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Sinais dos grandes sáurios no Porto PÓLO II: UMA NOVA IDEIA DE (UNIVERS)CIDADE UM ENSAÍSTA NECESSARIAMENTE PLURAL – ÓSCAR LOPES EM ENTREVISTA UP orto REVISTA DOS ANTIGOS ALUNOS DA UNIVERSIDADE DO PORTO UP orto REVISTA DOS ANTIGOS ALUNOS DA UNIVERSIDADE DO PORTO 8 - JULHO DE 2003 - PREÇO: 2,5 Sinais dos grandes sáurios no Porto PÓLO II: UMA NOVA IDEIA DE (UNIVERS)CIDADE UM ENSAÍSTA NECESSARIAMENTE PLURAL – ÓSCAR LOPES EM ENTREVISTA

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Page 1: UPorto 2020. 9. 9. · 2 UPorto.EDITORIAL EDITORIAL No Editorial da revista UPorto do passado mês de Março – relativamente ao que então constituía uma intenção do Ministério

Sinais dos grandes sáurios no PortoPÓLO II: UMA NOVA IDEIA DE (UNIVERS)CIDADE

UM ENSAÍSTA NECESSARIAMENTE PLURAL – ÓSCAR LOPES EM ENTREVISTA

UPortoR E V I S T A D O S A N T I G O S A L U N O S D A U N I V E R S I D A D E D O P O R T O

UPortoR E V I S T A D O S A N T I G O S A L U N O S D A U N I V E R S I D A D E D O P O R T O

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Sinais dos grandes sáurios no PortoPÓLO II: UMA NOVA IDEIA DE (UNIVERS)CIDADE

UM ENSAÍSTA NECESSARIAMENTE PLURAL – ÓSCAR LOPES EM ENTREVISTA

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SUMÁRIO. UPorto 1

SUMÁRIO

02. EDITORIAL

02. Propina com valor único

04. UP EM NOTÍCIA

04. Fragmentos de vida no deserto dos dias andados – vestígios de dinossauros encon-

trados num deserto da Mongólia e em Portugal em exposição no Porto

COMENTÁRIO

11. Faculdade de Letras 2003 – As prioridades da nova direcção da FLUP, segundo Ana

Monteiro, presidente do Conselho Directivo

RETRATO DA UP HOJE

12. Passado e presente mais-que-perfeitos – Retrato da nova residência universitária da

Faculdade de Ciências, no Campo Alegre

«HONORIS CAUSA»

13. Brenner: uma mente indomável – Sidney Brenner, Prémio Nobel e Honoris Causa

pela UP, por Alexandre Quintanilha. Paula Soares escreve sobre apoptose.

NA CAPA

16. Levar a “cidade” à Asprela – O Projecto da Zona Central do Pólo II da UP e comen-

tários do autor Rui Mealha e de Álvaro Domingues e Ricardo Figueiredo

UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO25. Reavivar a fiscalização tributária – O CIJE prepara um manual sobre como tornar a

fiscalização tributária mais activa, em sede de IRC26. Um up-grade nos negócios – Um estudo da Escola de Gestão do Porto ajuda as PME

a traçarem estratégias para o comércio electrónico

PERFIL

28. “Sou necessariamente plural” – Entrevista com Óscar Lopes, co-autor da História da

Literatura Portuguesa

PERSPECTIVA

34. Reflectir Bolonha: Reformar o Ensino Superior – O ensino superior, a produção

científica e a Declaração de Bolonha foram abordados em quatro seminários que

decorreram na UP. Comentário do Vice-Reitor José Ferreira Gomes

MEMÓRIAS

36. Memórias da Rua dos Bragas – Uma exposição e um livro fazem uma releitura dos

tempos da Engenharia na Rua dos Bragas

ESTÓRIAS

40. Quatro estórias – Engenharia, anos 40

41. SABER MAIS

CRÓNICA

42. Os Triângulos: Isósceles (II) – Crónica de José Augusto Seabra

44. AGENDA

UPORTO Nº 8 - REVISTA DOS ANTIGOS ALUNOS DA UNIVERSIDADE DO PORTO. PERIODICIDADE TRIMESTRAL. DIRECTOR: JOSÉ NOVAIS BARBOSA. EDIÇÃO E PROPRIEDADE: UNIVERSIDADE DO PORTO;RUA D. MANUEL II. 4050-345 PORTO. TEL.: 226073565. FAX.: 226098736. PUBLICAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE DO PORTO COMO DEVER ESPECIAL, CONFORME ART. 8º AL. E. DOS ESTA-TUTOS DA ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ALUNOS. CONSELHO EDITORIAL: ALBERTO CARNEIRO, JORGE FIEL, JOSÉ FERREIRA GOMES, LUÍS CARVALHO HOMEM, LUÍS MIGUEL DUARTE, RUI GUIMARÃES,RUI MOTA CARDOSO. SUPERVISÃO EDITORIAL: ISABEL PACHECO,

JOÃO CORREIA.

COORDENAÇÃO REDACTORIAL: MEDIANA S.A., SOCIEDADE GESTORA DE IMAGEM E

COMUNICAÇÃO, S.A. TEL.: 225573760;

FAX: 225573761; [email protected]. EXECUÇÃO GRÁFICA: RAINHO & NEVES, LDA, SANTA MARIA DA FEIRA. DEPÓSITO LEGAL: 149487/00. TIRAGEM: 40.000 EXEMPLARES. PREÇO: € 2,50. NA CAPA:FOTO DE OCTÁVIO MATEUS

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UPortoR E V I S T A D O S A N T I G O S A L U N O S D A U N I V E R S I D A D E D O P O R T O

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RECTIFICAÇÃO. Na edição anterior da UPorto (nº 7), no texto intitulado “Criar Empresas em Parceria com a UP”, publicado nas páginas 26 e 27, o director-geral daNET - Novas Empresas e Tecnologia, SA foi identificado, por lapso, como Jorge Martins. Na verdade, o nome do director-geral daquela sociedade é José Martins.

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2 UPorto. EDITORIAL

EDITORIAL

No Editorial da revista UPorto do passado mês de Março – relativamente ao que então constituía uma intenção do Ministério da Ciênciae do Ensino Superior de rever os principais diplomas que enquadram o funcionamento das universidades e dos institutos politécnicos –manifestava algumas preocupações sobre o ambiente em que decorria a preparação desses diplomas e a discussão prévia do que poderia vira ser o seu conteúdo. No momento actual, em que é distribuído o número 8 da revista, as preocupações acentuaram-se e estão mais funda-mentadas, pois foi já votada em Assembleia da República a “Proposta de lei de bases de financiamento do ensino superior” e estão aprovadaspelo Governo as propostas de “Lei de bases da educação” e de “Lei de bases do regime jurídico de autonomia, organização e funcionamento dosestabelecimentos de ensino superior”.

Não podendo estender excessivamente estas considerações que dirijo aos antigos alunos da nossa Universidade, limitar-me-ei a umareferência à “Proposta de lei de bases de financiamento”. Não conhecendo o texto final aprovado pela Assembleia da República, fica a espe-rança de que alguns aspectos, essencialmente técnicos, aparentemente descurados na redacção da proposta inicial, venham a ser corrigidose que aspectos simultaneamente técnicos e políticos, relacionados indirecta, ou mesmo directamente, com a autonomia das universidades,recebam a indispensável clarificação. Desejo apenas chamar a atenção para uma questão, essencialmente política, que embora não consi-deremos como das mais importantes, tem merecido tratamento preferencial nos meios de comunicação, com alguma incompreensão pelas

posições dos responsáveis pelo governo das universidades, que é a questão das propinas. Tratando-se deuma questão complexa, merecerá uma breve reflexão.

Não parece fácil questionar-se a afirmação de que uma das características essenciais da educação – tam-bém da educação superior – que a distingue de um bem privado, é a capacidade de gerar externalidades,isto é, benefícios colhidos pela sociedade que se situam para além dos ganhos privados individuais. Trata-se,então, de bens cuja alocação, contrariamente aos bens privados, não pode ser realizada adequadamentepelo mercado. No Editorial anterior, referia que “a Universidade Pública presta inestimáveis serviços à socie-dade em geral, todos eles relacionados com o tratamento (no mais amplo sentido) do conhecimento e cujasmanifestações externas são o ensino/aprendizagem, a investigação – que também serve de base e de valori-zação ao aspecto anterior –, a prestação de serviços à comunidade e todo um conjunto de influências, maisou menos directas, mais ou menos tangíveis, com efeitos imediatos e a prazo – de gerações... – no meio emque se integra. É inquestionável que os estudantes são os primeiros beneficiários directos da aprendizagemnas universidades, mas o modo como estas influenciam a sociedade exige, dessa mesma sociedade, umaparticipação largamente maioritária na cobertura dos custos inerentes ao funcionamento das instituiçõesuniversitárias”.

Na respectiva afectação, é corrente atribuir cerca de metade, ou um pouco mais, dos custos incorridos pelas universidades à investiga-ção. Da metade restante, há uma parte significativa – difícil de quantificar – que corresponde à parcela dos benefícios intangíveis, como aintervenção indirecta na resolução de problemas da sociedade, na transmissão de valores culturais, na coesão e valorização social, na coe-são entre gerações, entre outros aspectos. Não poderá considerar-se exagerado admitir que a parcela a afectar aos benefícios directos dosestudantes – do primeiro grau de ensino universitário, saliente-se, já que para as pós-graduações os benefícios individuais directos sãomuito mais acentuados – se situará sempre aquém de cerca de um quinto dos encargos totais de funcionamento das instituições universi-tárias, compreendendo-se que deva ser tanto mais baixa quanto mais carenciada se encontrar a sociedade, no seu todo, de uma valorizaçãoglobal do nível educativo dos respectivos membros.

Das razões, apenas enunciadas porque a sua discussão pormenorizada careceria de muito mais espaço, resulta também que a contribui-ção dos estudantes, ou das famílias, não deve corresponder a um preço (comparticipado), mas sim a uma taxa, politicamente fixada, quetenha em atenção o valor esperado da influência da universidade na sociedade – que os responsáveis políticos entendam dever considerar– decorrente da intervenção global da instituição e não de um ou outro curso, ou área, em particular. Os gestores universitários, ao nãopretenderem estabelecer os quantitativos das propinas, não estão, pois, a fugir à responsabilidade de fixar valores que possam tornar-sepolémicos, mas antes a procurar salvaguardar a observância de princípios que entendem dever ser respeitados. Conclui-se, então, comduas observações finais:

Não seria aceitável que se pretendesse financiar as instituições de ensino universitário público essencialmente a partir do pagamento depropinas pelos estudantes, pois há consideráveis benefícios para a sociedade em geral que devem ser tomados em linha de conta e assumi-dos por esta;

As propinas, não representando comparticipação específica nos custos de um dado curso, devem ter um valor único para as formaçõesdo primeiro grau no ensino superior público.

Pessoalmente, entendo que o actual valor das propinas pode, e deve, ser revisto, mas mantendo um valor único para todos os cursos depré-graduação do ensino superior público.

Encerrando estas breves considerações, saúdo todos os antigos alunos da Universidade do Porto, exortando-os a que colaboremconnosco no desenvolvimento da AAAUP – Associação de Antigos Alunos da Universidade do Porto, através de uma participação pessoal(a que mais desejamos), pelo recurso à Internet (www.up.pt/aaaup.html), ou através de qualquer outra forma de convergência de esforços.

J. Novais Barbosa (Engenharia Civil, 1957)Reitor da Universidade do Porto

Propina com valor único

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Têm entre 66 a 120 milhões deanos e foram encontrados nodeserto do Gobi. Depois de Milão,Helsínquia e S. Marino é a vez doPavilhão Rosa Mota, no Porto, aco-lher a exposição de Dinossauros daMongólia. A iniciativa é do Museude História Natural da Faculdadede Ciências da Universidade doPorto e, de acordo com o Directordo Museu, Frederico Sodré Borges,“trata-se de uma jazida mundial-mente reconhecida por duasrazões: pela diversidade e pelo grauquase perfeito de conservação dosfósseis. Recolheram-se esqueletosinteiros de dinossauros não só emformas adultas, como em formasjuvenis e mesmo embrionárias. É,por isso, uma jazida de umariqueza enorme”. Até os esqueletosmais frágeis, como o do Psitacosau-rus (um dos herbívoros maispequenos que se conhece), têm

sido encontrados emperfeito

estado decon-

servação.“Estamos a falarde um grupo dedinossauros muitovariado, não só dos Sau-rischianos, ou sauripélvi-cos, como dos Ornithischia ouavipélvicos”. Nos primeiros, oísquion e o púbis apontam em sen-tidos diferentes (cintura pélvica detipo reptiliano, no conceito clás-sico de réptil), enquanto que nosOrnithischia estes ossos estãoparalelos e dirigidos para trás(cintura pélvica do tipo dadas aves). “Há uma grandevariedade de esqueletos,nomeadamente algunscompletos, com 6 metrosde altura, como é o casodo Tarbosaurus”. Estedinossauro viveuna Mongóliano final doperíodoCretácico,há cerca de70 milhões deanos. Era tão pare-

cido com o Tyrannosaurus rex quehouve quem pensasse tratar-se domesmo animal, embora esteúltimo tivesse vivido no Canadá.Durante o Cretácico (de 144 a 65Ma) a separação dos continentesiniciada no período Triásico (de245 a 208 Ma) já era bastante acen-tuada, permitindo o isolamento devários grupos de dinossauros, oque os levou a evoluírem separada-mente, diversificando-se. Nos últimos oitenta anos as inves-tigações paleontológicas na Repú-blica Popular da Mongólia têmchamado a atenção dos especialis-tas. Em 1992, a primeira expediçãoamericana, chefiada por Roy Chap-man Andrews, partiu para oDeserto do Gobi em busca de vestí-gios da evolução humana na ÁsiaCentral. Em vez disso encontrouossos e ovos de dinossauro. Provavelmente, estes dinossaurosterão sido subitamente atingidospor tempestades de areia que oscobriram, permitindo assim umapreservaçãoperfeita

dos esqueletos. Frederico SodréBorges acrescenta que as expedi-ções conseguiram encontrar ossosmesmo à superfície. “Por escavaçãoconsegue-se recuperar todo oesqueleto com relativa facilidade,incluindo os mais delicados. Hácasos de dinossauros cheios decavidades no crânio e apesar dessafragilidade obtêm-se crânios com-pletos”.A descoberta desencadeou traba-lhos de investigação que perduramaté aos dias de hoje. Aquela que éconsiderada a maior jazida euro-asiática de dinossauros temdemonstrado ligações entre estesanimais da Ásia e os da América doNorte, possibilitadas pela existên-cia do istmo de Bering, que ligavaos dois continentes. Para além dos esqueletos genuínosdos dinossauros, a exposição incluiainda robots Kokoro (nomeada-mente do famoso Tyrannosau-rus rex), ninhos de ovos, fós-seis de peixes, insectos eaté de plantas damesma época.

Logo à

entradado Pavilhão

Rosa Mota vai serpossível ver uma

mostra de dinossau-ros portugueses doJurássico ( de 208 a 144Ma – que inclui restosde esqueletos e ninhosde ovos com ossos de

embriões do Lourinhano-saurus antunesi) e do Cretá-

cico superior (com restos dedinossauros anões), cedidos peloMuseu da Lourinhã.

Dinossauros lusitanos

O dinossauro mais antigo que foiaté agora encontrado no nosso país(um Ornithischia do Jurássico infe-rior, cuja proveniência é aindacontroversa) foi baptizado de Lusi-tanosaurus liasicus. O facto de seencontrar num bloco calcário gre-soso, cinzento-escuro/esverdeadoque se assemelha aos das forma-ções da mesma natureza e idade deS. Pedro de Muel, torna provávelque seja proveniente daquelaregião.A maior parte das jazidas ondeforam encontrados vestígios dedinossauros localiza-se na orlaMeso-Cenozóico portuguesa, entreAveiro e Sesimbra, nomeadamenteem arribas litorais da costa atlân-tica.

A jazida da pedreira doAvelino (Sesimbra),

que data de hácerca de 150-

-155 Ma, éconstituída por

uma laje inclinada compegadas de diferentes dimensões. Amorfologia das impressões e aestrutura das pistas indicam queforam saurópodes que as produzi-ram (herbívoros quadrúpedes degrandes dimensões que viveramentre os períodos Cretácico e Jurás-sico). Ainda no concelho de Sesim-bra, o Cabo Espichel conservouimpressões de saurópodes do Jurás-sico superior. Trata-se de um dosexemplos mais convincentes docomportamento gregário destesdinossauros.Na região de Sintra, a jazida dePego Longo apresenta um con-junto de pegadas subcirculares queconstitui, na Europa, uma das pis-tas mais longas de um dinossaurobípede, possivelmente ornitópode(herbívoro), e de várias outras deterópodes (carnívoros de dimen-sões variáveis). A jazida foi consi-derada Monumento Natural, assimcomo a da Pedreira do Galinha(Ourem –Torres Novas). Neste localforam encontradas, em excelenteestado de conservação, impressõesde saurópodes com morfologias

4 UPorto. UP EM NOTÍCIA

UP EM NOTÍCIA

EXPOSIÇÃO SOBRE DINOSSAUROS PROMOVIDA PELA UNIVERSIDADE DO PORTO E PELA AUTARQUIA PORTUENSE

Fragmentos de vida no deserto dos dias andados

GALLIMIMUSGalli-mimus = galo-imitador

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correspondentes a icnogénerosainda por definir. No Algarve, nomeadamente naPraia da Salema (Vila do Bispo),foram descobertas jazidas que reve-lam a presença de saurópodesdurante o Jurássico superior e deterópodes e ornitópodes iguano-dontídeos do Cretácico inferior. OIguanodonte era um herbívoro degrandes dimensões. A cabeça asse-melhava-se à de um cavalo e o bicoera bastante afiado com saliênciasirregulares na borda que o ajuda-vam a cortar as plantas. Foi um dosprimeiros dinossauros com capaci-dade para mastigar. Do concelho da Lourinhã temos,pelo menos, três importantes jazi-das a sublinhar: na Praia da Corva(com impressões atribuíveis a teró-podes indeterminados), na Praia daAreia Branca (com vestígios even-tualmente deixados por umpequeno ornitópode) e em Pai-mogo, onde foram descobertosembriões de dinossauro com 150milhões de anos. Uma descobertaque levou Octávio Mateus, investi-gador do Museu da Lourinhã, aescrever um artigo, publicado pelaAcademia de Ciências de Paris,onde corrobora a hipótese de queas aves descendem dos dinossau-ros.Os rastos, ou fragmentos que osdinossauros deixaram, constituemuma fonte de informação crucialsobre a morfologia, locomoção ecomportamento social destes ani-mais que dominaram a terradurante mais de 160 milhões deanos.Promovida pela Universidade doPorto e pela autarquia portuense,esta exposição sobre dinossaurosserá acompanhada de palestrascom especialistas, como é o caso deRincher Barsbold que participounas expedições ao deserto de Gobi.A mostra estará patente no Pavi-lhão Rosa Mota de 22 de Setembroa 21 de Dezembro.

UP EM NOTÍCIA

UP EM NOTÍCIA. UPorto 5

Em cima: Ninho de dinossauro e mapacom alguns dos locais do Mesozóicoportuguês onde foram encontrados ves-tígios de Dinossauros.Ao lado: TARBOSAURUS BATAARTarbo-saurus= assustador - réptil Bataar = herói, em mongol;

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e prevê-se que as obras arranquematé Novembro. Ainda antes disso,terão início os trabalhos de amplia-ção na Faculdade de Economia. Oobjectivo é restaurar e adaptar umedifício já existente, o “BusinessInovation Center” (BIC) de formaa criar melhores condições de tra-balho para os mais de 2.800 alunosda faculdade. Trata-se de um pro-jecto de Camilo Cortesão paradesenvolver durante os próximostrês anos com verbas da própriaUniversidade do Porto. Após a con-clusão dos dois blocos do “BIC”será erguido um terceiro, comple-tando assim uma área total cobertade cerca de três mil e quinhentosmetros quadrados. Esta infra-estru-tura será constituída por 3 pisos. Oprimeiro apresentará uma área téc-

nica com várias salas para o Depar-tamento de Informática. O Piso 2irá dispor de áreas de trabalho e oterceiro piso subdivide-se em salasde aula. O orçamento total da obraronda um milhão e novecentosmil euros.

No Pólo II da Universidade doPorto, na Asprela, deverão surgir,até ao final do ano, os primeirossinais da nova Faculdade de Psico-logia e de Ciências da Educação(junto à Residência Universitáriada Asprela). O projecto de FernandoTávora vai custar cerca de 7 milhõesde euros (acrescidos de IVA) e temum prazo de construção previstoentre os 18 e os 20 meses. Dos 11mil metros quadrados de áreabruta irá resultar um edifício qua-

drangular de 3 pisos. Para além dostrês grandes anfiteatros e da biblio-teca, a nova faculdade permitirá aprestação de serviços deconsultoria e de apoio a antigosalunos. Os gabinetes dos docentesserão individuais ou duplos e oespaço dedicado aos laboratóriosserá alargado de forma a acolherbolseiros e investigadores convida-dos. Para além da área bruta deconstrução existem mais 11.800metros quadrados de arranjosexteriores e parque de estaciona-mento descoberto e 4.400 metrosquadrados para estacionamentocoberto. Esta obra representa umareivindicação já antiga dos cercade 1300 alunos da Faculdade dePsicologia e Ciências da Educação.

6 UPorto. UP EM NOTÍCIA

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Os cerca de 850 alunos da Facul-dade de Belas Artes vão poder usu-fruir de novas instalações. Nos ter-renos afectos à Faculdade seráconstruído um edifício autónomo,composto por 5 pisos pelos quaisse irão distribuir: uma cantina, umauditório, uma sala para equipa-mentos de audiovisual, uma zonade serigrafia, uma câmara de pin-tura e cerâmica, ateliers de escul-tura, gabinetes e salas de desenho egeometria.No total, incluindo equipamentos,o projecto de Alcino Soutinhoprevê um investimento total de,aproximadamente, 3 milhões e200 mil euros, sendo o PIDDAC2003 a fonte de financiamento. Oconcurso público para adjudicaçãoda empreitada terminou em Julho

Obras em fase de arranque

1. Projecto de ampliação da Faculdade de Belas-Artes; 2. Projecto de ampliação da Faculdade de Economia; 3. Nova Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação.

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Um anfiteatro, laboratórios e salasde trabalho compõem o projectoda nova ala do Instituto de Patolo-gia e Imunologia Molecular da UP,cuja obra deverá estar concluídaem 2004.A nova ala terá três pisos: um delesserá ocupado por um anfiteatro de140 lugares, onde poderão decorreras partes teóricas das pós-gradua-ções e outras acções de formação;outra parte da ala, será dedicada àmicrobiologia celular; o restanteespaço será ocupado pelas salas detrabalho e um laboratório de gran-des dimensões.Esta ala já estava prevista no pro-jecto inicial do edifício, mas nãofoi executada por falta de verba.

ALA COM TRÊS PISOS

IPATIMUP em ampliação

Os Professores José Ferreira Gomes,Vice-Reitor da Universidade doPorto, e Mário Barbosa, coordena-dor científico do Instituto de Enge-nharia Biomédica (INEB), ambosProfessores Catedráticos da Univer-sidade do Porto, foram nomeadospresidentes de dois dos seis Conse-lhos Científicos da Fundação paraa Ciência e Tecnologia. FerreiraGomes é o novo presidente doConselho Científico de CiênciasExactas e Mário Barbosa liderará oConselho Científico das Ciênciasde Engenharia. Para além destesdois órgãos, foram ainda criados osConselhos Científicos das Ciênciasda Saúde, das Ciências Sociais eHumanas e ainda da Biologia eBiotecnologia. Estes órgãos têmfunções consultivas na FCT.

NOVOS CONSELHEIROS NA

Fundação para a Ciência e Tecnologia

O Centro de Astrofísica da Univer-sidade do Porto será o parceiro donovo observatório astronómicoque vai nascer no país, maisprecisamente na vila alentejanade Fronteira. Este novo equipa-mento vai ter sobretudo umobjectivo pedagógico, visandoprincipalmente os alunos doensino básico e secundário.Naquele espaço, os estudantespoderão contactar com as váriasáreas da ciência necessárias àastronomia. Teresa Lago, directorado Centro de Astrofísica da Univer-sidade do Porto, sublinhou que aessência pedagógica desta inicia-tiva está no facto de “se usar aastronomia como motivação paraas várias áreas de ensino, por esta

ASTRONOMIA

Fronteira com observatório astronómico

UP EM NOTÍCIA

ter facetas multidisciplinares”.“Incentiva a curiosidade de desco-brir”.

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8 UPorto. UP EM NOTÍCIA

UP EM NOTÍCIA

Entre os meses de Abril e Junhodecorreu no auditório da Reitoriada Universidade do Porto um ciclode seminários promovido peloMinistério da Ciência e do EnsinoSuperior intitulado: “ReflectirBolonha: Reformar o Ensino Supe-rior”.O ministro da Ciência e do EnsinoSuperior esteve presente na aber-tura e no encerramento do ciclo ea propósito do I Seminário (“Para-digma da aprendizagem universi-tário e politécnico”) manifestouuma preocupação fundamental:“estabelecer uma diferenciaçãoentre o ensino superior e o ensinopolitécnico, já que existem rotasde colisão que é necessário evitar”.

De resto, Pedro Lynce consideraque o ensino em Portugal chegoua um ponto em que é inevitávelhaver uma reforma, visto que“está em causa a sobrevivência doensino superior com qualidade”.Embora tenha sido subscrita pelosministros da Educação de vinte enove países europeus em Junho de1999, até agora apenas um terçodas universidades europeiasnomeou equipas responsáveis pelaconcretização dos pressupostos daDeclaração de Bolonha. O pano-rama foi avançado pelo ex-reitorda Universidade Autónoma deBarcelona, Carles Solá, durante oúltimo seminário sobre o“Impacto da construção da área

SEMINÁRIOS

“Está em causa a sobrevivência do ensino com qualidade”

O Reitor da Universidade do Porto, Novais Barbosa com o Ministro da Ciência e doEnsino Superior Pedro Lynce.

REDUÇÃO DRÁSTICA DE RESÍDUOS

LIPOR e FEUP visam «zero resíduos»A Lipor e a Faculdade de Enge-nharia da Universidade do Portoacordaram um plano para a redu-ção drástica da quantidade deresíduos produzidos na ÁreaMetropolitana do Porto. As duasinstituições definiram a superes-trutura que irá organizar e orien-tar o modelo para a «Estratégia

Metropolitana de Zero Resíduos».O projecto, que tem como hori-zonte os próximos 15 a 20 anos,envolve associações industriais,autarquias, administração centrale o meio universitário. Claro queos cidadãos serão parte activa, aquem será pedida uma consciên-cia ecológica, que se traduzirá na

separação dos resíduos e na esco-lha de produtos recicláveis.Este plano inspira-se na experiên-cia de outras cidades europeias,onde a pedra-de-toque é a respon-sabilização do produtor e do con-sumidor.

Um aparelho capaz de separarcélulas de tumores malignos, eisuma das utilidades do projectocriado pelo primeiro classificadodos prémios ARCA, PauloAugusto, um dos investigadoresda Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto.A distinção é promovida pelaUnião Europeia (DG do Ambiente)e tem por objectivo premiar os tra-balhos de investigação tecnoló-gica.

europeia de ensino superior emPortugal”. Carles Solá consideraque as universidades têm aindaum longo caminho pela frente atéà criação de um espaço europeude ensino superior. Menos pessi-mista, o reitor da Universidade deVigo, Domingo Docampo,defende que “não precisamos deter tudo fechado no próximo ano.Sem pressas, mas sem pausas,temos de trabalhar no pacote queé a Declaração de Bolonha, quenão se resume à questão da dura-ção dos cursos, mas que é, sobre-tudo, uma nova cultura de apren-dizagem”. A questão da duraçãodos cursos prende-se com os dois(controversos) ciclos de formação:3 + 2, 4 + 1 ou 4 + 2 na proposta delei enviada pelo governo à Assem-bleia da República. Para o reitor daUniversidade do Porto “uma ver-dadeira reforma do ensino terá deprivilegiar um grande número deáreas no modelo 3 + 2”. NovaisBarbosa considera que os créditosque correspondem aos ciclos deformação de apenas um ano nãopermitem assimilar a cultura deuma instituição nem adquirir osprincípios básicos necessários à for-mação. “Um ciclo terá de ter doisanos”. Pese embora as dúvidasinerentes à concretização de refor-mas em Portugal ligadas ao pro-cesso de Bolonha, certo é que,como sublinhou o ministro PedroLynce, “temos de procurar umcaminho comum, tendo em vista ofuturo dos nossos jovens e a suacredibilidade a nível internacio-nal”.

PRÉMIOS ARCA

Contributo para a Oncologia

«Um novo separador e classifica-dor magnético», assim se chamao projecto que visa separar partí-culas através da sua susceptibili-dade magnética, seja segundofenómenos de atracção ou repul-são. A ideia de um separadormagnético não é inovadora, oque é inédito e valeu ao investiga-dor da FEUP este prémio, é quealém de separar, este aparelho étambém capaz de classificar essaspartículas.Na prática, este projecto pode serutilizado na indústria alimentar,nos lixos nucleares, no despoeira-mento de gases, no processomineiro e na saúde.Esta última área agrada especial-mente a Paulo Augusto, já que oaparelho pode ser utilizado emterapêuticas avançadas, por exem-plo do cancro.O aparelho, que neste momentoestá a ser construído à escalaindustrial, vai diminuir os custosfinanceiros e a utilização de sol-ventes em operações de separaçãoe classificação de partículas, o quepermite também ganhos ambien-tais: o consumo energético émenor e a eficiência da recicla-gem maior. Além de que, em ter-mos funcionais, cria uma novaárea tecnológica que estabelece aclassificação das partículas porclasses de susceptibilidade.

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UP EM NOTÍCIA

UP EM NOTÍCIA. UPorto 9

empresas, estimular a investigaçãoe o conhecimento e contribuirpara uma nova atitude empresa-rial de inovação.Com sede no Porto e uma delega-ção em Lisboa, a Cotec Portugaltem como principais parceiros aAgência da Inovação, a AgênciaPortuguesa para o Investimento ea Unidade de Missão para a Inova-ção e Conhecimento.Belmiro de Azevedo, Artur SantosSilva e António Carrapatoso sãonomes sonantes que fazem parteda comissão instaladora e que sejuntam ao de Jorge Sampaio quepreside à Assembleia Geral. ACotec prevê ainda um conselhoconsultivo, cuja constituiçãopoderá variar entre 10 a 40 mem-bros, oriundos das universidades emeio científico.Constituída por mais de 100empresas, a Cotec Portugal contacom associados de peso como oBPI, o BCP, o BES, o BANIF, oBBVA, a Caixa Geral de Depósitos,a Vodafone, a Sonae e a Logo-plaste.

Licenciadas em Medicina, pelaUniversidade Eduardo Mondlane,três estudantes moçambicanasentraram na fase de Estágio Tute-lado, na sequência da inscrição nomestrado em Psiquiatria e SaúdeMental.O balanço geral do mestrado épositivo, Maria Lídia Filipe Chaú-que Gouveia considera que levade Portugal “as ferramentas neces-sárias para poder desempenharum bom trabalho em Moçambi-que e para convencer as pessoasde que a saúde mental é um áreaimportante”. O objectivo é man-ter um vínculo com a Universi-dade do Porto até que seja possívela criação de um Serviço de Psi-quiatria no país de origem.

PSIQUIATRIA E SAÚDE MENTAL

Novas MestresMoçambicanas

ASSOCIAÇÃO EMPRESARIAL PARA A INOVAÇÃO

Cotec cria lobby na UE

FERNANDO TÁVORA

A celebração da vida, pela arquitectura

Rui Guimarães, professor catedrá-tico da Faculdade de Engenhariada UP, é o director da Cotec Portu-gal – Associação Empresarial paraa Inovação, que recentementedecidiu aliar-se às congéneresespanhola e italiana como formade constituir um grupo de pressãojunto de Bruxelas. Assim, comesforços integrados, será possívelcriar uma Cotec Europa, paradefender os interesses da inovaçãodestes países do sul europeu. RuiGuimarães, que reserva paraSetembro o anúncio de acçõesconcretas, é assim o principalresponsável pela definição, acom-panhamento e implementaçãodas iniciativas de uma associaçãoque tem como objectivos: contri-buir para o aumento da produtivi-dade e competitividade das

A cidade de Coimbraassistiu durante omês de Maio a umaretrospectiva de 50anos de actividadede Fernando Távora.A mostra dividiu oespaço em doismódulos, um de pro-jectos e outro dedesenhos de viagem. A área destinada aosprojectos tinha trêsnós urbanos deCoimbra em desta-que: a Praça 8 de Maio, o Auditó-rio da Faculdade de Direito e oDepartamento de EngenhariaCivil do Pólo II da Universidadede Coimbra. Em simultâneo,foram exibidos outros projectos,desde os tempos de estudante atéàs obras mais recentes do arqui-tecto.O módulo dos desenhos expôsesboços realizados durante umaviagem à volta do mundo nos

anos 50. A exposição, conce-bida pela AsociacíonPrimeiro Andar epela Escola TécnicaSuperior de Arquitec-tura da Corunha,culminou com umaconferência de Fran-cesco Dal Co. O his-toriador e crítico dearquitectura italianaconsidera que umdos valores que dis-tinguem a obra de

Fernando Távora no contextointernacional da cultura arquitec-tónica do século XX é a sua capa-cidade de “celebrar a vida”.Fernando Távora foi recente-mente distinguido pelo InstitutoUniversitário de Arquitectura deVeneza com a atribuição do graude doutor “honoris causa”, umacerimónia que se realizou no Palá-cio dos Dodges, na Praça de SãoMarcos.

PORTO DIGITAL

Uma Universidade “on-line” com a cidadeA UP vai participar no projecto “Porto Digital”,promovido e coordenado pela autarquia por-tuense.Esqueça fax, diferentes redes de internet e até otelefone. Pense, isso sim, numa conta única enuma espécie de grande “intranet” que irá ligarvárias instituições: os edifícios da autarquia, jun-tas de freguesia, escolas e repartições públicas. O

custo do projecto ronda os 16 milhões de euros, mas o objectivo finalprevê uma redução nos gastos em telecomunicações e uma desburocrati-zação das instituições, facultando aos munícipes informações relaciona-das com emprego, educação, cultura, desporto, etc. Neste sentido, A UP já apresentou a sua candidatura à iniciativa CampusVirtual (e-U), uma iniciativa integrada para estudantes e professores doensino superior com o objectivo de incentivar a produção e partilha deconhecimento. Pretende-se desta forma disponibilizar tecnologia Wi-Finas 14 faculdades, na Escola de Gestão, na Reitoria e nas 5 maiores resi-dências universitárias.Durante os primeiros 30 meses o Programa Operacional Sociedade daInformação (POSI) garante o financiamento de 75% do custo total,ficando os restantes 25% a cargo dos parceiros do projecto. Após esteperíodo, o programa terá de se sustentar autonomamente. Para além da UP, participam no projecto global a Associação Empresarialde Portugal, a Administração Regional de Saúde e o Metro do Porto. As Águas do Douro e Paiva, a AEIOU Multimédia e a TV Cabo são algunsdos parceiros envolvidos nesta candidatura ao projecto das “Cidades Tec-nológicas Digitais”.

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10 UPorto. UP EM NOTÍCIA

UP EM NOTÍCIA

O Centro de Saúde S. João (verUPORTO número 7, Março de2003) ficou em primeiro lugarnuma tabela elaborada pelo Insti-tuto da Qualidade em Saúde (IQS).O Estudo intitulado “A voz dosutentes dos Centros de Saúde”teve como base inquéritos efectua-dos a 4.714 cidadãos de 194 uni-dades. A classificação deste centroatingiu os 87%, quando o valormédio nacional se fixou nos 70%.Esta unidade, sediada na RuaMiguel Bombarda, é, no entanto,a única no país que está sob aalçada do Ministério da Educação.Foi estruturada pelo Departa-mento de Clínica Geral da Facul-dade de Medicina da Universidadedo Porto, há quatro anos, e contacom 20 mil utentes.Neste inquérito, efectuado a nívelnacional, as 32 perguntas foramsubdivididas em cinco grupos:relação e comunicação com médi-cos e pessoal, cuidados médicos,informação e apoio, continuidadee cooperação, organização dos ser-viços. Os resultados obtidos nesteúltimo item não deixam margempara dúvidas: 81% dos inquiridos

do Centro de Saúde S. João estãosatisfeitos com a organização dosserviços, situando-se a médianacional nos 56%.O autor do estudo representou osresultados em sorrisos. Com umíndice de satisfação acima dos85% as unidades recebem 5 sorri-sos. A média nacional é de 3,sendo que o Centro de SaúdeS. João conseguiu a classificaçãomáxima. Uma experiência de ges-tão premiada, quando conta ape-nas com quatro anos de existên-cia.O IQS já preparou um novoinquérito que será aplicado atodos os 360 centros de saúde dopaís.

Medicina gere Centro de Saúdemais organizado do país

Uma experiência de gestão premiada.

Novo Símbolo da UP

O Senado da Universidade doPorto, na sua reunião plenária de 4de Junho de 2003, introduziu umapequena alteração no seu símbolo,mantendo o anterior tambémregistado.Procura assim manter-se uma ima-gem tradicional, associada a umauniversidade histórica, recupe-rando a divisa latina (Virtus unitafortius agit) da Academia Politéc-nica e adicionando-lhe as datas de1762 e 1911.Justifica-se a inserção da data de 1762 (criação da Aula de Náutica) comoreferência à criação da primeira instituição considerada como anteces-sora da Universidade do Porto. A data de 1911 reporta-se à criação daUniversidade do Porto pelo Governo Provisório da República. Pretende-se que a manutenção deste símbolo seja o ponto de partidapara a elaboração de um manual de imagem da Universidade do Portoque reflicta a sua coesão na diversidade.

José Augusto Fleming Torrinhanasceu no Porto, em 1933. Licen-ciou-se em Medicina, em 1957 eprestou provas de doutoramentoem 1964. É Professor Catedrático de Imuno-logia na Faculdade de Medicina da

Universidade do Porto desde1978, tendo assumido a direcção eregência do Serviço e Disciplina deImunologia (1976).Esteve associado à criação da ver-tente hospitalar do Serviço deImunologia (1979), do qual foi oprimeiro Chefe de Serviço. Foidirector interino do então Serviçode Sangue do Hospital de São João(1974). Foi director e, por inerên-cia, Presidente do Conselho deAdministração, do Hospital de SãoJoão entre 1991 e 2000, do qualfoi ainda Director Clínico(1995/1997). No termo do man-dato, foi-lhe prestado público Lou-vor pela então Ministra ManuelaArcanjo.Esteve, também, envolvido nacriação do Departamento de Pato-logia Clínica (1998), do qual foidirector. Entre outros cargos dedirecção, foi Presidente do Conse-lho Pedagógico da Faculdade deMedicina do Porto (1976/1977) edo Conselho Directivo(1977/1981). Desde 1965 émédico Patologista Clínico. É tam-bém membro da Plataforma deObservação e Acompanhamentode Saúde.A Jubilação ocorrerá a 24 deAgosto.

JUBILAÇÃO

Fleming Torrinha

ASSINE A UPORTOEnvie-nos o seu endereço paraAAAUP, Reitoria da UP; Rua D.Manuel II; 4050-345 Porto, ou pelainternet: http//[email protected]

Maria Renata Leite Ribeiro deFaria Arala Chaves nasceu naPóvoa de Lanhoso, em 1933. Con-cluiu licenciatura em Físico-Quí-micas em 1955 e doutorou-se emFísica, em 1964. Professora Catedrática na Facul-

dade de Ciências da Universidadedo Porto desde 1979, assumiu aregência de aulas teóricas, teórico-práticas e práticas e a orientaçãode projectos científicos e educa-cionais em Licenciaturas doDepartamento de Física, bemcomo de aulas teóricas nos mestra-dos de Física do Estado Sólido eCiências dos Materiais e de Opto-electrónica.Entre outros cargos exercidos,contam-se a vice-presidência daComissão Directiva do Institutode Física dos Materiais da Univer-sidade do Porto (IFIMUP) no bié-nio 2001/2003, a participação naComissão Científica do Departa-mento de Física (1994-1999; 2002-2003) e na Comissão Científica do“European Meeting of Ferroelectri-city”, a partir de 1995. Foi, ainda,membro Fundador da SociedadePortuguesa de Física. É responsável do grupo de investi-gação do IFIMUP em Dieléctricose Materiais Afins desde 1976. A jubilação decorrerá a 19 deSetembro.

JUBILAÇÃO

Maria Renata Arala Chaves

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Edições da Universidade do PortoRua D. Manuel II, 4050-345 Porto. Tel. 226 073 563, Fax 226 001 725, E-mail [email protected]

The University of Porto - Roots and Memories of the Institution, por Cândido dos

Santos (2002), 278 x 215 mm, 410 pp.,

enc.

75 euros

Versão inglesa, revista e actualizada do mais detalhado

estudo publicado sobre a Universidade do Porto.

Dinâmicas Sociais do Nosso Tempo, por Augusto

Santos Silva (2002), 199 x 140 mm, 166 pp.,

broch.

12 euros

Uma iniciação sociológicaconduzida através da análise

de algumas das dinâmicassociais características

das sociedades contemporâneas.

Universidade do Porto - Raízes e Memória da

Instituição, por Cândido dos Santos (1996),

310 x 243 mm, 448 pp., enc.

40 euros

Por ocasião do lançamento da versão inglesa, a edição

original encontra-se disponível a um preço especial.

Protecção Solar - Actualização, por Maria Fernanda Bahia (2003), 230 x 161 mm, 140 pp.,

broch.

15 euros

Os actuais conhecimentos sobre os efeitos dos raios

ultravioletas no organismo e sobre as substâncias com

mecanismos capazes de os atenuar.

COMENTÁRIO

Faculdade de Letras 2003Ana Monteiro (*)

(Geografia, 1978)

No âmbito da sua vocação para o ensino, investigação e criação cultural no domínio das ciências sociaise humanas, da filosofia e das línguas, a Faculdade de Letras da Universidade do Porto procurará, durante2003/2004, continuar o seu processo de adequação estrutural e funcional aos novos desafios que se lhecolocam, enquanto instituição de ensino superior, na próxima década.

A eficácia do seu contributo para o desenvolvimento científico, cultural, social e económico da regiãoem que se inscreve e do país a que pertence, passa pela concretização de algumas acções e projectos quetransformem decisivamente a sua elasticidade organizacional de modo a defrontar, expedita e pronta-mente, as solicitações que se lhe coloquem em cada momento.

A aprovação, em 2002, de um novo Regulamento Orgânico e a reformulação que, actualmente, está aefectuar dos seus Estatutos, contribuirá, conjuntamente com a prossecução da informatização generali-zada de todos os procedimentos e a criação de um Observatório de Auto-Avaliação, para a concretizaçãodas expectativas tanto da FLUP como de todos os seus beneficiários.

A orientação da FLUP – com quase 4.500 estudantes, distribuídos por 17 Cursos de Licenciatura e 27Cursos Pós-Graduação, cerca de 300 docentes e 140 funcionários – será escorada, nos próximos anos, peladefinição de um Guia Estratégico de Desenvolvimento para o período 2004/2008, a elaborar com a cola-boração de todos os Órgãos de Gestão, dos Departamentos e das Direcções de Serviço da FLUP, quegaranta a prossecução firme e decidida de um caminho de sucesso conhecido e desejado por todos osintervenientes.

Nesse sentido continuar-se-á a realizar a modernização dos serviços prestados com vista à actualizaçãoe divulgação, em tempo real, dos indicadores necessários ao funcionamento e avaliação do sistema inves-tigação-ensino essencial ao incentivo de criação de áreas de liderança na pesquisa científica, na formaçãoem todos os ciclos de ensino e na prestação de serviços à comunidade.

A orientação da FLUP será esco-rada pela definição de um GuiaEstratégico de Desenolvimentopara o período 2004/2008 a ela-borar com a colaboração de todosos Órgãos de Gestão, dos Depar-tamentos e das Direcções de Ser-viço.

(*) Presidente do Conselho Directivo da FLUP

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12 UPorto. RETRATO DA UP HOJE

RETRATO DA UP HOJE

A Residência universitária da Faculdade de Ciências do Campo Alegre é consti-tuída por duas áreas que se interligam através de uma estrutura envidraçada.

A uma das áreas corresponde um edifício antigo, totalmente restaurado, comcinco suites distribuídas pelo rés-do-chão, primeiro e segundo andares (cada suitetem Kitchenette, cama de casal, ou duas camas individuais).

Atravessando a estrutura envidraçada temos acesso ao edifício moderno, com doispisos, cada um com dezanove quartos individuais.

No rés-do-chão funciona a cantina (projectada para servir 800 refeições aoalmoço e ao jantar) e um snack-bar.

O parque de estacionamento (na cave do edifício) tem capacidade para 27lugares.

Esta obra, da autoria do arquitecto Gomes Fernandes, teve um período deexecução de, aproximadamente, dois anos e custou cerca de dois milhões equatrocentos mil euros. Tem uma área coberta de 3.244 metros quadrados.

A residência será mista e estará disponível também para alunos de intercâmbio(estrangeiros). Dar-se-á prioridade a estudantes de pós-gradução e a pedidos depermanência inferiores a um ano. Os contactos deverão ser efectuados através dasFaculdades para os Serviços de Acção Social da Universidade do Porto. •

Da autoria do arquitecto Gomes Fernandes, esta Residência do Campo

Alegre, com uma área coberta de cerca de 3.200 metros quadrados, será

de utilização mista e estará também disponível para alunos estrangeiros

(de intercâmbio).

PASSADO E PRESENTEMAIS-QUE-PERFEITOS

Residência Universitária da Faculdade de Ciências do Campo Alegre

Fotografias de Ana Roncha(Aluna da Faculdade de Belas-Artes da UP)

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HONORIS CAUSA

PRÉMIO PESSOA. UPorto 13

Sydney Brenner nasceu a 13 de Janeiro de 1927 na África do Sul.Conheci-o no princípio dos anos 70, quando Wits lhe conce-

deu o Doutoramento Honoris Causa. Apesar de gostar de referir-sea si próprio como uma bête grise, prefiro a palavra indomável paradescrever a sua mente.

No princípio dos anos 50 foi para Oxford e, numa visita aoCavendish Lab em Cambridge, conheceu Francis Crick e JamesWatson. Sobre a famosa descoberta da estrutura do DNA (queocorreu quase há 50 anos), comenta: “o que é realmente impor-tante é que as questões atinjam um estádio em que requerem quealguém as olhe de um ponto de vista completamente diferente”.

Depois do seu doutoramento em Física Química, esteve emCold Spring Harbour (NY) no Verão de 1954. Aí, visitou Crick eWatson em Woods Hole (Massachusetts), e depois viajou para aCosta Oeste onde passou algum tempo com Max Delbrück, emCaltech, e com Gunther Stent, em Berkeley. Esses contactos refor-çaram a sua decisão de investigar a relação entre os genes e as pro-teínas.

Regressou a Cambridge em 1956, e foi então que se iniciou real-mente a sua colaboração com Francis Crick.

O “PROBLEMA DA CODIFICAÇÃO”

O chamado “problema da codificação” não se resolveu facil-mente. Como diz Wolpert1: “Nos seus múltiplos aspectos, viria aocupar o pensamento e a consumir os esforços de um grupo res-trito de biolólogos moleculares, ao qual Brenner cedo se juntaria,nos 15 anos que se seguiram. O conceito básico de que os genespoderiam conter simultaneamente a informação para se auto-reproduzirem correctamente – a sua função genética – e para codi-ficar a síntese de proteínas – a sua função codificadora – tinha-oBrenner assimilado a partir de um artigo da autoria do físico hún-garo John von Neumann”.

Quando lhe perguntaram qual considerava ser a sua realizaçãomais importante, Brenner disse: “Penso que será recordada a expe-riência do RNA mensageiro, pela simples razão de que em termos

históricos ocorreu na ocasião certa e porque permitiu ultrapassaralgo que, pelo menos no espírito da maioria das pessoas, estavamanifestamente a bloquear o avanço”. Mas acrescentou: “... Omeu contributo foi pequeno... encontrar a forma de realizar umaexperiência decisiva”.

É curioso que, enquanto muitos de nós, o comité Nobelincluído, consideram a investigação sobre a C. elegans (um vermecom poucos mm de comprimento) um feito extraordinário (com-preender a origem genética e a linhagem de cada célula desse orga-nismo), o que Sydney considera brilhante é a sua contribuiçãopara a compreensão da natureza tríplice do código genético (que ainformação está contida em sequências de 3 letras) e a descodifi-cação dos tripletos de supressão.

O seu trabalho recente tem-se centrado no esforço para com-preender porque é que o genoma humano está repleto daquilo aque chamamos “entulho”. A tarefa de distinguir a “sucata” (queguardamos) do “lixo” (que deitamos fora) tornou-se viável quando

Uma mente indomávelSydney Brenner entrou para Medicina, na Universidade de Witwatersrand, com 14 anos. Dei-

xou-se fascinar pelas áreas de Fisiologia e Bioquímica. Dando-se conta de que iria completar

a sua formação antes da idade requerida para ser acreditado como médico, decidiu fazer um

Bachelor of Science em Anatomia e Fisiologia. De facto, antes de retomar Medicina, fez

ainda um B. Sc. Honnours e um Master’s.

Sidney Brenner Honoris Causa(Medicina, ?????)

Alexandre Quintanilha (*)(???????, ???????)

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14 UPorto. PRÉMIO PESSOA

descobriu que o DNA do peixe-balão é muito pouco repetido, defacto, é 90% original. Este peixe tem aproximadamente o mesmonúmero de genes que o homem, mas o seu genoma é oito vezesmais pequeno.

Adora ler, mas avisa: “Não basta ler. Às vezes, também não bastapensar, porque finalmente o que conta é o fazer, e é disso que setrata no nosso trabalho”. Considera que demasiado saber podeameaçar a investigação: “Um modicum de ignorância é essencial.De outro modo ninguém experimenta nada de novo”.

Das suas qualidades e fraquezas, diz: “Tenho uma grande habi-lidade, a de iniciar coisas. É o que me dá mais gozo fazer, abrir ojogo. Na verdade, passado esse ponto, tenho receio de me aborre-cer e querer fazer outras coisas. Seduz-me ser um post-doc perma-nente, essa é (...) a parte mais estimulante da vida intelectual nodomínio da ciência”. Brenner pensa também que não tem muitojeito para fazer bem as coisas à primeira: “mas isso é uma quali-dade (...) O que é interessante é que em metade das vezes nosenganamos.”

A IMPORTÂNCIA DE SONHAR ACORDADO

Sobre a criatividade, afirma: “É importantíssimo não ter medode dizer a coisa errada (..) Educamos demasiadas pessoas, sobre-tudo na nossa cultura, para pensar que tudo tem que ser racional,

tudo tem que ser resolvido, e que não se devem exprimir ideiasousadas, simplesmente porque podem estar erradas. Sonhar acor-dado é também muitíssimo importante para a criatividade. Mas aessência da ciência é realizar, implementar, saber onde e comodemonstrar alguma coisa.”

Refere também, relativamente ao futuro da fisiologia e da evo-lução: “ninguém sabe como ligar tudo o que sucede a nível mole-cular ao real funcionamento de um organismo ou orgão. A fisiolo-gia terá que ser reinventada de modo a permitir compreendercomo é que essa realidade se joga no funcionamento de um orga-nismo (...)”. E acrescenta: “Verifico que começamos a tentar com-preender a nossa evolução, a nossa história, a nossa cultura e anossa biologia como uma única coisa. Por isso, penso que o grandesonho das ciências humanas se realizará num futuro próximo. Serealmente é verdade que o genoma mantém ainda sinais da suahistória, deveremos ser capazes de recriar a história para além dapalavra escrita e de a integrar.” •

1 Brenner. Sydney, “My Life in Science”, edição e comentários por LewisWolpert.

* Síntese da apresentação que Alexandre Quintanilha fez de Sidnney Bren-ner na cerimónia de atribuição do doutoramento Honoris Causa pela Uni-versidade do Porto, em 30 de Abril de 2003.

HONORIS CAUSA

Sydney Brenner, no início dos anos 60, defrontou-se com a necessidade de escolher um modelo experimental multicelular que lhepermitisse estudar questões fundamentais da diferenciação celular e desenvolvimento embrionário, difíceis de levar a cabo em orga-nismos complexos como os mamíferos. Encontrou a solução ideal num pequeno nemátode, com cerca de 1 mm de comprimento, oCaenorhabditis elegans.

O facto deste organismo ter um ciclo de vida muito rápido (3 dias), ser fácil de reproduzir em laboratório e ser transparente possi-bilitava o acompanhamento microscópico das suas divisões celulares e de todo o seu desenvolvimento.

Sydney Brenner usou inicialmente este modelo para estudar o desenvolvimento e a função do sistema nervoso de C. elegans (quecontém apenas 381 células), mas rapidamente se verificou que este constituía um modelo excepcional para abordar múltiplos proble-mas. A combinação de um organismo apropriado para análise genética com a visualização do efeito das alterações genéticas na divi-são celular e no desenvolvimento abriram possibilidades completamente inovadoras.

John Sulston expandiu este trabalho demonstrando que o programa de divisão, diferenciação e morte no desenvolvimento deC. elegans envolvia sempre as mesmas linhagens celulares. Durante este processo eram geradas 1091 células, das quais 131 morriampor um mecanismo de morte programada (apoptose). Robert Horvitz identificou, neste mesmo modelo, os primeiros genes da mortecelular (ced-3 e ced-4) e isolou genes que protegiam a célula da apoptose (ced-9). Posteriormente verificou-se que existiam geneshomólogos a estes no genoma humano.

A apoptose consiste num processo de morte celular, desencadeado pela célula de forma activa (daí alguns a denominarem tambémde suicídio celular) isto é, com gasto energético e implicando a activação e expressão de genes específicos. Desempenha ainda um papelimportantíssimo nos organismos multicelulares, controlando a diferenciação e o número de células dos tecidos, tanto durante o desenvol-vimento embrionário como no indivíduo adulto. É também por este processo que são eliminadas células potencialmente perigosas para oorganismo, ou porque reagem contra os seus próprios tecidos (por exemplo eliminando linfócitos T auto-reactivos), porque estão infecta-das por vírus ou porque apresentam alterações no ADN (provocadas por exemplo por radiações Ultravioletas).

As perturbações da apoptose podem estar implicadas em doenças degenerativas, auto-imunes e cancerosas. •Paula Soares/Prof. Auxiliar da Faculdade de Medicina do Porto – Investigadora do IPATIMUP

Segredo guardado num pequeno verme

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22 DE SETEMBRO A 21 DE DEZEMBROPAVILHÃO ROSA MOTA

22 DE SETEMBRO A 21 DE DEZEMBROPAVILHÃO ROSA MOTA

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16 UPorto. NA CAPA

NA CAPA

A Asprela, na freguesia de Paranhos, um dos extremos dacidade do Porto, onde ainda não há muitos anos existiam quintasagrícolas e rebanhos se alimentavam da forragem fresca, é hojeum espaço pouco agradável para circular, viver ou trabalhar. Estaponta da cidade, durante muitos anos dominada apenas pelogigantesco edifício do Hospital de S. João, foi progressivamenteocupada por outras estruturas geradoras de grandes fluxos demovimento diário. No total, os edifícios de uso colectivo localiza-dos na zona – hospitais, Faculdades da Universidade do Porto,pólos do Instituto Politécnico do Porto, universidades privadas –traduzem-se em 45 mil utentes potenciais diariamente, segundo o

estudo urbanístico para a zona central do Pólo II da Universidadedo Porto, assinado pelo arquitecto Rui Mealha.

Quem se desloca de automóvel àquela zona, durante a semana,rumo ao hospital, ao IPO, ou a algumas das instituições de ensinosuperior público ou privado, confronta-se invariavelmente comdificuldade em circular, estacionar e encontrar serviços de apoio –restaurantes, cafés, bares, por exemplo. Os equipamentos da Uni-versidade do Porto – Faculdade de Medicina Dentária (FMDUP),Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física (FCDEF.UP),Faculdade de Economia, Faculdade de Engenharia e Instituto dePatologia e Imunologia da Universidade do Porto – foram cons-truídos, progressivamente, desde os anos 70. Para além da Facul-dade de Medicina (associada ao Hospital de S. João), a Faculdadede Economia da UP, inaugurada em Junho de 1974, foi o primeiroequipamento da UP na zona.

A figura de planeamento, à escala de um plano de pormenor(designado Projecto da Área Central do Pólo II da Universidadedo Porto), foi encomendado pela Universidade do Porto à equipacoordenada pelo arquitecto Rui Mealha, após a mesma equipa terrealizado um outro estudo, de âmbito mais alargado, sobre a arti-culação entre a Asprela e a envolvente. Este designou-se Carta deObjectivos Comuns do Pólo Universitário da Asprela e foi assi-nada, em Novembro de 1997, por várias entidades com interessesna zona, Câmara Municipal do Porto incluída. Prevê a criação demais três ligações à zona, para além das quatro actualmente exis-tentes – junto ao ISEP, pela Igreja de Paranhos, pela Junta de Fre-guesia de Paranhos e pela Circunvalação.

PARCERIAS

O Projecto da Área Central do Pólo II da Universidade doPorto, elaborado posteriormente, incide sobre uma área delimi-tada a Sul pelas ruas Dr. Manuel Pereira da Silva e Actor Ferreirada Silva, a poente pela rua da Asprela e Rua Dr. António Bernar-dino Ribeiro, a Norte pela Rua Dr. Plácido da Costa e a Leste pelaRua Dr. Roberto Frias. De fora da área de intervenção estão, por-tanto, as futuras instalações da Faculdade de Medicina da UP.

UP estabelece plano de longo prazoLevar a “cidade” à Asprela

Linha de metro, novas vias de circulação interna, uma praça, um parque e zonas de lazer,

mais edifícios, sempre associados a estacionamento para população permanente e visitan-

tes, zonas de comércio e serviços, residências estudantis. Genericamente, é este o quadro

das mudanças que a Universidade do Porto propõe para a zona central da Asprela. Um

investimento a concretizar nos próximos anos e que envolve parcerias e investimentos de

outras entidades, para estruturar e qualificar a zona central do Pólo universitário.

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REFORÇAR ESTRUTURA E QUALIFICAR

A memória descritiva aponta alguns problemas urbanísticos deque a zona padece, nomeadamente a “insuficiente e inaceitávelarticulação com a malha urbana existente e em processo de cons-trução” e “uma total ausência de interacção com as populaçõesresidentes e utentes não residentes”. Por outro lado, assume que, “amanterem-se os modelos actualmente existentes, a relação com acidade passa essencialmente por um problema de mobilidade,entre a área de intervenção, o quadrante urbano em que se ins-creve e as restantes formas da cidade (ou seja, de e para a cidade),não existindo outros componentes urbanos susceptíveis de gerarmotivos complementares de atracção, que permitam aprofundar asinteracções entre o Pólo Universitário e a cidade.”

Para contrariar estes problemas, o projecto propõe a qualifica-ção do espaço, com novas vias que reforçam a articulaçãointerna, a criação de espaços de circulação prioritariamente pedo-nal, equipamentos de lazer e condições para instalação de comér-cio e serviços de apoio. Uma das intervenções propostas incidesobre o Bairro da Asprela, bairro de construção municipal, e temcomo objectivos dotá-lo de melhores condições de vida (estacio-namento de veículos, espaços de circulação, convívio e serviçosde apoio) e readaptá-lo à futura vizinhança da Faculdade de Psi-cologia e Ciências da Educação da UP. Só a Câmara Municipal doPorto poderá concretizar esta requalificação. É um dos exemplosque provam que o Projecto da Área Central do Pólo II da UP estálonge de depender apenas da vontade e de investimentos da Uni-versidade do Porto.

Elementos considerados estruturantes, como as duas princi-pais vias que cruzam a área, e certos arranjos exteriores do espaçopúblico, como a praça central, deverão ser executados em simul-tâneo com a linha de metro. Outras, como residências estudantis,comércio e serviços, poderão vir a depender de parcerias a estabe-lecer com privados. •

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O projecto começou recentemente a ser concretizado. Háaspectos cuja realização depende de parcerias e mesmo de outrasentidades. Por outro lado, faltam elementos considerados estru-turantes, nomeadamente, e com especial destaque, a linha doMetro, respectivas estações e arranjos exteriores. Também asnovas vias de circulação contribuirão para tornar a zona maiscoerente em termos urbanísticos. As duas principais vias propos-tas cruzar-se-ão no topo do que virá a ser a alameda do pólo uni-versitário – o centro funcional da área de intervenção.

Dois dos elementos também considerados estruturantes nazona são o futuro Parque de Ciência e Tecnologia, que pretendefazer a ponte entre as empresas de carácter mais tecnológico e ainvestigação desenvolvida pelo ensino superior e politécnico. Porsua vez, o Parque e o designado Parque Urbano da Asprela a criarno miolo da área. Como princípio geral, o plano de ordena-mento assume que as “diferentes iniciativas deverão contribuirpara estreitar e aprofundar a inter-relação entre a Universidade,os seus alunos, o meio urbano, e os meios económico, social oucultural.”

Após a concretização de todos os equipamentos previstos, oPólo II da Universidade do Porto, na Asprela, passará a ser omaior dos três pólos em número de utilizadores e área. Hojeenvolve um total aproximado de 13.500 utilizadores, no total dasseis faculdades da UP, que passará a cerca de 15.000 após a cons-trução do novo edifício da Faculdade de Psicologia e Ciências daEducação (FPCE.UP). Para o fluxo de movimento da área háainda a considerar mais de 9.000 utilizadores das escolas do Insti-tuto Politécnico do Porto, mais de 6.000 das escolas superioresprivadas e mais de 15.000 das instituições de saúde.

1. FPCE.UP; 2. Residência, comércio e serviços; 3. Comércio e serviços; 4. IPATIMUP (existente); 5. Bairro da Asprela; 6. Parque de Ciência e Tecnologia;7. FCNAUP; 8. Jardim de Inverno, cantina/cafetaria e piscina coberta; 9. Apoio aoparque; 10. Nave polivalente; 11. Residência; 12. Hospital de S. João (existente);13. FCDEF.UP (existente); 14. FMDUP (existente).

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Para a zona central da intervenção do Pólo II, zona de confluência de linhas de água, está delineado um parque que salvaguardarávalores naturais e paisagísticos, como salgueiral, charcas e lameiros, ainda existentes junto ao curso de água que passa pelo seu meio.

O parque que tornará fruível o espaço e poderá contribuir de forma muito significativa para a estruturação e qualificação do Pólo II. O salgueiral é um maciço arbóreo de salgueiros brancos, ultimamente em crescimento livre (definindo a orla dos campos), e um

habitat importante para insectos, aves insectívoras e canoras. As charcas correspondem a um ecossistema espontâneo característicode zonas húmidas onde predomina o lírio dos charcos, sumaúma e salgueiro branco, e alguns exemplares de borrazeira negra eamieiro. “O seu valor como habitat é elevado, sustentando uma interessante comunidade faunística de aves aquáticas, como patoreal, galinha de água e galeirão, todos observados em diversas visitas ao local entre Outubro de 1999 e Outubro de 2001, segundo otexto do projecto. Os lameiros, dominantes na zona, são o que resta de um anterior e continuado uso agrícola. Para além daquelas, oque resta são zonas húmidas cultivadas e ciclicamente geridas pelo homem, constituindo espaços abertos dominados por formaçõesherbáceas, particularmente importantes pela sua composição florística de herbáceas vivazes, de onde se destacam várias espécies dehortelã brava, botão de ouro e várias espécies de gramíneas vivazes.

A tipologia escolhida para a intervenção na zona é a de ‘parque’. Segundo a definição genérica, o parque é um amplo espaçoverde permeável, onde crescem árvores, dispersas ou em grupo (com uma métrica ordenada ou aleatória) sobre um revestimentoherbácio ou sub-arbustivo cujo crescimento é regularmente controlado. Para além dos elementos naturais que constituirão as váriasfacetas do coberto vegetal (pequeno bosque de ulmeiros e salgueiros, lameiro, charca e prado), estão ainda previstos jardins formais enaturalizados, um jardimde inverno, espelho deágua, veredas, esplanadase diversos equipamentosde apoio.

Na frente norte, destaca--se na proposta o edifício“compacto”/ ”loft”, cafeta-ria, restaurante/snack-bar ejardim de inverno. A frentesul será articulada maisdirectamente com o centroda zona, marcado pelafutura praça da Asprela efutura alameda. A poente oparque urbano será rema-tado por uma praça parcial-mente arborizada, paraonde conflui uma extensarampa arborizada. O espe-lho de água estender-se-áao longo da zona central. •

Uma lufada de verde na Asprela

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Com a primeira fase dos pólos nas Taipas e em Santa Maria da Feira (Europarque) em conclusão, dirigidos sobretudo a empresastecnológicas predominantemente industriais, com maiores necessidades de espaço, a Associação do Parque de Ciência e Tecnologiado Porto – em estreita articulação com a Universidade do Porto – entendeu criar um terceiro pólo no centro da Área Metropolitana(AMP).

O pólo a criar será essencialmente dirigido a empresas de serviços de carácter mais tecnológico, com menores exigências quantita-tivas de espaço para as suas instalações mas maiores exigências de centralidade quanto à AMP e quanto aos principais centros de pro-dução do conhecimento tecnológico. É o caso das Faculdades de Engenharia, Economia e Medicina da UP, do Instituto Superior deEngenharia do Porto (Instituto Politécnico do Porto) e das duas outras Universidades com instalações naquela área.

O futuro pólo do Parque de Ciência e Tecnologia (PCTP) é assumido pelos autores do estudo urbanístico como “uma das principaisacções estruturantes” do Projecto da Área Central do Pólo II da Universidade do Porto. Funcionará em articulação com o futuro par-que de lazer a criar na zona central. Para além do espaço reservado para a instalação de empresas tecnológicas, inclui ainda zona paraactividades complementares e funções comuns, por exemplo auditórios, salas de reunião, salas de teleconferência, salas de exposição,cafetaria, restaurante. Está previsto um parque de estacionamento para 580 lugares, em dois pisos, ou 890 lugares em três pisos.

Poderá haver um tratamento diferenciado para cada um de três tipos de situações: empresas âncora que são factores fundamentaispara atracção de outras entidades, empresas em regime de incubação, em fase de arranque e por períodos determinados, empresastecnológicas existentes que pretendam localizar-se junto dos serviços prestados pelo PCTP, dos centros de investigação e formação oudas empresas com níveis tecnológicos semelhantes. •

Ponte entre Universidade e empresas

O Projecto da Área Central do Pólo II da UP prevê a construção de novosedifícios ligados à Universidade do Porto, em articulação com as estruturas jáexistentes. Em alguns casos, trata-se de ampliações, como é o caso da Facul-dade de Economia, para onde se prevê o restauro e ampliação de um edifíciojá começado, o “Business Inovation Center (BIC)”, com início de construçãoprevisto para antes de Novembro (ver texto na secção UP em Notícia). Tam-bém para breve, está previsto o início das obras de ampliação do Instituto dePatologia e Imunologia da Universidade do Porto (IPATIMUP), através de umcorpo anexo às actuais instalações.

Com construção a iniciar em breve e duração prevista entre 18 a 20 meses,as futuras instalações da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação fica-rão localizadas entre o Bairro da Asprela e a residência universitária de Para-nhos, com entrada virada para Sul, para as residências. Com projecto elabo-rado por Fernando Távora, terá 4.400 metros quadrados de estacionamentosubterrâneo e 11.800 metros quadrados de espaços exteriores, incluindoestacionamento à superfície.

As futuras instalações da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentaçãoestão previstas para a Rua Dr. António Bernardino de Almeida, com 100 luga-res de estacionamento subterrâneo.

Embora fora da área de intervenção do Projecto da Área Central do Pólo IIda Universidade do Porto, o futuro edifício da Faculdade de Medicina tam-bém será construída na zona da Asprela, dentro do perímetro do Hospital de S. João. Terá dois pisos subterrâneos com capacidadepara 300 lugares de estacionamento.

Em todos os casos, dadas as dificuldades de estacionamento na zona, têm previsto estacionamento próprio para funcionários e visi-tantes. •

Novos edifícios

Edifícios previstos

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O tipo de crescimento urbano que durante anos decorreu na Asprela, segundo os autores do projecto, “limitou-se a dar lugar adiversas ‘ilhas’ isoladas do espaço envolvente. Resulta assim uma estrutura mal conformada e completamente desarticulada, marcadapor frequentes impasses (extensas frentes urbanas vedadas e corredores dos elementos da macroestrutura viária – a memória descri-tiva refere-se à VCI, à auto-estrada Porto/Braga e à Estrada da Circunvalação), e pela fragilidade das infra-estruturas urbanísticas,nomeadamente a nível da exiguidade de traçado e fraca capacidade de estacionamento automóvel.” É este o quadro das insuficiên-cias, ao nível da estrutura interna, circulação e relação com o exterior que é traçado pela equipa de projectistas.

Por isso, a equipa entende que “os planos de concordância passam, assim, pelo contributo para a definição de uma determinadacentralidade, como resultante quantificada da capacidade de atracção de um lugar face às funções centrais que presta, mas tambémpela capacidade de assumir competências próprias e estreitar nexos de relação, com comportamentos individualizáveis ou cumulati-vos às diferentes escalas de abordagem.”

Neste sentido, tanto a futura linha dupla de metro que passa pelo meio da área de intervenção – que integra três estações (Facul-dades de Medicina Dentária/Psicologia e Ciências da Educação da UP, IPO e Hospital de S. João) na zona da Asprela - como as novasvias e parques de estacionamento a construir poderão ter um papel determinante.

O estudo urbanístico prevê a criação de duas novas vias que atravessam a área e se cruzam na zona central, no topo da que deverávir a ser a alameda do pólo universitário, centro marcado por residências, áreas comerciais e espaços de circulação prioritariamentepedonal. Uma ligará a Rua Dr. António Bernardino de Almeida à Rua Dr. Manuel Pereira da Silva e a outra articulará as Ruas RobertoFrias e da Asprela, de um lado, e a Rua Dr. António Bernardino de Almeida, do outro.

Por outro lado, quanto a estacionamento, o projecto prevê um conjunto de parques de estacionamento subterrâneo e parques de

estacionamento à superfície. A maioria dos arruamentos exis-tentes e propostos para a área de intervenção inclui bolsas deestacionamento e os futuros edifícios das faculdades da UPserão construídos com estacionamento para funcionários evisitantes. No total, estes parques terão capacidade propostade 2.844 veículos, com possibilidade de aumentar.

No entanto, há outra questão a ter em conta para facilitara circulação interna e entre esta zona e o resto da cidade quedecorre de uma análise a uma escala mais alargada. A Cartade Objectivos Comuns do Pólo Universitário da Asprela assi-nada em 1997, por várias entidades com interesses na zona,previa a criação de mais três ligações à zona, assim como ocomplemento do nó inacabado que a Circunvalação forma

com a auto-estrada de Braga (actualmente, quem vem da Asprela só pode rumar a Norte e só os veículos que vêm de Norte têmacesso à Asprela). •

Reestruturar a circulação

Estacionamento

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espaços verdes ajardinados e arborizados de utilização colec-tiva, a par da instalação de serviços avançados);

• Clarificação dos padrões gerais de mobilidade, por desenvol-vimento e hierarquização do traçado, correcção de barreirasurbanísticas e arquitectónicas, inserção da infra-estrutura dometro e de canais destinados a transportes colectivos (e cor-respondentes interfaces), e instalação de capacidade de esta-cionamento bastante às exigências das unidades funcionaisexistentes e propostas. São ainda previstas ciclovias e percur-sos de peões com elevado nível de conforto;

As componentes lúdica, cultural e ambiental, fundamentais àconstrução de nexos urbanos relevantes, permitem considerar umconjunto de aspectos inovadores quanto às relações entre a uni-versidade e a cidade. Espera-se, deste modo, a recomposição mor-fológica, funcional e significante do lugar como espaço de habitarqualificado, não obstante as contingências dos factores exógenosimplicados. •

A condição urbana pretendida para a zona central do Pólo IIda Universidade confronta-se com a escala local dos factos empresença e com a escala da cidade alargada. De resto, a área inter-vencionada é fortemente marcada por factos de interesse metro-politano e regional, como os grandes equipamentos de ensino ede saúde, assim como pelos elementos da macro estrutura viária(na sua dupla condição como artefactos de ruptura e de articula-ção). É assim inevitável a procura de uma expressão relacionalcomplexa, por diversos níveis de concreção, na correspondênciaàs várias escalas de reconhecimento e tratamento dos materiais deprojecto (incluindo o factor tempo e os factores de natureza ope-rativa).

Os sistemas espaciais e funcionais com evidência significante,tal como propostos, pretendem interpretar os diversos planos deconcordância passíveis de estabelecimento às escalas do lugar(contribuindo para a concertação dos factos urbanos existentes eprevistos), da cidade (por coligação com os sectores urbanosenvolventes) e da conurbação urbana (por inscrição territorialconcreta, face ao nível dos equipamentos e serviços avançados,condições de mobilidade e outros aspectos igualmente relevantes).

Os planos de concordância passam assim pela definição dajusta condição de centralidade, como resultante pertinente daintegração de factores inerentes às potencialidades direccionaisinstaladas, à capacidade em assumir competências próprias comforte expressão cívica, cultural e vivencial, e à capacidade emestreitar nexos de relação às diferentes escalas de abordagem.

A solução proposta baseia-se numa série de componentes agre-gadores, como:

• Formalização de um sistema bem desenvolvido de espaçoscolectivos, constituído pelas novas alamedas, praças, arrua-mentos e demais serventias mutuamente articuladas e coliga-das com a envolvente;

• Edificação em quarteirões, definidos em correspondênciacom as unidades funcionais existentes e propostas;

• Instalação de um parque urbano inserido no sistema de espa-ços naturalizados, transversal ao sector da Asprela;

• Enriquecimento e diversificação da estrutura programática,por introdução de factores de centralidade e funções de guar-nição vivencial da malha urbana (alojamento de estudantes,comércio e serviços de proximidade, valências desportivas e

como espaço de habitar qualificadoO projecto urbano da área central da Asprela, nas suas diversas vertentes de estru-

turação urbanística e ambiental, permite considerar aspectos inovadores na rela-

ção entre cidade e universidade.

Recompor o Pólo II

Rui Passos Mealha (Arquitectura, 1980)

Opinião

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-ride”), necessária ao local mas de alcance bastante mais vasto noâmbito do complexo sistema de mobilidades que caracteriza aconurbação da qual a Asprela é um dos elementos de referência.

Em termos projectuais os desafios são, sobretudo, de ordeminstitucional. A Asprela é uma manta de retalhos onde o municí-pio é, porventura, o elemento mias fragilizado num sistema deplaneamento como o nosso em que falta uma articulação eficazentre as competências do Estado Central e das suas tutelas (Minis-térios da Saúde e da Educação, Instituto das Estradas de Portugal,etc.) e os Municípios e Associações de Municípios. A situaçãoagrava-se quando, como é o caso, a resolução do problema ultra-passa os limites estritos do local onde se manifesta.

Estes são alguns dos dados da equação. Para além do Plano dePormenor (promovido pela UP e apto a resolver conflitos deescala micro-urbanística), falta um instrumento de urbanismonegocial (com carácter operativo e capaz de congregar consensos,recursos e responsabilidades) que contenha uma entidade regula-dora e executora. Se assim não for, continuaremos a assistir àlógica do somatório de projectos isolados ( o Centro Materno--Infantil, p.e.) e, a prazo, à própria implosão funcional da Asprela,perdendo-se, assim, a oportunidade desta zona cumprir a funçãoestratégica que lhe corresponde na estruturação da ConurbaçãoMetropolitana do Porto. •

A forma urbana caracteriza-se pela radicalização do fragmento,da colagem de contentores de carácter excepcional (unidades deensino avançado e de serviços de especializados de saúde), produ-zida por várias tutelas públicas e privadas sem qualquer espécie deplano ou projecto prévio orientador de princípios mínimos dedesenho. As diferentes unidades funcionais fecham-se nos respec-tivos lotes, ignorando critérios de composição urbana e de estru-turação de um sistema de espaços colectivos coerente e ajustadoàs cargas em presença. Esta espécie de enquistamento é reforçadopelo desenho abrupto das vias arteriais rodoviárias (auto-estradas,nós, circulares) e pela difícil relação entre a lógica das mobilida-des das “distâncias longas em tempos curtos” (na rede arterial quepercorre os territórios da urbanização extensiva e descontínua eque aqui possui um dos principais pontos de interconexão), e adas “distâncias curtas em tempos longos” (na malha capilar queconstrói os traçados da cidade compacta). Esta ruptura de capaci-dade e de modos de deslocação não se resolve nos territórios exí-guos e problemáticos onde se inscrevem e se misturam as velhaspré-existências (cemitério, igreja, bairros, terrenos agrícolas resi-duais, etc.), e as novas funções de grande porte e capacidade deatracção.

Funcionalmente tudo aqui é diferente da velha ordem urbana.Existe um pulsar atípico – horários alargados, usos de fim desemana – e uma capacidade de atracção de utentes que trans-borda as habituais relações de proximidade, mobilizando umvasto território de influência que a intensidade do uso do trans-porte individual viabiliza e aprofunda. A chegada do metro cons-tituirá, com certeza, um valioso incremento de mobilidade, sobre-tudo em função do núcleo central da cidade do Porto, mas dei-xará por resolver a multiplicidade de relações que se estabelecemcom espaços muito mais alargados. Para além disso, falta umasolução articulada de intermodalidade (terminais intra e inter-urbanos de transporte colectivo e parques dissuasores “park-and-

Uma rótula entre a cidade e o urbanoA zona da Asprela é quase um laboratório das dinâmicas urbanas recentes na Conurbação

Metropolitana do Porto, quer em termos de forma urbana, de funcionalidade e, não menos

importante, de desafio projectual.

Asprela

Álvaro Domingues (Geografia, 1978)

CORTESIA PÚBLICO

Opinião

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NA CAPA

João, o Politécnico e as Universidades privadas, no sentido doordenamento integrado da zona da Asprela; pelo aperfeiçoa-mento do Plano do Polo 2 (do arq. Rui Mealha), quer na conside-ração da zona envolvente, na definição do uso do solo, da mobi-lidade e acessibilidade concelhia e metropolitana, e do ambientee edificado.

Este ordenamento visa, não uma “cidade Universitária” ou um“condomínio fechado” de equipamentos e residências universitá-rias, mas uma polaridade com características funcionais e devivência própria, verdadeiramente articulada com a cidade e par-ticularmente com a sua zona central.

• a integração e a articulação desta zona, nomeadamente atra-vés do Plano Director Municipal com o conjunto da cidade e, emparticular com a cidade consolidada e o centro tradicional.

A reabilitação da “Baixa” e do centro histórico, que constituiuma das políticas fundamentais da Câmara implica, também, oseu repovoamento que necessariamente deverá ser feito, com epara uma população jovem na qual se destaca, no Porto a popu-lação universitária.

Também alguns equipamentos universitários que se prevêempara a zona central (Reitoria, Museu universitário, biblioteca uni-versitária, institutos, restaurantes universitários); os equipamen-tos culturais existentes, a potenciar ou a criar na baixa; a reabili-tação do comércio tradicional, da restauração, de equipamentosde lazer, e a animação de espaços públicos daí decorrente pode-rão atrair para o Centro e para uma vivência em todo o espaço dacidade, esta população jovem.

Finalmente,• a planificação e estruturação da rede viária, com a racionali-

zação e construção de estacionamentos e de interfaces e, sobre-tudo com a construção da rede do Metro e a sua integração narede de transportes públicos, irá permitir uma melhoria signifi-cativa da mobilidade na zona da Asprela, uma melhor articulaçãocom outras polaridades da cidade e, pela própria configuração darede do Metro, potenciar as deslocações de e para a Baixa, e a significativa melhoria da mobilidade na cidade. •

(*) Vereador da Câmara Municipal do Porto

Opinião

Sendo um dos pólos de concentração de actividades diáriasnomeadamente relacionadas com o ensino superior e com o Hos-pital de S. João, implica, no momento em que a cidade se preparapara a discussão e implementação do Plano Director Municipal,um planeamento de toda a zona e, sobretudo, uma planificaçãoda sua articulação com o conjunto da cidade.

O Pólo II da UP cujas origens se podem situar nos anos 30 doséculo XX, quando o Estado Novo procurava uma localizaçãopara o novo hospital escolar (que apenas se veio a concluir nosanos 50, como hospital de S. João) e que, na década de 60 – coma ideia de construir uma “cidade Universitária” no Porto – setorna polémica e é mesmo abandonada por ser então conside-rada, pelo Regime, como potenciadora da agitação estudantilinternacional e nacional da época.

Por isso e apesar dos Plano Auzelle, apenas se constrói naAsprela o Instituto Industrial (hoje ISEP) e se projecta, a partir de1961, a Faculdade de Economia.

ORDENAR COM A COLABORAÇÃO DE TODOS

Todo o crescimento recente, realizado nas últimas décadas doséculo XX, constitui uma acumulação de equipamentos e edifí-cios, de uma forma casuística, ao sabor da capacidade de aquisi-ção de terrenos, das disponibilidades das Universidades, sem umplaneamento eficaz (apesar de um estudo de plano do arq. LuísCunha), sem a ponderação dos problemas de mobilidade e deacessibilidade, já de si, com vias congestionadas pela presença,com características de hospital regional, do Hospital de S. João,sem uma verdadeira ponderação da articulação com outras zonasda cidade e mesmo com outras instalações do ensino superior, esobretudo, sem uma integração na cidade.

Por outro lado, o crescente peso da população estudantil doensino superior na cidade do Porto, sem uma correspondente ealiciante oferta de alojamento para essa juventude universitáriatem originado, com a crescente motorização, um elevado númerode deslocações pendulares de concelhos periféricos para o Porto e,nomeadamente pela sua concentração de equipamentos universi-tários, para a zona da Asprela.

Daí que os projectos da Câmara Municipal para a zona daAsprela respondam aos seguintes princípios:

• colaborar com a Universidade do Porto, o Hospital de S.

da Universidade do PortoO Pólo II da Universidade do Porto e a zona da Asprela, pela dimensão, concentração

de pessoas e de actividades, e pela importância que hoje assumem na cidade, cons-

tituem uma das principais áreas a necessitar de uma coordenação e intervenção

municipais, particularmente na área do planeamento e da mobilidade.

O Pólo II

Ricardo Figueiredo (*)(Arquitectura, 1962)

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Uma nova oferta de mobilidade para o pólo II da UP

O Metro do Porto é o maior projecto de metro ligeiro construído de uma só vez. Depois de um período de fortes perturba-ções o projecto entrou, a partir dos finais de 2000, numa fase intensa de construção, tendo já sido inaugurada a 1ª. Linhaentre a Trindade e Matosinhos em 7 de Dezembro de 2002.

A REDE DA 1ª. FASE – O contrato assinado em Dezembro de1998, com um ACE formado por 7 empresas nacionais e interna-cionais envolve mais de 150 milhões de contos e integra a cons-trução de quatro linhas :

Linha A (azul): Campanhã – Trindade (em exploração)Linha B (vermelha): Campanhã – Póvoa de VarzimLinha C (verde): Campanhã – TrofaLinha D (amarela): St.º Ovídeo – H.S.João

TRAÇADO DA LINHA AMARELA – A linha amarela é um eixoNorte Sul fundamental da fase I do MP com:

• 2,6 Km,s à superfície, na Av. da Republica em Gaia até Stº. Ovidio, envolvendo o desenho de uma nova inserçãourbana daquela artéria de Gaia, e incluindo as estações deJardim do Morro, General Torres, Câmara, e Parque da Repú-blica.

• 4,3 km’s de túnel entre a estação do Pólo Universitário (junto à Faculdade de Medicina Dentária) envolvendo 8 estações enterra-das (Pólo Universitário, Salgueiros, Lima, Marquês, Faria Guimarães, Trindade, Aliados e S. Bento).

• 1,4 Km’s à superfície atravessando o Pólo Universitário, inserindo-se na Rua Dr. António Bernardino de Almeida até ao terminusem frente do Hospital de S. João. Este troço incluiu as estações de IPO e Hospital de S. João.

OFERTA DE TRANSPORTES – Esta infra-estrutura da linha Amarela permitirá oferecer transporte a 2.000 passageiros/hora e sentidoem horas normais e 9.000 passageiros/hora e sentido em horas de ponta, correspondendo a uma capacidade de transporte de80.000 passageiros/dia, e permitindo uma ligação em 15 minutos entre S. Ovidio e Hospital de S. João.

ATRAVESSAMENTO DO DOURO – O traçado da linha amarela exigiu a construção da ponte do Infante, que permitiu acolher o trân-sito rodoviário do tabuleiro superior da ponte Luís I.

A ponte Luís I sofrerá também uma intervenção estrutural, permitindo-a adoptar à passagem exclusiva de veículos ferroviários.

A LIGAÇÃO DA LINHA AMARELA COM A LINHA AZUL – A estação da Trindade é na 1ª. Fase o nó de rede mais importante consti-tuindo o ponto central de um X. Permitirá uma ligação entre a linha Amarela e a linha Azul, garantindo uma comunicação fácil entretodas as estações dessas linhas.

UM NOVO DESAFIO DA AMP – A INTERMODALIDADE – A rede do MP não é uma oferta isolada de transportes colectivos. Faz partede uma rede mais vasta da AMP envolvendo CP, STCP e operadores privados de transportes.

Para tornar a procura de transportes mais atractiva o Metro do Porto promoveu a construção de uma estrutura empresarial, os,Transportes Intermodais do Porto, que irá oferecer uma solução completa intermodal. O cliente da AMP irá ter uma resposta única anível o sistema de bilhética, tendo já sido lançado o Andante Azul como título intermodal. Em breve será lançado o Andante Douradocom um maior número de possibilidade, que, brevemente será divulgado.

A AMP irá dispor, assim, pela primeira vez, a nível mundial, de uma tecnologia 100% sem contacto. •

24 UPorto. NA CAPA

NA CAPA

Metro do Porto

S. OVÍDEO

PRAÇA DA REPÚBLICA

CÂMARA DE GAIA

GENERAL TORRES

S. BENTO

ALIADOS

TRINDADE

FARIA GUIMARÃES

MARQUÊS

LIMA 5

SALGUEIROS

PÓLO UNIVERSITÁRIO

IPO

HOSPITAL S. JOÃO

Linha de Metro (amarela) na zona da Asprela e todas as estações previstas paraessa mesma linha.

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UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO

UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO. UPorto 25

O Centro de Investigação Jurídico-Eco-nómica (CIJE), da Faculdade de Direito daUniversidade do Porto está a preparar ummanual de boas práticas sobre técnicas defiscalização pró-activas para apoio à tribu-tação de empresas, no contexto de grandesgrupos económicos.

O estudo que incide sobre os chamadospreços de transferência (preços de mer-cado, justos e independentes), a decorrerem colaboração com o Dr. Duarte Barros,Inspector da Direcção Geral de Contribui-ções e Impostos (DGCI), faz apelo à análisecomparada dos sistemas noutros países,nomeadamente França, Inglaterra,Holanda e Estados Unidos da América. Oestudo identifica uma evolução comumdos métodos de fiscalização no sentido deuma atitude cada vez mais activa das admi-nistrações fiscais dos vários países. Porexemplo, cruzando dados com outros orga-nismos públicos e não públicos, fazendodeslocar inspectores fiscais às própriasempresas, ou usando a figura do agenteinfiltrado, frequente na investigação poli-cial.

Estes métodos de cruzamento de dadosforam pormenorizados recentemente nalegislação nacional referente à tributaçãode empresas, em sede de IRC. O problemareside sobretudo na aplicação da lei,comenta Glória Teixeira, professora daFaculdade de Direito da UP, coordenadorado CIJE e deste projecto. Na perspectiva dainvestigadora, a legislação nacional é, aliás,“excessivamente pesada”, quase compará-vel à dos Estados Unidos.

Por isso, o projecto de investigação

fiscalização tributáriaO Centro de Investigação Jurídico-Económica (CIJE) da Faculdade de Direito da UP

prepara um estudo sobre técnicas de fiscalização tributária, no quadro do IRC. Sugere-se

uma atitude pró-activa, tendo em conta a necessidade de cruzamento com outras fontes

de informação. O estudo é um caso único de cooperação entre a administração tributária

e um centro de investigação universitário.

Reavivar a

aborda as técnicas para aplicação dosmétodos teóricos de fiscalização expressosna legislação e faz uma análise crítica dajurisprudência nesta área, mais concreta-mente das sentenças dos Tribunais nacio-nais e daqueles países. Segundo a profes-sora e investigadora trata-se da primeirainiciativa de colaboração entre uma estru-tura de investigação universitária e aadministração tributária.

CONHECIMENTO “DO TERRENO”

Na prática, o que está em causa é,tomando conhecimento do funciona-mento do mercado nacional e internacio-nal, cruzar a informação constante dasdeclarações de IRC e dos arquivos daadministração tributária, com outrosdados. Por exemplo, dados estatísticossobre preços (fornecidos pelo InstitutoNacional de Estatística), movimentos daBolsa de Valores relacionados com asempresas fiscalizadas, investimentos emPortugal, volume de importações e expor-tações e, se for relevante, informação for-necida pela Segurança Social. Na realidade,sublinha Glória Teixeira, o cruzamento dedados que ainda dá os primeiros passosem Portugal, essa “fase de infância” da fis-calização tributária já passou há muitonoutros países europeus. “É preciso dar opasso seguinte, com deslocações às empre-sas, às bolsas de valores, associaçõescomerciais e instituições representativasdo sector a que pertence a empresa fiscali-zada, por exemplo”.

A informação tributária é assumida

como ponto de partida. O passo seguinteserá o cruzamento com informação sobreo mercado. O terceiro nível de informaçãoestá relacionado com bolsas de valores einstituições financeiras, uma vez que osigilo bancário “tem os dias contados” naperspectiva de investigadora. Recentesdirectivas comunitárias apontam nessesentido. No caso da Suíça, apesar da ima-gem de dificuldade de acesso a dadossobre as contas bancárias que lhe estáassociada, o sigilo bancário só poderá sermantido mediante o pagamento de umimposto mínimo, obtido através da téc-nica de retenção na fonte.

Uma quarta fase passará pelo cruza-mento de dados fornecidos por associa-ções comerciais e empresariais. Por outrolado, a informação recolhida nas própriasempresas poderá ser extremamente impor-tante. Na sua documentação, através doacesso às bases de dados, aos servidores e aanálise dos stocks.

Da parte da administração tributáriaexiste agora uma atenção redobrada aestas questões, tendo em conta a criaçãode um grupo de trabalho específico, decarácter multidisciplinar, envolvendo, porexemplo, juristas e economistas. Há muitoque se suspeita de planeamento fiscalexcessivo em Portugal, especialmente nocaso de empresas que apresentam prejuí-zos crónicos e pouco justificáveis no qua-dro da actividade que desenvolvem e desinais que lhes são conhecidos.

O projecto de investigação começou aser desenvolvido em Abril e deverá serapresentado no final do ano em curso. •

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do local onde se encontrem (possibili-tam economias de escala e uma apren-dizagem para outras soluções de carác-ter aberto ao exterior);

• Portais para parceiros, que permitemunir a empresa a parceiros de negócio,mais conhecidas por extranets; permi-tem a melhoria das relações com osparceiros e o desenvolvimento denovos negócios;

• Portais de terceiros, ou seja, redes queunem organizações compradoras evendedoras, mais conhecidas por e-marketplaces, permitem fundamental-

26 UPorto. UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO

UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO

Como deve a sua empresa posicionar-seperante o mercado, no contexto das novastecnologias e da comunicação em rede?Elaborar um portal próprio? Pedir aloja-mento num portal sectorial (vertical), ounum horizontal? Ou ainda criar apenasuma rede interna?

Para responder a estas questões a EscolaSuperior de Gestão da Universidade doPorto (EGP.UP) elaborou um estudo,apoiado pelo IAPMEI e apresentado ofi-cialmente em Maio do ano passado, quefunciona como texto de apoio aos empre-sários. Com base em 35 entrevistas, 20delas a empresas clientes de soluções elec-trónicas, 12 a fornecedores de deste tipode soluções e as restantes 3 a especialistasna área, o texto intitulado “Os e-marketpla-ces – Estratégias de Selecção de PortaisB2B” apresenta um conjunto de exemplosde empresas em vários sectores, respecti-vas características, objectivos e vantagensconseguidas com a estratégiaseguida. De fora do estudo fica-ram os sectores financeiro e deseguros, atípicos no contextoportuguês, uma vez que conse-guiram um grau relacionamentocom as estratégias “B2B” (“Busi-ness to Business”) superior aosrestantes sectores empresariaisportugueses.

Identificam-se, segundo o estudo, qua-tro tipos de portais “B2B”:

• Portais para colaboradores (ou intra-nets), que permitem unir colaborado-res da empresa, independentemente

car, na opinião de Alcibíades Guedes (coor-denador do estudo com Rui Patrício) quenão existe atraso estrutural a este nível eque o acesso à tecnologia é fácil. O profes-sor e investigador da Universidade doPorto afirma que existem exemplos desucesso em todos os sectores da economiaportuguesa e também não é, portanto, umproblema sectorial. É, acrescenta, sobretudo uma questão de estratégia empresa-rial; de ideias bem definidas sobre os objec-tivos da empresa, de percepção de oportu-nidade e, depois, de escolha da opção maisadequada. “O comércio electrónico é ape-nas uma ferramenta no contexto da estra-tégia traçada”.

SOLUÇÕES À MEDIDA

A solução de negócio electrónicodepende, fundamentalmente, de dois fac-tores, na perspectiva da equipa autora de

“Estratégias de Selecção de Por-tais B2B”: a preparação daempresa para o comércio elec-trónico e a preparação do mer-cado, mais concretamente dosseus principais parceiros e con-correntes. Feita a reflexão sobreestes dois aspectos, há quatro

situações possíveis e, para cada uma, umconjunto de soluções aconselhadas.

Se nem a empresa, nem o mercadoestão preparados para o comércio electró-nico, sugere-se a participação em portaishorizontais, porque representam um nívelquase nulo de investimento e um muito

Um up-grade nos negóciosAs pequenas e médias empresas já dispõem de um manual de soluções de comércio elec-

trónico. Foi elaborado pela Escola de Gestão do Porto (EGP.UP) e apoiado pelo IAPMEI. A

solução depende fundamentalmente da preparação do mercado e da empresa. Mas para

conseguir ganhos económicos é preciso ter estratégia

EGP.UP publica manual de comércio electrónico

É sobretudo uma questão de estratégia empre-sarial. O comércio electrónico é apenas umaferramenta no contexto da estratégia traçada.

mente às Pequenas e Médias Empre-sas ter o primeiro contacto com assoluções de comércio electrónico deforma fácil e a custo reduzido.

A elaboração do estudo, entre Setembrode 2001 e Janeiro de 2002, permitiu verifi-

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baixo nível de colaboração com parceiros,e ainda a elaboração de um catálogo infor-mativo (por exemplo, sobre bens, serviçose especificações técnicas). Se o mercadoestá pouco preparado e a empresa, pelocontrário, está preparada para o comércioelectrónico, sugere-se a construção de umaintranet de negócio, um portal dirigido acolaboradores, que deverá estar ligado àbase de dados do sistema de informação daempresa. Uma outra situação possível é omercado estar preparado, mas a empresanão ter o mesmo grau de preparação. Nessecaso, a solução de negócio electrónicoapontada é a participação num portal decompra dos clientes ou num portal devenda dos fornecedores, ou, por pressãodos parceiros, a participação num e-market-place vertical. Numa última hipótese, tantoo mercado como a empresa estão prepara-dos e, como tal, será conveniente uma detrês soluções: a construção de um portal,construído e patrocinado pela própriaempresa, de compra para fornecedores ouum portal de venda para os clientes; a par-ticipação num e-marketplace vertical paranegociar com parceiros; ou ainda a cons-trução de uma extranet, com carácter maiscolaborativo, partilhada e desenvolvida emparceria entre colaborador e comprador.

VANTAGENS ECONÓMICAS

O estudo publicado concluiu que mui-tas das boas práticas analisadas resultamnão só das condições da empresa e do mer-

para a maioria das empresas que adoptemsoluções de negócio electrónico dependeda dimensão da empresa, sua preparação,do enquadramento estratégico e da prepa-ração dos seus parceiros de negócio.

Por outro lado, as vantagens estão siste-matizadas. “As grandes empresas benefi-ciam de economias nos processos (internose de relação com os seus parceiros maisdirectos) e de economias de preço dos bense serviços indirectos (por exemplo, econo-mato). As PME poderão beneficiar de ummelhor relacionamento com os clientes(melhoria do nível de serviço) e de umamelhor lubrificação dos canais tradicionais(eliminação de redundâncias, melhor apro-veitamento dos recursos e partilha deinformação)”.

UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO

UNIVERSIDADE EM CONSTRUÇÃO. UPorto 27

Estudos em desenvolvimento:

• “A logística e a Perificidade – situação da Região Norte face aos seus mercados de destino e aos seus pontos de abastecimento –coerência com as políticas de dotação de infra-estruturas”, para a CCRN;

• “Desenvolvimento do metodologia ECR - Efficient Consumer Response para PMEs”, para o ECR Portugal;• “Reforçar as competências sobre os perfis dos profissionais de Logística e melhorar os conteúdos que fazem parte da sua forma-

ção”, para a APLOG.

Outros estudos em desenvolvimento na EGP-UP

cado, mas fundamentalmente da capaci-dade e visão dos líderes e da importânciaestratégica que dão ao negócio electró-nico. Nas conclusões, são ainda identifica-das as variáveis a ter em conta. A relevân-cia das vantagens económicas que existem

MATRIZ DE POSICIONAMENTO

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Óscar Lopes, nome grande do ensaísmo, do ensino eda intervenção crítica no campo dos Estudos Literários eda Cultura Portuguesa, nasceu em 1917 em Leça de Palmeira. Licenciou-se em Filologia Clássica na Universi-dade de Lisboa em 1941, completou o curso de Historico-Filosóficas em Coimbra. De 1941 a 74 foi professor de Liceu, embora depois de 1953 tenha sido impedido pela polícia política de ensinar literatura. De 1974 até 1987 foi professor de Linguística na FLUP,tendo sido seu Director de 74 a 76. Jubilou-se em 87.

Da sua longa e exuberante vida literária, assinale-seque, de 1950 a 70, foi articulista de O Comércio doPorto (os seus textos críticos foram reunidos nos trêsvolumes de Estrada Larga). Participou em numerosos colóquios e conferências nas principais cidades e centrosculturais portugueses e no estrangeiro.

Os seus primeiros livros datam do início dos anos 40.A primeira edição da História da Literatura Portuguesa,porventura a obra de sua autoria mais conhecida querpelos estudantes quer pelo grande público, saiu em 1953(iniciou a colaboração para a sua redacção conjunta comAntónio José Saraiva estando este no exílio e ele própriopreso). A 18ª edição estará em breve em impressão.

Publicou ainda, entre muitos outros títulos, GramáticaSimbólica do Português – um Esboço (reed. 1972), Ler eDepois (3ª ed. 1971), Modo de Ler (2ª ed. 1972), História Literária do Porto (esboço) (1979), Uma Espéciede Música (Eugénio de Andrade) (1981), Os Sinais e osSentidos (1986), Entre Fialho e Nemésio. Estudos deLiteratura Portuguesa Contemporânea (1987), Cifras doTempo (Ensaios sobre textos dos sécs. XIX e XX) (1990),A Busca de Sentido (Questões Literárias Portuguesas)(1995), e Cinco Motivos de Meditação – 1º volume das“Obras” (1999).

Foi galardoado, entre outros, com os seguintes prémiose distinções: Prémio de Jornalismo Rodrigues Sampaio(67), Prémio Jacinto Prado Coelho (85), Prémio APE 96– Vida Literária, Prémio Vergílio Ferreira 2002.

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PERFIL

“Sou necessariamente plural”Óscar Lopes

Entrevista conduzida por Arnaldo Saraiva* e Maria Isabel Pacheco

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PERFIL

PERFIL. UPorto 29

Disse, numa entrevista publicada na revista do jornalExpresso, em 1997: “De há 40 anos para cá temos uma visãodo mundo completamente diferente. Tenho 80 anos e metadeda minha vida é a negação da primeira metade. Estou satis-feito com isso”. O que queria exactamente dizer?

Hoje, clarificando os dados, diria: “De há 40 anos para cámudámos, quase sem dar por isso, quanto ao essencial da nossavisão do mundo. Tenho 80 anos e metade da minha vida pareceagora feita da negação dos mais íntimos ideais da adolescência”.São palavras minhas, mas a situação já não é a mesma. O mundoestá completamente diferente.

Na minha vida não há negação, num sentido lógico final dotermo. Há, sim, num sentido muito mais miúdo e cerzido parcial-mente previsível, pois a realidade é toda ela feita de relações.Assim, ao fim de um certo tempo, já não se está a discutir exacta-mente a mesma coisa, até porque as coisas alteram-se, e até por-que a percepção que temos delas as torna muito diferentes.Assim, podemos servir-nos das perguntas que outros homens enós próprios já fizemos, num sentido de dominar as coisas, e asperguntas precisam de ser reformuladas.

A segunda parte da minha vida está a acontecer no primeirodecénio do século XXI. Ora bem, de 2000 até agora aconteceramcoisas que já alteraram a nossa realidade, feita de contraditórias edesencontradas maneiras por cerca de um bilião de homens quesó parcialmente se encontram e entendem.

Todas as respostas são uma espécie de resumo, em que os pró-prios desejos se alteram pois a comunicação só é possível porqueestamos continuamente a alterar as perguntas que fizemos e aque mal respondemos com as próprias perguntas que elas nosmoveram. Estamos, na situação, a alterar os dados.

Como é que olha para as transformações ocorridas na vidacultural portuguesa nos últimos anos, dado que as viveuintensamente?

A transformação da vida cultural portuguesa foi maior do queas pessoas julgam. A maior parte das pessoas pensa ainda em termos de blocos, de nações, etc. As relações entre o mundo por-tuguês e o resto do mundo são agora muitíssimo mais complexas.Tenho que recorrer à alteração da superestrutura e falar em mui-tas coisas que atingiram a nossa história, incluindo temas como,por exemplo, o sebastianismo e o nacionalismo colonialista. Mashouve uma alteração das mentalidades desde 1974.

Em dois belos textos publicados em volumes que o home-nagearam, quer pela Câmara de Matosinhos quer pela Facul-dade de Letras do Porto, Eduardo Prado Coelho e Vasco GraçaMoura referem-se a si, o primeiro, como um dos seus mestres,e o segundo, como leitor privilegiado; poderá falar-nos dosseus mestres e figuras tutelares?

É difícil, depende das idades. Olhe, um dos meus mestres foi,sem dúvida, o Pessoa. O Pessoa, em termos de pensamentológico, e no que toca à ideologia como sentido, está no meuavesso. Mas considero que está ao mesmo tempo também perto

do meu lugar e que de certo modo contribuiu para a minhamaneira de pensar. O António Sérgio, por exemplo, entre os anos30 e 40, deu-me algumas imagens que depois se perderam. A suamaneira de agir com as ideias era diversa da minha, mas nemsempre me quis aperceber disso. Ou, pelo menos, tinha uma certamaneira de não me aperceber disso. Todavia, sob certos aspectos,serei ainda sergiano, depende de quem está a discutir comigo.

No campo da filosofia tive vários mestres, conforme as fases.Bergson teve uma certa influência negativa sobre mim, e certosaspectos do pensamento de Descartes buliram muito comigo...

Na Universidade não hesito em dizer que Vieira de Almeidateve importância para a minha formação, ainda que tenha queme condicionar muito para dizer porquê.

“Prefiro olhar para mim próprio como umcomentador da literatura”

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Desde que se formou que a sua vida esteve ligada aoensino, primeiro, secundário, e, desde 74, superior. A insistên-cia e abrangência dessa escolha, os projectos pioneiros em quese envolveu, como por exemplo na Escola Técnica Gomes Teixeira, e no Liceu Rodrigues de Freitas, com a bolsa de apoioda Fundação Gulbenkian, dão-nos uma medida da sua dedica-ção. O que é, para si, ensinar?

Sempre gostei de ensinar, no sentido de reconhecer com aajuda dos alunos certos fins e meios. É, no fundo, uma coopera-ção com os alunos. Muitas vezes os alunos sugeriam-me ideias, oudirectamente, ou como resposta, e isso alterava a minha maneirade ver, alterava aspectos concretos da vida humana. Fui aprendizdurante cinquenta anos, e até antes disso. Lembro-me de queimprovisei uma história da literatura no liceu, para os meus cole-gas, tentativa de que ainda há pouco descobri cópias.

Quando nos anos 70 tive que exercer o ensino na Faculdade, jánão encontrei a mesma adequação aos alunos. Os alunos tinhamuma preparação bastante diferente daquela que era necessária. Eu

estava a fazer também a minha preparação, foi um esforço que fizcom muito gosto e que até perdurou, em grande parte. A percepçãode uma certa concreta procura das formas de me exprimir e de meencontrar, linguisticamente, na linguagem ainda perdura agora.

Mas gostou mais de ensinar Linguística, a que chamou Sim-bólica, do que Literatura?

Não. Em Literatura nunca sei bem qual é o assunto... Isto deencontrar “a coisa”, não ter “a coisa” perfeitamente à vista, é umencanto, e é para alguns uma perdição.

Quando chegou à Universidade e foi nomeado director daFaculdade de Letras da UP, quais foram as suas principaispreocupações?

Eu sentia que não era competente para o que vagamente aspi-rava. Era, repare, uma Faculdade que já tinha uma estrutura dife-rente daquela que eu tinha frequentado. Essa Faculdade tinhauma vivência que destoava do ambiente da Faculdade de Letrasde Lisboa, em que me formei. Mas, dramaticamente, gostei. Euera ainda movido por um certo “simbolismo” que, como Baude-laire e Valéry, mesmo já na sua crise wagneriana, queria esposar oreal e até um real mais real, mas que no fundo se revolvia comoque manietado.

Disse de si próprio, em “Uma Espécie de Música”, obra con-sagrada à poesia de Eugénio de Andrade: “sou um leitor queescreve e fala para os outros”. Quem são esses outros e porqueé que se lhes dirige?

Essa é uma pergunta que me toca. Os outros são construídospor mim próprio. Há uma certa representação... Conheço as pessoas, já falei com elas, ou já me foram apresentadas nalgumaqualidade, o que permite ter delas uma pré-representação. Depois,evoluímos, ao longo da discussão, e essa construção do outro vai-se alterando. Há uma construção constante do “tu”, da pessoaa quem nos dirigimos. E isso continua sempre, até porque o “tu”se representa e entende como sendo, afinal, uma negação e pro-messa de futuro, no “eu” que sofre.

Por vezes a identidade de um país constrói-se em torno deuma tradição cultural forte, pode ser a música, a filosofia, apintura. A nossa tradição literária desempenhou esse papelaglutinador?

Sim, mas por que vias tão destrutivas de um “eu” que se vaipressentindo… Literatura é algo já abstracto, e Portugal é algo quese me representa mais concretamente. São, enfim, 10 milhões depessoas. Colar uma coisa à outra é difícil. Em todo o caso o pro-blema existe. Existe Portugal e existe a língua portuguesa e existea questão acerca do que são, e de como são os portugueses. Olheos outros para que escrevo, e de que falámos antes, são de certomodo também os portugueses. Bom, há um esforço de adaptaçãoe de adivinha dos gostos, das tendências, e também, fatalmente,uma certa revolução que apenas se pressente como realizada aocabo de várias metamorfoses.

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“Temos sempre que construir o interlocutorpara sermos capazes de discutir com ele”

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É evidente que a nossa literatura tem um papel na construçãoda identidade portuguesa, mas essa questão é ainda mais compli-cada do que a essência dos portugueses... Saber como é que pen-sam os portugueses, o que são, como sentem. Se são apenassentimentalistas, se são saudosistas (e em que sentido?). É claroque os próprios portugueses são mais complexos do que o que sepossa dizer deles. Nós estamos constantemente a refazer a nossamaneira de pensar.

Apesar de tudo isso, digo que vale a pena considerar a existên-cia de um “ente” português, hoje, e procurar o que pensa. Qual-quer um de nós tem que fazer o esforço de adivinhar e ultrapas-sar-se a esse respeito, porque de outro modo não poderá dialogar.

Crítica, interpretação e análise literária são três vectores doseu ensaísmo. Como articula estas práticas nos seus textos?

O ler interpõe uma distância, traduz-se numa certa objectiva-ção. Portanto de alguma maneira estou a pensar e a reagir a algo,que estou a criticar enquanto estou a ultrapassar... Isso é com-

plexo. Mesmo que me considere crítico de determinadas ideias,de uma determinada ideologia, isso já é construir o interlocutor.Temos sempre que construir o interlocutor para sermos tambémcapazes de discutir com ele.

Prefiro olhar para mim próprio como um comentador daliteratura. Não gosto dos termos hirtos, porque oficializados. O crítico, é, claro, crítico de qualquer coisa. No meu domíniotem que saber o texto, tem que ter uma ideia do texto... umaideia mesmo que seja provisória, digamos assim. Depois, para adiscutir, vai-se definindo melhor o seu objecto, mas, ao mesmotempo, a reacção em frente ao objecto, vai-se conjugando o seuobjecto e o seu sujeito. Um dos meus problemas, agora, é o deum eu não substancial, ou substantivo. É uma questão que consi-dero absolutamente essencial, a de um eu muito mais fluido doque o eu espiritual, ou psicológico...

O conceito de sentido aparece constantemente associadoaos seus textos e mesmo nos títulos das suas obras. Que sentido é esse que procura nos textos e autores de que trata?

Isso é uma frase propositadamente multívaga. O sentido dotexto é aquilo que ele procura tornar óbvio para o leitor e para opróprio escritor. Pode ser uma montagem, uma espécie de inten-ção. Isto é, o que é o objecto, quer dizer o outro sujeito que o pri-meiro sujeito subentende. O que é avassalador…

Mas há sentido ou sentidos?Em princípio há sentidos. O sentido pode ser o sentido de

uma palavra, que pode ser, sei lá, uma cor, um sentimento, o sentido de uma frase complicada, a intenção ... é muito fluido. Otexto pode ser agressivo, pode ser o inimigo, então tem que seprocurar a razão de ser daquele ódio. É afectivo, e não propria-mente lógico. O sentido no texto depende dos sentidos fora dotexto, o sentido no texto é variável. Se não admitíssemos quehavia um referente fora do texto, estávamos numa situação difícil, não sabíamos de que é que se tratava. Se o meu interlocu-tor é qualquer coisa, ele é o nome e as evocações, o substrato donome, ao longo do tempo.

Mas o sentido está no leitor ou está no texto?Está no entrecruzamento.

Trabalha com o conceito de Modernismo, mas tambémcom o de Pós-modernidade. Que diferenças essenciais os distinguem?

Há muitas Pós-modernidades. No fundo não adopto este con-ceito e procuro perceber porque é que ele existe. O interesse estáem saber o que é se entende por Modernidade (por exemplo), equal é o adjectivo que melhor se lhe adapta.

Para si a actividade crítica está associada a circunstânciasmateriais e horizontes temporais. O seu modelo crítico, talcomo o advoga em várias situações, é um modelo aberto,integrador dos vários elementos em jogo. Nunca o incomo-

PERFIL. UPorto 31

“A semiologia não se modificou sensivelmente”

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dou que por sua vez, ao falar do seu trabalho, algumas vozesressalvem “apesar de marxista”..., como se isso fosse umestigma?

Não. Eu sou mesmo plural. Se sou marxista, sou necessaria-mente plural, nesse sentido.

O que é que a sua actividade ensaística e, em geral, a suareflexão crítica, deve ao trabalho que tem desenvolvido nodomínio da linguística?

As preocupações com a linguística apareceram numa determi-nada altura. Digamos que apareceram aí quando eu tinha 17, 20anos. Estava a estudar português de uma maneira diferente, e afinal concreta. A perseguir partes e a relacioná-las, a reconhecerque era uma entidade que já tinha oito séculos completos por seintegrar numa história. Depois estudei latim, que tinha já milé-nios, que morrera, mas afinal também vivia. Portanto o interessepela linguagem manteve-se sempre, mesmo quando a estudáva-mos, era uma linguagem cifrada (o sumário, como agora dize-mos), que é uma montagem feita à base de um protótipo que afinal nunca poderíamos ter ouvido.

O estatuto da crítica ao longo de todo este tempo foi-setransformando, até porque as circunstâncias histórico-sociaisse alteraram profundamente. Para si, hoje, a função da críticaé idêntica?

Para mim é, e creio que para toda a gente o é. Hoje a críticafala, por exemplo, no texto, e na realidade do texto. E a palavratexto evoca muitas coisas diferentes. Se estamos a tratar dos Lusía-das a palavra texto evoca as mitologias, as convicções clássicas ourenascentistas de Camões, etc. Noutra época qualquer, o textonão pode ter o mesmo sentido. O sentido de um texto é feito nãoapenas da erudição quanto a um dado objecto, mas até quanto àestrutura desse objecto, à maneira como as partes desse objecto seagenciam entre si, como é que ele reage com outrem. É uma coisabastante movediça, uma coisa muito diferentes de... qualqueroutra coisa.

…Mas considera que a crítica, hoje, é do mesmo tipo daque se fazia há quarenta anos?

Não, não pode ser, mesmo que o crítico o imagine. Se fôssemosperguntar a João Gaspar Simões, que foi crítico da presença, o queé o texto (imaginando que tal era possível, uma vez que ele jámorreu) decerto que ele veria as coisas diferentemente.

Que pensa do papel dos media que são, em parte, responsá-veis tanto pelos problemas da comunicação moderna comopelo regime de visibilidade das obras e dos autores?

Media é um termo latino. O que é que não é medium? De tudoo que nós falamos, nós falamos en tant que medium. Quando faloe digo meio, em vez de medium (ou em vez de media), a minhaobservação também é diferente. A semiologia não se modificousensivelmente. Para comunicar é exigida a existência de um meioconstituído por símbolos que estão entre si em determinadas rela-

ções. Essas relações variam conforme se trate de língua, de músicaou de outra coisa. E, portanto, é no seio dessas relações que apalavra “meio” ganha sentido. A palavra meio transporta umarepresentação que é já uma imagem, é o meio, uma coisa queestá... no meio, que serve (e de que maneira?) de ligação. Masacaba por ter um sentido muitíssimo mais difícil e que exige umadefinição, de que agora não estou a curar.

Hoje as coisas são mais complicadas. A internet, por exemplo, éuma coisa fantástica. Procura-se já a razão de ser da música, darelação entre notas, que são também o pressuposto de um termoprincipal…

Estou a ver que para um marxista deveria colocar a per-gunta de outra maneira. Qual a relação dos media com amanipulação e a alienação?

À medida que se tornam instituições, requerem novas defini-ções institucionais, que fixam aquilo de que nos apercebíamos deuma maneira agora mais maleável e, em certo sentido, deficiente.Há portanto uma alteração contínua enquanto se continuafalando.

Nesse regime, qual é o papel relativo do intelectual ou dacrítica neste universo comunicacional?

Não se pode negar que tem que haver uma acção qualquer. Háo sentido, há o símbolo, há o sinal, há as relações entre sinais, eeu, ao pensar, relaciono sinais e produzo conjugações novas deles,para algumas das quais chamo uma atenção especial. Sou o sujeitodaquilo que estou a ver. Esse é que é o papel dos meios: comuni-car uns com os outros por meio desses sinais e das regras (porvezes, no conjunto, emergentes) que os ligam. O que importa ésaber como se deve intervir. Como é que eu posso intervir? Hávinte anos sabia como intervir em circunstâncias parecidas comestas. Mas o intelectual tem que ter um papel activo, deve inovar,deve produzir novas criações e relações.

O que é que pensa e deseja fazer nos próximos tempos?O que tenho urgência é de acabar o que ainda tenho entre

mãos. Quero completar a História da Literatura Portuguesa, não énada fácil se eu quiser ter sentido. É necessário retocar muitas coisas. A minha editorial sugeriu-me a publicação de livros deensaios. A sua edição está entregue a uma pequena equipa. Estou,por exemplo, desde Outubro, a trabalhar num ensaio sobre oúltimo livro de Lídia Jorge, de que ainda hoje revi algumas pági-nas. As minhas preocupações linguísticas relativamente a essetexto têm que ver com o significado das palavras e a mudançadesse significado, de que não sei se ela se apercebe ou não, comoeu me apercebo. •

(*) Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto

32 UPorto. PERFIL

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34 UPorto. PERSPECTIVA

PERSPECTIVA

«(…) Quanto à escolha da melhor organização curri-cular conducente à empregabilidade, já é mais difícilobter consenso. A visão consecutiva vê uma divisãoentre as competências mais associadas com a qualidadeacadémica e as que favorecem a empregabilidade. Ascompetências de empregabilidade estão geralmente maisassociadas ao Bachelor enquanto as competências acadé-micas se supõem mais concentradas no Master (a menosque o Master tenho o objectivo muito específico de ser-vir um dado mercado profissional). A visão integradadefende que a qualidade académica e a empregabilidadesão especificações das mesmas competências úteis querno mundo académico quer noutros sectores do mercadode trabalho. Estas competências seriam desenvolvidasquer no Bachelor quer no Master, mas com diferentesespecializações.

Dar resposta às justificadas preocupações quanto àrelevância da educação superior e à empregabilidade dosseus graduados, sem comprometer a perspectiva de maislongo prazo que é própria das instituições de ensinosuperior, e das universidades em particular, poderá ser odesafio mais importante e o factor de sucesso das refor-mas curriculares derivadas do processo de Bolonha.Desenvolver a qualidade académica e promover aempregabilidade de forma sustentada têm de ser e per-manecer os objectivos centrais das reformas do ensinosuperior. A articulação entre a qualidade académica e aempregabilidade em dada instituição de ensino superior

deverá depender do posicionamento assumido por essamesma instituição na Europa e no mundo.»

O texto acima é uma recolha livre do documento Trendsin Learning Structures in European Higher Education IIIque foi apresentado à convenção da European UniversityAssociation em Graz, a 29-31 de Maio de 2003. Ele sumariabem as preocupações que estiveram na origem dos seminá-rios organizados pela Universidade do Porto em colaboraçãocom o Instituto Politécnico do Porto e com o Ministério daCiência e do Ensino Superior. Os três temas sucessivos, Para-digma da aprendizagem universitário e politécnico (ciências eengenharia) [29 de Abril de 2003], Aprender e aprender a ensinar(formação de professores) [13 de Maio de 2003] e Educação acadé-mica e capacitação profissional (cursos profissionalizantes) [27

de Maio de 2003] tocaram todas as áreas do ensino superior eos convidados trouxeram até nós os resultados das expe-riências que têm sido feitas no que é hoje o grande labora-tório europeu. No seminário de conclusão, Impacto da cons-

Reflectir BolonhaReformar o Ensino Superior

José Ferreira Gomes(*)(Engenharia Químico-Industrial, 1964)

«Melhorar a qualidade académica e a empregabili-

dade dos graduados são as duas motivações mais fre-

quentemente apontadas para o Processo de Bolonha.

O significado do neologismo empregabilidade é um

dos temas mais debatidos em todos os países de Bolo-

nha. Para as universidades, ele significa a aquisição

das competências de inovação e de liderança que são

importantes quer no domínio académico quer noutros

sectores de emprego (…)»

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PERSPECTIVA

PERSPECTIVA. UPorto 35

trução da área europeia de ensino superior em Portugal [12 de

Junho de 2003] fez-se uma discussão detalhada das opçõesespanholas que estão em fase final de discussão. Adicional-mente, foi analisado o sistema irlandês que se afasta jámuito do britânico tradicional e tem dado tão bons resulta-dos no desenvolvimento da competitividade internacionalda Irlanda. A apresentação do National QualificationsAuthority of Ireland (http://www.nqai.ie) permitiu com-preender as preocupações dos responsáveis pelo EspaçoEuropeu de Ensino Superior depois de conseguida a harmo-nização que Portugal tenta agora. Na área da criação de des-critores e da concensualização dos níveis de qualificações, oReino Unido, a Irlanda e a Dinamarca têm feito um notáveltrabalho pioneiro, embora o próprio projecto Tuning quefoi financiado pela Comissão Europeia e recentemente apre-sentou as conclusões da sua primeira fase tenha já dado pas-sos no mesmo sentido.

A discussão parlamentar dos artigos da Lei de Bases daEducação não esgota a problemática da integração doensino superior português no Espaço Europeu de EnsinoSuperior. Curiosamente, em Portugal e em Espanha houveuma larga convergência de opiniões entre os governos e osresponsáveis institucionais (CRUP e CCISP, em Portugal,CRUE, em Espanha) a favor o alargamento da duração doprimeiro grau académico, enquanto que a maioria dosoutros países do continente europeu reduzem a duraçãodeste primeiro ciclo de estudos (vide Trends III, apresentadoà convenção da EUA em Graz, em 29-31 de Maio de 2003).Não há dúvidas de que esta opção dá às instituições umagrande tranquilidade porque as dispensa de uma grandereforma curricular interna que mantém a maioria das uni-versidades europeias em reflexão interna e rápida acção.Contudo, a barreira pirenaica que está a ser reforçada dificil-mente terá a mesma duração mais que secular que a bitolade linha férrea teve, ainda que as razões de estratégia militarque a motivaram nunca tenham chegado a ser relevantes…

Esta série de seminários foi estruturada com o objectivoespecífico de facilitar um encontro entre universidades epolitécnicos portugueses e comparar a situação com a dediversos países europeus. Para além da estrutura de graus,pretendeu-se dar atenção aos paradigmas de aprendizagemsubjacentes a estes modelos. Pelos resultados obtidos, éclaro que se deram passos importantes neste sentido,embora o problema seja reconhecidamente demasiado com-plexo para que quatro dias de trabalho, ainda que de traba-lho sério e muito participado, pudessem ter a veleidade de oresolver. A simples abertura de canais de diálogo e o apontarde novas pistas de reflexão serão razões suficientes para quese registe o êxito da iniciativa.

Mesmo quando tomada em relação ao PIB (ProdutoInterno Bruto), a despesa com o ensino superior está emPortugal 20% abaixo da média comunitária e apenas a Gré-cia e a Itália têm uma despesa inferior. O custo por aluno do

ensino superior português é o mais baixo de toda a OCDE,quando comparado com o custo correspondente para oensino secundário (OECD, Education at a Glance, 2003) e adiferença é demasiado grande para poder ser explicada porum qualquer erro da recolha de dados. A participação doensino superior na despesa pública com a educação é, emPortugal, uma das mais baixas. Nesta situação, a visão crí-tica da contribuição do ensino superior para a dificuldadede reestruturação da despesa pública é totalmente injustifi-cada. Contudo, temos problemas que urge atacar. Todos ospaíses europeus estão a criar quadros regulamentares e deincentivos à melhora. Se não tomarmos rapidamente estavia, acumularemos um atraso que a crescente mobilidadetrans-fronteiriça irá evidenciar. De facto, apesar das altíssi-mas taxas de crescimento dos últimos anos, a produçãocientífica portuguesa continua a ser apenas cerca de 11% daespanhola, o que corresponde a uma produtividade (porhabitante ou por investigador) de aproximadamentemetade. Há caminho a percorrer; há esforço orçamental amanter; há trabalho de consolidação institucional a fazer.Só assim poderemos oferecer aos nossos jovens oportunida-des de educação em Portugal dignas das suas capacidades.Só assim poderemos aspirar a retomar a convergência paraos indicadores de desenvolvimento social médios daEuropa, notando que estamos agora em competição com ocrescimento (provavelmente muito rápido) de alguns paísesda Europa de Leste. •

(*) Vice-Reitor da Universidade do Porto

Comparação dos custos por aluno no ensino superior e no ensino secundário(78% em Portugal, 175% em Espanha).

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Durante o século XIX a Academia Politécnica do Porto foi aúnica escola do país a formar engenheiros civis. Em 1911 trans-forma-se em Faculdade de Ciências e é criada uma escola de enge-nharia anexa que funciona no mesmo edifício. Em 31 de Agostode 1915 a escola ganha estatuto de Faculdade Técnica e só onzeanos depois adopta a actual designação, mas ainda sem edifíciopróprio. A autonomia começa a vislumbrar-se apenas em Marçode 1927, com a cerimónia de lançamento da primeira pedra dofuturo edifício na Rua dos Bragas.

A inauguração acontece dez anos depois. Progressivamente,com o desenvolvimento sociocultural do país e o crescenteaumento do número de alunos (mais de 5.600 actualmente), oedifício da Rua dos Bragas foi-se revelando incapaz de responderàs múltiplas exigências e em 2000 a Faculdade de Engenharia ins-tala-se na Asprela. Foi o culminar de um processo de melhoria decondições de forma a que a Faculdade continuasse a satisfazer asexigências do mercado de trabalho, continuando a afirmar-secomo uma referência a nível internacional. No entanto, e porquea conservação da memória é algo que se impõe, foi lançado umdesafio a três fotógrafos de renome: captar as últimas imagens daantiga Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto na Ruados Bragas. José Manuel Rodrigues, Aníbal Lemos e Renato Roqueaceitaram, e daqui resultou o livro Projecções da Memória, catálogoda exposição homónima que esteve patente no Departamento deEngenharia de Electrónica e de Computadores (DEEC). Ao todosão 44 imagens, diferentes olhares sobre a mesma realidade.

Luís Corte-Real, docente do DEEC e Comissário da exposição,recorda que “no final do ano de 1999, quando se estava a prepa-rar a mudança, sentiu-se a necessidade de fazer algo sobre aqueleedifício que servira a instituição durante tantos anos”. Daqui atéà ideia do registo fotográfico foi um passo. Na altura tinham sidoapresentados convites a Aníbal Lemos e a José Manuel Rodrigues(Prémio Pessoa em 1999) para a realização de workshops. “Quando

começaram a decorrer os encontros propus ao Engenheiro Mar-ques dos Santos, então Director da Faculdade, que solicitássemosum portfólio de cada um dos fotógrafos, aproveitando o facto deestarem cá”. Já na casa nova, colocou-se então a hipótese de con-vidar mais fotógrafos. O nome de Renato Roque era óbvio. Paraalém de licenciado e mestre pela Faculdade, fazia sentido ter foto-grafias de alguém “de dentro”. Todos têm perspectivas muito dife-rentes: “Aníbal Lemos é de Estarreja, mas tem uma relação directacom a cidade e o edifício da Rua dos Bragas não lhe é estranho;José Manuel Rodrigues é de Évora, mas conheceu o edifícioquando veio fazer o workshop; Renato Roque era filho da casa”.

Para Luís Corte-Real pretende-se agora fazer com que a exposi-ção circule. “Estas fotografias não devem ser escondidas, nemguardadas, deveriam ser distribuídas pela Faculdade. A fotografiaespevita a memória”. •

36 UPorto. MEMÓRIAS

MEMÓRIAS

Memórias da

Rua dos BragasAníbal Lemos, José Manuel Rodrigues e Renato Roque aceitaram o desafio de fixar as últi-

mas imagens da antiga Faculdade de Engenharia. O resultado está patente no catálogo Pro-

jecções da Memória.

Porque a conservação da memória é algo quese impõe, foi lançado um desafio aos fotógra-fos José Manuel Rodrigues, Aníbal Lemos eRenato Roque: captar as últimas imagens daantiga Faculdade de Engenharia da Universi-dade do Porto na Rua dos Bragas.

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MEMÓRIAS. UPorto 37

MEMÓRIAS

1. Anibal Lemos; 2. José Manuel Rodrigues; 3. Renato Roque

ANÍBAL LEMOS

JOSÉ MANUEL RODRIGUES RENATO ROQUE

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1) Um aluno foi fazer exame de Máquinas e chumbou. Noátrio da Faculdade encontrou o então Reitor da UP, Prof. deMinas, de quem era amigo pessoal e que lhe perguntou: “Que talcorreu o exame?”. Resposta do aluno: “Aquele ‘f.d.p.’ chumbou-me!”E o Reitor, distraído, pergunta: “Qual deles?”.

2) Um aluno, conhecido pelo “Barbas”, foi a exame de Máqui-nas. Puseram-lhe um problema com polegadas no enunciado. O“Barbas”, por se não lembrar de momento, pede o favor de lhedizerem a equivalência de polegadas em centímetros. Resposta:“Não tem importância, vamos a outra pergunta”; novo problemacom polegadas, novo pedido de equivalência em centímetros,nova informação que não tinha importância e vamos a mais umapergunta, a terceira, novo problema com polegadas, novo pedidode equivalência em centímetros. Mas, em vez da resposta habitualque não tinha importância, saiu a conclusão final: “Já lhe fizemostrês perguntas a que não respondeu – o seu exame está acabado”.

3) Havia um aluno que sentia uma verdadeira inibição noexame de Resistência de Materiais em frente do Prof. TeotónioRodrigues, sendo incapaz de abrir a boca e responder a qualquerpergunta que o Prof. lhe fizesse. O Prof. Teotónio Rodriguespediu-lhe a definição de momentos de inércia e o aluno, comosempre, calado. O Prof. impaciente: “Ó homem, diga qualquercoisa, nem que sejam asneiras”. O aluno desta vez disse o que lheveio à cabeça e o Prof., com o seu humor característico: “Destavez desforrou-se, vá-se lá embora”.

4) Também com o Prof. Teotónio Rodrigues: um aluno foi aexame e o Prof. mandou-o desenhar no quadro um qualquer tipode viga. O aluno assim fez. O Prof., impassível, manda vir umacorda e deu-a ao aluno para atar à viga. Tinha-se esquecido dosapoios e, segundo o Prof., ia cair ... •

ESTÓRIAS

Quatro “estórias” Engenharia, anos 40

Fiz os preparatórios de Engenharia na FC da Universidade de Coimbra de 1940 a 43. Em 1943

matriculei-me no curso de Electrotecnia da Faculdade de Engenharia que frequentei até 1946, ano em

que me licenciei. Guardo maravilhosas e saudosas recordações e não resisto a contar quatro “estórias”,

quase anedóticas, passadas no tempo de Faculdade. Os cursos de Engenharia eram, há 60 anos, bastante

generalistas, e daí haver, em Electrotecnia, cadeiras de Máquinas e de Civil. De Máquinas havia dois

professores cuja “benevolência” era de todos conhecida e por todos temida, e o seu maior prazer era...

reprovar. Refiro-me ao Prof. Tomaz Joaquim Dias, Director da Faculdade, conhecido por “Patrão” e o

Eng. Paulo Barbosa, Assistente na altura e conhecido por “Cachaço Recto”. De Civil, tínhamos a Cadeira

de Resistência de Materiais e Estabilidade das Construções I Parte, ministrada pelo Prof. Teotónio

Rodrigues, “Cabeço de Amarração”, homem dotado de muitíssimo saber e de um humor cáustico, quase

negro, sem deixar de ser justo com os alunos.

José António de Almeida (Engenharia Electrotécnica, 1943)

“Estórias da Universidade do Porto”, um desafio ao leitorEsta página está reservada para pequenas histórias ou episódios curiosos que fazem parte da memória de todos os que passaram

ou desenvolvem actividade na Universidade do Porto. Pequenas curiosidades e apontamentos de humor, sobre situações ou perso-nagens que vão construindo o património emocional da UP. Em cerca de 2.500 caracteres (incluindo espaços) ou sensivelmentepágina e meia de texto manuscrito, para cada estória, a Uporto convida os leitores a divulgarem este património e enviarem ostextos para: Uporto – Estórias da Universidade do Porto, Gabinete de Imagem e Relações Públicas da Universidade do Porto, RuaD. Manuel II, 4050-345 Porto, ou através do E-mail [email protected] (João Correia).

40 UPorto. ESTÓRIAS

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SABER MAIS

Em mais uma edição da sua revista de literaturae artes visuais, o Núcleo de Jornalismo Acadé-mico do Porto/Jornal Universitário do Porto,reúne trabalhos de cerca de 40 autores. A poe-sia é o género em destaque, mas o conto, omonólogo, o teatro e outros «esboços» e espe-culações narrativas fazem parte desta ediçãodupla onde se aglutinam os números 4 e 5 daÁguas Furtadas. Como nem só de literatura viveesta revista, também lá têm lugar um guiãocinematográfico e composições musicais.Na mensagem editorial que a nota de abertura

transporta, o direc-tor, Rui Lage,

insur-

ge-se contra umacerta mercantili-zação da literaturap o r t u g u e s a ,“onde inúmerasfiguras são prema-tura ou postuma-mente canoniza-das por canoni-zadores profissio-

nais, nova e profícua profissão da nossa praça”.Edição: Núcleo de Jornalismo Académico doPorto/Jornal Universitário do Porto. N.º de págs.: 359.

Da autoria de umaProf.ª Catedrática daFaculdade de Farmá-cia da UP, o livro des-tina-se primordial-mente a estudantes eprofissionais da áreada saúde, tendo como propósito fazero ponto da situaçãosobre os efeitos dosraios ultravioleta noorganismo e sobre as substâncias capazes de osatenuar. Escrito com a colaboração de reputa-dos dermatologistas, “Protecção Solar – Actuali-zação”, debruça-se, sucessivamente, sobre aproblemática geral da exposição ao sol, sobre aevolução dos filtros solares, sobre a metodolo-gia e avaliação anti-solar e sobre questões relati-vas à fotoprotecção (com ilustrações de situa-ções patológicas onde o espectro solar foi deter-minante), terminando com uma panorâmicasobre os produtos de protecção solar actual-mente disponíveis.Uma “obra de leitura obrigatória para quantoslidam com problemas de protecção solar”,como se refere na nota de abertura, mas “escritonum estilo simples que permite, mesmo a quemnão seja um especialista [...] entender a maiorparte do que a autora escreve”.Edição: Editora da Universidade do Porto.N.º de págs.: 144.

THE UNIVERSITY OF PORTOCândido dos Santos

A Universidade do Porto lançou a versãoinglesa da obra «Universidade do Porto-Raízese Memórias da Instituição», de autoria de Cân-

dido dos Santos, pro-fessor catedrático deHistória moderna daFaculdade de Letrasda Universidade doPorto e Vice-Reitor daUP entre 1985-98,onde se reconstitui ahistória daquela queé hoje a maior uni-versidade do País.Agora acessível ao lei-

tor estrangeiro, o trabalho de inventariação das“Raízes e Memórias da Instituição” recua até aoséculo XVIII, época em que se vão encontrar,na Escola Náutica, os antecedentes do ensinouniversitário no Porto.Numa perspectiva cronológica, o autor dis-corre sobre a evolução da UP, desde o Governode Sidónio Pais até aos nossos dias, atento aocontexto histórico-cultural em que se concretiza-ram ambições e projectos, e, muito particu-larmente, às gentes que a construíram: reitores,vultos destacados, docentes, alunos.As diferentes faculdades entretanto criadas, osinstitutos de investigação e as entidades deinterface com o mundo empresarial, os museuse colecções da universidade são outros conteú-dos de referência nesta obra.Edição: Universidade do Porto. N.º de págs.:

410.

ÁGUAS FURTADAS Nº 4+5Jornal Universitário do Porto

Protecção Solar – ActualizaçãoMaria Fernanda Bahia

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harmónicas quanto mais essa estrutura for respeitada. Mas omodelo estruturalista, sendo um simulacro, não permite só por sidar conta do funcionamento de uma instituição onde há perma-nentes interacções, não só entre os seus elementos internos, mascom o meio exterior. Importa, pois, encará-la também numa pers-pectiva funcionalista, que permita apreender as tensões múltiplasdaí decorrentes, que são normais quando se processam no quadroda forma triangular isósceles, mas podem degenerar por vezes emconflitos mais ou menos agudos quando ela se desequilibra.

A primeira preocupação de uma boa gestão universitária há-deser a de, com a autonomia que lhe é própria, dar resposta às exigên-cias da sua missão científica e pedagógica, através de um relaciona-mento natural entre o corpo docente e o corpo discente, mas semesquecer que este, uma vez formado – e é esse o principal output daUniversidade –, virá a exercer um papel preponderante no tecidosocial envolvente, tanto no plano profissional como cívico e moral,sendo pois um espelho da instituição formadora.

A fim de evitar recair-se nos vícios corporativos, que tanto malfizeram à Universidade, fechando-a sobre si e dando azo à prolifera-ção de pequenos feudos ou enclaves, em que os interesses de grupo,quer os dos professores quer os dos estudantes, predominam sobreo interesse geral, impõe-se a sua abertura à sociedade, sem prejuízoda sua independência e da sua liberdade intelectual.

Só no respeito da base consistente do triângulo e da igualdadedos dois lados que dela emanam se poderá conceber uma vida uni-versitária sem autoritarismos nem anarquias, com uma hierarquiafuncional, sim, mas democraticamente aceite e praticada, de modoa que as competências de cada elemento sejam exercidas com liber-dade e responsabilidade, controlando-se mutuamente, mas seminterferências abusivas, numa sinergia fecunda, e não desgastando--se em confrontos estéreis.

Sendo uma comunidade ao serviço da comunidade – o que não éuma redundância – a Universidade só ganha em manter-se emosmose com os ex-alunos, os quais continuam a rever-se no triân-

Com dois lados iguais, a erguerem-se a partir de uma basemais ou menos larga, este triângulo perfila-se geometricamentecomo a face emblemática de uma pirâmide, figurando por excelên-cia o equilíbrio, pela sua simetria perfeita. Ele pode pois simbolizaruma Universidade em que, dos alicerces do saber até ao seu vérticee deste até às suas fundações, a traça arquitectónica da comunidadede mestres, alunos e ex-alunos se sustenta sobre um sopé sólido e seeleva em linhas convergentes, mesmo se a sua estrutura não é a deum equilátero, como idealmente se conceberia.

As relações entre os vários lados desse triângulo serão tanto mais

ISÓSCELES (II)Triângulos

42 UPorto. CRÓNICA

CRÓNICA

José Augusto Seabra (*)

Cortesia de O Primeiro de Janeiro

Em época de crise a Universidade deve reafirmara sua missão catalisadora, através do saber e dacultura, das potencialidades e energias latentesem cada geração que busca encontrar nela achave da sua realização humana, pessoal e social.

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CRÓNICA. UPorto 4343

CRÓNICA

(*) Professor Catedrático da FLUP, Embaixador e ex-ministroda Educação

Universidade

gulo que lhes serve de paradigma, tanto no seu imagi-nário como na sua vida real. Não só o saber nelaadquirido terá de ser actualizado, através de uma for-mação permanente que ela poderá e deverá ajudá-los aprosseguir, mas também a sua experiência vivida enri-quecerá por seu turno a comunidade universitária,com ideias e projectos de inovação, carreando meios einiciativas que contribuam para o seu desenvolvi-mento.

Se é difícil que as universidades se reformem só pordentro, como se tem historicamente constatado, elasevoluem em função da sua capacidade de adaptação àstransformações do meio e ao mesmo tempo da manu-tenção de uma continuidade que corresponda àssuas tradições. É nesse justo equilíbrio que reside osegredo da sua renovação constante. E ela serátanto mais viável quanto o triângulo isóscelesse não desconjunte, mas guarde a sua har-monia intrínseca e extrínseca.

Em época de crise, que é tanto devalores como de meios para os reali-zar, a Universidade não deve dei-xar-se desorientar nem vogarao sabor de impulsos ou entravesde poderes ou forças que pretendam desequilibrar asua estrutura arquitectónica, com o risco de esta sedesmoronar. Ela deve, sim, reafirmar a sua missãocatalisadora, através do saber e da cultura, das poten-

cialidades e energias latentes em cada geração quebusca encontrar nela a chave da sua realizaçãohumana, pessoal e social. Esta há-de começar pelaplena integração na comunidade universitária, ondetem um lugar próprio, no triângulo institucional quelhe dá corpo e insufla espírito. •

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“Mapas Poliedrais”, Ulrich Brehm,Tech. Univ. Dresden, GermanyConferências plenárias (dias 15, 16 e17):Oradores: Juergen Bokowski (Tech.Univ. Darmstadt, Germany), AlexandreBorovik (UMIST, Manchester, U. King-dom); Ulrich Brehm (Tech. Univ. Dres-den, Germany), José Dias da Silva(Univ. Lisboa, Portugal), David Lar-man (U.C.L., U. Kingdom), MichelLas Vergnas (CNRS, Paris, France),Manoel Lemos (Univ. Fed. Pernam-buco, Brasil), Marc Noy (Univ. Poli-técnica Catalunya, Spain), Vera Sós(Hungarian Academy of Sciences,Hungary), Jayme Szwarcfiter (Univ.Fed. Rio de Janeiro, Brasil). As sessões do encontro serão proferi-das em língua inglesa.Inscrições: No valor de 100 euros(após o dia 15 de Julho).Organização: Raul Cordovil (Univ.Técn. Lisboa), António Guedes deOliveira, Maria Leonor Moreira e Mariado Rosário Pinto (Univ. Porto) Informações: Combinatorics in OportoFaculdade de Ciências da Universi-dade do PortoDepartamento de Matemática PuraRua do Campo Alegre, 687.4169-007 Porto. [email protected]

COLÓQUIO HUMANIORES LITTERAEAnfiteatro Nobre da Faculdade deLetras da Universidade do Porto(FLUP)15 a 17 de Outubro de 2003

Sendo Jorge Alves Osório membrohonorário do Instituto de Estudos Ibé-ricos da FLUP e também do ConselhoConsultivo da Península – Revista deEstudos Ibéricos, este Instituto irápromover, face à recente aposentação(2002) do professor, um ColóquioInternacional em sua homenagem,subordinado ao tema Humaniores Lit-terae. Cultura e Literatura nos Sécs.XVI a XVII. Este evento contará com apresença de notáveis especialistas derenome internacional e de jovensinvestigadores que, ao longo da car-reira deste professor catedrático daFLUP, com ele partilharam interessescientíficos e pedagógicos. Alves Osório foi ainda, ao longo dedezanove anos ininterruptos, respon-sável máximo pela publicação daRevista da Faculdade de Letras doPorto – Línguas e Literaturas, tendoassumido também, durante vários

anos, o cargo de Professor Bibliotecá-rio, impulsionando o esforço de enri-quecimento e modernização da Biblio-teca da FLUP. Actualmente é membroda Academia das Ciências e um repu-tado especialista nas áreas das Litera-turas Medieval e do Renascimento.Organização: Instituto de Estudos Ibé-ricos da FLUPInformações e Inscrições: Os interes-sados em assistir ao Colóquio deverãoefectuar uma inscrição prévia no valorde 10 euros para estudantes e 20euros para os outros.Os pedidos de inscrição, que deverãoser enviados até ao dia 10 de Outubro(acompanhados do cheque relativo aopagamento), bem como eventuais soli-citações de informações adicionais,deverão ser remetidos para:Faculdade de Letras da UP: Departa-mento de Estudos Portugueses e Estu-dos Românicos. Via Panorâmica, s/n4150-564 PortoTel.: 226077182/67/00. Fax: 226077153. [email protected]/deper

TERCEIRO DEBATE SOBRE A INVESTI-GAÇÃO MATEMÁTICA EM PORTUGALDepartamento de Matemática Pura,FCUP, anfiteatro 0.0525 de Outubro de 2003

Este debate pretende continuar a dis-cussão dos dois precedentes, realiza-dos em Dezembro de 1997 e Abril de2000. O êxito que constituíram e aaceleração do ritmo do desenvolvi-mento científico no virar do milénioevidenciam a necessidade de, decorri-dos mais de três anos, voltar a anali-sar as políticas de investigação, comespecial ênfase na área da Matemá-tica. Pretende-se que este debateconstitua novamente um fórum ade-quado de reflexão dentro da comuni-dade científica nacional.Temas de Discussão:1. “Procura de Excelência (Pós-Gra-duação e Enquadramento Internacio-nal)”, Jacob Palis (IMPA), José Fran-cisco Rodrigues (Univ. Lisboa), RuiLoja Fernandes (IST)“Os departamentos de Matemática e aresistência à mudança”: - Impacto evisibilidade internacional da investiga-ção Matemática feita em Portugal; - Há lugar para um Laboratório Asso-ciado e/ou uma Escola Nacional dePós-graduação em Matemática?2. “Avaliação e auto-avaliação”, Irene

Fonseca, (CMU), José Basto Gonçal-ves (UP);“O processo de avaliação das unida-des de investigação no período 1999-2001”: - Avaliação e evolução inter-nas; - A incerteza do financiamentopara além de 2006.3. “Ligações à Indústria e OutrasÁreas”, Charles Tresser (IBM), TeresaLago (UP). “O papel da investigaçãoMatemática na indústria e no meioempresarial”: - Como fortalecer asligações a outras áreasOrganização: José Ferreira Alves(CMUP E DMP-FCUP), José MiguelUrbano (CMUC-FCTUC)Informações e Inscrições: Os interes-sados em participar no Debate deve-rão inscrever-se para o efeito,enviando um e-mail para:[email protected]ções: José Ferreira AlvesFaculdade de Ciências da Universi-dade do PortoDepartamento de Matemática PuraRua do Campo Alegre, 6874169-007 PortoTel.: 220100707. Fax: [email protected]/cmup/jfalves/debate/

II CONGRESSO INTERNACIONAL“MULHERES E DESPORTO: AGIRPARA A MUDANÇA”Faculdade de Ciências do Desporto ede Educação Física da Universidadedo Porto (FCDEF)5 a 7 de Novembro de 2003

Persiste na nossa sociedade umconjunto de obstáculos que dificul-tam, em igualdade de circunstânciase contextos, a participação das jovense das mulheres na actividade física edesportiva.A realização deste II Congresso Inter-nacional tem como finalidades contri-buir para a discussão das causas queoriginam as atitudes sexistas no des-porto, bem como apontar algumassoluções que permitam preveni-las. “Agir para a mudança”, é o lemaescolhido para sugerir as direcções deactuação desejáveis, propiciadorasdas condições necessárias para umaampla participação de raparigas emulheres a todos os níveis e esferasde competência no meio desportivo.O Congresso destina-se a todas aspessoas que desenvolvem a sua activi-dade, profissional ou voluntária, naárea do desporto e da educação física.

44 UPorto. AGENDA

AGENDA

CONGRESSOS, CONFERÊNCIASE SEMINÁRIOS

SEFI2003GLOBAL ENGINEER: EDUCATIONAND TRAINING FOR MOBILITYFaculdade de Engenharia da UP (FEUP)7 a 10 de Setembro de 2003

O programa da iniciativa encontra-sedisponível em www.sefi2003.com/Inscrições: As inscrições poderão serefectuadas online www.sefi2003.com –ou enviando o for

mulário de inscrição

impresso por fax – 225081503 (SaraPonte). A taxa de inscrição terá osseguintes custos: Após o dia 15 deJunho, 345 euros para membros doSEFI, 460 euros para não membros e230 euros para estudantes. Os acom-panhantes pagarão 120 euros (infor-mações adicionais acerca dos procedi-mentos destinados ao pagamentopodem ser encontradas no site jámencionado).Comité Organizativo: Alfredo Soeiro(FEUP), Chairman; Paulo Tavares deCastro (FEUP); Sebastião Feyo deAzevedo (FEUP); Prof. Artur PimentaAlves (FEUP). Secretariado: SaraPonte (FEUP); Françoise Côme (SEFI)Informações: Sara Ponte – FEUPRua Dr. Roberto Frias4200-465 Porto. Tel.: 225081524Fax: 225081503. [email protected]

COMBINATORICS IN OPORTODepartamento de Matemática Pura, FCUP12 a 17 de Setembro de 2003

Este encontro pretende reunir investi-gadores de diferentes áreas da Combi-natória, nomeadamente de Teoria deGrafos, de Teoria de Matroides(incluindo Matroides de Coxeter eMatroides Orientados) e GeometriaConvexa. Terá início com dois mini--cursos especialmente destinados aestudantes e jovens investigadores,seguidos de uma série de dez confe-rências plenárias (de 50min) realiza-das por oradores convidados e cercade doze comunicações submetidas(de 25min). Haverá ainda uma sessãode posters.Mini-cursos (dias 12 e 13): “Interac-ções entre grafos e matroides”,Manoel Lemos, Univ. Fed. de Pernam-buco, Brasil;

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Áreas Temáticas: Educação Física;Saúde/Recreação e Lazer; Desporto;Comunicação Social Inscrições: Os interessados deverãopreencher o respectivo formulário(disponível em www.fcdef.up.pt//md2003/frames.htm) Após impresso,deverá ser enviado por correio, junta-mente com o cheque e à ordem de“Associação Portuguesa a Mulher e oDesporto”, para:Congresso Mulheres eDesporto. Rua Angra do Heroísmo, 162790 – 306 QUEIJASAté 10 de Outubro, a inscrição teráum custo de 25 euros para sócias/os,15 euros para estudantes e 60 eurospara outras/os interessados. Após essadata, serão pagos 100 euros por qual-quer tipo de inscrição.Organização: FCDEF e AssociaçãoPortuguesa Mulher e DesportoInformações: Organização do Con-gresso –[email protected]ção Portuguesa Mulher e Des-porto – [email protected]/md2003/

BIOCERAMICS 16 - 16th INTERNA-TIONAL SYMPOSIUM ON CERAMICSIN MEDICINE Centro de Congressos e Exposições -Alfândega, Porto6 a 9 de Novembro de 2003

As inscrições poderão ser efectuadasatravés da internet, emhttp://www.bioceramics16.ineb.up.pt/html/registration_forms.htm#Organização: Instituto de EngenhariaBiomédica da Universidade do Porto(INEB.UP) - Laboratório de BiomateriaisApoios: Fundação para a Ciência e aTecnologia – Apoio do Programa Ope-racional Ciência, Tecnologia, Inovaçãodo Quadro Comunitário de Apoio III;INEB.UP e Faculdade de Engenhariada Universidade do Porto (FEUP)Informações: SecretariadoTel.: 226074982. Fax: [email protected]://www.bioceramics16.ineb.up.pt/

NOVUS2003“GESTÃO DO DESENVOLVIMENTODE NOVOS PRODUTOS E SERVIÇOS– INOVAR PARA COMPETIR”Auditório da Faculdade de Engenhariada Universidade do Porto (FEUP)11 e 12 de Novembro de 2003

Esta conferência tem como objectivo

analisar/discutir as metodologias,estratégias e práticas utilizadas pelasempresas no sentido de potenciar ataxa de sucesso associada à concep-ção e comercialização de novos produ-tos e, em particular, incentivar asempresas portuguesas, produtoras debens e serviços, qualquer que seja osector económico em que se inte-gram, a conhecê-las e implementá-laspara as tornar mais competitivas. No início de cada sessão haverá liçõesplenárias proferidas por convidadoscom curriculum relevante nos respec-tivos temas. Tópicos:Marketing: Processo, PlaneamentoEstratégico, Aspectos Comportamen-tais do Consumidor, Serviços;Metodologias Estruturadas de Desen-volvimento de Produtos;Métodos Organizacionais;Políticas de Inovação;Envolvimento da Cadeia de Forneci-mento;Design Industrial;Design para Produção;Design Universal;Prototipagem;Análise do Ciclo de Vida. ModelosEconómicos;Aspectos Ambientais e Responsabili-dade Social;Tecnologias Radicais/ Disruptivas;Gestão de Projectos;Ensino / Formação em Desenvolvi-mento de Produto;Casos de Sucesso de Comercializaçãode Produtos e/ou ServiçosInscrições: 800 euros (após o dia 30de Junho)Organização: A. A. Fernandes (Presi-dente) e A.J.M. FerreiraInformações: Faculdade de Engenha-ria da Universidade do PortoRua Dr. Roberto Frias, s/nTel.: 225081400Fax: [email protected]

COLÓQUIO INTERNACIONAL “LITE-RATURA E HISTÓRIA”Faculdade de Letras da Universidadedo Porto (FLUP)13 a 15 de Novembro de 2003

Este colóquio garante, até à data, apresença de noventa especialistasnacionais e internacionais.Inscrições: Os interessados em assistiràs sessões deverão inscrever-se por e-

mail, até 12 de Novembro, emhttp://www.letras.up.pt/deper, sendonecessário, até à mesma data, o paga-mento de 15 euros.Nota: As inscrições serão aceites até12 de Novembro, salvo se excederema lotação das salas.Organização: Departamento de Estu-dos Portugueses e Estudos Românicos(DEPER) da FLUP Apoios: Reitoria da Universidade doPorto, FLUP, Institut Français dePorto - Ambassade de France au Por-tugal e Caixa Geral de DepósitosInformações: Os pedidos poderão serefectuados por correio, fax, telefoneou e-mail (preferencialmente), para:Departamento de Estudos Portuguesese Estudos Românicos da FLUPVia Panorâmica, s/n. 4150-564 PortoTel.: 226077182/67/00Fax: 226077153. [email protected]://www.letras.up.pt/deper/

1º CONGRESSO INTERNACIONAL “‘JANGADA DE PEDRA’: UTOPIA E OPENSAMENTO IBÉRICO”Faculdade de Letras da Universidadedo Porto (FLUP)20 e 21 de Novembro de 2003

Informações: Instituto de LiteraturaComparada Margarida LosaFaculdade de Letras do PortoApartado 55038P4051-452 [email protected]/upi/ilc/INDEX1.HTM

CONGRESSO INTERNACIONAL“LITERATURA E IDENTIDADES”Faculdade de Letras da Universidadedo Porto (FLUP)27 e 28 de Novembro de 2003

Informações: Instituto de LiteraturaComparada Margarida LosaFaculdade de Letras do PortoApartado 55038. P4051-452 [email protected]/upi/ilc/INDEX1.HTM

CICLOS DE SEMINÁRIOS EMTRANSPORTES FEUP, Sala G422As conferências realizam-se às segun-das-feiras, pelas 11h00

O objectivo dos seminários é discutirtemas relacionados com políticas de

transportes, gestão dos modos detransporte, novas tendências e bench-marking de aplicações bem sucedi-das. Os Seminários são uma oportuni-dade para jovens investigadores eestudantes de Mestrado ou Doutora-mento apresentarem o seu trabalhonum ambiente informal.Os interessados em apresentar artigosdevem contactar a organização doSeminário, referindo o título do res-pectivo artigo e a data preferencial emque pretendem realizar a apresenta-ção.Organização: Secção de Planeamentodo Território e Ambiente,Departamento de Engenharia Civil(FEUP)Sandra Melo ([email protected])http://www.fe.up.pt/~cotrans/index_files/slide0001.htmCoordenação Científica e Informações:Álvaro Costa. Departamento de Enge-nharia Civil da FEUPRua Dr. Roberto Frias, s/n4200-465 PortoTel.: 225081512. Fax: [email protected]/~afcosta/

“SIMETRIA – JOGOS DE ESPELHOS”VERSÃO PERMANENTE

A partir da observação das simetriaspresentes em alguns desenhos ou polie-dros, ilustra de modo interactivo o pro-blema da classificação das figuras combase no seu tipo de simetria. A exposi-ção é uma versão ligeiramenteampliada de uma exposição perma-nente, criada no Departamento deMatemática “F. Enriques”, em Milão,sob a responsabilidade científica daProfª. Maria Dedò. A versão portuguesafoi realizada pela Associação Atractorpara assinalar a entrada em funciona-mento das novas instalações dos Depar-tamentos de Matemática e integrará,com carácter permanente, o futuro Cen-tro Ciência Viva de Ovar, dedicado àMatemática. Está aberta ao público e avisitas guiadas dirigidas a professores ealunos.Marcações: A realização de visitasestá sujeita a marcação prévia, depreferência, por e-mail: [email protected], ou por telefone: 223401443.Local: Pórtico do edifício central daFCUP, na Praça Gomes TeixeiraInformações: Associação Atractor

AGENDA

AGENDA. UPorto 45

EXPOSIÇÕES

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46 UPorto. AGENDA

AGENDA

“DINOSSAUROS CHEGARAM AO PORTO”Pavilhão Rosa MotaDe 22 de Setembro a 21 de Dezembro

Promoção: Universidade do Porto eCâmara Municipal do Porto

CIÊNCIAS

CURSOS:- Trabalhos práticos de Física para oEnsino Básico – 20 Set. a 15 Nov. 03Informações: Sandra SantosFaculdade de CiênciasTel.: 223401400. Fax: [email protected]

CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO

- Reuniões Científicas e Clínicas –quinzenalmente às 4as feiras, das 13hàs 14h- Comemoração do Dia Mundial da Ali-mentação – 16 Out. 03, das 9h às 17hInformações: D. Rosa BarrosTel.: 225074320. Fax: 225074329

CIÊNCIAS DO DESPORTOE DA EDUCAÇÃO FISÍCA

MESTRADOS:http://www.up.pt/educontinua/cursos_progr/curprogt.htm

OUTROS CURSOS:Curso sobre modelação hierárquicaCurso de Genética e Desporto – 5semanas de duraçãoSeminários temáticos ligados a dife-rentes mestradosInformações: Tel.: 225074700Fax: 225500689

ENGENHARIA

FORMAÇÃO CONTÍNUA- Curso de Especialização em Segu-rança no Trabalho da Construção –Gestão e Coordenação – 5 Set. a 28Nov. 03- Estatística Aplicada com o Statistica– 15 a 17 Set. e 22 a 24 Set. 03- Modelação e Simulação de SistemasElectrónicos de Controlo de Potênciaem Ambiente Matlab/SimulinK – 23 a26 Set. 03

- Casos Práticos de Aplicação da NovaRegulamentação da Segurança ContraIncêndio em Edifícios – 1 a 3 Out. 03- Sistemas de Informação Geográfica –20 Out. a 6 Nov. 03- Dimensionamento de Estruturas deAço e Mistas de Acordo com o EC4 –23, 24, 30, 31 Out. 03- Rotulagem de Produtos Alimentares– 6 e 7 Nov. 03- Humidade na Construção – 14 Nov. 03- Patologia e Reabilitação de Edifícios– 21 Nov. 03-Projecto e Construção de Estruturasde Madeira&endash – 4,5,11 e 12Dez. 03Informações: SECD – Serviço de Edu-cação Contínua e de Desenvolvimentoda FEUP. T

el.: 225081412/14. Fax:

225081440.

[email protected]

LETRAS

CURSO ANUAL 2003/2004 deLÍNGUA E CULTURA PORTUGUESAPARA ESTRANGEIROSDe 6 de Outubro de 2003 a 18 deJunho de 2004Inscrições: 1º semestre (6 de Out. 03a 13 de Fev. 04): até 3 de Out. 03 / 2ºsemestre (23 Fev. 03 a 18 Jun. 04):até 20 de Fev. 04Entidade Responsável: DEPER, FLUP Via Panorâmica, s/n. 4150-564 PortoTel.: 226077167/00. Fax: [email protected] - www.letras.up.pt/deper

CURSO PÓS-LABORAL 2003/2004DE LÍNGUA E CULTURA PORTUGUE-SAS PARA ESTRANGEIROSDe 20 de Outubro de 2003 a 18 deJunho de 2004Inscrições: 1º semestre (20 Nov. 03 a13 de Fev. 04): até 16 de Out. 03 / 2ºsemestre ( 22 Mar. 03 a 11 Jun. 04):até 26 Fev. de 04Entidade Responsável: DEPER, FLUP Via Panorâmica, s/n. 4150-564 PortoTel.: 226077167/00. Fax: [email protected]/deper

CURSO INTENSIVO DE LÍNGUA POR-TUGUESA PARA ESTRANGEIROS09.03De 1 a 26 de Setembro de 2003Entidade Responsável: DEPER, FLUP Via Panorâmica, s/n. 4150-564 PortoTel.: 226077167/00. Fax: [email protected]/deper

CURSO INTENSIVO DE LÍNGUA POR-TUGUESA PARA ESTRANGEIROS02/03.04De 23 de Fevereiro a 19 de Março de2004Entidade Responsável: DEPER, FLUP Via Panorâmica, s/n4150-564 PortoTel.: 226077167/00. Fax: [email protected]/deper

DIPLOMA UNIVERSITÁRIO DE FOR-MAÇÃO DE PROFESSORES DE POR-TUGUÊS, LÍNGUA ESTRANGEIRA(2003/2004)De 13 de Outubro de 2003 até Julhode 2004Candidaturas: 1 a 12 de Set. 03 As candidaturas devem ser enviadaspara a Faculdade de Letras da Univer-sidade do Porto, DEPERInscrições: 1 a 10 de Out. 03Entidade responsável: DEPER, FLUPVia Panorâmica, s/n4150-564 PortoTel.: 226 077 167 /00. Fax: 226 077 [email protected]/deper

PÓS-GRADUAÇÃO:Pós-Graduação em Vinho – história,técnicas e saúde (ano lectivo2003/2004)Início: 10 de Outubro de 2003Inscrições: 15 de Jun. 03 a 15 de Set.03Informações: Secção de Pós-gradua-ção da FLUPTel.: 226077157. Fax: 226091610

MEDICINA

PÓS-GRADUAÇÕES:- Medicina Molecular : Módulo deEndocrinologia – Set. 03; Módulo deEndocrinologia Oncológica- Medicina da Dor: Módulo de Anato-mofisiologia da Dor – Nov. 03Serviço de Cardiologia:Actividades bi-semanais do Serviço deCardiologia e Unidade de CardiologiaServiço de Cirurgia:Cursos de pequena cirurgiaCurso de actualização em cirurgiaendócrinaReunião internacional de cirurgiasobre “educação, treino e novas tecno-logias”Serviço de Urologia:Curso para Clínicos gerais sobre Hiper-trofia benigna da Próstata

FORMAÇÃO CONTÍNUA:Medicina Legal e Ciências Forenses- Clínica Médico-Legal – 12 Set. a 18Out. 03- Psiquiatria e Psicologia Forense – 7Nov. a 5 Dez. 03Serviço de Cirurgia Experimental:Cirurgia Laparoscópica e ObesidadeMórbidaCurso Avançado de plastias Esofágicase GástricasCurso de MicrocirurgiaWorkshop – Osteossintese sobre Cirur-gia maxilo-facialCurso de Implantes DentáriosCursos de ATLS (Advanced TraumaLife Support)

IPATIMUP:Seminários quinzenais de investigaçãocientífica de âmbito internacional –4ªs feirasSeminários semanais de âmbito nacio-nal – 3ªs feirasSessões semanais do tipo Journal Club– 6ªs feirasPrograma graduado em Áreas de Biolo-gia Básica e Aplicada (GABBA) –Módulo de OncobiologiaMestrado em Medicina Molecular –Módulo de Ciclo Celular e Apoptose;Módulo de Oncobiologia; Módulo deIntrodução às Técnicas de BiologiaMolecularMestrado em Oncobiologia Molecular –Módulo de Ciclo Celular e Apoptose;Módulo de Oncobiologia; Módulo deIntrodução às Técnicas de BiologiaMolecularVI Portugalia Genética Well differentiated thyroid carcinomas:etiopathogenesis, diagnosis and prog-nosisVII Conferência do Equinócio Reuniões diárias do Serviço de Anato-mia Patológica:2ª feira: 11h00 – Reunião de Serviço2ª feira: 12h00 – Reunião de citologiae de correlação cito-histológica3ª feira: 12h00 – Seminário de lâminas4ª feira: 12h00 – Seminário clínico-patológico5ª feira: 12h00 – Seminário de lâminas6ª feira: 12h00 – Reunião de autópsiasSeminário Kansas Histopathology Club 4Seminário APESP Histopathology ClubReuniões Inter-Departamentais dosServiços de Anatomia PatológicaReuniões anátomo-clínicas com osServiços de Acção Médica do Hospitalde S. João (periodicidade mensal oubi-mensal):

EDUCAÇÃO CONTÍNUA

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AGENDA. UPorto 47

AGENDA

3ª feira – 8h30 – com o Serviço deCirurgia B3ª feira – 12h00 – com a Secção deGastrenterologia Pediátrica5ª feira – 8h30 - com a Secção deGastrenterologia Pediátrica6ª feira – 8h30 - com o Serviço deNefrologia6ª feira – 8h30 - com os Serviços deObstetrícia e NeonatologiaServiço de Higiene e Epidemologia:Seminários em Saúde Pública – 3 pri-meiras 6ªs feiras de cada mêsServiço de Cirurgia Plástica e Recons-trutiva:Cursos Práticos:Microcirgurgia vascular e nervosaOsteossíntese rígida da faceOsteossíntese rígida da mãoImplantologia dentáriaReuniões Semanais de Serviço:Orientação e formação no InternatoComplementar de Cirurgia PlásticaColaboração na formação no InternatoComplementar de Urologia, CirurgiaGeral, Ortopedia e Traumatologia,Estomatologia, Oftalmologia, Otorrino-laringologiaReuniões cientificas no âmbito dacirurgia Plástica ou dos seus capítulosExames do European Board of PlasticSurgeryServiço de Anestesiologia:II Mestrado em Emergência Médica –Out. 02 a 04Serviço de Oftalmologia:Journal Club – semanalmenteReuniões Clínicas – diariamenteReunião Científica do Serviço de Oftal-mologia – 26 e 27 Set. 03Participação no Curso EUPOServiço de Angiologia e Cirurgia Vascular:IV Congresso de Patologia VascularPeriférica e Trombose – 17 e 18 Out.03Serviço de Bioquímica:Mestrado em Nutrição ClínicaGabinete de Educação Médica:Curso de Formação de Docentes – Out. 03Ensino de Gestos Clínicos – Out. 032º Seminário sobre Comissões de Ética– 7 Nov. 03Serviço de Doenças Infecciosas:Curso teórico-prático para ClínicosGerais sobre Hepatites Víricas – 2 a30 Out. 03, às 5as feiras entre as 19he as 22h1º Encontro Nacional da Clínica deAmbulatório VIH/Hospitais de Dia – 14e 15 Nov. 03Departamento Ginecologia e Obstetrí-cia:Pós-Graduação de Monitorização Fetal

Pós-Graduação de EcografiaPós-Graduação de Uro-ginecologiaPós-Graduação de EndoscopiaCursos no âmbito das SociedadesCientíficas da EspecialidadeServiço de Pneumologia:Reuniões semanais de Journal Club,às 3as feirasJornadas Galaico-Durienses de Pneu-mologiaServiço de Ortopedia:Reuniões semanais de Journal Club,às 3as feirasServiço de Cirurgia A:Formação contínua: Reunião semanal Journal Club, à 6ªfeira - casos clínicosCurso teórico-prático de cirurgia lapa-roscópicaCurso de nutrição entérica e parentéricaCongresso Internacional de Senologia+ Congresso Luso-Brasileiro de Masto-logiaXXII Congresso Nacional de CirurgiaConferência e moderação de mesasobre organização e gestão de umaunidade de cirurgia de ambulatórioReuniões científicas:Nutrition Week XXII Congresso Nacional de CirurgiaJornadas de Cirurgia do Hospital deSt.º AntónioCurso de Cirurgia LaparoscópicaCongresso do American College of Sur-geonsCongresso de Cirurgia do Centro Hos-pitalar do Funchal – Nov. 03Congresso Internacional de Senologia+ Congresso Luso-Brasileiro de Masto-logiaInformações: Faculdade de Medicinada UPAlameda Prof. Hernâni Monteiro4200-319 PortoTel.: 225503997. Fax: 22510119

MEDICINA DENTÁRIA

Acções mensais a partir de Março de2003Informações: M.ª Odete RibeiroTel.: 225501522. Fax: 225507375

PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCA-ÇÃO

FORMAÇÃO ESPECIALIZADAMESTRADOS:Docência, Entidades e Formação –Out. 02 a Dez. 03Educação, Género e Cidadania

PÓS-GRADUAÇÃOAnimação socio-culturalEducação Especial/Surdez

FORMAÇÃO CONTÍNUABibliotecas Escolares: formação deprofessores bibliotecários – 4 a 9 Nov.03Supervisão Clínica de Jovens – 26Nov. 03 a 31 Jul. 04Supervisão Clínica de Crianças – 27Nov. 03 a 31 Jul. 04As Provas Projectivas de Rorschach eZulligier – 27 Nov. 03 e 03 a 31 Jul.04Informações: Gabinete para a Educa-ção Contínua da FPCE.UPTel.: 226079700 Ext: 208/ 370Fax: 226079725/ [email protected]

DIREITO

PÓS-GRADUAÇÃO:II Curso em Direito das AutarquiasLocais – 2003/2004Início: 7 de Novembro de 2003Candidatura: 01 de Jul. 03 a 19 deSet. 03Matrícula: 6 de Set. 03 a 22 Out. 03

Informações: Manuela Santos; SusanaRibeiroFaculdade de Direito da Universidadedo Porto. Praça Coronel Pacheco, n.º 154050-453 PortoTel.:222041673/4. Fax: 222041672

ESCOLA DE GESTÃO DO PORTO

MESTRADOS:MBA - Mestrado em Gestão de Empre-sas – Set. 03MQG - Mestrado em Métodos Quanti-tativos em Gestão – Set. 03MLog - MBA/Mestrado em Logística –Set. 03Informações: Isabel PinhoTel.: 226153271Fax: 226100861 [email protected]

FORMAÇÃO DE LONGA DURAÇÃOPARA EXECUTIVOS:MBA Executivo em Marketing – Set. 03MBA Executivo em Gestão – Set. 03Informações: Albertina TorresTel.: 226153273. Fax: 226100861 [email protected]

FORMAÇÃO DE CURTA E MÉDIADURAÇÃO PARA EXECUTIVOS:Curso de Gestão de Recursos Huma-nos (a designar). Curso de Gestão daCadeia Logística (a designar).Curso Geral de Gestão – Out. 03Curso de E-Business – Nov. 03Informações: Antonieta SilvaTel.: 226153272. Fax: 226100861 [email protected]

PROGRAMA DAS COMEMORAÇÕESDO 50º ANIVERSÁRIO DA FEP.UPMarço/Dezembro5 de Novembro

50º Aniversário da 1ª aula de 1953 eSessão Solene de Abertura do AnoLectivo 2003/2004, no Salão Nobreda FEP.UP, a partir das 16h00Inauguração da Exposição de Home-nagem a Viana de Lima, nos PaçosPerdidos da FEP.UP, a partir das17h30. Organização: CooperativaÁrvore

Inauguração da Exposição de Arte“Jovens Artistas”, na FEP.UP, a partirdas 18h00Organização: AEFEP5 e 6 de Dezembro

Concerto de Natal pela OrquestraNacional do Porto e Coro do CírculoPortuense de Ópera, nos Claustros doMosteiro de São Bento da Vitória, apartir das 21h30Informações: http://www.fep.up.pt

CICLO DE OBSERVAÇÃOASTRONÓMICA “MAIS PERTO DASESTRELAS”Centro de Astrofísica da Universidadedo Porto (CAUP)14 de Agosto, 11 de Setembro, 9 deOutubro, 13 de Novembro e 11 deDezembro

As sessões realizam-se entre as 21 eas 22h, caso as condições meteoroló-gicas o permitam.Organização: Núcleo de Divulgação doCentro de Astrofísica da UP Informações: Centro de Astrofísica daUniversidade do Porto. Rua das Estrelas.4150-762 Porto. Tel.: 226089835/6/[email protected]/novidades/indice

OUTROS EVENTOS

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www.fep.up.pt/50anos (Regulamentodo concurso disponível)

WORKSHOP ACTIVE TEACHING ANDLEARNING IN THE BIOMOLECULARSCIENCESCentro de Congressos e Exposições doMuseu de Transportes e Comunica-ções, Alfândega, Porto27 a 30 de Outubro de 2003

A pesquisa e a experiência demons-tram que os alunos aprendem nãoatravés da escuta passiva da transmis-são de conteúdos, mas participando

activamente na sua aprendizagem. Oobjectivo deste workshop participativoconsiste em equipar docentes de disci-plinas biomoleculares com ferramen-tas e estratégias que possam vir a apli-car nas suas aulas. Adicionalmente, osparticipantes serão convidados a pro-duzir materiais úteis nos seus contex-tos docentes. A iniciativa contará com a presençados seguintes especialistas internacio-nais: Richard Felder e Rebecca Brent(North Carolina State University) eBayardo Torres (Univ. de São Paulo,Brasil).Inscrições: Poderão ser efectuadas atéao dia 21 de Setembro, sendo queserão limitadas a 40 participantes eaceites por ordem de chegada. Osinteressados deverão preencher o for-mulário de inscrição e remetê-lo, porfax ou e-mail, para a Comissão Organi-zadora do workshop. A iniciativa teráum custo de 75 euros por partici-pante.Organização: Vítor Costa, ICBAS, eManuel João Costa, Departamento deCiências Tecnológicas e Desenvolvi-mento, Universidade dos Açores Apoios: IUBMB (International Union ofBiochemistry and Molecular Biology),Universidade do Porto, FLAD e FCTInformações: Vítor Costa Instituto de Biologia Molecular e CelularUnidade de Microbiologia Celular eAplicadaRua do Campo Alegre, 8234150-180 PortoTel.: 226074960. Fax: [email protected] /[email protected]://www.uac.pt/~mmcosta/wshop/index_wshop.html

“PRÉMIO DE PINTURA JOVENSARTISTAS – FEP 50 ANOS”Faculdade de Economia do Porto (FEP)

Instituído pela FEP aquando dascomemorações dos seus 50 anos, esteconcurso, que tem por tema “A FEP ea Cidade”, visa promover jovens artis-tas, convidando-os a apresentar obrasque se identifiquem com a Faculdadee/ou presença na cidade do Porto.O concurso destina-se a todos os estu-dantes da UP.Após decisão do júri, a AEFEP – Asso-ciação de Estudantes da Faculdade de

Economia do Porto – organizará umasexposição num espaço da Faculdade.Sendo inaugurada no dia 5 de Novem-bro, ficará patente ao público até aodia 21 do mesmo mês.Candidaturas: As obras deverão serentregues entre 1 de Setembro e 4 deOutubro do corrente ano na Secretariada FEP, no horário de atendimento aopúblico (2ª feira: das 09h30 às 11h edas 16h às 20h; 3ª a 6ª feira: das09h30 às 11h e das 14h às 16h).Informações: Faculdade de Economiado Porto. Rua Dr. Roberto Frias4200-464 PortoTel.: 225571100. Fax: 225505050

48 UPorto. AGENDA

AGENDA

“As Ciências Aplicadas”, painel de Veloso Salgado, 1917. Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

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FIM-DE-SEMANA NO DOURO13 e 14 de Setembro

Ficha de Inscrição (inscrições até 30 de Agosto))

Nome................................................................................... curso.............................................................

Ano de conclusão do curso.................., junto envio cheque n.º .................................................................

do banco ........................................................ no valor de €:.................... para pagamento do fim-de-

-semana de:............... pessoas.

Assinatura: .................................................................................................................................

Informações pelo telefone 22 6073572 ou pelo Telemóvel 965219231 (Engº. Silva Pinto)

Associaçãode antigos alunos

da UNIVERSIDADE DO PORTO

FIM-DE-SEMANA NO DOURO13 e 14 Setembro

A AAA – UP organiza um fim-de-semana no Douro nos dias 13 e 14 de Setembro com o seguinte programa:

Dia 13 de Setembro (sábado)

• 16h.45 – Partida do Porto (S. Bento e Campanhã) em automotora VIP da CP com destino ao Pinhão. Transfer

da estação do Pinhão até Sabora (Hotel);

• 21h.00 – Jantar no Hotel.

Dia 14 de Setembro

• 09h.00 – Transfer do Hotel para o cais do Pinhão;

• 09h.30 – Embarque;

• 12h.30/13h.00 – Almoço a bordo;

• 16h.30 – Chegada a Barca D’Alva;

• 16h.30 – Transfer para o Pocinho;

• 18h.30 – Partida com destino ao Porto em automotora VIP da CP.

Preços:

• Viagem (Ida e Volta na automotora VIP): 56,25 € (40 lugares)

• Hotel + Jantar + Pequeno almoço: 49,00 €

• Viagem de barco: 75,00 €

• Transfers: 12,50 €

*Suplemento para singles: 20,00 €

O FIM-DE-SEMANADESTINA-SE A ANTIGOS

ALUNOS E SEUS FAMILIARES

CORTESIA DA CASA DO DOURO

ESTA FICHA PODE SER POLICOPIADA

Page 52: UPorto 2020. 9. 9. · 2 UPorto.EDITORIAL EDITORIAL No Editorial da revista UPorto do passado mês de Março – relativamente ao que então constituía uma intenção do Ministério