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UTILIZAÇÃO DE FATORES DE SENSIBILIDADE BASEADOS NO FLUXO
DE POTÊNCIA LINEARIZADO NA ETAPA DE PROGRAMAÇÃO DIÁRIA
DA OPERAÇÃO DO SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL
Eduardo Ferreira Domingos
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Elétrica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do grau de Engenheiro
Eletricista.
Orientador: Carmen Lucia Tancredo Borges, D.Sc.
Co-orientador: Francisco Carlos Souza de Araújo, M.Sc.
Rio de Janeiro
Março de 2015
UTILIZAÇÃO DE FATORES DE SENSIBILIDADE BASEADOS NO FLUXO DE
POTÊNCIA LINEARIZADO NA ETAPA DE PROGRAMAÇÃO DIÁRIA DA
OPERAÇÃO DO SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL
Eduardo Ferreira Domingos
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DE GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA.
Aprovado por:
_____________________________________________
Prof. Carmen Lucia Tancredo Borges, D.Sc. (UFRJ)
(Orientador)
______________________________________________
Eng. Francisco Carlos Souza de Araújo, M.Sc. (ONS)
(Co-orientador)
_____________________________________________
Prof. Sergio Sami Hazan, Ph.D. (UFRJ)
Dedico este trabalho a Deus e à minha família,
que estiveram ao meu lado nas horas mais difíceis desta graduação.
iv
Domingos, Eduardo Ferreira
Utilização de fatores de sensibilidade baseados no fluxo de
potência linearizado na etapa de programação diária da operação
do Sistema Interligado Nacional/ Eduardo Ferreira Domingos – Rio
de Janeiro: UFRJ/ESCOLA POLITÉCNICA, 2015.
XIV, 70 p.: il.; 29,7cm.
Orientador: Carmen Lúcia Tancredo Borges, D.Sc.
Co-orientador: Francisco Carlos Souza de Araújo, M.Sc.
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/
Departamento de Engenharia Elétrica, 2015.
Referências Bibliográficas p. 70.
I. Borges, Carmen Lúcia Tancredo; Araújo,
Francisco Carlos Souza de.
II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola
Politécnica, Departamento de Engenharia Elétrica.
III. Utilização de fatores de sensibilidade baseados no fluxo
de potência linearizado na etapa de programação diária da
operação do Sistema Interligado Nacional.
v
Agradecimentos
Quero agradecer primeiramente à Deus, pelo dom da vida e por todo amor, graça
e misericórdia a mim demonstrados.
Agradeço aos meus pais, Rita e Elieser, e ao meu irmão Jader, por todo apoio e
incentivo. Sei que não teria chegado até aqui sem suas orações. Amo vocês!
Aos meus companheiros de graduação o meu muito obrigado. Foram cinco anos
de muita luta e esforço, mas estar com vocês tornou o período de graduação mais leve.
Estudar com vocês foi fundamental para o meu crescimento acadêmico.
Agradeço à toda equipe da Gerência de Programação e Desligamentos do ONS.
Muito obrigado por todo aprendizado, apoio e conselhos durante o tempo que passamos
juntos. Gostaria de agradecer ao meu gerente, José Augusto, por ter acreditado em meu
potencial e ter me proporcionado a oportunidade de estagiar no ONS.
Agradeço especialmente ao meu co-orientador Francisco Carlos Souza de
Araújo, por contribuir de forma tão significativa no meu amadurecimento profissional,
por seus ensinos, toda paciência e ajuda durante todas as fases do trabalho.
Agradeço à minha companheira de equipe mensal Janaina, por toda sua ajuda,
atenção e paciência durante todo meu período de estágio no ONS.
Agradeço à minha orientadora professora Carmem, por toda ajuda a mim
dispensada.
À minha família espiritual, Primeira Igreja Batista em São João de Meriti, quero
agradecer cada pessoa que orou por mim e me incentivou durante os anos da
graduação.
À cada pessoa que direta ou indiretamente contribuiu para o meu
amadurecimento pessoal e profissional o meu muito obrigado.
vi
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como
parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro
Eletricista
UTILIZAÇÃO DE FATORES DE SENSIBILIDADE BASEADOS NO FLUXO DE
POTENCIA LINEARIZADO NA ETAPA DE PROGRAMAÇÃO DIÁRIA DA
OPERAÇÃO DO SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL
Eduardo Ferreira Domingos
Março – 2015
Orientador: Carmen Lúcia Tancredo Borges, D.Sc.
Co-orientador: Francisco Carlos Souza de Araújo, M.Sc.
Curso: Engenharia Elétrica
A análise de fluxo de potência para sistemas elétricos tem como objetivo realizar
o cálculo do estado operativo da rede elétrica, para certas condições de carga, geração,
topologia da rede e algumas restrições operativas. O presente trabalho, dentre outros
aspectos, trata da utilização da metodologia do fluxo de potência linearizado na etapa
da programação diária da Operação do Sistema Interligado Nacional (SIN). Durante a
fase de programação diária, o estado da rede é monitorado, sendo verificado o fluxo de
potência ativa em linhas de transmissão e transformadores do sistema, tanto em regime
permanente quanto em emergência diante de contingências, de forma a manter a
segurança elétrica dentro dos padrões de desempenho definidos pelos procedimentos
de rede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O valor estimado do fluxo de
potência ativa no pós-contingência de uma linha de transmissão ou transformador é
calculado mediante a utilização de fatores de sensibilidade em um contexto de
monitoramento e controle.
O presente trabalho apresenta os conceitos principais e a formulação
matemática referente à metodologia do fluxo de potência linearizado, sistemática para
confecção de fatores de distribuição para eventos simples e múltiplos, fatores de
deslocamento de geração e ainda a metodologia utilizada para o monitoramento e
controle do carregamento no pós-contingência em equipamentos de função
transmissão. Por fim, é apresentado um estudo de caso real no qual são expostos todos
vii
os conceitos descritos neste trabalho, incluindo o monitoramento de grandezas de
tempo real contemplando a atuação de um Esquema de Controle Emergência e
reprogramação de geração através do processo de programação da operação do
sistema executado pelo ONS.
Palavras Chave: Sistema de Potência; Fluxo de Potência; Operador Nacional do
Sistema Elétrico; Fatores de sensibilidade; Segurança Elétrica.
viii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial
fulfillment of the requirements for the degree of Electrical Engineer
APPLICATION OF SENSITIVITY FACTORS BASED ON LINEARIZED POWER
FLOW IN DAILY SCHEDULE OF NATIONAL INTERCONNECTED SYSTEM
Eduardo Ferreira Domingos
March - 2015
Advisors: Carmen Lúcia Tancredo Borges, D.Sc.
Francisco Carlos Souza de Araújo, M.Sc.
Course: Electrical Engineer
The power flow analysis for electrical systems aims to perform the calculation of
the operating state of the power grid, for certain load conditions, generation, network
topology and some operational constraints. This study, among other things, deals with
the use of the methodology of the linearized power flow at the stage of daily schedule of
Operation of the National Interconnected System (SIN). During the phase of daily
schedule, the status of the network is monitored and checked for power flow in
transmission lines and transformers system, both in steady state and in front of
emergency contingencies in order to maintain the electrical safety within the performance
standards set by network procedures of the National Electric System Operator (ONS).
The estimated value of active power flow in the post-contingency of a transmission line
or transformer is calculated by using sensitivity factors in the context of monitoring and
control.
This paper presents the key concepts and mathematical formulation regarding
the methodology of the linearized power flow, systematic preparation for distribution
factors for single and multiple events, displacement factors of generation and even the
methodology used for monitoring and control loading post-contingency transmission
function’s equipment. Finally, a real case study is presented in which are exposed all the
concepts described in this paper, including the monitoring of values in real time
ix
contemplating the performance of an Emergency Control Scheme and reprogramming
generation through the operation programming process system run by the ONS.
Keywords: Power System; Power Flow; National Electric System Operator; Sensitivity
factors; Electrical Safety.
x
Sumário
LISTA DE FIGURAS....................................................................................................XII
LISTA DE TABELAS..................................................................................................XIV
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO.....................................................................................01
1.1 – Considerações Gerais...............................................................................01
1.2 – Estrutura do Trabalho................................................................................03
CAPÍTULO 2 – O PROBLEMA DO FLUXO DE POTÊNCIA E MÉTODOS DE
SOLUÇÃO.....................................................................................................................04
2.1 – O contexto referente ao problema do fluxo de potência...........................04
2.2 – A formulação matemática do problema de fluxo de potência...................05
2.3 – Modelagem dos elementos do sistema de potência.................................09
2.4 – Fluxos de potência ativa e reativa fluindo através dos
equipamentos da rede.......................................................................................12
2.5 – Formulação matricial do problema:...........................................................16
2.6 – Método de Newton-Raphson (Newton AC)...............................................18
2.7 - Método do Fluxo de Potência Linearizado (Flow DC).................................20
CAPÍTULO 3 – PRINCÍPIO DE MONITORAMENTO DE FLUXOS NO TEMPO REAL E
METODOLOGIA UTILIZADA NO CÁLCULO DOS FATORES DE SENSIBILIDADE
LINEAR.........................................................................................................................27
3.1 – Monitoramento de fluxos em tempo real para evitar ou
minimizar a possibilidade de sobrecarga no pós-contingência.............27
3.2 – Fator de distribuição de carregamento.......................................................28
3.2.1 – Cálculo dos fatores de superposição para eventos simples..............29
3.2.2 – Cálculo dos fatores de superposição para eventos múltiplos............32
3.3 – Fatores de deslocamento de geração........................................................35
CAPÍTULO 4 – ESTUDO DE CASO: UTILIZAÇÃO DE FATORES DE SENSIBILIDADE
PARA MONITORAMENTO E CONTROLE DO CARREGAMENTO DA
TRANSFORMAÇÃO 765/345 kV – 3 x 1500 MVA DA SUBESTAÇÃO TIJUCO PRETO
NA ETAPA DE PROGRAMAÇÃO DIÁRIA DA OPERAÇÃO........................................41
4.1 - Objetivo......................................................................................................41
4.2 - Motivação e contextualização do problema analisado..............................41
4.3 - Controle atual de carregamento da transformação...................................43
xi
4.4 - Proposta para controle do carregamento da transformação 765/345 kV –
3 x 1500 MVA da SE Tijuco Preto....................................................................51
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO......................................................................................65
APÊNDICE....................................................................................................................67
A.1 – O processo de validação elétrica...............................................................67
A.2 – O trabalho do ONS....................................................................................69
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................70
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1: Ilustração da convenção de sinais adotada na dedução do problema para
injeção de corrente e fluxos...........................................................................................08
Figura 2.2: Equivalente π de uma linha de transmissão...............................................09
Figura 2.3: Equivalente π de um transformador............................................................11
Figura 2.4: Matriz Jacobiana utilizada no cálculo do método de Newton Raphson [1].19
Figura 2.5: Analogia entre a lei de Ohm e a metodologia utilizada no Fluxo de Potência
Linearizado....................................................................................................................22
Figura 2.6: Potência máxima transmitida pelo ramo km no método Flow DC [1]..........22
Figura 3.1: Sistema de Transmissão em 765 kV do SIN...............................................29
Figura 3.2: Parte do Sistema de 440 kV do SIN............................................................37
Figura 4.1: Configuração da transformação 765/345 kV da SE de Tijuco Preto...........42
Figura 4.2: Diagrama do Sistema de Transmissão de 765 kV e configuração da
transformação 765/345 kV da SE de Tijuco Preto........................................................44
Figura 4.3: Geração de Itaipu 60 Hz programado para o dia 12/03/2014.....................46
Figura 4.4: Carregamento dos ATR 765/345 kV da SE Tijuco Preto............................47
Figura 4.5: Comportamento da inequação de monitoramento do ATR-5 765/345 kV –
1500 MVA para a perda do ATR-4 765/345 kV – 1500 MVA e a atuação da lógica 9’
considerando Itaipu 60Hz com 09 unidades geradoras................................................48
Figura 4.6: Comportamento da inequação de monitoramento do ATR-5 765/345 kV –
1500 MVA para a perda do ATR-6 765/345 kV – 1500 MVA e a atuação da lógica 9’
– Itaipu 60 Hz com 9 UGs.............................................................................................49
Figura 4.7: Comportamento da inequação de monitoramento do ATR-6 765/345 kV –
1500 MVA para a perda do ATR-4 765/345 kV – 1500 MVA e a atuação da lógica 9’
– Itaipu 60 Hz com 9 UGs............................................................................................50
Figura 4.8: Comportamento do fluxo de potência ativa nos ATR-5 e ATR-6 765/345 kV
da SE Tijuco Preto com o corte de geração..................................................................53
Figura 4.9: Comportamento do fluxo de potência ativa no ATR-5 para a perda do ATR-
6 765/345 kV com o corte de geração...........................................................................56
Figura 4.10: Comparação do carregamento referente ao o ATR-5 765/345 kV para a
perda do ATR-4 765/345 kV, atuação da lógica 9’ sem e com abertura manual das LT
345 kV Tijuco Preto – Itapeti C-1 e C-2.........................................................................59
Figura 4.11: Comparação do carregamento referente ao ATR-5 765/345 kV para a perda
do ATR-6 765/345 kV, atuação da lógica 9’ sem e com abertura manual das LT 345 kV
Tijuco Preto – Itapeti C-1 e C-2.........................................................................61
Figura 4.12: Comparação do carregamento referente ao ATR-6 765/345 kV para a
xiii
perda do ATR-4 765/345 kV, atuação da lógica 9’ sem e com abertura manual das LT
345 kV Tijuco Preto – Itapeti C-1 e C-2.........................................................................63
xiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Cálculo dos fatores de superposição utilizando o método Newton AC.......30
Tabela 02: Cálculo dos fatores de superposição utilizando o método Flow DC
sem perdas....................................................................................................................31
Tabela 03: Cálculo dos fatores de superposição utilizando o método Flow DC
com perdas....................................................................................................................31
Tabela 04: Cálculo dos fatores de superposição para eventos múltiplos........................34
Tabela 05: Teste para validação dos fatores de distribuição..........................................35
Tabela 06: Monitoramento de fluxo na LT 440kV Jupiá-Taquaruçu................................38
Tabela 07: Monitoramento de fluxo na LT 440kV Jupiá-Taquaruçu para outro ponto
de operação...................................................................................................................40
Tabela 08: Comparação de resultados entre a simulação e o fator de reprogramação de
geração calculado..........................................................................................................40
Tabela 09: Comportamento do carregamento dos ATR-5 e ATR-6 da SE Tijuco Preto
para a perda do ATR-4 765/345 kV...............................................................................52
Tabela 10: Comportamento do carregamento do ATR-5 para a perda do ATR-6 765/345
kV da SE Tijuco Preto....................................................................................................55
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1 - Considerações Gerais
Sabe-se que o ambiente de trabalho em uma sala de controle em qualquer
empresa de energia elétrica demanda um grande esforço intelectual e habilidade
elevada por parte dos operadores. O clima é sempre de muita atenção e bastante
apreensão, pois se tenta ao máximo evitar que eventuais falhas no sistema não
ocasionem danos inadmissíveis em equipamentos, buscando-se manter a continuidade
do suprimento e em casos de atuações de Esquemas Regionais de Alívio de Carga
(ERAC), que haja o menor número possível de estágios de corte de carga.
As contingências no SIN acontecem com frequência, e ocorrem devido a uma
gama diversificada de motivos. As principais são: mau funcionamento em
equipamentos, falta de manutenção, início ou término da vida útil de equipamento,
queimadas sob linhas de transmissão e o clima, que às vezes, devido a descargas
atmosféricas, ocasiona alguma falha na rede gerando algum efeito cascata de
desligamentos múltiplos. Diante de alerta de tempo severo em regiões nas quais se
encontram troncos importantes do sistema de transmissão, os operadores alteram o
ponto de operação do sistema através de reprogramação de geração, de forma que o
sistema passe a suportar contingências múltiplas nos mesmos, por exemplo N-3. Cabe
ressaltar que, normalmente, utiliza-se o critério N-1 na maior parte do SIN, de maneira
que caso ocorra algum desligamento planejado ou desligamento intempestivo, o mesmo
não afete o suprimento de energia, não sobrecarregue os demais ativos da rede, nem
tampouco acarrete subtensões ou sobretensões inadmissíveis.
O processo de programação diária da operação do SIN tem por objetivo definir
um programa de geração e intercâmbios compatível com a otimização energética. Uma
vez definido o programa de geração e intercâmbios, ocorre a validação elétrica [A.1],
que visa antever e minimizar possíveis violações de restrições de regime permanente e
de regime de emergência, diante de contingências que levem o sistema de um estado
seguro para algum outro o estado, ou de alerta, ou de emergência ou em um caso de
extrema severidade. Durante o processo de validação elétrica, são monitorados 48
patamares de carga integralizados de meia em meia hora.
2
Sabe-se que o método de análise de fluxo de potência para sistemas elétricos é
essencial para que haja um planejamento e uma operação adequada do SIN. Dentre
tantos métodos utilizados, o ONS [A.2] optou pela utilização do fluxo de potência
linearizado a fim de informar o estado da rede para uma dada condição de carga,
despacho de geração e topologia do sistema. A razão desta opção se deve à maneira
direta e simplificada do método em calcular o estado da rede aliada à grande quantidade
de pontos de operação a serem calculados. A metodologia de solução utilizada neste
método será apresentada no capítulo 2.
A fim de garantir a segurança elétrica do sistema, a otimização energética e a
minimização da necessidade de reprogramação em tempo real das usinas do sistema,
é necessário que os fluxos de potência ativa em linhas de transmissão e
transformadores estejam abaixo de seus respectivos limites nominais e que ocorra um
monitoramento dos mesmos em contingência em sua maioria dentro do critério N-1,
evitando assim sobrecargas inadmissíveis, minimização de atuações da proteção,
inclusive de Proteção de Perda de sincronismo (PPS). Em casos mais específicos, nos
principais troncos de interligação do sistema, pode-se fazer necessária a adoção de
critérios diferenciados, como o N-2, para prover um grau adicional de segurança,
contemplando inclusive a atuação de alguns Sistemas Especiais de Proteção (SEP).
Em vista disso, este trabalho apresenta a formulação matemática e conceitos
referentes aos métodos de Newton e do fluxo de potência linearizado, aborda também
a confecção de fatores de sensibilidade linear, confecção de fatores de distribuição para
contingências simples e múltiplas, fatores de deslocamento de geração e ainda a
metodologia utilizada pelos engenheiros do ONS para monitorar e controlar o
carregamento dos equipamentos do SIN, de forma que mesmo frente à contingências,
tenha os carregamentos de seus ativos inferiores aos respectivos limites de curta
duração. Por fim, é apresentado um estudo de caso referente a um problema real
enfrentado na operação do SIN, em que foram utilizados os conceitos abordados no
trabalho, incluindo ainda a atuação de uma lógica especial para controle de
carregamento e necessidade de reprogramação de geração através do processo de
validação elétrica executado pelo ONS.
Este trabalho foi motivado por um desejo de expor ao ambiente acadêmico parte
do trabalho realizado pela equipe de programação diária da operação do ONS e também
com o intuito de que este documento seja disponibilizado aos alunos da disciplina de
sistema de potência como um material que os auxilie no entendimento referente ao tema
sobre fatores de sensibilidade.
3
1.2 - Estrutura do Trabalho
No primeiro capítulo são feitas as considerações iniciais e a forma na qual o
trabalho está estruturado.
No segundo capítulo é mostrada a formulação matemática e conceitos
fundamentais sobre o método de Newton e o fluxo de potência linearizado.
No terceiro capítulo é apresentado o princípio de monitoramento de fluxos em
tempo real, bem como a metodologia para confecção dos fatores de sensibilidade linear,
que são os chamados fatores de distribuição de carregamento e fatores de influência de
geração.
No quarto capítulo é exposto um estudo de caso referente a um problema real
enfrentado na operação do SIN, incluindo atuação de um esquema de emergência e
necessidade de reprogramação de geração, onde é apresentada uma possível solução
para o problema.
No quinto capítulo com base em tudo que foi exposto, é apresentada uma breve
conclusão sobre o tema.
4
CAPÍTULO 2
O PROBLEMA DO FLUXO DE POTÊNCIA E MÉTODOS DE SOLUÇÃO
2.1 – O contexto referente ao problema de fluxo de potência [2]
O fluxo de potência é um estudo que traz como solução o estado em regime
permanente da rede elétrica para um determinado ponto de operação do sistema. Este
estudo é uma das principais ferramentas utilizadas pelos agentes do setor elétrico e
também pelo ONS, pois serve como base para os mais diversos tipos de estudos, a
saber: estabilidade eletromecânica do sistema, análise de curto-circuito, análise de
contingência e de confiabilidade.
Os componentes básicos de um sistema elétrico de potência são geradores,
transformadores, elementos shunt, linhas de transmissão e as cargas. Para a realização
deste estudo, utiliza-se uma modelagem para o sistema onde as subestações são
representadas através de barras ou nós. Já as linhas de transmissão e transformadores
que ligam estas barras são chamados de ramos. Utilizando esta nomenclatura, os
componentes básicos de um sistema elétrico de potência podem ser classificados em
dois grupos: os que são ligados entre dois nós quaisquer da rede, são esses: linhas de
transmissão, transformadores e defasadores, e ainda o grupo dos componentes que
são ligados entre um nó qualquer da rede e o nó terra, caso dos geradores, cargas,
reatores e capacitores.
No estudo de fluxo de potência faz-se necessária a inserção dos dados de
entrada da rede, que são fundamentais para o cálculo do ponto de operação do sistema,
a saber: geração de potência ativa praticada e a capacidade máxima das máquinas em
questão, carga (ativa e reativa), dados da rede elétrica, como resistência e reatância
das linhas de transmissão e transformadores, e seus respectivos limites operativos. O
produto final do estudo do fluxo de potência traz consigo tensão e ângulo nas barras e,
como grandezas funcionais, também os fluxos de potência ativa e reativa nos elementos
da rede (linhas de transmissão e transformadores), e perdas elétricas.
O estudo de fluxo de potência utiliza um modelo matemático para representá-lo
composto por três pilares: um robusto sistema de equações algébricas não lineares para
representar a rede elétrica, inequações a fim de representar seus limites operativos,
inequações e/ou equações para representar o seu controle (tapes de transformador,
defasamento, limite de geração de reativos de unidades geradoras e compensadores
estáticos).
5
2.2 - A formulação matemática do problema de fluxo de potência [1], [2] e [8]:
O modelo matemático referente ao problema do fluxo de potência é obtido
através do princípio da conservação de potência ativa e reativa em cada barra (nó) da
rede. Ou seja, a injeção de potência líquida em cada barra é igual somatório das
potências que fluem através dos componentes que tem este nó como um de seus
terminais, semelhantemente à primeira lei de Kirchoff (Lei dos nós).
A formulação matemática do problema de fluxo de potência estabelece que para
cada nó (barra) da rede são associadas quatro variáveis, a saber:
𝑉𝑘 : Magnitude da tensão na barra k
Ɵ𝑘 : Ângulo da tensão na barra k
𝑃𝑘 : Injeção líquida de potência ativa na barra k
𝑄𝑘 : Injeção líquida de potência reativa na barra k
Sendo: k é o índice da barra em questão.
Duas destas variáveis entram no problema como dados de entrada e duas
entram no problema como incógnitas a serem resolvidas. Do ponto de vista de
modelagem, existem barras que possuem diferentes funções e estas podem ser
separadas em três grupos:
Barras PV (Tensão controlada)
Esta barra possibilita fixar a injeção de potência ativa e o módulo da tensão.
Comumente nesse tipo de barra são englobados geradores e compensadores
síncronos. Neste caso, são considerados dados de entrada 𝑃𝑘 e 𝑉𝑘, e posteriormente
calculados os valores de 𝑄𝑘 𝑒 𝜃𝑘. Cerca de 5% do sistema é composto por barras desse
tipo.
6
Barras PQ (Carga)
Esse tipo de barra corresponde a 95% das barras do sistema. Nessa barra não
existe controle de tensão, sendo portanto especificadas as potências injetadas (𝑃𝑘 e 𝑄𝑘)
e só então calculados os valores de módulo e ângulo da tensão (𝑉𝑘, 𝜃𝑘.). Neste tipo de
barra, às vezes pode-se ter também uma geração, mas esta irá fornecer ao sistema P
e Q constantes durante o processo iterativo.
Barra Vθ (Swing ou slack)
Esta barra é utilizada para balanço das perdas do sistema, que não são
conhecidas até a solução do ponto de operação da rede. Portanto, ela fecha o balanço
energético do sistema: 𝑃𝐺 = 𝑃𝐿 + 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠. Onde 𝑃𝐺 é a geração, 𝑃𝐿 é requerida pela
carga e 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 são as perdas totais do sistema (Em linhas de transmissão,
transformadores, etc). Usualmente, existe somente uma barra swing no sistema. Para
o seu cálculo, são dados V𝑘, Ɵ𝑘 e então calculados P𝑘, 𝑄𝑘.
Como podemos observar, a diferença nos tipos de parâmetros de entrada e
variáveis de saída das barras, obriga a uma subdivisão do problema em 2 sistemas de
equações:
Sistema 1- Composto pelas equações cujo seu resultado traz o valor
correspondente do módulo e ângulo das tensões nas barras. A saber:
𝑃𝑘 = 𝑃𝑘 (V,θ) , k ∈ {PQ,PV}, barras de carga e de tensão controlada,
𝑄𝑘 = 𝑄𝑘 (V,θ) , k ∈ {PQ}, barras de carga.
Sistema 2- Uma vez que se tenha o valor do módulo e ângulo das tensões nas
barras, por substituição de variáveis, as demais incógnitas do sistema são
calculadas:
𝑃𝑘 = 𝑃𝑘 (V,θ) , k ∈ {Vθ }, barra flutuante,
𝑄𝑘 = 𝑄𝑘 (V,θ) , k ∈ {Vθ ,PV}, barra flutuante e barras de tensão controlada.
7
Como já mencionado, no problema de fluxo de potência existe um conjunto de
equações e inequações a serem solucionadas. O conjunto das equações possui duas
equações para cada barra (nó) da rede, e estas representam as potências ativas e
reativas injetadas na barra, que são iguais ao somatório dos fluxos correspondentes que
deixam a respectiva barra por meio das linhas de transmissão e transformadores. Ainda,
a injeção líquida de potência no nó em questão pode ser expressa em função das
tensões, ângulos das barras vizinhas conectadas ao mesmo:
𝑃𝑘 = ∑ 𝑃𝑘𝑚 (𝑉𝑘, 𝑉𝑚, Ɵ𝑘,
𝑚∈𝛺𝑘Ɵ𝑚) (2.1)
𝑄𝑘 + 𝑄𝑘𝑠ℎ(𝑉𝑘) = ∑ 𝑄𝑘𝑚 (𝑉𝑘, 𝑉𝑚, Ɵ𝑘 ,
𝑚∈𝛺𝑘Ɵ𝑚) (2.2)
Sendo:
K = 1, … , NB (NB é o número de barras da rede)
Ω : Conjunto de barras vizinhas à barra k
Vk, Vm : Magnitude da tensão das barras terminais do ramo km
θk, θm : Ângulo das tensões das barras terminais do ramo km
Pkm : Fluxo de potência ativa no ramo km
Qkm : Fluxo de potência reativa no ramo km
Qksh : Componente da injeção de potência reativa devido ao elemento shunt da
barra k (Qksh = bk
sh ∗ 𝑉𝑘2, sendo bk
sh a susceptância shunt ligada à barra k)
OBS: Para a dedução do problema, a seguinte convenção é adotada: Nas
barras, as injeções líquidas de potência são positivas ao entrarem correspondendo a
uma geração, e são negativas ao saírem, correspondendo a uma carga. Já os fluxos
são positivos ao saírem da barra e negativos ao entrarem. A figura 2.1 ajuda a ilustrar
este conceito.
8
Figura 2.1: Ilustração da convenção de sinais adotada na dedução do problema
para injeção de corrente e fluxos
Sendo:
Ik é a injeção positiva de corrente na barra k devido à geração
Ik𝑠ℎ é a injeção positiva de corrente na barra k devido ao equipamento shunt
pendurado à barra
Ikm é a corrente que flui através do ramo km, possuindo sentido positivo ao sair
da barra k
Já o conjunto de inequações engloba as restrições do problema, como por
exemplo a magnitude das tensões nas barras PQ e também os limites de injeção de
potência reativa nas barras PV:
Vk𝑚𝑖𝑛 ≤ 𝑉𝑘 ≤ Vk
𝑚𝑎𝑥
(2.3)
Qk𝑚𝑖𝑛 ≤ Qk ≤ Qk
𝑚𝑎𝑥
9
2.3 – Modelagem dos elementos do sistema de potência [2]:
Para definir todo conjunto de equações/inequações, faz-se necessária a
modelagem de cada elemento do sistema de potência a fim de representá-las:
2.3.1 - Geradores e Cargas
Considerando-se um estudo em regime permanente de fluxo de potência,
geradores e cargas são considerados como elementos de potência constante. Para os
geradores, especifica-se a potência ativa e sua tensão, sendo a potência reativa
calculada para estabelecer o nível de tensão especificado. Já para as cargas
especificam-se as potências ativa e reativa, sendo calculados nos níveis de tensão e
ângulo da respectiva barra.
2.3.2 - Linha de transmissão
As linhas de transmissão no estudo de fluxo de potência em regime permanente
são representadas através do modelo π. A figura 2.2 retrata o modelo equivalente π de
linha de transmissão utilizado na formulação matemática do problema de fluxo de
potência possuindo uma impedância série e uma admitância ligada ao solo:
Figura 2.2: Equivalente 𝜋 de uma linha de transmissão
10
Sendo:
z𝑘𝑚 é a impedância série do ramo km, medida em Ω (ohms)
r𝑘𝑚 é a resistência do ramo km, medida em Ω (ohms)
x𝑘𝑚 é a reatância do ramo km, medida em Ω (ohms)
bkm𝑠ℎ é a susceptância shunt do ramo km, medida em Siemens (S)
I𝑘𝑚 é a injeção líquida de corrente no ramo km
Neste contexto, outra grandeza pode ser definida:
𝑦𝑘𝑚 = 1/𝑧𝑘𝑚 = 𝑔𝑘𝑚 + 𝑗𝑏𝑘𝑚 (2.4)
Sendo:
y𝑘𝑚 é a admitância série do ramo km, medida em S (Siemens)
g𝑘𝑚 é a condutância do ramo km, medida em S (Siemens)
b𝑘𝑚 é a susceptância do ramo km, medida em S (Siemens)
Com algumas manipulações matemáticas, chega-se a:
𝑔𝑘𝑚 =𝑟𝑘𝑚
𝑟𝑘𝑚2+𝑥𝑘𝑚2 (2.5)
e
𝑏𝑘𝑚 = −𝑥𝑘𝑚
𝑟𝑘𝑚2+𝑥𝑘𝑚2 (2.6)
Ainda baseado na figura 2.2, pode-se observar que a injeção de corrente líquida
de corrente Ikm , é formada por uma componente série e uma componente shunt. Esta
injeção de corrente pode ser descrita em função das tensões terminais das barras e em
função dos parâmetros do modelo equivalente 𝜋 da linha de transmissão.
Definindo
𝐸𝑘 = 𝑉𝑘 ∗ 𝑒𝑗𝜃𝑘 (2.7)
e
𝐸𝑚 = 𝑉𝑚 ∗ 𝑒𝑗𝜃𝑚 (2.8)
11
Sendo:
𝑒𝑗𝜃 = 𝑐𝑜𝑠(Ɵ) + 𝑗𝑠𝑒𝑛(Ɵ) (2.9)
Tem-se que a injeção líquida de corrente no ramo km pode ser dada por:
𝐼𝑘𝑚 = 𝑦𝑘𝑚(𝐸𝑘 − 𝐸𝑚) + 𝑗𝑏𝑘𝑚 𝑠ℎ ∗ 𝐸𝑘 (2.10)
Já a injeção 𝐼𝑚𝑘 pode ser expressa por:
𝐼𝑚𝑘 = 𝑦𝑘𝑚(𝐸𝑚 − 𝐸𝑘) + 𝑗𝑏𝑘𝑚𝑠ℎ ∗ 𝐸𝑚 (2.11)
2.3.3 – Transformador
Existem alguns tipos de transformadores que podem ser modelados como
elementos do sistema de potência, a saber:
2.3.3.1 – Transformador Convencional
O transformador é representado por uma admitância série ykm, possuindo uma
relação de transformação 1:t. Neste caso, o valor de t é um número real ‘a’.
2.3.3.2 – Transformador em fase
A figura 2.3 representa um transformador em fase modelado por seu
equivalente π:
Figura 2.3: Equivalente π de um transformador
Ikm
12
Sendo:
𝐴 = 𝑎 ∗ 𝑦𝑘𝑚
𝐵 = 𝑎 ∗ 𝑦𝑘𝑚 ∗ (𝑎 − 1)
𝐶 = (1 − 𝑎) ∗ 𝑦𝑘𝑚
No transformador em fase, sua corrente I𝑘𝑚 é dada pela seguinte expressão:
𝐼𝑘𝑚 = 𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝑦𝑘𝑚(𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝐸𝑘 − 𝐸𝑚) (2.12)
Sendo:
𝑎𝑘𝑚 é o tap do referido transformador
2.3.3.2 – Transformador defasador
No caso do transformador defasador, t = 𝑎 ∗ 𝑒−𝑗∅. Neste transformador, sua
corrente Ikm é dada pela seguinte expressão:
𝐼𝑘𝑚 = 𝑦𝑘𝑚 ∗ 𝑒−𝑗∅𝑘𝑚 ∗ (𝐸𝑘 ∗ 𝑒𝑗∅𝑘𝑚 − 𝐸𝑚) (2.13)
Sendo:
∅ é o ângulo de defasagem do referido transformador
A modelagem completa deste componente pode ser encontrada em [2].
2.4 – Fluxos de potência ativa e reativa fluindo através dos equipamentos da rede
2.4.1 – Linhas de transmissão
Na forma complexa, o conjugado da injeção líquida de potência que flui através
do ramo km pode ser expresso por:
𝑆𝑘𝑚∗ = 𝑃𝑘𝑚 − 𝑗 𝑄𝑘𝑚 (2.14)
Uma vez que a equação (2.14) também pode ser expressa em função da tensão
da barra k e da injeção de corrente líquida no ramo km, temos:
13
𝑆𝑘𝑚∗ = 𝐸𝑘∗ ∗ 𝐼𝑘𝑚 (2.15)
Utilizando-se (2.14) e (2.15), temos a seguinte igualdade:
𝑆𝑘𝑚∗ = 𝑃𝑘𝑚 − 𝑗 𝑄𝑘𝑚 = 𝐸𝑘∗ ∗ 𝐼𝑘𝑚 (2.16)
Substituindo-se (2.7), (2.8) e (2.10) em (2.15), tem-se que:
𝑆𝑘𝑚∗ = 𝑉𝑘 ∗ 𝑒−𝑗𝜃𝑘 ∗ [𝑦𝑘𝑚 ∗ (𝑉𝑘 ∗ 𝑒𝑗𝜃𝑘 − 𝑉𝑚 ∗ 𝑒𝑗𝜃𝑚 ) + 𝑗𝑏𝑘𝑚
𝑠ℎ ∗ 𝑉𝑘 ∗ 𝑒𝑗𝜃𝑘 ] (2.17)
Rearrumando-se a expressão (2.17) utilizando conceitos algébricos, chega-se a:
𝑆𝑘𝑚∗ = 𝑦𝑘𝑚 ∗ 𝑉𝑘 ∗ 𝑒−𝑗𝜃𝑘 ∗ (𝑉𝑘 ∗ 𝑒𝑗𝜃𝑘 − 𝑉𝑚 ∗ 𝑒𝑗𝜃𝑚 ) + 𝑗𝑏𝑘𝑚
𝑠ℎ ∗ 𝑉𝑘2 (2.18)
Inserindo-se (2.9) em (2.18) e identificando sua parte real, tem-se a potência
ativa líquida que flui através do ramo 𝑘𝑚:
𝑃𝑘𝑚 = 𝑉𝑘2 ∗ 𝑔𝑘𝑚 − 𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚) − 𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑏𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚) (2.19)
De maneira análoga agora para a potência reativa, inserindo-se (2.9) em (2.18)
e identificando sua parte imaginária, temos:
𝑄𝑘𝑚 = −𝑉𝑘2 ∗ (𝑏𝑘𝑚 + 𝑏𝑘𝑚
𝑠ℎ ) + 𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑏𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚) +
−𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚) (2.20)
Os fluxos que fluem pela direção oposta P𝑘𝑚 e 𝑄𝑘𝑚 são obtidos de forma análoga:
𝑃𝑚𝑘 = 𝑉𝑚2 ∗ 𝑔𝑘𝑚 − 𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚) + 𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑏𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚) (2.21)
e
𝑄𝑘𝑚 = −𝑉𝑚 2 ∗ (𝑏𝑘𝑚 + 𝑏𝑘𝑚
𝑠ℎ ) + 𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑏𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚) +
−𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚) (2.22)
14
Com isso perdas de transmissão na linha são dadas pelas seguintes expressões:
𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 = 𝑃𝑘𝑚 + 𝑃𝑚𝑘 = 𝑔𝑘𝑚 ∗ [𝑉𝑘2 + 𝑉𝑚
2 − 2 ∗ 𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ cos (𝜃𝑘𝑚)] (2.23)
e
𝑄𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 = 𝑄𝑘𝑚 + 𝑄𝑚𝑘 = −𝑏𝑘𝑚𝑠ℎ ∗ [𝑉𝑘
2 + 𝑉𝑚2] +
−𝑏𝑘𝑚 ∗ [𝑉𝑘2 + 𝑉𝑚
2 − 2 ∗ 𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ cos (𝜃𝑘𝑚)] (2.24)
2.4.2 – Transformadores
2.4.2.1 – Transformador em fase
As expressões para o fluxo no transformador em fase possuem raciocínio
análogo em relação à dedução do fluxo que flui através das linhas de transmissão e
podem ser encontradas em [2]. A única diferença é que para o transformador em fase,
sua corrente I𝑘𝑚 é dada pela expressão (2.12). Com isso, as expressões para os fluxos
𝑃𝑘𝑚 e 𝑄𝑘𝑚 resultam em:
𝑃𝑘𝑚 = (𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝑉𝑘)2 ∗ 𝑔𝑘𝑚 − (𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝑉𝑘) ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚) +
−(𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝑉𝑘) ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑏𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚) (2.25)
e
𝑄𝑘𝑚 = −(𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝑉𝑘)2 ∗ 𝑏𝑘𝑚 + (𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝑉𝑘) ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑏𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚) +
−(𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝑉𝑘) ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚) (2.26)
2.4.2.2 – Transformador defasador
As expressões para o fluxo que no transformador defasador possuem raciocínio
análogo em relação à dedução do fluxo que flui através das linhas de transmissão e do
transformador em fase. Estas deduções podem ser encontradas em [2]. A diferença é
que para o transformador defasador, sua corrente 𝐼𝑘𝑚 é dada pela expressão (2.13).
Com isso, as expressões para os fluxos 𝑃𝑘𝑚 e 𝑄𝑘𝑚 resultam em:
15
𝑃𝑘𝑚 = 𝑉𝑘 2 ∗ 𝑔𝑘𝑚 − 𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚 + ∅𝑘𝑚 ) +
−𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑏𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚 + ∅𝑘𝑚) (2.27)
e
𝑄𝑘𝑚 = −𝑉𝑘 2 ∗ 𝑏𝑘𝑚 + 𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚 + ∅𝑘𝑚) +
−𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚 + ∅𝑘𝑚) (2.28)
2.4.3 – Expressões gerais das grandezas relacionadas ao problema de
sistemas de potência
Uma vez dadas as equações (2.19), (2.20), (2.25), (2.26), (2.27) e (2.28), pode-
se definir uma expressão geral para os fluxos de potência ativa e reativa,
independentemente do tipo de equipamento, seja linha de transmissão ou
transformador:
𝑃𝑘𝑚 = (𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝑉𝑘)2 ∗ 𝑔𝑘𝑚 − (𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝑉𝑘) ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚 + ∅𝑘𝑚)
−(𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝑉𝑘) ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑏𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚 + ∅𝑘𝑚) (2.29)
e
𝑄𝑘𝑚 = −(𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝑉𝑘)2 ∗ (𝑏𝑘𝑚 + 𝑏𝑘𝑚𝑠ℎ ) + (𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝑉𝑘) ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑏𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚 + ∅𝑘𝑚)
−(𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝑉𝑘) ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚 + ∅𝑘𝑚) (2.30)
Neste contexto, é interessante também formular uma expressão geral para a
corrente através das expressões (2.10), (2.12) e (2.13):
𝐼𝑘𝑚 = (𝑎𝑘𝑚2 ∗ 𝑦𝑘𝑚 + 𝑗𝑏𝑘𝑚
𝑠ℎ ) ∗ 𝐸𝑘 + (−𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝑒−𝑗∅𝑘𝑚 ∗ 𝑦𝑘𝑚) ∗ 𝐸𝑚 (2.31)
Sendo:
Para as linhas de transmissão, 𝑎𝑘𝑚 = 1 e ∅𝑘𝑚 = 0.
Para transformadores em fase, 𝑏𝑘𝑚𝑠ℎ = 0 e ∅𝑘𝑚 = 0.
Para transformadores defasadores puros, 𝑏𝑘𝑚𝑠ℎ = 0, 𝑎𝑘𝑚 = 1 e ∅𝑘𝑚 = 0.
Para transformadores defasadores 𝑏𝑘𝑚𝑠ℎ = 0
16
2.5 – Formulação matricial do problema
A injeção líquida de corrente na barra k pode ser exemplificada através da figura
2.1 e é dada por:
𝐼𝑘 + 𝐼𝑘𝑠ℎ = ∑ 𝐼𝑘𝑚 (𝑘 = 1, 𝑁𝐵)
𝑚∈𝛺𝑘 (2.32)
Substituindo em (2.32) a equação (2.31), chega-se a:
𝐼𝑘 = [ 𝑗𝑏𝑘𝑠ℎ + ∑ (𝑦𝑘𝑚 + 𝑗𝑏𝑘𝑚
𝑠ℎ )] ∗ 𝐸𝑘 + ∑ (−𝑦𝑘𝑚) ∗ 𝐸𝑚 𝑚∈𝛺𝑘
𝑚∈𝛺𝑘 (2.33)
A fim de representar todas as injeções líquidas de corrente na rede elétrica,
utiliza-se a modelagem baseada na matriz de admitância nodal:
I = 𝑌 ∗ E (2.34)
Sendo:
𝐼 é o vetor de injeção líquida de corrente nas barras de componentes 𝐼𝑘
(k=1,...,NB)
𝑌 = G+jB é a matriz de admitância nodal
𝐸 é o vetor de tensão das barras de componentes 𝐸𝑘 = 𝑉𝑘 ∗ 𝑒𝑗𝜃𝑘
Os elementos da matriz são:
𝑌𝑘𝑚 = −𝑎𝑘𝑚 ∗ 𝑒−𝑗∅𝑘𝑚 ∗ 𝑦𝑘𝑚 (2.35)
𝑌𝑘𝑘 = 𝑗𝑏𝑘𝑠ℎ + ∑ (𝑗𝑏𝑘𝑚
𝑠ℎ + 𝑎𝑘𝑚2 ∗ 𝑦𝑘𝑚)
𝑚∈𝛺𝑘 (2.36)
Geralmente, esta matriz é esparsa, possuindo uma grande quantidade de
elementos nulos pois 𝑌𝑘𝑚 = 0 será nula, quando não existirem linhas de transmissão ou
transformadores entre os nós k e m. Então, a injeção de corrente 𝐼𝑘 pode ser colocada
na seguinte forma:
𝐼𝑘 = 𝑌𝑘𝑘 ∗ 𝐸𝑘 + ∑ 𝑌𝑘𝑚 ∗ 𝐸𝑚 = ∑ 𝑌𝑘𝑚 ∗ 𝐸𝑚 𝑚∈𝐾
𝑚∈𝛺𝑘 (2.37)
17
Sendo:
K é o conjunto formado pelos elementos do conjunto Ωk mais a própria barra k
Uma vez que Ykm = Gkm + jBkm e Em = Vm ∗ ejθm , (2.37) pode ser reescrita da
seguinte maneira:
𝐼𝑘 = ∑ (𝐺𝑘𝑚 + 𝑗𝐵𝑘𝑚) ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑒𝑗𝜃𝑚
𝑚∈𝐾 (2.38)
Substituindo (2.15) em (2.38) e levando em conta que 𝐸𝑘∗ = 𝑉𝑘 ∗ 𝑒−𝑗𝜃𝑘 :
𝑆𝑘∗ = 𝑉𝑘 ∗ 𝑒−𝑗𝜃𝑘 ∗ ∑ (𝐺𝑘𝑚 + 𝑗𝐵𝑘𝑚) ∗ (𝑉𝑚 ∗ 𝑒𝑗𝜃𝑚 )
𝑚∈𝐾 (2.39)
Extraindo-se as partes real e imaginária de (2.39), finalmente chega-se às
equações que representam as injeções de potência ativa e reativa em cada barra da
rede:
𝑃𝑘 = 𝑉𝑘 ∗ ∑ 𝑉𝑚 ∗ [𝐺𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚) + 𝐵𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚)]
𝑚∈𝐾 (2.40)
𝑄𝑘 = 𝑉𝑘 ∗ ∑ 𝑉𝑚 ∗ [𝐺𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚) − 𝐵𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚)] 𝑚∈𝐾 (2.41)
Sendo:
𝜃𝑘𝑚 = 𝜃𝑘 − 𝜃𝑚
Para se ter uma ideia do número de equações a serem solucionadas, seja N o
número de barras do sistema em questão e L o número de barras PV (tensão controlada)
no sistema, e que cada barra possui duas equações correspondentes, o número total
de equações a serem solucionadas é 2 x N – L – 2. Se tomarmos o exemplo do SIN,
estimando-se que ele possui cerca de 5603 barras e sendo essas 542 barras de tensão
controlada, o número de equações a serem resolvidas seria 11.206 − 542 − 2 = 10.662.
Com este exemplo, podemos ter ideia do esforço computacional a ser realizado para a
solução desse sistema, e o método proposto para sua solução é apresentado a seguir.
18
∆𝑃
∆𝑄
∆𝜃
∆𝑉 −𝐽(𝑖)
[ ] [ ] = ∗
(𝑖)
(𝑖)
2.6 - Método de Newton-Raphson (Newton AC) [1], [2] e [8]
O método de Newton-Raphson é o método mais utilizado no cálculo do estado
da rede elétrica, pois é um método bastante robusto e possui facilidade de convergência
utilizando pouquíssimas iterações. É importante frisar que sua convergência não
depende da dimensão do sistema envolvido, o que facilita muito estudos com sistemas
de grande porte. Este método envolve o cálculo da matriz chamada jacobiana, baseada
na matriz de admitância nodal.
Primeiramente, tem-se as equações que devem ser solucionadas para o sistema 1:
𝑃𝑘 = 𝑉𝑘 ∗ ∑ 𝑉𝑚 ∗ [𝐺𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚) + 𝐵𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚)] 𝑚∈𝐾 (2.40)
𝑄𝑘 = 𝑉𝑘 ∗ ∑ 𝑉𝑚 ∗ [𝐺𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚) − 𝐵𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚)] 𝑚∈𝐾 (2.41)
No sistema 1, calcula-se os valores dos resíduos de potência, mais conhecidos
como Power Mismatches:
𝛥𝑃𝑘 = 𝑃𝑘𝐸𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜
− 𝑃𝑘𝐶𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜 (𝑉, 𝜃), 𝑘 ∈ {PQ, PV} (2.42)
𝛥𝑄𝑘 = 𝑄𝑘𝐸𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜
− 𝑄𝑘𝐶𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜 (𝑉, 𝜃), 𝑘 ∈ {PQ} (2.43)
Considerando que o sistema possui N barras, das quais pode-se constatar:
As barras de 1 a L são barras PQ
As barras de L+1 a N-1 são barras PV
A barra N é a barra swing do sistema, chamada de Vθ
Basicamente, a solução se dá através da resolução do sistema abaixo:
(2.44)
19
(𝑖)
(𝑖)
𝜃
𝑉 [ ] (𝑖+1)
= +
Sendo:
J é chamada a matriz jacobiana, que consiste nas respectivas derivadas parciais
das potências ativa e reativa em relação às grandezas de tensão e ângulo.
A figura abaixo ilustra a matriz jacobiana.
Figura 2.4: Matriz Jacobiana utilizada no cálculo do método de Newton Raphson [1]
O presente método utiliza o seguinte algoritmo de solução:
1) Montagem da matriz de admitância nodal
2) Iniciar a contagem, fixando i = 0 e arbitrando as condições iniciais das variáveis
de estado do problema (𝜃0 = 0 𝑒 𝑉0 = 1).
3) Através das equações (2.40), (2.41), calcula-se o estado inicial da rede. Com
(2.42) e (2.43) verifica-se a convergência: max {|∆𝑃|} ≤∈ 𝑝 𝑒 max{|∆𝑄|} ≤∈
𝑞. Se estas duas condições forem satisfeitas ao mesmo tempo termina-se o
processo iterativo.
4) Caso contrário, fazer i = i +1 e montar a matriz jacobiana 𝐽𝑖.
5) Solucionar o sistema através de (2.44)
6) Atualizar a solução do problema por meio de (2.45)
(2.45)
7) Voltar ao passo 3
[ [ [
𝑉
Ɵ 𝛥Ɵ
𝛥𝑉 ]
20
2.7 – Método do Fluxo de Potência Linearizado (Flow DC) [2]
O fluxo de potência linearizado é um método de solução que analisa somente o
fluxo de potência ativa na rede, não levando em conta as magnitudes das tensões
nodais, o fluxo de potência reativa e o tape dos transformadores. Este método é uma
simplificação do método de Newton Raphson e é baseado no acoplamento Pθ, uma vez
que o fluxo de potência ativa na linha de transmissão em EAT/UAT é
predominantemente proporcional à diferença angular das tensões das extremidades dos
circuitos da rede. No entanto, ele não é aplicável a níveis em que operam sistemas de
distribuição, pois a relação X/R nestes é baixa. Este método em relação aos demais
requer menor esforço computacional e retorna uma solução de precisão aceitável para
quão mais elevado for o nível de tensão analisado [2].
O Flow DC revela-se bastante útil em uma gama considerável de estudos. Estes
estudos vão desde o planejamento de expansão da rede, à classificação de cenários de
operação, violações de limites operacionais e aos estudos da operação propriamente
dita.
Considerações iniciais do problema
Este método, assim como o método de Newton Raphson AC, também é baseado
no modelo nodal juntamente com a matriz de admitância de barra.
Para uma determinada linha de transmissão, a injeção de potência líquida na mesma
será de:
𝑃𝑘𝑚 = 𝑉𝑘2 ∗ 𝑔𝑘𝑚 − 𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚) − 𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑏𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚) (2.19)
Já o fluxo no extremo oposto da linha é:
𝑃𝑚𝑘 = 𝑉𝑚2 ∗ 𝑔𝑘𝑚 − 𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚) + 𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑏𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚) (2.21)
Então, as perdas de transmissão na linha são dadas pela seguinte expressão:
𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 = 𝑃𝑘𝑚 + 𝑃𝑚𝑘 = 𝑔𝑘𝑚 ∗ [𝑉𝑘2 + 𝑉𝑚
2 − 2 ∗ 𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠 (𝜃𝑘𝑚)] (2.23)
21
Neste método, consideramos as seguintes simplificações:
𝑉𝑘 ≈ 𝑉𝑚 ≈ 1 pu
Como θkm é pequeno, sen(θkm) ≈ θkm, com θkm em radianos.
Uma vez que ykm =1
zkm,
Utilizando (2.4) e desprezando as perdas do sistema fazendo 𝑟𝑘𝑚 = 0 , chega-se a:
gkm = 0 e bkm = −1
xkm
Com isso, ao se olhar as expressões (2.19) e (2.21) chega-se a conclusão de que:
𝑃𝑘𝑚 = − 𝑃𝑚𝑘 = −𝑉𝑘 ∗ 𝑉𝑚 ∗ 𝑏𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚) (2.46)
Aplicando as simplificações expostas acima e desprezando as perdas, temos a
equação (2.46) modelada agora para seguinte fórmula:
𝑃𝑘𝑚 = −1 ∗ 1 ∗ (−1
𝑥𝑘𝑚) ∗ 𝜃𝑘𝑚
𝑃𝑘𝑚 =𝜃𝑘𝑚
𝑥𝑘𝑚 (2.47)
Com isso pode-se perceber que o fluxo de potência ativo é proporcional à
diferença angular entre as barras. A figura 2.5 faz uma analogia entre a equação (2.47)
e a Lei de Ohm:
22
𝑃𝑘𝑚 = 𝜃𝑘−𝜃𝑚
𝑥𝑘𝑚
𝑃𝑘𝑚
𝑃𝑘𝑚 =
𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚)
𝑥𝑘𝑚
𝜃𝑘𝑚 𝜃𝑘𝑚𝑐𝑐 𝜃𝑘𝑚
𝑐𝑎 sem solução CA
Figura 2.5: Analogia entre a lei de Ohm e a metodologia utilizada no Fluxo de Potência Linearizado
A figura 2.6 mostra um comparativo da resolução do problema de fluxo de potência AC
e DC:
Figura 2.6: Potência máxima transmitida pelo ramo km no método Flow DC [1]
Pode-se concluir que para ângulos pequenos, ambos os métodos fornecem soluções
próximas.
𝜃𝑘 𝜃𝑚
𝑥𝑘𝑚
𝑃𝑘𝑚 =𝜃𝑘−𝜃𝑚
𝑥𝑘𝑚
𝑃𝑘𝑚
𝑉𝑘 𝑉𝑚
𝑟𝑘𝑚
𝐼𝑘𝑚 =𝑉𝑘−𝑉𝑚
𝑟𝑘𝑚
𝐼𝑘𝑚
23
Uma vez que 𝑃𝑘 = ∑ 𝑃𝑘𝑚 (𝑚∈𝛺𝑘) , onde 𝛺𝑘 é o conjunto de todas as barras conectadas
com a barra k, exceto da própria barra k. Então, para o somatório ∑ 𝑃𝑘𝑚 (𝑚∈𝛺𝑘) , tem-se
que:
∑ 𝑃𝑘𝑚 = (𝑚∈𝛺𝑘) ∑
𝜃𝑘𝑚
𝑥𝑘𝑚
(𝑚∈𝛺𝑘) (2.48)
Separando-se o somatório em duas parcelas, temos:
𝑃𝑘 = ∑𝜃𝑘
𝑥𝑘𝑚 − ∑
𝜃𝑚
𝑥𝑘𝑚
(𝑚∈𝛺𝑘) (𝑚∈𝛺𝑘) (2.49)
Formulação matricial
P = 𝐵′ * 𝜃 (2.50)
Sendo:
P o vetor da injeção líquida de potência ativa na barra
B’ é a matriz da ordem (n-1) x (n-1), onde n é o número de barras e a barra swing
é excluída devido à potência injetada nessa barra não ser conhecida. Neste
caso, para a barra swing é considerado que o valor do ângulo de fase seja zero
graus. Então, sua respectiva equação é retirada do sistema de equações. Se a
retirada dessa equação da matriz não fosse feita, a matriz B’ seria singular e não
poderia ser invertida.
Os componentes da matriz B’ são:
Bkm′ = −
1
xkm (2.51)
e
B′kk
= ∑
1
xkm
(m∈Ωk) (2.52)
θ é o vetor que expressa os ângulos de fase das tensões nas barras
24
Metodologia de solução do fluxo de potência linearizado desprezando as perdas:
Monta-se a matriz 𝐵′ excluindo a swing do cálculo e também o vetor de injeção
líquida de potências;
Inverte-se a matriz 𝐵′ e calcula-se o vetor 𝜃 (fase da tensão nas barras) ;
De posse deste vetor, é calculado o valor do fluxo de potência que flui nas barras
através da fórmula (2.50). É importante ressaltar que nesta situação, como não
existem perdas no ramo, 𝑃𝑘𝑚 = − 𝑃𝑚𝑘.
Agora, considerando as perdas do sistema:
Uma vez que as equações que representam as equações de fluxo de potência
ativa que fluem em sentidos opostos no ramos km, e ainda utilizando simplificações
anteriormente propostas, tem-se que:
𝑉𝑘 ≈ 𝑉𝑚 ≈ 1 pu
Como θkm é pequeno, sen(θkm) ≈ θkm, com θkm em radianos.
Ainda para θkm pequeno, cos(θkm) = 1 −θkm
2
2∴ 1 − cos(θkm) =
θkm2
2 [1]
Como rkm ≪ xkm, temos:
1
rkm+j∗xkm=
rkm−j∗xkm
rkm2 +xkm
2 =rkm
rkm2 +xkm
2 −j∗xkm
rkm2 +xkm
2 = gkm + j ∗ bkm
Com isso, agora têm-se uma equação no ramo considerando as perdas:
𝑃𝑘𝑚 = 𝑔𝑘𝑚 − 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚) − 𝑏𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚) (2.53)
𝑃𝑘𝑚 = 𝑔𝑘𝑚 ∗ [1 − 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚)] +𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚)
𝑥𝑘𝑚 (2.54)
𝑃𝑘𝑚 = 𝑔𝑘𝑚 ∗𝜃𝑘𝑚
2
2+
𝜃𝑘𝑚
𝑥𝑘𝑚 (2.55)
25
De forma análoga para a potência em sentido contrário,
𝑃𝑚𝑘 = 𝑔𝑘𝑚 − 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚) + 𝑏𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚) (2.56)
𝑃𝑚𝑘 = 𝑔𝑘𝑚 ∗ [1 − 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑘𝑚)] − 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑘𝑚)
𝑥𝑘𝑚 (2.57)
𝑃𝑚𝑘 = 𝑔𝑘𝑚 ∗𝜃𝑘𝑚
2
2−
𝜃𝑘𝑚
𝑥𝑘𝑚 (2.58)
Somando as perdas, a perda total no ramo km é:
𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑘𝑚 = 𝑃𝑘𝑚 + 𝑃𝑚𝑘 = 𝑔𝑘𝑚 ∗𝜃𝑘𝑚
2
2+
𝜃𝑘𝑚
𝑥𝑘𝑚+ 𝑔𝑘𝑚 ∗
𝜃𝑘𝑚 2
2−
𝜃𝑘𝑚
𝑥𝑘𝑚 (2.59)
𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑘𝑚 = 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝜃𝑘𝑚2 (2.60)
Logo, pode-se notar que as expressões 𝑃𝑘𝑚 e 𝑃𝑚𝑘 trazem consigo cada uma, a
metade das perdas do ramo:
∑ 𝑃𝑘𝑚 =
(𝑚∈𝛺𝑘)
0,5 ∗ ∑ 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝜃𝑘𝑚2 + ∑𝜃𝑘𝑚
𝑥𝑘𝑚
(𝑚∈𝛺𝑘)
(𝑚∈𝛺𝑘)
𝑃𝑘 = 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑘 + ∑𝜃𝑘𝑚
𝑥𝑘𝑚
(𝑚∈𝛺𝑘)
𝑃𝑘 − 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑘 = ∑𝜃𝑘𝑚
𝑥𝑘𝑚
(𝑚∈𝛺𝑘) (2.61)
Sendo Pk nova injeção líquida no sistema sem perdas e 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑘 é a metade da
soma das perdas de todas as ligações da barra k. Usualmente 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 𝑘 é representado
como se fosse uma carga adicional na barra k, onde essa carga possui valor
correspondente a metade das perdas dos ramos ligados de forma direta a ela. Com isso,
temos o real problema a ser calculado:
P – Perdas = 𝐵′ * 𝜃 (2.62)
Sendo B’ é a mesma calculada anteriormente, com a exclusão da linha e da
coluna n, sendo n a barra de referência, para a qual será atribuído o valor de θ = 0 (zero)
graus.
26
Metodologia de solução:
Inicialmente, calcula-se a solução do sistema desprezando-se as perdas com
um θ” :
P = 𝐵′ * 𝜃′′ (2.63)
Calcula-se a perda total em cada ramo com 𝜃” e passamos a representá-la no
cálculo como uma carga adicional em uma dada barra a, pela seguinte
expressão:
𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 = 0,5 ∗ ∑ 𝑔𝑘𝑚 ∗ 𝜃𝑘𝑚2′′
(𝑚∈𝛺𝑘) (2.64)
Calculamos então, a solução do sistema agora considerando as perdas nos
ramos:
P - Perdas = 𝐵′ * θ (2.65)
Por fim, calculamos o fluxo nos ramos utilizando o novo vetor 𝜃 calculado:
𝑃𝑘𝑚 =𝜃𝑘𝑚
𝑥𝑘𝑚 (2.47)
27
CAPÍTULO 3
PRINCÍPIO DE MONITORAMENTO DE FLUXOS NO TEMPO REAL E
METODOLOGIA UTILIZADA NO CÁLCULO DOS FATORES DE
SENSIBILIDADE LINEAR.
3.1 - Monitoramento de fluxos em tempo real para evitar ou minimizar a
possibilidade de sobrecarga no pós-contingência
A fim de atender aos critérios de segurança estabelecidos, o ONS adotou uma
maneira aproximada de calcular os valores dos fluxos em linhas e transformadores após
a ocorrência de uma contingência, a saber: a utilização de inequações de
monitoramento. O nome “inequações de monitoramento” é um jargão utilizado pelo ONS
para um artifício matemático que procura mostrar de maneira simples o acréscimo de
fluxo de potência ativa em um equipamento diante do desligamento de outro
equipamento, quer seja um desligamento programado, bem como uma saída
intempestiva.
O monitoramento e controle das inequações têm por objetivo manter os valores
de carregamento dos equipamentos de interesse, no pós-contingência, inferiores aos
limites de carregamento admissíveis dos mesmos. Para a confecção destas
inequações, utiliza-se um conceito matemático chamado de fator de distribuição entre
os equipamentos em questão. Sabe-se ainda, que podem ocorrer dois ou mais
desligamentos em cascata, que podem aumentar ainda mais o carregamento do
equipamento analisado. A confecção de tudo isso será exposta detalhadamente nos
itens 3.2 e 3.3.
Na fase de programação eletroenergética busca-se implementar a otimização
energética, viabilizar as intervenções quando possível e minimizar a possibilidade de
ocorrência de sobrecarga em regime normal bem como em regime de emergência
diante de contingência.
Além de serem monitorados e controlados nas etapas de programação e em
tempo real, os valores de fluxo de potência ativa em algumas linhas e transformadores
para algumas contingências preestabelecidas considerando a topologia de rede
completa, faz-se necessária a constante atualização do rol das inequações, devido aos
desligamentos programados, pois estes alteram a topologia da rede.
28
3.2 - Fator de distribuição de carregamento [3], [4] e [9].
O fator de distribuição de carregamento informa a influência que uma
determinada contingência causa em outro equipamento. Calculando-se previamente o
fator de superposição, pode-se obter um procedimento rápido para o cálculo de valores
de fluxo de carregamento no que seriam esperados no pós-contingência em algumas
linhas ou transformadores previamente escolhidos, e verificar se há algum problema de
violação de limites operativos. Por definição, o fator de distribuição de carregamento é
dado por:
𝑑𝐿,𝐴 =∆𝑓𝐿
𝑓𝐴𝑜 (3.1)
Onde:
L é o índice do equipamento em questão que está sendo monitorado
A é o índice do equipamento em que ocorre a contingência
𝑑𝐿,𝐴 é o fator de distribuição do equipamento A no equipamento monitorado L,
prevendo a possibilidade de desligamento do equipamento A
∆𝑓𝐿 é a variação em MW no equipamento L provocada pelo desligamento do
equipamento A
𝑓𝐴𝑜 é o fluxo em MW no equipamento A antes de sua saída de operação
Após a contingência, o fluxo de potência ativa aproximado no equipamento L é
determinado utilizando a seguinte equação:
𝐹𝑓𝐿 = 𝐹𝑖𝐿 + 𝑑𝐿,𝐴 ∗ 𝑓𝐴𝑜 (3.2)
Sendo:
𝐹𝑖𝐿 é o fluxo no equipamento L antes da contingência
𝐹𝑓𝐿 é o fluxo no equipamento L após a saída da linha A
𝑓𝐴𝑜 é o fluxo no equipamento A antes da contingência
𝑑𝐿,𝐴 é o fator de distribuição de carregamento que monitora o equipamento L
após a saída do equipamento A
29
Na prática, como não se sabe o momento em que uma eventual contingência irá
ocorrer, são monitoradas e controladas inequações do seguinte tipo:
𝐹𝑖𝐿 + 𝑑𝐿,𝐴 ∗ 𝑓𝐴𝑜 < Limite de curta duração da linha A (MW) (3.3)
Na prática o ONS calcula tais fatores através da simulação de fluxo de potência
utilizando o método Newton-Raphson completo, podendo o cálculo dos fatores de
distribuição variar, porém não de forma significativa, de acordo com alteração no nível
de carregamento do sistema e do perfil de tensão do mesmo. A fim de comprovar esta
afirmação, foi simulado no programa Anarede [5] uma série de contingências para
diferentes patamares de carga, utilizando níveis de carregamento distintos nas linhas
de transmissão. Esta análise pode ser vista no tópico 3.2.1, onde também é explicada
a metodologia de confecção de fatores de distribuição para eventos simples.
3.2.1 - Cálculo dos fatores de distribuição de carregamento para eventos
simples
A figura 3.1 mostra o diagrama unifilar das subestações do 765 kV do SIN.
Figura 3.1: Sistema de Transmissão em 765 kV do SIN
F. IGUAÇU
IVAIPORÃ
ITABERÁ
TIJUCO PRETO
Itaipu 60 Hz
345 kV500
kV
Região Sul
30
Tomando-se como base o caso mensal do ONS de Maio/2014, foi simulada a
contingência de um circuito que interliga a subestação (SE) Itaberá à subestação Tijuco
Preto. As tabelas 01, 02 e 03 têm o objetivo de demonstrar que o cálculo dos fatores de
distribuição de carregamento não é afetado pelo nível de carregamento do sistema
(patamar de carga) e que não variam de forma significativa de acordo com o método
escolhido para resolução do estado da rede.
Utilizando-se a equação (3.1), calculou-se o fator de distribuição de
carregamento para a referida simulação:
𝑑𝐿,𝐴 =∆𝑓𝐿
𝑓𝐴𝑜 (3.1)
Sendo agora:
L representa o índice correspondente à linha Itaberá–Tijuco Preto C3
A representa o índice correspondente à linha em contingência, Itaberá–Tijuco
Preto C2
∆𝑓𝐿 representa a variação de fluxo na linha Itaberá–Tijuco Preto C3 devido à
contingência
𝑓𝐴𝑜 representa o fluxo correspondente à linha Itaberá–Tijuco Preto C2 antes da
contingência
A tabela 01 mostra os valores de fluxo calculados utilizando o método de Newton
AC para a contingência da linha de transmissão Itaberá-Tijuco Preto C2.
Tabela 01: Cálculo dos fatores de superposição utilizando o método Newton AC
Método de Newton AC
PESADA LEVE MEDIA
Fluxo inicial
(MW)
Fluxo Final
(MW)
Fluxo inicial
(MW)
Fluxo Final
(MW)
Fluxo inicial
(MW)
Fluxo Final
(MW)
Itaberá –Tijuco Preto C2 1119,8 0 716,3 0 1108,2 0
Itaberá –Tijuco Preto C3 1055,0 1499,1 675,2 959,2 1045,1 1484,1
Fator de distribuição 0,3965 0,3964 0,3962
31
Como pode ser visto na tabela 01, o valor do fator de distribuição de
carregamento calculado utilizando o método de resolução Newton AC em diferentes
patamares de carga foi aproximadamente o mesmo.
A tabela 02 mostra os valores de fluxo calculados utilizando o método do fluxo
de potência linearizado (Flow DC) sem perdas:
Tabela 02: Cálculo dos fatores de superposição utilizando o método Flow DC sem perdas
Flow DC sem Perdas
PESADA LEVE MEDIA
Fluxo inicial
(MW)
Fluxo Final
(MW)
Fluxo inicial
(MW)
Fluxo Final
(MW)
Fluxo inicial
(MW)
Fluxo Final
(MW)
Itaberá –Tijuco Preto C2 1177,7 0 745,7 0 1178,2 0
Itaberá –Tijuco Preto C3 1111,1 1598 703,6 1011,0 1111,7 1598,7
Fator de distribuição 0,4134 0,4122 0,4133
Como pode na tabela 02, o valor do fator de distribuição de carregamento
calculado utilizando o método de resolução do fluxo de potência linearizado sem perdas
para diferentes patamares de carga foi aproximadamente o mesmo e também esteve
próximo em relação ao fator de distribuição calculado na tabela 01.
A tabela 03 mostra os valores de fluxo calculados utilizando o método do fluxo
de potência linearizado (Flow DC) com perdas:
Tabela 03: Cálculo dos fatores de superposição utilizando o método Flow DC com perdas
Flow DC com perdas
PESADA LEVE MEDIA
Fluxo inicial
(MW)
Fluxo Final
(MW)
Fluxo inicial
(MW)
Fluxo Final
(MW)
Fluxo inicial
(MW)
Fluxo Final
(MW)
Itaberá –Tijuco Preto C2 1137,9 0 730,9 0 1132,5 0
Itaberá –Tijuco Preto C3 1072,6 1545 689,2 991,1 1067,5 1537,6
Fator de distribuição 0,4151 0,4130 0,4150
32
Como pode ser visto na tabela 03, o valor do fator de distribuição de
carregamento calculado utilizando o método de resolução fluxo de potência linearizado
com perdas para diferentes patamares de carga foi aproximadamente o mesmo e
também esteve próximo em relação aos fatores de distribuição calculados nas tabelas
01 e 02.
Com base nos resultados das tabelas 01, 02 e 03, mostra-se a afirmação de que
o cálculo dos fatores de distribuição não depende do nível de carregamento e não
variam de forma significativa de acordo com o método escolhido para resolução do
estado da rede.
Uma vez que o cálculo dos fatores de distribuição depende exclusivamente da
variação de fluxo calculada quando da saída de um determinado equipamento da rede,
independentemente de seu nível de carregamento, mostra-se que o cálculo dos fatores
de distribuição depende exclusivamente da topologia da rede.
3.2.2 - Cálculo dos fatores de distribuição para eventos múltiplos:
Para a correta confecção de fatores de distribuição para eventos múltiplos
ocorrendo de forma sequencial, faz-se necessário o entendimento de que só se tem a
informação referente aos valores de fluxo de potência ativa em tempo real, mas que
deve-se obter os fluxos intermediários, após a saída do primeiro equipamento.
Segue abaixo uma legenda com o objetivo de facilitar o entendimento da dedução do
cálculo dos fatores de distribuição para eventos múltiplos:
𝐹1𝑖 é o fluxo inicial do equipamento 1
𝐹2𝑖 é o fluxo inicial do equipamento 2
𝐹3𝑖 é o fluxo inicial do equipamento 3
𝐹1𝑚 é o fluxo intermediário do equipamento 1 após a saída do equipamento 2
𝐹3𝑚 é o fluxo intermediário do equipamento 3 após a saída do equipamento 2
𝐹1𝑓 é o fluxo final do equipamento 1 após a saída do equipamento 3
𝐾1 é o fator de distribuição relacionando a saída do equipamento 2 ao
equipamento 1
𝐾2 é o fator de distribuição relacionando a saída do equipamento 2 ao
equipamento 3
𝐾3 é o fator de distribuição relacionando a saída do equipamento 3 ao
equipamento 1, após a saída do equipamento 2.
33
Com base na equação (3.2), inicialmente simula-se a primeira contingência e
são obtidos os fluxos intermediários após a saída de um equipamento:
𝐹1𝑚 = 𝐹1𝑖 + 𝐾1 ∗ 𝐹2𝑖 (3.4)
𝐹3𝑚 = 𝐹3𝑖 + 𝐾2 ∗ 𝐹2𝑖 (3.5)
Após isso, obtém-se o fluxo final em termos do fluxo intermediário de acordo com
a equação abaixo:
𝐹1𝑓 = 𝐹1𝑚 + 𝐾3 ∗ 𝐹3𝑚 (3.6)
Através das equações (3.4) e (3.5), pode-se reescrever (3.6) em termos dos
fluxos iniciais. Com isso tem-se:
𝐹1𝑓 = (𝐹1𝑖 + 𝐾1 ∗ 𝐹2𝑖) + 𝐾3 ∗ (𝐹3𝑖 + 𝐾2 ∗ 𝐹2𝑖) (3.7)
Rearranjando (3.7), obtemos a forma padrão para a obtenção dos fatores que
compõem uma equação de monitoramento de dois eventos:
𝐹1𝑓 = 𝐹1𝑖 + 𝐹2𝑖 ∗ (𝐾1 + 𝐾2 ∗ 𝐾3) + 𝐾3 ∗ 𝐹3𝑖 (3.8)
Onde, por sua vez os fatores k1, k2 e k3 são calculados utilizando as seguintes
fórmulas:
𝐾1 =𝐹1𝑚−𝐹1𝑖
𝐹2𝑖 (3.9)
𝐾2 =𝐹3𝑚−𝐹3𝑖
𝐹2𝑖 (3.10)
𝐾3 =𝐹1𝑓−𝐹1𝑚
𝐹3𝑚 (3.11)
De forma a mostrar como são confeccionados os fatores de distribuição para
eventos múltiplos na prática, foi simulada em cima da perda simples da linha Itaberá-
Tijuco Preto C2, a perda sucessiva de um circuito ligando as subestações Ivaiporã à
Itaberá. Para esta análise, continuou a utilizar o caso base de maio/2014 do ONS, no
patamar de carga pesada, com a resolução do fluxo de potência sendo feita através do
método Newton AC. A tabela 04 mostra os valores obtidos nesta simulação:
34
Tabela 04: Cálculo dos fatores de superposição para eventos múltiplos
Método de Newton AC Grandezas tempo real Perda LT Itaberá-TP C2 Perda Ivaiporã-Itaberá
Itaberá - Tijuco Preto C3 1072,5 1544,8 1478,8
Itaberá – Tijuco Preto C2 1137,8 0 0
Ivaiporã – Itaberá C3 1114,0 1059,2 0
Conforme pôde ser visto através da tabela 04, na coluna que demonstra o valor
dos fluxos para a perda da linha Itaberá-Tijuco Preto C2, o valor de carregamento da
linha Itaberá-Tijuco Preto C3 se elevou. Após a perda da linha Ivaiporã-Itaberá C3, o
carregamento desta linha foi aliviado..
Os fatores representados por (3.9), (3.10) e (3.11), nesta referida simulação são:
𝐾1= 0,415
𝐾2 = -0,048
𝐾3 = -0,062
Com isso, é possível estimar o valor do fluxo final para a perda do circuito C2
Itaberá-Tijuco Preto e C3 Ivaiporã-Itaberá em termos de grandezas de tempo real:
𝐹1𝑓 = 𝐹1𝑖 + 0,4181 ∗ 𝐹2𝑖 − 0,062 ∗ 𝐹3𝑖 (3.12)
Onde:
𝐹1𝑖 é o fluxo inicial na linha Itaberá-Tijuco Preto C3
𝐹2𝑖 é o fluxo inicial na linha Itaberá-Tijuco Preto C2
𝐹3𝑖 é o fluxo inicial na linha Ivaiporã-Itaberá C2
𝐹1𝑓 é o fluxo final após a ocorrência após a perda dos circuitos Itaberá-Tijuco
Preto C2 e Ivaiporã-Itaberá C3.
De forma a validar os fatores de distribuição calculados na equação (3.12), o
evento múltiplo referente à perda da linha Itaberá-Tijuco Preto C2 e Ivaiporã-Itaberá C3
foi simulado para o patamar de carga leve no caso base de maio/2014 do ONS. A tabela
05 mostra os valores obtidos nesta simulação.
35
Tabela 05: Teste para validação dos fatores de distribuição
Método de Newton AC Grandezas tempo real Perda LT Itaberá-TP C2 Perda Ivaiporã-Itaberá
Itaberá - Tijuco Preto C3 890,6 1259,2 1200,8
Itaberá – Tijuco Preto C2 945,8 0 0
Ivaiporã – Itaberá C3 924,0 861,6 0
Utilizando-se a equação (3.12), calculou-se o fluxo final da simulação em função
das grandezas de tempo real apresentadas na primeira linha da tabela 05. O valor obtido
foi 1228,7 MW, valor 2,3% maior em relação ao fluxo final obtido na própria simulação
(1200,8 MW).
Com base neste resultado, pode-se demonstrar a afirmação que o cálculo dos
fatores de distribuição para eventos múltiplos não é afetado de forma significativa de
acordo com o nível de carregamento da rede.
Consequentemente, a inequação que deveria ser monitorada e controlada em
tempo real, para suportar esta perda múltipla seria a seguinte:
𝐹1𝑖 + 0,4181 ∗ 𝐹2𝑖 − 0,062 ∗ 𝐹3𝑖 < 𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑢𝑟𝑡𝑎 𝑑𝑢𝑟𝑎çã𝑜 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 (𝑀𝑊) (3.13)
3.3 - Fatores de deslocamento de geração [3], [4] e [9].
Os fatores de deslocamento de geração são estimações lineares que mostram
o comportamento dos fluxos na rede, devido à variação da potência ativa de geração
em uma usina específica. Em outras palavras indicam o quanto de injeção de potência
ativa deve ser reprogramada para sanar a violação da inequação. Por definição, o fator
de deslocamento de geração é dado por:
𝑎𝐿,𝑖 =∆𝑓𝐿
∆𝑃𝑖 (3.14)
Onde:
∆𝑃𝑖 é a variação de potência ativa na barra de geração i
∆𝑓𝐿 é a variação de fluxo no equipamento L devido a variação de geração
36
𝑎𝐿,𝑖 representa a influência que uma variação de geração ∆𝑃 na barra i
ocasiona no equipamento L, em termos de variação de fluxo ∆𝑓.
Sabe-se que, de acordo com a metodologia apresentada no método fluxo de
potência, que qualquer variação de geração é automaticamente compensada por uma
variação oposta na barra swing do sistema. Com isso, o fluxo final na linha L é dado por:
𝐹𝑓𝐿 = 𝐹𝑖𝐿 + 𝑎𝐿,𝑖 ∗ ∆𝑃𝑖 (3.15)
Para L = 1,..., n.
Onde:
n é o número total de linhas.
𝐹𝑖𝐿 é o fluxo inicial na linha L
𝐹𝑓𝐿 é o fluxo na linha L após a variação de geração ∆Pi na barra i
De maneira análoga aos fatores de distribuição, os fatores de deslocamento de
geração também não dependem do nível de carregamento e não variam de forma
significativa de acordo com o método escolhido para resolução do estado da rede. Na
prática tais fatores são calculados pelo ONS a partir de um ponto de operação obtido
através da convergência do método de simulação Newton-Raphson. A influência da
geração de uma usina em determinada linha de transmissão também praticamente
independe do ponto de operação da rede, sendo fortemente influenciado pela topologia
da rede elétrica.
Como o sistema brasileiro é bastante malhado, às vezes a variação de injeção
de potência ativa em uma única usina não resolve totalmente o problema das violações.
Em outros casos, a variação na injeção de potência em uma determinada usina pode
resolver um problema específico, mas também pode piorar o fluxo em outra linha de
transmissão que anteriormente estava dentro do limite adequado. Cabe ressaltar que a
consideração da usina de Ilha Solteira como swing é realizada apenas nos modelos e
ambiente de simulação. No sistema real não existe usina swing, e as reprogramações
de geração podem ocorrer entre quaisquer usinas, sendo que o que realmente importa
é a diferença entre os fatores de influência entre as usinas que estão sendo
redespachadas. Em uma situação de alteração de ∆𝑃 no despacho da usina i,
compensada por uma reprogramação de −∆𝑃 na usina j, a variação de fluxo de potência
ativa no equipamento L, será calculada pela seguinte expressão:
37
TRÊS
ILHA SOLTEIRA
∆𝑓𝐿 = (𝑎𝐿,𝑖 − 𝑏𝐿,𝑗) ∗ ∆𝑃𝑖 (3.16)
Onde:
∆𝑃𝑖 é a variação de potência ativa na barra de geração i (em MW)
∆𝑓𝐿 é a variação de fluxo no equipamento L devido à reprogramação de
geração entre as usinas i e j ;
𝑎𝐿,𝑖 representa a influência que uma variação de geração ∆P na barra i
ocasiona no equipamento L, em termos de variação de fluxo.
𝑏𝐿,𝑗 representa a influência que uma variação de geração ∆P na barra j
ocasiona no equipamento L, em termos de variação de fluxo.
Na figura 3.2 pode-se observar uma parte do sistema de 440 kV do SIN. Neste
sistema, estão presentes algumas das principais usinas da região sudeste, como a usina
de Jupiá e Capivara.
Figura 3.2: Parte do Sistema de 440 kV do SIN
Com o objetivo de exemplificar o que foi apresentado, foram simuladas três
situações de reprogramação de geração envolvendo as usinas de Jupiá, Taquaruçu e
Ilha Solteira. A proposta deste exemplo é que ocorra um alívio no carregamento da linha
de transmissão em questão através de reprogramação de geração entre as usinas
38
Capivara e Jupiá. Os resultados das simulações são expostos na tabela 06, seguidos
da explicação de cada caso de reprogramação:
Tabela 06: Monitoramento de fluxo na LT 440kV Jupiá-Taquaruçu
Situação Fluxo na LT 440 kV
Jupiá-Taquaruçu (MW) Geração em
Capivara (MW) Geração em Jupiá (MW)
Geração em Ilha Solteira (MW)
01 88,5 570 1183 2686
02 72,7 620 1183 2635
03 83,3 570 1133 2735
04 67,5 620 1133 2684
Descrição dos casos apresentados na tabela 06:
A situação 01 representa o ponto de operação no qual o sistema se encontra.
Na situação 02, o despacho da usina de Capivara se elevou, aliviando o fluxo na
LT analisada, compensada com a redução na UHE Ilha Solteira.
Na situação 03, o despacho original da usina de capivara manteve-se fixo, sendo
reduzido o despacho na usina de Jupiá, compensado com elevação na UHE Ilha
Solteira.
As reprogramações intermediárias (casos 02 e 03) com a usina de Ilha Solteira
foram realizadas somente no ambiente de simulação, para efeito meramente
didático. A situação 04 mostra uma situação real de redespacho de geração:
caso se queira aliviar o carregamento em uma linha de transmissão sem mexer
na potência despachada da usina dita swing do sistema, deve-se calcular os
fatores de deslocamento de geração e utilizá-los de maneira satisfatória,
elevando a potência em uma determinada usina e reduzindo o despacho em
outra.
De acordo com a tabela 06, observa-se que nos quatro casos simulados o fluxo
de potência ativa na LT 440 kV Jupiá – Taquaruçu sempre fluiu no sentido da
subestação Jupiá para a subestação Taquaruçu.
Assim, com as simulações da tabela 06 e a equação (3.15) é possível calcular
os fatores de deslocamento de geração das duas usinas em relação à linha 440kV
Jupiá-Taquaruçu:
39
𝑎𝐽𝑇,𝐶𝐴𝑃𝐼𝑉𝐴𝑅𝐴 =∆𝑓𝐿
∆𝑃𝑐𝑎𝑝= −
15,8
50= −0,316
𝑎𝐽𝑇,𝐽𝑈𝑃𝐼𝐴 =∆𝑓𝐿
∆𝑃𝑗𝑢𝑝=
−5,2
−50= 0,104
Sendo:
𝑎𝐽𝑇,𝐶𝐴𝑃𝐼𝑉𝐴𝑅𝐴 é o fator de deslocamento de geração da linha 440kV Jupiá-
Taquaruçu quando da variação de geração na usina de Capivara
𝑎(𝐽𝑇,𝐽𝑈𝑃𝐼𝐴) é o fator de deslocamento de geração da linha 440kV Jupiá-
Taquaruçu quando da variação de geração na usina de Jupiá
∆𝑓𝐿 é a variação de fluxo na linha em questão
∆𝑃𝑐𝑎𝑝 é a variação de geração na usina de Capivara
∆𝑃𝑗𝑢𝑝 é a variação de geração na usina de Jupiá
Com isso, a equação de monitoramento para a reprogramação de geração
dessas duas usinas da linha de transmissão em questão é dada por:
𝐹𝑓𝐿 = 𝐹𝑖𝐿 + −0,316 ∗ ∆𝑃𝑐𝑎𝑝 + 0,104 ∗ ∆𝑃𝑗𝑢𝑝 (3.17)
Ainda, uma vez que:
∆𝑃𝑗𝑢𝑝 = −∆𝑃𝑐𝑎𝑝 (3.18)
Substituindo (3.18) em (3.17), resulta:
𝐹𝑓𝐿 = 𝐹𝑖𝐿 + (−0,316 − 0,104) ∗ ∆𝑃𝑐𝑎𝑝
𝐹𝑓𝐿 = 𝐹𝑖𝐿 − 0,42 ∗ ∆𝑃𝑐𝑎𝑝 (3.19)
A tabela 07 tem por objetivo representar outro ponto de operação com ações de
reprogramação de geração seguindo um raciocínio análogo referente às situações da
tabela 06 para uma posterior validação dos fatores de deslocamento calculados:
40
Tabela 07: Monitoramento de fluxo na LT 440kV Jupiá-Taquaruçu para outro ponto de operação
Situação Fluxo na LT 440 kV
Jupiá-Taquaruçu (MW) Geração em
Capivara (MW) Geração em Jupiá (MW)
Geração em Ilha Solteira (MW)
01 -217,1 450 860 1875
02 -231,6 500 860 1825
03 -222,3 450 810 1925
04 -236,8 500 810 1875
A tabela 08 tem por objetivo validar os fatores de deslocamento calculados na
equação (3.17) em outro ponto de operação:
Tabela 08: Comparação de resultados entre a simulação e o fator de reprogramação de geração
calculado
Situação Fluxo na LT 440 kV
Jupiá-Taquaruçu (MW) na Simulação
Fluxo na LT 440 kV Jupiá-Taquaruçu (MW)
utilizando a equação (3.17)
02 -231,6 -232,9
03 -222,3 -222,3
04 -236,8 -238,1
Comparando-se os resultados encontrados na tabela 08, pode-se observar a
validade do fator de reprogramação de geração calculado na equação (3.17)
independente do patamar de carga utilizado.
41
CAPÍTULO 4
ESTUDO DE CASO: UTILIZAÇÃO DE FATORES DE SENSIBILIDADE
LINEAR PARA MONITORAMENTO E CONTROLE DO CARREGAMENTO
DA TRANSFORMAÇÃO 765/345 kV – 3 x 1500 MVA DA SUBESTAÇÃO
TIJUCO PRETO NA ETAPA DE PROGRAMAÇÃO DIÁRIA DA
OPERAÇÃO.
4.1 – Objetivo
A proposta deste estudo é utilizar os fatores de sensibilidade para o controle e
monitoramento do carregamento desta transformação durante a etapa de programação
diária da operação e sugerir uma medida na qual se possa aliviar o carregamento da
mesma em caso de contingência na etapa de programação diária da operação.
4.2 – Motivação e contextualização do problema analisado
A SE de Tijuco Preto é uma subestação considerada chave para o sistema, pois
como pode ser visto através da figura 3.1 no capítulo anterior, esta subestação faz parte
do sistema de 765 kV do SIN, escoando grande quantidade de potência proveniente da
Usina Hidrelétrica de Itaipu 60 Hz para as linhas de 345 kV e 500 kV do sistema. Nos
últimos anos, o SIN tem vivido um cenário energético complicado principalmente durante
as estações mais quentes do ano. Este cenário tem se caracterizado por níveis de
armazenamento bem reduzidos nos reservatórios das usinas hidrelétricas da Região
Sudeste aliado a uma política de geração térmica elevada nas usinas de toda região.
Neste contexto, a subestação de Tijuco Preto ganha maior importância ainda,
pois através dela é possível escoar excedentes de geração provenientes da Usina de
Itaipu 60 Hz, ajudando assim a preservar os níveis dos reservatórios nas usinas da
Região Sudeste para períodos mais críticos. A figura 4.1 ilustra a parte referente ao
sistema 345 kV da SE Tijuco Preto e facilita a melhor compreensão deste estudo de
caso.
42
Figura 4.1: Configuração da transformação 765/345 kV da SE de Tijuco Preto
Para trazer segurança elétrica para o sistema, são monitoradas algumas
inequações a fim de assegurar que o evento da perda de um dos autotransformadores
(ATRs) do 765/345 kV – 1500 MVA da SE Tijuco Preto não implique em sobrecarga
inadmissível para os demais ATRs desta subestação.
A motivação para este estudo de caso surgiu de uma necessidade real ocorrida
na etapa de programação diária da operação, onde foram verificados níveis de
carregamento considerados elevados para a transformação 765/345 kV – 3 x 1500 MVA
da SE Tijuco Preto e consequentemente níveis de carregamento superiores ao limite
nominal na inequação de monitoramento que prevê a perda de um dos transformadores
desta subestação.
765 kV 345 kV
43
4.3 – Controle atual de carregamento da transformação
Com o objetivo de proporcionar segurança elétrica ao sistema, são concebidas
lógicas de proteção que podem envolver a abertura de linhas e também corte de
geração. No tronco de interligação do sistema de 765 kV está ativa a Lógica 9’. Esta
lógica consiste em mediante a perda de um dos autotransformadores (ATR) 765/345 kV
- 1500 MVA e havendo um carregamento superior a 1350 MW em um dos
autotransformadores remanescentes, ocorre a atuação da mesma realizando um corte
de geração de até 03 UGs no setor de 60 Hz da UHE Itaipu e comandando a abertura
automática da LT 765 kV Itaberá – Tijuco Preto C2 [7]. A figura 4.2 auxilia uma melhor
compreensão da lógica.
44
Figura 4.2: Diagrama do Sistema de Transmissão de 765 kV e configuração da transformação 765/345 kV da SE de Tijuco Preto
45
Ressalta-se que embora a reatância dos autotransformadores ATR-4, ATR-5 e
ATR-6 765/345 kV - 1500 MVA da SE Tijuco Preto sejam iguais, o carregamento destes
é diferente, pois os três ATRs não estão paralelados conforme pode ser visto nos
diagramas das figuras 4.1 e 4.2. Devido a isso, esta análise focou somente as
inequações de monitoramento dos ATRs 5 e 6, haja vista que seria redundante realizar
a análise do ATR-4 e do ATR-5, pois estes carregariam de forma igual.
Todas as inequações deste capítulo foram confeccionadas através dos conceitos
de fatores de sensibilidade linear abordados no capítulo 3.
As inequações (4.1), (4.2) e (4.3) mostram os fatores de sensibilidade linear a
fim de demonstrar o carregamento pós-contingência no ATR-5 com a atuação da lógica
9’ para a perda dos ATRs 4 e 6, e carregamento do ATR-6 para a perda do ATR-4. Seria
redundante analisar o efeito da perda do ATR-4 e ATR-5 no ATR-6, já que como estes
possuem o mesmo valor de reatância e estão paralelados, possuem o mesmo valor de
fluxo e consequentemente impactam de maneira igual o ATR-6.
F(AT5 TP) + 0,43 x F(AT4 TP) – 0,08 x (IPU9MQ) – 0,06 x F(IT-TP2) < 1500 MW (4.1)
F(AT5 TP) + 0,35 x F(AT6 TP) – 0,08 x (IPU9MQ) – 0,06 x F(IT-TP2) < 1500 MW (4.2)
F(AT6 TP) + 0,32 x F(AT4 TP) – 0,09 x (IPU9MQ) – 0,07 x F(IT-TP2) < 1650 MW (4.3)
Onde:
F(AT5 TP) = Fluxo de potência ativa no ATR-5 765/345 kV - 1500 MVA da SE
Tijuco Preto, para fluxo de potência ativa no sentido do 765 kV para o 345 kV;
F(AT4 TP) = Fluxo de potência ativa no ATR-4 765/345 kV - 1500 MVA da SE
Tijuco Preto, para fluxo de potência ativa no sentido do 765 kV para o 345 kV;
F(AT6 TP) = Fluxo de potência ativa no ATR-6 765/345 kV - 1500 MVA da SE
Tijuco Preto, para fluxo de potência ativa no sentido do 765 kV para o 345 kV;
(IPU9MQ) = Potência total de 03 UGs da UHE Itaipu 60 Hz em MW que são
cortadas através da atuação da lógica 9’. OBS: Itaipu 60 Hz estaria despachada
com 09 UGs.
F(IT-TP2) = Fluxo de potência ativa na LT 765 kV Itaberá – Tijuco Preto C-2.
46
Tomando como base o dia 12 de março de 2014 na fase da programação diária da
operação, seguem algumas grandezas importantes que foram monitoradas neste dia a
fim de elucidar a problemática enfrentada e mostrar os níveis de carregamento dos
equipamentos contemplados por este estudo de caso:
A figura 4.3 mostra a geração programada de Itaipu 60 Hz discretizada em 48
patamares de meia hora para o dia 12 de março de 2014:
Figura 4.3: Geração de Itaipu 60 Hz programado para o dia 12/03/2014
Através da figura 4.3 é possível perceber um despacho de geração elevado na
usina durante todo o dia, evidenciando a importância desta usina para o SIN.
Destaque para os maiores períodos de despacho: 11:00 com 5150 MW, 15:30 (pico
carga média) com 5650 MW e 21:30 (pico carga pesada) com 5300 MW.
47
500
600
700
800
900
1000
1100
1200
1300
1400
1500
Car
rega
men
to (
MW
)
Tempo (h)
TRs TIJUCO PRETO
TR4 TP TR5 TP TR6 TP
A figura 4.4 mostra o carregamento dos três ATRs para o dia em questão:
Figura 4.4: Carregamento dos ATR 765/345 kV da SE Tijuco Preto
É possível observar através da figura 4.4 que o ATR-6 é o autotransformador
que possui maior carregamento e que os ATR-5 e ATR-4 possuem um carregamento
praticamente igual, comprovando a afirmação já mencionada acima com relação a estes
dois autotransformadores.
48
A figura 4.5 mostra o comportamento da inequação de monitoramento (4.1)
referente ao ATR-5 765/345 kV – 1500 MVA para a perda do ATR-4 765/345 kV – 1500
MVA e a atuação da lógica 9’.
Figura 4.5: Comportamento da inequação de monitoramento do ATR-5 765/345 kV – 1500 MVA para
a perda do ATR-4 765/345 kV – 1500 MVA e a atuação da lógica 9’ considerando Itaipu 60Hz com 09
unidades geradoras.
Conforme pode ser observado através da figura 4.5, na etapa de programação
do dia 12/03/2014 a inequação de monitoramento para o carregamento do ATR-5
765/345 kV – 1500 MVA da SE Tijuco Preto dada a perda do ATR-4 765/345 kV e
atuação da lógica 9’ tem ultrapassado seu limite de curta duração (1500 MW) nos
horários de 11:00, 15:00, 15:30 e 19:30.
49
A figura 4.6 mostra o comportamento da inequação de monitoramento (4.2)
referente ao ATR-5 765/345 kV – 1500 MVA para a perda do ATR-6 765/345 kV – 1500
MVA e a atuação da lógica 9’.
Figura 4.6: Comportamento da inequação de monitoramento do ATR-5 765/345 kV – 1500 MVA para
a perda do ATR-6 765/345 kV – 1500 MVA e a atuação da lógica 9’ – Itaipu 60 Hz com 9 UGs
Conforme pode ser observado através da figura 4.6, na etapa de programação
do dia 12/03/2014 a inequação de monitoramento para o carregamento do ATR-5
765/345 kV – 1500 MVA da SE Tijuco Preto dada a perda do ATR-6 765/345 kV e
atuação da lógica 9’ nos horários de 11:00, 15:00 e 19:30 chegou bem próxima a seu
limite de curta duração (1500 MW).
50
A figura 4.7 mostra o comportamento da inequação de monitoramento (4.3)
referente ao ATR-6 765/345 kV – 1500 MVA para a perda do ATR-4 765/345 kV – 1500
MVA e a atuação da lógica 9’
Figura 4.7: Comportamento da inequação de monitoramento do ATR-6 765/345 kV – 1500 MVA para
a perda do ATR-4 765/345 kV – 1500 MVA e a atuação da lógica 9’ – Itaipu 60 Hz com 9 UGs
Conforme pode ser observado através da figura 4.7, na etapa de programação
do dia 12/03/2014 a inequação de monitoramento para o carregamento do ATR-6
765/345 kV – 1500 MVA da SE Tijuco Preto dada a perda do ATR-4 765/345 kV e
atuação da lógica 9’ tem ultrapassado seu limite de curta duração (1650 MW) nos
horários de 11:00, 15:00, 15:30 e 19:30.
De acordo com as análises feitas a partir das figuras 4.5, 4.6 e 4.7, da maneira
na qual o sistema encontra-se programado para o dia de 12/03/2014 não seria viável
explorar excedentes energéticos na geração de Itaipu 60 Hz, haja visto que isso
infringiria o limite das respectivas inequações representadas através das figuras em
questão.
51
4.4 - Proposta para controle do carregamento da transformação 765/345 kV – 3 x
1500 MVA da SE Tijuco Preto
A alternativa sugerida com o objetivo de aliviar o carregamento da transformação
765/345 kV da SE Tijuco Preto de forma complementar à lógica de proteção existente
consistiu na abertura da linha de transmissão 345 kV Tijuco Preto – Itapeti C1 e C2.
Para chegar à confecção das inequações de monitoramento que possibilitaram
essa sugestão, foi analisado o comportamento dos valores de carregamento no ATR-5
para a perda do ATR-4 e do ATR-6. Já para o ATR-6 foi analisada somente a perda do
ATR-4, pois como já fora mencionado no item 4.3, seria redundante analisar o efeito da
perda dos ATR-4 e ATR-5, já que estes possuem o mesmo valor de reatância e estão
em paralelo, possuindo o mesmo valor de fluxo. As etapas de análise bem como os
resultados obtidos são apresentados a seguir.
Inicialmente, foi simulada a seguinte sequência de eventos:
Perda do ATR-4 765/345 kV – 1500 MVA da SE Tijuco Preto;
Abertura da LT 765 kV Itaberá – Tijuco Preto C-2;
Abertura da LT 345 kV Tijuco Preto – Itapeti C-1 e C-2;
Corte de 03 unidades geradoras da UHE Itaipu 60 Hz.
Nesta configuração, seguem os resultados que são apresentados na tabela 09:
52
Tabela 09: Comportamento do carregamento dos ATR5 e ATR6 da SE Tijuco Preto para
a perda do ATR4 765/345 kV
Grandezas
de Rede
Completa (MW)
Perda do ATR-4
765/345 kV
(MW)
Abertura da LT 765 kV
Itaberá – T. Preto C-2
(MW)
Abertura da LT
345 kV T. Preto –
Itapeti
C-1 e C-2 (MW)
Fluxo no ATR-4
765/345 kV da
SE T. Preto
1034,9 0
Fluxo na LT 765 kV
Itaberá – T. Preto 2 1786,4
1746
0
Fluxo na LT 345 kV
T. Preto – Itapeti
C1 e C2
2 x 385,5
2 x 268,9
3 x 246,9
0
Fluxo no ATR-5
765/345 kV da
SE T. Preto
1057,7
1500,6
1391,9
1311,5
Fluxo no ATR-6
765/345 kV da
SE T. Preto
1170,7
1499,7
1392,4
1430,7
As expressões (4.4) e (4.5) mostram o carregamento no pós-contingência para
os ATR-5 e ATR-6 para a perda do ATR4:
F(AT5 TP) (pós) = F(AT5 TP) + 0,47 x F(AT4 TP) – 0,06 x F(IT-TP2) +
- 0,16 x F(TP-ITAP1e2) (4.4)
F(AT6 TP) (pós) = F(AT6 TP) + 0,30 x F(AT4 TP) – 0,06 x F(IT-TP2) +
+ 0,07 x F(TP-ITAP1e2) (4.5)
Sendo:
F(TP-ITAP1e2) = somatório dos fluxos de potência ativa na LT 345 kV Tijuco Preto –
Itapeti C-1 e C-2, medido em Tijuco Preto.
53
Agora, considerando o corte de geração de 03 UGs em Itaipu 60 Hz na análise
e seu efeito, foi realizada uma simulação de transitório eletromecânico no programa
Anatem [6]. Na simulação em questão, foi considerado um ponto de partida já com a
rede de forma incompleta, com o ATR-4, LT 765/345 kV Itaberá – Tijuco Preto C-2 e a
LT 345 kV Tijuco Preto – Itapeti C-1 e C-2 desligados. Cada máquina de Itaipu 60 Hz
encontrava-se com um despacho de 680 MW/UG. Na figura 4.8 é possível ver o
comportamento do fluxo de potência ativa nos ATR-5 e ATR-6 765/345 kV da SE Tijuco
Preto:
Figura 4.8: Comportamento do fluxo de potência ativa nos ATR5 e ATR6 765/345 kV
da SE Tijuco Preto com o corte de geração.
A influência do corte de geração pode ser calculada da seguinte maneira:
𝐾4 =(1153 − 1311)
3 ∗ 680= −0,077
𝐾5 =(1251 − 1431)
3 ∗ 680= −0,088
54
Sendo:
𝐾4 = efeito do corte de geração de 03 unidades geradoras da UHE Itaipu 60 Hz no ATR-
5 765/345 kV da SE Tijuco Preto;
𝐾5 = efeito do corte de geração de 03 unidades geradoras da UHE Itaipu 60 Hz no ATR-
6 765/345 kV da SE Tijuco Preto.
É importante ressaltar que, embora a medida sugerida ocorresse de forma
posterior à atuação da lógica 9’ (1 - Perda do ATR4 765/345 da SE Tijuco Preto, 2 -
Corte de 03 unidades geradoras, 3 - Abertura automática da LT 765 kV Itaberá – Tijuco
Preto C-2 e somado à lógica, 4 – Abertura manual da LT 345 kV Tijuco Preto – Itapeti
C1 e C2), a simulação realizada ocorreu primeiro para o cálculo dos fatores de
distribuição de carregamento e, posteriormente foi feito o corte de geração partindo da
rede incompleta com todas as aberturas de linhas já efetuadas. Esta alteração na ordem
de simulação faria diferença do ponto de vista transitório, porém para uma análise em
regime permanente as grandezas obtidas em questão estão próximas e dentro da
realidade.
Prosseguindo com a análise, agora ocorre a perda do ATR-6 765/345 kV da SE
Tijuco Preto. Os resultados obtidos são apresentados na tabela 10:
55
Tabela 10: Comportamento do carregamento do ATR-5 para a perda do ATR-6 765/345 kV da SE Tijuco
Preto
Grandezas de
Rede Completa
(MW)
Perda do ATR-6
765/345 kV
(MW)
Abertura da
LT765 kV
Itaberá – T.
Preto C-2 (MW)
Abertura da LT
345 kV T. Preto –
Itapeti C-1 e C-2
(MW)
Fluxo no ATR-6
765/345 kV da
SE T. Preto
1170,7 0
Fluxo na LT 765
kV Itaberá – T.
Preto 2
1786,4
1732
0
Fluxo na LT 345
kV T. Preto –
Itapeti C1 e C2
2 x 385,5
2 x 525,5
2 x 485,5
0
Fluxo no ATR-5
765/345 kV da
SE T. Preto
1057,7
1469,4
1364,8
1288,1
De maneira semelhante, determinou-se uma expressão para o carregamento no
pós-contingência baseado nas grandezas de rede completa:
F(AT5 TP) (pós) = F(AT5 TP) + 0,34 x F(AT6 TP) – 0,06 x F(IT-TP2) +
– 0,08 x F(TP-ITAP1e2) (4.6)
Para levar em conta o efeito do corte de geração de 03 unidades geradoras de
Itaipu 60 Hz, também foi realizada a simulação de transitório eletromecânico. Esta
simulação partiu novamente da situação de rede incompleta com o ATR-6, a LT 765/345
kV Itaberá – Tijuco Preto C-2 e a LT 345 kV Tijuco Preto – Itapeti C-1 e C-2 desligados.
Foi analisado o comportamento do fluxo de potencia ativa do ATR 5 com o corte de 03
UGs novamente operando com 680 MW por máquina:
56
Figura 4.9: Comportamento do fluxo de potência ativa no ATR-5 para a perda do ATR-6 765/345 kV
com o corte de geração.
A influência do corte de geração pode ser calculada da seguinte maneira:
𝐾4𝑎 =1130 − 1288
3 ∗ 680 = −0,077
Sendo:
𝐾4𝑎 = efeito do corte de geração de 03 unidades geradoras da UHE Itaipu 60 Hz no
ATR-5 765/345 kV da SE Tijuco Preto, considerando a perda do ATR-6 765/345 kV;
Levando-se em conta a implementação da medida proposta, para que fosse
avaliada a efetividade da abertura das LT 345 kV Tijuco Preto – Itapeti C-1 e C-2, as
inequações foram devidamente cadastradas no programa de validação diária da
operação e tem seus resultados expostos abaixo.
57
A figura 4.10 compara a inequação (4.1) com a inequação (4.7), onde é avaliado
o comportamento do carregamento estimado no ATR-5 dada a perda do ATR-4 765/345
kV:
F(AT5 TP) + 0,43 x F(AT4 TP) – 0,08 x (IPU9MQ) – 0,06 x F(IT-TP2) < 1500 MW (4.1)
F(AT5 TP) + 0,47 x F(AT4 TP) – 0,06 x F(IT-TP2) – 0,16 x F(TP-ITAP1e2) +
– 0,077 x (IPU9MQ) < 1500MW (4.7)
Análise de resultados da figura 4.10
Através da figura 4.10 é possível perceber que com a medida adotada houve um
alívio no carregamento estimado para o ATR5 dada a perda do ATR4 765/345 kV.
Destaque para os períodos de pico (11:00, 15:00, 15:30 e 19:30).
Com o objetivo de estimar o ganho de potência que poderia ser explorado em
Itaipu 60 Hz, foi confeccionado o fator de reprogramação de geração desta usina para
o respectivo ATR por meio da equação (3.14) e também foi considerado que a mudança
na topologia da rede não influenciaria de maneira significativa este valor. Para o cálculo
dos fatores foi utilizado o caso de Abril/14 no patamar de carga média:
𝑎𝑇𝑅5,𝐼𝑃𝑈 =𝛥𝐴𝑇𝑅5
𝛥𝐼𝑃𝑈=
1251,4 − 1241,8
100= 0,096
Sendo:
𝑎𝑇𝑅5,𝐼𝑃𝑈 : Fator de deslocamento de geração do ATR5 dada uma variação
de geração na usina Itaipu 60 Hz
𝛥𝐴𝑇𝑅5 : Variação de Fluxo no ATR5
𝛥𝐼𝑃𝑈 : Variação de geração em Itaipu 60 Hz
58
Tomando-se como exemplo o horário de pico de 11:00, através da figura 4.10
observa-se que o valor estimado do carregamento do ATR5 após o medido de abertura
das linhas Tijuco Preto- Itapeti C1 e C2 está em torno de 1410 MW. Isto significa que a
geração de Itaipu poderia ser elevada de tal forma que se chegasse ao limite da
respectiva inequação.
A expressão geral que determina a reprogramação da geração de Itaipu 60 Hz
que deve ser feita de maneira que o valor máximo na inequação se eleve sem que o
critério de segurança elétrica seja desrespeitado é dada por:
𝐿𝑖𝑚 𝐴𝑇𝑅 = 𝐹𝑖𝑛 + 𝑎𝑇𝑅,𝐼𝑃𝑈 ∗ 𝛥𝐼𝑃𝑈 (4.8)
Sendo:
𝐿𝑖𝑚 𝐴𝑇𝑅 : Limite de curta duração do respectivo ATR
𝐹𝑖𝑛 : Fluxo no respectivo ATR após a medida de abertura da linha Tijuco
Preto-Itapeti C1 e C2
𝑎𝑇𝑅,𝐼𝑃𝑈 : Fator de deslocamento de geração do respectivo ATR dada
uma variação de geração na usina Itaipu 60 Hz
Aplicando a equação (4.8), a variação de geração em Itaipu 60 Hz para chegar
ao valor máximo de carregamento no respectivo ATR neste horário seria em torno de:
𝛥𝐼𝑃𝑈 =1500 − 1410
0,096= 937,5 𝑀𝑊
59
Figura 4.10: Comparação do carregamento referente ao o ATR-5 765/345 kV
para a perda do ATR-4 765/345 kV, atuação da lógica 9’ sem e com abertura manual das LT 345 kV Tijuco Preto – Itapeti C-1 e C-2.
60
A figura 4.11 compara a inequação (4.2) com a inequação (4.9), onde é avaliado
o comportamento do carregamento estimado no ATR-5 dada a perda do ATR-6 765/345
kV:
F(AT5 TP) + 0,35 x F(AT6 TP) – 0,08 x (IPU9MQ) – 0,06 x F(IT-TP2) < 1500 MW (4.2)
F(AT5 TP) + 0,34 x F(AT6 TP) – 0,06 x F(IT-TP2) – 0,08 x F(TP-ITAP1e2) +
– 0,077 x (IPU9MQ) < 1500 MW (4.9)
Análise de resultados da figura 4.11
Através da figura 4.11 é possível perceber que com a medida adotada houve um
alívio no carregamento estimado para o ATR5 dada a perda do ATR6 765/345 kV.
Destaque novamente para os períodos de pico (11:00, 15:00 e 19:30).
O fator de reprogramação de geração desta usina para o respectivo ATR foi
considerado o mesmo do item anterior:
𝑎𝑇𝑅5,𝐼𝑃𝑈 = 0,096
Tomando como exemplo novamente horário de pico de 11:00, através da figura
4.11 observa-se que o valor estimado do carregamento do ATR5 após o medido de
abertura das linhas Tijuco Preto- Itapeti C1 e C2 está em torno de 1520 MW. Isto
significa que a geração de Itaipu poderia ser elevada de tal forma que se chegasse ao
limite da respectiva inequação.
Aplicando a equação (4.8), a variação de geração em Itaipu 60 Hz para chegar
ao valor máximo de carregamento no respectivo ATR neste horário seria em torno de:
𝛥𝐼𝑃𝑈 =1500 − 1400
0,096= 1041,6 𝑀𝑊
61
Figura 4.11: Comparação do carregamento referente ao ATR-5 765/345 kV
para a perda do ATR-6 765/345 kV, atuação da lógica 9’ sem e com abertura manual das LT 345 kV Tijuco Preto – Itapeti C-1 e C-2.
62
A figura 4.12 compara a inequação (4.3) com a inequação (4.10), onde é avaliado
o comportamento do carregamento estimado no ATR-6 dada a perda do ATR-4 765/345
kV:
F(AT6 TP) + 0,32 x F(AT4 TP) – 0,09 x (IPU9MQ) – 0,07 x F(IT-TP2) < 1650 MW (4.3)
F(AT6 TP) + 0,30 x F(AT4 TP) – 0,06 x F(IT-TP2) + 0,07 x F(TP-ITAP1e2) +
– 0,088 x (IPU9MQ) < 1650 MW (4.10)
Análise de resultados da figura 4.12
Através da figura 4.12 é possível perceber que com a medida adotada houve um
alívio no carregamento estimado para o ATR6 dada a perda do ATR4 765/345 kV. Mais
uma vez, destaque para os períodos de pico (11:00, 15:00, 15:30 e 19:30).
Com o objetivo de estimar o ganho de potência que poderia ser explorado em
Itaipu 60 Hz, foi confeccionado o fator de reprogramação de geração desta usina para
o respectivo ATR por meio da equação (3.14) e também foi considerado que a mudança
na topologia da rede não influenciaria de maneira significativa este valor:
𝑎𝑇𝑅6,𝐼𝑃𝑈 =𝛥𝐴𝑇𝑅6
𝛥𝐼𝑃𝑈=
1370,1 − 1360,3
100= 0,098
Onde:
𝑎𝑇𝑅6,IPU : Fator de deslocamento de geração do ATR6 dada uma variação
de geração na usina Itaipu 60 Hz
𝛥𝐴𝑇𝑅6 : Variação de Fluxo no ATR6
𝛥𝐼𝑃𝑈 : Variação de geração em Itaipu 60 Hz
Aplicando a equação (4.8), a variação de geração em Itaipu 60 Hz para chegar
ao valor máximo de carregamento no respectivo ATR neste horário seria em torno de:
𝛥𝐼𝑃𝑈 =1650 − 1535
0,098= 1173,4 𝑀𝑊
63
Figura 4.12: Comparação do carregamento referente ao ATR-6 765/345 kV
para a perda do ATR-4 765/345 kV, atuação da lógica 9’ sem e com abertura manual das LT 345 kV Tijuco Preto – Itapeti C-1 e C-2.
64
De acordo com os resultados obtidos através figuras 4.10, 4.11 e 4.12, é possível
perceber que através da medida adotada existe viabilidade da elevação da geração de
Itaipu 60 Hz. De maneira a respeitar simultaneamente as três inequações obtidas no
estudo de caso (4.7), (4.9) e (4.10); e adotando uma política de elevação de geração
considerada conservadora para os valores obtidos através da aplicação da equação
(4.8), estimou-se elevar a geração de Itaipu 60 Hz em valores da ondem de 850 MW no
dia 12/03/2014. Esta ação ajudaria a preservar o nível dos reservatórios da região
Sudeste, comprovando assim a efetividade da medida e da importância da utilização
dos recursos de fatores de sensibilidade na etapa de programação diária da operação.
A fim de garantir a segurança elétrica como um todo do sistema, diante da perda
de um dos ATRs, atuação da lógica 9’ e somado à abertura manual da LT 345 kV Tijuco
Preto – Itapeti C1 e C2, foram simuladas diversas contingências principalmente na
malha de 345 kV a fim de analisar o desempenho do sistema em regime permanente.
Em todos os casos não houve sobrecarga nas linhas e transformadores, tampouco seus
respectivos limites de tensão foram violados (Destaque para a contingência dupla das
linhas 345 kV Tijuco Preto – Itapeti C3 e C4 que apresentou desempenho adequado).
Deve-se a isso o fato do sistema ser malhado, viabilizando medidas tais como a
presente proposta de controle de carregamento utilizando artifícios como aberturas de
linhas de transmissão e diante de contingências até mesmo múltiplas, ter a capacidade
de suportar as mesmas.
65
CAPITULO 5
CONCLUSÃO
Este trabalho buscou através de um embasamento teórico, abordar alguns
conceitos técnicos utilizados no dia-dia do setor elétrico e mostrar aplicações práticas
de problemas vivenciados pelos profissionais da área. Com base em tudo o que foi
exposto durante o trabalho, pode-se concluir que:
Devido à complexidade do SIN, para a realização adequada de estudos que
garantam a integridade do sistema e o fornecimento contínuo de energia, é de
fundamental importância a escolha do método de resolução para o cálculo do estado
operativo da rede elétrica. Além do método usual, Newton Raphson AC ou Newton
Raphson completo, o método do Fluxo de Potência Linearizado corresponde ao que se
propõe, fornecendo uma estimativa adequada dos fluxos de potência ativa fluindo
através da rede. No entanto, este método sozinho não garante um estudo completo da
mesma, pois não leva em conta as magnitudes das tensões nodais, fluxo de potência
reativa, equipamentos shunt de compensação reativa e o tape dos transformadores, o
que pode causar possíveis problemas para o controle de tensão em equipamentos e
nas barras do sistema em análises posteriores que venham a utilizar o método completo.
Este método é indicado para estudos nos quais venha abranger o planejamento e
expansão da rede, classificação de cenários de operação e também para violação de
limites operacionais, como é o caso da validação elétrica.
Uma vez que o cálculo dos fatores de distribuição depende exclusivamente da
variação de fluxo calculada quando da saída de um determinado equipamento da rede,
independentemente de seu nível de carregamento, mostrou-se que o cálculo dos fatores
de distribuição depende exclusivamente da topologia da rede.
Ao abordar o método de confecção de inequações de monitoramento, o presente
trabalho mostrou a eficácia do mesmo, pois as inequações confeccionadas traduziram
de maneira coerente o estado operativo da rede no pós-contingência, auxiliando o
processo de programação diária do ONS a cumprir seu papel, que é buscar a otimização
eletro-energética do sistema, identificar através de critérios específicos possíveis
violações de limites operacionais e antever problemas que possam vir a ocorrer de
maneira a afetar significativamente o Sistema Interligado Nacional.
O programa de programação diária utiliza o método do Fluxo de Potência
Linearizado devido à sua simplicidade de resolução, pois caso utilizasse o método de
resolução completo poderia haver problemas de convergência devido à grande
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quantidade de patamares a serem monitorados. Além disso, este fato se deve à
dificuldade com relação à previsão diária da parcela reativa da carga, pois isto seria um
processo trabalhoso e que muita das vezes não se refletiria na operação em tempo real.
Por fim, no estudo de caso foram abordadas possíveis ações de controle de
carregamento utilizando os conceitos abordados neste trabalho. Se este procedimento
da abertura das linhas de transmissão fosse normatizado e houvesse disponibilidade de
geração em Itaipu 60 Hz, seria possível aumentar o excedente energético da usina, em
valores da ondem de 850 MW, preservando o nível dos reservatórios da região Sudeste
e atestando a importância da utilização dos fatores de sensibilidade na etapa de
programação diária da operação.
67
APÊNDICE
A.1 - Processo de Validação Elétrica
A validação elétrica consiste em avaliar se o programa de geração e intercâmbio,
desejável pelo ponto de vista de otimização energética, atende às restrições da rede
elétrica, tanto em termos de desempenho de regime permanente quanto de
desempenho do sistema frente a contingências, levando-se em conta também todas as
intervenções correspondentes ao dia, de forma que os padrões de desempenho,
preconizados pelos Procedimentos de Rede, sejam atendidos.
A programação do dia, objeto de análise, é dividida em 48 patamares de meia
hora, sendo que em cada patamar se analisa as grandezas integralizadas neste período.
Na etapa da validação elétrica verifica-se se algum equipamento, inequação ou fluxo
notável é violado, e, em caso de violação, faz-se necessário alterar o programa de
geração e intercâmbios de maneira que não haja prejuízo tanto na continuidade de
suprimento aos centros de carga bem como para a integridade dos equipamentos da
rede de operação.
Durante o processo de validação, ocorre uma interação constante entre as duas
gerências responsáveis pelo planejamento elétrico e energético da área de
programação da operação. Antes de iniciar o processo de validação, são inseridas nos
48 patamares do programa de validação elétrica as condições de geração, de carga,
bem como os desligamentos programados para o dia em questão, atentando para os
períodos que os mesmos serão realizados. Normalmente, quando uma intervenção é
aprovada, são criadas diretrizes operativas específicas e inequações de monitoramento
de carregamento são criadas de maneira a minimizar o risco de sobrecarga em linha de
transmissão ou transformador quando de contingência no sistema. É necessário que
estas restrições oriundas de estudos com rede completa, bem como as inequações de
monitoramento de carregamento advindas das diretrizes operativas de intervenções
aprovadas estejam cadastradas no VALIDA, que é o programa de Validação Elétrica. É
importante ressaltar que a condição climática influencia bastante no processo de
validação, pois dependendo da mesma, existem inequações e restrições de geração
específicas que devem ser respeitadas para que, diante de contingências múltiplas no
SIN, os padrões de desempenho do mesmo, preconizados pelos Procedimentos de
Rede, sejam atendidos.
O programa de validação elétrica utiliza o método do Fluxo de Potência
Linearizado devido à sua simplicidade de resolução, pois uma vez utilizando o método
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completo poderia haver problemas de convergência devido à grande quantidade de
patamares a serem monitorados. Outro motivo se deve à dificuldade com relação à
previsão diária da parcela reativa da carga, pois isto seria um processo trabalhoso e que
muita das vezes não se refletiria na operação em tempo real.
De posse de todos os dados referentes à carga dos agentes, de geração e
intercâmbios, bem como as restrições decorrentes das intervenções, o processo de
validação se inicia, e após sua execução o programa apresenta todas as variáveis de
saída desejadas. Então, os profissionais responsáveis pela programação elétrica e
energética, que trabalham em conjunto, verificam quais fluxos foram violados e apontam
possíveis soluções em conjunto para eliminar as violações ou minimizá-las, quando os
recursos estiverem esgotados.
Vale ressaltar que durante esse processo, às vezes é verificada a necessidade
de reprogramação nas usinas do SIN. Com isso, de posse dos fatores de deslocamento
de geração das usinas mais efetivas, calculados previamente, são feitas as
reprogramações de geração das mesmas. No entanto, este processo não é fácil, pois
existem desdobramentos que devem ser respeitados devido a uma série de questões,
como por exemplo, o uso múltiplo da água, a necessidade de se respeitar outras
restrições operativas como o número de máquinas em algumas usinas e também devido
ao custo da energia (despacho por ordem de mérito ou razão elétrica).
Não existe uma quantidade específica de vezes que o processo de validação é
executado ao longo do dia, pois pode haver decisões da diretoria do ONS que podem
mudar completamente o panorama da validação a qualquer hora. Quando o processo é
terminado, este é enviado para a equipe de pré-operação do CNOS (Centro Nacional
de Operação do Sistema), baseado em Brasília, de forma que o programa de geração
e Intercâmbios e as diretrizes de intervenções possam ser consolidados, dando origem
ao Programa Diário de Operação (PDO), que será enviado para as salas de controle.
Se, durante o processo de consolidação feito pelo CNOS, for detectada uma violação,
passível de correção, um novo programa de geração e intercâmbio, seguido da
validação elétrica, é realizado. Este processo é repetido até que se tenha a
concordância da área de pré-operação, sendo a PDO encaminhada para a sala de
operação.
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A.2 - O trabalho do ONS
O ONS é o órgão que possui a responsabilidade de coordenar e controlar a
operação dos ativos de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado
Nacional (SIN). O ONS desenvolve vários estudos, e baseado nos mesmos, orienta os
agentes a fim de gerenciar o estoque de energia de forma a garantir a segurança do
suprimento contínuo em todo o País. O ONS é fiscalizado e regulado pela Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e é formado por membros associados e membros
participantes, constituídos por empresas de geração, transmissão, distribuição e
consumidores livres de grande porte. Também participam importadores e exportadores
de energia, além do Ministério de Minas e Energia (MME).
No dia-dia do ONS, o operador realiza diversos estudos com o objetivo de operar
o sistema da melhor maneira possível no que se refere à segurança elétrica, otimização
energética e ao custo de operação. Dentre tantos processos, pode-se destacar o
planejamento Elétrico/Energético em horizonte anual, quadrimestral, mensal e diário,
ampliação e reforços da rede básica, análise de intervenções, nos quais são avaliados
o desempenho do SIN em regime permanente e transitório diante de contingências
simples e múltiplas para alguns casos, tais como a operação em N-3 para o sistema de
765 kV, quando de alerta de condições atmosféricas adversas.
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Referências Bibliográficas
[1] Borges, C.L.T.; Hazan, S.S.; Guerra, L.N. de A. – Análise de sistemas de potência.
Apostila – UFRJ, 2005.
[2] A. MONTICELLI, Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica, 1983.
[3] Borges, C.L.T. - Análise de segurança estática em sistemas de potência. Apostila –
UFRJ, 2011.
[4] ARAUJO, F.C.S., Apresentação em Power Point: Metodologia para Elaboração de
Inequações para monitoramento de carregamento, V5, 2005.
[5] CEPEL – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica, ANAREDE – Programa de
Análise de Redes, Manual do Usuário, V 9.7.5.
[6] CEPEL – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica, ANATEM – Programa de Análise
de Transitórios Eletromecânicos, Manual do Usuário, V 10.04.05.
[7] OLIVEIRA, J.C. & ARAUJO, F.C.S., Estudo elaborado juntamente com a equipe do
planejamento elétrico mensal: Análise de medidas operativas para elevação dos valores
praticados de recebimento pela região Sudeste, 2014
[8] John Grainger, Jr., William Stevenson - Power System Analysis.
[9] Wood, A.J. and Wollenberg, B.F. Power Generation, Operation, and Control, 2nd. Ed.
New York: Willey. 1996