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ANNO XIX RIO DE JANEIRO, 0 DE DEZEMBRO DE 19lfi NUM. 1720

O Rio Nu Semanário Humorístico (Ilustrado

ENUMERO AVULSO =to.ni

Redacção, escriptorio e officinas— Rua do Hospicio N. 218 — Telephone Norte 3515

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ELLA — E para que serve, afinal, essa pequena «guilhotina»?ELLE — Para cortar a cabeça do... que de mais precioso tiver

o primeiro homem com quem tu me enganares.

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ELIXIR DE NOGUEIRA Do pbarmaceutico e chimico JOÃO DA SILVA SILVEIRAPELOTAS — RIO GRANDE DO SUL

Grande depurativo do sangue. Único que cura a "Syphilis"V«nd«*ac em todaa am PbRrnnoiai • Drogaria*.

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2=m (-JORIONU(-) \fa$=0 de Dezembro de líilti

C EXPEDIENTE )J DO LTZ J

Anuo

O KM» *!rUNDADO EM 1898

ASSIONATURAS. . 12*000 | Semestre.Exlerior: Anno 20*000Numero avulso, 200 réis

7*000

Nos Estados e no Interior, 300 réis

Toda a correspondência, seja deque especlo fôr, deve ser dirigida aogerente desta folha.

(EC©Ao Júlio Tellcs.

ALA de relevo escuro, com amplasjancllas guarnecidas de cortinadosde ramagem vermelha...

Pelas paredes alguns quadros a óleo, devalor diminuto...

Sobre o chão, de tijolo vermelho, estáestendido um tapete de lã e sobre este, umbilhar de páo santo espera os parceiros quetodas as noites, depois da palestra na boticado Cosme, vêm jogar...

A' roda das paredes —quasi até o meio,uns azulejos representando uma caçada...

O Telles — grande negociante de cor-tiça — espera os amigos do costume, e váefumando hollandez pelo seu cachimbo pre-dilecto...

O fumo muito azul, sobe em ondulações,e perde-se por fim...

Oito horas. Noite cerrada. O rigorosoinverno não deixa ouvir as raparigas can-tando junto ao rio. No adro da igreja, pertoda cadeia, conversa-se e discute-se...

Lá está o Antônio da Maluca de cajadoao lado, dizendo ao Joaquim da Horta:

Ora, não é novidade; já no outro diaos vi passar sozinhos, caminho á fonte fer-rea...

Mas ouve — tomou o outro — nemtudo que se diz é verdade Olha: lem-brar-me que também maldiziam da cachopado Sequeira e váe dahi era mentira ; nanjaeu que nunca nos meus paleios tal coisadisse...

E por aqui fora, a conversa generalisa-va-se, cortando-se — está claro — na vidados demais...

Olha — disse de repente o Antônioda Maluca — sabes o que ouvi dizer navenda do Chrispim Soldado, ao moço dosmandados ?... Que emquanto o marido estáno jogo das bolas, está ella prautada de pa-leio com o Sr. Cosme boticário... O lavra-dor Telles é que tem os olhos fechados...

Na saia, o doutor delegado, dizia para oSouza ,

Veja lá se estas bolas eslão cola-das!...

O Souza examinou-as e volveu :Não vejo bem...

Então o Telles voltou-se e exclamou comtolelma :

Tanta gente para nada ; eu vouver...

E vendo as bolas :Estão coladas e bem !... P'r'a mar-

ca I...

Igualmente, na alcova, a Lúcia e Cosmerolavam com as bocas coladas nas convul-soes do mal...

AUGUSTO FERREIRA GOMES.

Offensa ao pudor

A Belarmino Carneiro.

Eu conheci o foca, um rapazinho louro,alma casta e imiocente, angélico thesouro.Nunca pensou uo amor: se amor não conheciao cândido mocinho, em sua hypocondria I...Pensava em coisas vãs, qualquer futilidade,já muita vez imprópria a alguém da sua idade.Vinte annos completara, c sem perder siquerseus ares infantis em rosto de mulher.

Morava junto delle uma gentil mocinha;mas nunca se lembrou de olhar para a visinha.Ella— morena, ardente—ás vezes o fitava...e o jòcn, a enrubecer p'ra dentro se esgueirâva.

Passou-se assim um mez...e nada denamoro...Mas, na Bibi crescia o amor ao joven louro.Havia de vencer, jurou Bibi. Pudera !Rugia-lhe no peito o zelo de uma fera I—Tratou de armar um plano,e o plano foi armado,

Dahi a pouco tempo ojóca era... raptado.THESOURA.

"UMA AVENTURA"

Da Casa Editora Cupido & C, estabe-lecida na ilha de Venus, acaba de sair áluz uma collecção de vistas illustrandoa narração da aventura do Zé Nabo comuma «illustre cavalheira» que pelo nomeparece ter nascido mesmo para o Zé.

UMA AVENTURA, que é o titulo daobra, está admiravelmente impressa e sóa gravura que illustra a capa é um deli-cioso aperitivo. . . Vende-se a i^ooo oexemplar; pelo Correio i.f)5oo.

Pedidos a ALFREDO VELLOSO —Rua do Hospicio, 218.

AS PROVAS...

Ia casar, emfim, a D. Pelisberta I Aquellafeia mulher de 58 invernos achara, final-mente, um noivo I E que noivo I Um poeta— nem mais nem menos — syinpatliico, ele-gantee... novo —tinha trinta annos.

Para o rapaz, aquelle casamento era deconveniência ; como a vclhola ern rica, elk',que nfio linha vintém, mas que suspirava portel-o, acceitava-a por esposa.

Ella regosijava-se; elle fingia regosijar-se.

E o fingido regosijo delle era Interes-sanle.

Pelisberta querla-o sempre ao seu lado;o poeta fazia-lhe a vontade... Que remédio!Ou alural-a, ou perder o casório rico !

E os dolsfltrtavam.Dizia Pelisberta :

Está decidido que me caso com o se-nhor; mas ficaria contente se o visse dar-mealguma prova do seu heroísmo e da sua co-rngem!

Ao que o poeta retrucava, sabe Deuscom que esforço :

Dar-lh'as-ei, minha amiga, mas nãoagora. Na noite do casamento teia de mimas mais sinceras provas do meu heroísmo eda minha coragem.

Licor TibainaO melhor purifica-

— dor do sangue --

GRANADO & C. - Rua Io de Março, 14

Elvira, mundana conhecidissima, estavatomando um sorvete numa confeitaria daAvenida, quando delia se approximou umantigo conhecido.

Feitos os cumprimentos de estylo, elleinterroga :

Não me dirá, meu caro Isidoro, o queserá preciso que eu faça para conservar nomercado uma cotação ainda mais alta do quea da minha amiga josephina?

E elle, que é mestre no assumpto, res-ponde :

Para a minha boa amiga se tornar co-tada, bastar-lhe-á andar baixamente deco-tada.

TROVA

Quem canta os males espanta,Diz um rifão popular,E por isso é que se cantaPara os males espantar!

A' casa do Telles já chegaram os par-ceiros. Todos, bem dispostos, riem. 'Sorrateiramente, o Cosme, que não jo-

gava, saiu da sala, com mil cuidados, e — ébem certo que o povo quando fala tem razão— entrou no quarto de Lúcia, a esposa doTelles...

CANTIGAOlhos verdes cor da esp'rança,Inconstantes como o mar....Quem tem amor's é creança,Sou creança por te amar !

LOUQUINHA.

milia Beltrão -

Cahir de joelhos ao pés de uma mulheré sempre bom jogo, porque essa attitudeimpressiona-as vivamente e com força do-brada: visto como, se essa posição é umaprova de respeito, ella faculta, ao mesmotempo, um concurso de circumstancias muitoa talho de foice para se faltar ao mesmo res-peito.

GRANDE ROMANCE ESCANDALOSO

Preço Ilu1 - Pelo Correio I

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¦m\

9 de Dezembro de 1916 ""j*""**] (-) O RIO NU (-)

discursou,váe agora

a favor

Pelos TheâtrosCD

"Pelos caminhos da troça:

Com a partida da Companhia do CarlosGomes, está a dar-se um cclypac no mesmo.Os cometas vão apparecer na Pailllcéa comas cstrellas da Palha e os phenomenos dar-se-âo ás tantas da noite !

Ul" Não tendo mais oceasiao,no Carlos Guines o Cabo Valtadasconferenciar na liga D, Manoel 2dos cruzados dos Homens de lá...

t-r O jardim do Carlos üomes está de-serto; até que emfim tomaram juizo os gajosque lá peranibtilnvam.

t# Na festa do Raul Soares, o CarlosLeal deitou falhiçâo. Nos agradou, porém,senão criar barriga em S. Paulo, Ingo queaqui chegar receberá uma carta de Tietê,

t& Com a sabida da Companhia do Édendo Carlos Gomes, já ha crise de creolina.

Porque !tá" Ficará ainda grammaiido o gajo Vieira

a Cândida Leal; isto, menina, só por suaculpa e da sua lingua...

tS" O Raul Soares com o beneficio ficoulivre dos cadáveres aqui. mas chegando aLisboa vae encontrar muitos com a pena demorte...

tar A Belmira d'Almeida não entrou nafesta do Raul Soares porque o seu fiel Lultinão consentiu.

Também não fez falta.*& Quem está muito triste com a ida da

Tina Coelho para S. Paulo é a AntoniettaOlga.

Porque será tanta tristeza?tar Encontramos a Sarah Medeiros jan-tando com o Pinto no Restauram Brasil. Diz

elle que agora sim é que ella está no seuIdeal, porque só assim ella faz ralar a Tina.

Não sejas má, menina ; vocês que eramtão amigas ? !

t& O Costiiiha com a historia da vacca edo passarinho no beneficio da Margarida,foi mesmo um avaccalhamento.

Mocinho, para o futuro não seja tãoporco.t3 0ra, seu Eduardo Vieira, tenha vergo-nha e deixe-se de reprises. Não vê que ellaé a Davina e elle o Jornalista e que pôdemostrar-lhe os podres pela imprensa?!

tar Carlos Leal, na festa do Raul Soarespenitenciou-se, perante o publico, de tres de-feitos, segundo disse. Um delles, affirmouque era, o ter sido e continuar a ser amigodo emprezario Luiz Galhardo.

Como os tempos mudam !Esqueceu-se o trefego artista, do tempo

em que pelas columnas do Rio Nu, poz oSnr. Galhardo pela rua da amargura, acoi-mando-o até de inonarchista !

Por ahi se vê que o Carlos Leal estásempre no theatro, leva tudo a fingir.

tar Raul Soares, o enfant gatè do nossopublico fez sua festa no domingo 3. Palmase flores lhe faltaram,

«sr Com a primeira da «Barraca do Ci-gano» fez a sua festa artística no 1» destemez, o querido Benjamin de Oliveira.

Quer isto dizer que o Benjamin teve osossos esmagados de tantos abraços.

IroniasXIX

A. De N.Pretendeu dizer alguémQue esta actriz é boazinha...Mas — coitada — o que ella temE' só valor de negri... nha.

SEU COISA.

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MARCA RHUITIIABA .'*"*»- —-.¦*-¦¦ ¦ » — ¦

A elegância no trajar, adiada a um preçoconvidativo, é um problema que deve preoc-itipar todos aqucllcs que, desejando andar ves-lidos á moda náo dispõem de meios para man-darem talhar um lerno pelos alfaiates da higlt-life. Entretanto, é facilimo a solução desseproblema : a Alfaiataria Guanabara,o celebre 34 da rua da Carioca, fornece cos-lume de fina casemira ingleza ou franceza, comaviamentos e forros de primeira qualidade, etão bem acabado como os que sejam por preçoelevado nas alfaiatarias mais afamadas

Enviam-se instriicçõcs c acceitam-se pedi-dos do interior, dando-se agencia.

QUEM SAE AOS SEUS...

A Bernardo Lisboa.O Chico er.i um bilontra : esvelto, insinuante,uni getliò seducior, uma alma meiga, antault.Vestia com apuro us modas mais recentese passava por ter inspirações ardentes.Fez verso a muita bella... e verso mal rimado;mas sabia o ladrão fingir-se apaixonado.Fingir-se <_- bem o termo. O Chico nem se quersentiu alguma vez amar uma mulher.E a vida assim passava, a debicar o amor,pousando aqui, e ali, volúvel beija-flor.

Vivia a namorar, sem nunca perder vaza.

Porém, diz orifão, n'um'hora cáe a casa.Cupido ao seu troçar jamais poz embaraços;até que chega o instante em que o pilhou no laço.

O Chico apaixonou-se I o Chico! vejam so!A corda, que esticava, agora ia dar nó !. ..Ritinha (era o seu nome) amava o transformado.E o Chico ardia em chamma.O Chico apaixonado!Jurou-lhe muita vez paixões as mais sinceras,e agora, podem cier, jurou mesmo deveras.

Casou-se emfim o Chico.(Isso era de esperar).Dir-se-ia uni céo aberto a vida no seu lar.Nasceu-lhe um dia um filho, um Chico pequenino,gorducho, brejeirote. .. um gosto o tal menino.O pae, desde esse dia, ao filho consagrou-se;a extrema perfeição sonhava que elle fosse.Porém, não degenera o que aos parentes sae :mostrou-se o tal rapaz bilontra como o pae.Pelintra, jogador, vivendo a namorar...O Chico a intiniidal-o, e o filho a continuar:— Tu zombas de teu pae ? I.. .

— Eu, não. senhor, não zombo.—Pois hei de le curar, mas é c'o a farda ao lombo.E o Chico, que em rapaz não quiz um só conselho,quer hoje que o seu filho o tome por espelho!

RUV VAZ.

Au Bijou de Ia Mode ¦ Grande depositode calçados, por

atacado e a varejo. Calçado nacional e esiran-geiro para homens, senhoras e crianças. PrS-ços baratissimos, rua da Carioca ns. 78 e 80Telephonc 3.660 Central.

Em amor, a mulher virtuosa diz:-Não!A apaixonada :

Sim !A caprichosa :

Sim 1E:-Não !A coquetle :

Não !E:

Sim 1SMART PENSADOR.

UM CASO ORIGINALÍSSIMO

R_51O ONTEM á tarde, na Avenida, umsujeito bem trajado atravessou decorrida, por entre um grupo de pes-

seantes. dando tal encontrão num velhote,que lhe fez saltar a bengala da mão e o cha-péo da cabeça, mimoseaiido-o ao mesmotempo com uma furiosa pisadella no maismimoso callo do pé direito.

O velhote, indignado com o esturdioque assim lhe tratava os callos e a fazendacomo roupa de francezes, não se conteveque não bradasse:

Arre ! seu grande bruto I Você não vêpor onde anda, nem onde põe as patas ?...

Então, o sujeito do encontrão pára su-bitamente, volta-se para o velhote que oapostrophára, e diz com ar solemne, apre-sentando-lhe um cartão que tirara da algi-beira:

O cavalheiro insulta-me ! Aqui tem omeu bilhete de visita... Amanhã espero osseus padrinhos.

E, dizendo isto, retira-se com ar mages-toso, si bem que sempre apressado.

junta-se gente em torno do velhote. To-dos querem saber o nome do excêntrico in-dividuo que provocara o conflicto e exigiareparação pelas anuas.

O velhote fixa o cartão e lê com vózalta:

«As pessoas de bom gosto, quedese-jem passar noites deliciosas e dormir som-nos plácidos, embalados de sorridente so-nhos, não têm mais do que ler, na cama,algumas paginas das seguintes obras, illus-tradas com magníficas- gravuras : 69 (1J000),A Familia Beltrão (IfOOO), Amores de umfra-de (500 réis).Noite de Noivado (500 réis), Ma-dame Minet (500 réis), Casta Suzanna (500réis), Sandwich (500 réis) e muitas outrasque se vendem na Redacção d'0 Rio Nu eque se remettem pelo Correio a quem enviaras respectivas importâncias, fazendo o pedi-do a —ALFREDO VELLOSO, rua BuenosAires, n. 218, Rio de Janeiro.»

EPIGRAMMA

Da mulher já doido, farto,O marido, petulante,Deixou-a a dormir no quartoE foi p'ra casa da amante.

Ao confessionário :Ella — Padre, confesso haver peccad»

seis vezes no mesmo dia...O Padre — Seis ? ! Filha, se foi com o

mesmo homem, dê-lhe, da minha parte, sin-ceras felicitações.

Ií_v_'

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(-)ORIONU(-) 0 de Dezembro de 1910 SB

t3l)<iatro à'0 ttlo ttu

O Somno de João

Versos de Antônio Nobre.

O João dorme... O' Maria,Dlzc aquella cotoviaQue fale mais devagar:Nilo vrt o Joio acordar...

Tem só um palmo de alturaE liem meio de largura :Para o amigo orangotangoO João seria... um morango !Podia engiilil-o um leãoQuando nasce ! As pombas sãoUm poucocliiiiho maiores...Mas os astros são menores I

O João dorme... Que regalo !Deixal-o dormir, deixal-o !Caláe-vos. águas do nioinlio !O' Mar! fala mais baixinho...E tu, Mãe I e tu, Maria !Pede aquella cotoviaQue fale mais devagar:Não vá o João acordar...

O João dorme, o Iniiocentc !Dorme, dorme eternamente,Teu calmo somno profundo INão acordes para o Mundo,Pode levar-te a maré :Tu mal sabes o que isto é...O' Mãe I canta-lhe a canção,Os versos de teu Irmão :«Na Vida que a Dor povoa,Ha só uma coisa boa,Que é dormir, dormir, dormir...Tudo váe sem se sentir.»

Deixa-o dormir, até serUm velhinho... até morrer!

E tu vel-o-ás crescendoA teu lado (estou-o vendo...João I que rapaz tão lindo!)Mas sempre, sempre dormindo...Depois, uni dia viráQue (dormindo) passaráDo berço onde agora dorme,Para outro, grande, enormeE as pombas que eram maioresQue João... ficarão menores.

Mas para isso, ó Maria,Dize aquella cotoviaQue fale mais devagar:Não vá o João acordar...

E os annos irão passando.Depois, já velhinho, quando(Serás velhinha também)Perder a cor que hoje tem,Perder as cores-véfm-éjjiasE for cheinho de engelhas,Morrerá sem o sentir,Isto é, deixa de dormir:Acorda e regressa ao seioDe Deus, que é de onde elleveiu...

Mas para isso, ó Maria,Pede aquella cotoviaQue fale mais devagar:

Não vá o João acordar...

Licor TibainaO melhor purifica-— dor do s&zzgue —

GRANADO & C. - Rua _ de Março, 14

Collecção amorosa iü (___>« r.©_ir_EComposta de cinco romanceies edita_oi pelo l\>>> fVW.a sabert n. 1, Amorea de um Frudo, pt«-r«M lilslori.i .le Irei [gtuclo, uni mlarrit que smibocotar o que ••(¦' mcllior chiste nesta mundo—o amor)ii. 2, iMoit.- «Io Noivado, era qlio 1J0 narrailu.is peripécias de um noivado om que . noiva ê Uoescova Ja como o noivo; ¦ . \i Mndaiiio Mlnot,deliciosa narrativa da vida amorosa de uma mulherr__. .i, cm qne ella, afinal nio leva .i melhor parte,,.ii. -I, Caxta Si.s.iiinii, «imv.ij.iiuc liisiniiaile uma donzella. que só deixou de o ser depois dehaver provado o amor por vários modos que miocompromettlam .' sua virf.ind.idc ; c n, 5, Sand-wicli !, narraeSo minuciosa de uma reccnw.i%.wlaque cxpOe .» uma amiga as pcripc;i.is dasscciiaslüliraiimie a sujeitou o marido. —— —"Qualquer desses volumes, que se vendem juntos ouseparados, d raxüo de BOO róln cada um, constituauma leitura amena, muito recommendada aos tn/ra*queeiJct de todas as Idades, nilo sÒ pela linguagem alta>mente e. cttaiite cm que elles sAo escriptos, como tam-bem pelas lindas e suegestlvas gravuras que os orname qti_ s.o mesmo de t.»/er res tiscitnr um defumo, ——Üs pedidos do Correio, nos quaes devem acompanharmais HOQ réis nara o porte de cuia livro, devem .serdirigido» a

Alfredo Velloso -m « H0SPICI° >¦ m„„,,, .,., .„ Rio de Janeiro

E_33A collecção completa isoríi enviada

i a quem a pedir enviando a ^S7/rquantia do 3$300 (tra dinheiro) <'¦•¦¦¦-^

A ALCOVITEIRAComo quasi todo o vellio indinlieirado,

o banqueiro X. tem uma alcoviteira.Essa mulher — vellia lambem como to-

das as aicoviteiras — arranja amantes parao banqueiro, a troco de algumas cédulas, queelle lhe prodigalisa.A ultima mulher arranjada pela alcovi-

teira foi regeitada pelo banqueiro.Porque ?E' que se tratava de uma mocinha ainda

e X. teve medo... de alguma complicaçãona policia.

A marafona, ao apresentar-Ih'a, ouviudelle as seguintes desculpas :Tenho cá as minhas razões para nãoquerer a mulherzinha que me traz.Se são razões de força maior...Ah ! não ! não I — explicou o ban-queiro — Ao contrario : são de força menor,visto que a pequena tem só dezesete an-nos...

LUCAS.

— As mulheres são tanto mais ociosas,quanto mais está oecupado o seu coração.

<_8»Ao Carneira Geraldes

01. põr; rir de violeta ; choramos alcantis numa tristeza im-mciisa...

Sopra morna a vlraçâo doEnvolve a terra a sombra do trtyste-Uiva sinistramente um cão junto á

sul.rio.couréla.

Os traços purpurinos do poente vâo ro-latido e fundem se no Além...

A gemer, corre o açude, e os seus ge-niidos misturam-se com os guinchos de umazorra que váe pela azinhaga orlada de gi-eslas...

Ao fundo — na distancia — as brancascasas do povoado, e em todas, quasi sumi-dos, os risos dos beiraes de fogo...

O açude lá segue de impenetrável cor;a zorra já não guincha na azinhaga orlada deglestas ; só o cão, junto á couréla, uiva si-nistramenle...

Através do indeciso da noite já chegada,dobram-se tristemente as sobors do montadoe lembram duendes lendários de uma csctil-ptura forte...

No fundo de uma vereda, no ferregialda Hortinha, dois vultos — rendilhadas som-bras cortando o cinzento esbatido da tardeque fugia — conversam devagar:

Não ; não posso— articulava uma dassombras. Então, náo teimes...

E logo a seguir uma voz baritonada mor-dia o espaço, e ouvia-se :

Não ; não quero que o José da Ceifame roube o teu olhar; elle até já se diz teuconversado...

Ora, o gabarola...E a voz forte, pastosa, continuava:

Então ? 1 Mal vindo o S. João nos ca-samos e está tudo arranjado...

Não — gemia ella — Não quero IO vento, agora mais forte, trazia na-

quelle momento o som de um beijo entre-cortado...

O cinzento do indeciso tornou-se. maisescuro ; e cada vez mais e mais...

Ebauo !...Ouviu-se outra vez vibrar-um beijo

amante, e na couréla, o Icbreo, uivava tris-temente á branca lua, que, da sombra, des-fiontára linda...

AUGUSTO FERREIRA OOMES.

Rétif de La Bretona diz que o único meioque existe para que os homens não depen-dam das mulheres, é fazer com que ellasdependam dos homens.

&\ ___» (liàí'1^í!l_à-t%^

COMO ESTAVA COMO ESTOU

PEITORAL DE ANGICO PELOTENSE

Não ha em todo o mundo medica-mento mais efficaz contra tosses, resinados,influenza, coqueluches, bronchites, etc, doque o Peitoral de Angico Pelotense, verda-deiro especifico contra a tuberculose nosprimeiros grãos. E' o melhor peitoral domundo. O Peitoral de Angico Pelotensenão exige resguardo. Vende-se em todas aspharmacias e drogarias.

Depósitos: Pelotas, Ed. C. Sequeira;Rio, Drog. Pacheco; S. Paulo, Baruel &C.j Santos, Drog. Colombo.

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ANNO II Rio de Janeiro, 8 — 14 de Dezembro de 1916 NUM. 04

O BichinhoSEMANÁRIO DA BICHARIA Snpplemenfo <IO IIBO i_U

.çye»i:i>ii:v.i;

Toda a correspondência deve ser dirigi-da para a Rua do Hospício n. 218, ao Juqui-nha, palpiteiro mór.

Falpites do Acaso

Na praça da Republica, na alamedaque fica cm frente á cascata, duas en-rantadoras creanças traçaram com umpãozinho, inconscientemente, na areia,os seguintes bichos, a que nós acerescen-íamos as respectivas centenas :

O bicho da semana

__^_/f,

d#^i

BURRO VACCA

lElttv_ak "*"

Vr"!

123-324-821-022

912-410 269-771 200-497

Hoje em dia é fora dc duvida quesó pôde ser feliz ao jogo quem tirar osseus palpites pelas tabellas d'0 Bichinho.

Os bichos felizes

Uma conhecida cartomante desço-briu, pelas cartas, que são estes os bi-chos, actualmente, mais felizes:

NUM POSTAL

Achamos na rua da Carioca um pos-tal, onde pudemos ler, escripta a lápis, aseguinte curiosa chapinha:

Chapa semanalPelos quatro lados:

.Será bom não desprezar estes bellis-simos camaradas:

Carneiro467-365— 428-025 349-851

Milhar da sorte2.102

De pernas para o ar

Aqui temos o bicho que a sorte ati-rou de calramhias desta vez :

375

Borboleta Zm Mi—_2-_rtSJS-

273

416—313 240-739 896-195

Estão para sahir.

URSOTOURO K CAMELLO

004—602 889-390 853—055

_?_>lo £l__tigo

Para acompanhar durante a semana:

Grupos de 14 a 23

284-683 963-361 232-629

Margarida vae jogarHoje só, porque tem fé,Neste bicho, que vae dar:

— Jacaré.

Quem quer ganhar dinheiroPara viver radiante,Deve jogar no Carneiro,Na Cobra e no Elephante.

Por UE& óculoDo alto do morro de Santa Thereza,

avistamos nas nuvens, graças ao nossoóculo mágico, esta esplendida combi-nação :

ÁGUIA PERU'708-505 343—641 480-179

J?__x_i o cerco:f£ JACARÉ'

W &BM*Ê&1 045

533 §ÜÉI%s__»

333 As dezenas prováveis:48-81—62—30—37—12

488-385 360-757 118-019

CORRESPONDÊNCIA

Mariazinha — Jogue na Borboleta.Sr. Carlos — Acompanhe o Avestruz e

o Urso.' Mario — Macaco, Jacaré e Cobra, saobichos que não deve desprezar.

JUQUINHA.- :'"5§|||

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Estatística dos bichos premiados no mez de Novembro de 1816ii

Dias j ANTIGO Num. da sorte MODERNO Centena RIO Centena SALTEADO 2' Prem. 3° Prem. 4° Prem. 5' Prem.

lj Leão 20062 Coelho 837 Cavallo 041 Elephante 242 498 758 752d»

Urso 44290 Borboleta 515 Tigre 085 Jacaré 915 768 349 963L,eao 11961 Coelho 337 Gallo 049 Cavallo 268 907 788 878

5Jacaré 46258 Cabra 521 Camello 831 Carneiro 797 860 257 895

Coelho 42140 Vacca 199 Carneiro 325 Jacaré 722 977 231 527Peru 34979 Tigre 886 Camello 130 Borboleta 846 967 971 871Urso 13791 Águia 605 Camello 731 Leão 749 409 410 005

10 Jacaré 19360 Camello 531 Borboleta 913 Coelho 572 537 545 18911 Urso 24992 Carneiro 427 Vacca 798 Macaco 918 618 692 187

13 Cavallo 0643 Borboleta 513 Jacaré 357 Porco 664 880 541 99814 Camello 48730 Veado 196 Urso 489 Cachorro 599 845 770 527

16 Cabra 56521 Carneiro 825 Veado 093 Touro 149 816 566 915"rao 5890 Carneiro 027 Carneiro 925 Jacaré 315 718 291 73518 Cohra 22233 Urso 691 Jacaré 359 Camello 445 699 131 524

§?i ol!SÍfnte tll^M Ti^re 686 Burro 709 Peru 131 083 969 77422' S

t^kll Carneiro 226 Cavallo 941 Macaco 263 475 954 82223 c!Sh«rr*> Sq?2 °avall° 342 Cachorro 219 Cachorro 989 473 880 914ti rí^T ^?SiS Xa,rca 300 E1epaante 846 Porco 114 112 966 256Éí fpf ÍrS«? S?01? 634 Vacca 200 Cotoa 931 962 049 336go .Leão lo664 Elephante 546 Coelho 540 Gato 059 317 008 7552R nSSn tt?JÍ Camello 932 Cachorro 819 Cavallo 897 314 957 88829 Cachorro ÍSàt2 Camello 231 Tigre 085 Jacaré 431 354 140 373SO fSn 1111% Sabra„ 022 Veado 393 Pavão 283 084 273 941*U ljeao 64o62 Camello 029 Veado 695 Elephante 340 581 393 551

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!> de Dezembro de 1010 =!M W ü Rl° NU H

A Princeza Shan-ha-tungaCONTO JAPONEZ

princeza Shan-ha-tunga era maisformosa e radiante do que osraios do sol que brilha no bellopalz do Sol Nascente. O seu

corpo era mais flexível do que a rama dobambu, Os seus olhos mais brilhantes doque as esmeraldas que ornam os barretes dosmandarins eos seus pés, mais pequenos doque os grãos de arroz.

O imperador, tendo conhecido e apre-ciado bem a formosura da princeza, disse :

Buddha não creou sobre a terra flormais adorável e formosa do que tu; todos hãode adorar-te; todavia, nào deves tu ouvirnunca palavras de amor ditas por um lio-ineni. Nunca ! A tua esplendida belleza, a tuavirtude virginal pertencem ao príncipe Sama-Yako, para quem te crio e te conservo. Des-graçada de ti, se um dia consentes que oamor de outro homem encontre guarida noteu coraçáo I O príncipe adora-te, mas é pre-ciso também que tu adores o príncipe.

A formosa princezinha acatou as pala-vras de seu páe sem dizer nada.

Mas quando o sol havia transposto já ohorizonte, e emquanto o imperador empre-gava o tempo a discutir leis com os seusconselheiros, a donzella desceu ao jardim e,num occulto kiosque, coberto de trepadeirasem flor, caiu nos braços do terno amante quetodas as noites ali a esperava, ardente dedesejos e de amor.

O guarda do jardim, zeloso, que nuncaos tinha visto, viu-os naquella noite e correua relatar ao imperador a estranha oceur-rencia.

Tua filha, ó filho do Sol 1 está comum homem !

O que i — exclamou o imperador, de-solado — O que me contas ? I...

Váe ao jardim e vel-os-ás.Rápido como um relâmpago, correu ao

jardim o imperador e, precipitadamente, pe-netrou no kiosque, disposto a vingar no se-duetor a offensa feita ao claro nome da suamuito alta dymnastia, mas...

Ao ruido dos seus passos, o seduetorescalava a cerca do jardim e fugia apressa-damente, sem dar tempo a que ninguém opudesse conhecer.

Infeliz ! — exclamou o imperador —Dize-me desgraçada, quem era aquelle ho-mem ?

Que homem? perguntou a princezacom a maior ingenuidade.

Esse que se encontrava aqui comtigo—tornou o imperador.

Ah I Era... Não sei I Foi a primeiravez que falei com elle.

A primeira vez ? E o que te disseelle?

Apenas teve tempo de me chamarformosa. Vós chegastes e...

Queres dizer que cheguei então atempo de... ?

O criado que começava a sentir o re-morso da sua delação, apressou-se a inter-vir:

Sim, senhor; o homem estava aquinão havia ainda meio minuto.

O imperador levantou os olhos ao céo e,cheio de fervor, exclamou :

Graças, poderoso Buddha! Chegueiainda a tempo I

E refeito já da estupefacção, pegou a fi-lha por um braço, conduziu-a ao ultimo com-partimento da torre do palácio principal edisse-lhe:

Daqui por diante has de viver aqui;sozinha, até que o príncipe Sama-Yako ve-nllia pedir-me a tua mão. Faça calor ou frio,cljova ou caia o céo, permanecerás aqui en-cejrrada dia e noite. A chave desta torre

gunrdal-a-el eu mesmo, c não hei de lazer usodelia, nem hei de ver te, sinão no dia em queo príncipe venha por ti, Tudo quanto fôrnecessário para le vestires e para o teu sus-tento, poderás pedil-o por este postigo quese abre aqui, ao lado. Adeus! E até queBuddha determine o fim do teu captlvelro I...

O imperador fechou cuidadosamente aporta, c voltou á sala de sessões, satisfeitis-simo pelo que acabava de fazer.

Haviam decorrido quatro annos, quandoo príncipe se lembrou de ir tomar posse damão da princeza. E um dia, seguido do seuséquito, apresentou-se no palácio do impe-rador.

Oh ! O mais querido dos filhos deBuddha t — exclamou, ao entrar — Venhobuscar tua filha. Supponho que a encontra-rei formosa e pura como m'a prometteste...Pura ! — disse o imperador — estouseguro de que está ; quanto a formosa, prin-cipe, nada te posso dizer, porque ha quatroannos que a não vejo.

O que ? Não a tendes comvosco nacorte?

O imperador, tocado de emoção, apres-sou-se a referir ao príncipe a aventura desua filha com o desconhecido do kiosque, ca resolução que tomou de a oceultar aosolhos de todo o mundo, até o momento dea poder entregar ao príncipe que devia ca-sar co:n ella.

O príncipe ficou encantado com aquellaconfidencia do imperador, e, satisfeito coma perspectiva de ir encontrar uma virgindadesegura, exclamou:

Bravo 1 Pois podeis ir buscal-a.Emíim ! — pensou o imperador.

E, acompanhado pelo príncipe, que, an-cioso, desejava conhecer depressa a beldadeque deveria ter por esposa, subiu a escadaque conduzia á torre da prisioneira.Deve estar linda ainda! — dizia osoberano comsigo próprio — O príncipe váeficar encantado quando a vir.

Chegaram á porta que, havia quatro an-nos, não gyrava sobre os gonzos,

Commovedissimo, o imperador introdu-ziu a chave na fechadura, desandou-a eabriu...

Minha filha ! Shan-ha-tunga 1 Vem !Vem aos meus braços !

Ninguém respondeu.Shan-ha-tunga I — tornou a gritar o

imperador — Lyrio azul dos jardins do meupalácio! E' teu páe que te chama I Vem!

Ao terceiro chamamento, vendo que nin-guem apparecia, o pobre páe dispunha-se aentrar, quando uma menina de uns tres an-nos e meio de idade, formosa comoo sol,saiudo interior de um quarto da torre e estacoudiante do imperadorj perguntando-lhe sur-preza: Que queres?Shon-ha-tunga ! Venho buscar Shan-ha-tunga — respondeu o imperador, surprezotambém, por sua vez.

A bella creaturinha deu um passo, atráz,e pondo a mão na boca á maneira de buzina,afim de fazer com que a sua vozinha che-gasse aos compartimentos interiores, gritoucom todas as suas forças :

Mamãe I Está aqui um senhor quepergunta por ti I...

Traducção livre deZÉANTONE.

n ra cci rra ratrn to a. <n>

Da brancura fatal do lyrio ou da açucena,(jarça erradia e exul, cansada de voarDesse infinito azul pela amplidão serena,Em ermo e accidental rochedo foi pousar,Entre as ondas rebéis e horrisonas do marE, depois de lenir toda a sombria penaDo seu cansaço atroz na rocha tutellar,Volveu para a amplidão ethcrea, azul, serena,

Da brancura fatal do lyrio ou da açucena,Teu rosto juvenil de uma expressão morena,Dessa vaga expressão febril, crepuscular.De caricias de amor fartou-se no meu seio.E deixou-o, depois, entre a afflicção e anceio,Desta saudade atroz no procelloso mar.

STAMATO SOBRINHO.

— Um homem nunca deve declarar fran-camente a uma mulher que gosta delia, sal-vo no caso de não querer atural-a por maistempo.

Collecção Colorida ESEstá á venda a Collecção Colo-

rida, o maior suecesso da Bibliotheca doRio Nu, trabalho perfeito e caprichado, impresso a cores diversas em superior papelcouché. Intitula-se esse volume

DOIS CONTRA UMAe compõe-se de nove lindíssimas photogra-phias tiradas do natural, representando umamulher que dois apaches obrigam a executar,com elles, differentes scenas de amor.

DOIS CONTRA UMAque é uma delicia para os olhos e para o es-pirito, pela nitidez e verdade das scenas queepresentar, custará apenas 1$500 cada exem-plar; pelo Correio, 2$000.

As encommendas, que só serão attendi-das si vierem acompanhadas das respectivasimportâncias, devem ser dirigidas a

ALFREDO VELLOSO — Rua do Hospicio 218

Na Avenida, entre dois sujeitos que con-versam.

Que bonita mulher!— exclamou umdelles, ao ver passar uma actriz do RecreioDramático.

Ah 1 conheço-a I declara o outro — E'actriz...e tem bastante geito para o theatro.

Sim ? E que gênero de peças prefereella?

Se não me engano, prefere as peças...inteiriças.

EPIGRAMMA

igna Japoneza

Não ha outra que torne a pelle maismacia. Dá ao cabello a côr que se desejaE' tônico, faz crescer o cabello e extirpaa caspa. — Ruas: Andradas, 43 a 47Hospicio, 164 e 166.

Tem tres homens a Ritinha,Que, no quarto, certa vez,Se reuniram com ella...E sabem que fez a bella?Tirou a roupa todinhaE dormiu com todos trez.

— Quasi todas as mulheres são adora-veis... quando estão deitadas com algumhomem, numa boa cama.

atefe«*»ü:¦¦.-.. . r-.SSw

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(-)ORIONU(-) í) de Dezembro de 1010

A semana de Sua AltezaCento do Cultilo Mendes,

traduzido por P. de Novaes,

1

ÍÀrsI**ODOS aquelles felizes a quem é~]nnMp concedida a honra de serem ad-fyKw» mittidos na intimidade de Sua

Viíeâi' Alteza grào-ducal a princezaRosa Linda — da familia soberana de Heli-goland — admiram-se muitas vezes porqueouvem designar uma ou outra parte daquelledivino corpo, que se occulta sob toilcttescarregadas de enfeites dourados, ou simplesfitas, por imprevistas palavras que parecemnão ter relação de espécie alguma com ascaisas que pretendem significar.

Ah ! juro pela Deusa que preside aosprazeres da alcova que me dóe a quarta-feira! — exclamava Sua Alteza Rosa Lindanuma tarde em que estava com dores nopeito ; e noutro dia em que o aguilhão deuma abelha a picouaocanto da boca, quandoandava passeando no parque, disse:

Nada mais aborrecido do que ter umapinta vermelha ao canto da terça-feira I

Desta fôrma, no corte de Rosa Lindareinava grande perplexidade. Pois que? Es-taria louca a formosa Alteza,que empregava,em ouvir musicas de theorbas e violas, ouem comer conservas de rosas de pérolas,todo o tempo que lh'o permitte a sua liga-ção, bem conhecida, com um poeta, rimadorde endeixas amorosas, e com quem casounum dia de abril ultimo, sem o concurso dasdiplomacias?

Resolveram tirar as coisas a limpo, e porvoto unanime foi a marqueza de Ruremonde— a experiência de tantos e tão delicadosflirts designava-a á escolha dos eleitores —quem recebeu a missão de entrevistar a Prin-ceza a respeito do que tanto inquietava oscortezãos e as cortezãs.

Com uma solemnidade suavisada pelaperversa ingenuidade do sorriso e pelo tre-mor de um ramo de lilaz preso nos cabellos,a embaixatriz expoz a Rosa Linda o motivoda sua visita. Então, quem estivesse ali, na-quella estufa que deita sobre o bosque deBolonha, entre os silvados de cactos verme-lhos, semelhantes a bocas despedaçadas porbeijos e sob a inclinação balanceada das he-ras e dos aristolochios, não deixaria de serarrebatado pela mais louca alegria, tão per-didamente começou Sua Alteza a rir logoque ouviu as primeiras palavras da mar-queza ! E os sobresaltos daquelle delicado ealegre corpo, dentro do penteador de grossafaille todo enfeitado com pedrarias e pérolas,fazia lembrar pelas voltas e reviravoltas umafina cobra num sacco de seda onde tilintavamguisos de ouro e pequenas campainhas combadalos de amethystas 1

Depois, ainda rindo, a Alteza disse :Creia que lhe vou explicar o mysterioque as assusta I Mas primeiramente, que-rida marqueza, a senhora, que é a educa-dora inconíparavel, a quem as mais delica-das mundanas devem nada ignorar do que épermittido saber, a senhora, graças a quemHelena de Courtisols.apezar de já não ter deque córar, sabe ainda córar, a senhora, aquem Jo, Lo e a sua amiga Zo chamam comfervor: «querido mestre !» —ea masculi-nidade deste titulo honroso não tem nada deillegitimo — a senhora marqueza, responda-me : se possuísse um admirável thesouro eque por caridade o quizesse dar a uma pes-soa digna de uma tal esmola, dava-o assimbruscamente, sem reticências, todo de re-pente ?

Não, certamente— replicou a senhora

de Ruremonde. Para multiplicar o valor dessethesouro fazia lotes, que, a pouco e pouco,em concessões auccesslvas...

— Perfeitamente. Ninguém [aliaria me-lhor! Pois bem, querldlnha; o que fazia, éo que eu faço. Preste toda a attençSol Nãoignora que amo com o mais terno amor unipoeta que faz lindas odes amorosas: e de-certo está longe de pensar que llie recuso aposse dos encantos que a liberal naturezame concedeu na provisão de noites de amor !Mas o thesouro, que sou eu, e que lhe per-tence, tenho o cuidado de não lh'o chegaraos lábios de uma sò vez, todo inteiro. Co-mo a um homem devorado pela sede se dei-taria nos lábios, gotla a gotta, o contendo deum frasco de Tokay, assim eu o dispensocom uma sabia parcimônia- porque é muitoagradável beber aos goles quando a sede édesesperadora ! —Numa palavra, dividi theo-ricamente a minha preciosa pessoa em tan-tas parles, quantos os dias da semanas, defôrma que...

(Concluo no próximo numero.)

DOIS CONTRA UMA Interessante volumecontendo nove bel-

lisslmas photographias de scenas de verda-deiro amor livre tiradas do natural, capri-chosamente coloridas e magnificamente im-pressas em superior papel couché. Um vo-lume de apurado gosto por 1S500 apenas;pelo Correio, 2$000.

a: ®agamaí

Emquanto raios da cor do argento• Batem á rua, saio á sacada.Que dia rutilo! A madrugadaJá vem bem longe neste momento.Comtudo (ó doce contentamento !)Ainda ha sombra pela calçada...

Mas, ai! que amarga melancoliaQue, de repente, numa impulsáo,Me assalta o cérebro e o coração,Ao ver a um lado, toda sombria,A alva janella que eu, á porfia,Adoro numa contemplação.

E' que hoje a virgem meiga e formosa,Que ali habita, seu virgem peitoNem por instantes ao parapeitoUniu ainda (que dor anciosa !...)O' Deus, quem sabe si a humana rosa—Essa que eu amo — jaz em seu leito...Mas não 1 que enlevos! eil-a que assoma.— Archanjo ou virgem, ave, Maria !Em tudo paira branda alegria;Em tudo gosa-se um casto aroma,Que exhala a basta, brilhante comaDessa crearfça, deusa ou magia.

Já quasi a somba foge, de todo,E um raio quasi chega á janellaAnciando as faces da virgem bella,Que eu beijaria (com que denodo!)De um louco, estranho, fogoso modoQue um grande incêndio n'alma revela.Emtanto, a moça, tão meiga e linda,Toda graciosa, toda travessa,Ao meu olhar occulta a cabeça...E em vão imploro baixinho: — O' linda,Deixa-me ao menos fitar-te aindaAntes que a sombra desappareça !...

STAMATO SOBRINHO.

rs Xlfk-CTps mil'//

Apresento-lhes aqui o meu amigo Cari-valdo que acaba de chegar das manobras,são e robusto, para os ataques de cupicjp,graças ao Peitoral de Angico Pelotense.

Criada terrível:Josephina, indo arrumar o quarto da pa-troa, remexendo indiscretamente numa das

gavetas do toilette, encontrou uma carta, queia principiar a ler, quando sentiu que alguémentrava no quarto. Julgando que era o criadode meza, falou-lhe mesmo sem se voltar:

— Queres ouvir, Victor ? E' uma cartado amante da senhora. Escuta 1

Mas não principiou siquera leitura, por-que quem havia entrado não era o Victor;era o patrão, que, assim, descobriu que amulher o enganava...

Tônico Japonez

Para perfumar o cabello e destruir asparasitas, evitando com seu uso diário to-das as enfermidades da cabeça, não hacomo o Tônico Japonez—Ruas: Andra-das, 43 a 47 e Hospicio, 164 e 166.

CANTIGA

Primeiro dei-lhe um beijinho,Ella poz-se a suspirar...Dei-lhe outros de vagarinhoE acabamos por.. .agosar.

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!) de Dezembro de 1910 (-) D RIO NU (-)

Elles e Elias-,.CD

Na zona chieA Nair deu o foro com o entregador de

fichas dos «Excêntricos», mas o Nilo não seconformando com a sua ausência, fui bus-cal-a.

Que dôr de cotovellol...£•? No dia 30 do mez passado fez annos

a camarada Olga Não Se Lava. Nesse diaas flores foram abundantes no seu quarto.

Que o diga certo agaloado.tar A Elisa Triste Vida, anda ranzinza

com certo agaloado por não ter elle aindacumprido com a promessa de a presentearcom uma pulseira.

O Cruz Lingüiça é quem sabe dessacoisa itJT Porque será que o Antônio todas asvezes que vê a Alice Tremedeira, foge ?

Será por causa dos vinte fachos que pe-dio emprestado ?

Ora, seu rufino, é melhor pagar a func-cionaria e deixar de arrotar grandeza.*9" Depois que a Laura Oxigene deupara dedicar-se a certo banqueiro dos «Ex-centricos», anda toda prosa.

Olhe sua funecionaria, esse zinho já dei-xou a Izabel Bocca Torta tonta em camisa !

t& Contou-nos o Coxadas que viu a Ali-ce Gallinha do Bloco c a Dulce Figura Riso-nha...

Não contamos o resto o Coxadas que odiga.

*2r Diz a Arthurina Cachorrinha da La-goa que o David tem uma língua ferina eque se o gajo a deixar ella se suicida.

Temos brevemente fitas!...«ar O David estando ceiando nos «Ex-

centricos», acompanhado da Ignez da zonaBecco do Império 20, apparecetilhe a Artliu-rina Cachorrinha da Lagoa, mas quando ogajo a vio tratou de dar o fora na Ignez queficou toda chorosa e foi com a Arthurinha aoLeme.

Teremos brevemente uma pega de caraentre estas duas funccionarias.

«ar O que estaria o Zéca fazendo na zonaMoraes e Valle?

Cavando uma maizinha, com certeza.«¦sr Disse-nos o Cruz Lingüiça que é

completamente falso que elle propalasse queo Fernando Jacú Biqueira tivesse alta nasnotas porque elle isso impuzera.

E' melhor que você, seu Cruz, tome jui-zo que já é tempo e deixe dessas coisas.

<*¦ O Fernando Jacú Biqueira, desertoudas zonas depois de ficar bem espinafrado.

Pudera não, naquelle caminho que ia ofiteiro acabava na chácara do Meira Lima.

&t O Joca e o Alberto foram acompa-nhados das funccionarias Meriae e Améliatomar fresco no Leme e apanhar tatuhy nabeira da praia.

Que viciados 1o1 A Angela Fallabosta foi ha dias na

Cova da Onça em Nictheroy conversar comum feiticeiro.

O que andará tramando essa estrepe?&& A Santa e a Laurinha foram ha dias

tirar o azar em Nictheroy. ' •Daria o resultado desejado esse pas-

seio?LÍNGUA DE PRATA.

PlIHTDQ DÁPIiinC Magnífica collecção deU II1IUÚ ílHlIlIUd -- vinte contos, escriptosei í linguagem ultra-livre e illustrados comui na gravura cada um. Vejam na ultima pa-gi pa informações mais detalhadas, acercauâ o só destes contos como lambem de todosos; romances que compõem a. Bibliothecad' O Rio Nu.

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=1l Deilaram-sc.Grande romance son-suai, illustrado, umdos maiores suecas-

sos da Bibliotheca doRIO NU — Preço do

cada oxemplar 1SOOO; poloCorreio 1S500.

As mulheres são creaturas verdadeira-mente originaes.

Conheci uma, casada, que tinha umamante, e um dia em que este lhe perguntouse cila o amava, respondeu-lhe com a maiordas simplicidades :

— Sim, querido! Amo-te quasi tantocomo amo meu marido !

Que juízo se pôde fazer de uma mulherassim ?...

!&©<O^LE>_~

O grande salão do Club Tenentesdo Diabo reinava absoluta ani-mação. Era noite de baile. Dan-sava-se... e havia mulheres,

muitas mulheres, todas jovens, esfuziantesde belleza, provocadoras ao amor como es-sas de que nos falam os romances, cuja ac-ção se desenvolve no delicioso tempo daGrécia antiga.

Albertina estava ali. Era ella, por assimdizer, a deuza da noite; porque a sua bel-leza insinuante eclipsava a de todas as ou-trás. E essas outras olhavam-a, invejosas, e,despeitadas, riam-se delia, alvejando-a comindirectas escarnecedoras.

Albertina irritou-se com aquillo e resol-veu deixar o baile. Ia fazel-o, estava já mes-mo com o pé na escada, quando um jovenelegante, detendo-a, perguntou-lhe:Váe-se embora?

Vou — respondeu a moça, a sorrir,—Sinto-me um tanto incommodada...

Permitte-me que a acompanhe?Albertina era uma mulher interesseira.

Com o olhar examinou o joven de alto abaixo e parecendo-lhe ver nelle um homemde dinheiro, respondeu rapidamente :

Venha.Sahiram. Foram cear os dois, foram cear

no Leme... Depois, ella deu ao chauffeur oo endereço da sua casa.

Quando chegaram, o rapaz ia despe-dir-se. Albertina perguntou, como que offen-dida :

Então, não fica?Se me permitte...Suba.

Elle subiu. Não esperava tão rápido osuecesso, mas...

Na alcova, Albertina procedeu á sua (oi-leite de intra-muros, ou antes, preparou-separa dormir... Depois, antes de tudo, abra-çou o rapaz, beijou-o e, por entre esses eoutros affagos, foi-lhe dizendo :

Sabe, meu querido? Estou muito ne-cessitada. Preciso de arranjar, para amanhã,sem falta, cincoenta mil réis.

O rapaz estremeceu. Para não fazer feio,puxou pela carteira.

Dou-lh'os — disse.Oh I não ! — regeitou ella, fingida-

mente. —Já? IAgora mesmo !Não 1 E' bastante amanhã.Como queira...Durmamos primeiro, sim?

No dia seguinte, ás dez horas, Albertinaacordou... e, presa de profunda admiração,verificou que estava só no leito.

Levantou-se, correu todo o quarto, e dorapaz... nem sombra !

Tinha sido lograda !Chamou a criada.

Alaria — perguntou-lhe — não vistesahir ninguém ?

VI, sim, minha senhora. Vi sahiraquelle moço que veiu com a senhora estanoite.

Elle não disse onde ia?Náo, minha senhora.E' extraordinário ! Nem deixou nada

para mim ?Também não, minha senhora.

Albertina comprcliendeu que o rapaz tinhafugido. Então, apalermada, abaixou a cabeçae murmurou por entre dentes, quasi imper-ceptivelmente:

E' a primeira vez que levo uma ca-rona I... Porque diabo não acceitei eu hon-tem os cincoenta mil réis ?!...

Mal sabia ella que o rapaz fugira justa-mente por não ter dinheiro.ZÉANTONE.

"CUL TO DE VENUS"

O romance de maior suecesso publi-cado em rodapé no Rio Nu, depois reuni-do em volume e do qual se esgotaramvarias edições, está de novo impresso.Desta vez, porém, «Culto de Venus» foieditado a capricho, trazendo deliciosasgravuras a illustrarem o texto e uma capamaravilhosamente impressa a tres cores;foi, além disso, cuidadosamente revistopelo próprio autor.

Está á venda a i$ooo o exemplarpelo Correio, 1^500.

Pedidos a ALFREDO VELLOSO —Rua do Hospicio, 218.

Pomada Seccativa de São LázaroA única que cura toda e qualquer feridasem prejudicar o sangue; allivia qualquerdor, como a erysipela e o rheumatismo. Co-nhecida em todo o universo. Ruas dos An-dradas, 43 a 47 e Hospicio, 164 e 166.

Quando hontem, ás dez horas da manhãda noite de 25 do mez próximo passado doanno de 1915, subia no elevador do Jornaldo Brasil, para ir a Cascadura, uma senhoraque passava pelo largo da Carioca, sentindofortes dores de cabeça na barriga das per-nas, deu á luz na praça da Republica umacreança do sexo masculino. Chamado umpadre, o doutor garantiu que a viuva, sequizesse, podia tornar a casar.

...TALVEZ!

Por loucura isto não tomem,Mas nos combates de amorQuem vence sempre é o homem

E a mulher I

Leiam : O magistral Conto Rápido N. 14,intitulado — Roçando.

Page 11: W (9 - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/706736/per706736_1916_01729.pdf · ELLE — Para cortar a cabeça do... que de mais precioso tiver ... soes do mal... AUGUSTO FERREIRA GOMES

(-) O RIO NU (-) 0 de Dezembro de 1916

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Blolta d'0 RIO NUCARTÕES POSTAES - Magnifica col-

lecção de dez cartões postaes alegres, niti-damente impressos, representando variadasscenas de requintado gosto. Preço 2SO00;pelo Correio, 2S500.

DOIS CONTRA UMA - Primorosa sérieimpressa a cinco cores, photographias do na-tural, constituindo um bello volume. Preço1*500; pelo Correio, 2*000."69" — Romance de scenas magníficascopiadas do natural, por mão de mestre. Lei-tura attrahente e Irresistível. Preço 1S000;pelo Correio 1S500.

CULTO DE VENUS - Edição revista eilluslrada, sensacional romance deNumaTel-les, linda capa a três cores. Preço 1*000;pelo Correio 1*500.

UMA AVENTURA - Lindíssima colle-cção de vistas em que se. conta a aventurado Zé Nabo com uma «senhora» de nomesuggestivo. Preço 1*000 ; pelo Correio 1*500.

A FAMÍLIA BELTRÃO — Historia rea-lista, illustrada com gravuras tiradas do na-tural. Escandaloso volume, onde se descrevea vida de uma familia seria, mas em meio daqual reina o mais completo deboche. Preço1*000; pelo Correio, 1*500.

AMORES DE UM FRADE — (3» edição,n. 1 da «Collecção Amorosa»)—Escândalo-sas peripécias de amor prohibido, acompa-nhadas de interessantes gravuras descripti-vas. Verdadeiras scenas dignas da antigaRoma. Preço 500 réis; pelo Correio, 800 réis.

NOITE DE NOIVADO - (n. 2 da «Col-lecção Amorosa») —Episódios picantes entreum casal recem-unido pelos laços do matri-monio, contados por Mathusalém. Preço 500réis; pelo Correio, 800 réis.

MADAME MINET — (n. 3 da «CollecçãoAmorosa») — Historia de uma linda viuvinhapatusca, que para comer exige apperitivos es-peciaes. Preço 500 rs.; pelo Correio, 800 réis.

CASTA SUZANNA - (n. 4 da «Colle-cção Amorosa»)—Empolgante descripção descenas amorosas passadas entre uma don-zella e Lúcio d'Amour, que afinal consegueentrar em Barcelona depois de varias invés- í

\ tidas pelas redondezas. Preço 500 rs.; pelo' Correio, 800 rs.SANDWICH-(n. 5 da «Collecção Amo

rosa») —Peripécias interessantes dos primei-ros gosos de uma mulher recem-casada,narradas por ella a uma amiga. Preço 500réis; pelo Correio, 800 réis.

ÁLBUNS DE VISTAS - Collecçãode Fogo, contendo cada um oito gravurastiradas do natural, impressas em papel cou-chè de I» qualidade e acompanhadas de bel-los versos explicativos de cada scena repre-sentada. Estáo publicados os ns. 2, 4 e 5.Preço de cada um I*; pelo Correio 1*500.

CONTOS RÁPIDOS — Collecçãocompleta de vinte contos, assim intitulados :

N. 1, O Tio Empata — N. 2, A Mu-lher de Fogo - N. 3, D. EngraciaN. 4, Faz tudo... — N. 5, A ViuvaAlegre — N. 6, 0<?Menino do Gou-veia — N. 7, A Pulga — N. 8, OCorreio do Amor — N. 9, DoloresN. 10, Familia Moderna —N. 11,Na Zona N. 12, O brinquedo —N. 13, O cachorro!?- N. 14, Roçan-do N. 15, O Consolador — N.16, A Telephonista — N. 17, A Cos-tureira —N. 18, O Marchante — N.19, Por traz... e N. 20, O Vassoura.

Todos esses contos, que são escriptosem linguagem ultra livre, contendo uma gra-vura cada um, narram as mais plttorescasscenas de amor para todos os paladares. Pre-ço de cada um 300 rs., pelo Correio, 500 rs.

RIMAS PICANTES - Sonetos de feiçãobocageana,escriptos por um poeta iniciado emtodos os segredos do amor.Descripções feitasao vivo e em linguagem que todos entendem.

Preço 300 rs.; pelo Correio 500 rs.Todas os livros acima citados saoUlustradoB com gravuras tiradas donatural.

UMA CEIA ALEGRE - Engraçadissimaparodia á «Ceia dos Cardeaes», em versosbrejeiros. Três respeitáveis padres contamsuas aventuras amorosas, numa linguagemde aicova, sem peias... Preço 500 réis. PeloCorreio, 800 réis.

Os pedidos dirigidos ao nosso escriptorio devem vir acompanhadosda respectiva importância, em vales postaes, ordens commerciaes

ou dinheiro e endereçados a

Àlfretio VellosoRua do Hospicio 218 - Rio de Janeiro

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