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04 - Editorial: João Aguiar Campos06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional22 - Opinião: José Luis Gonçalves24 - Semana de.. Octávio Carmo26 - Dossier Semana Cáritas 201628 - Entrevista Emília Marques

56 - Multimédia58 - Concílio Vaticano II60 - Agenda62 - Por estes dias64 - Programação Religiosa65 - Minuto Positivo66 - Liturgia68 - Jubileu da Misericórdia70 - Fundação AIS72 - LusoFonias

Foto da capa: D.R.Foto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Viagem do Papaao México[ver+]

Quaresma contraa desigualdade[ver+]

Semana Nacionalda Cáritas 2016[ver+]

D. José Traquina | João AguiarCampos Eugénio Fonseca| JoséLuis Gonçalves Manuel Barbosa |Paulo Aido | Tony Neves | FernandoCassola MarquesOctávio Carmo

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O arminho no retiro

João Aguiar Campos Secretariado Nacionaldas ComunicaçõesSociais

O pregador do retiro procurou entusiasmar-nos.Com dezenas de exemplos, incentivou-nos àsantidade. Numa das meditações falou doarminho.Não sei se o pregador sabia que a pelagem dopequeno carnívoro varia de acordo com aestação do ano. Mas, se sabia, na meditaçãoque ouvi situou-se apenas na cor dominante nooutono e no inverno: o branco; branco com umaúnica reserva – a ponta da cauda, sempre negra,em qualquer ocasião.Entusiasmado, o pregador disse-nos que oarminho tinha tal estima pela alvura, que oscaçadores adotavam uma estratégia: iam-noencurralando para um local pantanoso, em cujamargem o animal se detinha, preferindo sermorto a fugir através da lama. Deste modo erafacilmente capturado.Percebi o intuito do pregador; mas confesso quenunca tentei (des)confirmar a veracidade do seu“exemplo”. Ainda hoje, isso pouco me incomoda –porque o que realmente me preocupa não é ocomportamento do arminho, mas o de pessoasconcretas, que pensam viver de mãos limpas,quando as guardam nos bolsos. Mais: ao menos,o bom do animal joga a sua própria pele; aopasso que a gente das mãos nos bolsos implicae compromete, normalmente, a vida dosoutros...Sei que o faz com muito equilíbrio eproclamada sensatez, repetindo mil e uma vezes,que “a virtude está no meio”; no eixo da via –diria eu. Mas o facto é que não me

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parece que esteja. Apetece-memesmo dizer que a virtude está nasmargens e nas valetas, porque é láque estão os desprezados, nus,famintos ou sedentos: aqueles comquem Deus se identifica!..Sim; acredito seriamente quesantidade e a mudança dassituações de injustiça não seconquistam por fuga ouafastamento, mas por aproximaçãoe proximidade! Di-lo, com meridianaclareza D. José Traquina, naMensagem para a Semana daCáritas publicada algures nestesemanário: “Numa homilia, MartinLuther King, acerca da parábola doBom Samaritano (Lc. 10, 25-37),afirma que o sacerdote e o levitaterão pensado: ‘o que será de mimse me aproximar dele’?; ao passoque o samaritano terá pensado: ‘Oque será daquele homem se eu nãome aproximar?’”.Olhando para dentro de si mesmos,totalmente concentrados, osacerdote e o levita preveniram-seda impureza

legal – não percebendo que Deustinha saído do templo para ondecorriam e tinha vindo esperá-los naestrada.Este continua a ser, ainda hoje, onosso pecado mais frequente: nãoperceber que é no outro e com ooutro e as suas circunstâncias queverdadeiramente amamos a Deus.Ele nos há-de explicar isto mesmoquando Lhe perguntarmos: “Senhor,quando é que Te vimos….?”

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Polícia, bombeiros e elementos do INEM rodeiam corpo de bebémorta na praia de Caxias (créditos: Pedro Nunes / Lusa)

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- “O Papa Francisco está a percorrer o seucaminho, indo às zonas mais problemáticas, ecomo ele disse, seguiu para o México pararezar com as pessoas, para aprender sobre opaís e a sua forma de ser católica”.Sally Vance-Trembath, especialista em estudosreligiosos (Los Angeles Times, 12.02.2016) - “Quando estas pessoas não são ajudadas emtempo útil o desfecho pode ser este. Importaagora saber o que estava a ser feito noacompanhamento desta família, sobretudoestando envolvidas crianças tão pequenas”.Rui Abrunhosa Gonçalves, especialista empsicologia da justiça, sobre a tragédia de umamãe e duas filhas em Caxias (DN, 17.02.2016) - “Para mim (a eutanásia) é uma linhavermelha. Como médica, acho que a sociedadeespera que ajude a viver e a morrer com omáximo de dignidade mas não quero ajudar amatar”.Isabel Galriça Neto, médica, especialista emcuidados paliativos (Rádio Renascença,18.02.2016

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Desigualdades inaceitáveisna sociedade portuguesa

A Comissão Nacional Justiça e Paz(CNJP) afirmou na sua reflexão deQuaresma que a sociedadecontemporânea é “inaceitavelmentedesigual”, incentiva à “conversão” eà “ação” percebendo o “carátertremendo da necessidade daintervenção solidária”.No documento ‘Viver a Quaresma

no Ano da Misericórdia’, enviada àAgência ECCLESIA, a CNJPdenuncia uma “rota dedesenvolvimento inevitavelmenteinsustentável” e refere a urgênciada capacidade de “prescindir epartilhar”. “Vemos que a realidadeconcreta contemporânea espelha, apar de conquistas sem precedentesdo desenvolvimento

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humano (científico e tecnológico),um mundo profundamenteassimétrico, inaceitavelmentedesigual, marcado por níveisintoleráveis de injustiça e violência,numa rota de desenvolvimentoinevitavelmente insustentável”,analisa a CNJP.Para o organismo católico, Portugalé “um reflexo do panorama globalaludido” evidenciado porindicadores que expõem a “imensaextensão da população portuguesaque vive em situação de pobreza”,os níveis crescentes dedesigualdade, e “muitas outrassituações” que vão deixando paratrás os que se juntam ao “crescentenúmero dos excluídos”.No documento ‘Viver a Quaresmano Ano da Misericórdia’ sublinha-seque proposta feita aos católicos é“de ação” mas também, “e emprimeiro lugar, de conversão,urgente e sem medo”, a partir damensagem do Papa Francisco. “Éurgente olhar e ser capaz de ver,combater a indiferença e perceber ocaráter tremendo da necessidadeda intervenção solidária, sempresolidária, perante a necessidade dovizinho, o silêncio do velho, aimpotência da criança, ainvisibilidade da diferença, aexclusão do estrangeiro, a injustiçada desigualdade”, desenvolve aCNPJ.

O organismo ligado à ConferênciaEpiscopal Portuguesa considera quea “incerteza e a indecisão”, dasatitudes dos líderes e a “amorfia dassociedades”, põem em causa a“indispensável solidariedade daação” e condicionando o futuro“tornam-no instável e semesperança”.“Não percamos este tempo deQuaresma favorável à conversão!”,escreve o Papa na sua mensagem,repto que a Comissão NacionalJustiça e Paz “acolhe” e procura“inspiração” para a sua reflexão eação.“Todos os irmãos e irmãs assumamo desafio da conversão pedida:passar da indiferença àmisericórdia, através de uma culturade solidariedade”, conclui oorganismo de leigos católicos,atualmente presidida pelo juristaPedro Vaz Patto.A Comissão Nacional Justiça e Pazinforma ainda que aderiu à açãoanual da rede de comissões justiçae paz europeias, “relativa à temáticada Crescente desigualdade etributação justa”. “Pretende salientarcomo a desigualdade crescente sealimenta de lacunas e injustiças dossistemas fiscais, como a menortributação dos rendimentos docapital e os chamados ‘paraísosfiscais’”.

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Valorizar o trabalho da Igreja nasprisões O 11.º encontro nacional daPastoral Penitenciária de Portugal,que terminou este domingo emFátima, sublinhou a importância dotrabalho da Igreja Católica nestaárea e de garantir mais condiçõespara a reinserção dos reclusos nasociedade.Em declarações para a AgênciaECCLESIA, o diretor-geral dosServiços Prisionais classificou otrabalho prestado por capelães,visitadores e voluntários como “umalufada de ar fresco” para quem está“privado de liberdade e circunscritoa um espaço”. Pessoas que levam“uma palavra de conforto, umapalavra humana que é tão ou maisimportante do que qualquerabordagem técnica que se possater”, sublinhou Celso Manata.Aquele responsável salientou aindao papel da Igreja Católica nareinserção dos reclusos,reconhecendo que é preciso darmais condições aos sacerdotes eleigos que trabalham nas cadeias,para que possam concretizar a suamissão de forma mais efetiva.Em debate esteve a falta deespaços para a promoção deiniciativas pastorais, dentro dasprisões, e a falta de guardas paraassegurarem o acompanhamentodos reclusos, quando as atividadestêm que ser

feitas no exterior dosestabelecimentos.Para o padre João Torres, daPastoral Prisional de Braga, éurgente existir “uma articulação maisséria" entre aquilo que é o decreto-lei 252/2009, que regula aassistência religiosa nosestabelecimentos prisionaisdependentes do Ministério daJustiça, e o que acontece narealidade. “Não faz sentido que umestabelecimento prisional tenha lápessoas detidas porque nãocumpriram a lei e aqueles querecebem estes reclusos também nãorespeitam a lei”, apontou osacerdote.O diretor-geral dos ServiçosPrisionais mostrou-se atento a esteproblema mas lembrou asdificuldades e restrições económicasdo país, que não passaram ao ladoda realidade das prisões, hojesobrelotadas e com falta derecursos humanos.

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Cante Alentejano invadiu MadridAs tradições do Alentejoconseguiram, numa das salas “maisemblemáticas” de toda a Espanha,mostrar que “cante alentejano e aviola campaniça têm um lugar nahistória da música”, referiu JoséAntónio Falcão, diretor do Festival«Terras sem Sombra». ClassificadoPatrimónio Imaterial da Humanidadepela Unesco em novembro de 2014,o cante alentejano, através do«Rancho de Cantadores de AldeiaNova de São Bento» e dos«Ganhões de Castro Verde»,lotaram, este sábado, a sala deespetáculos do Círculo de BellasArtes, da capital espanhola.Para José António Falcão éfundamental que o cante alentejano“se internacionalize” e “consigaconquistar novos públicos” e queencontre o seu lugar “junto detradições musicais similares”.Para além dos dois grupos de cantealentejano, o grupo de violacampaniça «Moços d´Uma cana»,mostrou também a arte musical aopovo espanhol que incluía“catedráticos de musicologia efiguras fundamentais da cultura”ibérica.Com o aprofundamento científicodesta tradição alentejana, o diretordo Departamento do Património

Histórico e Artístico da Diocese deBeja (DPHADB) sublinha queexistem “profundas ligações entre amúsica sacra e o cante”.O cante alentejano é “mais do quemúsica sacra e religiosa”, mas foiessa matriz “que o ajudou atemperar e lhe deu uma certagrandeza”, realçou José AntónioFalcão.No concerto Anteprima III «Alentejo,Alentejo», integrado do «FestivalTerras Sem Sombra» – Festival deMúsica Sacra do Baixo Alentejo -, osouvintes puderam encontrar, atravésdas sonoridades musicais e vocais,temáticas sobre “o amor humano”;“a paixão pela família, pela terra epela casa”; “crítica política e, àsvezes a sátira”, todavia, o “fundoreligioso está sempre omnipresente”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Pastorinhos são «autêntico sinal da fé no Deus de misericórdia»

Comunidade Fé e Luz

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Fiesta, lágrimas e esperança

O Papa concluiu esta quarta-feirano norte do México a viagem quetinha iniciado na noite de sexta-feira, deixando atrás de si váriasmensagens contra a violência, otráfico de drogas e o crime, por umfuturo diferente. “Nalguns momentossenti vontade de chorar, ao vertanta esperança num povo tãosofrido”, disse no final da Missa aque presidiu em Ciudad Juárez,junto à fronteira com os EUA,

último compromisso da visita,agradecendo a todos os queestiveram envolvidos naorganização do evento.Depois do histórico encontro com opatriarca ortodoxo de Moscovo,Cirilo, numa breve escala em Cuba,Francisco chegou ao México paraalertar, logo no seu primeirodiscurso, contra a corrupção, apobreza ou o narcotráfico.Um esforço no qual quiscomprometer

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a Igreja Católica, pedindo-lhecoragem e recordando que osbispos não devem ser “príncipes”.Já no Santuário de Guadalupe, oPapa cumpriu o ‘sonho’ de rezar asós e em silêncio diante da imagemda padroeira da América Latina,depois de ter deixado umamensagem de esperança a todos osque sofrem.O percurso desta primeira visita deFrancisco ao México levou-o a umdos subúrbios mais violentos dacapital, Ecatepec, onde perantecerca de 400 mil pessoas exigiurespeito pela dignidade de cadapessoa e arremeteu contra os“traficantes” da morte, desejandoque “não haja necessidade deemigrar para sonhar”.Um dos momentos maisemocionantes da viagem decorreuno regresso à Cidade do México,durante a passagem por um hospitalpediátrico, onde o Papa abraçoucrianças em tratamento oncológico,ouviu uma delas cantar e vacinouum menino para lançar umacampanha de vacinação contra apoliomielite.Francisco rumou ao sul do país, aoEstado de Chiapas, para ummomento de reconciliação com ascomunidades indígenas, às quaispediu “perdão”, elogiando as suastradições e valores. Ainda nesteEstado decorreu o encontro com asfamílias, junto das alertou para asconsequências da

solidão e da precariedade, comcríticas às “colonizaçõesideológicas”.A etapa seguinte seria Morelia, nocoração geográfico do México,cidade-símbolo dos problemas donarcotráfico: Francisco denunciouesta realidade, rejeitando umaatitude de “resignação” por parte daIgreja, antes de um encontro festivocom os jovens, a quem pediu queresistam à tentação pelos caminhosdo crime e da violência.A viagem concluiu-se esta emCiudad Juárez, extremo norte dopaís, num dia marcado pormensagens e gestos contra aviolência e em defesa dosmigrantes, da visita a uma prisão,em que criticou a falta de umaverdadeira cultura de “reabilitação”dos presos, à Missa junto à fronteiracom os EUA, para recordar a“tragédia” das migrações forçadas eo tráfico de pessoas.A ECCLESIA acompanhou toda aviagem numa secção especial doseu portal, em http://www.ecclesia.pt/america2016/

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O abraço Roma-Moscovoe a declaração de Havana

Havana, capital de Cuba, foi acidade escolhida para acolher oinédito encontro entre Francisco e opatriarca ortodoxo de Moscovo, queselaram o momento histórico comum abraço. O Papa e Ciriloassinaram uma declaraçãoconjunta, manifestandopreocupação com as perseguiçõesreligiosas e o terrorismo. Os seus30

pontos procuram aproximar as duasIgrejas.“O nosso olhar dirige-se, emprimeiro lugar, para as regiões domundo onde os cristãos são vítimasde perseguição. Em muitos paísesdo Médio Oriente e do Norte deÁfrica, os nossos irmãos e irmãs emCristo veem exterminadas as suasfamílias, aldeias e cidades

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inteiras”, refere o texto.O Papa e o patriarca russo evocamas igrejas “barbaramentedevastadas e saqueadas”, objetossagrados profanados emonumentos destruídos. “Na Síria,no Iraque e noutros países doMédio Oriente, constatamos, comamargura, o êxodo maciço doscristãos da terra onde começou aespalhar-se a nossa fé e onde elesviveram, desde o tempo dosapóstolos, em conjunto com outrascomunidades religiosas”, advertem.Os dois responsáveis pedem uma“ação urgente” da comunidadeinternacional para prevenir novaexpulsão dos cristãos do MédioOriente. “Ao levantar a voz emdefesa dos cristãos perseguidos,queremos expressar a nossacompaixão pelas tribulaçõessofridas pelos fiéis doutras tradiçõesreligiosas, também eles vítimas daguerra civil, do caos e da violênciaterrorista”, prosseguem.A declaração recorda que aviolência na Síria e no Iraque jácausou milhares de vítimas,“deixando milhões de pessoas semcasa nem meios de subsistência”.Nesse sentido, exortam acomunidade

internacional a “unir-se para pôrtermo à violência e ao terrorismo” econtribuir para “umrápido restabelecimento da pazcivil”, para além de garantir uma“ajuda humanitária em larga escala”às populações atingidas e aosrefugiados nos países vizinhos.A ameaça de uma nova guerramundial está presente naspreocupações dos doisresponsáveis, recomendando aospaíses envolvidos na luta contra oterrorismo que "atuem de maneiraresponsável e prudente"."Exortamos todos os cristãos etodos os crentes em Deus asuplicarem, fervorosamente, aoCriador providente do mundo queproteja a sua criação da destruiçãoe não permita uma nova guerramundial", acrescentam.

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Papa rejeita aborto para casos dezika

O Papa Francisco rejeitou que aresposta à questão das mulheresgrávidas contaminadas com o víruszika passe pelo aborto, massublinhou que há situações em quecontraceção artificial pode seradmitida pela Igreja. "O aborto nãoé um mal menor, é um crime. Édeitar fora alguém para salvar outro.É o que faz a Mafia, não? É umcrime, é um absoluto”, declarou

aos jornalistas no voo de regresso aRoma, desde Ciudad Juárez,onde concluiu a visita de seis diasao México.Francisco explicou, por outro lado,que é preciso evitar a confusãomoral entre o “mal” de evitar umagravidez com contraceção artificial,do ponto de vista da Igreja Católica,ao aborto. “O aborto não é umproblema

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teológico, é um problema humano,um problema médico. Mata-se umapessoa para salvar outra, no melhordos casos”, referiu.Já o evitar a gravidez, acrescentouo Papa, não é um “mal absoluto”,recordando indicações dadas porPaulo VI (1897-1978), que autorizoureligiosas a usar pílulascontracetivas perante ameaças deviolação de grupos rebeldes [noantigo Congo Belga].O vírus zika provocou umaemergência de saúde públicainternacional, segundo aOrganização Mundial da Saúde.Numa conversa de quase uma horacom os jornalistas, o Papa afirmouque a política de ‘tolerância zero’ naIgreja Católica para casos de abusosexuais e criticou os bispos queignoram ou encobrem estassituações. “Um bispo que muda deparóquia um sacerdote quando sereconhece um caso de pedofilia éum inconsciente e a melhor coisaque pode fazer é [apresentar] arenúncia”, advertiu.Francisco foi questionado sobre osabusos sexuais cometidos pelo

fundador dos Legionários de Cristo,o mexicano Marcial Maciel (1920-2008), e elogiou, neste caso, acoragem do seu predecessor, BentoXVI, enquanto esteve à frente daCongregação para a Doutrina da Fé(Santa Sé). Foi o então cardealRatzinger, recordou, que na ViaSacra de Sexta-feira Santa de 2005,dez dias antes da morte de SãoJoão Paulo II, quem disse que erapreciso “limpar as ‘porcarias’ daIgreja, a sujidade”.Por outro lado, o Papa rejeitouqualquer polémica por causa dadivulgação da correspondênciaentre João Paulo II e a filósofaamericana Anna-TeresaTymieniecka. “Uma amizade comuma mulher não é um pecado”.Criticado por Donald Trump, pré-candidato republicano à presidênciados EUA, por ter rezado pelosimigrantes na fronteira norte doMéxico, Francisco disse aosjornalistas “uma pessoa que sópensa em fazer muros, seja ondefor, em vez de fazer pontes, não écristão. Isso não é do Evangelho”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Papa reza pelos migrantes que morreram ao tentar chegar aos EUA

Papa Francisco no México

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Justiça Restaurativacomo expressão de Misericórdia

José Luís Gonçalves Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

Quando nos primeiros anos pós-Apartheid, e nodecorrer de um evento científico, perguntaram aoentão Ministro da Educação da África do Sul,qual seria o contributo distintivo que o sistemaeducativo daquele país podia dar ao conjuntodas nações, ele respondeu: “o perdão…podemos ensinar o perdão!” O perdão constituiu,de facto, a argamassa social sobre a qual estanação se reconstruiu e que o preâmbulo da suaConstituição faz questão de realçar. Uma dasopções corajosas então tomadas foi a de,constituída uma Comissão de Verdade eReconciliação para apurar a verdade sobre oscrimes cometidos e responsabilizar quem dedever, este país ter escolhido o caminho daJustiça Restaurativa (de natureza psico-espiritualdas vítimas e de reconciliação social) emdetrimento do modelo punitivo tradicional.Diferenciando-se do modelo da justiça punitiva-retributiva tradicional, a Justiça Restaurativa nãoconcebe o crime como uma mera transgressãoda lei, mas reconhece, antes de mais, que osinfratores causaram danos às vítimas, àscomunidades e a si mesmo. Assim, em vez deatribuir papel-chave ao Estado e ao infrator nadeterminação da culpa e da respetiva pena,focando-se na observação do cumprimentodesta, desenvolve uma mediação/relaçãoenvolvendo vítimas, agressores e comunidadenum diálogo voluntário que, em vez de medirquanto castigo deve ser aplicado (mas semabdicar deste), avalia

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antes quanto dano pode serreparado e prevenido. Esteprocesso dialógico e participativoentre vítima, agressor e comunidadeacontece sob uma nova ótica dejustiça atravessada pela experiênciado perdão e reconciliação: fazjustiça à vítima reparando o danocausado, reabilita o agressor erestaura o laço social quebrado.Inspirada na história bíblica deZaqueu, o cobrador de impostosreabilitado por Jesus, a justiçarestaurativa surgiu há 40 anos emvários países do mundo, adquirindogrande dinamismo nos EstadosUnidos da América. As maioresorganizações mundiais como aOrganização das Nações Unidas e oConselho da Europa têmincentivado a sua disseminaçãoatravés da promoção de centenasde projetos-piloto. Bebendo numconjunto de princípios e valorescomuns, os modelos práticos da suaaplicação diferem, no entanto, entresi, adaptando-se aos múltiploscontextos culturais onde sãoaplicados. Em Portugal, existemserviços de Justiça Restaurativa quefazem a mediação entre a vítima-infrator-comunidade, resgatando acentralidade da Pessoa no seio dacomunidade (e.g. APAV, Confiar -Associação de FraternidadePrisional, PF/Portugal; RedeESPERE - Escolas de Perdão eReconciliação, entre outros). Ora, na bula MisericordiaeVultus,

o Papa Francisco afirma que a”misericórdia é a lei fundamentalque mora no coração de cadapessoa, quando vê com olhossinceros o irmão que encontra nocaminho da vida”. No presente AnoJubilar, importa, pois, abrirhorizontes renovados de gestos demisericórdia com incidência social, àsemelhança do que acontece naprática da Justiça Restaurativa.Nesta, vítimas e agressores, vêem-se com os olhos do coração atravésde gestos sinceros de compaixão ede reconhecimento mútuo dosferimentos infligidos. E se aetimologia da palavra misericórdia (anossa miséria no coração de Deus)significa "compaixão (cordis) pelospobres (miseri) ", a compaixão –porque fonte de moralidade quandorelacionada com os maisdesprotegidos, segundo RichardRorty - pode tornar-se numa virtudepública das sociedadesdemocráticas. Tal virtude pode edeve ser promovida e educadaatravés de uma Ética da RazãoCordial (Cf. Adela Cortina) comouma expressão renovada dacidadania do século XXI.

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Canta. E chora, se tiver de ser

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

Os últimos dias de trabalho foram passados aacompanhar uma viagem destinada a ficar naHistória. Francisco esteve em Cuba e visitou oMéxico carregado de gestos e mensagenssimbólicas, em favor da paz e da reconciliação,tendo em vista a construção de um futurodiferente.Com o Patriarca Cirilo, em Havana, o Papaultrapassou um dos grandes muros do atualdiálogo ecuménico – a distância entre Roma eMoscovo desde o Cisma do século XI -,colocando a tónica em todos os pontos queaproximam católicos e ortodoxos. Olhando maispara a defesa do Cristianismo no mundo do quepara um passado de divisão na Europa.Já no México, o segundo país com mais católicosno mundo, Francisco mediu ao milímetro o quequeria dizer, onde queria ir e com quem queriaestar: a fé de Guadalupe, os indígenas deChiapas, o narcotráfico em Morelia, os imigrantesna fronteira de Ciudad Juárez… Uma apostadeclarada na proximidade com os mais frágeis,os mais simples, longe dos interesses das elites.Francisco deu voz à maioria silenciosa que nãoaparece nas notícias sobre o México e que,tantas vezes, vive resignada ou oprimida porcausa da violência, do crime, da droga.O Papa recordou sabedoria ancestral do México,com as suas línguas e tradições, e pediuoportunidades de crescimento para todos, emparticular os mais jovens, para que possam fugira um destino de pobreza ou imigração.No coração deste modo de viver mexicano está

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Nossa Senhora de Guadalupe, dequem Francisco se confessouparticularmente devoto e a quemconfiou por diversas vezes o país.Da alegria e da festa, que secontrapõem a um cenário socialnegro, nasce a esperança para umnovo futuro, onde todos tenham odireito a sonhar.Na despedida do país, o Papa

admitiu que nem sempre conseguiucumprir à risca aquilo que tantasvezes lhe pediram os mexicanos:não chorar. “Em determinadosmomentos, sentia vontade dechorar, ao ver tanta esperança numpovo tão sofrido”Que todos possamos aprender estalição dos excluídos.

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A Semana Cáritas vai decorrer este ano entre 21 e 28 defevereiro, para mostrar uma Igreja Católica atenta aosdesafios do mundo, como a pobreza e a crise de refugiados, eincentivar à solidariedade e ao voluntariado. O SemanárioECCLESIA apresenta a mensagem para esta celebração,assinada por D. José Traquina, uma reflexão do presidenteda Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, e testemunhos dequem está no terreno para ser o “coração” da Igreja junto dequem mais sofre e mais precisa.

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«Era bom que os peditórios deixassem de existir»

O desejo é de Emília Marques que colabora há cerca de 25 anos com aCáritas Portuguesa. Na Cáritas Paroquial da Paróquia de Santa Margarida

no Lavradio, Barreiro, participa no habitual peditório público, este ano entre25 e 28 de fevereiro, e revela que “são as pessoas mais simples, que têm

menos poder económico que dão mais”.A já reformada Educadora de Infância, que também foi professora

no Ensino Básico, conta que na Cáritas encontrou os “valores”que recebeu dos pais.

Entrevista realizada por Carlos Borges

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Agência ECCLESIA (AE) - Porque éque a certa altura da sua vida quisdar-se mais e ajudar os outros emconcreto através da CáritasParoquial da igreja de SantaMargarida, no Lavradio? Háquantos anos é que colabora com aCáritas?Emília Marques (EM) – Não seiprecisar há quantos anos estou naCáritas mas uns 24, 25 anos. O queme levou a entrar nesta dinâmicavem de trás, de valores que recebidos meus pais. Sempre conheci osmeus pais abertos às pessoas quenecessitam de qualquer tipo deajuda, material ou económica, elessempre ajudaram. Portanto, eucresci neste meio e nasceu o desejode ajudar.Desde o meu tempo de estudanteque participei em diversos génerosde peditório para o cancro,tuberculose, corria as ruas doBarreiro. Depois, mais tarde, quantoconheci a Cáritas fiquei totalmenterendida ao seu espírito porquevinha ao encontro dos meusanseios e toda a caminhada quetinha feito. AE – Da experiência destes 25 anoso que destaca deste espírito que aCáritas tem e a cativou para ir aoencontro das outras pessoas?EM – Despertou-me muito mais para

a realidade existente através detodos os tempos e essa realidadeera vivida com uma consciênciamuito mais profunda. Fui recebendo,e continuo a receber, toda aformação que a Cáritas proporciona,também participo em formação porinteresse, como a área teológica,para entender o que o Senhor nospede.A Cáritas tem-me dado muitosconhecimentos e colho tambémtestemunhos de outras realidadesque, ao fim, tudo nos enriquece. Hásituações que nos marcam mais doque outras. AE – Qual a importância que essaformação tem depois para o seudia-a-dia nos diversos serviços emque participa em nome da Cáritas?EM – Além de crescermos na nossafé, porque sabemos que a fé tem deser alimentada ou enfraquece. Alémdesse crescimento, dá mais força econhecimento para irmos aoencontro das soluções possíveispara colmatar as necessidades queas pessoas sentem.

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AE – Participa em peditórios desdea sua juventude e a CáritasPortuguesa, na sua semananacional também promove umpeditório, este ano entre 25 e 28 defevereiro. Porque é que tambémparticipa neste e esta iniciativaacaba por ser também uma formade chegarem a mais pessoas epassarem uma mensagem e o talespírito que a cativou?EM – Sim, agora já não tanto mashá anos atras quando falávamos emnome da Cáritas havia pessoas queinterrogavam-se sobre o que eraisso. O que é a Cáritas? Dava-nos

oportunidade de explicarmos àspessoas o que é a Cáritas, o que éque a própria palavra significava.O peditório para além de nos ajudar,por isso o nosso interesse emestarmos presente sempre quepossível, para suavizar situaçõeseconómicas de pessoas maiscarenciadas. Para mim, é tambémum meio de consciencializar aspessoas porque há um grandenúmero que fica sensível a estepeditório.

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AE – Como é a reação das pessoasao serem abordadas na rua, nosestabelecimentos para contribuíremmonetariamente com o peditório.Essa reação e os donativos, aolongo dos anos, principalmente noperíodo de crise económica efinanceira, tem mudado?EM – Há anos atrás apesar daCaritas não ser muito reconhecidaeram reações diferentes das deagora. Algumas pessoas passavamindiferentes, pedíamos eesqueciam-nos. Hoje, as recusassão feitas com

revolta e chegam a dizer que é pornossa causa que os governos nãofazem nada: “No dia que vocêsdeixarem de pedir os governos sãoobrigados a fazer.”Claro que não concordo e chego aconversar com a pessoas se têmrealmente essa certeza que osgovernos no dia em que deixarmosde pedir os governos vão substituir-nos. “Vocês acreditam nisso?”Alguns sorriem e dizem que secalhar tenho razão.Sempre existiram carenciados e

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governos e o que é que eles têmfeito às pessoas carenciadas. Senão for a Igreja, as instituições desolidariedade as pessoascarenciadas não são atendidas pelogoverno. AE – E as ofertas…EM – Dependem dos anos. Unsrealmente rendem mais e outrosquebram. Nos últimos anos tem sidomenos. As pessoas que acreditamque o governo tem essa obrigaçãoe tem de a fazer a partir domomento que pararmos ospeditórios e essas ajudas não dão.Há outras, que são as mais simples,que vemos que têm menos podereconómico são as pessoas quemais dão.Lembro-me muitas vezes dapassagem da viúva que deu aquiloque era o seu sustento e há muitaspessoas que fazem isso, até pelasmoedas que entregamreconhecemos isso. AE – Nestes anos todos em queparticipa no peditório público quehistórias recorda e guarda comcarinho na memória?EM – Recordo uma senhora queentrou no hipermercado e disse-meque não podia ajudar porquetambém não lhe chegava paracomer, com uma reforma de cercade 170€. Quando saiu trazia umpacotinho

de massa e, salvo erro, de sal.Trazia dois pacotes no saco quemostrou e disse: “Está a ver, só vimcomprar isto porque o dinheiro nãochega.” Mas, abriu a carteira e tirouumas moedas escuras de cêntimose entregou. Ainda fiz uma tentativapara dizer que não desse porque iafazer-lhe falta mas ela quis ajudar.E, sensibilizou-me ao máximoporque não tinha mas quis colaborare quando se despediu ainda disse:“Quem me dera poder mais mas nãotenho”. AE – São essas histórias que fazemacreditar que vale a pena continuara ajudar?EM – Sim, dá-nos muito mais força evão suavizar as situações que, àsvezes, nos ofendem. Mas mesmoessas dão-nos força. As situaçõesde recusa, de protesto, revolta dão-nos mais força ainda.Ao longo dos anos há imensashistórias, mesmo durante o ano depessoas que apoiamos. As pessoasacabam por ser generosas, o que énecessário é, realmente, sensibilizá-las. Às vezes digo às colegas que aspessoas andam é distraídas porquefazemos o peditório todos os anos eas pessoas conhecem-nos, comonós também as conhecemos, e háuma certa distração mas colabora.

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AE – Qual a importância dopeditório nacional em particularpara Cáritas Paroquial de SantaMargarida, no Lavradio, Barreiro.Quais os casos existem e precisamda vossa ajuda?EM – Temos tido situações depessoas que recorrendo àSegurança Social e a outrasinstituições não conseguem a ajudaque precisam e recorrendo à Igreja,através do grupos Cáritas, essasituações, por vezes, são atendidas.Aqui temos feito pedidos à CáritasDiocesana de Setúbal por exemplopara compra de óculos, aparelhoauditivos que são caríssimos e aspessoas não têm possibilidade.Enquanto outras instituiçõesrecusam e não atendem essaspessoas que recorrem à Igreja eficam sensibilizadas. Tive um casoem que a pessoa perguntava: “Masvocês podem? Se a SegurançaSocial não pode, vocês podem?”Esta pessoa ficou muitosensibilizada porque pensava quenão tínhamos esse podereconómico e, a partir dai ficou asaber o que era a Cáritas.No fim do ano passado fizemos umpedido à Cáritas Diocesana deSetúbal para um casal em que ohomem é cego e surdo. Ele foi fazeruns exames ao hospital e oenfermeiro ao tirar

o pulôver os aparelhos caíram e umdeles foi pisado. Sem puder compraroutro porque custava cerca de trêsmil euros, fizemos o pedido e fomosajudados.Aliás, temos feito vários pedidos etemos sido sempre atendidos, o quenos dá mais força para nãofalharmos no peditório. As maiorescarências aqui são alimentar, demedicação e estas situações defalta de determinadas coisas.Por exemplo, também apoiamos osemigrantes e, há cerca de doismeses, apareceu uma mãe comquatro crianças, de nacionalidadecabo-verdiana, o marido morreu eela veio para cá sem nada, só com aroupa que traziam no corpo. Veiopedir ajuda alimentar, roupa paravestir, roupa de cama, cama, e emconjunto conseguimos todas essascoisas. AE – O peditório da Cáritas étambém uma forma da sociedadeser mais justa, igual e fraterna?EM – Sim. Para mim o peditório, sejaele qual for, apesar de todas asrecusas é uma tomada deconsciência das pessoas porquepodem não dar nada mas ficam comqualquer coisa

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a trabalhar dentro das suasconsciências.Para mim, isso também éfundamental. Portanto, chamar aatenção da sociedade que temobrigações, deveres para com osoutros. Deus não nos criou isoladose precisamos uns dos outros.Costumo chamar tantas vezes aatenção das pessoas que se andamvestidas foi preciso alguém quefizesse os fatos, os vestidos, quecultivasse o linho, o algodão.Precisamos todos uns dos outros,ninguém pode ser independente etemos de ter essa consciência. AE – O presidente da CáritasPortuguesa, o professor EugénioFonseca, entre outras objetivos,quer que a semana Cáritasincentive à solidariedade e aovoluntariado. Do que acabou dedizer, as pessoas estão maisatentas aos outros, são precisasestas semanas especiais paracontinuar a alertar para o próximo?Por exemplo, o contexto de crisedos últimos anos fez co que houvemais atenção ou as pessoasisolaram-se, sendo cada um por si?EM – Olhando de repente, dávontade de dizer que as pessoasvivem mais cada um por si, que sãoegoístas mas, de vez em quando,há um grito, um

apelo e elas chegam-se, colaboram.Era bom que os peditóriosdeixassem de existir. Com a ajudade Deus talvez, pode demorar muitotempo mas pode ser quecheguemos a uma certa altura emque vão diminuindo.Temos de ter esperança, que é aúltima a morrer. E, neste Ano daMisericórdia, temos de ter esseolhar misericordioso com aspessoas, para aquelas quenecessitam e para as que passamindiferentes.

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Cáritas, Coração da Igreja no MundoEsta é a Semana Cáritas do Ano daMisericórdia.E ‘misericórdia’ pode ser traduzidacomo compaixão, como reconciliação e como proximidade.Na perspetiva bíblica, a imagemmais simples de misericórdiacorresponde ao que sente umamãe, interiormente - nas entranhas -quando um filho se encontra emperigo; e que a leva a agir deimediato, a fazer tudo para o salvardessa situação. Misericórdia como‘compaixão’.A misericórdia corresponde à graçade Deus que possibilita a nossaresposta de conversão. É apossibilidade que nos é dada denos ‘reconciliarmos’. A parábola doPai e dos dois filhos (Lc 15,11-32),habitualmente designada como a“parábola do filho pródigo”, enchede esperança o nosso quotidiano,quando nos sentimos perdidos, efaz apelo à nossa livreresponsabilidade, quando nossentimos em casa (na casa do Pai),para sabermos viver, uns e outros,do mesmo amor que é perdão, éfesta, reconciliação e alegria. O quemais importa é tornarmo-nos cadavez mais parecidos com aquele paide misericórdia: «Sedemisericordiosos

como o vosso Pai é misericordioso»(Lc 6,36).A misericórdia manifesta-se, assim,como ‘proximidade’. Numa homilia,Martin Luther King acerca daparábola do Bom Samaritano (Lc10,25-37), afirma que o sacerdote eo levita terão pensado: “o que seráde mim se me aproximar dele?”; aopasso que o samaritano terápensado: “o que será daquelehomem se eu não me aproximar?”.A misericórdia é esta virtude arecuperar para todos os que, com ocoração perto dos que sofrem(miseri+cors), querem viver umincondicional acolhimento ao outro,só porque é pobre, só porque estáem situação de necessidade, sóporque precisa.Ao vivermos o dinamismo da

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misericórdia, o nosso coração nãose pode fechar. Nunca se podefechar. É um coração capaz de ver ede sentir as dores dos outros; é umcoração que só sabe viver noMundo. Contemplando o Mundo edando graças a Deus por ele sertão belo! O nosso coração nunca sepode alhear da sorte dos homens,das mulheres e das crianças a quechamamos nossos irmãos eirmãs. O nosso coração, o coraçãoda Igreja, está no Mundo em quevivemos, cuidando da Criação e dospobres, como nos recomenda oPapa Francisco.Esse coração é amor, porque Deusé amor (I Jo 4,8b). O termolatino caritas - ‘caridade’ - fala-nos

de um amor que faz viver, que dásem esperar recompensa. Caridadeé o nome dado a uma liberdade quetorna mais livre a vida do outro.Caridade é o nome dado a uma vidaentregue que torna mais viva a vidado outro.O coração da Igreja é caritas.A Cáritas é o coração da Igreja noMundo.

D. José Traquina, Bispo Auxiliar deLisboa

Membro da Comissão Episcopal daPastoral Social

Responsável pelo acompanhamentoda Cáritas

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Desemprego endémico... invencível?

Difundem-se regularmenteestatísticas sobre o desemprego emgeral, o desemprego de jovens, ode longa duração... Verifica-se, comenorme preocupação, que osnúmeros são muito elevados e quenão se observam tendências parauma diminuição convincente. Atéexistem motivos fundamentadospara surgirem agravamentos dasituação

atual; a competitividade económicaglobal, os aumentos deprodutividade, o desconhecimentode oportunidades de negócioslucrativos, as dificuldades definancimento, as crises económico-financeiras... constituem algunsexemplos que ameaçam gravementea solução dos problemas deemprego. Em rigor, impõe-se falarde desemprego endémico, inserido

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na economia e na sociedadeportuguesas, com a ameaça decontinuar indefinidamente.Abundam as medidas de política deemprego tomadas pelos diferentesgovernos; e abunda também onúmero de empresas e de outrasorganizações que vêm criando emantendo elevado número depostos de trabalho. Até 2020, o paísbeneficiará de apoios comunitáriosmuito avultados, que virão contribuirpara a solução de inúmerosproblemas. No entanto, mesmo quesejam bem aplicados, nãoresolverão todos os problemas, eprovavelmente deixarão um vaziofinanceiro incontrolável depois de2020, com graves consequênciaseconómico-sociais.No meio de tamanha gravidade, échocante que não sejam adotadasas medidas que estão ao alcancede todas as populações, mesmosem recursos financeiros. O PapaJoão Paulo II, em consonância coma Organização Internacional doTrabalho (OIT) e com outrasentidades, recomendou umaverdadeira «planficação global», afavor da solução dos problemas de

emprego (encíclica LaboremExercens, 1981, nº. 18). Estaplanificação, em vez de marcadapela «centralização», basear-se-iana «iniciativa das pessoas, dosgrupos livres, dos centros e doscomplexos de trabalho locais (...)»; edeveria ser indissociável da«solicitude», também «global»; nofundo, seriam as populações e suasorganizações com as autarquiaslocais e com o Estado central que, apartir da base, tomariam consciênciados problemas de emprego e daspotencialidades de solução, etomariam as iniciativas necessáriaspara as respetivas soluções. OPapa Bento XVI recordou, em 2009,que o seu «predecessor (...) lançouum apelo (...) para uma «coligaçãomundial em favor do trabalhodecente», encorajando a estratégiada OIT» (encíclica Caritas inVeritate, nº. 63). Infelizmente, entrenós, as autoridades, a sociedadecivil e os cristãos têm ignorado estaestratégia e aquele apelo. Atéquando?

Eugénio FonsecaPresidente da CáritasPortuguesa

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Coimbra: Apoio à classe médiaé «grande preocupação» da CáritasA Cáritas Diocesana de Coimbraestá a direcionar grande parte doseu apoio social na região para achamada classe média, parafamílias que devido à criseperderam quase tudo e ficaram em“situação de insolvência”económica.Em entrevista à Agência ECCLESIA,a coordenadora do Centro de ApoioSocial da Cáritas Diocesana deCoimbra frisa que este setor é demomento uma “grandepreocupação” da instituição e porenquanto “não se percebem sinaisde retoma”.“São pessoas, muitas delas comformação superior, empresários quese viram numa situação complicada,que fogem àquele padrão depobreza, que até têm algunsrendimentos mas que não sãosuficientes para responder às suasnecessidades”, realça Ana PaulaCordeiro.Depois de atingirem um certo nívelde vida, e terem assumidodeterminados compromissos, com acompra de “casa, carro”, a criaçãode “empresas”, estas pessoascaíram de repente “numa situaçãocomplicada que não é fácil deresolver”.Grande parte dos apoios vão para

o pagamento de contas, sobretudode eletricidade, luz, gás e água,rendas, condomínios e impostossobre imóveis.Também para a alimentação,vestuário e compra de livros ematerial escolar. Ainda na áreaescolar, a procura de ajuda naalimentação aumenta no verão paradar resposta aos filhos que estãoem casa.“Ao contrário do que nós queríamose gostaríamos, as necessidadesmantêm-se e até há pessoas arecorrer pela segunda e terceiravez, não vemos grandes melhorias,infelizmente”, descreve aresponsável pelo Centro de ApoioSocial da Cáritas Diocesana deCoimbra.O peditório público da Cáritas localvai reverter, como tem acontecidonos últimos anos, a favor dotrabalho deste centro,especialmente direcionado para“atender situações de carências naclasse média que não cabem nasrespostas sociais”.Ana Paula Cordeiro realça o factode estas famílias serem por um ladoas mais carregadas em termos deencargos por parte do Estado

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e depois quando precisam “não têmas respostas necessárias”.“Elas não reúnem condições parater qualquer tipo de apoios, não têmabonos familiares, não podemrecorrer a um fundo de apoio social,não têm direito a uma simples tarifasocial porque já atingem um certopatamar de rendimentos”, recorda.Recorrem ao Centro de Apoio Socialda Cáritas de Coimbra pessoas “em

situação de carência pontual, dedesemprego ou a aguardarsubsídios de desemprego e emsituação de baixa médica”.O objetivo é “ajudar a minimizar asconsequências”, aponta Ana PaulaCordeiro.“Às vezes até o simples ouvir, oencaminhar para um gabinete deinserção profissional, para umaconselhamento jurídico, bastapara

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resolver algumas situações. Claroque há situações em que isso não ésuficiente, ou em que os apoiospecuniários também não sãosuficientes, mas ajudam a minimizaressas dificuldades”, acrescenta.“Há pessoas a recorrer pelasegunda e terceira vez” e atingidaspor uma cada vez maior fragilidadee desmotivação”, sobretudo aquelascom “40, 50 anos, que se veem emsituação de desemprego”.“Não conseguem encontrartrabalho

porque já são velhas para trabalhare cada vez mais novas parase reformar”, sublinha Ana PaulaCordeiro.O caso de Maria José Castroenquadra-se nesta situação e tevede recorrer ao apoio da Cáritasquando ficou desempregada, aomesmo tempo do seu marido.Destaca a importância do Centro deApoio Social para “que as pessoasse enquadrem, se sintam bem e nãomarginalizadas”.

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“Normalmente as pessoasidentificam este tipo de instituiçãocomo uma resposta a questõeseconómicas, somente, e não é issoque se passa, há todo aquelecomplemento social e de inclusãoque aqui em Coimbra funciona muitobem”.Com o suporte do Centro, MariaJosé Castro ganhou inclusivamenteforças

para, quase 30 anos depois, seaventurar novamente no estudopara tirar uma pós-graduação emEnsino Especial, que ainda está afrequentar.“Espero concluí-lo com uma boamédia, não só como realizaçãopessoal, que é uma área que eugosto, como também por outrasportas que se poderão agora abrir”,conclui.

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Semana Cáritas marcadapor um vasto programa nas diocesesO lançamento de um projeto parafamílias em situação devulnerabilidade social, e jornadas dereflexão sobre migrações erefugiados, tráfico humano eprostituição, são algumas dasatividades que marcam a SemanaNacional Cáritas deste ano, entre osdias 22 e 28 de fevereiro, além do játradicional peditório público por todoo país.Subordinada ao tema “Cáritas:Coração da Igreja no Mundo”, oinício das atividades vai serassinalado este domingo, dia 21,com uma eucaristia presidida por D.José Traquina.O vogal da Comissão Episcopal daPastoral Social e MobilidadeHumana, e responsável peloacompanhamento da Cáritas, vaicelebrar missa a partir das 11h00 naigreja da Paroquia dos Navegantes.Como habitualmente, a SemanaNacional Cáritas vai ser marcadapela promoção de um peditóriopúblico um pouco por todo o país,entre os dias 26 e 28 de fevereiro.Além disso, ao longo da próximasemana serão várias as iniciativas

a decorrerem nas dioceses, porexemplo em Lisboa onde a 24 defevereiro teremos uma manhã dereflexão sobre “a Europa, asMigrações e o Interculturalismo”, noCentro Cultural de Cascais, entre as9h45 e as 13h00.Além disso, destaque também aolongo da Semana Nacional parauma exposição fotográfica itineranteque mostrará toda a atividade daCáritas Diocesana de Lisboa etambém uma exposição de obras dearte para venda às populações.O resultado desta venda vaiacumular com o total do peditórionacional da Cáritas Portuguesa, queeste ano reverte em grande partepara o apoio aos refugiados.Em Setúbal, a Cáritas Diocesanapreparou um vasto programa deeventos, que inclui no próximodomingo a realização do II Torneiode Futsal Semana Cáritas, a partirdas 14h30, no Pavilhão AntónioVelge, do Vitório de Setúbal.Na segunda-feira tem lugar ainauguração da exposição “Cáritas:Coração da Igreja no Mundo”,

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que pretende ser um “olhar para osproblemas do Mundo”, no átrio doHospital de S. Bernardo.Depois, no dia seguinte às 21h00,será aberta uma tertúlia sobre“Como enfrentar as adversidadesda vida?”, que terá comoconvidados Irene Marques, JohnsonSemedo e Mickael Salgado, emrepresentação da Associação Valede Ácor.

Um evento na sala da igreja JoãoBatista Scalabrini, na Paróquia daAmora, com moderação de PauloRocha, diretor da AgênciaECCLESIA.No dia 24 de fevereiro, pelas 11h00,vai ser inaugurado o “Espaço comCor” na sede do Projeto deIntervenção Familiar “Laços comCor” direcionado a famílias emsituação de vulnerabilidade social.

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Uma iniciativa também aberta a todaa comunidade, na Rua do AntigoOlival, Bairro da Bela Vista, emSetúbal.A meio da tarde, a partir das 15h00,começam as 24h00 para o Senhorda parte da Cáritas Diocesana, comuma celebração eucaristia naCapela do Centro Social S.Francisco Xavier.

Quinta-feira, dia 25 de fevereiro, às18h00 no Salão Nobre da CâmaraMunicipal de Alcochete vai decorrero colóquio “Vestir os nus” – Ainda sejustifica esta obra de Misericórdia?Seguir-se-á uma intervenção dopresidente da Cáritas Diocesana deSetúbal e também responsávelnacional, Eugénio Fonseca.

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Ainda no mesmo dia, o salão nobreda Câmara Municipal de Alcochetevai ser palco de uma assinatura deprotocolos entre a autarquia local,um grupo comercial e uma empresade recolha, tratamento ecomercialização de roupas usadas.Pelas 21h00, no Externato Frei Luísde Sousa, em Almada, vai decorrerum colóquio sobre “Tráfico Humanoe Prostituição”, a propósito do livro“Procissão dos Passos”, do padreAbel Varzim.O evento contará com intervençõesda irmã Júlia Barroso (Teresiana) edo professor Juan Ambrósio, daUniversidade Católica Portuguesa,com moderação de António Soares,do Fórum Abel Varzim.No dia 26, também na Diocese deSetúbal, o padre Miguel Alves, daparóquia de Nossa Senhora daAnunciada, vai presidir a uma via-sacra com início previsto para as21h00.Prosseguindo no programa,chegamos a sábado dia 27 defevereiro, que na diocese sadina vaiser marcado por uma recolha deroupa entre as 10h00 e as 17h00 epela animação de rua, ao longo daAvenida Luísa Todi, comparticipação de tunas académicas

e de outras instituições culturais erecreativas da região.A organização adianta que, caso ascondições climatéricas assim oobriguem, esta atividade serátransferida para o Pavilhão 3, juntoà Doca de recreio das Fontainhas. No domingo, dia 28 de fevereiro,data do encerramento da SemanaNacional Cáritas, vai decorrer emSetúbal, nos centros paroquiais doMontijo e de Alhos Vedros, umacolheita de sangue entre as 9h00 eas 13h00.Pelas 11h00 teremos umacelebração eucarística presidida porD. José Ornelas Carvalho, bispo deSetúbal, na Igreja de Nossa Senhorada Conceição.A missa vai ser seguida de umasessão de reconhecimento acolaboradores da Cáritas diocesanapelos seus 25 anos de serviço.Na Diocese de Coimbra, oorganismo começou a preparar aSemana Nacional e o peditóriopúblico com o lançamento dainiciativa “Quanto vale uma moedapara quem precisa?”, que éacompanhada por um vídeo queapela às pessoas para queparticipem como voluntários nesta eem outras atividades da Cáritas, aolongo do ano.Para isso, basta enviar um emailpara [email protected] Diocese do Porto, destaque no

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dia 28 de fevereiro para umacelebração eucarística na Igreja daTrindade, na Cidade Invicta, pelas17h00.O organismo católico sublinha aindaa importância do peditório nacionalque vai decorrer nas grandessuperfícies comerciais da região.“Sendo uma das grandes fontes derendimento da Caritas Diocesana, éfundamental que seja uma iniciativade sucesso e, para tal, contamoscom a ajuda de todos”, salienta aCáritas do Porto que está à procuratambém de voluntários para arecolha dos donativos.Os interessados deverão contactarcom a Cáritas Diocesana do Portoatravés dos números 225 024 467 e936 179 768, ou então recorrendoao email [email protected]çando para a Arquidiocese deBraga, que destaca a importânciada Semana Nacional para “adivulgação do trabalho realizado e arecolha de verbas que permitam odesenvolvimento e o funcionamentode ações e serviços” da Cáritas emtodo o território português.“É a partir do apoio financeiroresultante da colaboraçãogenerosa,

de pessoas e organizações, que aCáritas ganha vida e assegura oseu trabalho ao nível da inserçãosocial de todos aqueles que seencontram em situação dedesfavorecimento e exclusão social”,recorda o organismo.Seguindo mais para a região litoralnorte, encontramos a Diocese deViana do Castelo, cujo dia Cáritasvai ser assinalado no dia 27 defevereiro, pelas 19h00, na Paróquiade Potuzelo, em Ponte de Lima, comuma missa presidida pelo bispolocal, D. Anacleto Oliveira.No final da celebração, vai ter lugara instituição da nova CáritasInterparoquial de Arcozelo,Bertiandos, Santa Comba e Sá, doArciprestado de Ponte de Lima.Este ano, “na procura de apoiaralgumas das carências da pessoahumana”, a Cáritas Diocesana vaidoar cerca de 500 euros a cadaarciprestado, “para beneficiarfamílias carenciadas, noivos,crianças, idosos”, aguardando paraisso também as “propostas” deajuda que possam surgir dascomunidadesMais a sul, na região alentejana, aCáritas Diocesana de Beja exortatodas as pessoas a participarem e

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contribuírem no peditório públiconacional, que em 2015 permitiu àorganização sociocaritativa localangariar mais de 18 mil euros,Uma verba que foi colocada àdisposição dos mais de 5000beneficiários que a Cáritas tem, emtodo o território bejense.“Este deve ser um compromisso

nacional, assumido por todosaqueles que procuram umasociedade mais justa, maisequitativa, mais fraterna. Um gestode solidariedade e decorresponsabilidade”, frisa a Cáritasde Beja, que também procuravoluntários para a sua causa, quepodem inscrever-se através docorreioeletrónico [email protected].

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Outra Cáritas Diocesana que vaipromover atividades, ao longo daSemana Nacional, é a CáritasAçores que no dia 26 de fevereiro, apartir das 21h00, vai realizar umespetáculo solidário no CentroCultural e de

Congressos de Angra do Heroísmo,na Ilha Terceira.Os bilhetes, com o valor simbólicode “6 Solidários”, podem seradquiridos diretamente no CentroCultural e de Congressos Angra doHeroísmo, na

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bilheteira online do mesmoorganismo ou junto da Cáritasatravés do telefone 295 212 795.O valor da venda dos bilhetes vaiservir para apoiar a Cáritas local noseu projeto “Sempre mais próximodo próximo”.

No último ano, a Unidade deAtendimento Social da Cáritas daIlha Terceira registou no total 2039atendimentos, incluindo 867famílias, e distribuiu 1409 cabazesalimentares, entre outros tipos deapoio.

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Solidariedadecom as vítimas do mau tempo

O presidente da Cáritas Portuguesaenviou uma mensagem desolidariedade às vítimas do mautempo que na última semana atingiuvárias regiões do país, sobretudono centro, e apelou à intervenção“célere” de autoridades oficiais eempresas seguradoras.

Eugénio Fonseca manifesta àsCáritas Diocesanas de Aveiro, deCoimbra e “outras onde tenhamtambém existido ocorrênciasisoladas” a disponibilidade daorganização nacional “para asapoiar na solidariedade efetiva comos agregados familiares maisempobrecidos e que não tenham

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acesso a qualquer forma de auxílio”.“Deixamos às vítimas destainclemência natural uma palavra deencorajamento para reorganizaremas suas casas, os seus locais detrabalho, o cultivo dos seuscampos”, acrescenta a nota.A Cáritas Portuguesa manifesta asua solidariedade para com “todasas famílias que estão a sofrer danosmateriais e momentos aflitivos,agravados pelo receio da incertezade mais intempéries”.Para a organização católica, éimportante instaurar uma cultura deprevenção de desastres naturais emPortugal, “para não se andarsempre a remediar e mal”,alertando, por exemplo, para as“sujidades dos rios e ribeiros”, a“produção e/ou acumulação de lixosem lugares impróprios”.“A Cáritas não pode dispensar-sede

integrar na sua missãofundamental o cuidado da natureza,aplicando as orientações que nosúltimos anos têm sido,oportunamente, indicadas pelasinstâncias competentes e peloMagistério da Igreja”, explicaEugénio Fonseca.O responsável deixa votos de queos líderes da comunidadeinternacional implemente, “comverdadeira determinação”, asdecisões que têm tomado nas váriascimeiras ambientais, em particularna última Conferência sobre asmudanças climáticas (COP21),realizada em Paris.“Esta Conferência chegou a serdesignada como um acontecimento‘histórico’ pela generalidade doslíderes mundiais. Oxalá que o seja,exigindo, por isso, maior verdade etransparência na aplicação dasmedidas aprovadas”, refere.

“Esta degradação é causada por razões económicas e de segurançamilitar desproporcionadas, com o objetivo de manter níveis de consumoque gerem lucros desmesurados e em benefício de cerca de 1/3 dahumanidade, como assegurar a proteção dos países mais poderosos,com a criação de armas atómicas com capacidades destruidorasincalculáveis”.

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Semana Nacional Cáritas21 a 28 de fevereiro 2016

Cáritas: Coração da Igreja noMundo é o lema escolhido pelarede Cáritas em Portugal para aSemana Nacional Cáritas quedecorre entre os dias 21 e 28 defevereiro.Para assinalar o início destasemana, no dia 21 de fevereiroserá celebrada uma Eucaristia,presidida por D. José Traquina,Bispo Auxiliar de Lisboa e vogal daComissão Episcopal da PastoralSocial e Mobilidade Humana, naIgreja de Nossa Senhora dosNavegantes, às 11 horas, emLisboa.Durante esta semana, as vinteCáritas Diocesanas têm prevista adinamização de diferentesiniciativas (consulte aqui) queculminarão, à semelhança dos anosanteriores, no Peditório Público,que decorre entre

os dias 25 e 28 de fevereiro emtodas as capitais de distrito;superfícies comerciais de norte a suldo país; e em todas as dioceses.O peditório pretende contribuir para otrabalho que a Cáritas desenvolve,renovando diariamente o compromissoque assumiu há 60 anos – estar dolado dos mais pobres.Para Eugénio Fonseca, Presidente daCáritas Portuguesa, “este deve ser umcompromisso nacional, assumido portodos aqueles que procuram umasociedade mais justa, mais equitativa,mais fraterna. Um gesto desolidariedade e de co-responsabilidade”. Acompanhe todas as atividades em:www.facebook.com/caritasportuguesawww.instagram.com/caritas_portuguesa

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Nesta quaresma: Leva contigo a tuaoração!www.passo-a-rezar.net Iniciamos no passado dia 10 defevereiro mais uma quaresma e oPapa Francisco escreveu-nos nasua mensagem que este “é umtempo favorável para todospoderem, finalmente, sair da própriaalienação existencial, graças àescuta da Palavra e às obras demisericórdia”. Considero que umadas melhores formas de nosprepararmos para a Páscoa doSenhor, é através da oração emeditação pessoal. Apesar de jánão ser a primeira vez que oaconselho, torna-se inevitável que,mais uma vez, faça a sugestão devisita atenta e cuidada ao sítio desteextraordinário projeto católiconacional sustentado na internet,lançado em fevereiro de 2010.Este projeto inspirado no sítio pray-as-you-go (originalmente concebidopelos Jesuítas Ingleses) daresponsabilidade do Apostolado daOração, pretende “chegar à culturada vida daqueles que rezam todosos dias e que, no encontro comJesus Cristo, ganham força paratransformar o mundo”.

O conceito subjacente a esteespaço virtual passa peladisponibilização de um ficheirogratuito em formato de áudio, quepode ser guardado no computador edistribuído pelas diferentesplataformas (Windows, Linux,android, ios) e dispositivos (email,leitor de música digital, pen drive,smartphone, tablet, etc.). Estearquivo áudio é composto por “umaprece diária de 10 a 12 minutos,com música de fundo, introdução,uma leitura – normalmente oEvangelho do dia – e pontos deoração inspirados na espiritualidadede Santo Inácio de Loyola”. Casopretenda automatizar a descargaregular das orações diárias, bastaefetuar a subscrição do podcast,que “em vez de irmos ao sítio buscarum ficheiro diária ou semanalmente,pode-se deixar o dispositivo depodcast (software) fazê-loautomaticamente”.Logo na página inicial temos aodispor os registos áudio dasorações distribuídas pelos dias dasemana de segunda a sexta, sendoainda permitido a possibilidade dedescarregarmos um ficheiro únicoque é composto por todas asorações

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dessa semana. No item “quemsomos”, ficamos a conhecer aequipa que compõe este projeto dainiciativa do Secretariado Nacionaldo Apostolado da Oração, uma obrada Companhia de Jesus (jesuítas)que se dedica à promoção daoração pessoal.Em passos diários obtemos oresumo da oração proposta paracada semana. Podemos saber quemescreveu as meditações, quais sãoas leituras bíblicas e ainda quais ascomposições musicais que fazemparte da cada oração diária.

Por último caso pretenda ir maisalém das meditações diáriaspropostas pode sempre aceder aoitem “passos para mais”. Aí dispõede vários retiros em formato digitalpara as mais variadas alturas doano ou da vida.Fica lançado o repto para queaceda diariamente, durante estaquaresma, a este espaço virtual,porque podemos sempre adaptar anossa oração pessoal “àscircunstâncias da vida de todos osdias e à exigência de mobilidadeque nos caracteriza”.

Fernando Cassola Marques

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II Concílio do Vaticano: O olharvisionário de D. Manuel Falcão

O II Concílio do Vaticano e os atos preparatóriosentraram na casa dos portugueses e na comunicaçãosocial devido ao zelo pastoral e ao olho visionário deD. Manuel Franco Falcão. Não foi o único, mas a elese deve muito do que se noticiou em Portugal sobreeste acontecimento magno da Igreja.Falecido a 21 de Fevereiro de 2012, o bispo eméritode Beja teve um passado glorioso na imprensa deinspiração católica. Fundou o Boletim de InformaçãoPastoral (BIP), em Maio de 1959, no seguimento dacriação pelo episcopado português (Janeiro domesmo ano) do Secretariado de Informação Religiosa.O então padre Manuel Falcão, mais tarde cónego doPatriarcado e, posteriormente, bispo auxiliar de Lisboateve um papel central na divulgação do II Concílio doVaticano no nosso país. Através da sua pena, talcomo dos diversos colaboradores, as notíciasconciliares chegam aos lares dos portugueses.Este órgão surgiu numa época exaltante que coincidiucom o anúncio da convocação do Concílio, com a suarealização e com os primeiros passos orientadoresdeste ato eclesial. Teve o seu fim em 1970, com umnúmero duplo. Nesse editorial lia-se: “O que se passaé que o BIP de facto nunca foi um órgão deinformação das vicissitudes da vida da Igreja. O quese passa é que não podemos ser nós os responsáveispela eventual definição de uma política pastoral quenão está feita e cuja existência faz «perder o pé»”.(Osório, Rui; In: Voz Portucalense 29 Fevereiro de2012).

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Ficou a confissão do sonho porrealizar: “(…) desejaríamos que oBIP fosse de verdade um espelhofiel da Igreja em Portugal. Nãoapenas nas falhas confessadas enas lacunas insofridas, massobretudo na coragem de ver ossinais que já não falam e navontade de ler, em coerência, osnovos sinais que têm coisas paradizer”.Não se pode afirmar que D. ManuelFalcão tinha o «dom» da sinestesia,mas quando pronunciava aexpressão «II Concílio do Vaticano»,o prelado saboreava o conteúdo evisualizava a sua concretização.Como dizia no editorial do BIP nº 16(Janeiro-Março de 1962), o ano doConcílio ficará “na história da Igreja

como marco miliário a assinalaro termo de uma época e o início deoutra. Não cremos haver exagero aoatribuir extraordinária importânciahistórica a este acontecimento,desde que o vejamos comoexpoente máximo e símbolo doesforço em que a Igreja há muitoestá empenhada por marcarpresença, sempre operante, nummundo em transformação”. O últimoparágrafo é sintomático: “Nós,cristãos de 1962, temos aresponsabilidade e a honra de viveruma das grandes horas da vida dahumanidade e da vida da Igreja.Para bem cumprirmos, temos deentrar plenamente nas vistas e noespírito do Concílio”.

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fevereiro 2016 20 de fevereiro. Fátima - Formação de docentes daEscola Católica sobre «Evangelizare (é) educar?» . Portalegre - Vila de Rei -Assembleia diocesana da PastoralSocial e Mobilidade Humana com otema «A misericórdia, coração daidentidade cristã» . Lisboa - Casa Regional dosMissionários da Consolata -Curso das Escolas de Perdão eReconciliação (Módulo do CursoReconciliação) – termina a 21 defevereiro . Algarve - Peregrinação jubilar doSeminário de Faro ao Santuário deNossa Senhora da Piedade (Loulé)para testar o Caminho CentralPortuguês para Santiago deCompostela desde Faro . Fátima - Encontro de estudantesuniversitários promovido peloServiço Nacional da Pastoral doEnsino Superior . Aveiro - Seminário de Santa JoanaPrincesa, 09h30 - Atividade

«(Em)Forma» para os educadorescristãos com o tema «Sermisericórdia» promovida peloSecretariado Diocesano da PastoralJuvenil . Lamego - Centro Pastoral deAlmacave, 09h30 - Dia do catequistada Diocese de Lamego comconferência de D. António Coutosobre o Ano da Misericórdia . Coimbra - Seminário Maior, 10h00- Dia diocesano do acólito . Covilhã - Igreja de São Martinho,12h00 - Encontro dos antigosalunos da Universidade BeiraInterior (BI) com o bispo da Guarda,D. Manuel Felício . Fátima - Casa das Candeias,17h00 - Sessão de lançamento dolivro «A Missão de Francisco», deMaria Teresa Maia Gonzalez,integrado nas celebrações do diados Pastorinhos . Coimbra - Instalações da Confrariada Rainha Santa Isabel (Mosteirode Santa Clara-a-Nova), 17h30 - Conferência quaresmal sobre «Darbom conselho - Ensinar osignorantes - Corrigir os que erram»por Manuel

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A. Rodrigues e promovida pelaConfraria da Rainha Santa Isabelem colaboração com a Paróquia deSanta Clara . Lisboa - Estoril (auditório SenhoraBoa Nova), 19h00 - Iniciativa «Faith's Night Out 2016»onde doze oradores fazemconferências de sete minutos sobrediferentes temas de fé . Porto - Casa da Música, 22h30 - Concerto solidário para angariaçãode fundos para a população sem-abrigo da cidade do Porto epromovido pela Santa Casa daMisericórdia 21 de fevereiro. Semana nacional sobre «Cáritas:Coração da Igreja no Mundo» (até28 de fevereiro) . Leiria – Amor - Dia do fundador doEscutismo e entrega dos prémiosrelativos ao concurso de artesplásticas . Setúbal - Almada (Seminário deSão Paulo), 15h00 - Encerramento (início a 14 defevereiro) das Jornadas diocesanasde Arte Sacra

. Lisboa - Igreja de S. Roque até àigreja da Graça, 15h00 - Procissão do Senhor dos Passos da Graçapresidida por D. Manuel Clemente . Braga - Santuário do Sameiro,15h00 - Concerto quaresmal noSantuário do Sameiro . Setúbal - Almada (Santuário deCristo Rei), 15h30 - Catequese Quaresmal de D. JoséOrnelas, bispo de Setúbal . Lisboa - Loures (Igreja de SantoAntão do Tojal), 16h00 - Apresentação do livro«Responsórios de Semana Santa: a3 vozes iguais, compostos pelopadre Pascal Piriou» . Coimbra - Seminário Maior, 17h00- Concerto solidário com a orquestrade sopros de Coimbra . Porto - Carvalhos (Santuário doCoração de Maria), 17h30 - Conferência quaresmal sobre«Misericórdia - Acolhimento eSacramento da Reconciliação» porfrei Bento Domingues e promovidapelos Missionários Claretianos

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Esta sexta-feira, às 11h30, na sala EC105 daUniversidade Católica do Porto decorre o debatesobre «União Europeia, migrações e refugiados» comos eurodeputados Carlos Coelho e Francisco Assis ecom o testemunho pessoal de Mariana Barbosa,docente da Faculdade de Educação e Psicologia. Jáem Lisboa, no Auditório da Biblioteca da FCT-Nova,pelas 17h00, acontece o Seminário sobre «Migração eIntegração - Desafios e mudanças para Portugal numcontexto europeu». Na Ilha de São Miguel, nos Açores, acontece na Igrejade São José uma Conferência sobre o culto aoEspírito Santo. Tem início marcado para as 20h00. Pelo sábado, 20 de fevereiro, acontece em Fátima, aFormação de docentes da Escola Católica sobre«Evangelizar e (é) educar?», para refletir as“preocupações, anseios e desafios” lançados peloCongresso Mundial das Escolas Católicas. De 21 a 28 de fevereiro de 2016 decorre aSemana nacional sobre «Cáritas: Coração da Igreja noMundo», seguindo o Peditório para a Cáritas, do dia25 a 28 de fevereiro. Já no dia 24 de fevereiro de 2016, às 11h00, na sededo projeto de Intervenção Familiar «Laços com Cor»,em Setúbal, tem lugar a inauguração do «Espaço comCor» direcionado a famílias em situação devulnerabilidade social.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

10h30 - Oitavo Dia 11h00 -Transmissão missa

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 13h30Domingo, 21 de fevereiro -Mensagens e gestos do Papano México RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 22 - Entrevista a EugénioFonseca sobre a SemanaCáritas Terça-feira, dia 23 -Informação e entrevista JorgeRessurreição sobre acampanha ZAP do Portal Cristo Jovem. Quarta-feira, dia 24- Informação e entrevista SandraSaldanha sobre as atividades do Secretariado dosBens Culturais. Quinta-feira, dia 25 - Informação e entrevista aAntónio Lages Raposo sobre a Editorial Cáritas Sexta-feira, dia 26 - Entrevista de análise à liturgiado II domingo da Quaresma pelo frei José Nunes. Antena 1Domingo, dia 21 de fevereiro - 06h00 - Hospital daEstefânia, onde a pastorianha Jacinta esteveinternada Segunda a sexta-feira, 22 a 26 de fevereiro - 22h45 - Quaresma: Misericórdia em meio hospitalar;caderno de oração da família Verbum Dei; NovasPistas da Via-Sacra; Repensar com a FEC;testemunho do padre confessor Paulo Coelho,dehoniano

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Ano C – 2.º Domingo da Quaresma Como é bomestar aqui! Sópode ser emDeus!

O Evangelho deste segundo domingo da Quaresmacoloca-nos no monte da Transfiguração, onde a vozvinda da nuvem pede-nos para escutar Jesus: «Este éo meu Filho, o meu Eleito; escutai-O».Prestar atenção ao que o outro diz nem sempre é fácil.É necessário estar interiormente disponível, fazer umtempo de paragem interior e de silêncio para poderdar ao outro espaço para que se possa exprimir. Semquaisquer preconceitos ou filtros… Todo o diálogoverdadeiro implica tal escuta, exige uma lenta epaciente aprendizagem do silêncio exterior, massobretudo, o que é ainda mais exigente, do silênciointerior.Hoje, trata-se de escutar o Filho que Deus escolheu.Jesus nada diz aos três discípulos. Entretém-se comMoisés e Elias, que simbolizam a Lei e os Profetas,toda a Escritura, toda a Palavra que Deus dirigiu aoseu Povo. Eles manifestam que toda a Revelação templeno cumprimento em Jesus.É preciso, pois, escutar o Filho, porque n’Eleencontramos tudo o que nos quer dizer, hoje. Nãoprecisamos de procurar novas luzes em visõesobscuras ou em revelações mal discernidas. Tudo nosé dado em Jesus, basta-nos Jesus.É essencial colocarmo-nos na escuta da Palavra que éJesus, se queremos ser verdadeiramente seusdiscípulos. Uma das grandes graças do ConcílioVaticano II foi ter dado todo o relevo à Palavra deDeus, na liturgia e na vida dos cristãos, uma Palavra areceber pessoalmente e a escutar em família, emcomunidade, em Igreja.Estamos em Quaresma, tempo favorável para noscolocarmos cada vez mais nessa escuta da Palavra.

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Oxalá possamos aproveitar paraaprofundar o nosso silêncio interior,tornando-nos mais atentos ao queJesus nos quer dizer, a cada uma ea cada um de nós, e à nossacomunidade.Em ambiente de profundo encontroorante com Deus, Pedro, João eTiago, testemunhas datransfiguração no monte Tabor,dizem o que sentem: como é bomestarmos aqui! E parece que nãotêm muita vontade de descer à terrae enfrentar o mundo e os problemasdos homens. Mas a experiência doTabor transfigura-os,

obrigando-os a continuar a obraque Jesus começou e a regressarao mundo para fazer da vida umdom e uma entrega aos irmãos.Como é bom estarmos aqui! Deveser esse o mesmo sentir nosandamentos da nossa vida decristãos. Como é bom estarmos emDeus, infinitamente misericordioso,ao mesmo tempo que estamos comos próximos que exigem o nossotestemunho de fé e caridade, deproximidade e misericórdia.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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D. Manuel Clemente iniciou um ciclode reflexões semanais sobre oJubileu

O cardeal-patriarca de Lisboa vaiapresentar durante os Domingos daQuaresma, um conjunto de seisvídeos sobre o Jubileu,apresentando as as obras demisericórdia como “um programa”de vida para cada cristão.No primeiro vídeo divulgado peloPatriarcado de Lisboa, D. ManuelClemente reflete sobre as primeirasduas obras de misericórdiacorporais “enunciadas por Cristo”no Evangelho, “dar de comer aquem tem fome” e

“dar de beber a quem tem sede”.“Corresponder às necessidadesbásicas dos nossos semelhantes éfundamental para uma vida que sequeira na esteira de Jesus Cristo epor isso uma vida propriamentecristã”, frisa o responsável católico.É por isso que, realça D. ManuelClemente, “nas comunidadescristãs, além da Palavra de Deusque se anuncia e da celebração dossacramentos e da vida litúrgica,

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há também a expressãosociocaritativa, quer na vida decada pessoa, quer nas suasfamílias, quer na atenção àsnecessidades mais concretas dosoutros”.Em causa estão “necessidadesprimárias e absolutas para qualquerser humano, que não podem ser demodo nenhum obviadas nemestragadas por qualquerespiritualismo que não asconsiderasse”, conclui.O cardeal-patriarca de Lisboa vaimarcar cada domingo da Quaresmacom uma reflexão sobre o Ano da

Misericórdia. “Em cada semana, D.Manuel Clemente, num apontamentocatequético, falará sobre as obrasde misericórdia, corporais eespirituais”, adianta o gabinete decomunicação do Patriarcado.Todos os vídeos sãodisponibilizados online na sexta-feiraanterior, através do site doPatriarcado, do YouTube, Facebooke Twitter. As reflexões, com cerca de3 minutos cada, estão tambémdisponíveis para leitura através dojornal diocesano “Voz da Verdade”.

A Diocese de Viana do Castelo vai promover o ‘Campus Misericordiae’,um fórum intergeracional de oração, de reflexão e de convívio, de doisdias, primeiro dedicado aos jovens e depois juntam-se os adultos, a 21 e22 de maio. “Propõe-se um grande encontro diocesano entre jovens eadultos, movimentos e espiritualidades onde todos se abracem e reúnamforças num testemunho comprometido”, refere um comunicado enviado àAgência ECCLESIA.O ‘Campus Misericordiae’ vai decorrer no Centro Pastoral Paulo VI, emDarque, e tem três objetivos: “Tornar a Igreja mais forte e eficaz notestemunho; Fomentar atos de justiça e equidade” e “recuperar o valordo silêncio.”

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Etiópia: 10 milhões podem morrer à fome por causa daseca

As mãos vazias de AregawiDia após dia, a vida torna-se maisinquietante para Tsega Aregawi.Esta mulher tem oito crianças paraalimentar e as prateleiras de suacasa estão vazias. Cada vez maisvazias. A terrível seca que está aafectar o país atinge já milhões depessoas. Aregawi é apenas umadelas…Os campos estão secos. Estão tãosecos que tudo aquilo que foisemeado por Tsega Aregawi nãoconseguiu romper o pó castanho daterra, emprestando algum verde àaridez da paisagem. Todos os diasesta mulher olha para esse pedaçode terreno com a expectativa de quealgum grito de vida comece adespontar. Todos os dias, Aregawivai ficando mais desesperada. Elatem oito filhos. Ainda amamenta um.Para sobreviver, já são obrigados acomer cactos selvagens. Não têmmesmo mais nada. “Nunca vi umaseca como esta em dias da minhavida. Nenhuma das sementes queplantámos cresceu. Até agora,conseguimos sobreviver comendocactos selvagens. Mas esta comidatambém secou. Tenho medo do quepossa acontecer.”Hagosa Gebru tem nove filhos.

Também ela não sabe mais o quefazer para conseguir alimentar afamília. Também ela está de mãosvazias. “Um dos meus filhos deixoude ir à escola porque já nãoaguenta um caminho tão longo.” Talcomo o filho de Hagosa Gebru,também o padre Haile Meleku, daConferência Episcopal da Etiópia,conhece muitas crianças que estãotão fracas que nem se atrevem afazer-se à estrada, seja para irem àescola, seja para frequentarem acatequese. E o mesmo se passacom os mais velhos, que deixaram,pura e simplesmente, de assistir àmissa. A viagem é longa de mais.“Muitos fiéis já não têm força paracaminhar três ou quatro horas até àigreja mais próxima.”

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Sinais de alertaA Etiópia é um país tão pobre e, aomesmo tempo tão insignificante queo mundo parece não comover-secom o que se passa por lá. Apesarde todos os sinais de alerta: Mais de10 milhões de pessoas podemmorrer devido à pior seca dosúltimos 30 anos. Esses 10 milhõesde etíopes têm nome. São pessoas.São famílias, como as de TsegaAregawi e Hagosa Gebru. Sãopessoas desesperadas por nãoterem nada para comer e que estãode mãos vazias. São pessoas queprecisam da nossa ajuda.A Igreja católica da Etiópiaconcebeu já um plano deemergência. O país está a viveruma calamidade

extraordinária, que mal cabe já naspalavras mais sombrias. Há 13dioceses mais atingidas. Distribuirágua, alimentos e medicamentospassou a ser a prioridade. AFundação AIS decidiu apoiar a Igrejada Etiópia com uma ajuda deemergência de 460 mil euros. Paraa imensidão do país, é apenas umagota de água. No entanto, estaajuda poderá significar, para muitos,a diferença entre a vida e a morte.Neste momento há 10 milhões deetíopes que podem não sobreviverpor causa da seca extrema. Sãopessoas aflitas que estão de mãosvazias e imploram a nossa ajuda.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Crianças de armas na mão

Tony Neves Espiritano

Vi muitas. Faz doer o coração. O drama dascrianças-soldado devia remexer as entranhasdos senhores que mandam no nosso mundo enão conseguem fazer dele um espaço de justiça,paz e respeito pelos mais elementares direitoshumanos. Um deles é o das crianças nasceremnum contexto de paz para brincar na rua, ir áescola, tomar as vacinas, ter alimento e roupa,amar e ser amadas. Não parece que esteja apedir nada de mais, mas há milhões de crianças,por esse mundo fora, que sentem na carne oesmagamento total dos seus direitos.Escreveu Mia Couto que ‘o pior modo de perderuma guerra é esperar eternamente que elaaconteça’. Sim, as guerras perdem-se no dia emque começam. E as crianças, por muitas razões,são sempre as maiores vítimas, porque o elomais fraco deste corrente de vida humana.As guerras são todas mais ou menos iguais.Rebentam quando as pessoas não se entendemou quando as ganâncias de ter e poderultrapassam todos os limites da decência. Desdeo seu início, os direitos humanos são fechadosnuma gaveta e ninguém mais os pratica. Nãovale a pena inventar regras para uma realidadeque nunca obedecerá a nenhuma delas. Nasguerras, instala-se a barbárie humana e vive-sea lógica do vale tudo, incluindo matar!Quando o esforço de combate é grande, todossão poucos para engrossar as linhas da frenteou reforçar as retaguardas. E aqui entram asmulheres e as crianças. Aos milhares. E valetudo.

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Longe dos cenários de combate, asautoridades morais do planeta,riscam textos belos sobre éticas evalores afins. Legislou-se há muitoque é crime entregar armas acrianças e manda-las para asfrentes dos combates. Acho lindo,mas nunca ninguém tomou istosério, porque também se diz que asguerras devem ser o último doúltimos recursos e elas rebentam, atorto e a direito, quando osinteresses falam mais alto que adignidade das pessoas.Sou a favor, cem por cento, de quese continue a gritar que é indecentee imoral utilizar crianças nasguerras. Mas também insisto nocombate à estupidez humana quequer sempre resolver de armas namão os

problemas de relação entre facçõese povos que não se entendem adialogar.Sentemo-nos. Troquemos cominteligência os nossos argumentos.Dialoguemos. Sejamos maishumanos. Assentemos a vida numabase de fraternidade universal. Demãos dadas e corações abertosconstruamos um mundo maishumano. Será isto pedir muito? Pois…as crianças soldado e todas asvítimas inocentes das guerras quegrassam por esse mundo alémagradecem o compromisso por umaterra que cumpra o sonho doprofeta Isaías, gravado no edifícioda ONU em Nova Iorque: ‘Dasespadas farão relhas de arados edas lanças forjarão foices!’.

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