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1 Impacto da Participação dos Trabalhadores nos Lucros das Empresas no Crescimento Econômico do país: uma análise de insumo-produto para o caso brasileiro. Amauri Welter 1 Carlos Alberto Gonçalves Junior 2 Jefferson Andronio Ramundo Staduto 3 Resumo: o presente estudo propõe-se a analisar o impacto da Participação dos Trabalhadores nos Lucros e Resultados das empresas (PLR) no crescimento econômico de curto prazo. Os efeitos de médio e longo prazos da PLR na produtividade, lucratividade e no emprego são amplamente discutidos na literatura. No entanto, os impactos da mudança no Valor Produto da Produção (VBP) causados pela PLR ainda são pouco abordados. Para a mensuração desses impactos, utilizou-se a análise de insumo-produto. Os resultados mostraram que os efeitos da PLR variam de acordo com de onde é feita a retirada do lucro para distribuição aos trabalhadores: (i) dos investimentos da empresa; (ii) da distribuição de lucros realizada aos acionistas (proprietários); (iii) ou de ambos. Conclui-se que quando os lucros distribuídos aos funcionários são retirados da remuneração dos acionistas (proprietários), o impacto no Valor Bruto da Produção é positivo, causando um crescimento na economia, porém, quando retirado do investimento, o impacto é negativo. Palavras-chaves: Participação dos Trabalhadores nos Lucros e Resultados - PLR, Crescimento Econômico, Análise de Insumo-Produto, Estrutura de Consumo. Abstract: This study proposes to analyze the impact of the Profit- Sharing - PS on short-term economic growth. The medium and long-term effects of the PS on productivity, profitability and employment are widely discussed in the literature. However, the impacts of Gross Output changes caused by the PS are still little discussed. For the measurement of these impacts, the input-output analysis was used. The results showed that the effects of PS vary according to where profit shared come from: (i) the company's investments; (ii) the distribution 1 Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE – Toledo E-mail: [email protected] . 2 Professor Adjunto no Departamento de Economia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) E-mail: [email protected] 3 Professor Associado no Departamento de Economia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) E-mail: [email protected]

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Page 1:  · Web viewDe acordo com Kruse (1992), a PLR aumenta a produtividade em 1% ou mais, economicamente esse resultado é significativo. Caso seja atribuído uma elasticidade de produção

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Impacto da Participação dos Trabalhadores nos Lucros das Empresas no Crescimento Econômico do país: uma análise de insumo-produto para o caso brasileiro.

Amauri Welter1

Carlos Alberto Gonçalves Junior2

Jefferson Andronio Ramundo Staduto3

Resumo: o presente estudo propõe-se a analisar o impacto da Participação dos Trabalhadores nos Lucros e Resultados das empresas (PLR) no crescimento econômico de curto prazo. Os efeitos de médio e longo prazos da PLR na produtividade, lucratividade e no emprego são amplamente discutidos na literatura. No entanto, os impactos da mudança no Valor Produto da Produção (VBP) causados pela PLR ainda são pouco abordados. Para a mensuração desses impactos, utilizou-se a análise de insumo-produto. Os resultados mostraram que os efeitos da PLR variam de acordo com de onde é feita a retirada do lucro para distribuição aos trabalhadores: (i) dos investimentos da empresa; (ii) da distribuição de lucros realizada aos acionistas (proprietários); (iii) ou de ambos. Conclui-se que quando os lucros distribuídos aos funcionários são retirados da remuneração dos acionistas (proprietários), o impacto no Valor Bruto da Produção é positivo, causando um crescimento na economia, porém, quando retirado do investimento, o impacto é negativo.

Palavras-chaves: Participação dos Trabalhadores nos Lucros e Resultados - PLR, Crescimento Econômico, Análise de Insumo-Produto, Estrutura de Consumo. Abstract: This study proposes to analyze the impact of the Profit-Sharing - PS on short-term economic growth. The medium and long-term effects of the PS on productivity, profitability and employment are widely discussed in the literature. However, the impacts of Gross Output changes caused by the PS are still little discussed. For the measurement of these impacts, the input-output analysis was used. The results showed that the effects of PS vary according to where profit shared come from: (i) the company's investments; (ii) the distribution of profits to shareholders (owners); (iii) or both. It is concluded that when the profits distributed to the employees are retired from the remuneration of the shareholders, the impact on Gross Output is positive, causing economic growth, but when withdrawn from the company´s investment, the impact is negative.

Key words: Profit-Sharing; Economic Growth; Input-Output analysis; Consumption Structure.

CÓDIGO JEL: O20, O47, C67

ÁREA DE SUBMISSÃO: ÁREA 2 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

1 Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE – Toledo E-mail: [email protected] Professor Adjunto no Departamento de Economia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) E-mail: [email protected] Professor Associado no Departamento de Economia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) E-mail: [email protected]

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1. INTRODUÇÃO

A Participação nos Lucros e Resultados (PLR) é compreendida como qualquer processo pelo qual o empregador paga ou disponibiliza aos seus empregados o recebimento, sob determinadas regras de elegibilidade e condições econômicas, de determinadas somas correntes ou diferidas que são retiradas dos lucros da empresa (LOBOS, 1990).

A PLR está em consonância com a teoria do salário eficiência, na qual as firmas obteriam melhores resultados econômicos ao pagarem a seus funcionários rendimentos superiores ao pago pelo mercado (GÖCKE, 2011). Espera-se a redução na rotatividade e, consequente, diminuição dos custos de contratação e treinamento, devido às remunerações mais atraentes, ou seja, aumenta o custo de oportunidade do trabalhador. Mesmo para os trabalhadores menos qualificados que tenham baixo custo oportunidade, o aumento de rendimento pode ser convertido em melhor alimentação, assim são mais saudáveis e produtivos. De acordo com Tuma (1999) a PLR pode levar ao aumento da produtividade do trabalhador, funcionando como um incentivo para maior empenho na execução de suas tarefas e atividades laborais, devido aos maiores rendimentos recebidos. A magnitude dos efeitos sobre a produtividade estaria em grande parte condicionada ao valor da PLR.

A participação do trabalhador nos lucros e resultados ocasiona impactos econômicos de diversas naturezas. No que diz respeito aos aspectos microeconômicos, estudos como o de Corrêa e Lima (2006) comprovam os impactos positivos na produtividade do trabalhador. Já Martins (1997) aponta os benefícios na lucratividade das empresas. No que se referem aos aspectos macroeconômicos autores como Quarrey e Rosen (1997) citam aumentos na geração de empregos, Ros (2001) afirma haver aumento da poupança interna nacional. De acordo com Hoffmann (2001) e Alesina e Perotti (1994), a maior participação da renda do trabalhador na distribuição funcional da renda corrobora para o crescimento da economia, e segundo Pereira (2017), países desenvolvidos apresentam elevadas participações do trabalhador na renda.

Os aspectos macro e microeconômicos referem-se aos resultados econômicos de médio e longo prazos. O presente estudo tem como objetivo principal identificar os efeitos de curto prazo promovidos pela mudança na estrutura de consumo e no crescimento econômico após a distribuição dos lucros e resultados aos trabalhadores. Em outras palavras, caso o lucro não fosse distribuído ao funcionário, poderia ter outros destinos, como o investimento em máquinas e equipamentos, ou distribuição aos proprietários da empresa, o que, em termos econômicos. também poderia trazer resultados positivos.

Desta forma, a análise desse estudo é limitada ao curto prazo, pois investimentos podem, no longo prazo, aumentar a produtividade e, consequentemente, gerar impacto no Valor Bruto da Produção (VPB). Além disso, não se propõe a avaliar o impacto do aumento da produtividade do trabalhador devido à maior renda percebida por meio da participação dos lucros.

Os estudos de impacto de curto prazo são muito escassos. Desta forma, não se sabe se os impactos provocados pela mudança na estrutura de consumo da economia vão corroborar com os resultados positivos já evidenciados no longo prazo. Destarte, o trabalho contribui com a literatura já estabelecida acerca do tema, ao evidenciar os resultados de curto prazo promovidos pela distribuição dos lucros aos funcionários: se ela potencializa ou tem sentido contrário aos resultados positivos de longo prazo, já consolidados na literatura.

2. REFERENCIAL TEÓRICOEsta seção tem como objetivo descrever como a distribuição de lucros e resultados aos

funcionários pode influenciar o desempenho econômico em aspectos microeconômicos, no que se refere à produtividade do trabalho e lucratividade da empresa; e efeitos macroeconômicos, no que diz respeito ao emprego e à distribuição funcional da renda.

2.1 Impactos da PLR: aspectos microeconômicosAs formas de remunerações baseadas em resultados podem ser divididas de diversas maneiras.

Existem formas de incentivos individuais aos trabalhadores, formando remunerações flexíveis, programas

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de reconhecimento, incentivos de longo prazo ou participação acionária, participação nos lucros e participação nos ganhos ou resultados (FLANNERY, HOFRICHTER, PLATTEN, 1997). Segundo Martins (2007) a PLR é o pagamento efetuado pelo empregador ao empregado, em decorrência do contrato de trabalho, por força da lei ou da vontade das partes, referente à distribuição do resultado positivo obtido pela empresa, desta forma, trata-se de uma que recompensa pelo esforço laboral do trabalhador.

Existem duas peculiaridades que diferenciam a PLR de outros programas de participação: (i) a forma de pagamento é variável; e (ii) esquema de incentivo de grupo relacionado ao desempenho da empresa como um todo. A PLR pode ser uma forma de participação acionária dos trabalhadores ou estar associada com outras formas de participação financeira. Além disso, também está associada com níveis variados de informação compartilhada e participação na tomada de decisões (ESTRIN et al., 1997).

As remunerações flexíveis podem trazer benefícios para a empresa, já que com gratificações maiores, o trabalhador tende a se esforçar mais e, consequentemente, ser mais produtivo. As remunerações flexíveis também são interessantes para as empresas em períodos de crises, uma vez que podem transferir parte do ônus da queda de demanda para os trabalhadores, já que com a diminuição dos lucros o repasse aos trabalhadores também diminui, mostrando a eles a necessidade de retenção de despesas.

Segundo Martins e Veriano (2004), a PLR pode aumentar algumas oportunidades aos trabalhadores, como melhorar a renda, aperfeiçoar a reestruturação produtiva, fortalecer a organização dos trabalhadores e ter mais e melhores informações sobre a empresa. Todos esses resultados podem trazer para a empresa um potencial de aumento de produtividade; lucros maiores, determinados pelos melhores resultados encontrados com política de distribuição (MARTINS, 1997; MARTINS, VERIANO, 2004).

A PLR do ponto de vista da firma pode-se melhorar o seu desempenho da companhia por meio de por meio das seguintes formas: (i) aumento do esforço laboral do trabalhador em razão do envolvimento e responsabilidade com os resultados, bem como, de qualidade de vida no trabalho e clima organizacional; (ii) aumento da qualificação da mão de obra; e (iii) melhora do fluxo de informação dentro da firma. Vários estudos empíricos foram elaborados e corroboram com a teoria de que um maior rendimento do trabalhador dentro do processo produtivo aumenta a produtividade do mesmo, e inclusive o estoque de capital (KRUSE, 1992; MARTINS, 1997).

Estudos acerca do impacto da PLR no desempenho das empresas são realizados em vários países do mundo. Segundo FitzRoy e Kraft (1986), empresas do leste alemão apresentaram resultados positivos maiores do que os incentivos coletivos oferecidos, sugerindo que a participação nos lucros e participação acionária, podem aumentar a motivação e a produtividade de forma a proporcionar maiores lucros para as empresas. Cahuc e Dormont (1997) apud Correa e Lima (2006) também encontraram na França evidências de efeitos positivos da PLR sobre a produtividade, inclusive naquele país, empresas com mais de 50 funcionários são obrigadas a oferecer algum tipo de esquema de participação aos trabalhadores.

Os resultados sobre a influência da PLR na produtividade, com base em dados de empresas norte-americanas, indicaram que a adoção da PLR estava associada a um aumento na produtividade que variava entre 2,8% e 3,5% para companhias manufatureiras e entre 2,5% e 4,2% para as não manufatureiras. Quando a PLR era medida como proporção dos empregados abrangidos, os efeitos estimados aumentavam para 7,9% a 8,9% para as manufatureiras e 10% a 11% para as não-manufatureiras. Além disso, a PLR ajudou a manter os índices de geração de emprego 3,8% maiores e a rotatividade 40% menor quando comparadas às empresas que não praticaram a política, proporcionando menores custos para a instituição e lucros maiores.

(CORRÊA e LIMA, 2006).De acordo com Kruse (1992), a PLR aumenta a produtividade em 1% ou mais, economicamente

esse resultado é significativo. Caso seja atribuído uma elasticidade de produção do capital de 0,25%, o aumento de 1% da produtividade é equivalente ao aumento no estoque de capital de 4%. Os efeitos encontrados no aumento na de participação acionária não apresentam efeitos tão consistentes como no caso da PLR.

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Em estudos elaborados por Bell e Neumark (1993), para o caso norte-americano, os resultados indicaram um diferencial no crescimento dos custos do trabalho entre as empresas que aderiram e as que não aderiram a esquemas de PLR. As empresas que negociavam esquemas de PLR exibiam crescimento nos custos do trabalho menor do que aquelas que não praticavam o plano, ainda um maior crescimento no emprego e na estabilidade. Seguindo esse raciocínio, de acordo com Fung (1989) apud Corrêa e Lima (2006), o plano de PLR expande os lucros, além de distribui-los ao trabalhador. Desta forma, potencialmente, tanto os trabalhadores como a empresas podem ter ganhos

Para o caso brasileiro, Zylberstajn (2002) buscou mensurar se a PLR tinha alguma influência sobre a produtividade do trabalho, o envolvimento dos trabalhadores e a relação entre funcionários e seus supervisores. Os resultados do estudo indicam que os pagamentos relacionados ao desempenho tiveram de fato um impacto positivo sobre a produtividade percebida. Dada a parcela de trabalhadores cobertos pelo plano, a produtividade mostrou-se positiva e significativamente afetada pela participação nos lucros e nos resultados.

Ainda para Zylberstajn (2002), a PLR, quando propriamente negociada, só é paga se as metas estabelecidas forem alcançadas, assim, o custo da participação pode acompanhar o ciclo de conjuntura. Em períodos de expansão das atividades, crescem os lucros das empresas e, em consequência, o valor da participação. O oposto deve ocorrer em períodos de recessão.

2.2 Aspectos macroeconômicos da PLROs efeitos da participação nos lucros e resultados transcendem os aspectos microeconômicos

como a produtividade e a lucratividade das empresas, desdobrando impactos positivos também na geração de emprego. Para Weitzman (1984) a participação dos trabalhadores nos lucros e resultados pode criar incentivos que moveriam a economia para uma situação mais próxima do pleno emprego. De acordo com Krugman (1994, p.11) “A produtividade não é tudo, mas no longo prazo é quase tudo. A capacidade de um país melhorar seu padrão de vida ao longo prazo depende quase inteiramente de sua capacidade de aumentar a produção por trabalhador”.

De acordo com Chelius e Smith (1990) os trabalhadores que possuíam um pacote de remuneração mais flexível, incluindo a PLR, estavam menos propensos a serem demitidos em casos de diminuição de demanda do que trabalhadores que possuíam apenas um salário fixo, baseado no número de horas trabalhadas. Ainda para Corrêa e Lima (2006) uma das vantagens potenciais dos esquemas de PLR é sua capacidade de contribuir para estabilizar a economia em um nível mais elevado de emprego. Isso ocorreria porque, particularmente em períodos de recessão, o ajuste desencadeado pela queda na demanda seria feito pelo encolhimento da massa de pagamento, porém, não do nível de emprego. Em um país como o Brasil, em que o problema do desemprego é crítico, a participação nos lucros pode ser uma maneira de atenuar os efeitos de um período de crise (CORRÊA e LIMA, 2006).

Segundo FitzRoy e Kraft (1986), a PLR melhora as relações de emprego de longo prazo, por sua vez, fomentam maiores investimentos específicos por parte das empresas. Quarrey e Rosen (1997) também constataram que a média anual de crescimento do emprego nas firmas com política de PLR era 3,8% maior em comparação a suas concorrentes.

Para Azfar e Danninger (2001) a PLR melhora a produtividade do trabalhador em razão da redução na rotatividade e aumenta a estabilidade no emprego e, portanto, expande o período de amortização para investimentos em capital humano. Segundo os autores, a rotatividade dos funcionários em empresas que incluíam a PLR em seus programas é cerca de 40% menor.

A maior participação dos trabalhadores nos resultados das empresas também pode afetar, em termos macroeconômicos, a distribuição funcional da renda nacional. De acordo com Saboia e Hallak Neto (2014), Distribuição Funcional da Renda (DFR) refere-se à divisão da renda gerada no processo produtivo pelos fatores utilizados na produção. Essa expressão indica que a distribuição da renda é feita levando-se em conta a função desempenhada pelos agentes econômicos no processo produtivo. Apontam-se assim as participações dos rendimentos do trabalho e do capital na renda gerada pela economia. Portanto, o aumento do peso relativo da parcela do trabalho na renda nacional melhor a distribuição da

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renda nacional e a simultaneamente a redução da desigualdade na repartição pessoal da renda do trabalho (IPEA, 2008; SABOIA & HALLAK NETO, 2014).

A Figura 1 apresenta o comportamento mais detalhado da distribuição funcional da renda no Brasil, como exibe um leve aumento da participação pelo trabalhador no decorrer dos anos observados.

Figura 1 - Participação dos componentes do PIB pela ótica da renda no Brasil – 2000 – 2016.

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 20160.00%

5.00%

10.00%

15.00%

20.00%

25.00%

30.00%

35.00%

40.00%

45.00%

50.00%

Remuneração EOB Rend. Misto ILPI

Fonte: Adaptado pelo autor do Sistema de Contas Nacionais – IBGE (2018)

A Figura 1 mostra que no Brasil as remunerações dos trabalhadores estão próximas a 45% da renda total. Para países desenvolvidos como Alemanha, Reino Unido, Itália, França, Japão, Canadá e Estados Unidos as remunerações apresentam proporções superiores a 55% (PEREIRA, 2017). Não se pode evidenciar que uma maior participação da renda do trabalho na distribuição funcional da renda é suficiente para que se classifique um país como desenvolvido, mas sim uma condição necessária.

Os estudos dos determinantes da DFR são parte necessária para se entender a economia, o processo de acumulação de capital, uma vez que a DFR influenciava diretamente o desenvolvimento e o crescimento econômico dos países (HEIN, 2014). A PLR pode auxiliar na melhora da participação da remuneração do trabalhador na distribuição funcional da renda nacional, o que aproximaria o Brasil de países desenvolvidos nesse quesito. Checchi e Garcia-Penãlosa (2010) estimaram para dezesseis países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico entre 1970 a 1996 que um aumento de 1% na quota salarial está associado a uma melhora de 0,7% no Índice de Gini.

2.3. A PLR das empresas no Brasil: um olhar para as instituiçõesA primeira vez que participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados das firmas entrou em

pauta no país foi na Constituição de 1946, (Art. 157, inciso IV). Nas reformas constitucionais realizadas em 1967 e 1988 o direito de PLR foi mantida. Na primeira reforma, a PLR passou a ser estabelecida como um direito de “integração do trabalhador na vida e no desenvolvimento da empresa, com participação nos lucros e, excepcionalmente, na gestão, nos casos e condições que forem estabelecidos” (Art. 158, inciso V). Em 1988, tornou-se direito de “participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa” (Art. 7º, inciso XI).

A participação nos lucros e resultados foi um dos pontos incorporados na Constituição de 1946, entretanto, durante os vinte anos de vigência, a PLR não foi regulamentada por lei. Apenas em 1967, concedeu-se maior flexibilidade para cada firma originar seu próprio programa de participação. Essa participação adotada na Constituição não visava fundamentalmente um aumento da remuneração do trabalhador, mas, antes disso, à sua “incorporação na vida e no desenvolvimento da empresa”.

A Constituição de 1988, apesar de desvincular expressamente a PLR das verbas salariais, ainda não concedia caráter de aplicabilidade da mesma. Essa maneira de tratar a PLR durou até dezembro de

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1994, quando foi regulamentada pela Medida Provisória 7944, sendo depois continuamente reeditada, até ser completamente convertida na Lei 10.101 em dezembro de 2000.

A Lei N° 10.101, de 19 de dezembro de 2000 dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa. Conforme Artigo 1° “Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade”. Deixando a cargo das empresas a negociação, conforme o Artigo 2° “A Participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados”. Para incentivar a prática da PLR o governo em seu Artigo 3° inciso 1° possibilita a inserção do PLR nas despesas, não incidindo tributação, “para efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados”.

Devido à não obrigatoriedade do pagamento da PLR, as negociações se diferenciam por setores, os acordos acontecem entre empregado e empregador ou entre sindicato e empresa, não havendo uma interferência ou uma lei direta na qual obriga todas as empresas a aderirem ao sistema de PLR, nem mesmo um valor mínimo aplicável em caso da inclusão. Desse modo, existem formas diferentes de distribuição que são aplicadas pelos vários setores da economia brasileira. Algumas empresas aplicam apenas o regime de resultados a partir e metas pré-estabelecidas, como o metalúrgico, que estabelece suas metas a partir da produção. O setor químico distribui rendimentos fixos caso haja obtenção de lucro pela sua indústria (SINDIQUIMICOS, 2017).

O setor elétrico representa bem a disparidade da distribuição da PLR nas empresas brasileiras, demonstrando que não há um padrão a ser seguido, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE, 2012), entre todas as empresas do setor elétrico, somente uma não utiliza o sistema de distribuição dos lucros, enquanto todas as restantes (31) o fazem, sendo que o valor médio da participação fica em torno de 6,7% para todo o setor elétrico, sob uma variação de distribuição de 0,6% a 20,5% de seus lucros.

Um dos setores mais antigos a se utilizar da legislação da participação dos lucros e resultados, de acordo com a Federação Nacional dos Bancos (FEBRABAN), é o setor bancário, um dos setores mais lucrativos do país. Desde 1996 o setor bancário, pelo seu sindicato, determina uma participação mínima na PLR de 5%, de acordo com a convenção coletiva. Algumas empresas excedem esses valores em pequenas porcentagens, porém o valor de 5% se tornou uma métrica mínima para ser distribuído aos trabalhadores deste setor.

3. METODOLOGIA

A análise insumo-produto é o nome dado a um quadro analítico desenvolvido por Wassily Leontief no final da década de 1930 em que o propósito fundamental é o de analisar a interdependência dos setores em uma economia. Atualmente os conceitos estabelecidos por Leontief são componentes-chave de muitos tipos de análise econômica e a análise insumo-produto é um dos métodos mais aplicados em economia (MILLER e BLAIR, 2009).

A principal vantagem da análise de insumo-produto reside basicamente no fato de que é um sistema operacional de equilíbrio geral que permite a identificação e, com a consideração de algumas hipóteses, a mensuração da interdependência da estrutura econômica (RICHARDSON, 1978).

Em uma análise de insumo-produto os setores da economia são agrupados em uma matriz onde as linhas registram os fluxos de saídas de produção, mostrando como a produção de um setor de atividade produtiva se distribui entre os demais setores da economia. As colunas da matriz registram as entradas necessárias à produção, evidenciando a estrutura de insumos utilizada por cada setor de atividade produtiva. (GUILHOTO, 2011)

Conforme mostra a Figura 2, cada linha da matriz Z indica o fluxo intersetorial, ou seja, o consumo intermediário de bens e serviços de cada setor. A matriz Y registra o consumo final, dividido em consumo das famílias, consumo governamental, exportações, formação bruta de capital fixo e variação de estoques. As linhas abaixo das matrizes Z e Y registram as despesas com importações, impostos indiretos

4 As medidas provisórias são utilizadas para adequar pontos dúbios da lei.

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líquidos e o valor adicionado (remuneração aos trabalhadores e excedente operacional bruto das empresas). Os totais das colunas e das linhas da matriz (vetor X e X’) registram a produção total de cada setor e devem ser iguais, indicando o equilíbrio da economia no qual as despesas de cada setor são iguais às suas respectivas receitas.

Figura 2 - Relações fundamentais de insumo-produtoSetores de Destino

Setores de origemConsumo

Intermediário(Matriz Z)

Demanda Final

(Y)

Produção

Total(X)

Importação (I)Impostos Indiretos

Líquidos (IIL)Valor Adicionado

(W)Produção Total

(X’)

Fonte: Adaptado de Guilhoto (2011)De acordo com Haddad et al. (1989), os principais pressupostos na utilização da metodologia de

insumo-produto são: (i) equilíbrio econômico a um dado nível de preços; (ii) inexistência de ilusão monetária por parte dos agentes econômicos; (iii) retornos constantes à escala; (iv) preços constantes.

Nesse contexto, a economia é dividida em n setores, sendo Xi o valor bruto da produção do setor i, Yi a parcela da produção do setor i que se destina à demanda final e Zij a parcela da produção do setor i que se destina ao setor j. Assim sendo, tem-se o seguinte sistema de equações lineares:

X1=Z11+Z12+.. .+Z1 n+Y 1

X2=Z21+Z22+. . .+Z2 n+Y 2

X i=Zi 1+Zi 2+. ..+Z in+Y i

X n=Zn1+Zn 2+. ..+Znn+Y n

(1)

A partir do referido sistema de equações deriva-se a matriz de coeficientes técnicos A, onde obtém

cada elemento a ij dividindo-se a parcela de insumo absorvida por cada setor j pelo total da produção do setor j.

a ij=Zij

X j (2)Se, por exemplo, o setor 1 opera a um nível de produção exatamente necessário para satisfazer as

necessidades de insumos dos n setores, bem como a demanda final, seu nível de produção precisa satisfazer a seguinte equação:

X1=a11 X1+a12 X2+ .. .+a1 n Xn+Y 1 (3)Rearranjando esta equação e estimando-a para todos os setores (o que permite derivar as equações

na forma matricial), e pré-multiplicando os dois lados da equação por ( I−A )−1 tem-se:

X=( I−A )−1 Y (4)

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Em que ( I−A )−1é chamada de matriz inversa de Leontief ou matriz tecnológica e X é a

quantidade de produção necessária para atender a demanda intermediária dos n setores e a demanda final Y.

Para Miller e Blair (2009) cada elemento da matriz inversa de Leontief representa a quantidade necessária de insumos diretos e indiretos do setor i por unidade monetária de demanda final à produção do setor j. Pela referida matriz, é possível definir o multiplicador de produção para cada setor como sendo a soma de suas colunas.

3.1 A Estratégia empíricaA Matriz Insumo Produto (MIP) utilizada foi a disponibilizada pelo IBGE para o ano de 2015 (67

setores e 127 produtos). Inicialmente, os dados do consumo das famílias da MIP foram desagregados para duas faixas de renda, utilizando a Pesquisa de Orçamento familiar – POF5. É importante ressaltar que os dados mais recentes da POF são para o ano de 2009, e a MIP foi elaborada para o ano de 2015. No entanto, utilizou-se apenas as proporções dos dados da POF para desagregar o consumo das famílias da MIP em cada estrato de renda, logo, por falta de uma POF mais atualizada, assume-se no presente estudo que os hábitos de consumo por estrato da renda em 2009 são os mesmos de 2015.

Os dados de consumo das famílias foram desagregados em (1) consumidores com renda superior a R$ 10.375,006 e (2) consumidores com renda inferior a R$ 10.375,00. O valor de R$ 10.375,00 representava 25 salários mínimos na data da última POF (2009), quando o salário mínimo vigente era de R$ 415,00. Desta forma, fica implícito no estudo que o consumo dos funcionários segue, de forma geral, a estrutura da faixa de renda (2) e dos acionistas (proprietários) segue a estrutura da faixa de renda (1). Essa hipótese é condizente com a realidade, uma vez que, as empresas que distribuem lucro são, em sua maioria, de porte médio ou grande e seus proprietários auferem renda relativamente elevada.

Para identificar a parcela de lucro a ser distribuída aos funcionários, utilizou-se o vetor de Excedente Operacional Bruto (EOB), por setor de atividade. Aplicou-se ao EOB alíquota de 5%. De acordo com a FENABAN (2016), essa alíquota é a praticada para distribuição de lucros aos funcionários do setor bancário, que é o setor onde a política de PLR está mais estruturada por meio dos acordos sindicais, e que pratica a PLR a mais tempo.

Para atingir o objetivo proposto pelo trabalho são analisados os resultados para três possíveis cenários, considerando os diferentes destinos que os 5% dos lucros poderiam ter, caso não fossem distribuídos aos funcionários. Assim, devido às diferentes alterações na estrutura de consumo definidas em cada cenário, são obtidos os diferentes impactos na economia:

(i) No cenário 1 o lucro distribuído aos funcionários é retirado do investimento. Nesse cenário, os 5% dos lucros destinados aos funcionários são retirados dos investimentos feitos pela empresa, ou seja, os 5% dos lucros são retirados respeitando a estrutura do vetor de investimentos das empresas e distribuídos aos funcionários, proporcionalmente ao consumo da classe de renda inferior a R$ 10.375,00.

(ii) No segundo cenário o lucro distribuído aos funcionários é retirado da remessa de lucros aos acionistas (proprietários). Neste segundo cenário, 5% dos lucros são retirados na proporção do vetor de consumo das famílias com renda superior a R$ 10.375,00 e distribuído às famílias com renda inferior a R$ 10.375,00.

(iii) No terceiro cenário os 5% dos lucros distribuídos aos funcionários são retirados, metade do investimento e metade da remessa de lucros aos acionistas (proprietários), ou seja, 2,5% dos lucros retirados na estrutura de consumo do investimento das empresas e os outros 2,5% na estrutura de consumo dos proprietários (faixa de renda superior a R$ 10.375,00) e posteriormente os 5% dos lucros distribuídos proporcionalmente à faixa de renda inferior.

Assim, com esses possíveis cenários é possível estimar como as alterações na estrutura de consumo da economia promovidas pela PLR influenciam o VBP nacional no curto prazo.

5 Elaborada pelo IBGE, a POF é uma pesquisa domiciliar por amostragem, que investiga informações sobre características de domicílios, famílias, moradores e principalmente seus respectivos orçamentos, isto é, suas despesas e recebimentos. 6 Os valores mencionados são para o ano de 2009.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕESA análise de insumo-produto pode ser utilizada para descobrir se, ao alocarmos mais recursos em

determinado setor, em detrimento de outros, quais seriam os impactos na economia do país como um todo, em termos VBP. Assim, pode-se observar que alguns setores têm efeitos multiplicadores acima da média e outros abaixo da média.

A Tabela 1 apresenta os multiplicadores de produção - MP para os 67 setores da economia, bem como se o referido multiplicador está abaixo ou acima da média dos MPs da economia.

Tabela 1 - Multiplicadores de produção e VBP

SETOR MPVBP

(em milhões R$) MÉDIAAgricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita 1,7237 309.301 ABAIXOPecuária, inclusive o apoio à pecuária 1,7950 137.018 ACIMAProdução florestal; pesca e aquicultura 1,3636 32.411 ABAIXOExtração de carvão mineral e de minerais não metálicos 1,8271 19.733 ACIMAExtração de petróleo e gás, inclusive as atividades de apoio 1,7061 171.984 ABAIXOExtração de minério de ferro, inclusive benef. e a aglomeração 1,7853 52.753 ACIMAExtração de minerais metálicos não ferrosos, inclusive benef. 2,0507 16.103 ACIMAAbate e prod. de carne, inclusive os prod. do laticínio e da pesca 2,5107 255.198 ACIMAFabricação e refino de açúcar 2,4088 48.066 ACIMAOutros produtos alimentares 2,3555 253.228 ACIMAFabricação de bebidas 2,2203 76.444 ACIMAFabricação de produtos do fumo 2,1772 15.084 ACIMAFabricação de produtos têxteis 2,0236 46.430 ACIMAConfecção de artefatos do vestuário e acessórios 1,8614 61.302 ACIMAFabricação de calçados e de artefatos de couro 2,0980 40.232 ACIMAFabricação de produtos da madeira 1,9557 26.588 ACIMAFabricação de celulose, papel e produtos de papel 2,0272 80.337 ACIMAImpressão e reprodução de gravações 1,8267 19.473 ACIMARefino de petróleo e coquerias. 2,4836 373.349 ACIMAFabricação de biocombustíveis 2,3794 42.841 ACIMAFab. de químicos orgânicos e inorgânicos, resinas e elastômeros 2,0147 145.533 ACIMAFabricação de def., desinfetantes, tintas e químicos diversos 1,9968 74.484 ACIMAFabricação de produtos de limpeza, cosm./perf. e higiene pessoal 2,1856 40.475 ACIMAFabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 1,7656 57.972 ACIMAFabricação de produtos de borracha e de material plástico 2,0235 101.171 ACIMAFabricação de produtos de minerais não metálicos 2,1129 89.569 ACIMAProd. de ferro gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço sem costura 2,1479 101.592 ACIMAMetalurgia de metais não ferrosos e a fundição de metais 2,1284 57.162 ACIMAFabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 1,9718 91.269 ACIMAFab. de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos 1,6837 85.209 ABAIXOFabricação de máquinas e equipamentos elétricos 2,0685 71.998 ACIMAFabricação de máquinas e equipamentos mecânicos 1,8753 120.638 ACIMAFabricação de automóveis, caminhões e ônibus, exceto peças 2,1800 146.446 ACIMAFabricação de peças e acessórios para veículos automotores 2,0757 70.497 ACIMA

(continua)

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SETOR MPVBP

(em milhões R$) MULT.Fab. de outros equip. de transp., exceto veículos automotores 1,9199 51.015 ACIMAFabricação de móveis e de produtos de indústrias diversas 1,8168 70.398 ACIMAManutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos 1,7488 62.460 ACIMAEnergia elétrica, gás natural e outras utilidades 2,0857 260.753 ACIMAÁgua, esgoto e gestão de resíduos 1,5764 62.845 ABAIXOConstrução 1,7992 632.308 ACIMAComércio por atacado e varejo 1,5387 1.100.763 ABAIXOTransporte terrestre 1,9900 332.855 ACIMATransporte aquaviário 1,7219 20.080 ABAIXOTransporte aéreo 1,8585 37.338 ACIMAArmazenamento, atividades auxiliares dos transportes e correio 1,5900 115.144 ABAIXOAlojamento 1,6961 23.990 ABAIXOAlimentação 1,8283 223.426 ACIMAEdição e edição integrada à impressão 1,7329 20.486 ACIMAAtivid. de tv, rádio, cinema e gravação/edição de som e imagem 1,7246 43.404 ABAIXOTelecomunicações 1,8145 161.039 ACIMADesenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação 1,3759 125.537 ABAIXOIntermediação financeira, seguros e previdência complementar 1,4859 574.611 ABAIXOAtividades imobiliárias 1,1093 545.929 ABAIXOAtividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas 1,4240 187.868 ABAIXOServ. de arquitetura, engenharia, testes/análises técnicas e P&D 1,4387 70.844 ABAIXOOutras atividades profissionais, científicas e técnicas 1,9910 94.350 ACIMAAluguéis não imobiliários e gestão de ativos de prop intelectual 1,4195 45.657 ABAIXOOutras atividades administrativas e serviços complementares 1,3889 208.430 ABAIXOAtividades de vigilância, segurança e investigação 1,2215 39.955 ABAIXOAdministração pública, defesa e seguridade social 1,4078 719.620 ABAIXOEducação pública 1,2421 309.034 ABAIXOEducação privada 1,3937 110.787 ABAIXOSaúde pública 1,4646 179.155 ABAIXOSaúde privada 1,5256 222.681 ABAIXOAtividades artísticas, criativas e de espetáculos 1,5926 34.631 ABAIXOOrganizações associativas e outros serviços pessoais 1,6637 145.590 ABAIXOServiços domésticos 1 61.996 ABAIXOFonte: Adaptado do IBGE (2018)

De acordo com a Tabela 1, percebe-se que alguns setores de atividade como (i) Abate de produtos de carne; (ii) Produção e refino de açúcar; (iii) Refino de petróleo; e (iv) Fabricação de Biocombustível têm altos multiplicadores de produção. Por exemplo, para um aumento de um milhão de reais na demanda final do setor de Abate de produtos de carne, o efeito direto e indireto no VPB de toda a economia é de 2,51 milhões de reais. Já setores como (i) Serviços domésticos; (ii) Atividade imobiliária; e (iii) Serviço de segurança apresentam multiplicadores próximos a 1, e, consequentemente, impactos relativamente menores no VPB.

Isso significa que, mudanças na estrutura de consumo da economia que redirecionem recursos para setores que, em média apresentem maiores multiplicadores de produção, resultarão em impactos positivos no VPB total da economia. Enquanto que, mudanças na estrutura de consumo que redirecionem

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os recursos para setores com multiplicadores de produção, em média, menores resultarão em impactos negativos no VBP total da economia.

Conforme descrito anteriormente, a análise do impacto da PLR no VBP nacional e, por conseguinte, no crescimento econômico foi feita considerando três cenários. No primeiro cenário os 5% dos lucros destinados aos funcionários são retirados dos investimentos feitos pela empresa, ou seja, os 5% dos lucros são retirados na estrutura do vetor de investimentos das empresas e distribuídos aos funcionários, proporcionalmente ao consumo da classe de renda inferior a R$ 10.375,00. Neste cenário, o VPB total do país teria uma queda de 0,06%, o que representa mais de 6 bilhões de reais, conforme apresentado na Tabela 2.

Tabela 2 - Resultados após redirecionamento do investimento para a PLR – Cenário 1

SETORVBP

(em milhões R$)Novo VBP

(em milhões R$)Diferenç

a (%)Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita 316.375,0 320.775,7 1,39%Pecuária, inclusive o apoio à pecuária 136.329,9 137.760,4 1,05%Produção florestal; pesca e aquicultura 33.338,7 33.772,1 1,30%Extração de carvão mineral e de minerais não metálicos 19.335,1 18.483,2 -4,41%Extração de petróleo e gás, inclusive as atividades de apoio 169.567,1 168.918,6 -0,38%Extração de minério de ferro, inclusive benef. e a aglomeração 51.468,7 51.258,3 -0,41%Extração de minerais metálicos não ferrosos, inclusive benef. 14.964,1 14.857,4 -0,71%Abate e prod. de carne, inclusive os prod. do laticínio e da pesca 254.919,4 261.191,9 2,46%Fabricação e refino de açúcar 51.210,4 51.837,9 1,23%Outros produtos alimentares 254.383,7 260.393,0 2,36%Fabricação de bebidas 78.376,1 80.672,9 2,93%Fabricação de produtos do fumo 14.583,5 14.826,6 1,67%Fabricação de produtos têxteis 48.415,7 49.314,3 1,86%Confecção de artefatos do vestuário e acessórios 62.979,6 64.341,5 2,16%Fabricação de calçados e de artefatos de couro 41.288,0 42.103,7 1,98%Fabricação de produtos da madeira 28.605,4 28.229,8 -1,31%Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 82.142,5 82.573,6 0,52%Impressão e reprodução de gravações 19.848,9 19.974,5 0,63%Refino de petróleo e coquerias. 377.662,6 381.509,6 1,02%Fabricação de biocombustíveis 45.676,3 46.407,4 1,60%Fab. de químicos orgânicos e inorgânicos, resinas e elastômeros 144.603,0 144.990,3 0,27%Fabricação de def., desinfetantes, tintas e químicos diversos 74.510,5 74.036,8 -0,64%Fabricação de produtos de limpeza, cosm./perf. e higiene pessoal 40.419,8 41.307,4 2,20%Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 58.016,6 59.185,0 2,01%Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 103.641,6 102.761,6 -0,85%Fabricação de produtos de minerais não metálicos 90.013,5 84.910,4 -5,67%Prod. de ferro gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço s/ costura 103.855,1 101.225,9 -2,53%Metalurgia de metais não ferrosos e a fundição de metais 57.009,8 56.345,4 -1,17%Fabricação de produtos de metal, exceto máq. e equipamentos 91.963,6 89.123,5 -3,09%Fab. de equipamentos de informática, prod. eletrônicos e ópticos 86.595,7 83.595,2 -3,46%Fabricação de máquinas e equipamentos elétricos 71.629,6 69.473,4 -3,01%Fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos 121.999,1 114.665,7 -6,01%Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus, exceto peças 151.479,9 147.573,1 -2,58%

(continuação)

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SETOR MPVBP

(em milhões R$) MULT.Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 71.691,6 70.824,6 -1,21%Fab. de outros equip. de transp., exceto veículos automotores 49.886,8 49.051,2 -1,68%Fabricação de móveis e de produtos de indústrias diversas 71.473,6 71.777,2 0,42%Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos 62.737,0 61.264,4 -2,35%Energia elétrica, gás natural e outras utilidades 261.540,1 265.804,8 1,63%Água, esgoto e gestão de resíduos 62.559,2 63.459,5 1,44%Construção 632.256,0 572.912,7 -9,39%Comércio por atacado e varejo 1.103.791,6 1.113.797,1 0,91%Transporte terrestre 334.469,8 337.239,8 0,83%Transporte aquaviário 20.092,6 20.146,8 0,27%Transporte aéreo 37.362,4 37.599,7 0,64%Armazenamento, atividades auxiliares dos transportes e correio 115.625,6 116.885,7 1,09%Alojamento 24.013,9 24.099,1 0,35%Alimentação 223.459,7 229.979,3 2,92%Edição e edição integrada à impressão 20.411,8 20.733,7 1,58%Ativid. de tv, rádio, cinema e gravação/edição de som e imagem 43.600,2 43.953,6 0,81%Telecomunicações 161.292,5 164.514,0 2,00%Desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação 125.623,2 119.417,2 -4,94%Intermediação financeira, seguros e previdência complementar 575.567,0 582.019,9 1,12%Atividades imobiliárias 546.121,5 561.012,5 2,73%Atividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas 188.310,9 188.772,2 0,24%Serv. de arquitetura, engenharia, testes/análises técnicas e P&D 71.066,8 69.851,3 -1,71%Outras atividades profissionais, científicas e técnicas 94.840,2 95.377,4 0,57%Aluguéis não imobiliários e gestão de ativos de prop intelectual 45.693,1 45.671,5 -0,05%Outras atividades administrativas e serviços complementares 208.794,7 209.602,2 0,39%Atividades de vigilância, segurança e investigação 40.060,8 40.151,9 0,23%Administração pública, defesa e seguridade social 719.753,6 718.951,3 -0,11%Educação pública 309.042,1 307.237,5 -0,58%Educação privada 110.814,8 113.408,9 2,34%Saúde pública 179.155,6 179.033,3 -0,07%Saúde privada 222.681,9 227.335,8 2,09%Atividades artísticas, criativas e de espetáculos 34.657,2 35.197,7 1,56%Organizações associativas e outros serviços pessoais 145.657,4 148.100,9 1,68%Serviços domésticos 61.996,0 63.560,2 2,52%TOTAL 10.273.309,8 10.267.140,8 -0,06%Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

Ainda de acordo com o Cenário 1, percebe-se que os setores estreitamente relacionados com os investimentos, tais como, (i) Fabricação máquinas e equipamentos, (ii) Construção e (iii) Fabricação de produtos minerais não metálicos, apresentaram forte retração, ou seja, um elevado decréscimo em seus VBPs. Estes mesmos setores possuem multiplicadores de produção acima da média da economia, logo, seus impactos negativos acentuaram os resultados da retração.

Os setores que mais se beneficiaram pela PLR, possuem, em sua maioria, multiplicadores de produção acima da média da economia. Porém, o impacto positivo nesses setores foi, percentualmente,

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menos expressivo. Enquanto os setores beneficiados obtiveram um impacto positivo de no máximo 3%, os setores com impacto negativo alcançaram valores próximos a 10%, o que resultou no impacto final negativo no VPB total do país em torno de 6 bilhões de reais. Assim, observa-se que o cenário 1, que propõe retirar o lucro a ser distribuído aos funcionários dos investimentos, teria um impacto econômico negativo no curto prazo, visto que houve um decréscimo no VBP.

No segundo cenário analisado, 5% dos lucros foram retirados proporcionalmente do vetor de consumo das famílias com renda superior a R$ 10.375,00, aqui considerados os proprietários (acionistas) das empresas, e distribuído às famílias com renda inferior a R$ 10.375,00, aqui considerados os funcionários. Nesse cenário, o impacto total em termos de VPB no país foi positivo em 0,04%, o que representa cerca de 4,5 bilhões de reais. Os resultados desagregados para cada setor estão na Tabela 3.Tabela 3 - Resultados após redirecionamento dos rendimentos dos proprietários para a PLR – Cenário 2

SETORVBP

(em milhões R$)Novo VBP

(em milhões R$)Diferença

(%)

Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita 316.375,0 317.743,7 0,43%Pecuária, inclusive o apoio à pecuária 136.329,9 137.254,5 0,68%Produção florestal; pesca e aquicultura 33.338,7 33.547,7 0,63%Extração de carvão mineral e de minerais não metálicos 19.335,1 19.352,6 0,09%Extração de petróleo e gás, inclusive as atividades de apoio 169.567,1 169.675,1 0,06%Extração de minério de ferro, inclusive benef. e a aglomeração 51.468,7 51.467,8 0,00%Extração de minerais metálicos não ferrosos, inclusive benef. 14.964,1 14.964,4 0,00%Abate e prod. de carne, inclusive os prod. do laticínio e da pesca 254.919,4 256.868,9 0,76%Fabricação e refino de açúcar 51.210,4 51.399,6 0,37%Outros produtos alimentares 254.383,7 256.302,0 0,75%Fabricação de bebidas 78.376,1 79.084,0 0,90%Fabricação de produtos do fumo 14.583,5 14.698,6 0,79%Fabricação de produtos têxteis 48.415,7 48.318,3 -0,20%Confecção de artefatos do vestuário e acessórios 62.979,6 62.170,6 -1,28%Fabricação de calçados e de artefatos de couro 41.288,0 41.364,3 0,18%Fabricação de produtos da madeira 28.605,4 28.610,8 0,02%Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 82.142,5 82.199,4 0,07%Impressão e reprodução de gravações 19.848,9 19.840,1 -0,04%Refino de petróleo e coquerias. 377.662,6 377.925,4 0,07%Fabricação de biocombustíveis 45.676,3 45.688,6 0,03%Fab. de químicos orgânicos e inorgânicos, resinas e elastômeros 144.603,0 144.908,0 0,21%Fabricação de def., desinfetantes, tintas e químicos diversos 74.510,5 74.677,1 0,22%Fabricação de produtos de limpeza, cosm./perf. e higiene pessoal 40.419,8 40.783,6 0,90%Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 58.016,6 58.097,8 0,14%Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 103.641,6 103.742,9 0,10%Fabricação de produtos de minerais não metálicos 90.013,5 90.079,2 0,07%Prod. de ferro gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço s/ costura 103.855,1 103.842,1 -0,01%Metalurgia de metais não ferrosos e a fundição de metais 57.009,8 57.010,1 0,00%Fabricação de produtos de metal, exceto máq. e equipamentos 91.963,6 92.044,6 0,09%Fab. de equipamentos de informática, prod. eletrônicos e ópticos 86.595,7 86.543,1 -0,06%Fabricação de máquinas e equipamentos elétricos 71.629,6 71.644,4 0,02%Fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos 121.999,1 121.994,6 0,00%

(continua)

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SETORVBP

(em milhões R$)Novo VBP

(em milhões R$)Diferença

(%)

Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus, exceto peças 151.479,9 150.618,7 -0,57%Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 71.691,6 71.565,0 -0,18%Fab. de outros equip. de transp., exceto veículos automotores 49.886,8 49.876,2 -0,02%Fabricação de móveis e de produtos de indústrias diversas 71.473,6 71.356,4 -0,16%Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos 62.737,0 62.786,8 0,08%Energia elétrica, gás natural e outras utilidades 261.540,1 263.325,5 0,68%Água, esgoto e gestão de resíduos 62.559,2 62.952,1 0,63%Construção 632.256,0 632.255,5 0,00%Comércio por atacado e varejo 1.103.791,6 1.107.303,8 0,32%Transporte terrestre 334.469,8 334.754,0 0,08%Transporte aquaviário 20.092,6 20.112,3 0,10%Transporte aéreo 37.362,4 37.186,4 -0,47%Armazenamento, atividades auxiliares dos transportes e correio 115.625,6 116.310,3 0,59%Alojamento 24.013,9 23.910,1 -0,43%Alimentação 223.459,7 225.367,7 0,85%Edição e edição integrada à impressão 20.411,8 20.279,3 -0,65%Ativid. de tv, rádio, cinema e gravação/edição de som e imagem 43.600,2 43.590,0 -0,02%Telecomunicações 161.292,5 161.369,8 0,05%Desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação 125.623,2 125.478,3 -0,12%Intermediação financeira, seguros e previdência complementar 575.567,0 568.503,2 -1,23%Atividades imobiliárias 546.121,5 546.549,4 0,08%Atividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas 188.310,9 188.137,6 -0,09%Serv. de arquitetura, engenharia, testes/análises técnicas e P&D 71.066,8 71.130,4 0,09%Outras atividades profissionais, científicas e técnicas 94.840,2 94.816,4 -0,03%Aluguéis não imobiliários e gestão de ativos de prop intelectual 45.693,1 45.641,6 -0,11%Outras atividades administrativas e serviços complementares 208.794,7 208.660,1 -0,06%Atividades de vigilância, segurança e investigação 40.060,8 40.023,9 -0,09%Administração pública, defesa e seguridade social 719.753,6 719.747,3 0,00%Educação pública 309.042,1 309.034,8 0,00%Educação privada 110.814,8 109.968,0 -0,76%Saúde pública 179.155,6 179.148,2 0,00%Saúde privada 222.681,9 220.980,8 -0,76%Atividades artísticas, criativas e de espetáculos 34.657,2 34.493,7 -0,47%Organizações associativas e outros serviços pessoais 145.657,4 145.526,3 -0,09%Serviços domésticos 61.996,0 61.175,6 -1,32%TOTAL 10.273.309,8 10.277.779,2 0,04%Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

No Cenário 2, os setores mais impactados com a mudança na estrutura de consumo, estão relacionados à indústria alimentícia, (i) Fabricação de Alimentos, (ii) Fabricação de Bebidas e (iii) Abate e produtos de carne, todos esses setores apresentam multiplicadores de produção acima da média da economia. Já os setores impactados negativamente foram (i) Educação privada; (ii) Saúde Privada; (iii) Intermediação financeira, seguros e previdência complementar; e (iv) Serviços domésticos, todos esses setores apresentam multiplicadores de produção abaixo da média da economia.

Pode-se inferir que o aumento na renda do trabalhador impactaria diretamente no seu consumo por bens da indústria alimentícia, por sua vez, esses setores possuem multiplicadores mais elevados do que os

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setores mais relacionados a serviços, que são os negativamente mais impactados pela restrição no consumo dos proprietários. Consequentemente, essa mudança na estrutura de consumo resultaria em um impacto total no VBP positivo em cerca de 4,5 bilhões, ou seja, nesse cenário a PLR causa um resultado positivo para o crescimento da economia.

Desta forma, se os lucros a serem distribuídos aos funcionários fossem retirados do repasse de lucros feitos aos proprietários, haveria resultados positivos na economia no curto prazo, corroborando com os resultados positivos de médio e longo prazos, de aumento da produtividade, maior geração de empregos, já estabelecidos pela literatura.

No terceiro cenário analisado, os 5% dos lucros distribuídos aos funcionários são retirados, metade do investimento e metade da remessa de lucros aos acionistas (proprietários). Nesse cenário, o impacto total no VPB do país é de -0,01%, o que representa uma redução de pouco mais de 800 milhões de reais. Os impactos desagregados por setores podem ser visualizados na Tabela 4.Tabela 4 - Resultados após redirecionamento de metade do investimento e metade do rendimento dos proprietários para a PLR – Cenário 3

SETOR

VBP (em milhões

R$)Novo VBP

(em milhões R$)Diferenç

a (%)Agricultura, inclusive o apoio à agricultura e a pós-colheita 316.375,0 319.259,7 0,91%Pecuária, inclusive o apoio à pecuária 136.329,9 137.507,4 0,86%Produção florestal; pesca e aquicultura 33.338,7 33.659,9 0,96%Extração de carvão mineral e de minerais não metálicos 19.335,1 18.917,9 -2,16%Extração de petróleo e gás, inclusive as atividades de apoio 169.567,1 169.296,9 -0,16%Extração de minério de ferro, inclusive benef. e a aglomeração 51.468,7 51.363,1 -0,21%Extração de minerais metálicos não ferrosos, inclusive benef. 14.964,1 14.910,9 -0,36%Abate e prod. de carne, inclusive os prod. do laticínio e da pesca 254.919,4 259.030,4 1,61%Fabricação e refino de açúcar 51.210,4 51.618,7 0,80%Outros produtos alimentares 254.383,7 258.347,5 1,56%Fabricação de bebidas 78.376,1 79.878,5 1,92%Fabricação de produtos do fumo 14.583,5 14.762,6 1,23%Fabricação de produtos têxteis 48.415,7 48.816,3 0,83%Confecção de artefatos do vestuário e acessórios 62.979,6 63.256,1 0,44%Fabricação de calçados e de artefatos de couro 41.288,0 41.734,0 1,08%Fabricação de produtos da madeira 28.605,4 28.420,3 -0,65%Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 82.142,5 82.386,5 0,30%Impressão e reprodução de gravações 19.848,9 19.907,3 0,29%Refino de petróleo e coquerias. 377.662,6 379.717,5 0,54%Fabricação de biocombustíveis 45.676,3 46.048,0 0,81%Fab. de químicos orgânicos e inorgânicos, resinas e elastômeros 144.603,0 144.949,2 0,24%Fabricação de def., desinfetantes, tintas e químicos diversos 74.510,5 74.357,0 -0,21%Fabricação de produtos de limpeza, cosm./perf. e higiene pessoal 40.419,8 41.045,5 1,55%Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos 58.016,6 58.641,4 1,08%Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 103.641,6 103.252,3 -0,38%Fabricação de produtos de minerais não metálicos 90.013,5 87.494,8 -2,80%Prod. de ferro gusa/ferroligas, siderurgia e tubos de aço s/ costura 103.855,1 102.534,0 -1,27%Metalurgia de metais não ferrosos e a fundição de metais 57.009,8 56.677,7 -0,58%Fabricação de produtos de metal, exceto máq. e equipamentos 91.963,6 90.584,0 -1,50%Fab. de equipamentos de informática, prod. eletrônicos e ópticos 86.595,7 85.069,1 -1,76%

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(continuação)

SETORVBP

(em milhões R$)Novo VBP

(em milhões R$)Diferença

(%)

Fabricação de máquinas e equipamentos elétricos 71.629,6 70.558,9 -1,49%Fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos 121.999,1 118.330,1 -3,01%Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus, exceto peças 151.479,9 149.095,9 -1,57%Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores 71.691,6 71.194,8 -0,69%Fab. de outros equip. de transp., exceto veículos automotores 49.886,8 49.463,7 -0,85%Fabricação de móveis e de produtos de indústrias diversas 71.473,6 71.566,8 0,13%Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos 62.737,0 62.025,6 -1,13%Energia elétrica, gás natural e outras utilidades 261.540,1 264.565,2 1,16%Água, esgoto e gestão de resíduos 62.559,2 63.205,8 1,03%Construção 632.256,0 602.584,1 -4,69%Comércio por atacado e varejo 1.103.791,6 1.110.550,4 0,61%Transporte terrestre 334.469,8 335.996,9 0,46%Transporte aquaviário 20.092,6 20.129,6 0,18%Transporte aéreo 37.362,4 37.393,1 0,08%Armazenamento, atividades auxiliares dos transportes e correio 115.625,6 116.598,0 0,84%Alojamento 24.013,9 24.004,6 -0,04%Alimentação 223.459,7 227.673,5 1,89%Edição e edição integrada à impressão 20.411,8 20.506,5 0,46%Ativid. de tv, rádio, cinema e gravação/edição de som e imagem 43.600,2 43.771,8 0,39%Telecomunicações 161.292,5 162.941,9 1,02%Desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação 125.623,2 122.447,8 -2,53%Intermediação financeira, seguros e previdência complementar 575.567,0 57.5261,6 -0,05%Atividades imobiliárias 546.121,5 55.3780,9 1,40%Atividades jurídicas, contábeis, consultoria e sedes de empresas 188.310,9 188.454,9 0,08%Serv. de arquitetura, engenharia, testes/análises técnicas e P&D 71.066,8 70.490,8 -0,81%Outras atividades profissionais, científicas e técnicas 94.840,2 95.096,9 0,27%Aluguéis não imobiliários e gestão de ativos de prop intelectual 45.693,1 45.656,6 -0,08%Outras atividades administrativas e serviços complementares 208.794,7 209.131,1 0,16%Atividades de vigilância, segurança e investigação 40.060,8 40.087,9 0,07%Administração pública, defesa e seguridade social 719.753,6 719.349,3 -0,06%Educação pública 309.042,1 308.136,1 -0,29%Educação privada 110.814,8 111.688,4 0,79%Saúde pública 179.155,6 179.090,8 -0,04%Saúde privada 222.681,9 224.158,3 0,66%Atividades artísticas, criativas e de espetáculos 34.657,2 34.845,7 0,54%Organizações associativas e outros serviços pessoais 145.657,4 146.813,6 0,79%Serviços domésticos 61.996,0 62.367,9 0,60%TOTAL 10.273.309,8 10.272.460,0 -0,01%Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

No cenário 3 percebe-se que novamente os setores que sofreram maior retração são os ligados aos investimentos, tais como (i) Construção e (ii) Fabricação de máquinas e equipamentos, fortemente relacionados com a produção de bens de capital. Os setores ligados ao consumo da classe trabalhadora,

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por sua vez, não têm capacidade de compensar o decréscimo provocado pelo efeito negativo nos setores relacionados ao investimento, pois seus multiplicadores são, em média, menores.

Em suma, pode-se constatar que, no Cenário 1, retirando a parcela de lucro a ser distribuída aos funcionários integralmente do investimento, o resultado total no VPB foi negativo. Já no Cenário 2 em que a parte do lucro a ser distribuída aos funcionários é retirada integralmente da remessa de lucros aos proprietários, o resultado total no VBP foi positivo. Já no Cenários 3, quando considerou-se metade da PLR retirada do investimento e metade retirada da remessa de lucros aos proprietários, o resultado foi negativo, mas em uma magnitude menor.

Pode-se então, pressupor que exista um ponto na proporção da retirada da PLR dos investimentos e da remessa de lucros aos proprietários em que o impacto no VBP seja nulo. Assim, fez-se uma interpolação linear, para encontrar o ponto onde o impacto no VBP é igual a zero. Desta forma, constatou-se que, para um limite de 42,01% retirado do investimento, e o restante (57,99%) da remessa de lucros aos proprietários, o resultado total no VBP é nulo. Nesse ponto em que o impacto no VBP é nulo, ainda haveriam os ganhos de longo prazo de rendimentos pelo trabalhador, porém a economia do país como um todo não sofreria impacto no curto prazo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme apresentado no presente estudo, a literatura que trata dos efeitos econômicos da PLR já comprovou os efeitos positivos em termos macro e microeconômicos de médio e longo prazos da distribuição de parte dos lucros aos funcionários das empresas, bem como os seus mecanismos de transmissão.

No entanto, o presente estudo analisou, a partir da matriz insumo-produto nacional, o impacto que a distribuição de parte dos lucros das empresas aos funcionários, por meio da PLR, teria no VBP do país e sua consequente contribuição para o crescimento econômico de curto prazo. Considerou-se o impacto no valor bruto de produção do país promovido pela mudança na estrutura de consumo da economia, a depender do destino que lucro das empresas teriam se não fossem distribuídos aos funcionários.

Para atender o objetivo foram propostos três diferentes cenários em que o lucro distribuído aos funcionários decorreu de diferentes origens. No Cenário 1 a parcela de lucro distribuída aos funcionários foi retirada do investimento da empresa. O impacto total no VBP para o país foi negativo (-0,06%), principalmente devido ao fato do forte impacto negativo nos setores de Produção de máquinas e equipamentos e Construção, que são setores com multiplicadores de produção acima da média da economia, demonstrando que no curto prazo os resultados econômicos teriam efeito oposto aos de longo prazo.

No Cenário 2 a parcela de lucro distribuída aos funcionários foi retirada da remessa de lucros aos proprietários (acionistas). Nesse cenário, o impacto no VBP foi positivo (0,04%), corroborando com os efeitos de médio e longo prazos já apontados pela literatura. Esse resultado decorre, principalmente, do fato de que os setores impactados positivamente pela transferência de renda aos funcionários, como a Fabricação de alimentos e bebidas, Abate e produtos de carne e outros, possuem multiplicadores de produção maiores que os setores impactados negativamente pela restrição de consumo dos acionistas das empresas, como Saúde privada, Educação privada e Intermediação financeira.

O Cenário 3 foi um híbrido entre o primeiro e o segundo, retirando 50% dos lucros distribuídos aos funcionários dos investimentos e 50% da remessa de lucros aos proprietários (acionistas). O impacto no VBP foi ligeiramente negativo (-0,01%). Posteriormente, realizou-se uma interpolação linear a fim de constatar qual a proporção entre o investimento e a remessa de lucros aos proprietários que anularia o impacto no VBP total do país, e essa proporção foi de 42% para o investimento e o restante para a remessa de lucros aos acionistas. Nessa situação de impacto nulo no VBP, os resultados de médio e longo prazo da distribuição dos lucros aos funcionários se manteriam, sem no curto prazo, afetar o crescimento econômico do país.

Desta forma, pode-se concluir que, se a maior parcela dos lucros distribuída aos funcionários for retirada de investimentos que a empresa faria o impacto de curto prazo no VPB será negativo. No entanto,

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se a maior parcela dos lucros distribuídos aos funcionários for retirada de valores que seriam distribuídos aos acionistas (proprietário) da empresa, o impacto no VPB será positivo.

Espera-se que o presente trabalho preencha uma lacuna na literatura acerca do tema, em que os resultados de curto prazo da mudança na estrutura de consumo da economia promovidos pela distribuição dos lucros aos funcionários através da PLR são negligenciados, ou pouco abordados.

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