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Trabalhadores do setor alimentício do Paraná iniciam greve pela região APUCARANA > Categoria pede reajuste de 7%, mas sindicatos patronais acenam com 4,44%; mobilização será estendida pelo Estado ANTONIELE LUCIANO DE APUCARANA [email protected] Após paralisação nos Correios e em agências bancárias no Paraná, representantes de 22 entidades sindicais ligadas à Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Paraná (FTIA-PR) e à Central Única dos Trabalhadores (CUT) percorreram, na tarde de ontem, empresas ligadas ao setor alimentício na região. Eles decidiram entrar em greve a partir de hoje. A mobilização, que teve início em Apucarana, na Praça Mauá, abrange, a princípio, municípios do Vale do Ivaí, como Jandaia do Sul, Rolândia, Arapongas, Faxinal e Mauá da Serra. Aproximadamente 4 mil trabalhadores devem ser atingidos. O objetivo, segundo sindicalistas, é estender a iniciativa alcançando toda a categoria no Paraná. De acordo com o Presidente da FTIA-PR e o Sindicato de Apucarana e Região (STIAA), Ernane Garcia Ferreira, a classe reivindica reajuste de 7%, cesta básica de R$ 50,00 e piso efetivo de R% 627,00. “Já tivemos três reuniões em Curitiba e muitos patrões nem compareceram para discutir o que estamos pedindo. Além disso, o que foi apresentado pelos empregadores não atende às nossas reivindicações. Enquanto não houver acordo, vamos parar em todo o Estado”, afirma. Ele explica que a proposta de reajuste da classe patronal está em 4,44% no INPC, sem aumento real dos salários e piso inicial de R$ 536,00 e efetivo de R$ 619,10. “Isso está muito longe do que precisamos. No ano passado, disseram que não poderiam dar aumento porque o dólar estava alto demais. Agora, dizem o contrário. Estão sempre invertendo a situação a favor deles”, pontua. Hoje, as entidades sindicais devem continuar visitando as empresas do ramo alimentício para aumentar a adesão à greve. O grupo segue para a região de Cianorte e Umuarama. Cerca de 60 mil pessoas atuam na área no Paraná, conforme a FTIA-PR.

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de 22 entidades sindicais ligadas à Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Paraná (FTIA-PR) e à Central Única dos Trabalhadores (CUT) percorreram, na tarde de ontem, empresas ligadas ao setor alimentício na região. Eles decidiram entrar em greve a partir de hoje. Após paralisação nos Correios e em agências bancárias no Paraná, representantes ANTONIELE LUCIANO DE APUCARANA [email protected]

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Trabalhadores do setor alimentício do Paraná iniciam greve pela região APUCARANA > Categoria pede reajuste de 7%, mas sindicatos patronais acenam com 4,44%; mobilização será estendida pelo Estado ANTONIELE LUCIANO DE APUCARANA [email protected]

Após paralisação nos Correios e em agências bancárias no Paraná, representantes

de 22 entidades sindicais ligadas à Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Paraná (FTIA-PR) e à Central Única dos Trabalhadores (CUT) percorreram, na tarde de ontem, empresas ligadas ao setor alimentício na região. Eles decidiram entrar em greve a partir de hoje.

A mobilização, que teve início em Apucarana, na Praça Mauá, abrange, a princípio,

municípios do Vale do Ivaí, como Jandaia do Sul, Rolândia, Arapongas, Faxinal e Mauá da Serra. Aproximadamente 4 mil trabalhadores devem ser atingidos. O objetivo, segundo sindicalistas, é estender a iniciativa alcançando toda a categoria no Paraná. De acordo com o Presidente da FTIA-PR e o Sindicato de Apucarana e Região (STIAA), Ernane Garcia Ferreira, a classe reivindica reajuste de 7%, cesta básica de R$ 50,00 e piso efetivo de R% 627,00.

“Já tivemos três reuniões em Curitiba e muitos patrões nem compareceram para

discutir o que estamos pedindo. Além disso, o que foi apresentado pelos empregadores não atende às nossas reivindicações. Enquanto não houver acordo, vamos parar em todo o Estado”, afirma.

Ele explica que a proposta de reajuste da classe patronal está em 4,44% no INPC,

sem aumento real dos salários e piso inicial de R$ 536,00 e efetivo de R$ 619,10. “Isso está muito longe do que precisamos. No ano passado, disseram que não poderiam dar aumento porque o dólar estava alto demais. Agora, dizem o contrário. Estão sempre invertendo a situação a favor deles”, pontua.

Hoje, as entidades sindicais devem continuar visitando as empresas do ramo

alimentício para aumentar a adesão à greve. O grupo segue para a região de Cianorte e Umuarama. Cerca de 60 mil pessoas atuam na área no Paraná, conforme a FTIA-PR.

“Aumento de 7% não vai pesar”, afirma sindicalista

A proposta apresentada pelo meio sindical quanto ao reajuste dos trabalhadores do

setor alimentício está dentro das possibilidades financeiras dos empregadores, conforme o presidente do Sindicato dos trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Marechal Cândido Rondon e Região, Edvino Albrecht. “É absurdo o que estão propondo. Em contrapartida, estamos pedindo pouco, só 7%. Os trabalhadores precisam repor a inflação, pois do contrário, o que vão sobrar para eles? Nada”, assinala.

O sindicalista relata que, entretanto, algumas localidades já houve negociação.

“Tivemos acordo em que o reajuste foi acima do esperado, 9%, mais o piso de R$715. É por isso que estamos alertando para a greve”, diz.

Para a presidente da entidade sindical vinculada às indústrias da Alimentação em

Francisco Beltrão, Leonete dos Santos Ventura, é fundamental que a classe esteja unida. “Estamos há vários anos recebendo propostas absurdas. Se os patrões não sentirem pressão, não chegaremos a um acordo decente”, avalia. A.L.

“Entidades patronais estão dispostas a chegar a acordo”

As negociações a respeito das reinvidicações dos trabalhadores da alimentação

acontecem em Curitiba e são conduzidas pela Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Paraná (FTIA-PR) e Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), que representa todas os sindicatos patronais do Paraná.

De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz, Milho, Soja e Beneficiamento do Café do Estado do Paraná (Samisca), João Kowalski, as entidades ligadas aos empregadores buscam acordo. “Não estamos irredutíveis, tanto que a FIEP já apresentou uma proposta de 15% de reajuste salarial no salário dos ingressos, 7% no dos efetivos, 6% para os que recebem até R$1 mil, e 4,44% para os trabalhadores acima de R$1 mil”, explica.

Ele lembra que a classe empregadora também apontou reajuste salarial de 25% no valor da cesta básica.

“O setor, como um todo, não está passando por um momento fácil, já que as exportações tiveram queda e a concorrência tem aumentado”, sustenta Kowalski. A.L.