uso de liquens como bioindicadores da qualidade ambiental no brasil

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  FACULDADES INTEGRADAS DA TERRA DE BRASÍLIA CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Uso de liquens como indicadores da qualidade ambiental no Brasil Thatiane do Prado Barros Recanto das Emas 2005

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FACULDADES INTEGRADAS DA TERRA DE BRASLIA CINCIAS BIOLGICAS

Uso de liquens como indicadores da qualidade ambiental no Brasil

Thatiane do Prado Barros

Recanto das Emas 2005

Faculdades Integradas da Terra de Braslia FTB Curso de Cincias Biolgicas

Uso de liquens como indicadores da qualidade ambiental no Brasil

Thatiane do Prado Barros

Monografia de Concluso de Curso realizada como requisito parcial para obteno do ttulo de Licenciada em Cincias Biolgicas.

Recanto das Emas 2005

Trabalho realizado junto Coordenao de Cincias Biolgicas da Faculdade da Terra de Braslia, sob a orientao do Prof. Doutor Alexandre de Siqueira Pinto.

Aprovado por:

___________________________________ Prof. Dr Alexandre de Siqueira Pinto FTB Orientador e Presidente da Banca

___________________________________ Prof. Dra. Slvia Elena Tolfo Bittencourt Faculdade da Terra de Braslia Membro Titular da Banca

___________________________________ Prof. Me. Natan Monsores de S Faculdade da Terra de Braslia Membro Titular da Banca

Sumrio

Resumo..................................................................................................................................i I Introduo.......................................................................................................................1 II A liquenologia no Brasil .............................................................................................20 III Consideraes Finais .................................................................................................30 IV Anexo 1: Sntese dos dados obtidos por reviso sipstemtica da Literatura aplicada para o uso de liquens como Bioindicadores com dados entre os anos de 19972004....................................................................................................................................36 V Anexo 2: ndice de Awksworth e Rose de estimativa da qualidade do ar na GrBretanha e no Pas de Gales, a partir dos liquens encontrados sobre troncos de rvores................................................................................................................................46 VI Anexo 3: ndice Vanhaluwyn e Lerond de estimativa da qualidade do ar para o Norte da Frana............................................................................................................................47 VII Anexo 4: ndice La Roussaire de estimativa da qualidade do ar para a Blgica ....48 VIII Anexo 5- Chave de histria de fogo utilizando liquens como bioindicadores do tempo desde o ltimo fogo para reas do cerrado denso de Braslia..............................49 IX - Referncias Bibliogrficas..........................................................................................50

Lista de Abreviaturas e Siglas Al As B Ba Be Ca Cd Cl CO Co Cr Cu F FFe Hg IPA K La Li M10 Mg Mn Alumnio Arsnio Boro Brio Berlio Clcio Cdmio Cloro Monxido de Carbono Cobalto Crmio Cobre Flor Fluoreto Ferro Mercrio ndice de Pureza Atmosfrica Potssio Lantnio Ltio Partculas inalveis Magnsio Mangans

Mo N N2O Na NH3 Ni NO NO2 NOx O2 O3 P PAH Pb PbO2 pH Ptn PTS Rb S Sb Se Si SO2

Molibdnio Nitrognio xido Nitroso Sdio Amnia Anidra Nquel Monxido de Nitrognio Dixido de Nitrognio xidos de nitrognio Oxignio Oznio Fsforo Hidrocarbonetos Aromticos Policclicos Chumbo Dixido de Chumbo Potencial Hidrogeninio Protena Partculas totais em suspenso no ar Rubdio Enxofre Antimnio Selnio Silcio Dixido de Enxofre

spp Sr Te Ti V VCOs Zn

Espcies Estrncio Telrio Titnio Vandio Compostos Orgnicos Volteis Zinco

i Resumo

Para desenvolver e utilizar recursos dentro dos limites da natureza importante conhecer e conservar reas naturais estratgicas, compreendendo melhor suas populaes e sua relao com os ecossistemas onde se encontram. Por isso, a Biologia da Conservao, que estuda a conservao da biodiversidade, tem se destacado entre as disciplinas da biologia. Neste ramo da Biologia, sobressai-se a bioindicao. Bioindicao pode ser definida como o uso de seres vivos para a verificao e avaliao dos efeitos da poluio ambiental, seja do ar, da gua ou do solo. Neste trabalho realizada uma reviso bibliogrfica de estudos sobre o uso de liquens como monitores da qualidade ambiental no Brasil. A partir dos dados, verificou-se uma relao inversa entre a ocorrncia de liquens e a qualidade ambiental nos locais dos estudos realizados, indicando a eficincia dos liquens como indicadores da qualidade ambiental. reas sujeitas poluio do ar constante, com pouca ou nenhuma arborizao, representaram locais onde a ocorrncia de liquens foi muito baixa ou nula. Monitoramentos constantes da qualidade do ar nas grandes cidades so essenciais para garantir a conservao de uma boa qualidade do ar. Os estudos do potencial bioindicador dos liquens tem aumentado no ltimo sculo. Mesmo assim, o Brasil uma das reas liquenologicamente menos conhecidas do planeta e, principalmente, da regio neotropical. Palavras chaves: Liquens, Bioindicao, Brasil

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IntroduoAtualmente, a crescente busca por qualidade de vida tem influenciado a populao de modo geral a buscar melhores indicadores de qualidade ambiente. Alm desse fator, questes de ordem poltica, econmica e social tm atrado ateno dos principais agentes polticos favorecendo a conscientizao sobre a importncia do meio ambiente. No entanto, o modelo econmico vigente muitas vezes conflitante com as questes ambientais possuindo caractersticas evidentes de insustentabilidade pelo grau de degradao ambiental gerada. Um dos grandes desafios do homem atualmente desenvolver e utilizar recursos dentro dos limites da natureza, a fim de garantir a integridade destes para as geraes futuras. Para tanto, imprescindvel conhecer e conservar reas naturais estratgicas compreendendo melhor suas populaes e sua relao com os ecossistemas onde se encontram. A biologia da conservao, que estuda a conservao da biodiversidade, tem se destacado entre as disciplinas da biologia (Mata & Tidon, 2003). O principal objetivo da biologia da conservao entender os efeitos da ao humana sobre as populaes de espcies e sobre os ecossistemas (Hanazaki, 2002). Em muitos casos, no entanto, a conservao biolgica seria desejvel, porm no h mais o que conservar. Nestes casos, a restaurao torna-se apropriada. A ecologia da restaurao consiste no processo de alterar intencionalmente um local para restabelecer um ecossistema que ocupava aquele local anteriormente (Hanazaki, 2002). Quando h um processo de transformao com ocupao de espaos novos reorganizando-se, diz-se que houve sucesso ecolgica (Jacobi, 2003; Hanazaki, 2002). A sucesso ecolgica que ocorre numa rea onde no existia vida, como o caso das dunas recm-formadas,

2 designa-se por sucesso primria (Hanazaki, 2002). A sucesso secundria ocorre quando h reestruturao do ecossistema aps destruio da comunidade instalada num dado local, quer por catstrofes naturais, quer por perturbaes causadas pelo homem (Hanazaki, 2002). A maior parte dos padres de sucesso observada na natureza refere-se sucesso secundria (Jacobi, 2003).

Poluio ambientalOs fenmenos relacionados a poluio tem relevante importncia nos aspectos sanitrios, econmicos e polticos (Druelle, 1996). A presena de potenciais agentes estressores no ambiente tem despertado a busca por medidas que possibilitem utilizao de mtodos de interveno em reas com exposio a poluentes (Carneiro, 2004). Isto requer um esforo crescente da pesquisa experimental. Em uma grande cidade, o setor de transportes emite grande quantidade de CO2, sendo um dos principais responsveis pela poluio local, emitindo gases como o monxido de carbono, os xidos de nitrognio, os xidos de enxofre, aldedos e material particulado (Mattos, 2001 in Landau & Resende, 2003). A qualidade do ar determinada pela interao entre as fontes de poluio e a atmosfera, e pelas condies meteorolgicas locais que influem numa maior ou menor disperso dos poluentes presentes. Os principais agentes poluidores so as indstrias, os veculos automotores (automveis, caminhes, nibus), as usinas termeltricas, a queima de matas e, s vezes, o aquecimento domstico a carvo ou lenha. Habitualmente, os poluentes so divididos em duas categorias dos poluentes: poluentes primrios, quando emitidos diretamente pela

3 fonte; e poluentes secundrios, quando formados por reaes qumicas entre os poluentes primrios e constituintes do meio (Brigden et all, 2000; Amaral & Piubeli, 2003). Alguns dos principais poluentes so alistados a seguir: 1. Dixido de Enxofre SO2. A emisso de SO2 est principalmente relacionada com o uso de combustveis de origem fssil contendo enxofre e indstrias de papel. Sendo um gs altamente solvel nas mucosas do trato areo superior, pode provocar irritao e aumento na produo de muco. Outro efeito relacionado ao SO2 refere-se ao fato de ser este um dos poluentes precursores da chuva cida, efeito global de poluio atmosfrica responsvel pela deteriorao de diversos materiais, acidificao de corpos da gua e destruio de florestas (Amaral & Piubeli, 2003; Carneiro, 2004). 2. Monxido de Carbono - CO. A emisso de CO est relacionada principalmente com o processo de combusto tanto em fontes mveis, motores gasolina, diesel ou lcool, quanto de fontes fixas, industriais ou domsticas. Os efeitos da exposio dos seres humanos ao CO esto associados capacidade de transporte de O2 na combinao com hemoglobina do sangue, uma vez que a afinidade da hemoglobina pelo monxido de carbono 210 vezes maior que pelo O2 (Amaral & Piubeli, 2003). 3. Dixido de Nitrognio - NO2. formado pela reao do NO e do O2 reativo, presentes na atmosfera. Produzido na combusto veicular, em processos industriais e de incinerao. Pode provocar irritao da mucosa do nariz manifestada atravs de coriza e danos severos aos pulmes, semelhantes aos

4 provocados pelo enfisema pulmonar1. Alm dos efeitos diretos sade, o NO2 tambm est relacionado formao do O3 e da chuva cida. Alm do NO2, outros xidos de nitrognio fazem parte do grupo chamado NOx, tais como o N2O (Amaral & Piubeli, 2003; Carneiro, 2004). 4. Dixido de Chumbo - PbO2. Por sua grande capacidade de reduo, o PbO2 muito utilizado em baterias automotivas e pilhas com a vantagem de ter custo baixo quando comparado a outros elementos. Quando esgotadas, as pilhas e baterias deveriam ser segregadas, armazenadas, tratadas e dispostas

adequadamente, mas, em geral, nem so coletadas (Reidler, 2002). 5. Partculas totais em suspenso no ar - PTS. Material slido ou lquido em forma de poeira, neblina, fumaa, fuligem com dimenses inferiores a 100 m (cem micrmetros). Possuem composio variada, incluindo metais pesados. So produzidos por indstrias, veculos, queimadas (Carneiro, 2004). Partculas mais grossas ficam retidas no nariz e na garganta, provocando incmodo e irritao, alm de facilitar que doenas se instalem no organismo (Amaral & Piubeli, 2003). 6. Material Particulado ou partculas inalveis - M10. Material slido ou lquido em forma de poeira, neblina, fumaa, fuligem com dimenses inferiores a 10 m (dez micrmetros). So produzidos nos processos de combusto industriais e veiculares (Carneiro, 2004). Podem causar danos s partes internas do aparelho respiratrio, carregando partculas e outros poluentes para os alvolos pulmonares e provocando efeitos mais severos do que os causados pelos poluentes de forma isolada (Amaral & Piubeli, 2003).

1

Enfisema pulmonar uma condio do pulmo caracterizada pela dilatao permanente e anormal dos espaos areos distais aos bronquolos terminais, acompanha pela destruio das paredes (Amaral & Piubeli, 2003).

5 7. Poluentes metlicos. Pb presente na gasolina, Hg e aqueles desprendidos durante a queima de carvo mineral, ou em processos industriais envolvendo temperaturas elevadas (Carneiro, 2004).

BioindicaoMtodos biolgicos so importantes na deteco precoce de efeitos de poluentes atmosfricos que podem causar alteraes no ecossistema (Lima, 2002). O monitoramento constante da poluio atmosfrica auxiliar na determinao de medidas que minimizem os efeitos danosos sobre a populao (Senhou et all,1999). Todos os seres possuem a capacidade de se adaptar ao complexo conjunto de fatores ambientais ao longo da sua evoluo. No entanto, cada organismo possui um nvel especfico de tolerncia fisiolgica onde ele encontra as condies favorveis sua manuteno e reproduo (Lima, 2001). A bioindicao pode ser definida como o uso de seres vivos para a verificao e avaliao dos efeitos da poluio ambiental, seja do ar, da gua ou do solo (Klumpp, 2001). Bioindicadores so definidos como organismos ou comunidades que respondem poluio ambiental alterando suas funes vitais ou acumulando toxinas (Lima, 2001). Atualmente, as principais reas de utilizao de

bioindicadores so (Klumpp, 2001): Monitoramento de fontes de emisso; Controle da eficincia de medidas tcnicas para a reduo de emisses; Redes de monitoramento regionais, nacionais e internacionais em reas urbanas e industriais; Estudos de impacto ambiental; Controle da qualidade de ar

6 Os bioindicadores podem fornecer dados interessantes sobre a disponibilidade, a concentrao e a presena de diversos poluentes (Senhou et all,1999). Os processos bioqumicos bsicos so os mesmos em muitos organismos e por isso parece ser razovel utilizar organismos como bioindicadores, que reagem mais rapidamente que o homem frente a toxinas ambientais. Estes organismos podem contribuir para detectar alteraes ambientais provocadas pelas atividades humanas (Lima, 2001). Cada ser vivo um bioindicador, pois a resposta (a reao) a fatores externos um dos atributos da vida (Klumpp, 2001). A bioindicao uma opo a razovel custo e permite conhecer os efeitos dos poluentes nos organismos biomonitores (Druelle, 1996). O uso de organismos naturalmente existentes em uma dada rea de pesquisa deve ser chamado de biomonitoramento passivo. Enquanto que o monitoramento ativo feito com a exposio de organismos na rea a ser avaliada por um tempo definido em condies controladas (Lima, 2001). Considerando o procedimento tcnico e os objetivos dos estudos com bioindicadores, podem-se distinguir trs grupos de organismos (Lima, 2001): 1. Organismos indicadores (Bioindicadores) so definidos como indicadores biolgicos ou comunidades de indicadores que podem fornecer informaes sobre as condies de um ecossistema, como por exemplo, valor de pH ou a concentrao de metais pesados no ambiente. Certas espcies vegetais respondem a alteraes ambientais, como o surgimento de poluentes, desaparecendo ou se multiplicando. Em outras palavras, o tamanho e a composio de comunidades vegetais e animais se alteram. 2. Organismos teste so usados inicialmente em testes toxicolgicos de laboratrio e para anlise de qualidade ambiental. Em geral, eles so altamente padronizados sendo, com freqncia, usados diretamente para detectar riscos

7 3. imediatos para a populao humana. Normalmente, so empregados organismos animais para este propsito. 4. Organismos monitor (Biomonitor) incluem todos os organismos vivos que so usados no monitoramento qualitativo e quantitativo do nvel de poluentes no meio ambiente e a sua repercusso na ecologia.

Na realidade, nas ltimas dcadas, uma grande quantidade de metodologias diferentes e variaes de mtodos tm sido desenvolvidas e propostas por diversos grupos de trabalho. A padronizao de tcnicas necessria para a validade e aplicabilidade dos resultados obtidos (Klumpp, 2001; Lima, 2001). Nas regies de clima temperado, principalmente na Europa Central, os bioindicadores esto sendo utilizados

rotineiramente e grande nmero de estudos tem sido desenvolvidos. As tabelas 1 e 2 resumem os mtodos mais aplicados nesta regio (Klumpp, 2001). H, no continente Europeu, negociaes visando introduzir metodologias padronizadas em nvel internacional, almejando a unificao europia. Neste contexto vale mencionar um projeto europeu, o EuroBionet, no qual onze cidades de sete pases-membros da Unio Europia usam plantas com potencial bioindicador, como o tabaco, na construo de estaes de monitoramento da qualidade do ar. Estas pesquisas so financiadas por fundos multinacionais e ONGs ligadas ao meio ambiente. Os objetivos so

(www.eurobionet.com): Compartilhar os conhecimentos do uso de bioindicadores; Estabelecer a utilizao de bioindicadores para assegurar o nvel da qualidade do ar na Europa; Padronizao dos mtodos de estudos de bioindicadores; Utilizar as informaes coletadas para tomar medidas paliativas;

8 Comparar a poluio do ar em diferentes cidades

Tabela 1 Mtodos de monitoramento passivo empregado na Europa MTODO Mapeamento de comunidades liqunicas Coleta de brifitas Avaliao de danos em florestas(fonte Klumpp, 2001)

POLUENTES Poluio geral Poluio geral, metais pesados. Poluio geral

PARMETRO ESTUDADO Cobertura, freqncia, abundncia. Acmulo de metais pesados Danos visveis, perda de folhas, acmulo de enxofre e metais.

So conhecidos diversos bioindicadores, sendo estes utilizados em diferentes meios: terrestre e aquticos (marinho e gua doce ) (Blandin 2004). No meio aqutico, os moluscos so excelentes indicadores de contaminao de guas marinhas e continentais graas a grande capacidade de bioacumulao (Teles, 1996). Mexilhes foram empregados em grande escala dentro da bio- vigilncia tanto em guas doces como salgadas (Miguel, 1999). No meio terrestre, possvel encontrar um grande nmero de invertebrados terrestres que tem um grande poder bioacumulador como Odonatas (liblulas), Isoptros (cupins e formigas) e artrpodes (Ducatti, 2002). A tabela 2 relaciona algumas espcies bioindicadoras e os fatores estudados. Percebe-se a grande diversidade de organismos utilizados como bioindicadores. Destacase dentre vrios a utilizao dos liquens na bioindicao.

9 Tabela 2 Mtodos de monitoramento ativo empregado na Europa ESPCIE INDICADORA Liquens NOME CIENTFICO Hypogymnia physodes Sphagnum sp. POLUENTE Poluio geral PARMETRO ESTUDADO Necrose (metais e poluentes orgnicos) Acmulo

Musgos

Metais, S

Cultura de azevm

Lolium multiflorum

Metais, S, F, PAH, dioxina e orgnicos Metais, S, F, PAH, orgnicos F-

Acmulo

Pinheiro

Picea abies

Acmulo (danos visveis) Necrose foliar

Gladolo

Gladiolus hybr.

Tabaco

N. tabacum

O3

Necrose foliar

Urtica

Urtica urens

O3, PAH

Necrose foliar

Feijo

Phaseolus vulgaris

O3

Necrose foliar

Choupo

Populus hybr.

O3

Necrose foliar, crescimento, rea foliar, perda de folhas Necrose foliar, biomassa Acmulo

Trevo

Trifolium repens

O3

Couve

Brassica olerancea acephala

PAH

(fonte Klumpp, 2001)

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LiquensLiquens so organismos compostos por um fungo e uma alga. O fungo proporciona uma estrutura que protege a alga da desidratao e das condies desfavorveis; a alga sintetiza e excreta um carboidrato que o fungo utiliza como alimento (Filho & Rizzini, 1976). O componente fngico de um lquen (o micobionte) , na grande maioria, dos casos um fungo do Filo Ascomycotina2 e, mais raramente, Basidiomycota. O componente fotossintetizante (fotobionte, tambm chamado de ficobionte em aluso alga) , em geral, uma Chlorophyta ou uma cianobactria (Hale, 1974). At 1981, os liquens eram considerados como formando um grupo taxonmico (Lichenes) dentro do reino Fungi. A partir de ento, o Cdigo Internacional de Nomenclatura Botnica, seguindo a prtica j corrente entre os liquenlogos, aboliu Lichenes como grupo taxonmico, que passou a ser encarado como um grupo biolgico, com caractersticas fisiolgicas e ecolgicas prprias (Marcelli, 1997). Os liquens apresentam uma ecologia totalmente vegetal, ou seja, dependente de fatores como luz, gua e gs carbnico, e atuam, no ecossistema, como produtores. Assim, embora seu estudo taxonmico seja estritamente micolgico, o estudo de sua ecologia idntico ao dos vegetais epfitos e saxcolas (Marcelli , 1997). Pelo fato de que morfologicamente os liquens assemelham-se a alguns tipos de vegetais, o corpo do lquen denominado talo, pois eles, como todos os fungos, so destitudos de caules e folhas (Filho & Rizzini, 1976). Os liquens variam muito em aparncia geral, variando desde formas muito simples at estruturas morfolgica e anatomicamente bastante complexas. Por exemplo, existem liquens que so (Marcelli, 1997): 2

finssimas crostas pulverulentas mal delimitadas; crostas espessas de contornos bem definidos;

A maioria (95-98%) das espcies de fungo pertencem aos Ascomycota (Marcelli , 1997).

11 lminas recortadas de vrias maneiras, estendidas ou dobradas; estruturas eretas muito ramificadas, que lembram pequenos arbustos de centmetros de altura; barbas-de-velho pendentes nos ramos e galhos de rvores.

Os liquens so perenes. No perodo da seca, os liquens se tornam secos e inativos, mas so capazes de sobreviver at a prxima chuva. Aps uma chuva, a parte fngica estoca gua nas hinfas o que permite nutrir todo o lquen, permitindo o desenvolvimento do talo (Filho & Rizzini, 1976). Quanto ao aspecto geral, forma do talo, distinguem-se trs categorias principais (Filho & Rizzini, 1976): Talo arbustivo ou fruticoso. Corpo vegetativo ramificado como um pequeno arbusto preso ao substrato por um pequeno ponto. Observe o exemplo na figura 1.

Figura 1 Exemplo de talo arbustivo: Pseudevernia furfuracea (fonte http://users.skynet.be/laroseraie/lichens/accueil.htm).

12 Talo foliceo. Corpo vegetativo lembra uma folha. Frouxamente ligado ao substrato. Observe o exemplo na figura 2.

Figura 2 Exemplo de talo foliceo: Parmelia http://users.skynet.be/laroseraie/lichens/accueil.htm)

sulcata

(fonte

Talo Crustceos. Semelhante ao anterior, predominantemente circular e sem limites ntidos. Fortemente aderido ao substrato. Observe o exemplo na figura 3.

Figura 3 Exemplo de talo crustceo: Lecidella elaeochroma (fonte http://users.skynet.be/laroseraie/lichens/accueil.htm) A maior parte dos talos liqunicos pode ser medida em centmetros, sendo comuns exemplares crostosos com 1 at 30 centmetros de dimetro. Entretanto, existem talos adultos de poucos milmetros vivendo em frestas de troncos ou rochas, bem como

13 enormes formas folhosas e mesmo crostosas com mais de um metro de dimetro sobre rochas em campos rupestres, e longas barbas-de-velho com at quatro metros de comprimento balanando nos galhos de rvores em matas de neblina (Marcelli, 1997). Os liquens so seres pioneiros na colonizao de rochas preparando um solo desenvolvido o suficiente instalao dos musgos, e vegetais fanergamos (Silva et all, 2004). As substncias liqunicas esto envolvidas nos mecanismos de decomposio de rochas, atravs da quelao3 (Silva et all, 2004). As substncias liqunicas so, na maioria, de natureza fenlica, como por exemplo, o cido fumarprotocetrrico, que inicia seu processo de quelao nas primeiras 24h de incubao no substrato, e seu precursor cido hipoprotocetrrico (Silva et all, 2004). Os liquens no possuem razes ou cutculas, dependendo principalmente da atmosfera para a obteno de nutrientes. So capazes de viver em ampla rea geogrfica e de acumular elementos minerais alm das suas necessidades, o que os tornam excelentes bioindicadores (Garty et all, in Carneiro, 2004). Pelas caractersticas apresentadas na tabela 3, percebe-se que os liquens possuem maior sensibilidade poluio atmosfrica que os vegetais superiores devido estrutura do talo. Por exemplo, o SO2 se dissolve facilmente na gua atmosfrica, podendo penetrar no talo e fornecer sulfatos e bisulfatos que modificam profundamente diversos processos metablicos (Gilbert, 1973): Perturbao no transporte de eltrons durante a fase de foto-converso da fotossntese e deteriorao dos cloroplastos da alga; Diminuio considervel da atividade fotossinttica: os ons sulfato bloqueiam a atividade de certas enzimas intervindo na incorporao do CO2 atmosfrico;Reao qumica onde uma substncia, no caso a liqunica, tem a capacidade de captar ons de outra proveniente da rocha, neste exemplo (Silva et all, 2004).3

14 Degenerao das cristas mitocndriais; Alterao da sntese de protenas; Modificao do metabolismo do nitrognio; As vias metablicas se degeneram rapidamente, o complexo liqunico se necrosa e acaba morrendo.

Tabela 3 Comparao das caractersticas de Liquens e vegetais superiores Vegetais superiores vasculares Folhas recobertas por cutcula protetora e impermevel. Retiram gua e sais minerais do solo Estmatos foliares capazes de fecharem em situao de estresse Reproduo por sementes, geralmente protegidas por fruto. Crescimento rpido Possuem vasos condutores de material orgnico e inorgnico (Xilema e Floema). Liquens No possuem cutcula: contato direto com a atmosfera. Nutrio dependente da atmosfera, do substrato e da gua da chuva. Ausncia de sistema de regulao de entrada e sada. Reproduo por estruturas areas (sordio e isdios) com contato direto com a atmosfera. Crescimento lento No h rgo com funo exclusiva de transporte.

Liquens representam indicadores biolgicos da qualidade ambiental. Por no apresentarem razes nem vasos condutores, dependem principalmente da atmosfera para adquirir nutrientes minerais, sendo muito sensveis a gases poluentes, principalmente o SO2, F e componentes oxidantes como o O2 (Bibeau & Chevalier, 1999). Estas caractersticas dos liquens combinadas com lento crescimento, a longevidade e a

15 capacidade de acumular elementos minerais alm de suas necessidades, fazem deles timos bioindicadores da poluio do ar (Bibeau & Chevalier, 1999). A determinao da qualidade ambiental utilizando liquens pode ser uma maneira eficiente de identificar e comparar reas com nveis variveis de poluio (Senhou et all,1999).

A utilizao de liquens como bioindicadoresO estudo do potencial bioindicador dos liquens tem aumentado no ultimo sculo. Em 1958, Barkman realizou uma reviso sobre o aumento de reas onde liquens folicolosos e fruticulosos estavam ausentes - zonas por ele denominadas desertos liqunicos e se surpreendeu com os resultados. No s reas urbanas, mas tambm reas rurais apresentavam acelerada diminuio de riqueza e de diversidade de liquens (Gilbert, 1973). Na dcada de 60, alguns autores associaram as regies onde os liquens decresciam em riqueza e diversidade mapas que indicavam os nveis de SO2. Ficava, assim, cada vez mais claro que o SO2 era o principal poluente envolvido na formao de desertos liqunicos (Hale, 1974). Um levantamento bibliogrfico realizado por Carneiro (2004) relacionou 40 trabalhos datados de 1997 at 2004 onde liquens so utilizados como bioindicadores de poluio no ar e no solo (anexo 1) totalizando mais de 26 espcies. Liquens foram utilizados em estudos conduzidos em localidades do Canad, Estados Unidos, Groenlndia, Finlndia, Itlia, Grcia e Israel, como bioacumuladores de metais pesados presentes na atmosfera (Carneiro, 2004). Atravs daquela reviso bibliogrfica, observase a predominncia de estudos neste campo em pases desenvolvidos.

16 Ao se utilizar liquens em estudos como bioindicadores surgem algumas consideraes importantes. Por exemplo, frequentemente, liquens so coletados in toto4, sem que se faa distino entre partes jovens e velhas do talo, prtica que pode conduzir a erros de interpretao, visto que as partes centrais, mais velhas, estiveram expostas ao poluente por maior perodo (Carneiro, 2004; Klumpp, 2001). Outro fator a ser considerado o substrato. Estudos mostram que, medida que a diversidade em todos os habitats fortemente afetada, espcies sensveis tendem a desaparecer primeiramente de rvores e de paredes de rochas sedimentares, enquanto telhados de amianto tendem a reter a flora liqunica por mais tempo (Hale, 1974; Carneiro, 2004; Gilbert, 1973). A presena de certas espcies particulamente toxicotolerante permite analisar a taxa de poluio em uma rea estudada (Gilbert, 1973). H diversas tabelas de avaliao da poluio considerando a presena ou ausncia de liquens na regio analisada. A seguir so apresentados alguns.

1. ndice AWKSWORTH e ROSE Esse mtodo, elaborado na Gr-Bretanha em 1970, foi o mais comum e mais utilizado nos anos 80-81. A partir de 80 liquens epfitas corticolosos presentes nos troncos das rvores, Hawksworth e Rose definiram 11 zonas de qualidade de ar diferentes (anexo 2). Elas so numeradas de 0 a 10 (Delfosse et all, 2004):

O 0 corresponde ao nvel de poluio mxima, onde nenhum lquen capaz de sobreviver;

4

Em totalidade, no todo.

17

O 10 corresponde ao nvel de pureza mximo, onde os liquens mais exigentes podem enfim se desenvolver;

Entre as zonas 0 e 10, esto relacionados as reas de aparecimento progressivo de liquens mais sensveis a poluio. Essa tcnica , atualmente, pouco utilizada para mapeamento da qualidade do ar.

Diversas razes podem ser dadas: Necessidade de conhecer um nmero considervel de espcies liqunicas predominantes nas diversas zonas de poluio. As espcies endmicas da Gr-Bretanha no so as mesmas de outras regies. As condies do habitat (umidade do ar, hidrografia, substrato) no so consideradas. 2. ndice VAN HALUWYN e LEROND Uma nova tcnica foi proposta em 1986 por C. Van Haluwyn e M. Lerond para o estudo das associaes liqunicas (anexo 3). Nesta tcnica, as caractersticas das comunidades liqunicas so levadas em conta afinal uma comunidade possui mais informaes que um indivduo isolado. Foi desenvolvido um ndice que permite distinguir 7 zonas de poluio agrupadas de A a G (Delfosse et all, 2004): A a zona onde a poluio est no seu mximo, o SO2 extremamente ativo, nenhum lquen corticoloso sobrevive; B, C e D correspondem s zonas de poluio muito forte, bastante forte e forte respectivamente, na zona D as rvores apresentam menos de 10 espcies liqunicas diferentes.

18 E uma zona de poluio mediana com a apario de espcies foliceas e fruticolosas. F e G so zonas de poluio fraca ou muito fraca.

3. ndice La Roussarie Em 2004, baseado nas duas tcnicas anteriores, pesquisadores belgas desenvolveram um novo ndice de estudo de qualidade de ar utilizando liquens (Delfosse et all, 2004). Este ndice resultado da estimativa laboratorial dos nveis de poluio o que permitiu maior rigor mesmo com um nmero menor de espcies (anexo 4). Foram estudadas no mnimo 6 reas vizinhas delimitadas por quadrados de 1,5 Km2. Apenas uma rvore representativa de cada rea foi analisada tendo obrigatoriamente mais de 20 cm de dimetro e portando o maior nmero de liquens da rea. Utilizando o anexo 4, foi computado: XX para uma espcie desenvolvida e representada por 3 ou mais exemplares; X para uma espcie desenvolvida e representada por menos de 3 exemplares; J (juvenil) para espcie insuficientemente desenvolvida (menos de 2 cm). Com esses dados, definida a freqncia das espcies na rea de estudo e o ndice de qualidade atmosfrica. H ainda outros ndices que utilizam os liquens como indicadores da qualidade do ar. Um deles o mtodo do IPA de Le Blanc & De Sloover 1970 que se baseia no estudo de fungos liquenizados, atravs do levantamento da freqncia, cobertura e diversidade das espcies que ocorreram na rea analisada. Este mtodo estabelece cinco zonas de IPA,

19 no qual zona 1 corresponde zona de deserto liqunico e a zona 5 tima para liquens. Esses mtodos facilitam o estudo de liquens em campo e permitem verificar rapidamente a qualidade atmosfrica de uma regio (Fleig, 1995).

A liquenologia no BrasilO Brasil uma das reas liquenologicamente menos conhecidas do planeta e, principalmente, da regio neotropical. Estudos quantitativos sobre as comunidades liqunicas brasileiras so praticamente ausentes (Marcelli, 1997). Na tabela 4 pode-se perceber a grande diferena dos nmeros de liquens j identificados e os nmeros esperados em ambientes no Brasil. Fungos liquenizados so abundantes em regies bem iluminadas, principalmente aquelas em que a alta luminosidade associada alta umidade do ar. Assim, localidades montanas e matas litorneas so as que portam a maior diversidade especfica no Estado de So Paulo (Marcelli, 1997). Raramente botnicos brasileiros amostram fungos liquenizados em suas viagens e, quando o faz, muito comumente o material no adequadamente coletado ou corretamente montado em herbrio. Na maior parte das vezes as exsicatas de herbrio se constituem de espcimes fragmentrios, estreis, mal desenvolvidos e com extrema freqncia trata-se de mistura de at seis espcies diferentes (Marcelli, 1997). Tambm comum que as amostras sejam coladas em cartes, impossibilitando o estudo do lado inferior dos espcimes, que porta caractersticas fundamentais para a identificao das espcies folhosas. O trabalho de identificao necessariamente lento, pois no se trata de grupos conhecidos, com monografias, ilustraes, material de herbrio e velhos

20 especialistas disponveis para consulta, nem se pode contar com equipamento moderno e adequado (Marcelli, 1997).

Tabela 4 - Nmero mencionado e esperado de espcies de fungos liquenizados em ambientes do Brasil Ambientes Brasil Mencionadas* Dunas Costes rochosos litorneos*** Restingas Manguezais Ilhas Mata Atlntica s.s. Mata Ombrfila Mista Matas de Neblina*** Matas de Araucria e Podocarpus*** Campos de Altitude Matas Mesfilas Semidecduas Cerrado s.l. Banhados Campos rupestres Sistemas Agro-silvo-pastoris reas urbanas TOTAL 0 25 120 296 159 80 400 30 0 0 0 500 0 350 0 0 2.500 Esperadas** 15 200 700 350 800 350 850 500 400 150 600 1000 ? 600 100 150 4.000 5.000

(adaptado de MARCELLI, 1997). *Os dados mencionados so aproximaes. **Os esperados so baseados em experincia de campo e dados pessoais no divulgados pelo autor.***Costes rochosos litorneos, Matas de Neblina e Matas de Araucria e Podocarpus so includos devido sua grande importncia liquenolgica.

Durante a reviso bibliogrfica realizada neste trabalho foram encontrados 12 estudos realizados no Brasil envolvendo liquens como indicadores da qualidade ambiental. Desdes trabalhos, 5 foram realizados em reas urbanas, 2 em reas industriais,

21 3 em reas de proteo ambiental e 2 utilizaram anlises laboratoriais. Na sua maioria, estes estudos investigaram a qualidade do ar. A seguir sero apresentadas descries sucintas destes trabalhos encontrados durante a reviso bibliogrfica. Na tabela 5, possvel encontrar uma sistematizao das informaes consideradas relevantes, a saber: referncia bibliogrfica, local de estudo; parmetro de estudo, tipo de bioindicao, tipo de exposio, tipo de ambiente de estudo, distino entre partes jovens e velhas, tipo de substrato analisado.

Estudos de campo rea urbanaNa rea urbana de Belo Horizonte, Landau & Resende realizaram um estudo direcionado para as grandes avenidas, com nveis variados de trfego de veculos e conseqentemente nveis de poluio do ar tambm diversificado. Foram selecionados 6 locais com a presena obrigatria de no mnimo 5 espcimes de Palmeira-Imperial (Roystonea oleracea - Palmae) prximos uns dos outros. Para cada indivduo, foi estimada a biomassa liqunica calculando a porcentagem de liquens em cada tronco. Como grupo controle, onde se esperava uma maior quantidade e variedade de liquens, foram analisadas palmeiras do Parque Mangabeiras. A qualidade do ar foi analisada atravs do fluxo de trnsito local, quantificada pelo nmero de nibus e de caminhes durante um perodo de 5 minutos. Os padres observados quando densidade de liquens em troncos de palmeira-imperial foram comparados com as informaes relativas qualidade do ar, procurando identificar correlao entre as variveis e eficincia ou noeficincia de liquens como bioindicadores da qualidade ambiental. A porcentagem de biomassa liqunica decresceu inversamente ao fluxo de veculos automotores. A partir

22 dos dados verificou-se uma relao inversa entre a ocorrncia de liquens e a qualidade ambiental no local, indicando a eficincia dos liquens como indicadores da qualidade ambiental. reas sujeitas poluio do ar constante, com pouca ou nenhuma arborizao, representaram locais onde a ocorrncia de liquens foi muito baixa ou nula, indicando a eficincia dos liquens como bioindicadores da qualidade do ar. (Landau & Resende, 2003). A poluio do ar no municpio de Bauru - SP foi avaliada atravs de um estudo biogeogrfico utilizando liquens como bioindicadores em trs setores da cidade. O setor 5 foi escolhido pela freqente reclamao dos moradores relacionadas a doenas das vias respiratrias, o setor 1 devido ao elevado nmero de veculos que nele circulam e o setor 4 foi tomado como controle. Utilizou-se uma tela plstica (0.50 m) quadriculada com 100 quadrados medindo cada um 2,5 X 2,5 cm que foi estendida sobre o tronco das rvores ao longo das ruas a uma altura de 1 m. Registrou-se o ndice de cobertura dos liquens no tronco, contando o nmero de quadrados em que os mesmos apareciam, calculando-se a porcentagem de cobertura, de acordo com o ndice de correo determinado sobre a rugosidade da casca. Atravs dos resultados, verificou-se pequena cobertura de liquens no setor 5 indicando um nvel de poluio alto; no setor 1, nvel de poluio muito forte e no setor 4, nvel de poluio baixo (Antunes, 1998). Constcio realizou estudo comparando diferentes reas da cidade de Curitiba, a fim de levantar suas condies de poluio, particularmente naquelas regies utilizadas como opo de lazer. Foram escolhidas seis diferentes regies da cidade considerando seus nveis aparentes de poluio. Dentro dessas reas de coleta foram escolhidas aleatoriamente algumas rvores, das quais foi calculada a porcentagem de cobertura por liquens e a riqueza de espcies liqunicas. A partir desses clculos pode-se constatar que os liquens respondiam quantitativamente as alteraes dos nveis de poluio atmosfrica:

23 quanto maior as taxas de poluio, menor a rea de cobertura liqunica. (Constncio, 2002). Em Minas Gerais, na cidade de Juiz de Fora, foi realizado trabalho de anlise sistemtica da cobertura de troncos de rvores por liquens, levando-se em considerao apenas os 2 primeiros metros de altura da rvore. Foi analisada, primeiro, a presena, depois a concentrao de liquens em comparao com rea controle. Foram estudadas 4 reas distintas. Na regio de controle (rea 1), foi encontrado 95,6% de ndice de cobertura. Nas demais regies, foi observado que quanto mais prximo das grandes avenidas menor a populao dos bioindicadores nas rvores analisadas. Na rea de estudo 3, localizado entre um parque a leste e uma avenida a oeste, pode-se observar ausncia total de liquens no flanco voltado para a Avenida Rio Branco e concentrao na rea voltada ao Parque. Na rea 2, localizada em uma confluncia entre 2 grandes avenidas, no foi encontrado nenhum lquen. Na rea 4 com incidncia de ventos provenientes do quadrante Norte, no observado a presena de brifitas. Uma explicao para esse fato, pode ser a natureza deste vento. Quando emitido o poluente, a tendncia do mesmo ascender, devido temperatura em que se encontra no ato da emisso. Uma vez em altitude o mesmo comea a ser carregado por ventos do quadrante Norte. Conclui-se que os liquens so bons indicadores de qualidade do ar (Torres et all, 2003). Em uma rea urbana de Curitiba, foram amostrados 3.268 talos liqunicos sobre Tabebuia chrysotricha (ip-amarelo) com dimetro de tronco entre 30 e 55 cm, em trs avenidas. A primeira com pouco trfego. A segunda, no mesmo bairro, porm com maior circulao de veculos. A terceira avenida possui trfego intenso de veculos. A amostragem foi efetuada ao longo de 2 m de tronco, a intervalos de 20 cm. Os parmetros analisados foram: densidade, dominncia, freqncia, valor de cobertura e porcentagem de importncia. Na avenida 1, foram encontradas 45 espcies, uma mdia de 147,3

24 indivduos/rvore e 65,5% de cobertura do tronco. A segunda avenida apresentou 28 espcies, havendo uma mdia de 165,3 indivduos/rvore e 53,3% de cobertura do tronco. Na avenida 3, foram encontradas 19 espcies, uma mdia de 139,1 indivduos/rvore e 24,2% de cobertura do tronco. Os valores de diversidade encontrados foram 3,24, 2,15 e 1,98 respectivamente (ndice Shannon-Wiener). Conclui-se que o uso de liquens como monitores da qualidade do ar de fcil aplicao e de custo relativamente baixo. Os resultados mostram que os liquens respondem a exposio aos poluentes do ar principalmente com o declnio da riqueza (Donha & Eliasaro, 2003).

rea industrialNo plo industrial nas imediaes de Porto Alegre, foram realizados dois estudos de monitoramento biolgico da qualidade do ar, cada um utilizando metodologias distintas para conduzir os estudos: um com monitoramento passivo e outro ativo. O monitoramento ativo foi conduzido pelo mtodo dos transplantes, entre janeiro e novembro de 2002. Foi analisado um total de 100 amostras em dez estaes de amostragem: sendo 80 na rea de influncia direta das emisses areas, 10 na rea de influncia indireta, e 10 como referncias em rea afastada. Nestas tambm foram amostrados dados abiticos referentes temperatura e umidade relativa do ar. Foram analisados previamente os teores de S, Cd, Pb, e CO existentes no tecido vegetal. Tambm foi realizada a contagem de clulas vivas e mortas nos tecidos vegetais e anlise de clorofila nos liquens. Em relao aos resultados do monitoramento ativo da qualidade do ar concluiu-se que (Mazzitelli.et all , 2003):

25 As concentraes de Pb e S encontradas no tecido vegetal apresentavam valores significativos acima do mnimo na maioria das estaes, inclusive nas estaes de referncia; As maiores concentraes de CO apresentaram-se em uma estao considerada afastada das provveis fontes. Isso poderia ser devido as correntes de ar; No foram detectadas diferencias significativas de Cd em nenhuma das estaes; Verificou-se uma relao direta entre a morte das clulas e a absoro de S pelo tecido dos liquens.

O monitoramento passivo estudou a microflora pelo mtodo do IPA de Le Blanc & De Sloover 1970. Todas as estaes monitoradas de janeiro e novembro de 2002 apresentavam valores de IPA enquadrados na zona 5, considerada tima para ocorrncia de fungos liquenizados, indicando boa qualidade de ar na rea monitorada por este mtodo. At ento, haviam sido identificadas 110 espcies distribudas em 48 gneros, destas as espcies de maior ocorrncia foram Canoparmelia texana, Lecanora pallida e Parmotrema tinctorum aparecendo em todas as estaes amostradas, seguidas de Dirinaria picta, Canomaculina muelleri, Mielochroa lindmanii, Ochrolechia pallescens e Ramalina peruviana as quais foram encontradas em sete das dez estaes. Concluiu-se que as estaes monitoradas no apresentavam sinais de risco sade e que os contaminantes constatados na rea encontraram-se dentro de concentraes aceitveis (Fleig, 2003).

26

reas de proteo ambientalEm 1998, foi realizado um estudo na Reserva Ecolgica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica) e no Jardim Botnico de Braslia. O objetivo deste estudo foi o de se investigar o uso potencial de liquens corticosos epifticos como indicadores da histria de fogo no cerrado do Brasil central. O trabalho foi realizado em 10 parcelas de cerrado denso, dentro da rea de estudo do 'Projeto Fogo'. Cada parcela havia sido submetida a regimes de fogo especificamente prescritos, sendo que as reas de estudo variaram desde, uma parcela protegida do fogo por mais de 20 anos, a uma parcela submetida ao fogo a cada 2 anos. Foi analisada a riqueza e abundncia de liquens em 5 espcies de angiospermas tpicas do cerrado: Blepharocalyx salicifolius (Maria preta), Caryocar brasiliense (pequizeiro), Guapira noxia (Pau-de-Lebre), Sclerolobium paniculatum (Carvoeiro) e Vellozia squamata (Canela-de-Ema). A pesquisa foi realizada em 2 estgios: (1) levantamento preliminar dos liquens; (2) coleta e identificao de liquens nas parcelas. Os resultados mostraram que o fogo um fator determinante para a estruturao da comunidade de liquens epifticos corticosos na vegetao de cerrado denso. A abundncia, distribuio e recolonizao das comunidades de liquens podem ser correlacionadas com a freqncia e comportamento, em termos de homogeneidade e altura da chamas, com fogos ocorridos em cada uma das parcelas amostradas. Diferentes espcies de liquens tambm mostram sensibilidades diferenciais freqncia e comportamento do fogo. Este estudo mostrou que as respostas de liquens corticosos tanto em nvel de comunidade como em nvel das espcies, podem ser usadas como bioindicadores da histria de fogo nas reas de cerrado denso no Brasil central (Mistry, 1998a). Ainda em 1998, a mesma pesquisadora, Mistry, realizou um trabalho investigando o uso potencial do gnero de lquen corticoso Bulbothrix como um bioindicador do

27 'tempo-desde-o-ltimo-fogo' no cerrado do Brasil central. O trabalho tambm foi realizado na Reserva Ecolgica do IBGE e no Jardim Botnico de Braslia. Foram delimitadas parcelas em rea de cerrado denso, cuja histria de fogo era conhecida, dentro da rea de estudo de um outro projeto, conhecido como 'Projeto Fogo'. Medidas de abundncia e tamanho de talo foram tomadas em todos os indivduos de Bulbothrix encontrados, em troncos de trs espcies de Fanergamas at a altura de 2 m: Caryocar brasiliense (pequizeiro), Guapira noxia (Pau-de-Lebre) e Vellozia squamata (Canela-deEma). Os resultados mostram que abundncia e o tamanho do talos das populaes de Bulbothrix podem ser correlacionados com o tempo-desde-o-ltimo-fogo da cada parcela. Este estudo mostra que possvel a utilizao de caractersticas de populaes de liquens especficos como bioindicadores da histria de fogo (Mistry, 1998b). A mesma autora, no ano de 1998, construu uma chave de Histria de Fogo baseada em Liquens (HFL) (anexo 5), relacionando a abundncia, distribuio e recolonizao de liquens, bem como a composio de espcies de liquens, freqncia e comportamento de fogos ocorridos no passado em reas de cerrado. O estudo sugeriu que chaves usando liquens como indicadores da histria de fogo podem ser usadas em qualquer ecossistema onde se deseje investigar a histria de fogo e onde haja liquens sobre vegetao lenhosa (Mistry, 1998c).

Estudos laboratoriaisEm Pernambuco, foram estudados os efeitos do PbO2 sobre Cladonia verticillaris, em condies de laboratrio. Utilizaram-se espcies de cerrado da Serra da Prata, Salo, Pernambuco, acondicionadas em vasilhames plsticos tendo solo como seu substrato. Durante quinze dias as amostras foram borrifadas com solues de PbO2 a 0,1% e 1,0%, usando gua deionizada como controle. Amostras para anlise foram retiradas aps 24h,

28 48h, 72h, 5, 10 e 15 dias. Submetidos ao PbO2 a 0,1% os liquens apresentaram reao discreta aos efeitos do metal. Pulverizados com soluo a 1,0% os simbiontes demonstraram sinais evidentes de degradao e resistncia ao produto. Aps 72 horas constatou-se diminuio na produo do cido fumarprotocetrrico (FUM) e aumento do cido hipoprotocetrrico (HIP), composto intermedirio na biossntese do primeiro. A reduo deve ter ocorrido devido inibio das oxidases pelo chumbo, providencial para sntese do FUM, substncia principal da espcie. Isto pode ser constatado pela sua diminuio gradativa e aumento dos teores de HIP. Com 15 dias os liquens apresentaram sinais de colapso com a reduo da biossntese de seus metablitos, sobretudo o FUM e HIP. Em etapas posteriores sero medidos os nveis de chumbo nas amostras e realizada microscopia eletrnica de varredura para avaliao dos danos estrutura externa (MotaFilho , 2003). Na regio de Ilha Grande, foi realizado um trabalho de levantamento da deposio de metais pesados em gradiente de altura utilizando para isso liquens e brifitas. Foram coletadas nove amostras e, aps trs meses, coletaram-se novamente nos mesmos pontos. As amostras foram coletadas em gradiente de altura objetivando avaliar as dependncias da deposio de materiais pesados em relao altura. Os liquens e as brifitas foram coletados com auxilio de esptulas e devidamente armazenados. As amostras foram pesadas para determinao do peso seco e mido. Em seguida, foram maceradas com auxilio de pistilo, com objetivo de homogeneiz-las. Os metais analisados foram Chumbo e Cdmio. Os resultados obtidos refletem uma diminuio da concentrao de Chumbo com a altura, j os cdmios no atenderam a proposta, pois mostram variaes dentro do gradiente de altura. O Chumbo e o Cdmio so metais cuja presena em organismos vivos prejudicial em qualquer concentrao, seus efeitos txicos geram problemas de sade permanentes, tanto para seres humanos, como para o ecossistema (Coutinho, 2002).

29

Tabela 5 - Sntese dos dados obtidos por reviso sistemtica da Literatura aplicada para o uso de liquens como Bioindicadores no Brasil Referncias Local de Parmetros Tipo de Tipo de exposio Tipo de Distino Tipo de substrato bibliogrficas estudo bioindicao Passiva/Ativa; ambiente entre analisado reao/ Laboratrio/campo de Estudo partes bioacumulao Urbano/ jovens e Industrial/ velhas: sim APA / no Landau & Resende, 2003 Belo horizonte, Minas Gerais. Estimativa de abundncia de spp em troncos de Palmeira Imperial; Anlise do fluxo de trnsito local. ndice de cobertura dos liquens em troncos. ndice de cobertura dos liquens em troncos. Reao Passiva / Campo Urbano No Troncos de Palmeira Imperial ((Roystonea oleracea Palmae).

Antunes, 1998

Bauru, So Paulo.

Reao

Passiva / Campo

Urbano

No

No informado.

Torres et all, 2003.

Juiz de Fora, Minas Gerais.

Reao

Passiva / Campo

Urbano

No

2 primeiros metros de rvores aleatrias

Continuao

30

Referncias bibliogrficas

Local de estudo

Parmetros

Tipo de exposio Tipo de Passiva/Ativa; bioindicao Laboratrio/campo reao/ bioacumulao Bioacumulao Ativa/ Laboratorial e campo

Mazzitelli, 2003

Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Transplante de liquens; anlise de clorofila e contagem de clulas mortas. Estimativa de abundncia e riqueza de spp. Estimativa de abundncia e riqueza de spp.

Tipo de ambiente de Estudo Urbano/ Industrial/ APA Industrial

Distino entre partes jovens e velhas: sim / no No

Tipo de substrato analisado

No identificado

Fleig, 2003

Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Braslia, Distrito Federal.

Reao

Passiva / Campo

Industrial

No

No identificado

Mistry, 1998a

Reao

Passiva / Campo

APA

No

Blepharocalyx salicifolius (Maria preta), Caryocar brasiliense (pequizeiro), Guapira noxia (Paude-Lebre), Sclerolobium paniculatum (Carvoeiro) e Vellozia squamata (Canela-de-Ema).Continuao

31

Referncias bibliogrficas

Local de estudo

Parmetros

Tipo de Tipo de exposio bioindicao Passiva/Ativa; reao/ Laboratrio/campo bioacumulao Reao Passiva / Campo

Mistry, 1998b

Braslia, Distrito Federal.

Estimativa de abundncia e riqueza de spp.

Tipo de ambiente de Estudo Urbano/ Industrial/ APA APA

Distino entre partes jovens e velhas: sim / no No

Tipo de substrato analisado

Troncos de trs espcies de Fanergamas at a altura de 2 m: Caryocar brasiliense (pequizeiro), Guapira noxia (Paude-Lebre) e Vellozia squamata (Canelade-Ema). Blepharocalyx salicifolius (Maria preta), Caryocar brasiliense (pequizeiro), Guapira noxia (Paude-Lebre), Sclerolobium paniculatum (Carvoeiro) e Vellozia squamata (Canela-de-Ema).Continuao

Mistry, 1998c

Braslia, Distrito Federal.

Estimativa de abundncia e riqueza de spp.

Reao

Passiva / Campo

APA

No

32

Referncias bibliogrficas

Local de estudo

Parmetros

Tipo de Tipo de exposio bioindicao Passiva/Ativa; reao/ Laboratrio/campo bioacumulao

Tipo de ambiente de Estudo Urbano/ Industrial/ APA APA

Distino entre partes jovens e velhas: sim / no No

Tipo de substrato analisado

Coutinho, 2002

Ilha Grande, Rio de Janeiro.

Deposio de Cd e Pb em gradiente de altura. ndice de cobertura dos liquens em troncos; Estimativa de abundncia e riqueza de spp. ndice de cobertura dos liquens em troncos de Ipamarelo. Concentrao de PbO2.

Bioacumulao

Passiva / Laboratorial e campo Passiva/campo

No identificado

Constncio, 2002

Curitiba, Paran..

Reao

Urbano

No

Escolha aleatria de rvores.

Donha & Eliasaro, 2003

Curitiba, Paran..

Reao

Passiva / Campo

Urbano

No

Tabebuia chrysotricha (ipamarelo) com dimetro de tronco entre 30 e 55 cm. Solo

Mota-Filho, 2003

Sabo, Pernambuco.

Reao

Ativa/ Laboratorial

No

33 Todos os 12 estudos analisados confirmaram a eficincia dos liquens como bioindicadores da qualidade ambiental. H predominncia dos estudos de bioindicao utilizando liquens nas regies Sul e Sudeste, com 66,6% dos trabalhos contra 33,4% das demais regies brasileiras. Nota-se tambm a ausncia de estudos na regio Norte. 42% dos estudos concentraram-se em rea urbana, 16% em rea industrial, 25% em reas de proteo ambiental e 16% dos estudos foram realizados em laboratrios. Os trabalhos aqui apresentados datam de no mximo 7 anos de publicao e mostram que o uso de liquens na bioindicao um campo bastante novo no Brasil. Observa-se pouca padronizao nos mtodos de pesquisa empregados. Em nenhum dos trabalhos laboratoriais citados houve distino entre as partes jovens e velhas do lquen. Apenas 2 trabalhos de bioindicao passiva em campo relatam distino entre indivduos juvenis e adultos. Somente 50% dos trabalos descrevem o substrato.

Consideraes FinaisMonitoramentos constantes da qualidade do ar nas grandes cidades so essenciais para garantir a conservao de uma boa qualidade do ar. O uso de indicadores biolgicos, no caso os liquens, permite uma avaliao da qualidade do ambiente. A considerao de liquens como bioindicadores representar uma alternativa importante para o monitoramento da qualidade ambiental. Este presente trabalho comprovou a eficcia dos liquens quando empregados como biomonitores, garantindo uma vantagem do ponto de vista econmico e estratgico, pois monitores mecnicos (fsicos) alm de dispendiosos tanto no que se refere manuteno por sua aquisio, nem sempre esto disponveis em grande nmero.

34 Para se evitar ou diminuir erros sistemticos, certos fatores devem ser eliminados ou reduzidos: conhecimento morfolgico das espcies de fungos liquenizados, a montagem de uma coleo confivel de espcies em herbrios para comparao de material coletado, anlise do estgio de desenvolvimento diferente, qualidade e idade do substrato, considerao das diferentes condies de desenvolvimento e ocorrncia de doenas e pragas. A padronizao das distintas fases do procedimento ajuda a reduzir erros sistemticos. Por isso, importante registrar dados sobre o desenvolvimento do vegetal e sobre a comunidade liqunica para que em qualquer momento possa ser realizada uma averiguao do padro de qualidade de mtodos do monitoramento biolgico. Estudos sobre efeitos devem ser cuidadosamente planejados e executados, por causa das oscilaes constantes (estaes do ano, condies atmosfricas e estgio de desenvolvimento dos vegetais). A utilizao dos liquens na bioindicao no Brasil apresenta algumas dificuldades: pouco conhecimento sobre os fungos liquenizados no Brasil e ausncia de iniciativas pblicas de monitoramento ambiental. Como os estudos na rea de bioindicao so recentes no Brasil, existe pouca bibliografia disponibilizada o que dificulta os estudos neste tema. A experincia internacional demonstra a eficincia dos liquens no monitoramento da qualidade do ar, como indicadores em Relatrios de Impacto Ambiental e monitoramento de fontes de emisso datadores da antiguidade de uma comunidade. No Brasil, os estudos j apontam que, em ambientes tropicais os liquens apresentam iguais aplicaes. No entanto, so necessrias mais pesquisas neste campo promissor. Consideramos oportuno que esforos sejam direcionados no sentido de promover a instalao de uma rede de biomonitoramento da qualidade do ar no Brasil tendo liquens

35 como bioindicadores, iniciando-se por um trabalho conjunto e coordenado entre universidades e agncias de proteo ambiental. A associao das redes convencionais de monitoramento da qualidade ambiental s redes de biomonitoramento poderia resultar em troca de informaes e melhor compreenso do comportamento dos liquens em condies tropicais exposio de determinados agentes estressores. Tal medida promoveria a prtica de polticas pblicas inovadoras.

36

Anexo 1- Sntese dos dados obtidos por reviso sistemtica da Literatura aplicada para o uso de liquens como Bioindicadores com dados entre os anos de 1997 -2004 Local de estudo Npoles, Itlia. Espcie Poluentes Fonte da poluio Exposio da planta: passiva/ativa; Laboratrio/campo Ativa/ campo Tempo de exposio 10 e 17 semanas Parmetros analisados Concentrao dos 17 elementos em amostras Tipo de bioindicador: reao/acumulao Acumulao

Pseudevernia furfuracea

Matais: Al, As, Veculos e Ba, Ca, Cd, Co, industriais (rea Cr, Cu, Fe, K, urbana) Li, Mg, Mn, Na, Ni, P, Pb, Sr, Ti, V, Zn. Pb Indstrias e atividade urbana.

USA, St Lawrence Valey; Canad, vncias maritmas Canad, floresta boreal da provncia do Quebec. Crdoba, Argentina.

Usnea sp; Bryoria sp; Evernia sp.

Passiva

2 anos

Composio de istopos estveis de Pb.

Acumulao

Usnea sp; Bryoria sp; Evernia sp. Usnea ambtyoclada

Pb

Minas de extrao de Pb.

Passiva

2 anos

Composio de istopos estveis de Pb. Peso seco, peso mido, clorofila, produtos de oxidao.

Acumulao

No especificado

Veculos, industriais

Ativa/ campo

3 meses

Reao

Continuao

37

Local de estudo USA

Espcie

Poluentes

Flavopunclelia caperata

Cu

Exposio da planta: passiva/ativa; Laboratrio/campo Industrializao Passiva

Fonte da poluio

Tempo de exposio 3 meses

Parmetros analisados Concentrao de Cu e Zn nas amostras de lquen, solo e substrato (pedra e casca de rvore) Concentrao de Cu e Zn nas amostras de lquen, solo e substrato (pedra e casca de rvore)

Tipo de bioindicador: reao/acumulao Acumulao

USA

Flavopunclelia flaventior

Cu

Industrializao

Passiva

3 meses

Acumulao

USA

Usnea ambtyoclada

Cu

Indstria e metarlgica.

Passiva

No Concentrao de Cu especificado e Zn nas amostras de lquen, solo e substrato (pedra e casca de rvore) No Concentrao de Cu especificado e Zn nas amostras de lquen, solo e substrato (pedra e casca de rvore)

Acumulao

USA

Usnea hirta

Cu

Indstria e metarlgica.

Passiva

Acumulao

Continuao

38

Local de estudo Holanda

Espcie

Poluentes

Fonte da poluio No especificado No especificado

75 spp nativas Vrias spp

SO2, NO2, NH3

Exposio da planta: passiva/ativa; Laboratrio/campo Passiva

Tempo de exposio No especificado No especificado

Parmetros analisados Presena e abundncia de 65 spp de liquens epfitas Estimativa de abundncia de spp; concentrao atmosfrica dos poluentes; concentrao de poluentes nas amostras. Concentrao dos metais em amostras de liquens expostos Concentrao de S e demais elementos, em amostras de liquens expostos.

Tipo de bioindicador: reao/acumulao Reao

Holanda

SO2, NO2, NH3

Passiva

Acumulao

Ilha Vulcano, Itlia. Asdad, Israel

Parmelia sp

Metais

Emisso de material de vulco Industrial e veculos

Passiva

No especificado 10 meses

Acumulao

Ramalina duriaei

SO2 e Metais: K, B, Al, Cr, Fe, Si, Ti, Zn, P, Ba, Cu, Mg, Na, Pb, Ca, Mn

Ativa/ campo

Acumulao

Continuao

39

Local de estudo Ramt Hovav, deserto de Negev, Israel

Espcie

Poluentes

Fonte da poluio Industrial

Ramalina maciformis

B, Cd, Co, Cu, Fe, K, Mg, Mn, Na, Ni, P, Pb, Sr, Zn.

Exposio da planta: passiva/ativa; Laboratrio/campo Ativa/ campo

Tempo de exposio ~ 4 meses

Parmetros analisados Produo de etileno (fito hormnio); atividade fotossinttica; integridade das membranas celulares; concentrao de elementos qumicos. Concentrao de elementos nas amostras; parmetros fisiolgicos; fluorescncia de clorofila; sistema fotossinttico; condutividade eltrica;produo de etileno. IAP ndice de Pureza atmosfrica

Tipo de bioindicador: reao/acumulao Reao

Hadera, Israel

Ramalina lacera

Al, Ba, Ca, Cr, Cu, Fe Fe, K, Mg, Mn, Na, Pb, S, Sr, V, Zn

Termoeltrica a carvo

Ativa/ campo

6 meses

Reao e acumulao

Flanders, Blgica

Vrias spp

SO2

Atividade urbana

Passiva

No especificado

Reao Continuao

40

Local de estudo Flanders, Blgica Flanders, Blgica Ligria, Itlia Grenoble, Frana

Espcie

Poluentes

Fonte da poluio Atividade urbana Atividade urbana Industrial, termoeltrica Trfego de veculos em ambiente urbano Veculo, usina termoeltrica, industrial

Vrias spp Vrias spp Vrias spp Physcia adscendens, Hypogymnia physodes Punctella subrudecta

SO2 SO2 SO2, NOx NOx

Exposio da planta: passiva/ativa; Laboratrio/campo Passiva Passiva Passiva Passiva

Tempo de exposio No especificado No especificado No especificado No especificado

Parmetros analisados IAP ndice de Pureza atmosfrica IAP ndice de Pureza atmosfrica Biodiversidade de liquens epfitos. Concentrao de N nas amostras e mapeamento da rea urbana; ndice de trfego. Concentrao de clorofila e taeotitina, concentrao ptn solveis; S; produtos da oxidao; ndice de poluio.

Tipo de bioindicador: reao/acumulao Reao Reao Reao Acumulao

Crdoba, Argentina

No especificado

Ativa/ campo

Reao

Continuao

41

Local de estudo Crdoba, Argentina

Espcie

Poluentes

Fonte da poluio Veculo, usina termoeltrica, industrial Emisses vulcnicas

Canomacutina pilosa

No especificado

Exposio da planta: passiva/ativa; Laboratrio/campo Ativa/ campo

Tempo de exposio

Parmetros analisados Clorofila, taetitina, produtos da peroxidao, ptn solveis.

Tipo de bioindicador: reao/acumulao Reao

Monte Etna e Ilha Vulcano, Itlia.

Parmelia conspersa; Xanthoria parietina; Stereacauton vesuvianum

Elementos qumicos inorgnicos

Passiva

No Concentrao de especificado elementos qumicos considerados nas amostras

Acumulao

Finlndia

Material particulado

Usina termoeltrica e fbrica de cimento da Estnia No especificado

Passiva

No Crescimento; especificado presena e ausncia de 12 spp na rea de 2.500 Km2 nas vizinhanas da fonte. No especificado Radicais livres; Fe lll, Mn ll, concentrao nas amostras coletadas.

Reao

Lower Silesia, Polnia.

Hypogymnia physodes

SO2

Passiva

Reao

Continuao

42

Local de estudo

Espcie

Poluentes

Fonte da poluio No especificado

Lower Silesia, Polnia. Lower Silesia, Polnia. Poggibonsi, Itlia

Lasattia pustulata Umbilicaria sp Parmelia caperata

NO2

Exposio da planta: passiva/ativa; Laboratrio/campo Ativa/ laboratrio

Tempo de exposio No especificado

Parmetros analisados Concentrao de radicais livres nas amostras coletadas. Concentrao de radicais livres nas amostras coletadas.

Tipo de bioindicador: reao/acumulao Reao

NO2

Reao

Metais; Al, Cd, Cr, Cu, Fe, Hg, Pb e Zn S, As, B, Hg

Incinerador de resduos slidos Geo-termo eltrica Geotermoeltrica Geotermoeltrica

Passiva

1 ano

Concentrao dos elementos em amostras de liquens nativos Talos de lquen: concentrao dos elementos; IAP.

Acumulao

Traveli, Radiocondili, Itlia Central. Bagnore, Itlia Central. Bagnore, Itlia Central.

Parmelia caperata Parmelia sp

Passiva

No especificado

Reao

Hg

Passiva

No Concentrao de Hg especificado nas amostras coletadas

Acumulao

Xanthoria sp

Hg

Passiva

No Concentrao de Hg Acumulao especificado nas amostras coletadas continuao

43

Local de estudo

Espcie

Poluentes

Fonte da poluio Fontes termais e veculos

Monte Aminta, Toscana, Itlia.

Parmelia sulcata

Metais; Al, As, B, Cd, Cu, Fe, Hg, Mo, Pb, S, Sb e Zn Metais; Al, As, Ba, Be, Cd, Cr, Cu, Fe, Hg, Mn, Ni, Pb, Se, Te, V e Zn Metais; Al, As, Ba, Cd, Cr, Cu, Fe, Hg, Mn, Ni, Pb e V Compostos de S eN

Exposio da planta: passiva/ativa; Laboratrio/campo Passiva

Tempo de exposio

Parmetros analisados Concentrao dos elementos em amostras de liquens

Tipo de bioindicador: reao/acumulao Acumulao

10 localidades da regio NE da Itlia

Parmelia caperata; Xanthoria parietina Xanthoria parietina

No especificada

Passiva

1ano (parte jovem)

Concentrao de 16 metais em amostras da parte jovem do lquen e da parte velha Concentrao de metais nas amostras coletadas Mapeamento das spp de liquens; abundncia de spp; deposio de S (na estimativa; IAP).

Acumulao

Veneto, Itlia

Indstrias, veculos, agricultura No especificada

passiva

No especificado

Acumulao

Finlndia

Vrias spp

Passiva

10 anos

Reao

continuao

44

Local de estudo

Espcie

Poluentes

Fonte da poluio Termoeltrica a carvo

Megalpoles, Grcia

Anaptychia ciliares; lobaria pulmonaria; Ramalina farinacea

Metais: Cd, Ca, Cu, Fe, Mn, Pb, Zn e S total

Exposio da planta: passiva/ativa; Laboratrio/campo Passiva

Tempo de exposio No especificado

Parmetros analisados Concentrao de metais e S nas amostras; parmetros bioqumicos: pH dos tecidos; clorofila/ faeofitina, ptn totais; reduo dos aucares. Concentrao de elementos qumicos considerados no solo e em amostras Concentrao de 31 elementos qumicos

Tipo de bioindicador: reao/acumulao Reao e acumulao

Groenlndia

Cetraria nivatis

Metais: Pb, Cd, Hg, Zn, Cu, Cr, Ni, As, V, Al, Fe No especificada Metais: As, Cd, Cr, Ni, Pb, V, Zn, Hg

Solo e transporte de fontes distantes Transporte de poluentes de longas distncias Indstria, trfego

Passiva

No especificado

Acumulao

Sibria, Canad, Sirilanka, Alemanha. Provncia de Livorno, Itlia.

Usnea sp

Passiva

No especificado 1 ano

Acumulao

Xanthoria parietina

Passiva

Concentrao de Acumulao e metais nas amostras reao de liquens expostos, IAP. continuao

45

Local de estudo

Espcie

Poluentes

Fonte da poluio No especificado

Lower Silesia, Polnia.

Lasallia pustulata

SO2

Exposio da planta: passiva/ativa; Laboratrio/campo Passiva

Tempo de exposio No especificado

Parmetros analisados Radicais livres; Fe lll, Mn ll, concentrao nas amostras coletadas. Concentrao de S e composio isotpica de S nas amostras coletadas

Tipo de bioindicador: reao/acumulao Reao

Ilha de Newfoundland, Canad.

Alectoria sarmentosa

S

Transporte e deposio de poluentes

Passiva

No especificado

Acumulao

(Adaptado de CARNEIRO, 2004).

46 Anexo 2 ndice de AWKSWORTH et ROSE de estimativa da qualidade do ar na Gr- Bretanha e no Pas de Galles, a partir dos liquens encontrados sobre troncos de rvoresFaixas 0 Pleurococcus viridis limitado base do tronco 1 2 3 Pleurococcus sp estendendo-se sobre o tronco; Lecanora conizaeoides limitado a base. Lecanora conizaeoides estendendo-se sobre o tronco; Lepracia incana freqente na base. Hypogymnia physodes e/ou Parmelia sulcata aparecendo na base. Lecidea scalaris, Lecanora expallens e Chaenotheca ferruginea presentes. Hypogymnia physodes ou P. saxatilis presentes apenas a 2,5 m ou mais; P. glabratula, P. subrudecta, Parmeliopsis ambigua e Lecanora chlarotera presentes; Calicium viride, Lepraria candelaris, Pertusaria amara podem ser encontradas. Caso Ramalina farinacea e Evernia prunastri sejam encontradas, estaro limitadas a base; Plastismatia glauca podem ser encontradas na base dos galhos Parmelia caperata presente pelo menos na base, abundantes comunidades de Pertusaria (P. albescens, P. hymenea) e de Parmelia (P. tiliacea, P. exasperatula); Graphis elegans, Pseudevernia furfuradea e Alectoria fuscescen presentes nas regies montanhosas. Parmelia caperata, P. revoluta, P. tiliacea, P. exasperatula estendendo-se sobre o; presena de P. hemisphaerica, Usnea subfloridana, Rinodina roboris e Arthonia impolita. Usnea ceratina: Parmelia perlata ou P. reticulata presentes; Normandina pulchella e U. rubigena geralmente presentes. Lobaria pulmonaria, L. amplissima, Pachyphiale cornea, Dimerella lutea ou Usnea florida presentes ou liquens crustceos bem desenvolvidos geralmente com mais de 25 spp sobre as arvores iluminadas. Lobaria amplissima, L. scrobitulata, Sticia limbata, Pannaria sp., Usnea articulata, Usnea filipendula ou Teleschisyes flavicans. Aproximadamente 170 Aproximadamente 150 Aproximadamente 125 Aproximadamente 70 Espcies de Liquens Ausncia de epfitas SO2 (g.m3)

4

5

Aproximadamente 60

6

Aproximadamente 50

7

Aproximadamente 40 Aproximadamente 35 Aproximadamente 30

8

9

10

puro

(fonte users.skynet.be/laroseraie/lichens/accueil.htm)

47 Anexo 3 ndice VANHALUWYN et LEROND de estimativa da qualidade do ar para o Norte da FranaZONAS A B C Nvel de poluio Poluio extremamente forte Poluio muito forte Poluio bastante forte Espcies liqunicas Pleurococcus viridis (alga) Buellia punctata Lecanora conizaeoides Lecanora expallens Lepraria incana Diploicia canescens Lecidella elaeochroma Phaeophyscia orbicularis Physcia tenella Xanthoria polycarpa Candelariella xanthostigma Evernia prunastri Hypogymnia physodes Parmelia sulcata Physcia adscendens Physconia grisea Pseudevernia furfuracea Xanthoria parietina Parmelia acetabulum Parmelia caperata Parmelia glabratula Parmelia pastillifera Parmelia soredians Parmelia subaurifera Parmelia subrudecta Parmelia tiliacea Pertusaria amara Pertusaria pertusa Phlyctis argena Ramalina farinacea Ramalina fastigiata Xanthoria candelria

D

Poluio forte

E

Poluio moderada

F

Poluio fraca

G

Poluio muito fraca

Anaptychia ciliaris Parmelia perlata Parmelia reticulata Parmelia revoluta Physcia aipolia Physconia distorta (= pulverulacea) Ramalina fraxinea

(fonte users.skynet.be/laroseraie/lichens/accueil.htm).

48 Anexo 4 ndice La Roussaire de estimativa da qualidade do ar para a Blgica ndice da qualidade do ar Muito boa LIQUENS I Usnea spp Anaptychia ciliaris Ramalina fraxinea Boa Parmelia caperata Parmelia acetabulum Parmelia glabratula Ramalina fastigiata Ramalina farinacea Moderada Parmelia sulcata Evernia prunastri Xanthoria parietina Hypogymnia physodes Poludo Presena exclusiva de liquens crustceos II REAS III IV V VI Freqncia total

(fonte users.skynet.be/laroseraie/lichens/accueil.htm)

49 Anexo 5 Chave de histria de fogo utilizando liquens como bioindicadores do tempo desde o ltimo fogo para reas do cerrado denso de Braslia rea Conservao Ambiental Espcies Coccocarpia spp., Cladonia spp., Pyrrhosphora russula, Buellia muriocarpa, Lecanora myriocarpoides, Ochrolochia pallescens, Parmelinella versiformes, Parmelinopses horrescens. Todas as spp da rea 1 acompanhadas de Bulbothrix fungicola, B. isidiza, Canoparmelia amazonica, C. caroliniana. Bulbothrix fungicola, B. isidiza,B. suffixa, Canoparmelia amazonica, C. caroliniana, Chrysothrix spp. Todas as spp da rea 1 acompanhadas de Bulbothrix sensibilis, Chrysothrix candelaris. Bulbothrix fungicola, B. isidiza, Canoparmelia amazonica, C. caroliniana, Flavoparmelia amplexa, Rimelia reticulata.

1

Protegida de fogo

2a

Baixa freqncia de fogo

2b

Alta freqncia de fogo Fogo heterogneo com chamas de vrias alturas Fogo homogneo com chamas de alturas uniformes

3a

3b

(adaptado de MISTRY, 1998c).

50 Referncias Bibliogrficas Amaral, D. M. & Piubeli, F. A. 2003. A Poluio Atmosfrica Interferindo na Qualidade de Vida da Sociedade. Disponvel em www.simpep.feb.unesp.br/anais10/gestaoambiental/arq01.PDF. Acesso em 02/03/2005 Antunes, A. M. 1998. Estudo biogeogrfico de lquens como indicadores de poluio do ar em trs setores da cidade de Bauru-SP. Dissertao de Mestrado, Instituto de Geocincias e Meio Ambiente, Universidade Estadual Paulista, So Paulo, 130pp. Bibeau, S. & Chevalier, G. 2003. Distribution gographique des lichens Montral et taux d'hospitalisation pour problmes respiratoires chez les enfants. Travail et Saint. Volume 18, nmero 4, p. 15-18 Blandin, M. E. 2004. Utilisation des bio-indicateurs pour la surveillance des missions et des risques. Ed Caractere SAS Aurillac, Canad, 217 pp. Brigden, K., et all. 2000. Poluio por organoclorados e metais pesados associada ao fundidor de ferro da Gerdau em Sapucaia do Sul, Brasil. Disponvel em http://www.greenpeace.org.br/toxicos/pdf/gerdau_sum_exec.pdf. Acesso em 17/04/2005. Carneiro, R. M. A. 2004. Bioindicadores vegetais da poluio atmosfrica: uma contribuio para a sade da sociedade. Dissertao de Mestrado, Escola de Enfermagem de Ribero Preto, Universidade de So Paulo Ribero Preto 169 pp. Constncio, N. S. 2002. Estudo de Ecologia Urbana: Os liquens como indicadores de poluio do ar da cidade de Curitiba/PR, Cincia Hoje, 29(115): 53-58. Delfosse, P. et all, 2004. Lichens et les bio-indicateurs. users.skynet.be/laroseraie/lichens/accueil.htm. Acesso em 17/04/2005. Disponvel em

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