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KATREN PEDROSO CORRÊA VERIFICAÇÃO DOS RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO LASER DE BAIXA POTÊNCIA, GaAlAs, 830 nm , EM ÚLCERA DE PRESSÃO DE PACIENTE PORTADOR DE SEQÜELA DE TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR: Estudo de caso Cascavel 2003

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KATREN PEDROSO CORRÊA

VERIFICAÇÃO DOS RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO

LASER DE BAIXA POTÊNCIA, GaAlAs, 830 nm , EM ÚLCERA

DE PRESSÃO DE PACIENTE PORTADOR DE SEQÜELA DE

TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR: Estudo de caso

Cascavel

2003

KATREN PEDROSO CORRÊA

VERIFICAÇÃO DOS RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO

LASER DE BAIXA POTÊNCIA, GaAlAs, 830 nm , EM ÚLCERA

DE PRESSÃO DE PACIENTE PORTADOR DE SEQÜELA DE

TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR: Estudo de caso

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Cascavel, para obtenção do Título de graduado em Fisioterapia. Orientador: Gladson Ricardo Flor Bertolini

Cascavel

2003

TERMO DE APROVAÇÃO

KATREN PEDROSO CORRÊA

VERIFICAÇÃO DOS RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO

LASER DE BAIXA POTÊNCIA, GaAlAs, 830 nm , EM ÚLCERA

DE PRESSÃO DE PACIENTE PORTADOR DE SEQÜELA DE

TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR: Estudo de caso

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção

do título de graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do

Paraná.

________________________________________________

Gladson Ricardo Flor Bertolini – UNIOESTE (Orientador)

________________________________________________

Cristina Diamante – UNIOESTE

________________________________________________

Joseane Rodrigues da Silva – UNIOESTE

Cascavel, 16 de abril de 2003.

As pessoas necessitam de esperança,

As pessoas necessitam de amor,

As pessoas necessitam da confiança de um companheiro,

As pessoas necessitam de amor para tornar boa uma vida,

As pessoas necessitam de fé em uma mão que ajuda.

Abba

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família. Meu pai Pedro,

minha mãe Elena, meu irmão Flávio, e minha irmã de

coração Cristiani Onishi, os quais estiveram ao meu

lado, nas tristezas e nas alegrias, no decorrer deste

trabalho.

AGRADECIMENTO

A Deus, acima de tudo, pelas oportunidades e pela fonte inesgotável de força.

Em especial ao meu orientador, Gladson Ricardo Flor Bertolini, por ter compartilhado

seu conhecimento e experiência, e ter oferecido em primeiro lugar sua amizade.

À professora Luciana Magnani Fernandes por sua colaboração e acervo cedido.

Aos amigos, por sua amizade, apoio e incentivo sempre presentes.

Ao corpo docente pela disponibilidade e apoio quando necessário.

Aos meus familiares que sempre estiveram ao meu lado em minhas escolhas e atitudes.

E aos pontos-chave deste trabalho, os pacientes participantes do trabalho e em geral.

Pois sem eles a realização da pesquisa, em prol do bem-estar físico e emocional dos que

necessitam de nosso trabalho, não seria possível.

RESUMO

As úlceras de pressão são áreas de necrose tissular, que tendem a se desenvolver quando o tecido mole é comprimido, entre uma proeminência óssea e uma superfície externa, por um longo período de tempo. A etiologia é multifatorial (deficiência nutricional, infecção, perfusão sangüínea, drogas que alteram as condições normais de vida do paciente). Uma das formas de tratamento das úlceras de pressão é o uso do laser de baixa potência com comprimentos de onda variando do visível ao infravermelho. Os efeitos da terapia laser, úteis para a progressão da cicatrização das úlceras, são principalmente: estimulação da microcirculação, estímulos à resolução do processo inflamatório, estímulos à produção de ATP, estímulos à síntese colágena e de substância fundamental e estímulos ao aumento da velocidade mitótica celular. Neste trabalho objetivou-se verificar o efeito do laser de baixa potência, GaAlAs (830 nm), na cicatrização de úlceras de pressão, formadas na região trocantérica direita e esquerda, de um paciente portador de seqüela de traumatismo raquimedular. Observou-se alterações no ritmo de fechamento das úlceras de pressão ao utilizar a dose de 2 J/cm2, na forma pontual, nas bordas das úlceras. Obteve-se um resultado positivo, com aumento na velocidade de reparo tecidual em comparação a um paciente controle.

Palavras Chaves: laser de baixa potência, úlcera de pressão, estudo de caso

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS-------------------------------------------------------------------

vii

LISTA DE TABELAS-------------------------------------------------------------------

viii

LISTA DE GRÁFICOS-----------------------------------------------------------------

ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS------------------------------------------

x

1 INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------

1

2 DESENVOLVIMENTO----------------------------------------------------------------

3

2.1 Anatomia e Fisiologia da Pele--------------------------------------------------------

3

2.2 Alteração na Integridade da Pele----------------------------------------------------

4

2.3 Fisiologia do Processo Cicatricial---------------------------------------------------

5

2.3.1 Fase cicatricial-------------------------------------------------------------------------

6

2.3.1.1 Fase inflamatória ou exsudativa-----------------------------------------------------

7

2.3.1.2 Fase proliferativa----------------------------------------------------------------------

7

2.3.1.3 Fase de maturação ou remodelação-------------------------------------------------

7

2.3.1.4 Regeneração do epitélio--------------------------------------------------------------

7

2.3.1.5 Regeneração do tecido muscular----------------------------------------------------

8

2.3.1.6 Regeneração do tecido nervoso – periférico---------------------------------------

8

2.3.1.7 Regeneração do tecido nervoso – central------------------------------------------

8

2.3.1.8 Regeneração do tecido conjuntivo--------------------------------------------------

8

2.3.1.9 Regeneração do tecido ósseo--------------------------------------------------------

9

2.3.1.10 Regeneração dos adipócitos---------------------------------------------------------

9

2.4 Úlcera de Pressão-----------------------------------------------------------------------

9

2.5 Laser--------------------------------------------------------------------------------------

24

3 METODOLOGIA------------------------------------------------------------------------

28

3.1 História do Paciente Tratado---------------------------------------------------------

30

3.2 História do Paciente Controle--------------------------------------------------------

31

4 RESULTADOS---------------------------------------------------------------------------

32

5 DISCUSSÃO------------------------------------------------------------------------------

36

6 CONCLUSÕES--------------------------------------------------------------------------- 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS-----------------------------------------------

41

ANEXO A----------------------------------------------------------------------------------

46

ANEXO B----------------------------------------------------------------------------------

47

ANEXO C----------------------------------------------------------------------------------

48

LISTA DE FIGURAS

Figura 1a-c Úlceras de pressão. a – Aparência e formato de uma úlcera de pressão

com grau III; b – mensuração, com régua, de uma úlcera de pressão, grau II, presença de tecido fibrótico; c - aplicação pontual, com um aparelho laser, nas margens de uma úlcera de pressão, grau III

17

Figura 2 Fatores de risco para o desenvolvimento de úlcera de pressão.

18

Figura 3 Resposta celular à pressão

22

Figura 4 Régua utilizada na mensuração das maiores alturas e larguras das úlceras, confecionada em papel, utilizando intervalos em cm.

30

Figura 5 Aparelho laserpulse – IBRAMED utilizado na aplicação das úlceras do paciente tratado.

31

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Área inicial das úlceras trocantéricas do paciente

31

Tabela 2 Área inicial da úlcera do paciente controle.

32

Tabela 3 Maior altura (em cm), maior largura (em cm), área (em cm²) da úlcera do paciente controle, no período de 19/09/2002 a 28/09/2002.

33

Tabela 4 Maior altura (em cm), maior largura (em cm), área (em cm²) da úlcera trocantérica direita e número de pontos de aplicação da radiação laser, no paciente tratado, no período de 03/10/2002 a 12/12/2002.

34

Tabela 5 Maior altura (em cm), maior largura (em cm), área (em cm²) da úlcera trocantérica esquerda e número de pontos de aplicação da radiação laser, no paciente tratado, no período de 03/10/2002 a 12/12/2002.

35

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Evolução da área, em cm² da úlcera trocantérica esquerda do paciente tratado, no período de 03/10/2002 a 12/12/2002.

35

Gráfico 2 Evolução da área, em cm² da úlcera trocantérica direita do paciente tratado, no período de 03/10/2002 a 12/12/2002.

36

Gráfico3 Evolução, nas 10 mensurações, das áreas, em cm² das úlceras direita e esquerda do paciente tratado e do paciente controle.

36

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AHCPR – Agency for Health Care Policy and Research

Alt – altura

AsGa – arsenieto de gálio

ATP – adenosina trifosfato

cm – centímetro (s)

cm² - centímetro (s) quadrado (s)

CTI – centro de terapia intensiva

CTI’s – centros de terapia intensiva

DNA – ácido desoxirribonucleico

GaAlAs – arseneto de gálio aluminizado

HeNe – hélio neônio

J/cm² - joules por centímetro quadrado

Kg – quilograma (s)

Larg – largura

Laser – Ligth Amplification by Stimulated Emission of Radiation

LILT – Low Intensity Laser Terapy

LLLT - Low Level Laser Terapy

LPLT - Low Potency Laser Terapy

m – metro (s)

mmHg – milímetros de mercúrio

MMII – membros inferiores

MMSS – membros superiores

n. - número

nm – nanômetros

NPUAP – National Pressure Ulcer Advisor Panel

p. – página (s)

RNA – ácido ribonucleico

RX – raios –X, radiografia

SNC – sistema nervoso central

TCE – traumatismo cranioencefálico

TRM – traumatismo raquimedular

1 INTRODUÇÃO

As úlceras de pressão são definidas como “áreas localizadas de necrose tissular que

tendem a se desenvolver quando o tecido mole é comprimido entre a proeminência óssea e

uma superfície externa por um longo período de tempo”. A etiologia da úlcera de pressão é

multifatorial: deficiência nutricional, infecção, deficiência na perfusão sangüínea, drogas que

alteram as condições normais de vida do paciente; entre outros fatores podem estar

envolvidos: anestésicos, sedação, injúrias que causam imobilidade e diminuição da sensação

(BRYANT, 1992).

A intensidade da pressão em determinada área do corpo, quando exagerada, faz com

que a pressão dos capilares aumente, causando o que se chama de “oclusão capilar”. Esta

oclusão acarreta na diminuição do suprimento sangüíneo, de nutrientes e de oxigênio aos

tecidos. Persistindo a pressão ocorre a isquemia, que pode envolver a pele, tecido subcutâneo,

tecido muscular e tecido ósseo (GUYTON & HALL, 1996).

A relação tempo/duração da pressão é muito importante na determinação da ulceração

dos tecidos. Foi demonstrado que baixas pressões aplicadas em determinadas áreas de tecidos,

por um longo período de tempo, é mais significante na formação de úlceras de pressão que

altas pressões aplicadas por curtos períodos (MAKLEBUST & SIEGGREEN, 1996).

As proeminências ósseas são os pontos mais suscetíveis ao desenvolvimento de

úlceras de pressão, devido à distribuição desigual de peso e, conseqüentemente, do excesso de

pressão nessas áreas. Úlceras de pressão podem ocorrer sobre o sacro, ísquio, trocânter do

fêmur, cotovelo, calcâneo, escápula, osso occipital, esterno, costelas, crista ilíaca, patela,

maléolos, porém devido à maior concentração de proeminências ósseas e da distribuição

desigual de peso, a maior parte dessas úlceras ocorre na parte inferior do corpo

(MAKLEBUST & SIEGGREEN, 1996).

Entre as formas de tratamento das úlceras de pressão, existe a utilização da terapia

laser de baixa potência.

O termo laser constituí-se da sigla Light Amplification by Stimulated Emission of

Radiation, tem como significado: amplificação da luz por emissão estimulada de radiação

(VEÇOSO, 1993).

O tipo de laser utilizado na fisioterapia emite radiações com potências baixas e

médias, inferiores a 1Watt (VEÇOSO, 1993).

De acordo com Veçoso (1993) a radiação laser propicia efeitos primários e

secundários à sua aplicação. Os efeitos primários são bioquímico, bioelétrico e bioenergético

(normalização energética do bioplasma).

Os efeitos secundários são estímulos a microcirculação e ao trofismo (VEÇOSO,

1993).

O objetivo do estudo proposto é o de verificar os resultados da aplicação da radiação

laser de baixa intensidade em uma úlcera de pressão de paciente portador de seqüela de

traumatismo raquimedular, quando comparado a um paciente controle. Utilizando o laserpulse

(830 nm) com uma dose de 2 J/cm², com um protocolo de 10 aplicações, duas vezes por

semana.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Anatomia e Fisiologia da Pele

Pele, o maior órgão do organismo humano, tem em média, no adulto, uma área total de

dois metros quadrados (m2), pesa aproximadamente 2,7 quilogramas (Kg), recebe 1/3 do

volume de sangue circulante, é ativa, sendo suas funções, vitais para a manutenção dos

mecanismos de defesa contra doenças. É o revestimento do corpo, formando uma barreira

protetora contra o meio externo, ao mesmo tempo em que mantém a homeostase do

organismo humano. Secreta e excreta água e produtos metabolizados, participa da regulação

da temperatura corporal, contém terminações nervosas sensitivas, participando do feedback

sensorial para equilíbrio, proteção contra ferimentos, defesa contra organismos patógenos,

sendo, portanto, indispensável à vida humana. A pele representa a primeira linha de defesa do

organismo e, se sua manutenção for saudável e íntegra, constituirá uma das barreiras contra as

lesões (GARDNER, GRAY & O’RAHILLY, 1967; CAMPEDELLI & GAIDZINSKI, 1987;

WYSOCKI & BRYANT, 1992).

Kreutz & Silva (1997) referem que, o fato de a pele ser familiar e palpável, não

significa que seja simples e que a conheça adequadamente. Tampouco, que se saiba cuidá-la

ou tratá-la dessa mesma forma. A manutenção da sua integridade é um processo complexo,

porque numerosos fatores influenciam a sua habilidade para prover adequadamente suas

funções, a exemplo da idade, exposição à radiação ultravioleta, hidratação, medicações,

nutrição, danos, entre outros. Benbow & Dealey (1996) enfatizam a necessidade do

conhecimento da estrutura e função da pele como fundamento, tanto para a prevenção, quanto

para os cuidados eficazes de uma ferida. Wysocki & Bryant (1992) reforçam essa afirmativa,

referindo que o conhecimento básico sobre a estrutura e função da pele dá ao profissional da

área da saúde a capacidade para distinguir, baseada em dados coletados através de entrevista e

avaliação do paciente, cada tipo de dano à pele e, a partir daí, iniciar a prevenção e tratamento

apropriado.

A pele possui duas camadas: a epiderme, mais superficial, e a derme, subjacente. A

derme é rica em fibras colágenas e elásticas que dão à pele a capacidade de distender-se

quando tracionada, voltando ao seu estado original quando a tração é interrompida. É

ricamente irrigada, possuindo uma extensa rede de capilares e nervos. Repousa na tela

subcutânea, que é rica de tecido adiposo. O tecido adiposo varia de acordo com a parte do

corpo, não existindo em algumas. É mais espesso no sexo feminino do que no masculino, tem

como funções impedir a perda de calor e fazer a reserva de material nutritivo (DÂNGELO &

FATTINE, 1988).

A pele possui também numerosas glândulas sudoríparas, sebáceas e folículos pilosos.

As glândulas sudoríparas estão localizadas na derme ou tela subcutânea, tendo como função a

regulação da temperatura corporal, porque sua secreção, o suor, absorve calor por evaporação

da água, possuindo também um longo e tortuoso ducto secretor que atravessa a epiderme,

abrindo-se na superfície da pele por meio de poros. As glândulas sebáceas localizam-se na

derme, sendo sua secreção conhecida como sebo, que serve para lubrificar a pele e os pêlos

(DÂNGELO & FATTINE, 1988).

A cor da pele depende da quantidade de pigmentação, da vascularização e da

espessura dos estratos mais superficiais da epiderme. Entre os pigmentos encontrados na pele

a melanina é o mais importante, sua quantidade varia com a raça, com a pigmentação após

inflamação, exposição ao calor, aos raios solares e aos raios X (RX) (DÂNGELO &

FATTINE, 1988).

2.2 Alteração na Integridade da Pele

Sabe-se que o cuidado com a pele do paciente é uma atividade importante da equipe

da área da saúde que cuida dos pacientes com risco para o desenvolvimento das úlceras de

pressão, podendo sua avaliação sugerir integridade da pele prejudicada: úlcera de pressão, ou

risco para úlcera de pressão. Sparks (1993) refere que a manutenção da integridade da pele é

considerada, no trabalho da equipe multidisciplinar, uma necessidade para a sobrevivência

humana.

O prejuízo da integridade da pele pode ser causado por diversas condições

fisiopatológicas ou degenerativas, ou ambas. A formação da úlcera de pressão pode

interromper funções importantes da pele, ocorrendo quando é aplicada sobre a mesma uma

pressão maior do que a pressão capilar normal de 32 milímetros de mercúrio (mmHg)

(SMELTZER & BARE, 1994; BRYANT, 1992).

Declair (1994) refere que a pressão exercida por uma força perpendicular à pele,

resultante da ação da gravidade, ocasiona a oclusão do fluxo sangüíneo do paciente que fica

em uma mesma posição no leito. A pressão maior que 25 mmHg oclui o fluxo sangüíneo dos

capilares dos tecidos moles, causando hipóxia que, se não for avaliada a tempo, evolui para

eventual necrose.

Esta afirmação é compartilhada por diversos autores, entre os quais se destacam:

Potter & Perry (1996); Campedelli & Gaidzinski (1987); Angarten & Santos (1980); Barbosa

& Silva (1994); Hood & Dincher (1995); Dealey (1996); Tiago (1996).

2.3 Fisiologia do Processo Cicatricial

O processo cicatricial é sistêmico e dinâmico, está diretamente relacionado às

condições gerais do organismo, as células não são elementos estáticos e se adaptam

funcionalmente e morfologicamente a estímulos, a alterações ambientais e a todo tipo de

agressão. A célula pode se adaptar ou morrer em resposta a um estresse (CANDIDO, 2001;

PEREIRA, 1993; MATTOS, 1999).

O meio úmido facilita a migração celular, a formação do tecido de granulação e a

epitelização. O curativo adequado favorece a manutenção do meio úmido (CANDIDO, 2001).

O diagnóstico etiológico, a identificação da fase evolutiva e a conduta adequada são

fundamentais para o sucesso do tratamento (CANDIDO, 2001).

Segundo Candido (2001), Chandrasoma & Taylor (1993) as feridas poderão ser

classificadas segundo diversos parâmetros, que auxiliarão no diagnóstico, evolução e

definição do tipo de tratamento, tais como:

- Quanto ao diagnóstico etiológico: define a origem da doença que propiciou o

aparecimento da lesão cutânea;

- Quanto à causa: define o mecanismo de ação, por exemplo: traumáticas, cirúrgicas,

patológicas;

- Quanto à morfologia: descreve a localização, número, dimensão e profundidade;

- Quanto ao grau de contaminação: limpa, contaminada ou infectada;

- Quanto à fase cicatricial: define as três etapas: inflamatória, proliferativa e maturação;

- Quanto à característica do exsudato: descreve a sua presença ou ausência, aspecto,

coloração e odor;

- Quanto à fístulas: indica presença, local e origem;

- Quanto à característica do leito da ferida: necrótico, fibrinoso, necrótico-fibrinoso,

granulação e epitelização;

- Quanto à cultura da secreção: define o agente etiológico e a antibioticoterapia específica;

- Quanto à evolução da ferida: aguda ou crônica;

- Quanto ao tipo de cicatrização: primária, secundária ou primária tardia.

Uma das principais respostas de adaptação é a regeneração, que é a multiplicação

celular em reposição a uma perda tecidual (MATTOS,1999).

As células do corpo podem ser divididas em três grupos baseando-se na sua

capacidade de multiplicação (CHANDRASOMA & TAYLOR, 1993).:

- lábeis: sofrem divisão ativa durante toda a vida para substituir as células que são

continuamente destruídas, tem rápida regeneração, são: células-tronco hematopoéticas,

células basais da epiderme e trato genitourinário, células da cripta da mucosa intestinal,

células dos folículos pilosos, células germinativas seminíferas e epitélios de ductos;

- estáveis: possuem tempo de sobrevida prolongado, caracterizam se por baixo índice de

divisão, a regeneração em tecidos constituídos por este tipo de células requer a existência

de uma quantidade suficiente de tecido viável para proporcionar uma fonte de células

parenquimatosas destinadas ao processo de regeneração, com uma estrutura de tecido

conjuntivo intacta na área de necrose, são: células parenquimatosas - do fígado, do rim

(túbulos renais), do pulmão (alvéolos), do pâncreas, das mamas, das glândulas endócrinas;

células mesenquimatosas – osteoblastos, condrócitos, fibroblastos, célula endotelial,

adipócito;

- permanentes: carecem da capacidade de divisão mitótica na vida pós-natal, a lesão de

células permanentes é sempre seguida de formação de cicatriz, não pode haver

regeneração, sua perda é irreversível, são: neurônios do sistema nervoso central, células

ganglionares do sistema nervoso periférico, células musculares cardíacas1, células

musculares esqueléticas1.

2.3.1 Fase cicatricial

A reparação tecidual ocorre em três fases distintas, complexas, dinâmicas e

sobrepostas. A liberação de mediadores ocorre em cascata, atraindo estruturas à periferia da

região traumatizada. O conhecimento das fases evolutivas do processo fisiológico cicatricial é

fundamental para o tratamento adequado da ferida (CANDIDO, 2001; MATTOS, 1999):

1 As células musculares cardíacas e esqueléticas exibem uma capacidade mitótica limitada em condições experimentais, nos seres humanos, são células funcionalmente permanentes.

2.3.1.1 Fase inflamatória ou exsudativa

Sua duração é de aproximadamente 48 a 72 horas. Caracteriza-se pelo aparecimento

dos sinais da inflamação: dor, calor, rubor, edema e perda da função. Mediadores químicos

provocam vasodilatação, aumentam a permeabilidade dos vasos e favorecem a quimiotaxia

dos leucócitos - neutrófilos que combatem os agentes invasores e macrófagos que realizam a

fagocitose (PEREIRA, 1993; MATTOS, 1999).

2.3.1.2 Fase proliferativa

Tem a duração de 12 a 14 dias. Ocorrem neo-angiogênese, produção de colágenos

jovens pelos fibroblastos e intensa migração celular, principalmente de queratinócitos,

promovendo a epitelização. A cicatriz possui aspecto avermelhado (PEREIRA, 1993;

MATTOS, 1999).

2.3.1.3 Fase de maturação ou remodelação

A terceira etapa pode durar de meses a anos. Ocorre reorganização do colágeno, que

adquire maior força tênsil e empalidece. A cicatriz assume a coloração semelhante à pele

adjacente (PEREIRA, 1993; MATTOS, 1999).

2.3.1.4 Regeneração do epitélio

O epitélio se regenera facilmente, é necessário recobrir o tecido conjuntivo exposto,

assim as células das bordas do epitélio intacto se lançam sobre a superfície desnuda, enquanto

novas células são produzidas. A maturação das novas células pode durar uma ou duas

semanas, ou até menos (PEREIRA, 1993; MATTOS, 1999).

2.3.1.5 Regeneração do tecido muscular

As células do músculo liso são classificadas como estáveis, regeneram-se facilmente,

durante a cicatrização, quando novos vasos sangüíneos se desenvolvem, as artérias adquirem

nova camada de células musculares lisas, supridas pelos vasos preexistentes, possivelmente

em resposta a fatores quimiotáticos e mitogênicos (PEREIRA, 1993; MATTOS, 1999).

O músculo estriado é classificado como tecido permanente, sugere-se que o principal

fator contribuinte para sua regeneração é a célula satélite, que fica dormente na membrana

basal. Uma outra fonte possível são as células musculares precursoras, que estão no interstício

(PEREIRA, 1993; MATTOS, 1999).

2.3.1.6 Regeneração do tecido nervoso – periférico

Caso um nervo seja seccionado, as células de Schwann que envolvem os axônios

fagocitam os restos celulares, mas, graças à manutenção da membrana basal, elas

permanecem conectadas em longas cadeias. Este processo é conhecido como degeneração

Walleriana, logo após, brotam vários axônios, presumivelmente em resposta a fatores de

crescimento (PEREIRA, 1993; MATTOS, 1999).

2.3.1.7 Regeneração do tecido nervoso – central

Nos seres humanos a perda dos neurônios não pode ser substituída, estas células páram

de se multiplicar antes do nascimento e muitos axônios do sistema nervoso central (SNC) não

se regeneram efetivamente (PEREIRA, 1993; MATTOS, 1999).

2.3.1.8 Regeneração do tecido conjuntivo

Todas as variedades de tecido conjuntivo podem se regenerar, em diferentes níveis.

Fibroblastos e células endoteliais são as que se regeneram com maior facilidade, tendo em

vista seu papel fundamental na reparação de feridas. Nesta reparação é importante a

angiogênese, ou seja, a regeneração vascular. O reparo se dá em duas fases: as células se

espalham para cobrir a superfície aberta, depois se multiplicam, como já citado anteriormente

(PEREIRA, 1993; MATTOS, 1999).

2.3.1.9 Regeneração do tecido ósseo

O tecido ósseo também possui grande capacidade de regeneração. Também este passa

por duas fases: as células produzem um osso temporário de trabéculas de aspecto imaturo, nas

quais as fibras colágenas se entrelaçam, posteriormente, os osteoclastos removem o osso

provisório e os osteoblastos o substituem por osso lamelar (PEREIRA, 1993; MATTOS,

1999).

2.3.1.10 Regeneração dos adipócitos

Este tipo de tecido conjuntivo não pode se duplicar, faz parte das células permanentes.

Porém, os adipoblastos e preadipócitos que se assemelham a fibroblastos podem formar novas

células gordurosas (PEREIRA, 1993; MATTOS, 1999).

2.4 Úlcera de Pressão

O ser humano é uma entidade constituída de corpo-mente-espírito que está sempre

sujeito a mudanças, o qual interage com o meio ambiente e com seus semelhantes, de forma

singular e que exige um cuidado voltado para sua totalidade como ser bio-psico-social.

Quando se absorve a afirmação constata-se que o cuidado, muitas vezes, torna-se um grande

desafio, no qual toda decisão deve ter como base à compreensão do processo saúde-doença e

das condições fisiológicas do indivíduo. (DOSSEY et al., 1992).

Quando agentes da área da saúde focalizam sua atenção no corpo-mente-espírito do

paciente, consideram-no como um indivíduo, buscando a individualização do cuidado,

sabendo que, uma mesma terapia, muitas vezes, não pode ser usada para dois pacientes

(DOSSEY et al., 1992).

Alguns pacientes que apresentam instabilidade de um ou mais sistemas fisiológicos e

risco de falência dos mesmos, são considerados ‘pacientes críticos’ e, devido ao grau de

comprometimento de seu estado clínico, necessitam de vigilância contínua da sua equipe de

saúde, assim como do uso de equipamentos para a manutenção das funções vitais e de sua

segurança (DEALEY, 1996).

Os pacientes considerados críticos são aqueles que têm condições clínicas graves ou

necessidade de controles mais freqüentes e rigorosos, associados a terapias de maior

complexidade de caráter invasivo ou não. Podemos exemplificar como paciente crítico aquele

submetido a cirurgias cardíacas, os portadores de afecções neurológicas sérias ou traumas que

comprometem a percepção sensorial e os submetidos a grandes procedimentos cirúrgicos que

colocam em risco suas condições vitais (DEALEY, 1996).

O paciente crítico, durante a hospitalização, é mantido freqüentemente em repouso,

parte das medidas necessárias para o tratamento até a estabilidade hemodinâmica do próprio

quadro clínico que o levou a apresentar déficit de mobilidade restringindo-o ao leito. Uma das

complicações da hospitalização desses pacientes com freqüência citada é a úlcera de pressão

(BRADEN & BERGSTROM, 1987).

A ausência de rotina na mobilização do paciente acamado é apontada como um fator

de risco para o desenvolvimento da úlcera de pressão. Todos os estudos sobre sua prevenção

deixam bem clara a necessidade de mobilizar periodicamente os pacientes acamados. Essa

mudança de posição alivia a pressão sobre o tecido e aumenta o fluxo sangüíneo no local. É

recomendado que esta mobilização seja realizada a intervalos de duas em duas horas

(BRYANT, 1992; CAMPEDELLI & GAIDZINSKI, 1987; SMELTZER & BARE, 1994;

DEALEY, 1996).

A higiene inadequada do paciente é citada, também, como um fator de risco, uma vez

que, sendo realizada, mantém-se o paciente livre de impurezas, tais como umidade por suor,

diurese, fezes e outras secreções; ativa-se a circulação sangüínea e, ao mesmo tempo,

mobiliza-se o paciente, contribuindo, de maneira significante, para a manutenção da

integridade da pele (CAMPEDELLI & GAIDZINSKI, 1987).

Segundo Dealey (1996), é necessária uma certa atenção em relação ao colchão do

paciente. Ela refere que o colchão deve ter pelo menos 13 centímetros (cm) de espessura e,

como a espuma tem uma vida útil em torno de quatro anos, o hospital necessita ter um

programa de reposição do mesmo. Ele deve ser adequado às condições do paciente e seu forro

não deve possuir dobras que favoreçam a formação de úlceras de pressão.

Ainda em relação a riscos extrínsecos para úlcera de pressão, alguns autores, a

exemplo de Campedelli & Gaidzinski (1987), Smeltzer & Bare (1994), observam que deve ser

dada atenção à roupa de cama do paciente. Segundo esses autores, os lençóis devem estar

sempre limpos, secos e bem esticados. Lençóis com dobras e com corpos estranhos, tais como

restos alimentares, alfinetes de segurança, drenos, podem irritar a pele do paciente,

favorecendo a formação das úlceras de pressão.

A imobilização está presente, de certa forma, em todo paciente crítico e esta pode ser

relacionada a vários fatores, como a restrição mecânica, aparelhos gessados, aparelhos

ortopédicos. Pode estar relacionada a quadros patológicos como: dor, paralisias, traumas,

cirurgias e sedação. Todos estes fatores acabam por desencadear acentuada restrição da

mobilidade corporal que dificulta a mudança de posição corporal (BRADEN &

BERGSTROM, 1987).

Para Sposito, Tellini & Itami (1993) as manifestações clínicas da restrição são

múltiplas e se traduzem em profundas alterações fisiológicas e bioquímicas afetando

praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo, e, muitas vezes, a imobilidade pode levar a

uma incapacidade maior do que aquela causada pela patologia ou lesão inicial, necessitando

de processo de reabilitação.

A imobilidade é definida por Hoeman (1996) como inabilidade ou a diminuição da

capacidade de mudança de posição corporal. Ela pode ter longa duração ou não, dependendo

dos fatores a que está condicionada. Quanto maior o período de imobilidade mais danos ao

organismo. Uma ou mais pessoas podem ter o mesmo nível de imobilidade, porém cada uma

delas perceberá e reagirá de forma particular, singular, envolvendo o conhecimento que tem a

respeito do problema e do tratamento dispensado, os fatores psicológicos e sociais, a

motivação para a cura e a reação do organismo.

Segundo Murray (1975) a imobilidade física pode produzir três mudanças críticas na

capacidade de adaptação do sistema cardiovascular na condução do sangue para os capilares.

São elas: controle vasomotor, retorno venoso ao coração e estase venosa. A formação de

trombose venosa nesta situação é comum, pois a estase venosa e a desidratação podem levar a

um quadro de hipercoagulabilidade do sangue.

Os danos ao sistema respiratório são grandes. Quando ocorre a falta de mobilização é

comum o acúmulo de secreção pulmonar, podendo levar a infecções, o que ocorre com

freqüência. Murray (1975) relata outras complicações respiratórias que advém da

imobilização física, que são: a compressão torácica decorrente do posicionamento ou

distensão abdominal e a inadequação do uso da musculatura responsável pela respiração.

Todas essas complicações respiratórias podem causar ao organismo inúmeros desequilíbrios,

muitas vezes fatais. Em decorrência dos distúrbios respiratórios a troca gasosa, realizada nos

pulmões, fica prejudicada, assim como o suprimento de oxigênio aos tecidos e a órgãos do

organismo.

Todo o funcionamento do aparelho locomotor é comprometido em períodos longos de

imobilidade. Ocorre a atrofia muscular que pode dar origem a disfunções no alinhamento

corporal, comprometendo com mais intensidade os membro. Outros comprometimentos que a

imobilidade acarreta estão relacionados à nutrição, eliminações, aos aspectos psicológicos e

sociais do indivíduo (MURRAY, 1975).

Para Baldwin & Ziegler (1998) os avanços tecnológicos em cuidados de saúde têm

aumentado as condições de sobrevivência de indivíduos criticamente enfermos, porém devido

à instabilidade fisiológica e limitada mobilidade, estes se tornam indivíduos de alto risco para

o desenvolvimento de úlceras de pressão.

Maklebust & Sieggreen (1996) relatam que a prevalência de úlceras de pressão no

cenário hospitalar nos Estados Unidos da América fica em torno de 3,5% a 29%, destacam

ainda que a diferença decorre de problemas conceituais nas definições do que seja

prevalência, nas diferenças conceituais de úlcera de pressão e da inclusão ou não da úlcera no

estágio I.

Allman et al. (1986) relatam que em estudos realizados na Europa, Canadá e África do

Sul, 3% a 11% de pacientes hospitalizados apresentaram úlceras de pressão.

Baldwin & Ziegler (1998) afirmam que 40% dos pacientes em centros de terapia

intesiva (CTI’s) desenvolvem úlceras de pressão nas duas primeiras semanas de

hospitalização. Stordeur, Laurent & D`Hoore (1998) relatam que úlceras de pressão são

complicações comuns em pacientes com curto ou longo período de tempo de internação, e que

em CTI’s a incidência de úlceras de pressão em doentes cirúrgicos atinge o índice de 17%.

Stordeur, Laurent & D`Hoore (1998) em estudo de uma população de indivíduos

submetidos à cirurgia cardíaca, verificaram que 29,5% destes desenvolveram úlceras de

pressão durante a hospitalização, mais especificamente até o quinto dia de período pós-

operatório.

Bergstron et al2. (apud Maklebust & Sieggreen, 1996) afirmam que 33% dos doentes

internados em CTI’s desenvolvem úlcera de pressão.

Segundo Inman et al. (1993) as úlceras de pressão são mais prevalentes em CTI’s,

devido às características dos pacientes críticos internados neste setor hospitalar e que apesar

da aumentada atenção pela equipe de enfermagem e freqüente rotatividade do paciente, elas

são mais freqüentes em CTI’s que em outras unidades do hospital.

No Brasil não existe uma estatística precisa do número de pacientes que são

acometidos por úlcera de pressão (SILVA, 1998).

Quando a percepção sensorial está comprometida, o doente experimenta a diminuição

ou a incapacidade de detectar sensações de desconforto ou dor, comprometendo a capacidade

de identificar as regiões do corpo que necessitam de alívio de pressão. A diminuição de

2 BERGSTRON, N.; BRANDEN, B.; KEMP, M.; CHAMPAGNE, M.; RUBY, E. Multisite study of incidence of pressure ulcers and the relationship between risk level, demographic characteristics, diagnoses, and precription of preventive intreventions. Jornal American Geriatrics Society, v. 44, n. 1, p. 22, January 1996.

percepção sensorial é ocasionada por estados patológicos, sedação ou uso de anestésicos

(BRADEN & BERGSTROM, 1987).

A exposição prolongada da pele à umidade pode levar à maceração e ruptura da

mesma, pela redução da sua resistência à tração. A umidade excessiva pode ser provocada por

incontinência fecal e/ou urinária, suor, secreções de drenos e feridas. O crescimento de

bactérias é maior na presença de umidade, expondo as áreas afetadas a maior risco para o

desenvolvimento de úlceras de pressão e infecções (SMELTZER & BARE, 1994; DEALEY,

1996).

A fricção é criada pela força de duas superfícies, movendo-se uma sobre a outra,

provocando a descamação epitelial e enfraquecendo a barreira natural da epiderme, causando

a destruição do tecido. Pode ser por movimentos involuntários, espásticos, aparelhos

ortopédicos, mudança de decúbito inadequada (BRYANT, 1992; BERGSTROM et al., 1995;

DEALEY, 1996).

O cisalhamento, que é uma pressão exercida quando o paciente é movido ou

reposicionado na cama e/ou cadeira. Ao ser puxado, ou ao deslizar espontaneamente pelo leito

ou cadeira, a pele adere à superfície enquanto as camadas de tecido subcutâneo e até mesmo

os ossos, deslizam na direção do movimento do corpo. A fricção está sempre presente quando

o cisalhamento acontece. O cisalhamento ocorre quando a pele permanece estática e os

tecidos subjacentes se movem. Pelo fato de a pele não se mover, o primeiro efeito do

cisalhamento ocorre na fáscia profunda até a proeminência óssea (BRYANT, 1992;

DECLAIR, 1994; HOOD & DINCHER, 1995; DEALEY, 1996).

Esta força mecânica é causada por mudança inadequada de decúbito, posicionamento

inadequado e espasticidade. A presença de cisalhamento causa sérios danos aos tecidos, sendo

mais atingido o tecido muscular. A área do corpo mais atingida é a região sacral (BRYANT,

1992; DECLAIR, 1994; HOOD & DINCHER, 1995; DEALEY, 1996).

Allman et al. (1986) identificam como fator predisponente a hipoalbuminemia e a

cronicidade da doença. A hipoalbuminemia pode causar edema intersticial, impedindo que

haja adequado suprimento celular de nutriente e oxigênio, facilitando a ruptura da pele.

Acentuadas deficiências de proteína expõem os tecidos a lesões. O suprimento de

nutrientes tem que ser correspondente às necessidades exigidas, para que o organismo esteja

adequadamente nutrido e responda de forma positiva às agressões externas. Traumas e

grandes infecções causam deficiência de proteínas. Como já citado, a hipoalbuminemia causa

alterações na pressão oncótica e conseqüente edema, o que compromete a difusão tissular de

oxigênio e nutrientes, predispondo à hipóxia e morte tissular. A deficiência de algumas

vitaminas interfere na produção de colágeno e de elastina no processo de cicatrização e

colaboram para que haja aumento da fragilidade capilar. Estudos têm indicado a má nutrição

como um significante fator no desenvolvimento de úlceras de pressão. A deficiência de

proteínas e vitaminas deixam os tecidos mais susceptíveis à integridade da pele prejudicada,

quando expostos à pressão (BRADEN & BERGSTROM, 1987; BRYANT, 1992; DEALEY,

1996).

A deficiência de certas vitaminas, em particular a vitamina C, que é necessária à pele

para vitalidade e cicatrização tissular, funcionamento de fibroblasto, formação de colágeno e

aumento da resistência do indivíduo, também contribui para o desenvolvimento de úlcera de

pressão. A vitamina C em quantidades inadequadas contribui para a fragilidade capilar,

ficando os tecidos predispostos a traumas e à interrupção do fluxo sangüíneo (HOOD &

DINCHER, 1995).

Os extremos de emagrecimento e obesidade também são levados em consideração. No

emagrecimento, a musculatura torna-se hipotrófica, o panículo adiposo escasso. Os pacientes

que emagrecem não têm ‘enchimento’ de gordura sobre as saliências ósseas, e portanto menos

proteção à pressão (DEALEY, 1996).

Na obesidade, o paciente está com o peso corpóreo em torno de 20% ou mais do peso

ideal, o que provoca um isolamento térmico excessivo, e pode causar uma redução das perdas

de calor normais. Os pacientes obesos são mais difíceis de serem mobilizados e geralmente

são arrastados na cama e/ou cadeira durante a mobilização, o que pode levar a lesão do tecido

(ATKINSON & MURRAY, 1989; DEALEY, 1996).

De acordo com Smeltzer & Bare (1994), a anemia, seja qual for a causa, “diminui a

capacidade de transporte de oxigênio no sangue e predispõe à formação da úlcera de pressão”.

Certas doenças como o diabetes, a doença cardíaca, a doença vascular periférica

causam uma diminuição no fornecimento de sangue para a periferia, diminuindo a pressão

capilar, provocando má nutrição dos tecidos. Freqüentemente as doenças modificam as

características da pele, como a textura, umidade e turgor (DEALEY, 1996).

O uso de medicamentos depressores do sistema nervoso central, como os sedativos,

que são utilizados para sedação e indução ao sono; os anestésicos que produzem perda da

sensibilidade em todo o corpo devido ao fato de interromper todos os impulsos sensoriais que

vão para o cérebro causando inconsciência; os analgésicos que são utilizados para o alívio da

dor (analgesia) promovendo relaxamento, levam o paciente a permanecer mais tempo numa

mesma posição, diminuindo também a mobilidade durante o sono, tornando, assim, os

pacientes susceptíveis à pressão prolongada (ASPERHEIM, 1994; DEALEY, 1996).

O edema prejudica a circulação e interfere no fornecimento de nutrientes para a célula,

levando, portanto, à nutrição deficiente do tecido subcutâneo (SMELTZER & BARE, 1994).

Com o avanço da idade, ocorrem muitas mudanças no organismo. Bryant (1992) cita

algumas destas mudanças relacionadas às estruturas de suporte que são: perda da massa

muscular; diminuição do nível de albumina sérica; diminuição da resposta inflamatória;

redução da coesão entre a derme e epiderme. Com todas estas mudanças o corpo da pessoa

idosa fica mais suscetível a agressões externas, e conseqüentemente a úlceras de pressão.

Níveis pressóricos baixos, ou seja, a hipotensão, colaboram para que ocorra o

fechamento dos capilares e estão associados à ocorrência de úlceras de pressão. Segundo

Bryant (1992) pressões sistólicas abaixo de 100 mmHg e diastólicas abaixo de 60 mmHg

estão associadas ao desenvolvimento de úlceras de pressão. A hipotensão pode diminuir o

fluxo sangüíneo aos órgãos vitais, diminuir a tolerância da pele para pressões por promover o

fechamento dos capilares.

A relação entre a elevação da temperatura corporal e a ocorrência de úlceras de

pressão ainda não é comprovada, porém pode estar associada à oxigenação inadequada dos

tecidos (BRYANT, 1992).

Em um estudo desenvolvido por Bergstrom et al. (1996) a incidência de úlceras de

pressão apresentou-se significativamente maior em pessoas do sexo feminino do que

masculino. Outro achado deste estudo foi que indivíduos de pele branca desenvolvem úlceras

de pressão em maior número que indivíduos de raça negra. Outra afirmação das autoras é que

a idade, o sexo e a raça não podem ser considerados isoladamente como fatores para o

desenvolvimento de úlceras de pressão.

Stordeur, Laurent & D’Hoore (1998) relatam que infecção nosocomial, readmissão em

centro e terapia intensiva (CTI) e reintervenção cirúrgica são fatores que pioram o estado de

saúde do indivíduo, portanto, fatores de risco para úlceras de pressão.

Um fator que hipoteticamente contribui para a incidência de úlceras de pressão é o

estresse, vivenciado pelos pacientes criticamente enfermos em decorrência do processo de

internação e/ou aos traumas corporais (lesões traumáticas, dor, fraturas, medo, etc.). Durante

o estresse ocorre o aumento da produção de adrenalina e cortisol que são hormônios

secretados pela medula e córtex da glândula supra-renal respectivamente. A adrenalina causa

aumento da atividade cardíaca, aumento do metabolismo basal, vasoconstrição periférica e

diminuição do fluxo sangüíneo para os tecidos. O cortisol aumenta o catabolismo protéico,

inibe a síntese de proteínas, afeta os mecanismos de defesa do corpo e inibe a produção de

colágeno, fazendo com que os tecidos moles fiquem mais suscetíveis a úlceras de pressão

(DEALEY, 1996).

Bryant (1992) afirma que o cortisol pode afetar a intolerância tissular de duas formas:

alterando as propriedades mecânicas da pele, contribuindo para a degradação do colágeno; os

glicocorticóides podem promover mudanças estruturais no tecido conjuntivo e afetar o

metabolismo celular por interferência na difusão de água, sal e nutrientes entre o leito capilar

e as células.

A terapia medicamentosa com corticosteróides muito usada em CTI’s, especialmente

em afecções neurológicas, pode desencadear efeitos colaterais como hipertensão, aumento da

suscetibilidade a infecções, cicatrização prejudicada, afinamento da pele, pré-dispondo ao

aparecimento de úlceras de pressão (DEALEY,1996).

Segundo Sideranko et al. (1992) a instabilidade que os doentes críticos apresentam

pode proporcionar acidose metabólica, deficiência da permeabilidade capilar, edema e morte

celular, fatores estes que oferecem risco para o desenvolvimento de úlcera de pressão.

As proeminências ósseas são os pontos mais suscetíveis ao desenvolvimento de

úlceras de pressão, devido à distribuição desigual de peso e, conseqüentemente, do excesso de

pressão nessas áreas. Úlceras de pressão podem ocorrer sobre o sacro, ísquio, trocânter do

fêmur, cotovelo, calcâneo, escápula, osso occipital, esterno, costelas, crista ilíaca, patela,

maléolos, porém devido à maior concentração de proeminências ósseas e da distribuição de

peso, a maior parte dessas úlceras ocorrem na parte inferior do corpo (MAKLEBUST &

SIEGGREEN, 1996).

Conforme Bryant (1992) os cinco locais mais suscetíveis ao desenvolvimento de

úlceras de pressão são: ísquio; sacro; trocânter maior do fêmur; calcâneo; maléolos. A

localização mais freqüente irá depender da posição na qual o doente permanece por maior

período de tempo.

As úlceras de pressão (Figura 1a-c) são definidas como áreas localizadas de necrose

tissular que tendem a desenvolver quando o tecido mole é comprimido entre a proeminência

óssea e uma superfície externa por um longo período de tempo (BRYANT, 1992).

Figura 1a-c. Úlceras de pressão. a - Aparência e formato de uma úlcera de pressão com grau III; b -mensuração com régua de uma úlcera de pressão, grau II. -; c - aplicação pontual, com um aparelho laser, nas margens de uma úlcera de pressão, grau III Fonte: Projeto de pesquisa oferecido pela UNIOESTE - Uso do laser AsGa em pacientes com úlceras de pressão. Avaliação da relação dose-resposta.

a

b

c

Bergstrom et al. (1992) definem úlcera de pressão como ‘qualquer lesão causada por

pressão não aliviada que resulta em danos nos tecidos subjacentes’.

Braden & Bergstrom (1987), após uma ampla revisão da literatura, construíram um

modelo conceitual, no qual afirmam que os determinantes críticos para a formação das

úlceras são a intensidade e a duração da pressão sobre as regiões do corpo e a capacidade da

pele e dos tecidos subjacentes para tolerá-los. No esquema conceituam os fatores de risco

determinantes para o desenvolvimento de úlcera de pressão (Figura 2).

Aumento da umidade Aumento da fricção

Aumento do cisalhamento

Aumento da idade Diminuição da nutrição

Diminuição da pressão arteriolar Outros fatores hipotéticos:

Edema Estresse emocional

Tabagismo Temperatura da pele

Figura 2 – Fatores de risco para o desenvolvimento de úlcera de pressão. Fonte: BERGSTROM, N.; BRADEN, B. J.; LAGUZZA, .; HOLMAN, V.. The Braden scale for predicting pressure sore risk. Nursing Research, v.36, n. 4, p.205-210, July/Aug. 1987.

As condições pré-disponentes para a formação da úlcera, de acordo com Coli, Vattino

& Gemperli (1998), Bryant (1992) e Bergstrom et al. (1992) são:

- alterações metabólicas;

- alterações cárdio-respiratórias;

- alterações neurológicas;

Diminuição da mobilidade

Diminuição da atividade Pressão

Diminuição da percepção corporal

Úlceras de pressão

Fatores extrínsecos

Fatores intrínsecos

Tolerânciatissular

- alterações crônico-degenerativas;

- alterações nutricionais;

- alterações circulatórias;

- alterações hematológicas;

- alterações psicogênicas;

- uso de medicamentos depressores do sistema nervoso central (SNC).

Os fatores de risco intrínseco, para Coli, Vattino & Gemperli (1998), Bryant (1992) e

Bergstrom et al. (1992), são:

- sensibilidade superficial alterada;

- alteração no turgor e elasticidade da pele;

- alteração na umidade da pele;

- alteração na textura da pele;

- proeminência óssea evidenciada;

- idade superior a 60 anos;

- alteração na temperatura corporal;

- mobilidade física prejudicada total;

- mobilidade física prejudicada parcial.

Os fatores de risco extrínsecos são, de acordo com Coli, Vattino & Gemperli (1998),

Bryant (1992) e Bergstrom et al. (1992):

- força de pressão no corpo;

- força de cisalhamento;

- restrição total de movimento;

- restrição parcial de movimento;

- mobilização inadequada;

- colchão inadequado;

- condições da roupa de cama inadequadas;

- higiene corporal inadequada.

A intensidade da pressão em determinada área do corpo quando exagerada faz com

que a pressão dos capilares aumente, causando o que se chama de oclusão capilar. Esta

oclusão acarreta em diminuição do suprimento sangüíneo, de nutrientes e de oxigênio aos

tecidos. Persistindo a pressão ocorre a isquemia, que pode envolver a pele, tecido subcutâneo,

tecido muscular e tecido ósseo. A pressão, no início dos capilares, é de 30 mmHg e a pressão

média normal no extremo arterial do capilar fica em torno de 35 mmHg (GUYTON & HALL,

1996).

A quantidade de pressão externa necessária para causar o colapso capilar deve exceder

a pressão do capilar. A duração da pressão é um fator de significância, pois quanto maior o

tempo de exposição à pressão, maiores os danos aos tecidos (BRYANT, 1992).

A relação tempo/duração da pressão é muito importante para a determinação da

ulceração dos tecidos. Foi demonstrado que baixas pressões aplicadas em determinadas áreas

de tecidos por um longo período de tempo é mais significante na formação de úlceras de

pressão que altas pressões por curtos períodos (MAKLEBUST & SIEGGREEN, 1996).

No esquema de Braden & Bergstrom (1987) a tolerância tissular está relacionada à

capacidade dos tecidos em suportar essa pressão. Bryant (1992) define tolerância tissular

como sendo: um fator que descreve a condição ou integridade da pele e estruturas de suporte

que influenciam a capacidade da pele para redistribuir e aplicar a pressão.

Segundo a conceituação de Braden & Bergstrom (1987) a tolerância tissular pode ser

alterada por fatores extrínsecos e intrínsecos ao paciente. Os fatores extrínsecos referem-se à

umidade, fricção e força de cisalhamento. Os intrínsecos, nutrição, idade e pressão arteriolar.

As autoras relacionam intrínsecos hipotéticos que são: edema, estresse, tabagismo e

temperatura da pele.

A obstrução de capilares, ocasionada por aplicação de pressões externas, desencadeia a

isquemia tissular. Se a pressão é removida em curto período de tempo o fluxo sangüíneo é

reativado e, no local, pode-se observar a formação de hiperemia que é chamada de ‘hiperemia

ativa’ (BRADEN & BERGSTROM, 1987).

Se a pressão não for aliviada a oclusão capilar e a isquemia tissular levam os tecidos à

privação de oxigênio, de nutrição e os restos metabólicos são acumulados. Os capilares

lesados tornam-se mais permeáveis, fazendo com que líquidos sejam transferidos para o

espaço intersticial, causando edema. O edema, depois de formado, dificulta a perfusão

sangüínea e conseqüentemente acentua o quadro de hipóxia, e a inflamação tissular é

exacerbada, consolidando o início da úlcera de pressão, visualizada como úlcera em estágio I

(BRYANT, 1992).

Segundo Bryant (1992) o tecido muscular é visto como mais sensível que a pele aos

efeitos da isquemia. Coloca que a lesão da pele em úlcera de pressão é freqüentemente

relatada como sendo ‘tipo iceberg’, porque a área de necrose e isquemia pode ser extensiva

até o tecido ósseo, dependendo do gradiente de pressão.

Quando a pressão aplicada não é avaliada, desencadeando isquemia, alguns eventos

podem ocorrer, como: formação de trombose venosa profunda, lesões em células endoteliais,

redistribuição do fluxo sangüíneo no tecido isquêmico, alterações no fluxo linfático e

alterações na composição do fluido intersticial (BRYANT, 1992).

A isquemia leva à lesão endotelial, fazendo com que essas células percam suas

características anticoagulantes e liberem substâncias trombogênicas que acentuam a oclusão

capilar e, conseqüentemente, a isquemia tecidual, que quando prolongada desencadeia uma

demanda de oxigênio 30 vezes maior que em células normais. Extensivas pressões ocluem o

fluxo sangüíneo, o fluxo linfático e a movimentação do fluido intersticial. Tecidos são

privados de oxigenação e de nutrientes, e produtos metabólicos tóxicos acumulam-se. Fluidos

intersticiais retém proteínas, desidratam células e irritam tecidos. Tudo isto leva à acidose

tecidual, aumento da permeabilidade capilar e edema, contribuindo para a morte celular

(BRYANT, 1992).

A resposta celular à pressão é apresentada no esquema de Bryant (1992) (Figura 3).

A úlcera de pressão, um dos principais exemplos de integridade da pele prejudicada,

representa uma ameaça direta para o indivíduo, causando desconforto, prolongamento da

doença, demora na reabilitação e na alta, podendo até causar morte por septicemia. A úlcera

dá origem a uma perda notável de proteínas orgânicas, fluidos e eletrólitos, originando uma

debilidade progressiva e podendo permitir, ao longo do tempo, a entrada de organismos

infecciosos como Pseudomonas aeruginosas, Estreptococos, Estafilococos, Escherichia coli,

localmente e sistematicamente (KELLY, 1985; REDDY, 1986; SMELTZER & BARE, 1994).

Sistemas de classificação de úlceras de pressão foram desenvolvidos para fornecer aos

profissionais da saúde um método uniforme e objetivo para avaliação e descrição das

manifestações clínicas das mesmas. Young (1997) afirma que um sistema de classificação é

útil para planejar os cuidados que serão prestados ao paciente, mas que estes são limitados,

sendo aplicados de acordo com a descrição visual, não representando de forma exata a

extensão das lesões nos tecidos. Essa afirmativa está de acordo com Beyers & Duda (1989),

quando referem que a abertura na pele superficial é quase sempre menor do que o orifício na

musculatura subjacente; e com Smeltzer & Bare (1994), quando ressaltam que uma lesão da

pele pode representar somente “a ponta do iceberg”, visto que uma pequena lesão na

superfície pode ser extensa no tecido subjacente, a exemplo das úlceras fechadas ou que estão

na fase inicial, necessitando, para que sua avaliação seja objetiva, de um debridamento, isto é,

de ser aberta e explorada.

Pressão

Oclusão capilar

Hipóxia tecidual

Descoloração da pele

Alívio da pressão Persistente

Pressão

Úlcera da Pressão

Hiperemia tissular reativa

Piora da perfusão Isquemia

Edema tecidual

Resolução da hipóxia

Aumento da permeabilidade

capilar

Acúmulo de resíduos

metabólicos

Resolução

Aumento do acúmulo de proteínas no

espaço intersticial

Figura 3 – Resposta celular à pressão. Fonte: BRYANT, R. A. Acute and chronics wounds nursing management. ST Louis, Missouri: Mosby Year Book, 1992.

A maioria dos sistemas para classificação das úlceras de pressão, observados na

literatura pesquisada, avalia a úlcera de acordo com sua manifestação clínica, isto é,

profundidade e/ou severidade, indo de eritema à diminuição de toda a parte mais espessa da

pele, com extensiva destruição, necrose de tecido, ou dano ao músculo, osso ou estruturas de

suporte. De modo geral, esses sistemas de classificação utilizam os critérios estabelecidos

pelo National Pressure Ulcer Advisor Panel – NPUAP, estabelecido em 1989, que apresentou

a classificação dos estágios da úlcera de pressão. A Agency for Health care Policy and

Research – AHCPR, em 1992, adotou-o para a identificação e classificação do nível da lesão

da úlcera de pressão, permitindo a uniformização das informações (BERGSTROM et al.,

1992).

Estágios da úlcera de pressão (BRYANT, 1992; NEEDHAM,1993; SMELTZER &

BARE, 1994; DECLAIR, 1994; HOOD & DINCHER, 1995; TIAGO, 1996):

- Estágio I – eritema da pele intacta que não embranquece após remoção da pressão. Em

indivíduos com a pele mais escura a descoloração da pele, o calor, o edema ou o

endurecimento também podem ser indicadores. Observa-se a epiderme e a derme lesadas,

mas não destruídas, com áreas de eritema bem determinado, de cor “vermelho escuro ou

púrpura”. Segundo Young (1997) “o eritema pode ser descrito como pálido ou não

pálido”, sendo o pálido aquele que empalidece ao toque, mas retorna a vermelho após a

retirada da pressão. O não pálido é aquele que permanece vermelho quando pressionado,

indicando que houve “uma lesão de pressão irreversível na microcirculação”. Para Silva

(1998) isto acontece devido à “oclusão capilar e o preenchimento, indicando, portanto,

uma microcirculação intacta”. O paciente com sensação normal reclamará de dor na área.

Bryant (1992) refere que estas lesões devem ser consideradas como sinal de advertência,

porque elas cicatrizarão espontaneamente, se realizada intervenção preventiva, tal como

correção do posicionamento do paciente, sua higiene ou ausência da força de

cisalhamento;

- Estágio II – perda parcial da pele envolvendo a epiderme, derme ou ambas. A úlcera é

superficial e apresenta-se como uma abrasão ou cratera rasa; a epiderme e derme estão

rompidas, podendo envolver o tecido subcutâneo. A pele encontra-se hiperemiada, com

presença de bolhas, semelhantes à queimadura, que podem ou não estar rompidas. A pele

circunvizinha está vermelha ou escurecida. A úlcera é dolorosa, porque os terminais de

nervos da camada dermal estão expostos. Neste estágio a cicatrização pode ocorrer com

terapia local e intervenção para excluir o fator causal;

- Estágio III – é a perda da pele na sua espessura total, envolvendo danos ou uma necrose

do tecido subcutâneo que pode se aprofundar, não chegando até a fáscia. A úlcera se

apresenta clinicamente como uma cratera profunda; a derme e epiderme estão destruídas e

o tecido subcutâneo é atingido, podendo haver presença de drenagem de exsudato, cratera

pouco profunda, pontos de necrose e desenvolver infecção. Neste estágio, as úlceras

poderão cicatrizar por si mesmas, porém o fechamento espontâneo pode levar meses e

resultar em uma cicatriz instável, predisposta à repetição. Por este motivo, freqüentemente

é preferível o fechamento cirúrgico, exceto se houver contra-indicação;

- Estágio IV – perda da pele na sua total espessura com uma extensa destruição, necrose

dos tecidos ou danos aos músculos, ossos ou estruturas de suporte como tendões ou

cápsulas das articulações, representa destruição profunda dos tecidos. A úlcera encontra-

se extensa, havendo penetração no tecido subcutâneo atingindo fáscias e podendo

envolver tecido muscular e o osso subjacente, com tecido necrótico, comprometimento

infeccioso e drenagem. O risco para complicações, tais como septicemia, osteomielite é

muito alto

Para aplicar esta classificação com segurança, o profissional que avalia deve saber

identificar a epiderme, a derme, o tecido subcutâneo e diferenciar o tecido granulado,

músculo, tendões e ossos (YOUNG,1997).

2.5 Laser

O termo laser constituí-se da sigla Light Amplification by Stimulated Emission of

Radiation, tem como significado: amplificação da luz por emissão estimulada de radiação

(VEÇOSO, 1993).

A amplificação explica-se pela alta concentração de energia que aporta conseqüente do

grande número de fótons dos quais é constituída. A emissão estimulada constitui-se na

emissão de luz a partir da estimulação da matéria através do fornecimento de energia aos

átomos (BAXTER, 1998; SOUZA et al., 1999).

Este recurso terapêutico teve suas bases teóricas demonstradas e comprovadas em

1917, por Albert Einstein, quando expôs os princípios físicos da emissão estimulada, sobre os

quais está apoiado o fenômeno laser (VEÇOSO, 1993).

Somente em 1950, Townes, Gordon & Zeyger construíram um oscilador que operava

na banda de milimétricas. Era o primeiro laser. Em 1858, C.H., Townes e A. L. Schaulow

demonstraram a possibilidade de construir um laser. Esta comprovação teórica foi viabilizada

na prática em 1960, por Theodor H. Maiman, que construiu o primeiro emissor de laser a rubi

(VEÇOSO, 1993).

A radiação laser é polarizada (monocromática), intensa, coerente e colimada. O caráter

de amplificação confere a radiação intenso brilho, sendo mesmo em baixas potências capaz de

lesar a retina humana (BAXTER, 1998; SOUZA et al., 1999; VEÇOSO, 1993).

Veçoso (1993) classifica os tipos de laser segundo a potência de emissão em:

Power-laser – alta potência, com potencial destrutivo (laser de CO2, Argônio);

Mid-laser – potência mediana, sem potencial destrutivo (Arsenieto de Gálio);

Soft-laser – baixa potência, sem potencial destrutivo (Hélio-Neônio).

O tipo de laser utilizado na fisioterapia emite radiações com potências baixas e

médias, inferiores a um Watt. Sendo os dois tipos mais comuns o laser de Hélio-Neônio (He-

Ne) e o laser de Arsenieto de Gálio (AsGa) (VEÇOSO, 1993). A terapia laser de baixa

intensidade é também denominada LILT (Low Intensity Laser terapy), tendo como sinônimos

os termos: LLLT (Low Level Laser Terapy – terapia laser de baixo nível); LPLT (Low

Potency Laser terapy – terapia laser de baixa potência) (SOUZA et al., 1999).

O laser He-Ne é obtido através da estimulação de uma mescla de gases possibilitando

uma radiação visível, com comprimento de onda de 632,8 nanômetros (nm). Tem grande

poder terapêutico em lesões superficiais e em lesões profundas, porém apresenta seu potencial

destacado em lesões superficiais. A aplicação pode ocorrer por pontos, zona ou varredura

(BAXTER, 1998; VEÇOSO, 1993).

O laser AsGa é obtido a partir da estimulação de um diodo semi-condutor. Seu

comprimento de onda é de 904 nm, com emissão pulsada. Tem maior destaque para lesões

profundas do tipo articular ou muscular. Para sua aplicação se aconselha o uso em pontos,

mas também pode ser aplicado por varredura ou por zona (BAXTER, 1998; VEÇOSO, 1993).

O laser de GaAlAs (arsenieto de gálio aluminizado) 830 nm trabalha em regime de

emissão contínua. Deste modo, uma considerável potência pode ser obtida de diodos que

utilizam este comprimento de onda (infra-vermelho – 830 nm) (IBRAMED, 200_).

O diodo laser de 830 nm produz uma energia maior que o de 904 nm, tem-se então

vantagens com o 830 nm, principalmente em dermatologia e nos tratamentos fisiológicos nos

quais é necessário atingir estruturas mais profundas (IBRAMED, 200_).

Recentes pesquisas mostram existir uma faixa de estimulação onde a síntese de

DNA/RNA é maior. Foram encontrados quatro comprimentos de onda onde a estimulação em

nível celular é máxima: 620 nm, 670 nm, 760 nm e 830 nm. Outra vantagem do laser de 830

nm é de estar biotecnicamente dentro da faixa onde a fotobioativação é melhor (IBRAMED,

200_).

Alguns fenômenos ópticos devem ser considerados durante a aplicação da radiação

laser, como a reflexão, a transmissão, a difusão e a absorção (BAXTER, 1994).

Para que a radiação laser produza algum efeito sobre o corpo humano é preciso que

seja absorvida. Com relação à absorção e à penetração da radiação laser, a quantidade de

radiação absorvida irá depender das estruturas absorventes e sua disposição corporal. A

energia luminosa é absorvida nos citocromos e porfirinas dentro da mitocôndria e membrana

celular. Uma pequena quantidade de oxigênio livre é produzida como resultado da absorção

da luz dentro da célula. Isto causa formação de gradiente de prótons através da membrana

celular e através da membrana da mitocôndria. Essa mudança na permeabilidade da

membrana celular para vários íons também causa mudanças na permeabilidade da membrana

mitocondrial conduzindo a um aumento do nível celular de ATP (SOUZA et al., 1999).

De acordo com Veçoso (1993) e Souza et al. (1999) a radiação laser propicia efeitos

primários e secundários à sua aplicação. Os efeitos primários são:

- Bioquímico: liberação de substâncias pré-formadas como a histamina, a serotonina e a

bradicinina, em decorrência da incorporação da radiação a laser, destaca-se que não há

produção dessas substâncias, apenas a liberação das substâncias pré-formadas;

estimulando a produção de ATP e inibindo a produção de prostaglandinas;

- Bioelétrico: as células têm seu interior eletricamente negativo em relação ao seu exterior.

Essa diferença de potencial deve-se à existência de diferentes concentrações de íons

positivos ou negativos dentro ou fora da célula. A partir da existência desse gradiente

elétrico e de concentração há uma tendência natural á neutralização por processo de

difusão, que só se completa devido à existência de um mecanismo chamado bomba de

sódio e potássio, a qual trabalha constantemente contra os gradientes de elétricos e de

concentração, para isso consome energia advinda do ATP. Um dos efeitos bioquímicos é a

produção de ATP, o que melhora a disponibilidade da bomba. O efeito bioelétrico se

resume à manutenção do potencial de membrana;

- Bioenergético: normalização energética do bioplasma.

Os efeitos secundários são: estímulos à microcirculação: (liberação de histamina) e ao

trofismo (aumento da produção de ATP, da velocidade mitótica e da cicatrização tecidual)

(VEÇOSO, 1993).

Souza et al. (1999) relatam a eficácia no alívio da dor, na resolução da inflamação e no

estímulo à cicatrização de tecidos. Segundo Tatarunas et al. (1998) através dos efeitos

primários e secundários da radiação laser tem-se os efeitos terapêuticos do laser, como o

analgésico, antiinflamatório, antiedematoso e cicatrizante.

O efeito analgésico justifica-se, pelo caráter antiinflamatório, por interferência na

mensagem elétrica, pelo estímulo à liberação de β-endorfina, por evitar a redução do limiar de

excitabilidade dos receptores dolorosos, pela eliminação de substâncias algógenas e pelo

equilíbrio energético local (VEÇOSO, 1993).

Estímulo este que também leva ao efeito antiedematoso, além da ação fibrinolítica. O

efeito cicatrizante tecidual ocorre por incremento à produção de ATP, devido ao estímulo a

microcirculação e a formação de novos vasos (VEÇOSO, 1993).

A efetividade da terapia laser de baixa intensidade em acelerar a cicatrização de

feridas tem sido clinicamente bem documentada com os trabalhos de Azevedo et al. (2001),

Carvalho et al. (2001) e Souza et al. (1999).

Mester, Mester & Mester3 (apud VEÇOSO, 1993) ao observar resultados de

aplicações de laser no processo de cicatrização de feridas evidenciou um aumento de

fibroblastos e de fibras colágenas.

Arantes (1992) obteve 100% de cura em úlceras arteriais, venosas e diabéticas,

utilizando tratamento clínico associado ao laser de He-Ne (632,8 nm) e AsGa (904 nm).

De acordo com Souza et al. (1999) observa-se nos tecidos irradiados estímulos à

proliferação celular de queratinócitos e macrófagos, aumento da degranulação de mastócitos,

da mitose de fibroblastos, melhora da epitelização, aumento da produção de tecido de

granulação, da deposição de colágeno e, lançamento de fatores de crescimento.

Longo et al. (1987) estudaram a ação do laser GaAlAs (904 nm) em cicatrização de

feridas cutâneas e observam menor processo inflamatório, maior regeneração epitelial e

cicatrização aumentada nas feridas irradiadas, quando comparado ao grupo controle.

Hutschenreiter et al4. (1980) e Surinchak et al5. (1983) (apud, TATARUNAS,

MATERA & DAGLI, 1998) utilizaram o laser HeNe nas doses 2J/cm2, 4J/cm2

respectivamente, para obterem um aumento da força de tensão em feridas submetidas à

radiação laser utilizando comprimento de onda, dose e número de aplicações diferentes entre

si.

Tatarunas, Matera & Dagli (1998) referem que a dose recomendada em laserterapia

para promover aumento no número de fibroblastos e conseqüentemente de fibras colágenas,

incremento vascular e reepitelização deve se situar entre 1 e 5 joules por centímetro quadrado

(J/cm²).

3 MESTER, E.; MESTER, A. F.; MESTER A. The biomedical effects of laser application. Lasers surgery medicine, n. 5, p. 31-39, 1985. 4 HUTSCHENREITER, V. G./ HAINA, D.; PAULINI, K.; SCHUMACHER, G. Wundheilung nach Laser – und Rotlichtbestrahlung. Experience. Chirurgic., v. 13, p. 75-85, 1980. 4 SURINCHAK, J.; ALAGO, M. L.; BELLAMY, R. F.; STUCK, B. E.; BELKIN, M. Effects of low-level energy laser on the healing of full-thickness skin defects. Laser in Surgry and Medicine, v.2, p.267-74, 1983.

3 METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido no período de 19/09/2002 a 12/12/2002, após permissão

da Comissão de Ética e de Pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná -

UNIOESTE (Anexo C).

O estudo foi constituído por dois pacientes, ambos do sexo masculino, um paciente

portador de seqüela de TRM e um paciente portador de seqüela de TCE, ambos com os

mesmos tipos de restrições (restrição ao leito, totalmente dependente para atividades de vida

diária, inclusive alimentação e mudança de decúbito, espasticidade, contraturas e

deformidades). Um recebendo como tratamento, 10 aplicações de laser de baixa potência,

GaAlAs, 830 nm, 2 J/cm², 2 vezes por semana, pontualmente, às margens da ferida, com

distância de aproximadamente 1 cm entre os pontos; o outro paciente (controle) recebeu

apenas o tratamento clínico de rotina, com troca do curativo diária.

No plano de seleção observaram-se os seguintes critérios de inclusão: ser paciente

portador de seqüela de patologia neurológica, o paciente ser restrito ao leito, apresentar úlcera

de pressão com grau igual ou superior a II, ter mais de 18 anos de idade.

Para a avaliação e coleta de dados dos pacientes foi elaborado um instrumento (Anexo

B).

Em relação aos aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos, foram

adotadas as recomendações do Ministério da Saúde, na Resolução n.º 196, de 10 de outubro

de 1996, em especial o inciso III.3, alínea g “contar com o consentimento livre e esclarecido

do sujeito da pesquisa e/ou do seu representante legal”; alínea j “prover procedimentos que

assegurem a confidencialidade e a privacidade, a proteção da imagem e a não estigmatização,

garantindo a não utilização de informações em prejuízo das pessoas”; e alínea n “garantir o

retorno dos benefícios obtidos através da pesquisa para os sujeitos” (BRASIL, 1996). O termo

de consentimento utilizado neste trabalho encontra-se no anexo A.

A coleta de dados foi realizada no período de 30 e um de outubro de 2002 a 12 de

dezembro de 2002, no turno vespertino. Foi realizada por alunos do Curso de Fisioterapia da

UNIOESTE, que cumpriam estágio supervisionado da disciplina de neurologia, ou por alunos

que integravam o projeto de pesquisa realizado na UNIOESTE - Uso do laser AsGa em

pacientes com úlceras de pressão. Avaliação da relação dose-resposta.

Como etapa inicial foi realizada uma leitura prévia nos prontuários e, em seguida, os

pacientes selecionados eram visitados pelos pesquisadores, que se apresentavam, procurando

obter informações acerca das razões do atendimento do paciente. Em seguida, procurava-se

informá-los e/ou aos seus acompanhantes a respeito da pesquisa, fornecendo-lhes todos os

esclarecimentos necessários. Após obtenção do consentimento dos mesmos, iniciava-se a

coleta dos dados, através da entrevista, da observação e do exame físico do paciente. Quando

o paciente apresentava alterações de linguagem ou de nível de orientação, o consentimento

era solicitado ao acompanhante e, neste caso, a entrevista era realizada com este,

complementando-se a coleta de dados com a observação e o exame físico do paciente. As

anotações foram feitas manualmente pelos pesquisadores.

A mensuração da maior largura e da maior altura da úlcera foi realizada utilizando-se

uma régua (Figura 4) confeccionada em papel, com intervalos em centímetros.

.........,.........,.........,.........,.........,.........,.........,.........,.........,........,.........,.........,.........,.........,.....

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Figura 4 – Régua utilizada na mensuração das maiores alturas e larguras das úlceras, confeccionada em papel, utilizando intervalos em centímetros. Fonte: Instrumento confeccionado pelos participantes do projeto de pesquisa da UNIOESTE - Uso do laser AsGa em pacientes com úlceras de pressão. Avaliação da relação dose-resposta.

A área total, aproximada, de cada úlcera foi determinada através da fórmula

matemática da área da elipse, pois as feridas tinham formato irregular, mas aproximado ao de

uma elispse ( ) ). O cálculo da área de uma elipse se dá pela fórmula matemática:

onde A: equivale a área da elipse;. π: é um valor constante que vale aproximadamente

3,1416; l: maior largura; h: maior altura.

O aparelho utilizado foi o Laserpulse da Ibramed (Figura 5). Um aparelho laser

microcontrolado de baixa potência, destinado às técnicas de laserterapia e laseracupuntura.

Trata-se de um laser a diodo arsenieto aluminizado de gálio (GaAlAs), que gera uma radiação

não destrutiva de comprimento de onda de 830 nm, ou seja, na faixa dos infra-vermelhos.

Permite classificar a energia sem fazer cálculos. Depositada a energia, o equipamento

desligará automaticamente a emissão de feixe laser. Possui circuito "teste laser" e controle

toposcópio com ajuste de sensibilidade para localização dos pontos de acupuntura. Todas as

funções são programadas por teclado de toque e indicadas e visor em cristal líquido.

Figura 5 – Aparelho laserpulse – IBRAMED utilizado na aplicação das úlceras do paciente tratado. Fonte: INSTITUTO SÃO PAULO. Disponível em: www.institutosaopaulo.com.br. Acesso em 10/02/2003.

3.1 História do Paciente Tratado

Paciente do sexo masculino, data de nascimento 15/08/1973, 29 anos, portador de

seqüela de traumatismo raquimedular (TRM), motora C5 do lado esquerdo, C6 do lado

direito, sensitiva preservada até C6, anestesia em C7 e hipoestesia em C8-T4, restrição ao

leito desde abril de 2002, totalmente dependente, hipotrofia de MMII (membros inferiores) e

MMSS (membros superiores), espasticidade leve em MMII, sem controle de esfíncteres.

Portador de úlceras de pressão na região trocantérica, bilateralmente, sendo ambas

classificadas como grau IV. Área inicial das úlceras é apresentada na tabela 1.

Tabela 1 – Área inicial das úlceras trocantéricas do paciente tratado.

Direita Esquerda

Maior altura 3,5 cm 5 cm

Maior largura 4,5 cm 6 cm Fonte: Fichas de avaliação e evolução do paciente da Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE, que participou da pesquisa.

Não fez uso de suporte. Os curativo eram do tipo úmido. Feridas sem presença de

tecido de granulação, porém com presença de necrose tecidual e tecido fibrótico, em ambas.

Para o tratamento foi utilizada a aplicação de laser de baixa potência, pontualmente `as

margens da ferida, com distância entre os pontos de aproximadamente 1 cm com dose de 2

J/cm2, 830 nm. Foram realizadas 10 terapias, 2 aplicações por semana, com média de pontos

de 12 pontos na direita e15 na esquerda.

3.2 História do Paciente Controle

Paciente do sexo masculino, data de nascimento 03/10/1958, 44 anos, portador de

seqüela de traumatismo cranioencefálico (TCE), restrição ao leito desde março de 2002,

totalmente dependente, hipotrofia de MMII e MMSS, espasticidade severa em MMII e

MMSS, sem controle de esfíncteres. Portador de úlcera de pressão na região trocantérica

direita, sendo classificada com o grau IV. Área inicial da úlcera é mostrada na tabela 2.

Tabela 2 – Área inicial da úlcera do paciente controle.

Maior altura 7 cm

Maior largura 9 cm Fonte: Fichas de avaliação e evolução do paciente (controle), que integrou o projeto de pesquisa oferecido pela UNIOESTE - Uso do laser AsGa em pacientes com úlceras de pressão. Avaliação da relação dose- ressposta. Fez uso de suporte – luvas cirúrgicas cheias de água sob os calcanhares, colchão de ar,

travesseiro posicionado entre os MMII. Os curativos eram do tipo úmido. Feridas sem

presença de tecido de granulação, porém com presença de necrose tecidual e tecido fibrótico.

O paciente não recebeu nenhum tipo de tratamento além do tratamento clínico, que era a troca

do curativo. Realizava-se troca de decúbito de uma em uma hora.

4 RESULTADOS

Os resultados obtidos neste estudo são descritos e analisados através de tabelas e

gráficos comparativos, de dados da evolução descritos nas fichas de evolução de cada

paciente.

As úlceras trocantéricas do paciente tratado foram debridadas, no intervalo entre a

quarta e a quinta aplicações. Aumentando sua área para 14,28 cm² na úlcera direita e 29,22

cm² na esquerda, que já tinham evoluído6 inicialmente de 12,37 cm² para 8,58 cm² na direita,

e de 23,56 cm² para 21,60 cm² na esquerda.

Nas reavaliações realizadas antes das aplicações observou-se a presença de formação

de tecido de granulação nas úlceras irradiadas, fato não ocorrido na úlcera do paciente

controle.

A tabela 3 mostra os valores da maior altura em cm, maior largura em cm, área em

cm², da úlcera do paciente controle, no período de 19/09/2002 a 28/09/2002. Analisando as

medidas do paciente controle observa-se uma média de 46,24 cm² nos valores das áreas, o

desvio padrão de 3,00 cm².

Tabela 3 – Maior altura (em cm), maior largura (em cm), área (em cm²) da úlcera do paciente controle, no período de 19/09/2002 a 28/09/2002.

Data Alt (cm) Larg (cm) Área (cm²)

19/set 7,00 9,00 49,48

20/set 7,00 9,00 49,48

21/set 7,00 9,00 49,48

22/set 7,00 9,00 49,48

23/set 7,00 9,00 49,48

24/set 6,50 8,00 40,84

25/set 7,00 8,00 43,98

26/set 6,50 8,50 43,39

27/set 6,50 8,50 43,39

28/set 6,50 8,50 43,39 Fonte: Fichas de avaliação e evolução do paciente, que integrou o projeto de pesquisa oferecido pela UNIOESTE - Uso do laser AsGa em pacientes com úlceras de pressão. Avaliação da relação dose- resposta.

Houve um aumento gradual no fechamento da úlcera direita do paciente que recebeu o

tratamento, apesar da realização do debridamento entre a quarta e a quinta sessões, o que

6 Quando se usa o termo evoluído, evolução, refere-se ao fechamento da úlcera.

aumentou a área da ferida. Após a realização do debridamento os resultados da aplicação da

radiação laser também foram satisfatórios. A área da úlcera diminuiu em 45,63% desde o

debridamento, caminhando para o fechamento. Observado na tabela 4.

Tabela 4 – Maior altura (em cm), maior largura (em cm), área (em cm²) da úlcera trocantérica direita e número de pontos de aplicação da radiação laser, no paciente tratado, no período de 03/10/2002 a 12/12/2002.

Data pontos Alt (cm) Larg (cm) Área (cm²)

03/out 11 3,50 4,50 12,37

05/nov 12 3,00 4,50 10,60

07/nov 12 3,00 4,25 10,01

12/nov 12 2,60 4,20 8,58

21/nov* 11 3,50 5,20 14,29

26/nov 13 3,50 4,90 13,47

03/dez 13 3,00 4,30 10,13

05/dez 13 2,50 3,80 7,46

10/dez 13 2,40 4,20 7,92

12/dez 12 2,30 4,30 7,77 * Debridamento entre a quarta e a quinta aplicações. Fonte: Fichas de avaliação e evolução do paciente da Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE, que participou da pesquisa.

A úlcera trocantérica esquerda evoluiu da primeira mensuração que apresentava-se

com uma área de 23,56cm² passando a 21,60 cm² na quarta aplicação, com o debridamento,

apresentou-se na quinta aplicação com 29,22 cm² de área. Com a seqüência do tratamento a

úlcera evoluiu para 20,30 cm² de área. Obteve-se uma diminuição de 30,53% da área desde o

debridamento até a última aplicação. Citado na tabela 5.

Tabela 5 – Maior altura (em cm), maior largura (em cm), área (em cm²) da úlcera trocantérica esquerda e número de pontos de aplicação da radiação laser, no paciente tratado, no período de 03/10/2002 a 12/12/2002.

Data Pontos Alt (cm) Larg (cm) Área (cm²)

03/out 12 5,00 6,00 23,56

05/nov 16 5,00 5,50 21,60

07/nov 16 5,00 5,50 21,60

12/nov 16 5,00 5,50 21,60

21/nov* 18 6,00 6,20 29,22

26/nov 11 5,30 5,70 23,73

03/dez 17 4,50 5,60 19,79

05/dez 17 5,00 5,40 21,21

10/dez 6 4,60 5,70 20,59

12/dez 7 4,70 5,50 20,30 * Debridamento entre a quarta e a quinta aplicações. Fonte: Fichas de avaliação e evolução do paciente da Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE, que participou da pesquisa.

Desde a primeira aplicação até a quarta, antes do debridamento, houve uma

diminuição crescente da área da ferida. Com as primeiras três aplicações a úlcera diminuiu em

8,32% o valor de sua área, como mostra o gráfico 1.

Gráfico 1 – Evolução da área, em cm² da úlcera trocantérica esquerda do paciente tratado, no período de 03/10/2002 a 12/12/2002.

*Debridamento entre a quarta e quinta aplicações. Fonte: Fichas de avaliação e evolução do paciente da Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE, que participou da pesquisa.

No gráfico 2, demonstra-se a evolução da úlcera trocantérica direita do paciente

tratado. Nas primeiras aplicações a úlcera diminui em 30,64% sua área, após o debridamento

diminuiu 45,63%.

Gráfico 2 – Evolução da área, em cm² da úlcera trocantérica direita do paciente tratado, no período de 03/10/2002 a 12/12/2002.

*Debridamento entre a quarta e a quinta aplicações. Fonte: Fichas de avaliação e evolução do paciente da Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE, que participou da pesquisa.

Avaliando o gráfico 3 observa-se uma evolução equivalente das úlceras do

paciente tratado. Quando comparadas à úlcera do paciente controle, observa-se que o paciente

controle não teve um bom resultado, permanecendo constante o estado de sua ferida.

Gráfico 3 – Evolução, nas 10 mensurações, das áreas, em cm² das úlceras direita e esquerda do paciente tratado e do paciente controle.

Fonte: Fichas de avaliação e evolução do paciente da Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE, que participou da pesquisa e fichas de avaliação e evolução do paciente, que integrou o projeto de pesquisa oferecido pela UNIOESTE - Uso do laser AsGa em pacientes com úlceras de pressão. Avaliação da relação dose- resposta.

5 DISCUSSÃO

O laser GaAlAs com 830 nm foi eleito pela pouca existência de trabalhos envolvendo

sua utilização como forma de tratamento de úlceras de pressão.

A dose recomendada em laseterapia para promover aumento no número de

fibroblastos e consequentemente de fibras colágenas, incremento vascular e reepitelização

deve se situar entre 1 e 5 J/cm² (ANNEROTH, et al., 1988; CRUÃNES, 1984). Assim como

para Matera, Dagli & Pereira (1994) que indicam as doses de 2 e 4 J/cm² para a aplicação

neste tipo de ferida. A dose utilizada no presente estudo foi a de 2 J/cm², com a qual se obteve

ótimos resultados, com a diminuição da área da ferida nas duas úlceras irradiadas.

Como descrito por Kolari (1985) a realização da radiação com laser GaAlAs se mostra

simples e segura, o aparelho é pequeno, de fácil aplicação à pele e de baixo custo. Como

acima citado pelo autor, o fato se comprova no estudo realizado, pois o laserpulse se mostrou

de fácil manejo e aplicação.

No estudo do laser de baixa potência Mester et al. (1972) obtiveram regeneração

epitelial colagenogênese, neovascularização e força de tensão aumentadas em feridas radiadas

quando comparado às isentas de tratamento laser. Concluíram que a radiação laser de baixa

potência atua no processo de cicatrização; doses altas ou baixas, cumulativas, possuem efeito

inibidor; atua no estágio inicial da cicatrização, favorecendo primariamente a colagenogênese;

a úlcera inteira não precisa ser radiada para se obter ação estimulante em sua totalidade e é

recomendável o uso do laser para estimular a cicatrização de feridas.

No estudo realizado a aplicação da radiação laser foi feita pontualmente, em pontos

situados na margem da ferida, com distância de 1 cm entra cada ponto. Mesmo com este tipo

de aplicação obteve-se bons resultados, demonstrando a viabilidade deste tipo de aplicação,

que se torna mais segura ao paciente e ao aplicador, pois não contamina a canta da aplicação

nem a ferida.

Através do estudo realizado concluí-se, também, que as feridas irradiadas têm

velocidade de regeneração aumentada quando comparada à úlceras não irradiadas.

Longo et al. (1987) realizaram um trabalho utilizando o laser-diodo de GaAlAs (904

nm) devido sua propriedade de boa penetração em tecidos. Assim, foi aplicado diariamente

cinco minutos, durante cinco dias, com freqüência de 3 Hz , 3 J, em feridas experimentais em

ratos, e promoveu cicatrização do ponto de vista microscópico e histológico. O mesmo laser

aplicado nestas condições experimentais (o número de ratos foi de oito para cada grupo) à

mesma densidade de energia (3 J) por 10 minutos diários, durante cinco dias, com 1,5 Hz de

freqüência, não afetou as feridas experimentais. Observam menor processo inflamatório,

maior regeneração epitelial e cicatrização aumentada nas feridas radiadas, quando comparado

ao grupo controle.

Pogrel, Chen & Zhang (1997) realizaram um experimento com o objetivo de avaliar a

eficácia do laser GaAlAs (830 nm) na proliferação celular, sobre o tecido intersticial,

migração celular em culturas de fibroblastos e queratinócitos. Culturas de monocamadas de

fibroblastos e queratinócitos foram irradiadas com o laser de GaAlAs a densidades de

potência diferentes em intervalos de tempo variados. Quando utilizado à potência de 5-100

miliwatts e tempo de 10 a 120 segundos, o laser de GaAlAs, não resultou em nenhum efeito

de bioestimulação nas culturas de fibroblastos ou queratinócitos quando avaliados segundo a

proliferação celular, adesão ou migração.

Para estudar o efeito da radiação laser sobre a cicatrização cutânea Pietro et al. (1995)

realizaram um trabalho com ratas Sprague-Dawley, no qual irradiaram feridas com o laser

HeNe, com densidade de energia de 5 J/cm² e de 20 J/cm². Aplicaram uma sessão de

tratamento diário durante quatro dias consecutivos. No grupo de dosagem de 20 J/cm²

obtiveram melhores resultados do que no grupo de 5 J/cm².

Hohagen (2000) observou os efeitos do laser de GaAlAs (830 nm) em feridas

realizadas com punches, de quatro mm de diâmetro com dois mm de profundidade no dorso

dos ratos. Foram utilizados 28 ratos, divididos em dois grupos, controle e experimental. As

feridas do grupo experimental foram irradiadas em intervalos de 48 horas, durante três

minutos, num total de três aplicações, com dose de 5,4 J. Os resultados mostraram aceleração

no processo de reparo nas fases iniciais e melhor arranjo das fibras colágenas nos espécimes

irradiados com o laser.

Com o presente estudo se relata aceleração no processo do reparo, houve crescimento

de tecido de granulação, e quando comparado com o paciente controle a úlcera irradiada teve

uma melhor regeneração.

Braverman et al. (1989) examinaram os efeitos da bioestimulação da radiação laser

HeNe, 632,8 nm, radiação laser infravermelho pulsado AsGa, 904 nm, e os dois combinados,

na cura de feridas na pele de coelhos brancos da Nova Zelândia. Setenta e dois coelhos

receberam aleatoriamente doses energéticas de 1,65 J/cm² de HeNe, 8,25 J/cm² de AsGa ou

ambos, ou nenhuma exposição ao laser, diariamente, para uma de duas feridas dorsais,

durante 21 dias. Foram achadas diferenças significantes na resistência à tração nos grupos

tratados com laser se comparados ao grupo com feridas não irradiadas. Nenhuma diferença foi

achada na taxa de cicatrização das feridas ou na área de colágeno. O crescimento da epiderme

foi maior na área do grupo HeNe quando comparado ao tecido não exposto, mas a diferença

não era significante. Assim, a irradiação laser de 632,8 nm e 904 nm independentes ou em

combinação, aumentaram a resistência à tração durante a cicatrização da ferida e pode ter

lançado fatores teciduais na circulação sistêmica, os quais aumentaram a resistência à tração.

Contestando o estudo realizado pelo autor citado acima, o estudo realizado comprova a

eficácia da aplicação da radiação laser de baixa intensidade em úlceras de pressão,

promovendo aceleração no fechamento da ferida e promoção do crescimento de tecido de

granulação, o que indica uma neovascularização presente, no caso estudado.

A laserterapia é usada em muitos países, inclusive na África do Sul, no tratamento de

feridas cutâneas. O laser de baixa potência de GaAlAs (830 nm) foi administrado em feridas

de três em três cm, induzidas cirurgicamente na parte dorsal das articulações

metacarpofalangeanas de seis cavalos. Foram comparadas feridas tratadas que receberam uma

dose de laser diária de 2 J/cm² com feridas não tratadas (controle) feitas na perna oposta. Não

houve complicações nas feridas. Foram avaliadas a contração e epitelização, usando

fotoplanimetria. Não houve diferença significante na contração ou epitelização das feridas

tratadas ou do controle. Foi concluído então que aplicação de laser não teve nenhum efeito

clínico significante na cura de feridas neste estudo (PETERSEN, 1999).

Porém, Fuirini (1993) relata que a utilização do laser nos quadros de cicatrização,

principalmente nas úlceras rebeldes, vem demonstrando ser superior aos métodos

convencionais hoje utilizados.

Arantes (1992) obteve 100% de cura em úlceras arteriais, venosas e diabéticas,

utilizando tratamento clínico associado com laser de HeNe (632,8 nm) e AsGa (904 nm). Fato

que se comprova neste estudo, com as aplicações realizadas, a úlcera evoluiu para um quadro

de cura. Mesmo sendo o número de sessões insuficientes para o fechamento total da ferida.

A validade da aplicação do laser com 830 nm, com dose de 2 Jcm² é comprovada

pelos resultados obtidos. A úlcera do paciente controle evoluiu da primeira sessão para a

última em 17,46%, inicialmente media 49,48 cm² de área, passando a 40,84 cm² na última

mensuração. Já a úlcera trocantéria direita, tratada, diminuiu em 30,64% sua área, de 12,37

cm² na mensuração inicial passou para 8,58 cm², antes do debridamento. Com o debridamento

sua área aumentou para 14,29 cm² evoluindo para 7,77 cm², área obtida na última

mensuração, teve uma evolução de 45,63%. A úlcera trocantérica esquerda, também tratada,

inicialmente tinha uma área de 23,56 cm², diminuindo para 21,60 cm² antes do debridamento.

Com o debridamento passou a ter 29,22 cm² de área, na última mensuração apresentou-se com

uma área de20,30 cm², uma evolução de 30,53%. As úlceras que receberam a radiação laser

apresentaram uma média de 19,48% de fechamento antes do debridamento, e de 38,08% após

o debridamento, a úlcera controle, 17,46%. As úlceras que receberam as aplicações laser com

830 nm, dose de 2 J/cm², tiveram um fechamento de 20,62% maior do que a úlcera controle.

A validade da aplicação do laser com 830 nm, com dose de 2 J/cm² é comprovada

pelos resultados obtidos, no caso estudado. A úlcera do paciente controle evoluiu da primeira

sessão para a última em 17,46%, inicialmente media 49,48 cm² de área, passando a 40,84 cm²

na última mensuração. Já a úlcera trocantéria direita, tratada, diminuiu em 30,64% sua área,

de 12,37 cm² na mensuração inicial passou para 8,58 cm², antes do debridamento, com 4

aplicações. Com o debridamento sua área aumentou para 14,29 cm² evoluindo para 7,77 cm²,

área obtida na última mensuração, teve uma evolução de 45,63%, após 6 aplicações. A úlcera

trocantérica esquerda, também tratada, inicialmente tinha uma área de 23,56 cm², diminuindo

para 21,60 cm² antes do debridamento, com 4 aplicações. Com o debridamento passou a ter

29,22 cm² de área, na última mensuração apresentou-se com uma área de 20,30 cm², uma

evolução de 30,53%, após 6 aplicações. As úlceras que receberam a radiação laser

apresentaram uma média de 19,48% de fechamento antes do debridamento, e de 38,08% após

o debridamento, a úlcera controle, 17,46%. As úlceras que receberam as aplicações laser com

830 nm, dose de 2 J/cm², tiveram um fechamento de 20,62% maior do que a úlcera controle.

6 CONCLUSÕES

A análise dos resultados obtidos permite concluir que o laser de baixa potência

GaAlAs (830 nm), na dose de 2 J/cm², atuou positivamente na cicatrização de úlceras de

pressão. Mostrando-se vantajoso em relação ao controle.

Devido ao pequeno número de casos apresentados, não se pode afirmar totalmente da

validade de tal aplicação, pois são necessários mais estudos, com maior número de casos para

tal afirmação.

As úlceras são um agravante no quadro de pacientes portadores de seqüela de lesões

medulares e lesões cerebrais incapacitantes, as quais promovem restrição ao leito e

incapacidade na realização da troca de decúbito, que é o principal fator pré-disponente ao

desenvolvimento da ‘úlcera de pressão’. Apesar da existência de grande diversidade de dados,

ausência de uma padronização e escassez de estudos realizados na área, pode-se citar o uso do

laser GaAlAs (830 nm), de baixa potência, na dose de 2 J/cm², como sendo um recurso útil no

tratamento de úlceras de pressão no caso apresentado.

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Anexo A

AUTORIZAÇÃO PARA TRATAMENTO

Por meio deste instrumento, dou pleno consentimento aos acadêmicos Fernando Cezar

Henrique Nascimento Siqueira, Katren Pedroso Corrêa e Taísa Carla Reinert, do Curso de

Fisioterapia da UNIOESTE, a realizar tratamento, para fins de pesquisa e estudos.

Concordo também que fotografias, resultados de exames físicos e outras informações

concernentes ao diagnóstico, planejamento e/ou tratamento, constituem propriedade exclusiva

deste trabalho, ao qual dou direito de retenção, uso para fins de ensino, pesquisa e divulgação

em trabalhos científicos, revistas, respeitando o código de ética.

Cascavel,______, de________________de________.

_________________________________________________

assinatura do paciente ou responsável

Documento apresentado:_____________________, Nº_______________________

Anexo B

PROJETO DE PESQUISA: Uso do laser AsGa em pacientes com úlceras de pressão.

Avaliação da relação dose-resposta. NOME: DATA DE NASCIMENTO: DIAGNÓSTICO: ENFERMARIA: DATA: DIA DE TERAPIA: GRUPO: ( ) CONTROLE ( ) 2 J/CM2 ( ) 4 J/CM2 LOCAL DA ÚLCERA:

ESTÁGIO: ÁREA DE ÚLCERA:

- MAIOR ALTURA: - MAIOR LARGURA:

USO DE SUPORTE: ( ) SIM ( ) NÃO - QUAL: - QUANTO TEMPO POR DIA:

TIPO DE CURATIVO: REALIZA MUDANÇAS DE DECÚBITO? QUAL A PERIODICIDADE? INFORMAÇÕES SOBRE ESTADO NUTRICIONAL (HEMATÓCRITO, ALBUMINA SÉRICA, ETC.): TECIDO DE GRANULAÇÃO: NECROSE TECIDUAL: TOTAL DE PONTOS DE TERAPIA LASER: