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A VIDA DE UMA MULHER ZUNGUEIRA Mulheres zungueiras a noitinha numa da rua da capital Foto de Paulo Brijonev Zunga é uma actividade económica e de subsistência que as donas de casa e famílias angolanas adoptaram, principalmente as mais carenciadas, ela consiste na compra de produtos a grosso e posterior venda no mercado informal ou nas ruas. A palavra zunga tem origem na língua nacional Kimbundo que pode se traduzir em rodear, caminhar ou ainda passear. O fenómeno aparece entre nós no final da década de 1990 no auge da guerra civil no país, hoje porem devido ao êxodo rural que se verifica na capital do país, a actividade atingiu grande parte dos lares e concorre como o principal ganha-pão dos cidadãos de baixa renda. No intuito ro da Luz há já quase 5 anos”, segundo a nossa interlocutora, ela tem de acordar sempre cedo, cerca das 5 horas para poder comprar o negócio, uma vez que a praia é muito concorrida por outras vendedora e pessoas de diferentes estratos sociais e que muitas vezes contribuem para a especulação dos preços por parte que mora em Viana, Mana Madó zungueira de banana e produtos lácteos ao São Paulo, com ar extrovertido e muito alegre disse “ não ganhamos muito, mas já dá para nos ajeitarmos, pelo menos as panelas não entram em greve, os filhos não andam rotos, até comprei um aparelho grande”. São jovem zungueira do mercado do Benfica, fazia-se transportar ao colo seu marido, que por sinal também zungueiro, São vende frutas que adquire no mercado do Catin tom, anda com a filha às costas porque não tem com quem deixar, é oriunda de Benguela e gostaria de continuar a estudar para um dia ser advogada, apesar de conseguir já um terreno na capital para erguer a sua casa, sente Sociedade Página 8

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Page 1: uancommunications.files.wordpress.com  · Web view2011. 9. 30. · Foto de Paulo BrijonevSociedade Página 8seu marido, que por sinal também zungueiro, São vende frutas que adquire

A VIDA DE UMA MULHER ZUNGUEIRA

Mulheres zungueiras a noitinha numa da rua da capital

Foto de Paulo Brijonev

Zunga é uma actividade económica e de subsistência que as donas de casa e famílias angolanas adoptaram, principalmente as mais carenciadas, ela consiste na compra de produtos a grosso e posterior venda no mercado informal ou nas ruas.

A palavra zunga tem origem na língua nacional Kimbundo que pode se traduzir em rodear, caminhar ou ainda passear. O fenómeno aparece entre nós no final da década de 1990 no auge da guerra civil no país, hoje porem devido ao êxodo rural que se verifica na capital do país, a actividade atingiu grande parte dos lares e concorre como o principal ganha-pão dos cidadãos de baixa renda. No intuito de recolhermos mais subsídios e informações saímos à rua e procuramos manter uma conversa animada com as mulheres que vivem na pele a zunga, Tia Maria uma jovem aparentemente na casa dos seus 27 anos, disse que” vendo peixe no mor-

ro da Luz há já quase 5 anos”, segundo a nossa interlocutora, ela tem de acordar sempre cedo, cerca das 5 horas para poder comprar o negócio, uma vez que a praia é muito concorrida por outras vendedora e pessoas de diferentes estratos sociais e que muitas vezes contribuem para a especulação dos preços por parte dos pescadores, Constância outra zungueira de peixe que encontramos na Mabunda, disse que também tem de levantar da cama muito cedo para poder comprar o peixe, uma vez

que mora em Viana, já Mana Madó zungueira de banana e produtos lácteos ao São Paulo, com ar extrovertido e muito alegre disse “ não ganhamos muito, mas já dá para nos ajeitarmos, pelo menos as panelas não entram em greve, os filhos não andam rotos, até já comprei um aparelho grande”. São jovem zungueira do mercado do Benfica, fazia-se transportar ao colo de uma criança que aparenta ter 2 anos, segundo ela, não sabe concretamente a idade da filha porque quem anda com a cédula de nascimento da menina é o

seu marido, que por sinal também zungueiro, São vende frutas que adquire no mercado do Catin tom, anda com a filha às costas porque não tem com quem deixar, é oriunda de Benguela e gostaria de continuar a estudar para um dia ser advogada, apesar de conseguir já um terreno na capital para erguer a sua casa, sente saudades dos pais que ficaram na sua província de origem.

Apesar do cansaço e das dores constantes, com o dinheiro que ganham cons-

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