vol.07 - previdência e estabilidade social - curso formador

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MINISTÉRIO DA PREVID˚NCIA E ASSIST˚NCIA SOCIAL SECRETARIA DE PREVID˚NCIA SOCIAL Coleçªo PrevidŒncia Social Volume 7 PrevidŒncia e Estabilidade Social Curso Formadores em PrevidŒncia Social 2“ Ediçªo Atualizada

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Concurso Inss 2015

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  • 1

    MINISTRIO DA PREVIDNCIA E ASSISTNCIA SOCIAL

    SECRETARIA DE PREVIDNCIA SOCIAL

    Coleo Previdncia Social

    Volume 7

    Previdncia e Estabilidade SocialCurso Formadores em Previdncia Social

    2 Edio Atualizada

  • 2

    ISBN 85-88219-11-5

    Brasil. Ministrio da Previdncia e Assistncia Social. Secretaria de Previdncia Social.Coleo Previdncia Social, Volume 07. Srie estudos:Previdncia e Estabilidade Social: Curso Formadores em Previdncia Social.

    Braslia, MPAS / SPS 2001. Coleo Previdncia Social. Volume 07,2 edio, Srie Estudos, 128 p

    2001 Ministrio da Previdncia e Assistncia Social

    Presidente da Repblica: Fernando Henrique CardosoMinistro da Previdncia e Assistncia Social: Roberto Lcio Rocha BrantSecretrio Executivo: Jos CechinSecretrio de Previdncia Social: Vincius Carvalho PinheiroDiretor do Depto. do Regime Geral de Previdncia Social: Geraldo Almir ArrudaDiretor do Depto. dos Regimes de Prev. no Servio Pblico: Delbio Gomes Pereira da SilvaChefe de Gabinete da Secretaria de Previdncia Social: Andra Corra BarretoCoordenador-Geral de Estudos Previdencirios: Rafael Liberal Ferreira de SantanaCoordenador-Geral de Legislao e Normas: Joo DonadonCoordenador-Geral de Servios Previdencirios: Ricardo Dinarte SandiCoordenadora-Geral de Estatstica e Aturia: Josefa Barros Cardoso de vilaNcleo de Apoio Tcnico ao Programa de Estabilidade Social: Celecino de CarvalhoFilho e Jorceli Pereira de SousaColaborao:

    Luiz Eduardo Yukio Egami: Agente Administrativo do INSS Curitiba, PRTnia Mara Villio Verzoto: Agente Administrativo do INSS Marlia, SPRenata Mello Baars Miranda: Analista de Finanas e Controle STN/MF

    Edio e distribuio:Ministrio da Previdncia e Assistncia SocialSecretaria de Previdncia SocialEsplanada dos Ministrios, Bloco F70.059-900 Braslia DFTel.: (61) 317-5014 Fax: (61) 317-5195PARSEP - Programa de Apoio Reforma dos Sistemas Estaduais de Previdncia

    Tiragem: 6.000 exemplares

    Impresso no Brasil / Printed in BrazilExemplus Comunicao & Marketing Ltda. permitida a reproduo total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte

  • 3

    SUMRIO

    Apresentao ......................................................................................................................... 07

    Mdulo I - Previdncia Social: Aspectos Gerais ........................................................ 09

    1. Importncia da Previdncia Social ............................................................................ 09

    1.1. Anseio Popular e Dever do Estado ........................................................................ 09

    1.2. Gigante Desperto ...................................................................................................... 09

    1.3. Previdncia e Combate Pobreza .......................................................................... 11

    1.4. Motor dos Municpios .............................................................................................. 13

    1.5. Ascenso Social dos Idosos ..................................................................................... 15

    1.6. Benefcios Rurais: Novo Seguro Agrcola ............................................................. 18

    1.7. Conquistas no Campo .............................................................................................. 20

    1.8. Nvel de Proteo Social no Brasil ......................................................................... 21

    1.9. Mobilizar para Desarmar a Bomba Social ............................................................. 22

    1.10. A Imagem da Previdncia Social .......................................................................... 25

    1.11. Programa de Estabilidade Social .......................................................................... 31

    1.12. Construir um Futuro Melhor ................................................................................ 32

    2. Seguridade Social ............................................................................................................ 33

    2.1. Conceitos e Princpios .............................................................................................. 33

    2.2. Financiamento da Seguridade Social ...................................................................... 35

    2.3. Conceito de Previdncia Social ............................................................................... 36

    2.4. Princpios da Previdncia Social ............................................................................. 36

    2.4.1. Princpio da Contributividade e da Universalidade da Cobertura

    e do Atendimento ....................................................................................................... 36

    2.4.2. Princpio da Obrigatoriedade ......................................................................... 36

    2.4.3. Princpio do Equilbrio Financeiro e Atuarial ............................................. 37

    2.4.4. Uniformidade e Equivalncia dos Benefcios e Servios s PopulaesRurais e Urbanas ......................................................................................................... 37

    2.4.5. Princpio da Eqidade ..................................................................................... 38

    2.4.6. Princpio da Solidariedade Intra e Inter-geracional .................................... 38

    2.4.7. Outras Caractersticas da Previdncia Social ............................................... 39

  • 4

    2.5. Formas de Organizao do Seguro Previdencirio ............................................. 39

    2.5.1. Sistema de Repartio Simples ....................................................................... 39

    2.5.2. Sistema de Capitalizao ................................................................................. 40

    2.5.3. Sistema Misto .................................................................................................... 40

    2.5.4. Capitalizao Escritural ................................................................................... 41

    2.6.Regimes de Previdncia no Brasil ........................................................................... 41

    2.6.1. RGPS x RPPS ................................................................................................... 41

    2.6.2. Previdncia Complementar ............................................................................ 42

    Mdulo II - Previdncia Social: Custeio ...................................................................... 43

    1. Segurados da Previdncia Social ................................................................................ 43

    1.1. Segurados Obrigatrios ............................................................................................ 43

    1.1.1. Empregado ......................................................................................................... 44

    1.1.2. Empregado Domstico .................................................................................... 44

    1.1.3. Trabalhador Avulso ........................................................................................... 44

    1.1.4. Contribuinte Individual .................................................................................... 44

    1.1.5. Segurado Especial ............................................................................................. 45

    1.2. Segurados Facultativos ............................................................................................. 45

    2. Filiao ............................................................................................................................... 46

    3. Inscrio ............................................................................................................................. 46

    4. A Manuteno e a Perda da Qualidade de Segurado .......................................... 46

    5. Conceito de Empresa ..................................................................................................... 47

    6. O Salrio-de-Contribuio ........................................................................................... 48

    7. Receitas da Seguridade Social Arrecadadas pela Previdncia Social ............. 48

    7.1. A Contribuio dos Empregados ........................................................................... 49

    7.2. A Contribuio dos Individuais e Facultativos ..................................................... 50

    7.3. A Contribuio das Empresas ................................................................................ 51

    8. As Renncias de Receitas ............................................................................................. 51

    9. Prazos e Formas de Recolhimento ............................................................................ 53

    10. Contribuies em Atraso ............................................................................................. 54

    10.1. Multas e Penalidades ............................................................................................... 54

    10.2. Novo Tratamento aos Devedores ........................................................................ 55

    11. A Reteno ....................................................................................................................... 55

    11.1. Dispensa de Reteno ............................................................................................ 56

    11.2. Compensao do Valor Retido ............................................................................. 56

  • 5

    12. Restituio de Contribuies .................................................................................... 56

    13. Compensao Previdenciria .................................................................................... 57

    14. Obrigaes da Empresa .............................................................................................. 57

    Mdulo III - Previdncia Social: Benefcios ............................................................... 59

    1. Introduo ......................................................................................................................... 59

    2. Dependentes do Segurado para a Previdncia Social ......................................... 59

    2.1. A Inscrio dos Dependentes ................................................................................. 60

    2.2. Casos Especiais para a Comprovao do Vnculo ............................................... 60

    2.3. Perda da Qualidade de Dependente ....................................................................... 61

    3. Carncia ............................................................................................................................. 61

    3.1. Contagem da Carncia .............................................................................................. 61

    4. O Clculo da Renda Mensal do Beneficirio ......................................................... 62

    4.1. Salrio-de-benefcio .................................................................................................. 62

    4.2. Fator Previdencirio ................................................................................................. 63

    4.2.1. O Clculo do Fator Previdencirio ................................................................. 63

    4.2.2. Regra de Transio do Fator Previdencirio ................................................. 65

    4.2.3. Bnus para Mulheres e Professores ............................................................... 66

    4.3. Reajuste da Renda Mensal do Benefcio ................................................................ 66

    5. Reciprocidade do Tempo de Contribuio ............................................................. 66

    5.1. Regras de Aplicao da Contagem Recproca ...................................................... 67

    6. Os Benefcios da Previdncia Social ......................................................................... 67

    6.1. Benefcios Previdencirios x Benefcios Acidentrios ........................................ 67

    6.2. Os Benefcios do Segurado ..................................................................................... 68

    6.2.1. Auxlio-doena ................................................................................................... 68

    6.2.2. Aposentadoria por Invalidez ........................................................................... 68

    6.2.3. Auxlio-acidente ................................................................................................. 69

    6.2.4. Aposentadoria por Idade ................................................................................. 69

    6.2.5. Aposentadoria por Tempo de Contribuio ................................................. 70

    6.2.6. Aposentadoria Especial .................................................................................... 70

    6.2.7. Salrio-maternidade ........................................................................................... 71

    6.2.8. Salrio-famlia ..................................................................................................... 71

    6.3. Benefcios para Dependentes .................................................................................. 72

    6.3.1. Penso por Morte .............................................................................................. 72

    6.3.2. Auxlio-recluso ................................................................................................. 72

  • 6

    7. Acordos Internacionais ................................................................................................. 73

    7.1. Autoridade competente no Brasil ........................................................................... 74

    7.2. Entidade gestora ........................................................................................................ 74

    7.3. Beneficirios e Servios Previstos nos Acordos Internacionais ........................ 74

    7.4. Certificado de Deslocamento Temporrio e Iseno de Contribuio ............ 75

    7.5. Como Ocorre a Concesso do Benefcio Brasileiro ............................................ 75

    7.6. Forma de Pagamento do Benefcio Brasileiro ...................................................... 75

    7.7. Transferncia de Benefcio para o Exterior .......................................................... 75

    7.8. Como Ocorre a Concesso de Benefcio Estrangeiro ........................................ 76

    7.9. Prestao de Assistncia Mdica no Exterior ....................................................... 76

    Mdulo IV - Previdncia Social: Estrutura e Funcionamento .............................. 77

    1. Estrutura da Previdncia Social .................................................................................. 77

    1.1. Ministrio da Previdncia e Assistncia Social - MPAS ...................................... 77

    1.2. Instituto Nacional do Seguro Social INSS ........................................................ 78

    1.3. Dataprev ..................................................................................................................... 80

    1.4. rgos Colegiados .................................................................................................... 81

    2. A Previdncia mais Perto do Cidado ...................................................................... 82

    2.1. Agncias da Previdncia Social ............................................................................... 83

    2.2. Ouvidoria-Geral ........................................................................................................ 84

    2.3. PREVFone ................................................................................................................ 84

    2.4. PREVMvel .............................................................................................................. 85

    2.5. PREVNet ................................................................................................................... 86

    2.6. PREVFcil ................................................................................................................. 87

    2.7. PREVCidado ........................................................................................................... 87

    Referncias Bibliogrficas ................................................................................................ 89

    Bibliografia Complementar .............................................................................................. 91

    Anexos ..................................................................................................................................... 93

  • 7

    APRESENTAO

    A Previdncia exerce um papel fundamental na manuteno da estabilidade socialdo pas. Ela o seguro do trabalhador brasileiro, garantindo a reposio da renda para oseu sustento e de sua famlia no caso de idade avanada ou de incapacidade para otrabalho em decorrncia de doena, invalidez, maternidade, acidente ou morte.

    Entretanto, muitos trabalhadores ainda no possuem esta proteo social. Dadosda Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios PNAD, de 1999, mostram que decada 10 pessoas que esto exercendo alguma atividade laboral, somente 4 esto filiadas Previdncia. No total, so 40,2 milhes de desprotegidos. Trata-se de uma verdadeirabomba social que ir explodir nas mos das futuras geraes. Caso no consigam meiosde prover o seu sustento, os trabalhadores que hoje no esto filiados Previdncianecessitaro futuramente do amparo social do Estado ou de suas famlias, onerando asprximas geraes.

    parte as razes relacionadas com o nvel de renda do trabalhador e a estruturado mercado de trabalho, o problema da cobertura do sistema previdencirio explicado,principalmente, pelo baixo grau de informao e conscientizao sobre a importncia daPrevidncia.

    Para equacionar este problema, o Ministrio da Previdncia e Assistncia Socialcriou, em 15 de fevereiro de 2000, o Programa de Estabilidade Social, com o objetivo deconscientizar a populao em relao importncia social da Previdncia, de modo aestimular o aumento das inscries no sistema. O Programa executado de formadescentralizada e por meio de parcerias com instituies da sociedade civil para realizaode atividades educativas junto aos setores mais desprotegidos. Durante a sua existncia,j foram contabilizadas 2,8 milhes de novas inscries, sendo 1,8 milho em 2000 e1 milho em 2001 (at o ms de julho).

    Entre as atividades do Programa, esto sendo realizados em todo pas os cursosFormadores em Previdncia Social, onde representantes da sociedade civil tm acessoa informaes sobre o funcionamento e a importncia da Previdncia.

    Este documento foi desenvolvido, especialmente, para os cursos Formadores. Omaterial divide-se em quatro mdulos. A primeira parte traz as evidncias da importnciada Previdncia Social brasileira, bem como seus conceitos e princpios. Incorpora, ainda,uma pesquisa realizada a pedido do Ministrio da Previdncia e Assistncia Social, emque se evidencia um grande desconhecimento do que seja a Previdncia por parte dosentrevistados. Muitos deles no sabem dizer o que seja Previdncia Social e confundem

  • 8

    suas atividades e servios com aqueles oferecidos pela rede pblica de sade. No segundomdulo apresentado, de forma didtica, o plano de custeio do sistema. O terceiromdulo trata do plano de benefcios oferecidos e suas caractersticas. Por fim, soapresentados a estrutura da Previdncia Social e os seus servios.

    Ao final do curso, os treinados estaro habilitados a atuar junto ao seu entornosocial e profissional, familiarizando a comunidade sobre os conceitos e o funcionamentoda Previdncia e orientando os cidados sobre os procedimentos de inscrio no sistema,de forma a contribuir para desarmar a bomba social.

    ROBERTO BRANTMinistro de Estado da Previdncia e Assistncia Social

    Braslia, setembro de 2001

  • 9

    MDULO I PREVIDNCIA SOCIAL:ASPECTOS GERAIS

    1. IMPORTNCIA DA PREVIDNCIA SOCIAL

    1.1. Anseio Popular e Dever do Estado

    Como viver inclui alguns perigos, as incertezas sobre o amanh esto sempre aatormentar os trabalhadores. Ningum em s conscincia deseja ver a famlia passar pornecessidades, sem um mnimo de conforto material. Medo de acidentes ou doenas quelevem morte ou invalidez. Tudo isso torna o cotidiano do trabalhador ainda maisangustiante. A rigor, para o cidado desprotegido, fatos naturais como envelhecer e atter um filho se configuram como uma aventura bem mais arriscada do que o desejvel.Para evitar o pior, no entanto, no basta apenas querer o melhor. preciso tambm seprevenir.

    fundamental assumir alguns cuidados durante o perodo mais produtivo davida para amenizar as adversidades inesperadas e assegurar uma velhice digna.

    Segurana e tranqilidade so anseios da maioria da populao. E proteger ocidado, uma obrigao do Estado. Ciente do seu dever, o Estado oferece uma rede deseguridade, onde se destaca a Previdncia Social.

    Contribuir para Previdncia se resguardar no presente e preparar o futuro comesforo prprio. O seguro previdencirio garante uma forma de substituio de salriopara quem adota, com antecedncia, a medida de contribuir para o sistema. Isso mantmo cidado com capacidade de consumo ao longo da vida, mesmo que ocorram problemasque o impeam de trabalhar.

    Esto previstos na Previdncia Social benefcios em casos de acidentes (inclusivede trabalho), de doenas, de morte ou invalidez. H ainda os amparos maternidade eaos dependentes do segurado recluso, alm das aposentadorias por idade ou tempo decontribuio.

    1.2. Gigante Desperto

    Hoje, a Previdncia Social paga benefcios a 20 milhes de pessoas por ms. Ototal de beneficirios diretos da Previdncia corresponde populao do Chile e doUruguai somadas.

  • 10

    Estima-se que a Previdncia Social, indiretamente, beneficie cerca de 70 milhesde pessoas, algo em torno de 41,3% da populao brasileira. Isso significa que, alm doprprio beneficirio, existem, em mdia, outras 2,5 pessoas por famlia vivendo com osrecursos da Previdncia.

    Por ano, a conta da Previdncia Social soma mais de R$ 66 bilhes. Esse valorrepresenta 6% das riquezas do pas, isto , do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.No Nordeste, as transferncias da Previdncia ultrapassam 9% do PIB da regio, sendoque, em alguns estados, este valor chega a 14% do PIB.

    Grfico 1 Relao (%) entre o Valor dos BenefciosPrevidencirios e o PIB Regional

    5,5% 5,4%

    3,1%

    8,1%

    5,0%5,4%

    2,6%

    5,2%

    3,6%

    8,4%

    5,0%

    2,3%

    3,9%

    9,1%

    6,1%5,5%

    2,6%

    6,0%

    0%

    2%

    4%

    6%

    8%

    10%

    N orte N ordes te Sudes te Su l C entro-

    Oes te

    Tota l

    1996 1997 1998

    Fonte: MPAS e IBGEElaborao: Secretaria de Previdncia Social/MPAS

    Trata-se, portanto, de uma estrutura gigante, mas em nada adormecida e queprecisa crescer ainda mais, como se ver adiante, para o bem-estar social.

    O sistema paga os benefcios, impreterivelmente, at o dcimo dia til do ms. Eno h intermedirios. O dinheiro sai dos cofres pblicos e segue diretamente para aconta de pensionistas e aposentados. Isso evita, entre outras distores, o uso poltico eo desvio de verbas.

    Mdulo I - Previdncia Social: Aspectos Gerais

  • 11

    1.3. Previdncia e Combate Pobreza

    A reduo dos nveis de pobreza durante a dcada de 90 ocorreu,fundamentalmente, a partir da combinao da estabilizao econmica com o aumentodas transferncias de recursos da Previdncia Social.

    Para se demonstrar o efeito da Previdncia sobre a reduo da pobreza, a equipeda Diretoria de Estudos Sociais DISOC, do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada- IPEA, simulou qual seria o nvel atual de pobreza no Pas, e como foi a evoluo deste,caso no existisse a Previdncia. De acordo com os resultados apresentados na tabela 1e grfico 2, em 1999, excluindo-se as transferncias feitas por meio do sistemaprevidencirio, o percentual de pobres aumentaria dos atuais 34% para 45,3%. Atualmente,o gasto previdencirio responsvel pela diminuio de 11,3 pontos percentuais nonvel de pobreza, o que significa que se no houvesse a Previdncia, teramos mais 18,1milhes de pessoas vivendo em condies miserveis, o que demonstra que essa polticapblica representa um dos pilares da estabilidade social do Pas.

    Mdulo I - Previdncia Social: Aspectos Gerais

    Tabela 1 Previdncia e Pobreza no Brasil 1999

    Descrio

    Populao Total

    N de Pobres Observado (a)

    N de Pobres se no houvessePrevidncia (b)

    (b) (a)

    Quantidade dePessoas - 1999

    160.336.471

    54.514.400

    72.632.421

    18.118.021

    % sobre Total

    100,0

    34,0

    45,3

    11,3

    Fonte: PNAD 1999Elaborao: DISOC/IPEA; SPS/MPASObs: Linha de Pobreza = R$98,00

  • 12

    Mdulo I - Previdncia Social: Aspectos Gerais

    Grfico 2: Previdncia e Pobreza no Brasil (1988 a 1999)

    42,3

    47,9

    40,0

    46,1

    40,7

    46,4

    40,8

    50,1

    41,7

    51,2

    33,9

    43,7

    33,5

    43,2

    33,9

    43,8

    32,7

    43,5

    34,0

    45,3

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    % D

    E P

    OB

    RE

    S

    1988 1989 1990 1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999

    LlNHA DE POBREZA OBSERVADA LINHA DE POBREZA EXCLUINDO PREVIDNCIA

    O papel da Previdncia Social na reduo da pobreza, atravs das transfernciasde recursos fundamental para o Pas. Mas, como ser visto mais adiante, existe umgrande nmero de pessoas que no esto filiadas Previdncia, constituindo-se em umaverdadeira bomba social que ir estourar nas mos das prximas geraes caso nosejam incorporadas ao sistema.

    Fonte: PNAD 1992 a 1999Nota: A PNAD no foi a campo nos anos de 1991 e 1994.Elaborao: DISOC/IPEA; SPS/MPASObs: Linha de Pobreza = R$98,00

  • 13

    Mdulo I - Previdncia Social: Aspectos Gerais

    1.4. Motor dos Municpios

    A Previdncia Social no faz somente com que a vida do trabalhador fique menosvulnervel aos infortnios que rondam a atividade produtiva. Vai alm: as aposentadoriase penses fincam um dos principais pilares da estabilidade social do Pas.

    O sistema desempenha o papel de motor da economia na maioria das cidades doBrasil. Em 61% dos municpios, as transferncias de recursos da Previdncia Socialsuperam os repasses do Fundo de Participao dos Municpios (FPM). Mais de 80% dosmunicpios do Esprito Santo, Rio de Janeiro e Pernambuco se incluem nesta situao(tabela 2). Nesses estados, de cada dez municpios, ao menos oito recebem mais dinheiroda Previdncia do que do FPM. Isto verdade tanto para as regies mais ricas quantopara aquelas com menor nvel de renda. Em So Paulo, so 74,1% de municpios em queas transferncias previdencirias so maiores do que o FPM e, no Maranho, 50,7%.

    Isso tudo indica que a economia dos municpios estaria mais emperrada, nofosse a presena da Previdncia Social a injetar recursos por meio dos benefciosprevidencirios. Em algumas localidades, o comrcio s aceita vender fiado s pessoasque apresentem o seu comprovante de aposentadoria.

    H ainda uma particularidade da qual poucos tm conhecimento: em mais de90% dos municpios brasileiros o pagamento de benefcios previdencirios superior arrecadao da Previdncia no prprio municpio, o que nos remete evidente conclusode que a capacidade distributiva da Seguridade Social se verifica ainda mais acentuada,ou seja, a Previdncia Social apia as camadas mais desfavorecidas da populao.

  • 14

    Tabela 2 Total de Municpios em que os Benefcios superam oFundo de Participao dos Municpios (FPM), por Estado - 1998

    ESTADO

    ACREALAGOASAMAZONASAMAPBAHIACEARDISTR. FEDERALESPRITO SANTOGOISMARANHOMINAS GERAISMATO G. SULMATO GROSSOPARPARABAPERNAMBUCOPIAUPARANRIO DE JANEIRORIO G. NORTERIO G. SULRONDNIARORAIMASANTA CATARINASERGIPESO PAULOTOCANTINSTOTAL

    Total deMunicpios

    Pesquisados (a)2210262164151841772422178537712614322318422139991166467521529375645139

    5.507

    Total deMunicpios com

    Benefcios > FPM (b)1058192

    27811406410011052738447014015011228975102279154

    2044547832

    3.359

    % (b/a)

    45,45%56,86%30,65%12,50%66,99%61,96%0,00%83,12%41,32%50,69%61,78%49,35%34,92%48,95%62,78%81,52%50,68%72,43%82,42%61,45%59,74%28,85%26,67%69,62%60,00%74,11%23,02%61,00%

    Fonte: Slon, lvaro.; A Previdncia Social e a Economia dos Municpios. Braslia: ANFIP, 2000.2 Edio atualizada.

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  • 15

    De fato, quanto menor a renda familiar, maior a importncia da Previdncia Social.Prova disso que 100% das famlias da rea rural da regio Sul, com renda de at umsalrio mnimo, vivem exclusivamente dos benefcios previdencirios. O percentual giraem torno de 90% quando as famlias sobrevivem com renda de um a dois salrios mnimos.E cai para 10,3% nas que dispem de mais dez salrios mnimos (tabela 3).

    Tabela 3 Composio da Renda Domiciliar por Faixade Salrio Mnimo - Setor Rural da Regio Sul, 1997

    RendaDomiciliar

    de 0,01 a 1 s.m.de 1,01 a 2 s.m.de 2,01 a 3 s.m.de 3,01 a 5 s.m.de 5,01 a 10 s.m.mais de 10 s.m.Total

    % de domiclios

    11,024,120,823,115,75,3

    100,0

    Benefciosprevidencirios (%)

    100,090,069,248,530,810,341,5

    Renda da ocupaoprincipal (%)

    0,08,225,944,761,381,752,0

    Origem da Renda

    Fonte: Pesquisa de Avaliao Socioeconmica e Regional da Previdncia Rural - Fase II.Elaborao: IPEA.

    1.5. Ascenso Social dos Idosos

    A Previdncia Social a principal responsvel pela estabilidade social no Brasil,pois protege elevada parcela da populao idosa e, conseqentemente, suas famlias. Osidosos formam o grupo mais forte dentro do sistema. Cerca de 70% da populaobrasileira com idade superior a 60 anos recebe algum benefcio previdencirio(grfico 3). medida que a populao envelhece, aumenta esta relao: 82% dos maioresde 70 anos so beneficirios.

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  • 16

    Grfico 3 Beneficirios e Contribuintes em Relao PopulaoTotal por Faixa de Idade 1999

    0,4 2,5 0,8

    27,8

    1,1

    33,2

    1,5

    33,4

    2,2

    33,5

    4,2

    32,4

    8,9

    28,6

    14,3

    23,3

    25,9

    17,5

    46,8

    62,9

    82,1

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    (%)

    At

    19

    20 a

    24

    25 a

    29

    30 a

    34

    35 a

    39

    40 a

    44

    45 a

    49

    50 a

    54

    55 a

    59

    60 a

    64

    65 a

    69

    70 e

    +

    Beneficirios / Pop. Total Contribuintes / Pop. Total

    Mdia 29 ,9

    Mdia 66 .1

    Fonte: AEPS 99/MPAS e PNAD99Elaborao: Secretaria de Previdncia Social/MPASObs: Os dados de beneficirios no inclui pensionistas em razo da indisponibilidade destes dados por idade.Logo, os valores esto subestimados.

    Esse amparo da Previdncia Social aos mais velhos faz com que os idosos doBrasil, ao contrrio do que se observa em outros pases latino-americanos, possuamuma situao socioeconmica melhor do que os mais jovens. Tanto que as famlias comidosos possuem, em mdia, renda per capita 15% maior do que as famlias sem a presenade idosos (tabela 4). Decorre da, tambm, o fato de o idoso se constituir no principalfiador do ncleo familiar, responsvel por 67% dos rendimentos dos domiclios, sendoa maior parte de sua renda proveniente da Previdncia Social (tabelas 5 e 6).

    Tabela 4 Famlias com Idosos x Famlias sem Idosos 1998

    Composio percentual (%)Renda mdia per capita (R$)Idade mdia do chefe (anos)Nmero de pessoas que trabalham

    COM IDOSOS23,3

    352,7966

    1,55

    SEM IDOSOS76,7

    307,2039

    1,60

    Fonte: IBGE, PNAD-1998Elaborao: IPEAIdosos: Populao com mais de 60 anos

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  • 17

    Tabela 5 Participao dos Rendimentos dos Idosos na RendaTotal de suas Famlias 1998

    Famlias com algum idoso Famlias com chefe idoso

    URBANO64,973,5

    RURAL74,881,7

    TOTAL66,975,2

    Fonte: IBGE, PNAD-98Elaborao: IPEAIdosos: Populao com mais de 60 anos

    Tabela 6 Fontes dos Rendimentos dos Idosos - 1998

    PrevidnciaAposentadoriaPenso

    TrabalhoOutrosTotal

    Homem60,359,01,329,310,4100,0

    Mulher79,344,434,910,99,8

    100,0

    Fonte: IBGE, PNAD-98Elaborao: IPEAIdosos: Populao com mais de 60 anos

    Homem55,454,51,040,14,5

    100,0

    Mulher87,469,817,69,33,2

    100,0

    URBANO RURAL

    %

    %

    Isso explica em grande parte um fenmeno que marca atualmente o interior dopas: a ascenso social dos idosos. Os comerciantes locais disputam os clientes da terceiraidade. E no para menos. Em boa parte das famlias brasileiras, o dinheiro est nasmos dos mais velhos.

    No interior, contar hoje com um aposentado ou pensionista na famlia faz a maiordiferena. Significa a oportunidade de um cotidiano menos precrio para muita gente,visto que o seguro previdencirio sustenta no s os beneficirios, mas todo o complexosocial ao redor deles.

    Na rea rural vivem aproximadamente 6,6 milhes de pensionistas e aposentados,e que sustentam quase 20 milhes de pessoas. O gasto total da Previdncia Social comseguro rural fica acima de R$ 14 bilhes.

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  • 18

    Ao agir, ainda que indiretamente, no combate pobreza e na sustentao dosrendimentos dos mais carentes, a Previdncia Social vem ganhando contornos de umimenso programa de renda mnima desde a dcada passada.

    Nesse drama da vida real, os atores principais so os idosos, e o cenrio, as pequenascidades do pas. As razes e os desdobramentos dessa tomada de direo vm a seguir.

    1.6. Benefcios Rurais: Novo Seguro Agrcola

    A Constituio de 1988 ampliou bastante a cobertura da Previdncia Social. Noincio da dcada de 90, foram concedidos benefcios com pouca, ou mesmo nenhuma,contrapartida contributiva.

    Houve, na ocasio, um corre-corre no interior do pas em busca de benefciosprevidencirios. No frenesi, acabou incorporada estrutura, com direito a um salriomnimo, uma verdadeira multido de trabalhadores rurais que viviam em regime deeconomia familiar e que nada ou pouco contriburam para o sistema.

    Devido s mudanas constitucionais, em pouco mais de uma dcada, o total debenefcios pagos se expandiu 72,4%: cresceu de 11,6 milhes em 1988 para 20 milhesem 2001. No meio rural, a expanso foi de 65%, passando de 4,0 milhes para 6,6milhes. Esta expanso foi fortemente influenciada pelos efeitos da regulamentao dasnormas constitucionais em 1991. Tanto que, de 1991 para 1992, o crescimento nomontante de benefcios desembolsados pela Previdncia atingiu 22,1%.

    A quantidade de benefcios urbanos pagos pela Previdncia Social aumentou de7,6 milhes para 13,3 milhes no perodo de 1988 a 2001, um incremento, portanto, de75%. Esta elevao est diluda ao longo de todos os anos, ou seja, a Constituio de1988 no foi a sua principal causa, como ocorreu na rea rural.

    Como mais de 71% das cerca de 5,7 milhes de aposentadorias por idadedesembolsadas por ms no pas destinam-se a trabalhadores rurais, foi no campo que asalteraes na Previdncia se refletiram de maneira mais ntida e positiva. Os trabalhadoresrurais, explorados durante dcadas nas fazendas com ganhos mensais muitas vezes emtorno de R$ 50,00, tm sua renda mais que triplicada quando passam a receber o salriomnimo da aposentadoria.

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  • 19

    Grfico 4 Evoluo da Quantidade de Benefcios Rurais eUrbanos pagos pela Previdncia Social 1988 a 2000

    13,313,112,612,1

    11,610,7

    9,99,48,88,78,58,17,97,6

    6,66,56,36,15,95,85,85,85,45,04,14,34,24,0

    19,919,618,8

    18,217,516,5

    15,715,2

    14,213,712,612,512,1

    11,6

    -

    5

    10

    15

    20

    25

    1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001*

    Qua

    ntid

    ade

    (em

    milh

    es)

    Urbana Rural Total

    Fonte: Suplemento Histrico, AEPS e Boletim Estatstico de Previdncia Social.Elaborao: Secretaria de Previdncia Social/MPAS* Posio em julho

    De fato, desde ento, esto em curso transformaes significativas nas pequenascomunidades do interior do Brasil. Alguns efeitos tm chamado repetidamente a atenoda opinio pblica: os benefcios previdencirios pagos auxiliam as famlias do interiordo Brasil que vivem em economia de subsistncia e, tambm, dinamizam o comrciolocal. Isso reduz a migrao das reas rurais para as grandes cidades, fixando o homemno campo.

    O resultado, to positivo quanto inusitado, foi apontado numa pesquisa em seismil domiclios nas regies Nordeste e Sul realizada pelo Instituto de Pesquisa EconmicaAplicada (IPEA), em 1997.

    De acordo com o levantamento, as aposentadorias e penses abrangem 71,2% dototal de rendimentos das famlias que vivem no campo no Nordeste e 41,5% no Sul.Destes percentuais, 43% dos entrevistados esto frente de um estabelecimento ruralativo no Nordeste contra 48% no Sul. E a agricultura a atividade predominante em85% dos domiclios consultados no Nordeste, enquanto no Sul a taxa de 72%.

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  • 20

    O estudo revelou ainda que 44,7% das famlias responsveis por estabelecimentorural no Nordeste e 51,5% no Sul utilizam o dinheiro do benefcio na manuteno ecusteio de atividades produtivas. Logo, na prtica, a renda mnima da Previdncia garanteno s o indispensvel para o dia-a-dia, como permite at financiar uma pequena produo,como uma espcie de seguro agrcola.

    A regularidade e a segurana tpicas dos pagamentos previdencirios, em sntese,esto ajudando no financiamento da produo de pequenos excedentes na rea rural,aquecendo o comrcio nos menores centros urbanos.

    1.7. Conquistas no Campo

    De maneira geral, a melhoria na qualidade de vida de quem mora no campo estrelacionada expanso da Previdncia Social.

    Dados do IPEA apurados no meio rural das regies Sul e Nordeste entre pessoasque declararam ter mudado de imvel depois que se tornaram beneficirios da Previdncia so surpreendentes e reforam essa constatao.

    Primeiro, as novas instalaes aumentaram: o nmero daquelas com trs cmodossubiu de 88,5% para 92%. Ocorreu tambm um decrscimo de 11,4% para 2,7% novolume de domiclios sem instalaes sanitrias. Na passagem da antiga para a novaresidncia, 79% dos domiclios ficaram ligados rede de gua do municpio. Antes, eram43,3% as casas que contavam com este servio.

    Os domiclios abastecidos com luz nos estados do Sul subiram de 72,6% para96,1%. Por conseqncia, o uso do querosene para iluminao caiu de 20,7% para 2,7%.Enquanto se encontrava um telefone em 5,3% das moradias antigas, 14,2% das novascasas da regio passaram a possuir um aparelho.

    Os indicadores positivos avolumam-se em profuso: na rea rural pesquisada naregio Sul, o nmero de foges a gs cresceu de 72,1% para 93,5%. J as residncias comgeladeiras pularam de 57,3% para 80,3%. Por sua vez, aquelas com televiso saltaram de54,5% para 78,3%.

    Talvez s quem j encarou o sufoco de no ter gua encanada, nem luz eltrica,tampouco fogo a gs, geladeira ou at mesmo televiso consiga dar a medida exatadesses avanos.

    Mas essas conquistas esto ameaadas de se converter em pgina virada da histriacaso no haja uma conscientizao nacional da necessidade de se aumentar a coberturaprevidenciria no Brasil.

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  • 21

    1.8. Nvel de Proteo Social no Brasil

    Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD/1999), doIBGE, no setor privado existem 40,2 milhes de pessoas que no mantm vnculo coma Previdncia Social. Isto representa 60% da populao ocupada. Quer dizer, de cadadez trabalhadores na rea privada, apenas quatro esto protegidos pela Previdncia.

    Tabela 7 Nvel de Proteo Social dos TrabalhadoresOcupados no Setor Privado 1999

    Posio na Ocupao

    EmpregadosTrabalhador domsticoPor conta-prpriaEmpregadorNo remunerados*TOTAL

    Contribuintes(a)

    20.756.4191.445.3312.642.0521.759.273117.815

    26.720.890

    No Contribuintes(b)

    11.315.0803.888.94913.971.1201.162.3219.878.55640.216.026

    % de proteosocial (a) / (c)

    64,727,115,960,21,2

    39,9

    Fonte: PNAD/99 IBGEElaborao: Secretaria de Previdncia Social/MPAS*Inclui trabalhadores na produo e construo para consumo prprio.

    A desproteo maior entre os trabalhadores por conta-prpria, dos quais apenas15,9% contribuem para a Previdncia Social. O nvel de proteo social dos trabalhadoresdomsticos tambm bastante reduzido, alcanando somente 27,1%.

    So os empregados e os empregadores que tm maior garantia quanto ao futuro:acima de 60% destes trabalhadores contribuem para a Previdncia Social.

    O principal elemento que explica a no contribuio a insuficincia de renda.De acordo com a PNAD 99, 25% dos no-contribuintes so pessoas que, embora estejamocupadas, no recebem nenhum rendimento e no tm recursos para destinar a umseguro social. Alm dos sem rendimento, h ainda outros 24,4% que no contribuemporque recebem como remunerao menos de um salrio mnimo. Depreende-se quecerca de 49,4% do contingente de no-contribuintes, o que significa 19,8 milhes depessoas, no contribuem simplesmente porque no tm recursos. Estes so os potenciaisbeneficirios de programas de assistncia social focalizados no combate pobreza. Aincluso deste contingente no sistema previdencirio depende fundamentalmente docrescimento econmico, com gerao de empregos formalizados.

    Mdulo I - Previdncia Social: Aspectos Gerais

    Total(c=a+b)

    32.071.4995.334.28016.613.1722.921.5949.996.371

    66.936.916

  • 22

    importante isolar tambm o contingente de trabalhadores que no contribuiem razo da condio de trabalho precoce, j que a legislao brasileira autoriza o trabalho,e portanto a filiao Previdncia Social, somente a partir dos 16 anos como trabalhador1.Cerca de 6% de trabalhadores no contribuintes esto na faixa de 10 a 15 anos,configurando-se um problema para programas de erradicao do trabalho infantil. Almdisso, h cerca de 9% da populao de no-contribuintes com mais de 60 anos. Nestafaixa etria, cerca de 82% da populao ocupada no contribui e muito difcil quevenha a contribuir dada a dificuldade para a populao idosa de preencher as condiesde elegibilidade relacionadas com a carncia e o tempo mnimo de contribuio.

    Um fato que no pode ser esquecido que entre os empregados e os trabalhadoresdomsticos existe um elevado nmero de trabalhadores sem carteira assinada, 38% e76%, respectivamente. Estas pessoas no possuem qualquer vnculo com a PrevidnciaSocial, trabalham na ilegalidade, em seu prprio Pas. A ilegalidade um dado negativosob todos os aspectos da cidadania, do respeito ao contrato social, da relao entre osetor privado e o Estado.

    No futuro, caso no tenha acumulado renda suficiente, o contingente de pessoasque trabalha na ilegalidade e no contribui para a Previdncia viver s custas da famliaou depender de benefcios assistenciais, onerando toda a sociedade.

    1.9. Mobilizar para Desarmar a Bomba Social

    O sistema previdencirio envolve uma enorme massa de recursos e de obrigaes.Para que ele se perpetue, necessrio que cada participante contribua com uma parcelada renda no decorrer da vida ativa.

    Caso o cidado receba uma aposentadoria sem ter, em algum momento, contribudopara ela, o sistema como um todo arcar com a conta desse benefcio, na medida em queos recursos tero que ser retirados de outros contribuintes.

    O expressivo aumento na concesso de benefcios para idosos a partir daConstituio de 88 no foi acompanhado por uma expanso do ingresso de trabalhadoresativos na Previdncia Social.

    Pode-se argumentar apressadamente que ningum vive de amanh. Contudo,ainda no se conheceu indivduo que esteja absolutamente imune a acidentes, a doenasou at morte precoce. Assim, mesmo no presente, o trabalhador que no estiver

    1 Em 1998, a legislao previdenciria foi modificada, elevando a idade mnima de filiao de 14 para 16 anos. Porm, pessoascom 14 anos que se filiaram antes da modificao legal completaram 15 anos em 1999 e por isso esto sendo consideradas naanlise.

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  • 23

    resguardado pela Previdncia corre o risco de - ao perder a capacidade de trabalho,temporria ou permanentemente, devido a doenas e a acidentes - colocar a si e a famlianuma situao vulnervel.

    Ningum sadio quer isso, certo, mas as infelicidades ocorrem tambm reveliados desejos humanos. E quem abre mo da proteo previdenciria no possui garantiasde reposio de renda para uma sobrevida com dignidade.

    O quadro ainda mais sombrio para a trabalhadora gestante. Sem o salrio-maternidade, como ela vai se manter aps o nascimento do beb? A filiao Previdncia, em grande parte, a garantia de que os filhos recm-nascidos tero a ateno de suasmes nesse momento to importante de seus ciclos vitais.

    Ao projetar essas dificuldades para o futuro, o cenrio tende a se agravar aindamais. O problema transborda a clula familiar e se derrama por toda a sociedade. Umadas variveis que estimula a preocupao o acelerado envelhecimento populacionaldecorrente do aumento da longevidade e da diminuio da taxas de fecundidade.

    A elevao da longevidade significa que as pessoas esto vivendo cada vez mais.Isto pode ser comprovado pela expectativa de vida do brasileiro, que era de 42 anos nadcada de 40, passando para 68 anos em 2000. A despeito deste extraordinrio avanosocial, a expectativa de vida no Brasil ainda fortemente influenciada pelas elevadastaxas de mortalidade infantil. Desconsiderando o efeito da mortalidade infantil o queremete ao conceito de expectativa de sobrevida a longevidade ainda maior. Por exemplo,uma pessoa que j atingiu 55 anos tem uma expectativa de sobrevida de 21,3 anos, isto ,possivelmente viver at os 76,3 anos (55 anos + 21,3 anos).

    A taxa de fecundidade indica o nmero mdio de filhos que uma mulher em idadefrtil possui. Em 1960, cada mulher tinha, em mdia, 6,2 filhos. Esse indicador caiu para2,23 em 1999, 2,2 em 2000 e com a estimativa de 2,18 no ano de 2001.

    A combinao do aumento da longevidade com a reduo da fecundidade fezcom que a parcela da populao brasileira com mais de 60 anos passasse de 4% para 8%,no perodo de 1940 a 1996, com previso de alcanar 15% em 2020.

    O processo de envelhecimento populacional traz consigo a deteriorao progressivada relao entre a populao idosa (com mais de 60 anos) e a populao entre 15 e 59anos. Nos ltimos 40 anos esse indicador apresentou um crescimento de 3,5 pontospercentuais. Para os prximos 20 anos a expectativa por um incremento de 8%. Apopulao com mais de 60 anos esperada, ento, ser equivalente a 20,3% da populaoentre 14 e 59 anos. Hoje essa proporo est em 12,5% (grfico 5).

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  • 24

    Grfico 5 Evoluo da Razo de Dependncia da PopulaoIdosa Brasileira (60 anos ou mais / 15-59 anos) -1960 a 2020

    9,0% 9,6%10,9% 11,3%

    12,5%

    14,9%

    20,3%

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020

    Fonte: IBGE. Diretoria de Pesquisa. Departamento de Populao e Indicadores Sociais.Elaborao: Secretaria de Previdncia Social/MPAS

    Alm dos aspectos demogrficos, as mudanas no mercado de trabalho tambmesto intimamente relacionadas com a Previdncia Social. O grau de informalizao dasrelaes de trabalho vm se mostrando um fenmeno duradouro nos ltimos anos. Huma tendncia de aumento da participao de trabalhadores por conta-prpria eempregados sem carteira assinada e uma trajetria de reduo da participao detrabalhadores com carteira no universo de trabalhadores ocupados, como mostra o grfico6. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, no total dos ocupados, ostrabalhadores com carteira assinada tiveram sua participao percentual reduzida de 53,7%,em 1991, para 43,6% em 2000. J os trabalhadores sem carteira assinada passaram de20,8%, em 1991, para 27,5% em 2000, e os trabalhadores por conta prpria de 20,1%,em 1991, para 23,3% em 2000.

    Ressalte-se que o contingente de trabalhadores sem carteira e por conta-prpriapassaram, ao longo da ltima dcada, por um processo de flexibilizao das relaes detrabalho, a partir da reestruturao produtiva das empresas. Trata-se de um fenmenoestrutural de mudanas no mercado de trabalho, que tem exigido o redesenho das polticassociais em todo o mundo.

    Se no for articulada, rapidamente, uma ampla mobilizao social para aumentara cobertura previdenciria nos prximos anos, a bomba social ter tudo para explodir.

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  • 25

    Grfico 6 Participao dos Trabalhadores Com Carteira, SemCarteira, por Conta Prpria e Empregadores no Total de Pessoas

    Ocupadas (Mdia Anual, em %) 1991 a 2000

    53,7 51,4 50,5 49,3 48,4 46,7 46,4 45,9 44,5 43,6

    20,8 22,2 23,1 23,7 24,1 24,8 24,8 25,4 26,4 27,5

    20,1 21,0 21,1 21,8 22,0 22,8 23,3 23,2 23,6 23,3

    4,4 4,4 4,3 4,2 4,5 4,6 4,5 4,5 4,6 4,5

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

    % d

    a po

    pula

    o

    ocup

    ada

    Empregados c/ carteira assinada Empregados s/ carteira assinadaConta-prpria Empregador

    Fonte: Pesquisa Mensal de Emprego PME/IBGEElaborao: Secretaria de Previdncia Social/MPAS

    Mantida a tendncia atual, os idosos de amanh no sero somente muito maisnumerosos. Sem a substituio da renda que recebiam enquanto ativos, via PrevidnciaSocial, eles ficaro aprisionados no limbo social, sem desfrutar da melhor condio socialadquirida, por no estarem protegidos pela Previdncia. Isto mais importante aindapara os grupos sociais de mais baixa renda e especialmente no interior do pas, onde ossegmentos protegidos pela Previdncia Social, mais do que respeitados, so disputadospela sua invejvel condio de independncia e estabilidade.

    1.10. A Imagem da Previdncia Social

    O Ministrio da Previdncia e Assistncia Social MPAS encomendou umapesquisa de opinio ao Instituto de Pesquisa e Anlise Social e Econmica Ltda P&Acom o intuito de captar a imagem da Previdncia Social junto aos trabalhadores brasileiros.O questionrio foi aplicado a 3.066 trabalhadores filiados e no filiados ao INSS, entreos dias 21 de dezembro de 2000 e 15 de janeiro de 2001.

    Dentre os diversos resultados da pesquisa, dois aspectos merecem destaqueespecial: (i) o elevado desconhecimento acerca dos motivos para a existncia do INSSou sobre o que a Previdncia Social e (ii) a associao entre a imagem da Previdncia eos servios de sade.

    Mdulo I - Previdncia Social: Aspectos Gerais

  • 26

    De acordo com o grfico 7, o conceito de Previdncia Social no claro para osentrevistados. Do total, 66% no sabem o que Previdncia Social e 11,7% associamPrevidncia com plano de sade do governo. Somente 18% associam a PrevidnciaSocial aposentadoria.

    1,1

    2,3

    2,9

    3,4

    3,7

    11,7

    18,0

    66,0

    - 10 20 30 40 50 60 70

    %

    um seguro de vida/Serve para recensear a populao

    uma contribuio/poupana feita pelo trabalhador para garantir o futuro

    rgo que d benefcios ao trabalhador

    Mesma coisa que INSS/Est associado ao INSS

    rgo que cuida do social/D assistncia s pessoas carentes/D emprego

    Plano de assistncia mdica do governo para a populao

    rgo que cuida da seguridade social, da aposentadoria do trabalhador

    No sei

    Grfico 7 O que Previdncia Social?

    Fonte: Instituto de Pesquisa e Anlise Social e Econmica Ltda - P&AElaborao: Secretaria de Previdncia Social/MPASObs. A pesquisa foi realizada com 3.066 entrevistados, filiados e no filiados ao INSS, entre os dias 21 de dezembro de 2000e 15 de janeiro de 2001.Obs2. No caso de soma de percentuais superior a 100%, existiram respostas mltiplas.

    Quando a pergunta refere-se aos motivos de existncia do INSS, 54,5% destacamo carter de recolhimento de contribuio para aposentadoria e penso. Vale destacarque 30,6% acreditam que o INSS existe para promover o atendimento sade das pessoas.E uma parcela extremamente significativa, da ordem de 22,4%, no sabe o porqu daexistncia do INSS (grfico 8).

    Mdulo I - Previdncia Social: Aspectos Gerais

  • 27

    2,6

    4,6

    6,0

    7,1

    7,5

    22,4

    30,6

    54,5

    - 10 20 30 40 50

    %

    Outros*

    Aposentar o trabalhador doente, invlido, os deficientes

    Beneficiar e proteger o trabalhador, os necessitados

    Amparar os velhos/Aposentar as pessoas idosas

    Encostar o trabalhador quando adoece ou acidentado

    No Sei

    Promover o atendimento mdico-hospitalar/Cuidar da sade

    Recolher a contribuio do trabalhador para aposentadoria/penso

    Grfico 8 Quais os Motivos para a Existncia do INSS?

    Fonte: Instituto de Pesquisa e Anlise Social e Econmica Ltda - P&AElaborao: Secretaria de Previdncia Social/MPASObs. A pesquisa foi realizada com 3.066 entrevistados, filiados e no filiados ao INSS, entre os dias 21 de dezembro de 2000e 15 de janeiro de 2001.Obs2. No caso de soma de percentuais superior a 100%, existiram respostas mltiplas.* Arrecadar dinheiro para o governo, descontar o salrio do povo, pagar fundo de garantia, cuidar das crianas carentes, darcasa prpria, ineficiente, desvia recursos.

    Dentro do universo de no-filiados ao INSS, a principal causa para nocontriburem a falta de recursos. De acordo com o grfico 9, 30% dos entrevistadosalegaram insuficincia de renda. A falta de emprego vem em segundo lugar, com 18,2%das pessoas, seguida da desinformao sobre o INSS (11,3%), o desinteresse (10,5%) ea alegao de trabalho sem carteira assinada (9,6%). Importante observar que estesprincipais motivos esto associados mais s condies de vida das pessoas do quepropriamente a um desgaste da imagem da instituio.

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  • 28

    Sim, sabia 61,7%

    No respondeu 0,3%

    No sabia 38,0%

    Grfico 10 Sabia que Qualquer Trabalhador pode seFiliar/Contribuir para o INSS, Mesmo sem ter Carteira Assinada?

    Fonte: Instituto de Pesquisa e Anlise Social e Econmica Ltda - P&AElaborao: Secretaria de Previdncia Social/MPASObs. A pesquisa foi realizada com 3.066 entrevistados, filiados e no filiados ao INSS, entre os dias 21 de dezembro de 2000 e 15 de janeiro de 2001.Obs2. No caso de soma de percentuais superior a 100%, existiram respostas mltiplas.

    Mdulo I - Previdncia Social: Aspectos Gerais

    A alegao de no-contribuio em funo do trabalho sem carteira vem deencontro com o apresentado no grfico 10. Dentre os entrevistados, 38% no sabiamque um trabalhador pode vir a contribuir, mesmo sem estar com a carteira assinada.

    0,4 0,6 1,0

    1,9 2,1

    3,0

    3,1 3,2

    5,1 9,6

    10,5

    11,3 18,2

    30,0

    - 5 10 15 20 25 30 35 %

    Estou velho/Vou pagar s 5 anos Vou comear a contribuir

    Tem muita burocracia O valor da contribuio alto

    Sou jovem ainda No acho confivel/Posso pagar e no receber

    No sei Tempo de contrib. longo/Valor da aposent. baixo

    Tenho prev. privada/Tenho penso/Sou func. pblico Trabalho sem carteira assinada Desinteresse/No me preocupo

    Desinformao/No sabia nada sobre o INSS No trabalho/Estou desempregado

    Falta dinheiro/Ganho pouco/No tenho renda

    Grfico 9 Quais os Motivos para no Contribuir para o INSS?(1896 entrevistas com no filiados)

    Fonte: Instituto de Pesquisa e Anlise Social e Econmica Ltda - P&AElaborao: Secretaria de Previdncia Social/MPASObs. A pesquisa foi realizada com 3.066 entrevistados, filiados e no filiados ao INSS, entre os dias 21 de dezembro de 2000 e 15 de janeiro de 2001.Obs2. No caso de soma de percentuais superior a 100%, existiram respostas mltiplas.

  • 29

    Com relao ao conhecimento dos benefcios oferecidos pelo INSS, as pessoasapontam prioritariamente a aposentadoria (46,8%). Entretanto, a assistncia mdico-hospitalar aparece em segundo lugar, com 30,2% dos entrevistados confundindo sadecom previdncia. O desconhecimento acerca de qualquer benefcio tambm muitoalto, e vem em terceiro lugar, com 23,5% (grfico 11).

    1,2 1,4 1,7 2,1

    3,4 4,3

    5,3 5,5 5,7

    8,0 8,1

    17,9 23,5

    30,2 46,8

    - 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

    Salrio-Famlia

    13 salrio/Abono salarial Fundo de garantia

    Seguro de vida/Emprego/Auxlio-Funeral Nenhum

    Penso por morte para os dependentes Salrio-Maternidade

    Aposentadoria por idade/Para os idosos Seguro-Desemprego

    Aposentadoria por tempo de servio Aposentadoria por invalidez

    Auxlio-Doena/Auxlio para acidentados No Sei

    Assistncia mdico-hospitalar Aposentadoria

    Grfico 11 Quais os Benefcios Oferecidos aoTrabalhador Brasileiro pelo INSS?

    Fonte: Instituto de Pesquisa e Anlise Social e Econmica Ltda - P&AElaborao: Secretaria de Previdncia Social/MPASObs. A pesquisa foi realizada com 3.066 entrevistados, filiados e no filiados ao INSS, entre os dias 21 de dezembro de 2000e 15 de janeiro de 2001.Obs2. No caso de soma de percentuais superior a 100%, existiram respostas mltiplas.

    Quando a pergunta direcionada para os aspectos positivos do INSS, dentre as 4respostas mais constantes, a aposentadoria e a penso aparecem em segundo lugar, com29,2%. A resposta No Sei foi a mais freqente, com 31,8% (grfico 12). O atendimentomdico-hospitalar, confundido mais uma vez, vem em terceiro lugar nos aspectos positivos,com 17%, praticamente o mesmo percentual da resposta Nenhum (16,8%).

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  • 30

    9,7

    2,7

    3,7

    8,0

    16,8

    17,0

    29,2

    31,8

    - 5 10 15 20 25 30 35

    %

    Outros*

    O bom atendimento nos postos/Informatizao/Funcionrios educados

    O amparo assistencial: dos velho/trabalhadores rurais/deficientes

    O auxlio para trabalhadores doentes ou acidentados

    Nenhum

    O atendimento mdico-hospitalar

    A aposentadoria/penso/garantia de um salrio aos aposentados

    No sei

    Grfico 12 Quais os Aspectos Positivos do INSS?

    Fonte: Instituto de Pesquisa e Anlise Social e Econmica Ltda - P&AElaborao: Secretaria de Previdncia Social/MPASObs. A pesquisa foi realizada com 3.066 entrevistados, filiados e no filiados ao INSS, entre os dias 21 de dezembro de 2000 e 15 de janeiro de 2001.Obs2. No caso de soma de percentuais superior a 100%, existiram respostas mltiplas.* A concesso da aposentadoria por invalidez, o seguro-desemprego, o auxlio-maternidade, o salrio-famlia, o fundo de garantia, a data certa do pagamento, ouso do carto magntico para recebimento nos bancos, aumento do n de postos.

    interessante observar que a associao entre sade e previdncia afeta a imagemdo INSS tanto pelo lado positivo como negativamente. A baixa qualidade no atendimentodos hospitais e a falta de mdicos so considerados aspectos negativos do INSS para27,6% das respostas. Este o segundo item mais expressivo, aparecendo aps a respostaNo Sei, com 30,8% (grfico 13).

    10,0

    6,6

    6,9

    7,4

    9,5

    10,7

    16,0

    27,6

    30,8

    - 5 10 15 20 25 30 35

    Outros*

    Nenhum

    As fraudes/Desvio de verbas do INSS para outras atividades do governo

    A desinformao/grosseria dos funcionrios/Discriminao no atendimento

    O baixo valor das aposentadorias/benefcios

    As filas/Demora para atendimento nos postos

    A burocracia/Demora para receber os benefcios/Muita exigncia

    O atendimento ruim nos hospitais/A falta de mdicos nos postos

    No sei

    Grfico 13 Quais os Aspectos Negativos do INSS?

    Fonte: Instituto de Pesquisa e Anlise Social e Econmica Ltda - P&AElaborao: Secretaria de Previdncia Social/MPASObs. A pesquisa foi realizada com 3.066 entrevistados, filiados e no filiados ao INSS, entre os dias 21 de dezembro de 2000 e 15 de janeiro de 2001.Obs2. No caso de soma de percentuais superior a 100%, existiram respostas mltiplas.* O prazo longo de contribuio, idade avanada para concesso de benefcio, o desconto no salrio alto, a percia mdica no avalia corretamente, no concedeauxlio-funeral, no divulga os direitos dos segurados, as filas nos bancos, os cortes sem explicao ocorridos nas aposentadorias.

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  • 31

    Os resultados da pesquisa comprovam a importncia das aes de esclarecimentoe conscientizao sobre a Previdncia Social junto a formadores de opinio e populaoem geral. Neste contexto, destaca-se a promoo de campanhas informativas quedivulguem os princpios e objetivos da Previdncia e veiculem as vantagens resultantesda filiao. Ao se difundir o que a Previdncia Social, que benefcios paga e como elafunciona, haver maior conscincia acerca da necessidade de filiao e maior pressopara que os seus problemas sejam resolvidos.

    1.11. Programa de Estabilidade Social

    Diante do quadro de precria cobertura da Previdncia Social frente populaotrabalhadora brasileira, do desconhecimento por parte das pessoas acerca do sistemaprevidencirio e tambm da importncia que a Previdncia tem ao garantir equilbrio esustentabilidade ao sistema social, principalmente entre os extratos sociais maisnecessitados e expostos a riscos - os idosos e os pobres - o Ministrio da Previdncia eAssistncia Social instituiu, em 15 de fevereiro de 2000, o Programa de EstabilidadeSocial.

    O principal objetivo do Programa a expanso da cobertura previdenciria, aatrao de mais trabalhadores para a formalizao de vnculo Previdncia Social. Emvista destes objetivos, as aes realizadas so de disseminao de informaes,sensibilizao da populao brasileira trabalhadora no formalizada e aes deconscientizao para inscrio no sistema previdencirio.

    A execuo do Programa realizada de forma descentralizada por cem comitsregionais instalados em cada uma das gerncias executivas do INSS. As instncias regionaisso orientadas por um comit nacional diretamente ligado ao Ministro de Estado daPrevidncia e Assistncia Social.

    Cabe ao comit nacional acompanhar o Programa e elaborar diretrizes globais deao, assistindo ao Ministro em todas as suas deliberaes. Os cem comits regionais,por sua vez, so responsveis pela efetivao das polticas junto populao, adequando-as realidade do seu espao e das necessidades da populao da regio.

    O Programa de Estabilidade Social pretende informar a sociedade sobre aPrevidncia Social e incentivar os trabalhadores a inscreverem-se no sistema. Para tanto,ser necessria a constituio de parcerias com instituies da sociedade civil. Esta amaneira mais eficaz de garantir o sucesso do programa.

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  • 32

    O INSS, por intermdio de suas cem gerncias executivas, est facilitando o acessoao sistema previdencirio para a populao. Neste sentido, h diretrizes nacionais voltadas remodelao do sistema de atendimento que sero fundamentais: flexibilizao dehorrios das agncias de atendimento, facilitao dos processos de inscrio de seguradose concesso de benefcios, treinamento, esclarecimento e sensibilizao do corpo funcionalquanto ao Programa. Contudo, isto no ser suficiente se no houver uma produtivainterao com a sociedade para estimular e apoiar o Programa.

    1.12. Construir um Futuro Melhor

    Aprofundar o debate construtivo sobre as causas dos sem-Previdncia no Brasil, afim de encontrar solues perenes para o problema, no obrigao s do governo, mastambm da sociedade. A questo grave e a soluo exige solidariedade. O n a que osistema est aprisionado s ser desatado com a participao dos mais variados segmentosda sociedade civil.

    Aumentar a proteo social um desafio que transcende o perodo de um ou doisgovernos, perpassando geraes. Por isso, necessrio um pacto social consistente, quemobilize um mutiro nacional para viabilizar o sistema previdencirio frente aos desafiosdo futuro.

    Aderir ao sistema previdencirio e informar aos demais cidados da importnciadesse ato seja em casa, nos bairros, nos sindicatos, nas escolas, nos locais de trabalhoe lazer agir e torcer por um amanh mais tranqilo e menos desigual para o Brasil.

    Ficar parado significa ignorar os futuros problemas decorrentes da ausncia deproteo social, entre eles, o aumento da misria, o inchao das cidades, o aumento daviolncia e o conseqente caos social e urbano.

    A Previdncia Social no propriedade do governo, nem dos partidos da base desustentao do governo, nem dos partidos de oposio. Pertence sociedade brasileira. nosso dever, ento, conclamar toda a sociedade brasileira para que ajude a aperfeio-la, tornando-a cada vez mais universal, pblica e eficaz.

    Voc que acaba de conhecer essa realidade, pense no seu filho, no seu sobrinho,nas crianas de sua famlia. Qual futuro se quer para eles? No perca tempo. Tome umaposio, lute por mais segurana para os trabalhadores brasileiros, divulgue a PrevidnciaSocial.

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  • 33

    2. SEGURIDADE SOCIAL

    2.1. Conceitos e Princpios

    A Constituio Federal prev o sistema de Seguridade Social brasileiro, em seuart. 194, como um conjunto integrado de aes de iniciativa dos Poderes Pblicos e da sociedade,destinadas a assegurar os direitos relativos sade, previdncia e assistncia social.

    Mais ainda, a Constituio assegura que a Seguridade Social obedecer aos seguintesprincpios e diretrizes:

    a) universalidade da cobertura e do atendimento;

    b) uniformidade e equivalncia dos benefcios e servios s populaes urbanas erurais;

    c) seletividade e distributividade na prestao dos benefcios e servios;

    d) irredutibilidade do valor dos benefcios;

    e) eqidade na forma de participao no custeio;

    f) diversidade da base de financiamento;

    g) carter democrtico e descentralizado da gesto administrativa com a participaoda comunidade, em especial de trabalhadores, empresrios e aposentados.

    PREVIDNCIA SADEASSISTNCIA

    SOCIAL

    SEGURIDADE

    SOCIAL

    A Previdncia Social est inserida num conceito mais amplo que o da SeguridadeSocial. Esta, por sua vez, est dividida em trs grandes reas de atuao: Sade, AssistnciaSocial e Previdncia Social.

    A Seguridade Social parte do pressuposto de que a cidadania envolve, alm dedireitos civis e polticos, um mnimo de bem-estar, tanto do ponto de vista econmicoquanto de segurana.

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  • 34

    Proporcionar aos cidados paz e tranqilidade em meio s dificuldades inerentes vida humana: Este o compromisso geral da Seguridade Social, que rene um conjuntode aes para garantir proteo aos trabalhadores.

    A sade um direito universal de todos e dever do Estado, que visa assegurar amanuteno da higidez fsica e mental dos cidados. O Ministrio da Sade em parceriacom estados e municpios desenvolve aes de preveno a doenas e oferece assistnciaambulatorial e hospitalar com acesso universal, gratuito e igualitrio para toda a populao,conforme determina o art. 196 da Constituio Federal de 1988. Isto feito por meio darede do Sistema nico de Sade (SUS), que conta com hospitais pblicos e privadosespalhados pelo pas afora. Os servios de sade do SUS esto disposio de todos osbrasileiros e brasileiras e, atualmente, no guardam qualquer vnculo com o INSS.

    A Assistncia Social, tambm dever do Estado, objetiva a promoo da cidadania,por meio da criao de oportunidades de autosustento, bem como do amparo, inclusivefinanceiro, aos cidados que no tm condies nem de manter a prpria subsistncia. Aprestao assistencial mnima, pois tem o objetivo exclusivo de assegurar somente oindispensvel subsistncia do cidado.

    A Assistncia Social existe para prover o atendimento das necessidades bsicasdos cidados mais humildes, criando condies para proteo famlia, maternidade, infncia, adolescncia, velhice e pessoa portadora de deficincia, independentementede contribuio Seguridade Social.

    Cabe ao Ministrio da Previdncia e Assistncia Social, por intermdio da Secretariade Estado de Assistncia Social, a formulao de polticas de natureza assistencial. Aexecuo destas polticas realizada de forma descentralizada por rgos estaduais deassistncia social. Dentre as aes resultantes, destacam-se a iseno da contribuiopatronal para as empresas consideradas filantrpicas, o pagamento de benefcios paraaqueles que comprovarem insuficincia de renda e programas especficos que atendem agrupos vulnerveis da sociedade.

    Os benefcios em dinheiro so pagos de duas formas: como amparos assistenciaise penses vitalcias mensais. No primeiro grupo, so beneficiados os portadores dedeficincia, incapacitados para o trabalho e para a vida independente, e os idosos maioresde 67 anos que comprovem possuir uma renda familiar per capita inferior a 25% dosalrio mnimo. J as penses so concedidas s vtimas da sndrome de talidomida, aosseringueiros (e dependentes) e s vtimas da hemodilise de Caruaru (Lei n. 9.422/96).Embora o INSS tenha sido criado exclusivamente para atender aos segurados daPrevidncia Social, isto , aqueles que contribuem para o sistema, o Instituto incumbe-se tambm de efetuar a concesso e o pagamento destes benefcios assistenciais, emrazo de sua vasta rede de agncias e postos, da estrutura operacional e da capacitaotcnica de suas equipes multidisciplinares. O INSS conta ainda com convnios bancrios

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  • 35

    em praticamente todos os municpios brasileiros, o que garante fcil acesso queles quemoram nas regies mais longnquas. O dinheiro para pagamento dos benefciosassistenciais fornecido pelo Fundo de Assistncia Social, conta do Ministrio daFazenda, no sendo, portanto, utilizados recursos provenientes das contribuies dossegurados.

    Alm disso, a Assistncia Social financia creches, distribui alimentos e promoveaes de apoio aos desprotegidos, executadas pelo poder pblico ou pela iniciativa privada.

    J a Previdncia Social, visa a proteo do cidado quando da perda, temporriaou permanente, da sua capacidade de trabalho.

    2.2. Financiamento da Seguridade Social

    A Seguridade Social, integrada pela Sade, Assistncia Social e Previdncia Social, financiada por toda a sociedade de forma direta e indireta. Conta com recursosprovenientes dos oramentos da Unio, dos estados, do Distrito Federal e dos municpiose, tambm, com contribuies sociais especficas.

    Os empregadores e empresas so obrigados a contribuir sobre a folha de salriose demais rendimentos do trabalho das pessoas por eles contratadas, sobre a receita oufaturamento (Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social Cofins ouContribuio sobre a Comercializao da Produo Rural Empregador Rural) e, aindasobre o lucro (Contribuio Social sobre o Lucro Lquido CSLL).

    Os trabalhadores financiam a Seguridade Social por meio de contribuies sociaisincidentes sobre os rendimentos do trabalho, com exceo para os produtores ruraisque trabalham em regime de economia familiar (segurados especiais), cuja contribuioincide sobre a comercializao da produo. importante ressaltar que as contribuiessociais sobre folha de pagamento destinam-se exclusivamente ao pagamento de benefciosprevidencirios, conforme determina a Constituio Federal.

    Para o financiamento das aes da Seguridade Social tem-se, ainda, a contribuiosocial sobre a receita de concursos de prognsticos provenientes das agncias lotricas;a contribuio sobre movimentao financeira CPMF; as multas, a atualizao monetriae os juros moratrios; a remunerao recebida por servios de arrecadao, fiscalizaoe cobrana prestados a terceiros; as receitas provenientes de prestao de outros serviose de fornecimento ou arrendamento de bens; demais receitas patrimoniais, industriais efinanceiras; doaes, legados, subvenes e outras receitas eventuais; e 40% do resultadodos leiles de bens apreendidos pelo Departamento da Receita Federal, dentre outros.

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  • 36

    2.3. Conceito de Previdncia Social

    Previdncia Social sinnimo de seguro social. Seu conceito pode, ento, serdefinido como o seguro que garante a renda do trabalhador e de sua famlia, obedecido oteto do RGPS, quando da perda, temporria ou permanente, da capacidade de trabalho emdecorrncia dos riscos sociais.

    2.4. Princpios da Previdncia Social

    2.4.1. Princpio da Contributividade e da Universalidade da Coberturae do Atendimento

    Em razo da idia de seguro, contida na concepo de Previdncia, o sistemaprevidencirio organizado sob a forma de um regime de carter contributivo. Issosignifica que cada pessoa, para ter direito aos benefcios prestados pelo sistema, devecontribuir com uma parcela da renda ao longo da vida ativa.

    Os riscos sociais so democrticos: atingem a todos. Por esse motivo, no fazsentido que apenas alguns grupos fiquem amparados contra os perigos da vida moderna,enquanto outros permaneam sem proteo. Sendo assim, a totalidade da sociedade sem distino de profisses e categorias sociais tem o direito de proteger-se dos riscossociais, mediante contribuio ao sistema previdencirio. o que prega a universalidadeda cobertura.

    J a universalidade do atendimento determina a defesa contra todas as adversidadese fatos que resultem em dificuldades de reposio de renda para um indivduo. Ostrabalhadores esto sujeitos aos mais diversos riscos sociais, entre estes, riscos que resultemtanto na perda permanente da capacidade de trabalho, quanto na perda temporria.

    A proteo contra morte, invalidez parcial ou total, e velhice refere-se perdapermanente. Acontecimentos como doena, acidente, maternidade e recluso esto entreas hipteses de cobertura da Previdncia por perda temporria da capacidade de trabalho.

    O princpio da universalidade permite que o Estado imponha a obrigatoriedadede adeso ao sistema, de tal forma que a proteo seja estendida a todos.

    2.4.2. Princpio da Obrigatoriedade

    Compelir os indivduos a contribuir para a Previdncia no forar o cidado afazer algo fundamental somente para si mesmo e para famlia, mas sobretudo paraestabilidade social do Brasil.

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  • 37

    Diante disso, o princpio da obrigatoriedade estabelece que todos aqueles queexercem atividade remunerada devem contribuir com um percentual de sua renda para aPrevidncia Social.

    A obrigatoriedade decorre do princpio da universalidade. O Estado, para cumprirseu papel de proteo social a todos os trabalhadores, precisa adotar medidas coercitivasde adeso ao sistema.

    De fato, a estrutura no funciona voluntariamente. Os indivduos, na maioria dasvezes, so imprevidentes. Desacautelados, possuem uma propenso maior a gastar hojedo que poupar para o futuro. Para o bem-estar da coletividade, o Estado tem o dever deconscientizar a populao sobre a importncia da insero no sistema previdencirio.

    2.4.3. Princpio do Equilbrio Financeiro e Atuarial

    Desde 1995, os dficits crescentes nas contas da Previdncia deixaram claro que osistema previdencirio precisava de uma reforma capaz de encontrar regras quemantivessem o sistema em harmonia.

    O equilbrio financeiro e atuarial necessrio no apenas para dar segurana spessoas que contribuem mensalmente para o sistema, mas tambm para assegurar opagamento dos benefcios queles que contriburam no passado.

    Assim, numa primeira fase da reforma, mediante a Emenda Constitucional n.20, obrigou-se que a Previdncia passasse a ser organizada com base em critrios quepreservem o equilbrio financeiro e atuarial do sistema.

    Somente a reforma seguinte, com a Lei n 9.876/99, introduziu as regras maisdefinitivas para tornar possvel um sistema financeiramente e atuarialmente equilibrado.Entre as mudanas mais importantes implementadas esto a extenso do prazo paraclculo do salrio-de-benefcio e o fator previdencirio, que sero detalhados mais frente.

    2.4.4. Uniformidade e Equivalncia dos Benefcios e Servios s PopulaesRurais e Urbanas

    No plausvel, sob hiptese alguma, que as regras da Seguridade Social privilegiemalguns cidados em detrimento de outros, sem razes que sejam do conhecimento dasociedade e por ela aceitas.

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  • 38

    O sentimento de justia, que deve orientar um sistema como esse, exige auniformizao das regras para que os benefcios sejam equivalentes para os trabalhadoresrurais e urbanos. Os princpios da uniformidade e da equivalncia impem isso.

    A uniformidade diz respeito aos aspectos objetivos, ou seja, aos eventos que serocobertos. A equivalncia, por sua vez, refere-se ao aspecto pecunirio (de dinheiro) ou doatendimento dos servios, sem a exigncia de que estes ou os benefcios sejam iguais,mas sim, equivalentes, em razo do princpio da eqidade.

    2.4.5. Princpio da Eqidade

    O princpio da eqidade significa que a contribuio ao sistema de SeguridadeSocial seja estabelecida de acordo com a capacidade de cada indivduo. Da mesma forma,a retribuio ao segurado deve ser proporcional contribuio dele.

    Quando isso no ocorre, determinadas pessoas ou grupos estaro levandovantagens para as quais no contriburam devidamente. Uma das evidncias da aplicaodesse princpio encontrada no sistema previdencirio, no qual h taxas de contribuiodiferenciadas (8%, 9% e 11%), de acordo com a renda dos trabalhadores.

    2.4.6. Princpio da Solidariedade Intra e Inter-geracional

    Embora a eqidade estabelea que o segurado seja retribudo em funo das suascontribuies, admite-se alguma distribuio de renda dentro do sistema. Esta regrarepresenta um princpio especfico da Previdncia Social, o da solidariedade intra-geracional.

    Essa distribuio, entretanto, precisa estar na direo correta, com as regras dosistema beneficiando os trabalhadores de menor poder aquisitivo. A solidariedade comos menos favorecidos uma regra que fortalece a coeso social.

    Em decorrncia do modelo de repartio simples adotado no Brasil, existe tambmna Previdncia Social o princpio da solidariedade inter-geracional. De acordo com asregras do sistema de repartio simples, a gerao que est em atividade hoje quemcontribui para financiar os gastos previdencirios da gerao anterior, que j est seaposentando.

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    2.4.7. Outras Caractersticas da Previdncia Social

    Alm dos princpios descritos, h outras caractersticas relevantes no sistemaprevidencirio brasileiro contidos no texto constitucional. Primeiro, nenhum benefciopode ter valor inferior ao salrio mnimo. Antes da Constituio de 1988, existiambenefcios pagos no meio rural com valor igual a meio salrio mnimo. Alm disso, aConstituio impe a irredutibilidade do valor dos benefcios.

    Um segundo conjunto de caractersticas tem por objetivo preservar o dinheirodo trabalhador contra a inflao. Para tanto, h duas regras: correo do salrio-de-contribuio e da renda mensal do benefcio.

    Os salrios-de-contribuio, que servem de base para calcular o benefcio a que osegurado tem direito, so atualizados at a data da concesso do benefcio, de forma arefletir um valor real. Depois de estabelecido o valor do benefcio, so asseguradosreajustes peridicos que compensam as perdas inflacionrias.

    Destaca-se em relao ao sistema previdencirio brasileiro sua natureza de provisodas necessidades bsicas, razo pela qual existe um valor mximo de reposio derenda denominado teto previdencirio, fixado, hoje, em R$ 1.430,00. O teto estabelecido suficiente para cobrir cerca de 82% do total de trabalhadores em atividade, uma vezque apenas 18% da populao ocupada recebe valor superior a este montante. Para estesltimos, a Constituio Federal, em seu art. 202, prev a existncia de um sistemacomplementar, que ser apresentado na seo seguinte.

    Por fim, a Previdncia no Brasil administrada de forma democrtica edescentralizada, ou seja, com a participao dos entes federativos e da sociedade civil.Esta forma de gesto possvel pela existncia das Gerncias-Executivas espalhadas portodo o Brasil e pelo Conselho Nacional da Previdncia Social, rgo deliberativo pormeio do qual a sociedade pode interferir na Previdncia.

    2.5. Formas de Organizao do Seguro Previdencirio

    Os sistemas previdencirios so classificados quanto sua forma de organizaoem: repartio simples, capitalizao, misto ou capitalizao escritural.

    2.5.1. Sistema de Repartio Simples

    O sistema de repartio simples est fundamentado num modelo onde os recursosrecolhidos dos contribuintes atuais so destinados a cobrir os gastos com os aposentados

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    de hoje. um pacto social entre geraes, em que os ativos financiam os inativos. Entreos pases que adotam este sistema tem-se Brasil, Estados Unidos, Frana, Alemanha eEspanha.

    Dessa forma, toda a receita previdenciria adquirida no ano utilizada para opagamento dos benefcios, no existindo acumulao de reservas que possam ser utilizadasno futuro.

    No regime de repartio, os benefcios a serem pagos aos atuais contribuintes,quando futuramente passarem condio de inativos, estaro garantidos pelascontribuies das futuras geraes de trabalhadores.

    Para que este sistema se mantenha equilibrado necessrio que se tenha, ao longodo tempo, uma relao estvel entre o nmero de contribuintes e beneficirios.

    2.5.2. Sistema de Capitalizao

    O regime de capitalizao est baseado na idia de poupana individual. Nele,cada segurado realiza contribuies que so depositadas numa conta especfica eacumuladas ao longo da vida ativa do trabalhador.

    Assim o segurado, no momento da aposentadoria, ter direito de receber de voltao montante que contribuiu para o sistema, acrescido dos rendimentos do capital.

    Como exemplo de pas que adota o sistema de capitalizao tem-se o Chile.

    2.5.3. Sistema Misto

    O sistema misto de previdncia uma combinao entre os regimes de repartiosimples e de capitalizao.

    Existe um pilar bsico da previdncia, ou seja, um valor mximo para o benefcio,organizado de acordo com as regras de um sistema de repartio simples.

    Para os trabalhadores que recebem acima do limite estabelecido para o pilar bsicoh uma previdncia complementar obrigatria, estruturada num sistema de capitalizao.Argentina e Uruguai so exemplos de pases que adotam o sistema misto para organizaro seguro previdencirio oferecido pelo Estado.

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    2.5.4. Capitalizao Escritural

    A capitalizao escritural um sistema onde os ativos financiam os inativos regra do sistema de repartio simples porm, a aposentadoria de cada indivduo calculada com base nas suas prprias contribuies regra do sistema de capitalizao.

    Na Sucia e na Itlia a previdncia social organiza-se com base na capitalizaoescritural.

    A reforma da previdncia no Brasil manteve o regime de repartio simples puro.Entretanto, a nova frmula de clculo da aposentadoria, ao determinar que asaposentadorias sejam calculadas com base nas 80% maiores remuneraes do seguradoe ajustadas pela alquota e expectativa de sobrevida, introduz no sistema previdenciriobrasileiro princpios que regem o sistema de capitalizao escritural.

    2.6. Regimes de Previdncia no Brasil

    A Previdncia Social brasileira composta por trs regimes: Regime Geral dePrevidncia Social - RGPS, os Regimes Prprios de Previdncia Social RPPS e o Regimedos Militares, federais - RM. Alm deles, existe a previdncia complementar, por meiodas Entidades Fechadas de Previdncia Privada, os fundos de penso.

    2.6.1. RGPS x RPPS

    No Brasil h regras previdencirias diferentes entre os trabalhadores do setorprivado e uma categoria especfica de servidor pblico, o servidor pblico de cargoefetivo.

    Os trabalhadores do setor privado se submetem s regras do Regime Geral dePrevidncia Social (RGPS), gerido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

    Os servidores pblicos esto divididos em trs categorias: empregados pblicos,servidores temporrios e servidores de cargo efetivo. Os servidores das duas primeirascategorias empregado e servidor temporrio fazem parte do RGPS. Os de cargoefetivo, por sua vez, esto enquadrados em sistemas especficos, os Regimes Prprios dePrevidncia Social RPPSs, da Unio, estados, Distrito Federal e municpios. Na hiptesedos entes pblicos no institurem RPPSs, todos os seus servidores, mesmo os de cargoefetivo, so enquadrados no RGPS.

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    2.6.2. Previdncia Complementar

    A Previdncia Complementar no Brasil se constitui em mais um mecanismo deproteo para os cidados, em particular para os que no desejam baixar o padro deconsumo ao parar de trabalhar. Consiste, em suma, num sistema privado facultativo,organizado de forma autnoma em relao ao RGPS (art. 202 da CF/88).

    O objetivo ofertar cobertura para aqueles que recebem remunerao superiorao teto previdencirio e desejam manter o mesmo patamar dos rendimentos, com asubstituio total da sua renda, caso fiquem impossibilitados de trabalhar.

    O sistema complementar se compe por entidades fechadas e entidades abertasde previdncia. As entidades fechadas so organizadas com a finalidade de cobrir umgrupo especfico de trabalhadores, em geral, de uma mesma empresa.

    So entidades sem fins lucrativos, financiadas por contribuies tanto da empresaquanto do prprio empregado ou s da empresa. Alm dos empregados do setor privado,que so vinculados ao regime geral, os servidores pblicos tambm podero ter acesso afundo de penso.

    Esta possibilidade decorre da Emenda n. 20/98, que permite ao ente pblico,Unio, Estados, DF ou Municpios, a instituio de fundos de penso para servidorespblicos, assegurada, para os servidores existentes at a data de criao do fundo depenso, a prvia e expressa opo de ingresso.

    As entidades abertas so instituies com fins lucrativos que dispem de variadosplanos de previdncia para qualquer trabalhador que desejar complementar o benefciobsico que recebe da previdncia pblica.

    Os planos de Previdncia Complementar so bastante flexveis. Podem serestabelecidos planos com base no critrio de benefcio definido ou de contribuiodefinida.

    O plano com benefcio definido funciona na mesma sistemtica que os regimespblicos de previdncia, onde o valor do benefcio calculado em funo da renda sobrea qual o trabalhador efetua suas contribuies ao sistema complementar.

    No plano com contribuio definida, o valor do benefcio a que o segurado temdireito depende da rentabilidade do fundo de penso.

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    MDULO II PREVIDNCIA SOCIAL: CUSTEIO

    1. SEGURADOS DA PREVIDNCIA SOCIAL

    Todos os trabalhadores e as pessoas com mais de 16 anos de idade podem sersegurados da Previdncia Social. Ao se filiarem ao sistema previdencirio, passam aassegurar uma vasta rede de benefcios que podero ser usufrudos no momento em quedeixarem o mercado de trabalho ou mesmo durante a vida laboral.

    A partir da filiao, os segurados dispem de vrios meios para se manterfinanceiramente nos casos de doena, invalidez, velhice, morte, entre outros.

    Os segurados que cumprirem o tempo de contribuio ou alcanarem a idademnima estabelecida pela legislao, desde que cumprida tambm a carncia, quando foro caso, ganham o direito a uma aposentadoria vitalcia, que vai garantir uma renda mensalpermanente.

    Essa rede de amparo social, que hoje atende a milhes de brasileiros, mantidapelas contribuies dos prprios segurados e das empresas, que so feitas durante operodo ativo de suas vidas.

    Todos devem contribuir para a Previdncia Social. Mas existem categorias queso obrigadas a tanto, enquanto outras tm a contribuio facultada. Por isso, a PrevidnciaSocial divide os segurados em duas categorias, de acordo com a modalidade de participaono sistema: os obrigatrios e os facultativos.

    1.1. Segurados Obrigatrios

    Os segurados obrigatrios so todos os trabalhadores urbanos e rurais que exercematividades remuneradas abrangidas pelo Regime Geral de Previdncia Social. Eles podemestar ou no formalmente empregados, ou seja, possurem, ou no, vnculo empregatcio.Os segurados urbanos so, entre outros, professores, motoristas de txi, administradores(inclusive de fazendas), secretrias e capatazes. Os segurados da rea rural incluem bias-fr