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PATRÍCIA LUZ RIBEIRO VARIABILIDADE GENÉTICA E MORFOLÓGICA INTRA E INTERPOPULACIONAL NO COMPLEXO BULBOPHYLLUM EXALTATUM (Orchidaceae) OCORRENTE NOS CAMPOS RUPESTRES BRASILEIROS: IMPLICAÇÕES TAXONÔMICAS E BIOGEOGRÁFICAS FEIRA DE SANTANA BAHIA 2006

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PATRÍCIA LUZ RIBEIRO

VARIABILIDADE GENÉTICA E MORFOLÓGICA INTRA E

INTERPOPULACIONAL NO COMPLEXO

BULBOPHYLLUM EXALTATUM (Orchidaceae)

OCORRENTE NOS CAMPOS RUPESTRES BRASILEIROS:

IMPLICAÇÕES TAXONÔMICAS E BIOGEOGRÁFICAS

FEIRA DE SANTANA – BAHIA 2006

ii

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA

VARIABILIDADE GENÉTICA E MORFOLÓGICA INTRA E

INTERPOPULACIONAL NO COMPLEXO

BULBOPHYLLUM EXALTATUM (Orchidaceae)

OCORRENTE NOS CAMPOS RUPESTRES BRASILEIROS:

IMPLICAÇÕES TAXONÔMICAS E BIOGEOGRÁFICAS

PATRÍCIA LUZ RIBEIRO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Botânica da Universidade

Estadual de Feira de Santana como parte dos

requisitos para a obtenção do título de Mestre em

Botânica.

ORIENTADOR: PROF. DR. EDUARDO LEITE BORBA (UFMG)

CO-ORIENTADORA: PROFA. DRA. ALESSANDRA S. SCHNADELBACH (UEFS)

FEIRA DE SANTANA – BA

2006

iii

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Josemar Pires Ribeiro e Dilma Luz Ribeiro, e irmãos Adriano,

Maurício e Fernando Luz Ribeiro, pelo apoio e incentivo persistentes, que mesmo à

distância torciam e contribuíam para que chegasse aos meus objetivos. Aos meus amores,

Romualdo Júnior e João Pedro, pelo amor, pela alegria, companhia, força e principalmente,

pela paciência.

Aos companheiros de laboratório (LAMOL) que tanto ajudaram e socorreram nos

momentos de sufoco, quanto contribuíram para alegrar, divertir e enriquecer os longos

períodos de trabalho (Ana Carina, Sabrina, Lia Maria, Andrea Karla, Daiane, Adilva,

Viviane, Maria, Janaína, Alexa, Paty Cris, Paty Reyjane, Silvana, Élvia, Marlon, Jomar,

Eric, Jorge, Ricardo, Cristiano). Em especial aos amigos isoenzimáticos, Cari, Sá, Déa

Karla, Dai, Adilva, Vivi, Paty Reyjane e Marlon, hoje me divirto com as lembranças dos

nossos testes de 50 fatias, sempre atentos para a câmera secreta não flagrar as nossas

derrapadas. Ao colega e amigo Eric Smidt, por importantes críticas e contribuições ao meu

trabalho, principalmente na taxonomia. Aos demais amigos dessa caminhada, mestrandos e

doutorandos, obrigada. Para aqueles que seguirão outros caminhos, sucesso.

A Eduardo Leite Borba, meu orientador, obrigado pelos ensinamentos e

incentivos na carreira e na vida. Você foi peça chave na minha formação, sempre serei

grata por tudo que aprendi.

A Alessandra S. Schnadelbach, minha co-orientadora, obrigado pela adoção e por

importantes contribuições ao meu trabalho.

Ao professor Cássio van den Berg, pela colaboração no tratamento estatístico dos

dados morfológicos e pela confiança no meu profissionalismo.

À Universidade Estadual de Feira de Santana e ao Programa de Pós-graduação em

Botânica, pela oportunidade. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia

(FAPESB) e a CAPES pela bolsa de estudos e financiamento à pesquisa. Ao Projeto

PPBIO pelo apoio financeiro a materiais de consumo e trabalho de campo.

A todos da secretaria da Pós-graduação, Adriana, Elton e Gardênia, e ao nosso

coordenador, Luciano Paganucci de Queiroz, pela atenção e presteza durante todo período

do curso. Aos funcionários, professores e bolsistas do herbário (HUEFS) e Laboratório de

Taxonomia Vegetal (TAXON) pela colaboração e companhia.

iv

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS INTRODUÇÃO 1

MATERIAL E MÉTODOS 8

Populações amostradas 8

Eletroforese de aloenzimas 8

Análise dos dados 9

Análise morfométrica multivariada 11

RESULTADOS 13

Variabilidade genética intrapopulacional 13

Estruturação genética 14

Relações fenéticas 15

Análise morfométrica multivariada 17

Tabelas 20

Figuras 31

DISCUSSÃO 41

Variabilidade genética 41

Variabilidade morfológica 45

Conclusões taxonômicas 47

RESUMO 49

ABSTRACT 51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53

1

INTRODUÇÃO

O gênero Bulbophyllum Thouars é um dos mais representativos da família

Orchidaceae, possuindo aproximadamente 1.200 espécies de distribuição pantropical, com

grande parte de seus representantes ocorrendo principalmente na Ásia e Oceania (Dressler,

1981, 1993; Vermeulen, 1991). As principais características deste gênero são

pseudobulbos formados por um único nó, inflorescência partindo da base do pseudobulbo,

presença de uma articulação entre o labelo e o pé da coluna permitindo mobilidade ao

labelo, característica importante nos diferentes mecanismos de polinização do gênero, e

dois pares de polínias desiguais sem apêndices.

O gênero Bulbophyllum apresenta miiofilia (polinização por Diptera) como

síndrome de polinização, sendo esta a segunda síndrome mais representativa em

Orchidaceae, incluindo 15 a 25% das espécies da família (van der Pijl & Dodson, 1966;

Christensen, 1994). Estudos de polinização revelaram que moscas da família Milichiidae

são os polinizadores efetivos de algumas das espécies de Bulbophyllum ocorrentes no

Brasil (Braga, 1977; Sazima, 1978; Borba & Semir, 1998b). As flores de B. weddellii

(Lindl.) Rchb.f., B. involutum Borba, Semir & F.Barros e B. ipanemense Hoehne são

polinizadas por moscas Milichiidae do gênero Pholeomyia, sendo que B. weddellii e B.

involutum compartilham as mesmas espécies de polinizadores, porém em freqüências

diferentes, onde o principal polinizador de uma espécie é o secundário da outra, enquanto

B. ipanemense é polinizado por uma espécie de Pholeomyia diferente das encontradas nas

duas espécies anteriores. Comparações entre constituintes de voláteis florais revelaram

uma maior similaridade entre B. weddellii e B. involutum do que entre B. ipanemense e

estas (Silva et al., 1999), embora B. ipanemense seja mais similar morfologicamente a B.

involutum (Borba & Semir, 1998b; Borba et al., 1999). Essas espécies ocorrem num

mesmo ambiente, campo rupestre, muitas vezes simpatricamente, possuem eventos

fenológicos sincronizados, e têm o mesmo mecanismo de polinização, no qual o inseto

pousa no labelo, atraído pelo odor ou por instinto de reprodução (oviposição), caminha até

a base do calo onde permanece por longo período se alimentando de néctar secretado neste

local (Teixeira et al., 2004) até que rajadas de vento movimentem o labelo pressionando o

inseto contra a coluna (Borba & Semir, 1998b).

Moscas normalmente apresentam um comportamento que favorece a

2

autopolinização, realizando visitas de longa duração e visitando várias flores de um mesmo

indivíduo (Borba & Semir, 1998b; Verola, 2002). Todas as três espécies são

autocompatíveis, mas precisam de um inseto vetor para realizar a polinização, sendo que a

autopolinização nestas espécies provavelmente não é freqüente na natureza devido em

parte a barreiras mecânicas como variação temporal no tamanho do polinário após sua

remoção (Borba & Semir, 1999).

Sendo as orquídeas predominantemente autocompatíveis, pode-se esperar que

espécies de orquídeas miiófilas possuam baixa variabilidade dentro das populações e

elevada diferenciação genética entre populações conspecíficas, devido à redução do fluxo

gênico, uma vez que moscas movimentam-se a distâncias muito curtas, podendo favorecer

o isolamento reprodutivo e conseqüentemente levando à diferenciação dessas populações

(Borba & Semir, 1998b; Borba et al., 2001; Farinaci, 2001). Isto poderia ajudar a explicar

o elevado número de espécies nos gêneros de orquídeas miiófilas, grande parte delas de

distribuição restrita, estando estes entre os mais numerosos da família. No entanto, em

Acianthera, outro gênero de orquídeas miiófilas, Borba et al. (2001) encontraram uma

elevada variabilidade genética dentro das populações e uma baixa a moderada

diferenciação genética entre as populações conspecíficas. Segundo os autores, a ocorrência

de auto-incompatibilidade genética, barreiras mecânicas a autopolinização e dispersão de

sementes pelo vento são fatores que provavelmente influenciam a modificação do padrão

esperado.

No Brasil, Pabst & Dungs (1975, 1977) listaram 54 espécies de Bulbophyllum,

distribuídas principalmente entre os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

Este número foi acrescido para cerca de 60 espécies por algumas publicações posteriores

(e.g., Borba et al., 1998; Toscano de Brito, 2000; Borba & Smidt, 2004; Fraga, 2004;

Fraga & Smidt, 2004). Para o estado da Bahia, Toscano de Brito (1995) listou a ocorrência

das primeiras três espécies para o gênero, encontradas no Pico das Almas, Chapada

Diamantina, e em um estudo recente foram citadas 13 espécies ocorrentes na Chapada

Diamantina, porção norte da Cadeia do Espinhaço (Ribeiro et al., 2005).

Pabst & Dungs (1975, 1977) distribuíram as espécies de ocorrência no Brasil em

cinco seções, Didactyle, Xiphizusa, Bulbophyllaria, Micrantha e Napellii, diferenciadas

por características tais como presença de estelídias (estruturas alongadas como braços no

ápice da coluna), protuberâncias em forma de dentes na face ventral da coluna,

comprimento e largura das sépalas, forma e posição da raque da inflorescência e número

de flores por inflorescência. Na seção Didactyle encontra-se o maior número de espécies

3

brasileiras, caracterizadas pela presença de dois dentes sob as estelídias da coluna e sépalas

quase tão largas quanto longas. Grande parte destas espécies possui morfologia muito

similar, diferenciando-se por características florais muito sutis, o que, devido à inexistência

de uma revisão taxonômica para o gênero, acarreta em determinações incertas,

sinonimizações e formação de complexos taxonômicos de difícil solução.

O complexo taxonômico aqui estudado, denominado “complexo B. exaltatum

Lindl.”, obedecendo à prioridade nomenclatural, compreende um grupo com cerca de 15

táxons da seção Didactyle ocorrentes em áreas de altitude, principalmente rupícolas em

formações de campos rupestres nas regiões Sudeste, Nordeste e Norte: B. exaltatum Lindl.,

B. geraense Rchb.f., B. gomesii Fraga, B. involutum Borba, Semir & F.Barros, B.

ipanemense Hoehne, B. longispicatum Cogn., B. machupicchuense Benn. & Cristenson, B.

meridense Rchb.f., B. roraimense Rolfe, B. sanderianum Rolfe, B. teresensis Ruschi, B.

tripetalum Lindl., B. vaughanii Brade, B. vittatum Rchb.f. & Warm., B. warmingianum

Cogn.

Os representantes deste complexo são vegetativamente muito similares, sendo

separados exclusivamente pela morfologia floral, principalmente do labelo. Bulbophyllum

ipanemense, B. vaughanii e B. warmingianum são comumente confundidos em

determinações de herbário devido à inexistência de caracteres diagnósticos consistentes.

Bulbophyllum geraense se diferiria dos primeiros apenas por uma interpretação incorreta

de sua morfologia feita por Cogniaux (1898-1902), onde ressalta que B. geraense e

também B. exaltatum possuem labelo indiviso, quando na verdade são trilobados.

Bulbophyllum machupicchuense foi descrito recentemente para o Peru (Bennett &

Christenson, 2001) sendo que suas características descritas e ilustradas são compatíveis

com os táxons citados acima, e principalmente com as populações ocorrentes no estado da

Bahia, aqui tratadas como B. exaltatum. Bulbophyllum longispicatum foi descrito por

Cogniaux (1898-1902) a partir de um material cultivado sem especificação do local de

coleta nem ilustração, porém com características florais semelhantes aos táxons já citados.

Bulbophyllum involutum era tratado anteriormente como B. warmingianum, até que através

de estudos de biologia reprodutiva e de análise de voláteis florais (Borba & Semir, 1998b,

1999; Borba et al., 1999; Silva et al., 1999) algumas populações foram segregadas em uma

espécie distinta (Borba et al., 1998). Esta espécie eventualmente hibridiza com B. weddellii

(Lindl.) Rchb.f., formando o híbrido natural B. ×cipoense Borba & Semir (Borba & Semir,

1998a; C.Azevedo et al., no prelo). Bulbophyllum roraimense e B. exaltatum são

simpátricas, diferenciadas por presença de tricomas na margem da pétala de B. exaltatum, e

4

são consideradas por Cogniaux (1898-1902) como morfologicamente próximas de B.

geraense. Estas, também compartilham o habitat com B. meridense, ocorrendo como

epífitas em áreas de altitude no estado de Roraima, na Venezuela e nas Guianas.

Bulbophyllum sanderianum é uma espécie descrita para o estado de Pernambuco e

recentemente encontrada em diferentes localidades do estado da Bahia, Alagoas e Ceará, e

morfologicamente se assemelha a B. meridense, principalmente pela forma do labelo com

lobo mediano arredondado com margem densamente longo-ciliada. Bulbophyllum

teresensis e B. gomesii são bastante semelhantes e descritas para o mesmo local, estado do

Espírito Santo, podendo ser conspecíficas, sendo a forma das sépalas e labelo relacionada

com B. tripetalum. Esta última é a espécie melhor definida morfologicamente, e a única

que a princípio não apresenta problemas taxonômicos.

Aparentemente, a maior parte dos problemas taxonômicos deste complexo ocorre

em torno de B. involutum, B. ipanemense, B. longispicatum, B. geraense e B.

warmingianum, que se distribuem nos estados de Minas Gerais, Bahia e São Paulo,

predominantemente nas áreas de campos rupestres. Observações de material de herbário

revelaram que muitos espécimes encontrados na Cadeia do Espinhaço são comumente

determinados como B. ipanemense, embora esta espécie tenha sido descrita originalmente

para o estado de São Paulo, também ocorrendo mais ao sul do estado de Minas Gerais,

desde a região de Juiz de Fora à Serra da Canastra (Farinaci, 2001), em campos rupestres

independentes do bloco constituinte da Cadeia do Espinhaço. As diferenças morfológicas

detectadas entre as populações de B. ipanemense ocorrentes no estado de Minas Gerais e

Bahia, tais como maiores dimensões do perianto e menor número de flores em antese por

inflorescência nas populações da Bahia, além de variação no padrão de coloração da flor e

forma do labelo, indicam a possibilidade destas não serem conspecíficas (Ribeiro et al.,

2005). Devido à ausência de caracteres diagnósticos claros e consistentes dos táxons deste

complexo, neste estudo utilizamos a priori a designação de B. exaltatum, nome mais

antigo, para a população do estado de Roraima, para todas as populações do estado de São

Paulo e Minas Gerais que comumente são determinadas como B. ipanemense, B.

warmingianum ou B. geraense, e também para as populações da Bahia que anteriormente

foram tratadas como B. ipanemense por Toscano de Brito (1995) e Ribeiro et al. (2005).

Diferentes populações ocorrentes no estado da Bahia apresentam ampla variação,

principalmente de tamanho e coloração da flor e da inflorescência, o que ocasiona

dificuldades na determinação entre B. involutum e B. exaltatum (Figuras 1 e 2).

Existem duas áreas principais de ocorrência dos campos rupestres no Brasil: a Cadeia

5

do Espinhaço e as serras do sul de Minas Gerais ao longo da bacia do Rio Grande. Estas

duas áreas pertencem a diferentes formações geológicas e apresentam floras distintas

(Giulietti & Pirani, 1988). A Cadeia do Espinhaço possui cerca de 1.000 km de extensão

no sentido Norte-Sul, desde a Serra de Ouro Branco no estado de Minas Gerais, até a Serra

de Jacobina ao norte do estado da Bahia, sendo a extensão Leste-Oeste variável,

aproximadamente entre 50 a 100 km (Harley, 1995). A Cadeia do Espinhaço não constitui

um maciço contínuo, possuindo algumas formações disjuntas, destacando-se a Serra do

Cabral e vários conjuntos de serras isoladas entre si, situados nas regiões de Montes

Claros, Itacambira e Grão-Mogol (Vitta, 2002). A descontinuidade das cadeias

montanhosas e dos afloramentos rochosos resulta na distribuição de muitas espécies,

principalmente as rupícolas, em populações disjuntas. Essa característica tem sido sugerida

por alguns autores como sendo responsável pela diferenciação das populações de plantas,

levando à grande diversidade e elevado grau de endemismo dos campos rupestres (Joly,

1970; Giulietti & Pirani, 1988; Borba et al., 2001; Jesus et al., 2001; Lambert et al., 2006a,

2006b), devido ao isolamento das populações. Tendo em vista que a precipitação diminui

em direção ao norte, Harley (1995) dividiu a Cadeia do Espinhaço em três setores,

considerando o tipo de vegetação. O setor Sul, ao sul de Belo Horizonte e ao redor de Ouro

Preto no estado de Minas Gerais, se localiza dentro da floresta tropical que se estende

através de uma grande área do sudeste do Brasil; o setor Central, incluindo a Serra do Cipó

e a região de Diamantina em Minas Gerais, situa-se na região dos cerrados, típica do

Planalto Central; e, o setor Norte, englobando toda a Chapada Diamantina no estado da

Bahia, é circundado pela caatinga da região Nordeste. A região de Grão Mogol, no norte de

Minas Gerais, apresenta um tipo de vegetação intermediária entre o setor Central e Norte,

devido à sua posição geográfica.

Dentre os diversos tipos vegetacionais da Cadeia do Espinhaço, os campos

rupestres dominam as regiões mais altas, geralmente acima de 1.000 m (Giulietti & Pirani,

1988; Harley, 1995). Os campos rupestres constituem uma formação ocorrente

principalmente na Cadeia do Espinhaço, nos estados de Minas Gerais e Bahia, podendo

também ser encontrada em outras localidades da porção sudoeste e sul do estado de Minas

Gerais, em Goiás e no Distrito Federal, como ilhas florísticas isoladas circundadas por

vegetação de cerrado ou caatinga (Giulietti et al, 2000; Romero, 2002). Campo rupestre é

um conjunto de comunidades predominantemente herbáceo-arbustivas, formando um rico

mosaico, floristicamente relacionadas, mas fisionomicamente distintas, em função da

topografia, natureza do substrato, profundidade do solo e do microclima (Conceição &

6

Giulietti, 2002).

Estudos de variabilidade genética no nível de populações representam uma

ferramenta importante para compreender a estrutura genética das populações e para a

taxonomia, podendo inclusive verificar os limites específicos (Solé-Cava, 1999). Esta

abordagem tem sido utilizada satisfatoriamente para estudos de populações na Cadeia do

Espinhaço pertencente a este complexo e outros grupos de Orchidaceae (Borba et al.,

2001; Farinaci, 2001; M.Azevedo et al., no prelo). Estes estudos também contribuem para

o entendimento dos padrões de distribuição das espécies e da fitogeografia da Cadeia do

Espinhaço, tendo em vista que relativamente poucos trabalhos têm abordado estas

questões. Alguns estudos de variabilidade morfológica em Orchidaceae na Cadeia do

Espinhaço também têm contribuído para compreender a variação e estabelecer

delimitações de táxons (van den Berg & Martins, 1998; Cardim et al., 2001; Borba et al.,

2002).

Borba et al. (2001) e Jesus et al. (2001), estudando espécies ocorrentes nos campos

rupestres, constataram moderada a alta diferenciação genética entre populações

conspecíficas de espécies de Acianthera (Orchidaceae) e Proteopsis argentea Mart. &

Zucc. (Asteraceae), respectivamente, indicando que a distribuição geográfica contribui

com a diferenciação genética de populações na Cadeia do Espinhaço. Estes dados

corroboram a hipótese de Giulietti & Pirani (1988), das disjunções influenciando o alto

grau de endemismo nos campos rupestres. Estudos mais recentes em outros grupos de

plantas têm fortalecido estas suposições (Machado, 2004; Lambert et al., 2006a, 2006b;

Pereira, 2006).

Em Bulbophyllum, dois trabalhos foram realizados abordando genética de

populações em campos rupestres, ambos utilizando alozimas como marcadores

moleculares. Farinaci (2001) estudou cinco populações de B. ipanemense e B. weddellii no

estado de Minas Gerais, e M.Azevedo et al. (no prelo) analisaram 12 populações de sete

espécies de Bulbophyllum: B. bidentata (Barb.Rodr.) Cogn., B. plumosum (Barb.Rodr.)

Cogn. B. insectiferum Barb.Rodr., B. regnellii Rchb.f., B. adiamantinum Brade, B.

epiphytum (Barb.Rodr.) Cogn. e B. rupicolum Barb.Rodr. nos estados de Minas Gerais e

São Paulo. Os dois trabalhos demonstraram a ocorrência de alta variabilidade genética em

todas as populações e uma baixa a moderada estruturação genética entre as populações das

espécies estudadas. Ambos estudos também apresentam padrões de variabilidade não

esperados para orquídeas miiófilas de populações disjuntas, como também encontrado por

Borba et al. (2001). A princípio, estes são os únicos trabalhos publicados abordando

7

genética de populações com orquídeas de campos rupestres até o momento.

Para este complexo de espécies “B. exaltatum” com tantas semelhanças

morfológicas, ecológicas, fenológicas e reprodutivas, um estudo de genética de populações

com um amplo número de populações, abrangendo grande parte da distribuição destas

espécies, pode nos levar a importantes considerações sobre estrutura e variabilidade

genética das espécies e manutenção desta variabilidade em ambientes como campos

rupestres. Tal abordagem é fundamental para uma melhor delimitação dos táxons

envolvidos em grupos como este, no qual apenas o exame de amostras de herbário não tem

sido suficiente para a elucidação da taxonomia do grupo.

Neste trabalho, foram utilizados estudos de genética de populações naturais

empregando marcadores aloenzimáticos para determinar a variabilidade genética dentro

das populações e o grau de diferenciação das populações de algumas espécies do gênero

Bulbophyllum pertencente ao complexo B. exaltatum, utilizando os resultados na tentativa

de delimitação dos táxons deste grupo. Adicionalmente, foram utilizados métodos de

análise multivariada para realização de estudos morfométricos em alguns indivíduos destas

populações estudadas, buscando uma delimitação mais consistente dos táxons neste

complexo. A partir destes dados, procurou-se fornecer subsídios para a definição de

padrões de distribuição das espécies estudadas do complexo B. exaltatum e contribuir para

o entendimento dos processos evolutivos e biogeográficos de espécies ocorrentes na

Cadeia do Espinhaço.

8

MATERIAL E MÉTODOS

Populações amostradas

Foram coletados 601 indivíduos em 33 populações naturais distribuídas nos estados

de Roraima, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e São Paulo, agrupadas em três táxons, B.

exaltatum, B. involutum e B. sanderianum pertencentes ao complexo Bulbophyllum

exaltatum, e também de B. weddellii (Tabela 1; Figura 1-3). Populações desta última

espécie foram incluídas na análise devido à ocorrência de hibridação desta com uma

espécie do complexo (B. involutum) e para servir como um parâmetro para comparação de

distâncias genéticas entre espécies do grupo. Apesar de B. weddellii ter sido classificada

em uma diferente seção do gênero por Pabst & Dungs (1975), em função das suas sépalas

bem mais longas do que largas e caracteres morfológicos vegetativos. Análises

filogenéticas utilizando seqüências de DNA indicam que esta é uma espécie próxima a este

complexo, e pertencente à mesma seção do gênero (E.C.Smidt, dados não publicados).

Foram coletados indivíduos distantes entre si para evitar a coleta de clones, uma

vez que estas plantas se reproduzem vegetativamente e possuem vida longa, podendo um

único indivíduo formar um grande genet constituído por vários ramets sobre a rocha. Em

média, amostras de 20 indivíduos foram coletadas por população, dependendo do tamanho

da população, sendo que em populações pequenas este número não pode ser atingido.

Pedaços de tecido foliar foram armazenados em microtubos de 2ml em ultrafreezer a -85ºC

até a realização das corridas eletroforéticas.

Além disso, 408 indivíduos de diferentes populações deste complexo foram

plantados e estão em cultivo na casa de vegetação da Universidade Estadual de Feira de

Santana, para realização de estudos posteriores. O material testemunho das populações

estudadas foi depositado no herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana

(HUEFS) ou no herbário da Universidade Estadual de Campinas (UEC).

Eletroforese de aloenzimas

O estudo de variabilidade genética foi realizado utilizando a técnica de eletroforese

de aloenzimas em gel de amido a 8,5%. Pequenos pedaços de folhas, congeladas no

9

momento da coleta, foram homogeneizados individualmente em 500µl do tampão de

extração [Tris 0,1M (100ml), pH 7,0, sacarose 6,846g, PVP (polivinilpirrolidona) 0,6g,

EDTA (etileno-diamina-tetraacetato) 0,029g, BSA (albumina bovina) 0,145g, DIECA

(dietil-ditiocarbonato) 0,13g, Borax (borato de sódio) 0,6g, e β-mercaptoetanol 100µl (Sun

& Garders, 1990; com modificações)]. Os extratos dos indivíduos foram absorvidos em

tiras de papel filtro (Whatman #3) medindo 0,6 × 0,3 cm e aplicados no gel. As corridas

foram realizadas até o marcador interno azul de bromofenol atingir 9 cm do ponto de

aplicação. Em todos os géis, foi colocada amostra de um indivíduo padrão proveniente da

população BELEN, para comparação da migração relativa dos alelos.

Quatro sistemas tampão foram utilizados: Sistema 1 – eletrodo: solução de histidina

0,065 M ajustada para pH 6,5 com uma solução de ácido cítrico 0,2 M; gel: mesma solução

do eletrodo diluída 1:7 (modificado a partir de Stuber et al., 1977); condição de corrida

150 V. Sistema 2 – eletrodo: solução de ácido cítrico 0,04 M ajustada para o pH 6,1 com

N-(3-aminopropil)-morfolina; gel: mesma solução do eletrodo diluída 1:20 (Clayton &

Tretiak, 1972); condição de corrida 25 mA. Sistema 3 – eletrodo: solução de hidróxido de

lítio 0,05 M, ácido bórico 0,093 M e EDTA 0,006 M, pH 8,0; gel: mesma solução do

eletrodo diluída 1:10 (modificado a partir de Ridgway et al., 1970); condição de corrida 13

mA. Sistema 4 – eletrodo: solução de ácido bórico 0,3 M, NaOH 0,06 M, pH 8,0; gel tris

0,01 M, pH 8,5 (modificado a partir de Shaw & Prasad, 1970); condição de corrida 13 mA.

Sete sistemas enzimáticos apresentaram boa resolução: Sistema tampão 1 –

isocitrato desidrogenase (IDH; EC 1.1.1.42), malato desidrogenase (MDH; EC 1.1.1.37),

leucil-aminopeptidase (LAP; EC 3.4.11.1); Sistema tampão 2 – diaforase (DIA; EC

1.8.1.4), desidrogenase do ácido 6-fosfoglucônico (6PGD; EC 1.1.1.49); Sistema tampão 3

– desidrogenase do shikimato (SKDH; EC 1.1.1.25); Sistema tampão 4 – esterase (EST;

EC 3.1.1.1.). Os procedimentos de coloração utilizados foram adaptados de Brune et al.

(1998; LAP, DIA, SKDH, EST), Corrias et al. (1991; IDH, 6PGD) e Soltis et al. (1983;

MDH), sendo que as principais modificações dizem respeito à quantidade dos

componentes utilizados. Sistemas enzimáticos que apresentaram mais de um locus foram

numerados em ordem crescente contados a partir do locus com alelos de menor

mobilidade. Os alelos foram numerados de acordo a sua mobilidade relativa a um dos

alelos do indivíduo padrão, designado como 100.

Análise de dados

10

As freqüências alélicas foram determinadas por observação direta dos padrões de

banda de homozigotos e heterozigotos corados no gel. A variabilidade genética para todas

as populações foi estimada pelos seguintes parâmetros: proporção de loci polimórfico (P;

critério 0,95), número médio de alelos por locus (A), heterozigosidade média observada

(Ho) e esperada (He). Desvios da heterozigosidade média observada em relação ao

esperado em equilíbrio de Hardy-Weinberg (HW) foram testadas utilizando χ2 com a

correção para pequenas amostras conforme Levene (1949). Foi feito um teste de

desequilíbrio de ligação utilizando o programa GENEPOP (Raymond & Rousset, 1995)

empregando 100 lotes de 1000 interações por lote e com 1000 passos de dememorização;

posteriormente, foi realizado um teste múltiplo para evitar erros do tipo 1 através do

procedimento seqüencial de Bonferroni (Rice, 1989). A partição da diversidade genética

entre populações conspecíficas foi estimada pela estatística F (FIS, coeficiente de

endogamia mede a redução do número de heterozigotos devido a cruzamentos não

aleatórios dentro de uma população; FST, mede a diferenciação entre populações; Wright,

1978). Para B. exaltatum a estrutura genética entre e dentro de regiões foi estimada pelo

indicador θ (Weir & Cockerham, 1984) calculado pelo programa TFPGA (Miller, 1997). O

fluxo gênico (Nm) entre populações foi estimado indiretamente a partir do coeficiente de

estruturação genética usando a equação de Wright (1951) modificada por Crow & Aoki

(1984): FST = 1/(1 + 4Nmα), onde α = [n/(n-1)]2, sendo n o número de populações

analisadas para cada espécie. Uma outra estimativa indireta de fluxo gênico foi feita

baseada na freqüência média de alelos exclusivos de uma população ("alelos privados";

Barton & Slatkin, 1986). Matrizes de distância genética ("unbiased genetic distance"; Nei,

1978) e de identidade genética ("unbiased genetic identity"; Nei, 1978) foram calculadas

para populações e espécies. A matriz de distância genética de Nei foi comparada com a

matriz de distância geográfica entre populações, usando o teste de Mantel com o método

de aleatorização (Monte Carlo; 1000 aleatorizações) no programa PCORD 4.10 (McCune

& Mefford, 1999), para testar correlação entre distância genética e geográfica. A distância

geográfica entre pares de populações foi calculada em quilômetros com base nas

coordenadas GPS para cada população no sistema elipsóide WGS84 utilizando o programa

INVERSE 2.0 (National Geodetic Survey, 2002). A partir da matriz de distância genética

das populações foi realizada uma análise de agrupamento utilizando o algoritmo UPGMA,

e foi também construída uma árvore utilizando o algoritmo "neighbor-joining" (NJ). Todas

as análises foram feitas utilizando o programa BIOSYS 1.0 (Swofford & Selander, 1989),

exceto para o UPGMA e NJ nas quais foi utilizado o programa MEGA 3.1 (Kumar et al.,

11

2004). O pacote PHYLIP 3.6 (Felsenstein, 1993) foi utilizado para realização de análises

de bootstrap e criação de árvores de consenso. SEQBOOT foi utilizado para obter 1000

replicações através de bootstrap convencional e aleatorização da ordem de entrada dos

dados. O arquivo de saída foi utilizado no programa GENDIST, que gerou 1000 matrizes

de distância a partir da distância de Nei (1972), sendo utilizadas no programa NEIGHBOR

para gerar 1000 árvores de NJ e 1000 de UPGMA, também com aleatorização da ordem de

entrada das populações. Os arquivos de saída de NJ e de UPGMA foram utilizados no

programa CONSENSE para criar árvores de consenso de maioria, que foram exportadas e

construídas no programa PAUP 4.0 (Swofford, 2000).

Análise morfométrica multivariada

Foram analisados 27 caracteres morfológicos florais em 77 indivíduos de B.

involutum e B. exaltatum, provenientes de 24 populações (Tabela 2). As características

foram escolhidas com base em caracteres diagnósticos das espécies do complexo e nos

caracteres utilizados em descrições florais do grupo. As peças florais foram desenhadas

com o auxílio de estereomicroscópio equipado com câmara clara. Os caracteres

quantitativos contínuos foram medidos a partir do desenho com o auxílio de régua e

transferidor.

Foi calculada uma matriz de similaridade dos indivíduos utilizando o coeficiente de

Gower (1971), devido à presença de diferentes tipos de variáveis (quantitativo, binário,

multiestado), utilizando o programa COEF do pacote FITOPAC 1.0 (Shepherd, 1995). A

partir desta matriz de similaridade (s) foi calculada uma matriz de distância (d) utilizando

dij=1-sij, e realizada uma análise de agrupamento utilizando UPGMA como algoritmo de

agrupamento no programa STATISTICA 6.0 (StatSoft, 2003).

Foi realizada uma análise de componentes principais a partir da matriz de

correlação (PCA) para examinar a estrutura geral dos dados e para detecção de ‘outliers’.

O número de eixos interpretados foi determinado pelo nível de significância obtido pelo

teste de Qui-quadrado (critério 95%). Foi também realizada uma análise de variáveis

canônicas (CVA) utilizando grupos de indivíduos pertencentes a uma mesma região

geográfica (a priori) e a um mesmo táxon (B. exaltatum ou B. involutum) como variável

categórica, devido ao baixo número de indivíduos por população, com o objetivo de

explorar a partição dos grupos pelos principais eixos canônicos e de identificar os

caracteres que mais contribuem para o padrão observado. Desta forma, foram utilizados

12

nove agrupamentos: 1- (BE)-Sul-MG (populações E-CAL, E-ITU, E-NAZ, E-LAV, E-

CAR, E-ATI, E-STL e E-SJA); 2- (BE)-Espinhaço-MG (populações E-TAB e E-SCA); 3-

(BE)-F.Doido-BA (populações E-MC2 e E-MC3); 4- grupo (BE)-Morrão-BA (população

E-MC1); 5- (BE)-Jacobina-BA (população E-JAC); 6- (BE)-Sincorá-BA (populações E-

SEA, E-LEN e E-MUC); 7- (BE)-RR (população E-ROR); 8- (BI)-MG (populações I-

MOG, I-CAB e I-TAB); 9- (BI)-BA (populações I-MUC e I-RCO). A partir da matriz de

Distância Generalizada de Mahalanobis dos centróides dos nove grupos foi também

realizada uma análise de agrupamento, utilizando UPGMA. As análises de CVA e PCA

foram realizadas considerando apenas os caracteres quantitativos contínuos, sendo

descartadas as variáveis #13, 21, 24, 25, 26 e 27, do tipo binário e multiestado não-

ordenado, que são geralmente incompatíveis com as premissas destas análises. As análises

de agrupamento, PCA e CVA foram realizadas utilizando o programa STATISTICA 6.0

(StatSoft, 2003).

13

RESULTADOS

Variabilidade genética intrapopulacional

Com os sete sistemas enzimáticos utilizados, foram obtidos nove loci com boa

resolução, que foram analisados neste estudo. Todos os loci foram polimórficos em pelo

menos uma das populações estudadas e o número de alelos em cada locus variou de três a

cinco (Tabela 3). Os loci DIA-1, DIA-2, MDH-2, EST e 6PGD foram monomórficos para

ao menos 15 populações, enquanto os demais loci foram polimórficos para a maioria das

populações.

Bulbophyllum exaltatum possui alguns alelos exclusivos: SKDH 79, SKDH 108,

IDH 90, MDH-1 108, MDH-2 120, LAP 113 e EST 92. Porém, nenhum destes alelos foi

comum a todas as populações de B. exaltatum. O alelo LAP 113, por exemplo, foi

encontrado apenas em duas populações da Bahia, em Morro do Chapéu (E-MC2) e

Jacobina (E-JAC), e o alelo EST 92 é exclusivo da população de Nazareno-MG (E-NAZ).

O alelo IDH 70 foi encontrado exclusivamente nas três populações de B. weddellii do

município de Mucugê-BA, mas em baixa freqüência. Alguns alelos são compartilhados

apenas pelas populações de B. involutum e B. exaltatum: DIA-1 90, DIA-2 95, MDH-2 90

e 110, EST 108 e 6PGD 120, sendo que este último ocorre em uma população de B.

involutum e em 10 de B. exaltatum. Nenhuma espécie apresentou alelos exclusivos fixados,

e nenhum locus diagnóstico foi encontrado.

O padrão de bandas observado neste estudo foi compatível com o de indivíduos

diplóides, não sendo evidenciadas características que suportem a presença de poliploidia

nas populações, como indivíduos com acima de três alelos por locus e/ou heterozigosidade

fixada nas populações.

Os índices de variabilidade intrapopulacional foram, na sua maioria, elevados

(Tabela 4). O percentual de loci polimórficos (P; critério de 0,95) variou de 22,2 a 88,9%,

o número médio de alelos por locus (A) de 1,3 a 2,6 e a heterozigozidade média (He) entre

0,086 e 0,404. As populações de B. sanderianum S-PE e B. weddellii W-MU3

apresentaram os menores valores de variabilidade, enquanto os maiores valores são

encontrados nas populações E-NAZ e E-LEN de B. exaltatum e I-MOG de B. involutum.

De modo geral, as populações de B. sanderianum e B. weddellii apresentaram menores

14

valores de variabilidade genética do que as populações de B. involutum e B. exaltatum.

A variabilidade genética foi similar ao longo da área de distribuição das espécies,

com uma pequena diferença para populações isoladas geograficamente, possuindo valores

de variabilidade mais baixos, como as populações E-ATI de Atibaia-SP (He= 0,165), S-PE

de Brejo de Madre de Deus-PE (He= 0,086) e E-ROR de Pacaraima-RR (He= 0,195); e

para populações pequenas de áreas antropizadas como W-MU3 e I-MUC simpátricas de

Mucugê-BA (He= 0,098 e 0,149, respectivamente).

Todos os loci apresentaram desvios significativos em relação ao equilíbrio de HW

em mais de dez populações. Sete loci estão em equilíbrio para pelo menos uma população:

SKDH (S-PE e W-CIP), IDH (W-MU1 e W-MU3), DIA1 (I-CAB), MDH1 (E-TIR),

MDH2 (E-ITU e E-ROR), EST (S-BA, I-TAB e E-SEA) e 6PGD (E-MC2, E-MC3 e E-

ROR). Das 33 populações analisadas, 20 não possuem qualquer locus em equilíbrio. Nos

loci LAP e DIA-2, todas as populações apresentam déficit de heterozigotos. Dos nove loci

analisados, sete apresentam excesso de heterozigotos em pelo menos uma população:

SKDH, IDH, DIA1, MDH1, MDH2, EST e 6PGD. Porém, o número de loci que

apresentou excesso de heterozigotos em cada população variou de um a três loci por

população.

Foram encontrados elevados valores de FIS (Tabela 5) para todas as espécies, o que

também pode ser verificado pela grande diferença entre os valores de heterozigozidade

observada e esperada para cada população (Tabela 4).

Após correção de Bonferroni, constatou-se que para todas as populações de todas as

espécies existe desequilíbrio de ligação entre alguns dos loci relacionados. Para B.

sanderianum todos 16 testes encontrados foram significativos, com α = 0,01. Para B.

weddellii todos os 38 testes encontrados foram significativos, com α = 0,008. Em B.

involutum dos 126 testes realizados 50 foram significativos, com α = 0,00039 e, em B.

exaltatum, dos 329 testes encontrados 99 foram significativos, com α = 0,000152.

Estruturação genética

A distribuição da variação genética total foi similar em todas as espécies estudadas.

Os elevados valores médios de FST encontrados indicam alto grau de estruturação genética

para as todas as espécies (Tabela 5). Bulbophyllum sanderianum apresentou o menor FST,

sendo 14,5% da variabilidade desta espécie associada a diferenças entre populações.

Bulbophyllum weddellii apresentou o maior valor de FST (0,269), enquanto que B.

15

involutum e B. exaltatum apresentaram valores muito próximos (0,232 e 0,230

respectivamente). Em B. exaltatum, o FST reduz para 0,140 se considerarmos apenas as

populações do estado da Bahia, e praticamente se mantém (0,213) se considerarmos apenas

as populações do estado de Minas Gerais. Os valores de θ encontrados entre as duas

regiões principais de ocorrência de B. exaltatum, Bahia e Minas Gerais, revelou uma baixa

diferenciação entre estas regiões (θP = 0,058) com intervalo de confiança (IC) de -0,013 a

0,182. Valores de θ mais elevados foram encontrados entre as populações de cada região

(θS = 0,196; IC = 0,125 – 0,294).

A estruturação genética encontrada em B. sanderianum está relacionada à inversão

da freqüência relativa do alelo mais comum no locus IDH entre as duas populações. Em B.

weddellii, essa inversão ocorre expressivamente no locus SKDH. Em B. involutum, além

de SKDH e IDH, o locus MDH-1, e em B. exaltatum, além dos dois primeiros, o locus

MDH-2, estão fortemente envolvidos nos elevados valores de estruturação entre as

populações destes táxons.

O fluxo gênico estimado indiretamente a partir do FST, o Nm(W) e a partir da

freqüência de alelos privados Nm(S) para B. sanderianum foi respectivamente 0,368 e

0,220, sendo a freqüência média de alelos privados 0,203; para B. weddellii o Nm(W) foi de

0,382, o Nm(S) foi de 0,474 e a freqüência média de alelos privados foi de 0,142; em B.

involutum esses valores foram respectivamente 0,608, 0,480 e 0,136; e, em B. exaltatum

foram encontrados os maiores valores de fluxo gênico, 0,755, 1,358 e 0,077,

respectivamente (Tabela 5).

Relações fenéticas

A identidade genética entre as populações conspecíficas variou de 0,76 a 1,00, com

os valores mais baixos encontrados entre populações de B. exaltatum (Tabela 6). Em vários

casos foram encontrados valores de identidade genética entre pares de populações não

conspecíficas superiores ao encontrado em pares de populações conspecíficas. A

identidade genética média entre as espécies variou de 0,735 (B. weddellii e B.

sanderianum) a 0,890 (B. exaltatum e B. involutum).

O dendrograma da análise de agrupamento (Figura 4) obtido a partir da análise

baseada na distância genética de Nei (1978), usando UPGMA como algoritmo, e excluindo

as populações de B. weddellii, revelou que nenhuma das espécies forma um grupo distinto

envolvendo exclusivamente todas as populações conspecíficas. Desta forma, não foi

16

possível a delimitação de espécies deste complexo a partir desta análise. No dendrograma,

há formação de dois grupos principais: o primeiro contém todas as populações de B.

involutum e B. exaltatum ocorrentes em Minas Gerais e São Paulo. O segundo grupo

contém as duas populações de B. sanderianum e todas as populações ocorrentes no estado

da Bahia de B. involutum e B. exaltatum, além de uma população de Minas Gerais (E-

CAR). Duas outras populações uniram-se a estes dois grupos separadamente, E-ROR,

localizada em Roraima, e I-BOT, no norte de Minas Gerais, com distâncias de 0,190 e

0,180, respectivamente. O que aparentemente distancia a população E-ROR das demais é o

monomorfismo o alelo 85 no locus SKDH, sendo este alelo raramente encontrado em

freqüência elevada nas demais populações. Na população I-BOT o responsável pela

diferenciação foi a elevada freqüência do alelo IDH 115, normalmente raro ou ausente nas

demais populações, além da fixação do alelo SKDH 95. A separação das populações de

Minas Gerais e Bahia é mantida mesmo para as populações de B. weddelli destes estados,

quando a espécie é incluída na análise.

Na árvore de neighbor-joining (NJ), a separação das populações por estado é mais

patente, sendo formados dois grupos, um contendo exclusivamente as populações

ocorrentes em Minas Gerais (B. involutum e B. exaltatum) mais a população de Roraima

(E-ROR), e o outro grupo constituído por todas as populações ocorrentes na Bahia (B.

involutum, B. exaltatum e B. sanderianum) mais a população de Pernambuco S-PE (Figura

5). No primeiro grupo, todas as populações de B. involutum de Minas Gerais constituem

um subgrupo, no qual também estão incluídas as populações E-CAL e E-TIR de B.

exaltatum. No segundo grupo, as duas populações de B. involutum da Bahia não estão

proximamente agrupadas, assim como na análise de UPGMA. Porém, nenhum dos grupos

nas análises de UPGMA e NJ apresentou bootstrap (BS) superior a 50%, com todos os

ramos colapsando nas árvores de consenso estrito. As únicas exceções foram o

agrupamento formado pelas populações de B. exaltatum de Seabra (E-SEA) e Lençóis (E-

LEN) (BS 59% com algoritmo UPGMA) e o agrupamento formado pelo pelas populações

de B. exaltatum, B. involutum e B. sanderianum (BS 100%) excluindo-se as populações E-

ATI e E-CAB (algoritmo NJ) ou I-RCO e S-PE (algoritmo UPGMA).

A inversão da freqüência relativa dos alelos do locus MDH-1 provavelmente é o

principal fator responsável pela separação dos dois grandes grupos de populações, o

formado pelas populações dos estados da Bahia e Pernambuco, tendo o alelo MDH-1 100

como o mais freqüente (exceto para a população E-MC1 de Morro do Chapéu e I-MUC de

Mucugê), e outro formado pelas populações dos estados de São Paulo, Minas Gerais e

17

Roraima, onde o alelo 93 é o mais freqüente (Figura 6). O teste de diferenciação genética

FST baseado no indicador θ confirma a importante participação deste locus na estruturação

das populações por estado de ocorrência pois, em B. exaltatum o locus MDH-1 apresentou

o maior valor de estruturação genética (θP= 0,312) entre os estados da Bahia e Minas

Gerais gerando grande amplitude no intervalo de confiança (θP= -0,013 a 0,182). Porém, o

teste de Mantel indicou não haver correlação entre as distâncias genéticas e geográficas das

populações (r = -0,056; p = 0,356).

Análise morfométrica multivariada

Os intervalos dos valores encontrados nos caracteres utilizados na análise

morfométrica de B. involutum e B. exaltatum nas populações dos diferentes estados

encontram-se na Tabela 8. Na análise de agrupamento por indivíduos utilizando o

coeficiente de Gower, a grande maioria dos indivíduos constitui um grande grupo, que

pode ser subdividido em três subgrupos principais (Figura 7). O primeiro subgrupo (1) é

constituído exclusivamente por indivíduos das populações de B. exaltatum ocorrentes no

sul e na Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais (E-CAL, E-LAV, E-ITU, E-TAB, E-SCA,

E-NAZ, E-STL, E-CAR) e em São Paulo (E-ATI). O segundo subgrupo (2) é também

formado exclusivamente por indivíduos de B. exaltatum, mas predominantemente pelas

populações ocorrentes na Bahia (E-MUC, E-JAC, E-MC1, E-MC2, E-LEN, E-SEA) e em

Roraima (E-ROR), com apenas três exceções (E-SJA, E-TAB-3 e E-SCA-2). Por outro

lado, o terceiro subgrupo (3) é constituído por indivíduos de B. exaltatum,

predominantemente de algumas populações da Bahia e raros de Minas Gerais, e a maioria

dos indivíduos de B. involutum. Três indivíduos de B. involutum (I-TAB) e um de B.

exaltatum (E-SCA), ambos de Minas Gerais, formam um pequeno grupo (4) mais

diferenciado e que se liga externamente ao grande grupo anterior.

Na PCA apenas os dois primeiros eixos foram estatisticamente significativos, sendo

interpretados. O primeiro eixo acumulou 42,3% da variância, sendo explicado

principalmente pelas variáveis #14, 15, 17, 18 e 19, que correspondem a caracteres de

dimensão do labelo (Tabela 2). O segundo eixo acumulou 19,5% da variação, sendo que

variáveis de largura de sépalas e comprimento lobo mediano do labelo foram as mais

importantes na sua partição (#2, 3, 4, 7 e 16). A representação dos escores dos indivíduos

nos dois primeiros eixos revela a separação no eixo 1 das populações de B. involutum de

Minas Gerais, com exceção de um indivíduo de Grão Mogol, de todas as outras demais

18

(Figura 8). Os indivíduos de B. involutum da Bahia e o indivíduo de Grão Mogol

encontram-se em posição intermediária entre indivíduos de B. involutum de Minas Gerais e

os de B. exaltatum da Bahia, sem qualquer separação conspícua. No eixo 2, pode ser

observada uma pequena separação entre as populações de B. exaltatum dos estados de

Minas Gerais e São Paulo das populações da Bahia e Roraima, com ocorrência de algumas

sobreposições.

Na CVA, dos oito possíveis eixos calculados, apenas os quatros primeiros foram

estatisticamente significativos. No primeiro eixo canônico pode ser observada a separação

das populações de B. exaltatum de Minas Gerais como um grupo distinto das populações

deste táxon da Bahia e de Roraima, e também distinto de B. involutum (Figura 9A),

principalmente pelo menor tamanho do labelo e do ístimo e maior largura da sépala dorsal

e (#2, 13, 16, 20 e 22; Tabela 2). O segundo eixo separa B. exaltatum da Bahia de B.

involutum e da população de Roraima, sendo que apenas um indivíduo de Jacobina se

posiciona mais próximo ao centróide dos dois grupos de B. involutum. Os indivíduos do

grupo de Roraima encontram-se numa posição intermediária entre os B. involutum e os B.

exaltatum da Bahia. Comprimento das sépalas, ângulo do ápice da sépala dorsal,

comprimento do istmo e largura entre lobos do labelo são os caracteres que mais

contribuíram para a discriminação de grupos neste eixo (# 1, 4, 5, 15 e 20; Tabela 2). Os

eixos canônicos um e dois acumularam respectivamente 47,3 e 23,7% da variação.

O terceiro eixo canônico (Figura 9B) separa o grupo de Roraima dos B. involutum

da Bahia e este dos B. involutum de Minas Gerais. Neste mesmo eixo, pode ser observada a

separação dos dois grupos de B. exaltatum de Minas Gerais. Este eixo está

predominantemente relacionado a características de comprimento das sépalas, largura da

pétala, comprimento do lobo mediano do labelo e largura entre lobos (#1, 5, 10, 15 e 16),

todos positivamente correlacionados com o eixo. A separação entre os B. involutum da

Bahia e de Minas Gerais também pode ser percebida no quarto eixo canônico, sendo que

ângulo do ápice, comprimento e largura da pétala, comprimento do labelo e largura do lobo

mediano (# 9, 10, 12, 14 e 17) são as características que mais influenciam essa separação.

Os eixos três e quatro acumularam respectivamente 11,7 e 6,6% da variação.

Apenas os grupos formados por populações de B. exaltatum da Bahia tiveram

alguns indivíduos classificados incorretamente na análise de discriminantes. Porém, estas

classificações incorretas ocorreram entre os próprios grupos deste táxon da Bahia, exceto

um indivíduo de Jacobina, classificado como B. involutum-BA. Dos nove indivíduos do

grupo F.Doido, um foi classificado como sendo do grupo Morrão e um do grupo Serra do

19

Sincorá; dos 10 indivíduos do grupo Morrão, um foi classificado como F.Doido; do grupo

Serra do Sincorá, um indivíduo foi classificado como F.Doido.

A análise de agrupamento dos centróides dos grupos utilizando a distância de

Mahalanobis revelou a formação de quatro grupos principais (Figura 10), um contendo os

B. exaltatum de Minas Gerais, outro constituído exclusivamente por B. exaltatum de

Roraima, outro por B. exaltatum da Bahia e o último por B. involutum de Bahia e Minas

Gerais.

20

Tabela 1. Identificação, localização geográfica e número de indivíduos coletados e utilizados nas análises genéticas e morfométricas das 33

populações de B. sanderianum, B. weddellii, B. involutum e B. exaltatum estudadas. Nas análises morfométricas, adicionalmente foram utilizados

indivíduos de B. exaltatum coletados em populações em São Tomé das Letras-MG (E-STL1 indiv.), na Serra do Japi em Jundiaí-SP (E-SJA; 1

indiv.) e na Serra do Caraça em Catas Altas-MG (E-SCA; 3 indiv.). Voucher’s foram depositados no acervo dos herbários HUEFS (1) e UEC (2).

População Município Localidade Localização Nº indivíduos Voucher

genética morf.

B. sanderianum

S-PE Brejo de Madre de Deus - PE Fazenda Bituri 8º11'49,4"S; 36º24'19,3"W 12 - P.L. Ribeiro 1401

S-BA Rui Barbosa - BA Serra do Orobó 12º18'3"S; 40º28'41,9"W 24 - P.L. Ribeiro 1761

B. weddellii

W-MU1 Mucugê - BA Parque Municipal 13º43'0"S; 41º24'0"W 15 - C. Azevedo 1881

W-MU2 Mucugê - BA Serra da Tesoura 13º8'13"S; 41º20'21"W 12 - E.L. Borba 19341

W-MU3 Mucugê - BA Pousada Pé de Serra 13º0'16"S; 41º22'12"W 14 - E.L. Borba 19421

W-CIP Santana do Riacho - MG Serra do Cipó 19º14'50"S; 43º30'40"W 17 -

B. involutum

I-MUC Mucugê - BA Pousada Pé de Serra 13º0'16"S; 41º22'12"W 20 3 E.L. Borba 19431

I-RCO Rio de Contas – BA Fazenda Vacaro 13º31'55,8"S; 41º52'15,8"W 11 5

I-CAB Joaquim Felício - MG Serra do Cabral 17º41'34,25"S; 44º11'56"W 20 2

I-TAB Conc. do Mato Dentro - MG Tabuleiro 19º05'9,8"S; 43º33'59"W 13 3 P.L. Ribeiro 1741

I-MOG Grão Mogol - MG 16º33'34"S; 42º53'23"W 14 1

I-BOT Botumirim - MG 16º52'20"S; 43º0'39"W 18 -

I-CIP Santana do Riacho - MG Serra do Cipó 20º29'59"S; 43º51'28"W 15 - E.L. Borba 1502

21

B. exaltatum

E-ATI Atibaia - SP Pedra Grande 23º7'1"S; 46º33'1"W 13 1

E-CAB Joaquim Felício - MG Serra do Cabral 17º41'34,2"S; 44º11'56"W 17 -

E-TAB Conc. do Mato Dentro - MG Tabuleiro 19º05'9,8"S; 43º33'59"W 13 5 P.L. Ribeiro 1751

E-RPR Rio Preto - MG 21º45'51"S; 42º21'1"W 13 -

E-CAR Carrancas - MG Pedreira do Guilherme 21º30'28"S; 43º33'0"W 20 3 C.v.d. Berg 13091

E-NAZ Nazareno - MG 21º12'59"S; 44º36'41"W 15 1

E-ITU Itutinga - MG 21º17'53"S; 44º39'28"W 18 7

E-CAN São Roque de Minas - MG Serra da Canastra 20º13'35"S; 46º27'6"W 20 -

E-CAL Caldas - MG Pedra Branca 21º56'06"S; 46º23'57"W 21 2 C.v.d. Berg 12851

E-LAV Lavras - MG 21º19'58"S; 44º58'23"W 20 3

E-TIR Tiradentes - MG Serra de São José 21º6'37"S; 44º10'41"W 11 -

E-JUS Jussari - BA Serra do Teimoso 15º11'29"S; 39º29'43"W 20 1 E.C. Smidt 3081

E-LEN Lençóis - BA Mucugezinho 12º27'49,6"S; 41º25'6,8"W 27 2

E-SEA Seabra - BA Palmeira dos Mendes 12º25'39,7"S; 41º59'44,8"W 26 4 P.L. Ribeiro 921

E-MC1 Morro do Chapéu – BA Morrão 11º41'0"S; 41º1'0"W 24 8 P.L. Ribeiro 261

E-MC2 Morro do Chapéu - BA Cachoeira do Ferro Doido 11º37'31"S; 40º59'59"W 24 10 P.L. Ribeiro 96

E-MC3 Morro do Chapéu - BA Cachoeira do Ferro Doido

(epífita)

11º37'22,3"S; 40º59'47,5"W 17 4 L.P. Queiroz 77081

E-MUC Mucugê - BA Fazenda Horacinópolis 13º00'42,6"S; 41º24'46,6"W 27 3 P.L. Ribeiro 1051

E-JAC Jacobina - BA 11º3'S; 40º39' W 24 5 E.L. Borba 19851

E-ROR Pacaraima - RR Serra do Cavalo 4º31'63,7"N; 60º59'79"W 26 3 J.B. Silva 14251

22

Tabela 2. Caracteres morfológicos utilizados na análise morfométrica de indivíduos de B. involutum e B. exaltatum, e amplitude dos valores

encontrados (em milímetros) em ambas espécies nos estados de ocorrência; RR = Roraima; BA = Bahia; MG = Minas Gerais.

Caracter B. exaltatum

RR n=3 B. exaltatum

BA n=32 B. exaltatum

MG n=28 B. involutum

MG n=8 B. involutum

BA n=6

Sépala dorsal 1. Comprimento 98-108 64-127 72-117 101-149 96-120

2. Largura 1/3 27-30 22-40 33-52 33-44 33-41

3. Largura 2/3 13-15 10-27 14-30 16-23 12-20

4. Ângulo do ápice 29-35 10-45 32-66 26-34 24-39

Sépalas laterais 5. Comprimento 99-111 58-137 68-119 111-148 98-112

6. Largura 1/3 28-34 22-43 30-49 36-45 31-46

7. Largura 2/3 10-17 8-25 12-31 17-26 16-25

8. Ângulo de curvatura (assimetria) 9-11 4-27 4-15 5-25 9-17

Pétalas 9. Comprimento 44-46 28-48 26-48 41-57 34-47

10. Largura 1/3 17-21 8-21 12-20 20-25 14-23

11. Largura 2/3 10-15 5-16 8-13 14-24 14-20

12. Ângulo do ápice 32-48 23-60 23-34 33-58 39-77

13. Presença de cílios na margem Sim 66% Sim Sim Sim Sim

Labelo 14. Comprimento 44-60 40-77 48-67 81-94 65-70

15. Largura entre lobos 18-28 11-31 12-27 31-35 27-38

23

16. Comprimento do lobo mediano 27-32 30-52 24-43 42-52 31-41

17. Largura do lobo mediano distendido 20-31 15-36 11-32 26-36 25-33

18. Comprimento do calo 15-27 18-38 22-36 43-49 31-38

19. Largura do calo 3-10 5-12 7-11 11-13 10-12

20. Comprimento do istmo (região entre os aurículos e o lobo mediano)

4-6 1-19 3-22 21-29 8-26

21. Terminação do calo (0- retusa; 1- reto; 2- atenuada)

Atenuada 0= 16%, 1=40%, 2=44%

0=61%, 1=39% 0=50%, 1=50% 0=87%, 1=13%

22. Altura dos aurículos 8-16 12-20 15-23 18-22 17-19

23. Largura dos aurículos 6-12 7-13 7-15 11-15 8-20

24. Pilosidade da margem do lobo mediano (0- glabro; 1- piloso)

Glabro 0=84%, 1=16% 0=83%, 1=17% Glabro 0=87%, 1=13%

25. Base do lobo mediano (0- atenuada; 1- truncada; 2- hastada)

Atenuada 0=66%, 1=34% 0=90%, 1=10% 0=16%, 1=66%, 2=16%

1=62%, 2=38%

26. Margem lateral do lobo mediano (0- lisa; 1- ondulada; 2- involuta; 3- revoluta; 4- conduplicada)

Ondulada 0=19%, 1=28%, 2=53%

0=57%, 1=7%, 2=14%, 3=18%,

4=3%

0=16%, 1=16%, 2=66%

1=50%, 2=50%

27. Margem apical do lobo mediano (0- lisa; 1- ondulada)

Ondulada 0=53%, 1=47% 0=82%, 1=18% 0=33%, 1=66% 0=13%, 1=87%

24 Tabela 3. Freqüência alélica em nove loci aloenzimáticos em 33 populações de B. sanderianum, B. weddellii, B. involutum e B. exaltatum. Veja

Tabela 1 para nomes das populações. N = número de indivíduos amostrados.

B. sanderianum B. weddellii B. involutum Locus Alelo S-PE S-BA W-MU1 W-MU2 W-MU3 W-CIP I-MUC I-RCO I-CAB I-TAB I-MOG

(N) 12 17 15 12 14 17 19 11 13 8 14 79 - - - - - - - - - - - 85 - 0,147 0,133 0,250 1,000 - - 0,091 0,154 0,063 0,250 95 0,042 0,176 0,333 0,083 - 0,971 0,105 0,045 0,500 0,625 0,500

100 0,958 0,676 0,533 0,667 - 0,029 0,895 0,864 0,346 0,313 0,250

SKDH

108 - - - - - - - - - - - (N) 9 9 15 12 14 11 14 9 17 8 14 70 - - 0,033 0,083 0,036 - - - - - - 90 - - - - - - - - - - -

100 - 0,444 0,967 0,967 0,964 0,591 0,591 0,222 0,882 0,875 0,607 105 0,889 0,333 - - - 0,318 0,318 0,778 0,118 0,125 0,143

IDH

115 0,111 0,222 - - - 0,091 0,091 - - - 0,250 (N) 12 21 10 12 14 15 19 9 17 8 12 95 - - - - - - - 0,278 0,206 0,250 -

100 1,000 0,905 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,722 0,794 0,750 0,917 DIA-2

110 - 0,095 - - - - - - - - 0,083 (N) 12 24 11 12 14 15 20 10 17 8 14 50 - - 0,409 0,542 0,357 - - 0,050 - - - 90 - - - - - - - 0,050 0,029 - -

100 1,000 1,000 0,591 0,458 0,643 0,900 1,000 0,700 0,971 1,000 0,929 105 - - - - - - - - - - 0,071

DIA-1

122 - - - - - 0,100 - 0,200 - - - (N) 12 23 15 12 14 16 20 11 19 13 14 90 - - - - - - - - - - -

100 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,846 0,607 110 - - - - - - - - - 0,154 0,393

MDH-2

120 - - - - - - - - - - - (N) 12 23 15 11 14 17 20 11 20 13 14 80 - - - 0,091 - - - - 0,050 0,077 - 85 - - - - - 0,206 - - 0,050 - 0,250 93 - - 0,933 0,909 1,000 0,794 0,575 0,364 0,600 0,923 0,750

100 1,000 1,000 0,067 - - - 0,425 0,636 0,300 - -

MDH-1

108 - - - - - - - - - - - (N) 10 14 8 12 11 17 15 6 8 13 11 85 0,350 0,143 - - - 0,206 - 0,333 - 0,192 0,227 95 - - 0,375 0,417 0,091 0,412 - - 0,625 0,308 -

100 0,650 0,857 0,625 0,583 0,909 0,382 1,000 0,667 0,375 0,500 0,773 LAP

113 - - - - - - - - - - - (N) 12 21 11 12 12 12 14 11 20 13 9 75 - 0,024 - - 0,083 - 0,071 0,136 0,100 0,038 0,167 92 - - - - - - - - - - -

100 1,000 0,976 1,000 1,000 0,917 1,000 0,929 0,864 0,900 0,962 0,611 EST

108 - - - - - - - - - - 0,222

25 (N) 10 13 5 12 14 17 16 11 17 9 12 100 1,000 0,692 1,000 1,000 1,000 0,882 1,000 1,000 1,000 0,889 1,000 110 - 0,308 - - - 0,118 - - - 0,111 - 6PGD

120 - - - - - - - - - - -

26 Tabela 3. Continuação.

B. involutum B. exaltatum Locus Alelo I-BOT I-CIP E-ATI E-CAB E-TAB E-RPR E-CAR E-NAZ E-ITU E-CAN E-CAL

(N) 17 15 13 16 11 11 20 14 17 12 13 79 - - - - - - - - - - - 85 - 0,033 0,538 0,563 - 0,364 0,075 0,250 0,441 0,375 0,115 95 1,000 0,600 - 0,063 - 0,182 - 0,429 - 0,333 0,577 100 - 0,367 0,462 0,375 1,000 0,273 0,925 0,321 0,559 0,167 0,308

SKDH

108 - - - - - 0,182 - - - 0,125 - (N) 16 10 13 15 11 11 16 11 13 18 20 70 - - - - - - - - - - - 90 - - - 0,033 - - - - 0,231 - - 100 0,219 0,200 0,077 0,433 0,545 0,227 1,000 0,545 0,769 0,750 1,000 105 0,313 0,800 0,923 0,533 0,182 0,409 - 0,455 - 0,250 -

IDH

115 0,469 - - - 0,273 0,364 - - - - - (N) 18 12 13 17 13 7 10 9 13 9 16 95 - 0,125 - - - - - - - - 0,031 100 1,000 0,875 1,000 1,000 1,000 1,000 0,900 0,778 0,923 1,000 0,719

DIA-2

110 - - - - - - 0,100 0,222 0,077 - 0,250 (N) 18 15 13 17 13 13 19 15 17 20 20 50 0,194 - - - - - - - - - - 90 - - - 0,147 - - - - - - - 100 0,750 1,000 1,000 0,853 1,000 1,000 1,000 1,000 0,941 1,000 1,000 105 - - - - - - - - 0,059 - -

DIA-1

122 0,056 - - - - - - - - - - (N) 18 15 13 17 13 13 11 15 17 20 21 90 0,194 - - - - - - - 0,029 - 0,024 100 0,806 1,000 0,923 0,941 0,885 0,577 0,818 0,833 0,971 0,950 0,929 110 - - 0,077 0,059 0,115 0,192 - 0,167 - 0,050 0,048

MDH-2

120 - - - - - 0,231 0,182 - - - - (N) 17 15 11 16 13 13 13 14 16 20 19 80 - 0,067 - - - - - 0,071 - - - 85 - - - - - - 0,231 - 0,063 - 0,026 93 0,853 0,900 1,000 1,000 0,885 0,692 0,615 0,643 0,906 0,525 0,632 100 0,147 0,033 - - 0,115 0,308 0,154 0,286 - 0,400 0,263

MDH-1

108 - - - - - - - - 0,031 0,075 0,079 (N) 17 10 13 13 12 12 8 6 16 18 15 85 0,235 0,100 0,077 0,077 0,292 0,542 - 0,333 0,281 0,417 0,033 95 0,265 0,100 - 0,077 - - 0,125 0,417 - 0,278 0,333 100 0,500 0,800 0,923 0,846 0,708 0,458 0,875 0,250 0,719 0,306 0,633

LAP

113 - - - - - - - - - - - (N) 16 10 11 16 13 6 19 13 12 7 17 75 0,062 - - - - - - - - - - 92 - - - - - - - 0,077 - - - 100 0,938 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0,846 1,000 1,000 1,000

EST

108 - - - - - - - 0,077 - - - (N) 18 15 9 15 13 8 18 13 15 17 13 100 0,833 1,000 0,556 1,000 0,731 0,813 0,833 0,846 0,667 0,941 1,000 110 0,056 - 0,444 - - - - 0,154 - - - 6PGD

120 0,111 - - - 0,269 0,188 0,167 - 0,333 0,059 -

27 Tabela 3. Continuação.

Bulbophyllum exaltatum Locus Alelo E-LAV E-TIR E-JUS E-LEN E-SEA E-MC1 E-MC2 E-MC3 E-MUC E-JAC E-ROR

(N) 20 10 12 25 25 24 23 17 22 21 26 79 - 0,050 - - - 0,021 - - - 0,024 - 85 - - 0,458 0,060 0,200 0,271 0,109 0,088 0,591 0,143 1,000 95 0,225 0,500 - 0,100 0,220 0,104 0,239 0,059 0,136 0,238 - 100 0,775 0,450 0,542 0,580 0,260 0,604 0,587 0,794 0,227 0,524 -

SKDH

108 - - - 0,260 0,320 - 0,065 0,059 0,045 0,071 - (N) 19 8 15 19 22 22 14 13 20 23 23 70 - - - - - - - - - - - 90 0,053 0,165 - - - - - - 0,025 - - 100 0,632 0,875 0,900 0,711 0,818 0,773 0,571 0,423 0,775 0,739 0,783 105 0,316 - 0,100 0,263 0,182 0,227 0,429 0,577 0,200 0,261 0,087

IDH

115 - - - 0,026 - - - - - - 0,130 (N) 17 10 10 23 26 23 13 10 17 21 25 95 - 0,100 - 0,239 0,077 - 0,077 - 0,118 - - 100 1,000 0,900 1,000 0,761 0,923 1,000 0,923 1,000 0,588 1,000 1,000

DIA-2

110 - - - - - - - - 0,294 - - (N) 20 10 16 27 26 24 23 17 25 21 26 50 - - - - - - - - - 0,286 0,058 90 - 0,050 0,250 0,074 0,077 - 0,130 - - 0,048 - 100 1,000 0,900 0,750 0,926 0,923 1,000 0,870 1,000 1,000 0,667 0,865 105 - 0,050 - - - - - - - - -

DIA-1

122 - - - - - - - - - - 0,077 (N) 20 10 19 27 25 24 19 17 25 24 26 90 0,075 0,150 - - - - - - - - 0,019 100 0,750 0,700 1,000 0,833 0,960 1,000 1,000 0,882 1,000 1,000 0,981 110 0,175 0,150 - 0,148 0,040 - - 0,118 - - -

MDH-2

120 - - - 0,019 - - - - - - - (N) 19 7 15 19 26 24 18 17 24 24 26 80 - - - - - - - - - - - 85 - - - - - - 0,194 - - - 0,250 93 1,000 0,929 0,300 0,289 0,115 0,729 0,167 0,414 0,167 0,479 0,750 100 - - 0,700 0,711 0,731 0,271 0,639 0,529 0,833 0,521 -

MDH-1

108 - 0,071 - - 0,154 - - 0,059 - - - (N) 20 9 3 11 16 18 15 16 12 23 25 85 0,525 0,167 0,333 0,364 0,625 - - 0,125 0,250 0,109 0,640 95 0,175 0,111 - 0,182 - - 0,333 0,406 0,167 0,109 0,240 100 0,300 0,722 0,667 0,455 0,375 1,000 0,600 0,469 0,583 0,674 0,120

LAP

113 - - - - - - 0,067 - - 0,109 - (N) 15 10 12 12 15 22 20 15 12 19 20 75 0,133 - - - 0,033 - 0,050 0,067 - 0,053 0,075 92 - - - - - - - - - - - 100 0,867 1,000 1,000 1,000 0,967 1,000 0,950 0,933 1,000 0,947 0,925

EST

108 - - - - - - - - - - - (N) 20 10 8 17 19 22 15 16 12 19 23 100 0,700 1,000 1,000 0,647 0,579 0,841 0,967 0,969 1,000 1,000 0,978 110 0,125 - - 0,235 0,316 0,114 0,033 0,031 - - - 6PGD

120 0,175 - - 0,118 0,105 0,045 - - - - 0,022

28

Tabela 4. Variabilidade genética em nove loci aloenzimáticos em 33 populações de B.

sanderianum, B. weddellii, B. involutum e B. exaltatum. Veja Tabela 1 para nomes das

populações. N = tamanho médio da amostra por locus; A = número médio de alelos por

locus; P = proporção de loci polimórficos (critério 0,95); Ho = heterozigosidade média

observada e He = heterozigosidade média esperada (Nei, 1978; "unbiased estimate").

População N A P Ho He B. sanderianum

S-PE 11,2 1,3 22,2 0,020 0,086 S-BA 18,3 1,9 55,6 0,073 0,234

B. weddellii W-MU1 11,7 1,7 44,4 0,088 0,201 W-MU2 11,9 1,7 55,6 0,083 0,207 W-MU3 13,4 1,4 33,3 0,090 0,098 W-CIP 15,2 1,9 55,6 0,078 0,225

B. involutum I-MUC 17,4 1,4 44,4 0,033 0,149 I-RCO 9,9 2,1 77,8 0,166 0,306 I-CAB 16,4 2,1 66,7 0,069 0,276 I-TAB 10,3 2,1 77,8 0,096 0,280 I-MOG 12,7 2,2 88,9 0,054 0,372 I-BOT 17,2 2,2 77,8 0,146 0,301 I-CIP 13,0 1,9 55,6 0,046 0,182

B. exaltatum E-ATI 12,1 1,6 55,6 0,017 0,165 E-CAB 15,8 1,9 55,6 0,028 0,195 E-TAB 12,4 1,7 55,6 0,053 0,210 E-RPR 10,4 2,1 66,7 0,123 0,370 E-CAR 14,9 1,8 66,7 0,121 0,192 E-NAZ 12,2 2,3 88,9 0,083 0,404 E-ITU 15,1 2,0 77,8 0,100 0,250 E-CAN 15,7 2,1 66,7 0,141 0,287 E-CAL 17,1 2,2 55,6 0,074 0,244 E-LAV 18,9 2,1 66,7 0,119 0,291 E-TIR 9,3 2,2 77,8 0,095 0,254 E-JUS 12,2 1,6 55,6 0,039 0,229 E-LEN 20,0 2,6 88,9 0,076 0,382 E-SEA 22,2 2,4 77,8 0,066 0,332 E-MC1 22,6 1,8 44,4 0,089 0,179 E-MC2 17,8 2,3 77,8 0,079 0,303 E-MC3 15,3 2,2 66,7 0,087 0,273 E-MUC 18,8 2,1 55,6 0,055 0,268 E-JAC 21,7 2,3 66,7 0,167 0,297 E-ROR 24,4 2,1 55,6 0,051 0,195

29

Tabela 5. Resumo da Estatística F (Wright, 1978) e fluxo gênico Nm (W e S) para 33 populações de B. sanderianum, B. weddellii, B. involutum e

B. exaltatum estudadas. FIS = coeficiente de endogamia. FST = coeficiente de estruturação genética. Nm (W) calculado a partir do FST e Nm (S)

calculado a partir da freqüência de alelos privados.

FIS FST Locus

B. sanderianum B. weddellii B. involutum B. exaltatum B. sanderianum B. weddellii B. involutum B. exaltatum

SKDH 0,027 0,712 0,638 0,489 0,095 0,576 0,332 0,253

IDH 1,000 0,522 0,879 0,872 0,236 0,182 0,318 0,250

DIA2 --- -0,117 -0,007 0,605 --- 0,143 0,139 0,140

DIA1 1,000 --- 0,828 0,926 0,050 --- 0,107 0,171

MDH2 --- 0,523 0,762 0,673 --- 0,093 0,215 0,331

MDH1 --- --- 0,521 0,412 --- --- 0,225 0,118

LAP 0,563 0,967 0,695 0,785 0,058 0,123 0,189 0,206

EST -0,024 -0,091 0,297 0,199 0,012 0,064 0,111 0,071

6PGD 1,000 1,000 1,000 0,756 0,182 0,091 0,095 0,184

Média 0,693 0,517 0,658 0,676 0,145 0,269 0,232 0,230

Nm(W) 0,368 0,362 0,608 0,755

Nm(S) 0,220 0,474 0,480 1,358

30

Tabela 7. Matriz de identidade genética média ("unbiased genetic identity"; Nei, 1978) entre populações de quatro espécies do complexo

Bulbophyllum exaltatum, ocorrentes no Brasil. Valores entre parênteses correspondem ao intervalo dos valores para pares de populações.

Espécie Nº pops. B. sanderianum B. weddellii B. involutum B. exaltatum

B. sanderianum 2 0,950 (0,950-0,950)

B. weddellii 4 0,735 (0,630-0,800) 0,905 (0,814-1,000)

B. involutum 7 0,829 (0,723-0,975) 0,877 (0,740-0,971) 0,894 (0,778-0,981)

B. exaltatum 20 0,851 (0,666-0,961) 0,877 (0,771-0,971) 0,890 (0,745-0,996) 0,905 (0,763-0,992)

31

Figura 1. Flores de Bulbophyllum sanderianum de populações de Pernambuco (A) e Bahia

(B), B. weddellii de Minas Gerais (C), B. involutum da Bahia (D) e Minas Gerais (E-G) e

B. exaltatum de Minas Gerais (H-L). A, S-BA; B, S-PE; C, W-CIP; D, I-RCO; E, I-CAB;

F, I-TAB; G, I-CIP; H, E-CAB; I, E-TAB; J, E-RPR; K, E-NAZ; L, E-ITU. Veja Tabela 1

para nomes das populações.

32

Figura 2. Flores de Bulbophyllum exaltatum de populações de Minas Gerais (A-B), Bahia

(C-I) e Roraima (J-K). A, E-CAN; B, E-LAV; C, E-JUS; D, E-LEN; E e F, E-SEA; G, E-

MC2; H, E-MC3; I, E-JAC; J e K, E-ROR; L, flores de B. involutum (esquerda;

Diamantina-MG) e B. exaltatum (direita; Seabra-BA). Veja Tabela 1 para nomes das

populações.

33

Figura 3. Mapa de distribuição das 33 populações de B. exaltatum (E-), B. involutum (I-),

B. sanderianum (S-) e B. weddellii (W-) estudadas. As regiões evidenciadas apresentam

campo rupestre como tipo vegetacional predominante acima de 1000 m alt. Veja Tabela 1

para nomes das populações.

34

Figura 4. Dendrograma mostrando as relações fenéticas entre 29 populações de B.

sanderianum (S-) (duas pops.), B. involutum (I-) (sete pops.) e B. exaltatum (E-) (20

pops.), baseada em nove loci aloenzimáticos. Construído utilizando a matriz de distância

genética de Nei (1978; "unbiased genetic distance") e UPGMA como algoritmo de

agrupamento. Correlação cofenética = 0,612. Veja Tabela 1 para nome das populações.

I-CAB E-CAL I-TAB E-TIR E-NAZ E-CAN I-MOG E-RPR E-ITU E-TAB E-LAV I-CIP E-ATI E-CAB S-PE I-RCO E-LEN E-SEA S-BA E-MUC I-MUC E-MC1 E-CAR E-JUS E-JAC E-MC2 E-MC3 I-BOT E-ROR

0.000.020.040.060.080.16 0.12 0.08 0.04 0.00

I-CAB E-CAL I-TAB E-TIR E-NAZ E-CAN I-MOG E-RPR E-ITU E-TAB E-LAV I-CIP E-ATI E-CAB S-PE I-RCO E-LEN E-SEA S-BA E-MUC I-MUC E-MC1 E-CAR E-JUS E-JAC E-MC2 E-MC3 I-BOT E-ROR

0.000.020.040.060.080.16 0.12 0.08 0.04 0.00

35

Figura 5. Árvore de neighbor-joining de 29 populações de B. sanderianum (S-) (duas

pops.), B. involutum (I-) (sete pops.) e B. exaltatum (E-) (20 pops.), baseada em nove loci

aloenzimáticos e construída utilizando a matriz de distância genética de Nei (1978;

"unbiased genetic distance"). Veja Tabela 1 para nome das populações.

I-CAB E-CAL

I-TAB E-TIR

I-MOG I-BOT

I-CIP E-RPR

E-NAZ E-CAN

E-ROR E-LAV

E-ATI E-CAB

E-ITU E-TAB

E-CAR E-MC1

I-MUC E-JAC

E-JUS E-MUC

E-LEN E-SEA

E-MC3 E-MC2

S-BA S-PE

I-RCO

0.01

36

Figura 6. Representação gráfica das freqüências alélicas do locus MDH-1 nas populações

de B. exaltatum (E-), B. involutum (I-) e B. sanderianum (S-) estudadas. Note a inversão na

freqüência relativa dos alelos 93 e 100 entre as populações ocorrentes em Minas Gerais e

Bahia (exceto I-MUC e E-MC1). Veja Tabela 1 para nomes das populações.

37

Figura 7. Dendrograma mostrando as relações fenéticas entre 77 indivíduos de 24

populações de B. involutum (I-) e B. exaltatum (E-), baseado na análise morfométrica de 27

caracteres morfológicos florais. Construído utilizando o coeficiente de similaridade de

Gower (1971), com UPGMA como algoritmo de agrupamento. As setas indicam os grupos

discutidos no texto.

Gower / UPGMA

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4

I-TAB.2I-TAB.1I-TAB.3

E-SCA.1I-CAB

I-RCO.3I-RCO.4I-RCO.2I-RCO.1I-RCO.5I-MUC.3I-MUC.1E-LEN.2E-MC2.7E-MC2.6E-MC2.5E-MC1.8E-ITU.3

E-MC2.8E-MC2.2E-MC2.1E-MC1.7E-MC1.5E-MC2.3E-SEA.4E-MC2.4

E-MC2.10E-MC1.6

E-JUSI-MUC.2E-JAC.4E-CAR.1

I-MOGI-CAB

E-CAL.2E-MC1.4E-MC1.3E-ROR.2E-ROR.3E-ROR.1E-SEA.3E-SEA.1E-JAC.2E-LEN.1E-JAC.5E-MC2.9E-SEA.2E-JAC.1

E-MUC.3E-MC1.1E-MC1.2E-SCA.2

E-SJAE-MUC.1E-JAC.3

E-MUC.2E-TAB.3E-CAR.2E-CAR.3E-LAV.3

E-STLE-LAV.2E-ITU.1E-ITU.7E-ITU.4E-ITU.5E-ITU.2E-NAZ

E-SCA.3E-TAB.4E-TAB.5E-TAB.2E-TAB.1E-ITU.6

E-ATIE-LAV.1E-CAL.1

1

2

3

4

Gower / UPGMA

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4

I-TAB.2I-TAB.1I-TAB.3

E-SCA.1I-CAB

I-RCO.3I-RCO.4I-RCO.2I-RCO.1I-RCO.5I-MUC.3I-MUC.1E-LEN.2E-MC2.7E-MC2.6E-MC2.5E-MC1.8E-ITU.3

E-MC2.8E-MC2.2E-MC2.1E-MC1.7E-MC1.5E-MC2.3E-SEA.4E-MC2.4

E-MC2.10E-MC1.6

E-JUSI-MUC.2E-JAC.4E-CAR.1

I-MOGI-CAB

E-CAL.2E-MC1.4E-MC1.3E-ROR.2E-ROR.3E-ROR.1E-SEA.3E-SEA.1E-JAC.2E-LEN.1E-JAC.5E-MC2.9E-SEA.2E-JAC.1

E-MUC.3E-MC1.1E-MC1.2E-SCA.2

E-SJAE-MUC.1E-JAC.3

E-MUC.2E-TAB.3E-CAR.2E-CAR.3E-LAV.3

E-STLE-LAV.2E-ITU.1E-ITU.7E-ITU.4E-ITU.5E-ITU.2E-NAZ

E-SCA.3E-TAB.4E-TAB.5E-TAB.2E-TAB.1E-ITU.6

E-ATIE-LAV.1E-CAL.1

1

2

3

4

38

Figura 8. Representação gráfica da dispersão dos indivíduos de B. involutum e B.

exaltatum nos dois primeiros eixos da análise de componentes principais (PCA) de

correlação baseada em 21 caracteres morfológicos florais. São evidenciados o táxon e a

origem por estado dos indivíduos. Percentual de variação acumulado nos dois primeiros

eixos = 61,8% (eixo 1 = 42,3%; eixo 2 = 19,5%).

39

Figura 9. Representação gráfica da dispersão nos quatro primeiros eixos da análise de

variáveis canônicas (CVA), baseada em 21 caracteres morfológicos florais, dos indivíduos

de nove grupos de populações de B. involutum (BI) e B. exaltatum (BE) estabelecidos a

priori por regiões geográficas. Percentual de variação acumulado nos quatro primeiros

eixos 89,4% (eixo1 = 47,3%; eixo 2 = 23,7%; eixo 3 = 11,7%; eixo 4 = 6,6%).

40

Figura 10. Dendrograma mostrando o relacionamento fenético entre nove grupos de

populações de B. involutum (BI) e B. exaltatum (BE) estabelecidos a priori por regiões

geográficas. Construído a partir da distância generalizada de Mahalanobis entre os

centróides dos grupos e utilizando UPGMA como algoritmo de agrupamento, a partir da

análise morfométrica de 21 caracteres morfológicos florais.

41

DISCUSSÃO

Variabilidade genética

As espécies de Bulbophyllum estudadas apresentaram elevados valores de

diversidade genética na maioria das populações, sendo alguns valores similares ou ainda

maiores do que os já encontrados para Orchidaceae (Chung & Chung, 1999; Borba et al.,

2001; Chung et al., 2004; Trapnell et al., 2004). Esses valores são semelhantes na maioria

das populações e maiores do que a média dos valores referidos para espécies com

características similares: monocotiledôneas, herbáceas, dispersas pelo vento e de

reprodução sexual (Hamrick & Godt, 1990). Apesar dos elevados valores de diversidade

genética aqui observados, eles ainda são menores do que os referidos para B. ipanemense

(aqui considerado como B. exaltatum; He 0,369-0,441), e para B. weddellii (He 0,619)

detectados por Farinaci (2001). Outras espécies brasileiras do gênero não pertencentes à

seção Didactyle, B. adiamantinum, B. bidentata, B. epiphytum, B. insectiferum, B.

plumosum, B. regnellii e B. rupicolum, estudadas por M.Azevedo et al. (no prelo), também

apresentaram valores de variabilidade ainda mais elevados do que os encontrados neste

estudo (He 0,391-0,518). As populações estudadas por Farinaci (2001) e a maioria das

populações estudadas por M.Azevedo et al. (no prelo) vivem sob condições ambientais

similares, sendo rupícolas e/ou epífitas de campos rupestres, freqüentemente simpátricas

com as populações deste estudo, polinizadas por moscas e distribuídas em populações

disjuntas. No entanto, os loci mais polimórficos desses dois trabalhos não foram utilizados

neste estudo devido à falta de resolução ou definição das bandas e, possivelmente devido a

isto os valores de variabilidade encontrados tenham sido um pouco mais baixos.

A população S-PE apresentou os menores valores de variabilidade genética

detectados, que podem estar relacionados a características ecológicas desta população,

como o seu tamanho reduzido. Esta população é constituída por apenas 12 indivíduos

encontrados em um único afloramento rochoso de brejo de altitude no estado de

Pernambuco. Neste caso, esta população pode ser de colonização recente, onde a

diversidade genética reduzida seja devido ao pool gênico dos seus fundadores (efeito

fundador), ou ainda, esta população pode ter sofrido redução populacional, e a redução do

tamanho efetivo da população possibilitou a atuação da deriva reduzindo sua diversidade

genética (efeito gargalo) (Tremblay & Ackerman, 2001). Considerando a possibilidade de

42

colonização antiga desta população, o tamanho reduzido e o efeito fundador também

poderiam justificar os baixos valores de diversidade genética encontrados. Indivíduos

dessa espécie crescem sobre rochas nuas sem nenhum tipo de substrato, como também

observado na população do estado da Bahia que apresentou valores mais elevados de

variabilidade, com número maior de indivíduos, que se concentravam na face mais seca da

serra coletada. Baixa variabilidade genética também foi encontrada em uma população de

Mucugê de B. weddellii (W-MU3), com número restrito de indivíduos e localizada em uma

área antropizada, ocorrendo em simpatria com uma população de B. involutum (I-MUC)

que também apresentou baixos valores de variabilidade. A baixa variabilidade genética em

populações urbanas em relação a rurais tem sido referida para outras espécies de orquídeas,

como Epipactis helleborine (L.) Crantz. (Hollingsworth & Dickson, 1997), fortalecendo a

idéia de que a ação antrópica afeta negativamente a variabilidade genética de populações

naturais.

Todas as espécies estudadas encontram-se em populações disjuntas devido à

descontinuidade dos afloramentos rochosos e da Cadeia do Espinhaço, e algumas

populações apresentam um baixo número de indivíduos, o que favorece a ocorrência de

endogamia nessas populações. Os indivíduos também se reproduzem vegetativamente por

crescimento modular e são autocompatíveis (Borba et al., 1999). Mesmo existindo

barreiras mecânicas à autopolinização nestas espécies, esta é do tipo temporal, não

impedindo completamente a ocorrência de autopolinização, devido ao comportamento do

polinizador que permanece por longos períodos na flor, e não previne a geitonogamia entre

ramets do mesmo genet (Borba & Semir, 1999). Nesse contexto, podemos considerar que

altos valores de FIS encontrados estão relacionados a geitonogamia, como observado por

Soliva & Widmer (1999) para a orquídea Gymnadenia conopsea (L.) R. BR. e por Ehlers

& Pedersen (2000) para orquídeas do gênero Epipactis. Segundo M.Azevedo et al. (no

prelo), o fato de todas as populações não apresentarem equilíbrio de HW em pelo menos

um locus é uma evidência de que a dispersão de pólen é espacialmente restrita, o que

concorda com o comportamento dos polinizadores das espécies. Restrição na dispersão de

pólen devido ao comportamento do polinizador e o tamanho efetivo reduzido de muitas

populações são os fatores responsáveis pelo aumento da endogamia que se reflete nos

elevados valores de FIS observados.

Em plantas, a estrutura genética populacional está intimamente relacionada a

fatores como o tamanho efetivo da população, o sistema de reprodução e a dispersão do

pólen e das sementes. No gênero Bulbophyllum, os polinizadores efetivos de algumas das

43

espécies ocorrentes no Brasil são moscas da família Milichiidae (Braga, 1977; Sazima,

1978; Borba & Semir, 1998b). Estas moscas geralmente movimentam-se em distâncias

muito curtas, realizando visitas de longa duração e visitando várias flores de um mesmo

indivíduo, o que favorece a autopolinização e o isolamento de populações.

Conseqüentemente, a redução do fluxo gênico pode levar à diferenciação dessas

populações (Borba & Semir, 1998b; Borba et al., 2001; Farinaci, 2001; Verola, 2002).

Além disso, apesar do tamanho diminuto das sementes em Orchidaceae, alguns autores

demonstraram que a dispersão pelo vento nem sempre contribui para a manutenção do

fluxo gênico entre as populações, uma vez que o estabelecimento das sementes é ocasional

e específico. Em algumas espécies de orquídeas, tais como Brassavola nodosa L. (Murren

& Ellison, 1998), Cymbidium goeringii Rchb.f. (Chung et al., 1998) e Cephalanthera

longibracteata Blume (Chung et al, 2004), demonstrou-se que as sementes geralmente se

estabelecem a curtas distâncias da planta mãe. Neste contexto, e considerando os altos

valores de FIS encontrados, poderia ser esperado que as espécies de Bulbophyllum

estudadas possuam elevada estruturação genética dentro das populações.

A estruturação genética encontrada nas espécies pode ser considerada elevada

quando comparada a outros estudos realizados em Bulbophyllum (Farinaci, 2001;

M.Azevedo et al., no prelo) e em outras orquídeas (Hollingsworth & Dickson, 1997;

Sharma et al., 2000; Ehlers & Pedersen, 2000; Borba et al., 2001) e maior do que os

valores encontrados para espécies polinizadas por animais e com dispersão de sementes

pelo vento (Hamrick & Godt, 1990). A existência de estruturação nas populações de B.

sanderianum, B. weddellii e B. involutum concordam com o baixo número de migrantes

Nm(W e S) encontrados nestas espécies, sendo que altos níveis de fluxo gênico resultam em

baixos níveis de diferenciação genética entre populações.

Em B. exaltatum, apesar da alta estruturação genética, o Nm(S) também foi elevado,

sugerindo a ocorrência de fluxo gênico e concordando com a ampla distribuição e

proximidade geográfica entre as populações deste táxon. A grande redução da estruturação

genética nesta espécie quando consideradas apenas as populações do estado da Bahia pode

ser devido às populações de Minas Gerais estarem mais distantes entre si do que as

populações do estado da Bahia (isolamento por distância; veja Figura 3). Neste caso, a

dispersão de sementes pelo vento a longas distâncias deve ser a forma mais efetiva de

manutenção do fluxo gênico e, conseqüentemente, redução da diferenciação entre as

populações, uma vez que o fluxo gênico de pólen é espacialmente restrito. No entanto, a

fragmentação de habitat é um fator ainda mais expressivo para a diferenciação destas

44

populações.

As espécies estudadas são intercompatíveis (Borba et al., 1999), excluindo-se B.

sanderianum que não possui até o momento a sua biologia reprodutiva e potencialidade de

hibridação estudada. Desta forma, a existência de muitos alelos compartilhados, ocorrência

de algumas populações em simpatria e intercompatibilidade, e como hibridação natural é

conhecida no grupo (Borba & Semir, 1998a; Borba et al., 1999; C.Azevedo et al., no

prelo), possivelmente eventos de hibridação entre os táxons estudados estejam ocorrendo,

contribuindo para a manutenção da elevada identidade genética entre populações não

conspecíficas. Esta hipótese é corroborada pelo desequilíbrio de ligação constatado na

maioria dos loci de todas as populações e pelo agrupamento das populações primariamente

com base na distribuição geográfica por estados de ocorrência ao invés de por afinidade

taxonômica e morfológica. Eventos de hibridação natural são comuns em Orchidaceae

(e.g., Borba & Semir, 1998a; Nielsen, 2000; Klier et al., 1991; Barkman & Simpson, 2002)

e podem gerar um padrão reticulado de agrupamento de populações não conspecíficas,

semelhante ao aqui observado.

Porém este mesmo padrão reticulado de similaridade pode também ser gerado

simplesmente devido a uma baixa diversidade alélica detectada, com todas as populações

de todos os táxons compartilhando um estoque alélico similar, que variam de freqüência

aleatoriamente nas populações. Neste caso, a similaridade na constituição alélica seria

devido a uma diferenciação ainda incipiente entre os táxons (a priori), e não devido à

hibridação (a posteriori). Estes dois mecanismos não são mutuamente excludentes, e

sugerimos que provavelmente estejam atuando simultaneamente neste conjunto de

populações. Outra possibilidade é a limitação do marcador utilizado uma vez que a

variação de aloenzimas reflete apenas uma pequena fração de todos os eventos mutacionais

do DNA (Clegg, 1989). A natureza conservativa dos dados alozímicos, comparado a

RAPDs, ISSRs e outros marcadores baseados em DNA, poderia explicar a baixa

diversidade genética detectada no grupo estudado.

A diferenciação genética das populações de B. exaltatum ocorrentes em Minas

Gerais das populações da Bahia, conforme evidenciado nos dendrogramas e nos valores de

θ para o locus MDH-1, mesmo que com reduzida diferenciação genética média entre os

grupos (θP= 0,058), aparentemente estão relacionadas à principal disjunção da Cadeia do

Espinhaço em duas porções. A norte que constitui a Chapada Diamantina no estado da

Bahia, e a sul que compreende o Planalto de Diamantina em Minas Gerais. Esta disjunção

possui cerca de 300 km de extensão norte-sul e tem sido considerada como uma forte

45

barreira geográfica à migração de espécies de plantas, com aparentemente grande

contribuição na diversificação das plantas nos campos rupestres destas regiões (Giulietti &

Pirani, 1988; Harley, 1988). Várias outras disjunções afetando a distribuição geográfica

nestas formações têm sido freqüentemente associadas à diferenciação genética de

populações em diversos grupos de plantas (Borba et al., 2001; Jesus et al., 2001; Machado,

2004; Lambert et al., 2006a, 2006b; Pereira, 2006). Esta ainda sutil separação genética por

barreiras geográficas nos sugere o início da separação de B. exaltatum em duas linhagens

nas áreas de campos rupestres. Aparentemente, uma terceira linhagem, representada pela

população amazônica (BEROR), também está se diferenciando através de uma disjunção

maior das formações do leste com o norte do Brasil, que além de separadas por uma

distância geográfica maior também estão isoladas por formações florestais localizadas

entre elas. O fluxo gênico entre estas regiões é bastante improvável, e deriva genética pode

ser a responsável pela diferenciação observada, sendo que tal processo pode levar

rapidamente à especiação em pequenas populações isoladas (Levin, 2000). Processo

similar, porém em menor escala, foi observado para outra orquídea miiófila entre

populações da Cadeia do Espinhaço e uma população disjunta ocorrendo em afloramento

rochoso na Mata Atlântica (Borba et al., 2001).

Variabilidade morfológica

Através de observações em campo de diversas populações deste grupo, pudemos

perceber a existência de uma grande variação morfológica dentro das populações, o que é

refletido na análise de agrupamento por indivíduos. Desta forma, como esperado,

distinções claras entre populações e grupos de populações não puderam ser facilmente

encontradas, como observado nas análises de componentes principais e de variáveis

canônicas. Ainda assim, B. involutum de Minas Gerais é o grupo potencialmente mais

distinto morfologicamente, devido principalmente a maiores dimensões do labelo, embora

se assemelhando mais aos indivíduos de B. exaltatum da Bahia do que com os de Minas

Gerais.

Se considerarmos os caracteres diagnósticos de B. involutum destacados na

descrição da espécie (apenas uma flor em antese por inflorescência, flores grandes e

púrpuras, pétalas ovadas com ápice obtuso a rotundo, base do lobo mediano do labelo

truncada a subcordada e com margem involuta; Borba et al., 1998), a maioria destes

caracteres são encontradas entre os indivíduos das populações de B. exaltatum de Minas

46

Gerais e principalmente da Bahia. Além disto, a análise morfológica revelou que essas

características não são constantes nas populações, podendo variar individualmente, ou seja,

alguns indivíduos apresentam um ou mais caracteres diagnósticos dentro das populações.

Uma evidência disto foi o indivíduo da população de Grão Mogol–MG, que na análise de

PCA se posiciona entre B. involutum da Bahia. Como mencionado anteriormente, esta

região apresenta uma composição florística intermediária, devido à sua localização

geográfica intermediária entre as porções principais da Cadeia do Espinhaço da Bahia e

Minas Gerais (Harley, 1995).

As análises de dados morfológicas e a ocorrência destas duas entidades

morfológicas em sintopia em algumas localidades, com a manutenção destas diferenças,

fortalece a confirmação da existência destes dois táxons. Como ocorre em Joaquim Felício,

I-CAB e E-CAB, e Conceição do Mato Dentro, I-TAB e E-TAB, sendo os táxons

separados por eventualmente um metro de distância, e ocasionalmente observado em

outras localidades (e.g., Serra do Caraça-MG, Serra da Piedade-MG). Além disto, esta

afirmação é corroborada por estudos de biologia reprodutiva e de fitoquímica destas

espécies (Borba & Semir, 1998b; Silva et al., 1999).

Porém, a semelhança morfológica encontrada em todas as análises entre indivíduos

de B. involutum e B. exaltatum também sugere a ocorrência eventual de hibridação entre

esses táxons, principalmente nas populações do estado da Bahia. Outras populações como

E-MUC e E-JAC apresentam-se diferenciadas morfologicamente das demais devido a sua

semelhança à B. involutum, principalmente em aspectos de coloração e forma do labelo. Na

verdade, na CVA todas as populações da Bahia foram mais similares a B. involutum do que

às populações de B. exaltatum de Minas Gerais, sendo essa semelhança percebida em

campo e refletida nas determinações incorretas de material de herbário, em especial da

população de Jacobina.

Na CVA, o fato dos grupos de B. exaltatum da Bahia apresentarem classificações

incorretas entre si, fortalece a hipótese de ocorrência de fluxo gênico nas formações de

campos rupestres, mais provavelmente por sementes, entre estas populações, observado

pelo elevado Nm(S) e baixo FST no estado. Por outro lado, a população de Jussari-BA E-

JUS, que ocorre fora da Chapada Diamantina, apresenta algumas características

morfológicas qualitativas que sugerem uma diferenciação desta como: sépalas e pétalas

eretas de coloração verde, lobo mediano do labelo extenso e de cor verde (sendo

predominantemente púrpura nas outras populações). Esta é a única população de hábito

epífita que ocorre em Mata Atlântica, embora não apresente uma maior diferenciação

47

genética nem morfológica quantitativa. Situação contrária ocorreu com a população de B.

exaltatum de Roraima que se diferenciou geneticamente das demais, enquanto que

morfologicamente mostrou-se mais semelhante aos indivíduos da Bahia, se distinguindo

por comprimento das sépalas, largura da pétala e dimensões do labelo.

Todas as análises morfológicas permitem visualizar o que foi anteriormente

comentado em relação a B. exaltatum, de que as populações de Minas Gerais e da Bahia

provavelmente não constituiriam um único táxon (Ribeiro et al., 2005). No entanto,

podemos considerar um reduzido estágio de divergência morfológica entre estes grupos de

populações, refletido principalmente na maior largura da sépala e menor tamanho do labelo

e de seu ístimo, nos representantes de Minas Gerais, que talvez dificulta o reconhecimento

de duas espécies.

Conclusões taxonômicas

Das quatro espécies estudadas duas delas não possuem problemas de delimitação

específica, B. sanderianum e B. weddellii, possuindo um conjunto de caracteres

diagnósticos de fácil reconhecimento e consistentes entre os indivíduos das populações. As

outras duas, B. involutum e B. exaltatum, possuem maiores problemas taxonômicos, de

solução dificilmente consensual, mesmo com o conjunto de dados levantados neste estudo.

A ausência de loci diagnósticos e compartilhamento de maior parte do estoque alélico,

além da similaridade morfológica, sugerem ocorrência de hibridação ou baixa divergência

entre esses táxons, o que reflete na ausência de grupos constituídos apenas por populações

conspecíficas nas análises realizadas. Esses táxons possuem identidade genética que se

enquadra na faixa referida para populações conspecíficas (Crawford, 1989; van der Bank et

al., 2001). Os dados de eletroforese de isoenzimas não sustentam claramente a separação

destes dois táxons. Dados de seqüenciamento de regiões de DNA nuclear e de plastídio

indicam também a baixa divergência entre estas entidades (E.C.Smidt, dados não

publicados). Porém, a distinção morfológica e sua manutenção, mesmo quando em

simpatria e características biológicas (Borba & Semir, 1998b; Silva et al., 1999) sustentam

a separação de duas espécies distintas. O emprego de um marcador molecular com maior

variabilidade, como microsatélites, poderia ajudar a indicar se a baixa diferenciação entre

os dois táxons é devida simplesmente a uma baixa diversidade alélica detectada, com uma

diferenciação ainda incipiente em aloenzimas, ou se devido à ocorrência de hibridação. De

qualquer forma, caso exista hibridação no grupo, esta não deve ocorrer em freqüência

48

muito elevada, uma vez que a distinção morfológica nas populações simpátricas ainda é

mantida.

Com base nos dados genéticos, morfológicos e sobre a biologia das demais espécies

estudadas, podemos concluir que todas as populações consideradas como B. exaltatum

ocorrentes no estado de Minas Gerais e São Paulo devem ser tratadas taxonomicamente

como uma única entidade, não podendo ser reconhecidas mesmo categorias

infraespecíficas. Desta forma, os outros nomes comumente aplicados a estas populações,

B. warmingianum, B. ipanemense e B. geraense, deveriam ser sinonimizados sob B.

exaltatum. Por outro lado, a diferenciação apresentada pelas populações da Bahia em

relação a estas anteriores, confirma a hipótese de estarmos lidando com duas unidades

evolutivas significativamente distintas. Porém, esta separação aparentemente ainda é

incipiente, e a divisão destes dois grupos de populações em duas espécies é de pouca

aplicabilidade taxonômica prática, devido a dificuldades de diagnóstico, principalmente em

material herborizado. Uma revisão taxonômica de todo o gênero para a região Neotropical

encontra-se atualmente em fase final de desenvolvimento (E.C.Smidt, dados não

publicados). Caso a distinção morfológica aqui observada apresente-se consistente nas

demais populações dos táxons envolvidos neste complexo fora das regiões dos campos

rupestres, sugerimos o reconhecimento de duas subespécies em B. exaltatum. Desta forma,

baseado no exame do material tipo destes táxons, as populações de Bahia e da Amazônia

constituiriam a subespécie típica, e, devido à prioridade nomenclatural, as de Minas Gerais

e São Paulo deveriam ser reconhecidas como B. exaltatum subsp. geraense.

49

RESUMO

O complexo taxonômico denominado “Bulbophyllum exaltatum Lindl.”

(Orchidaceae) compreende um grupo de cerca de 15 táxons da seção Didactyle, ocorrentes

em áreas de altitude, onde a maior parte dos problemas taxonômicos ocorrem em torno de

B. involutum, B. ipanemense, B. longispicatum, B. geraense e B. warmingianum. Neste

trabalho, foram realizados estudos de genética de populações utilizando aloenzimas em 33

populações naturais para determinar a variabilidade genética dentro das populações e o

grau de diferenciação destas em algumas espécies de Bulbophyllum pertencentes a este

complexo, e empregados na delimitação de táxons no grupo. Foi também realizada análise

multivariada morfométrica em alguns indivíduos destas populações estudadas, buscando

uma delimitação mais consistente dos táxons neste complexo. A partir destes dados,

procurou-se fornecer subsídios para a definição de padrões de distribuição das espécies

estudadas do complexo B. exaltatum e contribuir para o entendimento dos processos

evolutivos e biogeográficos de espécies ocorrentes na Cadeia do Espinhaço. As populações

das espécies de Bulbophyllum estudadas, denominadas a priori como B. exaltatum, B.

involutum, B. sanderianum e B. weddellii, apresentaram elevada variabilidade genética,

sendo similares ou superiores o anteriormente reportado para Orchidaceae e espécies com

características similares. A distribuição da variação genética total foi similar em todas as

espécies estudadas. Foi detectado alto grau de estruturação genética para as espécies

estudadas indicando que o fluxo gênico é restrito, sendo este detectado somente entre as

populações de B. exaltatum, provavelmente realizado por dispersão de sementes pelo vento

a longas distâncias. A análise aloenzimática revelou que nenhuma das espécies forma um

grupo distinto envolvendo todas as populações conspecíficas, não permitindo uma

delimitação taxonômica clara das espécies deste complexo. Por outro lado, as populações

foram primariamente agrupadas com base em sua região de ocorrência por estados. Apesar

da alta variabilidade e da formação de grupos fundamentados em regiões geográficas, não

há correlação entre distância genética e geográfica entre os táxons estudados.

Possivelmente, eventos de hibridação e/ou diferenciação ainda incipiente entre os táxons

estejam contribuindo para a manutenção da elevada identidade genética entre as

populações, gerando o padrão reticulado de agrupamento de populações não conspecíficas

observado. Dados morfológicos sugerem que as populações de B. involutum de Minas

Gerais constituem um táxon distinto de B. exaltatum. Porém, as populações de ambos os

50

táxons no estado da Bahia apresentam baixa diferenciação. Dados genéticos e

morfológicos indicam que as barreiras geográficas entre Bahia, Minas Gerais e Roraima

favorecem a diferenciação genética e morfológica entre as populações destes estados. O

nome B. exaltatum deve ser aplicado a todas as populações em Minas Gerais

tradicionalmente conhecidas como B. warminginaum, B. ipanemense e B. geraense, sendo

estes sinonimizados sob o primeiro. Bulbophyllum exaltatum é uma espécie de ampla

distribuição e muito variável, mas os resultados encontrados sustentam o reconhecimento

de duas subespécies, a típica compreendendo as populações da Bahia e da Amazônia, e

outra para as populações ocorrentes em Minas Gerais e São Paulo.

51

ABSTRACT

(INFRA- AND INTERSPECIFIC GENETIC AND MORPHOLOGICAL

VARIATION IN THE COMPLEX BULBOPHYLLUM EXALTATUM

(ORCHIDACEAE) OCCURRING IN THE BRAZILIAN “CAMPOS RUPESTRES”:

IMPLICATIONS FOR TAXONOMY AND BIOGEOGRAPHY)

The taxonomic complex of Bulbophyllum exaltatum Lindl. (Orchidaceae) includes

around 15 taxa in section Didactyle which occur mostly in rocky montane areas. Most

taxonomic problems in this group consist of the delimitation of B. involutum, B.

ipanemense, B. longispicatum, B. geraense e B. wamingianum. In the present study, we

carried out population genetic studies using isozyme markers in 33 natural populations, in

order to assess the genetic variation and degree of differentiation in some species

belonging to this complex. We also performed a morphometric analysis in part of the

individuals of the genetic study, using multivariate methods as an attempt to improve

species delimitation. From these data, we tried to gather evidence for defining distribution

patterns of the B. exaltatum complex and contribute for understanding the evolutionary and

biogeographical processes of species from the Espinhaço Range, Brazil. The four species

studied, considered a priori to be B. exaltatum, B. involutum, B. sanderianum and B.

weddellii, displayed high genetic variation, the values being similar or even higher to those

previously reported for Orchidaceae and species with similar features. The distribution of

the total genetic variation was similar among all species. For all species, we detected a

high degree of genetic structure which indicates restrict gene flow. The latter was detected

only among populations of B. exaltatum, and is probably due to long-distance seed

dispersion by wind. In the results of the isozyme analysis, none of the conspecific

populations were grouped in a distinct cluster. Therefore, based on these data it is not

possible a clear taxnomic delimitation within this complex. On the other hand, the

populations clustered primarily based on the state of occurrence. Despite the high variation

and the existence of groups based on geographical regions, there is no correlation between

genetic and geographical distances among the populations. Perhaps, hybridization events

and early differentiation among the taxa contribute to keep the high genetic identity among

the populations, and thus generating the observed reticulate pattern of clustering among

different species. Morphological data suggest that the B. involutum populations in Minas

52

Gerais stand out as a distinct taxon in relation to B. exaltatum. However, the populations of

both taxa in Bahia State displayed low differentiation. Genetic and morphological data

point out that the geographical barriers among Bahia, Minas Gerais and Roraima favoured

genetic and morphological differentiation among between the populations from these

States. Bulbophyllum exaltatum is the oldest name to be applied to the populations from

Minas Gerais generally recognized as B. warminginaum, B. ipanemense and B. geraense,

requiring new synonym under the former. Bulbophyllum exaltatum is a broad, variable

species, but the results of this study give support to the recognition of two suspecies. The

typical one includes the populations from Bahia and the Amazon, wheras the second

should be established for the populations from Minas Gerais and São Paulo.

53

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