você pode ser feliz

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[1] Você Pode Ser Feliz Apoio Clube do E-book http://clubedoebook.spaces.live.com/ http://clubedoebook.blogspot.com/ "As pessoas são quase tão felizes quanto resolvem ser." Abraham Lincoln “Vocês acharão muito útil o novo enfoque do Dr. Carlson: fundamentado, sensível e pleno de orientação consoladora." Dr. Wayne Dyer "Você pode ser feliz interessa àqueles que não querem mais ficar enredados em maneiras ultrapassadas de pensar. O autor nos fala com simplicidade sobre o modo mais adequado para sairmos do desequilíbrio e empreendermos uma vida com mais alegria." Marsha Sinetar Especializado em administração de estresse e em comportamento humano. Richard Carlson mostra QUE a felicidade não depende de circunstâncias externas: não depende da solução de problemas: nem da melhoria de nossos relacionamentos e muito menos da obtenção • de sucesso. Para Carlson. o contentamento, o estado de felicidade, "nada tem a ver com forças fora do nosso controle - e Que. na verdade, contentamento é o nosso estado natural". Podemos ser felizes agora por meio da compreensão de cinco princípios: Pensamento, Estados de Ânimo. Realidades Separadas, Sentimentos e Momento Presente. Princípios nunca antes

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Page 1: Você pode ser feliz

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Você Pode Ser Feliz Apoio Clube do E-book

http://clubedoebook.spaces.live.com/ http://clubedoebook.blogspot.com/

"As pessoas são quase tão felizes quanto resolvem ser."

Abraham Lincoln “Vocês acharão muito útil o novo enfoque do Dr. Carlson: fundamentado, sensível e pleno de orientação consoladora."

Dr. Wayne Dyer "Você pode ser feliz interessa àqueles que não querem mais ficar enredados em maneiras ultrapassadas de pensar. O autor nos fala com simplicidade sobre o modo mais adequado para sairmos do desequilíbrio e empreendermos uma vida com mais alegria."

Marsha Sinetar

Especializado em administração de estresse e em comportamento humano. Richard Carlson mostra QUE a felicidade não depende de circunstâncias externas: não depende da solução de problemas: nem da melhoria de nossos relacionamentos e muito menos da obtenção • de sucesso. Para Carlson. o contentamento, o estado de felicidade, "nada tem a ver com forças fora do nosso controle - e Que. na verdade, contentamento é o nosso estado natural". Podemos ser felizes agora por meio da compreensão de cinco princípios: Pensamento, Estados de Ânimo. Realidades Separadas, Sentimentos e Momento Presente. Princípios nunca antes

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aplicados pelo seu terapeuta - garante o autor -. e QUE possibilitarão a descoberta de um novo jeito de viver, sem reprimir as emoções naturais, nem deixar que sentimentos e pensamentos nos dominem.

Aos meus belos filhos- Que vocês sejam sempre felizes aconteça o que acontecer.

A G R A D E C I M E N T O S GOSTARIA DE AGRADECER às seguintes pessoas: Patti Breitman, por ter sido capaz de captar o que eu estava tentando dizer antes mesmo de terminar de dizê-lo; Kristine Carlson, pelo seu estímulo amoroso; Sheila Krystal, por ser uma sócia e amiga tão maravilhosa; Carol LaRusso, pelo trabalho de edição tão adorável e por dedicar o tempo necessário para aprender esta abordagem; George e Linda Pransky, por serem maravilhosos professores; e Barbara e Don Carlson por aprenderem o belo dom da felicidade - e o compartilharem com outros.

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Clique CRTL + Seleção para ir direto para a Página

Sumário PREFÁCIO ............................................................................................................................................................................. 4

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................. 5

PARTE I – OS PRINCÍPIOS ................................................................................................................................................ 8

UM O PRINCÍPIO DO PENSAMENTO .......................................................................................................................... 8

DOIS O PRINCÍPIO DOS ESTADOS DE ÂNIMO ......................................................................................................... 19

TRÊS O PRINCÍPIO DAS REALIDADES SEPARADAS .................................................................................................... 24

QUATRO O PRINCÍPIO DOS SENTIMENTOS ............................................................................................................. 27

CINCO O PRINCÍPIO DO MOMENTO PRESENTE ........................................................................................................ 31

UMA BREVE REVISÃO DOS PRINCÍPIOS ................................................................................................................. 36

PARTE II APLICANDO OS PRINCÍPIOS ............................................................................................................................ 36

SEIS RELACIONAMENTOS ........................................................................................................................................ 36

SETE ESTRESSE ......................................................................................................................................................... 45

OITO RESOLVENDO PROBLEMAS ............................................................................................................................. 51

NOVE FELICIDADE .................................................................................................................................................... 57

DEZ HÁBITOS E VÍCIOS ............................................................................................................................................. 61

ONZE UMA LISTA PARA CHECAR SUA VIDA .............................................................................................................. 63

O AUTOR ................................................................................................................................................................... 66

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PREFÁCIO Dr. Wayne Dyer MUITAS PESSOAS ACREDITAM ERRONEAMENTE que as circunstâncias fazem a pessoa. Não fazem. Elas, isto sim, a revelam. Nossas circunstâncias não nos definem; elas representam o nosso currículo singular - nossas provas, desafios e oportunidades de crescimento pessoal, aceitação e isenção. O nosso sucesso como seres humanos não depende do que acumulamos, possuímos ou realizamos. Não depende dos detalhes da nossa situação, mas de como lidamos com o que temos e de como fazemos face aos nossos desafios, de como transformamos o nosso currículo singular em cresci-mento e em uma vida cheia de amor. Temos a capacidade de manifestar nosso próprio destino, de criar "Verdadeira Magia" em nossas vidas, de fazer delas uma expressão de divindade, de tirar o ego de nossas consciências, e de tornar o amor a nossa primeira prioridade. Para fazermos essas coisas, entretanto, é essencial criarmos um equilíbrio interior, um senso de harmonia e equanimidade dentro de nós. A felicidade não é o fim da estrada; é o princípio. O contentamento enriquece nossa vida espiritual. Os princípios contidos neste livro funcionam para você como instrumentos de navegação que o ajudam a achar contentamento na vida. Eles são como um conjunto de instruções de uso que

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orientam-no para dentro de si mesmo, onde mora a paz. Eles podem ajudá-lo a manter-se centrado e calmo. Ao ficar mais feliz, você entra numa nova dimensão da vida que planta sementes para o ulterior crescimento espiritual. Sem a constante luta e distração do estresse, da ira, de circunstâncias e desejos, sua vida se desdobrará com maior harmonia. Neste livro extraordinário, Dr. Carlson explica que a vida não é nossa inimiga, mas o pensamento pode sê-lo. Ele recordanos que nossas mentes são ferramentas muito poderosas que podem trabalhar a favor ou contra nós em qualquer momento. Nós temos escolha. Podemos aprender a fluir com a vida, com aceitação amorosa e paciente, ou podemos lutar contra ela. Tenho dito muitas vezes que somos seres espirituais que estão tendo uma experiência humana. Somos capazes de fazer com que esta experiência humana seja a melhor possível. Temos, dentro de nós, os recursos para viver uma vida feliz e satisfeita a despeito dos desafios que enfrentamos. Leiam este livro e reflitam sobre a sua mensagem. Vocês verão que, apesar das experiências externas, isto é verdade: Vocês podem ser felizes! Deus os abençoe.

INTRODUÇÃO F ELICIDADE! É algo que todos queremos mas poucos chegam a conseguir. Ela se caracteriza por sentimentos de gratidão, paz interior, satisfação e afeto por nós mesmos e por outros. O nosso estado mental mais natural é o de contentamento e alegria. As barreiras ou obstruções que nos impedem de experimentar esses sentimentos positivos são processos negativos aprendidos que nós acabamos aceitando inocentemente como "necessários" ou porque "a vida é assim". Quando revelamos estes sentimentos positivos inerentes, e removemos as obstruções que nos afastam deles, o resultado é uma experiência de vida mais bela e cheia de significação.

Esses sentimentos positivos não são emoções fugazes que vêm e vão ao sabor da mudança de circunstâncias, eles permeiam nossas vidas e tornam-se parte de nós. A descoberta desse estado mental nos permite ser mais despreocupados, à vontade, quer nossas circunstâncias justifiquem ou não essa perspectiva positiva. Nesse estado mais aprazível, a vida parece menos complicada e nossos problemas são mitigados. A razão: quando nos sentimos melhor temos mais acesso à nossa própria sabedoria e ao nosso bom senso. Tendemos a reagir menos, estar menos na defensiva e ser menos críticos; tomamos melhores decisões e comunicamo-nos mais eficazmente.

A melhor maneira de você revelar esses sentimentos positivos profundos dentro de si mesmo é começar a entender a fonte da qual eles provêm. Há cinco princípios do funcionamento psicológico que operam como guias, ou navegadores, e hão de ajudá-lo a recuperar o seu estado de serenidade natural. Eu chamo esse estado natural de "funcionamento psicológico sadio" ou, simplesmente, "uma sensação agradável". Você aprenderá a detectar e proteger-se de bloqueios psicológicos que o privaram desses sentimentos positivos - esses pensamentos inseguros que você aprendeu a levar tão a sério.

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Os quatro primeiros princípios deste livro baseiam-se numa série de princípios psicológicos originalmente estabelecidos pelos Drs. Rick Suarez e Roger C. Mills. ∗

∗ Rick Suarez, Roger C. Mills e Darlene Stewart. Sanity, Insanity, and Common Sense: The Groundbreaking New Approach to Happiness (Nova York: Fawcett, Columbine, 1987).

Eles mostram de que forma você pode ter acesso a esse sentimento de felicidade quando quiser. Esses princípios, quando compreendidos, permitem-lhe sentir-se feliz e contente a despeito dos problemas que você enfrentar - permitem mesmo! Eu, na minha função de consultor que ensina esses princípios na sua prática profissional, vejo continuamente pessoas transformarem suas vidas dando-lhes um sentido mais positivo apesar dos difíceis desafios com que se defrontam. Quando você se sentir genuinamente contente com sua vida, terá condições de resolver qualquer problema com mais facilidade e eficiên-cia do que achava possível. Os cinco princípios que apresentarei em breve representam um profundo avanço na compreensão do nosso funcionamento psicológico humano. Eles princípios notavelmente simples, embora poderosos, que explicam como a mente funciona, e podem ser usados por todos os seres humanos onde quer que vivam - eles transpõem todas as barreiras culturais. Os princípios são descritos em detalhe a partir do Capítulo Um, mas vou resumi-los bre-vemente aqui:

Pensamento. Nossa capacidade de pensar cria nossa experiência psicológica de vida, e o pensamento é uma função voluntária.

Estados de ânimo. Nossa compreensão de que o pensamento é uma função voluntária varia de um momento a outro e de um dia para o outro; essas variações são chamadas estados de ânimo.

Realidades separadas. Como todos pensamos de maneira singular e única, cada um de nós vive numa realidade psicológica separada.

Sentimentos. Nossos sentimentos e emoções servem como mecanismo incorporado de bio-alimentação que nos permite saber como estamos nos saindo de um ponto de vista psicológico.

O momento presente. Aprendendo a centrar nossa atenção no momento atual, prestando atenção aos nossos sentimentos, conseguimos viver com o máximo de eficiência e sem a distração do pensamento negativo. O momento atual é onde achamos felicidade e paz interior.

Ao aprender como sua mente opera e funciona, você ganha acesso à felicidade - um sentimento magnífico - que lhe permite desfrutar livremente da sua vida e dos seus rela cionamentos. A maioria das abordagens da felicidade recomenda fazer ou mudar alguma coisa na vida. Mas a experiência nos mostra que, quando muito, isso é uma cura temporária. A mentalidade que nos diz que para sermos felizes devemos fazer algo de modo diferente não desaparece quando a mudança já ocorreu. Ela começa então tudo de novo, procurando falhas e condições que devem ser preenchidas e corrigidas antes de que possamos sentir-nos felizes. Quando você compreende os cinco princípios do funcionamento psicológico sadio, pode reverter essa dinâmica e sentir-se feliz agora mesmo, mesmo se você e sua vida não forem perfeitos! Uma vez que você sinta-se contente, e não mais distraído pelo seu falso negativismo, o melhor acesso à sua verdadeira sabedoria e ao seu bom senso há de permitir-lhe ver soluções e alternativas que têm estado sepultadas sob pesadas preocupações e buliçoso diálogo interior.

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O contentamento é o alicerce que conduz a uma vida satisfatória. Ele traz consigo bons relacionamentos, satisfação no trabalho, habilidades paternais ou maternais (no caso daqueles que são pais) e a sabedoria e o bom senso necessários para levar a vida airosamente. Sem contentamento, a vida pode parecer um campo de batalha no qual estamos ocupados demais debatendo-nos com problemas para podermos desfrutar da beleza da própria vida. Consumidos por preocupações, na esperança de algum dia as coisas melhorarem, protelamos a satisfação enquanto a vida escapole. Sentindo-nos felizes, podemos desfrutar da vida plenamente - agora mesmo. Obviamente, você tem problemas muito "reais" e importantes, mas desde que aprenda a estar satisfeito, eles não o impedirão de curtir a vida. Um sentimento de contentamento traz consigo desfrute infantil - um jeito despreocupado de estar no mundo que abre um canal de apreciação das coisas simples, para sentir-se grato pelo esplêndido dom da vida em si.

Essa nova compreensão pode aplicar-se a todos os desafios da vida. Você não aprenderá técnica alguma sofisticada nem "mecanismos de enfrentamento" para lidar com cada problema específico; você aprenderá simplesmente a viver num estado mental de maior contentamento: um estado de amor. O que este conhecimento tem de mais belo - uma vez que você compreende o funcionamento psicológico sadio - é que ele perdura. Não que você nunca mais vá perder contato com o sentimento de amor - vai sim -, mas quando isso acontecer, entenderá como perdeu o rumo, e saberá exatamente como reorientar-se em uma direção melhor.

A CHAVE DA FELICIDADE: SUA MENTE

Sua mente atende às suas necessidades basicamente de duas formas. Ela é um cofre que armazena informação e experiência anterior, e é também um transmissor de sabedoria e bom senso. A parte do cérebro que faz as vezes de cofre de armazenamento, ou "computador", é usada para analisar, comparar, relacionar fatos, e fazer cômputos. O valor deste componente é claro: sem ele, nós não poderíamos sobreviver. A outra parte do cérebro, o "transmissor" a que todos nós temos acesso, é aquela que lida com assuntos do coração - onde a informação do computador é insuficiente. É a nossa mente transmissora, e não a mente computadora, a fonte do nosso contentamento, de alegria e sabedoria.

Parte do processo para viabilizar o acesso a esta outra parte de nós mesmos consiste em reconhecermos quão necessária e prática ela é. Seria muito inadequado usar um computador para se resolver um problema do casamento ou da carreira, ou para decidir como falar com seu filho adolescente sobre drogas ou, com a criança que começa andar, sobre disciplina. A maioria das pessoas não usaria um computador para esses problemas pessoais e que tocam profundamente o coração; eles requerem suavidade e sabedoria. A menos que compreendamos e valorizemos a parte "transmissora" de nós mesmos (funcionamento psicológico sadio), não teremos alternativa senão a de apelar para o "computador" para lidar com nossos assuntos pessoais. As novas respostas não derivam do que você já sabe na parte do seu cérebro semelhante a um computador, Elas derivam de uma mudança do coração, de você ver a vida diferentemente, da parte desconhecida e mais silenciosa de si mesmo.

Ilustremos este tema com a história conhecida do sujeito que perdeu suas chaves. Ele pensa e pensa (pensamento de computador) onde elas poderiam estar, mas não adianta. Simplesmente, ele não consegue lembrar. Então, bem no momento em que ele desistiu de pensar para olhar pela janela, a resposta surge de repente na sua cabeça e ele lembra exatamente onde deixou as chaves. A resposta veio quando ele espaireceu sua cabeça, e não do excessivo pensamento que não permitiria que ela viesse à tona. Todos já tivemos experiências similares mas poucos temos aprendido a valiosa lição de "não saber" a fim de saber. Em vez disso, continuamos a pensar que a resposta vem quando passarmos a usar o nosso "computador".

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Você pode aprender a ter acesso e confiar neste funcionamento psicológico sadio - a parte silenciosa da mente que é fonte de sentimentos positivos inerentes, a parte sábia de você, que sabe as respostas. E quando ela não sabe, ela sabe que não sabe. Você pode aprender a diferença entre pensamento de computador e pensamento criativo - quando cabe confiar no seu computador, e quando é conveniente recuar e serenar-se. O objetivo deste livro é ajudá-lo a experimentar esse estado mental mais agradável (contentamento) com mais freqüência na sua vida. Quando as pessoas aprendem a viver nesse sereno estado mental, descobrem que felicidade e contentamento independem, na realidade, das circunstâncias. Não que as coisas não devam dar "certo" - sem dúvida é melhor assim -, mas nem sempre elas têm de dar certo antes para que possamos ser felizes. Nem sempre temos poder sobre outras pessoas e/ou acontecimentos, mas temos sim enorme poder para sentirmo-nos felizes e satisfeitos com nossas vidas. Um ótimo subproduto do sentir-se feliz "sem razão alguma" é que os detalhes problemáticos começam a resolver-se por si mesmos. Nós realmente pensamos melhor, de maneira mais clara e mais inteligente quando nossas mentes não estão repletas de confusas preocupações. Nossas mentes podem trabalhar para nós ou contra nós não importa em que momento. Podemos aprender a aceitar as leis psicológicas naturais que nos regem, e a conviver com elas, compreendendo como fluir com a vida em vez de lutar contra ela. Podemos regressar ao nosso estado natural de contentamento. Os cinco princípios ensinarão você a viver num estado de sentimento positivo a maior parte do tempo. Use-os como um instrumento de navegação para guiar-se pela vida e nortear-se em direção à felicidade.

- Richard Carlson Walnut Creek, Califórnia

PARTE I – OS PRINCÍPIOS

UM O PRINCÍPIO DO PENSAMENTO

Tudo o que realizas e tudo o que não consegues realizar é o resultado direto dos teus próprios pensamentos. - James Allen

SERES HUMANOS SÃO CRIATURAS PENSANTES. A todo momento, todos os dias, nossas mentes trabalham para compreender o que vemos e experimentamos. Embora isso possa parecer óbvio, é um dos princípios menos compreendidos em nossa constituição psicológica. No entanto, a compreensão da natureza do pensamento é a base de uma vida plenamente funcional e feliz. Pensar é uma capacidade - uma função da consciência humana. Ninguém sabe exatamente qual a origem do pensamento, mas pode-se dizer que ele provém do mesmo lugar de onde também provém o que faz nossos corações baterem, seja o que for - provém do fato de estarmos vivos. Como se verifica com relação a outras funções humanas, o pensamento ocorre queiramos ou não. Nesse sentido, o "pensamento" é um elemento impessoal da nossa existência. O RELACIONAMENTO ENTRE PENSAMENTO E SENTIMENTO

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Todo sentimento negativo (e positivo) é um resultado direto do pensamento. É impossível sentir ciúme sem antes ter pensamentos de ciúme, sentir-se irado sem ter pensamentos irados, E é impossível estar deprimido sem ter pensamentos depressivos. Isso parece óbvio, mas se fosse mais bem compreendido todos seríamos mais felizes e viveríamos num mundo mais feliz!

Praticamente todos os pacientes com os quais trabalhei ao longo dos anos começaram suas sessões

deste jeito:

Paciente: "Hoje sinto-me muito deprimido."

Richard: "Você reconheceu que tem tido pensamentos depressivos?"

Paciente: "Eu não tive pensamentos negativos ou depressivos; apenas sinto-me deprimido."

Eu levei algum tempo até identificar o problema em nossa comunicação. Todos temos sido ensinados que "pensar" significa sentar-se para "ponderar", dedicar tempo e esforço, como se estivéssemos resolvendo um problema de matemática. Segundo esta idéia de pensamento, uma pessoa que não cogitaria passar seis horas obcecada quanto a um só pensamento irado poderia, entretanto, achar bastante "normal" pensar em quinze ou vinte pensamentos irados durante trinta segundos por vez. "Pensar em algo" pode acontecer no curso de vários dias ou num segundo fugaz. Tendemos a menosprezar o segundo caso como se não tivesse importância, supondo que não nos recusemos a reconhecê-lo, sem mais nem menos. Mas a coisa não é bem assim. Os sentimentos seguem e respondem a um pensamento, o que independe do tempo que o pensamento durar. Por exemplo, se você pensa, mesmo que de passagem, "Meu irmão recebeu mais atenção que eu - eu nunca gostei mesmo dele", o fato de você agora sentir-se ressentido com seu irmão não é mera coincidência. Se você tem o pensamento "Meu chefe não me aprecia - eu nunca tenho o reconhecimento que mereço", o fato de você agora sentir-se desgostoso quanto ao seu emprego surgiu assim que esse pensamento lhe veio à mente. Tudo se passa num instante. O tempo que você leva até sentir os efeitos do seu pensamento é o mesmo que transcorre até você ver a luz depois de virar o interruptor. Os efeitos prejudiciais do pensamento surgem quando esquecemos que "pensamento" é uma função da nossa consciência - uma capacidade que nós temos, como seres humanos que somos. Produzimos nosso próprio pensamento. O pensamento não é algo que nos acontece, mas algo que nós fazemos. Ele vem de dentro de nós, não de fora. O que pensamos determina o que vemos - mesmo que com freqüência pareça ser bem ao contrário. Consideremos o caso de um atleta profissional que "deixa um furo com seu time" ao cometer um erro essencial no último jogo do campeonato antes de aposentar-se. Durante anos, depois de parar de jogar, ele repisa seu erro por um momento de vez em quando. Quando perguntam-lhe "Por que você está deprimido boa parte do tempo?", ele responde dizendo: "Eu fui bobo mesmo ao cometer um erro como aquele. Como você quer que eu me sinta?" Esta pessoa não se vê como quem pensa seus próprios pensamentos, nem vê no seu pensamento a causa do seu sofrimento. Se você sugerisse que o pensamento era o que estava a lhe causar a depressão, ele diria, com total sinceridade: "Não é, não. A razão de estar deprimido é que eu cometi o erro, não que estou pensando nele. Aliás, eu já raramente penso nele. Simplesmente estou perturbado diante dos fatos." Poderíamos substituir o erro do nosso ex-atleta por qualquer exemplo: um relacionamento passado, um outro atual que está "indo por água abaixo", um deslize financeiro, palavras ríspidas que dissemos para magoar alguém, críticas dirigidas a nós mesmos, o fato de nossos pais não serem perfeitos, de termos escolhido a carreira ou o companheiro errado, ou seja o que for - tanto faz. É o nosso pensar, não as nossas circunstâncias, o que determina como nos sentimos. Esquecemos. de

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um momento para outro, que somos responsáveis por nosso pensamento, que somos nós que estamos pensando, de modo que muitas vezes parece como se as nossas circunstâncias estivessem ditando nossos sentimentos e nossa experiência de vida. Conseqüentemente, parece fazer sentido pormos a culpa de nossa infelicidade nas circunstâncias que enfrentamos, o que faz com que nos sintamos impotentes quanto a nossas vidas. SOMOS OS PENSADORES DOS NOSSOS PENSAMENTOS Diferentemente de outras funções e capacidades que possuímos na condição de seres humanos, é difícil lembrar que somos os pensadores dos nossos próprios pensamentos. É fácil lembrar que nossas vozes são o produto da nossa capacidade de falar. Seria praticamente impossível nos surpreendermos ante a nossa função da fala porque estamos muito cientes de sermos nós os que criamos o barulho. Poderíamos gritar, berrar, declamar e esbravejar, mas ainda assim não teríamos medo do som de nossa própria voz. O mesmo poderia ser dito sobre a capacidade de ingerir e digerir alimento. Você não comeria algo para depois ficar perguntando-se por que está com certo gosto na boca - você sempre está ciente de ser quem pôs a comida na sua boca. Mas pensar é diferente. William James, o pai da psicologia norte-americana, disse uma vez: "O pensamento é o grande originador da nossa experiência." Toda a experiência e percepção na vida têm por base o pensamento. Desde que o pensamento precede a tudo e ocorre tão automaticamente, ele é mais básico e "familiar" que qualquer outra das funções que possuímos. Temos aprendido ingenuamente a interpretar nossos pensamentos como se fossem "realidade", mas o pensamento nada mais é que uma capacidade que temos - somos nós os que produzimos esses pensamentos. É fácil acreditar que, uma vez que pensamos em alguma coisa, o objeto do nosso pensamento (o conteúdo) representa a realidade. Quando nos damos conta de que o pensar é uma capacidade e não exatamente uma realidade, podemos rejeitar quaisquer pensamentos negativos que passarem por nossas mentes. Em fazendo isso, começa a emergir um sentimento positivo de felicidade. Se alimentarmos pensamentos negativos (prestando-lhes atenção demais ou repisando-os), perderemos o sentimento positivo e sentiremos os efeitos da negatividade. Eis um exemplo típico da forma como o pensamento pode ser mal interpretado e como essa falta de compreensão afeta cada um de nós - o "pensador". Suponhamos que, acidentalmente, você derrama um copo d'água no chão de um restaurante e, ao levantar as vistas, vê que um homem, a duas mesas da sua, dirige-lhe um olhar que você acha reprovador. Você responde com ira. "Qual é a desse cara", você pensa. "Será que ele nunca derrubou nada? Que idiota!" Você fica frustrado com os pensamentos em torno da circunstância, que acabam estragando-lhe a tarde. A cada cinco minutos você recorda o incidente e, ao pensar nele, fica furioso. Mas a verdade é que aquele homem nem viu você derramar a água. Ele estava no mundo dele, reagindo aos próprios pensamentos sobre um erro que cometera no trabalho naquele dia. Ele mal poderia ter ligado menos para você. Na realidade, ele nem percebeu que você existia. Infelizmente, todos temos experimentado esse tipo de situação muitas vezes. Esquecemo-nos de que apenas estamos pensando. Enchemos nossas cabeças com informação falsa, que depois interpretamos como "realidade" em vez de "pensamento". Bastaria que pudéssemos lembrar que nós somos o pensador. Se pudéssemos realmente entender isso quando pensamos em algo, sentiríamos os efeitos dos nossos pensamentos. No episódio do restaurante, poderíamos ter sido capazes de perceber que eram nossos próprios pensamentos, e não os de outra pessoa, o que nos perturbava. A compreensão do princípio do pensamento e de como ele se aplica ao conjunto da experiência humana é um dom valioso. Não precisamos estar em constante conflito com nosso meio e com aqueles que nos rodeiam. Podemos manter um sentimento positivo de felicidade, porque não mais nos sentimos compelidos a seguir seriamente todo o encadeamento de pensamentos que nos vier à

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cabeça. Você pode não ter controle algum sobre o que outra pessoa faz, mas pode ficar imune aos efeitos adversos do seu pensamento a respeito dela, desde que você entenda que pensa "pensamentos", e não "realidade". Seus pensamentos, não as suas circunstâncias, determinam como você se sente. A ausência de pensamentos negativos produz um sentimento positivo. Se você não compreender este princípio, talvez pareça que o pensamento é determinado pelo que o mundo exterior está a fazer. Mas na verdade é bem o contrário. Nosso pensamento é que molda a nossa experiência de vida. A forma como pensamos sobre alguma coisa e, o que é mais importante, a forma de nos relacionarmos com o nosso pensamento determinarão seu efeito sobre nós. A circunstância externa em si é neutra. Só o pensamento confere significado a uma circunstância. É por isso que a mesma circunstância pode significar e significará coisas inteiramente diferentes para pessoas diferentes. No nosso exemplo do restaurante, se você rejeitasse seus pensamentos negativos, não teria se importado com o incidente. Num relacionamento salutar com seu pensar, você teria seus pensamentos, mas não "entraria na deles" nem permitiria que eles o perturbassem. NOSSO RELACIONAMENTO COM O PENSAMENTO Pode-se estabelecer um continuum na compreensão de uma pessoa quanto ao relacionamento entre pensamento e realidade: "Meus pensamentos .................. "Meus pensamentos são representam a realidade." apenas pensamentos." Num dos lados o pensamento é como a "realidade". Do ponto de vista clínico, este seria o caso de um psicótico, uma pessoa que jamais usaria a palavra pensamento. Um psicótico experimenta realmente todo o pensamento como se realidade fosse. Para ele não há diferença alguma entre pensamento e realidade. Se ele pensa ouvir vozes a lhe dizerem que pule pela janela, tenta fazê-lo; se pensa que vê um monstro, foge dele. Seja qual for o conteúdo dos pensamentos dele, acredita que eles são a realidade, cem por cento do tempo. No extremo oposto do espectro está a pessoa que compreende o processo de pensamento - uma pessoa que combina saúde mental e felicidade -, uma pessoa que não leva seus próprios pensamentos, nem os de mais ninguém, demasiadamente a sério - uma pessoa que raramente permite que seu pensamento a deixe abatida e estrague seu dia. Qualquer pensamento pode cruzar pela cabeça de uma pessoa situada neste lado da escala, mas ela ainda terá ciência de que "é apenas um pensamento". A maioria de nós situa-se em algum lugar entre esses dois extremos. Muito poucos de nós levamos nossos pensamentos tão a sério ao ponto de sermos considerados psicóticos. Surpreendentemente, porém, um número ainda menor compreende de verdade a natureza do pensamento, o bastante para situar-se no extremo direito da escala. A maioria de nós não compreende que somos os pensadores dos nossos próprios pensamentos - fazemo-los para nós mesmos. Talvez, às vezes, nos demos conta disso, mas de maneira seletiva. Nossas mentes criam numerosas exceções a este princípio, o que nos impede de compreender que precisamos implementá-lo em nossas vidas. Por exemplo, você pode sentir-se abatido um dia e ter o pensamento: "Nunca vou conseguir terminar este projeto." Em vez de dizer para si mesmo: "Epa, lá vêm de novo meus pensamentos", e pôr fim ao negativismo sem delongas, talvez você continue na mesma cadeia de pensamento. Você dirá: "Eu bem que sabia quando comecei; não devia ter tentado este projeto; nunca fui bom neste tipo de serviço, e nunca serei" - e assim por diante. A compreensão adequada do pensamento nos permite sustar estes "ataques de pensamento" cotidianos antes que eles nos atinjam. Considere esse tipo de pensamento como se fosse estática no aparelho de televisão - como interferência. Não adianta estudar e analisar a estática na tela da TV, e da mesma forma pouco adianta estudarmos a estática nos nossos pensamentos. Sem uma compreensão adequada do pensamento, a mais insignificante quantidade de estática em nossas mentes pode crescer em espiral até estragar um dia inteiro ou até uma existência.

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Quando você identifica seus pensamentos negativos como estática, como interferência, pode rejeitá-los -eles não mais atendem às suas necessidades. No exemplo, os pensamentos negativos a respeito da sua capacidade de terminar um projeto certamente não o ajudarão a concluí-lo. Todos produzimos uma corrente contínua de pensamentos, vinte e quatro horas por dia. Assim que um pensamento é esquecido, ele vai embora. Quando pensa-se nele de novo, ele volta. Mas, de qualquer maneira, ele não passa de um pensamento. No sentido prático, isso sugere que pensar em algo não significa que devamos levar os pensamentos a sério e reagir de modo negativo. Selecione e escolha aqueles pensamentos aos quais você deseja reagir. A maioria de nós é capaz de compreender este princípio no que diz respeito a outras pessoas, mas não a nós próprios. Vejamos o caso de um motorista que trafega pela auto-estrada e fica aborrecido. Ele é cortado por outro carro, que por pouco não causa um acidente. Um pensamento lhe passa pela cabeça: "Eu deveria dar um tiro no motorista desse carro." O que houve é um pensamento, que cruzou pela mente dele. A maioria de nós desprezaria esse pensamento, considerando-o pura tolice. Todos preferiríamos que os motoristas fossem mais prudentes, mas não levamos muito a sério nosso pensamento violento. Já um psicótico pode não ser capaz de desprezar o pensamento tão facilmente. Ele acredita veementemente que qualquer pensamento que lhe vem à mente é realidade e deve ser levado a sério. Embora possamos sentir empatia (se não rir) diante da estultice de se levar a sério um tal pensamento, todos fazemos a mesma coisa, sob formas e limites diferentes, centenas de vezes a cada dia. Cada um de nós, à sua maneira, confunde o seu pensamento com a realidade. Nós conseguimos ver os pensamentos de outras pessoas (como os do motorista na auto-estrada) como "apenas pensamentos", mas quase sempre deixamos de ver os nossos da mesma forma. E por que nossos pensamentos parecem tão reais? Porque somos nós que os criamos. NEM SEMPRE TEMOS DE LEVAR A SÉRIO OS NOSSOS PENSAMENTOS Rara uma pessoa, o pensamento "Pergunto-me se ela gosta de mim, aposto que não gosta" seria motivo de aflição. No entanto, esta mesma pessoa pode interpretar que o motorista na rodovia "apenas teve um pensamento". A maioria de nós acredita que, se temos um pensamento, ele merece séria atenção e interesse, mas se mais alguém pensa alguma coisa, somos capazes de ver isso simplesmente como um pensamento que não merece atenção. Por quê? De novo, porque o pensamento é algo que dá forma à realidade de dentro para fora. Por ser tão próximo a nós, é fácil esquecermos que somos nós que o fazemos. O pensamento ajuda-nos a entender o que vemos - precisamos dele para sobreviver no mundo e dar significado à vida. Quando entendemos a verdadeira natureza e finalidade do pensamento, porém, não é preciso que nos preocupe muito (ou que levemos demasiadamente a sério) tudo o que por acaso pensamos; podemos relaxar. O nosso pensar não é "realidade", mas apenas uma tentativa de interpretarmos uma dada situação. A nossa interpretação do que vemos cria uma resposta emocional. As nossas respostas emocionais não são, portanto, o produto do que nos acontece, mas decorrência do nosso pensar, do nosso sistema de crenças. À guisa de ilustração, usemos o exemplo do circo que chega a uma cidade. Para as pessoas e famílias que adoram circo, esse é um grande motivo de comemoração. Para aqueles que não gostam de circo, o incremento de tráfego e a confusão provocam preocupação. O circo em si é neutro - ele não é a causa de reações positivas ou negativas. Podemos pensar em muitos exemplos similares. Quando compreendemos o conceito, nossos pensamentos podem ser para nós uma dádiva formidável e ajudar-nos em nossas vidas. Inversamente, podemos virar vítimas do nosso pensar, e a

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nossa qualidade de vida pode diminuir. Visto que nossos pensamentos mudam de um momento para outro, a vida pode virar uma luta, se não um campo de batalha. Nosso nível de felicidade parece estar sujeito aos altos e baixos das nossas circunstâncias. Na realidade, não são as circunstâncias, mas a nossa interpretação delas, o que determina o nosso nível de bem-estar. É por isso que circunstâncias idênticas podem ter significação diferente para diferentes pessoas. Aprenda a ver os pensamentos negativos como uma forma de estática mental, e você poderá parar de prestar-lhes tanta atenção. A compreensão da natureza do pensamento permite-nos viver num estado de repouso, um estado de sentimento neutro, positivo, de felicidade e contentamento despreocupado. Quando temos a atenção desviada daquilo em que estamos pensando, particularmente quando é algo negativo, ficamos com um sentimento bom e confortável. Isso não visa de modo algum sugerir que não precisamos pensar - certamente precisamos. Apenas sugere que pensamentos negativos - pensamentos que causam aflição e infelicidade - não merecem ser alimentados porque afastam o que estamos a procurar, um sentimento de felicidade. Esse contentamento cria espaço necessário em nossas mentes para pensamentos novos e criativos entrarem, permitindo-nos ter esse atributo infantil que consiste em focalizar serenamente aquilo que devolve à vida o prodígio e a aventura. Esse foco sereno permite-nos escutar as pessoas amorosamente. Ele nos possibilita dar ouvidos até a crítica, de modo tal que ela não nos incomoda porque não estamos mais analisando - estamos meramente absorvendo informação. Em última análise, o relacionamento que você tiver com seu próprio pensamento determinará a sua saúde mental e a na felicidade. Você acredita que, pelo fato de pensar alguma coita, ela deve ser levada a sério? Ou você entende que pensar é algo que você faz em virtude da sua condição humana, c que precisa não confundir pensamento com realidade? Você pode ter pensamentos e deixá-los passar, focalizando-os serenamente, ou sente-se compelido a considerá-los ou analisá-los?

LAURA E STEVE Laura dirige a caminho de um encontro com seu namorado, Steve. No percurso ela ouve notícias pelo rádio sobre o número de casamentos que acabam em divórcio. Ela começa a pensar: "Pergunto-me se Steve e eu vamos casar. Pergunto-me se vale a pena. Nosso casamento seria bom? Steve tem muitas das características de seu pai, divorciado. Ele se atrasa com freqüência e tende a trabalhar demais. Pergunto-me se de se importa tanto comigo quanto com seu trabalho. Pergunto-me se nossos filhos seriam tão importantes quanto o trabalho." E ela continua perdida em divagações. O pensamento de Laura ocorreu automaticamente. Essas cogitações tiveram lugar num instante. Comparemos o efeito delas com base no relacionamento de Laura com seu próprio pensar. Primeiro, suponhamos que Laura (como a maioria das pessoas) acredita que se algo passa-lhe pela mente deve merecer atenção e ser levado a sério. Ela não tem verdadeira consciência de que está a criar seus pensamentos, mas presume que o conteúdo destes deve ser relevante. Agora, ela sente-se justificadamente preocupada com seu relacionamento e decide trazer o tema à baila em conversa com Steve. O resto do percurso transcorre sob o signo da preocupação. Agora, consideremos uma alternativa. Nela, Laura compreende como seus pensamentos criam a sua experiência de vida. Pensamentos idênticos passam pela mente de Laura, e por um momento ela

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começa a sentir seus efeitos adversos. Então ela lembra que foram seus pensamentos, e não Steve, que causaram-lhe preocupação quanto ao relacionamento dos dois, que até aquele momento estava ótimo. Poucos segundos atrás, antes do noticiário, ela estivera refletindo sobre como tudo parecia estar correndo bem - ela estava naquele agradável estado de sentimentos em que limitava-se a pensar seus pensamentos, sem analisá-los. Ela dá um risinho e sente-se grata por não mais ter de ser vítima dos seus próprios pensamentos. Ela passa a focalizar com serenidade e rejeita seus pensamentos. Depois passa o resto do percurso a curtir sua música preferida e sua felicidade. TENDO A OPÇÃO DE AGIR SOB A INFLUÊNCIA DOS NOSSOS PENSAMENTOS A maioria de nós supõe que se algo lhe vem à mente, é por alguma razão; deve ser representativo da realidade, merecedor da nossa atenção, e tem de ser enfrentado. Se compreendemos o princípio do pensamento, no entanto, sabemos que isso é um erro mental. Se algo lhe vem à mente, reconheça-o como o que é - um pensamento fugaz. Isso não significa que não possamos ou não devamos ponderar o pensamento ou agir sob a sua influência, pois ele de fato fornece uma opção. Milhares de pensamentos passam por nossas mentes todos os dias; de acordo com o princípio do pensamento, nenhum é mais importante do que o seguinte, cada um é apenas um pensamento. Quando compreendermos este princípio, aquilo em que pensamos deixará de ter o poder de determinar completamente a nossa qualidade de vida. Nós podemos, isto sim, optar por permanecer no estado de sentimento mais agradável que resulta de focalizar o pensamento mais serenamente. A razão pela qual podemos assistir a um filme perturbador ou até aterrorizante e depois sair para jantar é que sempre aos mantemos a um passo de distância da fita. Compreendemos que é apenas um filme. Quando ele acaba, acabou. Já mão está conosco, nós continuamos com nossas vidas. O mesmo vale para o pensamento. Ele está somente em nossas mentes. Quando um pensamento sai da mente, vai embora -até pensarmos nele de novo. Não há nada a temer do pensamento em si, desde que compreendamos que é apenas um pensamento. Talvez o maior mal-entendido quanto a este princípio é acreditar que o objetivo é controlar aquilo em que se pensa. Não é nada disso. O objetivo é compreender o pensamento como o que ele é: uma capacidade que você possui de moldar a sua realidade de dentro para fora. Nada mais, nada menos do que isso. Aquilo em que você pensa não vai determinar em última análise a sua qualidade de vida, antes sim o relacionamento que você mantém com o seu próprio pensar - como você fabrica pensamentos e responde a eles. Você ouve o seu pensar como realidade, ou como um pensamento?

UMA ANALOGIA COM O SONHO É comum acordar de manhã e dizer: "Opa, esse sonho pareceu real mesmo." Mas por mais real que o sonho parecesse, nós admitimos que é um sonho. Portanto, se sonhamos que levamos o carro para o mecânico consertar, e ele fez o problema piorar, não vamos aparecer na oficina para reclamar. Compreendemos que sonhar nada mais é que pensar enquanto estamos dormindo. Quando aplicamos a mesma analogia ao princípio do pensamento, do pensamento em estado de vigília, que também parece real enquanto acontece, não precisamos mais interpretá-lo como verdade. OS DOIS ASPECTOS DO PENSAMENTO Há dois aspectos do pensamento cuja compreensão é muito importante. Primeiro, o fato de pensarmos, de termos essa função humana. Não se trata de compreender aquilo em que pensamos (o conteúdo), mas de reconhecer que nós somos os pensadores que produzem os pensamentos que constantemente passam por nossas mentes. O segundo aspecto, aquele que é geralmente tratado, é o conteúdo, ou aquilo em que estamos pensando. Há uma diferença fundamental entre ambos. Os defensores do pensamento positivo sugerem pensar pensamentos positivos o quanto a gente puder e evitar absolutamente o pensamento negativo. Muito embora seja verdade que pensar pensamentos positivos faz com que nos sintamos melhor do que pensar pensamentos negativos, o pensamento

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positivo é um conceito errôneo, baseado na suposição de que o pensamento, em si e por si, tem uma realidade com a qual precisamos nos preocupar. O pensamento, quer seja positivo ou negativo, não deixa de ser apenas uma função. Quando entendemos o pensamento como o que ele verdadeiramente é, vemos pensamentos positivos ou negativos como o que são. Um pensador positivo está constantemente sob pressão para produzir somente pensamentos positivos, o que demanda enorme esforço e concentração, deixando pouca energia para pensamentos novos e criativos. Quando pensamentos negativos de fato penetram na mente (coisa que há de acontecer cedo ou tarde), um pensador positivo tem de negar que eles existem e suprimi-los com pensamentos positivos. As pessoas que compreendem a natureza do pensamento não estão submetidas à pressão de produzir conteúdo algum específico ao pensarem. Elas vêem o pensamento como o que de é: uma função da consciência, uma capacidade voluntária molda a nossa experiência de vida. Por acaso isso significa pessoas que compreendem que o pensamento é uma função hão de pensar pensamentos negativos intencionalmente? Não, claro que não. Nem quer dizer que os pensamentos negativos não entrarão jamais nas mentes delas. Elas simplesmente compreendem que os pensamentos negativos, em si e por si mesmos, não têm de modo algum o poder de prejudicá-las. Para elas, pensamentos, positivos ou negativos, são simplesmente pensamentos. A HISTÓRIA DE STACEY O pensamento enquanto pura função da consciência não tem conteúdo algum até nós o introduzirmos. Nossas crenças, idéias a respeito da vida, suposições subjacentes e opiniões determinarão o conteúdo que introduzimos no nosso pensamento, mas o pensamento em si é inócuo, um conceito vazio até que nós o preenchemos com significado. Suponhamos por exemplo, quando Stacey era uma criancinha, seus pais contrataram uma babá que passava a noite no emprego para ajudar a tomar conta dela. Quando Stacey se tornou adulta, acreditava que o elemento mais importante para ser boa mãe era passar a maior quantidade de tempo possível com seus filhos. Um dia, ao refletir sobre seus pais, veio-lhe à mente o pensamento de que seus pais não eram tão atenciosos quanto poderiam ter sido. Afinal, eles tinham contratado para ela uma babá que passava a noite no emprego. Por que eles não quiseram tomar conta dela? Talvez não se importassem com ela tanto quanto diziam. Mas como é que ela sabe disso? Em que baseia essa conclusão? Quem é que acabou de introduzir o conteúdo nos seus pensamentos sobre o papel dos pais? Foi ela. Veio-lhe à mente um pensamento sobre seus pais - em princípio, um pensamento simples, até ela acrescentar o conteúdo que dizia: "Talvez meus pais não se importassem tanto assim como eu sempre achei." Não importa que Stacey tivesse um relacionamento perfeitamente sadio e amoroso com seus pais - um pensamento surgiu na mente dela. Se ela levar este pensamento a sério e concordar com ele, certamente ficará deprimida. Ela poderia comentar o assunto com seus amigos, seu marido ou, se parecesse realmente importante, poderia até trazê-lo à baila em conversa com seus pais e discutir com eles. De fato, a psicologia popular sugeriria que ela fizesse justamente isso -analisar a estática, depois agir em função dela. A idéia de se tirar um peso do peito e exprimir os sentimentos é tida como boa - mas será que sempre o é? Se Stacey compreendesse qual era realmente a origem de seus sentimentos, optaria por trazê-los à baila perante seus pais? Esse pesar todo, e muitos mais como ele, decorre de uma simples má interpretação da natureza do pensamento. Em lugar de entender seu pensar como algo que ela estava a fazer constantemente, Stacey tendia a levar muito a sério seus pensamentos. Tivesse Stacey reconhecido o que se passava, poderia ter rejeitado seus pensamentos negativos sobre a sua criação - o que lhe permitiria manter um sentimento positivo, e sentir-se segura quanto à sua vida.

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A história de Stacey e da babá que passava a noite no emprego voltará a ser motivo de atenção nos três capítulos seguintes para demonstrar como os cinco princípios trabalham juntos para criarem uma vida feliz. SISTEMAS DE PENSAMENTO Todos os nossos pensamentos passados podem ser agrupados no nosso "sistema de pensamento", uma unidade autocontida através da qual vemos o mundo. Toda decisão, reação e interpretação que temos é matizada pelo nosso sistema de pensamento individualizado. Nosso sistema de pensamento é como um filtro através do qual passa a informação antes de chegar à nossa percepção. Ele é um padrão de pensamento complexo, perfeitamente elaborado, concatenado dentro de conceitos, crenças, expectativa e opiniões. Nosso sistema de pensamento é que nos possibilita comparar fatos ou situações novas com o que já conhecemos de experiências anteriores. O seu sistema de pensamento contém toda informação acumulada por você ao longo da sua existência. É da informação do passado que seu sistema de pensamento se vale para interpretar a significação relativa de tudo o que acontece na sua vida. Nesse sentido, um sistema de pensamento é a fonte do pensamento condicionado. Quando você conta com ele, está pensando da maneira habitual, o seu jeito usual de ver as coisas. É aqui que configuram-se suas reações habituais perante a vida. Os sistemas de pensamento contêm a nossa perspectiva de "como a vida é". Eles são os mecanismos psicológicos que nos convencem quando estamos certos, exatos na nossa compreensão ou justificados. Por natureza, os sistemas de pensamento são teimosos e não gostam de que se mexa com eles. Eles são absolutamente autoconfirmáveis. Se você tem um sistema de pensamento que inclui a idéia de que as escolas do nosso país são péssimas e causam a maioria dos nossos problemas como nação, o cenário a seguir seria possível. Você está lendo o jornal da tarde e na página trinta e seis depara-se com um artigo perto do pé da página que diz: "Vinte e um alunos reprovados no exame de alfabetização no distrito." Você sorri; mais uma vez fica provado que está com a razão. Você mostra o artigo para sua esposa: "Veja só, querida, nossas escolas estão acabando. É bem como eu já lhe falei." Você não sabe que na primeira página do mesmo jornal se lê nas manchetes: "O teste das escolas no país melhorou dezessete por cento nos últimos cinco anos!" Mas é essa a natureza dos sistemas de pensamento. Pela forma como eles estão ligados em nossas mentes, sempre parecerá existir uma conexão lógica entre coisas que achamos verdadeiras. Nossas crenças sempre farão perfeito sentido para nós, dentro do nosso próprio sistema de pensamento. Nossos sistemas de pensamento levam-nos a acreditar que somos realistas e que vemos a vida como ela realmente é. O fato de uma pessoa ver numa situação uma oportunidade e outra pessoa igualmente inteligente ver na mesma situação um problema importante não incomoda ao sistema de pensamento. Nosso sistema de pensamento despreza o ponto de vista do outro, considera-o descaminhado, bem-intencionado, mas errado, ou não muito certo. Já que nossos sistemas de pensamento estão cheios de nossas recordações do passado, informação que temos acumulado ao longo das nossas existências, eles encorajam-nos a continuar a ver as coisas do mesmo jeito. Nós reagimos negativamente (ou positivamente) às mesmas situações ou circunstâncias repetidas vezes, interpretando as nossas atuais experiências na vida como o temos feito no passado. Alguém que acredita que as pessoas são inerentemente críticas ficará na defensiva toda vez que qualquer um lhe oferecer uma sugestão, tanto faz se esta pessoa pretende ou não ser crítica. Isso se tornará uma característica na vida daquela pessoa, a menos e até ela compreender a natureza dos sistemas de pensamento, particularmente do seu próprio. A compreensão deste

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conceito há de ajudá-la a perceber que não está vendo a realidade, ou a verdade, mas uma interpretação da realidade através do seu próprio pensar. Por estarmos tão familiarizados com nossos sistemas de pensamento, eles parecem-nos dar informação verdadeira e precisa. Devido ao aspecto autoconfirmativo dos sistemas de pensamento, nós aceitamos idéias conhecidas e desconsideramos o resto. É por isso que as pessoas raramente mudam suas opiniões políticas ou religiosas, e hesitam até em discuti-las com seus amigos e familiares. Elas "sabem a verdade" e podem apresentar exemplos e argumentações para sustentar suas afirmações. Elas também "sabem" que suas famílias e amigos "não compreendem a verdade" e por serem teimosos provavelmente nunca a compreenderão. Nós conhecemos o resultado quando as cabeças fecham-se para os sistemas de pensamento de outros - geralmente todas as partes envolvidas sofrem frustração. É por isso que as pessoas sentem-se atraídas por outras que compartilham suas crenças, e ficam impacientes com aquelas que não o fazem. A compreensão da natureza dos sistemas de pensamento rode mudar isso. Quando sabemos que outras pessoas (e nós mesmos) interpretam ingenuamente suas crenças como se realidade fossem, podemos abrir mão da necessidade de ser donos da razão. Podemos ver que nossas crenças são meramente função de condicionamento e experiências. Se nosso passado tivesse sido diferente, nossas idéias sobre a vida seriam diferentes. As crenças de outras pessoas também resultam de suas experiências passadas. Se as coisas tivessem sido diferentes. teria surgido um conjunto de crenças totalmente diferente. "Isso pode até ser verdade", você diz, "mas a minha visão da vida é boa e eu não só continuo a pensar que é exata, como não a modificaria nem se pudesse." A questão aqui não é você mudar o seu sistema de crenças sobre a vida, mas perceber a sua natureza arbitrária. Nós só precisamos enxergar o fato dos sistemas de pensamento, não mexer com os conteúdos, para reduzir a frustração em nossas vidas. A menos que compreendamos os sistemas de pensamento, raramente conseguiremos ouvir outros pontos de vista. Nós interpretamos o que outros dizem e fazem com base no que já sabemos. A informação chega e nós decidimos se ela faz sentido com base no nosso conhecimento prévio. A menos que a informação seja algo com o qual nós já concordamos, o nosso sistema de pensamento tenderá a desprezá-la. Para encurtar: a nova informação geralmente não é bem-vinda dentro dos nossos sistemas de pensamento preexistentes. Por isso, podemos nos aborrecer repetidas vezes ante os mesmos acontecimentos ou circunstâncias, do princípio ao fim das nossas existências. Temos desenvolvido relações causa-e-efeito recorrentes entre certos eventos e reações. Por exemplo, você pode acreditar que sempre que alguém lhe dá uma sugestão isso quer dizer que esse indivíduo desaprova você como pessoa. Você nem vai questionar isso, porque seu sistema de pensamento o confirmará. Sempre parece ser uma suposição verdadeira e precisa sobre a natureza humana. Mesmo se alguém afirmar que essa suposição é infundada, você se convence de que essa outra pessoa tem motivos escusos ou não está ciente da hostilidade dela em relação a você. Por mais tempo que isso leve, você procurará verificar suas crenças preexistentes a fim de provar que está com a razão, mesmo à custa da sua própria infelicidade. Mas se você entende a natureza dos sistemas de pensamento, pode começar a ver para além deles, e captar o valor de outros pontos de vista. Aquilo que costumávamos interpretar como crítica passa agora a ser visto simplesmente como uma opinião de outra pessoa baseada no sistema de pensamento dela. Podemos praticamente eliminar discussões vãs em nossas vidas e pararmos completamente de nos sentir ressentidos, confusos ou zangados quando outros não vêem as coisas do jeito que nós as vemos. Na verdade, quando compreendermos a índole teimosa dos sistemas de pensamento, já estaremos preparados para aceitar que os outros não vejam as coisas do nosso jeito.

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Bob e Carol e Ted e Alice O "casal A", Bob e Carol, tem compreensão dos sistemas de pensamento. O "casal B", Ted e Alice, não tem. O casal A, Bob e Carol, tem um filho pequeno a quem ambos amam muito. Bob, na tentativa sincera de ajudar a aliviar algumas responsabilidades da sua esposa, propõe-se a destinar tempo livre para levar o filho ao médico a fim de tomar suas injeções. Ele não acha que isso seja a parte mais prazenteira da criação dos filhos, mas mesmo assim se oferece rira fazê-lo. Carol, que acredita que levar seu filho ao médico é uma forma importante de demonstrar seu amor, aprecia a ajuda oferecida pelo marido e agradece-lhe, mas recusa-a. Ela sabe que o sistema de pensamento do marido inclui modos de oferecer ajuda diferentes dos seus. O que é mais importante, Carol compreende que ela tem seu próprio sistema de pensamento, com diferentes necessidades, crenças e desejos em relação à maternidade. Ela decide com serenidade que prefere fazer isso pessoalmente. Casal B: mesmo cenário, diferente nível de compreensão. Ted. que se importa com seu filho tanto quanto Bob, oferece a mesma ajuda. Alice não entende de sistemas de pensamento, Para ela, oferecer esse tipo de ajuda equivale a afirmar que ela não é boa mãe. Ela jamais ofereceria esse tipo de ajuda às suas irrigas (salvo numa emergência) porque "sabe" que levar o filho para tomar injeção é uma exigência do papel de mãe responsável. Ela responde ao marido acusando-o de não respeitar seus atributos maternais. Como Ted não tem melhor compreensão dos sistemas de pensamento da que ela tem, chama Alice de "pessoa ingrata". Segue-se uma discussão e marido e mulher acabam ficando infelizes durante dias. Este é apenas um exemplo das discussões típicas que podem resultar da falta de compreensão dos sistemas de pensamento. Se Ted ou Alice tivessem essa compreensão, a discussão nunca teria acontecido. A esposa teria ouvido o oferecimento do marido e, não importando o que sentisse, teria respondido : "Não, obrigada. Gostaria de ir eu mesma" - ou algo nesse sentido. Se Ted compreendesse os sistemas de pensamento, teria acabado com o problema logo no início reconhecendo a reação de Alice como função do seu sistema de pensamento. Ele teria conseguido explicar seu desejo de ajudar de modo amoroso e sem ficar na defensiva. Mesmo se ela não reagisse bem à sua explanação carinhosa, ele não encararia a investida dela como algo tão pessoal. Teria, em vez disso, equiparado o problema a dois sistemas de pensamento jogando pingue-pongue, que era justamente o que estava acontecendo. Dois sistemas de pensamento não podem enfrentar-se olhos nos olhos, assim como duas pessoas que falam línguas diferentes não podem se entender sem um intérprete. É interessante notar que Carol queria tanto quanto Alice incumbir-se de levar o filho ao médico. A diferença de comportamentos não decorria das opiniões ou circunstâncias de cada uma delas, mas da compreensão. Carol sabia que suas opiniões tinham origem no seu sistema de pensamento, mas Alice acreditava que sua opinião resultava do fato de ser mãe. Ela acreditava que certas obrigações inerentes ao papel da boa mãe eram mais importantes que outras, e interpretou o oferecimento do marido de compartilhar as responsabilidades como uma crítica a seus dons maternais. Quando compreendemos como funciona nosso sistema de pensamento, podemos evitar esse padrão de discussões desnecessárias similares e a conseqüente infelicidade.

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DOIS O PRINCÍPIO DOS ESTADOS DE ÂNIMO

O tempo esfria, o tempo clarifica; nenhum estado de ânimo pode manter-se absolutamente inalterado no decorrer das horas.

- Thomas Mann ASSIM COMO ESTAMOS CONSTANTEMENTE pensando como seres humanos, o nosso nível de consciência de que nós fazemos o pensamento está a mudar constantemente. Essa constante alteração da nossa percepção de nós mesmos como pensadores é o que se conhece por "estados de ânimo" variáveis. Para cima, para baixo, para cima, para baixo, a cada minuto, a cada dia, nosso nível de disposição de ânimo está em constante movimento. Para algumas pessoas, as alterações de ânimo são ligeiras - para outras, extremas. Em qualquer caso, o fato persiste: nunca ficamos emocionalmente numa situação por muito tempo. Bem no momento que a vida parece correr tranqüilamente, pimba!, nosso nível de ânimo despenca e a vida parece cambalear novamente. Ou. quando a vida parece sem esperança, nosso estado de ânimo eleva-se e tudo parece andar direito de novo. Quando você está de alto-astral, a vida parece boa. Você possui perspectiva e bom senso. De alto-astral, as coisas não parecem tão difíceis, os problemas parecem menos terríveis e mais fáceis de serem resolvidos. No alto-astral, os relacionamentos fluem suavemente e a comunicação é fácil e encantadora. De baixo-astral, a vida parece insuportavelmente séria e difícil. Você tem pouca perspectiva; parece como se as pessoas estivessem no seu encalço. A vida parece girar só em torno de você. Você encara as coisas muito pessoalmente e com freqüência interpreta mal aqueles que o circundam. Essas características dos estados de ânimo são universais. Elas são válidas para todo mundo. Não existe pessoa viva que seja feliz, com quem seja divertido estar e que fique despreocupada quando está de baixo-astral, ou que possa ficar chateada, na defensiva, zangada e emburrada estando de alto-astral. NOSSOS ESTADOS DE ÂNIMO ESTÃO SEMPRE MUDANDO As pessoas não se dão conta de que seus estados de ânimo estão sempre modificando-se. Elas tendem a pensar que suas vidas pioraram de repente no último dia, ou na última hora. Vejamos o exemplo de um paciente que me procurou inicialmente porque notava que estava tendo graves problemas de relacionamento com sua esposa. Ele compareceu ao meu consultório dois dias consecutivos. No primeiro dia ele estava resplandecente, até gabando-se do muito que se divertira com a esposa no fim de semana. Segundo ele descreveu, os dois tinham rido, brincado, conversado e dado românticas caminhadas. Ele estava evidentemente de alto-astral. No dia seguinte ele chegou reclamando da falta de gratidão que sentia da parte da sua esposa, diante de tudo o que estava fazendo por ela. "Ela nunca dá valor ao que faço", disse. "Ela é a pessoa mais ingrata que já conheci." -E quanto a ontem? - eu perguntei. - Você não esteve falando-me de como tudo era maravilhoso entre vocês? -Estive sim, mas estava totalmente errado. Estava enganando-me, como tem acontecido durante todo o tempo que levamos casados. Acho que quero o divórcio.

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Um contraste tão rápido e completo pode parecer absurdo, até engraçado - mas todos somos assim. Estando de baixo-astral, nós perdemos a capacidade de ouvir, e a nossa perspectiva foge pela janela. A vida parece séria, importante e urgente. ESTADOS DE ÂNIMO SÃO PARTE DA CONDIÇÃO HUMANA Os estados de ânimo são uma condição humana. A gente não pode evitá-los. Você não vai parar de mudar de estado de ânimo lendo este livro - isso não pode acontecer. O que pode acontecer é você conseguir compreender que os estados de ânimo fazem parte da tarefa de ser humano. Em vez de ficar atolado no baixo-astral, convencido de que está vendo a vida de modo realista, você pode aprender a questionar seu julgamento quando está nesse estado. Você sempre verá a vida e os acontecimentos nela diferentemente com diferentes estados de ânimo. Quando você estiver de baixo-astral, aprenda a passar por ele como o que é, simplesmente: uma condição humana inevitável que passará com o tempo, se a deixar sozinha e evitar dar-lhe muita atenção. Com a compreensão dos estados de ânimo, podemos aprender a prezar nossos altos e ser dignos nos baixos. Isso contrasta nitidamente com o que a maioria de nós faz quando está de baixo-astral - tentamos pensar, imaginar ou forçar um jeito de sair dele. Mas a gente não pode forçar a saída do baixo-astral, assim como não pode forçar-se a curtir quando fizer algo que não lhe agrada. Quanto mais esforço (ou pensamento) você põe nisso, mais fundo mergulha. Como a vida parece muito séria quando estamos de baixo-astral, ela carrega um senso de urgência inerente. É por isso que a maioria das pessoas tem suas discussões mais sérias estando de baixo-astral, e esse é um dos problemas centrais nos relacionamentos. O simples ato de reconhecermos um estado mental de decaimento, em nós mesmos ou em outros, pode mudar o curso de um relacionamento. O mesmo comportamento de nossos filhos que é gracioso quando estamos de alto-astral, é irritante quando estamos de baixo-astral. Mas uma vez que entendermos o princípio dos estados de ânimo, não confundiremos nossos filhos quando estamos de baixo-astral, acusando-os injustamente - para depois termos de gastar tempo e energia, quando estamos de alto-astral, desculpando-nos por nossas palavras e atos. Isso se aplica também quando lidamos com outras pessoas, que não nossos filhos, e em qualquer situação. Quando compreendermos o quanto nossos estados de ânimo influem sobre a nossa perspectiva, não precisaremos mais reagir ou ser vítimas deles. As coisas acabarão nos parecendo muito diferentes se as deixarmos como estão por enquanto. SEUS ESTADOS DE ÂNIMO MUDAM, NÃO SUA VIDA Um estado de alto-astral, sentimento positivo, funcionamento psicológico sadio - "esse certo sentimento". Nesse estado mental, não é necessário fazer ajuste algum mental; você sente-se bem. Mas o que dizer daquelas vezes em que você não se sente tão bem assim? A compreensão dos estados de ânimo permite recuperar esse estado sadio rapidamente depois de tê-lo perdido. Quando você entende que é seu ânimo - não sua vida - o que mudou de repente, passa a ter uma perspectiva melhor. Essa nova perspectiva ensina a gente a levar os pensamentos menos a sério quando não se sente bem - a pensar mais devagar e desviar a atenção daquilo em que se está pensando. Você será mais cortês e paciente com seus estados de ânimo, o que ajuda a retornar a um estado de funcionamento sadio.

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Você se lembra de Stacey e da babá que passava a noite no emprego? Como poderia afetar aquela situação uma compreensão dos estados de ânimo? Se você observar atentamente, notará que toda situação desse tipo tem a ver com o estado de ânimo. Quando Stacey cai num baixo-astral, como qualquer outra pessoa, produz pensamentos negativos sobre a vida. Neste exemplo, ela estava produzindo pensamentos negativos sobre seus pais, por causa da decisão deles de contratar uma babá que passava a noite no emprego para tomar conta dela quando era criança. Se você perguntasse a ela no dia anterior, quando estava com melhor astral (estado de sentimento positivo), se estava ligando para essa velha questão, ela provavelmente teria rido. Talvez ela até dissesse: "Pois é, essa é uma ótima idéia, talvez eu devesse tentar com o meu filho." Não deixo de levar em conta o fato de que há vezes em que você chega às mesmas conclusões a respeito de situações, independentemente do seu estado de ânimo. Mas o que você acha sobre alguma coisa sempre dependerá do seu estado de ânimo. Stacey poderia achar, mesmo estando de melhor astral, que contratar uma babá que passe a noite no emprego não é boa idéia para ela, mas não seria tão prejudicialmente afetada por seus pensamentos. É razoável todos termos ciência do nosso nível anímico, sobretudo quando estamos abatidos. Se Stacey tivesse entendido que estava de baixo-astral, esperaria a reação que teve ante seus pensamentos com relação à decisão de seus pais. Ela saberia que estava tendo uma reação de baixo-astral e que seria melhor reconsiderar seus sentimentos quando se sentisse melhor. Tudo parece diferente com diferentes estados de ânimo. Se compreendemos este princípio, a nossa compaixão por nós mesmos e por outros aumenta radicalmente. Saberemos que às vezes nossos parceiros ou amigos verão o lado luminoso, a oportunidade, numa situação, e outras vezes verão em tudo um problema potencial ou real. Se você aprender a reconhecer os estados de ânimo de outras pessoas, vai parar de julgá-las quando elas vêem o lado mais escuro da vida. Quando de baixo-astral, nós todos vemos o lado mais escuro. Uma compreensão dos estados de ânimo permitirá que você se recorde: "É claro que eles vêem isso dessa maneira estando de baixo-astral." Sem uma tal compreensão, você achará que outras pessoas são pessimistas, negativas ou sem visão. Você esquece que uma hora atrás a mesma pessoa interpretou a mesmíssima circunstância de modo inteiramente diferente. Quando começamos a reparar nos nossos próprios níveis de ânimo, de repente, o estado de ânimo em si torna-se responsável, não importa o momento, pelo nosso ponto de vista quanto à vida. Num estado mental mais elevado veremos a mesma situação de modo diferente. Isso não é renegar da responsabilidade, mas um fato da vida que aplica-se a toda e qualquer situação em que já estivemos (ou estaremos) envolvidos. NÃO LEVE O BAIXO-ASTRAL MUITO A SÉRIO Se não compreendermos o poder dos estados de ânimo, tenderemos a dar muita importância ao que nosso parceiro (ou qualquer outra pessoa) nos diz. Assim que tivermos compreendido o princípio dos estados de ânimo, veremos que esse é um contexto convidativo para os problemas. Quanto mais tempo passamos com alguém, mais provável é que o vejamos nos seus momentos de baixo-astral. Estando de baixo-astral, qualquer pessoa poderá nos dizer coisas que desejaríamos não tivesse dito. Os problemas de relacionamento mais sérios afinal nada mais são que o resultado de dois parceiros que adquiriram o hábito de levar os baixos-astrais do outro demasiadamente a sério. A inevitabilidade do enfoque e o comportamento de nosso parceiro no momento de baixo-astral os problemas que tínhamos certeza de ter há tanto tempo, parecem menos terríveis quando aprendemos a prestar atenção cuidadosa e respeitosa ao nível anímico dos nossos parceiros, e os "deixamos em paz" no baixo-astral. Com muita freqüência, deixar as pessoas sozinhas quando estão em estado de abatimento mental é tudo o que elas precisam para saírem por si mesmas desse estado e

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recuperarem o bom senso e um sentimento mais positivo. A última coisa que elas precisam ou querem é alguém a questioná-las ou discutir com elas. Fazer isso reforçaria e aprofundaria o estado de ânimo delas, encorajando mais situações parecidas. A maioria dos parceiros não dão um ao outro o espaço que precisam quando estão de baixo-astral; pelo contrário, reagem como se o que o parceiro está dizendo ficasse talhado em pedra. Mas não fica! Quando a pessoa sair do baixo-astral a sua atitude será mais moderada e será mais fácil estar perto dela. Quando você experimentar este princípio em ação ficará agradavelmente surpreso ao ver com que rapidez e facilidade situações embaraçosas se resolvem por si mesmas. O segredo consiste em entender que as palavras e ações do nosso parceiro, assim como as nossas, dependem do estado de ânimo. Quando começarmos a ver a verdade contida neste princípio, não ficaremos a procurar parceiros alternativos para substituir os que já temos. Em lugar disso perceberemos que qualquer pessoa que conheçamos, em qualquer canto do mundo, vai ler uma porção de baixos-astrais. A constante mudança de parceiro, achando que outro alguém seria melhor, perde seu apelo: não há pessoa alguma que não passe por altos e baixos no estado de ânimo. Aprenda a apreciar e compreender o parceiro que você já tem - e aprenda a curtir cada pessoa nova que conhecer. Se bem podemos ser compassivos e compreensivos com os outros quando estão de baixo-astral, nos nossos baixos-astrais necessitamos parar de dar ouvidos a nós mesmos. Apesar da urgência que sentimos, nos nossos estados mais deprimidos nunca veremos as coisas em perspectiva. Se alguma coisa parece importante neste instante, ainda estará ali quando nos sentirmos melhor e mais preparados para lidar com ela. A via mais rápida para um melhor astral é não fazermos caso de como nos sentimos quando estamos de baixo-astral. A quantidade e a qualidade do nosso pensamento nos deixam abatidos. Quando aprendermos a desconsiderar pensamentos negativos, nosso sentimento positivo voltará logo. Não pretendo sugerir que só os altos-astrais são representativos da realidade, ou que nossos baixos-astrais são imposturas. Tanto os altos quanto os baixos-astrais parecerão reais e justificados dentro de si mesmos. Quando você está de baixo-astral, a forma de ver as coisas sempre parece razoável. De fato, você não pode vê-las de outro modo. O truque não é ver a situação de maneira diferente, mas reconhecer o estado mental em que você se encontra, e compreender que, quando estiver de baixo-astral, gerará pensamentos negativos. A mesmíssima circunstância com a qual você está envolvido hoje parecerá muito diferente amanhã, ou talvez até daqui a dez minutos. Se você puder deixar de lado a preocupação, e espantar o baixo-astral, o seu nível de bem-estar subirá de novo. Quando seus sentimentos forem mais importantes para você do que seu pensar, a qualidade desses sentimentos melhorará. NÃO TENTE RESOLVER SEUS PROBLEMAS ESTANDO DE BAIXO-ASTRAL Quantas vezes você já se pegou a dizer: "Esse não parecia eu", ou "Não pode ter sido eu quem falou - será que perdi a cabeça?" Há notícia boa e ruim quanto a essa tendência habitual. A notícia ruim é que foi você quem falou, como já foi antes e sempre será quando perder a sua perspectiva no futuro. A boa notícia é que se tratava apenas de você num baixo-astral; foi papo de baixo-astral. Se o seu nível anímico fosse superior, suas circunstâncias teriam parecido completamente diferentes e você teria se comportado de maneira diferente. A boa notícia, no sentido prático, é que de agora em diante você pode reconhecer e identificar os baixos-astrais quando estiver neles. Respeite o poder de um baixo-astral, a certeza com que você vê o lado escuro e problemático de uma situação. Em virtude da natureza dos estados de ânimo, você não verá as coisas de outro jeito enquanto estiver num deles. Mas você pode aprender a desconfiar de si mesmo e dos pensamentos que gera quando acaba num baixo-astral. Se um problema genuíno existir quando você estiver abatido, não se preocupe - o problema ainda estará aí quando seu estado de ânimo melhorar. E quando isso acontecer, você estará mais bem preparado para lidar com ele.

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Não faz sentido você pôr muita ênfase no que pensa enquanto está de baixo-astral -isso só vai impedi-lo de alcançar um sentimento de contentamento. RESOLVA SEUS PROBLEMAS ESTANDO DE ALTO-ASTRAL Se você trata com uma pessoa a respeito de algum assunto enquanto ela está de baixo-astral, pode ficar certo do resultado. A pessoa ficará na defensiva, incomodada e não receptiva. O mesmo acontece conosco. Se tentarmos resolver um problema ou tomar uma decisão importante enquanto nosso nível anímico está baixo, provavelmente nos decepcionaremos e nos arrependeremos do nosso comportamento. Quando nosso estado de ânimo está por baixo não temos acesso à nossa sabedoria. O aspecto confuso desta parte do princípio que ora estudamos é que nos momentos de baixo-astral é que vamos querer resolver os nossos problemas e enfrentar outras pessoas. A tentação sempre estará ali. O baixo-astral provoca confusão e ressentimento. Ele encoraja-nos .a "querer chegar ao fundo da questão", "dar uma certa Interpretação ao que outros estão dizendo", "moldar a nossa comunicação" e "expressar nossos sentimentos". Mas os sentimentos que você tem quando está de baixo-astral não são os seus verdadeiros sentimentos - são os sentimentos que você (e outros) sente nos momentos de baixo-astral. Nessas condições você só vai experimentar sentimentos negativos; logo, não faz nenhum sentido confiar nesses sentimentos ou agir de acordo com eles. A solução é esperar até o ânimo se reerguer, e ele se reerguerá por si mesmo. Quanto menos atenção você der ao seu pensar nos momentos de baixo-astral, mais depressa o ânimo se reerguerá. Então, e só então, seus sentimentos mais sensatos virão à tona. Portanto, mesmo quando você se sentir compelido a tomar alguma providência séria, perceberá qual a maneira mais adequada. Se quiser discutir algo que o está incomodando, o momento certo para fazê-lo é o de alto-astral. O princípio dos estados de ânimo não diz que seja evitado o confronto - exceto quando você estiver abatido. O princípio fornece o meio mais fácil, hábil e produtivo de abordar a vida. Uma outra confusão quanto ao princípio dos estados de ânimo é que às vezes a gente pensa que tem de enfrentar as pessoas enquanto está de baixo-astral. Se bem que isso aconteça algumas vezes, não é tão freqüente quanto você pode pensar. Muitas vezes, uns poucos minutos afastado do problema podem ser tudo o que você precisa para suavizar a situação. O estado de ânimo é causa fundamental - não o efeito - da maioria dos desentendimentos e problemas. O estado de ânimo veio primeiro. Num estado de ânimo mais favorável, o mesmo cenário teria parecido completamente diferente. Naquelas raras ocasiões em que você tem mesmo de enfrentar alguém enquanto você (ou essa pessoa) está de baixo-astral, a coisa mais importante da qual é preciso estar ciente é saber que você está num baixo-astral, e que sua visão da situação é suspeita e limitada. Com este entendimento você ganha perspectiva. O acesso à saúde mental, como tudo o mais, fica mais fácil com a prática. Quanto mais você confiar nesse agradável sentimento de felicidade, mais fácil será conservá-lo por mais tempo. Pratique a atitude de ignorar seus baixos-astrais, em lugar de analisá-los, e veja quão rapidamente eles somem. Os baixos-astrais são uma distorção do nosso pensar. Aceite-os como parte da vida, faça o que puder para ignorá-los, e o funcionamento psicológico sadio irá prevalecer em sua vida.

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TRÊS O PRINCÍPIO DAS REALIDADES SEPARADAS

Não vemos os fatos como eles são, vemo-los como nós somos. - Anais Nin

SE VOCÊ JÁ VIAJOU a outros países, está a par das vastas diferenças entre culturas. Mesmo aqueles que não viajaram provavelmente viram descrições na televisão, em filmes ou livros. O princípio das realidades separadas diz que as diferenças entre indivíduos são tão vastas quanto as existentes entre diferentes culturas. Assim como não pretenderíamos que pessoas de diferentes culturas vissem ou fizessem as coisas como nós, o princípio das realidades separadas nos diz que as diferenças individuais em nossos sistemas de pensamento também o impedem. Não é questão de se tolerarem diferenças no comportamento, mas de se compreender concretamente que não pode ser senão assim. Nos dois capítulos prévios, tomamos conhecimento sobre (luas maneiras fundamentais de as pessoas funcionarem psicologicamente, no pensamento e em estados de ânimo. Considerando-se que todo ser humano funciona dessa maneira, é Impossível dois seres humanos, quer da mesma cultura ou não, verem as coisas exatamente da mesma forma. Não há exceções a esta regra. Cada sistema de pensamento é singular em si mesmo. Ele é formado através de um processo de pensamento que depende do que se recebe. Nossos pais, nossos contextos, interpretações, nossa recordação, percepção seletiva, circunstâncias, nosso nível anímico - muitos fatores desempenham papéis na determinação do nosso sistema individual de pensamento. As combinações são infinitas, e é impossível elas se reproduzirem entre indivíduos. A compreensão deste princípio pode virtualmente eliminar disputas. Quando já esperamos ver as coisas de modo diferente, quando damos por certo que os outros farão as coisas diferentemente, e quando entendemos que outros reagirão diferentemente de nós ao mesmo estímulo, a compaixão que temos para com nós mesmos e com outrem aumenta de forma notável. No momento em que esperamos outra coisa, o potencial para conflito existe. Isso é verdade em pequena escala, entre duas pessoas num relacionamento, ou em grande escala, tal como nos relacionamentos entre nações. Podemos ver exemplos deste princípio em toda parte. Com a nossa atenção (pensamento) fora das nossas expectativas, somos livres para experimentar a essência singular de cada pessoa, produzindo um agradável sentimento em nós mesmos e maximizando o potencial dos nossos relacionamentos com os outros. É FÚTIL TENTAR FAZER OUTROS MUDAREM Nos relacionamentos, os problemas se dão basicamente de duas formas. Ou pensamos que os outros realmente vêem as coisas como nós as vemos - e portanto não conseguimos entender ou ficamos contrariados pelas reações deles - ou acreditamos que os outros deveriam ver as coisas como nós as vemos porque vemos a realidade como ela é realmente. Quando entendemos o princípio das realidades separadas livramo-nos destes catalisadores de problemas de relacionamento. Os outros não só não deveriam ver as coisas como nós as vemos, como de fato não podem vê-las assim. A natureza dos sistemas de pensamento individuais faz com que seja impossível vermos qualquer coisa como outra pessoa a vê -ou que outros vejam as coisas exatamente como nós as vemos. Esse novo entendimento nos liberta de uma idéia falsa e devolve a alegria das nossas diferenças. Uma coisa é dizer "a variedade é o sal da vida", e outra compreender e acreditar realmente nisso. O truque de acreditar nisso é não se forçar a pensar assim, mas ver que, de uma perspectiva psicológica, as diferenças entre pessoas e suas formas de encarar a vida fazem perfeito sentido.

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Quando você compreende o fato das realidades separadas, não tem razão lógica alguma para encarar pessoalmente o que outros dizem e fazem. As pessoas passam suas existências provando a si mesmas que a sua versão pessoal da vida é válida, realista e correta. O aspecto autoconfirmativo dos sistemas de pensamento apontará infinitos exemplos para provar que ele está certo. Quando você entende esta idéia, vê a futilidade de se tentar fazer outras pessoas mudarem, ou até de discutir com elas. Se você discute, a outra pessoa está geralmente tão certa de que está com a razão que pode até usar fatos que dizem respeito a você para provar a posição dela, como no exemplo a seguir. Vejamos o caso do marido e da esposa casados há vinte anos - o marido considera as pessoas geralmente críticas por natureza, e a esposa acha-as dispostas a lisonjear sempre que possível. Durante anos, eles têm discutido essa questão em particular, o marido acenando com inúmeros exemplos da Atitude crítica e agressiva das pessoas. Para quantos exemplos o marido apresenta, a esposa tem igual número de exemplos visando provar a sua posição. Nenhum deles consegue entender por que o outro é tão cego perante os "fatos". Um dia, os dois estão num restaurante e ouvem por acaso um garçom falar para outro: "Você viu o chapéu da mulher da mesa dois? Nossa!" A esposa vira imediatamente para o marido e diz: "Esta vendo? Eis outro exemplo de pessoa que lisonjeia. Que bom! O que é preciso para você ver que na verdade as pessoas buscam oportunidades para lisonjear? O marido, pasmo, olha para a esposa e diz: "Lisonjear, do que é que você está falando? O homem estava rindo do chapéu da coitada mulher." O mal-entendido engraçado fica claro no instante em que compreendemos a dinâmica do que realmente está se passando. Tudo o que você precisa fazer é aceitar como um dado que cada um de nós vê a vida a partir da sua própria realidade separada, sua própria interpretação da vida, seu próprio sistema de referência. Nenhum de nós questiona a própria versão da realidade porque para nós ela sempre parece verdadeira. Em toda parte para onde olhamos, vemos exemplos que nos provam continuamente que estamos certos. REALIDADES SEPARADAS SÃO UM FATO DA VIDA A chave para se chegar a um entendimento com as realidades separadas e ver a beleza que existe nelas é reparar na absoluta inocência do processo. Nós vemos o que vemos com base em nosso condicionamento e em nossas crenças (nossos sistemas de pensamento). A sua mente interpretará um conjunto de circunstâncias nos limites do contexto que ela já conhece ou acredita ser certo. Em virtude de você ter um conhecimento singular e um conjunto singular de fatos do seu passado, a sua interpretação de qualquer situação irá variar em função disso. É como se sua mente fosse um complexo sistema de computação, e, como acontece com o computador, a interpretação da informação depende do que foi previamente introduzido. Assim ocorre conosco. Nossas mentes processam informação atual baseadas inteiramente em conhecimento prévio. Simplesmente não há como evitar as realidades separadas, e se não aceitarmos e compreendermos este fato da vida, nos frustraremos e talvez até destruamos nossas vidas. Havendo compreensão, este conhecimento pode ser uma fonte de sabedoria, alegria e humor. Compreender realidades separadas não quer dizer que você deva abrir mão de suas opiniões e crenças mais profundas. Crenças e opiniões são neutras em si mesmas. Elas são um aspecto interessante, enriquecedor e poderoso da vida. O elemento importante na felicidade, na saúde mental e no contentamento pessoal é o seu relacionamento com essas crenças e opiniões. Você acredita que o seu jeito de ver a vida representa a única realidade concreta e incontestável? Ou você entende que suas atuais crenças e interpretações sobre a vida derivam do seu próprio sistema de pensamento, e que se a informação contida nesse sistema de pensamento fosse diferente, suas conclusões seriam diferentes? A idéia é não rotular determinadas crenças ou idéias como certas ou erradas, mas simplesmente compreender como as idéias se originam, a ine-vitabilidade de ver as coisas de maneira diferente de outras pessoas. Quando compreendemos o princípio das realidades separadas, podemos continuar a manter qualquer crença ou opinião que tivermos - a diferença será

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que nossas crenças pessoais, e as objeções que outras pessoas lhes fizerem, não serão uma fonte de hostilidade ou sofrimento. AS DEFESAS CAIRÃO E OS CORAÇÕES SE ABRIRÃO A compreensão das realidades separadas aproxima-nos inegavelmente daqueles que conhecemos e amamos. Ela ajuda-nos a compreender os outros, e também nos torna muito mais interessantes e acessíveis. Quando entendemos verdadeiramente que nossas idéias a respeito da vida decorrem dos nossos próprios sistemas de pensamento e não necessariamente representam a realidade, atraímos outras pessoas. E eis o porquê: nós todos temos interesse inalienável em Validar as nossas crenças. Mas os sistemas de pensamento (os nossos ou os de outros) não gostam de ser ameaçados nem que se mexa com eles. Quando você se aproxima de alguém, não no intuito de mudar suas crenças mas com genuíno interesse e respeito por seu ponto de vista sobre a vida, as defesas caem e abrem-se os corações. As pessoas que aceitam sinceramente o fato das realidades separadas têm relacionamentos mais satisfatórios do que jamais sonharam. Com freqüência, você desenvolve relacionamentos com pessoas das quais chegou a pensar que não poderia gostar. Em vez de se sentir frustrado e zangado por causa das diferenças individuais de alguém, você começa a ver essa pessoa sob uma nova luz, uma inocência não só nela - mas em você mesmo. O resultado é um abrandamento das crenças de ambas as pessoas, um novo apreço mútuo e um sentimento agradável e positivo. O princípio das realidades separadas pode ser representado por um continuum: Intolerância..........Tolerância..............Compreensão O extremo esquerdo da escala é onde a maioria das pessoas acredita que os relacionamentos desenvolvem problemas. E elas têm razão. Ao nos deslocarmos em direção à tolerância, os problemas são tratados, mas dificilmente resolvidos. Ainda que a tolerância seja certamente mais desejável que a intolerância, ela representa uma pequena fração do que você precisa percorrer nessa escala se quiser relacionamentos felizes e satisfatórios. A tolerância de outras pessoas e o jeito de elas estarem no mundo sugerem uma sutil forma de superioridade no nosso entender ou do nosso ponto de vista. Com base no que você conhece agora sobre sistemas de pensamento e realidades separadas, sabe que suas idéias pessoais sobre a vida e como ela deveria ser vivida não podem ser superiores às de ninguém. A informação contida no seu sistema de pensamento é tão arbitrária como a do próximo. As suas idéias, crenças, opiniões e reações perante a vida são produto e função da informação e do estímulo que você absorveu, e isso é igualmente certo no caso de pessoas que vêem a vida de modo diametralmente diferente do seu. Se você não entender isso, as diferenças entre pessoas podem virar uma grande fonte de frustração. Se você entender as realidades separadas, essas mesmas diferenças individuais tornam-se uma fonte de interesse, crescimento e inspiração. CRESCIMENTO E COMPROMISSO TORNAM-SE POSSÍVEIS Especialmente quando as diferenças parecem insuperáveis, a compreensão das realidades separadas tem aplicações muitíssimo práticas. Se nos aproximamos de alguém de forma compreensiva, abrimos a porta para o crescimento. Quando não visualizamos outras posturas como inferiores ou erradas, aceitamos nova informação sem que o nosso velho sistema de pensamento a desmereça. Sem esta compreensão, o nosso sistema de pensamento domina e nos impede de escutar sinceramente. Escute sem julgar, e a pessoa com quem você está perceberá seu respeito à postura dela e a sua disposição em ouvir. O resultado é maior compreensão e moderação de ambas as partes - a essência do compromisso ou da colaboração, revelando o melhor de nós mesmos e dos outros.

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Voltemos, mais uma vez, às reflexões de Stacey sobre a decisão de seus pais de contratarem uma babá que passava a noite no emprego para tomar conta dela quando era pequena. Se Stacey não compreende as realidades separadas, não surpreende que ficasse contrariada ante tal decisão. Afinal, era muito diferente das suas próprias crenças quanto ao papel dos pais! Como ela acreditava veementemente nos seus próprios pensamentos, tendia a ficar remoendo-os, causando-se ainda mais aflição. Quando Stacey refletiu pela primeira vez sobre a decisão de seus pais, o fez sem uma compreensão ou consideração das realidades separadas. Ela não teve condições de entender por que seus pais teriam tomado uma atitude como aquela. Além disso, ela ficava igualmente aborrecida por causa de outras decisões e opiniões que não condiziam com seus próprios pontos de vista. A compreensão das realidades separadas teria permitido a Stacey dar-se ao luxo de refletir sem irritar-se ou julgar. Ela saberia que seus pais tomaram as decisões que tomaram baseados no que achavam certo naquele momento - nem mais, nem menos. Então Stacey não teria rotulado a sua reação como correta e a decisão de seus pais como errada, mas reconhecido nelas simplesmente decisões diferentes, baseadas em diferentes sistemas de pensamento. O relacionamento de Stacey com seus pais teria sido cheio de respeito mútuo e amor, em lugar de dúvidas e acusações. A falta de compreensão do princípio das realidades separadas pode resultar em constante conflito e frustração. A solução é adquirir uma adequada compreensão deste conceito, e ter a humildade de admitir que nem sempre se pode entrar nas mentes de outras pessoas. Não importa quão facilmente você encare algo, ou quão obviamente certa lhe pareça uma situação, uma outra pessoa poderá avaliá-la de modo diferente e ter a mesma certeza dessa postura.

QUATRO O PRINCÍPIO DOS SENTIMENTOS

Você está a apenas um pensamento do bom sentimento. - Sheila Krystal

VOCÊ TEM À SUA DISPOSIÇÃO um sistema de orientação infalível para navegar pela vida. Este sistema, que consiste exclusivamente em seus sentimentos, permite-lhe saber quando está no rumo errado e avança em direção à infelicidade e ao conflito, afastando-se do funcionamento psicológico sadio. Seus sentimentos agem como um barômetro, fazendo-lhe saber como está o tempo dentro de você. Nós reconhecemos a poderosa ligação entre nosso pensamento e nossa experiência de vida. Quando pensamos, imediatamente sentimos os efeitos de nossos pensamentos. Isso acontece num instante e, para a maioria de nós, sem percebermos que está a acontecer. Nós pensamos de uma das duas maneiras: ou como é habitual, através do nosso sistema individual de pensamento, ou através do que se chama "estado mental natural" - funcionamento psicológico sadio. Já comentamos os efeitos do pensar através do sistema de pensamento. Neste capítulo, você verá que conta com outra alternativa muito concreta. O quarto princípio afirma que nossos sentimentos nos dizem, com completa precisão, quando o nosso pensar sofre uma disfunção. Quando não temos consciência de estarmos pensando, nossos pensamentos são gerados mediante o sistema de pensamento, em vez de mediante o funcionamento sadio. Não fosse por nossos sentimentos, jamais saberíamos quando caímos na armadilha dos

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nossos sistemas de pensamento ou quando estivemos de baixo-astral. Ficaríamos convencidos de que estávamos a encarar a vida realisticamente, mesmo nos nossos estados mentais de maior abatimento. Quando não caímos na armadilha dos sistemas de pensamento, nossos sentimentos se mantêm positivos. Temos um sentimento de contentamento e uma sensação de alegria no que quer que estejamos fazendo. Não parece haver um fundamento lógico para o sentimento positivo; nós sentimo-nos bem, só isso. Experimentamos os sentimentos humanos mais profundos, mais genéricos, gerados a partir de um estado mental natural: contentamento, amor e gratidão. Trata-se de um estado no qual vemos a vida claramente. Nossa atenção e nossa concentração são moderadas - nossas mentes estão desanuviadas. Podemos fazer qualquer coisa nesse estado mental (inclusive coisas desagradáveis) porque nossas mentes não estão atulhadas de pensamentos do passado, do futuro, ou juízos sobre o que estamos fazendo. Lidamos com o que quer, ou quem quer, que tivermos pela frente. Esse é o estado mental a partir do qual evoluem idéias novas e criativas, e no qual as soluções aos problemas parecem óbvias. Todos temos acesso a esse estado mental, e quando estamos nele não é preciso fazer nenhum ajuste mental - tudo flui naturalmente. Quando a nossa experiência de vida deixa de ser agradável, nosso sistema de alerta de sentimentos esperneia e como uma bandeira vermelha nos lembra que estamos fora do rumo. Voltamos a pensar através do nosso sistema de pensamento. Estamos tendo uma disfunção no modo de pensar e está na hora de fazermos um ajuste mental. Nossos sentimentos estão para a nossa saúde mental como as luzes de advertência do painel estão para nossos carros. Ambos nos informam que está na hora de moderar. No carro, nós moderamos a pressão no acelerador. É hora de parar no acostamento. Assim também, quando nos sentimos descontentes, necessitamos clarear nossas cabeças e parar com o que estamos pensando - com isso voltamos a um sentimento positivo. Abandone temporariamente o pensamento que está a surgir de um sistema de referência distorcido e habitual. Lembre-se, desconsiderar ou deixar de ouvir pensamentos perturbadores não significa fazer de conta que essas coisas não nos incomodam nem necessitam de melhoria. Porém, a boa solução ou novas idéias nunca resultarão de uma disfunção do pensamento - mas somente de um estado de sentimento positivo cm que a vida parece fácil. Necessitamos começar a descrer da validade do nosso sistema de pensamento em se tratando de manter e ter acesso à nossa própria saúde mental. Decida ele uma vez por todas que não vale a pena defender nem alimentar sentimentos negativos. O único valor dos sentimentos negativos é permitir que saibamos que estamos vendo a vida distorcidamente. Esta idéia é vigorosamente contestada no atual pensamento psicológico. Muitos, se não a maioria dos psicólogos de hoje, compartilham a crença segundo a qual tornar-se mais consciente de seus sentimentos (sejam quais forem), e depois expressá-los, representa maturidade emocional. Nada poderia ia estar mais longe da verdade. Se o estado de ânimo é a fonte da experiência, não o efeito, quando você estiver de baixo-astral, ou sentindo-se mal, gerará pensamentos negativos cem por cento do tempo. Se você se sente mal e um psicólogo (ou quem quer que seja) pergunta: "Como está se sentindo?", ele ou ela está, de fato, pedindo-lhe que explique como vê a vida quando está de baixo-astral. Quando seu estado de ânimo melhorar, você terá uma descrição drasticamente diferente dos mesmos acontecimentos. O baixo-astral não tem valor algum, a não ser o de lembrar-lhe que você está pensando disfuncionalmente e não deveria confiar ou dar ouvidos seriamente a si mesmo no momento presente. DESCONFIE DE SEUS SENTIMENTOS QUANDO ESTIVER DE BAIXO-ASTRAL Lembre, quando estamos de baixo-astral sempre somos capazes de apontar razões por que nos sentirmos como nos sentimos e ficaremos tentados a confiar nos nossos pensamentos. Mas nossos pensamentos no baixo-astral estarão distorcidos e, como seus sentimentos são um resultado direto do seu pensar, também eles estarão distorcidos. Sentimentos desagradáveis são um sinal acurado

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pelo qual sabemos quando estamos pensando diretamente com base em nosso sistema de crenças - nossos hábitos, crenças, as fitas que tocam em nossas cabeças. Este sistema de orientação dos sentimentos funciona perfeitamente, o tempo todo - confie nele. Não importa se você está se sentindo estressado, assoberbado, zangado, deprimido, solitário, frustrado, com ciúmes, crítico ou ansioso. Esses sentimentos, e outros como eles, ali estão para lhe dizer que você está contemplando a vida através do seu sistema de pensamento, não com o seu estado mental natural. Se continuar a pensar da mesma forma improdutiva, não achará as respostas que está procurando. Quando uma luz de advertência pisca no painel do seu carro, a razão específica pela qual ela está piscando não é tão crucial em princípio quanto o fato de ela estar piscando. O jeito é ir para o acostamento e desligar o motor. Nossos sentimentos funcionam de modo análogo. Sempre que nos sentimos zangados, ciumentos, ressentidos, cobiçosos, deprimidos ou de alguma maneira infelizes, precisamos entender que esses sentimentos foram produzidos pelo nosso próprio sistema de pensamento e não são naturais, precisos ou representativos da realidade. FUNCIONAMENTO PSICOLÓGICO SADIO Não há magia nem mistério no funcionamento psicológico sadio: ele sempre está presente quando não estamos engajados no nosso sistema habitual de pensamento. O funcionamento sadio é o sentimento que experimentamos quando há pouca coisa (se alguma) em nossas mentes - um estado de sentimento positivo que existe sem razão aparente. As crianças possuem freqüentemente esse estado mental, experimentam a vida simplesmente, sem introduzir muito pensamento negativo nela. Quando elas por acaso experimentam negativismo ou frustração, conseguem livrar-se disso logo e voltar ao estado natural de felicidade. Todos experimentamos o funcionamento sadio inúmeras vezes quando éramos crianças. Talvez ele acontecesse enquanto você estava sentado diante do mar, dando um passeio ou contemplando um belo pôr-do-sol - o funcionamento sadio está presente sempre que você sente-se maravilhosamente sem razão alguma especial. Aqui é importante destacar que o mar ou a atividade não causaram a sua sensação de bem-estar. O que aconteceu foi que você relaxou temporariamente, tirou preocupações da sua mente e simplesmente dedicou uns momentos a curtir sua vida. Se você pensa que precisa do mar ou de uma atividade específica para desanuviar sua mente, só conseguirá relaxar e estar contente em certas situações. Quando você entende que é você mesmo, e não o mar ou o pôr-do sol, quem produz o sentimento positivo ali dentro, pode desanuviar sua mente à vontade. Fica mais fácil quando você pratica, eu lhe garanto. O FUNCIONAMENTO SADIO NÃO DEPENDE DAS NOSSAS CIRCUNSTÂNCIAS Nós, todos teremos acesso ao funcionamento sadio sempre que o quisermos - desde que saibamos que ele existe independentemente das nossas circunstâncias. Esse conhecimento permite sentir-nos bem mesmo quando as coisas não vão bem. Contanto que nossas mentes não se prendam às nossas preocupações, continuaremos no funcionamento sadio e manteremos a nossa sensação de bem-estar. Neste estado de sentimento positivo, estaremos aptos a lidar eficazmente com qualquer aspecto de nossas vidas. Assim que nossas mentes saem deste estado e retornam aos nossos sistemas de pensamento (que nos farão lembrar nossas preocupações), perdemos a sensação de bem-estar e de novo vemos a vida como uma série de problemas a superar. Os seus sentimentos são o barômetro a lhe dizer se você está vivendo a vida a partir do seu sistema de pensamento ou do seu estado mental natural. Se está se sentindo deprimido, irritado ou frustrado,

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esses sentimentos dizem-lhe que há uma disfunção no seu pensamento, que você não está experimentando a vida como ela poderia ser vivida. Deixe de lado o que quer que esteja pensando, ignore a estática e faça o ajuste mental para desanuviar sua mente. Passe do modo computador para o modo transmissor - do seu sistema de pensamento para o seu funcionamento sadio. Lembre, você está a apenas um pensamento de um bom sentimento. UMA ÚLTIMA VISITA A STACEY Voltemos, pela última vez, a Stacey e às suas reflexões sobre a decisão de seus pais de contratar uma babá que passava a noite no emprego quando ela era uma criancinha. Dado que Stacey não compreendeu o verdadeiro propósito de seus sentimentos, ela acreditou inocentemente que por estar sentindo-se mal, seria de algum valor pensar por que sentia-se assim. Ela acreditou que seu pensamento devia estar lhe dizendo a verdade sobre seus pais. Ao continuar a remoer aquilo, ela sentiu-se cada vez pior até convencer-se de que seus sentimentos negativos eram justificados e que tinha o direito de estar aborrecida. Se Stacey tivesse compreendido o verdadeiro propósito de seus sentimentos, ela teria se valido deles como sinal de advertência. Seus sentimentos de ressentimento e raiva não teriam continuado porque ela perceberia que estava pensando de modo habitual e disfuncional e caminhando direto rumo à infelicidade. Ela teria abandonado o que estava pensando, ou tido a sensatez de prestar menos atenção a si mesma, assim recuperaria um estado de sentimentos mais agradáveis. Neste sentimento mais agradável, ela poderia continuar a refletir sem o perigo de estragar seu dia (ou a semana), ou prejudicar o seu relacionamento com os pais. Sempre que vivemos a vida com base no nosso estado mental mais natural, sentimo-nos felizes. Poderemos fazer isso a despeito do que estiver se passando à nossa volta - até mesmo quando estivermos pranteando a perda de um ente amado. Quando temos acesso ao nosso funcionamento sadio,O sofrimento emocional envolve um sentimento diferente -ele ainda é doloroso, mas inclui uma genuína gratidão por termos conhecido a pessoa que acabamos de perder. Isso funcionou maravilhosamente na minha vida, quando um dos meus melhores amigos foi morto tragicamente por um motorista bêbado a caminho do meu casamento. Em lugar de pensar nele com tristeza, eu consegui desanuviar minha mente e sentir enorme gratidão por haver conhecido um amigo tão maravilhoso. Em vez de sentir pena de mim ou da família do meu amigo, começaram a surgir recordações afetuosas do nosso passado compartilhado. Eu não fui sobrepujado por sentimentos tristes e consegui prosseguir. Ao incorporar estes princípios à sua vida, você continuará a sentir todos aqueles meigos sentimentos humanos do passado. As emoções que mudarão são aquelas que imobilizam sua vida - as que o impedem de viver a vida rica e cheia de significado que você é capaz de ter. O que mudará de fato é seu relacionamento com as suas emoções. Em vez de sentir-se sobrepujado por elas, você irá vivenciá-las com compreensão. Em casos como o da dor causada por uma perda, é perfeitamente natural sentir profunda tristeza. O acesso ao seu funcionamento sadio permite que você experimente até emoções difíceis tendo compaixão de si mesmo, e compreendendo o que se passa dentro de você. Use o princípio dos sentimentos como instrumento de navegação que há de ajudá-lo a sarar e guiará você de volta para onde quer estar. Então, o que fazer quando nos sentirmos zangados, deprimidos ou angustiados? Como faremos para parar de sentir essas emoções e retomar o funcionamento sadio? Confiar e ver a verdade no princípio dos sentimentos. Quando entendemos de onde vêm os nossos sentimentos negativos (do pensar habitual), não há necessidade alguma de defendê-los ou aferrarmo-nos a eles. Como podemos defender algo que sabemos ser arbitrário? Os sentimentos negativos desaparecerão bem

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rapidinho, basta não mexermos com eles. Eles são criados pelos nossos pensamentos - concentrar-se neles ou analisá-los só prolongaria e aprofundaria a experiência negativa. À medida que nossa apreciação e vivência do funcionamento sadio se aprofundam, vemos que não devemos apelar para nossos sistemas de pensamento no intuito de resolver problemas importantes em nossas vidas. Sabedoria e bom senso resultam de um estado de sentimento mais positivo - de uma mente serena e descansada. Quando nos sentimos bem, estamos mais aptos a resolver qualquer problema que se apresentar. Quando você compreende de onde vem o seu estado de sentimento positivo, e pára de perseguir sentimentos negativos como recurso viável para a solução de problemas e o encontro da felicidade, você tende naturalmente para o funcionamento sadio e começa a descrer, cada vez mais, dos seus sentimentos negativos. Ao fazer isso, você nota que os sentimentos negativos que de fato experimenta são menos intensos e não duram tanto quanto antes. Você consegue sair desses estados mentais mais rapidamente. Uma vez que você compreende o funcionamento sadio, não se vê mais tentado a analisar ou pensar como alcançar a felicidade. A felicidade já está com você - só está encoberta pelo pensamento negativo, estático. Em vez de pensar como alcançar a felicidade, pare de pensar em coisas que o incomodam ou irritam. Volte a sua atenção para outros assuntos a fim de fazer surgir o seu estado natural de sentimento positivo. Isso não quer dizer fazer de conta que as coisas não lhe dizem respeito; quer dizer apenas compreender de onde vêm seus sentimentos positivos e negativos. A compreensão da origem dos nossos sentimentos nos permite usá-los como o guia orientador que eles estão destinados a ser. Se a nossa experiência interna de vida não é agradável, nós sabemos que estamos criando o nosso próprio mistério, por meio do nosso sistema de pensamento. Reconheceremos e valorizaremos as nossas alternativas, dando a virada mental para abandonar as preocupações, parar com o pensar habitual e retomar um estado natural de bem-estar.

CINCO O PRINCÍPIO DO MOMENTO PRESENTE MUITO TEM SIDO DITO SOBRE "viver o momento". Praticamente todo mestre espiritual ao longo da história tem sugerido essa solução. De fato, esse talvez seja um dos conselhos mais antigos e sensatos para se viver uma vida mais feliz. Entretanto, em que pese toda ênfase colocada nesse conselho, muito poucas pessoas parecem capazes de implementar este princípio crítico em suas vidas cotidianas. Eu acredito que este princípio aparentemente simples é tão esquivo porque a mente não treinada é como um cachorrinho - ele perambula por aí sem saber para onde vai! Daí a pouco o cachorrinho (como os nossos pensamentos) foge de nós. Dos cinco princípios discutidos neste livro, este é o que menos provavelmente seu terapeuta terá compartilhado com você. Afinal, grande parte da terapia dedica-se a tratar da infância e de outros temas em torno do passado do paciente. E muito embora você possa certamente adquirir algum beneficio em sua vida atual pela compreensão do seu passado, isso é quase sempre levado a extremos excessivos. Manter a atenção concentrada no passado (ou no futuro) pode virar um habito insidioso que custa romper. Muitos terapeutas encorajam mesmo seus clientes a viverem no passado (ou no futuro), sem se dar conta e certamente sem intenção de prejudicá-los. Se você já fez terapia, sem dúvida está familiarizado com a prática de se encorajar o paciente a "reexperimentar" o passado. Os terapeutas instigam clientes - às vezes asperamente - a concentrar-se no passado, pensar nele e muito freqüentemente a discuti-lo em grande detalhe. Isso é feito em vez de ensinar os clientes a reverterem sua atenção para o aqui e agora -única forma de se experimentar verdadeira felicidade. Além de se concentrarem no passado, os clientes são encorajados a "entrar em contato com" os sentimentos negativos que acompanham os seus pensamentos negativos do passado.

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No Capítulo Um, nós examinamos o relacionamento entre pensamento e sentimento - a idéia de que todo sentimento negativo é resultado direto do pensamento. Daí, a idéia de que seja bom passar considerável tempo no passado -propositadamente ou de outra forma - é muito questionável. Fazer isso garante um bocado de sentimento negativo, o que só reforça a suposição de que realmente há algo substancial com que se preocupar, justificando assim o negativismo e sentimentos de vitimização. Ao atiçar o negativismo, você fica amarrado ao seu sistema de pensamento aprendido e a seus habituais modos de pensar, reduzindo imensamente sua capacidade de vivenciar e abordar sua sabedoria. Quando você tem a atenção atolada no passado ou no futuro, é de se esperar que sua qualidade de vida diminua em vez de aumentar. Já quando você volta sua atenção primordialmente para o momento presente, a maior parte da sua experiência deriva de uma situação de sabedoria mais do que de reação. Embora você se sinta contente ao se concentrar no momento presente, não irá reprimir nem negar nada que seja verdadeiramente relevante. Os pensamentos e recordações de que você necessita para crescer como pessoa (mesmo os dolorosos) virão à tona no momento adequado: quando você tiver capacidade de administrá-los e os recursos internos para saber o que fazer com a informação que recebe. A sabedoria é como um monitor emocional incorporado. Ela o ajuda a manter seus parâmetros e sua perspectiva. Ela o encaminha para a felicidade sem encorajá-lo a fazer de conta que as coisas são diferentes do que realmente são. A sabedoria admite o negativismo, mas somente quando ele é necessário e conveniente - coisa muito distante do negativismo tipicamente gerado em uma sessão de terapia. A única forma de você experimentar genuíno e duradouro contentamento, satisfação e felicidade é aprender a viver a sua vida no momento presente. A despeito das suas passadas experiências, dos aspectos específicos das suas atuais circunstâncias, de quanto você analise seu passado ou especule a respeito do seu futuro, você jamais será feliz até aprender a viver no momento presente. A mente que está "fora do momento" é terreno fértil para preocupações, angústia, arrependimento e culpa. Isso não quer dizer que todos os momentos da sua vida devem transcorrer (ou de qualquer modo transcorram) voltados para este momento, mas apenas que é importante que isso aconteça mais do que freqüentemente. Dr. Wayne Dyer, que teve a gentileza de escrever o prefácio deste livro, demonstra a importância de se viver no momento presente com uma história maravilhosa e convincente. Ele sugere que a gente se imagine num bote no oceano e se faça três perguntas importantes. A primeira: O que é a esteira? A esteira, claro, é o rastro deixado na água quando o bote avança. A segunda pergunta: O que impulsiona o bote? A resposta aqui é que a energia do motor no momento presente é o que faz o bote se deslocar - não a energia de ontem, nem a de amanhã, mas aquela gerada no momento presente. Finalmente, pergunte-se: Pode a esteira impulsionar o bote? Aqui a resposta óbvia é um não absoluto! A esteira não tem força. Ela foi criada por energia passada e não tem poder algum neste momento. Você não vê nada mais que o rastro. É bastante óbvio como esta história aplica-se à vida de cada um, mas é extremamente importante para a compreensão da felicidade e dos sonhos. Muitas pessoas vivem como se o passado fosse o poder a impulsionar suas vidas. A verdade, porém, é que, como no caso da esteira de uma embarcação, o seu passado não tem força. Certamente é verdade que o que aconteceu no seu passado e os desafios que você enfrentou na infância aconteceram mesmo e você teve mesmo que fazer face a esses desafios. Também é verdade que o que aconteceu no seu passado contribuiu para a forma como você vê a vida hoje. Todavia, aí é onde acaba a sua relevância. Seu passado, como ele na verdade existe hoje, nada mais é que os pensamentos que você tem a respeito dele - nem mais, nem menos. Na realidade, o seu passado é exclusivamente pensamento -simples lembrança. Isso não desmerece seu passado nem sugere que você deva fazer de conta que ele não sucedeu exatamente do jeito que sucedeu. Vendo o seu passado como nada além de lembrança inofensiva, você pode manter a sua atenção voltada para este momento, livrando-se da compulsão que segue todo o encadeamento de pensamentos que lhe vem à mente. Quando você entende a lembrança

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como o que ela realmente é - pensamentos simples e inofensivos que passam pela mente - e não como uma realidade presente que deve ser analisada e contra a qual é preciso lutar, é bem mais fácil rejeitar as centenas de pensamentos voltados para o futuro e o passado que percorrem sua mente todos os dias. A compreensão da natureza inofensiva do seu pensar lembra-lhe, como sugeri no primeiro princípio, que ele não é algo que acontece a você mas, antes, algo que você cria - de dentro para fora. Quando você interpretar seu pensar como uma capacidade que pode trabalhar a seu favor ou contra você em qualquer momento, seus pensamentos lhe causarão menos medo e incômodo. Você os manterá em perspectiva. Quando os pensamentos penetrarem na sua consciência, você terá uma escolha: poderá examiná-los e responder, ou simplesmente deixá-los ir embora. Depende de você. Quando você se atribuir esse poder, tornar-se-á muito menos propenso a reagir e por sua vez ficará bem mais fácil permanecer no momento presente. A sua mente não verá as especificidades de seus pensamentos como notícias de primeira página. Quando seus pensamentos se distanciam do momento presente, quer você esteja pensando na sua infância ou em algo que aconteceu de manhã cedo, você está na verdade recriando o seu passado através do seu pensar. Desde que você esteja ciente de que você produz seus pensamentos, que você é o pensador, pode evitar sentir-se triste, zangado ou vitimado, voltando sua atenção de novo para o presente. Você não irá supor, como muitas pessoas, que se um pensamento aparece em sua mente deve ser por uma razão realmente importante, e agora que ele apareceu você afunda nele. Em vez disso, você lembrará que pensamentos do passado nada mais são que lembranças ativamente engajadas. E lembranças, como sonhos, são simplesmente pensamentos a cruzar a sua mente. Você não precisa se preocupar. A única maneira de um pensamento, ou série de pensamentos, lhe fazer mal é se você lhe der significação. Se não, ele não tem como prejudicar você. E desde que você lembre que seus pensamentos não têm o poder de prejudicá-lo sem o seu consentimento, manterá o controle sobre a sua vida. Em vez de se sentir vitimado ou derrotado pelos pensamentos que lhe correm pela mente, você conseguirá mantê-los em perspectiva. Quando os pensamentos penetrarem na sua consciência, você decidirá se presta-lhes atenção, leva-os a sério e responde em conseqüência, ou simplesmente rejeita-os e continua a tocar seu dia. Os efeitos destrutivos do pensamento só ocorrem quando esquecemos que o nosso pensar é simplesmente uma função da nossa consciência - uma capacidade que os seres humanos possuem - que não precisa ser inflada desproporcionadamente, Quando conservamos em mente esse pedacinho de sabedoria, damo-nos conta de que é o nosso pensar, não as nossas circunstâncias, que determina como nos sentimos. Isso nos dá confiança para viver no momento, afastando o medo de termos de prestar atenção tão cuidadosa ao nosso pensar ou então sujeitar-nos às conseqüências. Outros podem ter experimentado um conjunto de circunstâncias quase idênticas às suas, e talvez sintam-se deprimidos e ressentidos pela situação, enquanto você sente-se bastante contente. O fato de você sentir algo diferente não terá nada a ver com quem estava em melhor situação, mas será determinado por quem compreender mais claramente a natureza do pensar e ficar menos perturbado. Compreender o nosso pensar dessa forma nos permite viver uma parte maior da nossa vida no momento presente, pois faz com que nos preocupemos bem menos com nosso pensar. Quando nossas mentes avançam em direção a preocupações e problemas - ou recuam à procura de arrependimentos e mágoas do passado -, nós podemos observá-las ativamente e fazer sutis ajustes mentais, sugerindo-nos voltar a atenção novamente para o presente. Podemos dizer a nós mesmos "Opa, lá vou eu de novo", ou alguma outra coisa que mantenha o nosso pensar em perspectiva, lembrando-nos que só necessitamos trazer a atenção de volta para o momento presente para recuperar o sentimento de contentamento.

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No quarto princípio, aprendemos que os nossos sentimentos nos dizem, com absoluta exatidão, quando nosso pensar funciona mal ou está afetando-nos negativamente. De modo similar, nossos sentimentos são extremamente úteis para detectar quando nossas mentes fugiram do momento presente. É bastante provável, por exemplo, que, ao nos sentirmos aborrecidos, irritados ou frustrados, nosso pensar tenha de alguma maneira escapado do presente. Da próxima vez em que você estiver estressado ou frustrado, observe rapidamente e com sinceridade onde seus pensamentos estão. Quase com certeza você estará pensando em tudo o que tem a fazer no futuro, ou tudo o que já fez no dia, ou em algo desagradável que aconteceu ou pode vir a acontecer. Raramente, quando você estiver perturbado, seus pensamentos estarão centrados no presente. Na maior parte do tempo, o momento presente é razoavelmente sereno. Para explorar essa idéia, tente este exercício simples:

Pare de ler por um momento e observe simplesmente onde você está e o que está fazendo. Você está lendo um livro da sua própria escolha. Você está

sentado ou deitado. Esperamos que esteja confortável. Agora, imagine a sua vida neste exato momento - sem pensar, por enquanto, no que está errado ou

no que falta. Você está apenas bem aí onde está, lendo.

Agora, observe o que acontece quando você injeta uns poucos pensamentos sobre tudo o que você ainda tem a fazer boje ou amanhã. Repare no que

acontece ao pensar em alguns problemas e complicações. Traga à memória alguns temas sérios. Já neste momento a sua paz mental está sendo quebrada pelo seu próprio pensamento. Quanto mais você continuar com a injeção de

preocupações futuras ou passadas, mais perturbado e frustrado ficará. Esse breve exercício pode lembrar a você o quanto seu pensar é realmente poderoso. Seus pensamentos podem levá-lo, de forma praticamente instantânea, de um estado de calma no momento presente, para um estado de agitação - sem que aconteça mudança alguma concreta. A solução para essa sabotagem mental é você tomar consciência de que a sua mente está a se atirar na busca de problemas, prazos intransponíveis e questões - ou recuando à procura de reviver antigas feridas ou frustrações. Você não precisa fazer de conta que os problemas não estão ou não estiveram ali - precisa apenas perceber quando o seu pensar se engaja nessa dinâmica mental. Simplesmente tome consciência. Então você pode lembrar-se de orientar seus pensamentos de volta para o presente quando eles ficam presos nos problemas. Depois de algum tempo, você começará a notar que a maior parte da vida - a que existe fora deste momento - é simplesmente uma parte da sua imaginação e do seu pensar. Aprender a viver no momento em que se está é como sentar-se diante do volante de um carro pela primeira vez. De repente, você determina para onde o veículo há de levá-lo. Quando você ganhar prática em viver o momento presente, terá condições de decidir, a cada momento, qual será a sua experiência de vida. Preste atenção aos seus sentimentos. Eles ali estão para ajudá-lo; eles são seus amigos. Quando se sentir desligado, repare. Observe mansamente seu pensar. Onde ele está? Se seus pensamentos não estiverem no aqui e agora, em vez de ser duro consigo mesmo, ou entrar muito nos detalhes do seu pensar (a análise paralisa!), simplesmente reoriente a sua atenção para o momento presente. Não permita que seus pensamentos o afastem da felicidade. A essa altura você deve estar vendo, sem dúvida, a relação íntima entre todos os cinco princípios. Eles se entrelaçam como em uma bela tapeçaria para explicar a dinâmica mental da felicidade. A compreensão dos estados de ânimo, por exemplo, desempenha um papel essencial ao se aprender a viver no momento presente. Uma das razões fundamentais de as pessoas acharem tão difícil permanecer no momento presente é que elas não compreendem o poder de seus próprios estados de ânimo, ou como reagir quando estão de baixo-astral. Como eu já disse antes, se você acreditar no que pensa quando está abatido, ficará temeroso ou aborrecido demais para permanecer no momento presente. Baixos-astrais sempre produzem pensamento negativo e inseguro. Nos seus baixos-astrais, você sentirá uma necessidade urgente de escapar do que está sentindo. Eu sugeri que a melhor

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maneira de você lidar com baixos-astrais é desconfiar e ignorar seus pensamentos - pondo-os em suspenso - até sentir-se melhor. Isso não é negação. Se você tem um autêntico problema a encarar quando se sente abatido, ele certamente ainda estará ali quando você estiver se sentindo melhor. Mas você se sentirá muito mais bem preparado para lidar com ele. A vida sempre parecerá mais fácil quando você tiver a sua sabedoria à disposição. A sua vida (e a de todo mundo) sempre parecerá séria, urgente e cheia de problemas quando você se sentir abatido. Você deve prever isso e estar preparado para fazer pequenos ajustes mentais, tais como ignorar, rejeitar e levar menos a sério seus pensamentos durante esses momentos de abatimento. A grande maioria de nós sucumbe a uma tendência insidiosa: tentar imaginar nossas vidas e problemas quando nos sentimos desanimados ou de baixo-astral. A natureza do ato de imaginar algo afasta-nos do momento presente e nos leva a pensar: "O que é que eu vou fazer?" A gente se engaja num pensamento ou voltado para o passado, ou antecipatório. E, é claro, quanto mais enredado no pensamento você ficar, para mais longe do momento será transportado. Um dos segredos mais infalíveis da felicidade é aprender a relaxar quando você se sente abatido ou estressado - tendo fé em que o período de abatimento e os sentimentos que o acompanham passarão se você nada fizer. A sua reação perante a premência que sente mantém o estresse no lugar. Portanto, a solução óbvia é ignorar ou desprezar os pensamentos que você tem enquanto se sente desanimado. Para uma pessoa feliz, a fórmula da felicidade é bastante simples: não importa o que aconteceu pela manhã, na semana passada ou no ano passado - ou o que pode acontecer mais tarde nesta noite, amanhã ou daqui a três anos - a felicidade reside é no agora. Pessoas felizes compreendem que a vida realmente nada mais é do que uma série de momentos presentes a se experimentar, um depois do outro. Elas compreendem e prezam o passado pelo que ele lhes ensinou sobre viver mais no agora, e vêem o futuro como mais momentos presentes a serem experimentados. Sobretudo, elas entendem que agora mesmo, neste exato momento, é onde a vida é verdadeiramente vivida. Uma fórmula de sucesso relacionada com isso: Quando você centrar a sua atenção no momento presente, em vez de em momentos passados ou ainda por virem, maximizará a sua produtividade, criatividade e capacidade de realizar suas metas. O excesso de pensamentos voltados para o futuro ou para o passado anuviam sua visão e distraem-no do que está fazendo. Quanto mais voltado para o presente momento você estiver, mais fácil será ficar no rumo certo, concentrar-se e atingir as suas metas. Encurtando, uma mente não sujeita a distração é capaz de tomar decisões sensatas e adequadas. Thoreau disse: "Acima de tudo, não podemos nos permitir não viver no presente. Abençoado é entre todos os mortais quem não perde momento algum da vida atual recordando o passado." Eu não poderia concordar mais integralmente. Creio que você descobrirá que dominar este princípio é notavelmente simples. Só é preciso um pouco de prática. A partir de hoje, comece a observar onde os seus pensamentos estão centrados. Você está engajado no que está a fazer neste exato momento? Ou seus pensamentos vaguearam para o futuro ou o passado? Provavelmente você se pegará a divagar dúzias, até centenas de vezes por dia. Não se preocupe. Logo esse número diminuirá substancialmente. Você descobrirá que quando está engajado no momento presente sente-se feliz e satisfeito. Esse reforço positivo lhe dará a fé para continuar com a sua prática.

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UMA BREVE REVISÃO DOS PRINCÍPIOS PENSAMENTO, ESTADOS DE ÂNIMO, realidades separadas, sentimentos e momento presente - o mais importante a ser lembrado quanto aos cinco princípios não são os princípios em si, mas para onde eles apontam. Eles apontam para longe do pensar obsessivo sobre problemas e pessoas, e nos levam a um lugar mais calmo dentro de nós, um sentimento mais agradável. Eles não nos incitam a "não pensar", mas a lembrar que pensar é uma função que se origina dentro de nós. Graças a esse entendimento, podemos cultivar um relacionamento sadio com o nosso pensar: um relacionamento que nos permite pensar os nossos pensamentos sem sermos também incomodados, perturbados, dominados ou atemorizados por eles. Isso ocorre porque compreendemos a natureza do que está se passando dentro de nossas cabeças, os princípios nos guiam para uma noção de paciência para com nós mesmos e com os demais. Eles nos lembram que todos nós funcionamos da mesma forma e por isso podemos levar em consideração a nós mesmos e a outras pessoas. Os princípios servem de mapa rodoviário que nos guia rumo a um sentimento mais positivo - o sentimento de amor. Se estamos pensando em algo que nos causa aflição, os princípios nos lembram que podemos desviar nossa atenção desse objetivo e voltar-nos para um sentimento de contentamento. Este sentimento mais agradável não resulta de termos cogitado os detalhes de um problema até chegarmos a uma solução satisfatória, mas deriva diretamente do que chamamos funcionamento psicológico sadio. Este é o sentimento feliz que resulta quando não pensamos com base no nosso sistema individual de pensamento e habitual contexto de referência, mas com base em uma mente em repouso. O funcionamento sadio não só nos faz sentir bem, mas nos fornece idéias novas sobre a vida e a resolução dos problemas. Na próxima parte trataremos da forma como a compreensão dos cinco princípios pode ser elaborada naqueles aspectos da vida tidos com freqüência como inerentemente difíceis. Com uma boa compreensão do funcionamento psicológico sadio, você levará a vida mais amavelmente, com alegria e apreço.

PARTE II APLICANDO OS PRINCÍPIOS

SEIS RELACIONAMENTOS

Meu amigo é alguém a quem conheço, e que me aceita como sou. - Henry David Thoreau

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Os relacionamentos são difíceis para muitas pessoas. No entanto, quando compreendemos a natureza dos relacionamentos e como os cinco princípios se entrelaçam dentro dessa compreensão, o nosso contato com outros deixará de ser problema, e nos trará maiores alegrias. Qualquer relacionamento começa a partir de nós. Quando nós podemos penetrar num estado de sentimento mais positivo, abrimos a porta para o respeito mútuo, a comunicação aberta e sincera, e um genuíno clima de amor. Quando nossas próprias vidas estão cheias de contentamento, resta-nos algum para outras pessoas. Quando nos sentimos bem, não há necessidade alguma de sermos excessivamente críticos ou ficarmos na defensiva, porque já não nos sentimos ameaçados pelos outros. Todos com quem você entra em contato estão fazendo o melhor que podem na vida. Ninguém acorda de manhã com o intuito de lhe estragar a vida (exceto talvez algumas pessoas muito perturbadas). As pessoas estão tentando verdadeiramente fazer o melhor que podem para que suas vidas e as de outros se desenvolvam bem. A maioria das pessoas, sobretudo as próximas a nós, prezaria a oportunidade de nos ajudar a levar nossas vidas mais facilmente. Todo mundo funciona igual psicologicamente. Todos nós pensamos. Todos nós temos estados de ânimo. Como o pensar e os estados de ânimo são característicos em cada indivíduo, todos nós vivemos em uma realidade separada. E todos nós temos sentimentos. Esses cinco componentes psicológicos são certos em pessoas de todos os cantos do mundo. Eles existem em você, no seu parceiro ou parceira, nos seus colegas de serviço, nos seus filhos; eles estão em mim, minha esposa, minhas filhas, meus clientes; em todo mundo. Consideremos o princípio do pensamento. Cada um de nós pensa constantemente, e o faremos pelo resto de nossas vidas, sendo um elemento impessoal da vida que ocorre sempre, queiramos ou não. Faça chuva ou faça sol, o pensamento continua, em nós e em outros. Como usarmos essa capacidade para o nosso melhor proveito? OS SISTEMAS DE PENSAMENTO DOS OUTROS Temos aprendido que pensamentos com padrões recorrentes tornam-se parte dos nossos sistemas de pensamento individualizados. Visto que esses sistemas são autoconfirmativos (na terminologia psicológica, sistemas fechados), não temos como questioná-los, e sempre nos parece que estamos vendo a vida de modo exato e realista. Por causa disso, tendemos a questionar a forma como outros vivem suas vidas e como fazem coisas, porque os sistemas autoconfirmativos são muito autoprotetores. A informação que não condiz com nossas crenças já existentes é filtrada através do nosso sistema de crenças e julgada como "inconsistente com a verdade", "um jeito estranho de fazer as coisas", "esquisita", "incomum", "diferente" e, com muita freqüência, "errada". Quando conhecemos melhor outra pessoa, essa tendência a questionar seu sistema de crenças aumenta, não diminui. Quanto mais tivermos oportunidade de interagir e passar tempo com outros sistemas de pensamento, maior é a probabilidade de conflito. É por isso que o relacionamento mais difícil, para tantas pessoas, é o casamento. Para as pessoas solteiras, o relacionamento mais difícil costuma ser com a pessoa mais próxima ou com quem têm mais intimidade. De certa forma, parece irônico que sejamos mais incomodados por aqueles de quem desejamos estar mais perto. Mas não pode ser diferente, ao menos enquanto não compreendermos o nosso próprio funcionamento psicológico e o dos nossos parceiros. Depois, acontecerá o contrário. Com compreensão, adquiriremos novo amor e respeito por aqueles com quem desejamos compartilhar a maior parte do tempo. Manteremos os nossos sentimentos positivos por eles como pessoas especiais e singulares. O problema das

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diferenças deixará de nos incomodar - talvez ele até pareça divertido! Começaremos a ver as pessoas como personalidades, em vez de adversários. É essencial que saibamos e entendamos que nosso parceiro (ou qualquer pessoa com quem nos relacionamos) vê a vida tão claramente como nós a vemos. Ninguém pode questionar a visão da vida dele ou dela, porque o pensamento é que origina nossa experiência. Ao observarmos a vida de dentro para fora, nossa visão passa pelo nosso sistema de pensamento, e sempre nos parecerá que qualquer pessoa, se não fosse tão cega ou teimosa, veria as coisas como nós as vemos. Mas não pode e nunca conseguirá ver - a fim de termos relacionamentos consistentemente positivos, nós devemos aceitar isso como um fato. Concordar com essa concepção é um gesto de compreensão com efeito libertador. Por um lado, temos de admitir que aquilo que sempre temos chamado "vida" não é vida no seu estado mais preciso. A nossa versão personalizada de vida e nossa interpretação dos outros são arbitrárias. Se a informação que foi armazenada em nossa memória e nosso sistema de pensamento tivesse sido diferente, também seria diferente a nossa visão da vida e nossas reações perante outros. Mas fique sabendo que a sua versão da vida não está errada. Ela é tão justificada como a de qualquer outra pessoa, porque psicologicamente todos funcionamos da mesma maneira. Quando compreendemos assim, já contamos com ver as coisas diferentemente de outras pessoas. Como aprendemos a contar com isso, ficamos surpresos e sempre encantados quando alguém vê algo exatamente como nós. E quando isso não acontece, tudo bem. Aprendemos a dizer com nossos botões: "É, assim é que eles fazem no mundo deles." Não estou sugerindo que não consideremos as nossas diferenças ou façamos de conta que nada nos incomoda. Se é isso o que você está achando, por favor releia os capítulos sobre pensamento e realidades separadas. Os nossos sistemas de pensamento são neutros. Nós não podemos fingir que eles não existem, nem existe probabilidade alguma de eliminá-los. O melhor que podemos fazer é entender que nós (e todo mundo) temos esses sistemas e que eles determinam o que vemos. Com esse entendimento podemos começar a nos ouvir com restrições - com sabedoria e uma noção de perspectiva. Podemos aprender a nos levar, e aos nossos pensamentos pessoais, menos a sério. Conforme a nossa compreensão se aprofundar, nós verdadeiramente nos incomodaremos menos com outros, e não levaremos seus pensamentos tão a sério ou como algo pessoal. Poderemos discordar completamente de alguém, e estará tudo bem. Não precisamos enfrentar as pessoas olho no olho, pois agora temos uma nova perspectiva. ALIMENTE O BOM SENTIMENTO NOS SEUS RELACIONAMENTOS O aspecto mais importante de um relacionamento enriquecedor é o sentimento que existe entre duas pessoas. Se o sentimento é bom, dizemos que temos um bom relacionamento. Se o sentimento não é tão bom assim, se ele tem minguado, dizemos que temos um mau relacionamento. Todos os relacionamentos começam com algum grau de calidez e sentimento positivo. Para começar, o sentimento positivo é a razão para o relacionamento ter ido adiante. O sentimento estava ali porque as pessoas envolvidas não pensavam uma na outra criticamente! Se você não centra a sua atenção nos aspectos negativos de uma pessoa, seus sentimentos naturais de amor e respeito podem manifestar-se. O sentimento que trazemos dentro de nós sempre afetará a pessoa com quem falamos. Por exemplo, você poderia dizer para seu filho: "É claro que eu te amo, sou seu pai." Se você disser isso em tom severo, seu filho não interpretará as palavras literalmente - ele ou ela ouve, e sente, o tom do sentimento por trás das palavras. Há muitos exemplos assim na nossa experiência diária. Quer estejamos falando com nossos filhos, nosso cônjuge, parceiro, amigos, chefe, empregados, ou com um completo estranho, os sentimentos que estão por trás das palavras, e não estas em si mesmas, determinarão a forma como o outro interpretará e reagirá.

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A forma de recuperar o sentimento afetuoso por alguém é, primeiro, compreender a sua importância e fazer dele uma prioridade. Quando você sente afeto por outra pessoa, você deixa de lado as diferenças em grande medida. Quando de fato você tem diferenças a resolver, o faz calmamente, com sabedoria. Quando você não sente afeto pela outra pessoa, reage diretamente com base no seu sistema habitual de pensamento, apontando continuamente para as diferenças e culpando-as pelos seus sentimentos de descontentamento. Mas como já temos visto, não são as nossas diferenças que criam nossos sentimentos, mas o nosso pensar. Compreendendo o nosso próprio pensar podemos nos livrar de seus efeitos prejudiciais. O segundo aspecto da recuperação dos nossos sentimentos positivos em relação a outros é vermos a inocência no mau comportamento das pessoas, e enxergar além dela. Indignos de um comportamento negativo, todos queremos ser pessoas afetuosas, amigáveis e compassivas. Eu ainda não conheci nem trabalhei com uma pessoa que não se achasse boa, ou pelo menos com o potencial para ser uma boa pessoa. Até mesmo pessoas agressivas, intransigentes e egoístas se vêem (ou desejariam ver-se) como ótimas pessoas. O princípio dos estados de ânimo ensina que cada um de nós opera como se fosse realmente duas pessoas. Em nossa melhor forma, temos acesso à nossa sabedoria e ao nosso bom senso. Somos amigáveis, prestativos e leais. Mas na pior forma, perdemos nosso senso de equilíbrio. Tropeçamos, tendemos a ser negativos e exageramos as falhas de outros. O fator que determina em que situação estamos em um certo momento é o grau (ou falta) de insegurança que experimentamos por dentro. Pense em você mesmo por um momento. Como você age e pensa no que diz respeito à vida quando sente-se inseguro? Está despreocupado, à vontade e cheio de estímulos positivos? Claro que não. Pois bem, todo mundo, inclusive as pessoas com quem nos relacionamos, funciona exatamente da mesma forma. Quando entendemos e temos a humildade de aceitar esse fato nos seres humanos, podemos desculpar o comportamento das pessoas. Ninguém está na sua melhor forma quando se sente inseguro. Pense em alguém que você conhece e considera uma pessoa ofensiva e exigente - e em relação à qual você tenha dificuldade em manter um sentimento positivo. Ora, apesar dessa sua dificuldade, você sabe que há quem tenha afeto a essa pessoa. Como é que tais pessoas conseguem? Será que não vêem os fatos? Não. Elas fazem o que todos nós fazemos por pessoas que nos importam, sem sequer se darem conta. Elas enxergam além do comportamento da pessoa. A pessoa da qual elas gostam não é uma personalidade estática, talhada em pedra para sempre, mas alguém cujo comportamento flutua de acordo com o seu nível de insegurança. Elas dizem: "Oh, Jim não quis dizer isso. Ele tende a perder as estribeiras, e às vezes diz coisas que não deveria dizer." Eles vêem o Jim, ao passo que você observa o comportamento do Jim. Todos somos capazes de enxergar além do comportamento dos outros, e o fazemos o tempo inteiro, intuitivamente. Nós damos importância ou defendemos as ações de pessoas que amamos quando compreendemos que elas estão se sentindo inseguras. Para melhorar os nossos relacionamentos, precisamos fazer isso deliberadamente, ter um sentimento afetuoso por alguém mesmo se não achamos que ele mereça. Ao praticarmos isso, a nossa harmonia e o sentimento de respeito mútuo aumentarão. A importância desse sentimento positivo nos relacionamentos nunca será suficientemente ressaltada. Se aprendermos a nos aproximar desse sentimento, revelaremos o melhor não só de nós mesmos, mas também das pessoas com quem estamos. A questão não é se os nossos parceiros irão se sentir inseguros outra vez, e agirão de uma forma que não nos agrada. Isso vai acontecer. A lição importante é sermos capazes de manter o nosso sentimento positivo por eles. Se pudermos, ele ajudará a aumentar a autoconfiança deles, e na proporção em que o nível de segurança deles crescer, seu comportamento melhorará. Todo mundo ganha! Eles apreciarão em você a compaixão e o amor

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e terão aprendido com a experiência. Se, ao contrário, não pudermos manter os nossos sentimentos positivos por nossos parceiros, o nível de segurança deles (já baixo) tenderá a cair ainda mais. A medida que a insegurança aumentar, o comportamento deles continuará a ser desagradável (ou ficará pior), e seus sentimentos continuarão amargos. Em relacionamentos deficientes as pessoas cometem o erro de tomar o comportamento negativo como algo pessoal. Quando começarmos a perceber o alívio, bom senso e praticidade de mantermos os nossos sentimentos positivos por outros (mesmo na adversidade), diminuirão a quantidade e a gravidade das ocasiões em que nos sentimos atacados. Outras pessoas perceberão nossos bons sentimentos para com elas, e se sentirão tranqüilizadas, do que resultará proximidade e bom sentimento. Há um velho ditado: "Não é o que você diz, mas como o diz." O "como o diz" é o sentimento por trás do que você diz. Procure um sentimento positivo dentro de você antes de falar, se quiser que a interação seja positiva. Mesmo se você se sente justificado ou tem razão concreta para estar contrariado, ainda assim, espere que um sentimento melhor venha à tona. Quando ele vier, a sua resposta será sempre mais apropriada e eficaz do que teria sido antes. Isso não quer dizer esperar e pensar em algo bonito para dizer, mas sim esperar até surgir um sentimento positivo. Quando o sentimento positivo vier à tona, e ele virá, aquilo que dissermos tomará conta de si mesmo. Talvez seja bonito, se isso é o apropriado, ou talvez não o seja. Mas se você esperar pelo sentimento positivo antes de falar, seus relacionamentos melhorarão notavelmente. Nos casos extremos em que parece impossível achar um sentimento afetuoso, compreenda que o que está dentro de você afeta a pessoa com quem está. Você tem a capacidade de sentir afeto apesar do mau comportamento, de dar sua sabedoria e sua compaixão. Isso, por sua vez, gera respeito e compreensão, que mitigam a frustração mútua. Ambos verão a situação com mais clareza e perspectiva mais ampla. Em lugar de sermos esmagados por causa da nossa "natureza condescendente", começaremos a receber mais do que temos estado procurando o tempo todo: amor e respeito dos outros e de nós mesmos. As pessoas respeitam e admiram outras que compreendem o estado mental delas (especialmente quando estão abatidas), e apreciam aqueles que conseguem manter um senso de bem-estar quando outros "perderam a cabeça". Você preferiria estar perto de quem - de uma pessoa que fica alterada e entra em pânico, ou de alguém que mantém a serenidade e consegue tirar o melhor partido de qualquer situação difícil? Nossa incapacidade de gerar um sentimento positivo ou afetuoso por alguém indica até que ponto estamos pensando negativamente sobre essa pessoa - agora, ou em recordações negativas. Se abandonarmos esses pensamentos ou recordações, o nosso sentimento positivo pela pessoa volta. Embora possa parecer normal, não é natural sentir-se negativo, frustrado ou irritado com relação a alguém. Quando isso lhe acontece, é um sinal de que você regrediu e passou a encarar a vida e outras pessoas através do seu sistema habitual de pensamento. Pense por um momento no que aconteceria se você estivesse discutindo com alguém a quem ama - e, bem no meio da discussão, começasse um incêndio na sua casa, pondo suas vidas em perigo. O que aconteceria com a discussão? Ela deixaria de ser importante. Seria temporariamente esquecida, substituída por pensamentos de sobrevivência e preocupação mútua. Pôr o outro a salvo seria a única preocupação de ambos. Os sentimentos entre os dois mudariam instantaneamente, em resposta a uma mudança do foco de atenção. Muitos pais têm tido experiências psicológicas semelhantes com seus filhos. Num instante eles estão zangados - pensando que o filho está demorando demais em voltar para casa, por exemplo - e logo após estão agradecidos porque seu filho está vivo, depois de um telefonema dando conta de um

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grave acidente que quase o matou. Todos já ouvimos falar ou experimentamos incidentes como esse. Em ambos os exemplos, os indivíduos envolvidos esqueceram por que estavam zangados, provocando assim uma mudança no sentimento deles com relação à pessoa que motivou a contrariedade. Talvez o exemplo mais vigoroso disso seja quando um dos integrantes de um casal em situação cambaleante tem diagnosticada uma doença terminal. Instantaneamente, o casal compreende o absurdo e a inutilidade de sentir outra coisa senão amor ao parceiro. Os anos de discussão e amargura ficam esquecidos e o relacionamento recupera um sentimento de afeto e compaixão. Essa nova compreensão sobre o cuidado e o cultivo dos relacionamentos coloca-nos em uma posição precária. Agora nós sabemos muito sobre o nosso funcionamento psicológico, e não podemos voltar atrás, ao menos não totalmente. Temos de optar entre recuperar um sentimento mais positivo em nós próprios e melhorar os nossos relacionamentos, ou continuar a pensar de modo disfuncional, o que nos faz sentir descontentes. Não estou referindo-me aqui ao pensamento positivo ou a nos forçarmos a pensar em algo agradável, mas ao fato de que o próprio ato de pensar está produzindo nossa aflição ou falta de felicidade. Você tem o direito de continuar a pensar no que quiser, pelo tempo que for, mas assim que compreender a forma como o pensar cria a sua experiência de vida a cada momento, sem dúvida resolverá descontinuar aqueles pensamentos que o afastam de onde você quer estar. QUERO ESTAR "CERTO" OU "FELIZ"? Se o elemento mais importante nos nossos relacionamentos pessoais é o sentimento que existe entre nós e nossos parceiros, então estar certo não é relevante, não se isso diminui o amor que temos por outra pessoa. Quando compreendemos como os nossos sistemas de crença nos encorajam a confirmar as nossas próprias interpretações imperfeitas sobre a vida, aprendemos que o mesmo vale para todo mundo. Se já soubermos isso não teremos de discutir ou ficar contrariados por causa das nossas diferenças. Na medida em que aumentam os sentimentos felizes entre as pessoas, a questão de certo ou errado parece menos importante. Nós ainda podemos manter as nossas opiniões e preferências, mas sabemos que essas opiniões nascem dos nossos pensamentos, não da verdade eterna. Nosso sentimento positivo torna-se mais importante que nossas opiniões. Quando passamos a apreciar mais a felicidade no relacionamento, reparamos nas coisas que tendem a nos afastar desse sentimento. Um dos principais catalisadores que nos afastam é a necessidade de estar com a razão. Uma opinião levada demasiadamente a sério estabelece condições que devem ser preenchidas antes que você possa ser feliz. Nos relacionamentos, isso poderia soar assim: "Você deve concordar ou considerar o meu ponto de vista para que eu o ame e respeite." Em um estado de sentimento mais positivo esta atitude pareceria tola e prejudicial. Podemos discordar, até mesmo em questões importantes, e ainda assim nos amarmos - isso ocorre quando os nossos sistemas de pensamento não mais controlam nossas vidas e percebemos a inocência nos nossos pontos de vista divergentes. A necessidade de estar certo provém de um relacionamento malsão com nossos próprios pensamentos. Você acredita que seus pensamentos são representativos da realidade e precisam ser defendidos, ou entende que as realidades são diferentes quando vistas através de olhos diferentes? A

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resposta que você der a essa pergunta determinará, em grande medida, a sua capacidade de manter um estado de sentimento positivo. Todas as pessoas que eu conheço, que têm colocado o sentimento positivo acima da necessidade de estar com a razão na lista de prioridades, chegaram à conclusão de que as diferenças de opinião se arranjarão sozinhas. Um estado de pensamento mais positivo nos permite ver outras posturas, escutar com ouvido mais acurado, e exprimir as nossas crenças de modo mais compassivo e interessado. (Poderíamos até aprender algo !) Ele nos permite dar-nos ao luxo de não ligar muito se ficar evidente que não podemos concordar. ESTADOS DE ÂNIMO NOS RELACIONAMENTOS Todos podemos sentir que estamos vivendo a vida do Dr. Jekyll e Mr. (ou Ms.) Hyde. Quando de bom ou alto-astral, as outras pessoas parecem legais. Vemos a beleza nos relacionamentos e temos uma impressão de perspectiva e sabedoria. Temos a capacidade de nos fazer concessões, de ver outros pontos de vista e manter o senso de humor. Temos muito bom senso e sabemos instintivamente o que fazer quando a adversidade ataca. Nos momentos de baixo-astral, perdemos nossa perspectiva (ou o norte) e a vida em si parece difícil e frustrante. Nossos relacionamentos parecem ser um fardo e as outras pessoas parecem irritantes, ou de alguma maneira empenhadas em nos aborrecer. Nos baixos-astrais, parece-nos uma afronta as pessoas não verem as coisas como nós as vemos, e temos uma sensação de urgência e de ter uma sina adversa. No baixo-astral, todo problema parece como a ponta do iceberg de um problema muito maior. Quando retornamos ao alto astral temos pouca coisa em nossas mentes. A vida e os nossos relacionamentos parecem fluir, e de certa forma, ter resultados agradáveis. Quando o estado de ânimo despenca, nossas mentes se enchem novamente de preocupações. Em nossos estados de maior desânimo, quando estamos menos preparados, costumamos ficar tentados a solucionar problemas ou resolver questões com outros. É essencial compreender nossos estados de ânimo e os de outras pessoas se queremos manter relacionamentos harmoniosos e gratificantes. Se estamos de baixo-astral sem que isso se manifeste, é bom tomar cuidado! Vamos arranjar problema sem nem saber por que a vida vai parecer premente. Se nosso sinal de advertência incorporado (nossos sentimentos) dispara (baixo-astral), e nós entendemos o que se passa quando estamos nesse estado, instintivamente, adiaremos a discussão e problemas e preocupações (se pudermos). Não podemos tomar boas decisões nesse estado mental, já que não estamos vendo os outros como eles realmente são nem interpretando as situações claramente. Nesse estado de ânimo, estamos na defensiva, teimosos, irritados e bitolados, quatro ingredientes infalíveis para um relacionamento negativo. Em um estado mental mais elevado, os problemas não parecem tão sérios, e esse conhecimento resultará em períodos de baixo-astral mais curtos e menos graves, que não serão complicados por decisões erradas ou reações desmedidas. Você não pode evitar os baixos-astrais, mas se os percebe, ao entrar num deles, e compreende o que acontece, fique sentado e espere surgir um sentimento mais positivo antes de responder a assuntos importantes. Eis um exemplo prático de como essa compreensão ajudou a anular uma fonte de desarmonia em potencial na minha vida. Eu me encontrava muito desanimado. Estava cansado e tinha trabalhado o dia inteiro com meus clientes. De alguma maneira, nada parecia ter dado muito certo naquele dia. Quando cheguei em casa recebi imediatamente uma ligação urgente de alguém que queria conversar

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sobre um problema. Eu só queria ficar sentado na banheira cheia de água quente, ou talvez abraçar minha esposa e minha filha, mas aquela pessoa continuou falando e falando. Antes de compreender o que acontece com os estados de ânimo, essa situação teria me deixado maluco! Eu reagiria com raiva e frustração, e acabaria tomando uma atitude exagerada e decisões impensadas, para depois lamentar o meu comportamento ou, se me sentisse especialmente inflexível, me achar coberto de razão - o meu "direito de estar zangado". Eu teria dado vazão a pelo menos parte da minha frustração sobre a minha esposa, sem nem saber que o estava fazendo. Mas naquele dia eu notei que estava num estado mental de muito desânimo, e soube que tudo parecia pior naquele momento do que pareceria mais tarde. Então, ouvi a informação o melhor que pude e disse à pessoa que iria ponderar as suas opções e retornar a ligação. Pus a informação num canto da mente, sabendo que voltaria a ela quando o meu ânimo melhorasse. Efetivamente, várias horas mais tarde, depois de não pensar naquilo, descobri que me sentia muito melhor e as respostas pareceram óbvias. É importante lembrar que se percebemos um problema concreto quando estamos de baixo-astral, o problema ainda estará ali quando o nosso nível de ânimo melhorar. E nós seremos bem mais capazes de lidar eficazmente com qualquer adversidade quando o estado de ânimo for melhor. Um outro detalhe é muito importante. Eu não nego que algumas vezes a gente simplesmente não pode esperar até desenvolver um estado de ânimo melhor. Certamente haverá ocasiões em que um melhor astral forneceria melhores respostas e a paciência e sabedoria necessárias para resolver um problema. Não podemos forçar um bom estado de ânimo, mas se entendemos os estados de ânimo, isso não é problema. Nós simplesmente fazemos o melhor possível, sabendo qual o nosso estado de ânimo no momento. Se eu precisasse tomar uma decisão imediata no exemplo anterior, o teria feito ciente de que não estava vendo a situação com clareza. Eu estaria sabendo que, se a situação parecia uma emergência, em vista do meu estado mental, tomaria a melhor decisão que pudesse, consciente de que as condições não eram ideais. O fato de perceber que você está de baixo-astral ajuda realmente a tomar decisões melhores do que se supusesse (erroneamente) que está vendo a vida (e os fatos) corretamente. Se você tiver compaixão pelo seu próprio estado mental, as suas atitudes se abrandarão. Essa é uma parte importante da sabedoria e do conhecimento de si mesmo no momento em que, de baixo-astral, tomar uma decisão. É importante saber quando nós estamos de baixo-astral, e também quando outros estão de baixo-astral. A maioria de nós não tem dificuldade em notar o nível anímico de outras pessoas, sobretudo daquelas mais próximas. Com efeito, o estado de ânimo alheio, particularmente o baixo-astral, com freqüência é mais fácil de se detectar que o nosso. Depois de perceber um estado de abatimento em outra pessoa, compreenda e respeite o poder dos estados de ânimo o bastante para não ser envolvido ou afetado pessoalmente por eles. Quando pessoas que conhecemos, amamos ou com quem trabalhamos estão de baixo-astral, não têm senso de humor ou perspectiva. Nossos cônjuges, colegas de serviço, filhos, empregados, amigos e outros dirão e farão coisas, nos seus momentos de baixo-astral, que nem sonhariam em dizer ou fazer estando de alto-astral. Se não compreendêssemos os estados de ânimo e seus efeitos nas pessoas, seríamos incomodados ou magoados por seus atos ou comentários despropositados. Por acaso isso quer dizer que deveríamos desculpar o comportamento negativo? Sim e não. Não é questão de olhar para outro lado, ou fazer de conta que você não se incomoda, mas de permitir que um ser humano que tem estados de ânimo seja um ser humano completo. Reagir energicamente ao comportamento de alguém de baixo-astral é como reagir ao mau tempo, algo que está além do nosso alcance. (É claro, nós certamente preferiríamos que as pessoas ficassem menos na defensiva ou fossem menos críticas quando estão de baixo-astral!) O que podemos fazer é expor a nossa compreensão dos estados de ânimo e dar um exemplo positivo. Podemos aprender a não levar tão a sério o baixo-astral de outras pessoas, ou não ligar

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muito para o que elas dizem e fazem quando estão assim. Você avalia a situação, depois manifesta a necessária compaixão para ajudar as pessoas a saírem do desânimo e desfrutarem de um estado mental mais proveitoso. Se não podemos tirar pessoa alguma do baixo-astral sozinhos, pelo menos, se mantivermos nosso equilíbrio e sentimento de felicidade, estaremos ajudando. Os momentos de baixo-astral do nosso parceiro serão mais breves e parecerão menos graves se nós não formos seriamente afetados por eles. Não tente dar conselhos às pessoas quando elas estiverem de baixo-astral! Nenhum de nós é receptivo à informação em estado de depressão. Mas também não lhes negue atenção, só compreenda e tenha compaixão. O resto acontecerá por si só. REALIDADES SEPARADAS NOS RELACIONAMENTOS O princípio das realidades separadas sugere que não há duas pessoas que vejam a vida exatamente da mesma forma. Todos olhamos para a vida através do nosso próprio filtro exclusivo, o nosso sistema de pensamento. E mesmo que muitos de nós saibamos isso no nível intelectual, o princípio das realidades separadas nos recorda que não se trata meramente de um fato intelectual, mas também psicológico. Ao aceitarmos essa verdade, ficamos livres para desfrutar autenticamente e aprender com as diferenças do outro, inclusive aquelas que talvez não entendamos. Uma vez que cada um de nós tem um sistema pessoal de referência, as nossas percepções individuais hão de variar. Sempre nos parecerá que nós é que estamos enfocando a situação do ponto de vista realista, mas o princípio das realidades separadas não dá nem tira crédito a ponto de vista algum, nem discute o que é certo ou errado. Ele simplesmente assinala que a realidade é uma manifestação, a forma como algo manifesta-se com base num determinado sistema de referência. As realidades separadas significam que cada um de nós é como um país estrangeiro! A pessoa A tem certeza de que o mundo é um lugar seguro. A pessoa B acredita que o mundo é perigoso. Quem está certa? Ambas estão - dentro de seus sistemas de referência pessoais. Ambas podem apontar inúmeros exemplos válidos de por que o ponto de vista de cada uma é correto e ambas o fariam com absoluta certeza. Quando vemos como os nossos sistemas individuais de pensamento trabalham para criar nossas perspectivas sobre o mundo, ficamos em liberdade para nos expandir para além dessas limitações. Sentimo-nos menos ameaçados quando alguém discorda ou fica desapontado conosco, porque compreendemos a inevitabilidade dessa dinâmica. Percebemos a inocência no nosso pensar negativo e em nossas crenças, assim como a inocência no negativismo de outros. Reconhecemos que crenças são o resultado do condicionamento do passado. A nossa compreensão das realidades separadas nos permite considerar os fatos em um nível menos pessoal, porque entendemos a natureza das tendências, crenças e filosofias sobre a vida. Quando isso vira um dado da realidade - que todos vemos a vida de modo diferente - podemos nos expandir para vê-lo como algo racional e belo, e abrir a porta para relacionamentos mais frutíferos e mutuamente enriquecedores. Naturalmente, nos tornaremos menos defensivos e críticos, por estarmos menos apegados à pregação do nosso enfoque pessoal quanto à vida e mais interessados em produzir um sentimento positivo universal.

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SETE ESTRESSE

Segundos pensamentos são sempre mais sensatos. – Eurípides

A maioria dos atuais profissionais que lidam com administração do estresse diria que tem ocupações "estressantes". Por vivermos num mundo estressante, o melhor que podemos fazer é torcer para que surjam melhores métodos de enfrentamento do estresse: tal é o pensamento da psicologia moderna. O estresse é um "fato da vida" para a maioria das pessoas - uma crua realidade com a qual é preciso lidar. O estresse é tão popular que outras pessoas ficam ofendidas se nós não parecemos estar sob estresse. O estresse é entendido como uma parte necessária da realização, dos relacionamentos, das carreiras e da vida. A palavra virou curinga para descrever, confirmar e explicar quase tudo o que está errado em nossas vidas. "Se eu não tivesse de suportar tamanho estresse, minha vida seria melhor" é de fato uma crença muito comum. O estresse é uma causa importante de desassossego em nossas vidas, mas nós não temos por que submeter-lhe nossas vidas. Se compreendemos onde o estresse se origina (nas nossas próprias mentes), e a sua relação com o nosso pensar, podemos começar a eliminá-lo, sejam quais forem as nossas circunstâncias. O estresse nada mais é que uma forma de doença mental socialmente aceita, e pode, em grande medida, ser eliminado. Estresse não é algo que "nos acontece", mas, antes, algo que se desenvolve a partir do nosso pensar. De dentro para fora, nós decidimos o que vai e não vai ser estressante. Jogar pode ser emocionante para uma pessoa, e para outra a causa de um colapso nervoso. Para uma pessoa, ter filhos é a finalidade da vida, e para outra parece responsabilidade demais. Trabalhar com vítimas de estupro é uma causa meritória para uma pessoa, e para outra isso causa angústia. Cada exemplo desses, assim como qualquer outra situação na vida, é realmente neutro, não inerentemente estressante. A partir do momento em que definimos o estresse como algo vindo de qualquer lugar fora de nós mesmos, predispomo-nos a experimentá-lo - e aí é tarde demais para evitá-lo. Toda vez que descrevemos o estresse como algo "lá fora", confirmamos a sua existência. Então precisamos achar meios de enfrentar, administrar ou manipular o que quer que acreditamos esteja causando o estresse. Assim, por exemplo, se acreditamos que é inerentemente estressante ter um relacionamento com alguém que trabalha em horário noturno (ou muitas horas por dia), procuraremos meios de enfrentar essa situação. Poderíamos gastar energia tentando convencer o parceiro ou parceira a mudar a sua carreira. Então, quando ele ou ela resiste, dizemos: "Veja, eu sabia que tínhamos problemas a resolver. Eu sabia que essa era uma situação estressante." Ou poderíamos empreender um caminho completamente diferente e comprometer-nos a continuar trabalhando o relacionamento. Freqüentamos aulas e workshops, lemos livros, ou consultamos um conselheiro em assuntos conjugais na tentativa de lidar com o relacionamento estressante. Seja qual for a nossa estratégia, estamos confirmando a necessidade de enfrentar a situação - que só é estressante porque nós a definimos assim. Nunca paramos para questionar o nosso pressuposto; todas as aulas, workshops, livros e conselheiros que procuramos supõem que os nossos pressupostos iniciais eram corretos, e que precisamos mesmo aprender a enfrentar o estresse. A cada aula a que assistirmos, ou a cada livro que lermos, a crença de que estamos em uma situação estressante será reforçada e resultará em mais estresse. Quanto mais pensarmos nisso ou tentarmos mudá-lo, pior parecerá, porque estamos confirmando que o estresse existe fora de nós mesmos. O mesmo modelo se desenvolve e aprofunda quer acreditemos que o estresse provém dos nossos empregos, do mundo, dos relacionamentos, da situação financeira, da nossa formação, do ambiente político ou seja lá do que for. Se não compreendermos onde o estresse se origina, procuraremos

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formas de mudar a pretensa "fonte" (o nosso meio, por exemplo) ou buscaremos meios de enfrentá-lo. Em qualquer caso estamos disputando uma batalha infindável. Se não podemos mudar as nossas circunstâncias, podemos continuar a usar isso como pretexto para nossa infelicidade, e se de fato conseguimos mudar, isso confirma nossa falsa crença de que tínhamos de agir assim para viver uma vida feliz e livre do estresse. Então, da próxima vez que algo não for do nosso agrado, pensaremos que temos de mudar as circunstâncias novamente, empenhando-nos em um infindável círculo vicioso de estresse. Suponha que você admite que estar atarefado é inerentemente estressante. Se você não pode remanejar o seu horário ou agenda, não tem jeito - está fadado a sentir estresse eternamente! Se você puder modificar a sua agenda, realmente terá ajeitado - não resolvido - o problema, porque agora você confirmou (na sua própria mente) que o seu pressuposto é correto ("Devo mudar a minha agenda para não sentir estresse na vida"). Ainda que tenha sido boa idéia refletir a respeito da sua agenda e possivelmente modificá-la, da próxima vez em que você sentir estresse vai supor o mesmo, que tem de alterar as suas circunstâncias ou seu meio a fim de se sentir melhor. Você não pode lidar eficazmente com algo que na realidade não existe. O estresse não existe - a não ser no nosso pensar. Seus pensamentos estressantes não são mais reais do que os não-estressantes; eles não deixam de ser apenas pensamentos. Para você se livrar do estresse na sua vida, compreenda primeiro que estresse é a sua percepção da situação, não algo inerente a ela. Não há uma relação "causa-e-efeito" entre os fatos da sua vida e a sensação de estresse. Para nós, pessoas ocupadas, não há necessariamente uma relação entre nossa agenda e a sensação de estresse - afinal, existe gente mais ocupada do que nós que não sente esse estresse! Não é a agenda, é o pensamento das pessoas que devem cumprir a agenda. Quando você perceber que não existe o tal estresse, mas só o pensar estressante, estará a caminho de uma mudança imediata e poderá assumir a responsabilidade pela sua vida. Quando você redefine o estresse como algo que pode controlar, é possível manter um sentimento positivo, mesmo quando as circunstâncias estão muito aquém de serem perfeitas. COMO OS PENSAMENTOS CRESCEM PARA PRODUZIR "ATAQUES DE PENSAMENTO" O nosso pensar está para o estresse como a água e a luz solar estão para nossos jardins: ao pensarmos, insistirmos ou nos concentrarmos em algo, o objeto da nossa atenção crescerá em nossas mentes. Os nossos sentimentos descontentes parecerão mais justificados. Se percebemos algo como um fator de irritação, podemos transformar essa pequena irritação em uma imensa fonte de estresse se pensarmos nela o bastante. É por isso que muitas pessoas se incomodam tanto com coisas miúdas. Se você não entende a dinâmica do pensamento, é fácil exagerar a dimensão das coisas. Você começa pensando: "Eu realmente não ligo tanto assim para a Joan." Agora que o pensamento veio à mente, pode acontecer uma de duas coisas. Você pode tomar conhecimento dele e depois desconsiderá-lo como um pensamento fugaz, ou pode concentrar-se nele e fazê-lo crescer. Se você o desconsiderar, ele acaba e você está pronto para enfrentar o seguinte. Agora você pode decidir calmamente se quer passar mais tempo com Joan e que medida tomar, se couber. Se você optasse por concentrar-se no pensamento, ele começaria a crescer e você sentiria seus efeitos estressantes. Você notaria que Joan tem uma voz enjoada e alguns hábitos desagradáveis. Você pensa nas vezes em que ela não foi boa amiga para você, e fez coisas que você não aprovou. Agora, você já desenvolveu um "ataque de pensamento" em grande escala. Você começa a sentir-se um pouco zangado e tenso. "Afinal, quem ela pensa que é?" Você fala com seus amigos sobre ela e vê se eles concordam. Alguns concordam, outros não. Você tende a conversar só com aqueles amigos que compartilham de seus sentimentos sobre Joan. Os

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sentimentos hostis de outros justificam ainda mais os seus, e logo Joan é o "elemento ruim" que está causando o estresse. A mesma dinâmica opera em qualquer circunstância ou ambiente. Todos já ouvimos falar do caso clássico em que algo tão insignificante como a forma de alguém apertar a bisnaga de dentifrício pode virar fonte de grande desentendimento no casamento. Na realidade, o dentifrício, ou de que jeito alguém o aperta, nada tem a ver com a crise. A nossa atenção e o nosso pensar a respeito dele é que causam o estresse. O pensamento "Me pergunto se o meu companheiro/companheira não poderia apertar o dentifrício de outro jeito" vira uma série de pensamentos e ligações com o passado. "Ela sempre faz as coisas bagunçadas", "Aposto que ela faz isso só para me aporrinhar", "Isso vem acontecendo desde o dia em que a conheci", "Tudo o que ela faz me incomoda", "Provavelmente seus atos têm um significado oculto", "Aposto que outra não faria isso", "Ninguém precisa aturar as coisas que eu aturo", etc. Essa cadeia de pensamento acontece instantânea e automaticamente - na sua maior parte sem sequer percebermos que nós estamos a elaborá-la. Quando as pessoas ouvem pela primeira vez essa teoria que descreve a forma como o estresse opera em nossas vidas, com freqüência acreditam que a solução para aliviá-lo é uma receita para fazer de conta que as coisas nada nos incomodam. Eu garanto que não é! É, entretanto, uma receita para, realmente, você não ser incomodado ou tolhido por coisas que sempre o perturbaram no passado. À medida que a sua compreensão desse processo se aprofundar, você aprenderá que abrigar pensamentos estressantes também o torna menos eficaz para comunicar as suas necessidades a outras pessoas. A maioria das pessoas pode administrar a situação quando o companheiro ou companheira sugere uma maneira alternativa de fazer alguma coisa (desde que a própria pessoa que faz o pedido não esteja experimentando estresse). Quanto menos estresse você experimentar ou evidenciar, mais receptivos estarão os outros perante as suas necessidades. Ao contrário, quanto mais estresse você sentir, mais exigente você parecerá aos outros, fazendo com que eles sejam menos sensíveis aos seus pedidos. Suponha que você tem um amigo que costuma se atrasar. Ultimamente você tem notado que esse hábito piorou, e decide falar sobre isso com ele. Se você estiver se sentindo zangado, sob tensão e incomodado, e recordar ao amigo todas as vezes em que ele se atrasou, o quanto você fica desapontado, etc., é provável que provoque uma resposta defensiva dele. Ele perceberá a sua premência e não o escutará nem aprenderá com você de jeito algum. Conseqüentemente, ele continuará a se atrasar - ou talvez até se atrasar mais. No entanto, se você mantiver um sentimento amável, e apresentar o problema com calma, poderá acontecer o contrário. Você encontrará ouvidos receptivos prestes a ouvi-lo, e conservará o respeito e o afeto do amigo, de que já desfrutava. OS DETALHES DOS NOSSOS PENSAMENTOS Os detalhes, as características específicas dos nossos pensamentos, alimentam a nossa atenção e podem com freqüência compor a sensação de estresse. Se você está se sentindo de baixo-astral e pensa "Não gosto tanto assim do meu emprego", podem acontecer duas coisas: você pode simplesmente rejeitar o pensamento e/ou decidir pensar nele mais tarde quando se sentir melhor; ou você pode completar os detalhes - pensar por que não gosta do seu emprego, do seu chefe, da viagem diária para o trabalho etc. Aqui, como ocorre com freqüência, os detalhes de seus pensamentos serão como uma bola de neve - agravando a sensação de estresse. A melhor solução

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nesse caso seria você optar por esvaziar sua cabeça de todo pensamento referente ao emprego. Espere até mais tarde. Ao contrário da opinião corrente, o fato de pensarmos em por que nos sentimos mal, em como exatamente algo nos incomoda, em vez de nos livrarmos do incômodo, na realidade deprime nosso ânimo e faz com que os problemas que percebemos pareçam mais difíceis, e não menores. Podemos transformar uma simples sensação de desassossego em uma grande fonte de estresse na vida. Suponha que, no supermercado, um balconista cobra de você mais pressa ao preencher o cheque. Mais tarde, naquele dia, você conta o incidente a um amigo (uma má idéia em si). Você relata a expressão da pessoa, o tom de voz, as palavras exatas, o olhar no rosto dela, o que você sentiu, o que teve vontade de fazer para revidar, e assim por diante. Conforme a descrição se aprofundar e ganhar detalhes, será como se o incidente se repetisse de novo. O que sentiu durante o incidente é nada perto do que sente agora, apesar de já ter passado, e agora você estar sentado com um amigo tentando curtir a companhia um do outro. Como agora você sente raiva e ressentimento, parece ainda mais razoável falar e pensar mais ainda no incidente. Além do que, você agora tem certeza de que o balconista da loja é a causa da sensação tensa! O círculo vicioso parece nunca acabar, porque você sempre está à mercê de todos e de tudo. A menos e até que o mundo se adapte a todos os seus desejos e aspirações, você continuará perturbado. Você engendrou isso, com o seu "ataque de pensamento". Para romper esse círculo, nós devemos compreender que o nosso pensar é que está criando a perturbação, e que somos o pensador que a elabora. Se em vez de estar pensando no incidente do supermercado, estivéssemos falando com nosso amigo sobre alguma outra coisa, o balconista não estaria em nossas mentes e não causaria o estresse. Ao pensarmos no incidente e reproduzirmos a situação, nosso pensar revive tudo. Cada detalhe que recordarmos estimulará ainda mais os nossos sentimentos. A fim de combatermos essa tendência, não temos de usar de força de vontade ou fingir que nunca temos pensamentos negativos. Todos temos pensamentos negativos e raivosos que penetram nossas mentes de vez em quando. O que podemos fazer é aprender a ignorá-los com mais freqüência. Podemos aprender que não precisamos insistir nos nossos pensamentos negativos, embora tenhamos feito isso tantas vezes antes. Se você tem pensamentos raivosos sobre o balconista da loja, tome-os pelo que são: pensamentos raivosos. Não precisa fazer nada com eles - só os deixe ir embora. UM EXEMPLO PESSOAL Até uns anos atrás, eu achava que falar para grandes grupos de pessoas era algo muito estressante. Toda vez que eu falava para um grupo, reparava e pensava em tudo o que me parecia estressante. Notava a minha transpiração e quão nervoso me sentia; pensava, depois da palestra, em todas as coisas que não tinha me lembrado de abordar; e recordava pessoas na platéia que pareciam não estar escutando. Para rematar, eu lia livros sobre a minha suposição "correta", segundo a qual falar em público era inerentemente difícil e estressante, e ouvia amigos, colegas e quem quer que sustentasse minhas convicções de então. Minha conclusão, claro, era sempre a mesma: "Eu estava certo, falar é muito estressante." Quanto mais eu pensava nisso, mais nervoso ficava e mais consolidava o falar como fonte primordial do meu estresse. Eu nem imaginava que estava criando estresse com o meu próprio pensar. Acreditava que falar era inerentemente estressante e que não havia nada que eu pudesse fazer, a não ser me acostumar a isso. Desde o momento em que me dei conta de que o estresse provinha realmente dos meus pensamentos e crenças sobre estresse, comecei a me tornar um palestrante mais competente. Eu passei a pensar menos em como estava me saindo e o quanto seria estressante dar uma palestra, e

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mais no que ia dizer e como apresentaria o material. Em vez de reparar naqueles que não estavam me escutando, concentrava a minha atenção nas pessoas que pareciam interessadas no que eu estava dizendo. Ao esquecer a pressão sob a qual eu imaginava estar, eu desanuviava minha mente e relaxava. Minha pressão sangüínea diminuiu, eu comecei a curtir e virei um palestrante muito melhor. FUNCIONAMENTO PSICOLÓGICO SADIO O estresse sempre surgirá (independentemente das nossas circunstâncias) quando levarmos a sério as coisas em que pensamos - e lhes dermos exagerada dimensão em nossas mentes. Por exemplo, suponha que seu chefe lhe diz que tem um novo projeto a realizar em duas semanas, e você tem também diversos outros prazos a cumprir. O funcionamento psicológico sadio consistiria em deixar essa informação entrar por um ouvido, atravessar o cérebro e sair pelo outro ouvido. Com isso você poderia adotar o curso de ação mais apropriado. A sua resposta ante a tarefa com que está às voltas iria variar, dependendo de quando você quisesse começar. O funcionamento psicológico sadio não permitiria que você atulhasse a sua mente com pensamentos apavorados, frustrados, irados ou de autocomiseração. Em lugar disso, lhe daria condições de enxergar, com a mente clara, a melhor solução tendo em vista os fatos. O funcionamento psicológico doentio (estresse) também consistiria em absorver a informação, mas em vez de deixar que ela fluísse, você teria um "ataque de pensamento" - concentrando-se nos dados e analisando-os até o ponto de ficar frustrado. Você acabaria dizendo: "Eu estou sempre premido por prazos impreteríveis," ou "Nunca vou conseguir dar conta disso", ou "Por que eu?" O funcionamento psicológico doentio pode transformar até o acontecimento mais insignificante em um pesadelo pessoal. Eu soube uma vez de um carteiro que ficou apavorado quando aumentaram sua rota acrescentando-lhe duas casas -de trinta para trinta e duas! Para a maioria das pessoas esse acréscimo teria sido perfeitamente aceitável; para ele, era uma situação extremamente estressante. O essencial para eliminarmos o estresse de nossas vidas é compreender que nós o elaboramos, como o nosso amigo carteiro. Quando agigantamos algo em nossas mentes, criamos condições potenciais para o estresse. Compreendendo essa dinâmica psicológica, podemos começar a abandonar os pensamentos que interferem no nosso funcionamento psicológico sadio e recobrar o nosso estado mais natural, que é de contentamento. A FINALIDADE DO ESTRESSE O estresse é uma sensação desagradável. Os sentimentos são um guia direcional, ou bússola, para sabermos como estamos nos saindo do ponto de vista psicológico em determinado momento, o que estamos sentindo. Estamos tendo uma sensação de contentamento? Estamos serenamente felizes com a tarefa que temos em mãos? Ou temos levado os nossos pensamentos demasiadamente a sério e caímos na armadilha do nosso sistema de pensamento? A finalidade do estresse é nos alertar quando rumamos para o risco psicológico. Quanto mais estresse sentirmos, mais importante é desistirmos dos pensamentos que temos na mente. O estresse pode ser um amigo - fazendo-nos saber de antemão quando estamos nos desviando da felicidade, do pensar lúcido. O estresse físico manifesta essas implicações bem mais claramente. Por exemplo, se sentimos que estamos pegando um resfriado (uma pequena quantidade de estresse físico), podemos decidir ou não tirar o dia de folga. A medida que o estresse físico aumenta, nós prestamos mais atenção ao que sentimos e tomamos decisões que promoverão o fim do estresse. Assim, um atleta que distende o

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tornozelo provavelmente decidirá interromper a prática para permitir a cura. Quanto pior a sensação, maior a necessidade de repouso. O estresse psicológico atende a idêntica finalidade. Quanto mais intensa a sensação, maior a necessidade de diminuir o ritmo ou parar não só com o que estamos fazendo mas, o que é mais importante, com o que estamos pensando. Entretanto, por alguma razão, isso nem sempre é óbvio. Na verdade, é geralmente quando se sentem estressadas que as pessoas arregaçam as mangas para trabalhar. Se sentem que está surgindo um problema de relacionamento, procuram "ir ao fundo da questão" ou, se têm algo em mente, empenham-se em decifrá-lo; se têm trabalho para fazer, elas pisam fundo no acelerador. As dinâmicas dos estresses físico e mental operam exatamente da mesma forma. Assim como ao sentirmos que não estamos em nossa melhor aptidão física, também quando nos sentimos emocionalmente estressados, não estamos na melhor forma. Quando nos sentimos estressados, perdemos a nossa orientação psicológica, a sabedoria e o bom senso; tendemos a levar as coisas muito a sério; perdemos de vista o contexto e muitas vezes nos perdemos em meio aos detalhes dos problemas que enfrentamos. DIMINUA A SUA TOLERÂNCIA AO ESTRESSE Surpreendentemente, a solução para o estresse é começarmos a diminuir a nossa tolerância ao estresse. Isso é o contrário do que em geral nos foi ensinado, mas é a verdade. A diminuição da nossa tolerância ao estresse baseia-se no simples princípio de que nosso nível de estresse interno sempre será exatamente igual à nossa tolerância no momento. É por isso que as pessoas que conseguem administrar muito estresse nunca podem parar. Pessoas com níveis de tolerância ao estresse extremamente elevados podem acabar sofrendo um ataque cardíaco decorrente do estresse antes de atentarem para o que ele está lhes dizendo. Outros podem acabar seus casamentos ou terminar em um centro de reabilitação para alcoólatras ou viciados em drogas. Pessoas com menor tolerância podem começar a atentar para o estresse mais cedo, assim que o trabalho começa a parecer esmagador ou se pegam a tratar os filhos asperamente. Outros, ainda, que não conseguem tolerar o estresse de modo algum, percebem que está na hora de irem mais devagar e recuperarem a perspectiva nem bem começam a ter pensamentos negativos a respeito dos amigos e da família. Quanto menor a tolerância ao estresse, melhor a nossa situação do ponto de vista psicológico. Quando nos propomos a sentir o estresse o quanto antes possível, podemos "cortar o estresse pela raiz" mais cedo, e recuperar mais rapidamente um estado de sentimento mais positivo. Nós temos alternativas; de fato, temos uma série de "detalhes opcionais" em qualquer situação. Quanto mais esperamos até desconsiderar os pensamentos estressantes, mais difícil fica voltarmos ao nosso estado mental natural. Finalmente, com prática, qualquer um de nós pode chegar ao ponto de tomar consciência dos seus pensamentos negativos antes que eles nos façam perder o rumo. Lembre-se, apenas um pensamento separa você de um sentimento agradável. Essa nova maneira de interpretar o estresse não é uma receita de preguiça ou apatia - na realidade, é bem o contrário. Quanto mais serenos e felizes nos sentirmos por dentro, e menos distraídos por nosso próprio pensar, mais produtivos e eficientes podemos ser em todas as áreas da vida.

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OITO RESOLVENDO PROBLEMAS

O problema comum, o teu, o meu, o de todo mundo, não é imaginar o que seria possível na vida desde que pudesse acontecer, mas, descobrindo o que pode ser, ver como torná-lo possível de acordo com os nossos meios.

- Robert Browning

HÁ DIVERSOS PONTOS importantes a serem considerados ao se tentar solucionar qualquer problema que se apresenta na vida. Neste capítulo trataremos de como solucionar problemas usando a compreensão dos cinco princípios do funcionamento sadio. Habitualmente as pessoas pensam que as soluções para os problemas surgem ou graças a uma modificação das circunstâncias, ou mediante um laborioso processo de pensamento. Mas existe uma outra alternativa - uma compreensão que vai além da imprecisão e aplica-se genericamente a todos os problemas. Aprenderemos a solucionar problemas primeiro vendo as limitações próprias das abordagens típicas, e, em seguida, descobrindo a maneira mais eficaz de superar um problema ou acontecimento doloroso. Consideremos a típica noção segundo a qual "modificar as nossas circunstâncias" é uma atitude importante a fim de solucionarmos os nossos problemas. Obviamente, haverá ocasiões na vida em que nossas circunstâncias não chegam a ser ideais. Mas também é verdade que o nosso enfoque das circunstâncias há de variar em relação direta com o nosso nível de ânimo e de sentimento. Veremos nossas circunstâncias sob diversos ângulos dependendo de como nos sentirmos. Com um baixo nível de ânimo ou sentimento, poderíamos ver nosso casamento como uma armadilha ou um pesado fardo. De alto-astral, ou em estado de sentimento positivo, poderíamos ver nossos casamentos como grandes parcerias. De baixo-astral, veríamos nosso emprego como algo enfadonho e insignificante; de alto-astral, o mesmo emprego é visto como satisfatório, uma forma viável e honesta de ganhar a vida. Em ambos os exemplos (assim como em tantos outros), as nossas circunstâncias não mudaram nem um pouquinho. O que mudou foi nosso nível de ânimo - nosso sentimento. Quando começamos a ver a relação entre os nossos problemas e o estado de ânimo que experimentamos, compreendemos que a resposta aos nossos problemas não necessariamente estará ligada à modificação das nossas circunstâncias. Quando nosso nível de ânimo e sentimento for mais alto, nós não só veremos a mesma circunstância sob uma luz inteiramente diferente, mas teremos respostas aos nossos problemas que não podíamos ver quando o astral estava mais baixo. Lembre, o estado de ânimo é a fonte da experiência, não seu efeito. Quando estivermos mais abatidos, sempre veremos problemas e a razão de eles existirem. Isso não será uma surpresa, já que nós compreendemos o poder que os estados de ânimo têm sobre as nossas percepções; esperaremos gerar problemas nesses estados mentais mais deprimidos. Mas saberemos como anulá-los, em vez de ouvir ou confiar no que sentimos no momento. Nossas circunstâncias parecerão bem diferentes quando nos sentirmos melhor, e surgirão respostas novíssimas. MODIFICAÇÃO DE CIRCUNSTÂNCIAS E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS As circunstâncias sempre são neutras. Se elas fossem a causa dos nossos problemas, sempre nos afetariam da mesma forma, o que, é claro, não acontece. Nosso pensar e nossas percepções a respeito das nossas circunstâncias é que lhes dão vida. Suponha que você pensa que seu companheiro ou companheira é muito crítico em relação a você. No modelo de solução de problemas por "modificação de circunstâncias", a única solução viável é

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tentar mudar o comportamento do companheiro. Você traz à baila a questão das críticas, e seu companheiro discorda, dizendo: "É você que é sensível demais." E agora? Segundo assalto - você toca no assunto de novo. Desta vez, porém, seu companheiro não reage tão filosoficamente, e acusa-o de iniciar uma briga. "Está vendo?", você responde, "Você está sendo crítico mais uma vez." E assim por diante. A menos que você possa fazer com que seu companheiro mude (o que geralmente é muito difícil), simplesmente não pode solucionar o problema. Pense em outro exemplo típico. O seu problema é o fato de você acreditar que é velho ou jovem demais para fazer alguma coisa. Vai precisar de sorte para mudar as suas circunstâncias - não vai dar! E que me diz se o seu problema é dinheiro (provavelmente falta dele)? É possível modificar essa circunstância, mas o que você vai fazer entrementes? Vai continuar infeliz até arranjar mais dinheiro? Em todos esses exemplos, o problema tem a ver com o estado de ânimo. Quando você estiver de baixo-astral, achará que seu companheiro é crítico demais, que cada sugestão é um ataque. Com melhor astral, você não se incomodará quando o companheiro pronunciar as mesmas palavras. Quando o astral está baixo, algum fator - idade, sexo, raça ou religião - parecerá inibir a sua experiência e causar-lhe prejuízo injustificado. Com melhor astral, você enxerga além das suas características e circunstâncias, e tira o melhor proveito de si mesmo. Tenderá a realizar atividades mais adequadas a você. Em um estado de sentimento mais positivo, você ouvirá os elementos de verdade e interesse por sua pessoa na sugestão feita por outros, em vez de ficar ofendido. Estando de baixo-astral, se o problema for falta de dinheiro, parecerá que é preciso ter um monte de grana para fazer qualquer coisa prazerosa ou que valha a pena. Já de alto-astral, você não pensará assim, vai achar atividades de que possa desfrutar dentro do seu orçamento, por mais estreito que este seja. Com melhores níveis de sentimento, nós já temos o que queremos para nos sentir bem. As coisas que não possuímos parecem sem importância, e somos gratos pelo que temos. Não deixamos de perseguir objetivos, mas a busca não consome nem estraga nossas vidas. Podemos, isto sim, sentir-nos atraídos para o que desejamos, e ao mesmo tempo desfrutar do que já temos. O nosso enfoque das circunstâncias individuais sempre mudará com o nível de ânimo e sentimento sempre variável. Assim, embora por vezes seja apropriado trabalhar no sentido de uma mudança positiva, não precisamos ficar limitados à mudança como única resposta possível. Quase todo mundo atravessa períodos em que sente que "não gosta do que faz". Muitas pessoas não reparam, no entanto, que na maior parte do tempo gostam do que fazem. Por acreditarem no que sentem estando de baixo-astral, elas pulam de um emprego para outro pensando que algo mais lhes daria maior satisfação. Mas quando estiver de baixo-astral a mesma pessoa também não gostará da sua nova carreira. A mesma lógica aplica-se também a outras situações da vida. É muito mais fácil e mais prático esperar uma mudança de estado de ânimo do que uma modificação das circunstâncias. Faz sentido, então, adiarmos a tentativa de resolver problemas até nos sentirmos bem. Em um estado de sentimento mais positivo, temos acesso à nossa sabedoria e ao bom senso. Quando nos sentimos bem, as respostas parecem óbvias, respostas que eram impossíveis para nós em estado mental mais abatido. O mesmo companheiro que nos fez ficar malucos uma hora atrás, agora parece divertido. Descobrimos novas formas de nos comunicar; em estados de sentimento mais positivos poderíamos até ver o quanto os nossos estados de ânimo têm contribuído o tempo todo para uma comunicação deficiente. A idade, que uma hora atrás (estando mais abatido) causava-lhe grande angústia, agora é um não-problema. Num estado de sentimento mais positivo, você vê novas formas criativas de usar a sua idade como vantagem. Você considera singulares os seus talentos. No estado mental mais deprimido, tudo isso parecia sem esperança.

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Em estado mental mais positivo, você vê novas formas de produzir renda. Torna-se mais criativo, espirituoso, e aprecia mais seus talentos consideráveis. Você vê alternativas que não conseguia enxergar quando sentia-se abatido. Um dos pontos essenciais, então, para solucionar problemas, é saber que "sentir-se bem" é altamente prático. Sentir-se bem é o que vem em primeiro lugar. A solução dos problemas vem depois. Isso é o contrário de "mudar a circunstância", quando a felicidade depende de certos resultados. Nossa capacidade de solucionar problemas está diretamente ligada à nossa habilidade para ter acesso à sabedoria e ao bom senso, e ambas derivam de um estado mental ou de sentimento positivo. Basta você relembrar as milhares de vezes em que as suas circunstâncias mudaram para compreender que a mudança em si não é a chave da felicidade, ou da solução dos problemas. Se fosse, todos já seríamos felizes e não teríamos problemas! Mas não é o que acontece. Todos temos visto as nossas circunstâncias mudarem para melhor: recebemos diplomas, empregos, aprovação, promoções, prêmios ou glórias semelhantes que pensamos nos fariam felizes. Mas logo depois de recebê-las, perdemos de novo a felicidade e começamos a buscar melhores formas de mudar as nossas circunstâncias e melhorar nossas vidas. A saída dessa armadilha psicológica é compreender que os problemas são gerados mais por como nos sentimos do que pelas nossas circunstâncias. Assim que pararmos de tentar modificar circunstâncias e nos concentrarmos em elevar nossos níveis de sentimento, nossos problemas começarão a desaparecer. Pessoas que vivem em estado de felicidade vêem respostas que nunca apareciam quando estavam em estados mentais mais deprimidos. Elas ficaram mais capazes de lidar com qualquer desafio porque deixaram de gastar energia tentando resolver problemas num estado mental sem respostas viáveis. ANALISANDO OS NOSSOS PROBLEMAS O método "analítico" que as pessoas usam freqüentemente para resolver problemas envolve intensa ponderação, na esperança de alcançar uma solução. Nesse enfoque, nós procuramos pensar, decifrar, entender e analisar nossos problemas. Entretanto, a natureza dos problemas é tal que geralmente ficamos "atolados" em algo. De alguma maneira, não conseguimos ver a resposta. As soluções, contudo, acontecem quando vemos as coisas de um ângulo novo e diferente -abrir espaço para a nossa sabedoria aparecer e dominar. Por irônico que pareça, necessitamos parar de pensar sobre um problema a fim de ver a nova solução! Necessitamos usar o nosso "transmissor" em vez do nosso "computador". Quando nossas mentes ficarem livres de preocupações, as respostas nos ocorrerão, de formas que nunca achamos possíveis. A sabedoria torna-se algo não mais místico do que ver as mesmas velhas coisas de maneira nova e diferente. Temos visto ao longo deste livro que nossos pensamentos crescem com a atenção que lhes concedemos, e que quanto mais pensarmos sobre uma determinada situação, mais real e terrível ela parecerá. Certamente, os problemas não são exceção! A HISTÓRIA DE FRED Fred era um cliente meu cujo interesse primordial era o dinheiro. Ele acreditava que apesar do seu esforço constante, nunca havia dinheiro suficiente para prover as necessidades de sua família. Passara os últimos vinte anos preocupando-se, tentando "pensar" em uma boa solução. Ele examinava e tornava a examinar os mesmos fatos na sua cabeça, e toda vez que o fazia, ficava desanimado e frustrado.

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A frustração não é o estado mental mais produtivo - ela é talvez o estado menos eficaz possível. Pensar em algo quando a gente está frustrado não adianta, porque o problema está perto demais para permitir uma solução. A obsessão bem-intencionada de Fred com o dinheiro apenas criava mais frustração, e nenhuma solução. Quando Fred começou a ver de que forma seu próprio pensar estava agindo contra ele mais do que em seu favor, ele deu um passo atrás, acalmou-se e silenciou sua mente. A confusão diminuiu e ele achou um estado de sentimento mais positivo dentro de si mesmo, e as respostas ao seu problema. Fred compreendeu que sempre tinha sido capaz de resolver a questão do dinheiro, desde o princípio, bastava simplesmente parar de prestar tanta atenção ao problema. Resultado: a "solução" consiste no hobby em que Fred estava envolvido havia muitos anos. Com a mente mais calada e uma perspectiva mais ampla, ele viu que poderia transformar aquele hobby em uma oportunidade de negócio - e foi isso o que fez. Hoje ele tem o dinheiro extra que sempre achou que precisava. Praticamente todos nós temos passado por um processo similar na tentativa de resolver problemas que se apresentaram em nossas vidas. Um amigo meu chama esse processo de "efeito bola de neve". Quando pensamos no problema, ele cresce em nossas mentes. Quando ele cresce, pensamos que ficou pior porque agora o vemos em mais detalhes e "mais claramente". Pelo fato de vermos mais do problema do que antes, ele torna-se maior, então falamos sobre ele para nossos amigos e familiares. Logo eles concordam conosco. Agora temos realmente um problema! Einstein disse uma vez: "A solução de um problema jamais virá do mesmo nível de compreensão que criou o problema inicialmente." Eu acredito que ele referia-se a que nós precisamos dar um passo atrás e afastar-nos do problema para enxergar uma solução. Dar um passo atrás é outro modo de dizer "deixar de concentrar-se nele". Provavelmente você tem passado pela experiência de pensar em algo obsessivamente, na tentativa sincera de achar uma resposta. Você pensou, e pensou ainda mais, e finalmente desistiu, olhou pela janela e reparou na bela paisagem ou afundou numa banheira para relaxar. Nesse exato instante, a resposta chegou. "É isso aí!", você vibrou. "É a resposta que estava esperando." Infelizmente, como já mencionei no início deste livro, você pode ter suposto erroneamente que foi o pensamento obsessivo quem por fim criou a resposta. Não foi! A resposta chegou a você através da sua própria fonte de sabedoria - um lugar para além do seu pensar - a partir de um sentimento momentâneo de contentamento e relaxação. Você já conhecia os fatos e tinha toda informação de que precisava. O que você fez, enfim, foi desimpedir o caminho para que uma resposta viesse à tona. Você deixou de obstruir o seu próprio caminho! Esse processo de não pensar tanto nos problemas funciona otimamente nas situações surgidas nos casamentos e relacionamentos. Eu tenho visto muitos casais que têm estado resmungando e brigando durante anos por causa das mesmas coisas. Individualmente, cada pessoa confessaria passar grande parte do dia pensando como o casamento não anda bem. Eles mal sabem que a atenção prestada a esses pensamentos lhes tornou impossível ter um bom casamento: o foco principal esteve centrado no fato de o casamento estar muito mal. Esses casais tinham passado muitos anos aperfeiçoando a arte do mau casamento nas suas cabeças - eles repetiram as mesmas coisas inúmeras vezes na tentativa de "corrigir um ao outro". Quase sem exceção, pessoas expostas à compreensão do processo de pensamento conseguem ver essa dinâmica e quase instantaneamente melhoram seus relacionamentos. A nova compreensão deles tem menos a ver com fazer de conta que não se incomodam com certas coisas do que com entender por que se incomodam com essas coisas, antes de mais nada. Tem a ver com criar soluções de bom senso para questões cotidianas.

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OS NOSSOS PROBLEMAS VIRAM FONTE PRINCIPAL DE CONVERSA Centrarmo-nos nos problemas é mesmo um mau hábito. Ficamos tão acostumados a pensar no que "está errado" que os nossos problemas viram fonte principal de conversa com outras pessoas. Voltarmo-nos para algo que nos incomoda, seja o que for, não fará com que nos sintamos melhor. Se achamos que alguém nos maltratou de alguma maneira, pensar nisso não ajudará. Se tivemos um "dia ruim" no trabalho ou em casa, pensar nele não ajudará. Se as circunstâncias parecem sem esperança, repisá-las não vai ajudar. O que vai ajudar é reforçarmos o estado de sentimento positivo em nós, não nos centrando nos problemas, recusando-lhes a energia e atenção de que precisam para crescer em nossas mentes, o que os faz parecerem piores. Não fazemos isso para evitar encarar os problemas, mas para dar lugar ao surgimento de soluções. A SUA "RETAGUARDA" LHE DÁ A RESPOSTA Às vezes, resolver um problema significa que temos uma pergunta na mente à qual precisamos dar uma resposta. Talvez precisemos tomar uma decisão importante ou decidir entre duas opções aparentemente iguais. Use a sua "retaguarda" para se ajudar. Todos temos acesso a uma "retaguarda", um lugar calmo no fundo da mente onde respostas e soluções podem crescer e se desenvolver - sem a interferência do excesso de pensamento. Usar a retaguarda é bastante simples. Você se diz que precisa de uma resposta para uma certa pergunta dentro de determinado espaço de tempo. Então, em vez de ficar inquieto à procura da resposta, você se esquece dela propositadamente! Automaticamente, como se fosse magia, você verá brotar uma resposta na sua cabeça. Talvez você fique bastante surpreso e encantado ao ver que a resposta que obtém é muito melhor do que a que teria alcançado debatendo-se com a pergunta. Experimente este processo - não se arrependerá! Use esta técnica quando estiver tentando decidir para onde ir de férias. Assimile os fatos, inclusive os preços, depois diga a si mesmo que tomará uma decisão até o final do dia. Nesse momento, esqueça as férias e toda informação. A sua retaguarda processará os dados e muito em breve a sua resposta aparecerá. O "FATOR TEMPO" NA CICATRIZAÇÃO DE ACONTECIMENTOS DOLOROSOS Se considerarmos o modo como a maioria das pessoas supera os problemas, a forma mais comum decididamente parece ser o "passar do tempo". Fomos ensinados a acreditar que "o tempo cura todas as feridas". E, se bem que isso possa ser parcialmente verdadeiro, é importante entender a real natureza do passar do tempo. Quando a entendemos, podemos reduzir drasticamente o tempo transcorrido entre o momento em que experimentamos o evento doloroso e a superação do mesmo. Se dez pessoas experimentassem uma situação idêntica, cada uma delas esqueceria seu trauma dentro de um espaço de tempo diferente. Suponha que essas dez pessoas foram assaltadas dentro de um banco, e nenhuma teve coisa alguma roubada, mas todas foram mantidas sob ameaça de armas enquanto os criminosos esvaziavam o cofre do banco. Algumas das dez pessoas (provavelmente muito poucas) colocariam no esquecimento o infeliz incidente, atribuindo-o à má sorte, e, após falarem com a polícia, voltariam a suas rotinas cotidianas. Elas agradeceriam o fato de não terem saído feridas. Outras continuariam a se sentir apavoradas por dias ou até semanas e precisariam tirar folga no serviço e outros compromissos diários. Haveria outras que simplesmente não conseguiriam esquecer o incidente e acreditariam ser ele a causa da contínua sensação de intranqüilidade que experimentam. Poderiam levar anos para voltar ao normal (supondo que conseguissem). Falariam sobre aquilo, se concentrariam naquilo,

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pensariam naquilo, ficariam acordadas durante a noite, ou até procurariam a ajuda de um profissional da saúde mental. Essas pessoas diriam que "é preciso muito tempo para superar algo assim, tão traumático". Por que algumas pessoas conseguem colocar logo no esquecimento incidentes infelizes, ao passo que outras insistem neles e usam-nos como pretextos para inibir e paralisar suas vidas? A simples resposta a essa pergunta é que algumas pessoas compreendem o pensamento e a memória melhor do que outras. Algumas pessoas compreendem que, ao pensarmos em algo, quer seja no passado, quer no futuro, o nosso pensamento dará vida ao que quer que estivermos pensando, como se estivesse acontecendo agora mesmo. Quanto mais detalhe e atenção pusermos nisso, mais real parecerá. O passar do tempo não é relevante como ajuda para superarmos algo, salvo por nos encorajar a esquecê-lo. Não há uma quantidade de tempo preestabelecida que nos permita esquecer seja o que for. Desde que compreendamos a dinâmica do pensamento, poderemos ver que toda lembrança é apenas lembrança, tanto faz que se refira a algo acontecido oito anos ou oito minutos atrás. Se a passagem do tempo fosse um fator determinante, todo mundo superaria os problemas no decorrer do mesmo período. Mas nós sabemos que não é isso o que acontece. Essa compreensão tem enormes implicações práticas. Enquanto, alguma vez, podemos ter estabelecido artificialmente um lapso para nos recuperar de uma situação, agora podemos ver que cabe a nós determinar quanto tempo isso tomará. Por exemplo, se brigamos com alguém, não há um espaço de tempo preestabelecido dentro do qual possamos contar para superar e esquecer. Se geralmente levamos uma semana para superar uma discussão, isso significa que uma semana depois da briga nós paramos de pensar nela. Já que o incidente todo passou e agora só continua em nossa mente, se quisermos, podemos parar de prestar atenção ao pensamento sobre a briga dez minutos após ela acabar. Uma vez que experimentamos como é bom viver num estado mental positivo, aferrar-nos a pensamentos negativos torna-se cada vez menos atrativo. E quanto aos nossos problemas que têm a ver com o passado? Se velhos problemas ou mágoas agora só existem em nossa lembrança, por que eles têm de continuar a nos paralisar no presente? Não existe por quê! Tudo aquilo que passamos - quer tenha sido crescer com pais exigentes, um divórcio sofrido, dificuldades financeiras, maus-tratos na infância ou qualquer outra coisa - não tem que nos impedir de curtir a vida agora, isto é, desde que compreendamos que a lembrança é que carrega esses acontecimentos através do tempo, e mais nada. Se podemos aprender a parar de ter medo dos nossos próprios pensamentos, estamos a caminho de uma vida mais feliz, não importa o que tivermos de suportar. É a nossa capacidade de esquecer os nossos problemas, mediante a compreensão do processo de pensamento, mais do que o passar do tempo, o que nos liberta das circunstâncias do nosso passado. Se, a fim de superarmos os problemas, dependermos apenas da passagem do tempo e não do nosso livre-arbítrio e capacidade de pensar (ou não pensar), teremos determinado uma relação "causa-e-efeito". Se acreditarmos que é preciso uma quantidade de tempo predeterminada para nos refazermos de um acontecimento, isso vai garantir a nossa infelicidade, porque continuarão a ocorrer situações fora do nosso controle. Quando estabelecemos períodos de tempo arbitrários, confirmamos a crença em que o pensamento é algo a ser temido e que somos vítimas do nosso passado e do que pensamos a respeito dele. Entretanto, isso não precisa ser verdade. Há uma distinção importante entre compreender o pensamento e negá-lo. A compreensão da nossa capacidade de pensar nos permite ver que o pensamento, em si e por si, é inofensivo. O fato de algo nos vir à mente não necessariamente o torna merecedor do nosso interesse. Já a negação, por outro lado, sugere como que fazer de conta que não estamos pensando em algo, ou que um problema não nos incomoda. Não há relação entre ambas. Se compreendemos o processo de pensamento, ficamos livres de seus efeitos adversos. Mas se negamos que estamos pensando em algo ou que algo nos incomoda, mesmo assim sentiremos os efeitos dos pensamentos que negamos. Não há como fugir ao pensamento - basta compreendê-lo.

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Mais uma vez podemos ver a importância de um sentimento feliz - esse sentimento de paz e contentamento que resulta de uma mente serena. Nesse estado de sentimento mais positivo, solucionar problemas é bem menos difícil do que costumava ser.

NOVE FELICIDADE

As pessoas são quase tão felizes quanto resolvem ser. – Abraham Lincoln

Felicidade é um estado mental, não um conjunto de circunstâncias. Ela é um sereno sentimento que você sempre pode experimentar e vivenciar, não algo que tenha de procurar muito longe. Na realidade, você nunca consegue achar felicidade "procurando", porque desde que você o faz, está supondo que ela se encontra fora de você. A felicidade não está fora de você. Ela é um sentimento - o sentimento natural do seu funcionamento psicológico sadio inato. Quando você compreende o seu funcionamento psicológico e aprende a fluir com ele, pode penetrar naquele lugar dentro de si mesmo onde a serenidade realmente existe. Então você pode parar de tentar ser feliz e simplesmente ser feliz. Mesmo quando as suas circunstâncias estão longe de ser perfeitas, esse sentimento de contentamento ainda pode ser alcançado porque ele vem de dentro de você, não do exterior. Se você não compreender o seu funcionamento psicológico, porém, não será feliz, por mais maravilhosas que suas circunstâncias sejam. Você continuará a atentar para seus pensamentos negativos, como tem feito no passado, e continuará a sentir os efeitos dolorosos do seu próprio pensar. Os princípios expostos neste livro visam diretamente à felicidade. Eles lhe dão uma compreensão de como manter a sua mente sincronizada com um sentimento feliz, e adverte como é fácil para a mente afastar-se desse estado de contentamento, se você insistir em seguir as cadeias negativas de pensamento que provocam "ataques de pensamento". A FELICIDADE RESIDE NO MOMENTO PRESENTE A felicidade é agora. Ela é inata. Ela se dá quando você permite à sua mente descansar, quando você retira a sua atenção dos seus interesses e problemas e deixa que sua mente relaxe e fique bem aqui, neste momento. Não falo em relaxar no sentido de preguiça ou apatia, e sim, no sentido de você deixar sua mente absorver informação - e depois deixar que ela flua de novo para fora sem retê-la para análise. Se você absorve informação e estímulo dessa forma, pode manter o estado de sentimento mais agradável, ser feliz com as tarefas que tem em mãos. Quando você compreender o seu funcionamento psicológico, saberá que esse relaxamento mental não é preguiçoso, é inteligente. Somente em um estado de sentimento mais agradável, não em estado de irritação, podem surgir novas respostas para velhos problemas. A felicidade permite a você ver a informação com critérios novos e criativos, e permite-lhe tomar decisões racionais, proveitosas, oportunamente; ela lhe permite curtir os altos e baixos da vida, em vez de lutar contra eles, e estimula sua sabedoria e seu bom senso para eles virem à tona. Propor teorias para explicar por que você é (ou se comporta) de uma certa maneira, ou sondar no seu passado para desvendar lembranças dolorosas, não lhe trará felicidade. Isso vai afastá-lo da felicidade - para longe da direção que você deseja tomar. O excesso de pensamento sobre o seu passado e seus problemas convencerá você de que, de fato, tem boas razões para estar aflito e infeliz.

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Mas você não quer ser infeliz. E o seu passado acabou. Ele é uma lembrança inofensiva, levada pelo tempo, levada pelo seu pensar. Ele foi real então, mas já não é mais. Você pode aprender com seu passado, mas é um erro remeter-se continuamente a ele ou analisar excessivamente a vida em busca de felicidade. Se isso desse certo, você já seria feliz! Quantas vezes você tentou sem sucesso pensar como alcançar a felicidade? Quem você preferiria ser? A pessoa A, cujo passado foi de sofrimento, mas que tem chegado a compreender o pensamento e seus efeitos? Ou a pessoa B, cuja vida anterior foi quase mágica, mas que agora cisma nos poucos elementos do seu passado que não foram tão perfeitos, e acredita nesses pensamentos até o ponto de deixar-se deprimir por eles? A pessoa A, a despeito do seu passado doloroso, é capaz de viver uma vida plenamente útil e muito feliz, enquanto a pessoa B é atormentada, não pela vida que leva hoje, mas por seus próprios pensamentos, que ela leva demasiadamente a sério. A pessoa B, apesar de uma vida exteriormente maravilhosa, destina-se a anos de infelicidade, terapia e tranqüilizantes. Se você pensar demais ou falar para outros sobre como alguém "foi injusto com você", não se sentirá feliz. Se você pensa constantemente que a sua vida melhorará muito quando os filhos crescerem, ou assim que você se casar, também não será feliz. Isso não quer dizer que você não possa ou não deva pensar sobre essas (ou outras) coisas. Mas se ficar obcecado com esses pensamentos, sacrificará a mais poderosa sensação de bem-estar - o sentimento inerente de felicidade com que você nasceu e que ainda está ao seu alcance. FELICIDADE E DESEJO Expectativa parece melhor que ansiedade - mas não é felicidade. Pensar no futuro e estabelecer metas é ótimo, mas não confunda isso com o simples, descomplicado e incondicional sentimento de felicidade: o sentimento de ser grato agora mesmo sem razão alguma além do fato de a gente estar vivo. Às vezes você pode até sentir um momento ou dois de felicidade logo após conseguir algo que deseja. No entanto, ao contrário da opinião popular, isso não ocorre porque você teve o desejo satisfeito, mas porque desviou a sua atenção do que não tinha. Nem bem você engata outra marcha e volta a focalizar a sua atenção em mais alguma coisa que deseja, ou não possui, perde a sua sensação de bem-estar e sente-se descontente. Sua mente começará de novo a procurar algo fora de si mesma para conseguir satisfação - perpetuando o ciclo de infelicidade. Se obter um desejo - qualquer desejo - pudesse ser a causa de um sentimento de felicidade, todos já seríamos felizes. Mas lembre-se das inúmeras vezes em que você tem recebido o que quer, mas não ficou feliz. Não estou me referindo a evitar objetivos ou desejos. A felicidade deve vir primeiro. Qualquer coisa que se desenvolver fora dessa felicidade é excelente, mas o desejo satisfeito em si não cria felicidade. FELICIDADE E CATARSE Em algumas ocasiões fazemos tentativas malfadadas de felicidade falando sobre o que está errado, e o alívio temporário que sentimos em seguida vem através da catarse. Isso acontece na conclusão de um acontecimento, tal como desabafar algo, ou censurar um amigo. Bumba! O que quer que estivesse perturbando foi embora; nossas mentes ficam diáfanas por um instante e nos sentimos melhor. Mas esse processo é como você bater a cabeça contra a parede de modo a, quando parar, sentir-se melhor. Ninguém duvida que você se sentirá melhor, mas não seria mais fácil não bater a cabeça? A diferença entre felicidade e catarse é esta: uma pessoa feliz desconsideraria os pensamentos negativos sobre o amigo porque ela sabe que tais pensamentos vêm e vão dependendo do estado de

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ânimo dela. Ela sempre pode optar por falar com o amigo em outro encontro se seus pensamentos forem válidos, mas agora a melhor solução é desanuviar a mente e curtir o amigo. Ela quer ser feliz e não quer perturbar o bom sentimento que existe na amizade. Uma pessoa que conta com a catarse, porém, quer desabafar seus pensamentos o quanto antes. Ela tem tido alguns pensamentos negativos sobre o amigo e acha importante "dar-lhes vazão". Para essa pessoa, ser sincera com seus sentimentos é muito importante. Não importa qual o nível de ânimo dela - está tendo pensamentos negativos sobre o amigo e deve falar para ele agora! Quer acabar com isso - quer estar "com a razão". "MAS EU SÓ ESTOU SENDO SINCERO COM OS MEUS SENTIMENTOS." Ser sincero com os seus sentimentos é algo relativo. Está sendo sincero ficando deprimido, depois de ter sido perturbado pelos seus próprios pensamentos, ou está sendo sincero a partir de uma situação de felicidade e sabedoria? Essa distinção é muito importante porque sua vida, e tudo nela, parecerá drasticamente diferente dependendo do seu nível de bem-estar. Eu conheço muitas pessoas (inclusive eu próprio) que eram campeãs em pensar que estavam "sendo sinceras", para depois descobrirem que sinceridade é uma característica muito relativa. As mesmíssimas coisas que nos atormentam quando estamos perturbados não nos incomodam de jeito algum em estado mental mais positivo, mais agradável. Até você entender este conceito, poderá sentir a necessidade de reagir a todo pensamento negativo que penetrar na sua mente - em nome da sinceridade. Mas você pode parar de reagir ao negativismo e esperar que um sentimento mais amável aflore antes de agir com base nos seus pensamentos. Se você puder esperar, verá que muitos, se não todos os seus pensamentos negativos se dissiparão e você se pegará a dizer consigo mesmo coisas como: "Que bobagem, ele não é um cara tão ruim. O que é que eu estava pensando?" E por aí afora. Você também terá muito mais clareza, sabedoria e bom senso à sua disposição para tomar decisões. NÃO IMPONHA CONDIÇÕES À SUA FELICIDADE A felicidade não pode acontecer quando situamos a fonte dela fora de nós mesmos. A partir do momento em que supomos que devem ser preenchidas certas condições antes que possamos ser felizes, é tarde demais para o experimentarmos. Quase todos temos momentos fugazes de felicidade, mas os deixamos passar sem a devida atenção. Não reconhecemos o sentimento de felicidade como o que ele é e o deixamos ir, carregado pelos nossos pensamentos. Fazemos isso porque sempre estamos a procurar a felicidade em algum outro lugar. Sempre que você impuser condições à sua felicidade, não conseguirá experimentá-la. O mesmo processo mental que vincula a sua felicidade a um resultado específico será repetido assim que esse resultado for obtido. A mulher que acredita que terá felicidade quando se casar, criará novas condições a serem preenchidas quando o casamento tiver acontecido. Talvez pense então que os filhos serão a resposta - adquirir uma casa, ser promovida, seja o que for. Quando essa tendência se impõe, poucas pessoas questionam seus fracos resultados. Por que ainda não somos felizes? Quando você puder reconhecer o sentimento de felicidade quando ele estiver ali, compreenderá que esse sentimento é o que você tem estado procurando todo o tempo. O sentimento não leva aonde quer que seja - ele é o objetivo, não o meio para alcançar um objetivo. Se a futura noiva entender que a sua felicidade vem em primeiro lugar de dentro, poderá tomar a decisão de casar ou não casar com base na sabedoria, e não na carência. Se ela já é feliz, o casamento também o será. Se o casal resolver então ter filhos, estes crescerão num ambiente feliz sem a pressão de serem a fonte da

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felicidade de alguém. O mesmo aplica-se ao longo da vida de qualquer pessoa feliz. A felicidade origina uma existência feliz e um modo alegre de encarar a vida. Você não conseguirá manter o seu contentamento se ele depender de um ritual ou de uma técnica: se você vincular a sua felicidade ao fato de fazer algo certo, com freqüência ficará decepcionado. Sei de muitas pessoas que têm dito: "Estou fazendo tudo certinho - como é que sou tão infeliz?" As razões são sempre as mesmas. Se a sua "técnica" é fazer exercício, o que acontece se você não pode exercitar-se? Mais importante ainda, é que o exercício não se equipara à felicidade. Caso se equiparasse, todas as pessoas que se exercitam seriam felizes o tempo todo - mas não o são. Isso não quer dizer que as técnicas sejam ruins, e elas podem ser úteis por muitas razões diferentes. Mas as técnicas em si não têm o poder de fazer você feliz. Elas podem ajudá-lo a atingir certas metas, mas não criam o sentimento de felicidade. FELICIDADE É UM SENTIMENTO, NÃO UM RESULTADO Quando você entende que felicidade nada mais é do que um sentimento, pode ajudá-la a crescer e mantê-la quando a sente. Quando você voltar a sua atenção para o seu sentimento de felicidade, notará que está com a mente relativamente livre - que o seu pensar está difuso. Se você está pensando mesmo, é apenas na tarefa que tem em mãos, não no resultado ou na auto-avaliação. Não que você não deva pensar; na verdade, nesse estado de sentimento mais agradável, você tem acesso irrestrito ao seu melhor pensar, à sua sabedoria e ao bom senso. Nesse estado de sentimento mais agradável, você está com a mente desembaraçada - não excessivamente concentrada no conteúdo do seu pensamento. Nesse estado mental (que está ao alcance de todos a qualquer momento), é possível você manter a sua felicidade, mesmo se as coisas à sua volta não forem do seu agrado pessoal. A felicidade é um sentimento, não um resultado; saiba o que procurar e assim você conseguirá manter esse sentimento, em vez de perdê-lo e continuar a procurá-lo em qualquer outro lugar. Ao experimentar o sentimento de felicidade, não pense nele. Se pensar, ele se afastará de você. Se você compreender a sua dinâmica mental, isso não será problema. Quando você reconhecer a serenidade na sua vida, ela ficará com você por períodos mais prolongados. E quando perder o sentimento, ele voltará mais rápido. O segredo é compreender a dinâmica, não pensar nela, apenas perceber o sentimento sem analisá-lo. O pensar demanda esforço, por pequeno que seja. Já a felicidade não demanda esforço algum. Na realidade, trata-se mais de livrar-se da infelicidade do que de lutar pela felicidade. "Livrar-se" nada mais é do que tirar a atenção do que você está pensando - não forçadamente, mas facilmente. "A felicidade vem de dentro" é um clichê, mas é verdade. Felicidade é o caminho, a única resposta de que você precisa. Quando você compreende o seu processo mental, naturalmente sente e vê a beleza na vida. Quando você está no seu estado de sentimento positivo, o que antes parecia urgente e perturbador, agora parece insignificante. E a simples beleza na vida, que você deu por certa há tanto tempo - crianças brincando na sua vizinhança, uma brisa suave, pessoas se ajudando - agora você vê com olhos novos, cheios de apreço. Quando a felicidade é a sua meta, você consegue experimentá-la a despeito do que o rodeia. Quando você compreender como realizar o seu contentamento, deixará de nutrir pensamentos que o afastam desta meta maravilhosa. A felicidade está bem ali, aqui e agora. A vida não é experimentar um vestido para um encontro posterior - ela é aqui mesmo, agora mesmo. O tipo de felicidade invisível que todos temos estado procurando está aqui mesmo em um sentimento.

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DEZ HÁBITOS E VÍCIOS

Um hábito é um pensamento que a gente aceitou como verdade.

- Richard Carlson Em um outro livro, eu me referi à maneira como um hábito específico (comer demais) se origina e se desenvolve, tornando-se um problema. Aqui, meu propósito é mais amplo. Espero que após ter lido este capítulo, você compreenda os hábitos, quaisquer que sejam os seus, de modo útil. Uso aqui as palavras "hábito" e "vício" indistintamente, para descrever qualquer comportamento em que você se envolve e que, se tivesse oportunidade, preferiria evitar. Todos os hábitos se originam de maneira idêntica, não importa quais os hábitos específicos com que você lida. O que importa é começar a ver de onde os hábitos provêm e o modo mais eficaz de eliminá-los como fonte de aflição na vida. A felicidade é um sentimento positivo que existe dentro de você e, neste livro, temos abordado a forma de remover os bloqueios psicológicos que obstruem essa felicidade. Quando você vive nesse estado mental positivo, tem uma sensação de equilíbrio e sossego. Sempre que você perde esse sentimento positivo, consciente ou inconscientemente, tenta recuperá-lo. A dinâmica do funcionamento psicológico sadio nos diz que recuperamos o nosso sentimento positivo livrando-nos dos pensamentos que estão afastando os nossos bons sentimentos. Quando não compreendemos a dinâmica da nossa mente, tentamos ingenuamente recuperar o nosso sentimento positivo através de fontes externas - o que pode ser o princípio de maus hábitos. Alguns substitutos corriqueiros do estado mental de contentamento são álcool, drogas, fumo, comida, exercício, jogo, sexo e trabalho. Entre algumas das formas mais sutis, podemos mencionar: discutir, brigar, provar-se a si mesmo e buscar aprovação dos outros. PONHA SERENIDADE NA SUA VIDA Quer o seu vício se apresente na forma de busca de aprovação externa, quer seja o álcool, o primeiro passo na recuperação é você pôr serenidade na sua vida. A serenidade, ou o contentamento, é o caldo de cultura para a mudança positiva. O oposto de serenidade, insegurança, é o caldo de cultura dos vícios. Se você tem serenidade, eliminar maus hábitos tanto é possível quanto agradável, mas sem serenidade a mudança é difícil, quase impossível. Assim, qualquer tentativa de curar um vício sem antes alcançar um sentimento de contentamento é como achicar a água de uma canoa furada. Dá para mantê-la a flutuar, mas só à custa de esforço absurdamente duro e continuado. Nunca será suficientemente salientada a necessidade inerente de procurarmos um sentimento positivo em nossas vidas. Eu acredito que ela é o componente mais importante da minha vida. Sem um estado mental positivo, eu me sinto vazio e sozinho - não tenho nada. Eu farei tudo o que for preciso, até mesmo algo prejudicial a mim mesmo ou a outros, para preencher o meu vazio. Esse vazio está na raiz de todos os vícios e hábitos, e assim como a causa de todos os vícios é uma só, o mesmo acontece com a solução. A minha solução é alcançar o meu funcionamento psicológico sadio esse agradável sentimento de contentamento que me diz que já possuo o que quero obter da vida. Sempre é possível rastrear a origem dos hábitos até o próprio pensar. Se você pensa em algo, comida, por exemplo, seus pensamentos criarão dentro de você um sentimento chamado "impulso". Esse sentimento de urgência cria em você o desejo de satisfazer esse impulso - no caso da comida, comendo.

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DESVIE A ATENÇÃO DOS SEUS HÁBITOS O bom senso lhe diz que, quanto mais você pensa em algo, mais esses pensamentos crescem na sua mente e viram realidade. A despeito do bom senso, muitos centros de recuperação de viciados e especialistas em vícios costumam induzir a pessoa a pensar em quase nada além do vício que a perturba. Eles fazem com que ela - e outras pessoas - se lembre do problema muitas vezes ao dia. Aconselham-na a pensar e falar em como é ser um viciado. A razão pela qual esses especialistas em vício nos levam a nos centrar no nosso problema (hábito) é evitar que neguemos o fato de termos realmente um problema. E ainda que com freqüência consigam atingir esse objetivo, o ato de centrar-se no problema ou vício fará com que ele cresça em nossa mente e pareça de maior dimensão, de mais difícil solução. Portanto, mesmo nos impedindo de negar o problema, também confirma-nos a gravidade e a complexidade do nosso hábito, ratificando que será difícil vencê-lo. Existe um denominador comum em quase todas as pessoas com problema de peso: elas têm a comida de forma constante em suas mentes. A maioria dos programas de emagrecimento fracassam, afinal, por encorajarem os participantes no sentido de porem o foco na comida - o que comer, quando comer, como comer, onde comer, e quanto comer. Para perder peso, você deve desviar a atenção da comida. A comida deve ocupar menos - e não mais - espaço na mente. O mesmo vale para qualquer hábito. Se você fica o dia inteiro a pensar em cigarros, vai ficar muito difícil parar de fumar. Se fica pensando no pouco que gosta do esposo / esposa, vai ser difícil sentir amor quando chegar em casa. A energia sempre segue atrás da atenção. Se a atenção se volta para a comida, é para lá que a energia irá. Um velho ditado diz: "Não alimente a fogueira." Se os hábitos são a sua fogueira, o pensamento é a gasolina. Quanto mais gasolina você derrama no fogo, maior ele fica. Assim é também com os hábitos - quanto mais você pensa neles, aparentemente maiores eles se tornam. Não é a minha intenção, nem me cabe falar depreciativamente sobre nenhum centro de recuperação ou método de tratamento. Existem muitos bons centros e programas em todo o mundo, que ajudam milhões de pessoas com todos os tipos de vícios. Mas eu acrescentaria algo a esses programas. A dimensão da recuperação necessária para a pessoa se livrar de um hábito negativo é a parte que inclui educação referente a saúde mental, contentamento e sentimentos positivos, bem como sobre os padrões de vício. Existe uma forma de você se livrar dos seus hábitos sem negar que você os padece. Isso se consegue compreendendo como o pensamento se nutre de si mesmo e vira realidade na mente, e, inversamente, compreendendo como se alcança um estado mental mais sereno e constante. Centros de recuperação e especialistas em vício estão certos ao afirmarem que a pessoa precisa de decisão para romper com um hábito, sobretudo se este é grave. Mas essa decisão não deveria ser motivo de reflexão permanente, dia após dia. Ela é, antes, um compromisso profundo, um conciliador da pessoa consigo mesma, visando deter uma força destrutiva na vida dela. É um entendimento íntimo de que agora é que você precisa parar. A partir do momento em que você toma essa decisão pessoal, não está mais na negação, mas a caminho da libertação. Continuar a se concentrar obsessivamente no hábito, a essa altura, prejudica em vez de ajudar.

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FELICIDADE, DECISÃO E COMPREENSÃO Os ingredientes necessários para romper qualquer hábito são felicidade, decisão e compreensão. A felicidade é o terreno propício que torna possível a recuperação, decisão é o compromisso íntimo com o objetivo, e compreensão é o veículo que leva você até lá. A compreensão do próprio funcionamento psicológico permite que você pense em algo, até mesmo um hábito que virou problema, sem levar os pensamentos demasiadamente a sério ao ponto de ficar atemorizado. Quando você consegue ser testemunha dos seus pensamentos, e não ficar imerso neles, pode ser mais amável nos seus estados de ânimo mais deprimidos e também desconfiar de si mesmo nesses estados. Aproveite seus sentimentos negativos, usando-os como sinais de advertência. Eles alertam para o fato de que você está pensando de modo disfuncional e pode cair na infelicidade ou em hábitos destrutivos. Você terá sabedoria para ver em seus maus hábitos nada mais que pensamentos negativos que você acabou aceitando como verdades. Ao longo deste livro você aprendeu sobre a natureza verdadeiramente inofensiva dos seus pensamentos: pensar é um dom, uma maravilhosa capacidade que possuímos, mas você não precisa levar esta função ou o conteúdo dos pensamentos muito a sério. Para os hábitos se tornarem inofensivos, eles devem também ser vistos apenas como pensamentos que você está aceitando desnecessariamente como realidade. Você não precisa jamais ter medo dos seus próprios pensamentos. Agora acabo de fechar o círculo, voltando à minha referência inicial sobre o pensamento. Já que você compreende a natureza potencialmente inofensiva e arbitrária do pensamento - o fato de ser algo que estamos a fazer o tempo inteiro -não precisa ser vitimado por ele. É, antes, questão de você determinar como se relaciona com o seu pensamento. Você vê seu pensamento como uma capacidade que possui, de dar significado à sua vida, ou vê nele uma "realidade" que deve ser temida e à qual é preciso responder? A resposta que você der a esta pergunta determinará a sua eficácia na eliminação dos hábitos como força destrutiva na sua vida. Quanto maior o nível de compreensão, mais fácil ela ficará. O seu domínio sobre esta compreensão lhe permitirá remover os bloqueios psicológicos que o impedem de curtir o seu estado mais natural - o de contentamento.

ONZE UMA LISTA PARA CHECAR SUA VIDA SE VOCÊ ESTIVER EXPERIMENTANDO ALGO que não seja O contentamento que nasce da autocompreensão, pode ser útil fazer-se as seguintes perguntas. 1. Será que minha vida é mesmo tão ruim assim neste momento, ou simplesmente estou de baixo-astral? O nosso estado de ânimo é a fonte da nossa experiência, não seu efeito. Se estivermos indispostos, nossas vidas parecerão piores do que realmente estão. Se nos sentirmos abatidos, o melhor que temos a fazer é diminuir o ritmo dos nossos pensamentos, tirar a mente do que quer em que esteja envolvida, esperar até o baixo-astral passar, e procurar um sentimento mais agradável. A vida, e tudo nela, logo parecerá muito melhor! 2. Estou enveredando pelo caminho da infelicidade na tentativa de achar a felicidade ? Se eu quisesse fazer uma viagem de São Francisco para Nova York, rumaria para o leste, mas se fosse para o sul daria com Los Angeles - não com o lugar aonde pretendia ir. O mesmo princípio aplica-se em se tratando de achar um sentimento de contentamento. Se você se pega com freqüência

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a se expressar ou pensar negativamente, não está na estrada que leva para a felicidade. Quaisquer pensamentos que nos afastem de um sentimento positivo não merecem ser nutridos, nem defendidos. Se você quer ser feliz, siga seus pensamentos felizes, não os infelizes. 3. Estou colocando as minhas opiniões acima dos meus sentimentos positivos? Façamo-nos a pergunta: "Quero ter razão, ou quero ser feliz?" Quando levamos as nossas opiniões tão a sério que nos causam sentimentos de descontentamento, elas não merecem ser defendidas. É possível mantermos as nossas crenças válidas e vigorosas num estado de pensamento positivo, e essas atitudes serão mais seriamente respeitadas por outras pessoas quando demonstrarmos um estado mental positivo. 4. Estou reagindo ao baixo-astral de alguém? Esquecemos com facilidade que todos temos alterações do estado de ânimo. Se lembrarmos que todo mundo, até a pessoa mais agradável, tem estados de ânimo variáveis, não consideraremos como algo pessoal seus "ataques" - eles não são dirigidos a nós. Os estados de ânimo são um fato da vida. Todo mundo, aqueles com quem trabalhamos e que estão próximos, estará sujeito aos altos e baixos dos estados de ânimo. Quando estão de baixo-astral, as pessoas dizem e fazem coisas que jamais sonhariam em estados mentais mais positivos. Isso não significa que devemos aceitar maus-tratos das pessoas, mas que levamos em conta na mente e no coração o fato psicológico dos diferentes estados de ânimo. Quando aceitarmos a sua inevitabilidade, deixaremos de encará-los como algo tão pessoal. 5. Estou representando uma guerra na minha cabeça? A maioria das discussões tem lugar em nossas mentes, antes ou depois do acontecimento concreto. Se os pensamentos que estão criando um sentimento de descontentamento penetram em nossas cabeças, trata-se meramente de pensamentos inofensivos - não da realidade. Se temos um conflito, a solução virá mais facilmente quando estivermos em um nível de sentimento mais elevado. Somos produtores dos nossos pensamentos. Ao reconhecer que nós é que estamos pensando, podemos acabar com a guerra mental e, então, nos afastar dela e nos voltarmos para um sentimento mais agradável. 6. Estou lutando com um problema? Os pensamentos crescem com a atenção que lhes é dispensada. Nossa energia irá para onde a atenção estiver. Se lutamos constantemente com um problema, bloqueamos o nosso canal de sabedoria e bom senso. Para resolvermos efetivamente um problema atual, precisamos nos distanciar dele. Sempre que uma coisa está perto demais da gente, fica difícil enxergar claramente. Quando deixarmos o problema de lado, as respostas que pareciam escapar se apresentarão. 7. Será que a minha tolerância ao estresse é alta demais? O nível de estresse em nossas vidas sempre será exatamente igual ao nosso nível de tolerância usual. Há uma tendência, quando nos sentimos estressados, a pôr o pé no chão, arregaçar as mangas e encarar o trabalho. Em que pese a urgência que sentimos, disso nunca resultará uma redução do estresse. Quando nos sentimos estressados, é hora de pegar leve, fazer uma pausa, parar de pensar tanto, desanuviar a mente. Ao fazer isso, nos sentiremos melhor, e estaremos logo recuperados. Para vivermos uma vida de estresse reduzido, o objetivo é baixarmos a nossa tolerância ao estresse. No momento certo, poderemos pegar o estresse no início e eliminá-lo antes que ele possa nos dominar. 8. Estou pensando demais em mim mesmo?

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Avaliar demais a si mesmo ou o seu desempenho lhe causará abatimento. Ao pensar demais em como está se saindo você afasta-se do seu natural senso de auto-estima e felicidade. Basta observar as crianças pequenas para lembrar que somos naturalmente orgulhosos dos nossos esforços. Através da falta de confiança na própria capacidade, perdemos o nosso senso de valor próprio. Viva ao máximo cada momento - curta cada preciosa hora de vida que você recebe. Se todos abordarmos nossas vidas dessa forma, os detalhes, as nossas realizações e responsabilidades, se resolverão sozinhos - realmente se resolverão. E ainda nos divertiremos no processo. 9. Estou levando o meu passado comigo? O passado é uma lembrança que carregamos através do nosso pensamento. Tanto faz algo ter acontecido vinte anos ou vinte minutos atrás, o que é passado não é relevante no que diz respeito à nossa capacidade de curtir nossas vidas agora, neste momento. À medida que a nossa compreensão da dinâmica do pensamento se aprofundar, nós nos libertaremos dos efeitos adversos dos nossos passados infelizes. 10. Estou adiando minha vida? Tem-se dito que "Vida é o que acontece com você enquanto está ocupado fazendo outros planos". Sempre que protelamos a felicidade, deixamos de reconhecer que ela é um sentimento que já possuímos, ao qual podemos ter acesso quando quisermos. Ele não depende de resultados. Se você se pega a dizer coisas como "serei feliz quando", está omitindo-se. A felicidade acontece sempre que você penetra no seu próprio funcionamento psicológico naturalmente sadio. Você pode ser feliz aqui mesmo, agora mesmo, se optar por isso.

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O AUTOR

Dr. Richard Carlson é considerado um dos principais especialistas em felicidade nos Estados Unidos. Como conferencista, é aplaudido no país inteiro, tendo falado para platéias de milhares de pessoas. Entre seus livros, com mais de um milhão de exemplares impressos, estão You Can Feel Good Again, Shortcut Through Therapy e o best seller americano Don't Sweat the Small Stuff. É

co-editor, com o Dr. Benjamin Shield, de Handbook for the Soul, Handbook for the Heart e For the Love of God. Convidado freqüentemente para entrevistas, tem participado de centenas de programas de rádio e televisão, inclusive CNN, LEEZA, Sally Jesse Raphael, e até Oprah!

Carlson faleceu na cidade de São Francisco em 16 de dezembro de 2006 em consequência de uma

embolia pulmonar aos 45 anos de idade. Foi enterrado em Orinda, no estado da Califórnia.

Digitalizado em Julho de 2010 Apoio: Clube do Ebook

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Informações do Livro Impresso:

Subtítulo: 5 PRINCIPIOS QUE O SEU TERAPEUTA NUNCA APLICOU Autor: Richard Carlson Tradução: Editora: Ediouro Assunto: Crenças-Auto-Ajuda ISBN: 8500004762 Idioma: Português Tipo de Capa: BROCHURA Edição: 1 Número de Páginas: 160