vol i 6 nocoes de direito administrativo

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  • 8/17/2019 Vol I 6 Nocoes de Direito Administrativo

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    NOÇÕES DE DIREITOADMINISTRATIVO

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    1 ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

    CONCEITOS, ELEMENTOS, PODERES,

     NATUREZA, FINS E PRINCÍPIOS.

    Estado:O Estado constitui-se de um complexo harmônico de instituições por meio das quais uma ou mais Nações se organizam, dentro

    de um ou de vários territórios, seja em uma unidade de governo tendente a promoção do desenvolvimento social de maneira soberana.Para que possa existir, além da presença de elementos que denem o Estado, é ainda necessário o reconhecimento de sua inde-

     pendência pelos demais Estados, de maneira soberana.Elementos do Estado:São elementos do Estado, dois dentre os mais relevantes e fundamentais quais sejam: povo e território.

    Povo: A população de um Estado não encontra limites objetivamente denidos numericamente, sendo que a população é a tota-

    lidade dos habitantes de um Estado e nela se destacam os conceitos de povo e nação.Seguindo esse entendimento, povo é a população do Estado, em outras palavras, é o grupo de seres humanos que habitam um

    mesmo território em comum, sujeito dessa maneira, as mesmas regras, mas que nem sempre tem os mesmo objetivos. Nação é um grupo de pessoas que se sentem juntos e unidos por interesses comuns e ideais e aspirações coincidentes, cuja origem

    se dá do sentimento comum de nacionalidade e de Pátria.

    Território: Entende-se por território a base física do Estado e é denido pela área geográca que ocupa, assim, é o território quedene o País. Importante esclarecer que sem território não há Estado, mas, possa existir uma Nação forte e unida, isto ocorre porquea noção jurídica de território é mais ampla que os limites físicos e geográcos que ele representa, Como exemplos podemos citar osnavios de guerra, as embaixadas e aeronaves, que são territórios dos países de origem e que representam.

    Governo:Governo é o conjunto de poderes e órgãos administrativos, que se destina a gerencia e condução política dos negócios públicos,

    através de um complexo de funções legalmente denidas.

    Soberania: A soberania do Estado é o terceiro elemento fundamental, é capacidade do Estado de ditar as próprias regras. A sobe-rania estatal manifesta-se através da sua auto-organização e da autodeterminação. Assim, cada Estado deve viver livre de ingerênciasde quaisquer outros Estados.

    O poder do Estado é a manifestação da organização do Estado que tem como nalidade a proteção do próprio Estado, defendendoos interesses coletivos contra aqueles de natureza exclusivamente privada.

    Os poderes da Administração Pública, sob a ótica do Direito Administrativo, dividem-se em:  Poder Vinculado; Poder Discri-cionário; Poder Hierárquico; Poder Regulamentar e Poder de Polícia. Os referidos poderes do Estado serão estudados em capitulo

     próprio.Importante é não confundir com a tripartição dos Poderes do Estado, previsto na Constituição Federal, que assim se dividem:

    Poder Executivo; Poder Legislativo; Poder Judiciário.Dessa forma, a organização do Estado na Constituição do brasileiro é o termo referente a um conjunto de dispositivos contidos

    na Constituição Federal de 1988, destinados a determinar a organização político-administrativa, ou seja, das atribuições de cada enteda federação.

    Além disso, tratam das situações excepcionais de intervenção nos entes federativos, versam sobre administração pública e servi-dores públicos, tanto militares quanto civis, e também das regiões dos país e sua integração geográca, econômica e social.

    O Brasil adotou a Federação como forma de organizar o Estado, a Federação é uma aliança de Estados para a nalidade de for-mação de um único Estado, em que as unidades federadas preservam parte da sua autonomia política, entretanto a soberania é trans-ferida ao Estado Federal. Dentro da estrutura organizacional do Estado Federal Brasileiro temos as seguintes entidades federativas:A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

    Além de adotar a federação, institui-se a República que é uma forma de organização política do Estado, na qual os principaisagentes do poder político são escolhidos pelo povo atraves do voto.

    Dessa maneira, diante das disposições constitucional, o Estado Brasileiro integra a República Federativa do Brasil em um organi-co único e indissoluvel, formado pelos Estados, Municípios e distrito Federal, fundamentado na soberania, na cidadania, na dignidadeda pessoa humana, nos valores sociais e no pluralismo politico.

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    Administração PúblicaA Administração Pública sob o aspecto material, objetivo ou funcional representa nada mais do que o conjunto de atividades

    que costumam ser consideradas próprias da função administrativa, Assim, temos que o conceito adota como referência a atividade propriamente dita, o que é de fato realizado, e não quem as realizou.

    De maneira usual, são apontadas como próprias da administração pública em sentido material as seguintes atividades:

    - Serviço Público: prestações concretas que representem utilidades ou comodidades materiais para a população em geral;

    - Policia Administrativa: são as atividades de restrições ou condicionamentos impostos ao exercício de atividades privadas em benefício do interesse coletivo;

    - Fomento: incentivo a iniciativa privada de utilidade pública;

    - Intervenção: é toda a atividade de intervenção do Estado no setor privado.

    Administração Pública sob o aspecto formal, subjetivo ou orgânico é o conjunto de órgãos, pessoas jurídicas e agentes que onosso ordenamento jurídico identica como administração pública, não importando a atividade que exerça. Assim temos que, via de

    regra, esses órgãos, entidades e agentes desempenha função administrativa.Portanto, somente considera-se administração pública, sob análise jurídica, a organização administrativa que o ordenamento jurídico brasileiro vigente assim o considerar, não importando a atividade que exercer.

    A administração pública é composta exclusivamente por órgãos integrantes da administração direta, e, pelas entidades da admi-nistração indireta.

    Natureza JurídicaO regime jurídico-administrativo da Administração Pública é um regramento de direito público, sendo aplicável aos órgãos e

    entidades vinculadas e que compõe a administração pública e ainda à atuação dos agentes administrativos em geral.Tem seu embasamento na concepção de existência de poderes especiais passíveis de ser exercidos pela administração pública,

     por meio de seus órgãos e entidades, e exteriorizados pode meio de seus agentes, que por sua vez é controlado ou limitado por impo-sições também especiais à atuação da administração pública, não existentes nas relações de direito privado.

    Princípios da Administração PúblicaA Administração Pública é a atividade do Estado exercida pelos seus órgãos encarregados do desempenho das atribuições públi-cas, em outras palavras é o conjunto de órgãos e funções instituídos e necessários para a obtenção dos objetivos do governo.

    A atividade administrativa, em qualquer dos poderes ou esferas, obedece aos  princípios da legalidade, impessoalidade, mora-lidade, publicidade e eciência, como impõe a norma fundamental do artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasilde 1988, que assim dispõe em seu caput: “ Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade eeciência e, também, ao seguinte”.

    Princípio da Legalidade: Este é o principal conceito para a conguração do regime jurídico-administrativo, pois se justica nosentido de que a Administração Pública só poderá ser exercida quando estiver em conformidade com a Lei.

    O administrador não pode agir, nem mesmo deixar de agir, senão de acordo com o que dispõe a lei. Para que a administração possa atuar, não basta à inexistência de proibição legal, é necessária para tanto a existência de determinação ou autorização da atua-

    ção administrativa na lei. Os particulares podem fazer tudo o que a lei não proíba, entretanto a Administração Pública só pode fazeraquilo que a lei autorizar.

    Importante ainda esclarecer que a administração pública está obrigada, no exercício de suas atribuições, à observância não ape-nas dos dispositivos legais, mas também em respeito aos princípios jurídicos como um todo, inclusive aos atos e normas editadas

     pela própria administração pública.

    Princípio da Impessoalidade: Por tal princípio temos que a Administração Pública tem que manter uma posição de neutralidadeem relação aos seus administrados, não podendo prejudicar nem mesmo privilegiar quem quer que seja. Dessa forma a Administração

     pública deve servir a todos, sem distinção ou aversões pessoais ou partidárias, buscando sempre atender ao interesse público.Impede o princípio da impessoalidade que o ato administrativo seja emanado com o objetivo de atender a interesses pessoais do

    agente público ou de terceiros, devendo ter a nalidade exclusivamente ao que dispõe a lei, de maneira eciente e impessoal.Ressalta-se ainda que o princípio da impessoalidade tem estreita relação com o também principio constitucional da isonomia, ou

    igualdade, sendo dessa forma vedada perseguições ou benesses pessoais.

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    Princípio da Moralidade: Tal princípio vem expresso na Constituição Federal no caput do artigo 37, que trata especicamente damoral administrativa, onde se refere à ideia de probidade e boa-fé.

    A partir da Constituição de 1988, a moralidade passou ao status de principio constitucional, dessa maneira pode-se dizer que umato imoral é também um ato inconstitucional.

    A falta da moral comum impõe, nos atos administrativos a presença coercitiva e obrigatória da moral administrativa, que seconstitui de um conjunto de regras e normas de conduta impostas ao administrador da coisa pública.Assim o legislador constituinte utilizando-se dos conceitos da Moral e dos Costumes uma fonte subsidiária do Direito positivo,

    como forma de impor à Administração Pública, por meio de juízo de valor, um comportamento obrigatoriamente ético e moral noexercício de suas atribuições administrativas, através do pressuposto da moralidade.

    A noção de moral administrativa não esta vinculada às convicções intimas e pessoais do agente público, mas sim a noção deatuação adequada e ética perante a coletividade, durante a gerência da coisa pública.

    Princípio da Publicidade: Por este principio constitucional, temos que a administração tem o dever de oferecer transparência detodos os atos que praticar, e de todas as informações que estejam armazenadas em seus bancos de dados referentes aos administrados.

    Portanto, se a Administração Pública tem atuação na defesa e busca aos interesses coletivos, todas as informações e atos pratica-dos devem ser acessíveis aos cidadãos.

    Por tal razão, os atos públicos devem ter divulgação ocial como requisito de sua ecácia, salvo as exceções previstas em lei,

    onde o sigilo deve ser mantido e preservado.

    Princípio da Eciência: Por tal principio temos a imposição exigível à Administração Pública de manter ou ampliar a qualidadedos serviços que presta ou põe a disposição dos administrados, evitando desperdícios e buscando a excelência na prestação dos ser-viços.

    Tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando boa prestação de serviço, da maneira mais simples, mais célere e maiseconômica, melhorando o custo-benefício da atividade da administração pública.

    O administrador deve procurar a solução que melhor atenda aos interesses da coletividade, aproveitando ao máximo os recursos públicos, evitando dessa forma desperdícios.

    2 DIREITO ADMINISTRATIVO:

    CONCEITO, FONTES E PRINCÍPIOS.

    ConceitoO direito é tradicionalmente dividido em dois grandes grupos: o Direito Público e o Direito Privado.Em linhas gerais, o ramo do direito público tem como objetivo principal a regulamentação dos interesses da coletividade como

    um todo, visa disciplinar as relações entre a sociedade e o Estado, bem como denir o regramento das relações das entidades e órgãosestatais entre si. Neste ramo do direito, temos a prevalência dos interesses públicos e coletivos sobre os interesses particulares.

    Dessa maneira, quando o Estado atua na defesa dos interesses públicos, coloca-se em grau de superioridade diante dos interessesde privados, sempre devendo obediência a lei e respeitadas às garantias individuais consagradas pelo ordenamento jurídico vigente.

    Fazem parte desse grupo de direito público as seguintes áreas: o direito constitucional, administrativo, tributário, penal, entreoutros.

     Na outra ponta temos o grupo dos direito privados, tendo como objetivo principal a regulamentação dos interesses entre particu-lares, como forma de possibilitar o convívio das pessoas da sociedade de maneira harmoniosa e com urbanidade. O direito privadotem a característica de igualdade jurídica entre as partes envolvidas em uma mesma lide, não havendo possibilidade de prevalênciade uma parte sobre outra. São exemplos de direito privado a área de direito civil e comercial, entre outros.

    Diante de tal introdução, o direito administrativo é um dos ramos do direito público, tendo em vista que a organização e o exer-cício das atividades do Estado são voltados para a satisfação dos interesses exclusivamente públicos.

    Em suma, o objeto do direito administrativo abrange todas as relações internas da Administração pública, ente os órgãos e en-tidades administrativas, uns com os outros, entre a Administração e seus agentes, estatutários e celetistas, e ainda todas as relaçõesque envolvem a Administração e seus Administrados, regidas principalmente pelo direito público ou pelo direito privado, bem comoas atividades de administração pública em sentido material devidamente exercidas por particulares sob o regime de direito público.

    Cumpre esclarecer que não há denição pacíca sobre o conceito apresentados pela doutrina para o direito administrativo,tendo em vista que são distintos os critérios adotados por diversos autores para a determinação do alcance dessa importante ramo dodireito.

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    Assim, adotamos o que a doutrina acusa como sendo majoritária, mas não exclusiva, a conceituação de direto administrativo: é oconjunto de regulamentos e princípios norteadores aplicáveis à estruturação e ao funcionamento das pessoas e órgãos integrantes daadministração pública, às relações entre o Poder Público e seus agentes, ao exercício da função administrativa e gerencial, e princi-

     palmente as relações com os seus administrados, e ainda a gestão dos bens públicos, levando em consideração a nalidade única de

     bem atender aos anseios da coletividade.

    Fontes do direito administrativoAs fontes do direito administrativo são: - Lei - Doutrina - Jurisprudência - Costumes - Regulamentos Administrativos.A lei é norma imposta pelo Estado, é a fonte primordial do direito administrativo brasileiro, tem em vista a rigidez de nosso or-

    denamento jurídico, e a necessidade da codicação de maneira expressa. Importante esclarecer que o direito administrativo brasileironão se encontra codicado em somente um corpo de lei, como ocorre em outras facetas do direito brasileiro, como o Código Civil,Código Tributário, entre outros, o que temos sobre regras administrativas estão articuladas, em regra gerais, na Constituição Federal

    de 1988, e ainda em uma innidade de leis esparsas, o que, por consequência, resulta em certa diculdade de uma sistematizaçãodeste importante ramo do direito brasileiro.

    A doutrina é a lição dos mestres e estudiosos do direito, podendo ser entendida como um conjunto de teses, construções teóricas,opiniões dos doutores e dos estudiosos do Direito Administrativo, resultante de atividade intelectual, formulando princípios nortea-dores para a continuidade e aprofundamento dos estudos e teorias do Direito Administrativo, constituindo-se como fonte secundária,com a atribuição de inuenciar a elaboração de novas leis e também o julgamento das lides de natureza administrativa.

     A Jurisprudência é a interpretação da legislação vigente dada pelos Tribunais, vericadas a partir de reiteradas decisões judiciaisem um mesmo sentido, solidicando o entendimento majoritário dos tribunais superiores.

    Os costumes são o conjunto de regras e comportamentos sociais não escritas, observadas e obedecidas de modo semelhante euniforme pela sociedade, são as praticas habituais consideradas obrigatórias, que o juiz pode aplicar na falta de lei regulamentandodeterminado assunto, e os Princípios Gerais do Direito são critérios maiores, às vezes até não escritos percebidos pela lógica ou pelaindução.

    Regulamentos são atos normativos do Poder Executivo, dotados de generalidade, impessoalidade, imperatividade e inovação.Produzidos mediante exercício do poder regulamentar (ou função estatal regulamentar), as formas mais comuns de regulamentos sãoos decretos regulamentares, mas também podem tomar forma de resolução e outras modalidades, podendo desdobrar preceitos cons-titucionais de ecácia plena e de ecácia contida e atos legislativos primários (leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas,medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções).

    Regulamentos diferenciam-se dos atos legislativos produzidos pelo Executivo, não pela matéria, mas porque para os legislativosexige-se ordinariamente a participação prévia ou posterior do Poder Legislativo. Embora os regulamentos sejam atos da Adminis-tração Pública, não se confundem com os atos administrativos propriamente ditos, pois esses têm conteúdo concreto, especíco enormalmente individual. Os regulamentos sempre são limitados pelo ato normativo em face do qual são editados (especialmente pelaConstituição e pelas leis).

    Com relação aos limites, os regulamentos podem ser classicados em regulamento de execução ou restrito, regulamento delega-do ou autorizado, regulamento autônomo, e regulamento independente. Podem ainda ser classicados quanto à previsão normativa

     para sua edição (espontâneo e provocado ou vinculado), quanto ao âmbito de seus efeitos (interno ou administrativo e externo ou

    geral), quanto à competência federativa (federal, estadual, distrital, municipal e territorial, e também quanto à nalidade, com alcanceem amplo.

    A regra é o regulamento restrito ou de execução, enquanto as demais modalidades são exceções, pois nos sistemas constitucio-nais contemporâneos prevalece o princípio da legalidade (a lei é o principal comando normativo, cabendo aos decretos regulamen-tares a tarefa de detalhá-las).

    Assim, os regulamentos de execução são editados para el cumprimento da lei. Já os regulamentos delegados ou autorizadostambém dão cumprimento à à lei, mas a Constituição dá maior liberdade em certas matérias que normalmente seriam reservadas à lei.

    Sistemas administrativosSistemas Administrativos vem a ser o tipo de regime adotado pela Administração Pública para o controle dos atos administrati-

    vos eivados de ilegalidades ou maculados com ilegitimidade, praticados pelo Poder Público nas mais diversas esferas e em todos osPoderes do Estado.

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    Assim, a doutrina administrativa estabeleceu pacicamente a existência de três sistemas existentes:

    - Sistema Administrativo Tradicional;

     - Sistema Administrativo de Tipo Inglês (ou de administração judiciária);

     - Sistema Administrativo de Tipo Francês (ou de administração executiva).

     No Sistema Administrativo Tradicional verica-se a inexistência de separação rigorosa, entre o s órgãos, do poder executivo edo poder judicial e a não subordinação da administração pública ao princípio da legalidade.

    O Sistema Inglês, ou então chamado de sistema de unicidade de jurisdição, é aquele em que todos os litígios, seja administrativoou que envolvam interesses exclusivamente privados, podem ser levados ao Poder Judiciário, sendo esta a única via que dispõe decompetência necessária para estabelecer e declarar o direito aplicável aos casos litigiosos, de forma denitiva, com força sucientedenominada coisa julgada.

    Diz-se, neste sistema administrativo que somente o Poder Judiciário tem jurisdição, em sentido próprio.

    O Sistema Francês, ou então conhecido de sistema de dualidade de jurisdição, é aquele pelo qual temos a vedação do conheci-mento do Poder Judiciário de atos da administração pública, cando estes atos sujeitos à chamada “jurisdição especial do contencio- so administrativo”, formada pelos tribunais de índole e competência administrativa.

     Neste sistema, há, portanto, a jurisdição administrativa formada pelos tribunais de natureza jurídica administrativa, com plena jurisdição em matéria administrativa, e a jurisdição comum, formada pelos órgãos do Poder Judiciário, com a competência de resol-ver os demais litígios, entre os particulares.

    O Brasil adotou o Sistema de Jurisdição Única, consagrado no denominado princípio da inafastabilidade de jurisdição, que seencontra devidamente expresso como garantia individual, sendo conferido o status de cláusula pétrea constitucional, cujo processode modicação é mais rígido e assim, assegurando aos administrados segurança jurídica, prevista na Carta Magna no artigo 5º, incisoXXXV. Por força do referido dispositivo constitucional, temos que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ouameaça a direito”.

    Assim, muito embora no Brasil seja frequente haver litígios instaurados e solucionados em âmbito administrativo, o adminis-trado sempre terá a possibilidade de recorrer à tutela do Poder Judiciário, até mesmo depois de haver percorrido todas as instânciasexistentes na esfera administrativa.

    Dessa forma, o Poder Judiciário, uma vez provocado, poderá conrmar a decisão proferida no processo administrativo, ou entãoentender pela modicação da decisão proferida em âmbito administrativo, quando for contrária ao que dispõe a lei ou a princípios

     jurídicos.Somente a decisão judicial que não mais comporte ou admita recurso é denitiva, imodicável, fazendo assim vir à tona seus

    efeitos tanto materiais como formais.

    Princípios do Direito Administrativo:A doutrina administrativa adota diversos princípios que norteiam o Direito Administrativo, entretanto, nos preocupamos em

    elencar os principais, senão vejamos:

    Princípio da Supremacia do Interesse Público: Tal Princípio, muito embora não se encontre expresso no enunciado do textoconstitucional é de suma importância para a atividade administrativa, tendo em vista que, em decorrência do regime democráticoadotado pelo Brasil, bem como o seu sistema representativo, temos que toda a atuação do Poder Público seja consubstanciada pelointeresse público e coletivo.

    Assim, para que o Estado possa atingir a nalidade principal que lhe foi imposta pelo ordenamento jurídico, qual seja, o interesse público, é assegurado a administração pública uma série de prerrogativas, não existente no direito privado, para que se alcance avontade comum da coletividade.

    Assim, a supremacia do interesse público deve se sobressair sobre os direitos particulares dos administrados, pois decorre deste princípio que, na hipótese de haver um conito entre o interesse público e os interesses de particulares, é evidente e lógico que avontade comum e o interesse coletivo deve prevalecer, respeitados os princípios do devido processo legal, e do direito adquirido.

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: Em decorrência do princípio da indisponibilidade do interesse público sãovedados ao administrador da coisa pública qualquer ato que implique em renúncia a direitos da administração, ou que de maneirainjusticada e excessiva onerem a sociedade.

    Dessa maneira, a administração pública deve ter sai ação controlada pelo povo, por meios de mecanismos criados pelo Estado

     para esta nalidade, visto que o interesse público não pode ser disponível.

    Princípio da Autotutela: O direito Administrativo, diante de suas prerrogativas confere à Administração Pública o poder de cor-rigir de ocio seus próprios atos, revogando os irregulares e inoportunos e anulando os manifestamente ilegais, respeitado o direitoadquirido e indenizando os prejudicados, cuja atuação tem a característica de autocontrole de seus atos, vericando o mérito do atoadministrativo e ainda sua legalidade;

    Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade: A Administração deve agir com bom senso, de modo razoável e proporcional àsituação fática que se apresenta.

    A legislação proporciona ao Administrador Público margem de liberdade para atuar durante a execução da atividade administra-tiva, cando limitado pelo Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade a arbitrariedade administrativa, sendo certo que a carênciade observância a tal Princípio congura em abuso de poder.

    Princípio da Continuidade: Os serviços públicos não podem parar, devendo manter-se sempre em funcionamento, dentro dasformas e períodos próprios de sua regular prestação, dada a importância que a execução de tais serviços públicos representa a cole-tividade.

    Assim a prestação da atividade administrativa deve ser executada de forma contínua, sendo certo que tal Princípio inuenciafortemente a determinação e limitação legal imposta aos servidores públicos a realização de greves, visto que os serviços públicosconsiderados essenciais para a coletividade não poderá sofrer prejuízos em razão de greves ou paralisações de seus agentes públicos.

    Princípio da Especialidade: Por tal principio aplica-se mais as autarquias, não podem elas ter outra função, além daquelas paraas quais foram criadas.

    3 ATO ADMINISTRATIVO.3.1 CONCEITO, REQUISITOS, ATRIBUTOS, CLASSIFICAÇÃO E ESPÉCIES.

    3.2 INVALIDAÇÃO, ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO.3.3 PRESCRIÇÃO.

    Conceito:Atos administrativos são espécies do gênero “ato jurídico”, ou seja, são manifestações humanas, voluntárias, unilaterais e desti-

    nadas diretamente à produção de efeitos no mundo jurídico.De acordo com os ensinamentos do jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, ato administrativo pode ser conceituado como:

    “declaração do Estado (ou de quem lhe faça às vezes – como, por exemplo, um concessionário de serviço público), no exercício

    de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional”.

    Segundo o conceito formulado por Hely Lopes Meirelles, temos que: “ato administrativo é toda manifestação unilateral devontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por m imediato adquirir, resguardar, transferir, modicar,

    extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”.Para Maria Sylvia Di Pietro, ato administrativo pode ser denido como: “a declaração do Estado ou de quem o represente, pro-

    duz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Judiciário”.Dessa forma, temos que é por meio do ato administrativo que a função administrativa se concretiza, sendo toda a exteriorização

    da vontade do Estado, executada pelos agentes públicos, objetivando alcançar o interesse coletivo.Concluindo então, ato administrativo é a manifestação ou declaração da Administração Pública, editada pelo Poder Público, atra-

    vés de seus agentes, no exercício concreto da função administrativa que exerce, ou de quem lhe faça às vezes, sob as regras de direito público, com a nalidade de preservar e alcançar os interesses da coletividade, passível de controle Jurisdicional.

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    Requisitos e elementos do ato administrativo:A doutrina administrativa é pacica em apontar cinco requisitos básicos, ou elementos dos atos administrativos: competência,

     nalidade, forma, motivo e objeto.

    Além, naturalmente, dos requisitos gerais de todos os atos jurídicos perfeitos, como agente capaz, objeto lícito e forma prescrita

    ou não proibida em lei.Trata-se de requisitos fundamentais para a validade do ato administrativo, pois o atos que for editado ou praticado em desacordo

    com o que a lei estabeleça para cada requisito, será, via de regra, um ato nulo.

    Competência: A denição de competência é o poder legal conferido ao agente público para o desempenho regular e especícodas atribuições de seu cargo. É a competência a condição primeira de validade do ato administrativo, onde deve haver uma análisesobre a incidência ou não da capacidade especíca e legalmente denida para a prática do ato.

    Importante observar que a noção de competência do agente, na esfera do Direito Administrativo, alcança, além do agente, tam- bém o órgão do Estado que ele representa, dessa forma, conclui-se que a competência é prerrogativa do Estado, exercitada por seusagentes, respeitada a hierarquia e distribuição constitucional de atribuições.

    A competência é um elemento, ou requisito, sempre vinculado, ou seja, não há possibilidade de escolha na determinação dacompetência para a prática de um ato, tendo em vista que tal vinculação decorre de lei.

    Para os estudos sobre o requisito da competência do ato administrativo, se mostra necessário e oportuno mencionar a existênciadas guras da avocação de competência e a delegação de competência.

     Nos casos em que houver avocação ou delegação de competência não se verica a transferência da titularidade da competência,apenas o seu exercício. Importante salientar que o ato de delegação ou avocação de competência é discricionário e revogável a qual-quer momento.

    A avocação é o ato mediante o qual o superior hierárquico traz para si o exercício temporário de certa competência atribuída porlei a um subordinado, devendo ser medida excepcional e de caráter precário, sendo que a avocação não será possível quando se tratarde competência exclusiva do subordinado.

    A delegação, doutro modo é o ato mediante o qual o superior hierárquico delega para seu subordinado ou a outro órgão, compe-tência que lhe pertence, também tem a característica de ser temporário e revogável a qualquer momento, devendo seguir os limites

     previstos em lei,Quando o agente público ou órgão atua fora, ou além, de sua esfera de competência, temos presente então uma das guras de

    abuso de poder, ou excesso de poder, que, nem sempre esta fadado a anulação do ato, visto que o vício de competência admite con-

    validação, salve se tratar de competência em razão da matéria ou de competência exclusiva.

    Finalidade: Ao editar determinado ato administrativo, o Poder Público deve perseguir o interesse público. É o objetivo principalque a Administração Pública pretende alcançar com a prática do ato administrativo.

    Dessa maneira a nalidade do ato deve ser sempre o interesse da coletividade e a nalidade especíca prevista em lei para aqueleato da administração.

    Sendo requisito de validade do ato, é nulo qualquer ato praticado visando exclusivamente o interesse privado, ou seja, o desa-tendimento a qualquer das nalidades do ato administrativo congura vício insanável, com a obrigatória anulação do ato. O vício denalidade é denominado pela doutrina como desvio de poder, congurando em uma das modalidades do abuso de poder.

    Forma: A forma é o modo de exteriorização do ato administrativo. Todo ato administrativo, em principio, deve ser formal, e aforma exigida pela lei quase sempre é escrita, em atendimento inclusive ao principio constitucional de publicidade.

    A forma, ou formalidade é o conjunto de exterioridades que devem ser observadas para a regularidade do ato administrativo,assim, temos que todo ato administrativo é formal, pelo que sua falta resulta, necessariamente, na inexistência do ato administrativo.Existe em dois sentidos, no amplo e no estrito. Em sentido amplo é o procedimento previsto em lei para a prática regular do ato

    administrativo. Seu sentido estrito refere-se ao conjunto de requisitos formais que devem constar no próprio ato administrativo, deacordo com suas formalidades próprias.

    Motivo: O motivo é a causa imediata do ato administrativo, é a situação fática, ou jurídica, que determina ou possibilita a atuaçãoadministrativa, razão pela qual todo ato administrativo deve ser motivado, assim temos que o motivo é elemento integrante do ato.

    O motivo do ato administrativo não se traduz apenas como um elemente, mas também como um pressuposto objetivo do ato emsi, a motivação do ato administrativo tornou-se regra jurídico-administrativa abrigatória.

    Destaca-se que, de acordo com a teoria dos motivos determinantes , que consiste em explicitar que a administração pública estásujeita e passiva de controle administrativo e/ou judicial, diante do controle de legalidade e legitimidade, relativo a existência e a

     pertinência dos motivos, fáticos e legais, que a declarou como causa determinante para a prática do ato.

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    Dessa maneira, caso seja comprovada a não ocorrência da situação declarada como determinante para a prática do ato, ou entãoa inadequação entre a situação ocorrida e o motivo descrito na lei, o ato será nulo.

    A Teoria dos Motivos Determinantes aplica-se tanto a atos vinculados quanto a atos discricionários, mesmo aos atos discricioná-rios em que , embora não fosse obrigatória, tenha havido motivação.

    Objeto: O objeto é o próprio conteúdo material do ato. O objeto do ato administrativo identica-se com o seu conteúdo, por meiodo qual a administração manifesta sua vontade, ou simplesmente atesta situações preexistentes.

    De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, o objeto do ato administrativo “é aquilo que o ato dispõe, isto é, o que o atodecide, enuncia, certica, opina ou modica na ordem jurídica”

    Pode-se dizer que o objeto doa ato administrativo é a própria alteração na esfera jurídica que o ato provoca, é o efeito jurídicoimediato que o ato editado produz.

    Atributos do Ato Administrativo:Entende-se por atributos dos atos administrativos as qualidades ou características dos atos administrativos, uma vez que requi-

    sitos dos atos administrativos constituem condições que devem obrigatoriamente ser observadas para a sua validade, os atributos podem ser entendidos como as características dos atos administrativos.

    Os atributos dos atos administrativos citados pelos principais autores são: presunção de legitimidade; imperatividade; autoexe-

    cutoriedade e tipicidade.

    Presunção de Legitimidade: A presunção de legitimidade, ou legalidade, é a única característica presente em todos os atos admi-nistrativos.

    Assim, uma vez praticado o ato administrativo, ele se presume legítimo e, em princípio, apto para produzir os efeitos que lhe sãoinerentes, cabendo então ao administrado a prova de eventual vício do ato, caso pretenda ver afastada a sua aplicação, dessa maneiravericamos que o Estado, diante da presunção de legitimidade, não precisa comprovar a regularidade dos seus atos.

    Dessa maneira, mesmo quando eivado de vícios, o ato administrativo, até sua futura revogação ou anulação, tem ecácia plenadesde o momento de sua edição, produzindo regularmente seus efeitos, podendo inclusive ser executado compulsoriamente.

    Imperatividade: Pelo atributo da imperatividade do ato administrativo, temos a possibilidade de a administração pública, demaneira unilateral, criar obrigações para os administrados, ou então impor-lhes restrições.

    Importante esclarecer que nem todos os atos administrativos são revestidos de imperatividade, mas, da mesma forma que ocorre

    relativamente à presunção de legitimidade, os atos acobertados pela imperatividade podem, em princípio, ser imediatamente impos-tos aos particulares a partir de sua edição.

    Autoexecutoriedade: O ato administrativo possui força executória imediatamente a partir de sua edição, isso ocorre porque asdecisões administrativas trazem em si a força necessária para a sua auto execução. Os atos autoexecutórios são aqueles que podemser materialmente implementados pela administração, de maneira direta, inclusive mediante o uso de força, caso seja necessário, semque a Administração Pública precise de uma autorização judicial prévia.

    A autoexecutoriedade dos atos administrativos fundamenta-se na natureza pública da atividade administrativa, em razão desta,atendendo o interesse público, assim, a faculdade de revestimento do ato administrativo pela característica da autoexecução de seus

     próprios atos se manifesta principalmente pela supremacia do interesse coletivo sobre o particular.

    Tipicidade: Para a Profª. Maria Sylvia Di Pietro, a tipicidade é: “o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a guras denidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados”.

    Visando a segurança jurídica aos administrados, o atributo da tipicidade garante que o ato administrativo deve corresponder aguras previamente estabelecidas pelo ordenamento jurídico vigente.

    Classicação dos Atos Administrativos:Atos Vinculados e Atos Discricionários: Os atos vinculados são os que a Administração Pública pratica sem qualquer margem de

    liberdade de decisão, tendo em vista que a lei previamente determinou a única medida possível de ser adotada sempre que se con-gure a situação objetiva descrita em lei.

    Os atos discricionários são aqueles que a Administração Pública pode praticar com certa liberdade de escolha e decisão, sempredentro dos termos e limites legais, quanto ao seu conteúdo, seu modo de realização, sua oportunidade e conveniência administrativa.

    Dessa maneira, na edição de um ato vinculado a administração Pública não dispõe de nenhuma margem de decisão, sendo queo comportamento a ser adotado pelo Administrador está regulamentado em lei, enquanto na edição de um ato discricionário, a legis-lação outorga ao agente público uma certa margem de liberdade de escolha, diante da avaliação de oportunidade e conveniência da

     pratica do ato.

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

     Neste sentido, oportuno esclarecer a expressão “ Mérito Administrativo”. Mérito do ato administrativo não é considerado requi-sito para a formação do ato, mas tem implicações com o motivo e o objeto do ato, e consequentemente, com as suas condições devalidade e ecácia.

    O mérito administrativo consubstancia-se, portanto, na valoração dos motivos e na escolha do objeto do ato, feitas pela Adminis-

    tração incumbida de sua prática quando autorizada a decidir sobre a conveniência, oportunidade e justiça do ato a realizar.O merecimento é aspecto pertinente apenas aos atos administrativos praticados no exercício de competência discricionária. Nos

    atos vinculados não há que se falar em mérito, visto que toda a atuação do Executivo se resume no atendimento das imposições le-gais. Quanto ao mérito administrativo a Administração decide livremente, e sem possibilidade de correção judicial, salvo quando seu

     proceder caracterizar excesso ou desvio de poder.

    Atos Gerais e Atos Individuais: Os atos administrativos gerais caracterizam-se por não possuir destinatários direitos e determina-dos, apresentam apenas situações normativas aplicáveis a todos os administrados e hipóteses fáticas que se enquadrem nesses casosdescritos de forma abstratos. Assim, é possível dizer que tais atos possuem como característica a generalidade e abstração.

    Os atos administrativos individuais são aqueles que possuem destinatário nal certo e determinado, produzindo seus efeitos demaneira direta e concreta e de forma individualizada, seja constituindo ou declarando situações jurídico-administrativa particulares.O ato individual pode ter um único destinatário – ato singular – ou então diversos destinatários, desde que determinados e identi -

    cados – atos plúrimos.Atos Internos e Atos Externos: Atos administrativos internos, são aqueles destinados a produzir efeito somente no âmbito da

    Administração Publica, atingindo de forma direta e exclusiva seus órgãos e agentes.Atos administrativos externos são os que atingem os cidadãos administrados de forma geral, criando direitos ou obrigações

    gerais ou individuais, declarando situações jurídicas. Para esses atos é necessário que haja a publicação em imprensa ocial, comocondição de vigência e ecácia do ato.

    Atos Simples, Complexo e Composto: Ato administrativo simples é aquele que decorre de uma única manifestação de vontade,de um único órgão, unipessoal ou mediante apreciação de colegiado. Assim, o ato simples esta completo somente com essa mani-festação, não dependendo de outra, seja concomitante ou posterior, para que seja considerado perfeito, não dependendo ainda demanifestação de outros órgãos ou autoridades para que possa produzir seus regulares efeitos.

    Ato administrativo complexo é o que necessita, para sua formação e validade, da manifestação de vontade de dois ou mais ór-

    gãos, ou autoridades, diferentes.Ato administrativo composto é aquele cujo conteúdo resulta de manifestação de um só órgão, mas a sua edição ou a produção

    de seus regulares efeitos dependem de outro ato que o aprove. A atribuição desse outro ato é simplesmente instrumental, visando aautorizar a prática do ato principal, ou então conferir ecácia a este. Ressalta-se que o ato acessório ou instrumental em nada alterao conteúdo do ato principal.

    Ato Válido, Ato Perfeito e Ato Ecaz: Ato válido é o que esta em total conformidade com o ordenamento jurídico vigente, aten-dendo as exigências legais e regulamentares impostas para que sejam validamente editadas, não contendo qualquer vício ou defeito,irregularidades ou ilegalidades.

    Ato administrativo perfeito é o qual esta pronto, acabado, que já esgotou e concluiu o seu ciclo, foram exauridas todas as etapasde formação, já esgotaram todas as fases necessárias para a sua produção.

    Ato administrativo ecaz é aquele que já está disponível e apto a produzir seus regulares efeitos, sendo capaz de atingir sua

     plenitude e alcance.

    Espécies de ato administrativoSegundo a doutrina majoritaria administrativa, podemos agrupar os atos administrativos em 5 cinco espécies:

    Atos normativos: São aqueles que contém um comando geral do Executivo visando ao cumprimento de uma lei. Podem apre-sentar-se com a característica de generalidade e abstração (decreto geral que regulamenta uma lei), ou individualidade e concreção(decreto de nomeação de um servidor).

    São atos normativos: o decreto; o regimento; e a resolução.

    Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta funcional de seus agentes. Sãoordinatórios os atos administrativos que disciplinam e regram o funcionamento dos órgãos da Administração Pública e orientam osrocedimentos adotados pelos agentes públicos.

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    De acordo com Hely Lopes de Meirelles: “são aqueles que só atuam no âmbito interno das repartições e só alcançam os servi-dores hierarquizados à chea que os expediu. Não obrigam aos particulares, nem aos funcionários subordinados a outras cheas.”

    Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expedidos por chefes de serviços aos seus subordinados. Logo, não obrigamaos particulares.

    São atos ordinatórios: as instruções; as circulares; os avisos; as portarias; as ordens de serviço; os ofícios e os despachos.

    Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma declaração de vontade da Administração apta a concretizar determinado ne-gócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas condições impostas ou consentidas pelo Poder Público.

    Muito embora apresentem interesses de ambas as partes, externando a manifestação de vontades entre a administração e o admi-nistrado, o ato administrativo negocial possui natureza unilateral, visto que são editados pela Administração Pública, sob as normasdo direito público, assim, a vontade do destinatário não é relevante para a formação do ato negocial, visto que necessita apenas de

     provocação, e depois a aceitação da vontade externada pelo Poder Público.São atos negociais: a licença; autorização; permissão; aprovação; admissão; homologação e a dispensa.

    Atos enunciativos: São todos aqueles em que a Administração se limita a certicar ou a atestar um fato, ou emitir uma opiniãosobre determinado assunto, constantes de registros, processos e arquivos públicos, sendo sempre, por isso, vinculados quanto aomotivo e ao conteúdo.

    Segundo Hely Lopes de Meirelles temos que “aos atos enunciativos embora não contenham uma norma de atuação, nem or-denem a atividade administrativa interna, nem estabeleçam uma relação negocial entre o Poder Público e o particular, enunciam, porém, uma situação existente, sem qualquer manifestação de vontade da Administração”.

     Não há, no ato enunciativo, o estabelecimento de uma relação jurídica, justamente por não conter uma manifestação de vontadedo Poder Público, mas sim enunciando um fato ja existente.

    São atos enunciativos: a certidão; o atestado e o parecer.

    Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção imposta pela lei e aplicada pela Administração, visando a punir as infraçõesadministrativas e condutas irregulares de servidores ou de particulares perante a Administração.

    Possuem o objetivo, de acordo com os ensinamentos de Hely Lopes de Meirelles “de unir e reprimir as infrações administrativasou a conduta irregular dos servidores ou dos particulares perante a Administração”.

    Pode-se concluir então que os atos punitivos podem ser externos, quando aplicados aos administrados; e internos, quando apli-cados aos servidores da própria administração.

    São atos punitivos externos: multa; interdição de atividades; destruição de coisas; demolição administrativa; a cassação e oconsco.São atos punitivos internos: o afastamento preventivo de servidor investigado; advertencia; suspensão; demissão e a cassação de

    aposentadoria.

    Extinção dos Atos Administrativos:O ato administrativo vigente permanecerá produzindo seus efeitos no mundo jurídico até que algo capaz se alterar essa condição

    ocorra. Uma vez publicado e, eivado de ou não, terá plena vigência e devera ser cumprido, em atendimento ao atributo da presunçãode legitimidade, até o momento em que ocorra formalmente a sua extinção.

    O desfazimento do ato administrativo poderá ser resultante do reconhecimento de sua ilegitimidade, de vícios em sua formação,ou então poderá ser declarada a falta de necessidade de sua validade.

    Assim, o ato administrativo é considerado extinto quando ocorrer as principais formas de extinção: Revogação, Anulação eCassação.

    Revogação: A revogação é modalidade de extinção de ato administrativo que ocorre por razões de oportunidade e conveniência.A Administração Pública pode revogar um ato quando entender que, embora se trate de um ato válido, que atenda a todas as prescri-ções legais, não está de acordo com, ou não atende adequadamente ao interesse público no caso concreto.

    Assim, temos que a revogação é a retirada, do mundo jurídico, de um ato válido, mas que, por motivos de oportunidade e conve-niência (discricionariedade administrativa), tornou-se inoportuno ou inconveniente a sua manutenção.

    Importante esclarecer que a medida de revogação de ato administrativo é ato exclusivo e privativo da Administração Pública que praticou o ato revogado. Assim, o Poder Judiciário em hipótese alguma poderá revogar um ato administrativo editado pelo PoderExecutivo ou Poder Legislativo. Tal imposição decorre do Princípio da Autotutela do Estado em revogar seus próprios atos, de acordocom sua vontade.

    O ato revogatório não retroage para atingir efeitos passados do ato revogado, apenas impedindo que este continue a surtir efeitos,assim, temos que a revogação do ato administrativo opera com o efeito “ex nunc”, ou seja, os efeitos da revogação não retroagem,

     passando a gerar seus regulares efeitos a partir do ato revogatório.

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    Anulação: Anulação ocorre quando um ato administrativo estiver eivado de vícios, relativos a legalidade ou legitimidade. Podea Administração anulá-lo de ofício ou por provocação de terceiro, ou então pode o judiciário anulá-lo também, entretanto não podeagir de ocio, deve aguardar provovação.

    Seu controle de legitimidade ou legalidade deverá ocorrer em sua forma, nunca em relação ao mérito do ato administrativo.

    Um vício de legalidade ou legitimidade pode ser sanável ou insanável. Assim, quando se vericar que trata-se de um vício insa-nável, a anulação do ato deve ser obrigatória, entretanto, quando se tratar de um vício sanável, o ato poder ser anulado ou convalida-do, de acordo com a discricionariedade imposta à Administração Pública, que irá efetuar um juizo de oportunidade e conveniência damanutenção dos efeitos do ato administrativo.

    A anulação age retroativamente, ou seja, todos os efeitos provocados pelo ato anulado também são nulos, daí surge o denominadoefeito “ex tunc”, que signica dizer justamente que, com a anulação, os efeitos do ato retroage desde a sua origem.

    Cassação: É a extinção do ato administrativo quando o seu beneciário não cumpri elmente os requisitos que deveria permane-cer cumprindo, como forma de exigência para a manutenção do ato e de seus regulares efeitos jurídicos.

    A Cassação pode ser também entendida como forma de sanção para o particular que não cumpriu as exigências pré estabelecidas para a manutenção de um determinado ato.

    Prescrição Administrativa:

    Em sentido amplo, é necessário conceituarmos o instituto da Prescrição, que nas mais simples concepções jurídicas temos que éa extinção do direito de ação em razão da inércia do titular do direito, pelo decurso de determinado lapso temporal, se extinguindo odireito de ingresso com ação judicial, e não o direito material propriamente dito.

    Podemos conceituar o instituto da  prescrição administrativa sob suas vertentes: a primeira consiste em analisar a AdministraPública em relação ao administrado e em segunda análise do administrado em relação ao Poder Público.

     No primeiro caso, é a perda do prazo que a Administração Pública reveja os seus próprios atos, ou para que aplique penalidadesadministrativas ao seus agentes públicos ou então aos administrados, enquanto que no segundo caso, temos que prescrição adminis-trativa é a perda do prazo de que goza o particular para recorrer de decisões administrativas.

    4 AGENTES ADMINISTRATIVOS.4.1 INVESTIDURA E EXERCÍCIO DA

    FUNÇÃO PÚBLICA.

    4.2 DIREITOS E DEVERES DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS; REGIMES JURÍDICOS. 4.3 PROCESSO ADMINISTRATIVO:CONCEITO, PRINCÍPIOS, FASES E MODALIDADES.

    4.4 LEI Nº 8.112/1990 E SUAS ALTERAÇÕES.

    Agentes Administrativos: Denições Básicas

    - Servidor Público: na denição do jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, temos que são servidores públicos: “todos aque-les que mantêm vínculo de trabalho prossional com as entidades governamentais, integrados em cargos ou empregos da União,

     Estados, Distrito Federal, Municípios, respectivas autarquias e fundações de Direito Público. Em suma: são os que entretêm com

    o Estado e com as pessoas de Direito Público da Administração indireta relação de trabalho de natureza prossional e caráter não

    eventual”.

    Em outras palavras, podemos denir servidor público como aqueles que gozam da titularidade de cargos públicos de provimentoefetivou ou de provimento de cargo em comissão, são agentes administrativos, de caráter estatutário.

    - Empregados Públicos: são aqueles que mantém vínculo funcional com a administração pública, ocupantes de empregos públi-cos, sujeitando-se a regime jurídico contratual de trabalho, regidos especicamente pelas regras e normas previstas na Consolidaçãodas Leis do Trabalho (CLT).

    - Temporários: são os particulares contratados pela Administração Pública com tempo de prestação de serviço determinado, para atender necessidades temporárias de excepcional interesse público, são ocupantes de função pública remunerada e temporária,com contrato de trabalho regido pelas normas do Direito Público, e não trabalhista (CLT), mas também não possui o caráter estatu-tário. É uma forma especial de prestação de serviço público temporário, urgente e excepcional.

    Para melhor compreensão sobre o tema oportuno e conveniente, mencionarmos as denições confeccionadas pela doutrina ad-ministrativa de cargos públicos, empregos públicos e funções públicas:

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    - Cargos públicos: nos ensinamentos do professor e jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, temos que cargos públicos “sãoas mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem expressadas por um agente , prevista em número certo, com denomi-nações próprias, retribuídas por pessoas jurídicas de Direito Público e criadas por lei”.

    Importante esclarecer que aqueles que são titulares de cargos públicos são submetidos ao regime estatutário, são servidores

     públicos efetivos e/ou comissionados.

    - Empregos Públicos: para Celso Antônio Bandeira de Mello, “são núcleos de encargos de trabalho permanentes a serem pre-enchidos por agentes contratados para desempenhá-los, sob relação trabalhista”.

    Destaca-se que os ocupantes de empregos públicos são regidos ao regime contratual, obedecidos às regras da CLT, com naturezatrabalhista.

    - Funções Públicas: são as funções de conança e ainda as funções exercidas por agentes públicos contratado por tempo certo edeterminado para atender interesse de caráter excepcional de interesse público, não havendo a necessidade de abertura de concurso

     público para tal contratação, dada sua urgência e excepcionalidade.

    Da Acessibilidade aos Cargos e Empregos PúblicosA Constituição Federal prevê que é amplo o acesso aos cargos e empregos públicos aos brasileiros que cumpram os requisitos

     previstos em lei, assim como aos estrangeiros (pois há cargos públicos que somente poderão ser preenchidos por brasileiros natosou naturalizados), mediante a realização e aprovação em concurso público de provas ou provas e títulos, exceto para a contrataçãode cargo de provimento em comissão, os quais são livres a nomeação e a exoneração, de acordo com a conveniência e oportunidadevericada pela Autoridade Administrativa.

    A obrigatoriedade de concurso público é somente para a primeira investidura em cargo ou emprego público, isto é, para o ingres-so em cargo isolado ou no cargo inicial da carreira, nas entidades estatais, suas autarquias, suas fundações públicas e suas paraestatais.

    O concurso é o meio técnico posto à disposição da Administração Pública para obter-se moralidade, eciência e aperfeiçoamentodo serviço público propiciando igualdade de oportunidade a todos os interessados no ingresso da carreira pública, desde que atendamaos requisitos da lei, consoante determina a Constituição Federal.

    Após a realização do concurso segue-se o provimento do cargo, através da nomeação do candidato aprovado.Importante ressaltar que a exigência de aprovação prévia em concurso público implica a classicação dos candidatos e nomeação

    na ordem dessa classicação, haja vista que não basta, pois, estar aprovado em concurso para ter direito à investidura, visto que é ne-

    cessária também é que esteja classicado e na posição correspondente às vagas existentes, durante o período de validade do concurso,que pode ser de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado pelo mesmo período uma única vez.O concurso público deve ser realizado com observância ao tratamento impessoal e igualitário aos interessados e concorrentes

    do certame. Cumpre ressaltar que o concurso público dever ser provas ou provas e títulos, ou seja, não basta para a aprovação docandidato a cargos efetivos ou empregos públicos a análise baseada exclusivamente em títulos ou currículos, mas sim precedidos darealização de provas, objetivando aferir o melhor e mais preparado candidato postulante de cargo ou emprego público.

    As entidades estatais são livres para organizar seu pessoal para o melhor atendimento dos serviços e cargos, mas a organizaçãodeve ser fundamentada em lei, prevendo as devidas competências e observâncias das normas constitucionais pertinentes ao funcio -nalismo público.

    É facultado ao Poder Executivo, através de ato administrativo extinguir cargos públicos na forma da Lei bem como praticar osatos de nomeação, remoção, demissão, punição, promoção, licenças, aposentadorias, lotação e concessão de férias.

    A nomeação é o ato de provimento de cargo, que se completa com a posse e o exercício.

    A investidura do servidor no cargo ocorre efetivamente com a posse. Por ela se conferem ao funcionário ou ao agente políticoas prerrogativas, os direitos e os deveres do cargo ou do mandato.

    Importante salientar que sem a posse o provimento não se completa, nem pode haver exercício da função pública. É a posseque marca o início dos direitos e deveres funcionais, como, também, gera as restrições, impedimentos e incompatibilidades para odesempenho de outros cargos, funções ou mandatos.

    Por isso mesmo, a nomeação regular só pode ser desfeita pela Administração antes de ocorrer a posse do nomeado. No entanto,a anulação do concurso, com a exoneração do nomeado, após a posse, só pode ser feita com observância do devido processo legal ea garantia de ampla defesa e o contraditório.

    O exercício do cargo é consequência natural da posse. Normalmente, a posse e o exercício são dados em momentos sucessivos e por autoridades diversas, mas casos há em que se reúnem num só ato, perante a mesma autoridade. É o exercício que marca o momen-to em que o funcionário passa a desempenhar formalmente e de acordo com a lei suas funções e ainda adquire direito às vantagensdo cargo e à contraprestação pecuniária devida pelo Poder Público.

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    Com a posse, o cargo ca provido e não poderá ser ocupado por outrem, mas o provimento só se completa com a entrada emexercício do nomeado. Se este não o faz na data prevista, a nomeação e, assim, consequentemente, a posse tornam-se inecazes, oque, devendo assim ser declarada, pela autoridade competente, a vacância do cargo.

    Do Provimento: Ato administrativo no qual o cargo público é preenchido, podendo ser provimento efetivo ou em comissão.Assim, provimento é o ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo público, com a designação de seu titular. O provimento pode ser originário ou inicial e derivado.

    Provimento inicial é o que se faz através de nomeação, que pressupõe a inexistência de vinculação entre a situação de serviço an-terior do nomeado e o preenchimento do cargo. Assim, tanto é provimento inicial a nomeação de pessoa estranha aos quadros do ser-viço público quanto a de outra que já exercia função pública como ocupante de cargo não vinculado àquele para o qual foi nomeada.

    Entretanto o provimento derivado, que se faz por promoção, remoção, reintegração, readmissão, enquadramento, aproveitamentoou reversão, é sempre uma alteração na situação de serviço do provido.

    Segundo a classicação aceita pelo Supremo Tribunal Federal, as formas de provimento são:

    - Originárias: não decorre de qualquer vínculo anterior entre o servidor e a administração (única forma é a nomeação)

    - Derivadas: decorre de vínculo anterior entre servidor e a administração (são: promoção, readaptação, reversão, aproveitamento,

    reintegração e recondução).

    Da Vacância de Cargos Públicos: Ocorre a vacância quando o servidor desocupa o seu cargo, cando esse cargo a disposição daAdministração Pública, que utilizando-se das formas de provimento em cargos públicos o ocupará.

    A vacância poderá ser:

    - Denitiva: mediante exoneração, demissão e falecimento.

    - Não denitiva (forma um novo vínculo): promoção, readaptação, aposentadoria e posse em outro cargo inacumulável.Enquanto existir o cargo, como foi provido, seu titular terá direito ao exercício nas condições estabelecidas pelo estatuto, mas,

    caso venha a modicar a estrutura, as atribuições, os requisitos para seu desempenho, são lícitas a exoneração, a disponibilidade, aremoção ou a transferência de seu ocupante, para que outro o desempenhe na forma da nova lei.

    Entretanto, o que não se admite é o afastamento arbitrário ou abusivo do titular, por ato do Executivo, sem lei que o autorize, edesrespeitados o devido processo legal, suprimindo o direito a ampla defesa e contraditório, constituindo em arbitrariedade e conse-quentemente abuso de poder.

    Da proibição de acumulação de cargos e empregos públicos remunerado.Objetivando evitar abusos, e com nalidade de moralizar as atividades estatais, o legislador constituinte cuidou em estabelecer

    vedações a acumulação remunerada de cargos, funções e empregos públicos, tanto na esfera da Administração Direta como na Admi-nistração indireta e a ela correlatas, conforme dispõe o artigo 37, em seus incisos XVI e XVII, excetuando-se as ressalvas expressasna Carta Magna que admite excepcionalmente as acumulações remuneradas, desde sejam compatíveis entre si nos horários e obede-cidos o teto remuneratório.

    Para tanto a Constituição Federal arrolou expressamente os cargos passiveis de acumulação remunerada, quais são:- Dois cargos de professor;- De um cargo de professor com outro cargo técnico ou cientíco, e;

    - De dois cargos ou empregos privativos de prossionais de saúde, com prossões regulamentadas.

    É ainda possível a acumulação remunerada de cargos constante do texto constitucional, sendo permitido acumular nos casos deservidor eleito a vereador (art. 38, III); permissão para juízes de direito cumulativamente exercerem o magistério (art. 95, parágrafoúnico) e ainda permissão para que os membros do Ministério Público possam exercer cumulativamente o magistério (artigo 128, §5º, inciso II, “d”).

    Do regime constitucional especíco dos servidores públicos titulares de cargos.As disposições constitucionais pertinentes exclusivamente para os servidores públicos titulares de cargos públicos, os estatutá-

    rios, estão explicitamente previstos no texto constitucional no artigo 39 ao artigo 41, além de ter sua disciplina regulamentada, naesfera federal, por meio da Lei 8.112/90, denominada Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União.

    Sistematicamente, objetivando melhor compreensão sobre o tema, subdividimos alguns dos principais direitos conferidos pelaconstituição e pela referida Lei Federal, senão vejamos:

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    Irredutibilidade de Vencimentos: Por denição, temos que vencimento é a designação técnica da retribuição pecuniária previstalegalmente como a contrapartida devida ao servidor público pela sua prestação de serviços.

    Assim, a Constituição Federal, em seu artigo 37, inciso XV, estabelece e garante que é vedada a irredutibilidade dos vencimentosdos servidores públicos.

    Estabilidade: Nos termos do artigo 41 da Constituição Federal, temos que transcorrido o lapso temporal de 03 (três) anos deexercício subsequentes à nomeação do servidor público, este goza de estabilidade, sendo certo que para sua aquisição é necessáriae obrigatória a efetiva avaliação especial de desempenho, por uma comissão formada especialmente para tal m.

    Assim, para que o servidor público esteja apto a gozar de sua estabilidade é necessário o preenchimento de quatro requisitoscumulativos:

    - aprovação em concurso público;

    - nomeação para cargo público efetivo;

    - três anos de efetivo exercício no cargo público, e;

    - aprovação em avaliação especial de desempenho julgada por comissão instituída para tal nalidade.

    A estabilidade de servidor público é o direito de não ser desligado de suas ocupações públicas, senão em virtude de sentença judicial transitada em julgado e realização de processo administrativo, observado a garantia constitucional da ampla defesa e docontraditório.

    Cumpre ressaltar que, apesar de divergência doutrinária, em nenhuma hipótese o servidor ocupante de cargo em comissão terádireito a estabilidade, e tampouco, os empregados públicos, seja qual for o órgão ou entidade que esteja vinculado.

    Disponibilidade: Pela disponibilidade, temos que o servidor público estável é colocada em inatividade remunerada, até que omesmo seja aproveitado adequadamente em outro cargo, com proventos proporcionais ao seu tempo de prestação de serviços.

    Isto ocorre quando o servidor público estável tem seu cargo extinto ou declarado desnecessário, assim, com tal extinção docargo que ocupava, a Constituição Federal conferiu o direito de o servidor estável aguardar inativamente e sendo remunerado sua

    recolocação nos quadros funcionais da Administração Pública, podendo ocorrer ainda na hipótese de reintegração de outro servidor(cuja exoneração foi revista judicialmente), seja desalojado do cargo que ocupava sem ter uma cargo de origem para retornar a ele.

    Da Aposentadoria e proventos: É garantido constitucionalmente que o servidor público titular de cargo efetivo ingresse no regi-me de previdência de caráter contributivo, lhe garantindo aposentadoria e proventos em condições especiais.

    O regime de previdência que estão submetidos os servidores públicos de cargo efetivo é um regime próprio, com peculiaridades,diferente do regime geral a que estão sujeitos os demais trabalhadores, não só da iniciativa privada regulamentado pela CLT, mastambém os servidores ocupantes de cargo em comissão, função temporária e emprego público.

    Proventos é a designação técnica relativa aos valores pecuniários devidos aos servidores inativos, podendo estarem aposentadosou disponíveis.

    A aposentadoria pode ocorrer em três hipóteses: - Voluntária;

     - Compulsória por idade, e; - por acidente em serviço, ou doença grave ou então incurável (especicada em lei), ou então decorrente de invalidez origináriade causas diversas das situações anteriores.

    Responsabilidade do Servidor PúblicoO servidor público no exercício de suas atribuições pode ser responsabilizado, pela prática de ato ilícito, nas esferas administra-

    tiva, civil ou penal.A administração pode aplicar a sanção de forma cumulativa, ou seja, o mesmo ato pode ser punido por um sanção civil, penal e

    administrativa.

    Responsabilidade Civil – o servidor público é obrigado a reparar o dano causado à administração pública ou a terceiro, em decor-rência de sua conduta dolosa ou culposa, praticada de forma omissiva ou comissiva, mediante o direito de regresso.

     Essa responsabilidade é subjetiva, ao contrário da responsabilidade da administração que é objetiva.

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    Responsabilidade penal – decorre da conduta ilícita praticada pelo servidor público que a lei penal tipica como infração penal.Os principais crimes contra a administração estão previstos artigos 312 a 326 do Código Penal Brasileiro.

    Responsabilidade administrativa – quando o servidor pratica um ilícito administrativo, bem como o desatendimento de deveres

    funcionais. Essas práticas ilícitas poderão redundar na responsabilidade administrativa do servidor, que após apuração por meio desindicância e processo administrativo, sendo culpado, será punido com uma das seguintes medidas disciplinares:

    a) advertência – faltas de menor gravidade, previstas no artigo 129 da Lei 8112/90; b) suspensão – se houver reincidência da falta punida com advertência;c) demissão – aplicada quando o servidor cometer falta grave, previstas no artigo 132 da Lei 8112/90;d) cassação de aposentadoria ou disponibilidade – aplicada ao servidor aposentado, que, quando em atividade, praticou falta

    grave;e) destituição de cargo em comissão ou função comissionada – também por falta grave.

    Do Regime Jurídico ÚnicoSobre o Regime Jurídico Único, é necessário tecermos algumas considerações sobre o referido instituto.Pois bem, O Regime Jurídico Único, é proveniente do artigo 39 caput  da Constituição Federal de 1988 (cuja redação foi alterada

     por meio da Emenda Constitucional nº 19/98), sendo certo que sua redação original previa que a União, os Estados, o Distrito Federale os Municípios deveriam adotar regime jurídico único de pessoal, ou seja, na Administração Direta, Autárquica e Fundacional, cadaente federativo deveria optar pela contratação de pessoal apenas na modalidade de Servidores Públicos estatutários, ou então apenasempregados públicos, regidos por meio de contrato particular de trabalho regulamentado pela CLT.

    A intenção do legislador constitucional era exatamente de por m a convivência simultânea entre os dois regimes jurídicos decontratação dentro do mesmo órgão ou pessoa jurídica, unicando o tipo de contratação.

    Segue o texto da redação original do caput do artigo 39 da Constituição Federal: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administra-ção pública direta, das autarquias e das fundações públicas”.

    Assim, a partir de tal dispositivo constitucional, foi promulgada a Lei Federal nº 8.112/90, que xou a opção da União pelacontratação de servidores em regime estatutário, no qual os servidores são admitidos sob o regime de Direito Público, gozando deestabilidade, possuindo direitos e deveres estabelecidos por lei, bem com as proibições, as responsabilidades, as sanções administra-tivas, entre outros.

    Porém, em 1998 o Poder Executivo propôs uma Reforma Administrativa, prevendo a possibilidade de retorno da pluralidade deregimes jurídicos nas contratações de agentes públicos. Dessa maneira, a Emenda Constitucional nº 19/98 modicou a redação docaput do artigo 39 da Constituição Federal, suprimindo a exigência de unicidade de regime de contratação de pessoal para o setor

     público.O dispositivo constitucional passou a gurar da seguinte forma: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ins-

    tituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes”.

    Entretanto, a referida Emenda Constitucional nº 19/98 foi questionada e levada ao crivo do Supremo Tribunal Federal, mediantea Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.135-4, e, em 02/08/2007, o STF concedeu medida liminar, suspendendo a ecácia docaput do artigo 39 da Constituição Federal, passando a vigorar a redação anterior que previa o instituto do Regime Jurídico Único.

    Conceito de processo administrativo

    Conceitualmente, temos que processo administrativo, ou então, procedimento administrativo é uma sucessão concatenada deatos administrativos, que transitam todos para um único resultado nal e conclusivo.Assim, para existir o processo administrativo é necessário que haja uma sequência de atos encadeados, ordenados entre si, obje-

    tivando um ato derradeiro, todavia, cumpre esclarecer que, apesar de estarem ligados entre si, cada ato conserva em sua essência suaidentidade funcional própria, dessa forma, cada ato cumpre uma função especica e autônoma, porém são organizadas de tal maneira,que é possível alcançar uma expressão decisiva a respeito de determinada matéria.

    Requisitos do Procedimento AdministrativoA doutrina administrativa identica e admite 03 requisitos essenciais para a formação do procedimento administrativo, quais são:

    - Inicialmente é necessário que cada ato administrativo que compõe a cadeia sequencial do procedimento possua autonomia,individualidade jurídica, objetivando conservar sua identidade própria;

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    - Em uma segunda etapa da formação do procedimento administrativo, estes diversos atos devem estar encadeados, concatenadosde maneira sequencial, com o objetivo de alcançar a conclusão sobre determinada matéria;

    - Ao nal, temos como terceiro requisito, a existência da relação de causalidade, entre os diversos atos administrativos, que, de

    acordo Celso Antônio Bandeira de Mello , “um determinado ato suponha o anterior e o ato nal suponha a todos eles”.

    Objetivo do procedimento administrativoDe maneira acertada, os doutrinadores administrativos identicaram dois objetivos principais do procedimento administrativo:

    - resguardar o direito dos administrados

    - tornar a atuação administrativa mais transparente e organizada

    Assim, temos inicialmente que o primeiro objetivo da realização do procedimento administrativo, é justamente ofertar ao admi-nistrado a possibilidade de suas razões serem levadas em consideração, antes mesmo da tomada de decisão, pela autoridade admi-nistrativa, que irá afetá-lo diretamente.

    De outro lado, temos outro objetivo do procedimento administrativo, que é a transparência das atividades administrativas duranteo processo. Tal objetivo visa alcançar e complementar a garantia da defesa jurisdicional, tendo em vista que durante seu curso proces-sual, a autoridade administrativa deve buscar a tomada da decisão mais bem informada, mais responsável, auxiliando dessa maneiraa adoção da melhor solução para os interesses públicos, que somente será possível com a organização sistemática do procedimentoadotado, conferindo transparência aos atos administrativos processuais, pautados na justiça e obediência a legislação.

    Fases do procedimento administrativoDurante o procedimento administrativo, conforme ensina o Ilustre Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, verica-se a presença

    de diferentes fases processuais. Assim, temos a sistematização das fases divididas e escalonadas da seguinte maneira: - Fase de iniciativa, ou propulsória; - Fase instrutória; - Fase dispositiva; - Fase controladora ou integrativa, e;

     - Fase de comunicação

    Fase iniciativa ou propulsória:Tal fase corresponde ao impulso que inicia o processo, que tanto poderá ser gerado pelo administrado, quando requer uma auto-

    rização, licença ou então uma permissão, ou então poderá ser produto de uma decisão administrativa “ex ofcio”, que é exatamente oque ocorre quando a administração pública inicia a abertura de um concurso público para preenchimento de cargos, ou então o iníciode uma licitação pública;

    Fase Instrutória:Em sequencia passamos pela fase instrutória, na qual a Administração Pública deve escolher os elementos que serão utilizados

    como subsídios para a tomada mais acertada da decisão nal.Importante esclarecer que nesta fase deverá ser ouvido aquele que será diretamente atingido pela decisão nal da autoridade

    administrativa, e ainda a demonstração de todos os elementos probatórios necessários para formar o convencimento da autoridade julgadora do procedimento administrativo.É exatamente neste estágio do procedimento que é ofertado a possibilidade de fazer averiguações, perícias, exames, estudos

    técnicos, pareceres, e todo e qualquer elemento probatório;

    Fase dispositivaPela fase dispositiva temos que é o momento do procedimento administrativo na qual a Administração Pública irá explanar o seu

    decisão, fundamentando todos os tópicos de sua sentença nal, decidindo então a questão.

    Fase controladora ou integrativa:É nesta fase que é disponibilizado as autoridades administrativas diversas que tiveram participação no procedimento administra-

    tivo, para avaliarem de maneira objetiva se houve o satisfatório transcurso das varias fases processuais, e ainda se o que foi decididoesta de acordo com o interesse público e se devem conrmar ou não a decisão nal.

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    Fase de comunicaçãoPor m, temos a fase de comunicação, em que a providencia conclusiva, ou seja, a decisão conrmada pelas autoridades admi-

    nistrativas deve ser transmitida pelos meios de comunicação que a lei exigir para cada caso, objetivando dar publicidade das decisõesadministrativas, com seus fundamentos.

    Princípios do procedimento administrativo. Não existe em nosso ordenamento jurídico lei reguladora especica que cuida de identicar de forma taxativa quais são os

     princípios norteadores do procedimento administrativo, entretanto, em análise a Constituição Federal e as demais legislações admi-nistrativas esparsas, podemos facilmente identicar alguns princípios passiveis de adoção no processo administrativo, os quais serãoobjetos do presente estudo.

    - Princípio da audiência do interessado: Por tal princípio vericamos a incidência de um direito fundamental de todo acusado, previsto constitucionalmente, que é o do contraditório, que não se deve resumir em uma única manifestação durante todo o transcur-so do procedimento, mas deve a parte que será afetada pela decisão ter oportunidade de se manifestar durante todo o procedimentoadministrativo.

    - Princípio da acessibilidade: Deve estar a disposição e acessível á parte interessada o exame de toda a documentação constantesdos autos do procedimento administrativo, não podendo ser obstado vistas dos autos a parte interessada, bem como os documentosque o compõe, com o objetivo de ter conhecimento pleno de todo o teor do procedimento.

    - Princípio da ampla instrução probatória: Por tal princípio, temos o direito do administrado, não apenas de oferecer e produzir provas durante o tramite processual, mas também o poder de scalizar a produção das provas por parte da Administração, objetivandosanar equívocos e se defender de provas duvidosas.

    - Princípio da motivação: Este princípio vincula obrigatoriamente a administração pública em explicitar tanto o fundamentonormativo quanto o fundamento fático da decisão prolatada durante o procedimento administrativo, bem como em sua decisão nal.

    - Princípio da revisibilidade: Tal princípio consiste simplesmente no direito do administrado recorrer de decisão administrativa

    que lhe seja desvaforável, seja em sua totalidade ou em parte.

    - Princípio da representação: Durante o trâmite processual, é lícito ao administrado requerer o acompanhamento de determinadas peças técnicas de auxiliar capacitado para lhe representar e assessorar.

    - Princípio da lealdade e boa-fé: Temos por este princípio que a administração, em todo o trâmite processual esta obrigada a agirde maneira leal, em obediência a boa-fé administrativa, cando proibida adoção de medidas ardilosas, capazes de colocar o adminis-trado em nível de inferioridade no transcorrer do processo.

    - Princípio da verdade material: Consiste no fato da administração pública demonstrar a verdade real dos fatos, independente das provas apresentadas nos auto do procedimento administrativo.

    - Princípio da celeridade processual: Este princípio norteador do processo administrativo orienta a administração pública ematuar no processo com presteza e célere, a m de garantir duração razoável do processo durante sua tramitação.

    - Princípio da gratuidade: Este princípio tem a nalidade de garantir que o procedimento administrativo não seja motivo de ônuseconômicos ao administrado, para que assim, a falta de recursos econômicos e nanceiros não sejam motivos de impedir que o ad -ministrado gure em qualquer dos polos do processo.

    Objetivando complementar os estudos, é de suma importância à leitura atenta do que dispõe a Lei Federal nº 8.112/90, quedispõe sobre provimento, vacância, redistribuição e substituição, direitos e vantagens, regime disciplinar, responsabilidade civil,criminal e administrativa do servidor público de titularidade efetiva.

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990

    Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais.

    O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

    Título I Capítulo Único

     Das Disposições Preliminares

    Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime espe-cial, e das fundações públicas federais.

    Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público.

    Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser come-

    tidas a um servidor.Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimen-to pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.

    Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei.

    Título II  Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição

    Capítulo I  Do Provimento

     Seção I 

     Disposições Gerais

    Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público:I - a nacionalidade brasileira;II - o gozo dos direitos políticos;III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;V - a idade mínima de dezoito anos;VI - aptidão física e mental.§ 1o As atribuições do cargo podem justicar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei.§ 2o Às pessoas portadoras de deciência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo

    cujas atribuições sejam compatíveis com a deciência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por

    cento) das vagas oferecidas no concurso.§ 3o As universidades e instituições de pesquisa cientíca e tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei .

    Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da autoridade competente de cada Poder.

    Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.

    Art. 8o São formas de provimento de cargo público:I - nomeação;II - promoção;III -(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 

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    NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

    V - readaptação;VI - reversão;VII - aproveitamento;VIII - reintegração;

    IX - recondução.

     Seção II  Da Nomeação

    Art. 9o A nomeação far-se-á:I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de provimento efetivo ou de carreira;II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos de conança vagos.Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, in-

    terinamente, em outro cargo de conança, sem prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pelaremuneração de um deles durante o período da interinidade.

    Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classicação e o prazo de sua validade.Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o desenv