violencia urbana

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No nosso cotidiano, estamos tão envolvidos com a violência que tendemos a acreditar que o mundo nunca foi tão violento como agora: pelo que nos contam nossos pais e outras pessoas mais velhas, 4 há dez, vinte ou trinta anos, a vida eramais segura, certos valores eram mais respeitados e cada coisa parecia ter o seu lugar. Essa percepção pode ser correta, mas precisamos pensar nas 7 diversas dimensões em que pode ser interpretada. Se ampliarmos o tempo histórico, por exemplo, ela poderá se mostrar incorreta. Embora a violência não seja um fenômeno dos dias de hoje, 10 pois está presente em toda e qualquer sociedade humana, sua ocorrência varia no grau, na forma, no sentido que adquire e na própria lógica nos diferentes períodos da História. O modo como o homem a 13 vê e a vivencia atualmente é muito diferente daquele que havia na Idade Média, por exemplo, ou emoutros períodos históricos emoutras sociedades. Andréa Buoro et al .Violência urbana dilemas e desafios . São Paulo: Atual, 1999, p. 12 (com adaptações). Lembremos que 1 a modernidade se caracteriza não apenas por umnovomodo de produção e de vida,mas tambémpor uma nova forma de relacionamento entre os homens na sociedade, o que influi até mesmo no julgamento que fazemos uns dos outros. Essa forma de relacionamento, que vem desde a Revolução Industrial, é intermediada pelo trabalho, e os par para julgar as pessoas são o 4 dinheiro e a propriedade. Entretanto, trabalho e dinheiro não estão disponíveis para todos. Em cidades superpopulosas, em crises das indústrias, freqüentemente os trabalhadores se vêem sem meios de sobreviver. Essa relação entre os homens é portanto, uma relação desigual, 7 em que geralmente os trabalhadores estão em desvantagem, já que não possuem meios estáveis de sobrevivência e dependem de empregadores. Andréa Buoro et al .Violência urbana dilemas e desafios . São Paulo: Atual, 1999, p. 26. Vivemos em uma sociedade que estimula o desejo de ser diferente por meio do consumo de produtos especiais, mas na qual, ao mesmo tempo, uma enorme massa de excluídos dribla a fome diariamente. Em uma sociedade assim, mais polícia e Exército nas ruas e grades nas casas não resolvem o problema da violência. Um dos principais fenômenos de comportamento das últimas duas déc nas grandes cidades brasileiras foi o crescente abandono da rua como espaç de convivência e lazer, com o conseqüente confinamento para os e fechados, privados e seguros. Andréa Buoro et al .Violência urbana dilemas e desafios . São Paulo: Atual, 1999, p. 27. Textos de base: A sociedade organizada segundo os parâmetros do dinheiro e do trabalho, ao mesmo tempo que cria a figura do trabalhador, cria também a figura do vagabundo, do delinqüente, do trabalhador que não deu certo e que freqüentemente “esbarra” na lei, do criminosos em potencial. Essas são as pesso

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No nosso cotidiano, estamos to envolvidos com a violncia que tendemos a acreditar que o mundo nunca foi to violento como agora: pelo que nos contam nossos pais e outras pessoas mais velhas, 4 h dez, vinte ou trinta anos, a vida eramais segura, certos valores eram mais respeitados e cada coisa parecia ter o seu lugar. Essa percepo pode ser correta, mas precisamos pensar nas 7 diversas dimenses em que pode ser interpretada. Se ampliarmos o tempo histrico, por exemplo, ela poder se mostrar incorreta. Embora a violncia no seja um fenmeno dos dias de hoje, 10 pois est presente em toda e qualquer sociedade humana, sua ocorrncia varia no grau, na forma, no sentido que adquire e na prpria lgica nos diferentes perodos da Histria. O modo como o homem a 13 v e a vivencia atualmente muito diferente daquele que havia na Idade Mdia, por exemplo, ou emoutros perodos histricos emoutras sociedades.Andra Buoro et al. Violncia urbana dilemas e desafios. So Paulo: Atual, 1999, p. 12 (com adaptaes).

Lembremos que 1 a modernidade se caracteriza no apenas por umnovomodo de produo e de vida,mas tambmpor uma nova forma de relacionamento entre os homens na sociedade, o que influi at mesmo no julgamento que fazemos uns dos outros. Essa forma de relacionamento, que vem desde a Revoluo Industrial, intermediada pelo trabalho, e os parmetros para julgar as pessoas so o 4 dinheiro e a propriedade. Entretanto, trabalho e dinheiro no esto disponveis para todos. Em cidades superpopulosas, em meio s crises das indstrias, freqentemente os trabalhadores se vem sem meios de sobreviver. Essa relao entre os homens , portanto, uma relao desigual, 7 em que geralmente os trabalhadores esto em desvantagem, j que no possuem meios estveis de sobrevivncia e dependem de empregadores.Andra Buoro et al. Violncia urbana dilemas e desafios. So Paulo: Atual, 1999, p. 26.

Vivemos em uma sociedade que estimula o desejo de ser diferente por meio do consumo de produtos especiais, mas na qual, ao mesmo tempo, uma enorme massa de excludos dribla a fome diariamente. Em uma sociedade assim, mais polcia e Exrcito nas ruas e grades nas casas no resolvem o problema da violncia.Um dos principais fenmenos de comportamento das ltimas duas dcadas nas grandes cidades brasileiras foi o crescente abandono da rua como espao de convivncia e lazer, com o conseqente confinamento para os espaos fechados, privados e seguros.Andra Buoro et al. Violncia urbana dilemas e desafios. So Paulo: Atual, 1999, p. 27.

Textos de base: A sociedade organizada segundo os parmetros do dinheiro e do trabalho, ao mesmo tempo que cria a figura do trabalhador, cria tambm a figura do vagabundo, do delinqente, do trabalhador que no deu certo e que freqentemente esbarra na lei, do criminosos em potencial. Essas so as pessoas

que estaro mais sujeitas perseguio e punio. (Andra Buoro et al . Violncia urbana- dilemas e desafios)

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A sociedade organizada segundo os parmetros do dinheiro e do trabalho, ao mesmo tempo que cria a figura do trabalhador, cria tambm a figura do vagabundo, do delinqente, do trabalhador que no deu certo e que freqentemente esbarra na lei, do criminoso em potencial. Essas so as pessoas que estaro mais sujeitas perseguio e punio. Andra Buoro et al. Violncia urbana - dilemas e desafios. So Paulo: Atual, 1999, p. 27.