uso racional de ferramentas de engenharia metabólica: produção bacteriana de hidrogênio e de...
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Uso Racional de Ferramentas de Engenharia Metabólica: Produção Bacteriana de Hidrogênio e de ViolaceínaTRANSCRIPT
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Universidade Federal de Santa Catarina Centro Tecnolgico
Departamento de Engenharia Qumica e Engenharia de Alimentos Programa de Ps-Graduao em Engenharia Qumica
Uso Racional de Ferramentas de Engenharia Metablica:
Produo Bacteriana de Hidrognio e de Violacena
ERLON MENDES
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Qumica da
Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obteno do grau de
Mestre em Engenharia Qumica
Orientador: Prof. Dr. Luismar Marques Porto (EQA/UFSC)
Florianpolis, SC 2006
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Erlon Mendes
Uso Racional de Ferramentas de Engenharia Metablica: Produo Bacteriana de Hidrognio e de Violacena
Esta dissertao foi julgada e aprovada para obteno do grau de Mestre em
Engenharia Qumica no Programa de Ps-Graduao em Engenharia Qumica da Universidade Federal de Santa Catarina
rea de Concentrao
Processos Qumicos e Biotecnolgicos
________________________________________ Prof. Dr. Luismar Marques Porto
Orientador
________________________________________ Prof. Dr. Agenor Furigo Junior
Coordenador do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Qumica
Banca Examinadora:
______________________________ Prof. Dr. Luismar Marques Porto
Orientador
______________________________ Prof. Dr. Agenor Furigo Junior
Membro Interno
______________________________ Profa Dra Cntia Soares
Membro Externo
Florianpolis, SC, Maro de 2006
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Mendes, Erlon Uso Racional de Ferramentas de Engenharia Metablica: Produo Bacteriana de Hidrognio e de Violacena. Dissertao (Mestrado) Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Ps-Graduao em Engenharia Qumica. 1. Ferramentas de Engenharia Metablica 2. Hidrognio 3. Violacena 4. MFA 5. MCA
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Este trabalho parte integrante das pesquisas realizadas pelo Grupo de Engenharia Genmica e foi desenvolvido no Laboratrio de Tecnologias Integradas (InteLAB) do Departamento de Engenharia Qumica e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Santa Catarina.
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Dedico este trabalho aos meus pais, Ausemir e Acionir, ao meu irmo Elton e minha
namorada Zenair por todo o apoio, compreenso e amor dedicados neste momento
to importante da minha vida.
Muito Obrigado!
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AGRADECIMENTOS
Agradeo ao Professor Luismar Marques Porto pela oportunidade de
estudar uma rea super interessante e absolutamente nova para mim, pelos
conhecimentos prestados, pela orientao, apoio e amizade.
Agradecimento especial aos colegas Gisele Serpa, Daniela Muccillo,
Julia Vasconcellos Castro e Itamar Leite de Oliveira por todo o apoio,
companheirismo, e grandes idias que me ajudaram muito na realizao deste
trabalho.
A todos os colegas do InteLAB, por contriburem de alguma forma para
a realizao deste trabalho.
Coordenadoria de Ps-Graduao em Engenharia Qumica.
Agradecimento muito especial aos meus pais Ausemir e Acionir, meu
irmo Elton e minha namorada Zenair por toda a compreenso, apoio, amor e
carinho dedicados durante toda a minha vida, e que me fizeram chegar at
aqui.
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SUMRIO
NDICE DAS FIGURAS________________________________________________ 9 NDICE DAS TABELAS ______________________________________________ 12 NOMENCLATURA___________________________________________________ 13 LISTA DE ABREVIATURAS___________________________________________ 14 RESUMO ___________________________________________________________ 17 ABSTRACT _________________________________________________________ 18 CAPTULO I ________________________________________________________ 19
Introduo, Motivao e Justificativa ________________________________________ 19 CAPTULO II _______________________________________________________ 22
Reviso Bibliogrfica______________________________________________________ 22 2.1. A anlise e o controle de fluxos metablicos___________________________________22 2.1.1. A anlise de fluxo metablico ______________________________________________22 2.1.1.1. A teoria _____________________________________________________________23 2.1.2. A anlise de controle metablico____________________________________________25 2.2. A abordagem tradicional, pela maximizao da biomassa ________________________27 2.3. A minimizao da energia livre como alternativa biolgica _______________________29 2.4. A produo biolgica de hidrognio _________________________________________30 2.5. A produo de violacena _________________________________________________36
CAPTULO III ______________________________________________________ 39 Materiais e Mtodos_______________________________________________________ 39
3.1. Toolbox de Engenharia Metablica para o MATLAB, ME Toolbox _______________39 3.1.1. Mtodos Computacionais _________________________________________________42 3.1.1.1. Estimativa dos fluxos no medidos________________________________________42 3.1.1.2. Reconciliao estatstica das medidas______________________________________42 3.1.1.3. Anlise de sensibilidade ________________________________________________43 3.1.1.4. Criando a matriz estequiomtrica G ______________________________________44 3.1.2. Utilizando o ME Toolbox para anlise de fluxo metablico (MFA) _________________45 3.1.3. Utilizando o ME Toolbox para MFA com mtodos de istopos marcados (MFAIL)____46 3.1.4. Utilizando o ME Toolbox para MFA de sistemas subdeterminados utilizando programao linear (MFAOP)________________________________________________________________49 3.1.5. Utilizando o ME Toolbox para MCA de vias metablicas lineares (MCA) ___________51 3.1.6. Utilizando o ME Toolbox para MCA de pontos de bifurcao (MCAB) _____________53 3.2. Estudo de caso I: anlise de fluxo metablico para a produo de hidrognio por Clostridium butyricum ___________________________________________________________54 3.3. Estudo de caso II: anlise de fluxo metablico para a produo de violacena por Chromobacterium violaceum______________________________________________________60 3.4. Estudo de caso III: anlise de fluxo metablico para um modelo simplificado do metabolismo central de uma clula animal ___________________________________________65
CAPTULO IV_______________________________________________________ 69 Resultados e Discusso ____________________________________________________ 69
4.1. Estudo de caso I: anlise de fluxo metablico para a produo de hidrognio por Clostridium butyricum ___________________________________________________________69 4.1.1. Classificao do sistema __________________________________________________69 4.1.2. Estimativa dos fluxos no medidos da rede metablica no regime estacionrio ________69 4.1.3. Melhoramento estatstico das medidas _______________________________________71 4.1.4. Anlise de sensibilidade __________________________________________________74
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4.1.5. Validao da hiptese de minimizao do gasto energtico. Anlise de fluxo metablico para produo de hidrognio usando a funo MFAOP _________________________________78 4.2. Estudo de caso II: anlise de fluxo metablico para a produo de violacena por Chromobacterium violaceum______________________________________________________80 4.3. Estudo de caso III: anlise de fluxo metablico para um modelo simplificado do metabolismo central de uma clula animal ___________________________________________84 4.4. Exemplos hipotticos do uso das funes MCA e MCAB ________________________87
CAPTULO V _______________________________________________________ 94 Concluses e Sugestes ____________________________________________________ 94
5.1. Concluses_____________________________________________________________94 5.2. Sugestes para trabalhos futuros ____________________________________________95
CAPTULO VI_______________________________________________________ 97 Referncias Bibliogrficas__________________________________________________ 97
CAPTULO VII _____________________________________________________ 100 Apndice _______________________________________________________________ 100
7.1. Funo MFA do ME Toolbox _____________________________________________100 7.2. Funo MFAIL do ME Toolbox ___________________________________________103 7.3. Funo AMM do ME Toolbox ____________________________________________107 7.4. Funo MFAOP do ME Toolbox __________________________________________108 7.5. Funo MCA do ME Toolbox_____________________________________________110 7.6. Funo KINETICS do ME Toolbox ________________________________________112 7.7. Funo ELASTICITY do ME Toolbox______________________________________114 7.8. Funo MCAB do ME Toolbox ___________________________________________115 7.9. Funo KINETICSB do ME Toolbox _______________________________________118 7.10. Funo ELASTICITYB do ME Toolbox ____________________________________119
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NDICE DAS FIGURAS
Figura 1 Ilustrao da programao linear. A soluo tima est contida na linha AB no quadrante no negativo do espao soluo. A funo objetivo consiste numa famlia de linhas (das quais trs so mostradas). A linha que maximiza a funo objetivo intercepta a linha AB em (x,y) = (0,4), que representa a soluo para este problema de otimizao. ________________________________________________________________ 28 Figura 2 Modelo esquemtico de produo de hidrognio via biofotlise direta. Fd representa a enzima ferrodoxina, e H2ase a enzima hidrogenase. _________________ 31 Figura 3 Modelo esquemtico de produo de hidrognio via biofotlise indireta. _ 32 Figura 4 Modelo esquemtico de produo de hidrognio via foto-fermentao. N2ase representa a enzima nitrogenase. _____________________________________________ 33 Figura 5 Modelo esquemtico de produo de hidrognio via fermentao escura._ 34 Figura 6 Biossntese de violacena, conforme proposta por August et al. (2000). Vio A, Vio B, Vio C e Vio D so genes que formam o operon de produo da violacena. Os metablitos so: a) Triptofano, b) 5-Hidroxitriptofano, c) cido indol pirvido, d) cido D-2-amino-2-(3-indol) propinico, e) Pr-desoxiviolacena, f) Oxindol violacena, g) Violacena, h) Oxi-violacena, i) Desoxiviolacena. ____________________________ 37 Figura 7 Via metablica linear generalizada. __________________________________ 51 Figura 8 Exemplo de um ponto de bifurcao em uma via metablica. ___________ 53 Figura 9 Esquema mostrando o modelo para o metabolismo do hidrognio. O modelo metablico apresenta dois substratos, glicose e glicerol, formando gliceraldedo-3-fosfato e gerando etanol, butirato e acetato. A partir do glicerol ainda formado o 1,3-propanodiol. O hidrognio formado pelo sistema lateral onde a ferrodoxina (Fd) oxidada formando H2, sendo novamente reduzida pelo piruvato fechando o ciclo. __ 55 Figura 10 Esquema de vias metablicas mostrando o modelo para a biossntese de violacena por Chromobacterium violaceum. O esquema est simplificado, no mostrando todas as etapas intermedirias que geraram as 95 reaes usadas na matriz estequiomtrica. O modelo utiliza dois substratos, glicose e glicerol. Foram consideradas as reaes de formao de biomassa, aminocidos, nucleotdeos, a via das pentoses e a via de produo da violacena. ____________________________________ 61 Figura 11 Esquema mostrando o modelo simplificado para o metabolismo central de uma clula animal. _________________________________________________________ 65 Figura 12 Fluxos obtidos por balano de massa simples para a rede de reaes em estudo e alimentao com glicose. Grfico de sada do ME Toolbox. _______________ 70
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Figura 13 Fluxos obtidos por balano de massa simples para a rede de reaes em estudo e alimentao com glicerol. Grfico de sada do ME Toolbox. ______________ 71 Figura 14 Novos fluxos obtidos por balano de massa e melhoramento estatstico para a rede de reaes em estudo e alimentao com glicose. Grfico de sada do ME Toolbox. __________________________________________________________________ 73 Figura 15 Novos fluxos obtidos por balano de massa e melhoramento estatstico para a rede de reaes em estudo e alimentao com glicerol. Grfico de sada do ME Toolbox. __________________________________________________________________ 74 Figura 16 Sensibilidade acumulada para todos os fluxos medidos. Grfico de sada do ME Toolbox. _______________________________________________________________ 76 Figura 17 Sensibilidade do fluxo de H2 a variaes nos fluxos medidos. Grfico de sada do ME Toolbox. _______________________________________________________ 77 Figura 18 Comparao entre os fluxos obtidos pela funo MFA (a) e os estimados pela funo MFAOP (b). Grficos de sada do ME Toolbox. ______________________ 78 Figura 19 Comparao entre as sensibilidades acumuladas (a e b), e do H2 (c e d), obtidas pela funo MFA (a e c) e as obtidas pela funo MFAOP (b e d). Grficos de sada do ME Toolbox. _______________________________________________________ 79 Figura 20 Fluxos da Chromobacterium violaceum obtidos por otimizao linear usando a minimizao do gasto energtico como funo objetivo. Os fluxos esto classificados de acordo com a Tabela (12). Grfico de sada do ME Toolbox. ________ 81 Figura 21 Sensibilidade acumulada para todos os fluxos extracelulares. Grfico de sada do ME Toolbox. _______________________________________________________ 82 Figura 22 Sensibilidade do fluxo de violacena a variaes nos fluxos extracelulares. Grfico de sada do ME Toolbox. _____________________________________________ 83 Figura 23 Taxas dos fluxos medidos e no medidos. Grfico de sada do ME Toolbox.__________________________________________________________________________ 84
Figura 24 Fraes de distribuio dos carbonos marcados como resposta a molculas de piruvato marcadas no terceiro carbono. a) piruvato, b) isocitrato, c) -cetoglutarato, d) succinato, e) malato e f) oxaloacetato. Grficos de sada do ME Toolbox._________ 85 Figura 25 Fraes de distribuio dos carbonos marcados como resposta a molculas de -cetoglutarato marcadas no terceiro carbono. a) piruvato; b) isocitrato; c) -cetoglutarato; d) succinato; e) malato e f) oxaloacetato. Grficos de sada do ME Toolbox. __________________________________________________________________ 86 Figura 26 Modelagem de uma via metablica linear de quatro enzimas com inibio do metablito 3 sobre a enzima 2. O grfico mostra as concentraes de cada metablito (X1, X2 e X3), o fluxo metablico no estado estacionrio (J) e os coeficientes
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de controle de fluxo para cada enzima da via metablica (C1, C2, C3 e C4). Grficos de sada do ME Toolbox. _______________________________________________________ 88 Figura 27 Modelagem de uma via metablica linear de quatro enzimas sem inibio. O grfico mostra as concentraes de cada metablito (X1, X2 e X3), o fluxo metablico no estado estacionrio (J) e os coeficientes de controle de fluxo para cada enzima da via metablica (C1, C2, C3 e C4). Grficos de sada do ME Toolbox. __________________ 89 Figura 28 Esquema de uma via bifurcada composta por quatro reaes, uma de consumo do substrato e trs de produo de produtos. __________________________ 90 Figura 29 Modelagem de uma via metablica bifurcada de quatro enzimas, uma reao de produo e trs de consumo do metablito. O grfico mostra a concentrao do metablito (X), cada um dos fluxos metablicos no estado estacionrio (J1, J2, J3 e J4) e os coeficientes de controle de fluxo para cada enzima da via metablica (C1, C2, C3 e C4). Grficos de sada do ME Toolbox. ____________________________________ 91 Figura 30 Esquema de uma via bifurcada composta por quatro reaes, duas de consumo de substratos e duas de produo de produtos. ________________________ 92 Figura 31 Modelagem de uma via metablica bifurcada de quatro enzimas, duas reaes de produo e duas de consumo do metablito. O grfico mostra a concentrao do metablito (X), cada um dos fluxos metablicos no estado estacionrio (J1, J2, J3 e J4) e os coeficientes de controle de fluxo para cada enzima da via metablica (C1, C2, C3 e C4). Grficos de sada do ME Toolbox. ____________________________ 93
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NDICE DAS TABELAS
Tabela 1 Descrio do ME Toolbox.__________________________________________ 40 Tabela 2 Utilizao das funes do ME Toolbox. ______________________________ 41 Tabela 3 Parmetros da funo MFA. ________________________________________ 46 Tabela 4 Parmetros da funo MFAIL. ______________________________________ 47 Tabela 5 Parmetros da funo MFAOP. _____________________________________ 49 Tabela 6 Parmetros da funo MCA.________________________________________ 52 Tabela 7 Parmetros da funo MCAB. ______________________________________ 54 Tabela 8 Modelo de reaes metablicas para produo de hidrognio por Clostridium butyricum. _____________________________________________________ 56 Tabela 9 Matriz estequiomtrica (G) para a via metablica proposta. _____________ 57 Tabela 10 Fluxos medidos para as condies de alimentao com glicose e glicerol (Sait-Amans et al., 2000). ____________________________________________________ 58 Tabela 11 Energia livre de oxidao por NAD+ a 25C (Metzler, 1977).____________ 60 Tabela 12 Modelo de reaes metablicas para produo de violacena em Chromobacterium violaceum.________________________________________________ 62 Tabela 13 Energia livre de oxidao por NAD+ a 25C (Metzler, 1977).____________ 64 Tabela 14 Modelo de reaes metablicas para o metabolismo central simplificado. 66 Tabela 15 Fluxos medidos para as condies de alimentao com glicose e glicerol (Sait-Amans et al., 2000) e as novas estimativas obtidas pelo melhoramento estatstico.__________________________________________________________________________ 72
Tabela 16 Sensibilidade dos fluxos calculados em relao a variaes nos fluxos medidos. __________________________________________________________________ 75
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NOMENCLATURA
C nmero condicional. JiC coeficiente de controle de fluxo da enzima i sobre o fluxo J.
resduo das medidas [ ]( )seca clula11 ghmmol . iE variao na atividade da enzima i. iX j
coeficiente de elasticidade da i-sima taxa de reao, vi, em relao concentrao do metablito j, Xj. G matriz estequiomtrica. Gc matriz estequiomtrica dos fluxos calculados. Gm matriz estequiomtrica dos fluxos medidos. h funo teste. J fluxo da via no estado estacionrio [ ]( )seca clula11 ghmmol . rmet taxas de sntese dos intermedirios nas reaes da via metablica [ ]( )seca clula11 ghmmol . velocidade especfica de crescimento ( )1h . v vetor dos fluxos de cada reao [ ]( )seca clula11 ghmmol . vc vetor dos fluxos calculados [ ]( )seca clula11 ghmmol .
newc,v novo vetor dos fluxos calculados, obtido aps a reconciliao estatstica das medidas [ ]( )seca clula11 ghmmol . vi taxa da reao i [ ]( )seca clula11 ghmmol . vm vetor dos fluxos medidos [ ]( )seca clula11 ghmmol .
newm,v novo vetor dos fluxos medidos, obtido aps a reconciliao estatstica das medidas [ ]( )seca clula11 ghmmol . Xj concentrao do metablito j [ ]( )seca clula1 gmmol . Xmet vetor das concentraes dos metablitos [ ]( )seca clula1 gmmol .
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LISTA DE ABREVIATURAS
3DDAH7P 3-Desoxi-D-arabinoheptulosonato-7-fosfato 3HBCOA 3-Hidroxibutiril-CoA 3HPRAL 3-Hidroxi-propionaldedo 3PDGL 3-P-D-glicerato 3PSME o-(1-Carboxivinil)-3-D-shiquimato 5HTRP 5-Hidroxitriptofano 5MTA 5-Metiltioadenosina AACOA Acetoacetil-CoA AC Acetato ACCOA Acetil-CoA ACP Acetil-fosfato ACTAL Acetaldedo ADP Adenosina difosfato AICAR 5-Fosforibosil-5-amino-4-imidazol carboxamida AIPRO cido D-2-amino-2-(3-indol) propinico AKG -Cetoglutarato ALA Alanina AMP Adenosina monofosfato AN Antranilate ARG Arginina ASER o-Acetilserina ASN Asparagina ASP Aspartato ASPSA Aspartato -semialdedo ATP Adenosine trifosfato BUCOA Butiril-CoA BUTP Butiril-fosfato CAP Carbamoil fosfato CHOR Corismato CIT Citrulina COA Coenzima A-SH CRCOA Crotonil-CoA CYS Cistena D23PIC 2,3-Dihidrodipicolinato D26PIM l,l-2,6-Diaminopimelato D6PGC D-6-Fosfoglucano--lactona DHAC Dihidroxiacetona DHAP Dihidroxiacetona-fosfato DIMGP D-Eritromidazoleglicerol-fosfato DQT 3-Dehidroquinato DSAM SAM Descarboxilado E4P Eritrose-4-fosfato F1,6P Frutose-1,6-bifosfato
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F6P Frutose-6-fosfato FAD Flavina adenina dinucleotdeo oxidada FADH2 Flavina adenina dinucleotdeo reduzida FCC Coeficiente de controle de fluxo Fd(ox) Ferrodoxina em seu estado oxidado Fd(red) Ferrodoxina em seu estado reduzido FUM Fumarato G1P Glicose-1-fosfato G3P Gliceraldedo-3-fosfato G6P Glicose-6-fosfato GDP Guanosina difosfato GL Glicerol GL3P Glicerol-3-fosfato GLC Glicose GLN Glutamina GLU Glutamato GLUP Glutamil fosfato GLX Glioxilato GLY Glicina GTP Guanosina trifosfato H2ase Hidrogenase HCYS Homocistena HIS Histidina HISOLP 1-Histidinol-fosfato HPHPYR p-Hidroxi fenilpiruvato HSER Homocerina ICIT Isocitrato ILE Isoleucina IMACP Imidazol acetil-fosfato IPYR cido indol pirvido LYS L-Lysine MAL Malato MCA Anlise de controle metablico (do ingls metabolic control analysis) MET Metionina METTHF 5,10-Metileno tetrahidrofolato MFA Anlise de fluxo metablico (do ingls metabolic flux analysis) MTHF 5,10-Metil tetrahidrofolato N2ase Nitrogenase NAD Nicotinamida adenina dinucleotdeo oxidada NADH Nicotinamida adenina dinucleotdeo reduzida NADP Nicotinamida adenina dinucleotdeo fosfato oxidada NADPH Nicotinamida adenina dinucleotdeo fosfato reduzida NAGLU N-Acetil glutamato NPRAN N-5-Fosforibosil-antranilato OA Oxaloacetato OBUT Oxobutirato
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OIVAL Oxoisovalerato OIVIO Oxiviolacena ORN Ornitina PEMFC Clulas de combustvel de membrana trocadora de prtons (do ingls proton exchange membrane fuel cells). PEP Fosfoenolpiruvato PFL Piruvato formato liase PFOR Piruvato ferrodoxina (flavodoxina) oxiredutase PHE Fenilalanina PHEN Prefenato PHPYR Fenilpiruvato PI Fosfato inorgnico PIP26DX -Piperidina-2,6-dicarboxilato PPI Pirofosfato PRBATP Fosforibosil-ATP PRO Prolina PRPP Fosforibosil pirofosfato PTRSC Putrecina PVIO Prodesoxiviolacena PYR Piruvato R5P Ribose-5-fosfato RL5P D-Ribulose-5-fosfato S7P D-Sedoheptulose-7-fosfato SER Serina SME Shiquimato SME5P Shiquimato-5-fosfato SPRMD Spermidina SUCC Succinato SUCCOA Succinil-CoA T3P1 Gliceraldedo-3-fosfato T3P2 Dihidroxiacetona-fosfato THF Tetrahidrofolato THR Treonina TRP Triptofano TYR Tirosina VAL Valina VIO Violacena X5P Xilulose-5-fosfato
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RESUMO
MENDES, Erlon. Uso Racional de Ferramentas de Engenharia Metablica: Produo Bacteriana de Hidrognio e de Violacena. 2006. 117p. Dissertao (Mestrado em Engenharia Qumica) Programa de Ps-Graduao em Engenharia Qumica, UFSC, Florianpolis, SC. A quantificao da magnitude de cada um dos fluxos celulares sempre foi um importante objetivo na engenharia metablica, principalmente com relao produo de metablitos de interesse comercial ou cientfico. Uma ferramenta poderosa para determinao das taxas dos fluxos em vias metablicas a anlise de fluxo metablico (MFA), onde taxas de fluxos intracelulares so calculadas usando modelos estequiomtricos de uma gama de reaes intracelulares e aplicao de balanos de massa. No entanto, MFA por si s no fornece qualquer medida quantitativa do controle de fluxo, que importante para manter as taxas de sntese e converso diante de uma grande gama de condies externas. Alm disso, o entendimento dos controles de fluxo importante para modificao racional dos fluxos metablicos, que um dos objetivos centrais da engenharia metablica. Tal informao fornecida pela anlise de controle metablico (MCA). O MATLAB apresenta uma famlia de funes que servem a aplicaes especficas, chamadas toolboxes. Toolboxes so colees de funes do MATLAB (arquivos .M) que estendem o ambiente do MATLAB para resolver classes particulares de problemas. O presente trabalho tem como objetivo principal a apresentao de um toolbox para o MATLAB que integra a maioria das ferramentas e clculos em anlise de fluxo metablico (MFA) e anlise de controle metablico (MCA), o ME Toolbox. A verso atual do ME Toolbox permite a obteno de fluxos intracelulares, melhoria dos fluxos por reconciliao estatstica, anlise de sensibilidade, anlise de fluxo metablico usando mtodos de marcadores isotpicos, e anlise de controle metablico para redes lineares e bifurcadas, abrangendo assim uma grande gama de possibilidades em engenharia metablica. O ME Toolbox foi aplicado para produo de hidrognio por Clostridium butyricum, um potencial substituto para combustveis base de carbono, e para produo de violacena por Chromobacterium violaceum, pigmento de cor violeta que apresenta atividade antimicrobiana, antiviral, e antitumoral. Palavras Chave: Ferramentas de Engenharia Metablica, Hidrognio, Violacena, MFA e MCA.
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ABSTRACT MENDES, Erlon. Rational Use of Metabolic Engineering Tools: Hydrogen and Violacein Bacterial Production. 2006. 117p. Dissertation (Masters Degree in Chemical Engineering) Post-Graduation Program in Chemical Engineering, UFSC, Florianpolis, SC. Quantification of the magnitude of each cellular flux was always an important objective in metabolic engineering, mostly concerned with commercial and scientific metabolite production. A powerful tool for flux rate determinations in metabolic pathways is the metabolic flux analysis (MFA). Using MFA one may calculate intracellular flux rates, starting from a stoichiometric model for the various intracellular reactions and mass balance. However, MFA by itself does not supply any quantitative information on the control of fluxes, an important goal for keeping the rates of synthesis and conversion over a great range of external conditions. Besides, the understanding of the flux controls is important for the rational modification of metabolic fluxes, which is one of the main objectives of metabolic engineering. Such information is supplied by the metabolic control analysis (MCA). A family of MATLAB add-on application-specific solutions for solving metabolic engineering problems was used in this study. MATLAB toolboxes are comprehensive collections of MATLAB M-files that extend the MATLAB environment. The present work has as main objective the presentation of a toolbox for MATLAB that integrates most of the tools and calculations in metabolic flux analysis (MFA) and metabolic control analysis (MCA), the ME Toolbox. The current version of the ME Toolbox allows calculation of intracellular fluxes, improvement of fluxes by statistical reconciliation, and to perform sensitivity analysis, metabolic flux analysis using isotope labeling methods, and metabolic control analysis for linear and branched pathways. Those techniques embrace a great range of possibilities in metabolic engineering. The ME Toolbox was applied for hydrogen production by Clostridium butyricum, an interesting substitute for carbon based fuel, and for violacein production by Chromobacterium violaceum, a violet pigment that presents antimicrobial, antiviral and anticancer activities. Keywords: Metabolic Engineering Tools, Hydrogen, Violacein, MFA and MCA.
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CAPTULO I
Introduo, Motivao e Justificativa
A manipulao de vias metablicas com o objetivo de favorecer
microrganismos com propriedades desejveis um desejo muito antigo
(Stephanopoulos et al., 1998). Existem vrios exemplos bem sucedidos dessas
estratgias na produo de aminocidos, antibiticos, solventes e vitaminas. O
desenvolvimento de tcnicas de biologia molecular para recombinao do DNA
introduziu uma nova dimenso para a manipulao de vias metablicas. A
engenharia gentica permitiu a modificao precisa de reaes enzimticas
especficas em vias metablicas e, portanto, a construo de conhecimentos
genticos bem definidos, que permitem o desenvolvimento de organismos
metabolicamente engenheirados.
A engenharia metablica define-se como
o melhoramento dirigido de formao de produtos ou propriedades
celulares atravs da modificao de reaes bioqumicas especficas ou a
introduo de novas com o uso da tecnologia de DNA recombinante
(Stephanopoulos et al., 1998).
A obteno do alvo da modificao ou introduo de uma reao
especfica uma caracterstica essencial da engenharia metablica. A
quantificao da magnitude de cada um dos fluxos intracelulares sempre foi
um importante objetivo na engenharia metablica, principalmente com relao
produo de metablitos de interesse comercial. Uma ferramenta poderosa
para determinao das taxas dos fluxos em vias metablicas a anlise de fluxo
metablico (MFA, do ingls metabolic flux analysis), onde taxas de fluxos
intracelulares so calculadas usando modelos estequiomtricos de uma gama
de reaes intracelulares e a aplicao de balanos de massa.
No entanto, MFA por si s no fornece qualquer medida quantitativa
do controle de fluxo, que importante para manter as taxas de sntese e
converso diante de uma grande gama de condies externas. Alm disso, o
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entendimento dos controles de fluxo importante para a modificao racional
dos fluxos metablicos, que um dos objetivos centrais da engenharia
metablica. Tal informao fornecida pela anlise de controle metablico
(MCA, do ingls, metabolic control analysis), que auxilia na descoberta da
resposta do fluxo metablico a uma pequena variao na atividade de uma
enzima.
Neste trabalho, esses conceitos foram testados em dois estudos de caso:
a produo de hidrognio por Clostridium butyricum, e a produo de violacena
por Chromobacterium violaceum.
A maior parte da necessidade global de energia dependente de
combustveis fsseis que, alm de serem fontes no renovveis e cada vez mais
escassas, ainda causam srias variaes climticas devido emisso dos gases
poluentes gerados como resultado de suas combustes. Com o objetivo de
remediar a escassez de combustveis fsseis e seus graves problemas
ambientais, o hidrognio tem sido sugerido como carreador de energia do
futuro. O hidrognio considerado o combustvel do futuro devido a sua alta
eficincia na converso, reciclabilidade e natureza no poluente. A produo
biolgica de hidrognio apresenta menor impacto ambiental e menor
necessidade energtica se comparada com os processos termoqumicos e
eletroqumicos (Debabrata e Nejat, 2001).
A produo biolgica de hidrognio por via bacteriana constitui-se,
pois, em um interessante modelo para o estudo de engenharia metablica,
sobretudo quando se considera a possibilidade de maximizar as principais
fontes energticas que, no futuro, podero ser substitudas.
Um outro modelo metablico interessante, e que vem sendo
amplamente estudado pelo Grupo de Engenharia Genmica, a produo de
violacena por Chromobacterium violaceum. O estudo para a sua produo em
larga escala pode se beneficiar do conhecimento dos fluxos intracelulares que
fazem parte da sua via de biossntese, e a sensibilidade do fluxo em estudo a
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variaes nos fluxos extracelulares pode indicar as rotas mais eficientes de
mutao gentica para obteno de uma bactria superprodutora de violacena.
Para tornar a metodologia desenvolvida para estudos de engenharia
metablica um conjunto de ferramentas teis para a anlise da produo de
metablitos secundrios, foram estabelecidos os seguintes objetivos especficos:
Desenvolvimento da tcnica de minimizao de energia livre para a anlise de vias metablicas;
Anlise de fluxo metablico para a produo de hidrognio por Clostridium butyricum;
Anlise de fluxo metablico para a produo de violacena por Chromobacterium violaceum;
Integrao de tcnicas computacionais de engenharia metablica em um toolbox para o MATLAB.
Como parte deste trabalho, criou-se o ME Toolbox (Metabolic
Engineering Toolbox), que permite a realizao semi-automtica de anlises de
fluxo metablico, o estudo de controle de fluxos atravs de parmetros de
controle, e a distribuio de isotopmeros. Neste ltimo caso, o toolbox foi
testado para o metabolismo central de uma clula animal.
21
-
CAPTULO II
Reviso Bibliogrfica
2.1. A anlise e o controle de fluxos metablicos
2.1.1. A anlise de fluxo metablico
A quantificao da magnitude dos fluxos metablicos in vivo um
importante objetivo em fisiologia celular e engenharia metablica,
principalmente no que diz respeito produo de produtos teis
comercialmente e cientificamente. A anlise de fluxo metablico uma
metodologia eficiente para a obteno dos fluxos metablicos, onde as reaes
intracelulares so quantificadas a partir de fluxos extracelulares utilizando
modelos estequiomtricos e tcnicas de balano de massa.
A anlise de fluxo metablico no s permite a quantificao de fluxos
intracelulares, como tambm indica as rotas mais eficientes para o melhor
aproveitamento do substrato na produo de um metablito de interesse, como,
por exemplo, a obteno de mutantes super-produtores do metablito desejado.
A anlise de fluxo metablico ainda fornece vrias informaes
adicionais (Stephanopoulos et al., 1998):
Identificao dos controles dos pontos de bifurcao possvel, atravs da separao de fluxos em diferentes condies e com diferentes mutantes,
saber a flexibilidade ou a rigidez de pontos de bifurcao.
Identificao de vias metablicas alternativas A formulao da estequiometria das reaes, que a base do MFA, requer conhecimento
detalhado da rota bioqumica atual, pela qual os substratos so
convertidos em produtos. Isso, no entanto, pode no ser claro para
muitos microorganismos e muitas vias metablicas alternativas podem
ser identificadas.
22
-
Clculo de fluxos extracelulares no medidos Em alguns casos, o nmero de fluxos extracelulares que podem ser medidos menor do que o
necessrio para o clculo de fluxos intracelulares desconhecidos. Nesses
casos, possvel obter tais fluxos usando programao linear.
Clculo de rendimentos tericos mximos A separao dos fluxos pode ser ajustada de forma a maximizar a quantidade do produto formado e
ainda identificar os metablitos limitantes.
2.1.1.1. A teoria
A forma geral da equao do balano de massa para um estado varivel
dada pela seguinte equao diferencial (Stephanopoulos et al., 1998):
metmetmet XrX =
dtd . (1)
O primeiro termo do lado direito representa a rede de taxas de sntese
dos intermedirios nas reaes da via metablica. O segundo termo descreve a
diluio do conjunto de metablitos devido ao crescimento da biomassa. No
entanto, devido ao baixo nvel intracelular da maioria dos metablitos, tais
efeitos de diluio so considerados muito pequenos se comparados com os
fluxos que afetam os mesmos metablitos. Isso faz com que o segundo termo do
lado direito da Equao (1) seja usualmente considerado zero. Admitindo que
exista uma alta regenerao da maioria dos metablitos, suas concentraes
rapidamente se ajustam aos novos nveis, fazendo com que a hiptese de estado
pseudo-estacionrio seja aplicvel. Isso faz com que o primeiro termo da
Equao (1) seja igualado zero. As taxas de sntese de cada reao podem ser
decompostas como o produto da transposta da matriz estequiomtrica e o vetor
de todas as taxas de reao. Logo, chega-se ao seguinte balano simplificado:
vGr0 met'== , (2)
23
-
onde G representa a matriz dos coeficientes estequiomtricos, chamada matriz
estequiomtrica, e v representa o vetor dos fluxos de cada reao. A linha na
Equao (2) representa a transposta da matriz estequiomtrica G. A Equao (2)
a base para anlise de fluxo metablico e representa K balanos algbricos
lineares para K metablitos com J fluxos desconhecidos. Como o nmero de
reaes (J) sempre maior que o nmero de metablitos da via (K), existe
sempre um certo grau de liberdade no conjunto de equaes algbricas dado
por . Portanto, para soluo do sistema, alguns elementos de v
devem ser medidos ou conhecidos para que o sistema seja determinado. Se
exatamente F fluxos so medidos, o sistema torna-se determinado e a soluo
nica. Caso o nmero de fluxos medidos seja superior a F, o sistema
superdeterminado, significando que existem equaes extras que podem ser
usadas para testar a consistncia dos balanos globais. No entanto, se o nmero
de fluxos medidos inferior a F, o sistema subdeterminado, e os fluxos
desconhecidos podem ser determinados apenas se restries adicionais forem
induzidas ou se um critrio de otimizao global for imposto aos balanos
metablicos. Em um sistema determinado, podemos obter os fluxos
desconhecidos particionando a Equao (2) da seguinte forma:
KJF =
ccmm vGvGvG0''' +== , (3)
onde os ndices m e c representam os fluxos medidos e os que se deseja calcular
respectivamente. Uma vez que F exatamente igual ao nmero de fluxos medidos (sistema determinado), uma matriz quadrada (dimenses K K) e, portanto, inversvel. Os elementos de podem ento ser obtidos pela
Equao (4):
cG
cv
( ) mmcc vGGv '' 1= . (4) Para os sistemas superdeterminados, no inversvel e a soluo
para a Equao (4) pode ser obtida pelo uso da pseudo-inversa de Moore-
Penrose.
cG
( ) ( ) cccc GGGG 1= '#' . (5)
24
-
Desta forma, a Equao (4) passa a ser:
( ) mmcc vGGv '#'= . (6) Observe que, se uma matriz quadrada, sua pseudo-inversa ser a
prpria inversa.
cG
A Equao (6) muito til quando o nvel de rudo nas medidas
pequeno. Baixo nvel de rudo representa que os resduos das medidas so
distribudos uniformemente entre os fluxos. No entanto, se um rudo
significante apresenta-se apenas em alguns fluxos medidos, a soluo pode no
satisfazer a conservao dos fluxos e, portanto, ao balano de massa em alguns
ns. Uma forma tradicional de resolver o problema fazer uma reconciliao
estatstica das medidas. A reconciliao estatstica das medidas usa ferramentas
de estatstica para que os valores experimentais se adaptem melhor aos
balanos de massa propostos, isto , os dados experimentais so melhorados.
Maiores detalhes sobre a reconciliao estatstica sero apresentados em
materiais e mtodos.
2.1.2. A anlise de controle metablico
A anlise de fluxo metablico (MFA) pode ser utilizada para o estudo
das interaes entre diferentes vias metablicas e quantificao da distribuio
dos fluxos ao redor dos pontos de bifurcao. No entanto, a anlise de fluxo
metablico por si s no fornece qualquer medida quantitativa do controle de
fluxo, que o responsvel por manter as taxas de sntese e converso de
metablitos balanceada, diante de uma grande variedade de condies
externas, sem aumento ou queda significativa nas concentraes intracelulares
dos metablitos. Com o conhecimento do controle de fluxo possvel saber, a
partir de modelos cinticos em pontos isolados da via, o que aconteceria com o
fluxo metablico se alterssemos o nvel de expresso de uma determinada
25
-
enzima. Tal informao permite uma modificao racional dos fluxos
metablicos, que o principal objetivo da engenharia metablica.
Os aspectos fundamentais da rede so obtidos atravs da sensibilidade
das variveis do sistema, que so os fluxos ou nveis de metablitos, a variaes
nos parmetros do sistema, que so as atividades enzimticas ou nveis de
substrato e produto. Estas sensibilidades so tambm chamadas de coeficientes
de controle.
Sendo J o fluxo no estado estacionrio e Ei a atividade da enzima i, o coeficiente de controle de fluxo (FCC), , definido como a taxa da variao
relativa no fluxo (dJ/J) sobre a variao relativa na atividade da enzima i (dE
JiC
i/Ei)
(Stephanopoulos et al., 1998).
ii
i
ii
Ji Elnd
JlnddEdJ
JE
EdEJdJC === (7)
Pela definio dos FCCs, a enzima com o maior coeficiente de controle
de fluxo exerce maior influncia sobre o controle de fluxo em um determinado
regime estacionrio.
Como os FCCs so definidos em termos de fluxos relativos e atividades
relativas, eles so adimensionais e suas magnitudes so independentes das
unidades utilizadas nos fluxos e nas atividades enzimticas. Uma conseqncia
importante da normalizao dos FCCs que, relativo a cada fluxo, a soma de
todos os FCCs deve ser um. Isso conhecido como o teorema da soma dos
controles de fluxo:
11
==
L
i
Ji
KC . { }Lk ,...,2,1 (8)
Outro conceito importante em MCA o coeficiente de elasticidade.
Diferentemente dos coeficientes de controle, que so propriedades sistmicas de
todo o sistema metablico, elasticidades so propriedades locais de enzimas
individuais na rede metablica. A elasticidade da i-sima taxa de reao, vi, em
relao concentrao do metablito j, Xj, definida como a taxa da variao
26
-
relativa na taxa de reao com relao a uma variao infinitesimal na
concentrao do metablito, assumindo que todas as outras variveis do
sistema no variam de seus valores do regime estacionrio, isto :
j
i
j
i
i
j
jj
iiiX Xln
vlnXv
vX
XXvv
j =
== . (9)
Se a reduo na atividade de uma enzima tem um efeito pequeno no
fluxo geral, significa que o coeficiente de controle da enzima perturbada
pequeno. De forma similar, a perturbao de uma enzima com pequena
elasticidade relacionada a seu metablito intermedirio pode causar uma
variao significativa no fluxo. Esta relao entre coeficientes de controle de
fluxo e elasticidades expressa segundo o teorema da conectividade dos controles
de fluxo, expresso por:
01
==
L
i
iX
Ji j
KC { }Li ,...,2,1 , { }Kj ,...,2,1 . (10)
Este teorema diz como a cintica de uma enzima afeta localmente o
fluxo global. Em geral, pode-se concluir que enzimas com grandes FCCs
possuem pequenos coeficientes de elasticidade, e vice-versa. Portanto,
improvvel que enzimas que respondem rapidamente variaes nos nveis
dos metablitos, isto , possuem grande elasticidade, exeram maior controle
no fluxo global do que enzimas que respondem lentamente a variaes nos
nveis de metablitos.
2.2. A abordagem tradicional, pela maximizao da biomassa
Quando o nmero de fluxos medidos inferior ao grau de liberdade do
sistema, existe um nmero infinito de solues para os fluxos metablicos
(sistema subdeterminado). Nesses casos, a programao linear pode ser usada
para determinar a distribuio dos fluxos. Para tanto, torna-se necessrio o uso
de uma funo que fora a soluo do sistema para satisfazer determinado
objetivo, a chamada funo objetivo.
27
-
Uma descrio bsica da programao linear apresentada por
Stephanopoulos et al. (1998).
Considerando o sistema de duas variveis, x e y, relacionadas atravs
da seguinte equao:
42 =+ yx (11)
Uma restrio comum a todos os problemas de programao linear
que todas as variveis devem ser no-negativas. Essa limitao restringe o
espao de solues ao primeiro quadrante, mesmo assim existem infinitas
solues para o sistema. No entanto, se uma funo objetivo for aplicada ao
sistema, por exemplo, maximizar yx + 32 , o sistema passa a ter uma nica soluo, e 0=x 4=y , conforme ilustrado na Figura (1).
Fonte: Stephanopoulos et al., 1998. Figura 1 Ilustrao da programao linear. A soluo tima est contida na linha AB no quadrante no negativo do espao soluo. A funo objetivo consiste numa famlia de linhas (das quais trs so mostradas). A linha que maximiza a funo objetivo intercepta a linha AB em (x,y) = (0,4), que representa a soluo para este problema de otimizao.
A 4
3
2
Varma (1993) usaram MFA por programao linear para interpretar o
catabolismo da glicose por Escherichia coli sob vrios nveis de oxigenao.
Neste trabalho foi possvel prever as mudanas no metabolismo celular quando
o consumo de oxignio vai ficando debilitado. A seqncia de produtos que
obtida na passagem de um sistema aerbico para anaerbico (acetato, formato e
2x+3y=3
2x+y=4 2x+3y=12
1
2x+3y=6 B 0
0 1 2 3 4 5 6
28
-
etanol), foi reproduzida com programao linear usando a maximizao da taxa
de formao de biomassa como funo objetivo.
Ozkan (2005) fizeram mutantes de Escherichia coli para superproduo
da protena de ligao glicose isomerase-maltose (Gl-malE). O estudo do
metabolismo da bactria mutante foi feito usando MFA por programao linear
em um sistema de 411 reaes, tambm usando a taxa de formao de
biomassa.
Bell e Palsson (2005) introduziram a teoria da anlise do plano fase, cuja
principal diferena da anlise de fluxo metablico convencional a definio de
um campo de comportamentos fenotpicos timos quando duas condies
variam. Suas aplicaes incluem a comparao do crescimento de uma
linhagem em diferentes substratos, anlise das conseqncias de delees no
gene, e experimentos de design.
2.3. A minimizao da energia livre como alternativa biolgica
A minimizao do gasto energtico outra estratgia utilizada para a
anlise de fluxo metablico por otimizao linear. Cortassa et al. (2002) sugerem
dois tipos de funo objetivo: (i) a maximizao do crescimento de biomassa,
metodologia amplamente utilizada quando o modelo metablico complexo
demais para a obteno dos dados experimentais necessrios a um sistema
determinado, e (ii) a minimizao do gasto energtico, que pode ser obtida pela
minimizao das taxas das reaes em que ocorre produo de ATP. A funo
objetivo utilizada para os sistemas subdeterminados do presente trabalho
tambm se baseia na minimizao do gasto energtico, mas de uma forma mais
complexa, utilizando um balano energtico entre produtos e substratos da via
metablica.
29
-
2.4. A produo biolgica de hidrognio
A utilizao de combustveis fsseis vem sendo apontada como fator de
agravo que est causando aquecimento global, degradao do meio ambiente e
problemas de sade. Alm disso, os recursos de combustveis fsseis so
limitados, no renovveis e o uso indiscriminado eventualmente levar ao fim
dos mesmos nas prximas dcadas.
Devido a sua alta converso, reciclabilidade e natureza no poluente, o
hidrognio considerado o combustvel do futuro (Debabrata e Nejat, 2001).
O hidrognio pode ser produzido por inmeros processos, incluindo a
eletrlise da gua, a reforma termocataltica de compostos orgnicos ricos em
hidrognio, e processos biolgicos. Atualmente o hidrognio produzido quase
que exclusivamente por eletrlise da gua ou por reforma a vapor do metano. A
produo biolgica de hidrognio usando microrganismos uma rea nova do
desenvolvimento tecnolgico que oferece potencial de produo de hidrognio
a partir de uma grande variedade de recursos renovveis (Levin et al., 2004).
A produo biolgica de hidrognio possui vrias abordagens. Dentre
elas, destacam-se: biofotlise direta, biofotlise indireta, foto-fermentao e
fermentao escura (Hallenbeck e Benemann, 2002; Levin et al., 2004).
A biofotlise direta um processo em que microalgas verdes capturam
luz e a energia recuperada usada para juntar duas molculas de gua para a
gerao de um redutor de baixo potencial, que pode ser usado para reduzir
uma enzima hidrogenase que produz hidrognio (Figura 2), seguindo a
seguinte reao geral:
2 H2O 2 H2 + O2 .
energia luminosa
hidrogenase
(12)
As microalgas verdes utilizam energia luminosa para gerar eltrons que
so transferidos para uma molcula de ferrodoxina, tomando a sua forma
30
-
reduzida. A enzima hidrogenase combina os prtons (H+) do meio com eltrons
doados pela ferrodoxina reduzida, para formar e liberar H2.
Fonte: Hallenbeck e Benemann, 2002. Figura 2 Modelo esquemtico de produo de hidrognio via biofotlise direta. Fd representa a enzima ferrodoxina, e H2ase a enzima hidrogenase.
Infelizmente, como a etapa escura a etapa limitante, a eficincia na
converso da luz solar de apenas 10%, apresentando maior eficincia em
menor fluxo solar. Alm disso, a atividade enzimtica da hidrogenase, principal
enzima para a produo de hidrognio, extremamente sensvel ao oxignio,
sendo necessrias condies especiais para o sistema, cujas baixas presses
parciais seriam impossveis de se manter em qualquer processo prtico de
biofotlise direta (Hallenbeck e Benemann, 2002).
O uso de mutagnese clssica tem proporcionado um sucesso limitado
na obteno de mutantes com tolerncia ao oxignio (Hallenbeck e Benemann,
2002), mas estes apresentam apenas aumento na atividade respiratria e,
portanto, provendo um melhoramento aparente na resistncia ao oxignio.
Mesmo se o problema da inibio pelo oxignio fosse superado, a biofotlise
Fotossntese I, II
2 H2O O2
2e- Fd
H2ase
H2
2 H+
31
-
direta requer grandes fotobiorreatores e separao do H2 e O2, que tornaria o
processo impraticvel.
A biofotlise indireta tenta resolver o problema da sensibilidade ao
oxignio separando a evoluo do oxignio e do hidrognio em dois estgios,
atravs da fixao de CO2 (Figura 3).
Fonte: Hallenbeck e Benemann, 2002.Figura 3 Modelo esquemtico de produo de hidrognio via biofotlise indireta.
Estgio 1 (+O2) Estgio 2 (-O2)
Material Celular
Uma elaborao deste conceito envolve quatro passos distintos
(Hallenbeck e Benemann, 2002):
1. Produo de alta concentrao de biomassa e armazenamento de
carboidratos em tanques a 10% de eficincia solar;
2. Concentrao da biomassa dos tanques em um tanque de
decantao;
3. Fermentao escura anaerbica para produzir 4 mol de H2/mol
de glicose armazenada nas clulas das algas, mais 2 mols de
acetato;
Fotossntese I, II
2 H2O O2
2e- Fd
Material Celular
CO2
Fermentao 2e- Fd
H2ase
H2
2 H+
32
-
4. Um fotobiorreator no qual as clulas das algas converteriam os
dois moles de acetato para 8 moles de H2.
Infelizmente os processos de biofotlise indireta ainda esto em estgio
conceitual. Seus aspectos econmicos ainda precisam ser demonstrados mesmo
em nvel experimental.
Nas foto-fermentaes, bactrias prpuras produzem hidrognio
molecular catalisado pela nitrogenase sob condies de deficincia em
nitrognio, usando energia luminosa e cidos orgnicos reduzidos (Figura 4).
Fonte: Hallenbeck e Benemann, 2002. Figura 4 Modelo esquemtico de produo de hidrognio via foto-fermentao. N2ase representa a enzima nitrogenase.
Assim como nos demais processos fotossintetizantes, as foto-
fermentaes apresentam eficincias cada vez mais baixas sob alta
luminosidade. As taxas e eficincias na produo de hidrognio nesse e em
todos os outros sistemas envolvendo diretamente a fotossntese para produo
de H2 esto longe de qualquer viabilidade econmica plausvel.
Fotossntese Bacteriana
2e- Fd
4 ATPN2ase
H2
2 H+
cidos orgnicos contendo dejetos
33
-
A fermentao escura o processo onde bactrias anaerbicas produzem
hidrognio principalmente pelo metabolismo anaerbico do piruvato, formado
durante o catabolismo de vrios substratos (Figura 5).
Bactrias conhecidas produtoras de hidrognio so das espcies
Enterobacter, Bacillus e Clostridium.
Fonte: Hallenbeck e Benemann, 2002. Figura 5 Modelo esquemtico de produo de hidrognio via fermentao escura.
A quebra do piruvato catalisada por um dos dois sistemas
enzimticos:
1) Piruvato formato liase (PFL):
Piruvato + CoA Acetil-CoA + FormatoPFL
(13)
2) Piruvato ferrodoxina (flavodoxina) oxidoredutase (PFOR):
Piruvato + CoA + 2 Fd(ox) Acetil-CoA + CO2 + 2 Fd(red)PFOR
(14)
Biomassa
Produtos agrcolas
Rejeitos orgnicos
Pr-tratamento
H2 CO2
Separao gasosa
Fermentao (organismos
geneticamente modificados)
34
-
Nas duas reaes, o piruvato gerado pela gliclise usado, na ausncia
de oxignio, para produzir acetil-CoA, que pode gerar ATP, e ainda formato ou
ferrodoxina reduzida (Fd(red)), que pode gerar hidrognio.
Certas bactrias fotoheterotrficas da superfamlia Rhodospirillaceae
podem crescer na ausncia de luz usando CO como nica fonte de carbono para
gerar ATP com liberao de H2 e CO2. A oxidao de CO para CO2 com
liberao de H2 ocorre via reao de deslocamento gs-gua (CO-gua):
CO(g) + H2O(l) CO2(g) + H2(g) . (15)
Utilizando resultados de outros trabalhos de diversas produes
biolgicas de hidrognio, Levin et al. (2004) fizeram um estudo de viabilidade
na produo de biorreatores que pudessem suprir hidrognio suficiente para
uso em clulas de combustvel de membrana trocadora de prtons (proton
exchange membrane fuel cells - PEMFC). Trs capacidades diferentes 1,5; 2,5 e 5
kW foram tidas como suficientes para gerar eletricidade a fim de suprir a
demanda energtica de uma casa tpica norte americana sem aquecimento
interno, com aquecimento interno e armazenamento de energia, e com
aquecimento interno sem sistema de armazenamento, respectivamente. O
resultado das anlises mostrou que sistemas baseados em fotossntese no
possuem taxas de produo de hidrognio suficientes para carregar clulas de
combustvel, mesmo de 1 kW. No entanto, alguns sistemas de fermentao
escura e reao de deslocamento CO-gua de R. gelatinosus CBS apresentaram
resultados promissores.
Biorreatores de tamanhos razoveis seriam suficientes para carregar
clulas de energia de 5 kW usando um grupo de bactrias mesoflicas,
enriquecido para a espcie Clostridium. Um biorreator de aproximadamente 500
L forneceria hidrognio suficiente para carregar uma PEMFC de 2,5 kW,
enquanto 1.000 L forneceriam hidrognio suficiente para uma PEMFC de 5 kW.
A reao de deslocamento CO-gua de R. gelatinosus CBS intrigante
uma vez que oferece potencial para captura e reforma de CO para produo de
35
-
H2. Um reator de aproximadamente 624 L seria necessrio para fornecer
hidrognio suficiente para uma PEMFC de 2,5 kW e um reator de 1.250 L para
uma PEMFC de 5 kW (Levin et al., 2004).
Biorreatores de 1.000 a 1.500 L na base de uma casa no so
impensveis visto que tanques de aquecimento de leo com aproximadamente
este tamanho so usados em algumas casas norte-americanas.
Cabe ressaltar que os volumes dos reatores foram baseados em taxas
obtidas por experimentos de laboratrio, sendo necessrias mais pesquisas para
determinar se o aumento da escala influenciaria na produo de H2.
2.5. A produo de violacena
Chromobacterium violaceum uma -proteobactria Gram-negativa, predominante em uma variedade de ecossistemas nas regies tropicais e
subtropicais. Esta bactria tem sido encontrada em maior abundncia nas guas
as margens do Rio Negro. A trs dcadas a C. violaceum tem sido fonte de
estudos no Brasil. Em geral, tais estudos tm sido focados num pigmento
violeta chamado violacena, que vem sendo usado como composto teraputico
para fins dermatolgicos. A violacena apresenta atividades antipatognicas,
bactericidas, antivirais e antitumorais (Vasconcelos et al. 2003).
O seqenciamento desta bactria pelo Consrcio Nacional Brasileiro do
Projeto Genoma revelou detalhes de sua complexidade que explicam sua
versatilidade e abriu fronteiras para o estudo do seu potencial biotecnolgico.
August et al. (2000) seqenciou e clonou o operon vioABCD, sendo
seus resultados posteriormente confirmados pelo seqenciamento completo da
C. violaceum. No mesmo trabalho sugerido um mecanismo de biossntese da
violacena, mostrado na Figura (6).
36
-
Adaptado de August et al., 2000. Figura 6 Biossntese de violacena, conforme proposta por August et al. (2000). Vio A, Vio B, Vio C e Vio D so genes que formam o operon de produo da violacena. Os metablitos so: a) Triptofano, b) 5-Hidroxitriptofano, c) cido indol pirvido, d) cido D-2-amino-2-(3-indol) propinico, e) Pr-desoxiviolacena, f) Oxindol violacena, g) Violacena, h) Oxi-violacena, i) Desoxiviolacena.
37
-
A via de biossntese mostrada na Figura (6) foi a pea chave para a
anlise de fluxo metablico para produo de violacena.
38
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CAPTULO III
Materiais e Mtodos
3.1. Toolbox de Engenharia Metablica para o MATLAB, ME Toolbox
A anlise de fluxo metablico (MFA) e anlise de controle metablico
(MCA) so ferramentas bem estabelecidas e largamente utilizadas para
quantificao de fluxos celulares (Vallino e Stephanopoulos, 1993; Chatziiannou
et al., 2003; Nadeau et al., 2000; Shimizu et al., 2003; Shirai et al., 2005), no
estudo da sensibilidade dos fluxos em relao a pequenas perturbaes nas
medidas (Chatziiannou et al., 2003), no uso de marcadores isotpicos para
estudar o metabolismo (McCabe e Previs, 2004) e anlise dos coeficientes de
controle de fluxos em pontos de bifurcao chaves da via metablica (Shimizu
et al., 2003; Heijnen et al., 2004).
MFA e MCA so ferramentas muito importantes na engenharia
metablica, apresentam suas limitaes e vantagens quando analisadas
separadamente mas, se combinadas sabiamente, fornecem informaes do
funcionamento celular com um alto nvel de detalhamento.
Um dos objetivos deste trabalho a apresentao de um toolbox para o
MATLAB que integra a maioria das ferramentas e clculos em anlise de fluxo
metablico e anlise de controle metablico, o ME Toolbox (Tabela 1).
39
-
Tabela 1 Descrio do ME Toolbox.
Funo Descrio Parmetros de entrada Parmetros de sada Observaes
MFA
Executa a anlise de fluxo metablico para um sistema determinado ou superdeterminado.
G, vm, p, pcs.
vc, R, rk, vmnew, vcnew, h, e, answ, C, accum, spec.
MFAIL
Executa a anlise de fluxo metablico utilizando mtodos de carbono marcado.
G, vm, p
vc, R, rk, answ, xpyr, xicit, xakg, xsuc, xmal, xoaa.
Necessita da interativida-de do usurio para adaptar a funo a novos problemas.
AMM
Funo auxiliar do MFAIL. Constri as matrizes de mapeamento atmico.
m, n mn
MFAOP
Executa a anlise de fluxo metablico para um sistema subdeterminado.
f, SP, EF, G, pcs.
x, fval, exitflag, output, lambda, C.
MCA Executa a anlise de controle metablico para uma via linear.
o, lev.
xin, Ein, Cin, x, E, C, Xstore, Cstore, fcst, fcct.
Necessita das variveis globais: s, p, Em, kcat, Keq, km, answ, inhib, Ki.
KINETICS
Funo auxiliar do MCA. Constri as equaes cinticas automaticamente. Usada para a obteno das variveis do sistema (concentraes e o fluxo) no estado estacionrio.
x f
Necessita das variveis globais: s, p, Em, kcat, Keq, km, answ, inhib, Ki.
ELASTICITY
Funo auxiliar do MCA. Calcula os coeficientes de elasticidade automaticamente.
x e
Necessita das variveis globais: s, p, Em, kcat, Keq, km, answ, inhib, Ki.
MCAB
Executa a anlise de controle metablico para um ponto de bifurcao.
J, dep, lev.
xin, Ein, Cin, x, E, C, Jstore, Xstore, Cstore, XJstore.
Necessita das variveis globais: s, p, Em, kcat, Keq, km, k.
40
-
KINETICSB
Funo auxiliar do MCAB. Constri as equaes cinticas automaticamente.
x f
Necessita das variveis globais: s, p, Em, kcat, Keq, km, k.
ELASTICITYB
Funo auxiliar do MCAB. Calcula os coeficientes de elasticidade automaticamente.
x e
Necessita das variveis globais: s, p, Em, kcat, Keq, km.
Para explicar a utilizao do ME Toolbox, sero apresentados trs
estudos de casos: a MFA para a produo biolgica de hidrognio por
Clostridium butyricum, a MFAIL para um modelo metablico simplificado do
metabolismo central com o uso de marcadores isotpicos, e a MFAOP para
estimativas dos fluxos em Chromobacterium violaceum, sob a hiptese de
minimizao do gasto energtico. Alm dos estudos de casos, sero avaliados
exemplos hipotticos do uso das funes MCA e MCAB (Tabela 2).
Tabela 2 Utilizao das funes do ME Toolbox.
Funo Produo de hidrognio Produo de violacena
Metabolismo central
Exemplos hipotticos
MFA MFAIL AMM MFAOP MCA KINETICS ELASTICITY MCAB KINETICSB ELASTICITYB
A verso atual do ME Toolbox permite a obteno de todos os fluxos
intracelulares por balano de massa, melhoria dos dados experimentais por
reconciliao estatstica, anlise de sensibilidade, anlise de fluxo metablico
usando mtodos de marcadores isotpicos, anlise de fluxo metablico de
sistemas subdeterminados por programao linear, anlise de controle
metablico de vias no bifurcadas, e anlise de controle metablico de pontos
de bifurcao.
41
-
3.1.1. Mtodos Computacionais
Todos os mtodos computacionais mostrados a seguir foram
implementados usando o pacote de programao computacional MATLAB
(The Math Works Inc., MA, USA) e baseados nas equaes apresentadas por
Stephanopoulos et al. (1998).
3.1.1.1. Estimativa dos fluxos no medidos
Todos os fluxos no medidos experimentalmente so obtidos, em
primeira anlise, utilizando a Equao (6).
3.1.1.2. Reconciliao estatstica das medidas
Com o objetivo de obterem-se melhores estimativas para ambos, fluxos
medidos e no medidos, uma reconciliao estatstica das medidas
implementada, como descrita por Stephanopoulos et al. (1998). Como foi dito
anteriormente, a reconciliao estatstica usa ferramentas de estatstica para que
os dados experimentais sejam melhorados, adaptando-os melhor aos balanos
de massa e reduzindo os erros experimentais.
Para a obteno das relaes estequiomtricas de uma rede metablica
em formato matricial, devem-se identificar as reaes linearmente dependentes.
Para isso, primeiramente obtm-se a matriz de redundncia R , cujo rank
indica quais equaes do sistema so linearmente independentes.
( ) '''' mccm GGGGR #= (16) Conforme descrito na reviso bibliogrfica, a linha sobre as matrizes
representa suas transpostas, e so o resultado do particionamento da
matriz estequiomtrica onde os ndices, m e c, representam os fluxos
mG cG
G
42
-
medidos e os que se deseja calcular, respectivamente. ( ) #'cG representa a pseudo-inversa da matriz . 'cG
De posse do nmero de equaes linearmente independentes, obtm-se
a matriz de redundncia reduzida, : rR
RKRr = , (17)
onde K um vetor de dimenses (1 j), sendo j o nmero de colunas da matriz , com uns nas posies referentes s linhas linearmente dependentes, obtidas
aps a anlise do rank da matriz de redundncia, e zeros nas demais
posies. A partir da matriz de redundncia reduzida, o resduo obtido:
G
mr vR = . (18)
O resduo , ento, usado para o clculo da funo teste h, definida
como:
( ) 1' = 'rr RRh . (19) Assume-se que a funo teste h segue distribuio e indica se os
rudos das medidas esto ou no correlacionados entre si. Os graus de
liberdade da distribuio so iguais ao rank da matriz de redundncia R.
Novas estimativas para os fluxos medidos so, ento, obtidas:
2
2
( )( ) mr'rr'rnewm, vRRRRIv 1= . (20) E a partir dos novos fluxos medidos, melhorados estatisticamente,
novos fluxos calculados so estimados a partir da Equao (6).
3.1.1.3. Anlise de sensibilidade
A medida da sensibilidade de uma matriz tambm chamada de
nmero condicional, C, cuja magnitude fornece informaes importantes sobre
os requisitos de preciso nos fluxos medidos:
43
-
( )#= '' GGC . (21) Para uma matriz estequiomtrica ser considerada bem condicionada, o
nmero condicional deve estar entre 1 e 100. Como o nmero condicional no
fornece nenhuma informao sobre a sensibilidade dos clculos no que diz
respeito variaes nos fluxos medidos, tal informao obtida pelos
elementos da matriz soluo.
( ) 'm'cm
c GGvv #=
dd . (22)
A Equao (22) mostra a sensibilidade dos fluxos calculados a pequenas
perturbaes nas medidas (Stephanopoulos et al., 1998).
O ME Toolbox desenvolvido neste trabalho gera as sensibilidades
acumuladas em toda a rede metablica, mostrando quais fluxos medidos tm
maior importncia em toda a rede, e as sensibilidades com relao a um fluxo
calculado (no medido) de interesse, selecionado por um escalar pcs que indica
a posio do mesmo na matriz estequiomtrica . G
interessante observar que a anlise de sensibilidade no depende de
dados experimentais e est presente nas funes MFA e MFAOP.
De posse das equaes das atividades enzimticas das vias lineares ou
dos pontos de bifurcao de maior interesse, ainda possvel usar as funes
MCA e MCAB para fazer a anlise de controle metablico dessas regies chave
para a produo de um metablito de interesse.
3.1.1.4. Criando a matriz estequiomtrica G
A matriz estequiomtrica reconhecida pelo ME Toolbox uma matriz (i
j) onde i o nmero de reaes (fluxos) e j o nmero de metablitos, isto , cada linha representa uma reao da rede metablica e cada coluna representa
um dos metablitos presente nesta rede.
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-
Primeiramente, deve-se identificar todos os metablitos presentes na
rede e coloc-los, sem repeties, na primeira linha de uma planilha eletrnica,
deixando a primeira coluna em branco para identificar as reaes. Identificar os
metablitos ordenadamente resulta em menor esforo computacional e,
conseqentemente, maior velocidade. Cria-se, na primeira coluna, um
indicador para cada reao.
Para finalizar a estrutura matricial, devem-se dividir os metablitos em
trs grupos: substratos, produtos e metablitos internos, movendo suas colunas
conforme necessrio.
Construda a estrutura matricial, parti-se para a representao da rede
metablica. Cada reao deve ser criada colocando-se os ndices
estequiomtricos abaixo de cada metablito e zeros nas demais posies. Os
ndices estequiomtricos devem ser positivos para os produtos e negativos
quando para os reagentes.
Das trs matrizes obtidas, apenas a matriz dos metablitos internos
utilizada, e dever ser exportada no formato de texto separado por espaos. O
contedo do texto precisar ser copiado e colado em um arquivo de entrada de
dados para o ME Toolbox.
3.1.2. Utilizando o ME Toolbox para anlise de fluxo metablico (MFA)
A funo MFA do ME Toolbox possui a seguinte forma cannica:
[vc,R,rk,vmnew,vcnew,h,e,answ,C,accum,spec] = MFA (G,vm,p,pcs). (23)
Os parmetros de entrada e sada, bem como suas descries, esto
mostrados na Tabela (3).
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-
Tabela 3 Parmetros da funo MFA.
Parmetros de entrada Parmetro Descrio G Matriz estequiomtrica. vm Vetor contendo os fluxos extracelulares medidos.
p Vetor contendo as posies relativas aos fluxos do vetor vm na matriz estequiomtrica G. pcs Posio relativa ao fluxo de interesse para anlise de sensibilidade. Parmetros de sada Parmetro Descrio vc Vetor contendo os fluxos intracelulares calculados. R Matriz de redundncia. rk Rank da matriz de redundncia. vmnew Vetor contendo os fluxos extracelulares melhorados estatisticamente. vcnew Vetor contendo os fluxos intracelulares recalculados a partir de vmnew. h Valor da funo teste h. e Valor do resduo . answ Resposta se a soluo nica ou no. C Valor do nmero condicional.
accum Matriz contendo o somatrio do mdulo das sensibilidades para cada fluxo extracelular.
spec Matriz contendo a sensibilidade do fluxo indicado em pcs a variaes nos fluxos extracelulares.
3.1.3. Utilizando o ME Toolbox para MFA com mtodos de istopos
marcados (MFAIL)
Outra anlise muito importante que pode ser feita com o ME Toolbox
a anlise de fluxo metablico usando mtodos de istopos marcados, atravs da
funo MFAIL.
[vc,R,rk,answ,x] = MFAIL (G,vm,p). (24)
Os parmetros de entrada e sada, bem como suas descries, esto
mostrados na Tabela (4).
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Tabela 4 Parmetros da funo MFAIL.
Parmetros de entrada Parmetro Descrio G Matriz estequiomtrica. vm Vetor contendo os fluxos extracelulares medidos.
p Vetor contendo as posies relativas aos fluxos do vetor vm na matriz estequiomtrica G. Parmetros de sada Parmetro Descrio vc Vetor contendo os fluxos intracelulares calculados. answ Resposta se a soluo nica ou no.
x Matriz contendo todas as fraes de carbonos marcados em cada um dos produtos.
Atravs do MFAIL possvel prever a frao de carbonos marcados
para cada produto, como resposta a substratos marcados em um dos carbonos.
Inicialmente, o MFAIL calcula os fluxos intracelulares usando a
Equao (6). Depois disso, utilizando as configuraes de carbonos conhecidos
para cada uma das reaes da via, so construdas as matrizes de mapeamento
atmico. As matrizes de mapeamento atmico so matrizes de dimenses (i j), onde i o nmero carbonos do produto e j o nmero de carbonos do reagente.
As posies onde o reagente passou um carbono para o produto recebem o
nmero 1. Veja, por exemplo, a seguinte reao:
PYR #ABC +
OA #abcd
ICIT #dcbaCB +
CO2#A . (25)
Para a construo da matriz de mapeamento atmico que relaciona piruvato
(PYR) com isocitrato (ICIT), deve-se primeiramente construir uma matriz nula
de dimenses (6 3), que so o nmero de carbonos do isocitrato e piruvato, respectivamente.
=>
000000000000000000
ICITPYR . (26)
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-
A partir da configurao dos carbonos, presente abaixo dos metablitos, sabe-se
que o carbono B do piruvato o ltimo carbono do isocitrato, e que o carbono C
do piruvato o penltimo carbono do isocitrato. Dessa forma, chega-se matriz
de mapeamento atmico (Equao 27):
=>
010100000000000000
ICITPYR . (27)
A funo MFAIL usa a funo AMM para criar as matrizes de
mapeamento atmico de uma forma mais fcil. Para obter a matriz de
mapeamento atmico da Equao (27), bastaria executar a seguinte seqncia
de comandos:
pyr = ['A','B','C']; icit = ['d','c','b','a','C','B']; pyr_icit = AMM (pyr,icit) (28)
A funo AMM executa uma comparao membro a membro de dois
vetores de caracteres, criando a matriz de mapeamento atmico
automaticamente. Pode-se observar que os vetores pyr e icit contm exatamente
os caracteres que esto abaixo da reao (Equao 25).
Construdas as matrizes de mapeamento atmico, a funo MFAIL combina os vetores e em um nico vetor contendo todos os fluxos em
suas respectivas posies. Por fim, o MFAIL resolve um sistema linear contendo
todos os balanos dos estados de marcao da via metablica.
mv cv v
A funo MFAIL a nica funo do ME Toolbox que precisa ser
adaptada ao problema do usurio. A enorme variedade de casos em engenharia
metablica tornou impossvel a obteno de um padro de consenso para
construo automtica do sistema linear.
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Maiores detalhes sobre o uso do MFAIL esto presentes no estudo de
caso do modelo metablico simplificado para o metabolismo central com o uso
de marcadores isotpicos.
3.1.4. Utilizando o ME Toolbox para MFA de sistemas subdeterminados
utilizando programao linear (MFAOP)
A funo MFAOP faz uma estimativa de todos os fluxos utilizando
apenas um fluxo experimental, segundo uma funo objetivo.
[x,fval,exitflag,output,lambda,C] = MFAOP (f,SP,EF,G,pcs). (29)
Os parmetros de entrada e sada, bem como suas descries, esto
mostrados na Tabela (5).
Tabela 5 Parmetros da funo MFAOP.
Parmetros de entrada Parmetro Descrio f Funo objetivo.
SP Matriz de posies dos substratos. A primeira coluna composta de um escalar que representa o substrato (1, 2, ...), e a segunda coluna representa a posio do respectivo substrato na matriz estequiomtrica.
EF Vetor contendo o fluxo experimental. O primeiro termo do vetor representa a posio do fluxo experimental, e o segundo termo representa o seu valor (a taxa do fluxo).
G Matriz estequiomtrica. pcs Posio relativa ao fluxo de interesse para anlise de sensibilidade. Parmetros de sada Parmetro Descrio x Vetor contendo os fluxos intracelulares calculados. fval Valor da funo objetivo em x.
exitflag
Descrio das condies de sada. > 0 quando a programao linear convergiu para uma soluo em x, 0 quando a programao linear alcanou o nmero mximo de interaes sem convergir, e < 0 quando o sistema linear no tiver soluo.
output Indica o nmero de interaes. lambda Retorna o conjunto de multiplicadores de Lagrange. C Valor do nmero condicional.
O MFAOP encontra a soluo para o sistema linear da Equao (2) e
executa uma anlise de sensibilidade segundo as Equaes (21 e 22).
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Para a determinao da funo objetivo, parte-se do pressuposto que o
objetivo de uma clula, em determinadas condies, minimizar o gasto
energtico para o seu metabolismo. Esta proposta est baseada na crena de que
a minimizao da energia utilizada por um microrganismo pelo menos to
importante, do ponto vista evolutivo, quanto a otimizao da produo celular
(biomassa). Nem sempre a maximizao da biomassa prioritria para o
microrganismo. Por exemplo, a C. violaceum, quando cultivada em glicerol no
lugar de glicose, diminui sua multiplicao celular e produz mais violacena
(provavelmente associada a mecanismos de defesa); por outro lado, quando h
deficincia de nitrognio, a produo de biopolmeros (no caso da C. violaceum,
poli-hidroxialcanoatos) maximizada, claramente como mecanismo de
acmulo de energia de reserva.
Dessa forma, props-se a construo da seguinte funo objetivo f:
=produtos
oxreagentes
ox GnGnf''min . (30)
Diferentemente de qualquer teoria proposta at ento, a funo objetivo
mostrada na Equao (30) prope um balano energtico, tipo black box, a ser
minimizado. Na Equao (30), n representa o nmero de moles, obtidos atravs dos fluxos das reaes de consumo de substrato e formao de produtos, e
a variao da energia livre de Gibbs a pH 7 para oxidao por NAD
'oxG
+. Como se
trata de um balano black box, apenas os substratos e os produtos finais da via
metablica foram postos na funo objetivo.
Maiores detalhes sobre o uso do MFAOP esto presentes nos estudos
de casos da anlise de fluxo metablico para produo de hidrognio por
Clostridium butyricum e tambm na anlise de fluxo metablico para produo
de violacena por Chromobacterium violaceum.
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3.1.5. Utilizando o ME Toolbox para MCA de vias metablicas lineares
(MCA)
A funo MCA do toolbox foi projetada para fazer a anlise de controle
metablico para vias lineares com a seguinte linha de comando:
[xin,Ein,Cin,x,E,C,Xstore,Cstore,fcst,fcct] = MCA (o,lev). (31)
Uma via metablica linear uma via composta por um nmero
qualquer de metablitos mas que no possui pontos de bifurcao (Figura 7).
pXXsnn E
n
EEE 121...1
+ Figura 7 Via metablica linear generalizada.
Para uma via metablica linear, os teoremas descritos nas Equaes (8)
e (10) podem ser resumidos em forma de matriz:
LXXX
LXXX
KKK
.........
...1...11
21
21111
11
11
11
.........
...
...
222
111
L
L
L
XL
XL
JL
XXJ
XXJ
CCC
CCCCCC
= .
1...00......0...100...01
(32)
Por convenincia, as equaes cinticas partem de uma expresso
padro, sendo necessrio apenas fornecer seus coeficientes, incluindo inibies
se houver. A expresso adotada do tipo:
( ) ( )( ) ( )
( )( )
( ) ( )( )( )
( )i
inhib
ieq
iimi
ieq
iiicat
ii
KX
KX
kX
KX
XkEnv
+
++
=
1
1
1
1
. (33)
Com essa forma fixa foi possvel manter o programa com o clculo
automtico das elasticidades, sem que o usurio precise fornecer as derivadas
das equaes cinticas segundo a Equao (9).
Os parmetros de entrada e sada, bem como suas descries, esto
mostrados na Tabela (6).
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Tabela 6 Parmetros da funo MCA.
Parmetros de entrada Parmetro Descrio o Escalar que indica qual enzima ser superexpressa. lev Escalar que indica o nvel de superexpresso da enzima. Parmetros globais Parmetro Descrio s Nvel de substrato. p Nvel de produto. En Vetor contendo todas as constantes cinticas En. kcat Vetor contendo todas as constantes cinticas kcat. Keq Vetor contendo todas as constantes cinticas Keq.
answ Parmetro que recebe os valores 'y' ou 'n', ativando ou desativando os clculos de inibio.
inhib Matriz de dimenses (i 2) onde i o nmero de inibies. A primeira coluna representa o metablito que exerce inibio, e a segunda coluna representa a enzima inibida.
Ki Vetor de dimenso i contendo as constantes de inibio Ki. Parmetros de sada Parmetro Descrio
xin Vetor contendo as concentraes de cada metablito antes de qualquer superexpresso da enzima. O ltimo termo do vetor representa o fluxo no estado estacionrio J, tambm antes de qualquer superexpresso.
Ein Matriz contendo as elasticidades antes da superexpresso. Cin Matriz contendo os coeficientes de controle antes da superexpresso.
x Vetor contendo as concentraes de cada metablito aps a superexpresso da enzima. O ltimo termo do vetor representa o fluxo no estado estacionrio J.
E Matriz contendo as elasticidades aps a superexpresso. C Matriz contendo os coeficientes de controle aps a superexpresso.
Xstore uma matriz que armazena todos os valores de x durante o aumento da expresso.
Cstore uma matriz que armazena todos os valores de C durante o aumento da expresso. fcst Confirmao do teorema da soma dos controles de fluxo. fcct Confirmao do teorema da conectividade dos controles de fluxo.
Alm das matrizes dos FCCs e das elasticidades, o programa ainda
fornece grficos de evoluo dos nveis de cada matablito, do fluxo no estado
estacionrio J e dos FCCs da via metablica.
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-
3.1.6. Utilizando o ME Toolbox para MCA de pontos de bifurcao (MCAB)
A funo MCAB do toolbox faz a anlise de controle metablico de vias
bifurcadas como a exemplificada na Figura (8).
Figura 8 Exemplo de um ponto de bifurcao em uma via metablica.
A linha de comando para o uso da funo MCAB a seguinte:
[xin,Ein,Cin,x,E,C,Jstore,Xstore,Cstore,XJstore] = MCAB (J,dep,lev). (34)
A funo MCAB pode ser usada facilmente em pontos de bifurcao
com qualquer nmero de reaes de entrada e de sada.
Como os pontos de bifurcao so relacionados produo e consumo
de um nico metablito, no foi inserido nenhum efeito de inibio deste
metablito sobre qualquer enzima que catalise tais reaes. Dessa forma, o
modelo cintico utilizado foi a Equao (35), para as reaes de produo, e a
Equao (36), para as reaes de consumo, conforme dado abaixo:
( ) ( )( ) ( )
( )
( ) ( )( )( )ieqi
imi
ieqiicat
ii
KX
ks
KXsk
Env++
= , (35)
( ) ( )( )
( )
( ) ( )ieqi
im
ieq
iicat
ii
Kp
kX
Kp
XkEnv
)(
)(
++
= . (36)
Os parmetros de entrada e sada, bem como suas descries, esto
mostrados na Tabela (7).
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-
Tabela 7 Parmetros da funo MCAB.
Parmetros de entrada Parmetro Descrio J Vetor contendo as taxas de cada um dos fluxos do ponto de bifurcao. dep Escalar que indica o fluxo dependente. o fluxo que ser superexpresso. lev Escalar que indica o nvel de superexpresso da enzima. Parmetros globais Parmetro Descrio s Nvel de substrato. p Nvel de produto. En Vetor contendo todas as constantes cinticas En. kcat Vetor contendo todas as constantes cinticas kcat. Keq Vetor contendo todas as constantes cinticas Keq. Parmetros de sada Parmetro Descrio
xin Vetor contendo a concentrao do metablito e a taxa do fluxo dependente dep no estado estacionrio, antes de qualquer superexpresso. Ein Matriz contendo as elasticidades antes da superexpresso. Cin Matriz contendo os coeficientes de controle antes da superexpresso.
x Vetor contendo a concentrao do metablito e a taxa do fluxo dependente dep no estado estacionrio, aps a superexpresso. E Matriz contendo as elasticidades aps a superexpresso. C Matriz contendo os coeficientes de controle aps a superexpresso.
Jstore uma matriz que armazena todas as taxas dos fluxos durante o aumento da expresso.
Xstore uma matriz que armazena todos os valores de x durante o aumento da expresso.
Cstore uma matriz que armazena todos os valores de C durante o aumento da expresso.
XJstore uma matriz que combina Xstore com Jstore. Usada para facilitar a obteno de grficos.
O MCAB gera ainda uma figura com os fluxos do ponto de bifurcao,
o nvel do metablito e os FCCs.
3.2. Estudo de caso I: anlise de fluxo metablico para a produo de
hidrognio por Clostridium butyricum
O diagrama de fluxos mostrado na Figura (9) mostra um esquema das
reaes pertinentes biossntese de hidrognio por Clostridium butyricum em
condies anaerbicas (Saint-Amans et al., 2001).
54
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Adaptado de Saint-Amans et al., 2001. Figura 9 Esquema mostrando o modelo para o metabolismo do hidrognio. O modelo metablico apresenta dois substratos, glicose e glicerol, formando gliceraldedo-3-fosfato e gerando etanol, butirato e acetato. A partir do glicerol ainda formado o 1,3-propanodiol. O hidrognio formado pelo sistema lateral onde a ferrodoxina (Fd) oxidada formando H2, sendo novamente reduzida pelo piruvato fechando o ciclo.
Todas as reaes no modelo estequiomtrico so consideradas
reversveis. As setas na Figura (9) representam as direes que so geralmente
aceitas. As taxas apresentadas no modelo foram representadas como: taxa de
consumo de glicose (vCluc), taxa de produo de piruvato (vPyr), taxa de
produo de CO2 (vCO2), taxa de produo de acetoaceil-CoA (vAACoA), taxa
de produo de 3-hidroxibutiril-CoA (vHbCoA), taxa de produo de crotonil-
55
-
CoA (vCrCoA), taxa de produo de butiril-CoA (vBuCoA), taxa de produo
de butiril-fosfato (vButP), taxa de produo de butirato (vBut), taxa de
produo de acetaldedo (vActal), taxa de produo de etanol (vEtOH), taxa de
produo de acetil-fosfato (vAcP), taxa de produo de acetato (vAct), taxa de
consumo de glicerol para produo de dihidroxiacetona (vGlyc1), taxa de
produo de dihidroxiacetona-fosfato (vDHAP), taxa de produo de
gliceraldedo-3-fosfato pela via do glicerol (vG3P), taxa de consumo de glicerol
para produo de 3-Hidroxipropionaldedo (vGlyc2), taxa de produo de 1,3-
propanodiol (v1,3Prd), taxa de produo de lactato (vLac), e taxa de produo
de H2 (vH2). A partir da via metablica sugerida (Figura 9), tem-se o conjunto
de 20 reaes listadas na Tabela (8).
Tabela 8 Modelo de reaes metablicas para produo de hidrognio por
Clostridium butyricum.
# Fluxo Reao r1 vGluc Glicose + 2ATP 2ADP + 2Gliceraldedo-3-fosfato
r2 vPyr Gliceraldedo-3-fosfato + 2ADP + NAD+ Piruvato +
2ATP + NADH + H+
r3 vCO2 Piruvato + HSCoA + NAD+ Acetil-CoA + NADH + H+ +
CO2r4 vAACoA Acetil-CoA Acetoacetil-CoA + HSCoA
r5 vHbCoA Acetoacetil-CoA + NADH + H+ 3-Hidroxibutiril-CoA +
NAD+r6 vCrCoA 3-Hidroxibutiril-CoA Crotonil-CoA + H2O r7 vBuCoA Crotonil-CoA + NADH + H+ Butiril-CoA + NAD+r8 vButP Butiril-CoA + ATP Butiril-fosfato + HSCoA + ADP r9 vBut Butiril-fosfato + ADP Butirato + ATP
r10 vActal Acetil-CoA + NADH + H+ Acetaldedo + HSCoA +
NAD+r11 vEtOH Acetaldedo + NADH + H+ Etanol + NAD+r12 vAcP Acetil-CoA + ATP Acetil-fosfato + HSCoA + ADP r13 vAct Acetil-fosfato + ADP Acetato + ATP r14 vGlyc1 Glicerol + NAD+ Dihidroxiacetona + NADH + H+
r15 vDHAP Dihidroxiacetona + ATP Dihidroxiacetona-fosfato + ADP r16 vG3P Dihidroxiacetona-fosfato Gliceraldedo-3-fosfato r17 vGlyc2 Glicerol 3-Hidroxi-propionaldedo
r18 v1,3Prd 3-Hidroxi-propionaldedo + NADH + H+ 1,3-
Propanodiol + NAD+
56
-
r19 vLac Piruvato + NADH + H+ Lactato + NAD+r20 vH2 NADH + H+ NAD+ + H2
A representao estequiomtrica das reaes dada na Tabela (9) pela
matriz G de dimenses (m n) onde m so as 20 reaes e n so os 19
metablitos envolvidos nas reaes.
Tabela 9 Matriz estequiomtrica (G) para a via metablica proposta.
Glic
eral
ded
o-3-
fosfa
to
Piru
vato
HSC
oA
Ace
til-C
oA
Ace
toac
etil-
CoA
3-H
idro
xibu
tiril-
CoA
Crot
onil-
CoA
Butir
il-Co
A
Butir
il-fo
sfato
Ace
tald
edo
Ace
til-fo
sfato
Dih
idro
xiac
eton
a
Dih
idro
xiac
eton
a-fo
sfato
3-H
idro
xi-p
ropi
onal
ded
o
ATP
AD
P
NA
D+
NA
DH
H+
2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -2 2 0 0 0 r1 -1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 -2 -1 1 1 r2 0 -1 -1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1 1 1 r3 0 0 1 -1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 r4 0 0 0 0 -1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 -1 -1 r5 0 0 0 0 0 -1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 r6 0 0 0 0 0 0 -1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 -1 -1 r7 0 0 1 0 0 0 0 -1 1 0 0 0 0 0 -1 1 0 0 0 r8 0 0 0 0 0 0 0 0 -1 0 0 0 0 0 1 -1 0 0 0 r9 0 0 1 -1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 -1 -1 r10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1 0 0 0 0 0 0 1 -1 -1 r11 0 0 1 -1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 -1 1 0 0 0 r12 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1 0 0 0 1 -1 0 0 0 r13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 -1 1 1 r14 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1 1 0 -1 1 0 0 0 r15 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1 0 0 0 0 0 0 r16 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 r17 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -1 0 0 1 -1 -1 r18 0 -1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 -1 -1 r19
G=
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 -1 -1 r20
No modelo estequiomtrico proposto, derivado da Figura (9), oito das
reaes foram classificadas como medidas. Essas foram a taxa de consumo de
glicose (vCluc), taxa de produo de CO2 (vCO2), taxa de produo de butirato
(vBut), taxa de produo de etanol (vEtOH), taxa de produo de acetato
(vAct), taxa de consumo de glicerol para produo de dihidroxiacetona
57
-
(vGlyc1), taxa de produo de 1,3-propanodiol (v1,3Prd), e taxa de produo de
lactato (vLac).
Os fluxos medidos foram o