diferenciada e com intensidades variadas conforme as escalas e
territórios considerados. Assim, a retomada de crescimento do VA industrial nas escalas
territoriais sob foco, mostra claramente que na fase de expansão da economia, onde as
políticas macroeconômicas impulsionaram os níveis da demanda efetiva, conseguiu
viabilizar a retomada do crescimento industrial e colocar um freio temporário no processo
de desindustrialização.
Cabe notar, portanto, que na fase de expansão do VA industrial, São Bernardo do
Campo e sua importante base industrial passam a responder positivamente aos estímulos
de demanda e de investimentos, destacando-se com a maior taxa de crescimento (54%),
marca atingida em 2008, comparativamente a 2002.
A retomada da tendência de desindustrialização, conforme expressam as taxas
negativas de crescimento do VA industrial em 2015 e 2016, passam a atingir de forma
mais intensa os núcleos urbanos originais da industrialização no Estado de São Paulo,
especialmente SBC que apresenta decréscimo de 65% em relação ao ponto máximo do
VA registrado em 2008, anulando todo o crescimento registrado na fase anterior do ciclo;
movimento que atinge igualmente SJC com decréscimo de 42%, relativamente ao ano de
2004, ponto de maior valor do VA industrial em termos reais, conforme dados da Tabela
1.
Tab.1 – VA industrial em valores constantes por escalas territoriais em milhões de R$
Ano Brasil Est. SP. RMSP RMVALE GABC SBC SJC
12
2002 1.002.777,80 353.945,60
178.428,00
32.966,10
38.253,90 15.239,50
17.650,10
2003 1.040.759,60 376.923,50
185.189,30
37.429,70
43.506,10 17.505,40
20.173,00
2004 1.159.036,20 402.160,40
194.739,90
41.359,00
47.264,10 20.159,10
22.594,90
2005 1.189.567,20 417.924,80
203.754,20
39.510,30
50.487,00 20.997,00
19.784,20
2006 1.204.588,20 400.055,70
190.109,70
36.996,20
47.289,80 19.702,80
17.897,30
2007 1.254.974,70 431.280,90
203.491,90
41.500,50
51.464,50 22.395,40
20.719,80
2008 1.316.601,80 432.521,40
200.146,20
42.745,70
51.859,50 23.467,30
21.284,40
2009 1.246.251,70 421.578,90
194.152,90
40.782,80
46.779,80 20.600,70
18.567,90
2010 1.425.216,60 457.286,10
214.224,00
39.124,50
47.515,90 22.368,10
16.739,80
2011 1.471.274,30 444.364,60
206.891,90
34.939,80
45.207,00 21.213,50
12.537,50
2012 1.436.723,20 413.297,20
188.069,20
32.033,20
38.995,70 17.440,80
10.502,90
2013 1.419.188,00 405.169,60
183.841,10
32.191,60
37.498,10 16.168,80 9.453,10
2014 1.375.739,20 397.384,60
173.600,50
35.509,90
34.161,40 14.532,90
10.162,60
2015 1.254.810,70 385.541,40
159.195,90
33.901,60
25.550,40 9.511,10
11.782,60
2016 1.150.207,00 369.304,80
148.947,10
30.248,30
24.286,10 8.224,00
13.165,30
Tx.% (*) 14,70 4,34 -16,52 -8,24 -36,51 -46,03 -25,41Pto.Máx.(**) -21,82 -19,24 -30,47 -29,24 -53,17 -64,96 -41,73
Fonte: elaboração do autor com base nos dados do IBGE. (*) Taxa de cresto. entre 2002/2016 (**) Taxa de cresto, tendo como referência o ano de 2016 em relação ao valor máximo (em negrito) do VA industrial de cada escala.
Assim, se considerado a evolução do período a partir dos pontos de culminância
do VA industrial, chega-se a 2016 com o registro de quedas do VA em todas as escalas
sem exceção, fato que corrobora a face do processo de desindustrialização estreitamente
associada ao padrão de desenvolvimento, relativo aos governos Temer e Bolsonaro, e as
restrições impostas sobre os níveis de atividade econômica, agravadas, por sua vez, pela
crise política interna e posteriormente, já em 2020, pela emergência da Covid-19.
Ou seja, os dados do VA industrial em valores absolutos conforme marcados em
negrito na Tabela 1 mostram que o movimento de queda tem início nos núcleos históricos
da industrialização, a partir de 2008, como é o caso da RMVALE, do GABC e SBC, sendo
que em SJC, tal fato acontece de forma antecipada, já em 2004. Na RMSP e no Estado
de São Paulo, o processo só se inicia em 2010, e no Brasil apenas a partir de 2011.
Observa-se, portanto, que a dinâmica do desenvolvimento econômico repercute de forma
diferenciada nas diversas escalas, obedecendo a lógicas específicas a cada território,
ajustadas ao funcionamento dos respectivos sistemas políticos locais e regionais,
conforme já salientado.
Visto pelo ângulo da participação do VA industrial por escala, em relação ao VA
industrial total gerado no Brasil, verifica-se que o Estado de São Paulo, continua como
principal expressão econômica industrial do País ao concentrar entre 32,0 a 36,0 % do VA
Industrial médio no período sob análise, conforme registro da Tabela 2. As quedas na
participação do VA industrial comparativamente ao total Brasil, são maiores quando se
13
toma como referência o ano de 2016, ponto culminante do descenso do PIB. Neste caso,
a regressão da participação do VA industrial se faz sentir em todas escalas, mas de forma
mais pronunciada em SBC, com recuo de 53,0% em relação a 2002 seguido pelo GABC
com queda 44,7%, e SJC com taxa negativa de crescimento de 35,0%.
Tab. 2 Participação do VA da Indústria no total do VA Industrial do BrasilAno Est. SP. RMSP RMVALE GABC SBC SJC2002 35,30 17,79 3,29 3,81 1,52 1,762003 36,22 17,79 3,60 4,18 1,68 1,942004 34,70 16,80 3,57 4,08 1,74 1,952005 35,13 17,13 3,32 4,24 1,77 1,662006 33,21 15,78 3,07 3,93 1,64 1,492007 34,37 16,21 3,31 4,10 1,78 1,652008 32,85 15,20 3,25 3,94 1,78 1,622009 33,83 15,58 3,27 3,75 1,65 1,492010 32,09 15,03 2,75 3,33 1,57 1,172011 30,20 14,06 2,37 3,07 1,44 0,852012 28,77 13,09 2,23 2,71 1,21 0,732013 28,55 12,95 2,27 2,64 1,14 0,672014 28,89 12,62 2,58 2,48 1,06 0,742015 30,73 12,69 2,70 2,04 0,76 0,942016 32,11 12,95 2,63 2,11 0,72 1,14
Part. Méd. 32,46 15,05 2,95 3,36 1,43 1,32Tx.2016/2002 -9,03 -27,22 -20,01 -44,65 -52,95 -34,97Tx.2016/Pto.Máx. -11,34 -27,22 -26,88 -50,25 -59,89 -41,29
Fonte: elaboração do autor, com base nos dados do IBGE.
A manutenção da participação industrial no âmbito do Estado de São Paulo, em
patamares relativamente estáveis, comparativamente ao forte declínio nos núcleos
históricos, explica-se em parte pelo processo de desconcentração industrial e pela
expansão da agroindústria nas demais regiões do Estado, notadamente na região de
Campinas e Sorocaba e do Oeste paulista, grandes receptores dos investimentos
conforme acompanhamento feita pela Fundação SEADE por meio da Pesquisa de Dados
Anunciados de Investimento no Estado de São Paulo – PIESP.
Chama atenção neste processo a dinâmica industrial de SJC cuja participação no
VA industrial brasileiro sofre quedas muito próximas, na mesma intensidade, tanto na
conjuntura recessiva com uma queda de 35% no comparativo entre 2016/2002, e de
41,3% considerando a participação de 2016 e o ponto de maior participação do VA
industrial de SJC em 2004 conforme dados da Tabela 2. Queda de participação essa
maior que a registrada para a RMVALE como um todo, com queda de 20,0% e 26,9%,
respectivamente. Sinalizador importante de que a perda de dinamismo industrial se faz
notar de forma mais intensa em SJC do que no restante dos demais municípios que
compõem a RMVALE.
Em relação à participação do VA industrial no Total do Valor Adicionado em cada
escala considerada, obteve-se os seguintes resultados, conforme discrimina o Quadro 1:
14
a) a participação do VA industrial em relação ao VA total de cada escala,
considerado o ponto maior de participação no recorte temporal – 2002/2016 – ocorreu no
ano de 2004, para todas escalas indistintamente;
b) a maior participação industrial em relação ao respectivos totais de Valor
Adicionado gerados no ano de 2004 concentrou-se nas regiões e municípios com parques
industriais mais expressivos, a exemplo de SJC, RMVALE, e SBC sustentando
participações acima do VA de serviços, mas numa posição de relativo equilíbrio, com o
maior registro participativo para SJC com 59,0%, de 51,0% na RMVALE e de 50,0% em
SBC;
c) a participação média do VA de serviços em SJC situou-se em 52,9%, no
período 2002/2016, e na RMVALE uma participação levemente superior, de 56,6%, no
total do VA gerado, indicativo de um processo de terciarização mais lento se comparado a
SBC e à sub região do Grande ABC;
d) neste sentido SBC registra uma participação média do setor serviços de 59,1%
no total do VA gerado no período 2002/2016, e o GABC uma participação de 61,4%. Fato
indicativo de um processo mais intenso de expansão do terciário, a exemplo do que
acontece na RMSP, onde o setor terciário em termos médios representa 79% do total do
Valor Adicionado gerado.
e) observa-se que a participação média da indústria em relação ao total do VA,
permanecem praticamente as mesmas no âmbito Brasil e no Estado de São Paulo, na
casa de 26,0% e a RMSP com participação da indústria de apenas 21,0% no total de VA
gerado, revelando a força econômica do setor terciário já consolidado como principal
atividade econômica no contexto regional, avançando para anexação das áreas
industriais ainda resistentes.
f) Neste aspecto cabe lembrar que São Bernardo do Campo, além de Santo André
e Diadema, fazem fronteira com o município de São Paulo, onde o terciário compõe o
principal setor de atividades na geração de Valor Adicionado, com uma participação de
89,6% segundo o VA de 2017.
Quadro 1 – Evolução da participação intersetorial do Va Industrial por escalas
Escalas Tx. % Ac Part. % Média
Part.% Pto. Máx. Dif. % do
2002/2016 2002/2016(A)
2004(B)
Pto. Máx.(A)/(B)
BRASIL -19,5 26,1 28,6 -8,74EST. SP -22,0 26,0 30,6 -15,03RMSP -35,0 21,0 25,9 -18,92RMVALE -20,4 43,4 51,0 -14,90GABC -39,4 38,6 46,8 -17,52SJC -22,8 47,1 59,0 -20,20SBC -46,7 40,9 50,0 -18,20
Fonte: elaboração do autor com base nos dados do IBGE
A análise da Figura 2, mostra o índice de evolução do VA industrial no conjunto
das escalas regionais, exceto Brasil, Estado de São Paulo e SBC e SJC. As curvas são
praticamente convergentes seguindo a lógica dos ciclos econômicos de expansão e de
15
retração, o que é refletido pelo movimento relativamente sincrônico entre as escalas
Metropolitanas, porém com algumas especificidades já apontadas, a exemplo da resposta
mais intensa aos estímulos de demanda no ciclo de alta do PIB, e igualmente fortes
movimentos de queda nos ciclos de baixa, como acontece no Grande ABC (GABC) na
RMSP e na RMVALE.
20022004
20062008
20102012
20142016
0.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
120.00
140.00
160.00
Figura 2 - Índice de evolução do VA industrial por Regiões e Subregiões Metropolitanas
RMVALE
GABC
RMSP
índi
ce b
ase
2002
=100
Fonte: elaboração do autor com base nos dados do IBGE.
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
160.00
20.00
40.00
60.00
80.00
100.00
120.00
140.00
160.00
180.00
Figura 3 - Índice de evolução do VA industrial por escalas geográficas
SBC
SJC
índi
ce b
ase
2002
=100
Fonte: elaboração do autor com base nos dados do IBGE.
A figura 3 por sua vez, compara a evolução de SJC e de SBC, e deixa evidente o
ritmo mais intenso e quase contínuo de crescimento até 2008, do VA industrial em SBC, e
breve interrupção em 2005/2006. No caso de São Bernardo do Campo4 fica mais
acentuado a correlação dos termos industrialização/desindustrialização como
4 Cabe ressaltar que desde a criação do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC (GABC) envolvendo os sete municípios que compõem o Consórcio, há uma preocupação, notadamente por parte de SBC, em revitalizar a indústria regional no sentido de torná-la uma nova referência com o fortalecimento da indústria de defesa, em especial os serviços de maior conteúdo técnico científico. Ação que já trouxe como resultados concretos a criação da Universidade Federal do ABC (UFABC), a inauguração do Parque Tecnológico em Santo André, a criação do Centro de Inovação e Pesquisa Sueco-Brasileiro (CISB) em parceria com a SAAB sueca, e a instalação de um fábrica de componentes para o caça supersônico Grippen em São Bernardo do Campo.
16
consequência do padrão de desenvolvimento, ao afetar mais intensamente a capacidade
produtiva local nos ciclos de alta, correlacionado no caso com a fase mais favorável ao
crescimento, ainda no governo Lula da Silva, processo interrompido pela crise financeira
global de 2008. Na fase descendente do ciclo cai o ritmo de crescimento econômico e se
elevam os níveis de capacidade ociosa da indústria pela paralização do ritmo de produção
em especial pela interrupção dos investimentos. Neste aspecto, no caso de SBC, é
interessante observar que o VA de serviços consegue retardar os efeitos da queda do VA
industrial e seu impacto no VA total do município, indicativo de uma maior capacidade de
sustentação do nível de atividade em função de um terciário aparentemente mais robusto
que em SJC, como assim sugere a interpretação da Figura 4.
Por outro lado, ao contrário de SBC, em São José dos Campos, mesmo com a
presença de um terciário qualitativamente superior, em grande parte serviços de base
tecnológica, observa-se ainda uma forte influência da dinâmica do VA industrial no
comportamento do VA total do município, conforme indica a Figura 5. Verifica-se que a
evolução do VA total é completamente aderente aos impulsos do VA industrial; há entre
as duas curvas uma sincronia nos movimentos de alta de baixa, o que sugere a menor
capacidade geratriz do terciário Joseense comparativamente à SBC. O perfil industrial de
SJC tem se mostrado também mais resistente ao avanço do terciário comparativamente a
SBC, conforme indica a análise dos valores absolutos do VA industrial que apenas em
2010 foi ultrapassado pelo VA de serviços. Enquanto em SBC o VA de serviços
ultrapassa o VA industrial já em 2002.
20022004
20062008
20102012
20142016
-
10,000.0
20,000.0
30,000.0
40,000.0
50,000.0
60,000.0
Figura 4 - Evolução setorial do VA Real de São Bernardo do Campo - 2002/2016 - em milhões
Indústria
Serviços Total
VA total
Val
or a
bsol
uto
em
milh
ões
de r
eais
Fonte IBGE, elaboração do autor
17
20022004
20062008
20102012
20142016
-
5,000.0
10,000.0
15,000.0
20,000.0
25,000.0
30,000.0
35,000.0
40,000.0
45,000.0
Figura 5 - Evolução Setorial do VA Real de São J. dos Campos - 2002/2016 - em milhões
VA industrial
VA Serviços
VA Total
Val
or a
bsol
uto
em m
ilhõe
s de
R$
Fonte: IBGE, elaboração do autor.
Com base nestas observações evidencia-se, portanto, o processo de desindustrialização
nos dois municípios, embora de forma relativa, já que a relação entre a dinâmica de
crescimento e os padrões de desenvolvimento são simétricas, em grande parte do trajeto
histórico analisado, tanto nas fases de baixa como de alta do ciclo econômico, o que
permite o esboço das conclusões que seguem, a partir deste sintético estudo de caso.
4 – Considerações finais
As conclusões sobre o processo de desindustrialização em curso em SJC e SBC
estão em grande parte fundamentadas nas considerações iniciais ao dimensionar os
parâmetros que atuam sobre o desenrolar do fenômeno e a relação dialética entre os dois
polos da relação industrialização/desindustrialização. Baseado na dinâmica desta relação
o recuo industrial passa a ser compreendido em dois níveis possíveis de narrativa.
Primeiro, pela fundamentação do fenômeno no nível mais geral da formação
Estado brasileiro e de sua composição social. A partir desta raiz histórica é possível
entender o processo de desindustrialização no Brasil em suas características básicas
enquanto resultado de dois fatores interrelacionados: a ausência de um projeto de nação
e a constituição do processo tardio e dependente de acumulação do capital industrial.
Ambos, constitutivos dos problemas estruturais que afetam a acumulação capitalista no
Brasil e que acompanham a trajetória da industrialização brasileira no tempo.
Verifica-se que apesar dos avanços conquistados pela industrialização na etapa
da substituição de importações e da contribuição teórica do pensamento cepalino no
diagnóstico e na solução das questões estruturais do desenvolvimento, reedita-se de
tempos em tempos um projeto, de antemão, fracassado como o atual, que só faz
aprofundar o fenômeno da desindustrialização ao situá-lo no limite de quase
irreversibilidade, pela ameaça concreta de regressão aos tempos coloniais.
18
O neoliberalismo apoiado em teorias exóticas da terra plana, ao optar pelo
primado econômico da produção agrícola e mineral atrelado à geopolítica norte-
americana, consagra o Brasil a uma posição de eterna periferia do sistema. Assim, a lei
de teto dos gastos públicos ao tornar-se cláusula pétrea do ideal neoliberal, maximiza o
anacronismo da política, pela insensibilidade diante do número de vítimas fatais da
pandemia da Covid-19, a caminho da superação da marca de quase 150.000 mortes
ocorridas em território norte-americano. Ao mesmo tempo, aumenta o risco de
desindustrialização absoluta, pela persistência de um ajuste neoliberal ortodoxo, em pleno
caos social e político, cujas circunstâncias determinam a necessidade de expansão
emergencial do gasto público como forma de combate ao agravamento da recessão.
O segundo nível da narrativa, faz o percurso do fenômeno na extensão da
territorialidade local e regional de SJC e SBC, onde se verifica de fato a perda de
dinamismo econômico pela desindustrialização precoce, em razão da estreita relação com
o padrão de desenvolvimento em vigência: se desenvolvimentista ou neoliberal.
Neste sentido cabe frisar que o fenômeno da desindustrialização é percebido pelo
poder público de ambos municípios, já há algum tempo. Em SJC, pelo menos no que
tange ao diagnóstico do fenômeno a partir do estudo técnico incorporado ao plano diretor
de São José dos Campos – PDDI, de 2018 – e pelo diagnóstico apresentado em 2017
por ocasião do processo de revisão do PDDI de 2006, onde se reconhece o processo em
sua dimensão histórica recente, em ocorrência desde 2002. No caso de SBC, a própria
criação do GABC, em 1990, é por si só expressão do diagnóstico do esgotamento das
bases iniciais da industrialização que culminaram em grave crise econômica nos anos 90;
crise que resultou no plano de reconversão/revitalização industrial e no estabelecimento
de metas de fortalecimento das atividades econômicas, em especial as atividades de
maior conteúdo tecnológico e de geração de valor, conforme proposto por Celso Daniel,
ex-prefeito de Santo André e primeiro gestor do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC
(GABC).
Ou seja, a continuidade do processo de desindustrialização não passa
despercebido aos olhos dos gestores públicos em ambos municípios, apesar de não se
observar por parte do poder público local e regional em SJC, contrariamente a SBC, maior
consistência entre diagnóstico e ações planejadas para a mudança efetiva de rumos; uma
vez que, tanto na narrativa como nas proposições, o poder político e a estrutura de
governança hegemônica5 de SJC ter se mostrado, quase sempre, apoiadora in totum do
ideário neoliberal.
Nesta linha de raciocínio, embora o PDDI de SJC proponha políticas ativas de
fortalecimento da vocação industrial enfatizando-se o Parque Tecnológico como gestor
estratégico do Sistema de Inovação local, tal fato, na prática, tem se mostrado inócua pela
paralisia do poder público ao não se contrapor aos danos causados pelo desmonte das
políticas públicas do governo federal ao Sistema de Inovação como um todo. Cita-se
como caso mais notório o ataque dirigido ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 5 No percurso histórico de SJC após deixar de ser área de segurança nacional, e ter seus prefeitos nomeados no período da ditadura militar, a Prefeitura Municipal de São José dos Campos só conseguiu passar por apenas duas gestões petistas em regime de coligação, totalizando oito anos de administração do PT, contra uma hegemonia de mais de 20 anos de gestão do PSDB, partido de centro-direita, desde a morte dos ex-governadores Mário Covas e de Franco Montoro.
19
(INPE), um dos pilares junto com a EMBRAER, do sistema de inovação em SJC. Órgão
de projeção nacional e internacional na produção de satélites, que tem como uma de suas
funções o controle do desmatamento e a vigilância do bioma amazônico, e que tem sido
vítima da desfiguração da política de gestão ambiental, com graves consequências para a
imagem internacional do país e de São José dos Campos, ao se promover
deliberadamente o desmonte do funcionamento interno do órgão, submetido a um
processo forçado de militarização.
Ações derivadas da ação do governo federal que não provocaram nenhuma
reação do poder público local em defesa da instituição, por ocasião da exoneração do
diretor geral do INPE escolhido em lista tríplice; atitude no mínimo contraditória com as
postulações em defesa da ciência e da tecnologia, exaradas no PDDI de 2018.
No mesmo diapasão, cita-se como exemplo a criação da joint venture fracassada
entre EMBRAER e BOEING, como fato de alta relevância e repercussão no plano da
soberania nacional, uma vez envolvida a única e principal empresa de capital nacional em
área de tecnologia sensível. Diante deste fato nenhuma manifestação de apoio ao
exercício de direito previsto pela Golden Share. seja por parte das autoridades federais,
assim como, do ente local, ter se revelado. Ao contrário, apenas manifestações de apoio
ao empreendimento, com raríssimas exceções, como se normal fosse, já que inserido na
lógica do strictly business sem nenhuma consideração sobre futuras implicações para o
processo de desindustrialização em curso em SJC e região.
Atitudes contrastantes com a postura das instituições políticas do Grande ABC e
do próprio Consórcio Intermunicipal do Grande ABC (GABC), na busca constante de
preservação da vocação industrial do território, evidência da operacionalidade do conceito
de path dependency e da forte identidade regional existente, como fatores inerentes à
atuação e à prática institucional do arranjo cooperativo consorciado e sua preservação
como experiência paradigmática de gestão horizontal e participativa no desenvolvimento
regional.
Em síntese, o que é importante se reter desta narrativa, além da compreensão da
desindustrialização, envolvendo distintas abordagens do poder público local, a
constatação de que está em curso uma trama complexa de desmantelamento institucional
que procura desqualificar uma concepção de desenvolvimento, aquela que buscou dar
consistência ao sonho de um país autônomo e desenvolvido, livre das amarras estruturais
impeditivas de construção de uma utopia desenvolvimentista, que como BRANDÂO
(2011) sugere, e SANTOS (2000) por outras vias o reafirma, nos desviaria possivelmente
dos caminhos da desindustrialização absoluta, contraface da globalização perversa, que
enreda o país no atual momento de sua história.
5- Referências
ANAU, R.V.. Desenvolvimento, Inovação e Aprendizagem: Avaliação da Trajetória do
Grande ABC. 2017. Dissertação de Doutorado (Programa de Pós-graduação em
Planejamento e Gestão do Território), Universidade Federal do ABC, 2017, Santo André.
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LESSA, C.; DAIN,S.. Capitalismo Associado: Algumas Referências para o Tema Estado e
Desenvolvimento. In Coutinho, R. & Belluzzo, L.G.M. (Orgs) Desenvolvimento Capitalista
no Brasil. (orgs.) COUTINHO, R.; BELLUZO, L.G.M. (2ª edição, p. 7-214). Editora
Brasiliense. 1980. São Paulo.
SANTOS, M.. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Editora Record. 2000.
_________BRANDÃO, C.A..(2011). A busca da Utopia do Planejamento Regional.
Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba, n.120, p.17-37, jan./jun. 2011.
_________BRESSER-PEREIRA, L.C. "Reindustrialização como projeto nacional". Le
Monde Diplomatique Brasil. Outubro: 4-5. 2015.
_________PRADO, E.F.S.. Das explicações para a quase estagnação da economia
capitalista no Brasil. Brazilian Journal of Political Economy. 2017, vol.37.
_________SAMPAIO, D. P. Desindustrialização e Desenvolvimento Regional no Brasil:
Breves Notas. Ipea. Boletim regional, urbano e ambiental | 17 | jul.-dez. 2017.