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CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, quinta-feira, 21 de setembro de 2017 • Economia • 9
CONJUNTURA/ AGU derruba liminar que impedia venda das hidrelétricas Jaguara, Miranda, Volta Grande e São Simão, cujas concessões acabam este ano. Governo espera arrecadar R$ ll bilhões com o negócio, montante que já consta da previsão de receitas de 2017
Usinas da Cemig vão a leilão » MARLLA SABINO
ESPECIAL PARA O CORREIO
A Advocacia-Geral da União (AGU) derrubou, ontem, a liminar que impedia a realização do leilão das
usinas de Jaguara, Miranda, Volta Grande e São Simão, operadas pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), cujas concessões acabam este ano. Na decisão, a presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Laurita Vaz, alegou que a suspensão provocaria grave lesão à ordem pública e prejudicaria o ajuste das contas públicas. Para ela, não há nenhuma ilegalidade nos procedimentos referentes ao leilão das usinas da Cemig.
A UniãoesperaarrecadarR$ ll bilhões com o negócio, montante considerado importante pelo Planalto para o reequihbrio das contas e que já está computado como receita prevista para este ano. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o leilão ocorrerá em 27 de setembro. A venda das usinas é um dos principais projetos do pacote de concessões do governo para cumprir a nova meta fiscal de 2017, de deficit de R$ 159 bilhões.
Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) José Matias-Pereira, especialista em finanças públicas, a decisão foi positiva, pois o pacote de privatizações e concessões proposto pela União é essencial para o cumprimento da meta fiscal. "Veio em um momento oportuno. Estamos assist indo a um cenário preocupante, apesar dos sinais de melhora na economia e de crescimento na arrecadação nos últimos meses . Para cumprir a meta, será necessário muito esforço e economia'', avaliou.
Por meio de nota, a Cemig in -formou que não se manifestará sobre o assunto até o julgamento do mandado de segurança
que está no Supremo Tribunal Federal (STF). A companhia mineira se opõe à abertura de concessão para outras empresas e argumenta que os contratos em vigor lhe garantem a renovação automática.
A renovação da concessão das hidrelétricas está ligada a uma disputa que se arrasta desde 2012. A Cemig foi uma das companhias que não aderiram na íntegra à Medida Provisória (MP) 579/2012, apresentada pela ex-presidente Dilma Rousseff. O governo federal ofereceu a renovação por 30 anos das concessões de usinas que venceriam entre 2015 e 201 7 e fez algumas exigências em troca.
Para Ricardo Medina, advo gado especialista em infraestrutura do L.O. Baptista Advogado, a medida da então presidente, que tinha objetivo de reduzir as tarifas de energia e létrica no país, gerou muita insegurança e instabilidade para os investidores do setor elétrico. "O que aconteceu, é que a Cemig não achou as regras favoráveis e não aceitou. Agora, com boatos de que o sistema de venda porcotas vai cair, eles voltaram atrás. O leilão acontecerá, a não ser que a companhia tire uma decisão judicial da cartola ou arremate o lote", afirmou.
O leilão foi suspenso por meio de uma liminar da Justiça Federal, após ação popular feita pelo advogado Guilherme da Cunha Andrade, sem vínculo com a Cemig, que argumentou que o valor pedido pelo governo federal provocará uma "dilapidação" dopatrimônio público mineiro. De acordo com os cálculos dele, os R$ 11 bilhões estão abaixo do valor real das usinas. No recurso, a AGU alegou que "os cálculos apresentados pelo autor não possuem qualquer amparo legal e nem substrato documental que os acompanhem".
Arquivo/CEMIG
Hidrelétricas da empresa devem ser leiloadas no próximo dia 27. Venda faz parte do pacote de concessões
Vídeo explica gasto público » VERA BATISTA
O Ministério do Planejamento aderiu às mídias sociais para explicar à sociedade os motivos que obrigam a equipe econômica a cortar gastos e promover reformas estruturais. Em uma série de vídeos, o secretário adjunto da pasta, Rodrigo Cota, fala de forma simples e direta sobre temas macroeconômicos. O primeiro, sobre a composição do gasto público, já está no ar. Segundo Cota, após anos de resultados negativos, a partir de 2015, os gastos deixaram de crescer. "E isso se deve basicamente à contenção das despesas com o
funcionamento e a gestão do governo".
No vídeo, Cota detalha as receitas e despesas primárias entre 2010e2017 e mostra o que o go verno vem fazendo para conter a expansão dos gastos. Por meio de gráficos, ele mostrou que, em 2010, a receita líquida (deduzidos os impostos) estavam em R$ 785 bilhões e as despesas totais, em R$ 704,6 bilhões. Em 2014, a situação começa a mudar. A receita sobe para R$ 1,203 trilhão e o gasto chega a R$ 1,040 trilhão. A questão se agrava em 2017: aprevisão é de que entrem nos cofres públicos R$ 1,140 t1ilhão e saiam R$ 1,288 trilhão.
O secretário adjunto explica que, devido à inflação, "é como se, em 2010, o real valesse a mesma coisa que em 2017''. Dessa forma, "a receita evoluiu em um ritmo mais lento que as despesas". E termos reais (descontada a inflação), entretanto, as receitas caem menos a partir de 2013 até 2016''. Por fim, Cota questionou: "Porque o governo não conseguiu fazer os gastos caírem?". A resposta, afirmou, está nos gastos obrigatórios, tema não abordado nesta exposição. Ele aproveita a oportunidade para divulgar o vídeo seguinte. "No próximo, vamos ver o que compõe o gasto público", prometeu.
Bolsa bate novo recorde
A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) bateu ontem novo recorde e atingiu pela primeira vez o pata mar de 76 mil pontos. O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o pregão aos 76.004 mil pontos, em ai ta de O, 04 % e volume financeiro deR$ 12,219 bilhões.Ao longo do dia, a bolsa oscilou entre altas e baixas. A decisão do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, de manter as projeções de alta nas taxas de juros neste ano fizeram o indicador cair 1, 18%, mas houve reversão depois que a presidente do Fed, JanetYellen, deixou em aberto a possibilidade de novo aumento em dezembro.
A queda observada ao longo do dia fo i em boa parte amenizada pela disparada das ações da Petrob ras no período da tarde. Os papéis da estatal subiram3,93% (ON) e 4,95% (PN) refletindo a elevação do preço do petróleo nos mercados internacionais, a declaração do presidente da estatal, Pedro Pa -rente, em Nova York, de que a abertura de capital da BR Distribuidora está avançando rapidamente e do ministro das Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, de que o pa -gamento do governo à petroleira pode superar US$ 12 bilhões.
Para o analista Arnaldo Curvello, da Ativa Wealth Management, os investidores aproveitaram o dia para realizar lucro, visto que, "se a denúncia contra o presidente Michel Temer chegar à Câmara, ficará travada até que o governo consiga negociar o arquivamento. Com isso, diminuem as chances de a reforma da Previdência avançar". Assim como na primeira denúncia, segundo ele, a bolsa está em uma trajetória de alta e isso pode se inverter.
O dólar fechou em leve baixa de O, 19%, cotado a R$ 3, 130.
Presidente tenta convencer investidores » RODOLFO COSTA
"Investir no Brasil é ganhar". Foi com essa confiança que o presidente da República, Michel Temer, convidou investidores estrangeiros a aportarem na economia brasileira. Em Nova York, no Seminário de Oportunidades de Investimento no Brasil, evento promovido pelo Financial Times, o peemedebista destacou que a recessão ficou para trás e o governo seguirá tocando aagendareforrnista.
Mesmo diante de todas as dificuldades em avançar com a
reforma da Previdência, o chefe do Executivo Federal assegurou aos investidores que o governo federal tem adotado todas as medidas possíveis para que o texto seja aprovado. "Com muito diálogo, estamos avançando. Trata-se de salvar as aposentadorias de hoje e de amanhã, e de assegurar o equilíbrio das contas", disse.
A procura pelo equilíbrio fiscal, por sinal, foi destacada por Temer. "Quando assumimos o governo, há menos de um ano e meio, enfrentávamos a maior crise econômica de nossa história.
O diagnóstico era claro: a crise tinha natureza sobretudo fiscal. Daí nosso empenho, desde a primeira hora, em conceber uma agenda de reformas'', sustentou.
Temer assegurou que as perspectivas são "especialmente animadoras" na área de infraestru -tura. "Só na nova fase de nosso Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), são 57 empreendimentos conjuntos com a iniciativa privada", afirmou.
Na mesma linha, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ressaltou que, após dois anos de
recessão, o momento para se in -vestir é agora. "Estamos no mo mento em que a econo mia vai começar a crescer, mas os preços ainda não refletem essa retomada'', afirmou.
O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfaj n, por sua vez, destacou que a taxa básica de juros (Selic) continuará em uma trajetória de redução. Enfatizou, no entanto, que ciclo de flexibilização seguirá, dependendo da atividade econômica, do balanço de riscos e de projeções e expectativas para a inflação. (MS) Meirelles: retomada começou, mas preço de ativos ainda não refletem