ustm 2014 ficha -1 .licoes de direito -ordem social

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    NOÇÕES FUNDAMENTAIS DE DIREITO

    INTRODUÇÃO

    Ao iniciarmos o estudo do Direito damos conta de que ele é uma realidade com a qualconvivemos todos os dias, pois segundo ele conformamos as nossas condutas oucomportamentos.

    Este pequeno, mas útil resumo, pretende constituir os alicerces para que os estudantes de Gestãoe de Contabilidade e Auditoria possam suprir as lacunas que têm no conecimento de !o"#es deDireito, que de outro modo poderiam adquirir na Cadeira de $ntrodu"ão ao Direito ora retiradodo %lano Curricular.

    Com estes conecimentos de Direito fica&se em condi"#es de poder&se caminar com mais

    serenidade para o estudo da nossa Cadeira de D$'E$() C)*E'C$A+.'ecomenda&se uma ve mais aos estudantes o bom uso deste resumo para que possam ser bemsucedidos no seu ano lectivo e melorar os seus n-veis de cidadania, pois enquanto seres sociais,são animais pol-ticos, como diia o grande filsofo /crates e o conv-vio com o Direito éincontorn0vel.

    1otos de bom estudo e um ano repleto de muitos ê2itos.

    CAPITULO I

    O Homem, a Norma e os InteressesFunco e Pa!e" #a Norma$Re%ra &ur'#(ca

    )s princ-pios ou as normas sociais regulam as condutas umanas, principalmente em fun"ão deinteresses, que podem ser3 materiais ou morais, reais ou imagin0rios a que se torna necess0rio dar satisfa"ão. ) interesse constitui a alavanca impulsionadora do omem em sociedade, para procurar o que considera útil e agrad0vel. Constitui&se no principal substrato de toda a vidasocial, e em particular, de toda a vida 4ur-dica. ) interesse assenta, melor, desdobra&se em trêsno"#es importantes3 a de necessidade, a de bem e a de utilidade.

     A necessidade tradu&se numa situa"ão de carência ou de desiquil-brio, biolgico ou ps-quico queo omem e2perimenta3 a sensa"ão dolorosa da falta do que é necess0rio para a vida, tantomaterial como espiritual. )s meios de que o omem se serve para que desapare"a a carência e serestabele"a o equil-brio perdido são os bens.  %ortanto, o bem é todo e qualquer meio desatisfa"ão de necessidades umanas. Ao Direito importam apenas os bens respeitantes anecessidades cu4a satisfa"ão origina rela"#es 4ur-dicas 3 O bem jurídico

    /e por um lado est0 o omem, com as suas necessidades 5situa"ão de carência ou de desiquil-brioque ele e2perimenta e precisa de satisfaer6 e de outro lado o bem, 5aquilo que est0 dotado de

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    caracter-stias prprias para a satisfa"ão da necessidade, devido a sua utilidade, 5aquilo para queo bem serve6 ou se4a, nesta ant-tese, introdu&se um elemento de s-ntese, constitu-do pela rela"ãoe2istente entre os dois 5omem e bem6, surge&nos o interesse (a relação existente ou que seestabelece entre alguém que experimenta uma necessidade e um bem, que está apto a satisfa!"

    lo#, como o dese4o, a e2igência, o impulso do omem para a procura do bem ou bens. Do

    referido podemos, construir o silogismo seguinte3%or um lado, o Homem )...............................7. o *em, no outro lado 5por e2emplo um pão6surge o interesse, o dese4o, o impulso do omem para o pão. ) elemento interesse ser0, pois, arela"ão entre alguém que e2perimenta uma necessidade& sujeito do interesse 8 e um bem que éapto a satisfaê&la 8 objecto do interesse. *as, nem todos os interesses umanos são pac-ficos, 0 interesses solid0rios, incompat-veis e,ainda, conflituantes entre si, actuando no sentido da desagrega"ão social. /e as sociedadessubsistem é precisamente porque a for"a de coesão dos interesses solid0rios supera, de longe, afor"a dissolutiva dos conflitos de interesses.

     !as sociedades podem surgir conflitos sociais entre os diversos interesses das pessoas, por v0riascausas, tais como39. 8 De ordem quantitati$a  que podem resultar da insufuciência, raridade ou carência dedeterminados bens para a satisfa"ão de todas as necessidades que os omense2perimentam.(omemos a seguinte situa"ão3 & /upona&se que a4a apenas um pão para cincoomens. Certamente que o pão não cegar0 e emerger0 um conflito de interesses, devido ainsatisfa"ão destes. Estaremos em presen"a de interesses conflituantes9.De ordem qualitati$a, que se filia na impossibilidade em que se encontram certos bens para dar satisfa"ão : necessidades de sentido contr0rio. %or e2emplo3 /e alguém tiver de pagar uma certaquantia, este pagamento representa um sacrif-cio para o devedor, mas para o credor constituiuma vantagem.

    %ara que a sociedade não degenere em convuls#es sociais permanentes devido a e2istência dosconflitos, surge a- a norma, para impor uma certa conduta aos omens em sociedade e garantir oequil-brio dos interesses em 4ogo.

    ORDEM SOCIAL E ORDEM NATURAL

      A ordem social , sendo uma ordem de liberdade, as leis pelas quais se e2prime podem ser substitu-das. A vontade umana pode rebelar&se contra elas, violando&as em casos concretos oualterando&as. As leis sociais regulam fenmenos sociais e são também marcadas pelacaracter-stica de violabilidade !a ordem social avulta a previsibilidade de condutas, decomportamentos. Da- que o ob4ectivo da ordem social é que alguém a4a em conformidade comela, mas isso não afasta, de modo algum, a liberdade de op"ão em acat0&la, violar, rebelar&se ou

    9 ;aver0 que dividir o pão, pelos interessados. /aber como divividir e decidir sobre a quem pode caber determinadafatia, isto é, se :s crian"as ou aos adultos< quem pode ficar sem comer, etc. (udo isto, compete ao direito fi2ar oscritérios para a distribui"ão equitativa e de 4usti"a social de modo a evitar conflitos.

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    mesmo modific0&la. A consequência normal do desvalor que a prpria ordem social atribui :scondutas que a não respeitem é a imposição de uma sanção ao $iolador.%ortanto, a ordem social e2iste, mas é uma ordem de liberdade que se e2prime através de normasque são fruto da vontade do omem e se prop#e a moldar a sua vivência social. (ais normas podem 4ustificar&se pela sua racionalidade, mas não se aplicam cegamente, porque o omem

    mantém a liberdade de viol0&las, rebelar&se contra elas ou mesmo alter0&las,.

     A ordem natural, pelo contr0rio, é uma ordem da necessidade, e2iste tal como é, as suas leis sãoinalter0veis. As leis naturais regulam fenmenos da naturea e são marcadas pela caracter-sticada inviolabilidade. As leis da naturea pretendem e2plicar determinados efeitos perantedeterminadas causas. %or e2emplo3&%erante uma lei da f-sica, se essa lei estiver bem formulada,ser0 indubit0vel que determinada causa levará a determinado efeito.

     A ordem natural, pelo contr0rio, é uma ordem da necessidade, e2iste tal como é, as suas leis sãoinalter0veis. As leis naturais regulam fenmenos da naturea e são marcadas pela caracter-sticada inviolabilidade. As leis da naturea pretendem e2plicar determinados efeitos perantedeterminadas causas. %or e2emplo3&%erante uma lei da f-sica, se essa lei estiver bem formulada,ser0 indubit0vel que determinada causa levará a determinado efeito.

    %ortanto, podemos afirmar que3 a ordem natural é uma ordem de necessidade, e2primindo&seatravés de normas inerentes : prpria naturea das coisas. As leis da naturea são inviol0veis,aplicam&se de forma invari0vel e constante, independentemente da vontade do omem ou mesmocontra a sua vontade, pois são ob4ectivas.

     A Necessidade de regras como condição de subsistência da vida em sociedade

    )s omens vivem em sociedade, convivendo e estabelecendo rela"#es sociais. Essas rela"#esgeram ou podem gerar conflitos de interesse, na medida em que os interesses de uns, podemop=r&se aos dos outros. %or outro lado, a convivência social reclama solidariedade, colabora"ão edivisão de trabalo. >uem di sociedade umana, di vida de convivência, e quem diconvivência, implicitamente di regras, porque as pessoas não podem viver em comum sem quee2ista, pelo menos, um leque m-nimo de princ-pios porque se deverão pautar os seus actos.

    / a e2istência de regras de conduta social permite tornar previs-veis as condutas aleias e a elasadequar, as condutas prprias. /er0 esta previsibilidade que proporciona aos indiv-duos anecess0ria se%uran+a e, por via dela, a e2ecu"ão dos fins sociais. ) dado fundamental da vidasocial é que esta não pode faer&se sem uma disciplina. A e2istência de regras capaes de definir os comportamentos de cada omem nas suas rela"#es com os demais é um dado inerente : prpria vida em sociedade.

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    )s omens convivem por necessidade e, se nascem bons, são corrompidos pela sociedade< ? /enascem maus@ , tem que ser corrigidos pela sociedade, para evitar que possam ser pre4udiciais aosoutros e a colectividade. De uma forma ou doutra, a vida social e2ige regras ou normas deconduta social que, não s fi2em :s liberdades individuais, mas que também garantam o seue2erc-cio.

    As #(ersas or#ens soc(a(s normat(as #e con#utas

     A ordem social é comple2a. !a sua composi"ão entram v0rias ordens normativas. Dedicar&nos&emos de seguida ao estudo de apenas quatro ordens , que consideramos serem as mais relevantes3a religiosa, moral, de trato social ou urbanidade e finalmente a ordem 4ur-dica, que traduemaspectos diferentes do dever, indispens0veis : vida do omem em sociedade. ma incursão, nãoe2austiva, : distin"ão das mesmas, mormente as suas caracter-sticas com realce as suas fontesou origem, ob4ecto, fim, destinat0rios e tipo de san"ão, permitirão um melor conecimento dasdiversas ordens sociais normativas de condutas.

    Destacam&se, pela sua importBncia, as seguintes ordens normativas3$ & Ordem religiosa, que é observada pelos que professam a mesma fé , é uma ordem normativaque assenta na fé, num sentido de trascendência, ordena as condutas tendo em conta as rela"#esdos indiv-duos entre si e com Deus ou com os deuses.As normas religiosas, elevando o omem acima da sua conduta terrestre, ligam&se a um idealsuperior, em direc"ão ao qual o orientam, impondo&le deveres para com Deus, para com osoutros omens e para consigo prprio. (ais normas não têm ou quase não tem um conteúdoespec-fico, coincidindo a sua esfera de ac"ão, em grande parte, com a das normas de moral e asnormas da ordem 4ur-dica.Através da istria, tem variado muito a relevBncia efectiva da ordem religiosa sobre a ordemsocial, mas o dado constante, em todas as ordens sociais é que a ordem religiosa sempreinfluenciou, de algum modo, a ordem social3 não se conece sociedade em cu4a ordem nãointervena este facto. Dentro da ordem social global, as normas religiosas são obrigatrias entreos que professam a mesma religião e a sua viola"ão implica, para além da san"ão do castigodi$ino, o remorso e a desapro$ação dos crentes.

    $$ & Ordem de Moral  ,  baseada no conceito de uma sociedade ideal,  é uma ordem socialnormativa de condutas que regula a conduta dos indiv-duos, buscando a perfei"ão destes, isto é,moldando a estes para que se4am onestos e fiéis a si prprios, visando atingir o bem. Estaordem, encontra eco na consciência popular.(endo em conta a defini"ão atr0s referida sobre o conceito bem, 5é todo e qualquer meio desatisfa"ão de necessidades umanas6, qual ser0, neste conte2to, o seu significado !o aspectomoral, ético, o bem 5 o contr0rio de mau6 é tudo quanto se considere bom, 4usto, l-cito econforme a consciência popular, ou ainda o que não é reprov0vel socialmente. As normas demoral encontram os seus limites negativos e positivos nos grandes preceitos de que citamos parae2emplo a seguinte3 !ão fa"as aos outros o que não gostarias que fiessem a ti, que têm uma

    ?  %ousseau

    @ &obbes 'omo omini lupus)* 'bellum omnium contra omnes)

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    grande e2tensão e referem&se a uma infinidade de rela"#es de assistência, de beneficência, detolerBncia, de simpatia, de benevolência, de piedade, de solidariedade e de caridade.A moral é concebida como dirigida ao omem, enquanto ser individual. As suas normas, aindaquando digam respeito ao comportamento em face dos outros, imp#em aos omens deveres paracom ele prprio ou então dirigem&se ao omem como ser social e a- fala&se de uma moral social 

    ou positi$a. Ainda assim, em ambos os casos, a moral é concebida como uma conduta obrigatriado dever ser, porque refere&se apenas ao forum internum5consciência6 do indiv-duo..A ordem de moral é, em grande parte, uma ordem intra&individual, pois o seu fim é lograr oaperfei"oamento do indiv-duo, e não da organia"ão social, muito embora, se repercuta,necess0riamente, sobre a ordem social, através da moral positi$a, que representa o conjunto denormas morais que $igorem em determinada sociedade.

    A infra"ão da norma de conduta moral d0 lugar, por um lado, a reprova"ão pública e aomenospreo e, por outro lado, a um remorso -ntimo. ) 4u-o de opinião pública não se limita s acondenar o acto mau, mas afecta toda a personalidade daquele que praticou a infra"ãointencionalmente.

    $$$ & Ordem de Trato Social ou Urbanidade3 é uma ordem social normativa de condutas que direspeito a maneira como o omem deve comportar&se em cirunstBncias especiais da vida,distinguindo&se aspectos< tais como3 os relativos : cortesia, decoro, igiene, : moda, :s pr0ticas profissionais etc. Esta ordem destina&se a tornar a convivência mais f0cil e mais agrad0vel, masnão é tida como uma ordem necess0ria a conserva"ão e ao progresso sociais. Em cada época eem cada sociedade sempre e2istiu um con4unto de regras de convivência social.A maior parte das normas de trato social formam&se no interior de um c-rculo ou sector social ,tais como o e2ército, a pol-cia e em outras institui"#es dos Governos, e outros em que seestipulam préviamente as formas de etiqueta e cerimonial a serem obedecidas pelos respectivosmembros. %ara o caso do e2ército e pol-cia, lembremo&nos dos seus uniformes e formas t-picasde sauda"ão.(ratando&se de rela"#es sociais de pouca importBncia, quando não se trate de actos obrigatrios, para certas categorias, como a continência para militares ou o cumprimento aos superioresir0rquicos, a viola"ão das normas de trato social, não importa nenuma san"ão interior, massim, reprova"ão social e até san"#es mais difusas, como a segrega"ão de quem é consideradoinconveniente. %or e2emplo3 se é uso em determinada comunidade que um determinado actocerimonial pressup#e determinados rituais, aquele que não cumpre ter0 de defrontar a reac"ãosocial difusa que consiste na reprova"ão do seu comportamento e possivelmente no seuafastamento dos centros de conv-vio social, mas não est0 em causa nenuma regra fundamentalda comunidade.

    $1-  Ordem ur!dica3 é uma ordem normativa de condutas que regula os aspectos maisimportantes da convivência social, tais como< a coe2istência, a coopera"ão, a assistência e asubordina"ão dos indiv-duos e dos grupos sociais ao Estado, visando atingir a 4usti"a e aseguran"a social. A no"ão de ordem 4ur-dica engloba as institu-"#es, os rgãos, as fontes deDireito, a actividade 4ur-dica, a vida e as situa"#es 4ur-dicas, o que a torna mais englobante queas regras pelas quais ela se e2prime ou se tradu.A ordem 4ur-dica é a parte da ordem social global que reflecte :s cren"as, os valores, astradi"#es, a cultura e as ideologias dominantes. Ela e2prime&se através de regras quedesempenam um papel fundamental na ordena"ão de condutas, e que se distinguem de todas as

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    outras normas pela sua caracter-stica prpria de serem suscept-veis de uma aplica"ão coercivanos casos de viola"ão.

     !a verdade, convem referir que a conduta social dos omens não se rege apenas por normasreligiosas 5não matar6< de moral 5prestar au2-lio aos doentes6< de trato social 5cumprimentar os

    outros6 ou normas 4ur-dicas 5Direito6. E2istem outras normas de conduta, isto é, outras ordensnormativas sociais tais como3 os estatutos de uma organia"ão, das funda"#es, das assosia"#es,das sociedades etc< normas fi2adas pelos usos 5vestir luto6 e pelas conven"#es sociais 5dar gor4etas ao empregado do café6. 'efira&se que as sociedades até mantêm dentro de si, e claro, :margem da lei, ordens normativas criminosas, : que certos omens obedecem, e de que sãoe2emplo certas sociedades secretas como a mafia, o crime organiado, que é protagoniado pelasassocia"#es para delinquir e outras.

    CAP.TULO II

    DIREITO, ORDEM NECESS/RIA

    In#(s!ensa*("(#a#e #a or#em &ur'#(ca

    A primeira condi"ão para que uma sociedade possa subsistir, prosperar e até evoluir, é que cadaassociado, na sua actividade, não ultrapasse certos limites para além dos quais pre4udica aactividade dos outros e perturba a ordem social.Fante, definiu o Direito como sendo o con4unto daquelas condi"#es com base nas quais afaculdade de agir de uns pode conciliar&se com a faculdade de agir dos outros, segundo uma leiuniversal de liberdade. *as, isso, nem sempre constitui a verdade, no que respeita areconcilia"ão das faculdades de agir entre os omens, vivendo em sociedade. Da- a necessidadedo Direito para a demarca"ão e armonia"ão das condutas dos seus membros.

    A liberdade e a igualdade 8 slogans da actualidade 8 derivam da e2igência antropolgica danaturea umana e da necessidade de coe2istência entre os seres umanos, que depois de tantosconflitos e tantas guerras, entre eles, representam o4e uma conquista outrora intang-vel a toda acolectividade social. %ara a civilia"ão moderna, aqueles valores constituem fundamentosseguros da convivência social. %orém, a liberdade e a igualdade têm limites3 a liberdade dosoutros e a ordem p+blica, que representam os dois termos insepar0veis do mesmo binmio.

    ao Direito que compete uma fun"ão essencial de ordena"ão das rela"#es sociais, regulando&seas condutas individuais e colectivas dos membros da sociedade nas rela"#es entre os cidadãos<entre estes e o Estado< e entre o Estado eHou outros entes públicos menores, de modo a que cadaindiv-duo na sua actividade não ultrapasse certos limites para além dos quais pre4udica aactividade dos outros e perturba a ordem social. ) Direito é impresc-nd-vel em todas associedades, de tal forma que em qualquer grupo que se forme, mesmo de forma acidental,desena"se logo uma ordenação de condutas.  !ão encontramos sociedades sem Direito.

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    Is vees, pode, a determin"ão do Direito dentro da ordem ética global da sociedade suscitar istoricamente dificuldades, ou por estar confundido na vida familiar ou porque toda a ordemreveste car0cter divino, ou por qualquer outra raão. A(n#a ass(m o D(re(to est0 "0,estruturan#o a soc(e#a#e, #e ta" mo#o 1ue se o #(re(to no e2(st(sse, (sso s(%n(3(car(a a#(sso"u+o #a mesma soc(e#a#e e s4 restar(am aos mem*ros #a soc(e#a#e, #uas

    a"ternat(as5 a anar"uia e o des#otismo ou autoritarismo.

    a6 7 Anar1u(a

    No+o !a linguagem corrente, anarquia significa desordem resultante de uma ausência ou de umacarência de autoridade, desgoverno ou ainda concep"ão pol-tica que e2clui da sociedade todo odireito de coer"ão sobre o individuo.

    *6 - Des!ot(smo

    No+o ) despotismo é uma forma de governo absoluto e discricion0rio em que o poder é e2ercido por um senor, cu4a vontade não é regulada por lei alguma. ) que significa que a sociedade estariadependente da vontade perpetuante de um s, o déspota.*as, tal como a anarquia, entendemos que é muito dif-cil apresentar&se nas sociedades algume2emplo de despotismo no seu estado puro. As monarquias absolutas não eram despticas.E2istia, isso sim, uma concentra"ão do poder pol-tico nas mãos do monarca. !o entanto, essaconcentra"ão não se faia : custa da ordem social, que era respeitada.

    8a"ores 3un#amenta(s #o D(re(to

    Jilsofos e pensadores contemporBneos meditam, de novo, sobre os valores, prestando a aten"ãono facto de que todos ns valoramos qualquer coisa que se nos apresente e, ainda, pelo facto deconstantemente falarmos de valores morais, sociais ou materiais. Certos autores, cegam a determina"ão de inúmeras espécies de valores, desde os valores vitaisaos valores religiosos, agrupando&os e depois ierarquiando&os em valores inferiores e valoressuperiores, cu4o valor inferior dever0 ser sacrificado para a consecu"ão dum valor superior.Dissemos que, são valores, fins do Direito a ustiça 5a pa social, a certea 4ur-dica6 e a segurança. >ual deles é o mais importante.%ensamos que os dois valores são importantes eindissoci0veis. ;0, entre eles, uma rela"ão intr-nseca.

    9USTIÇA

     !a vida contemporBnea, todos ns reclamamos pela  justiça como sendo o fim último do Direito, principalmente nas vertentes comutativa e distributiva, embora a sua concretia"ão não se4a f0cilnem pac-fica, dada a variabilidade dos critérios e as diversas vis#es sobre a realia"ão da 4usti"a.A 4usti"a representa um ideal pelo qual se deve nortear o ordenamento 4ur-dico, por outro lado, aseguran"a deve estar ao servi"o da 4usti"a e legitimar&se perante ela. ma ordem estabelecida oumantida pela pressão, mas in4usta, não passa de desordem. Cabe aos Estados, através de pol-ticas

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    apropriadas corrigir as desiguldades ou desequil-brios que sur4am ou pelo menos evitar que seagravem :s 40 e2istentes, para uma melor 4usti"a. *as, deve&se ter em conta que a justiça, não éo único e principal fim do Direito, mas sim é um dos seus valores fundamentais, um ideal, que oDireito pretende atingir.

     Segurança

    A seguran"a é outro valor do Direito que, embora não tena a pro4ec"ão da 4usti"a, não dei2a deser indispens0vel na ordem social. Di&se que é um valor menos nobre ou inferior que a 4usti"a,no entanto, todos ns clamamos pela seguran"a, pensando no Direito.A seguran"a tra a ordem ea pa social

     A segurança, com sentido de certea jurídica nas relaç-es jurídicas, que corresponde anecessidade das leis serem formuladas em termos claros e precisos, para que não suscitemambiguidades< serem publicadas no Koletim da 'epública, para que o Direito possa ser conecido e compreendido por todos< e2istirem, no direito positivo, regras que regulam a

    interpreta"ão da lei e a integra"ão das suas lacunas, bem como, sobre prescri"ão e caducidade deDireitos, para se evitar que as leis não fiquem su4eitas a critérios sub4ectivos do intérprete ou doaplicador de 4usti"a e evitar&se que certas situa"#es 4ur-dicas não se eterniem. ) Direito deveser certo. ) mesmo caso não pode ser reposto ou decidido, de novo, perante os tribunais. Este princ-pio visa evitar que se eterniem situa"#es litigiosas, ou que o mesmo caso vena a ser  4ulgado de modo diverso pelo mesmo (ribunal, o que seria fonte de grande inseguran"a social,mantendo&se desta forma a estabilidade e a pa 4ur-dicas.

    NOÇÃO AMPLA DE DIREITO

    O D(re(to : um com!"e2o ou con&unto #e normas e !r(nc'!(os escr(tos, %era(s, a*stractos e(m!erat(os ;necessar(amente o*r(%at4r(os6 e (m!ostas ou emana#os !e"oEsta#o;nc(a : susce!t'e" #e san+=es 3's(cas ou!ecun(0r(as, !o(s e"e est0 #ota#o #e coerc(*("(#a#e, (san#o %arant(r o e1u("'*r(o #e(nteresse e m(n(m(?ar os con3"(tos #e (nteresse, !romoen#o a e2(st@nc(a #e uma soc(e#a#es e

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           P      a      g      e        9 faculdade

    , conferida ao titular de um direito ob4ectivo de agir ou não agir de acordo com oconteúdo daquele< %or e2emplo3 *aria, como arrendat0ria, pode morar na casa quealugou5tem direito de l0 morar6. *anuel tem a faculdade de e2igir a devolu"ão do dineiroque emprestou ao Loão5 tem direito : devolu"ão das suas coisas6, porque o Direito ob4ectivoles reconece esses direitos, proibindo os outros de os impedirem que os e2er"am.

    Conforme se pode verificar, o Direito sub4ectivo pressup#e a e2istência do correspondentedireito ob4ectivo, isto é, deve e2istir uma norma que prevê um direito, para que alguém possaagir ou não de acordo com a norma prevista e da-, o facto de se dier que o Direito )b4ectivo e oDireito /ub4ectivo representam dois aspectos essenciais e interdependentes.

    Ao lado do 2ireito positi$o ou objecti$o, con4unto de normas pelas quais se rege uma sociedadee que é v0lido em determinado momento istrico dessa sociedade, concebeu&se, sempre, ae2istência de um direito natural , também camado racional, ideal etc., que é constitu-do poraqueles princ-pios universais e eternos de 4usti"a que se deduem, através da raão pura, das

    e2igências imanentes da naturea umana. O direito natural  foi e, ainda, é concebido como umcon4unto de princ-pios de 4usti"a anteriores e superiores ao direito positivo o que e2erce,ineg0velmente, uma grande influência no progresso do direito, contribu-ndo para iliminar os poderes do Estado e abolir privilégios in-quos, apresentando&se :s reformas e2igidas comoreivindica"#es de direitos natos e inviol0veis da pessoa umana.

    CAP.TULO III

    A PESSOA5 FUNDAMENTO E FIM DA ORDEM 9UR.DICA E REUISITOS9UR.DICOS ESSENCIAIS PARA UE SE POSSA SER SU9EITO DE DIREITO

    O su&e(to #e #(re(tos

    ) Direito é constituido por causa e para o servi"o dos omens M, diiam os romanos. !sdiemos, o direito é feito pelos ;omens e dirige&se ao ;omem, s assim se 4ustifica a suae2istência. / o ;omem pode criar direito e a ele se submeter ou contra ele se rebelar.

    ) omem, como tal e s pelo facto de o ser, considerado em si mesmo, no con4unto das suasfaculdades biops-quicas, depois de ter sa-do do seio materno e de ter vivido mesmo um sinstante de vida autnoma, independentemente, do status familiar têm  personalidade jurídica, éum su4eito de direitos e obriga"#es

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     A personalidade jurídica3 é o atributo 4ur-dico que resulta do nascimeto completo e com vida aoqual est0 ligada a Capacidade Lur-rica que é a susceptibilidade de ser titular de rela"#es 4ur-dicas,ou se4a, de ser portador de direitos e obriga"#es 5deveres6.

    Art. NN do Cdigo Civil

    5Come"o da personalidade 4ur-dica6

    9. A personalidade 4ur-dica adquire&se3a6 No momento #o nasc(mento com!"eto e com (#a. 5%ara as pessoas f-sicas ousingulares6< b6 %elo Acto #e Recon

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    9. A +ei protege os indiv-duos contra qualquer ofensa il-cita ou amea"a de ofensa : sua personalidade f-sica e moral.

    ?. $ndependentemente da responsabilidade civil a que a4a lugar, a pessoa amea"ada ouofendida pode requerer as providências adequadas :s circunstBncias do caso, com o fim

    de evitar a consecu"ão da amea"a ou atenuar os efeitos da ofensa 40 cometida.

    Conforme o preceituado, a viola"ão de um direito de personalidade desencandeia aresponsabilidade civil 5aplica"ão de san"#es civis6 e penal 5aplica"ão de san"#es penais, p.e2.uma pena de prisão6, ou s civil ao infractor, assim como, a adop"ão de medidas adequadas :scircunstBncias do caso.

    ) Cdigo Civil, em vigor, prevê os seguintes Direitos de %ersonalidade3

    & )fensa a pessoas 40 falecidas vide art. O9 <& Direito ao nome, art.O?

    & %seudnimo, art.OM& 'eserva sobre o conteúdo e publica"ão das cartas&missivas confidenciais, arts. OQ e ON <& *emrias familiares e outros escritos confidenciais, art. OO<& Cartas&missivas não confidenciais, art. OR<& Direito : imagem, art. OS& Direito : reserva sobre a intimidade da vida privada. art. RP .e ainda,& 5A impossibilidade de 6limita"ão volunt0ria dos direitos de personalidade, art. R9% a g e T 99) direito : vida, : integridade f-sica, : onra, ao bom nome, : reputa"ão, : defesa da imagem pública e a reserva da vida privada constituem, o4e, verdadeiros  2ireitos fundamentais doscidadãos, porque consignados na lei mãe do pa-s.

    *as, o Direito não confere apenas personalidade 4ur-dica :s pessoas umanas, aos indiv-duos. )Direito ob4ectivo, admite que outras realidades que não são indiv-duos, isto é, que não têm umarealidade psico&f-sica individualiada, tenam personalidade 4ur-dica, para que possam ser su4eitos de direitos e de obriga"#es. ) Direito atribu- também personalidade 4ur-dica a certasorgania"#es de meios umanos e materiais, que têm um substrato social e uma individualidade prpria, tais como3 as sociedades comerciais, os munic-pios, sindicatos, funda"#es etc. que sedesignam por pessoas colecti$as.

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    CAP.TULO I8

    A NORMA 9UR.CA 5 CONCEITO, ESTRUTURA E CARACTER.STICAS

    7 Conce(to

    A ordem 4ur-dica, como referimos, e2prime&se através de normas gerais e abstractas mediante asquais se disciplinam as interven"#es do Estado na esfera dos direitos e interesses dos cidadãos5pessoas singulares6 e dos entes públicos menores 5pessoas colectivas6 nas suas rela"#es com pessoas que se encontram numa rela"ão especial de subordina"ão, designando&se tais normas por3 regras jurídicas, as quais desempenam um papel essencial como instrumento de ordena"ãodas rela"#es sociais.

    A norma &ur'#(caG  : um coman#o %era", abstracto e coerc-vel, emanado da autoridadecompetente, e tutelado pela comunidade estatal. Como norma de conduta social que é, a norma 4ur-dica, prevê as situa"#es que visa regular e fi2a as condutas que quer que se observem. Come2cep"ão dos privilégios, não tutela interesses concretos de su4eitos determinados, mascategorias mais ou menos vastas de interesses< também não obriga todos os cidadãos a umdeterminado comportamento, mas disp#e apenas que todos aqueles que se encontram nascondi"#es por ela previstas, devem comportar&se do modo fi2ado na regra 4ur-dica.

    Estrutura$ !artes com!onentes #a norma

     !a an0lise estrutural de uma regra 4ur-dica distinguem&se, sempre , dois elementos3 a previsãoou iptese e a estatui"ão.

    a #" A 3re$isão ou ip4tese,  consite num facto 5 que crie, modifique ou e2tinga direitostitulados6, conduta 5 comportamentos sociais dos su4eitos de direito6, situa"ão ou estado de coisas5 defini"#es 4ur-dicas, tais como a maioridade, menoridade, idade nubel, etc.6 que têm relevBncia para o Direito. a representa"ão da situa"ão da vida social e regular. A previsão, que émeramente abstracta, e2prime&se frequentemente pelas palavras facti species(latim, que significamodelo de facto#, fattispecie(italiana#, tatbstand.(alemã# . !a generalidade, a previsão fa&se de forma geral e abstracta, com vista a contemplar todas asrealidades futuras, *as, pode aver normas em que a previsão é um acontecimento singular econcreto, por e2emplo3 >uando vagar o lugar de vereador para a 0rea das florestas5 ........ 6ser0e2tinto esse lugar.

     b6&  A 5statuição, consite na consequência 4ur-dica para o caso previsto, dir-amos oestabelecimento da conduta a observar, ou ainda, o efeito 4ur-dico que advém da viola"ão dofacto previsto. A estatui"ão é sempre geral e abstracta. >uando a estatui"ão não for geral eabstracta não se tratar0 duma norma 4ur-dica, mas dum preceito singular e concreto.

    Q como sin4nimos de norma usam"se regra, comando, preceito, disposição legal.

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    (aracter!sticas das normas &ur!dicas

    Distinguimos a normas 4ur-dicas, das demais normas, do ponto de vista formal, ao

    referenciarmos os seus elementos ou estrutura, resta&nos, agora, distigu-&las quanto ao modocomo estas normas se e2primem e se afirmam, através das suas caracter-sticas, debru"ando&nossobre :s que entendemos serem as mais significativas para o nosso estudo, como se4am a bilateralidade, a imperatividade< a generalidade e abstra"ão e por fim a coercibilidade oucoactividade.

    Analisemos cada uma delas3

    $.) *ilateralidade3 &Esta caracter-stica encerra dois entendimentos uma ve que se por um ladodi&se que a norma 4ur-dica é bilateral, porque impondo obriga"#es aos camados su4eitos passivos, simultaneamente, concede faculdades e poderes aos camados su4eitos activos e tutela

    o seu e2erc-cio, por outro, ela intervem sempre relativamente a dois su4eitos, o que emite anorma e imp#e o seu cumprimento e aquele, cu4o comportamento se deve com ela se conformar ou a ela se su4eitar. Esta caracter-stica é importante para a compreensão da rela"ão 4ur-dica.

     

    B- A +m#eratividade (comando# 3 &As normas 4ur-dicas contêm sempre uma ordem ou comando,determina"ão para a observa"ão de certa conduta social. A norma 4ur-dica regula de maneiraimperativa, isto é, obrigatria, a conduta umana, isto é, dos su4eitos de direito, quer se4am pessoas f-sicas ou 4ur-dicas 5pessoas colectivas6, nas suas rela"#es com os outros su4eitos ou nassuas rela"#es com o Estado e com os outros entes públicos menores. A 4uricidade da norma

    decorre desta obrigatoriedade ao seu acatamento, cu4a sede é a consciência social.

    ;0 porém normas 4ur-dicas, que o não são no sentido técnico&4ur-dico da palavra. U o casodaquelas declara"#es de car0cter não imperativo que se encontram frequentemente nasConstitui"#es e até nas leis, que contêm conselos, manifesta"#es de opinião etc., por e2emplo3na Constitui"ão da 'epública de *o"ambique o artigo e SM, di o seguinte3

    Art. SM 8 ' 6odos os cidadãos t!m direito 7 assist!ncia médica e sanitária, nos termos da /ei, eo de$er de promo$er e defender a sa+de.)

    Esta norma não é uma norma 4ur-dica propriamente dita, pois trata&se de uma afirma"ão de

     princ-pios program0ticos que serve como directri para o futuro legislador da lei ordin0ria, nãosendo um verdadeiro e autêntico direito sub4ectivo, que possa dar lugar : ac"#es 4ur-dicasintentadas nos tribunais, por doentes, se o Estado através de leis especiais, não assumir e2pressamente a obriga"ão de as tornar efectivas e sancion0veis.

    *as, ve4amos o que di o art. O9 da mesma Constitui"ão '6odo o cidadão t!m direito a onra,ao bom nome, a reputação, a defesa da sua imagem p+blica e a reser$a da sua $ida pri$ada.)

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     !este caso, 40 é poss-vel intentar ac"#es que visem efectivar o direito a onra, ao bom nome ereputa"ão, porquê %orque a lei ordin0ria, o C.civ., nos seu artigo OPss regula os Direitos de personalidade, estatu-ndo as consequências 4ur-dicas da sua viola"ão.

    %ortanto, todas as normas para serem 4ur-dicas, têm de ser imperativas, não nos podemos dei2ar 

    enganar pela forma e2terior e literal que revestem, porque é preciso observ0&las na sua -ntimanaturea de ordens ou de proibi"#es e dentro do sistema de todas as outras normas em que seenquadram e se integram. !aturalmente, que pode ser mais f0cil descobrir esta caracter-sticanum determinado tipo de normas que noutras. *encione&se por e2emplo as normas qualificadas por precepti$as, aquelas que imp#em uma ac"ão e nas proibitivas, aquelas que imp#em umaomissão. *as torna&se dif-cil descobrir esta caracter-stica nas normas explicati$as oudeclarati$as, porque assumem e2teriormente a forma de declara"#es ou de defini"#es. (orna&setambém dif-cil descobrir a naturea imperativa, nas camadas normas dispositi$as, ou ainda nas supleti$as, na medida em que determinam o modo como devem ser reguladas certas situa"#es 4ur-dicas, admitindo ao mesmo tempo, que a vontade das partes possa afast0&las e é, ainda, maisdif-cil distinguir aquela caracter-stica, nas normas permissi$as, aquelas que atribuem faculdades

    sem aparentemente faerem de algum modo imposi"#es.De qualquer modo se não ouver imperatividade na norma ela não é 4ur-dica.

    B &  eneralidade e Abstração 5comando geral e abstracto#Di&se que a 8eneralidade e a Abstracção, são caracter-sticas da norma 4ur-dica, porque  anorma é geral, tendo em vista uma generalidade de destinat0rios, uma categoria mais ao menosampla de pessoas, e não a determinadas pessoas em concreto. !o tacante a abstrac"ão, os factos,as condutas e as situa"#es a observar são previstas dum modo abstracto, tendo por base aindica"ão dum padrão ou modelo destes. $sto é, a norma 4ur-dica, com e2cep"ão dos privilégios,não tutela interesses concretos de su4eitos determinados mas, categorias mais ou menos vastas deinteresses.

    As caracter-sticas de generalidade e abstra"ão, são uma das notas mais evidentes da norma 4ur-dica, com elas quer&se dier que a norma não é definida em fun"ão a pessoas particulares eaos casos concretos senão para uma pluralidade de casos indeterminados, que apresentam ou poderão apresentar no futuro, certas caracter-sticas comuns previstas pelo legislador. *as, anorma 4ur-dica, tanto é geral e abstracta como iptotética, o que significa que não obriga todos oscidadãos a um determinado comportamento, mas disp#e apenas que todos aqueles que seencontrem nas condi"#es que a norma prevê devem comportar&se do modo nela fi2ado.De um modo geral, a generalidade e abstrac"ão são referidos como sinnimos, porém, e2primemrealidades diferentes, podendo confundir&se quando a norma vena a aplicar&se apenas a uma pessoa. $sto é, a norma 4ur-dica pode ter como destinat0rios somente uma determinada pessoa eser geral, se esta estiver formulada em termos de aplicabilidade a toda a pessoa que se encontrana situa"ão descrita. neste sentido que a generalidade se confunde com a abstrac"ão, por e2emplo3 é geral o preceito sobre Cefes de Direc"ão, individual o preceito respeitante ao Cefede Jinan"as de uma certa Direc"ão.

     A generalidade é a voca"ão da norma para se aplicar a uma generalidade de pessoas. Esta,contrap#e&se : individualidade. geral o preceito respeitante aos cidadãos mo"ambicanos, mas é

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    individual a norma respeitante ao cidadão mo"ambicano *anuel. %or outras palavras, é geral,qualquer preceito 4ur-dico, porque em ve de regular um caso concreto ou particular, prevê eregula, ipoteticamente, uma série infinita de situa"#es. A abstracção significa que a norma 4ur-dica não vale para casos concretos e particulares, mas sim para uma pluralidade de casos indeterminados, que se apresentam ou poderão apresentar&se no

    futuro, com certas caracter-sticas comuns. ) abstracto contrap#e&se ao concreto. >uando se falaem abstrac"ão como caracter-stica da norma 4ur-dica quer&se dier que os factos e as situa"#es previstas pela norma não ão&de estar 40 concretiadas, são factos ou situa"#es que o legislador  pretendeu regular e que podem ou não surgir, na convivência ou na rela"#es sociais. %ara aclarar os conceitos aqui referidos ve4amos alguns e2emplos3 & /e se ordena que todos entreguem asarmas que possuem, nos postos de pol-cia, a situa"ão est0 40 concretiada, temos generalidade enão abstra"ão. *as, se se mandar que as armas que forem adquiridas se4am apresentadas nos postos de pol-cia então á abstracção, pois a norma est0 aparelada para e2ecu"ão futura.A norma 4ur-dica é geral, na medida em que não prevê nem regula individualmente rela"#ese2ternas espec-ficas de determinadas pessoas, mas vale indistintamente para todas as rela"#es damesma espécie, aplicando&se indiferentemente a todas as pessoas que se possam encontrar na

    mesma situa"ão. Aquele que Esta é a maneira indeterminada como o cdigo penal se refere,indistintamente, a todos os autores de crimes, e2ceptuando&se os casos em que os qualifica.

     A coercibilidade ou coactividade - comando coerc!vel

     !o"ão3 & A coercibilidade consiste no facto do infractor 5devedor6 saber que e2iste a san"ão, aqual antes da viola"ãoda norma é somente uma amea"a de pena, uma pena ipotética e isso podecontribuir para que ele evite a viola"ão da norma. %otanto, a coercibilidade, consiste em que aamea"a da san"ão é um elemento dissuasor do incumprimento da norma, porque, pode usar&se afor"a para impedir ou reprimir a viola"ão das normas 4ur-dicas. %odemos mesmo dier que acoercibilidade encerra dentro de si uma grande dose de preven"ão num primeiro plano, paradescambar no uso da for"a ou dos meios coactivos, num segundo plano.

     A coercibilidade,  também, constitu- uma caracter-stica essencial da norma, porque, se não seconsegue esp=ntaneamente a sua observBncia, por parte dos cidadãos, imp#e&se o seu respeitoatravés da coa"ão, quer pelo receio dos efeitos pessoais ou patrimoniais que a sua viola"ão podeocasionar, quer por motivos de interesse ou de conveniência social, quer ainda pelo sentimentoda onra ou do respeito pela 4usti"a.

    a6. &>uando a norma é observada espontaneamente pelos cidadãos podemos falar de3obser$ncia aut4noma da norma jurídica9

     b6.&>uando a norma se imp#e através da coação, podemos falar de3  obser$ncia eter4noma, porque a sua observBncia é conseguida através de um sistema de rgãos 4urisdicionais que sãocamados a resolver os problemas que surgem nos conflitos da vida social mediante a aplica"ãodo direito vigente, e as senten"as, uma ve transitadas em 4ulgado, devem ser cumpridas, art.9N?da Const. da 'ep., por e2emplo3& /e Losé se recusar a pagar a quantia de um milão que deve aLoão, os poderes públicos não e2ercem qualquer coa"ão sobre a pessoa do Losé para o obrigarema pagar o que deve ao Loão. !este caso o (ribunal substitu-&se ao Losé e pagar0 ao Loão a quantiadevida, : custa do patrimnio do Losé, que ser0 apreendido e vendido para o efeito. Assim, a

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    apreensão e a venda for"ada do patrimnio do devedor, constituem a sua san"ão peloincumprimento da norma que ele 5Losé6 não foi obrigado a cumpr-&la e, tanto assim, que a violoudando motivo a aplica"ão da san"ão prevista. A coercilibidade representa, pois, umacaracter-stica essencial, necess0ria e e2clusiva da norma 4ur-dica. >uando ela faltar, tratar&se&0,não de normas 4ur-dicas, mas sim de normas morais, religiosas, costumeiras ou ainda de trato

    social.  !ão se deve confundir coac"ão com coercibilidade A coercibilidade é uma amea"a de san"ão, acoac"ão, consiste na possibilidade de uma actua"ão da norma 4ur-dica por via indirecta, quandoesta não for e2pontaneamente observada pelos cidadãos. ) Estado, mediante a aplica"ão desan"#es, consegue que se4a observado o comando contido no preceito legal e não respeitado, pelosu4eito.

    A coac"ão pode ser e2ercida directamente através da for"a, no campo do direito pri$ado, com ae2ecu"ão for"ada, ou indirectamente, mediante o ressarcimento do dano ou a repara"ão e,também, no campo do direito penal  com aplica"ão das penas e das medidas de seguran"a.

    CAP.TULO I8

    ORDENAMENTO 9UR.DICO

    B No+o

     !os cap-tulos anteriores, referimos que as condi"#es essenciais da vida social são asseguradas por um sistema de normas que regulam as rela"#es dos indiv-duos entre si, as rela"#es entre osindiv-duos e o Estado e as rela"#es entre este e outros entes públicos e privados menores.Dissemos, ainda, que estas normas traduem&se em comandos que, quando não observadosvolunt0ria e espontBneamente, são coercivamente impostos, quer através da coac"ão directa, quer através da coac"ão indirecta, pela aplica"ão de san"#es. A tais normas design0mo&las por normas jurídicas.

    ) con4unto das normas 4ur-dicas, incluindo as fontes de Direito, todos os seus conteúdos e pro4ec"#es, constitu- aquilo que se designa !or ordenamento &ur!dico, com#le/o de leis emvigor ou, ainda, %ireito #ositivo.

    Dentro do ordenamento 4ur-dico, distinguem&se grupos ou con4untos de normas que, por sereferirem a sectores individualiados da vida social e por se apoiarem em princ-pios comuns queles dão coesão interna, diferenciando&os doutros grupos de normas, se consideram   ramosaut4nomos de direito.

    B - DI8ISÃO DO DIREITO

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    ) conceito de autonomia dum ramo de Direito e da correspondente ciência é relativo. ) ob4ectoe os métodos 4ur-dicos são substancialmente uniformes, tanto na doutrina como na pr0tica, ainfluência rec-proca e rela"ão cont-nua entre os diversos ramos é abitual e inevit0vel.

    ;o4e, é bastante comum criarem&se novas parcelas independentes no campo do Direito, facto

    que, não s encurta a visão global deste, mas também, fomenta a tendência para e2agerar a até para inventar diferentes distin"#es que 4ustifiquem aquela autonomia.'econece&se, porém, que certos sectores do Direito ofere"am algumas particularidades e quese4a conveniente o seu estudo ou ensino independentes. *as, isso não basta para 4ustificar a suaeleva"ão ao plano de ramo autnomo, quando não apresentem uma individualidade comprovada,única coisa que 4ustifica a autonomia"ão de determinado ramo de Direito.

    De um modo geral e mesmo tradicionalmente, 0 uma certa unanimidade em aceitar&se o car0cter dualista ou dicotmico da divisão cl0ssica do Direito em dois ramos, a saber o Direito %úblico eo Direito %rivado, a qual tem origem no Direito 'omano.

    Da 40 nossa conecida defini"ão de Direito é f0cil retirer dela o car0cter público e privado queela encerra. +embremo&nos que o seu escopo é a regula"ão das condutas dos su4eitos de direito, pessoas f-sicas e colectivas, nas suas rela"#es rec-procas, bem como nas rela"#es daqueles com oEstado e outros entes menores. Esta regula"ão assim preconiada s é poss-vel pela e2istência deum3

     :." 2ireito 3+blico, consubstanciado por normas unilaterais e eternimas, geralmente in4untivas, porque dotadas de autoridade e competência, que perdura ao lado de um <

     ::." 2ireito 3ri$ado,  cu4as normas, ainda que eternimas e por vees in4untivas, têm tambémum car0cter dispositivo, facultativo, marcadas por uma grande dose de liberdade e autonomiados seus destinat0rios, o que les reveste do car0cter bilateral ou contatual em vista daarmonia"ão dos seus interesses e conflitos. %ode&se dier ainda que no Bmbito do Direito%rivado não e2iste qualquer e2erc-cio do poder de Estado, isto é, nenuma das partescontratantes actua revestida de poder estatal. m ente público pode estabelecer com os particulares rela"#es de direito privado quando não actua na sua condi"ão de rgão revestido de poder, o 4us imperi.

    ;0 muitos critérios de distin"ão do Direito %úblico ao Direito %rivado, mas são dois os principais critérios, nomeadamente3 o do interesse e o do su4eito da rela"ão 4ur-dica, que sesubdivide em dois, como iremos studar mais adiante. 1e4amos então os critérios de distin"ão3

    • 1ritério do interesse;"

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    • O critério dos sujeitos da relação jurídica desdobra&se em3" 1ritério da qualidade dos sujeitos da relação jurídica, segundo o qual toda a normareguladora das relaç-es jurídicas em que o 5stado ou outra 3essoa 1olecti$a dotada de

    autoridade, fosse o sujeito acti$o9 donde o 2ireito 3ri$ado seria aquele constituído pelas

    normas reguladoras das relaç-es entre os particulares. (ambém este critério est0 carente de sustentabilidade, porquanto quer as %essoas Colectivas dotadas de autoridade, quer os particulares, todos podem intervir como su4eitos de rela"#es 4ur-dicas sob o signo do Direito %rivado.

    • & Critério da posi"ão dos su4eitos da rela"ão 4ur-dica, no qual se consideram rela"#es dedireito público, :quelas em que intervêm entidades munidas de autoridade pública 54usimperi6 enquanto munidas dessa autoridade, sendo normas de direito público as queregulam essas rela"#es e consideram&se rela"#es 4ur-dicas de direito privado as que sedesenvolvem entre particulares ou em que intervenam o Estado ou outra entidade que possua 4us imperi mas despido do seu imperium, sendo de direito privado as normasque regulam essas rela"#es.

    /egundo o critério do interesse, o Direito positivo pode ser agrupado do seguinte modo3

    $.$.$) 0amos de %ireito #1blico

    )s diversos ramos tradicionalmente considerados de direito público, naturalmente que têm comoepicentro a organia"ão, funcionamento e a ac"ão do Estado e seus agentes e competencias dosrgãos de soberania, sendo comum distinguir&se, nesta matéria, o designado direito externo, dodireito interno

    a#" =o 2ireito 3+blico externo situa&se o Direito internacional %úblico, cu4as normas regulam as

    rela"#es entre Estados, embora também se admitam, o4e, que outras organia"#es possam ser su4eitos do Direito $nternacional público, admitindo&se mesmo a ideia de que nalguns casos atéindiv-duos o possam ser  N.b#" =o 2ireito 3+blico interno, regulam&se as rela"#es entre o Estado e os seus cidadãos bem

    como as rela"#es entre estes e no seu Bmbito situam&se os seguintes sub&ramos3

    9.& 2ireito 1onstitucional ou político  8 con4unto de normas que regulam a organia"ão efuncionamento dos rgãos superiores do Estado e os direitos e deveres fundamentais doscidadãos<

    ?.& 2ireito Administrati$o & con4unto de normas que regulam a actividade administrativa do

    Estado 5forma"ão e funcionamento dos rgãos administrativos6 e as rela"#es dos cidadadãoscom esses rgãos<

    @. &  2ireito >inanceiro  & con4unto de normas que regulam a cobran"a das receitas e arealia"ão das despesas públicas<

    N ) fundamento da pessao singular ser su4eito do Direito $nternacional é discutivel

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    M. & 2ireito >iscal " con4unto de normas que regulam a aplica"ão e cobran"a dos impostos5pagamentos feitos pelos cidadad#as ao Estado& Jisco6<

    Q. &  2ireito 1riminal ou 3enal   & con4unto de normas que regulam os pressupostos deaplica"ão das san"#es criminais<

    N.  2ireito 3rocessual  & con4unto de normas que regulam a organia"ão e competência dostribunais e os trBmites que neles seguem as lides e as infra"#es.

    Conforme o ramo do Direito substantivo que serve, o Direito %rocessual ser0 civil, do trabaloou laboral, administrativo e penal ou criminal.

    $.$.'.2 0amos de %ireito 3rivado

    )s diversos ramos considerados de direito privado são subdivis#es do  2ireito 1i$il ,O  queregula as rela"#es entre os particulares e entre os particulares e as entidades públicas, quando

    despidas do seu imperium.

    ) Direito Civil subdivide&se nos seguintes subramos3

    9. 2ireito das Obrigaç-es  & que regula os v-nculos 4ur-dicos pelos quais uma pessoa ficaadsttrita a realiar uma presta"ão : outra<

    9.  2ireito das 1oisas & que regula os direitos 'eais, poderes directos e imediatos sobre ascoisas<

    ?.  2ireito da >amília "  que regula as rela"#es resultantes do casamento, procria"ão eadop"ão<

    @.  2ireito das ?ucess-es & que regula as sucess#es mortis causa<

    M.  2ireito 1omercial  & regula as rela"#es derivadas da pr0tica de actos de comércio<

    Q.  2ireito do trabalo & regula as rela"#es resultantes do contrato de trabalo subordinado<

    N.  2ireito :nternacional 3ri$ado & con4unto de normas 5normas de conflito6 que determinama lei reguladora das rela"#es 4ur-dicas que estão em cone2ão com dois ou mais sistemas

     4ur-dicos

    O ) direito internacional privado, direito das )briga"#es, das coisas, da fam-lia, das sucess#es,constituem&se por livros compilados no Cdigo Civil. ) direito comercial foi destacado doCdigo civil para formar um cdigo : parte, que tal como o direito de trabalo são ambos direitoespecial.

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    CAPITULO 8I

    B 7AS FONTES DE DIREITO

    BB 7 NOÇÃO

    Designam&se fontes de Direito os modos de forma"ão ou cria"ão e de revela"ão das normas 4ur-dicas. Este, é o sentido técnico 4ur-dico ou formal da e2pressão Jontes de Direito, sentidoque evidência a maneira como é criada e se manifesta socialmente a norma 4ur-dica.

    >uando se fala em fontes de direito, o que se abrange não é todo direito, mas e2clusivamente odireito ob4ectivo, ou se4a, as normas 4ur-dicas que o e2primem. (odavia, a e2pressão fontes dedireito que é tomada num sentido metafrico, presta&se a v0rios sentidos, por e2emplo3

    • & Em sentido filos4fico " encara o fundamento da obrigatoriedade das normas 4ur-dicas<

    • & Em sentido  sociol4gico  & refere&se aos factos que determinam o aparecimento e oconteúdo das normas<

    • & Em sentido  político5orgBnico6 & reporta&se aos rgãos que estão incumbidos da produ"ão de normas 4ur-dicas, tal é o caso da Assembleia da 'epública, o Governo e asautarquias, etc.<

    • & Em sentido ist4ric ",  têm&se em aten"ão as origens istricas dum sistema e asinfluências que sobre ele se e2ercem, por e2emplo3 ) direito português é fonte do direitomo"ambicano<

    • & Em sentido istrico, instrumental ou material " refere&se aos documentos, diplomas oumonumentos legislativos que contêm os preceitos 5as normas 4ur-dicas6.

    Em sentido técnico 4ur-dico ou formal, 5sentido que nos interessa6 & as fontes de direito dividem&se em fontes de cognição e fontes de produção.

    9. &  As fontes de cognição  representam os meios pelos quais se podem conecer as v0riasespécies de normas e são constitu-das pelos cdigos, +eis ordin0rias, +eis especiais, que podemsem compactados em C.D.'*s, etc.

    ?.& As fontes de produção de direito, por sua ve, subdividem&se em3 & Jontes materiais e fontesformais

    ?.98 >ontes materiais " comple2o de e2igências de naturea econmica, pol-tica, moral etc. quecorrespondem ao conteúdo dos preceitos 4ur-dicos

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    ?.? &  >ontes formais, são os processos através dos quais se formam e adquirem efic0cia asnormas 4ur-dicas. As fontes formais são fundamentalmente duas, porque, dois são também osmeios de forma"ão e de manifesta"ão da vontade colectiva numa organia"ão social.

    a & m procedimento natural e espontBneo donde resulta que certos actos,

     pela sua constante e uniforme repeti"ão e pela convic"ão da suaobrigatoriedade, se transformam em e2pressão da vontade geral3 &costume

    *6& um procedimento mediato e refle2o através do qual rgãos especiais,estabelecidos pela Constituti"ão, dão a forma e a for"a do comando :quiloque, num Estado, representa a vontade dominante e soberana3 4ei .

    Analisemos cada uma delas

    B 7 O COSTUME

    $.$ 2 Noção e re"uisitos do costume

     =oção3 & Cama&se costume : forma de cria"ão de normas 4ur-dicas que consiste na pr0ticarepetida e abitiual de uma conduta, quando cega a ser encarada como obrigatria pelageneralidade dos membros dos grupos sociais. A este entendimento, convic"ão de que a norma éobrigatria, d0&se a denomina"ão latina tradicional de o!(n(o &ur(s e" necess(tat(sB A normaassim criada também se designa de costume.) costume é o processo mais directo e espontBneode forma"ão e manifesta"ão da vontade de uma sociedade organiada R  e é integrado por doiselementos3

    9. m e2terno, o material, que é dado pela repeti"ão constante de certos actos, designado por  uso

    B )utro interno, de ordem psicolgica que é representado pela convic"ão da suaobrigatoriedade, designado con(c+o #e o*r(%ator(e#a#e

    >ualquer destes elementos é necess0rio e essencial, porque  se falta a repetição, constante euniforme dos actos, teremos apenas, comportamentos especiais de determinadas classes dasociedade ou comportamentos irregulares

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    /er0 o costume fonte de direito em *o"ambique %ensamos que em algumas regi#es do pa-s ocostume é fonte de Direito. Kasta que nos lembremos que a administra"ão do Estado dei2aespa"os, onde se afirma, de forma previlegiada, o direito consuetuden0rio, de que falaremosadiante. !o entanto, segundo a legisla"ão em vigor o costume não é fonte de direito, ve4amos3

    Artigo @ C.civ.51alor 4ur-dico dos usos6

    B )s usos que não forem contr0rios aos princ-pios da boa fé são 4uridicamente atend-veis quando a lei o determine.

    B As normas corporativas prevalecem sobre os usos

    Apesar das palavras usos e costume serem usados como termos equivalentes na linguagemcorrente, não o são na linguagem 4ur-dica. O uso, como referimos, é uma prática social reiterada, a sua e2istência resulta duma mera observa"ão de facto. ) costume inclui o uso e a

    convic"ão de obrigatoriedade. %ortanto, para se saber se 0 efectivamente um costume, énecess0rio a convic"ão de obrigatoriedade, isto é, que os membros de um determinado c-rculosocial tenam a consciência de que deve ser assim, de que aquela pr0tica é obrigatria, de talsorte que não deriva s de cortesia ou da rotina. / quando se forma a convic"ão de que deve proceder&se segundo aquele uso 5de que tem de ser assim6 é que se pode dier que 0 costume.

    *as, afinal, qual o significado do art. @ do C.civ. /er0 que o legislador refere&se aqui tambémao costume L0 foi e ainda é entendido que sim, por v0rios autores. *as, ns, pensamos que sãoefectivamente os usos e não o costume ou o direito costumeiro que estão em causa neste preceito, se o legislador quisesse referir&se ao costume, na letra da lei assim constaria, o preceitocitado refere&se a usos e não ao costume diendo que os usos são atend-veis quando a lei o

    determine. %or outro lado, a lei fala em usos, apenas para indicar que determinados usos nãocontr0rios aos princ-pios da boa&fé, podem ser atendidos quando a lei determinar. $sto é, abreuma porta para que o legislador futuro possa relevar para o Direito determinadas pr0ticas sociaisque se entenda deverem constar na leis. !em todos os usos estão comtemplados nesta norma, podem e2istir usos que não interessem ao direito ou que são irrelevantes para o Direito.S

    %ortanto, é do uso que se fala e não do costume. /egundo a legisla"ão em vigor, no nosso pa-s, ocostume não é fonte de Direito, porque não consta das fontes de direito previstas no Cap-tulo $ &do +ivro $& %arte Geral., do Cd, Civ. ) costume s tem valor a t-tulo interpretativo e na medidaem que as leis e regulamentos remetam para ele.

    / nos casos ta2ativamente previstos na lei é que o costume é fonte de Direito, conforme

     preceitua o artigo @MR C.civ.

    Artigo @MR C.civ.Direito consuetudin0rio, local, ou estrangeiro

    S por e2emplo :s ofertas de flores no dia de /.1alentim 5dia dos namorados6, parece&nos queainda não constitui uma pr0tica social reiterada da sociedade, circunscrevendo&se : pequenosc-rculos de amiade nas onas urbanas.

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    9. Iquele que invocar direito consuetudin0rio, local, ou estrangeiro compete faer a provada sua e2istência e conteúdo< mas o tribunal deve procurar, oficiosamente, obter orespectivo conecimento.

    ?. ) conecimento oficioso incumbe também ao tribunal, sempre que este tena de decidir 

    com base no direito consuetudin0rio, local, ou estrangeiro e nenuma das partes o tenainvocado, ou a parte contr0ria tena reconecido a sua e2istência e conteúdo ou não a4adeduido oposi"ão.

    @. !a impossibilidade de determinar o conteúdo do direito aplic0vel, o tribunal recorrer0 :sregras do direito comum moçambicano)

    $.'.5 2 A 4ei 

     !o ordenamento 4ur-dico, em vigor no nosso pa-s, a lei ocupa um lugar privilegiado nas fontesdo direito e é considerada fonte imediata do direito.

    Artigo 95Jontes imediatas6

    9. /ão fontes imediatas do direito as leis e as normas corporativas.?. Consideram&se leis todas as disposi"#es genéricas provindas dos rgãos estaduais

    competentes< são normas corporativas as regras ditadas pelos organismos representativosou profissionais das diferentes categorias morais, culturais, econmicas ou profissionais,no dom-nio das suas atribui"#es, bem como os respectivos estatutos e regulamentosinternos.

    @. As normas corporativas não podem contrariar as disposi"#es legais de car0cter 

    imperativo

    ) nV9 do artigo transcrito di3  " 1 onsideram&se leis 'todas as disposiç-es genéricas pro$indasdos 4rgãos estaduais competentes). ? egundo o previsto nesta norma, a lei ser0 a forma de queest0 revestida a norma ou normas 4uridicas, quando estabelecidas e decretadas pelos orgãoscompetentes.  Assim,  para que uma norma se4a considerada lei são necess0rios os seguintesrequisitos3

    9.& ma autoridade competente para pautar 4uridicamente a vida social<

    ?.& A observBncia das formas eventualmente estabelecidas para essa actividade<

    @.& m conteúdo, que é uma norma 4ur-dica.

    De acordo com os elementos necess0rios para que e2ista uma norma, a +ei é um te2to oufrmula significativa de uma ou mais normas 4ur-dicas emanada da autoridade competente, comobservBncia das formas eventualmente estabelecidas, para pautar 4uridicamente a vida social 9P

    9P )liveira de Ascensão, $nt. Ao Estudo do Direito., pag. ?@S

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    $.'.5.$ ) Os vários significados da #alavra lei 

    *as, a palavra lei tem v0rios sentidos, dos quais, para o nosso estudo, indicamos os seguintes3

    & /ei em sentido lato, significa o mesmo que direito ou norma 4ur-dica, podendo integrar&se neste, os Decretos e Despacos do Governo e os regulamentos99  de e2ecu"ão dosmesmos.

    • &  /ei em sentido restrito, compreende apenas as leis da Assembleia da 'epública e é oacto normativo emanado pela Assembleia da 'epública ou %arlamento.

    ;0 que distinguir ainda a lei em sentido formal, da lei em sentido material , que tem o conteúdoda lei, sem ter a sua forma, na medida em que é constitut-da por um con4unto de normas 4ur-dicasemanadas pelo Governo ou outros rgãos do Estado dotados desse poder pela Constitui"ão.1e4amos3

    9. & /ei em sentido formal; é todo o acto normativo emanado de um rgão com competêncialegislativa. A lei em sentido formal, representa o acto de vontade de um povo organiadocomo Estado, acto este que é praticado pelos rgãos legislativos previstos naConstituti"ão. 5vide arts 9@9< 9@@,nV?