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2019 COORDENAÇÃO Henrique Correia AUTORES Danilo Sousa, Duda Nogueira, Heron Lemos, Luciano Rossato, Marcelo Adriano Ferreira, Marco Aurélio Prata, Paulo Henrique Boldrin, Paulo Lépore, Plínio Rocha, Rodolfo Gracioli e Tiago Bockie Com base no Edital n º 1 - TJCE - de 09.07.2019 TJ - CE Revisão Final • Revisão ponto a ponto • Técnico Judiciário – Área Judiciária Técnico Judiciário – Área Técnico Administrativa

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2019

COORDENAÇÃOHenrique Correia

AUTORESDanilo Sousa, Duda Nogueira, Heron Lemos, Luciano Rossato, Marcelo Adriano Ferreira, Marco Aurélio Prata, Paulo

Henrique Boldrin, Paulo Lépore, Plínio Rocha, Rodolfo Gracioli e Tiago Bockie

Com base no Edital nº 1 - TJCE - de 09.07.2019

TJ - CERevisão Final

• Revisão ponto a ponto •

Técnico Judiciário – Área JudiciáriaTécnico Judiciário – Área Técnico Administrativa

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Parte I – Edital Sistematizado

1. APRESENTAÇÃO

Olá, leitor(a).

Neste capítulo, abordaremos todos os assuntos de Língua Portuguesa exigidos pela banca FGV para os cargos de Técnico Judiciário – Área Judiciária e Técnico Judiciário – Área Técnico-Administrativa.

Por se tratar de um livro teórico de revisão final e o edital já ter sido publicado, o con-teúdo está inteiramente direcionado aos pontos mais exigidos pela banca.

Sugiro que siga a ordem dos assuntos tratados neste capítulo porque um conteúdo depende de outro. Para entender melhor, o edital foi sistematizado.

Saliento que é de suma importância aplicar a teoria, isto é, resolver questões para fixar a matéria. Estude, por exemplo, pronome e faça várias questões de pronome da banca. Per-ceberá, então, que a língua portuguesa não é tão difícil assim, mas é fundamental estudar de forma correta para obter um bom desempenho na avaliação iminente.

Confira, a seguir, a quantidade de questões exigidas nas últimas provas de FGV e não perca tempo.

ASSUNTOS QUESTÕES FGV

ACENTUAÇÃO 10

ORTOGRAFIA e SEMÂNTICA 21

PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS 07

PRONOME 17

VERBO 25

ANÁLISE SINTÁTICA 16

PERÍODO COMPOSTO 40

CONCORDÂNCIA 15

REGÊNCIA 11

CRASE 07

PONTUAÇÃO 17

COESÃO, COERÊNCIA e REESCRITURA DE FRASES 90

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 149

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Duda Nogueira50

2. EDITAL SISTEMATIZADO

Cargos: Técnico Judiciário – Área Judiciária e Técnico Judiciário – Área Técnico-Administrativa

Itens do edital No livro Onde encontrar

Elementos de construção do texto e seu sentido: gênero do texto (literário e não literário, narrativo, descritivo e argumentativo); interpretação e organização interna.

Interpretação de texto PARTE VI – 1

Semântica: sentido e emprego dos vocábulos; campos semânticos.

Semântica PARTE II – 2

Emprego de tempos e modos dos verbos em português. Verbo PARTE III – 7

Morfologia: reconhecimento, emprego e sentido das classes gramaticais.

Substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pro-

nome, verbo, advérbio, conjunção, preposição e

interjeição

PARTE III – 2 a 11

Processos de formação de palavras.Processos de formação

das palavrasPARTE III – 1

Mecanismos de flexão dos nomes e verbos. Verbo PARTE III – 7

Sintaxe: frase, oração e período; termos da oração. Sintaxe (Análise sintática) PARTE IV – 1, 2, 3

Processos de coordenação e subordinação. Período composto PARTE IV – 4

Concordância nominal e verbal. Concordância PARTE IV – 5

Transitividade e regência de nomes e verbos.Regência

Análise sintática

PARTE IV – 6

PARTE IV – 1, 2

Padrões gerais de colocação pronominal no português. Pronome PARTE III – 6

Mecanismos de coesão textual.

Pronome

Conjunção

Advérbio

PARTE III – 6, 8, 9

Ortografia.Ortografia e Reforma

ortográficaPARTE II – 1, 4

Acentuação gráfica.Acentuação e Reforma

ortográficaPARTE II – 3, 4

Emprego do sinal indicativo de crase. Crase PARTE IV – 7

Pontuação. Pontuação PARTE IV – 8

Reescrita de frases: substituição, deslocamento, parale-lismo; variação linguística: norma culta.

Coesão, coerência e rees-crita de frases

PARTE V – 1

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Temas de Redação

Conteúdo programático (edital): 1. Consumo, logo existo – 2. Véu, símbolos religiosos e a liberdade de expressão – 3. Fragilização emocional da sociedade contemporânea – 4. Ócio criativo: utopia ou possi-bilidade? – 5. Segregação sócioespacial no ambiente de camarotização da sociedade – 6. Apropriação cultural em xeque no ambiente da diversidade – 7. Era da pós-verdade e a toxicidade das redes sociais – 8. Midiatização das tragédias e a indignação seletiva – 9. Dinamismo do conceito de família no contexto atual – 10. Humor no contexto da liberdade de expressão – 11. Modelo de propostas inéditas.

Naturalmente, a prova de redação gera certa ansiedade em grande parte dos candi-datos. Quando se trata da Fundação Getúlio Vargas, essa ansiedade se potencializa. Isso por conta da abordagem que a banca oferece para as discussões escolhidas para que os candidatos escrevam. Comportamento, sociedade, tecnologia, ciência, cultura, expres-são, comunicação, informação, liberdade, humor – essas são algumas das segmentações que costumam ganhar destaque nos temas de redação FGV. Além disso, a banca FGV é conhecida por temáticas diretamente questionadoras, que recorrem a debates de ordem internacional. Há ainda a questão atemporal dos temas, ou seja, as propostas de redação costumam se ocupam da dimensão contemporânea, não sendo um acontecimento do último ano, por exemplo.

A prova para o cargo de Técnico Judiciário – Área Judiciária contará com a produção de um texto dissertativo-argumentativo. Apesar da banca examinadora não especificar que o tema de redação se ocupará de uma discussão da atualidade, é notória que a produção de um texto dissertativo-argumentativo estabeleça um questionamento de fato do cotidiano.

Ademais, é preciso reconhecer a estrutura de um bom texto dissertativo-argumenta-tivo (Introdução / Desenvolvimento / Conclusão), estabelecendo análise criteriosa para cada etapa do processo de escrita. No caso de questões sobre a estrutura, atenção para os seguintes aspectos:

ØViés do texto motivador / mobilizador: o texto que mobiliza para a proposta de redação é de extrema importância para a compreensão do tema. Dessa forma, observar o foco e a essência apresentada pelo autor do texto facilita a desenvoltura do pensamento crítico e, consequentemente, na construção do texto.

ØCapacidade persuasiva: o texto dissertativo-argumentativo tem como grande objetivo estabelecer o viés do convencimento no leitor. Dessa forma, o texto deve ser arquitetado a partir de elementos com profundidade conceitual, teórica, refle-xiva, fazendo a utilização de diferentes estratégias de fundamentação.

ØSuperação do senso comum: um texto dissertativo-argumentativo de destaque deve ter como aspecto central a superação do senso comum, ou seja, o mesmo não

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Temas de Redação 327

profundas, amenizando a dor de pessoas envolvidas direta ou indiretamente, ou ainda produzindo o que o ser humano tem de maior, a resiliência.

Na área da psicologia, a resiliência (é a capacidade de uma pessoa lidar com seus próprios problemas, ven-cer obstáculos e não ceder à pressão, seja qual for a situação. A teoria diz que resiliência é a possibilidade do indivíduo de tomar uma decisão quando tem a chance de tomar uma atitude que é correta, e ao mesmo tempo tem medo do que isso possa ocasionar. A resiliência demonstra se uma pessoa sabe ou não funcio-nar bem sob pressão). Olhando para essa versão otimista que as tragédias oferecem, é possível notar como o ser humano ainda se solidariza com o outro. A emoção que tomou conta do Brasil e do mundo com o acidente da Chapecoense fez despertar um caráter de luto mundial, sendo uma digestão menos dura esta que envolve o todo e não “regionaliza” a dor.

Algumas imagens, tornam-se símbolos de momentos históricos preponderantes. Alguns destas, são exploradas ao extremo dentro da questão comercial. Enfim, trata-se de uma possibilidade obscura do sistema em que vivemos.

9. DINAMISMO DO CONCEITO DE FAMÍLIA NO CONTEXTO ATUAL

Na contemporaneidade, várias são as discussões que ganham força por conta de seu caráter polêmica, pela dualidade de argumentas e pela divergência de acepções. Alguns temas polêmicos acabam por carecer de debates realmente solidificados, com premissas concretas e com amarração conceitual. A questão do “casamento civil gay” é um dos exem-plos. Por vezes, as redes sociais são inflamadas por discursos de ódio – em defesa ou ataque a união entre pessoas do mesmo sexo. Na versão polarizada dos discursos, o diálogo pouco proveitoso se torna um conflito de persuasões sem sentido e cíclico.

Entretanto, é preciso atenção aos fatos e acontecimentos para uma prova de redação. Cada candidato pode (e deve) ter seu posicionamento fincado em suas premissas (sendo elas religiosas, científicas, éticas, morais etc.). Entretanto, o que não podemos negar é o que a perspectiva sociológica nos demonstra: a instituição social família vem sofrendo transformações consideráveis, o que sugere novos desafios e novas tensões para a socie-dade. Além de ter o número de integrantes diminuído e as mulheres como chefes de famí-lia (fato cada vez mais habitual), a família tradicional passou a ser questionada a partir do momento que a união entre pessoas do mesmo sexo se tornou possível (no caso brasileiro, já que em alguns países, ainda em 2017, a relação entre pessoas do mesmo sexo é crimina-lizada e, em casos extremos, punida com a pena de morte).

Um dos marcos mais importantes para a realização dos casamentos e uniões homoafe-tivas no Brasil, foi a Resolução 175, que entrou em vigor em 2013, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), impedindo os cartórios brasileiros de se recusarem a converter uniões estáveis homoafetivas em casamento civil. Assim, o aumento de casamentos gays tor-nou-se notório no cenário brasileiro.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de cres-cimento de casamentos gays em 2015 foi de 15%, enquanto as uniões entre cônjuges de sexos diferentes aumentaram 2%. Percebe-se que a partir da resolução do CNJ, houve uma corrida pela regularização das relações pré-existentes entre os casais. Vale destacar que o casamento gay representa uma certeza de garantia de direitos igualitários.

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Rodolfo Gracioli328

IMPORTANTE!

Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceram a união estável em pessoas do mesmo sexo. Em 2013, resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) obrigou os cartórios a converter essa união estável em casamento. Recentemente, o Deputado Federal Jean Wyllys, elaborou uma PEC conhecida popularmente como “PEC do Casamento Civil Igualitário”, que propõe a alte-ração do texto constitucional visando incluir os casais homoafetivos.

Atualmente, quatro anos depois da regulamentação do casamento civil gay pelo CNJ, mais de 15 mil registros foram oficializados em todo o território nacional, segundo o IBGE. Mesmo representando minoria em termos absolutos, as pessoas do mesmo sexo têm-se casado muito mais que os heterossexuais. De acordo com as pesquisas do Instituto, entre 2014 e 2015, houve um aumento de 15,7% no número de casamentos homoafetivos, enquanto o de casais “tradicionais” cresceu 2,7%.

15 países onde o casamento gay é permitido

Alemanha* 2017

Estados Unidos 2015

Finlândia 2014

Brasil 2013

Uruguai 2013

França 2013

Argentina 2010

Islândia 2010

Portugal 2010

Suécia 2009

Noruega 2009

África do Sul 2006

Canadá 2005

Espanha 2005

Bélgica 2003

Holanda 2001

Em 30 de junho de 2017, o parlamento da Alemanha aprovou um projeto que legali-zou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O fato chamou atenção pela questão da chanceler alemã, Angela Merkel, ter votado contra (mas uma semana antes da votação, ter aberto para os integrantes de seu partido votarem segundo convicções pessoais). Até o fechamento dessa edição a lei aguardava ratificação da Câmara Alta do Parlamento. Além de legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a lei garante a adoção por esses casais.

Em dezembro de 2017, foi a vez da Austrália aprovar o casamento civil gay. Vale destacar que a decisão do Parlamento australiano acompanhou a decisão da maioria da população (62%) que, por meio de consulta não vinculante (votando por correspondência), se posicionou favorável ao casamento homossexual. Apesar de se constituir como um dos

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Rodolfo Gracioli332

articulação ou simplesmente de entretenimento na prática humorística quando o “autor” esconde preconceitos e rechaça determinado grupo ou indivíduo por uma característica. Na internet, tal fato é ainda mais visível. Visando combater discursos de ódio, a Alemanha aprovou uma Lei das Redes (que entrou em vigor em janeiro de 2018), que tem por obje-tivo obrigar plataformas de retirarem discursos de ódio em prazo de 24 horas (a lei se aplica para plataformas com mais de 2 milhões de usuários e a multa pode chegar a 50 milhões de euros). Trata-se de uma experiência polêmica, pois existem visões que tratam a lei como uma forma de censura.

Uma boa sugestão de documentário sobre o tema é: “O riso dos outros”

11. MODELO DE PROPOSTAS INÉDITAS

Com o objetivo de simular as condições reais do dia da prova, foram selecionados alguns recortes inéditos. Use todo o seu repertório edificando um texto que demonstre domínio de conteúdo e, principalmente, seu posicionamento crítico – fugindo do senso comum.

TEMA 1

Texto

“Ser criativo não necessariamente requer a criação de aparatos revolucionários ou ideias mirabolantes. Uma maneira simples, porém diferente, de chegar a um resultado também é uma forma de inovar. Criatividade, então, é a capacidade de fazer novas conexões entre elementos que já existem no repertório, na memória das pessoas, sem que necessariamente esses elementos tenham muito em comum. Isso brinda ao cérebro uma nova associação”.

(http://economia.estadao.com.br/blogs/radar-do-emprego/2017/01/16/habilidade-

valorizada-criatividade-pode-ser-desenvolvida/) – Acesso em setembro de 2017

Com base no texto motivador, produza um texto dissertativo-argumentativo tendo como tema:

Hipervalorização da criatividade no contexto da escassez de ideias

TEMA 2

Texto

“Não é apenas porque o politicamente correto se tornou uma febre, presente em todos os lados do espec-tro político, que a liberdade de expressão deve ser defendida como um princípio superior. No clássico On Liberty, Stuart Mill compreendia essa liberdade como uma das bases mais fortes da democracia. Defendê-la é defender a própria possibilidade de uma vida democrática, e é mais exatamente por isso que ela transcende os sinais ideológicos. Parece óbvio, mas precisa ser dito. A concepção de uma sociedade plural depende basi-camente de que grupos com pontos de vista opostos tenham direito a ser vistos e ouvidos. É claro que a apli-cação desse princípio envolve muitas tensões e crises. Mas não é compatível assumi-lo e, ao mesmo tempo, comemorar que exposições de arte sejam fechadas sem um verdadeiro motivo”.

(http://cultura.estadao.com.br/blogs/estado-da-arte/a-liberdade-de-expressao-na-arte/)

Acesso em setembro de 2017.

Com base no texto motivador, produza um texto dissertativo-argumentativo tendo como tema:

Arte como forma de liberdade de expressão

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Paulo Lépore384

FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

SO:

CI:

DI:

VA:

PLU:

Soberania

Cidadania

Dignidade da pessoa humana

Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa

Pluralismo político

SO-CI-DI-VA-PLU

O parágrafo único do art. 1º da CF enuncia ainda: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Consti-tuição”. Trata-se do princípio democrático.

2. Poderes da União

Art. 2º da CF: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legis-lativo, o Executivo e o Judiciário”. Trata-se do princípio da separação de poderes segundo o qual o poder político do Estado não pode ficar nas mãos de apenas um governante, pois deve haver uma difusão das decisões estatais em prol dos interesses do povo.

3. Objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil

Art. 3º da CF: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Bra-sil (RFB): I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o desenvolvi-mento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.

Para auxílio na tarefa de memorização dos objetivos da RFB, segue mais uma expressão mnemônica: CO-GA-ERRA-PRO.

OBJETIVOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

CO:

GA:

ERRA:

PRO:

Construir uma sociedade livre, justa e solidária

Garantir o desenvolvimento nacional

Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais

Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação

CO-GA-ERRA-PRO

4. Princípios que regem a República Federativa do Brasil em suas relações internacionais

Art. 4º da CF: “A República Federativa do Brasil (RFB) rege-se, nas suas relações inter-nacionais, pelos seguintes princípios: I – independência nacional; II – prevalência dos direitos humanos; III – autodeterminação dos povos; IV – não intervenção; V – igual-dade entre os Estados; VI – defesa da paz; VII – solução pacífica dos conflitos; VIII –

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Noções de Direito Constitucional 385

repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X – concessão de asilo político”.

Perceba que dentre os princípios fundamentais, os que regem a RFB em suas relações inter-nacionais são os que estão em maior número e, por isso, são de mais difícil memorização. Sendo assim, a dica é: memorize os artigos 1º, 2º e 3º. Dessa forma você terá condições de acertar os princípios que regem a RFB em suas relações internacionais quase que por eliminação.

Entretanto, é importante que você esteja ao menos familiarizado com as expressões, para não cair nos famosos jogos de palavras e expressões que o examinador costuma fazer. Por exemplo: ao invés de colocar que a República Federativa do Brasil se rege em suas relações internacionais pelo princípio da não intervenção, o examinador pode apontar o princípio da intervenção, induzindo-o a assinalar uma alternativa errada.

Para a memorização, podemos utilizar duas expressões mnemônicas: IN-PRE-AUTO--NÃO IGUAL e DE-SO-RE-CO-CO.

PRINCÍPIOS QUE REGEM A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL EM SUAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

IN I – Independência nacional

PRE II – Prevalência dos direitos humanos

AUTO III – Autodeterminação dos povos

NÃO IV – Não-intervenção

IGUAL V – Igualdade entre os Estados

DE VI – Defesa da paz

SO VII – Solução pacífica dos conflitos

RE VIII – Repúdio ao terrorismo e ao racismo

CO IX – Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade

CO X – Concessão de asilo político

IN-PRE-AUTO-NÃO-IGUAL DE-SO-RE-CO-CO

Destacamos, ainda, o art. 4º, parágrafo único, da CF: “A República Federativa do Bra-sil (RFB) buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações”.

Atenção para a pegadinha! O examinador costuma modificar o texto desse dispositivo e afirmar que os povos são da América (suprimindo o “Latina”), ou dizer que a formação será de um bloco econômico de

nações (em vez de comunidade latino-americana de nações).

Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direi-tos sociais; direitos de nacionalidade; direitos políticos.

I. Teoria Geral dos direitos e garantias fundamentais

1. Os direitos e garantias fundamentais estão formalmente alocados nos artigos 5° a 17 da CF.

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Noções de Direito Constitucional 393

Conforme posição do STF no RE 461366, julgado em 2007 e relatado pelo Ministro Marco Aurélio: “A atuação fiscalizadora do Banco Central do Brasil não encerra a possi-bilidade de, no campo administrativo, alcançar dados bancários de correntistas, afas-tando o sigilo previsto no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal”.

Interceptação e prova emprestada: “Prova emprestada. Penal. Interceptação tele-fônica. Escuta ambiental. Autorização judicial e produção para fim de investigação crimi-nal. Suspeita de delitos cometidos por autoridades e agentes públicos. Dados obtidos em inquérito policial. Uso em procedimento administrativo disciplinar, contra outros servi-dores, cujos eventuais ilícitos administrativos teriam despontado à colheita dessa prova. Admissibilidade. Resposta afirmativa a questão de ordem. Inteligência do art. 5º, XII, da CF e do art. 1º da Lei federal 9.296/1996. (...) Dados obtidos em interceptação de comuni-cações telefônicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova.” (Inq 2.424-QO-QO, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 20-6-2007, Plenário, DJ de 24-8-2007).

Interceptação e prorrogações sucessivas de prazo: “É lícita a interceptação tele-fônica, determinada em decisão judicial fundamentada, quando necessária, como único meio de prova, à apuração de fato delituoso. (...) É lícita a prorrogação do prazo legal de autorização para interceptação telefônica, ainda que de modo sucessivo, quando o fato seja complexo e, como tal, exija investigação diferenciada e contínua. (...) O ministro rela-tor de inquérito policial, objeto de supervisão do STF, tem competência para determinar, durante as férias e recesso forenses, realização de diligências e provas que dependam de decisão judicial, inclusive interceptação de conversação telefônica. (...) O disposto no art. 6º, § 1º, da Lei federal 9.296, de 24-7-1996, só comporta a interpretação sensata de que, salvo para fim ulterior, só é exigível, na formalização da prova de interceptação telefônica, a transcrição integral de tudo aquilo que seja relevante para esclarecer sobre os fatos da causa sub iudice.” (Inq 2.424, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 26-11-2008, Plenário, DJE de 26-3-2010.)

Interceptação e encontro fortuito de prova em crime punido com detenção: Encon-tro fortuito de prova da prática de crime punido com detenção. (...) O STF, como intérprete maior da CR, considerou compatível com o art. 5º, XII e LVI, o uso de prova obtida for-tuitamente através de interceptação telefônica licitamente conduzida, ainda que o crime descoberto, conexo ao que foi objeto da interceptação, seja punido com detenção.” (AI 626.214-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 21-9-2010, Segunda Turma, DJE de 8-10-2010.)

Segundo o STF, a análise dos últimos registros telefônicos em aparelhos celulares apreendidos após a efetuação de prisão em flagrante é lícita. Assim restou decidido no HC 91.867, julgado em 2012 e relato pelo Ministro Gilmar Mendes.

11. “O princípio constitucional da reserva de jurisdição – que incide sobre as hipóteses de busca domiciliar (CF, art. 5º, XI), de interceptação telefônica (CF, art. 5º, XII) e de decre-tação da prisão, ressalvada a situação de flagrância penal (CF, art. 5º, LXI) – não se estende

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Paulo Lépore394

ao tema da quebra de sigilo, pois, em tal matéria, e por efeito de expressa autoriza-ção dada pela própria CR (CF, art. 58, § 3º), assiste competência à CPI, para decretar, sempre em ato necessariamente motivado, a excepcional ruptura dessa esfera de pri-vacidade das pessoas.” (MS 23.652, julgado no ano 2000 e relatado pelo Ministro Celso de Mello).

Segundo a jurisprudência do STF, “A quebra do sigilo inerente aos registros ban-cários, fiscais e telefônicos, por traduzir medida de caráter excepcional, revela-se incompatível com o ordenamento constitucional, quando fundada em deliberações emanadas de CPI cujo suporte decisório apoia-se em formulações genéricas, desti-tuídas da necessária e específica indicação de causa provável, que se qualifica como pressuposto legitimador da ruptura, por parte do Estado, da esfera de intimidade a todos garantida pela CR. Precedentes. Doutrina. O controle jurisdicional de abusos praticados por CPI não ofende o princípio da separação de poderes. (MS 25.668, julgado em 2006 e rela-tado pelo Ministro Celso de Mello).

12. Segundo o entendimento do STF, “A administração penitenciária, com fun-damento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma ins-crita no art. 41, parágrafo único, da Lei 7.210/1984, proceder à interceptação da corres-pondência remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilíci-tas.” (HC 70.814, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 1º-3-1994, Primeira Turma, DJ de 24-6-1994.)

13. Assegura-se a todos, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

14. É livre o direito de reunião pacífica, não sendo necessária autorização. Entretanto, exige-se prévio aviso (não pedido de autorização) à autoridade competente, para que não frustre outra reunião anteriormente convocada.

Atenção!

A finalidade do direito de reunião é a manifestação do pensamento. A liberdade ambulatorial constitui apena um meio para o exercício do direito de reunião. Nesse sentido, diante de uma violação ao direito fundamental, líquido e certo, de reunião, cabível será o mandado de segurança, não o habeas corpus.

15. No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de pro-priedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, apenas se houver dano (e não em qualquer caso).

16. Associações

a) Criação: não depende de autorização do poder público. É vedada a criação de asso-ciações de caráter paramilitar

b) Suspensão das atividades: somente por decisão judicial.

c) Dissolução: Somente por decisão judicial com trânsito em julgado.

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Noções de Direito Constitucional 395

ASSOCIAÇÕES

OBJETIVOS EXIGÊNCIAS

1) Criação Não depende de autorização do poder público.

É vedada a criação de associações de caráter paramilitar

2) Suspensão das Atividades Somente por decisão Judicial

3) Dissolução Somente por decisão judicial com trânsito em julgado

A jurisprudência do STF não é pacífica quanto ao fato de as pessoas jurídicas serem titulares da liberdade de associação. Vale destacar trecho da ADI 2054: “I. Liberdade de associação. 1. Liberdade negativa de associação: sua existência, nos textos constitucionais anteriores, como corolário da liberdade positiva de associação e seu alcance e inteligên-cia, na Constituição, quando se cuide de entidade destinada a viabilizar a gestão coletiva de arrecadação e distribuição de direitos autorais e conexos, cuja forma e organização se remeteram à lei. 2. Direitos autorais e conexos: sistema de gestão coletiva de arrecadação e distribuição por meio do ECAD (L 9610/98, art. 99), sem ofensa do art. 5º, XVII e XX, da Cons-tituição, cuja aplicação, na esfera dos direitos autorais e conexos, hão de conciliar-se com o disposto no art. 5º, XXVIII, b, da própria Lei Fundamental. 3. Liberdade de associação: garantia constitucional de duvidosa extensão às pessoas jurídicas (ADI 2054, julgado em 2003 e relatado pelo Ministro Ilmar Galvão).

17. Somente os crimes de racismo e de ações de grupos armadas, civis ou militares, con-tra a ordem constitucional e o Estado Democrático são imprescritíveis (além de inafian-çáveis). Já os crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e os definidos em lei como hediondos, são insuscetíveis de graça ou anistia (além de inafiançáveis).

Vale destacar que os crimes insuscetíveis de graça ou anistia também não admitem indulto (que é espécie de graça, segundo entendimento do STF exposto no HC 84.312) e comutação de pena (que é tipo de indulto, também segundo o STF em julgamento do HC 84.312).

Crime Inafiancável ImprescritívelInsuscetível de graça

ou anistia

Racismo Sim Sim Não

Ações de Grupos Armados, Civis

ou Militares contra a Ordem Constitucional e o Estado

Democrático

Sim Sim Não

Tortura Sim Não Sim

Tráfico Ilícito de Entorpecentes

e Drogas Afins

Sim Não Sim

Terrorismo Sim Não Sim

Hediondo Sim Não Sim

• revisao_final_TJ_CE.indb 395 02/08/2019 10:37:01

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Noções de Direito Constitucional 421

13. Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita à prestação de contas perante órgão federal (súmula 208 do STJ).

III. Repartição de Competências

1. Regras gerais

COMPETÊNCIAS

Natureza das Competências

Espécie Regra Exceção

I. ADMINISTRATIVAS

1. Exclusiva:

art. 21, da CF

Somente a União exerce

2. Comum:

art. 23, da CF

Cooperação entre União, Estados, DF e Municípios

II. LEGISLATIVAS

1. Privativa:

art. 22, da CF

A União legisla privativamente

Lei complementar poderá autorizar os Estados a legis-lar sobre questões relativas à competência privativa da União, criando a competên-cia legislativa delegada

2. Delegada:

art. 22, p. único, da CF

Mediante LC, em que a União delega para Estados e DF.

3. Concorrente:

art. 24, da CF

A União edita as normas Gerais e os Estados e o DF editam as normas específi-cas de seus interesses

Se a União não editar as normas gerais, os Estados e o DF passarão a ter compe-tência plena. Se, posterior-mente, a União legislar, as normas gerais feitas pelos Estados terão a sua eficácia suspensa.

2. A competência material/administrativa exclusiva, do art. 21, é indelegável. Já a competência material/administrativa comum do art. 23 segue a regra da cooperação entre União, Estados, DF e Municípios (a cooperação será regulada por Lei Complementar).

3. A competência legislativa da União ou é privativa (art. 22, da CF) ou é concorrente (art. 24, da CF). Já a competência administrativa da União pode ser exclusiva (art. 21, da CF) ou comum (art. 23, da CF). Portanto, a União não exerce competência remanescente ou residual. Na distribuição de competências feita pela CF, a competência residual ou rema-nescente administrativa fica com os Estados (art. 25, § 1°) e a legislativa (em razão do inte-resse local) resta aos Municípios (art. 30, I, da CF).

4. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões relativas à competência privativa da União. Assim, há a possibilidade de delegação.

Para Alexandre de Moraes, há três requisitos pertinentes à delegação de competên-cia legislativa privativa da União para os Estados: i. formal; ii. material e; iii. Implícito. O requisito formal se refere à necessidade de expedição de Lei complementar. Já o requisito material se refere ao fato de que a delegação deve ser pontual, ou seja, especificando-se

• revisao_final_TJ_CE.indb 421 02/08/2019 10:37:02

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Tiago Bockie e Marco Aurélio Prata460

As fundações públicas são entidades administrativas com personalidade jurídica de direito público ou de direito privado, que se originam a partir de um patrimônio público personalizado, segundo regras de Direito Público, destinado à persecução de finalidades de interesse da coletividade. Exemplo: IBGE. CUIDADO 01: as fundações públicas com personalidade jurídica de direito privado não se confundem com as fundações privadas. Enquanto as primeiras são entidades administrativas, as últimas não integram a estrutura da Administração Pública (Ex: Fundação Roberto Marinho). CUIDADO 02: as fundações públicas de direito público possuem a natureza jurídica de autarquias e, por esta razão, também são denominadas de “autarquias fundacionais” ou “fundações autárquicas”.

As empresas públicas e sociedades de economia mista são pessoas jurídicas com per-sonalidade jurídica de direito privado, responsáveis pela prestação de um serviço público (prestadoras) ou pela exploração de uma atividade econômica (exploradoras). Exemplos: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios), Petrobrás, Caixa Econômica e Banco do Brasil.

Pontos em comum da EP e SEM:

– São entidades administrativas;

– São denominadas de empresas estatais;

– Possuem personalidade jurídica de direito privado;

– O regime jurídico é de direito privado, derrogado, parcialmente, por normas de direito público, por integrarem a estrutura da administração pública, a exemplo da necessidade de concurso público para a ocupação dos empregos públicos nos seus quadros de pessoal;

– A exploração de atividade econômica somente se justifica para o atendimento de interesse coletivo ou em caso de imperativo de segurança nacional;

– Criação a partir da edição de uma lei autorizadora;

– Decorrem da técnica da descentralização;

– Os seus atos estão sujeitos ao controle pelo Tribunal de Contas;

– As prestadoras de serviço público sujeitam-se à responsabilidade civil objetiva

(independente da comprovação de dolo ou culpa);

Diferenças entre “Empresas Públicas” e “Sociedades de Economia Mista”.

EMPRESAS PÚBLICAS SOC. ECON. MISTA

Forma de constituiçãoQualquer forma Apenas na forma de sociedade

anônima.

Composição do capital100% público A maioria do capital pertente ao

Poder Público

Foro competente para a propositura de ações em caso de

empresas estatais federais

Justiça Federal Justiça Estadual

• revisao_final_TJ_CE.indb 460 02/08/2019 10:37:04

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Noções de Direito Administrativo 465

• Organização Social (OS): CONTRATO DE GESTÃO (Lei nº 9.637/98) – desempenho de serviço público de natureza social

• Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP): TERMO DE PARCE-RIA (Lei nº 9.790/99) – desempenho de serviços sociais não exclusivos do Estado.

ATENÇÃO: Algumas diferenças podem ser apontadas entre OS e OSCIP:

ORGANIZAÇÃO SOCIALORGANIZAÇÃO SOCIAL DE

INTERESSE PÚBLICO

Ato de qualificação Contrato de gestão Termo de parceria

Conselho de Administração

Há necessidade de Conselho de Administração e, em tal conselho, deverá haver, representantes do Poder Público.

Não há necessidade de Conselho de Administração.

Conselho FiscalNão há necessidade de Conselho Fiscal.

Há necessidade de Conselho Fiscal.

Parecer do Ministério da Justiça Não há a necessidade de parecer do Ministério da Justiça

Há a necessidade de parecer do Ministério da Justiça.

Lei regente Lei nº 9.637/98 Lei nº 9.790/99

ATENÇÃO: Parcerias entre a administração pública e as organizações da sociedade civil: Lei 13.019/2014:

A Lei nº 13.019/2014, estabelece o regime jurídico das parcerias entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a con-secução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos de cooperação; define diretrizes para a política de fomento, de colaboração e de cooperação com organizações da sociedade civil.

De acordo com a Lei nº 13.019/2014, considera-se organização da sociedade civil:

a) entidade privada sem fins lucrativos que não distribua entre os seus sócios ou asso-ciados, conselheiros, diretores, empregados, doadores ou terceiros eventuais resul-tados, sobras, excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, isenções de qualquer natureza, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplique integralmente na consecução do respectivo objeto social, de forma imediata ou por meio da constituição de fundo patrimonial ou fundo de reserva; bem como as

b) sociedades cooperativas previstas na Lei no 9.867, de 10 de novembro de 1999; as integradas por pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal ou social; as alcançadas por programas e ações de combate à pobreza e de geração de trabalho e renda; as voltadas para fomento, educação e capacitação de trabalhadores rurais ou capacitação de agentes de assistencia técnica e extensão rural; e as capacitadas para execução de atividades ou de projetos de interesse público e de cunho social.

• revisao_final_TJ_CE.indb 465 02/08/2019 10:37:04

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Noções de Direito Administrativo 519

Normas Jurídicas

Regras

Princípios

(Constitucionais)

Explícitos

(LIMPE)

Implícitos

(Reconhecidos)

Legalidade

Impessoalidade

Moralidade

Publicidade

Eficiencia

Finalidade

Especialidade

Autotutela

Motivação

Proporcionalidade/razoabil.

Continuidade do serviço públ.

Segurança jurídica.

9.2. Pedras de toque

O sistema administrativo é constituído a partir de dois grandes princípios, que são denominados de “PEDRAS DE TOQUE DO DIREITO ADMINISTRATIVO”. Isso porque todos os princípios que integram o regime jurídico administrativo possuem fundamento nesses dois grandes princípios: SUPREMACIA do interesse público sobre o privado e INDISPONIBI-LIDADE do interesse público pela Administração Pública.

O interesse público presente nas duas pedras de toque, compreende a dimensão pública dos interesses pessoais, resultando do conjunto dos interesses que os indivíduos, pessoalmente, tem quando considerados em sua qualidade de membros da sociedade e pelo simples fato de o serem.

CUIDADO: o interesse público que integra o conteúdo das pedras de toque do Direito Administrativo é o interesse público primário ou interesse público que compreende os fins que cabe ao Estado pro-teger, como justiça, segurança pública, e bem-estar social. Não se confunde com o interesse público secundário, que corresponde ao interesse da pessoa jurídica de direito público de zelas pelos cofres públicos, maximizando-se a arrecadação e minimizando-se as despesas.

• SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PRIVADO (BENEFÍCIOS): informa que os interesses públicos devem prevalecer sobre os interesses privados, sendo pressu-posto de uma ordem social estável.

O princípio da supremacia compreende dois aspectos:

a) Prerrogativas: benefícios que a Administração Pública possui. Exs: prazos proces-suais ampliados e prazos prescricionais especiais.

b) Supremacia propriamente dita: fundamenta a posição de autoridade (poder de império) que tem o Poder Público frente ao particular. Exs: requisição administra-tiva; cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos.

• INDISPONIBILIDADE, PELA ADMINISTRAÇÃO, DOS INTERESSES PÚBLICOS (RESTRI-ÇÕES): se, por um lado, a Administração Pública possuem algumas prerrogativas

• revisao_final_TJ_CE.indb 519 02/08/2019 10:37:07

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Noções de Direito Processual Civil 555

processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V) se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos deter-minantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI) deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudencia ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existencia de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

A proposito do tema, foram aprovados os seguintes Enunciados da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento dos Magistrados:

Enunciados da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento dos Magistrados:

Enunciado nº 10: A fundamentação sucinta não se confunde com a ausencia de fun-damentação e não acarreta a nulidade da decisão se forem enfrentadas todas as questões cuja resolução, em tese, influencie a decisão da causa.

Enunciado nº 11: Os precedentes a que se referem os incisos V e VI do § 1º do art. 489 do CPC/2015 são apenas os mencionados no art. 927 e no inciso IV do art. 332.

Enunciado nº 12: Não ofende a norma extraível do inciso IV do § 1º do art. 489 do CPC/2015 a decisão que deixar de apreciar questões cujo exame tenha ficado prejudicado em razão da analise anterior de questão subordinante.

Enunciado nº 13: O art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015 não obriga o juiz a enfrentar os fun-damentos jurídicos invocados pela parte, quando ja tenham sido enfrentados na formação dos precedentes obrigatorios.

Enunciado nº 19: A decisão que aplica a tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos não precisa enfrentar os fundamentos ja analisados na decisão paradigma, sendo suficiente, para fins de atendimento das exigencias constantes no art. 489, § 1º, do CPC/2015, a correlação fatica e jurídica entre o caso concreto e aquele apreciado no inci-dente de solução concentrada.

1.3.13. Atendimento Preferencial da Ordem Cronológica

Na redação original da Lei nº 13.105/2015, o CPC adotava o princípio da obediencia à ordem cronologica de conclusão. Posteriormente, mas antes da entrada em vigencia, o art. 12 do CPC foi alterado, de modo a prever que: “os juízes e os tribunais atenderão, preferen-cialmente, à ordem cronologica de conclusão para proferir sentença ou acordão”.

Estão excluídos da regra do caput: I – as sentenças proferidas em audiencia, homologa-torias de acordo ou de improcedencia liminar do pedido; II – o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos; III – o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas; IV – as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932; V – o julgamento de embargos de declaração; VI – o julgamento de agravo interno; VII – as preferencias legais e as metas esta-belecidas pelo Conselho Nacional de Justiça; VIII – os processos criminais, nos orgãos juris-dicionais que tenham competencia penal; IX – a causa que exija urgencia no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada.

• revisao_final_TJ_CE.indb 555 02/08/2019 10:37:08

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Luciano Alves Rossato646

Para possibilitar a alegação da inexigibilidade, a decisão emanada do Supremo Tribunal Federal ha de ser anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda, pois, se posterior, não se mostra adequado o uso da impugnação.

COISA JULGADA INCONSTITUCIONAL

(Fundada em lei ou ato normativo tido como inconstitucional pelo STF)

Decisão do STF x Decisão Exequenda

Decisão do STF for anterior à exequendaDecisão exequenda for anterior à proveniente do

STF.

Alegavel a inconstitucionalidade por meio de impug-nação na execução, sendo inexigível a obrigação.

Devera o devedor ajuizar ação rescisoria e la pleitear a concessão de tutela provisoria para suspensão da execução

E isso porque, sendo a decisão do Supremo Tribunal Federal posterior à exequenda, não podera a parte alegar a inexigibilidade da obrigação, mas buscar rescindir a coisa julgada por formada, ajuizando, para tanto, a ação rescisória, cujo bienio legal (prazo decadencial de dois anos para o ajuizamento) tera como termo inicial o trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

Note-se, assim, que o prazo de dois anos podera ser iniciado muito tempo depois do proprio trânsito em julgado da decisão exequenda, tão somente a partir do trânsito em jul-gado no Supremo Tribunal Federal, cujos efeitos da decisão abarcarão situações anteriores, salvo se houver modulação dos efeitos no tempo, de modo a favorecer a segurança jurídica (paragrafo sétimo).

Efeito suspensivo

Como regra, o oferecimento da impugnação não impedira a pratica dos atos executi-vos, inclusive os de expropriação, vez que não possui efeito suspensivo automatico.

Dessa maneira, não obstante tenha sido apresentada a impugnação, podera o credor requerer a continuidade da execução, com a pratica de atos executivos e até expropriatorios.

ATENÇÃO!

Por isso, podera ser realizada a alienação judicial do bem penhorado e, eventual acolhimento da impugna-ção não tera o condão de tornar sem efeito a arrematação ocorrida, o que se justifica diante da necessaria segurança jurídica a ser resguardada ao negocio jurídico realizado.

Para tanto, o ato expropriatorio não dependera de caução.

Contudo, podera o executado pugnar a concessão de efeito suspensivo, o que não inviabilizara, ainda, a pratica de atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens.

ATENÇÃO!

Os atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens poderão ser pratica-dos, ainda que concedida efeito suspensivo à impugnação.

• revisao_final_TJ_CE.indb 646 02/08/2019 10:37:11

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Noções de Direito Processual Penal 669

• Princípio da publicidade: é a regra no Direito brasileiro. Visa possibilitar às partes tomar conhecimento dos atos processuais, como ainda permitir à sociedade o con-trole da atividade jurisdicional.

• Princípio de presunção de inocência: ninguém poderá ser considerado culpado senão depois do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

Vertentes da presunção de inocência

A execução da pena não pode se iniciar antes do trânsito em julgado da sentença condenatória

O ônus da prova é todo da acusação

• Em 5.10.2016, o Plenário do STF concluiu o julgamento de Ação Declaratória de Constitucionalidade, movida pela OAB e pelo Partido Ecológico Nacional, e, por maioria de votos, concluiu que, encerrados recursos ordinários (Apelação e Embar-gos Infringentes e Nulidade), em 2º grau de jurisdição, é possível o início da execu-ção provisória de pena, desde que não conferido efeito suspensivo aos recursos direcionados ao STF e ao STJ.

• Não se trata de decisão com efeito erga omnes e vinculante, porque proferida em liminar de ação declaratória de constitucionalidade, cujo mérito ainda não foi julgado.

• Essa decisão foi reafirmada em outros julgamentos pelo plenário do Supremo Tribu-nal, como ocorreu no HC nº 152.752/PR, em que o paciente era o ex-Presidente Lula. Por 6 a 5, a Corte entendeu cabível o início da execução penal.

• A 2ª Turma do STF entendeu que não cabe a execução provisória da pena em caso de plausibilidade e relevância da matéria discutida em Recurso Extraordinário ou Especial. Assim, foi concedido habeas corpus de ofício ao ex-Ministro José Dirceu diante da possibilidade de alteração da pena e reconhecimento de prescrição em sede de Recurso Especial que tramita no STJ (vide Rec. 30008 e 30245 do STF)..

• Princípio da duração razoável do processo: o processo não se deve prolongar no tempo com atos processuais desnecessários, meramente protelatórios. Porém, esse princípio não pode implicar desrespeito ao contraditório e à ampla defesa.

• Princípio da vedação da prova ilícita: são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. O Estado não se pode valer de ilicitude para a condenação do acusado, mas o réu pode se valer de prova ilícita para a sua absolvição.

• Princípio do juiz natural: não haverá juízo ou tribunal de exceção. O juiz natural é aquele estabelecido previamente previsto na Constituição Federal e na lei como o competente para o julgamento da causa.

• revisao_final_TJ_CE.indb 669 02/08/2019 10:37:13

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Heron Lemos680

3. Comparação do desempenho com o padrão estabelecido: toda atividade pro-porciona algum tipo de variação, erro ou desvio. É importante determinar os limi-tes dentro dos quais essa variação será aceita como normal ou desejável. Nem toda variação exige correções, mas apenas aquelas que ultrapassam os limites da nor-malidade. O controle separa o que é excepcional, para que a correção se concentre unicamente nas exceções ou desvios. Para tanto, o desempenho deve ser compa-rado com o padrão para verificar eventuais desvios ou variações. A comparação do desempenho com o padrão estabelecido geralmente é feita por meio de gráficos, relatórios, índices, porcentagens, medidas estatísticas, etc. Esses meios de apresen-tação supõem técnicas à disposição do controle para que haja maior informação sobre aquilo que deve ser controlado.

4. Ação corretiva: o objetivo do controle é manter as operações dentro dos padrões estabelecidos, para que os objetivos sejam alcançados da melhor maneira. Assim, as variações, erros ou desvios devem ser corrigidos para que as operações sejam normalizadas. A ação corretiva visa a fazer tudo de acordo com o que se pretendia inicialmente.

Entendemos, que o Processo Organizacional (ou Administrativo, ou de Gerenciamento) é o conjunto de decisões administrativas (planejamento, organização, direção, liderança, comunicação, controle, avaliação etc.) aplicadas aos recursos da organização de forma a atingir os objetivos estabelecidos.

• revisao_final_TJ_CE.indb 680 02/08/2019 10:37:14

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Noções de Administração Pública 681

A figura abaixo demonstra o ciclo composto pelas quatro funções administrativas:

1.7. Características básicas do Processo Administrativo

• É cíclico e repetitivo: o processo é permanente e contínuo e está sempre sendo completado e repetido continuamente. Em cada ciclo, o processo tende a melhorar e aperfeiçoar-se continuamente;

• É interativo: isto é, cada função administrativa interage com as demais, influen-ciando-as e sendo por elas influenciada;

• É iterativo: o processo administrativo é uma sequência de passos que, embora não sejam rigidamente seguidos, formam o itinerário sujeito a ajustamentos e correções, avanços e recuos, ao longo de sua implementação; e

• É sistêmico: o processo não pode ser analisado em cada uma de suas partes toma-das isoladamente, mas em sua totalidade e globalidade. Para entender cada uma das funções administrativas, é necessário conhecer todas as demais. Nenhuma delas pode ser administrada sem uma estreita vinculação com as outras.

No quadro a seguir representa os passos básicos do Processo Organizacional.

Planejar

“Administrar as relações com futuro”

Definir missão, objetivos, políticas e recursos.

Avaliar a situação atual (interna e externa).

Formular planos (meios) para alcançar os objetivos.

Definir mecanismos de controle e avaliação.

Organizar

“Dispor/Alocar os recursos em uma estrutura que facilite a realização dos objetivos”

Desenhar a estrutura organizacional e alocar recursos.

Dividir o trabalho – especializar.

Agrupar atividades e cargos – departamentalizar.

Definir hierarquia (autoridade) e responsabilidades.

• revisao_final_TJ_CE.indb 681 02/08/2019 10:37:14

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Heron Lemos688

Delegação

Para Sisk (citado por Vasconcellos, 1972:147), delegação é um processo administrativo que permite a transferência de autoridade do superior para o subordinado. Vasconcellos (1972:147) prossegue afirmando que ao delegar, o chefe transfere parte de sua autoridade aos subordinados. É fundamental que ele tenha capacidade de delegar sem perder o poder, caso contrário ele despenderá tantas energias disputando a liderança com os subordina-dos que terá dificuldade em supervisionar um grande número deles.

Segundo Oliveira (2010, p. 189) Delegação é o processo de transferência de determi-nado nível de autoridade de um chefe para seu subordinado, criando o correspondente compromisso pela execução da tarefa delegada.

Já para Chiavenato (2014, p. 166) delegação é o processo de transferir autoridade e responsabilidade para posições inferiores na hierarquia. Muitas organizações enco-rajam seus gerentes a delegar autoridade aos níveis mais baixos para proporcionar o máximo de flexibilidade, a fim de satisfazer as necessidades do cliente e se adaptar ao ambiente.

Em outras palavras delegação é o processo de transmitir certas tarefas e obrigações de uma pessoa para outra, em geral, de um superior para um colaborador. Aquele que recebe o poder delegado tem autoridade suficiente para concluir o trabalho, mas aquele que delega fica com a total responsabilidade pelo seu êxito ou fracasso.

ATENÇÃO

Não se deve confundir descentralizar com delegação. DELEGAR é um instrumento específico de uma che-fia para um subordinado. Delegação é o processo pelo qual o administrador transfere autoridade e res-ponsabilidade aos seus subordinados que estão abaixo na hierarquia. Já descentralizar implica consistente delegação ao longo da cadeia hierárquica.

DICAS DO HERON

Quanto maior a organização, maior tende a ser o número de níveis hierárquicos de sua estrutura. A nivelação hierárquica representa a especialização da direção, ou seja, a distribuição da autoridade e da responsa-bilidade em cada um dos níveis de organização. A estrutura formal representa uma cadeia de níveis hie-rárquicos – a cadeia escalar descrita por Fayol – sobrepostos, formando uma pirâmide, com a direção (nível institucional) no topo, os executores na base (administrados pelo nível operacional) e, no nível intermediário, as demais camadas hierárquicas do meio do campo.

• revisao_final_TJ_CE.indb 688 02/08/2019 10:37:14

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Noções de Administração Pública 691

Quando uma organização se torna grande, seu variado número de complexas atividades deve ser coordenado por executivos especialistas.

DICAS DO HERON

O princípio que reger a departamentalização ou agrupamento de atividades é o princípio da homogenei-dade. Essa homogeneidade somente poderia ser alcançada, segundo Gulick, quando se reunissem, na mesma unidade, todos aqueles que estivessem executando “o mesmo trabalho, pelo mesmo processo, para a mesma clientela e no mesmo lugar”.

2.6.1. Tipos de Estruturas Organizacionais

2.6.1.1. Departamentalização por Função (FUNCIONAL)

A Departamentalização por Funções ou Funcional é o agrupamento das atividades de acordo com as especializações ou funções principais da organização, como finanças, recursos humanos, mercadologia, produção, marketing etc. Consiste no agrupamento de atividades e tarefas com base nas principais funções desenvolvidas pela empresa. A divisão do trabalho faz surgir uma departamentalização em atividades agrupadas e identi-ficadas pela classificação funcional, pois considera atividades principais da empresa, como produção, vendas, finanças etc.

Vantagens Desvantagens

üAgrupa vários especialistas em uma mesma unidade;

üSimplifica o treinamento e orienta as pessoas para uma função específica, concentrando sua compe-tência e habilidades técnicas;

üPermite economia de escala pelo uso integrado de pessoas, máquinas e produção em massa;

üIndicada para situações estáveis, tarefas rotineiras e para produtos ou serviços que permaneçam lon-gos ciclos sem mudanças.

üReduz a cooperação interdepartamental (ênfase nas especialidades);

üInadequada para ambiente e tecnologia em cons-tante mudança, pois dificulta a adaptação e a flexi-bilidade às mudanças externas;

üFoco na especialidade em detrimento do objetivo organizacional global.

2.6.1.2. Departamentalização Base Territorial ou Geográfica

É denominada departamentalização territorial, regional ou por localização geográfica. Requer diferenciação e agrupamento das atividades de acordo com a localização em que o trabalho será desempenhado ou uma área de mercado a ser servida pela empresa. A presunção implícita nessa estratégia é que, onde os mercados estão dispersos, a eficiência

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Page 24: Revisão Final TJ - CE - Editora Juspodivm · 2019-08-06 · Ø Viés do texto motivador / mobilizador: o texto que mobiliza para a proposta de redação é de extrema importância

Noções de Gestão Pública 775

Administração Pública Burocrática

ESQUEMATIZANDO OS ESTUDOS!!!!!!

Administração Pública Burocrática – Surge na segunda metade do século XIX, na época do Estado liberal, como forma de combater a corrupção e o nepotismo patrimonialista.

O modelo burocrático de administração pública no Brasil remonta aos anos de 1930 até a década de 1995. O marco inicial para institucionalização deste modelo é o governo de Getúlio Vargas, com a criação do Departa-mento Administrativo do Serviço Público (DASP) em 1936, o qual representou a primeira reforma administra-tiva do estado brasileiro.

No período de governo de Getúlio Vargas (1930-1945) ressalta-se que havia se instaurado a crise de 1929 e que no campo da teoria econômica estava em discussão a teoria de Keynes. Neste sentido fortalece-se a ideia de Estado interventor em contraposição aos ideais liberais, assim como a ideia do Estado de Bem-Estar Social (Aragão, 1997).

A escolha pelo modelo burocrático visava romper com as práticas de corrupção, nepotismo e arbitrariedade das ações públicas, características do modelo patrimonialista até então vigente e contrário aos interesses da uma nova classe brasileira que ganhava corpo, a classe urbana.

A institucionalização deste modelo está fundamentada nos estudos de Max Weber (1864-1920), o qual consi-dera que as organizações podem tornar-se mais eficientes a partir da implementação de normas bem defini-das. O raciocínio burocrático reside na ideia de ordenamento e dominação legitimada pela existência de normas (Weber, 1999).

Este modelo apresenta alguns elementos essenciais, dentre eles: a estrutura de autoridade impessoal; hierar-quia de cargos altamente especificada; descrição de cargos com claras esferas de competência e atribuições; seleção com base em qualificação técnica; remuneração fixa compatível com a hierarquia de cargos; o cargo como única ocupação do burocrata; promoção baseada em sistema de mérito; separação entre os bens públi-cos e privados do burocrata; e controle sistemático do cargo.

Os controles administrativos visando evitar a corrupção e o nepotismo são sempre a priori. Parte-se de uma desconfiança prévia nos administradores públicos e nos cidadãos que a eles dirigem demandas. “Por isso, são sempre necessários controles rígidos dos processos, como por exemplo, na admissão de pessoal, nas compras e no atendimento a demandas.”

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