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A Revista que se Responsabiliza Doutrinariamente pelos Textos Publicados agosto/2011 | edição 107 | ano IX | www.nossolarcampinas.org.br Lembranças de Vidas Passadas Evolução em Dois Mundos Mediunidade e Corpo Espiritual

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A Revista que

se Responsabiliza Doutrinariamente

pelos Textos Publicados

agosto/2011 | edição 107 | ano IX | www.nossolarcampinas.org.br

Lembranças de Vidas Passadas

Evolução em Dois Mundos

Mediunidade e Corpo Espiritual

Editor

Emanuel Cristiano

Depto. Editorial

Jornalista Responsável

Renata Levantesi (mtb 28.765)

Diagramação Percurso Visual Editorações

Imagens Shutterstock/Percurso Visual

Revisão Zilda Nascimento

Administração e Comércio

Elizabeth Cristina S. Silva

Apoio Cultural

Braga Produtos Adesivos

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Citygráfica

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[email protected]

+55 19 3233 5596

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Exterior: US$ 55,00

Centro de Estudos Espíritas

“Nosso Lar”

Rua Dr. Luís Silvério, 120

13042-010 | Vila Marieta

Campinas - São Paulo - Brasil

CNPJ: 01.990.042/0001-80

I.E.: 244.933.991.112

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[email protected]

O Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”

responsabiliza-se doutrinariamente pelos

artigos publicados nesta revista.

sumário

Reflexão4 Evolução em dois mundos

chico xAvieR9 Mediunidade e corpo espiritual

ensinAmenTo13 Não basta querer ajudar

cAPA14 Crianças que relatam lembranças de vidas passadas

comPoRTAmenTo18 O pensamento

PARábolA21 Parábola dos primeiros lugares

PRof. heRculAno PiRes ResPonde22 Fluido e fluído

exPeRiênciA24 O minuto

diálogo25 Diálogo com Divaldo

com TodAs As leTRAs26 Reais, como dólares ou marcos

mensAgem27 Falatório

expediente

2 Assine: (19) 3233-5596Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

Agosto/2011 | FidelidadESPíritA

editorial

IMagEM VIVa DE JEsusinopinadamente, certos casos e proble-mas já considerados insolúveis, é Jesus que correu ao nosso apelo como outro-ra fêz aos apóstolos pescadores que em vão lançavam suas redes ao mar.

Quantas vezes se nos deparar, nesta sociedade madrasta, o humilde persegui-do e expoliado, defendamo-lo, porque esse humilde é Jesus-Cristo disfarçado.

Quando virmos o órfão abandona-do, sem pão, sem família, sem lar, roto e faminto, amparemo-lo sem perda de tempo; esse órfão é Jesus-Cristo, que as-sim, veladamente, nos procura.

Quando, ao nosso lado, se apresen-tar a velhice, trôpega e desalentada, sem arrimo nem esperança, cumpre acolhê- la, cercando-a dos devidos cuidados; pois é o mesmo Jesus- Cristo que assim, oculto, bate às nossas portas.

Finalmente, a viúva necessitada, o en-fermo, o encarcerado, o indigente, o so-fredor, seja este ou seja aquele, é, invaria-velmente, a imagem viva de Jesua-Cristo; a única imagem real que dele existe na Terra, a única digna do culto e da reve-rência dos verdadeiros cristãos, pois é aquela que envolve, sob aspectos vários, o ideal de amor que Jesus personifica.

Não é, pois, figura, não é simbolo, não é alegoria:

Jesus está em plena atividade junto de nós, já influindo internamente em nossas almas, já nos impressionando pelo exterior, através da imagem viva daqueles por quem morreu cravado no madeiro infamante. u

É singular e significativo o fato, por vezes verificado, de os dis-cípulos e apóstolos de Jesus o

desconhecerem, quando ressurgido. Eles esperavam que o Mestre ressus-citasse, visto como tal acontecimento constava das profecias, e a ele o pró-prio Jesus se reportara de modo cate-górico e positivo.

Portanto, parece natural que, ao verem-no, após o dia predito da res-surreição, o reconhecessem de pronto. Não obstante, deu-se o contrário; e pre-cisamente com as pessoas que mais de perto privaram com ele, tais como Pe-dro, João, Maria Madalena, etc. Como se explicará este curioso caso? Quer- nos parecer que o Mestre, propositadamen-te, se disfarçava modificando os contor-nos de seu semblante a fim de colher as impressões dos seus mais íntimos a res-peito dos ensinos que lhes havia minis-trado. Proporcionava, assim, oportuni-dades, aguardando o modo de agir dos discípulos, cujos pensamentos ocultos e reservados punha a descoberto.

Que Jesus possuía poder plástico em alto grau é coisa que se não discute. Co-nhecendo a matéria em sua estrutura ín-tima, e, bem assim, as leis que presidem à organização das formas sob esta ou aquela modalidade, jogava com os ele-mentos ao sabor da sua poderosa von-tade. É assim que o vemos transfigurado no Monte Tabor, com rosto luminoso, corpo refulgente e diáfano como se fora urdido de luz. No jardim das Oliveiras, quando o buscam para o prender, irra-dia repentinamente esplêndido fulgor, apavorando os esbirros, que, ofuscados, caem todos por terra. No ângulo do templo, certa vez que pretendem justi-

çá-lo prematuramente, desaparece, por-que ainda não era chegada a sua hora. Na estrada de Emaús, põe-se ao lado de dois discípulos seus, e, incógnito, discute acaloradamente com eles durante longo trajeto, só se dando a conhecer quan-do lhe aprouve, depois de haverem chegado a uma estalagem daquela al-deia. Madalena o vê à beira do túmulo, donde ressurgira, e, desconhecendo-o, supõe tratar-se de um certo jardineiro; João, Pedro, Tomé e outros divisam-no na praia, pela madrugada, e só logram saber que se tratava do Mestre querido, após a maravilhosa pesca que ele lhes proporcionara.

Que quer tudo isto dizer senão que Jesus imprimia ao seu semblante o cunho que lhe parecia, mostrando-se, ora no esplendor de uma glória que lhe era própria, ora sob os andrajos com que se vestem os homens deste mundo?

Até hoje, prosseguindo no desempe-nho de sua obra de redenção, o Cristo de Deus continua manifestando-se sob veladas aparências. Os que tiverem olhos de ver e ouvidos de ouvir poderão vê-lo e ouvi-lo.

Sempre que em nossa mente surge certa influência, que, opondo-se ao nos-so egoísmo, desperta em nós sentimen-tos de justiça, é Jesus que está em ação junto de nós; e como os dois discípulos de Emaús, nós não o reconhecemos. Toda a vez que uma voz interior nos ad-vertir, tornando-nos capazes de atos de altruísmo, e de rasgos de bondade, é Je-sus que, incógnito, opera em nossos co-rações a obra de nossa redenção; e nós, como Madalena, o procuramos sem sa-ber onde ele está. Quando, após lutas e porfias improfícuas, resolvemos, depois,

Fonte:

VINÍCIUS. Nas Pegadas do Mestre. Págs. 146-148. Feb. 1995.

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FidelidadEspírita | agosto/2011

reflexão

EVoLução EM DoIs MunDos

10-12-1958 por Suely CaldaS SChubert

“(...) Restituo-te a certidão (...) e o expediente do nosso amigo Sr. Guen-ther. As mensagens publicadas na Alemanha são deveras muito interes-santes, mormente considerando-se a época em que apareceram. Posso, no entanto, adiantar que se trata de outro mensageiro e não do nosso benfeitor espiritual, que, nos últimos anos do século passado, já se encon-trava no Brasil (...).

Agradeço a sinceridade com que me falas do ‘Evolução’. Sabes que a tua opinião é sempre um roteiro para mim. Meditei bastante sobre o que di-zes e, de minha parte, também muito me surpreendi com o livro. Emmanuel me falou sobre o trabalho em dezem-bro de 1957 e tanto ele quanto André Luiz convidaram o Waldo e a mim para a recepção da obra, alegando que, em 1958, justificaríamos o con-

também surpreendia-se e escrevia- me sobre o assunto, sempre com o entusiasmo que lhe marca o senti-mento de fé. E, justamente em julho, ao terminarmos a tarefa, explode o caso infeliz do Além, das muitas car-tas insultuosas que recebi, lembro- me de duas, assinadas por médicos ateus, perguntando por que motivo André Luis não expunha idéias espíritas em termos médicos que pudessem eles, os médicos, entender.

Percebi, então, que os nossos Ami-gos Espirituais se haviam adiantado ao ataque das trevas. “Evolução...” es-tava pronto.

Na simplicidade da fé com que recebo os atos de nossos Benfeito-res, tenho o livro como sendo uma resposta a muitas das interrogações e dúvidas que o caso deixou em nosso ambiente.”

vite e compreenderíamos com mais segurança o cometimento. Entrega-mo-nos de alma e coração ao serviço. Certa feita, Emmanuel me disse que o novo livro de André Luiz estava para os demais assim como o “A Caminho da Luz”, para os dele, Emmanuel. Nes-se, tentava nosso benfeitor apresentar um resumo da história da civilização, à luz do Espiritismo, utilizando os co-nhecimentos e registros da Humani-dade. E, no “Evolução...” – acrescen-tava Emmanuel – André Luiz tentaria apresentar um resumo da história da alma humana, à luz do Espiritismo, utilizando os conhecimentos e regis-tros já feitos pela ciência da Humani-dade. Achei curiosa a comparação e o livro continuou... Com o trabalho avançado, achei igualmente que o li-vro apresentava um teor de cultura demasiadamente avançado. Waldo

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Agosto/2011 | FidelidadESPíritA

4 Assine: (19) 3233-5596uma publicação do centro de estudos espíritas “nosso lar” – campinas/sP

reflexão

Pela leitura do primeiro tópico in-fere-se que Chico Xavier comenta al-gumas mensagens publicadas na Ale-manha e que houve uma suposição, talvez de Wantuil de Freitas ou outra pessoa, de que o autor seria Emma-nuel. Chico explica que àquela épo-ca, em que as tais mensagens foram recebidas, esse benfeitor espiritual já se encontrava no Brasil.

Do segundo parágrafo em diante as referências são em torno do livro “Evolução em dois Mundos”.

Os dois prefácios de “Evolução”, ditados por Emmanuel e André Luiz, estão datados de 21 de julho de 1958, em Pedro Leopoldo, e 23 de julho de 1958, em Uberaba psicografados respectiva por Chico Xavier e Waldo Vieira. Entretanto pode-se observar que o início do trabalho foi em 15 de janeiro de 1958, sendo o primeiro capítulo psicografado pelo Waldo em Uberaba e o segundo em Pedro Leo-poldo pelo Chico.

Esse é o 11º livro de André Luiz. Chico explica a Wantuil – que já

está com os originais em seu poder para a publicação – o que representa o novo livro na obra do mencionado autor espiritual. Observa-se pelo tex-to que Emmanuel avisa o médium em dezembro e no mês seguinte a tarefa é iniciada.

O processo utilizado por André Luiz é deveras singular e, por si só, uma fantástica comprovação da au-tenticidade do fenômeno mediúnico.

É simplesmente notável que ele tenha conseguido dois médiuns com idêntica capacidade de sintonia e fil-tragem, a tal ponto que nenhuma di-ferença existe entre os capítulos psico-grafados por um e outro. Entre Chico Xavier e Waldo Vieira, no entanto, existem nítidas diferenças de persona-lidade, o que afasta a hipótese de que

houvesse, por este lado, uma explica-ção para tal identidade com o autor espiritual, o que torna ainda mais au-têntico o trabalho mediúnico de Chico e Waldo com André Luiz.

No futuro, pode-se prever, o pro-cesso psicográfico usado para a trans-missão e recepção dos livros “Evolu-ção em dois Mundos” e “Mecanismos da Mediunidade” merecerá estudo detalhado, que faça jus ao admirável resultado alcançado.

Analisemos, por nossa vez, alguns aspectos, como primeiro e despre-tensioso, ensaio para esse trabalho futuro.

No livro “No Mundo de Chico Xa-vier”, cap. 11, pág. 121, 3ª ed. IDE, encontramos a seguinte pergunta fei-ta a Chico Xavier:

“Conscientemente, como registra o fenômeno da psicografia?” Ao que ele respondeu:

“– Quando escrevo psicografica-mente, vejo, ouço e sinto o Espírito desencarnado que está trabalhando, por meu braço, e, muitas vezes, regis-tro a presença do comunicante sem tomar qualquer conhecimento da matéria sobre a qual ele está escre-vendo.”

Em “Encontros no Tempo”, cap. 10, 2ª ed. IDE, Chico dá outros deta-lhes sobre a sua mediunidade psico-gráfica, ao responder a pergunta do entrevistador.

“– Desde 1927 quando psicografei a primeira mensagem, eu senti que a entidade tomava o meu braço como se fosse um instrumento quase que mecânico para que ela pudesse es-crever livremente.

Muitas vezes o Espírito comuni-cante me faz sentir no campo men-tal aquilo que ele recorda ou pensa, mas habitualmente eu não sei o que ele está escrevendo através do meu

braço. É como se o meu braço fosse um aparelho elétrico repentinamente ligado à força, cuja origem eu mesmo não posso precisar.”

Deduz-se, portanto, que o Chico é um médium mecânico, que pode, às vezes, pelo próprio processo utilizado pelos Espíritos, atuar como médium semimecânico.

Allan Kardec elucida a respeito, no cap. 15 de “O Livro dos Médiuns”:

Médiuns mecânicos: “(...) Quando atua diretamente sobre a mão, o Es-pírito lhe dá uma impulsão de todo independente da vontade deste últi-mo. Ela se move sem interrupção e sem embargo do médium, enquanto o Espírito tem alguma coisa que dizer, e pára, assim ele acaba.

Nesta circunstância, o que carac-teriza o fenômeno é que o médium não tem a menor consciência do que escreve. Quando se dá, no caso, a inconsciência absoluta, têm-se os médiuns chamados passivos ou me-cânicos. É preciosa esta faculdade, por não permitir dúvida alguma sobre a independência do pensamento da-quele que escreve.”

Médiuns semimecânicos: “No médium puramente mecânico, o movimento da mão independe da vontade; no médium intuitivo, o mo-vimento é voluntário e facultativo, o médium semimecânico participa de ambos esses gêneros. Sente que à sua mão uma impulsão é dada, mau grado seu, mas, ao mesmo tempo, tem consciência do que escreve, à medida que as palavras se formam. No primeiro o pensamento vem de-pois do ato da escrita; no segundo, precede-o; no terceiro, acompanha- o. Estes últimos médiuns são os mais numerosos.”

Não temos dados sobre o tipo de mediunidade de Waldo Vieira, entre-

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FidelidadEspírita | agosto/2011

reflexão

tanto é lógico supor-se que também ele fosse médium mecânico (pelo menos) e semimecânico.

Temos assim dois médiuns com o mesmo gênero de mediunidade psi-cográfica.

Nessa análise, bastante simples, não levamos em conta os outros tipos de mediunidade que ambos possam ter, como a psicofonia, a vidência, etc. Apenas nos interessa, aqui, a psi-cografia.

O processo de transmissão e re-cepção de mensagens, contudo, re-quer uma série de outros fatores para que se realize com êxito. É o que Léon Denis denomina de “leis das co-municações espíritas” e que o próprio André Luiz aborda em vários de seus livros

Os dois médiuns, como duas es-tações de rádio, estariam com o seu potencial de sintonia e recepção re-gulado para a mesma frequência.

Herculano Pires, entrevistando Chico Xavier no “Pinga-Fogo” (1972), indaga como se realizou a psicografia de “Evolução em dois Mundos”, ao que ele responde: “Eu sentia, natu-ralmente, um grande prazer em ser instrumento daquelas páginas, con-

quanto eu no as entendesse muito bem. Remetia diretamente pelo cor-reio ao companheiro que partilhava comigo da mesma experiência. Em dias convencionados da semana, en-tão ele também me mandava para Pedro Leopoldo.

Eu lia o que ele havia escrito, ele lia o que havia recebido, e o livro continuou até o fim.”

É assim, com sua maneira simples e humilde, que Chico explica a re-cepção desse magnífico livro.

*

Examinemos, especialmente, aque-le em que Emmanuel destaca a im-portância da nova obra de André Luiz.

Três livros ressaltam da psicogra-fia de Chico Xavier, e são evidência bastante marcante de que existe uma programação espiritual grandiosa na maneira pela qual a Espiritualidade Maior orienta os seres humanos.

São eles: “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, de Humberto de Campos, “A Caminho da Luz”, de Emmanuel, ambos publi-cados em 1938, e “Evolução em dois Mundos”, ditado por André Luiz exa-tamente vinte anos depois.

O primeiro a ser lançado é o de Humberto de Campos, e conforme esclarece o próprio Emmanuel “foi a revelação da missão coletiva de um país”. (In “A Caminho da Luz” – An-telóquio.)

No mesmo ano, Chico psicografa o segundo: “A Caminho da Luz”. Na apresentação, Emmanuel diz, referin-do-se ao livro: “Nossa contribuição será à tese religiosa, elucidando a in-fluência sagrada da fé e o ascendente espiritual, no curso de todas as civili-zações terrestres.”

(“A Caminho da Luz” – Anteló-quio.) E na carta que estamos anali-sando, Emmanuel acrescenta que o seu livro é um “resumo da história da civilização, à luz do Espiritismo, utili-zando os conhecimentos e registros da Humanidade”.

O terceiro livro, “Evolução em dois Mundos”, nos chega vinte anos depois, e o autor espiritual apresenta o “resumo da história da alma huma-na, à luz do Espiritismo, utilizando os conhecimentos e registros já feitos pela ciência da Humanidade”, segun-do as palavras de Emmanuel.

Percebe-se que a Espiritualidade Maior coloca nessas três obras reve-lações de profunda significação para o movimento espírita hodierno, que deixamos à reflexão do leitor, inclusi-ve a dedução acerca da programação espiritual que elas evidenciam.

Esse programa, traçado pelos Es-píritos Superiores, deve merecer um estudo aprofundado, à parte.

Isto nos traz à mente, uma vez mais, a referência que o Espírito de Galileu faz, em “A Gênese”, das questões sobre as quais deveria si-lenciar, apesar de já as ter aprofun-dado para si mesmo. É especialmen-te notável que logo em seguida a essa referência, que se encontra no cap. VI, item 19 (já comentada em carta de 9-3-1949), esteja mencio-nado o assunto que é o escopo do estudo realizado por André Luiz em “Evolução em dois Mundos”, e que ora transcrevemos:

“Aos que desejem religiosamente conhecer e se mostrem humildes pe-rante Deus, direi, rogando-lhes, toda-via, que nenhum sistema prematuro baseiem nas minhas palavras, o se-guinte: O Espírito não chega a rece-ber a iluminação divina, que lhe dá,

Todas essas etapas estavam, portanto,

perfeitamente ajustadas e

graduadas para que o trabalho fluísse

absolutamente harmônico..

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Agosto/2011 | FidelidadESPíritA

reflexão

simultaneamente com o livre-arbítrio e a consciência, a noção de seus al-tos destinos, sem haver passado pela série divinamente fatal dos seres in-feriores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua individua-lização.

Ainda da carta, que ora comenta-mos, outros pontos devem ser men-cionados.

Unicamente a datar do dia em que o Senhor lhe imprime na fronte o seu tipo augusto, o Espírito toma lu-gar no seio das humanidades.”

Estão essencialmente nessas pa-lavras de Galileu os elos mais signifi-cativos entre a obra de André Luiz e a Codificação. Pode-se ainda citar as questões 606 a 609 de “O Livro dos Espíritos”.

Na apresentação de “Evolução em dois Mundos”, André Luiz afirma em “Nota ao Leitor”:

“De espírito voltado para eles, os torturados do coração e da inteligên-cia, aspiramos a escrever um livro simples sobre a evolução da alma nos dois planos, interligados no berço e no túmulo, nos quais se nos entretece a senda para Deus... Notas em que o despretensioso médico desencar-nado que somos – tomando para ali-cerce de suas observações o material básico já conquistado pela própria ciência terrestre, material por vezes colhido em obras de respeitáveis es-tudiosos – pudesse algo dizer do cor-po espiritual, em cujas células sutis a nossa própria vontade situa as causas de nosso destino sobre a Terra. (...)

“Estudemos a rota de nossa mul-timilenária romagem no tempo para sentirmos o calor da flama de nosso próprio espírito a palpitar imorre-douro na Eternidade e, acendendo o lume da esperança, perceberemos,

juntos, em exaltação de alegria, que Deus, o Pai de Infinita Bondade, nos traçou a divina destinação para além das estrelas.”

*

Chico comenta, ainda, o quanto ele e Waldo estavam surpresos com o teor do livro.

Outro ponto que não podemos perder de vista é que os dois mé-diuns apresentam aquisições cultu-rais muito diferentes. Chico tem ape-nas o curso primário e Waldo cursou a universidade, é médico. Esse apa-rente desnível cultural é outro dado que autentica a mediunidade palco- gráfica de ambos.

Mas, mesmo para Waldo Vieira a obra em curso era uma fonte de sur-presas, pois André Luiz aos poucos desvendava, primeiro diante dos seus médiuns e depois para todos, uma nova visão da trajetória da alma hu-mana.

Em nossa análise do teor das três obras mediúnicas mencionadas, ire-mos verificar que o tempo veio sol-dando os elos de uma invisível e gi-gantesca corrente, que se inicia na aurora da Humanidade e vem, num crescendo, unindo os seres e forjan-do a fantástica epopéia humana.

E é admirável constatarmos que o conhecimento da evolução do ho-mem nos chega exatamente pela re-velação dos Espíritos Superiores.

*

Chico estava prestes a viver um dos períodos mais difíceis de sua vida. Antecipando-se aos fatos dolo-rosos que já se delineavam no hori-zonte do médium, Emmanuel e An-dré Luiz trabalharam rapidamente e o livro termina alguns dias antes.

“Quanto ao ponto alusivo às apro-ximações genésicas de que me falas, ficaria contente se escrevesse ao nosso caro Waldo, esclarecendo a dificulda-de de aceitares o assunto como está exposto e propondo (quem sabe?) pedirmos a André Luiz omitir a refe-rência, adiando o problema para mais tarde. Tens autoridade para dirigir ao nosso amigo a tua franqueza de co-ração e o nosso Waldo tem profundo amor pela tua grande missão junto da FEB. De minha parte, desejo que ele se entrose contigo e com os nossos amigos da Federação, tanto quanto seja possível. Nossos Benfeitores Es-pirituais prometem escrever outros trabalhos por nós dois, em conjunto, e aspiro ardentemente esteja ele em contato mais intimo contigo. Estou com quase cinquenta anos, doente, quase cego, com muitas dificuldades em família para superar e preciso ir entregando minhas pequeninas expe-riências a alguém ligado também aos nossos Amigos Espirituais, e a escorar- me, espiritualmente, nesse alguém para me livrar, pelo menos agora, dos perigos que nos rondam a tarefa, ante um familiar deliberadamente vendido aos adversários implacáveis de nossa Causa. E esse alguém é o nosso esti-mado Waldo, a quem, na orientação

Por isto, Chico fala na carta: “Percebi,

então, que os nossos Amigos Espirituais

se haviam adiantado ao ataque das

trevas. “Evolução” estava pronto.”:

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FidelidadEspírita | agosto/2011

reflexão

dos nossos Amigos Espirituais, estou entregando gradativamente os meus assuntos.

Estendo-me no assunto, simples-mente para dar-te a conhecer a mi-nha necessidade de vê-lo mais unido ao teu coração. Não desejo que ele me sinta como pessoa interessada em absorvê-lo ou tutelá-lo. Aspiro a que ele se veja em livre crescimento, jun-to aos amigos da FEB para a execução de uma sadia mediunidade, indepen-dente e ao mesmo tempo responsável, com base no reto cumprimento do dever profissional, assim como tenho aprendido a viver, no clima de influên-cia da FEB, há quase trinta anos.

Sei que me compreenderás e isso me reconforta.

Neste mês, por ordem do Ministério da Agricultura, devo afastar-me do tra-balho profissional para encaminhamen-to de minha aposentadoria. É possível te telefone, por estes dias, comunicando--te o meu afastamento daqui. (...)”

Logo no início da transcrição acima, Chico fala de um ponto que Wantuil tem dificuldade de aceitar do modo como está exposto no livro “Evolução em dois Mundos”.

Em seguida ele se refere a Waldo Vieira e o faz com paternal carinho. E o faz também com muita sabedoria.

“Não desejo que ele me sinta como pessoa interessada em absorvê-lo ou tutelá-lo. Aspiro a que ele se veja em livre crescimento, junto aos amigos da FEB para a execução de uma sa-dia mediunidade, independente e ao mesmo tempo responsável, com base no reto cumprimento do dever profis-sional, assim como tenho aprendido a viver, no clima de influência da FEB, há quase trinta anos.”

Quantas lições ressumam dessa passagem da carta. É inegável que Chico toma Waldo Vieira sob sua pro-teção. Contudo, enche-se de cuidados para que tal proteção não o sufoque ou cerceie. Não quer absorvê-lo ou tutelá-lo, mas deseja que ele cresça com liberdade.

Diante da pequena dúvida de Wan-tuil, em relação ao trecho do livro de André Luiz, Chico recomenda-lhe que escreva ao Waldo, confiando que este possa agir da melhor maneira possível.

Chico oferece assim ao jovem mé-dium a oportunidade de aprendizado responsável e independente.

Magnífica lição para quantos te-nham a. tarefa de ajudar, educar, orientar. Pois, geralmente tais ati-tudes são acompanhadas por senti-mentos contraditórios que tolhem, abafam, constrangem e, até mesmo, escravizam.

Extrapolando ainda mais, há pes-soas que têm posição de direção nas tarefas doutrinárias e que abusam dessa condição para tornar depen-dentes da sua opinião, da sua palavra aqueles que as cercam.

A Doutrina Espírita, no entan-to, liberta o ser humano de todas as amarras, na medida em que ele cresça espiritualmente e delas se desprenda no esforço pessoal de al-cançar novos horizontes.

Chico sabe disso e deixa que Waldo Vieira caminhe por si mesmo e conquiste suas próprias experiên-cias. u

Fonte:

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de Chico Xavier. Págs. 371-381. Feb. 1998.

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Agosto/2011 | FidelidadESPíritA

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chico xavier

MEDIunIDaDE E CoRPo EsPIRItuaLpor andré luiz/ChiCo Xavier

auRa HuMana

Considerando-se toda célula em ação por unidade viva, qual motor microscópico,

em conexão com a usina mental, é claramente compreensível que todas as agregações celulares emitam radia-ções e que essas radiações se articu-lem, através de sinergias funcionais, a se constituírem de recursos que pode-mos nomear por “tecidos de força”, em torno dos corpos que as exterio-rizam.

Todos os seres vivos, por isso, dos mais rudimentares aos mais comple-xos se revestem de um “halo energé-tico” que lhes corresponde à natureza.

No homem, contudo, semelhante projeção surge profun damente enri-quecida e modificada pelos fatores do pensamento contínuo que, em se ajustando às emanações do campo celular, lhe modelam, em derredor da personalidade, o conhecido corpo vi-tal ou duplo etéreo de algumas escolas espiritualistas, duplica ta mais ou me-nos radiante da criatura.

Nas reentrâncias e ligações sutis dessa túnica eletromagnética de que o homem se entraja, circula o pensa-mento, colo rindo-a com as vibrações e imagens de que se constitui, aí exi-bindo, em primeira mão, as solicita-ções e os quadros que im provisa, antes de irradiá-los no rumo dos objetos e das metas que demanda.

Aí temos, nessa conjugação de for-ças físico-químicas e mentais, a aura humana, peculiar a cada indivíduo, interpene trando-o, ao mesmo tempo que parece emergir dele, à maneira de campo ovóide, não obstante a feição irregular em que se con figura, valendo por espelho sensível em que todos os estados da alma se estampam com si-nais característicos e em que todas as idéias se evidenciam, plasmando telas vivas, quando perduram em vigor e semelhança como no cinematógrafo comum.

Fotosfera psíquica, entretecida em elementos dinâmicos, atende à cromática variada, segundo a onda mental que emiti mos, retratando-nos todos os pensamentos em cores e imagens que nos respondem aos ob-jetivos e escolhas, enobrecedores ou deprimentes.

MEDIunIDaDE InICIaL

A aura é, portanto, a nossa platafor-ma onipresente em toda comunicação com as rotas alheias, antecâmara do Espírito, em todas as nossas atividades de intercâmbio com a vida que nos rodeia, através da qual so mos vistos e examinados pelas Inteligências Supe-riores, senti dos e reconhecidos pelos nossos afins, e temidos e hostilizados ou amados e auxiliados pelos irmãos que caminham em posição inferior à nossa.

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FidelidadEspírita | agosto/2011

chico xavier

Isso porque exteriorizamos, de ma-neira invariável, o re flexo de nós mes-mos, nos contatos de pensamento a pensamen to, sem necessidade das pa-lavras para as simpatias ou repulsões fundamentais.

É por essa couraça vibratória, espé-cie de carapaça fluídi ca, em que cada consciência constrói o seu ninho ideal, que co meçaram todos os serviços da mediunidade na Terra, conside rando-se a mediunidade como atributo do homem encarnado para correspon-der-se com os homens liberados do corpo físico.

Essa obra de permuta, no entanto, foi iniciada no mundo sem qualquer direção consciente, porque, pela na-tural apresen tação da própria aura, os homens melhores atraíram para si os Espíritos humanos melhorados, cujo coração generoso se volta va, compa-decido, para a esfera terrena, auxilian-do os compa nheiros da retaguarda, e os homens rebeldes à Lei Divina alicia ram a companhia de entidades da mesma classe, transformando-se em pontos de contato entre o bem e o mal ou entre a Luz e a Sombra que se digladiam na própria Terra.

Pelas ondas de pensamento a se enovelarem umas sobre as outras, se-gundo a combinação de freqüência e trajeto, nature za e objetivo, encontra-ram-se as mentes semelhantes entre si, formando núcleos de progresso em que homens nobres assimi laram as cor-rentes mentais dos Espíritos Superiores, para gerar trabalho edificante e educa-tivo, ou originando processos vários de simbiose em que almas estacionárias se enquistaram mutuamente, desafiando debalde os imperativos da evolução e estabe lecendo obsessões lamentáveis, a se elastecerem sempre novas, nas teias do crime ou na etiologia complexa das enfermidades mentais.

A intuição foi, por esse motivo, o sistema inicial de inter câmbio, facili-tando a comunhão das criaturas, mes-mo à distân cia, para transfundi-las no trabalho sutil da telementação, nesse ou naquele domínio do sentimento e da idéia, por intermédio de remoinhos mensuráveis de força mental, assim como na atualidade o remoinho ele-trônico infunde em aparelhos espe-ciais a voz ou a figura de pessoas au-sentes, em comunicação recíproca na radiotelefonia e na televisão.

sono E DEsPREnDIMEnto

Releva, contudo, assi nalar que, em se iniciando a criatura na produção do pensamen to contínuo, o sono adquiriu para ela uma importância que a cons-ciência em processo evolutivo, até aí, não conhecera.

Usado instintivamente pelo ele-mento espiritual, como re curso repa-rador, no refazimento das células em serviço, seme lhante estado fisiológico carreou novas possibilidades de reali-zação para quantos se consagrassem ao trabalho mais amplo de desejar e mentalizar.

Ansiando livrar-se da fadiga física, após determinada quota de tempo no esforço da vigília diária e, por isso mes-mo, entregue ao relaxamento muscu-lar, o homem operante e indaga dor adormecia com a idéia fixada a servi-ços de sua predileção.

Amadurecido para pensar e lan-çando de si a substância de seus pro-pósitos mais íntimos, ensaiou, pouco a pouco, tal como aprendera, vagaro-samente, o desprendimento definitivo nas operações da morte, o despren-dimento parcial do corpo sutil, du-rante o sono, desenfaixando-o do ve-ículo de matéria mais densa, embora sustentando-o, ligado a ele, por laços

fluídico-mag néticos, a se dilatarem le-vemente dos plexos e, com mais segu-rança, da fossa rombóide.

Encetado o processo de sonolên-cia, com as reações moto ras empobre-cidas e impondo mecanicamente a si mesma o descanso temporário, no au-xílio às células fatigadas de tensão, isto desde as eras remotas em que o pen-samento se lhe articulou com fluência e continuidade, permanece a mente, através do corpo espiritual, na maioria das vezes, justaposta ao veículo fí sico, à guisa de um cavaleiro que repousa ao pé do animal de que necessita para a travessia de grande região, em com-plicada viagem, dando-lhe ensejo à re-cuperação e pastagem, enquanto ele se recolhe ao próprio íntimo, ensimes-mando-se para refletir ou imaginar, de conformidade com seus problemas e inquieta ções, necessidades e desejos.

asPECtos Do DEsPREnDIMEnto

Dessa forma, aliviando o controle sobre as células que a servem no cor-po car nal, a mente se volta, no sono, para o refúgio de si mesma, plasman-do na onda constante de suas próprias idéias as imagens com que se compraz nos sonhos agradáveis em que saca da me mória a essência de seus próprios desejos, retemperando-se na anteci-pada contemplação dos painéis ou si-tuações que almeja concretizar.

Para isso, mobiliza os recursos do núcleo da visão supe rior, no diencéfa-lo, de vez que, aí, as qualidades essen-cialmente ópticas do centro coronário lhe acalentam no silêncio do desner-vamento transitório todos os pensa-mentos que lhe emergem do seio.

Noutras ocasiões, no mesmo esta-do de insulamento, reco lhe, no curso do sono, os resultados de seus pró-prios excessos, padecendo a inquieta-

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chico xavier

ção das vísceras ou dos nervos injuria-dos pela sua rendição à licenciosidade, quando não seja o asfixiante pesar do remorso por faltas cometidas, cujos re-flexos absorvem do arquivo em que se lhe amontoam as próprias lembranças.

Numa e noutra condição, todavia, é a mente suscetível à influenciação dos desencarnados que, evoluídos ou não, lhe vi sitam o ser, atraidos pelos quadros que se lhe filtram da aura, ofertando-lhe auxílio eficiente quando se mostre inclinada à as censão de or-dem moral, ou sugando-lhe as energias e assopran do-lhe sugestões infelizes quando, pela própria ociosidade ou intenção maligna, adere ao consórcio psíquico de espécie avil tante, que lhe favorece a estagnação na preguiça ou a envolve nas obsessões viciosas pelas quais se entrega a temíveis contra tos com as forças sombrias.

Mas dessa posição de espectador à função de agente exis te apenas um passo.

O pensamento contínuo, em fluxo insopitável, desloca-lhe a organização celular perispiritual, à maneira do cór-rego que em sua passagem desarticula da gleba em que desliza todo um rosá-rio de seixos. E assim como os seixos

soltos seguem a direção da corrente, lapidando-se no curso dos dias, o cor-po espiritual acompanha, de início, o impulso da corrente mental que por ele extravasa, conscienciando-se mui-to vagarosamente no sono, que lhe propicia meia-libertação.

MEDIunIDaDE EsPontÂnEa

Nessa fase primária de novo desen-volvimento, encontra-se, como é natu-ral, ao pé dos objetos que lhe tomam o interesse.

E assim que o lavrador, no repouso físico, retoma, em corpo espiritual, ao campo em que semeia, entrando em contato com as entidades que ampa-ram a Natureza; o caçador volta para a floresta; o escultor regressa, freqüen-temente, no sono, ao blo co de már-more de que aspira a desentranhar a obra-prima, o seareiro do bem volve à leira de serviço em que se lhe des-dobra a virtude, e o culpado torna ao local do crime, cada qual rece bendo de Espíritos afins os estímulos elevados ou degradantes de que se fazem me-recedores.

Consolidadas semelhantes relações com o Plano Espiri tual, por intermédio da hipnose comum, começaram na Terra os movimentos da mediunidade espontânea, porqüanto os encarna dos que demonstrassem capacidades me-diúnicas mais eviden tes, pela comu-nhão menos estreita entre as células do corpo físi co e do corpo espiritual, em certas regiões do campo somático, passaram das observações durante o sono às observações da vi gília, a prin-cípio fragmentárias, mas acentuáveis com o tempo, conforme os graus de cultura a que fossem expostos.

Quanto menos densos os elos de ligação entre os imple mentos físicos e espirituais, nos órgãos da visão, mais amplas as possibilidades na clarividên-

cia, prevalecendo as mesmas normas para a clariaudiência e para modali-dades outras, no inter câmbio entre as duas esferas, inclusive as peculiarida-des da ma terialização, pelas quais os recursos periféricos do citoplasma, a se condensarem no ectoplasma da definição científica vulgar, se exterio-rizam do corpo carnal do médium, na conjugação com as forças circulantes do ambiente, para a efêmera constitui-ção de formas diversas.

Desde então, iniciou-se o correio entre o plano físico e o plano extrafísi-co, mas, porque a ignorância embotas-se ainda a mente humana, os médiuns primitivos nada mais puderam reali zar que a fascinação recíproca, ou magia elementar, em que os desencarnados igualmente inferiores eram aproveita-dos, por via hipnótica, na execução de atividades materiais, mas, sem qual-quer alicerce na sublimação pessoal.

FoRMação Da MItoLogIa

Apareceu então a goecia ou magia negra, à qual as Inteligências Supe-riores opu seram a religião por magia divina, encetando-se a formação da mitologia em todos os setores da vida tribal.

Numes familiares, interessados em favorecer as tarefas edificantes para levantar a vida humana a nível mais nobre, fo ram categorizadas à conta de deuses, em diversas faixas da Nature-za, e, realmente, através dos instru-mentos humanos mobili záveis, esses gênios tutelares incentivaram, por to-das as formas possíveis, o progresso da agricultura e do pastoreio, das indús-trias e das artes.

A luta entre os Espíritos retardados na sombra e os aspi rantes da luz en-controu seguro apoio nas almas encar-nadas que lhes eram irmãs.

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chico xavier

Fonte:

XAVIER, Francisco Cândido. Evolução em Dois Mundos. Págs. 127-133. Feb. 1999.

Desde essas eras recuadas, empe-nharam-se o bem e o mal em tremen-do conflito que ainda está muito longe de terminar, com bases na mediunida-de consciente ou inconsciente, técnica ou empírica.

Função Da DoutRIna EsPÍRIta

Forçoso reco nhecer, todavia, que a mediunidade, na essência, quanto a ener gia elétrica em si mesma, nada tem a ver com os princípios mo rais que regem os problemas do destino e do ser.

Dela podem dispor, pela esponta-neidade com que se evi dencia, sábios e ignorantes, justos e injustos, expres-sando-Se-lhe, desse modo, a neces-sidade de condução reta, quanto a força elé trica exige disciplina a fim de auxiliar.

Esse o motivo por que os Orienta-dores do Progresso sus tentam a Dou-trina Espírita na atualidade do mun-do, por Chama Divina, cristianizando fenômenos e objetivos, caracteres e faculdades, para que o Evangelho de Jesus seja de fato incorpora do às rela-ções humanas.

Como nas intervenções cirúrgicas em que tecidos são transplantados com êxito para melhoria das condi-ções orgâni cas, é indispensável nos atenhamos ao impositivo das opera-ções mediúnicas pelas quais se efe-tuem proveitosas enxertias psíqui cas, com vistas à difusão do conhecimento superior.

MEDIunIDaDE E VIDa

Eminentes fisiologistas e pesquisa-dores de laboratório procuraram fixar mediunidades e médiuns a nomencla-turas e conceitos da ciência metapsí-quica, entretanto, o problema, como todos os problemas humanos, é mais

profundo, porque a mediunidade jaz adstrita à própria vida, não existindo, por isso mesmo, dois médiuns iguais, não obstante a semelhança no campo das impressões.

Por outro lado, espiritualistas dis-tintos julgam-se no direi to de hosti-lizar-lhe os serviços e impedir-lhe a eclosão, encare cendo-lhe os supostos perigos, como se eles próprios, men-talizando os argumentos que avocam, não estivessem assimilando, por via mediúnica, as correntes mentais intui-tivas, contendo in terpretações particu-lares das inteligências desencarnadas que os assistem.

A mediunidade, no entanto, é fa-culdade inerente à própria vida e, com todas as suas deficiências e grandezas, acertos e de sacertos, é qual o dom da visão comum, peculiar a todas as cria-turas, responsável por tantas glórias e tantos infortúnios na Ter ra.

Ninguém se lembrará, contudo, de suprimir os olhos, por que milhões de pessoas, à face de circunstâncias imponderáveis da evolução, deles se tenham valido para perseguir e matar nas guerras de terror e destruição.

Urge iluminá-los, orientá-los e es-clarecê-los.

Também a mediunidade não re-quisitará desenvolvimento indiscrimi-nado, mas sim, antes de tudo, aprimo-ramento da per sonalidade mediúnica e nobreza de fins, para que o corpo espiri tual, modelando o corpo físico e sustentando-o, possa igualmen te erigir-se em filtro leal das Esferas Su-periores, facilitando a ascensão da Hu-manidade aos domínios da luz.

Uberaba, 26/3/58 u

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chico xavierensinamento

não Basta QuERER aJuDaR

por therezinha oliveira

Em desdobramento, enquan-to o corpo repousava, vi-me como que em um “tribunal”.

Pessoas formavam uma roda, da qual eu fazia parte. E eu estava na “berlin-da”... Não recordo o que diziam, mas a situação não me era favorável.

Uma senhora maternal, ao meu lado, roupas como as de uma dona de casa, atraiu-me para si e me abraçava, protetora. Sentia-me pequenina junto a ela e, certamente, amparada, prote-gida.

Ela falava em minha defesa, O quê? Não me posso recordar. E havia toda uma esperança de melhoras para o futuro.

Ao final, fui liberada e saí daquele local muito desejosa de ser bondosa e útil. Nesse estado de alma, ia passan-do ao lado de uma grande porta de madeira, arredondada em cima, como a de garagens residenciais, que conhe-ci no passado.

Do interior daquele local, vinham ruídos como de gemidos ou queixu-mes e eu, desejosa de bem fazer, abri um pouco a porta e entrei. Num catre de casal, ao solo, entre lençóis revoltos e sujos, uma jovem pequena e loira se estorcia, gemendo. E no ambiente me pareceu ouvir uma palavra: infanticí-dio! Pensei somente em ajudar, curvei- me para a jovem e... Senti-me galva-nizada, tomada por estranho poder paralisante e a sensação de que, se me movesse, seria destruída, aniquilada...

Então, no outro lado da cama, sur-giu a figura modesta de alguém que parecia um religioso, mas de veste muito singela, como uma estamenha, cabelo grisalho, cortado rente e para baixo ao redor do rosto, emolduran-do-o.

E esse alguém falou, em voz sere-na, as palavras bem articuladas:

– Eu sei que pela força eu não a tiro de você, mas em nome de Jesus...

Instantaneamente, a essas palavras, acordei em minha cama, enquanto os ouvidos zuniam e vibravam, até que retornei ao normal.

*

E aprendi que, para ajudar a al-guém, não basta o desejo de auxiliar, É imperioso fazermos algo em favor do próximo, mas há que ser prudente no agir.

Sem o preparo necessário, não sa-beremos o que fazer, como, quanto e quando.

E poderemos sofrer as consequên-cias da nossa afoiteza, da nossa impre-vidência. u

Fonte:

OLIVEIRA, Therezinha. Coisas que Eu não Esqueci Porque me Ensinaram Mui-to. Págs. 107-109. Editora Allan Kardec. 2010.

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CRIanças QuE RELataM LEMBRanças DE VIDas

PassaDaspor dr. Jim b. tuCker

Numerosos autores já escreveram

sobre a reencarnação, quase sempre

afirmando-a, e alguns deles até se

propuseram a descrever seus proces-

sos. Alguns, entretanto, consideram a

idéia da reencarnação absurda. Pou-

cos parecem interessados na questão

das evidências a favor ou contra a re-

encarnação.

Jim Tuckcr escreveu um tipo de

livro diferente. Segundo ele, os in-

dícios são cruciais. Eles amparam ou

mesmo forçam a crença na reencar-nação?, pergunta o autor.

Podem-se apresentar facilmente objeções à reencarnação o escasso número de pessoas que realmente alegam recordar-se de uma vida pas-sada, a fragilidade das lembranças, a explosão populacional, o problema mente-corpo, a fraude e muitas ou-tras. Jim Tucker as discute uma por uma, pormenorizadamente. (...)

Achei particularmente impressio-nante modo como Jim Tucker guia

os seus leitores. O autor pede, qua-se ordena que raciocinem com ele à medida que descreve e discute cada objeção à idéia dc reencarnação. Ele escreve tão bem que chega a con-vencer o leitor desavisado de que não precisa fazer nenhum esforço. Continue lendo e aprenda que os in-dícios podem responder - mais cedo do que se esperaria - à pergunta mais importante que podemos fazer a nós mesmos: “O que acontece depois da morte?”

Dr. Ian Stevenson

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John McConnell, policial aposenta-do de Nova York, que trabalhava como vigia, parou após o expediente diante de uma loja de produtos eletrônicos, numa noite de 1992. Viu dois homens roubando o estabelecimento e sacou o revólver. Outro assaltante, por atrás de um balcão, começou a atirar nele. John tentou responder ao fogo, caiu e levantou-se, sempre disparando. Foi atingido seis vezes. Uma das balas penetrou-lhe as costas, dilacerando o pulmão esquerdo, o coração e a prin-cipal artéria pulmonar, o vaso sanguí-neo que leva o sangue do lado direito do coração para os pulmões, a fim de ser oxigenado. Foi levado às pressas para o hospital, mas não sobreviveu.

John era muito ligado à família e dizia freqüentemente a uma das filhas, Doreen: “Não importa o que aconte-ça, sempre tomarei conta de você”. Cinco anos após a morte de John, Doreen deu à luz um filho, William. William começou a sofrer desmaios logo depois de nascer. Os médicos diagnosticaram atresia da válvula pul-monar, condição na qual a válvula da artéria pulmonar não se formou ade-quadamente, de modo que o sangue não consegue atravessá-la rumo aos pulmões. Além disso, uma das câma-ras do coração, o ventrículo direito, não se formou perfeitamente, em con-seqüência do problema com a válvula. O menino passou por várias cirurgias. Embora tivesse de tomar remédios pela vida toda, saiu-se muito bem.

William apresentava problemas de nascença muito parecidos com os fe-rimentos fatais sofridos pelo avô. Não bastasse isso, quando aprendeu a falar, começou a falar fatos da vida do avô. Um dia, tendo ele três anos de idade, a mãe estava em casa tentando traba-lhar no seu estúdio quando William se pôs a fazer travessuras. Ela, por fim,

lhe disse: “Sente-se ou lhe darei umas palmadas.” William replicou: “Mamãe, quando você era uma menininha e eu o seu pai, às vezes você se comportava mal, mas eu nunca bati em você!”

A princípio, a mãe ficou inquieta com isso. À medida que William foi fa-lando mais a respeito da vida do avô, ela começou a sentir-se confortada pela idéia de que o pai havia voltado. William afirmou que era o avô inú-meras vezes e falou sobre sua morte. Disse à mãe que várias pessoas tinham disparado durante o incidente quando ele foi morto e fez muitas perguntas a respeito.

Certa vez, perguntou à mãe: “Quando você era uma garotinha e eu o seu pai, como se chamava mesmo o meu gato?” Ela respondeu: “Refere-se a Maníaco?”

“Não, não a esse”, continuou William. “Estou falando do branco”.

“Boston?”, indagou a mãe.“Sim”, respondeu William. “Eu cos-

tumava chamá-lo de Boss, não é?” De fato, a família tinha dois gatos. Manía-co e Boston – e só John chamava o branco de Boss.

Um dia, Doreen perguntou a William se ele se lembrava de algu-ma coisa ocorrida antes de nascer. O menino disse que tinha morrido numa quinta-feira e que fora para o céu. Ali, viu animais e até falou com Deus. E completou: “Eu disse a Deus que es-tava pronto para voltar e nasci numa terça-feira.” Doreen ficou espantada ao ouvir William mencionando os dias da semana, que ainda não sabia muito bem. Colocou-o então à prova, dizen-do: “Então você nasceu numa quinta- feira e morreu numa terça?” Ele pron-tamente corrigiu: “Não, morri numa quinta à noite e nasci numa terça de manhã.” Ele estava certo em ambos os pontos – John tinha morrido numa

quinta-feira e William tinha nascido numa terça-feira cinco anos depois.

Em outras ocasiões, o menino falou sobre o período entre vidas. Contou à mãe, “Quando você morre, não vai diretamente para o céu. Pas-sa por diversos níveis – aqui, depois ali, por fim acolá” e, de cada vez, er-guia um pouco a mão. Explicou que os animais também renascem e que os que viu no céu não mordiam nem arranhavam.

John tinha sido católico romano praticante, mas acreditava em reen-carnação e afirmava que iria cuidar de animais na próxima vida. O neto, William, diz que quer ser veterinário para tratar de bichos grandes num zoo lógico.

William lembra o pai de Doreen de várias maneiras. Gosta de livros, como o avô. Quando visitam a avó de William, ele fica horas vasculhan-do a biblioteca de John, reproduzido o comportamento deste no passado. William, tal qual o avô, é organizado e tagarela. William lembra especialmen-te o pai de Doreen quando lhe diz, “Não se preocupe, mamãe, vou cuidar de você”.

A idéia de que a pesquisa pode de fato apoiar o conceito da reencarna-ção é surpreendente para muitos oci-dentais, pois a reencarnação às vezes lhes parece estranha ou mesmo absur-da. Há quem costume fazer piadas a respeito das suas vidas passadas ou fu-turas. Os meios de comunicação, em tom dramático, mostram pessoas des-crevendo vidas em épocas remotas, após serem hipnotizadas. A reencar-nação entra em choque com o ponto de vista da maioria dos cientistas, para quem o mundo material é tudo o que existe, e com as crenças religiosas da maioria das pessoas.

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Embora muitos achem a idéia da reencarnação

ridícula ou ofensiva, outros a aceitam com convicção.

Essa idéia teve ao longo da história, e ainda tem,

inúmeros adeptos, inclusive Platão e os antigos gregos, os hindus e os budistas da Ásia,

diversas tribos da África Ocidental, vários nativos americanos do Noroeste da América do Norte e,

até mesmo, alguns grupos entre os primeiros cristãos. Hoje, no mundo inteiro, as pessoas que acreditam em reencarnação sem dúvida

superam em número as que não acreditam.

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Tais crenças não se restringem a lugares distantes. Um número sur-preendente de americanos acredita em reencarnação – de 20 a 27%, conforme a pesquisa – e a mesma proporção se dá entre os europeus. Eles não podem basear essa cren-ça em indícios científicos, já que a maior parte das pessoas nada sabe das pesquisas em curso na Universi-dade de Virgínia. E também, de um modo geral, não a baseiam numa doutrina religiosa formal, já que mui-tos adeptos freqüentam igrejas que não aceitam essa visão. Com efeito, uma pesquisa Harris de 2003 consta-tou que 21% dos cristãos nos Estados Unidos acreditam em reencarnação. O trabalho aqui apresentado pode fornecer a essas pessoas algum am-paro em suas crenças, mas os pes-quisadores não agiram do ponto de vista de qualquer nenhuma doutrina ou tendência religiosa específica. Os nossos objetivos foram determinar a melhor explicação para as declara-ções das crianças se descobrir se a ciência deve considerar a reencarna-ção uma possibilidade.

Muitas pessoas provavelmente desejarão que a resposta seja “sim”. Afinal, a idéia de que deixamos de existir quando morremos é intolerá-vel para a maioria de nós. Embora nem todos nos Estados Unidos se sintam à vontade com o conceito de reencarnação, a idéia de que uma parte de nós sobrevive à morte é sem dúvida atraente. Se uma pessoa falecida consegue, de alguma manei-ra, superar a morte e renascer, então isso significa que nós continuaremos a existir. Talvez possamos ficar per-to de entes queridos enquanto eles prosseguem em suas vidas; talvez,

ir para o céu, para outras dimen-sões ou sabe-se lá para onde. Se as crianças aqui citadas estão certas ao dizer que já viveram antes, necessa-riamente uma parte de nós poderá sobreviver à morte do nosso corpo.

Mais especificamente,

o conceito de reencarnação é sedutor porque

a idéia de poder voltar para

tentar de novo costuma atrair

muitas pessoas. Não podemos corrigir os erros come-tidos no passado; mas é certamen-te um conforto saber que é possível tentar agir de modo mais adequado da próxima vez. Se conseguirmos vi-ver várias vidas, então talvez façamos progressos e nos tornemos pessoas melhores.

Não queremos que apenas nós voltemos; mas que as pessoas a quem amamos também voltem. Sem dúvi-da, a mãe de William ficou emocio-nada e consolada pela impressão de que o adorado pai tenha sobrevivido à morte e renascido como seu filho. Teve de lidar com o terror de saber que o pai fora assassinado, mas a idéia de que ele havia renascido como seu

filho decerto a ajudou a transformar a dor em aceitação. (...) Encontraremos outras pessoas que precisaram lidar com perdas semelhantes: por exem-plo, uma mãe que viu o filhinho su-cumbir ao câncer e um homem cujo pai fora afastado dos filhos antes de morrer. Em tais situações, as pesso-as acolhem bem a possibilidade de uma segunda chance, de uma nova oportunidade para amar e partilhar momentos doces com quem mor-reu. Quando nós lamentamos por um ente querido que se foi, certamente ficamos confortados ao saber que o morto, de alguma forma, continuou a viver e poderá voltar a participar da nossa vida.

Acreditar nessa possibilidade tal-vez pareça mera racionalização do desejo. Todavia, a vida após a morte não poderá ser mais que isso? Ainda que seja difícil acreditar em tal coisa, existem indícios de que a vida após a morte é uma realidade. (...) Fizemos esse trabalho com espírito imparcial, não com zelo religioso. Muitas pesso-as, é óbvio, acreditam na vida após a morte baseadas puramente em sua fé religiosa. Embora eu não tenha a intenção de desconsiderar a fé, a crença religiosa não pode nos impe-dir de examinar indícios em favor da idéia. Ela não pode evitar que tente-mos obter uma compreensão melhor da natureza da vida – e disso fizemos uma meta científica, não uma cruza-da religiosa. u

Fonte:

TUCKER, Jim B. Vida Antes da Vida. Págs. 15-19. Editora Pensamento-Cultrix Ltda. 2005.

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comportamento

O pensamento é criador. Assim como o pensamen-to do Eterno projeta sem

cessar no espaço os germens dos seres e dos mundos, assim também o do es-critor, do orador, do poeta, do artista, faz brotar incessante florescência de idéias, de obras, de concepções, que vão influenciar, impressionar para o bem ou para o mal, segundo sua natu-reza, a multidão humana.

É por isso que a missão dos obrei-ros do pensamento é ao mesmo tempo grande, temível e sagrada; é grande e sagrada porque o pensamento dissi-pa as sombras do caminho, resolve os enigmas da vida e traça o caminho da humanidade; é a sua chama que aque-ce as almas e ilumina os desertos da existência; e é temível porque seus efei-tos são poderosos tanto para a descida como para a ascensão.

Mais cedo ou mais tarde todo pro-duto do Espírito reverte para seu autor com suas conseqüências, acarretando- lhe, segundo o caso, o sofrimento, a diminuição, a privação da liberdade, ou então as satisfações íntimas, a dila-tação, a elevação do ser.

A vida atual é, como se sabe, um simples episódio de nossa longa his-

tória, um fragmento da grande cadeia que se desenrola para todos através da imensidade. E constantemente recaem sobre nós, em brumas ou claridades, os resultados de nossas obras. A alma hu-mana percorre seu caminho cercada de uma atmosfera brilhante ou turva, po-voada pelas criações de seu pensamen-to. É isso, na vida do Além, sua glória ou sua vergonha.

*

Para dar ao pensamento toda a for-ça e amplitude, nada há mais eficaz do que a investigação dos grandes proble-mas.

Por bem dizer, é preciso sentir com veemência; para saborear as sensações elevadas e profundas é necessário re-montar à nascente de onde deriva toda a vida, toda a harmonia, toda a beleza.

O que há de nobre e elevado no domínio da inteligência emana de uma causa eterna, viva e pensante. Quan-to mais largo é o vôo do pensamento para essa causa, tanto mais alto ele pai-ra, tanto mais radiosas também são as claridades entrevistas, mais inebriantes as alegrias sentidas, mais poderosas as forças adquiridas, mais geniais as inspi-rações! Depois de cada vôo, o pensa-

mento torna a descer vivificado, escla-recido para o campo terrestre, a fim de prosseguir a tarefa pela qual continuará a desenvolver-se, porque é o trabalho que faz a inteligência, como é a inteli-gência que faz a beleza, o esplendor da obra acabada.

Eleva teu olhar, ó pensador, ó poe-ta! Lança teu brado de apelo, de aspi-ração e prece! Diante do mar de refle-xos variáveis, à vista de brancos cimos longínquos ou do infinito estrelado, não passaste nunca horas de êxtase e embriaguez, em que a alma se sente imersa num sonho divino, em que a inspiração chega poderosa como um relâmpago, rápido mensageiro do Céu à Terra?

Escuta bem! Nunca ouviste, no fun-do de teu ser, vibrarem as harmonias estranhas e confusas, os rumores do mundo invisível, vozes de sombra que te acalentam o pensamento e o prepa-ram para as intuições supremas?

Em todo poeta, artista ou escritor há germens de mediunidade inconsciente, incalculáveis, e que desejam desabro-char; por eles o obreiro do pensamen-to entra com o manancial inexorável e recebe sua parte de revelação. Essa revelação de estética, apropriada à sua

o PEnsaMEntopor léon deniS

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comportamento

natureza, ao gênero de seu talento, tem ele por missão exprimir em obras que farão penetrar na alma das multidões uma vibração das forças divinas, uma radiação das verdades eternas.

É na comunhão freqüente e cons-ciente com o mundo dos Espíritos que os gênios do futuro hão de encontrar os elementos de suas obras. Desde hoje, a penetração dos segredos de sua dupla vida vem oferecer ao homem socorros e luzes que as religiões desfalecidas já lhe não podem proporcionar.

Em todos os domínios, a idéia es-pírita vai fecundar o pensamento em atividade.

A Ciência dever-lhe-á a renovação completa de suas teorias e métodos, assim como a descoberta de forças in-calculáveis e a conquista do universo oculto.

A Filosofia obterá um conhecimen-to mais extenso e preciso da personali-dade humana. Esta, no transe e na ex-teriorização, é como uma cripta que se abre, cheia de coisas estranhas e onde está escondida a chave do mistério do ser.

As religiões do futuro hão de encon-trar no Espiritismo as provas da sobre-vivência e as regras da vida no Além e, ao mesmo tempo, o princípio de uma união das duas humanidades, visível e invisível, em sua ascensão para o Pai comum.

A Arte, em todas as suas formas, descobrirá nele mananciais inexauríveis de inspiração e emoção.

O homem do povo, nas horas de cansaço, beberá nele a coragem mo-ral. Compreenderá que a alma pode desenvolver-se tanto pela lide humilde como pela obra majestosa e que não se deve desprezar dever algum; que a inveja é irmã do ódio e que, muitas ve-zes, o ser é menos feliz no luxo que na mediocridade.

O poderoso aprenderá nele a bon-dade com o sentimento da solidarieda-de que a todos liga através de nossas vidas e pode obrigar-nos a retornar pequenos para adquirirmos as virtudes modestas.

O céptico achará nele a fé; o de-sanimado as esperanças duradouras e as resoluções viris; todos os que sofrem encontrarão a idéia profunda de que uma lei de justiça preside a todas as coisas, de que não há, em nenhum do-mínio, efeito sem causa, parto sem dor, vitória sem combate, triunfo sem rudes esforços, mas que, acima de tudo, reina uma perfeita e majestosa sanção e que ninguém está abandonado por Deus, do qual é uma parcela.

Assim, vagarosamente se operará a renovação da humanidade, tão nova ainda, tão ignorante de si mesma, mas cujos desejos se dirigem pouco a pou-co para a compreensão de sua tarefa e de seu fim, ao mesmo tempo em que se alarga seu campo de exploração e a perspectiva de um futuro ilimitado. E, em breve, eis que ela avançará mais consciente de si mesma e de sua força, consciente de seu magnífico destino. A

cada passo que transpõe, vendo e que-rendo mais, sentindo brilhar e avivar-se o foco que arde em si, vê também as trevas recuarem, fundirem-se, resolve-rem-se os sombrios enigmas do mundo e iluminar-se o caminho com um raio poderoso.

Com as sombras, desvanecem-se pouco a pouco os preconceitos, os vãos terrores; as contradições aparentes do universo dissipam-se; faz-se a harmonia nas almas e nas coisas. Então, a con-fiança e a alegria penetram-lhe e o ho-mem sente desenvolver-se-lhe o pensa-mento e o coração. E de novo avança pelo caminho das idades para o termo de sua obra; mas esta não tem termo, porque de cada vez que a humanidade se eleva para um novo ideal, julga ter alcançado o ideal supremo, quando, na realidade, só atingiu a crença ou o sistema correspondente ao seu grau de evolução. Mas de cada vez, também, de seus impulsos e de seus triunfos de-correm-lhe felicidades e forças novas, e ela encontra a recompensa de seus labores e angústias no próprio labor, na alegria de viver e progredir, que é a lei dos seres, comunhão mais íntima com o universo, numa posse mais completa do bem e do belo.

*

Ó escritores, artistas, poetas, vós, cujo número aumenta todos os dias, cujas produções se multiplicam e so-bem como a maré, belas muitas vezes pela forma, mas fracas no fundo, super-

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FidelidadEspírita | agosto/2011

comportamento

Fonte:

DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. Págs. 487-494. Feb. 2010.

ficiais e materiais, quanto talento não gastais com coisas medíocres! Quan-tos esforços desperdiçados e postos ao serviço de paixões nocivas, de volúpias inferiores e interesses vis!

Quando vastos e magníficos hori-zontes se desdobram, quando o livro maravilhoso do universo e da alma se abre de par em par diante de vós e o gênio do pensamento vos convida para nobres tarefas, para obras cheias de sei-va, fecundas para o adiantamento da humanidade, vós vos comprazeis bas-tas vezes com estudos pueris e estéreis, com trabalhos em que a consciência se estiola, em que a inteligência se abate e definha no culto exagerado dos senti-dos e dos instintos impuros.

Quem de vós contará a epopéia da alma, lutando pela conquista de seus destinos no ciclo imenso das idades e dos mundos, suas dores e alegrias, suas quedas e levantamentos, a descida aos abismos da vida, o bater de asas para a luz, as imolações, os holocaustos que são um resgate, as missões redentoras, a participação cada vez maior das con-cepções divinas!

Quem dirá também as poderosas harmonias do universo, harpa gigantes-ca vibrando ao pensamento de Deus, o canto dos mundos, o ritmo eterno que embala a gênese dos astros e das humanidades! Ou então a lenta elabo-ração, a dolorosa gestação da consci-ência através dos estádios inferiores, a construção laboriosa de uma individua-lidade, de um ser moral!

Quem dirá a conquista da vida, cada vez mais completa, mais ampla, mais serena, mais iluminada pelos raios do Alto, a marcha, de cimo em cimo, em busca da felicidade, do poder e do puro amor? Quem cantará a obra do homem, lutador imortal, erguendo, através de suas dúvidas, dilaceramen-tos, angústias e lágrimas o edifício har-mônico e sublime de sua personalidade pensante e consciente? Sempre para frente, para mais longe e para mais alto! Responderão: Não sabemos. E pergun-tam: Quem nos ensinará essas coisas?

Quem? As vozes interiores e as vo-zes do Além. Aprendei a abrir, a folhear, a ler o livro oculto em vós, o livro das metamorfoses do ser. Ele vos dirá o que fostes e o que sereis, ensinar-vos-á o maior dos mistérios, a criação do “eu” pelo esforço constante, a ação sobera-na que, no pensamento silencioso, faz germinar a obra e, segundo vossas apti-dões, vosso gênero de talento, far-vos-á pintar as telas mais encantadoras, es-culpir as mais ideais formas, compor as sinfonias mais harmoniosas, escrever as páginas mais brilhantes, realizar os mais belos poemas.

Tudo está aí, em vós, em torno de vós. Tudo fala, tudo vibra, o visível e o invisível, tudo canta e celebra a gló-ria de viver, a ebriedade de pensar, de criar, de associar-se à obra universal. Esplendores dos mares e do céu estre-lado, majestade dos cimos, perfumes das florestas, melodias da Terra e do espaço, vozes do invisível que falam no

silêncio da noite, vozes da consciência, eco da voz divina, tudo é ensino e re-velação para quem sabe ver, escutar, compreender, pensar, agir!

Depois, acima de tudo, a visão su-prema, a visão sem formas, o pensa-mento incriado, verdade total, harmo-nia final das essências e das leis que, desde o fundo de nosso ser até a estrela mais distante, liga tudo e todos em sua unidade resplandecente. É a cadeia de vida, que se eleva e desenrola no infini-to, escada das potências espirituais que levam a Deus os apelos do homem pela oração e trazem ao homem as respostas de Deus pela inspiração.

Agora, uma última pergunta. Por que é que, no meio do imenso labor e da abundante produção intelectual que caracterizam nossa época, se en-contram tão poucas obras viris e con-cepções geniais? Porque deixamos de ver as coisas divinas com os olhos da alma! Porque deixamos de crer e amar!

Remontemos, pois, às origens celes-tes e eternas; é o único remédio para nossa anemia moral. Dirijamos o pen-samento para as coisas solenes e pro-fundas. Ilumine-se e complete-se a Ci-ência com as intuições da consciência e as faculdades superiores do espírito. O Espiritualismo moderno a auxiliará. u

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Agosto/2011 | FidelidadESPíritA

20 uma publicação do centro de estudos espíritas “nosso lar”

parábola

Fonte:

CALLIGARIS, Rodolfo. Parábolas Evan-gélicas à Luz do Espiritismo. Págs. 81-84. Feb. 1969.

Tendo Jesus entrado em casa de um dos principais fariseus a fim de ali tomar sua refei-

ção, ao notar como os convidados es-colhiam os primeiros assentos à mesa, propôs-lhes uma parábola, dizendo: “Quando fores por alguém convidado para um casamento, não te sentes no primeiro lugar, para não suceder que seja por ele convidada uma pessoa mais considerada do que tu e, vindo o que convidara a ti e a ele, te diga: dá o lugar a este; e então, vás envergo-nhado ocupar o último lugar. Em vez disso, quando fores convidado, vai to-mar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: ami-go, senta-te mais para cima; então isto será para ti uma honra diante de todos os demais convivas. Pois todo o que se exalta, será humilhado; e todo o que se humilha, será exaltado” (Lucas, 14:7-11).

Com tal parábola, Jesus aconselha que cultivemos a humildade e o des-prendimento, virtudes que, reiteradas vezes, apresentou como características essenciais do verdadeiro cristão.

Adquiri-las, entretanto, não é nada fácil, pois requer o sacrifício de nosso personalismo e os terrícolas, salvo raras exceções, estamos vivendo ainda uma fase da Evolução em que predomina o “egoísmo”, ou seja, o amor exagerado a nós próprios, cada qual procurando ga-rantir sua felicidade, sem se preocupar com os outros, havendo alguns, mais atrasados, que pensam obtê-la condu-zindo-se abertamente contra os outros.

A felicidade real e duradoura, toda-via, só será conhecida pelos homens à medida que se libertem de seus pensa-mentos e desejos egoístas; quando vi-vam, não apenas para si mesmos, mas para o bem de todos, transformando-se em instrumentos conscientes das forças superiores que trabalham pela reden-ção da Humanidade.

“Sabeis - dissera o Mestre de outra feita - que os príncipes das gentes do-minam os seus vassalos e que os maio-res, exercitam o seu poder sobre eles. Não será assim entre e vós outros ; pelo contrário, o que quiser ser o maior entre vos, esse seja o que vos sirva, e o que quiser ser o primeiro, esse seja o vosso servo, assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para ser-vir e dar a sua vida em resgate de mui-tos” (Mateus, 20:25-28).

Espiritualmente falando, não há, pois, para os discípulos do Cristo, outro privilégio senão o de servir, e servir por amor, com dedicação e altruísmo, pois o que se faça por interesse pessoal ou por vanglória não produz nenhum re-sultado superior.

Servir, no sentido cristão é esque-cer de si mesmo e devotar-se amoro-samente ao auxílio do próximo, sem objetivar qualquer recompensa, nem mesmo o simples reconhecimento da-queles a quem se haja beneficiado.

O Espiritismo nos mostra, através das vidas sucessivas, outra aplicação dessa parábola. Os que, em uma encar-nação, ocupem as mais altas posições na sociedade, mas se deixam dominar

pela ambição, pelo orgulho e pela vai-dade, colocando-se arrogantemente acima dos outros, poderão descer, na encarnação seguinte, às mais ínfimas condições. Por outro lado, os que su-portem com paciência e resignação o infortúnio de uma existência de pobre-za e de humilhações, receberão, a seu tempo, a devida recompensa .

Não disputemos, pois, os lugares de destaque, nem aspiremos a ser dos primeiros entre os que rendem culto às fatuidades mundanas, nem nos afadi-guemos na conquista da fortuna, para forçar o acatamento e as honras do con-glomerado social a que pertencemos. Seja a nossa luta no sentido de eliminar as diferenças abismais que separam, uns dos outros, os filhos de Deus; seja o nosso ideal formar ao lado daqueles que dão o melhor de suas energias e capacidades para melhorar os homens e aperfeiçoar-lhe as intuições; e seja o nosso maior empenho aproveitarmos as muitas oportunidades que se nos apre-sentam, diariamente, de sermos úteis e prestativos aos nossos semelhantes.

Sobretudo, guardemo-nos de fazer alarde de nossos méritos pessoais, con-sideremo-nos sempre servos inúteis, atribuindo a Deus as boas coisas que possamos realizar, porquanto, “todo o que se exalta, será humilhado; e todo o que se humilha, será exaltado”. u

PaRáBoLa Dos PRIMEIRos LugaREs

por rodolfo CalligariS

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Prof. Herculano Pires responde

FLuIDo E FLuÍDo

“meu caro professor, tenho ouvido oradores espíritas – até de renome – confundirem a pronúncia fluido, que designa substâncias líquidas ou gasosas, com a pronúncia fluí-do, do verbo fluir. Afinal, por que esta confusão?”

A pronúncia correta é “flúido”, (mas sem o acento); não é fluído, como muita gente diz. A palavra fluído vem do verbo fluir, ao passo que a palavra fluido (onde a letra “u” é a vogal tôni-ca), sem acento, é adjetivo referente às substâncias líquidas ou gasosas.

Para melhor esclarecimento, recor-remos ao Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira:

FLUIDO (do latim fluidu) adj.: 1) flu-ídico: 2) diz-se das substâncias líqui-das ou gasosas; 3) que corre ou se expande à maneira de um líquido ou gás; fluente; 4) frouxo, mole, flá-cido. Ex.: carnes fluídicas; 5) suave, brando. Ex.: movimentos fluídicos; 6) espontâneo, fácil, corrente, fluen-te. Ex.: linguagem fluídica; 7) corpo que, em repouso e em contato com outros, exerce apenas forças normais às superfícies de contato; 8) corpo (líquido ou gasoso) que toma a forma

do recipiente em que está colocado. Ex.: o ar e a água são fluidos. Fluido ideal: aquele em que a viscosidade é nula.

FLUIR (do latim fluere) Verbo intran-sitivo. 1) correr em estado líquido; manar. Ex.: “e a suave, musical taga-relice / da água murmura a fluir do manancial...”; 2) correr com abun-dância; manar. Ex.: um filete de san-gue fluía-lhe do canto da boca entre-aberta; 3) provir, proceder, derivar. Ex.: as coisas fluem de Deus.

MANAR (do latim “manare”): Verter incessantemente e / ou em abundân-cia. Ex.: a fonte manava de uma água límpida.

a EVoLução Do EsPÍRIto

“Se existem mundos melhores do que este, por que vivemos aqui: Deus tem os seus privilegiados, que vivem em mundos melhores?”

O senhor está encarando o proble-ma dentro de uma concepção es-treitamente humana, que respeita, inclusive, o condicionamento social em que nós vivemos. Não. Deus não é um chefe político. Deus não é um administrador de empresas, que pos-

Prof. Herculano Pires responde

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Agosto/2011 | FidelidadESPíritA

Prof. Herculano Pires responde

sa ter os seus privilegiados. Deus é a suprema inteligência do Universo, causa primária de todas as coisas. Ele é o Criador. Ele impulsiona na sua criação o desenvolvimento de todas as criaturas num mesmo e único sen-tido.

Nós todos temos de evoluir, de pro-gredir. Mas se aqui estamos na Terra e outras criaturas habitam mundos superiores, é porque ainda não atin-gimos, na nossa evolução, a condi-ção necessária para habitar esses mundos mais elevados. A vida é uma ascensão contínua. Bastaria isso para nos mostrar a sua grandeza e a gran-deza do poder de Deus. Nós subi-mos, desde os planos inferiores da criação, através da evolução, e quan-do chegamos ao homem nós parti-mos para o mundo superior, o que no Espiritismo chamamos de angeli-tude, quer dizer, o plano dos anjos.

Os anjos não são mais do que ho-mens evoluídos. São Espíritos hu-manos depurados, aperfeiçoados, que se desprenderam dos planos inferiores da criação e conseguiram desenvolver as suas potencialidades internas, a sua inteligência, a sua afe-tividade, a sua vontade, num plano extremamente superior, extrema-mente elevado.

As religiões os chamam de anjos, mas para nós, espíritas, esses anjos são os Espíritos puros, que já de-senvolveram os seus mais elevados sentimentos. Na proporção em que os Espíritos se elevam, eles passam a habitar mundos superiores. Mas

ninguém está privado de habitar esses mundos. Todos caminhamos para lá.

Por que temos que

renascer neste mundo? Não progrediremos

melhor nos planos espirituais

onde, segundo o Espiritismo,

tudo é melhor?A evolução é um progresso contínuo. Nós temos que conceber o problema não apenas através da nossa concep-ção humana das coisas. Precisamos ir um pouco além. Precisamos com-preender que estamos lidando com um processo universal, cósmico, e que todo o Cosmo está implicado nesse processo. Assim, quando es-tamos aqui na Terra, passando por uma evolução necessária, é porque o nosso Espírito, dotado de potências que ainda não foram desenvolvidas,

precisa, na vida terrena, dos choques da vida material, do contato, ainda, com as condições dos reinos inferio-res, de que ele partiu.

O senhor pode ler na Bíblia aquele trecho alegórico, bastante importan-te, que diz assim: “Deus fez o ho-mem do barro e da terra”. Ora, esta expressão nos coloca diante de uma verdade que o Espiritismo comprova pela experiência. Deus tira o Espírito humano do princípio inteligente do Universo, que é um motivo de orga-nização e de estruturação de todas as formas da matéria, desde o reino mineral até o reino hominal. Assim sendo, esse princípio inteligente tem potências que vão sendo desenvolvi-das, através desses reinos. Portanto, se ainda estamos aqui na Terra é por-que não estamos em condições, não poderíamos viver num mundo supe-rior, onde nossa inteligência e nossa sensibilidade não estariam em condi-ções de se relacionarem com as coi-sas circundantes. Não teríamos sensi-bilidade para captarmos as sutilezas desse mundo, para percebermos as coisas que nele existem e para con-vivermos com os seus habitantes. É por isso que continuamos a nos pre-parar na Terra até que atinjamos a condição necessária, para subirmos a mundos mais elevados. u

Fonte:

PIRES, José Herculano. No Limiar do Amanhã. Págs. 17-21. Editora Camille Flammarion. 2001.

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FidelidadEspírita | agosto/2011

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experiência

o MInutopor WallaCe leal rodrigueS

Nos meus tempos de me-nino, naquela idade em que balas e bombons

povoam nossos sonhos, eu levava longos minutos para me decidir pe-las balas que eu queria comprar.

E, uma vez compradas, mais ain-da demorava para resolver se as de-via chupar logo ou guardá-las para mais tarde.

Ora, um dia, vovô, que frequen-temente me acompanhava nessas ro-magens pelo mundo das confeitarias, tirou o relógio do bolso e me disse com expressão firme, porém sem ne-nhuma rispidez ou severidade:

– Vamos combinar uma coisa. Daqui por diante, quando você vier comprar bala, vai ter de tomar a sua decisão antes que este ponteiro grande, que marca os minutos, sain-do de uma marca, chegue à marca seguinte.

Estamos combinados?Antes que eu concordasse, com

muita paciência, ele explicou-me que a vida não é, afinal de contas, senão uma série contínua de esco-lhas. E explicou:

– É preciso tomar decisões pron-tas, mas, veja bem, sempre no firme entendimento de que não vamos depois nos arrepender, caso a deci-são redunde em mal para nós.

De começo, aqueles primeiros cinqüenta e nove segundos do mi-nuto corriam antes que eu pudesse, ao menos, respirar fundo e tomar a minha decisão.

O jogo durou alguns anos. De-pois de certo tempo, o meu proces-so mental já era tão rápido que eu passei a tomar decisões acertadas com progressiva facilidade.

De valor não menor para mim foi a energia que adquiri - em cada caso – ao ter consciência de que,

depois de lançado o dado, nunca poderá haver arrependimento... u

Fonte:

RODRIGUES, Wallace Leal. E, Para o Resto da Vida... Págs. 73-74. O Clarim. 2009.

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espíritas “nosso lar” – campinas/sP

DIVaLDoDIáLogo CoM

por divaldo franCo

diálogo

Fonte:

FRANCO, Divaldo. Diálogo com Trabalha-dores e Dirigentes Espíritas. U.S.E. 2001.

2.5 - CoMunICação MEDIúnICa nas REunIõEs PúBLICas

Pergunta: – Qual a utilidade e a im-portância da comunicação mediúnica nas reuniões públicas e em que condi-ções ela deve se dar?

Divaldo: – A mediunidade é uma faculdade que deve funcionar per-manentemente. O indivíduo não é médium apenas na hora da sessão mediúnica. Ele o é sempre, se é mé-dium. O fenômeno pode ocorrer em qualquer momento, mas deveremos ter o pudor de não nos transformar-mos em pessoas espetaculosas, pro-dígios, que chamam a atenção. Às vezes, temos encontrado pessoas que se dizem portadoras de mediunida-de e nos apresentam uma caricatura desse dom e, mesmo sendo espíritas, o que propõem nos parece tão ridícu-lo, que nos leva a imaginar o quanto devem parecer aos não espíritas. Há pessoas, por exemplo, que se acercam de nós e quando nos abraçam dizem: “Ai, mas que coisa!” e já tomam um choque, ficam arrepiadas, fungam. Isto são distúrbios de comportamento psi-cológico, desequilíbrios nervosos, que deveremos controlar.

Vamos supor que estamos em nossa Casa Espírita proferindo uma palestra

e, à medida que a inspiração vai to-mando conta de nós, de repente vem a comunicação, mas uma comunica-ção natural, porque esse intercâmbio é muito saudável entre os espíritos e os homens. Ele ocorria entre os cristãos primitivos.

Recordo-me que, em um trabalho ex-traordinário do Dr. Canuto de Abreu(*), publicado na Revista “Aurora”, entre os anos trinta e quarenta, a respeito dos primeiros fenômenos mediúnicos e da publicação de O Livro dos Espí-ritos, em Paris, a 18 de abril de 1857, quando Kardec teria reunido na sua casa, na Passage Saint Anne, aquelas adolescentes, que tanto contribuíram mediunicamente para a constituição da obra. Nessa noite, em Paris, houve mui-tos relâmpagos e chuvas. No momento em que a tempestade rugia, uma das meninas sensitivas, a Senhorita Jaffé, acercou-se da porta, olhou para o céu convulsionado pela tormenta, e falou que as entidades superiores estavam melhorando a psicosfera parisiense, porque aquele dia era um marco his-tórico, assinalando uma nova era para a humanidade. Através dela, o Espírito de Verdade falou, sem que fosse uma reunião mediúnica tradicional. Temos visto também, em determinados acon-tecimentos espíritas, colaboradores da mediunidade chegarem ao momento

clímax, e já aconteceu conosco, em que os Mentores, os amigos espirituais, determinadas entidades, comunica-ram-se, mas com tal naturalidade em alguns momentos, que chamaram a atenção somente de quem conhece os suaves sintomas de uma transfiguração, de uma mudança de comportamento, da personalidade, para adicionar algo que não foi completado pelo expositor, durante a sua palestra. Também, tive-mos ocasião de ver Chico Xavier, mais de uma vez, em reunião pública, uma delas na União Espírita Mineira, nos anos cinqüenta, ao ser convidado para a prece final, Emmanuel incorporou-o e trouxe- nos uma contribuição psicofô-nica das mais valiosas. Assim, natural-mente, sem transformar-se num hábito, para que seja uma forma de chamariz para pessoas incautas ou que gostem desses fenômenos, que nunca se tor-nam espíritas realmente em razão dos mesmos. Para trabalhar o comporta-mento do indivíduo é necessário o co-nhecimento da Doutrina. São poucos aqueles que, através da observação dos fenômenos, tornaram-se realmente mi-litantes espíritas. u

(*) - Nota da Editora (2ª edição).

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FidelidadEspírita | agosto/2011

com todas as letras

Fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Le-tras. Pág. 14. Editora Moderna. 1999.

REaIs,CoMo DóLaREs ou MaRCos por eduardo martinS

Você certamente ainda será acordado muitas vezes pe-los carros ou caminhões

que oferecem frutas e pamonhas pelas ruas da cidade. Mau humor à parte, reparou que em muitos casos os ven-dedores apregoam: “É só 2 real”?

Se for à feira, não será diferente: “Leve, freguesa, custa só 5 real.” E, enquanto você busca alguns metros de calçada livres para tentar driblar as barracas dos ambulantes, continuará ouvindo: “Olha o radinho importado. É só 10 real.’

Pois é, você leu certo. Para muitas dessas pessoas, a moeda brasileira, em cuja defesa o governo brasileiro se empenha com todas as forças, não tem plural.

Agora, pense: se os problemas que todos enfrentamos são reais, da mes-ma forma a nossa moeda é expressa, no plural, em reais. Assim: problemas reais, 2 reais, 8 reais, 10 reais. Não se dizia cruzeiros reais? Pois é, então, qual a diferença?

Além disso, repare que toda pessoa que viaja para o exterior leva dólares. Ou libras. Ou marcos. Ou pesos. Ninguém fala em “5 dólar”, “8 libra”, “15 peso”, “20 marco”.

Logo que se adotou a nova mo-eda, houve dúvidas no Brasil sobre o seu plural. Afinal, existiu no País uma moeda, que teve curso tam-bém em Portugal, chamada real. Só que o seu plural era totalmente irre-gular: réis.

Era natural para algumas pessoas que essa forma anacrônica, réis, fos-se voltar a fim de identificar o plural da nova moeda. Isso não ocorreu, no entanto. O antigo real deixou de exis-tir em 1942, substituído pelo cruzeiro. Com ele desapareceu a forma réis, que sobrevivia na unidade de mil-réis.

Por isso, ignore o mau exemplo dos vendedores de frutas, marreteiros e fei-rantes e fale tranqüilamente em reais.

InICIaL é MInúsCuLa

Quanto à inicial da palavra, você talvez se atrapalhe pelo fato de às ve-zes ler nos jornais e revistas a grafia Real. No caso, trata-se de uma simpli-ficação do Plano Real, que se escre-ve com iniciais maiúsculas. A moeda, assim como as dos outros países. tem inicial minúscula. Por isso: 2 reais, 95 reais. Como 10 dólares, 10 francos, 50 marcos.

Vale a pena prestar atenção tam-bém no símbolo do real. É R$ e o $ tem um só traço vertical (nas moedas cruzeiro e cruzado, eram dois).

Assim: R$ 15,00 = quinze reais; R$ 28,34 = vinte e oito reais e trinta e quatro centavos. De outra forma: 15 reais; 28,34 reais.

Se o valor for inferior a 2 reais, o nome da moeda fica no singular: 0,42 real, 1,23 real. u

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Agosto/2011 | FidelidadESPíritA

mensagem

FaLatóRIosPoucas expressões da visa social ou

doméstica são tão perigosas quanto o falatório desvairado, que oferece vasto lugar aos monstros do crime.

A atividade religiosa e científica há descoberto numerosos fatores de desequilíbrio no mundo, colaborando eficazmente por extinguir-lhes os fo-cos essenciais.

Quanto se há trabalhado, louvavel-mente, no combate ao álcool e à sífilis?

Ninguém lhes contesta a influência destruidora.

Arruínam coletividades, estragam a saúde, deprimem o caráter.

Não nos esqueçamos, porém, do falatório maligno que sempre forma, em derredor, imensa família de ele-mentos enfermiços ou aviltantes, à fei-ção de vermes letais que proliferam no silêncio e operam nas sombras.

Raros meditam nisso.Não será, porventura, o verbo des-

regrado o pai da calúnia, da maledi-cência, do mexerico, da leviandade, da perturbação?

Deus criou palavra, o homem en-gendrou o falatório.

A palavra digna infunde consolação e vida. A murmuração perniciosa pro-picia a morte.

Quantos inimigos da paz do ho-mem se aproveitam do vozerio in-sensato, para cumprirem criminosos desejos?

Se o álcool embriaga os viciosos, aniquilando-lhes as energias, que di-zer da língua transviada do bem que destrói vigorosas sementeiras de feli-cidade e sabedoria, amor e paz? Se há educadores preocupados com a intromissão da sífilis, por que a indi-ferença alusiva aos desvarios da con-versação?

Em toda parte, a palavra é índice de nossa posição evolutiva. Indispen-sável aprimorá-la, iluminá-la e eno-brecê-la.

Desprezar as sagradas possibilida-des do verbo, quando a mensagem de Jesus já esteja brilhando em torno de nós, constitui ruinoso relaxamento de nossa vida, diante de Deus e da própria consciência.

Cada fase do discípulo do Evange-lho deve ter lugar digno e adequado.

Falatório é desperdício e quando assim não seja não passa de escura corrente de venenos psíquicos, ame-açando espíritos valorosos e comuni-dades inteiras. u

Emmanuel/Chico XavierVinha de Luz

“Mas evita os falatórios profanes, porque produzirão maior impieda-de.” – Paulo

(II Timóteo, 2:16.)

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FidelidadEspírita | agosto/2011

R. Dr. Luís Silvério, 120Vl. Marieta – Campinas/SP(19) 3233-5596

Ônibus: Vila Marieta nr. 348*Ponto da Benjamim Constant em frente à biblioteca municipal.

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1º Ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de filmes (em telão)alusivos aos temas. Duração1 ano com uma aula por semana. 2ª Feira 20h00 – 21h30 05/03/2012

1º Ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de filmes (em telão)alusivos aos temas. Duração1 ano com uma aula por semana. sábado 16h00 – 17h00 03/03/2012

1º Ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de filmes (em telão)alusivos aos temas. Duração1 ano com uma aula por semana. domingo 10h00 – 11h00 04/03/2012

2º Ano 3ª Feira 20h00 – 22h00 07/02/2012 Restrito

2º Ano Domingo 09h00 – 11h00 05/02/2012 Restrito

3º Ano 2ª Feira 20h00 – 22h00 06/02/2012 Restrito

3º Ano Domingo 9h00 – 11h00 05/02/2012 Restrito

Evangelização da Infância Domingo 10h00 – 11h00 Fev / Nov Aberto ao público

Mocidade Espírita Domingo 10h00 – 11h00 ininterrupto Aberto ao público

Atendimento ao público

Assistência Espiritual: Passes 2ª Feira 20h00 – 20h40 ininterrupto Aberto ao público

Assistência Espiritual: Passes 3ª Feira 20h00 – 20h40 ininterrupto Aberto ao público

Assistência Espiritual: Passes 4ª Feira 14h00 – 14h40 ininterrupto Aberto ao público

Assistência Espiritual: Passes 5ª Feira 20h00 – 20h40 ininterrupto Aberto ao público

Assistência Espiritual: Passes 6ª Feira 20h00 – 20h40 ininterrupto Aberto ao público

Assistência Espiritual: Passes Domingo 9h00 – 9h40 ininterrupto Aberto ao público