vi enaps - caderno de debates - 1ª versão

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Estamosentrandonaretafinalderealiza-çãodenossoVIEncontroNacionaldaAçãoPopu-lar Socialista (VI ENAPS).Como temos afirmadoemnossasresoluções,vivemosumaricaconjuntu-radecontradiçõeselutas.Períodoemqueacrisemundial do capitalismo permanece, assim comocontinua a resistência e a luta por conquistas,presentesemtodosospovoscontraaexploraçãoetodasasformasdeopressãoutilizadaspeloca-pital.Dentrodolargoperíododeresistênciaedeestabilização da hegemonia política burguesa noBrasil,assistimostantoaumavançodaresistênciapopularcomoaumaofensivadocapital,dadireitapolíticaedoconservadorismoideológico. OfensivaquesedápordentrodogovernofederaledoCongressoNacional,mastambémemmanifestaçõesderuaedeorganizaçõesconserva-dorasdasociedadecivil.Quesedáatravésdamí-diaenochãodafábrica,doscamposeempresasemgeral. Éhoraderesponderaissocomtodanossadisposiçãodeluta,unificandotodososmovimen-tosquequeremlutarcontraaspolíticasburguesasdeajustepromovidaspelogovernoDilma,eocon-juntodepolíticasregressivaseconservadorasdesuabasedesustentaçãonoCongressoedaoposi-çãodedireita. AmilitânciadaAPSestánessalutaemto-dososlugaresondeestápresente.Masasituaçãode crise internaemqueestamosenvolvidos temprejudicadonossaatuaçãoorganizada,unitáriaecomvisibilidadenosmovimentosqueestãoacon-tecendo. Temprejudicadoporqueaconsolidaçãodeumgrupointerno-queacabousetransformandonuma espécie de corrente organizada dentro daAPS–olevouaagircadavezmaiscomooposiçãoà

políticadaAPS.Issoprejudicaquenossacorrenteexerçaplenamentenossopapel protagonistanaslutasdopovo. DesdeoVENAPSforammuitososesforçospara fortalecer política e organicamente a nossacorrentee, apósváriosanos, tivemosuma inten-savidaemnossosorganismosnacionais, comoaCNAPSeaENAPS,queprocuraramcumprirsuasfunçõeseobrigaçõesdemocráticasnadireçãodacorrente;priorizandonossa intervençãonosmo-vimentos; sem deixar de ocupar os espaços daconstruçãodoPSOLenaseleições;alémdenossaconstruçãoorgânica. Muito do que planejamos realizar não foifeitoemsuaintegralidade.Acausadistoforamfa-toresherdadosdenossasituaçãopolíticaanterior,comodebilidadespolítico-organizativas,mastam-bémporbloqueios internosàaplicaçãodenossapolítica. Mas,aoinvésdefazercríticasconstrutivas,essegrupo-fraçãofoicrescentementefazendoata-quescominverdadesdeformasectária,comoto-dosviramnastribunasporelesassinadas. Além disso, bloqueou a aplicação das po-líticas aprovadas democraticamente pelas ins-tânciasdaAPS,quenagrandemaioriadoscasosforam decididas num esforço de consenso feitopelaCNAPS.ExemplodissofoiainviabilizaçãodofuncionamentodaCoordenaçãoSindicalePopularedacorrente“AvançarnaLuta”,quepraticamentenãoexistiu,absolutamentenadafazendoemnívelnacional quase um ano depois de sua fundaçãoformal. Esse grupo foi se transformando em umaorganização própria, paralela à APS, desrespei-tando nossa democracia interna e criando me-canismos próprios, como uma direção própria,

Declaração política Da cNapS Sobre o V i eNapS

Da cNapS a toDa MilitÂNcia Da ação popUlar SocialiSta

“Instrui-vosporqueteremosnecessidadedetodavossainteligência.

Agitai-vosporqueteremosnecessidadedetodovossoentusiasmo.

Organizai-vosporqueteremosnecessidadedetodavossaforça”

AntonioGramsci

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centralização burocrática de posições do grupo,manipulando informações,comsetordecomuni-cação e diretamente nomovimento (sem passarpornossasinstâncias). NapreparaçãodoVIEncontro,nãoentre-garam as fichas de credenciamento do cadastroda APS feitas nos estados onde controlam buro-craticamenteascoordenaçõesestaduais–ouseja,fazendoumcontroleparaleloeburocratizadodemilitantescombasenumcritérioparticular(gru-pista)derecrutamento. Também não realizaram os mini cursos(impedindoqueasposiçõesoficiaisfossemconhe-cidosediscutidosportodososmilitantes,inclusi-veosdestesestados). NãoinformaramàCNAPS(nemaoconjun-todamilitância)asdataselocaisdasplenáriases-taduais,impedindoqueasposiçõesdiferentesdassuas(feitasemtribunasescritasporcoletivosoumilitantes da APS) pudessem chegar a todas/osmilitantesdestesestados–numaflagranteatitudeantidemocrática,comoseamilitânciadessesesta-dosfossemfeudosdessegrupo-fração. NoCongressodaCSP-Conlutas, assinaramteses e sepronunciarampublicamente emnomedaAPSedacorrentesindicalepopular“AvançarnaLuta”semteremfeitonenhumdebatenemnaAPSnemdaCorrentesindicalepopular(nemmes-mo uma informação do que pretendiam), numaóbviaeilegítimamanipulaçãodassiglasdenossascorrentes. Enão compareceram à reunião da CNAPSqueacabamosderealizar.Reuniãoquefoi convo-cada,combastanteantecedência,justamenteparadiscutirosproblemasdacrise,comoofatodestegruponãoterenviadoasfichasdecredenciamentodemuitosmilitantesaoVIENAPSeencontrarumasoluçãoemdiálogo.Porém,maisumavez,ogru-poagiude formasectária, edecidiuembloconãodialogarnemcompareceraestareunião,aomes-motempoemquedivulgounaslistasdaAPSquenãovaicompareceraoVIENAPScomdelegados,masapenascomobservadores.FaltaramemblocoaestaCN,comotinhamfaltadoemblocoàreuniãodaCNdejunhode2014,quediscutiuedeliberousobre a convocação do AtivoNacional Sindical ePopular.PoisNaquelaocasiãotambémestavapau-tadaadiscussãosobreasituaçãodaAPS. Essa foi a maneira que escolheram paraimpedir o debate democrático nos estados ondecontrolamburocraticamentealistademilitantes,transformando estes estados em “redutos” to-

talmente fechadosaodebatedemocrático–pois,paratirardelegados,seriamobrigadosafazerosmini cursos e plenárias para toda amilitância eabertasàpresençadetodasasposiçõesinternas.Enfim, é um Grupo que vem tentando, o tempotodo,inviabilizaroVIENAPSconstruídodemocra-ticamenteportodos,criandoobstáculosparaare-alizaçãodomesmo. Aomesmotempo,escrevemtribunasondeaverdadedosfatosestáausente.CriticamaCNAPSdenãoserdemocrática.Masosfatossãojustamen-te o oposto do que dizem. Todas as decisões daAPS foramdemocráticas. Todos os espaços sem-preforamabertos.Todasasposiçõessemprecir-cularamlivrementedentrodaAPS.Quandohouveimpedimento à discussão? Onde houve restriçãoaodebate?JustamentenosestadosondeafraçãocontrolaburocraticamenteasCEAPSenãoabreodebatedetodasasposiçõesparatodaamilitância.Ondefuncionacomoredutofechadoenãoabreasinformaçõessobreoperfildosmilitantes(quede-vemconstardafichadecadastro). Resumidamente, bloquearam a ação daComissão/CoordenaçãoNacionalSindicalePopu-lar;abandonaramnossasinstânciasdemocráticascomoaCNAPSeENAPS;efazemobstruçãoparaaconstruçãodonossoVIENAPSemconformidadecomonossoPerfildeFuncionamento. Napráticanão sónão reconhecema legi-timidadedaCNAPS,comonãoreconhecemapró-priaAPSenquantotal.Assim,aausênciadestegru-ponasplenáriaseencontrosdificultaarealizaçãodoVIENAPSenossodebateinterno,poissuapre-sençadeixariamaisnítidasasrazõesdaexistênciadessafração. Mas,mesmoassim,aparticipaçãodetodasasposiçõeseadefesadetodososprojetosdete-sesestãogarantidosnoVIENAPS– conformere-soluçõesdestaCNAPS–porobservadores,desdequesecumprammínimoscritériosjádivulgados.Apesardesuanítidaposturadivisionistaeantide-mocrática. Emquepesemtodososcontratemposcria-dos,nossoVIENAPSserárealizadoplenamente,ecumprirá toda a sua pauta prevista e deliberadaporconsenso. Nosso VI ENAPS se realiza quando come-moramos30anosdefundaçãodoMCR(Movimen-toComunistaRevolucionário),queéaorganizaçãounitáriaqueestáemnossasraízes.OMCRfoifun-dado como fusão da OCDP (Organização Comu-nistaDemocraciaProletária),oMEP(Movimento

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pela Emancipação do Proletariado) e a Ala Ver-melha, buscandonão somente unificar política eorganicamenteestastrêsorganizações,comodarumsaltodequalidadeemnossasdefiniçõespolí-ticas.Portanto,disposiçãoideológicarevolucioná-ria,unidadepolítico-organizativaequalidadenasresoluçõespolíticas,foramcritériosfundamentaisparaconstruirnossaorganizaçãounitáriadeori-gem.Foiumgrandedesafio. Agora temos outro grande desafio no VIENAPS.Precisamosajustarnossaanálisedecon-juntura enossa tática, e fazer odebatedeCons-truçãoPartidáriademodoasuperarestasituaçãointernaedefatonosconstituirmoscomoumaCor-renteNacional,quecontribuacomprotagonismonoprocessodeavançodaResistênciaPopularenadisputaderumosdoPSOL.Naessência,éodesafiopermanentedos comunistas revolucionários: uni-dadenaaçãocomumapolíticabemdefinidaco-mandandonossasações. Neste sentido, conclamamos a todas/oscamaradasacontinuarapreparaçãodenossoVIENAPS. Vamosconcluir o processo de realizaçãodosminicursoseplenáriaspreparatóriasereali-zar vitoriosamente os Encontros Estaduais. Paraisso,éfundamentalaparticipaçãodetodasetodosnaelaboraçãodepropostas,naleituraeposiciona-mentocríticodiantedetodasastribunaseproje-tosdetesequeestãosendoapresentados. Os critérios definidospara esteVI ENAPSsãoumpoucomaisrigorososdeseremcumpridosdoqueosdeoutrosencontros,comooVENAPSeosAtivos,porexemplo.Alémdisso,vemocorrendonumperíododemuitas lutasdemassas,eleiçõessindicais importantesepreparaçãodocongressodoPSOLPorisso,emalgunscasosestásendomaisdifícilcumpri-losportodasetodos. Masissosefazdentrodacompreensãodequeodesenvolvimentodonossoencontrofazpar-tedeumprocessodeesforçoparaavançaranos-saorganicidadeenossademocraciainterna-quesóépossívelcomFormaçãoPolítica;comaparti-cipaçãode todosnosdebates; eapresençamaisrepresentativadamilitânciareal;massemdeixar-mosdeteralgumaflexibilidadeparacompreenderessasdificuldades.Alémdisso,oscritérios foramiguaisparatodase todos.Por isso, todase todosquequeremconstruiraAPSestão seesforçandoparafazerumbomVIENAPS. Assim, depois desse encontro nacional,nossa militância estará compreendendo melhornossasposições,nossasdebilidadesenossosde-

safiospararesgatarnossolegadopolíticoe ideo-lógico, resolvernossosproblemase superar estacrise.Vamosconstruirnossa correnteemconso-nânciacomaconjuntura,debraçosdadoscomaResistênciaPopulareseusavanços,noBrasilenomundo.EstasituaçãoseráresolvidademocraticamentenoVIENAPS. Pois não podemos continuar numa lutainternaindefinida,quenosimobiliza,enquantoafraçãojáresolveuseusrumosemseparadodaAPS. Vamosvirarestapáginaenosconstruirdeformarevolucionáriaeunitária,comoumacorren-tenacional. Temosplenascondiçõesdefazerisso.MasénecessáriovontadepolíticadesermosrealmenteumaCORRENTEnacional.

“Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande.

Mas continue em frente”Martin luther King

ousando lutar, Venceremos!

Nos 515 anos de resistência indígena, Negra, Feminista, ecossocialista,

popular e contra todas as opressões!

Nos 30 anos de fundação do Mcr – Movimento comunista revolucionário!

construir a oposição de esquerda aos governos nacional, estaduais

e municipais e às oposições conservadoras!

por um pSol Socialista, Democrático, de lutas

e de Massas!

CoordenaçãoNacionaldaAPSAçãoPopularSocialista

SãoPaulo,14dejunhode2015

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ÍNDICE

• ConvoCatória e Critérios do vi enaPs enContro naCional da aPs ação PoPular soCialista ............................... 06• resolução da CnaPs soBre Censos não entreGues e ConvoCação de reunião da CnaPs .......................................... 09• resistir aos ataQues, lutar Por direitos e aFirMar o Psol CoMo oPosição de esQuerda ........................................ 11• ConsideraçÕes soBre a ConJuntura internaCional ..................................................................................................... 17• soBre a nova ConJuntura e eleMentos de nossa tÁtiCa ............................................................................................. 24• uMa nova Fase do iMPerialisMo? .................................................................................................................................... 32• a Crise, a dÍvida e a vida: uM olHar soBre nossa aMériCa ........................................................................................... 40• nossa Crise, Construção PartidÁria e a redeFinição dos nossos CaMinHos Para asseGurar nossa unidade e o FortaleCiMento da esQuerda ............................................................................................................................................. 61• o Que FaZer? ......................................................................................................................................................................... 68• triBuna de deBates Para o vi enContro naCional da aPs Para se aGarrar Às Beiradas e eMerGir da Crise ............. 73• triBuna de deBates, Mais uMa leitura ............................................................................................................................ 75• eleMentos Para uM Balanço da aPs................................................................................................................................. 77• tÁtiCa GloBal Para linHa de Massas, ForMação de sua vanGuarda soCial e relação CoM a vanGuarda PolÍtiCa da aPs e Psol .............................................................................................................................................................................. 85• aPs - uM Balanço Mais Que neCessÁrio! .......................................................................................................................... 95• aPs e a Construção PartidÁria ........................................................................................................................................ 103• ColoCar a aPs no seu luGar no avanço da resistÊnCia PoPular ProPosta de tese de Construção PartidÁria Para a vi enaPs .............................................................................................................................................................................. 108• a Centralidade da luta etiCo-raCial na revolução Brasileira ................................................................................... 119• Por uMa aPs FeMinista, neGra, indÍGena, PoPular e soCialista: ruMo À revolução Brasileira! ............................... 130• o Canto ineBriante dos BeiJa Flores e o JardiM das QuiMeras dos Justos - uMa ContriBuição À triBuna de teses e deBates da aPs ..................................................................................................................................................................... 136• PerFil e FunCionaMento da ação PoPular soCialista - aPs. ProPosta de atualiZação Para o vi enaPs – aGosto 2015 ......................................................................................................................................................................... 138• soBre a triBuna de deBate. resPosta Às triBunas “uMa Balanço... “ e “nossa Crise...” ......................................... 142• aPs Para os novos teMPos: vaMos de Mãos dadas ProPosta de tese ao vi enContro naCional da ação Po-Pular soCialista teMÁtiCa: PerFil e FunCionaMento .................................................................................................. 143

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1. Emreunião realizadaem6e7dedezembro,a CNAPS (Coordenação Nacional da APS) fezumdebatesobreasituaçãodenossacorrenteeconcluiupelaconvocaçãodoVIENAPS,aqualjáfoidivulgadaamplamentenacorrente.Ode-talhamentodaconvocaçãocomtodososcrité-rios foiaprovadopelaCNAPSposteriormenteem29de janeirode2015,emprimeiravota-ção,eem13defevereiroemsegundavotação.

2. Pedimosadivulgaçãoemtodasas listasesta-duais,setoriaisemunicipaisdaAPS.

3. Pauta:ConjunturaeTática;ConstruçãoPartidá-ria:APS(incluindoPerfileFuncionamento)ePSOL;Eleiçãodanovadireção.

4. Estes são os pontos gerais previstos formal-mente,masistonãosignificaqueodebatenãosejafeitocombaseemconcepçõesmaisgerais.

5. •Data:07a09deagostode2015.

6. •Local:adefinir

7. Textosparadebate: SeráabertaumaTribunadeDebates,paraainscriçãodeteseseoutrostextos que contribuampara amaior politiza-çãoeaprofundamentodosdebatesedecisões.Lembramostambémanecessidadedelerees-tudarasresoluçõesdaAPSdesde2012,espe-cialmenteasdoVENAPSedaConferênciaNa-cionaldemarçode2013,alémde resoluçõesdaCNAPSedeativosmaisrecentes.

8. Oprazopararedaçãoeregistrodetesesseráanterioràsplenáriasregionaisdosestados,ouseja,até17demaio.Tribunaspodemserfeitasedistribuídasdesdejá.Oobjetivoéquetodasas posições existentes sejam divulgadas comantecedênciademodotransparenteepossamserdefendidasapartirdasplenárias.Sempre-juízoqueodebatecontinuecomoutrostextos.

9. Todasas circularesdeconvocaçãoe informa-ção sobreoencontro,assimcomotodasaste-sesetribunasdeverãotercirculaçãoobrigató-ria em todasas listas estaduais,municipais esetoriaisdaAPSedevemchegaratodos/asos/asmilitantes.

10. eleição de delegados e delegadas:Os/asde-legados e delegadas serão eleitos/as em En-controsEstaduaisnaproporçãode1para15presentes em condições de voto, commais 1a cada fração de 8. Estados que tenhampelomenos8presenteselegemum(01).Com7oumenosserãoindicadosapenasobservadores/as.Tabeladeproporçãodedelegadas/os:

•08a22presentes:1delegadaoudelegado;

•23a37presentes:2delegadosoudelegadas

•38a52:3delegadosoudelegadas

•53a67:4delegadosoudelegadas

Eassimpordiante

11.Nãohavendoconsenso,os/asdelegadosoude-legadasaoencontronacionalserãoeleitosporchapa,comproporcionalidadedireta.

12. plenárias preparatórias: Os Encontros Esta-duais serãoprecedidosdePlenáriasPrepara-tóriasdemilitantesedemini-cursos.Somen-temilitantesqueparticiparemdepelomenosummini-cursoeumaplenáriaterãodireitodevotonoencontro.OsEncontrosdevemdiscu-tirapautanacionaleteraduraçãomínimadeoito(8)horas.Comcredenciamentoencerradoquatro(4)horasantesdofinaldoEncontro.

13.Onúmerodeplenáriasregionaisserádefinidoemproporçãoaonúmerodemilitantesdecadaestado,doseguintemodo:estadoscomaté30

coNVocatória e critérioS Do Vi eNapSeNcoNtro NacioNal Da apS

ação popUlar SocialiStacNapS coNVoca o Vi eNapS pará NoS DiaS 7, 8 e 9 De agoSto De 2015

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militantes,2plenárias.De31a60,3plenárias.61a100,4plenárias.Maisde100,5plenárias.

14.Asplenáriasdevemdiscutirapautanacionaleteraduraçãomínimadequatro(4)horas.Como credenciamento encerrado duas (2) horasantesdofinaldaplenária.

15. Mini-cursos:Oobjetivodosmini-cursoséres-gatarcoletivamenteasresoluçõesdoVENAPSde 2012 e da Conferência Nacional de 2013,dandomelhorescondiçõesparaosdebatesdoVIENAPS.

16.Para ter direito de voto, antes das plenáriasosmilitantesdeverãopassar tambémobriga-toriamente por uma atividade formativa (mi-ni-curso) na qual haverá apresentação dasposiçõesbásicasatuaisdaAPS.Estaatividadetambémdeveráteraduraçãomínimadequa-tro(4)horas,ecomcredenciamentoencerradoduas (2)horas antesdo final.Osmini-cursosterão acompanhamento da ENAPS, que apro-varáoconteúdopadrãodessescursosapartirdepropostadoColetivoNacionaldeFormação.Apenasos/asmilitantesquepassaremporestemini-curso serão aceitos/as com direito devotoecontarãocomoquórumnoprocessodoencontro.Os/asmilitantesquetenhampartici-padodocursoNacional-regionaldaAPSestãoliberadosdomini-curso.

17.Onúmerodemini-cursosporestadoobedece-ráamesmaproporçãodasplenáriasregionais.

18.Respeitadososcritériosdeconvocaçãoereali-zaçãodeplenáriasemini-cursos,assimcomoasdatasprevistasparaosmesmosconstantesnestaconvocação(verlistadedatasaofinal),osmini-cursospodemserprogramadospelasCEAPS(s)paradatasouhoráriosimediatamen-teanterioresaosdestinadosàsplenáriaspre-paratóriasaosencontrosestadualenacional.

19.Arealizaçãonosmini-cursos,nãoeliminaane-cessidadedequeos recrutamentos emcursosejamfeitoscomtodorigoreconhecimentodoconjuntodenossasresoluções.

20. envio de atas:Asatascom listadepresençaoficialepadronizada(queseráprovidenciadapelaENAPS)decadaetapadoprocesso,desde

osmini-cursoseplenárias,devemserenviadasnomáximoatétrêsdias(72horas)depoisdorespectivoeventoparaoendereçoqueseráde-finidoposteriormente.

21. Forma de convocação:Todasasconvocaçõesdeplenáriaspreparatórias,mini-cursoseEn-contros Estaduais, devem ser informadas nalistadaCNAPSelistageralnacionaldaAPSnainternet,demodoformal:comdata,horáriodeinícioeencerramento,programaçãoeendere-ço de realização (componto de referência) etelefonedoresponsável.Postadascom,nomí-nimo,15diasdeantecedência,comoobjetivodegarantiromaisamploediversificadodeba-teentreamilitânciadaAPS.

22. inscrições no Vi eNapS:Ainscriçãodos/dasdelegadas/osnoEncontroNacional será feitacom a comprovação dos seguintes documen-tos:ataselistasdepresençadosmini-cursos,plenárias e Encontros Estaduais; ficha de ca-dastroindividualdas/dosmilitantes;dacontri-buiçãofinanceira;dopagamentodainscrição/hospedagem;edorateio.Excetoopagamentodorateioedainscrição/hospedagem(quepo-demserfeitosnahoradocredenciamento),osdemaisdocumentosjádevemtersidoencami-nhadosanteriormentepelasCEAPS’s (confor-meitensanterioresdestaconvocação).

23.Comonosencontrosnacionaisanteriores,de-vidoàsdificuldadesextremasdedeslocamen-to,oParáterácritérioespecíficoderealizaçãodoencontroestadual,queserárealizadocombaseemdelegadas/oseleitas/osemplenáriasregionais (dificuldadesnão só estaduais,masatémesmodentrodeumamesmaregião).Nocasodeste estado, os/asmilitantes terãoqueparticipardepelomenosummini-cursoeumaplenáriaregionalqueescolheráas/osdelega-das/os ao Encontro Estadual. Cada regionalpoderárealizaratéduasplenárias.Deverãoserfeitasplenáriasem8regiões.

24. censo da militância: Haverá um censo paradefiniralistademilitantesdecadaestado.Estepassaráporduasetapas,ambascompreenchi-mentocompletodafichadecadastroindividu-aldos/dasmilitantes,quedeveráserassinadapela/omilitante. A primeira, deverá ser con-

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cluídaaté28defevereiro.Nestadata,todasasdireções estaduais deverão enviar a listagemcom a ficha individual de todos/as os atuaismilitantesdoestado.Osquenãoenviaremnãoserãoconsideradosmilitantes.Numasegundaetapa,em30demarço,ocensoserácomple-tadocomoenviodas fichasdecadastrodos/das novos/asmilitantes que estejam em fasede recrutamento e o concluam até esta data.Emambasasetapas,asfichasserãoenviadasànacionalviaasdireçõesestaduais–quede-verãoenviar tambéma listagemcompletadamilitânciaestadual.

25. Contribuição financeira dos militantes:Todososmilitantesdeverãodar contribuição finan-ceira(nosmarcosdenossadecisãojátomadaedatabelajáexistentesobreisso)depelome-nosum(1)mês.Estacontribuiçãodeveseren-viadanaíntegra(atravésdadireçãoestadual)para aENAPS, até8de junho. Somente estesmilitantesterãodireitoavotoecontarãoparaoquórum.Ascontribuiçõesdeoutrasmensali-dadespodemficarcomofinançasparaasativi-dadesnosestados.

26. Hospedagem:HaveráumlocalúnicoparaEn-controNacionaleahospedagemeoRateiodasdespesas de viagens será obrigatório.Ou seja,todos/asos/asdelegadosedelegadasdeverãoficarhospedadosnomesmolugarepagarataxacorrespondente.

27. rateio:Quanto ao rateiodo valordaspassa-gens dos/as delegados e delegadas, para ga-rantir a sua realização, será feito um cálculoaproximado, considerando preçosmais bara-tosedistânciassemelhantes.Estecálculode-terminaráovalordorateioaserpagoporcadaum/umaeserá feitosobresponsabilidadedaENAPS.Esta informaráovalor finaldo rateio10diasantesdoEncontroNacional.

28.Haverádireitodeopçãodemilitânciaparami-litantesqueestejamforadeseuestadodeori-gem, desde que estejam em listas de estadosapresentadasaté30demarçode2015.

29.Todososmilitantesdeverão receber todasasresoluções até a realização dos mini-cursos.ACNAPSdeliberaráosdetalhesdecomo istoseráfeito.

30.Casosomissos,lacunasoudúvidassurgidasnoprocessoserãoresolvidaspelaENAPS.

lista de datas importantes:

•EncontroNacional:07a09|agostode2015

•Encontrosestaduais:20|junhoa12dejulho

•Plenáriaspreparatórias:23|maioa28|junho

•Mini-cursos:18deabrila28|junho

•Entrega finaldo censo, com lista e fichade ca-dastrode todososmilitantesdecadaestado:30de março

•Entregadoprimeiropacotedefichasdecadastrodemilitantes:28defevereiro.

•Atas(comlistadepresença)dosmini-cursos,ple-náriaseencontros,devemserenviadasàENAPSaté72horasapóssuarealização.

todos os eventos devem ser informados à cNapS com 15 dias de antecedência.

Contribuição financeira deve ser enviada à eNapS até 8 de junho.

CNAPS – CoordeNAção NACioNAl dA APS oUSaNDo lUtar, VeNcereMoS!

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1. DandocontinuidadeàpreparaçãodenossoVIENAPS (EncontroNacional daAPS), a CNAPSconcluiu processo de discussão (preliminar)sobreanãoentregadecensosporalgumasCo-ordenaçõesEstaduaisefazoseguinteinformeàmilitânciadenossacorrente:

2. AExecutivaNacionaldaAPS(ENAPS)avaliouoprocessodepreparaçãodasinstânciasesta-duaisdacorrenteaoVIEncontroNacionaldaAPS,especialmentenoqueserefereaocensoda militância, conforme normas contidas emsua convocatória e, considerandoonão cum-primento dos prazos para envio do mesmo,porumaparceladascoordenaçõesestaduais,optouporrealizaraconsultaadianteexpostaaosmembrosdestaCNAPSarespeitodesseas-sunto.

3. ConformeaconvocatóriaecritériosdoVIEn-contro Nacional da APS, aprovados por estaCNAPS(emparteemsuareuniãopresencialde6e7dedezembrode2014,emparteatravésdeconsultasem listasobredisposiçõesespe-cificas), as listasdosmilitantesaptosaparti-ciparemdasdiferentesetapasdoprocessodeencontrocomdireitoavozevotoserãodefini-dasatravésdecensorealizadoemduasetapas,“ambascomopreenchimentocompletodafi-chadecadastroindividualdos/dasmilitantes”.

4. Aprimeiraetapafoiconcluídaem28defeve-reiro,finaldoprazoparaoenviodaslistagensenodia02demarçoparaoenviodoscadas-tros,dos jáconsideradosmilitantes,coma fi-chaindividualdetodos/asosatuaismilitantesdo estado.A segunda foi concluída em30demarço,finaldoprazoparaoenviodasfichasdecadastrodos/dasnovos/asmilitantes,recruta-dosatéaqueladata.Emambasasetapas,cabiaàscoordenaçõesestaduaisenviaràCoordena-çãoNacionalasfichaselistagenscompletasdamilitânciaemcadaestado.

5. Foi tambémdeliberado por esta instância dedireção nacional (CNAPS), que as listagens eas fichasdecadastro individualdeveriamserenviadasempacoteslacradosaoendereçodaSecretariaNacionaldeOrganização,BriceBra-

gato,eabertoporcomissão formadaporBri-ceBragato,RitaLimaeLujanMiranda, tendocomo suplente Carlão (ES), todos integrantesdaCNAPSnoES.

6. Masnemtodasasdireçõesestaduaisexecuta-ramtodososprocedimentosreferidos,confor-meregistrosderecebimentodemateriaisnasduasetapas.

primeira etapa

7. 1.Naprimeiraetapa,foramrecebidasrelaçõesnominais de militantes de todos os estadosondetemosaomenos8militantes(mínimoemcondiçõesdetirardelegados),sendoqueare-laçãodaBahia chegoucom5minutosdepoisdameianoite,adoParanáchegounamanhãdodiaseguinte,eadeMGchegounanoitedodiaseguinte.QuantoaoRiode Janeiro,chegaramduas relações: uma relação enviadaporGesaCorreaeoutraenviadaporCarlosFaleiro.

8. 2.Foramrecebidospacotescomfichasdeca-dastroindividualdosseguintesestados:Paraí-ba,EspíritoSanto,Bahia,SãoPaulo,Pará,Ama-zonas,MaranhãoeRiode Janeiro. SendoquedoParáchegaramdoispacotes,osegundocomfichasdeCastanhaleNordeste.DoRiode Ja-neirochegouapenasoconjuntodoscadastroscorrespondentesàlistaenviadaporCarlosFa-leiro.

9. 3. Foram também recebidos envelopes comfichasdecadastrofeitasduranteoscursosdaAPS realizados em Vitória, Belém e Salvador,quetambémserãoreconhecidos.

10.4.ChegaramoscadastrosindividuaisdeLuix,doRioGrandedoSul,edeJuazeiroRodrigo,doDistritoFederal.

11.5.Nãochegaramasfichasdecadastrodemili-tantesdosestadosdoParaná,MinasGerais,RioGrandedoNorte,Piauí,DistritoFederalepartedoRiodeJaneiro(dalistaenviadaporGesa).

Segunda etapa

12.1.Chegaramlistasefichasdecadastrodeno-vosmilitantesdoEspíritoSanto,Bahia,ParáeSãoPaulo,sendoqueoúltimoenviouocadas-

reSolUção Da cNapS Sobre ceNSoS Não eNtregUeS e coNVocação De reUNião Da cNapS

(Estaresoluçãodeveserdivulgadaemtodasaslistasestaduais,municipais esetoriaisdaAPS–esomentedaAPS)

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tronodiaseguinteaofinaldoprazo.

13.2.DaParaíba,Maranhão,AmazonasepartedoRJ(enviadoporFaleiro)chegaraminformesdequenãohouvenovosrecrutamentos.

14.3.Nãochegaramlistasnemfichasdenovosmi-litantes,neminformessobreasegundaetapadocenso,dosestadosdoParaná,MinasGerais,RioGrandedoNorte,Piauí,DistritoFederalepartedoRiodeJaneiro.

15.Comosepodever,asinstânciasdiretivasnosúl-timosestados (relacionadosno item3,acima)enviaramrelaçõesnominais,naprimeiraetapa,dosmilitantesquesereivindicamdacorrente,masoptarampornãoseguiradeliberaçãodestaCNAPS, aprovadapelagrandemaioriade seusmembros titulares e suplentes, no sentido doenvio obrigatório de suas fichas de cadastro,inviabilizando a inclusão dessesmilitantes nocensodaAPSe,porconseguinte,narelaçãodemilitantesaptosaparticiparemdoprocessodoEncontroNacionaldestacorrente.

16.Ademais,essasmesmasdireçõesestaduaisdei-xam dúvida sobre seu interesse em participarousobrecomopretendemparticipardasetapasdesseprocessoatéoencontronacionalpropria-mentedito,etaldúvidaensejareflexãosobrealegitimidadedeeventuais instânciasedelibera-çõesparalelasàsinstanciasoficiaisdaAPS,comdeliberaçõespróprias,paratratardesteeoutrosassuntos.

17.Pelo exposto, e considerando que a referidaomissãodedadosgeraumprofundoproblemapolítico e pode acarretar atrasos no calendá-riodeatividadespreparatóriasaoencontro,aENAPSinformouàCNAPSqueresolveu:

18.a)Nãoabrirosenvelopesquechegarame(não)processarocensonacionaldestacorrente.

19.b)ConsultaraCNAPSsobreoquefazer,colo-candováriasalternativas.

20.ACNAPSdiscutiuaquestãoemsualistaeemseguidafezumavotação,processoqueseini-ciounodia27/04sendofechadonodiadehoje(06/05).

21.Foiaprovadooseguinte:

22.1)Enquantonãohouverumareuniãopresen-cial, as listasdosestadosquenãomandaramasfichasdecadastrosnãodevemserreconhe-cidasparaparticipardoVIENAPS;

23.2)Comoestaéumaquestãofundamentalmen-tepolíticaedegrandegravidade,serádecididaemdefinitivonareuniãopresencialdaCNAPS;

24.3)RealizarnovareuniãodaCNAPSnomêsdejunhoemlocaledataaseremresolvidosapósestavotação(dias12e13ou19e20dejunho).

25.4)Comoanão entregadas fichas estápreju-dicando o cumprimento dos prazos, adiar oprazoparaosminicursoseplenáriasporduassemanas,ouseja,atéodia28dejunho;

26.5)Comoconsequência,decidirpeloadiamentodosEncontrosEstaduaisatéodia26dejulho;

27.6)Decidirquenãopoderãosermarcadosmini-cursoseplenáriasnodiadareuniãodaCNAPS.

28.7)ManteradatadoEncontroNacionalparaosdias7a9deagosto.

29.Estaresoluçãofoiaprovadacomovotofavorá-veldosseguintesmembrosdaCNAPS(deumtotalde15efetivos):

30.Efetivos(11):Brice,Conceição,Fernando,Ger-son, Hamilton, Jorge, Luix, Pedro Paulo, Rita,RogérioeZilmar

31.Suplentes (05): Carlão (ES), Eloy, Luis Papa,Marcos,NelsonJunior.

32.Nãovotaramnememitiramposiçãoosseguin-tesmembrosefetivos(04):Cleuza,Gesa,LujaneMoacir.

cNapS - coordenação Nacional da apS

ação popular Socialista

06 de maio de 2015

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São tempos de luta e resistência

1. O cenário mundial de agravamento da criseestrutural do capital se mantém. Conformeafirmamosemnossasresoluçõesanteriores,acriseestruturaldocapitaltemmúltiplosfato-res:econômico, político, social, ambiental, ali-mentareenergético.

2. NaEuropa,osplanosdeausteridadesãoapli-cadosembenefíciodocapitalfinanceiroedosinteressesdaAlemanhae,emmenorgrau,daFrança.Obaixocrescimentoeconômicoeoau-mentodasdesigualdadessociaisseconstituemcomopanodefundodaampliaçãodastensões,gerandomobilizaçõessociaissignificativasemdiversos países. Especialmente em Portugal,Espanha,GréciaemaisrecentementenaBélgi-caostrabalhadoreseajuventudecapitaneamlutasmassivaspelamanutençãodedireitosecontraaausteridade.

3. NaEspanhaenaGréciaobservamosocresci-mentoeleitoralsignificativodenovospartidose organizações de esquerda, tais como o Po-demoseoSyrzia.OSyrzia,apesardealgumasambiguidades,seguelutandocontraatroikaesuas imposições absurdas. O Podemos acabadesairvitoriosodeeleiçõesregionaisnaEspa-nha,sendoalçadoafortealternativaàpolari-zaçãoentreoPP(dedireita)eoPSOE(socialdemocrataqueadotouastesesneoliberais).

4. NosEUA,depoisdaforçadoMovimentoOccupy,milharesdepessoasforamasruaslutarcontraasações arbitrárias e racistas das forçasde segu-rança.Mudanças demográficas e a crise econô-micaqueaindaatingeopaíscontribuemparaaacentuaçãodosconflitossociais.Obama,apesarda ilusãodealguns,continuaapolíticaexternaagressivadosEUA,tendocomoalvosprincipaisaRússia,oIrãeaSíria,alimentandoguerrasre-gionais e civis quemuitas vezes fogem ao seucontrolecomoéocasodoIraquemaisrecente-mente, contribuindopara o surgimento e cres-cimentodoEstadoIslâmico(EI).Aeconomia,aocontrário de muitos comentaristas brasileirosque esbanjavamotimismo, voltou a apresentar

resultadonegativoem2015,comquedade0,7%doPIBnoprimeirotrimestre.

5. Mesmo com o agravamento da crise, grandeparte dos países mais diretamente atingidosporelanãotemfortesalternativasdeesquer-daoupopularcomchancesreaisdealteraracorrelação de forças. Ainda predomina umaleituracríticadifusaecombaixograudeorga-nizaçãopolíticapermanente.Asexceçõesàre-grasãoEspanhaeGrécia.Estasduasexperiên-ciastemservidodealentoparaumaesquerdaquenãoconseguiuse reconstituir totalmentedepoisdotransformismodasocialdemocraciaedaquedadoMurodeBerlim.

6. Esselimitegeraldaesquerda,apioriadoquadrosocialeadificuldadedasalternativasaosplanosde austeridade, aplicado em muitos casos porpartidossocialdemocratas, fortalece,emalgunspaíses, segmentosdaextrema-direita.Odesen-cantocomapolítica,capturadapelograndecapi-tal,especialmenteofinanceiro,geraumterrenoperigosoondegerminamgruposfascistasapon-tando falsas alternativas, como leismigratóriasmaisduras,paraasaídadacrise.

brasil: piora do quadro econômico e ampliação das lutas sociais

7. OBrasilcontinuaasofrerasconsequênciasdacriseinternacional.Os12anosdegovernospe-tistasnãomudouarotadocapitalismoperifé-rico,dependenteevulnerável.Opaísmanteve-sesubordinadoaordemglobalneoliberal.

8. Osfatoresinternacionaisquepermitiramrela-tivocrescimentoeconômicoerealizaçãodeumrebaixadopactosocial–envolvendoasprinci-paisfraçõesdocapitalcompredomíniodofi-nanceiro,segmentosdaclasse trabalhadoraedossetoresmaisempobrecidosdapopulação–encontra-seesgotado.O“boomdascommo-dities” impulsionadopelo crescimento chinêsdeclinounoiníciodadécada.

9. As medidas governamentais voltadas para omercado interno, que garantiu fôlego curto

reSiStir aoS ataqUeS, lUtar por DireitoS e aFirMar o pSol coMo opoSição De eSqUerDaPROPOSTADERESOLUçãODECONJUNTURAETáTICAPARAOVIºENAPS

RogérioFerreira

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para o modelo “neodesenvolvimentista” doPT, deparam-se com diversos gargalos quevãodesdeoendividamentogeraldasfamílias,passandopela pressão empresarial por maisconcessões governamentais e chegando até oconstrangimento orçamentário causado pelopagamento religioso da dívida pública, queconsomequasemetadedoorçamentofederal.

10.O baixo crescimento econômico que marcouo governo Dilma, e que deve permanecer nosegundo mandato, associada a má qualidadedosserviçospúblicos,apioradascondiçõesdevidanosgrandescentrosurbanoseosgastosexorbitantes com a Copa gerou, em 2013, asmaioresmobilizaçõesbrasileirasdesdeasDi-retasJá,conhecidascomoJornadasdeJunho.

11.Estasmobilizaçõesseinseriramemumquadromaisamploderetomadasdaslutasinternacio-naisedaresistênciaquevinhasedesenvolven-donopaísdesdeofinaldo2ºmandatodeLula.Todososgovernosepartidosforamdiretamen-te atingidos pelas mobilizações massivas de2013. As respostas dadas pelos governantes,fazendoconcessõesparciaisparaaspautasde-fendidasousinalizandomedidassemimpactosreais,nãoforamsuficientespararebaterodes-créditodifusoegeneralizadocomospartidos,osistemapolíticoeasituaçãoeconômica.

12.As eleições presidenciais de 2014 ocorreramnaesteiradessecontexto,massemaapresen-tação,porpartedasmaiorescandidaturas,deprojetos alternativos à ordemneoliberal pre-dominantenoBrasil.CoubeaoPSOLea can-didaturadeLucianaGenroaafirmaçãodeumprograma real de mudanças radicais para opaís.

13.Nem bem a eleição acabou Dilma (PT) deusinais das suas relações prioritárias. GuidoMantega,ministroquese“demitiuvoluntaria-mente”pelaspressõesdomercado,sinalizouocompromissodogovernocomoajustefiscaleoscredoresdadívidapública.AtaxadejurosSELIC aumentou,mantendo o Brasil com umdosmaiores juros real domundo. A pressãoporumMinistrodaFazendamaisvinculadoaomercado foi atendida.Mais privatizações sãopreparadas.

14.Ossinaisconservadorestransformaram-seemações.Aequipeeconômica–TombininoBan-co Central; Nelson Barbosa no Planejamento

eLevynaFazenda–foibemaceitapelomer-cadoeatémesmopelagrandemídia,quenãohesitouemelogiarasescolhas.Ocompromissocomaampliaçãodosuperávitprimáriofoias-sumidopelapresidentaeleita.

15.Nãoéaprimeiravezqueessamovimentaçãoocorre. Foi assim em todas as eleições presi-denciais vencidas pelo PT nos últimos anos.Posedeesquerdanosegundoturnoseguidademedidasneoliberaisnodiaseguinte.Em2003HenriqueMeirelles foi indicadoparaoBancoCentral; em 2006 seu nome foi o primeiro aserconfirmadonaequipeeconômica;em2010seupupilo,Tombini,assumiuapresidênciadoBancoCentral.Em2014, a equipeeconômicajáconhecida,oaumentodosjuros,asMPqueretiramdireitoseoscortesorçamentáriosnasáreassociais.

16.Masnãoparouporaí.OMinistériodoDesen-volvimento foi para um representante diretodaConfederaçãoNacionalda Indústria(Mon-teiro-PTB), que articulou fortemente pelaaprovaçãodoPL4330(terceirizações)noCon-gressoNacional.OdaAgricultura foiparaumadas mais simbólicas representantes do agro-negócio (Kátia Abreu-PMDB). Mas a questãofundamental é que o nome,mesmo que sim-bolicamente gere descontentamento na basedeapoiodogovernonosmovimentossociaisena intelectualidade,é irrelevante:oproblemafundamentaléapolíticaaserdesenvolvidaenessequesitooPTjácansoudemostrarparaquemgoverna.

17.ArepercussãodaOperaçãoLavaJatomostraasentranhasdocapitalismoperiféricobrasileiroeseumodusoperandi.Todososgrandesparti-dosestãoenvolvidosemesquemasdecorrup-ção.Setoresempresariaisesuasobscurastran-saçõessãocolocadas,parcialmente,amostra.Acordosdecúpulacomeçamasernegociados.Fraçõesdocapitalbeneficiadaspeloesquemacomeçamacobrara faturados investimentoseleitoraisrealizadosnasmaiorescandidaturas,especialmenteAécioeDilma.

18.Acorrupçãonãoéumpatrimôniodogovernopetista, como insinuam alguns articulistas, aoposiçãoconservadoraesetoresdaaltaclassemédia.OsescândalosnometrôdeSãoPaulo,osaeroportosfamiliaresemMinasGeraiseacons-tataçãodequeosesquemasdaPetrobrássãodelonga data são pequenas amostras de como a

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corrupçãofazpartedosistema,istoé,fazpartedaformadegeriroEstadoearticularosinteres-sesdasfraçõesdaburguesiainternaeexterna.

19.Nosmeses demarço e abril uma intensa dis-putaderuafoitravada.Deumlado,articuladaporiniciativadegruposnitidamentededireita(Revoltados On-Line, Movimento Brasil Livre,etc.)comfinanciamentos,nomínimo,suspeitoseapoiosdoPSDB,doDEMedagrandemídia.

20.Dooutrolado,ossetoresgovernistasbuscaramretomar algum protagonismo nas ruas, mascom baixa capacidade demobilização. Inicial-mente,osmovimentossociaisgovernistas-quenãoabrirammãodadefesadogoverno,implo-dindoapossibilidadedeaçõesunitáriascomossetoresàesquerda-foiderrotado.Asprimeirasmanifestações esvaziadas e burocratizadas re-fletiramestaconcepçãoerradaearrogante,quedesconsideraaindignaçãopopular.Issosetra-duziunaderrotaretumbantedogovernismona“batalha”dasruastravadaemmarço.

21.Oclimapolíticonacionalestámarcadoporfor-teinsatisfaçãocomogovernoemquasetodosossegmentossociais.Paraestasituaçãodefortedesgastedogovernoemamplossetoressociaisconfluíram:1)acriseeconômicaquepioraascondiçõesdevidadopovoedificultao“pactosocial” gestado pelo PT; 2) a amplificação dacorrupçãonogoverno,noCongressoNacional,enaprincipal empresa estatal dopaísPetro-brás – e sua relação com grandes empresas,especialmente aquelas que mais contribuemcomdoações, legais e ilegais, parapartidos ecampanhas eleitorais; 3) o fortalecimento daoposiçãoinstitucionalmaisàdireita;4)eumacrisepolíticadegovernoenasuarelaçãocomocongresso.Ogovernoviveumacrisepolíticaeparecesemumaestratégiapolíticaeeconô-micaplanejada,mascontinuaaseguiroviésdemaisneoliberalismoe retiradadedireitosdopovo,dearrochodos trabalhadorese setoresderendamédia.

22.AssimfoicomaaprovaçãodasMP664e665,restringindo direitos historicamente conquis-tados pelos trabalhadores com o argumentode“combaterdistorções”.Estasmedidas,porsisó,significamumarupturacomomodelodiri-gidopeloPT,jáquea“conciliação”declasses,baseadoemganhosextraordináriosnotopoerelativamelhoriadarendaeconsumonabase,torna-se cada vez mais instável e retrocede,

atingindo fundamentalmente o povo pobre etrabalhador.Agrandedistorçãonãoécomba-tida:destinarquasemetadedoorçamentoaopagamentoreligiosodadívidapública.

23.As perdas, devido ao agravamento da criseeconômicainterna,somadasàindignaçãocomacorrupçãoeasrespostasantipopulares,fize-ramgrandepartedopovosesentirtraídocomaspromessasdecampanhalevandoaumain-dignaçãoampla.

24.Asmanifestaçõesdemarçoeabrilforamdiri-gidasporsetoresdeoposiçãodedireita (ins-titucional,extra-institucionalemidiático),masquemfoiàsruasnãofoisomenteaburguesiaesetoresdeelitequevotaramemAécio(comodisse atabalhoadamente os ministros do go-verno), mas também setores populares queestãosentidoosefeitosdacriseesesentindotraídos(pelademagogiaeomarketing)pelaspromessasdecampanha.Porisso,centenasdemilhares(sejaqualforocálculoutilizado)fo-ramàsruas.Continuaranalisandoquesetratadeuma“revoltadecoxinhas”(emborapartedaaltaclassemédiareacionáriatenhamuitopesonessasmanifestações)eignoraracapilaridadequeestaindignaçãovemconquistandoemse-torespopulares,comobemdemonstraopesoeleitoral de Aécio nesses setores em 2014, éumerrorepetidosucessivasvezespeloPTenoqualaoposiçãoinstitucionalmaisàdireitatemconquistadoespaço.

25.Inegavelmente, os setoresquepuxaramestasmanifestaçõestiveramapoio,mesmocomam-biguidades,deliderançasdospartidosinstitu-cionaismaisàdireitaedagrandemídia.MasosprincipaisresponsáveisporsuadimensãosãoogovernoDilma,oPTeseusaliadospartidá-rios(comooPCdoB)eosmovimentosqueostemapoiadosubservientemente(comoaCUT,aCTBeaUNE).

26.Não aceitaremos e combateremos qualqueraventura golpista,mas tambémnão aceitare-mosa chantagemdodiscursogovernistaquese aproveitadealgumasexpressõesgolpistasparatentarcalarajustarebeldiadaresistênciapopular (ausentedasmanifestações convoca-daspeladireita),daverdadeiraesquerdaeosmovimentos combativos, contra sua políticaque privilegia o capital contra os interessesdostrabalhadoresesetoresmédios.Nessedes-contentamentogeneralizadocomogovernoé

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preciso separaro joiodo trigo.Compreendercomo setores de extrema-direita se utilizamdessascircunstânciasparaganharemmaisfor-çapolíticaesocial(setoresmilitaristas,daaltaclasse média, empresariais, partidários, etc.),mastambémcomoodescontentamentotemsetornadocadavezmaisamploeatingidoseto-resque,atéperíodobemrecente,forarespon-sáveisporvitóriaseleitoraisdopróprioPT.

27.Osentidogeralda indignaçãocomogovernodoPTestáemdisputa.Aesquerda, eoPSOLem particular, não pode incorrer no erro de,em nome de uma postura golpista minoritá-ria, recuar de sua postura autônoma, críticae combativa e subordinar-se ao governismo.Nemdevemosjogaráguanomoinhodascríti-casàdireitaepropostasgolpistas.Paratanto,éprecisoavançarnaunidadedossetoresautô-nomos,combativos,democráticosepopularescomumaplataformadelutasclaraefacilmentecompreensívelpelopovo.Precisamosdisputarasruas,maslutandoporavançosecombaten-do retrocessos, venham do governo, do Con-gressoNacionaloudaoposiçãomaisàdireita.

28.Vamoscontinuarna lutademassas,nasruas,disputando o legado das jornadas de junhode2013:contraoajusteantipopular,quetiradireitos trabalhistas, previdenciários e naeducação; contra a carestia e o tarifaço; pelaampliação dos direitos do povo; combatendoacorrupção,especialmentepelofimdofinan-ciamentoprivadoepelofinanciamentopúblicodecampanha;pelaauditoriadadívidapúblicaeo imposto sobregrandes fortunas; contraacorrupçãoepelaPetrobras100%estatal;peloestadolaicoecontraoconservadorismopolíti-coeideológico–particularmenteofundamen-talismoreligioso; contraa criminalizaçãodosmovimentossociais.

tempo de organizar a resistência e lutar por direitos

29.OpróximoperíodoseráderesistênciacontraosretrocessossinalizadospelogovernoepeloCongresso Nacional e de luta por direitos. Aredução da extrema-pobreza dá sinais de es-tagnação,conformerecentesdadosdoIPEA.Omercadodetrabalhopassapordesaquecimen-to,comampliaçãododesemprego.

30.AsgrevesquecrescemnoBrasilesteanovão

nosentidodeaquecimentodalutademassas.Quase todaaeducação federal já seencontraemgreveearesistênciadostrabalhadoresdosetor privado, contra a retirada de direitos epelosseusempregos,tambémganharamcorponosprimeirosmesesde2015.

31.Asmedidasgovernamentaisapontamque,nomínimo,ospróximosdoisanosserãodearro-cho. “A casa precisa ser arrumada”, afirmam.Mas,arrumadaparaquemeparaque?Osban-queiroscontinuamganhandoriosdedinheiro.Ocapitalmonopolistaseguecontandocomge-nerosoauxíliodoBNDES.

32.Poroutrolado,movimentossociaisautônomose novos ativistas seguem com disposição delutaeocupandoasruas.Alutaporreformasdecaráterdemocráticoepopularvoltaaganharforça,dessavezcomsetoresmaisorganizados,destacadamenteoMTST.

33.AresistênciaunitáriacontraoPL4330(tercei-rizações),queretardouoseutrâmitenoSena-do,mostraqueaunidadedossetorespopula-reséimportante,masnãopodeestarpautadanasubordinaçãoàagendagovernamental,nemaosprojetoseleitoreirosdoLulaedoPT.Am-bosemumdiadizemdefenderostrabalhado-reseliteralmentenooutrodia,aprovamretira-dadedireitoscomasMP664e665.

reforma política: restrição da democra-cia e manutenção do financiamento privado de campanha

34.Noúltimoperíodo, especialmente depois dasJornadasdeJunho,osmovimentossociaisqueapóiamogovernoeopróprioPTcolocaramapautadaReformaPolítica comocentral. Paranós,aresistênciacontraosataquesepormaisdireitosdos trabalhadores, juventude, indíge-nas, quilombolas,mulheres e LGBTT émuitomaisimportantedoquereformastímidasquenadamudamosistemapolíticoeeleitoralvi-ciado.

35.Porém, reconhecemos que existiram movi-mentações da sociedade civil que apresenta-ram propostas sérias visando democratizaro exercício da política, ampliando os meca-nismosdecontroleedeparticipaçãopopular,comoéocasodaCoalizaçãopelaReformaPo-líticaDemocráticaeEleiçõesLimpas.Emboranãoconcordemoscomtudoqueépropostoe

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acreditemosqueaformadelutaporsuaapro-vaçãopodeseraindamaisampla,incluindoumplebiscito,acreditamosqueaplataformaapre-sentada pela Coalização e sua forma de luta(ProjetodeLeideIniciativaPopular)éumaim-portante referênciana lutaporumaReformaPolíticadecaráterpopular.

36.AConstituinteExclusivapropostapeloPT foienterradarecentementepeloquefoiaprovadonaCâmaradeDeputados.Nasatuais circuns-tâncias históricas, essa opçãomostrou-se umequivoco.Essaproposta foiumamanobradi-versionista, istoé,usadaparatirarofocodasmedidaseconômicasregressivasedagoverna-bilidadeconservadora.

37.AReformaPolíticaaprovadaresumiu-seape-quenasalteraçõeslegaiseàtentativa,desastro-sa por sinal, de constitucionalizar o financia-mentoempresarialdecampanha.Demudançasubstancial,somenteofimdareeleiçãoeains-tauraçãodacláusuladebarreirade1%doelei-torado,feitaemacordocomospequenospar-tidosdecaráterfisiológico.OPSOLtravouumadurabatalhanoCongressoNacionalparaevitarretrocessosànossafrágildemocracia.EmboracompreendamosasdificuldadesdacorrelaçãodeforçasdoCongressoeapossibilidadedequealgopiorfosseaprovado,ovotonacláusuladebarreira,mesmopequena,arranhouaimagemdopartido.Esperamosquenasegundavotaçãodotema,essevotosejarevertido.

resistir aos ataques e lutar por reformas po-pulares

38.Devemosparticiparativamentedalutaporre-formaspopulares.Estaslutassedarãoempa-ralelo à resistência contra novos ataques. Nopróximoperíododevemosorganizarepartici-pardefrentespolíticasesociais,envolvendoospartidos de esquerda, osmovimentos sociaisautônomoseascentraissindicaiscombativas,quetravemocombatepelaampliaçãodosre-cursospúblicosparasaúde,educação,moradiaereformaagrária.

39.É fundamental assumirmos papel ativo naslutas peloDireito à Cidade.As ocupações ur-banas,reflexodacriseocasionadapelaamplamercantilizaçãodascidades,ganhamforça.De-vemosorganizarnossaatuaçãonaResistênciaUrbanaecontribuirparaaunidadeenacionali-

zaçãodestaslutas,cobrandodaesferafederalmudançasnoMinhaCasa,MinhaVida.

40.Coloca-se como necessário potencializarmosaslutasemdefesadoSUS,travandoocomba-tepormaisrecursosecontraasmedidasgo-vernamentais que mercantilizam a saúde. Ademandapordireitoàsaúdecresceemtodoopaís,masnãoencontracanalorganizadoeper-manentede luta.Atravésdossindicatosondejá temos atuação e também das centrais sin-dicaisepopularesdocampocombativo(CSP-CONLUTASeIntersindical)devemosfortalecerearticularfrentesamplasquerealizemamplosdebates e ações políticas visando a defesa eampliaçãodoSUS.

41.Alutaporeducaçãopública,gratuitaedequa-lidade tambémdeveserpartedanossa tática.Mesmo com todos os limites doPNE aprova-do, sua implantação está seriamente prejudi-cadapelasmedidasde arrochoaplicadasporDilma. Ao se comprometer com ampliaçãodosuperávitprimário, suasmetas,mesmoasmais modestas, não serão cumpridas. A lutapormelhoressaláriosparaosprofessores,exi-gindorespeitoemelhoriasnaleidopisoepormelhorescondiçõesdeensinoeampliaçãodaassistênciaestudantilnasuniversidadeseins-titutos federaisdevem fazerpartedasnossasarticulaçõeseaçõesnosmovimentossociais.

42.Tambémdevemosnossolidarizarenosenga-jarmosnalutadospovosindígenasequilom-bolasporsuasterras.O“neodesenvolvimentis-mo”petistatemsidoextremamenteagressivocontraindígenasequilombolas.DevemoslutarcontraaPEC215epelademarcaçãoimediatadas terras indígenas e quilombolas. Essa lutase trava tambémno combate à expansãodasfronteirasdoagronegócio.

43.Nossaatuaçãonomovimentonegroenainsti-tucionalidadedeveserofensivanocombateàviolênciacontraajuventudenegra.MilharesdejovensnegrosepobresmorremnoBrasiltodoanoporcontadaviolênciapolicial, racismoedaineficazguerraàsdrogas,queémuitomaisumaguerraaospobres.

44.Devemos nos engajar na luta pelos direitosdosLGBTTedasmulheres,combatendomedi-dasregressivaselutandopeloatendimentodesuasdemandas.

45.A resistência aos ataques e a luta por refor-

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mas populares passa necessariamente pelocombateaosmecanismosde transferênciaderecursos que deveriam financiar políticas so-ciais.Devemos travaro combate sem tréguasaopagamentodadívidapública, lutandopelasuaauditoriaesuspensão.

eixos da nossa intervenção na conjuntura

É necessário contextualizar os elementos geraispostos anteriormente, destacando alguns eixosquedevemmarcarnossaaçãopolíticanoperíodoequepodemmobilizarexpressivossegmentosdosmovimentossociais.Noatualperíodo,salientamososseguinteseixos:

a)Apoioeparticipaçãoativanaslutascontraosre-trocessosenasgrevesdosetorpúblico(especial-menteeducação)eprivadoqueseampliam;

b)ContraaPL4330(terceirizações);

c)PelarevogaçãoimediatadasMP664e665;

d)AuditoriadaDívidaPública;

e)AnulaçãodareformadaPrevidênciafeitacomosvotosdomensalãoecontraanovareformaemcurso;

f)Contraaprivatizaçãodasaúde,defesadoSUSepor10%doorçamentofederalparaasaúde;

g)10%doPIBparaaEducaçãoPúblicaJá;

h)Contraareformadasleistrabalhistas,especial-menteoAcordoColetivoEspecial;

i) Combate às ações privatizantes, de exclusão efaxina étnico-social e destruição ambiental nosgrandes centros urbanos e nas obras de infraes-trutura;

j)Contraoracismoinstitucional/Nãoaoextermí-niodajuventudenegra;

k)DefesadosdireitosdosPovosIndígenasedosTerritóriosQuilombolas;

l)Defesadademocracia.PorumaReformaPolíticaqueradicalizeademocraciaeamplieaparticipa-çãopopular;

m)Contraacriminalizaçãodaslutas;

n)Pelodireitoàcidade!Moradiadignaemobilida-deurbanapúblicaedequalidade.

RogérioFerreira

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1. primeira versão

Introdução

2. O objetivo desta contribuição ao VI ENAPS étocaremalgunsdostemaseagendaspresen-tesnaconjunturainternacionaldesteperíodopartindodeumaanálisecríticasobreapolíticadosEUA,deformaaenriquecernossoacúmulocoletivosobrealgunsdos temasquepoderãoseralvodedebateemnossoencontro,equemsabepossaorientaraproduçãoderesoluçõespolíticasparaoprocessocongressualdoPSOLe para nossa intervenção no movimento demassas.

3. Destaforma,nãopretendeserumtextoabran-gente,nemconstruídocoletivamente,portantoaofinaldaleituravocêssedefrontarãocomla-cunas importantesepontospolêmicos,oquenãoimpedirá,muitopelocontrário,nossode-bateinternoeoaperfeiçoamentodestacontri-buiçãonasuaversãofinalqueseráfinalizadaatéoVIENAPS.

4. Existem questões importantes que não temoscondiçõesdeenfrentarpoliticamentenestemo-mentohistóricodenossa corrente,pornão te-remaindasemanifestadocomocentraisemnos-sodebateinterno,comoporexemplo,aquestãosempre atual, do tipo de relação internacionalqueumacorrentecomunistaemumpaíscomooBrasilpodeeprecisatercomomovimentoco-munistaemescalainternacional.

5. Existemtambémlacunasteóricasimportantesem nossa formulação coletiva, que se deriva,em última instância, da produção ainda inci-pientedeumasíntesecrítica-vinculadaàtra-diçãodepensamentomarxista - ao corpo te-óricodominantenasRelaçõesInternacionais.

6. Este debate teóricomuito embora seja atua-líssimo, e devamos dele participar, pois vemsendodesenvolvidoporinúmerosautoresemdiversasperspectivasdiferentes,não cabenamedida das questões que devemos enfrentarnodebateinternonestemomento.Aomeuversobre o panorama teórico de fundo, naquiloquenoscabecoletivamentedecidir, jápossu-

ímos boas leituras sobre o desenvolvimentodacriseeconômicaatualesobreosdesdobra-mentoseatualizaçõesdodebatesobreoimpe-rialismo,quedevemosusarcomobase.

7. Nosúltimosanos,desdeoprocessoqueculmi-noucomorachadaAPSepassandopeloCon-gresso do PSOL, nossa Conferência Nacional,nasreuniõesdaCNAPSecomasúltimaspro-duçõesindividuaisparaesteVIENAPS,temosformuladoprogressivamenteelementosteóri-cosepolíticosquenospermitiramcompreen-der adequadamente emgrandeparte a dinâ-micadapolíticainternacionaldenossotempo.

8. Partimosportantodopatamar,construídoco-letivamente,dequenossasformulaçõessobreo cenário internacional em linhas gerais têmsido acertadas, e que devem servir de baseparaodesenvolvimentodereflexõesmaisam-plas,quesupramsuaslacunas,oudeatualiza-çõessobreadinâmicadosacontecimentos.

9. Estacontribuiçãoportanto,pretendeatualizaralgumas formulações e interpretações sobrealgunsdos cenários e temas sensíveisdapo-líticainternacionaldoperíodo,estandoobvia-menteabertoacríticas,ponderações,adendose reformulaçõesdaqui até aplenária finaldenossoVIENAPS,detodos/asqueodesejarem.

a construção do ‘Novo Século americano’

10.Com o fim do arranjo bipolar de concentra-ção de poder do sistema interestatal pós-se-gundaguerramundialentreEUAeURSS,quesustentou a chamada Guerra Fria, o cenáriosedesenhavaaberto,emtodososcampos,aosvitoriosos. A pulsão hegemônica do ImpérioNorte-americano manifestou-se de diversasformas: na constituição do neoliberalismocomo modelo hegemônico de organizaçãoeconômico-social e funcionamento do Esta-do; nas guerras sem opositores, perpetradaspelaOTANnosBálcãs,noIraqueenaSomália;na redução do papel internacional da Rússianos assuntos internacionais; na expansão daOTAN; na expansão dos interesses econômi-

coNSiDeraçõeS Sobre a coNjUNtUra iNterNacioNal

Papa

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cosdosEUAàsantigasrepúblicassoviéticasdaásiacentralricasempetróleo;natentativadeimplementaçãodaALCA,entreoutras.

11.Essas manifestações refletiam a construçãosdeumanovaorientaçãohegemônicanosEUA,sintetizadasoboobjetivode‘construirumnovoséculoamericano’.Doiselementossãocentraisdadopossuírem impactos sob as políticasdosEUAimplementadasdesdeentão,econsequen-temente, sob os acontecimentos atuais e futu-ros.OprimeirodeleséacompreensãodequeapolíticadesegurançaenergéticafazpartedapolíticadedefesanacionaldosEUA.

12.Osegundoéaadoçãodaperspectivade‘domí-niodeespectrocompleto’,oquesignificatan-to,umaampliaçãosobreasformasdecontrolepolíticosobreospaísesaliados,daíaexpansãovertiginosa dos órgãos de espionagem e dasformasde controle virtual sobreos fluxosdeinformação-denunciadosporSnowdeneAs-sange-comotambémdecompreendereexer-cerasdiversasformasdasguerrasqueforemnecessárias.

13.Ouseja,nuncamaisseveráamídiadosEUA,econsequentementesuasrepetidorasbrasilei-ras, fazeremumacobertura jornalisticamenteisenta sobre uma guerra, desde a sua prepa-ração jornalística,atésuacobertura factual,einclusivesobresuasdecorrênciasestratégicas,geopolíticas, culturais, econômicas e huma-nitáriasparaospovosenvolvidos - o casodaguerra ao Iraque em 2003 é exemplar desteprocedimento. As duas diretivas estratégicasacima, por sua vez, careciam de uma leituramaisprofundasobreosatores internacionaismais relevantes e suas profundas diferençasinternas.

14.A fim de possibilitar um panorama interpre-tativo mais complexo do cenário da políticainternacional no pós-guerra-fria, através doqual a política externa dos EUA pudesse sercompreendida,planejadaeexecutadafazia-senecessárioumanovamatrizinterpretativaquesubstituísseaquelabaseadana ´contençãodaexpansãodocomunismo’.Eraprecisoconstruirummapainterpretativodosatoresprincipaisesecundáriosdosistemainterestatalnestenovocontexto histórico, de forma a compreender,dadas suas trajetóriashistóricas e caracterís-ticas internasmais arraigadas, suaspossíveissimpatiaoudistanciamentodosinteressesdos

EUA,potenciaispolíticoseconômicoseestraté-gicos,suaspossíveisrivalidadesregionais,etc...

15.Vários autores e grupos de pesquisa ligados,emmaior oumenormedida ao complexo in-dustrial militar norte-americano, os think-thanks,seempenharamnestatarefadesdeosanos 90. O primeiro a obter notoriedade foiFrancisFukuyamaesualeiturasobreofimdahistória,mas,paraalémdapropaganda ideo-lógicamaisbanal,depoucautilidadesuaobraserviu.Aobraquemelhorocupouesteespaçodepanodefundoparaaformulaçãodaspolí-ticas externas norte-americanas tem sido “OChoquedeCivilizações”deSamuelHuntington.

16.Sem contrapor os pressupostos teóricos e aideologiadeclassedaburguesia,nemtampou-codesfazerdasólidabasegeopolíticaquesus-tentou a expansão imperial norte-americanadesdeoséculoXIX,estaobrapermite formargeraçõesde formuladoresdepolítica externacomumabasecomumemfunçãodosinteres-sesnorte-americanossobreomundoeapartirdaqualseusgovernos-democratasourepubli-canos-possamagir.

17.Demodosuper-resumidoestaobrafazaleituradequeabaseparaacompreensãodarealidadesocialnocontextopós-guerrafria-portantonoquelevamosEstadosnacionaisaoconflitoouàcooperação-seassentanaculturaenãoporacasoháumasintoniaentreopredomíniodeconfissõesreligiosasemcadaumadelasdadoqueestaspossuiriamumaforçahomogeneiza-doradaculturaqueseriainegávelnasdiversascivilizações.

18.As formasda ideologiaeas leiturasdapolíti-capredominanteshoje,dadaahegemoniadocapitalea formadoEstadoburguês,nãoofe-receriamguiasdelongoprazoparasepensaras hipóteses de conflito, por situarem-se emummesmocampocomumdeconcepções;nãohámaisEstadosnosistemainternacionalqueapresentemumdesafiosistêmico,comoona-zi-facismoouosocialismosoviético.

19.Aformamaisdesenvolvidadeculturaseesta-bilizasobaideiadeCivilização,istoé,ahuma-nidadeem linhasgerais, encontra-sedivididaemumnúmerolimitadodecivilizações,eénasfronteiras culturais/religiosas entre países, enointeriordedeterminadospaíses,quetende-rãoaocorreramaioriadosconflitoslocaiseas

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possíveisguerrasdofuturo.

20.Algumas civilizações possuemEstados nacio-naisquehistoricamente são seusnúcleoshe-gemônicos,outrasnão,possuindoalgunsesta-dosqueaspiramàessacondição.

21.Ascivilizaçõessão:

22.25.Ocidental/CristãProtestante-EUA,emse-gundoplanoInglaterra,AlemanhaeFrança

23.26.Ortodoxa/Cristã-Rússia,emsegundopla-noUcrânia

24.27.Budista-China

25.28.Nipônica/Xintoísta-Japão

26.29.Hindu-Índia

27.30.Católica/Latinoamericana-potencialmen-teBrasil eMéxico, emumsegundoplanoAr-gentinaeVenezuela

28.31.Islâmica-nenhumpaíséhegemônico,masalgunssãoaspiranteshistóricos,taiscomoLí-bia,Egito,Iraque,IrãeArábiaSaudita

29.Africa sub-saariana - tambémnenhumpaís éconsolidado como hegemônico, mas a áfricadoSuldestaca-secomoprincipalpotênciaas-pirante

30.A leiturasobreospossíveisadversáriose ini-migosdos interessesdosEUApassarama in-corporarentãoe leitura sobreaproximidadecultural/religiosaentreascivilizações,ouseja,face às civilizaçõesmais próximas, oumenosameaçadoras, não há necessidade de açõesmais agressivas, pois há maior possibilidadededireçãohegemônicaefetuadapelaciviliza-çãoocidental,apartirdeseunúcleodirigentenorte-americano-japonesa,latinoamericana,africana,hindu.

31.Já para as civilizaçõesmais ameaçadoras aosseus interesses - explicitamente o Islã, a Or-todoxa/Russa e a Chinesa - o autor propõepolíticas específicas de vigilância, contençãopolítica, diplomática e econômica e fomentode rivalidade internas, semdescartar a açãodiretavoltadaaimpediraconstituiçãodeumnúcleodirigentedacivilizaçãoislâmica.

32.Agora podemos sistematizar portanto o eloque unifica as políticas de guerra da OTANsobospaísesislâmicos:alémdaconsideraçãodequeadefesanacionaldosEUApassapelocontrole das reservas de petróleo presentes

nessespaíses,dolucroqueissosignificaparasuaeconomia,danecessidadedeprojeçãoge-opolítica sobre o coração da eurásia visandoconflitos futuroscomaRússiaeaChina,estápresente também a intenção de inviabilizarqueosEstadosnacionaisislâmicosnãoalinha-dos,assumamahegemonianointeriordeseucampocivilizacional-istoexplicaadestruiçãodoIraqueedaLíbia,aguerraabertaàSíriaeaperspectivadeguerrafuturacontraoIrã.

33.Da mesma forma enquadra-se o fomento darevoltacontraogovernoburguêsnacionalistapró-russodeYevtucshenkoapoiandoaquebrainstitucional e a violência perpetrada pelosneo-nazistas ucranianos do Setor Direito, as-simcomoo reconhecimento internacionaldoatual governoe todas asdecorrênciasda cri-sequeseseguiucomaRússia,passandopelaseparaçãodaCriméia,daGuerracivilinstaladaatéoataqueaoaviãocivilmalásio-quecurio-samentesumiudonoticiário-dadoserimpos-sívelprovarquetivessesidoresponsabilidadedosrebeldespró-russos.

34.Opera-seaqui,emumcenárioderetomadadasoberaniadaRússiasobresuapolíticaexterna-oquehaviasidoperdidocomYeltsineseusmafiosos-alémdoaprofundamentodoclássi-cocercogeopolíticosobreestepaís,aexpan-sãodaOTANatélimitesincompreensivelmentealémdooceanoatlântico,mastambémapro-dução de uma rivalidade interna ao contextocivilizacionalortodoxo,a fimde fragilizarumpotencialadversário.

35.Mesmosendoumaultra-condensaçãodoresu-modosargumentosdoautor, importamenosaqui o quão superficial são os pressupostosteóricosouartificiaisasaproximaçõesedife-renciações culturais por ele colocadas, isto épouco significativoparaalémdodebate inte-lectual.

36.Oqueimportareconheceréqueestamatrizdecompreensãosobreaspossibilidadesdapolí-tica internacionalnocontextopós-guerra friaestáemfrancaoperaçãonaatualidade,name-didaemquecompõeocenáriointelectualdaspolíticasimperialistasdosEUAsobreospaísesrivaiseospovosdomundo.Emminhaopiniãoparticular, nada do que têm sido feito de im-portante pelos EUA no cenário internacional,contradiz estamatriz e o seu quase absolutodesconhecimento pelas organizações da es-

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querdarevolucionáriaéumamanifestaçãodenossasdificuldadesinterpretativasepropositi-vasnestecampodapolíticainternacional.

37.40.Aomeuveréimportantecompreenderesteprocesso,paranosdistanciarmosdeumequí-vococlássicodeinterpretaçãodosconflitospo-líticosemoutrospaísesequeémuitopresenteentreasorganizaçõesdeesquerda:seháumarevoltapopular,elaéprogressistaouemanci-patória.

38.41.Especificamente:nocasoucraniano,ocor-reram leituras entre a esquerda de que “osrevolucionáriosdapraçaMaidaniriamdirigirumprocessodelutaautonomistacontraogo-verno corrupto e que precisávamos declararnossoapoio”.Poisbem,ondeestáarevoluçãona Ucrânia? Não veio, exatamente por quê adireçãopolíticaeraexercidapelasforçasneo-nazistaspatrocinadaspelosEUA.

39.Damesmaforma,enquantonossasresoluçõessobreaSíriaafirmavam:

i.“Assim,devemosterclarezaqueamelhoralternativaparaacrisenaSíriaéatravésdadi-plomacia e do multilateralis-mo. A isto deve ser agregadaa necessidade da construçãode um processo pacífico detransiçãodoatualregimeparaumarepúblicacivil,democrá-ticaelaica,naqualopovosí-rio seja protagonista de seudestino e artífice da constru-ção de uma paz negociada eduradouranaregião.”1

40.CompanheirosseapressaramadefenderalutaarmadacontraogovernoAssad,desdeoBrasilobviamente....

41.Quemfazaguerrahojenoorientemédioquemereça a classificação como revolucionária eemancipatória são as feministas curdas que,além de materializarem relações políticas,inclusive de gênero, horizontais no contextoda experiência autonomista de seu processohistórico, chegaram inclusive a derrotarmili-tarmenteoavançodobarbarismo fundamen-talista do ISIS e seu auto-intitulado califado

1 “Em meio à crise mundial, avançar a resistência do povo tra-balhador”, Resolução de Conjuntura Internacional APS - Ação Popular Socialista. São Paulo, 16 e 17 de março de 2013

islâmico.

42.Éimportantereconhecerqueadestruiçãodassoberanias estatais islâmicas periféricas temsido,apenasumapré-condiçãodo imperialis-modossec-XXI,oqueimplicareconhecerqueseus desdobramentos ainda se estenderãoamargamente nos próximos anos, como bemdemonstraa crisehumanitáriados/asmilha-res de refugiados/as - que tentam entrar naEuropa - expulsos de suas terras ancestraisapós a destruição de seus Estados nacionais,perpetradas pelas mesmas potências euro-peias,juntocomosEUA.Sendoqueemalgunscasos,comonaLíbia,comaplausosdecorren-teseintelectuaisdeesquerda.

43.Por fim devemos considerar um aspecto im-portante, apesar da contribuição teórica aci-mareferidabrevemente,permaneceemdispu-taentreosformuladoresdapolíticadosEUAaquestãocentral:qualoseupapelnestemundopós-guerrafria?

44.Mesmosendobastanteútilaosinteressesim-perialistas, as formulações do Choque de Ci-vilizaçõesnãoresolvemapolêmica,dadoquepartemdopressupostodaconstituiçãodeummundomultipolar,noqualosEUAteriamumpapel protagônico,masnão exclusivo, haven-doanecessidadedelevaremconsideraçãoasagendase interessesdeoutraspotênciase lí-deres regionais/culturais no sistema interna-cional.IstonãoéexatamenteoqueosfalcõesdeWashingtondesejamdadasuapermanentebuscapelaafirmaçãounilateraldosinteressesnorte-americanos no mundo, esta tem sidorespectivamente aprincipaldiferençadema-tizentreosgovernosDemocratas-maissensí-veisàvisãomultilateral-eRepublicanos-maispropensosàaçõesunilaterais-quesesucedemnaCasaBrancadesdeofimdaURSS.

a permanência do Dilema dos eUa

45.A oscilação entre comportamentos explicita-menteunilateraiseaçõesdecunhomultilate-ralporpartedosEUAtambémestáindissolu-velmenteconectadacomasituaçãodevirtualinsolvênciaeconômicadadoaimpossibilidadedepagarsuatrilhionáriadívidapública.

46.ValelembrarqueapósromperemoacordodeBretonWoddsnoiníciodosanos70,noqualosEUAcomprometiam-seacunharpapelmoeda

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namedidadesuasreservasemouro,opróxi-mopassodadopela gestãoReagan foi a des-regulamentaçãodomercadodecapitais,acele-randoaproduçãodecapital fictício,condiçãoeconômicaparaacorridanucleardosanos80eparaofinanciamentodoprojetoGuerranasEstrelasquelevaramafalênciadaURSS.

47. A plataforma socioeconômicaneoliberal queconstitui-se como hegemônica, dado semos-trar eficaz frente ao socialismo burocrático,entretanto gerou as condições da crise eco-nômica que, em ciclos desde 1987 atinge osEUA,dadoquesuaeconomiatornou-serefémdaproduçãoderiquezavirtual,comomeiodefinanciamentoedesenvolvimentodeseucom-plexoindustrialmilitar.

48.Porsuavez,eaíestáoseudilemamaior,équenamesmamedidaemqueaproduçãodealtatecnologiavoltadaaocomplexoindustrialmi-litarrepercutepositivamenteparaodesenvol-vimentoeconômicoetecnológicodosEUAemgeral,aampliaçãopermanentedeseusgastosmilitarescadavezmaiséinsustentávelecono-micamente.

49.Principalmente em um cenário estratégico-militar adverso, pois de um lado, apesar doenormepotencialbélicodosEUA,elecadavezémais caro -mais carente de logística e altatecnologia -paraoenfrentamentodeguerrasassimétricas,comoaocupaçãodoIraqueeAfe-ganistão.

50.Por outro lado, a recomposição da soberaniaeconômicaepolíticarussarepôspartedeseuprotagonismonosistemainterestatal,comboapartedeseupoderiotecnológicoemilitar in-tacto e em processo de aperfeiçoamento nosúltimosanos,dadasasrendasobtidaspelaaltado preço do petróleo , por sua vez o cenáriotambémédecrescimentodopotencialmilitareestratégicochinês,mesmoqueemescalamaislenta,mas,quejásemanifestaemumaumentodeseuprotagonismointernacionalatravésdareivindicaçãodas suas águas territoriais, am-pliandosensivelmenteaáreadeconflito comosEUAeoJapão-oqueserefletenasreivin-dicações internasdemudançaemsuaconsti-tuição,retirandoaslimitaçõesconstitucionais,afimdepermitiraçãoofensivaàssuasforçasarmadas.

51.Enfim,osEUAcomoamaiorpartedosimpérios

deoutrora,sevêdiantedacontradiçãoentreamanutençãodeseupoderioedogerenciamentode suas conquistas, contraposta ao progressi-vocustodestasmesmasconquistaseaparatosdepoder,emoutraspalavrasumesgotamentodopotencialdecrescimentofaceseuspróprioscustoseàampliaçãodenovasrivalidadesquepotencialmente poderíam-no levar à falênciapolítica,socialeeconômica.

52.Vivemos portanto neste período histórico dasegunda década do sec-XXI, um cenário deprofunda instabilidade política, econômica emilitar,quenãoàtoavemsendointerpretadocomodeuma“segundaguerrafria”,noqualosEUAidentificamcomoseuprincipaladversárioaRússia,porémemumcontextoderivalidadesinterimperialistasnãoapenasbilaterais,comona primeira guerra fria de 1945 -1991, masemumcenárioqueseconfiguracadavezmaismultilateral,portantoabertoaoprotagonismodemaisatoreseblocosdeatoresestatais,as-sim como o desenvolvimento de rivalidadesespecíficasentreeles.

a crise econômica e a resistência dos povos53.Acrisequesedesdobroucomosacontecimen-

tos de 2008 nomercado financeiro dos EUA,atinge os mercados financeiros de diversospaíses,tantonaperiferiaquantonocentrodocapitalismo.Hoje,naquiloqueemboapartedoséculoXX foidenominadodeperiferiadeEu-ropa, sua porçãomediterrânea, o seu desdo-bramentoeoseuenfrentamentopelas forçasanticapitalistasreacendealternativasemanci-patóriasepopularesporboapartedaEuropa.

54.GréciaeEspanhaestãonavanguardadessepro-cesso.Asresistênciaspopularesaosprogramasdeajusteeausteridade fiscal, exigidospelaoli-garquiafinanceirainternacional,implementadasporpartidosqueoutroraforammajoritáriosnoespectrodaesquerdaedacentro-esquerda,equepenalizavam essencialmente os/as trabalhado-res/aseassoberaniasnacionaisdeseuspaíses,geraram representatividade social que permi-tiuaforçanecessáriaàsgruposanticapitalistas,outroraminoritáriosnestemesmoespectropo-lítico,impulsionando-osàvitóriaseleitoraissig-nificativasnesteanode2015,tantooSyrizanapenínsulahelênica,quantooPodemoseoAhoraMadrid,emterrashispânicas.

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55.Aexperiênciaequatoriananarealizaçãodesuaauditoria cidadã está sendo apropriada pelaesquerda grega,mas o contexto de sua fragi-lidade econômica e isolamento político sãolimitadorescruéisaoroldepossibilidadesnoenfrentamentodesuacriseeconômica.Muitoprovavelmenteoseuenfrentamentosoberanosedarátantomelhor,quantomaiscedoforemvitoriososospovoseuropeusemsualutapelamanutenção dos direitos conquistados pelostrabalhadoresquandoexistiaoEstadodeBemEstarSocialemseuspaíses.

56.Nestecontexto, alémde torcermospornovasvitóriaseleitoraiseplebiscitáriaspordireitosecontraadireitanaEuropa-comofoiople-biscitonaIrlandaqueaprovouauniãohomos-sexual-devemosdesenvolverformasativasdesolidariedadeeapoio,àsnovasforçasanticapi-talistaseuropeias.

57.Porem, não nos iludamos, da mesma formacomonosanimaasvitóriasdaesquerdaedopovogregoe soboEstadoespanhol,dames-ma forma as vitórias da ultra-direita e dosfrancamente neonazistas impulsionam seufortalecimento em várias partes do mundo,principalmentenaEuropaemcrise.Devemosaprofundar os laços com as organizações an-ticapitalistas,populares,deesquerdaedemo-cráticasquesearticulam,porexemplo, soboguarda-chuvadoFórumSocialMundialeseusFórunsRegionaiseTemáticos,poisaslutasderesistênciadospovoscadavezsãomaisinter-seccionais-classe,gênero,raça,orientaçãose-xual,povosoriginários,etc-einternacionais.

58.Quanto mais relações internacionais solidá-riaseautônomasaesquerdaanticapitalistanoBrasil desenvolver hoje,melhor serão nossasperspectivasdefuturo,quandodenossocres-cimentosocial.

impasse na luta de classes, com real perigo de retrocesso popular na américa latina e as pos-sibilidades e limites do pSol e da apS

59.As novas formas de empreender a guerra fo-ramamplamente testadasnahistória recentedaAméricaLatina.Cuba,Brasil,Chile,Argen-tina, Uruguai, Nicarágua, El Salvador... enfim,quasetodosospovosdenuestraaméricasofre-ramemalgumamedidacomasaçõesdedeses-

tabilizaçãoconstitucional,boicotes,bloqueios,patrocíniodarepressãoedatorturaalémdosgolpesmilitaresnoperíododaprimeiraguerrafria.

60.Osanosdeaugedoneoliberalismotrouxeramataquesprogressivos, às economias aosEsta-dosnacionaiseseussistemasdeproteçãoso-cial,quaselevandoàsua desconstruçãodefi-nitivanoEquadoreBolívia.AimplementaçãodapautahegemônicavendidapelosEUAparanossos povos foi o exatomotor do reaqueci-mento das nossas lutas emancipatórias e deseudesgastehegemônico.

61.Aalternativaspopularesdeesquerdaecentro-esquerdaganharamforçanamedidadesuasresistênciasaosataquesneoliberais,gerandoaforçasocialparaumaimportanteondadego-vernosdeesquerdaecentro-esquerdaemnos-sospaíses.

62.Sem dúvida as experiências mais avançadasforamasconstrutorasdoprocessoBolivarianoemVenezuela,EquadoreBolívia,mastambémsão dignas de nota as vitórias de centro-es-querdanaArgentina,Uruguai,ParaguaieChilequeemcertamedidarepresentaramapossibi-lidadedevencerasoligarquiasassociadasdi-retamenteaoimperialismonorte-americano.

63.Nocasobrasileiro,portudooqueconhecemosorganicamentedotransformismopetistaesuaadesão progressiva à hegemonia neoliberal,vivemosuma situação consideravelmentepa-radoxalemsuarepercussãointernacional:porpiorqueosgovernosdoPTsejamparanós,pormaistraiçoeirosqueseusgovernossejamàso-beranianacional,aosinteressesdeemancipa-çãoanticapitalistanumaperspectivasocialista,aosinteressesconcretosdaclassetrabalhado-ra,e-agoracomogovernoDilma-àprópriaunidadesul-americana,eleaindaévistocomoummalmenorpelosparceirosanticapitalistasdaAmericadoSul.

64.Estacaracterísticadaaçãorealistanocenáriointernacional responde sobre o limite que seimpõedesdeforasobreasrelaçõesinternacio-naisdoPSOLedaAPS.Mesmoasexperiênciasmaisavançadas,comoCuba,VenezuelaeBolí-via,eprincipalmenteelas,precisamdeummalmenor no Brasil, por isso nosso potencial derelaçõesinternacionaisélimitado.

65.Este potencial crescerá conforme crescermos

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social e politicamente, em termos sindicais edemovimentospopularesede lutaemgeral,mastambématravésdaconquistadeprefeitu-raspeloPSOL,quepoderãoemumfuturopró-ximo,sebemadministradaseorientadas,nosprojetar internacionalmentecomouma forçapolíticanãosócorreta,mascomprotagonismocrescente.

66.AcasoaAPSqueiratervoznocenáriointerna-cionaldevepautareconstituirseucrescimen-toemalgumsetorsindical,oudomovimentopopular,estudantiloudelutacontraasopres-sões,demodoa;comsubstânciapolítica,quan-titativaequalitativa,estabelecerrelaçõescomgruposemovimentossimilareseparceirosnaAmérica do Sul, para começo de conversa, oquenãoimpedeoaparecimentofortuitodere-laçõesparaalémdenossosub-continente.

67.Do ponto de vista dos processos em cursoas perspectivas não são alentadoras, pois osEUA,continuamautilizardetodoseuarsenaldedesestabilizaçõesecrimes-excetodegol-pesabertos-contraosgovernosdeesquerda,principalmentecontraaVenezuela,apostandonafragilidadedaliderançapolíticapós-Chávez.

68.Frenteaistoasesquerdassul-americanas,pornãoconseguiremavançaralémdoslimitesdahegemoniapetistanoFórumdeSãoPaulo,edafragmentaçãodoFSM,tendemavoltar-secadaumaaosseusproblemasedificuldadesemâm-bitonacional,semconseguiremformularumaplataforma estratégica de resistência conti-nentalepopularaosataquesdoimperialismonorte-americano, que ultrapasse a superfíciedas ações governamentais,muitas vezes ape-nasdiscursivasepromotorasdefactóidescompouca interferência no desenrolar da luta declasses.

possibilidades de futuro

69.Se dessepontode vista, o cenário não é ani-mador,poroutrolado,pormaisparadoxalqueseja,oaprofundamentodacrisenoBrasileaconsequente implementaçãopeloPT,depau-tas cada vez mais orgânicas ao interesse dograndecapital e contraos interessesdos tra-balhadores-comoafirmamosháanosquevaiacontecer, assim como ocorreu com os parti-dosdecentro-esquerdaquegerenciaramacri-senaGréciaeEspanha-abriráumcenárioque

poderá permitir nosso crescimento de modosignificativonopróximoperíodo.

70.AcreditoqueasobrevidadoprojetodepoderdoPTaindapoderáseestenderporumtem-po,porém,semsombradedúvida,acondiçãoaparaoestabelecimentodeumpatamarmaisorgânico entre a esquerda anticapitalista naAmérica do Sul passa pelo crescimento doPSOL e sua viabilização como agente políti-coalémdasfronteirasnacionais,superandoahegemoniapetistaentreasforçasdeesquerdae centro-esquerda, tantonoBrasil,quantonaAméricaLatina.Omalmenortraránovamenteadireita,pormaisquenossosparceirosboliva-rianosnãopercebamisso.

71.Dopontodevistaeminentementenacional,oaprofundamentodacrisedoPTealiados,abri-ráaspossibilidadesparaumcrescimentoaindamaiordoPSOLnomovimentosindical-princi-palmenteentreo funcionalismopúblico-nosmovimentossociaisepopulares,etambémnainstitucionalidadeburguesaaoqual,nósAPS,deveremosestaratentos,paranãoperdermosobondedahistória....

72.A APS deve usar o VI ENAPS para repensarsua política interna de alianças, em todos osmovimentoseregiões,masprincipalmentenoRiodeJaneiro,a fimdeconstituirumapolíti-ca efetiva e eficaz de crescimento social quepermitaaproveitaraondadecrescimentoqueviráparatodasascorrentesinternasaoPSOL.Destaformapoderemosalmejarteralgumpro-tagonismorealnoprocessodeconstruçãodeumaplataformacontinentalepopulardasdaresistênciaedaslutaspolíticas,pordireitoseliberdadenaAméricadoSul.

papa, Salvador: 05/2015

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Camaradas:

1. Estetextotemoobjetivodecontribuirparaumaleitura e uma compreensão mais rigorosas domomentoqueestamosvivendohojenoBrasil,eprocurar desenvolvermais o que está presentenanossaresoluçãodaCNAPSde17demarçode2015eaqueladedezembrode2014.

2. Portanto,partimosdaquelanotapúblicaquelan-çamoslogoapósasmanifestaçõesde13e15demarço.

3. Parto também do texto sobre a reconfiguraçãodo imperialismo mundial (que já divulguei emnossaslistas),oobjetivoétrazernovoselemen-tosparacompreenderaconjunturanacionalein-ternacional,paraalémdoquejátemosdefinido,demodoacontribuircomaorientaçãodenossaaçãopolíticaconcreta.

4. Comecei minhas contribuições por estas duasquestões (internacional e conjuntura nacional)porque,comoaprendemos,precisamoscolocarapolíticanopostodecomando.

5. NãoretomaremosaquiasanáliseseelementosdeestratégiaetáticajápresentesemnossasoutrasresoluçõesdesdeoVENAPS,porterconcordân-ciacomofundamentalquealiestá.

6. Certamente,éaindaumtrabalhoincompleto.Es-pecificamente,oobjetivoprincipaldeste textoéentenderosignificadodograndedesgastedogo-vernofederal(Dilma-PT)nestemomentoeafor-tepresençadegruposdadireitadirigindoaçõesdemassas.Levantamostambémquestõessobreosignificadodessa“classemédia”queestáindoàsruasesobreosriscosdeumgolpedeestadonoBrasil.

introdução

7. HáumfatonovonaconjunturaqueéumgrandedesgastedogovernofederaledapresidentaDil-ma;um forteativismodadireita,queconvocouedirigiuasgrandesmanifestaçõesnodia15demarçoeestáestimulandonovasmobilizações;emuitasespeculaçõessobreoquepodeacontecercomapresidentaecomademocracialiberalre-

presentativanoBrasil.

8. Oresultadodissotudotemsidoaquedadoapoioàpresidentaa13%eumarejeição/reprovaçãode2/3doeleitorado.

9. Oque faz comqueapresidenta tenha chegadoaníveistãoaltosdereprovação,quandohádoisanosatrás(marçode2013)detinhaumapoiodecercade2/3?

10.Antes,detudo,vejamosalgunsprecedentesepa-nosdefundodestemomento.

questões precedentes ao momento atual

11.Começamosindicandorapidamentetrêselemen-tosqueestãopresentesmais comopano fundodasituação:a)Acrisemundialeareconfiguraçãoimperialista;b)Aestabilizaçãodahegemoniapo-líticaburguesanoBrasilapartirdogovernoLula;c) O Neodesenvolvimentismo como política degoverno.

12.Háumacrisemundialestruturaldocapitalismoeuma reconfiguração imperialista. Nas resolu-çõesdenossoVºENAPS,afirmamosque“acrisedocapitaltemmúltiplasdimensões:econômica,financeira,social,ambiental,energéticaealimen-tar,comfortescomponentespolíticoseculturais”.Alémdisso,colocamosquenasúltimasdécadaso“capitalrealizoumuitasações,usouváriosar-tifícios e teve várias “oportunidades” para acu-mularetentarsuperaracrise:orompimentodoAcordodeBreton-Woods;aofensivaneoliberal;afinanceirizaçãodaeconomia;okeynesianismoindustrial-militar; a revolução tecnocientífica; aentradadocapitalemnovossetoreseconômicoseregiõesgeográficasdomundo;maiorataqueànaturezacomdestruiçãoambiental;fimdosregi-mesburocráticosnaURSSenoLesteEuropeu;eaconversãocapitalistadaChina.Porém,nenhumasdestasaçõesevitaramoagravamentodacrisees-truturaldocapitalismo”(ResoluçõesdoVENAPSedaConferênciaNacionalAPSde2013).

Sobre a NoVa coNjUNtUra e eleMeNtoS De NoSSa tática

JORGEALMEIDA

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13.Areconfiguraçãoimperialistaéconsequênciadaquebra da unipolaridade imperialista baseadanosEUA,comoimperialismoglobalhegemônico.“Nossahipóteseéadeque,agora,possivelmenteestamosassistindoumnovomomento,detransi-çãodesteimperialismounipolarparaumabipo-laridadeimperialista.Deumlado,aascensãodaChinaesuaaliançaestratégicacomaRússia,sobadireçãochinesa,esearticulandocomdiversosestados,emvárioscontinentes.Deoutrolado,osEUA,emprocessodeenfraquecimentoeconômi-co,buscandoconsolidarumblococomaEuropaqueviveumaprofundacriseegrandesdificulda-desparamanterograudeunidadejáalcançado”(ver o texto “Umanova fase do imperialismo?”,quejádivulgueicomoTribunadeDebateemnos-saslistas).

estabilidade da hegemonia política burguesa no Brasil. reconfiguração do Bloco Histórico ou Blo-co poder:

14.Comosabemosetemosafirmadoemnossasre-soluções,oexercíciodahegemoniadaclassedo-minante no Brasil é historicamente recente. Aconquistaportuguesa, a colonização, o império,oescravismoeogenocídiodasnaçõesindígenasforamexercidosprincipalmentepeladominaçãocoercitiva, fundamentalmente pelom violência.DaRepúblicaVelhaatéo fimdoEstadoNovoédifícilmesmofalaremhegemoniaemnossopaís.Nosentidogramsciano,sóapartirdademocra-cialiberalrepresentativa,originadaapósoEsta-do Novo, podemos começar a falar seriamentenumexercíciodehegemonia(comocombinaçãodedireçãopolítica, ideológicaeeconômicacomdominaçãocoercitiva).Mesmoassim,ogolpedeestadomilitar-burguêsde1964,mostrouafragi-lidadedesta hegemonia, obrigando a burguesiaa instaurar um regime ditatorial. E atémesmonaNovaRepública,pós-ditadura instauradaem1964,nãohaviaumahegemoniapolíticaestávelnoBrasil.

15.Acrisedaditadurano finaldadécadade1970reabriuainstabilidademas,numaleiturahistóri-ca,ogovernoLuladaSilvaveiotrazersuamaiornovidadepolíticanoBrasil:aestabilizaçãodahe-gemoniapolíticaburguesabaseadaempequenasmelhorasmateriaisparaopovo,notransformis-modoPTealiadoseno“neodesenvolvimentis-mo”.

16.Mas,oaguçamentodacrisemundialeoaprofun-damentodesuasconsequênciasnoBrasil,colo-caramoslimitesdo“neodesenvolvimentismo”edeixaramogovernoDilmadiantedodilemaderesolverquesetorespassariamaserosmaispre-judicados ou beneficiados. As várias frações docapital pressionamparamanter e ampliar seusganhos,masopovonãoquerterperdas.Porissohouveumaretomadaeavançodaresistênciapo-pulareabriu-semaioresespaçosparaaosmovi-mentos combativos e a oposição de esquerda.Massurgiramtambémmovimentosdedireitaati-vosdisputandoespaçosnasociedade.Egerou-seumaprofundacrisepolítica,comgrandesdificul-dadesparaagovernabilidade.Masissonãosigni-ficaqueestejahavendoumadesestabilizaçãodahegemoniadocapital.

17.NaquelecontextodoiníciodogovernoLula,hou-veaentradadeumnovosujeitopolítico-socialnoBlocodePoder:oPTeorganizaçõesdetrabalha-dores.

18.Masahegemoniacontinuousendodograndeca-pital,especialmenteofinanceiro;osetorprimárioexportador,ondesedestacaoagronegócio;epar-tedechamadosetorprodutivo (principalmenteinfraestruturaepartedesetoresindustriaispre-sentesnoBrasil).

o neodesenvolvimentismo dependente social-li-beral e sua crise

19.O modelo econômico-social, desde o Império,sempreesteveprincipalmenteemdisputaentreum campo político-econômico-social mais libe-ral-conservador e um outro, mais “desenvolvi-mentista”,porémdentrodos limitesdasclassesdominantes.Correndoporforae,emalgunsmo-mentos, se afirmandomais fortemente, sempreestevepresenteumprojetonacional,decaráterdemocrático e popular e/ou sentido socialista.Porém,sempreacaboupredominandoadepen-dência(FIORI,2003).

20.ApartirdogovernoLula/Dilma,voltouahavermaior ativismo estatal para promover o cresci-mento econômico, ao contrário dos governosanteriores.Estamaioriniciativaestatalécompo-nentedo“desenvolvimentismo”emgeral.Porém,seaspolíticasaplicadassepretendiam“desenvol-vimentistas”, não eram realmente uma alterna-tivaaoneoliberalismoeàdependência,masumviésderespostassocial-liberaisàcriseestrutural

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docapitalismo.

21.Diferentementedoquesechamoudedesenvolvi-mentismoemnossahistóriaanterior,quedeveriaser,antesdetudo,industrializante,o“neodesen-volvimentismo” dos governos petistas émitiga-do, estruturalmentedependente, social-liberal eperiférico, além de ambientalmente predatórioeexpropriadordepovosindígenas,quilombolas,camponeses pobres emoradores das periferiasurbanas.Mantémahegemoniadocapital finan-ceiroedosetorprimárioexportador,doquede-correumadesindustrializaçãorelativadopaís.

22.Nãoénacionalistanemprogressista,comoode-senvolvimentismo “clássico” se apresentava. Aocontrário,ogovernonãopriorizaocapitalindus-trialestataleprivadonacional,eomodeloaponta,explicitamente,omercadocomocaminhoeconô-micocentral.Apresençadoestadotemafunçãodeviabilizarinvestimentoseinfraestrutura(tam-bémprioritariamenteprivada)paraincentivarosetorprivado.Aregrasãoasprivatizaçõesinclusi-venaformadePPPs(ParceriasPúblicoPrivadas)econcessõesehámudançaslegaisparafacilitaraacumulaçãodecapitaleoconjuntodareprodu-çãosocialcapitalista,dentrodalógicadaordeminternacionalexistente.

23.Entretanto,nãocontraditoriamente,realizapolí-ticassociaiscompensatóriasparapropiciarumamuitomoderadadiminuiçãodamisériaabsolutae um pequeno aumento do consumo/mercadointerno,estimulandoaeconomiaeatenuandoosconflitos sociais. Porém, mantendo as crônicasdesigualdadessociais,políticaseculturais.”

De 2013 para cá

24.Indoaosfatosmaisrecentes,as JornadasdeJu-nhode2013mostraramereforçarama insatis-façãopopular coma situação econômico-social,ampliandoastendênciasdesgasteeacrisedego-verno.

25.AsJornadasjáforamumsinalindicandooslimi-tes e esgotamento domodelo do neodesenvol-vimentismo, assim como o dilema do governoDilmaedoPTpararesolveremquemseriamosbeneficiadoseprejudicadoscomnovasmedidasparaenfrentaracrise.

26.Masaquelasmanifestações forambemecléticasdeumpontodevistapolíticoe ideológico– aocontráriodoqueaconteceudepois,commanifes-

taçõesmenores emais definidas politicamente:decarátergovernista;puxadaspelaoposiçãodeesquerdasocialepolítica;oudirigidaspeladirei-ta.

27.MasasJornadasnãoabriramumacrisederegimenemcrisedehegemonianoBrasil–ahegemoniadaclassedominantemanteve-seestável.

28.Dilmaentãoempurrouparaa frenteoenfrenta-mentodacriseparadepoisdaseleições, conse-guindorecuperarabasepopularsuficienteparaumadifícilvitóriaeleitoral.

29.Paraisso,atuousobreocomportamentopolíticobásicodosbrasileirosquemovem-seentreoVotoporValoreseaRacionalidadePragmática.

30.Dilma vence combinando umdiscurso eficaz; ousodamáquinadoestado;amobilizaçãodesuabasepopularnasociedadecivil;mantendoalian-ças compolíticosdedireita e sabidamente cor-ruptos;efazendoacampanhamaiscaradenossahistória,financiadaemgrandeparteporempre-sasenvolvidasnacorrupção.

31.Foi um marketing político-eleitoral que combi-nouadisputadevaloresetradiçõesdeesquerda(usandoahistóriadoPTeaimagensde“DilmajovemGuerrilheira”),comaexploraçãodereali-zaçõesparadisputarovotobaseadonaracionali-dadepragmática(ouseja,quepriorizaresultadosconcretos na vida das pessoas para definir umapoioaogovernoeovotoemcandidatos).

32.Mas,imediatamentedepoisdaseleições,temquefazeroenfrentamento(adiado)dacriseeconômi-ca,optandopormaisneoliberalismo;passaatermaioresdificuldadesnoCongressoenabasealia-da(maisconservadoresqueantes);esofreosim-pactoscrescentesdacorrupçãonaPetrobrás.

as manifestações do dia 13 e 15

33.Depoisdaseleições,ocorreramdiversasmanifes-taçõesmenores,puxadasporsetoresdeoposiçãodeesquerda(socialepolítica)aogoverno;porse-toresdaoposiçãodedireitaeporgruposgover-nistasnasociedadecivil.

34.Alémdisso,ospartidosdaoposiçãoliberalcon-servadorapassaramaterumaaçãooposicionistamais sistemática, rompendo com certa passivi-dadequepredominounos12anosdegovernospetistas.

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35.Hácercadeduassemanasatrás,ocorreramdoisconjuntosdeeventospolíticosderua.

36.Asmanifestaçõesesvaziadaseburocratizadasdodia13,quedesconsiderouaindignaçãopopular,inclusivedaquelesquepoderiamvirasomarporumoutrocaminhoparaapolíticabrasileira.Comobjetivospúblicosambíguos(pordireitoseafa-vordaPetrobrasouemdefesadogoverno)mascomintensãoprincipaldedefesadogoverno.

37.Asmanifestaçõesdodia15demarçoforamlide-radasporgruposdeoposiçãodedireita.Porém,não foi somenteaeliteburguesaeaalta classemédiaqueestevenasruas.Enemsóosquevota-ramemAécio(comotemditoosrepresentantesdogovernoedoPT),apesardeseremmajoritá-rios,deacordocompesquisasfeitasnasmanifes-tações.Poisainsatisfaçãoestátambémemseto-respopularesqueestãosentindoarepercussãodacriseemsuavidae se sentindo traídospelodiscursodeDilmanacampanha.Porisso,cente-nasdemilhares(sejaqualforocálculoutilizado)foramàsruas.

38.Ossetoresquepuxaramestasmanifestaçõestive-ramapoiodeliderançasdospartidosinstitucio-naisdadireitaedagrandemídia,quetemdadobastanterepercussãoásdenúnciasdecorrupçãoeàsituaçãodecriseeconômicaepolíticaqueopaísestávivendo.

convergência de vários fatores para a insatisfa-ção popular

39.Não existe uma causa única para o que estáacontecendo.A insatisfaçãopopularéresultadoda convergência de vários fatores negativos aogoverno. Coisa que nem sempre ocorre. Comoexemplos,ocasodoMensalãoocorreunummo-mentodemelhoradasituaçãoeconômicaesocial,diminuindoseuimpactonegativo.EoForaCollor,nummomentodesinergiaentrecorrupçãoexpli-citadaecriseeconômicaesocial,aumentandoorepúdioaCollor.

40.Agoratemosumaconfluênciadeváriosfatores.

41.Antes de tudo, existem dois fatores principais(crise econômica e amplificação da corrupção)que convergem e provocam várias reações quesomamumacadeianegativaaogoverno:

42. 1-acrise econômica vematingindofortementeoBrasil,comtodasassuasconsequênciassociais,

queprejudicaossetoresderendamédia,osmaispobres, e osmais ricos (empresários de váriosramos):diminuiçãodarenda;desemprego;dólaralto;carestiaemgeral;tarifaço,jurosaltos.Tudoissocomopanodefundodacrisemundial,queperdura.

43. 2- a questão da corrupção,ganhandoumadi-mensãomuito grandee se amplificando– atin-gindoaprincipalempresadoBrasil(dopontodevistaeconômicoesimbólico).Eoutrasquesãoasprincipais financiadoras de campanhas e parti-dos.

44.Apartirdessesdoisprincipais,outrossurgeme/ousedesenvolvem.

45.3- A resposta de Dilma depois das eleições (oajuste fiscal) é sentida como uma traição daspromessasdecampanha,fazendoocontráriodoque prometeu: recessão; diminuição da renda;desemprego;dólaralto;carestiaemgeral;tarifa-ço;impostoderenda;cortesnofinanciamentodaeducaçãoprivada;quebradedireitostrabalhistaseprevidenciários;grandescortesnoorçamentofederalatingindoaspolíticaspúblicassociais(es-pecialmenteaeducação).

46.4-Pelaprimeiravez(emnossahistória),tivemosarepercussãodiretadacorrupçãosobreaecono-miaeavidasocial:obloqueioderecursosaem-presasgerouparadadeobrasedemissões–refor-çandoacadeiarecessivaeoclimadecrisesocial.

47.5-Comacrisedomodeloneodesenvolvimentis-taquevinhasendoaplicado(quesupostamentepretendia atender a todos), as diversas fraçõesdograndecapital,quevinhamsendoatendidas,foramàlutaparadisputamaisduraderumosdapolíticaeconômicaedeprivilégios.

48.6-Houveumdesestímulodabasepopularativadogoverno,comasmedidasantipopularesdeajusteeocontroledos trêscargos-chavedaeconomiaporrepresentantesdograndecapital:financeiro(Levy); agronegócio (Kátia Abreu) e industrial(Monteiro).Issodificultasuamobilização.

49.7-Háumacrisenabaseinstitucionaldogoverno,especialmentenoCongressoNacional.Aperdadeapoio popular da presidentadeixa a base parla-mentarmaislivreeampliasuasedefisiológica.

50.8- Pode-se acrescentar, como pano de fundo, oconservadorismoculturaldepartedaclassemé-diaedasociedadeemgeral–alimentadaspelofundamentalismoreligiosoemascensãoeoan-

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ticomunismocrônicodealgunssetoresminoritá-riosquetambémsesentiramanimados.

51.9-Tudo isso temampla exposiçãoedivulgaçãonegativa damaioria da grandemídia comercialqueamplificaodesgastedogovernoeajudounadivulgaçãodasmanifestaçõesdodia15.Eumaaçãoativadospartidosdaoposiçãoliberalecon-servadora,quesaíramdapassividade.

52.Masoprincipalsãoosdoisprimeiros.

53.Assim,direitatemcapitalizadoestasituação,massuasaçõessebaseiamemfatosreais:acriseeco-nômicaexiste;acorrupçãoégrandeeenvolveoPTeoutrospartidosdabasedogoverno;Dilmarompeucomaspromessasdecampanha;oajustetiradireitosecapacidadedeconsumodevastascamadassociais.

esse processo de desgaste vem ocorrendo desde início de 2013

54.Observadoaevoluçãodaspesquisasdeavaliaçãodo governo, vemos que a avaliação do governofederal oscilou bastante durante o governoDil-ma,especialmenteapartirdoiníciode2013.Atémaiodaqueleanoéótimaeboa,chegandoa2/3(65%)deaprovação.Em06-06-2013,antesdasjornadas,já vai piorando, mas ainda boa (cercade57%);depoisdas Jornadasde2013 (27-06-2014),pioramais(30%deaprovação),masaindaémaiorqueareprovação(25%).Nofinalde2013(novembro)voltaasubira41%;emmaiode2014voltaacairprogressivamentepara33%;duranteacampanhaeleitoralde2014,comaspropagan-dasnaTVerádio,vaimelhorardenovopara42%,ficandoassimaté02-12-2014.Noiníciode2015,voltaaterumaquedasignificativa(cercade25%de aprovação); e, depois das manifestações dodia15,seguindotendênciaquejádeviavirdesdeantes,despencapara2/3(65%)dereprovaçãoeapenascercade13%deaprovação.

o significado dessa “nova direita”

55.Anovidadenoperíodomaisrecenteéoapareci-mentopúblicodeumadireitaativaeumaoposi-çãoconservadoradisputandonasociedadecivilesemobilizando.

56.Uma“novadireita”quenãoestápresentesomen-tedentrodas instituiçõesestatais (parlamentosegovernos)eatravésdagrandemídiacomercial,mastambémnasociedadecivilorganizada.

57.Procurameiosdeexpressãopróprioseorganiza-seemmovimentoscontraacorrupção.

58.Ageporforadospartidosquesãomuitoburocra-tizadosenãotemexperiênciademobilizaçãodemassas,anãoserdemodoeleitoralemuitocon-troladoemanipulado(nosentidomaisrestritodotermo),porobjetivosmaisimediatos(eleitorais).

59.São organizações emovimentos informais (nãolegalizados)comooVempraRua,oMovimentoBrasilLivre(MBL)eoRevoltadosOnLine.Algunsmembros destesmovimentos que formalmenteconvocamasmanifestaçõeseseapresentamnainternet, tem relações diretas ou indiretas comorganizaçõescivis legalizadas,quevisamapro-moção do empreendedorismo e do liberalismo.Usamfortementeasredessociais,pois issonãoésóprerrogativadaesquerdaemgeral.Partedesuaspeçasdepropagandatemproduçãosofisti-cada(ecara)edivulgaçãopatrocinada(paga)noFacebook.Tem tambémapoio, comdeclaraçõese chamamentos, de alguns artistas comalgumafama.

60.OMBL teve participação nas eleições apoiandoAécioNevesetevecandidatosatravésdoPSDB.

61.Essadireitanãoéalgototalmentenovo.Emgran-departesempreexistiu,masestavanadefensiva.Agora,comclimafavorável,ficaàvontadeparaseexpor e agrega apoios defendendo questões deéticanapolíticaecondiçõesdevidaquesãodeinteressegeral.

62.Oclimamaisfavorávelestáligadoàcombinaçãodosfatorescitadosacima,quelevaramaumades-moralização do PT e, por extensão, piorando aimagemdaesquerdaemgeral.

63.Algumas bandeiras mais marcantes como es-senciaisdadireita–oliberalismoeconômicoeoconservadorismomaisfundamentalista(comoasprivatizaçõeseahomofobia)–nãopareceramserpredominantes nas manifestações porque nãotemnecessariamenteapelopopular-mas,guiamsuaslideranças.

64.Uma parte luta genericamente e difusamentecontraa corrupção,dogovernoedoCongressoNacional.Nasmanifestaçõesaênfaseéderejeiçãoaogovernofederaleumgenérico“ForaDilma”.

65.Outraqueroimpeachmentetemdadoênfaseaisto.Umgrupo,queparecebemminoritário,querum golpe militarde longo ou curto prazo (quechamamde“intervençãomilitar”).Estegolpismo

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militarnãopareceterforçasocial.

66.Adireçãodestasmanifestaçõesestáemgruposdedireitaformalmentenovos,formadosporpesso-asrelativamentejovens;amaioriadeclassemé-diaalta;emgrandepartearticuladosapartirdasredessociais;mascomforteapoioinstitucional;apoiodegrandepartedagrandemídiacomercial;e algum financiamento significativo, de origemaindanãomuitoesclarecida.

67.Existemindíciosdestesfinanciamentos,alémdecontribuiçõesindividuais.Sãoasramificaçõesen-tre osmovimentosque formalmente convocamasmanifestações (citados acima) e/oualgumasdesuas liderançascomalgunsinstitutos,ONGseOSCIPs,oqueindicaapresençadiretaouindire-tadeempresáriosbrasileirosenorteamericanos(como a petroleira norte americana Kock). É ocasodaEPL(EstudantesPelaLiberdade)quetemvínculoscomaStudentsforLiberty(EUA).

68.Masnãoháindicativosdequeestesgruposrepre-sentemhojeosinteressesdasfraçõeshegemôni-casdocapital(internoouestrangeiros)numgol-pedeestadonoBrasil.

a questão da “classe média”

69.Toda esta situação está requerendo uma redis-cussãosobreachamada“classemédia”noBrasil.

70.É preciso uma pesquisa e uma discussão sériasobre isso. Tanto da tradicional “classe média”,quanto da mal chamada “nova classe média”.Tantoemsuacomposiçãosocial,quantodesuasexpectativas políticas e concepções ideológicas.Antesdetudo,estesetornãoéexatamenteuma“classe”social,masuma“camada”socialderendamédiaeváriasrelaçõessociais.

71.Aqui,sóarriscamosalgumasideias.

72.Historicamente, a “classe média”pode assumirperspectivaspolíticas e ideológicasdiferentes eatéantagônicas.E,emgeral,nãofazumaopçãoem bloco. Depende da realidade cultural maisampla(elementos ideológicosmaisarraigados);doperdeeganhadecadamomento(racionalida-depolíticapragmática)edacorrelaçãodeforçasdo período (quais classes e forças políticas po-demdirigirumaalternativaquepareçamelhor).

73.A“classemédia”,ouseja,oquesechamageral-mente“camadasderendamédia”,jáfoiabasede

apoioprincipaldoPT.Estesóatingiudefatoam-plamenteossetoresmaispobresdepoisdeche-garaogoverno.

74.Do ponto de vista sócio-econômico, esta não éumacamadahomogênea.Háumsetortípicope-queno-burguês empregador (pequenos empre-sários) que tendemmais a seguir a burguesia.Mas,mesmoentreeles,pode-sedistinguirentreumaaltaeumabaixapequena-burguesia.

75.Além disso, existem os chamados profissionaisliberais,comoadvogados,médicoseoutros,quenãosãonemempregadosnemempregadores.

76.Mas,certamente,amaioriadaspessoasde“rendamédia”sãoassalariadasdosetorprivadooudosetorpúblico(emtodososníveis).Também,en-treelas,comvariaçõessalariaissignificativas.

77.Portudoisso,nãodáparatratara“classemédia”embloco,nemsócio-economicamentenempolí-tico-ideologicamente.

78.De modo geral, considerando pela renda (poisnãohápesquisassistemáticasqueavaliemovotoconsiderando as relações econômicas), esta ca-madaapoioumajoritariamenteLulaem1989e2012.Em1994,apoiavaLulaatéapareceroPla-noReal,quandoelamudaparaapoiarFHC–mas,amaioriadopovotambémacabouficandocomFHCem94e98.

79.Aclassemédia,durantealgumtempo,tevevanta-genscomogovernoLula,especialmentefacilida-desdeconsumo.Acrisemudouisso.

80.Apolíticadogovernoestátirandoalgumascondi-çõesmateriaisdestacamadasocial.Elaestáper-dendopoderdeconsumo,estáendividada,etc.Ainflação(carestia)estáaí;oaumentodosjuros;amaiorinflaçãonosplanosdesaúdeenaeducaçãoprivada.

81.Tambémnãopodemosdescartarquealgunsse-toresmaisreacionáriospodemtersentidoperdadeprivilégioseaumentodaconcorrênciacomaintroduçãodascotas,assimcomocomaobriga-ção de pagar direitos para empregadas/os do-mésticas.Equeumapartedosmédicosreagiramdemodoreacionário(corporativista,direitistaeanticomunista)ao“maismédicos”,especialmentecomoscubanos.Masissonãoparecesuficienteparaterprovocadoessaguinadanaavaliaçãopo-líticadogoverno.Mesmoporque,atéocomeçode2013,aavaliaçãoeramuitopositiva,inclusivenessacamadasocial.

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82.Quando ela começa a reagir com a insatisfaçãocomogoverno,oPTeogovernopassaramafazerumcombateideológicoà“classemédia”embloco.

83.Aperguntaéaseguinte:

84.É ou não necessário disputar a “classemédia”?Comomanteroseuapoionumquadroeconômi-co,sociale“ético”desses?

85.OPTeogovernonãocombateramograndecapi-tal,masconcentraramseucombateàclassemé-dia,todoschamadosde“coxinhas”,colocando-osemblococomosendoda“elitebranca”contraospobres.

86.Nãocombateramograndecapitaleoscorruptoseconservadoresqueestãonogoverno.Ereduzi-ramsuaconcepçãode“lutadeclasses”,aumalutaentreosmaispobresxclassemédia.

87.Evidentemente que, desse jeito, não tem comomanteroapoiodessessetoresmédios.

a questão do golpismo, do impeachment e do des-gaste continuado governo Dilma, de lula e do pt

88.Quantoàpossibilidadedeum“golpedeestado”(queéumarupturainstitucionaldecimaprabai-xo),tambémprecisamospensarsobreissoparaterumaanálisemaisrigorosasobreaconjunturaeacorrelaçãodeforças.Nãoépossívelfalarnissosemprecisarmelhorquemsãoossetoressociaisepolíticos interessadosemobilizadosemtornodisso.

89.Parafalarde“golpedeestado”éprecisoidentifi-carseussujeitosdiretamenteinteressadosearti-culadores.Osqueestãofalandoqueháoriscodegolpemilitar,precisamresponderestaspergun-tas.

90.Queméosujeitodogolpe?Dequeclasseoufra-ções de classe são? Que interesses internos ouestrangeiros representam?Qual grupo político?Qualsetoreliderançasmilitares?

91.Queforçarealmenterepresentam?Pequenosgru-pos(civisemilitares)quedefendemumgolpemi-litar,certamenteexistem.Mas,qualésuaexpres-sãoepeso social, político emilitar?Nadadissoestáclaroparaquesepossafalaremum“golpemilitar”emandamento.

92.E o impeachment? Também ainda não há baserealeumprocessolongolevariaagrandeinstabi-lidadepolítica.Enãogaranteunidadedosatuais(dia15)manifestantes.Alémdisso,aindanãohá

baselegalparaimpeachment.Nãohavendoestabase, este pode ser entendido como um “golpeinstitucional”.

93.AcomparaçãoquesefazentreoBrasileoPara-guaieHondurasnãoparecerazoável.Asdiferen-çassãogritantes,tantonoquedizrespeitoàins-titucionalidadeestatal,quantoàcomplexidadedasociedadecivilequantoàimportânciaeconômicadoBrasiledosinteressesdocapitalqueaquies-tãoemjogo.

94.Alémdomais,mesmoenfraquecidopoliticamen-teeburocratizado,oPT(ealiados)aindatemforteenraizamentoemmovimentossociaiserelaçõesorgânicascomimportantessetoresdograndeca-pital(aocontráriodospresidentesdaquelespa-íses que praticamente não tinhampartido nemmovimentosorganizadosfortesnasociedadeci-vil).Eogovernobrasileiroestáaplicandoapolí-ticadafraçãohegemônicadosmaisricos,queéocapitalfinanceiro.EnãonosesqueçamosdequeoPTtemdadocontribuiçãofundamentalparaaestabilizaçãodahegemoniapolíticaburguesanoBrasil.

95.Não há aqui, entretanto, em nossa análise, ne-nhum viés legalista de achar que a burguesiasemprerespeitaa legalidadepolítica.Sehouvernecessidadeecondiçõespolíticas,eladaránovosgolpes–comoaconteceuem1964noBrasil,noChiledeAllendeouvemtentandonaVenezuela.Masnestestrêscasosaquicitados,interessesim-portantesdosgrandescapitalistaselatifundiáriosestavamsendoatingidosouemrisco.Oquenãoéonossocasohoje.

96.Portanto,aquestãodizrespeitoàcorrelaçãodeforças,aoquerealmenteestáemjogo,eumauni-dadebásicadas fraçõeshegemônicasdocapitalparaisso.

97.Éporissoque,hoje,arealizaçãoumgolpemilitarestáforadapautaeum“golpeinstitucional”(viaumimpeachmentsemfundamentolegal)nãoéahipóteseprincipal,porquatrorazõesbásicas:

98.1-Asfraçõeshegemônicasdocapitalestãodiri-gindo,pordentrodoprópriogovernoDilma-PT,asua“saída”paraacriseeconômica(ouseja,asuamaneiradecontornartemporariamenteacrise).

99.2 - O risco de instabilidade política seria aindamaiorcomumprocessodeimpeachment,oquepodeaumentarmuitoseusprejuízosedificultareatrasarmaisarecuperaçãoeconômicaeoaumen-todosseuslucros.

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100. 3 - O PMDB não é confiável para aplicarumapolíticaduradeajustefiscal(comoaqueestáemcurso)econtermassaspopularesinsa-tisfeitas(eainsatisfaçãotendeaaumentarporalgumtempo).

101. 4-NemosetoroposicionistadoPMDB,nemoPSDBnemoDEM,estãocertosdequevaleapenaarcarcomasresponsabilidadesdoscustosdaaplicaçãodoajustefiscalantipopular.

102. Portanto,atendênciaprincipaléacontinuida-dedeumaguerradedesgastelonga,comvistasao governo tomar (mais)medidas de interessedograndecapital;fazermudançasinstitucionaismais neoliberais; realizar uma reforma políticaprejudicialàesquerdaeàparticipaçãopopular;fazer o PT arcar comamaior responsabilidadepolíticadoajusteantipopular;ederrotaroPTaseleiçõesde2016e2018.

103. Ogovernopetistaaindapodesesalvarefazerosucessor,elegendoLulaem2018?Estábemdi-fícil.OPTeogovernocalculamquepodemfazertodas asmaldades agora (com repercussão ne-gativadurantedoisanos)eserecuperardepois,comamelhoradoquadroeconômiconacionaleinternacional.Sóqueatéagoranãohásinaisdequehaveráumamelhorareal,global,doquadrointernacionalatélá.Sóacompanhandoaconjun-turaprarespondermelhor.

a resistência popular

104. A Resistência Popular e a oposição progra-mática de esquerda ao governo e às oposiçõesconservadoras, continuam vivas e, como temosavaliado em nossas resoluções anteriores, vemavançandodesdeoiníciodogovernoDilma(vernossas resoluções de conjuntura e tática, espe-cialmenteadedezembrode2014,por issonãodesenvolvereimuitoaqui).

105. Masaindacontinuafrágilecombaixograudeunidade político-partidária e nos movimentossociais(duas“centrais”eoutrosmovimentosforadasduas),oquetemdificultadonossasrespostas.Alémdisso,ficoumeioatordoadacomtodaessasituação,aindasemumamaiorclarezadecomoenfrentá-la.

106. Masestásemobilizandonasruas.Verodianacionaldelutadossemtetoqueocorreu,asdeeducaçãoeservidoresfederaiseoutrasprevistasparaospróximosdias.

107. Há setores combativos na base do governo,masaindamuitoareboquedaperspectivadade-fesadogoverno,eperdendocapacidadedemobi-lização(essegovernonãoanimaquaseninguémpralutaremsuadefesa).

elementos de uma plataforma de lutas

108. Comodissemosemnossanotadodia16demarço,“Nãoaceitaremosecombateremosqual-queraventuragolpista,mastambémnãoaceita-remosachantagemdodiscursogovernistaqueseaproveitadealgumasexpressõesgolpistasparatentarcalarajustarebeldiadaresistênciapopu-lar,averdadeiraesquerdaeosmovimentoscom-bativos,contrasuapolíticaqueprivilegiaocapitalemdetrimentodosinteressesdostrabalhadorese setores médios. Vamos continuar na luta demassas,nasruas,disputandoolegadodasjorna-dasdejunhode2013:

109. Contra o ajuste antipopular, que tira direi-tos trabalhistas, previdenciários e na educação;contraacarestiaeotarifaço;pelaampliaçãodosdireitos do povo; combatendo a corrupção, es-pecialmente pelo fimdo financiamento privadoepelofinanciamentopúblicodecampanha;pelaauditoria da dívida pública e o imposto sobregrandesfortunas;pelaPetrobras100%estataleaCaixaEconômica100%pública;peloestadolaicoecontraoconservadorismopolíticoeideológico–particularmenteo fundamentalismo religioso;contraacriminalizaçãodosmovimentossociais.”

110. Nossodestaquegeral (comasadequaçõesacadasetor)devemseralutacontraoajustefiscaldeDilma-LevyepelaAuditoriadaDívidaPública(sobreestasquestõeseadareformapolítica,veraresoluçãodedezembrode2014).

111. Por isso, lutaremos contra qualquer tipo degolpeepelalegalidadepolítica.Sejaalgumatenta-tivadegolpemilitarouumadestituiçãoinstitucio-naldapresidentaDilma(comooimpeachment),semquehajaumcrimederesponsabilidadecom-provado.Masadefesadalegalidadenãopodeseconfundircomadefesadogoverno.

ousando lutar, Venceremos

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introdução 1

Companheirasecompanheiros:

1. ApresentoaseguirestetextoparaaTribunadeDebatespreparatóriaaonossoVIENAPS(En-controNacionaldaAPS).

2. Elevisa iralémdoresgatedenossoacúmuloteórico-político alcançado aqui. procurandoentenderasituaçãoeosconflitosmaisatuaisdomundo.

3. Aindaéumaelaboraçãoemconstrução,paraoque todasascríticase sugestõessãomuitobemvindasparaaconstruçãoorgânicadenos-sacorrentecomointelectualcoletivo.

4. Éumesforçopolíticoeteóricoparaentenderaatualsituaçãodoimperialismo.Nele,expomosasbasesteóricasehistóricasdoimperialismousandoalgunsautoreschave,apartirdaobraclássicadeLenin,escritaem1916.Emsegui-dausamosoutrosautoresmaisrecentes.Efi-nalmenteapresentamosumaamostradefatosrecentes,aindaemfasedelevantamentoesis-tematização,comvistasaaprofundarafunda-mentação de nossa hipótese de que estamosvivendoumatransição,dentrodolongoperío-dodemaisdeumséculodeimperialismo,paraumanovafasedeste.UmafasenaqualháumaquebradahegemoniaglobalunipolardosEUA,paraumperíododepossívelbipolarizaçãonoqualaChinadespontacomograndedesafianteeliderançadeumblocoimperialistaemascen-são.

5. Istoocorrenumlongoperíododecriseestru-turaldocapitalismoquesemanifestacomoumprocessode crisemúltipla: econômica, finan-ceira,social,ambiental,alimentareenergética,comfortesimplicaçõespolíticaseculturaisemdiversospaíses,emalgunsseexpressandocla-ramentecomocrisepolítica.Hoje,elasesituaprincipalmentenocentrocapitalista,comoosEUAeaEuropa,masatingetodooplaneta.Enãotemaparecidosinaisdesaída“virtuosa”.

1 Agradeço as críticas e sugestões feitas pelos Eliziário Andra-de e Luis Antonio Costa (Papa). Mas a responsabilidade pelos erros e lacunas aqui presentes é apenas minha.

6. Como já divulguei um artigo sobre a CriseMundialetemosdiscutidomaisestaquestão,voumeconcentraraquinaquestãodo impe-rialismofazendoumresumidoresgateteóricoeumadescriçãodasituaçãodaChinaedaRús-siaseguidadeumaanálisedosignificadodassuasaliançasemconstrução.

o imperialismo, de lenin à atualidade

7. Apartirdoestudododesenvolvimentodocapi-talismoentreofinaldoséculoXIXecomeçodoséculoXXedascontribuiçõesdeHobsoneHil-ferdingeoutros,Lênin,em1916,elaborousuaconcepçãode“Imperialismo”como“fasesupe-riordocapitalismo”.Dizele,sinteticamente:

8. “O imperialismo é a época do ca-pital financeiro e dos monopólios,que trazem consigo, em toda parte,atendênciadedominação,enãodeliberdade.Areaçãoemtodaalinha,sejaqualfororegimepolítico;aexa-cerbação extrema das contradiçõestambémnestaesfera:taloresultadodesta tendência. Intensifica-se tam-bémparticularmenteaopressãona-cional”(Lênin,2008,p.120).

9. Mas,paraele,estafase,sendoparteeevoluçãodocapitalismo,temumasériedeoutrasparti-cularidadesqueacaracterizamcomosua“eta-pasuperior”.Sãoelas:

10.Aumentodaconcentraçãodocapitalemgran-desempresas,gerandoumpredomínioeconô-micodosmonopólios, diferenteda fase ante-rior principalmente baseado na concorrênciadeempresasnãomonopolistas.

11.Ampliaçãodopapeldocapitalfinanceiro,quevai semonopolizando e ganhandopreponde-rância sobre o capital industrial, mas sendoprincipalmenteumcapitalfinanceiroquetembasenaeconomiareal,usufruindopartedova-lorgeradonaprodução.

12.Políticadeexportaçãodecapitaisdosgrandescentrosparaoutrospaíses,buscandoaexplo-

UMa NoVa FaSe Do iMperialiSMo?

JorgeAlmeira

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raçãodomaisvalornestes.

13.Repartição domundo em áreas de influência(de estados imperialistas e dos grandes mo-nopólios) visando garantir os espaços para aextraçãoderecursosnaturaisdaperiferiaparaocentroemercadoparaacanalizaçãodeexce-dentesproduzidosnocentro,significandoistoqueoneocolonialismoconvivecomaexporta-çãodecapitaiseaimplantaçãodeempresasdepaíses centrais na periferia (colônias e semi-colônias).

14.É um processo que, pela concentração de ri-quezas, permite a cooptação do proletariadodoscentroscapitalistas,atendendoreivindica-çõesdemelhorescondiçõesdevida.

15.Não há uma potência imperialista hegemôni-ca inquestionável, pois a Inglaterra(principalpotência)estádiantedeváriosdesafiantesemascensão,comoaAlemanha,osEUAeoJapão.

16.Nestecontextodedisputaporrecursos,merca-dos,colôniaseáreasdeinfluência,háumanta-gonismoeadeflagraçãodeguerrasinterimpe-rialistas,comoaprimeiraeasegundaguerrasmundiais.

17.Lênin também identificou este período comodecrisedocapitalismoedarevolução,noqualas maiores contradições na periferia fariamdestas regiões e países/estados, os elosmaisfracosdacadeiaimperialistaemaispropensosaprocessosrevolucionários.FoinestecontextoqueocorreuaRevoluçãoRussade1917.

atílio boron e as duas fases do imperialismo

18.Boron(2005)reafirmaaatualidadedo impe-rialismo, quemantém as suas característicasessenciais,masidentificaque,apósa2ªGuerraMundial,algunselementosdaconceituaçãodeLêninforamsuperados.Houveumlongoperí-ododerecuperaçãoeconômicamundialatéocomeçodadécadade1970easguerras inte-rimperialistas saíram de cena, dando lugar auma convergência interimperialista com ata-quesdirigidosapaísesdaperiferia.Surge,as-sim,umasegundafaseglobalizadadoimperia-lismo,umanovaetapasuperior.

19.Outrasnovascaracterísticassão:

20.Grandesmonopólios transnacionais; agênciaseconômicas - FMI, Banco Mundial, OMC; de-

senvolvimentodocapital financeiroespecula-tivomuitomaiorqueomais valor geradonaprodução;grandesmídiasinternacionalizadas;estados formalmente independentes (fimdascolônias)egovernosdemocráticossubmissos;privatizações e desregulamentações;aumentodadependênciadospaísesdaperiferiaemaiorcentralização nos EUA, que se consolidamcomo potência imperialista hegemônica pelaforçaeconômica,política,culturalemilitar.

21.Em2005,osEUAdetémmetadedasdespesasmilitaresdomundoetembasesemissõesemmaisde120países.Astransnacionaisnorte-a-mericanassãoquase50%das500grandesdomundo e cerca de 70%das 50maiores; setedas dezmaiores da informática; nove das 10deSoftware;seisdas10daindústriafarmacêu-tica.95%docapitalquecirculamundialmentediariamentenomercado financeiroéespecu-lativoeocentroestánosEUA,emseusbancosprivadosenoseuBancoCentral.

22.Há um enfraquecimento da ONU e da OTAN,comosEUAsesobrepondoaestes,alémdacri-minalizaçãodosmovimentossociaiseoenfra-quecimentodasdemocraciasrepresentativas.

23.Masasupostainvencibilidadedoimperialismoéquestionadadevidoàsderrotassofridas;suasupremaciaeconômicaseenfraquece;háuma-perdadeprestígiodosEUAnasociedadecivilmundial;eaChinacomeçaadespontarcomopotência.

François chesnais e as três fases do imperialis-mo

24.Chesnais(2007)tambémconsideraqueépre-ciso“continuarutilizandoaanálisedeLênin”,masnãode“maneiraescolástica”,poisesteto-mouformasimpensáveisem1916,setornan-douma totalidadesistêmica.Umadasprinci-paisparticularidadesatuaiséumnovotipodefinanceirizaçãodaeconomia.

25.Eleidentificatrêsfasesdoimperialismo,sendoaprimeiraconformeanalisadaporLenin.

26.Umasegundafasesurgeapósa2ªguerramun-dial, quandoháumperíododemaior impor-tânciarelativadocapitalprodutivoemrelaçãoaofinanceiro.Surgeumapotênciaimperialistadominante(EUA)queimpõeregrasaosórgãosinternacionaiseaoutrosestados.Istoocorreu

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desde antes do fim a URSS,mas, a partir daí(décadade90), aprofunda-seessapreponde-rância.

27.A terceira fase (atual) começa na década de1970,quandopassaahaverumagrandepre-ponderânciadocapitalfinanceiro,gerando“umregimedeacumulaçãocompredomíniorentis-ta”,quecoincidecomoperíodoneoliberal.Estetipodecapitalfinanceiroédiferentedoreferi-doporLenin,poisnãoestálastreadonomaisvalorgeradonaproduçãoeéfrutodaespecu-laçãoedadívidapública(Chesnais,1996,2004e2007).Duranteafaseanterior,aproduçãoin-dustrialpareciapredominarsobreasfinanças,o lucro produtivo sobre a renda financeira, aproduçãodemaisvalorsobresuaapropriaçãorentista(Chesnais,2007).Mas,hoje,ocapita-lismo está dominado pelo capital parasitário-por serumaopçãomais lucrativadiantedacriseresultantedatendênciadecontraçãodaacumulaçãoedaquedadataxade lucrosnosinvestimentosprodutivosdiretos.

28.Além disso, grandes monopólios transnacio-naispreferemincorporaroutrasempresasdoqueinvestiremnovasunidades.

29.Mas a crise acabou tornando-se ainda maisprofunda,estimulandoaanarquiadaproduçãocapitalistaeaaproximaçãodeumagrandecri-sedesuperproduçãogeneralizada.

30.AChinaeaÍndiaestãoplenamenteintegradasàvalorizaçãoplanetáriacapitalista,mascomadestacadaparticularidadedeseremnúcleosdeacumulaçãoemprimeiroplano(produtiva)eaChinamanifesta característicasdepaís impe-rialista.

31.Háaíumanovacontradição:osinvestimentoseocrescimentoeconômicodestespaísessãone-cessáriosaosEUA(eaocapitalemgeral)paraenfrentaraquedatendencialdataxadelucro,masissofacilitaavidade“grandesrivais”.

istván Mészáros e as contradições do imperia-lismo global hegemônico

32.ParaMészáros(2003),o“iníciodacriseestru-tural ocorrida na década de 1970 produziumudançasimportantesnaposturadoimperia-lismo”,cadavezmais“agressivaeaventureira”,apesar da propaganda de uma “nova ordemmundial”depaz.

33.O“imperialismoglobalhegemônico”, trouxe“oimperativo de construir uma estrutura de co-mandoabrangentedocapitalsobum“governoglobal”presididopelo“paísglobalmentedomi-nante”.Sendoestatalvezaprincipalcontradiçãodocapitalismohoje:anecessidadedeumgover-noglobaleaimpossibilidadedesuarealizaçãodevidoàscontradiçõesentreasdiversasfraçõesdocapitalvinculadasaestadosnacionais.

34.Estão se aproximando certos limites estrutu-raisdo capital.Não sepodedizer tenhaatin-gido “seu ponto de não retorno” (Mészáros,2002),mas isso promove o “potencial de au-todestruiçãodahumanidade[...]tantomilitar-mentecomopormeiodadestruiçãoemcursodanatureza”(Mészáros,2009).

35.Eletambémdefinetrêsperíodosdoimperialis-mo,masdemododiferentedeChesnaisemes-modeLenin:1-operíodoquevaidosimpérioscoloniaisiniciadosnofinaldoséculoXVatéofinaldo séculoXIX;2- a fase identificadaporLenin,queMészároschamade “imperialismoredistributivista”, onde há uma disputa entrepotências em favor de suas empresas nacio-nais;3-a faseatual,quedenominade“Impe-rialismoglobalhegemônico”.

36.Estasecaracterizabasicamentepor:a)EUAcomoforçahegemônica;b)Eclosãodacriseestrutural;c)Necessidade imperativadeum“governoglo-bal”, comestruturaabrangente,presididopelosEUA;d)Impossibilidadedissoacontecer.

37.Mas seria ilusório crer no declínio dos EUAcomopotênciahegemônica.

David Harvey e o Novo imperialismo

38.ParaHarvey(2004),asmudançasnoimperia-lismo significaram uma “reconfiguração dra-máticadageografiadaproduçãoedalocaliza-çãodopoderpolítico-econômico”.OsEUAnãodeixaramdeseraprincipalpotênciaimperia-listamas,estáemcursooseuenfraquecimentoeumaperdadehegemonia(Gramsci,2000).

39.Apósadécadade1970,ampliou-sea“acumu-laçãoporespoliação”(tipoacumulaçãoprimi-tiva),poisEUAperderamodomíniodaprodu-ção (exceto em setores como defesa, energiae agronegócio). Surgiram “subimperialismos”,na Europa, Leste da ásia e Sudeste Asiático,quedisputamáreasdeinfluência,quehojesão

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menosexclusivasemaissuperpostas.

40.OsEUAaindatemvantagemnaproduçãodetec-nologia; tem status de estado rentista; e recebeumainjeçãodelucrosexcedentesproduzidosfora.

41.Masestãoemdeclínio,comopodeservistocomosseguintesdados:aspatentesestrangeirasre-gistradasnosEUAaumentaramde40para50%entre1980e2003;aumentamosestrangeirosqueganhamprêmioNobel;pesquisadoresfor-mados nos EUA voltammais a seus países deorigem; 400 grandes empresas estrangeirasinstalaram grandes institutos de pesquisa naChina;apesquisanosEUAestáemdeclínio;ataxadelucroforadosEUAémaior;20%deWallStreetpertenceeestrangeiros;acompetiçãoin-ternacionalvaificandomaisdifícil.

42.Aumentam os déficits comerciais e a DívidaPública,comcercade40%dosrecursosdote-sourodosEUApertencendoaestrangeiros,es-pecialmente àChina.Internamente, aumenta adesigualdadenosEUA,comperdadeempregosediminuiçãodomercadointerno,ecaiataxalíquidadepoupançainterna.

43.Os EUA estão mais vulneráveis e não podemmanterocupaçõesmilitarespermanentes,sendoilusão pensar numa recuperação da economiamundialconfiandonumarecuperaçãodosEUA.

44.Poroutrolado,aChinacontinuacrescendo;in-vesteeminfraestruturaecapitalfixo;edisputaáreasde influênciacomosEUA.Masnãotemautonomiamilitar.

45.AChinavaisetransformandonumapotênciaeosEUAseenfraquecendo.Mas ficampergun-tas:deondeviráanovaondadeinovação?Issolevaráaumamaiorintegraçãoentreasecono-miasemaisamizadeentreestesestados,ouaummaiortensionamentopolítico-estatal?

46.ParaHarvey,háumalógicadepoderconduzidaporimperativosterritoriaiseinteressespolíticosnaes-feraestatal.Eumalógicacapitalistadepoderquedecorredoacúmulodedinheiro,comcertaautono-miaemrelaçãoaosestados.Estaéumacontradição

queeledeixaemaberto.2

a china, a rússia e suas alianças

47.Comovimosacima,aChinavemdeumlongopercursoocupandoumaposiçãoprotagonistanocenáriomundialecontinuasendooprinci-palpuxadordecrescimentoeconômicoplane-tário.Em2014,aChinacresceu7,4%(omenorcrescimentoem24anos).Ao,seulado,aÍndiacresceu6%,enquantoosEUA2,4%eaRússiadecresceu.3

48.UmestudodoOCDEde2011jápreviaapossi-bilidadedaChina(2°PIBmundial)ultrapassarosEUAemalgunsanoscomomaioreconomiadomundo, enquanto a Índia (10° PIB) supe-rariaoJapão(3°PIB).Somadas,aseconomiasdestesdoispaísestendemaultrapassarasomadaseconomiasdeEUA,EurozonaeJapão.

49.SegundooBancoMundial,aChinadevepassarosEUAempoucotempo(2015).Oestudousaumcritériodeparidadedepoderdecompra(PPP),queéumcálculoconsideradomelhorparacom-pararotamanhorealdeeconomiasdiferentes,comcustosdevidadestoantes.EsteétambémocálculodaAgênciaMoody’s,queprevêqueoPIBdaChinachegaráaUS$17,9trilhõescontraUS$17,5trilhõesdosEUAnesteano.

50.Neste critério, entre 2005 e 2011, o PIB chi-nêsfoide43,1%para86,9%doPIBdosEUA.Damesmamaneira,aÍndiaficaráem3ºlugar,seguida por Japão, Alemanha, Rússia, Brasil,França,ReinoUnido e Indonésia.Pelo critériodoFMI,oPIBNominaléoseguinte(emtrilhõesdedólares):EUA-17.459eChina-10.463.

51.AexpectativadecrescimentodoPIBdaChinaem2015édecercade7%,cercadodobrodamédiamundial(3,6%).ParaaÍndiaéde7,5%.ParaosEUAéde3,4%.ParaaRússia,-3%,emrazãodesuacrise(guerranaUcrânia,sanções

2 Registramos que, para não sobrecarregar este texto, deixamos de fazer referência a outras obras que contribuem para compre-ender a questão do imperialismo, como Rosa Luxemburgo sobre o imperialismo e a crise; Mandel sobre o capitalismo tardio e as crises; Baran e Sweezy sobre o capital monopolista; Gramsci so-bre mundialização e o papel do fordismo para o protagonismo “americano”; os autores da teoria marxista da dependência (Ma-rini, Bambirra, Theotônio dos Santos e Gunder Frank); Miliband sobre o estado no capitalismo avançado; Poulantzas, particular-mente sobre a crise do estado (do bem estar social); e Perry An-derson sobre o neoliberalismo.3 Todos os dados citados daqui em diante vem de fontes con-firmadas, mas que não citamos aqui por serem muitos e não sobrecarregar a leitura.

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econômicasequedadopreçodopetróleo).

52.A crisemundial e as contradições do capita-lismotambémseabatemsobreogiganteasi-ático,mas a sua economia manteve-se relati-vamenteestávelporqueogovernochinêstemgrandepoderdeintervenção.Oajustedecon-tasfinanceiropodetersidoapenasadiado,masécedoparavermosumagrandecrise.

53.AChinajátemomaiorPIBindustrialdomun-do;éomaiorexportadore2º importadornomundo;desenvolveintensoprocessodeexpor-taçãodecapitaisnainfraestruturaenaprodu-ção;possuiamaiorparceladetítulosdadívidados EUA; compra terras em outros países; esediabancodefomentoemconcorrênciacomFMIeBancoMundial.

54.AprofundasuapenetraçãonaáfricaenaAmé-ricaLatina.Jáconcedeumaisde50bilhõesdedólaresemempréstimosàVenezuelaemtro-ca de petróleo. Assinou com a Argentina um“Convênio”permitindoentradaprivilegiadadecapitaischinesesemtodosossetoreseconômi-cos.NaNicarágua, está construindoumnovocanalligandooPacíficoaoAtlântico,queétrêsvezesmaiordoqueodoPanamá,comadireitodeexploraçãopor100anos.E,comoveremos,constróialiançasdegrandepotencialestraté-gicocomRússia,ÍndiaeoutrospaísesnaásiaePacífico.

55.ARússiaeseusdesafios

56.Depois do fim da URSS, a Rússia vinha numprocessoderecuocomopotência,secolocandocomoaliadodosEUAedaEuropaeconciliandocomasagressõesmilitaresdosEUAedaOTAN.

57.IssoacabounomomentodaameaçadosEUAàSíria,ondeaRússiatemumabasemilitar,aúnica foradaantigaURSS.Ereforçousuaau-toafirmaçãoduranteosconflitosnaUcrânia -ondetambémtemumabasemilitarnaCrimeia-quandofezumaanexaçãocontinuaapoiandoosseparatistasnoLestedopaís.

58.Aceitou o exílio de Snowden (para irritaçãodosEUA)eagorafazameaçasdizendoquetemimagensquecomprometeriamosEUAnoata-queàsTorresGêmeas.

59.Retomouainiciativadeabrirnovasbasesmili-tares,segundodeclaraçõesdoministrodade-fesaSergeiChoigu.

60.ComoIrã,assinouumacordomilitar“multifa-

cetadoedelongoprazo”emjaneirode2015.

o artigo de putin no New York times

61.OartigodePutinnoNewYorkTimes(simbo-licamente publicado em 11 de setembro de2013)foiumclarorecadoaosEUAeaomun-dosendoumdosartigospublicadosnoNYTdemaiorrepercussão.

62.Nele Putin afirma que a ONU foi estabelecidaparaevitardevastaçõescomoadasegundagran-deguerrae,paraisso,odireitodeveto(daRús-siaeChina)deveserrespeitado,poisaONUnãodevedesmoronareumataquedosEUAcontraaSíriaseriaumaagressãoinaceitável,podendoes-palharoconflitoparaalémdassuasfronteirasecriandoocaosnosistemainternacional.Eacres-centouqueéalarmantequeaintervençãomilitartenhasetornadocomumparaosEUA,quevemseapoiandosomentenaforçabruta.

china, rússia e seus novos acordos históricos

63.Estespaísessãoomaispopulosoeomaisex-tenso da Terra e tem grandes interesses co-muns.AChinaestásetransformandonamaioreconomiadomundoeaRússiaéumagrandepotência energética e tem tecnologia bélica eespacialdeponta;ambosestãonaaliançadosBRICsetemdiretodevetonoConselhodeSe-gurançadaONU(CS-ONU).

64.Sãoa2ªe6ªeconomias(PIB-PPP)ea2ªe3ªpotênciasmilitares.ARússia temomaiorar-senal nuclear estratégico e tático e a China amaior força militar terrestre convencional.Suaseconomias se complementamea exten-sãodesuasfronteirascomunspermiterealizartrocascomerciaiscombaixocustoeemsegu-rança.Possuemgigantescasreservasemouroedivisasesãograndescredoresdospaísesoci-dentais.

65.AChina, apesardeseropaísonde,provavel-mente,nosdiasatuais,existeomaiornúmerodegrevespormelhoressaláriosecondiçõesdetrabalhonomundo,mantémforteestabilidadepolítica,omesmoacontecendocomaRússia.

66.Estãoaplicandopolíticasdeestado(enãodegoverno)defôlegoestratégicoeseuspresiden-tesficarãolongoperíodogovernando.XiJipingfica pelo menos até 2022 e Putin tem boas

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chancesdeserreeleitoem2018.

67.As declarações comuns não são agressivas,defendemapazeomultilateralismo.Mastemcertaambiguidadeesãobemenfáticasnade-fesadeprincípiosqueestesestadosnãoabremmão.

68.Umdosprojetosemcurso,degrande impac-toeconômicoegeopolítico,éa“NovaRotadaSeda”,queteráumaenormeinfraestruturafer-roviária,hidroviáriae rodoviáriacortandoosdoispaíses, encurtandoo caminho comercialentreaEuropa,aChinaeospaísesasiáticos.

69.ContraprojetodosEUA,aChinadeuumaofen-sivarumoaZonadeLivreComérciodaásiaPa-cífico (FTAAP), se contrapondoàTPP (Alian-çaTranspacífico),defendidapelosEUA,equeexcluíaaChina,noqualparticipamapenas12dos21integrantesdaFTAAP.Maisumaderro-tadosEUAestásedelineando.

70.Em 9 de novembro de 2014, em Pequim, 17acordos entre a China e a Rússia foram assi-nados pessoalmente por Putin e Xi Jinping.Estãoincluídosdoisenormesgasodutosentreosdoispaíses(nasrotasorientaleocidental)e400bilhõesdedólaresdecompradegásrussopelaChinadurante30anos.

71.AChinapassouavotarfavoravelmenteàRús-sia no CS-ONU para bloquear iniciativas doocidente.Significaque,emvezdeterisoladoaRússia,aagressãodosEUAnaUcrâniaacabouconsolidandoumpoderosoaliado.

72.Antes disso, na ONU, ambas impediram san-çõesmaisdrásticascontraoIrãeaintervençãoarmadanaSíria.

73.Antesdosacordosdenovembro,houvea“De-claraçãoConjunta”demaiode2014comacor-dosestratégicosvitaisparaséculoXXI,eparacriaruma “ordemmundial justa, harmoniosae segura” onde “osdoispaíses continuarão agarantirumaooutrofirmeapoioemquestõesrelacionadas a interesses-núcleo, como sobe-rania, integridade territorial e segurança”; orespeito incondicional aos direitos dos par-ceiros a escolher a própria via de desenvol-vimentoeseusvaloreserejeitaralinguagemdassançõesunilateraisouquevisemmudarosistemaconstitucionaldequalquerpaís.Defen-detambémumrealinhamentona“arquiteturafinanceiraeeconômicainternacionalàsneces-sidadesdaeconomiareal”.

74.SinalizaaincorporaçãodaÍndianum“diálogoestratégico trilateral”;a criaçãodeumBancodeDesenvolvimentodosBRICs;eaconstitui-çãodeumacestademoedas(quenãoodólar)paraosnegóciosinternacionais,rompendodefatooAcordodeBretonWoods.

75.Aaliançaincluiacordosmilitareseaparticipa-çãodePutineXiJinpingemexercíciosconjun-tosnaBaseNavalWoosung,alémdoagenda-mentodeoutrosexercíciosmilitaresconjuntos(comonoaniversáriodaderrotado“Eixo”naSegundaGuerraMundial).

76.Foianunciadatambémumaoutraaliançadu-ranteareuniãodecúpuladaShangaiCoopera-tionOrganization(SCO),emPequim,paraco-mércioesegurançadospaísesmembros,queincluem também Cazaquistão, Kirguiquistão,Tadjiquistão e Usbequistão. Índia, Paquistão,MongóliaeIransãopaísesobservadores,masquepodemsetornarmembrosefetivos.Apro-jeçãodecrescimentodoPIBdaÍndiaéde7,5%em2015(subindonosanosseguintes).

77.AChinadápassoslargoseprofundosparasu-perarsua fracaautonomiamilitar.Exemploéuma grande empresa conjunta, entre a russaUACeachinesaCOMACparafabricaraviõesdegrandeporte(comparávelaoBoeing787)eumhelicópterodegrandeporte,sucessoravança-dodoMi-26,criandoassimumnovocentrodetecnologiascompotencialmilitar.

78.VaienviarasuamaiorforçaemMissõesdePazdaONU,paraatuarnoSudão.

79.Estáampliandosuafrotadeporta-aviõescomsuaprimeiraunidadenacionalpotenteprevis-tapara2020.

80.Já está produzindo o caça J-15, cópia chine-sa avançada do russo Sukhoi SU-33 e desen-volvendouma frotadenaviosdeguerraparadefendersuasposiçõesnosmaresdoSuledoLeste.

81.Está construindo duas grandes bases aéreas(enavais).UmanoPacífico(ilhaYongxing),nomardaChinaOrientaleoutranosrecifesYon-gshu,cujadimensãoartificialseránomínimoodobrodabasemilitarnorte-americanadoatolDiegoGarcia,noÍndico.

82.Nosetoraeroespacialestáproduzindosatéli-tesmilitaresde reconhecimento, espionagemóticaeradiotransmissões,alémdearmasan-

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tissatélite,dosmaisavançadosnomundo.

83.EbuscatermaiorpresençanagovernançadaInternet, legitimandoseumododeregulação,incluindoacensura.

84.Ao mesmo tempo, a China age diplomatica-mentejuntoaoJapãoepõemdeladoadisputasobreasilhasdoMardoLestedaChina,abrin-docaminhoparaencontrode líderesenovosacordosbilaterais.

85.Enfim,aascensãodaChinacomopotênciami-litareseusacordoscomaRússiaquestionamdécadasdedominaçãoregionaldosEUAnoare nomar. Isto não significa que estejam pre-parandoumacontraofensivamilitar. Formal-mente, defendemummundomultipolar,mascertamenteestãosepreparandoparaimpedirqueosEUAseimponhampelaviolência.

86.Emrespostaaoacordodemaio,Obamadecla-rounaAcademiadeWestPointque“Asagres-sõesregionais[...]noSuldaUcrâniaounomarda China Meridional, poderão atingir nossosaliadoseenvolvernossasforçasarmadas”.Foia primeira acusação feita por um presidenteestadunidense, nas últimas décadas,de que aRússiaeaChinasãoameaçasmilitares.

87.OsEUApodemestarsentindoqueperderamocontrolesobreoavançogeopolíticodestespa-íses.

Considerações finais

88.ComLenineosqueoseguiramnestainterpre-tação, entre o final do século XIX e início doséculo XX, vimos uma grande transformaçãointrínseca no capitalismo que gera uma fasesuperior chamada de imperialismo. Fase ba-seada,antesdetudo,nomonopólioindustrialebancárioeumapredominânciadocapitalfi-nanceirolastreadonaprodução.Aquiexistemváriaspotências imperialistasemdisputa, in-clusivepelaviadaguerrainterimperialista.

89.Com Chesnais, Boron, Harvey e Meszaros,identificamosumanovafasedoimperialismo,no qual este sofremudanças, semdeixar suaessênciaimperialista-econformeasvariaçõesnaleituradecadaumdelesjáexpressasacima.Apartirdasegundaguerramundial,numlon-go ciclo virtuosode crescimento capitalista e

desenvolvimentodoestadodobemestarsocialnoscentrosdocapitalismo,osEUAsedestacamcomoagrandepotênciacapitalistaimperialis-ta hegemônica. As guerras interimperialistassaemdecena,substituídaspela“convergênciaimperialista”ea “guerra fria”comaURRSeoblocodeestadossobseudomínioe/ouáreadeinfluência.

90.A crise estrutural do capitalismo no início dosanos 1970, nos remete, com Chesnais, a umanovafase,comapredominânciadocapitalfictí-cioeoespraiamentoefetivamenteglobalizadodocapitalismoparatodosossetoreseconômicoseregiõesdoplaneta,incluindooblocodaex-URSSeaChina,eosEUAchegamaoseuclímaxcomopotênciaimperialistahegemônicaunipolar.

91.Nossahipóteseéadeque,agora,possivelmenteestamosassistindoumnovomomento,detran-siçãodesteimperialismounipolarparaumabi-polaridade imperialista, superando a situaçãodiagnosticadapelosautoresquecitamos.Deumlado,aascensãodaChinaesuaaliançaestraté-gicacomaRússia,sobadireçãochinesa,esear-ticulandocomdiversosestados,emvárioscon-tinentes.Deoutrolado,osEUA,emprocessodeenfraquecimentoeconômico,buscandoconsoli-darumblococomaEuropaqueviveumapro-fundacriseegrandesdificuldadesparamanterograudeunidadejáalcançado.

92.Esta possível bipolarização nos remete aMeszaroseHarvey,sobreascontradiçõesen-treadinâmicadocapitalemgeral(quetendeao rompimento de fronteiras nacionais) e alógicaestatal-territorial,queésustentadaporinteresses capitalistas e políticos nacionaisparticulares.Assim,essatransiçãotrásconsigofortestensões.

93.No limite, podem haver duas possibilidadesde desenvolvimento: uma maior integraçãoglobalizadaetransnacionaldocapitalouumanova bipolarização radicalizada semelhanteà “guerra fria”– tendo,deum lado,umblocoformado pelos EUA e as principais potênciaseuropeiase,deoutro,aChinaeaRússia(comseusaliados).

94.Entretanto, existem duas questões muitoimportantes a serem consideradas, que com-plexificamasituação:1)Osblocosconstroemseusespaçoseáreasdeinfluência,porémcommuitasinterfaces(entreasdiversaspotências)

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e superposições (nas áreas de influência); 2)Adefiniçãodessenovomomento, entretanto,podepassarporumperíododemultipolarida-demarcada pela instabilidade, o que já seriafavorávelaosinteresseschineseserussos.

95.Finalmente, uma questão chave, ainda di-fícil de identificar: um fator central para umdesenlacehegemônicodesseprocessoestáemsaberdeondeviráumanovarevoluçãotecno-científica,ouquemestaránavanguardadestanovarevoluçãotecnológica.

96.Para concluir, registramos aqui (mesmosem o objetivo central deste texto) que estemomentodecrisedocapitalismotrásconsigotambém,alémdodesenvolvimentodestesdoispolos imperialistas, três outros “movimen-tos” políticos, sociais e ideológicos: umavan-çodaresistênciapopularnumaperspectivaàesquerda, que combina novas e tradicionaisformasdelutademassasecomeçaaaparecertambémeleitoralmentenaEuropa(verGréciaeEspanha);ocrescimentodeumadireitane-ofacistaemdiversospaíses;eofenômenodosagrupamentosislâmicosfundamentalistasmi-litarizados-querequerumadiscussãoàparte.Ummaioraprofundamentodestasquestõesénecessárioparacompreendermelhorospos-síveis desenlaces desse processo que se abrecomofimdahegemoniaunipolardosEUA.

referências Bibliográficas

97.BORON,Atílio.“Hegemoniaeimperialismonosistema internacional”. In:AtílioBoron (org.),NovaHegemoniaMundial.SãoPaulo,CLACSO,2005.

98.CHESNAIS, François. A mundialização docapital.SãoPaulo,Xamã,1996.

99.CHESNAIS, François. Da noção de impe-rialismoedaanálisedeMarxdocapitalismo.In: NÓVOA, Jorge (org.), Incontornável Marx,Salvador/São Paulo, EDUFBA/Editora UNESP,2007.

100. CHESNAIS,François.Ocapitalportadordejuros:acumulação,internacionalização,efeitoseconômicosepolíticos.In:CHESNAIS,François(org.),Afinançamundializada.SãoPaulo,Boi-tempoEditorial,2005.

101. GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere.Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira,2000.

102. HARVEY, David. O Enigma do capital. SãoPaulo,BoitempoEditorial,2011.

103. HARVEY,David.ONovo imperialismo.SãoPaulo,EdiçõesLoyolaEditorial,2004

104. HARVEY, David. Para entender o capital.SãoPaulo,BoitempoEditorial,2013.

105. LENIN, Vladimir. O imperialismo, etapasuperiordocapitalismo.SãoPaulo,Centauro,2008.

106. MARX,Karl.OCapital.Livro3.RiodeJanei-ro,CivilizaçãoBrasileira,1980.

107. MÉSZáROS, István. Para além do capital.SãoPaulo,BoitempoEditorial,2002.

108. MÉSZáROS, István. O século XXI, socialis-mooubarbárie?SãoPaulo,BoitempoEditorial,2003.

109. MÉSZáROS,István.Acriseestruturaldoca-pital.SãoPaulo,BoitempoEditorial,2009.

110. ROSDOLSKY,Roman.GêneseeestruturadeOCapitaldeKarlMarx.RiodeJaneiro,EDUERJeContraContraponto,2001.

JorgeAlmeira

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1. “Éramosumavisão,compeitodeatleta,mãosdejanotaecaradecriança.

2. Éramosumamáscara,comascalçasdeInglaterra,ocoleteparisiense,ojaquetãodaAméricadoNor-teeochapéudaEspanha.Oíndio,mudo,andavaaonossoredoreiaparaamontanha,paraocumedamontanha,parabatizarseusfilhos.Onegro,policiado,cantavananoiteamúsicadeseucoração,sóedesconhecido,entreasondaseasferas.Ocamponês,ocriador,revoltava-se,cegodeindignação,contraacidadedesdenhosa,contraassuascriaturas.Éramosdragonasetogas,empaísesquevinhamaomundocomalpargatasnospésefitasnacabeça.Teriasidogenialirmanaracaridadedocoraçãoeaousadiadosfundadores,afitaeatoga;desestagnaroíndio;irdandoespaçoaonegrosuficiente;

adaptaraliberdadeaocorpodosqueselevantaramevenceramporela.

3. Ficou-nosoouvidor,eogeneral,eoletrado,eoprebendado.

4. Ajuventudeangelical,comodosbraçosdeumpolvo,lançavaaoCéu,paracaircomglóriaestéril,acabeçacoroadadenuvens.Opovonativo,comoimpulsodoinstinto,carregava,

5. cegadopelotriunfo,osbastõesdeouro.

6. Nemolivroeuropeu,nemolivroianquedavamachavedoenigmahispano-americano.

7. Apareceuoódioeospaísespioraramacadaano.

8. Cansadosdoódioinútil,daresistênciadolivrocontraalança,darazãocontraoscírios,dacidadecontraocampo;doimpérioimpossíveldascastasurbanasdivididassobreanaçãonatural,tempestu-

osaouinerte,começa-se,inconscientemente,aexperimentaroamor.

9. Ospovosselevantamesecumprimentam.“Comosomos?”seperguntam;eunsaoutrosvãodizendocomosão.QuandoapareceumproblemaemCojimar,nãovãobuscarasoluçãoemDantzig.

10.AslevitasaindasãodaFrança,masopensamentocomeçaaserdaAmérica.

11.OsjovensdaAméricaarregaçamasmangas,põemasmãosnamassaeafazemcrescercomalevedu-radeseusuor.Entendemqueseimitademaisequeasalvaçãoécriar.

12.Criaréapalavra-chavedestageração.Ovinhoédebanana;esesairácido,éonossovinho!

13.Entende-sequeasformasdegovernodeumpaísdeverãoseacomodaraseuselementosnaturais;

14.queasideiasabsolutas,paranãopecarporerrosdeforma,devemserpostasemformasrelativas;

15.quealiberdade,paraserviável,temquesersinceraeplena;que,searepúblicanãoabreosbraçosatodos,morrearepública.Otigrededentroeotigredeforaentrampelasfrestas.Ogeneralfazpararacavalariaàpassagemdosinfantes.Ou,sedeixaparatrásosinfantes,oinimigolheenvolveacavalaria.

Estratégiaépolítica.

16.Ospovosdevemvivercriticando-se,porqueacríticaéasaúde;mascomumsópeitoeumasómente.

17.Desceratéosinfelizeselevantá-losnosbraços!Comofogodocoração,degelaraAméricacoagulada!Verter,fervendoelatejandonasveias,osanguenativodopaís!Depé,comoolharalegredostraba-

lhadores,saúdam-se,deumpovoaoutro,osnovoshomensamericanos.

18.SurgemosestadistasnaturaisdoestudodiretodaNatureza.

Leemparaaplicar,nãoparacopiar.

JoséMartí,in“NossaAmérica”

Conjuntura

A CRISE, A DÍVIDA E A VIDAUm olhar sobre Nossa América!

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Um mundo em crise e em ebulição!

19.Oquemais caracterizaa conjunturanosúlti-mosanosé a crise econômica, financeira, so-cial,política,ambientaleenergética.

20.Frenteàcrise,empraticamentetodoomundoostrabalhadoresetrabalhadoras,os/asjovenseopovoemgeral,vãoàlutacontraosataquesaosdireitos.E,paraenfrentaracrise,osgover-nos, que representamos interesses das elitesdominantes,adotammecanismoseinstrumen-tososmaisdiversosequando,háameaçadareduçãodos lucrosdoscapitalistas,socorrembancosegrandesempresasnacionaise inter-nacionais, com o dinheiro público. Dinheiroque,muitasvezes,éusadoinclusiveparapro-moverdemissõesemmassacomotemosvistohistoricamenteemnossopaís,emnossaAmé-ricaenosúltimosanosatémesmonospaíseseuropeus,osquaisfomentamesustentamseudesenvolvimentoeoseuestadodebemestarsocial,àscustasdossaques,daexploraçãoedadominação sobre os povos dos demais conti-nentes,emespecialaAméricaLatinaedocon-tinenteafricano.

21.Mas,nãoésódestaformaqueodinheirodapo-pulação,vaiparaoralo!

22.Há um verdadeiro SISTEMA DA DÍVIDA, quesangra cotidianamente os recursos públicos,para alimentar o sistema capitalistamundial,cujosinteressessãorepresentadospeloFundoMonetárioInternacional(FMI),FederalReser-ve(conjuntodebancosprivados),ClubedePa-ris,macomunadoscomosgovernosdeplantão.

23.Vale destacar, também, que a corrupção, asisenções fiscais, desonerações, dentre outrosdesvios legais e ilegais sugamsomas incalcu-láveis.

24.Esta situação tem sido enfrentada com resis-tênciaeluta!Grevesemanifestaçõesdiversas,destacando-se aquelas gigantescas, que fica-ramconhecidascomoasjornadasdejunhonoBrasilequetêmcobertoboapartedaEuropae atémesmodos EstadosUnidos,mostrandoa insatisfação das populações nestespaíses,desmascarandoafalsademocracia,mostrandoqueodenominadoestadodebemestarsocialnão existe e que o capitalismo não é a saídaparaahumanidade.

o Sistema da Dívida e ação da Direita em todo o mundo.

25.Neste quadro de dificuldades, cansaço, des-crédito, indignação,peloqualpassamospo-vos em todo omundo, para alémdamobili-zação e reação popular, duas questões têmvindoàtona–adoENDIVIDAMENTOPÚBLI-CODOSPAÍSES,ESTADOSEMUNICÍPIOSearesponsabilizaçãodosmesmospornãoteremfeitoosseusdeveresdecasa,ouseja,pornãoteremcassadoaindamaisdireitos trabalhis-tas,sociais,previdenciários–eaAçãODADI-REITA,cadavezmaisorganizadaearticuladainternacionalmente, disputando, até mesmonasruas,suasconcepções.

26.Obviamenteadireitavaiàsruas,comosmeiosde comunicação à frente e semabrirmãodeummilímetrodosseusoutrosmétodos,comoaviolênciaemtodasassuasformas,acriminali-zaçãoejudicializaçãodosmovimentossociais.

27.Mas,oqueseressaltaéatentativadamesmadeinfluenciarosmovimentossociaisecapita-lizarparaseuspartidos,comovimosnasma-nifestaçõesde2013eemespecialnasde2015emnossopaís.Enquantoopovoocupaasruas,a direita não governista busca capitalizar eambas,estaeadireitagovernistaseunemnoCongressoNacionalecassamdireitosdostra-balhadorese trabalhadorase impõemajustesfiscais, levando a retrocessos inimagináveiscomoospromovidoscomasMedidasProvisó-rias664e665ecomoProjetodeLei4330,quetramitamno congressonacional. Certamente,nesteembate,háquestõesqueàsvezesfogemao controle, contradições se aguçam e criamcertasdificuldades,asquaissempreos/asgo-vernantestentamsolucionarcommaisverbas,maiscargos,maisconcessões,quandonãocommensalões,mensalinhosetc..

28.Poroutrolado,namesmadireção,atuaaJus-tiçabrasileira,inclusive,legalizandoaterceiri-zaçãonoserviçopúblico,atravésdasorganiza-çõessociaiseorganizaçõesdasociedadecivil,dentre outras formas de privatização desteserviço.

29.Nasmanifestaçõesde2013atônicafoiparaaspolíticassociais,comdestaqueparatransporte,saúdeeeducação.Em2015,comoprotagonis-modadireitagovernistaenãogovernista,foiacorrupçãoeadefesadogoverno.Aesquerdae

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ossetorescombativosdomovimentotêmcen-tradosuaslutasnadefesadosdireitos,contraosataquesdosgovernosepatrõesecontraoajustefiscal.

30.Oque,deummodogeral,nãotemsedadodes-taqueéaoSISTEMADADÍVIDA,quefinanciaemantémestapolíticaeéamaiorfontedecor-rupção,essênciadosistemacapitalistaecausadiretadoENDIVIDAMENTOPÚBLICOedafaltade recursospara as políticas sociais. Exceçãofeita àAUDITORIACIDADãDADÍVIDA, asso-ciação,semfins lucrativos,criadalogoapósoPlebiscitoPopulardaDívidaExterna,realizadoem setembro de 2000, em 3.444municípios,pordiversasentidadesdasociedadecivilbra-sileira.

31.ValedestacarqueaAuditoriaCidadãdaDívi-datemcomoobjetivos,dentreoutros,realizaraauditoriadadívidapúblicabrasileira, inter-naeexterna,federal,estaduaisemunicipais.Eexigirtransparênciadeformaqueoscidadãosecidadãs“conheçamanaturezadadívida,osmontantesrecebidosepagos,adestinaçãodosrecursoseosbeneficiáriosdospagamentosdejuros, amortizações, comissões e demais gas-tos”emobilizarasociedadeparaexigirareali-zaçãodaauditoriaoficialdadívida.

32.Comestesobjetivos,aAuditoriatempromovi-do estudos, pesquisas, cursos e desenvolvidoaçõesparapopularizaradiscussãodoendivi-damento público por meio da elaboração depublicações,manutençãodepáginanainternetepromoçãodeeventos.Paratanto,temconta-docomoapoioemantidorelaçõescomoutrasentidades e redes nacionais e internacionais.Para além do seu trabalho específico, contri-buiudeformasignificativacomaCPIdaDívidaPúblicarealizadapelaCâmaradosDeputados,comaAuditoriadaDívidaPúblicanoEquadoreagoraestácontribuindocomaAuditoriadaDívidaPúblicadaGrécia.

33.Comtodoestetrabalho,aAuditoriaCidadãtemdadoumavaliosacontribuiçãoparaasocieda-de brasileira. É urgente e necessário que deforma ampla e aprofundada, cotidianamenteosmovimentoseos lutadorese lutadorasso-ciaisfaçamdaquestãodaDívidaPública,tema

permanentedesuasações.

Mas, em que consiste o Sistema da Dívida?

34.Aquestãodoendividamentopúblicoéhistóri-caeeleemsi,nãoéumproblema,quandosedádeformatransparente,legaleematendimentoaosinteresseslegítimosdapopulação.Sóquenãoéissooqueocorreemnossopaís,emnos-socontinenteeemboapartedomundo!

35.NoBrasil,porexemplo,apesardaleidatrans-parência,nãosetemsequerodireitodesaberquem são os verdadeiros credores da dívidapúblicainternaeexterna.Obviamentenãosãoospequenosaplicadores!

36.EapresidentaDilmaacaboudevetarumartigodeumprojetodeleiaprovadonaCâmaraenoSenado,quegarantecréditodeatéR$30bilhõesaoBNDES.Eoquediziaocitadoartigo? “Nãopoderáseralegadosigilooudefinidascomose-cretasasoperaçõesdeapoiofinanceirodoBN-DES,oudesuassubsidiárias,qualquerquesejaobeneficiárioouinteressado,diretaouindire-tamente,incluindonaçõesestrangeiras”.

37.Poisbem,asoperaçõesenvolvendooendivida-mentopúblicosãoprotegidaspelosigiloban-cário;enquantoogovernoegovernantesmen-tem acerca domesmo, chegando ao absurdodedivulgarem, afirmareme reafirmaremqueadívidaexternaacabou.Adívidaexternanãoacaboucomomuitaspessoaspensame,nemaintervençãodoFMIemnossopaís.Aliás,quan-dooBrasilpagouadívidacomoFMIpublicoucarta no site do Ministério da Fazenda, afir-mandoqueofundocontinuariaacompanhan-doaeconomiadoBrasil.

38.Apropósitoébomrecordar!Oqueéadívi-daexterna?Eadívidainterna?Teoricamente,adívida internabrasileira é aquela contraí-daemmoedanacionaljuntoaresidentesnoBrasil;assimcomo,adívidaexternabrasilei-ra é aquela contraída emmoeda estrangei-ra, junto a residentes no exterior. Mas, istoésónateoria,poisnaprática,nãofuncionaassim.E o que restou comprovadopelaCPIdaDívidaPúblicaepelaAuditoriaCidadãdaDívida (www.auditoriacidada.org.br) é quedívidaexternatemsidotransformadaemdí-vidainternaevice-versa.Equemsãoosbe-neficiáriosdestastransformações?

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39.Na prática, o endividamento público, de ummodo geral, só cresce nomundo, quebrandopaíseselevandosuaspopulaçõesàmiséria.Éaglobalizaçãofinanceira,aespeculação,agio-tageme corrupção instituídanodenominadoSISTEMADADÍVIDA.

40.Osgovernos,aJustiça,osmeiosdecomunica-ção,intelectuaisatémesmomuitosditosdees-querdaeasociedade,deummodogeral,recla-mamdafaltaderecursosparaatendimentoaosdireitossociaisbásicos,comosaúde,educação,moradia, segurança, alimentação. E as elitestentamresponsabilizarasvítimas–apopula-çãosofridaelançadaàprópriasorte–comoaresponsávelpeloseupróprioinfortúnio,comoargumentodequeosmunicípios,estadoseospaísesestãogastandomuito,nãotêmcontrole,queapopulaçãoestá ficandomaisvelhaeasaposentadoriasestariamquebrandoosistemaprevidenciárioeoutrascoisasmais.ChegamaquestionaroprópriopapeldaJustiça,suafielescudeira,quandoemalgunsmomentos,estadeterminaopagamentodealgunsdireitosporparte dos patrões e dos governos, afirmandoqueministros/ministrasdostribunaisejuízesnãoforameleitos/eleitase,portanto,nãopo-demimporsuasdecisões,diantedareservadopossível,dodéficitorçamentário,daleideres-ponsabilidadefiscaletc..

41.O que não fazem é questionar as causas dacrescente limitação orçamentária do Estado,da judicialização da política e do déficit de-mocráticodoPoderJudiciário.Ouseja,nãosebuscaademocratizaçãoefetivadospoderesdoEstadoenãosequestionaoendividamentopú-blicohistórico,oqualseaprimorouapartirdosanos70,comainstituiçãonoâmbitomundial,doSISTEMADADÍVIDA,queconsistenautili-zaçãopelosetorfinanceirodediversosmeca-nismos, taiscomo:dívidasemefetivaentregaderecursos,emissãodetítulos,moedaseou-trosprodutosfinanceirospelosEstados(espe-cialmentedólares,apartirdofimdaparidadecomoouroem1971),osquais,pornãoteremrespaldosãodenominados“tóxicos”,tudocomvistasàacumulaçãoderiquezaeàdominaçãopolítica.Éoendividamentopúblicoàsavessas(retiraaoinvésdeaportarrecursos).

42.Fazempartedestesistemaosgrandesbancosprivados, FMI (Fundo Monetário Internacio-nal),BancoMundial, agências reguladorasde

risco, bancos centrais, bancos de desenvol-vimento, dentre outros. Suas operações sãosecretas, geralmente em paraísos fiscais e aslegislações,emespecialascontábeis,sãomo-dificadassemprequelhesconvém.

43.Estudoscomprovamqueháumaconcentraçãodepoderedepropriedadedosistemabancá-riomundial:dos43.000maioresnegóciosdomundo, 40% está concentrado nas mãos de147instituiçõesaltamenteconectadasentresi,asquaispertencemaumas50entidadesfinan-ceiras. Ou seja, há umdomínio econômico epolíticodosetorfinanceirosobreospaíses,quetem se consolidado atravésdo financiamentode ditaduras militares, campanhas eleitorais,favorecimentodamídiae temlevadoamodi-ficaçõesdrásticasnas legislaçõesenasestru-turasdepodernosdiversospaíses,deacordocomosinteressesdosetorprivado.Estesiste-matemprovocadocriseatrásdecrise,quebras,fraudes,asquaissãoassumidaspelosEstadosNacionaissemcontrapartidaalguma,elevandoasdívidaspúblicasacifrasexorbitantes.

44.Dívidasestasquenãoparamdecrescer,graçasaosaltoscustosdasmesmaseàsregrasabu-sivasimpostasealteradasunilateralmentepororganismosinternacionais.

o Sistema da Dívida no brasil e na américa latina

45.Nosanos70cresceudeformaabsurdacomofinanciamentodaditaduramilitaremegapro-jetos visando a exploração de riquezas natu-rais;nos anos80 coma interferênciadoFMIeseusplanosdeajustefiscalecortedegastossociais, que são impostos até hoje (vide Joa-quimLevyencontrando-senosEstadosUnidoscom a diretora geral do FMI para apresentaroajuste fiscalqueestão impondoatravésdasmedidasprovisórias664e665,quetramitamnocongressonacionaleapresençadareferidadiretoranoBrasildandopitacosobreocortede70bilhõesdoorçamentodestinadoàspolí-ticaspúblicas,cujosrecursosjásãoinsuficien-tes).Apartirdosanos90,essecrescimentoau-mentacomprivatizações,aberturafinanceiraecomercial,transformaçãodedívidaexternaeminterna, salvamento de bancos, dentre outrasmedidasparafavorecerograndecapitalfinan-ceiro.

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46.Mas,mesmocomo sigilo,deummodogeral,sabemosquemsãooscredoresdadívidapúbli-cabrasileira!SãoosdenominadosDEALERS–bancosnacionaiseestrangeirosquetemopri-vilégiodeadquirirosbônusdedívidainternaemprimeirolugar,tãologoostítulosdadívidasãolançadospelogoverno.

47.Depois estes bancos nacionais e estrangeirosfazemseujogocomestestítulos,deacordocomseusinteresses.Naprática,estesbancos,inclu-sive,determinamosvaloresdostítulos,poissóosadquiremcomjurosquelhes interessamemuitosuperioresaosjurosdataxaSelic,vistoqueosmesmossãolançadosquandoogover-no necessita de recursos para pagamento dejuroseamortizaçõesdaprópriadívida.Éumaverdadeira jogatina (alimentada pelo sistemadadívida),àqualosgovernos,representandoos interessesdograndecapitalnacionale in-ternacional,sesubmetem,emdetrimentodospaísesedesuaspopulações.

48.Oque vemocorrendo emnosso continente ehojeatéemmuitospaísesdaEuropa,équenaprática, quanto mais os Estados Nacionais enoBrasil, que teoricamenteéuma federação,quanto mais a União, os Estados e os muni-cípios pagam juros e amortizações da dívidapúblicabrasileira(InternaeExterna)elamaiscresce de forma assustadora. Todos os anos,quase50%detodooorçamentoexecutadodaUniãoéparapagamentode juroseamortiza-çõesdaDívidaPúblicaBrasileira.Valedestacarque,emsetratandodoendividamentopúblico,naprática,oBrasilnãotemsecolocadocomoumafederaçãoeEstadosemunicípiostêmseendividadoemdólar,ajurosabusivos,emcon-diçõesecomexigênciasaviltantesparapagardívidacomaUnião.EaLeideResponsabilida-deFiscal,imposiçãodoFMI,quepenalizamu-nicípioseEstados,não seaplicaaoendivida-mentopúblico.

49.Em 2014, até 31 de dezembro, a dívida con-sumiuR$978bilhões, ou seja, 45%dogastofederal; a dívida interna atingiu a estrondosacifradostrêstrilhões,301bilhões,51milhões,276mil,22reaise50centavoseadívidaexter-nachegoua554bilhões,708milhões,937mil,494dólarese1centavo.

50.AsmaioresvítimasdesteSISTEMADADÍVIDAsão os trabalhadores e trabalhadoras, em es-pecial, asmulheres (os insuficientes recursos

destinadosàsaçõesreferentesaPolíticasparaMulheressofreramumareduçãodequase20%em2013e2014easpolíticassociaisnapráti-ca,inexistem);ospovosindígenasquecontinu-amabandonados à própria sorte e vitimadospelos grandes projetos que destroem omeioambiente, suas terras e o seu território. Em2013,apenas0,06%dosrecursos foramparao orçamento indígena; a juventude, especial-mentenegra,quesemperspectivas,lançadaaodesempregoeàmarginalidade,ésubmetidaaumaverdadeirafaxinaétnica.

51.Entendemosanecessidadedefazerdaquestãoda Dívida Pública, uma de nossas principaisbandeirasdelutaeaçãocotidiana.Enestesen-tido, devemos: a) Reafirmar o compromissocomalutapelaAuditoriadaDívidaPúblicanoBrasil;b)Incentivaroapoiodasentidadeseaparticipaçãodoslutadoreselutadorassociaisna construção e fortalecimento dos NúcleosEstaduais da Dívida Pública; c) Elaborarma-teriaisrelativosàquestãodaDívidaPúblicaeampliaradivulgaçãodecartilhas,vídeos,livrosepublicaçõesemgeraldaAuditoriaCidadãdaDívidaPública;d)AotratardaDívidaPública,deverábuscar,também,desmitificaraDitadu-raMilitarcomosinônimodeseriedade,hones-tidadeedefesadopaís;oPlanoRealcomosi-nônimodeestabilidadeeofalsoFimdaDívidaExterna,mostrandoparaasociedadearelaçãoentreeleseoaceleradocrescimentodaDívidaPúblicaExternaeInternaemnossopaís;inclu-sive,comos fortes indíciosdequeaditaduramilitarfoifinanciadapeladívidapúblicailegal,ilegítimaeimoral;e)Denunciaratransforma-ção da Dívida Pública Externa em Interna evice-versa, como foi comprovado pela CPI daDívidaPública e que a dívidapública internaé a nova faceta do endividamento externo, anovaformadefavorecimentodograndecapi-talnacionale internacional; f)DenunciarqueadívidacomoFundoMonetárioInternacional(FMI)representavaumapequenaparte,cercade7,5%daDívidaExterna.Eparapagarante-cipadamenteestadívidaoBrasilemitiutítulosdadívidapúblicabrasileira,aumentandoaDí-vidaPúblicaInternadeformaabsurda,poisosjurosdadívidacomoFMIeramde4%eosdosnovos títulosquase20%.Emais,quemesmocomopagamento,oFMInuncadeixoudede-terminar as políticas que são implementadasnoBrasil;g)Denunciar,também,queoscredo-

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resdadívidapúblicainternabrasileirasãoosdenominados DEALERS – bancos nacionais eestrangeirosque temoprivilégiode adquirirosbônusdedívidainternaemprimeirolugar,tãologoostítulosdadívidasãolançadospeloGoverno.Depois estes bancosnacionais e es-trangeirosfazemseujogocomestestítulos,deacordo com seus interesses.Naprática, estesbancos, inclusive,determinamosvaloresdes-testítulos,poissóosadquiremcomjurosquelhes interessamemuito superiores aos jurosdataxaSelic;vistoqueosmesmossãolançadosquandooGovernonecessitaderecursosparapagamentodejuroseamortizaçõesdaprópriadívida;h)Queadívidapúblicainternaeexter-naéumaverdadeirajogatina(alimentadapeloSistema da Dívida, conjunto de instrumentosemecanismosdeampliaçãoemanutençãodadívidapública),àqualogoverno,representan-doos interessesdogrande capitalnacional einternacional, se submete, em detrimento doBrasiledesuapopulação.

52.Na lutacotidianaos/asmilitantesdaAPSde-vembuscarenvolveroconjuntodasociedadenalutapelaAuditoriaOficialdaDívidaPública,usandotodososmomentoseespaçospossíveispara tanto,poissemissonãosónão teremosas políticas públicas asseguradas, como tere-moscadavezmaisdireitostrabalhistas,sociaise previdenciários negados/cassados, assimcomooaumentodaprivatização,terceirizaçãoedasangriadosrecursospúblicos.

Nossa américa!

53.A expressão “Nossa América” surge entre1875-1878, quando José Martí esteve exila-donoMéxicoenaGuatemalaeatingeoaugeem1871comoensaio“NuestraAmérica”.Mas,quemfoiMartieaqueAméricaelesereferia?

54.Em1972,FidelCastro,referindo-seaMartí,as-simfalou:

55.José Martí, guia e apóstolo de nossa guerrade independênciacontraaEspanha,ensinou-nos esse espírito internacionalista queMarx,Engels e Lênin confirmaram na consciênciade nosso povo. Martí pensava que “pátria éhumanidade” e nos traçou a imagemde umaAméricaLatinaunida, frenteàoutraAméricaimperialista e soberba, “conturbada e brutal”–comoeledizia–,quenosdesprezava.(Apud

RETAMAR,1983,p.62).

56.Martí,afirmava: “Ospovosquenãoseconhe-cemhãode terpressaemconhecer-se, comoquem vai lutar junto”.Seus ensinamentos, as-simcomodeváriosoutrospensadoresdeNos-saAmérica,inclusivebrasileiros,permanecematuais.Eosonhoda“PátriaGrande”,quesósetornarárealidadecomaorganizaçãoelutadopovo latinoamericano precisa tocar coraçõesementes dos lutadores e lutadoras do nossopaís.

57.Precisamosvoltarosnossosolharesparanósmesmos! E a partir de nossa realidade, dasexperiências e pensadores deNossa Américaedasnossasreferênciashistóricasgestarmosnossospróprioscaminhos.

58.ANossaAmérica,historicamentetemsidosa-queada,agredida,subjugada,graçasàsubser-viência de seus/suas governantes e às inter-vençõesdospaíses imperialistas. Intervençãoque,graçasaestapolítica,temsidoimplemen-tadae/ouauxiliadaporpaísesdaprópria re-gião,aserviçodosimpérioseuropeuseestadu-nidensese/oudeacordocomseus interessescomerciais.Éassim,porexemplo,queoBrasil,inclusive,temagidoemmuitosmomentosemrelaçãoaospaísesdaregião.

59.Os mecanismos têm sido os mais variados!DestacamosoSISTEMADADÍVIDA,quedesdeosanos70vempenalizandoNossaAméricaeampliandooendividamentopúblicodaregião.

60.No momento, graças às especulações finan-ceiras provocadas pelos bancos, agências derisco,organismos internacionais, comooFMIe BancoMundial, cerca de 14 bilhões de dó-lares saemdaAméricaLatina, por semana.Eisso ocorre não só na América Latina, bastalembrarmosoqueocorreucomoschamadospaísesemergentes,comaRússiaeatémesmocom países europeus, como Turquia, Grécia,Espanha,dentreoutros.

61.O fato é que, embora no nosso continente setenha ouvido afirmações, como a do governobrasileiro,dequeacrisemundialeraumama-rolinha,seusefeitosforambrutaisparaopaís,tantocomaspolíticasimplementadasàépocaemque estourou a crise nosEstadosUnidos,como hoje, quando a política monetária nosEUAdásinaisdeumacertanormalização,comfortes impactos sobre o investimento; o que

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levaà imposiçãodemedidasdeajustesaindamaiores,parapagamentodejuroseamortiza-çõesdasdívidas.

62.Osinvestidoresjácomeçamabuscaralternati-vasparamanterseusaltíssimoslucroseogo-vernojánãotemmaiscomoesconderacrise.Emfevereirode2014,aoapresentarrelatóriosobreasperspectivasdaOCDEparaaAméricaLatina,JoséRamonPerea,economistadoCen-tro de Desenvolvimento da Organização paraa Cooperação e Desenvolvimento Econômico(OCDE),afirmavaquearegiãoeraumadasque“maissaídasdefundosregistram,tantoemdí-vida como em carteira, a cada semana. Estãosaindocercade14bilhõesdedólaresporse-manadaregiãofrenteaos9bilhõesquesere-gistraramnopassadomêsdemaio”,quandooFederalReserve(conglomeradodebancospri-vados)“explicitoupelaprimeiravezsuainten-çãodecomeçarareverterapolíticamonetáriaultraexpansiva”.Valeressaltarqueumacartei-radeinvestimentossão“ativosquecompõemo patrimônio de um fundo em determinadomomento do tempo e pode ser alterada pelogestorconformeaevoluçãodascondiçõesdomercado”,ouseja,nãonecessitadedeliberaçãodeassembleiadecotistas.

63.E têm sido frequentes as previsões para bai-xotantoemrelaçãoaosinvestimentoscomoàcapacidadedospaísesdehonraremseuscom-promissos.Comrarasexceções,o crescimentoeconômicodospaísesdaregiãotemcaídocadavezmais,suasbolsasdevaloresdespencaramdiversas vezes, comonoMéxico, Peru, Brasil.Asmoedassofreramgrandesdesvalorizações,comopesoargentinonotopodacabeçacomumadesvalorizaçãode20%.

64.Aprevisãoédequeoinvestimentoestrangei-ronaregiãoseestabilizeem2014e2015emtorno de 5% do PIB, porém com uma nítidadistinçãoentreospaísesdoMercosul(Brasil,Argentina,Uruguai,ParaguaieVenezuela)eosdaAliançadoPacífico(México,Colômbia,Perue Chile). Estes serão os principais receptoresdeinvestimentoestrangeironaregião,segun-doorelatóriodoIIF(InstitutoInternacionaldeFinanças).Enquantoisso,aArgentinaeaVene-zuelaporrazõespolíticas,continuarãosofren-doosataqueseafortepressãoexterna.

65.Etodos,terãomenoresinvestimentos,graçasà reduçãonovolumecomercial, àmoderação

dospreçosdematériasprimas-menorespre-çosdas commodities - e às incertezasemre-lação às condições financeiras e monetáriasglobais, devido ao “débil crescimento econô-micodazonadoeuro,aomenordinamismodaeconomiachinesaeaoimpactodeumeventualendurecimentodapolíticamonetáriadosEsta-dosUnidos”.

66.Eparasuperaracriseeenfrentarasituação,oqueelesexigem?

67.Quando são os bancos e empresas que que-bram,elesexigemdinheirodopovo,que lhesérepassadopelosGovernos,bancosdedesen-volvimento, como o BNDES, diretamente oude inúmeras formas, como veremos a seguir,ao tratarmossobreoSistemadaDívida.Mas,quando os países, seus Estados emunicípiosquebram,elesbuscamnovosmercadosepararetornarem exigem cada vez mais sacrifíciosparaapopulação:ajustesfiscais,reformastra-balhistas,sociais,previdenciárias,aumentodeimpostos,reduçãodosgastoscomaspolíticaspúblicasetc..Exigem,também,asreformas2.0,ouseja,asdenominadasreformasdesegundageração,reformasestruturais,voltadasparaamelhoradaeducação(vide“Brasil,PátriaEdu-cadora!”,lemadosegundoGovernoDilma),dainfraestruturaedoambientedenegócios.

68.OcertoéqueaAméricaLatina,comoafirmaoFMI“estálongedocrescimentomédiode4,5%queregistrouentre2003e2011”.Emaisumavez,paraaqueles/aquelasqueacreditaramnamentiradoGovernoLuladequepagouadívidaexternaeselivroudoFMIumadasprimeirasaçõesdonovoministrodaFazenda,foireunir-se com a diretora-chefe do FMI, nos EstadosUnidos.

69.Mas,comopregouMarti,SimonBolivar,AbreueLima,Mariatégui,aAméricaLatinatemsaídaepassapelaprópriaregião,tantodopontodevistapolítico,quantoeconômicoesocial.

70.Precisamosnosvoltarparaanossaprópriahistó-ria,compreenderarealidadedaNossaAméricae lutarparaquealternativassejamgestadase/ouconsolidadas,deacordocomosinteressesdenossaprópriaregião;mantendorelaçãodesoli-dariedadecomaquelespaísesepovos,queen-frentamasmesmasimposiçõeseagressõesdospaísesimperialistaseseusagentes,aserviçodograndecapitalinternacionaledoimperialismo.

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pobreza e indigência na américa latina

71.Apesardapropagandaedosavançosnasúlti-masdécadas,ospaísesdaAméricaLatina,lide-ramosrankingsdepobrezaededesigualdadederendaentreospaísesemdesenvolvimento.

72.SegundoaComissãoEconômicaparaaAméri-caLatinaeoCaribe(CEPAL)apobreza“persis-tecomoumfenômenoestruturalquecaracte-rizaasociedadelatino-americana”.Elaestimaque28%dos latino-americanos,em2014,vi-viamnapobreza.São167milhõesdepessoas,dasquais71milhõesvivemnaindigência.Valelembrar,queémuitotênuealinhaqueseparaaindigência(quemvivecom02dólarespordia),apobreza(quemvivecom02a04dólarespordia)eaclassemédia(quemganhaentre04e50dólarespordia).VejaaseguirosdadosdaCEPAL,publicadosemElPaís.

73.Vale destacar, ainda, que de acordo com aOCDE a informalidade representa entre 60%e70%daeconomiadaAméricaLatina,istoé,“130milhõesdepessoasestãode formaper-manente,oudurantegrandesperíodosdesuasvidas,nainformalidade”.Alémdodesemprego,dainformalidade,estãoameaçadasasaposen-tadoriasepensões.AOCDE,oBIDeoBancoMundialtêmafirmadoque“em2050,entre63e83milhõesdepessoaspoderãonãoreceberumapensãoadequada,senãohouveremrefor-mas e esforços para aumentar o emprego nosetorformal,incluindooacessoaeducaçãodequalidade”.

Meio ambiente - Não são só os empregos e as aposentadorias que estão ameaçadas!

74.Em2014aAméricaLatinafoiaregiãomaispe-rigosaparaosdefensoresedefensorasdomeioambiente. Das 116 pessoas que perderam avida no mundo por lutarem contra projetosquepõememperigoa conservaçãodonossoplaneta –20%amaisque em2013– segun-doaorganizaçãobritânicaGlobalWitness,87foram assassinadas naAmérica Latina, assimdistribuídas:Brasil-29homicidios;Colombia-25;Filipinas–15eHonduras–12,sendoesteúltimo,opaísmaisperigoso.

75.Cercade40%dasvítimas são indígenaseosassassinatos estão relacionados comprojetosdemineração,agrícolasehidroeletricas.Enãosãoapenasosassassinatoseaviolênciafísica,

há, também,aviolênciaestatal, coma limita-çãodas liberdadesciviseaaprovaçãode leisdedestruiçãodomeioambiente.Equandoes-tasnãobastam,aindarecorremaostribunais,quecomosabemos,alémdaslimitaçõeslegais(déficit democrático, separação de poderesetc.),atuamdeacordocomosinteresespolíti-cos.Naverdadeháumaconjugaçãodeinteres-sesentreempresarios,governos,parlamentoeajustiça.

Juventude: desafios ainda maiores!

76.Senão temsido fácilparaos trabalhadoresetrabalhadorasconviveremcomodesempregoouameaçadele,menosaindatemsidoparaos/as jovens, especialmente negros/negras, quealémdadiscriminação racial, têmquepassarpelo funil de uma educação pública, distanteealheia,deummodogeral,àsuarealidade.Equandoconseguemescapardamarginalidadecriminal(caminhosaparentementefáceisquelhessãoapresentadosatodoinstante)têmqueenfrentaraárdua lutaembuscadoemprego,cadavezmaisescasso,tendoquevagarmuitasvezes,semperspectiva.

77.Segundo a OIT, em seu documento “Formali-zandoainformalidadejuvenil”,06decada10jovenstrabalhamnainformalidadenaAméricaLatina,istoé,27milhõesdejovensentre15e24anosnãotêmumtrabalhoformal,ouseja,recebembemmenos,nãotêmosdireitostra-balhistasrespeitadosenemcondiçõesdignasdetrabalhoe,destemodo,comprometemnãosóaqualidadedotrabalho,masoseuprópriofuturo.Guatemala,Honduras,ElSalvador,PerúeParaguaisãoospaísescomamaiortaxadeempregojuvenilinformal:entre70a80%dos/das jovensquetrabalham.Naoutrapontaes-tãoCostaRicaeUruguai,com30e33%,res-pectivamente.

78.Outrodadoimportanteéque91,8%dostraba-lhadoresetrabalhadorasdomésticasentre15e24anosestãonainformalidadee86,4%dos/das jovens que trabalham de maneira inde-pendente, também, exercem sua profissão demaneira informal.Vale ressaltaraindaque,deacordocomoestudodaOIToníveleducacio-naldos/das jovensébastanteelevado.Eque,nasmicroempresas que têm até 10 trabalha-dores, a taxade informalidadeéde72,1%e

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nasquetêmmaisde10empregadosataxadeinformalidadeéde22,6%.

79.Faz-senecessáriaumalutacontraainformali-dade,contraaterceirizaçãoetodasasformasde precarização do trabalho; assim como, ocombate ferrenho ao trabalho escravo e tra-balho análogo ao de escravo, que ainda per-sistem.Ebuscarmedidasqueasseguremoau-mentodossalarios,aformalizaçãodotrabalho,o desenvolvimento da ciencia e tecnología, areduçãodajornadadetrabalhoeacapacitaçãodamãodeobra.

povos indígenas e Negros e o estado brasileiro

80.Anossamaiorriquezaéanossadiversidade,anossahistória,onossosabermilenar,anossanatureza, rios,mares, florestas...onossopovoalegreesolidário.

81.Riquezaquemuitos povos já nãopossueme,portanto, fomentam as guerras, o genocídio,asatrocidadesdetodasasdimensõesedeto-das as formas, ao longo dos séculos, como aquevemosemdiversaspartesdomundonosdias atuais; levando à barbárie como as per-petradas por grupos extremistas financiadose constituídos originalmente pelos governosimperialistas.

82.Barbárie,comoaquevemosnosmaresdopla-neta, comnaviosnegreirosquecausam tantohorror,quantososquecruzaramosmarescomnossos antepassados, escravizados, subjuga-dos, assassinados, aviltados em sua condiçãohumanaàépocaeaolongodahistória.

83.Barbárie, como as que vemos em nosso con-tinente e emnossopaís, ondehomens emu-lheres, especialmente crianças, adolescentes,jovensenegros,sãolançadosàmarginalidade,às drogas, à violência, insegurança, à falta deperspectiva de vida digna, são submetidos aumaverdadeirafaxina-étnicaetentamatodomomento, não só retirar-lhes os direitos quelhesrestam,comoencaminhá-losparaaspri-sões ainda mais cedo, verdadeiros antros deaniquilaçãodadignidadehumana.

84.Barbárie,comoaque,deformaveladaounão,tentam manter os nossos povos, fazendo-oscrerquenãoexistesaídaedequerealmente,sãoresponsáveisporseusinfortúnios.

85.Mas,opovodaNossaAméricaresisteeavança!

86.Nãoéumalutafácil,poisosgrilhões,asamar-ras, a escravização, o extermínio cotidiano, anegaçãodascondiçõesdevidaehumanidadesãoconstantes,comosedepreendedarealida-devividapelospovosindígenasnoBrasil,queaindasãotratadoscomoseresinferiores,515anosapósainvasãodonossopaís.

87.Équeosinvasoreseuropeusqueaquidesem-barcaram decidiram que os indígenas eramignorantes,nãotinhamalmae,portanto,erampassíveisdeseremescravizadoseextermina-dos.

88.Estapolíticaperdurouporséculos,atéquenoinício do séculoXX, comoMarechalRondon,há a tentativa de integrá-los à vida nacional.Mas,apesardasintenções,ofatoéqueanovapolítica indigenista, também foi nefasta paraospovosindígenas,poiscontinuavanegando-lhesodireitoaviveremdentrodoseupróprioterritório,comoseumodelodeproduçãoede-senvolvimento.

89.Reduziu-seomassacre armado indígenaper-petradopeloEstado,mascontinuaramasou-tras formas de extermínio que perduram atéhoje e que levam indígenas ao suicídio e amorrerem lutando pela vida, àsmargens dasestradas e fazendas, confinados em reservas,emregiõesdensamentepovoadasounasperi-feriasdascidades,nochoquecomgrileiros,ga-rimpeiros,fazendeiros,governantes,jagunços,como alargamentodas fronteiras agrícolas ecom todososprojetosdedestruiçãodomeioambienteedasriquezasnaturais.Continuam,atodocusto,tentandoexpulsardesuasterras,deondeestãosuasriquezasnaturais,ospovosindígenasqueaindaresistem,parajogá-losnasfavelasouparatrabalharemcomoempregadosnasfazendas.

90.Destemodo,dosulaonortedopaís,povosin-dígenasseguemvivendoforadoseuterritório,àmargemdasestradasemuitospreferemagircomoseusancestraisesuicidam-se,poisprefe-remmatar-seaviveremcomoescravos.

91.Nãopodemosesquecerqueospovosindígenasforampraticamentedizimadosemnossopaís.Hojeexistemapenas250etnias,com196lín-guasmaternas,vivendo,deummodogeral,emcondições desumanas, confinadas em peque-nas áreas ou espalhadas pelas periferias dasgrandescidades,semdireitoàsuaterra,aoseu

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território,àsuaidentidadeeàsuacultura.

92.Não há uma política voltada para as reaisnecessidadesdospovosindígenas.

93.Não há um efetivo reconhecimento e de-marcaçãodesuasterras,assimcomonãoháagarantiadasterrasquilombolasparaseusver-dadeirosdonos.

94.O trabalho negro no Brasil e o direito à ter-raindígenaequilombola

95.A burguesia brasileira e os grandes meiosdecomunicação,queenaltecemodireitocons-titucionalàpropriedadeprivada–umdireitotidocomonatural,umdireitopositivado-nãooreconhecemquandosetratadasterrasqui-lombolasedospovosindígenas,primeirosha-bitanteseverdadeirosdonosdasterrasdestepaís.

96.E deste modo, o que se constata é que indí-genasenegrosaindahojesãoasmaioresvíti-masdaspolíticasgovernamentaisdeexclusão,discriminação,exploraçãoeopressão!

97.Há 127 anos, oficialmente, foi abolida a es-cravidãonoBrasil,masatéhoje,aindasefazemnecessáriascampanhaseaçõesdecombateaotrabalhoescravo.

98.Um grande número de trabalhadores etrabalhadoras, inclusive, nosmaiores centrosurbanos, trabalha em situação análoga a deescravo.Eospovosindígenasestãocompleta-menteabandonados.E,parapiorarasituaçãoefavoreceroagronegócio,megaprojetosestãosendo desenvolvidos nos rios Tapajós e SãoFrancisco,emBeloMonteeemtodaaAmazô-nia,colocandoemriscoasobrevivênciafísica,material,culturaleespiritualdestespovos.

99.E os historiadores e historiadoras, com ra-rasexceções,atémesmoaqueles/aquelascujaselaborações são utilizadas pelo movimentosindicalepopular,deummodogeralignoramotrabalhodesenvolvidopelosnegros,negraseindígenasemnossasociedadeefalamdahistó-riadaorganizaçãodostrabalhadoresetraba-lhadorasnoBrasilapartirdachegadaemmas-sadosimigranteseuropeus,em1890,quandoapenas44%dapopulaçãobrasileiraerabran-ca.Efazemcorocomosquejustificamapolí-ticadoEstadobrasileiro,comoargumentodeque o negro brasileiro não estava preparadoparatrabalharnaindústria.

100. ValeressaltarquenoBrasil, como fimdaescravidão o projeto implantado pelo Estadobrasileiro visava conformar um tipo de povobrasileiro (miscigenado), ocupar o territórionacionaleonovomercadodetrabalhoe,destemodo,manteradominaçãoeasuperioridadedobrancosobreopovonegro.Paratantoim-portoumaisdedoismilhõesdeeuropeus,es-pecialmente portugueses, espanhóis e italia-nos. À época, foram colocadas restrições aosafro-norte-americanos (com o argumento dequenosEUAexistiaoódioracial-vislumbra-vam um “modelo racial harmônico” – a falsademocraciaracial)eaosjaponeses,porseremconsiderados “umpovonãoassimilável, alémdocaráterprejudicialdamisturacomoama-relo”. Ou seja, os projetos emancipacionistastinhamcomopreocupaçãoa formaçãodeumpovo brasileiro. E os projetos imigrantistas“passamporumdiscursodeinferioridadera-cialdonegro”.

101. Oobjetivoeranãoapenasexcluironegrodeummodogeraldonovomercadodetraba-lhoedoprocessodeindustrializaçãodopaís,mas“prepararasubjetividadedosfuturostra-balhadoreslivresparacontinuaremaconside-rarobrancocomoseusuperior”.

102. Edestemodonãocontribuemdeumafor-mamaisefetivaparaumamaiorcompreensãosobreasociedadebrasileiraesobrealutapelaconcretização dos direitos trabalhistas e so-ciais.

103. Mas,nopresentecomonopassadoospovosindígenasresistem,lutamenaprática,questio-namosistemacapitalistacomonenhumoutrosetordenossa sociedade.Eles têmuma rela-çãocomaterra,comoseuterritório,comasuacultura e com o seu povo quemesmo diantedetantasatrocidadesedodescasoeestranha-mentodasociedadebrasileira,nuncadeixaramde lutar paramanterem-se em seu territóriooriginal, compreendidonãocomoacabana,acasaouaoca,mascomooespaçotradicional-menteocupadospelosseusancestrais.

104. Contudo,oqueaparecenosjornaiseTV´séumaoutrarealidade.Ospovosindígenassãoapresentados,comoperturbadoresdaordem,como os que não querem o desenvolvimentopor lutaremcontraadestruiçãodomeioam-biente, contraosgrandesprojetos comoBeloMonte,Tapajóseoutrosmais,queceifamvidas

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e sonhos literalmente, inclusive, deoperáriosquetrabalhamemcondiçõessubumanasesemnenhumasegurança.

105. Ea lutadospovos indígenastemsedado,ainda com maior força, em alguns países deNossaAmérica,comonaBolíviaeEquador,porexemplo.

106. Conhecerarealidadedospovosindígenasenegro,noBrasilenaAméricaLatinaéumpas-sofundamentalparaalutapornossaintegra-çãoregional.Precisamosnosconhecer,valori-zarmo-nos,ajudar-nose,porconseguinte,noslivrarmos da dependência, do subdesenvolvi-mento,dasgarrasdocapitalismo,seusgover-noseorganizações.

107. Este,historicamente,éosonhodosnossosantepassados,dospensadoresepensadorasla-tino-americanos,lutadoreselutadorassociais,revolucionários e revolucionárias que deramsuasvidas,sededicaramàlutaporNossaAmé-rica, pela Pátria Grande, comoMarti, Zapata,Che,Mariatéguie tantosoutros/outras, comoManoel Bomfim, sergipano que, nas palavrasdeDarcyRibeiro“foiumpensadororiginal,omaiorquegeramos,nós,latino-americanos”.

108. Asociedadebrasileiratemumagrandedí-vidaeconômica,socialehistóricaecomospo-vosindígenaseafros-brasileiros.

109. EnomomentoemqueoGoverno,macomu-nado com o Fundo Monetário Internacional,impõeumbrutalajuste fiscal, reduzdrastica-mente os gastos/investimentos nas políticassociais para manter o pagamento de juros eamortizações da dívida pública ilegal, ilegíti-ma,imoraledesumana,aofalarmosdospovosindígenas não podemos, também, deixar deressaltarquedeacordocomosestudosdaAu-ditoriaCidadãdaDívidaecomaCPIdaDívidafoicomoregimemilitarde64queaatualdívi-daexternacomeçousua“guinadarumoaoin-finito”enesteperíodo,também,seintensificouoprocessodeaniquilaçãodospovosindígenasequilombolas,comperseguições,despejosile-gais,ameaçasemortes.

110. EqualtemsidoapolíticaadotadapelosGo-vernosdoPTeseusaliados?Piorqueadeseusantecessores.

111. EnoCongressoNacional,osataques tam-bém, são constantes, como os que tentamimpor com a PEC 215, que transfere para o

CongressoatribuiçãodeoficializarTerrasIndí-genaseUnidadesdeConservação.

112. AFUNAI(FundaçãoNacionaldoIndio)nãopossui as condições humanas e financeirasparaatenderàsreivindicaçõesdospovosindí-genas.

113. DeacordocomaAuditoriaCidadãda Dí-vida,doOrçamentoGeraldaUniãoexecutadoem2013,foramdestinadosR$718Bi(40,3%)para os “Serviço da Dívida”, enquanto para oOrçamentoIndígenaforamdestinadosapenasR$1Bi(0,06%).

Mulheres – Defender seus direitos é defender a vida!

114. Ocotidianodasmulheresemtodooplane-ta,especialmentecriançaseidosas,confirmamqueasmesmasencontram-seentreasmaioresvítimas das políticas de destruição impostaspelocapitalismoemtodoomundo.

115. Sãoasprincipaisvítimasdabarbáriecapi-talista!

116. Ehistoricamentetemsidoassimemnossocontinenteeemnossopaís.

117. Osdadossobrearealidadebrasileiraeso-bre a violência contra as mulheres são alar-mantes.Atodoinstantemulheressãoassassi-nadasemnossopaís,porseremmulheres.

118. Enfrentararealidadedasmulheres,vincu-landoà realidadedapopulação e àspolíticasdos governos e organismos internacionais éfundamental,parafortalecermosaideiadequealutaédeclasse,masétambém,degêneroeraçaequeavidanãopodeserdissociada.

119. OBrasiléa5ªmaiorpopulaçãomundial(e51%sãomulheres).Éa7a.maioreconomiadoplaneta,mastemapiordistribuiçãoderendadomundo.Estáno79ºnorankingderespei-toaosDireitosHumanos–IDH–segundore-latóriodivulgadopelaONU;éopenúltimonorankingdaEducação(ÍndiceGlobaldeHabili-dadesCognitivaseRealizaçõesEducacionais)eo128onorankingdocrescimentoeconômico.

120. Enosmomentosdeagudizaçãodacrise,deconflitosarmados,deinsegurançaeviolência,asmulheressãoasmaisvítimas.ÉoqueocorrenoBrasilnestemomento,comafaltadedirei-tos sociais elementares, previstos na Consti-

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tuiçãoFederal,taiscomo:educação,saúde,ali-mentação,trabalho,moradia,lazer,segurança,previdência,proteçãoàmaternidadeeàinfân-cia,assistênciaaosdesamparados.

121. Portanto, a luta pelo respeito aos direitosdasmulheres,contratodasasformasdeexplo-ração, opressão, discriminação, preconceito eintolerânciaporrazãodegênero,condiçãose-xual,idade,região,raça/etniafaz-seurgenteenecessária,poisapesardetodososavanços,detodasaslutas,oquesepercebeemnossaso-ciedadeéumverdadeiroretrocessoemrelaçãoaosvaloreshumanos.Éumaofensivapolítica-ideológicadoconservadorismomaisextrema-do,manipulando cotidianamente os coraçõese mentes das pessoas, enquanto os recursosvoltados para as políticas para as mulheres,já insuficientes, têmsofridodrástica redução,quase20%comodemonstraaAuditoriaCida-dãdaDívida,comestudocomparativoaseguir:

122. Portanto,emdefesadadignidadehumana,a luta dasmulheres deve ser fortalecida! Emdefesadosdireitosde todasasmulheres:ne-gras, indígenas, quilombolas, trabalhadoras,idosas, aposentadas, crianças, adolescentes ejovens.

123. Defenderosdireitosdamulherédefenderavida!

idosos e idosas – Desrespeito, doença e pobre-za!

124. Oenvelhecimentopopulacionaléumfenô-menoobservadonamaioriadospaíses,aexem-plodoBrasil.DeacordocomaONU,em2050,háaprobabilidadedeatingircerca2bilhõesdepessoascommaisde60anos,oqueseráequi-valente à população infantil (0-14 anos). NaAméricaLatinaenoCaribevivemcercade8%dosidososeidosaseaprojeçãoédequeestepercentualatinja22,5%em2050.

125. Estesdadosearealidadedapopulaçãola-tino-americana e brasileira, emespecial, comcondiçõesdevidacadavezmaisprecárias,sempolíticas sociaisefetivas,donascimentoàve-lhice, sódemonstramquãograveoproblemadoenvelhecimentoseapresentaparapopula-çõesduramenteatacadasnosseusdireitosaolongodavida.

126. No Brasil, em razão de seu processo de

formaçãosocial,oenvelhecimentopopulacio-naltambémnãoseprocessademaneiraigual.Observa-senopaíspadrões encontrados tan-tonospaísesclassificadoscomode“primeiro”,quantonospaísesde “terceiromundo”.Apo-pulaçãonoBrasilmudoucomrelaçãoàidadeeexpectativadevida.Anovaexpectativadevidadobrasileiroéde74,9anosem2013,segundocálculo do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística(IBGE).

127. Estima-sequeaté2020,opaís conte com40milhõesdepessoasacimade60anos,pas-sandoaserosextopaíscommaisidosos/ido-sas no mundo. O crescimento da populaçãoidosa significa, também, aumento do númerode pessoas com doenças crônico-degenerati-vasesuascomplicações.

128. Temos muito mais idosos e idosas, masquase nenhuma política eficiente para aten-der-lhes com qualidade. E a violência estatalsóagravaaindamaisasituação,comoarrochodas aposentadorias e pensões, dificuldadespara se conseguir a aposentadoria, agressõesdomésticas,doençasefaltadeassistênciamé-dica,remédios,osentimentodeinferioridade,quefazeminclusive,comqueasmulheresido-sassesintamculpadaspelaviolência,omedosãocadavezmaisconstantes.

129. Odescasodosgovernoscomoserviçopú-blicodesaúdeégritante,inclusive,comanãovalorizaçãodosprofissionaisdaáreaecomaprivatizaçãodasaúde.Eparaquemprecisadaespecialidadedegerontologiaegeriatria,asi-tuaçãoéaindapior.

130. OBrasilestácompletamentedespreparadoparaatenderàsnecessidadesdosseusidososedassuasidosas.

131. Mesmo a velhice sendo um processo uni-versal,apresentaumfortecomponentedegê-nero, já que asmulheres estão vivendomaisque os homens. Dentre os principais proble-mas enfrentados pelas idosas e pelos idosos,omaiordeleséodaviolência,quenãoocorresomentenoBrasil.

132. Oaumentodonúmerodaviolênciacontraidosos/idosas deve ser considerado pelo po-derpúblicoepelasociedadecomoumdospro-blemassociaisquemerecemserincluídosen-quantoprioridade.Éprecisotornarvisíveloscasosdeviolênciacontraidososafimdecoibir

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talprática.

133. OEstatutodoIdoso,frutodalutadealgu-mas entidades, tornou realidade a demandadessaparcelasignificativadasociedade,carac-terizandocomocrimeosatosdiversosdevio-lência e discriminação contra idosas/ idosos.Coma aprovaçãodaLeiMariadaPenha (LeiNº11.340),em2006,oelemento idadeentrafinalmente em cena compossibilidade de terconsideração jurídicaerealnoscasosdevio-lênciacontraamulher.Pelomenoscomopres-crição,deacordocomoqueregeoartigo2º:“Toda mulher, independentemente de classe,raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura,níveleducacional,idadeereligião,gozadosdi-reitosfundamentaisinerentesàpessoahuma-na,sendo-lheasseguradasasoportunidadesefacilidadesparaviversemviolência,preservarsuasaúdefísicaementaleseuaperfeiçoamen-tomoral,intelectualesocial.”Navidacotidia-na,napolíticaenapesquisaacadêmica,poucossemanifestamsobreaviolênciacontraidosas/idosos. Isso é lamentável, porque a violênciacontraasmulheresnãoserestringeàsjovens,noperíodoreprodutivo,comoretrataagrandemaioriadostrabalhos.Aocontrário,essavio-lênciacontinuaeassumenovasformasnave-lhice,eéexercida,comovêmdemonstrandoaspesquisas,majoritariamente por filhos, filhasenetos.Muitodaviolênciacontraas idosaseos idososdeve-se à recusa, conscienteouatéinstintivadesses,deacataroqueos/asmaisjo-vensquerem:queelas/elesretirem-sedapos-se dos bens— da aposentadoria, da pensão,dacasa—ouatédaprópriavida, incômodascriaturasqueatrapalhamosespaçoseasredesde relações e “dão trabalho”.Aviolência con-traas idosasdeve servistaeanalisada comouma violência que se dá em âmbito geracio-nal, que ganha maior visibilidade por contadasituaçãodegênero.Porisso,éindissociávela análisedos acontecimentosno contexto ar-ticulado dessas duas dimensões, de gênero ede gerações. No caso da violência domésticacontraasidosaseosidosos,asmulheressãoamaioriadasvítimas.Issoporcausadalógicadosistemapatriarcal,queconsideraqueamulhervalemenosdoqueohomem,independentedaidadequeelatenha.Tambémcontaofatorfi-nanceiro:asmulheresidosasnormalmentesãobemmaispobresdoqueoshomensidosos.

134. Éprecisoqueosmovimentossindical,par-

tidário, feminista e popular incluam em suaspautasdelutaocombateatodasasformasdediscriminaçãoeviolênciacontraosidososeasidosas,geralmente“silenciadas”ou“abafadas”pelasfamílias.ODiaInternacionaldeCombateàViolênciacontraaPessoaIdosa,15dejunho,devefazerpartedocalendáriodelutasdasen-tidades emovimentos sociais. Também é ne-cessárioeurgenteabrirodebatesobrearededeproteçãoàsidosaseaosidosos,emtodososmunicípios,comórgãoscomoPromotoriasdoIdosoedaIdosa,VarasdoIdoso/Idosa,Defen-soriasdoIdosoedaIdosa,ConselhosdeDirei-tosdoIdosoedaIdosa,atendimentodomiciliar,residênciatemporáriaparaidososeidosasvíti-masdeviolência,Centro-Diaparaatendimentodeidosaseidosos,oficinaabrigadadetrabalhopara que o idoso e a idosa complementem asuarenda,casas-lares,capacitaçãodecuidado-resdeidosas/idososeconselheiros,reservadeleitos emhospitais gerais e atendimentos es-pecializadosnosconsultóriosdoshospitaispú-blicos,osquaisdevempossuirmédicosgeria-tras.Ainterlocuçãoentretodosessesórgãos/instituiçõestorna-seessencialparaagarantiadosdireitosdosidosos/idosas.Alémdefiscali-zaraformadoatendimentoprestado,éprecisoexigiraaplicaçãocorretadasverbasprevistasparaoatendimentodosdireitosfundamentaisasseguradosnaConstituiçãoFederal.

luta camponesa e Urbana no brasil hoje!

135. Quandosefaladalutapelaterrahoje,fala-seda conquistada terraparausoda agricul-turafamiliar,quehámuitodeixoudeserumaatividadecoadjuvantedaeconomianacional.Epassouaserumadasprincipaisformasdedis-tribuiçãoderendadoBrasil.

136. OmaisrecentecensoagropecuáriodoIBGEconsolidouumquadronítidodessesetor,apon-tandoquemesmocomcercade4,3milhõesdeestabelecimentos,aagriculturafamiliarocupatão somente24,3%da área agricultável, pro-duz72%dosalimentosconsumidosnopaíseemprega74,4%dostrabalhadoresetrabalha-dorasrurais,alémdeserresponsávelpormaisde38%dareceitabrutadaagropecuáriabra-sileira.

137. Apesardetodaessaatividadeeimportân-ciadaagriculturafamiliar,paradoxalmente,os

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governosLula/Dilma,promoveramodesmon-tedaestruturadosórgãosdedesenvolvimentoagrárionopaís,precarizaramascondiçõesdetrabalho,reduziramquadrodefuncionáriosearrocharam seus salários. E ainda discriminaservidores/servidoras. Por exemplo: A remu-neraçãodostrabalhadoresetrabalhadorasdoINCRA e do Ministério do DesenvolvimentoAgrário (que atendema agricultura familiar),é duas vezes e meia inferior à doMinistériodaAgricultura–MAPA(diretamente ligadoaoAgronegócio). Mesmo com belas campanhaspromocionaisdogoverno,sabemosqueaagri-cultura familiar no Brasil encontra-se maisendividadaquenunca.AReformaagráriaestáparada, a concentração fundiária cresceunosúltimosanoseasmortesnocampoporconfli-toagráriosepropagaramassustadoramente.Apobrezaconcentrou-sejustamentenomeioru-ral,comomostramosdadosapresentadospeloprópriogoverno.

138. Naúltimadécada,ousodeagrotóxicosnoBrasil assumiu proporções assustadoras. En-tre 2001 e 2008, a vendade venenos agríco-lassaltoudeUS$2bilhõesparacercadeUS$7bilhões, levandooBrasilàtristeposiçãodemaiorconsumidormundialdeveneno.Foram986,5mil toneladasdeagrotóxicosaplicados.Em2009,asituaçãofoiaindamaisgrave:am-pliou-seo consumoeultrapassou-seamarcadeummilhãodetoneladas,ouseja,5,2kgdevenenoporhabitantedoBrasil.

139. Este modelo agrícola, baseado na grandemonocultura,nousointensivodeagrotóxicosenaproduçãodecomodities(mercadorias)paraexportaçõeséinsustentável.Osdadosgeradospelosprópriosagentesdoagronegócioatestamisso,comoosdadosdaConfederaçãoNacionaldaAgricultura–CNA(órgãorepresentadopelaatual ministra da Agricultura, Kátia Abreu),que destacam sucessivos prejuizos sofridospelosgrandesprodutoresdegrãos.Oquenãoexplicamdiantedessesdadossãooslucrosdosgrandesprodutores,quevivemaostentarseuprogresso.

140. Mas, na verdade o que ocorre é que, en-quanto os agricultores e agricultoras familia-resvivememsituaçãodeprecariedadeemisé-rianoBrasil,oslucrosdosgrandesprodutorescrescem“devidoaotamanhodassuasproprie-dades,aospolpudosincentivosdogoverno,re-

petidosperdõesdedividaseporreceberememmédia20vezesmaisrecursosgovernamentaisqueaagriculturafamiliar”.

141. Além disso, vale destacar que os grandesprodutoresnãoarcamcomoscustosambien-tais e sociais – as denominadas “externalida-des negativas” – provenientes de seumodeloprodutivo,comoascontaminaçõesambientaise intoxicações sofridas pela sociedade; razãopela qual, fizeramde tudo para alteraremdeformairresponsávelocódigoflorestalemante-remadesregulamentaçãoda comercializaçãodeagrotóxicosnoBrasil.

142. E lamentavelmente, este modelo adotadoemnossopaís,deummodogeral, ocorreemNossa América, com prejuízos incalculáveis,paraospovoseparaomeioambiente.

143. O desenvolvimento econômico não podecontinuar calcado na destruição e no desres-peitoàvidaemtodasassuasformas.Portanto,os trabalhadores e trabalhadoras do campo,camponeses, lutam pela terra e pelas condi-çõesparanela trabalharemeviverem.Lutampela reforma agrária e por uma vida digna;pelodesenvolvimentoeconômicoesocial,comapromoçãodaagriculturafamiliaredeformasecológicasnaproduçãodealimentos.

144. ReformaagráriaeReformaurbana.

145. No final de2013 foramdivulgadososda-dosdaFundaçãoJoãoPinheirosobreodéficithabitacionalbrasileiro,osquais,oficialmente,sãoutilizadospeloMinistériodasCidades.Osdados referem-se a 2010, mas demonstramquemesmoquemesmocomoProgramaMi-nhaCasaMinhaVida(oumelhor,MinhaCasaMinhaDívida)aumentouodéficithabitacionalnoBrasil.

146. De acordo com o Ministério das Cidades,em2008, onúmerode famílias semmoradianopaíserade5.546.000eaofinalde2010erade6.940.000.

147. Este déficit habitacional atinge todos osmunicípiosediretamenteasfamíliasdebaixarendaedesempregados.Diantedessagravesi-tuaçãoasocupaçõesdeimóveiseterrenosva-zios,ociosos,quenãocumpremfunçãosocial,continuará sendo omeiomais utilizado pelopovopobre.

148. Na verdade é o único meio que restou e

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assim,mesmodiantedarepressãoeviolênciainstitucional como sempre forame são trata-dasasocupaçõesporpartedosgestoresedajustiça,opovopobretemtidoacoragemdeiràlutaparaefetivarasocupaçõesdevidoàim-portânciacrucialparaasfamíliasdeteremumteto,deasseguraremsuadignidadeeodireitoàvidadigna.

149. OEstatutodasCidades(Lei10.257/2001)não cumpriu com o seu papel legal de asse-gurarodireitoàmoradiaeà cidade, fazendocomqueamesmacumprasuafunçãosocial.Eosgovernanteseajustiçanãotêmenfrentadoeste grave problema social, embora, existammecanismosparatanto,como:oIPTUprogres-sivo no tempo, mecanismos especiais de de-sapropriação, reforçododireitoaousucapiãoindividual e coletivo, estudo do impacto devizinhança, gestão orçamentária participativadeverdade,daspopulaçõesedasassociaçõesrepresentativas,demodoagarantirocontrolediretodesuasatividadeseoplenoexercíciodacidadania.

150. Edestemodo,parafugirdoconvíviocomamorteemáreasderisco,famíliasdesemtetotêmfeitoasocupaçõeselutadopelaconsolida-çãodasmesmas,nalutacontraaespeculaçãoimobiliáriaeodescasodosgovernantes.

151. Umalutaquetemganhocadavezmaisvi-sibilidade,masigualmente,temsidocadavezmaisatacadapelospoderesconstituídos.

américa latina e o brasil - redução da pobreza e concentração de renda

152. A pesar da propaganda do Governo e daafirmaçãodoBancoMundial,dentreoutros,dequeoBrasil“éumdosexemplosmaisbrilhan-tesde reduçãodapobrezanaúltimadécada”edeque“oBrasilconseguiueliminarpratica-menteapobrezaextremaeo fezmaisrápidoqueseusvizinhos”,oqueseconstataéqueháumfossoenormeentreodiscursoearealida-deecomaagudizaçãodacrise,comasnovasexigenciasdeajustesfiscaisereduçãodoorça-mentodestinadoàspolíticaspúblicaseaoin-vestimento,asituaçãodapopulaçãobrasileiraémuitograve.

153. Ográficoabaixo,doOrçamentoExecutadode 2014, divulgado pela Auditoria Cidadã daDívida,dáasuadimensão!

154. Ademaisdeoutroselementos,comoavio-lencia, a insegurança,os índiceseducacionaisbaixíssimos,demonstramquedefato,oBrasil,nosanosLula/Dilmadeixoudeaproveitarumperíododeeconomíaestávelparainvestirefe-tivamentenopaíseemsuapopulação.Aprio-ridadeforambanqueiros, latifundiários,gran-des empresarios, em detrimento de Estados,municipiosepolíticassociais.

155. Deacordocomodocumento“ProsperidadeCompartidaeErradicaçãodaPobrezanaAmé-ricaLatinaeCaribe”,caiude10%para4%,en-tre2001e2013,onúmerodebrasileirosquevivecommenosde2,5dólarespordia;eque60% dos brasileiros aumentaram seu nívelderendaentre1990e2009.Afirmamqueaté1999osíndícesdepobrezaextremadoBrasiledaAméricaLatinagiravamemtornode26%eerammuitoparecidos.

156. Mas,jáadmitemeafirmamqueasdiferen-çasnãosãotãograndesassim!Eele,oprinci-pal porta-voz e representante dos interessesdaselitesmundiais,oFMI,declaraque“ocres-cimento latinoamericanodeprincipiosdosé-culonãoésustentável”.

157. Vejaasprevisões!

158. AgenciaEFE-InfografíadelaAgenciaEFEsobre “Previsiones económicas mundiales”,disponibleenhttp://infografias.efe.com

159. EmseudocumentoPerspectivasEconômi-cas Globais, apresentado em Pequim, em ja-neiro/2015,oFMIreduzasprevisõesdecres-cimento para a América Latina até 1,3% em2015e2,3%em2016.

160. SegundooFMI, o fator comumpara a re-dução das previsões é a baixa das matériasprimas. Para ele, alémdaAmérica Latina, Ja-pão,zonadoEuroeChinatambémreduzirãoocrescimentoeosEstadosUnidos,segundosuasprojeções,teráumcrescimentomaiselevado–uns3,6%em2015e3,3%em2016.

161. O Brasil tem projeção de crescimento deapenas0,3%para2015.Estepercentualé1,1%menordoque a previsãode outubro/2014 eparaoMéxicoaprevisãoéde3,2%.

162. OFMIreviuparabaixosuasprevisõespara7paísesdaregião,sendoqueasreduçõesmaisdrásticassãoparaaVenezuela,comumaque-da de 7%do PIB em2015, graças à redução

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dospreçosdopetróleo.DeacordocomoFMI,“cada reduçãode10dólaresnopreçodope-tróleo acarreta uma deterioração da balançacomercialdaVenezueladaordemde3,5%doPIB, um impactomuitomaior quepara qual-querpaísdaregião.”E“agudizaosproblemasfiscaisearecessãoeconômica.”

163. Paraele“estasituaçãopoderiaterumim-pacto secundário em diversas economias daAméricaCentraledoCaribe,quesebeneficiamde entregas de petróleo subvencionado porVenezuelanomarcodoprogramaPetrocaribe,jáqueCaracasenfrentapressõesparareduzirseuapoioaestainiciativa”.

164. AtémesmoChilea2,8%,Colombiaa3,8%,Méxicoa3,2%ePerúa4%sofreramreduçãoemrelaçãoàsprevisõesdeoutrubro.Emrela-çãoàArgentina,aprevisãoéderetrocessode1,3%,umpoucomenordoqueaprevisãode1,5%deoutubro.SegundooFMI,areduçãodospreçosdopetróleo“afetaocrescimentodaBo-lívia,ColômbiaeEquador”.

brasil - Desenvolvimentismo ou Socialização da Miséria?

165. Desmascarando o Discurso Governista eCombatendo a Criminalização das Lutas So-ciais.

166. Osmovimentossociaisemgeraleomovi-mento sindical e popular em particular, paraavançar na organização, mobilização e lutanumaperspectiva socialista,necessitamcom-preenderaformaçãosocial,ahistória,areali-dadeea lutadoseuprópriopovo–nonossocaso, do povo latinoamericano. Precisam en-tenderporque,apesardagrandezaedarique-zadoBrasil, ogigante semprevoltou-separaooutrolado,mirandoaEuropaevoltandoascostasparaosseus,istodevidoaopçãodelibe-radadosgovernosde subserviênciaedepen-dência em relação aos centros imperialistas.PrecisaentenderoporquêdadistânciaentreoreconhecimentododireitoesuaconcretizaçãoéabissalnospaísesdaAméricaLatina,deummodogeral.Porquequemlutaparamelhoraravida,écriminalizadoemuitasvezespagacomelaprópria,porsuaousadiadesonharelutarporummundomelhor.

167. Comosabemos,sóaconcretizaçãodosdi-reitos fundamentais assegura a democracia,

a cidadaniaeadignidadedapessoahumana.Mas,historicamente,osdireitoshumanosnãotêm sido respeitados em nossa região e namaiorpartedomundo.Enaraizdesteproble-maestãoasopçõespolíticaseeconômicasdaselites nacionais, a intelectualidade com suasteorias importadas,oescravismo,a formaçãosocialdopovolatino-americano,fundamenta-da na negação dos/das diferentes do padrãoeuropeu,oendividamentopúblico,omododeinserçãodoBrasiledosdemaispaísesnosiste-macapitalistamundial.Emsuma,aexploração,aopressãoeamanipulaçãoconstantedoscora-çõesementesdopovo.

168. E assim, naprática, parte considerável dapopulação “aceita” as desgraças, como umaprovaçãodivinaenãocomoconsequênciadadependência,subdesenvolvimento,SistemadaDívida,dasopçõesfeitaspelosgovernantes,dodescompromisso dos poderes públicos paracom as políticas sociais universais, do papeldesempenhadopelasIgrejas,justiça,meiosdecomunicação,pelapolíciaedemaisórgãosre-pressoresdoEstado,peladizimaçãodospovosindígenas, pelo analfabetismo, corrupção, ig-norância/desconhecimento acerca daprópriahistória.

169. Oimpactorealdoescravismo,dadizimaçãodos povos indígenas, das políticas de Estadovoltadasparaadominação,exploração,exclu-sãoeopressãonestes515anosderesistênciaindígena, negra, feminista e popular é muitogrande.Odesrespeitoaosdireitos fundamen-tais,inclusive,porpartedospoderesconstitu-ídosque constitucionalmente têmodeverdegarantiraefetividadedosmesmoséumacons-tante.

170. EnãotemsidodiferentenosGovernosdoPT,adespeitododiscursooficial.

171. Em interessante trabalho intitulado, Im-pactos Sociais Decorrentes da Subtração dosRecursos por meio do Sistema da Dívida, aprofessoradaUnB,IvanetiBoschetti,desmas-caraodiscursooficial,demonstrandoasarma-dilhasecomoosrecursospúblicossãomani-pulados,emespecialosdaSeguridadeSocial,paragarantirasmetasdosuperávitprimárioe,porconseguinte,opagamentodejuroseamor-tizações da dívida pública interna e externa.ParaBoschetti, “odiscursodo “universalismobásico”éonovoeufemismoparafocalizaçãoe

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seletividade”.

172. Trata-se da “expansão seletiva da Assis-tência Social”. Os recursos foram deslocadosdaSaúdeedaPrevidênciaPúblicaparaaAs-sistênciasocial,deformaseletivaefocalizada.Ouseja,alémdaampliaçãodaassistênciaso-cialtersedadoàscustasdareduçãodosgas-toscomsaúdeeprevidêncianãoéumapolíticapúblicauniversal.OBolsaFamíliaatende12,4milhõesdefamílias,ouseja,51milhõesdepes-soas(25%dapopulaçãobrasileira).JáoBene-fíciodeProteçãoContinuada(BPC)atende1,6milhãodepessoasportadorasdenecessidadesespeciaise1,5milhãodepessoasidosas(commais de 65 anos).O seguro desemprego, tãoduramenteatacadocomoajustefiscal,benefi-ciaapenas6,5milhõesdedesempregados/de-sempregadas.ORegimeGeral da PrevidênciaSocialatende24milhõesdeaposentados/apo-sentadasepensionistaseoRegimedosServi-doresPúblicos,4,7milhões.Ademais,48,6%dapopulaçãoeconomicamenteativa(PEA),cercade45milhõesdepessoas,nãocontribuemcomaPrevidênciaSocial(destas,83,3%vivemcomrendainferiora02saláriosmínimos).

173. Enquanto isso, proliferam os fundos depensão privados, os quais tiveram na últimadécadaomaior crescimento noBrasil (14,7%quaseodobrodamédiadeoutrospaíses).Ehá20anosos recursosda seguridadesocial sãosaqueados, através de mecanismos que vãodoFundo Social deEmergência - FSE (1993)àDesvinculaçãodasReceitasdaUnião(2011).Isso sem falar na concentração da terra! Deacordo com o IBGE (2011), “3,35% das pro-priedades,commaisde2.500hectares,detém61,57%dasterras”,enquanto“68,5%daspro-priedades commenosde100hectares, ficamcom5,53%dasterras”.

174. Soma-seaestadurarealidade,areduçãodovalordosbenefícios,cadavezmaioresexigên-ciasparaconcessãodosmesmos,odesempre-go,aterceirização,privatizaçãoeprecarizaçãodotrabalho.

175. Deste modo, o Brasil continua sendo umdos paísesmais desiguais domundo (é a 7ªeconomiaeostentaumadaspioresdistribui-çõesderenda)eotãopropaladocrescimentoeconômico,de2000a2013foi“fracoeinstá-vel”,oscilandooProdutoInternoBruto(PIB),de-0,3%em2009a7,5%em2010,sendoque

em10dos13anosanalisados,ocrescimentodoPIBesteveabaixode5%.

176. Osdadosoficiais,portanto,desmascaramodiscurso oficial do “desenvolvimentismo bra-sileiro”, cujos argumentos estão baseados empremissas que não se sustentam: “forte cres-cimento econômico”, “geração de emprego erenda”, “aumento do gasto social”, “valoriza-çãodosaláriomínimo”e“estabelecimentodepolíticas sociais universais”. O que vemocor-rendo,efetivamente,éasocializaçãodamisé-ria, o empobrecimento dos setores médios eaconcentraçãodarenda(em2012,conformedadosdoIRPF,estimava-seque“50%dosbra-sileirosmaispobresdetinham2%dariqueza,36,99% ficavam com 10,60% e 13,01% com87,40%.Umaparcelamenorentreosmaisri-cos,0,21%,eradonade40,81%dototal”),deacordocomRóberIturrietAvila,emBrasilDe-bate,08/01/2015.

177. Ecomaagudizaçãodacrise,oscortesnosgastossociais,aspolíticasaindamaisrestriti-vas, a privatização e terceirizaçãoda saúde eprevidência, dentre outros direitos trabalhis-tas e sociais, a tendência é piorar, não só ascondiçõesdevidadapopulação,ainsegurançaeviolência,afalênciadosmunicípios,EstadoseUnião,masacriminalizaçãodosmovimentossociais.

178. A saída é a conscientização, organização,mobilizaçãoeluta,nãosódossetoresorgani-zadosdasociedade,masdapopulação-maiorvítimadoSistemadaDívidaedasPolíticasGo-vernamentais.

179. Faz-se, necessário, portanto: a) Organizarinternamente,Coletivo JurídicoedeCombateà Judicialização e Criminalização dos Movi-mentos e lutadores/lutadoras sociais; b) Ela-borarpublicaçõesemlinguagemsimples,quedesmascaremodiscursooficialacercado“de-senvolvimentismo”; c) Recontar a história daclassetrabalhadora,apartirdalutadospovosindígenasedopovonegroemnossopaíseemnosso continente; d) Exigir, juntamente comosmovimentosindígenasecomomovimentonegro,opagamentodadívidahistórica,huma-nitáriaefinanceiradoEstadoparacomopovoafricano, para comos povos indígenas e afro-brasileiros pelos crimes cometidos ao longodahistóriaeque,decertomodo,seperpetuamatéhoje;e)Lutarpelademarcaçãodasterras

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indígenasequilombolas;f)Lutarparaacabarcomasangriadosrecursosecomoendivida-mento público, suspender o pagamento dasdívidasinternaeexterna,fazeraauditoriadadívidaeadotarasmedidaslegaiscabíveis,nosentidoderessarciroscofrespúblicosesópa-gardívidaslegalmenteconstituídasemantidasaolongodotempo;g)Denunciarecombateracriminalizaçãodosmovimentossociaiseaju-dicializaçãodasgreveselutas;h)Lutarpelata-xaçãodasgrandesfortunas;i)Lutarcontraasprivatizações e terceirizações, assegurar queosmecanismosdedemocraciaparticipativaecontrole social sejamutilizadosplenae livre-mente; j)Resgataros515anosderesistênciaindígena,negra, femininaepopularemnossopaís,apartirdahistóriaescritaeoraldopovobrasileiroemtodososEstados;k)ReafirmaroslaçosdesolidariedadeelutacomaNossaAmé-rica e conjuntamente lutar pelo rompimentocom a dependência e o subdesenvolvimento,construindo uma nova arquitetura econômi-ca regional; l) Lutar contra qualquer formadediscriminaçãocontraosaposentados,apo-sentadas,exigindopolíticaspúblicasparaestaparcelasignificativadasociedade.

180. Sócomformaçãopolíticaeideológica,comaçõesmassivas,commuitaorganização,mobi-lização e luta permanentes, a Nossa Américateráchancedeserefetivamentegrande,dees-tarentreosprimeirosdomundoemdesenvol-vimentoeconômico,humano,políticoesocial.

por uma Nova arquitetura Financeira regional (NaFr)

181. Enquanto tiver seu olhar voltado para onorteenãoparasimesma,mantiversuasre-lações de subserviencia e dependencia emrelação aos países centrais do capitalismo enão romper com sua inserção subordinada àeconomia mundial, a América Latina não setornará livredapobrezaestrutural.Comestacompreensão e com a compreensão sobre anecessidadede se perseguir o sonhodeumaAmérica Latina integrada, alguns passos – tí-midos–foramdadosesemaisnãoavançaramdeve-se, infelizmente, aoBrasil,maior emaisricopaísdaregião.

182. E deste modo, conforme dadosda Comis-sãoEconômicaparaAméricaLatinaeoCaribe

(CEPAL),emseuestudo“PanoramaSocialParaAmérica Latina 2014”, a pobreza semanteveestávelem2012e2013,emtornode28,1%dapopulaçãoeque“énecessárioaplicarpolíticaspúblicas para dotar a população de serviçosbásicos que lhe permitam superar a linha depobreza”.Emais,quea“aindigenciaaumentoude11,3%em2012para11,7%em2013,cercade03milhões,chegandoa69milhõesdepes-soas”.

183. Com uma riqueza fabulosa em seu solo esubsolo,aAméricaLatina,querepresenta10%doPIBmundial,precisabuscarseuspróprioscaminhos.QuealutahistóricadoseupovoporumaAmérica Livre sirva de inspiração e queiniciativas que vêm sendo gestadas possamnãosóserconhecidas,masimplementadaspe-lospaísesepovosdaregião,comsolidarieda-de,conscientizaçãoeluta.

184. Osqueanunciamodeclíniodaeconomiadaregião-BancoMundialeFMIàfrente-exigemmais ajustes fiscais e privatizações, inclusive,da previdência pública (último grande patri-monio das populações que conseguiram commuita luta mantê-la e que é cotidianamenteatacado nos meios de comunicação, nos dis-cursos oficiais e nas casas legislativas), parapagamentode juroseamortizaçõesdadívidapública.

185. Pararompercomobaixocrescimento,comas enormes desigualdades sociais é precisoromper com o Sistema da Dívida (arcabouçoeconômico,políticoejurídico),oquesóépos-sívelrompendodevezedefatocomoFMI,re-alizandoaAuditoriadaDívidaPúblicaInternaeExterna,taxandoasgrandesfortunas,forta-lecendo as iniciativas regionais voltadas paraaintegraçãoeodesenvolvimentosoberanodaregião,avançandoeconsolidandoaconstruçãodeumaNovaArquiteturaFinanceiraRegional.

186. Éinadmíssívelqueumaregiãotãoricaper-maneça na pobreza e indigencia e com seusolharesvoltadosparaosEstadosUnidoseEu-ropa, comohistóricamente temocorrido.Mas,paraalémdodesenvolvimentodas iniciativasnoplanoeconômico-financeiro,nãopodemosesquecerquesóépossívelfalar-seemdesen-volvimentohumanoesocial,investindo-se,emprimeirolugar,emcienciaetecnologiaeeduca-çãodeboaqualidade,entende-seporisso,umaeducação voltada à criticidade e não apenas

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voltadaaotecnicismo,quesósustentaaspre-missasdesubserviênciaeofertademão-de-o-brabarataparaograndecapitalinternacional.

187. EmqueconsisteaNovaArquiteturaFinan-ceiraRegional(NAFR)?

188. Adespeitodasenormesdificuldadesedospassosteremsidolentos,precisamserconhe-cidas,valorizadasecobradasasiniciativasado-tadasnasúltimasdécadas,visandoodesenvol-vimentoeaintegraçãodaNossaAmérica.

189. Destacam-se a União de Nações Sul-Ame-ricanas (UNASUL), denominada anteriormen-teporComunidadeSul-AmericanadeNações(CASA/CSN),frutodaconjugaçãodeduasuni-ões aduaneiras regionais: oMercado ComumdoSul(Mercosul)eaComunidadeAndinadeNações (CAN).A UNASUL é uma organizaçãointergovernamental, que congrega 12 paísesdaAméricadoSulefoifundadaem23demaiode2008.

190. DeacordocomseuTratadoConstitutivoaUNASULtemsedeemQuito/Equador,oParla-mentoSulamericanoemCochabamba/Bolíviaeasededoseubanco,oBancodoSul,emCara-cas/Venezuela.

191. Destaca-se, também, a Aliança Bolivaria-na para as Américas - Tratado de Comérciodos Povos (ALBA-TCP), criada por VenezuelaeCubacomocontrapontoàáreadeLivreCo-mérciodasAméricas (ALCA). Consistenuma“tentativa de integração econômica regionalquenãosebaseiaessencialmentenaliberaliza-çãocomercial,masemumavisãodebem-estarsocial,trocaedemútuoauxílioeconômico”.

192. Baseia-se, portanto, na “soberania, solida-riedade,reciprocidadeecomplementaridade”.Compõem a ALBA-TCP os seguintes países:Equador, São Vicente, Granadinas, Antígua,Barbuda,Bolívia,Nicarágua,Dominica,Hondu-ras,CubaeVenezuela.

193. Foigraçasà lutadospovoscontraaALCAeainiciativas,comoestasque,em2005,naIVCúpuladasAméricas,emMardelPlata,foider-rotadooprojetonorteamericanodaALCA.

194. Enestenovocontextodaregião,em2010,naestruturadaUNASUL, criou-seoConselhoSul-AmericanodeEconomiaeFinanças(CSEF),tendocomoobjetivos:utilizar“moedaslocaiseregionais nas transações comerciais intra-re-

gionais”;trabalharcom“sistemasdepagamen-tosmultilateraisedecrédito”;desenvolverum“mecanismo regional de garantias, para faci-litaroacessoadiferentesformasdefinancia-mento’; aprofundar a “coordenação dos Ban-cosCentraisemrelaçãoàgestãodasreservasinternacionais”, considerar a adoção de “me-canismos de coordenação de recursos finan-ceiros...paraatenderasdemandasdeprojetosdedesenvolvimentoeintegração”,impulsionarum “mercado sul-americano financeiro e decapitais”,desenvolver“mecanismosdemonito-ramentoconjuntoparaos fluxosdecapitais...emcasodecrisesdebalançadepagamentos”e promover “mecanismos de coordenação depolíticasmacroeconômicas”.

195. Edestemodo fortaleceu-se apropostadeuma Nova Arquitetura Financeira Regional(NAFR), tendo os governos do Equador e daVenezuelacomoprincipaisentusiastas.Assim,houve uma “forte aproximação dos BancosCentraisdaregião”,antigasideiasdeumBancodoSuleumFundoMonetáriodoSulressurgi-ram,assimcomoapropostadese“formarummercadoregionaldetítulospúblicos”.

196. Neste sentido, inclusive, quando estavaemboas condiçõesdevidoàaltadopetróleo,aVenezuelaadquiriu“títulosdadívidapúblicaargentina e equatoriana”.Como vemos, inicia-tivas existem, passos vêm sendo dados, masprecisam ser conhecidos, não só para seremfortalecidos,masparaqueapopulaçãopossarespaldá-losecontribuirparaqueosmesmossejamlegítimosevenhamdeencontroaosseuslegítimosinteresses,imediatosehistóricos.

197. Nesta linhadestacam-sequestõesquepo-deriam fazer avançar a integração e darme-lhores condições aos países da região no en-frentamentodacriseedeseusvelhosenovosproblemas: a) Criação de instituições de cré-dito de longo prazo, com fontes próprias definanciamentoesemexigênciasdecontrapar-tidas neoliberais impostas pelas instituiçõesde financiamento vinculadas ao FMI, FederalReserve e Clube de Paris, dentre outras; b)“Manutençãoepromoçãodeacordosdeswapdemoedas(comooConvêniodeCréditosRe-cíprocos -CCR daAssociação Latino-America-nadeIntegração-ALADI,oSistemadeMoedasLocais-SMLdoMercosuleoSistemaÚnicodeCompensaçãoRegionaldePagamentos-SUCRE

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dos países da ALBA)”, visto que os mesmos“permitem a mútua compensação dos paga-mentos de importações, podendo reduzir anecessidadedautilizaçãodedólaresnastran-saçõesinternacionaisealiviarosproblemasderestriçãoexterna”;c)“Ofortalecimentodeummecanismoprovedordedivisas(comooFun-do Latino-Americano de Reserva -FLAR, queseriafortalecidocomaentradadaArgentinaedoBrasil)”,quechegaramaaventarapossibili-dadedeentradaemmeadosde2011,masque,pelovisto,nãoointegramatéhoje.

aMérica latiNa – a rebeldia, o Sonho e a luta!

198. Denominada América Latina, em 1856,pelo filósofo chileno Francisco Bilbao e peloescritorcolombianoJoséMaríaTorresCaicedo,aregiãotemumaáreadecercade21069501km2,aproximadamente3,9%dasuperfícieto-taldaTerra (14,1%desuasuperfícieemersaterrestre) e uma população estimada de 605milhõesdepessoas.

199. Compreende20países:Argentina,Bolívia,Brasil,Chile,Colômbia,CostaRica,Cuba,Equa-dor, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras,México,Nicarágua,Panamá,Paraguai,Peru,Re-públicaDominicana,UruguaieVenezuela.

200. Fazer da América Latina, a Pátria GrandeeLivredasgarrasimperialistaséosonhodosnossos antepassados! Um sonho que precisareacender-secomforçanoseiodoslutadoreselutadoraseganharoscoraçõesementes,espe-cialmenteemnossopaís.

201. Obviamente, semesquecermosdequeso-mospartedeumpovo,quealém-mares,aolon-go da nossa história tem vivido, sobrevivido,comsuasdores, comsuashistórias, suas cul-turas,suasalegriasefundamentalmente,comsuarebeldia,seussonhosesuaslutas:opovoindígenaeafricano.

202. E que somados a nós, outros povos aquiaportaram,trazendotambém,suavaliosacon-tribuiçãoparaanossaculturae conformaçãodonossopaís.

203. Umadívidahistóricaqueprecisaserrepa-rada!

204. Mas,estadiversidadeeofatodefazermospartedeumsópovo,opovobrasileiro,opovo

latino-americano,nãodevesobhipótesealgu-mafazercomqueesqueçamosanossahistóriaesuasmarcaseprincipalmenteanecessidadedereparaçãopeloEstadoepelasociedade.

205. Só nos acertando com o nosso passado econoscomesmo, teremosmelhorescondiçõesdecontribuirparaalibertaçãodaPátriaGran-deedetodaahumanidade,deformaeficaz!

206. Só nos acertando com o nosso passado econoscomesmo,seremoscapazesderomper-mos com as diversas formas de opressão, ospreconceitos, a discriminação, a violência, aintolerância por razão de gênero, raça/etnia,idade, condição sexual, região, dentre tantasoutras.

207. OEstadoeasociedadebrasileiraprecisampagar o que devem, fazer autocrítica e pedirdesculpaspeloscrimesquecometeram.Eexi-gir que os europeus façam omesmo! O queoseuropeusfizeramcomospovosafricanoseafro-brasileirossobosauspíciosdaIgrejaCa-tólica,assimcomocontraospovosindígenaséCRIMECONTRAAHUMANIDADE!Edistonãosepodeesquecer!

208. Éprecisoacabarcomasangriadosrecur-sosecomoendividamentopúblico,suspendero pagamento das dívidas interna e externa,fazer a auditoria da dívida e adotar asmedi-das legaiscabíveis,nosentidoderessarciroscofrespúblicosesópagardívidas legalmenteconstituídasemantidasaolongodotempo.

209. Éprecisotaxarasgrandesfortunas,rompercomasprivatizaçõeseterceirizações,assegu-rarqueosmecanismosdedemocraciapartici-pativaecontrolesocialsejamutilizadosplenaelivremente.Sóassim,haverárecursosparaaefetividadedosdireitosfundamentais.

210. ÉprecisotirarasliçõesdasJornadasdeJu-nhoemanteramobilização!Éprecisoresgataros515anosderesistênciaindígena,negra,fe-mininaepopularemnossopaís.

211. É preciso conhecer e nos sentirmos par-tedaNossaAmérica!Éprecisorompercomadependênciaeosubdesenvolvimento!Sócomformaçãopolíticaeideológica,comaçõesmas-sivas, com muita organização, mobilização elutapermanentes,oBrasil teráchancedeserefetivamente grande, de estar entre os pri-meirosdomundonãosóemdesenvolvimentoeconômico,masemdesenvolvimentohumano,

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políticoesocialedecumpriropapelimpres-cindível para a integração latino-americana,rumoàPáTRIAGRANDEELIVRE!

212. Osonhonãoacabou!

213. Emdefesadavida,outromundoépossível,urgenteenecessário!

214. NãoàBarbárie!AbaixooImperialismo!

215. VivaoSocialismo!

FONTE:

1.Cornelli,Marcela“ALÓGICAPERVERSADADÍVI-DAEOORçAMENTODE2015”.

2. Fattorelli,Maria Lúcia, Como a Dívida Públicaafeta as Mulheres, www.auditoriacidada.org.br,8/03/2015.

3.Fattorelli,MariaLúcia,AuditoriaCidadãdaDívi-da,ExperiênciaseMétodos,2013.

4.González,Alicia“OcapitalsaidaAméricaLati-na-Aregiãoéumadasgrandesdanificadaspelasturbulências financeiras. Cerca de 14 bilhões dedólaresporsemanasaemdaregião”,22FEV2014-20:00BRT

5. González, Alicia “Desaceleração empurra aAméricaLatinaparaumciclodereformas-Espe-cialistasdizemquea regiãoprecisademelhorasemeducaçãoeinfraestrutura”.

6.González,Alicia“Brasil:cortedegastosefreadadainflação”,Madri2DIC2014-18:03BRST

7.Miranda,LujanMariaBacelar,“ALegislaçãoeaVida–ADistânciaentreoDireito,aNormaeoCo-tidianodasPessoas”.

8.Campelo, Sálvea,SérieEspecial:Velhiceda clas-se trabalhadora, http://www.cress-mg.org.br/,27/09/2013

9.Severo,LucianoWexell“ANovaArquiteturaFi-nanceiraRegional”,CartaMaior,02/06/2013.

10.Tavares,Elaine,Amobilizaçãonacionalindíge-na,IELA.

11.Cartilha“Gênero,ViolênciaePrevidência”,pu-blicadaAçãoPopularSocialista–APS(SeguridadeSocial)Outubrode2011.

12. Latinoamérica, la región más peligrosa paradefenderelmedioambiente,AFP–20-4-15.

13.OITalertaque6decada10 jóvenestrabajandemanera informalenA.Latina,De (foto) |EFE

–Lima,22abr(EFE).

14.Brasillideralareduccióndelapobreza,segúnelBancoMundial-BrasilyMéxicoacaparanlami-taddelapoblaciónlatinoamericanamásmiserab-le,ElPaísSãoPaulo23ABR2015-03:57CEST

15.Elaltocrecimientolatinoamericanodeprinci-piosdesiglonoessostenible,segúnelFMI,Agen-ciaEFE–Pekín,20ene(EFE).-

16. FMIprevéañode “crecimientomediocre” enAméricaLatinaydesplomeenVenezuela,DeAldoGAMBOA|AFP–enero21,201512:50pm

17.Lapobrezasiguesiendounproblemaestructu-ralenLatinoamérica,segúnlaCepal,AgenciaEFE–SantiagodeChile,26ene(EFE).

18.Laregión,enbúsquedadeotrosmodelosparacrecer,lanacion.com–CIUDADDEMÉXICO.

19.AméricaLatina,http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_Latina,31/05/2015.

20.AuditoriaCidadãdaDívida(www.auditoriaci-dada.org.br).

Maiode2015

Ana Cristina da Silva Veras | Carlos Roberto dosSantos|CleuzaMariaFaustinodoNascimento|Ed-sonBomfim|EgesonConceiçãodaSilva|EvilásioLacerda|GesaLinharesCorrea|JorgeGonçalves(Jorginho)|LídiadeJesus|LuísAlfredoGonçalves|LujanMariaBacelardeMiranda|MárcioFreitas|MarcosRangel |MariaReginaLacerda |MoacirLopes|RomualdoBrazil|SandraMariadosSantos|SebastiãoJosédeOliveira|SérgioCosta|SérgioTadeu |SileneLeiros |SílvioFlorentino |WillianAguiarMartins

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1. Após nosso V encontro em maio de 2012, fi-zemos a atualização de nossas resoluçõesna conferência Nacional em março de 2013, de-finindo seu “objetivocentral:darmaisumpas-soparaaconsolidaçãodoVENAPS,compreen-dendoqueseusresultadosseriampartedeumprocessoqueenvolvianãosomenteoaprimo-ramentodenossasorientaçõespolíticas,mastambém de práticas que visem avanços emnossaorganicidadeenossaculturapolítica.Ouseja, que fizesse avançar a nossa capacidadepolíticaeteóricadecompreensãoeaçãosobrea realidade para desenvolver a contra-hege-monia na sociedade, nossa democracia inter-na,nossocompanheirismo,nossocompromis-so ideológico revolucionário, nossa unidadee nossas condições materiais e organizativasparaaplicarnossapolítica,concretamente,nalutadeclasses.Estessãoobjetivospermanen-tesdeumacorrentecomunistacomoanossa...colocarapolíticanopostodecomando,semsu-pervalorizarpequenasdivergênciaspolíticasesemdarlugarparadivergênciaspessoais.”

2. Estamos iniciandooprocessodedebateparaarealizaçãodoVIEncontroNacionaldaAçãoPopular Socialista que passa por envolver oconjunto damilitância nas etapas preparató-riaseeleiçãodaquelesedaquelasquevãocon-tribuirnanovasíntesedenossasformulações.Afirmamosnaquelaoportunidadequeera“ne-cessáriotambémfazerumareleituradenossolegadoestratégico,considerandooquepensa-moshojeeoqueprecisamosatualizar. Jánasrelaçõesinternacionais,depoisdeváriosanossemumapolíticaclara,nãoconstituímosrela-çõesefetivase,portanto,precisamosretomarnossodebateeavançarnestaquestão...As re-soluçõesaprovadassobrenossotrabalhojuntoàjuventudeeosmovimentosdemulheres,ne-grosenegraseecossocialistas,mesmosendofrutodeumdebateaindainsuficienteereque-rendoaprofundamento,tambémforampassosimportantes para superarmos os impasses egrandes desafios que estão colocados nestasfrentesdemassa”.

considerando que:

3. •não ficamos imunesaoprocessovivenciadopelaesquerdabrasileiraemundial;

4. •acrisenaAPSéantigaenãoseresolveucomorachaem2012;

5. • novos/asmilitantes estão sendo incorpora-dosànossacorrente;

6. •é importante,nãosóparaos/asmaisnovosnacorrente,masparaoconjuntodanossamili-tância,terconhecimentodosmomentosdecri-sevivenciadospornossacorrenteaolongodenossahistóriadeconstrução,faz-senecessáriaumaavaliação crítica, a partir das resoluçõesaprovadasedasnossasdebilidadesreaisquedificultaramnossocaminharemdireçãoànos-saunidadeeaofortalecimentodaesquerda.

7. JánaúltimareuniãodaCoordenaçãoNacionaldaAPS-CNAPS(emdezembro2014),apresen-tei uma primeira versão desta contribuição,agorarevisada,quesepropõeafazereestimu-larumaavaliaçãosinceradenossasdecisões/açõesmaisrecentes,doserroseacertoscoleti-voscomvistaaavançarmosemnossaunidade.

8. Julgueipertinenterecuperaralgunstextospro-duzidosaolongodenossatrajetória,atéparaquenãopairedúvidasobreaafirmação:AAPScontinuaemcrise!

9. Escolhi dois textos relativamente antigos: ACrise e a Construção Partidária, de Jorge Al-meidaeParaumaredefiniçãodenossoscami-nhos,deGenildoBatista.

10.Jorge em seu texto afirma vivenciar-se uma“profunda crise política e ideológica, e nãosimplesmente uma crise organizativa e mo-mentânea,ouseja,vivenciamosumacriseor-gânica,querequerumdiagnósticoradicaleumenfrentamentoprofundodamesmaemváriosâmbitos”.

11.“Estamosnuma crise política e orgânica...quevemsemanifestandomais intensamentedes-dequesaímosdoPT,masestanãoseoriginouagora(textolidonaCNAPSdemarçode2007).É resultado de políticas aplicadas, políticas

NoSSa criSe, coNStrUção partiDária e a reDeFiNição DoS NoSSoS caMiNHoS para aSSegUrar NoSSa UNiDaDe e o

FortaleciMeNto Da eSqUerDa!GesaLinharesCorrea

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decididasenãoaplicadasepolíticasmaldeci-didas”.Naverdade,talavaliaçãodenossasde-bilidades,tambémfoiexpressaemoutrodocu-mentodeJorge“Vastasemoções,pensamentosimperfeitos”(2004erevisadoem2005),quan-dojáapontava“nestemarrevoltodoperíodoconjuntural que vivemos, continuamos comumabússolaimperfeitaecomumbarcocheiodeproblemas”.

12.Nãopretendoretomarodebatesobreoreflexodacrisevivenciadapelaesquerda,poispoderiacairemjustificativasparaanossacriseemaisumavezdeixardeladoumareflexãonecessá-ria: não dámais para continuar empurrandocomabarrigaessaconstataçãoefingindoqueestátudobementrenós.

13.EmseutextoJorgeidentificacrisesdeiniciati-vapolítica,apartirdaformacomosaímosdoPTeentramosnoPSOL,defaltaderumos,dediminuição de nossa organicidade atingindoinclusive a Coordenação Nacional, no traba-lho internacional que não refletia nossa açãocoletiva,naperdadepresençanossindicatos,nos movimentos sociais e até na juventude.Usou-sea expressão “crisedemissão”,poiso“métododetrabalhooumétododedireçãooudeorientaçãoestratégicatemsidodefatoummétododetáticaprocessual.Cadamomentoéummomento- perdemos anoçãodoque sig-nificamosoupodemossignificarouinfluirdopontodevistaestratégico”.Diziaotextoqueoúnicosetorcomdestaquepositivoeraomovi-mentonegro.

14.Concordocomquemtemafirmadonointeriordenossacorrentequeestánahoradeencarar-mosnossasopçõespolíticas.Ecomoapráticaéocritériodaverdade,pretendoreabrirode-batefrancosobrecomoestamosagindoentrenós,buscandolocalizarnossosreaisobjetivoscomanossaorganização,eseaindaacredita-mos ser possível conviver lado a lado numamesmacorrentefrenteaosdesafioscolocadosnaatualconjuntura.

15.Sobreanecessidadedeumaferramentapolíti-copartidária,ameuvernãotemosdivergênciade fundo. Acreditamos na necessidade desseinstrumentoe,apesardetodasascríticasquefazemos, o PSOL representa essa ferramentaque merece todos os nossos esforços. Esta-mosnaconstruçãodoPSOLeocaracterizamoscomoumafrentedecorrentes.Acreditamosem

suaviabilidadecomoumpartidosocialistademassas e não abandonamos a perspectiva detransformaçãodomesmonumpartidorevolu-cionário. Podemos até considerá-lo umparti-dodequadros,comumamilitânciaaguerrida,maslutamosparaqueelenãosejaumpartidodenotáveisonde suas figuraspúblicas se co-loquemacimadasdecisõestomadaspelabasemilitanteemseusfórunsdemocráticos.Éver-dadequeapráticademocráticaaindaestáemconstrução, pois sendoumpartido compostopor correntes, nem sempre o comportamen-to geral expressao caráterdemocrático, umavezqueaculturadaautoconstruçãoaindafalamais alto, influenciando, em muitos momen-tos,negativamentenocrescimentodopartido,queinegavelmenteexpressoutodoseupoten-cialnoprocessoeleitoralde2014.

16.Retornandoàcontribuiçãoteóricadosnossoscompanheiros, transcrevo a seguinte afirma-ção: “não podemos continuar tapando o solcom a peneira...achando que priorizando aconstrução do PSOL, estaremos resolvendo oproblemadaconstruçãopartidária.Tudoissosó destaca a necessidade de fazermos nossogiro político-organizativo para, por um lado,reforçaranossaconstruçãoenquantocorren-te,conformetemosformulado,masnãoprati-cado;e,pelooutromesmolado,priorizarnos-saaçãonomovimentosocial.Enossoesforçoprincipal não deve ser na disputa interna doPSOL,masnomovimentodemassas.”(J.A)

17.No meu entendimento temos concordânciacom as afirmações transcritas acima. Então,ondeestãolocalizadososnossosproblemas?

18.Acredito ser necessário recuperarmos o pro-cessoanterioraoúltimoEncontroNacionaldaAPS,quandojáavaliávamosqueorachasecon-solidaria. Buscamos participar dos encontrosestaduaisdaAPSemquase todososestados,fazendo a disputa de concepção, pois nossaavaliação era de quemuitos companheiros ecompanheirasjáhaviamfeitoumgirodecon-cepçãopartidária,refletindonotratocotidianobemcomonosdebatesquesurgiamdiantedenovasdemandaspolíticas.

19.Um dosmomentos críticos foi o processo derompimentocoma Intersindical edecisãodeparticipação no CONCLAT. Não pretendo in-cluiraavaliaçãodesseprocesso,atéporqueasduasanálisesestão consolidadasentrenós, e

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pensávamosqueagrandediferençaentrenósdiminuiriaapartirdo“rachanacional”,oquenãoaconteceu.

20.Dando um salto no tempo, vou iniciar pelaquestão sindical e popular, pois na primeiraversão apresentada na CNAPS em dezembro,fuicriticadapornãotersidoexplícita,notexto,nessaáreadeatuaçãodaAPS.VoupriorizarareuniãodaCoordenaçãoNacionaldaAPSrea-lizadanoEspíritoSanto.DevodizerquesaídoES com uma energia positiva.O curso de for-maçãofoidealtíssimaqualidade,mesmocomaavaliaçãoquefizemoscoletivamente.Nãoes-peramosoúltimodiaparainiciaraavaliaçãoehouveconsensodequeserianecessáriofazerumareadequaçãojáparaospróximoscursos.Outra questão queme animou foi a inclusãodadeliberação Sindical e Popular comoprio-ritária,napautadareuniãodaCNAPS,porquefinalmente havíamos chegado à conclusão deque era preciso rever a Resolução Sindical ePopularaprovadanaConferênciadaAPS.Re-ver porque, apesar de termos encaminhadoas conversas comas representações políticasenumeradas naquela oportunidade, concluí-mosquehaviapontos contraditórioseouul-trapassados, a partir da análise conjuntural,da identificaçãodos enormesdesafiospostosdiantedetantosataquesaoconjuntodaclasseporpartedosgovernos,da judicializaçãodosmovimentos, bem comodo aumento da frag-mentaçãodomovimentosindicalcombativo.

21.Percebemosquenossaunidadeestavaempri-meiro lugar e era vital para avançarmos embuscadaunidadedetodosossetorescombati-vosnumúnicoinstrumentosindicalepopular.NossodebatenoEScaminhounessadireçãoesabíamosqueseriaprecisonosdespirdeava-liações cristalizadas entre nós para sairmosdoquealgunsidentificaramcomoparalisiadanossa açãopolíticanesse campo.Tentamosoconsenso,masnãofoipossível,apesardeumacomissão fazer todo o esforço para escreverumaResoluçãoquecolocarianocentrodanos-saatuaçãosindicalepopularoqueaindanosémuitocaro:UNIRoconjuntodossetorescom-bativosnumúnicoinstrumento.EaResoluçãoconjuntasaiu.Acrediteiquefinalmentetínha-mosconstruídoumaformulaçãosindicalepo-pular(“amilitânciapoderádefender,emsuasbasessindicais,afiliaçãoaumadasalternati-vasdocampocombativoexistente,INTERSIN-

DICALouCSP-CONLUTAS,ouoptarpornãofi-liaçãoanenhumadestas...)quepermitiriacadaagrupamentonosso,apartirdaavaliaçãoquefazia,seguir na luta pela unidade dos setorescombativos,mesmoemespaçospolítico-sindi-caisepopularesdiferentes.

22.Avaliaçãoequivocada!

23.Jorge Almeida (JA) discordou da deliberaçãotomadae iniciouna listadaCNumasériede“ponderações sobre lacunas” chegando a ex-pressar o que segue: “vou me abster de darpalpite sobre qualquer coisa da questão sin-dicalenquantoaexecutivanãosereunirparabater omartelo sobre as questões que estãocirculandopropostasdeativo,marcas,nomese organização do evento de lançamento dacorrente(grifomeu);eentendendoqueaExe-cutivadeveordenarasconsultas,coordenarodebatenaCNAPSenalistageral,proponhoquefaçamosumareuniãovirtual;Oessencialéqueprecisamosordenarodebatequeestábastanteconfuso,pelomenosnaminhacabeça,maspe-laslistas,nãodevoseraúnica...”

24.Adisputaentrenósnãodiminuiucomadupladecisão.Pelocontrário,aimpressãoquemefi-cou foideummaioracirramento, apontodementirasseremconstruídas,comoobjetivodedesmereceraatuaçãopolíticamilitanteprinci-palmentedealguns(mas)militantesdoSEPE/RJquedefenderamaparticipaçãonaCSPCon-lutas.

25.PenseiqueaconstruçãodaCorrenteSindicalePopularnosunificaria.Comoninguémhaviato-madoainiciativadeiniciaroprocessodecria-çãodonomeedalogomarcadacorrente,eufiztallançamentoemnossaslistas,poishavíamosdecididoqueatéodia16demarçodeveríamosfazero lançamentopúblicodanovacorrente.Ressaltoqueconsultasevotaçõesvirtuaisnãoforam inventadaspormim,bastaquealguémfaça uma retrospectiva de decisões nossas eencontrarão várias consultas e votações vir-tuais bemmais polêmicas. Mas a escolha donomeedalogomarcadacorrente,mesmocomcontribuições de outros militantes, tambémnão se concretizou, pois a iniciativa pormimtomadafoidescrendenciadaporpartedaexe-cutiva, com vários questionamentos na lista,tipo:“Parecequeestamosnumprocessodevo-tação,masnãoébemisso.Foiapenasapresen-tadaumalistacompartedosnomesquejáti-

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nhamsidolembradoseaspessoascomeçaramavotarquasesemdiscussãoesemqueoutraspropostasdenomessejamapresentados...Porissoeu(JA)nãoestousatisfeitocomnenhumadaspropostasapresentadasatéagora...Propo-nhoassimque todas estas alternativas sejamtambémlistadasparadiscussão...”

26.Naquelaoportunidade,haviacolhidotodasaspropostas e ordenado numa tabelinha, men-cionandoosproponentesequem“votava”eouoptavaporesseouaquelenome.Quemquiserrecuperartalprocesso,bastarecortarecolarose-mailsecomcertezasaberáidentificarospro-blemas,nãosócomrespeitoaonomedacor-rente,àlogomarcaqueatéhojenãoconsegui-mosaprovar,masàtentativadedescredenciaraCoordenaçãoNacionalSindicalePopulardaAPS.DaResoluçãodaENAPSdodia2demar-ço,destacoosseguintespontoselencadosso-breoprocessodedefiniçãodepontosomissosdaresoluçãodaCNAPSsobreSindicalePopu-lar:“Apesardoesforçodetodosparamateria-lizaraunidadepolíticavislumbradaemfunçãodas atividades nacionais referidas, a mesmaaindanãoestáassegurada,namedidaemquepersistempolêmicasedivergênciasacercadaaplicaçãodaresoluçãodaCNAPS;Nãosetratade responsabilizar ninguém individualmentesobre a situação, mesmo porque o processodecisóriosedeudemodoapressado,emfinaldereunião(játendo,inclusiveultrapassadootempoprevisto,ealgunscamaradasjátinhamsaídoparanãoperderavião).Mas issogeroualgumasindefiniçõesqueatéagoranãoforamsanadas.”

27.O Ativo Nacional Sindical e Popular foi reali-zadonumclimadetensãoedisputaquemaispareciaumencontrocomforçaspolíticasdife-rentes.

28.OcongressodoSEPEfoiutilizadonesseAtivo,porLecieMagda,paraaprofundaradistânciaentrenós.Mas,oafirmadoporelasnãosesus-tenta,pois jáhavíamostomadodecisãosobrea dupla possibilidade de atuação. Uma partedamilitânciaqueestánadireçãodoSEPE/RJequehaviadecididoporatuarnaCSPConlu-tasestavacumprindoexatamentearesoluçãosindicalepopularaprovadanofórumdaAPS.ComoalgunssetoresdaAPSnoRiodeJaneironãoqueriamatuarnaCSPConlutas,etambémnãomanifestaramqueatuariamnaIntersindi-

cal,resolveramprovocarnossorachaduranteo congressodoSEPE.Essa formadeprocedi-mento,quandosuasposiçõesnãoprevalecem,nãofoimuitodiferentedaformaadotadaporocasiãodochamadorecursoemrelaçãoacan-didaturadocamaradaEdmilsondoRiodeJa-neiro.E ficaapergunta: senão tivessemtidoapoiodeintegrantesdaCoordenaçãoNacionalcontinuariamnalógicadeaumentarosproble-mastransformando-osemcrisedaAPSnoRiodeJaneiro?

29.Por issodigoquenãodámaisparafingirmosquenãoestamosdivididosemdoisblocos,fa-cilmenteidentificáveisapartirdorachadaAPS.JáaofinaldaprimeirareuniãodaCoordenaçãoNacionalpós-racha,chegueiameperguntarseoqueestávamosvivendoseriaosegundotur-nodorachaanterior.

30.Dentremuitos,mencionoessesfatoseincluoomais recentecomoaCartaàDireçãoNacionalda Ação Popular Socialista encaminhada pelacamaradaRafaelaGiffone.Taissituaçõesdeno-tamqueacrisedaAPSnãoestálocalizadaemumúnicoestado.Masestetextotemafinalidadede potencializar a característica da franqueza,semperdera ternura,deabriroscoraçõesdanossamilitância,paraquepossamoscolocar“namesa”todososelementosquetemcontribuídopara nosso distanciamento. “É hora de come-çarmosa tomardecisõesque levemà supera-ção destas debilidades e fragilidades políticasinternas.Apesardetermosumarepresentaçãopolíticalegítimaemváriosestados,hápoucoin-tercâmbioentrenossamilitânciaeamaioriadenossosdirigentesnacionaisestámuitovoltadaparaotrabalhoemseusestadosousetores.”

31.Mas,vamosparaosdemaissetores:

32.•ComofoioprocessodaconstruçãodoPajeú?Comoestãofuncionandoosetorialdajuventu-deeoPajeú?Oquefezadireçãonacionalparaviabilizar “a ação prioritária damilitância daAPS,emespecialasuajuventude,devecontri-buirparaarecomposiçãodocampocombativonomovimentodejuventudeemnívelnacionalconsiderandoasseguintesdiretrizes:a)Reto-madadaorganicidadedesseSetorial,comota-refaprioritáriadaCorrente -nãoapenasdosjovensdaAPS-garantindoosfórunsdedebateedeliberaçãocoletivaedemocráticavisandoofortalecimento da intervenção nas frentes demassaapartirdeumalinhanacionalizada...”?

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33.•AsmulheresdaAPS conseguiram construirumplanocoletivodeatuaçãoeimplementá-lo?Onde temos atuado concretamente a partirda decisão coletiva da Conferência? Quandofoinossoúltimoativonacional?“...aAPSnun-ca teve um trabalho feminista organizado demodoefetivamentenacional...Apoucaatuaçãona construçãodo Setorial deMulheres temaver com o fato de não termos uma liderançafeminista liberada e comcondiçõesmateriais(passagens, custosde alojamento e alimenta-ção,etc)paraaarticulaçãonacionaldotraba-lhodemulheresdaAPSedoPSOL.”

34.•DepoisdoAtivoNacionaldeNegraseNegrosdaAPS, o quemais aconteceu?“...a APS aindanãoconsegueterumapolíticadeintervençãonomovimentonegro,assimcomoaincorpora-çãodestatemáticanassuasdiversasfrentesdeatuação;Nãotemosatuaçãoorganizadadene-grosenegrasnaAPSenemnoPSOL”;

35.•ComotemfuncionadoaExecutivaNacional,considerandoqueelainexistenoPerfileFun-cionamentodaAPS?Elaencaminhaasdelibe-raçõesaprovadasnosfórunsdaAPSouestásetransformandonumainstânciasuperioràcor-rente?

36.•QualopapelrealdosecretárioexecutivodaAPSnacional?

37.•ComotemsidoofuncionamentodaCoorde-naçãoNacionaleosencaminhamentosdesuasdeliberações?Existe umadistribuiçãodas ta-refaspolíticasentretodos/asqueaintegram?Ocorrem pré-reuniões e ou acertos entre al-guns(mas)integrantesantesdainstalaçãodasreuniõesdaCNAPS?

38.•OSetorialIndígenatambémestáparalisado.

39.•Nossacomunicaçãonacional(facebook)éfei-taporqualcoletivo?

40.• E dos demais setores, que informações te-mos?

41.Mas,nãopodemosdizerquetudovaimal.Con-seguimosdar passos importantes em relaçãoaoProjetoNacionaldeFormaçãoPolítica,comarealizaçãodomesmonastrêsregiões:Sudes-te (ES),Norte (Belém)enorte/nordeste (Sal-vador).

Para uma redefinição de nossos Caminhos:

42.Jáem1997Genildoescreveumtextopreocu-padocomanecessidadede identificarmososelementos que iriam contribuir no diagnósti-codopresentedaentãoForçaSocialista,comvistas a delinear o futuro da nossa corrente.Mencionouqueeraumcomeçodeconversaequedeveriaenvolveratodosetodas,deformasincera e fraterna, pois estava em jogonossaconstrução político-ideológica e organizacio-nal. Dizia Genildo, que era “o nosso destinocomocorpopolíticoqueestavaemdebate”.Emais,“estamosdesafiadosemnossacapacida-dedeousareemnossadisposiçãodeinventarofuturo,talvezcomojamaisestivemos.Edeve-mosfazê-looquantoantes”!

43.A pergunta feita por Genildo naquela opor-tunidade,depoisdeapresentaros05pressu-postos a partirda análise sobre “a paisagemsombriadaexploraçãoeconômica,daopressãopolítica,ideológica,étnica,degênero,deorien-taçãosexualeorastrodadevastaçãoecológicaproduzidos pela ordem do capital, cobravamescancaradamentearenovaçãodonossocom-promissoanti-capitalista”,foi:“Comoprepararnossacorrenteparaenfrentarumperíodoemquearealidadepelaqualtemostrabalhadonãoseconcretizououpodedemorarmuitomaisdoquenossasprevisões?”

44.Genildoalertaafirmando“queaformadecom-bater adispersãoda esquerdanãopassaporacentuarmosanossaprópriadispersão”.

45.Se recuperarmos nossa árvore genealógica,vamos perceber que tivemos uma trajetóriade unificação de agrupamentos da esquerdaehoje, senãoredefinirmosnossoscaminhos,tudo indica que caminharemos em sentidocontrário.OresultadodoúltimoEncontroNa-cional foi nossa divisão em três agrupamen-tos políticos APS, Dissidência da APS e RosaZumbi.Considerandoquemesmoapósorachacontinuamos funcionando como fração, mes-moqueumadas fraçõesnegue, equea rela-çãoentrenósépoucofraternaépossívelqueoprocessodecisãonãotenhaseesgotado.Nãofoiporacasoqueosecretárioexecutivonacio-naldaAPS,CarlosFaleirodisse,naúltimadaCoordenaçãoEstadualdaAPS/RJ,daqual eleparticipou em setembro 2014, que não davamaisparaatuarmosnomesmoespaçopolítico,alémdeafirmarqueexisteumafraçãonacio-nal.Aliástemsidoumaprática,aquinoRiode

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Janeiro,diantedasdivergênciaslocais,utilizara frase:“vou fazerrecursoànacional”!Estánahoradeles/asresponderem:aqualpartedana-cional,Faleiro,LecieMagdasereferem?

46.EporfalarnosecretárionacionaldaAPS,quaiscritérios foramutilizadosparaescolhadeFa-leiro, uma vez que não representa nem a ju-ventudeenemasmulheres,conformeavalia-ção feita sobre asprioridadesda correntenaConferênciaNacional?Nãome lembro de terhavido um debate sobre o perfil de um/umasecretário/aexecutivo/atendoporbaseadefi-niçãodasprioridadesdaAPS.Ajuventudetemsidoapontadareiteradamentecomoumaprio-ridadenaAPS.“AnecessidadedereconstruçãodotrabalhodeJuventudenaAPSsecolocanaordemdodia.Renovarosquadrosdacorrente,avançarnaconstruçãopartidária, fortaleceraintervenção nos movimentos sociais e avan-çarnaconstruçãodeumanovaculturapolíticasão os elementos que justificam essa afirma-tiva e que se colocam como objetivos geraisparaintervençãoapartirdessesetorial.Nessesentido,éumaintervençãoprioritáriaefunda-mentalnaperspectivadecurto,médioelongoprazosparaaconstruçãodaCorrente”.

47.Porquenãofoifeitaaindicaçãodeum/umami-litantedajuventudequeteriatambématarefapolíticadecontribuirnaorganizaçãonacionalda juventude e do Pajeú?Quais as tarefas deumsecretárioexecutivo?Fazer relatóriosdasreuniões? Até agora essa não foi atribuiçãodele.Éadmissívelmanternocargo,umsecre-tárionacionalquenãocumpretarefasdeinte-ressenacionaldacorrenteeutilizaseutempodisponívelparaser incentivareconcretizarorachanoestadoondemora,semmedirascon-sequênciasdosreflexosdasuaaçãoemcaráternacional?Ouseráqueessafoiatarefaprioritá-riaquelhefoidada?Porquenaúltimareuniãodacoordenaçãonacionalfoipropostoinsisten-tementequefizéssemosumaseparaçãoamigá-vel,comofezoCSOL,correntedoPSOL,quesedividiuemduascorrentes(umapartemanteveonomeedepoissefundiucomaInsurgência)?

48.Comonopassado,possodizerque“nossocon-trato político-ideológico está profundamen-te esgarçado”. E recorrendo aopoeta, afirmo:estamos vendo o presente repetir o passado,comreuniõesdesgastantes,poisraramenteseencaminhaoqueseaprovaeaindasedesen-

volveumapolíticadequeimaçãoamilitantes,nãosóentrenóscomoemespaçospúblicosdopartidoousindical.Perdemosacapacidadedefazer valer entre nós umdosprincípiosmaiselementares cultivados entre aqueles e aque-lasquelutamcontratodasasformasdeopres-sãoeinjustiças-odireitodegarantirafaladooutro ladodoprocessovivido,comagravantedetalprocedimentoocorreremespaçosondeos/asacusados/asestavampresentes,masnãolhesfoiconcedidaapalavraeospoucosqueti-veramestedireito,o temponãofoisuficientepara que pudessem dar responder às acusa-ções.NessaúltimareuniãodaCNAPSoRiodeJaneirofoipautadoporFaleiro,LecieMagda.Estivemoslá,masnosdoisdiasdereunião,sónosfoiconcedidoduasdefesasde5minetrêsde3min,nodomingo,apóssorteioentrequemfalaria primeiro. Portanto, os/as acusadores/as, que deveriam fazer as acusações primei-ro, como sorteio, ficaramparadepois, lógicatotalmenteequivocada,poisnocampodosdi-reitoségarantidaqueaacusaçãosejafeitapri-meiracomochamadoônusdaprovaeaos/asacusados/as,odireitoderesposta/defesaemseguida.EsobreoPSOLNovaIguaçu,nãohou-ve o mínimo interesse em se encontrar umasoluçãocoletiva.Soliciteiquefossetratadoemtempodiferenciadodoquenosfoiconcedido,masnosfoinegado.

49.Tal postura por ação ou omissãodamaioriados/dasdirigentesnacionaispode ser inter-pretada como constatação/aceitação de queesteja ultrapassada nossa afirmação de que“nosso maior acúmulo é nossa organização,portantonossaunidade”.

50.Devemosnosperguntarenosresponder:

51.• Quais são os nossos reais objetivos com anossaorganização?

52.•Asconstatações,afirmaçõeseexigênciasquefazemosemrelaçãoaoPSOLrelativasàdemo-cracia partidária guardam alguma relação etêmvalidadequandosetratadaconstruçãodenossacorrenteousãoapenasumareediçãodamáxima:façamoqueeudigo,masnãofaçamoqueeufaço?

53.• É possível resgatarmos a democracia inter-na e reconstruirmos laços de solidariedade econfiançapolíticaentrenósapartirdacríticaeautocrítica?

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54.•TemosdisposiçãoparaconstruirmosumEn-contro Nacional garantindo critérios que es-timulem prioritariamente a participação doconjuntodamilitância e não a introduçãodeelementosquedificultemou atémesmo con-duzamavetosaparticipaçãodemilitantesor-gânicos?

55.Terminoessabrevecontribuiçãocomumaci-taçãodocompanheiroSérgioTadeudaAPS/RJ,jáutilizadanumoutrotextodoRiodeJaneiro,queconsiderobastanteatual,intitulado“Épre-cisoveraplacadocaminhão”.

56. ...masme refiro apenas a necessi-dade de fazermos a análise con-creta da realidade concreta, comodiria o velho bolchevique. Enfim,nadamais proponhoquenão sejabuscarmosconstruirumtextoque,nomínimo,nospermitaexpornos-sasanáliseseque sirvade instru-mentopara amilitância segurarotranco, respirarecontinuar lutan-do. Minha preocupação é aquelavelha: senãonosmovimentarmosrápido o estrago pode ser maiore mais profundo. “Os problemasexistem e não vão desaparecer;ao contrário, eles tendem a au-mentar e temos de enfrentá-los”. SérgioTadeu

rio de janeiro, Março/2015

gesa linhares correa

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1. Tribuna de Debates,mais uma leitura. TodosnósqueestamosnaAPS,commais tempooumenos,nãoimporta,sóchegamosaquiporquetemoshistória.

2. Nonossocaso–daAPS-,fazemospartedahis-tóriadaesquerdabrasileiraemundial,comto-dosnossosacertoseerros.

3. Emmuitosmomentosdestahistória,oserroseosacertosocorreramporquehouvequemsedispôsalutarcontraaquiloqueconsideramoscomoprioridadeaserdesfeito,refeito,recicla-do,metameforseando-senabuscadeoutroca-minhoparaahumanidadequenãoosejadasrelaçõesdesubmissão,exploração,opressão.

4. Nãoaceitamosasrelaçõesdeclasse.Nãocon-cordamos como hoje existem as relações deraça,etnia,gênero,sexualidade,espiritualida-de,etária.Naquiloemqueseapoiaosistemacapitalista.Poristo,temosapropostadosocia-lismoemais,sósendopossívelatravésderevo-luções.Outracultura.

5. A construção desta luta, entretanto, tem so-fridoenormesdeficiênciasdevidoaformaçãosocialhegemônica.Mas,principalmente,ameuver,estáadificuldadedesuperaçãoindividual,situando-se,cadaum,noprojetoeaomesmotempo,elevando-separadefendersuas ideiasdeformarespeitosacomooutro.

6. Éuma superaçãopara constituirmosmilitan-tesnovosemsabedoriaecomportamento,pos-turaeconhecimento.E,oferecertransparênciaesegurança–política,espiritual,social-ondetodossabemparaondevãoecomoestásendoconstruído“ocaminhoaocaminhar”.Umarela-çãoentreprojeto,estratégiae tática.Sonhoerealidade.Algoquefortaleçaaideia,jáditanahistória,dequesemteoriarevolucionárianãohápráticaidem.Mas,também,queprecisamosserhonestosnotrabalhocotidiano.

7. Sabersesituarnahistória,nomundo,tercons-ciênciadoseupapelnalutamaisgeral.Saberoquantoéimportanteseuesforço,nãoimpor-taonde,não importaquanto.É importantee,poristo,terconsciênciadequeninguémpodeassumirsuas responsabilidades, roubaropa-peldooutroeopapeldoprojetoque,nonossocaso,parasersocialistaerevolucionário, temqueserdetodos,pelabase,horizontalizado.

8. Opopulismo,ostalinismo,oautoritarismodediversostipos–nadaosjustifica.Sejaporsermuito inteligente, negro, indígena, operário,mulher,homem, jovem, idoso,nordestino, su-lista.Nada!

os documentos dos companheiros9. Escrevo tudo isto porque não vejo nos docu-

mentosformuladospelascompanheiras-quecriticam o funcionamento da APS– qualquerproposta ou argumento que nos ajude a ser-mos melhores do que somos. O que é apre-sentadonosdocumentosdivulgadosatéagoracritica nosso funcionamento e diz que nossoregimenãoédemocrático.Masnãodizcomosuperar isto nem relacionam o que apontamcomoerrosouinsuficiênciascomnossosdocu-mentosestratégicosoutáticos,aocontrário,oselogiam. Utilizam estes documentos em suasformulaçõesgeraispara, tirandodo contexto,fazercriticaaofuncionamentoeaoregimedenossademocracia.

10.DenunciamqueaAPStemumfuncionamentoprecárioque,funcionando,tomadecisões-quenãoosobrigaacumprir.AcriseéporcontadaatualmaioriadaCNedaExecutivadaCN,quenãoaceitamsuaspropostasdefuncionamento,deorganizaçãoe/ouderegime.

11.AscriticasquefazemnãosãoàsdecisõesdaCNouasdaENAPSemsi,masaoprocesso.Mastransferemparaestasinstânciassuascriticas.

12.Éumdebatedifícil porque a critica aonossofuncionamentoéapenasumacriticaaonossofuncionamento,semqueentremnoamago,naspropostas que foram aprovadas, no final dascontas. As consequências, certas ou erradas,de suas práticas. Quer dizer, estamos discu-tindoqueométodode funcionamento,nossoregimedemocrático,nãoébomporque,quemperdenãocumpreequemganhanãoexigeocumprimentodoquefoiaprovado.Eolhequetudoissosemumquestionamentodaessênciadoque foi aprovado.Edizemque isto éumaditadura.

13.Enãooferecemumapropostapolíticaalterna-tivadefuncionamento,dedemocraciaedesu-peraçãodaatualCN,anãoseravontadeóbviadesermaiorianasinstânciasdedireção.

Fazer o qUe?Luix

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as divisões 14.Aolongodahistóriamoderna–chamemosas-

simoimpulsotransformadordocapitalismoedo socialismo - forammuitas as divergênciasàesquerda.Centenasecentenas.Sempretive-rammaisimportância,porlógico,aquelasqueestavamfundadasemelementosestratégicoseprogramáticos,porque,acreditoseremporta-doradoqueconsiderooenigmadiverso.Querdizer,mesmoquetenhamlevadoarachasmui-tasvezesproduziramavanços.

15.Ficarsónãoéumerroemsi,ficarjuntosnãoéerroemsi,erroésepararouficarunidossobcondições humilhantes e vergonhosas para oque se considera uma política revolucionáriae socialista. Mesmo que todo o esforço sejaparafazerodebate,terumademocraciaforteecapazdesuportarasdivergências,dentrodorespeitoaossignosevaloresquesepretendeconstruirenquantoprojetopolíticoesocial.Oesforço temesses limitesque temsidomuitofrágeiseporissotantadorcomtantadivergên-ciaerachas.

16.Agora, no nosso caso, estamos diante de ummomento de muita fragilidade. A ação doscompanheiros discordantes não tem funda-mentação programática ou estratégica, comono caso anterior, com a Dissidência. Agora,os discordantes já estão com funcionamentopróprio,ea justificativacriticapara issoéaofuncionamento. Eles elogiam os documentosprogramáticos,estratégicos,enemtocamnaspolíticas conjunturais aprovadas neste perío-do,aprovadascomoapoiodeles.Senãoveja-mos:

17.Na questão partidária, a proposta de apoiarLuciana,foiaprovadacomosvotosdelxsedosdemais.Haviaoutrapropostaqueperdeuavo-tação.Masnãofoiformuladaporelxs.

18.Naquestãosindical,nofinaldascontas,oapro-vadofoioquepretendiam.Haviaoutrapropos-taquenemfoilevadaemconsideração.

19.Naquestãonegra,oquefoiaprovadofoiaposi-çãoquequeriam,comumgolpenoencaminha-mentodoAtivo.

20.Na setorial dasmulheres não tenho informa-çõessuficienteparadizeralgumacoisa.Nãoháinformaçãoedebatequepossarelatar.Oqueésintomático.

21.Ajuventudeécasoàparte.Funciona.TemsuasdificuldadesquesãoasdaAPS.Mesmoqueto-dosconsideremosquedevemossempremais.

Masmesmoaqui,quandohouveumdebatere-cente,aúnicapropostaqueeradiferente,quesugeriadivulgar, retirandoosnomes, e situa-çõesforadoeixo,decartadenossajuventude,nãoteveoapoiodestxscompanheirxs,nemdosdemais.Portanto,aquitambémnãohouvedi-vergênciaentreestxseaquemcriticam.

22.Asatualizaçõesdeconjunturaapoiarammuitomaisdoqueeu,porexemplo,quemandeidi-versascontribuiçõesememendas,quandosur-giramasoportunidadesdosdebates.

a opção para o racha23.Seconsiderarmosoquetratamcomoprincipal

problema,ofuncionamento,nãofazemnenhu-maproposta alternativa.Osdoisdocumentosdascompanherxsnãorelacionamo funciona-mentoamaisnadaalémdofuncionamento.

24.Voumerepetir,nãoháquestionamentoaoque,nofim, foiaprovado,sejanaquestãosindical,negrxs,juventude,mulherouconjuntura.

25.Eé incrívelporquehánaCNumapolíticadefuncionamento,que foiaprovadaporconsen-so, propondo real mudança da APS. Mesmoreconhecendoqueoquefoiaprovadoéaindaumesboçoparaumarevolução interna,estescompanheirxssequertocamnoassunto.Enãoofazemporqueaquelapropostatemcomoob-jetivofortalecerocentralismoeademocraciapelabase,acabarcomosnúcleosdepoderemtornodemilitantes–dirigentedeestruturaounão–que,aoocuparcargodirigente,acumulapoder individual a partir da estrutura depo-der político e/ou financeiro sobre os demaismilitantes. Como fazer existir uma organiza-çãocomunistacoletiva,semfeudos,potencia-lizadapelapolíticaeocompanheirismo?Lutarpermanentemente contra a estrutura socialburguesa, construindoelementos sociaisque,aplicadosnasociedade,estaremosavançandotambém para a revolução social mais ampla.Nemprecisoaqui levantarosdesviosdoma-chismo,dosexismo,declasse,deraçaporqueeles sustentamo autoritarismo, opersonalis-mo, opopulismo, a demagogia. Colocar ami-litânciadebasenopoder, semabdicarde terdireção.

26.Pois bem, aprovamos por consenso que iria-mos trabalhar para termos coletivos respon-sáveispelastarefasquesãoidentificadascomofundamentais para o nosso funcionamento,semeliminarapossibilidadedeelegercoorde-

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nações e responsáveis.Mas, essapolíticanãoavançou. Não houve impulso para o acumulodeeoutraculturaorganizativa.

a construção do inimigo e a teoria para o debate27.Podíamosestarfazendoestedebate,aprofun-

dandoosmotivosquelevaramaquenãocon-seguimosmudarnosso funcionamento.Ouosdocumentos que já estão sendo distribuído,comumanovaavaliaçãodocapitalismoeseuestágio imperialista, o agravamento da crisepolíticaconjuntural,e,ariquezaquepodevirdajuventudeseconseguiremtransformarseusdebatesedocumentosemteses.

28.Assim,nãocolocandonocentrodaspreocupa-çõesodebatedapolítica,esempolíticaparafa-zerumadisputaprogramática,nempolitizada,odebateestácentradonoquemesmo?

29.Os documentosdas companheiras dizemquevivemos um regime presidencialista. Que onossosistemapolíticoéditatorial.Quehámi-litante foradas resoluçõesdoperfil e funcio-namento, dirigente combenefícios semapro-vaçãodaCN,funcionáriodesignadoparatarefaexecutivaqueseaproveitadocargo.

30.A ditadura é exercida, segundo estxs compa-nheiros,porpoderdetrêscompanheiros.Umelaselegerampresidente.Ooutronãosefiliouao Psol e recebe irregularmente recursos fi-nanceirossemaprovaçãodaCN.Eoterceiro,éumagregadodomandonismovistoquesendoapenasummilitante,foieleitoparasersecre-tárioexecutivosemquesoubessem,fazpapelderesponsávelpelasfinançaseatuaparadivi-diraAPSRJ.

31.AquestãodamilitânciaforadoPerfileFunci-namentodeve-seaminhanãofiliaçãodoPsol.Nós já vivemos período em que foi admitidoexistirmilitantenãofiliadoaopartidoqueop-tamosmilitar.Mas,porordemtática.Eéocaso.JáexpliqueiquenãoépossívelfazerafiliaçãosemantesprepararumgrupodaAPSparaquepossafazeradisputainternanoPsoldoRS.

32.OPsoldoRSestá soboabsoluto controledoMÊSquetemmaisde70%dosresultadosdeencontrosecongressos.Omaiorgrupodeopo-siçãoaeleéaDissidência.Osdemais,eaDis-sidência,nãoexistemnavidapartidária.Eeunãodeixodeparticipardasplenárias,decon-versasearticulações,inclusivemandadorela-tosparaaCNdeentendimentoscomadireçãodopartidoaquinoRSePOA.

33.Além disto, existem grupos que têmmilitan-tesdentroeforadoPsol.OAlicerceeopróprioMES atuam assim. Já informei isto a CN, orale texto.E,mais, queoMESdoRSenacional,cresceutantoehegemonizouaquiopartido,apartirdeapoiopolíticoefinanceiroquesãopa-recidoscomosdaDissidência.

34.Porque esta critica ao MÊS não é levada emconsideração, inclusive as companheirxs, naCN, aprovaram apoio a candidata do MES, evotaramjuntoscomquemcriticamechamamdeditador.EstapolíticadaDissidênciaémuitocriticadaportodosdaCN,inclusiveascompa-nhirxs, que se colocam comoas grandes víti-masdaDissidência,masmesmosendoames-mapolítica,deformamaisatenuada,deadesãoaoneodesenvolvimentismo,éaceita.

35.Além disto, consideramos em nossas resolu-çõesqueoPsolnãoénemumpartido,emuitomenos o partido estratégico que precisamos.Mas,mesmoapartirdosmovimentosondemeencontro – atuo no movimento Quilombola,negroepopular,buscandoavaliaraconjuntu-raagorapelaexpansãodaviolêncianasvilasebairrospobres–continuodefendendoaneces-sidadedoPartido,deumpartidoquecumpraopapelcolocadopelaexigênciadalutaquepre-cisamosfazerparaatransformaçãosocial.Nãoéumaopçãopolíticaburocrática.Nãoseráumafiliaçãotocadapeladisputapolíticabaseadanaignorânciaenaambiçãodeuns,ecegueiradeoutros.Háquemmecobreessafiliaçãodefor-masincera(masignoraocenárioconjunturalondeestou),eháquemofaçaapenasparaaju-darasustentarsuasaçõessemrazões.

quanto, a liberação.36.Oqueéafirmadonodocumentoéumexemplo

dairresponsabilidadedetentarjogarodebatepara o lixo. Não houve liberação política. Sa-bendo das minhas condições econômicas, oscompanheiros aprovaram, sem votação, poisaproposta foi feita,deajudaeconômica, semnenhumacontestação.Comotambémocorreuem diversas outras ocasiões quando se per-guntasetemalguémcomoutraposiçãoenin-guémresponde.EfoiaprovadapelaCN,nãoainsinuaçãodeumgolpeeconômico,liberandomilitantesemdebateinterno.

37.Aoregimeditatorialacusadopelascompanhei-rascabelembrarapenasqueéumautoritaris-monomínimoesquisito.Ascompanheirasdi-

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zememseusdocumentosquenãofazemoquenãoquerem.E,mesmoque tenhacobradodaCNváriasvezes,providênciascontraaçõesgol-pistas,comoaquelapraticadanoAtivoNegra,nadafoifeitocontraelas.

38.AtitulardaExecutiva,porexemplo,participoudasreuniõesconvocadaspelainstancia,comapresençadela,eelafoiquandoquis,semnuncaterdadonenhumaexplicaçãodeseudesapare-cimento.

39.Emminhaavaliação,oerroqueexistiunãofoiodeautoritarismo,masdeliberalismopermis-sivo.Oquetambéméerroquedevemosavaliaretomarprovidências.

40.Quanto ao companheiro secretário adminis-trativo.OnomedelefoivotadoeaprovadoemreuniãodaCN.Asfunçõesdetesoureironãoédele,elefazumtrabalhoqueajudaquemaca-boutendoqueassumirafunçãonaExecutiva,porqueninguémqueestavaláassumiu.Enãoassumiu porque quem podia assumir, sumiu,deixouotrabalhoparaalguémfazer.

41.Esta crítica é apenas causada por dois moti-vos;primeiroumataqueprévioaparticipaçãoirresponsávelnaExecutiva,epara justificaradivisãodaAPSnoRJ,paraalémdadisputaparacontrolaracorrentenaqueleestado.

42.Todos podem esperar que esta afirmação vaiter comorespostao seguinte: tentamos fazerreuniãonoRJ,parachegarmosaumaconclu-são sobre as causasdosproblemas, e o com-panheiro,quenemestánacomissãodesignadaparaacompanhar, jáchegouaconclusões.Daipradiantevaiaparecerummontedeadjetivosdescaracterizando-o,mas,principalmente,nãoassumindo as responsabilidades pela divisãoepelasdificuldadesquecolocarameimpediuo funcionamentodaComissãodaCNque iriaaoRJ,verificarasituaçãoeproporencaminha-mentos.Aaçãodas companheirasnãoéodecolocaraAPSnarotadaunidade,nasuperaçãodadivisãocausadapelaviolênciapolíticapra-ticadacontrapartedemilitantesdaAPSdoRJ.

43.Issoéditadura.

o racha e a cultura que precisamos superar44.A pretensão de serem donos da APS está na

ação dos companheiros desde o racha com aDissidência, por isto eles dizemque, desde aprimeirareuniãodaCN,oclimaeotratamentoaelesfoiomesmoqueexistiaantes.

45.Nãoháumaacusaçãosobreaçõeseresoluçõespolíticasdequediscordam,mas“aoclimaeaotratamento”.Por isto,desdeestemomentooscompanheiros construíram uma organizaçãoparaleladentrodaAPS.Esaíramembuscaderazões que justificasse essa atitude golpista.Semrazõesestratégicasoumesmotáticas,osmotivosqueapresentamagoraparaorachafo-ramasdecisões–encaminhamentos-tomadaspormaiorianaCNedaENAPS.

46.EraóbvioqueestavamorganizadosdividindoaAPSdesdeo início,masforamelesmesmosqueconfirmaramistonareuniãodaCNdede-zembrode2014.Nestamesmareunião,confir-maram e desmentiram tinham finanças e co-municação.Depois,ememail,umcompanheirodestegruponaCN,assumiuque tinhama talorganizaçãoejá,emjaneiro,umabancadacomquemiriamsereunirparadefiniroqueiriamfazernoEncontroNacional.

47.Porqueoscompanheirxscriticamtantoaspro-postasdereuniõesdaCNeencontrosdanossaorganizaçãoquejustificariaatéracharaAPS?

48.Primeiroporqueprecisariamdofuncionamen-tonosprazosemqueconseguiriamreunirasbases comquem tinha contato, jogando, per-manentementeasreuniõesdaCNcontraestasreuniões“dasbases”,acusandoamaioriadaCNdesercupulista,burocrática,“longedarepre-sentaçãodostrabalhadores”.

49.E, assim, trabalharam o agrupamento, sempermitirqueaquelesquepudessemteroutraopiniãopudessemparticipardestas reuniões.SempreforamreuniõesemquesemisturouacaracterizaçãodereuniãosindicaloudaAPS.

50.E quando foi possível estarmos todos juntos,comonaConferencia,noAtivoNegra,entreou-tros,nãoocorreuajunção,aconvivênciapor-quemedidasforamtomadasparaimpedirqueissoocorresse.

51.O funcionamento partidário que adotaramondetemmaiorpresençanãoformaomilitan-tedaAPSnemfazodebatedaspautasquetêmsidoaprovadasnasreuniõesdaCN.

52.Éumcrimedobradoporqueestescompanheir-xsnãoexistemdeformalivre,composiçõesto-madas tendo como base os debates interno,de forma transparente,para todaaAPS,nemaAPSseenriquecedefatocomsuascontribui-ções,acontribuiçãodeummilitanteoudeumgrupo de militantes, fortalecendo o perfil danossaorganização,somandosuaspautaseati-

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vidadesformativas.53.E,porironiadahistória,avisãodeorganização

queodocumentodascompanheiraspropõeepraticamnãoétãodiferenteassimdaqueera,nãoseiseaindaé,doprojetodaDissidência.

54.Mas os documentos das companheiras nãotratamdesteassuntoemprofundidade.Oquequerem mesmo com o encontro nacional daAPS? Isto não é importante para amilitânciadaAPScomoumtodo?

a demo/cracia55.De qualquer forma, estamos já quase às vés-

peras do nosso encontro nacional.E como ateoriaproduzida–enosdocumentosdocom-panheiroacusadodeseroditadorestáoapeloparaqueapolíticasejacolocadanocomando–nãoabalouneméocentrodapreocupaçãodoscompanheirxs,adisputacaminhaparasersectária,irracional,irascível.Aliás,enquadradanasqueestãoacontecendonomundomoder-noproduzidopelaculturaburguesanoestágioneoliberal.Sectáriapoisépalavraquevemdeseita, de algo que está fundado na violênciaobscurantista.

56.Os documentos dxscompas, diz que vivemossobumaditadura.MascitamcomoexemplodedocumentoodanovaculturadaAPS,domes-modirigentequeelxsdizemseroditador.Di-zemqueháumaditadura,masquenãoforamobrigadasenemserãoobrigadasa fazeremoquenãoquerem.Mesmooquefoiaprovado–asvezesatéporconsenso-nasreuniõesdaCNoudaExecutiva.

57.Oqueconfirmaoqueafirmoéqueescrevememdocumentoque“ninguémvaiobrigarnin-guém”.Se“ninguémvaiobrigarninguém”,nemrespeitaroqueestáaprovadoporescrito,nempropõem outro regime nem funcionamento,pretendemsersermaioria?

58.Praquê?Paraobrigaralguém?Dequeforma,senãoaceitamarelaçãodedemocraciabase-adanamaioriaeminoria?Usamoperfilefun-cionamentocomoseestivessemseguindoumjornal velho. Se não oferecem outro projetodeorganizaçãopolíticaalémdoaprovadoemnossosfóruns,queestãonoperfilefunciona-mento,quedizemapoiareatéelogiam,oquepropõememseulugar,deformasincera?

59.Acredito já há algum tempo que as posiçõespolíticas escritas carecem demaior precisão.Que consigamunificar pessoas commais afi-

nidades.Commaiscuidadonorelacionamentoparaprotegermelhorosvaloresdorespeitoaooutro.Aquinãoestoudizendoquemestácer-toouerrado,sódizendoquesenãoexisteesse“clima”,essacultura,essecompromisso,orela-cionamentopolíticovaiparaadisputanonívelatualnaAPS.

60.Nestemomento, amaior preocupação destesdoisdocumentxsécaracterizaro“outro”,“criaro inimigo” para coesionar e fazer a disputa.Mesmoquecomargumentosfundadosemir-realidade. Estou sendo gentil. Por isto o fun-cionamentoorganizativoquepraticamaprisio-namasinformaçõeseasreuniõesquerealizamcom“suas”basessãoàníveisdecírculosquenãosãoparatodos.Oobjetivoéadivisão.Eelaestáchegandodeformanãoheroica.

Uma alternativa, ou duas61.Játinhapropostoumaalternativaarealização

doencontronacional.Éfazerumencontrodocampo,desdejá,cadaumfazseuencontrona-cional,eorganiza,naprogramação,umencon-tro entre as duas organizações. É melhor doqueirparaumdes(encontro),gastandooquecustaemrecursosdetodaordem,submetendoamilitânciadetodxsnósaodesgastequeseránestestermos.

62.Tudo istodói,mas se formosumpoucomaismaduros e calmos, na cultura para além domarxismo.Utilizandoasabedoriadasdiversasculturas que estão em nossos documentos eorigemderaizdenossopensamento,podemosterumasoluçãomelhor.Mesmoqueespanteamuitos.

63.Quem sabe no futuro possamos nos olhar edizerquenosengamos,quetudoqueoscom-panheirxs fizeram foi uma ação genial, tendoconstruído outra organização, como a que jáestáfuncionandoatravésdadireçãodelxs?

64.De qualquer forma,medindo tudopelos nos-sosdocumentosecompromissomilitante,pos-soafirmarqueodesencontrojáhouve.Enãodeveríamosforçarumasoluçãoquenãofosseatravésdapolítica.

Luix

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1. AlgunstextosenviadosàTribunadeDebatesparaoVIEncontroNacionaldaAPS,permitemaleituradequeestãoempenhadosemqueesseevento fique pelo caminho, sem chegar a umtermo.Estamosnosreferindoaosdocumentos“Nossacrise...”,deGesaCorrea,e“APS-umba-lançomaisquenecessário”,assinadoporGesa,Lujan,Moacireoutrosmilitantes.Damaneiracomo se colocam, distribuindo acusações se-letivaseapontandoculpadosdacrisenacionalcombaseemantipatiasedivergênciaspesso-ais,aconvivênciapolíticaentrecamaradasdeumamesmacorrentecorreriscodeserinvia-bilizada.Semessaconvivênciaeacordopolíti-comínimo,nãoépossívelsuporquesepreten-dadespenderesforços,recursosetempoparaumEncontroNacionalemcomum,poisnãohádebatepossívelnessascircunstâncias.Poressarazão,nãorespondemosantesnemresponde-remos agora aos diversos ataques que foramfeitosnessatribunaanósqueassinamosestedocumento.Sabendoquenofundodopoçodeumacriseaindaháumalçapão,propomosnosagarraràsbeiradasparaemergirereconstruiraspontespossíveis.

2. Entretanto,algumaspalavrasprecisamserdi-tas,tantoemrelaçãoàsituaçãodaAPSnoRioquantoàsacusaçõesdemanipulaçãodemili-tantesemandonismonacorrente.Emprimeirolugar,repudiamosoataquemachistadesferidocontraduasmilitantesmulheresdaCEAPS/RJnodocumento intitulado “Nossa crise...”, assi-nadoporGesaCorrêa.Aliestáfeitaachocantesuposiçãodequeummilitante,nomeadocomosecretárioexecutivodacorrente(CarlosFalei-ro),teriarecebidoa“tarefaprioritária”de“in-centivareconcretizarorachanoestadoondemora”.Portanto,trata-sedeumaacusaçãonãosó ao militante, mas também a duas compa-nheirasdaAPSquecomeleassinamdiversosdocumentos(MagdaFurtadoeLeciCarvalho)deseremmarionetescontroladasporummili-tantequeveioparaoRio,antessupostamenteempazharmoniosa,comamissãosecretadeinstalaracrise,oqueteriafeitoaocooptarasduas dirigentes, aparentemente tão frágeis.Como agravante desse roteiro ficcional, toda

a crise da APS nacional é atribuída às açõesde um específico dirigente nacional, que nodocumento “APS – um balanço necessário”, énomeado“PresidentedaAPS”.Essaespantosaavaliação, além de absurda, menospreza nãosóosmilitantesacusadoscomotambémocon-juntodamilitânciadacorrente.Nessalinha,odocumento“Nossacrise...”interroga,napágina5,coroandoatramaardilosa:“senãotivessemtidoapoiodeintegrantesdaCoordenaçãoNa-cionalcontinuariamnalógicadeaumentarosproblemas,transformando-osemcrisedaAPSnoRiodeJaneiro?”

3. Não podemos nos calar diante desse ataquemachistaaduasmulheresdaAPS/RJ,aosesu-porqueseriammanipuladasporummilitan-teaqui implantado,amandodeoutrem,para“transformarproblemas emcrise”. Essamerasuposiçãoétãoofensivaquantodiversionista,poisdesmerecenossacapacidadedecríticaeelaboraçãoda realidade,desviandoaatençãodosverdadeirosmotivosdacrisedaAPS/RJ:aresistênciaaumasituaçãodemandonismolo-caleestranhaspráticaspolíticasdeumafraçãodaAPSaquinoRio,oqueterminouporracharpublicamente nossa corrente, depois de umlongohistóricodedefecçõesdevalorososmi-litantes.

4. Infelizmente,émuitomaisfácilatribuiraumasuposta influênciaexternadeumdeus/presi-dentepoderosoosnossosproblemasnacionaiselocais,queforamseavolumandoatésecrista-lizaremumacrisequenãopodeserdistorcidadessaforma,doquefazerautocrítica.Asitua-çãodecrisenoRionãovemdeagora,apesarde surpreender alguns dirigentes nacionais;suamotivaçãoépolítica,enãopessoal.Sósesustentoupor tanto tempocombaseemcer-ceamento das informações, ao se concentrartodasasatribuiçõeserepresentaçãonacionalexclusivamente em uma dirigente nacional,o único nome do Rio em todas as instânciaseumasóvozatrazerinformesefazeravalia-çãodas reuniõesnacionais.Essa situação, in-compatível com o perfil e funcionamento daAPS,começouaruirquandooutrosmilitantespassaram a frequentar reuniões nacionais da

tribUNa De DebateS para o Vi eNcoNtro NacioNal Da apSpara Se agarrar àS beiraDaS e eMergir Da criSe

MAGDAFURTADO,LECICARVALHOECARLOSFALEIRO–MEMBROSDACEAPS/RJ.

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corrente,adquirindocondiçõesdequestionarversõesdequematuavacomoumapresidentelocaldefato.

5. Apartirdoesgarçamentodessasituação,deu-se a aberturada “CaixadePandora”daAPS/RJ,daqualsaltarampráticaspolíticasquenãoestãonomarcodaAPSedenotamcontradiçõesinsuperáveis.Comoexemplo,podemoscitaroalinhamentodemãoúnicacomposicionamen-tosdaCSTnoPSOLealiançasoportunistasnoPSOL de Nova Iguaçu com setores atrasadosdo partido que compõemaUnidade Socialis-ta (grupo “PSOLpara todos”, de JaniraRochaeNiltonNalin,principalarticuladorpolíticonaBaixadaFluminense).Nocamposindicalasi-tuaçãotambémsemostrabastantegrave,comcomposições amplamente denunciadas comsetores de partidos da direita, como PT, PC-doB,PDTePSDB,inclusiveematuaçãocontracorrentesdaesquerdadoPSOL.NaRegiãodosLagossãonotóriasasrelaçõesdaAPSnoSEPEcommilitantesdoPDT,partidodopoderlocalemdiversasgestões.ComrelaçãoaoPSDB,tra-ta-sedealiançaformalnacomposiçãodadire-çãodoSEPEdeNovaIguaçu,comindicaçãodediretordessepartidonacotadaAPS.DopontodevistadaconstruçãoeorganizaçãodaAPS,afraçãocomandadaporGesaealiadostentapro-moveruminchaçodaAPS-RJ tratandoabasedoSEPEcomosefossemilitânciadacorrente,incluindopessoasquenuncaparticiparamdosnossos espaços coletivos, nem contribuíramparasuaconstruçãoefetiva–estamosnosre-ferindo especificamente ao caso de “militan-tes”deCaboFrio.EssaconcepçãoequivocadaserefleteemespecialnaorganizaçãodaAPS,comreuniõesmarcadasedesmarcadasapartirdocalendáriodoSEPE,semqueissoserevertaefetivamenteemconstruçãorealdacorrente.

6. Os desdobramentos dessas práticas são pú-blicos e concorremdiretamente para o isola-mentodaAPSperanteasdemaiscorrentesdaesquerdadoPSOL/RJ.EmNova Iguaçu,essasalianças foram feitas com o espantoso intui-todeseretiraramaioriadaprópriaAPS,emguerraabertacontraapresidentedodiretório,LeciCarvalho.Éissomesmo:emNovaIguaçu,aAPSnãosóatuapublicamentedemaneiradi-vergente,comoéaprincipaladversáriadapró-priaAPS–inclusivecomataqueslevianosemdocumentosenviadosporemailaosdirigentesestaduais do partido, como já notificamos e

comprovamos.7. PululamnessafraçãodaAPS/RJexemplosina-

ceitáveis de várias outras práticas políticasem avançado estado de degeneração, comodirigentesindicalproprietáriadeescola,elei-çõesforjadasparadelegadosaocongressodoSEPE,utilizaçãoindevidadelicençassindicais,denúncias concretas de machismo, burocra-tização aguda emandonismo naturalizado. Acoroartudoisso,aincapacidadedearticulaçãoeaabsolutafaltadeprioridadeparaopróprioPSOLnoRio,adespeitodetodaadisponibili-dadeparaparticipardasinstânciasnacionais.Osqueassinamestedocumentorepresentamaresistênciaatudoisso–eporissonosagarra-mosàbeiradadoabismoparaemergirdacrise.Antesdenós,muitosoutrossucumbiram.

8. Como as coisas precisam ser nomeadas comclareza, é necessário fazer uma constatação:aAPSnoRioestápublicamente rachada. Sãoduascorrentes,nãosódiferentescomoadver-sárias.Fizemostodosossinaisdealertapossí-veisemdiversosdocumentos,pormaisdeumano,masnossosapelosforamtachadosde“in-tervenção”pelafraçãonacionaleminimizadospelaCNAPS.JálevamosaquestãoàCoordena-çãoNacional, que emanou resolução não im-plementadaapropósitodemediaçãoporumacomissão,queteriaatarefahercúleadeencon-trarpossíveisveredasnoabismodacrise,quesetornouinsustentávelparatodosnós.Foramfeitasalgumaspropostas, tantopelaENAPSemembros da comissão, quanto por nós, nãorespondidas pelas demais partes, incluindomembrosdaprópriacomissão.Enquantoisso,acrisenacionalfoiseagravando,comossinaisde fracionamentoseavolumandoaolhosvis-tos.Nestemomento,tantoacrisedoRioquan-toacrisenacionaldaAPSparecemserpartedeummesmocenário.O cenáriodeum filme jávistoantes.

9. Atarefaqueseimpõeatodosnósénosrecur-sarmosa tomarpartenesseroteiro,ancoran-do-nosaosnossosprincípios.SenosativermosaoqueestáemnossoPerfileFuncionamento,deliberando o que deve ser deliberado, esca-pamosdabeiradoabismo–aindaquealgunspossam seguir outros caminhos, como pare-cemjáestartrilhando.

Magda Furtado, leci carvalho e carlos Faleiro – membros da ceapS/rj. rio de janeiro, 18 de

maio de 2015.

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1. Aoterminardelerdoistextosdo“TribunadeDebates”, “APS–Umbalançomaisqueneces-sário!” e “NossaCrise,construçãopartidáriaea redefiniçãodosnossoscaminhosparaas-segurar nossa unidade e o fortalecimento daesquerda!”, fiquei a pensar nos diversos pro-blemas elencados nestes, o mais patente éque após o racha no V ENAPS, os problemascontinuaram os mesmos, “Os ataques foramsemelhantes”, ou seja, a fraude, a mentira, osubterfúgio, o engano teriam continuado. Osdirigentes da Dissidência da APS saíram decena,“masalguns/algumasoutros/outras,quedurantemuitotempomantiveram-seomissos/omissas frenteaosenfrentamentosque fazía-mos internamentenanossacorrenteouosci-lavamdeumapontaaoutra, oradefendendoasposiçõesdacorrente,orapassandoporcimadas mesmas no movimento sindical e popu-lar, resolveram menosprezar companheirose companheiras que apresentavam avaliaçãodiferenciadasobredeterminadasquestões,emespecialnosindicalepopular”.

2. Assim sendo, eume permitiria compreendere saber que dirigentes foram estes que se seomitiramevacilaramfrenteaessarealidade?Seriainteressantenomeá-los,atéporqueées-tranhoqueumacorrentecomunistaseprendaaidentificarapenasumindivíduocomoores-ponsável por todos os problemas. Um ilumi-nadoeosseusdiscípulos!Tudoissoporcausadeavaliações“diferenciadaspordeterminadasquestões,emespecialnosindicalepopular”.Oqueseriamestasavaliaçõesdiferenciadas?

3. Mas eu na verdade só escrevi para falar algoqueme chamoumais a atenção, a conclusãosobreoencontronacionaldenegrasenegrosdaAPSqueocorreunaBahiaentre04e06deoutubrode2013,efiqueisurrealmenteencan-tadacomaconclusãodobalanço,queapesardoricodebate“tentaramaferroefogomanteracorrentenoCP,umaparelhodaDissidênciadaAPS”.

4. Fiqueiumpoucosemsaberquemtentouafer-roeafogomanterounãomanteroCP.Ficoapensar nas nossas delegações, com observa-doresedelegados,AM,MG,PI,RJ,PA,BAeRS

que falaramdassuasrealidades,e ficoumaisque patente, porque foi dito, que alguns nãotinham aproximação alguma com a temática,queachavainteressante,masquenuncaeste-veemcontato, como foio casodeduasdele-gadasdeMinasGeraisque falaramqueeramnovasnadiscussãoracial. Sebemme lembrofoi a primeira reunião daAPS-MG, que elasparticiparam pra discutir a questão racial enestaelas saíram como delegadas. Ou os doPiauíquetambémfalaramquenãofaziamessadiscussão,masestavamdispostosaseinteirar.OuaindatemoRioqueconseguiufazerumati-vonumbarnumtemporecordde15min!!!Eaindaascompanheirasfalamque“tentaramaferroefogomanteroCP”,brincadeira!Aper-gunta é quem foi cavar militantes/delegadosque nunca militaram na questão racial paraparticipar do Encontro de Negros e Negras?Opa!Seráqueaítemosapráticadeforjarmaio-riaartificial?QualfoimesmoaacusaçãocontradirigentesdaDissidênciadaAPS?

5. LembroaindaquenaBahia,apenasduaspes-soastinhamcertezadequetínhamosquerei-vindicarolegadodoCP,eueHilton.Osoutrosou tinham dúvidas se valia a pena o investi-mentoparaficarnoCP,outinhamcertezaqueestenãopoderiaserreivindicadocomonosso.Lembro ainda que o Pará já tinha deliberadoporsairdoCP,jáestavainclusivefazendopartedeummovimentonegro.LembroaindaquenoES,osmilitantestambémnãotinhamumaúni-ca posição. Lembro especificamente de duaspessoas,BomfimeRondinelli,Bomfimqueriasair eRondinelli tinhaumaposiçãopelaper-manêncianoCP.EstaseramasáreasqueaAPStinhaaçãomaisefetivanomovimentonegro.

6. AindalembroquenaqueleencontroatéchegaraodebatesobreoCP,discutíamostudonabasedo consenso, quando chegou o ponto do CP,a demanda era pela votação, tinha que votar,contarascabeças.

7. Aformacomoatiradadedelegadosfoifeitaecomo o processo estava se concretizou levouvários militantes a se posicionarem por nãodiscutiraliasaídaounãodoCPavaliavamquenão tínhamos condições decidir naquelemo-

tribUNa De DebateS, MaiS UMa leitUraMeireReis

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mento.QueeranecessáriofazerumbalançodoqueeraenoquesetransformouoCP,parade-cidirmospelasaídaoupeladisputadosrumos.Lembro-mequeatéduranteaformalizaçãoasdeliberaçõestivemosproblemas,eueBomfimsentamospara propor elementos que fossemconsenso,ufa!Chegamosaumconsensomíni-mo. Ledo engano! Lembro-me que houve umdadomomentoemqueGesatinhadito,sobrearesoluçãoqueBomfimlia,quenãofoiaqui-loqueoseugrupotinhaproposto,aipergun-teidiretamenteaelaseaAPSjátinhagrupos.Resumo, a maioria formalmente constituídavenceuumavotaçãonaqualnemestavaescri-toquedevíamossairdeCP.Narealidade,nemhouveumverdadeirobalançodenossapartici-paçãonoCP.Muitomenos,foiapresentadane-nhumapropostasobreoquefazeremseguida.Nemmesmoumanotapúblicadizendoopor-quêsaímosdoCPequecaminhadeveríamostomar.Foi,comcertezaumadecisãoburocrá-tica e cartorial, semumaúnica conseqüênciapráticapositivaparaanossaconstrução.Estasemdúvidafoiuma“vitóriadepirro”,poisatéhojeaqueladecisãonão resultounumaalter-nativa que permitisse nossa ação coletiva nomovimentonegro.SaímosdoCPsemdiscutiroque foiessaexperiência.AplenáriadecidiuporfazerumcomunicadorápidoediretoaoCPanunciandoanossasaída.Foioquefizemos.

8. Aquele encontro se mostrou para mim umacontinuidade das disputas que se concretiza-ramnaConferênciadaAPS.Aconsolidaçãodeumafração,queagemuitomaiscomooposiçãointernaàAPSdoquecomoconstrutoradacor-rentedemodocoletivoeunitário.Aliás,todootextodasduastribunascitadaacimamostramisso.Parecemmuitomaistextosdeoutracor-renteatacandoaAPSdoqueademilitantesdacorrente preocupados com a sua construção.Parecemmaistextosdequemestáatacandoacorrentedeforadoquedequemestácritican-doconstrutivamentededentrodela.

Meire reis

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1. Em2012realizamosoVENAPSsobosignodeumaenormecrisepolítica,queculminounaci-sãodaAPS.Asrazõesparaacriseeacisão,quejá estavambastante evidentesdesdeentão, setornaramóbviaseamplamentejustificadasnosúltimostrêsanos.AdissidênciadaAPS,hojere-batizadaereconfiguradacomoUnidadeSocia-lista(US),confirmouospioresprognósticosquefazíamos à sua linha oportunista e adaptacio-nistaaoregimeburguês:aliançacomLula/Dil-manaseleiçõesmunicipaisdeBelémem2012;apoiopúblicoaoPT/Dilmano2ºturnode2014;alianças eleitoreiras e oportunistas pelo paísafora(PMN,PSB,PT);conduçãoburocrática,au-toritáriaeutilitaristadoPSOL;criminalizaçãoejudicializaçãodomovimentogrevistaporpartedaprefeituradeMacapá;etc.nãoapenasexpli-cam,masjustificamacisãode2012.

2. A despeito de termos nos sentido aliviadoscom o racha, na medida em que as amarrasimpostaspelaconvivêncianumamesmaorga-nização foramcortadas, é forçoso reconhecerqueumacisãoé,dopontodevistaestratégicoparaarevolução,quasesempremelancólicaeumfatoaserlamentado.Infelizmenteahistó-riarecentedeváriasorganizaçõesdaesquerdabrasileiratemsidomarcadaporrachaserea-grupamentosconstantes.Nessesentidonãoéum“privilégio”daAPSestarpassandoporcri-seseinclusivaameaçasderuptura.BastaolharparaoladoeverqueMES,CST,CSOL,Insurgên-cia(issoparaseateraocampodonossoparti-do)passaramouaindapassampor situaçõesbastanteparecidas.Tudoissorepito,éumfatoaserlamentado,poisnummomentoemqueaclassetrabalhadoraeopovoestãosendobru-talmenteatacadospelogovernoDilmaeoPT,seria desejável que estivéssemos avançandona construçãodaunidadeda esquerda, tantono plano político quanto no terreno dosmo-vimentossociais,notadamentenomovimentosindical,na juventudeenomovimentopopu-lar.Nãoéoqueestamosassistindo.Afragmen-taçãodaesquerdaéumfato.Quemlucracomissocertamentenãosomosnós.

3. Averdadeéqueahistóriadaconstruçãodasor-ganizaçõescomunistasestárepletaderachasereorganizações.Aquestãoresideemcomonos

comportamosdiantedasdivergênciaspolíticasemetodológicasqueenfrentamosecontinua-remos a enfrentar nesse processo.Não deve-mosnosesquecerqueoambientedaesquerdarevolucionáriaéumambienterebelde,logose-riaumcontrasensosupormosqueanossavidaserámarcada por consensos permanentes. Arebeldiaquemarcaos revolucionários éumacaracterísticadesejável,indispensávelaté:pre-cisamossersacudidosdevezemquando,paraqueapoeiradaacomodaçãonuncaseacumulesobrenossasidéiaseideais.Enquantoforcria-tivaarebeldiaésemprebemvinda,aindaqueincomode. Mas quando abandona o carátercriativoepassaaprimarpeladesconstrução,arebeldiadeixadeserrebeldiaepassaaserumaperniciosaformadedesrespeito.

4. Para enfrentar de forma séria o problema éprecisoserhonestocomarealidade:éumfatoquechegamosàsvésperasdoVIENAPSmaisuma vez ameaçados por uma cisão. As rela-çõesesgarçadas;asdesconfianças;asdesqua-lificaçõesdequadroseodesrespeitoàsnossasinstâncias decisórias, tem nos levado a umaindisfarçável e incômoda paralisia política.Precisamos tratar desse tema commaturida-de, lealdade e franqueza. É fundamental ten-tarnãosecontaminarpelosectarismoe,maisimportante:caracterizarde formatranqüilaetransparenteseaindaépossívelconvivermosnamesmaorganização.

5. Se colocarmos a política no centro, evitandopersonalizarasdiferençasesehouverrespeitoàsinstânciasdenossaorganização,inclusiveaoprocessopreparatórioaoVIENAPS,creioqueaindahaveráespaçoparaasuperaçãopositivadasnossasdivergências.Seporoutroladoper-sistiraintransigênciaeaintolerânciaqueoramarcamnossasrelações,pensoqueserámuitodifícilavançarmosconjuntamente.

6. OPartidoBolcheviquesempre foiuma impor-tantereferênciapolítica,organizativaemetodo-lógicaparaosrevolucionáriosde todoomun-do.OpartidobolcheviquenascedeumacisãodoPOSDR(PartidoOperárioSocial-DemocrataRusso). Essa cisão, consolidada em1914, teveorigem11anosantes,quandoem1903secons-

eleMeNtoS para UM balaNço Da apSFernandoCarneiro

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tituíramasfraçõesbolcheviqueemencheviquenoPOSDR.Bolchesemenchesconviveramporlongos11anosdentrodomesmopartido,dis-putandoahegemoniapolítica.Foisóàsvéspe-ras da 1ª grande GuerraMundial, com a trai-çãoabertadosmencheviquesquedefenderamqueoscomunistasparticipassemdaguerra,deinegávelcaráterdeguerra inter-burguesa,queLênindeclarouqueeraimpossívelconviveremnumamesmaorganização.Comojustificarqueoperáriosrussospegassememarmasparama-tar seus irmãos operários alemães? De fato oPOSDRmorriacomoadventodaguerraeaci-são foi inevitável.Masem1912houveumim-portantedebatedentrodoPOSDR,naverdadeumaprimeiracisão,queculminoucomasaídadeváriosmencheviquesdopartido,adiferençaentreacisãode1912eade1914équeapri-meira não teve uma grande polêmica políticacomoelemento central.Enquantoodebatede1914 se pautava pela posição dos revolucio-náriosdiantedocataclismoque foiaprimeiraGrandeGuerra,aprincipaldivergênciade1912(pelomenosaqueestavanocentrodosdeba-tes)eraorganizativa/metodológica.Váriosdiri-gentesmencheviquesserecusavamaparticipardasinstânciaspolíticasdopartido.Lêninjána-quelemomentoadvertiasobreapossibilidadedoracha:“ArecusadeMartovemparticipardoComitêdeRedação(doISKRA),suanegativaeadeoutrosescritoresdoPartidoemcolaborar,a recusa de um certo número de pessoas emtrabalhar no Comitê Central, e a propagandaparaumboicoteouresistênciapassiva,levaraminevitavelmenteopartidoaumacisãomesmonãosendoesteodesejodeMartoveseusami-gos”.As resoluçõesdaVIConferênciade1912doPOSDRexplicam:“Osex-membrosdoComi-têCentral,Mikhail, Yuri eRoman,não somen-te recusaram-se a participar do organismonaprimaverade1910,mastambémnegaram-seaassistirreuniõesparacooptarnovosmembros,declarandoimediatamentequeconsideravamaprópriaexistênciadoComitêCentralcomo‘pre-judicial’.Foiprecisamenteapósareuniãoplená-riade1910queaspublicaçõesdosliquidadoresacimamencionados,NashaZaryaeDieloZhiznipassaramemtodalinhaparaasfileirasdoliqui-dacionismo, definitivamente.Não somente ‘di-minuíram(contrariandoadecisãodoplenário)aimportânciadopartidoilegal’mastambémorenegaramdizendoqueoPartidoestavamorto,

que o Partido estava liquidado que a idéia deressuscitaroPartidoilegalerauma‘utopiare-acionária’,utilizandoascolunasdasrevistaspu-blicadas legalmentepara encherde calúnias einjúriasoPartidoilegal,chamandoassimostra-balhadoresaconsideraremonúcleodoPartidoe sua hierarquia como mortos, etc.”. Evidentequeasdivergênciaspolíticassempreestiveramsubjacentesàquestão,masnemsempreassu-miramocentrododebate.

7. Fizquestãodemencionaresseexemploapenaspararealçarofatodequeasdivisõesnocampoda construção do partido revolucionário nãosão um fenômeno recente e para evidenciarquenemsempreasdivergênciasassumemca-ráteressencialmentepolítico,emboraumadi-vergênciametodológica,dentrodeumaorga-nizaçãocomunista, sempresejacotejadapelapolítica. Paradeixarbemclaro e evitar inter-pretaçõesdistorcidas:essareferênciahistóricanãovisaestabelecerparalelosentreacisãodoPOSDReasituaçãoatualdaAPSnoaspectodapolíticaenemmesmodaprática,portantonãoestou chamando ninguém de liquidacionistaoumenchevique.Atéporque,repetindooquejádisseantesemdiversosfórunsdaAPS,nãoconsigo enxergar divergências políticas quejustifiquemoelevadograudebeligerânciaqueestamosvivendodentrodenossaorganização.

8. Ofatoéqueamaioriadasrupturasnasorga-nizaçõeseesquerdaquandonãosãomarcadasporpolêmicaspolíticas,sempreassumemumcaráter nebuloso, não raro com matizes ad-ministrativos, organizativos e/ou metodoló-gicos.E isso,pelomenosnaminhaopinião,éaindamaismelancólico.Somosserespolíticos,movidospelapaixãodosgrandestemasedasgrandes causas. Um debate sobre diferençaspolíticas é sempre educativo,mesmo quandonãoterminade formaconsensual.Umdebateadministrativoouorganizativonãotemomes-mo efeito. Parece um terreno pantanoso quenossugaatodosparaumapoçaintermináveldeareiamovediça.

Sobre o balaNço Da apS

9. Li atentamente os documentos enviados (re-enviadosnaverdade)pelacompanheiraLujan(“AAPSeaconstruçãopartidária”;“APS–um

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balançomaisquenecessário”)–quesãoassi-nados também por outros companheiros e oenviadopelacompanheiraGesa(“NossaCrise,construçãopartidáriaearedefiniçãodosnos-soscaminhosparaassegurarnossaunidadeeofortalecimentodaesquerda!”),assinadoporela em março de 2015, que tratam, de umamaneiradiretaounão,dobalançodessestrêsanosquenosseparamdoVENAPS.Parabeni-zooscompanheirospelainiciativadeescreversuasposições.Ostextos,adespeitodasinúme-rasformasatuaisdemídia,aindasãoamelhorfonte para alimentar um bom debate entrecomunistas.Mesomoaochamamentoqueoscompanheirosfazemparaqueoutroseoutrascamaradastomemainiciativadeescreversuasposições. Eumesmo lamento não ter podidosintetizar anteriormente, na forma de texto,minhasopiniões.

Mas vamos ao debate.

10.Passados três anos do fatídico racha com aDissidência(eoRosaZumbi)averdadeéqueainda não conseguimos superar alguns dosproblemas que vivenciamos dentro da antigaAPS.Nãonosconsolidamoscomoumacorren-tecomunista“nacionalmenteorganizada”.Emmuitasocasiõessomosatropeladospelareali-dade.Não raro tomamosdefiniçõesde formatardia,prejudicandoamilitânciaqueintervémcotidianamentenosmovimentossociais.Ofatodenão termosumboletimou jornal periódi-coéextremamenteprejudicial.OJornalpode-riafuncionarcomoelementodedivulgaçãodenossas formulações, como instrumento unifi-cadordenossasposições,mas tambémcomoumaformaprivilegiadadediálogocomavan-guardaquenoscerca.Terumjornalfacilitariamuitoatarefadereunircomsetoresdomovi-mentoparadebaternossapolíticaenossaor-ganização.O jornal (lembremosda importân-cia que Lênin dedicava ao Iskra) funcionariacomoinstrumentoprivilegiadodeconstruçãodenossacorrente.

11.Alémdisso,nossosorganismosnãofuncionamregularmente.Nãoconseguimossuperaroes-tágiodadispersãodamilitância.Nossosseto-riais têm funcionamentoprecário.Raramenteelaborampolíticaemaisraroaindaconseguem

organizar a contribuição financeira obrigató-ria.Essafrouxidãoorganizativaefaltadeagi-lidadenaelaboraçãodepolíticasconjunturaissónãotemefeitomaisdanoso,porquetemosumaboaelaboraçãoprogramáticaeestratégi-ca,queacabamporservirdeesteioparanossaintervençãonarealidade.Masessaéumaprá-tica perigosa e arriscada, que pode nos levaraoimobilismo.OVIENAPS,entresuasmuitastarefas, temque apontarde forma claraparaa superaçãodoatual estágiodedispersãodenossaestruturamilitante.

12.Partilhodemuitasdascríticasformuladaspe-loscompanheirosqueassinamosdocumentosenviadosporLujaneGesa.Umadelasafirmaque: “amilitânciadaAPSvemsendodesqua-lificada,devidoanãoexistênciadeespaçosdediscussãoedeliberaçãocoletivaspermanenteseàsuanãoabsorçãonosdiversosespaçospolí-ticos.”Emoutromomentodizem:“Ofatoéquesenãoháorganizaçãoediscussãopermanentenabase,seaAPSnosEstados,deummodoge-ral, funcionade formaprecária, se ospoucossetoriais existentes e omovimento sindical epopularnãosãopriorizadospelacorrente,seanossainserçãonosmovimentossociaisdeummodogeraléincipiente,senãodamoscontadoconjuntodastemáticasrelativasàsopressões,adisputainternaacabasetornandorelevante,tantoadisputainternadentrodaprópriacor-rente, como dentre as correntes de esquerdanopartido.EquemperdecomissoéaAPS,aesquerdadoPartidoeosmovimentossociais”.Essaéumarealidadeaserenfrentadaporto-dosnós.

13.Arigorpensoqueexistaumaboadosedeuni-dadedenossamilitância acercada caracteri-zação dos principais problemas que temos.Poderia reproduzir ainda algumas considera-ções dos documentos citados para explicitaras concordâncias com algumas críticas, maspensoserdesnecessário.Éimportantenosde-bruçarmossobreasnossasdiferenças,praverse podemos avançar na superação das diver-gênciasequemsabesairmoscomumasíntesequalitativaquesirvadepontodepartidaparaasuperaçãodaatualcrise.Tentareifazerissodeformaobjetivaefraterna,semserrude,massendosincerocomminhasconvicções.

14.Pensoqueoprincipalfocodadivergêncianãosejasobreacaracterizaçãodosproblemas,mas

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sobre sua causalidade. Quero aqui ressaltarqueapesardedizerquetenhoacordocomal-gumascríticasfeitasissoestálongedeafirmarqueconcordocomtodasasavaliaçõesemenosaindacomsuascausas.

15.Quaisasrazõesque levamaAPSaestarnes-se grau de inorganicidade e dispersão? Seráporque nossa direção ainda é débil e padecedapoucaquantidadeequalidadedeseusqua-dros?Não!!Responderam(eresponderão)oscompanheiros signatários dos documentoscitados.Naavaliaçãodeles, estamosnessa si-tuação porque alguns companheiros queremestar nessa situação. Há uma deliberada in-tencionalidade em destruir nossas instânciasdecisórias, nossos setoriais e nossa estruturaorgânicade funcionamento.Tudo issoé feito,na opinião dos signatários dos documentoscitados,de formaamplamentepremeditadaeorquestrada.

16.O Documento intitulado “Nossa Crise, cons-trução partidária e a redefinição dos nossoscaminhos para assegurar nossa unidade e ofortalecimento da esquerda!”, assinado pelacompanheiraGesa afirma: “não dámais parafingirmosquenãoestamosdivididosemdoisblocos”.Creioqueacompanheiratemrazão.Ig-norararealidadenãoéomelhorcaminhoparaenfrentá-la.Apesardenãomeconsiderarpartedenenhum“bloco”.NosdocumentosassinadosporGesa/Lujan/Moacireoutros,hádiversasegravesacusaçõesnosentidodeidentificarque,de formadeliberada, nossa corrente seburo-cratiza buscando evitar a disputa e o debatepolítico. Segundo os companheiros essa prá-tica,muitocomumentreasorganizaçõessta-linistas(aliás,essadenominaçãoéusadamaisdeumavezparasereferiradiversoscamara-dasdenossadireção),vemsendoimplantadapaulatinamenteparaeliminarqualquerpossi-bilidadededebatedemocráticodentrodaAPS.

17.Expressõescomo“mandonismo,manobrismo,centralização burocrática, autoritarismo, sta-linismo, conspiração,violência”emesmo“as-sassinatodereputações”sãofartamenteutili-zadas.Difícilcrerqueosautoresnãotenhamadimensãodessasdefinições.Seasusamépor-quesabemexatamenteoquesignificam.

18. Correndo o risco de me tornar repetitivo emesmocansativo,mesintonaobrigaçãodeci-tarasfontesparaevitarqualquerdeturpação

oudúvidadequeessasexpressõessãodefatoutilizadas. Principalmente nos documentos:NossaCrise,construçãopartidáriaearedefini-çãodosnossoscaminhosparaassegurarnossaunidade e o fortalecimento da esquerda!”; “AAPSeaconstruçãopartidária”;“APS–umba-lançonecessário”enocorpodoe-mailenviadopela companheiraLujanà listadaCNAPSem31demaiode2015,podemoslertextualmen-te:“umaposiçãointransigente,autoritária,in-concebívelnumaorganização revolucionária.”Ou ainda “o assassinato de reputações sendopraticadonointeriordacorrente,conforman-doassimumasituaçãodesubserviênciaeman-donismointernoquesesobrepõeaoprincipiobásicodecoletividadeedeorganizaçãorevolu-cionária”;e“oabsolutismodasideias,omano-brismo,omandonismoeapseudodemocraciano interiorda corrente”; ou “aparelhismo,dacentralizaçãoburocrática,doautoritarismo,dopersonalismo,donarcisismo”,quesesomama“Bastariaacabarcomaidéiaqueprevalecenaprática,dequeaAPStemumdono–umdiri-gentenacional que “nãopode serderrotado”,chegando-seaoabsurdodesedizerparaabaseque ‘eleéaAPS’.”Eainda“Oquetemosvistoé a antigaburocratização, a centralização an-tidemocrática, o não reconhecimento, a des-qualificaçãodamilitância”;emesmo“propostadecaráterstalinista”e“desestimularaqueleseaquelas que não aceitampráticas stalinistas”,sesomamacaracterizaçõesdequeamaioriada CNAPS “De ummodo geral, o movimentosindicalsóévistocomopossibilidadedefavo-recimentopolíticoe financeiroàs campanhaseleitorais partidárias” e ainda “A conspiraçãoe/ouomandonismo,odesrespeitoeaviolên-ciacontraaqueles/aquelas–militantesdebaseedirigentesnacionaisdacorrente–quenãosesubmetemàvontadedequemseconsideraousimplesmenteagecomosefosse‘otodopode-rosoPRESIDENTEDAAPS’.”.

19.No belíssimo documentário “Janela da Alma”deJoãoJardim,ofotógrafoefilósofocego,Eu-gen Bavcar, afirma: “o verbo é cego,mas é overbo que torna visível, cria imagens. Graçasaoverbotemosaimagem”.Tamanhasensibili-dadetalvezsósejapossívelaquemfoiprivadodosentidoestritodavisão,masqueaomesmotemposepermitiuampliarosoutrossentidosde uma forma a lhe permitir “ver” mais quemuitosdenós.OqueBavcarnoslevaarefletiré

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queoverbo(apalavra)temumenormepoder.Oquedizemoseoqueescrevemosprecisateraexatadimensãodoqueestamostentandore-presentar.Seosautoresdosdocumentosacimacitadosinsistememrepetirexaustivamentees-tesadjetivos,éporquesabemoquesignificam.

20.Quem lê estes documentos cria uma imagemna cabeça: a de que há uma conspiração emcursoparatransformar(seéquejánãotrans-formou)aAPSemumaparatoburocrático,sta-linista,mandonista,narcísicoeantidemocráti-coquetemumavisãoutilitaristadamilitânciaedomovimentosindical,quesóévistocomofinanciadordascampanhaseleitoraispartidá-rias.Tudoissosobosauspíciosdeumsertodopoderoso:o“presidente”daAçãoPopularSo-cialista.Resistindoaesse “destinomanifesto”do Império do Mal, está um valoroso grupodecompanheirosquesãoosbaluartesdamo-ralrevolucionáriaecomunista.Estegrupo,ou“bloco” não tem nenhuma responsabilidadesobreoqueestáacontecendo,postoqueéumavítimado“bloco”mandonista/stalinista.

21.Difícil imaginar que alguém, em sã consciên-cia,possarealmentecrernessequadroqueoscompanheirospintam.Paranãoserinjustohá,entreasdezenasdepáginasescritas,duasfra-sesemqueoscompanheiroschegamaadmi-tirpartedaresponsabilidadepelanossaatualcondição. No documento “APS – um balançomais que necessário”, na página 8 podemosler: “Fazemos todas estas afirmações nos in-cluindo, pois de certo modo, também, temosresponsabilidade sobre tudo que ocorre, poração ou omissão” e no intitulado “A APS e aconstruçãopartidária”,napágina2podeseler:“Talcomportamentonãoéexclusivodeumououtrosetor”.Emborataisafirmaçõespareçamgotasdeautocríticanumoceanodeacusações,énecessárioregistrá-las.Aindaque,comodi-riaBavcar,maisparececoisade“Narcisosemespelho”.

Sobre política e MétoDo – teMoS oU Não DiVergÊNciaS políticaS?

22.Paraosrevolucionáriosométodonãoestádis-sociadodapolíticaenemestadométodo.Háumarelaçãodialéticaentreambos.Adissidên-

ciadaAPS,aolançarmãodeseusmétodosau-toritárioseburocráticosofazemrazãodaapli-caçãodesuapolíticareformista.Semométododeformadonãoconseguiriaimporsuapolíticadeformada,nemmesmonoâmbitodoPSOL.

23.OscompanheirosLujan/Moacir/Gesareconhe-cem que, apesar de tudo, ainda temosmuitaunidadepolítica.Afirmam:“Deummodogeral,sempretivemosunidadenasresoluçõessobreestratégia,socialismoeconstruçãopartidária.Em que pontos residem, então, nossas diver-gências?Nanossaavaliação,nossosproblemasperpassampeladeturpaçãodoconceitodelutadeclassesepeloprocessodeconstruçãodestaluta.Nosencontramospresos/presasaométo-doeàdefiniçãodaquiloquenosémaiscaro,detalmodo,queconcepçãoepráticaacabamengendradas em uma trama irreconhecível eindecifrável;especialmentedevidoàtranscul-turaçãodosmétodosaosquaisnossentimosli-gados–leia-seàsreinterpretaçõesmarxianaseleninistasdalutapelocomunismo–nasquaisénegadoomaiselementaraspectodeumaso-ciedade-asuacomposiçãoe,emespecíficonocasodoBrasil,anossamulticulturalidadeeoprocessohistóricodonossopaís.”(grifomeu).

24.Li e reli essa afirmação algumas vezes, mascreio não ter conseguido compreender quaissejamnossospontosdedivergênciaacercada“deturpaçãodoconceitodelutadeclasses”.Emoutromomento afirmam: “o estágio atual dosistemacapitalistaearealidadedaclassetra-balhadoraemtodoomundo,nãopermitemaisqueaesquerdatenhaalutadeclasseoperária/sindicalcomoúnicopólocentralizador,agluti-nadorecondutordoprocessorevolucionário”.Logodepoisafirmam:“Entendemosquetodasestasquestõesaquiabordadas,quenosdizemrespeitodiretamente e impactamdemaneiranegativaqualquertáticaeestratégiadefinidas,atingemeperpassamnãosóaAPS,masoPSOLenquantopartidorevolucionário”.

25.NãoqueroinferirquedessaafirmaçãoqueoscompanheirosachemqueoPSOLjásejaopar-tidodarevoluçãoemnossopaís,masmaisumaveznãoconseguicompreenderoconteúdodasafirmações.Quealutadeclasseoperária/sin-dicalnãoéoúnicopóloaglutinador/centrali-zadordoprocessorevolucionárioháboadosedeacordo,masoquesignificaaafirmaçãodequenãoseráesseopólocondutordoprocesso

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revolucionário? Que concepção usamos paradefinir a classe operária?Operário e proletá-rio são considerados sinônimos? Quem terápapelprotagôniconoprocessorevolucionárionopaís?Dequalquerformaessaéumaboaeproveitosadiscussão,aindaquenãotenhamosacumuladosobreotema.

26.Talvezminhaconfusãoacercadealgunstemaslevantados pelos companheiros seja fruto denossapoucapossibilidadededebatepolítico,mas,mesmoqueessasdúvidassematerializememdivergências(oqueaindanãoéocaso),nãohaveriamaioresproblemas.Atéporqueessaéumadiscussãoqueafligetodaaesquerdabra-sileiraemundial.Hádiversaspolêmicas,algu-mas bastante interessantes, sobre as profun-dasmodificaçõesnomundodotrabalhoesuasinevitáveis conseqüências para a construçãodopartidorevolucionário.

27.Oque tentomostraraquiéquenãoconseguiidentificargrandesdivergênciaspolíticas,masmesmoqueelasexistameemalgummomentoserevelem,aindateríamostodasascondiçõesdeseguirmosmilitandoeconstruindoames-maorganização.

28.Contudo uma coisa na postura dos compa-nheirosé inaceitável:de formarecorrente fa-zemcomparaçõesentreo comportamentodealguns membros da CNAPS com as posturasda Dissidência e dos dissidentes. Em váriasoportunidadesdizemquesãoadotadasmedi-das stalinistas por nossa direção. Quero ma-nifestarquetaiscomentáriossãoinaceitáveis.Imagino que os companheiros tenham noçãodoque foiostalinismodentrodomovimentooperáriointernacional.Ostalinismofoi(éain-da)umcâncerincuráveldentrodomarxismo.Se impôsatravésdaeliminação físicadeseusoponentesedemilhõesdetrabalhadorasetra-balhadoresrussos.Adissidência,porsuavez,usoueaindausaumatruculênciaburocráticaparadeformarpolítica eorganizativamenteoPSOL.Tenhodedicadoboapartedaminhavidamilitante(comomuitosdenós)aocombateaostalinismoeàscorrentesburocráticascomoaDissidência.Nãoaceito,portantoapechaqueoscompanheiros tentam imporaalgunsdiri-gentesdenossacorrente.Essemétododedes-qualificaçãonãocabedentrodeumacorrentecomunista.

29.Comojádisseantesdivergênciaspolíticassão

comuns emorganizações comunistas.NahuelMoreno foi um revolucionário argentino di-rigente da IV Internacional. Escreveu muitosobreaconstruçãodopartidorevolucionário.Cometeuenormesequívocos, foi interpretadodeformadogmáticaoutrasvezes,masprecisa-riaserumpoucomaislidopelaesquerda.Emseulivro“TesesparaatualizaçãodoProgramadeTransição”afirma: “dentrodopartido temque existir a mais absoluta democracia, quepermita aproveitar a experiência do conjun-todopartidoedomovimentodemassas(...).Nãopodehaverdemocraciasemdireitosparaastendênciasefrações.Masesseéumdireitoexcepcional, porqueo surgimentode tendên-ciasefraçõeséumadesgraçaparaumpartidocentralizadoedeação.(...)opartidodeveviverdiscutindosistematicamente(...)paraqueatra-vésdochoqueedadiscussãosurjaumalinhacorreta, a melhor resultante. Mas essa virtu-dedadiscussãopermanentesetransformanoseuopostoquandoumpartidovivediscutindopermanentemente a partir de grupos organi-zados em frações e tendências, e mais aindaquandoestas sobrevivemao longodo tempo.Quando issoocorre,as fraçõesdeixamdeserfraçõesparasetornaremcamarilhas.Oparti-dodeixadeatuarde formaunitárianomovi-mento demassas e volta-se para dentro, ficaparalisado, criaumambienteparlamentardepolêmicapermanente;einevitavelmentedeixadeatuardeformaunitáriaepassaatercomoatividadeprincipaladiscussão,istoé,deixadeatuar principalmente nomovimento demas-sas.”MORENO,1992.(Lembrandoqueotermo“partido”queeleusaaquipodeserentendidocomo“corrente”paranossocaso).

30.Guardadas as devidas diferenças estruturais,parece muito com nossa situação atual. Infe-lizmente. Estamos quase paralisados. Não co-locamos a nossa construção como prioridade.Algunscompanheirosrelatamqueàsvezesatéprotelamaincorporaçãodenovoscompanhei-ros, com receio de que fiquem chocados comclima beligerante dentro daAPS. Isso émuitoruim.Nãopodemaisperdurar.

31.Etalvezsejajustamenteessanossaprincipaldi-vergência:sobreaconstruçãodenossacorren-te.QualaAPSquequeremos?ComofuncionaaAPS que queremos? O funcionamento atravésdo centralismodemocrático só é bomquandoganhamos as votações ou sabemos conviver

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comdecisõesdiferentesdaquelasquemomen-taneamentedefendemos?

32.Por diversas vezes os companheiros Gesa/Lu-jan/Moacir insinuam que lutamos por demo-cracia nas instâncias decisórias do PSOL,masnegamos essa democracia nos fóruns da APS.EssaafirmaçãocontémumaperigosaconfusãosobreoqueéoPSOLeoqueéaAPS.Ademo-craciadentrodoPSOLémuitofrágiljustamenteporque não há unidade e nem confiança polí-ticaentreasdiversascorrentesqueodirigem.Não há centralismo democrático (na acepçãoleninistadotermo)dentrodoPSOLenempodehaver,poisoPSOL,pelomenosnoseuestágioatual, éuma frentedecorrentes,organizaçõesemesmodepartidos.Nãopodemosenemde-vemosterconfiançapolíticaemmuitosdessesagrupamentos,quesãoconscientementecontra-revolucionários. Devemos desconfiar perma-nentementedaUnidadeSocialistaedegruposcomoodeJaniraeEdilsonporqueseulugarnãoénoPSOL.EstesgruposusamoPSOLcomole-genda,masnãoqueremenãoirãoconstruiroPSOL como uma ferramenta da revolução emnossopaís. E nesse sentido sãonossos adver-sários na luta pelo socialismo. Não podemoster gente assim dentro da APS. OmecanismodedecisãodentrodaAPS,sejaquenometiver,deveestarassentadonaconfiançapolíticaquealicerçaarelaçãoentrecomunistas.Ocentralis-modemocrático,aindaquenãosejainfalível,éummecanismo indispensável.Masnãohaverácentralismo democrático que funcione se nãohouverafinidadenaestratégia,noprograma,napolíticaenarelaçãoentreosmilitantesdeumacorrente.Por issonãopodehavercentralismodemocráticonoPSOL.Eé justamentepor issoquenãohaveráAPSsenãohouvercentralismodemocrático. Confundir APS com PSOL é umerro grave, que tem conseqüências imprevisí-veisparaaconstruçãodaAPScomocorrentere-volucionária.Nãopodemoscometeresseerro.

o Vi eNapS e SUaS MUitaS tareFaS

33.OVIENAPStemmuitastarefas.Desfazerqual-quer confusão sobreas fronteirasentreaAPSeoPSOL, superar a atual beligerância internaereafirmarasbasesdefuncionamentodaAPSsãoalgumasdelas.

34.Nessesentidoéfundamentalreiterarquenos-sa militância e nossos quadros (tão poucos)merecemrespeito.Nãopodemosjogarnalama,históriasdevidaedemilitânciacomoadeJor-ge Almeida, satanizado pelos companheiroscomooresponsávelportodaessasituação.Eleseriao“dono”daAPSouseu“presidente”(citonominalmenteJorgeAlmeidaporqueseunomefoi mencionado em documentos e e-mails).Queroreafirmarqueaqui,nosrincõescabanos,respeitamosmuitonossosquadrosnacionais.Gesa/Lujan/Moacir inclusive. Respeitamostambém Jorge. Ficamos felizes que ele estejaaonossolado,construindoaAPSenãoaDis-sidência,masemnenhummomentooconside-ramos“dono”denossacorrente.Émuitobompoder contar com sua experiência, dedicaçãoe formaçãopolítica,masessa condiçãonãoocolocaacimadenenhumoutrodirigenteenemfazdeleo“presidente”daAPS,nemcreioquesejaesseseuentendimentoousuaprática.Fo-ram feitas várias insinuações de que os diri-gentesparaensesdaAPSsãoinfluenciados(oumanipulados)atravésdetelefonemassecretosee-mailsparaseposicionaremnaspolêmicasinternas. Essa é uma acusação irresponsávele deselegante, poismenospreza a capacidadeintelectual dos dirigentes paraenses da AçãoPopularSocialista.

35.AocontráriodoscompanheirosGesa/Lujan/Moacireoutros,creioquenossasinúmerasde-bilidadespolíticaseorganizativasnãosãofru-todeumapolíticaintencionaldedestruiçãodenossosorganismosedocentralismodemocrá-tico.Não creioqueGesa/Lujan/Moacir sejamvítimasdeumaconspiraçãourdidaeplanejadapor algunsmembros da CNAPS para desqua-lificá-los e defenestrá-los da corrente. Essa éumavisãosimplistaedespolitizadadenossosproblemas.

36.OsinúmerosproblemasdaAPSedeseufuncio-namentoorgânico são frutodeumadebilidadecoletiva.Temospoucosquadroseessespoucos(emeincluonisso)têmbaixaformaçãopolítica.Alémdisso,oritmoalucinantedenossamilitân-ciaàfrentedosdiversosmovimentossociaisnosdeixampoucotempoeenergiaparaanossaauto-construção.Pordiversasvezesmanifesteiminhaopiniãosobreaimportânciadecisivadetermosum boletim ou jornal periódico. Reputo a faltadesseinstrumentocomogravíssima.Seriamuitocômodoefácileuafirmarquenãoconseguimos

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garantir sua impressão porque alguns compa-nheirosnãoqueremouboicotamaexistênciadeumjornal.Nãoacreditonisso.Pensoqueafaltadeum jornal é responsabilidadede todanossadireção.Minhainclusive!

37.OVIENAPStemtodasascondiçõesdeavançarnasuperaçãodenossosprincipaisproblemas(inorganicidade,lentidãopolítica,baixaforma-ção,etc),maspara issoseránecessáriosupe-rarmosessequadrodedisputadespolitizadaeinquisitória.Semissonãoavançaremos.

38.Porfim,parareporadimensãoexatadosfatos,querodizerqueuseiaquinessetexto,pordi-versas vezes, a expressão “paralisia política”.Ofizdeformaconscienteparaexpressarumaopiniãodequenossadisputainternaestápre-judicandomuito nosso crescimento. Se tivés-semos uma relaçãomais fraterna e se a lutainternanãoocupassetantoespaçoetempo,aAPSestariahojeemcondiçõesmuitomelhorestantodentrodoPSOL,quantonosmovimentossociais.

39.Mas isso não significa que eu negue as mui-tasvitóriaseavançosquelogramosdesdeoVENAPS.As vitórias sindicais, a construçãodoPajeú,oavançonaformaçãopolítica,osdiver-sosativosnacionais,aConferênciaNacional,aconstituiçãodoAvançarnaLuta, a eleiçãodedoisparlamentaresmunicipais,ainserçãorealemdiversas frentesdemovimentossociais,opapel dirigente em lutas populares, greves emanifestaçõessãoumaprovavivadequeaAPSexiste e funciona como corrente comunista.Resta-nossuperaraatualcrise,eissoéinadi-ável, para que possamos potencializar aindamaisonossocrescimentopolítico.SomosumacorrenterespeitadadentrodoPSOLedosmo-vimentossociais,asuperaçãodoatualquadrodedispersãonoscolocaránumaposiçãoprivi-legiadanopróximoperíodo.

40.Nossaresponsabilidadecomalutarevolucioná-riaéenorme.Nãotemosodireitodeabrirmãodessa missão. Não temos o direito de pensarpequeno nem de renunciarmos ao nosso pro-tagonismodirigente. Asuperaçãodessacriseéurgenteeindispensávelparanossocrescimentoorgânicoepolítico.

belém, 08 de junho de 2015

FerNaNDo carNeiro membro efetivo da cNapS

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Atáticamarxistaéincompa-tívelcomqualquerevolucio-nismo.Elatememconta-nodizer de Lenin- a “dialéticaobjetivamente inevitável dahistória da humanidade”. Atáticamarxista utiliza e de-senvolve a consciência, asforças e capacidade de lutado proletariado, capacitan-do-oaresolvernapráticaastarefasquelhesestãoreser-vadas pela História. O quedistingue a tática marxistaéserexataerigorosamenteumatáticadaclassedevan-guarda, uma tática de com-bate.

CarlosMarighella

1. Oentendimentoesabermaissistematizadodapráticaqueenvolveosindivíduosemdetermi-nadas circunstâncias históricas, políticas, so-cioculturais, ideológicas, simbólicas é questãofundamentalparamelhorinserçãodestessujei-tos,propiciandoaosmesmosumamelhorcom-preensãodedeterminadascondiçõeshistóricasedomovimentorealdalutadeclasses.Fatoresquetambémdependem,intrinsicamente,comoosmesmossujeitosestãoinseridosnoprocesso,seussaberes,suasexperiências,tradições,grausdiferenciadosdeconhecimentosedecompreen-sãodarealidade.Inserçãopolítica,profissional,familiar, escolar, inclusive, dos conhecimentosadvindosdosensocomumelevadosáreflexãoafimdequepossamtornar-sesaberescientíficospormeiodeumapráticarevolucionária.

2. Entretanto, ainda estamos aquém enquan-to corrente e vanguarda política a contribuirparamaior amplitudedademocratizaçãodes-tes conhecimentos para maiores contingenteshumanos de desempregados, com fome, semqualidade de vida adequada e embrutecidospela tristeza de não encontrar oportunidade

de trabalho,oumesmo,deapenas “trabalhar”,“dormir”e“acordar”,ou,daquelesquevivemdotrabalhoenuncativeramcondições,ou,tempo,parasedebruçaramarespeitodasdifíceiscon-diçõesdevidaquesãosubmetidosnalutaquetravam todososdiaspelo “pãonossode cadadia”.

3. Diantedessareflexãoinicial,precisamosaindarefletir e descrever a respeitodequais indiví-duosnosreferimos,quandovisamosconstruirumcampodeanáliseeproposiçãoarespeitodeumatáticaminimamenteglobalparaacriaçãodeumalinhademassasparaaquelesquedese-jameestejamdispostosalutarouaprocuradeuma vanguarda que esteja politicamentemaispreparadaparaumapráxisdevanguardapolí-tica,dirigente,práticaeteórica,umaNovaCul-turaPolítica.Desdequandolutemos,enquantocomunistas, a superarmos a relação entre do-minantes e dominados nomovimento real dahistórianaqualos indivíduos,gruposeclasseuniversal (o proletariado) semovem, lutam eseorganizamparaqueamesmahistóriasetra-duzaaosmesmose,dialeticamenteedialogica-mente,possaserretraduzidaanósmesmosnaslutasreaisdopovoeconsolidarumavanguardasocialnomovimentodemassascomforçamili-tanteedirigente.Enquantosujeitoshistóricos,destinadosaimpulsionaralutadeclassesepro-blematizarascontradições,correlaçõesdefor-çasentreasclassesesuperaroblocohistóricoedepodervigente.

4. Tencionaralutaespontânea,mas,essencialmen-te,afimdequeamesmatorne-seprogramática,prática,teórica,científica,analíticaepropositi-vanasuapaixãopoderosaecoletiva,nacionalepopular,massempreinternacionalista.Assim,pensarmosqueatuaçãoetáticaglobalnomovi-mentodemassasrequerforteressonâncianasorganizações populares da Sociedade Civil, nomovimentoSindicalePopular,combativoeaptoaaglutinaroconjuntodeparcelassignificativasdosexcluídosedescontentesemtodososlocaisondeosmesmosseencontrem.Requeraçãodapolíticanodiaadiaesistematizadapelaforma-

tática global para liNHa De MaSSaS, ForMação De SUa VaNgUarDa Social e relação coM a VaNgUarDa

política Da apS e DopSolYangBorgesChung

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ção de vanguardas sociais, quadros orgânicos,intelectuaisdopovo,dasuaclasseecomprome-tidoscomadenúncia,propagandaeagitaçãodemudançasimediataseestruturaisdarealidadeemquevivem.Assim,devemosprepararopovoparaassuaslutas,suasreivindicaçõesconcretasnasmanifestações de ruas, ocupações de pré-diospúblicos, de terras, debarracos, paralisa-çãoderodovias,etc.Aí,vemumaperguntaquepoderia até parecer elementar. De qual povo,de qual proletariado estamos falando? Quemsão na atualidade brasileira e baiana aquelesque vivem do trabalho a qual estamensagemé destinada? São os que sofrem a exploração,segregaçãoediscriminaçãoenquantoconjuntode indivíduosexploradosnassuasrelaçõesdetrabalhonascadeiasprodutivasdocapital.Ouseja,oconjuntodetodosostrabalhadoresma-nuaisou intelectuais,entreestes,oscatadoreserecicladoresdelixo,osartesõeseartesãsdosdiversosmunicípiosque trabalhamnaspraiasdo litoral norte baiano ou outras praias e co-munidadesespalhadaspelopaís.Asbaianasdeacarajé,dachamada“capitaldaresistência”,deoutrosmunicípiosdaBahiaetambémdeoutrosestadosdoBrasil.Osgariseosrecolhedoresdelixoquevarremouretiramosmesmosdasnos-sas residências, bem como as telefonistas doscallscentersque,emmuitasocasiões,pergun-tamourepetemumainformaçãodiversasvezespara nós como claro sinal das consequênciaspsicológicasdehorasexaustivasdetrabalhoemfrente a uma tela de computador telefonandodurantehoras a fio.Os zeladoresdosprédios,taxistas, motoboys, motoristas de ônibus, queperdemhorasdesonocomsuastarefasdiárias,etc.Osgarçonsegerentesderestaurantesque,emmuitasocasiões,sãodestratadospelosseusclienteseabdicamdediasde finalde semanaparaestaremnopatentelutandopelo“pãonos-sodecadadia”.

5. Osprofessoresquepassamhorasentreativida-des de docência, pesquisa, planejamento, reu-niões,atividadespedagógicas,viagens,aperfei-çoamentospolíticoseprofissionais,etc.Enfim,todosquedesempenhamalgumtipodeativida-deintelectualqueexijaummaioroumenorgraude aprimoramento ou função intelectual emnossasociedade,embora,todotipodetrabalho(manualouintelectual),exijaalgumgraudeela-boração.Todosconstituemoproletariado,por-tanto,estespodemdesencadearaçõesdemassa

visandoconquistarmelhorescondiçõesdevida,preçosmaisadequadosparavenderemassuasmercadorias,melhorescondiçõesdeinfraestru-turanasrodovias,fimdospedágios,diminuiçãodastarifasdeônibus,protestoscontraeventosmegaesportivosqueretiraminvestimentosquepoderiam servir a nossa população, melhoressalários.Chegadevendernossacidadeepaís!

6. Masaívemapergunta:todaessamassadetra-balhadores será organizada de que maneira?Porquem?Qualorganizaçãopolítica?Quetipodeprocessopolítico,pedagógicoesocioculturalavanguardadanossacorrenteepartidopoderárealizar,quandoprecisamos levaremconside-raçãoosgrausmaisvariadosdeconsciênciapo-líticadessegrandecontingentedeinsatisfeitosvivendo ou “sobrevivendo”, sob influência dosmais conservadoresespectrospolíticos?Sobainfluência da degeneração política, de valores,daantigaculturapolítica?Doassistencialismo,da política conservadora, autoritária, das ilu-sõesdopovopropagadaspelaclassedominanteesuaselitespolíticasnavidainstitucional,par-lamentar,eleitoral.Daculturapolíticadacom-pradevotos,doclientelismo,dopragmatismoeleitoral que visa perpetuar a ignorância dopovo,doocultamentodopassadosombriodasditaduras,ausênciaderealdemocraciaemargi-nalizaçãodecontingenteshumanossemdirei-tosaoutrofuturo?

7. Outrofuturoeoutraculturapolítica,libertado-ra,sefaznecessárianaprática,sociocultural,daanáliseedareflexão,dacríticaeauto-crítica,doconhecimentocientífico,programáticoeradicalda história. Como devemos operacionalizar anossaaçãodevanguardapolitica,semvanguar-dismo ou doutrinação, visando a formação deumavanguardasocialnosmovimentossociaisecomperspectivadedesenvolverumapolíticaamédioe,longoprazo,delinhademassasefor-maçãodequadrosnomovimentosindicalepo-pular?NaAPSenoPSOLafimdequeomesmotorna-separtidodemassasequeformequadrospolíticosdirigentes?

8. Osubstratodapráticaespontâneadoseuso-frimento em torno de lutas sindicais, corpo-rativaséumdosprimeirospassosouumdoselementosimportantesparaumprocessomo-bilizador, agitador e propagandista, mas nãoo único ou fundamental para a superação doativismoeindignaçãoimediata,poisformação

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depovoconscienteenãomambembeimplicaempreparaçãopolíticaemorganizaçãodoes-píritode lutapormeiodo conhecimentoquetransforma a realidade. Aquela que mobilizapara além das ações imediatas e espontâne-ase interligaossujeitoscomoutrosperíodospassados e recentes da história, ou seja, queressignificaapassagemelutadasoutrasgera-çõesesetornaporta-vozdeindignaçãocontratodasasoutrasformasdeopressãonomundo.Forjandoopovoenquantotribunopopulardaindignaçãoequereajaatodasasformasdear-bitrariedadeondeaopressãoseproduzaousereproduza,físicaouculturalmentefalando,demaneiradiretaouvelada.

9. Naquelaqueconferesentidoerealsubstratopeloconhecimentodahistóriaequepossibilitaoentendimentomaisamplodalegitimidadedassuasaçõespolíticas, contestatórias, agitadorasepropagandistas,afimdequeestasnãosejaminstrumentalizadas por alguma elite políticadisfarçadadevanguardadirigentequeseintitu-ledefensoradosinteressesdopovo,jáqueestavanguarda real éou deverá ser aquela que, defato,contribuaparaaampliaçãodestavanguar-dadirigenteenraizadanaslutasconcretas,des-taquefazpartedalutaconscientedopovoequedeve ter papel destacado pela transformaçãodassuascondiçõesdevida.Qualéa tarefadavanguardapolíticadacorrenteedopartidoquepretendaserdemassas?Aestacabenosseusespaços de atuação e luta, contribuir nas reu-niões,planejamentoseprogramação,aagendadosatos,doseixosdamobilização,dosgritosdeguerracomosímbolosedifusãodapropagandadestasdemandasemfaixas,cartazese/oupiru-litosebandeirasaseremlevantadossemtravara autonomia e espírito criativo destasmassasinsatisfeitas.Defendendoaautonomiadosmo-vimentos, mas contribuindo para um tom decrítica mais estrutural que correlacione umalutaespecíficaatantasoutrasquestõespontu-ais e interligadas aumeixoprogramáticoqueataqueaestrutura,ocernehistóricoeestrutu-raldasmazelassociais.Nossaaçãodeverásercontribuircomumalinhadecríticaeequacioneasquestõesocasionaiseaspermanentes,ascon-junturaiseasestruturais,asquestõescorpora-tivaseasprogramáticasgerais.Eestascomasprogramáticasespecíficasdascategorias.AlutadadefesadossaláriosínfimosdosgarisdoRiodeJaneirocomasestruturaisemtornodamo-

radia,darealizaçãodeeventoscomoaCopadoMundocomodéficiteducacionaledesaúdeetantasoutrasdoseurespectivoestado,apenasparacitarmosestesexemplos.OúltimoacidentenoRiodeJaneiroqueprovocoudesabamentodeumapassarelaemortedealgumaspessoascomascondiçõesdetrabalhoprecárioedeeducaçãoparacitarmosoutroexemplo.

10.Entretanto,istotambémrequerdiscussõespo-líticas,alocalizaçãodoscontatosdesetoresin-satisfeitos dosmovimentos que desejam lutarpara melhoria das suas demandas, caso con-trário,estaremossempreareboquedosmovi-mentos e, praticamente, veremos o bonde dahistóriapassar,como,emcertamedida,ocorreunas manifestações organizadas pelo MPL emtornodadiminuiçãodatarifadeônibusecontraarealizaçãodosmegaeventoscomoaCopadoMundoocorridasnosdiversoscentrosurbanosequeganhouproporçãonacionalcomohámui-totemponãoocorrianoBrasil.Oquedecertamaneiracontribuiuparadispersãoedesorgani-zaçãodosmovimentosqueatuaramemJunho/Julhoenãoparaaçõesmaisconjuntas,organiza-dasetaticamentepalatáveisparaaconstruçãodeumaplataformacomumdereinvindicações,além, é claro, de outros fatores conhecidos. Oque inviabilizouumsaldomaisqualitativoemtermosdepovoorganizadoemaisdispostoalu-tarevanguardamaispreparadaparaintervirnarealidade. O que contribuiu tambémpara nãoagregar e fortalecer a solidariedade de classeentrealgumasfraçõesdostrabalhadores,numarelação mais orgânica entre a juventude e amassadeexploradosdopovo,dosquevivemdotrabalho,doproletariado,dossetorespopularescomossetoresdavanguardadosmovimentosondetemosatuaçãoedeativistaspolíticosemgeraldocampodaesquerdaepopular.

11.Oque,semdúvida, levoua táticadoblocodepoderviagovernofederal(PTeseusaliados)egovernosestaduais(DEMeoutrospartidosdaordem) em simplesmente utilizar táticas dasmaisdiversasquevisamdesestabilizarosmovi-mentosduranteoperíododarealizaçãodaCopadoMundo(videaportariaeditadapelaMinisté-riodaDefesadenúmero3.461),comobjetivodeinviabilizarmobilizaçõesduranteacopaecri-minalizarosmovimentossociaisquelutampordireitos inalienáveis. Já existe umhistóricodogovernoatualemdesmobilizareutilizardare-pressãoeoutrosmecanismosaosmovimentos

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organizados dos trabalhadores como ocorreuduranteojejumdobispoD.FlávioLuizCáppioquevisavaimpediratransposiçãodaságuasdorioSãoFranciscoouduranteoperíododegrevedospoliciaisnoestadodaBahia.OmesmotomseguiuoprefeitoACMNetoquenãonegocioucomosmanifestantesaonãodiminuira tarifade ônibus e continuar ampliando a privatiza-çãodoespaçourbanodurantea realizaçãodoúltimocarnaval,privatizaçãoeperseguiçãoaosambulantesepobres.

12.A classe dominante e elites políticas se apro-veitaram das fragilidades dos movimentos e/oudassuasliderançasparadesorganizaredes-mobilizarosexcluídosecontinuaremgarantidoseus interesses, se utilizando damáquina pú-blicaedosgrandesmeiosdecomunicação,daforça e do consenso, da direção e dominaçãoenquantoclassesocial,domedodopovodeper-derempregocomofoiocasodosgarisdoRioedaesperançadepularcomopipocaemmaisumcarnaval.Vazioqueaclassedominantepro-curapreenchernopovoemhomenagensaoses-portistasnocarnavaleoutrasfestasdaordem,quandonosespaçosondeopovopodeatuarlheincuteasensaçãodequeomesmonãopossuitrajetóriade lutas,deresistênciae referênciaspolíticas, simbólicas, utópicas e contestatóriasquepossaminspirá-losnassuasrespectivaslu-tasatuais.

13.Disseminamomedonoseiodopovoparaqueomesmo não se organize ou dê respaldo po-pulareeleitoralapartidoscomooPSOL,nestesentido,citamos,maisumavez,ocasodosgarisdoRioaoatribuirasmanifestaçõesapartidospolíticosoufiliadosaestes.Comosefosseumaaberraçãopertenceraumpartidodeesquerda.É tambémemblemático a intensa propagandarealizadanoúltimomêspelosgrandesmeiosdecomunicação,nointuitodedesgastaraimagemdodeputadofederalMarceloFreixodoRiodeJa-neiro,acusandoomesmodeterligaçõescomoschamadosde“BlackBlocks”edoseu incentivoa práticas violentas durante asmanifestações.É uma tentativa de enfraquecer sua liderançapolítica,açõesinstitucionaisdoseumandatoeprojeçãonacionaldodeputadoenquantorefe-rência política e possível candidatura eleitoralparaaprefeituradoRiodeJaneiro?

14.Todos esses exemplos concretos devem servirdeliçõesparaostrabalhadoresevanguardapo-

líticadacorrenteedoPSOL,comosinalclarodequeotrabalhopráticoderessocialização,orga-nizaçãoeformulaçãoteóricanomovimentodemassaséoquenoscapacitaráparaosdesafiosda realidadebrasileira atual.Quepossibilitaráumamelhoradaptaçãoaodesafiodecombinar-mosracionalidadeepaixãopoderosa,criativida-depopularesabercientíficomilitante,análiseedireçãodarealidade,lutaslocaiseprogramaglobalnosníveisnacional,estadualoumunici-palemumaperspectivademaiorrupturacomoatualmodelo.Lutanomovimentodemassaselutaparlamentarinstitucional.

15. Linha de massas adequada aos desafios edificuldadesqueaconjunturaapresentacomasuacomplexidadenomovimentorealondeestavanguardaestejanaslutasconcretasdascatego-riasesetoresenvolvidos,poissuaparticipaçãodireta édisputa entreovelhoeoNovo, entreculturapolíticaantigaeNovaCulturaPolíticaderesistência e demassas que pretendemos im-plementar.Entreocomportamentopragmático,oportunistaeelitistaeapráxisrevolucionáriaemilitante.Poisalutadeclassessefazdisputan-doprojetos,ideias,concepções,ações,nosmaisdiversos espaços. E isto requer o desafio deconstruirmoslinhasdemassasautênticascomomovimentodahistóriaequadroscapazesdeagir, formular, organizar edisputarnapolíticaeeleitoralmente,disputardemaneiraorgânica,qualificadaeorganizada.

16.Devemos estar imiscuídos nas reuniões dascategorias,nosplanejamentose conhecendoarealidadeondeatuarmos,asdebilidadesopera-cionais,políticas,programáticas,socioculturais,teóricas dos líderes e organizações e,mesmo,das nossas em constante espírito auto-crítico.Fazendo recrutamentos, faixas, programasdaslutasconcretasdessascategorias,estimulandooespíritocrítico,debatepolíticoesuaautonomia.Entretanto,istotambémrequeracurto,médio,e, longo prazo, oaprofundamento do processodequalificaçãopolítica enquanto formaçãodequadrosorgânicosecriandopotencialidadesdesabercríticoemilitantenomeioda juventudeetrabalhadoresemgeral.Comlinguagemapro-priadanascategoriasnasquaisatuamos,nomo-vimento sindical e popular, nas universidades,no ensino médio e superior, nos movimentosquelutampelamoradiaepelareformaagrária.Commétodosespecíficoseadequadosaosdife-rentesníveisdeconsciênciapolíticadesses in-

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divíduos,dandocontadasespecificidades,graudeorganizaçãoedemobilizaçãodosmesmos.Etrabalhandocompaixãopoderosapelaconstru-çãodamoralmilitantenostrabalhadoresmaisdestacadosdapopulaçãodispostosadenunciarerevelarosmétodosdavelhapolítica.

17.Todasessasaçõesvisamcriarequalificaraçõesdemassanosmovimentosnosquaisatuamos,dando organicidade nomovimento demassase prioridades em áreas de atuação e públicosdiferenciados do conjunto dos trabalhadores,atuandoenquantovanguardaorgânicapolíticadirigente, juntoaos setoresmais combativos econtribuindoparaaformaçãodequadrosadvin-dosnomeiopopular.Afimdequepossamatuarcomovanguardasocialnossetoresmaisdesta-cadosdaslinhasdemassa,tornando-sereferên-ciaspolíticasondeatuam.Afinal,oquequalificamaisaaçãodessessetoresmaisdesorganizadosoucomformaçãopolíticamaisprecária,seas-simpodemosfalar?Oquedásubsídioparaumaatuaçãomaisorgânicaesistematizada,ou,maismilitante,melhordizendo?Oquedesencadeiaaaçãoereflexão,análiseedireçãodeummovi-mentonoqualumindivíduoseinserenointui-todeserefazer-seumsujeitohistóricodoseutemponomovimentodemassaseparaasmas-sas?Comboasintervenções,capacidadedecon-vencimento,semapenasameraretórica,espon-taneidadeepragmatismopolítico imediatista?Paraqueesteprocessotambémnãosejamera-menteoensinodaoratóriasofistaedesprovidadeanáliseeproposiçãocríticaesujeitaamerareproduçãodoobedecimentoacabeçaspensan-tes,seresiluminados?Paraqueestamassanãofique a reboquedepromessasmiraculosas oudoburocratismodealgunsoudecúpulas,nemsempreafinadascomoseu tempo,conjunturaetáticademassasmaisadequadacomoahistó-riajádemonstrou?Daquelasaçõesquefreiamalutadeclasses.

18.Nossaaçãotáticadevanguardadeveoperarnointuitodequeganhesubstratocientíficocomovigoremulativodascrençaspopularesetradi-çõesdopovopormeiodoprogramademocráti-copopularmaisradicalpossível,no intuitodequeomesmoganhea fée“afeição”dopovoaumnovoprojetoquemodifiqueassuasrespec-tivascondiçõesdevida.Germesdeumaconsci-ênciauniversal catársicadeumprojetoglobalde mudança de sociedade, ainda que, muitasvezes,compreendidodemaneiradifusaeapar-

tirdosubstratobemconcretodassuasdifíceisexperiênciasdevidasofridasesemaamplitudedoselementosmultifacetadoseglobaisdarea-lidade.

19.Apresençadavanguardapolíticadacorrentesefazpelaaçãonouniversodaopressãoecomtra-balhodiárioqualificadonasáreaseducacionalepolítica,nosespaçosondeopovolutapelamo-radia,pelasualiberdadedeféeescolhadassuasmatrizes,identidadeeancestralidadesociocul-tural.Nosatospúblicosquevisamprotestareexigirreparaçõesdopoderpúblicoquandoemi-temdeclaraçõesquematerialmenteesimboli-camenteimplicamnacontinuidadedaopressãofísica, política, simbólica e espiritual do nossopovoedoideárioanticapitalistaesocialistanosentidodadopelomarxismo.

20. A nossa presença política, educacional e for-mativanãodevejamaisdescuidardanossares-ponsabilidadeenquantoindivíduosnahistória,sujeitoscomsuasespecificidades,mascompro-jeto político, coletivo, histórico e para a cons-trução de umaNova Cultura Política. Enquan-to parte do povo, vanguarda em construção epropagadoracientífica, teóricaeprogramática,instigadoradoespíritorevolucionárioedasitu-açãorevolucionária.Éporissotãoimportanteacentralidadedaculturaenoesclarecimentodamesmaparaosestratospopulares,suasfraçõesmaiscombativasounão.Mudançasculturaisnasuadimensãomaisampla,materiais, sociocul-turais,ancestrais,utópicas,anticapitalistaseso-cialistasrequernossacapacidadedeanálisedascondições objetivas e subjetivas atuais, impli-camnossoesforçoparapotencializarascondi-çõessubjetivas,políticas,culturais ,simbólicasepsíquicasdoespíritodelutaeresistênciadonossopovo.

21. Do estímulo da sua auto-estima sem ilusõesmistificadoras ou não educativas para que seinteresseaparticipardeumaNovaCulturaPo-líticanãomistificadoraedesprovidadepráticasantigas e corruptíveis do capital, da exclusãoedareificaçãodamercadoria.Asmobilizaçõestambémdevemserlocaisparaaformaçãopeda-gógicaemmovimento,poisocalordalutadosquemaissofremapenascontribuinoprocessoderessocializaçãoe tenacidadedoespíritore-volucionárioesentidodavidacomluta.Nestesentido, as ações institucionais dos mandatosda nossa corrente cumprem ou deverão tam-

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bémcumpriromesmopapelondeopovoestejalutandoeseorganizandopormelhorescondi-çõesdevidadignaAnossamilitânciadevefazeresforçodepegarcontatosnessasmesmasmo-bilizações, articulando reuniões de apresenta-çãodopartidoerecrutamentodacorrente,nosmunicípiosebairros,pormeiodeumaaçãope-dagógicaeformativadenósmesmosedopovoquequeremosforjarparaaslutasfuturas.Açãodemassaseaçãopolíticainstitucionaleparla-mentaraserviçodasmesmaseparaasmesmas.Ações formativas para os diversos públicos egrausvariadosdeformaçãodossujeitos.

22. Aagitaçãoeapropagandanalinhademas-saspoderásedardemaneiramaisqualificada(ou cada vez mais), à medida que o entendi-mentoda leiturapossibilitarqueas liçõesdasexperiênciasdossujeitosparaquepossamen-xergararealidade,portanto,passandodosensocomumaobomsensocientíficoeapropriaçãodateoriarevolucionáriaquetransformaareali-dadepautadanaprópriahistória.Ouseja,umaboaagitação,propagandoelinhasdeinterven-çãopoliticademassaemumadadaconjuntura,requeroequacionamentoentreprática, teoriae,outravez,aprática,nointuitodequeaparcia-lidadedosconhecimentosempíricosdasdiver-saslutas,mobilizações,atos,campanhas,açõesnomovimentodemassaseaçõesinstitucionaispossamserinterpretadosesintetizadosàluzdeumacompreensãomaistotalizantedosfenôme-nos.Comvitalidadeparadespertaracriticidadenomovimentodemassasepopular.Queanali-seo localcomoglobal,o imediatoaoestrutu-rante,aslutasparciaisdaguerradeposição,asdaguerrademovimento.Aindaquediantedacomplexidadedosmaisvariadosgrausdecons-ciênciapolíticadestesindivíduosetambémdabaixaoumédiaorganicidadedanossavanguar-dapolíticanomovimentoecomasvanguardassociaisdomovimentopopular

23.Importante pensarmosnos elos da vanguardapolíticacomatuaçãonacorrentee/ounoPSOLcom as dosmovimentos sindical e popular. Amaneiramaisunitáriaemtornodeumprogra-masindical,corporativoparaasdemandasdasrespectivascategoriase,aomesmotempo,comleituraquepossibiliteaformaçãodeumprogra-maglobalapontandoparaaresoluçãoconcretadosprincipaisproblemasqueafligema totali-dadedarealidadebaianaebrasileira.Paraquenasorganizaçõesesuasvanguardaspolíticase

sociaiscontribuamparaaelucidaçãodaslutase resoluções das demandas concretas com asquestõesestruturais.Eistosefazcomoenten-dimento,formulaçãoepropagaçãonoseiodasmassasdoProgramaDemocráticoPopularradi-cal,nasuperaçãodaculturapolíticadoatrasoedaexclusãoeconstruçãopermanentedacultu-rapolíticapluraleunitária,crítica,deresistên-ciaesocialista.

24. Assim, poderemos equacionar de maneiraapropriada estudo individual e coletivo, deba-tes, síntesesde ideias, emulações, propagandacontestatóriaeaspiraçõesconcretasdeumin-telectualcoletivo,aptoapotencializarasindivi-dualidadesdasuamilitânciaemgeral,semper-dadeuma identidaderevolucionáriacatársicacoletivanacional,popularedefensoradosvalo-resinternacionalistas.Deumsentidoeespíritorevolucionáriorespaldadonaprática,nateoriarevolucionáriaeprogramaglobalcomlinhasdemassascapazesdeatrairparcelassignificativasdos que vivem do trabalho. Como dito antes,semmeroativismoesemvanguardismooudou-trinarismodasuavanguarda,nointuitodequea mesma deseje poderosamente a integraçãodenovosquadros,deampliaçãodavanguardapolíticadosmovimentos,dacorrenteedoPSOLcomopartidodemassasequeformevanguardasocialnosmovimentossociaisevanguardapolí-ticanacorrenteenopartido.Superandoasitu-açãodebilitadadaatualfragmentaçãodoPSOLcomo partido que funciona muito mais comouma frente ou federação de correntes do quêcomopartidodemassasecomquadrosemqua-lidadeenúmerodispostosaampliaasuabasesocialeimpactoeleitoral,políticoematerialnavidadopovo.

25.Esta cultura política contestatória apenas sedará quando nossas forças e esforços estive-remempermanentemovimentona lutarealerelaçãodasimplesecomplexaequação,prática-teoria- prática. Os nossos esforços individuaise coletivosdeverão se concentrarparaqueosmilitantesdacorrenteconheçam,aprofundemerelacionemcomoseusconhecimentospráticoseteóricoscommovimentopráticodarealidadenoqualatuamosdentrodomovimentosindicalepopular.Pelarecuperaçãodatrajetóriadelu-taseresistêncianegra,indígena,popular,femi-nistaeecossocialista.Pormeioda formaçãoepropagaçãodeeixosprogramáticosquefiquemclarospara opovo, quedespertema sua auto

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-estima, valores e referências de resistência edeclasse.Quepossibiliteminteressedomesmopeloconhecimentouniversal,atéentão,negado,pelaclassedominanteeelitespolíticas,afimdequeopovonãofosseounãosejavanguardadasmudançasdasatuaiscadeiasqueosaprisionam.

26.Issorequerdenossapartedomíniototalizantedasnossasconcepçõesinternas,dasnossasre-soluções,mastambémdoestudoconstantedomarxismoadequadoàscondiçõeshistóricasdonossotempo,dosautoresinternacionaisebra-sileiros,dacompreensãototalizantedaculturanasuadimensãomaisampla.Afimdequepos-samoscolocaraNovaCulturaderesistêncianoseu devido lugar, bem como a explicação dosmotivosdasderrotasdopovoepapelqueosin-telectuaisdaburguesiadesempenharamhisto-ricamenteao longodoprocessohistóricopelaconservaçãodaordem.

27.Portanto, istorequerumapolíticasistemáticade formaçãodequadrosorgânicos, vanguardaafinadacomosdesafiosdoseutempo.Concen-trarmos esforço nesse sentido é ampliarmosnossoentendimentodatenacidadeeespíritodelutadonossopovoedenósmesmos.Écomba-termososdesviosdaculturapolíticaassisten-cialistapelaraizhistóricaepolíticaqueexplicao porquê da lógica individualista, pragmática,personalista e pulverizadora da fragmentaçãopolíticadeontemehoje, dando a real dimen-sãoatemporaldaslutasdopovonahistória,dasconexõesentrepassadoepresente.Desmistifi-candoasreadaptaçõessocioculturais,culturaisnosentidoamploesuasconsequênciastransfor-madasemilusõespolíticasepráticas,corrupto-resdaidentidadedeclassederesistênciaecon-tra-hegemônicadopovoedetodosqueaspiramepodemsetornarvanguarda.

28.Eestemelhorentendimentorequerummelhorconhecimentodasnossasfragilidadesedebili-dadesinternas,danossapolíticaedialéticain-ternapelasuperaçãodovelhoemnósmesmosesuperaçãoouconstanteaperfeiçoamentodasnossascontribuiçõeseteses.Aseremmelhora-das, entendidas, vivenciadas e difundidas nosníveis mais elementares ou mais complexosparaopovoedestavanguardaque tambémépovo.Pelomelhoremaisoperacionalplaneja-mentodecursosdeformaçãoesemináriosnosmovimentos, nas áreasde atuação, na corren-teenoPSOL.Pelamelhoroperacionalizaçãoe

descentralizaçãodosrecrutamentos,dosplane-jamentos dasmobilizações, atos, nucleações eparticipaçãoemsetoriais.Pelanossainventivi-dadeecapacidadedepensaraformaçãooudecombiná-los nos diversos espaços formativos,meiosdeliteratura,métodosparaformarqua-droseaperfeiçoaraformaçãodosjáexistentes.Dandoespaçopelaculturapolíticadacríticaedaauto-crítica,daavaliaçãoedaauto-avaliaçãodeondeavançamosecomodeveremosmelhoravançar.AvançarmaisacadadianaResistênciaIndígena,Negra,Feminista,Popular,Ecossocia-listaecontratodasasformasdeopressão.

29.Estudodetemasquedevemsempreestararti-culadoscomaslutasespecíficasecomasques-tõesmaisglobais,quepossamirdesdeasres-pectivas realidades dos municípios com suasquestões políticas, até as relações que formoscapazes de alcançar no melhor entendimentodaprática formativa e análisedanossa singu-larformaçãoeconômicaesocial.CulturaPolíti-caquepropiciearevitalizaçãodossujeitosnassuasdimensõesmaisamplaseamparadaspeloconcretodassuasdemandas,daslutas,proces-sosderesistênciasnarealidadebaianaebrasi-leira,nossasreferênciaspolíticase simbólicas,conjunturas específicas da história e questõesestruturais. Comefeitos não apenas eleitorais,maisorganizativos,operacionaisedirigentes.

30.Oestudodosperíodosmaisrecentesdeauto-ritarismo e ditaduramilitar, abertura política,etc. Emuitas destas temáticas não devem sersimplesmente tratadasemSemináriosTemáti-cosounoespaçodaacademiaeatuaçãoprofis-sionalondecadamilitanteoudirigenteatua,esimnoplanejamentodanossaintervençãoen-quantopartedanossapolíticamaissistemáticadetáticaglobaleespecíficadelinhademassas.Semsintoniaevidaorgânicanãoforjaremoseampliaremosbasesocialpolíticadispostaalu-tareprepararavanguardacadavezmaisaptaaosdesafiosdoseutempohistórico,dotempodasnovasgerações.

31. Noanode2014faz50anosdogolpemili-tar no Brasil e concretamente falando: qual éobalançoquefazemosdequestõespassadaseatuais?DasaçõesdaComissãodaVerdade?Dacontribuiçãodemuitasdasnossas referênciaspolíticas? Como questões e análises passadaspodem,acadadia,contribuirparaasnossasre-soluções,tesesemanifestos?Comopodemins-

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pirare/ouqualificaraindamaisasnossasaçõesdevanguarda?Paraqueestasexperiênciasnãosepercamnasreflexõesacadêmicaseteóricas?Emquestõesapenasdedebatepolíticoeteórico,emquestõesdemeraescolástica?Paraquepos-samoscontribuircomaformaçãosociocultural,política, emulativa e formadora de vanguardasocialpreparadaenãosujeitaaculturapolíticaconservadoradaordemsemcompromissocomosofrimentoeculturadopovo.Culturaestadocentralismoedescentralizaçãodainiciativapo-líticacontestatóriaederesistência.

32.Assim, temas em cursos de Formação Políticapoderãocontribuirparaumatáticageralmaisadequadadelinhademassasecomproposiçõesespecíficastambémdemaneiramaisqualifica-da, que combine a criatividade do povo comos conhecimentosoriundasdapráticapolíticae das formulações e sistematizações da ciên-cia revolucionária. Práticas formativasquega-rantamaemulaçãoeunidademilitanteediri-gente,que,aomesmotempo,potencializemasqualidades individuaisadormecidasdopovoeosnovoscaminhosapercorrernaqualificaçãopolíticaparaosquejáiniciaramQuedespertamas nossas próprias potencialidades adormeci-das,decomunistas,depoetas,críticosliterários,teorizadoresdarealidade,teatrólogos,artistas,professores,etc.

33.Pormeiodoestudodaculturapolíticadocen-tralismodemocrático,suasexperiênciaseques-tõesconcretashistóricaseaspectosquepossamcontribuir para as questões atuais do nossotemposãoaspectosqueconsideramosdecisivosnesteprocesso formativoeemulador.Elemen-tosessenciaispráticoseteóricosquenospermi-tamtransitarbemdotrabalhopolíticonascate-goriaseespaçoescolarenaeducaçãopolítica,comtrabalhomaismilitantederecrutamentoepolíticasistêmicadeformaçãodequadroscomoformadereinventaraculturapedagógicaesco-larepotencializaraNovaCulturaPolítica.Exis-tentenasnossasresoluçõesedestinadasadarvitalidade orgânica e dirigente no intelectualcoletivoquepretendemosformarnomovimentosindicalepopular,nacorrenteenoPSOL.

34.Comopoderáseconstituirademocraciasocia-lista e revolucionária? A problematização doque levou à burocratização de processos da-quiloque foi chamadodas experiências do So-cialismoReal,ouseja,umestudomaissistema-

tizadodostalinismoedassuasconsequênciasposteriores.AsexperiênciasdeCubaedaChina.Oquefoiaexperiênciadonazismoefascismopara o mundo? Suas decorrências contempo-râneas. A implantação do neoliberalismo nadécadade1990,duranteosgovernosCollordeMelloeFernandoHenriqueCardoso,bemcomoestudodogovernoLulaeDilma.Omovimentodahistória requer ação e estudo, apenasparacitarmosalgunsexemplos.Emboraestaobser-vação possa parecer elementar, sem isto nãopoderemospensarpolíticadelinhademassas,a médio, e longo prazo, pois,não ganharemosparcelas significativas do povo desorganizadoparaumaanaliseebalançodoqueexperimen-toucomoresultadodaspolíticaslocaiseglobaisdasúltimasdécadasdossucessivosgovernosaolongodahistória.Nãoconseguiremostraduziraangústia,sonhoseprojetosconcretosparaofuturodestepovoexcluído.

35. Não se faz reinvenção da resistência indí-gena,negra,feminista,populareecossocialistasem a desmistificação da realidade e espíritocríticodopassadoepresenteatual.Nemmesmolinhasdemassasmaisglobaiseaesquerdadarealidadeedentrodaspossibilidadesconcretasdamesma,donossoacúmulodeforçasetarefashistóricas.Nãoseconstróionovoquandonãoestamosmaturadosadesmistificarpromessas,mentirasouanalisarcomacuidadecríticacon-quistasesériosrecuosnomovimentodalutadeclassesaolongodahistória.

36.Impossívelpensarmosarelaçãoentrelinhademassas sem proposição de temas, já que lutaconcreta não se faz sem associação com boadensidade teórica, crítica. Comportamentos,ações,capacidadedirigente,resultam,também,darelaçãoqueosindivíduosfazemdoqueou-vem,pensam , escutam,praticame formulam,ainda que seja demaneira difusa, na ação, naluta concreta, na disposição para a conquistadeumnovosonhoerealidade,projeçãoentreoidealeoreal,entreofazereopensar.Istorequerpensarmosqueoestudodahistóriauniversalerelação constante comapráticadesses indiví-duosquemudamomundo.Eofazemapartirdeações,identidadeeideologiadeclasseclarifica-dora, contestatóriaou revolucionária. Paraqueestetrabalhofortaleçaumatáticaglobalnomo-vimentodemassascomformaçãodevanguardasocial, fortalecimentodavanguardapolíticanacorrenteenoPSOLnointuitodequeestepossa

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representaralternativapolítica,programáticaeeleitoralamilhõesdetrabalhadoresbrasileiros.

37.Sugere-se que um partido como o PSOL, quepretenda ser demassas e outros da chamada“FrentedeEsquerda”,deveráestarpreocupadocomoapolíticadaformaçãodequadrosoriun-dosda juventude, da chamada “intelectualida-de”presentenaclassemédiae,naclasseabasta-dae,principalmente,naclassepopular,nagentemaishumilde.Aípesaopapelfundamentaldoque Antônio Gramsci chamou de intelectualorgânico contra-hegemônico. Aquele que, en-quanto indivíduo,ageno interiordestesujeitopolíticocoletivocontestatórioumpapeldefor-mador,coordenador,organizadordeumanovaculturaeadministrador, jáque formar implicaemadministrarumafilosofiadelutapolíticaedisseminaçãodeideiasnopresenteeparaasfu-turasgerações.

38.Énestesentidoqueestaformulaçãodoqueéointelectualorgânico,acabasendomuitopareci-dacomaquiloqueLênin,notexto“QueFazer”,chamou de vanguarda, quando afirmava queestadeveterqualidadesvariadasnaaçãopolíti-cadentrodascaracterísticaseexperiênciaspes-soaisdecadaumdosseusmilitantes.Formularumateoriaparaqueomovimentocontestatórioourevolucionáriosejaacadadiafortalecido,jáquesemteorianãoexistelutapolíticaqualifica-da.Fazeraagitaçãocomaspoesias,bandeiras,cantos, músicas e gritos de ordem, distribuirpanfletosaopropagandearestanovaconcepçãodemundoaosquevivemdotrabalhoenosmaisdiversosmeios de comunicação. Difundir estaconcepçãodemundoefortalecerumaconsciên-ciadeclasseprogramáticaaosmesmos,referen-dadapelosinstrumentosefórunsdeliberativosdopartidoeassumindofunçõesdedireçãonointeriordesteapartirdaspotencialidadesere-aishabilidadesdecadaumdosseusmembros.

39.Existem questões centrais que permitem-nospontuar alguns elementos importantes e di-ferenciadoresdopapel deumpartidopolíticoquepretendeserdemassasnaconcepçãopolí-ticaeteóricamarxista.Narealidadenacionalelatino-americana,deveráacumular forçasparaque avance no debate sobre o financiamentopúblicodascampanhaseleitorais,contribuiçãofinanceira dos seus militantes e importânciade reformas profundas como: a agrária, urba-na,educacional,desaúde,previdência,reforma

política,tributária,ambientalepolíticadesegu-rançapública.

40.Porisso,discutirpolítica,nãoéapenasfalardepolíticainstitucional,doparlamentoburguêsedascondiçõesdoqueaordemcapitalistacolocacomoúnicohorizontepossível.Falardeculturapolíticadeparticipação,controlesocialedelibe-raçãodaclassequevivedo trabalhoe,princi-palmente,dapopulaçãohumildequemaissofredeve estar amparada em uma perspectiva deconstruiroacúmulodeforçasnainstitucionali-dadevigenteemovimentossociaisqueprogra-maticamente dentro da sua lógica corporativatenha,de fato,umaperspectivadeclarificaçãopolítica e cultural das suas bases para o rom-pimentocomoassistencialismoedachamada“falsagenerosidade”.

41.Narealidadenacionalatual,programaticamen-teecommuitatransparênciaedenúnciadases-truturasdesumanizantes,oquedefatosignificaprojetoscomoodatransposiçãodaságuasdorioSãoFrancisco,construçãodeusinashidrelé-tricas como a de Belo Monte e tantos outrosprojetosqueviabilizamosinteressesdocapitalnoplanodosestadosemunicípiospormeiodeaçõeselinhasdemassasquerevelemascontra-dições para o conjunto da populaçãoE dentrodestalógicadedenúnciaeanúncioqualificadoestabeleceroseloseconexõesentreopassadodaslutasdonossopovocomaslutasdopresen-te,oquesignificadizerquedenadaadiantaacelebração de lutas demovimentos sociais dopassadocomoCanudos,seargumentosdecor-rentes,tendênciasemilitantesoriundosdedi-versospartidosnãodenunciamasverdadeirascausasdochamado“flagelo”dasecaedeoutrosproblemasqueafligemoSemi-áridoháséculos.Quetemumarelaçãoprofundacomaspolíticase diretrizes estratégicas dos sucessivos gover-nosquepassaramaolongodahistóriaparaqueas ações práticas e formulações teóricas real-mentepautadascomoencontropelaverdadeetransformações reais sejamditas, explicadaseimplementadas,semjamaisdissociaratécnicada política, comoos partidos transformistas edaordemfazemparecer.

42.Bem como, os motivos reais e estruturais degrevesdasmaisdiversascategoriasquerecen-temente foram fruto de iniciativas repressivasadvindas dos governos dos diversos partidospolíticosdaordematual, comoDEMealiados

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ePTeosseusapoiadores,tradicionaisetrans-formistas.Na conjunturaatual, sinaliza-sequeum partido como PSOL deverá denunciar nosprocessoseleitoraiseparaalémdosmesmosasmazelasexistentesemtodososmunicípiosdes-tevastoterritórionacional,debatendoprogra-maticamente,nachamada“grandepolítica”,osproblemas estruturaisque afligemasdiversascidadeseosmunicípiospobresdetodooBrasil,fazendodosprocessosdelutasdoperíodoelei-toral, apenas consequência direta das ações eintervençõesnomovimentodemassasenalutainstitucional limitada pelos marcos da ordemburguesa.

43.Implicaquesepenseemumatáticaadvindadotrabalhodeeducaçãopopularquepotencializeasexperiências,sofrimentoseespontaneidadecontestatória dos setores populares de todosquevivemdotrabalho.Mas,sobretudo,tambémdoentendimentoesistematizaçõesteóricasquelevarãoàdiminuiçãoprogressivadospreconcei-tosdeclasse,divisõesnointeriordestepartidoe,atémesmo,práticasequivocadasdamanuten-çãodasrelaçõesentredominantesedominadosnointeriordomesmo,masquedemaneiraalgu-madeverãofazercomqueosseusquadrosdiri-gentes,parlamentaresemilitantesabdiquemdaaçãodecididanainterpretaçãoecapacidadedeanálisequeateoriaadvindadapráticapropiciaaestesnosentido.Combinandoasimplicidadedapráticadopovocomapráticasistematizadapeloconhecimentocientíficoasuperarestrutu-rashierárquicaseverticaisdeorganizaçõespo-líticasquenãocontribuíramparaafusãoentreestessaberesesuperaçãodasdivisõessocaisedeclassenointeriordasmesmasorganizações.

44. Assim, para que esta vanguarda crie umanovaculturapolítica,passapeloentendimentodequeestaéaomesmotempobaseedirigente,pois,apenascolocando-senaperspectivaerea-lidadedamassa,mastambémsabendoquedecertaformasomosumpoucodiferentes,devidoàspossibilidadesdesistematizaçãoteóricaacu-muladaequedevemserconstantementeaper-feiçoadas,poderemosaliar anossabuscapelahumildadepormeioda auto-crítica, capacida-dedecríticaedenúnciadoserrosdopassadohistóricodos sucessivosgovernosao longodanossahistória.Nãoapenas isso,possibilitarosmeiosdasfricçõesdecombatepolíticoedebateteórico,doespíritocontestatóriodestepartido,ou frente dosmesmos, e dosmovimentos so-

ciaisdestaórbitapolítica emumaperspectivadeclasseparasicomconcepçãoprogramáticaclaraearcodealiançasquepoderáconformarumnovoblocohistóricoedepoderrumoaumprogramademocráticopopular. Deumsujeitopolítico, imbuído da paixão política poderosadeaperfeiçoaroqueéoProgramaDemocráticoPopulareaconstruçãodoSocialismonofuturo,quea trajetóriadediversasorganizaçõespolí-ticasdeesquerdasempredefenderamaolongodahistóriadoBrasil,legadoesteacumuladoaolongodegeraçõesdosque foram,que estão eestarão.Partidoquepressupõeoentendimen-to que construção real do Socialismo, em ter-rasbrasileiras,estápautadanacompreensãoeinspiraçãodos ideaisrevolucionáriosedequea ruptura anti-imperialista anti-monopolista,anti-latifundiária, anti-subdesenvolvida e de-pendente, anti-machista,anti-racista e anti-ho-mofóbicasãoquestõesfundamentaisdagrandepolítica estratégicaqueumpartidodemassaspretendedifundircomosociedadeprodutoradenovosvaloresedeumNovoMundo.Oquenãosignifica,demaneiraalguma,ausênciadeparti-cipaçãonocenáriodasrelaçõesinternacionais,masquesignifiqueapriorizaçãodosinteressespopulares,pormeiodepolíticasestruturaisnaeconomia e que propiciem o abastecimento esatisfaçãodassuascondiçõesedireitosbásicosinalienáveis.

45.Aomesmotempo,apontandomovimentostáti-cosde lutaporumanovaordeme fazendodoparlamentoburguêsumespaçodecríticapro-funda da prática institucional hoje vigente nopaíseespaçodeconstruçãoimportantedeumanovaculturapolíticaquepermitaaopovopas-saradistinguir,quemde fatodefendeos seusinteresses e quem vem privatizando o espaçopúblico nos sucessivos governos ao longo dahistórica.Quemnassuasaçõespolíticase ins-titucionaisvemconsolidandoasimbioseentreosinteressespúblicoseprivados,osprojetosdocapitalnasrelaçõessociaisdeproduçãonopla-nodosmunicípios,estadoseGovernoFederal.

Salvador,07deMarçode2014

YangBorgesChung

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“Enfrentaracrise,defendendoolegadodaAPSeconstruindoaNovaEraSocialista”.

1. OúltimoEncontroNacionaldaAPSfoirealiza-doemmaiode2012eopróximoserárealizadoemagostode2015, istoé01anoe03mesesapósadataprevista.

2. Mas, não se trata apenas de um período detempo e do que fizemos e deixamosde fazernesteperíodo.

3. Obalançonecessáriodeveserbemmaispro-fundo:deve iràraizdosproblemasà luzdasdeliberações tomadas, expectativas criadas epráticasadotadas.

4. OconjuntodasresoluçõesquetomamosnoVEncontroNacionaldaAPS(VENAPS)sãoapre-sentadassobotítulo:“Enfrentaracrise,defen-dendoo legadodaAPSe construindoaNovaEraSocialista”.

5. Umdesafioenorme,quemotivoucentenasdemilitantesdanossacorrentepeloBrasilafora,vistoqueforamtomadas,comonossasresolu-çõesregistram,“emaltoníveldedebate,deba-tendotodaapautapolíticaprevistaeemclimadeforteanimaçãoideológicaefraternidade”.

6. “Nível”e “clima”quenãoperduraram03me-ses,poisnaprimeirareuniãodacoordenaçãonacional,emjulhode2012,oquesevivencioujá se vinha vivenciando antes. Os ataques fo-ram semelhantes. Saíram de cena dirigentesqueestãoàfrentedaDissidênciadaAPS,masalguns/algumas outros/outras, que durantemuitotempomantiveram-seomissos/omissasfrenteaosenfrentamentosquefazíamosinter-namente na nossa corrente ou oscilavam deumapontaaoutra,oradefendendoasposiçõesda corrente,orapassandopor cimadasmes-masnomovimentosindicalepopular,resolve-rammenosprezarcompanheirosecompanhei-ras que apresentavam avaliação diferenciadasobredeterminadasquestões,emespecialno

sindical e popular. Identificamos em algunscompanheiros amudançade comportamentoinclusive,namaneiradenostratarantesede-poisdoVEncontroNacionaldaAPS.Eoqueépior,omesmoocorreuemtodasasreuniõesdacoordenaçãonacionaldaAPS,queforampou-quíssimas!

o que estava/está por trás disso? por que a distância entre a teoria e a prática permanece exatamente a mesma?

7. Apontamcomorazõesparaasituaçãoemquenosencontramosaquestãosindicalepopulareafaltadeconfiançaentremembrosdacoor-denaçãonacionaldaAPS.

8. Mas, todos/todasnósafirmamosantesdora-chadaAPS,queestanãoeraaquestãocentral.Aliás, até às vésperas do CONCLAT de PraiaGrande,quandoestávamostodos/todasnaIN-TERSINDICAL e tentamos criar uma CentralSindicalPopular,juntamentecomaCONLUTAS,a questão sindical não tinha sido problemaparaaAPS:emnossosativossindicais,asreso-luçõeseramconsensuais.FoiassimatémesmonoAtivoquedeliberoupelasaídadaCUT.

9. Ademais,constadoVENAPS,aprovadoapósorachadaAPS,que“nossoobjetivoéosocialis-mo”,que“aconsolidaçãodeumanovaculturapolíticarevolucionáriarequerumaamplalutaeunidadedossetorespopularesedaesquerda,numalutademilhões”eque“areorganizaçãodomovimentosindicalepopularnaperspec-tiva da luta pelo socialismo é umprojeto emconstrução”.

10.Emais,quediantedosdesafiosedificuldades,“o V ENAPS resolve que, a partir de agora, aCNAPS precisa retomar o acompanhamentodepertodetodanossaaçãomilitantenosmo-vimentos, demodoapolitizarmelhornossasresoluções; aprofundar nossa democracia e

APS – Um BAlANço mAiS qUe NeCeSSário!“Éprecisoserduro,

massemperderaternura,jamais...”(CheGuevara)

“Nadadeveparecernatural.Nadadeveparecerimpossíveldemudar.”

(BertholdBrecht)

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nossa unidade; potencializar nossa ação nosmovimentos; reconduzindo a ação no movi-mentosocial comonossaprioridadeemrela-çãoàaçãoinstitucional,massemcontradiçãocomaconstruçãodoPSOL”.

11.Seosocialismoéonossoobjetivoesetemosacompreensãodeque“areorganizaçãodomovi-mentosindicalepopularnaperspectivadalutapelosocialismoéumprojetoemconstrução”,nãosejustificaque,porcontadasdivergênciasemrelaçãoàquestãosindicalepopularabra-mosmãoda tentativade“construçãodeumanovaculturapolítica”,“umanovapráxis”,“umanovaerasocialista”esepasseaadotar,naAPSpós-racha,amesmaprática,queduranteopro-cesso de construção do V Encontro Nacionalda APS passamos a combater coletivamente.Emais,quevivamosdeformaincoerente,co-brandodamaioriadoPSOLexatamenteocon-tráriodaquiloquesepraticaenquantomaioriana Executiva e na Coordenação Nacional daAPS:funcionamentodemocráticoerespeitoàssuasresoluções.

Do desejo à realidade - o que vimos após o V eNapS?

12.Naprática, oquevimos foi o continuísmodaantiga prática, da cultura que afirmávamosquerermudar.

13.A coordenação Nacional da APS foi formadacombasenaconfiançanecessárianaquelemo-mento,considerandoorachaqueocorreu.Nãodiscutimos critérios, pois acreditávamos quetudoseriadiferente.Oquenãoimaginávamoséque logodepois conviveríamos comomes-moprocedimentoanterior,quandoalguns/al-gumasiriamtentarimporapenasumaposiçãosobreareorganizaçãodomovimentosindicalepopular,desconsiderando todooprocessovi-vido,asdiferençasedivergênciasinternaseatarefaquefoidelegadaàCNAPSpeloVENAPS.Ressaltamos que alguns companheiros daCNAPSfizeramesforçosnosentidodaconstru-çãodeumaformulaçãoquenosunificasse.

14.Tambémnãonosdemosconta, logoapósoVENAPS, que a proposta de formação de umaExecutivaNacionaldaAPScaminharianalógi-cadeconformaçãodeumanovamaioria,quetomariaparasiatarefadedireçãodacorrente!

15.Uma coordenação nacional (CNAPS) que foi

caminhando rapidamente para uma posturaapática,quedificilmentesereúne,quemesmoquando provocadamuitas vezes não se posi-cionaanãoserparareferendarresoluçõesdaExecutivaNacional.Naprática,aCoordenaçãoNacionaldaAPSvirouumainstânciahomolo-gatória do que é definido pela Executiva Na-cional, numa nítida e lamentável inversão depapéis.

Métodos semelhantes e até as mesmas frases e palavras utilizadas pelos que hoje estão na Dis-sidência da apS

16.Eainversãonãoésódopapeldasinstâncias!

17.De acordo com o Perfil e Funcionamento daAPS,“oque,emprimeirolugar,instauraaiden-tidadedaAçãoPopularSocialistaéoobjetivocomumdelutaporumasociedadeemquenãohajadivisãodeclassessociaisnemestruturasdecoerçãopolítica,nemtampoucohierarquiaedistinçãoentrequemdirigeequemfaz,alémdofimdaopressãoracial,etária,degênero,deorientaçãosexualetc..”Portanto,sendoesteoobjetivo que identifica a APS, é inadmissívelqueummilitante,membrodacoordenaçãona-cional,diga,numcursode formaçãonacionaldacorrente,queaAPSéJorgeAlmeida.Equedirigentenacionaldacorrente,naprática,co-loque-se acima dos/das demais, dificultandooencaminhamentoderesoluçõeserefazendovotações e processos, quando não consegueaprovar, democraticamente, suas propostas.Naprática, tentando imporburocraticamentenaAPSsuavisãodecorrente,numadeturpa-çãodoqueéo“centralismodemocrático”eopapeldadireção.

esta é a realidade!!!

18.Lamentavelmente, convivemos hoje com al-guns dirigentes nacionais que questionamresoluções democraticamente aprovadas eantesmesmodecomeçaraencaminhá-las(jo-gando na lata do lixo a máxima marxista deque“apráticaéocritériodaverdade”!) refa-zemvotaçõescomoargumentodequeasre-soluções tomadas são obscuras, têm pontosomissos, comportam dupla interpretação eporaívai;comoocorreu,porexemplo,comasresoluçõesdaCNAPSde02/02/2014,comasresoluçõesdoIIIAtivoSindicalePopularNa-

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cionalecomresoluçõesdaCNAPSacercadoscritérios para o próximo Encontro NacionaldaAPS.Nestecaso,sedeudeformaexplícita!Gesa encaminhou à coordenação nacional daAPS,propostasdeemendasnoprópriocorpodotextodaconvocatóriadoencontronacional.Houveacordona reuniãodaexecutivadodia08/02/2015dequeaspropostasorganizativasporelaapresentadasseriamdiscutidasposte-riormente. Mas, quando Lujan, ao receber oinformenalistadacoordenação,ressaltouquetinhasidoacordadodeque“aspropostasorga-nizativasencaminhadasporGesaàcoordena-çãonacional”seriamdiscutidasposteriormen-te, automaticamente criaram duas propostaseencaminharamavotação:aProposta1eraaconvocatória enviada no dia 29/01/2015 e aProposta 2, a que englobava propostas feitasseparadamenteporMoacir,porLujaneatéasdeGesa,queporacordoaExecutivaNacionaltinha decidido incorporar,uma vez que Gesahavia retirado as propostas de caráter orga-nizativo da convocatória para decisão poste-rior,paragarantirlogoasuadivulgação.EtudoissosempassarpornenhumainstânciaesemconhecimentodeGesa,LujaneMoacir,comoargumentodequeamensagemdeLujanafir-mandoque “aspropostas organizativas apre-sentadasporGesaàCNAPSseriamdiscutidasposteriormente”era“umacoisagenéricae in-definidae ambígua”, que “... abririamaisumalonga e interminável discussão para se saberrealmentequaisseriamasemendas-quaissãoorganizativasoupolíticas,etc.”.

19.Eoqueseviudepoisdisso?Prazosseremdes-cumpridoseaténovosprazossurgirem,comoo prazo de “próxima segunda-feira, à noite”,istoé,06deabrilde2015,divulgadonodia04deabrilde2015.

20.Talprocedimento,supomos,foiutilizadocomoobjetivodemostrarquemmandanaAPSepas-saraideiadequetemdirigentesquenãocon-cordamcomnada,quequeremcriarconfusão,que “provocam cisânea/divisão na corrente”,domesmomodoquedirigentesdaDissidênciaafirmavamnopassado.Oquefoifeito,setives-se ocorrido em uma assembleia de categoriaoucongressoestudantil,seriachamadodema-nobra.

21.Éestaanovacultura?Écomestapostura,arro-ganteeequivocadaquevamosconstruiranova

erasocialista?Quecorrenteequepartidoque-remosconstruir?

22.Temsidotudotãosemelhante,quedáatéparapensarmos:porissoéquetaisdirigentesfica-ramomissosduranteumlongotemponaAPSesócomeçaramasemovimentarquandoovetobateu em suas próprias cabeças, como, porexemplo,quandoimpuseramonomedacom-panheiraZilmarparaaExecutivaNacionaldoPSOL.

23.E assim, a CNAPS de conjunto sequer tentoucumprir a tarefa que lhe foi delegada pelo VEncontro Nacional acerca da reorganizaçãodomovimentosindicalepopular.Destemodo,obviamente, as dificuldades só aumentaram,assimcomoadesconfiançaentremembrosdareferidacoordenação.

por uma nova prática política...

24.Mas, atémesmo a desconfiança, que é usadacomomotivoparaa situaçãoemquenosen-contramos, seria insignificante se realmenteestivéssemos imbuídos/imbuídasdodesejo edeterminaçãode“enfrentaracrise,defenden-doo legadodaAPSeconstruindoaNovaEraSocialista”.

25.Alguns passos iniciais importantes poderiamserdados. E não é tãodifícil, assim!Bastariaadotarmosumanovaprática,democratizandoo funcionamento das instâncias da APS, bus-cando a construção coletiva, abrindomão doaparelhismo,da centralizaçãoburocrática, doautoritarismo, do personalismo, do narcisis-mo.Bastariamodificarapráticadatentativadeexclusãodaqueles/daquelasquenãoeramvis-tos/vistasporalgunsqueestãoàfrentedaDis-sidênciaedoRosaZumbicomomilitantesdaAPS,massim,como“sindicalistassemmaioresconhecimentossobreosocialismo,aestratégiasocialista,arevolução”.Bastariaabrirmãodavisãodecorrentecomogrupodeamigos.Bas-tariaacabarcomaideiaqueprevalecenaprá-tica,dequeaAPStemumdono–umdirigentenacionalque“nãopodeserderrotado”,chegan-do-seaoabsurdodesedizerparaabaseque“eleéaAPS”.Enãopodemosesquecerdeque,dentreasresoluçõesdoVENAPS,estáareali-zaçãodoplanejamentodacoordenaçãonacio-naldaAPS,aqualfoicompletamenteignorada.

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coordenação Nacional da apS(cNapS), execu-tiva Nacional da apS (eNapS) e Secretaria exe-cutiva Nacional

26.ACoordenaçãoNacionaldaAPSécompostadaseguinteforma:

27.Efetivos/Efetivas:RS–01,PR–01,RJ–01,SP–01,MG–01,ES–03,PA–03,BA–04.Suplen-tes:ES–01,PI–01,MA–01,DF–01,RN–01,PB–01,BA–02,PA–03.

28.Dentreestes temmembroque tem liberação,sem nenhuma discussão na coordenação na-cional.

29.A Executiva Nacional da APS tem a seguintecomposição:PA–01,BA–02,ES–02.

30.Etambém,semnenhumadiscussãonacoorde-naçãonacionalfoicriadoocargodeSecretárioExecutivoNacionaldaAPS,comprofissionali-zaçãopelacorrente,deummilitantequenãofazpartedacoordenaçãonacional,nãoperten-ceanenhumsetorialtidocomoprioritáriopelacorrente,fomentaadivisãodacorrentenoRiodeJaneiroeparticipadasreuniõesdaexecuti-vanacional,naprática,comosemembrofosse,inclusive,coordenandoasreuniões.

31.O que ele não faz mesmo é cumprir com asmaiselementarestarefasdeumsecretárioexe-cutivo.Eolhe,quequemoindicou,foiomaiorcríticodeRodrigoPereira,secretárioexecutivodaAPSbancadopelahojeDissidência,quefica-vaaserviçodomandatodeIvanValenteenãodacorrentecomoumtodo.

32.AsreuniõesdaExecutivaNacionaldaAPSsãomarcadasdeacordocomasdemandasdoPSOLouasconveniênciaseinteressesdealguns/al-gumas.E,comrarasexceçõessãoumverdadei-romartírio,stressantes,devidoàprecariedadedoSkypeouaproblemasnoscomputadoresouno serviço de internet dos/das participantes,que provocam barulho irritante, dificultam oentendimentodoqueéfalado,tornandomui-tasreuniõespoucoprodutivas.

Há uma política de veto e exclusão silenciosa de quem se dispõe a contribuir.

33.QuandosediscutiunaExecutivaas funçõesaseremdesempenhadasporcadamembro,Bri-cepropôsLujanparaaSecretariadeOrganiza-ção, imediatamente Jorgepropôsqueonome

fosseodeBriceequeLujan fosse tesoureira.BriceconcordoucomapropostaeLujandisseque assumiria qualquer função: organização,comunicação, formação, mobilização, menosatesourariaeexplicousuasrazões.Oassuntofoi encerrado. Brice de pronto assumiu a se-cretaria de organização e numa reunião pos-teriorpassouaacumularocargodetesourei-ra, também.É issomesmo:háquase03anosasecretárianacionaldeorganizaçãodaAPSé,também,atesoureiranacionaldaAPS,comumagravante-acontadacorrenteestáemnomedosecretárioexecutivonacional,quenapráti-ca,virouotesoureirosemserdaCoordenaçãoNacionaldaAPSnemdaExecutivaNacional.E,assimcomoosecretarioexecutivonãocumpresuasfunçõesenquantotal,asecretáriadeor-ganizaçãoetesoureira,tambémnãoassumeassuas.Nãofazemsequerasataserelatóriosdasreuniõesparadivulgaçãoparaamilitânciadacorrente.

34.Emreuniãoda coordenaçãonacionalGesa sedispôs a fazer parte daEquipedeComunica-ção,mas fizeram “ouvido demercador”, nun-cafoichamadaacontribuireascontribuiçõesqueenviou foramcolocadasemsegundopla-no,jáquefoicriadaumasenhaqueapenasdoismilitantestêmacesso.OmesmoaconteceuemrelaçãoàLujan,quesepropôsparaaComissãoNacionaldeFormaçãoesórecebeasinforma-çõesnasreuniõesdaENAPSeatravésdaslistasdacorrente.

o que afirmamos no V encontro Nacional da apS sobre nós mesmos/mesmas? a expectativa criada com o racha!

35.Que “nós da APS estamos entre o que há demelhor do acúmulo da resistência à onda dedissolução da perspectiva socialista e de lutaconcreta pelo socialismo e contra a culturaburguesa no nosso país. E, também por isso,somosnecessárioseimprescindíveis.Mastam-bémprecisamos cultivar permanentemente aculturapolíticarevolucionáriaepraticaracrí-ticaeautocrítica.Valorizaraelaboraçãopolí-ticacoletiva,aformaçãopolíticasistemática,eaconstruçãodeumaconsciênciapolíticaonderacionalidade científica,motivação ideológicarevolucionária e paixão se combinem dialeti-camente”.

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36.Mas, até a paixão tem sido desqualificada!Aqueles/aquelasque falam,escrevemeagemcomemoçãoepaixãosãojulgados/julgadase/outidos/tidascomodesequilibrados/desequi-libradas.Chegamaafirmarqueas/osmesmos/mesmas“estãofazendoteatro”.Ecomoocorriaantesdoracha,suaspropostaseposiçõessãoignoradas,deturpadasoudetonadas.

37.Portanto, a “nova era”tão propalada, “a novaculturapolítica”,a“novapráxis”,quetantasex-pectativascriaramsóexistem,mesmo,nas re-soluções.

38.Oquetemosvistoéaantigaburocratização,acentralizaçãoantidemocrática,onãoreconheci-mento,adesqualificaçãodamilitância,respos-tasnalistadespolitizadas,discriminatóriaseàsvezesrancorosas,nãosóemrelaçãoamembrosda coordenação nacional, mas até a Estados,como ocorreu com o Piauí. Brazil expressouumacrítica intitulada“Boicote”ao fatodonãoreconhecimentoeaceitaçãodotrabalhodoEs-tado na formação, com realização de cursos eatividades formativas, comoas realizadascoma participação de Gerson, Lujan, Regininha eZilmar. É quemesmoparaquem fezCursodeFormaçãorealizadopeloEstado,deacordocomo conteúdo definido pela Comissão NacionaldeFormação,comoéocasodoPiauíquefezoCurso1 (básico), vai terque fazermini-curso,se não tiver participado dos cursos regionaisde Formação, que foram realizados no Espíri-toSanto,noParáenaBahia.Brazilaindateveodesprazerde leralegaçõesdeque“Talvez,oPiauítenhasidooestadoquemaisapoiosrece-beudaCNdesdeoVENAPS”,taiscomo:“váriosdirigentesestiveramaípresentes.Demosaindaapoiosmateriais, financeiros, concretos, como,porexemplo,parasuanecessidadedelocomo-ção;paraacampanhade2014;paraamanifes-taçãoSOSRios;esubsídiosparaidadevocêsaocursodeformaçãoemBelém”.Obalançoacer-cadaajudasolidáriaaoPiauí feitoemrelaçãoaapenasumEstadoeemformadealegaçãoédescabidoeincompleto,poisfaladoqueoEsta-dorecebeu,masnãofaladoqueoEstadodoou,também,emformadesolidariedade,comoporexemplo: o enviodemilitantespara ajudarememduaseleiçõesnaBahia (APLBeSindprev),noEspíritoSanto(Sindsaúde),DistritoFederal(Sindprev), Rio Grande doNorte (Sindprev) enoPará(Sintepp).

39.Além disso tudo, observa-se, também, trata-mento diferenciado em relação à militância:criticavammilitantesdeMinasGerais,quede-moraramase filiaraoPSOL,massilenciaramdiantedofatodeummembrodacoordenaçãonacionaldaAPS,doRioGrandedoSul,queédacoordenaçãonacionalnãoterse filiadoaoPSOL,pelomenosatéocursodeformaçãore-alizadonoEspíritoSanto,emjaneirode2014.Odesejodetotalcontrolesobreoquepensaamilitâncianosestadoschegouàseguintepro-postadecaráterstalinista:“Queaslistasgeraisda APS estivessem sendo administradas pormaisdedoismilitantesdaCN,maisofuncioná-rioadministrativo.

40.(paranãoserevasivo,proponhoPP-SP,CarlãoES,comoindicações).

41.-QueaCNtivesseacessoatodasaslistasgeraisestaduaisenacionais–geraisouespecíficas.Aidéiaéque todososmembrosdadireçãona-cionaldaAPStenhaacessoaodebate internodenossaorganização...”.Issomesmo!Enquan-toamilitânciadebasenãotomaconhecimentodequasenada,nãorecebenemmesmorelató-rio das reuniões, raramente é ouvida, algunsmembrosdacoordenaçãonacionalqueremterocontroleabsolutosobretudo!!!...

a relação apS e Sindicalistas...

42.Sindicalistas, com algumas exceções, não sãovistos/vistascomomilitantesdacorrente(os/as mesmos/mesmas que participaram do VEncontroNacionaldaAPSe fizeramcomquenossastesesfossemmajoritáriasnacorrente).

43.Deummodogeral,omovimentosindicalsóévistocomopossibilidadedefavorecimentopo-líticoefinanceiroàscampanhaseleitoraispar-tidárias.

44.Militantes sindicais, especialmentedaSeguri-dadeSocialnãosãovistos/vistascomomilitan-tesorgânicosdaAPS.Aliás,naépocaemquenosdenominávamosForçaSocialista(FS),os/asmilitantesdesteramoeramchamados/cha-madas,àsvezescomumcertodeboche,comoaFSSS(ForçaSocialistadaSeguridadeSocial).E,emborafosseosetororganizadoondeaForçaSocialistatinhaetemmaiorpesonomovimen-to sindical, dentre seus quadros, apenas umtinharepresentaçãonacorrenteenopartido:

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oToninho,doDF,mesmoquandoeste jánãotinhanenhumaatuaçãonomovimento.

45.Comaantigaculturaarraigadananossasocie-dade e o descompromisso com a construçãoefetivadanovacultura,acabamosconvivendocomumapráticapolíticaquepodemosconsi-derarelitista,machista.

46.NasresoluçõesdoVEncontroNacionaldaAPS,afirmamos: “Como diz nosso Perfil e Funcio-namento (P&F), a APS deve continuar sendo“formada por militantes que se reivindicamcomunistas e/ou por lutadores sociais – quesebatemcontraocapitalismoesedispõemalutarpelatransformaçãosocialistadasocieda-de.Dos/dasintegrantesdaAPSseexigeapar-ticipação num trabalho político, preferencial-mentenummovimentosocial,orientadapelasdiretrizesdacorrente”.Atualizandoesteperfil,consideramosquetodomilitantedaAPSdeveserfiliadoaoPSOLeseintegraremsuavida”.

47.Embora nos definamos como uma correnteformada por lutadores e lutadoras sociais eafirmemos a exigência de participação numtrabalhopolítico,preferencialmentenummo-vimentosocial,naprática,seenalteceainter-vençãonaacademiaesesubestimaainterven-çãonomovimentosocial.

48.Há uma concepção de corrente de quadros,preparados/preparadas teoricamente para arevolução, com grande conhecimento teóricosobreosocialismoeaestratégia.Atémesmooscursos de Formação, priorizam certos temas,deixando-sedeladoaformaçãosocialbrasilei-ra,asquestõesdenominadasespecíficas,masque, na prática, conformam o todo da nossasociedade: mulheres, negros, negras, indíge-nas,comtodasuadiversidade:regional,etária,condiçãosexual,dentreoutras.

a apS, a nova cultura política e a construção partidária...

49.Das resoluções do V Encontro Nacional umadasmais importantes é a intitulada“Constru-çãoPartidária:NovaCulturaPolítica,Hegemo-nia,Contra-hegemoniaeaQuestãodoPartido”,aqualtemsidolidaedebatidanosCursosRe-gionaisdeFormaçãodaAPSesidosocializadaparatodaamilitânciadacorrente.

50.Enfrentamosoprocessodepreparaçãoparao

VEncontroNacionaldaAPScertos/certasdeque buscaríamos trilhar, coletivamente, uma“nova era”, que começaríamos a construir, apartir da nossa corrente, “uma nova culturapolítica”.Mas,oquevimos?A conspiraçãoe/ouomandonismo,odesrespeitoeaviolênciacontraaqueles/aquelas–militantesdebaseedirigentesnacionaisdacorrente–quenãosesubmetemàvontadedequemseconsideraousimplesmenteagecomosefosse“otodopode-rosoPRESIDENTEDAAPS”.

51.Nãohouvetréguaemuitomenosbuscaefetivade desenvolvimento de um trabalho coletivo,democrático,fraterno.

52.Eassim,oquetemocorrido,deummodogeral,éaausênciadedebatenabase,poucooune-nhumvaloraoqueédecididopelabase,inclu-sive, desrespeitando-se ou inviabilizando-seo encaminhamentodas resoluçõesdos ativossetoriaisnacionais.

53.Tudoque foi realizado (dois ativos sindicais epopulares,conferêncianacional,ativonacionaldenegrosenegras,encontrodelançamentodacorrentenacional sindicalepopular),o foi,deformabastantetensa,comdisputaincompreen-síveledescabida.Eoqueépior:adisputanãoestavanabase,masnacoordenaçãonacionaldaAPS.Atéondesesabe,exceçãofeitaaoAtivoNa-cionaldaJuventude,quedecidiucriaroPajéu.

54.Ofatoéquesenãoháorganizaçãoediscussãopermanentenabase,seaAPSnosEstados,deummodogeral,funcionadeformaprecária,seospoucossetoriaisexistenteseomovimentosindical e popular não são priorizados pelacorrente,seanossainserçãonosmovimentossociaisdeummodogeralé incipiente,senãodamos conta do conjunto das temáticas rela-tivasàsopressões,adisputa internaacabasetornando relevante, tanto a disputa internadentro da própria corrente, como dentre ascorrentesdeesquerdanopartido.Equemper-decomissoéaAPS,aesquerdadoPartidoeosmovimentossociais.

55.Umdosproblemaséqueaprioridadesemprefoi“eleições”,queocorremde02em02anos,comoobjetivodeelegerparlamentareseexe-cutivos.

56.Alémdestaseleições,aAPSsótemsepreocu-pado,efetivamente,comcampanhadefiliaçãopartidária e metas de delegados e delegadas

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paraosCongressoseEncontrosdoPartido.

57.Procurando entender o que se passa na cor-rente,especialmenteantesdorachade2012,oqueseconstataéquedefato,osmovimentossociaiseossetoriaisnuncaforamumapriori-dadeparaacorrenteequeos/assindicalistassempreforamacusados/acusadasdenãoprio-rizaremopartido.

58.Mas,pergunta-se:Ondeestãoos/asmilitantesque foram para a APS através dosmandatosparlamentares e executivos? No ES, se de 12anosdemandato,tivermosmaisde02militan-tesnaAPStemosmuito.NãoseiqualobalançoquesepodefazernosdemaisEstadosondejátivemose/outemosmandatos.

59.O mesmo balanço, envolvendo sindicalistas,podemos fazer em relação aos candidatos ecandidatasdaAPS.Deummodogeral,deondeboapartedeles/delas vemdasuniversidadesoudosmovimentossociais?

60.Como estão os setoriais da APS? Por que asresoluçõesdeummodogeral,nãosão imple-mentadas? Como está nossa intervenção nossetoriais das organizações nacionais, comocentrais,porexemplo?EnoPSOL?Porqueabase, de um modo geral, não toma conheci-mentodenada,anãosernosmomentosdeen-controsnacionais,quandoseprecisaapresen-tarumateseeelegerumadelegação?

61.Fazemos todas estas afirmações nos incluindo,poisdecertomodo,também,temosresponsabili-dadesobretudoqueocorre,poraçãoouomissão.

62.Quanto às questões do sindical e popular, al-guémpodeperguntar:porquevocêsnãoen-caminharamasresoluções?Algumasvezesatétentamos,masalémdasdificuldadesqueforamapresentadasdesaída,temosacompreensãoesempreadefendemosnesteprocessodereor-ganizaçãodomovimentosindicalepopular,dequeninguémvaiimpornadaaninguém.

63.Podem nos perguntar, também? Por que sóagoravocêsestãofalandoissotudoparaabasedacorrente?ChegamosaoVEncontroNacionaldaAPS,em2012,apósanosdeenfrentamentodiretocomalguns/algumasquehojeestãonaDissidênciaefoimuitodesgastanteparaatodaacorrente.Queríamos,realmente,construiraNova Era e com a decepção, veio, também, acompreensãodequenãoerajustoreeditarmosaqueleprocesso.Valeressaltarquefoiumpro-

cessomuito importanteenecessário,doqualnosorgulhamos,poistinhaumobjetivoexplí-cito:defenderolegadodaAPSeoPSOL.

“Para não dizer que não falei das flores...”

64.Obviamente, a manutenção dos métodos eda prática anterior, não só impossibilitariama construçãodeuma “nova era socialista”, de“umanovaculturapolítica”,comotrariamgra-vesprejuízosàAPS,aosMovimentosSociaiseaoPSOL.

65.AanimaçãoinicialcomaboaaceitaçãodoMa-nifestoPúblicodaAPSecomaintervençãodaAPScomorepresentantedaesquerdapartidá-rianaprimeirareuniãonacionaldoPSOLapósoracha,comopassardotempodeuespaçoàapatia,àfaltadeiniciativapolíticaparaacor-rente e para o Partido e assim contribuímosparaque chegássemos ao congressonacionaldoPSOLsemumacandidaturaúnicadocampo.Asituaçãosónãofoipiorparaesquerda,graçasàposiçãodosparlamentaresdoRiodeJaneiro,osquais,devidoaocaso Janira (eo temordeque omesmo comprometesse o desempenhodopartidonaseleições2014),penderamparaaesquerda,comcríticascontundentesàdire-çãomajoritáriadopartidoeaosinteressesdosenadorRandolph,doAmapá.Destaca-seopa-peldabasedopartido,quegraçasàsuaaçãoantes,duranteedepoisdocongressodoPSOL,olevaramaretirarsuacandidaturaàpresidên-ciadaRepublica,impostanabasedafraudenocongressodopartido.

66.ApesardosesforçosparaarealizaçãodedoisAtivosNacionaisSindicaisePopulares,suasre-soluçõesnãosaíramdopapel.Esuacoordena-çãonacionalsindicalepopularnãofuncionou,atéporque,comoafirmamos“ninguémvaiim-pornadaaninguémnesteprocesso”.

67.O AtivoNacional deNegros e Negras, apesardosseusricosdebates, também, foimuitodi-fícil,poistentaramaferroefogomanteracor-rentenoCírculoPalmarino(CP)–umaparelhodaDissidênciadaAPS,mesmocomosinformesdosestadosquediziamqueoCPnãofunciona-vadefato.

68.OSetorialIndígenanãofuncionou,também.

69.Ressalta-secomopositivooAtivoNacionaldaJuventudeeacriaçãodoPajéu,oqual,estáor-

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ganizadoempouquíssimosEstados,apesardoesforço da juventude daAPS, que não conse-guiuumaliberaçãodacorrente.

70.Destacam-se, também,os03cursosregionaisde formação, queocorreramnoEspírito San-to,noParáenaBahia;osquais,adespeitodaimportânciaficaram centralizados nas mãosdepoucos. E ospontosque sedestacouparaseremmelhoradosnoprimeirocurso,noEspí-rito Santo, permanecem iguais.Há a centrali-zaçãodediversostemasnasmãosdeumúni-codirigenteque,mesmoassim,aindaadentranoespaçodetempodestinadosàs/aosdemaisexpositores/expositoras.Oúltimocursoregio-nal acabou sendo organizado como se fosseumcursodecaráterlocal,poiscomdesculpasdequeeraprecisofazereconomiaedequeaBahia possuía especialistas, foram vetadas aparticipaçãodeLujanMirandaeMarcosRan-gel,quecontribuíramcomocursonoEspíritoSantoenoPará.

71.Diantedetudoisso,parafraseandoapalavradeordemdomovimentodosindignadosdaEspa-nha, afirmamos:“Nunca se pediu licença paramudar a história. Que a basemande!”, e quetransformemos a realidade da nossa própriacorrente,sequisermos,defato,“enfrentaracri-se,defendendoolegadodaAPSeconstruindoaNovaEraSocialista”.

Abrilde2015

Membros da coordenação Nacional da apS

AnaCristinadeSousaVeras(Suplente)

CarlosRobertodosSantos(Suplente)

CleuzaMariaFaustinodoNascimento(Efetiva)

GesaLinharesCorrea(Efetiva)

LujanMariaBacelardeMiranda(Efetiva)

MárcioFreitas(Suplente)

MoacirLopes(Efetivo)

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1. De ummodo geral, sempre tivemos unidadenas resoluções sobre estratégia, socialismo econstruçãopartidária.Emquepontosresidem,então, nossas divergências? Na nossa avalia-ção, nossos problemas perpassam pela de-turpaçãodoconceitodelutadeclassesepeloprocessodeconstruçãodestaluta.Nosencon-tramos presos/presasaométodoe à definiçãodaquiloquenosémaiscaro,detalmodo,queconcepção eprática acabamengendradas emumatramairreconhecíveleindecifrável;espe-cialmentedevidoàtransculturaçãodosméto-dosaosquaisnossentimosligados–leia-seàsreinterpretaçõesmarxianaseleninistasdalutapelocomunismo–nasquaisénegadoomaiselementar aspecto de uma sociedade - a suacomposiçãoe,emespecíficonocasodoBrasil,anossamulticulturalidadeeoprocessohistó-ricodonossopaís.

2. Nestemomentodeprofundacrisefinanceiraeeconômicamundial,ondeadireitaeseusgo-vernos buscam saídas para manutenção dosseus lucros ede seuprojetoneoliberal, afun-dandoosEstadosNacionaiseseusentesfede-rados(Estadosemunicípios),lamentavelmen-teaesquerdapermanecefragmentada,semumprojetoqueaunifiqueecomumadiversidadedeproposiçõesnaperspectivadeumprojetocomunista.Estecenárionoslevaarefletirso-bre a necessidadedenosdespirmosdas cer-tezascomportamentaisedasverdadesabsolu-tas,apresentadasindividualoucoletivamente,quetemcomoúnicoresultadoafragmentaçãocadavezmaioremaisrápidadonossoprojetodesociedade,bemcomo,ummaioraprofunda-

mentodofossoentrenóseasociedade,dandovazão ao aparecimento de buscasmilagrosasatravés das religiões, bem como o ressurgi-mentode sentimentos segregacionistas, ondeoculpadoporqualquerdegradaçãosocialsem-preéo/adiferente.

3. Contribuirparareverterestasituaçãoeredu-zirnossasdiferenças/divergências,éoobjetivodestetexto,queprocurarádialogarindividual-mente com cada camarada, na esperança desensibilizarcoraçõesementes,queseencon-tramimpregnadas de suas próprias verdades,deixandodeladoomaisimportantedanossaluta:acoletividade.

4. Nestatentativadediálogo,ressaltamosagra-vidade da situação em que nos colocamos,pois,nãoconseguimosconcederobeneficiodoquestionamento aos/às nossos/nossas cama-radasdelongajornada,aos/àsquaisinúmerasvezes confiamos a nossa própria integridadeintelectualefísica.

5. Torpeéaexpressãoquemaiscaracterizaesteestágioemquevivemosequebuscamosatra-vésdestetexto,contribuirparaafastá-loena-melhordas hipóteses suplantá-lo demaneiraracionaleconsciente,comoseesperadecama-radasquehá tanto tempo temdedicado suasvidasaumprojetorevolucionário.

Nós e nós mesmos

6. Comodirigiropartidosesupervalorizamosasdivergênciasinternasemnossaorganizaçãoeadotamosumaculturasilenciosaeconsciente

A APS E A CONSTRUÇÃO PARTIDÁRIA“Os homens existem em grande quantidade porque a clas-se operária e camadas cada vez mais variadas da sociedade fornecem, a cada ano, um número sempre maior de descon-tentes, desejosos de protestar, prontos a cooperar de acordo com suas forças na luta contra o absolutismo, cujo caráter intolerável ainda não foi reconhecido por todo o mundo, mas é cada vez mais vivamente sentido por uma massa cada vez maior. E ao mesmo tempo, há falta de homens, porque não há dirigentes, chefes políticos, organizadores capacitados para realizar um trabalho simultaneamente amplo, coordenado e harmonioso que permita utilizar todas as forças, mesmo as mais insignificantes.”

Jo Freeman. Trashing: o lado sombrio da sonoridade

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de negação do debate das divergências, des-qualificação e inferiorizaçãodo/daoutro/ou-tra?Divergirnãoénegaraimportânciadomé-todooumesmodaorganização,muitomenos,alimentar tendências autodestrutivas e simbuscar dentro do debate salutar encontrar ocaminhocoletivodentrodopossíveldeformaagarantiraunidadedaorganizaçãoeasaúdepolíticados/dasseus/suasmilitantes.

7. Temosobservadonosúltimostemposocresci-mentodeumprocessoautodestrutivo,atravésdanegaçãododebateeda imposiçãodeposi-çõesconstruídasdeformaagarantirumouou-troposicionamento,quecontempledetermina-dossetores,semquemesmotenhamosemcontaofuturodanossaorganização.Istoseverificouna emblemática polêmica no setor sindical epopular-atéomomentoumgrandeimbróglio,nãodigerívelpornenhumadasposiçõesapre-sentadas até então. Tal comportamento não éexclusivodeumououtrosetor.Trata-sedeumaculturaquese instalouentrenós,nos levandomesmo amovimentos estranhos! E tem comocentrooseiodacoordenaçãonacional,alijandodeimediatotodaabasedacorrente.

8. Énotóriaacomposiçãodeblocosporafinida-deseanegaçãodaimplementaçãodepolíticas,quando uma deliberação não contempla esteouaquelesetor.Adota-se,assim,umaposiçãointransigente, autoritária, inconcebível numaorganizaçãorevolucionária.

9. Anegaçãododebatedasideiaseoabsolutismodeverdadesquetemsido impostoàcorrentetemnoslevadoaduassituaçõescompletamen-te dispares de qualquer organização que de-sejesonharemconduzirumprocessorevolu-cionário.Negamosodebateabertoehonestoeprotelamosatomadadeposições,comoformadeomissãodiantedesteoudaqueletema,de-pendendodequemoapresente.

10.Assimvemosoassassinatodereputaçõessen-dopraticadonointeriordacorrente,deformanãoapenasanegarodebate;masainda,dedes-qualificar e inferiorizar tais posicionamentosouaqueles/aquelasqueo trazem.Talsituaçãoévistaocasionalmentedisfarçada“pelaretóricadoconflitohonestoouacobertadopelanegaçãodequeexistaqualquerreprovação”.Asistemá-ticaaplicaçãodestemétodoéalgodestrutivoetemapontadoparaaconstruçãodecisões,comconsequências imprevisíveis para o futuro da

correnteemesmoparaos/asmilitantes;vistoqueestemétodonãoapenasdesqualificaoposi-cionamentopolíticodo/damilitantecomotam-bémdesqualificaoseupróprio“eu”.

11.Talmétodo não apenas “detona” o adversárioimediato, mas também, serve como inibidora que qualquer outro/outra militante venhaa questionar qualquer postura e demonstrarqualquerdivergência,conformandoassimumasituaçãodesubserviênciaemandonismointer-noquesesobrepõeaoprincipiobásicodecole-tividadeedeorganizaçãorevolucionária.Oefei-todiretodetalcomportamentonoindividuoéaviolaçãodeintegridade,declaraçãodeinutilida-deecontestaçãodamotivaçãodeste,levandoomesmodiantedecasosmaisextremosacontes-tarsuaprópriaexistênciaparaaorganizaçãooumovimento,ouseja,levaaoindividuoacrençade que é prejudicial aomovimento, restando-lheapenasoseuafastamento.

12.Tais posturas não apenas condenam aquele/aquelaquesetornouvitimaàexclusãodaor-ganização,comotambém,nãolhedeixaopçãono que tange a manter-se na luta, quando omesmo se encontra isolado. Temos exemplosvariadosdecompanheiros/companheirasquehojenãomaiscontribuemcomsuamilitânciae,indiretamente,comsuaomissãofortalecemasociedadeburguesa.Poroutrolado,quandotalposturadeexclusãoestende-seaumdetermi-nadogrupo,oucertonumerodepessoas,per-deseuefeitodestruidorimediatodedegrada-çãodamilitância;masimpõeoostracismoeaqueimaçãofrequentedogrupo,comoformadedesqualificação política ideológica daqueles/daquelasquenãosesubmeteramàlógicaven-cedora/mandonista.

13.Aconstataçãodetalsituaçãonosremeteàne-cessidadedeumbalançocriteriosodasnossasações,comabasedacorrenteenãocomacor-dosdecúpula,atravésdacriticaeautocrítica,para que possamos superar a falácia da dis-persãoesuplantaroabsolutismodasideias,omanobrismo,omandonismoeapseudodemo-cracianointeriordacorrente.Entendemosqueacríticaeautocríticaéoúnicométodopossí-veldesuperaçãodasdivergências,que,deummodo geral, como atestam nossas resoluçõessobre estratégia, socialismo, conjuntura, den-treoutras,não seencontramno campo ideo-lógico. Perpassam por questões individuali-

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zadasenãocolocadasdeformatransparente,enquantoo inimigo comum,mesmoemcrisepermanente,temdemonstradoforçasenosin-fringidodolorosasderrotas;orapornossaapa-tiaeescolhasmetodológicas,orapelafaltadeposturacríticadenossasociedade,oquemaisumaveznosresponsabilizapornãoconseguir-mosdialogarcomamesma.

a nossa responsabilidade frente ao pSol

14.DuranteestesdezanosdeconsolidaçãodoPSOL,cumprimosumpapelfundamentalnamanuten-çãodopartidocomoumaalternativaàesquerda.Noentanto,paralelamente,naprática,poucosecontribuiuparasuperaramaiordificuldadequeoPSOLenfrentacomopartidodirigente–afal-tadeumprojetosocialista/comunista-primei-racaracterísticanecessáriaaquemsepropõeaconstruirumprocessorevolucionário.

15.Relembramos que, inicialmente, a nossa pre-sença enquanto minoria nos desresponsabi-lizava da condução cotidiana do partido, nosliberando para desenvolvermos livrementenossas ações nos movimentos sociais e par-lamento. Ademais, nas disputas congressuaisedeencontros, aboaaceitaçãodenossas te-sespelamilitâncianosgarantiarepresentaçãonosórgãosdiretivos,semquesacrificássemosnossamilitânciaemoutras frentes.Continua-mosminoria,mascomdesafiosmuitomaiores,poisastesesdaqueles/daquelasqueaté2012faziampartedanossacorrente,graçasàmeca-nismosfraudulentos,foramvitoriosasnocon-gressonacionaldoPSOL.

16.Esta política tem comopanode fundoonossoconceitodeorganizaçãodequadros,quenãobus-cacapacitarummaiornúmerodemilitantesnacondução político-partidária, especialmente asmulheres.Dessemodo,sofremosumgrandere-vésaochegarmosaoPSOL,enosdeparamoscomumamilitânciaqualificada,porémreduzidaparaassumiroconjuntodasdiversastarefasnecessá-rias à consolidação domesmo e, consequente-mente,àconsolidaçãodetrincheirasjuntoàso-ciedadenaconstruçãodoprojetosocialista.

17.Emresumo,diantedosataques sofridosedagrande derrota da esquerda, priorizamos amanutençãodos espaços institucionais, espe-cialmenteosindicaleoparlamentar,semqueanossaorganizaçãoeasdireçõesnessesespa-ços conseguissem forjarumnúmeromaiorde

novos militantes/dirigentes; dificultando as-sim um processo de renovaçãonecessária nomovimentosindical,naorganizaçãoenoparti-do.Reconhecemos,respeitamosevalorizamosascontribuiçõeseatrajetóriadosmaisantigos,mas igualmente reconhecemos a necessidadede incorporarmos militantes novos/novas edistribuirmosastarefasquesãoinúmeras.

18.Comaperdadosmandatos,deummodogeral,perdeu-se, também,amilitânciaqueorbitavaemtornodosmesmosecomasdificuldadeseocorporativismo,amilitânciasindicalacabanãoassumindodeformaefetivaasinstanciasdedi-reçãodopartido,vistoqueaquaseexclusivida-dedesuasaçõesnoespaço/instrumentotrans-formou-seemcultura,semacompreensãorealdanovaconjunturaeanecessáriaconstruçãoconcomitante do partido. Nos demais movi-mentos sociais, único destaque segue para omovimentoestudantiluniversitário,cujosmi-litantes via de regra são alçados às posiçõesdeassessoriaparlamentar,(quandoexistentesnasrealidadeslocais).Quantoaosdemaisseg-mentossociais,sãovistosapenascomoapên-dicesdeumprocessorevolucionário,comojádescritoemoutrosdocumentos, sematençãodasdireçõesepiorsema incorporação tantodasdemandascomodaprópriamilitâncianoprocessoestratégicoderevolução.

19.Hámuito tempoamilitânciadaAPSvemsen-do desqualificada, devido a não existência deespaços de discussão e deliberação coletivaspermanenteseàsuanãoabsorçãonosdiversosespaçospolíticos,quase sempredestinadosàsreferênciasdedeterminadasáreas.Destemodo,nãoseconstrói,efetivamente,umacorrentecomquadros estrategicamente preparados para oprocessorevolucionário,eseacabafavorecendoaformaçãodegruposdeamigosedeinteresses.

20.Redefiniçãoderumosurgeparaumprocessode conformação da nossa organização comoforça dirigente do partido. Esta redefiniçãonão se limita apenas no destacar militantesparatarefa“A”ou“Z”e“estabelecermetasparadisputascongressuais”.Faz-senecessárioode-senvolvimento político, programático e orga-nizativodaAPS,ondecadamilitantedestaca-do/destacadaparacumprirumatarefanãosesintasó,enãofiqueàmercêdesuasprópriasdecisõesouainda,sujeito/sujeitaasofrercomasinterferênciasdasdemaisorganizaçõesnos

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espaçosqueestejaocupando.

21.Diantedestapremissa,somosremetidos/reme-tidasàreinterpretaçãodonossopapelrevolucio-náriofrenteaopartidoeàsociedade,intervindodiretamentenaconsolidaçãodoPSOL,ocupan-do suas instâncias, fortalecendo a criação denovosespaçoscomoconstruçãodosnúcleosdebaseeampliandoasuaaçãojuntoàsociedade.Romper com a cultura da militância espaço/aparelho-vigentenãosónamilitânciasindical,mas, também, namilitância parlamentar e nopartido - levando-nos auma interferêncianosdemaissetoresdasociedade,comobairros,nú-cleosdaAuditoriaCidadãdaDívida,fórunsmaisamploscomoodecombateàviolênciacontraasmulhereseouEmDefesadaEducaçãoPúblicaedaSaúde,dentreoutros,pois,oestágioatualdosistemacapitalista e a realidadeda classe tra-balhadoraemtodoomundo,nãopermitemaisqueaesquerdatenhaalutadeclasseoperária/sindical comoúnicopolo centralizador, agluti-nadorecondutordoprocessorevolucionário.

22.A existência de inúmeras frentes na atual con-junturaexigedamilitânciadanossacorrenteanecessária capacitaçãoparauma intervenção emesmo integração desta diversidade, especial-mente no universo sindical, que de um modogeral,comalgumasexceções, temselimitadonocotidiano à luta coorporativa pela redução daexploração capitalista sobreos trabalhadores etrabalhadorasemelhoriadascondiçõesdevidae trabalho dos/das mesmos/mesmas,deixandodecontribuirqualitativaequantitativamente,deformamaisampla,naconscientizaçãoeprepara-çãodasociedadenumaperspectivarevolucioná-riadeconstruçãodatransformaçãosocial.

23.Entendemos que todas estas questões aquiabordadas,quenosdizemrespeitodiretamen-te e impactam demaneira negativa qualquertáticaeestratégiadefinidas,atingemeperpas-samnãosóaAPS,masoPSOLenquantoparti-dorevolucionário.

24.E, embora não explicitadas, estão embasadasnum método equivocado e numa concepçãodeturpadasobreopapeleapráxisdeumacor-renterevolucionária,sobreopapeldopartidoedomovimentoparaatransformaçãorevolucio-náriadasociedade,sobrearelaçãocorrente/partido/movimento social; assim como sobrea lutadeclasseseossujeitosrevolucionárioshoje. Em suma, a APS e o PSOL necessitam,

urgentemente, discutir e construir uma novapráxis revolucionária,ondeas concepções, asações e os métodos estejam em permanenteinter-relaçãoeapráticasejadefato“ocritériodaverdade”.

25.A APS necessita superar suas dificuldades e seconsolidar como uma corrente comunista; sobpenadenãocontribuirparaoavançoeconsolida-çãodoPSOL,tomando-onaprática,simplesmen-te,comoumguarda-chuvaaserdisputadoperio-dicamenteemseuscongressos.Momentoemqueapresentamos nossos conceitos/teses/métodosteoricamentefundamentados,semquetenhamosaresponsabilidadedeconstruçãodestesprópriosconceitosnoseiodasociedade;transformando-osemverdades, fatos e ações a serem trabalhadasnosmaisdiversosespaçossociais.

DiaNte Do eXpoSto, propoMoS:

26.1. Elaboração de um programa de formaçãopermanente em cada Estado, que envolva apartirde sua elaboração, amilitânciada cor-rente,arealidadeeahistórialocal;

27.2.Inserçãodetodo/todamilitanteempelomenosduas frentes de trabalho distintas, tendo comoobjetivo contribuir com a atualização/constru-ção/massificaçãodonossoprojetodesociedadeeconsolidaçãodoPSOLjuntoàsociedade.

28.Considera-se como frentes: organização naqualmilita(organizaçõessindicais,populares,estudantisemovimentossociaisemgeral)edi-reção,setoriais,núcleoserepresentaçãoparla-mentardoPSOL.

29.A participação nos setoriais e instâncias daAPS é obrigatória para todo/todamilitante enãocontacomoumafrentedeatuação.

a apS, o pSol e a diversidade humana!

30.ApartirdaredefiniçãoeconsequentementedainserçãodamilitânciadaAPSnosvariadosse-tores,deve-sebuscaraocupaçãodosespaçosinternosdedireçãoedosespaçosexternosderepresentaçãodopartido.

31.Neste sentido, o fortalecimento dos setoriaisé essencial para a militância qualificada nosdiversossegmentossociais,bemcomo,paraaconstrução de um posicionamento unificadodopartidoparaasociedade.

32.A construçãode espaçosdedebates internos

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noPSOLsobreasvariadastemáticasqueestãopostasnasociedadeéprioritáriaparaaquali-ficaçãodaintervençãodopartido.Portanto,épapel da nossa organização estimular e criarespaços de conhecimento e aprofundamentosobreasváriasdemandassociaisdeformasis-temática, eliminando assim posicionamentosde personalidades ou grupos de intelectuaisquenecessariamentenãorefletemarealidadenaqualamilitânciaseencontrainserida.

33.Acriaçãodestesespaçoslevaráamilitânciaeopróprio partido, ao enfrentamento direto comofortalecimentodeposturaseposiçõesequivo-cadasedesfocadasdarealidade,especialmenteporpartededirigentese/ouparlamentares,queemmuitosmomentosede formapermanentetêmexpostoopartido, colocando-se acimadomesmoedesrespeitandooestatutoeasresolu-çõespartidárias.Aquiosexemplossãoinúme-rosecadavezmaisgritantes,especialmenteemrelaçãoaparlamentares.Mas,nãosãosóestesqueexpõemedesgastamopartido.Posiçõesdadireção, também, têm nomínimo, criado con-fusão e indignação junto àmilitância, como oapoio“crítico”e“indireto”aDilmanosegundoturnodaeleiçãoeoposicionamentode formadébilefrágilemrelaçãoàreformapolítica,quenãoempolgaamilitânciaenãorompecomaló-gicaburguesanocongressonacional.

34.Débil,também,temsidoocomportamentoeotratamento dado a questõesmais especificascomo,porexemplo,mulheres,negros, indíge-nas e a heteronormatividade(“situações nasquais orientações sexuais diferentes da hete-rossexual são marginalizadas, ignoradas ouperseguidas por práticas sociais, crenças oupolíticas”).Comportamentoeposicionamentodébeis, querseja pelo não aprofundamentodetais temas, quer seja pela não compreensãoacerca das particularidades e da importân-ciaestratégicadestessetoresparaoprocessorevolucionário.Muitas vezes nos limitamos aadotardeterminado conceitoouposição, queapresente um posicionamento minimamentecoerentesemanecessáriaanalisedoconceitoembutidoemtalposiçãoeoseueventualefeitorevolucionário.

35.Eassim,pordiversasvezesvemosposicionamen-toscontráriosaosdefendidospelossetoriais,ouaindapior,fortalecendoposturas,posiçõese“li-deranças”quenocotidianonegamonossopró-

prioprojetodesociedade,emaliançaspragmá-ticasquenãoapresentamfuturoanãoserodoacirramentodasdivergênciasentreosdiversossetoresinternosdopartidooudacorrente.

36.O fortalecimento dos setoriais, dos núcleos debase,bemcomo,aaberturadedebatesobreosdiversostemasurgemnointeriordacorrenteedopartidoparaquenãosedêcontinuidadeapo-sicionamentoserrôneose/ouequivocados,comorecentementeseviuenvolvendoummilitantedaAPS,queocupacargodeassessoriaparlamentar.

essa é uma contribuição aberta para uma nova síntese e contamos com gabriel pensador:cHega

37.Chega!Quemundoéesse,eumepergunto

38.Chega!Querosorrir,mudardeassunto

39.Falardecoisaboa,masnaminhaalmaecoa

40.Agoraumgritoeuacreditoquevocêvaigritarjunto(x2)

41.Agenteésacodepancadahámuitotempoeaceita

42.Porradadaesquerda,porradadadireita

43.Étudoflagrante,novasevelhasnotícias

44.Mentirasverdadeiras,verdadesfictícias...Maiode2015

AnaCristinadaSilvaVerasCarlosRobertodosSantos

CleuzaMariaFaustinodoNascimentoEdsonBomfim

EgesonConceiçãodaSilvaEvilásioLacerda

GesaLinharesCorreaJorgeGonçalves(Jorginho)

LídiadeJesusLuísAlfredoGonçalves

LujanMariaBacelardeMirandaMárcioFreitasMarcosRangel

MariaReginaLacerdaMoacirLopes

RomualdoBrazilSandraMariadosSantosSebastiãoJosédeOliveira

SérgioCostaSérgioTadeuSileneLeiros

SílvioFlorentinoWillianAguiarMartins

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Precisamosdeumacorrentecomumamili-tânciarevolucionária,comumaaçãounitáriaequesintavontadedeconstruirofuturocon-

fiandonoscamaradas.

camaradas da apS:

1. Divulgamosaquinossacontribuiçãoparaode-bate sobre Construção Partidária. É uma pri-meira versão, feita para ser submetida a umdebateabertodentrodenossacorrente,aAçãoPopular Socialista. Aguardamos as críticas esugestõesretomarotextoeconstruirumaver-sãomelhoraténossoEncontroNacional.

2. Vivemos uma conjuntura de crise mundial enoBrasil. Umperíodono qual há um avançodaresistênciapopularmundialmente,masqueocorredentrodeumconjuntodecontradiçõesosasforçasdocapitaltambémdisputamentresiebuscamalternativaspolíticasparaenfren-taracriseedarrespostasaoavançodaresis-tência.Masondeesteavançoaindaélimitadoedesigualdepaísparapaís,devidoaopoucoacúmulopolíticoeorganizativodenovas for-çasrevolucionáriasoureformistasradicais.

3. Noplanonacional,tambémcontinuamosnumperíodomaislongoderesistênciapopular,noqual, nos últimos anos, vivemos um avanço.Mascomoaprofundamentodacrise,asforçasdedireitaseassanham,buscandoocuparmaisespaços,tantonaoposiçãoaogovernofederaldoPT,comopordentrodeste.Enoqualane-cessidadedeunidadepolíticadastrabalhado-rasetrabalhadoreséfundamental.

4. Tudoisso,asresoluçõesdaAPStemprocuradotratardemodomuitomaisprofundodoquefoiditoacima.Oobjetivodestetexto,entretanto,nãoéodetratardeconjunturaetática.Toca-mosnissoporqueénestequadroconjunturalcomplexo,queestápostoodesafiodenossoVIENAPS,numdospontoscentraisdesuapauta,quedizrespeitoàconstruçãopartidária,espe-cialmentesobreasituaçãoatualdenossacor-rente comunista. Pois, sem posições políticas

bempostaseverdadeira(nãosódepalavras)vontade política para construir uma unidadenaaçãodemassas,nãoconseguiremoscontri-buircomodevemosepodemosparaoavançodopovoemluta,nemconseguiremosocuparoespaçopolíticoquetemoscondiçõesdeocuparcomocorrenterevolucionária.

breve retrospectiva

5. OprocessoearealizaçãodoVENAPS–Encon-troNacionaldaAPSdemaiode2012-foimui-to duro para nossa corrente. Sofremos duasdissidências, sendo uma delas de um grupoque,mesmominoritárioentreamilitânciadaAPS, tinhaetemumaimportanterepresenta-tividade.Eumoutrogrupoque,mesmopeque-no,tambémtinhapresençasocial.

6. Foi um impacto importante, pois perdemostodos nossos parlamentares e a maioria dosmilitantesqueocupavamcargosdedireçãona-cionaleestaduaisnoPSOL.Mas ficamoscoma maioria da militância viva da APS. E, maisimportante, afirmamosuma linhapolítica re-volucionária reconstruindo nossa coerênciapolítica e criando a expectativa de uma açãounitárianomovimentosocial,navidacotidia-nadoPSOLenaconstruçãodenossaCorrente.

7. Nossasdivergênciaseramprofundas,tantonaestratégia, quanto na tática e na construçãopartidária.Easdissidências,mesmotrazendoumadiminuiçãodenossopesosocialepolítico,nosdeixariamcommaiorunidadeparaavan-çarmoscomcoerênciaesustentação.Essaeranossaexpectativa.

8. Enfrentamosaqueleprocessodemodopoliti-zado,construindotesesnodebateprogressivoentre aqueles que discordavam da linha quevinha sendo implementada pela maioria daCNAPSdeantesdoVENAPS.

9. Comsaídadessesdoisgrupos,aprovamosre-soluçõesdeSocialismo,Estratégia,ConstruçãoPartidária, Conjuntura e Crise Mundial, Con-junturaNacionaleTática,ePerfileFunciona-

colocar a apS No SeU lUgar No aVaNço Da reSiStÊNcia popUlarpropoSta De teSe De coNStrUção partiDária para Vi eNapS

PROPONENTES:BRICE(ES)GERSON(PA)EJORGE(BA)

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mentodaAPS-todasporconsenso.

10.Elegemos uma Coordenação Nacional (CNAPS)eumaExecutivaNacional(ENAPS)tambémporplenoconsenso.

como dissemos nas resoluções do V eNapS:

11.“OVEncontroNacionaldaAPSserealizouemaltonível,debatendotodaapautapolíticapre-vistaeemclimadeforteanimaçãoideológicaefraternidade.Asresoluçõesaprovadassãoumpontodepartidaconsistenteparaarmarnossamilitânciadiantedosenfrentamentosdaatualquadraturahistórica.Reafirmamosolegadodenossosprincípiosestratégicosdelutapeloso-cialismoededemocracia socialista emnossacorrente”.

12.“AAPS(enossasorganizaçõesanteriores,For-çaSocialistaeMCR)temtidoumaimportânciafundamentalnaresistênciadossocialistasre-volucionáriosàgrandeondasocial-liberalquevemseabatendosobreaesquerda.Esteéumfortelegadoaoladodeformulaçõesestratégi-casconsistentesquesemprederamprioridadeànossaaçãodemassas”(VENAPS).

13.AdificuldademaiorfoiemrelaçãoàresoluçãosobreaquestãoSindicalePopular,particular-mentesobreaquestãodaCentralSindicaldossetorescombativos.Oquejáeraesperado,poissabíamos que tínhamos divergências sobreissoenãoconseguiríamosresolverduranteoVENAPS.Mas,mesmoassim,conseguimoscons-truir uma resolução de acordo, e apontamosparaumprocessodedebateposterior(quefoiseguidoatravésdeumAtivoNacionalSindicalePopulareumaConferênciaNacional,realiza-dosemmarçode2013emSãoPaulo).

14.Saímos animados, política e ideologicamente,doVENAPScomaperspectivaderesolverto-das as nossas pendências políticas e avançarnanossa construção, especialmentenomovi-mentosindicalepopular.

a conjuntura apontava para avanço da esquerda

15.Nossasanálisessobreoprocessodecriseestru-turaldocapitalismoederetomadaeavançodaresistência popular mundialmente e no Brasil,queveioaseconfirmarprincipalmentecomasjornadasdejunhode2013,apontavamapossibi-

lidadedaesquerdaavançarnomundoenoBrasileanecessidadedenosprepararmosparaocuparumespaçoimportantenesseavanço.

16.Apartirdaí,nossaprioridadefoi,comoumare-grageralquefoiperseguidasistematicamentepela CNAPS e pela ENAPS, aprofundar nossaunidade política de ação, resolvendo nossasdivergênciasnaquestão sindical e popular; ereforçandonossaorganizaçãointerna.

17.Num primeiro período, tomamos muitas ini-ciativas importantes e tivemos saldos signifi-cativos,emtodasasáreasdeatuação.

18.Nessestrêsanos,tivemosavançosebloqueios,quepodemservistos,numrápidoolhar,aber-to,racionalenãosectário.

19.Nestes três anos, nossa prioridade foi nossaaçãonomovimentosocial.Sempreeinquestio-navelmente.E,comoveremos,pensandonacio-nalmente(mesmoquedemododesequilibra-doentreosestados), crescemosempresençajuntoàvanguardasocial,oquepodeservistotantonoaumentodemilitantesnadireçãodesindicatos e outrosmovimentos, inclusive decategoriasesetoresondenãoestávamospre-sentes; demos passos na ampliação de nossotrabalhodejuventude;voltamosaampliarnos-sapresençanoPSOL,sejanadireçãonacional,sejaampliandoonúmerodefiliadoseinstân-ciasmunicipaissobnossainfluência;voltamosaterparlamentares;edemosavançosrelativosem nossa organização interna.Nomovimentonegro,depoisdeumaativocontrovertidoquetirouresoluçõesburocráticas,nossaaçãoficouparalisada como força política nacional. Por-tanto, só uma interpretação estreita e ranco-rosadosfatos,nãoreconheceriaqueoesforçocentral da APS, e particularmente de nossasinstâncias nacionais (CNAPS, ENAPS e Confe-rência)foicomomovimentosocialecomnos-saaçãounitárianele.

20.Entretanto,nãoavançamoscomoaconjunturapermitia e nós corretamente tínhamos diag-nosticado.Poisvimosquenasciaumatendên-ciadeavançonummomentoemqueatécor-rentesdaesquerdasóviamdefensiva:“existemaispovodispostoa lutardoquevanguardapreparadaparaparticipareorientaressaluta”.

21.E a conjuntura semostroumesmo favorável,masnósnãocorrespondemossatisfatoriamen-teparacapitalizarpolíticaeorganicamente.

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Fizemos um grande esforço de construção co-letiva e unitária

22.Nesses trêsanos, fizemosnove (09) reuniõesdaCNAPSeinúmerasreuniõesdaENAPS.UmaConferência Nacional, dois Ativos NacionaisSindical ePopular; umAtivoNacional deNe-graseNegros;umAtivoNacionaldeJuventude;alémdereuniõesdossetoriaisdemulhereseecossocialistasqueocorreramparalelasàCon-ferênciaNacionaldemarçode2013.Alémdis-so,fizemosumencontronacionalquefundouocampoPajeúdajuventudeeoutroqueaprovouaconstruçãodeumacorrentesindicalepopu-lar(AvançarnaLuta).

23.Portanto,nossosfórunsnacionaissereunirameproduzirampolítica coletivamente comoháalgunsanosnãovíamos.

24.Destacamosquequasetodasasnossasresolu-ções foram aprovadas por consenso. ExceçãoparaadecisãosindicaldaCNemfevereirode2014(quefoiaprovadapormaioria,masquecontoucomoapoiodamaioriadosprincipaisdirigentesdonossotrabalhosindical–queti-nham posições divergentes, mas acordarama resoluçãoque foi aprovada)eaquestãodoafastamentoimediatodoDeputadoDaciolodoPSOL(quefoiaprovadopormaioriadaCNAPS,contraaposiçãodeduascompanheiras).

25.Formamos,numacordomuitodifícil,umaCo-missãoSindicalePopularNacionalnoativodemarço de 2013.Muito difícil, porque foi pra-ticamente imposta por um grupo dentro dacorrente,quandograndepartedosmilitantesdiziaqueelanãoteriacondiçõesdefuncionar.Umgrupoquepassougrandepartedoativosereunindo em separado pra fechar posições ecentralizar sua “bancada”pra votar emblocona instância da corrente. E que praticamenteexigiuque:oueracomoqueriamounãohave-ria unidade. Essa comissão foi reafirmada naCNde2defevereirode2014e,denovo,noati-vonacionaldeagostode2014,semprecomosmesmosmétodos.Mas,comoveremosadiante,essa comissão, depois chamadade coordena-çãonacionalsindicalepopular,nuncasereu-niuparatomarnenhumaposiçãonemaplicarasresoluçõesdosfórunsqueaelegeu.Voltare-mosaissomaisadiante.

26.Tomamosposiçãocoletivasobrepraticamentetodososfatosnacionaispoliticamenteimpor-

tantes que aconteceram, assim comoosmaisrelevantesdavidadoPSOL.

27.Quebramos a paralisia na Formação Política.Foramrealizadostrêscursosintensivosnacio-nais-regionais, de cinco dias cada, que soma-ramcercade100militantesdequasetodososestadosondetemoscoletivos(excetoDFeRN)equeteveapresençadequasetodososmem-brosefetivosdaCN(excetoum).Eaprovamosum plano de formação de base. Isto significaquecercade15%daspessoasqueconstavamdas listas de militantes de 2013 fizeram umcursoumcursodeNíveldeAprofundamento.Foifeitoumplanodeformaçãodebase,quefoipouco aplicado pelas CEAPS.Mas agora, comosminicursospreparatóriosdoVIENAPS,te-remos, certamente, umamaioria significativadosmilitantescadastradostendopassadoporumcursobásico.Aindalimitado,maséumfatoinéditoemmuitosanos.

28.MantivemosumapáginanoFacebookcomatu-alização diária durante todo esse tempo. Foium instrumento para publicizar nossas posi-çõesnacionais, assim como tem servidoparadivulgarnossasaçõespolíticasnosestados,demodoqueomilitantedeumestadopodesaberdealgummodooqueosdeoutrosestadoses-tãofazendo.

29.Tiramosumasériederesoluçõescomodiretri-zesdepolíticadeorganização,naConferênciaNacional, especialmente sobre Formação, Co-municação, Finanças e Vida Coletiva damili-tância.

30.Aprovamosinúmerasresoluçõessobreconjun-turanacionalparaorientarnossamilitância,emmomentosimportanteseemprazosrecordes.AtravésdereuniõespresenciaisoudeconsultaemlistaaosmembrosdaCoordenaçãoNacio-nal(ou,quandomaisurgentes,pelaENAPS,emreuniões virtuais), como durante as jornadasdejunhode2013,sobreaReformaPolíticaen-tãoanunciadaporDilma,acampanhadoPSOLde2014,sobreRandolpheeoutrasdoAmapá,osegundoturno,asmanifestaçõesdosdias13e15demarçoeofensivadadireitaetc.

31.OsquatromembrosdaCNque formaramumgrupo fechado e auto-centralizado para agir,não veem nada disso. Apenas fazem ataquesgeneralizadoseatépessoais,despolitizandoodebate.

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32.Nossamilitância participoude inúmeras gre-ves,mobilizações,manifestações, campanhas,ocupaçõesurbanaserurais,domovimentosin-dical,dejuventudeepopularemseusdiversossetores.SófaltounossaCorrenteSindicalePo-pular existindo realmente, com nossamarca,bandeiraepropostasnasruas.

33.Comodissemosmaisacima,comparadoscomasituaçãodeantesdoVENAPS,aumentamosnossapresençanomovimentosindical,popu-lar e na juventude. Mas isso ocorreu aquémdoquepoderíamosfazersetivessehavido,defato,disposiçãodeumapartedemembrosdaCNemcolocarempráticanossasresoluções.

34.No PSOL, como vimos,ampliamos nossa pre-sença no último Congresso Nacional, quandohouveumaboamobilizaçãodamilitânciaparaasuaparticipaçãoetiramosdelegadosnacio-nais em nove dos 12 estados onde tínhamoscoletivos funcionando na época (só não tira-mos emMG, DF e RN). Tivemos também umpapelfundamentalparaamuitodifícilunidadedaesquerdaduranteoprocessodoCongresso.

35.Voltamos a ter presença parlamentar.Nossosdoisvereadores,FernandoemBelémeHiltonem Salvador, eleitos em 2012, são exemplose referências de uma prática revolucionária,tantona suaaçãodentrodoparlamentopro-priamente dito (projetos, indicações pronun-ciamentos,votações)comonumaaçãocoladaaosmovimentossociaiscombativosquerefor-çaessesmovimentoseajudaalutaautônomaeindependentedopovotrabalhador.Sónãovêquemnãoquer. Em2014, apesar denão ter-mos eleito deputados, tivemos diversas boasperformancesdecandidaturasproporcionaisemajoritárias.Oquejátinhaacontecidotambémemeleiçõesdeprefeitosevereadores (2012)emváriascidadesalémdeBelémeSalvador.E,comoregrageral,nossasmelhorescampanhasforamondetemosinserçãorealepolitizadanomovimento e nossa ação eleitoral melhorounossascondiçõesdeagirnomovimento.

temos bons quadros dirigentes nacionalmente e na maioria dos estados.

36.A realidade é muito ao contrário do que dizduas tribunas que estão circulando (escritaspelo “grupo” fechadoe auto-centralizadoquese formoudentrodenossa corrente) quediz

que a CN só está preocupada em investir noPSOL.AprioridaderealdaCNAPSedaENAPS,omaioresforçopolíticoeorganizativo,semprefoianossaaçãopolitizadaeunitárianomovi-mento, como vimos no esforço de realizaçãodosativosdo setor sindical epopular – alémdestestemasteremsidopontodepautaprinci-paldequasetodasasreuniõesdaCNAPS.

e por que a crise?

37.Então, oquepodeexplicaro fatodenão ter-mosocupadooespaçoquepodíamosocupar?Comoseexplicaqueacorrentequemelhorin-terpretouaconjunturacapitalizoutãoinsatis-fatoriamenteasituação?

38.Então,oquepodeexplicaracrise,queestamosvivendo, e que vem se aprofundando rapida-mente?

39.Oquepodeexplicarque,mesmocomresolu-çõesconsensuaisouacordadas,nãoconsegui-mos colocar empráticanossasprincipaisde-cisõesnomovimento sindical?Eque a “crisepermanente”existentenosindical,alémdenãoseresolver,tomoucontadacorrente?

40.Nãoéfácilexplicar.Porque,seexistiamdiver-gênciasreaissobreestratégiae tática,elas ti-nhamqueseexplicitar.Tinhamquesecolocardemodotransparente.Porquenãoforam?

41.Evidentemente,sópodeexistirumaexplicação.Asdivergênciasnãosãosomentesobreaques-tãosindicalepopular.SãosobreaconcepçãodeConstruçãoPartidária.Existeumproblemadeconcepçãodepartidoejuntoaissoumpro-blemadeconcepçãodecorrente.

Unidade precária

42.Noentanto, apesarde todooesforço realiza-dopelaCNAPSepelaENAPS,nãoconseguimossuperareimpedirqueganhassemproporçõesameaçadorasànossaunidadeasdivergênciasobservadas no processo de preparação do VENAPS, àprimeira vista circunscritas à ques-tãosindicalepopular-particularmentesobrequalacentralqueamilitânciadaAPSdeveriase vincular: CSP CONLUTAS ou Intersindical.Divergências que eram, pelo menos teorica-mente, secundárias e superáveis através dodebate fraterno,namedidaemqueaspartes

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emconflitomanifestavamformalmenteinteiraconcordânciacomosparâmetrosestratégicos,análisedaconjunturaetáticaeconcepçãodeconstruçãopartidáriaaprovadosoureafirma-dosnaqueleencontronacional.

43.Foisobaexpectativadeumasoluçãopactuadaentreasposiçõesdiferentessobreasduasop-çõesdecentral,queserealizaramemmaiode2013aConferênciaNacionaldaAPSeoAtivoSindical e Popular desta corrente, sem que aaparenteunidadeemtornodasresoluçõesfun-damentaisdoVENAPSservisseparagarantirqueocorressememclimaamistosoededebatefranco.

44.Aocontrário,aConferênciaeoAtivoforampa-ralisadosdurantequasetodooperíodoparaoqualforamprogramados,enquantoumgruposemreuniaemseparadoparafecharposiçõesecentralizarsua“bancada”paravotarembloconasreferidasinstânciasdeliberativas;paralisiaquepersistiuatéqueamaioriadosdelegadoschegassemaumacordosobreapolíticaaserimplementada(construirumaNova IniciativaSindicalePopular)eaceitassedelegaracon-duçãodaaplicaçãodasdefiniçõesdoAtivoedaConferênciaaumaComissãoSindicalePopu-lar.Comissãoquenãoteriacondiçõesde fun-cionar,pelograndenúmerodemembrosqueacomporiamepelaindisposiçãodogrupopro-positorparacriarnoseiodamesmaumains-tânciaoperativa(tipoexecutiva).

45.Comoeraprevisível,estaComissãoSindicalePopular revelou-se uma instância artificial einoperante. Uma imposição tacitamente acei-tacomocondiçãoparapreservaraunidadedenossa corrente, mas reafirmada pelo mesmogrupoemreuniãodaCNAPSem02defevereirode2014,queconvocariaumnovoAtivoSindi-calePopularparamarçode2014(queacabousendo prorrogado para agosto). No Ativo deagostodomesmoano,foinovamenterecondu-zidaparacontinuarnãosereunindo:paranãotomarnenhumaposiçãoemuitomenosaplicarasresoluçõesdofórumqueoelegeu.

46.Sedurantedoisanos,apesardetodosospro-blemas internos, tivemosmuitas iniciativas eavançamosmesmoquelimitadamente,nope-ríodo mais recente chegamos ao esgotamen-to. Isso ficoubemmais claroapartirdoúlti-moAtivoSindicalePopular(agostode2014)quando,alémdosproblemasemseuprocesso

deconvocaçãoepreparação;edepoisdetodooesforçodaCNAPSedaENAPS(comtotalomis-sãodaComissãoSindicalePopularNacional)paraconstruirnossaunidade;afraçãoorgani-zadainternasimplesmentebloqueouqualquerpossibilidadedecolocarempráticaasresolu-ções duramente pactuadas; e nãomoveu umdedopraefetivaracorrenteAvançarnaLuta,cujaúnicaatividadefoiseuatodefundação,jáháquaseumanoatrás.Alémdeterexigidoamanutenção de uma Coordenação Sindical ePopularde17membros,eleitadesdemarçode2013equenuncasereuniu,queseriatambéma Coordenação da Corrente Avançar na Luta.Quetambémnuncasereuniunemtomouqual-quertipodeposiçãopolíticaqueorientasseamilitância.O que, numperíodode tanta con-turbaçãopolíticaemovimentaçãosocial,deto-dososmatizes,éumacoisainadmissível.

47.A diferença é que nesse segundo processode Ativo(concluído em agosto de 2014)foi fi-candomais evidente que as divergências emtornodaquestão sindical epopular foramsetransformando num pretexto para manter oimpassequehámuitolimitadrasticamenteasdefiniçõesdaAPSem funçãode todososde-maissetoriaiseáreasdeinteressedacorrente.Issoexplicaporquemilitantesquedefendemamesmaopçãodecentralqueteriamotivadoaexistênciadogrupo(favorávelàCSP-Conlutas)tenhampassadoaser tratadoscomamesmaanimosidadecomquesãotratadososqueop-tampela Intersindical. Uma coisa que parecesemsentido,mesmoporque,comoAPS, sem-pre consideramos as divergências no camposindical epopular secundárias,dianteda con-cordânciaquepareceque temosnocampodaestratégia, da tática e da construção partidá-ria.Alémdeque sabemosquenenhumades-sas centrais está definitivamente credencia-dacomosoluçãouniversalparaaunidadedocampoclassistaecombativo–sendonecessá-riocontinuarlutandopelaunidadedossetorescombativosnomovimentosindicalepopular.

48.Ademais, as reais divergências que opõem ogrupo fechado aosmilitantes que se identifi-camdefatocomoconjuntodasposiçõesfun-damentaisdaAPS, começarama seexplicitarem outros espaços de organização e luta daesquerda,inclusiveoPSOL,comonocasoDa-ciolo.

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49.Apesardetodasessasdificuldades,muitasfo-ram as concessões feitas, pelas instâncias daAPS, ao grupo que se organiza à sua revelia,visandopreservaraunidadedenossacorren-te.Porexemplo,comoafirmamosmaisacima,quasetodasasnossasresoluçõesforamapro-vadasporconsenso.Poucasforamasexceções,comoadecisãosindicaldaCNemfevereirode2014(quefoiaprovadapormaioria,masquecontoucomoapoiodamaioriadosprincipaisdirigentesdonossotrabalhosindical–queti-nham posições divergentes, mas acordaramuma resoluçãoque foi aprovada) e aquestãodoafastamentoimediatodoPSOLdoDeputadoDaciolo(quefoiaprovadopormaioriadaCN,contraaposiçãodeduascompanheiras).

50.Semaisnãoinvestimosemoutrossetoriais,foiporcausadasintermináveisasdivergências(re-aisounão)sindicaisaocuparnossasenergias.

51.ElementosdenossaconcepçãodeConstruçãoPartidária(CP).OpapeldoPSOLedaAPS

52.Nestatese,vamosnosdedicarprincipalmenteaosdesafiosnossoscomocorrentecomunista.Porisso,ésemprebomlembraropapelqueelacumpre, dentro de nossa concepção geral deConstrução Partidária (CP), isto é, principal-menteemsuarelaçãocomoPSOLeasorgani-zaçõesdemassa.

53.Lembremos algumas passagens principais denossasResoluçõesdoVENAPS:

54.“Estepartido,queéoPSOL,porumladoain-danãoéumpartidodemassas;poroutro,nãotem unidade estratégica para ser um partidodevanguarda,nosentidoestratégico,quecen-traliza democraticamente seus militantes; e,finalmente,nãoénemmesmoaindaum“par-tido”, no sentido mais rigoroso e restrito dotermo.Separecemaisaumaorganizaçãopo-lítico-partidária tipouma frente de correntesouumpartidodecorrentesouumafederaçãodecorrentesouumpartidodefrações.Istotrásmuitascontradições,problemas,dificuldadesecrises.Entretanto,oPSOLpassouaser,apartirde2004,amelhoropçãonocontextoatualdaesquerda e dosmovimentos sociais noBrasil–ondeogrossodoacúmuloapartirdacrisedaditadura,foicarreado(atravésdoPT,doPC-doB,doPSB,daCUT,daCTB,doGovernoLula-Dilmaedeváriasoutrasorganizaçõespopula-res)paraaviabilizaçãodainéditaestabilização

dahegemoniapolíticaburguesanoBrasil”.

55.“O PSOL é, assim, uma organização político-partidáriaquepode–sejanalutainstitucional,seja combase em campanhas emobilizaçõesdemassa (porcontaprópriaoucomaliados)– encarnar de modo mais amplo a oposiçãoprogramáticadeesquerdaaogovernofederal(Dilma-PT e aliados), estaduais emunicipais.Tanto deste bloco governista federal, comodaquele articuladoem tornodoPSDB-DEMO.Sendoassim,oPSOLcumpreumaparteimpor-tantedalutaporuma“NovaCulturaPolítica”.

56.“Mas, seoPSOLé realmenteum“partidone-cessário”–e,podemosdizer,atémesmoindis-pensável–entretanto,nãoésuficienteparadarcontada complexidadedeumaaçãopolitica-mente eficaz dos comunistas revolucionáriosnasuaaçãoconcretana lutasocialepolítica.Muitomenos,paraaformaçãopolíticaeideo-lógica dosmilitantes comunistas, pois somosigualmente indispensáveis. Isto significa,por-tanto,que,nestecontexto,oscomunistasrevo-lucionáriosnãopodemabrirmãodesuascor-rentes organizadas próprias, com ação tantonoPSOLcomodiretamentenosdiversosmovi-mentos sociais, buscando cumprir aquiloqueoPSOLnãoestá tendocondiçõesdecumprir.Evidentemente,gostaríamosqueoPSOLfosse,aomesmotempo,umpartidodevanguardaedemassasequecumprissetodasastarefasdaluta.Elutamosporisso.Masarespostaorgâ-nicaquealutapelosocialismoexigehojenãopode esconder a realidade do que o PSOL éhoje”.

57.“Sendoassim,sãotrêsoscaminhosorganizati-vosnecessáriosparaumagircoerenteeequili-bradodemodoaacumularestrategicamente(enãosomenteimediatistamente):aAPS,oPSOLeasorganizaçõesdalutapopular.”(TrechosdasResoluçõesdoVIENAPS–maiode2012).

58.Nós concordamos com nossa concepção deConstrução Partidária construída e aprovadacoletivamenteemnossoVEncontro.É funda-mentalasuareafirmação.

59.Elacompreendequenossaaçãoorganizada,co-moreafirmamosemnossaresoluçãodaConfe-rênciaNacional,partede:

60.“Agora precisamos fazer um balanço de tudoisto e retomar um processo de construçãoorgânico que, como afirmamos noV° ENAPS,

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combineaconstrução1)“doPSOLcomopar-tido socialista,democráticoedemassase al-ternativadeesquerdaparaoBrasil;2)daAPScomocorrentecomunistarevolucionáriaorgâ-nica,comcapacidadedeconstruirumadireçãocoletivadoPSOL,dirigiraaçãodenossosmili-tantesnosmovimentossociais,nasociedadeci-vilemgeralenosparlamentoseoutrasesferasdasinstituiçõesestatais;3)edasorganizaçõespopularescombativas,independentes,autôno-maseanti-capitalistas–indispensáveisparaoacúmulo estratégico”.(Trechos das resoluçõesdaConferênciaNacional–marçode2013)

61.Precisamos de uma corrente com uma mili-tância revolucionária, comuma ação unitáriaequesintavontadedeconstruirofuturocon-fiandonoscamaradas.

62.Precisamos de uma corrente que forme inte-lectuais orgânicos da luta das trabalhadorase trabalhadores: formuladores, educadores eorganizadoresdalutapopularcontraaexplo-raçãocapitalista,adominaçãoburguesaetodotipodeopressãomodernaoumilenar.Quees-tejamnalutacotidiana,masnãosejamsimplestarefeirosqueseguemaordemdeumchefe.

Não é fácil construir a organização que que-remos:

63.Sabemosquenãoéfácilconstruiraorganiza-çãoquequeremos.Asociedadeéburguesaeaideologiadominanteéburguesaeaindacheiade elementos ainda mais retrógrados. Alémdisso,aideologiaburguesaimpregnaasorga-nizaçõespopulares.

Como afirmamos nas resoluções do V eNAPS:

64.“A “Nova Cultura Política” não é somente umprogramadeobjetivosaconquistareumanovaplataforma de lutas imediatas a defender. Éisto,mastambémumapráticapolíticacoeren-tecomesteprogramaeestaplataforma.NovaCultura, significanovaspráticas,ouseja,umapráxisque,conscientemente,enfrenteacultu-raburguesanaquilocomoelasemanifestanoseiodopovo,nosmovimentossociaisorgani-zadosenasprópriasorganizaçõesdeesquer-da,socialistaserevolucionárias”.

65.“Poisovelhotambémestápresentenasorga-nizações operárias, camponesas, populares,socialistas, comunistas, reformistas e revo-

lucionárias. Individualismo, autoritarismo,mandonismo, pragmatismo, oportunismo, in-teresses pessoais acima dos coletivos, perso-nalismo,desrespeitoàprópriademocracia,re-presentantes/dirigentes que se autonomizamemrelaçãoàsbases,empreguismo–cooptaçãoviaempregosecargos,brigaporstatusepres-tígio pessoal, prática política de fato liberal,faltadedisciplinapolítica,práticasmachistas,racistasehomofóbicas,faltadesolidariedade,fraudes, corrupção. Infelizmente, em graus ecombinações diferenciadas, são práticas po-líticasnegativasquecontinuampresentesemmuitosmovimentos,coletivos,partidosdees-querdaecorrentescomunistas.E,sendoobs-táculosparaaconstruçãodeumaNovaCulturaPolítica,precisamserenfrentados.”

66.“NovaCulturaé,portanto,umapráxisdecríticaeauto-crítica.Dadisputapolíticaedalutaide-ológicafraterna,masnecessáriaeindispensá-vel.Exigeopapeldacrítica,dacriatividade,datransparência,doespíritodeiniciativaedade-mocraciaverdadeiraemnossasorganizaçõesemovimentos.”

67.“A luta por uma Nova Cultura Política se fazdentro de condições objetivas e subjetivasgerais.Masnuncase realizarásema lutadasmassaspopulares e sema vontadede indiví-duos com forte motivação ideológica e comuma compreensão racional da realidade – eque estejam coletivamente organizados paraenfrentaretransformarestascondições.Daí,anecessidadehistóricaeatualdaaçãocoletivadavanguardapolítico-ideológica.DaítambémaimportânciaqueaAPStemhoje.Danecessi-dadede revermosnossapráxis, identificandoe lutando para transformar a cultura políticatambémdentrodenósmesmoscomocoletivo”.

68.“Portanto, se não devemos ser voluntaristasnemultra-esquerdistas,tambémnãopodemosabdicardacompreensãodequeavontadepo-lítica éumelemento fundamentalparanossaação.Semvontadepolíticacoletivaeindividu-al,nadaseráconstruídorevolucionariamente.Pois somos coletivos,mas tambémsomos in-divíduosmilitantesquetemumpapelnahis-tória.Indivíduossemvontadepolíticadesupe-rar asdificuldades,que sucumbemaela, queacabamseadaptandoaestasdificuldades,nãoconseguirão construir um coletivo com von-tadepolíticadesuperação.Eumcoletivosem

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esta vontade política será sempre um cons-trangimento,umobstáculopolíticoeideológi-coparaaelevaçãodamilitânciaaumapráxisdesuperação.Ouseja,paraumaaçãoculturalradicalmentetransformadora,nãosomentedasociedade, mas inclusive de nossos próprioscoletivos(comoaAPSeoPSOL)edenósmes-moscomoindivíduos-militantes-coletivos”.

69.“Esteéo legadodenossacorrente,nossahe-rança e nossa tradição, que hoje precisa en-frentarconcepçõesepráticasadaptacionistaseorganicamentediluidoras.Poisnossaideologiatambémvai se formandoapartirdamaneiracomonosorganizamoseagimos.Dificilmentepodemosconstruirumaculturapolíticaavan-çada,emancipadora,nãoindividualista,senos-socoletivonãoagecoletivamenteenãoproduzcoletivamente.Precisamossemprecompreen-der as realidades concretas, atualizar nossapolítica e nossas formas de organização.Masnão podemos nos “adaptar” a esta realidadefragmentadaeoptarmospeladiluiçãopolíticaeideológica.”

70.“Portanto,nossopapel,comovanguardapolíti-caeideológica,éfazeraformaçãopolítica,es-tudarateoriaearealidadeparaidentificaroselementosmaisavançadoseasraízesreaisdautopia.Econtribuirparaocrescimentoeeleva-çãodaslutasedoslutadores.Mas,sóconsegui-remosfazeristoseestivermosdentrodaslutas.Nãosomentecomoapoiadores,mascomoluta-doresdentrodaslutas.Porisso,anecessidadeatualdeimplementarmosostrêseixosorgani-zativosdenossaação,naconstruçãopartidáriaenalinhademassas:aAPScomocorrenteco-munistaorganizada;oPSOLcomopartidoso-cialistademassas;easorganizaçõespopulares– indispensáveis para o acúmulo estratégico”(TrechosdasresoluçõesdoVENAPS).

Democracia e Unidade de ação

71.Nossasposiçõespolíticaseideológicasdevemseraexpressãodenossaidentidade,denossamarcasocialepolítica.Enossaunidadedeaçãodeveseraexpressãodessasposiçõesedessaidentidade.Unidadequeadmitedivergênciasedebatepolítico,comoestábemnítidoemnosso“PerfileFuncionamento”(P&F).Eissorequertransparência política. Disposição de debaterentretodossemacriaçãodefeudosdentroda

corrente.Requerfranquezarevolucionária.Re-quer cumprimento de resoluções aprovadas,porconsenso,poracordooupormaioria.

72.OqueestáescritoemnossoPerfileFunciona-mento, é a expressão do que os revolucioná-rioschamamdecentralismodemocrático.Quenão é nem um centralismo burocrático, nemumadiluição,nemo liberalismodeesquerda.Aunidadedeaçãoéumdesafiopermanente.Quandonãoháumaverdadeiradisposiçãodeunidadedeação,nãoháregimentonemestatu-toqueresolvatotalmenteisso.Casocontrário,issoficasomentenaspalavras.

73.Odesafioestáemqueopovotrabalhadorpre-cisaunificarsuaaçãoparaenfrentarocapital.Ocapitalestáconcentradonaeconomiaeseusinteressescentralizadosnoestado.Eagrandemídia,asescolas,asigrejaseoutrasorganiza-çõesdasociedadeciviledoestadosãoosprin-cipaisinstrumentosdedifusãodosinteressesedasposiçõesideológicasburguesas.

74.Nósprecisamosdemuitaunidadeparaenfren-tartodaessamáquinaburguesa.Eprecisamosde democracia, para o debate, as discussõesa elaboração política e a tomada de decisõescoletivamente.Umaorganizaçãonacionalnãotemcondiçõesde funcionare tomardecisõesdemodo totalmente horizontal. Tem que serum processo dialético entre base e direção.ComoestáemnossoP&F.Semprepoderáha-ver tensõesnesseprocesso.Haverá situaçõesnasquaisépossívelmaiorconsultaeoutrasdedecisõesmaisurgentes.

75.Isto está bem formulado em nosso P&F, cujaredaçãofoiformuladaeescritapelocamaradaGenildoBatista:

76.“O funcionamento daAção Popular Socialistasó se justifica se fordemocrático. Isso supõe,entreoutrascoisas: i)atividadesregularesdeseus fóruns internos; ii) convocaçãode todososrespectivosintegrantesparaasreuniõesdosfórunseorganismos internos; iii)garantiadedebateorganizado,fraterno,transparente,comdireitoaexpressãodetodos/todasincluindoonecessáriorespeitoaosdiversospontosdevis-ta.Agarantiadeumtalfuncionamentodepen-de do esforço e participação de todos/todas,especialmentedascoordenações.”

77.“As posições da Ação Popular Socialista sãoaquelasdefinidaspormaiorianosseusfóruns

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legítimosedemocráticos.Osmilitantesdacor-renteconsideramqueessasdecisões,indepen-dentementeounãodehavercontrovérsia,sãoopçõespordeterminadadiretriz, linhaouen-caminhamentopolíticosaterprioridadeparaser testada na prática. Não necessariamentesãoexpressõesdaverdade.Razãopelaqualosintegrantes da corrente têm acordado entresique:a)deveexistiromaisamplodireitodeexpor internamente suas posições; b) que asdecisõesmajoritáriasdacorrente,sãolevadasàprática, lealedisciplinadamenteportodos/todas; c) eque semanterãosempreabertos/abertasamudardeposição,apartirdeumare-avaliaçãocoletivaeorganizada,diantedaquiloqueapráticamostrarserincorreto.”

78.“SãoinstânciasdedeliberaçãodaAçãoPopularSocialistaosencontrosdemilitantes(nacional,estaduais,municipais,setoriaisetc.),asConfe-rências (reuniões extraordinárias integradaspelaCoordenaçãodeumdeterminadonívelerepresentantes eleitos/eleitas pelos coletivosdo âmbito geográfico inferior para resolvercommaiorparticipaçãoquestõesqueaCoor-denaçãoouosEncontros indicarem)ascoor-denações(nacional,estadual,municipal,seto-rialetc.)eos fórunsdemilitantes,desdequedevidamente convocados e/ou reconhecidospelascoordenações.”

79.“No intervaloentreumencontroeoutro res-pondepelaAPS a sua CoordenaçãoNacional,que, pormaioria simples, tem a competênciade desdobrar e zelar pelo encaminhamentodasposiçõesdosencontros.

80.“O encontro nacional ordinário realizar-se-ápelomenosacadadoisanoseéconstituídoporrepresentantesdos/dasmilitantesdacorrente,eleitos/eleitassegundocritériosquelevememcontaapenasacondiçãodemilitantedaAPS,fi-candoacargodaCoordenaçãoNacionalestabe-leceraproporçãoparaeleiçãodedelegados/ase outrasprovidênciasnecessárias à realizaçãodosencontros(estaduaisenacional).”

81.“Aregrageraldefuncionamentodacorrenteéaseguinte:asdeliberaçõesdoencontronacio-nal sobrepõem-se àquelados encontros esta-duaiseasdestesàsdosencontrosmunicipais.Amesmahierarquiaaplica-seà relaçãoentreascoordenações.”

82.“Ascoordenaçõesdevemsereleitasapartirde

critérios de capacidade política, organizativa,demobilização e formulação.Danecessidadeconcreta de articular e construir cotidiana-menteaAPSnossetores,regiõesemunicípios,bemcomodaparticipaçãonasfrentesdeatua-çãoprioritárias.”

83.“Emnível debase, amilitânciadaAPS se ar-ticulaemcoletivos,denúmerovariáveldein-tegrantes, estruturados setorial, territorial,tematicamenteetc.,sobdireçãoeacompanha-mento da respectiva coordenação.” (TrechosdoPerfileFuncionamentodaAPS).

84.86.Umacorrentecomoanossa,relativamenteaberta e com critérios demilitância nembu-rocráticosnemcartoriais,nãopodefuncionarsemconfiançapolíticainterna.Sópodefuncio-narsemconspiraçãointerna.Nãopodefuncio-narcomapráticademesmosmétodosqueseusana lutacontraoutrascorrentes.E,menosainda, commétodos que devem ser combati-dosatémesmodentrodoPSOLedomovimen-to.

85.Nãoépossívelhaverumacorrentepermanen-tedentrodeumacorrente.Jásomosumacor-rentedeumpartidodecorrentes.Seumgrupodemilitantesdeumacorrentedeumpartido,considera que tem tal volume e intensidadede divergências com sua corrente, ao pontodeformarum“agrupamento”,“bancada”,“gru-po”,“bloco”ou“campo”nacionalepermanentedentrodela; que se reúnedemodo separadodosoutros(emsegredo,ouseja,demodocons-pirativo),sistematicamentecomonosAtivoseConferênciaNacional;equedecidememblococomovotamesecomparecemousevãoounãonasreuniõesdaCNAPS;porquenãoseconsti-tuirlogocomoumacorrenteprópriadentrodopartido?

86.MaséissoquetemoshojedentrodaAPS.Uma“correnteorganizada”dentrodacorrente.Umgruponacionalqueprovocaumadisputainter-minável, que acaba criando o que gerou: umgruposectário.Que,aoinvésdefazerodebateeadisputadepolíticas,deproposições;aoin-vésdepositivoeconstrutivo,baseadonacríti-caeautocrítica,prefereapráticadosataquespara destruir os outros. Chegando ao limitedosataquespessoaismaisdespolitizados.

87.Existe hoje um grupo organizado dentro daAPS,queéumgrupo fechado.Que reúnesua

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“bancada” pra fechar posições e centralizar“seus”militantes nos fóruns internas da cor-rente.Quetemesquemasdecomunicaçãopró-prios,fechadosaosoutrosmilitantes.Quenãogaranteacirculaçãodeposiçõesoutrasparaas“suasbases”.BasesquedeixamdeserdaAPSparaseruma“bancada”dafração.Quetemes-quemasdeapoiofinanceiropróprioparasuasações;quedefinecritériosprópriosderecruta-mento(nocasobemmaisdiluídos);equenãoabreasinformaçõessobreoperfildessesmili-tantesparaoconjuntodaAPSnemparaseusfórunsdedireção.Que,nasdiscussões,parecequenegaocentralismodemocrático,masqueacaba centralizando burocraticamente “sua”militânciaparaasdisputasinternaseaçõesex-ternas.

o que fazer? quais as medidas necessárias?co-locar a apS no seu lugar, no avanço da resis-tência popular

88.Comoenfrentaressasituação?Nossaspropos-tassãosimpleseemgrandepartejáconheci-dasdenossamilitância.Eempartejátêmsidodiscutidaseaprovadasemnossasinstâncias.

89.Onossoobjetivo é colocarnossa correntenolugarondeeladeveestar, sendoprotagonistadentrodoAvançodaResistênciaPopular.Con-tribuindopara seu avanço e avançando juntocomomovimento.

90.Antes de tudo, reafirmamos nossa concep-ção de construção partidária aprovada no VENAPS, especialmentenoque tange aopapelque tem a APS, o PSOL e as organizações demassas(comovimosmaisacima).

91.Terumavidacoletivaemtodosossentidoscommilitantesconscientesdeseupapelerecruta-mentopolitizado.Masnossavida coletivanãopodeser“devezemquando”.Quandotemativoouencontronacionalparatirardelegados.Ousópraencaminharasaçõesdiretamente liga-dasàcategoriaousetor.

92.Oscritériosdemilitânciadefinemumrazoávelcompromissoededicaçãoàcorrente,suamis-são,seusobjetivos,àsuavidaequeconcordeempraticarsuapolítica.Quecontribuafinan-ceiramente;passeporformaçãopolíticaregu-larepermanente;esecomprometacomadifu-sãodenossasresoluçõespolíticas.

93.Colocar emprática nossadecisãode ter umacorrente Sindical e Popular que realmenteexista e funcione (conforme aprovamos aoconstituiraAvançaraLuta)nadisputanalutadeclassesedemassas,enãoficarsomentenopapel.Darprioridadedefatoanossotrabalhode juventudepara fazerdoPajeúumagrupa-mentoforteeprotagonista.Paraisso,éprecisoliberarnossasenergiashojepresasaumalutainternainterminável.

94.NossoVIencontrodevebuscarlocalizaredeba-terdemodofrancoasdivergênciasexistentes,sobretudoemrelaçãoàConstruçãoPartidária,resolvendodeformaefetivaetransparenteosimpassesquetêmnosimpedidodeavançarnalutadostrabalhadoresetrabalhadoras.

95.APolíticadeOrganizaçãoaprovadaemnossaConferênciaNacional (quedestacaFormação,Comunicação, Finanças e vida coletiva) devesercolocadaempráticaatéarealizaçãodeumSeminárioNacionaldePolíticadeOrganizaçãoePlanejamentoquedevefazerumbalançocri-teriosodesseúltimoperíodo,desuaaplicaçãoefazerasmudançasnecessárias.Eledeveserrealizado antes do final do ano. Com partici-pação da Coordenação Nacional eleita no VIENAPS ede representantesde todosos esta-dos, que devem fazer esse balanço do modomais amplopossível em cada estado e trazerassuaspropostas.Nissoseincluitantoasme-didasdeorganizaçãointernacomoosproces-sosdepolíticassetoriais.Reorganizandotodoseles,compolíticasparaaaçãodemassa;dispo-siçãodeação;eorganização.

96.EsteSeminárioNacionaldevetratartantodasquestões organizativas internas, como plane-jararealizaçãodeativosdenossasfrentesdemassa, como sindical, popular, mulheres, ne-gros,LGBTejuventude.

97.Manterumapolíticadecontribuiçãofinanceiradosmilitantes,paranossaautosustentaçãoin-dependente–quepodeserreavaliadaemsuasmodalidades, mas não deve ser extinta, poisumaorganizaçãode classedas trabalhadorasetrabalhadoresnãopodemantersuaindepen-dência sem a contribuição financeira de suamilitância.

98.Para que tudo isso funcione, precisamos nosvoltarparao futuro comumolhar revolucio-nário;terospésnochãoparadefinirpolíticas

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organizativas praticáveis; assumir a vontadecoletiva para colocar as decisões em prática;nosdisporadarumacontribuiçãopessoalaosprocessos de debate coletivo; de assumir asposições que predominem; ter capacidadedeautocrítica.Enfim,terumespíritode,antesdetudo,confiarnoscamaradas,poisprecisamosser uma organização de camaradas e não deadversáriosinternos.

99.Compreender que não é possível fazer isso;não é possível colocar em prática nem umaaçãopolíticademassasregular,nemumapo-líticadeorganizaçãointerna,quandoexistein-ternamenteum“grupoorganizado”,“bloco”ou“campo”ou“bancada”agindocomooposiçãopermanenteebloqueandoasdecisõescomasquaisnãoconcorde–comoocorrehoje.

100. Precisamosdeumacorrentecomumami-litânciarevolucionária,comumaaçãounitáriaequesintavontadedeconstruirofuturocon-fiandonoscamaradas.

101. Colocar aAPSonde ela deve estar dentrodoAvançodaResistênciaPopular!

102. Contribuirparaoavançodomovimentoeavançarjuntocomomovimento!

103. ParaAvançaraResistênciaIndígena,Negra,Feminista,Ecossocialista,daJuventude,Popu-lareContraTodasasOpressões!

ousando lutar, Venceremos!

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Introdução

1. OsprocessosdaslutassociopolíticasnoBrasilnãolevamemcontaoprocessodecolonizaçãoportuguesa,ondeapopulaçãoindígenaenegrasofreramaspioresdegradaçõesquepodemseraplicadasaumserhumano.Limitam-seàexis-tênciadaslutassociopolíticasapartirdache-gadadosimigranteseuropeusquevieramden-trodeumprocessodelimpezaétnicabrasileira– embranquecimento.Esteprocessodenega-çãohistóricanãoapenaslimitaopotencialdeinserçãodaprópriaesquerdabrasileiracomosecaracterizaconiventementecomoopressoradaspopulaçõesmarginalizadasetnicamente.

2. Adefesaexclusivistadofimdasclassessociaisnão tendoemconta todooprocessodemar-ginalizaçãoaqueseencontramsubmetidasaspopulações indígenas e afro-brasileiros, ter-mina por se limitar a fortalecer mesmo queindiretamenteummodelode sociedadeondeamaioriadapopulaçãonemmesmoéconside-radaclasse,seencontrandodentrodoconceitomarxistanaqualidadedelumpen.

3. Estaqualidadedelumpen,acrescidaaopassa-dohistóricocaracterizaacompletanegaçãodehumanidade aomesmo tempo em que refor-ça o conceito de transculturação demodelossociaisparaoBrasilenãodiferedequalqueroutro,negandoaespecificidadeúnicadenossopaís,nossamulticulturalidade.

4. Ariquezacontidaemnossamulticulturalidadeautonegadapor parte danossapopulaçãodedescendência europeia, buscamanter aproxi-maçãocomospaíseseuropeusea superiori-dadeétnicadepartedestes, enquantopara aesquerdatalnegaçãomesmoencontrandoas-pectos da autonegação burguesa, esta tem oseulimitenalutaclassistaeeconomicista,semlevaremcontaoconceitohumanistaemuitasvezes limitandoesteconceitohumanistaàde-claraçãodedireitoshumanosqueporsisójáse mostra classista e egocêntrica, combatida

deste seu protótipo na Revolução Francesa,porMarx.

5. Entendemosqueareconceituaçãodospadrõesdaesquerdabrasileiraévitalparaumprocessorevolucionário,oqualnãoexistirásemestare-conceituação,que significaoestabelecimentodiretodeumdialogocomanossamulticultu-ralidade,seinserindodeformafrancaediretacomasdiversasformasderesistênciadopovo.

6. Nãoobstante,nuncaédemaisressaltarqueosconflitos étnicos sempre são utilizados pelahordacapitalistacomoinstrumentoparasub-missãodepovosnosquatrocantosdomundodesdeo seuperíodoembrionário,ou seja,napassagem da Idade Média à Moderna, comopodemos verificar na conjunturamundial, oscasosdospaísesAfricanos,comdestaqueparaaNigériaeaUcrânianoLesteEuropeu,asduascobiçasdoimperialismoyanqueeseusparcei-rosdaUniãoEuropeia.

7. Nas guerras étnicas,que tomaramem parteoantigoconceitodeguerrasantaoucruzadas(a-firma-seemparte,porquemesmotendocomoobjetivocomuma implantaçãodesua ideolo-giaesubserviênciadospovos)nemsempreseencontraexplicitooconteúdoreligioso.

8. Em determinados momentos este conceitotambéméutilizadodeformaafomentaroódioreligiosoeanecessidadedeintervençãomili-tardaspotenciasmilitaresedosistemahege-mônicoeconômico,comopodemosverexplici-tamenteaotratar-sedoOrienteMédio.

9. Importante ainda destacarmos que, mesmocomatitulaçãodeguerrasétnicas,estasacon-tecerame acontecememdeterminada regiãogeográficaeentrepovosdamesmaorigem.

10.Podemos exemplificar que, durante o avançodaexpansãoterritorialestadunidense,houveoestímulodaguerraentreapopulaçãoindígena;naexploraçãoecolonizaçãoafricana,entrepo-vosnegróidesenaquedadasrepúblicassocia-

A CENTRALIDADE DA LUTA ETNICO-RACIAL NA REVOLUÇÃO BRASILEIRA

Edson Bomfim1

___________________________1Edson Bomfim, militante do Movimento Social Negro, Presidente Municipal do PSOL em Vitória/ES, membro da Executiva Esta-dual da Ação Popular Socialista e Coordenador de Formação do Setorial Estadual de Negras e Negros do PSOL/ES

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listanoLesteEuropeu,entrepovosarianos,ouseja,estenãoéumfenômenoapenasdecolora-çãoepidérmicaesimdeafirmaçãodeumapo-líticavoltadaàdestruiçãodeculturaseformasdevidaquenãoseenquadremnopadrãoeuro-cêntricodevida,ouseja,aosistemacapitalista.

processo de submissão brasileira após a saída do sistema escravocrata

11.Nãosefaznecessárioaquiretomarmosopro-cesso histórico da escravidão no Brasil, noentanto, merece destaque a passagem destesistemaaoembriãodesociedadecapitalistaesuasubmissão,comosociedade,aumsistemaeconômicoeasuaautonegaçãoenquantotal.

12.Tal processo, ainda recente entre nós, tem oroteironovelístico,mesmoqueestenãotenhasido projetado especificamente para a nossasociedade.Muitasvezesasuasequenciasede-senvolve conforme o acaso dos acontecimen-tos.

13.Assim vejamos! O processo de separação doBrasil colônia com a Metrópole portuguesa,que nos transfere para o domínio econômicoinglês,comoestabelecimentodaprimeiradi-vidaexternadeumpaísrecém“independente”.Esta dívida é assumida para pagamento dascustas de sua guerra de independência con-traídapelaantigaMetrópole.Elavaicrescendocomainfluênciainglesanaimposiçãodemer-cadoriaseprodutosqueatendessemaosinte-resses da monarquia, logo ampliada para osinteresses da população com a possibilidadedecrescimentodocomercioinglêsemnossasterras,oque levaaoestimuloà libertaçãodapopulaçãonegraescravizadaeaexpansãoin-dustrialinglesa.

14.TalquadrosurgeapósaRevolução Industriale, paralelamente, ao surgimento das teoriasracialistas, que levamoBrasil a umdos seusmaiores embates políticos e à adoção do sis-tema de segregação disfarçada em que nosencontramos.Comanecessidadedeexpansãodemercadoinglês,asteoriasracialistastermi-nampor frearoprocesso internodepossívelintegração das populações que não fossembrancas.Comosurgimentodeleisdeemigra-çãolimitadasaoseuropeus,lentoprocessodefinalizaçãodaescravizaçãonegraeconsequen-teabandonodestapopulação,principalmente

pelosabolicionistas,apósoatode“libertação”,oquese teméaconsequentenão integraçãodapopulaçãonegrae indígenaapósaProcla-maçãodaRepública.Oesforçodesmedidoem-pregadopelogovernobrasileironaintegraçãodacomunidadedeimigrantes,nãoapenascomacessãodeterrasesalários,mascomainclu-sãoefetivapromovendocampanhaseestrutu-randooprocessoeducacionalparaquefixasseesta comunidade em terra brasilis, ressalta anegativadessegovernoemreconheceromes-modireitoàpossedaterraeàeducaçãopúbli-caaosindígenas,negrosenegras.

15.Paraleloaesteevento,tomemosaconstituiçãodetodaaestruturadesociedadecomoaforma-çãodocomércio,indústrias,sistemadejustiça,parlamento,entreguesapopulaçãonãonegra,bem como a comerciantes estrangeiros queemalgunscasosapósaexploraçãoretornaramaosseuspaísesdeorigem.Esteprocedimentodesegregaçãorelegouàspopulaçõesquenãoerambrancas,umprocessodemarginalizaçãosocioeconômica e a impossibilidade de inte-graçãonavidadopaísoumesmoumretarda-mentoquepodemosdimensionaremdécadas.

16.Aomesmotempoemquevemosapopulaçãobrancabuscandocadavezmaisasuaintegra-çãocomospaísesepopulaçõeseuropeias,oslucros fáceis obtidos sem concorrências emum esquema de capitalismo selvagem, levamos patriarcas a enviarem seus filhos para es-tudarnaEuropa,comojáaconteciaduranteoperíodoescravocrataeaabsorçãodasteoriasracialistassetornacadavezmaior.Alémdisso,avisitacomfrequênciade“intelectuais”racia-listasànossasociedadefortaleceosistemadesegregação. Como foramos casosdeMalthusconvidadodeD.PedroII,entreoutros.Nãosepodeaocertodimensionarainfluênciadestesnanossasociedade,porémoefeitodasteoriasracialistas,sãovisíveisatodosnós,comanega-çãodanossamulticulturalidade.

as teorias racialistas

17.TomamcontadaEuropaapartirdofinalsécu-loXVIII,tendocomoumdosseusprecursoresThomas Malthus, economista inglês, clérigo,professor universitário e demógrafo que, en-tre suas teorias,defendiaa existênciadeepi-demias,guerrasecontroledenatalidadecomo

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formadecontroledapopulação,alémderes-trição dos programas de assistência públicosporpartedoEstado.Suasteoriasforamincor-poradasàteoriaeconômicaesãoretomadasdetemposemtemposnaatualidade.Éimportan-teobservarmosque,mesmoestasteoriasnãoestandoexplicitas,nuncadeixaramdeserbasedos princípios econômicos aplicados no eixosuldoplaneta,cegamentepeloslacaiosdoca-pitalismoemumservilismodoentio.

18.Malthus,juntamentecomJeanBaptistedeLa-marck,biólogo francêsquedefendeua teoriadageraçãoespontânea-evoluçãodosseresvi-vosemumníveldecomplexidadeeperfeiçãocadavezmaiores-eoprincipiodousoedesuso–apresentaramaevoluçãonossereshumanosatravésdautilizaçãodedeterminadosórgãos,os que não eram utilizados, atrofiavam e osqueeramutilizados,evoluíamepassavamparaoutras gerações. Foram grandes influenciasparaRobertCharlesDarwin,bemcomo,oas-trônomoJohnHerschel,onaturalistaAlexandrHumboldteogeólogoCharlesLyell,naelabora-çãoda teoriada evolução,que como sabemostambém foi desenvolvida no mesmo períodoe,sobrepraticamenteamesmainfluencia,peloinglêsnaturalistaAlfredRusselWallace.

19.Importantedestacarmosqueambososestudosfocavamparaasespéciesda floraeda fauna,ondeDarwinconcluiqueoprocessodeevolu-çãodasespéciessedariapelaevoluçãonatu-ral,discordandoassimdeLamarck.Noentan-to,ambosconcordamcomatransmissãoparagerações posteriores, sendo gradativamenteaperfeiçoada.

20.Mas,oque isso temavercomacentralidadeda luta étnico-racial na revolução brasileira?Épartirdetaisteoriasqueserãoconformadasasteoriasracialistasquesurgemesãodifundi-dasemparaleloàsteoriasevolucionistas,mui-tasvezessebaseandonestesestudosparasefundamentar.AssimvimossurgiraFrenologia,“teoriaquereivindicasercapazdedeterminaro caráter, características da personalidade, egraudecriminalidadepelaformadacabeça”eodarwinismosocial,ambassecompletamemsua aplicação nas populações que não erambrancaseatémesmoeuropeias.

21.AFrenologiadesenvolvidapelomédicoalemãoFranzJosephGall,tevegrandeinfluenciaprin-cipalmentenoperíodoVitoriano,ondeabur-guesiaconsultavaosfrenologistasemquestõescomoadmissãodeempregadosemesmoparaidentificarosperigosemumcasamento.Estatambémfoibaseparaosurgimentoda“euge-nia”aseleçãodosmelhoresparapurificaçãodaraça.Equasequeparalelamenteencontramosacraniometria,estudodotamanhodocrânio,pesoeforma.

22.Tais teorias fundamentaram e criaram basespara o desenvolvimento de políticas do inte-ressedocrescentesistemacapitalistadaépoca,atravésdaneocolonizaçãodospaísesafricanoseadominação,submissãoeserventilismodospaíses recém-independentes do ContinenteAmericano,emespecificonaAméricaLatina.

23.É neste período que vimos também surgir apropaganda como forma de legitimar a colo-nização,bemcomo,a legitimaçãoda inferiori-dadedasraçasquenãoerambrancas,atravésdos“zoológicoshumanos”queinfluenciarameconformaramasideiaseteoriasracistas.Nesseperíodo,sedesenvolveramnoçõesderaçaeoconceitodehierarquiaracial,comtesesdequeos africanos seriam o elo que faltava entre omacacoeoshomensbrancosocidentais.

24.Osorganizadoresdamostraafirmamqueoses-

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petáculos também serviam como propagandaparalegitimaracolonização.Naimagem,triboBoschiman(deBotswana,NamíbiaeáfricadoSul)éexibidanaFrança.Foto:coleçãodeantro-pologia do príncipe Roland Bonaparte/MuseudoQuaiBranly.

25.Os zoológicos humanos foram realizados de1800a1958,sendoasuaúltimaexposiçãoemBruxelas/Bélgica. Tais “espetáculos” tiverampapelpreponderantenadisseminaçãodoside-aisracistas,deinferiorizaçãodonãoeuropeuedelegitimaçãodacolonizaçãonospaísesafri-canos,seespalhandoprincipalmentenaIngla-terra,França,AlemanhaeEstadosUnidos.

26.TaisconceitosteóricoschegaramaoBrasilnoprocessodetransculturaçãoeseaculturounanossasociedade,estigmatizandonegros, indí-genaseseusdescendentes,sejaatendendoaosinteressesdaclassedominante,dasubmissãoaosinteressesestrangeirosouaindaemdefesadeconvicçõespessoais.Ofatoéqueoracismobrasileirocriouumapeculiaridadeúnica,ondeemborasejareconhecido,nãoexistemracistasouconformaçãodepráticasracistaspelanossajustiça.

27.MesmosendocomprovadaasuaincidênciaemdiversossetorescomovistosnasConstituiçõesde1930e1937ondeosideaiseugênicossefize-rampresentes,ouainda,noprojetodeplaneja-mentofamiliarduranteasdécadasde1980ouosistemáticoextermíniodajuventudenegranosdiasatuais.

transculturação, aculturação e a não brasilida-de

Esse quadro, não obstante a du-rezadarealidadeéproporciona-dopelaaculturaçãoenãoenten-dimento da multiculturalidadee unimultiplicidade a qual estasubmetido cada um(a) de nós.Aculturação da transculturaçãoobservada nas linhas anteriores,com a simples transferência doideárioeuropeuparaobrasileiro,semlevaremcontaasuadiversi-dade étnico, cultural, social etc.;que conformou esta sociedadee que a diferencia de qualqueroutra sociedadenomundo,mas,

justamente por esta diversidadetemacaracterísticadeseramaisviolentada em todos os sentidosnoitemqualidadedevidadoserhumanonegro.1

28.AsinstituiçõesdoEstadobrasileiroepartedasociedadebrasileiradedescendênciaeuropeiatêmemseuconceitocomocostumeouprinci-pio adotar as formulações emgeral advindasdaEuropaeEstadosUnidosquelhessãocon-venientes como soluções para determinadasquestões nacionais sem observar os elemen-tos fundantes da nossa realidade. Assim for-mulaçõesesoluçõesabstratassãotidascomoconceitosuniversalistasparatodaasociedademundial,eerroneamentenãoobservamarea-lidadelocaleanossamulticulturalidadeeuni-multiplicidade.

29.Tal comportamentoé carentedeumaanalisecritica e discernimento sobre os elementosconstitutivosdenossasociedadeequeapenaséutilizadacomolaboratóriodastranscultura-çõesdoideárioeuropeuouestadunidense.Talsituaçãoseconformounoprocessodeconsti-tuição do capitalismo nacional ena implanta-ção da República e semantêm até os nossosdiasemumabuscaconstantedeadaptar-seaoideárioeurocêntricoeaconsolidaçãodaauto-negaçãodenossabrasilidade.

30.Estesentimentodeautonegaçãoqueestáinte-gradoemnossasociedadeéqueseapresentacomo resistência ideológica de um processodetransformação,oquelogicamentebeneficiadiretamentea camadabrancaedefensoraoubeneficiária do sistema capitalista, agindo deformasubjetivanointeriordetodaasociedadebrasileira,queatravésdasuaautonegaçãovênoexternoomodeloaserseguido.

Aautonegaçãoaqui,nãose limi-ta apenas a questão epidérmicae sim a todo um sentimento depertencimentodeumasociedade,dentrodosseusaspectosgeográ-ficos (espaço e tempo), cultural(ariquezaculturaleúnicadeumpaísqueteveoprivilégiodeterainfluênciadediversasculturasdequatromatrizesétnicas),socialepolítico,paraadequar-seaumsis-

1 BOMFIM. Edson. Ensaios na perspectiva da emancipação negra no Brasil. Pag. 16.

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tema excludente de “civilização”de negação do ser humano emprol do econômico. Este enfren-tamentosefaznecessáriodentrodoquechamamosdeconstruçãodebrasilidade,oreconhecimentoda riqueza político-cultural e daunicidade de ser do nosso país,só possível com o rompimentocomaordemhegemonicaimpos-ta,poraquelesqueseautonegame preferem servir subserviente-mente aomodelohegemonizadopeloeconômico.2

31.Aintersubjetividadeadvindadanossaautone-gaçãonãoapenasconformaanossarealidadecomo também naturaliza e cria as principaisresistências a qualquer processo de transfor-mação,quiçáaumprocessorevolucionário.

32. A benevolência que temos com a produçãoculturalesocioeconômicaeuropeiaeestaduni-densenãoéamesmacomquetratamosanossamulticulturalidadecomanossadiversidadedevaloresequecompreendidaeaceitacontribui-rá acentuadamente para o nosso desenvolvi-mentoemesmonoprocessodetransformaçãoquehumanizeasnossasrelações,nosobrigan-doadenunciarerejeitarosaspectosnegativoscontidos no processo de transculturação. Amaneiraviolentaeseveracomosãotratadasaspopulaçõesnãobrancas,comanossaautone-gação,mesmotendoemdeterminadosespaçosgeográficosaceitaçõesparciaisdanossamulti-culturalidade,paraalémdenãocontribuircomqualquer processo revolucionário nos afastadeumprocessodetransformaçãoenosincitaàmanutençãodanossaautonegação.

33.E talsituaçãose justificaatravésdanãoexis-tência de um sentimento de criticidade, per-petuada com a negação de uma educação dequalidade e voltada apenas àmanutençãodostatusquo,departedasnossaselitessubser-vientesaosistemahegemônicomundialequeconcretizaanossacondiçãodepaísperiféricoeservidordemãodeobrabarataematériapri-ma.

34.Brasilidade como projeto de afirmação damulticulturalidade não significa a negaçãodaculturaeurocêntricaouàaplicaçãodeum

2 BOMFIM. Edson. Ensaios na perspectiva da emancipação negra no Brasil. Pag. 95.

processo de negação desta, e sim a absorçãodos seus pontos positivos bem como, das in-fluênciasdosdemaispovosqueconformaramanossasociedade.Oquesóépossíveldentrodeumprocessorevolucionáriodevalorizaçãodo ser humano, respeitando-o integralmente,destruindo as amarras que se interpõemnasinstituiçõeseugenizadasedesenvolvendoumprocesso sistêmico de integração sociopolíti-codestapopulação,oquelogoimpactaránasestruturaseconômicasnacionaiseobviamentena própria política externa brasileira, que sebasearánanãosubserviênciaaohegemonismodocapital.

35.Talprocessorevolucionáriosóépossívelatra-vésdosentimentodebrasilidadequesebaseiananossaunimultiplicidadeemulticulturalida-decomobaseorgânicadarevolução,nãodes-merecendoousubstituindoaquestãodeclasse,mastornando-sefundantedaslutasrevolucio-nárias,principalmentenoestágioatualdoim-perialismoqueminimizouopoderdeforçadostrabalhadoresdasindústriasdetransformaçãoachamadarevoluçãotecnológica.

36.AclassetrabalhadoraeleitaporKarlMarxcomopotencialrevolucionáriofoideslocadaparaaprestaçãodeserviçosesemoviésdatransfor-maçãomaterialnãoseadequouànecessidaderevolucionária.Foiseadaptando“pacificamen-te” em um comodismo pseudoeconômico econstituindo-se como classe média, seja ne-gando o conceito de revolução, sendo absor-vida pelas benesses do pequeno avanço eco-nômicoquelheépermitidodentrodosistemacapitalista.

37.Talacomodação“burguesa”noséimpostasub-jetivamente no nosso cotidiano, fortalecendoosprincípiosdosideaisburguesesdeindividu-alizaçãoenegandoa coletividadeemproldeumsistemacadavezmaisexcludenteedesu-manizador.

etnicidade e brasilidade para uma revolução sociopolítica

Aopensarmosemdiscutiroserhu-mano negro, nunca é demais desta-caranecessidadedepensarmosquequalquer emancipação não pode sedarsemqueestatenhaasuaeman-cipação por excelência, onde todos

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os aspectos de liberdade individuale coletiva estejam inseridos, assimcomo,anecessidadedereconstruçãodo conceito de estado e normatiza-ções que venham a atender aos an-seiosdetodososseuscidadãos.3

38.Para tanto, emergeanecessidadedeuma re-volução comportamental nas nossas ações,perpassandopeloassumimentodavivacidadedenossos ideais, ou seja, a resistêncianegra,indígena, popular e feminista não são letrasmortasaseremapêndicesdeumprocessodetransformação. Elas estão e necessitam estarincorporadasaocotidianodenossasaçõesnãoapenascomocumprimentodecotas,pois,estatranscende, dialoga e transversa todo o con-teúdodenossas lutas,passandomesmoaserprioritário em determinados enfrentamentosnãoespecificodosseusmovimentos,comoes-pecificamentenaquestãodaeducação.

39.Assimonossopapel enquanto lutadores e lu-tadoras, comunistas ou não, encontra-se emreeducar a nossa sociedade dentro de umaperspectivacríticaparaqueestaassumaasuapróprialuta.Estepapeldeeducador/educadoranãopodelimitar-seaaçõesperiódicasdosseusmovimentosespecíficosemuitomenosempu-blicaçõestemporaisoupequenosapoiosfinan-ceirosparaasmesmasaçõesperiódicasdestesmovimentos.Necessitamseremaçõesconcretasdeabsorçãodotododanossaconstruçãorevo-lucionária,derrotandoofragmentarismodestasaçõeseconstruindoumanovametodologiadeagirdentrodofocoestratégicodosocialismo.

40.Aincorporaçãoestratégicadoconceitodebra-silidadecomaabsorçãodasuamulticulturali-dadeeunimultiplicidadenoscolocaráaneces-sidadederevisãodemuitodenossosmétodosemesmoderupturascomalgunsdestes,poisainserçãodestenãoapenasexigeestaneces-sidadecomonoscolocanopapeldeeducado-resdosentimentodecriticidadedasociedadecomoumtodo.

41.Nestesentido,atransformaçãodoEstado,quepassaráemnossoconceitoàhumanizaçãodasociedade,sedesenvolveráatravésdeumpa-pelpermanentedeeducação,oqueexigirámu-danças em nossas ações apenas corporativasna lutadostrabalhadoresetrabalhadoras,ou

3 BOMFIM. Edson. Ensaios na perspectiva da emancipação negra no Brasil. Pag. 14.

seja,adefesadedeterminadacategorianãoselimitará apenas a suas conquistas enquantocorporação,elacompreenderátambémtodoomundoqueacerca.

42.Assimvejamos,categoria“Y”temhojeinúme-ros trabalhadores e trabalhadoras que trans-cendem a própria categoria, ou seja, terceiri-zados/terceirizadas que dentro do conceitocapitalistadesociedadeconformamumamãode obra desqualificada. Encontram-senumacategoriamenosespecificaeassimoéporse-remde “fácil” reposiçãodentrodasociedade.Servemcomoeloinibidordaslutasdostraba-lhadoresetrabalhadorasdacategoria“Y”queveempartesdesuasfunçõesseremsubstituí-dasporesses terceirizados/terceirizadas.Emgeral, tais trabalhadorese trabalhadoraspos-suem uma exigência menor de qualificação- inclusive qualificação, muitas vezes desne-cessáriaaoprópriocargoaserexercido-po-rém são exigidas como barreiras ideológicaseracistasnalimitaçãodapresençafísicados/dasnão desejados/desejadas e comprometemdeterminadopadrãopreestabelecidonocorpodefuncionáriosefuncionárias.Portanto,sósãoaceitos/aceitascomoterceirizados/terceiriza-das,oquejádemonstraasuadesqualificação.

43.Quantoaopapeldeeducadores/educadorasaquenoscolocamos,trata-sedeumamudançatáticadadefesadenossasconcepções,deixan-dodenosapresentarmoscomoconhecedoresdeumadeterminada“verdade”;levandoaso-ciedadeaintegrar-senaconstruçãodasuapró-pria resposta/realidade e consequentementenoseuengajamentonaconstruçãodesteideal.Obviamentequeexigirádetodosetodascon-cessões e paciência na construção deste pro-cesso coletivo, que no entanto, com certezasurtirámuitomaisefeitodoqueodivisionismoque tem nos tomado a partir da eterna criseexistencialdetodaaesquerda.Oprocessodeeducaçãoéumaviademãoduplaquebuscaacompreensãodarealidadedacondiçãohuma-naaqueestásubmetidatodaasociedadeenãoapenasacompreensãodasociedadeapartirdarealidadedecadaumdenósindividualmenteequenoscolocanacondiçãodecentrosderea-lidadesedanegaçãodarealidadedasociedadecomoumtodo.

44.Aquientendemosquenãoapenasaetnicidadecompreendeoconceitodebrasilidadeeavan-

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çamos para a metodologia a ser aplicada naconstruçãodesteconceito,comaincorporaçãodosmais diversos segmentos e suas especifi-cidades,que necessitam ser incorporados naconstruçãodebrasilidade.

45.Nestesentidoéimportantetermoscomocon-cepção única a humanização da sociedade oqueporsisórepresentaaradicalidadedenos-so projeto, que desvinculado das amarras dosistema econômico e com a ruptura inerentedosconceitosretrógadosqueaindapermane-cemdasinfluênciasreligiosasconformaráumnovoambientehumanizado.

46.Para além de negar o papel das religiões nasociedade é necessário reestabelecer o sen-tidodaalienaçãonopapeldestasnasocieda-de, onde as mesmas adquiriram, na históriamundial, papel fundantenagestãodoEstadoenaslegislaçõesdeváriospaíses.Asreligiões,nãoreconhecendoasmudançasestruturaisdasociedade e presas ao arcaísmo de suas con-cepções, impedem mudanças significativasdentrodoreconhecimentodocomportamentohumano,deixandoassimdeserumideárioin-dividualouparticularparasersubjetivamenteinfluenciadordecomportamentoshumanosedasnossasinstituições.

47.Nestesentidoentendemosareligiãocomoalgoalienanteequenecessitalimitar-seasuaaçãoindividual, particularizada, não sendo aceitasuainterferêncianasinstituiçõesdoEstado,oquenãosignificaonãoreconhecimentodese-toresdestenasociedade.Porém,nãopodemosnegligenciarqueabenevolênciadetaissetoresé proveniente da usurpação econômica e declasseaqualestesmesmossetoresestãoinse-ridos.

48.Importantesefazexplicitarqueotermoalie-nação perpassa aqui pelo conceito amplo deestranhamento, utilizado tanto para justifica-çãonocamporeligioso,políticocomotambémnocampodotrabalho,ondeohomeméestra-nhoaosobjetos,porelemesmo,produzidos.

49.Não é demais ressaltarmos que o que aqui éapontado como negligencias absorvidas nonosso cotidiano revolucionário, terminam nofavorecimentoda hegemonização conjunturaleconômicaeétnicadanossasociedade,atravésde dois segmentos muito significativos paratoda a sociedade como: omovimentode luta

dostrabalhadoresetrabalhadoraseareligio-sidade,osquaissãoosquemaissãoincididosporpolíticasdefavorecimentodosetorhege-mônico, que não irá aceitar transformaçõesnasuaculturametodológica.Assimencontra-remosmesmoentrenósamanutençãodede-terminadosstatusprovenientesdestessetores.Importantesalientarquenãoserãoosúnicos,porémosquepossuematualmentegrandein-fluêncianonossointerior.

construindo uma intervenção étnico-racial no interior da revolução brasileira50. Neste cenário, encontramos um Movi-

mento Social Negro, encantado com apossibilidade de concretização de umaclassemédianegra,modelosocial tam-bém, transplantado para nossa reali-dade, sendoeste importadodomodelodesociedadeestadunidense.Enquanto,que pelo lado das esquerdas do paísumaindefiniçãodecomotratarasques-tõesétnico-raciais,seja,peloseumodusoperandisderevoluçãosemamassa,de-fendidopelospartidosqueestabelecemapolíticadequadrosevanguardasrevo-lucionáriasqueconduzirãoarevolução,seja,pelasuanãoobservaçãoasespeci-ficidadesdapopulação,tratando-acomomassa homogênea em uma realidademulticulturalepluri-étnica.4

51.Aconjunturaemquevivemos,emborasejadegrave recessãomundial, se apresentade for-madiferenciadaparapartedasociedadequetemamisériacomopadrão.Assimaspolíticasde assistência social como:bolsa família,mi-nha casa minha vida, apoio as comunidadesquilombolas, apoioa colôniasdepescadores,entre tantas outras, exercem grande influen-ciaemcomunidadesnegrasmiserizadas,quealheiasàsuahistoricidade,encontramemtaisprogramasumreconhecimentode“humanida-de”dogovernodeplantão.Aomesmotempoemquepartedasorganizaçõessociaisnegra-sencontrouecoàssuasreivindicaçõesatravésdosurgimentodeconselhos,coordenadoriasesecretariasqueassumememparteo seupa-pel,limitadonasuacondiçãodeórgãoauxiliar,eassim,nãoapenasnegamoprocessocoletivoexistente da luta antirracista, como tambémreconhecenoseudesempenhooseuprópriofracassodiantedanovaconjuntura.

4 BOMFIM. Edson. Ensaios na perspectiva da emancipação negra no Brasil. Pags. 13 e 14.

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52.Assimmaisumavezafolclorizaçãodalutaan-tirracistaassumeopapelemergenteentrenósaomesmotempoemquedesponta,oumelhor,sedesvesteoracismonacional,pipocandode-nunciasportodoopaísemcasosquepassamenvolvercelebridadesdosesportes,oqueatéentãoerainadmissível,pois,atletasnoideárioenãonapráticanãotemetnia.Erecebemdanossa sociedade induzida pela midiatizaçãodapersonificaçãode taispráticas, ou seja, osatosracistassãoderesponsabilidadedaqueleoudaquelaqueproferiudeterminadapalavraenãoconsequênciadacondiçãodenãointegra-çãosocial,políticaeeconômicaexistentedesdeosprimórdiosdanossarepública.

53. Aespetacularizaçãomidiáticadocrimederacismo,noentanto,selimitanaper-sonificação de cada ato e assim vemosa mesma mídia de forma controversa,mas, defendendo os seus interessesfinanceiros, se calarem diante da rea-lidade do racismo, nos mais diversoscampos, como por exemplo, diante danegativa de regularização das terrasquilombolaseainvasãodestasporpartede latifundiários edopróprio governo,diantedoextermíniosistêmicodapopu-laçãonegrajovem,daerotizaçãodamu-lhernegra,entretantasoutrasquestõesnegligenciadasouatéfavorecidascrimi-nalmentepelamídia.5

54.Anãointegraçãodasubjetividadehumanafaznasceroódioaodiferente,frutodeumacultu-ratransculturadaondeooutroésemprecul-padodofracassodeumapolíticadesociedadebaseadaapenasnaeconomiaeondeoserhu-mano,émerapeçadereposiçãoondeolucroeobem-estar-socialquandoameaçado,trans-formam-seemaçõesdeintolerância.

55.Comestecenáriodecompletadesumanizaçãoeforteapeloàintolerância,racismoetodasasformasdediscriminaçãoéquesefaznecessá-rioareconceituaçãodenossaslutas,semquepercamosautopiasocialista.

56.Odesafioé construirumasociedadequenãoperca o seu poder de desenvolvimento eco-nômico,político,socialecultural,tendocomopremissaprincipaloserhumanonasuamaiscompleta diversidade, respeitando e promo-vendo estes coletivamente, dentro do verda-

5 BOMFIM. Edson. Ensaios na perspectiva da emancipação negra no Brasil. Pag. 63. BOMFIM. Edson. Ensaios na perspectiva da emancipação negra no Brasil. Pag. 63.

deiroespíritodenação.

57.A continuidade da negligencia sobre a reali-dade multicultural e sobre a importância daquestãodaetnicidadenarevoluçãobrasileiraéreafirmaranossaignorânciadiantedefatosseculareseminimamentenosomitirmosdian-tedeumprocessoexcludenteedeextermíniosistêmicodas populações negras e indígenas.Impõe-se o conceito de brasilidade que nãonasce completo e que se conformará no seudesenvolvimento,masque,noentanto,propo-mosque seja pontode assumimento coletivopara que nos oriente dentro de um contextobasilardasnossasações.

58. Aesteprocessohistóricodenegaçãodapresençanegraeacontinualutadanos-sasociedadedeembranquecimento,en-cobrimentodoseupassadoescravagistaeaeliminaçãofísica,psicológicaemoraldenegritude,encontra-seoseucontra-ditório,queé,esecaracterizapelaresis-tência,oramaisousada,orareclusa.6

59.Assimnãobastaapenasoreconhecimentosim-bólicodaslutasderesistênciaedacontribuiçãodosnegros,negraseindígenasnanossasocieda-de.Carecemosdedesenvolvimentoda inclusãopráticadetodososcidadãos/cidadãsesuasdi-versas formasdeconceberasociedade,dentrodeumprocessodeabsorçãodamulticulturalida-deeconstruçãodeumaunimultiplicidade,quecomcertezanosconduziráaumasociedadehu-manizada.

• lumpen e terceirização: a negação de cidada-nia trabalhadora

60.Aocunharotermolumpenparapessoasqueseencontravamnacondiçãodesubproletariado,ouseja,abaixodoproletariado,Marxcravavaa sentença que o sistema capitalista designapara maior parte da população que não temacessoaoempregodigno,“fraçõesmiseráveis,não organizadas do proletariado, não ape-nas destituídas de recursos econômicos,mastambém desprovidas de consciência políticaede classe, sendoentão suscetíveisde serviraosinteressesdaburguesia”.Emumaanalisesimplistapodemosverificarqueparaalémdolumpen concebido e conceituado porMarx osistema capitalista se especializou na produ-çãodestaespécieeaindaodiversificoucoma

6 Wikipédia, enciclopédia livre

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suaevolução, assimnãoapenasencontramosestescomomãodeobradereserva,masain-da terceirizados/terceirizadas na atualidadedosistemaeumaparcelaaindamaiordos/dasque nunca terão oportunidades de trabalhosdignos.Talsituaçãotendeaconstituirumaca-tegoriaquetemdificuldadesemlutarporseusdireitos. São trabalhadoras e trabalhadoresautônomos (pedreiros, carpinteiros, pintores,etc.),vendedorasevendedoresambulantes,en-treoutros/outras,alémdeumagrandeparcelaquenãoseencaixaránacondiçãodetrabalha-dor/trabalhdora, morador/moradorade rua,agentesdo tráficoetc., tendocomoponto co-mumasuaetnicidade,ouseja,aconsolidaçãodanegaçãodecidadaniaàqueleseàquelasquenoapartheidsocialbrasileironãoforamenãosão enquadrados/enquadradas no pós-aboli-ção, descendentesde escravizados/escraviza-daseindígenas.

61.Temanãocorrenteentrenósqueaindatemosa transculturaçãopurae simplesdosestudosmarxistasaonossoideário.Arealidadeéque-assim,deimediatonãoconcebemospartesig-nificativa da população que, não incluída aosnossosconceitos,nãosóseenquadranaquali-dadedelumpencomoseencontrasuscetívelaoavançoburguês,quenãosóoscontemplaemseuconceitoembuscadeoportunidadescomoos elege eleitoralmente para manutenção dosistemaqueosexplora.

62.A suscetibilidade desta população marginalizadaaosprocessosdealienaçãoépraticamentetotal,le-vando-osàconsolidaçãonãoapenasdosistemahe-gemônicocomo,aindapior,aosurgimentodever-dadeirosbatalhões ideológicosde enfrentamentoaqualquerperspectivademudanças,pois,secon-sideramsegurosnoquasenadaqueconstituisuasvidas.Nestesentidoosprocessosalienantessedes-dobramatravésdamídia,dareligiosidade,políticaecooptaçãoeconômica,transfigurandoestes/estasemcidadãos/cidadãsdesegundaeterceiracatego-ria,os/asquaislegitimamosistemaatravésdoseuvotoduranteascampanhaseleitorais.

63.Estanegaçãoda cidadaniavai alémdaqueles/daquelasquejámencionamosquenãoseenqua-dramnacondiçãodetrabalhador/trabalhadora:alcançaos/as terceirizados/terceirizadas,quealémdeestaremenquadrados/enquadradasnacondição de lumpen cumprem o duplo papelde dialeticamente enfraquecer a luta sindical

comareduçãodefuncionários/funcionáriaseaameaçaconstantedeextinçãodefunçõesden-trodaempresa/indústria.Issosemfalarnaaçãodaprópriaburguesianoparlamento,naflexibi-lização cadavezmaiordosdireitosdos traba-lhadoresetrabalhadoras.Estestrabalhadoresetrabalhadoras terceirizados/terceirizadas,alémdeteremoseucustosocialreduzidoparaem-presas e governo, com o recente ataque aosseusdireitossociais, comoaumentodo tempoparaacessoaosaláriodesemprego,aindasou-beramqueasempresasforamdesresponsabili-zadasdopagamentodeumsaláriodecente.Nacondição de terceirizados/terceirizadas vivememcompletaoscilaçãodecategoriae/oulocaisdetrabalho,impedindoassimasuaorganizaçãosindical.

64.Constatamosassimaeficiênciadosistemaex-cludentedanegaçãodacidadaniatendocomoingredienteespecificoanegaçãodaintegraçãodamulticulturalidadebrasileira,ouseja,area-firmaçãodoapartheidsocialcriadoesolidifi-cadoentrenósparatodosaqueles/aquelasquenãoseenquadramnopadrãodoembranque-cimentoexigidopelaeugeniadenossalegisla-ção.

65.Aatualizaçãodoconceitodacategoriaproleta-riadosefazurgenteenecessáriadiantedare-alidadedehomensemulheresquesãoexpro-priados/expropriadasdosmeiosdeprodução,mas que,mesmo assim vendem sua força detrabalhoenãoseencontramdentrodomerca-doformaldetrabalho.

• Brasilidade como conceito revolucionário

66.Carece-nos aprofundarumpoucomais oquechamamosaquidebrasilidade.Paratanto,éne-cessárioexplicitarquenãoselimitatalconceitoaumaretomadadeumnacionalismoinexplicá-velouqueselimiteaoufanismodenaçãodes-contextualizadodaconjunturamundialdeumplaneta globalizado economicamente. Assim,antesdequalquerpatriotismo,devemosterex-plicitoocaráterinternacionalistadanossalutaeconsequentementeaconstruçãodeumpro-gramadecooperaçãoerespeitoàsparticulari-dadesde cadapaís/nação e suaspopulações,pois,nãopoderáseraceitopornós,qualquerrelaçãodedesigualdadenotratamentodaspo-pulaçõesdecadapaís,ouseja,nossasrelações

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deverãoserpautadasna totalidadedohuma-nismoecompreensãodosdiferentes.

67.Poroutrolado,brasilidadetambémnãoselimitaaumaexacerbadanoçãodevalorcomoadedi-cadaaofutebolprofissionalmasculino,mas,umconjuntodevalorizaçãoerespeitopeloserhu-mano,suasculturaseopçõesdevida.Logo,bra-silidade,paraalémdocontextogeográficoéumconceitoqueenglobaageopolíticanacional,todaamulticulturalidadequeenvolveanossaconsti-tuiçãohistóricacomopaíseacimadetudooserhumanoque compõeestaunimultiplicidadededeterminada região geopolítica, que em nossocasoespecificochamamosdeBrasil.

68.Nestesentidoaindasefaznecessária,paraalémdealiançascomagrupamentosesetoressociaisno eixo norte do planeta, uma ação especificadiantedarelaçãopolíticacomospaísesquecom-põemosBRICS,ampliandosuaaçãonãoapenasgeograficamentecomainclusãodeoutrospaíses,comotambémdentrodesuaaçãopolíticaquantoaquestõesdohumanismoetc.alémdodesenvol-vimentomuitoespecialnoquetangeaospaísesdoeixosuleaquiestásubentendidooeixosul-sul,ouseja,nãoapenasàAméricaLatinacomotambémaocontinenteAfricano.

69.EmrelaçãoàAméricaLatinaumasériedemedi-dasénecessária,paraalémdoreconhecimentodos governos progressistas em busca de umaverdadeiraintegraçãojápreconizadaporSimonBolívar. Deverá ser ponto especifico de trata-mentonoqueserefereàpolítica internaciona-listadanossacorrente.

70.Aonívelinterno,geograficamente,anossalutanecessita perder o seu caráter fragmentárioe,porconseguinte,deveimpulsionarofimdafragmentação nas lutas sociais, por ser esteum dos principais fatores da nossa derroca-da enquanto revolucionários/revolucionárias,diante de um sistema que, mesmo em criseprofunda, consegue fortalecer-se impondo-nos derrotas significativas. Tais derrotas nãose limitamà nossa fragmentada participaçãoeleitoral,quedecertomodosaiuvitoriosanoúltimopleito,masassistiuemtodososEstadosumavançodascorrentesretrógadasdadirei-taepior,vêcrescernosentimentodopovoumsentimentodenegaçãodasuaprópriahumani-dade,exigindooretornodemilitaresesupres-sãodedireitos.

71.Tal sentimento se tornou possível dentro deum contexto de negação de brasilidade e deadaptação ao sistema econômico hegemôni-coporpartedos governosque se sucederamnosúltimos20(vinte)anoseque,nãosendomais possível manter a pequena fachada dedistribuiçãoderenda–umaespéciede “bemestarsocial”paraosmiseráveiseacomodaçãoeconômica para uma classemédia – tornam-sealvodeumarevoltacombaseemconceitos“éticos” extremamente equivocados. E, sendovitimadaprópriabasequesecolocouaoseuladoenquantotalprojetocaminhavadentrodesualinhadesegurança,osalgozesdehojesãoesempreserãoosalgozesdeontem,quehisto-ricamenteconstruírameconsolidamquotidia-namentenossoapartheidsocialepolítico.

72.Desconstruir a fragmentação perpassa nãoapenaspeloreconhecimentodacaracterísticaúnica do nosso processo revolucionário - umprocessoquenecessitateramulticulturalida-de e unimultiplicidade em seu cerne - comotambém,seroelodedialogocomapopulaçãoque,noestágioatualdosistemacapitalista,es-tá colocadaem diversas situações de lumpen,dificultandonossa auto-organização; alémdocombateaosistêmicoataquedestesistemaviasuasrepresentaçõesparlamentaresaosnossosdireitos.Podemoscitarcomoexemplos:tercei-rização do trabalho, redução de idade penal,criminalização do aborto e controle de nata-lidade, manutenção dos autos de resistência,entre tantos outros que se torna impossívelenumerar.

73.Desfragmentaçãodonossoprojetodesocieda-de, significaexatamenteassumirumconceitode multiculturalidade e unimultiplicidade daluta,incorporandoprincípioprimeirodeKarlMarx que é o humanismo, o humanismo emsuatotalidadeerespeitandotodasasdiferen-çascontidasnocontextoatualdenossasocie-dade. A consignamarxista “trabalhadores domundouni-vos”continuaatualemsuatotalida-de.Noentanto,nãopodemosnegarqueocon-texto atual é composto majoritariamente detrabalhadores e trabalhadoras não formais.Aminoria trabalhadora existente se encontranaqualidadedeprestadoradeserviçosoqueporsisó jáéumprocessoalienante,sejaporsuanãoprodução transformadoraemmerca-dorias, seja pela própria fragilidade de ação

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interna,comoexternamentenasuacategoria,comvistasafragilizarosistemadeformaqueleveomesmoaumprocessoderupturadoseumodusoperandi.

74.Aresignificaçãodonossoprojetodeinterven-ção sociopolítica perpassa necessariamentepela aceitação da complexidade existente naunimultiplicidadedenossopaísedopotencialrevolucionário contido nesta complexidade,quenãoseesgotanalutaporconquistasdeal-gunssindicatos,eleiçõesdealgunsparlamen-tares e uma intervenção não prioritária nosmovimentossociais.

75.Necessitamos romper definitivamente com alógicadeumalutasemopovo,oquechamareiaquidenovíssimoblanquismo,aondeumacas-tadeintelectuaisconduziráoprocessorevolu-cionárioeconduziráopovo.Importantedesta-caradefiniçãodeEngelsaestaconcepção:

76.“Blanquiéessencialmenteumpolíticorevolu-cionário.Eleéumsocialistasóatravésdesen-timentos,atravésdesuasimpatiaparacomosofrimentodopovo,maselenãotemnemte-oria socialista, nemquaisquer sugestões prá-ticasdefinitivaspara soluções sociais.Na suaatividadepolítica,eraessencialmenteum“ho-memdeação”,acreditandoqueumapequenaminoriabemorganizada iria tentarumgolpedeforçapolítica,nomomentooportuno,epo-derialevaramassadopovocomeles,atravésdealgunsêxitoseassimdainicioaumarevolu-çãovitoriosa”.FrederickEngels

77.Devosalientarqueacitaçãoacimanãoencon-traparidadeaindacomanossapráxis,noen-tanto, encontraremos pontos de semelhançaque terminam por consolidar-se ao longo dotempocomanãopráxismilitanteeocomodis-moquenosacometenointeriordasmáquinaspartidáriasesindicais.

78.Assim sendo, apenas o conceito de brasilida-de aqui apresentado e que como dissemosnecessita ainda ser aprofundado, pode noslevaraumdeslocamentodapolíticatranscul-turada, que nega a nossa multiculturalidade.

______________________

9 Em economia, BRICS é um acrônimo que se refere aos paísesmembrosfundadores(ogrupoBRICS:Brasil,Rússia,Índia,ChinaeáfricadoSul),quejuntosformamumgrupopolíticodecooperação.Em14deabrilde2011 , o “S” foioficialmenteadicionadoà siglaBRICpara formaroBRICS, após a admissãodaáfricadoSul(eminglês:Southáfrica)aogrupo.OsmembrosfundadoreseaáfricadoSulestãotodosemumestágiosimilardemercadoemergente,devidoaoseudesenvolvimentoeconômico.Égeralmentetraduzidocomo“osBRICS”ou“paísesBRICS”ou,alternativamente,comoos“CincoGrandes”.

Apesardogrupoaindanãoserumblocoeconômicoouumaasso-ciaçãodecomércioformal,comonocasodaUniãoEuropeia,existemfortesindicadoresdeque“osquatropaísesdoBRICtêmprocuradoformarum“clubepolítico”ouuma“aliança”,eassimconverter“seucrescentepodereconômicoemumamaior influênciageopolítica.Desde2009,oslíderesdogruporealizamcúpulasanuais.

Asigla(originalmente“BRIC”)foicunhadaporJimO’Neillemumestudode2001 intitulado“BuildingBetterGlobalEconomicBRI-Cs”.Desdeentão,asiglapassouaseramplamenteusadacomoumsímbolodamudançanopodereconômicoglobal,distanciando-sedaseconomiasdesenvolvidasdoG7emrelaçãoaomundoemde-senvolvimento.

Deacordocomumartigopublicadoem2005,oMéxicoeaCoreiadoSulseriamosúnicosoutrospaísescomparáveisaosBRICS,massuaseconomiasforaminicialmenteexcluídasporseremconsidera-dasmaisdesenvolvidas,umavezquejáerammembrosdaOrgani-zaçãoparaaCooperaçãoeDesenvolvimentoEconômico.Origem:Wikipédia,aenciclopédialivre.

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Histórico dos feminismos

1. Os séculosXVII eXVIIImarcarama ascensãodopensamentoliberaleoaprofundamentodasdicotomiasentreoespaçopúblicoeprivado.Oliberalismosurgecomofortalecimentodano-ção de propriedade privada, e esta passou aserumaespéciedeextensãodoindivíduo.Foidestaformaqueateorialiberalinstitucionali-zoua referidadicotomia,ondeoprivadonãotemmais o sentido de privação, mas passouaadquirirumsentidopróprio,deintimidade,opostoaosocial,aocomum,aopúblico(COS-TA,1998,p.60).

2. OséculoXIX,emespecialparaasmulheres,foicompostopormudançassignificativasnoshá-bitos,costumesenasrelaçõessociaisatéentãoestabelecidas.NoBrasildesteséculo,invadidopelopensamentoburguês, importantestrans-formaçõesaconteciamapartirdaconsolidaçãodocapitalismo.Estepropiciavaaexigênciadeumavidaurbanamaisorganizadacomoutraspossibilidadesdeconvivênciasocial.Aascen-sãodaburguesiaeosurgimentodeumanovamentalidade–burguesa–foi“reorganizadoradasvivênciasfamiliaresedomésticas,dotem-poedasatividadesfemininas;e,porquenão,a sensibilidade e a forma de pensar o amor”(D’INCAO,2003,p.223).Cadavezmaisasmu-lheres burguesas se fechavam nos ambientesdomésticos, e se dedicavam aos cuidados aestesrelacionados.Naqueleséculo,presencia-mos(...)onascimentodeumanovamulhernasrelações da chamada família burguesa, agoramarcada pela valorização da intimidade e damaternidade.Umsólidoambientefamiliar,laracolhedor, filhos educados e esposadedicadaaomarido,àscriançasedesobrigadadequal-quertrabalhoprodutivorepresentavamoideal

deretidãoeprobidade,umtesourosocialim-prescindível(D’INCAO,2003,p.223).

3. No caso das mulheres negras, o século XIXmarcou a presença demuitas delas nas ruasdascidades,mesmoantesdofimdaescraviza-ção.NoiníciodoséculoXIXumanovacamadasocial ficava em evidência,modificando o ce-náriosocialqueatéentãoseconfiguravapelaexistênciadedoisgruposdistintos:ossenho-reseosescravos.Estanovacategoriasocialeracompostaprincipalmenteporpessoas“decor”livres pobres e ex-escravos. Neste grupo en-contravam-semulheresqueexerciamasmaisdiversas atividades a fim de sobreviverem àsnovascondições impostas:eramganhadeiras,vendedoras, amas de leite (SOARES, 2006).Enfim,asmulheresnegras,deummodogeral,penetraram no mundo masculinizado muitoantes dasmulheres brancas das classesmaiselevadas.

4. OséculoXX,porsuavez,serámarcadopormu-danças significativasnas relaçõesdealgumasmulheres como espaço doméstico, até entãotidocomoúnicoespaçopossívelparao “sexofeminino”. É neste século também que, espe-cialmente,mulheresoperárias eprofissionaisliberaisde classemédia, passaramaquestio-nara formacomoestavamsendo tratadasaopenetrar no espaço público, até então tidocomoespaçodo“sexomasculino”.Asaídadasmulheres para as fábricas e o espaço abertopelasfilantropasburguesas,pelasprofessorasepelas literatas–oriundasdaclassemédia–será significativo para a constituição de dife-rentesformaseleiturasdefeminismos.

5. Oqueestavaemjogo,então,eramquestiona-mentosdosespaçosdepoderatéentãorelega-dosapenasaoshomens,taiscomoosespaços

por UMa apS FeMiNiSta, Negra, iNDígeNa, popUlar e So-cialiSta: rUMo à reVolUção braSileira!

Épelotrabalhoqueamulhervemdiminuindoadistânciaqueaseparavadohomem,somenteotrabalhopoderágarantir-lheumaindependênciaconcreta.

SimonedeBeauvoir

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damacropolítica,odireitode“votareservota-do”;bemcomoosespaçosdeorganizaçãodossindicatoseavalorizaçãodemelhorescondi-çõesparaasmulheresnasfábricas(comoéocasodasorganizaçõesdemulheresnasligasdemulheresdefábricasinglesas).

6. Deste início dos questionamentos envolven-doosespaçosdepodernasociedadeeolugardasmulheresnosmesmos,atéaformulaçãodoconceito de relações de gênero,muito tempose passou. Este foi formulado emmeados dadécadade70doséculoXXeteveporobjetivoaprofundarasanálisesemtornodasrelaçõessociaisconstruídasapartirdasdiferençasse-xuais que cada sociedade estabelece em suaorganização.Oconceitoderelaçõesdegênerovisou problematizar todas estas relações so-ciais como tambémrelaçõesdepoderque seestabelecemnocotidiano–sejamestesespa-çospúblicosouprivados–espacialmentever-ticalizadaseapartirdeumafaltadeequidade.Portanto,estaéumadasbandeirasprincipaisdos feminismos na atualidade;muitos destessão consensuais em compreender a necessi-dade de questionarmos as relações de poderestabelecidasemtornodasrelaçõesdegêne-ro,especialmenteasquepartemdospadrõesocidentalizados.

7. Desdeasprimeirasformulaçõesemtornodes-tasrelaçõesdegênero,atéosdiasatuais,osmo-vimentosfeministasobtiveramdiversosavan-çosemsuapauta.Entretanto,muitoaindaestáporserconquistado.Emquepeseapresençademuitasmulheresnos espaçospúblicos, aolongo da história, notamos que na maioriadassociedadesàsmulheresfoiatribuídaumaidentidadequeasvinculouaoprivado,aossen-timentos, à irracionalidade e à maternagem,mesmoqueestasestivessemforadolar.“Essaidentidade,frutodeumalargaconstruçãohis-tórica,assumiudiversasformasemodalidadesculturaisespecíficas”(COSTA,1998,p.205)eresistiuaotempoatravésdamemóriacoletiva.

8. Na sua vida em sociedade, a partir das rela-çõessociaisqueserefletemnavidacotidiana,muitas organizações sociais absorveram essaidentidadecujacaracterísticaprincipalestánomodelodefeminilidadequeacabapordefinirumpadrãodoquedeveria “sermulher”. Estemodelodefeminilidade,emgrandeparte,limi-taasmulheres,dificultaarupturadestascom

os espaçosdomésticos (ouuma releituradosmesmos)egeraumaexpectativa/cobrançadasociedade, que espera dasmulheres amanu-tençãodestemodelo. Issosignificaque,todasas mulheres que ousaram romper com estemodelodefeminilidadepadrão,foramtaxadasdehistéricasepouco“femininas”,discursoqueafetoueaindahojeafetaumamaiorpresençadasmulheresnosespaçosdedisputadepoderdapolítica.

9. Vaidade; “boa índole”; comportamento exem-plar enquanto alunas, filhas, irmãs, esposas,militantes e mães, são elementos que com-põemouniversodestemodelodefeminilidadee geram um tipo de poder para aquelasmu-lheres que conseguem se adequar aomesmoe/oumanipulá-loa seu favor.Namaioriadassociedades contemporâneas, observamosqueamaioria destasmulheres acaba por ser so-cialmenteconsagradaeadquireumstatusso-cialelevado,diferentedasque fazemaopçãoderompercomestemodelo.

10.Como conseqüência, a maioria das mulheresque ingressam na chamada “esfera pública”estendesuasatividadesdomésticasparaestesespaços,realizandoatividadesanálogasàsquerealizariamnacasa.Ouseja,muitasmulheresacabamporrealizaratividadespróximasàsre-alizadasemcasa,assumempostosqueexigemcuidadossemelhantesaosdeumamãe(secre-táriadasaúdeoudaeducação)eenvolvem-seematividadescomunitáriasquepermitemumpodereumapresença local,nobairro,próxi-modas suas famílias, filhos emaridos (comoas Associações de Bairro e as candidaturas avereadoras).

11.Enquantomilitantes, feministas, nós, homensemulheresdaAçãoPopular Socialista, preci-samosconstruirumarupturasinceracomestetipodevisãoemodelopadrãonasnossastrin-cheiras de lutas.Observamosque,muito em-boraamaioriadasmulheresestejaafastadadaesferapolítica,aoaderiraummovimentopú-blico/políticoasmulheressãocolocadasfrenteanovasrelaçõesdepoderedetensão,sejanointeriordafamília,nolocaldetrabalhoounasrelaçõesdeafetoevizinhança(PINTO,1992,p.131). Quem adere a ummovimento pode virasediferenciarrompendo,porexemplo,comantigasrelaçõesdepoderestabelecidasnoin-terior da família ou pode, mesmo rompendo

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comumlugarsocialconstituído,lutarpelama-nutençãodestepoder.

12.Portanto,éimportantedestacarqueapresençademulheresnointeriordemovimentossociaisnão necessariamente as transforma em femi-nistas,maspodetransformarsuarededepode-res no interior da comunidade.Neste sentido,entendemos que a presença das mulheres nointeriordosespaçospúblicos,podevirapoten-cializar, mesmo que momentaneamente, umamudançanasrelaçõesdepoderestabelecidas.

13.Aentradadestasemmovimentossociaispodepropiciar a aproximação das mulheres commovimentosfeministas–independentedotipode feminismoadotadoporestesmovimentos.E, por fim, a aproximação dasmulheres comestesmovimentosastransformadesujeitosdoprivadoemsujeitospúblicos,tornando-seumimportantecanaldepossibilidadeparaoapa-recimento,nasrelaçõesdepoder,tantoanívelpúblicoquantoanívelprivado,denovosques-tionamentosemrelaçãoaosdesiguaislugaressociaisdegênero.Cabeanós, enquantomili-tantes,propiciarumaformaçãodiferenciadaaestasmulheres–etambémsensibilizaraosho-mens–buscandoaproximá-lasdeespaçosquequestionem as relações de gênero baseadasemdesiguais relaçõesdepoder.Acompreen-sãodoslugaressociaisdasmulherescontribui,portanto,paraoconhecimentodasrelaçõesdepodervigentesemumasociedadeparticulareparaacompreensãodaspossibilidadesdedis-putasemtornodestasrelaçõesdepoderquecompõemasrelaçõessociaisdegênero.

Nosso feminismo: socialista, negro, indígena e popular!

14.Mas,qualquerfeminismonoscontempla?Porqualtipodeequidadenós,homensemulheresfeministasdaAPS,estamosdisputamos?

15.Compreendendo nosso papel e tarefa comosendoadedisputar coraçõesementes rumoà uma revolução brasileira que compreendanossa construçãohistóricaenossadiversida-de,équenós,enquantofeministasdaAPS,nãopodemos lutar partindo de qualquer tipo demovimentofeminista.Écondiçãofundamentalquesaibamosquestionarasrelaçõesdesiguaisdegêneroobservandotambémasrelaçõesra-ciaisedeclassequesãoestabelecidasapartir

danossaorganizaçãosocietária,tãoplural.

16.Compreendemos que as opressões raciais ede gênero não foram originadas a partir domododeproduçãocapitalista,edasociedadedesta decorrente, mas entendemos que hoje,asopressõesraciaisedegênero,pensandoes-pecialmenteanossa sociedadebrasileira, sãocomponentes essenciais do tripé de explora-ção/opressãoquesustentamocapitalismonasua facemais atual. Da atual ganância impe-rialistado capitalismoàmodabrasileira,nãopassamilesasasrelaçõesdeopressõesraciais–estabelecidasdesdeosurgimentodestepaís,sejacontraindígenas,sejacontranegrosene-gras, seja contra imigrantespobresdeoutrasnações–easrelaçõesdeopressãodegênero,especialmenteapartirdopatriarcadoedoco-ronelismoemmuitasregiões.

17.Neste sentido, consideramosatualo tripées-tabelecidoporautorascomoHeleiethSaffioti:patriarcado-racismo-capitalismo.Estasimbio-se, conforme a autora define, estabelece queclasse e gênero são construídos simultanea-menteaolongodahistória.Paraela,portanto,éimpossívelsepararambos,parafinsexclusi-vamente analíticos. Destemesmomodo, con-siderandoemespecialarealidadebrasileira,éimpossívelestabelecerumaseparaçãoforçadaentreasrelaçõesdegêneroedeclasseeasre-laçõesraciaisconstitutivasdanossaorganiza-ção,enquantosociedade.

18.Nossodesafio,portantoestáemconstruir,nasnossas trincheiras de lutas, disputas semprecomohorizonteparaessasimbiose,pormaisdifícilqueestassetornemvisíveisaosnossosolhos.Cabeanósestesinceroesforço.Emais,cabeanóscompreendermosque,norealcon-creto, mesmo entendendo a existência destasimbiose,muitasvezesobservaremosqueumdostrêselementosdestetripéirásesobreporaosdemais.Comoametáforadocaleidoscópiotão bem estabelecida por autoras como AldaBrito Mota. São esforços militantes, mas quecompõeelementofundamentalpararealmen-teenfrentarmososgruposhegemônicoscons-titutivos desta sociedade capitalista, à modabrasileira, para, a partir daí, pensarmos nosmecanismoselinhasdeaçõesquepossamnoslevarefetivamenteaoprocessoqueconstruiráanossarevolução,apartirdostrabalhadoresetrabalhadorasdestepaís.

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balanço das nossas ações, enquanto mulheres do pSol

19.É somente na nossa atuação política e nossaintervençãonaconjuntura,queconseguiremosocuparosespaçosdepoder, éonosso traba-lho,éanossalutadiáriaquenosdáforçaparaenfrentarmosasopressõeseavançarmosparaa instalaçãodeumprojetorevolucionário, fe-minista, indígena, negra, popular e socialistanoBrasil.Considerandoaimportânciadenos-so papel, viemos convidar toda a militânciadaAçãoPopularSocialistaparadiscutirmosanossaintervençãoeconstruçãonomovimentosindicalepopular.

20.Desdeoanode2006háumesforçodasmili-tantesdaAPSnoPSOLemorganizarosetorialdemulheres,enessesúltimosanostivemosvi-tóriasimportantes:umaresoluçãopolíticafa-vorávelaoAbortodentrodopartido,aorgani-zaçãodoIIEncontroNacionaldeMulheresdoPSOLeaintervençãodosetorialnasdecisõesdopartido,aexemplodanãofiliaçãodeRoseBassuma.EstamospresentesnoPSOL,atuandofortementecontratodosostiposdeopressões,estamosformulandoresoluçõespolíticasenafrentedastrincheiras,somosliderançascomu-nitárias, lideranças de greves, parlamentares,eainda,avós,mães, filhaseesposas,somososetorialmaisorganizadodentrodopartido,eissonãoéumfenômenopolítico,issoéresulta-dodeumtrabalhocomoobjetivodetransfor-maroPSOLemumPartidodemassas.

21.EnquantofeministasdaAPS,colaboramosparaaorganicidadedosetorial.Formulamospoliti-camenteefizemosadisputainternagarantin-doacoerênciadentrodoPSOL,tendoemvistaos princípios na consolidação de um partidodeesquerdaefeminista.Entretanto,naúltimareuniãodaDireçãoNacional doPSOLo seto-rialteveumaderrotapolíticacomaaprovaçãodorecursodaUSemrelaçãoaparticipaçãodasdelegadas do Amapá, derrota está que preci-sa ser revertida, através da continuidade dadisputanosetorialdemulheresdoPSOL,enaconstruçãodeumaalternativaparanossaatu-açãonomovimentofeminista.

22.Acreditamosqueessadisputasóserápossívelcomaçãoconjuntadoscamaradasedascama-radasdacorrente.Defendemosqueofeminis-monãoésó“coisademulher”,maséumele-mentofundamentaldentrodoqueesperamos

serospassosparaarevoluçãobrasileira.

23.Éfundamentalconstruirmosomovimentofe-ministaeavançarmosemintervençõesconjun-tasnasdiversaslutasquevemsedesenvolven-donopaíscomoas:racial,ambiental,sindical,por moradia, por reforma agrária e urbana,pois omachismo, ahomofobia e a lesbofobiasão transversais e estão presentes tanto nasorganizaçõesdedireitacomoasdeesquerda.Precisamosterumaatuaçãocotidiananosmo-vimentos sociais e no PSOL, não apenas nasdisputas internas e na sua burocracia, preci-samos constituir espaçosde formulaçãopolí-tica(atravésdeminicursos,plenárias,mesas),poiscoma formaçãocriaremos instrumentosdecombateaomachismo,homofobiaealesbo-fobia,alémdeumaorientaçãointernaquenosdêsuportenocombateàsopressõesnanossacorrente.

balanço da nossa atuação no Movimento Mu-lheres em luta (MMl):

24.AlémdosetorialdemulheresdoPSOL,demossuportes aMovimentoSociaisdeMulheres, aexemplo o MML. O Movimento Mulheres emLutanasceudosetorialdemulheresdaCON-LUTAS. Foi inicialmente composto das mili-tantes do PSTU e independentes. Nos seusreferenciais teóricos, estãomais próximas aoTrotskysmo,LeninismoefeministascomoKo-lontai.Surgiuno1ºEncontroNacionaldemu-lheres da Conlutas, em 2008, sob a bandeirade “discutir formas de luta contra opressão”,dandoumcaráterclassistaaomovimento,nocombate a um feminismo de “conciliação declasses”(BasicamenteasfeministasdoPT).

25.Em2010,durante seuEncontro, asmulheresdoMMLorganizaramaExecutivaNacional,daqualhoje tambémfazparteumamilitantedoPSOL,pelaLSR(Liberdade,SocialismoeRevo-lução).Em2012,aprovaramacartaàsentida-desfiliadasàCSP-Conlutas,visandoaentradadestas (muitos sindicatos) para atuação dasmulheresapartirdoMML.

26.O ano de 2013 foi muito importante para oMML,poiselasaproveitaramocaldoàesquer-daque ficoudas jornadasde junho e organi-zaram o 1º EncontroNacional doMML. Como peso fundamental no Eixo Sul/Sudeste, es-pecialmente em São Paulo, este primeiro en-contro contou com a participação de 2000

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mulheres(sendoquenemtodasficaramatéofinaldoEncontroe,portanto,nemtodaspar-ticiparam das votações finais). Este encontrofoicompostoespecialmentedasmetroviárias,que,emfunçãodoscasosdeestuproocorridosnosvagõesdemetrô,demandaramdoMMLadiscussão de violência contra a mulher, eixofundamentaldaorganizaçãodesdeentão.

27.NoMML,nós,militantesdaAPS,entramosre-presentandoaAssociaçãodeDocentesdaUni-versidade do Estado da Bahia (ADUNEB).Noinício de agosto de 2014, a ADUNEB (em es-pecialaDiretoriadeGêneroeoutrasminorias,quehojeestásobcuidadosdascompanheirasCaroline Lima e Ediane Lopes) foramconvi-dadasparaumbatepapocomintegrantesdoMMLdaBahia.NosfoifeitaumaexplanaçãoeoconviteparairmosaoEncontroNacionalqueocorreuemSãoPaulonosdias16e17deagos-tode2014.

28.Noseminárionacional,tiramosalinhadeirmoscomoobservadoras, apesardeque, enquantorepresentantes da ADUNEB (CSP-CONLUTAS)tivemosvozevoto.DaAPSforamasseguintesmilitantes:LucianaSouza,EdianeLopeseCa-rolineLima.Adiscussãofoiparafortalecimen-tododebatedeviolênciacontraamulheredeuinício a construção do estatuto da entidade,quefoifinalizadoemoutroEncontroNacionalqueocorreunodia22denovembrode2014.DoestatutoficoudefinidoqueoMMLéamplo,autônomo e mantém uma relação prioritáriacom a CONLUTAS, fazendo parte desta massemsersubmissaàmesma.

29.OMMLtemporobjetivoorganizarasmulherestrabalhadoraspara lutar com todosos traba-lhadores (temos problemas com essa resolu-ção pois, na prática, as discussões de gênerotêmsidomarginalizadasporumapartedasin-tegrantesdoMML)

30.Atuamos, militantes da APS, enquanto ADU-NEB,noMML.Essaéumaconstataçãoimpor-tante, pois, diante disso, sentimos a necessi-dade de alinharmos nosso discurso a partirdacorrente.Paraisso,precisamosiniciaraquiumareflexãosobreaimportânciadeatuarmos,ounão,enquantocorrente,noMML.

31.Oqueseobservounessasatividadesemcon-juntocomMML:Especialmente,ohegemonis-modoPSTU,dificultandonossasaçõescontra

-hegemônicas na sociedade. CompreendemosqueohegemonismodoPSTUfrenteaosnossosespaçosdivididosdemilitância,podeesmagarnossaconcepçãode feminismoedecomo fa-zera luta feminista, jáquenão temospernaspara acompanharmais de perto esta organi-zação.Alémdisso,acreditamosqueosetorialdemulheresdaCSP-Conlutasnoscolocaráemcontatocomsetoresmuitomaisdiversificadosepossíveisdedialogarcomanossaestratégia.Setoressindicaisepopulares,enquantoqueoMMLéformadomuitomaisporuniversitárias.Propomosqueacentralidadedalutaaenquan-to feministas da APS é atuar organizando osetorialdemulheresdaCSP-Conlutas, espaçohoje esvaziado por conta do investimento doPSTUnoMML.Mascabeanossareflexãojun-toscomoseascompanheirosecompanheirasdacorrente.

Palavras finais para reflexões futuras: Um con-vite à toda militância!

32.Diantedisso, convidamosnossas (os) compa-nheiras (os) a refletirmos sobre os desafiospostos anós revolucionárias (os), de refletir-mosnoparadoxodeserComunistaenãoserFeminista, de lutar contra as explorações declasse,semlutarcontraasopressõesdegêneroe raciais.Paravencermos tais contradições, eavançarmosnosdebatesenaslutas,sefazne-cessárioaformaçãopolíticacotidianaeofor-talecimentodesetoriaisecoletivosFeministasedeMulheres.

33.Alémdoque foiditoanteriormente,devemosconsiderarcomoasociedadecapitalistaéfor-temente marcada pelo patriarcado em que,historicamente,dominaramrelaçõesdegêne-rodesiguais,noqualasconstruçõessimbólicaseaselaboraçõesculturaissematerializamempráticassociaisbináriasehierarquizadas.Nes-secaso,omasculinosobrepôs-seaofeminino,resultandonumacondiçãodeprestígio,privi-légiosepodermaiorparaoshomensenumasituaçãode subordinaçãoparaamulher, cujaidentidadeéassentadanopapeldesempenha-donareproduçãoequeporsuavezseedificaesereproduzemrelaçõesdetrabalho,produçãoereproduçãobaseadasnadiferenciaçãoentreossexos.

34.Isso está claro emnossas resoluções,Teses e

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em nossas propostas de governo, a Ação Po-pularSocialistaeoPartidoSocialismoeLiber-dade nas suas ações e intervenções, deixamevidentes que as opressões as mulheres e omachismo antecedem ao capitalismo, conse-quentementeosproblemasenfrentadospelasmulheresnãoestãoapenasligadosaosistemaeconômico e político, revelando-se tambémcomoumproblema cultural/social. Entretan-to, o sistema capitalista acentua as desigual-dadesdegêneroaopatrocinarumprocessodesuperexploraçãodotrabalhofeminino.As(os)feministasemulheresarticuladas(os)emtor-nodeumprogramasocialistatêmodesafiodeintervirnasaçõesdoEstadoburguês,atravésdoacirramentodalutadeclasses,nagarantiados direitos já conquistados e pela defesa deimplementação de uma agenda que dialoguecomasdemandasdasmulheres,gays,lesbicas,Trans,negligenciad@shistoricamentepelopo-derpúblico.

assinam esta contribuição à tribuna de debates:

eDiaNe lopeS De SaNtaNa (FeministadaAPSeDiretoraEstadualdaADUNEB)

caroliNe araújo liMa (FeministadaAPSeDiretoraExecutivadaADUNEB)

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1. Os beija flores, abençoados pelos Orixás daBahiadeTodososSantosesoboaconchegodoabraçoabertodoCristoRedentor,pegaramasextremidadesdeumafolhadealecrimemer-gulharamnolagodaesperança,paraseguiremvôosrasantesenãorasantesemdireçãoaoJar-dimdasQuimeras,paraselambuzaremcomomelhornéctar,onéctardaplenafelicidadehu-mana...Mas,paraisso,teriamquetranspassaràflorestaqueardiaemchamas....

2. Seuspulmõezinhosjáestavamacostumadosapuxaroardobradopararealizaraquelasingu-larempreitada,apagaro fogoda florestaqueardenumnevoeiroemchamas...Desdequeohomemeamulhercomeçaramainfringirare-laçãorespeitosamentesimétricaentreateoriaeapráticarevolucionária,imprimindoaambasafamigeradasoberbadosmausruídos....Aso-berbadeoperversopoderdasinjúrias,dasca-luniasedasagoniadaslamúrias,lamúriasdosdeboches emblemados de desrespeitos, dasfalsas falas e das falas falsas, dos arrepiantesfluídos advindos e alimentados pelos valorescompetitivosdasociedadedeclasses....

3. “E,sembalbuciarumgemidodefadiga”,igno-raramosrasgosdasintempéries eseguiramvoandoparaimprimiraoscantoserecantosdenossomachucadochãoo cheirodonéctardavida,ocheirodealecrim...

4. Noemaranhadodestedevaneio,osbeija-flores,emmeioafumaceira,sabiamporquesentiamque as labaredas jamais chamuscariam suasbelasevigorosaspenugens,porquesuaspenu-genstemacordaresistência,acordavida...

5. Sabedores,portanto,desuaimportânciaparaavida,refizeramseussoproserespiraramfundo,retirandodesuaalmaumbradodecantoqueembalouosnossossonhos,eassim,gritaram:A fénoshomens,a fénavirtude,a fénavidaenaluta,sãomaisfortesdoquenós.Estaéanossamissão:sonharlutandoelutarsonhando

emum futuroonde todosnós–plantas, rios,mares,animais,povosindígenaseribeirinhos,seringueiros e camponeses pobres, negros ehomossexuais, trabalhadoresemgeral,enfim,todosetodas-sejamosLivres,LivreseFelizes.

6. Aindanotomdomesmocantodaforçadeseusdesejos, sussurram que todos nós possamosumdia,umsingulardia,bailaresolfejarocan-to inebriantedadecênciahumanasobo fres-cordesorrisosdecriançascônsciasdequeonascerdosolserásempreumnascerdeumdiafeliz...

7. Embaladospelosaxésplasmadospelaforçadalutajusta,bradaramaindamaisforte:nósnãosomos lenha secaparaardernas chamasdasinjuriasdeumolharenviesadodeumfragmen-toedaquelesquesópensamemdizimarater-raemnomedeumdesenvolvimentoquefereadignidadehumana, social enatural. Eu tenhoalma!Nóstemosalma!Omundotemalma!

8. Derepente,Eisqueinsurgeumabeija-flordascaatingas conquistenses, com olhinhos cinti-lanteseumavozaquecidapelobemquereràvida,confidenciandosuavementeaosouvidosdosbeijaflores:nestemomento,emqueesta-mosaqui,cadaumnoseucanto,pensandonocantodetodosnós,eu,umasimplesbeija-florabrireiomeucantoparadizeratodosetodasquenagrandeaventuraprometéicadaTerra,cadaespécietemumpapelsingularadesem-penharenemumaésuperioraoutra,todasseequilibramemumprincipiododireitoàsdife-rençashumanaseanimais,masnuncanoâm-bitosocial,políticoeeconômico...

9. Eu,umasimplesbeija flor, fortalecereiomeucantoacadadiaparaquetodososouvidosdonosso“machucadochão”possamembriagar-secomanossamelodia,paraassimcortarmos“omalbempelofundo,paraquebemunidosfaça-mosumaterrasemamos...”

10.Silenciomagistral!!!!!

o caNto iNebriaNte DoS beija FloreS e o jarDiM dAS qUimerAS doS JUStoS – UmA CoNtriBUição à

tribUNa De teSeS e DebateS Da apS

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11.Porque fazemsilêncio, ohmeusbeija-flores¿ensimesmaram-se numa insinuante vibra-ção!!!!

12.Estamos a pensar no processo histórico delutas, disseramos beija-flores... È imenso, in-terminável, mas, não obstante às tristezas edecepções, é uma luta e labuta recheada dealegrias...Èaalegriadepoder lutarcomcon-formeopendulodossinosdaboaeinegociávelética...

13.Devemosdevanear,sempreesempre,aoemba-lodenossasárduasconquistaselembrartam-bémqueotempoéopróprioporvir,umdeve-nirconstruídopelasnossasmãosabençoadaspela dignidade humana... Insiste a beija-flor...OManifestoComunistaeraumembrião,umagraciosaefortelarvaquetranspassouséculos,rios,maresetodososmurosobscuroseturvos,para hoje tornar-se uma linda e exuberanteborboletaquemantémintegralmenteascoresescarlatesdos seus atores, espraiando-seportodoocantinhoplanetário...Éeserásemprea“obramaisdifundidaemais internacionaldetodaaliteraturasocialista,oprogramacomumdemilhõesdeoperáriosde todosospaíses...”Livrode todosospovos.Nomomentodesuaorigem os seus autores eram desconhecidosdetodosenalabutahistóricasetornaramnos-sosreferenciadores teóricosemetodológicos,amigoseatéconfidentes...Umdianossastesestambémabrirãofendaserasgarãooscéusdavida...Assimassegurouàsingelabeijaflor...

14.Asnossasteses,insisteabeijaflor,contememcadalinhaogostodonéctardapráxisrevolu-cionaria, enlaçandonummesmo sabor a teo-riaeapráticadosrevolucionários,osgrandesmestresdarevolução...

15.E,assim,seguefalandoabeijaflor...Aquinestecantinhoplanetário estamos estudando ede-glutindocadalinhaquevocês,nossoscompa-nheir@s,escreveramcomtantocarinhoedig-nidade, com tanta beleza e firmeza, somentepertencenteaosparceirosdosgrandesrevolu-cionários,paraaprendermosaconstruirumasociedadedecente,justaeética...Aprendemosmaisemais,quesomenteaéticadobemcons-truiráasociedadedobem,quesomenteaboaética faráexalarocheirodealecrim,ocheirodonéctardavida...Esomenteassimoscravossurgirãoeasrosastambém....

16.Abeijaflortimidamenteinsistenascócegasàmemóriaparaacarinharosnossosincansáveiscompanheirosecompanheiras,lutadoreselu-tadorasdecorpoealmaque,aolongodesuasvidas,nosencantamcomoabelezadalumino-sidade dos raios da lua prateada e espraiadapelos ares, para alumiar sempre e sempre asestradas da vida, sussurrando-nos acalenta-doramentemediantesuaspráxis:époraqui,époraqui...

17.Abeijafloraindanamiradoafagoàsnossaslutas históricas relembra momentos em queagentedeformaesguianoscolocamosdepé,comamãonocoraçãoerguemosopeitoedei-xamos solfejaro canto inebrianteda interna-cional, “porque somente a paixão aguça o in-telectoecolaboraparaaintuiçãomaisclara...porqueSomentequemdesejafortementeiden-tificaoselementosnecessáriosàrealizaçãodasuavontade”...

18.A beija florzinha coloca-se de pé, abre suas“graciosas”asinhas,miraaslinhasdohorizon-te inefável e estufa o seu peitomulticoloridopelas“belas”penas,ecomeçaacantarforteecomemoçãoo cantode todosnós: Senhores,patrões,chefessupremos,Nadaesperamosdenenhum!SejamosnósqueconquistemosAter-ramãelivreecomum!

19.Para não ter protestos vãos, Para sair desseantro estreito, FaçamosnóspornossasmãosTudooqueanósdizrespeito!Bemunido fa-çamos,Nestalutafinal,Umaterrasemamos.Ainternacional!!

Inté,umabraçobemforteao

sabordonéctardavida!

ELANECORREIA PROFESSORADOIFBA VITÓRIADACONQUISTA,BAHIA

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1. Oque,emprimeirolugar,instauraaidentidadedaAçãoPopularSocialista (APS)éoobjetivocomumdelutaporumasociedadeemquenãohajadivisãodeclassessociaisnemestruturasdecoerçãopolítica,nemtampoucohierarquiaedistinçãoentrequemdirigeequemfaz,alémdofimdaopressãoracial,etária,degênero,deorientaçãosexualetc.

2. Noprocessodelutapelaconstruçãodestaso-ciedadeaAPSdeveprimarpelademocraciaso-cialista,reivindicando-aemtodososespaçoseassegurandointernamenteumfuncionamentodemocrático de todas as suas instâncias nosdiversosníveis;deveenvolveramilitânciaemsuasdeliberaçõeseprática cotidianae incor-porarsuascontribuições,resgatandoolegadodospovosindígenas,negros,mulheres,juven-tudeedomovimentopopularnalutacontraadominaçãoburguesaemnossopaís.

3. Nessesentido,os/asmilitantesdaAPSdevem,a partir da própria corrente, combater coti-dianamenteoverticalismo,opersonalismo,oautoritarismo, omandonismo, omachismo, ahomofobia,oracismoetodasasformasdepre-conceito, discriminação e opressão em razãodadiversidadehumana, ondequer que ocor-ram;

4. Devem, também, combater o aparelhamentoda corrente, do partido, dosmovimentos so-ciais e das organizações políticas, estudantis,sindicais, populares e dos espaços de repre-sentaçãodasmesmas.

5. Esteobjetivohistóricodalivreassociaçãodosprodutores –historicamente conhecido comooprojetocomunista–éradicalmentedistintotantodasexperiênciasburocráticasdospaísesdoLesteEuropeucomodasocial-democraciaematerializaráasuperaçãoradicaldocapitalis-moemtodasassuasformas.

6. As transformações tecnocientíficas que têmsido promovidas nos processos produtivos,abrem a possibilidade de satisfação das ne-cessidades materiais da imensa maioria dahumanidade,apartirdomomentoemqueeli-

minemosapropriedadeprivadadosmeiosdeprodução,queéosustentáculodaapropriaçãoparticularista daquilo que é socialmente pro-duzido.Maisdoquenunca,ganhaatualidadeoidealdeconstruirumasociedadenaqualalutapelasobrevivêncianãoescravizeahumanida-deeemqueotrabalhosejafontederealizaçãodoshomensemulheres.

7. A Ação Popular Socialista compreende que aconquistadesteobjetivomáximonãosedádemodoimediatoapósofimdassociedadesatu-ais, fundadasque sãonaexploraçãoe emdi-versasformasdeopressãoentreoshomensemulheres.Especialmenteemformaçõessociaiscomoasnossas,essatransiçãoentreofimdadominaçãoatualeaconquistadenossosobje-tivosmáximos–quesópoderãoconcretizar-seem escala internacional – exigirá a socializa-çãodaproduçãomaterialeespiritualcoletiva,combinadacomintensalutapolítica,ideológi-caeculturalcontraaherançadeopressãodopassadoeemproldaconstruçãodofuturo.Éque,aqui,háquesevencer,alémdapráticaso-cialeaeducaçãoideológicainculcadapelabur-guesia,aduraherançadeséculosdecolonialis-moeescravagismo.Éprecisosuperar,também,otraçorefratárioàdemocraciaeàparticipaçãopopularnacenapolítica,queasclassesdomi-nantesdisseminamemnossaformaçãosocial.A respeitode todaessa transformação,nossacorrenteentendesernecessárioumprocessode concentração das energias populares emconfronto com a dominação para transpor aresistência histórica das classes dominantes.Essa ruptura é a revolução social, na qual sebuscaalterar fundamentalmentea correlaçãodeforçaspolíticasafavordopoderpopularesefundaumnovoestadosocialista.

8. Como corrente política comprometida com aluta do proletariado (trabalhadoras e traba-lhadoresassalariadosurbanoserurais—dasfábricas,daagricultura,docomércioedosser-viços-manuaise/ouintelectuais,enormeedi-versificadocontingentedossemdireitooucomdireitoprecário,dosintegrantesdoexércitoin-

Perfil e fUNCioNAmeNto dA Ação PoPUlAr SoCiAliStA - APSProPoStA de AtUAlizAção PArA o Vi eNAPS – AgoSto 2015

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dustrial de reserva – desempregados/desem-pregadas - dentre outros), pela superaçãodocapitalismoeaconstruçãodeummundosemexploraçãoesemopressão,aAçãoPopularSo-cialistaapóia-senomarxismocomobaseteóri-co-ideológicadomovimentointernacionaldostrabalhadoresetrabalhadoras,mantendocomessateorizaçãoumarelaçãodereferencialida-decrítica.Querdizer,umaatitudequeatomacomo referência teórica central para a ativi-dadepolíticae,aomesmotempo,recusatodaposturade “aceitação”passiva e servildiantedela.Noutraspalavras,omarxismoéparaAçãoPopularSocialistabaseteórica,nãodoutrinaaquedevajurarfépública.

9. Vários/asmilitantesqueimpulsionaramonas-cimentodaAçãoPopularSocialista,participa-ram,alémdafundaçãodoPT,deexperiênciasorganizativas da esquerda revolucionária donosso país e de diversas tendências e coleti-vos internos ao PT. As principais referênciasdessas experiências podem ser encontradasnasvertentespolíticase ideológicasque,ain-da antesdo golpemilitarde1964, já se con-frontavam,noâmbitodomovimentosocialista,coma política (marcadamentede conciliaçãodeclasses)praticadaporoutras forçasdaes-querda brasileira. A partir de 2005, além denossoprojetoestratégico,consolidou-seentrenós a oposição programática de esquerda aoGoverno do PT (Partido dos Trabalhadores),decunhohegemôniconeoliberal.Enosunifi-camosnasaídadoPT-quecompletouseugirotransformistaparadargarantiaàordemcapi-talista - enaentradanoPartidoSocialismoeLiberdade(PSOL).

SOBRE A MILITÂNCIA NA AçãO POPULARSOCIALISTA

10.AAçãoPopularSocialistaéformadapormili-tantes que se reivindicam comunistas, socia-listaseporlutadoreselutadorassociais–quesebatemcontraocapitalismoesedispõemalutarpelatransformaçãosocialistadasocieda-de.Às/aos integrantesdaAPSseexigeapar-ticipação num trabalho político, preferencial-mentenummovimentosocial,orientadapelasdiretrizesdacorrente,quedeveorganizarseuscoletivos;assimcomonosdiversossetoriaise/

ounúcleosdoPSOL.

11.ÉcondiçãoparaingressonaAçãoPopularSo-cialista, a concordância comos objetivos his-tóricosecomasdiretrizespolíticasgeraisdacorrenteecomasnormasde funcionamento,expressosnestedocumento,frutodoprocessodedebatenosEncontrosEstaduais e aprova-çãopeloconjuntodamilitâncianoseuEncon-troNacional.

12.SãocritériosparamilitâncianaAçãoPopularSocialistaalémdoengajamentocotidianonaslutas,estarfiliado/filiadaaoPSOLeseintegrarem sua vida, contribuir para a sustentaçãomaterial das atividades da corrente, atravésde cotização regular, a concordância formaleaaplicaçãopráticadocontratoético-político-i-deológicoexpressonaspresentesdiretrizesdePerfileFuncionamento.

SOBREOFUNCIONAMENTO

13.O funcionamento da Ação Popular Socialistasó se justifica se fordemocrático. Isso supõe,entre outras coisas: i) atividades regularesde seus fóruns internos, que são abertos aosmilitantesorgânicosdacorrente; ii) convoca-çãode todos/todasos/as integrantesparaasreuniõesdosfórunsrespectivoseorganismosinternos; iii) garantia de debate organizado,fraterno,transparente,comdireitoaexpressãodetodos/todasincluindoonecessáriorespeitoaosdiversospontosdevista.Agarantiadessaforma de funcionamento depende do esforçoe participação de todos/todas, especialmentedascoordenaçõessetoriais,estaduaisenacio-nal,respectivas.

14.As posições da Ação Popular Socialista sãoaquelasdefinidaspormaiorianosseusfórunslegítimosedemocráticos.Os/asmilitantesdacorrenteconsideramqueessasdecisões,inde-pendentementeounãodehavercontrovérsia,sãoopçõespordeterminadadiretriz,linhaouencaminhamento políticos a ter prioridadepara ser testada na prática. Não necessaria-mentesãoexpressõesdaverdade.Razãopelaqualosintegrantesdacorrentetêmacordadoentresique:a)deveexistiromaisamplodi-reitodeexporinternamentesuasposições;b)queasdecisõesmajoritáriasda corrente, sãolevadasàprática,lealedisciplinadamentepor

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todos/todas,nãosendopermitidaautilizaçãodemecanismosqueinviabilizemaimplemen-taçãodasmesmas;c)equesemanterãosem-preabertos/asamudardeposição,apartirdeumareavaliaçãocoletivaeorganizada,diantedaquiloqueapráticamostrarserincorreto.

15.SãoinstânciasdedeliberaçãodaAçãoPopularSocialista:osEncontrosePlenáriasdemilitan-tes (nacional, estaduais, municipais, setoriaisetc.), as Conferências (reuniões extraordiná-riasintegradaspelaCoordenaçãodeumdeter-minadonívelerepresentanteseleitos/aspeloscoletivos do âmbito geográfico inferior pararesolvercommaiorparticipaçãoquestõesqueaCoordenação,asPlenáriaseosEncontrosin-dicarem),asCoordenações(nacional,estadual,municipal,setorialetc.)eosColetivosSetoriais(nacionais, estaduais,municipais e regionais)de militantes, reconhecidos pelas coordena-çõesrespectivas,desdequedevidamentecon-vocados.

16.No intervalo entre um Encontro e outro res-pondenacionalmentepelaAPSasuaCoorde-nação Nacional, que tem o papel de encami-nhar as posições dos Encontros. Em situaçãoextraordinária, entre um Encontro e outro, adecisão sedarápormaioria simples, zelandoporconsultapréviaaosestadosafimdegaran-tiracontribuiçãodasCoordenaçõesEstaduais,queporsuavezdeverãoconsultaramilitânciadebase.Portanto,aCoordenaçãoNacional,as-simcomoasCoordenaçõesEstaduaisedosse-toriaisnãoestãoacimadamilitânciadaAPS.

17.O Encontro Nacional ordinário realizar-se-ápelomenos a cada dois anos e é constituídoporrepresentantesdos/dasmilitantesdacor-rente, eleitos/as segundo critériosque levemem conta apenas a condição de militante daAPS,ficandoacargodaCoordenaçãoNacionalestabeleceraproporçãoparaeleiçãodedele-gados/delegadaseoutrasprovidênciasneces-sáriasàrealizaçãodosencontros(estaduaisenacional). Portanto, não devem ser estabele-cidos critériosouquaisquermecanismosqueexcluamoudificultemaparticipaçãodamili-tânciadacorrente.

18.16.Aregrageraldefuncionamentodacorrenteéaseguinte:asdeliberaçõesdoEncontro

19.Nacionalsobrepõem-seàquelasdosEncontrosEstaduaiseasdestesàsdos

20.Encontros Municipais. Por analogia, quandoconflitantes, as deliberações da coordenaçãonacional, se sobrepõem às das coordenaçõesestaduaiseasdestasàsdascoordenaçõesmu-nicipais,resguardadaalógicaexpressanoitem14.

21.Ascoordenaçõesdevemsereleitasapartirdecritérios de capacidade política, organizativa,demobilização e formulação.Danecessidadeconcreta de articular e construir cotidiana-menteaAPSnossetores,regiõesemunicípios,bemcomodaparticipaçãonasfrentesdeatua-çãoprioritárias.

22.Emníveldebase,amilitânciadaAPSsearti-cula em coletivos, de número variável de in-tegrantes, estruturados setorial, territorial,tematicamenteetc.Ascoordenaçõesdevemseorganizarparaacompanhareviabilizarasati-vidadespropostaspeloscoletivossetoriaisquedeverão ser aprovadas nos fóruns amplos damilitância.

23.AregrageraldefuncionamentodaAPSéadeque todo/toda militante deve estar vincula-do/aaumcoletivoondeseplanejamasaçõesmilitantes, se exercem o acompanhamento eocontrolesocialdapráticaesepromovemasdiscussões políticas. Portanto, na APS não seadmiteumadivisãodamilitânciaentreosqueexclusivamente formulam e os que exclusiva-menteaplicamasformulações.

24.Cabe,emprimeirainstância,àsCoordenaçõesdas respectivas circunscrições geográficas epolíticasdefinirem,emdiálogocomamilitân-cia,apolíticade“nucleação”ezelarparaquecadamilitantesejaintegrado/a,bemcomode-liberar sobre a linha a ser seguida nos casosespeciais.

25.Cada organismo da Ação Popular Socialistadeve funcionar conforme um plano mínimodeação,aprovadoanualmente,porseus/suasintegrantes,queestejamprevistosobjetivosemetaspolíticas,organizativasaseremalcança-dasnosmovimentossociais,navidadopartidoenoplanopolítico-orgânicodacorrente.

26.Adependerdasnecessidades,poderãoseres-truturadosGrupos deTrabalho e organismosde existência transitória, voltados para darcontadetarefasmomentâneas.

27.OsColetivosdeSetoriaisque tenhamrealiza-doEncontroNacionaletenhamDireçãoeleita

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eoprocesso tenhasidoreconhecidopelaCo-ordenação Nacional, indicarão um/a repre-sentante,queseráconsiderado/aconvidado/apermanentedesuasreuniões.ACNAPSdefini-rámecanismosdeacompanhamento,visandopromoverocrescimentopolíticoeacapacida-dedirigentedanossamilitânciadosdiversossetoriais.

28.O/amilitantedaAPSadota,comopartedesuastarefasmilitantes,ocompromissocomoestu-do;oquesignificaestardisponívelparaospro-cessos de formação política organizados pelacorrente,emsuasdiferentesinstâncias,ouporelassugeridos.

Abrilde2015

EdsomBomfim

GesaCorrea

LuisAlfredoGonçalves

MarcosRangel

MoacirLopes

SebastiãoJosédeOliveira

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Camaradas,

1. EntendoqueapropostadaTribunafoipensadacomoumespaçoparafazerodebateemtornodasnossasdivergências,políticaseorganizati-vas.Nãosóparalocalizarnossasdivergênciasedebilidades,mastambémparaapontarcami-nhos.EntendiaTribunacomoespaçodesocia-lizaçãodasformulaçõesproduzidaspelamili-tânciaequeserãodebatidaspresencialmentenosnossosEncontros.

2. Partindodesseentendimento,edaleituradostextos:1)APS–Umbalançomaisqueneces-sário!2)NossaCrise, construçãopartidáriaearedefiniçãodosnossoscaminhosparaasse-gurarnossaunidadeeofortalecimentodaes-querda!

3. Escrevoparafazerumapelo:queaTribunadeDebatesejaumespaçoprazerosodeleitura,dedebateereflexão.

4. Camaradas, desde o racha, todas as reuniõesdaCNAPSforamusadasparadiscutirpriorita-riamenteapautasindical.Emnenhumadestasreuniões,odebateenvolvendoossetoriaisfoiprioridade para os signatários dos referidostextosquesãoefetivosnaCNAPS(destacoissoporqueossuplentes,apesardeassinaremumdos textos, não participaram das reuniões!).Setorialnenhumfoiprioridadepravocês,Ca-maradas:nemodemulheres,nemodejuven-tude,nemodenegr@s,nemopopular.Quererresponsabilizarumdirigentepelonãoavançodacorrenteéoptarpelopiorcaminhoparaini-ciarodebate.

5. Oquestionamentofeitoacercadadefiniçãodonome do secretário de finanças da Correntenãocabe,Camaradas.Porque?Onomedoca-marada foi pauta da Executiva Nacional. PradefinirseunomeforamfeitasváriasconsultasadirigentesdosEstadosondeocamaradaatuou.DirigentesdoES,doRJedoRioGrandedoSulforamconsultados.Todososconsultadoscon-cordaramcomonomedoCamarada.Todos@smembrosdaExecutivaNacional aprovarama

proposta. Issomesmo!Foiaprovadoporcon-senso,inclusivecomovotofavoráveldacom-panheirasignatáriadeumdostextosapresen-tados àTribuna.Nãome recordodenenhumquestionamento nas primeiras reuniões daCNAPS. Os questionamentos ao nome do se-cretário de finanças surgiram após as diver-gênciasnoRJ.Praavançarnodebatedevemosevitarfazerusodeinverdadescomoessa.

6. Escrevo para sugerir que nossa Tribuna deDebatesirvaparaatacarnossosproblemasnaraiz,ea raizdosnossosproblemasnãoéumdirigente,Camaradas!

7. Espero que a Tribuna não seja transformadaempalcodeataques, inclusivepessoais, adi-rigentes.Seinsistirnestadireção,atribunadedebatenãoserádiferentedasnossasreuniõesdeCoordenaçãoNacional.

Abraçosatod@s,

Zilmar

SOBRE A TRIBUNA DE DEBATE. RESpOSTA àS TRIBUNAS “UmA BALANÇO... “ E “NOSSA CRISE...”

Zilmar Alverita

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143 | VI ENAPS - Encontro Nacional da Ação Popular Socialista ______________________________________________________________________________

1. Nestemomento, o que queremos é construira APS de mãos dadas, como camaradas quesomosnaconstruçãodosocialismo.Estapro-postadetesevemcheiadeesperançadecon-tribuirparaqueestejamoscadavezmaiscon-fiantesemnósmesmoseemnossaconstruçãocoletiva,semprenosreconhecendonelaacadainstantedocaminhoquetrilhamosnaprópriacaminhada.

2. Éfatoquemiramoslongaestradadeexperiên-ciaehistóriadeorganizaçõesquemuitosquedaAPSconstruíram.Mastambéméfatoquemui-tos foram se aproximandono caminho. Alémdasprincipais organizaçõesque constituírama Força Socialista, no presente a APS agregamuitosmilitantesquevêmdeoutrastradiçõesdentrodocampomarxista.Outrocontingentedemilitantes,especialmenteajuventude,temnaAPSseuprimeiro lugardemilitânciamaisorgânica,comoumacorrentedeatuaçãopar-tidária.Evidentementeénossatarefacoletivaformar todos esses novos militantes, que jáexpressaramacordocomosdocumentos fun-damentaisemseuprocessoderecrutamento.Entretanto,arealidadeédinâmicaeosdocu-mentos não são infalíveis, estando abertos areinterpretaçõesereelaboraçõesemtodososEncontrosNacionais,comodemonstramassu-cessivas alterações e versões já incorporadasaonossoPerfileFuncionamento,queestedo-cumentoreivindicaemsuaintegralidade,mastemaousadiadeproporcomplementar.Ousarlutar,ousarpropor,ousarvencer!

3. A força viva da Ação Popular Socialista estájustamente nessa capacidade de se renovarcomoorganizaçãorevolucionáriaeresponderaos novos tempos com a mesma disposição

militante.ÉdessamaneiraqueaAPSsetornaatraenteparaosnovosmilitantes,emespeciala juventude,comsuavontadedecontribuireparticipar cada vezmais dos destinos da or-ganização, sentindo-se parte da elaboraçãoe se reconhecendonasdeliberaçõesde todasas instâncias. É nesse reconhecimento quemelhorseefetivaoencaminhamentoeojustocumprimentodetodasasposiçõesdemocrati-camente tomadasnas instâncias, inclusivenaCoordenaçãoNacional,conformeestabelecidoemnossoPerfileFuncionamento.

4. HádispositivosnonossoPerfileFuncionamen-toqueexpressamcomclarezaessadisposiçãodemocráticadasnossasinstâncias,noesforçocontínuode adaptação aosnovos tempos, vi-sando à incorporação de todos os militantesna construção das formulações da corrente.Logonadefinição,noprimeiroparágrafo, co-locamo-nosnalutaporumasociedadeemquenão haja “hierarquia e distinção entre quemdirigeequemfaz”.Maisadiante,em“sobreofuncionamento”, o parágrafo 10 anuncia que“OfuncionamentodaAPSsósejustificasefordemocrático”eoparágrafo11garanteatodososmilitantes “omais amplo direito de exporinternamentesuasposições”.Todososmilitan-tessãochamadosaestudareaformular,paraalémde sua práticamilitante nos coletivos enosmovimentossociais,comoexplicitamentedefineoparágrafo18:“naAPSnãodeveexis-tirumadivisãodamilitânciaentreaquelesqueformulameosqueexclusivamenteaplicamasformulações”.

5. AAçãoPopularSocialistasedefinecomoumacorrentecomunistaerevolucionária. Eviden-temente,precisateragilidadenatomadadede-

apS para oS NoVoS teMpoS: VaMoS De MãoS DaDaSpropoSta De teSe ao Vi eNcoNtro NacioNal Da

ação popUlar SocialiSta teMática: perFil e FUNcioNaMeNto

PorMagdaFurtado

Estoupresoàvidaeolhomeuscompanheiros.Estãotaciturnosmasnutremgrandesesperanças.

Entreelesconsideroaenormerealidade.Opresenteétãogrande,nãonosafastemos.

Nãonosafastemosmuito,vamosdemãosdadas.(CarlosDrummonddeAndrade)

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cisõesdiantedoeventualacirramentodacon-juntura,apoiadanosdocumentospreviamenteaprovados e nas resoluções do Encontro Na-cional.Osmembrosdesuascoordenaçõessãoeleitoscombasenãosónacapacidadepolíticaeorganizativa,deformulaçãoedemobilização,como tambémnaconfiançapolíticanelesde-positada.Assim,estãodesignadosparaatarefadedirigentespelo conjuntoda corrente, peloperíodoentreosEncontros.Paraqueumade-liberação seja encaminhada disciplinadamen-teportodososmilitantes,tendosidodefinidapormaioriaapósamplodebate, todosdevemteracordoqueessaformadefuncionamentoéaúnicaverdadeiramentedemocráticaecapazdefazeracorrenteavançaremsuaaçãonaso-ciedade,demaneiraunificadaeeficaz.

6. Dessamaneira,ofuncionamentodaAPSseba-seianoprincípiodoCentralismoDemocrático,comoestádefinidoemespecialnosparágrafos11,13e15,alémdesercomplementadoemdi-versosoutrospontos.Entretanto,esseprincí-piodeorigemleninistanãoestáexplicitamentenomeadonessedocumentoenememqualqueroutro.Comohácontrovérsianãosónahistóriada esquerda em seus diversosmatizes, comopresentemente, e mesmo entre os própriosescritosdeLênin,seconfrontadosaolongodesuaobra,podemosavaliarquehaverianecessi-dadedeampliaçãoedesenvolvimentodessespontos,demodoacontribuirparaaexplicita-çãoeaclarezadasnossasposições,emespecialparaosnovosmilitantes–mastambémentreosantigosnãoérarodespontarcompreensõeseleiturasdiversasdesseprincípio.

7. Muitoalémdacontrovérsia,hánahistóriadospartidos comunistas interpretações perigosa-mentelimitadasdoprincípioleninistadoCen-tralismoDemocrático, que foi distorcidopelostalinismo em “Centralismo Burocrático”, detristememória.Ahistóriamostrouquealeitu-raestreitaedescontextualizadadaobra“Quefazer?”,deLênin (onde tambémanotável ex-pressãonãoaparece),escritoemumaconjun-turabastanteespecífica,queeraomomentodeviolentaditadura,emcondiçõespré-revolucio-náriasdaRússiade1902,estánagênesedessadistorção.Umaelaboraçãoparaumaorganiza-çãoclandestinaemumaconjunturaespecífica,que difere bastante de outros momentos dopróprioLênin,emqueessaformadefunciona-mentoéredefinidaparaoPartidoBolchevique,

comoem“OEstadoeaRevolução”,de1917,àbeiradarevolução.OumesmodesuarespostaaosquestionamentosdeRosaLuxemburgo.Oudesuasressalvasàtraduçãodovolumede“Quefazer?”,algunsanosdepois.Oudainterpreta-çãoavançadadeTrotsky(Arevoluçãotraída),ampliadaporseuscomentadores,comoErnestMandel (A teoria leninista da organização) eNahuel Moreno (Como se aplica o centralis-modemocrático).Muitoslitrosdetintaforamempregadosnessateorização.PodemossuporqueotermonãoconstenonossoPerfileFun-cionamento para elidir essa longa controvér-sia.Onãoditopassaaresidirnasentrelinhas.

8. Comoaspalavrasnãosãoas coisas,oprincí-pio do Centralismo Democrático está lá des-crito,aindaquenãonomeado.Reivindicamosque esteja, inclusivenomeado, se forpreciso.Mascomoprecisá-lonãoétarefamodesta,poisnãoháentendimentopacíficoaserrecortadoecoladodeumacitação,seguimosatrilhades-sedebate.Umdebateanimadoe longedees-tar fechado, comosepodeconstatarpela suapresençaabundantenosdocumentosenviadosparaa tribuna,paraalémdetudooque jáseformulou.

9. Quando pensamos na APS harmonizada comosnovostempos,nãoestamosnosreferindoàondadeautonomismoehorizontalismotípicade movimentos sociais voltados para algumobjetivo específico, semdefiniçãoestratégica,emuitomenos referimo-nos às organizaçõesde viés anarquista que tanto atraíram os jo-vensapartirdasjornadasdejunhode2013.Ajuventudeatraídaparaessasformasorganiza-tivasnãosesentiráinclinadaaconhecerorga-nizaçõesdotipodaAPS;nãoenquantoestivervoltadaparaamilitânciaemorganizaçõesho-rizontalizadas,deviésanti-partidárioemsuaorigem.Nãonoscolocamosnessadisputa.

10.Estamosnadisputapelajuventudequesedis-põeaconstruirumpartidocomooPSOL,queaindanãoéopartidorevolucionárioquepreci-samosconstruir,masqueéoabrigodaesquer-da anti-capitalista em seus diversos matizes;dialogamoscoma juventudequenãoserefe-rencianovanguardismodescoladodabasedealgumasoutrasorganizaçõesquecompõemin-clusiveoPSOLouestãoforadele.Construímosumaorganizaçãocomajuventudequevislum-braacordocomanecessidadedeumadireçãocapazdedarrespostaságeiseunificadasaos

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temposásperosemquevivemos,detantafrag-mentaçãoeengessamentodasutopias.

11.Mas é também uma juventude que tem sededeparticipação,nosentidodetomarpartedaação.Umajuventudeaquemnãobastatomarciência das deliberações,mas simque anseiaporconstruí-las.Quequerestarnocentrodosdebates, legitimamente,enãoapenasquandoalgum tensionamento extravasar para alémdasfronteirasinternasqueocontinham.Umajuventudequeconstróiacordocomaideiaderepresentação,desdequesesintarepresenta-da, ainda que minoritariamente. Uma juven-tudequenãoprecisaserinformada,porqueépartedainformação.Umajuventudequereno-meiaascoisascomsuaspalavras,paraquemtudodeveserdito,poisnãoháinterdito.

12.Uma juventude que conhece a história de al-gumaspalavras,entreelasotaldecentralismodemocrático, mas quer conosco refazer essahistória,desdequetenhaclarezanemtantononomedascoisas,massobretudodeumacordoconstruídonosprincípios.Portanto,nossoPer-fileFuncionamentocarecedealgumcomple-mento,quedefinirámelhornossas instânciaseseupapeldialéticonaconstruçãodasnossasformulações,paraasquaistodosestamoscon-vocados.Equedefinirámaisclaramentenossaconcepçãodocentralismodemocrático,assimsemmaiúsculas, que acolhemos como formadefuncionamentodeumacorrentecomunistaerevolucionária,afinadacomosnovoseace-lerados tempos. Tempo que exige respostasigualmentecéleres–equepodemnãoserasmelhores,efetivamente,porissoestãosujeitasàrevisão.

13.Oprincípiodocentralismodemocráticoconju-gademocraciainternacomdisciplinaeunidadedeação.Amplaliberdadeinternaparadebater,unidade para encaminhar o que for decididopelamaioria.Amelhortática,considerandoaanálisepréviadaconjuntura,paraseavançarnaconstruçãodecontra-hegemonia,sóéame-lhorsefordefendidaunitariamenteportodaaorganização,paraquesejatestadanaprática,que é o critério da verdade. Em caso demu-dançanaconjuntura,oucasoelademonstreainsuficiênciadessa tática, a reavaliaçãose faznecessária.

14.Mesmoajuventudequenãotemvivênciaempartido ou corrente comunista conhece esseprincípioemaplicaçõescomunsnomovimento

social,comoemumaassembleia,sejadetraba-lhadores,sejaestudantil.Adiscussãodeveserampla, com liberdade para se defender posi-çõessemqualquertipodecoersão.Apósade-liberação,pormaioriasimples,aminoriaacatao resultado e encaminha democraticamentea posição vencedora. No caso de uma greve,porexemplo,quemnãocumpreadeliberaçãoépopularmenteconhecidocomo“fura-greve”;emalgunscasosexistematésançõesinformaiscomopiquetesoupanfletosdedenúncia,paragarantiraimplementaçãodavontadeexpressadamaioria.

15.Mas, como já foi amplamente debatido e de-monstradonaprática,mesmoemmovimentossociais,criadosemtornodeumareivindicaçãoespecífica(comooMovimentoPasseLivredeSãoPaulo),nãoépossívelrealizarassembleiaseplenáriascomafrequênciasuficienteparaatomadadedecisõesquesefazemnecessárias.Algumgraudeverticalizaçãosempreseforma,mesmoquandonãoseadmiteemdocumentos,sob pena de paralisação desses movimentosmaisespontaneístas.Geralmenteumórgãodedireção é criado para vencer a paralisia ou adispersãoacabaporfragmentare inviabilizarsuacontinuidade.Emorganizaçõespartidáriasnacionaiscomoobjetivodetomadadepoderporviarevolucionária,atéhojenãoseencon-trouumaformamaiseficazedemocráticadoqueocentralismodemocrático,apesardapo-lêmicahistóricadesuaaplicação.

16.Aosquedefendemaconstruçãodeconsensoprogressivo, podemos opor a paralisação deorganizaçõesque se aferrama esseprincípioideal,que temcomocorolárioobloqueiodasdecisõesporpartedaminoria.Enquantonãose constróio consenso, amaioria deveabrirmãodaposiçãomajoritária, ficandoaorgani-zaçãoparalisadaduranteprocessode“conven-cimento”para construçãodo consenso. Casoesse “consensoprogressivo” não avance, comadesistênciadeumadasposições, cadaumadas partes age de acordo com suas posiçõesanteriores, gerando dispersão das forças. Adivergênciapúblicasetornanotóriaecontra-producente,oquecomprovaainaplicabilidadedesseprincípioparaumaorganizaçãorevolu-cionária.Nãopodeser consideradademocrá-ticaumaformadeorganizaçãoondeamaioriadeve abrirmão de suas posições, na falta doconsensocomaposiçãominoritária.

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17.Assimcomoodiabomoranosdetalhes,adife-rençacostumaaparecernaaplicaçãodoprincí-pio.Nãoháumareceitaprontadecentralismodemocrático,alémdaquedeuerrado–ostali-nismo– edegenerounumacúpuladestacadadamilitância,quedecidiaportodos,mantendoamassademilitantes,recrutadacomcritériosfrouxos, longedaspolêmicas e chamadaape-nasareferendaressacúpulailuminada.Nessecenário,qualquer críticaévista como traiçãoe leva à exclusão do traidor. Predominam oscritériosmoraiscomoconfiança/desconfiança,traição/lealdadeedefesadogmáticadainfali-bilidadedadireção,geralmentedominadaporum“guiagenial”–ocultoàpersonalidade.Es-ses sãodesvios conscientes, reiterados e em-basados emdocumentos a que amassa devesomenteaguardarpara ler e aplicar semdis-cutirefetivamente.Amilitânciasetransformaemumexércitodetarefeiros,bemdistantedacúpulailuminada.

18.Portanto, a História serve como aprendizadodoquenãofazer,decomonãoser,emsetra-tandodoprincípiodocentralismodemocráti-co.Mas,seosdesviosdomarxismo-leninismonos servissem como desestímulo, desistiría-mosdelutarcontraadesigualdadeeopressãodocapitalismo.Portanto,nossaconstruçãodocentralismodemocráticoéespecífica,nãotemreceita fácilemlugaralgum,nemmesmonostextosdeLênin,comtodasassuascontradiçõesdemonstradas e assumidas inclusive por elemesmo.Suaelaboraçãoeexecuçãodependemdaadesãodetodosnós,demaneiraasuperar-mosnossasdebilidadesorganizativas.Quandofalhamoscomoorganizaçãoemalgummomen-to,nãoéàdireção,emuitomenosaumgrupoespecífico,quedefendeudeterminadapropos-ta,quedevemosatribuirafalha,massimaumestágio de construção organizativa que aindanãoalcançamos.Paraissonosservemosmo-mentosdedebateinternoabertoepresencial,comoosEncontrosEstaduaiseNacionais,ple-nárias,ativoseconferências–éomomentodacríticafraternaeautocríticasincera,nosentidodetodosnósmelhorarmoscomoorganização.

19.Numa organização nacional como a APS, emumpaísdedimensõescontinentais,cadareu-nião presencial gera custos consideráveis,pessoais e organizacionais. Diante do acirra-mento da conjuntura, que reclama em certasocasiõesumatomadadedecisãocomurgência,

nemsempreépossívelrealizarareuniãopre-sencial, quantomenosuma sériede reuniõespresenciaisemtodososlugaresondeestamosorganizados.Nessasocasiões,umgrauelevadodeconfiançapolíticanadireçãosefaznecessá-rio,paraquesepossatomardecisõesrápidas,pormaioriasimples,inclusivedemodovirtual,tendo por base as resoluções já amplamentediscutidas.Oquefordecididoseráencaminha-doportodos,parasuaplenaeficácia.Éissoquejáestádescrito,comoutraspalavras,noPerfileFuncionamento,comoqual todosqueesta-mosnaAPSmanifestamosacordoporocasiãodorecrutamento.

20.Mas,diantedetemaspolêmicosinternamente,quandonemasdeliberaçõesdeEncontroNa-cional nem a elaboração existente dão contasatisfatoriamente,aestruturaorganizativadacorrentedeveserpostaemmovimento:cole-tivosinternosdebase,plenáriaseconsultasàmilitânciadevemdebaterotemaeencaminharposiçõesparaassessoraradeliberaçãodaco-ordenaçãonacional,quedeveráserigualmenteserencaminhadaportodos.Nosdoiscasos(adeliberaçãoágildacoordenaçãonacional,pormaioria simples, e a deliberaçãomais ampla,assessoradapeloresultadodasconsultas),tra-ta-sedeaplicaçãodoprincípiodocentralismodemocrático, balizado pelas condições obje-tivas conjunturais. É justamente desta formaque procura funcionar a APS, quando nossaspossibilidades organizativas permitem. Masessa situação das consultas às instâncias debase não está disciplinada no nosso Perfil eFuncionamentoemvigor.

21.Portanto,oqueestedocumentopropõenãoéaretiradadequalquerponto,massimainclusãodeumitemquepodetornarmaisclaraaapli-caçãodoprincípiodocentralismodemocráticonasituaçãodesejáveldesepoderampliarode-batenasbases antesdeumadeliberaçãopormaioriadaCoordenaçãoNacional, bemcomodascoordenaçõesestaduais.

22.Assim,apósoparágrafo13–“Nointervaloen-treumencontroeoutrorespondepelaAPSasua coordenação nacional, que, por maioriasimples, tem a competência de desdobrar ezelarpelo encaminhamentodasposiçõesdosencontros”,estedocumentopropõeainclusãodeumnovoitem,quepoderiateraseguintere-dação,comomerasugestão:“Noscasosemqueoobjetodedeliberaçãonãosetratardedesdo-

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bramentoouencaminhamentodeposiçõesdosencontrosnacionaisouresoluçõesanteriores,aCoordenaçãoNacional convocará, a seu cri-tério,consultaamplaàmilitânciapormeiodeplenáriasorganizadaspelascoordenaçõeses-taduais;casoasplenáriasnãosejampossíveisporumaquestãodetempohábil,serãoencami-nhadasconsultasàsbases,aindaquepormeioeletrônico. O resultado dessas consultas vaiorientarodebateeadeliberaçãodacoordena-çãonacional.”Poranalogia,omesmoprocessosedesenvolveránascoordenaçõesestaduais.

23.O procedimento que este documento propõeincluir, comoseconstata,nãoénenhumano-vidade e já foi posto emprática por diversasvezes neste mandato da Coordenação Nacio-nal.Podemosmencionar,apenasparamelhorexemplificar a maneira de aplicação dessenovoitem,aconsultarealizadapreviamenteaocongressodoPSOLde2013,quandoestavaempautaoapoiodaAPSaLucianaGenro,RenatoRosenoouo lançamentode candidaturapró-pria.Entretanto,essapossibilidadedeconsul-taantecedendoaumadeliberaçãonecessáriaeconjunturaldaCoordenaçãoNacionalnãoestáprevistaemnenhumdosparágrafosdonossoPerfileFuncionamento.Acrescentá-laapenasregulamentaráumprocedimentoquejáexiste,tornando nosso Perfil e FuncionamentomaispróximodoquerealmenteéequerseraAPS.

24.Assimcomoumaresoluçãopormaioriasim-plesdaCoordenaçãoNacionalpodeservenci-dapelaconjunturaaosertestadanaprática,oresultadodeumaconsultaampladamilitânciatambémpodedemonstrar,aoserencaminha-do, sua necessidade de revisão. Um métodonão émelhor do que o outro, nem conduz àverdadeapenasporserconstruídoemfórunsmais ou menos amplos. É a conjuntura quedetermina a escolha de uma ou outra formadedeliberação,ambasnecessariamenterepre-sentandoasposiçõeslegítimasdaAPS,aseremencaminhadasportodosetodas.

25.Talvez sim, haja uma diferença entre os doismétodos de deliberação, e isso já seria sufi-cienteparaqueapréviaconsultaamplasejaopreferívelnascondiçõesemqueelasemostraraplicávelemtermosorganizativos:atotalidadedamilitânciasesentirámaisenvolvidaeparti-cipanteativadosdebatesinternosdacorrente.E isso faz todaadiferença.Paranossa juven-tude,quevemdemovimentosecontextosem

queefetivamentecontribuieelaboracoletiva-menteasdeliberações,amaior frequênciadeampla consulta precedendo as deliberaçõescertamente vai intensificar o sentimento depertencimentoàAPS.

26.Éprecisoressaltarqueométododeamplacon-sultarequermuitomaisdaorganização,alémde só ser aplicável em conjunturas não acir-radas nem urgentes. O encaminhamento deplenáriasoumesmoaconsultavirtualdeummaior número de militantes requer critériosdemilitânciaecompromissomaiordepartici-paçãoativadetodos.Asresponsabilidadesseacrescentamnamesmaproporçãoemqueasdeliberaçõesseabrem,sabendoquetêmtem-polimiteparaseremfechadas.Porém,aposta-mossemprenamelhorhipótese, assimcomopersistimosemnossasutopias.Vamosdemãosdadas.

MagdaFurtado