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DIREITO ADMINISTRATIVO

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DIREITO ADMINISTRATIVO

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Didatismo e Conhecimento 1

DIREITO ADMINISTRATIVO

Bruno Tulim e SilvaAdvogado

1 ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CONCEITOS, ELEMENTOS, PODERES, NATUREZA, FINS

E PRINCÍPIOS.

Estado:O Estado constitui-se de um complexo harmônico de

instituições por meio das quais uma ou mais Nações se organizam, dentro de um ou de vários territórios, seja em uma unidade de governo tendente a promoção do desenvolvimento social de maneira soberana.

Para que possa existir, além da presença de elementos que definem o Estado, é ainda necessário o reconhecimento de sua independência pelos demais Estados, de maneira soberana.

Elementos do Estado: São elementos do Estado, dois dentre os mais relevantes e

fundamentais quais sejam: povo e território.Povo: A população de um Estado não encontra limites objeti-

vamente definidos numericamente, sendo que a população é a tota-lidade dos habitantes de um Estado e nela se destacam os conceitos de povo e nação.

Seguindo esse entendimento, povo é a população do Estado, em outras palavras, é o grupo de seres humanos que habitam um mesmo território em comum, sujeito dessa maneira, as mesmas regras, mas que nem sempre tem os mesmo objetivos.

Nação é um grupo de pessoas que se sentem juntos e unidos por interesses comuns e ideais e aspirações coincidentes, cuja ori-gem se dá do sentimento comum de nacionalidade e de Pátria.

Território: Entende-se por território a base física do Estado e é definido pela área geográfica que ocupa, assim, é o território que define o País. Importante esclarecer que sem território não há Esta-do, mas, possa existir uma Nação forte e unida, isto ocorre porque a noção jurídica de território é mais ampla que os limites físicos e geográficos que ele representa, Como exemplos podemos citar os navios de guerra, as embaixadas e aeronaves, que são territórios dos países de origem e que representam.

Governo:Governo é o conjunto de poderes e órgãos administrativos,

que se destina a gerencia e condução política dos negócios pú-blicos, através de um complexo de funções legalmente definidas.

Soberania: A soberania do Estado é o terceiro elemento fun-damental, é capacidade do Estado de ditar as próprias regras. A soberania estatal manifesta-se através da sua auto-organização e da autodeterminação. Assim, cada Estado deve viver livre de ingerên-cias de quaisquer outros Estados.

O poder do Estado é a manifestação da organização do Estado que tem como finalidade a proteção do próprio Estado, defendendo os interesses coletivos contra aqueles de natureza exclusivamente privada.

Os poderes do Estado são: Poder Vinculado; Poder Discricio-nário; Poder Hierárquico; Poder Regulamentar e Poder de Polí-cia. Os referidos poderes do Estado serão estudados em capitulo próprio.

Dessa forma, a organização do Estado na Constituição do Bra-sil é o termo referente a um conjunto de dispositivos contidos na Constituição Federal de 1988, destinados a determinar a organiza-ção político-administrativa, ou seja, das atribuições de cada ente da federação.

Além disso, tratam das situações excepcionais de intervenção nos entes federativos, versam sobre administração pública e servi-dores públicos militares e civis, e também das regiões dos país e sua integração geográfica, econômica e social.

O Brasil adotou a Federação como forma de organizar o Es-tado, a Federação é uma aliança de Estados para a finalidade de formação de um único Estado, em que as unidades federadas pre-servam parte da sua autonomia política, entretanto a soberania é transferida ao Estado Federal. Dentro da estrutura organizacional do Estado Federal Brasileiro temos as seguintes entidades fede-rativas: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Além de adotar a federação, institui-se a República que é uma forma de organização política do Estado, na qual os principais agentes do poder político são escolhidos pelo povo atraves do voto.

Dessa maneira, diante das disposições constitucional, o Es-tado Brasileiro integra a República Federativa do Brasil em um organico único e indissoluvel, formado pelos Estados, Municípios e distrito Federal, fundamentado na soberania, na cidadania, na dignidade da pessoa humana, nos valores sociais e no pluralismo politico.

Administração PúblicaA Administração Pública sob o aspecto material, objetivo ou

funcional representa nada mais do que o conjunto de atividades que costumam ser consideradas próprias da função administrativa, Assim, temos que o conceito adota como referência a atividade propriamente dita, o que é de fato realizado, e não quem as realizou.

De maneira usual, são apontadas como próprias da administração pública em sentido material as seguintes atividades:

- Serviço Público: prestações concretas que representem utilidades ou comodidades materiais para a população em geral;

- Policia Administrativa: são as atividades de restrições ou condicionamentos impostos ao exercício de atividades privadas em benefício do interesse coletivo;

- Fomento: incentivo a iniciativa privada de utilidade pública; - Intervenção: é toda a atividade de intervenção do Estado no

setor privado.Administração Pública sob o aspecto formal, subjetivo

ou orgânico é o conjunto de órgãos, pessoas jurídicas e agentes que o nosso ordenamento jurídico identifica como administração pública, não importando a atividade que exerça. Assim temos que, via de regra, esses órgãos, entidades e agentes desempenha função administrativa.

Portanto, somente considera-se administração pública, sob análise jurídica, a organização administrativa que o ordenamento jurídico brasileiro vigente assim o considerar, não importando a atividade que exercer.

A administração pública é composta exclusivamente por órgãos integrantes da administração direta, e, pelas entidades da administração indireta.

Natureza JurídicaO regime jurídico-administrativo da Administração Pública é

um regramento de direito público, sendo aplicável aos órgãos e en-tidades vinculadas e que compõe a administração pública e ainda à atuação dos agentes administrativos em geral.

Tem seu embasamento na concepção de existência de poderes especiais passíveis de ser exercidos pela administração pública, por meio de seus órgãos e entidades, e exteriorizados pode meio de seus agentes, que por sua vez é controlado ou limitado por impo-sições também especiais à atuação da administração pública, não existentes nas relações de direito privado.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípios da Administração PúblicaA Administração Pública é a atividade do Estado exercida

pelos seus órgãos encarregados do desempenho das atribuições públicas, em outras palavras é o conjunto de órgãos e funções ins-tituídos e necessários para a obtenção dos objetivos do governo.

A atividade administrativa, em qualquer dos poderes ou esfe-ras, obedece aos princípios da legalidade, impessoalidade, mora-lidade, publicidade e eficiência, como impõe a norma fundamental do artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que assim dispõe em seu caput: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos prin-cípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte”.

Princípio da Legalidade: Este é o principal conceito para a configuração do regime

jurídico-administrativo, pois se justifica no sentido de que a Administração Pública só poderá ser exercida quando estiver em conformidade com a Lei.

O administrador não pode agir, nem mesmo deixar de agir, senão de acordo com o que dispõe a lei. Para que a administração possa atuar, não basta à inexistência de proibição legal, é necessária para tanto a existência de determinação ou autorização da atuação administrativa na lei. Os particulares podem fazer tudo o que a lei não proíba, entretanto a Administração Pública só pode fazer aquilo que a lei autorizar.

Importante ainda esclarecer que a administração pública está obrigada, no exercício de suas atribuições, à observância não apenas dos dispositivos legais, mas também em respeito aos princípios jurídicos como um todo, inclusive aos atos e normas editadas pela própria administração pública.

Princípio da Impessoalidade: Por tal princípio temos que a Administração Pública tem

que manter uma posição de neutralidade em relação aos seus administrados, não podendo prejudicar nem mesmo privilegiar quem quer que seja. Dessa forma a Administração pública deve servir a todos, sem distinção ou aversões pessoais ou partidárias, buscando sempre atender ao interesse público.

Impede o princípio da impessoalidade que o ato administrativo seja emanado com o objetivo de atender a interesses pessoais do agente público ou de terceiros, devendo ter a finalidade exclusivamente ao que dispõe a lei, de maneira eficiente e impessoal.

Ressalta-se ainda que o princípio da impessoalidade tem estreita relação com o também principio constitucional da isonomia, ou igualdade, sendo dessa forma vedada perseguições ou benesses pessoais.

Princípio da Moralidade: Tal princípio vem expresso na Constituição Federal no caput

do artigo 37, que trata especificamente da moral administrativa, onde se refere à ideia de probidade e boa-fé.

A partir da Constituição de 1988, a moralidade passou ao status de principio constitucional, dessa maneira pode-se dizer que um ato imoral é também um ato inconstitucional.

A falta da moral comum impõe, nos atos administrativos a presença coercitiva e obrigatória da moral administrativa, que se constitui de um conjunto de regras e normas de conduta impostas ao administrador da coisa pública.

Assim o legislador constituinte utilizando-se dos conceitos da Moral e dos Costumes uma fonte subsidiária do Direito positivo, como forma de impor à Administração Pública, por meio de juízo de valor, um comportamento obrigatoriamente ético e moral no exercício de suas atribuições administrativas, através do pressuposto da moralidade.

A noção de moral administrativa não esta vinculada às convicções intimas e pessoais do agente público, mas sim a noção de atuação adequada e ética perante a coletividade, durante a gerência da coisa pública.

Princípio da Publicidade: Por este principio constitucional, temos que a administração

tem o dever de oferecer transparência de todos os atos que praticar, e de todas as informações que estejam armazenadas em seus bancos de dados referentes aos administrados.

Portanto, se a Administração Pública tem atuação na defesa e busca aos interesses coletivos, todas as informações e atos praticados devem ser acessíveis aos cidadãos.

Por tal razão, os atos públicos devem ter divulgação oficial como requisito de sua eficácia, salvo as exceções previstas em lei, onde o sigilo deve ser mantido e preservado.

Princípio da Eficiência: Por tal principio temos a imposição exigível à Administração

Pública de manter ou ampliar a qualidade dos serviços que presta ou põe a disposição dos administrados, evitando desperdícios e buscando a excelência na prestação dos serviços.

Tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando boa prestação de serviço, da maneira mais simples, mais célere e mais econômica, melhorando o custo-benefício da atividade da administração pública.

O administrador deve procurar a solução que melhor atenda aos interesses da coletividade, aproveitando ao máximo os recursos públicos, evitando dessa forma desperdícios.

2 DIREITO ADMINISTRATIVO: CONCEITO, FONTES E PRINCÍPIOS.

Conceito O direito é tradicionalmente dividido em dois grandes grupos:

o Direito Público e o Direito Privado.Em linhas gerais, o ramo do direito público tem como objetivo

principal a regulamentação dos interesses da coletividade como um todo, visa disciplinar as relações entre a sociedade e o Estado, bem como definir o regramento das relações das entidades e órgãos estatais entre si. Neste ramo do direito, temos a prevalência dos interesses públicos e coletivos sobre os interesses particulares.

Dessa maneira, quando o Estado atua na defesa dos interesses públicos, coloca-se em grau de superioridade diante dos interesses de privados, sempre devendo obediência a lei e respeitadas às garantias individuais consagradas pelo ordenamento jurídico vigente.

Fazem parte desse grupo de direito público as seguintes áreas: o direito constitucional, administrativo, tributário, penal, entre outros.

Na outra ponta temos o grupo dos direito privados, tendo como objetivo principal a regulamentação dos interesses entre particulares, como forma de possibilitar o convívio das pessoas da sociedade de maneira harmoniosa e com urbanidade. O direito privado tem a característica de igualdade jurídica entre as partes envolvidas em uma mesma lide, não havendo possibilidade de prevalência de uma parte sobre outra. São exemplos de direito privado a área de direito civil e comercial, entre outros.

Diante de tal introdução, o direito administrativo é um dos ramos do direito público, tendo em vista que a organização e o exercício das atividades do Estado são voltados para a satisfação dos interesses exclusivamente públicos.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Em suma, o objeto do direito administrativo abrange todas as relações internas da Administração pública, ente os órgãos e entidades administrativas, uns com os outros, entre a Administração e seus agentes, estatutários e celetistas, e ainda todas as relações que envolvem a Administração e seus Administrados, regidas principalmente pelo direito público ou pelo direito privado, bem como as atividades de administração pública em sentido material devidamente exercidas por particulares sob o regime de direito público.

Cumpre esclarecer que não há definição pacífica sobre o conceito apresentados pela doutrina para o direito administrativo, tendo em vista que são distintos os critérios adotados por diversos autores para a determinação do alcance dessa importante ramo do direito.

Assim, adotamos o que a doutrina acusa como sendo majoritária, mas não exclusiva, a conceituação de direto administrativo: é o conjunto de regulamentos e princípios norteadores aplicáveis à estruturação e ao funcionamento das pessoas e órgãos integrantes da administração pública, às relações entre o Poder Público e seus agentes, ao exercício da função administrativa e gerencial, e principalmente as relações com os seus administrados, e ainda a gestão dos bens públicos, levando em consideração a finalidade única de bem atender aos anseios da coletividade.

Fontes do direito administrativoAs fontes do direito administrativo são: - Lei - Doutrina - Jurisprudência - Costumes - Regulamentos Administrativos.

A lei é norma imposta pelo Estado, é a fonte primordial do direito administrativo brasileiro, tem em vista a rigidez de nosso ordenamento jurídico, e a necessidade da codificação de maneira expressa. Importante esclarecer que o direito administrativo brasileiro não se encontra codificado em somente um corpo de lei, como ocorre em outras facetas do direito brasileiro, como o Código Civil, Código Tributário, entre outros, o que temos sobre regras administrativas estão articuladas, em regra gerais, na Constituição Federal de 1988, e ainda em uma infinidade de leis esparsas, o que, por consequência, resulta em certa dificuldade de uma sistematização deste importante ramo do direito brasileiro.

A doutrina é a lição dos mestres e estudiosos do direito, podendo ser entendida como um conjunto de teses, construções teóricas, opiniões dos doutores e dos estudiosos do Direito Administrativo, resultante de atividade intelectual, formulando princípios norteadores para a continuidade e aprofundamento dos estudos e teorias do Direito Administrativo, constituindo-se como fonte secundária, com a atribuição de influenciar a elaboração de novas leis e também o julgamento das lides de natureza administrativa.

A Jurisprudência é a interpretação da legislação vigente dada pelos Tribunais, verificadas a partir de reiteradas decisões judiciais em um mesmo sentido, solidificando o entendimento majoritário dos tribunais superiores.

Os costumes são o conjunto de regras e comportamentos sociais não escritas, observadas e obedecidas de modo semelhante e uniforme pela sociedade, são as praticas habituais consideradas obrigatórias, que o juiz pode aplicar na falta de lei regulamentando determinado assunto, e os Princípios Gerais do Direito são critérios maiores, às vezes até não escritos percebidos pela lógica ou pela indução.

Regulamentos são atos normativos do Poder Executivo, dotados de generalidade, impessoalidade, imperatividade e inovação. Produzidos mediante exercício do poder regulamentar (ou função estatal regulamentar), as formas mais comuns de regulamentos são os decretos regulamentares, mas também podem tomar forma de resolução e outras modalidades, podendo desdobrar preceitos constitucionais de eficácia plena e de eficácia contida e atos legislativos primários (leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções).

Regulamentos diferenciam-se dos atos legislativos produzidos pelo Executivo, não pela matéria, mas porque para os legislativos exige-se ordinariamente a participação prévia ou posterior do Poder Legislativo. Embora os regulamentos sejam atos da Administração Pública, não se confundem com os atos administrativos propriamente ditos, pois esses têm conteúdo concreto, específico e normalmente individual. Os regulamentos sempre são limitados pelo ato normativo em face do qual são editados (especialmente pela Constituição e pelas leis).

Com relação aos limites, os regulamentos podem ser classificados em regulamento de execução ou restrito, regulamento delegado ou autorizado, regulamento autônomo, e regulamento independente. Podem ainda ser classificados quanto à previsão normativa para sua edição (espontâneo e provocado ou vinculado), quanto ao âmbito de seus efeitos (interno ou administrativo e externo ou geral), quanto à competência federativa (federal, estadual, distrital, municipal e territorial, e também quanto à finalidade, com alcance em amplo.

A regra é o regulamento restrito ou de execução, enquanto as demais modalidades são exceções, pois nos sistemas constitucionais contemporâneos prevalece o princípio da legalidade (a lei é o principal comando normativo, cabendo aos decretos regulamentares a tarefa de detalhá-las). Assim, os regulamentos de execução são editados para fiel cumprimento da lei. Já os regulamentos delegados ou autorizados também dão cumprimento à à lei, mas a Constituição dá maior liberdade em certas matérias que normalmente seriam reservadas à lei.

Por sua vez, regulamento autônomo é editado para explicitar diretamente a Constituição, que poderá conferir discricionariedade ao titular da função regulamentar, mostrando-se como matéria exclusiva ou reservada apenas ao regulamento, não podendo ser tratada por lei, motivo pelo qual configura ato normativo primário. Enfim, os regulamentos independentes também explicitam diretamente a Constituição, mas em matérias que poderão ser tratados por leis a qualquer tempo.

Sistemas administrativosSistemas Administrativos vem a ser o tipo de regime

adotado pela Administração Pública para o controle dos atos administrativos eivados de ilegalidades ou maculados com ilegitimidade, praticados pelo Poder Público nas mais diversas esferas e em todos os Poderes do Estado.

Assim, a doutrina administrativa estabeleceu pacificamente a existência de três sistemas existentes:

- Sistema Administrativo Tradicional; - Sistema Administrativo de Tipo Inglês (ou de administração

judiciária); - Sistema Administrativo de Tipo Francês (ou de administração

executiva).No Sistema Administrativo Tradicional verifica-se a

inexistência de separação rigorosa, entre o s órgãos, do poder executivo e do poder judicial e a não subordinação da administração pública ao princípio da legalidade.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

O Sistema Inglês, ou então chamado de sistema de unicidade de jurisdição, é aquele em que todos os litígios, seja administrativo ou que envolvam interesses exclusivamente privados, podem ser levados ao Poder Judiciário, sendo esta a única via que dispõe de competência necessária para estabelecer e declarar o direito aplicável aos casos litigiosos, de forma definitiva, com força suficiente denominada coisa julgada. Diz-se, neste sistema administrativo que somente o Poder Judiciário tem jurisdição, em sentido próprio.

O Sistema Francês, ou então conhecido de sistema de dualidade de jurisdição, é aquele pelo qual temos a vedação do conhecimento do Poder Judiciário de atos da administração pública, ficando estes atos sujeitos à chamada “jurisdição especial do contencioso administrativo”, formada pelos tribunais de índole e competência administrativa.

Neste sistema, há, portanto, a jurisdição administrativa formada pelos tribunais de natureza jurídica administrativa, com plena jurisdição em matéria administrativa, e a jurisdição comum, formada pelos órgãos do Poder Judiciário, com a competência de resolver os demais litígios, entre os particulares.

O Brasil adotou o sistema de jurisdição única, consagrado no denominado princípio da inafastabilidade de jurisdição, que se encontra devidamente expresso como garantia individual, sendo conferido o status de cláusula pétrea constitucional, cujo processo de modificação é mais rígido e assim, assegurando aos administrados segurança jurídica, prevista na Carta Magna no artigo 5º, inciso XXXV. Por força do referido dispositivo constitucional, temos que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.

Assim, muito embora no Brasil seja frequente haver litígios instaurados e solucionados em âmbito administrativo, o administrado sempre terá a possibilidade de recorrer à tutela do Poder Judiciário, até mesmo depois de haver percorrido todas as instâncias existentes na esfera administrativa.

Dessa forma, o Poder Judiciário, uma vez provocado, poderá confirmar a decisão proferida no processo administrativo, ou então entender pela modificação da decisão proferida em âmbito administrativo, quando for contrária ao que dispõe a lei ou a princípios jurídicos.

Somente a decisão judicial que não mais comporte ou admita recurso é definitiva, imodificável, fazendo assim vir à tona seus efeitos tanto materiais como formais.

Princípios do Direito Administrativo:A doutrina administrativa adota diversos princípios que

norteiam o Direito Administrativo, entretanto, nos preocupamos em elencar os principais, senão vejamos:

Princípio da Supremacia do Interesse Público:Tal Princípio, muito embora não se encontre expresso no

enunciado do texto constitucional é de suma importância para a atividade administrativa, tendo em vista que, em decorrência do regime democrático adotado pelo Brasil, bem como o seu sistema representativo, temos que toda a atuação do Poder Público seja consubstanciada pelo interesse público e coletivo.

Assim, para que o Estado possa atingir a finalidade principal que lhe foi imposta pelo ordenamento jurídico, qual seja, o inte-resse público, é assegurado a administração pública uma série de prerrogativas, não existente no direito privado, para que se alcance a vontade comum da coletividade.

Assim, a supremacia do interesse público deve se sobressair sobre os direitos particulares dos administrados, pois decorre deste princípio que, na hipótese de haver um conflito entre o interesse público e os interesses de particulares, é evidente e lógico que a vontade comum e o interesse coletivo deve prevalecer, respeitados os princípios do devido processo legal, e do direito adquirido.

Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público:Em decorrência do princípio da indisponibilidade do interesse

público são vedados ao administrador da coisa pública qualquer ato que implique em renúncia a direitos da administração, ou que de maneira injustificada e excessiva onerem a sociedade.

Dessa maneira, a administração pública deve ter sai ação con-trolada pelo povo, por meios de mecanismos criados pelo Estado para esta finalidade, visto que o interesse público não pode ser disponível.

Princípio da Autotutela: O direito Administrativo, diante de suas prerrogativas confere à Administração Pública o poder de corrigir de oficio seus próprios atos, revogando os irregulares e inoportunos e anulando os manifestamente ilegais, respeitado o di-reito adquirido e indenizando os prejudicados, cuja atuação tem a característica de autocontrole de seus atos, verificando o mérito do ato administrativo e ainda sua legalidade;

Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade: A Adminis-tração deve agir com bom senso, de modo razoável e proporcional;

Princípio da Continuidade: Os serviços públicos não podem parar, devendo manter-se sempre em funcionamento, dentro das formas e períodos próprios de sua regular prestação;

Princípio da Especialidade: Por tal principio aplica-se mais as autarquias, não podem elas ter outra função, além daquelas para as quais foram criadas.

3 ATO ADMINISTRATIVO. 3.1 CONCEITO, REQUISITOS, ATRIBUTOS,

CLASSIFICAÇÃO E ESPÉCIES. 3.2 INVALIDAÇÃO, ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO. 3.3 PRESCRIÇÃO.

Conceito: Atos administrativos são espécies do gênero “ato jurídico”,

ou seja, são manifestações humanas, voluntárias, unilaterais e destinadas diretamente à produção de efeitos no mundo jurídico.

De acordo com os ensinamentos do jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, ato administrativo pode ser conceituado como: “declaração do Estado (ou de quem lhe faça às vezes – como, por exemplo, um concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional”.

Segundo o conceito formulado por Hely Lopes Meirelles, temos que: “ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”.

Para Maria Sylvia Di Pietro, ato administrativo pode ser definido como: “a declaração do Estado ou de quem o represente, produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Judiciário”.

Dessa forma, temos que é por meio do ato administrativo que a função administrativa se concretiza, sendo toda a exteriorização da vontade do Estado, executada pelos agentes públicos, objetivando alcançar o interesse coletivo.

Concluindo então, ato administrativo é a manifestação ou declaração da Administração Pública, editada pelo Poder Público, através de seus agentes, no exercício concreto da função

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administrativa que exerce, ou de quem lhe faça às vezes, sob as regras de direito público, com a finalidade de preservar e alcançar os interesses da coletividade, passível de controle Jurisdicional.

Requisitos e elementos do ato administrativo: A doutrina administrativa é pacifica em apontar cinco

requisitos básicos, ou elementos dos atos administrativos: competência, finalidade, forma, motivo e objeto.

Além, naturalmente, dos requisitos gerais de todos os atos jurídicos perfeitos, como agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não proibida em lei.

Trata-se de requisitos fundamentais para a validade do ato administrativo, pois o atos que for editado ou praticado em desacordo com o que a lei estabeleça para cada requisito, será, via de regra, um ato nulo.

Competência: A definição de competência é o poder legal conferido ao agente

público para o desempenho regular e específico das atribuições de seu cargo. É a competência a condição primeira de validade do ato administrativo, onde deve haver uma análise sobre a incidência ou não da capacidade específica e legalmente definida para a prática do ato.

Importante observar que a noção de competência do agente, na esfera do Direito Administrativo, alcança, além do agente, também o órgão do Estado que ele representa, dessa forma, conclui-se que a competência é prerrogativa do Estado, exercitada por seus agentes, respeitada a hierarquia e distribuição constitucional de atribuições.

A competência é um elemento, ou requisito, sempre vinculado, ou seja, não há possibilidade de escolha na determinação da competência para a prática de um ato, tendo em vista que tal vinculação decorre de lei.

Para os estudos sobre o requisito da competência do ato administrativo, se mostra necessário e oportuno mencionar a existência das figuras da avocação de competência e a delegação de competência.

Nos casos em que houver avocação ou delegação de competência não se verifica a transferência da titularidade da competência, apenas o seu exercício. Importante salientar que o ato de delegação ou avocação de competência é discricionário e revogável a qualquer momento.

A avocação é o ato mediante o qual o superior hierárquico traz para si o exercício temporário de certa competência atribuída por lei a um subordinado, devendo ser medida excepcional e de caráter precário, sendo que a avocação não será possível quando se tratar de competência exclusiva do subordinado.

A delegação, doutro modo é o ato mediante o qual o superior hierárquico delega para seu subordinado ou a outro órgão, competência que lhe pertence, também tem a característica de ser temporário e revogável a qualquer momento, devendo seguir os limites previstos em lei,

Quando o agente público ou órgão atua fora, ou além, de sua esfera de competência, temos presente então uma das figuras de abuso de poder, ou excesso de poder, que, nem sempre esta fadado a anulação do ato, visto que o vício de competência admite convalidação, salve se tratar de competência em razão da matéria ou de competência exclusiva.

Finalidade: Ao editar determinado ato administrativo, o Poder Público

deve perseguir o interesse público. É o objetivo principal que a Administração Pública pretende alcançar com a prática do ato administrativo.

Dessa maneira a finalidade do ato deve ser sempre o interesse da coletividade e a finalidade específica prevista em lei para aquele ato da administração.

Sendo requisito de validade do ato, é nulo qualquer ato prati-cado visando exclusivamente o interesse privado, ou seja, o desa-tendimento a qualquer das finalidades do ato administrativo con-figura vício insanável, com a obrigatória anulação do ato. O vício de finalidade é denominado pela doutrina como desvio de poder, configurando em uma das modalidades do abuso de poder.

Forma: A forma é o modo de exteriorização do ato administrativo.

Todo ato administrativo, em principio, deve ser formal, e a forma exigida pela lei quase sempre é escrita, em atendimento inclusive ao principio constitucional de publicidade.

A forma, ou formalidade é o conjunto de exterioridades que devem ser observadas para a regularidade do ato administrativo, assim, temos que todo ato administrativo é formal, pelo que sua falta resulta, necessariamente, na inexistência do ato administra-tivo.

Existe em dois sentidos, no amplo e no estrito. Em sentido amplo é o procedimento previsto em lei para a prática regular do ato administrativo. Seu sentido estrito refere-se ao conjunto de re-quisitos formais que devem constar no próprio ato administrativo, de acordo com suas formalidades próprias.

Motivo:O motivo é a causa imediata do ato administrativo, é a si-

tuação fática, ou jurídica, que determina ou possibilita a atuação administrativa, razão pela qual todo ato administrativo deve ser motivado, assim temos que o motivo é elemento integrante do ato.

O motivo do ato administrativo não se traduz apenas como um elemente, mas também como um pressuposto objetivo do ato em si, a motivação do ato administrativo tornou-se regra jurídico--administrativa abrigatória.

Destaca-se que, de acordo com a teoria dos motivos deter-minantes, que consiste em explicitar que a administração pública está sujeita e passiva de controle administrativo e/ou judicial, dian-te do controle de legalidade e legitimidade, relativo a existência e a pertinência dos motivos, fáticos e legais, que a declarou como causa determinante para a prática do ato.

Dessa maneira, caso seja comprovada a não ocorrência da si-tuação declarada como determinante para a prática do ato, ou então a inadequação entre a situação ocorrida e o motivo descrito na lei, o ato será nulo.

A Teoria dos Motivos Determinantes aplica-se tanto a atos vinculados quanto a atos discricionários, mesmo aos atos discri-cionários em que , embora não fosse obrigatória, tenha havido motivação.

Objeto:O objeto é o próprio conteúdo material do ato. O objeto do ato

administrativo identifica-se com o seu conteúdo, por meio do qual a administração manifesta sua vontade, ou simplesmente atesta si-tuações preexistentes.

De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, o objeto do ato administrativo “é aquilo que o ato dispõe, isto é, o que o ato decide, enuncia, certifica, opina ou modifica na ordem jurídica”

Pode-se dizer que o objeto doa ato administrativo é a própria alteração na esfera jurídica que o ato provoca, é o efeito jurídico imediato que o ato editado produz.

Atributos do Ato Administrativo: Entende-se por atributos dos atos administrativos as qualida-

des ou características dos atos administrativos, uma vez que re-quisitos dos atos administrativos constituem condições que devem obrigatoriamente ser observadas para a sua validade, os atributos podem ser entendidos como as características dos atos adminis-trativos.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Os atributos dos atos administrativos citados pelos principais autores são: presunção de legitimidade; imperatividade; autoexe-cutoriedade e tipicidade.

Presunção de Legitimidade: A presunção de legitimidade, ou legalidade, é a única caracte-

rística presente em todos os atos administrativos.Assim, uma vez praticado o ato administrativo, ele se presume

legítimo e, em princípio, apto para produzir os efeitos que lhe são inerentes, cabendo então ao administrado a prova de eventual vício do ato, caso pretenda ver afastada a sua aplicação, dessa maneira verificamos que o Estado, diante da presunção de legitimidade, não precisa comprovar a regularidade dos seus atos.

Dessa maneira, mesmo quando eivado de vícios, o ato admi-nistrativo, até sua futura revogação ou anulação, tem eficácia plena desde o momento de sua edição, produzindo regularmente seus efeitos, podendo inclusive ser executado compulsoriamente.

Imperatividade: Pelo atributo da imperatividade do ato administrativo, temos

a possibilidade de a administração pública, de maneira unilateral, criar obrigações para os administrados, ou então impor-lhes res-trições.

Importante esclarecer que nem todos os atos administrativos são revestidos de imperatividade, mas, da mesma forma que ocor-re relativamente à presunção de legitimidade, os atos acobertados pela imperatividade podem, em princípio, ser imediatamente im-postos aos particulares a partir de sua edição.

Autoexecutoriedade: O ato administrativo possui força executória imediatamente a

partir de sua edição, isso ocorre porque as decisões administrativas trazem em si a força necessária para a sua auto execução. Os atos autoexecutórios são aqueles que podem ser materialmente imple-mentados pela administração, de maneira direta, inclusive median-te o uso de força, caso seja necessário, sem que a Administração Pública precise de uma autorização judicial prévia.

A autoexecutoriedade dos atos administrativos fundamenta-se na natureza pública da atividade administrativa, em razão desta, atendendo o interesse público, assim, a faculdade de revestimento do ato administrativo pela característica da autoexecução de seus próprios atos se manifesta principalmente pela supremacia do in-teresse coletivo sobre o particular.

Tipicidade: Para a Profª. Maria Sylvia Di Pietro, a tipicidade é: “o atribu-

to pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras de-finidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados”.

Visando a segurança jurídica aos administrados, o atributo da tipicidade garante que o ato administrativo deve corresponder a figuras previamente estabelecidas pelo ordenamento jurídico vi-gente.

Classificação dos Atos Administrativos:Atos Vinculados e Atos Discricionários:Os atos vinculados são os que a Administração Pública pratica

sem qualquer margem de liberdade de decisão, tendo em vista que a lei previamente determinou a única medida possível de ser ado-tada sempre que se configure a situação objetiva descrita em lei.

Os atos discricionários são aqueles que a Administração Pú-blica pode praticar com certa liberdade de escolha e decisão, sem-pre dentro dos termos e limites legais, quanto ao seu conteúdo, seu modo de realização, sua oportunidade e conveniência admi-nistrativa.

Dessa maneira, na edição de um ato vinculado a administra-ção Pública não dispõe de nenhuma margem de decisão, sendo que o comportamento a ser adotado pelo Administrador está regula-mentado em lei, enquanto na edição de um ato discricionário, a le-gislação outorga ao agente público uma certa margem de liberdade de escolha, diante da avaliação de oportunidade e conveniência da pratica do ato.

Neste sentido, oportuno esclarecer a expressão “Mérito Administrativo”. Mérito do ato administrativo não é considerado requisito para a formação do ato, mas tem implicações com o motivo e o objeto do ato, e consequentemente, com as suas condições de validade e eficácia.

O mérito administrativo consubstancia-se, portanto, na valoração dos motivos e na escolha do objeto do ato, feitas pela Administração incumbida de sua prática quando autorizada a decidir sobre a conveniência, oportunidade e justiça do ato a realizar.

O merecimento é aspecto pertinente apenas aos atos administrativos praticados no exercício de competência discricionária. Nos atos vinculados não há que se falar em mérito, visto que toda a atuação do Executivo se resume no atendimento das imposições legais. Quanto ao mérito administrativo a Administração decide livremente, e sem possibilidade de correção judicial, salvo quando seu proceder caracterizar excesso ou desvio de poder.

Atos Gerais e Atos Individuais:Os atos administrativos gerais caracterizam-se por não possuir

destinatários direitos e determinados, apresentam apenas situações normativas aplicáveis a todos os administrados e hipóteses fáticas que se enquadrem nesses casos descritos de forma abstratos. As-sim, é possível dizer que tais atos possuem como característica a generalidade e abstração.

Os atos administrativos individuais são aqueles que possuem destinatário final certo e determinado, produzindo seus efeitos de maneira direta e concreta e de forma individualizada, seja consti-tuindo ou declarando situações jurídico-administrativa particula-res. O ato individual pode ter um único destinatário – ato singular – ou então diversos destinatários, desde que determinados e iden-tificados – atos plúrimos.

Atos Internos e Atos Externos:Atos administrativos internos, são aqueles destinados a produ-

zir efeito somente no âmbito da Administração Publica, atingindo de forma direta e exclusiva seus órgãos e agentes.

Atos administrativos externos são os que atingem os cidadãos administrados de forma geral, criando direitos ou obrigações ge-rais ou individuais, declarando situações jurídicas. Para esses atos é necessário que haja a publicação em imprensa oficial, como con-dição de vigência e eficácia do ato.

Atos Simples, Complexo e Composto:Ato administrativo simples é aquele que decorre de uma única

manifestação de vontade, de um único órgão, unipessoal ou me-diante apreciação de colegiado. Assim, o ato simples esta comple-to somente com essa manifestação, não dependendo de outra, seja concomitante ou posterior, para que seja considerado perfeito, não dependendo ainda de manifestação de outros órgãos ou autorida-des para que possa produzir seus regulares efeitos.

Ato administrativo complexo é o que necessita, para sua for-mação e validade, da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos, ou autoridades, diferentes.

Ato administrativo composto é aquele cujo conteúdo resulta de manifestação de um só órgão, mas a sua edição ou a produção de seus regulares efeitos dependem de outro ato que o aprove. A atribuição desse outro ato é simplesmente instrumental, visando

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DIREITO ADMINISTRATIVO

a autorizar a prática do ato principal, ou então conferir eficácia a este. Ressalta-se que o ato acessório ou instrumental em nada altera o conteúdo do ato principal.

Ato Válido, Ato Perfeito e Ato Eficaz:Ato válido é o que esta em total conformidade com o ordena-

mento jurídico vigente, atendendo as exigências legais e regula-mentares impostas para que sejam validamente editadas, não con-tendo qualquer vício ou defeito, irregularidades ou ilegalidades.

Ato administrativo perfeito é o qual esta pronto, acabado, que já esgotou e concluiu o seu ciclo, foram exauridas todas as etapas de formação, já esgotaram todas as fases necessárias para a sua produção.

Ato administrativo eficaz é aquele que já está disponível e apto a produzir seus regulares efeitos, sendo capaz de atingir sua plenitude e alcance.

Espécies de ato administrativoSegundo a doutrina majoritaria administrativa, podemos

agrupar os atos administrativos em 5 cinco espécies:Atos normativos:São aqueles que contém um comando geral do Executivo

visando ao cumprimento de uma lei. Podem apresentar-se com a característica de generalidade e abstração (decreto geral que re-gulamenta uma lei), ou individualidade e concreção (decreto de nomeação de um servidor).

São atos normativos: o decreto; o regimento; e a resolução. Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o funcionamento da

Administração e a conduta funcional de seus agentes. São ordinatórios os atos administrativos que disciplinam e regram o funcionamento dos órgãos da Administração Pública e orientam os rocedimentos adotados pelos agentes públicos.

De acordo com Hely Lopes de Meirelles: “são aqueles que só atuam no âmbito interno das repartições e só alcançam os servidores hierarquizados à chefia que os expediu. Não obrigam aos particulares, nem aos funcionários subordinados a outras chefias.”

Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expedidos por chefes de serviços aos seus subordinados. Logo, não obrigam aos particulares.

São atos ordinatórios: as instruções; as circulares; os avisos; as portarias; as ordens de serviço; os ofícios e os despachos.

Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma declaração de vontade da

Administração apta a concretizar determinado negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas condições impostas ou consentidas pelo Poder Público.

Muito embora apresentem interesses de ambas as partes, externando a manifestação de vontades entre a administração e o administrado, o ato administrativo negocial possui natureza unilateral, visto que são editados pela Administração Pública, sob as normas do direito público, assim, a vontade do destinatário não é relevante para a formação do ato negocial, visto que necessita apenas de provocação, e depois a aceitação da vontade externada pelo Poder Público.

São atos negociais: a licença; autorização; permissão; aprovação; admissão; homologação e a dispensa.

Atos enunciativos: São todos aqueles em que a Administração se limita a certificar

ou a atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, constantes de registros, processos e arquivos públicos, sendo sempre, por isso, vinculados quanto ao motivo e ao conteúdo.

Segundo Hely Lopes de Meirelles temos que “aos atos enunciativos embora não contenham uma norma de atuação, nem ordenem a atividade administrativa interna, nem estabeleçam uma relação negocial entre o Poder Público e o particular, enunciam, porém, uma situação existente, sem qualquer manifestação de vontade da Administração”.

Não há, no ato enunciativo, o estabelecimento de uma relação jurídica, justamente por não conter uma manifestação de vontade do Poder Público, mas sim enunciando um fato ja existente.

São atos enunciativos: a certidão; o atestado e o parecer.Atos punitivos:São aqueles que contêm uma sanção imposta pela lei e aplicada

pela Administração, visando a punir as infrações administrativas e condutas irregulares de servidores ou de particulares perante a Administração.

Possuem o objetivo, de acordo com os ensinamentos de Hely Lopes de Meirelles “de unir e reprimir as infrações administrativas ou a conduta irregular dos servidores ou dos particulares perante a Administração”.

Pode-se concluir então que os atos punitivos podem ser externos, quando aplicados aos administrados; e internos, quando aplicados aos servidores da própria administração.

São atos punitivos externos: multa; interdição de atividades; destruição de coisas; demolição administrativa; a cassação e o confisco.

São atos punitivos internos: o afastamento preventivo de servidor investigado; advertencia; suspensão; demissão e a cassação de aposentadoria.

Extinção dos Atos Administrativos: O ato administrativo vigente permanecerá produzindo seus

efeitos no mundo jurídico até que algo capaz se alterar essa con-dição ocorra. Uma vez publicado e, eivado de ou não, terá plena vigência e devera ser cumprido, em atendimento ao atributo da presunção de legitimidade, até o momento em que ocorra formal-mente a sua extinção.

O desfazimento do ato administrativo poderá ser resultante do reconhecimento de sua ilegitimidade, de vícios em sua forma-ção, ou então poderá ser declarada a falta de necessidade de sua validade.

Assim, o ato administrativo é considerado extinto quando ocorrer as principais formas de extinção: Revogação, Anulação e Cassação.

Revogação:A revogação é modalidade de extinção de ato administrativo

que ocorre por razões de oportunidade e conveniência. A Adminis-tração Pública pode revogar um ato quando entender que, embora se trate de um ato válido, que atenda a todas as prescrições legais, não está de acordo com, ou não atende adequadamente ao interesse público no caso concreto.

Assim, temos que a revogação é a retirada, do mundo jurídico, de um ato válido, mas que, por motivos de oportunidade e conve-niência (discricionariedade administrativa), tornou-se inoportuno ou inconveniente a sua manutenção.

Importante esclarecer que a medida de revogação de ato ad-ministrativo é ato exclusivo e privativo da Administração Pública que praticou o ato revogado. Assim, o Poder Judiciário em hipó-tese alguma poderá revogar um ato administrativo editado pelo Poder Executivo ou Poder Legislativo. Tal imposição decorre do Princípio da Autotutela do Estado em revogar seus próprios atos, de acordo com sua vontade.

O ato revogatório não retroage para atingir efeitos passados do ato revogado, apenas impedindo que este continue a surtir efei-tos, assim, temos que a revogação do ato administrativo opera com o efeito “ex nunc”, ou seja, os efeitos da revogação não retroagem, passando a gerar seus regulares efeitos a partir do ato revogatório.

Anulação: Anulação ocorre quando um ato administrativo estiver eivado

de vícios, relativos a legalidade ou legitimidade. Pode a Adminis-tração anulá-lo de ofício ou por provocação de terceiro, ou então pode o judiciário anulá-lo também, entretanto não pode agir de oficio, deve aguardar provovação.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Seu controle de legitimidade ou legalidade deverá ocorrer em sua forma, nunca em relação ao mérito do ato administrativo.

Um vício de legalidade ou legitimidade pode ser sanável ou insanável. Assim, quando se verificar que trata-se de um vício in-sanável, a anulação do ato deve ser obrigatória, entretanto, quando se tratar de um vício sanável, o ato poder ser anulado ou convali-dado, de acordo com a discricionariedade imposta à Administração Pública, que irá efetuar um juizo de oportunidade e conveniência da manutenção dos efeitos do ato administrativo.

A anulação age retroativamente, ou seja, todos os efeitos pro-vocados pelo ato anulado também são nulos, daí surge o denomi-nado efeito “ex tunc”, que significa dizer justamente que, com a anulação, os efeitos do ato retroage desde a sua origem.

Cassação: É a extinção do ato administrativo quando o seu beneficiário

não cumpri fielmente os requisitos que deveria permanecer cumprindo, como forma de exigência para a manutenção do ato e de seus regulares efeitos jurídicos.

A Cassação pode ser também entendida como forma de san-ção para o particular que não cumpriu as exigências pré estabeleci-das para a manutenção de um determinado ato.

Prescrição Administrativa: Em sentido amplo, é necessário conceituarmos o instituto da

Prescrição, que nas mais simples concepções jurídicas temos que é a extinção do direito de ação em razão da inércia do titular do direito, pelo decurso de determinado lapso temporal, se extinguin-do o direito de ingresso com ação judicial, e não o direito material propriamente dito.

Podemos conceituar o instituto da prescrição administrativa sob suas vertentes: a primeira consiste em analisar a Administra Pública em relação ao administrado e em segunda análise do ad-ministrado em relação ao Poder Público.

No primeiro caso, é a perda do prazo que a Administração Pú-blica reveja os seus próprios atos, ou para que aplique penalidades administrativas ao seus agentes públicos ou então aos administra-dos, enquanto que no segundo caso, temos que prescrição adminis-trativa é a perda do prazo de que goza o particular para recorrer de decisões administrativas.

4 AGENTES ADMINISTRATIVOS. 4.1 INVESTIDURA E EXERCÍCIO DA FUNÇÃO PÚBLICA. 4.2 DIREITOS E

DEVERES DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS; REGIMES JURÍDICOS.

4.3 PROCESSO ADMINISTRATIVO: CONCEITO, PRINCÍPIOS, FASES E

MODALIDADES. 4.4 LEI Nº 8.112/1990 E ALTERAÇÕES.

Agentes Administrativos:- Servidor Público: na definição do jurista Celso Antônio

Bandeira de Mello, temos que são servidores públicos: “todos aqueles que mantêm vínculo de trabalho profissional com as entidades governamentais, integrados em cargos ou empregos da União, Estados, Distrito Federal, Municípios, respectivas autarquias e fundações de Direito Público. Em suma: são os

que entretêm com o Estado e com as pessoas de Direito Público da Administração indireta relação de trabalho de natureza profissional e caráter não eventual”.

Em outras palavras, podemos definir servidor público como aqueles que gozam da titularidade de cargos públicos de provimento efetivou ou de provimento de cargo em comissão, são agentes administrativos, de caráter estatutário.

- Empregados Públicos: são aqueles que mantém vínculo funcional com a administração pública, ocupantes de empregos públicos, sujeitando-se a regime jurídico contratual de trabalho, regidos especificamente pelas regras e normas previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

- Temporários: são os particulares contratados pela Administração Pública com tempo de prestação de serviço determinado, para atender necessidades temporárias de excepcional interesse público, são ocupantes de função pública remunerada e temporária, com contrato de trabalho regido pelas normas do Direito Público, e não trabalhista (CLT), mas também não possui o caráter estatutário. É uma forma especial de prestação de serviço público temporário, urgente e excepcional.

Para melhor compreensão sobre o tema oportuno e conveniente, mencionarmos as definições confeccionadas pela doutrina administrativa de cargos públicos, empregos públicos e funções públicas:

- Cargos públicos: nos ensinamentos do professor e jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, temos que cargos públicos “são as mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem expressadas por um agente , prevista em número certo, com denominações próprias, retribuídas por pessoas jurídicas de Direito Público e criadas por lei”.

Importante esclarecer que aqueles que são titulares de cargos públicos são submetidos ao regime estatutário, são servidores públicos efetivos e/ou comissionados.

- Empregos Públicos: para Celso Antônio Bandeira de Mello, “são núcleos de encargos de trabalho permanentes a serem preenchidos por agentes contratados para desempenhá-los, sob relação trabalhista”.

Destaca-se que os ocupantes de empregos públicos são regidos ao regime contratual, obedecidos as regras da CLT, com natureza trabalhista.

- Funções Públicas: são as funções de confiança e ainda as funções exercidas por agentes públicos contratado por tempo certo e determinado para atender interesse de caráter excepcional de interesse público, não havendo a necessidade de abertura de concurso público para tal contratação, dada sua urgência e excepcionalidade.

Da Acessibilidade aos Cargos e Empregos PúblicosA Constituição Federal prevê que é amplo o acesso aos cargos

e empregos públicos aos brasileiros que cumpram os requisitos previstos em lei, assim como aos estrangeiros (pois há cargos públicos que somente poderão ser preenchidos por brasileiros natos ou naturalizados), mediante a realização e aprovação em concurso público de provas ou provas e títulos, exceto para a contratação de cargo de provimento em comissão, os quais são livres a nomeação e a exoneração, de acordo com a conveniência e oportunidade verificada pela Autoridade Administrativa.

A obrigatoriedade de concurso público é somente para a primeira investidura em cargo ou emprego público, isto é, para o ingresso em cargo isolado ou no cargo inicial da carreira, nas entidades estatais, suas autarquias, suas fundações públicas e suas paraestatais.

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O concurso é o meio técnico posto à disposição da Administração Pública para obter-se moralidade, eficiência e aperfeiçoamento do serviço público propiciando igualdade de oportunidade a todos os interessados no ingresso da carreira pública, desde que atendam aos requisitos da lei, consoante determina a Constituição Federal.

Após a realização do concurso segue-se o provimento do cargo, através da nomeação do candidato aprovado.

Importante ressaltar que a exigência de aprovação prévia em concurso público implica a classificação dos candidatos e nomeação na ordem dessa classificação, haja vista que não basta, pois, estar aprovado em concurso para ter direito à investidura, visto que é necessária também é que esteja classificado e na posição correspondente às vagas existentes, durante o período de validade do concurso, que é de 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado por mais 2 (dois) anos uma única vez.

O concurso público deve ser realizado com observância ao tratamento impessoal e igualitário aos interessados e concorrentes do certame. Cumpre ressaltar que o concurso público dever ser provas ou provas e títulos, ou seja, não basta para a aprovação do candidato a cargos efetivos ou empregos públicos a análise baseada exclusivamente em títulos ou currículos, mas sim precedidos da realização de provas, objetivando aferir o melhor e mais preparado candidato postulante de cargo ou emprego público.

As entidades estatais são livres para organizar seu pessoal para o melhor atendimento dos serviços e cargos, mas a organização deve ser fundamentada em lei, prevendo as devidas competências e observâncias das normas constitucionais pertinentes ao funcionalismo público.

É facultado ao Poder Executivo, através de ato administrativo extinguir cargos públicos na forma da Lei bem como praticar os atos de nomeação, remoção, demissão, punição, promoção, licenças, aposentadorias, lotação e concessão de férias.

A nomeação é o ato de provimento de cargo, que se completa com a posse e o exercício.

A investidura do servidor no cargo ocorre efetivamente com a posse. Por ela se conferem ao funcionário ou ao agente político as prerrogativas, os direitos e os deveres do cargo ou do mandato.

Importante salientar que sem a posse o provimento não se completa, nem pode haver exercício da função pública. É a posse que marca o início dos direitos e deveres funcionais, como, também, gera as restrições, impedimentos e incompatibilidades para o desempenho de outros cargos, funções ou mandatos.

Por isso mesmo, a nomeação regular só pode ser desfeita pela Administração antes de ocorrer a posse do nomeado. No entanto, a anulação do concurso, com a exoneração do nomeado, após a posse, só pode ser feita com observância do devido processo legal e a garantia de ampla defesa e o contraditório.

O exercício do cargo é consequência natural da posse. Normalmente, a posse e o exercício são dados em momentos sucessivos e por autoridades diversas, mas casos há em que se reúnem num só ato, perante a mesma autoridade. É o exercício que marca o momento em que o funcionário passa a desempenhar formalmente e de acordo com a lei suas funções e ainda adquire direito às vantagens do cargo e à contraprestação pecuniária devida pelo Poder Público.

Com a posse, o cargo fica provido e não poderá ser ocupado por outrem, mas o provimento só se completa com a entrada em exercício do nomeado. Se este não o faz na data prevista, a nomeação e, assim, consequentemente, a posse tornam-se ineficazes, o que, devendo assim ser declarada, pela autoridade competente, a vacância do cargo.

Do Provimento: Ato administrativo no qual o cargo público é preenchido, podendo ser provimento efetivo ou em comissão.

Assim, provimento é o ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo público, com a designação de seu titular. O provimento pode ser originário ou inicial e derivado.

Provimento inicial é o que se faz através de nomeação, que pressupõe a inexistência de vinculação entre a situação de serviço anterior do nomeado e o preenchimento do cargo. Assim, tanto é provimento inicial a nomeação de pessoa estranha aos quadros do serviço público quanto a de outra que já exercia função pública como ocupante de cargo não vinculado àquele para o qual foi nomeada.

Entretanto o provimento derivado, que se faz por transferência, promoção, remoção, acesso, reintegração, readmissão, enquadramento, aproveitamento ou reversão, é sempre uma alteração na situação de serviço do provido.

Segundo a classificação aceita pelo Supremo Tribunal Fede-ral, as formas de provimento são:

- Originárias: não decorre de qualquer vínculo anterior entre o servidor e a administração (única forma é a nomeação)

- Derivadas: decorre de vínculo anterior entre servidor e a administração (são: promoção, readaptação, reversão, aproveita-mento, reintegração e recondução).

Da Vacância de Cargos Públicos: Ocorre a vacância quando o servidor desocupa o seu cargo, ficando esse cargo a disposição da Administração Pública, que utilizando-se das formas de provimen-to em cargos públicos o ocupará.

A vacância poderá ser: - Definitiva: mediante exoneração, demissão e falecimento. - Não definitiva (forma um novo vínculo): promoção, readap-

tação, aposentadoria e posse em outro cargo inacumulável.Enquanto existir o cargo, como foi provido, seu titular terá

direito ao exercício nas condições estabelecidas pelo estatuto, mas, caso venha a modificar a estrutura, as atribuições, os requisitos para seu desempenho, são lícitas a exoneração, a disponibilidade, a remoção ou a transferência de seu ocupante, para que outro o desempenhe na forma da nova lei.

Entretanto, o que não se admite é o afastamento arbitrário ou abusivo do titular, por ato do Executivo, sem lei que o autorize, e desrespeitados o devido processo legal, suprimindo o direito a ampla defesa e contraditório, constituindo em arbitrariedade e con-sequentemente abuso de poder.

Da proibição de acumulação de cargos e empregos públi-cos remunerado.

Objetivando evitar abusos, e com finalidade de moralizar as atividades estatais, o legislador constituinte cuidou em estabelecer vedações a acumulação remunerada de cargos, funções e empregos públicos, tanto na esfera da Administração Direta como na Administração indireta e a ela correlatas, conforme dispõe o artigo 37, em seus incisos XVI e XVII, excetuando-se as ressalvas expressas na Carta Magna que admite excepcionalmente as acumulações remuneradas, desde sejam compatíveis entre si nos horários e obedecidos o teto remuneratório.

Para tanto a Constituição Federal arrolou expressamente os cargos passiveis de acumulação remunerada, quais são:

- Dois cargos de professor; - De um cargo de professor com outro cargo técnico ou

científico, e; - De dois cargos ou empregos privativos de profissionais de

saúde, com profissões regulamentadas.É ainda possível a acumulação remunerada de cargos

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DIREITO ADMINISTRATIVO

constante do texto constitucional, sendo permitido acumular nos casos de servidor eleito a vereador (art. 38, III); permissão para juízes de direito cumulativamente exercerem o magistério (art. 95, parágrafo único) e ainda permissão para que os membros do Ministério Público possam exercer cumulativamente o magistério (artigo 128, § 5º, inciso II, “d”).

Do regime constitucional específico dos servidores públicos titulares de cargos.

As disposições constitucionais pertinentes exclusivamente para os servidores públicos titulares de cargos públicos, os esta-tutários, estão explicitamente previstos no texto constitucional no artigo 39 ao artigo 41, além de ter sua disciplina regulamentada, na esfera federal, por meio da Lei 8.112/90, denominada Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União.

Sistematicamente, objetivando melhor compreensão sobre o tema, subdividimos alguns dos principais direitos conferidos pela constituição e pela referida Lei Federal, senão vejamos:

Irredutibilidade de Vencimentos:Por definição, temos que vencimento é a designação técnica

da retribuição pecuniária prevista legalmente como a contrapartida devida ao servidor público pela sua prestação de serviços.

Assim, a Constituição Federal, em seu artigo 37, inciso XV, estabelece e garante que é vedada a irredutibilidade dos vencimen-tos dos servidores públicos.

Estabilidade:Nos termos do artigo 41 da Constituição Federal, temos que

transcorrido o lapso temporal de 3 (três) anos de exercício subse-quentes à nomeação do servidor público, este goza de estabilidade, sendo certo que para sua aquisição é necessária e obrigatória a efe-tiva avaliação especial de desempenho, por uma comissão formada especialmente para tal fim.

Assim, para que o servidor público esteja apto a gozar de sua estabilidade é necessário o preenchimento de quatro requisitos cumulativos:

- aprovação em concurso público; - nomeação para cargo público efetivo; - três anos de efetivo exercício no cargo público, e; - aprovação em avaliação especial de desempenho julgada

por comissão instituída para tal finalidade.A estabilidade de servidor público é o direito de não ser des-

ligado de suas ocupações públicas, senão em virtude de sentença judicial transitada em julgado e realização de processo adminis-trativo, observado a garantia constitucional da ampla defesa e do contraditório.

Cumpre ressaltar que, apesar de divergência doutrinária, em nenhuma hipótese o servidor ocupante de cargo em comissão terá direito a estabilidade, e tampouco, os empregados públicos, seja qual for o órgão ou entidade que esteja vinculado.

DisponibilidadePela disponibilidade, temos que o servidor público estável

é colocada em inatividade remunerada, até que o mesmo seja aproveitado adequadamente em outro cargo, com proventos proporcionais ao seu tempo de prestação de serviços.

Isto ocorre quando o servidor público estável tem seu cargo extinto ou declarado desnecessário, assim, com tal extinção do cargo que ocupava, a Constituição Federal conferiu o direito de o servidor estável aguardar inativamente e sendo remunerado sua recolocação nos quadros funcionais da Administração Pública, podendo ocorrer ainda na hipótese de reintegração de outro servidor (cuja exoneração foi revista judicialmente), seja desalojado do cargo que ocupava sem ter uma cargo de origem para retornar a ele.

Da Aposentadoria e proventosÉ garantido constitucionalmente que o servidor público

titular de cargo efetivo ingresse no regime de previdência de caráter contributivo, lhe garantindo aposentadoria e proventos em condições especiais.

O regime de previdência que estão submetidos os servidores públicos de cargo efetivo é um regime próprio, com peculiaridades, diferente do regime geral a que estão sujeitos os demais trabalhadores, não só da iniciativa privada regulamentado pela CLT, mas também os servidores ocupantes de cargo em comissão, função temporária e emprego público.

Proventos é a designação técnica relativa aos valores pecuniários devidos aos servidores inativos, podendo estarem aposentados ou disponíveis.

A aposentadoria pode ocorrer em três hipóteses: - Voluntária; - Compulsória por idade, e; - por acidente em serviço, ou doença grave ou então incurável

(especificada em lei), ou então decorrente de invalidez originária de causas diversas das situações anteriores.

Responsabilidade do Servidor PúblicoO servidor público no exercício de suas atribuições pode

ser responsabilizado, pela prática de ato ilícito, nas esferas administrativa, civil ou penal.

A administração pode aplicar a sanção de forma cumulativa, ou seja, o mesmo ato pode ser punido por um sanção civil, penal e administrativa.

Responsabilidade Civil – o servidor público é obrigado a reparar o dano causado à administração pública ou a terceiro, em decorrência de sua conduta dolosa ou culposa, praticada de forma omissiva ou comissiva, mediante o direito de regresso.

Essa responsabilidade é subjetiva, ao contrário da responsabilidade da administração que é objetiva.

Responsabilidade penal – decorre da conduta ilícita praticada pelo servidor público que a lei penal tipifica como infração penal.

Os principais crimes contra a administração estão previstos artigos 312 a 326 do Código Penal Brasileiro.

Responsabilidade administrativa – quando o servidor pratica um ilícito administrativo, bem como o desatendimento de deveres funcionais. Essas práticas ilícitas poderão redundar na responsabilidade administrativa do servidor, que após apuração por meio de sindicância e processo administrativo, sendo culpado, será punido com uma das seguintes medidas disciplinares:

a) advertência – faltas de menor gravidade, previstas no artigo 129 da Lei 8112/90;

b) suspensão – se houver reincidência da falta punida com advertência;

c) demissão – aplicada quando o servidor cometer falta grave, previstas no artigo 132 da Lei 8112/90;

d) cassação de aposentadoria ou disponibilidade – aplicada ao servidor aposentado, que, quando em atividade, praticou falta grave;

e) destituição de cargo em comissão ou função comissionada – também por falta grave.

Do Regime Jurídico ÚnicoSobre o Regime Jurídico Único, é necessário tecermos

algumas considerações sobre o referido instituto.Pois bem, O Regime Jurídico Único, é proveniente do artigo

39 caput da Constituição Federal de 1988 (cuja redação foi alterada por meio da Emenda Constitucional nº 19/98), sendo certo que sua

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DIREITO ADMINISTRATIVO

redação original previa que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deveriam adotar regime jurídico único de pessoal, ou seja, na Administração Direta, Autárquica e Fundacional, cada ente federativo deveria optar pela contratação de pessoal apenas na modalidade de Servidores Públicos estatutários, ou então apenas empregados públicos, regidos por meio de contrato particular de trabalho regulamentado pela CLT.

A intenção do legislador constitucional era exatamente de por fim a convivência simultânea entre os dois regimes jurídicos de contratação dentro do mesmo órgão ou pessoa jurídica, unificando o tipo de contratação.

Segue o texto da redação original do caput do artigo 39 da Constituição Federal: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas”.

Assim, a partir de tal dispositivo constitucional, foi promulgada a Lei Federal nº 8.112/90, que fixou a opção da União pela contratação de servidores em regime estatutário, no qual os servidores são admitidos sob o regime de Direito Público, gozando de estabilidade, possuindo direitos e deveres estabelecidos por lei, bem com as proibições, as responsabilidades, as sanções administrativas, entre outros.

Porém, em 1998 o Poder Executivo propôs uma Reforma Administrativa, prevendo a possibilidade de retorno da pluralidade de regimes jurídicos nas contratações de agentes públicos. Dessa maneira, a Emenda Constitucional nº 19/98 modificou a redação do caput do artigo 39 da Constituição Federal, suprimindo a exigência de unicidade de regime de contratação de pessoal para o setor público.

O dispositivo constitucional passou a figurar da seguinte forma: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes”.

Entretanto, a referida Emenda Constitucional nº 19/98 foi questionada e levada ao crivo do Supremo Tribunal Federal, mediante a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.135-4, e, em 02/08/2007, o STF concedeu medida liminar, suspendendo a eficácia do caput do artigo 39 da Constituição Federal, passando a vigorar a redação anterior que previa o instituto do Regime Jurídico Único.

Conceito de processo administrativoConceitualmente, temos que processo administrativo, ou

então, procedimento administrativo é uma sucessão concatenada de atos administrativos, que transitam todos para um único resultado final e conclusivo.

Assim, para existir o processo administrativo é necessário que haja uma sequência de atos encadeados, ordenados entre si, objetivando um ato derradeiro, todavia, cumpre esclarecer que, apesar de estarem ligados entre si, cada ato conserva em sua essência sua identidade funcional própria, dessa forma, cada ato cumpre uma função especifica e autônoma, porém são organizadas de tal maneira, que é possível alcançar uma expressão decisiva a respeito de determinada matéria.

Requisitos do Procedimento AdministrativoA doutrina administrativa identifica e admite 03 requisitos

essenciais para a formação do procedimento administrativo, quais são:

- Inicialmente é necessário que cada ato administrativo que compõe a cadeia sequencial do procedimento possua autonomia, individualidade jurídica, objetivando conservar sua identidade própria;

- Em uma segunda etapa da formação do procedimento administrativo, estes diversos atos devem estar encadeados, concatenados de maneira sequencial, com o objetivo de alcançar a conclusão sobre determinada matéria;

- Ao final, temos como terceiro requisito, a existência da relação de causalidade, entre os diversos atos administrativos, que, de acordo Celso Antônio Bandeira de Mello, “um determinado ato suponha o anterior e o ato final suponha a todos eles”.

Objetivo do procedimento administrativoDe maneira acertada, os doutrinadores administrativos identi-

ficaram dois objetivos principais do procedimento administrativo: - resguardar o direito dos administrados - tornar a atuação administrativa mais transparente e organi-

zadaAssim, temos inicialmente que o primeiro objetivo da rea-

lização do procedimento administrativo, é justamente ofertar ao administrado a possibilidade de suas razões serem levadas em consideração, antes mesmo da tomada de decisão, pela autoridade administrativa, que irá afetá-lo diretamente.

De outro lado, temos outro objetivo do procedimento admi-nistrativo, que é a transparência das atividades administrativas durante o processo. Tal objetivo visa alcançar e complementar a garantia da defesa jurisdicional, tendo em vista que durante seu curso processual, a autoridade administrativa deve buscar a toma-da da decisão mais bem informada, mais responsável, auxiliando dessa maneira a adoção da melhor solução para os interesses públi-cos, que somente será possível com a organização sistemática do procedimento adotado, conferindo transparência aos atos adminis-trativos processuais, pautados na justiça e obediência a legislação.

Fases do procedimento administrativoDurante o procedimento administrativo, conforme ensina o

Ilustre Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, verifica-se a pre-sença de diferentes fases processuais. Assim, temos a sistematiza-ção das fases divididas e escalonadas da seguinte maneira:

- Fase de iniciativa, ou propulsória; - Fase instrutória; - Fase dispositiva; - Fase controladora ou integrativa, e; - Fase de comunicaçãoFase iniciativa ou propulsória:Tal fase corresponde ao impulso que inicia o processo, que

tanto poderá ser gerado pelo administrado, quando requer uma autorização, licença ou então uma permissão, ou então poderá ser produto de uma decisão administrativa “ex officio”, que é exatamente o que ocorre quando a administração pública inicia a abertura de um concurso público para preenchimento de cargos, ou então o início de uma licitação pública;

Fase Instrutória:Em sequencia passamos pela fase instrutória, na qual a

Administração Pública deve escolher os elementos que serão utilizados como subsídios para a tomada mais acertada da decisão final.

Importante esclarecer que nesta fase deverá ser ouvido aquele que será diretamente atingido pela decisão final da autoridade administrativa, e ainda a demonstração de todos os elementos probatórios necessários para formar o convencimento da autoridade julgadora do procedimento administrativo.

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Didatismo e Conhecimento 12

DIREITO ADMINISTRATIVO

É exatamente neste estágio do procedimento que é ofertado a possibilidade de fazer averiguações, perícias, exames, estudos técnicos, pareceres, e todo e qualquer elemento probatório;

Fase dispositivaPela fase dispositiva temos que é o momento do procedimento

administrativo na qual a Administração Pública irá explanar o seu decisão, fundamentando todos os tópicos de sua sentença final, decidindo então a questão.

Fase controladora ou integrativa:É nesta fase que é disponibilizado as autoridades

administrativas diversas que tiveram participação no procedimento administrativo, para avaliarem de maneira objetiva se houve o satisfatório transcurso das varias fases processuais, e ainda se o que foi decidido esta de acordo com o interesse público e se devem confirmar ou não a decisão final.

Fase de comunicaçãoPor fim, temos a fase de comunicação, em que a providencia

conclusiva, ou seja, a decisão confirmada pelas autoridades administrativas deve ser transmitida pelos meios de comunicação que a lei exigir para cada caso, objetivando dar publicidade das decisões administrativas, com seus fundamentos.

Princípios do procedimento administrativo.Não existe em nosso ordenamento jurídico lei reguladora es-

pecifica que cuida de identificar de forma taxativa quais são os princípios norteadores do procedimento administrativo, entretan-to, em análise a Constituição Federal e as demais legislações ad-ministrativas esparsas, podemos facilmente identificar alguns prin-cípios passiveis de adoção no processo administrativo, os quais serão objetos do presente estudo.

- Princípio da audiência do interessado:Por tal princípio verificamos a incidência de um direito funda-

mental de todo acusado, previsto constitucionalmente, que é o do contraditório, que não se deve resumir em uma única manifestação durante todo o transcurso do procedimento, mas deve a parte que será afetada pela decisão ter oportunidade de se manifestar durante todo o procedimento administrativo.

- Princípio da acessibilidade:Deve estar a disposição e acessível á parte interessada o exa-

me de toda a documentação constantes dos autos do procedimento administrativo, não podendo ser obstado vistas dos autos a parte interessada, bem como os documentos que o compõe, com o ob-jetivo de ter conhecimento pleno de todo o teor do procedimento.

- Princípio da ampla instrução probatória:Por tal princípio, temos o direito do administrado, não apenas

de oferecer e produzir provas durante o tramite processual, mas também o poder de fiscalizar a produção das provas por parte da Administração, objetivando sanar equívocos e se defender de pro-vas duvidosas.

- Princípio da motivação:Este princípio vincula obrigatoriamente a administração pú-

blica em explicitar tanto o fundamento normativo quanto o funda-mento fático da decisão prolatada durante o procedimento admi-nistrativo, bem como em sua decisão final.

- Princípio da revisibilidade:Tal princípio consiste simplesmente no direito do administra-

do recorrer de decisão administrativa que lhe seja desvaforável, seja em sua totalidade ou em parte.

- Princípio da representação:Durante o trâmite processual, é lícito ao administrado reque-

rer o acompanhamento de determinadas peças técnicas de auxiliar capacitado para lhe representar e assessorar.

- Princípio da lealdade e boa-fé:Temos por este princípio que a administração, em todo o trâ-

mite processual esta obrigada a agir de maneira leal, em obediên-cia a boa-fé administrativa, ficando proibida adoção de medidas ardilosas, capazes de colocar o administrado em nível de inferiori-dade no transcorrer do processo.

- Princípio da verdade material:Consiste no fato da administração pública demonstrar a ver-

dade real dos fatos, independente das provas apresentadas nos auto do procedimento administrativo.

- Princípio da celeridade processual:Este princípio norteador do processo administrativo orienta a

administração pública em atuar no processo com presteza e célere, a fim de garantir duração razoável do processo durante sua trami-tação.

- Princípio da gratuidade:Este princípio tem a finalidade de garantir que o procedimento

administrativo não seja motivo de ônus econômicos ao adminis-trado, para que assim, a falta de recursos econômicos e financeiros não sejam motivos de impedir que o administrado figure em qual-quer dos polos do processo.

Objetivando complementar os estudos, é de suma importância à leitura atenta do que dispõe a Lei Federal nº 8.112/90, que dispõe sobre provimento, vacância, redistribuição e substituição, direitos e vantagens, regime disciplinar, responsabilidade civil, criminal e administrativa do servidor público de titularidade efetiva.

LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990

Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Título ICapítulo Único

Das Disposições PreliminaresArt. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores

Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público.

Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.

Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.

Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei.

Título IIDo Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e

SubstituiçãoCapítulo I

Do ProvimentoSeção I

Disposições GeraisArt. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo

público:

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Didatismo e Conhecimento 13

DIREITO ADMINISTRATIVO

I - a nacionalidade brasileira; II - o gozo dos direitos políticos; III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; V - a idade mínima de dezoito anos; VI - aptidão física e mental. § 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de

outros requisitos estabelecidos em lei. § 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o

direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

§ 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.

Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da autoridade competente de cada Poder.

Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse. Art. 8o São formas de provimento de cargo público: I - nomeação; II - promoção; III -(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) V - readaptação; VI - reversão; VII - aproveitamento; VIII - reintegração; IX - recondução.

Seção IIDa Nomeação

Art. 9o A nomeação far-se-á: I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de

provimento efetivo ou de carreira; II - em comissão, inclusive na condição de interino, para

cargos de confiança vagos. Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão

ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o período da interinidade.

Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade.

Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos.

Seção IIIDo Concurso Público

Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente previstas.

Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois ) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período.

§ 1o O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.

§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado.

Seção IVDa Posse e do Exercício

Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei.

§ 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publicação do ato de provimento.

§ 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data de publicação do ato de provimento, em licença prevista nos incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e “f”, IX e X do art. 102, o prazo será contado do término do impedimento.

§ 3o A posse poderá dar-se mediante procuração específica. § 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por

nomeação. § 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração de

bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública.

§ 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo.

Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção médica oficial.

Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for julgado apto física e mentalmente para o exercício do cargo.

Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou da função de confiança.

§ 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em cargo público entrar em exercício, contados da data da posse.

§ 2o O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o disposto no art. 18.

§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade para onde for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício.

§ 4o O início do exercício de função de confiança coincidirá com a data de publicação do ato de designação, salvo quando o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o término do impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da publicação.

Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exercício serão registrados no assentamento individual do servidor.

Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresentará ao órgão competente os elementos necessários ao seu assentamento individual.

Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, que é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data de publicação do ato que promover o servidor.

Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para a retomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede.

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Didatismo e Conhecimento 14

DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a partir do término do impedimento.

§ 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos no caput.

Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente.

§ 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado o disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver interesse da Administração.

§ 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de trabalho estabelecida em leis especiais.

Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados os seguinte fatores: (Vide artigo 41 da Constituição Federal com redação alterada pela Emenda Constitucional 19/98, que estabelece estabilidade após 03 (três) anos de efetivo exercício aos servidores nomeados para provimento efetivo em virtude de concurso público)

I - assiduidade; II - disciplina; III - capacidade de iniciativa; IV - produtividade; V- responsabilidade. § 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio

probatório, será submetida à homologação da autoridade competente a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008

§ 2o O servidor não aprovado no estágio probatório será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo único do art. 29.

§ 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.

§ 4o Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para outro cargo na Administração Pública Federal.

§ 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado a partir do término do impedimento.

Seção VDa Estabilidade

Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. (Vide artigo 41 da Constituição Federal com redação alterada

pela Emenda Constitucional 19/98, que estabelece estabilidade após 03 (três) anos de efetivo exercício aos servidores nomeados para provimento efetivo em virtude de concurso público).

Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.

Seção VIDa Transferência

Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Seção VIIDa Readaptação

Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica.

§ 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando será aposentado.

§ 2o A readaptação será efetivada em cargo de atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga.

Seção VIIIDa Reversão

(Regulamento Dec. nº 3.644, de 30.11.2000)Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor

aposentado: I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar

insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou II - no interesse da administração, desde que: a) tenha solicitado a reversão; b) a aposentadoria tenha sido voluntária; c) estável quando na atividade; d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à

solicitação; e) haja cargo vago. § 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante

de sua transformação. § 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício será

considerado para concessão da aposentadoria. § 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo,

o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga

§ 4o O servidor que retornar à atividade por interesse da administração perceberá, em substituição aos proventos da aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente à aposentadoria.

§ 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os proventos calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo menos cinco anos no cargo.

§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigoArt. 26. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de

4.9.2001)Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver

completado 70 (setenta) anos de idade.

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Didatismo e Conhecimento 15

DIREITO ADMINISTRATIVO

Seção IXDa Reintegração

Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.

§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31.

§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.

Seção X

Da ReconduçãoArt. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo

anteriormente ocupado e decorrerá de: I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; II - reintegração do anterior ocupante. Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem,

o servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. 30.

Seção XIDa Disponibilidade e do Aproveitamento

Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado.

Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determinará o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração Pública Federal.

Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro órgão ou entidade.

Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial.

Capítulo IIDa Vacância

Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de: I - exoneração; II - demissão; III - promoção; IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)V - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)VI - readaptação; VII - aposentadoria; VIII - posse em outro cargo inacumulável; IX - falecimento. Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do

servidor, ou de ofício. Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á: I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em

exercício no prazo estabelecido. Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de

função de confiança dar-se-á:

I - a juízo da autoridade competente; II - a pedido do próprio servidor. Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Capítulo IIIDa Remoção e da Redistribuição

Seção IDa Remoção

Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.

Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se por modalidades de remoção:

I - de ofício, no interesse da Administração; II - a pedido, a critério da Administração; III – a pedido, para outra localidade, independentemente do

interesse da Administração: a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também

servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Administração;

b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial;

c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for superior ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados.

Seção IIDa Redistribuição

Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão central do SIPEC, observados os seguintes preceitos:

I - interesse da administração; II - equivalência de vencimentos; III - manutenção da essência das atribuições do cargo; IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e

complexidade das atividades; V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação

profissional; VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as

finalidades institucionais do órgão ou entidade.§ 1o A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento

de lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade.

§ 2o A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e entidades da Administração Pública Federal envolvidos.

§ 3o Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31.

§ 4o O servidor que não for redistribuído ou colocado em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou entidade, até seu adequado aproveitamento.

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Didatismo e Conhecimento 16

DIREITO ADMINISTRATIVO

Capítulo IVDa Substituição

Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, previamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou entidade.

§ 1o O substituto assumirá automática e cumulativamente, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância do cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o respectivo período.

§ 2o O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular, superiores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias de efetiva substituição, que excederem o referido período.

Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares de unidades administrativas organizadas em nível de assessoria.

Título IIIDos Direitos e Vantagens

Capítulo IDo Vencimento e da Remuneração

Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado em lei.

Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.784, de 2008)Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,

acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.

§ 1o A remuneração do servidor investido em função ou cargo em comissão será paga na forma prevista no art. 62.

§ 2o O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de acordo com o estabelecido no § 1o do art. 93.

§ 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de caráter permanente, é irredutível.

§ 4o É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.

§ 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salário mínimo.

Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a título de remuneração, importância superior à soma dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal.

Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61.

Art. 43.. (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98) Art. 44. O servidor perderá: I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo

justificado; II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos,

ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de horário, até o mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata.

Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício.

Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.

Parágrafo único. Mediante autorização do servidor, poderá haver consignação em folha de pagamento a favor de terceiros, a critério da administração e com reposição de custos, na forma definida em regulamento.

Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do interessado.

§ 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão.

§ 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita imediatamente, em uma única parcela.

§ 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados até a data da reposição.

Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito.

Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo previsto implicará sua inscrição em dívida ativa.

Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial.

Capítulo IIDas Vantagens

Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as seguintes vantagens:

I - indenizações; II - gratificações; III - adicionais. § 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento ou

provento para qualquer efeito. § 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se ao

vencimento ou provento, nos casos e condições indicados em lei. Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas,

nem acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento.

Seção IDas Indenizações

Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: I - ajuda de custo; II - diárias; III - transporte. IV - (Vide Medida Provisória nº 301 de 2006)IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos

I a III do art. 51, assim como as condições para a sua concessão, serão estabelecidos em regulamento.

Subseção IDa Ajuda de Custo

Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede.

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Didatismo e Conhecimento 17

DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1o Correm por conta da administração as despesas de transporte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais.

§ 2o À família do servidor que falecer na nova sede são assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.

Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo exceder a importância correspondente a 3 (três) meses.

Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo.

Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mudança de domicílio.

Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando cabível.

Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no prazo de 30 (trinta) dias.

Subseção IIDas Diárias

Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento.

§ 1o A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias cobertas por diárias.

§ 2o Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias.

§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e servidores brasileiros considera-se estendida, salvo se houver pernoite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas para os afastamentos dentro do território nacional.

Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.

Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput.

Subseção IIIDa Indenização de Transporte

Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomoção para a execução de serviços externos, por força das atribuições próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento.

Subseção IVDo Auxílio-Moradia

Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo servidor.

Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se atendidos os seguintes requisitos:

I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor;

II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel funcional;

III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou tenha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promitente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção, nos doze meses que antecederem a sua nomeação;

IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba auxílio-moradia;

V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes;

VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou domicílio do servidor;

VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo inferior a sessenta dias dentro desse período; e

VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo.

IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006. (Vide Medida Provisória nº 341, de 2006).

Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão relacionado no inciso V.

Art. 60-C. O auxílio-moradia não será concedido por prazo superior a 8 (oito) anos dentro de cada período de 12 (doze) anos.

Parágrafo único. Transcorrido o prazo de 8 (oito) anos dentro de cada período de 12 (doze) anos, o pagamento somente será retomado se observados, além do disposto no caput deste artigo, os requisitos do caput do art. 60-B desta Lei, não se aplicando, no caso, o parágrafo único do citado art. 60-B.

Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão, função comissionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado.

§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado.

§ 2o Independentemente do valor do cargo em comissão ou função comissionada, fica garantido a todos os que preencherem os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais).

Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês.

Seção IIDas Gratificações e Adicionais

Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições, gratificações e adicionais:

I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento;

II - gratificação natalina; III - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de

4.9.2001)IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres,

perigosas ou penosas;

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DIREITO ADMINISTRATIVO

V - adicional pela prestação de serviço extraordinário; VI - adicional noturno; VII - adicional de férias; VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho. IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.

Subseção IDa Retribuição pelo Exercício de Função de Direção,

Chefia e Assessoramento Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em

função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu exercício.

Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o.

Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da retribuição pelo exercício de função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza Especial a que se referem os arts. 3o e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3o da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998.

Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos servidores públicos federais.

Subseção IIDa Gratificação Natalina

Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.

Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será considerada como mês integral.

Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de dezembro de cada ano.

Parágrafo único. (VETADO). Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação

natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre a remuneração do mês da exoneração.

Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.

Subseção IIIDo Adicional por Tempo de Serviço

Art. 67.- (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001

Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou Atividades Penosas

Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo.

§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles.

§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão.

Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servidores em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou perigosos.

Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre e em serviço não penoso e não perigoso.

Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as situações estabelecidas em legislação específica.

Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos servidores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e limites fixados em regulamento.

Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle permanente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto na legislação própria.

Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.

Subseção VDo Adicional por Serviço Extraordinário

Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora normal de trabalho.

Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário para atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada.

Subseção VIDo Adicional Noturno

Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento), computando-se cada hora como cinquenta e dois minutos e trinta segundos.

Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração prevista no art. 73.

Subseção VIIDo Adicional de Férias

Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias.

Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vantagem será considerada no cálculo do adicional de que trata este artigo.

Subseção VIIIDa Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso

Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso é devida ao servidor que, em caráter eventual:

I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da administração pública federal;

II - participar de banca examinadora ou de comissão para exames orais, para análise curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por candidatos;

III - participar da logística de preparação e de realização de concurso público envolvendo atividades de planejamento, coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições permanentes;

IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1o Os critérios de concessão e os limites da gratificação de que trata este artigo serão fixados em regulamento, observados os seguintes parâmetros:

I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas a natureza e a complexidade da atividade exercida;

II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de excepcionalidade, devidamente justificada e previamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais;

III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico da administração pública federal:

a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste artigo;

b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo.

§ 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso somente será paga se as atividades referidas nos incisos do caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo de que o servidor for titular, devendo ser objeto de compensação de carga horária quando desempenhadas durante a jornada de trabalho, na forma do § 4o do art. 98 desta Lei.

§ 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões.

Capítulo IIIDas Férias

Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação específica.

§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos 12 (doze) meses de exercício.

§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. § 3o As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde

que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração pública.

Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período, observando-se o disposto no § 1o deste artigo.

§ 1° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)§ 2° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)§ 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão,

perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias.

§ 4o A indenização será calculada com base na remuneração do mês em que for publicado o ato exoneratório.

§ 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição Federal quando da utilização do primeiro período.

Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida em qualquer hipótese a acumulação.

Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por

motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade.

Parágrafo único. O restante do período interrompido será gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77.

Capítulo IVDas Licenças

Seção IDisposições Gerais

Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: I - por motivo de doença em pessoa da família; II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; III - para o serviço militar; IV - para atividade política; V - para capacitação; VI - para tratar de interesses particulares; VII - para desempenho de mandato classista. § 1o A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem

como cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame por perícia médica oficial, observado o disposto no art. 204 desta Lei.

§ 2o (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)§ 3o É vedado o exercício de atividade remunerada durante o

período da licença prevista no inciso I deste artigo. Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias

do término de outra da mesma espécie será considerada como prorrogação.

Seção IIDa Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família

Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial.

§ 1o A licença somente será deferida se a assistência direta do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, na forma do disposto no inciso II do art. 44.

§ 2o A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações, poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)

I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a remuneração do servidor; e (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)

II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remuneração. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)

§ 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a partir da data do deferimento da primeira licença concedida. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)

§ 4o A soma das licenças remuneradas e das licenças não remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no § 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2o. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)

Seção IIIDa Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge

Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto do território nacional, para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo.

§ 1o A licença será por prazo indeterminado e sem remuneração.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de atividade compatível com o seu cargo.

Seção IVDa Licença para o Serviço Militar

Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será concedida licença, na forma e condições previstas na legislação específica.

Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do cargo.

Seção VDa Licença para Atividade Política

Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração, durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.

§ 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito.

§ 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.

Seção VIDa Licença para Capacitação

Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses,

para participar de curso de capacitação profissional. Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o caput

não são acumuláveis. Art. 88. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)Art. 89. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)Art. 90. (VETADO).

Seção VIIDa Licença para Tratar de Interesses Particulares

Art. 91. A critério da Administração poderão ser concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em estágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração.

Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.

Seção VIIIDa Licença para o Desempenho de Mandato Classista

Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem remuneração para o desempenho de mandato em confederação, federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída por servidores públicos para prestar serviços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e observados os seguintes limites:

I - para entidades com até 5.000 associados, um servidor; II - para entidades com 5.001 a 30.000 associados, dois

servidores; III - para entidades com mais de 30.000 associados, três

servidores.§ 1o Somente poderão ser licenciados servidores eleitos

para cargos de direção ou representação nas referidas entidades, desde que cadastradas no Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado.

§ 2° A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser prorrogada, no caso de reeleição, e por uma única vez.

Capítulo VDos Afastamentos

Seção IDo Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade

Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses:

I - para exercício de cargo em comissão ou função de confiança;

II - em casos previstos em leis específicas. § 1o Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou

entidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o ônus da remuneração será do órgão ou entidade cessionária, mantido o ônus para o cedente nos demais casos.

§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou sociedade de economia mista, nos termos das respectivas normas, optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo em comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem.

§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário Oficial da União.

§ 4o Mediante autorização expressa do Presidente da República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro órgão da Administração Federal direta que não tenha quadro próprio de pessoal, para fim determinado e a prazo certo.

§ 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo.

§ 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de sociedade de economia mista, que receba recursos de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento de pessoal, independem das disposições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do empregado cedido condicionado a autorização específica do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em comissão ou função gratificada.

§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com a finalidade de promover a composição da força de trabalho dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, poderá determinar a lotação ou o exercício de empregado ou servidor, independentemente da observância do constante no inciso I e nos §§ 1º e 2º deste artigo.

Seção IIDo Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo

Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se as seguintes disposições:

I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará afastado do cargo;

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Didatismo e Conhecimento 21

DIREITO ADMINISTRATIVO

II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;

III - investido no mandato de vereador: a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens

de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do

cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. § 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá

para a seguridade social como se em exercício estivesse. § 2o O servidor investido em mandato eletivo ou classista não

poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade diversa daquela onde exerce o mandato.

Seção IIIDo Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior

Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal Federal.

§ 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida nova ausência.

§ 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu afastamento.

§ 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da carreira diplomática.

§ 4o As hipóteses, condições e formas para a autorização de que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas em regulamento.

Art. 96. O afastamento de servidor para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-se-á com perda total da remuneração.

Seção IV Do Afastamento para Participação em Programa de Pós-

Graduação Stricto Sensu no PaísArt. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Administração,

e desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para participar em programa de pós-graduação stricto sensu em instituição de ensino superior no País.

§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade definirá, em conformidade com a legislação vigente, os programas de capacitação e os critérios para participação em programas de pós-graduação no País, com ou sem afastamento do servidor, que serão avaliados por um comitê constituído para este fim.

§ 2o Os afastamentos para realização de programas de mestrado e doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído o período de estágio probatório, que não tenham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares para gozo de licença capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data da solicitação de afastamento.

§ 3o Os afastamentos para realização de programas de pós-doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo menos quatro anos, incluído o período de estágio probatório, e que não tenham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares ou com fundamento neste artigo, nos quatro anos anteriores à data da solicitação de afastamento.

§ 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permanecer no exercício de suas funções após o seu retorno por um período igual ao do afastamento concedido.

§ 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir o órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos gastos com seu aperfeiçoamento.

§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que justificou seu afastamento no período previsto, aplica-se o disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese comprovada de força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou entidade.

§ 7o Aplica-se à participação em programa de pós-graduação no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo.

Capítulo VIDas Concessões

Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se do serviço:

I - por 1 (um) dia, para doação de sangue; II - por 2 (dois) dias, para se alistar como eleitor; III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de : a) casamento; b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou

padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos. Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudante,

quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo.

§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a compensação de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, respeitada a duração semanal do trabalho.

§ 2o Também será concedido horário especial ao servidor portador de deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica oficial, independentemente de compensação de horário.

§ 3o As disposições do parágrafo anterior são extensivas ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador de deficiência física, exigindo-se, porém, neste caso, compensação de horário na forma do inciso II do art. 44.

§ 4o Será igualmente concedido horário especial, vinculado à compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 01 (um) ano, ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos I e II do caput do art. 76-A desta Lei.

Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse da administração é assegurada, na localidade da nova residência ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, em qualquer época, independentemente de vaga.

Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com autorização judicial.

Capítulo VIIDo Tempo de Serviço

Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas.

Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezentos e sessenta e cinco dias.

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Didatismo e Conhecimento 22

DIREITO ADMINISTRATIVO

Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97,

são considerados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude de:

I - férias; II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão

ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Distrito Federal;

III - exercício de cargo ou função de governo ou administração, em qualquer parte do território nacional, por nomeação do Presidente da República;

IV - participação em programa de treinamento regularmente instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no País, conforme dispuser o regulamento;

V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por merecimento;

VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o

afastamento, conforme dispuser o regulamento; VIII - licença:a) à gestante, à adotante e à paternidade; b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e

quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público prestado à União, em cargo de provimento efetivo;

c) para o desempenho de mandato classista ou participação de gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída por servidores para prestar serviços a seus membros, exceto para efeito de promoção por merecimento;

d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento;f) por convocação para o serviço militar; IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18; X - participação em competição desportiva nacional ou

convocação para integrar representação desportiva nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em lei específica;

XI - afastamento para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere.

Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e disponibilidade:

I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municípios e Distrito Federal;

II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em período de 12 (doze) meses.

III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o; IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato

eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso no serviço público federal;

V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Previdência Social;

VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que

exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII do art. 102.

§ 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado será contado apenas para nova aposentadoria.

§ 2o Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às Forças Armadas em operações de guerra.

§ 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de economia mista e empresa pública.

Capítulo VIIIDo Direito de Petição

Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo.

Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver imediatamente subordinado o requerente.

Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo ser renovado.

Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsideração de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias.

Art. 107. Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de 2010)I - do indeferimento do pedido de reconsideração; II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos. § 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente

superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades.

§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade a que estiver imediatamente subordinado o requerente.

Art. 108. O prazo para interposição de pedido de reconsideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. (Vide Lei nº 12.300, de 2010)

Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a juízo da autoridade competente.

Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato impugnado.

Art. 110. O direito de requerer prescreve:I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassação

de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho;

II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando outro prazo for fixado em lei.

Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da data da publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interessado, quando o ato não for publicado.

Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabíveis, interrompem a prescrição.

Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser relevada pela administração.

Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é assegurada vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a procurador por ele constituído.

Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.

Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior.

Título IVDo Regime Disciplinar

Capítulo IDos Deveres

Art. 116. São deveres do servidor: I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; II - ser leal às instituições a que servir; III - observar as normas legais e regulamentares; IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando

manifestamente ilegais; V - atender com presteza:

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Didatismo e Conhecimento 23

DIREITO ADMINISTRATIVO

a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;

b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;

c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão

do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para apuração; (Redação dada pela Lei nº 12.527, de 2011)

VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público;

VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; IX - manter conduta compatível com a moralidade

administrativa; X - ser assíduo e pontual ao serviço; XI - tratar com urbanidade as pessoas; XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de

poder. Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII

será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representando ampla defesa.

Capítulo IIDas Proibições

Art. 117. Ao servidor é proibido: I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia

autorização do chefe imediato; II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,

qualquer documento ou objeto da repartição; III - recusar fé a documentos públicos; IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento

e processo ou execução de serviço; V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto

da repartição; VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos

previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado;

VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político;

VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;

IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública;

X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;

XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;

XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;

XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;

XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; XV - proceder de forma desidiosa; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em

serviços ou atividades particulares; XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo

que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;

XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;

XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.

Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos:

I - participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros; e

II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de interesses.

Capítulo IIIDa Acumulação

Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.

§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.

§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à comprovação da compatibilidade de horários.

§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remunerações forem acumuláveis na atividade.

Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação coletiva.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remuneração devida pela participação em conselhos de administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participação no capital social, observado o que, a respeito, dispuser legislação específica.

Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.

Capítulo IVDas Responsabilidades

Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de suas atribuições.

Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.

§ 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.

§ 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.

§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada, até o limite do valor da herança recebida.

Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou função.

Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si.

Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.

Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade competente para apuração de informação concernente à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pública. (Incluído pela Lei nº 12.527, de 2011)

Capítulo VDas Penalidades

Art. 127. São penalidades disciplinares: I - advertência; II - suspensão; III - demissão; IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; V - destituição de cargo em comissão; VI - destituição de função comissionada. Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a

natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.

Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.

Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave.

Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.

§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada pela autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.

§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.

Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.

Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos retroativos.

Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: I - crime contra a administração pública; II - abandono de cargo; III - inassiduidade habitual; IV - improbidade administrativa; V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; VI - insubordinação grave em serviço; VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular,

salvo em legítima defesa própria ou de outrem;

VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do

cargo; X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio

nacional; XI - corrupção; XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções

públicas; XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal

de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata, cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:

I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da transgressão objeto da apuração;

II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e relatório;

III - julgamento. § 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo

nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos cargos, empregos ou funções públicas em situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, do horário de trabalho e do correspondente regime jurídico.

§ 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação do ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas as informações de que trata o parágrafo anterior, bem como promoverá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164.

§ 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à autoridade instauradora, para julgamento.

§ 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § 3o do art. 167.

§ 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo.

§ 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados.

§ 7o O prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, contados da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por até quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem.

§ 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei.

Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a demissão.

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Didatismo e Conhecimento 25

DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.

Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em destituição de cargo em comissão.

Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.

Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.

Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.

Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.

Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente, durante o período de doze meses.

Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se refere o art. 133, observando-se especialmente que:

I - a indicação da materialidade dar-se-á: a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa

do período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a trinta dias;

b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze meses;

II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior a trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para julgamento.

Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas: I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas

do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;

II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;

III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;

IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de destituição de cargo em comissão.

Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com

demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;

II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o

fato se tornou conhecido. § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se

às infrações disciplinares capituladas também como crime.

§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente.

§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.

Título VDo Processo Administrativo Disciplinar

Capítulo IDisposições Gerais

Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.

§ 1o- (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)§ 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação da

autoridade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade de órgão ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a irregularidade, mediante competência específica para tal finalidade, delegada em caráter permanente ou temporário pelo Presidente da República, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências para o julgamento que se seguir à apuração.

Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a autenticidade.

Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, por falta de objeto.

Art. 145. Da sindicância poderá resultar: I - arquivamento do processo; II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de

até 30 (trinta) dias; III - instauração de processo disciplinar. Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância

não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da autoridade superior.

Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória a instauração de processo disciplinar.

Capítulo IIDo Afastamento Preventivo

Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração.

Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído o processo.

Capítulo IIIDo Processo Disciplinar

Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido.

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Didatismo e Conhecimento 26

DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão composta de três servidores estáveis designados pela autoridade competente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.

§ 1o A Comissão terá como secretário servidor designado pelo seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus membros.

§ 2o Não poderá participar de comissão de sindicância ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.

Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com independência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da administração.

Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões terão caráter reservado.

Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases:

I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão;

II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório;

III - julgamento. Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não

excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem.

§ 1o Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo integral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do ponto, até a entrega do relatório final.

§ 2o As reuniões da comissão serão registradas em atas que deverão detalhar as deliberações adotadas.

Seção IDo Inquérito

Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos admitidos em direito.

Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo disciplinar, como peça informativa da instrução.

Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância concluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, independentemente da imediata instauração do processo disciplinar.

Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos fatos.

Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova pericial.

§ 1o O presidente da comissão poderá denegar pedidos considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.

§ 2o Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a comprovação do fato independer de conhecimento especial de perito.

Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor mediante mandado expedido pelo presidente da comissão, devendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos.

Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a expedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados para inquirição.

Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito.

§ 1o As testemunhas serão inquiridas separadamente. § 2o Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se

infirmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes. Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a

comissão promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158.

§ 1o No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre eles.

§ 2o O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio do presidente da comissão.

Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo menos um médico psiquiatra.

Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será processado em auto apartado e apenso ao processo principal, após a expedição do laudo pericial.

Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e das respectivas provas.

§ 1o O indiciado será citado por mandado expedido pelo presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição.

§ 2o Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de 20 (vinte) dias.

§ 3o O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para diligências reputadas indispensáveis.

§ 4o No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a assinatura de (2) duas testemunhas.

Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.

Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, será citado por edital, publicado no Diário Oficial da União e em jornal de grande circulação na localidade do último domicílio conhecido, para apresentar defesa.

Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital.

Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente citado, não apresentar defesa no prazo legal.

§ 1o A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo e devolverá o prazo para a defesa.

§ 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do processo designará um servidor como defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.

Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencionará as provas em que se baseou para formar a sua convicção.

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Didatismo e Conhecimento 27

DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1o O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor.

§ 2o Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.

Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da comissão, será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para julgamento.

Seção IIDo Julgamento

Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.

§ 1o Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autoridade instauradora do processo, este será encaminhado à autoridade competente, que decidirá em igual prazo.

§ 2o Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da pena mais grave.

§ 3o Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às autoridades de que trata o inciso I do art. 141.

§ 4o Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a autoridade instauradora do processo determinará o seu arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos.

Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo quando contrário às provas dos autos.

Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade.

Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que determinou a instauração do processo ou outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração de novo processo.

§ 1o O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do processo.

§ 2o A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma do Capítulo IV do Título IV.

Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor.

Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.

Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, acaso aplicada.

Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em demissão, se for o caso.

Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias: I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da

sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado ou indiciado;

II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de missão essencial ao esclarecimento dos fatos.

Seção IIIDa Revisão do Processo

Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.

§ 1o Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do processo.

§ 2o No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será requerida pelo respectivo curador.

Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao requerente.

Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos, ainda não apreciados no processo originário.

Art. 177. O requerimento de revisão do processo será dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou o processo disciplinar.

Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149.

Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo originário. Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e

hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que arrolar.

Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a conclusão dos trabalhos.

Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do processo disciplinar.

Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a penalidade, nos termos do art. 141.

Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a autoridade julgadora poderá determinar diligências.

Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será convertida em exoneração.

Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade.

Título VIDa Seguridade Social do Servidor

Capítulo IDisposições Gerais

Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para o servidor e sua família.

§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo na administração pública direta, autárquica e fundacional não terá direito aos benefícios do Plano de Seguridade Social, com exceção da assistência à saúde.

§ 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem direito à remuneração, inclusive para servir em organismo oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual coopere, ainda que contribua para regime de previdência social no exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de Seguridade Social do Servidor Público enquanto durar o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do mencionado regime de previdência.

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Didatismo e Conhecimento 28

DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem remuneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento mensal da respectiva contribuição, no mesmo percentual devido pelos servidores em atividade, incidente sobre a remuneração total do cargo a que faz jus no exercício de suas atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais.

§ 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até o segundo dia útil após a data do pagamento das remunerações dos servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e execução dos tributos federais quando não recolhidas na data de vencimento.

Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreende um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes finalidades:

I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e reclusão;

II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; III - assistência à saúde. Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos

e condições definidos em regulamento, observadas as disposições desta Lei.

Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor compreendem:

I - quanto ao servidor: a) aposentadoria; b) auxílio-natalidade; c) salário-família; d) licença para tratamento de saúde; e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade; f) licença por acidente em serviço; g) assistência à saúde; h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho

satisfatórias; II - quanto ao dependente:a) pensão vitalícia e temporária; b) auxílio-funeral; c) auxílio-reclusão; d) assistência à saúde. § 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas

pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os servidores, observado o disposto nos arts. 189 e 224.

§ 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível.

Capítulo IIDos Benefícios

Seção IDa Aposentadoria

Art. 186. O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da Constituição)

I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais quando decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e proporcionais nos demais casos;

II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de serviço;

III - voluntariamente: a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30

(trinta) se mulher, com proventos integrais;

b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com proventos integrais;

c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo;

d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de serviço.

§ 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na medicina especializada.

§ 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no art. 71, a aposentadoria de que trata o inciso III, “a” e “c”, observará o disposto em lei específica.

§ 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à junta médica oficial, que atestará a invalidez quando caracterizada a incapacidade para o desempenho das atribuições do cargo ou a impossibilidade de se aplicar o disposto no art. 24.

Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática, e declarada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em que o servidor atingir a idade-limite de permanência no serviço ativo.

Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará a partir da data da publicação do respectivo ato.

§ 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de licença para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e quatro) meses.

§ 2o Expirado o período de licença e não estando em condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor será aposentado.

§ 3o O lapso de tempo compreendido entre o término da licença e a publicação do ato da aposentadoria será considerado como de prorrogação da licença.

§ 4o Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão consideradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade ensejadora da invalidez ou doenças correlacionadas.

§ 5o A critério da Administração, o servidor em licença para tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser convocado a qualquer momento, para avaliação das condições que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria.

Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado com observância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto na mesma data e proporção, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade.

Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes de transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria.

Art. 190. O servidor aposentado com provento proporcional ao tempo de serviço se acometido de qualquer das moléstias especificadas no § 1o do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for considerado inválido por junta médica oficial passará a perceber provento integral, calculado com base no fundamento legal de concessão da aposentadoria.

Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da atividade.

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Didatismo e Conhecimento 29

DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação

natalina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido.

Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço efetivo.

Seção IIDo Auxílio-Natalidade

Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor vencimento do serviço público, inclusive no caso de natimorto.

§ 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de 50% (cinquenta por cento), por nascituro.

§ 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor público, quando a parturiente não for servidora.

Seção IIIDo Salário-Família

Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao inativo, por dependente econômico.

Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômicos para efeito de percepção do salário-família:

I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;

II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autorização judicial, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do inativo;

III - a mãe e o pai sem economia própria. Art. 198. Não se configura a dependência econômica quando

o beneficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da aposentadoria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo.

Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos e viverem em comum, o salário-família será pago a um deles; quando separados, será pago a um e outro, de acordo com a distribuição dos dependentes.

Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes.

Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer tributo, nem servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para a Previdência Social.

Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.

Seção IVDa Licença para Tratamento de Saúde

Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.

Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será concedida com base em perícia oficial.

§ 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se encontrar internado.

§ 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde se encontra ou tenha exercício em caráter permanente o servidor, e não se configurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art. 230, será aceito atestado passado por médico particular.

§ 3o No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade de recursos humanos do órgão ou entidade.

§ 4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) dias no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de afastamento será concedida mediante avaliação por junta médica oficial.

§ 5o A perícia oficial para concessão da licença de que trata o caput deste artigo, bem como nos demais casos de perícia oficial previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas hipóteses em que abranger o campo de atuação da odontologia.

Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de perícia oficial, na forma definida em regulamento.

Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou qualquer das doenças especificadas no art. 186, § 1o.

Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões orgânicas ou funcionais será submetido a inspeção médica.

Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médicos periódicos, nos termos e condições definidos em regulamento.

Seção VDa Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-

PaternidadeArt. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120

(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração. § 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês

de gestação, salvo antecipação por prescrição médica. § 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a

partir do parto. § 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do

evento, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, reassumirá o exercício.

§ 4o No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.

Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.

Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois períodos de meia hora.

Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias de licença remunerada.

Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este artigo será de 30 (trinta) dias.

Seção VIDa Licença por Acidente em Serviço

Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor acidentado em serviço.

Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente, com as atribuições do cargo exercido.

Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano: I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo

servidor no exercício do cargo; II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-

versa.

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Didatismo e Conhecimento 30

DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite de tratamento especializado poderá ser tratado em instituição privada, à conta de recursos públicos.

Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médica oficial constitui medida de exceção e somente será admissível quando inexistirem meios e recursos adequados em instituição pública.

Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.

Seção VIIDa Pensão

Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes fazem jus a uma pensão mensal de valor correspondente ao da respectiva remuneração ou provento, a partir da data do óbito, observado o limite estabelecido no art. 42.

Art. 216. As pensões distinguem-se, quanto à natureza, em vitalícias e temporárias.

§ 1o A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas permanentes, que somente se extinguem ou revertem com a morte de seus beneficiários.

§ 2o A pensão temporária é composta de cota ou cotas que podem se extinguir ou reverter por motivo de morte, cessação de invalidez ou maioridade do beneficiário.

Art. 217. São beneficiários das pensões: I - vitalícia: a) o cônjuge; b) a pessoa desquitada, separada judicialmente ou divorciada,

com percepção de pensão alimentícia; c) o companheiro ou companheira designado que comprove

união estável como entidade familiar; d) a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do

servidor; e) a pessoa designada, maior de 60 (sessenta) anos e a pessoa

portadora de deficiência, que vivam sob a dependência econômica do servidor;

II - temporária: a) os filhos, ou enteados, até 21 (vinte e um) anos de idade, ou,

se inválidos, enquanto durar a invalidez; b) o menor sob guarda ou tutela até 21 (vinte e um) anos de

idade; c) o irmão órfão, até 21 (vinte e um) anos, e o inválido,

enquanto durar a invalidez, que comprovem dependência econômica do servidor;

d) a pessoa designada que viva na dependência econômica do servidor, até 21 (vinte e um) anos, ou, se inválida, enquanto durar a invalidez.

§ 1o A concessão de pensão vitalícia aos beneficiários de que tratam as alíneas “a” e “c” do inciso I deste artigo exclui desse direito os demais beneficiários referidos nas alíneas “d” e “e”.

§ 2o A concessão da pensão temporária aos beneficiários de que tratam as alíneas “a” e “b” do inciso II deste artigo exclui desse direito os demais beneficiários referidos nas alíneas “c” e “d”.

Art. 218. A pensão será concedida integralmente ao titular da pensão vitalícia, exceto se existirem beneficiários da pensão temporária.

§ 1o Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão vitalícia, o seu valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários habilitados.

§ 2o Ocorrendo habilitação às pensões vitalícia e temporária, metade do valor caberá ao titular ou titulares da pensão vitalícia, sendo a outra metade rateada em partes iguais, entre os titulares da pensão temporária.

§ 3o Ocorrendo habilitação somente à pensão temporária, o valor integral da pensão será rateado, em partes iguais, entre os que se habilitarem.

Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo, prescrevendo tão somente as prestações exigíveis há mais de 5 (cinco) anos.

Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova posterior ou habilitação tardia que implique exclusão de beneficiário ou redução de pensão só produzirá efeitos a partir da data em que for oferecida.

Art. 220. Não faz jus à pensão o beneficiário condenado pela prática de crime doloso de que tenha resultado a morte do servidor.

Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte presumida do servidor, nos seguintes casos:

I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária competente;

II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou acidente não caracterizado como em serviço;

III - desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo ou em missão de segurança.

Parágrafo único. A pensão provisória será transformada em vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor, hipótese em que o benefício será automaticamente cancelado.

Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário: I - o seu falecimento; II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a

concessão da pensão ao cônjuge; III - a cessação de invalidez, em se tratando de beneficiário

inválido; IV - a maioridade de filho, irmão órfão ou pessoa designada,

aos 21 (vinte e um) anos de idade; V - a acumulação de pensão na forma do art. 225; VI - a renúncia expressa. Parágrafo único. A critério da Administração, o beneficiário de

pensão temporária motivada por invalidez poderá ser convocado a qualquer momento para avaliação das condições que ensejaram a concessão do benefício.

Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a respectiva cota reverterá:

I - da pensão vitalícia para os remanescentes desta pensão ou para os titulares da pensão temporária, se não houver pensionista remanescente da pensão vitalícia;

II - da pensão temporária para os co-beneficiários ou, na falta destes, para o beneficiário da pensão vitalícia.

Art. 224. As pensões serão automaticamente atualizadas na mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos dos servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único do art. 189.

Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção cumulativa de mais de duas pensões.

Seção VIIIDo Auxílio-Funeral

Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor falecido na atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês da remuneração ou provento.

§ 1o No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será pago somente em razão do cargo de maior remuneração.

§ 2o (VETADO). § 3o O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito)

horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família que houver custeado o funeral.

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Didatismo e Conhecimento 31

DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será indenizado, observado o disposto no artigo anterior.

Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço fora do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de transporte do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou fundação pública.

Seção IXDo Auxílio-Reclusão

Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclusão, nos seguintes valores:

I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão;

II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtude de condenação, por sentença definitiva, a pena que não determine a perda de cargo.

§ 1o Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor terá direito à integralização da remuneração, desde que absolvido.

§ 2o O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda que condicional.

Capítulo IIIDa Assistência à Saúde

Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de sua família compreende assistência médica, hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz básica o implemento de ações preventivas voltadas para a promoção da saúde e será prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor, ou mediante convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxílio, mediante ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e seus dependentes ou pensionistas com planos ou seguros privados de assistência à saúde, na forma estabelecida em regulamento.

§ 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico ou junta médica oficial, para a sua realização o órgão ou entidade celebrará, preferencialmente, convênio com unidades de atendimento do sistema público de saúde, entidades sem fins lucrativos declaradas de utilidade pública, ou com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.

§ 2o Na impossibilidade, devidamente justificada, da aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade promoverá a contratação da prestação de serviços por pessoa jurídica, que constituirá junta médica especificamente para esses fins, indicando os nomes e especialidades dos seus integrantes, com a comprovação de suas habilitações e de que não estejam respondendo a processo disciplinar junto à entidade fiscalizadora da profissão.

§ 3o Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a União e suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas a:

I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação de serviços de assistência à saúde para os seus servidores ou empregados ativos, aposentados, pensionistas, bem como para seus respectivos grupos familiares definidos, com entidades de autogestão por elas patrocinadas por meio de instrumentos jurídicos efetivamente celebrados e publicados até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam autorização de funcionamento do órgão regulador, sendo certo que os convênios celebrados depois dessa data somente poderão sê-lo na forma da regulamentação específica sobre patrocínio de autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão

regulador, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei, normas essas também aplicáveis aos convênios existentes até 12 de fevereiro de 2006;

II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de assistência à saúde que possuam autorização de funcionamento do órgão regulador;

III - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)§ 5o O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendido

pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado de assistência à saúde.

Capítulo IVDo Custeio

Art. 231. (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99)

Título VIICapítulo Único

Da Contratação Temporária de Excepcional Interesse Público

Art. 232. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)Art. 233. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)Art. 234. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)

Título VIIICapítulo Único

Das Disposições GeraisArt. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte

e oito de outubro. Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes

Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos funcionais, além daqueles já previstos nos respectivos planos de carreira:

I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou trabalhos que favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos operacionais;

II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, condecoração e elogio.

Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados em dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, o prazo vencido em dia em que não haja expediente.

Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, o servidor não poderá ser privado de quaisquer dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida funcional, nem eximir-se do cumprimento de seus deveres.

Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos termos da Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes:

a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como substituto processual;

b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o final do mandato, exceto se a pedido;

c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições definidas em assembleia geral da categoria.

d) (Vetado).e) (Vetado).d) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)e) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

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Didatismo e Conhecimento 32

DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e constem do seu assentamento individual.

Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira ou companheiro, que comprove união estável como entidade familiar.

Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o município onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver exercício, em caráter permanente.

Título IXCapítulo Único

Das Disposições Transitórias e FinaisArt. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por

esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servidores dos Poderes da União, dos ex-Territórios, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, ou pela Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943, exceto os contratados por prazo determinado, cujos contratos não poderão ser prorrogados após o vencimento do prazo de prorrogação.

§ 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no regime instituído por esta Lei ficam transformados em cargos, na data de sua publicação.

§ 2o As funções de confiança exercidas por pessoas não integrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde têm exercício ficam transformadas em cargos em comissão, e mantidas enquanto não for implantado o plano de cargos dos órgãos ou entidades na forma da lei.

§ 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS, exercidas por servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal, ficam extintas na data da vigência desta Lei.

§ 4o (VETADO).§ 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serventuários

da Justiça, remunerados com recursos da União, no que couber. § 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com estabilidade

no serviço público, enquanto não adquirirem a nacionalidade brasileira, passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo órgão ou entidade, sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos de carreira aos quais se encontrem vinculados os empregos.

§ 7o Os servidores públicos de que trata o caput deste artigo, não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, poderão, no interesse da Administração e conforme critérios estabelecidos em regulamento, ser exonerados mediante indenização de um mês de remuneração por ano de efetivo exercício no serviço público federal.

§ 8o Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e na declaração de rendimentos, serão considerados como indenizações isentas os pagamentos efetuados a título de indenização prevista no parágrafo anterior.

§ 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do disposto no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Executivo quando considerados desnecessários.

Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam transformados em anuênio.

Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica transformada em licença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87 a 90.

Art. 246. (VETADO).

Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, haverá ajuste de contas com a Previdência Social, correspondente ao período de contribuição por parte dos servidores celetistas abrangidos pelo art. 243.

Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigência desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de origem do servidor.

Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art. 231, os servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e nos percentuais atualmente estabelecidos para o servidor civil da União conforme regulamento próprio.

Art. 250 (Vetado) Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a

satisfazer, dentro de 01 (um) ano, as condições necessárias para a aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele dispositivo. (Mantido pelo Congresso Nacional)

Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação,

com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês subsequente. Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de

1952, e respectiva legislação complementar, bem como as demais disposições em contrário.

Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Independência e 102o da República.

FERNANDO COLLORJarbas Passarinho

5 PODERES DA ADMINISTRAÇÃO: VINCULADO, DISCRICIONÁRIO, HIERÁRQUICO, DISCIPLINAR E

REGULAMENTAR.

Dos Poderes AdministrativosA Administração é dotada de poderes ou prerrogativas instru-

mentais que garantem o efetivo desempenho de suas atribuições que lhe são legalmente definidas.

Os poderes administrativos são o conjunto de prerrogativas que a Administração Pública possui para alcançar os fins almeja-dos pelo Estado, tais poderes são inerentes à Administração Pú-blica para que esta possa proteger o interesse público. Encerram prerrogativas de autoridade, as quais, por isso mesmo, só podem ser exercidas nos limites da lei.

Muito embora a expressão poder pareça apenas uma faculda-de de atuação da Administração Pública, o fato é que os poderes administrativos envolvem não uma mera faculdade de agir, mas sim um dever de atuar diante das situações apresentadas ao Poder Público.

Trata-se, portanto, de um poder-dever, no sentido de que a Administração Pública deve agir, na medida em que os poderes conferidos ao Estado são irrenunciáveis. Entende-se dessa manei-ra a noção de deveres administrativos oriundos da obrigação do Poder Público em atuar, utilizando-se dos poderes e prerrogativas atribuídos mediante lei.

O dever de agir está ligado à própria noção de prerrogativas públicas garantidas ao Estado, que enseja, por consequência, ou-tros deveres: dever de eficiência, dever de probidade, dever de prestar contas, dever de dar continuidade nos serviços públicos, entre outros.

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Didatismo e Conhecimento 33

DIREITO ADMINISTRATIVO

Os poderes que a Administração possui classificam-se em po-der Vinculado, Discricionário, Hierárquico, Disciplinar, Regula-mentar e de Polícia.

Poder Vinculado:O poder da Administração Pública ocorre por meio de força

vinculante que lhe é imposta e garantida pela Constituição Federal de 1988, mais precisamente em seu artigo 37, onde há vinculação dos atos administrativos ao princípio da legalidade, ou seja, à força do enunciado das leis editadas pelo Estado.

O conhecido Poder Vinculado é aquele de que dispõe a admi-nistração pública para a prática de atos administrativos em que é mínima ou então inexistente a possibilidade de atuação do admi-nistrador público, em outras palavras é o poder de que ela se utiliza quando esta diante de uma situação em que a lei previamente já vinculou uma única forma de atuação.

Dessa maneira, no tocante aos atos vinculados, não é possível a administração pública formular considerações de oportunidade e conveniência, sendo certo que sua atuação está limitada nos estri-tos conteúdos legais.

Analisadas as considerações iniciais sobre o Poder Vincula-do, é possível então concluir que não se trata especificamente de uma prerrogativa, assim entendida como poder, mas sim como um dever da administração em cumprir e vincular-se ao que dispõe a lei, quando não se verifica liberdade do administrador de escolhas.

Assim, temos que o poder vinculado da Administração Pública obriga ao administrador obedecer ao principio da legalidade, e dessa forma, somente poderá emanar o ato, desde que esteja de acordo com o que dispõe a lei, não havendo flexibilidade sobre a execução do ato, tendo em vista que está diretamente vinculado a lei.

Poder DiscricionárioTemos pelo Poder Discricionário aquele mediante o qual o

administrador tem a liberdade de praticar a ação administrativa, escolhendo por parâmetros de conveniência, necessidade, oportunidade e conteúdo do ato, mas dentro dos limites impostos pela lei.

A conveniência se identifica quando o ato interessa, convém ou satisfaz ao interesse público. Há oportunidade quando o ato é praticado no momento adequado à satisfação do interesse público. São juízos subjetivos do agente competente que levam a autoridade a decidir, nos termos da lei, que se incumbe de indicar quando é possível essa atuação.

O Poder Discricionário tem como base a autorização legal conferida ao administrador público decida, nos limites da lei, sobre a conveniência e oportunidade da prática do ato discricionário, bem como de escolher seu conteúdo, sendo passível de análise sobre o mérito administrativo.

A discricionariedade atribuída à Administração trata-se efetivamente de uma prerrogativa, um poder conferida pela lei à Administração, entretanto, não remete ao livre arbítrio para o exercício de suas atribuições, cabendo, contudo, à Administração a análise livre da conveniência e da oportunidade para a prática de qualquer ato, obedecidas as regras vinculativas definidas pelo direito positivo. A discricionariedade encontra limites na lei, nos princípios gerais de direito e nos preceitos de moralidade administrativa.

Poder HierárquicoO Poder Hierárquico é o poder de que dispõe o Executivo para

distribuir e escalonar as funções de seus órgãos e a atuação de seus agentes, estabelecendo assim a relação de subordinação.

Importante esclarecer que hierarquia caracteriza-se pela existência de níveis de subordinação entre órgãos e agentes públicos, sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. Assim, podemos verificar a presença da hierarquia entre órgãos e agentes na esfera interna da Administração Direta do Poder Executivo, ou então hierarquia entre órgãos e agentes internamente de uma fundação pública.

Caracterizam-se pelo poder de comando de agentes administrativos superiores sobre seus subordinados, contendo a prerrogativa de ordenar, fiscalizar, rever, delegar tarefas a seus subordinados.

É o poder que dispõe o Executivo para distribuir e organizar as funções de seus agentes e órgãos, estabelecendo relação de subordinação entre seus servidores, tal subordinação, vale destacar, é de caráter interno, somente é aplicável dentro da própria Administração Pública.

A hierarquia estabelece uma ordem de importância gerando forma às relações de coordenação e de subordinação entre os agentes públicos, adquirindo assim uma relação de subordinação escalonada objetivando a ordem das atividades administrativas.

Para a preservação do principio hierárquico é indispensável mencionar que o descumprimento de ordem de superior hierárquico constitui-se em ato ilícito, passível de punição administrativa e penal. Assim o servidor público subalterno deve estrita obediência às ordens e demais instruções legais de seus superiores.

Poder DisciplinarO Poder Disciplinar é o poder de punir internamente não só as

infrações funcionais dos servidores, sendo indispensável à apuração regular da falta, mas também as infrações de todas as pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração.

Decorre da supremacia especial que o Estado exerce sobre todos aqueles que se vinculam à Administração.

O Poder Disciplinar não pode ser confundido ainda com o Poder Hierárquico, porém a ele está vinculado e é correlato. Pelo descumprimento do poder hierárquico o subalterno pode ser punido administrativa ou judicialmente. É assim a aplicação do poder disciplinar, a faculdade do hierarca de punir administrativamente o subalterno, dentro dos limites legais, dessa faculdade de punir verifica-se a existência, mesmo que mínima, da discricionariedade administrativa, pois há análise de conveniência e oportunidade.

Também não se confunde com o poder punitivo do Estado, que é realizado através do Poder Judiciário e é aplicado com finalidade social, visando à repressão de crimes e contravenções devidamente tipificados nas leis penais.

O poder disciplinar é exercido como faculdade punitiva interna da Administração Pública e por isso mesmo só abrange as infrações relacionadas com o serviço público.

Em se tratando de servidor público, as penalidades disciplinares vêm definidas dos respectivos Estatutos.

Cumpre ressaltar que a atuação do Poder Disciplinar deve obedecer necessariamente aos princípios informativos e constitucionais da Administração, entre eles o principio da legalidade e o principio da motivação, aos quais se anexa ao principio da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal.

Poder RegulamentarO Poder Regulamentar é o poder inerente e privativo do Chefe

do Poder Executivo, indelegável a qualquer subordinado, trata-se do poder atribuído ao chefe do Poder Executivo para editar atos, com o objetivo de dar fiel cumprimento ás leis.

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Didatismo e Conhecimento 34

DIREITO ADMINISTRATIVO

Temos por regulamento como ato normativo, expedido através de decreto, com o fim de explicar o modo e a forma de execução da lei, ou prover situações não disciplinadas em lei, importante destacar que o regulamento não tem a capacidade e a competência de inovar o direito previsto em lei, não cria obrigações, apenas explica e detalha o direito, e sobretudo, uniformiza procedimentos necessários para o cumprimento e execução da lei.

O regulamento, portanto, constitui-se em um conjunto de normas que orientam a execução de uma determinada matéria.

Diante de tais conceitos podemos concluir que o regulamento é a explicitação da lei em forma de decreto executivo, não se inscrevendo como tal os decretos autônomos, até porque não há em nosso ordenamento jurídico o instituto dos regulamentos autônomo com força de lei, cuja competência de edição fica sob a responsabilidade do Chefe do Poder Executivo.

Poder de PolíciaÉ sabido que a partir da Constituição Federal e das leis em

nosso ordenamento jurídico, foi conferido uma série de direitos aos cidadãos, que por sua vez, tem o seu pleno exercício vinculado com o bem estar social.

Assim, é por meio do Poder de Polícia que a Administração limita o exercício dos direitos individuais e coletivos com o objetivo de assegurar a ordem pública, estabelecendo assim um nível aceitável de convivência social, esse poder também pode ser denominado de polícia administrativa.

É o poder deferido ao Estado, necessário ao estabelecimento das medidas que a ordem, a saúde e a moralidade pública exigem. O principio norteador da aplicação do Poder de Polícia é a predominância do interesse público sobre o interesse privado.

O Poder de Polícia resume-se na prerrogativa conferida a Administração Pública para, na forma e nos limites legais, condiciona ou restringe o uso de bens, exercício de direitos e a pratica de atividades privadas, com o objetivo de proteger os interesses gerais da coletividade.

Assim, é a atividade do Estado que consiste em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público.

Mesmo sendo considerado como poder discricionário da Administração, o Poder de Polícia é controlado e limitado pelo ordenamento jurídico que regulam a atuação da própria Administração, isto porque o Estado deve sempre perseguir o interesse público, mas sem que haja ofensa aos direitos individuais garantidos por lei.

Dessa forma, podemos concluir que o Poder de Polícia é um poder de vigilância, cujo objetivo maior é o bem-estar social, impedindo que os abusos dos direitos pessoais possam ameaçar os direitos e interesses gerais da coletividade.

Decorre, portanto do Poder de Polícia, a aplicação de sanções para fazer cumprir suas determinações, fundamentadas na lei, e assim, diversas são as sanções passiveis de aplicação, previstas nas mais variadas e esparsas leis administrativas, que podem ser aplicadas no âmbito da atividade de polícia administrativa.

Importante esclarecer que o poder de polícia administrativa incide sobre atividades e sobre bens, não diretamente sobre os cidadãos, haja vista que não existem sanções aplicadas decorrentes do poder de polícia administrativa que impliquem em restrição ao direito de liberdade das pessoas como detenção e prisão.

Assim, várias são as sanções decorrentes do poder de polícia, tais como: multa administrativa; demolição de construções irregulares; apreensão de mercadorias com entrada irregular no território nacional; interdição de estabelecimento comerciais que estão em desacordo com a lei; embargos administrativos a obras, entre outras.

Por fim, importante mencionar que, via de regra, prescreve em 05 (cinco) anos as ações punitivas decorrentes do exercício do poder de polícia.

Abuso de PoderO exercício ilegítimo das prerrogativas conferidas pelo

ordenamento jurídico à Administração Pública caracteriza de modo genérico, o denominado abuso de poder.

Dessa maneira, o abuso de poder ocorre diante de uma ilegitimidade, ou, diante de uma ilegalidade, cometida por agente público no exercício de suas funções administrativas, o que nos autoriza a concluir que o abuso de poder é uma conduta ilegal cometida pelo agente público, e, portanto, toda atuação fundamentada em abuso de poder é ilegal.

Importante destacar que é plenamente possível o abuso de poder assumir tanto a forma comissiva, quanto à omissiva, ou seja, o abuso tanto pode ocorrer devido a uma ação ilegal do agente público, quanto de uma omissão considerada ilegal.

O abuso de poder pode ocorrer de duas maneiras, quais sejam: excesso de poder ou desvio de poder. O primeiro, excesso de poder, ocorre quando o agente público atua fora dos limites de sua competência, enquanto o segundo desvio de poder, ocorre quando a atuação do agente é pautada dentro dos seus limites de competência, mas contraria a finalidade que determinou ou autorizou a sua atuação.

6 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO. 6.1 RESPONSABILIDADE

CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO: EVOLUÇÃO DOUTRINÁRIA E REPARAÇÃO DO DANO.

6.2 ENRIQUECIMENTO ILÍCITO E USO E ABUSO DE PODER. 6.3 IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: SANÇÕES PENAIS E

CIVIS — LEI Nº 8.429/1992 E ALTERAÇÕES.

Responsabilidade Civil da Administração:Evolução Histórica e fundamentos jurídicos:Para chegarmos ao modelo de Responsabilidade do Estado

diante dos prejuízos causados a terceiros, passamos a discorrer rapidamente sobre a evolução histórica deste instituto bem como seus fundamentos jurídicos.

- 1ª Etapa: Irresponsabilidade do Estado - inicialmente tínha-mos o entendimento majoritário em diversas escolas do Direito pelo mundo que o Estado não tinha qualquer responsabilidade pelos seus atos, ou seja, o Poder Público era isento de qualquer responsabilidade perante terceiros, essa período ficou conhecido como “The King can do no wrong” ou “O Rei não erra nunca”.

- 2ª Etapa: Responsabilidade Subjetiva – A partir dessa fase, o Poder Público passou a responder baseado no conceito de cul-pa, culpa anônima, quando o serviço que deveriam prestar ou não prestou, ou ainda quando prestou de forma deficiente. A culpa não recaia em alguém particular, bastava para tanto constatar que o serviço não foi efetuado, ou então feito com deficiência para a cul-pa recair sobre o serviço e não sobre a pessoa. Este período ficou conhecido pela expressão “Culpa do Serviço”.

- 3ª Etapa: Responsabilidade Objetiva – O Poder Público pas-sa a responder com fundamento no nexo de causalidade, ou seja, a relação de causa e efeito entre o fato ocorrido e as consequências dela resultantes. O Estado responde sem a comprovação de dolo ou culpa.

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Didatismo e Conhecimento 35

DIREITO ADMINISTRATIVO

A teoria da responsabilidade objetiva surge com a Constitui-ção Federal de 1946, substituindo a teoria subjetiva baseada na “Culpa do Serviço”. O texto constitucional de 1946 estabelece a responsabilidade direta do Estado, exigindo culpa ou dolo do funcionário apenas para estabelecer o direito regressivo do Estado contra seu agente.

Reparação do Dano:A Constituição Federal de 1988 determina que a pessoa ju-

rídica de direito público responderá toda vez que se comprovar o nexo de causalidade entre o ato emanado pelo Poder Público, por meio de seus agentes, e o prejuízo gerado independentemente de comprovação de culpa.

O nexo de causalidade e o dano são requisitos para estabelecer a responsabilidade da Administração Pública. Compete ao autor a prova de que a atividade ou a omissão a um dever estatal foi a cau-sa que produziu os prejuízos injustamente suportados, lesando o administrado em seu direito ocasionando um dano certo e líquido.

Para caracterizar a responsabilidade patrimonial extracontra-tual do Estado, é necessário demonstrar quando seu comportamen-to foi causa do dano e quais as características do dano que lhe podem ser imputadas.

A responsabilidade objetiva do Estado se apresenta na va-riante do risco integral ou na variante do risco administrativo. Es-clarecemos que risco integral ou risco administrativos são meras variantes da responsabilidade civil do Estado, sendo certo que o fundamento basilar da responsabilidade objetiva é o nexo causal.

- Variante do Risco Integral: o Estado uma vez acionado em juízo responde por qualquer dano causado a terceiros ainda que não tenha sido o responsável direto por ele. Podendo o Poder Pú-blico em suas defesas alegar porventura a presença de excludentes ou atenuantes de responsabilidades, mas não argumentos que afas-tem ou diminuam suas responsabilidades.

- Variante do Risco Administrativo: o Estado uma vez acio-nado em juízo só responderá pelos danos que efetivamente tenham causados a terceiros.

Improbidade Administrativa:A Improbidade Administrativa é caracterizada, genéricamen-

te, pela violação aos princípios da moralidade, impessoalidade e economicidade e enriquecimento ilícito cometido por agente pú-blico, em seu conceito mais amplo, no exercício de suas funções administrativas, ou em decorrencia dela, conforme previsto por lei. A Lei Federal n° 8.429/92 trata dos atos de improbidade praticadas por qualquer agente público, bem como estabelece as sanções e dever indenizar e/ou restituir o patrimonio público.

As disposições desta lei alcançam todas as pessoas qualifica-das como agentes públicos, seja na administração direta, indireta e fundacional, mesmo que transitoriamente, remuneradas ou não. Atingem de forma direta ainda as empresas incorporadas ao patri-mônio público e as entidades para criação ou custeio onde o erário público haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimô-nio ou da receita anual.

São abrangidos ainda, na referida lei, aqueles que, mesmo não sendo agentes públicos, induzam ou concorram para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficiem sob qualquer forma, di-reta ou indiretamente. Neste sentido, são equiparados a agentes públicos, ficando sujeitos às sanções previstas na Lei de Impro-bidade Administrativa, os responsáveis e funcionários de pessoas jurídicas de direito privado que recebam verbas públicas e promo-vam o seu desvio, apropriação, ou uso em desconformidade com as finalidades para as quais se deu o repasse.

As penalidades envolvem ressarcimento do dano, multa, per-da do que foi obtido ilicitamente, perda da função pública, suspen-são dos direitos políticos, que podem ser de 3 a 10 anos, conforme a hipótese e o caso concreto, e ainda proibição de contratar com o poder público por período definido na lei.

A Lei 8429/92 estabelece três espécies de atos de improbidade: - os atos que importam enriquecimento ilícito, devidamente

previsto no artigo 9º; - os atos que causam lesão ao patrimônio público, previsto

no artigo 10, e; - os atos que atentam contra os princípios da Administração

Pública com previsão legal no artigo11.Muito embora a lei estabelece a aplicação de penalidades aos

agentes que incorreram em improbidade administrativa, os atos de improbidade não são considerados “crimes” propriamente ditos. Há uma grande diferença entre ato de improbidade administrativa e crime, pois se sujeitam a juízos dotados de competências distin-tas, cível e criminal, não havendo dessa forma, quanto à improbi-dade, a previsão e aplicação de penas restritivas de liberdade.

Entretanto, importante salientar que a responsabilidade pode ser apurada cumulativamente, ou seja, o agente do ato de improbi-dade poderá ser enquadrado e penalizado tanto na lei de Improbi-dade Administrativa, como também criminalmente, respondendo por suas condutas tipificadas no Código Penal, ai sim, se condena-do, poderá sofrer penas restritivas de liberdade.

A Lei não prevê punições de caráter penal ou criminal, mas sim de natureza civil e política, ou seja, incluem a perda da fun-ção pública, suspensão dos direitos políticos, multas, reparação do dano e ressarcimento de valores.

Entretanto, para os estudos acerca das sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função da administração pública direta, indireta ou fundacional, suas hipóteses de improbidade ad-ministrativa e penalidades, é imprescindível a leitura atenta do que dispõe a Lei 8.429/1992, que a seguir segue:

LEI Nº 8.429 DE 2 DE JUNHO DE 1992

Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Con-gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO I Das Disposições Gerais

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incor-porada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüen-ta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.

Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades des-ta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cin-qüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

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Didatismo e Conhecimento 36

DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem re-muneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.

Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qual-quer forma direta ou indireta.

Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.

Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.

Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.

Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimô-nio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministé-rio Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.

Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressar-cimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.

Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança.

CAPÍTULO II Dos Atos de Improbidade Administrativa

Seção I Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enri-

quecimento IlícitoArt. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importan-

do enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patri-monial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire-ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa-cilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o for-necimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máqui-nas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de proprieda-de ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empre-gados ou terceiros contratados por essas entidades;

V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual-quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;

VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de manda-to, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à ren-da do agente público;

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de con-sultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que te-nha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;

IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libera-ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou decla-ração a que esteja obrigado;

XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valo-res integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.

Seção II Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo

ao ErárioArt. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que cau-

sa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamen-to ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorpora-ção ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acer-vo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicá-veis à espécie;

III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente des-personalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô-nea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a ob-servância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;

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Didatismo e Conhecimento 37

DIREITO ADMINISTRATIVO

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autori-zadas em lei ou regulamento;

X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio pú-blico;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das nor-mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri-queça ilicitamente;

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natu-reza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão asso-ciada sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)

XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as for-malidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)

Seção III Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra

os Princípios da Administração PúblicaArt. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que aten-

ta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, le-galidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofí-cio;

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;

IV - negar publicidade aos atos oficiais;V - frustrar a licitude de concurso público;VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de ter-

ceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida polí-tica ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.

CAPÍTULO III Das Penas

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e ad-ministrativas previstas na legislação específica, está o responsá-vel pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).

I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quan-do houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políti-cos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou credi-tícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;

II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, per-da dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão

dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;

III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contra-tar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.

Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

CAPÍTULO IV Da Declaração de Bens

Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam con-dicionados à apresentação de declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no ser-viço de pessoal competente. (Regulamento)

§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico.

§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.

§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.

§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo.

CAPÍTULO V Do Procedimento Administrativo e do Processo JudicialArt. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade ad-

ministrativa competente para que seja instaurada investigação des-tinada a apurar a prática de ato de improbidade.

§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha conhecimento.

§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a representação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.

§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando de servidores federais, será processada na forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos disciplinares.

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Didatismo e Conhecimento 38

DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Minis-tério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de im-probidade.

Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conse-lho de Contas poderá, a requerimento, designar representante para acompanhar o procedimento administrativo.

Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.

§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.

§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.

Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será pro-posta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.

§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.

§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações necessárias à complementação do ressarcimento do patrimônio público.

§ 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Minis-tério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965. (Redação dada pela Lei nº 9.366, de 1996)

§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nu-lidade.

§ 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. (Incluído pela Medida provisó-ria nº 2.180-35, de 2001)

§ 6o A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios suficientes da existência do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)

§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá--la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer manifes-tação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e jus-tificações, dentro do prazo de quinze dias. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)

§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da ine-xistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)

§ 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para apre-sentar contestação. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)

§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)

§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do mérito. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)

§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)

Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de repa-ração de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.

CAPÍTULO VI Das Disposições Penais

Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbida-de contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.

Pena: detenção de seis a dez meses e multa.Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está

sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.

Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.

Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa com-petente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remune-ração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.

Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo

quanto à pena de ressarcimento; (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).

II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.

Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Mi-nistério Público, de ofício, a requerimento de autoridade admi-nistrativa ou mediante representação formulada de acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitar a instauração de inquérito policial ou procedimento administrativo.

CAPÍTULO VII Da Prescrição

Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções pre-vistas nesta lei podem ser propostas:

I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança;

II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.

CAPÍTULO VIII Das Disposições Finais

Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de

1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência e 104° da República.

FERNANDO COLLOR Célio Borja

Este texto não substitui o publicado no DOU de 3.6.1992

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Didatismo e Conhecimento 39

DIREITO ADMINISTRATIVO

7 SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO, REGULAMENTAÇÃO,

FORMAS E COMPETÊNCIA DE PRESTAÇÃO.

Conceito: Inicialmente, devemos elucidar que a Constituição Federal

de 1988 não conceitua “serviço público”, e tampouco temos no ordenamento jurídico pátrio, em leis esparsas, seu significado legal.

Dessa maneira temos que ficou sob os cuidados da doutrina administrativa elaborar seu significado, entretanto, não existe um conceito doutrinário consensual de “serviço público”.

Nos ensinamentos do Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, o conceito de serviço público é: “certas atividades (consistentes na prestação de utilidade ou comodidade material) destinada a satisfazer a coletividade em geral, são qualificadas como serviços públicos quando, em dado tempo, o Estado reputa que não con-vém relegá-las simplesmente a livre iniciativa; ou seja, que não é socialmente desejável fiquem tão só assujeitadas à fiscalização e controles que exerce sobre a generalidade das atividades priva-das.”

Celso Antônio Bandeira de Mello ainda complementa seu conceito afirmando que: “é toda atividade de oferecimento de uti-lidade ou comodidade material destinada à satisfação da coleti-vidade em geral, mas fruível singularmente pelos administrados, que o Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faça as vezes, sob um regime de Direito Público – portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições especiais - , instituído em favor dos interesses defi-nidos como públicos no sistema normativo”.

Segundo o jurista Hely Lopes de Meirelles, serviço público é: “todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controle estatal, para satisfazer necessidades essen-ciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniência do Estado”.

Para a Profª Maria Sylvia ZanellaDi Prieto, temos o entendi-mento de serviços públicos sob a ótica de dois elementos, ‘subje-tivo’ e ‘formal’, senão vejamos seu posicionamento: “o elemento subjetivo, porque não mais se pode considerar que as pessoas ju-rídicas públicas são as únicas que prestam serviços públicos; os particulares podem fazê-lo por delegação do poder público, e o elemento formal, uma vez que nem todo serviço público é prestado sob regime jurídico exclusivamente público”.

Assim, verifica-se que, nas mais variadas concepções jurídi-cas acerca do conceito de “serviço público”, podemos facilmente definir os pontos em comum e aceitar, de maneira ampla que ser-viço público é como o conjunto de todas as atividades exercidas pelo Estado ou delegados, sob o regime jurídico de direito público, ou seja, a atividade jurisdicional, atividade de governo, atividade legislativa, prestação de serviço público, colocados a disposição da coletividade.

De outra forma, estudando o conceito de “serviço público”, mas sob análise mais restritiva, temos que são todas as prestações de utilidade ou comodidades materiais efetuadas diretamente e ex-clusivamente ao povo, seja pela administração pública ou pelos delegatários de serviço público, voltado sempre à satisfação dos interesses coletivos.

O objetivo da Administração Pública, no exercício de suas atribuições, é de garantir à coletividade a prestação dos serviços públicos de maneira tal que possa corresponder aos anseios da co-letividade, atingindo diretamente o interesse público, devendo o Poder Público disciplinar a aplicação dos recursos materiais (orça-mentários), visando a aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo-dernização e otimização da prestação dos serviços públicos.

Princípios informativos dos serviços públicos:A relevância e a prevalência do interesse coletivo sobre o

interesse de particulares informam os princípios que orientam a disposição e organização do funcionamento dos serviços públicos. Importante ressaltar que, a figura principal no serviço público não é seu titular, nem mesmo o prestador dele, as sim o usuário dos serviços.

Além dos princípios gerais do Direito Administrativo, tanto os princípios expressos na Constituição Federal, como também os implícitos, presentes em toda a atividade administrativa, especificamente na prestação dos serviços públicos, identifica-se a presença de mais quatros, que norteia e orienta a prestação dos serviços colocados a disposição da coletividade, quais são: o Princípio da Continuidade do Serviço Público; Principio da Mutabilidade do Regime Jurídico e o Princípio da Igualdade dos Usuários do Serviço Público, e ainda o Princípio do Aperfeiçoamento.

Princípio da Continuidade do Serviço Público: O serviço público deve ser prestado de maneira continua, o

que significa dizer que não é passível de interrupção. Isto ocorre justamente pela própria importância de que o serviço público se reveste diante dos anseios da coletividade.

É o principio que orienta sobre a impossibilidade de paralisação, ou interrupção dos serviços públicos, e o pleno direito dos administrados a que não seja suspenso ou interrompido, pois entende-se que a continuidade dos serviços públicos é essencial a comunidade, não podendo assim sofrer interrupções.

Diante de tal princípio temos o desdobramento de outros de suma importância para o “serviço público”, quais são: qualidade e regularidade, assim como com eficiência e oportunidade.

Princípio da Mutabilidade do Regime Jurídico: É aquele que reconhece para o Estado o poder de mudar de

forma unilateral as regras que incidem sobre o serviço público, tendo como objetivo a adaptação às novas necessidades, visando o equilíbrio na relação contratual econômico-financeira, satisfazendo o interesse geral à máxima eficácia.

Em atenção ao Princípio da Mutabilidade do Regime Jurídico dos Serviços Públicos, temos a lição da Profª. Maria Sylvia Za-nella Di Prieto, que assim leciona: “nem os servidores públicos, nem os usuários de serviço públicos, nem os contratados pela Ad-ministração têm direito adquirido à manutenção de determinado regime jurídico; o estatuto dos funcionários pode ser alterado, os contratos também podem ser alterados ou mesmo reincididos unilateralmente para atender ao interesse público; o aumento das tarifas é feito unilateralmente pela Administração, sendo de apli-cação imediata”.

Justamente por vincular-se o regime jurídico dos contratos administrativos de concessão e permissão de serviços públicos aos preceitos de Direito Público, com suas cláusulas exorbitantes, e ainda em presença da necessidade constante da adaptação dos ser-viços públicos ao interesse coletivo, torna-se necessária e razoável a possibilidade de alteração, ou mudança do regime de execução dos serviços, objetivando adequar aos interesses coletivos.

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Didatismo e Conhecimento 40

DIREITO ADMINISTRATIVO

Principio da igualdade dos usuários dos serviços públicos:Constituição Federal diz que todos são iguais perante a lei e

desta forma não podemos ser tratados de forma injusta e desigual, assim, não se pode restringir o acesso aos benefícios dos serviços públicos para os sujeitos que se encontrarem em igualdade de con-dições.

Diante de tal principio temos o desdobramento de dois aspec-tos da Igualdade dos Usuários de Serviços públicos:

- A Universalidade que significa dizer que o serviço público deve ser prestado em benefício de todos os sujeitos que se encon-tram em equivalente situação.

- A Neutralidade, que significa dizer que é impossível dar qualquer tipo de privilégios que forem incompatíveis com o prin-cípio da isonomia. Logo são “impossíveis” vantagens individuais fundadas em raça, sexo, credo religioso,time de futebol e etc.

Princípio do Aperfeiçoamento:Temos o aperfeiçoamento como uma constante evolução da

sociedade, dessa forma, e simplesmente por isso, é que no ser-viço público ele se impõe como um direito do cidadão, assim, o aperfeiçoamento da prestação dos serviços públicos vincula-se à eficiência dos serviços a serem prestados.

Titularidade do serviço e titularidade da prestação dos serviços:

Não se pode confundir a titularidade do serviço com a titulari-dade da prestação dos serviços públicos, sendo certo que tratam-se de realidades e significados totalmente distintos.

O fato de o Poder Público ser titular de serviços públicos, ou seja, ser o sujeito que detém a responsabilidade de zelar pela sua prestação, não significa que deva ser obrigatoriamente prestá-los por si só de maneira exclusiva, sendo que na grande maioria das vezes, estará a Administração pública obrigada a disciplinar e pro-mover a prestação, bem como efetuar a fiscalização sobre a forma que esta sendo executado o serviço público.

Dessa maneira, tanto poderá a administração pública, por meios próprios prestar os serviços públicos, como poderá promo-ver-lhes a prestação conferindo a entidades externas a administra-ção seu cumprimento e execução.

Entidades externas podem ser assim entendidas como os par-ticulares estranhos aos quadros da administração pública e ainda a administração indireta. Dessa forma, poderá o Poder Público con-ferir autorização, permissão ou concessão de serviços públicos, como formas de sua execução.

Concessão de serviços públicos:É a delegação de serviços públicos feita pelo poder concedente

mediante licitação na modalidade concorrência à pessoa que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.

Assim, é delegado ao vencedor da licitação na modalidade de concorrência pública a prestação de serviços públicos, que ge-ralmente ocorre no tocante a concessão da execução de serviços públicos.

Importante esclarecer o conceito de Poder Concedente, assim entendido como a União, o Estado, o DF ou Município, em cuja competência se encontre o serviço público, assim a titularidade continua sendo sua somente será transferida a execução dos servi-ços públicos à concessionária.

Nos ensinamentos do jurista Hely Lopes Meirelles, temos que “pela concessão, o poder concedente não transfere a propriedade alguma ao concessionário, nem se despoja de qualquer direito ou prerrogativa pública. Delega, apenas, a execução do serviço, nos limites e condições legais ou contratuais, sempre sujeita à regula-mentação e fiscalização do concedente.”

Para o Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, conceituando o instituto da concessão de serviço público, ensina que: “é o ins-tituto através do qual o Estado atribuiu o exercício de um serviço público a alguém que aceita prestá-lo em nome próprio, por sua conta em risco, nas condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Poder Público, mas sob garantia contratual de um equilíbrio econômico-financeiro , remunerando-se pela própria exploração do serviço, em geral e basicamente mediante tarifas cobradas di-retamente dos usuários do serviço”.

Neste sentido, verifica-se que a concessão é mecanismo de delegação de direito público, pois, as suas cláusulas contratuais são editadas pelo Poder Público, que poderá a qualquer tempo modificá-las de forma unilateral, tendo em vista que não há que se falar em igualdade entre as partes contratantes em atenção ao principio da soberania do Estado.

Entretanto, está presente, como em todo contrato, a bilatera-lidade, pois, ao aderir ao contrato de concessão, o concessionário integra a relação jurídica contratual, com declaração de vontade própria, mas aceitando os termos e condições impostas pela Ad-ministração Pública.

O que ocorre com os contratos de concessão de serviços pú-blicos é que são vinculados ao processo licitatório, assim, as suas cláusulas devem atender obrigatoriamente o que estiver estipula-do no edital de abertura da licitação. Por se tratar de um contrato administrativo, o contrato de concessão tem como objeto o bem público, a utilidade pública e ainda o interesse da coletividade, que se explica facilmente, pelo fato do destinatário da realização do serviço é justamente o cidadão.

Oportuno ainda esclarecer que nas concessões de serviço pú-blico é admitida a subconcessão, desde que prevista em cláusula especifica no contrato administrativo e no edital da abertura da li-citação, vinculado, entretanto, a autorização do poder concedente, após a verificação do interesse público.

É possível também ocorrer o instituto da concessão em obras públicas, através da privatização temporária de uso. Trata-se de um contrato administrativo avençado entre o Poder Público e o concessionário para a execução de uma obra pública, mediante remuneração posterior a ser paga pela exploração dos serviços ou então utilidades proporcionadas pela própria execução da obra.

Como dito, a concessão deverá ser formalizada mediante con-trato, a título precário, precedido de procedimento licitatório (na modalidade de concorrência), definindo o objeto, a área, o prazo da concessão, o modo de sua execução, a forma e as condições da concessão da obra pública, para tanto, a empresa deve demonstrar o interesse na contratação com o poder concedente, comprovando sua capacidade para o desempenho das obrigações assumidas da obra, por sua conta e risco e por prazo determinado.

Ressalta-se que o contrato de concessão de obra pública, fir-mado por tempo determinado, não pode ser objeto de prorrogação, não se situando a prerrogativa discricionária conferida ao Poder Público, sendo que sua eventual prorrogação fere o princípio da isonomia entre os licitantes, e participantes do certame licitatório de concessão.

Permissão:É a delegação, a título precário, mediante licitação da

prestação de serviços públicos feita pelo poder concedente, a pessoa que demonstre capacidade de desempenho por sua conta e risco. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão, e será contratado sempre em caráter precário, com prazo determinado.

Importante ressaltar que no instituto da permissão de servi-ços públicos admite-se a presença de pessoa física, além da pessoa jurídica, sendo que a legislação que regula a matéria não inclui a possibilidade de contratação pela permissão de consórcios.

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Didatismo e Conhecimento 41

DIREITO ADMINISTRATIVO

No instituto da Permissão, a Administração Pública possui a prerrogativa de estabelecer de forma unilateral os requisitos e con-dições impostas diante da execução de serviços públicos permiti-dos e confiados ao particular, que durante o procedimento licitató-rio, comprovou possuir capacidade para seu desempenho.

Em virtude do caráter precário das permissões e de seu prazo determinado, os permissionários não gozam de prerrogativas ga-rantidas por lei aos concessionários de serviço público, devendo portanto, seguir as normas e orientações dos Poder Público.

Autorização de serviços públicos:Coloca-se ao lado da concessão e da permissão de serviços

públicos, destina-se a serviços muito simples, de alcance limitado, ou a trabalhos de emergência, e a hipóteses transitórias e especiais, podendo ainda ser utilizado para as situações em que o serviço seja prestado a usuários específicos e restritos.

Assim, temos que a autorização de serviços públicos é o ato administrativo discricionário por meio do qual é delegada a um particular, sempre em caráter precário, a prestação de serviços pú-blicos que não exija alto grau de complexidade e especialização técnica, nem mesmo a comprovação do particular autorizado a execução dos serviços, possuir grande aporte de capital financeiro.

Para a contratação por meio do instituto da autorização de ser-viços públicos, não há licitação, para tanto, os serviços públicos autorizados estão sujeitos a modificação ou revogação de sua exe-cução, por meio de ato discricionário da delegação, cuja denomi-nação é termo de autorização.

Isto ocorre em virtude da precariedade que reveste o ato admi-nistrativo que autorizou a delegação do serviço ao particular. Cum-pre esclarecer que a autorização, mesmo sendo precária não possui prazo determinado para seu encerramento, e em via de regra, não é passível de indenização por decorrente de sua revogação.

Oportuno ainda ressaltar que a autorização do serviço público não pode ser confundido com a autorização decorrente do ato de polícia administrativa outorgada no exercício do poder de polícia conferido a Administração Pública, como condição para a práti-ca de atividades privadas pelos particulares, o que não se pode confundir com a transferência, por delegação, da titularidade da execução e prestação dos serviços públicos.

- Autorização: poderá ocorrer em três modalidades que são:a) autorização de uso – ocorre quando um particular é autori-

zado a utilizar bem público de forma especial, exemplo: a autoriza-ção de uso de uma rua para realização de uma quermesse.

b) autorização de atos privados controlados – em que o particular não pode exercer certas atividades sem autorização do poder público, são atividades exercidas por particulares mas con-sideradas de interesse público.

OBS: autorização é diferente de licença, termos semelhantes. A autorização é ato discricionário, enquanto a licença é vinculado. Na licença o interessado tem direito de obtê-la, e pode exigi-la, desde que preencha certos requisitos, ex. licença para dirigir veí-culo.

Da Regulamentação e Controle: Cumpre à Administração Pública o dever/poder de regula-

mentação e o controle quando há ocorrência de concessão e per-missão de executar os serviços públicos por particulares, visando a garantia da regularidade do atendimento aos seus objetivos, que envolvem gestão de serviço público.

Ao poder concedente, ou seja, ao Poder Público, compete re-gulamentar o serviço concedido por meio de lei e regulamentos, ou do próprio contrato, estabelecendo direitos e deveres das par-tes contratantes e dos usuários. Importante frisar que, a atividade

privada, mesmo quando atuante no exercício do serviço público, objetiva o lucro, daí surge a necessidade permanente de manter a fiscalização.

O controle e o poder de fiscalização serão exercidos pela pró-pria Administração, através do seu sistema de controle interno, ou então será exercido, quando provocado, pelo Poder Judiciário e pelo Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas.

Assim, sendo permanente o dever de controlar, tendo em vista o interesse coletivo, esse controle se efetiva não apenas pela Admi-nistração Pública, mas também pelo usuário.

As Agências Reguladoras, devidamente criadas por lei, vêm prestando importante serviço na tarefa de fiscalização das conces-sões e permissões de serviço público.

Direito do Usuário: Atuando como destinatário direto da prestação de serviços

públicos, os usuários participam da Administração Pública, com direito a reclamação relativa à qualidade na prestação de serviço publico em geral, sendo assegurada a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e avaliação constante e periódica, seja ex-terna ou interna, da qualidade e efetividade dos serviços colocados à disposição da coletividade.

Todos os cidadãos têm direito a receber dos órgãos públicos informações corretas de seus interesses particulares, ou então de interesse coletivo em geral. Na hipótese de desatendimento, o inte-ressado tem o direito de impetrar a medida conhecida como habeas data, visando assegurar o conhecimento das informações pedidas.

É ainda direito dos usuários de serviços públicos a faculdade de representação contra o exercício negligente, abusivo ou irregular de cargo, emprego ou função na Administração Pública, cobrando das autoridades administrativas providencias para sanar tais irregularidades ou abusos.

8 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. 8.1 ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA,

CENTRALIZADA E DESCENTRALIZADA. 8.2 AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES,

EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA.

Organização Administrativa: De acordo com os ensinamentos do jurista administrativo

Hely Lopes Meirelles, organização da Administração Pública é “todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas”.

De maneira objetiva, temos que Organização da Administra-ção Pública é toda a atividade concreta e imediata desenvolvida pelo Estado para o alcance dos interesses públicos.

De maneira subjetiva, podemos afirmar que trata-se do con-junto de órgãos e de agentes públicos aos quais a lei atribui o exer-cício da função administrativa do Estado.

Centralização, Descentralização, Concentração e Descon-centração.

O Estado exerce função administrativa por meio de órgãos, pessoas jurídicas e seus respectivos agentes públicos, objetivando atender o interesse coletivo. Para tanto, o Estado adota duas for-mas principais para a organização e atuação administrativa: centra-lização e descentralização.

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Didatismo e Conhecimento 42

DIREITO ADMINISTRATIVO

Ocorre a centralização administrativa quando o Estado exer-ce suas funções diretamente, por meio de seus órgãos e agentes pú-blicos integrantes, assim, dizemos que a atividade administrativa do estado é centralizada quando é exercida pelo próprio Estado, ou seja, pelo conjunto orgânico que lhe compõe.

Ocorre a chamada descentralização administrativa quando o Estado desempenha algumas de suas atribuições por meio de ou-tras pessoas, e não pela sua administração direta. Assim, dizemos que a atividade administrativa do Estado é descentralizada quando é exercida por pessoas distintas do Estado, sendo que há transfe-rência de competência para a execução do serviço público que lhe são pertinentes para seus auxiliares.

A descentralização é efetivada por meio de outorga quando o estado cria, por meio de lei, uma entidade ou pessoa jurídica, e a ela lhe transfere determinado serviço público.

De outro modo, a descentralização é efetivada pó meio de delegação quando a Administração Pública transfere, mediante contrato administrativo (concessão ou permissão de serviços pú-blicos), ou por meio de ato unilateral (autorização de serviços pú-blicos), a execução do serviço.

A concentração, ou “concentração de competência”, ou ain-da “administração concentrada” é o sistema em que o superior hierárquico mais elevado é o único e exclusivo órgão competente para tomar decisões, ficando os seus subordinados restritos e limi-tados às tarefas de preparação e execução das decisões do superior hierárquico.

A desconcentração é o fenômeno, ou forma de organização administrativa, de distribuição interna de competências. Diferen-temente da descentralização, que envolve sempre mais de uma pessoa jurídica de direito público, a desconcentração ocorre ex-clusivamente dentro da estrutura de uma mesma pessoa jurídica.

Trata-se, a desconcentração, de mera técnica administrativa de distribuição interna de competências de uma pessoa jurídica.

Ocorre desconcentração administrativa quando uma pessoa política ou uma entidade da administração indireta distribui com-petências no âmbito de sua própria estrutura com a finalidade de conferir mais agilidade e eficiência a prestação dos serviços

Administração DiretaÉ o conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas do

Estado (União, estados, municípios e Distrito Federal), aos quais foi atribuída competência para o exercício, de maneira centralizada, de atividades administrativas, é composta por órgãos ligados diretamente ao poder central, seja na esfera federal, estadual ou municipal.

A organização da Administração Pública Federal está regulamentada por meio do Decreto 200/67, que assim dispõe sobre a Administração Direta:

DECRETO-LEI Nº 200, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1967.

Art. 4° A Administração Federal compreende:I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços in-

tegrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios.

Administração IndiretaÉ o conjunto de pessoas jurídicas – desprovidas de

autonomia política – que, vinculadas à Administração Direta, têm a competência para o exercício, de maneira descentralizada, de atividades administrativas. São composta por entidades com

personalidade jurídica própria, que foram criadas para realizar atividades de Governo de forma descentralizada. São exemplos as Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.

A organização da Administração Pública Federal está regulamentada por meio do Decreto 200/67, que assim dispõe sobre a Administração Indireta:

DECRETO-LEI Nº 200, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1967.

Art. 4° A Administração Federal compreende:...II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes

categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica pró-pria:

a) Autarquias;b) Empresas Públicas;c) Sociedades de Economia Mista.d) fundações públicas. Parágrafo único. As entidades com-

preendidas na Administração Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência estiver enquadrada sua principal atividade.

Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com per-

sonalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira des-centralizada.

II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital ex-clusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por forca de con-tingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.

III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maio-ria à União ou a entidade da Administração Indireta.

IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito pú-blico, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.

§ 1º No caso do inciso III, quando a atividade for submetida a regime de monopólio estatal, a maioria acionária caberá apenas à União, em caráter permanente.

§ 2º O Poder Executivo enquadrará as entidades da Adminis-tração Indireta existentes nas categorias constantes deste artigo.

§ 3º As entidades de que trata o inciso IV deste artigo adqui-rem personalidade jurídica com a inscrição da escritura pública de sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se lhes aplicando as demais disposições do Código Civil concernen-tes às fundações.

Assim, temos doutrinariamente:Autarquias:É o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade

jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.

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Didatismo e Conhecimento 43

DIREITO ADMINISTRATIVO

Trata-se de pessoa jurídica de direito público, o que significa dizer que tem praticamente as mesmas prerrogativas e sujeições da administração direta. O seu regime jurídico pouco se diferencia do estabelecido para os órgãos da Admininstração Direta, apare-cendo, perante terceiros, como a própria Administração Pública. Difere da União, Estados e Municípios (pessoas públicas políticas) por não ter capacidade política, ou seja, o poder de criar o próprio direito, é pessoa pública administrativa, porque tem apenas o po-der de auto-administração, nos limites estabelecidos em lei.

Desta forma, temos que a autarquia é um tipo de administra-ção indireta e está diretamente relacionada à administração central, visto que não pode legislar em relação a si, mas deve obedecer à legislação da administração à qual está subordinada.

É ainda importante destacar que as autarquias possuem bens e receita próprios, assim, não se confundem com bens de propriedade da Administração direta à qual estão vinculadas. Igualmente, são responsáveis por seus próprios atos, não envolvendo a Administração central, exceto no exercício da responsabilidade subsidiária.

Empresa Pública:Trata-se da entidade dotada de personalidade jurídica de

direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por forca de contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.

Sendo considerada como pessoa jurídica de direito privado, cuja administração fica sob responsabilidade exclusivamente pelo Poder Público, instituído por um ente estatal, com a finalidade definida em lei específica e sendo de propriedade única do Estado.

A finalidade pode ser de atividade econômica ou de prestação de serviços públicos. Trata-se de pessoa jurídica que tem sua criação autorizada por lei, como instrumento de ação do Estado, dotada de personalidade de direito privado mas submetida a certas regras decorrente da finalidade pública, constituídas sob qualquer das formas admitidas em direito, cujo capital seja formado por capital formado unicamente e exclusivamente por recursos públicos de pessoa de administração direta ou indireta. Pode ser Federal, municipal ou estadual.

Sociedade de Economia MistaÉ a entidade dotada de personalidade jurídica de direito

privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.

Trata-se de uma sociedade na qual há colaboração entre o Es-tado e particulares ambos reunindo e unificando recursos para a realização de uma finalidade, sempre de objetivo econômico. A sociedade de economia mista é uma pessoa jurídica de direito pri-vado e não se beneficia de isenções fiscais ou de foro privilegiado. O Estado poderá ter uma participação majoritária ou minoritária; entretanto, mais da metade das ações com direito a voto devem pertencer ao Estado. A sociedade de economia mista é do gênero de sociedade anonima, e seus funcionários são regidos pela Con-solidação das Leis Trabalhistas – CLT.

Fundação Pública:É a entidade dotada de personalidade jurídica de direito

privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.

As fundações públicas são organizações dotadas de personalidade jurídica de direito público ou de direito privado, sem fins lucrativos, criadas para um fim específico de interesse coletivo, como educação, cultura e pesquisa, sempre merecedoras de um amparo legal. As fundações públicas são autonomas admininstrativamente, patrimônio próprio, e funcionamento custeado, principalmente, por recursos do poder público, mesmo que sob a forma de prestação de serviços.

Entidades Paraestatais: Muito embora não exista consenso na doutrina administrativa sobre Entidades Paraestatais, adotamos o entendimento que nos parece majoritário, segundo o qual se enquadram no conceito exclusivamente pessoas privadas, sem fins lucrativos, que exercem atividades de interesse coletivo, mas não exclusivas da Administração Pública, recebendo para tanto, contrapartida do poder público para seu regular funcionamento.

As entidades paraestatais pertencem ao chamado “terceiro se-tor”, que podem ser definidos com aquele composto por entidades privadas da sociedade civil organizada, que atuam na prestação de serviços públicos de relevante interesse social, por iniciativa exclusivamente privada, sem fins lucrativos, porém incentivadas pelo Estado.

9 CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO. 9.1 CONTROLE

ADMINISTRATIVO. 9.2 CONTROLE JUDICIAL. 9.3 CONTROLE LEGISLATIVO.

9.4 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.

Controle da administração pública:É através do exercício das funções administrativas, ou, pela

expedição de atos administrativos que o Estado, no uso de suas prerrogativas em face do indivíduo, estabelece a formação de re-lações jurídico-administrativas entre a Administração Pública e o Administrado.

Com a edição dos atos administrativos pela Administração Pública deve atender, alem da manifestação da vontade, do objeto e da forma, ao motivo e ainda à finalidade, dentro de um contexto rígido de legitimidade e de legalidade.

Ao divergir com qualquer um dos princípios constitucionais, quais sejam: legalidade, moralidade, publicidade ou impessoalida-de, o administrador público ofende o próprio Estado, além de vio-lar direitos diversos do administrado. Observa-se então que, quan-do tais questões são levadas em juízo, em quase todas as ações são ajuizadas em face do administrador e não contra o Estado.

Por controle entende-se a faculdade atribuída a um Poder para exercer vigilância, garantida a faculdade de correção, sobre a con-duta de outro, dentro dos limites previstos constitucionalmente.

Como é sabido, todo ato emanado da Administração Pública deve ser motivado, que justifica o próprio ato, e funciona como meio de controle dos atos administrativos, seja ele vinculado ou discricionário.

Controle AdministrativoO Controle Administrativo, ou também chamado de controle

interno, tem como finalidade principal obter a harmonia e a padro-nização da ação administrativa, a eficácia dos serviços administra-tivos e, bem assim, a retidão e a competência dos funcionários que guarnecem a administração.

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Didatismo e Conhecimento 44

DIREITO ADMINISTRATIVO

A auto-revisão do ato administrativo fundamenta-se na hierarquia que, como vínculo que subordina os demais órgãos administrativos, graduando a autoridade de cada um, deriva o poder de vigilância e o poder de direção, bem como o poder de revisão, pelos quais se garante a completa unidade de direção ao sistema administrativo.

Temos então que controle interno é aquele controle exercido pela entidade ou órgão responsável pela atividade controlada, na esfera da própria Administração, assim, qualquer controle efetivo realizado pelo Poder Executivo sobre os seus serviços ou agentes é considerado interno, assim como o controle do Poder Legislativo ou do Poder Judiciário, por seus órgãos de Administração, sobre seus agentes e também sobre os atos administrativos praticados.

Assim, com o objetivo de serem observadas as normas fundamentais, os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela deverão dar ciência imediata ao Tribunal de Contas respectivo, sob pena de responsabilidade solidária, sendo considerado parte legitima para a prática dos atos de denuncia, qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato.

Da Revisão “Ex-officio”: A revisão “ex-officio” pode ser entendida de maneira geral

como a revisão espontânea exercida pela Administração sobre seus próprios atos, que decorre em virtude da hierarquia e da autotutela.

Diante da verificação de que o ato administrativo não atende aos requisitos prescritos em, ou em presença reconhecida da inconveniência ou da inoportunidade, a autoridade prolatora pode rever diretamente o ato ou ele pode ser revisto pelo agente de hierarquia superior, independente de provocação de parte interessada.

Da Revisão Provocada: A revisão provocada, na instância administrativa, realiza-se

através de recurso, de pedido de reconsideração, de reclamação ou de representação.

Tal recurso, além da tranquilidade psicológica que assegura ao administrado ou servidor, visa corrigir os possíveis e eventuais erros do ato administrativo, inscrevendo-se como um direito potestativo do administrado, com natureza subjetiva, que ele pode usar sempre que julgar preterido um direito seu ou incorreto, em seu desfavor, um ato administrativo.

Diante de uma situação desfavorável, de natureza subjetiva, ou repleto de desobediência às formalidades legais, de natureza objetiva, ao administrado prejudicado é assegurado o direito à interposição de recurso através de petição dirigida à autoridade superior, devidamente motivada, como forma de provocação da atuação do controle interno da Administração.

A representação tem o conceito voltado à exposição direcionada à autoridade superior, é um recurso com natureza constitucional que consiste na denuncia formal de irregularidades existentes em uma ato administrativo.

A reclamação nada mais é do que um pedido dirigido à autoridade hierárquica superior, em forma de protesto ou queixa, por meio do qual o autor da reclamação reivindica a reparação de ato que reputar injusto.

O pedido de reconsideração é dirigido à própria autoridade que editou o ato, buscando nova deliberação.

Controle JudicialControle judicial, pode ser assim entendido como sinônimo de

reexame ou revisão, ou seja, é a verificação, pelo Poder Judiciário, quando provocado, da legalidade dos atos praticados pela Administração Pública, isto porque a jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional.

Para que haja a ocorrência do controle jurisdicional, através da propositura de uma ação, além da ilegalidade dos atos da Administração, há que existir, por parte de quem aciona o Poder Judiciário, legítimo interesse econômico ou moral e legitimidade, entendendo-se por interesse a possibilidade de haver benefício ou prejuízo como decorrência da ação da Administração e por legitimidade a conformidade com a lei.

Assim, em razão da atuação administrativa, no decorrer da execução de seus fins, podem ocorrer conflitos de interesses entre a Administração e o administrado que levem ao estabelecimento de incertezas e dúvidas a respeito da razão ou da justiça do ato praticado, o que demanda a necessidade de eleição de um árbitro alheio e parcial à relação jurídica.

O modelo de Estado de Direito impõe-se, de um lado a sujeição do Estado à ordem jurídica por ele mesmo estabelecida, decorrente do princípio da legalidade, e, de outro lado, o controle jurídico dessa sujeição, em busca da eliminação do árbitro.

Desta feita, diante da presença de um conflito de interesses entre a Administração e o administrado, ao Poder Judiciário, quando provocado, compete à solução do litígio, tendo lugar o conhecido controle jurisdicional. O controle jurisdicional somente ocorre quando houver provocação da parte interessada em presença de um fato concreto.

Todo direito é protegido por uma ação e a Constituição Federal assegura aos administrados o direito de petição ao Poder Judiciário em defesa de direito ou contra ilegalidade ou ainda eventual abuso de poder, conforme garante o artigo 5º, inciso XXXIV, da Constituição Federal.

O reexame da ação da Administração pelo Poder Judiciário limita-se à verificação da legalidade do ato, isto porque à Administração e só a ela compete a análise da oportunidade e da conveniência da ação administrativa.

Assim, só o direito e não o interesse do administrado poderá ser objeto da ação revisória do Poder Judiciário. Não pode o Poder Judiciário adentrar no mérito do ato administrativo para indagar a oportunidade e a conveniência, mas tão somente a legitimidade, isto é, a sua conformidade com a lei.

Quando o Poder Judiciário é provocado, chamado a se manifestar deve circunscrever o âmbito da sua real atuação ao caso sobre o qual tenha sido chamado ou provocado a atuar.

É sabido que a Administração Pública somente pode agir de acordo com o que prescreve a lei, contudo, pode deixar, por motivada por flagrantes interesses públicos, de cumprir exatamente com a lei, isto é, deixar de executá-la em um determinado momento, sem que isto implique em quebra de princípio da legalidade.

Apesar da disposição constitucional prevista no artigo 5º, inciso XXXV, que não exclui da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito, em presença da independência dos Poderes, regularmente definida no artigo 2º, da Constituição Federal, são impostas restrições legais à apreciação dos atos administrativos pelo Poder Judiciário.

Há uma grande necessidade de subtrair a Administração a uma prevalência do Poder Judiciário, capaz de diminuí-la, ou até mesmo de anulá-la em suas atividades peculiares, se põem restrições à apreciação jurisdicional dos atos administrativos, no que respeita à extensão e consequências, para que assim se respeite a autonomia constitucionalmente firmada entre os três Poderes.

É vedada ao Poder Judiciário a apreciação do ao administrativo quanto ao mérito, protegendo assim o poder discricionário que a Administração Pública goza, ficando assim restrita essa análise e apreciação somente quanto à sua conformidade com a lei, respeitando o principio da legalidade.

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Didatismo e Conhecimento 45

DIREITO ADMINISTRATIVO

Controle LegislativoO controle legislativo, integrante do sistema de controle

externo, que muitos denominam parlamentar sem que vigore no país o regime parlamentarista, que é exercido sob os aspectos de correção e fiscalização, tendo em vista o interesse publico.

O controle externo legislativo é desempenhado de forma direta e indireta. Será direto quando exercido pelo Congresso Nacional, em nível federal; pelas Assembleias Legislativas, nível estadual e distrital; e pelas Câmaras Municipais, em nível municipal.

Será legislativo indireto o controle exercitado pelos Tribunais de Contas, que funcionam como órgãos auxiliares de Poder Legislativo.

Controle Legislativo Direto: Compete ao Congresso Nacional, ou seja, às duas Casas Legislativas Federais (Senado Federal e Câmara dos Deputados), de acordo com o que dispõe o artigo 49, V, da Constituição Federal, sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa. Possui também como função, no exercício do controle externo de acompanhamento da execução orçamentária, com parecer técnico de Comissão Mista (artigo 166, §1º, II da Constituição Federal) e em atendimento a solicitação do Tribunal de Contas da União, sustar ato do Poder Executivo que possa causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública.

O Congresso Nacional, ou qualquer de suas comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou qualquer titular de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para, caso haja necessidade, prestar de maneira pessoal, informações sobre assuntos previamente determinado, podendo ser enquadrado como crime de responsabilidade, a ausência a tal convocação, sem justificação adequada.

Compete ainda ao Congresso Nacional, para apuração dos fatos controversos, instaurar Comissão de Inquérito, nos termos da Lei 1.579/52.

Dentro das atribuições de controle externo, o Congresso Nacional é competente para realizar o julgamento das contas que o Presidente da República deve apresentar anualmente, e ainda apreciar os atos sobre a execução dos planos de governo.

É de competência privativamente ao Senado Federal, no exercício do controle externo, nos termos do artigo 52 da Constituição Federal, processar e julgar o Presidente da República bem como o Vice-Presidente nos crimes de responsabilidade, e os Ministros de Estado nos crimes com a mesma natureza conexos com aqueles.

Da mesma maneira, compete ao Senado Federal, o processamento e consequente julgamento dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade.

Ao Senado Federal incumbe a função de aprovar, previamente, mediante voto secreto, depois de realizada arguição pública a escolha de magistrados (nos casos específicos normatizados pela Constituição Federal), escolha de Ministros para composição do Tribunal de Contas da União, previamente indicados pelo Presidente da República (um terço), escolha de Governado de Território, presidente e diretores do Banco Central, Procurador-Geral da República, escolha (após arguição em seção secreta) dos chefes integrantes de missão diplomática de caráter permanente.

Deve ainda ser apreciado e autorizado pelo Senado Federal a realização de operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios e estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Além de dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operação de crédito externo e interno.

Já a competência da Câmara dos Deputados, nos exatos termos do artigo 51, inciso I, da Constituição Federal, autorizar, pelo voto de dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente da República e o Vice-Presidente da República, assim como os Ministros de Estado.

A Câmara dos Deputados, no exercício do controle externo, é competente a tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentada ao Congresso Nacional, dentro do prazo de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, nos termos do artigo 51, inciso II da Constituição Federal.

O controle exercido pelas Câmaras Municipais, diante do Poder Executivo Municipal vem definido nas Leis Orgânicas próprias de cada Município.

Controle Legislativo Indireto: Durante o Império brasileiro não existiu no país nenhum Tribunal de Contas, embora em Portugal tivesse existido as Casas de Contas que eram responsáveis pela arrecadação e fiscalização das receitas públicas, mas em nada pode ser comparado com as Cortes de Contas.

Os primeiros esboços da ideia da formação de um Tribunal de Contas surgiram com a observância da ineficiência dos parlamentos na função da fiscalização dos bens e gastos públicos, quando do surgimento das monarquias parlamentaristas.

Assim, verificou-se a necessidade de um Tribunal, auxiliando o exercício do Poder Legislativo de fiscalização e controle dos gastos públicos. Assim, os Tribunais de Contas da União, dos Estados e de alguns Municípios, atuam como órgãos auxiliares do Poder Legislativo, exercendo o controle externo, ou indireto, da Administração Pública, buscando em sua atuação a fiscalização da gestão financeira, orçamentária e patrimonial do Estado.

O Tribunal de Contas da União é regularmente composto por nove ministros, devidamente sediado no Distrito Federal e possui jurisdição em todo território nacional e tem suas atividades regulamentadas pela Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992.

É de competência do Presidente da República a nomeação, após aprovação pelo Senado Federal por votação secreta e após arguição pública, de um terço dos membros do Tribunal de Contas da União. O restante, ou seja, os outros dois terços são escolhidos pelo Congresso Nacional, obedecida a regulamentação definida pelo Decreto Legislativo nº 6, de 22 de abril de 1993.

Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros, com idade superior a 35 anos e inferior a 65 anos, que possuam idoneidade moral e reputação ilibada, com notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou administração pública, que tenha mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija tais conhecimentos, de acordo com o que dispõe o artigo 73, § 1º da Constituição Federal, seguido do artigo 71 da Lei nº 8.443/92.

No caso de ausência ou impedimentos legais os Ministros são substituídos, mediante convocação do Presidente do Tribunal, pelos Auditores, observada a ordem de antiguidade no cargo, ou a maior idade, no caso de idêntica antiguidade.

O artigo 71 da Constituição Federal normatiza que o controle externo, de competência do Congresso Nacional, será exercido com auxilio do Tribunal de Contas da União. Ampliando o campo de atuação do Tribunal de Contas da União, dentro dos limites constitucionais, a Lei nº 8.443/92 estabelece, em seu artigo 1º, as limitações de competência do mesmo Tribunal.

A composição dos Tribunais de Contas dos Estados vem definida nas Constituições e nas legislações complementares de cada Estado. Para o regular desempenho de sua competência o Tribunal de Contas receberá da Secretaria de Estado da Fazenda e das Prefeituras Municipais, em cada exercício, o rol dos responsáveis por dinheiro, valores e bens públicos, e outros documentos ou informações que considerar necessários.

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Didatismo e Conhecimento 46

DIREITO ADMINISTRATIVO

Cumpre destacar que os pareceres emitidos pelo Tribunal de Contas referentes às contas prestadas pelo Governador e pelos Prefeitos Municipais não têm poder vinculante, podendo ser aceitos ou não pelo Poder Legislativo.

As contas que devem ser prestadas pelas Mesas da Câmara dos deputados, do Senado Federal, das Assembleias Legislativas, das Câmaras Municipais e ainda pelos Tribunais (Poder Judiciário Federal e Estadual), eram julgadas pelos Tribunais de Contas da União ou dos Estados, dependendo da esfera a qual pertence.

Entretanto, a Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000, estabelece, em seu artigo 56, que as contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das contas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, as quais receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.

Assim, a nova legislação desvincula os Chefes dos outros Poderes das disposições normativas contida no artigo 71, inciso II, da Constituição Federal.

Só com relação às contas dos Chefes do Executivo é que o pronunciamento do Tribunal de Contas constitui mero parecer prévio, sujeito à apreciação final do Poder Legislativo, antes do qual não há inelegibilidade. As contas de todos os demais responsáveis por dinheiro e bens públicos são julgadas pelo Tribunal de Contas e suas decisões geram inelegibilidade.

Responsabilidade Civil da Administração Pública:Temos pacificado o entendimento em nosso ordenamento ju-

rídico que um ato praticado por uma pessoa poderá gerar conse-quências a outrem, em três esferas distintas do Direito Brasileiro.

Inicialmente, se o ato praticado pelo autor for tipificado em lei como crime ou contravenção, este responderá na esfera penal. Caso o ato praticado caracterizar infração a normas administra-tivas, o autor do ato deverá responder na esfera administrativa, entretanto, se o ato ocasionar dano ao patrimônio de outrem ou sua moral, o autor da pratica do ato deverá responder de acordo com as lei civis do nosso ordenamento jurídico.

Assim, via de regra, as esferas do direito acima descritas são autônomas e independentes entre si, com ritos e procedimentos diferentes para a apuração da responsabilidade e aplicação das sanções aplicáveis em cada caso e em cada esfera do Direito, en-tretanto, poderá ocorrer a imputação de responsabilidade cumula-tiva, caso o ato praticado pelo autor gere sua responsabilização nas diferentes esferas acima demonstradas.

Denomina-se responsabilidade na esfera civil a obrigação imposta a uma pessoa de indenizar ou ressarcir os danos experi-mentados por alguém. A responsabilidade pode ser contratual ou extracontratual. Quando estamos diante da responsabilidade civil contratual, a mesma segue os princípios gerais dos contratos, en-tretanto, a responsabilidade civil extracontratual baseia-se na cul-pa do agente causador do dano.

A responsabilidade civil patrimonial extracontratual decorre de atos que causem lesão patrimonial, dano moral, ou ambos. Via de regra, para a imputação de responsabilidade civil deve restar ca-balmente demonstrado não só a ocorrência do dano, mas também a relação entre um ato e o dano, ou seja, é necessária a comprovação de que o dano é resultado de um ato praticado por determinado agente, este elo de ligação entre o ato, dano e o agente causado a doutrina jurídica nomeou de nexo causal, sendo utilizado como parâmetro para averiguar a culpa do agente que praticou o ato que resultou em dano.

Assim, comprovado a ocorrência do nexo causal, o grau de culpabilidade do agente que praticou o ato e a extensão do dano, esgota-se a responsabilidade civil com a correspondente indeniza-ção pela lesão causada.

Temos então, diante da introdução explanada, que a essa mo-dalidade de responsabilidade civil, a qual exige a comprovação da culpa do agente para sua caracterização, o caráter subjetivo, ou seja, a responsabilidade civil subjetiva leva em consideração a conduta do agente causador do dano, exigindo que ele tenha atua-do com culpa, para que ele possa ser responsabilizado e compelido ao pagamento de indenização correspondente a extensão do dano (patrimonial e/ou moral).

Entretanto, ao Poder Público não é aplicado este modelo de responsabilidade civil subjetiva, visto que, de acordo com o orde-namento jurídico vigente, inclusive constitucional, e os posicio-namentos doutrinários majoritários, temos que a Administração Pública possui o dever de indenizar aquele que for lesado por ação ou omissão de seus agentes públicos (ou delegatário de serviço pú-blico), que agindo nesta qualidade, praticou o ato gerador do dano.

Assim, o particular lesado, deverá ajuizar ação diretamente contra a Administração Pública, e não contra o agente público que praticou o ato lesivo, bastando ao particular comprovar em juízo a relação de causa e consequência entre a atuação lesiva da Ad-ministração Pública e o dano decorrente, bem como a valoração patrimonial do dano.

Isto ocorre porque, diferentemente da responsabilidade civil subjetiva, a Administração pública responde perante os usuários dos serviços públicos de forma objetiva, bastando a demonstração do nexo causal e o dano para surgir a obrigação de indenizar, não sendo necessária a demonstração de que houve culpa do agente público (ou delegatário de serviço público) na falha da execução de suas funções públicas, que originaram a lesão ao particular.

Para o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, o conceito de responsabilidade objetiva do Estado é “a obrigação de indenizar que incumbe a alguém em razão de um procedimento licito ou ilí-cito que produziu uma lesão na esfera juridicamente protegida de outrem. Para configurá-la basta, pois, a mera relação causal entre o comportamento e o dano”.

Diante de tais esclarecimentos, temos que a responsabilidade civil do Estado, bem como de seus prestadores de serviço público é objetiva, bastando para tanto a demonstração da relação de causa e efeito entre o serviço público e o dano, para gerar a obrigação de indenização.

Dessa maneira não se cogita a ideia de que, aquele que sofreu danos, comprovar culpa ou dolo, quando figure no polo passivo, a administração pública, bastando para tanto a incidência do nexo de causalidade. É dessa maneira que garante o artigo 37, § 6º da Constituição Federal, senão vejamos:

“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-vado, prestadoras de serviços públicos, responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegu-rado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”

Neste sentido, estão enquadrados a Administração Pública em todas as suas vertentes, ou seja, toda a esfera administrativa está sujeita a responsabilidade objetiva pelos danos que causar a ter-ceiros, seja a Administração Direta, Indireta, Concessionárias e/ou Permissionárias de Serviços Públicos.

Do direito de regresso:Cumpre ressaltar o direito que a Administração Pública tem

de ingressar com ação judicial visando a apuração das responsa-bilidades de seus agente no cometimento do dano a terceiros, dai surge o direito de regresso conferido ao Poder Público visando a verificação de dolo ou culpa de seus agente e possível ressarcimen-to de valores.

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Didatismo e Conhecimento 47

DIREITO ADMINISTRATIVO

Há dois aspectos peculiares que ensejam o direito de regresso da Administração Pública contra seu agente:

- A Administração Pública para ingressar com ação regressiva contra seu agente, deverá comprovar previamente já ter sido con-denada a indenizar o particular lesado, haja vista que seus direito regressivo é originário a partir de sentença final condenatória, sem possibilidades de reversão recursal.

- Ocorrência de dolo ou culpa do agente público na lesão ex-perimentada pelo particular, ou seja, é necessária a comprovação de que o agente agiu com dolo ou culpa para ser responsabilizado (responsabilidade subjetiva do agente).

Em linhas gerais, temos que a Administração Pública, ou delegatária de execução dos serviços públicos, cujo agente praticou o ato lesivo, indeniza o particular independentemente de comprovação de dolo ou culpa do Poder Público, entretanto, o agente público somente será condenado a ressarcir a Administração Pública regressivamente se houver a comprovação de dolo ou culpa de sua parte, durante o exercício de suas funções públicas.

BibliografiaALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito

administrativo descomplicado. 19. Ed. São Paulo: Método, 2011.BRAZ, Petrônio; Tratado de direito municipal – volume 1. 3ª

ed. Leme/SP: Mundo Jurídico, 2009.DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 22.

ed. São Paulo: Atlas. 2009.MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo. 32. ed.

São Paulo: Malheiros, 2006.MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito

administrativo. 29. Ed. São Paulo: Malheiros, 2012.

EXERCÍCIOS

01. (FCC - 2011 - TRE-PE - Técnico Judiciário - Área Administrativa “Um dos princípios da Administração Pública exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. A função administrativa já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendi-mento das necessidades da comunidade e de seus membros” (Hely Lopes Meirelles. Direito Administrativo Brasileiro).

O conceito refere-se ao princípio da A) impessoalidade. B) eficiência. C) legalidade. D) moralidade. E) publicidade.

02. (FCC - 2011 - TRE-PE - Analista Judiciário - Área Judiciária)

No que concerne às fontes do Direito Administrativo, é correto afirmar que:

A) o costume não é considerado fonte do Direito Adminis-trativo.

B) uma das características da jurisprudência é o seu univer-salismo, ou seja, enquanto a doutrina tende a nacionalizar-se, a jurisprudência tende a universalizar-se.

C) embora não influa na elaboração das leis, a doutrina exerce papel fundamental apenas nas decisões contenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito Administrativo.

D) tanto a Constituição Federal como a lei em sentido estrito constituem fontes primárias do Direito Administrativo.

E) tendo em vista a relevância jurídica da jurisprudência, ela sempre obriga a Administração Pública.

03. (IADES - 2011 - PG-DF - Analista Jurídico - Direito e Legislação)

04. Prescreve o caput do artigo 37 da Constituição Federal que a Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos po-deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralida-de, publicidade e eficiência. A respeito dos princípios da Adminis-tração Pública, assinale a alternativa incorreta.

A) O princípio da legalidade significa estar a Administração Pública, em toda a sua atividade, adstrita aos mandamentos da lei, deles não podendo se afastar, sob pena de invalidade do ato. As-sim, se a lei nada dispuser, não poderá a Administração agir, salvo em situações excepcionais. Ainda que se trate de ato discricioná-rio, há de se observar o referido princípio.

B) Segundo a doutrina majoritária e decisão hodierna do STF, o rol de princípios previstos no artigo 37, caput, do texto constitucional é taxativo, ou seja, a Administração Pública, em razão da legalidade e taxatividade não poderá nortear-se por ou-tros princípios que não os previamente estabelecidos no referido dispositivo.

C) A Constituição Federal de 1988 no artigo 37, § 1º, dis-põe sobre a forma de como deve ser feita a publicidade dos atos estatais estabelecendo que a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

D) O princípio da eficiência foi inserido positivamente na Constituição Federal via emenda constitucional.

E) O STF reiteradamente tem proclamado o dever de sub-missão da Administração Pública ao princípio da moralidade. Como exemplo, cita-se o julgado em que o Pretório Excelso enten-deu pela vedação ao nepotismo na Administração, não se exigindo edição de lei formal a esse respeito, por decorrer diretamente de princípios constitucionais estabelecidos, sobretudo o da moralida-de da Administração.

05. (INSTITUTO CIDADES - 2011 - DPE-AM - Defensor Público)

Afirma-se, a respeito do princípio da eficiência da Administração Pública, que ele foi inserido na atual Constituição Federal com o intuito de:

A) estabelecer um modelo gerencial de Administração B) fazer prevalecer o modelo burocrático de Administração C) valorizar a organização hierárquica. D) fazer prevalecer a valorização da rigidez da forma. E) restringir a participação popular de gestão.

05. (COPEVE-UFAL - 2011 - UFAL - Assistente de Administração)

Acerca dos princípios do Direito Administrativo, assinale a opção correta.

A) O princípio da eficiência preconiza que a atividade admi-nistrativa deve ser exercida com presteza, qualidade e rendimento funcional.

B) O princípio da publicidade impõe a presença do nome do gestor público nos atos e obras do Poder Público.

C) O princípio da autotutela é relacionado ao controle que a administração pública exerce sobre seus próprios atos, por meio do qual ela anula os atos ilegais, inconvenientes e inoportunos.

D) O princípio da segurança jurídica possibilita, nos proces-sos administrativos, a aplicação retroativa por parte da Adminis-tração Pública de nova interpretação.

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Didatismo e Conhecimento 48

DIREITO ADMINISTRATIVO

E) O princípio da moralidade administrativa é extraído dos critérios pessoais do administrador público.

06. (FCC - 2011 - TRE-PE - Técnico Judiciário - Área Administrativa) Analise o seguinte atributo do ato administrativo:

O atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei. (Maria Sylvia Zanello Di Pietro, Direito Administrativo)

Trata-se daa) Presunção de Legitimidade. b) Tipicidade. c) Imperatividade. d) Autoexecutoriedade. e) Presunção de Veracidade.

07. (FCC - 2011 - TCE-SP - Procurador) O ato administrativo distingue-se dos atos de direito privado por, dentre outras razões, ser dotado de alguns atributos específicos, tais como

a) autodeterminação, desde que tenha sido praticado por autoridade competente, vez que o desrespeito à competência é o único vício passível de ser questionado quando se trata deste atri-buto.

b) autoexecutoriedade, que autoriza a execução de algumas medidas coercitivas legalmente previstas diretamente pela Admi-nistração.

c) presunção de legalidade, que permite a inversão do ônus da prova, de modo a caber ao particular a prova dos fatos que aduz como verdadeiros.

d) imperatividade, desde que tenha sido praticado por auto-ridade competente, vez que o desrespeito à competência é o único vício passível de ser questionado quando se trata deste atributo.

e) presunção de veracidade, que enseja a presunção de con-formidade do ato com a lei, afastando a possibilidade de dilação probatória sobre a questão fática.

08. (TRT 15R - 2011 - TRT - 15ª Região - Juiz do Trabalho) São considerados atributos dos atos administrativos os seguintes, exceto:

a) finalidade;b) presunção de legitimidade;c) autoexecutoriedade;d) imperatividade;e) tipicidade

09. (FCC - 2012 - TCE-AM - Analista de Controle Externo - Auditoria de Obras Públicas) O ato administrativo vinculado

a) pode ser objeto de controle judicial, quanto aos aspectos de legalidade, conveniência e oportunidade.

b) pode ser revogado pela Administração, por razões de conveniência e oportunidade, ressalvados os direitos adquiridos e assegurada a apreciação judicial.

c) possui todos os elementos definidos em lei e pode ser objeto de controle de legalidade pelo Judiciário e pela própria Ad-ministração.

d) possui objeto, competência e finalidade definidos em lei, cabendo à Administração a avaliação dos aspectos de conveniên-cia e oportunidade para sua edição.

e) pode ser objeto de controle pelo Poder Judiciário em relação aos elementos definidos em lei, constituindo prerrogativa exclusiva da Administração a sua revogação por razões de conve-niência e oportunidade.

10. (Analista de Controle Externo Coord. Jurídica TCE/SE – FCC 2011). Com base em entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal a respeito dos atos administrativos, é correto afirmar que:

(A) a Administração pode revogar seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornam ilegais.

(B) a revogação de atos administrativos pela própria Administração produz efeitos retroativos à data em que estes foram emitidos.

(C) atos retirados do mundo jurídico pela Administração, por motivo de conveniência e oportunidade, não poderão ser apreciados judicialmente.

(D) a revogação de atos administrativos pelo Poder Judiciário deve ater-se à análise dos aspectos de conveniência e oportunidade destes.

(E) a revogação de atos administrativos pela própria Administração enseja o respeito aos direitos adquiridos.

11. (FCC - 2011 - TRE-PE - Analista Judiciário - Análise de Sistemas) Considere as seguintes assertivas a respeito da Ajuda de Custo e das Diárias:

I. À família do servidor que falecer na nova sede são assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem, dentro do prazo de um ano, contado do óbito.

II. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo exceder a importância correspondente a seis meses.

III. Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias.

IV. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no prazo de cinco dias.

De acordo com a Lei nº 8.112/90, está correto o que consta APENAS em

A) II e IV.B) I, II e III.C) I, III e IV.D) I e IV.E) II e III.

12. (FUNIVERSA - 2010 - SEJUS-DF - Especialista em Assistência Social - Ciências Contábeis) Ana Maria, servidora pública, foi suspensa de suas atividades no ano de 2003. Angélica, sua colega de trabalho, sofreu penalidade de advertência um ano antes. Sabendo-se que as duas não cometeram nenhuma outra infração, é correto afirmar que

A) as duas servidoras tiveram os registros das penalidades cancelados em 2008.

B) Ana Maria teve de esperar cinco anos de efetivo exercí-cio para ver seu registro cancelado.

C) os registros das penalidades não poderão ser cancelados.D) Angélica não teve a sua penalidade registrada.E) Ana Maria e Angélica tiveram de aguardar, respectiva-

mente, três e cinco anos de efetivo exercício até que o registro delas fosse cancelado.

13. (PONTUA - 2011 - TRE-SC - Técnico Judiciário - Área Administrativa) São formas de provimento de cargo público:

I. A posse. II. Nomeação. III. Reversão. IV. Preenchimento dos requisitos básicos para investidura.

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Didatismo e Conhecimento 49

DIREITO ADMINISTRATIVO

Está(ão) CORRETO(S):A) Apenas o item III.B) Apenas o item II.C) Apenas os itens I e IVD) Apenas os itens II e III.

14. (FCC - 2011 - TCE-SP - Procurador) A responsabilização do servidor público pode se dar no âmbito civil, penal e administrativo. Em relação a referida responsabilização, é correto afirmar:

A) O ilícito administrativo é dotado da mesma tipicidade do ilícito penal, uma vez que demanda expressa previsão legal da con-duta punível para sua caracterização

B) A caracterização do ilícito penal demanda a comprova-ção da existência de dolo ou culpa, enquanto na esfera civil se admite a responsabilização objetiva do servidor.

C) A caracterização do ilícito civil prescinde da comprova-ção do nexo de causalidade entre a ação ou omissão do servidor e o dano verificado.

D) Uma mesma conduta do servidor público pode configu-rar ilícito administrativo e ilícito penal, mas o processo adminis-trativo disciplinar somente se inicia após a conclusão do processo crime, caso tenha restado comprovada a autoria.

E) A caracterização do ilícito administrativo prescinde da comprovação da tipicidade do ilícito penal, porque o fato punível na esfera administrativa pode não constituir crime.

15. (PONTUA – 2011 – TER/SC – Técnico Judiciário – Área Administrativa) Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para o cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório, por período designado na lei, durante o qual sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados os seguintes fatores:

I. Assiduidade. II. Responsabilidade. III. Investimento em formação profissionalizante. IV. Disciplina.Está(ão) INCORRETO(S):A) Apenas o item II.B) Apenas o item III.C) Apenas os itens I e IV.D) Apenas os itens II e III

16. (FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado) É correto afirmar que o poder de polícia, conferindo a possibilidade de o Estado limitar o exercício da liberdade ou das faculdades de proprietário, em prol do interesse público,

a) gera a possibilidade de cobrança de preço público. b) se instrumentaliza sempre, e apenas, por meio de alvará

de autorização.c) para atingir os seus objetivos maiores, afasta a razoabili-

dade, em prol da predominância do interesse público. d) deve ser exercido nos limites da lei, gerando a possibili-

dade de cobrança de taxa.

17. (FCC - 2012 - TST - Analista Judiciário - Área Administrativa) Exemplifica adequadamente o exercício de poder disciplinar por agente da administração a

a) interdição de restaurante por razão de saúde pública. b) prisão de criminoso efetuada por policial, mediante o de-

vido mandado judicial.

c) aplicação de penalidade administrativa a servidor públi-co que descumpre seus deveres funcionais.

d) aplicação de multa de trânsito.e) emissão de ordem a ser cumprida pelos agentes subor-

dinados.

18. (FCC - 2012 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Juiz do Trabalho - Tipo 1) A respeito dos poderes da Administração, é correto afirmar que o poder

a) de polícia constitui atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, re-gule a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente, entre outros, à segurança e à tranquilidade pública.

b) hierárquico fundamenta a avocação, pela Administração direta, de matérias inseridas na competência das autarquias a ela vinculadas.

c) regulamentar autoriza a edição, pelo Chefe do Executi-vo, de normas complementares à lei, admitindo-se o regulamento autônomo para matéria de organização administrativa, incluindo a criação de órgãos e de cargos públicos.

d) de polícia é exercido pelo Poder Executivo, por intermé-dio da autoridade competente, mediante a edição de normas gerais criando obrigações para toda a coletividade, disciplinadoras de atividades individuais, concernentes, entre outros, à segurança, à higiene, à ordem e aos costumes.

e) hierárquico, também denominado disciplinar, corres-ponde ao poder conferido aos agentes públicos para emitir ordens a seus subordinados e aplicar as sanções disciplinares não expres-samente previstas em lei.

19. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciária) Assinale a opção correta com relação aos poderes hierárquico e disciplinar e suas manifestações.

a) As delegações administrativas emanam do poder hierár-quico, não podendo, por isso, ser recusadas pelo subordinado, que pode, contudo, subdelegá-las livremente a seu próprio subordina-do.

b) Toda punição disciplinar por delito funcional acarreta condenação criminal.

c) No âmbito do Poder Legislativo, o poder hierárquico ma-nifesta-se mediante a distribuição de competências entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.

d) O poder disciplinar da administração pública autoriza--lhe a apurar infrações e a aplicar penalidades aos servidores pú-blicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa, assim como aos invasores de terras públicas.

e) A aplicação de pena disciplinar tem, para o superior hierárquico, o caráter de um poder-dever, uma vez que a condes-cendência na punição é considerada crime contra a administração pública.

20. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Auxiliar Judiciário) No tocante aos poderes da administração e ao uso e abuso do poder, assinale a opção correta.

a) O poder regulamentar da administração pública mani-festa-se por meio de atos de natureza normativa, instituidores de direito novo de forma ampla e genérica, com efeitos gerais e abs-tratos, expedidos em virtude de competência própria dos órgãos estatais.

b) Decorrem do poder de polícia da administração pública os atos que se destinam à limitação dos interesses individuais em favor do interesse público, sendo a autoexecutoriedade a principal característica de todas as medidas de polícia.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

c) Segundo a doutrina, o abuso de poder, que pode assumir duas formas, comissiva ou omissiva, efetiva-se quando a autorida-de competente, ao praticar ou omitir ato administrativo, ultrapassa os limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades adminis-trativas, circunstâncias em que o ato do agente somente poderá ser revisto pelo Poder Judiciário.

d) A prerrogativa de que dispõe a administração pública para não só ordenar e coordenar, mas também para corrigir as ati-vidades de seus órgãos e agentes resulta do poder hierárquico, cujo exercício limita-se ao controle de legalidade.

e) A administração, no exercício do poder disciplinar, apu-ra infrações e aplica penalidades aos servidores e particulares su-jeitos à disciplina administrativa, por meio do procedimento legal, assegurados o contraditório e a ampla defesa.

21. (CESPE - 2012 - TJ-AC - Juiz) À luz da Lei n.º 8.429/1992, que trata da improbidade administrativa, assinale a opção correta.

a) A instauração de processo judicial por ato de improbida-de obsta a instauração de processo administrativo para apurar fato de idêntico teor enquanto aquele não for concluído.

b) Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão que enseje perda patri-monial, desvio ou dilapidação dos bens e haveres públicos, mas apenas se configurado o dolo do agente.

c) Os atos de improbidade que importem enriquecimento ilícito, que causem lesão ao erário ou que atentem contra os princí-pios da administração pública causam a perda ou a suspensão dos direitos políticos, por período que varia de cinco a dez anos.

d) Entre as medidas de natureza cautelar que, previstas nes-sa lei, só podem ser decretadas judicialmente incluem-se a indis-ponibilidade dos bens, o bloqueio de contas bancárias e o afasta-mento do agente do exercício do cargo, emprego ou função.

e) Tanto a perda da função pública quanto a suspensão dos direitos políticos pela prática de ato de improbidade só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.

22. (CESPE - 2012 - DPE-RO - Defensor Público) Assinale a opção correta a respeito da improbidade administrativa.

a) Comprovado ato de improbidade que cause prejuízo ao erário, o agente público acusado do ato poderá ser condenado a pena de suspensão dos direitos políticos pelo prazo de até dez anos.

b) Segundo a doutrina majoritária, a probidade administra-tiva tem natureza de direito individual homogêneo.

c) O sujeito passivo de ato de improbidade administrativa restringe-se à pessoa jurídica de direito público atingida pelo ato.

d) Pratica ato de improbidade administrativa o agente pú-blico que adquire, para si ou para outrem, no exercício do cargo ou função pública, bens cujo valor seja desproporcional à evolução do respectivo patrimônio ou renda.

e) Não restando configurado prejuízo financeiro para o ente público e, portanto, ausente a lesão ao patrimônio público, não há de se falar em eventual ato de improbidade administrativa.

23. (COPESE - UFT - 2012 - DPE-TO - Analista em Gestão Especializado - Ciências Contábeis) Segundo a Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92), reputa-se agente público:

a) Todo aquele que exerce, exclusivamente de forma não transitória, mandato, cargo, emprego ou função, junto à admi-nistração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de

Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual.

b) Todo aquele que exerce, por eleição, nomeação, de-signação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função, exclusivamente re-munerada, junto à administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimô-nio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual.

c) Todo aquele que exerce, exclusivamente de forma tran-sitória e sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função, junto à administração dire-ta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de em-presa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual.

d) Todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, car-go, emprego ou função, junto à administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incor-porada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquen-ta por cento do patrimônio ou da receita anual.

24. (FAURGS - 2012 - TJ-RS - Analista Judiciário) Um dos prazos prescricionais para a propositura das ações destinadas a levar a efeito as sanções da Lei n.º 8.429/92 (“Lei da Improbidade Administrativa”) é o de

a) até cinco anos após o julgamento das contas do gestor pelo órgão de controle externo competente.

b) até cinco anos após o término do exercício de mandato de cargo em comissão ou de função de confiança.

c) até dez anos após o julgamento das contas do gestor pelo órgão de controle externo competente.

d) até dez anos após o término do exercício de mandato de cargo em comissão ou de função de confiança.

e) até três anos após o julgamento das contas do gestor pelo órgão de controle externo competente.

25. (TRT 15R - 2011 - TRT - 15ª Região - Juiz do Trabalho) A legislação que trata das sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de improbidade administrativa prevê as seguintes penalidades, exceto:

a) perda da função pública;b) perda dos direitos políticos;c) perda de bens acrescidos ilicitamente ao patrimônio;d) ressarcimento integral do dano, quando houver;e) proibição temporária de contratar com o poder público.

26. (Analista de Controle Externo Coord. Jurídica TCE/SE – FCC 2011). A concessão administrativa

(A) pressupõe a Administração pública como usuária direta ou indireta dos serviços prestados.

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Didatismo e Conhecimento 51

DIREITO ADMINISTRATIVO

(B) é expressamente prevista na lei geral de concessão de serviços públicos.

(C) veda a contraprestação pecuniária por parte do Estado.(D) é definida como o contrato celebrado por dois ou mais

entes federativos visando à gestão associada de serviços públicos.(E) envolve, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários,

contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

27. (Analista de Controle Externo Apoio Administrativo Jurídico TCE/AP – FCC 2012). O Estado concedeu a particular exploração de rodovia, mediante procedimento licitatório no qual se sagrou vencedor o licitante que ofereceu o maior valor pela outorga da concessão, paga em parcelas anuais (ônus de outorga), tendo o Poder Concedente fixado a tarifa (pedágio) no momento da assinatura do contrato e assegurado, contratualmente, o seu reajuste anual. No curso da concessão, o Estado decidiu reduzir o valor do pedágio, alegando que o mesmo estaria onerando demasiadamente os usuários. A conduta do Estado é

(A) legítima, em face do poder de alteração unilateral dos contratos administrativos, desde que limitada ao percentual de 25% (vinte e cinco por cento) do valor atualizado do contrato.

(B) legítima, apenas se comprovar que o fluxo de veículos excedeu as projeções de demanda realizadas no momento da licitação, gerando ganhos injustificados para o concessionário.

(C) legítima, desde que restabeleça o equilíbrio econômico financeiro do contrato, o que pode ser feito pela redução do ônus de outorga.

(D) ilegítima, em face da imutabilidade da equação econômico-financeira e da garantia de rentabilidade assegurada nos contratos de concessão (taxa interna de retorno).

(E) legítima, independentemente da recomposição do equilíbrio econômico-financeiro tendo em vista que a concessão pressupõe a exploração do serviço por conta e risco do concessionário.

28. (FCC - 2011 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Técnico Judiciário - Área Administrativa) O serviço público não é passível de interrupção ou suspensão afetando o direito de seus usuários, pela própria importância que ele se apresenta, devendo ser colocado à disposição do usuário com qualidade e regularidade, assim como com eficiência e oportunidade. Trata-se do princípio fundamental dos serviços públicos denominado

a) impessoalidade. b) mutabilidade. c) continuidade. d) igualdade. e) universalidade.

29. (FCC - 2011 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Execução de Mandados) No que se refere à autorização de serviço público, é correto afirmar:

a) Trata-se de ato precário, podendo, portanto, ser revoga-do a qualquer momento, por motivo de interesse público.

b) Trata-se de ato unilateral, sempre vinculado, pelo qual o Poder Público delega a execução de um serviço público de sua titularidade, para que o particular o execute predominantemente em seu próprio benefício.

c) O serviço é executado em nome do autorizatário, por sua conta e risco, sem fiscalização do Poder Público.

d) Trata-se de ato unilateral, discricionário, porém não pre-cário, pelo qual o Poder Público delega a execução de um serviço público, para que o particular o execute predominantemente em benefício do Poder Público.

e) Trata-se de ato que depende de licitação, pois há viabi-lidade de competição.

30 (FCC - 2011 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Execução de Mandados) O Jurista José dos Santos Carvalho Filho apresenta o seguinte conceito para um dos princípios dos serviços públicos: Significa de um lado, que os serviços públicos devem ser prestados com a maior amplitude possível, vale dizer, deve beneficiar o maior número de indivíduos. Mas é preciso dar relevo também ao outro sentido, que é o de serem eles prestados, sem discriminação entre os beneficiários, quando tenham estes as mesmas condições técnicas e jurídicas para a fruição. Trata-se do princípio da

a) modicidade. b) continuidade. c) eficiência. d) generalidade. e) atualidade.

31. (ISAE - 2011 - AL-AM - Analista – Controle) - Com relação à estrutura da Administração Pública, analise as afirmativas a seguir:

I. Pertencem à Administração Pública indireta as seguintes entidades: sociedades de economia mista, empresas públicas, autarquias e fundações públicas.

II. As entidades paraestatais compõem a Administração Pública direta.

III. As entidades que compõem a Administração Pública indireta possuem personalidade jurídica própria.

Assinale:a) se somente a afirmativa I estiver correta.b) se somente a afirmativa II estiver correta.c) se somente a afirmativa III estiver correta.d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.e) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

32. (FCC - 2011 - PGE-MT – Procurador) - O regime jurídico aplicável às entidades integrantes da Administração indireta

a) sujeita todas as entidades, independentemente da natureza pública ou privada, aos princípios aplicáveis à Administração Pública.

b) é integralmente público, para autarquias, fundações e empresas públicas, e privado para sociedades de economia mista.

c) é sempre público, independentemente da natureza da entidade.

d) é sempre privado, independentemente da natureza da entidade.

e) é o mesmo das empresas privadas, para as empresas públicas e sociedades de economia mista, exceto em relação à legislação trabalhista.

33. (IADES - 2011 - PG-DF - Analista Jurídico - Direito e Legislação) - Considerando os conceitos dos entes que compõem a administração indireta, assinale a alternativa correta.

a) Autarquia é uma pessoa jurídica de direito público, criada por lei específica, para auxiliar a Administração Pública a executar atividades típicas.

b) Fundação Pública é uma pessoa jurídica de direito privado, criada por decreto do Presidente da República, constituindo a personificação jurídica de um patrimônio, para executar atividades típicas da Administração.

c) Empresas Públicas são pessoas jurídicas de direito público, criadas por decreto do Presidente da República, destinadas à prestação de serviços industriais ou atividades econômicas em que o Estado tenha interesse próprio.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

d) Sociedade de Economia Mista é uma pessoa jurídica de direito público, autorizada para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujo capital pertence em sua maioria ao poder público.

e) Serviços Sociais Autônomos são pessoas jurídicas de direito público, para prestar serviços de interesse social ou de utilidade pública, não podendo arrecadar contribuições para fiscais.

34. (IESES - 2011 - TJ-MA - Titular de Serviços de Notas e de Registros) - De acordo com o Decreto-lei nº 200, de 25.2.1967, que dispôs sobre a organização da administração federal e estabeleceu diretrizes para a reforma administrativa, a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa, podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito, corresponde a:

a) fundação públicab) empresa públicac) sociedade de economia mistad) autarquia

35. (VUNESP - 2011 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Critério Remoção) Sobre a administração indireta, é correto afirmar que:

a) as sociedades de economia mista e as fundações públicas, por serem pessoas jurídicas de direito privado, não precisam respeitar o princípio da publicidade.

b) as causas cíveis em que é parte a sociedade de economia mista são de competência da Justiça Federal.

c) autarquia é pessoa jurídica de direito público, criada por lei, com capacidade de autoadministração, para o desempenho de serviço público descentralizado, mediante controle administrativo exercido nos limites da lei.

d) a fundação, por desempenhar atividade no âmbito social, não está sujeita ao controle administrativo ou tutela por parte da administração direta, sendo, por isso, dotada de autoadministração.

36. (PC-MG - 2011 - PC-MG - Delegado de Polícia) Sobre a Responsabilidade Civil do Estado é CORRETO afirmar, EXCETO:

a) As pessoas jurídicas de direito público respondem pelos danos que seus agentes, no exercício de suas funções, causarem a terceiros.

b) Cabível ao Estado ajuizar ação de regresso em face do agente causador do dano, desde que tenha agido dolosamente, mostrando-se inviável à pretensão se a conduta foi meramente culposa.

c) O princípio da repartição dos encargos também constitui fundamento da responsabilidade objetiva do Estado.

d) As pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviços delegados serão responsáveis pelos atos seus ou de seus prepostos, desde que haja vínculo jurídico de direito público entre o Estado e o delegatário.

37. (FCC - 2011 - TRE-PE - Técnico Judiciário - Área Administrativa) José, preso provisório, atualmente detido em uma Cadeia Pública na cidade de Recife mata a golpes de arma branca um de seus oito companheiros de cela. Neste caso, o Estado de Pernambuco, em ação civil indenizatória movida pela viúva do falecido detento,

a) será responsabilizado com fundamento na responsabilidade subjetiva do Estado.

b) será responsabilizado apenas se houver comprovação da omissão dolosa dos agentes carcerários.

c) não será responsabilizado, uma vez que o dano foi causado por pessoa física que não faz parte dos quadros funcionais do Estado.

d) não será responsabilizado, na medida em que inexiste prova do nexo de causalidade entre a ação estatal e o evento danoso.

e) será responsabilizado, independentemente da comprovação de sua culpa, com base na responsabilidade objetiva do Estado.

38. (FCC - 2011 - TCE-SP - Procurador) A responsabilização do servidor público pode se dar no âmbito civil, penal e administrativo. Em relação a referida responsabilização, é correto afirmar:

a) O ilícito administrativo é dotado da mesma tipicidade do ilícito penal, uma vez que demanda expressa previsão legal da conduta punível para sua caracterização.

b) A caracterização do ilícito penal demanda a comprovação da existência de dolo ou culpa, enquanto na esfera civil se admite a responsabilização objetiva do servidor.

c) A caracterização do ilícito civil prescinde da comprovação do nexo de causalidade entre a ação ou omissão do servidor e o dano verificado.

d) Uma mesma conduta do servidor público pode configurar ilícito administrativo e ilícito penal, mas o processo administrativo disciplinar somente se inicia após a conclusão do processo crime, caso tenha restado comprovada a autoria.

e) A caracterização do ilícito administrativo prescinde da comprovação da tipicidade do ilícito penal, porque o fato punível na esfera administrativa pode não constituir crime.

39. (CESPE - 2011 - TJ-PB - Juiz) Acerca da responsabilidade civil do Estado, assinale a opção correta.

a) Em face da prolação de sentença penal com equívoco do juiz, o ordenamento jurídico não permite a reparação dos eventuais prejuízos em ação contra o Estado, mas tão somente contra o próprio magistrado.

b) A teoria da responsabilidade civil objetiva do Estado deve ser aplicada de modo absoluto, não sendo admitida hipótese de exclusão nem de abrandamento.

c) Mediante expressa determinação legal, o Estado poderá responder civilmente por danos causados a terceiros, ainda que sua atuação tenha ocorrido de modo regular e conforme com o direito.

d) Segundo o STF, os atos jurisdicionais típicos no âmbito cível ensejam a responsabilidade objetiva do Estado.

e) Na hipótese de conduta omissiva do Estado, incide a responsabilidade objetiva, bastando a comprovação do nexo causal entre a omissão e o prejuízo causado ao particular.

40. (CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador - conhecimentos específicos) Um indivíduo se encontrava preso em penitenciária estadual, quando foi assassinado por um colega de cela. Nessa situação hipotética, o estado:

a) não poderá ser condenado a reparar os danos à família da vítima, pois o Estado não se responsabiliza por atos individuais de terceiros.

b) não poderá ser condenado a reparar os danos à família da vítima, porque o dano não foi causado por agente estatal.

c) poderá ser responsabilizado pelos danos à família da vítima, desde que seja provada culpa dos agentes penitenciários na fiscalização dos detentos.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

d) não poderá ser condenado a reparar os danos à família da vítima, porque não houve vínculo causal entre o evento danoso e o comportamento estatal.

e) poderá ser condenado a reparar os danos à família da vítima, ante sua responsabilidade objetiva.

41. (MPE-SP - 2012 - MPE-SP - Promotor de Justiça) - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,

a) assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo.

b) salvo comprovação de ausência de dolo ou culpa do responsável.

c) assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

d) salvo comprovação de ausência de dolo do responsável. e) salvo comprovação de culpa da vítima.

42. (FGV - 2011 - OAB - Exame de Ordem Unificado) Antônio, vítima em acidente automobilístico, foi atendido em hospital da rede pública do Município de Mar Azul e, por imperícia do médico que o assistiu, teve amputado um terço de sua perna direita. Nessa situação hipotética, respondem pelo dano causado a Antônio:

a) o Município de Mar Azul e o médico, solidária e objetivamente.

b) o Município de Mar Azul, objetivamente, e o médico, regressivamente, em caso de dolo ou culpa.

c) o Município de Mar Azul, objetivamente, e o médico, subsidiariamente.

d) o Município de Mar Azul, objetivamente, e o médico, solidária e subjetivamente.

43. (FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Execução de Mandados) O controle legislativo dos atos do Poder Executivo, em matéria contábil, financeira e orçamentária, é exercido pelo Poder Legislativo

a) por meio de seus auditores. b) com autorização do Poder Judiciário. c) com auxílio do Tribunal de Contas. d) com auxílio do Ministério Público. e) por meio de comissões parlamentares de inquérito.

(Analista de Controle Área Jurídica TCE/PR – FCC 2011). Determinada empresa privada, concessionária de serviço público, está sendo acionada por usuários que pleiteiam indenização por prejuízos comprovadamente sofridos em razão de falha na prestação dos serviços. A propósito da pretensão dos usuários, é correto concluir que

(A) depende de comprovação de dolo ou culpa do agente, eis que as permissionárias e concessionárias de serviço público não estão sujeitas à responsabilização objetiva por danos causados a terceiros na prestação do serviço público.

(B) atinge a empresa concessionária, independentemente de comprovação de dolo ou culpa, porém é afastada quando não comprovado o nexo de causalidade, bem como quando comprovada culpa exclusiva da vítima.

(C) atinge apenas o concedente do serviço, o qual possui responsabilidade extracontratual de natureza objetiva por danos causados a terceiros na prestação do serviço concedido.

(D) atinge a concessionária apenas se comprovada conduta dolosa ou culposa, a qual, uma vez condenada, possui o direito de regresso em face do poder concedente.

(E) atinge apenas o concedente do serviço, que somente será condenado em caso de comprovação de dolo ou culpa da empresa concessionária e terá contra a mesma o correspondente direito de regresso.

45. (Analista de Controle Área Jurídica TCE/PR – FCC 2011). A respeito do controle dos atos administrativos pelo Poder Judiciário, é correto afirmar:

(A) Em face da presunção de veracidade e de legitimidade, não admitem exame judicial no que diz respeito à motivação.

(B) Em face da presunção de legalidade, somente podem ser anulados judicialmente quando comprovada violação de norma de competência ou de forma.

(C) Apenas os atos vinculados são passíveis de controle judicial, vedando-se o exame dos aspectos de conveniência, oportunidade e legalidade dos atos discricionários.

(D) Todos os aspectos do ato administrativo são passíveis de exame pelo Poder Judiciário, exceto o mérito administrativo dos atos vinculados.

(E) Os atos discricionários são passíveis de controle pelo Poder Judiciário, no que diz respeito aos aspectos de legalidade e, quanto ao mérito, podem ser invalidados se constatado desvio de finalidade ou ausência dos motivos determinantes para a sua prática.

GABARITO:

01 B02 D03 B04 A05 A06 B07 B08 A09 C10 E11 C12 B13 D14 E15 B16 D17 C18 A19 E20 E21 E22 D23 D

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DIREITO ADMINISTRATIVO

24 B25 B26 A27 C28 C29 A30 D31 E32 A33 A34 B35 C36 B37 E38 E39 C40 E41 C42 B43 C44 B45 E

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