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Uni-ANHANGUERA CENTRO UNIVERSITRIO DE GOIS CURSO DE CINCIAS BIOLGICAS

USO DA HERPETOFAUNA COMO BIOINDICADORES

GILVAN BORGES DE SOUZA

Goinia Outubro/2011

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TERMO DE APROVAO GILVAN BORGES DE SOUZA USO DA HERPETOFAUNA COMO BIOINDICADOR Trabalho de concluso de curso apresentado banca examinadora como requisito parcial para obteno do Titulo de Bacharelado e Licenciatura em Cincias Biolgicas do Centro Universitrio de Gois Uni ANHANGUERA, defendido e aprovado em ___ de ______________de __________ pela banca examinadora constituda por:

_______________________________________________ Prof MSc Marisa Costa Amaral

_______________________________________________ Prof MSc Cinthya Aparecida Arossa Alves Soares

_______________________________________________ Prof Dr Lindomar Guedes Freire Filha

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GILVAN BORGES DE SOUZA

USO DA HERPETOFAUNA COMO BIOINDICADORES

Trabalho de concluso do Curso de Cincias Biolgicas do Centro Universitrio Uni ANHANGUERA, sob a orientao da prof MSc Marisa Costa Amaral, como requisito parcial para obteno do titulo de Bacharel e Licenciatura em Cincias Biolgicas.

Goinia Outubro/2011

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AGRADECIMENTOS

Agradeo a Deus primeiramente, pela fora que me foi dada para continuar nos momentos difceis, depois a minha esposa e aos meus familiares que acreditaram e de alguma forma ajudaram-me nesta conquista, a minha

orientadora prof MSc Marisa Costa Amaral pela pacincia e credibilidade na realizao deste trabalho.

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Dedico meu trabalho a Roberta minha amada e querida esposa por estar ao meu lado nos momentos difceis, pela confiana e credibilidade que depositou em mim, aos meus pais e minha irm, amigos e familiares que de alguma forma contriburam para a realizao deste pequeno passo em minha vida, tambm dedico ao meu tio e ao meu padrinho (In memoriam), Alfredo e Haroldo que tenho certeza onde estiverem torcem e esto vibrando com minha conquista.

6

Aquele que tem autoconhecimento e conhece tambm o inimigo estar sempre a salvo. Aquele que possui conhecimento apenas autoconhecimento pode tanto ganhar quanto perder. J aquele que desconhece tanto a si mesmo quanto a seus inimigos, sucumbir a todas as batalhas. Sun Tzu

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LISTA DE ABREVIATURAS

Ago. Agosto; AIAs. Avaliao de Impacto Ambiental; Dez. Dezembro; EIAs. Estudos de Impacto Ambiental; Out. Outubro.

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LISTA DE SMBOLOS E SIGLAS

SBH. Sociedade Brasileira de Herpetologia.

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ResumoA necessidade de ferramentas para execuo dos Estudos de Impactos Ambientais (EIAs) demonstra que o uso dos bioindicadores torna-se indispensveis. Partindo da definio e caracterizao dos bioindicadores, verifica-se que membros pertencentes herpetofauna contribuem para tais fins, levantando a possibilidade do uso dos recursos herpetofaunsticos como agentes bioindicadores para dar eficcia e agilidade no que refere-se aos Estudos de Impactos Ambientais (EIAs) e nas Avaliaes de Impactos Ambientais (AIAs).

PALAVRAS-CHAVE: Avaliao de Impactos Ambientais Legislao Degradao Ambiental - Biodiversidade

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Abstract

The tools required to perform the Environmental Impact Studies (EIA ) shows that the use of biomarkers becomes indispensable. Based on the definition and characterization of bio-indicators, it appears that members belonging to the herpetofauna contribute to these ends, raising the possibility of using resources as agents herpetofaunsticos bioindicators to provide efficiency and flexibility in relation to the Environmental Impact Studies (EIAs) and the Environmental Impact Assessments (EIAs ).

KEY WORDS: Environmental Assessment - Legislation - Environmental Degradation Biodiversity.

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DECLARAO E AUTORIZAO

Eu, Gilvan Borges de Souza, portador (a) da Carteira de Identidade n 2 171 243 emitida pela Secretaria Segurana Pblica, inscrito (a) no CPF sob n 011.369.361-30, residente e domiciliado na rua Napols Quadra 66 Lote 04 Bairro Jardim Europa. Goinia-GO, telefone (0**62) 3247-2825 e (0**62) 9314-3185, e-mail: [email protected], declaro, para os devidos fins e sob pena da lei, que o Trabalho de Concluso de Curso: USO DA HERPETOFAUNA COMO BIOINDICADORES de minha exclusiva autoria. Uni

Autorizo

o

Cento

Universitrio

de

Gois,

ANHANGUERA

a

disponibilizao do texto integral deste trabalho na biblioteca (consulta e divulgao pela internet, estando vedadas apenas a reproduo parcial ou total, sob pena de ressarcimento dos direitos autorais e penas cominadas na lei).

Gilvan Borges de Souza

Goinia (GO), ______de Novembro de 2011

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SUMRIO

1 2

INTRODUO OBJETIVOS

01 02 02 02 03 04 04 05 06 07 08 09 10 12 14 17 20 22 25 28

2.1 Geral 2.2 Especificos 3 MATERIAIS E MTODOS 4 REFERENCIAL TERICO 4.1 IMPACTOS AMBIENTAIS 4.2 Tipos de impactos ambientais 4.3 Legislao Brasileira 5 BIOINDICADORES 5.1 Caractersticas dos bioindicadores 5.2 Tipos de bioindicadores 5.3 Uso da fauna como bioindicador 6 Herpetofauna 6.1 Anfbios 6.2 Rpteis 7 CONSIDERAES FINAIS REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ANEXOS GLOSSRIO

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1 INTRODUOO aumento alarmante das atividades antrpicas sobre o meio ambiente vem contribuindo para a reduo da qualidade ambiental e consequentemente compromete a sade dos seres vivos que encontram-se nos mais variados ecossistemas. Os efeitos sobre a fauna incluem desde alteraes fisiolgicas, at a morte de populaes, provocando desequilbrio na estrutura da comunidade biota. O estudo de impacto ambiental (EIA) uma das ferramentas utilizadas para atestar as condies de determinadas regies ou na implantao de empreendimentos. Munn (1979), em sua definio de impacto ambiental, diz que uma alterao pode ser natural ou induzida pelo homem, onde um efeito induzido pelo homem e um impacto inclui um julgamento do valor da significncia deste efeito. Tcnicas de avaliao destes impactos vm sendo utilizadas atravs de agentes bioindicadores, os quais pertencem a diferentes nveis de organizao biolgica, fornecendo importantes informaes para tais estudos. Os agentes bioindicadores contribuem atravs de observaes e avaliaes de uma resposta a um contaminante ambiental a nvel de espcie e/ou grupos de espcies, indicando algum tipo de mudana e alterao no organismo. Estudos relacionados aos agentes bioindicadores podem determinar o impacto produzido sobre um organismo, comunidade, habitat e ecossistema, alm de auxiliar na elaborao de projetos e no monitoramento de reas que esto em processo de restaurao ou recuperao. A utilizao de bioindicadores nos programas de estudo de avaliao de impactos ambientais, proporciona e contribui para uma melhor compreenso desses impactos. Contudo o uso de agentes bioindicadores pode ser associado fauna da regio a ser estudada para obteno de respostas das perturbaes ambientais. Conforme Azevedo (2005) muitos animais tem sua histria de vida associada a alguma caracterstica importante do habitat. Assim sendo, o uso de organismos pertencentes a herpetofauna, por apresentarem uma alta sensibilidade e grande endemismo, justifica a importncia de sua utilizao para estudos de impactos ambientais.

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2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo GeralRealizar o levantamento bibliogrfico dos estudos referentes a bioindicadores e como a herpetofauna pode contribuir para os Estudos de Impactos Ambientais (EIAs).

2.2 Objetivos Especficos Levantar a importncia dos estudos referentes ao uso de bioindicadores em Estudos de Impactos Ambientais (EIAs) Demonstrar os tipos de bioindicadores Demonstrar o uso da herpetofauna como bioindicadores

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3 MATERIAIS E MTODOSPesquisadores como Canter (1977) e Munn (1979), contriburam sobre os Estudos de Impactos Ambientais (EIAs). Contudo, para a obteno rpida de resultados, novas ferramentas se veem necessrias, sendo assim, contribuies de Azevedo et. al., (2005) sobre estudos referentes aos agentes bioindicadores e ao uso da fauna como tal, so considerados imprescindveis para realizaes de Avaliaes de Impacto Ambiental (AIA). Da mesma forma Lemos et. al., (2010), caracterizaram os bioindicadores e os classificaram em seus estudos em tipos especficos auxiliando cada vez mais na elaborao das avaliaes de impactos ambientais (AIAs). Para compor o presente estudo foram utilizados como base de estudo, livros e artigos cientficos.

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4 REFERENCIAL TERICO

4.1 Impactos Ambientais Conforme apresentado nos objetivos, para se compreender a importncia dos estudos referentes aos agentes bioindicadores, informaes adicionais sobre impactos ambientais (EIAs), legislao brasileira, fauna e caracterizao da herpetofauna (rpteis e anfbios), devem ser apresentadas. A partir do que o caput do art 225/88 da Constituio Federal diz:Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo -se ao poder publico e coletividade o dever de defend-lo e preserva-lo para as presentes e futuras geraes.

Alguns princpios devem ser levados em questo antes de adentrar no assunto do que so impactos ambientais e suas definies, assim dando um maior entendimento sobre o assunto a ser abordado. Barreira (2002, p 48) em seus estudos cita o princpio da preveno onde:

Para proteger o meio ambiente, medidas de precaues devem ser largamente aplicadas pelos Estados segundos suas capacidades. Em caso de risco de danos graves ou irreversveis, a ausncia de certeza absoluta no deve servir de pretexto para procrastinar* a adoo de medidas efetivas visando prevenir a degradao do meio ambiente.

O princpio acima citado demonstra a exigncia constitucional para o estudo de impacto ambiental. No inciso IV do 1 do art 225 da Constituio Federal, relata que deve-se exigir, na forma da lei, para instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradao ao meio ambiente, estudo prvio de impacto ambiental , sendo que o objetivo central do EIA evitar que se revele posteriormente nefasto e catastrfico a instalao da mesma. Sanchez (2008, p.28) cita a norma da NBR ISO 14.001: 2004 que define impacto ambiental como qualquer modificao do meio ambiente, adversa ou benfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou servios de uma organizao. Outros autores que abordam o assunto definem de formas diferentes, porm cada um tem um olhar a complementar o outro.

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Qualquer alterao no sistema ambiental fsico, qumico, biolgico, cultural e socioeconmico pode ser atribuda s atividades humanas (CANTER, 1977). Diefy (1985) diz que impacto ambiental pode ser visto como parte de uma relao causa efeito. Do ponto de vista analtico, o impacto ambiental pode ser considerado como a diferena entre condies ambientais que existiriam com a implantao do projeto proposto e as condies ambientais que existiriam sem essa ao. Munn (1979) em sua concepo, diz que uma alterao pode ser natural ou induzida pelo homem, um efeito uma alterao induzida pelo homem e um impacto inclui um julgamento do valor da significncia de um efeito. Horberry (1984, p.86) de certa forma assemelha-se com a descrio realizada por Munn, porm, o mesmo define da seguinte forma:Impacto ambiental a estimativa ou o julgamento do significado e do valor do efeito ambiental para os receptores natural, socioeconmico e humano. Efeito ambiental a alterao mesurvel da produtividade dos sistemas naturais e da qualidade ambiental, resultante de uma atividade econmica.

Motta (2010) define impacto ambiental como resultado da liberao de poluentes no ambiente, provocando poluio. As definies seguem um consenso onde impacto ambiental caracterizado por uma alterao ou dano ao meio ambiente causado por agentes antrpicos ou abiticos, seja a alterao antrpica causada para implantao de projetos empreendedores ou pela degradao que venha a causar ao meio ambiente e pela ao abitica podendo estar relacionada a fatores naturais, como o caso das mudanas climticas.

4.2 Tipos de Impactos Ambientais Os impactos ambientais podem ser classificados quanto ao seu tipo, sendo que cada tipo tem uma definio e apresenta uma caracterstica prpria auxiliando assim nos estudos de impactos ambientais. Barreira (2002) classifica da seguinte forma: impacto positivo ou benfico, impacto negativo ou adverso, impacto direto, impacto indireto, impacto local, impacto regional, impacto estratgico, impacto imediato, impacto de mdio e longo prazo, impacto temporrio e impacto permanente. Caracterizando-os da seguinte forma: Impacto positivo ou benfico: quando a ao resulta na melhoria da qualidade de um fator ou parmetro ambiental;

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Impacto negativo ou adverso: quando a ao resulta em danos a qualidade de um fator ou parmetro ambiental; Impacto direto: quando resulta de uma simples relao causa e efeito, tambm chamado de impacto primrio; Impacto indireto: quando uma ao secundaria em relao ao ou quando parte de uma cadeia de reaes; Impacto local: quando a ao afeta somente o prprio sitio; Impacto regional: quando o efeito se propaga por uma rea e suas imediaes; Impacto estratgico: quando afetado um componente ou recurso ambiental de importncia coletiva ou nacional; Impacto imediato: quando o efeito surge no instante em que se da ao; Impacto a mdio e longo prazo: quando o efeito se manifesta depois do decorrido tempo aps a ao; Impacto temporrio: quando o efeito permanece por um tempo determinado; Impacto permanente: quando, uma vez executada ao, os efeitos no cessam de se manifestar, num horizonte temporal conhecido. Conforme os tipos de impactos pode-se entender a importncia dos estudos referentes temtica abordada e como a busca por novos mtodos de estudos podem auxiliar.

4.3 Legislao Brasileira No Brasil, a legislao ambiental considerada uma das mais severas do mundo, onde os estudos relacionados aos impactos ambientais seguem critrios e normas especficas, sendo que o mesmo ocorre em processos para elaborao de EIAs. Conforme a citao de Sirvinskas (2009) Resoluo do Conama n 1/86, art 1:Qualquer alterao das propriedades fsicas, qumicas ou biolgicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente afetem:

I. II. III. IV.

a sade, a segurana e o bem estar da populao; as atividades sociais e econmicas; as condies estticas e sanitrias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais.

O estudo de impacto ambiental desenvolver no mnimo, as seguintes atividades tcnicas:

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I - diagnstico ambiental da rea de influncia do projeto com completa descrio e analises dos recursos ambientais e suas interaes, tal como existem de modo a caracterizar a situao ambiental da rea. b) o meio biolgico e os ecossistemas naturais a fauna e flora, destacando as espcies indicadoras da qualidade ambiental, de valor cientfico e econmico, raras e ameaadas de extino e as reas de proteo permanente. (Resoluo do Conama n1/86 art 6)

Analisando a referida Resoluo verifica-se que espcies indicadoras de qualidade ambiental, os chamados bioindicadores, so de extrema importncia nos estudos de impactos ambientais, auxiliando na obteno dos resultados sobre os impactos de uma determinada regio, a qual sofreu ou que venha a sofrer pela implantao de algum empreendimento, ou pela mudana ambiental que possa ser causada pela ao antrpica.

5 Bioindicadores

Define-se de acordo com o glossrio ambiental que bioindicadores so:Espcies de animais e vegetais que indicam precocemente a existncia de modificaes biticas e abiticas de um ambiente. So organismos que ajudam a detectar diversos tipos de modificaes ambientais antes que se agravem e ainda a determinar qual o tipo de poluio que podem afetar um ecossistema.

Conforme Almeida (2010) os bioindicadores so organismos ou comunidades, cujas funes vitais se correlacionam to estreitamente com determinados fatores ambientais, que podem ser empregados como indicadores na avaliao de uma dada rea, fornecendo informaes sobre alteraes da qualidade ambiental. Segundo Lemos et. al. (2010), os bioindicadores so fatores biticos empregados para o reconhecimento das condies de ecossistemas. Tendo em vista que fatores abiticos e aes antrpicas esto alterando o meio. Ao analisar as definies de bioindicadores que so organismos presentes em ecossistemas e que apresentam sensibilidade a mudanas ambientais, seja por ao antrpica ou abitica, oferecem um panorama da realidade do local a ser avaliado, caracterizando-se a presena de bioindicadores em negativo ou positivo, de acordo com as modificaes ambientais que ocorreram. Brando (2002) comenta em seu trabalho que um bom organismo bioindicador tem que atestar rapidamente o grau de conservao do meio onde se encontra, caracterizando de forma rpida quais as medidas de manejo para a conservao.

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Os

bioindicadores

segundo

Linde

et.

al.

(2007),

so

de

importncia

imprescindvel, pois fornecem sinais rpidos sobre problemas ambientais, mesmo antes do homem saber sua ocorrncia e amplitude. Valle et. al. (2009, p. 6), cita sobre a temtica que:

A utilidade dos bioindicadores indiscutvel no planejamento de reas de conservao, pois tais espcies fazem parte de uma realidade ecolgica que ocorre quando o habitat est preservado, de forma que reas com vrias espcies indicadoras (de diversos nveis taxonmicos) devem ser prioritrias para conservao.

A partir do conhecimento sobre a definio dos bioindicadores e sua importncia em EIAs, outros aspectos servem de base como as caractersticas das espcies bioindicadoras e a classificao dos tipos de bioindicadores.

5.1 Caractersticas dos bioindicadores

Para uma caracterizao dos melhores organismos bioindicadores (LEMOS et. al., 2010, p 07), deve-se analisar os seguintes tpicos:

limites de tolerncia estreitos sensveis a pequenas mudanas ambientais; abundncia; identificao fcil e rpida; bem conhecidos (biologia e ecologia); pouca mobilidade em relao a rea estudada. Linde et. al., (2007) em seus estudos aponta duas principais caractersticas:

Permitem identificar as interaes que ocorrem entre os contaminantes e os organismos vivos; Possibilitam a mensurao de efeitos sub-letais.

Linde et. al., (2007) afirma que a segunda caracterstica possibilita, por em prtica aes remediadoras e melhor ainda aes preventivas rpidas e eficazes, levantando

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importncia na incorporao dos bioindicadores em programas de avaliao da contaminao ambiental. Outra caracterizao dos agentes bioindicadores de Azevedo et. al. (2005), onde so espcies ou grupos taxonmicos superiores com caractersticas (como presena/ausncia; densidade populacional, disperso, sucesso reprodutivo) oferecendo uma medida barata e integrada do status da sade de um ecossistema.

5.2 Tipos de bioindicadores

Lemos et. al. (2010, p. 6) classifica os bioindicadores em sentinelas, detectores, exploradores, acumuladores, bio-ensaio e sensveis. Sentinelas introduzidas para indicar nveis de degradao e prever ameaas ao ecossistema; Detectoras so espcies locais que respondem a mudanas ambientais de forma mensurvel;

Exploradoras reagem positivamente a perturbaes; Acumuladoras permitem a verificao de bio acumulao; Bio-ensaio usadas em experimentos; Sensveis modificam acentuadamente o comportamento.

A pesquisadora Medina (2010, p. 01) em seus estudos define os indicadores ambientais da seguinte forma: Espcies indicadoras da sade do ambiente: usadas para acessar efeitos de poluentes ou processos do ecossistema e condies ambientais fsicas em organismos. Pode ser uma nica espcie ou uma guilda. Normalmente so invertebrados como, por exemplo, os filtradores, que acumulam poluentes em determinados tecidos; Espcies indicadoras de populaes: Usadas tambm para indicar se um

determinado habitat apropriado para outros membros da mesma guilda; Espcies indicadoras de biodiversidade: a riqueza dentro de uma taxa pode ser

usada para estimar a riqueza (biodiversidade) de outros taxa mais difceis de medir, e por consequncia, de uma regio;

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Espcies guarda-chuva: usada para especificar o tamanho e tipo de habitat a ser protegido, a fim de acolher outras espcies; Espcie bandeira: carismtica para o pblico, usada como propaganda para proteger determinada rea, que proteger outras espcies menos conhecidas e/ou carismticas e seus habitats.

Os tipos de bioindicadores podem ser utilizados em diferentes reas de estudos e sua aplicao em diferentes tipos de anlises dos impactos que o meio ambiente est sofrendo ou como o mesmo est respondendo a projetos de restruturao de reas que sofreram impactos anteriores.

5.3 Usos da fauna como bioindicador Os animais tem uma longa histria na avaliao das respostas de ecossistemas s perturbaes ambientais (Azevedo, et al, 2005, p. 14 apud Rosenberg e Resh, 1993; Spellerberg, 1993; Mackenzie et al., 1995). Conforme estudos histricos, canrios eram utilizados dentro de minas de carvo como indicadores da presena de gases sem cheiro, alguns deles letais como o caso de metano e monxido de carbono. O uso dos bioindicadores vem se expandindo, pois se tornou uma ferramenta de grande contribuio para estudos e anlises de impactos ambientais. Desta forma, no excluiu o uso da fauna como bioindicador, tendo representantes em todo reino Animalia, podendo-se utilizar animais microscpicos ou macroscpicos. Conforme Azevedo et. al. (2005), muitos animais tem sua histria de vida associada a algumas caractersticas importantes do habitat (presena de ambientes aquticos, umidade, cobertura vegetal, refgios). Azevedo et. al. (2005) em seus estudos, afirma que bons bioindicadores devem ser mais fceis de medir do que as estruturas dos ecossistemas, devendo fornecer informaes teis sobre taxas e processos ecolgicos antes que impactos nocivos de intervenes tornemse completamente aparente. A grande biodiversidade existente no Brasil faz com que este seja interpretado como reservatrio natural de espcies, com inmeros elementos raros de fauna e flora (VALLE et. al., 2010).

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Por este motivo, no de se estranhar que o estudo dos bioindicadores tenha tomado tamanha proporo dentro do reino Animalia. Valle et. al. (2010 p. 5) em seus estudos diz que:

Devido complexidade dos sistemas naturais, simples compreender o papel que as espcies desempenham na funcionalidade dos ecossistemas e at que ponto as diferentes espcies podem sobrepor na sua contribuio e funo particular de um ecossistema, podendo ser possvel identificar grupos de espcies que desempenham papeis mais relevantes no funcionamento de um dado ecossistema.

Carvalhal et. al. (2009, p. 2) em seus estudos, divide a fauna em dois grupos de acordo com o grau de exigncia, sendo generalistas e especialistas: Os generalistas so poucos exigentes, apresentam hbitos alimentares variados, altas taxas de crescimento e alto grau de disperso. Estes fatores permitem estes animais viverem em reas de vegetao mais aberta ou matas secundarias. So chamados de generalistas por causa do alto grau de tolerncia e a capacidade de aproveitar eficientemente diferentes recursos oferecidos pelo ambiente. Os especialistas, ao contrario dos primeiros, so extremamente exigentes quanto aos habitats que ocupam. So animais que vivem em reas de florestas primarias ou secundarias em alto grau de regenerao, apresentando uma dieta bastante especifica. Para este grupo, a alterao do ambiente pode significar sua extino, pois necessitam de tais reas para sobreviverem, sendo que estes impactos podem ocasionar a impossibilidade de encontrar um parceiro para reproduo, havendo desta forma um grande declnio populacional que os levam a extino. Conforme a descrio observa-se uma grande importncia dos membros pertencentes fauna em relao aos bioindicadores. A fauna possui diferentes reas de estudo podendo ser classificadas em Mastofauna (estudo de mamferos), Ictiofauna (estudo de peixes), Ornitofauna (estudo de aves), Entomofauna (estudo de invertebrados/insetos) e herpetofauna (estudo de rpteis e anfbios).

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6 Herpetofauna

A herpetofauna constituda pelas classes Anphibia e Reptilia que juntas possuem cerca de 14.000 mil espcies no mundo. No Brasil, existem atualmente 1596 espcies, sendo 875 de anfbios e 721 de rpteis, conforme lista da SBH (Sociedade Brasileira de Herpetologia, 2010), dado esse que transforma o pas em um dos maiores bancos de biodiversidade de herpetofauna do mundo. A riqueza de espcies e abundncia de anfbios e rpteis correlaciona-se s caractersticas dos habitats, exemplo a umidade e espessura de serapilheira (MENDONA et. al., 2002). Domenico (2008, p. 1) ao realizar estudos sobre a herpetofauna, comenta que o nvel de conhecimento acerca da biologia e da diversidade de anfbios e rpteis no Brasil insatisfatrio e as parcelas significativas de ecossistemas restantes foram pouco estudadas. Estudos de Moura-Leite et. al., (1993, p. 4) impem algumas condies para a utilizao da herpetofauna como bioindicadores, devido ao curto espao de tempo que se tem para elaborao dos EIAs, caracterizando-os por sua presena, sendo: Presena de forma estenicas: profundamente dependentes do meio em que vivem, estas formas no toleram grandes alteraes ambientais, sendo, portanto, indicadoras de primitividade ambiental; Presena de formas endmicas: uma determinada formao vegetacional ameaada pode comprometer profundamente estes componentes faunsticos. A presena destas formas, em geral estenicas, um dos fortes indcios de primitividade do ecossistema; Presena significativa de formas arborcolas: em regies florestadas, estas formas compreendem parte relevante da comunidade herpetofaunstica local. A presena destas formas e sua abundncia so, portanto, indicadores do nvel de preservao destas formaes; Ocorrncia de espcies de grande porte: por serem normalmente alvo de ao predatria humana, estas espcies, quando presentes em populaes naturais e estabelecidas, sendo prprias das reas e com atividade reprodutiva normal (onde observa-se indivduos em diferentes estgios de desenvolvimento), indicam que a presso antrpica sobre as comunidades animais no ocorre de maneira intensa. Esta presso traduz-se tanto em ao cintica e predatria quanto na ocupao de habitat, o que resulta na perda significativa de seu espao domiciliar (home-range);

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Predominncia de espcies sinantrpicas e aloantrpicas: em geral, formas estenicas no toleram a presena humana (quando esta se traduz na alterao do ambiente), sendo, portanto caracterizadas como aloantrpicas. Por outro lado, diversas espcies utilizam o ambiente alterado perfeitamente bem, podendo, inclusive aumentar suas populaes nesta situao, em virtude de uma maior oferta alimentar e ausncia de predadores e/ou competidores. A predominncia destas formas (sinantrpicas), com populaes abundantes, indicio de que determinado ambiente encontra-se profundamente alterado. Predominncia de espcies oportunistas: estas espcies, geralmente com hbito alimentar generalistas e ubquitas em relao utilizao do habitat, podem, em situaes de alterao ambiental, aumentar significavelmente suas populaes, em detrimento de outras com menor potencial de explorao caracterizam-se como periantrpicas; Ocorrncia de espcies peonhentas: esta situao denota maior preocupao em termos de sade pblica do que em relao caracterizao ambiental. Entretanto, grandes partes das espcies peonhentas ocorrentes particularmente no sul do Brasil apresentam carter oportunista, estando, portanto, presentes em diversas situaes onde se observa significativa alterao ambiental. Exemplo o caso da Caudisona durissa (ANEXO A) que, em reas de agricultura intensiva, vem expandindo suas populaes, em virtude de uma maior oferta alimentar (roedores) e ausncia de cobertura florestal, o que ocasiona um microclima mais seco e a diminuio de competidores. Presena de espcies ameaadas de extino: a presena desses animais denota maior preocupao em termos de conservao de suas populaes por si s, e como consequncia da comunidade faunstica como um todo. Nestes casos, deve-se efetuar uma descrio de cada um, ainda que sucintamente. Diferentemente do que se observa em aves e mamferos, a lista de rpteis ameaados de extino no pas incipiente. Tal fato no se deve a um estado de otimizao de suas populaes, mas sim de uma carncia de informaes sobre as mesmas. Empiricamente, pode-se afirmar que grande nmero de espcies encontra-se sob este risco, o que determina um imediato estudo de caso. Porm vrios pesquisadores renomados defendem a utilizao da herpetofauna como agentes bioindicadores. Bradford, et, al. (1993) sugere que a herpetofauna altamente sensvel a fragmentao de habitats, satisfazendo assim a utilizao dos mesmos como agentes bioindicadores. do ambiente. Em geral espcies oportunistas

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6.1 Anfbios

Os anfbios surgiram a cerca de 360 milhes de anos no perodo Devoniano, sendo os primeiros animais vertebrados terrestres, evoluram a partir de um grupo de peixes pulmonados com nadadeiras lobadas, posteriormente dando origem aos rpteis no perodo cambriano (SANTO, 2008). Santo (2008) caracteriza os anfbios como animais de pele fina e mida, na qual no ocorrem pelos ou escamas externas. So animais incapazes de manter a temperatura de seu corpo constante por mecanismos externos, por isso so chamados animais de sangue frio ou pecilotrmicos. A pele fina, rica em vasos sanguneos e glndulas, permitem que os mesmos a utilizem na respirao, absoro de gua e defesa. Quando esto com "sede", os anfbios encostam a regio ventral de seu corpo na gua e a absorvem pela pele. As glndulas em sua pele so de dois tipos: mucosas, que produzem muco e serosas, que produzem veneno. Todo o anfbio produz substncias txicas, mas existem espcies mais e menos txicas e os acidentes com humanos somente acontecero se tais substncias entrarem em contato com nossas mucosas ou sangue. Podem ser aquticos ou terrestres. As formas aquticas respiram atravs de brnquias, da pele ou pelos pulmes. As terrestres respiram geralmente tanto atravs dos pulmes quanto pela pele. Alimentam-se de minhocas, insetos, aranhas e de outros vertebrados como anfbios e pequenos mamferos. A reproduo dos anfbios ocorre atravs de ovos que originam uma larva e posteriormente um adulto pelo processo de metamorfose. Seus ovos so depositados em locais midos ou na gua, pois no possuem casca para proteg-los da dessecao. Existem excees a essa regra, com ocorrncia de muitos animais vivparos. Em geral, no existe cuidado prole. Atualmente so divididos em trs grupos: os sapos, rs e pererecas (Anuras), as salamandras (Caudata) e as Ceclias (Apoda). A classe Amphibia divide-se em trs ordens sendo elas (SBH, 2010): Urodela (caudata): tetrpodes com cauda e aspecto de lagartos ex: Bolitoglossa paraenses (Unterstein, 1930); Anura: tetrpodes com corpos curtos e sem cauda, em sua maioria apresentam metamorfose completa, mais algumas espcies j saem do ovo na forma adulta no

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apresentando metamorfose ex: Phyllomedusa azurea (Cope, 1862), Physalaemus cuvieri (Fitzinger, 1826), Rhinella veredas (Brando, Maciel & Sebben, 2007); Gymnophiona (apoda): anfbios sem patas ex: Chthonerpeton noctinectes (da Silva, Britto-Pereira & Caramaschi, 2003).

Os anuros (sapos, rs, pererecas) so muito utilizados em estudos de partilha de recursos, devido a sua grande diversidade. O Brasil apresenta uma fauna de anfbios com grande diversidade, sendo conhecidas atualmente segundo a Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH) 875 espcies de anfbios, onde 847 Anuros, 1 Caudata, 27 Gymnophionas. Para o bioma Cerrado a anurofauna conta hoje com 141 espcies de anfbios onde 41 destas endmicas. (VALLE et. al., 2010. p. 6)

O Brasil lder mundial em diversidade de anfbios conforme estudos de Miguel et. al., (2007) onde sua diversidade distribui-se da seguinte forma: 3 ordens, 13 famlias e 98 gneros. Tendo em vista estas informaes verifica-se a importncia dos estudos da Anurofauna como excelentes agentes bioindicadores, pois so animais extremamente

sensveis s alteraes na qualidade ambiental. Silva (2008) aponta os anfbios como bons bioindicadores devido suas caractersticas fisiolgicas:

Ciclo de vida ligado a vrios componentes ambientais; Ovos expostos a agentes ambientais externos; Larvas (girinos) viventes nas guas e herbvoras; Adultos viventes na terra, porm altamente dependente de locais midos e recursos hdricos .

Vieira (2010) caracteriza os anfbios como bioindicadores devido apresentarem seu ciclo de vida bifsico, adaptaes fisiolgicas especializadas, pele semipermevel, microhabitats especficos, alta sensibilidade s mudanas climticas e declnio relevante s alteraes ambientais. Os anfbios apresentam alto grau de endemismo. Na prtica, isso significa que vrias espcies vivem apenas em reas restritas com condies ambientais especficas. O pesquisador Sinsch (1990) em seus estudos demonstra que os anfbios por apresentarem uma forte fidelidade local e uma limitada capacidade de disperso, dependem de regimes de umidade que podem ser alterados pela fragmentao.

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Brando

(2002)

explica

que

devido

as

suas

caractersticas

fisiolgicas,

principalmente as relacionadas pele, os anfbios so suscetveis contaminao qumica das guas ou aos desmatamentos. Em estudos realizados por Miguel et. al. (2007) nota-se que devido alta sensibilidade dos anfbios, o aumento na poluio e degradao de habitats e micro habitats tornam inevitveis os declnios da biodiversidade existente. Em seus estudos, Bertoluci (2006, p. 364) diz A complexidade de suas interaes nas comunidades e a facilidade de estudos torna-os sensveis da qualidade ambiental, respondendo rapidamente aos fatores externos. Santo (2008, p. 3) em seu trabalho explica que:

Os anfbios, ao contrrio do que se possa pensar, tm seus pontos fracos. O mais notvel a respirao pela pele, que os torna timos bioindicadores das condies do ambiente, mas pode lev-los morte. Qualquer poluio do ar ou da gua os afeta. Por isso, quando o meio em que vivem est sendo degradado, eles so os primeiros a dar o alarme. Se algo est prejudicando os anfbios, provavelmente afetar outros animais e at mesmo o homem.

Os anfbios so indicadores particularmente efetivos, quando se trata de alteraes em ambientes aquticos. Os pesquisadores Silvano & Pimenta (2003, p. 1) dizem:Pelo fato dos anfbios serem abundantes e funcionalmente importantes em muitos habitats terrestres e aquticos em regies tropicais, subtropicais e temperadas, eles so componentes significantes da biota. Vrias espcies possuem ampla distribuio e potencialmente servem de espcies -chave para avaliao de mudanas no ambiente.

Anfbios de uma forma peculiar servem como agentes bioindicadores, devido os aspectos caractersticos de sua fisiologia. Segundo Brando & Arajo (1998) estudos apontam que animais pertencentes classe amphibia sofrem com os impactos por serem altamente sensveis s variaes climticas e degradao ambiental. Contudo, ainda h poucos estudos no bioma cerrado, porm o mesmo demonstra grande potencial ainda a ser descoberto. Para Vieira (2010) o que transforma os anfbios em excelentes bioindicadores alm das suas caractersticas fisiolgicas, a abundncia, a facilidade de amostragem, o baixo custo para realizao dessa amostragem e a resposta rpida e previsvel ao estresse ambiental. Em estudos Mittermeier et. al., (1997) diz que o Brasil apresenta a maior riqueza, e a segunda maior diversidade biolgica de anfbios do mundo.

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O pesquisador Miguel et. al., (2007) relata que sendo o Brasil detentor da maior diversidade de anfbios conhecida importante que medidas eficazes sejam tomadas visando sua preservao.

6.2 Rpteis

Os rpteis surgiram a partir de ancestrais de anfbios, a cerca de 340 milhes de anos, diferindo em dois aspectos quando comparado aos anfbios, que a pele recoberta por escamas e seca que os auxiliam na proteo e perda excessiva de gua e provavelmente mais importante a sua reproduo por um ovo constitudo por lquido amnitico. A Classe Reptilia formada por aproximadamente 8.000 mil espcies no mundo (LOPES, 2009, p. 14). E inclui quatro ordens:

Squamatas (serpentes, lagartos) compostos por cerca de 7.600 espcies; Crocodilia (crocodilos, jacars) cerca de 23 espcies; Testudinata (tartarugas, jabutis e cgados) cerca 300 espcies; Rhyncocephalia (Sphenodon sp. encontrados na Nova Zelndia) com 2 espcies

conhecidas. Conforme listagem da SBH (2010), existe atualmente no Brasil cerca de 721 espcies de rpteis, sendo: 371 serpentes, 241 lagartos, 67 anfisbnias, 6 jacars, 36 quelnios (2010). Estudos de Hawkey & Dennet (1989) apontam que existem animais pertencentes Classe Reptilia por quase todo o planeta, porm em alta concentrao nas regies tropicais e subtropicais. Moura-Leite et. al., (1993, p. 5) em seus estudos comenta que:A importncia dos rpteis, em estudos ambientais, est no fornecimento de relevantes subsdios ao conhecimento do estado de conservao de regies naturais. Estes animais, por ocuparem posio pice em cadeias alimentares (exigindo assim uma oferta alimentar, que sustente as populaes), funcionam como excelentes bioindicadores de primitividade dos ecossistemas, por outro lado de diferentes, nveis de alterao ambiental.

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Souza (2010) em estudos recentes observa que a presena ou ausncia de algumas espcies de rpteis em determinadas regies demonstram alteraes ecolgicas que ocorreram ou veem ocorrendo os colocando na posio de espcies bioindicadoras. O pesquisador Rodrigues (2005, p. 88) aponta que impactos sobre membros da ordem squamata (lagartos e serpentes) por serem na sua maioria terrestres, so observados com facilidade. O autor diz:Espcies florestais so mais vulnerveis por serem incapazes de suportar as altas temperaturas das formaes abertas. Espcies de savana e formaes ab ertas so mais abertas resistentes, porm desaparecero totalmente quando seus habitats forem completamente dizimados (ex: expanso das plantaes de soja no Cerrado).

Dentre os rpteis conforme estudos de Lopes (2009), suas caractersticas os colocam no grupo de bioindicadores chamados sentinelas, refletindo de forma rpida a sade dos ecossistemas, auxiliando nos EIAs e na avaliao da degradao sofrida. Azevedo (et. al., 2005) em seus estudos sobre os animais indicadores em reas de extrao de madeira verificaram que espcies de lagartos heliotrmicos (animal pecilotermo que se aquece ao sol, tomando posies que os fazem aproveitar ao mximo os raios solares), como a espcie de Mabuya nigropunctata. (ANEXO B), e Ameiva ameiva (ANEXO C) tiveram um significativo aumento aps distrbios na regio de floresta, sendo animais comuns em bordas e clareiras. Bertoluci et. al. (2009, p. 148) discorda, enfatizando que:O grupo dos rpteis inclui predadores de nveis trficos superiores, como os crocodilianos e algumas serpentes, alm de diversos outros animais inseridos em outras posies da cadeia alimentar (serpentes, lagartos e quelnios). O papel dos rpteis quando comparados aos anfbios no demonstram serem bons bioindicadores.

Contudo, diversos outros autores levantam a importncia do uso dos rpteis como indicadores de alteraes ambientais e em EIAs, porm em sua maioria apontam a falta de estudos dentro da herpetofauna para uma melhor utilizao dos recursos faunsticos pertencentes ao grupo, para seu uso. Moura-Leite et. al., (1993, p. 5) aponta em seus estudos essa problemtica:Apesar de sua importncia nas comunidades naturais, a herpetofauna tende a se r relegado a um segundo plano em EIAs. Por estes motivos podem ser acrescentadas certas dificuldades prprias dos estudos hepatolgicos da Regio Neotropical, tais como deficincias na obteno de amostras representativas do grupo em um curto espao de tempo e ausncia de informaes anteriores das regies a serem

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trabalhadas, sendo que estas, quando existem, so passiveis de dvida, dadas as complexidades taxonmicas inerentes maioria do grupo dos rpteis.

Estima-se que dentro da Ordem Squamata existam espcies que podem ser utilizadas como excelentes bioindicadores, devido o alto grau de endemismo e a pouca mobilidade de algumas espcies. A adequao de espcies pertencentes sub-ordem Ophidia em regies com alto ndice de degradao ambiental, geralmente localizadas em regies antropizadas, representam um risco a sade pblica, pois algumas espcies como o caso da Bothrops moojeni (ANEXO D) so peonhentas e podem gerar srios acidentes. Em relao aos estudos herpetofaunsticos de bioindicadores, Moura-Leite et. al. (1993, p.5) faz a seguinte observao a ausncia de informaes histricas e sua falibilidade configuram-se como um grande empecilho a uma efetiva analise ambiental.

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7 CONSIDERAES FINAIS

Para a compreenso do assunto, observa-se que apesar das diferentes formas de definies e caracterizaes as quais os principais autores descritos abordam o tema, notvel que a um consenso no que diz respeito a utilizao de bioindicadores nos estudos de impactos ambientais. A temtica abordada pelos autores, interagem na definio de impacto ambiental, onde toda degradao ou dano causado ao meio ambiente por agentes externos abiticos (meio fsico) ou biticos, onde h contribuio da ao antrpica resultando em degradao ambiental, reduo da biodiversidade e fragmentao dos nichos ecolgicos existentes expondo desta forma a fauna e flora ao risco de extino precipitada. A caracterizao do impacto ambiental e o que a legislao impe para realizao dos EIAs, demonstra a necessidade do uso de bioindicadores como elementos importantes para a avaliao dos impactos promovidos principalmente por aes antrpicas. A biodiversidade brasileira, relatada por diversos autores, torna-se uma ferramenta

imprescindvel para a realizao desses estudos, conforme o seu potencial e sua diversidade faunstica. Os estudos dos autores apresentados, relativos aos bioindicadores, diversificam no modo de caracterizar os bons bioindicadores. Entretanto, no contexto geral, pode-se dizer que com os bioindicadores, dentro da sua concepo ecolgica, podem auxiliar de forma rpida no diagnstico e na avaliao da extenso de um impacto ambiental. Isso observado nos atributos fisiolgicos das espcies bioindicadoras e o tipo de alterao provocada no seu nicho ecolgico, atestando um diagnstico rpido e o quo preservado tal ambiente se encontra. Na caracterizao de bons bioindicadores, o uso de agentes com alto ndice de conhecimento biolgico e ambiental, a facilidade de identificao taxonmica e as interaes com os atributos biticos e abiticos, fortalece os dados a serem analisados. Tendo em vista que o tempo para realizao de tais estudos fator determinante para elaborao de medidas que venham mitigar tais impactos. Partindo da caracterizao que espcies habituadas a nichos ecolgicos que sofreram alteraes so generalistas e especialistas so aquelas espcies que desaparecem caso haja a ocorrncia de impactos em seus ecossistemas, observou-se que os recursos herpetofaunsticos apresentam alta sensibilidade s mudanas e alteraes resultantes de degradao, sendo considerados bons agentes bioindicadores.

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Durante a caracterizao da herpetofauna observou-se que alguns grupos de espcies podem atestar impactos ambientais negativos, caracterizando o seu desaparecimento, por eventuais impactos e sua alta sensibilidade a mudanas ou positivos, por alteraes em seus respectivos ambientes, que podem resultar em uma avaliao rpida e confivel de tais regies, relevantes para os EIAs. Portanto, apesar da alta contribuio que a herpetofauna pode produzir como ferramenta em estudos de impactos ambientais e como tais espcies podem servir de bioindicadores, existem poucos estudos e pesquisas referentes a esses organismos. A necessidade na realizao de projetos e estudos que resultem no aumento do conhecimento sobre a temtica do trabalho apresentado pode resultar em um material que auxilie bilogos e eclogos na avaliao de EIAs e AIAs ,elaborando medidas mitigadoras cada vez mais rpidas apresentando resultados significativos em monitoramentos posteriores.

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ANEXOS

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ANEXO A Caudisona durissa foto:Gilvan Souza T erezpolis GO. Mar. 2009.

ANEXO B - Mabuya nigropunctata foto:Paula H. Valdujo Fonte: http://reptile-database.reptarium.cz/ acessado ago de 2011.

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ANEXO C - Ameiva ameiva foto:Guilherme Santoro Fonte: http://ardobrasil.blogspot.com/2010 acessado ago.de 2011.

ANEXO D Bothrops moojeni foto:Gilvan Souza Chaveslndia MG. Dez. 2010.

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GLOSSRIO

Falibilidade: s. f. possibilidade de algum se enganar. Entomofauna: s.f. (entomo+fauna) Zool fauna constituda de insetos. Zool totalidade de insetos de uma regio. Herpetofauna: s.f. conjunto de espcies pertencentes a rpteis e anfbios de uma regio. Ictiofauna: conjunto de espcies de peixes que existem numa determinada regio biogeogrfica. Mastofauna: s.f. composto hibrido que se refere a espcies de mamferos de uma regio. Ornitofauna: s. f. conjunto de espcies de aves existentes em uma determinada regio. Procrastinar: v.t v.i adiar, espaar, delongar. Usar de delongas. Ubquitas: do latin a capacidade de estar em todos os lugares.

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