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Q U E M S O
U E U ?
2 . 0 1 6
B R U D E R K L E I N
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É preciso que seja contada a história de Bruder Klein; quem é esse personagem que tem uma vida tão interessante e que surgiu de uma ideia? Os personagens não pedem para nascer, eles aparecem de repente na mente de alguém e cria contornos de uma pessoa real, tão real que saem do papel onde os colocamos e se apresentam a uma multidão reunida tomando conta de pessoas verdadeiras. Mas Bruder Klein é um personagem real ou apenas um mito?
Através destas páginas você poderá tomar conhecimento de todos os detalhes dessa vida que começou há tantos anos e tomou contornos de lenda, mas tem se apresentado vivo através de suas criações literárias. Mesmo sendo apenas um personagem fictício criou uma personalidade que é mais real do que o seu criador.
Para começar precisamos entender a origem do nome: Bruder = irmão – Klein = pequeno; Bruder Klein = Irmão Pequeno ou Pequeno Irmão, o idioma é alemão, mas a origem do nome é judia pois todo o nome que tem significado é de origem judia.
A personalidade de Bruder Klein, poderemos imaginar através do que ele tem escrito que não se trata de criações literárias e sim um montante de circunlóquios que nem sempre é compreensível a não ser por sua própria interpretação, e para isso deveremos ler toda a sua produção para que tiremos conclusões de quem é, realmente esse autor. Ele é de origem humilde e sequer frequentou por muito tempo os bancos escolares e o seu conhecimento do português é bastante precário; não sabemos se no idioma alemão poderíamos tirar outras conclusões, mas parece que não existe nada de sua autoria escrito no idioma alemão.
Para conhecer esse autor precisamos palmear as suas produções procurando indícios de sua trajetória.
Para isso vamos procurar descobrir alguns indícios de sua vida através do que ele escreveu; não sabemos qual foi a sua primeira produção e nos valeremos da intuição para começarmos a examinar os diversos textos para procurar compor uma biografia. Nos parece que o texto intitulado “Mensagens e Reflexões” trata-se de sua primeira tentativa de exteriorizar
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os seus sentimentos; o livro é assim como uma sondagem ao seu interior para tentar descobrir quem ele de fato era.
Logo na primeira página ele coloca uns versos:
Embarque na fantasia
Encha o coração de esperança
Transforme a vida em ventura
Conquiste o amor pela fé
Bruder Klein
A palavra fantasia nos dá a impressão de tratar-se de alguém sonhador; sonhador que tem o coração cheio de esperança, mas isso misturado com a aventura que o leva a alcançar o amor por ter uma fé robusta.
Na página 3 encontramos “à Guisa de Prefácio” onde ele tece considerações sobre o que os leitores encontrarão nas páginas que seguem: nesse prefácio destacamos em primeiro lugar a sua fé em Deus, depois a humildade em declarar que as reflexões lhe foram concedidas: Por quem? “Isso nos é respondido: A nossa vida tem sido uma procura incessante do elo que nos ligue ao Criador. Aprendemos que fomos criados por um Deus de amor, que em momento algum nos abandona e, como um pai, cuida de cada um de nós, orientando-nos através do seu Santo Espírito, para que possamos alcançá-lo. Deu-nos um potencial extraordinário e percepção para encontrarmos o caminho, que nos leva à sua presença, através do seu filho Jesus Cristo, pelo qual estabeleceu uma ponte para nos assegurar a trajetória. Ao homem cabe seguir os ensinamentos de Cristo de amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo. Todos somos irmãos, independente de seitas, raças ou da cor de nossas peles, sabendo-se que o cumprimento da lei do amor em nossas vidas nos coloca em consonância com o Criador; tornando-nos receptivos para auferimos conhecimentos que nos levará em auxilio daqueles que necessitam de uma palavra amiga, de amor e compreensão”. Mais uma vez o amor é conquistado pela fé!
Mais abaixo esclarece que ele está representado por um pseudônimo “Bruder Klein” Logo, ele é alguém que está por trás do nome Bruder Klein;
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ele confessa a sua pouca instrução e declara o seu ideal de busca do verdadeiro amor, nos remetendo para um conto que finaliza o livro denominado “Walkyria”; será que essa foi a sua musa encantada?
Uma das primeiras páginas que seguem há algo muito esclarecedor; ele esta dedicando os escritos a sua família; então ele não é realmente um anônimo, tem uma esposa e filhos e filhas:
À minha companheira,
Aos meus filhos, netos e demais gerações. . .
Daqui a alguns anos, quando eu já houver despido a roupa usada e gasta pelo tempo, que visto hoje; quando o meu espírito houver alçado voo e pairar, livre, nas regiões do sonho; quando for uma doce lembrança nos corações transbordantes de amor, então. . .
Então, talvez, alguém, ao remexer em antigos guardados, encontrará um velho retrato e dirá: “este é meu avô (ou bisavô) a quem eu não conheci”. Porque uma fotografia é o instantâneo de um momento, que embora muito sugestiva, é a revelação do exterior e não revela o que é o verdadeiro homem interior.
Precisaríamos fotografar a alma! Um instantâneo que a surpreendesse em um momento precioso em que derramasse o seu conteúdo e revelasse toda a potencialidade do seu ser. Esses momentos de emoção realmente existem e, se gravados, poderiam apresentar-se como a verdadeira fotografia da alma e quem a contemplasse poderia conhecer, profundamente, esse ser “fotografado”, mesmo que decorridos muitos anos.
Isso é o que eu ofereço a vocês, aos seus filhos e aos filhos dos seus filhos. Para que, na visão de vibrações cósmicas, possam ter uma pálida lembrança de um místico ancestral.
Que esse derramar abundante do meu ser, em momentos muito especiais de minha vida, possam propiciar; a quem os ler, a oportunidade e a inspiração para perceberem, nas entrelinhas, os fundamentos da vida, que é sonho e fantasia, mas é, também, realidade.
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Que Deus nos ajude, sempre, a sabermos dosar, em nossas vidas, o sonho, a fantasia e a realidade, para que encontremos a medida certa e ideal que nos garantirá a felicidade e a daqueles que são de nós dependentes.
Bruder Klein
Os ideais seguem, a sua comunhão com o Grande Irmão representado pelo Espírito Santo; o desejo da fundação de uma comunidade alternativa onde as pessoas vivam juntas se amando e se respeitando: “Comunidade de Vida e Amor”
Enaltece o livro que foi muito importante em sua formação, mesmo não frequentando a escola por muito tempo as leituras lhe embasaram o conhecimento:
UM BOM AMIGO
Sempre nos orienta e nos educa. Quer positiva ou negativamente sempre estará nos oferecendo uma valiosa lição. Quando é positivo o seu conteúdo, nos ensina a trilhar o caminho do bem; quando abriga uma mensagem negativa estará nos orientando sobre coisas que não deveremos fazer.
O LIVRO é, sem dúvida nenhuma, o nosso melhor amigo. Para conhecê-lo bem deveremos lê-lo pelo menos três vezes: a primeira vez será uma leitura completa para reconhecimento; a segunda deverá ser feita, anotando-se, em papel à parte, as perguntas que o texto suscita; a terceira deverá ser feita procurando-se, no contexto, as respostas às nossas perguntas.
O primeiro texto, propriamente dito, depois de apresentar opiniões de pessoas que leram o que seria o livro e depois do Índice é muito interessante por apresentar um sonho e fantasia, mas com os pés no chão, fornecendo a sua ligação a um Deus onipotente:
: E N C O N T R E M O S O P A R A I S O
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Existia um país, que de tão pequeno limitava-se a um simples ponto no mapa. No entanto tornou-se mundialmente conhecido pelas sábias leis que orientavam o seu povo, que, por isso, tornou-se o mais feliz da terra.
Os governantes de todo o mundo frequentemente insistiam para que lhes fossem ensinados os códigos daquele país, recebendo como resposta que nada havia a ensinar, visto que suas leis baseavam-se na simplicidade. O clamor foi tão grande que afinal foi marcada uma assembleia onde todas as nações do mundo fizeram-se representar pelos seus mais altos mandatários.
Assomou à tribuna, o primeiro ministro, (um homenzinho que contrastava a sua pequenez com uma enorme simpatia).
- Meus prezados Senhores, aqui estamos reunidos para satisfazer as suas vontades. Como os demais países, de ha muito tempo vêm reunindo e aprimorando as nossas leis até acumularmos todos os conhecimentos que se fizeram possíveis. Isto é o que conseguimos:
Nesse momento abriu-se uma cortina e foram mostradas, a todos, enormes pilhas de livros.
- Porém - continuou o homenzinho - chegamos à conclusão que esse acúmulo de tratados não funcionava e nomeamos uma comissão de sábios, que transformou esse monturo, nisto aqui.
Tirando um pequeno papel do bolso do colete, passou a lê-lo: “Não terás outros deuses diante de mim; não farás para ti imagens de escultura; não tomarás o nome do teu Deus em vão; lembra-te do dia de descanso; honra ao teu pai e à tua mãe; não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; não cobiçarás a mulher do teu próximo nem aquilo que a ele pertença.” No entanto, o que nos rege é unicamente a síntese desse decálogo que é: “Ama a Deus sobre todas as coisas e ama ao próximo como a ti mesmo.” Esse procedimento que passamos a viver, meus senhores, foi o que nos conquistou a felicidade suprema.
Todos os presentes baixaram as suas cabeças, reconhecendo ser aquilo uma admoestação para que retornassem ao caminho do qual se haviam desviado. . .
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Essa história é uma fantasia, mas aquele ponto no mapa bem poderia ser a nossa comunidade. Para usufruirmos daqueles benefícios bastaria que conhecêssemos o evangelho, fazendo dele a nossa norma de vida. Deveremos nos impregnar dos maravilhosos ensinamentos de Cristo capacitando-nos a captar a sua essência que é o amor. Quando dedicarmos as nossas vidas, com amor, em benefício de nossos semelhantes estaremos cumprindo todas as leis, por que a lei das leis é a lei do amor e o eterno amor é o espírito das leis. (Êxodo 20:2-17; Marcos 12:30,31)
Falando sobre liberdade logo em seguida enumera alguns pensamentos importantes:
L I B E R D A D E
Para conseguirmos completa liberdade mental e psicológica, ou pelo mesmo tentarmos penetrar a verdade do que seja essa liberdade, teremos de livrarmo-nos de preconceitos e tabus. Assim, livres, poderemos passar a discutir as razões desses preconceitos e tabus, eliminando-lhe os efeitos que a educação, dentro dos limites estabelecidos e permitidos nos impingiu. Como poderemos de outra forma, discutirmos assuntos controvertidos como a religião, casamento, divórcio, aborto, educação sexual, liberdade de expressão? Se presos pelos padrões tradicionais de educação discutiremos esterilmente.
O primeiro passo, para resolvermos os nossos problemas seria livrarmo-nos dos princípios transmitidos e através de um maior conhecimento dos fatos da vida, partirmos para uma investigação e procura da verdade essencial.
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O homem enfrenta os maiores sacrifícios para dar uma orientação sábia à sua vida; quando chega à beira do túmulo percebe que não viveu.
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Quando duas pessoas precisarem exigir, entre si, os seus direitos, não haverá mais possibilidade de se entenderem.
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A verdadeira religião é o amor que reúne a humanidade em uma só família.
Exteriorização de um sentimento é uma Ode de homenagem a Mococa:
E X T E R E R I O R I Z A Ç Ã O D E U M S E N T I M E N T O
O D E A M O C O C A
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Te conheci em minha juventude,
Em ti reconheci virtudes;
Sonhos vivi, projetei meus ideais
À sombra de tuas palmeiras imperiais.
Oh! Mococa, a ti confesso meus amores,
Ao teu povo irmão ofereço o coração;
A Deus elevo, por ti, minha oração,
Para que jamais mal algum lhes cause dores.
Ao fruto do teu solo me juntei,
No ventre do amor a vida fecundei.
No teu povo encontrei a amizade,
Que no peito expandiu-se em fraternidade.
Como filho a bela terra amei,
Aos irmãos mil afetos externei.
Do povo irmão recebi o abraço,
Temperado, mais forte do que o aço.
Vivi feliz em tuas ruas, em tuas praças,
Aí enfrentei lutas, alcancei graças;
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Respirei das matas o ar oxigenado,
À noite, maravilhou-me o céu estrelado.
Hoje distante me encontro do teu solo,
Embalado queria encontrar-me em teu colo;
Em outras plagas, resta-me a saudade,
O amor maior que guardo da cidade.
Mas logo em seguida faz uma homenagem a Santo Amaro, nos levando a crer que de fato ele é um cidadão de todos os lugares:
O N D E N A S C I
Cidade que eras quando nasci,
Mas que assim não te conheci.
Para o progresso poder receber
A liberdade precisastes perder.
Mas mesmo sem liberdade,
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Sem mais foros de cidade,
Ainda conservastes a certeza
De jamais perder a pureza.
Com outras raças caldeastes
A tua cidadania emprestastes;
Em tuas plagas, de baianos a sergipanos
Junto com teus filhos, todos são paulistanos.
Espalhastes, alcançastes o céu
Ao passado longínquo lançastes o véu;
Crianças já não jogam bola em tuas ruas,
Mas, em tuas favelas, jazem nuas.
De humana e pacata mudastes em cruenta,
Da Santo Amaro de ontem só resta saudade;
Anônimos teus filhos perdem a fraternidade,
Nas manchetes, hoje, te chamam a violenta.
Rudge Ramos/09/03/1.987
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Diversas páginas importantes, mas não poderemos reproduzir todas elas, mas uma não podemos deixar de apresentar; será que trata-se daquela musa que encantou a sua vida?
A N I V E R S Á R I O
14 de Agosto! Hoje é aniversário de alguém! E quem é esse alguém? É apenas uma lembrança !
Eu a conheci quando tinha 14 anos e ela não mais de 10 ou 11. Os nossos olhos encontraram-se e disseram tudo que se passava em nossas almas. Estávamos em uma idade em que a sensibilidade acorda em nosso ser e tudo fica gravado de maneira indelével. Foram poucos meses de embriaguez; não posso dizer que foi um namoro porque o nosso relacionamento foi apenas através do olhar. Mas esse olhar extravasava como se fosse uma fonte vinda diretamente do coração.
Ela se foi, porém! Um dia, quando voltei do trabalho, ansioso para revê-la, recebi a noticia de que ela havia partido . . . Para onde? Perguntava o meu coração aflito . . . Nunca mais a encontrei! Transformou-se em um mito que tem me acompanhado por toda a vida. Por mais que desejasse e tentasse nunca mais o meu coração pode aquietar-se porque nunca se esquece do primeiro amor!
Parte de minha personalidade talvez tenha sido moldada pela saudade; a emotividade que sinto em mim, a amargura que às vezes me assalta, deve ser provocada pelo desejo secreto que o meu eu sentiu, de parar aquele momento e, como não foi possível ele sempre volta ao passado. Essa vontade incontida é um misto de amargura e doçura, porque a realização do desejo poderia destruir a imagem tão bela que guardo em meu coração.
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Sabe-se lá por onde andará a deusa dos meus sonhos da juventude! Onde estiver já não será a mesma, tanto física como psicologicamente, enquanto em minha mente continua a ser a mesma doce criança.
Hoje, já avançando em anos, com filhos e netos, tenho a impressão que aquela menina adorável é a minha filhinha mais nova. Benditas as doces recordações, benditos os nossos sonhos da adolescência, bendita a saudade!
É tudo isso que nos empurra para frente; é o que nos exalta nos momentos felizes e é o que nos ampara em nossas amarguras. Onde estiver, criança, receba os eflúvios do meu espírito e perceba, através da sua sensibilidade, todo o desejo que tenho de encontrá-la. Tenho a certeza que isso ocorrerá quando ambos formos crianças novamente. Nesse evento, seguremos as nossas mãos e não permitamos que nada nos separe. Unamos não as mãos materiais e sim aquelas que unirão o que realmente somos: a essência da vida.
“Desencontro” espelha a frustração:
D E S E N C O N T R O
O eterno desencontro! Tempo e espaço; tradições e convenções, separando tragicamente o que deveria estar uno. Porque deveremos encontrar a compreensão se o mundo é feito de incompreensão? As pessoas que verdadeiramente se amam não deveriam aceitar o que as fizesse felizes? E se outros não aceitam, por acaso nos amam? E se não nos amam deveremos nos curvar ao seu egoísmo? Não! Essas pessoas agem visando unicamente aos seus próprios interesses. Protegem-se e nos destroem! Se aceitarmos as suas imposições estaremos nos aniquilando. Isso seria um auto suicídio condenável. Deveremos lutar pelo que realmente desejamos e se as pessoas aceitarem muito bem; se não o fizerem não serão pertencentes à mesma essência que nós. Quem nos ame verdadeiramente não se curvará a convenções nem nos fará imposições, Simplesmente aceitará o que nos proporcione a felicidade.
Logo em seguida alegra-se com:
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S O R R I S O - I D I O M A U N I V E R S A
AUGUSTA, 06/111.9/72
O sorriso é caridade e é esmola. É ele que nos abre todas as portas e nos concede os maiores favores; é felicidade suprema, pois é por seu intermédio que conseguimos a compreensão de nossos semelhantes, para que também possamos compreendê-los; é sorrindo que afastamos de nós o orgulho, o egoísmo e tantas outras imperfeições morais, o que nos enseja o desejo de nos tornarmos melhores, para a efetivação do ideal cristão de amor e fraternidade. Amor fraterno que nos aproxima de Deus por acolhermos os ensinamentos de Cristo de amarmos ao próximo como a nós mesmo.
O sorriso é a tradução universal do amor e é por intermédio dele que nos tornamos irmãos, independente do idioma que falemos. Sorria sempre e afaste os infortúnios; substitua as preocupações pela fé no futuro; futuro risonho porquê a fé concretizará a nossa felicidade diante da paz e tranquilidade de nossas consciências impregnadas de amor.
Mas, aparece mais uma musa; quem será, a reapresentação da Walkyria ou outra que encantou o coração do poeta? :
R O S A M I N H A . . .Q U E R I D A R O S A
Sim! Porque não é apenas a Primavera, é a flor mais bela, Rainha do meu jardim – Princesa dos meus sonhos, vida da minha fantasia. . .
Eu sonhei que estava sonhando e, no meu sonho, eu era uma velha roseira e do tronco do meu coração floresceu uma rosa e ela era você.
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Então eu chorei e as minhas lágrimas derramaram-se torrencialmente sobre você, como fonte de vida. Enquanto a sua vida florescia a minha se esvaia.
Senti a necessidade de desnudar o meu coração para que eu não partisse sem revelar todo o meu amor. E foi assim que eu o descobri:
Em um desses dias aziagos em que rebuscamos as mágoas do passado, senti que não era real a minha existência. A vida é amor e eu não o sentia; parecia-me, até, que, igualmente, não era alvo dessa chama abrasadora. Não amava e não era amado! Tal descoberta põe fim a qualquer perspectiva de vida; se não existe amor não existe nada! Chegarmos a essa conclusão é a coisa mais triste que se possa imaginar e assim não nos convém mais viver.
No meio do meu desengano, percebi uma pequena luz que foi aumentando de intensidade até o ofuscamento; e descobri que amo você!
Um amor que nunca pensei existir. Amor de mãe? Amor de filho? Amor de amante?
Não, um amor que abrange todas as dimensões. Desejaria ser mãe, filho, amante, esposo; queria ter você só para mim, junto a mim, em um amor egoísta que nem seria bom para você. O amor nessas dimensões não satisfaz! O amor é uno, o amor é “todo” e o “todo” é Deus e Deus é amor sem egoísmo. Amo você em todas as dimensões: como filha, como irmã, como mãe, como mulher; e acima de tudo amo você pelo que é. Uma pessoa humana que ama-nos, também, com esse amor completo, desprendido, dando de si mais do que nós a você.
Esta descoberta me restituiu a vida. Não mais posso me lamentar das agruras da vida; não devo mais lembrar-me das desilusões sofridas, pois amo e sou amado e isso é um supremo bem.
Rosa querida. . .querida flor, aos seus pés deponho o meu amor, exprimido com ardor; eis que do teu coração recebi vida.
Que bom se o meu sonho fosse real! Que bom se esse amor sem dimensões ou que abrangesse todo o ser, realmente existisse! Eu continuaria sonhando para que a pudesse amar; se o seu sonho, também, fosse o meu sonho!
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E se o meu sonho não for o seu sonho?
Os sonhos são desencontrados pelas convenções criadas pelos homens. Tempo e espaço separam os que se amam. Abrimos mão daquilo que nos pertence, que é o nosso destino e que de outra forma poderia ser venturoso.
Então!!!
Então???
Alguns devaneios aliás ele deu esse título a um de seus livros:
M E D I T A N D O S O B R E U M A P O E S I A
. . . na realidade não podemos esquecer os bons momentos de nossa vida e, muito menos, os nossos melhores momentos. Um evento maravilhoso nos faz esquecer o passado e logo depois nos tira as perspectivas do futuro. O trágico, porém, é que não conseguimos o “presente”. Então nos transformamos em uma figura patética; sem passado. . .sem presente. . .sem futuro! Uma figura que acalenta um sonho impossível; que é um sonho, por isso evaporou-se no tempo e no espaço, ficando só o sonhador. Eu sou um sonha-dor!
E N C O N T R O
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Encontrei o meu amor e passei por uma das experiências mais estranhas da minha vida. Senti-me como um espírito sem corpo; por mais que procurasse me comunicar não conseguia; era como se ela não me enxergasse; procurava os seus olhos e não era visto. Senti um vazio tão grande, uma melancolia, que fiquei incapacitado para definir se sou um espírito sem corpo ou ela é um corpo sem alma.
Não é possível que alguém seja insensível a ponto de não sentir as vibrações de um sentimento tão profundo! . . .Penso que seja egoísmo de minha parte pretender a correspondência aos meus sentimentos.
Que amargura!
O que não pode ser deve ser esquecido e eu continuarei tentando. Procurarei preencher a minha vida nem que seja de um imenso vazio.
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D E V A N E I O
Felicidade é um estado de alma que nunca conseguimos alcançar. É um estágio que jamais a alma humana conseguirá vislumbrar. É uma miragem! Quando estamos prestes a alcançá-la, se desfaz diluindo-se no espaço. Logo depois ressurge novamente para desaparecer logo pretendamos alcançá-la. Como os ruídos que nos parecem reais e as imagens falsas que enganam os nossos sentidos, a felicidade aparece como a exaltação de nossos sentimentos no afã de suprir a nossa necessidade primordial. O homem debate-se em sua existência à procura de um ideal elevado. A vida se apresenta como algo vazio e sem expressão. Custa-lhe muitos sacrifícios resistir ao pesado fardo da existência; se o faz é por pressentir que a vida material é uma conveniência para a evolução espiritual . Temos ciência da verdade contida na lei de “ ação e reação” segundo à qual tudo que nos é impingido, é uma reação direta do nosso procedimento anterior. Isso faz parte da vida evolutiva espiritual. A nossa existência, através das diversas fases de sua evolução é uma verdadeira contabilidade por partidas dobradas; não é possível a existência de uma conta credora sem a correspondente devedora.
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M E D I T A N D O
Jabaquara, 09/09/1.973
Percebi, em minha meditação, que foi sentida unicamente a minha presença física e veio-me à mente o final do romance “A Carne” de Júlio Ribeiro: O personagem procurou amor e somente encontrou paixão e atirou-se a uma solução desesperada que não lhe solucionou o problema.
Se foi sentida apenas a minha presença física, agora , à distancia, poderá haver o encontro espiritual. Você aí e eu aqui; separados fisicamente, mas juntos em espírito. A minha mente não conseguiu uma definição lógica para as minhas dúvidas, uma vez que não imagino como se pode esquecer um grande amor com tal rapidez, ou por outro lado, como fingir com tanta perfeição. E diante de um procedimento dúbio, qual a face verdadeira?
Afirmei conhecer as pessoas e o conceito que estabeleci foi aquele que externei, de autenticidade e de pureza espiritual; se por acaso falhei os meus padrões de valores estariam desfeitos e me poriam em dúvida se sequer existo. Se pensamos, se raciocinamos, se estabelecemos parâmetros de julgamento, isso prova a nossa existência. Ou somos fruto apenas do nosso pensamento? Isso provaria que não existimos materialmente emergindo a essência que é a alma e isso bastaria para que nos realizássemos para a eternidade
Eu sou o desdobramento dos meus ascendentes e me desdobro em meus descendentes. Cada desdobramento é a extensão de um mesmo ser. Então eu sou meus pais e meus filhos são a minha pessoa. E entre os meus filhos não poderá haver divergências, visto serem a mesma pessoa e são a minha pessoa que os ama. Como poderá alguém repelir uma parte de si mesmo sem ficar mutilado? Unamo-nos pelo passado, no presente e pelo futuro quando deixaremos uma herança de paz e amor.
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Este texto merece ser lido:
E N T Ã O ?
Antes era uma vegetação luxuriante. Fruto das fontes naturais ou de chuvas de verão?
Hoje é tudo deserto: A febre causticante transformou aquele oásis de felicidade em agreste região.
Os pássaros se foram! Já não ouvem-se os alegres cantos matinais, nem a sua algazarra ao por do sol.
O rio, que cortava aquelas matas, hoje, visto do alto do monte mais próximo, assemelha-se a imensa cicatriz. Tudo à sua volta é desolação e tristeza; confundindo-se com o cinzento dos sentimentos tornou insensível até as almas dos homens!
Apenas um cacto sobrevive, porque esta planta é como o amor e a tudo resiste e, solitário, espera que algum viajor, sedento, sorte-lhe o corpo para saciar a sede. Ainda assim, ferido na carne, com cicatrizes profundas, que nunca param de sangrar, continuará à espera de uma gota de orvalho que o reanime, porque não lhe resta nem mais a esperança de uma lágrima, visto que até os seus olhos secaram.
Em outro jardim, talvez, a primavera continua, porque as flores, volúveis, afeiçoam-se às mãos hábeis dos jardineiros e, transplantadas para outras terras, olvidam o passado e não mais desejam os calorosos beijos dos colibris. Banham-se nas chuvas provocadas pelas nuvens da saudade, mas realçam o seu perfume para a conquista de novos amores.
E eu, que desejaria ouvir novamente o suave canto dos pássaros nas suaves tardes primaveris! É primavera e nada existe. Nem flores nem pássaros. Por mais que grite só ouço o eco da minha agonia debatendo-se nas pedras da desilusão. Tudo é solidão! Não consigo a caridade de um carinho!
Mas, por quê?
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O espírito que antes povoava estas paragens certamente encontra-se aprisionado no calabouço da dúvida e sem coragem para empreender uma fuga perigosa.
Então!!! Então???
Falando sobre a Vida Eterna:
V I D A E T E R N A
É verdade que o homem possui uma vida eterna. A Bíblia isso nos ensina: “Estas coisas vos escrevi para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus.” (I João 5:13)
O problema será saber onde passaremos eternidade! Existem duas opções: Gozo eterno ou tormento eterno. Não desejamos, aqui, entrar em consideração sobre o que seja eternidade, mas teremos que considerar que será um período muito longo.
É evidente que o desejo de todos será alcançar o gozo eterno e para isso teremos que nos colocarmos em consonância com o Criador, através dos ensinamentos cristãos, que foram codificados na Palavra de Deus (a Bíblia), de onde obtemos o entendimento, auxiliados pela inspiração do Espírito Santo. Deveremos seguir a lei de Deus que é o amor; amor em toda a sua plenitude. Embora, em nosso entendimento pensemos que amamos de fato às pessoas, na realidade estamos bem distantes desse sentimento maravilhoso.
O verdadeiro amor é capaz de todos os sacrifícios (até doar a própria vida, como fez Jesus) e não almeja pagamento ou reconhecimento; ele é desprendido e anônimo, não espera reciprocidade, Embora esta poderá ser o reflexo do verdadeiro amor.
Quando somos alvo do verdadeiro sentimento é impossível não sermos impregnadas, o que nos fará refletir, também, não somente para
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aqueles que nos dedicaram, o sentimento, mas a todos os que nos rodeiam. O amor é como o sol, que com a sua claridade tudo revela. Ele abre os corações, as almas, as consciências, para que tudo sintetize-se em um só ser. Ele é um fator de empatia, nos faz sensíveis para que possamos sentir como os outros sentem.
O evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é exatamente a revelação, ao homem, de que é possuidor de uma vida eterna abundante, e que a maneira de alcançá-la é estabelecer a comunhão com Deus, através da ponte que é o seu Filho, e firmar-se no vínculo do amor.
É evidente que todos desejamos alcançar essa certeza que nos dará plenitude de vida, mas é necessário que se nos mostre a maneira.
E como fazê-lo?
Quem tem que tomar consciência é o verdadeiro ser que é o espírito. Mas, não poderemos nos esquecer que aquilo que é a verdadeira essência, está envolvida pela matéria; Existe o homem material e o homem espiritual. Para que tenhamos a possibilidade de alcançarmos a alma necessitamos transpor os obstáculos representados pela matéria, pela personalidade e outros fatores influenciadores; como a educação e o meio ambiente. Teremos que explorar cada camada do ser, provando o nosso amor, concretamente, em cada fase, até podermos contar com receptividade motivada pela amizade. Somente conseguiremos transmitir, comunicar-nos, quando a pessoa puder confiar em nós pelo desenvolvimento de um relacionamento vivido com amor, conjuntamente.
Deveremos aproximar-nos, de nossos semelhantes, como pessoas que são, sujeitas a toda a sorte de apreensões e preocupações, tanto objetivas como subjetivas. Ajudá-las no equacionamento dos seus problemas, desinteressadamente, para que se tornem receptivas para a ação do Espírito Santo em suas vidas; que será quem poderá convencê-las do pecado, da justiça e do juízo, transformando-as e preenchendo-as de pensamentos positivos e de amor. Amor que, também, se irradiará em todas as direções, para alcançarem outras pessoas.
Desmascarando a mentira:
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M Á S C A R A
“Tiremos as nossas máscaras e nos apresentemos, aos outros, como realmente somos; esse simples ato nos libertará de todo o medo e ansiedade, e nos tornará seres autênticos e felizes.”
“A autenticidade é um atributo precioso, pouco encontrado no mercado.”
“Estamos, sempre, preocupados em apresentar-nos, aos outros, através de disfarces; deixamos, assim, de apresentarmos, às pessoas, as qualidades que elas procuram em nós.”
Quem sou eu?
Um anônimo em meio a uma multidão.
No entanto eu sou alguém.
Tenho um nome; possuo um RG; sou eleitor, filho, pai, esposo. Sou funcionário de uma determinada companhia, o que me relaciona com uma quantidade enorme de pessoas. Possuo uma casa, um automóvel e todos os objetos de que tenho necessidade.
Apesar de tudo isso posso ainda a continuar a não ser eu mesmo e fazer de conta que sou outra pessoa. Então terei de vestir uma máscara que me fará parecer com o que desejo ser. Resultado: Sendo eu, eu mesmo, o único papel que sei desempenhar com alguma perfeição, é o meu mesmo. Ao falar assim estou sendo até modesto demais, porquê interpretando a minha pessoa, não existe ator, por mais capacitado que seja, que o faça melhor. E nesse caso, por melhor ator que eu também possa ser, nunca poderia interpretar, tão bem, o papel de outra pessoa. Ao mudar de papel eu estarei perdendo o relacionamento com o meu mundo, com aquelas pessoas que estão capacitadas a entender o meu modo de ser. Deixo de existir para
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um mundo com o qual estava harmonizado, para penetrar em outras esferas onde fatalmente estarei fracassando.
Isso ocorre com todos aqueles que abrem mão de suas personalidades para tentarem ser o que não são. Ficam, geralmente, no meio do caminho, não sendo o que antes eram e não realizando a transformação pretendida. Terminam como verdadeiros fantoches.
O poeta tem seus momentos de amargura:
P E S S I M I S M O
Aos dezoito dias do mês de Setembro do ano de Nosso Senhor Jesus Cristo de hum mil e novecentos e setenta e quatro. Hoje, estou em um dos dias mais nostálgicos da minha vida. E por quê? Nem eu mesmo sei, mas a verdade é que acordei relembrando frases de amigos meus, que segundo eles nascem em períodos negativos: ”Estou com uma agonia da natureza.” “Tenho vontade de tomar um trem e ir até o fim da linha.”; tais frases espelham mais ou menos o meu estado de alma neste dia. Por que esses sentimentos de impotência diante do mundo se apossam de nós em determinados períodos, sem que haja uma razão concreta?
Da mesma maneira que deveremos estar atentos para pressentir os estados de felicidade, que nos acometem, deveríamos estar atentos para podermos pressentir a aproximação das depressões. Acreditamos que esta última é uma síndrome que precisa ser analisada para que encontremos a cura.
Dizem os entendidos no assunto, que esses estados nos atingem quando existe um forte desejo do espírito em abandonar o corpo. De maneira consciente, não tenho o desejo de emigrar; acho que a vida nos oferece momentos maravilhosos, principalmente quando podemos amar alguém. E eu tenho tantas pessoas queridas que por elas me agarro à vida! Sinto como uma missão amar e orientar esses entes. Então não desejaria desertar deste campo de lutas; mas será que não estará havendo um conflito entre o querer inconsciente e o não querer consciente? É bem possível! Essa poderia ser a razão desse abatimento em que me encontro hoje. Espero
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que como aconteceu de outras vezes, a nuvem passe e o sol torne a brilhar, tendo como pano de fundo, o céu azul; e dizem, também os entendidos, que “tudo azul” é sinal de que tudo está bem. Porém, esse conceito está tão deturpado a ponto de não mais ter sentido. Agora mesmo um amigo me perguntou: Como vai? e respondi: tudo azul! E não está azul e sim cinzento, em minha opinião. Digo cinzento como sinônimo de coisa desagradável, porquê nada me deprime mais que um céu encoberto. É uma questão de conceito de cores que é completamente indefinível; aprendemos por orientação de outros e nunca sabemos se o que vemos é exatamente o que outras pessoas estão vendo.
Hoje é hoje em nossa vida e está separado dos demais dias e esperamos que amanhã seja, realmente, outro dia, que venha nos alegrar com o nada dos acontecimentos. Sim, por que se por nada mergulhamos na depressão, por nada poderemos subir ao encontro do sol e do céu azul. E se não for amanhã será outro dia, em breve; somos como a natureza, temos verão e inverno, temos outono e primavera. A primavera aí vem para nos alegrar com a sua temperatura amena; com toda a sua profusão de flores e de perfumes e, o que é mais importante, para inspirar-nos a uma vida com mais amor. O amor é vida e o resto, irmão, é a mente apodrecida que gera. A ordem é amar; só amar!
Mais devaneios:
O P R E G A D O R
Com a cabeça calva, cabelos brancos nas têmporas, um aspecto de uma pessoa vivida. apresentou-se o pregador, à grande multidão que acotovelava-se no templo para ouvi-lo.
E ele falou: Com humildade apresento-me aos irmãos, para falar-lhes de coisas que, certamente, todos podem ensinar-me, pois são sobejamente conhecidas as virtudes do povo desta cidade, as quais já ultrapassaram os seus arredores e chegaram aos grandes centros, onde mais precisam de exemplos como os que tem sido dados aqui.
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Venho falar-lhes do amor! Não para ensinar-lhes, mas para que minhas palavras, ressoando em seus perfis, voltem a mim e possam orientar-me. Para que, passando por esta cidade onde tanto se cultua o amor ao próximo, fique impregnado desse bálsamo e assim possa modificar a minha vida, passando a viver virtuosamente como se vive aqui.
A maior dádiva que Deus nos legou foi o sentimento de amor ao nosso próximo. O amor que é resignação e perdão; é caridade e compreensão. É o sustentáculo da fé, porquê é percebendo o grande amor que Deus dedica a suas criaturas, que nos conscientizamos de que Ele nunca nos abandonará. A cada necessidade está sempre presente, nos acalentando, nos amparando, para que possamos resistir, com resignação, tudo aquilo que nos cabe passar. É amando aos nossos irmãos, indistintamente, sem olharmos a cor de suas peles, sem atentarmos para a religião que professam, que ganhamos força suficiente para enfrentarmos as vicissitudes da vida. E com amor, o fardo, que nos cabe carregar, se tornará mais leve, porquê o aceitamos com resignação. Este é o grande segredo que o amor revela: Resignação! Temos que aceitar os acontecimentos da vida como eles se apresentam, desde que não os podemos modificar. Aceitar com paciência e resignação, uma vez que em nossa ignorância, desejamos coisas sem sabermos se elas serão boas ou más para nós. Mas o Pai nos concede aquilo que realmente temos necessidade. Temos de aceitar, também, as pessoas tais quais são, desde que desejamos que nos aceitem como somos; com os nossos defeitos que são invisíveis aos nossos olhos.
Aqui é exatamente isso que se pratica. Por isso estamos aqui. A fim de respirarmos essa atmosfera de amor e compreensão e, soltos das amarras do orgulho e do egoísmo, possamos confiar nas pessoas com quem temos de conviver. Obrigando-as também a confiarem nos outros, para que assim formemos uma grande corrente de amor e de fé cristã. Para isso pedimos as suas orações. Para que o Pai nos ajude e ajude a humanidade. Que Deus nos ouça.
O pregador contemplava aquela floresta de rostos iluminados onde transpareciam a bondade, a compreensão, o amor. Esforçava-se para lembrar o nome daquela cidade, desde que a vinha procurando a longos anos; por mais que desejasse, porém, não conseguia. Então, aquela visão
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foi evaporando-se e ele sentiu-se sozinho, em seu quarto, diante do espelho. Ele falava para si mesmo.
Após alguns instantes de meditação, compreendeu que aquilo que procurava por longo tempo sempre estivera bem ali ao seu alcance. Bastaria transpor a sua porta e dar alguns passos para que encontrasse o seu próximo a quem tinha o dever de amar e ajudar.
M E D I T A Ç Ã O
Medito! Sou uma criação de Deus e como tal possuo o germe da perfeição a qual deverei desenvolver até chegar ao aprimoramento máximo. Quando imagino ser uma criação de Deus não me refiro à minha parte material e sim a centelha que denominamos espírito.
Busco o elo que me liga ao Criador e só poderei descobri-Lo se me encontrar a mim mesmo. Recolho-me e alcanço o fio que me leva ao descobrimento de quem sou: Ninguém! A quanto tempo trilhando o caminho em direção à luz que é o meu objetivo e me tornaria alguém! E por que não alcancei? Por que! Por não ter tido a capacidade de eliminar do meu ser as falhas que me corrompem. O orgulho e o egoísmo me têm derrubado a cada passo! Quantas oportunidades me foram oferecidas! Não soube aproveitá-las, por sempre desejar me colocar acima das outras pessoas, julgando-me infalível e investido de uma missão de
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aperfeiçoamento. Percebo, agora que evolui apenas materialmente, faltando empreender uma longa caminhada para alcançar os verdadeiros valores que deverei possuir. Mas não é tarde, pois conhecendo a realidade, tomo a resolução de não mais errar.
E reconheço que é uma missão impossível!
D Ú V I D A
O amor que produzi, com tanta intensidade, tamanha quantidade, foi demais, acumulou. Previ a necessidade de prover as amizades; a mãos cheias espargir, mas não soube distribuir!
Os meus ideais de formar, entre a companheira, os filhos e com todos que conosco se relacionassem, um elo de comunicação, baseado no amor e compreensão, não encontrou ressonância. Enquanto, todos nós, produzíamos, amor em quantidade, só acumulávamos, sem sabermos distribui-lo.
Não houve o encontro. O convívio nada provou. Formou-se um vácuo entre as pessoas, pois todos desejavam doar sem saber como, e o amor acumulado vai nos sufocando.
Não sou egoísta, amo a humanidade como extensão da família; por pátria considero o universo; minha crença é em Deus que é amor. Busco a perfeição para que o meu espírito evolua; para que quando chegue ao fim da vida haja cumprido uma missão. Mas como? Meu Deus, o que é que eu faço?
Visão:
T E R E S A M E N I N A
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Teresa: Uma menina apoiada nos cotovelos, olhando-me fixamente desejando transmitir tudo que lhe ia na alma. Essa a visão que tive ontem.
É interessante como nos ocorrem essas visões e podemos perceber a presença de uma alma que nos é familiar. Quando a vi tive a certeza de conhecê-la a longos anos. Tão longos que não consegui determinar nem quando nem em que circunstâncias; necessitaria que me esforçasse demasiadamente e me concentrasse dentro de mim mesmo, para alcançar aquele passado longínquo. Não é necessário, porém, o importante é a convicção de que participamos de algum evento; um acontecimento importante para nós. Talvez alguma missão que haja ficado interrompida e que tenha de ser concluída. Nenhuma manifestação física envolve esse encontro e sim algo de muito maior profundidade. Nada acontece em vão e esse encontro e a convicção que tenho, sem mesmo poder testar a veracidade, que existe algo misterioso que deverá nos unir para que possamos realizar aquilo que é um ponto comum entre nós. Pensamentos afins com a força magnética que deverá levar um grupo a objetivos definidos. E nada obstará a caminhada para a purificação. Os objetivos são sadios e Deus protegerá a trajetória.
Deverá ser assim: (sinto firmemente, mesmo não sabendo quais serão os próximos passos) Uma comunidade que irá transformar as personalidades individuais em um só pensamento, uma voz, uma vontade. Uma força mental capaz de sobrepujar o tempo fazendo-o parar. Será o Shangrilá ou o Edem?
Esperemos o tempo a que teremos que vencer com a nossa força positiva e com a ajuda do Supremo Arquiteto.
A realização será no presente estágio ou em uma vida futura?
Seria uma despedida?
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C R E S C I M E N T O
Jabaquara,26/08/1.975
Para os que ficam, como para os que vão, a vida continua. Existem muitas maneiras de servir a Deus, em qualquer das casas do Pai. Isso é o que todos deveremos conscientizar-nos. Deveremos crer, convictamente, que a nossa vida é eterna e que nossa alma estará salva no momento em que nos entregarmos confiantemente às obras do Espírito Santo de Verdade; Esse Espírito envolve a nossa alma revelando-nos a verdade e nos dá forças para nos afastarmos das impurezas materiais e caminharmos em direção à luz, que é a perfeição espiritual. A meta da humanidade é a perfeição espiritual e quando encontramos o caminho que nos leva a ela, passamos a viver, já, o paraíso. É aquela paz que nos é dada pelo amor. É o céu alcançado, já, nesta vida. Quando mergulharmos novamente na verdadeira vida que é o mundo espiritual, poderemos aquilatar a evolução que alcançamos durante o estágio. Atentem para isso: À medida que a humanidade vai tomando conhecimento, consciência, vai afastando-se o véu do santuário e nos são reveladas as verdades sobre a vida espiritual. No inicio era-nos apresentado tudo, veladamente, gradualmente; à medida que o nosso entendimento vai evoluindo, vamos penetrando as verdades que o Pai nos faz saber. Esse maior entendimento não nos vem pelos conhecimentos intelectuais e sim pelo coração, através do amor que é a centelha explosiva da perfeição espiritual. Assim, nessa trajetória rumo ao centro do universo, vamos trabalhando, cada um de acordo com a vocação, ou talento, recebido do alto. É preciso que nos entreguemos completamente e cumpramos tudo aquilo que, através da inspiração, nos for ditado como norma para alcançarmos a perfeição. A vida continua . . .aqui ou em outra parte porquê . . .
O amor, a desilusão, a saudade e a luz salvadora:
C H U V A S P R I M A V E R I S
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Amigo, irmão, pai, é cada uma das coisas, ou tudo isso o que desejaria ser para você. Devemos a você a afeição e o convívio amigo em fases que realmente necessitávamos. Você deu-nos até mais do que devia e, agora, avaliamos o sacrifício que a obrigou o seu grande coração. Coração que tem sido um sol na vida de muitas pessoas e que dá calor às suas virtudes, em prol dos que precisam.
Sinceridade, lealdade, caridade, solidariedade, paz, amor, são flores de um jardim encantado que nos ajudam a ajudar aos outros, dando-nos uma sensação de leveza de alma, ligando-nos solidamente aos nossos semelhantes. Quando, porém, não soubermos cultivá-las, nos afastaremos das pessoas amigas, terminando por ficarmos SOS.
Que as nuvens das preocupações se precipitem, como chuva benfazeja, em seu jardim, conservando-o em constante primavera, impregnando a sua alma, cada vez mais, do suave perfume das virtudes, prêmio de suprema felicidade. E, se o destino permitir rogamos para que participemos desse evento.
D E S I L U S Ã O
Ah! Que desespero amar, sem esperança de encontrar!
Sonhar sem concretizar.
Silenciar esperando findar.
A agonia represada pelas desilusões da vida.
Neste momento em que as desilusões afloram;
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Resultado de múltiplas nuanças,
De cruéis mudanças;
Hora em que morrem esperanças!
A agonia como afiada faca dilacera minha alma.
Já não almejo fama;
Gostaria, sim, de não estar na lama.
Quantas caminhadas empreendi na vida,
Quando vislumbrei o sol brilhante e vi,
Através de reflexos prismáticos,
As belas, suaves cores do arco-íris.
No roxo vi a fé; no verde a esperança;
No azul a harmonia;
No vermelho, que lembra sangue derramado,
Em vez de amor, vi um coração dilacerado.
S A U D A D E
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Rudge Ramos, 24/02/1.987
Como de amor uma mensagem
A flor que eu oferecer queria
Seria a mais bela homenagem
De saudade um pleito a Walkyria.
A L U Z Q U E S A L V A
Quando desorientado me vi
Nas encruzilhadas da vida
E rebuscando dentro de mim
Não mais encontrei sinais de afeto!
Sentindo do vazio o desespero
Na desilusão de não mais encontrar
O amor dentro de mim!
E nessa busca desesperada;
Analisando perdas, tramas, frustrações,
Que caracterizaram todo o meu ser!
Já na agonia da incerteza,
Se ainda haveriam sentimentos puros?
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No negro túnel da existência reencontro,
Limpo o meu espirito;
Lúcido a divisar a luz.
E para felicidade minha,
Não terem morrido os sentimentos.
Pois descobri, que apesar do vazio,
Uma luz cintila, brilha: Que o amor ainda vive;
Que eu amo você.
“Saber Sentir” “O que é felicidade”:
S A B E R S E N T I R
Rudge Ramos, 20/03/1.987
Quando eu chegar ao fim da jornada
E olhando para trás procurar analisar
Quais foram as realizações
Os ideais que procurei alcançar.
E envolvido pela lembrança
Dos acontecimentos que feliz eu vivi
Então rebuscarei em minha mente
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E me aprofundarei em meu ser.
Desnudarei a minh’alma
Procurarei conhecer.
Já não terei a certeza
De tudo entender, de tudo saber.
Procurarei renascer para a vida
Reiniciar e procurar aprender
Os segredos da alma
A buscar a ligação com o infinito
Para extrair do amor a essência
E renovar os meus votos sagrados
De união mística com o Ser
Para então descobrir a verdade
Que antes de pensar em saber
Os mistérios da mente
É preciso maior sensibilidade
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Pois antes de saber
É necessário sentir
Para sentir como saber.
O Q U E É F E L I C I D A D E
Todos nós almejamos a felicidade como meta de nossa existência. O que é, realmente, a felicidade para cada um de nós e qual a maneira de alcançá-la?
Na realidade nunca conseguimos alcançar aquilo que imaginamos que seja; por isso nos é difícil defini-la. Sentimos vez por outra um sentimento que dizem ser a felicidade.; uma sensação de bem estar físico, mental e psicológico que gostaríamos se prolongasse pelo restante de nossos dias. O que provoca essa estranha sensação? Nunca conseguimos analisar corretamente os antecedentes que culminaram com aquele estado, para que colocando os acontecimentos na mesma seqüência, venhamos a fazer que se repitam, para nos proporcionar o mesmo estado. Os momentos de felicidade que sentimos são, aliás, tão rápidos e espaçados que não nos pega prevenidos para a análise. Eles vêem, nos entusiasmam e, quando menos percebemos, já tudo se modificou inexplicavelmente dentro de nós, e mergulhamos na depressão.
Seria útil que realizássemos um preparo mental para que pudéssemos pressentir a aproximação do êxtase e anotássemos, nos mínimos detalhes, os acontecimentos que culminarão com aquela sensação de euforia. Como tese é ótima, mas na prática nos veríamos com tal numero de variáveis que nos impossibilitaria de alcançar o objetivo.
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Imaginando que conseguíssemos, como poderíamos nos preparar mentalmente para que nos tornássemos receptivos?
Será necessário que o nosso comportamento saia completamente da rotina a que nos habituamos. Teremos que olhar para o nosso interior e meditarmos sobre os segredos que envolvem a nossa alma. Iremos nos aprofundando cada vez mais até encontrarmos aquela insignificante centelha que somos nós. Daí compreenderemos a diferença que existe entre o verdadeiro eu e tudo aquilo a que damos importância e que nos dá a idéia de felicidade. Felicidade para nós como seres imperfeitos, porém “conscientes” da nossa perfeição. Então, tudo aquilo que julgávamos importante e grandioso para a nossa personalidade acabará ficando diminuto, justamente diante daquela centelha insignificante.
Quando isso ocorrer estaremos nos encontrando. Estaremos tomando consciência de nossa fragilidade e quanto deveremos trabalhar para que o nosso verdadeiro eu alcance alguma luz.
Isso será apenas o começo, mas teremos crescido descomunalmente em comparação com o que éramos antes. Teremos ganhado uma nova visão das coisas e estaremos nos capacitando para discernir o que verdadeiramente tem valor para nós. Afloraremos sentimento puros, nos tornaremos receptivos e mentalmente preparados para a análise das causas. Estaremos trilhando a estrada que nos levará à felicidade, que não é outra coisa senão o caminho do amor. Amor no sentido amplo: do próximo aos nossos inimigos; das flores aos animais; de Deus a nós mesmo.
O poeta não pode rir sempre e a solidão o apanha:
S O L I D Ã O
A frustração se manifesta pelo vazio; vazio pelos ideais não realizados. Ideais de amor, de pessoa humana, de relacionamento afetivo. Essa frustração instalada nos torna solitários. A solidão não é questão de existir ou não existir; é questão de sentir. Nós a sentimos mesmo entre uma multidão, ou em pequenos grupos. Ela nos dá a vontade de sair a procura de algo que nos falta; sentimos falta de alguma coisa que satisfaça a nossa
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necessidade. Necessidade subjetiva, pois na maioria das vezes possuímos mais do que o razoável para satisfazer a parte material de nossa vida.
Como fugirmos a essa sensação de vazio?
O equacionamento desse problema que aflige a humanidade traria a fortuna a quem o resolvesse, por que disso depende a nossa alegria e nossa felicidade. Talvez seja uma procura infrutífera, mas temos que perseguir e lutar para tentarmos encontrar a solução. Não para ganharmos dinheiro e sim para nos satisfazermos, tanto por nos livramos do inconveniente da desolação como pela satisfação de transferir, aos nossos semelhantes, algo que os ajude.
Talvez dois solitários não somassem as suas solidões e sim um neutralizaria a solidão do seu companheiro! Achamos que o encontro de dois solitários poderia criar um relacionamento que os condicionasse à descoberta de algo que os livraria desse sentimento desgastante: dessa sensação de que falta alguma coisa. Talvez esse encontro fosse o inicio da solução do problema, pois o solitário é uma pessoa a quem falta o diálogo. Ele necessita de um canal de comunicação que o possibilite a exteriorização de seu potencial. É uma pessoa que possui um profundo conteúdo de idéias que não tiveram a oportunidade de serem concretizadas: viver um grande amor: trabalhar pelo bem da humanidade; amar aos seus semelhantes altruisticamente. A impossibilidade de consumação desses ideais o sufoca.
É tão triste viver só; principalmente quando não estamos sozinhos! O retiro espiritual até que é positivo, por que, quando estamos sozinhos, recolhidos para dentro de nós mesmo, poderemos aprofundar o nosso conhecimento através da sensibilidade e é nessas oportunidades que alcançamos uma ligação transcendental e aflora, em nossa mente, as verdades mais significativas para a nossa existência.
Mas quando enfrentamos a solidão a dois; quando sentimos bloqueado o nosso poder de comunicação e, desaparece o nosso relacionamento com a pessoa que está ao nosso lado; enveredamos para a mais profunda das frustrações. É a negação da vida, do amor, das virtudes!
Quando nos sentimos assim, somente um poder maior, uma ligação transcendental, poderá nos trazer de volta à vida!
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A solidão parece representar o fim:
O F I M
O fim! O que é o fim?
Como será o fim?
Quando será o fim?
Como saberemos quando chegar o fim?
O que sentiremos no fim? Existe o fim?
Deus não teve começo e não terá fim!
O homem é feito à imagem de Deus.
Para o homem não haverá fim!
Deus é eterno! O homem é eterno!
Deus sabe tudo! O homem precisa conhecer.
O homem precisa aprender; para que possa saber.
Para que possa confiar!
Para que se alimente de fé; e armazene a esperança;
E tenha sempre na lembrança, que não terá fim.
Existe algo depois da morte; aí encontraremos melhor sorte:
A paz . . .
Desnudos de corpo, estaremos limpos de espírito,
E tomaremos sentido
De que já passou a dor e só resta o amor.
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Sobrará a virtude, para novas atitudes.
E daremos as mãos; e teremos um mesmo pensar.
Para que possa nascer a união
Que nos fará caminhar . . .por caminhos novos.
E possamos alcançar, depois do vôo alçar,
A ligação com o Ser
E assim renascer.
Então vamos sonhar:
D I R E I T O D E S O N H A R
17/10/1.987
Não nos arrebate o direito de sonhar
Você poderá desejar material fidelidade
Mas permita que possamos sonhar
E mesmo no sonho a felicidade encontrar
É tão bom sonhar um grande amor
Que existe alguém para nos felicitar
Sem julgar ser isso um favor
E que juntos possamos a vida desfrutar
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Somos atingidos pelo desamor
Quando percebemos que o sentimento morreu
Assalta-nos a dúvida, a angústia, o temor
A nossa vida como o amor feneceu
Vivemos sonhando a esperança
De nossa vida poder reconstruir
Mas os sonhos são sonhos
Que a vida insiste em desfazer
Agora o que nos liga à vida
E consiste no elo da existência
É o direito subjetivo e inalienávelDe desperto ou em sonho, continuar a sonhar.
A profecia da esperança:
O P R O F E T A
. . . é o que foi dito pelo profeta Joel:
E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre
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toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e
sonharão vossos velhos;
Até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito
naqueles dias e profetizarão.
. . . E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Atos 2:17,18,21;
Eis a comunidade de Vida e Amor:
S H A N G R I L Á
Jabaquara, Agosto de 1.974
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Este livro (que tento escrever) servirá para angariar fundos para a construção de uma cidade utópica; ela será projetada nos moldes antigos e a sua vida interna será a mesma que podia-se presenciar séculos atrás (cheias de paz e tranqüilidade) quando o “progresso” não havia transformado os seres humanos em frustrados e sofredores (seres que transitam por aí, entre blocos de concreto, com uma pressa imensa, sem saber onde deseja chegar).
Essa cidade, que poderemos batizar de “Shangrilá”, será o paraíso universal. Lá, as existências prolongar-se-ão indefinidamente, devido ao modo de vida que será sem pressões e tensões.
No seu portal de entrada faremos inscrições que ensejarão, às pessoas que por ele passarem, mudarem de vida no sentido de nascerem de novo; colocaremos, ali, um enorme espelho mágico para que as pessoas contemplem-se e analisem os seus semblantes e também o seu interior, para aquilatarem se consideram-se o tipo de pessoa com quem gostariam de viver. Só depois de operada uma transformação completa será permitida a entrada desde que cada um assuma o compromisso de professar a única religião que haverá ali: A religião do amor.
Passando pelos testes, o cidadão, investido de seus direitos e deveres, poderá viver na comunidade, destituído de vícios e conduzindo-se dentro da moral e da disciplina.
Na cidade não poderão entrar veículos poluentes; serão permitidos os carros puxados a cavalo ou de propulsão humana, como a bicicleta.
Embora pareça utópica uma cidade onde se viverá em contato permanente com a natureza e sem preocupações, ela existe e poderá ser concretizada em nosso coração, bastando que cultivemos a compreensão e o amor para com nossos semelhantes.
(Idealizamos a criação de uma comunidade alternativa “COMUNIDADE DE VIDA E AMOR” para preparar as pessoas a viverem em amor, inclusive com a natureza.
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Relembrando os bons momentos:
R E L E M B R A N D O
Jabaquara,23/08/1.974
Como a nossa vida é incerta e imprevisível!
Há um ano eu estava vivendo um dos mais belos sonhos. Como é bom sentirmo-nos amado, ter alguém que se preocupe em fazer a nossa vida agradável! Nessa ocasião estava vivendo um período assim, embriagado de amor.
Porém, o destino, cruel, destruiu aquele sonho de amor que havia envolvido a minha vida, depois de tantos dissabores por que havia passado. Digo destino cruel, mas ele não tem a responsabilidade por tudo aquilo que passamos. Os culpados somos unicamente nós. Fomos nós, que traçamos o nosso Karma, pelos procedimentos anteriores. É a lei da “ação e reação”. Para cada ato que praticamos virá uma reação correspondente. Quando passamos por experiências penosas deveremos meditar e conscientizarmo-nos que são as reações, ou conseqüências do nosso próprio procedimento. Fomos nós que gravamos, na roda do tempo, tudo aquilo que, no retorno, teremos de passar.
Colhamos uma lição através de tudo aquilo que nos acontecer e evitemos tomar atitudes que causem experiências penosas aos nossos semelhantes. Assim evitaremos passar, futuramente, pelos mesmos sofrimentos que causamos. Eliminemos de nossos corações, todo o rancor, toda a maldade e amargura e, quando ele estiver limpo, agradeçamos a Deus, não por palavras e sim por atos de amor e compreensão para com nossos irmãos, indistintamente. Assim, com o coração limpo e sem
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mágoas, poderemos recordar, com saudade, de todos os belos sonhos que vivemos. Traremos, para o presente, tudo aquilo que vivemos intensamente, alegrando o coração, como o tínhamos a um ano atrás, neste dia.
No caminho procurando a verdade:
C A M I N H O
Os ensinamentos bíblicos são válidos somente se forem vividos. Quando desejamos, simplesmente, interpretá-los, geralmente racionalizamos, deturpando-os em favor do interesse de pessoas ou de grupos.
Para vivermos a moral cristã, exarada da Palavra de Deus, não necessitamos de intermediários profissionais para nos orientar, pois se formos sinceros nos tornaremos receptivos para recebermos a luz, diretamente do Criador, ou por canais por Ele mesmo escolhidos.
P R O C U R A D A V E R D A D E
Rudge Ramos, 29/08/1.987
Oh! Deus!
Dá-nos sabedoria!
Para que mais que amar,
Saibamos fazer as pessoas
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Sentirem quanto as amamos.
É tão difícil enxergar
Quando precisamos provar!
O amor não é um objeto
Que podemos apalpar.
Ele não aparece ao acaso
E sim ao fim de longa vivência
Pela fusão de duas almas
Quando, acima de tudo, há o desprendimento
E se torna num sentimento
Que toma conta do ser
Sem mais querer saber
Ou ouvir, do consciente a razão
Um sentimento que abrasa
E transforma a matéria
Torna a vida em etérea
Eliminando a incerteza.
Dá-nos, Senhor, essa certeza!
Paisagem do Interior:
S E A R A
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Mococa, 24/08/1.987
O caboclo com um sorriso nos lábios
Estende o olhar pela roça, a espreita,
Contemplando a natureza com seus desígnios sábios,
Já chegou a hora da colheita.
Os cachos abundantes e dourados
Do arroz que trará a fartura
Balançam sobranceiros ao vento
A despedir-se do campo de cultura.
Logo estará embalado
Seguindo para os centros de consumo
Alimentará o homem cansado
Transformar-se-á em vigor e calor.
Quando o homem cansado
Sentar-se à mesa para comer
Estará pedindo que seja abençoado
Aquele que Deus deu o saber
E que no tempo certo plantou
Para o fruto da terra colher
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E cada um possa comer
O que o Pai frutificou.
Sempre ensaiando a despedida:
V Ô O
Jabaquara, 25/07/1.974
Um dia me deitarei e não mais me levantarei. E a minha família, os meus amigos dirão: Ele morreu!
Mas será falso, porque aí é que estarei mais vivo do que nunca. O que ocorreu foi que me concederam a oportunidade de um vôo espiritual e pude contemplar toda a maravilha que existe nessa outra esfera. Depois de me maravilhar com todo o trabalho humano e desprendido que é realizado, percebi toda a mesquinhez da vida material, e como falhei na missão que deveria realizar nesta curta passagem por este “vale de lágrimas”, quando deveria doar mais amor e ajudar tantos irmãos que tinham necessidade de uma palavra amiga. Diante disso implorei para que me fosse dada nova oportunidade, visto que o tempo que me restava seria curto para a realização de uma missão de espalhar o amor entre os homens.
Então lhes peço, não pranteiem a minha morte material, e sim, regozijem-se pelo meu renascimento espiritual. Ajudem-me na missão que terei de empreender, espalhando o amor em torno de vocês. A missão não é só minha e sim nossa; ao procederem de maneira altruística vocês estarão preparando a base, para juntos darmos, aos nossos semelhantes, tudo de nós.
Parti mas voltarei para participar do mesmo grupo. Não sei como, mas fiquem atentos para que não aconteça de me repelirem. Cada pessoa que cruze os seus caminhos deverá ser tratada com amor, pois não importa a aparência que apresentem, em seu interior poderá estar o espírito que
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algum dia vocês consideraram como amigo, como pai, como esposo, como irmão.
Porque é como irmãos que deveremos nos considerarmos, independente de crenças, de raças, de cor. As crenças, as raças, a cor, têm separado a humanidade e não é assim que deveremos proceder. Deveremos considerar todos como irmãos e, livres de preconceitos, libertados do orgulho, do egoísmo, do rancor, estendermos a nossa mão a todo aquele que vier ao nosso encontro.
Não derramem suas lágrimas sem ser para que lavem os seus corações e transforme-os em seres receptivos para as coisas boas da vida. Assim será válido, porquê depois de lavarem os seus corações vocês se transformarão em seres voltados para o próximo e se dedicarão à propalação do amor e isso lhes trará alegrias tornando-os felizes.
Desprendam-se o mais possível das coisas materiais, pois elas são colocadas à nossa disposição para que com elas possamos ajudar aos nossos irmãos mais necessitados; elas são, unicamente, um meio que nos ajudará a alcançar o verdadeiro objetivo que é a nossa missão. Fiquem atentos e preparem o meu caminho; nesse trabalho de auxilio e amor ao próximo vocês encontrarão a verdadeira alegria de viver.
Sejam tolerantes com os seus irmãos para que sejam tolerantes, também, com os seus erros. Somos todos pecadores dependentes da complacência de nossos semelhantes e da misericórdia de Deus.
Algum dia estaremos juntos. As posições se modificam e, se hoje sou pai é bem possível que no futuro seja representado pelo mendigo que irá bater em suas portas para pedir-lhes um pouco de amor e de pão.
Mococa, ouvindo a banda na praça:
B A N D A N A P R A Ç A
Mococa, 16/08/1.987
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Toca, banda; toca um dobrado
Daqueles quentes, bem ensaiados
Acorda meu espírito infantil
De ouvir-te fico assanhado.
Mil imagens percorrem minha mente
Tu te identificas com a banda do meu povoado
Parece, até, que todas as bandas do mundo
São uma banda só.
Olhem o homem do bumbo e o do trombone
Aquele do prato, parece seu Zé do Bonde;
Sax, clarineta, tudo bem ajustado
Até dá gosto ver tanta dedicação
Ha! Que saudade da minha infância
Festa do Divino, São Sebastião
Quando inocência existia
Quando namoro era de bilhetinho.
Meus olhos extravasam emoção.
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Que pena que os anos passaram!
E que haja do passado rompido o elo,
E que nem eu mais exista tal qual era!
Procura da Sabedoria:
P R O C U R A
O fato de nos contradizermos através dos tempos não leva a crer que sejamos falsos, apenas que reformulamos e atualizamos os nossos princípios pela maior vivência e compreensão dos fatos da vida.
Tudo se deriva do conhecimento e a busca é incessante. Por mais que possamos saber hoje, sobre qualquer assunto, amanhã será outro dia que nos trará novas reflexões. A busca do conhecimento é um mergulho em águas tão profundas que a visão da mente encontra-se momentaneamente cega. Somente com o tempo é que vão delineando-se os contornos das formas. Quando procuramos externar aquilo que entendemos, geralmente, o fazemos de modo incompleto. É um fato semelhante ao que ocorre com o sentido da visão: Se nos encontrarmos, repentinamente, em um local escuro e tentarmos descrevê-lo, não o conseguimos. À medida que a nossa vista vai acostumando-se à escuridão, vamos divisando os objetos ao nosso redor, com maior precisão. Até o momento em que conseguimos descobrir o interruptor elétrico e acionando-o faz-se a luz. Nesse instante constatamos que a descrição, que havíamos feito, está bem distante da realidade. Com a visão mental ocorre algo semelhante. O homem está sempre à procura de uma verdade que nem ele mesmo sabe, realmente, qual seja. Nessa procura desesperada ele mergulha no mais profundo do seu ser, por acreditar que somente através da meditação poderá alcançar o
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fio do enigma que o atormenta. Ao penetrar nas sombras tenebrosas da sua ignorância, começa a divisar vultos disformes aos quais esforça-se para identificar. À medida que vai clareando a sua mente adquire o poder de decifrar partes de um todo que somente tem explicação lógica pela análise do conjunto. Afoitamente passa a admitir o conhecimento adquirido como conclusivo e abraça-o como fruto da verdade essencial e final. À medida que sua mente aclara-se mais, chega ao conhecimento de outras nuanças que afinal misturando-se entre si irão constituir a depuração de tudo aquilo que originalmente acreditava. Daí a necessidade de reformular os seus pensamentos para a realidade presente que, a bem da verdade, nunca poderá ser definitiva.
Na epístola de Tiago (1:5) encontramos: “Se, porem, alguém de vós, necessita de sabedoria peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e nada lhes impropera, e ser-lhe-á concedida”. Este é o segredo que poderá levar o homem ao conhecimento de toda a verdade. Mas, a maneira de conseguirmos a concretização do almejado é, ainda, Tiago que nos ensina no versículo seguinte (1:6) “Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando, pois o que duvida é semelhante a onda do mar impelida e agitada pelo vento.” Essa fé traduz-se na entrega total à vontade do Criador para que por Ele sejamos transportados por caminhos espinhosos ou floridos que nos conduzirá ao lago do conhecimento. E para que por Ele, ainda, sejamos mergulhados, sem receio, até o lodaçal das regiões abissais. Será lá que aprenderemos os segredos do desconhecido e do incerto que nos dará o conhecimento da única verdade que inconscientemente tanto desejamos penetrar: A certeza da vida eterna. Na Bíblia, que é a palavra de Deus, você poderá conhecer a verdade: “Estas coisas vos escrevi para que saibais que tendes a vida eterna e para que creiais no nome do Filho de Deus.” (I João 5:13)
As partidas sempre se repetindo:
P R O C U R A
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O fato de nos contradizermos através dos tempos não leva a crer que sejamos falsos, apenas que reformulamos e atualizamos os nossos princípios pela maior vivência e compreensão dos fatos da vida.
Tudo se deriva do conhecimento e a busca é incessante. Por mais que possamos saber hoje, sobre qualquer assunto, amanhã será outro dia que nos trará novas reflexões. A busca do conhecimento é um mergulho em águas tão profundas que a visão da mente encontra-se momentaneamente cega. Somente com o tempo é que vão delineando-se os contornos das formas. Quando procuramos externar aquilo que entendemos, geralmente, o fazemos de modo incompleto. É um fato semelhante ao que ocorre com o sentido da visão: Se nos encontrarmos, repentinamente, em um local escuro e tentarmos descrevê-lo, não o conseguimos. À medida que a nossa vista vai acostumando-se à escuridão, vamos divisando os objetos ao nosso redor, com maior precisão. Até o momento em que conseguimos descobrir o interruptor elétrico e acionando-o faz-se a luz. Nesse instante constatamos que a descrição, que havíamos feito, está bem distante da realidade. Com a visão mental ocorre algo semelhante. O homem está sempre à procura de uma verdade que nem ele mesmo sabe, realmente, qual seja. Nessa procura desesperada ele mergulha no mais profundo do seu ser, por acreditar que somente através da meditação poderá alcançar o fio do enigma que o atormenta. Ao penetrar nas sombras tenebrosas da sua ignorância, começa a divisar vultos disformes aos quais esforça-se para identificar. À medida que vai clareando a sua mente adquire o poder de decifrar partes de um todo que somente tem explicação lógica pela análise do conjunto. Afoitamente passa a admitir o conhecimento adquirido como conclusivo e abraça-o como fruto da verdade essencial e final. À medida que sua mente aclara-se mais, chega ao conhecimento de outras nuanças que afinal misturando-se entre si irão constituir a depuração de tudo aquilo que originalmente acreditava. Daí a necessidade de reformular os seus pensamentos para a realidade presente que, a bem da verdade, nunca poderá ser definitiva.
Na epístola de Tiago (1:5) encontramos: “Se, porem, alguém de vós, necessita de sabedoria peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e nada
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lhes impropera, e ser-lhe-á concedida”. Este é o segredo que poderá levar o homem ao conhecimento de toda a verdade. Mas, a maneira de conseguirmos a concretização do almejado é, ainda, Tiago que nos ensina no versículo seguinte (1:6) “Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando, pois o que duvida é semelhante a onda do mar impelida e agitada pelo vento.” Essa fé traduz-se na entrega total à vontade do Criador para que por Ele sejamos transportados por caminhos espinhosos ou floridos que nos conduzirá ao lago do conhecimento. E para que por Ele, ainda, sejamos mergulhados, sem receio, até o lodaçal das regiões abissais. Será lá que aprenderemos os segredos do desconhecido e do incerto que nos dará o conhecimento da única verdade que inconscientemente tanto desejamos penetrar: A certeza da vida eterna. Na Bíblia, que é a palavra de Deus, você poderá conhecer a verdade: “Estas coisas vos escrevi para que saibais que tendes a vida eterna e para que creiais no nome do Filho de Deus.” (I João 5:13)
Misticismo:
P R O C U R A
O fato de nos contradizermos através dos tempos não leva a crer que sejamos falsos, apenas que reformulamos e atualizamos os nossos princípios pela maior vivência e compreensão dos fatos da vida.
Tudo se deriva do conhecimento e a busca é incessante. Por mais que possamos saber hoje, sobre qualquer assunto, amanhã será outro dia que nos trará novas reflexões. A busca do conhecimento é um mergulho em águas tão profundas que a visão da mente encontra-se momentaneamente cega. Somente com o tempo é que vão delineando-se os contornos das formas. Quando procuramos externar aquilo que entendemos, geralmente, o
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fazemos de modo incompleto. É um fato semelhante ao que ocorre com o sentido da visão: Se nos encontrarmos, repentinamente, em um local escuro e tentarmos descrevê-lo, não o conseguimos. À medida que a nossa vista vai acostumando-se à escuridão, vamos divisando os objetos ao nosso redor, com maior precisão. Até o momento em que conseguimos descobrir o interruptor elétrico e acionando-o faz-se a luz. Nesse instante constatamos que a descrição, que havíamos feito, está bem distante da realidade. Com a visão mental ocorre algo semelhante. O homem está sempre à procura de uma verdade que nem ele mesmo sabe, realmente, qual seja. Nessa procura desesperada ele mergulha no mais profundo do seu ser, por acreditar que somente através da meditação poderá alcançar o fio do enigma que o atormenta. Ao penetrar nas sombras tenebrosas da sua ignorância, começa a divisar vultos disformes aos quais esforça-se para identificar. À medida que vai clareando a sua mente adquire o poder de decifrar partes de um todo que somente tem explicação lógica pela análise do conjunto. Afoitamente passa a admitir o conhecimento adquirido como conclusivo e abraça-o como fruto da verdade essencial e final. À medida que sua mente aclara-se mais, chega ao conhecimento de outras nuanças que afinal misturando-se entre si irão constituir a depuração de tudo aquilo que originalmente acreditava. Daí a necessidade de reformular os seus pensamentos para a realidade presente que, a bem da verdade, nunca poderá ser definitiva.
Na epístola de Tiago (1:5) encontramos: “Se, porem, alguém de vós, necessita de sabedoria peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e nada lhes impropera, e ser-lhe-á concedida”. Este é o segredo que poderá levar o homem ao conhecimento de toda a verdade. Mas, a maneira de conseguirmos a concretização do almejado é, ainda, Tiago que nos ensina no versículo seguinte (1:6) “Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando, pois o que duvida é semelhante a onda do mar impelida e agitada pelo vento.” Essa fé traduz-se na entrega total à vontade do Criador para que por Ele sejamos transportados por caminhos espinhosos ou floridos que nos conduzirá ao lago do conhecimento. E para que por Ele, ainda, sejamos mergulhados, sem receio, até o lodaçal das regiões abissais. Será lá que aprenderemos os segredos do desconhecido e do incerto que nos dará o conhecimento da única verdade que inconscientemente tanto desejamos penetrar: A certeza da vida eterna. Na Bíblia, que é a palavra de Deus, você poderá conhecer a verdade: “Estas coisas vos escrevi para que saibais que
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tendes a vida eterna e para que creiais no nome do Filho de Deus.” (I João 5:13)
A consolidação da inexistência:
A N O N I M A T O
Se algum dia eu escrevesse um livro, escreveria sob um pseudônimo. O que escrevesse seria o fruto da inspiração da vivência do que realmente sou eu. Aquilo que aflora em nossa mente é a soma de tudo que aprendemos durante séculos de peregrinações, por diversas esferas, através de estágios que vivemos sob diversas identidades. Logo o que transmitimos hoje não pertence ao eu que somos no momento e sim à soma de toda a nossa experiência. Como pretendermos, tendo tão pequena participação, nos apropriarmos de uma obra de séculos? Isso seria imoral e destruiria todo o valor da mesma.
O proveito de um livro para quem o escreve nunca poderá ser material. É justo que aqueles que trabalham na parte material de uma obra recebam vantagens materiais, mas quem a cria não poderá desejar tão mísero pagamento pelo que está transmitindo. Quem transmite verdade, conhecimentos úteis, recebe o pagamento através do auxilio que fornece a quem o lê. O pagamento do autor é o reconhecimento, pelo público, do valor de sua obra e soma-se pelo bem estar que essa obra venha a oferecer a quem a lê.
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Pergunta-se se uma obra não deverá trazer benefícios materiais e, inclusive ser, o seu valor, uma herança para os filhos? Respondo que, o proveito dos filhos deverá ser pela moral que transmitirem as obras de seus pais. Se não souberem colher os ensinamentos que elas venham a transmitir de nada adiantará os frutos materiais.
Transformação:
R O L A N D O A V I D A
Mococa, 16/08/1.987
Rolando a vida sem pudor
Viajei nas asas da ilusão
Sem olhar a necessidade que sentiam
De um gesto de amor os irmãos
Defraudei a vida de sentido
Roubei do inocente a esperança
Busquei só prá mim a ventura
De a felicidade possuir
Não percebi do Ser a mágoa
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A dor pelo meu descaminho
Ignorei a luz que Divina fruía
Não senti a mão que em mim pesava
Mas atingido por célere castigo
A Deus roguei me desse luz
Que pelo sangue de Jesus
Fosse o meu pecado lavado
Transformado renasci prá vida
Superei do passado o mal
Viverei procurando no futuro
A sublime, a doce flor do amor.
Ligação transcendental:
L I G A Ç Ã O T R N S C E N D E N T A L
Mococa, 15/10/1.987
Vamos emergir o nosso egoísmo
Vamos envolvê-lo pelo amor Divino
Vamos restaurar a mensagem do evangelho
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Para que nos religuemos ao infinito.
Tenhamos bem presente a realidade
De que o homem possuiu e perdeu a capacidade
De experimentar e expressar o verdadeiro amor
Para ligar-se a Deus e viver sem temor
Restaurando a capacidade teremos vida
Não vida física que é transitória
Mas vida em plenitude
Que com Deus durará pela eternidade
Isso não nos transformará
Para sermos melhor homem
Antes de enriquecer nosso intelecto
Trará riqueza para a nossa alma
O caminho para o infinito
Para uma ligação transcendental
É enriquecer a alma imortal
Abandonando o egoísmo e abraçando o amor
As lágrimas são derramadas no Jabaquara e algures:
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C H U V A D E L Á G R I M A S
Jabaquara. 10/05/1.973
As lágrimas são como as gostosas chuvas de verão; vêem, lavam as ruas e as praças, levando, de aluvião, as sujeiras da cidade. Depois amainam a sua impetuosidade e a cidade, como uma jovem índia, saída do banho, se resplandece ao sol. Assim são as lágrimas! Lavam as nossas mágoas, livram o nosso espírito, levam todas as agruras que passamos e que nos infelicitavam, Nos conforma e nos conforta. Feliz de quem chora; isso é sinal de que nem tudo está perdido. Feliz de quem chora pelo que não perdeu. Mesmo que julgue haver perdido o que possuía de mais precioso, cedo chegará à conclusão que ainda muito lhe resta e, principalmente, o que realmente tem valor. Porque, aquele que chora exterioriza sentimentos puros; nos prova que tem um espírito bem formado e a sensibilidade para condoer-se, também, das aflições de seus semelhantes.
Por amor, por piedade, por saudade; quantas as razões porque derramamos nossas lágrimas! Benditas sejam, porque nos transforma em seres conscientes, receptivos e preparados para que, através de nossos sofrimentos, possamos confortar os nossos semelhantes. Depois de vertermos nossas lágrimas sentimos um alívio e uma paz por concluirmos que não somos seres voltados para o mal. Somos, sim, entes humanos conscientes de nossas fraquezas e necessidades. Afloramos um sentimento de bondade, de amor e esperança, que nos prova que não estamos sós; que dependemos de outros, assim como existem outros que dependem de nós;
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que fazemos parte de um todo, inseparável, cuja unidade depende desses sentimentos puros.
Consolemo-nos e derramemos nossas benditas lágrimas!
Pelas estradas da vida e da solidão:
P E L A S E S T R A D AS D A V I D A
Mococa, 12/08/1.987
Ah! Que vontade de me por no estradão!
Abandonar, largar de vez a’gonia.
Assumir sem lágrimas a solidão,
Não mais querer transformar a vida em sinfonia.
Quando o amor que é vida morreu
Rolando esperanças pelo chão
Quando nossa alma a perda já sofreu
Não mais sacia a fome o simples pão.
Assola-nos a desventura, o vazio
Debatemo-nos no labirinto da dor
Abate-nos, do inverno, o estio,
Foge-nos a esperança de amor.
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Olhamos para trás a rever as ilusões
De mil quimeras que a vida nos traria
Sonhos de amor transformados em aflições
É a realidade que tudo contraria.
Sigo pela estrada sem destino
Talvez ainda encontre suave ninho
O imprevisível amor talvez me dê carinho
Para que ainda ouça suave sino.
A velha amargura que continua plantada no coração do poeta:
V E L H A A M A R G U R A
Mococa, 24/05/1.987
Lá na capital paulista,
No bairro de Santo Amaro
Quando, na adolescência, eu sonhava
Conheci uma linda menina
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A cor dos seus olhos eu nem sei
Mas o seu sorriso comigo guardei
Agora, do fundo do coração
Prá Walkyria faço uma canção
Em solitário me transformei
Desde que um dia ela partiu
Para Itapeva foi e se escondeu
Outro destino longe de mim escolheu.
Eu cresci amargurado
Por nunca ter o meu amor reencontrado
Minha vida foi marcada de saudade
Minha alma sofreu desamparada
Quase meio século passado
De esperança o coração envelheceu
Quando, logo, meus olhos se fecharem
Levarei esse amor pra eternidade.
A velha amargura continua machucando o coração do poeta:
D I A D O S N A M O R A D O S
Jabaquara, 12/06/1.973
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Hoje, dia dos namorados, dia em que os corações encontram-se festivamente, os espíritos entrelaçam-se em manifestações de compreensão; todos vivem suas emoções, pensando, sonhando com o futuro. Que tenho eu? Nada! Tenho o passado! Guardo em mim, em meu coração, as emoções vividas, algures, no tempo. Tenho bem presente os sonhos da juventude. Ainda me lembro do sentimento de entusiasmo que contribuía para eu idealizar coisas incertas que se esfumaçaram na poeira dos anos decorridos.
Que profundo mistério é a vida! Muito maior do que a morte, que a nós se apresenta como o fim de um estágio. Depois do final de um estágio não sabemos o que virá, mas na vida esperamos acontecimentos, pintamos realizações, lutamos para alcançarmos, porém a fogueira do destino tudo consome.
Onde os sonhos da juventude, as emoções vividas, as Walkyrias que povoaram minha existência? Estão perdidos no tempo e no espaço e por mais voltas que dê, nunca mais viverei as mesmas emoções, porquê o passado fica só dentro de nós. Mesmo que tentássemos reconstruir um acontecimento não o conseguiríamos. Ainda que adaptássemos o ambiente, que escolhêssemos a hora apropriada e que reuníssemos as mesmas pessoas, dizendo as mesmas palavras, não conseguiríamos despertar as mesmas emoções.
Se não conseguimos reconstruir o passado e se o futuro é incerto em realizações, deveremos viver apenas o presente. Mas é tão triste viver sozinho! Sinto um vazio tão grande que nem a vida ou a morte poderão preencher. Afundei-me em um poço que vem até o fundo da terra. Sinto-me em pleno inferno. Só que o inferno é de gelo. Quero subir, saltar obstáculos; disponho-me a conquistar a felicidade a qualquer preço. Desejo deixar este mar encapelado e atracar em um porto seguro, onde possa encontrar afeto, amor e refrigério para a minha alma!
Natal da Solidão:
NATAL
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Jabaquara, 24/12/1.973
Sozinho em meio a uma multidão!
O relógio assinala exatamente 0 hora. Quase dois mil anos nos separam do evento que hoje comemoramos. Todos se abraçam, comem, bebem, e eu fico imaginando se valeu a pena o sangue derramado por Cristo para a salvação da humanidade. Humanidade hipócrita que, enquanto deseja boas festas e felicidades a todos, na realidade só pensam cada um em si. Por isso é que me sinto sozinho embora esteja entre uma multidão. De pessoas queridas, é verdade, mas que não pensam como eu. Imagino, então, uma família formada, não pela força do sangue, e sim por espíritos que se compreendessem e se amassem realmente, e fico desejando descobrir onde se encontram aqueles que realmente fazem parte de minha vida espiritual. Talvez se encontrem nas próprias pessoas a quem amo, porém incapacitadas a transporem as matérias que os envolvem, para fazer aflorar a sua essência. Onde quer que estejam, recebam, neste Natal, esta mensagem de amor e paz de um irmão desterrado, que tanto necessita de ajuda! Se conseguirem ouvir a voz deste solitário, saindo da multidão, venham ao meu encontro para formarmos a “nossa família”.
A você que está distante, que assim mesmo não está tanto como tem estado, eu envio a minha mensagem. Quisera tê-la presente, mas não fisicamente, porquê de nada vale possuir alguma coisa se esse algo não nos possuir. O amor não é só dar e não é só receber; tem que ser as duas coisas ao mesmo tempo, em uma constante troca, para que haja algo maravilhoso em nossa vida. Assim, eu desejaria a sua presença espiritual, consentida e livre. E a não ter isso, não desejo nada.
Enaltecendo a criação de Deus:
C R I A Ç Ã O
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Deus, no auge de sua inspiração criadora, em um só momento, deve ter criado a mulher e a flor. Esta, com seu colorido e perfume, enfeita a natureza e fornece o seu néctar para a formação do mel. A mulher, com a sua sensibilidade e doçura, é quem contribui para a estabilidade do lar, onde a criança forma o caráter que a faz contribuir para o bem da humanidade.
Será que a tempestade lavará a amargura? :
T E M P E S T A D E
O vento forte revoluteia
Torna-se cinzento o céu
Estende-se lúgubre como teia
Parecendo mais, de luto, um véu.
Os relâmpagos cortam o espaço
Reboa o estrondo estridente
Recolhe-se a beata em seu regaço
Faz sinal da cruz e trilha o dente.
Cai a chuva igual diluvio
Corre pela sarjeta a enxurrada
Contrastando co’a lavra quente do Vesúvio
Espalha-se fria, enregelada
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Tudo leva com impetuosidade
Lava o céu, retira o cinza
Logo se espraia pela cidade
O arco-íris esplendido centraliza
A cidade, como jovem índia, sai do banho
Espreguiça-se divina, sob o sol
De novas conquistas, ativa, faz o rol
Relembra já livre, os amores de antanho.
Continuando a procura em aflição:
C O N T I N U A N D O A P R O C U R A
Quando. . . A emoção envolve o nosso ser,
Quando o coração dilata-se no peito,
E a pressão empurra e revolve os humores,
E a emoção sobe, transbordando pelos olhos
Umedecendo a face.
A sensibilidade aflora...
Tornamo-nos num filtro que purifica a alma.
Esta se extrapola e envolve o homem físico transformando-o
Regenerando-o e levando-o por caminhos novos.
O passado acaba-se sem possibilidade de retorno,
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O presente que é um átimo do tempo esvai-se,
E impossibilitados de prever o futuro,
Transformamo-nos em seres sem perspectivas.
Este rápido momento,
Transforma-se num tempo de saber Divino.
O saber transforma-se em conhecimentos novos,
E buscamos o Ser primeiro,
O Verbo que transmite o amor.
Já não sentimos dor, embriagados de certeza,
De verdade sem saber de que.
Esse momento transforma-se num vazio,
Vazio repleto de incertezas.
Mergulhamos no profundo do desconhecido
Sedentos de uma ligação transcendental.
Conseguimos o elo sobrenatural
Que pára e estende o tempo,
Que delimita e expande o espaço.
Já não somos seres naturais.
Desde que não existe tempo e espaço
Sentimo-nos prisioneiros do universo,
Desaparecidos na imensidão do infinito.
Como voltarmos a seres naturais,
Emergirmos das regiões abissais?
Voltarmos à vida igual,
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Sem artifícios de poder gerar,
Acontecimentos tais?
Podermos sentir novamente a emoção,
Criar aspectos normais
E sermos um feliz mortal!
A inquietude da vida:
V I D A F R U I D A
Minha vida frui como um rio da Amazônia
Em meu peito pororoca o Solimões
O tédio me abraça causando insônia
Deste mal quero tirar lições
Uma alma criada para o romantismo
Jamais poderia quedar-se na rotina
Agoniza abandonada no ostracismo
Espera a morte, não foge à triste sina
Já se foram os sonhos da juventude
Esmigalharam como poeira do caminho
Mergulhou a alma em profunda quietude
Procura o coração um suave ninho
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Desejo a felicidade alcançar
Prá ser dono do destino, lutar
Quero ser leve para o vôo alçar
Vencer sem ser preciso a vida tirar
Luto para a vida conservar
Vejo na natureza a vida
Assisto triste a devastação que trucida
Sofro porque o homem não sabe preservar.
Noite de Insônia:
NOITE DE INSÔNIA
Mococa 15/08/1.987
Noite quente, céu pouco estrelado
A lua estende seu manto prateado
De minha janela a tudo alheado
Contemplo a abobado estrelada.
Vejo a cidade que descansa
Algumas poucas janelas mostram luzes
São retardatários que ainda chegam
Cansados do dia de trabalho
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Logo se acomodam e aquietam
E a noite silencia medrosa
Dir-se-ia que fecha a porta do passado
Abrindo a de entrada de um novo dia
Os galos cantam o amanhecer
Com seus cantos roufenhos
Logo estabelece-se a alvorada
Parecendo até uma multidão que grita
Sopra agora um vento gostoso
O sol desponta para iluminar um novo dia
A cidade se agita e se agiganta
Sai o homem-povo para procurar ganhar o pão.
O desespero o leva a desejar ser Deus:
H O M E M D E U S
Jabaquara, 08/05/1.973
No princípio era o Verbo e o Verbo se fez homem. Era exatamente aquela força invisível capaz de criar tudo que desejasse. Criar a matéria
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com a força do pensamento, como os nossos ancestrais. Criar a matéria como o homem atual cria a roupa para cobrir aquela matéria inicial que é o seu corpo. Sim! A força criadora que, diríamos força mental, e que julgamos seja o próprio atributo do nosso cérebro. Será? Ou estará, unicamente, ali alojada, sendo o cérebro apenas um utensílio criado para servir de intermediário do ser, que somos nós, e o exterior?
Afinal, quem, ou que, somos nós? Simples matéria, ou manipuladores da matéria? Isso prova que, em realidade, somos a força inicial que se envolveu pela matéria. Porém, o envolvimento foi tal que ofuscou a centelha criadora.
O homem necessita reencontrar-se a si mesmo através da meditação. Precisa mergulhar na sombra onde irá encontrar os valores essenciais ao seu desenvolvimento espiritual. Necessita libertar-se de qualquer cadeia que o prenda a dogmas. Tornar-se livre para encontrar Deus em si mesmo. Deus existe e o homem é Deus, contanto que consiga encontrar e desenvolver, dentro de si, os valores essenciais atribuídos a quem é digno de criar.
Qual obra poderá ser maior do que a de transformar-se em Deus? E essa obra só poderá ser conseguida pelo homem. É necessário, porém, que deseje ardentemente e, mais do que isso, viva como se fosse. Quando conseguir alcançar esse estado, estará livre de tudo que atormenta o homem comum, porque não será mais comum e poderá dizer: Eu sou Deus!
O caminho para alcançar é “ser” e não “desejar ser”; É viver nos estado de quem “alcançou” e não de quem “deseja alcançar”. Terá que conseguir isso em contato com o mundo porque aqui é o céu (também, porque o céu é um estado de espírito) assim como é aqui que encontramos o inferno: Dentro de nós! “Céu e inferno nada mais são do que concepções criadas pelo homem, para definir a satisfação do dever cumprido ou a inutilidade de ter vivido.”
Não importam recompensas futuras e sim aquilo que podemos sentir imediatamente. O céu, no sentido apresentado pelos teólogos é uma situação, ou lugar, que não nos parece real por ser duvidosa a sua existência. Porém, a satisfação que nos oferece o dever cumprido é um sentimento imediato; abstrato, mas presente, quando agimos em conformidade com os preceitos morais que, antes de serem reunidos pelo
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homem, já eram um imperativo da própria natureza das coisas; essência do espírito humano; essência que emerge do que é bom, é puro, é amor. A verdadeira fonte de vida é o amor que jorrará inesgotavelmente quando o distribuirmos aos nossos semelhantes. Se nos transformarmos nessa fonte e saciarmos a sede daqueles que procuram por amor e compreensão, estaremos criando alegria, criando felicidade, criando vida; seremos dignos criadores e uma imagem das qualidades que imputamos a Deus.
____________________
Estou escrevendo um livro que nunca será editado. As páginas desse livro são meus pais, meu irmão, minha esposa, meus filhos, meus netos, bisnetos, meus amigos. Formamos todos juntos, um pequeno trecho do livro da vida.
Perguntaram-me como ousava eu escrever um livro, sem conhecimento das mínimas regras de português, cometendo erros de ortografia e de concordância? Respondi-lhes que: Quando escrevo não me dirijo aos homens que cuidam tanto da correção linguística e sim aos espíritos dos homens que se atem mais ao conteúdo das coisas.
Escrever corretamente não é tarefa de quem pensa. É preferível que corrijam a nossa gramática de que tenham que corrigir os nossos pensamentos.
Eu sou Bruder Klein, não sou escritor, sou apenas um pensador.
Q U E M S O U E U ?
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Mococa, 21/09/1.987
Quem sou eu?
Quem sou eu que transito pela vida,
Possuído de profunda amnésia?
Quero mergulhar no meu ser
Buscar no eu mais profundo
A verdade da minha existência.
Pairam nuvens esparsas no ser
E encobrem o que eu queria saber,
Descobrir o que fui no passado,
Para que pudesse ressarcir,
Dos prejuízos, os irmãos ofendidos.
Apagar os males que de mim receberam.
Desejo mergulhar no passado
Para, livre, o presente poder viver,
E espargir para o futuro,
Do amor, os reflexos.
C A R Ê N C I A
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Mococa, 23/09/1.987
Andei mendigando pela vida
Para ver se encontrava alguém
Que me desse amor,
Que me oferecesse alento
Meu coração estava carente
Minha alma quedava-se silenciosa
A própria vida estava ausente
Fugia-me essa chama preciosa.
Contemplava a gente que passava
Esperava ansioso uma destra amiga
Mas só o que se me oferecia
Era, no peito, crucial adaga.
Quero viver um grande amor
Não me satisfaz simples paixão
Esta tão somente causa dor
Deprava a vida e a leva ao chão.
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Desejaria encontrar, no meu caminho o amor
Que me amparasse sem ser esmola
Que fosse um sentimento que consola
Que com seu carinho afugentasse a dor.
Marcando o passamento do Poeta Maior:
D R U M M O N D, 17 de Outubro de l.987
A inspiração saiu de férias
Para refazer-se do susto
Vestiu roupas de cores sérias
Protestou pelo que não achou justo.
Por longos anos andara viajando
Gozando, dos esplendores, a paz
Singrando os mares, velejando,
Nas asas da imaginação falaz.
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Mas o seu maior prazer
O que lhe dava mais gosto
Era, com certeza, trazer
À contemplação, daquele menino o rosto.
Menino que cresceu
E de sua cidade se foi
E assim um poeta nasceu
Para cantar o amor, o homem, a flor.
Mas hoje tudo findou!
Dos cânticos só ficou a saudade
Morreu o poeta, foi morar na eternidade,
Como águia seu voo alçou
Altos e Baixos:
R E T O R N O Á V I D A
Em uma manhã de suave primavera, quando, do alto de uma montanha, contemplamos o nascer do sol, penetra em nossa mente todo o segredo da natureza. O rei dos astros transfunde em nosso ser aquele calor que é transmitido através dos séculos (quantos?) dando vida e calor a todo o ser vivente. Percebemos que não unicamente através de um poder térmico e sim, sobretudo, ele nos infunde sensibilidade aos sentimentos. Nessa manhã festiva em que o sol aparece, sem rival, como senhor absoluto, sentimos renascer, em nosso íntimo, nova dose de esperança. Esperança de
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vermos realizados os nossos sonhos que até ontem eram estrelas inatingíveis. É a claridade exterior que traspassa a barreira da incompreensão, para atingir bem fundo, aquela centelha que está prestes a apagar-se. Da desilusão pelos fracassos passados vemos renascer uma força deslumbrante que ofusca tudo de negativo que já nos ocorreu. Transbordamos de alegria, de positividade, de amor!
Que gloria maior poderíamos aspirar, já no outono da vida, senão esse milagre de transformarmos a nossa desgraça em retorno a um período florido? Dizemos desgraça como sinônimo de aspirações não realizadas. Sim! Porque todos nós aspiramos por mil coisas no alvorecer da vida e a maioria presencia o passar dos anos, unicamente para verem desmentidos todos os programas ensaiados. A vida é tão dura justamente porque, na maioria das vezes, o homem, na sua obscuridade mental não tem capacidade de definir os seus ideais. Tece uma teia de desejos baseados em uma complexidade impossível de consumação. Elabora padrões de conduta que passa a seguir e que o impossibilita de realizar-se como ser humano. Impossibilita, assim, a realização de seus ideais, condicionando-se, dessa maneira, à infelicidade definitiva.
Quando, completamente desiludido da vida, sai sem rumo, à cata de um fio de esperança, e nessa corrida desesperada é levado a um lugar solitário, onde ouve o suave murmúrio da natureza, que o embriaga; e nessa embriaguez mental, presencia o nascer de um novo dia, o sol elevando-se no horizonte, suavemente, transformando as sombras da noite com seus raios deslumbrantes, também se beneficia interiormente, transformando, todo o negrume do seu coração, toda a angústia de sua alma, em uma forte esperança que iluminará o seu futuro.
Não importa a idade que tenhamos, sempre poderemos adormecer no inverno e despertarmos na primavera. E quando isso ocorrer, firmemo-nos em nossos dons positivos para que nunca mais sejamos atingidos pela estação fria.
Organizemos nossas vidas para que possamos seguir o exemplo de pessoas abastadas que acompanham as estações quentes e floridas, fazendo turismo através do mundo. Façamos, também, turismo. Só que as nossas excursões não deverão estender-se pelos quatro recantos do mundo. Viajemos para as regiões de Fé, da Esperança e do Amor!
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Mais do que de um, a solidão a dois é petrificante:
S O L I D Ã O A D O I S
Mococa, 23/08/1.987
Oh! Angústia da separação!
O vazio de estar sozinho!
Não causado pela morte.
Essa até seria melhor sorte!
Mas presente a sequidão de estio
Que da vida tira todo o brilho.
Do passado vem-nos a lembrança
Da juventude repleta de ilusões,
Saudade dos sonhos projetados
Que pelo futuro foram rejeitados
Tirando do peito a ilusão
E plantando em seu lugar a solidão.
Agora o que nos causa dor
É que não haja mais amor.
Duas vidas juntas, separadas,
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Dos corações as portas já fechadas.
Embora as almas tenham sede
E enfermas repousem em sua rede,
Implorando a caridade de um carinho
Para, de amor, criar um ninho;
Um obstáculo veda o caminho;
O orgulho, o egoísmo, a ingratidão,
Que do ser degenera a aptidão.
Lanço meu grito de agonia
Que como bela e triste melodia
Ecoa no labirinto de minhas ilusões.
Procuro no profundo do meu coração,
Para da sede do amor tirar uma oração;
Busco o elo que me liga a Deus
Para que cada ser ligue-se ao que é seu.
Que eu não seja alvo da irrisão,
Que entre nós, a dois, não haja a solidão.
Sempre perdendo:
P E R D A I R R E V E R S Í V E L
Mococa, 26/08/1.987
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Eu te perdi no dia em que te conheci.
Talvez porque não soube amar,
Ou não soubesse incentivá-la ao amor.
Mas. . . a realidade, mesmo, é que eu não a amava!
O amor foi feito para os pares certos;
É necessário haver o encontro,
E que as almas se misturem;
Que as pessoas se conheçam
E mergulhem na essência do Ser
Purificando-se . . .
Dando-se umas às outras.
Mas. . .você também não me amava!
Essa é a realidade!
Cruel realidade!
Duas almas enredadas
Duas vidas aprisionadas.
Vítimas da covardia,
Não vislumbram possibilidade de retorno.
Envolvidas pela rotina
Duas vidas se estraçalham.
Eu te perdi. . .
Tu me perdeste. . .
Nós nos perdemos. . .
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Existe o lugar do reencontro:
R E E N C O N T R O
Reencontramo-nos na eternidade,
Relembramos o passado com saudade.
Trocamos idéias sobre nossas missões
Despedimo-nos outra vez em ansiedade.
Era mister o sofrimento,
Pois acima de nossos sentimentos,
Urgia o tempo para que em um só pensamento
Partíssemos para a realização de novo evento.
Triste era o que se nos impunha
Embora fundidos em um mesmo ser
Solidificados em um mesmo pensar
Deveríamos seguir por caminhos diferentes.
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Para que um ao outro nos encorajássemos
Se nos permitiu um breve encontro,
Retemperamos nossas almas irmãs,
Para em seguida dizermos novamente adeus.
Quão distante hoje nos encontramos
Duas almas gêmeas que se amam tanto!
Você aí cuidando de uma família etérea
Eu, aqui, em igual mister te esperando.
Sempre o Amor:
A M O R
O amor é o encontro de duas almas em um plano superior à matéria. Dizem que os olhos são o espelho d’alma e nós dizemos que a voz é o compasso do coração. É através dos olhos que podemos vislumbrar toda a pureza de uma alma e é através da voz que percebemos a emoção provocada pelo nascimento do amor. Esse sentimento reflete-se à luz, quando os olhos se encontram e as palavras tremulam no labirinto das emoções. Então as almas misturam-se como em uma taça de cristal e transbordam, jorrando como uma fonte inesgotável, porque o verdadeiro amor é imortal.
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Porém, o homem, material, sente em si transformações físicas que o fazem modificar o sentimento imortal em matéria perecível e, os influxos sublimes do êxtase terminam em cinzas.
Das cinzas dos amores fracassados renascem novos sonhos de amor.
A lei das leis é a lei do amor; o eterno amor é o espírito das leis.
O livro termina com o conto Walkyria onde o poeta mesmo na ficção consegue alcançar a felicidade.
Tanto no primeiro livro como nos demais o autor é confundido entre ele e o álter ego deixando na duvida de quem é quem.
Mas, vamos continuar selecionando alguns textos dos outros livros de Bruder Klein, que são mais de quarenta, para no final tentarmos chegar a alguma conclusão de quem realmente é Bruder Klein. Existe inclusive uma autobiografia que o confunde com outra pessoa e ficamos sem saber quem é quem. Outro livro que supostamente seria de sua participação no jornalismo interiorano, mas não sabemos se são reais os textos.
Um dos livros bastante expressivo é “Devaneios” que foi prefaciado por uma suposta escritora carioca, mas não sabemos se é real. Desse livro é a coletânea que faremos e logo junto ao título tem algo interessante:
Se eu ensinar a você
Os segredos que a vida encerra
Estarei roubando o prazer
Que essa conquista lhe trará
Por isso escolha o seu rumo
E inicie a sua caminhada interior
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O seu Mestre será o seu guia
Ele estará sempre A L E R T A.
Bruder Klein
(Irmão Pequeno)
A B E R T U R A
Por que escrevemos?
É evidente que existe um objetivo!
Escrever é como cavar uma mina a procura de coisas preciosas; e realmente elas emergem maravilhando os olhos, até, daqueles a quem não era segredo a sua existência. A mina é o nosso interior onde foram acumuladas as riquezas através dos tempos.
O momento mais gratificante é aquele que tudo aquilo que encontramos revela-se como possuidor de um valor muito maior do que pedras preciosas; são dádivas que haviam sido acumuladas no interior de cada um de nós, através de uma longa caminhada que empreendemos pelos caminhos da experiência. Mesmo saindo como matéria bruta, logo se auto-lapida para ser oferecida à humanidade como meio de reflexão que proporcione, também, uma auto-lapidação naqueles envolvidos, para que possam desenvolver um aperfeiçoamento espiritual.
O caminho é seguido em busca de sabedoria, acumulando os conhecimentos que vão amadurecendo com o decorrer do tempo, para que seja exteriorizado no momento preciso e atinja o seu objetivo que é justamente propiciar a reflexão; assim estabelece-se uma corrente contínua que irá transformando as mentes e os espíritos para alcançarem o ideal de transporem-se para uma dimensão especial onde é gerada a sabedoria. Ali
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reconheceremos, com certeza, a “ Pedra Filosofal” e o “Elixir da Longa Vida”, que sempre estiveram ao nosso alcance, porque é a mente consciente que constrói o imponderável. Tempo e espaço são concepções do homem comum; para o homem transcendental, que tem o poder de percorrer as diversas dimensões, não existe tempo e espaço, visto que são senhores da eternidade e essa compreende todas as dimensões.
As revelações são feitas e estarão claras para aqueles que estiverem preparados e se derem ao trabalho de observar a vida em sua continuidade, percebendo que os conhecimentos que levam à sabedoria estão contidos nas coisas mais simples de nosso cotidiano. Seja observador da contemporaneidade e junte-se ao Seu Mestre . . . Ninguém é ensinado, cada um terá que aprender . . . Bruder Klein
Dificilmente uma pessoa que cursou o antigo curso primário, equivalente às quatro séries do primeiro grau, teria condições de apresentar um trabalho perfeito, visto que a única coisa que possui é a vivência adquirida nos embates da vida. Assim, será plenamente compreensível que os erros sejam encontrados. Se isso não acontecesse, nem seria possível comprovar a autenticidade da autoria.
O importante, não será a correção gramatical e sim o conteúdo que estas exteriorizações poderão apresentar. Essa será fruto da inspiração vinda de algures para que por nós fosse apenas transmitida.
P R Ó L O G O
Hoje, vinte e quatro de Fevereiro de 1.989, vinte e uma horas e quarenta minutos, estamos iniciando a desenvolver um projeto que vínhamos acalentando a algum tempo em nossa mente. Trata-se da concretização do que seria a continuação do trabalho que realizamos anteriormente e que denominamos “Mensagens e Reflexões”. É, na verdade, uma sequência do que registramos naquela tentativa de
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rebuscarmos, dentro de nós, tudo aquilo que, de alguma maneira, poderia prestar auxilio a quantos vivem apreensivos e solitários. Não sabemos se quando falamos em auscultar o nosso interior, estejamos indicando um processo superficial ou se estaremos alcançando algo muito maior do que nós.
Se pensar é, em realidade, criar ideias no espírito; é viver em si mesmo, concretizando conhecimentos racionais que nos levam a agir com acerto, isso poderá ser, de alguma maneira, útil para que, através desses pensamentos possamos influir positivamente junto aos nossos semelhantes. A atenção, que leva a alma, em reflexão, a um resultado satisfatório, reforça, cada vez mais, a observação, conduzindo o homem a superar-se a si próprio. Quando isso acontece já não somos capazes de discernirmos sem ser através do espírito que toma conta do ser, passando a orientar os acontecimentos. Isso é o que nos assusta, pois não sabemos se somos inspirados a registrar conhecimentos ou se é o próprio SER que os registra, sendo nós, apenas, um veículo de transmissão. Esta hipótese talvez seja a mais acertada.
Dissemos anteriormente (preambulo de Mensagens e Reflexões?) que a inspiração se constitui em patrimônio universal e dela colhemos alguns resquícios, de acordo com a nossa sensibilidade em um determinado momento, e continuamos a pensar da mesma maneira, (poderíamos ter mudado de opinião, uma vez que dependemos de nossa evolução para podermos perceber mais claramente os acontecimentos que nos rodeiam) uma vez que a apresentação das idéias em nossa mente se apresenta de maneira automática e não quando desejamos; é uma compulsão em determinados momentos, independente de nossa vontade. Muitas vezes estamos lendo, ou ouvindo música, ou assistindo um programa de televisão, ou mesmo sem fazer nada, e uma palavra, um detalhe qualquer, desencadeia um pensamento que, trabalhado, irá concretizar algo de útil. E, mesmo, não conseguimos escolher a maneira de desenvolvermos esse pensamento, segundo o nosso desejo, mas eles vêm por um canal que estaria ligado diretamente à nossa mente. Assim aparecem e desenvolvem-se, em verso ou prosa; muitas vezes surgem-nos palavras que nem mesmo sabemos o significado, e, quando consultamos o dicionário percebemos que existe nexo no conjunto, e que está, mesmo, colocada esplendidamente.
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Foi por isso que o nosso primeiro trabalho (Mensagens e Reflexões) não seguiu uma linha definida e sim foi simplesmente acontecendo. Fomos registrando o que vinha à nossa mente no decorrer de um longo tempo (algumas datas colocadas orientam os leitores sobre quando ocorreu cada registro). Não seguiu, também, uma ordem cronológica e sim a um ordenamento que nos foi oferecido, sem entendermos, mas convictos de sua utilidade
Já temos alguma coisa anotada, mas não sabemos se fará parte do começo ou do fim deste livro. Não sabemos quanto tempo levaremos para escrevê-lo ou mesmo se o concluiremos, ou se a tarefa estará destinada a outra pessoa. Isso não tem a mínima importância, visto que o projeto, de fato, não é nosso, e sim de uma força que está dentro de nós e além de nós e não obedece a limites. Além disso, a apresentação será feita por alguém que ainda não foi designado. O tempo deverá ser vencido para o necessário amadurecimento das pessoas específicas que saberão compreender, além do texto, o contexto e o que está além do texto (nas entrelinhas).
O título deverá ser ‘D E V A N E I O’ porque ele é um sonho que continua. É o pensamento em busca da quimera, construindo, do nada, a fantasia, através do ideal de encontrar, no fim do caminho, a esperança. Vamos devanear juntos, viver a ventura de encontrar o amor no nosso caminho. Porque ambos, você e eu estamos em busca desse sentimento maravilhoso que nos complementará. Tanto você como eu já vivemos esse sonho através de nossa fantasia; vamos, agora, transformar esse sonho em realidade. Caminhando juntos iremos aprender a entendermos os segredos desse sentimento maravilhoso que por si só pode construir a felicidade. Felicidade que desejamos encontrar! Meditemos! O que é a felicidade? Façamos dessa simples pergunta a nossa companheira cotidiana. Esmiucemos essa pergunta porque só a definiremos se conseguirmos a resposta correta e completa. Tenhamos em mente, em primeiro lugar, que para nós ela terá unicamente uma resposta, mas poderá indicar respostas diferentes para cada tipo de pessoa. Para que possa encontrar, a resposta para mim, a essa pergunta, preciso descobrir que tipo de pessoa sou eu. Será que estou capacitado a fazer essa análise? Se eu não estiver ninguém poderá fazê-lo por mim e não haverá solução para o meu problema em particular. Preciso paciência para não esmorecer e me entregar ao desanimo, porque a procura do conhecimento é uma tarefa incessante e o
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crescimento é constatado pela observação de pequenos detalhes. Somente indo somando esses detalhes imperceptíveis é que conseguiremos acumular o suficiente para nos capacitarmos a discernir espiritualmente as nossas necessidades. Mas a resposta é simples: Encontraremos a felicidade quando amarmos aos nossos semelhantes e amaremos aos nossos semelhantes quando formos possuídos pela felicidade. Sim, só conseguiremos amar verdadeiramente quando nos sentirmos felizes e só nos sentiremos felizes quando conseguirmos amar verdadeiramente. Isto é um paradoxo! Mas, na realidade, a vida é um paradoxo! No entando é fácil, teremos que fazer uma das duas coisas em primeiro lugar; qual delas poderemos fazer, independentemente da outra? A solução está aí.
Você está percebendo que nós estamos devaneando, estamos nos absorvendo em vagas meditações que, talvez não nos levem a lugar nenhum. Mas não é verdade, o nosso caminho está correto; é através desse método esdrúxulo que aprendemos a desligar-nos do exterior para penetrarmos em nós mesmo e aprendermos coisas que ainda se apresentam no campo inconsciente da mente. A percepção consciente é limitada e é por isso que necessitamos penetrar no inconsciente. Falar em inconsciente dá a impressão de algo irracional, mas, inconsciente é a parte mais sensível de nossa mente e é onde se podem acumular a maior parte dos conhecimentos que adquirimos; só que, geralmente, todo esse manancial de conhecimentos só fica ao alcance de nossa mente inconsciente; portanto, fora do alcance de nossa mente para que possamos utilizá-lo. . . .
Quando penetramos nessa camada nobre de nossa mente é que conseguimos exteriorizar coisas sublimes que ao homem ( no dizer de Paulo) não é lícito conhecer. Mas são esses conhecimentos que são revelados através da inspiração a determinadas pessoas, em determinados momentos; para que os divulguem para o bem da humanidade. Assim, dedicarmo-nos a esse exercício é algo que auxilia a realização de toda a aspiração, que nos levará à felicidade. É aquela complementação que preenche o vazio da existência, quando somos participantes do plano divino, mesmo que seja como um simples instrumento de divulgação. Digo que quando somos usados, as idéias não são nossas, mas fomos o canal pelo qual a idéia se apresentou para beneficiar a humanidade.
Será benéfica essa alienação da vida para que colhamos algo que muitas vezes as pessoas não saberão usar? Aí é que se faz necessário muito
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discernimento; não deveremos nos entregar à alienação e sim, unicamente, estarmos atentos para os acontecimentos da vida, estando predispostos a sermos usados para a canalização dos conhecimentos, em determinados momentos. Jamais deveremos deixar de viver concreta e efetivamente tudo aquilo que se apresentar em nossa existência. Assim, estaremos cumprindo nossa missão, aqui e agora.
Eu estou escrevendo e precisarei meditar muito sobre tudo isso para que possa entender. Muitas vezes penso que, talvez, seja, até, fruto de uma mente doentia, mas quando leio percebo que existe coerência em tudo que é dito. Talvez não para muitos, mas para aqueles escolhidos haverá compreensão de tudo para que possam encontrar o final do caminho. Caminho que os levará à concretização de seus sonhos e suas fantasias, que os fará chegar à tão procurada felicidade. Isso é felicidade: Um encontro consigo mesmo! Ela está à sua espera, no centro do silêncio. O silêncio é a fonte do conhecimento e somente ele poderá responder a todas as nossas indagações. Perguntemos ao silêncio, no silêncio, e através do silêncio receberemos a silenciosa resposta que nos dará o conhecimento de todas as coisas.
Bruder Klein
S I L Ê N C I O
“Quando todos te disserem para calar-se, você ainda terá muito a dizer; quando todos te quiserem ouvir você já poderá calar-se”
A resposta do sábio a todas as perguntas é o silêncio. Os que muito falam, geralmente, não apresentam o conteúdo que se esperaria de um
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sábio, enquanto o silêncio inspira à reflexão para que através dela possamos extrair toda a potencialidade do conhecimento.
Nós, enquanto inseridos no rol de pobres mortais, não conseguimos perceber a fonte da vida, que está além da própria vida. Somente quando compreendermos que a vida se delimita pela eternidade e que o tempo de vida física e o pertencente à chamada morte, são partes de um todo, estaremos preparados para rompermos o silêncio através do próprio silêncio.
Como seres humanos, envolvidos pela matéria, não alcançamos o discernimento necessário para vencermos o tempo e o espaço e aventurarmo-nos no conhecimento de nós mesmo, através do mergulho interior, para o imponderável, que abrange presente, passado e futuro. Somos observadores da contemporaneidade e a nossa percepção é incapaz de sequer estabelecer quem somos nós. Talvez os filhos dos nossos filhos tenham a percepção necessária para saberem quem fomos nós.
A paciência, a paz e a quietude espiritual nos capacitarão a adquirirmos os conhecimentos para não querermos ser o que não somos e julgarmos aqueles que pensamos não serem.
O resto é. . .
S U P R E M A A S P I R A Ç Ã O
Sabe, eu gostaria de ser Deus! Não um deus mitológico que embora seja venerado não tem o poder de doar a felicidade aos seus adoradores. Eu desejaria ser Deus, para ser adorado por realizar tudo aquilo que as pessoas aspiram. Você já pensou se esse sonho fosse realizável, quanta felicidade
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eu poderia distribuir? Sim! Se eu tivesse o poder supremo eu saberia como realizar os sonhos, as fantasias de todas as pessoas tristes.
Você, que é triste, não desanime, pois mesmo parecendo uma loucura, um milagre poderá acontecer. Mesmo que não possa ser Deus, uma vontade muito forte poderá operar maravilhas. Se não sou Deus real, a força de uma comunicação mística poderá fazer de mim um elo que receba os eflúvios transcendentais que poderão capacitar-me a adquirir a sabedoria para servir de intermediário do Ser Supremo e você.
Eu gostaria de possuir o poder para realizar tudo aquilo que poderia construir a sua felicidade!
Quem é você e quem sou eu que nos misturamos neste devaneio sem conseguirmos nos encontrar? Que forças agiram para que pudéssemos nos encontrar hoje?
Eu falo com você que lê estas linhas e está perplexa sem poder entender esse relacionamento entre o seu pensamento e o meu. Ele é tão profundo que somente poderá ser entendido através de um esforço sobrenatural. Você é sobrenatural e tem o poder de perceber, através de sua sensibilidade, a ligação que existe entre nós. Quando escrevia, pensava em você, embora não a conhecesse nem soubesse onde você estava. Uma força desconhecida, para mim, colocava-a à minha frente e eu conseguia ver, em seus olhos expressivos, a sua alma que derramava-se, desejando fundir-se com a minha. Agora, que você lê este escrito poderá tirar as conclusões estranhas, porque escrevo no dia dois de março de hum mil e novecentos e oitenta e nove, às vinte e duas horas e quatorze minutos. Se isso não te disser nada, as comunicações falharam e a pessoa que se apresentou em minha frente foi uma ilusão.
E, nesse caso, a felicidade que sonhei para você, talvez seja unicamente imaginária.
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D E V A N E A N D O S O B R E O A M O R
Precisamos falar sobre o amor! O que é esse sentimento que consegue transformar as pessoas?
Como se produz essa chama imorredoura? O verdadeiro amor é um acontecimento único em nossa vida e jamais se apaga. Não uma simples paixão! Um relâmpago que risca a mente e quando o barulho provocado pelo vácuo se apresente ele já se apagou. O verdadeiro sentimento acontece uma vez na vida, toma conta de todo o nosso ser e marca, de tal maneira que jamais conseguiremos esquecer. Esse é um acontecimento que funde duas almas solidificando-as em uma só. Nem a distancia jamais poderá separá-las. É nesse sentimento maior que gostaria de pensar.
Pensar para poder penetrar os segredos da alma e decifrar o enigma da vida. Amor é vida. Ele pode doar felicidade que nos dará prazer de viver. Como é triste viver sem um amor! A existência não tem razão de ser; tornamo-nos tristonhos e abatidos e perdemos o poder de raciocinar positivamente; isso faz com que nos descuidemos de nós, iniciando um processo de deterioração da mente, da alma. Perdemos o contato com as pessoas e cada vez se torna mais difícil de retornarmos atrás e refazermos a nossa vida.
Quando amamos o quadro se apresenta outro. Tornamo-nos alegres, comunicativos e interessados em tudo que acontece ao nosso redor.
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O que é que provoca esse estado de espirito? Serão as transformações biológicas influenciadas pela nossa alimentação? Cremos que nossa parte biológica nada tem com o amor. Assim até podemos fazer abstração da sexualidade, visto que esta, geralmente é acionada pelas glândulas de secreção internas e influenciada, até, pela nossa alimentação. O verdadeiro combustível que irá alimentar os centros vitais para o despertamento do amor é um produto que age diretamente na alma e é injetado pelo olhar quando este encontra a sensibilidade de outro olhar. As almas misturam-se e transformam-se em um só fruído que jamais poderá ser separado; e nunca se consumirá por ter o potencial de multiplicar-se. Os seres envolvidos receberão o néctar das criações celestiais que alimentará o sentimento para todo o sempre.
C O N C E I T O D E N O R M A L I D A D E
Para sermos considerados normais deveremos nos enquadrar às normas. Quais são essas normas? São aquelas que se enquadram nos desejos das pessoas que participam de um determinado grupo ou ambiente. Para sermos normais deveremos possuir certa dose de adaptabilidade. Os padrões de normalidade têm que ser aquilatados dentro de um determinado conceito e nós deveremos nos adaptar a eles para sermos considerados normais para esse grupo. Existem as normas sociais a que deveremos obedecer para que possamos ser considerados normais; isso muitas vezes, violenta a nossa personalidade, por serem completamente dissociadas de nossa realidade em particular.
Os “expert’s” em moda e etiqueta social, geralmente classificam o que é “chique” ou “brega”, condicionando as pessoas a adotarem os seus padrões anormais como regra de normalidade. Em matéria de indumentária tudo é condicionamento imposto; no inicio não era assim. Hoje o homem
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usa gravata e paletó (ou isso já é passado?) e a mulher transforma tanto a indumentária que fica difícil dizer o que usa em um determinado momento. No começo tudo era natural; quando os nossos primeiros pais, Adão e Eva, pecaram e, sentindo-se envergonhados, fizeram roupas de folhas, foi-lhes ensinado que cobrissem-se com peles de animais, unicamente as partes principais, sendo, isso, considerado normal. O que era normal no inicio poderá e deverá ser considerado o normal; o resto evoluiu para a anormalidade.
Hoje, tudo é normal dentro do seu contexto; fora dele é anormal.
Dessa maneira, ninguém precisa preocupar-se se os seus padrões de vida não obedecem aos de outras pessoas; cada um é normal dentro de seus próprios valores. Para isso é que possuímos uma personalidade única, ímpar ( não é igual a nenhuma outra!).
Você é normal? Você faz tudo aquilo que lhe dá prazer, ou deixa de fazer com receio de ser classificado como anormal? Temos que nos livrarmos dos condicionamentos que nos impedem de sermos nós mesmos. Deveremos ser autênticos, deixando de agir pensando no que as pessoas poderão pensar de nossas atitudes. Contanto que sigamos os princípios básicos ditados pelas nossas consciências, podemos ter a certeza de estarmos agindo bem. A esse juiz deveremos prestar muita atenção porque ele nos vigia a cada minuto de nossas vidas e, seguindo as suas normas estaremos sempre dentro da normalidade.
S O L I D Ã O
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Como penetrar nesse sentimento que acomete, praticamente, todas as pessoas? Poderíamos sondar o nosso íntimo para ali tomar conhecimento do que seja esse fator de desligamento da realidade social! O homem é um ser social e jamais poderá sobreviver isoladamente. A coisa mais importante para o ser humano (absurdamente colocamos acima da própria alimentação) é o relacionamento com os seus iguais. Queremos com isso dizer, que consiga com ele comunicar-se. Existem vários tipos de comunicação, e mesmo sem palavras poderemos estar nos comunicando com os nossos semelhantes. Essa comunicação, por superficial que seja garante ao homem uma conscientização de sua existência.
Se aludirmos à necessidade de procurar penetrar o nosso íntimo para que possamos conhecer a estrutura da solidão, é porque interiormente já tomamos contato com a expressão de desligamento de nosso ser com o mundo que nos cerca. Nessas ocasiões, quando nem percebemos a presença de ninguém, que nos sentimos desligados da realidade social, a nossa mente, praticamente, desintegrou-se e expulsou do consciente a experiência sofrida, por não a poder suportar. A mente não expulsa para o exterior; ela reprocessa os sentimentos por uma dinâmica de racionalização, depositando-os no mais recôndito do inconsciente, que ali permanece por anos, séculos ou milênios, pronto para ser usado através de um processo reverso e dar conhecimento ao espírito, e por seu intermédio à mente que o expressará na realidade material, com manifestações psicossomáticas.
Mesmo que em nossa vida presente não tenhamos passado por momentos de solidão, ela está lá, como uma experiência rica em detalhes, para nos orientar nas horas necessárias.
Existem momentos, em nossas vidas, que temos a necessidade imperiosa de estarmos sós, para que possamos penetrar nos depósitos de conhecimentos que jazem esquecidos e que nos são necessários em determinadas ocasiões de nossas vidas, como subsidio, para nos ajudar na resolução de nossos problemas, que nos são apresentados pelo cotidiano. Essa retirada estratégica para pensar e extrair de nosso intelecto, o conhecimento acumulado, não é tão sofrido, visto não nos desligar da realidade presente, já que estamos nos esforçando para resolver problemas que afligem aos nossos semelhantes. Se estivermos nos doando em favor de nosso próximo, nos conservaremos, mais do que nunca, ligados a eles e o nosso relacionamento mental substitui o relacionamento pessoal.
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Existem tipos de solidão que são procurados por nós e criados no desejo de fugirmos da realidade. A realidade dos fatos nos alcança sem estarmos preparados para enfrenta-la de maneira inteligente, de frente e com coragem. Mesmo que tenhamos de passar por experiências penosas, deveremos procurar resolver todas as dificuldades de nossa vida, sem racionalizarmos demasiadamente, uma vez que a realidade é realidade e não adiantará nada nós a querermos mascarar de cores agradáveis a fim de que nossa mente a receba como sonho e fantasia. Temos consciência disso, porém a nossa mente reage em conformidade com a nossa covardia. Deixamos de realizar o real em nossa vida por não termos a coragem de acolhermos a verdade dos sentimentos. Fugimos dessa realidade que se enfrentada corajosamente poderia solucionar todos os nossos problemas. Medite um pouco! Aprofunde-se em sua mente e constate, através da reprodução de suas experiências acumuladas, quantas vezes você tem fugido da realidade? Essa fuga vai, aos poucos, aprisionando o seu intelecto, a sua mente, o seu espírito, tirando-lhe a capacidade de resolver, inteligentemente, as propostas que influem positivamente em nossas vidas. Isso nos transporta para o isolamento de nós mesmo, depois de nos separar de nossos semelhantes. Apresenta-se, então, o pior tipo de solidão; aquela que, além de nos separar da realidade presente, da qual não podemos nos conduz ao isolamento de nós mesmo. Perdemos o elo que nos garantiria a comunicação; alienamo-nos de nossa realidade para pressionar-nos em um vácuo onde perderemos o poder de transformação, tão necessário para criarmos situações novas. Essa é a verdadeira solidão; estarmos desligados das pessoas, de nós mesmo, das criações mentais e das soluções. Divagamos num vazio; vazio de realizações; vazio de sentimentos; vazio de comunicações. Quando o homem chega a esse estado de consciência ( ou inconsciência) o que mais poderá fazer senão . . .Existe, porem, uma esperança que é apresentada pelo conhecimento que guardamos no mais profundo do nosso ser. O conhecimento da verdade da existência; de uma ligação transcendental, que sempre poderá alcançar-nos no mais profundo de nossa degradação para elevar-nos, novamente, aos pináculos da realização: É o conhecimento da eternidade que liga as existências, liga as pessoas, liga os acontecimentos; liga o tempo pela velocidade do silêncio que abraça todo o conhecimento.
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M I T O
Apaixonei-me por uma ilusão,
Quis encontrar o mito construído,
Em momentos de solidão,
Nos idos tempos da juventude.
Esmerei-me na escolha de virtudes,
Que coloquei na deusa deslumbrante;
Penetrei até nos pensamentos
Daquela imagem resplandecente.
Guardei daqueles olhos ternos,
A bela expressão da inocência
Que, como eu, contemplava,
Também, o nascer do amor.
Naquele momento do encontro
Misturamo-nos num elo consentido;
99
Firmamos um pacto eterno
De sempre nos pertencermos.
Mas, na vida que vivi, então,
Na procura vã de revê-la presente
Mais a vida se fazia ausente
Matando o mito que jamais nasceu
R E C O M E Ç O
Onde estavas encantada musa,
Enquanto tantas vezes sonhei em encontrá-la?
Eu, triste me quedava visualizando o dia,
Desejando, em um vôo conquistar o tempo,
Em que a possuísse inteira.
Jamais me satisfaria, um dia,
Que me destinasses poucas prendas,
E desviasses, sequer, os pensamentos,
Volvendo-os para ligações estranhas.
Será que como eu, você também
100
Sonhava com o amor primeiro?
Que em seu peito nasceria,
Tardio, quando nos olhássemos,
Depois de provarmos a emoção,
De misturarmos o timbre de nossas vozes,
E percebermos, no labirinto dos sentimentos,
Que nascemos um para o outro?
Daqui por diante, é certo,
Embora contra o mundo lutemos,
Pertence-nos o inalienável direito
De, em delírio proclamarmos o amor.
Cumpre-nos neste encontro a ventura
De vidas misturadas
Num envolvimento total.
Reflexionamos sobre o passado
Que não nos ofereceu o esperado;
Provisionamos nossas vidas,
Para que tenha novo começo.
O Ú L T I M O D I A
Um dia, será o último dia,
101
E um de nós estará contemplando,
Impotente, a mudez do companheiro,
Mesmo conformado, com o coração compungido.
Serei eu, será você
Que vivo contemplará a morte?
Serei eu ou você,
Que terá emudecido o lamento?
Então tu me veras partir
Para o outro lado do mistério;
Em vão procurará reviver,
Os momentos que vivendo não vivemos.
Mas não fique triste
Nem imagines que tudo finda
Que ao calar retiro-me prá sempre.
Mais vivo a vida me conserva!
Aguardando no fim da caminhada,
102
Estarei feliz te esperando.
O A T O D E E S C R E V E R
O ato de escrever uma carta,
Registrar um pensamento,
Ou escrever uma longa história,
Exige a exteriorização do ser.
É a alma que transborda,
Depois de rebuscar as entranhas,
De buscar no mais recôndito do ser,
Nuanças brilhantes de coisas estranhas.
Buscamos algo inusitado,
Que transforme o presente.
Por antes não termos encontrado,
Aquela que se fez ausente.
103
O amor cresce em nosso peito,
A emoção espreme o coração,
Sentimos uma dor sem jeito,
E nos escapa uma oração.
Tentamos reter a torrente
Que a emoção não mais prende
O peito dói pela saudade que corrói
E um mar de lagrimas tudo destrói.
O M B R O A M I G O
Que bom podermos contar
Com alguém que nos ouça
Sem querer nos contestar
Para mudarmos nossa história!
Alguém que abra o coração
Para receber bênçãos e mágoas,
104
Onde despejamos como oração
Na ânsia de desfazer o obvio!
No vão desejo de crer vivo
O sentimento que já se foi!
Tirando da vida o sentido,
Matando no peito a esperança!
De, os belos olhos voltar a ver,
Em uma promessa de amor,
Juras de ainda poder ver,
Na vida, acontecimentos de louvor!
Mas, o simples desejo não refaz
Um sentimento que já morreu
Vencido pelo tempo que correu
Deixando-nos vencidos para trás!
T E M P O E E S P A Ç O
105
Gostaria de, neste momento que escrevo,
Poder traduzir o sentimento de dor
Que oprime o meu peito
Desejando vencer o tempo.
Desejaria, acima de entender,
Conseguir sobrepujar o tempo
Ser senhor, também, do espaço
Para eliminar as limitações.
Poder realizar a união
De almas que se desejam
De corpos vencidos pelo espaço
De vidas separadas pelo tempo.
Porque o espaço nos separa,
Se o amor nos une pelo sentimento?
E o tempo nos une pela eternidade,
Embora distantes, presente estejamos?
106
Precisamos vencer o tempo e espaço
Para sobrepujar a dor.
Vencermos pelos elos do amor,
Apagarmos da alma o lamento!
V Ã E S P E R A N Ç A
Lamentamos as décadas passadas
Da chamada tal “revolução”!
Que não revolucionou nada
Que nada resolveu
Somente transformou e violentou
A nossa constituição
Transformando por casuísmo tais,
A lei maior em colchas de retalhos.
Ma o povo bradou
Em união saiu à ruas
Exigindo nova constituição
107
A pressão valeu à pena.
E veio a abertura
Em tal o povo creu
Pois confiava que por grito seu
Lhe fosse retirada apertura.
Mas o casuísmo logo ressurgiu
Pois a nova constituinte
Quando pelo congresso convocada
Já caiu em derrocada
Pois em vez de Assembléia Constituinte
Saiu Congresso Constituinte
Que sendo eleito
O foi pelo vício da velha ordem.
E assim a nova república
De franzina nasceu morta.
Mas ainda havia a esperança
Pois existia na consciência
Dos que elaboraram as normas
O dever de deixar o povo participar.
108
O povo novamente se uniu
Com muitas assinaturas
Viu que propostas boas saiu
Para o povo beneficiar.
Mas dai surgiu o “centrão”
Para dizer
Que as normas
Não eram normais.
Que o regulamento,
Que regulava
Precisava ser
Regulamentado.
E tudo modificaram;
Pisaram
Sem piedade
A esperança do povo
Esqueceram-se que quando eleitos
Prometeram pôr um ovo
O ovo de Colombo
109
Que geraria a esperança.
De, o povo receber
Pão, saúde, escola . . .
Mas se criam-se normas
E as mesmas não se usa
Mas faz-se nova costura
Para desviar benefícios à altura
De quem já vive na desventura
O que mais se poderá tirar?
Roupas já não têm
A muito se foi a fartura.
Então,
O que o povo
Com certeza receberá
Será nova colcha de retalhos
Pior do que a que possuía
Que de nojo jogou fora.
Ai!
Que fria!
110
E U V Í
Na minha Bíblia eu vi
O que o Pai Santo espera de mim;
Paz e amor, e também de você
Para que amando sejamos irmãos.
Ser humilde de espirito
Para gozar o reino do céu
Ser a luz do mundo
Para sobre todos resplandecer.
Derramar minhas lagrimas
E também aos outros irmãos consolar
Ser o sal que tempera
E se presta para conservar.
E mesmo quando injustiçado
Oferecer a outra face
111
Ainda que seja perseguido
Por todos os meios pacificar
Mesmo que seja tentado pela luxúria
Saber respeitar a mulher do meu próximo
Que seja o meu falar sim, sim; não, não,
Essas coisas todas na minha Bíblia vi.
D I V I S Ã O I N D I S S O L U V E L
Oriente - Ocidente! Quem fez a divisão?
Esses limites não existem a não ser em nossas concepções.
O limite mais próximo ou o mais distante são os que se delimitam conosco mesmo.
E a vida o que é?
É o lado de cá ou o lado de lá?
Ou são os dois, ligados pela eternidade?
E o que é a eternidade?
É a vida sem interinidade?
Ou o conceito é mais profundo abrangendo além da eternidade?
I N T E R L I G A Ç Õ E S
112
‘ Há um caminho enorme
Entre nós e a eternidade
No entanto liga-se pela mesma estrada
Na qual todos caminhamos
As separações de tempo e espaço
São meras concepções nossas
Liga-se o tempo sem intervalos
Ligam-se os espaços sem lapsos.
As esperanças concretizam-se
Transformam-se em dádivas
Com as quais nos premia a vida
Talvez para nos cobrar depois
Procuramos, nesta estrada sem fim
Encontrar acolhidas amigas
113
Corações que nos incentivem
Ao fim do caminho chegar.
Mas, qual o nosso destino
Para onde caminhamos nós?
Será que algum dia saberemos
Tudo o que iremos encontrar?
A D E U S
Um adeus é sempre dorido
Ele indica vidas separadas
Vislumbramos um futuro indefinido
A nos esperar no final da estrada.
Essa dor que nos assola, indefinida,
Sem manifestar-se nem se ir,
Deixando o nosso coração pequenino,
Apertado pela vontade de ir também.
114
Desejamos alcançar cenas passadas,
Fazer renascer outras lembradas,
Ressuscitar a felicidade que se vai
Sem mais esperança de voltar.
Agarramo-nos à despedida
Fazendo dela o elo da esperança,
Algo que desminta a desdita
De vidas que não mais se encontrarão.
Mas essa dor cruzcificante
O temor de o futuro enfrentar
Cura-se com o tempo
Quando medicados pela saudade.
115
C H I C O D A M A T A
Se disserem que depois da minha morte, não mais morrerá nenhum seringueiro e que a Amazônia não será devastada, eu morrerei feliz!
Chico Mendes
Deu a vida por um ideal
De ver a vegetação respeitada
Doou a vida feliz
Para que mais mortes não houvessem!
As hordas haviam tomado
As terras dos donos virtuais,
Devastando a natureza
Derrubando as árvores seculares.
Matando tanta erva saudável
Que prestava-se para curar.
Ceifando muitas vidas
De moradores do lugar.
Derramando na terra
A seiva que era vida
Sim, que era a vida da mata.
E o sertanejo lutava,
Reunindo a força dos seringueiros
Para resistir à devastação.
116
Que pelo mercúrio não fossem
Os rios envenenados,
Tirando a vida da gente
Que vivia no seringal.
Mas a luta feriu a ganância,
De muitos “donos” de terras,
Que não admitiam partilhar,
A riqueza com os caboclos do lugar.
Juraram o Chico de morte,
Este não se acovardou;
Mas às vésperas do Natal
Agiu a mão assassina
A mando dos grandes senhores,
Foi cumprida a jura e a sina.
Mas ao contrário de esmorecer
Cresceu na mata o ideal
E as últimas palavras do Chico
Vararam rápido as matas,
Com repercussão internacional:
Se não mais vai morrer seringueiro
Se a mata não mais vai ser devastada
Mendes deu a vida feliz.
Então deveremos honrar
Essa vida que se deu em holocausto
117
E como bandeira hastea-la
Para que a luta possa continuar.
Para que nos conscientizemos
Que nos cabe um dever maior
Para as gerações que virão,
Qual seja doarmo-lhes as riquezas
Que nos deu a natureza.
Para isso precisamos
Abandonar a ganância
De sempre mais querer
E contentarmo-nos tão somente
Com o que poderemos comer.
E deixarmos o luxo e o desperdício
Para podermos oferecer
Ao nosso irmão do mundo
Que também precisa sobreviver.
Elevemos o nosso pensamento a Deus
E peçamos inspiração
Para que as ações superem as palavras
Para que deixemos de ser tão racionais
E possamos falar com o coração
E assim nos unirmos
Em uma grande família universal
118
V I C E J A N D O
Viceja a vil vegetação
Marco indelével da estação
Quando a chuva umedece o solo
E o mato inútil viceja ao sol
Vinda de tristes ais
A vida já sem viço
O triste caboclo, com a enxada
Fere o chão para ganhar o pão
Fraco por falta da merenda
Mistura o suor às lagrimas
Em angustiante desventura
Foge a alegria de sua senda
Morreu o desejo de vencer
119
Já nem mais viceja a esperança.
E M O Ç Ã O I N F A N T I L
Pai!
Eu sou ainda pequeno,
Não conheço os mistérios da Vida,
Nem sei expressar o amor!
Mas talvez quando eu crescer,
Quando o intelecto se expandir,
Possa, ainda, menos saber!
Por isso desejo aproveitar,
Este sentimento inocente,
Que sinto, forte, dentro do peito,
Sem mesmo saber o que é,
Para te dar um abraço bem apertado;
E com emoção derramar,
Em teu coração uma lagrima!
Para que a guardes contigo,
Como dádiva preciosa,
120
Por toda a tua vida!
Que espero seja infinita!
Pois quando eu chegar lá adiante,
Quando a vida me envolver,
Não sei se poderei ter tempo,
De lembrar-me de você!
A B U S C A
Todos buscamos a Deus porque Ele é amor e nós sempre estamos aspirando encontrar esse sentimento maravilhoso. Porém, o amor é inacessível como Deus é inacessível.
Busco no passado reencontrar o elo daquele amor maravilhoso que preencheu a minha adolescência; ele rompeu-se e desligou o passado do presente. Restou somente a doce lembrança e a amarga saudade de um tempo e de acontecimentos que não mais se repetirão. Nossa vida passou a ser um árido deserto povoado por sentimentos de dor e frustração.
Estamos só! E mesmo que sejamos esmagados pela saudade, pelas recordações, jamais conseguiremos a realização daquele sonho de amor.
Por que o tempo não parou, para me dar tempo de ser feliz?
Desejo ser feliz! Desejaria mais, contribuir para que outros fossem felizes, também.
O que é a felicidade? A eterna pergunta sem resposta. Não é a posse de bens materiais, com toda a certeza.
Felicidade, talvez, não sei, seja um amor correspondido; um querer bem recíproco; uma integração perfeita entre dois seres, para não serem mais dois e sim apenas um. Não, olhando um para o outro e sim os
121
dois olhando em uma mesma direção para caminharem ao encontro da realização de suas aspirações comuns.
Deus é amor e é através d’Ele mesmo que poderemos encontrá-Lo. Ele construiu uma ponte para que possamos ir até Ele e por Ele e com Ele caminharmos . . .
Aspiro ao Teu perfume
Que suave fragrância!
Tomo ciência, com certeza,
Que é o próprio aroma do amor.
N O S S A H I S T Ó R I A
A nossa história registra-se pelos momentos difíceis de nossa vida.
Quando enfrentamos dificuldades nos servimos de todo o potencial interior que se acumulou pelas nossas experiências vividas. Quem nunca teve dificuldades não conhece suficientemente a si mesmo porque não necessitou rebuscar no íntimo para encontrar a força que tudo poderá vencer.
Quanto maior a dificuldade mais profundo deverá ser o mergulho que deveremos dar para dentro de nós mesmo, para buscar, no inconsciente, aquilo que aprendemos e arquivamos para ser usado no
122
momento preciso. Poderemos alcançar, até, conhecimentos a séculos esquecidos, mas que fizeram parte de nossas experiências passadas.
Esses conhecimentos poderão fazer parte de experiências vividas ou colhidas pela percepção, porque é através desta última que acumulamos a maior parte de nossos conhecimentos que ficam registrados no inconsciente. O inconsciente acumula dois terços de todos os nossos conhecimentos e deles somente poderemos fazer uso através do poder de penetrarmos para dentro de nós mesmo. Aí poderemos fazer descobertas incríveis que se divulgadas abalariam as estruturas da sociedade. É por isso que somente determinadas pessoas, que estão convenientemente preparadas, logram alcançar esse poder transcendental. Estes, sabem que esses conhecimentos não poderão ser revelados sem que chegue o tempo apropriado.
Mas nem por isso deveremos deixar de exercitar a nossa mente para penetrar esses conhecimentos. Paralelamente, porém, deveremos procurar o aperfeiçoamento espiritual, através do amor, que, como já dissemos anteriormente, é a centelha explosiva da perfeição espiritual.
É o Pai quem nos prova e aprova, determinando o momento da abertura do nosso ser, para que sejamos um com Ele e possamos penetrar nos conhecimentos que nos fará guias de nossos irmãos, no caminho que terão de percorrer.
O J O G O F A S C I N A N T E
A poesia encerra, no jogo das palavras, um potencial que, embora inerte, está pronto para entrar em ebulição.
E o que aciona o estopim que dispara as ações é a emoção de quem a lê.
A emoção é despertada pela interpretação que a sensibilidade do leitor tira desse jogo maravilhoso que compõe o enredo em sua
123
profundidade, que a rigor se apresenta diverso do pensamento do poeta e diferente para cada um de nós, em ocasiões diversas.
A cada leitura, o texto se expande e se completa, conforme o estado de espírito em que estejamos; em ocasiões diferentes estaremos tirando interpretações outras em uma constante renovação da criação.
Mas, embora existam essas transformações, sempre será constante a ligação do poeta e aquele, que, ao ler, recria o pensamento.
Quando lemos, o nosso espírito projeta-se na imensidão do tempo, penetrando, sem escrúpulos em qualquer espaço, para buscar a conscientização do sonho que a fantasia gerou. Não importa se não atingirmos o ápice, desde que, para cada um de nós, haja a complementação das aspirações interiores.
Viajamos com a poesia, extrapolando o que disse o poeta, complementando as reticências para a realização da fantasia.
As palavras, construindo pensamentos, incentivam-nos a penetrar para o interior de nossas mentes, para de lá tirarmos as frustrações plantadas no transcorrer do tempo, deixando o campo fértil para a renovação do ser. Do fundo do nosso inconsciente, acordado para um recomeço, vamos buscar a interpretação precisa do que ficou nas entrelinhas.
A partir daí é que reconstruiremos o tema, fazendo o jogo das palavras e dos pensamentos, para culminar na realização de tudo aquilo que nos satisfaz.
A poesia projeta-se para o futuro estabelecendo uma ponte para a eternidade; situando o poeta como um ser que domina o tempo e o espaço através da sua criação; por meio desta ele estará sempre vivo e falando, e comunicando-se com as gerações que o precederem.
C O N S T R U Ç Ã O O B J E T I V A
124
O Grande Arquiteto idealiza
Aquilo que será entregue
No tempo certo, na hora precisa
O que à alma humana sugere.
Ao obreiro escolhido entrega
Através da inspiração mental,
O plano elaborado em minúcias
Para que tenha a execução cumprida.
Mas qual será o objetivo
E o que tal plano encerra?
E o material, será tijolo e terra,
Usar-se-á ali o esquadro e a pá?
Não, por certo, meus irmãos,
Que em doce enlevo me ouvem,
No desejo de encontrar a paz,
Pela liberdade, igualdade e fraternidade.
125
O plano tão solenemente elaborado
Pelo único Grão Mestre do universo,
Terá o dever e honra de construir,
Na alma humana, a convicção de saber-se irmão.
A L U A
Uma brisa soprando suavemente,
Os grilos cantando nos quintais,
As estrelas brilhando as piscadelas,
Na intenção de namorar a terra.
Ainda que o ambiente seja próprio
Para um romance iniciar,
Unindo pessoas ansiosas por viver,
Falta algo para que tudo se complete.
126
Mas na busca desse quase nada,
Que no entando seria tudo então,
Aprofundam-se os espíritos em si mesmo,
Desejosos de chegar ao inusitado.
E é nesse rápido momento,
De fuga dos sentidos,
Que os namorados entregam-se
Ao doce embalo da fantasia.
Eis que com tênue claridade surge a lua
Como a querer participar da cena
Completando o sonho que envolve
Vidas que desejam se encontrar.
L E I T U R A
Analise o jogo das palavras
Colocadas nas exposições verbais
127
Orientadas pela sensibilidade do escritor.
Ouça a doce melodia
No dizer cadenciado
Que procura alcançar a alma.
Mas . . .olhe, também,
Para os espaços entre as palavras,
Nos lugares vazios,
Que representam o silêncio
Na evolução da história.
Experimente ouvir,
Aguçando os sentidos,
A suave voz desse silêncio
E conhecerá o que ali está,
Que foi dito sem falar.
Será onde você
Irá aprender
Sem mais procurar
Os segredos da vida
Que a vida contará
Sem nada te negar.
S E R
128
Quando sou deixo de ser
O ser que gostaria de ser.
Porque a minha maneira de ser
É diferente de ser.
Só serei o ser que quero
No momento em que deixar de ser
O reverso do que imagino ser.
Mas, afinal, que ser,
É esse ser tão desconhecido
Que ainda que tente ser
Não é possível alcançar?
Somente saberei
Se conseguir chegar a ser
Esse ser místico que está ausente
Mas que está tão presente em mim.
Saio de mim mesmo
Para tentar conhecer
O ser que estava em mim.
Observo o ser, agora ausente,
Que já não é o que era antes.
E o conhecimento que consigo
Não me satisfaz porque
129
O ser, agora, é estranho a mim.
Então eu volto a ser . . .
Desistindo de deixar de ser.
A D U L T É R I O
O punhal que, insensível,
Fizestes penetrar em minhas costas
Alcançou a sua calculada intenção,
Pois não feriu somente a carne,
Foi mais fundo para atingir a alma.
No entanto, foi o corpo que morreu,
Embora conservasse a vida,
E o gesto perverso conseguiu,
Que o sangue que fruiu,
Se transformasse em tristeza.
Tão profunda frustração
Jamais alguém saberá a dor!
Sonhos, esperanças de um puro amor
Rolam no lodo, cujo odor
Afugenta a paz do coração.
Que fiz eu que te adoro tanto,
Para que partisses à procura de outro leito,
Manchando com a desonra
130
O nosso, no qual vivemos
Momentos de esplendor?
Mas, mesmo a derramar tristeza
Gostaria de contar com a certeza
Que tu, mesmo longe de mim
Possa alcançar a felicidade que sonhou,
E que essa conquistada liberdade
Não a leve a repetires deslealdade,
Para acabar na promiscuidade.
Mas se tal acontecer,
E fores jogada ao desamparo,
Voltes a mim sem receio
Porque do lago de tristeza
Que me deixaste
Ainda construirei o teu futuro.
Mas se já for tarde
E não mais me encontrares
Estarei algures a te esperar
Com as joias do perdão
E as palmas da saudade.
E N T E N D I M E N T O
131
Como é difícil o relacionamento entre as pessoas! Principalmente, como é difícil a vida em comum! Por mais boa vontade que tenhamos, sempre se estabelecem os choques de personalidade que põe por terra as esperanças de um bom entendimento. Isso é normal e é, praticamente impossível de se evitar, criando atritos que, encontrando imaturidade nas pessoas, fazem com que se instalem complexos vários.
Necessitamos raciocinar claramente quanto a tais ocorrências para que consigamos aliviar a tremenda carga que isso representa para as pessoas, passando a influir em seus comportamentos.
Principalmente aos nossos filhos e, também, para os filhos daqueles que não tiverem oportunidade de fazê-lo, desejamos esclarecer que os desentendimentos entre as pessoas, que vivem juntas (e mesmo as que não vivem), são normais. Cada um tendo a sua personalidade, sente o direito inalienável de impor-se; isso é um imperativo psicológico do qual ninguém deverá e nem poderá abrir mão, se não quiser destruir-se a si próprio.
Ninguém deverá abrir mão de sua personalidade, daí a necessidade de cada um de nós procurarmos compreender as razões daqueles que conosco convivem, procurando entender os motivos que os levam a agir de tal ou qual maneira. Amamos nossos filhos tal como eles são e não desejamos que eles sejam diferentes. Por mais violentos que se apresentem os conflitos, entre nós, nada mudará. E temos, para nós, que eles sabem disso. E se agem da forma como são é porque têm a certeza inabalável do nosso imenso amor.
I N T E R L I G A Ç Õ E S
132
Embora possuamos a eternidade para a realização de nossas missões, a obra que teremos a realizar será desenvolvida por etapas que se interligam aos trabalho de outras pessoas. Durante os períodos em que formos recolhidos para repouso, a tarefa terá a continuidade através de outros seres. Mas caberá a nós a realização de etapas que se não forem concluídas, atrasarão e desarticularão o andamento geral.
Quando deixamos de realizar as etapas afetas a nós, estaremos comprometendo a realização da caminhada para alcançar os objetivos que poderão beneficiar a humanidade.
Pensando nisso, avaliamos a responsabilidade que cada um têm, na evolução da história. Se fracassarmos estaremos estabelecendo um hiato que poderá influir nas vidas de outras pessoas.
Mas o poder do alto sempre tem condições de reparar o mal, por possuir a onisciência. A propósito conta-se a história de que quando Jesus voltou para o céu foi interpelado pelos anjos sobre o trabalho que havia estabelecido para a salvação da humanidade, e como tudo se desenvolveria. Ele respondeu: Eu preparei doze discípulos para que desenvolvessem um trabalho de difusão do evangelho; receosos os anjos teriam perguntado: E se eles falharem: Jesus respondeu: Eles não falharão.
A nossa vida física tem uma razão de ser e não poderemos passar por ela sem doarmos o máximo de nosso potencial para o cumprimento de nossa missão. Fomos colocados, cada um de nós, dentro de um contexto onde deverá ser desenvolvida a nossa ação para que um determinado grupo de pessoas seja beneficiado.
Tenhamos sempre em mente isso e onde estivermos procuremos saber o que poderemos fazer de bom aos nossos semelhantes!
A R Q U É T I P O S M I T O L Ó G I C O S
133
O ser humano, em sua irracionalidade, constrói arquétipos possuidores de virtudes impossíveis de serem alcançadas. Fixa isso em seu subconsciente, passando a procurar, na realidade, aquilo que não passa de sonho e fantasia. É necessário racionalizar e conscientizar-se que o ideal fantástico não existe como realidade.
Alimentamo-nos do sonho e desejamos enquadrar as pessoas nos ideais que a nossa fantasia gerou. Esse ser mitológico não existe na realidade; por isso ficamos frustrados não conseguindo encontrar aquilo que seria o ideal para nós.
À medida que amadurecemos, embora reconheçamos a utilidade do sonho e da fantasia, que tem o seu lugar na formação de nossa personalidade, aprendemos a separar tudo aquilo que gostaríamos que fosse, daquilo que é realmente. Assim, mesmo continuando a sonhar, estaremos discernindo através do nosso espírito, o que de fato é útil para a nossa evolução espiritual.
Ao separarmos a fantasia da realidade não deixamos de sonhar, porque o sonho é que mantém vivo o nosso ideal para que, de fato, algum dia, as coisas possam ser realizadas de uma maneira mais humana, para que todos possam viver, não apenas como criação de um Deus, Todo Poderoso, e sim como realmente somos, filhos de Deus, que não faz diferença entre os seus diversos filhos. Quem as faz somos nós, julgando-nos com direito de usufruirmos de uma maior parte dos benefícios divinos. Isso acontece, unicamente pelo nosso egoísmo que somente poderá ser destruído, de nosso íntimo, pelo nascimento do amor. Enquanto isso não acontecer continuaremos a ser entidades imperfeitas, que com a sua ignorância estará cada vez mais acumulando uma dívida social a ser paga.
O nosso apelo é por sabedoria! para que sejamos ajudados a criarmos uma visão nova para que a humanidade possa ser transformada. Quando recuperarmos a visão espiritual, que perdemos pela nossa insensibilidade, então, estaremos começando a caminhada para a realização da missão para a qual fomos chamados.; Vocês, que são participantes desse grupo, reunam-se a nós para que o tempo seja encurtado e a humanidade seja mais rapidamente redimida. Será que somos arquétipos mitológicos ou seres humanos capazes de respondermos com responsabilidade ao chamado?
134
A L G U É M M E D I S S E
Gostaria de gritar ao mundo o que se passa em minha alma. Gostaria que todo o mundo sentisse o que sinto neste instante; felicidade, o prazer de poder escrever alguma coisa, de exprimir algum sentimento em uma folha de papel para você, que é tudo de precioso que possuo na vida.
Gostaria que todos os casais de apaixonados se sentissem livres, voando sobre montanhas verdejantes, como me sinto ao seu lado.
Gostaria que todos tivessem a felicidade de ouvir uma musica e recordar-se de alguém, de sentir esse alguém bem junto, bem abraçado, lembrada, flertada de amor...
Gostaria que o amor fosse eterno, gostaria de estar ao seu lado!
Porém, você está aí e eu aqui, materialmente separados e espiritualmente juntos, bem juntos.
Não me conformo com essa analisada conclusão, pelo contrário, não posso me conformar porque o meu amor é egoísta e supera a necessidade.
Eu me deprimo quando me desfaleço por alguns instantes e sonho com teus beijos, com teu carinho; mas quando acordo! Que droga, foi só um sonho! Então passam pelo meu cérebro várias perguntas sem resposta. Eu deliro, fingindo conversar com você; falo-te mil e uma coisas, tento beijar-te, mas não posso, você está longe.
Eu digo que te amo, mas nem assim você responde.
Eu não sei o que faço porque te amo!
135
Sei que vou sofrer com esta ausência contínua, mas você jamais sairá do meu pensamento, porque você é tudo para mim.
Amor quero que quando você folhear este caderno, nunca fique triste, porque eu sabendo que você é feliz, fico também. E só assim poderemos nos fazer mutuamente felizes.
Adeus
E eu nunca mais a encontrei. . .
C A S O D E A M O R
Quando acontecerá
Aquele caso de amor
Que povoou os meus sonhos?
Vivi sonhando o futuro
Na esperança de encontrar
A razão de viver.
Encontrar um amor maduro
136
Que fosse uma troca real
Entre dois seres
Que buscam alcançar
Os mesmos objetivos.
Seria a realização
E o preenchimento do vazio
Que vem magoando o coração.
Quando acontecerá
Aquele caso de amor
Que seria a razão do meu viver?
G R I T O
Dei um grito tremendo
Na ânsia de ser ouvido
Através do eco que ricocheteou
Pelos labirintos do tempo;
Para alcançar o espaço preciso
Onde reunir-se-ia a assembléia
Daqueles que deveriam
137
Reunir-se aqui.
E aqueles que haviam sido designados
Começaram a caminhada
Que se prestaria
À preparação
Das qualificações necessárias
Ao cumprimento de uma missão
Profetizada por aqueles
À quem foi dada a visão.
A quanto tempo,
Iniciou-se essa caminhada!
Colhendo a cada um de nós,
E colocando-nos
Nesta jornada espetacular
Que nos levará
À conquista do universo!
N A D A I M P O R T A
Não importa quem eu sou!
Sou uma voz desconhecida,
Resultado de um sopro
Que introduziu-se em mim,
Percorrendo todo o corpo,
138
Oxigenando o sangue,
Alimentando o coração,
Dando a vida circulante,
Que entranha-se no meu ser,
E volta vibrante
Para atingi-lo pela comunicação.
Não importa quem eu sou,
Contanto que convivamos juntos
A procura de atingir metas
Que possam favorecer
O florescimento do amor.
Não importa quem eu sou,
Importa que eu sou alguém
Que acima de toas as coisas
Ama por demais a vida
E tem a suprema aspiração
De que todos possam alcançar
Esse poder de amar.
Não importa quem eu sou;
Sou eu e sou você,
Porque estamos interligados
Por um destino solidário
Que jamais conspirará
Para que haja desunião.
139
Não importa quem eu sou,
Você nem precisará saber,
Desde que juntos caminhemos,
Lado a lado, sem tropeçar,
Com os nossos olhos voltados
Para os mesmos objetivos
Que afinal nos premiará
Com a felicidade esperada.
Não importa quem eu sou,
Nem importa onde estou,
Pois sempre estarei presente. . .
C O M P A N H E I R A F I E L
Minha companheira é a poesia
Musa que me envolve todas as horas
Com o seu manto constante de ternura
Abraçando-me até a fusão.
140
Misturando-se comigo, assim
Como fazem dois amigos
Não deixando espaço que os separe;
Almas fundidas em um mesmo ser!
Ela chega vinda das alturas
Do saber das regiões transcendentais
Percorre minha mente em um repente
E espalha-se na conquista total.
Provoca sensações alucinantes
Na conquista de espaços secretos
Acelera o peito e o ar faz faltar
Na elucubração de poemas e sonetos.
Com essa dedicação que só o amor nos dá
Ao nos saciar da vontade de sonhar
Deixa-nos prontos a abandonar a fantasia
141
E humildes voltarmos a viver a realidade.
Q U A L A R E S P O S T A
Perguntaram-me: Quando você começou a escrever? (Claro que referiam-se, não ao simples ato de escrever e sim ao de criação literária).
Ao meditar sobre isso voltei o meu pensamento ao passado e encontrei aquela figura maravilhosa que me ensinou as primeiras letras; voltei mais no tempo e vi aqueles que me ensinaram a sentir. Mas essa visão deveria afastar-se mais ainda, até alcançar aquelas pessoas que ensinaram a viver os que me ensinaram a sentir.
Uma pergunta tão simples e, no entanto, nos leva a reflexões tão profundas que nos impossibilitam de emitirmos uma resposta lógica, pois embora eu passasse a colocar os meus pensamentos no papel em uma determinada data, a disposição nasceu em alguma fase de uma longa caminhada.
Descompromissadamente poderíamos responder: Ainda nem começamos a escrever, porque antes precisaremos aprender a viver; e nessa vivência nunca terminaremos o aprendizado de sentir. Iremos simplesmente exercitando para aprendermos pensar e produzirmos algo que, talvez, poderá ser entendido pelos que vierem depois de nós.
Para registrarmos, em caracteres gráficos, coisas que vailam a pena e que possam vir a ser úteis à humanidade, deveremos desenvolver a nossa percepção para podermos colher, da aura austral, os conhecimentos que ali estão à disposição para aperfeiçoamento dessa humanidade.
142
Tudo tem o tempo certo e não adiantará desejarmos forçar querendo saber algo que ainda não poderá ser revelado. As revelações nos serão fornecidas de acordo com a evolução pessoal, para que não haja mau uso daquilo que se aprender.
Já existem pessoas que têm pleno conhecimento de coisas espetaculares e que sofrem por não poderem revelá-las para abolir os sofrimentos de muitos irmãos; assim tem que ser, visto que a revelação poderia causar mais mal do que bem, pelo despreparo que ainda existe. A cura nunca virá de fora e sim de dentro. Ali é que está o grande laboratório capaz de elaborar o medicamento para todos os males!
O P O E T A É . . .
A poesia, sendo a forma de expressão da emoção, é propriamente a exteriorização do ser, da alma do poeta. Essa exteriorização se expressa por símbolos próprios que carecem de interpretação; esses símbolos representam sentimentos e aspirações secretas que muitas vezes nem são do conhecimento de quem os exterioriza.
Ao analisarmos a obra de um poeta poderemos conhecer-lhe pormenorizadamente a alma. Trata-se de uma verdadeira projeção da personalidade, expressada por símbolos.
Sendo a expressão exterior do eu, é compreensível que a poesia seja incompreendida por aqueles que não possuem afinidade com o poeta, subjetivamente, para colher, nos espaços vazios, o que ele falou sem dizer que, aliás, é a parte fundamental da obra.
É necessário que haja uma sintonia subjetiva do leitor com o poeta, fruto de uma vivência existencial, aqui ou algures, que os terá capacitado a um diálogo através do silêncio que ecoa nas entrelinhas.
O poeta é, ao mesmo tempo, o mais feliz dos mortais e o mais deserdado da sorte.
143
A poesia é ficção e propicia ao poeta criar o sonho e a fantasia; ele ama e faz-se amado na subjetividade da sua criação. Projetando-se em seus personagens, vive a sua existência imune à rejeição. Ao mesmo tempo sente-se impotente diante da impossibilidade de transpor o seu sonho para a realidade.
Não existe nada mais fascinante do que o sonho, pois ele encaminha-se de acordo com as nossas aspirações; neles nós amamos e, melhor do que isso fazemo-nos amar, fazendo abstração da realidade, que quando nos faz voltar a ela nos trás a frustração.
Quando nos deparamos com essas alternativas: viver o sonho que nunca poderá ser transposto para a realidade ou simplesmente viver a realidade sem direito ao sonho, cremos ser a primeira a mais gratificante. Quando simplesmente vivemos a realidade ela amarga-nos a tida de tal maneira que retira-nos as alegrias que poderiam ser criadas; quando vivemos o sonho ele condiciona-nos a vencer todas as dificuldades.
De maneira que o potencial de sonho que o poeta possui qualifica-o a transmitir amor e paz, transformando-se, nesse contexto, no mais feliz dos mortais.
F O L H A M A N C H A D A
Ao colher uma rosa no jardim
144
Um espinho me feriu a mão.
Uma gota de sangue,
Partindo do coração,
Viajou, para, rompendo o espaço,
Beijar a flor.
E eu, sem notar o ato de amor,
Insensível em meu cismar,
Egoístas esqueci a dor
Que causei à natureza.
E desejando registrar,
Em meu diário o ocorrido,
Manchei de sangue a alva folha,
Perpetuando, por esse sinal,
A lembrança da vida que extingui.
Assim também fazemos,
Muitas vezes, com o amor,
Ferindo rudemente a quem amamos;
Esquecendo, insensíveis, os momentos
Em que juntos desfrutamos
No doce caminhar da convivência.
Ensina-nos Oh! Deus!
A gravarmos os eventos
Em que os nossos sentimentos
Revelaram os preceitos Teus.
145
Ensina-nos Senhor
A respeitarmos a natureza,
A amarmos o nosso irmão;
Para fazermos jús
Aos grandes sacrifícios
Que Tu pagastes na cruz.
Tu que és Pai e és Filho,
Tu que salvas,
Que és Cristo Jesus!
E M O Ç Ã O
Dois olhares que se encontram,
Dois corações interligados,
Duas almas desfazendo a nostalgia,
Na procura de um sentimento
Que transforme toda a vida.
Mãos se procurando,
Um toque aveludado,
Procurando preencher
146
Um vazio que existia
Mas que vai se completando;
Estabelecendo a sensação
De suprema alegria.
É o amor que nasce
Interligando duas vidas,
Consolidando a união
Sem que se estabeleça a culpa.
Então chegou o momento. . .
Não importa
Não importa quem eu sou.
Sou um anônimo
Que sem constrangimento
Deseja expressar um sentimento.
O prazer de tê-la conhecido,
Embora em rápido colóquio
Talvez já esquecido,
Mas que possibilitou
Constatar, em um momento,
147
Que ainda há doçura;
Que a alma está em crescimento
E poderemos encerrar a procura.
Pois encontramos a grandeza
Nessa alma que se derrama
E que apesar de até poder
Subir a um pedestal
Volve o seu angelical olhar
Para contemplar os pequeninos.
Feliz o pássaro que pousa em sua janela,
Felizes as pessoas que lhe compartilham o lar!
R E T A L H O S
À medida que viajei
Desejando encontrar o fim
Da estrada chamada tempo
Fui dividindo-me em pedaços
Que larguei pelo caminho.
Havia tanta esperança
148
Quando parti do meu interior
Carregando a bagagem
Que construi trabalhando
Os místicos mistérios
Das regiões transcendentais.
Parti na certeza de encontrar
As alegrias que sonhei
Naquele objetivo final
Para onde havia partido
A musa da minha fantasia.
Mas, também, dela
Foram as partes que encontrei
Abandonadas à margem do caminho
Já esvaziadas de esperanças,
Sem animo de vencer
O restante da caminhada;
E ali mesmo encerramos
A vontade de chegar.
D E S E J O
149
Ah! Como eu gostaria,
Que você me amasse!
E que me olhasse
Sem ser por obrigação.
Se importar em me cuidar
Como se eu fosse
Um ser que precisa
De carinho para viver.
Não apenas me desse
Mas se desse a mim
Numa entrega consentida
Como quem deseja se doar.
Isso seria a realização
Do sonho que idealizei,
O doce fluir da fantasia
Para ser satisfeita a dois.
150
Nós dois aqui perdidos
Sem a direção encontrar!
Embora os corações se inflamem
Na vontade de amar.
L A Ç O S
As lembranças me prendem,
Impotente, à adolescência
Tempo de alegrias e prazeres
Mas também de muitos pesares.
Ali deixei perdido na saudade
O retrato do primeiro amor,
Que se diluiu na fantasia
Como a destruir a realidade.
Mas essa realidade existe
E até me prende ao passado,
151
Aquele período florido
Cheio de anseios e visões.
Nem imaginávamos nos verdes anos
O que se estenderia pelo futuro;
Desconhecíamos a maldade do destino,
Que separa cruelmente os que se amam.
Em meu peito nasceu um nó
Que nem um novo amor desfará;
O desespero e a dor no peito
Só se aplacaria pelo reencontro que nunca se dará.
S E R E S T A
Quando todos já cansados
Se recolhem às suas casas
Para desfrutarem do descanso
E retemperarem-se do dia de trabalho.
152
A noite em suave brisa
Ilumina-se com mil pontos a piscar
E a lua ergue-se lentamente,
Cheia, prá brindar os namorados.
No silencio que se instala,
Só ouvindo-se dos grilos o cricrilar,
Outro murmúrio mistura-se no ar,
Trazendo a voz de um trovador.
Com a cadência do violão marcando,
E a flauta chorando de emoção,
O grupo de jovens inicia
A seresta pra moça em sua janela.
O coração expande-se prá receber
A mensagem do amor primeiro
Que marcará pra sempre
Esse momento gravado pela emoção.
153
M O R R E R
Morrer é um dormir constante,
Mergulhar sem medo no mistério.
É procurar o que se faz distante . . .
Para envolver a alma em refrigério.
A vida, que é um acontecer da sorte,
Que desenvolve-se racional,
Tem como final objetivo a morte,
Não foge desse poder direcional.
O que nos cabe é aceitar
A visão que a vida nos dá
Que nos concede o acertar
O caminho que se encontra . . .lá.
Partimos tristes reticentes . . .
Buscando o descanso eterno
A reencontrar o amor materno
Para ouvir cantos silentes.
154
Encontramos o Poder Eterno
Ao Qual desejamos nos fundir
Para nos salvar do inferno
Evitando que venhamos a nos confundir.
P A L A V R A S
Apalpo a maciez das palavras,
Que constróem os lances da história,
Extraídos de profundas lavras
Para alimentar a vida transitória.
São, elas, peças preciosas
Que fazem amantes viverem o sonho
Unem mãos ansiosas
Para se alimentarem de carinho.
Palavras, suaves companheiras
155
Das horas de gozo ou de pesar
Dão-nos a paz da fantasia
Abraçam-nos como ventura passageira
Tentando nos confundir e enganar
Mas preenchem nossa vida de real magia.
I N O C Ê N C I A
Se queres ser feliz
Não mates a criança
Que insiste em viver em ti,
Para que não esqueças de sonhar.
O sonho é que dá vigor à vida
Quando a criança cria suas fantasias
Visualizando tempos e momentos
Que sempre estarão presentes
156
Será a inocência da criança
Que persiste em ser tua companheira
Que fará fruir de ti a vida
Será a mística mistura
De todas as idades que vivestes
Que te ligará a todos os tempos.
‘ F I N A L ‘
Chegamos ao final
De uma caminhada preciosa
Quando juntos percorremos
Alguns lances da história.
Vivemos juntos os momentos
157
Que marcaram nossas vidas
Unindo-nos na construção do sonho
Incentivando-nos a viver a fantasia.
Depois de trilharmos o caminho
Unidos pela força do destino
Coisa alguma jamais nos separará
Pois juntos construímos,
Aos pedaços, nossas vidas,
Juntos alcançamos o ideal.
158
E P Í L O G O
A pedra filosofal, que concede a suprema sabedoria, tem a forma piramidal e é recortada pela força do poder mental. A forma piramidal é representada por quatro triângulos interligados formando, cada um deles, o esquema de ligações das quais dependemos para que possuamos a suprema sabedoria; eles são posicionados com as pontas para cima e a base para baixo. Em um dos cantos estará uma pessoa e no outro o seu semelhante mais próximo. As bases dos quatro triângulos interligam-se, fazendo com que as pessoas que estiverem nos cantos estabeleçam um círculo, que é o sinal de unidade. As pessoas que irão ocupar os cantos, de onde partem os raios para o alto, deverão ser pessoas certas; dos cantos da pirâmide, sobem os raios para o centro do universo, ligando-se ao Criador de todas as coisas. Pelos mesmos raios descem os poderes revificadores e o mental. que proporcionará a sabedoria para aqueles que estiverem preparados. Não esqueçamos que a pedra não é material e sim forjada pela força mental.
O Elixir de Longa Vida, que concede a imortalidade é preparado à base do entusiasmo, confiança, determinação e perseverança, dando, ao ser que estiver ligado ao centro do universo, através da Pedra
159
Filosofal, uma eterna disposição jovial ao espírito, dando-lhe a certeza da imortalidade.
O entusiasmo prepara o espírito para os embates da vida dando-lhe coragem; a confiança no futuro nos dará determinação para realizarmos uma obra e a concretizaremos, se formos perseverantes.
No desenvolvimento dessa tarefa não teremos tempo para envelhecer, porque o trabalho preencherá os espaços e anulará o tempo pela rapidez dos acontecimentos. Viveremos mil anos em um dia e um dia em mil anos. Tornamo-nos senhores do tempo e do espaço, atravessaremos os anos sem que eles esmoreçam a nossa vontade de viver sempre mais. Pois a vida é uma corrente constante e interminável.
Quando você alcançar esse estágio, terá a missão de conduzir as pessoas para a realização dos seus sonhos. Nesse trabalho não poderá passar mais de cinqüenta anos em um mesmo lugar, porque passaria a ser alvo da maledicência, visto que as pessoas pertencentes a essa geração iriam desaparecendo e você não poderia justificar a sua longevidade, a sua eterna juventude de espírito.
Considera-se, também, que se nesses 50 anos as pessoas do lugar não souberem aproveitar para adquirirem conhecimentos e sabedoria, seria por não estarem preparadas. Nesse caso a sua missão deverá desenvolver-se em proveito de outra comunidade. No momento em, que um missionário deixa uma comunidade, para ir desenvolver nova missão, em outro lugar, outro estará assumindo para mais um período de 50 anos, durante o qual os seus componentes, ou alguns, terão a oportunidade de amadurecimento para a auto realização. Observem, através de suas percepções, porque sempre haverá, na sua comunidade, alguém, com quem poderão aprender. Não precisarão sinais, simplesmente vocês saberão, quando depararem com a pessoa certa. Muitos os chamarão de Pastor, de Pai, de Irmão, de Filósofo, de Sábio, de Gurú, não importa, você saberá.
Onde estiver, olhe em torno de si; use o seu poder de observação e encontrará o “Seu Mestre”.
Lembre-se do Silêncio. . .
160
T R A N S I C I O N A L
Como a nossa vida não terá, jamais, fim, essa palavra não define nada, visto que o fim não existe. No momento em que imaginamos o fim, já temos a continuidade através da ação; eis porque, também, nos seja propiciado transmitir a coisa da maior importância em nossa vida, visto que a nossa obra, a cada instante, tem a sua continuidade. As obras feitas, umas após outras, são, unicamente, parte de um todo. Cada livro deverá terminar, sempre, por reticências visto que se desenvolverá a sua continuidade. Razão porque, a obra de um escritor deverá ser considerada em seu conjunto, porque elas sempre estarão ligadas.
Consideramos que estas exteriorizações contidas neste livro são a continuação dos conceitos emitidos em "Mensagens e Reflexões" e as muitas questões, que aqui ficaram sem resposta, poderão ser esclarecidas em "Contos Para Ler a Dois na Cama". Eis a razão de sempre se ter que colocar reticências no aguardo de novas revelações. . .
Desejávamos descobrir quem realmente é esse personagem que se intitula Bruder Klein, mas depois de pesquisarmos dois de seus primeiros livros não chegamos a nenhuma conclusão, então remetemos você para nos ajudar a descobrir quem realmente é esse personagem. Leia os outros livros que se encontram no Recanto das Letras e nos ajudem a decifrar esse
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enigma. Através dos diversos livros existem detalhes que são auto biográficos e poderão revelar a história desse personagem.