volta ao mundo sem malas - josé h. prado flores & padre emiliano tardif

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Introdução

“A Palavra de Deus não se deixa acorrentar” (2Tm 2,9) “e corre veloz pelomundo inteiro” (Sl 147,15).

Esta é a experiência que temos vivido nestes 20 anos de ministério ao longode 62 países do mundo: a força intrínseca que tem a Palavra para convocar,converter e transformar o homem e a sociedade. Palavra que, proclamada com oPoder do Espírito, vai acompanhada dos sinais, dos prodígios e dos milagresque o Senhor Jesus prometeu.

 No coração de cada discípulo, ressoa a grande missão confiada por Jesus aosseus: “Vão por todo o mundo e proclamem a boa-nova a toda a criação. Estes

sinais acompanharão os que crêem: em meu nome expulsarão demônios, falarãolínguas novas, pegarão em serpentes com as mãos e mesmo que bebam veneno,não lhes fará mal. Imporão as mãos aos doentes e eles curar-se-ão” (Mc 16,17-18).

A Igreja foi criada para proclamar as maravilhas de Deus. Porém, isso nãosignifica que deva recordar apenas o que sucedeu nos primeiros capítulos daHistória da Salvação, mas que é chamada a escrever uma página gloriosa sobreo dia de hoje, manifestando todo o poder redentor da morte e ressurreição de

Cristo Jesus.A Renovação Carismática, que festeja há décadas sua existência na Igreja

Católica, partilha essa mesma missão: anunciar a morte e proclamar aressurreição de Jesus até que Ele volte outra vez a este mundo.

Sou testemunha do amor de Deus, derramado em nossos corações peloEspírito Santo que nos foi dado. Com seu impulso, temos a responsabilidade deser testemunhas do que vimos e ouvimos, tanto para edificar a fé dos irmãos,

como para impulsionar o ministério dos que receberam o encargo de proclamar aPalavra de Deus na Igreja.

Estas páginas oferecem uma visão panorâmica do que é e do que faz aRenovação Carismática. Primeiro viajaremos com as asas do Espírito por algunscontinentes e países, para depois descobrirmos a fonte da força e da vitalidade

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dessa Renovação: o Seminário da Vida no Espírito que culmina com o batismono Espírito Santo.

Para que não fiquemos só na teoria, cada capítulo vai acompanhado demilagres e de curas realizados pelo poder de Deus. Não se trata apenas de

admirar ou até de ter certa inveja daquilo que é descrito. Trata-se antes de tudode nos convencermos pela fé de que isso pode acontecer também a nós; mais,que também somos chamados a ser canais de poder do Espírito para instaurar oReino de Deus, que é um reino de justiça, alegria e paz no Espírito Santo.

Que Deus faça brilhar o seu rosto em nós através destes testemunhos quemostram o amor e a misericórdia de Jesus por todos os homens, especialmente pelos pecadores.

Emiliano Tardif, MSCS. Domingos, República Dominicana

25 de março de 1994

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Como tudo começou...

Em 1973, eu era provincial de minha congregação dos Missionários doEspírito Santo, na República Dominicana. Tinha trabalhado muito, abusando deminha saúde ao longo daqueles 16 anos de missão no país. Consagrava muitotempo a tarefas de ordem material, construindo capelas, seminários, centroseducativos ou de catequese etc. Passava meu tempo arrecadando dinheiro paraconstruir missões e alimentar seminaristas.

O excesso de trabalho derrubou-me. No dia 14 de junho desse ano de 1973,

durante uma assembléia do Movimento Familiar Cristão, senti-me doente, muitodoente. Tiveram de transportar-me imediatamente ao Centro Médico Nacional.Estava tão doente que me convenci de que não passaria daquela noite. Julgueirealmente que iria morrer. Já tinha meditado muitas vezes sobre a morte, masnunca estivera muito perto dela. Dessa vez, passei de raspão e não me agradounada.

Os médicos fizeram exames minuciosos, diagnosticando uma tuberculose pulmonar aguda. Vendo que estava tão doente, pensei em voltar a Quebec, no

Canadá, onde vive minha família. Mas estava tão fraco que não podia fazer isso.Tive de esperar 15 dias e seguir um tratamento com fortificantes para poder fazer a viagem.

 No Canadá, fui internado em um centro médico especializado, onde osmédicos me examinaram novamente para verificar a natureza da doença. O mêsde julho passou-se em análises, biópsias, radiografias etc. Tudo confirmoucientificamente que a tuberculose pulmonar aguda tinha produzido lesões graves

nos dois pulmões. Para me dar alguma coragem, disseram-me que talvez eu pudesse regressar a minha casa, após um ano de tratamento e de repouso.

Certo dia, recebi duas visitas diferentes. Primeiro, a do sacerdote que dirigea revista  Notre Dame. Pediu licença para me fotografar, para um artigointitulado: “Como viver com a sua doença?”

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Mal se tinha despedido, entraram cinco leigos de um grupo de oração daRenovação Carismática. Na República Dominicana, eu tinha caçoado muito daRenovação, afirmando que a América Latina não precisava do dom das línguas,mas de promoção humana. E agora vinham estes rezar por mim de maneira

absolutamente desinteressada.Eram duas perspectivas totalmente diferentes: a primeira visita tinha por 

objetivo levar-me a aceitar a doença; a segunda, rezar pela minha cura. Como padre missionário, não podia recusar a oração deles mas, sinceramente, aceitei-amais por boa educação do que por convicção. Não acreditava que uma simplesoração pudesse curar-me.

Eles disseram, muito convencidos:

“Vamos fazer o que diz o Evangelho: ‘Imporão as mãos aos doentes e estesficarão curados.’ Vamos rezar assim e o Senhor vai curá-lo.” Imediatamente,aproximaram-se da cadeira onde eu estava sentado e impuseram-me as mãos.

 Nunca tinha visto nada semelhante e aquilo me desagradou. Sentia-meridículo debaixo das mãos deles e incomodado porque as pessoas que passassemno corredor podiam ver-nos pela porta que tinha ficado aberta.

Por isso, interrompi a oração e propus-lhes:

“Se quiserem, vamos fechar a porta...”

“Sim, Padre, por que não?” – responderam eles.Fecharam e porta, mas Jesus já tinha entrado. Durante a oração, senti um forte

calor nos meus pulmões. Pensei que era uma nova crise de tuberculose e quenaquele momento ia morrer. Mas era o calor do Amor de Jesus que estava metocando e curando meus pulmões doentes. Durante a oração, houve uma profecia.O Senhor dizia-me:

“Farei de ti uma testemunha do meu Amor.”

Jesus Vivo devolvia a vida, não só aos meus pulmões, mas também ao meusacerdócio, a todo o meu ser.

Três ou quatro dias depois, sentia-me perfeitamente bem. Tinha bom apetite,dormia bem e não tinha nenhuma dor. Os médicos estavam prontos para começar imediatamente o tratamento. Contudo, nenhum medicamento agia sobre a doença

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que eles tinham detectado. Mandaram vir medicamentos especiais, que tambémnão fizeram qualquer efeito.

Sentia-me bem e queria voltar para casa, mas obrigaram-me a ficar nohospital para que os médicos pudessem procurar bem a tuberculose que fugira e

que eles não conseguiam encontrar. No fim do mês, depois de inúmeras análises, o médico-chefe me disse:

“Padre, volte para casa. O senhor está curado. Isso vai contra todas as tesesmédicas. Nós ignoramos o que aconteceu.”

Depois, encolhendo os ombros, acrescentou: “Padre, o senhor é um casoúnico neste hospital.”

“Na minha congregação também”, respondi-lhe rindo.

Saí do hospital sem receitas, sem remédios nem injeções. Pesava cinqüentaquilos. O hospital que me devia curar da tuberculose me fazia morrer de fome.

Quinze dias depois, saiu o número 8 da revista  Notre Dame. Na página 5estava minha fotografia no hospital: eu estava sentado na minha famigeradacadeira, com tubos, feição triste e olhar distante. Debaixo da fotografia, tinhamescrito: “O doente tem de aprender a viver com sua doença, habituar-se àsalusões veladas, às perguntas indiscretas... e aos amigos que já não olham paraele da mesma maneira.” A minha boa saúde tinha tornado ultrapassado aquele

número da revista.O Senhor tinha me curado. Com certeza, minha fé era muito pequena; talvez

tivesse o tamanho de um grão de mostarda, mas Deus é tão grande que não tinhatomado em consideração a minha pequenez. O nosso Deus é assim. Se Eledependesse só de nós, não seria Deus.

Dessa forma, recebi em minha carne o primeiro ensinamento fundamental para o ministério da cura: o Senhor cura-nos com a fé que temos. Não nos pedemais. Só isso.

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PRIMEIRA PARTE

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VOLTA AO MUNDO SEM MALAS

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1. A volta ao mundo

sem malasEm agosto de 1985, depois de ter pregado um retiro sacerdotal na França,

 parti para Bogotá por S. João de Porto Rico. Começava assim uma grandeviagem de quarenta dias, pregando a Palavra. Seguindo a rota do sol, daríamos avolta ao mundo levando a luz do sol da justiça que é Cristo Jesus, o Senhor.

Chegando àquela formosa ilha do Caribe, tive a desagradável surpresa deque a minha bagagem não tinha chegado comigo. O pior era que minha Bíblia e

minhas notas para os retiros programados estavam na mala que tinha sidoextraviada. Por engano, informaram-me, tinham enviado minha mala para aÁfrica; tinham confundido S. João de Porto Rico com Joanesburgo, na África doSul. Pediram-me desculpas, assegurando-me que a enviariam logo em seguida para Bogotá.

Assim, comecei o retiro para 400 sacerdotes em La Ceja, na Colômbia,organizado pelo Monsenhor Alfonso Uribe Jaramillo. Confiando que, a qualquer momento, apareceria minha bagagem, não comprei nada. Quando terminei oretiro, fui verificar: não tinha chegado. Então mandei outro telegramaesclarecendo: “É importante mandar a mala para o Japão.” Os empregados, commuita segurança, prometeram-me: “Sua mala o estará esperando em Tóquioquando o senhor chegar. Não se preocupe.”

Confiei ingenuamente e voei para Guadalajara, no México, onde meus amigosPepe e Beatriz Urrea me ofereceram um pijama e algumas coisas. Ali reuni-mecom o companheiro com quem tinha de ir evangelizar na volta ao mundo. De

Guadalajara, voamos para Los Angeles, onde quase perdemos o avião. O maisdivertido foi que, durante a longa viagem de 11 horas até Tóquio, exibiram umfilme que tratava de uma mala extraviada. Ao cruzar a linha do tempo, além deter perdido minha bagagem, perdemos também mais um dia.

Quando chegamos ao aeroporto de Narita, perguntei por minha mala. Aindanão tinha chegado. Então mandei outro telegrama: “Estou no Japão. Preciso

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urgentemente da mala.”

Esperava-nos um bom Missionário Redentorista que, depois das saudaçõesfraternas e com a característica delicadeza oriental, nos disse: “Não queríamosabusar de vocês, mas vamos pedir-lhes um favor. Um numeroso grupo de

carismáticos está reunido numa sala da Universidade de Sofia e espera umaconferência esta tarde. Se vocês pudessem, agradeceríamos muito.” Eu prefeririair para um quarto descansar, mas aceitamos com gosto aquele convite.

 Na Universidade, houve uma grande assembléia, com músicas lindas eorações cheias de unção. Deu-se uma mensagem em línguas, que foi interpretadaem japonês. Nunca cheguei a perceber a diferença, uma vez que não percebi nemuma nem outra. Veio então o momento de minha participação. Mais do que umaconferência, dei uma visão panorâmica de como o Espírito Santo está renovandoa face da terra.

Depois, partimos para Osaka, no famoso trem-bala, para pregar o retirosacerdotal. Quando chegamos, pedi emprestada uma Bíblia e comecei minhaconferência baseando-me exclusivamente na Palavra de Deus e não nas notas quese tinham perdido. Escolhi o texto do envio dos discípulos: “Ide, anunciando queo Reino dos Céus está próximo, curai os doentes, expulsai os demônios; não vos preocupeis nem com ouro nem com prata, não leveis bolsa para o caminho nem

duas túnicas, nem sandálias, nem cajado.” Nunca tinha pregado essa passagemcom tanta certeza, uma vez que era isso mesmo o que eu vivia naquele momento.

Os missionários reagiram muito favoravelmente à proclamação doEvangelho. Não expusemos grandes temas doutrinais, apenas apresentamos Jesusvivo. E explicamos que a evangelização do mundo só é possível com o poder doEspírito Santo. No final, o Bispo emérito de Fukoka exclamou: “Esta é a solução para a evangelização destas terras! Apresentar a própria pessoa de Jesus! Osmissionários tentam entrar no povo japonês pela cabeça e esquecem-se de que o

Espírito Santo entra pelo coração. O que importa é tomar presente a maravilhosa pessoa de alguém que foi capaz de morrer por nós, mas que ressuscitou noterceiro dia.”

À noite, fomos a uma igreja para a celebração eucarística, na qual haviaoração pelos doentes. Contudo, quando solicitamos que se identificassemaqueles que tinham sido abençoados com uma graça ou com uma cura física,

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ninguém reagiu. O Padre Jean Pancresch advertiu-nos: “Os japoneses nãorespondem no momento. Nem há que forçá-los porque não o farão. É melhor esperar.” Efetivamente, meses depois recebemos um pequeno folheto publicado pelo Padre Jean, onde ele tinha anotado o nome, o endereço e o telefone de 38

 pessoas curadas que correspondiam a 39 palavras de ciência. Terminava:“Apenas a que foi curada de hanseníase vai lentamente em sua recuperação.”

Voltamos a Tóquio e, naturalmente, fui à procura de minha bagagem. Tinhamdespachado minha mala para Madrid, para poderem enviá-la para Tóquio no diaseguinte. Aborrecido, enviei outra mensagem: “Mandem imediatamente a mala para Taipei.”

Do Japão voamos para Taiwan, onde passamos oito dias muito interessantesnesse país que tem uma grande sede de Deus. Apesar de ser um dos centros maisimportantes da economia asiática, caiu num materialismo escravizador. Nessedesenvolvido país, a vida espiritual não progride no mesmo ritmo que aindústria. Aqui se trabalha sete dias na semana, mas sente-se a ausência de Deusapesar das centenas de templos pagãos.

 No entanto, Jesus provou ali que não há outro nome dado aos homens peloqual possamos ser salvos. E isso, tanto na catedral de Taipei como em Shin Shu eainda noutra terra mais ao sul de cujo nome não consigo me recordar. Vários

recuperaram a vista, uma senhora deixou sua bengala e começou a andar, outrasduas pessoas abandonaram suas próteses auditivas, uma vez que já ouviam perfeitamente. Também em Taiwan Jesus é o Messias, e manifestou-se como tal.

É triste ver que a Igreja Católica não significa muito nesse ambiente, mas,quando lhes apresentamos o Evangelho com o Poder do Espírito, eles vêm eficam, porque encontraram um Jesus que está vivo e isso é importante paraqualquer um. Eu tinha pensado que esses sinais carismáticos eram maisnecessários nos países pobres e subdesenvolvidos. Agora, convenço-me de que

são igualmente indispensáveis nos países materializados pelo progresso, poisvive-se no ateísmo prático de quem acredita não precisar de Deus porque temindústria e progresso. No entanto, o problema não é deles, mas de quem lhesanuncia o Evangelho. A pergunta para todo o missionário deve ser: “Estamosapresentando um Evangelho completo em que se manifesta o poder de Deus? Ouapenas uma mensagem que se reduz a uma recordação histórica do que se passou

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há dois mil anos na Galiléia e em Jerusalém?” Como tinha razão S. Paulo quandodizia aos tessalonicenses que lhes tinha anunciado o Evangelho não só com palavras, mas também com o Espírito Santo e com poder! (1Tes 1,5).

Até ao último dia em que permanecemos em Taipei, estive à espera de minha

mala, que cada dia se tornava mais famosa nos  faxes  e nos telegramas. Por fim,no momento de nossa partida, tornamos a mandar uma última mensagem para quea enviassem diretamente para São Domingos. Não me interessava continuar a preocupar-me com ela. Preferi que a mandassem para minha casa, para onde euretornaria duas semanas mais tarde.

Tomamos o avião e voamos para Hong-Kong e dali para a China Comunista.Tínhamos seis dias livres e queríamos aproveitá-los. Em Hong-Kong, estavatudo tão barato que compramos as coisas necessárias, já que não voltaria a ver minha mala durante o resto da viagem. A China Comunista pareceu-nosmisteriosa e pobre. O paraíso comunista não foi instaurado ainda nesses lugares. Na verdade, se o Espírito Santo não renovar a face da terra não há maneiranenhuma de instaurar a justiça e a paz neste mundo. Com razão afirma o salmista:“Se não for o Senhor a construir a casa, em vão se cansam os construtores” (Sl127,1). Nossa oração nesses lugares era: “Vem, Senhor Jesus, com o poder doPentecostes. Maranatha!”

Por desgraça, fizemos mal os cálculos econômicos e no terceiro dia ficamossem dinheiro. Não tínhamos para comer nem para pagar os últimos três dias dohotel. Então recorremos à lista telefônica e encontramos os Missionários deGuadalupe, uma congregação mexicana que tem trabalho pastoral na África e noOriente. Acolheram-nos muito amavelmente. Mais uma vez, vimos cumprida a promessa do Senhor de responder a todas as nossas necessidades.

De Hong-Kong fomos para a Índia. Passamos oito dias em Bombaim, onde pregamos a diferentes grupos católicos acerca da Renovação Carismática. Uma

semana percorrendo essa enorme cidade de oito milhões de habitantes, dos quaismais de um milhão dorme na rua ou nas praças públicas. Que pobreza na Índia!Por outro lado, que riqueza de fé entre os dezoito milhões de católicos do país!Apesar dos muitos problemas econômicos, o desenvolvimento da fé é evidente.A Igreja mantém uma visão missionária e, tendo tantas necessidades locais, estáenviando missionários para outros continentes. Ali está o segredo de seu

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 progresso espiritual. Partilham sua pobreza e sua riqueza com outros. Não pensam apenas nos poucos convertidos, mas nos milhões que ainda não escutama mensagem da salvação e sacrificam seus sacerdotes e leigos comprometidos para enviá-los a pregar noutros lugares de missão. Só as Irmãs da Caridade da

Madre Teresa de Calcutá têm mais de mil e quinhentas religiosas no país e outrasmil fora.

Comparativamente com o número de católicos, há muitas vocações nosseminários. Esta semana foi suficiente para nos fazer ver algo da vitalidade daIgreja na Índia.

Durante o último ministério de cura na Igreja de Nossa Senhora, o Senhor curou um homem que caminhava dificilmente com duas muletas. Eu pedi-lhe quese identificasse, mas ele tinha medo, porque era muçulmano. Durante a oração,deixou suas muletas e começou a andar pelo corredor central da igreja. Subiu atéà capela-mor e, com a voz entrecortada de emoção, pediu desculpas: “Mas, eusou muçulmano”, como se se sentisse culpado por receber uma cura num templocatólico. Respondi-lhe: “Não se preocupe. Deus é Pai e cura-o por intercessãode Jesus Cristo. O Senhor o ajuda a descobrir que Jesus é o Filho de Deus eSalvador do mundo.”

Fomos depois pregar na Ilha Maurício. Estávamos exatamente no outro lado

do mundo. Apesar de nos encontrarmos nos antípodas, sentíamo-nos em casa,devido à extraordinária amabilidade dos irmãos, especialmente do seu Bispo.Pregamos durante três dias um retiro espiritual para os católicos que celebravamo décimo aniversário da Renovação Carismática. No fim, a assistência passavade dez mil pessoas. Foi aí que presenciamos mais curas físicas e mais fervor naassembléia.

Durante a Missa de encerramento, presidida pelo Bispo, anunciamos que umcoxo estava sendo curado. Timidamente e com passo cambaleante, apareceu um

homem que levantava sua bengala e arrastava lentamente os pés. Quando chegouao estrado, quisemos ajudá-lo a subir os sete degraus, mas ele negou-se e o fezsozinho, perante a admiração de todos. Era um homem de 68 anos, que há muitotempo não podia caminhar sem bengala. Louvou a Deus com grande emoção edesceu sem ajuda de ninguém. Enquanto descia a escada, atirou a bengala para ochão e começou a correr; sim, a correr pelo corredor central perante os aplausos

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e as lágrimas dos assistentes. Literalmente repetiu-se o que S. Lucas nos contadaquele paralítico curado diante da Porta Formosa: começou a andar, a saltar e alouvar a Deus (At 3,8).

Depois levantou-se outro coxo, depois outro, e outro ainda. No fim tínhamos

a impressão de assistir a uma corrida de coxos. Era Jesus que voltava a dizer aseu povo: “Para que os homens saibam que o Filho do homem tem poder na Terra para perdoar os pecados, levanta-te, pega na tua cama e vai para casa” (Mc2,10-12).

Terminamos o retiro e levaram-nos ao aeroporto, passando antes a orar por uns doentes. Depois de registrar nossa bagagem, entramos na sala de espera pensando que por fim descansaríamos um pouco, mas descobriram-nos ali outros passageiros, e imediatamente fizeram uma fila para que rezássemos por eles. As pessoas espantavam-se de ver as duas filas de pessoas que nos seguiam.

Apanhamos o avião que fez uma breve escala na Ilha da Reunião, onde nuncatínhamos estado. Descemos e surpreendemo-nos por ouvir nossos nomes nosalto-falantes do aeroporto. Sem nos explicar o que se passava, pediram-nosnossos passaportes e um policial escoltou-nos até fora do aeroporto. Sabendoque nosso vôo fazia escala nessa ilha perdida do Oceano Índico, uma famíliatinha organizado as coisas para nos “raptar” com a intenção de que rezássemos

 por seu filho que estava numa cadeira de rodas.Chegamos a Paris no dia seguinte, depois de um vôo de dezesseis horas. Foi

a nossa viagem mais comprida até então. Apesar de tanta fadiga, animava-nos pensar que S. Paulo sofreu muito mais problemas para levar o Evangelho deJesus. Em Paris, tínhamos um encontro com mais de quatro mil pessoas na Igrejade S. Francisco Xavier. Houve também um ministério de cura com muitas bênçãos do Senhor. Mas que diferença em relação ao que tínhamos visto na IlhaMaurício e na Índia! Estava tudo tão controlado que os sinais que o Senhor nos

dá para acompanhar a evangelização apagavam-se por detrás de certamentalidade cartesiana que não favorecia em nada a renovação da fé. Ali não sevia a espontaneidade do povo de Israel que grita: “Hosana ao Filho de Davi!”,quando o Senhor manifesta sua glória com sinais e prodígios. Antes se sentia umcerto espírito crítico, que não permitia ao povo simples dar testemunho das

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maravilhas do Senhor. Por alguma razão nos dizia um dia o Cardeal Renard: “AIgreja é um Pentecostes permanente e não uma racionalização permanente.”

Em Paris separei-me de meu companheiro. Segui para São Domingos e ele para Roma. Cheguei à República Dominicana quarenta dias depois de ter saído.

Tinha dado a volta ao mundo em metade do tempo que Júlio Verne propôs. Nasasas do Espírito viaja-se muito mais depressa. Ao chegar em casa, encontrei-mecom minha velha amiga, a mala perdida. À porta de meu quarto esperava-mesorrindo, parecendo desafiar-me: “Eu andei por muitos países que você nãoconhece.”

Sou testemunha de que hoje se pode cumprir o mandato de Jesus Cristo, de ir  por todo o mundo sem bagagem. Nós, os discípulos de Jesus, podemos percorrer a terra inteira apenas confiando na Palavra de Deus.

Curiosamente, sucedeu-nos outro incidente alguns meses depois com omesmo companheiro mexicano. Depois de um Retiro Sacerdotal em Los Teques,Venezuela, o Arcebispo levou-nos em seu automóvel diretamente ao estádio deCaracas. Deixamos nossas malas no carro, supondo ser um lugar seguro eabençoado.

 No estádio estavam 12 mil pessoas para escutar a Palavra do Senhor. Foiuma jornada gloriosa e inesquecível. O Senhor fez curas desde o momento de

 proclamar sua Palavra, antes mesmo de se fazer a oração pelos enfermos. Ali percebi que os sinais acompanham a proclamação da Palavra e não são apenasconseqüência de nossa oração.

Mas, ao sair, qual foi nossa surpresa! Os ladrões tinham escolhido oautomóvel episcopal para obter recordações santas, levando toda a nossa bagagem. Minha mala, que sobrevivera a uma volta ao mundo, desapareceu comminha máquina de escrever e tudo quanto havia comprado em Hong-Kong. Omais valioso que perdemos não foi nenhuma coisa material, nem sequer meu passaporte ou meu bilhete de identidade, mas uma pasta onde estavam cinqüentatestemunhos para nosso próximo livro. Eu os tinha escolhido cuidadosamente etrazia-os para entregar a um amigo com quem escrevo os livros. Então eu disseao Senhor: “Se queres que escrevamos este livro, terás que fazer mais milagres emais curas. Os testemunhos podem se perder, mas a ti não podemos perder-te.”Mais uma vez o Senhor nos desprendia de tudo para não dependermos senão

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dele. Deus nos quer livres de todo o apego e de toda a segurança humana oureligiosa. Na verdade, quando o Senhor é o nosso pastor, nada nos falta. Ascoisas não são tão necessárias como julgávamos. Os planos do Senhor sãomaravilhosos, pois nos ensinam a caminhar sobre as águas, dependendo apenas

da sua Palavra que nos diz: Vão pelo mundo e proclamem a boa-nova a toda acriação (Mc 16,15).

Como tinha razão o Senhor, ao mandar-nos sem túnica, sem sandálias, semdinheiro! Vive-se na confiança de seu amor e na dependência de sua fidelidade.Pode-se dar a volta ao mundo sem mala e até sem visto nem passaporte. Quandoeu tiver que fazer a viagem definitiva para a Jerusalém celeste, não levarei nemmala nem passaporte.

A Palavra de Deus é Espírito e é Vida (Jo 6,63) que nos assinala não só oque devemos fazer, mas também como realizá-lo: “A messe é grande e osoperários são poucos. Peçam pois ao Senhor da messe que mande operários paraa sua messe. Vão mas olhem que vos envio como ovelhas no meio dos lobos. Não levem bolsa, nem saco, nem sandálias. Curem os enfermos que lá houver edigam-lhes: O Reino de Deus está perto” (Lc 10,2-3.9-10).

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2. América Latina

O continente latino-americano é grande e cheio de contrastes. Ao lado dasgrandes riquezas, existe a penúria. Encontrei os corações mais generosos nestaterra onde a miséria e a generosidade dão as mãos. Nesses países,economicamente pobres mas ricos por sua fé, constato o amor sem medida deDeus, que amou os seus filhos e trabalha neles para instaurar neste mundo umReino de justiça, de alegria e de paz.

A América Latina foi chamada com razão o “continente da esperança”. O que

Deus está realizando nessas latitudes é sinal de esperança e salvação para toda ahumanidade. Evangelizada há 500 anos, tem o desafio de viver e proclamar umanova evangelização; nova no ardor, nova nos métodos e nova na expressão.

São povos que teceram juntos sua história, suas culturas e sua fé sobre aPalavra de Deus, para construir o Reino de Deus, mediante a pregação que levaà conversão pessoal, comunitária e social. A transformação de nosso mundo éobra do Espírito Santo, que renova a face da Terra. Muitos, por variadas vias esistemas, prometem a libertação e a instauração da paz e da justiça neste mundo.

A outros parece que, por si só, a pregação do Evangelho não muda as coisas.Contudo, nós repetimos com S. Paulo: “Eu não me envergonho do Evangelho,que é a força de Deus para a salvação de todo aquele que acredita” (Rom 1,16).

Embora pudéssemos referir-nos a cada país do continente, temos de escolher apenas alguns, para oferecer uma visão sintética do que acontece nessas terrastão abençoadas por Deus.

BrasilO Senhor enviou-nos dois a dois. Por isso, procuro sempre ir com outro

irmão evangelizar. Assim, nossos carismas complementam-se e podemosmanifestar que a obra evangelizadora não é de uma pessoa mas do Corpo deCristo. O meu companheiro de pregação fez a seguinte reportagem:

Começamos nosso trabalho na cidade de Campinas, São Paulo, com duas

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 pregações na Paróquia de Maria Auxiliadora. A grande igreja, mesmo durante a

semana, estava completamente cheia. Como tem sede, esta gente, de escutar o

Evangelho! Em muitas partes, o povo não vai à missa sequer aos domingos;

contudo, quando apresentamos Jesus vivo, o problema é que as pessoas não

cabem nem nos grandes espaços nem nos estádios. Era impressionante ver as ruascheias de ônibus que traziam cartazes anunciando os lugares e as cidades de onde

vinham. Muita gente havia percorrido mais de 500 Km!

 No fim de semana estivemos na capital do Estado, São Paulo, onde se organizou

um Congresso para 15 mil pessoas. No sábado pregamos sobre o amor de Jesus e

o processo de cura de Maria Madalena.

 No momento em que o animador dava os avisos para começarmos o almoço,

uma senhora que tinha entrado com muletas levantou-as bem alto e deu glória a

Deus, passando pelo corredor central. Todo o estádio explodiu em aplausos e emlouvores ao Senhor. A senhora subiu pelo seu próprio pé os degraus do estrado e

deu testemunho. Havia muitos anos que não podia caminhar. Desceu cheia de

alegria enquanto cantávamos repetindo as palavras do paralítico da Porta Formosa:

“Foi andando, e saltando e louvando a Deus.” Então ela começou a dançar com

toda a gente. Apesar de ter 68 anos, parecia uma jovem de 15 anos com quem

todos queriam dançar.

 Na Missa pelos doentes, o Senhor abriu os ouvidos à irmã Geralda, do Colégio

de Sião, onde tínhamos pregado na sexta-feira à noite. Ela própria nos tinharecebido e o Senhor abençoou-a! Como tinha razão Jesus ao afirmar que nem um

copo de água dado em seu nome ficaria sem recompensa!

 Na noite de domingo, regressamos a ltaici, onde estavam reunidos mais de 200

sacerdotes para um retiro. Foi uma das experiências mais belas de toda a minha

vida. Num fértil vale com uma beleza natural impressionante, encontra-se essa casa

de retiros. Respira-se um ambiente de simplicidade, reflexo da natureza que nos

rodeia. Todos os sacerdotes estavam abertos e desejosos de ver a glória de Deus.

 Não houve discussões nem barreiras. Ao louvarem a Deus, todos o faziam sem

reservas. Os cantos em línguas estendiam-se por vários minutos, a profecia era

comum e as curas, abundantes. Tudo acabou com uma noite de adoração

eucarística na qual houve tantos belos testemunhos que eu não poderia contá-los.

Somente repetirei o último deles.

Tínhamos apresentado o tema do perdão incondicional de Jesus à mulher 

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adúltera (Jo 8,1-11). Então, um sacerdote levantou-se, pôs-se ao lado do altar onde

estava posto o Santíssimo e disse:

Eu não queria falar, mas a culpa é d’Ele – disse, apontando para o ostensório

sobre o altar. Desde muito pequeno sofro de um terrível e constante medo de não

ser perdoado por Deus e de passar a eternidade no inferno. Isso sempre meangustiou e fez de mim uma pessoa triste. Tenho 27 anos de ordenado e esse

 pesadelo tem me perseguido sempre. Vivi tão atormentado pela obsessão de não

ser perdoado, que não sei sequer o que é a felicidade. Contudo, hoje percebi que

de nada me serviria ir para o céu, se eu não amasse a Deus com toda a minha alma

e com todas as minhas forças; o mais importante é amá-lo com todo o coração,

esteja eu onde estiver. Hoje, o Senhor seduziu-me e eu deixei-me seduzir. Amo-o

tanto, que não poderei deixar de amá-lo por toda a eternidade. Não lhes digo que

estou certo do seu perdão. Estou certo do seu amor e do meu, e tenho uma pazmaravilhosa. O amor que Deus me tem e o amor que agora experimento por Ele

expulsaram as sombras do medo.

Depois, dirigindo-se a Jesus no ostensório, acrescentou: “Agora te digo, e tu

sabes que o faço sinceramente, ainda que tu não me perdoes, eu te amo. E se me

condenares, continuarei a amar-te. Mais ainda, se hoje me mandares para o

inferno, nem aí eu poderia deixar de te amar. Obrigado pelo teu amor que me faz

experimentar a paz profunda e a alegria no meu coração, pela primeira vez na

minha vida.”Quando ele terminou, metade dos sacerdotes chorava, enquanto o condutor da

música entoava um canto brasileiro que diz: “Estou louco de amor por ti.” Tinha

sido curado de seu medo de ir para o inferno. O amor tinha expulsado todo o

temor.

 No dia seguinte, veio ter comigo um sacerdote, que me disse: “Durante o

testemunho de ontem, senti-me muito incomodado, pois comecei a analisar o que o

 padre estava dizendo e encontrei vários erros teológicos. Contudo, passei a noite

inteira pensando naquele canto: ‘Estou louco de amor por Ti’, e compreendi que o

 padre estava embriagado do amor de Deus, e que quando Deus se manifesta, as

 palavras não chegam para exprimir o que nos acontece.”

 Na oração de cura interior, percebi quanto amor, compreensão e oração precisa o

sacerdote pois, como todo ser humano, ele tem grandes feridas que o incapacitam

de ser o que quer e o que Deus lhe pede. Parafraseando São Paulo, afirmaria que

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“onde abundam as graças de Deus, superabundam carências e limitações”. Será

que o Senhor faz isso para nos recordar que a obra é sua e que seu poder se

manifesta no próprio âmago de nossas limitações? A verdade é que o Senhor 

continua depositando grandes tesouros em vasos de barro. Quanto maior é a

missão de uma pessoa, mais obstáculos se apresentam no seu caminho. Por issonão se pode julgar nem condenar um sacerdote quando cai, porque ninguém sabe

quanto ele teve de lutar antes para não sucumbir. O que ele precisa é da mão de

um amigo que o ajude a se levantar, mas acima de tudo precisa da força de Deus

que o cure.

Depois fomos para o Rio de Janeiro, onde pela primeira vez se abriam as portas

da Catedral à Renovação. Estava completamente cheia com 14 mil pessoas naquela

escaldante tarde de 42oC.

Enquanto o Padre Emiliano pregava, trouxeram pelo corredor central umasenhora que não podia mexer os pés. De tal maneira aquele espetáculo era

apelativo que ele até interrompeu a conferência por uns segundos, uma vez que

toda a gente se distraía. Depois tivemos a Eucaristia e, na hora da comunhão, antes

da oração pelos enfermos, esta mesma senhora levantou-se pelo seu próprio pé e

subiu à capela-mor para dar seu testemunho. Chamava-se Maria Oliveira e tinha 47

anos. Havia cinco anos que não podia dar um passo sozinha. O Senhor tinha

curado-a completamente, antes da oração pelos enfermos!

A acústica da Catedral era péssima. Por vezes o povo nem nos ouvia. Contudo,na hora da oração pelos enfermos, o Senhor escutou nossas orações. Foi uma

maravilha! Houve mais de cem testemunhos.

Uma pessoa que não podia falar leu a Bíblia diante de todos. Um menino que

não podia caminhar deu seus primeiros passos diante das câmeras da televisão

nacional. Foi algo tão impressionante que no dia seguinte os jornais mais

importantes da cidade, alguns na primeira página, falavam longamente dos milagres

e das curas na Catedral.

Os meios de comunicação foram nos entrevistar, mas já tínhamos voado para

Belo Horizonte, onde, no momento da Eucaristia presidida pelo Bispo, quando ele

disse: “Derrama, Senhor, o teu Espírito Santo sobre estes dons”, uma senhora que

estava paraplégica ficou curada. O Senhor não esperou pela oração dos enfermos

depois da comunhão mas, ao invocarmos o Espírito Santo sobre as oferendas

durante a Eucaristia, curou essa mulher.

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Hoje nós vimos cumprida a promessa do Senhor: “Antes que me chamem, eu os

ouvirei; ainda estarão falando e já eu lhes responderei” (Is 64,24).

México

Monsenhor Carlos Talavera, Bispo de Coatzacoalcos, México, foi quem primeiro me convidou a pregar a sacerdotes. Naquela altura, era para mim muitoestranho sair de minha região tropical, que muitas vezes tinha percorrido acavalo, para viajar por todo o mundo. Por isso, guardo um carinho especial paracom o México, terra de vulcões. Aqui apareceu Nossa Senhora de Guadalupe,deixando uma maravilhosa mensagem evangelizadora. Foi ela quem nos deuJesus e quem, a partir de sua capelinha do Tepeyac, continuou evangelizando,centrando-nos sempre na pessoa de seu Filho.

Depois de um Encontro Carismático na cidade de Torreón, o Padre Victor Manuel Frias escrevia no jornal  El Sol de La Laguna, com o título “Fome deDeus”:

“Como um instrumento evangelizador que não pretende outra coisa senão

 proclamar a boa-nova de Jesus, a Renovação Carismática atrai multidões, não

 pelos milagres e curas, mas porque as pessoas têm fome de Jesus. Nessas reuniões

não só se fala de Jesus, mas Ele mesmo se mostra com poder e com misericórdia.

Quinze mil pessoas reuniram-se para escutar a Palavra de Deus, proclamada com o poder do Espírito Santo pelo Padre Emiliano.”

O jornal Vanguardia, de Monclova, trazia a manchete: “Cerca de 25 milalmas encheram o Estádio Monclova e viveram um encontro pessoal comCristo”.

Mais de 25 mil católicos do norte e do centro do México uniram-se em

comunhão com Cristo.

“Vivemos um tempo maravilhoso. O Espírito Santo está renovando a Igreja.

Vimos, com nossos próprios olhos, cegos que recuperaram sua visão, mudos quefalaram e milhares de mortos de alma que ressuscitaram para a Vida Nova. Esta é a

grande ressurreição que Jesus dá ao seu povo”, exprimiu na sua mensagem o Padre

Tardif, durante a Missa do domingo ao meio-dia.

Perante milhares de católicos, o Padre Tardif expôs que “não necessitamos de

um novo Evangelho, mas de uma nova evangelização; nova em seu ardor, nova em

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sua expressão e nova em seus métodos”.

“Este terceiro encontro foi uma grande experiência. A participação das pessoas

cresce cada vez mais, e esperamos que o fortalecimento da fé em Jesus traga como

conseqüência a cura nas relações”, disse o Padre José Luis Ortiz. “Podemos dizer 

que toda a gente teve, nessa reunião, um encontro pessoal com Jesus vivo. OSenhor fez grandes coisas em nós e sentimo-nos alegres”, terminava.

Dois dias depois, o mesmo jornal afirmava:

“Perante os olhos atônitos de mais de 25 mil católicos que estavam presentes,

doentes de paralisia pegaram a sua cadeira de rodas e subiram caminhando até o

estrado; surdos recuperaram a audição, por causa da enorme força da fé.”

Maria Magdalena Castañeda Pérez, repórter de  El Occidental    deGuadalajara, intitulou sua reportagem “Evocando as curas que Jesus tinha

realizado há dois mil anos, o Padre Tardif rezou pelos enfermos desenganados pela medicina que, nessa altura, se viram curados dos seus males.”

E os milagres se sucederam outra vez... Os paralíticos caminharam e

abandonaram suas cadeiras de rodas, para surpresa dos presentes. Os cegos viram,

os surdos ouviram, e muitas pessoas mais se levantaram emocionadas dos seus

assentos, para anunciar que, nessa reunião de oração, Deus as tinha curado.

Um vento suave e fresco passeava por entre as árvores, enquanto a voz firme e

 pausada do Padre Emiliano Tardif mencionava uma a uma as curas que o Senhor Jesus Cristo estava realizando nesse momento entre os presentes. Entretanto,

vozes entrecortadas pela emoção asseguravam “Estou vendo, estou vendo!” e

outras mais afirmavam: “Já posso andar!” Tudo aquilo nos fazia entrar cada vez

mais nas passagens da Escritura, não como leitores, mas como atores e

testemunhas.

Com ar sereno e olhos azuis, vestindo um terno escuro e uma camisa azul celeste

com o característico colarinho romano, o Padre Tardif explicava: “Hoje acontecem

os mesmos milagres que há dois mil anos porque Jesus está vivo! E ainda nãovimos nada porque a etapa da evangelização está apenas começando. Esperam-nos

grandes maravilhas.”

 Numa reunião para celebrar o vigésimo aniversário do aparecimento da

Renovação Cristã no Espírito Santo, o Padre Tardif, além de dar uma visão

 panorâmica da evolução que teve esse Movimento, rezou pelos enfermos que ali se

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encontravam e convidou os presentes a louvar e a confiar em Deus, “pois Ele

nesses dias está fazendo grandes maravilhas e renovando os dons e carismas na

sua Igreja”.

Uma coisa que chamava a atenção era quando Padre Tardif, com os olhos

fechados, anunciava as curas e o lugar onde estavam as pessoas a que se referia. Numa dessas ocasiões, disse: “Neste momento, o Senhor Jesus está curando a

visão de três pessoas; duas estão à minha frente e uma está atrás de mim. Ponham-

se de pé, por favor.” Imediatamente essas pessoas se puseram de pé e, felizes,

assinalaram que se tratava delas. “E agora, o Senhor está curando muitas pessoas

que estão doentes dos seus joelhos e que não podem se mexer bem.” Ao serem

localizadas, as pessoas doentes não só recuperavam sua flexibilidade, mas até se

 punham de pé louvando a Deus.

A tarde acabou e o sol deixou um resplendor de luz no céu. Aparentemente nadatinha mudado, mas era tudo diferente, porque algumas pessoas iam para casa

caminhando pelos seus próprios pés, outras voltavam a descobrir as cores ou a

música, ou muitas simplesmente sentiam paz. Embora haja quem afirme que esses

acontecimentos sejam “charlatanice, ou produto da imaginação”, os fatos aí estão.

Como prova, ficam as cadeiras de rodas vazias, os olhos que já vêem e um sem-

fim de testemunhos apresentados por muitas pessoas. Se o Evangelho se repete

hoje não é culpa do Padre Tardif. A única explicação é que Jesus está vivo no meio

de nós.Todos esses dons existem para edificar e evangelizar, “porque estamos numa

etapa em que Deus está reforçando a evangelização. Ele nos chama de forma

muito forte à conversão, porque existe muita corrupção, ateísmo e perdição.”

A prova de que “estamos vivendo uma primavera da evangelização, é observar 

com que fome e sede as pessoas procuram Deus”, comentou o entrevistado ao se

referir ao interesse suscitado por esses encontros. Isso é bom, advertiu Padre

Tardif, porque embora seja certo que ainda está longe o fim do mundo, a verdade

é que já estamos no fim do tempo da misericórdia de Deus em que Ele purificará a

humanidade. Para estarmos bem preparados e para endireitarmos nossas vidas, Ele

nos manda seu Espírito.

 El sol de La Laguna  publicou um artigo especial, intitulado: “A RenovaçãoCarismática fortalece o Catolicismo”:

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“A oração é a força do homem e a fraqueza de Deus”, repetiu várias vezes o

Padre Emiliano. Ao ser entrevistado acerca do Quinto Encontro da Renovação

Cristã, que está em curso, ele assinalou que essa corrente avança e se fortalece.

O Padre Tardif descreve a Renovação Carismática como “uma renovação da fé,

que nasceu dentro da Igreja Católica desde o Concílio Vaticano II e que foireconhecida por Paulo VI. Não tem fundador porque foi o próprio Espírito Santo

que a suscitou. Atualmente está presente em 140 países do mundo.”

Lembrando-se das palavras de João Paulo II, o entrevistado recordou que, entre

as vantagens que oferece esta Renovação Carismática, encontra-se o fato de que

ensina os crentes a orar e oferece um remédio excelente contra a invasão das seitas

estranhas. Há mesmo quem, desde que participa deste movimento, tenha voltado

 para a Igreja Católica.

Por seu lado, o Padre Xavier Escalada, no jornal mais prestigiado do país, xcelsior , escreveu em 7 de dezembro de 1986: “Presentes do Senhor na festa

de Cristo Rei”:

 Na manhã morna e clara do domingo de 23 de novembro, festa de Cristo Rei,

cheguei à praça de touros. Tudo estava calmo, de tal forma que pensei que tinham

me informado mal. Os corredores ao redor estavam vazios e tudo num

desconcertante silêncio.

Dentro, num admirável clima de paz, o pregador falava de maneira simples, sem

grandes rodeios nem vozes que atordoassem. Referia-se a um tal Jesus de quem

dizia que “está vivo”, atuante, perto dos que sofrem e que oferece as mãos cheias

de graças e curas àqueles que crêem. Depois de animar a fé com alguns

testemunhos de curas recentes, assegurou que a oração continuava a curar muitos,

“qualquer que fosse sua enfermidade”, como nos dias do Evangelho. O pregador 

falava perfeitamente o espanhol, com um saboroso sotaque francês, que agradava

aos ouvintes.

Convencido na “própria carne” do poder da fé e pregação, já percorreu grandescaminhos evangelizando e deixando em sua passagem uma marca de curas

constantes e difíceis de explicar. Mas delas há sempre milhares de testemunhas: as

que assistiram a assembléias como esta na manhã da festa de Cristo Rei. Tardi

insiste em que é Jesus quem cura. Ele tem o dom carismático do “conhecimento”;

apresenta dados concretos acerca de pessoas que nesse momento estão sendo

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curadas.

Anunciou a dois surdos que antes não ouviam absolutamente nada e de repente

começaram a ouvir. Pediu-lhes que se pusessem de pé e que dessem testemunho

do que experimentavam, perante a emoção e a alegria dos que presenciamos tudo

com olhos de assombro. Foram subindo até a plataforma que estava no centro da praça. Primeiro, uma senhora que deu testemunho de ter recuperado a audição

numa outra reunião como esta. Levava nas suas mãos o relatório médico que

certifica sua antiga enfermidade. Um jovem com cerca de 30 anos emocionou-nos

intensamente ao dar testemunho de que estava cego de um olho e que então estava

vendo perfeitamente com ele. Diante do microfone, via-se pela sua entoação que

não estava mentindo quando nos queria convencer de que isso era verdade: “Já

vejo, juro; estou vendo bem com este olho que tinha perdido.”

Uma jovem de 18 anos subiu também sem que ninguém a ajudasse, apesar de,desde o nascimento, ser coxa das duas pernas. Algumas pessoas, que tinham

chegado em cadeiras de rodas ou com muletas, aproximaram-se da plataforma e

ajoelharam-se para dar graças diante do Santíssimo, sem poder terminar seu

testemunho ao microfone, afogadas pela emoção e pela alegria.

Os que acreditam facilmente no sobrenatural pensarão que nada há de milagroso

nisso tudo, que são com certeza fenômenos normais de parapsicologia, psicoses

coletivas que se contagiam diante de uma multidão crédula. Emiliano Tardi

explicou bastante melhor: “É como um sorteio de presentes de Cristo Rei, no diada sua festa.”

Eram tantos os braços levantados ao alto, que queriam testemunhar alguma graça

que acabavam de receber, que não houve tempo para todos. Mas era o momento

de se admirar e de se alegrar, de agradecer e de se encher de ternura. O poder do

Senhor estava no meio do seu povo, crente e simples, confiante e alegre, porque

estava fazendo nele “grandes coisas Aquele que é onipotente”. A alegria e o louvor 

coroaram essa festa de Cristo Rei.

 La  Opinión, de Torreón, publicou um artigo intitulado “Jesus é o Salvador”.

Quinze minutos depois da uma da tarde, o sacerdote Emiliano Tardif pediu

silêncio absoluto às cerca de 16 mil pessoas que abarrotavam ontem o Estádio da

Revolução. As alegres guitarras, que todo o dia animaram a oração, imediatamente

emudeceram de respeito. Pressentia-se que algo de grande ia acontecer. Era o

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momento de rezar pela saúde dos enfermos. Só a sua voz se ouvia, trêmula,

rezando.

Embora todos os olhos estivessem fixos naquele sacerdote vestido de branco, a

fé estava centrada unicamente em Jesus que, ao ressuscitar dentre os mortos,

ganhou a vitória sobre o pecado e sobre a enfermidade.Se se tomar em consideração as milhares de pessoas presentes no estádio, o

silêncio pode classificar-se de incrível. Era o momento de constatar se todos

aqueles rumores que o tinham precedido eram verdade ou simples exagero. Mas o

mais importante é que tinha chegado a hora em que Jesus repetiria os milagres de

que fala o Evangelho. Tardif rezava com fé e simplicidade, certo de que Deus

estava no meio de seu povo. Depois pediu que se identificassem aqueles que

tinham recebido alguma cura.

 Nas bancadas produziram-se alguns rumores. Depois, em alguns setores notou-semuito movimento. Por fim, as pessoas começaram a aplaudir e soube-se que uma

 pessoa tinha recuperado a visão, outra o movimento em algum membro, outra

começava a ouvir. Até que o júbilo se generalizou.

De entre os enfermos que, pela sua condição de invalidez, tinham sido colocados

no próprio gramado do Estádio da Revolução, alguns começaram a dirigir-se para o

centro do lugar. Um jovem com as suas muletas ao ombro, senhoras mais velhas

que abandonaram os aparelhos que lhes serviam para se moverem, um menino

 paralítico a quem dois jovens ajudavam a dar uns passos, homens velhos com

artrose que deram testemunho da sua cura, ajoelhando-se, e muitos outros.

 Na homilia, o sacerdote Emiliano Tardif assegurou “que só Espírito Santo é

capaz de fazer o que estamos vendo”, referindo-se à multidão, que, pelo segundo

dia consecutivo, enchia as bancadas, os corredores e boa parte do gramado do

Estádio. Na mesma homilia, explicou que não temos de esperar outro messias,

 porque Jesus é o Salvador e não é necessário um novo Evangelho, mas uma nova

evangelização.

 No fim da Missa, o Padre Emiliano Tardif deu uma entrevista, realizada com a

 presença de numerosos sacerdotes, atentos às perguntas e ainda mais às respostas.

“Padre Tardif, não será produto da euforia, do entusiasmo dos cantos, o fato de

que os enfermos se sintam curados?” A resposta foi outra pergunta: “Quantos

enfermos se curam na alegria de um jogo de futebol?” Depois acrescentou:

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“Quando Jesus ressuscitou, houve quem não acreditasse. Outros inventaram que

os discípulos tinham roubado o corpo ou que simplesmente era uma invenção de

seus fanáticos seguidores. Hoje, ao mostrar-se Jesus vivo, dando vida aos que

habitam na sombra do pecado e curando os que estão prostrados pela enfermidade,

ou devolvendo a paz aos desesperados, há quem atribua tudo isso à parapsicologia.Mas a explicação real é muito mais simples: Jesus está vivo e é o mesmo ontem,

hoje e sempre. Que tem de estranho que haja maravilhas, se Ele é um Deus

maravilhoso?”

“Padre, o que fará de sua fé essa gente que não se curou?” Resposta: “Há muita

gente que deseja curar-se e não consegue, tal como num hospital. Deus tem um

 plano para cada um de nós. Esse é o mistério do seu Amor. Uns não são curados

fisicamente, mas saem do Encontro e começam a procurar a Deus. Viram que

Deus vive porque curou os outros, e isso desperta e aviva sua fé.”

ChileUm comentário num jornal de Valparaíso tinha como título: “Homens,

mulheres, jovens, velhos e crianças encheram ontem a Catedral de Valparaíso, para assistir à Eucaristia do sacerdote canadense Emiliano Tardif, que percorreo mundo pregando que um tal Jesus de Nazaré, que viveu há dois mil anos naGaliléia, está vivo hoje.”

A Eucaristia estava programada para as 14h30. Mas, muito antes, o templo foi

enchendo, ficando centenas de pessoas em pé. Os fervorosos assistentes cantaram

durante meia hora louvores ao Senhor, com o apoio musical de guitarras e

 pandeiros. Mas, sem dúvida, o mais impressionante era olhar para os seus rostos,

 porque deles emanava uma paz interior e uma fé tão profunda, que seriam capazes

de convencer os mais incrédulos. Muitos que tinham ido talvez por curiosidade,

com o decorrer dos minutos, choravam e davam graças ao Senhor por ter entrado

novamente nos seus corações.Enquanto o sacerdote canadense anunciava as curas milagrosas, homens,

mulheres e crianças choravam dando graças a Deus num ato de fé sem paralelo,

chegando ao clímax quando uma senhora de uns 40 anos, que chegou ao templo

com uma bengala como conseqüência de uma paralisia, conseguiu subir por si

mesma no altar. “Louvado seja Deus!” foi a exclamação espontânea de todos os

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 presentes, que irromperam em aplausos enquanto as lágrimas afloravam no rosto

de muitas pessoas. A mulher que se curou, Yolanda Vázquez, com palavras

entrecortadas, disse: “Há nove meses não andava, porque tive uma paralisia. Vim

de Belloto Sur, onde vivo. Deus fez um milagre na minha vida. Os dias que me

restam serão para louvá-lo.”Patricia Ulloa, na sua reportagem de  Buen   Domingo, afirmava: “Curaram-se

 pela fé”:

“Minha vida era temor permanente e uma angústia em cada manhã. Começou há

vários anos quando, ainda criança, comecei a sofrer de asma brônquica, que

 permaneceu por mais de 40 anos até atingir limites críticos. No ano passado, estive

internada numa clínica, tomando soro e oxigênio. Um dia de agosto fui até minha

comunidade porque o padre Tardif ia celebrar uma ‘Eucaristia de cura.’ Quando

escutei o Padre afirmar: ‘Há uma pessoa que há vários anos sofre de asma e que securará imediatamente’, não soube como reagir. Alegria, desconcerto ou esperança?

 Não pude explicar. Depois, um grande alívio. A anunciada cura realizou-se.”

“Sofri por mais de 20 anos de um problema cervical. Fiz duas operações e não

melhorava nunca. Quando o Padre Tardif foi a Santo Toribio, eu estava pedindo

 por uma irmã que estava muito mal. Em certa altura, o Padre Tardif disse que

havia uma pessoa que seria curada de um problema cervical. A única que deu

testemunho fui eu porque era eu quem tinha sido curada. Hoje, várias semanas

depois, ratifico esse testemunho. Estou curada.”

“Como muitas outras pessoas, assisti a uma das reuniões do Padre Tardif, mas

em nenhum momento tive um pensamento de cura física para mim. Eu apenas lhe

 pedia que curasse minha alma. Ao chegar em minha casa, senti uma forte dor no

ouvido; quatro anos antes, se tinha rompido o tímpano e não me deixava ouvir.

Durante várias horas continuou essa dor muito forte. Pouco a pouco a dor 

abrandou e dois dias depois fui ao médico para uma consulta. O doutor perguntou-

me: O que aconteceu, minha senhora? Isso é um milagre! Sua membrana está

outra vez inteira.”

Testemunhos como esses, até mesmo acompanhados de certificados médicos,

acumulam-se às centenas na Secretaria do Movimento da Renovação Carismática.

Casos incuráveis de câncer, meningites agudas, nódulos no pulmão, enfermidades

cardíacas ou renais, paralisias, cegueiras, toda a enorme gama de dores humanas

encontrou melhora através da oração. E, na maioria dos casos, contra toda a

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 previsão dos médicos.

Como explicar esses fenômenos? O Padre Sergio Cifuentes, na Revista Pentecostes  de dezembro de 1986, fazendo uma reportagem acerca da jornada deevangelização no Chile, comenta:

A pregação de Emiliano começou com um querigma, o anúncio de um fatomaravilhoso: “Cristo ressuscitou, nós somos testemunhas.” Era essa a proclamação

da Igreja primitiva. O fato de se pregar de maneira testemunhal fez com que a

assistência aumentasse cada vez mais. Porque tinha a força do testemunho. Ele

 próprio é um curado e acrescenta algo que é fruto de sua madura experiência: “O

Senhor usa-nos, normalmente, na linha do que nós próprios sofremos.”

Quero começar pelos fatos, porque me aconteceu ver não uma, mas muitas

curas. Pessoas que estavam em cadeiras de rodas e que andaram; pelo menos seis.

Outros que andavam com bengala, com muletas e que agora podem andar semelas. Três ou quatro surdos que agora ouvem. Vi senhoras ao meu lado que sofriam

de artrites intensas e que moviam os dedos pela primeira vez desde há muito

tempo. Soube de curas interiores difíceis de divulgar aqui. Houve um tal número

de curas que já não se pode discutir nem pôr em dúvida sua realidade.

Simplesmente houve muitas. E este é um fato, um fato espantoso que nós próprios

não estamos acostumados a ver.

Existia um certo ceticismo, sobretudo entre o clero. Eu próprio me deparei com

essa barreira. Não acreditavam, nem queriam acreditar. Não viam, nem queriam

ver. Isso também é um fato e, de certo modo, explicável. Mas a ação de Deus que

nós pudemos tocar foi tão evidente, que não podemos pecar contra o Espírito

Santo.

Para sintetizar sua idéia, o religioso afirma: “Num tempo de ceticismo, de crise

de fé, o Senhor necessita dar essas sacudidelas para mostrar às pessoas que o

Messias chegou a este mundo e que não há salvação fora dele. Era este o sentido

dos milagres do Evangelho.”

República DominicanaQuando, há 500 anos, o Evangelho chegou a este continente, foi precisamente

esta ilha a primeira que se viu sob a sombra da cruz de Cristo ressuscitado. Foiao mesmo tempo um privilégio e uma responsabilidade, porque daqui saíram

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missionários para muitos países levando a Boa-nova da salvação em JesusCristo.

Há já tantos anos que trabalho nesta pequena ilha do Caribe, que meaclimatei a sua cultura, a seus costumes e a sua maravilhosa gente, cheia de

alegria e simplicidade, mas que dá o coração completamente a Deus e aosoutros.

Como aqui vivemos e trabalhamos mais do que em qualquer outro país, éaqui que podemos encontrar mais material deste fascinante mundo daevangelização. Quero começar com uma reportagem muito curiosa, que apareceuno jornal  El   Camino  (6 de abril de 1986). O repórter intitula sua nota destaforma: “O caso Emiliano.”

Os retiros quaresmais no Monte de Oração de S. Victor Moca constituem um

testemunho confirmado daquela frase de Jesus: “Nem só de pão vive o homem”

(Mt 4,4). De diversas regiões do país vêm numerosos grupos de homens e de

mulheres para escutar e rezar.

A culpa não é dele. Nem se trata de fórmulas secretas, nem de anúncios pagos,

nem de discursos preparados com textos de autores de renome. Emiliano

(sacerdote missionário do Sagrado Coração), confessando suas limitações pessoais,

tenta comunicar a mensagem eternamente fresca do Ressuscitado, aquele que

sempre transmite a vida a quem escuta com atitude humilde.Emiliano atreve-se a orar abertamente pelos enfermos e o resultado é que o

Senhor, que na sua extrema liberdade, cura ou alivia esta ou aquela enfermidade.

Assim tão simples, assim tão misterioso. Não há mais nada! Mas Emiliano insiste

que a pior doença é o pecado.

O profeta Eliseu já o tinha dito ao rico Naamã, manchado pela temível lepra: “Vai

lavar-te no Jordão.” Nem sequer o tocou, nem o abençoou. E ele curou-se.

Emiliano manda-nos à fonte da água viva: o Amor de Cristo, o Coração de Jesus.

Com a fidelidade de um homem do Quebec, ele está em comunhão com cada bispo e com o Papa João II. Nada de espetacular.

 No domingo, 30 de março, festa da Ressurreição do Senhor, Emiliano esteve no

Monte de Oração. Como fotógrafo e diretor de  El   Camino, nós próprios fomos

testemunhas repetidas vezes do “caso Emiliano”. Desde a madrugada, dizia uma

religiosa, estava chegando gente. A Polícia viveu momentos de angústia ao tentar 

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nos grupos de oração através do mundo inteiro, e que não devemos envergonhar-

nos de pertencer ao exército dos cristãos que encontraram o poder da oração e

redescobriram a força do Espírito Santo em suas vidas.

Casa da AnunciaçãoEm São Domingos, República Dominicana, fundamos nos anos de 1981-82

uma comunidade carismática de leigos dedicados à evangelização, chamada“Servos de Cristo Vivo.” O nome define nossa vocação e missão: somoschamados a ser servos de Jesus Cristo, que é o único Senhor; contudo, nossamissão é sermos testemunhas de que Ele está vivo e dá vida aos que acreditamem seu nome.

Unidos no amor, na oração e na partilha, caminhamos até formar uma

comunidade cristã que fosse sinal de que o amor de Deus foi derramado emnossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

Conseguimos uma casa, para convertê-la em centro de oração e deevangelização, e chamamos-lhe “Casa da Anunciação”, porque Deus nos chamaa ser como o Anjo Gabriel que anuncia a boa-nova da salvação ao mundo. Nossamissão é como a de Maria: que Cristo viva entre nós, para o darmos aos outros.

A Casa da Anunciação converteu-se realmente num centro de evangelização,

onde as pessoas encontram Jesus vivo. Organizamos retiros e cursos. Em muitosfins de semana damos o Seminário de Vida no Espírito para que as pessoastenham um encontro pessoal com Jesus ressuscitado, mas temos também cursosde crescimento, para que amadureçam em sua fé e compromisso cristão. Não basta nascer para a Vida Nova: é necessário crescer até a estatura de JesusCristo, até sermos santos, vocação de cada batizado.

Também produzimos programas de rádio e de televisão, veiculadosdiariamente, levando a presença, o amor e a salvação de Jesus até os lares mais

distantes. São muitos os testemunhos de conversões e curas que recebemosatravés desse ministério tão árduo , mas uma alma salva vale muito mais do quetodo o ouro do mundo.

 Na Casa da Anunciação, descobrimos que não basta evangelizar, mas que énecessário preparar os evangelizadores. Dessa forma, iniciamos a “Escola deEvangelização João Paulo II”, onde se formam os novos evangelizadores para a

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nova evangelização. Percebemos que o bom evangelizador não é o queevangeliza, mas o que forma evangelizadores.

Ajudados pela comunidade S. João Baptista, da Itália, e pela “Escola deSanto André”, de Guadalajara, México, fizemos um curso de nove meses para

formar novos evangelizadores no campo prático da pastoral, ensinando-lhessobretudo como evangelizar e como formar outros evangelizadores.

Com o tema “aprende-se a evangelizar evangelizando”, elaboramos nessesúltimos anos um programa que nos permite ter um campo de sementeira, para preparar os evangelizadores do século XXI.

Escola eminentemente querigmática e carismática: querigmática, porque écentrada em Cristo, baseada na mensagem do querigma de Pentecostes;carismática, porque nosso método é “evangelizar com o poder do Espírito”aquele que toca os corações e transforma a face da terra.

 Nossos evangelizadores já estão prestando serviços noutras comunidades e países. O sinal de que alguém está evangelizando é que não pode deixar de falar do que viu e ouviu. Contudo, é preciso ter uma formação para saber comotransmitir essa mensagem, e para isso serve a escola de evangelização.

A Casa da Anunciação é um centro de oração e de intercessão. O Santíssimoestá exposto desde o amanhecer até a tarde, e muita gente vem encontrar-se com

Jesus ressuscitado. Nessa casa, ora-se por todos os projetos e trabalhosevangelizadores. Quando uns saem para pregar, outros permanecem intercedendo pelos evangelizadores e pelos evangelizados. Depois trocam-se os papéis e unsintercedem para que a semente semeada produza muito fruto, e um fruto que permaneça, de acordo com a vontade de Jesus. A evangelização só é eficaz se seapoiar na oração.

 No dia de sua inauguração, 25 de março de 1984, começou o ministério daadoração. Cada dia se expõe o Santíssimo no altar desde as oito da manhã atéseis da tarde. As pessoas vêm para se encontrar com Jesus vivo e presente naEucaristia. E aí nasce freqüentemente a necessidade de reconciliar-se com Deus.Existe sempre um sacerdote disponível para o Sacramento da Reconciliação.

Em todos os dias se celebra a Eucaristia, com a presença de pessoas de todaa cidade. Há os que percorrem vários quilômetros para se encontrar com Jesus e

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com os irmãos num clima de fraternidade e de amor. Não lhes interessam ossacrifícios e as distâncias, desde que encontrem uma comunidade que os acolha,os ajude e os impulsione para desempenhar uma tarefa: a tarefa de ser eles próprios evangelizadores.

Contamos sempre com uma equipe disponível para rezar pelos enfermos quechegam e para acompanhar os que sofrem. Acontecem fatos extraordinários,graças à presença viva de Jesus. Vou só contar alguns testemunhos, que mostramque Jesus está verdadeiramente presente na Eucaristia. Vilma Taveras nos enviouesta carta em que narra o que aconteceu em sua vida, na vida de sua família:

Faltam-me palavras para exprimir as maravilhas que o Senhor fez em minha

vida, através do senhor, Padre Tardif, que quis ser um instrumento tão disponível.

Meu filho Paulo nasceu em 26 de agosto de 1987, e trouxe a alegria a meu lar,

alegria que logo seria transformada em dor. Um mês depois de seu nascimento, o

Dr. Frederico Lithgow diagnosticou-lhe um tumor maligno no olho esquerdo,

chamado “retino-blastorna”, informando-nos que é um tipo de câncer de avanço

rápido. Era preciso extrair-lhe o olho o mais depressa possível.

 No dia 15 de outubro, foi internado no Centro de Pediatria e Especialidades de

São Domingos. Nessa noite, foi batizado de emergência, pois temia-se por sua

vida. No dia seguinte, realizou-se a operação e, graças a Deus, não havia

metástases.Por recomendação do doutor, viajamos para Porto Rico e para Cuba, tentando

um diagnóstico mais a fundo para o tratamento posterior. Pensou-se em

quimioterapia, mas isso teria conseqüências fatais num bebê e nós sabíamos disso,

uma vez que meu marido é médico. A decisão final foi não aplicar esse tratamento.

Durante um ano, seu próprio médico fez exames no olho são. Foram doze meses

de dor e de desespero, uma vez que estávamos longe de Deus, e uma cruz sem Ele

é muito pesada para qualquer ombro.

As tensões em meu lar aumentavam, culminado com a separação de meumarido.

Tive de deixar o país e viajar para Nova York para encontrar uma forma mais

determinante de combater a enfermidade de meu filho. A essa altura, o menino

tinha uns dois anos e meio e usava uma prótese (um olho de plástico). Quando

chegamos ao nosso destino, pude levá-lo ao Centro de Oncologia Oftálmica

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Infantil, no New York Hospital, em Manhattan. As notícias não foram as melhores.

O Dr. Abramson, que realizou o estudo, deu o diagnóstico que eu mais temia

escutar: o tumor tinha aparecido também no olho direito.

O único procedimento viável era congelá-lo, com o propósito de não lhe tirar o

órgão, mas ficaria completamente cego. Com toda a dor de meu coração, assinei aautorização que me era solicitada.

Perante este novo golpe, meu marido veio nos encontrar em Nova York. Assim

que chegou, fomos conversar com o médico, Dr. Grabowsky, que tinha pedido

 para falar com os dois. Informou-nos de que o menino padecia de um

retinoblastoma bilateral, aparentemente hereditário. Além disso, disse-nos que não

 podíamos ter mais filhos, pois as possibilidades de enfermidade no novo bebê

seriam muito altas.

A dor serviu para o reencontro entre nós. Nunca esquecerei o dia 17 de fevereirode 1989, em que pedi a Cristo, na igreja do Preciosíssimo Sangue, o milagre que

transformasse minha vida, e assim foi. Um mês depois, recebi a notícia de que

estava grávida. Meu marido entrou em pânico. Ao contrário, eu, que sabia em

quem tinha depositado minha esperança, estava certa de que não haveria nenhum

 problema de saúde com esta vida que Deus punha em nossas mãos. O impacto foi

tão forte para meu marido, que se separou definitivamente de mim e da família.

Depois desses acontecimentos, voltei para São Domingos, grávida e com meu

filho. Comecei a freqüentar com regularidade a Casa da Anunciação, procurando

 pelo senhor, Padre Tardif, que se encontrava numa grande viagem de

evangelização. Eu ficava muito tempo diante do Santíssimo exposto na capela. Por 

vezes chorava diante dele, outras vezes contava-lhe minhas alegrias e fui

aprendendo, pouco a pouco, a escutá-lo em silêncio. A Escritura converteu-se num

alimento necessário para a minha vida.

Em 23 de novembro, nasceu minha pequena Maria Natália. Ao levá-la para

exames médicos em Nova York, disseram-me que estava completamente sã, para

glória de Deus. O primeiro milagre tinha-se realizado, mas as surpresas por parte

do nosso Deus, que é poderoso, ainda não tinham terminado. Continuei

 procurando os caminhos de sua vontade.

 No dia 9 de abril de 1990 fomos convidadas, a minha sogra e eu, para um retiro

que seria animado pelo senhor, Padre Tardif. A oportunidade tinha-se apresentado,

o tempo tinha se cumprido. Nessa ocasião escutamos o testemunho de um menino

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que tinha se curado de Aids, e minhas esperanças cresceram. No dia seguinte,

Deus estava ali, antes mesmo de termos chegado; quando entramos, o ambiente

estava cheio de sua presença.

Logo que começou a Eucaristia, Paulito adormeceu em meus braços; isso foi

muito estranho, uma vez que é um menino muito irrequieto. Terminou a missa e,na oração de cura, a presença de Deus no ambiente tinha aumentado. O menino

começou a chorar, a tossir e a suar abundantemente. Minha sogra e eu trocamos

um olhar de surpresa, mas não dissemos nada. No fim da oração, aproximamo-nos

do senhor, que, depois de orar novamente por ele, disse-nos: “Não se preocupem,

tudo vai correr bem.”

 No dia seguinte, 12 de abril, partimos rumo a Nova York, para aplicar o

tratamento trimestral. Essa data seria memorável. Meu filho entrou no hospital e,

depois de várias horas, que me pareceram uma eternidade, vieram os doutoresEllsworth, Wise e Abramson muito surpreendidos, com o relatório de Paulo nas

mãos e disseram-me: “O tumor desapareceu, o olho está completamente normal.”

O pesadelo tinha terminado. Chorei de alegria. Disse-lhes que sua recuperação

era um milagre e ajoelhei-me para dar graças a Deus. Os exames posteriores

confirmaram plenamente a notícia, o que me permite partilhar este testemunho

com a segurança de que meu filho está totalmente curado.

Sinto que o amor de Jesus se manifestou em minha família. Desde então, Jesus é

minha razão de ser e não me apartarei dele, pois sei que não me decepcionará. Que

Deus o abençoe.

Com amor: Vilma Taveras

Uma coisa semelhante aconteceu na “Casa da Visitação” na cidade de Nagua,onde temos uma outra casa da Comunidade, em que também o Santíssimo estáexposto durante o dia, dizendo a toda a gente: “Venham a mim todos os que estãocansados e esmagados com o peso do fardo, e Eu os aliviarei.”

Um dia, uma senhora chorava muito diante do Santíssimo, que estava exposto na

capela. Um catequista aproximou-se dela e perguntou-lhe: “Minha senhora, o que

aconteceu?” “Estou pedindo ao Senhor que cure as manchas brancas que tenho no

rosto; até tenho vergonha de sair na rua.” “Minha senhora – replicou-lhe o

catequista – mas de que manchas está falando?” A senhora respondeu: “Mas não

vê as manchas que trago no rosto?” “Não, não vejo nada” – disse-lhe o catequista.

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Saíram os dois da capela e o catequista convidou-a a olhar-se no espelho. As

suas manchas tinham desaparecido por completo. Durante a meia hora de adoração

que ela tinha feito diante do Santíssimo, o Senhor curou suas manchas... Recordo

com alegria a Palavra do Senhor que afirma: “Para aqueles que temem o meu

nome, brilhará o Sol de justiça com a salvação nos seus Raios” (Ml 3,20).O sol de justiça é Jesus. Essa senhora colocou-se diante dos raios de seu

amor e em sua presença foi curada. Assim como Jesus no Sacramento daReconciliação cura as manchas da alma, purificando de todo o pecado, essasenhora ficou limpa das manchas de seu corpo. Que grande lição podemos tirar dessa cura!

Para terminar, quero deixar alguém contar o seu próprio testemunho:

Tudo é possível para aquele que acredita em Deus. No dia 10 de junho de 1985,

tive um terrível acidente de automóvel, em que o nosso carro chocou com outro.Morreram os dois ocupantes do outro carro, e minhas filhas gêmeas que iam

comigo. Fiquei inconsciente durante vários dias. Tive um grande ferimento na

testa, que foi tratado com 28 pontos. Perdi uma enorme quantidade de sangue; tive

uma fratura no fêmur direito, fraturas na perna e no braço esquerdo e golpes

 profundos no peito. Fui levada para a clínica Gómez Patinõ, em estado grave, de

tal forma que os médicos não garantiam minha vida ou, no mínimo, previam uma

longa convalescença até que eu pudesse caminhar. Mas o Senhor adiantou-se ao

 prognóstico médico para mostrar que seu poder está acima da ciência e das

 possibilidades dos homens.

Quando já estava deitada numa cama ortopédica havia dois meses, meu marido,

que é médico, disse-me que na Casa da Anunciação rezavam pelos enfermos, e

que seria bom irmos lá. Aceitei com alegria, pois estava certa de que Deus faria um

milagre em minha vida.

Um dia de setembro de 1985, acompanhada por uma sobrinha e apoiando-me

em minhas muletas, fui à Casa da Anunciação. Mostrei-lhes as fotografias doterrível acidente. Então levaram-me diante do Santíssimo. Sentei-me e rezei como

nunca tinha feito na minha vida. Chorei e supliquei a Jesus que me curasse, porque

eu acreditava que Ele poderia fazê-lo. Permaneci ali uma hora e meia com Jesus.

Durante esse tempo, senti-me isolada do mundo. Percebia a presença de Jesus.

Sabia que Ele me curaria. Estava certa da presença curadora de Jesus no

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Santíssimo Sacramento.

Voltei para casa e me deitei, dormindo umas três horas. Tive a sensação de que

algo me raspava a perna. Quando acordei, levantei e caminhei sem necessidade de

qualquer ajuda. Estava perfeitamente curada. Glória a Deus! Jesus, em sua imensa

misericórdia, ouviu minhas preces e as dos que rezaram por mim, e curou-me.Louvado e glorificado seja o Nome de Jesus!

Quinze dias depois de já ter começado a caminhar, fui ao médico que me

acompanhava. Ao me ver, exclamou: “Isto é um milagre!” Apalpou-me as pernas,

sem que eu sentisse qualquer dor. Mandou fazer radiografias e quando as viu,

disse: “Na verdade, é um milagre. A senhora está completamente normal, não há

qualquer sinal da fratura.” Meu marido e meus filhos também estão de acordo que

se trata de um verdadeiro milagre de Deus. Eu dou-lhe graças e louvo o seu Nome

em todo o tempo e lugar.Quando me dou conta dessas maravilhas que acontecem diante de Jesus

Sacramentado, digo: “Se as pessoas soubessem que na Eucaristia está Jesus comtodo o seu poder, não iriam procurar tanto o Padre Emiliano.”

Paraguai El    Diário  de Assunção (28 de fevereiro de 1987) trazia como manchete: “A

fé de 20 mil crentes foi palpável ontem. Mais uma vez se registraram muitostestemunhos de fiéis que alcançaram a graça da cura.”

O campo de futebol do Seminário Metropolitano foi cenário ontem da última

missa celebrada em nosso país pelo Padre Emiliano Tardif. Mais de 20 mil pessoas

 participaram na celebração, que teve momentos emocionantes quando numerosos

fiéis deram testemunhos de cura física.

Durante sua homilia, o sacerdote realçou a importância da fé para a cura.

“Temos que descobrir o poder curativo da Eucaristia, que é Jesus de Nazaré, vivo

e ressuscitado.” Depois acrescentou: “A nossa fé alimenta-se na oração, na Palavrae nos Sacramentos, de maneira especial na Eucaristia. Jesus cura através da oração

 pessoal, da oração em grupo, mas especialmente através da Eucaristia.”

Emilio Ibarra, de Concepción, anunciou que tinha sido curado de uma paralisia

que o mantinha inválido havia muitos anos. Também Pablo Flor deu notícia de ter 

começado a ouvir durante a missa, depois de ter estado muito tempo quase

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totalmente surdo. Um jovem, chamado Germán, foi caminhando até o altar, onde

afirmou que tinha começado a andar sem precisar de muletas, enquanto a multidão

gritava: “Glória ao Senhor!”

Devido à grande quantidade de gente, muitos não puderam aproximar-se do altar,

mas de longe testemunhavam ter sido curados de diversas enfermidades.“Os médicos disseram-me que minha filha Mirna ia piorar cada vez mais, até

ficar paralítica, e agora está caminhando normalmente”, contou Soledad Molinari

de Domínguez durante a missa. Explicou então que sua pequena havia três anos

estava impedida de caminhar devido a problemas no sistema nervoso.

“Padecia de miopatia e os médicos disseram-me que não tinha cura, que apenas

um milagre podia salvá-la, porque não havia forma de interromper a evolução da

doença”, disse muito emocionada. Depois informou-nos que tinha chegado ali com

muita fé, pedindo que sua filha caminhasse normalmente, como antes de contrair adoença. “Vim a todas a missas de cura para rezar por minha filha e agora vou para

casa feliz vendo como ela caminha”, testemunhou enquanto soluçava olhando para

Mirna, que movia normalmente as pernas.

 Hoy, de Assunção, dizia no dia 13 de novembro de 1983: “Imensademonstração de fé no povo paraguaio. 40 mil pessoas se congregaram ontem noEstádio. O povo católico viveu um dia de graça.”

Quase 40 mil pessoas participaram ontem, no Estádio “Defensores del Chaco”,

da missa celebrada pelo Padre Emiliano Tardif e concelebrada por duas dezenas de

representantes da hierarquia eclesiástica. Essas 40 mil pessoas demonstraram com

sua perseverança, apesar da chuva, do vento, da sede e da fome, o espírito

 profundamente cristão e católico do povo paraguaio. Sem dúvida darão testemunho

de uma jornada fora do comum, em que o amor de Deus e de seu Filho Jesus

Cristo se tornou mais patente do que nunca. Nos próximos dias, teremos

certamente testemunhos de curas milagrosas, mas a cura espiritual que se operou

ontem em milhares de corações, essa já terá sem dúvida dado fruto em cada lar,em cada círculo familiar ou social, a que pertencem as pessoas que estiveram no

Estádio ou que seguiram pela televisão a jornada de ontem.

O Padre Emiliano Tardif dirigiu um ensinamento aos presentes, no qual explicou

que não era ele quem curava, mas Jesus Cristo, ao qual se chegava por meio da fé,

da Palavra e dos Sacramentos. Também exprimiu que “o mundo não necessita de

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um novo Evangelho, mas de uma nova evangelização, e vivemos essa

evangelização com o poder do Espírito Santo”. É incrível como, com esses sinais,

o Senhor está renovando a fé de seu povo. Desperta os que estão adormecidos,

 para que reconheçam Jesus como o Messias Salvador.

Contudo, a reportagem mais bela não é a de todas as curas, mas aquela que  El  Diário, de Assunção, intitulava “Reviver”:

Estava ali murcho como uma flor no outono. Triste. Os anos iam passando, sem

que chegasse essa morte que desejava como uma libertação para seus sofrimentos.

Sentia-se preso, mas não tinha grades que o impedissem de fugir. Nem sequer 

 podia fazê-lo, ainda que quisesse. Não há cárcere mais triste do que a cadeira de

rodas, cujo tripulante vivencia uma impotência trágica. Ele já não podia suportar 

mais.

Aos 40 anos, com uma conta bancária de vários dígitos, estava preso a suacadeira e era um escravo de sua família. Levavam-no onde não desejava ir;

 punham-no na rua quando ele preferia deitar-se ou o deixavam sozinho quando

queria passear. Ninguém tinha tempo para ele. E pensar que tinha trabalhado

durante 20 anos, ganhando centavo a centavo, até conseguir montar aquele negócio

de que todos conseguiam viver sem sobressalto.

Cada manhã se esforçava para se levantar da cama, mas as pernas não lhe

respondiam. Agarrava-se a umas argolas instaladas na cabeceira e só assim

conseguia sentar. Olhava suas pernas enormes, musculosas, de atleta; mas estavam

adormecidas. Não podia pôr-se de pé.

Todos os dias – desde aquela tarde de domingo, cinco anos antes – acordava

com a mesma angústia. O choque tinha sido terrível, mas conseguira sobreviver. O

outro – um rapaz de 17 anos – tinha morrido. “Por que não teria morrido eu em

vez dele?”, lamentava-se diante dessa morte em vida que padecia, e de que já

estava farto. A última vez que o vi estava mais abatido do que nunca. Pensando

em morrer, mas sem coragem para se suicidar. Contudo algo aconteceurecentemente. Como todos os domingos, seu filho mais velho levou-o à missa.

Encontrei-me com ele. Dispus-me a escutar sua monótona ladainha de queixas,

mas era já outro homem. Sorria como há anos não fazia. Tinha deixado de lado

sua triste roupa cinzenta. Até cheirava a perfume francês, prova evidente de que

tinha ressuscitado para a vida quotidiana.

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“Por que está com essa cara?”, saudou-me. Quem sabe que cara de surpresa eu

teria feito quando o vi. Não eram meus olhos consoladores de sempre, nem nada

 parecido. Era, talvez, um rosto perplexo e assombrado. E meus olhos, certamente,

 perguntavam o que se tinha passado. Continuou sorrindo. “É um milagre!”, pensei.

“Sim, meu velho, é um milagre”, respondeu-me como se lesse meu pensamento. Econtou-me a história:

“O milagre produziu-se naquela noite no Estádio cheio de fé. Meus filhos

levaram-me, como sempre cansados de mim, para ver se eu saía de lá jogando

futebol, como antes. E você já percebe que não. Estou igual, aparentemente. Mas

tudo mudou, desde essa noite.”

 Na verdade, ele julgava-se morto, porque trazia morta a alma. Sem ilusões, sem

assumir sua condição de lesionado, esquecendo que o corpo tem muitos órgãos

vitais mais importantes que as pernas. Mas naquela noite convenceu-se de que eraum homem útil e forte, embora não pudesse caminhar; podia pensar, amar e era

capaz de tornar felizes os outros. Compreendeu então que não estava só, e que a

 paralisia de suas pernas não era nada diante do câncer de sua alma. Nesse Estádio

onde houve tantas curas, houve também uma ressurreição. Meu amigo tornou a

viver.

 Nicarágua

A reportagem do jornal  La   Prensa  do dia de 22 de fevereiro de 1993, escrita por Eloísa Ibarra, intitulava-se: “Têm a palavra os curados na Missa de Tardif.”

Quando a tarde caía na nova Catedral de Manágua, chegava ao fim um dia

inesquecível para algumas pessoas que ao longo de muitos anos tinham tido

dificuldade em viver uma vida normal. Produzia-se algo que para muitos se

considera impossível e incrível: entre outros, pessoas que padeciam de surdez,

cegueira e invalidez estavam sendo curadas. A fé desempenhava assim um papel

especial para toda aquela gente esmagada pelo peso de suas enfermidades.

Dezenas de pessoas, surdas, inválidas ou portadoras de artrose, puderam deixar 

seus males durante a oração de cura que fez o Padre Tardif. O Padre Emiliano

acabava de invocar a Deus, implorando a cura da alma e do corpo de milhares de

 pessoas, e pedia-lhe que concedesse “fortaleza àqueles que, de acordo com os

desígnios do Criador, não seriam curados”.

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A primeira pessoa a levantar seus braços para indicar que tinha sido curada, foi a

idosa Inês de Chong, de 80 anos, que deu testemunho de que padecia de surdez

havia três anos e que durante a missa começou a ouvir. A senhora contou que não

 podia ouvir nada, mas quando estava na missa começou a sentir uma dor na

garganta e logo em seguida no ouvido, e começou a escutar muito bem o que oPadre pregava nesse momento. “Os especialistas já tinham dito que só tornaria a

ouvir com um aparelho, mas Deus é maravilhoso e curou-me. Tenho fé na sua

obra”, exprimiu D. Inês.

Umas das curas que fez brotarem lágrimas de alguns dos presentes foi a de uma

menina de oito anos originária de Esteli. Estava semiparalisada por causa de uma

 poliomielite. Ao terminar a oração do Padre Tardif, a pequena, que estava no colo

da mãe, pediu-lhe que a pusesse no chão, pois queria andar. A senhora colocou-a

em pé e a menina, entre lágrimas e sorrisos, dirigiu-se até o lugar onde estava osacerdote. Ninguém acreditava no que estava vendo, mas era uma realidade.

O Padre Tardif disse no fim de sua oração que várias pessoas tinham sido

curadas de câncer, e que dois jovens que padeciam de Aids também tinham sido

curados do terrível mal. “Só Deus é capaz de fazer maravilhas e de curar o corpo e

a alma dos que o procuram e têm fé nele”, foi a conclusão de dezenas de pessoas

que foram curadas de diferentes enfermidades durante a oração de cura que

realizou o Padre Emiliano Tardif.

O sol ardente das tardes de Manágua não impediu que milhares de crentes cheiosde fé estivessem na nova Catedral, onde o Padre Emiliano Tardif serviu de

instrumento de cura para muitos. Diante de milhares de olhos e de rostos

surpresos, inválidos começaram a caminhar, pessoas surdas ouviram, um cego

tornou a ver e muitos foram curados de outras enfermidades. A cena trazia à

memória as passagens bíblicas onde se relatam os múltiplos milagres que Jesus fez

enquanto esteve na Terra.

Eu queria que a Palavra de Deus fosse o resumo ideal do plano de Deus paraesse Continente de esperança.

“Levanta-te, resplandece, chegou a tua luz; a glória do Senhor levanta-se sobre

ti! Olha: a noite cobre a Terra, e a escuridão, os povos, mas sobre ti levantar-se-á o

Senhor, a sua glória te iluminará. As nações caminharão à tua luz, os reis ao

resplendor da tua aurora.

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Levanta os olhos e vê à tua volta: todos esses se reuniram para vir a ti; os teus

filhos chegam de longe e as tuas filhas são transportadas nos braços. Quando vires

isto, resplandecerás, teu coração palpitará e se dilatará, porque a ti afluirão as

riquezas do mar e a ti virão os tesouros das nações.

 Não se ouvirá mais falar de violência na tua terra, de devastações ou de ruínasno teu território. Darás às tuas muralhas o nome de ‘Salvação’, e de ‘Glória’ às

tuas portas. Não mais terás necessidade do sol para te iluminar nem da luz para te

alumiar; o Senhor será a tua luz eterna, o teu Deus será o teu resplendor. Não mais

se porá o teu sol, a tua lua não mais se esconderá, porque o Senhor será a tua luz

eterna, e terão fim os dias do teu luto.

O teu povo será um povo de justos que possuirão a terra para sempre; será como

uma vergôntea que Eu plantei, obra das minhas mãos destinada à minha glória. Do

menor nascerá toda uma tribo e do mais pequeno uma nação poderosa.Eu, o Senhor, decidi: tudo realizarei com brevidade.” (Is 60,1-5.18-22).

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3. África

O Padre Joseph Hegglejn, MSC, companheiro do Padre Tardif em sua viagemde cinco semanas por diferentes países africanos, escreveu uma reportagemintitulada: “Sinais e prodígios convertem os corações.” Esse texto é a base docapítulo seguinte.

Como quando Paulo e Barnabé regressavam de suas viagens missionárias econtavam o que o Senhor tinha feito através deles, também eu quero testemunhar o que vi e ouvi nessa maravilhosa experiência evangelizadora.

Burkina FassoPrimeiro chegamos a Burkina Fasso (Alto Volta), onde fomos recebidos como

embaixadores. Imediatamente nos disseram: “Há pessoas que os esperam.Poderiam celebrar uma missa ainda esta noite?” Evidentemente aceitamos. Haviaentre três e quatro mil pessoas. Por toda a parte presenciamos o mesmoespetáculo: multidões que vinham escutar a boa-nova e também, como noEvangelho, para serem curadas.

Começamos então a pregar um retiro para 400 pessoas, mas durante aEucaristia vespertina o número crescia assombrosamente, e então aproveitamos para evangelizar. Havia ali um menino de cinco anos que ainda não podia andar.Depois da oração começou a dar seus primeiros passos.

 No dia seguinte, pela mão de seus pais, percorreu três quilômetros paravoltar à missa. Esse testemunho deu-nos um grande ensinamento: aquele que écurado pelo Senhor aproxima-se da vida sacramental. A cura é como o toque do

sino que convoca os fiéis para a mesa do Senhor.Outra cura que mostra o poder evangelizador que têm os sinais carismáticos éa seguinte:

Uma senhora muçulmana de 45 anos sofria de paralisia do lado direito do corpo.

Esteve presente, escutando a Palavra de salvação. No último, dia pôs-se em pé

diante de toda a gente e disse: “Abram vosso coração a Jesus! Jesus está vivo. Eu

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sou testemunha. Eu sofria de paralisia do lado direito, e há dois dias Jesus curou-

me. Sou muçulmana e chamo-me Zenabo, mas a partir de agora vou ser cristã e

chamar-me-ei Catalina.”

Um missionário comentou em seguida: “Tínhamos tentado durante algum

tempo aproximá-la da fé cristã, sem nenhum resultado. Mas agora Deus fez numinstante o que nós não pudemos. É verdade que apenas semeamos, mas é Deusque, com sua graça, dá o crescimento e torna fecunda essa semente.” Seaproveitarmos o poder evangelizador dos carismas, serão muito mais numerosasas conversões.

Repete-se a cena evangélica: “Para que saibam que o filho do Homem tem poder para perdoar os pecados, levanta-te, pega na tua cama e vai para tuacasa.” Quando as pessoas constatam a graça de Deus através dos sinais,

comprovam verdadeiramente que Jesus está vivo e que é o mesmo ontem, hoje esempre.

 Na cidade de Bobo tínhamos um retiro de três dias, com ministério de cura.Aconteceu-nos ali algo de assombroso:

Um catequista muito querido na comunidade cristã assistia ao retiro, com toda

sua família. Na primeira noite, o filho mais velho foi curado de surdez no ouvido

esquerdo. Na segunda noite, o pai foi curado da coluna vertebral e a filha mais

velha foi curada de asma. Na terceira noite, a mãe foi curada de fortes dores nas pernas que a impediam de caminhar e a filha menor, que aos cinco anos ainda não

caminhava, começou a dar seus primeiros passos. Foi algo de maravilhoso: cinco

curas na mesma família.

O Bispo daquela terra dizia que esse catequista tinha recebido o primeiro prêmio, porque tinha trabalhado muito na evangelização. Contudo, a cura égratuita, Deus concede-a a quem quer, para que todos glorifiquem o Senhor e semanifeste que Ele enviou seu Filho a este mundo não para o condenar, mas para

que se salve pelo seu Sangue Precioso. É o sinal que acompanha a proclamaçãoda Boa-nova da salvação, prometido não só aos apóstolos, mas a todos aquelesque acreditam.

Benim

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O contexto neste país é diferente. Trata-se de um país marxista. O governo, prevendo grandes multidões, esteve sempre atento a nosso programa deatividades.

Ao longo de todo o fim de semana reunimo-nos num estádio, onde houve duas

coletas. A primeira era econômica e a segunda, uma coleta de amuletos e defeitiços. Depois de ter sido anunciado que Jesus é o único Messias salvador eque nós não necessitamos de qualquer outro, fez-se a renúncia a todo o feitiço outalismã. Tal como em Éfeso (At 9,18-19), reuniu-se uma grande quantidade delesque foram queimados, enquanto cantávamos “Jesus libertou-me.” Depositar aconfiança e o futuro em coisas como essas é um grande pecado contra a fé, poisficamos dependentes de ídolos que suplantam a Deus. As conseqüências sãomuito graves, pois abre-se uma grande porta ao mundo das trevas. É preciso

renunciar explicitamente a cada uma dessas ações, ainda que as façamos apenas por curiosidade.

O sacerdote da catedral onde nos reuníamos tinha muitas reservas em aceitar a Renovação Carismática e dificultou o empréstimo do local. Mas o Bispoelucidou: “A catedral é do povo: facilite.” Depois da comunhão, uma jovem paralítica foi curada e começou a caminhar. Toda a multidão louvava o Senhor com alegria. Havia tal alegria no povo que o sacerdote entrou um pouco

 perturbado para ver o que se passava. Quando se aproximou do microfone paratentar acalmar aquela explosão de júbilo, precisamente a seu lado levantou-seum senhor de sua cadeira de rodas e começou a caminhar... Era um velho amigodele! Esse homem era um diplomata muito conhecido no país; paralítico haviacinco anos, deslocava-se então livremente diante do olhar assombrado de toda agente. O sacerdote inclinou a cabeça perante uma manifestação tão maravilhosa.

Um catequista fez então o seguinte comentário: “Os cegos vêem, os surdosouvem, os paralíticos caminham e os sacerdotes convertem-se”, porque havia

também outros sacerdotes céticos que, perante a evidência do poder de Deus,aceitavam que hoje, como há dois mil anos, Jesus é capaz de salvar e de curar asovelhas enfermas.

Em Cotonu quiseram tirar bom partido de nossa passagem. Enquanto o PadreTardif pregava em duas paróquias, eu estive noutras duas também. Orei, dizendo:“Bom Deus, seria bom que também fizesses algo através de mim, pois esta gente

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está esperando que tu os cures.” Fiz a oração pelos enfermos e depois todoscantamos em línguas. Depois dei o passo da fé, e pedi aos curados que dessemtestemunhos. E em cada missa houve belos testemunhos.

 Na verdade, Jesus é fiel às suas promessas. Comprometido com a sua

Palavra, não falta. É Ele quem cura. Nós somos simples instrumentos queacreditamos na sua Palavra e Ele responde com esses sinais maravilhosos. Cadacura mostra que Jesus está vivo no meio de nós, e que nos ama tanto, que nossalva em todos os níveis da vida humana.

MaliViajamos depois para o Mali (antigo Sudão Francês), onde fomos recebidos

 pelos padres brancos, que tinham organizado nosso retiro.

Durante três dias evangelizamos nesse país onde os cristãos são minoria.Celebrava-se o centenário de sua evangelização, mas dava-nos a impressão deque havia ainda muito trabalho a realizar. Além disso, se não for com o poder doEspírito Santo, bem pouco se poderá fazer. Quando vejo que o Reino ainda nãoestá instaurado pela pregação da Palavra e quando vejo a resposta da fé dessagente, pergunto-me se estamos usando todo o poder que Jesus nos deixou comseu Espírito.

 No Mali, depois de um século de trabalho árduo, regado com o sangue detantos mártires, há apenas 75 mil católicos. O Espírito Santo tem um grandedesafio nessas latitudes. Convenço-me, cada dia mais, de que a única forma detornar presente a salvação de Jesus é pregando o Evangelho com o poder doEspírito Santo, com sinais, prodígios e milagres. Quando o povo presencia oamor e o poder de Deus, rende-se diante d’Ele, glorifica seu Nome e converte-se.

 No fim, um sacerdote comentou: “Agora sabemos que existe um instrumento

 para sermos eficazes na proclamação do Evangelho.”

Costa do Marfim Não houve necessidade de propaganda para que na primeira celebração se

reunissem mais de 10 mil participantes na Catedral. Na última Eucaristia, nafesta de Todos os Santos, havia mais de 20 mil pessoas, graças aos que foram

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curados nos dias anteriores, pois eles se encarregaram de anunciar o que Deustinha feito nas suas vidas. Os meios de comunicação fizeram reportagensespeciais sobre nosso retiro.

Quando anunciamos Jesus vivo entre nós, toda a gente se interessa e presta

atenção, porque verdadeiramente Jesus é o Senhor.O Bispo que presidia a Eucaristia disse a seus sacerdotes: “Vejam esta

multidão. Só Deus pode congregar assim seu povo. Estamos presenciando uma primavera do Evangelho na nossa terra e na nossa comunidade.”

O Cardeal Bernard Yago, depois de ter conversado comigo sobre o tema dosgrupos de oração como nova fonte de evangelização, convidou seus fiéis e asreligiosas de sua arquidiocese para uma reunião pastoral. Pediu-me que partilhasse com eles nossa experiência na América Latina, onde temos milharesde pequenos grupos de oração compostos por 15 a 20 pessoas, que se reúnemcada semana nos lares. Dentro de cada grupo, damos a primeira meia hora àevangelização preparada em nível paroquial, e a seguir as pessoas começam aorar com a palavra de Deus que foi proclamada.

 Na Costa do Marfim, como em todas as outras partes, também Jesus está vivoe se manifestou entre o seu povo para o estimular em sua fé, que constrói o Reinode Deus neste mundo.

Quando estávamos lanchando uma tarde, chegou de surpresa a irmã Alleluya,religiosa de vida contemplativa, que vivia prostrada em sua cama havia anos. Tinha

que passar o resto da vida ligada a um colete ortopédico. Mas, sabendo do

Congresso Carismático em Lourdes, em 1980, pediu licença ao Bispo para sair do

mosteiro e ir à missa pelos enfermos.

Recordou-me que, durante a comunhão, aproximei-me dela e lhe disse: “Irmã,

Deus quer curá-la.” Ela olhou-me com estranheza, pois já estava havia muito

tempo com aquele colete e prostrada na cama, sem sequer poder sentar-se, com

intensas dores na coluna vertebral. Então acrescentei: “Quando voltar para casa,faça um esforço para dar alguns passos.” No dia seguinte do Congresso, a irmã

Alleluya chegou caminhando por si mesma. Na mão trazia o colete ortopédico

como troféu de agradecimento. O Senhor a tinha curado.

Agradecida pela sua cura, iniciara uma nova fundação na Costa do Marfim.

Como a sogra de Pedro que, depois de ser curada, se levantou e começou a servir 

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Jesus, também a irmã Alleluya veio até a África servir a Jesus e a seus discípulos.

 Níger O Bispo, Monsenhor Romano, recebeu-nos com amabilidade fraternal

assombrosa, mas o mais notório foi que o próprio Presidente da República, dereligião muçulmana, nos pediu que fizéssemos oração por ele e por sua família.Fomos ao palácio presidencial e rezamos por sua saúde, mas aproveitamos para pedir a Deus que lhe desse a luz da fé.

 No retiro de três dias na Catedral, o Senhor curou vários muçulmanos. Anotícia difundiu-se e no dia seguinte fomos invadidos pelos islâmicos quevinham à nossa pregação e ao ministério de cura. Tivemos que sair da Catedral para pregar à multidão.

 No último dia, em vez de celebrar a Eucaristia pelos enfermos, anunciamos a boa-nova de que em Jesus há salvação para todos os homens, pedindo ao Senhor que acompanhasse a proclamação de sua Palavra com os sinais que Ele prometeu. Vimos curas de surdos, de coxos, de paralíticos que se levantaram, decegos que recuperaram a visão etc. Percebi que, quando apresentamos oquerigma, é quando mais se manifestam os sinais de poder.

Tantos muçulmanos foram alcançados pelo poder curativo de Jesus que, no

fim de nossa estadia, veio uma delegação islâmica para nos agradecer, porqueaté o chefe do bairro tinha sido curado.

Do Níger ficou-nos uma recordação admirável dos heróicos missionários quetrabalham nessas terras tão áridas, açoitadas pela seca, pela pobreza e pelafome.

Jesus está vivo há 2.000 anos em sua Igreja, dando vida aos que acreditamem seu Nome. Seu poder não se esgotou nem seu braço se encurtou. Ele está vivoe em breve vamos celebrar seus 2.000 anos.

CongoDepois de minha prisão e expulsão da então Iugoslávia em 1983, fui ao

Congo. Tinha sido convidado pelo Padre Ernesto Kombo, SJ, responsável pelaRenovação Carismática no país.

Quando chegamos, imediatamente começamos a pregar retiros para

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verdadeiras multidões em Linzolo, em Pointe Noire e na capital, Brazzaville. OSenhor acompanhava sua Palavra com sinais e prodígios, que vinham dar credibilidade a nossa pregação. Foram realmente semanas maravilhosas, em queo Senhor nos dava a alegria dos 72 discípulos que, no regresso de um trabalho

evangelizador, proclamavam: “Até os demônios se submetem a nós.”Celebramos uma missa no campo de esportes da paróquia de Santa Ana, com

uma assistência de 15 mil pessoas. O local estava repleto e, embora os policiaistivessem fechado as portas, as pessoas continuavam a chegar, o que tornounecessário instalarem-se alto-falantes no exterior.

A missa, presidida pelo Arcebispo de Brazzaville, foi cheia de alegria, paz efervor. Depois da comunhão, dirigi uma oração pela cura dos doentes. O Senhor começou a manifestar sua glória curando muitos.

Entre os curados, apareceu um menino de uns seis anos que era surdo-mudode nascença e que começou a ouvir. Nessa mesma noite, aprendeu suas primeiras palavras. O pai, professor marxista num colégio da cidade, ofereceu um jantar aos seus amigos para celebrar a cura do seu filho. No dia seguinte, foi aogabinete do partido comunista entregar sua ficha de desfiliação, dizendo: “Já não preciso disto. Deus existe. Ele curou o meu filho.”

Isso perturbou muito as autoridades, que tentaram encontrar maneira de

expulsar-me do país. Numa noite, depois de uma pesada jornada de trabalho, pretendia descansar, quando chegaram duas pessoas à residência dos padresesuítas. O Padre Superior informou-me que vinham à minha procura. Pensando

que se tratava de orar por mais doentes, disse-lhe que seria melhor no diaseguinte; mas ele respondeu que se tratava da polícia, que vinha procurar-me para um interrogatório. Lembrei-me das recentes cenas na Iugoslávia e preocupou-me que isso viesse a se repetir em toda parte.

O Padre Kombo disse-me: “Não vou deixar que vá sozinho. Vou acompanhá-lo, uma vez que sou responsável por sua integridade, por tê-lo convidado a pregar no Congo.” Saímos juntos com os dois policiais. Fizeram-me trêsinterrogatórios. O governo comunista do Congo usava os mesmos métodos que naIugoslávia. Acusavam-me de ter entrado no país ilegalmente e queriam expulsar-me o mais depressa possível.

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Passamos a noite prisioneiros, rezando cinco rosários a Nossa Senhora. Eu passeava na grande sala do quartel, sem saber o que me esperava no diaseguinte. Dava-me certa angústia pensar que, anos antes, o Cardeal EmileBaiyenda também tinha sido preso pelo governo, assassinado brutalmente e

enterrado de forma clandestina. Por sorte, a mim soltaram-me três dias depois eexpulsaram-me do país. Saí naquela mesma tarde de barco, cruzando o Rio Zaireaté Kinshasa. De novo estava livre. Viva a liberdade!

Há alguns anos caiu o comunismo na Rússia e em seus países satélites.Também o governo comunista do Congo sofreu o mesmo colapso, até quesucumbiu. Perante o vazio da autoridade política, pediram à ConferênciaEpiscopal que ajudasse a preparar as eleições. Reuniram-se representantes civise religiosos, e pediram a Monsenhor Ernesto Kombo, o mais jovem dos bispos

do país, que assumisse o cargo de Presidente do Conselho Superior. Monsenhor Kombo aceitou prestar esse serviço à nação, para ajudar o povo inteiro a procurar uma sincera reconciliação e a preparar eleições democráticas.

Monsenhor Kombo era precisamente o mesmo Padre Ernesto Kombo, SJ, quehavia me acompanhado durante os três dias de minha prisão e que foi o tradutor durante minha pregação. Agora, já Presidente do Conselho Superior da Nação,escreveu-me uma carta, suplicando-me que pregasse um retiro, antes das

eleições, com o tema “A reconciliação, caminho para a paz.” Eu tinha poucotempo disponível, mas nos primeiros dias de março de 1992, regressando daAustrália para Roma, aproveitei alguns dias livres para responder a tal pedido.

Mas que diferença em relação à minha primeira viagem de nove anos atrás!Fui recebido pelo mesmo Monsenhor Ernesto Kombo, no salão dosembaixadores. Estava ali presente o Conselho Nacional da RenovaçãoCarismática. Inclusive, o povo pediu desculpas pelo que tinha acontecido antes.Uma bela jovem, de nome Cynthia, com um ramalhete de flores na mão, disse no

salão dos embaixadores: “Paz, alegria e reconciliação! A Igreja do Congo sente-se orgulhosa por acolhê-lo pela segunda vez no nosso país. Quero dizer-lhe, emnome de todos os cristãos, que o Congo se reconciliou com seu Deus e que lhe pede perdão por meio de mim. Desejo-lhe uma feliz estadia na terra congolesa eque sua pesca seja abundante. Seja bem-vindo entre nós.”

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Foi assim o lindo acolhimento que me deu o povo congolês através de seuBispo, Presidente do Conselho Superior, e por meio de todos esses delegados daRenovação Carismática, junto com a pequena Cynthia. Glória ao Senhor por tãoformosa mudança neste país!

Monsenhor Kombo tinha começado uma campanha de reconciliação para a paz. Esse povo tinha sofrido tanto com o regime totalitário, que necessitava ser libertado do medo em que tinha vivido durante tanto tempo. O Evangelho é oúnico capaz de transformar as consciências e de curar as feridas do passado. Por isso, o objetivo de nosso retiro era levá-los a reconciliarem-se com Deus econsigo próprios, com o poder do Espírito Santo.

Os jornais publicaram que, no terceiro dia do Congresso, havia umas 35 mil pessoas na praça, onde os comunistas costumavam antes celebrar suas reuniões.Ali se ouviram testemunhos de pessoas que tinham sido alcançadas pela graça deDeus, curadas, reconciliadas ou que tinham perdoado a quem as tinha ofendido.Foi realmente uma experiência inesquecível.

O acontecimento mais forte e impressionante foi quando um homem, com profundo arrependimento em seu coração, se pôs diante do microfone e, perantetoda aquela imensa multidão, pediu perdão por ter participado no assassinato doCardeal Baiyenda em 1977. Imediatamente apareceu de entre a multidão uma

religiosa. Aproximou-se do microfone e identificou-se: era irmã do Cardealassassinado. Ali, publicamente, perdoou em nome de toda a sua família a todosos assassinos do irmão. Foi um momento de intensa emoção e de muitaslágrimas. Testemunhas oculares desse fato afirmam que foi provavelmente omomento mais forte e significativo da reconciliação nacional.

Regressei a Roma com um cântico de ação de graças no coração, louvandoao Senhor por tudo o que meus olhos tinham visto e que meus ouvidos tinhamouvido. Minha conclusão, com São Paulo, é: “Não me envergonho do Evangelho

que é força de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rom 1,16).

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4. Europa

HolandaEm 1987, a comunidade Emanuel convidou-me para pregar em sete cidades

da Holanda. W. Boers, meu amigo e tradutor, escreveu sua reportagem, que estána base deste relato:

Tal como Jesus percorria a Decápole, o Padre Emiliano visitou váriascidades holandesas, em cada uma das dioceses do país, mostrando assim que aPalavra não se pode deter e que deve correr e correr sempre, pois não está

encarcerada.Foram sete dias anunciando que Jesus está vivo, testemunhando o amor 

misericordioso do Pai, tocando o poder do Espírito que curou muitos, tantofísica como interiormente.

Mas o mais importante foi que, a partir de então, cresceu a necessidadeinterior de ser evangelizados e de evangelizar. Em diversos lugares nosconvidaram a animar o Seminário da Vida no Espírito, com verdadeiras

conversões.A Holanda, em que a fé atravessa tempos de crise, foi sacudida por essa

viagem de sete dias, congregando tamanha multidão que um jornalista me disseem Maastricht: “Esta basílica está tão cheia que, se um paralítico andasse, seriaum duplo milagre.” Contudo, ali se deu uma das curas mais assombrosas que eutenho visto:

O Padre Emiliano anunciou que um surdo seria curado. À minha esquerda, percebi que se encontrava uma religiosa com um aparelho auditivo na mão,

 pronta para testemunhar. Dei-lhe o microfone e ela disse:“Chamo-me Ângela. Sou religiosa e tenho 72 anos. Desde pequena sofro de

 problemas no ouvido. Fui mesmo operada numa dada ocasião. Há pouco, quando

o Padre anunciou a cura do ouvido, senti algo no meu coração, mas pensei que era

imaginação. Decidi dar um passo na fé e tirei o aparelho. Graças a Deus, ouço

 perfeitamente.”

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Passaram mais três ou quatro pessoas, testemunhando o amor misericordiosode Deus, que acompanha o anúncio do Evangelho com sinais, prodígios emilagres. De repente, pareceu-me que a mesma religiosa estava outra vez diantedo microfone, com o seu aparelho auditivo na mão. Pensei: “Algumas pessoas

são tímidas para proclamar a glória de Deus, mas esta religiosa vai repetir seutestemunho por todas aquelas que o não fazem.” Ela começou a repetir quaseexatamente o mesmo:

“Eu sou Angélica. Sou irmã gêmea de Ângela. Também sou religiosa e sofremos

a mesma doença há muitos anos. Eu vim muito aborrecida a este encontro,

 precisamente por não ser capaz de ouvir o que os outros diziam. Por vezes,

convinha-me não ouvir quando os outros me criticavam, mas dessa vez isso me

desesperava. Durante a oração senti uma dor tão intensa que tirei o aparelho e dei-

me conta que podia ouvir perfeitamente. Estava curada! Glória a Deus!”

 No dia seguinte, o jornal da cidade falava dessa dupla cura tãosurpreendente. Um médico aproximou-se do Padre Tardif para que ele aexplicasse, mas o Padre respondeu: “Eu não sei nada. Como foi Jesus quem ascurou, é preciso perguntar a Ele. A única coisa que sei é que Jesus está vivo eque cura hoje.”

Quero terminar este capítulo sobre a Holanda com um testemunho do que tem

sido uma bênção para milhares e milhares de pessoas. O Senhor Piet Derksen esua esposa Trude eram uma família muito rica, donos de um grande complexoturístico e outras empresas. Mas um dia o Senhor tocou seu coração e elesentregaram tudo quanto tinham para a obra do Senhor. Mas deixemos antes queeles próprios contem, tal como relataram no Primeiro Retiro Mundial deSacerdotes organizado pela Renovação Carismática, para o qual elescolaboraram com um milhão de dólares:

Há oito anos estive no hospital com uma doença diagnosticada como incurável.

Um dia minha esposa estava rezando por mim e começou a sentir um calor suaveem todo o corpo, motivando-a a ir ao hospital visitar-me. Ao chegar, disse-me:

“Você vai ficar bom.” Os médicos não podiam explicar, mas foi precisamente o que

aconteceu. Se não tivesse sido por essa oração de minha esposa e por seu perdão

incondicional, eu não estaria vivo hoje.

Porém, o mais importante não foi a cura física, mas a cura espiritual que se

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operou em mim. Graças ao dom de seu Santo Espírito, comecei a ler e a entender 

a Sagrada Escritura.

Desde esse momento amo a Jesus e compreendo o primeiro mandamento:

“Amarás a Deus sobre todas as coisas.”

Depois de 20 ou 25 anos afastado do perdão de Deus, tornei a aproximar-me doSacramento da Reconciliação em Paray-le-Monial (França). O sacerdote que me

confessou era um reflexo do amor misericordioso de Jesus. Ao terminar, disse-lhe:

“Louvo o senhor pelo seu sacerdócio e agradeço-lhe o fato de que tenha estado

aqui quando precisei sua ajuda.” Quando lhe disse essas palavras, vieram-lhe

lágrimas aos olhos.

É verdade que colaboramos com um milhão de dólares para esse retiro, mas

asseguro-vos que, quando um sacerdote dá a absolvição a uma pessoa como eu,

ele está dando muito mais do que um milhão de dólares.A partir desse momento, dei-me conta de que deveria fazer algo para mostrar 

minha gratidão. Então decidimos, minha esposa e eu, pôr todas as nossas posses

numa Fundação para diferentes obras de caridade e de evangelização, e a

denominamos “Testemunhas do Amor de Deus.” Antes de minha cura, dávamos

ajuda material aos pobres. Contudo, aprendemos não só a dar pão ao faminto, mas

a dar o Pão da Vida que é Jesus a um mundo anêmico porque não o conhece.

 Numa ocasião em que visitei o Santo Padre, ele me disse: “O que mais importa no

mundo é amar, mas a melhor maneira de amar é evangelizando, porque assim

entregamos aos outros a pérola preciosa e o tesouro escondido.”

Por isso, aproveitamos todas as oportunidades que nos dá o Senhor. Se Deus

quer que usemos a televisão para esse fim, lançaremos um satélite para que a boa-

nova atravesse os céus e chegue até aos confins da Terra.

Só peço uma oração por nós: “Pedi ao Senhor a graça de morrermos sem nada.”

ItáliaA XI Convenção Nacional da Renovação reuniu-se em Rímini, sobre o tema

“Volta para tua casa e conta que Jesus está vivo.” O Padre Mario Panciera fez aseguinte reportagem, como resumo do que ali foi vivido:

O endemoniado curado por Jesus queria ficar com ele. Mas o Mestre despediu-o

com estas palavras: “Volta para tua casa e conta-lhes tudo o que Deus fez por ti”

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(Lc 8,39). Irmãos, que contariam vocês depois destes dias? O que viram, ouviram

e tocaram com as vossas mãos, o Verbo da Vida (Jo 1,1).

Vivemos momentos esplêndidos nesta imensa sala, que se transformava de vez

em quando em escola, em casa de irmãos, Cenáculo para um Pentecostes, Igreja

na qual o céu e a terra se encontram, piscina de purificação para a cura do corpo eda alma sob o senhorio de Jesus vivo e ressuscitado. O que nesses dias vimos,

ouvimos, tocamos e cantamos é que Jesus está vivo. Anunciemo-lo ao mundo,

 para que creia e se salve. Ai de nós se não proclamarmos, com nossas palavras e

com nossa vida, que Jesus está vivo e que dá a vida a todos os que acreditam em

seu Nome.

D. Franco descobriu o sentido profundo das curas, quando descreve assim aexperiência que viveu:

Antes das curas, meu coração não estava pronto para aceitar que o amor deJesus visitasse um número tão grande de irmãos. Por causa das informações que

me chegaram antes, repito, não estava preparado para presenciar a misericórdia de

Deus atuar com tanto poder, e isso permitiu-me permanecer lúcido para observar 

as múltiplas curas naquele imenso salão.

 Não creio exagerar afirmando que houve muitas curas, pequenas ou grandes.

Mas, para o coração de Deus, o que é pequeno e o que é grande? Cada

testemunho revela os diferentes tons da compaixão divina à luz da cruz de Jesus

Cristo que deu a prova maior do amor.

Um imenso crucifixo com os braços abertos dominava a assembléia! Quanto

amor pelo seu povo ferido! Parecia-me que o sofrimento tinha desaparecido de seu

rosto para dar lugar à serenidade. Comecei a comover-me e agradeci-lhe com

lágrimas de consolação e de alegria.

Conheço Tina de Chieti. Há sete anos ficou paralisada das pernas por uma

osteomielite. Foi uma das primeiras que vi abandonar as muletas e colocar-se à

sombra do imenso crucifixo...O Padre Emiliano exortava: “Se alguém sente calor no corpo, é sinal que o

Senhor o está curando.” Certa mãe do meu grupo de oração olhava com esperança

 para o seu filho numa cadeira de rodas. “Eu não sinto nada”, pensava o menino e

fazia tenção de se levantar, mas caía vencido por seu peso. A mãe pediu: “Ajuda-o,

Jesus!” No segundo ministério de cura vimos o garoto, junto do crucifixo, levantar 

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a cadeira ao ar como um troféu de vitória... Outra menina, a poucos metros de

mim, de improviso, levantou-se de sua cadeira de rodas e colocou-se também junto

do crucifixo...

Chegou depois um senhor de aproximadamente cinqüenta anos, que sofria

intensas dores nas articulações, para quem caminhar era um sofrimento contínuo.Agora se movia com perfeita naturalidade...

Elizabetta Messina, paralisada por causa de um derrame cerebral havia quatro

anos, caminhava agora. Estava assombrada e ajoelhou-se diante do mesmo

crucifixo...

Aurelio de Rímini aproximou-se de mim. Desde a idade de 15 ou 16 anos,

sempre sofreu dos ossos. As dores da perna esquerda eram terríveis. Agora não

sentia nada. Estava feliz, mas preocupado ao mesmo tempo: “Como posso agora

ser um bom cristão?”Ao ver todos esses curados, junto ao crucifixo do altar, entendi a Escritura: “Ele

tomou sobre si todas as nossas dores e carregou com todas as nossas

enfermidades” (Mt 8,17).

O jornalista Bruno Stocchetti improvisou a seguinte reportagem, intitulando-a: “Levanta-te e caminha”:

 No claustro de Santa Maria do Carmo, em Cilento, conheci minha Igreja Católica

com um vestido de alegria e de doçura. Aprendi um modo de orar, alegre e sereno.

Escutei cânticos e orações em línguas com harmonia musical. Vi homens e

mulheres unidos como irmãos na fé de Jesus Cristo. Posso dar testemunho – por 

tê-lo constatado a poucos metros de distância – de que surdos ouviram, paralíticos

caminharam e cegos recuperaram a visão.

O retiro na região de Cilento tinha como lema “Renovação espiritual”, e seu

 principal atrativo era a presença do Padre Emiliano Tardif.

Eu não pretendia fazer a crônica de uma reunião em que participava de forma

absolutamente privada. Por isso, nesta nota faltarão os detalhes jornalísticos; masos fatos dos quais posso dar testemunho sucederam como conto aqui. Três dias de

oração com alegria, mas sem sombra de fanatismo. Para além de tudo isso:

“Glorificar a Deus porque o seu filho Jesus Cristo está vivo entre nós.”

Religiosas, sacerdotes e leigos de toda a Itália chegavam ao amplo claustro. A

oração comunitária iniciava o dia – cânticos e louvores, cheios de alegria e

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espontaneidade. Depois, pela tarde, o culminar com a Celebração Eucarística.

Os doentes eram muitos. Aqueles cuja enfermidade era mais evidente estavam

 prostrados em cadeiras de rodas. Cegos, paralíticos, enfermos graves e aqueles que

aparentemente não mostravam sua enfermidade. Mas todos os presentes tinham

em seu coração o nome de um doente para encomendá-lo ao Padre Tardif, que pede pelos doentes e Jesus Cristo cura-os.

O que está curado partilha o seu testemunho, porque muitos têm necessidade de

um “sinal” extraordinário para acreditar. “Mas por que maravilhar-se – diz o Padre

Emiliano Tardif – com as maravilhas de nosso Deus, se Ele é um Deus

maravilhoso?”

 No segundo dia do retiro, o Padre Emiliano ungiu pessoalmente centenas de

enfermos. Momento cheio de emoção. Uma pessoa comentou: “Quase vemos

 passar nosso Senhor Jesus Cristo no meio de nós...”Depois de 30 minutos de oração, percebo que há um processo que se repete,

oração, anúncio da cura, testemunho e louvor: “Há uma pessoa doente de... Mas

agora o Senhor a está curando. Quem é essa pessoa? Que se levante e dê seu

testemunho a fim de que todos possamos agradecer a Deus pela sua cura.” A

 pessoa levanta-se, aproxima-se, dá seu testemunho e toda a assembléia louva e

glorifica a Deus. É um esquema tão simples como evangélico.

Para terminar, vou relatar o milagre mais impressionante: no domingo o Padre

Tardif celebrava a missa. “Entre nós está alguém que nosso Senhor está curando...

alguém que não pode andar... e Jesus Cristo o está curando... Eu digo a essa

 pessoa: Em nome de Jesus, levanta-te e vem dar o teu testemunho!”

A assembléia está tensa. O Padre Emiliano repete a chamada com mais

autoridade. Nada nem ninguém se move. Parece que todo o mundo contém a

respiração. Ninguém responde. O ambiente está mais tenso segundo a segundo.

 Num canto à direita do palco, escuta-se um rumor. Giovanna se levanta de sua

cadeira de rodas. A jovem nunca pôde caminhar por si mesma. Foi operada cincovezes. Com dificuldade, põe os pés no chão. Suas pernas nunca a tinham.

sustentado. Dá os primeiros passos, incertos e lentos. Atravessa o corredor – agora

sim, perante o assombro da assembléia – com passos cada vez mais seguros.

Atreve-se a subir ela própria a escada que a conduz ao palco e termina nos braços

do Padre Emiliano Tardif. Tinha dezenove anos e nunca tinha caminhado. A

assembléia grita: “Glória ao Senhor!”

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FrançaDepois do funeral de meu irmão Armando, fui até a França, onde começaria

no dia seguinte um retiro em Estrasburgo. No domingo, o retiro terminou na

Catedral, com uma assistência que enchia todos os bancos e corredores: mais oumenos 4 mil pessoas. Ainda há fé na França! E a fé renova-se ali, como noutras partes, sob o sopro deste novo Pentecostes.

Depois fui pregar em uma pequena e simpática aldeia chamada Clairvaux,com o Padre Hubert Bailly, e depois em Dijon, em outro encontro. Finalmenteestivemos em Ars, na basílica subterrânea, onde mais de 4 mil pessoas sereuniram para louvar a Deus, porque Ele é bom e porque é eterna suamisericórdia.

O Senhor curou nossos enfermos da alma e do corpo. Éramos 26 sacerdotes para o serviço e para o ministério da reconciliação. A graça de Ars é areconciliação. Sentimos a intercessão do Santo Cura que passou sua vidaoferecendo o perdão de Deus através do Sacramento da Reconciliação.

Depois de duas semanas de evangelização na França, Philippe Lemoineintitulava assim sua reportagem sobre a Renovação Carismática: “As curassurpreendem os católicos.”

É um Movimento muito discreto, mas que toma uma importância cada vez maior na Igreja Católica. Os membros das comunidades da Renovação Carismática são,

hoje, mais de 300 mil na França.

Há um religioso canadense, o Padre Emiliano Tardif, que com sua fé e oração

faz caminhar os paralíticos e faz ver os cegos. Investigamos onde poderíamos

encontrar esse sacerdote. Indicaram-nos que estaria em Versalhes e o descreveram

como um homem de fé maravilhosa e extraordinária humildade. Embora

tivéssemos chegado cedo, foi difícil entrar. A igreja estava cheia com mais de três

mil participantes. Eu permaneci num canto como um simples espectador.Quando acabou a missa, começou a oração pelos enfermos. Nunca tinha

escutado súplicas tão belas, com palavras tão simples. Então o Padre começou a

anunciar que alguns enfermos seriam curados pelo Senhor Jesus Cristo e que

tinham de aproximar-se do altar para dar seu testemunho. Eram pessoas que

sofriam desde o reumatismo mais leve, até câncer generalizado, paralisia e surdez.

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Com meu espírito analítico, não conseguia acreditar naquilo que as pessoas

diziam ao microfone: cegos que recuperavam a visão, paralíticos que deixavam

suas muletas. Não seria contágio coletivo, motivado pela sua exaltação? Mas então

vi um menino extremamente fraco, paralítico, levantar-se de uma cadeira de rodas

e caminhar seguido por seus pais. Tive vontade de chorar de emoção e de alegria.Uma criança de sete anos é demasiado pura para inventar. Isso foi o que eu vi

naquela noite. Pode-se chamar milagre ou não, mas deu mais força a minha fé.

Uma igreja tão cheia que não pode fechar suas portas, isso sim é um milagre.

Quando na Europa a fé agoniza e os templos vazios se convertem em restaurantes

ou salões de arte, quando se proclama que Deus morreu e que a religião é o ópio

do povo, surge a presença viva de Jesus ressuscitado que congrega multidões à sua

volta, para que se cumpra a Escritura: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei

todos a mim” (Jo 12,32).De coração aberto, fui à procura da comunidade Emanuel, organizadora dessa

celebração. Receberam-me bem e foram amáveis. Contaram-me as virtudes do

Padre Tardif. Mas foi-me impossível ver os relatórios médicos das 40 curas obtidas

 pelo Padre Tardif, tanto em Versalhes como em São Francisco Xavier de Paris.

Silêncio...

O que é a Renovação Carismática? Eram reconhecidos pelo Papa? Então decidi

 procurar um jesuíta. Nada melhor que um jesuíta para dar um justo valor a tudo o

que parece ilógico.“Claro que os milagres existem”, disse o Padre Bonillot, S.J., que foi diretor da

comunidade belga Fayt-Les-Hanage. “Vêem-se milagres que se podem qualificar 

de surpreendentes. É certo que o Padre Tardif recebeu um carisma de cura muito

forte. Mas não é o único. Pode citar-se também o Padre Halter em Paris, Kim

Collins em Castres, a Irmã Briege McKenna ou Bárbara Shlemon nos Estados

Unidos. Muitos sacerdotes, mas também leigos...

Carismas? Carismático? O Padre Bonillot teve a gentileza de me explicar: “Os

carismas na Igreja Católica são dons que Cristo transmitiu aos apóstolos, para

fazerem acreditar na Palavra que deviam anunciar.” S. Paulo nomeia esses

carismas nas suas Cartas: “Dom de cura, discernimento, profecia, dom das línguas

etc.” “Depois de quase terem desaparecido, esses carismas manifestam-se de

novo”, diz o Padre Bonillot. “Devemos entender que esses carismas acompanham

o Evangelho, para assegurar que a Palavra não seja uma ilusão. Não se trata da

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cura pela cura, mas da cura acompanhada pela fé. É um fenômeno universal e

ecumênico.”

“A Renovação Carismática é uma corrente de graça que passa pela Igreja, para

aumentar a fé e mostrar ao mundo que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas,

e que não devemos esperar outro.” Nunca na história do cristianismo um Movimento se propagou tão depressa.

Encontra-se nos Estados Unidos, na América do Sul, na África e na Europa. Está

em comunidades leigas e religiosas. Une ricos e pobres, bispos e sacerdotes. Há

grupos de oração nas prisões, nas fábricas e nos hospitais. Une patrões com

empregados e na verdade mostra a variedade e a unidade do Corpo de Cristo.

Iugoslávia

 No mês de agosto de 1983, fui convidado pelo Padre Tomislav Vlasic a pregar um retiro aos grupos de oração de Medjugorje, juntamente com o PadrePedro Rancourt e o doutor Philippe Madre, fundador da Comunidade das Bem-Aventuranças.

Chegamos a Medjugorje à tarde. Impressionou-nos ver tantos sacerdotesouvindo confissões fora da igreja, com grandes filas de penitentes queesperavam sua vez.

 Na missa celebrada conjuntamente havia mais de três mil pessoas. Não setratava de nenhuma celebração especial, antes era um dia comum. Sentia-se umrecolhimento e um ambiente de conversão impressionantes. Realmente existeuma presença muito especial de Deus nesse lugar.

 No fim, o Padre Tomislav disse-me: “Vieram muitos doentes com a esperançade participar num ministério de cura. Poderia fazer uma oração de cura?” Aceiteicom muito gosto e o Senhor manifestou sua glória, curando muitos. Naquelamesma noite, pudemos escutar alguns testemunhos de doentes que o Senhor tinha

curado dos joelhos, dos ombros, de dor na coluna vertebral etc. Na noite seguinte, a assistência dobrara, graças à propaganda feita pelos

enfermos curados. No terceiro dia, a multidão cresceu ainda mais, mas eu não pude vê-la. Estava preso. À uma da tarde, os policiais tinham ido buscar-nos àcasa paroquial para nos levar a Citluk, onde ficamos detidos. Acusavam-nos de perturbar a paz na então Iugoslávia. De novo a história se repetia. Quando o

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Senhor atua em seu povo, o espírito maligno aborrece-se e trata de nos perturbar a paz. No dia seguinte fomos expulsos do território em direção à Itália, pelo Mar Adriático.

Cinco anos depois, em agosto de 1988, tornaram a convidar-me para pregar 

um retiro na cidade de Ljubiana, na Eslovênia. Tive a alegria de pregar ao ar livre, num campo de esportes, para 14 mil pessoas.

Em 1983, em Medjugorje, fui parar na prisão acusado de desestabilizar a paz. Em 1986, com 14 mil pessoas em Ljubiana, vivemos dias de profundaalegria. O Bispo diocesano dizia que era a primeira vez, em 40 anos, que tinhama possibilidade de fazer uma cerimônia religiosa ao ar livre, com tanta gente.Quando começamos o retiro, visitou-me o presidente da Câmara da cidade, queme deu as boas-vindas em nome da multidão. Tínhamos a impressão de queestávamos sonhando. O Senhor manifestava sua glória e sua vitória com muitascuras na assembléia.

 Na missa de encerramento estava uma grande multidão de doentes emcadeiras de rodas, em macas e outros com muletas ou com bengalas, colocadosdiante do altar. Quando o Bispo viu tantos enfermos, disse ao Padre jesuíta quetinha preparado o retiro: “Padre, o senhor prometeu às pessoas que ia haver muitas curas neste retiro... Mas se ninguém for curado, essa gente vai voltar para

casa muito decepcionada.” E o Padre respondeu: “Não se preocupe, Monsenhor.O Senhor é fiel às suas promessas e veremos como as cumpre hoje mesmo.”

 Na homilia, preguei sobre os sinais que o profeta Isaías tinha anunciado paraajudar o povo de Israel a identificar Jesus, como o Messias Salvador: “Os cegosvêem, os coxos andam e os surdos ouvem” (Is 35,5-6).

Depois da oração comunitária pelos enfermos, a primeira pessoa que deixousuas muletas e começou a andar foi uma senhora que muitas vezes ajudava noescritório da diocese. Ela não podia andar sem a ajuda das muletas porque tinha perdido seu equilíbrio vários anos antes.

Levantou-se, começou a caminhar sem muletas, enquanto as pessoasglorificavam a Deus. A senhora avançou com passo firme, subiu até o altar e deuseu testemunho com grande emoção e alegria no coração. Eu comentei para o

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sacerdote que me acompanhava: “Esta cura é um presente especial para oBispo.”

O retiro de Ljubiana foi muito abençoado pelo Senhor. Foi para todos nós umsinal grande da mudança que o Senhor estava fazendo no povo da então

Iugoslávia. Era a vitória de Jesus que se manifestava publicamente entre essesirmãos que tinham sofrido tanto por causa da opressão e da guerra. Agora podemos gritar: “Jesus é o vencedor!”

A Europa suportou durante muitos anos o grande peso da evangelização domundo. De diferentes países deste velho Continente partiram milhares degenerosos missionários que entregaram sua vida no misterioso Oriente, naapaixonante África ou na alegre América Latina. Contudo, hoje em dia a fé daEuropa sofre os embates do materialismo e do paganismo moderno. Dir-se-iaque a fé está dormindo em templos vazios. É a Europa que deve ser evangelizada por esta nova evangelização, nova no ardor, nova na expressão e nova nosmétodos.

Por isso, é para este Continente a Palavra de Deus: “Vi, depois, um novo Céue uma nova Terra... E vi a cidade santa, a nova Jerusalém que descia do Céu, deunto de Deus, bela como uma esposa que se adornou para seu esposo. Então, o

que estava sentado no trono disse: ‘Eu renovo todas as coisas’” (Ap 21,1.2-5).

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5. Austrália

A primeira vez que fui convidado para ir à Austrália, tive a impressão deestar chegando aos confins da terra. Foi uma longa viagem ao fim do mundo.Contudo, este povo tão longínquo viveu a mesma experiência carismática quenós. Ele fez um encontro pessoal com Jesus Ressuscitado. Os carismáticos daAustrália são evangelizadores que partilham seu tesouro com todos.

 Na minha chegada ao aeroporto de Melbourne, esperava-me um grupo decarismáticos cantando em espanhol: “Vive Jesus, o Senhor. Vive Jesus, o Senhor.

Ele vive. Ele vive. Ele vive. Vive Jesus, o Senhor.” É um dos cantos maisformosos e com mais unção da Renovação Carismática, composto pelo PadreLucas Casaert, missionário na Bolívia.

Começamos com a pregação da Palavra em Melbourne. Assistiam pessoas daRenovação, mas também católicos que procuravam um novo impulso para sua fécristã. Vários deles estavam inquietos com o que acontecia na Renovação equeriam ter a mesma experiência que milhões de cristãos já tinham feito: a vidano Espírito.

 Na verdade, a Renovação é uma porta para um mundo novo. Não é para ossantos, mas para os que querem chegar a ser santos. Não é para quem estásatisfeito com sua vida cristã, mas para quem ainda tem sede e pede a Jesus quelhe dê Água Viva, que brota para a vida eterna.

Depois do retiro de fim de semana, tivemos um encontro aberto num estádio.Tratando-se de lugar público, os organizadores colocaram um belo outdoor  comJesus ressuscitado, ponto central da assembléia.

 No primeiro dia, calculou-se que havia umas 10 mil pessoas. Durante aoração, como no Evangelho, o Senhor curou muita gente. Mas a cura maissignificativa foi a de Bibiana Piscopo:

Bibiana sofria de uma cegueira total havia muitos anos, por causa de um

glaucoma que tinha afetado a retina de seus olhos. Chegou ao estádio guiada pela

mão de uma amiga, que a ajudou a sentar-se na fila da frente, reservada para os

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doentes. Eu tive uma palavra de conhecimento e comuniquei-a à assembléia: “O

Senhor está curando uma pessoa doente da vista.”

 Nesse momento, Bibiana perguntou a sua companheira: “É a imagem de Jesus

aquilo que estou vendo ali na frente?” Sua amiga simplesmente lhe respondeu:

“Bibiana, você está vendo aquele que lhe devolveu a vista!” Ela, por sua vez,afirmava: “Vejo, vejo. Glória a Deus!”

Bibiana, senhora de 47 anos de idade, era muito conhecida nos círculos daRenovação, porque trabalhava atendendo o telefone do escritório. Por causadela, a multidão aumentou ainda mais no dia seguinte. Contudo, como sempre,houve gente que se opôs às manifestações do poder de Deus. Um jornalistatelefonou-lhe para lhe perguntar: “Quanto dinheiro lhe pagaram para nos fazer acreditar que era cega?” Repete-se a resistência dos escribas e dos fariseus no

Evangelho, mas Deus não força ninguém a acreditar. Manifesta-se e deixa-nos aliberdade para aceitarmos ou não a graça que passa diante da nossa vida.

Vários anos depois regressamos à Austrália e pudemos constatar que a curade Bibiana era permanente, porque nosso Deus não faz as coisas pela metade,nem se arrepende dos dons que concedeu. Embora eu só tenha pregado duasvezes na Austrália, Bibiana evangeliza todos os dias com seu testemunho. Os quea vêem sabem que Deus é poderoso para curar qualquer doença. Quem recebeu a

graça de uma cura tem ao mesmo tempo uma responsabilidade: anunciar e proclamar o que Deus fez em sua vida para que, vendo-o, os homens glorifiquemao Pai que está nos céus.

Também tivemos um retiro em Sidney. A Palavra do Senhor convocou maisde três mil pessoas, que tinham ouvido falar das maravilhas de Deus. A missafinal foi presidida pelo próprio Cardeal da cidade, acompanhado de muitossacerdotes. Era um sinal de como as resistências contra a Renovação iam caindo.A Igreja cada vez mais aceita esta corrente de graça, que Paulo VI definiu como

“uma oportunidade para a Igreja e para o mundo”. Noutra ocasião pudemos também pregar em Adelaide, Camberra e ainda

outras cidades. A obra de Deus é sempre maravilhosa e vemos sua glória emtoda a parte. Não só com os falantes de língua inglesa, mas também com oslatino-americanos que se encontram por lá. Com meu companheiro de viagem,Pepe Prado, demos atenção à comunidade italiana, que pouco depois começou a

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sua escola de evangelização para formar novos evangelizadores para a NovaEvangelização.

Damos glória a Deus pelo que vivemos na Austrália, constatando que aPalavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que a espada de dois gumes, que

chega até as profundezas do nosso ser.Evangelizar na Austrália é uma forma de se cumprir a ordem de Jesus de

chegar até os confins da Terra.

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6. As Ilhas Remotas

O profeta Isaías disse: “Que as ilhas remotas anunciem o louvor de suaGlória” (Is 42,12).

Com isso, dá a entender que a mensagem de Deus chega até os lugares maislongínquos e desconhecidos.

Quando recebo alguns convites para proclamar a Palavra do Senhor, a primeira coisa que faço é procurar num mapa onde se encontram essas ilhasremotas. Mas o que está longe para nós não o está para o Senhor.

Ilha MaurícioDepois de uma semana de evangelização, o próprio Bispo, Monsenhor 

Margéot, emitiu o seguinte comunicado a sua diocese:

 Nesta semana de intensa evangelização, manifestaram-se provas de fé na Igreja

Católica. Em Port-Louis e em Curepipe, milhares de pessoas reuniram-se para

escutar a Palavra e participar da celebração da Santa Missa. Muitas pessoas tinham

ouvido falar de milagres. Alguns não acreditavam, outros sentiam-se comovidos,

mas todos se perguntavam a respeito desse tema.O que podemos afirmar é que as curas são uma resposta à oração da fé, em que,

através de sinais, Jesus manifesta estar vivo. Esses prodígios não vêm sós:

acompanham a pregação da Palavra e suscitam a conversão e a fé.

Ainda é cedo para fazer o balanço do sucedido, mas podemos colher alguns

ensinamentos:

• A fé dos que assistiram renovou-se mais profundamente. Houve muitas

conversões de pessoas que reencontraram a fé, tanto dos que receberam

alguma cura, como dos que não receberam. Todos foram fortalecidos na sua fé.

• Os sinais e as curas devolveram ao Evangelho sua atualidade. O Evangelho

aparece como uma boa-nova para hoje. Os sinais anunciam que o Reino de

Deus cresce e que o pecado está em recessão.

• Os sinais e as curas estão estreitamente ligados ao Sacramento da Eucaristia,

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como centro da vida da Igreja.

• Essas curas aparecem num ambiente de oração, em que toda a comunidade

redescobre a fraternidade e a solidariedade, assim como a alegria no sofrimento.

Todos os participantes nesses retiros ficaram surpreendidos pelo ambiente de

fraternidade, que é uma dimensão peculiar da vida da Igreja.• Toma-se consciência de que Deus se abre universalmente em Cristo. Todas as

classes sociais, os pecadores, os ricos ou os pobres, se sentem bem recebidos.

Depois, Monsenhor Margéot disse pessoalmente às 10 mil pessoas presentesna Eucaristia de encerramento o seguinte:

As experiências de entusiasmo religioso que o Senhor oferece por vezes são uma

graça que atua como impulso, mas têm como meta motivar-nos para um

compromisso decidido de conversão e de prática dos Sacramentos na Igreja. O

 próprio Padre Tardif nos recordou insistentemente a importância de continuar e perseverar nesse caminho para a santidade.

A vida no Espírito tem dias luminosos, como os de sábado e de domingo

 passados, mas é um caminho que também conhece noites escuras. O Espírito de

Jesus põe à prova cada cristão, para “ver” como são grandes sua fé e sua

fidelidade.

O comentário do jornal The Opinion não só relatava os acontecimentos, mas

também analisava os fatos com critérios evangélicos:Acabou-se, e contudo tudo começa ou recomeça. A experiência desse fim de

semana marca um novo início na vida pastoral da Ilha.

O Padre Tardif dizia-nos, no seu livro  Jesus está vivo, que ele não é um teórico

da Palavra, mas uma testemunha clara e vibrante do amor do Senhor, manifestado

em Jesus Cristo. Sublinha que a boa-nova é a manifestação maior do amor de

Deus, que quer que todos os homens se salvem e que cheguem ao conhecimento

da verdade que é Jesus Cristo.

Jesus é o modelo da vida de amor. Morto e ressuscitado por amor, para areconciliação do homem, permanece ativo nos Sacramentos e na Palavra da Igreja.

Quando a pregação vem acompanhada de sinais e prodígios, fortalece a fé, para

responder à mensagem de salvação. Nessa manifestação do plano de amor de Deus

se encaixam os milagres e as curas.

O Padre Tardif, que experimentou de maneira pessoal a graça de ter sido curado

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milagrosamente de tuberculose pulmonar, é uma testemunha autorizada de quanto

Deus ama seus filhos. Hoje em dia, ele consagra sua vida para que todo o mundo

conheça o amor misericordioso do Coração de Jesus.

Cabe-nos aceitar com humildade esse desígnio de Deus, mas ao mesmo tempo

temos de estar abertos para quando o plano do Senhor não for a cura do doente.Como Marta Robin, há pessoas chamadas por Deus para entregar sua dor e sua

enfermidade, para se unirem à paixão de Cristo Jesus em favor da humanidade.

Mistério maravilhoso: podemos completar na nossa carne o que falta à paixão de

Cristo (Col 1,24).

Ilha da ReuniãoDepois de nosso trabalho evangelizador nesta pequena ilha, a Revista  Église

à la Réunion   dedicou seu número 97 ao tema da evangelização no poder doEspírito. Intitulava-se “Cristo salva a pessoa completa: o corpo, a alma e oespírito”, e comentava que esse tipo de evangelização nunca deixa as pessoasindiferentes:

Em Chaudron, congregou-se a maior multidão da história da Ilha: mais de 30 mil

 pessoas. Em Tampon, havia cinco mil homens, sem contar as mulheres e as

crianças. Cada Eucaristia tornava-se uma oportunidade para penetrarmos no

maravilhoso mundo de Deus. A pregação percorria os temas tradicionais da fé: a

Eucaristia, a conversão, os carismas, a oração e a comunidade, mas sempre com

um matiz muito particular porque se acrescentavam testemunhos que pareciam sair 

das páginas do Evangelho.

Sabíamos dos milagres de dois mil anos atrás. Conhecíamos as curas em

Lourdes, mas agora nós próprios vimos paralíticos levantarem-se, surdos que

ouvem e cegos que recuperam a vista. Agora repetimos com os samaritanos: “Já

não acreditamos pelo que os outros nos contaram, mas porque nós próprios o

vimos com os nossos próprios olhos.”

FidjiTerminando os retiros sacerdotais na Austrália, fui pregar na Ilha Fidji. Um

vôo de cinco horas num super jato. Isso cansa menos que as fatigantes viagensque deviam fazer os primeiros missionários para pregar o Evangelho.

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Depois de um ministério na cidade de Nandy, fomos pregar na capital, Suva. Na Catedral tivemos uma multidão que escutava com atenção a pregação eolhava com assombro as curas que o Senhor fazia durante a Eucaristia. Muitosenfermos puderam dar testemunho durante o próprio encontro. Um homem que

tinha sofrido um grave acidente de automóvel e que havia meses caminhava comdificuldade, apoiando-se nas suas duas muletas, pôde levantar-se cheio dealegria e caminhar até a frente, para proclamar que Jesus está vivo, dando graçasao Senhor que acabava de libertá-lo de suas muletas. Que bom é o Senhor!

Ellice e KiribatiUm avião menor transportou-nos em seis horas e meia desde Fidji até as Ilhas

Kiribati. Fizemos escala na Ilha Ellice, onde o avião aterrou numa espécie de

campo de futebol, sem pavimentação. A ilha Ellice é um centro quase totalmente protestante, com uma pequena população de apenas nove mil habitantes.

Chegamos depois às ilhas chamadas Kiribati. Trata-se da diocese maisextensa do mundo, com uma distância semelhante à que existe entre Madrid eMoscou. É formada por 33 pequenas ilhas no Pacífico. Esse campo deevangelização foi confiado a nossa Congregação, Missionários do Coração deJesus, há pouco mais de um século.

Para minha chegada a Tarawa, o Padre Joseph Hegglin, MSC, tinha-me preparado uma surpresa: indicou-me que devia ser eu o primeiro a sair do avião.Assim o fiz. Encontrei-me com um coro de jovens da Renovação Carismáticavestidos com seus trajes típicos, cantando e dançando ao ritmo de sua música, para assim exprimir sua alegria por nossa chegada. Mais uma vez repeti aoSenhor: “Esta recepção é para ti, pela tua entrada triunfal em Tarawa, como noDomingo de Ramos fizeste em Jerusalém. Eu sou o burrito que te leva a Tarawa.”Deram-me uma coroa de flores, um coco com água para saciar minha sede e

muito amor em suas palavras de boas-vindas.Antes incomodavam-me um pouco essas atenções, pois pensava que eu

estaria roubando a glória a Deus e não queria promover o culto a nenhuma pessoa humana. Mas, pouco a pouco, fui me dando conta de que essa gentedescobre, no embaixador, aquele que é representado. Quando me dão um copo deágua ou uma amostra de afeto, sabem que é o próprio Jesus a quem querem

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honrar. Eu não acredito que ninguém ponha seu manto no chão para que um burrocaminhe sobre ele. Dá-se glória àquele que o burro leva às suas costas.

A evangelização das ilhas de Kiribati tem uma história muito singular. Trata-se de uma Igreja fundada por leigos, Betero Tarawati e Rataro Tiroi, que

trouxeram a boa-nova para sua própria terra. Nativos de Kiribati foram trabalhar no Tahiti, onde encontraram a Pérola

Preciosa do Evangelho. Ali foram batizados, confirmados e preparados comocatequistas. Ao regressar a sua pátria, traziam a chama da fé e dedicaram-se aincendiar toda a ilha com o fogo do Espírito. Faziam-no com fervor e semdescanso. Em oito anos, batizaram 357 pessoas e tinham preparado mais dequinhentas. Edificaram nove pequenas igrejas, com seu altar, esperando um diater a graça da celebração da Eucaristia.

Todos os domingos se ajoelhavam diante do mar, olhando em direção aoTahiti, para adorar o Santíssimo, porque sabiam que àquela hora se celebrava aSanta Missa lá. Com grande fé, faziam a seguinte oração:

“Senhor meu e meu Pai, que alegria teremos quando vier um sacerdote, teu

ministro, a nós, para nos oferecer a absolvição dos nossos pecados, celebrar a

santa Eucaristia e distribuir em nós a Unção dos enfermos. Que privilégio tão

grande contar com um sacerdote de Jesus Cristo, para celebrar os mistérios da

nossa fé.”Dirigiram essa oração a Deus durante oito anos, esperando que um dia fosse

respondida por Ele.

Muitas cartas escreveu Betero ao Monsenhor Lamaze, Vigário Apostólico doarquipélago de Samoa, solicitando-lhe missionários para Kiribati. Uma dessascartas dizia assim:

“Eu, Betero, escrevo-te esta carta para pedir-te um missionário para Nonouti,

 pois queremos muito sua vinda. Eu, Betero, fui evangelizado no Tahiti pelo Bispo

Tepano. Eu, Betero, e também Tiroi, ensinamos a religião católica em Nonouti. A

 população católica é numerosa em Nonouti e temos nove capelas. Suplicamos-te,

nosso Pai, que não deixes de vir visitar-nos, pois desejamos isso ardentemente,

como afirmo nesta carta. Pai meu, recebe as saudações de Betero e de Tiroi.”

A oração desse povo parecia-se com a dos Macedônios a S. Paulo: “Cruza omar, vem rapidamente em nossa ajuda” (At 16,9). Deus respondeu a essa petição,

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enviando-lhes os primeiros Missionários do Sagrado Coração, em maio de 1888.

 Na verdade, nenhuma oração fica sem ser atendida por Deus. Por vezes parece-nos que tarda a responder, mas Deus é fiel e responde-nos quando lhesuplicamos de todo o coração, com a certeza de que um dia vai responder ao

desejo mais profundo de nosso ser.Em Kiribati, preguei três retiros. Um para os dirigentes da Renovação

Carismática e os outros dois para toda a gente. As pessoas sentavam-se no chão,segundo seu costume, e escutavam com fé a mensagem da salvação. Julgo que fuieu quem mais recebeu, graças ao testemunho dessa gente maravilhosa. Se eu tiveque voar apenas umas horas de avião para pregar a Palavra, eles tiveram queviajar dias inteiros para escutá-la.

Também preguei em outras duas ilhas, onde estiveram presentes mais de1.500 pessoas para escutar a boa-nova. A Palavra da salvação chega até oscantos mais afastados do mundo, pois a Palavra de Deus não se deixa acorrentar e corre por todo o mundo. Os católicos, por sua vez, tinham que percorrer grandes distâncias, de barco ou a pé, para escutar a Palavra que salva. No diaem que compreendermos a fome do mundo, não pouparemos esforços para ser embaixadores de Jesus Cristo em qualquer lugar ou em qualquer meio.

Para visitar outra ilha do Pacífico, famosa por seus grandes tubarões, tivemos

que tomar uma lancha, conduzida pelo próprio Bispo. Antes de sair, advertiu-me:“Padre, vista sua roupa de banho.” Respondi-lhe: “Com tanto trabalho, não creioque tenhamos tempo para nos banharmos; aliás, não sou muito amigo dostubarões. Obrigado.” Ele me disse: “A travessia é por mar aberto eencontraremos grandes ondas. Creio que seria melhor que o senhor não pregassecom sua roupa molhada.” Assim, fizemos a travessia em roupa de banho, comgrandes ondas que açoitavam a pequena embarcação.

O mar estava tão embravecido que me fez lembrar os três naufrágios doapóstolo Paulo. Nesse momento, não me apetecia poder contar que também eutinha naufragado no Atlântico Sul. Eu não sei se S. Paulo viajou em roupa de banho para evangelizar, mas algo parecido deve ter vivido, quando exclamou:“Faço-me tudo para todos, para os ganhar para Cristo” (1Cor 9,19-23).

O sinal mais forte daquele retiro foi quando o Senhor curou o feiticeiro da ilha.

Esse homem estava paralítico. Mas Deus o levantou e ele pôde caminhar 

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 perfeitamente, sem ajuda de muletas. Esse feiticeiro tinha feito muito mal à fé

católica, mas quando o Senhor o curou, renunciou à bruxaria. Assim, todos aqueles

que antes recorriam a ele para serem curados, vinham agora àquele que era tão

 poderoso que tinha sido capaz de curar o feiticeiro da ilha.

Para Jesus não era um pecador, mas um instrumento de evangelização. Todaaquela gente já não visita o bruxo, mas vai à Igreja onde aquele homem, perdoado

e curado pelo Senhor, adora o Deus vivo e verdadeiro, que enviou seu Filho único

 para perdoar todos os nossos pecados.

Com o Bispo como piloto, regressei a Tarawa. O altar de sua Catedral é acanoa de seu velho pai. Com isso, Monsenhor Pablo quis recordar tanto o mar dailha de Beru onde nasceu, como o mar da Galiléia, onde Jesus pregou tantasvezes.

ConclusãoQuando faço essas viagens tão longas e longínquas, sempre me pergunto: “Se

há tantos sacerdotes mais sábios e mais bem preparados, por que convidam amim para ir até os confins da terra?” Embora eu voe 10 mil metros de altitude, océu guarda silêncio e não me responde... Mas eu imagino que é porque Deusgosta de manifestar sua glória na pequenez das criaturas. Por vezes penso que

Deus é muito ciumento e não gosta que ninguém lhe roube sua glória, por isso secompraz no pobre e ignorante deste mundo. Quando chegar ao céu, hei de perguntar a meu Deus por que me escolheu para levar sua Palavra e suamensagem de esperança até as ilhas mais remotas (Is 42,10).

Minha conclusão ao chegar de cada ilha perdida no mar é sempre a mesma:“Deus deseja que todos os homens se salvem e conheçam a verdade em plenitude, que é seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo” (1Tim 2,4).

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7. Canadá

Quero terminar essa panorâmica de meu ministério ao longo de 62 países,durante 20 anos, dedicando o último capítulo a minha terra: o Quebec. Mas prefiro que seja o próprio Padre Jean Ravary quem nos conte o que aconteceu:

 No ano passado falei com um Bispo canadense e partilhei com ele minha alegria

de ter participado de um retiro sacerdotal pregado pelo Padre Tardif. Contei-lhe o

ânimo que recebi ao compreender, com fatos, que Jesus está vivo e como o meu

ministério sacerdotal recebeu um novo impulso, graças à ação do Espírito Santo.

Tive mesmo a audácia de sugerir-lhe: “Seria bom organizar um retiro sacerdotal emMontreal e pedir ao Padre Emiliano Tardif, que viaja pelos cinco continentes, que

venha aqui, a sua casa, para nos pregar.”

O Bispo, um tanto espantado, perguntou-me: “Quem é o Padre Tardif? Eu não o

conheço.”

Uma vez mais se cumpria aquela passagem bíblica de que nenhum profeta é

reconhecido entre os seus. Os países mais afastados e as ilhas mais remotas foram

testemunhas de seu ministério. Seus livros foram traduzidos em 20 idiomas, mas

nós, os seus, não o conhecemos. Outras comunidades têm de esperar cerca decinco anos para encontrar um espaço na agenda desse mensageiro da boa-nova que

anuncia a paz; mas se nós, que somos sua família, não sabemos quem é o Padre

Tardif, qual será então o verdadeiro país de sua missão?

Para todos aqueles que se perguntam quem é o Padre Tardif, eu, que o conheço

e que trabalhei com ele, quero responder: Emiliano é simplesmente o burrito do

domingo de Ramos que leva Jesus por toda a parte. Isso é a única coisa que lhe

interessa na vida. Vive obcecado por fazer conhecer ao mundo inteiro,

inclusivamente aos cristãos, que o Jesus que morreu por nossos pecadosressuscitou e está vivo para nunca mais morrer, comunicando o seu Espírito Santo

a todos os que acreditam em seu Nome.

O Padre Tardif é um vaso de barro que leva um grande tesouro dentro, mas

acentuando que cada um de nós somos também templo do Espírito Santo e que os

carismas da Igreja primitiva são também para estes tempos. O Padre Tardif, por 

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fim, é simplesmente uma testemunha, que mostra com fatos e palavras que Jesus é

o único Messias e que não devemos esperar outro.

Conclusão

Depois de ser testemunha do que reis e profetas do Antigo Testamentodesejaram ver e ouvir, depois de ter sido testemunha de Jesus ressuscitado e deter evangelizado em 62 países dos cinco continentes, só posso repetir:

“Alegro-me nas minhas fraquezas, pois, quando me sinto fraco, então é quesou forte” (2Cor 12,10).

Quando as pessoas olham para mim, ou me pedem que lhes assine um livro;quando querem que lhes imponha as mãos ou me chamam pelo telefone desde países longínquos, eu lhes digo sempre: “Não se distraiam com o vaso de barro.

Mantenham os olhos fixos em Jesus. Eu sou como João Batista que repete: ‘Eis oCordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.’”

A pergunta do Bispo canadense: “Quem é o Padre Tardif?”, tem uma grandemensagem, pois na realidade não importa quem é o Padre Tardif, mas quem éJesus. Não importa que as pessoas conheçam o Padre Tardif, mas que conheçam,amem e sigam as pisadas de Jesus de Nazaré, que morreu por nós para quetenhamos vida em abundância. É tão importante conhecer Jesus, que a vida eterna

consiste precisamente nisso (Jo 17,3). Por isso Paulo exclamava: “Na verdade,em tudo isso só vejo lixo, comparado com o supremo conhecimento de JesusCristo, meu Senhor” (Fil 3,8).

 No fim da vida, Deus não perguntará se conhecemos o Padre Tardif, massimplesmente quererá saber se nosso coração foi capaz de amar: “Reconheceste-me no mais necessitado, no mais pobre, no abandonado, no explorado, noenfermo, no emigrante, na vítima de injustiças?” E conforme respondermos aessa pergunta, assim será toda a eternidade para nós.

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SEGUNDA PARTE

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SEMINÁRIO DE VIDA NO ESPÍRITO

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Introdução

Já demos uma panorâmica da Renovação Carismática pelo mundo. Contudo,muitos devem perguntar: onde é que se apóia essa força e essa vitalidade daRenovação? Por que, enquanto algumas igrejas estão vazias e muitos católicos procuram o fervor, a alegria e a verdade fora da Igreja, a Renovação é capaz deconvocar multidões, encher estádios e manter tantos milhões de pessoas queexperimentaram uma Vida Nova graças a essa corrente espiritual?

A resposta é muito simples: a Palavra de Deus, quando a pregamos com a

força do Espírito Santo, tem poder para convocar, transformar vidas e salvar oscorpos e as almas dos filhos de Deus. A Renovação descobriu a evangelizaçãofundamental, o querigma apostólico, e anuncia Jesus, apresentando-o com a forçado Espírito.

Estruturaram-se vários métodos para apresentar o querigma primitivo, mastodos eles têm o mesmo centro: o encontro pessoal com Jesus ressuscitado, queoferece uma nova efusão do Espírito, geralmente chamada “Batismo no EspíritoSanto.” Este Batismo no Espírito é uma graça muito singular de Deus, que mudou

milhões de vidas. Trata-se de uma chave que abre a porta de um mundo novo, para podermos viver a alegria, o amor e o serviço dos filhos de Deus.

Ofereceremos nesta segunda parte um esquema do Seminário de Vida noEspírito. Não de modo informativo, mas para que seja uma plataforma delançamento para se experimentar essa Nova Vida.

É muito difícil dizer com palavras em que consiste essa evangelizaçãofundamental, porque basicamente se trata de viver uma experiência, mais do que

um conhecimento intelectual.A melhor e talvez a única forma de conhecer a Renovação, é receber o

Batismo no Espírito, que nos leva a ter um encontro pessoal com Jesusressuscitado.

Um dia pregávamos um retiro a sacerdotes na Guatemala. Durante ointervalo, fomos para o pátio, onde encontramos um menino brincando no chão,

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chupando o dedo. O Padre Diego Jaramillo aproximou-se e perguntou-lhe: “Quegosto tem seu dedo?” O menino, sem saber como responder, abriu mais aindaseus olhos negros. Todos os sacerdotes que estávamos rodeando a cenasorríamos por constatar sua impotência para descrever com palavras o sabor de

seu dedo. O Padre Diego tornou a insistir: “Que gosto tem seu dedo?” O menino,com toda a ingenuidade, mas cheio de sabedoria, levantou a mão, mostrou o dedoao Padre e disse-lhe: “Prove-o.”

Assim é a experiência da Renovação no Espírito. Ninguém é capaz dedescrevê-la, e toda a definição será parcial. Por isso, para todo aquele quequiser saber o que é a Renovação no Espírito, só há uma fórmula: prová-la! Essaé a única forma de poder entendê-la. Muitos criticam a alegria e aespontaneidade dos grupos de oração. Outros são da opinião de que as pessoas

se apaixonam pela Palavra de Deus ou que exageram em sua vida espiritual.Contudo, não existe outra resposta senão provar! Quando alguém menospreza aRenovação ou me chama de louco, apenas repito a Palavra de Paulo a Festo:“Prouvera a Deus que aquilo que aconteceu a mim acontecesse também a ti” (At26,29).

Que o Espírito Santo, Senhor e doador de vida, unja este Seminário de vidano Espírito que vamos expor e faça fecundar no coração de cada leitor a Vida

 Nova de Jesus Cristo.

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1. O amor de Deus

O início, o centro e o cume da experiência do Espírito se baseiam na certezade que Deus é amor e nos ama com amor de Pai.

O Padre Rómulo Falcón, irmão de minha Congregação, Missionários doSagrado Coração, conta como essa verdade se tornou realidade na sua vida:

Que belo é nos encontrarmos em uma comunidade na qual se reza e louva! Que

 belo é comprovar que em toda a parte atua um mesmo Espírito! Que admirável é

constatar que a Palavra de Deus é pregada com poder! Que bom é saber que nas

terras longínquas do Peru não estamos sozinhos, mas unidos no mesmo Espírito,num só Senhor e numa só esperança! Que lindo ver que a Igreja está se

renovando, não com ações externas, mas com a transformação dos corações por 

meio do encontro pessoal com Jesus!

Se o amor do Senhor não tivesse me alcançado com sua misericórdia através

desta Renovação do Espírito, eu teria sido agora mais um na mesa dos não crentes.

Por isso, irmãos, posso dar meu testemunho de conversão. É verdade. O Senhor 

muda as vidas! Eu, como sacerdote, fui transformado por Ele. Precisei dessa

segunda conversão, ou melhor, dessa primeira conversão, porque nunca antes ativera.

Eu tinha uns 20 anos e estudava engenharia. Não sei como, o Senhor chamou-

me e tocou-me para a vocação sacerdotal e decidi segui-lo. Encontrei uma

Congregação religiosa que começava suas atividades no Peru, a qual me aceitou.

Enviaram-me para a Alemanha, onde tive a oportunidade de estudar com os

melhores professores de Teologia. Narro isso para sublinhar que a sabedoria e o

estudo não bastam para se tornar um bom sacerdote.

Voltei ao Peru em 1959, cheio de conhecimentos e de profunda formação, e nãosei por que meus superiores decidiram enviar-me para trabalhar nas montanhas, na

serra de minha pátria. Estive ali abandonado e só, no meio das pessoas mais pobres

e humildes.

Pouco a pouco fui perdendo minha identidade sacerdotal, transformando-me

num simples administrador de sacramentos ou num empregado de escritório

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minha comunidade religiosa. Sentia-me de mal a pior e em pouco tempo pedi não

só a saída de minha Congregação, mas até minha redução ao estado laical.

Enquanto esperava a resolução do longo processo, permaneci em uma casa da

comunidade, mas já sem realizar ministérios concretos. Encarreguei-me de tomar 

conta da capoeira e só de vez em quando celebrava Missa.Enquanto corria meu processo, chegou um sacerdote que perguntou: “O que faz

aqui?” “Estou esperando que se resolva uma situação pessoal”, respondi-lhe. “Por 

que não vá pregar uma missão em minha paróquia?”, insistiu comigo. Então

renasceu em mim o homem organizador e ativista. Preparei o tema, a equipe e

tudo o que era necessário.

Mas a Providência tinha as coisas planejadas de outra maneira. Nenhuma das

 pessoas que eu tinha convidado podia me acompanhar. Então, como tinha me

comprometido, fui só. Antes de sair, deixei uma carta a meu superior, para que por favor fizesse avançar todos os papéis para eu poder abandonar o ministério

sacerdotal.

Cheguei à aldeia onde a missão deveria ser celebrada. Comecei os preparativos

imediatos e, enquanto falava com o pároco, apareceu um rapaz de 18 anos

 perguntando por Rómulo. Rómulo? Era a primeira vez em muitos anos que eu

ouvia meu nome só, sem os títulos de Excelência, Monsenhor ou Reitor. Depois

que me identifiquei, o rapaz sentou-se diante de mim. Sem me conhecer, tratou-me

 por você e disse-me com uma decisão surpreendente: “Olhe, Rómulo, a mecânicadas missões é muito simples: você prega e eu oro.” Eu ri, mas não o pus na rua

 porque afinal era o único companheiro que podia servir para alguma coisa.

Chamava-se Carlos.

Continuei preparando todos os ensinamentos necessários, enquanto Carlos reuniu

um pequeno grupo e começou a rezar. Isso me perturbava, me desesperava. Tinha

tanto trabalho para realizar, mas aquelas pessoas apenas rezavam e rezavam...

Chegou o dia de começar. Estava em meu quarto revendo e polindo meus

eloqüentes discursos, cheios da sabedoria deste mundo, com técnicas de

argumento, lógica e estilística. Nessa altura, alguém bateu à porta. Era Carlos, o

 jovem do grupinho de oração. Sem introduções nem preâmbulos, simplesmente me

disse: “Rómulo, você precisa se converter...” “Eu?! – respondi-lhe – O que está

acontecendo? Eu, sacerdote, converter-me?”

Ele insistiu com mais autoridade: “Rómulo, você precisa se converter. Você não

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conhece de maneira pessoal o Senhor Jesus.” “Como? respondi violentamente – 

 por acaso acredita que não o conheço?” “Não, Rómulo, não o conhece ainda”,

respondeu-me com firmeza.

 Nesse momento começou uma luta tremenda em meu interior: “Senhor, se não o

conheço, então o que tem sido minha vida?” Continuei levantando objeções aCarlos, mas todas eram respondidas com uma simplicidade admirável por esse

rapazinho de 18 anos. Depois, disse-me: “Rómulo, Deus é seu Pai e o ama.” “Você

está louco” – respondi furioso. “Então eu não sei que Deus é meu Pai e me ama?”

“Sim, Rómulo, você sabe que Deus é seu Pai, mas já o experimentou alguma vez

em seu coração?”

 Na verdade, nunca tinha experimentado que Deus era meu Pai e que me amava

de maneira pessoal. Sentei-me na cadeira, escondendo a cabeça nas mãos e com os

cotovelos bem cravados nas pernas. Carlos começou a rezar por mim numa línguaque não reconheci, pois nunca tinha ouvido rezar em línguas. Nesse momento,

senti uma efusão do Espírito de Deus em mim e comecei a chorar de maneira

amarga, muito amarga. Enquanto chorava, o Senhor fez-me ver minha triste vida

de pecado. Mas estava ali o amor de Deus, perdoando-me todas as minhas

rebeldias. Pecar sem experimentar o amor de Deus é um inferno; mas ser perdoado

do pecado por quem nos ama é a ante-sala do céu.

Quando terminou a oração, eu estava esgotadíssimo. Então Carlos pegou meus

apontamentos, rasgou-os e atirou-os para o cesto do lixo, assegurando-me: “Vocênão precisa da sabedoria dos homens. Você vai contar como o Senhor o

converteu.” E foi embora. Fiquei outra vez sozinho, na luta mais tremenda do

homem novo que acaba de nascer, e comecei a gritar: “Não, eu não prego, não

 posso fazer isso!” Nessa altura, bateram à porta. Era o pároco que estava me

chamando: “Padre, as pessoas já estão à espera na igreja.” Abri a porta e comecei

a andar. No caminho encontrei uma Bíblia. Há muito tempo que não a lia. Eu sabia

as opiniões dos teólogos sobre Deus, mas não sabia o que Ele dizia de si mesmo na

sua Palavra. Agarrei-me a essa Bíblia como única salvação e defesa. Assim, subi

àquele púlpito, que era alto, muito alto.

Pela primeira vez em muitos anos, orei ao Senhor e disse-lhe: “Senhor, ajude-

me. Que vou dizer?” Nesse momento, abri a Bíblia e encontrei-me no texto da

Epístola aos Coríntios, que diz: “Apresentei-me diante de vós cheio de fraqueza, de

temor e de grande tremor. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em

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discursos persuasivos da sabedoria humana, mas na manifestação do Espírito e do

 poder divino, para a vossa fé se não apoiar na sabedoria dos homens, mas no

 poder de Deus” (1Cor 2,3-5).

 Não sei o que preguei naquela noite. Apenas recordo que dizia: “Eu pequei, mas

o amor do Senhor perdoou-me. Deus pode perdoá-los também.”Já viram um sacerdote chorar diante de seus paroquianos? Pois naquela noite

chorei com eles. Naquela noite, experimentei o amor divino, converti-me eu e

converteu-se o povo. Eu tinha recebido o Espírito Santo e agora dava testemunho

do que o amor de Deus pode fazer. Tudo o que para mim tinha sido impossível em

anos de ministério, mudar os corações dos que me escutavam, o amor de Deus

conseguia realizar.

Regressei a Lima. Quero esclarecer que, pela primeira vez em minha vida,

esqueci-me de cobrar por meus serviços sacerdotais. Deus já tinha pago demais.Fui falar com meu superior para lhe perguntar sobre os resultados da carta que

tinha deixado antes de ir pregar. “Ah! – respondeu-me – Esqueci-me de mandar.”

“Pois esqueça-a para sempre” – disse-lhe.

Assim se passaram oito longos meses de luta do homem novo contra o homem

velho. Estava só e não conhecia ninguém que tivesse tido uma experiência

semelhante à minha para partilhá-la. Eu, certamente, estava renovado, mas fazia-

me falta uma comunidade e corria o risco de ser destruído pelo mundo e por seu

 pecado. Para passar o tempo, comecei a traduzir a Bíblia para minha língua

materna. Esse estudo e contato profundo com a Palavra foi o que me salvou.

Todos os dias me alimentava com a Palavra de Deus.

Depois, meus superiores enviaram-me para ajudar na paróquia de São Lucas e o

grupo de oração mandou um jovenzinho para que me instruísse. Esse rapaz deu-

me o Seminário de Vida no Espírito. Embora estivesse seguro de que ele tinha me

transformado, eu tinha que mudar não só minhas atitudes externas, mas toda

minha mentalidade e meu formalismo.

Se o Senhor me perdoou, sacerdote pecador, por que não pode fazê-lo com

vocês? O amor pode tudo. É a única força capaz de transformar o mundo. Assim,

e só assim, pode-se santificar a Igreja. Assim mudarão as estruturas injustas. De

outra forma, não. Então, Cristo vivo reinará no meio de nós!

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Se pudéssemos resumir a mensagem do Novo Testamento, seria com esta pequena frase, que é o resumo mais importante da Revelação: “Deus é Amor”(1Jo 4,8).

A verdade fundamental do cristianismo é que Deus todo-poderoso, Criador 

do céu e da terra, é um Pai amoroso que teceu a história de cada ser humano como fio condutor de seu Amor incondicional e eterno. “Tal como é a ternura de umPai para com seus filhos, assim é terno o Senhor para aqueles que o buscam” (Sl103,13).

Deus toma a iniciativa“O amor não consiste em que vocês tenham amado a Deus, mas em que Deus os

amou primeiro” (1Jo 4,10).

Jesus manifestava o rosto misericordioso do amor de Deus. Quando uma pessoa se sentia amada assim, não podia resistir e mudava sua vida.

Havia uma mulher cuja má reputação tinha se espalhado por toda a Galiléia.Os homens a procuravam na obscuridade do prostíbulo, mas a desprezavam naclaridade do dia. Os que se aproximavam a usavam como brinquedo passageiro,caricaturando o amor. Ninguém a amava, nem sequer ela amava ninguém. Seusafetos eram farsa e mero interesse comercial.

Mas um dia chegou a sua vida um homem que anunciava o amor incondicional de Deus para com os pecadores. Ela acreditou imediatamente nelee apresentou-se em casa de Simão, o fariseu, onde o Mensageiro da boa-novaestava reclinado numa mesa. Aproximou-se por trás e começou a acariciar os pés do Mestre. Perante a admiração e o escândalo dos convidados, Jesus não aafastou; pelo contrário, colocou carinhosamente a mão sobre a cabeça dela.

 Nessa altura, começaram a correr abundantes lágrimas desse coração que nãotinha recebido senão desprezos. Partiu então seu frasco de alabastro onde

guardava um delicado perfume de nardo puro e começou a ungir os pés doSenhor. Correndo dos seus olhos, também as lágrimas molharam o Mestre. Coma sedutora cabeleira que tinha servido como instrumento para conquistar clientes,começou a secar os pés banhados em lágrimas de verdadeiro amor.

O Mestre não se opôs, apesar das críticas dos que se julgavam melhores queela. Através dessa aceitação incondicional, ela experimentou o amor salvífico de

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Deus. Jesus mostrou-lhe quanto Deus a amava e, porque a amava, a perdoava e areconstruía. Essa experiência do amor que perdoa mudou sua vida e foi capaz detransformar toda a sua história.

Que Deus toma sempre a iniciativa e que é Ele quem nos alcança, podemos

 perceber claramente no seguinte testemunho: No mês de janeiro de 1987, pregávamos um retiro carismático de três dias na

cidade de La Vega, República Dominicana. Foi um retiro muito concorrido que

terminou num campo de futebol, com a participação de grande multidão. No

domingo, à tarde, celebrou-se a missa de encerramento com uma oração de cura.

Uma senhora de uma aldeia vizinha quis participar na missa e pedir a Deus a

cura de um câncer no peito. Para chegar, tinha que atravessar um rio sem ponte.

Por desgraça, na noite anterior uma chuva torrencial tinha feito o rio transbordar.

Quando chegou ao rio, era impossível atravessá-lo. Assim, não poderia participar na oração dos enfermos...

Mas orou com fé, explicando ao Senhor: “Tu estás presente em toda a parte. Tu

 podes curar-me aqui.” Permaneceu em oração, unida em espírito à multidão que

assistia à missa, a uns oito quilômetros dali. A senhora entregou sua doença ao

Senhor e voltou para casa. No outro dia, ao despertar, já não tinha dores.

Passaram-se os dias e os nódulos cancerosos que tinha nos dois peitos

desapareceram totalmente.

Um mês depois, já dava testemunho a toda a gente, afirmando que, como ela

não tinha podido passar o rio, o Senhor tinha-o cruzado para encontrá-la e curá-la.

Agora todos os que cruzam esse rio sabem que por ali passou o Senhor com seu

amor, que não tem limites nem barreiras.

Amor incondicional e estável, que nada nemninguém pode mudar 

“Os montes correrão e as colinas mover-se-ão, mas o meu amor não se afastaráde ti” (Is 54,10).

“Acaso pode uma mulher esquecer-se do menino que amamenta, não ter carinho

 pelo fruto de suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse, Eu nunca te

esqueceria” (Is 49,15).

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Quando uma pessoa se sente amada incondicionalmente por Deus, não poderesistir a tanta ternura e toda sua vida e história tomam sentido para poder recomeçar com um novo nascimento, não importa o ponto em que tenha caído.

O mesmo que aconteceu há dois mil anos na Galiléia e em Jerusalém sucede

hoje em nosso mundo, como podemos constatar pelo testemunho seguinte de umamigo, com quem freqüentemente prego:

 Nasci numa família muito grande. Meus pais, embora fossem bons, usavam o

método do prêmio e do castigo para nos educar. Assim, cresci pensando que, se

fosse bom, mereceria que me amassem. Tudo estava condicionado a minha

conduta e, como não me considerava sempre bom, constantemente duvidava do

amor dos outros por mim.

Aos 12 anos entrei no seminário. Recordo que ali tudo era competitividade: as

classificações e as notas de comportamento. Eu era o que obtinha as piores notasem comportamento e aquele que tinha pior aproveitamento. Os superiores

 preferiam os que se portavam bem e obtinham boas qualificações em seus cursos.

Portanto, fui rejeitado por todos eles.

Depois de vários anos, as coisas foram mudando e comecei a melhorar meu

aproveitamento. Inclusivamente estudava a Bíblia e aprendi grego e hebraico para a

ler. No fundo, era uma compensação para ser tomado em conta pelos meus

superiores e para que me dessem as oportunidades que ofereciam aos outros como

 prêmio por seus trabalhos.

Aquele que cresce tentando merecer o amor dos outros vive sempre inseguro,

 porque considera que nunca preenche suas expectativas. Aliás, sabe que tem um

amor comprado pelo que faz e não pelo que é. O mesmo se passava comigo em

minha relação com Deus: eu pensava que devia ser bom para merecer que Ele

 prestasse atenção em mim; se cumprisse sua vontade, então Ele, por sua vez,

haveria de amar-me. Minha vida religiosa era um comércio espiritual: eu me

esforçava para comprar o amor de Deus com boas obras, mas vivia no inferno dacondenação quando constatava que não conseguia ser fiel. Cheguei mesmo ao

conformismo, com a tristeza do fariseu que tenta apresentar-se justo perante os

outros, mas que no fundo se sente condenado por não cumprir completamente a

lei.

Mas um dia chegaram umas pessoas que decididamente me pareceram loucas.

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Falavam de um Jesus vivo, que tornavam transparente em seus rostos e em seus

sorrisos. Para mim, que vivia debaixo da lei, a relação com Deus era formal: obras

 boas da minha parte em troca de bênçãos divinas. Como o fariseu do Evangelho,

dava conta de meus jejuns e de minhas orações, para poder cobrar a Deus o que

me devia. Em troca, eles falavam de um Deus misericordioso, em que tudo égraça, e que, portanto, permite vivermos na alegria de ser herdeiros de tudo o que

Jesus ganhou para nós na cruz.

Eu tinha muitas barreiras para aceitar tais testemunhos, pois vários desses

 pregadores não eram católicos. Para mim, nós os católicos tínhamos toda a

verdade, mas esses pastores evangélicos viviam-na com transbordante alegria.

Explicavam o Evangelho com simplicidade e profundidade, como eu nunca tinha

escutado antes.

Depois de muitas resistências, convencido apenas pela autenticidade e pelaalegria dessas pessoas, fui-me aproximando cada vez mais, até que consegui estar 

na primeira fila. No fim de um cântico de louvor, pôs-se de pé um pregador, que

disse que iria apresentar as quatro leis mais importantes para o cristão. Como eu

nunca tinha ouvido um tema com um título tão sugestivo, isso chamou minha

atenção e o Senhor abriu meu coração para aceitar aquela mensagem.

O pregador aproximou-se de mim e, olhando-me nos olhos, afirmou de maneira

categórica e direta: “Deus o ama incondicionalmente.” Seu olhar penetrava em

minha alma e suas palavras estavam ungidas com o fogo do Espírito. Depoisacrescentou, sem deixar de me olhar: “Deus o ama porque é bom e não porque

você seja bom. O amor de Deus é incondicional. Você não precisa fazer nada para

que Ele o ame. Há só uma coisa que Deus todo-poderoso não pode fazer: não

 pode deixar de amá-lo. Pede-lhe só uma coisa: não que o ame, mas que se deixe

amar por Ele...

 Não pude escutar mais sua pregação, nem soube quais eram as outras três leis. O

coração tinha sido trespassado pela espada da Palavra de Deus. Havia uma pessoa

que me amava como eu era. Não precisava comprar seu amor, porque Ele não

 podia deixar de me amar... Essa mensagem mudou toda a minha vida, deixando-me

uma profunda marca.

Já se passaram 22 anos desde esse acontecimento, e não só recordo toda a sua

vivacidade, como não concebo minha história sem a folha do calendário do dia 3

de dezembro de 1971.

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Plano maravilhoso para cada umDeus tem um plano maravilhoso para cada um de nós: fazer-nos passar das

trevas para sua luz admirável, fazendo-nos participar de sua vida divina, paraque vivamos desde agora como seus filhos. “Deus tem poder para realizar todas

as coisas incomparavelmente melhor do que nós próprios podemos pedir ou pensar, conforme o poder que atua emnós” (Ef 3,20).

Recebi a seguinte carta do Chile, que narra como o poder do amor é capaz decurar qualquer enfermidade e perdoar qualquer pecado:

Eu era uma senhora com alto nível sociocultural, que tinha tudo, menos sonhos e

desejo de viver. A minha saúde se deteriorava pouco a pouco e eu estava

interiormente vazia, o que me levou a não acreditar em nada, até mesmo a tentar suicidar-me.

Estava abatida e derrotada pela vida. Uma amiga convidou-me a ir a um

congresso da Renovação Carismática, onde pregava e orava pelos enfermos o

Padre Emiliano Tardif. Assisti, mas sem fé. Analisava o grupo e divertia-me com

os exageros dessa gente que estava tão alegre diante de Deus. Era tão contagiosa

aquela fé diante de um Deus invisível, que, pouco a pouco, sem dar-me conta, fui-

me deixando penetrar por esse ambiente de esperança.

 No meio da oração, o Senhor curou uma menina de sete anos. Veio então uma profecia na qual Deus dizia: “E vim para dar-te felicidade, Eu sou tua felicidade;

mas tu puseste uma barreira entre nós. Eu amo-te e deixarei abaixo todos os

obstáculos para que experimentes o amor de que necessitas.”

Imediatamente reconheci que essa palavra era dirigida diretamente a mim. A

 barreira que existia entre nós eram meus pecados, mas seu amor era muito maior e

Ele tinha tomado a decisão de mostrar isso.

Depois, minha amiga me convidou para um retiro, em que confessei todos os

meus pecados diante de Deus que me amava incondicionalmente. Foi uma

libertação maravilhosa, que diluiu meu complexo de culpa. Quando o coração de

uma pessoa está cheio do amor de Deus, tudo o mais passa para segundo lugar.

Como Jesus tinha razão ao dizer-nos que buscássemos primeiro o Reino de Deus e

que tudo o mais viria por acréscimo. Eu tinha encontrado a Pérola Preciosa.

Depois tive uma entrevista com a médica que me seguia. Depois de um exame,

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cheia de assombro, perguntou-me: “O que você fez.?” “Entreguei ao Senhor minha

doença e pedi-lhe que me curasse”, disse-lhe. “É um milagre, você está curada!”,

exclamou.

Há uma medicina que cura todas as enfermidades, não só as espirituais e

 psicológicas, mas também as corporais. Uma vez, escutei alguém afirmar que aetapa em que menos adoecem as pessoas é durante a lua-de-mel, e eu acredito;

quando se experimenta o amor de outra pessoa, a vida ganha sentido.

Eu estava cega e fechada ao amor. Não queria escutar ninguém, tinha pena de

mim e me odiava. Mas o amor de Deus mudou minha vida inteira. Deus não só

cura os pobres, mas também os pobres de sonhos. E comigo Ele fez um milagre.

A vida de alguém só muda e se transforma, quando encontra um amor 

incondicional e permanentemente fiel. Contudo, nosso coração está feito com sede

de infinito e só pode ser preenchido pelo amor de Deus. Com razão, SantoAgostinho afirmava: “Fizeste-nos, Senhor, para ti, e nosso coração estará

insatisfeito até que descanse em ti.”

Deus é amor e ama-nos não porque nós sejamos bons, mas porque o bom é Ele.

Deus não lhe pede tanto que o ame, mas que se deixe amar por Ele. Ele tomou a

iniciativa e antes que você possa fazer algo por Ele, já Ele o amava de maneira

incondicional. “O amor não consiste em que nós tenhamos amado a Deus, mas em

que Ele nos amou primeiro” (Jo 4,10).

O salmista desafia-nos, dizendo: “Experimentai e vede como é bom o Senhor”.

Deus convida-nos a provar seu amor e sua misericórdia.

Oração Deus bom, sei que és um Pai misericordioso, que amas cada um dos Teus

ilhos. Reconheço-me necessitado do teu amor. Abro-me   a esse amor que quer o melhor para mim. Aceito teu amor incondicional. Quero provar tua bondade

e misericórdia neste momento de minha vida. Não quero fugir para longe de ti, como o filho pródigo que se afasta da

casa paterna, mas quero voltar a ti, para que me ames como só tu sabes meamar. Quero experimentar teu amor em minha vida. E hoje me deixo amar por ti. Sei que me tens procurado e hoje paro para que teu amor me alcance.

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Tu és o primeiro Amor que sempre toma a iniciativa, correndo todos osriscos. Teu amor venceu a dureza de meu coração e hoje eu me rendoincondicionalmente perante a força de teu amor.

 Preciso experimentar teu amor e tua fidelidade. Demonstra-me   de tal 

orma que mude a minha vida, para que eu viva dentro da atmosfera de sentir-me amado pessoalmente por ti.

Obrigado, Senhor, porque sei que respondes a meu pedido, porque acrediteina oferta gratuita do teu amor .

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2. O pecado

Fomos feitos por e para o amor. No entanto, nosso problema começa quandonos afastamos da Fonte do amor, para seguir nossos próprios caminhos. JacquesLebreton descreve-nos o pior que pode acontecer a uma criatura:

Tudo começou em El Alamein, no Egito, durante a batalha de 1942. Eu era

motorista de um carro militar. Um dia um companheiro, sem poder explicar-me por 

que, ativou uma granada e atirou-a para minhas mãos. Não tive tempo para lançá-

la para longe. Eu sabia que ia explodir... e explodiu!

 Não senti nada senão o ruído ensurdecedor que ainda ressoa em meus ouvidos.A noite chegou de repente. Imediatamente levaram-me na ambulância para a sala

de operações. Quinze dias depois, uma enfermeira me disse: “Não se preocupe, um

outro camarada também estava cego, mas foi operado e agora vê perfeitamente.”

Entendi a mensagem: eu estava cego, mas tinha a esperança de que uma operação

cirúrgica me restituísse a visão. O homem foi feito para esperar.

Assim, cheguei cego a Damasco. Não percebi então que havia um propósito

misterioso para descobrir uma luz infinitamente mais importante do que aquela que

eu tinha perdido. Minha cama do hospital foi meu deserto, o deserto do encontro. No leito de dor, orava a Deus: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim.

Tem compaixão de minha condição humana. Tenho fome de infinito, mas estou

limitado; tenho fome de eternidade, mas sou mortal; tenho fome de absoluto, mas

tudo o que me rodeia é relativo. E tu, quem és, Senhor?”

Quatro meses depois, descobri que também não tinha mãos. Não tinha me dado

conta porque estava completamente vendado, e por isso parecia-me normal que as

enfermeiras me assistissem em todas as minhas necessidades. Contudo, descobri

na solidão de uma noite. O golpe foi demasiado forte para o assimilar. Diante demim abriam-se dois caminhos: aceitá-lo na paz, ou aproximar-me daquela janela

que me atraía para me lançar no vazio. Então me revoltei contra Deus,

reclamando: “Pai, se és bom, demonstra-o. Mas se a tua bondade se limita a

 prometer-me uma eternidade feliz, podes guardar tuas promessas, porque isso não

me interessa. Fui vítima de sofrimentos desumanos e não sou um super-homem.”

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Deus então me respondeu. O caminho era compreender o desígnio divino e sua

resposta veio na forma de um desafio: aprender a viver cego e sem mãos.

“Levanta-te e anda”, era a resposta de Cristo ao sofrimento do homem.

Enfrentei o desafio com grandes resultados. Consegui ultrapassar tanto minhas

dificuldades, que até me perguntava: de onde me vem essa força? “Enviar-vos-ei aforça do Espírito que virá sobre vós”, respondia Cristo Jesus. Assim, graças ao

Espírito, aceitei o desígnio superior: sou cego e não tenho mãos. Esta é a realidade,

comecei a chorar de alegria. Ganhara a batalha mais importante de minha vida.

Meus companheiros perguntavam-me como era possível que me mantivesse com

uma força tal que até confortava os outros camaradas que sofriam no hospital.

Regressei para a França com desejos de viver. Uma moça me disse: “Não é

 porque lhe faltem os olhos e as mãos que você perdeu o direito de viver a

felicidade.” Casamos e tivemos cinco filhos. Há pouco tempo um de meus netosaproximou-se de mim e me disse: “Que bom que é existir a guerra.” “Mas que

loucura é esta?” – perguntei-lhe. “Claro” – respondeu-me. Sem a guerra, não teria

conhecido minha avó, não teria se casado com ela e assim eu não teria nascido.

 Nessa altura, ressurgiu em mim o homem empreendedor. Integrei-me na

associação dos deficientes visuais e trabalhei ali para melhorar as condições de

meus camaradas cegos. Eu era um homem como os outros, até com uma boa

 posição econômica. Toda a minha mente e o meu coração estavam a serviço de

meus semelhantes. Mas, seis anos depois da explosão da granada, fui perdendo a

motivação inicial e, pouco a pouco, idolatrei meu trabalho. Eu não fazia as coisas

 por alguém mas por algo. A ação converteu-se num absoluto para mim. Não tinha

tempo para rezar, porque tinha muitas coisas para fazer. Queria fazer as coisas por 

mim e não julgava precisar assim tanto de Deus...

Sem a motivação da fé, fui deixando Deus. Senti um vazio, que tratei de

 preencher integrando-me no Partido Comunista. Revoltei-me contra a Igreja e

contra Deus. Depressa apareceram as conseqüências: estive disposto a me

divorciar de minha mulher, só que ela não consentiu.

Um dia, um amigo me levou para visitar a mística Martha Robin. Impressionou-

me sua simplicidade e saí perturbado de seu quarto, começando outra vez minha

vida de oração: “Pai, não compreendo nada. Eu tinha fé, mas perdi-a. Agora

encontrei-a. Revela-te na minha vida.”

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Em outubro de 1960, um farol iluminou minha noite e todas as correntes caíram

de meus braços. Não pude dormir em toda a noite e durante duas horas esse meu

amigo ouviu-me falar da misericórdia de Deus. O homem pode renegar Deus, mas

Deus não pode renegar o homem. Em minha cama do hospital, tinha tido a

experiência da ternura, da compaixão e da fecundidade de Deus mas faltava-meexperimentar sua misericórdia.

Certamente não tinha sido responsável por aquele terrível acidente, mas também

não podia afirmar que era inocente. Ninguém é inocente. Com o risco de me

 perder, Deus tinha permitido que eu caísse no ativismo, a fim de revelar-me sua

misericórdia e seu perdão. Hoje em dia, fortalecido por essa experiência, posso

assegurar que a pior enfermidade não é a cegueira nem a falta de mãos. A maior 

desgraça nesse mundo e no outro é afastar-se de Deus. Deus é misericórdia, Deus

é ternura.Jacques Lebreton foi ao fundo do problema fundamental da criatura: afastar-

se do Criador, para iniciar um caminho de independência e rebeldia, no qualtarde ou cedo aparecerão as conseqüências. Quem se afasta da vida não podeencontrar senão morte. A pior enfermidade do homem chama-se pecado, porquetodo aquele que comete pecado é um escravo (Jo 8,34), e a conseqüência lógicaé a morte (Rom 6,23), já que todo o homem que semeia na carne, da carnecolherá a corrupção (Gal 6,8).

Basicamente, o pecado consiste em acreditarmos mais em nós próprios e emnossos métodos do que nos caminhos de Deus. É uma rebeldia que nos leva atornarmo-nos independentes de Deus e, portanto, a não experimentar seu amor salvífico, pois separa-nos dos outros e divide nosso interior. Mais do que fazer coisas más ou proibidas, trata-se de uma atitude de rebeldia perante Deus,afastando-nos de sua presença e de seus caminhos. “Todos pecaram e estão privados da salvação de Deus” (Rom 3,23).

Quando Adão e Eva, que representam cada um de nós, se afastaram de Deus,experimentaram sua nudez e foram expulsos do Paraíso, que simboliza afelicidade à qual Deus nos tinha chamado. O pecado é a origem de todos osmales que afetam a humanidade.

Má notícia: não podemos salvar-nos por nós próprios

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 Não podemos salvar-nos por nossas próprias possibilidades e por nossas boas obras. Ninguém pode se justificar por si mesmo. Trata-se de uma sombra,da qual é impossível separar-se pelas forças humanas.

O ser humano está profundamente incapacitado de alcançar a vida eterna. Ferido

 pelo pecado, não pode regressar ao Paraíso perdido. O homem não pode redimir-se por seus próprios meios, como demonstra o seguinte testemunho de Carla. Aos

seis anos fui internada num orfanato. Meus pais tinham me abandonado

temporariamente e meu coração ficou profundamente ferido. Quando voltei para

casa, tinha 10 anos e vivia triste e desesperada. Nesse tempo, descobri que gostava

dos rapazes e comecei a maquiar-me e a passar muito tempo frente ao espelho,

 para seduzi-los. Andava namorando, ávida de preencher o vazio de amor que me

oprimia. Tinha sede de ternura, mas encontrava apenas decepções.

Depois de um forte golpe sentimental, muito difícil de aceitar, decidi sair de casa.Eu tinha muito sucesso com os rapazes e desempenhava o papel de uma jovem

sexy e liberal, mas quando voltava para meu apartamento, chorava amargamente

em minha cama por ser infeliz. À medida que me afundava mais no sexo, menos

acreditava no amor. Todas as experiências sexuais deixaram um profundo vazio em

mim. O sexo chegou a ser uma obsessão, da qual não conseguia me desligar.

Tentei levantar a cabeça diante desse desespero e encontrei o ocultismo. Fiz

cursos de astrologia e aprendi técnicas para adquirir o perfeito domínio de mim

mesma. Fiz uma incursão no ioga e na meditação transcendental, bem como no

zen japonês. Em toda a parte me prometiam a felicidade, o amor universal e o

domínio do espírito sobre a matéria. Contudo, nenhuma dessas promessas dava

resultado na minha vida.

Um de meus amigos, a quem eu convencera a percorrer esse mesmo itinerário

tão prometedor, ficou gravemente doente pela decepção e pela angústia. Isso pôs

tudo em questão. Havia alguma resposta ao sem-sentido da vida? Invadida pela

dúvida, consultei meu guru sobre o caso de meu amigo. Se fazíamos todo o possível para alcançar a felicidade, por que ela escapava de nossas mãos? Se

estávamos no caminho da perfeição e da iluminação, por que os resultados eram

contraditórios? Não podíamos alcançar o cume da felicidade por nós próprios? Ele

não foi capaz de me dar resposta satisfatória. Apenas me deu raciocínios, mas meu

caso era existencial, pois meu amigo estava esmagado pela pior das depressões.

Assim, não havia resposta humana para nós.

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Por que continuar vivendo? Minha vida era apenas sofrimentos e fracassos

contínuos, sem esperança de escapar ao labirinto. Comprei um revólver e coloquei

na bolsa, com a firme decisão de terminar com uma vida que nunca deveria ter 

começado. Mas antes, fui despedir-me de meu amigo, que me ofereceu um

 pequeno livro que pus na carteira.Voltei para casa e comecei a preparar meu suicídio naquela mesma noite. Quando

todos dormiam, envolvida nas sombras do desespero, abri a bolsa para tirar o

revólver. Mas a primeira coisa que encontrei foi o livro que meu amigo me dera: os

Evangelhos. Abri uma página e descobri que ele descrevia minha situação: “Meu

Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” Mais à frente faziam-me um convite

 pessoal: “Venham a mim todos os que estão cansados e desesperados, que eu os

aliviarei.” Havia uma porta de esperança em que eu nunca tinha tocado e tinha que

decidir se aproveitava ou não essa última oportunidade... Dez anos depois de meter entregue a Jesus para ser salva por ele, posso testemunhar que essa felicidade

se encontra só quando entregamos nossa vida a Jesus para que faça em nós o que

nós próprios não somos capazes.

Como Simão Pedro, posso repetir: “Senhor, a quem iremos? Só tu tens palavras

de vida eterna. Não sou capaz de decifrar a incógnita de minha vida. Quanto mais

 procurei e trabalhei para me salvar, mais me afundei no desespero e na angústia.

Mas quando reconheci que não podia, tu começaste a intervir em minha vida.”

 Naturalmente que o pecado é um grande obstáculo, mas o pior problema énão o admitir. Quem não o admite não pode experimentar o perdão. Mas aqueleque o reconhece dispõe-se a receber a salvação, como podemos ver nestes doiscasos do Evangelho:

Um fariseu e um publicano pecador subiram ao templo para orar. O fariseu, em

 pé à frente, começou a gabar-se de todas as suas boas obras, declarando-se melhor 

que o publicano ajoelhado na parte posterior do templo, e se confessava pecador,

solicitando a clemência divina. Jesus afirma que este foi justificado por Deus, aocontrário do fariseu que não só se sentia bom mas melhor que o outro.

O ladrão crucificado ao lado esquerdo de Jesus queria “sua” salvação mas em

nenhum momento reconheceu seu pecado. Queria se aproveitar de Jesus, mas sem

aceitar que era pecador e merecedor de morte.

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 Não se trata de sentir-se acusado com os pecados cometidos, mas de ter aabsoluta consciência de sua própria incapacidade para se salvar. Os fatosmostram a verdade do que estamos dizendo. Um amigo, que numa certa ocasiãome acompanhou a um retiro de cura no México, dizia-me:

Andei por muitos caminhos, mas não tinha meta. Não há pior coisa do quecaminhar sem avançar: esses são os caminhos da perdição. São labirintos sem

saída, em que quanto mais você procura, mais se desesperas e se afunda nas areias

movediças de suas próprias limitações. Como tem razão Deus quando se queixa:

“Abandonaram-me, a mim, fonte de águas vivas, para cavar cisternas rotas, que

não podem reter as águas” (Jr 2,13).

Rosa Guadalupe Vélez exemplifica perfeitamente essa situação com seutestemunho pessoal:

Havia oito anos que estava completamente afastada da Igreja e de Deus,

ofendendo-o constantemente de todas as maneiras: nunca ia por minha própria

vontade à missa e, se alguma vez me via obrigada a ir com minha mãe, com

amigos ou com familiares, fazia-o com total falta de respeito, criticando os

sacerdotes e rindo das coisas santas. Para mim, só existiam os prazeres mundanos,

tentando assim preencher um enorme vazio de amor.

Tenho uma filha de sete anos e muitas vezes me esquecia de meus deveres,

deixando-a ao cuidado de minha mãe, não só por causa do meu trabalho, mas

também para me divertir e me ocupar, de modo egoísta, do que eu chamava de

“minha vida”. Calava minha consciência pensando que, de qualquer forma, quando

ela crescesse, partiria para viver sua vida e eu ficaria velha e só. Quando minha

mãe, que criou minha filha desde os quatro meses, me chamava a atenção, nunca

fazia caso. Em várias ocasiões me vi desesperada pelo meu trabalho, ou por 

 problemas de amigos, e minha mãe dizia: “Peça a Deus que a ajude, aproxime-se

dele.” Minha resposta era: “Peça você, porque Ele a escuta, mas não liga para

mim.” Ela me lembrava de que não podia ser mal agradecida, pois tinha meutrabalho e minha filha e eu gozávamos de boa saúde. Meu pecado não me deixava

ver o amor de Deus, pois eu era como Adão e Eva, e escondia-me quando Deus

 passava diante de mim. Por isso, não o via quando Ele se aproximava de minha

vida.

Contudo, o amor e o perdão de Deus foram muito maiores, pois embora Deus

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não amasse meu pecado, amava-me a mim que era pecadora. Por pura

misericórdia, teve piedade de mim da forma mais inesperada.

Duas amigas do trabalho me recomendaram que me aproximasse de Deus para

que minha vida mudasse. Uma era Testemunha de Jeová e a outra era católica, e

 pertencia à Renovação Carismática. Esta última contava-me as maravilhas queDeus fazia por meio de seu Espírito Santo, mas a outra insistiu tanto que fiquei de

acompanhá-la na terça-feira seguinte. Contudo, no dia anterior a esse compromisso

 já tomado, apareceu em casa minha amiga católica, com o carro, dizendo-me que

entrasse, pois veria a glória de Deus. Aceitei apenas por boa educação, mas fui de

muito mau humor àquela reunião de oração.

Ao chegar à Igreja e ao começar a assembléia, não sei o que se passou dentro de

mim: sentia que os cantos e os louvores a Deus chegavam muito fundo a meu

coração, de forma que não sei explicar. Comecei a chorar sem poder me conter,como se algo se rasgasse dentro de meu peito. Reconheci meu pecado diante desse

Deus bom que me amava sem condições e entreguei-lhe toda a minha vida para

que me purificasse totalmente de meus pecados.

Quanto mais chorava, mais contente estava minha amiga que me dizia: “Eu lhe

disse, Deus não podia deixar você na mesma. É seu Espírito Santo que está

fazendo você reconhecer que, sem Ele, não pode fazer nada nessa vida. O Senhor 

 já a tocou e agora não vai deixá-la mais.”

Esse foi o maior milagre que Deus me fez, pois ninguém chega ao Filho se o Pai

o não atrai. Deus chamou-me para que o Espírito Santo me fizesse reconhecer o

caminho errado de minha vida, dando-me um profundo arrependimento de meus

 pecados. Pouco depois, despertou em mim o desejo de receber o corpo de Nosso

Senhor Jesus Cristo e decidi fazer uma confissão sincera para poder aproximar-me

de sua Mesa.

Mas Deus tinha também outro presente para mim. Havia mais ou menos três

anos, passei a sofrer de fortes dores de cabeça, que começaram com uma pontada

 junto do ouvido. Eram verdadeiramente insuportáveis e freqüentes. Depois

intensificaram-se, a ponto de precisar tomar cinco ou seis analgésicos por dia. Em

certas ocasiões, a dor acordava-me no meio da noite e eu já não podia dormir, o

que me levava a tomar ainda mais soníferos.

O exame médico diagnosticou um tumor atrás do ouvido. Receitaram-me

comprimidos de feitos à base de fortes drogas, até poderem fazer novos estudos.

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Em alguns dias a dor era tão intensa que me fazia chorar, e quase todas as noites

tomava comprimidos para dormir. Soube que o Padre Emiliano Tardif ia celebrar 

uma Missa Carismática. Pensei em ir, com esperança de que o Senhor me curasse.

E assim foi.

Quando o Padre Tardif sugeriu que fechássemos os olhos, que o Senhor Jesus ia passar junto de nós curando-nos, acreditei ver algo como um braço com uma

túnica branca. Abri os olhos um pouco confusa, fechei-os de novo e voltei a ter a

mesma visão. Comecei a sentir que um calor me subia do cotovelo até a nuca...

Glória a Deus! Desde esse momento estou curada, pois não só a

dor me deixou por completo, como não voltei a ter nenhuma perturbação.

A cada dia estou mais maravilhada com o que o Espírito Santo pode fazer em

nossas vidas, pelo poder do Sangue Precioso de nosso Senhor Jesus Cristo. O

Senhor manifesta-se de múltiplas formas quando decidimos pôr-nos nas suas mãos.O que mais me assombra é que não me acusou de meus pecados para condenar-

me, mas convenceu-me de que necessitava de seu perdão. Verdadeiramente, nosso

Deus mostra-se maravilhoso para com os pecadores que estão dispostos, não a

 pagar pelo seu pecado, mas a abrir-se para serem perdoados pelo amor infinito de

Deus.

O pecado é a origem de todos os males que perturbam o mundo. Contudo, o principal problema é não o reconhecer, porque então não procuramos a salvação,uma vez que não a consideramos necessária. Por isso Jesus esclarece todos osque se julgam bons: “Se fossem cegos, não teriam pecado. Mas, como dizem:‘Vemos!’, por isso permanecem no pecado” (Jo 9,41).

Assim como o filho pródigo, quando voltou a si, reconheceu o amor do pai edecidiu regressar, a única coisa que Deus está esperando é que reconheçamosnosso pecado, sem desculpas nem justificações, para o perdoar. Quesimplesmente lhe digamos: “Pequei contra ti e quero regressar outra vez a tua

casa...”Quem se reconhece necessitado de salvação está à beira de encontrá-la.

Assim como só se pode acender uma vela se ela estiver apagada, assim tambémsó pode brilhar a luz da salvação naquele que reconhece que está na escuridãodo pecado e que precisa dessa luz.

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Para concluir, diríamos que só há um pecado que Deus não pode perdoar: éaquele que não reconhecemos e queremos desculpar; o pecado cujo preço nós próprios pagamos com uma boa obra. O único pecado que Deus não perdoa éaquele do qual nós não pedimos perdão.

Basta nos confessarmos pecadores diante de Deus, para experimentar o perdão salvador. Aceitarmos que somos incapazes de nos salvarmos por nós próprios, e nos entregarmos como estamos nas mãos de Deus, que não quer amorte do pecador.

Oração Deus misericordioso e clemente, que só estavas esperando que eu

reconhecesse meu pecado para me aceitares em tua casa cheia de amor, aqui

estou, admitindo que falhei e que me afastei de ti. Revoltei-me contra ti, seguindo meus próprios caminhos. Tracei o

itinerário de minha vida, à margem de teus desígnios, acreditando que meuscaminhos eram melhores que os teus. Mas, depois de andar por muitasveredas, com os pés cheios de lodo com o barro do pecado, volto a ti porquenão tenho onde ir, trazendo em minha carne as cicatrizes de meus desvarios...

 Dá-me, Senhor, a dor de meus pecados, por te ter ofendido a ti, Deus bom,

que me amaste incondicionalmente. Sem nenhuma desculpa, apenas te possorepetir com as lágrimas de Davi: “Tem piedade de mim, oh Deus, segundo teuamor. Por tua imensa ternura, apaga minha culpa. Olha que nasci na culpa eminha mãe concebeu-me pecador. Lava-me profundamente e purifica-me, poisreconheço meu delito. Meu pecado está sem cessar diante de mim. Cria emmim, oh Deus, um coração puro; renova dentro de mim um espírito purificado. Devolve-me a alegria da salvação e meus lábios te louvarão.”

 Dou-me conta de que por mim não posso salvar-me; por isso venho a ti,

ara que tu me salves de todas as minhas escravidões que levam à morte. Reconheço que sou um grande pecador, que me revoltei contra ti fazendo

meu próprio caminho, à margem do teu. Não quis depender de ti, e tracei európrio os caminhos de minha existência.

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3. A salvação em Cristo

O testemunho seguinte, de Estaban, mostra-nos como Deus vem ao encontrodo homem para o redimir. Ele está muito mais interessado em salvar-nos, do quenós próprios. Como já entregou seu Filho único, não está disposto a que sedesperdice seu Sangue Precioso e, então, procura o homem para atraí-lo à cruzde Jesus Cristo, onde se realizou, de uma vez para todas, a salvação de cada umde nós.

Desde muito pequeno presenciei fortes disputas familiares. Esse clima provocava

um profundo sentimento de insegurança, que me fazia viver no temor. Duranteminha adolescência, comecei a beber e a sonhar, como muitos jovens do Canadá.

Como não gostava de viver o presente, fugia com minha imaginação; sonhava com

um grande amor, viagens por todo o mundo ou ser um artista de rock . Vivendo

neste mundo de fantasia, a realidade era cada vez mais crua.

Aos 16 anos, tive uma experiência dolorosa no trabalho que me afetou muito.

Descobri a desigualdade social e, com base nessa situação, minha procura por 

 justiça e verdade tomou aspectos políticos. Eu queria mudar a sociedade burguesa

e injusta, juntando-me aos explorados. Aos 18 anos li um livro de Albert Camus,de cujo começo nunca esquecerei: “Há apenas um problema filosófico que

 podemos considerar sério: o suicídio. Decidir se a vida vale a pena ou não é a

 pergunta fundamental da filosofia.” A partir desse momento, a idéia do suicídio

começou a rondar minha cabeça. Aos 20 anos, estudava Filosofia na Universidade.

Por essa altura, meus pais divorciaram-se, depois de 35 anos de casados.

Aparentemente isso não me afetava, mas na verdade teve mais conseqüências do

que podia reconhecer. Rebelde, deixei tudo para unir-me aos que representavam a

oposição sistemática à sociedade: os  punks.As trevas tomaram conta de minha vida. Vivia no ódio, na rejeição e na rebelião

contra a autoridade, a injustiça na América Latina, a segregação racial, os mísseis

atômicos e o desemprego. A indiferença da sociedade perante esses problemas

 parecia-me uma bomba-relógio. Segundo minha visão, ausente de esperança, o

mundo precipitava-se para seu Apocalipse, mas eu tentava esquecê-lo por meio do

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consumismo e da diversão. Os  punks, por sua aparência e comportamento, querem

 pôr em relevo as contradições do mundo. Contudo, eu lutava contra um mal sem

remédio, porque esse mal estava dentro de mim. Estava tocando o fundo do

desespero e o espectro da morte aparecia como uma obsessão.

Paradoxalmente, foi no mais escuro da noite que apareceu a luz. Assisti a umconcerto  punk , que na realidade era uma missa negra: música estridente e violenta,

correntes e coletes fluorescentes e, o mais espantoso, por toda a parte crucifixos de

cabeça para baixo com símbolos blasfemos. O mal era tão evidente e concreto, que

me dei conta de que na realidade o Demônio existia.

 Noutra noite, numa festa com alucinógenos, dançávamos com música new age.

Pela primeira vez sentia-me bem. Tinha a impressão de vibrar em uníssono com a

música, de me elevar... e foi então que descobri o crucificado: um Homem que

dava sua vida por mim, só por amor, para que eu vivesse feliz não só neste mundomas em toda a eternidade...

Essa estranha experiência transformou-se em um farol na minha vida e

encaminhei-me nessa direção. Comecei a rezar, embora minha religião fosse um

amálgama: de Buda a Jesus e da reencarnação à Virgem Maria, mas negando todo

o tipo de dogma.

Quando estava mais decepcionado pela ausência de verdade e de amor, minha

irmã convidou-me para um Retiro Carismático. Fui e, ao chegar, uma jovem disse-

me: “Você vem procurar Jesus, e vai encontrá-lo para o levar para sempre.”

Apresentaram-me aí um Deus bom que não queria a catástrofe no mundo, mas sua

salvação; que ama tanto cada homem, que enviou seu Filho único para que, quem

acreditar nele, tenha a vida em abundância. Pela primeira vez, compreendi e aceitei

que alguém tinha realizado já a obra completa da redenção do mundo e de todos os

homens.

O retiro não foi fácil, mas pouco a pouco a Palavra de Deus foi entrando em

contato com meu verdadeiro eu e vivi a experiência de que “em mim” habitava o

amor misericordioso de Deus. Tinha vivido durante muitos anos à superfície dos

sentidos e minha inteligência nunca se satisfazia, mas agora meu coração estava

cheio de amor e de paz.

Compreendi então que a causa de meus sofrimentos, como os da sociedade e do

mundo inteiro, está no coração. A falta de amor é a origem de todos os problemas.

Foi então que reconheci ter necessidade de ser salvo e que essa salvação não podia

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vir de mim mesmo. Era necessário aceitar Jesus, Filho de Deus, como único

Salvador.

Foi Ele quem mudou a minha vida e deu sentido a toda a minha existência.

Jesus veio salvar o homem completo. Ele é a única alternativa quando todas

as portas se fecham. Só Ele pode fazer o que parece impossível para os homens.Quando alguém chegou ao limite de suas possibilidades e já não tem solução para seu problema, há sempre uma: a pessoa de Jesus. O seguinte testemunho, deCarlos Amaya, mostra-o bem:

Carlos era um homem que tentava ser um bom cristão. Mas, como muitos,

estava preso a um vício do qual não conseguia sair: era alcoólatra. Por mais

esforços que fizesse, não lhe era possível separar-se dessa escravidão. Veio até

mesmo à Casa da Anunciação para que rezássemos por ele, pois queria realmentemudar de vida.

 Na sua preocupação de fazer algo pelos outros, dedicava-se a distribuir meus

livros de evangelização. Cada vez que vinha recolher material, aproveitávamos

 para fazer uma pequena oração por ele; mas parecia que ele era melhor vendendo

livros do que Jesus a curar, pois não víamos nenhuma melhora.

Um dia, Carlos regressou à Casa da Anunciação, cansado e derrotado por não

 poder deixar o vício do álcool. Eu estava fora e ele entrou na capela onde estava o

Santíssimo exposto. Caiu prostrado diante do Senhor, entregando-lhe seualcoolismo, e pedindo-lhe que tivesse piedade dele. Reconheceu que para ele era

impossível vencer essa fraqueza, mas confessou que tudo era possível para Deus e

que o único que poderia libertá-lo era Jesus Cristo.

Em pouco tempo deu-se conta que já não bebia. Duas semanas depois, tinha

abandonado por completo o gosto pelo álcool. Não era só uma simples abstinência,

era o repúdio do álcool.

É assim a salvação profunda do Senhor. Não só nos dá força para vencer o pecado, mas nos tira o gosto por ele. Muda o coração do homem e nos fazdesejar as coisas do alto, em vez das da terra. Assim como Saul, que ia procurar as burras, foi encontrado por Samuel e veio a ser rei de Israel, assim tambémCarlos, que vendia livros, foi encontrado pelo Salvador do mundo que lheconcedeu a vitória sobre o álcool.

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Alguns acreditam que Carlos ganhou a cura vendendo livros do Padre Tardif,e agora são muitos os que querem vender meus livros. Contudo, a cura é um presente do amor misericordioso de Deus, que ama seus filhos e que os quer livres de toda a prisão. O que Ele fez com o alcoolismo de Carlos, pode fazê-lo

com o vício, com a paixão e com a prisão de cada um de nós, porque Jesus é omesmo ontem, hoje e sempre. Basta que recorramos com fé e Ele é capaz detransformar nossa vida, pois Ele veio precisamente para que tenhamos vida e atenhamos em abundância.

Deus não quer que seus filhos vivam amarrados à escravidão deste mundo.Para isso, envia-nos a força do Espírito Santo, para que sejamos n’Ele mais doque vencedores em todas as batalhas e lutas deste mundo.

A boa notíciaComo o homem, por conta de seu pecado, é incapaz de voltar ao Paraíso

 perdido, Deus tomou a iniciativa e veio ao encontro do homem. “Deus amoutanto o mundo que enviou seu Filho único, não para condenar o mundo, mas paraque o mundo se salve” (Jo 3,16-17).

E o mais maravilhoso é que não o enviou aos justos e aos bons, mas aos queestávamos separados d’Ele por causa de nosso pecado: “O Filho do Homem

veio buscar o que estava perdido.”Esta é a boa notícia para todos os homens: temos um bom pastor, capaz de

deixar 99 ovelhas no deserto até que encontre a ovelha perdida. Quem vem a Elenão será lançado fora (Jo 6,37) nem condenado, mas obterá a luz da vida, porqueEle é o caminho, a verdade e a vida. Em vez de castigar-nos, pagou a dívida quetínhamos por motivo de nossa rebeldia. Agora já estamos em paz com Deus, poisnossa conta foi saldada pela morte e ressurreição de Jesus Cristo. Ele pagou o preço de nosso pecado, e alcançou-nos o perdão de Deus pelo seu sangue

 precioso. Pela sua morte e ressurreição, somos livres do pecado e da morte. Jánão pesa nenhuma condenação sobre os que estão em Jesus Cristo. Morreu nãosó por ti, mas em vez de ti. “O salário do pecado é a morte” (Rom 6,23).

Jesus assumiu essa morte que cada um de nós merecia por seu pecado, pagando com sua própria vida. Com o preço de Seu sangue, resgatou-nosdaquele que nos escravizava e comprou-nos para Deus. “A nós, que estávamos

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mortos por causa de nossos pecados... Deus vivificou juntamente com Cristo e perdoou-nos de todos os nossos pecados. Cancelou a nota de culpa que haviacontra nós... cravando-a na cruz” (Col 2,13-14).

Vida em abundância pela ressurreição de JesusContudo, Jesus não foi enviado a este mundo apenas para nos libertar do pecado, mas antes de tudo para nos comunicar a vida de Deus, para quevivêssemos como filhos e herdeiros de todas as bênçãos celestiais. “Eu vim paraque tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).

Ao terceiro dia, Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos, para nunca maismorrer. Agora, como Pontífice soberano, oferece sua vida de ressuscitado atodos os que acreditam nele. Foi glorificado por Deus, cheio do Espírito Santo e

constituído Senhor, cheio de poder no céu e na terra, para que a seu Nome sedobrem todos os joelhos e se submetam as potestades celestes.

Jesus possibilita a salvação em cada área da vida humana. Não existe uma só pessoa que não possa ser salva. Seu Sangue Precioso alcança todas as situações.Os três casos do Evangelho a seguir representam de alguma forma as diferentesnecessidades da humanidade:

A mulher adúltera (Jo 8,3-11): paz consigo mesmaAqueles que a surpreenderam pecando levaram-na perante Jesus, certos deque Ele confirmaria a pena de morte decretada por Moisés. Mas, pelo contrário,Jesus teve fé nela, embora tenha sido infiel, devolvendo-lhe toda a dignidade perdida. Fez dela mulher. Para Jesus, tudo tem remédio. E mais, nem sequer fezalusão a seu passado. Não a condenou, e nem ela, por sua vez, se sentiucondenada. Para ela havia um futuro totalmente novo e aberto: “Vai e não pequesmais.” Seu perdão deu-lhe forças para nunca mais pecar.

O rico Zaqueu (Lc 19,1-10): paz com os outrosZaqueu era um homem muito rico, a quem nada faltava, exceto tamanho.

Contudo, para compensar sua baixa estatura, tinha conseguido as mais altasriquezas, à custa de injustiças e opressões, aproveitando-se dos outros.

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Um dia Jesus entrou na cidade de Jericó e Zaqueu teve de subir em umaárvore para poder vê-lo. Jesus viu-o e convidou-se para ir comer em sua casa.Desde então tudo mudou. Abandonou a segurança em que estava firmada sua vidae cimentou sua existência na rocha firme da salvação.

Jesus mudou a vida de Zaqueu. Deu-lhe um novo sentido, mostrando-lhe queo homem não pode se satisfazer com as coisas deste mundo, que há outrarealidade mais transcendente para além das coisas que podemos contar ou tocar:o Reino dos Céus. Zaqueu foi liberto da cobiça e começou a viver em justiça e paz com todos os outros.

O ladrão arrependido (Lc 23,39-43): paz com DeusHavia sido condenado a morrer numa cruz por ser assassino e ladrão. Os

açoites e o cárcere já não eram remédio para ele. Nada nem ninguém poderiacorrigi-lo: por isso, a Lei decretou sua pena capital; morreria crucificado naSexta-feira Santa à direita de outro homem, Jesus, que não tinha feito nada demal.

Todos o tinham condenado, e até ele próprio chegou a estar de acordo de quenão havia outro remédio para si, senão a morte. Confessou: “Nós sofremos umusto castigo.” Parecia-lhe normal ter que morrer. Estava convencido de que para

ele não havia nenhuma esperança de salvação nem recuperação neste mundo.O ladrão recorreu a Jesus, que estava sofrendo o mesmo suplício, e Jesus

abriu uma porta àquele a quem todo o mundo negava o direito à existência. Jesusnão repudiou o repudiado pela lei e pela justiça deste mundo. Pelo contrário, deuuma Nova Vida àquele que morria: “Hoje estarás comigo no Paraíso.” ParaJesus, não está tudo acabado. Nenhuma vida termina com a morte. Para Jesus,ninguém está condenado à morte. Tudo tem remédio. O ladrão encontrou areconciliação com Deus através de Jesus crucificado.

O seguinte testemunho mostra-nos como Deus pode intervir na vida doshomens em qualquer momento, porque nada está perdido para Ele.

 No mês de abril de 1988, participei de um Congresso Carismático Nacional na

Itália, na cidade de Rímini, com 44 mil assistentes.Vários médicos estudavam os

casos de cura. Entre eles, encontrava-se um que tinha chegado do Gabinete

Médico Internacional de Lourdes.

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 No primeiro dia do Congresso, coube-me dar testemunho e rezar pelos doentes.

Foi dada esta palavra de conhecimento: “Há aqui uma senhora de 58 anos de

idade, que está muito triste porque seu filho se suicidou e vive atormentada

 pensando que ele está condenado. Por isso, nunca mais teve alegria. Hoje, o

Senhor cura seu coração ferido e diz-lhe: ‘Alegre-se: seu filho ao morrer arrependeu-se de seu erro e está comigo na eternidade.’ O sinal que lhe dou para

que acredite nessas palavras é que essa dor de cabeça de que sofre há tantos anos

será curada nesta noite.”

 No dia seguinte uma mulher contou a todos: “Quando o Padre anunciou que uma

mulher de 58 anos de idade se encontrava muito triste porque seu filho se

suicidara, impressionei-me muito, porque essa é minha idade exata e meu filho de

21 anos tinha se suicidado em junho do ano passado. Desde esse dia eu tinha

 perdido a alegria e a paz. Quando o padre deu o sinal da cura da dor de cabeça,senti um calor como se fosse um raio de sol que passava por cima de mim. Nesse

 preciso momento desapareceu completamente a dor permanente que eu tinha.”

Deste testemunho eu tiro dois ensinamentos. Em primeiro lugar, Deusaproveita até a última oportunidade, para chamar à conversão. Por isso, nãodevemos julgar ninguém, pois Deus tem um plano que supera o que nósimaginamos. O segundo é que Deus é tão sábio que até conhece a idade dasmulheres.

Outro testemunho muito forte de como Jesus tem hoje o mesmo poder paracontinuar a salvar é contado por um sacerdote:

 Nasci numa família muito católica e recebi um ensino cristão muito profundo, de

muito amor ao Senhor. Meus pais continuamente louvavam ao Senhor e foi no

meio de louvores que cresci. Desde pequeno senti a vocação sacerdotal.

Depois de ser ordenado sacerdote, saí com muita alegria e entusiasmo a pregar a

Palavra do Senhor, mas muito depressa me perguntava se realmente, com o tipo de

ministério sacerdotal que desenvolvia, alguém se aproximava do caminho de Deus.Eu não via nenhum êxito em meu trabalho, as pessoas não melhoravam, não

experimentavam a presença do Senhor, nem o conheciam profundamente. Assim,

foi entrando em mim o desencanto e a rotina no ministério da Palavra, pois me

 parecia que minha pregação não convertia ninguém.

Quando saí do seminário, tinha a preocupação de recitar o Ofício Divino, pois

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haviam me ensinado que era para a glória de Deus. Para mim não era mais do que

uma aborrecida obrigação. Com a Celebração da Eucaristia foi acontecendo o

mesmo. Tentava acabá-la o mais depressa possível.

 Nessas circunstâncias, insisti para ser enviado para a Europa. Meu interesse não

era preparar-me melhor para servir mais os meus irmãos, mas adquirir um títuloque me pusesse acima de meus companheiros. Por essa altura já tinha deixado de

recitar o Ofício Divino e tinha esquecido-me de todas as práticas de piedade que

havia aprendido, especialmente do Sacramento da Reconciliação.

Uma vez que não havia freio moral em mim, nem vida de oração, e sobretudo

 porque tinha perdido todo o contato com o Senhor Jesus, defrontei-me com a

angústia mais terrível: não encontrava a felicidade em nenhum lugar, já que ela está

apenas em Jesus Cristo e Ele era quem eu menos procurava. Por não ter o Senhor 

Jesus junto de mim, e devido a ofensas que recebi de meus irmãos sacerdotes,desinteressei-me do sacerdócio.

Fui então trabalhar para uma fábrica. Queria fazer qualquer tipo de trabalho,

menos o sacerdotal. Vivia permanentemente aborrecido e triste. Era preguiçoso e

comecei a pensar seriamente em abandonar o sacerdócio. Uma noite estava eu

num café, divertindo-me com a vida noturna. De repente, aproximou-se de mim

um homem e começou a dizer: “Olha toda esta gente. Têm que embebedar-se para

acreditar que são felizes, mas sua felicidade está apenas em Jesus Cristo.” Era a

 primeira vez que alguém me pregava que a felicidade era a pessoa de Jesus Cristo.Respondi-lhe: “Você acredita que é a felicidade?” “Sim” – respondeu-me com

firmeza. “Toda essa gente não é feliz. Não percebe que eles não têm Jesus Cristo?”

“Como posso ter a felicidade que dá Jesus Cristo?” – perguntei-lhe. “Está à porta

de seu coração, chamando por você. Por que não a abre?” – respondeu-me com

autoridade. Eu respondi-lhe um pouco aborrecido: “Mas é que tenho estado muito

 perto dele e não encontrei nenhuma felicidade a seu lado... Duvido que Jesus

Cristo possa me fazer feliz” Sem dizer que era sacerdote, voltei as costas e fui

embora.

Pouco tempo depois estava num táxi, que trazia uma pequena imagem de Jesus

Crucificado. Conversando comigo, o condutor disse, apontando para o crucifixo:

“Veja onde pode chegar o amor de Deus... fazer morrer seu Filho único para que

nós próprios vivamos?” “Mas o que me diz? Não vejo que o amor de Deus me

faça feliz” – respondi-lhe. “Está mais perto do que você crê”, respondeu-me.

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Esses dois incidentes deixaram-me intrigado: onde podia eu encontrar esse Jesus

Cristo, que apenas conhecia pelos livros e pela aulas do Seminário?

Assisti a uma campanha de evangelização num estádio, onde se falava

expressamente de Jesus como Salvador. Então perguntei-me por que nós, os

sacerdotes católicos, não éramos capazes de organizar com toda a valentia uma pregação só para falar de Jesus Cristo, como Salvador e Senhor. Nessa mesma

reunião, alguma coisa aconteceu em mim. Tinha desejos de gritar, cantar, falar com

Deus, mas não podia. Talvez não tivesse uma adequada relação com Ele, pois

havia cinco anos que não me confessava, porque não julgava que fosse necessário,

ou que produzisse algum efeito. Mas, naquela noite, algo me fazia pensar de forma

diferente. Passei a noite querendo dizer algo ao Senhor, louvá-lo e dar-lhe graças.

Estava só em meu quarto. Então pus-me de joelhos e disse-lhe: “Jesus, tu és o

Senhor. Perdoa-me todos os pecados de minha vida.”Enquanto fiz essas duas coisas, senti-me livre de algo que não posso explicar.

Levantei os braços e comecei a louvar a Deus em voz alta. Assim passei toda a

noite, cheio de alegria e paz no Senhor. Como era madrugada, não me atrevi a

 procurar um sacerdote para me confessar. Mas a partir daquele momento, tudo

mudou na Igreja ao domingo.

Comecei a pregar sobre o amor de Deus, que Jesus estava enamorado de cada

um de nós, que Ele era o amor, a paz e a felicidade. Depois perguntei se queriam

aceitar Jesus nessa manhã como o único Salvador e Senhor de toda a sua vida. Aassembléia aproximou-se do altar. Não sabia o que havia de fazer então, pois era a

 primeira vez que constatava o poder do Evangelho. Certamente muitos pensavam

que eu tinha ficado louco, mas a realidade era que me sentia em paz com Deus,

vivendo coisas que não podia exprimir. Havia uma festa contínua em mim, porque

estava experimentando o amor salvador do Senhor. Daí em diante, entrei em um

mundo totalmente novo, que não é possível descrever por palavras, onde posso

apenas repetir como Santa Teresa de Ávila: “Se ousares negar que eu sinto tais

experiências, peço a Deus que vivas e que experimentes o mesmo.”

Outra conseqüência muito bonita da Vida Nova que Jesus tinha me dado foi que

tive um encontro com a Palavra de Deus na Bíblia. Em conseqüência disso, mudou

minha maneira de pregar. Eu já não conto às pessoas o que a Palavra diz, mas

demonstro-lhes que tudo é possível e que se pode viver com o poder do Espírito

Santo. O povo participa na Eucaristia, vive a Palavra e não se aborrece de passar 

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mais de duas horas na missa. Agora posso testemunhar, por experiência própria,

que a Palavra se cumpre.

Os Sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia têm sido um manancial de

força e de cura física, emotiva e espiritual.

Eu tinha abandonado toda a prática de oração. Agora é para mim uma delícia arecitação do Ofício Divino, pois não o faço como uma obrigação pesada. Agora

encontro nos Salmos um rico e bonito louvor ao Senhor dos senhores. Já não me

limito a uma recitação servil, porque, se encontro uma frase que me inspira, paro, e

logo brota o louvor espontâneo, baseando-me na idéia que esse versículo me

ofereceu.

Contudo, o mais maravilhoso é que, mesmo em minha vida desordenada, com

meu desânimo sacerdotal ou em estado de pecado, o amor de Deus não me deixou

nem me abandonou. Apesar de tudo, Ele estava trabalhando em mim, e fazia comamor que todas as coisas concorressem para o meu bem.

Hoje em dia, não posso dizer que sou o sacerdote mais feliz do mundo, mas não

exageraria se afirmasse que sou um dos mais felizes. Deus permitiu que eu vivesse

longe d’Ele para me mostrar como são grandes seu amor e seu poder. Admiro-me

até onde chega seu amor por nós; mais além, muito mais, do que nós próprios

 possamos pedir ou pensar (Ef 3,20).

Em conclusão, podemos proclamar a boa-nova de que há dois mil anos,graças à morte e ressurreição de Jesus Cristo, é possível experimentar a vida emabundância. Contudo, não se trata de mais uma solução, mas a única: “Não háoutro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos” (At 4,12).

 Na cruz, Ele deu a vida por nós e em sua ressurreição deu-nos sua vida. Omistério de nossa salvação já foi selado há dois mil anos no Calvário e notúmulo vazio fora das muralhas de Jerusalém. Graças a Ele e por Ele, podemosviver a vida nova de filhos e herdeiros de Deus. A nós que estávamos mortos,

Ele repete:“Deus, rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, a nós que

estávamos mortos por causa de nossos delitos, vivificou-nos juntamente comCristo – fomos salvos gratuitamente – e com Ele nos ressuscitou e nos fez sentar nos céus em Jesus Cristo” (Ef 2,1-6).

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Deus realizou o que lhe competia fazer: possibilitar a salvação, que para nósera humanamente impossível. Agora compete a nós aceitar essa proposta divinae responder a ela.

 No caminho do deserto, quando o povo de Deus se viu atacado pelas

serpentes, Moisés modelou uma serpente de bronze e colocou-a num mastro paraque, quem a visse, não morresse pela mordedura das víboras. Assim tambémquem aceitar que Jesus Salvador já pagou o preço de sua redenção expõe-se aosraios de sua salvação que emanam de sua morte e ressurreição.

Oração Jesus, obrigado porque vieste a este mundo não para nos condenar pelos

nossos pecados, mas para salvar-nos. Não procuraste   os sãos, mas os

enfermos e deixaste 99 ovelhas para vires encontrar-me a mim, que viviaerdido e sem esperança.

 Entregaste tua vida por mim que sou pecador, pagando o preço de minharedenção com tua própria vida. Não só deste tua vida por mim, mas em vez demim, porque pelo meu pecado eu merecia a morte. Contudo, tu pagaste com tuarópria vida meu pecado e Deus, rico em amor e misericórdia, perdoou-me

nesse dia.

 Pela tua ressurreição, venceste o inimigo invencível que era a morte eesmagaste a cabeça do Inimigo que nos impedia de viver a vida de filhos de Deus.

 Pela lua cruz e ressurreição, trouxeste-me das trevas para a tua luzadmirável. Agora já te pertenço, porque tu me compraste com o preço do teu Precioso Sangue. Já não sou escravo do pecado nem servo de Satanás, masaço parte de tua família.

 Agora sei que, ao pagar o preço de minha salvação na cruz, Deus lavou-mede todos os meus pecados e que sou herdeiro de todas as bênçãos de um filhode Deus, graças à tua morte e ressurreição.

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4. Fé e conversão

Jesus já nos salvou há dois mil anos. Já fez aquilo que para nós eraimpossível, mas agora compete a nós responder a sua proposta de salvação. Oseguinte testemunho oferece uma maravilhosa pista daquilo que toca a nós todos:

Chamo-me Miriam Polanco. Quando tinha doze anos, uma pessoa disse a meu

irmão Pedro que eu ia sair de casa. Meu irmão não me pediu explicações, mas

 bateu-me com tanta força que me fez sangrar pela boca e pelo nariz. Tive que

 passar três dias no hospital para me recuperar. Essa surra produziu em mim uma

rebeldia tão grande que me entreguei a um homem para que me levasse para forade casa. Ele, depois de ter se aproveitado de mim, abandonou-me. Esse foi o

 primeiro passo e, daí em diante, para me defender, entreguei-me à prostituição.

Vendia-me para poder sobreviver, uma vez que não tinha trabalho nem nada.

Minha mãe sempre tinha sido uma boa católica. Tive uma irmã freira. Eles, que

eram tão cristãos, envergonhavam-se de mim, porque era uma pecadora pública.

Todas as noites, ia aos bordéis. Bebia cerveja e era uma das mulheres que mais

se atrevia. Para defender-me do primeiro que me provocasse, levava uma faca ou

 partia uma garrafa na cabeça de qualquer um. Não respeitava ninguém. Tinhamuita força. Chamavam-me “A fera loira.” Ser agressiva e lutar com as pessoas era

meu maior orgulho.

Tive uma gravidez e perdi a criança. Aí começaram meus problemas de saúde:

infecções vaginais e depois um tumor maligno. Quando tinha vinte anos, fiz uma

cirurgia. O médico disse-me que tinha câncer no útero e ainda outros tumores

malignos. Dois anos mais tarde, fui operada pela segunda vez e disseram-me que,

dentro de cinco anos, eu já não estaria neste mundo.

 Nessa época, o Padre Tardif veio dar um retiro. Eu disse a minha mãe que queriair, mas ela respondeu-me que mulheres como eu não mereciam entrar nesses

lugares e que, se eu quisesse fazer alguma coisa boa, ficasse tomando conta de

casa, enquanto eles rezavam e voltavam.

 Na noite anterior eu tinha bebido muito e estava com ressaca. Tinha que preparar 

a comida para quando eles voltassem. Estava só e, nesse momento, senti dentro de

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entrar na Igreja e reunir-me com toda a gente boa; por isso fiquei longe. Eu tinha

um câncer. Já fiz duas operações e em breve deveria fazer mais uma. Mas ontem

senti um calor muito grande; era o amor do Senhor que me amava e me curava. Eu

 pedi-lhe perdão pelo meu pecado e sei que me perdoou. Mas, hoje, quero também

 pedir perdão a todos vocês.”Experimentei o perdão da comunidade. Acolheram-me sem me condenar e

deram-me toda a ajuda de que eu precisava para abandonar esse mundo de pecado

e voltar ao redil das ovelhas de Jesus.

O Senhor enviou-me às minhas antigas companheiras de trabalho para lhes

contar o que tinha se passado. Elas estavam surpreendidas com minha mudança e

 perguntavam o que tinha acontecido. “Foi Jesus, foi Jesus”, dizia-lhes, “e o que fez

em mim pode fazer também em você”. Algumas acreditaram e converteram-se e

começamos a reunir-nos em pequenos grupos para louvar e bendizer o Senhor. Umcatequista ensinava-nos o Evangelho do Senhor Jesus Cristo, cheio de Boas

 Notícias para todos, mas especialmente para os pecadores. Aí conhecemos esse

Deus bom que amou tanto o mundo que enviou seu Filho para nos salvar, não para

nos condenar. Com outra de minhas companheiras, que já tinha sido resgatada

também pelo Senhor, ocorreu-nos a idéia de organizar um retiro só para prostitutas.

Em novembro de 1975, fizemos o retiro de três dias. Foi exclusivamente para

nós.

Pagamos apenas o que nós próprias cobrávamos de cada cliente. Veio o Padre

Emiliano Tardif com uma equipe de pessoas muito boas. Uma senhora muito

amada pelo Senhor contou que, como não sabia a forma de nos falar, se pôs a

rezar e o Senhor lhe revelou: “Para mim, elas são lírios brancos.” Isso encheu-nos

de alegria. Foi algo para além do que podíamos suportar. Umas choravam, outras

soluçavam e todas estávamos comovidas.

Esses três dias de retiro foram de louvor, de oração e de conversão. O Senhor 

recompensou-nos. Sentíamos a alegria de estar com Ele. Muitas deixaram a

 prostituição. Outras disseram: “Senhor, eu sei que não sou digna, mas não quero

voltar para minha casa.” Outras ainda pediram para trabalhar em casas de famílias.

A maioria abandonou o prostíbulo para formar um lar cristão, onde encontraram o

verdadeiro amor.

O Senhor encheu meu coração, que era como uma velha carcaça. Ele já havia

me perdoado, mas agora estava curando todas as feridas de minha vida. Perdoada

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 pelo Senhor, eu já era capaz de perdoar ao meu irmão, que tinha me surrado. Ao

chegar a minha casa, falei com ele, e disse-lhe que o perdoava e que não lhe

guardava qualquer rancor. Ele me agradeceu, pois tinha grandes remorsos pelo que

tinha feito. Por causa disso, voltou à Igreja (tinha-se afastado completamente da

fé) e agora rezamos juntos e louvamos unidos esse Deus bom que nos ama.Voltei a viver com minha mãe com mais amor. Na casa onde recebia os homens,

montei um salão de beleza. Ali ganhava a vida. Já nada me fazia falta, porque o

Senhor provê tudo para seus filhos. Mas o Senhor tinha preparado para mim outra

coisa diferente: um ministério para o servir entre os mais necessitados. Agora

trabalho na Renovação Carismática. Somos 30 pessoas que nos reunimos na

Igreja. Dedico-me especialmente às prostitutas, aos drogados, às lésbicas e aos

homossexuais, porque considero que as pessoas mais repudiáveis são amadas de

maneira muito especial pelo Senhor.Quero terminar este testemunho não só falando do poder e do perdão de Deus,

mas falando a Ele, porque agora se tornou impossível, para mim, falar d’Ele sem

falar com Ele:

“Pai cheio de misericórdia, atrás dessa podridão e desse pecado, há uma alma

que tu fizeste e que clama por ti com humildade.

Sou pequena, como uma formiga: por isso posso colar-me no mais profundo de

teu coração amoroso para agradecer-te por teres me lavado e purificado de todos

os meus pecados e porque agora sou como um lírio branco na tua presença, graças

ao sangue precioso de teu Filho que me perdoou de todos os meus pecados.

Arrependo-me de todo o mal que fiz; mas tu és tão maravilhoso, que te

glorificaste na minha rebeldia, para mostrar ao mundo inteiro que és rico em amor 

e misericórdia. Eu tinha uma dívida que não podia pagar-te, mas teu Filho pagou-a

 por mim e agora já estou em paz contigo e não me atormenta nenhum medo da

condenação. Tudo foi obra tua, Pai. Eu não fiz mais do que acreditar que podia ser 

 perdoada e nesse momento me deste todo o teu amor que mudou minha vida

inteira.

Assim como tiveste piedade de mim, tem piedade de todos os que deixaram teus

caminhos. Dá-lhes a graça de acreditar, tal como me deste a mim, para que

venham aos pés do teu Filho amado entregar todos os seus pecados. Nós, os

homens, vivemos duplamente enganados por Satanás. Primeiro engana-nos com o

 pecado e depois fazendo-nos acreditar que não temos perdão. Mas teu Espírito

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Santo dá-nos a maravilha de chegar ao Trono da graça, sabendo que Jesus já

 pagou a conta completa, e que só faz falta aproximar-nos dele para beber a água

viva que brota de teu coração amoroso.

Quero louvar-te e bendizer-te sempre. Como não me chegará esta vida para

glorificar teu Nome, por toda a eternidade louvarei o Senhor com os santos e anjosdo céu.”

Quando os primeiros evangelizadores apresentavam a boa-nova da salvação,as pessoas perguntavam-lhes sempre como poderiam ter acesso a essa salvação(At 16,30; At 2,37).

As respostas de Pedro e Paulo são muito simples: existe uma ponte com doiscaminhos pelo meio dos quais se torna presente e eficaz a salvação de Jesus: a fée a conversão. Jesus exprimiu-o com outra imagem muito eloqüente: há que

nascer de novo (Jo 3,3). Trata-se de começar outra vez, não por nossas própriasforças, mas pelo poder do Alto, que vem do Espírito Santo.

A fé e a conversão são a resposta do homem à proposta gratuita de salvaçãofeita por Deus. O homem acredita em Jesus, enviado para nos salvar, e vive deacordo com sua fé, como filho de Deus, graças ao Espírito de filiação, querecebe da comunidade dos que crêem.

O ladrão à direita da cruz de Jesus não mudou de conduta, pois cravado como

estava não podia devolver nada do que tinha roubado. Apenas se entregou aJesus, e recebeu em troca a vida nova para toda a eternidade. Ao confessar Jesuscomo Rei e Senhor de toda a sua vida, começou a experimentar o reinado do Reidos reis.

FéEsta fé, dom de Deus, é ao mesmo tempo nossa resposta a sua iniciativa, ao

dizermos: “Sim, eu creio, e aceito 100 por cento aquele que tu enviaste a este

mundo para me salvar.” É confiança, dependência e obediência a Jesus Salvador,morto e ressuscitado, que é o único mediador entre Deus e os homens. A fé é acerteza de que Deus vai atuar conforme as promessas de Jesus Cristo.

Portanto, a fé não é acreditar em algo, mas em alguém; é confiar em sua promessa sem limites nem condições. Também não é um acordo intelectual com

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algo que não entendemos, mas uma dependência de Deus e de seu planosalvador.

 Não se trata de um sentimento, nem se mede pela emoção. “A totalustificação a obtém todo aquele que acredita em Jesus Cristo” (At 13,3-8).

A fé é, pois, a resposta do homem à oferta da salvação de Deus. É um modode relacionar-se com Ele, por meio de uma entrega sem condições, aceitando asalvação através de Jesus Cristo. É uma decisão total do homem que envolvetodo o seu ser e compromete toda a sua pessoa.

A fé, portanto, liga-nos diretamente com a fonte da graça e permite-nos ter acesso à presença divina, livres de todo o medo do castigo, porque já nossos pecados foram perdoados e estamos em paz com Deus. Não nos salvamos por nossa própria capacidade, mas mediante a fé. S. Paulo diz isso com grandeênfase, afirmando que não é o cumprimento da lei nem as boas obras o que nossalva, mas a fé. “Foram salvos pela graça mediante a fé, e isso não provém devocês, mas é um dom de Deus: também não vem das obras, para que ninguém seglorifique” (Ef 2,8-9).

As boas obras serão a manifestação e a expressão da salvação. Sua ausênciademonstrará que não se tratava de uma fé viva, mas morta: “Portanto, sabendoque o homem não se justifica pela prática da lei, mas só pela fé em Cristo Jesus,

também nós acreditamos em Cristo Jesus, a fim de obter a justificação pela fé emCristo, e não pela prática da lei, porque pela prática da lei ninguém seráustificado” (Gal 2,16).

Quem tentar se salvar pelo cumprimento da lei ou pelas boas obras não precisa de Jesus como Salvador, já que pretende ser seu próprio salvador.Portanto, a fé não é optativa. É absolutamente necessária e dela depende asalvação. “Aquele que acreditar e for batizado será salvo. O que não acreditar será condenado” (Mc 16,16).

Por isso, Pedro e Paulo terminam com um convite a acreditar, para nosapropriarmos de todos os frutos da redenção: “Todo aquele que acreditar nelealcança em seu Nome o perdão dos pecados” (At 10,43).

Concretamente, a fé nos leva a acreditar que já fomos perdoados e a viver como tal, porque nossa conta já foi saldada e estamos em paz com Deus. Já não

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somos escravos do pecado nem servos de Satanás, mas plenamente livres detoda a prisão ou laço. Vivemos as primícias do Reino em nossa relação comDeus, com os outros, com a criação e conosco mesmos, instaurando um novo céue uma nova terra.

Conversão“Arrependam-se e convertam-se para que os vossos pecados sejam

 perdoados” (At 3,19).

A conversão não se limita a uma mudança de moral. Isso seria muito pouco. Éuma mudança não por nossas forças e propósitos, mas pela fé que nos conduz aentregar nosso ser pecador a Jesus e a partilhar sua vida de Filho de Deus. Elecomeça a amar, servir e atuar em nós e por meio de nós. Entregamos a Jesus

nossa vida, tal como está, em troca de sua de Filho de Deus. Sobretudoentregamos nossa fraqueza, nossos ídolos que o substituíram e renunciamos atoda rebeldia que nos separa de Deus.

 Na conversão, trocamos nossa vida pela de Jesus. Viramos as costas para o pecado, mas sobretudo direcionamos nossa face para Deus; ou melhor,oferecemos-lhe o coração.

Outro aspecto da conversão é o seguinte: viver como filhos. Algumas pessoas

centraram o cristianismo em afastar-se do pecado, mas não têm a alegria deviver em festa, mesmo no meio das adversidades da vida.

Quando se fala da conversão de S. Paulo, não se fala que ele deixou sua vidade pecado, pois sabemos que ele era um fervente fariseu e um fiel cumpridor dos613 mandamentos da lei judaica. Saulo de Tarso converteu-se de justo em filho.A partir de seu encontro pessoal com Jesus no caminho de Damasco, começou aviver não tanto como um servo cumpridor dos mandamentos de seu senhor, mascomo um filho de Deus, com direito à herança de todos os santos.

Todos precisamos da conversão. De uma nova conversão. Por essa razão,cada discurso querigmático, depois de apresentar Jesus morto, ressuscitado eglorificado, culmina sempre com um apelo ao coração do homem para queresponda mediante a fé e o arrependimento: At 2,37-38; 3,19; 4,4; 5,31; 10,43;13,38-39; Cf. Lc 24,46-48.

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A fé e a conversão manifestam-se na vida,ou não existem

A fé manifesta-se na conversão, que é uma mudança de vida. Movidos pela féque nos dá a certeza de nossa vitória sobre o mundo, renunciamos a todo o pecado, idolatria e critérios deste mundo, para nos submetermos 100 por centoao poder do Evangelho, que é a força de Deus para a salvação de todo o que crê.Por outras palavras, confessamos Jesus como SALVADOR e o proclamamoscomo SENHOR.

Confessa-se Jesus como único e total SALVADOR de toda a humanidade, masde maneira particular de cada um de nós, renunciando a qualquer outro meio desalvação que o mundo ofereça.

Proclamar Jesus SENHOR significa render-se totalmente a Ele para que, deagora em diante, Ele tome o leme de nossa vida e dirija cada passo de nossaexistência.

Jesus nunca desenvolveu com Pedro um tema sobre a fé. Simplesmente,disse-lhe “Segue-me”, e esperou que Simão deixasse as redes e a barca. Noutramanhã em que Simão Pedro esforçara-se, tentando pescar algo sem conseguir,ordenou-lhe: “Lança as redes”; e o pescador assim o fez, confiando não em sua própria experiência de pescador, mas na Palavra do Senhor.

 Noutra ocasião, em que tinham sido surpreendidos em alto mar pelos ventostraiçoeiros que ameaçavam afundar a frágil embarcação, Jesus veio a elescaminhando sobre as águas. Quando se encontrava a certa distância, dirigiu-se aSimão com autoridade, pedindo-lhe um passo na fé: “Vem.” Pedro saltou da barca de sua segurança e começou a dirigir-se para Jesus, caminhando sobre aságuas. O pescador que conhecia os profundos segredos do mar confiou mais nocarpinteiro do que em suas próprias possibilidades.

Esta é a fé que salva em cada circunstância da vida. Inumeráveis casos doEvangelho, para não dizer todos, manifestam como uma expressão de fé liberta aação salvadora de Jesus Cristo: o cego de Jericó (Lc 18,38), a siro-fenícia (Mc7,26-30), o centurião romano (Lc 7,2-10), o paralítico (Mc 2,5), o pai doepiléptico (Mc 9,24) etc.

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Contudo, isso continua acontecendo hoje em dia, porque Jesus está vivo e temo mesmo poder para mudar as vidas e os corações das pessoas. Recebi daArgentina a carta a seguir, em que o testemunho se aproxima muito de váriosaspectos da conversão de S. Paulo:

Santiago del Estero, 23 de maio de 1985.“Deus está perto daqueles que o invocam, de todos os que o invocam com

verdade...” (Sl 145,18).

Querido Padre:

Sou judeu de nascimento. O meu avô paterno foi Rabino em Tucumán,

Argentina, e fui educado na fé de meus antepassados. Ao cumprir 15 anos, recebi

um duro golpe em minha vida: a morte de minha mãe. Não conseguia dar sentido a

esse acontecimento e revoltei-me contra a vida. Procurei o sentido de minha vida

em todas as formas e religiões: judaica, evangélica, protestante, testemunhas de

Jeová etc. Pratiquei o espiritismo e ingressei na Rosa Cruz. Contudo, quanto mais

 procurava, mais a verdade se escondia.

 No entanto, Deus teve misericórdia de mim e Ele próprio começou um caminho

 para me procurar e me encontrar. Um casal amigo convidou-me a ir a uma missa

carismática celebrada pelo Rev. Padre José Frydryk. Ali senti realmente a presença

de Deus, como antes nunca a tinha experimentado. O que mais me chamou a

atenção é que Deus se encontrava na Igreja Católica, o lugar onde eu menos o teria

imaginado.

Graças aos irmãos que me levaram pela mão nesse processo, participei no grupo

de oração de São Caetano, depois na Casa da Palavra, em Buenos Aires, e na

igreja da Santíssima Trindade, onde o Padre Francisco Muñoz me acompanhou

espiritualmente. Participava em todos os acontecimentos, reuniões e missas

carismáticas para encher-me cada vez mais desse Deus vivo que estava

descobrindo. Então me disseram que começava um Seminário de vida no Espírito

e que deveria segui-lo, para poder experimentar a Vida Nova trazida por Jesus. Não pensei duas vezes, pois isso era precisamente o que eu estava procurando.

Por essa altura, veio o senhor, Padre Tardif. Comprei seu livro  Jesus está vivo   e

assisti a essas maravilhosas reuniões, que eram uma clara manifestação do amor,

do poder e do perdão divino. Isso contribuiu poderosamente para que eu

descobrisse que verdadeiramente Jesus estava vivo e que dava vida a todos os que

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acreditassem em seu Nome.

Deus todo-poderoso mudou minha vida e meu coração. À luz de Cristo, entendi

as Escrituras: “Eu próprio apascentarei minhas ovelhas, e procurarei as perdidas...”

“Eu conheço os desígnios que tenho para ti... é o Senhor quem fala, desígnios de

 paz, não de desgraça, reservando para ti um futuro cheio de esperanças. Quandoclamares por mim e vieres procurar-me, irei te escutar... quando me procurares,

irás me encontrar.” Essas palavras não eram promessas para há muitos séculos,

mas para mim... e tornavam-se vida em minha história de salvação.

 No entanto, Deus não queria curar só minha alma, mas também meu corpo. Na

missa de oração pelos enfermos, senti um calor intenso no peito e assustei-me, pois

sofria de hipertensão arterial. Contudo, o sacerdote que celebrava disse que era o

calor de Deus que estava curando os enfermos ali presentes. Meses depois,

verifiquei minha pressão, que tinha voltado à completa normalidade.Dou graças e elevo meus louvores a Deus, a Jesus, no Espírito Santo, por sua

obra em mim, implorando que o Senhor complete o que começou em mim, para

glória e honra do seu Nome que é Santo.

Faço minhas as palavras da Escritura: “Que diremos disto? Se Deus está por nós,

quem poderá estar contra nós? Ele que não nos recusou seu próprio Filho, mas o

ofereceu por todos nós, como é que não nos dará tudo com seu Filho? Quem

 poderá acusar aqueles que Deus escolheu, se Deus os declara inocentes? Quem

 pode condená-los? Será porventura Cristo Jesus que morreu, e mais, que

ressuscitou e que ocupa o primeiro lugar junto de Deus, pedindo por nós? Quem

 poderá nos separar do amor de Cristo? O sofrimento, as dificuldades, a

 perseguição, a fome, a pobreza, os perigos, a morte? Como diz a sagrada Escritura:

Por causa de ti, estamos expostos à morte todos os dias. Tratam-nos como ovelhas

 para o matadouro.

Mas em tudo isso, saímos mais que vencedores, por meio daquele que nos

amou. Com efeito, tenho certeza de que não há nada que possa nos separar do

amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem os anjos ou outras forças ou poderes

espirituais; nem o presente, nem o futuro; nem as forças do alto, nem as do

abismo. Não há nada nem ninguém que possa nos separar do amor que Deus nos

deu a conhecer por nosso Senhor Jesus Cristo.” (Rom 8,31-39).

Termino aplicando a minha vida as palavras de Paulo quando resume o que foi

sua própria vida: “Dou graças àquele que me revestiu de fortaleza, a Cristo, Senhor 

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nosso, que me considerou digno de confiança ao colocar-me no ministério, a mim,

que antes fui um blasfemo e um perseguidor insolente. Mas encontrei misericórdia

 porque agi por ignorância em minha infidelidade. E a graça de nosso Senhor 

superabundou em mim, juntamente com a fé e a caridade em Cristo Jesus.

É certa e digna de ser aceita por todos esta afirmação: Cristo Jesus veio aomundo para salvar os pecadores, e o primeiro deles sou eu. Se encontrei

misericórdia foi para que em mim primeiro Jesus Cristo manifestasse toda a sua

 paciência e servisse de exemplo aos que tinham de crer nele para obter a vida

eterna. Ao Rei dos séculos, ao Imortal, Invisível e único Deus, honra e glória pelos

séculos. Amém” (1Tim 1,12-17).

Se essa mensagem pudesse ser resumida em poucas palavras, seria parasublinhar que a salvação é gratuita. Foi ganha há dois mil anos pelos méritos damorte e da ressurreição de Cristo Jesus, mas torna-se presente e efetiva pela féque proclama Jesus como Salvador e a conversão que o confessa como Senhor.

S. Paulo descreveu a fórmula maravilhosa para tornar viva em nós a salvaçãode Jesus, ganha há dois mil anos: “Se confessares com a tua boca que Jesus é oSenhor e se acreditares em teu coração que Deus o ressuscitou de entre osmortos, serás salvo. Com o coração acreditamos para alcançar a justiça e, com a boca, confessamos para obter a salvação” (Rom 10,9- 10).

Jesus passa diante de nossa vida e nos pede uma resposta a sua oferta desalvação: “Olha que estou à porta e bato. Se algum ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo” (Ap 3,20).

Assim como o fogo queima necessariamente, o seguinte testemunho mostra oque sucede quando se abre o coração a Jesus:

 Não poderia imaginar hoje minha vida sem o que aconteceu há dez anos, naquele

3 de dezembro de 1981.

Apesar de ter tudo o que legitimamente se pode ter neste mundo, encontrava-medeprimida com o peso da vida sobre meus ombros. O excesso de preocupações e

responsabilidades, o peso do “dever ser” não me deixava caminhar para diante.

Minha soberba, que se manifestava no perfeccionismo, fazia-me supor que eu

 podia tudo, que tinha sempre razão e que não precisava de ninguém. Assim, vivia

em grande solidão, tristeza e amargura, presa por preconceitos que me

escravizavam. Arrastava-me numa vida sem sentido e cada dia sentia-me pior,

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desejando uma morte que não chegava.

Um dia, a professora da escola solicitou minha presença, porque meu filho

apresentava alguns problemas. Quando recorri a uma psicóloga, para pedir 

conselho para meu filho, ela me disse que quem precisava de ajuda psicológica era

eu, porque o problema tinha origem em mim. Tornava-se muito difícil admitir queera eu o problema, porque sempre tinha tentado fazer bem todas as coisas. Aceitar 

isso implicava reconhecer que precisamente por causa de meu perfeccionismo tinha

me tornado intransigente com as limitações dos outros. Nem sequer as suportava.

Por essa altura, começou um Seminário de Vida no Espírito para os catequistas. Eu

estava sentada diante do pregador. À medida que se desenrolava aquele curso, eu

sentia que meu coração de pedra se inflamava com a Palavra de Deus. Comecei a

desejar aquele Batismo no Espírito de que nos falavam como uma promessa de

vida eterna. Em determinado momento, o pregador apresentou uma passagem queera dirigida a mim: “Estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e me abrir 

a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo.” A seguir mostrou-me

a imagem de Jesus batendo à porta de meu coração, mas não podia entrar: a porta

só abria por dentro, pois não tinha uma fechadura exterior.

Perguntei-lhe que deveria fazer para que Jesus entrasse em minha vida.

Simplesmente respondeu-me: “Saia da frente e vá até o mais profundo de sua vida.

Deixe que Jesus seja o protagonista da história de sua vida, e Ele vai fazer 

maravilhas em você.” Eu esperava uma resposta mais complicada. Então rezousobre mim, pedindo a Jesus que tirasse os obstáculos que me impediam de aceitar 

sua graça. Durante a oração, tive uma imagem em que me via completamente só

num vale rodeado de montanhas escarpadas. Contudo, aquelas montanhas não

eram maciças, mas como se fossem de cartão; era como um cenário de teatro. Eu

não percebi nesse momento o significado, mas, com o tempo, dei-me conta de que

descrevia perfeitamente minha realidade. A partir do momento em que aceitei Jesus

em meu coração, Ele encheu-me com seu Espírito Santo. Embora continuassem os

 problemas em minha vida, tinha uma força que vinha de Deus para enfrentar as

dificuldades, com a certeza de que, diante de seu poder, aquelas grandes

montanhas de minha vida eram simples pedaços de cartão. Por fim, desapareceu o

desejo de morrer e comecei a tirar partido das coisas mais simples.

Por essa época, apareceram células malignas em minhas análises de papanicolau.

Submeteram-me a um tratamento, mas sem resultado. Depois apareceu um

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carcinoma localizado, o qual me fez considerar seriamente a possibilidade de

morrer. Agora que não queria morrer, agora que me sentia amada e que amava a

vida, estava condenada. Contudo, eu tinha uma profunda paz, pois me sentia nas

mãos do Senhor que me animava: “Acalma-te, tudo está consumado.”

Vendo as coisas à distância, sei que Deus tinha um plano maravilhoso. Eraimportante que eu tocasse no fundo, para que assim pudesse recorrer a Ele com

um coração humilde e confiante. Hoje posso repetir: “O Senhor fez em mim

maravilhas.” O Senhor repete-me com amor: “Pilar, tu não me escolheste a mim,

mas fui Eu quem te escolheu a ti primeiro, e te escolhi para que dês muito fruto e o

fruto permaneça.”

Depois de algum tempo e com tratamento médico, o Senhor curou-me

fisicamente. Mas o que mais lhe agradeço é que me deu amor a mim mesma e à

vida. Nesses dez anos nem tudo foi fácil, mas foi a melhor etapa de minha vida. Já não

me sinto só, e vejo o futuro com grande esperança. Tudo isto se refletiu e iluminou

outros aspectos de minha vida, como mãe, esposa, filha, amiga. Comecei a viver 

uma vida mais cheia e livre das prisões que me escravizavam.

Dou graças infinitas a Deus que me encheu de seu Espírito Santo, fonte de nova

vida, que me transformou e me mudou. O que eu não podia, Ele o fez com seu

Santo Espírito, quando lhe abri a porta de meu coração, para que Ele entrasse e

iluminasse tudo o que estava nas trevas.

Jesus está à porta do coração de cada um de nós e convida-nos a participar com ele de sua Vida Nova. Só espera que lhe abramos a porta. Ele estáchamando. Certamente que não vai forçar a porta. Só entrará se a abrirmosvoluntariamente. Escute hoje sua voz. Não endureça seu coração. Convida-o aentrar. Não vai perder nada, a não ser suas amarras, seus pecados.

Oração Deus e Pai misericordioso, que enviaste teu Filho único para nos salvar.

este dia quero proclamar que Ele é o único Salvador.

 Jesus, creio firmemente que tu és o Filho de Deus, o Messias, que nãovieste a este mundo para condenar-me pelos meus pecados, mas para me

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 salvar. Reconheço que sou um grande pecador, mas ao mesmo tempo declaroque tua misericórdia e perdão são maiores que meus pecados.

 Hoje proclamo com minha boca aquilo que creio firmemente em meucoração: Tu és o único Salvador deste mundo. Tu és meu Salvador pessoal.

credito em ti, confio em ti e peço-te que me dês em abundância a Vida Novaque ganhaste para mim, com tua morte na cruz e com tua gloriosaressurreição. Quero ter um encontro Pessoal contigo e com tua salvação.

Confesso-te não apenas como Salvador, mas como meu Salvador pessoal,que pagaste minha redenção com o preço de teu Sangue Precioso. Não quero salvar-me por mim mesmo, mas deixa-me salvar por ti, por tua cruz eressurreição.

Creio firmemente que ressuscitaste de entre os mortos e que agora tenstodo o poder no céu e na terra, porque foste constituído Senhor dos vivos e dosmortos. Entrego-te minha vida, para que, de agora em diante, sejas tu quem adirige de acordo com tua vontade. Proclamo-te Senhor e submeto ao teu senhorio tudo quanto tenho e tudo quanto sou.

 Jesus, eu creio que, em tua ressurreição, Deus te glorificou, te encheu do spírito Santo e te deu um Nome que está acima de  todo Nome. Por isso, dobro

meus joelhos diante de ti (ajoelhar-se) em sinal de que te reconheço como

Senhor, como o dono de minha vida, e rendo-me totalmente a ti e a tua santavontade, para que faças de mim o que quiseres.

 Não quero ser o centro de minha vida. Toma tu a direção de minha história. Faz-me desejar e fazer o que tu queres. Entrego-me inteiramente a ti. Quero ser teu, só teu e de mais ninguém. Proclamo-te Senhor de toda a minha vida;meu único Senhor. Não quero servir nem o dinheiro, nem o prazer, nem nenhumoutro vício ou apetite que me afaste de ti. Entrego toda a minha vida a ti para sempre. Toma tu todas as decisões segundo tua vontade, para que eu seja,como Maria, um escravo de tua Palavra, que é a única maneira de ser verdadeiramente livre. Já não quero viver eu, vive tu em mim. Dá-me   tua vidaem troca da minha, que hoje te entrego para sempre.

 Jesus, sei que estás batendo à porta de minha vida e que queres entrar emmeu coração no dia de hoje. Por isso, abro-te meu coração para que entres até

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o mais profundo e de uma maneira definitiva. Fica para sempre comigo e emmim, para que possa viver como filho de Deus, com a alegria e a generosidade,a paz e o amor, a fé e a esperança. Tu és a Pérola Preciosa e a Vida em

bundância que estou precisando em minha existência.

Quero ter um encontro pessoal contigo, Jesus ressuscitado, que mude todaa minha vida e eu possa começar a viver a plenitude da vida que vieste trazer a este mundo.

Sei que tomaste a sério minhas palavras, assim como eu tomei a sério a tuaromessa.

Quero viver como tu, vivendo tu em mim e eu em ti.

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5. Dom do Espírito

O Pentecostes não está completo se cada um de nós não tiver a mesmaexperiência que tiveram os Apóstolos naquele dia em Jerusalém. Um sacerdoteconta-nos o seu Pentecostes pessoal, que mudou sua vida e seu ministério:

À medida que passavam os anos de meu sacerdócio, parecia-me que a Igreja não

significava nada para o mundo nem respondia aos grandes problemas da sociedade.

Vivíamos no desânimo enquanto as pessoas tinham fome de Deus, de sua palavra,

sua justiça, sua verdade e seu amor.

Sacudido por essa grande inquietação, lancei-me pelo caminho do socialismo. Fuium dos fundadores dos “sacerdotes para o povo”, de que muito se falou há algum

tempo. Contudo, dei-me conta de que, quanto mais avançávamos por essa linha,

mais nos radicalizávamos, causando uma grande divisão na Igreja. Por certo

tivemos alguns êxitos em nosso trabalho. E também não nos faltaram as

 perseguições. Constatei que, apesar de todos os nossos esforços, eu continuava

com o mesmo vazio e com os mesmos problemas sem solução. Dessa maneira,

 perdia cada vez mais a transcendência de Deus. Fazia as coisas à minha maneira,

com base em minhas forças e capacidades.Pouco tempo depois, mudaram-me de serviço e enviaram-me para uma pequena

 paróquia onde só tinha um pouco de trabalho – aos fins de semana. Quando

cheguei ali, alguém me falou da Renovação Carismática. Eu ri e respondi em tom

de brincadeira: “Vocês são loucos. Isso é uma bobagem. Essas coisas já não têm

lugar em nosso tempo.” Depois falaram-me do Espírito Santo e de seu Batismo.

Então eu argumentei: “Já tenho o Espírito Santo desde meu batismo, minha

confirmação e minha ordenação sacerdotal...” “Sem dúvida que sim” – 

responderam-me – “mas o importante é que isso se note”. Mandei-os embora, masfiquei perplexo reconhecendo que, na verdade, não se notava muito o Espírito

Santo nem em minha vida nem em meu ministério.

Vivia com um vazio espiritual e com muitas dúvidas. Havia me esquecido

completamente da oração. Esqueci-me de que era sacerdote de Jesus Cristo e

limitava-me a propagar uma mudança estrutural, que não sabia como alcançar.

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Contudo, Deus me armou uma armadilha. Convidei um coro de carismáticos

 para que cantassem em minha paróquia. Aceitaram com a condição de que eu

rezasse com eles todas as semanas. Comprometido publicamente, aceitei, pois

sendo sacerdote não podia me negar. Lembro-me de que naquela primeira

segunda-feira havia um pequeno grupo de apenas umas 15 pessoas. Fui para umcanto e comecei a criticá-los. Mas, ao vê-los e ouvi-los, houve algo que tocou meu

coração. Não saberia descrever o que foi... Na segunda-feira seguinte, ali estava eu

outra vez.

 Na terceira segunda-feira até celebrei a Eucaristia. Durante a homilia, disse-lhes:

“Oxalá que vocês, que rezam tão bem, não só cantem e levantem as mãos mas

que, na verdade, se preocupem por mostrar amor entre as pessoas; porque, se

vocês apenas se dedicam a orar, isso não servirá de nada.”

 Não demorei para perceber que essas pessoas se amavam verdadeiramente umasàs outras e amavam toda a gente. Logo me convidaram para um curso de iniciação,

mas disseram-me que deveria participar como qualquer uma das outras pessoas. Ri

deles, pensando: “Sou licenciado em Teologia pela Universidade de Friburgo, na

Suíça. Que eles vão me ensinar?” Eu não estava disposto a perder meu tempo

escutando a porteira, uma cozinheira e um construtor falando de coisas que eu

sabia muito melhor do que eles. Contudo, uma força interior levou-me a ir.

Fui seguir o curso e naturalmente não me deram nada de novo, mas deram-me

de uma maneira diferente: viviam o que pregavam. Não tinham só idéias nacabeça, mas experiência no coração. Eu, como outros sacerdotes, estava

acostumado a racionalizar as coisas da fé, sem viver o que pregava. Dar-se conta

disso não é mau. O pior é aceitá-lo. Comecei então a procurar algo que sabia não

ter. Comecei a ter sede desse Batismo no Espírito que era a fonte da mudança de

todos eles. Eu também queria ter meu Pentecostes pessoal e lhes disse: “Quero que

aquilo que aconteceu com vocês também me aconteça.”

Chegou o dia de pedir o Batismo no Espírito Santo. Ao começar a oração, eu

repetia ao Senhor: “Quero sentir-me totalmente teu, Senhor. Necessito do Espírito

Santo.” Poucas vezes tinha chorado em minha vida, apenas em algumas ocasiões,

mas de fúria ou de raiva. Mas nessa ocasião chorei como um menino. Não me

arrependo disso; quando alguém chora seu pecado diante do Senhor, é porque o

Espírito Santo o está purificando desse mesmo pecado.

Meu Batismo no Espírito mudou minha vida e meu ministério. Considero que

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esse foi o momento-chave de minha vida como cristão e como sacerdote. Tive o

meu Pentecostes naquela ocasião e a partir de então tudo é diferente. A Paróquia

renovou-se. Onde não havia gente, formou-se agora uma verdadeira comunidade

de amor, onde vivemos como família de Deus. Temos grupos de meninos, de

 jovens e de adultos. Damos auxílio na prisão, nos asilos e nos hospitais. A paróquianão só se transformou mas está transformando tudo à sua volta.

Jesus veio trazer vida em abundância, mas Ele morreu e ressuscitou há doismil anos. Por isso é lógica a pergunta: como se faz presente a salvação de Jesusno dia de hoje?

O Espírito Santo é quem torna efetiva tal salvação, transformando Jesus presente. O Espírito toca os corações para que se abram à Palavra da verdade.

Ele próprio chega ao interior de cada pessoa, para convencê-la de que é uma pecadora necessitada de salvação: e é só o Espírito Santo quem faz Jesus presente hoje e como único Salvador e Senhor. O Espírito Santo faz novas todasas coisas, ao mudar nossos corações de pedra em corações de carne. Faz-noscriaturas novas e começa a instaurar neste mundo o Reino de Deus.

O coração do homem só pode ser renovado por Deus, seu criador. Podemosmudar as aparências e até as formas externas da vida. Poderíamos mesmo mudar de moral, mas o único que transforma o interior do homem para o fazer uma

criatura nova é o próprio Deus por meio de seu Espírito Santo. Por isso, entre asúltimas palavras de Jesus neste mundo aos seus discípulos, estão: “Convém-vosque Eu vá... porque se eu for enviar-vos-ei do céu o Consolador, o qual darátestemunho de mim e vos conduzirá à verdade completa” (Jo 16,7; 15,26; 16,13).

Trata-se de um presente gratuito, que não custa nada, porque Jesus já pagoucom seu próprio sangue para o conseguir para nós. Para beber da água doEspírito que brota do Coração de Jesus, necessitamos de duas coisas: ter sede e

ir à fonte da vida.“Aquele que tem sede, que venha a mim, e aquele que crê em mim que beba.Isto o dizia referindo-se ao Espírito Santo que iam receber os que acreditassemnele” (Jo 7,37-39).

O dom do Espírito é uma promessa formal de Jesus que disse: “O céu e aterra passarão, mas minhas palavras não passarão.” Portanto, estava garantido

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que não podia falhar. Cinqüenta dias depois da sua morte e ressurreição, uma vezque subiu ao céu, cumpriu a Promessa que tantas vezes tinha feito aos seus:

“Ao chegar o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. Derepente, veio do céu um ruído, semelhante a uma forte rufada de vento, que

ressoou em toda a casa onde se encontravam. Então, viram aparecer umas línguascomo de fogo, que desceram por separado sobre cada um deles. Todos ficaramcheios do Espírito Santo, e começaram a falar em diferentes línguas, segundo oEspírito lhes permitia exprimirem-se” (At 2,1-4).

O Pentecostes é o cumprimento da Promessa do Pai. Os apóstolos agora jácontam com um Advogado e Mestre que lhes revela a verdade completa.Possuem o Espírito de filiação que os liberta do temor e os torna filhos eherdeiros de todas as bênçãos celestes (Rom 8,17). Graças ao Espírito Santo, podem chamar “Abbá” a Deus e “Senhor” a Jesus de Nazaré (Rom 8,15; lCor 12,3).

Quando Pedro proclamou a vitória de Cristo Jesus sobre a morte, as pessoasficaram admiradas e perguntavam que deviam fazer para participar dessa vidaem abundância. O apóstolo respondeu:

“Que cada um se faça batizar para o perdão dos pecados e receberão oEspírito Santo, pois a Promessa é para vocês, para vossos filhos e para todos os

que estão longe, para quantos o Senhor nosso Deus chamar” (At 2,38-39).Jesus é o Messias, cheio do Espírito Santo, capaz de partilhar seu Espírito

com cada pessoa.

Quando a samaritana bebeu da água que brota para a vida eterna,imediatamente mudou sua vida. Se antes duvidava da identidade de Jesus,quando provou a Água Viva correu para sua aldeia para testemunhar que acabavade encontrar o Messias. O único que nos faz identificar e aceitar Jesus como oMessias prometido é o Espírito Santo.

O Evangelho torna presente o poder do Espírito, capaz de mudar o mundo:

A cidade de Corinto era tristemente famosa por suas depravações morais.Favorecida por ser um centro comercial com dois portos, importava e exportavatodo o tipo de maldade e de pecado. Contudo, um dia chegou Paulo de Tarso,débil, tímido e temeroso, mas com a manifestação do Espírito, para lavar,

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ustificar e santificar aqueles que acreditassem na boa-nova da salvação e mudar  por completo aquela situação. Só o Espírito Santo renova a face da Terra. Omesmo acontece hoje no meio de nós, quando temos nosso próprio Pentecostes:

Eu tinha vivido sempre dentro das normas da Lei de Deus, mas realmente nunca

tinha experimentado a vida nova que dá o Espírito de Jesus. Quando um grupo decarismáticos me falou do Batismo no Espírito Santo, afastei-os automaticamente

 porque, de acordo com meus esquemas teológicos, há um só batismo.

Contudo, essas pessoas me falavam de Jesus de uma forma diferente dos outros.

Havia fogo e unção em suas palavras. Referiam-se não a uma pessoa que tinham

visto numa estampa ou numa imagem, como eu, mas com quem tinham tido um

encontro pessoal. A mim chocava-me a alegria espontânea com que davam seus

testemunhos desse encontro com Jesus e só por isso permaneci naquele curso de

quatro dias. Como eu queria também ter esse encontro pessoal com Jesus vivo, perguntei-lhes qual era o segredo. Três deles responderam-me ao mesmo tempo:

“O Batismo no Espírito Santo!!!”

Continuei com minhas reservas, mas lembrei-me de quando meu pai me sentava

em seus joelhos à hora de comer e partilhava comigo o alimento de seu prato.

Quando não gostava do que me dava, dizia sempre: “Prove apenas, se não gostar,

deixa. Mas prove. Se não, nunca vai saber o que está perdendo.” Animado por 

essa recordação, perguntei o que era o Batismo no Espírito Santo. A resposta foi:

“É Jesus, cheio do Espírito Santo, que cumpre a Promessa de pedir ao Pai que

encha você com o Espírito de Deus. E como Deus não nega nada a seu Filho

amado, está garantido que você vai receber. Quer ou não?” Eu não podia negar. Já

não se tratava de entender intelectualmente o que era o Batismo no Espírito, mas

tinham desafiado minha vontade e eu tinha que responder sim ou não.

Então pensei: “Não perco nada por provar. Não quero me privar de algo valioso

apenas por não me atrever. Vou correr o risco; se no fim não gostar, vou embora.”

Assim, pedi que rezassem por mim, procurando não pedir para uma pessoa queabusasse muito do canto em línguas. Enquanto me impunham as mãos e rezavam

sobre mim, veio ao meu espírito uma síntese da atitude fundamental e permanente

de minha vida. Em toda a minha história, eu tinha tentado ser bom e cumpridor da

lei de Deus. Tinha me esforçado por estudar a Bíblia e exercer um apostolado na

Igreja. O desejo de servir sempre a Deus era uma constante em minha vida...

Contudo, não tinha alcançado a verdadeira meta: viver uma experiência do amor de

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Deus e um encontro com Jesus ressuscitado. Confessando com lágrimas minha

incapacidade, apenas repetia: “Senhor, eu não posso, mas tu podes. Eu não posso

chegar a ti apesar de todos os meus esforços, mas tu podes chegar a mim. Alcança-

me, uma vez que eu não posso alcançar-te.” Chorava abundantemente, porque

começava a experimentar o suave e poderoso amor de meu Deus segundo oimpulso de seu Espírito.

Vinte e dois anos depois, não posso conceber minha vida sem o que aconteceu

naquele dia 3 de dezembro de 1971. A eternidade inteira será pequena para

agradecer a Deus que me batizou no Espírito Santo e transformou minha

existência.

Em resumo, a vida em abundância que Cristo veio trazer há dois mil anos sóse torna presente graças ao Espírito Santo, derramado naqueles que crêem,

naquelas que aceitarem Jesus como Salvador e o confessarem como Senhor detoda a sua vida.

Só o Espírito Santo pode produzir em nós a Vida Nova, porque é Ele e só Elequem nos faz nascer de novo, para nos transformar em criaturas novas em CristoJesus. Ninguém pode ir a Jesus senão pelo chamado do Pai, que dá o EspíritoSanto para conhecermos Jesus não só na cabeça, mas na vida e com o coração.

A efusão do Espírito é a porta mais maravilhosa que se pode apresentar a um

ser humano, pois é uma evidência do amor de Deus. Que devemos fazer parareceber esse dom? Basta acreditar em Jesus e reconhecer que temos sede dessaágua viva que se chama Espírito Santo. Portanto, aproximemo-nos com fé e peçamos-lhe que nos encha tanto do Espírito Santo, que nos inunde por dentro e por fora; como um batismo que nos submerja, ou melhor, que sejamossubmergidos nele.

De acordo com a necessidade de cada um, assim se lhe dará. A quem maisnecessite, mais se lhe dará.

Oração Pai Santo, envia do céu tua Promessa, feita através dos Profetas e que teu

róprio Filho se comprometeu a enviar. Cumpre a Palavra que empenhaste, ena qual nós acreditamos, porque nos foi transmitida por teu Filho, Jesus

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Cristo. Pai, enche-me do Espírito Santo, para que participe da Vida Novatrazida pelo teu Filho e possa viver como teu filho em Cristo Jesus.

Senhor Jesus, tu prometeste que, a quem se aproximasse de ti reconhecendoque necessitava da Água Viva que brota para a vida eterna, tu o encherias de

 spírito Santo. Eu preciso dessa fonte de vida eterna, que brota de teucoração. Eu estou esperando com ânsias meu Pentecostes pessoal: ser cheiodo Espírito Santo, com seus frutos e carismas, para ser testemunha com poder de tua ressurreição. Agarro-me a tua promessa e acredito firmemente que tucumpres tua Palavra, porque és o Filho de Deus, fiel e misericordioso. Eutenho sede e acredito que estás cheio do   Espírito Santo, para o partilharescomigo no dia de hoje. Batiza-me   com teu Espírito Santo, Senhor e doador devida.

 Espírito Santo, em Nome de Jesus, vem a minha vida e dá sentido a toda aminha história. Abro-te as portas para que entres até o mais profundo de mim edirijas toda minha existência. Vem, Espírito Santo, e enche todo o meu ser:meu corpo e minha alma, minha inteligência e minha vontade.

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6. A comunidade

 Não basta nascer para a Vida Nova. Precisamos crescer até a estatura deCristo, e isso seria impossível sem a harmonia de todo o Corpo de Cristo.

O doutor Heriberto Pagán Sáenz, diretor do Departamento de Radiologia da

Escola de Medicina de Porto Rico, fez-me o seguinte diagnóstico: neoplasma

 broncogênico no pulmão direito, de 2×4 milímetros, determinado por meio de

tomografia computadorizada.

 Na semana seguinte, unimo-nos ao grupo carismático de Dorado, e duas semanas

depois fomos ao retiro de cura com o Padre Tardif, no Pavilhão Mets. Nesse dia, oPadre disse que um médico estava sendo curado de um câncer no pulmão. Em

minhas orações, pedia ao Espírito Santo que me desse um indício de que Ele

estava me curando. Enquanto o padre orava pelos doentes, minha filha pôs-me a

mão sobre o local em que o tumor estava. Nesse momento, senti um calor muito

grande no pulmão.

Quando levei as radiografias e os outros exames ao cirurgião, este disse-me:

“Não vou operá-lo, pois não estou certo do diagnóstico.” E eu disse a minha

mulher: “Este é o sinal que eu pedi a Deus.”A partir de então, agradecemos ao Espírito Santo por minha cura. Um mês

depois, uma radiografia mostrou que o tumor estava diminuindo. Dois meses

depois, foi realizada outra tomografia. Dessa vez injetaram-me um líquido para dar 

contraste, pois o médico não podia acreditar no que via: no lugar onde antes estava

o tumor, agora havia uma cicatriz. Quando meu filho soube, disse ao médico: “Isso

é um milagre do Espírito Santo.” E o médico respondeu-lhe: “Se os milagres

existem, isso é o que vi mais parecido com um milagre.”

O Espírito Santo não só curou meu corpo, mas trouxe-me de novo para nossaIgreja, a qual não deixei de freqüentar desde então. A cura do Senhor não se

limitou a meu corpo, mas fez-me reconhecer que sou membro de outro corpo, o

seu Corpo, que é sua Igreja. Na comunidade, encontrei um ambiente de fé e de

amor que favorece que essa plantinha recém-nascida possa crescer até a estatura

de Jesus Cristo.

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José Luis Hidalgo.

A plenitude da vida não se vive no intimismo ou no egoísmo daindividualidade. Só a experimentamos quando formamos o Corpo de JesusCristo, onde cada um tem seu lugar, seu carisma e seu ministério; servindo os

outros e sendo servido pelo resto do Corpo.O culminar da evangelização é a integração das pequenas comunidades, onde

o amor se torna óbvio e onde uns se co-responsabilizam pelos outros. Acomunidade é o desembocar lógico da evangelização. Quer dizer, formar oCorpo de Cristo não é opcional ou facultativo. É imperativo.

“Pois assim como nosso corpo na sua unidade possui muitos membros e nãodesempenham todos a mesma função, assim também nós, sendo muitos, nãoformamos mais do que um só corpo em Cristo, sendo membros uns dos outros”(Rom 12,4-5).

 Não basta o encontro pessoal com Jesus. É necessário encontrar a totalidadede seu Corpo, que vive naqueles que invocam seu Nome. O encontro com Jesusleva necessariamente ao encontro com o irmão. O primeiro mandamento, amar aDeus, está unido ao segundo, amar o próximo. A salvação, como a luz, expande-se por natureza; não se pode esconder debaixo da mesa e é partilhada com osoutros, especialmente com os mais necessitados. Jesus está tão presente em cada

 pessoa, que qualquer ajuda ou indiferença perante as necessidades do irmão seconsideram feitas ao próprio Mestre (Mt 23,31-46).

Os convertidos, batizados e cheios do Espírito Santo no dia de Pentecostesintegraram imediatamente a comunidade cristã. Apenas três versículos depois danarração das primeiras conversões, é certificado o nascimento da comunidade:At 2,42.

Para permanecer com Jesus, é necessário formar a comunidade cristã. Por isso, aqueles que recebiam o dom do Espírito perseveravam na comunidade.Portanto, é imperativo integrar-se com Jesus na comunidade, vivendo o amor deDeus, derramado pelo Espírito Santo que nos foi dado, crescendo na Vida Nova por meio de quatro meios de crescimento assinalados em At 2,42-44:

• o ensinamento dos apóstolos, que comunicam a doutrina de Jesus;

• a comunidade, com a participação dos bens espirituais e materiais;

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• as orações, onde se partilha a vida com Deus e com os irmãos;

• a fração do Pão, que é o culminar da vida cristã.

Iniciamo-nos na Vida Nova graças ao novo nascimento, mas é necessáriocrescer até a estatura de Jesus Cristo, formando seu Corpo. Esse processo está

claramente delineado no Evangelho:Maria Madalena foi libertada de sete demônios, mas logo Jesus a integrou em

sua comunidade, para a restabelecer plenamente. Ela prestava seus serviços àcomunidade e isso a ajudou a crescer na responsabilidade, no amor e no serviço.

Jesus veio a este mundo ensinar-nos como vive um filho de Deus. Emseguida, enviou-nos seu Espírito Santo para nos dar força para viver como tal.Contudo, não se trata de reproduzir muitos “Jesuses”, mas de formar um só: seuCorpo místico.

Pode-se navegar sozinho pelos sete mares numa jangada de papiro, e há genteque, solitária, se atreve a escalar uma alta montanha. Mas ninguém,absolutamente ninguém, ousou atravessar sozinho o deserto. É necessária acaravana da comunidade cristã que nos ajuda, impulsiona e corrige, parachegarmos à Terra Prometida.

A conversão pessoal conduz-nos aos Sacramentos e à Igreja, como nosmostra o caso de nosso amigo Carlos León:

Carlos tinha um tumor maligno no cérebro, com conseqüências desastrosas: paralisia, surdez e cegueira. “Enquanto há vida, há esperança”, repetia a toda a

gente. Carlos participava de um Encontro Mariano na cidade de Miami. Eu

 pregava, mas não sabia que Carlos se encontrava ali. Contudo, Deus sabia e curou-

o de tudo aquilo que o impedia de se relacionar com o mundo exterior. Durante o

ministério de cura, Deus teve misericórdia dele e o tocou com a sua graça, que

alcançou seu corpo, sua alma e sua vida inteira. Sua cura foi tão assombrosa para

ele, para sua família e para os médicos que o seguiam, que falavam todos de um

milagre. Mas Carlos sempre acrescentava: “Se Deus me amou de tal forma que medeu seu Filho único, como não iria me curar?”

Jesus nunca deixa as coisas pela metade. Carlos não era católico mas, depois do

milagre físico, deu-se o milagre moral. Depois de sua cura, decidiu batizar-se,

 participar na Eucaristia e consagrar seu casamento com Maritza, com quem vivia

sem estar unido pelo Sacramento. Ao receber a alegria de sua cura espiritual,

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tomou-se uma testemunha, pois não podia deixar de falar de sua experiência,

testemunhando em vários encontros carismáticos.

Dois anos mais tarde, de forma surpreendente, Carlos adoeceu gravemente,

complicando-se tudo até o desenlace final. Deus tinha vindo buscar seu filho.

Um ano depois, quando pregava noutra Conferência Carismática em Miami,encontrei-me com a viúva de Carlos. Sem que fosse necessário pedir muito,

aceitou partilhar o testemunho de seu esposo. Foi muito belo escutar de seus lábios

 palavras ditas com um misto de alegria e de agradecimento ao Senhor por ter 

realizado nele uma obra completa, permitindo-lhe testemunhar perante todos a

força de Deus, para depois se entregar com confiança nas mãos de quem tinha

mostrado tanto amor por ele. Fez referência à passagem de Lázaro, que tinha sido

ressuscitado para manifestar a glória de Deus, mas depois morreu, pois o único que

ressuscitou para permanecer para sempre vivo é Jesus Cristo, porque Ele é aressurreição e a vida.

A morte de Carlos não tinha apagado o testemunho; antes, tinha sido a

 preparação na terra para que a glória de Deus desses frutos na Igreja.

Outro testemunho, apresentado por um sacerdote, ilustra maravilhosamenteque depois de nascer de novo é necessário continuar a alimentar-se para que odom da fé não se perca. De maneira muito esquemática e clara, define os meiosessenciais do crescimento em Cristo:

Depois de mais de dez anos de hesitações e de luta, decidi deixar o sacerdócio.

Por lealdade para com o Senhor, a quem ofendia com gravidade e freqüência; por 

lealdade para com os irmãos, para quem, em vez de ser a ponte que leva a Deus,

muitas vezes, era obstáculo e tropeço; e, finalmente, por lealdade para comigo

mesmo, pois não podia continuar me enganando ao seguir por um caminho que,

 por muito belo que fosse, tornara-se intransitável para mim. Redigi e assinei meu

 pedido, rogando ao Santo Padre a redução ao estado laico.

Deixei minha casa religiosa; solicitei e obtive emprego num cartório, pois tinhacomeçado o curso de Direito. Assim chegou o mês de outubro e então o Senhor 

começou a intervir para me salvar. Apresentaram-me uma psicóloga muito

 profissional, com quem falei várias vezes acerca de meu caso. Ela, profunda

conhecedora de sua profissão, era sobretudo uma mulher de extraordinária fé.

Afirmava-me que só Deus pode mudar o coração do homem, porque Ele é seu

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Criador. Recomendou-me que reconsiderasse minha decisão, já que não conhecia

ainda o poder de Deus. Ela estava experimentando sua renovação cristã através do

Movimento Carismático e convidava-me a aproximar-me dessa corrente de graça.

Aceitei, pois não tinha nada a perder. Um mês depois, estava recebendo o

Batismo no Espírito Santo e uma cura interior de todas as feridas de minhahistória. Foi uma batalha terrível entre o homem velho que resistia a morrer e a

força do homem novo com o poder da ressurreição de Jesus que queria vencer.

Aos pés de uma imagem da Virgem Maria, deu-se a batalha final, em que Deus

saiu vitorioso. A partir de então, experimentei uma mudança radical em vários

aspectos de minha vida cristã:

1. Em primeiro lugar, a Escritura transformou-se em fonte de vida e de alegria

 para mim. Em meus 17 anos de sacerdócio, nunca tinha preparado uma homilia ou

uma meditação socorrendo-me da Bíblia. Cenas do último filme ou da telenovelaque estava na moda, comentários de um acontecimento do dia, declarações de

algum orador, sagrado ou profano, eram as fontes que inspiravam minha palavra de

sacerdote.

Posso dizer que em minha oração pouco ou nada usava a Sagrada Escritura, pela

simples razão de que nunca rezava. Poucas semanas depois do Batismo no

Espírito, surpreendi-me lendo, meditando, saboreando e vivendo passagens que

tinha escutado e lido sem lhes prestar a menor atenção. De repente, a Palavra

tomava vida: “O povo que andava às escuras viu uma grande luz.” “Ele salvou-nos, não por obra de justiça que tivéssemos feito nós próprios, mas segundo sua

misericórdia.”

2. A oração: com a necessidade da Palavra, chegou a fome da oração para saber 

o que Ele queria de mim. Mas sobretudo para o louvar, para o glorificar, para

reconhecer a gratuidade absoluta de seus dons e também para pedir perdão pela

nula correspondência da minha parte.

3. Vida sacramental: nos últimos anos celebrava só para cumprir compromissos.

Recuperei o fervor e a devoção de meus primeiros anos de sacerdote: ser agarrado

 por Jesus, e nele e por Ele fazer presentes os frutos do sacrifício do Calvário; todo

o amor do Pai descendo para os homens em forma de perdão, de bênção, de graça

e de dom, por meio de minhas mãos sacerdotais. O louvor, a adoração, a gratidão e

a expiação apresentados ao Pai no coração de Cristo, mas através de um

instrumento indigente e pecador.

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O Sacramento da Reconciliação, sacramento de alegria, começou a ser 

administrado com uma compreensão e piedade que nunca tinha experimentado. O

 perdão e a bondade do Senhor tinham sido tão incrivelmente maravilhosos comigo,

que nenhuma miséria poderia parecer-me grande diante da imensa misericórdia do

Senhor. Em especial, surgiu em meu coração um profundo sentimento decompreensão e afeto para com meus irmãos sacerdotes que caíram ou que vivem

graves crises morais.

Com Paulo, poderia repetir: “Se encontrei misericórdia, foi para que em mim,

 primeiramente, Jesus Cristo manifestasse toda a sua paciência e servisse de

exemplo aos que haviam de crer nele para obter a vida eterna” (1Tim l,16). Agora

sei por experiência que sua fidelidade não tem limites. O que fez comigo, pode e

quer fazê-lo em grau maior ou igual com cada um daqueles que escolheu.

4. A comunidade: a última e insigne graça que quero agradecer ao Senhor foi oamor de minha comunidade. Comecei a precisar de meus irmãos, a experimentar a

 presença do Senhor neles e a sentir, como próprios, os dons que eles recebem.

Alegro-me com suas alegrias, partilho suas preocupações e experimento que só

 podemos crescer juntos no caminho da santidade.

Cada um desses dons foi uma confirmação e uma reafirmação do dom do

sacerdócio. O Senhor que tinha me chamado continua a chamar-me. Ele estava

reavivando em mim, generosa e gratuitamente, “o carisma que tinha recebido pela

imposição das mãos” (2Tim 1,6).

E o dom dos dons é seu amor misericordioso, gratuito, livre e fiel. O ministério

de seu sacerdócio depositado num vaso de barro, que continua e que continuará

sendo de barro. É Ele, o dono e guardião do tesouro, que brilha mais por ser 

levado em tão pobre recipiente. A Ele a glória e o louvor na Igreja pelos séculos!

Para sintetizar esse ponto, devemos sublinhar que não se pode crescer emCristo de forma isolada. Precisamos da união e da comunhão com todo o seu

Corpo, que é a Igreja. O recém-evangelizado precisa formar parte ativa dacomunidade eclesial, comprometer-se numa pequena comunidade em que possacontinuar caminhando e crescendo na vida do Espírito. O amor dado e recebidoé o alimento da Vida Nova; é o fruto que garante que o Espírito de Deus foiderramado em nossos corações. A comunidade não é optativa, porque é o

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ambiente em que se torna presente a salvação ganha por Cristo Jesus e que oEspírito Santo torna efetiva.

A cada um cumpre tomar a decisão vital de viver o cristianismo da únicaforma que pode ser vivido: em comunidade, renunciando ao individualismo

espiritual e formando o Corpo de Cristo que disse: “Pai, que sejam um, para queo mundo creia” (Jo 17,2-1).

OraçãoSenhor Jesus, que queres que todos os homens se salvem, não de forma

individualista, mas formando o teu Corpo, eu quero integrar-me plenamentena comunidade dos justos que caminham juntos para a Terra Prometida.

Que teu Espírito Santo me transforme em ti, para encontrar meu lugar emeu ministério no teu Corpo para serviço do mundo.

Quero ser pedra viva do templo espiritual, unido aos santos e pecadores,ara edificar tua casa neste mundo.

Obrigado por teres me chamado a fazer parte de teu Corpo, onde todosnecessitamos de todos, onde também eu sou necessário para os outros. Ponhoà disposição de meus irmãos quanto tenho e quanto sou.

Obrigado por partilharmos a mesma fé, por estarmos animados por um só

 spírito, por termos um só Deus e um só Senhor.

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7. Ensina-nos a orar 

O novo nascimento é o início da vida no Espírito, a qual deve ser cuidada ecultivada, para ser capaz de dar um fruto abundante e permanente. O alimentomais importante do recém-convertido é a oração, porque o mantém unido à fonteda vida, ao próprio Jesus que afirmou: “Sem mim, não podem fazer nada” (Jo15,5).

Ensina-nos a orar 

Um dia, os discípulos aproximaram-se de Jesus e pediram-lhe cominsistência: “Mestre, ensina-nos a orar” (Lc 11,1). Tinham compreendido duasnecessidades: a de orar e a de serem ensinados nesse caminho.

Quando reconhecemos que necessitamos orar, estamos pagando a quota deinscrição na escola da oração. O início da vida de oração baseia-se no fato de podermos repetir de maneira experiencial as palavras do salmista: “Minha almatem sede de ti. Tal como o veado procura as correntes da água viva, assim minhaalma te procura, ó meu Deus. A minha alma, como terra seca, tem sede de ti, ó

meu Deus.”Um sinal de que a graça está operando em nós é saber que não podemos viver 

sem Deus, porque Ele é o único capaz de dar sentido pleno a nossa vida.

Todos nós procuramos aprender muitas coisas. Existem escolas onde seensina a ler e até a cozinhar. Muitas pessoas passam horas e horas em cursos delínguas. Contudo, poucos procuram o que é mais essencial da vida: aprender arezar. Infelizmente, isso não se consegue com teorias nem com um curso por 

correspondência. A única maneira é rezando. Não se trata de uma arte que dominamos, mas em que precisamos ser treinados, porque a oração é basicamente uma graça em que Deus toma ainiciativa. Quando os discípulos se aproximaram do Mestre para lhe solicitar que os ensinasse a rezar, Ele não deu um curso nem ensinou dinâmicas, massimplesmente começou a rezar. Voltemos os olhos para o Mestre para lhe pedir 

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que nos ensine a rezar, sendo Ele próprio o modelo de oração em Espírito e emVerdade.

Atitudes de oração

Orar não é apenas uma ação, mas antes de tudo uma atitude. Pode-se passar muito tempo rezando ou em atos de piedade, mas se não conseguimos entrar emcontato com o Deus que transforma a vida, não podemos chamar-lhe oraçãoautêntica. A disposição fundamental é a consciência de estar diante da presençade Deus, que é digno de todo amor, honra e glória.

O amor de Deus, chave da oração“Conhecemos o amor que Deus nos tem e acreditamos nele” (1Jo 4,16).

A chave da oração baseia-se em acreditar e experimentar o amor de Deus.Por isso, para nos relacionar com Ele, precisamos aumentar a fé nesse amor incondicional que Ele nos tem.

“Deus amou-nos primeiro” (1Jo 4,10). Este é o primeiro pressuposto naoração: Deus tomou a iniciativa. Portanto, nossa oração é uma resposta  a esseamor. Quando experimentamos o amor divino, podemos rezar como convém. Nãorezamos para alcançar um favor divino nem para agradecer algum de seus dons,

sequer porque queremos louvá-lo e glorificá-lo. Basicamente, trata-se de umaresposta àquele que nos ama.

O Jordão“Tu és meu Filho muito amado em quem ponho minhas complacências” (Lc

3,22).

Antes de Jesus começar a evangelizar os pobres, foi ao rio Jordão, onde tevea experiência do amor de seu Pai. Esse foi o ponto de partida tanto da vida de

oração de Jesus como de seu ministério público.Graças ao Espírito, Jesus recebeu a força que o havia de capacitar para toda

a luta e oposição, tendo de defrontar-se com espíritos imundos, suportar osconvencionalismos das altas autoridades de Jerusalém e a hipocrisia dosfariseus. Onde se apoiava para resistir a todos esses embates e contradições? Nofato de reconhecer-se profundamente amado por seu Pai. Por isso, antes de

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começar o trabalho de pregar a boa-nova da salvação, Jesus teve o Batismo noEspírito, em que recebeu uma confirmação do amor de seu Pai.

Por sentir-se amado pelo Pai, Jesus é capaz de passar a noite inteira emoração, para nos ensinar que ela é basicamente comunhão com quem nos ama.

Em resumo, podemos afirmar que Jesus, Filho amado do Pai, curava, porqueera Ele próprio a testemunha fiel e verdadeira do amor divino para com seusfilhos que peregrinam rumo à Terra Prometida.

O Tabor Quando os ventos da tormenta pressagiavam uma luta até a morte, Jesus subiu

a um monte alto para orar a Deus sozinho. Estando na intimidade de seu Pai,ouve-se uma voz que declarou seu amor pelo Filho do homem: “Este é meu Filhoamado, escutai-o” (Mc 9,7). Antes de subir ao Calvário, Jesus escalou estamontanha ainda mais alta, o Tabor, para se encharcar do amor de Deus que lhedaria forças para entregar sua vida. O Monte Calvário só manifesta suaverdadeira e justa perspectiva a partir da transfiguração que provém do amor deDeus. Ninguém pode dar a vida pelos que ama, sem antes experimentar o amor de Deus por ele.

Esse é o maravilhoso itinerário que Jesus nos mostra. Primeiro, experimentar 

o amor de Deus, o qual nos levará a uma vida de oração que nos conduzirá afazer a vontade do Pai. Se antes não experimentarmos o amor de Deus, nãoseremos capazes de dar a vida pelos outros.

Ao repetirmos o pedido dos apóstolos: “Ensina-nos a orar”, não estamosdizendo senão “Renova em nós teu amor, para que possamos responder-te.”Assim, a oração não é principalmente uma forma de falar, mas uma maneira de serelacionar com Deus. Não se trata de aprender fórmulas ou determinar condiçõesou princípios para a oração, mas de se abrir ao testemunho do Espírito que nos

faz chamar: “Abbá, Papai” a Deus. Vista assim a oração, ela não é outra coisasenão a relação com aquele que nos ama.

Oração e féTodo o problema da oração se reduz à falta de fé em Deus. Não se trata de

acreditar em sua existência. Isso não é suficiente para entrar em comunhão com

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Ele, pois Satanás também acredita em sua existência e isso não o beneficia emnada. Pelo contrário, ele treme perante o poder celestial. A fé verdadeiraconsiste num ato de confiança em que Deus vai agir de acordo com suas promessas de salvação. Não é acreditar em alguma coisa, mas em alguém. Não

se trata de acreditar em Deus, mas de acreditar que o Senhor, que tanto nos amou,enviou seu Filho único para que todo aquele que crê nele não pereça, mas tenha avida em abundância.

A oração pessoal é uma demonstração de fé. Rezar diante do Senhor demonstra quão profunda é a fé nele. O tempo para orar na assembléia, a participação na Eucaristia e a oração pessoal são manifestações de fé em queJesus está vivo e é o Senhor da vida. Pelo contrário, abandonar a oração é umsintoma de que a fé está se apagando. É um ato profundo de fé estar uma hora

diante de quem não vemos e às vezes não escutamos, mas que temos a certeza deque está ali.

Jesus queixava-se ao Padre Gaston Courtois: “Não tens fé para passar umahora diante de mim. Enquanto estás na terra, tens uma venda sobre os olhos. Mas pela fé e pela influência de meu Espírito, atua como se me visses.”

 Não se deve ter fé na oração, mas fé em Deus. Não podemos garantir que, aorezar determinada oração tantas vezes e de certa forma, alguém vai conseguir 

aquilo que pede. Isso seria ter fé na oração. Não. A fé deposita-se em Deus, quecumpre o que promete. Acredita-se nas suas palavras, toma-se a sério o quedisse e abandonamo-nos em sua misericórdia.Nossa oração deve ser como a do pai do epiléptico: “Senhor, eu creio, mas aumenta a minha fé.” Não como umafórmula, mas como uma atitude de vida. Reconhecer o Senhorio de Jesus e pedir-lhe que aumente nossa confiança em sua Palavra.

Trata-se de ter fé no amor imutável de Deus, que disse:

“Os montes se moverão e as colinas correrão, mas meu amor não se afastaráde ti” (Is 54,10).

“Poderia uma mãe esquecer-se do filho de suas entranhas? Ainda que ela seesquecesse, Eu jamais poderei me esquecer de ti” (Is 49,15).

Se acreditarmos nisso, nossa atitude quando rezarmos ou quando jejuarmosmudará totalmente. Não vamos pressionar Deus ou comprar suas graças, mas nos

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abandonar com confiança n’Aquele que faz brilhar o sol sobre os justos e pecadores e que dá alimento às aves do céu.

O Senhor dizia ao Padre Gaston Courtois: “Pede-me constantemente uma fé profunda, luminosa e sólida; uma fé que não seja apenas uma união intelectual às

verdades dogmáticas e abstratas, mas que seja uma percepção de minha vida euma presença de meu amor sem limites.”

O cajado do evangelizador “Chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre

os espíritos imundos; ordenou-lhes que não levassem nada para o caminho, paraalém de um cajado” (Mc 6,7).

Jesus foi muito eloqüente quando enviou os seus sem nada, exceto com umcajado para o caminho. À semelhança de Moisés, esse cajado tinha duas funções:sinal da presença de Deus junto de seu povo e apoio para o caminho.

Se o cajado serve para nos ampararmos, o ponto de apoio do evangelizador éa Palavra do Senhor. Não se apóia em suas próprias forças, mas confia na promessa que o Senhor fez e que lhe dá forças para ir mais longe.

 Narra o livro do Êxodo (Ex 17,1-7) que, quando o povo de Deus se viuatacado pelos Amalecitas, Moisés foi para o monte rezar com a vara de Deus,

que mantinha em suas mãos levantadas ao alto. Isso é muito significativo.Quando Deus olhava do céu para Moisés que rezava, a primeira coisa que viaera a vara, que Ele mesmo lhe dera como sinal de sua fidelidade, quando secomprometeu a acompanhá-lo em todo o trajeto rumo à Terra Prometida.

A oração de Moisés estava apoiada na promessa de Deus e por isso Moisésse agarrava à sua vara, para dar a entender a Deus que confiava em sua Palavra enão podia ser defraudado. Esta é a oração que garante a vitória em qualquer lutaou batalha: quando confiamos na Palavra que Deus pronunciou.

Oração e esperança“Na guerra, a vitória não depende do número de combatentes, mas da força

que vem do céu” (1Mac 3,19).

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surpreendermos com estes presentes divinos que são os carismas do Espírito,entre os quais se encontra o dom das línguas.

 Nós não sabemos rezar como convém, por isso Deus envia seu EspíritoSanto, que intercede por nós com gemidos inefáveis (Rom 8,26).

O homem é incapaz de entrar na esfera divina, se antes Deus não tomar ainiciativa de chamá-lo para partilhar de sua vida. Para que o homem possa“conhecer” o íntimo de Deus, Deus o faz participar de seu Espírito Santo, o quallhe ensina uma nova forma de entrar em comunhão com Ele.

O dom das línguas é um dom de contemplação e de comunhão com Deus, umavez que, muito para além dos conceitos humanos, permite relacionarmo-nos comDeus por meio de seu Espírito. Esse dom é para aqueles que sentiram aexperiência de que sua linguagem é insuficiente para louvar e bendizer o Senhor, para os que sentem que as palavras humanas não exprimem o que seu coraçãoquer manifestar.

Uma vez, um sacerdote muito inteligente falou pela rádio que os que falam emlínguas têm falta de vitaminas. Contudo, vemos com que força a Renovação seestende em 140 países. Não nos faltam vitaminas, mas Deus misericordioso presenteia esse dom tão belo a tantos milhões de católicos...

Três orações-chaveHá três orações no Evangelho que dão elementos muito ricos para nossa vidade oração:

“Se quiseres, podes curar-me”Jesus atravessava a Galiléia, quando das cavernas saiu um leproso, gritando:

“Se quiseres, podes curar-me” (Mt 8,1). Jesus respondeu exatamente a esse pedido: “Quero, fica curado” e aquele homem foi curado de sua lepra.

A cura não se ganha nem se merece. É um dom livre e gratuito da parte deDeus. Se o Senhor quiser, pode fazê-lo. Não é questão de seu poder, mas de suavontade. É um ato soberanamente livre da parte de Deus.

“Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim” Nas redondezas da cidade de Jericó, famosa por suas palmeiras e suas

atividades comerciais, encontrava-se um cego pedindo esmola aos que passavam

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nas caravanas. Mas, um dia, passou por ali Jesus e esse homem sentiu que estavadiante de uma oportunidade única que nunca tornaria a se repetir, e começou agritar com toda a sua força: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim” (Lc8,38).

Proclama Jesus como o filho de Davi, que deveria vir a este mundo. Antes deapresentar sua necessidade, faz uma solene declaração pública de quem é Jesus:o Messias anunciado pelos profetas. Não via, mas soube descobrir a identidademessiânica de Jesus de Nazaré.

O conhecimento de Jesus é o ponto de partida da fé nele. Porque oconhecemos e sabemos quem é, depositamos nele nossa confiança ilimitada.Sabemos em quem confiamos.

O cego abandona-se à misericórdia de Jesus. Não pede sua cura, mas vai àfonte de onde brota toda a saúde: a compaixão do coração de Jesus. Elecompreendeu perfeitamente que sua cura não é uma questão de poder, mas um profundo ato de amor de Jesus. Por isso, pede que Jesus tenha piedade dele.Descobriu que a essência da cura é basicamente um ato de misericórdia divina.

Jesus disse-lhe: “Que queres que faça?” Obviamente a resposta eraconhecida por todos. Contudo, o Mestre perguntava porque queria que sua fé setornasse explícita. Não basta ter o desejo no coração, é preciso manifestá-lo comsimplicidade, como faz um menino.

Cada vez que oramos, Deus repete a mesma pergunta: “Que queres que façacontigo?” Devemos responder com a confiança do cego. Essa fé abre-nos ainimagináveis surpresas do Espírito.

Uma senhora de Jarabacoa, República Dominicana, deu-me o seguintetestemunho. Parece incrível, mas ao mesmo tempo mostra que Deus cura comoEle quer:

Há alguns meses, uma de minhas filhas sofria do fígado. Foi ao hospital, onde lhedisseram que tinha de fazer uma operação que custava muito dinheiro. Como nós

não tínhamos o necessário para pagar a cirurgia, refugiei-me na misericórdia de

Deus, que nos diz que valemos mais do que os pássaros do céu. Disse-lhe que não

tínhamos ninguém senão o Deus dos pobres que faz maravilhas. Com essa

confiança fui dormir. À noite, sonhei que o Padre Tardif celebrava a Eucaristia no

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 pátio de minha casa. Antes eu dormia nas missas, mas agora até dormindo estava

na missa, porque sabia que Deus me amava e não podia desapontar-me com

respeito a minha filha.

Ao acordar, fui contar o sonho a minha filha, e qual foi minha surpresa quando

 percebemos que, sem operação, ela estava perfeitamente curada. Sua cura foiconfirmada pelo próprio médico que iria operá-la. Deus manifestou seu amor por 

nós, os pobres, que não temos ninguém senão Ele para nos curar e para nos salvar.

Antes de ter conhecido a Renovação Carismática, eu teria pensado que essaera uma história inventada. Mas, agora, o Senhor nos diz que Ele também podeatuar através dos sonhos. Porque dormimos, mas Jesus está vivo e não dorme.Deus falou a José em sonhos e o profeta Joel refere-se aos sonhos dos velhos.

Deus é capaz de fazer aquilo que para nós, homens, é impossível. Não só

 porque é poderoso, mas por seu amor e misericórdia. Assim sucedeu com umovem da República Dominicana, que vivia em Nova York.

Tinha 28 anos e estava contaminado com o vírus da Aids. Participou de um

retiro carismático em 1990, no qual a equipe rezou pelos doentes. Esse jovem

sentiu-se invadido por um grande calor e uma grande emoção. Na semana seguinte,

estava muito melhor e começou uma maravilhosa recuperação. Dois anos depois,

as análises dos laboratórios médicos confirmaram que estava perfeitamente curado.

Mas o mais importante é que sua vida inteira se transformou: hoje está dando

testemunho por toda a parte. O que a ciência humana não pode, Deus pode fazê-lo

com seu amor.

 Nosso mundo perdeu a capacidade de esperar milagres. Move-se apenasdentro dos parâmetros do racionalismo e do pragmatismo. Pretendemos medir Deus com a limitada inteligência humana. Perdeu-se a confiança do menino queespera que seu Pai lhe responda. Nós próprios conhecemos outros dois casos de pessoas curadas de Aids, porque para Deus não há nada impossível (Lc 1,37).

“Mestre, aquele que tu amas está doente”Lázaro, amigo de Jesus, adoeceu. Pouco a pouco a doença foi se agravando

cada vez mais, até que os médicos perderam toda a esperança de vida. Então asirmãs do agonizante mandaram dizer a Jesus: “Mestre, aquele que tu amas estádoente” (Jo 11,3).

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 Não pediram nada. Simplesmente comunicaram a situação, e deixaram aJesus a liberdade de fazer o que fosse melhor em seu plano. Nem sequer lheinsinuaram que viesse a sua casa. Simplesmente lhe deram uma informação:“Aquele que tu amas tanto, aquele que está no teu coração, está sofrendoa ponto

de morrer. Se queres vir, vem; se queres permanecer alguns dias mais naGaliléia, faz isso.”

Tratava-se de uma oração de plena confiança. Elas estão seguras de que, logoque o amigo souber de sua necessidade, vai fazer o que for melhor. Têm tantacerteza que nem pedem e deixam que Jesus atue de acordo com seu amor.

Cada um de nós deve fazer sua esta oração: “Jesus, aquele que tu amas estádoente disso ou daquilo. Não te peço que me cures, simplesmente te comunicoque aquele que tu amas está sofrendo.” A isso nos convidava Jesus no sermão damontanha quando nos assegurou que Deus já conhece as necessidades de seusfilhos e que, portanto, não são necessárias muitas palavras para sermosescutados, mas tudo depende da forma como rezarmos. Não se trata daquantidade de oração que façamos, mas da qualidade: orar com fé no amor misericordioso do coração de Jesus.

Oração renovada

Deus está renovando o gosto pela oração. Hoje, mais do que nunca, vemoscomo pessoas simples e sem instrução religiosa vivem uma profunda vida deoração. Aqueles que foram grandes pecadores e que não seguiram nenhum cursoou retiro de oração entram em contato profundo com Deus. Sem dúvida estamosvivendo aquilo que foi anunciado pelo profeta:

“Olhem que vêm aí dias em que suscitarei a fome e a sede sobre a terra. Nãofome de pão mas fome de escutar a Palavra de Deus” (Am 8,11).

Participei de uma semana sobre a oração, orientada por um especialista. Com

detalhes técnicos, introduzia-nos pouco a pouco no árduo caminho da oraçãoatravés do relaxamento do corpo, da respiração profunda, do esvaziamento damente e coisas semelhantes. Mas, ao terminar a semana, eu estava mais frio que ogelo. Tudo estava centrado numa técnica exterior e não no fogo do Espírito, quevem em ajuda de nossa fraqueza e nos faz orar de forma totalmente nova.

Quando os discípulos se aproximaram de Jesus para que lhes ensinasse a

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rezar, Ele não começou um curso de técnicas para que se descontraíssem ou paraque respirassem, mas simplesmente brotou de seu coração um grito de plenaconfiança em Deus: “Pai.” Não é que as técnicas não sirvam, mas nada podesuprir a ação primordial do Espírito Santo.

Eu rezava pelos enfermos e não acontecia nada. Mas no dia 18 de novembro de1973, quando rezavapor um homem que sofria de artrite e caminhava com

dificuldade, um grande calor invadiu todo o seu corpo e ele começou a chorar.

Depois, levantou-se e começou a caminhar sem nenhuma dor. Era o calor de

Jesus que o tocara e curara. Foi a primeira vez que vi uma cura durante minha

oração. Depois, desenvolveu-se em mim esse carisma de cura. Os carismas, que

são dons espirituais, da mesma forma que os dons naturais, quanto mais se usam,

mais se desenvolvem.

Enquanto não orarmos pelos doentes, não veremos as manifestações do poder de Deus nessa direção.

ConclusãoA oração é a força dos homens e a fraqueza de Deus. Tudo é possível para

aquele que crê.

Só uma coisa nos é pedida, que reconheçamos a imensa necessidade que

temos d’Ele e que tenhamos confiança. Reconhecer essa necessidade conserva-nos humildes, porque a confiança n’Ele nos levará à audácia de pedir qualquer coisa, ainda que pareça impossível ou absurda aos olhos dos homens. Creio quenisso não há técnicas. A única coisa de que precisamos é de fé no amor de Deus.

O Padre Chevrier, fundador da Comunidade del Prado, dizia o seguinte: “Oracionalismo mata o espírito do Evangelho e priva a alma do impulso quenecessita para seguir Jesus e para o imitar em sua beleza evangélica.”

Hoje, mais do que nunca, só os santos poderão regenerar o mundo e trabalhar 

de modo eficaz para a conversão dos pecadores. Peçamos ao Senhor que nos dêessa simplicidade na oração, com a confianças dos meninos, como dizia SantaTeresa do Menino Jesus: Jesus espera-nos na oração como um amigo espera seuamigo.

Oração

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 Pai bom e misericordioso, que nos chamaste à profunda intimidade contigoara participarmos de tua própria natureza divina, nós te pedimos que

derrames sobre nós um espírito de oração e de louvor, para podermos entrar em plena comunicação contigo através de teu Espírito Santo.

 A oração e a contemplação são dons gratuitos de tua magnanimidade. Dá-nos, nós te pedimos, estes dons, para que possamos orar constantemente.

Que teu Espírito Santo, Espírito de filiação, testemunhe em nós teu amor,ara que nos sintamos amados e vivamos como teus    filhos, livres do temor.umenta a nossa fé em teu amor, para que confiemos plenamente em tua

 Palavra e façamos nossas cada uma de tuas promessas.

 Aumenta nossa esperança para que estejamos seguros de que, quando todasas portas se fecharem para resolver nossos problemas, fica ainda a opção quenão consideramos, e que é a tua.

Se quiseres, podes curar-nos, purificar-nos e transformar-nos. Depende sóde tua vontade e de que tenhas misericórdia de nós. Com toda a fé, nós teritamos: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de nós; porque aquele que tu

amas está doente e precisa de ti.”

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Index

Folha de rosto 2Créditos 4

Introdução 6Como tudo começou... 9PRIMEIRA PARTE 13

VOLTA AO MUNDO SEM MALAS 14

1. A volta ao mundo sem malas 16

2. América Latina 25

Brasil 25

México 29

Chile 35

República Dominicana 37

Casa da Anunciação 40

Paraguai 46

 Nicarágua 49

3. África 53

Burkina Fasso 53

Benim 54

Mali 56

Costa do Marfim 56

 Níger 58

Congo 58

4. Europa 63

Holanda 63

Itália 65

França 69

Iugoslávia 715. Austrália 75

6. As Ilhas Remotas 79

Ilha Maurício 79

Ilha da Reunião 81

Fidji 81

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Ellice e Kiribati 82

Conclusão 85

7. Canadá 87

Conclusão 88

Segunda PARTE 90

SEMINÁRIO DE VIDA NO ESPÍRITO 91

Introdução 93

1. O amor de Deus 96

Deus toma a iniciativa 101

Amor incondicional e estável, que nada nem ninguém pode mudar 102

Plano maravilhoso para cada um 105

Oração 106

2. O pecado 109

Má notícia: não podemos salvar-nos por nós próprios 111Oração 117

3. A salvação em Cristo 119

A boa notícia 122

Vida em abundância pela ressurreição de Jesus 123

A mulher adúltera (Jo 8,3-11): paz consigo mesma 123

O rico Zaqueu (Lc 19,1-10): paz com os outros 123

O ladrão arrependido (Lc 23,39-43): paz com Deus 124

Oração 1294. Fé e conversão 131

Fé 135

Conversão 137

A fé e a conversão manifestam-se na vida, ou não existem 138

Oração 143

5. Dom do Espírito 146

Oração 151

6. A comunidade 154Oração 160

7. Ensina-nos a orar 162

Ensina-nos a orar 162

Atitudes de oração 163

O amor de Deus, chave da oração 163

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O Jordão 163

O Tabor 164

Oração e fé 164

O cajado do evangelizador 166

Oração e esperança 166

Oração e humildade 167

Oração, dom do Espírito 168

Três orações-chave 169

Oração renovada 172

Conclusão 173

Oração 173