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COLETÂNEAS DOS ÚLTIMOS VESTIBULARES DAS UNIVERSIDADES PAULISTAS 01 - (ESPM SP/2018) Memória Amar o perdido deixa confundido este coração. Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não. As coisas tangíveis tornam-se insensíveis À palma da mão Mas as coisas findas Muito mais que lindas Essas ficarão Carlos Drummond de Andrade PROPOSTA: Com base nas informações do texto e em outras de seu conhecimento sobre o assunto, elabore um texto dissertativo que apresente considerações sobre a seguinte afirmação: Trazer para o presente eventos do passado é atividade somente possível através da memória - faculdade humana capaz de subjugar a condição irreversível do tempo. www.proftonygomes.com.br de 1 28

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COLETÂNEAS DOS ÚLTIMOS VESTIBULARES DAS UNIVERSIDADES

PAULISTAS01 - (ESPM SP/2018)

Memória

Amar o perdido

deixa confundido

este coração.

Nada pode o olvido

contra o sem sentido

apelo do Não.

As coisas tangíveis

tornam-se insensíveis

À palma da mão

Mas as coisas findas

Muito mais que lindas

Essas ficarão

Carlos Drummond de Andrade

PROPOSTA: Com base nas informações do texto e em outras de seu conhecimento sobre o assunto, elabore um texto dissertativo que apresente considerações sobre a seguinte afirmação:

Trazer para o presente eventos do passado é atividade somente possível através da memória - faculdade humana capaz de subjugar a condição irreversível do tempo.

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02 - (PUC SP/2018) Formato global

Folha de S.Paulo, 08 out. 2017

Vista aérea do centro de São Paulo

Eles estão convictos de que a Terra é plana, de que a gravidade não existe e de que está em curso um complô de cientistas e agências governamentais para nos convencer do contrário. Essa constitui mais uma das tribos exóticas que passaram a existir ou ganharam visibilidade com a internet.

No caso em tela, os movimentos terraplanistas modernos existem pelo menos desde os anos 50 e têm raízes no fundamentalismo bíblico; parecem viver, porém, um surto inflacionário, com proliferação de sites em que pretendem provar cientificamente que estão certos.

De tão absurda e facilmente desmontável, a tese nem mereceria comentário se esse tipo de coletividade virtual não fosse sintoma de um fenômeno mais geral que envolve o relacionamento de grupos no mundo digital.

Pelo lado positivo, ninguém mais está condenado à solidão. Ao conectar mais de 3 bilhões de pessoas em torno de qualquer tema, a internet torna quase impossível que até o mais heterodoxo dos pensantes não encontre alguém que defenda ideias tão excêntricas quanto as suas.

Isso se aplica a inclinações políticas, gostos artísticos, preferências sexuais. Trata-se de alternativa formidável a quem se vê incompreendido ou mesmo rejeitado por familiares e vizinhos.

Há, contudo, uma faceta menos brilhante nessa tendência. Devido a efeitos psicológicos frequentes nas interações entre indivíduos que pensam de forma muito semelhante e se isolam dos demais, não é incomum que tais comunidades se tornem cada vez mais radicais e descoladas da realidade.

Sob esse aspecto, o exemplo dos terraplanistas se afigura quase benigno. Suas ideias têm reduzido impacto prático e baixíssima chance de viralização.

Muito mais perigosas são as teses defendidas por militantes antivacinação ou mesmo por facções terroristas como o Estado Islâmico, que também se valem da rede mundial de computadores para difundir sua mensagem, conquistar e orientar adeptos. Aqui, toda a sociedade corre risco.

Também nesse caldo de cultura brotam as famigeradas "fake news", notícias falsas criadas pela má-fé e propagadas em meio à balbúrdia informativa.

Boatos, teses estapafúrdias, teorias conspiratórias e ideologias tóxicas, claro, sempre circularam pelo mundo; agora, encontraram um veículo ideal de difusão. O terraplanista, de todo modo, é um preço razoável a pagar pela expansão das possibilidades de nos expressarmos sem amarras.

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Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br /opiniao/2017/10/ 1925264 -formato-global.shtml. Acesso em: 08 out. 2017.

As relações interpessoais via internet difundem toda uma sorte de notícias e teses – algumas falsas e insensatas, outras baseadas em bom senso e sustentadas em pesquisas e, portanto, em comprovações.

Considerando os aspectos positivos e negativos quanto ao papel da internet na divulgação de informações e ideias, posicione-se e apresente seu ponto de vista em relação ao comportamento que os usuários das redes sociais deveriam adotar em prol do bem comum.

Para tanto, com base no texto motivador e em seus conhecimentos prévios, construa um texto dissertativo-argumentativo e justifique seu posicionamento com argumentos relevantes e convincentes, articulados de forma coesa e coerente. Dê um título ao texto.

Seu trabalho será avaliado de acordo com os seguintes critérios: criticidade, adequação do texto ao desenvolvimento do tema, estrutura textual compatível com o texto dissertativo-argumentativo e emprego da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

Importante:

• Redija seu texto a tinta, no espaço a ele destinado. O rascunho não será considerado. Será desclassificado o candidato que tirar zero na redação.

• Nota zero será atribuída se o texto construído apresentar menos de sete linhas (linhas copiadas dos textos da prova serão desconsideradas); fugir ao tema ou apresentar parte do texto em desacordo com o tema proposto; não estiver de acordo com o tipo de texto exigido nesta proposta de redação; apresentar impropérios, desenhos ou quaisquer outras formas propositais de anulação.

03 - (FGV /2018) EPÍLOGO

Vocês, melhor aprenderem a ver, em vez de apenas

Arregalar os olhos, e a agir, em vez de somente falar.

Uma coisa dessas quase chegou a governar o mundo!

Os povos conseguiram dominá-la, mas ainda

É muito cedo para sair cantando vitória:

O ventre que gerou a coisa imunda continua fértil!

Bertolt Brecht

Esse texto é o epílogo, muito célebre, da peça teatral A resistível ascensão de Arturo Ui, no qual o dramaturgo se dirige aos espectadores. Escrita nos anos de 1940 e revista durante a década de 1950, a peça tem como referências históricas a ascensão do nazifacismo na Europa e a Segunda Guerra Mundial. Assim, a “coisa” que “quase chegou a governar o mundo”, de que fala o texto, remete ao projeto nazifacista de dominação, do qual são parte inseparável, além da mencionada guerra mundial, também os programas de perseguição e de extermínio de minorias étnico-religiosas, de dissidentes políticos e de minorias sexuais,

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entre outros grupos. Essa conjugação característica de violência e preconceito, gangsterismo e terror, regressão e barbárie é que o autor designou como “a coisa imunda”.

Com base no estímulo do texto, bem como em outras informações que você considere pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema – “O ventre que gerou a coisa imunda continua fértil!”: essa afirmação ainda é válida em nossos dias?

04 - (PUC SP/2018) Em decorrência da abundância de diferentes naturezas de que dispõe parte da sociedade deste século, o consumismo desencadeou problemas que precisam ser enfrentados para o bem-estar de todos. Um desses problemas é a produção de lixo.

Como precisamos de soluções para lidar com o consumo crescente, construa um texto dissertativo-argumentativo que apresente o que pode ser proposto para a redução do desperdício que tem gerado o excesso de lixo.

Justifique seu posicionamento com argumentos relevantes e convincentes, articulados de forma coesa e coerente. Dê um título ao texto.

Seu trabalho será avaliado de acordo com os seguintes critérios: criticidade, adequação do texto ao desenvolvimento do tema, estrutura textual compatível com o texto dissertativo-argumentativo, o uso adequado de elementos coesivos e emprego da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

Texto 1

Desafio da nossa epoca e lidar com a abundancia

Leandro Narloch, Folha de S.Paulo - 25.abr.2018 às 9h06

A abundância, quem diria, se tornou um problema. A humanidade passou milênios tentando sobreviver à fome, ao desabrigo e à escassez: hoje precisa aprender a lidar com excesso.

Temos alimentos demais, bugigangas demais, roupas, carros, embalagens, papéis, remédios, drogas, livros, filmes, eletrônicos e diversões demais. Ainda estamos aprendendo a viver no meio de tantas coisas.

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Artista faz intervenção na avenida Paulista sobre consumismo Marcus Leoni - 10.jan.2016/Folhapress

É uma delícia de problema, é claro. Até o século 18, a teoria malthusiana fazia sentido. O crescimento da população levava à escassez de comida e assim à diminuição da poluição. Crises de fome ceifavam multidões todos os séculos.

A Revolução Industrial nos fez escapar dessa armadilha. Produzindo mais com menos esforço, operamos um milagre: a população explodiu e a riqueza também. A fome, até então uma condição natural da humanidade, se tornou uma anomalia.

Luxos que antes eram reservados a reis ou milionários (chás ou janelas com vidros e cortinas, por exemplo) entraram na casa de trabalhadores comuns.

É claro que boa parte do mundo ainda enfrenta a fome e a escassez. Mas não é por falta de conhecimento que isso acontece. Pelo contrário, o caminho da prosperidade já está mais ou menos mapeado e pavimentado.

A abundância é um tipo de problema chique, que todo mundo gostaria de ter. Como o da grã-fina que está cansada de passar as férias em Paris. Mas ainda assim é um problema.

Muitas más notícias que os jornais publicam hoje são produtos da abundância: o trânsito, a obesidade, a poluição, o lixo, o tempo que crianças gastam em frente a telas. Não só crianças, mas os adultos — que em média tocam 2600 vezes no celular por dia.

As pessoas parecem meio perdidas entre tanto conforto e atrações que desviam a atenção. Se perdem em realizações imediatas de consumo, sem foco e força de vontade para perseguir grandes desejos ou objetivos mais ousados.

Se o problema já é grave hoje, imagine no futuro. O autocontrole será cada vez mais necessário. Nossos filhos e netos terão que aprender desde cedo a se controlar diante do excesso de comida, de drogas, de opções de vida e de diversão.

O mundo capitalista já resolveu o problema da escassez: precisa agora de uma educação para a abundância.

Leandro Narloch - Jornalista, mestre em filosofia e autor do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, entre outros. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/colunas/leandro-narloch/2018/04/desafio-da-nossa-epoca-e-lidar-com-a-abundancia.shtml>. Acesso em: 25 abr. 2018.

Texto 2

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Texto de Gilmar Machado, publicado em 8 jan. 2018. Disponível em:<https://www.humorpolitico.com.br/ tag/meio-ambiente/>. Acesso em: 12 mar. 2018.

Texto 3

Consumo e desperdício: as duas faces das desigualdades

Ana Tereza Caceres Cortez - Professora adjunta do Departamento de Geografia Instituto de Geociências e Ciências Exatas - IGCE/Unesp, Rio Claro

Um dos símbolos do sucesso das economias capitalistas modernas é a abundância dos bens de consumo, continuamente produzidos pelo sistema industrial. Essa fartura passou a receber uma conotação negativa, sendo objeto de críticas que consideram o consumismo um dos principais problemas das sociedades industriais modernas.

Consumismo é o ato de consumir produtos ou serviços, muitas vezes, sem consciência. Há várias discussões a respeito do tema, entre elas o tipo de papel que a propaganda e a publicidade exercem nas pessoas, induzindo-as ao consumo, mesmo que não necessitem de um produto comprado. Muitas vezes, as pessoas compram produtos que não têm utilidade para elas, ou até mesmo coisas desnecessárias apenas por vontade de comprar, evidenciando até uma doença.

Segundo o Dicionário Houaiss, consumismo é “ato, efeito, fato ou prática de consumir (‘comprar em demasia’)” e “consumo ilimitado de bens duráveis, especialmente artigos supérfluos”.

O simples “consumo” é entendido como as aquisições racionais, controladas e seletivas baseadas em fatores sociais e ambientais e no respeito pelas gerações futuras. Já o consumismo pode ser definido como uma compulsão para consumir. Mas como fazer para não aderir ao perfil consumista? A fórmula clássica e aparentemente simples é distinguir o essencial do necessário e o necessário do supérfluo. No entanto, é muito difícil estabelecer o limite entre consumo e consumismo, pois a definição de necessidades básicas e supérfluas está intimamente ligada às características culturais da sociedade e do grupo a que pertencemos. O que é básico para uns pode ser supérfluo para outros e vice-versa.

Trecho de CORTEZ, Ana Tereza Caceres. Consumo e desperdício: as duas faces das desigualdades. In: CORTEZ, A.T.C.; ORTIGOZA, S.A.G. (Org.). Da produção ao consumo: impactos socioambientais no espaço

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urbano. São Paulo: UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. Disponível em: <http://books. scielo.org/id/n9brm/pdf/ortigoza-9788579830075-03.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2018. [Adaptado]

05 - (ESPM SP/2018)

Um negócio para chamar de meu

Numa pesquisa feita no começo do ano pela ONG Fundação Estudar com 1.102 entrevistados de 18 a 34 anos e atualmente empregados, apenas três entre dez demonstraram interesse em permanecer mais de dois anos no atual emprego. Percebe-se que muitos buscam empreender: 43% dos pesquisados já estão dando os primeiros passos. O empreendedorismo é fator crucial para o desenvolvimento de uma economia, seja ela local, estadual ou nacional. Observar as demandas do ramo em que se pretende atuar é o primeiro passo para obter o sucesso esperado. Dessa forma, os consumidores reconhecerão o empreendimento como uma solução e ficará mais fácil conquistar o público-alvo e garantir o tão desejado retorno financeiro.

Revista Exame 30/08/17

PROPOSTA: Com base nas informações do texto e em outras de seu conhecimento sobre o assunto, elabore um texto dissertativo que apresente considerações sobre a seguinte questão:

Quais os principais motivos que justificariam a importância de se cultivar uma mente empreendedora?

06 - (Mackenzie SP/2018) Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.

Obs.: O texto deve ter título e estabelecer relação entre o que é apresentado nos textos da coletânea.

Texto I

A guerra é um massacre entre pessoas que não se conhecem para proveito de pessoas que se conhecem mas não se massacram.

Paul Valéry, escritor francês

Texto II

Existem vários tipos de refugiados no mundo, alguns por condições de perseguição política, outros pela existência de conflitos armados e guerrilhas, além daqueles que sofrem com a fome, discriminação racial, social ou religiosa e até os refugiados ambientais, entre muitos outros tipos.

Os dados divulgados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) revelam um drama crescente: em razão dos conflitos nacionais existentes em várias partes do mundo, o número de refugiados vem aumentando exponencialmente. Em 2014, esse número chegou a incríveis 59,5 milhões de pessoas, cerca de 22 milhões a mais em comparação com a década anterior. Outro dado alarmante é que mais da metade desses refugiados é menor de idade.

Rodolfo Alves Pena, geógrafo

Texto III

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Atravessamos o mar Egeu

O barco cheio de fariseus

Com os cubanos, sírios, ciganos

Como romanos sem Coliseu

Atravessamos pro outro lado

no rio Vermelho do mar sagrado

nos center shoppings

superlotados

de retirantes

refugiados

Onde está meu irmão sem irmã

O meu filho sem pai, minha mãe sem avó

Dando a mão pra ninguém, sem lugar pra ficar

Os meninos sem paz

“Ondes estás, meu senhor?”

Onde estás? Onde estás?

Tribalistas (Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte)

07 - (Mackenzie SP/2018)

Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.

Obs.: O texto deve ter título e estabelecer relação entre o que é apresentado nos textos da coletânea.

Texto I

Enquanto não o possuímos, o objeto do nosso desejo parece maior que qualquer outra coisa. Porém, tão logo usufruímos dele, ansiamos por algo distinto com a mesma sofreguidão.

Lucrécio, poeta e filósofo romano do século I a.C.

Texto II

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Fonte: http://pjpontes.blogspot.com.br/2016/02/sociedade-de-consumo.html

Texto III

A experiência humana contemporânea é atravessada pelo consumo, pelo desejo de possuir as coisas, mesmo aquelas que nos parecem impossíveis. Lutamos todos os dias para ter o que não temos. Assim caminha a humanidade numa luta vã entre o desejo e a falta, esquecendo-se de que o mais importante talvez seja o que de fato já temos e desprezamos por conta da busca desenfreada por ter e querer sempre mais, sejam produtos, seja dinheiro, sejam afetos, seja até uma improvável fama.

Conrado Marton, sociólogo

08 - (UNESP SP/2018) Texto 1

Um levantamento do Instituto Datafolha divulgado em maio de 2014 apontou que 61% dos eleitores são contrários ao voto obrigatório. O voto obrigatório é previsto na Constituição Federal – a participação é facultativa apenas para analfabetos, idosos com mais de 70 anos de idade e jovens com 16 e 17 anos.

Para analistas, permitir que o eleitor decida se quer ou não votar é um risco para o sistema eleitoral brasileiro. A obrigatoriedade, argumentam, ainda é necessária devido ao cenário crítico de compra e venda de votos e à formação política deficiente de boa parte da população.

“Nossa democracia é extremamente jovem e foi pouco testada. O voto facultativo seria o ideal, porque o eleitor poderia expressar sua real vontade, mas ainda não é hora de ele ser implantado”, diz Danilo Barboza, membro do Movimento Voto Consciente.

O sociólogo Eurico Cursino, da Universidade de Brasília (UnB), avalia que o dever de participar das eleições é uma prática pedagógica. Ele argumenta que essa é uma forma de canalizar conflitos graves ligados às desigualdades sociais no país. “A democracia só se aprende na prática. Tornar o voto facultativo é como permitir à criança decidir se quer ir ou não à escola”, afirma.

Já para os defensores do voto não obrigatório, participar das eleições é um direito e não um dever. O voto facultativo, dizem, melhora a qualidade do pleito, que passa a contar majoritariamente com eleitores conscientes. E incentiva os partidos a promover programas eleitorais educativos sobre a importância do voto.

(Karina Gomes. “O voto deveria ser facultativo no Brasil?”. www.cartacapital.com.br, 25.08.2014. Adaptado.)

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Texto 2

Há muito tempo se discute a possibilidade de instauração do voto facultativo no Brasil. Mas são diversos os fatores que travam a discussão.

Atualmente, é a Lei nº 4737/1965 que determina o voto como obrigatório no Brasil, além dos dispositivos e penas a quem não comparece ao pleito. Com a imposição, o país segue na tendência contrária ao resto do mundo. Estudo divulgado pela CIA, que detalha o tipo de voto em mais de 230 países no mundo, mostra que o Brasil é um dos (apenas) 21 que ainda mantém a obrigatoriedade de comparecer às urnas.

Para Rodolfo Teixeira, cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), a atual descrença na classe política pode levar a uma grave deserção do brasileiro do processo eleitoral. O jurista Alberto Rollo, especialista em Direito Eleitoral e membro da comissão de reforma política da OAB de São Paulo, concorda e acredita que o eleitor brasileiro ainda é “deficitário” do ponto de vista de educação política, sem ser maduro o suficiente para entender a importância do voto: “Se [o voto facultativo] fosse implementado hoje, mais da metade dos eleitores não votaria. Isso é desastroso”, afirma.

O cientista político e professor da FGV-Rio Carlos Pereira pensa diferente. O especialista acredita que as sete eleições presidenciais depois do fim da ditadura militar mostram que o momento democrático do Brasil está consolidado. O voto facultativo seria mais um passo a uma democracia plena.

“O argumento de que o eleitor pobre e menos escolarizado deixaria de votar parte de um pressuposto da vitimização. É uma visão muito protecionista”, diz Pereira. “O eleitor mais pobre tem acesso à informação e é politizado: ele sabe quanto está custando um litro de leite, uma passagem de ônibus, se o bairro está violento, se tem desemprego na família. É totalmente plausível que ele faça um diagnóstico e decida em quem votar e se quer votar.”

(Raphael Martins. “O que falta para o Brasil adotar o voto facultativo?”. http://exame.abril.com.br, 01.08.2017. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

O voto deveria ser facultativo no Brasil?

09 - (IBMEC SP Insper/2018) Texto 1

Cobrar menos ou até isentar mulheres do pagamento pela entrada em bares, baladas e locais do tipo é uma prática comum em diversas cidades brasileiras.

Essa cobrança diferenciada, porém, passou a ser proibida, de acordo com uma orientação técnica divulgada pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça.

A determinação é válida para bares, restaurantes e casas noturnas, que terão um mês para se adequar. Vencido esse prazo, caso ainda haja distinção de preço baseada no gênero, o consumidor poderá exigir o mesmo valor cobrado das mulheres e os estabelecimentos estarão sujeitos a multa.

A mudança veio na esteira de um episódio específico, ocorrido no Distrito Federal. Em meados de junho, um estudante de Direito processou um estabelecimento que cobrava, pelo ingresso de um show, preços distintos para mulheres e homens: mais barato para elas e mais caro para eles. Reafirmando a igualdade entre ambos perante a lei, ele deseja pagar o mesmo valor do “ingresso feminino”.

O processo ainda está em andamento, mas o governo federal decidiu se adiantar e regular o tema para todo o país.

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(Juliana Domingos de Lima. Ingresso na balada: por que cobrar valor diferente de homem e mulher foi proibido. www.nexojornal.com.br. 05.07.2017. Adaptado)

Texto 2

A prática de venda de ingressos com preços diferentes para homens e mulheres já é conhecida do público brasileiro, mas ganhou repercussão nas últimas semanas, quando a juíza Caroline Santos Lima, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, declarou em uma decisão não haver dúvida de que “a diferenciação de preço com base exclusivamente no gênero do consumidor não encontra respaldo no ordenamento jurídico.”

Outro aspecto abordado pela juíza na decisão preliminar foi o incentivo à presença da mulher como atrativo para homens ao evento. “Não pode o empresário fornecedor usar a mulher como ‘insumo’ para a atividade econômica, servindo como ‘isca’ para atrair clientes do sexo masculino”. Para a magistrada, essa prática “afronta a dignidade das mulheres, ainda que de forma sutil, velada.”

Referência na área de Direito do Entretenimento, a advogada Deborah Sztajnberg acrescenta que a cobrança diferenciada reforça a discriminação contra a mulher. “Aceitar isso seria legitimar a diferença de salários no mercado de trabalho, porque equivale a dizer que a mulher ganha menos e, por isso, tem que pagar menos na balada”, afirma. “Se tudo que a gente quer é acabar com a intolerância, essas discriminações diversas de raça, de gênero, de tudo, como aceitar isso?”

(Patrícia Britto. É justo a mulher pagar menos na balada? Projeto de lei quer proibir isso. www.gazetado-povo.com.br. 30.06.2017. Adaptado)

Texto 3

O juiz federal Paulo Cezar Dura, da 17a Vara Federal Cível de São Paulo, determinou que a cobrança diferenciada para a entrada de homens e mulheres em estabelecimentos de lazer, como bares e casas noturnas, não é ilegal.

A decisão liminar do juiz de São Paulo vale somente para os estabelecimentos vinculados à Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), autora do pedido que contestava a proibição de cobrança diferenciada. Segundo a Abrasel, as casas que cobram ingresso diferenciado o fazem para tentar equilibrar o acesso dos dois sexos e “proporcionar um ambiente mais favorável à sociabilidade” e acrescenta que os homens, culturalmente, têm mais liberdade e recebem uma remuneração maior do que as mulheres. “O público feminino precisa de mais estímulos para frequentar casas noturnas, dentre eles o próprio equilíbrio entre os dois sexos, pois nenhuma mulher se sentiria à vontade ao frequentar sozinha, ou em apertada minoria, os locais com ampla presença de homens.”

Em sua decisão, o juiz afirmou que muitas vezes as mulheres se encontram em posições de desigualdade em relação ao homem, em aspectos que vão desde a remuneração até ter voz ativa na sociedade, e que a diferença na cobrança para homens e mulheres pode ter como objetivo incluir mais a mulher no meio social.

Para ele, o ingresso mais barato não torna a mulher inferior e admitir que a diferença de preços confere à mulher a conotação de “isca” conduz à ideia de que ela não tem capacidade de discernimento para escolher onde frequentar. Segundo Dura, a orientação do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor promove uma situação de vitimização da mulher.

(Thaís Augusto. Justiça diz que cobrança diferenciada para mulheres não é ilegal. http://veja.abril.com.br. 02.08.2017. Adaptado)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma--padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

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A cobrança diferenciada com base em gênero em estabelecimentos e eventos fere ou promove a igualdade de gênero?

10 - (IBMEC SP Insper/2018) Texto 1

Desde que a Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH) se recusou a ouvir o apelo de Connie Yates e Chris Gard, o drama do jovem casal inglês ganhou o mundo. Seu filho de 11 meses, Charlie Gard, sofre de uma doença raríssima e está internado desde outubro do ano passado na Inglaterra. Os médicos, que não veem mais possibilidades de reverter o quadro do bebê, querem desligar os aparelhos que o mantêm vivo, oferecendo os cuidados paliativos, mas os pais discordam da decisão e querem levá-lo para os Estados Unidos, onde sua mãe descobriu um procedimento – chamado terapia nucleotídica – que talvez pudesse combater a doença do bebê como um tratamento experimental.

Charlie Gard nasceu saudável depois de uma gravidez sem complicações, mas seus pais perceberam, depois de algumas semanas, que o filho não conseguia sustentar a cabeça como outras crianças da sua idade. Ele já estava perdendo o tônus muscular. A doença de Charlie, extremamente rara, ataca o DNA das mitocôndrias, que produzem toda a energia de que o corpo humano precisa, levando à degeneração progressiva de todas as funções corporais. O nome técnico da doença é Síndrome da Depleção do DNA Mitocondrial e sua variação que ataca o bebê é ainda mais rara, porque destrói também os neurônios. Esse fato viria a ser decisivo na batalha judicial que marca a breve vida de Charlie.

Conforme Frederico Singarajah, advogado que atua no Brasil e na Inglaterra, “Charlie é menor de idade, portanto ainda não tem capacidade jurídica para tomar decisões sobre sua própria saúde. A legislação inglesa impõe um dever para que os médicos ajam no melhor interesse da criança ou qualquer pessoa que não possui capacidade jurídica; e ainda demanda que os médicos considerem a decisão dos pais, mas somente como um dos fatores do que consta como o ‘melhor interesse’. O prognóstico é também um fator importante: quais são as chances de sucesso, falha, conveniências de cada um etc.”, explica o advogado.

(Renan Barbosa. O Estado pode impedir pais de tentar salvar um filho doente? www.gaze-

tadopovo.com.br. 20.07.2017. Adaptado)

Texto 2

A Justiça britânica determinou que os pais de Charlie Gard devem apresentar evidências de que o bebê, de apenas 11 meses, pode se beneficiar de um tratamento experimental e, por isso, deve ser mantido vivo com a ajuda de aparelhos. A equipe médica do hospital infantil Great Ormond Street defendia que o menino não tinha chances de sobrevivência e estaria em sofrimento. Por isso, deveria ter direito a uma morte digna com o desligamento dos equipamentos que o mantêm vivo. No entanto, os pais da criança, Connie Yates e Chris Gard, pedem uma última chance para o filho.

Para o vice-presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, André Filipe Junqueira dos Santos, casos como o de Charlie Gard devem ser avaliados individualmente, pois é difícil definir se o prolongamento da vida está ou não causando sofrimento, sobretudo quando o paciente não tem condições de se comunicar. Mas se o direito à vida é essencial, o direito à morte digna também o é.

A advogada Alice Pompeu Viana, professora do Centro de Ensino Superior Vale do Parnaíba e autora de um livro sobre o assunto, observa que o Direito britânico é diferente do brasileiro, mas afirma que um caso semelhante no Brasil provavelmente teria decisão em favor da família. Além disso, a Constituição coloca a preservação da vida como um bem maior.

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(Sérgio Matsuura. Doença de bebê britânico reacende debate sobre eutanásia. https://oglobo.globo.com. 11.07.2017. Adaptado)

Texto 3

Na semana passada, o Comitê de Alocação de Verbas da Câmara dos Estados Unidos aprovou por unanimidade uma emenda que concederia a Charlie status de residência, o que facilitaria sua transferência ao país para receber tratamento médico experimental. Era o que os pais do menino esperavam que pudesse ser feito, mas os médicos britânicos foram contra. Eles consideraram que havia poucas evidências de que o tratamento experimental ajudaria a criança e que continuar a prolongar sua vida com aparelhos apenas estenderia o sofrimento.

Aposto que a maioria ou quase todos os médicos intensivistas já se viram em situações nas quais estavam prestando um desserviço a outro ser humano – realizando procedimentos invasivos, mantendo os aparelhos de suporte à vida ligados, prolongando o sofrimento da pessoa – porque foram obrigados pela família do paciente a levar o tratamento adiante.

Nos Estados Unidos, conforme afirma o especialista em bioética Michael Dauber, quando os médicos e os “representantes” do paciente discordam quanto à manutenção do paciente ligado aos aparelhos, o desejo dos representantes (em um caso como o de Charlie, em que o paciente é jovem demais e doente demais para poder tomar decisões médicas, são seus pais) ganha precedência.

(Adam Gaffney. Eutanásia e valor da vida não estão em jogo no caso do bebê Charlie

Gard [tradução de Clara Allain]. www.folha.uol.com.br. 27.07.2017. Adaptado)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

Quem deve decidir quando encerrar a vida de uma criança em estado terminal: os pais ou os médicos?

11 - (FGV /2018)

Sem avanço em direitos humanos, Brasil é constrangido na ONU

Desde a última vez em que foi alvo de uma Revisão Periódica Universal (RPU) no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em 2012, o Brasil avançou muito pouco no enfrentamento das muitas violações desses direitos.

Na última sexta (5), o país foi submetido a mais uma RPU e teve de prestar contas sobre sua situação desde as recomendações de revisões anteriores.

O sistema não envolve sanções, mas a estratégia chamada naming and shaming: envergonhar o país, jogando luz em suas persistentes violações, para obter uma reação mais efetiva dos Estados, preocupados com sua reputação internacional (e a consequência, para os negócios, dessas mazelas expostas).

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Salvo a criação do instituto das audiências de custódia (de uso ainda muito localizado), do Estatuto das Pessoas com Deficiência e do Sistema Nacional de Combate e Prevenção da Tortura, não há muito o que comemorar.

Desde 2012, aumentaram os homicídios, dos quais o país é recordista mundial com quase 60 mil casos em 2015.

A violência policial seguiu em escalada, com um incremento de 42% das mortes provocadas por policiais civis e militares entre 2012 e 2015 e a exposição internacional de brutalidade na repressão de protestos de rua.

Os presídios foram mais abarrotados, e somam mais de 654 mil detentos, segundo o Conselho Nacional de Justiça, o que fomenta violações.

O domínio de facções do crime organizado e a carnificina que as disputas entre elas provocaram em presídios do país nos últimos anos são a consequência mais sombria da massa carcerária abandonada à própria sorte.

Na sessão da ONU, a ministra de Direitos Humanos, Luislinda Valois, anunciou que o Brasil vai reduzir em 10% a população carcerária até 2019. Trata-se de um compromisso tímido, anunciado sem maiores explicações.

Nos últimos anos, também emergiu com força a pauta do racismo institucional brasileiro, que expôs a maior vulnerabilidade dos negros a homicídios, tortura, violência policial e penas mais severas que as de seus pares brancos.

O tópico em que o país mais foi questionado foi o das políticas públicas voltadas para povos indígenas. Não é para menos. Na mesma semana em que um ataque a índios Gamela, no Maranhão, deixou dez feridos, teve início uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Funai-Incra, criada e dominada por deputados ruralistas, que se opõem à demarcação de terras indígenas, já em franca desaceleração desde o governo Dilma Rousseff (PT).

O país é signatário de boa parte dos tratados e convenções internacionais de direitos humanos. A exemplo do que ocorre internamente, com leis e estatutos elaborados à luz das mesmas premissas, boa parte dessas cartilhas nunca se cumpre. A revisão da ONU é o momento em que a distância entre o de jure* e o de facto* é colocada à prova .

Fernanda Mena, Folha de S. Paulo, 07/05/2017.

*Glossário:

“de jure”: de direito;

“de facto”: de fato.

Com base no texto e em outras informações que você julgue relevantes, redija um texto dissertativo-argumentativo, no qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: Presente e futuro dos direitos humanos no Brasil.

12 - (FGV /2018)

Texto 1

Como ter um corpo ideal para ir à praia? 1) Tenha um corpo. 2) Vá para a praia. A frase, que ficou conhecida nas redes sociais ao satirizar antigos conselhos disseminados em revistas femininas, é um dos

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exemplos de um debate que tem ganhado força em páginas e grupos na internet – e sobretudo em frente ao espelho.

Na contramão da onda fitness, ganham força movimentos em prol da aceitação do próprio corpo. “Pesquisas mostram que 92% das mulheres estão insatisfeitas com o corpo. Nós que estamos erradas ou é o mundo que ensinou assim?”, questiona Mariana Cyrne, 30, embaixadora do BIM (Movimento da Imagem Corporal, na sigla em inglês) no Brasil.

Para Joana Novaes, coordenadora do núcleo de doenças da beleza da PUC-Rio e autora do livro Com que corpo eu vou?, movimentos surgem como resistência diante de uma sociedade lipofóbica (com aversão à gordura). “É cada vez mais difícil achar alguém plenamente satisfeito com o próprio corpo”, diz a psicanalista, para quem a sociedade ainda impõe o corpo como instrumento de segregação de classe. “Em momentos históricos em que a comida não era uma facilidade, o corpo gordo era o ideal”, explica.

Ao mesmo tempo em que cresce a discussão, quem ousa quebrar os padrões estéticos também ouve críticas. A principal é a de “apologia à obesidade”. Para quem lida com o tema, porém, não se trata de conformismo – mas, sim, de ter mais foco em saúde do que na estética (em alguns casos, um escudo próprio contra o preconceito). “Não é comer x-bacon como se não houvesse amanhã. Não é um movimento de negligência ou autoabandono. É buscar a saúde de uma maneira que seja compatível com a sua vida, e isso envolve alimentação equilibrada e atividades físicas”, diz a nutricionista comportamental Paola Altheia, autora do site Não Sou Exposição, no qual questiona dietas da moda e aborda os riscos da busca por padrões.

(Natália Cancian. “Contrários à onda fitness, movimentos pregam o fim do ‘corpo ideal’”. www.folha.uol.com.br, 22.08.2017. Adaptado)

Texto 2

Um estudo divulgado no Congresso Europeu sobre Obesidade, em Portugal, pretende quebrar o mito do “gordo saudável”. A pesquisa da Universidade de Birmingham identificou que mesmo os obesos que não apresentavam sinais de risco à saúde – como pressão alta, diabetes e colesterol –, ou seja, eram “metabolicamente saudáveis”, não estavam livres de problemas de saúde no fim da vida e eram mais suscetíveis a ter problemas cardíacos e acidentes vasculares cerebrais.

Os pesquisadores analisaram 3,5 milhões de pessoas, entre 1995 e 2015, antes de concluir que a afirmação da existência de “obesos em forma” é um mito. De acordo com o estudo, o peso extra é sim um problema. Entre as pessoas analisadas, 61 mil desenvolveram doença coronariana. Segundo a pesquisa, os obesos que pareciam saudáveis tinham risco 50% maior de desenvolver doença cardíaca do que as pessoas com peso normal. Além disso, os pacientes que estavam acima do peso tinham um risco 7% maior de ter doenças vasculares cerebrais e o dobro de risco de ter insuficiência cardíaca. “A prioridade dos profissionais de saúde deve ser promover e facilitar a perda de peso entre pessoas obesas, independentemente da presença ou ausência de anormalidades metabólicas”, afirmou o pesquisador que conduziu o estudo, Rishi Caleyachetty.

No Brasil, o índice de obesos cresceu 60% em dez anos, segundo dados da pesquisa Vigitel, divulgados pelo Ministério da Saúde em abril de 2017. Em 2006, essas pessoas representavam 11,8% da população das capitais do país, agora já correspondem a um índice de 18,9%. Além disso, mais da metade da população está com peso acima do recomendado.

(Pablo Jacob. “‘Obeso saudável é um mito’, diz estudo”. www.oglobo.globo.com, 17.06.2017. Adaptado)

Texto 3

Sou nutricionista e lido diariamente com pessoas que têm os mais diversos tipos de problemas com a alimentação e com a vivência do próprio corpo. Alimentação não é só o que a gente põe na boca. Existem questões familiares, sociais, culturais, psicológicas, cognitivas e emocionais envolvidas. E quando a pessoa não pode ou não consegue se alimentar normalmente, a solução para isso não são ideias de senso comum, como “fechar a boca” ou se tratar com dureza e exigência.

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Eu concordo que “belo é ter saúde”, mas ter saúde não é sinônimo obrigatório de ser magro. Existem pessoas magras que são 100% sedentárias, fumam, bebem, se enchem de salgadinhos. Existem pessoas magras que investem tanto na ideia de ser saudável que ficam doentes. Quando uma pessoa é magra, isso significa que ela é… magra. Nada além disso. Para verdadeiramente constatar se uma pessoa é saudável, precisamos fazer uma avaliação completa e investigar seus hábitos de vida.

(Paola Altheia. “Eu preciso de vergonha na cara”. www.naosouexposicao.com.br, 21.08.2017. Adaptado)

Com base em seus conhecimentos e nos textos apresentados, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

A aceitação própria da obesidade incentiva hábitos não saudáveis?

13 - (UERJ/2018) Eu era advogado de algumas casas ricas, e os processos vinham chegando. Escobar contribuíra muito para as minhas estreias no foro. Interveio com um advogado célebre para que me admitisse à sua banca, e arranjou-me algumas procurações, tudo espontaneamente. (capítulo CIV)

No trecho acima, do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, Bento Santiago, o narrador-personagem, fala sobre sua profissão. O leitor, porém, não tem notícia de qualquer processo em que ele tenha atuado, se ganhou alguma causa, se perdeu. Entretanto, todo o romance pode ser compreendido como um longo Auto de Acusação que Bento move contra sua esposa, Capitolina Santiago, a Capitu, por adultério.

Atuando como promotor e juiz ao mesmo tempo, Bento considera Capitu culpada e a condena ao exílio na Europa até o dia de sua morte. Nesse processo, ela não tem direito à defesa, nem mesmo à voz. Sua versão dos acontecimentos não é apresentada.

A partir da leitura do romance, é possível refletir sobre o seguinte problema que faz parte do nosso cotidiano:

A verdade pode ser estabelecida com base em uma única perspectiva?

Escreva uma redação argumentativo-dissertativa, em prosa, com 20 a 30 linhas, discutindo esse problema.

Utilize a norma-padrão da língua portuguesa e atribua um título à sua redação, que deve ser escrita inteiramente com caneta e não deve ser assinada.

14 - (FUVEST SP/2018) Leia os textos para fazer sua redação.

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As obras de arte assumem a função da representação da cultura de um povo desde os tempos mais remotos da história das civilizações. É através delas que o ser humano transmite uma ideia ou expressão sensível. Contudo algumas obras de arte fogem do conceito de retratação do belo e do sensível, parecendo terem sido feitas para chocar e causar polêmicas.

A principal obra do escultor inglês contemporâneoMarc Quinn é uma réplica de sua cabeça feita com cerca de 4,5 litros de seu próprio sangue – extraído ao longo de cinco meses. Uma peça nova é feita a cada cinco anos, e elas ficam armazenadas em um recipiente de refrigeração especialmente desenvolvido para elas.

http://gente.ig.com.br/cultura. Adaptado.

Graças aos seus três urubus, a obra “Bandeira Branca” é o acontecimento mais movimentado da 29ª Bienal [2010]. No dia da abertura, manifestantes de ONGs de proteção aos animais se posicionaram diante da instalação segurando cartazes com dizeres que pediam a libertação das aves. Chegaram a ser confundidos com a própria obra. “Me entristece o fato de que apenas os animais estejam sendo ressaltados. Espalharam informações erradas sobre como os urubus estão sendo tratados”, lamenta Nuno Ramos. Na obra, os urubus estão cercados por uma rede de proteção e têm como poleiro várias caixas de som que, de tempos em tempos, tocam uma tradicional marchinha de carnaval. As aves tinham a permanência na Bienal autorizada pelo próprio Ibama, que, depois, voltou atrás, alegando que as instalações estavam inapropriadas para a manutenção dos animais. Denúncias e proibições à parte, a obra de Nuno Ramos ganha sentido e fundamentação apenas na presença dos animais. Sem eles, a obra perde seu estatuto artístico e vira mero cenário, já que os animais são seus principais atores.

IstoÉ. 08/10/2010. Adaptado.

A exposição "Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira", realizada desde 15 de agosto no Santander Cultural, em Porto Alegre, foi cancelada após protestos em redes sociais. A mostra ficaria em cartaz até 8 de outubro, mas o espaço cultural cedeu às pressões de internautas. A seleção contava com 270 obras que tratavam de questões de gênero e diferença. Os trabalhos, em diferentes formatos, abordam a temática sexual de formas distintas, por vezes abstratas, noutras, mais explícitas. São assinados por 85 artistas, como Adriana Varejão, Candido Portinari, Ligia Clark, Yuri Firmesa e Leonilson.

Folha de S.Paulo. 10/09/2017. Adaptado.

Nos últimos dias, recebemos diversas manifestações críticas sobre a exposição “Queermuseu – Cartografias da diferença na Arte Brasileira”.

Ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das obras da exposição “Queermuseu” desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo. Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva, perdeu seu propósito maior, que é elevar a condição humana.

Por essa razão, decidimos encerrar a mostra neste domingo, 10/09. Garantimos, no entanto, que seguimos comprometidos com a promoção do debate sobre diversidade e outros grandes temas contemporâneos.

https://www.facebook.com/San-tanderCUltural/posts. Adaptado.

A arte é um exercício contínuo de transgressão, principalmente a partir das vanguardas do começo do século 20. Isso dá a ela uma importância social muito grande porque, ao transgredir, ela aponta para novos caminhos e para soluções que ainda não tínhamos imaginado para problemas que muitas vezes sequer

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conhecíamos. A seleção dos trabalhos dos artistas para a próxima edição do festival [Videobrasil], por exemplo, me fez ver que os artistas estão muito antenados com as diversas crises que estamos vivendo e oferecem uma visão inovadora para o nosso cotidiano e acho que isso é um bom exemplo.

Solange Farkas. https://www.nexojornal.com.br.

Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: Devem existir limites para a arte? Instruções:

* A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma_padrão da língua portuguesa.

* Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação.

* Dê um título a sua redação.

15 - (ESPM SP/2018)

Os efeitos dos meios de comunicação na sociedade

O estudo dos efeitos dos meios de comunicação tem importância para a sociedade uma vez que se compreende como esses meios trabalham na formação da opinião pública. É inegável a importância dos meios de comunicação no cotidiano das pessoas, visto que temos uma infinidade de informações disseminadas por esses canais. A pauta das conversas interpessoais é sugerida pelos jornais, televisão, rádio e internet, propiciando aos receptores a hierarquização dos assuntos que devem ser pensados/falados. A realidade social passa a ser representada por um cenário mostrado a partir dos meios de comunicação de massa.

Juliana de Brum – Revis-ta Razão e Palavra

Proposta: Com base nas informações do texto e em outras de seu conhecimento sobre o assunto, elabore um texto dissertativo que apresente considerações sobre a seguinte questão:

A mídia não nos impõe determinados conceitos, mas inclui em nossas preocupações certos temas. Como isso se refletiria na comunicação das empresas?

16 - (ESPM SP/2018)

Informação demais, comunicação de menos

A tecnologia veio para ficar. Não só pelas facilidades que ela nos provê, mas por outra questão: quanto mais novas as gerações, mais familiarizadas com a tecnologia elas estão. Antes a gente podia falar de conexão e desconexão. Também podia falar de mundo virtual como algo à parte. Mas agora, a rede está no seu bolso e forma um ambiente. O que significa que não nos livramos de um excesso de mensagens que

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chegam até nós todos dias. E, com isso, perdemos algo fundamental para a condição humana: introspecção e silêncio.

Vivemos hoje um grande paradoxo: temos muita mídia e pouca comunicação; muita informação e pouca comunicação; muitos aparelhos e poucas relações humanas.

Luís Mauro Sá Martino – Revista E

Proposta: Com base nas informações do texto e em outras de seu conhecimento sobre o assunto, elabore um texto dissertativo que apresente considerações sobre a seguinte questão:

Ao disponibilizar informações 24 horas por dia, de que forma as novas mídias, aparelhos e ferramentas digitais estão atrapalhando ou auxiliando nossa comunicação?

17 - (ESPM SP/2018)

Folha de S.Paulo – Caderno Ilustrada – 26/3/2018

Proposta: Com base no tema central dos quadrinhos de Ricardo Coimbra e em outras informações de seu conhecimento, elabore um texto dissertativo que apresente considerações sobre as seguintes questões.

Liberdade de expressão: deve haver um limite para esse direito? Como seria possível estabelecer esse limite, em termos culturais, sociais e legais?

18 - (ESPM SP/2018) Big Data. A quem pertencem os dados?

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É provável que a maior parte das pessoas sequer se dê conta de que está produzindo dados a cada instante. Não só ao usar um cartão de débito ou crédito, como é mais fácil perceber, mas, sobretudo ao portar um celular, mesmo desligado. Ao usar bilhetes de transporte, ao se deslocar de automóvel, escolher a programação nos serviços de streaming; tudo é digitalizado. [...] É bom saber que é, em caso de sequestro, cada vez mais provável que alguém possa ser localizado; mas é assustador se dar conta de que cada movimento nosso pode ser identificado.

Professor Pedro de Santi in:Nota Alta ESPM/ Fala Professor. Mar 6, 2018.

Proposta: Com base nas informações do texto e em outras de seu conhecimento sobre o assunto, elabore um texto dissertativo sobre a seguinte questão:

Quais as considerações acerca da ambivalência sobre monitoramento/proteção?

19 - (IBMEC SP Insper/2018)

Texto 1

Não há lei nacional sobre o uso de celular nas escolas brasileiras. Em Minas Gerais, a assembleia estadual aprovou um projeto de lei que tem como objetivo proibir a utilização de aparelhos eletrônicos em ambientes de estudo, com destaque para aparelhos celulares em salas de aula. O estado de Pernambuco, desde 2015, veda o uso do aparelho em salas de aula e bibliotecas de escolas públicas e particulares. No Rio Grande do Sul, a proibição de celulares em escolas estaduais data de 2008.

De acordo com um estudo da London School of Economics, escolas que cortaram o uso de celulares viram uma melhoria de 6,4% no desempenho dos estudantes na faixa dos 16 anos, o equivalente ao acréscimo de cinco dias ao ano letivo. “Descobrimos que não apenas o desempenho dos estudantes melhorou, mas também que alunos de rendimento pior e de faixas de renda mais baixas foram os que mais se beneficiaram”, disseram os autores do estudo à BBC.

Por outro lado, muitos reconhecem que pode haver benefícios na tecnologia quando usada de forma adequada. Segundo relatório da Unesco, “um número crescente de projetos mostrou que tecnologias móveis fornecem um excelente meio de estender oportunidades educacionais para estudantes que não têm acesso à educação de boa qualidade”.

(Camilo Rocha. “Por que a França quer banir completamente os ce-

lulares das escolas”. www.nexojor-nal.com.br, 12.12.2017. Adaptado)

Texto 2

A partir de agora, estudantes e professores podem usar seus celulares para fins pedagógicos durante o horário de aula. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sancionou lei alterando legislação de 2007 que proibia o uso do aparelho. A nova lei foi criada a pedido do secretário de Educação, José Renato Nalini, em 2016, segundo o qual a intenção da nova legislação é respeitar a autonomia do professor. “Ele decide se vai ser producente pesquisar e consultar a internet durante a aula. Já existia muito professor fazendo isso, mesmo com a proibição, mas agora não vão precisar se preocupar se estão dentro da lei ou não. A escola tem que estar de acordo com o que acontece fora dela. Os alunos têm que ter acesso a tudo para exercer o protagonismo e a criatividade”, diz.

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(Caroline Monteiro. “Por que a libe-ração do celular em sala de aula não

é o fim do mundo”. https://novaes-cola.org.br, 08.10.2017. Adaptado)

Texto 3

A proibição do uso de celular em sala de aula é uma medida que se harmoniza com o ambiente em que o estudante está. A sala de aula é um local de aprendizagem, onde o discente deve se esforçar ao máximo para extrair do professor os conhecimentos da matéria. Nesse contexto, o celular é um aparelho que só vem dificultar a relação ensino-aprendizagem.

Por que banir o uso do celular? Ter acesso fácil ao celular faz com o que aluno tenha mais chance de distração, o que pode levar a notas mais baixas; adolescentes ainda não têm maturidade para usar nos momentos apropriados; em ambientes liberados, é muito difícil para o professor monitorar a sala toda; a distração do smartphone é muito pior do que desenhar no caderno, por exemplo, porque o aluno entra em um “universo paralelo”.

(Orlando Morando. “Celular em sala de aula: uma proibição necessária”. ww-

w.al.sp.gov.br, 22.06.2015. Adaptado)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

O uso de celulares em sala de aula atrapalha a aprendizagem ou colabora para o ensino?

20 - (IBMEC SP Insper/2018)

Texto 1

(André Dahmer. https://twitter.com. Adaptado)

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Texto 2

Segundo pesquisadores, buscar relacionamentos on-line tornou-se hábito da geração atual de jovens. Líder mundial, o aplicativo Tinder está presente em mais de 190 países e, a cada dia, são mais de 26 milhões de matches – quando dois usuários se interessam um pelo outro e estabelecem o começo de um contato virtual –, com mais de 20 bilhões de matches desde o lançamento, há 5 anos.

Foi graças a um “empurrãozinho” que Isadora começou a usar o aplicativo. Ela foi incentivada por uma amiga, que convidou outras colegas para conhecer o Tinder. “Eu não tinha uma boa visão do aplicativo, tinha certo preconceito porque muita gente fala que lá é tipo um ‘cardápio de pessoas’, no sentido que ninguém ali realmente procuraria alguém para viver algo bacana e quem sabe duradouro ou até mesmo estabelecer um vínculo de amizade ou namoro. Mas resolvi tentar”, relata Isadora.

Otávio conta que usava o aplicativo para conhecer novas pessoas e culturas, não necessariamente para o romance. Até que viu o perfil de Isadora. Dois meses depois de conversas, Isadora convidou Otávio para sair. O primeiro encontro do casal foi no cinema, onde assistiram a um filme romântico. Tempos depois, ele a pediu em namoro em um momento que se tornou inesquecível para o casal.

De acordo com Kalynka Cruz, que pesquisa o tema, os aplicativos de encontros não se diferenciam tanto das relações que começam em mesas de bar ou em baladas. “É o mesmo princípio. Interesse físico, seguido de algum nível de troca intelectual e, depois, relações fugazes ou, em alguns casos, mais duradouras”, diz.

(Gil Sóter e Taymã Rodrigo. “Aplicati-vos de paquera unem casais e também

decepcionam usuários”. https://g1.globo.com, 12.06.2017. Adaptado)

Texto 3

Em março de 2016, o comediante Azis Ansari lançou o livro Romance Moderno em que dedica um trecho inteiro à sensação de cansaço provocada pelo on-line dating*. Ansari observou que tal cansaço não parece atingir indivíduos que conhecem gente do jeito antigo e não recorrem a plataformas virtuais, como aqueles que conhecem gente por intermédio de amigos em comum, por exemplo. Além dele, psicólogos e cientistas sociais têm investigado como e por que essa fadiga acontece em aplicativos de relacionamento.

Um dos motivos apontados pode ser o fato de haver tanta gente disponível, o que pode fazer com que você se relacione superficialmente e fique sempre pensando que outra pessoa melhor, mais bonita ou mais compatível com você esteja mais adiante na lista de possíveis encontros. O pesquisador em psicologia social Eli Finkel chama o fenômeno de “comoditização de pretendentes”, isso é, a transformação de pessoas em produtos.

* dating, do inglês, se refere ao ato de conhecer gente nova, sair e se envolver romanticamente, sem necessariamente estar em um relacionamento estável e exclusivo com uma dessas pessoas.

(Ana Freitas. “Por que você está cansado de usar o Tinder”. www.nexojornal.

com.br, 11.04.2016. Adaptado)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

A grande oferta de perfis em plataformas de encontros amorosos transforma pessoas em produtos?

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21 - (FAMEMA SP/2018)

Texto 1

Uma pesquisa mundial da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com mais de 100 mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do ensino fundamental e do ensino médio (alunos de 11 a 16 anos) põe o Brasil no topo de um ranking de violência em escolas: 12,5% dos professores ouvidos no país disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana. Trata-se do índice mais alto entre os 34 países pesquisados.

A pesquisadora Rosemeyre de Oliveira, da PUC-SP, atribui a violência nas escolas à impunidade dos estudantes. “O aluno que agride o professor sabe que vai ser aprovado. Pode ser transferido de colégio – às vezes é apenas suspenso por oito dias”, diz. “Os regimentos escolares não costumam sequer prever esse tipo de crime. Aí, quando ele ocorre, nada acontece.”

(Luiza Tenente e Vanessa Fajardo. “Brasil é #1 no ranking da violência contra profes-

sores: entenda os dados e o que se sabe sobre o tema”. g1.globo.com, 22.08.2017. Adaptado.)

Texto 2

A presidente-executiva da organização Todos Pela Educação, Priscila Cruz, acredita que o primeiro passo para diminuir as agressões contra os professores é reconhecer que a escola sozinha não é capaz de prevenir a violência. “Muitas vezes, essa é a referência em casa, na comunidade. É preciso trabalhar a cultura de paz na escola, motivar a solução não violenta de conflitos. Qualquer violência escolar não é um problema só da educação.”

Para a coordenadora executiva da Comunidade Educativa (Cedac), Roberta Panico, esse tipo de violência é uma reprodução do que ocorre fora da escola, mas há outro tipo de agressão praticada pela escola contra o aluno, da qual pouco se fala. “A sociedade está mais violenta. Ir para uma escola suja, quebrada, não aprender o que deveria, isso também é violência.”

(Maiza Santos. “Brasil é campeão em atos violentos de alunos contra professores”. www.em.com.br, 23.08.217. Adaptado.)

Texto 3

No contexto escolar, a partir do conjunto de regras que ditam os comportamentos e as relações – incluído aí o exercício da autoridade por parte do professor – desenvolvem-se sentimentos, atitudes e percepções variadas acerca da própria escola, que podem, muitas vezes, levar a desinteresse, indisciplina e atos de violência por parte dos alunos. Esses reclamam que os próprios adultos infringem as regras e que há abuso de poder por parte das instituições, que impõem regras sem margens de defesa ou possibilidades de contestação por parte dos jovens.

Por outro lado, os professores sugerem que a estrutura familiar e a falta de sintonia entre escola e família em relação ao papel que desempenham na formação do aluno contribuem para a incidência de agressões. Segundo os docentes, a violência contra o professor é um reflexo da classe social a que pertencem os

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alunos, das comunidades em que estão inseridos, da família da qual fazem parte e das mídias a que têm acesso.

(Kátia dos Santos Pereira. “Violência contra os professores nas escolas”. www2.camara

.leg.br, maio de 2016. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

A violência contra o professor é consequência de regras escolares impostas aos alunos de forma autoritária ou reflexo de uma sociedade violenta?

22 - (FAMERP SP/2018) Texto 1

A Lei de Cotas para Deficientes (Lei no 8.213/91) determina um percentual (de 2% a 5% das vagas no quadro de efetivos) para empresas, a partir de 100 funcionários, contratarem pessoas com deficiência. Apesar de ter completado 25 anos de vigência, a Lei não alcança nem a metade da meta estabelecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Isso gera questionamentos sobre quais são as dificuldades para que sejam feitas as contratações, uma vez que há vagas disponíveis.

Uma das barreiras a ser ultrapassada é a forma como as companhias entendem a contratação de pessoas com deficiência. A principal desculpa para não empregar é a de que não são encontrados profissionais qualificados para as oportunidades oferecidas. Entretanto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem quase três milhões de pessoas com deficiência no país com ensino superior, sendo que muitos possuem mestrado e doutorado. Outro ponto em discussão é a maneira pela qual as empresas estabelecem os parâmetros de contratação. Muitas, inclusive, exigem qualificações que não condizem com a realidade salarial.

É claro que a admissão da pessoa com deficiência exige adaptações para cada caso. “Cabe às empresas encontrar a forma mais adequada de incluir o funcionário no quadro de empregados”, diz Mizael Conrado de Oliveira, medalhista paralímpico na categoria futebol de cinco, para cegos, e presidente da Comissão de Direitos das Pessoas com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB SP).

Parte significativa das companhias acredita que a contratação de colaboradores com deficiência implica gastos exorbitantes em acessibilidade física e tecnologia assistiva, fato que pode ser rebatido com exemplos de companhias que conseguiram adequar instalações sem comprometer seu orçamento, conforme informação do secretário municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Cid Torquato Júnior. De acordo com o secretário, o Brasil conta cada vez mais com ampla diversidade de recursos, inclusive tecnológicos, que auxiliam as pessoas com deficiência em suas atividades. “Muitos deles são gratuitos ou de baixo custo, caso de alguns softwares leitores de tela”, pondera.

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(Jornal do Advogado. “Lei de Cotas para Deficientes está longe de atingir metas”.

www.oabsp.org.br, 12.04.2017. Adaptado.)

Texto 2

Passados 25 anos de vigência da Lei de Cotas para Deficientes, o que temos para festejar é o nosso sonho de que um dia a realidade social possa ser perfeita. As pessoas com deficiência não devem ser destinatárias de atos de caridade, mas de políticas públicas e privadas que lhes garantam a dignidade humana.

O não cumprimento das cotas definidas pela Lei tem acarretado a aplicação de multas injustas às empresas, mas não é fácil cumprir a lei por conta da ineficiência das ações estatais. Um exemplo: é comum que uma empresa, depois de enfrentar todas as dificuldades para selecionar um empregado com deficiência, ainda assim não possa contratá-lo pelo fato de não existir um serviço de transporte público nas imediações da empresa que seja adaptado às necessidades da pessoa com deficiência. E a multa sancionada pelo não cumprimento da cota é fixada contra o empresário.

As empresas enfrentam muita burocracia: provar, por laudo, a deficiência do empregado; adotar um programa de acompanhamento para garantir a integração ao ambiente de trabalho; não poder contratar trabalhadores com um único tipo de deficiência – por exemplo, contratar apenas cegos seria discriminação às outras deficiências; não poder exigir experiência anterior, porque existe um débito social com o trabalhador com deficiência; idem quanto à escolaridade; prover as adequações físicas, sendo que as entrevistas, por exemplo, precisam estar aparelhadas com os meios necessários – intérprete de sinais, testes em braile etc.

O não atendimento a essas exigências, assim como o não cumprimento das cotas, pode ser punido com multas pesadíssimas e a negativa de emprego pode ser considerada crime. Temos uma lei atrasada, cujo ideal jamais foi alcançado em 25 anos. Não só as ações oficiais de políticas inclusivas são irrisórias, como temos um sistema apto a sancionar empresas, mas inapto a sancionar o maior devedor social: o Estado.

(Rafael Edson Pugliese Ribeiro. “Lei de Cotas para Deficientes pune empresas

por falhas do Estado”. www.noticias.uol.com.br, 19.07.2016. Adaptado.)

Com base em seus conhecimentos e nos textos apresentados, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

O fracasso da lei de cotas para deficientes: negligência das empresas ou falha do estado?

23 - (UNESP SP/2017) Texto 1

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A distribuição da riqueza é uma das questões mais vivas e polêmicas da atualidade. Será que a dinâmica da acumulação do capital privado conduz de modo inevitável a uma concentração cada vez maior da riqueza e do poder em poucas mãos, como acreditava Karl Marx no século XIX? Ou será que as forças equilibradoras do crescimento, da concorrência e do progresso tecnológico levam espontaneamente a uma redução da desigualdade e a uma organização harmoniosa da sociedade, como pensava Simon Kuznets no século XX?

(Thomas Piketty. O capital no século XXI, 2014. Adaptado.)

Texto 2

Já se tornou argumento comum a ideia de que a melhor maneira de ajudar os pobres a sair da miséria é permitir que os ricos fiquem cada vez mais ricos. No entanto, à medida que novos dados sobre distribuição de renda são divulgados*, constata-se um desequilíbrio assustador: a distância entre aqueles que estão no topo da hierarquia social e aqueles que estão na base cresce cada vez mais.

A obstinada persistência da pobreza no planeta que vive os espasmos de um fundamentalismo do crescimento econômico é bastante para levar as pessoas atentas a fazer uma pausa e refletir sobre as perdas diretas, bem como sobre os efeitos colaterais dessa distribuição da riqueza.

Uma das justificativas morais básicas para a economia de livre mercado, isto é, que a busca de lucro individual também fornece o melhor mecanismo para a busca do bem comum, se vê assim questionada e quase desmentida.

* Um estudo recente do World Institute for Development Economics Research da Universidade das Nações Unidas relata que o 1% mais rico de adultos possuía 40% dos bens globais em 2000, e que os 10% mais ricos respondiam por 85% do total da riqueza do mundo. A metade situada na parte mais baixa da população mundial adulta possuía 1% da riqueza global.

(Zygmunt Bauman. A riqueza de poucos beneficia todos nós?, 2015. Adaptado.)

Texto 3

Um certo espírito rousseauniano parece ter se apoderado de nossa época, que agora vê a propriedade privada e a economia de mercado como responsáveis por todos os nossos males. É verdade que elas favorecem a concentração de riqueza, notadamente de renda e patrimônio.

Essa, porém, é só parte da história. Os mesmos mecanismos de mercado que promovem a disparidade – eles exigem certo nível de desigualdade estrutural para funcionar – são também os responsáveis pelo mais extraordinário processo de melhora das condições materiais de vida que a humanidade já experimentou.

Se o capitalismo exibe o viés elitista da concentração de renda, ele também apresenta a vocação mais democrática de tornar praticamente todos os bens mais acessíveis, pelo aprimoramento dos processos produtivos. Não tenho nada contra perseguir ideias de justiça, mas é importante não perder a perspectiva das coisas.

(Hélio Schwartsman. “Uma defesa da desigualdade”. Folha de S.Paulo, 14.06.2015. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

A riqueza de poucos beneficia a sociedade inteira?

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24 - (ESPM SP/2017)

Os desafios das “múltiplas janelas”

Estudo realizado pela Universidade de Toronto, no Canadá, e pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) sugere que adolescentes que se ocupam de múltiplas tarefas tecnológicas ao mesmo tempo podem ter um pior desempenho escolar, maior dificuldade de memória e mais impulsividade. Essa geração tem uma maneira muito peculiar de lidar com as novas tecnologias e com a construção da informação. Porém, se os jovens têm maior dificuldade em focar em um único objeto, como uma aula ou uma prova de Matemática ou Inglês, eles ganham em agilidade e capacidade de integração ao executar mútiplas tarefas ao mesmo tempo.

(Jairo Bouer - O Estado de S.Paulo – 22 /5/2016)

Com base nas informações do texto e em outras de seu conhecimento sobre o assunto, elabore um texto dissertativo que apresente considerações sobre a seguinte questão:

Além dos ganhos e desafios de múltiplas tarefas tecnológicas simultâneas no desempenho escolar, como podemos pensá-las no âmbito das relações pessoais e profissionais ?

25 - (FUVEST SP/2017) Resposta à pergunta: O que é Esclarecimento?

Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de servir-se de seu próprio entendimento sem direção alheia. O homem é o próprio culpado dessa menoridade quando ela não é causada por falta de entendimento mas, sim, por falta de determinação e de coragem para servir-se de seu próprio entendimento sem a tutela de um outro. Sapere aude!** Ousa fazer uso de teu próprio entendimento! Eis o lema do Esclarecimento.

A preguiça e a covardia são as causas de que a imensa maioria dos homens, mesmo depois de a natureza já os ter libertado da tutela alheia, permaneça de bom grado a vida inteira na menoridade. É por essas mesmas causas que, com tanta facilidade, outros homens se colocam como seus tutores. É tão cômodo ser menor. Se tenho um livro que faz as vezes de meu entendimento, se tenho um diretor espiritual que assume o lugar de minha consciência, um médico que por mim escolhe minha dieta, então não preciso me esforçar. Não tenho necessidade de pensar, se é suficiente pagar. Outros se encarregarão, em meu lugar, dessas ocupações aborrecidas.

A imensa maioria da humanidade considera a passagem para a maioridade, além de difícil, perigosa, porque aqueles tutores de bom grado tomaram-na sob sua supervisão. Depois de terem, primeiramente, emburrecido seus animais domésticos e impedido cuidadosamente essas dóceis criaturas de darem um passo sequer fora do andador de crianças em que os colocaram, seus tutores mostram-lhes, em seguida, o perigo que é tentarem andar sozinhos. Ora, esse perigo não é assim tão grande, pois aprenderiam muito bem a andar, finalmente, depois de algumas quedas. Basta uma lição desse tipo para intimidar o indivíduo e deixá-lo temeroso de fazer novas tentativas.

Immanuel Kant

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* Para o excerto aqui apresentado, foram utilizadas as traduções de Floriano de Sousa Fernandes, Luiz Paulo Rouanet e Vinicius de Figueiredo.

** Sapere aude: cit. lat. de Horácio, que significa “Ousa saber”.

Estes são os parágrafos iniciais de um célebre texto de Kant, nos quais o pensador define o Esclarecimento como a saída do homem de sua menoridade, o que este alcançaria ao tornar-se capaz de pensar de modo livre e autônomo, sem a tutela de um outro. Publicado em um periódico, no ano de 1784, o texto dirigia-se aos leitores em geral, não apenas a especialistas.

Em perspectiva histórica, o Esclarecimento, também chamado de Iluminismo ou de Ilustração, consiste em um amplo movimento de ideias, de alcance internacional, que, firmando-se a partir do século XVIII, procurou estender o uso da razão, como guia e como crítica, a todos os campos da atividade humana. Passados mais de dois séculos desde o início desse movimento, são muitas as interrogações quanto ao sentido e à atualidade do Esclarecimento.

Com base nas ideias presentes no texto de Kant, acima apresentado, e valendo-se tanto de outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema:

O homem saiu de sua menoridade?

Instruções:

• A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma_padrão da língua portuguesa.

• Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível. Não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação.

• Dê um título a sua redação.

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