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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO ISIS TAVARES DA SILVA A FELICIDADE NO DISCURSO DOS PROFESSORES DA ESCOLA DE REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO GINÁSIO PERNAMBUCANO RECIFE - PERNAMBUCO 2012 FONTE: Arquivo da biblioteca da Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano.

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UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE FFEEDDEERRAALL DDEE PPEERRNNAAMMBBUUCCOO

CCEENNTTRROO DDEE EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO

PPRROOGGRRAAMMAA DDEE PPÓÓSS--GGRRAADDUUAAÇÇÃÃOO EEMM EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO

MMEESSTTRRAADDOO EEMM EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO

IISSIISS TTAAVVAARREESS DDAA SSIILLVVAA

AA FFEELLIICCIIDDAADDEE NNOO DDIISSCCUURRSSOO DDOOSS PPRROOFFEESSSSOORREESS DDAA EESSCCOOLLAA DDEE

RREEFFEERRÊÊNNCCIIAA EEMM EENNSSIINNOO MMÉÉDDIIOO GGIINNÁÁSSIIOO PPEERRNNAAMMBBUUCCAANNOO

RREECCIIFFEE -- PPEERRNNAAMMBBUUCCOO

22001122

FONTE: Arquivo da biblioteca da Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

MESTRADO EM EDUCAÇÃO

ISIS TAVARES DA SILVA

A FELICIDADE NO DISCURSO DOS PROFESSORES DA ESCOLA DE

REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO GINÁSIO PERNAMBUCANO

Dissertação apresentada à Universidade Federal de

Pernambuco, como parte das exigências do Programa de

Pós-Graduação em Educação, para obtenção do título de

Mestre em Educação.

Orientador: Prof. Dr. José Luis Simões

RECIFE – PERNAMBUCO

2012

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Catalogação na fonte

Bibliotecária Andréia Alcântara, CRB-4/1460

S586f Silva, Isis Tavares da.

A felicidade no discurso dos professores da escola de referência em ensino médio Ginásio Pernambucano / Isis Tavares da. – Recife: O autor,

2012.

93 f. ; 30 cm.

Orientador: José Luis Simões.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco, CE.

Programa de Pós-graduação em Educação, 2012.

Inclui bibliografia e Apêndice.

1. Felicidade. 2. Sistema Integral de Ensino. 3. Escolas de referência. 4.

Escola pública - Pernambuco. 5. UFPE - Pós-graduação. I. Simões, José

Luis.. II. Título.

CDD 158.1 (22. ed.) UFPE (CE2012-64)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

A FELICIDADE NO DISCURSO DOS PROFESSORES DA ESCOLA DE

REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO GINÁSIO PERNAMBUCANO

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. José Luis Simões

1º Examinador / Presidente

Prof. Dr. Vilde Menezes

2º Examinador

Prof. Dr. André Ferreira

3º Examinador

RECIFE, 29 de Junho de 2012

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DEDICATÓRIA

Aos Professores da Escola de Referência em Ensino Médio

Ginásio Pernambucano que se dedicam diariamente a

transformar a educação em momentos de felicidade.

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AGRADECIMENTOS

Escrever os agradecimentos não é uma tarefa muito simples.... resumir dois anos e meio em

uma ou duas páginas, terminou em muitas lágrimas. A dissertação é um trabalho que exige

tempo, dedicação e perseverança e sem cada um citado abaixo a dissertação não teria esta

forma.

Acima de tudo e de todos, agradeço a Deus primeiramente, por ser o Senhor da minha vida,

por guiar os meus passos, por me permitir viver tantas experiências junto a Ele, por colocar

pessoas especiais da minha vida, por encontrar Nele a felicidade plena.

Agradeço aos meus pais, Luiz e Ariane por me incentivar neste objetivo, pelo cuidado e pelo

apoio a mim concedido.

Ao meu irmão Adônis, por estar comigo! Por todo o auxilio, pelo socorro quando se tratava

de tecnologia, do inglês ou simplesmente dele mesmo.

Agradeço ao meu noivo Samuel, pelas suas orações, pelo seu apoio, incentivo, por suas

palavras, por me ouvir, sobretudo por amar-me.

A minha família, minhas tias, primas, minha avó, por compreender as minhas ausências e me

apoiar nesta fase da minha vida.

Agradeço ao Prof. Dr. José Luis Simões, pelo incentivo desde a graduação na vida acadêmica

com esta pesquisa que se iniciou há quase quatro anos e hoje se consolida nesta dissertação,

por acreditar na concretização da mesma.

Quero agradecer em especial a Maria Helena, Joanna, e Xuxu, pelo apoio nos momentos de

conflitos acadêmicos, diante de tantas teorias, buscas, prazos, congressos, editais, artigos, por

compartilhar experiências, vitórias e falhas. Enfim diante da loucura de uma vida de estudante

de pós-graduação.

Agradeço também a Luciana, Fábio Marques e Fábio Paiva, Tchê, Francisco, Catarina, Dany

e Durval, colegas de mestrado e doutorado pelas contribuições sobre o texto nas reuniões de

orientação, que ajudaram no crescimento desta pesquisa.

A Rosa, Ciro, Rosolina, Alessandro, Yanire e Luisyane, por me acolherem com muito carinho

em sua casa durante o intercâmbio, a todos los D’Amicos, muchas gracias!! Agradecer

também aos professores da UPEL-Maracay/Venezuela, Josil, Argenira, Jorge, Gladys, Elisa,

Grisell, e a Martiza pelo apoio concedido nos três meses e por abrirem as portas para que eu

pudesse pesquisar em Maracay.

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Agradeço a Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, em especial os funcionários da

Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano por abrirem as portas para

realizar este trabalho.

Um agradecimento muito especial aos professores do Ginásio Pernambucano que me

concederam as entrevistas pelo tempo disponibilizado, por responderem cada pergunta e

fazerem da teoria uma realidade.

A todos os membros da Primeira Igreja em Cidade Universitária por suas orações e apoio

neste período.

As Danys, Tacyla e Mayne por me emprestarem seus ouvidos e sua atenção no início te tudo.

A minha cunhada Mayara, um abraço muito carinhoso! A ASEP, pela amizade de anos. A

Amanda, Abi, Nata, Andréa Felix, Vera, Sandra, Priscila Sampaio, Auri e todos aqueles que

estão e estiveram ao meu redor durante todo este tempo.

Aos meus alunos da hidroginástica por me acompanharem no crescimento da minha vida

profissional.

Ao programa de pós-graduação em Educação da UFPE, a PROPESQ e a CAPES pelo auxilio

acadêmico e financeiro concedido neste período dois anos do mestrado.

A tantos outros que de uma forma ou de outra, passageira ou contínua contribuíram para a

realização deste trabalho,

Muito Obrigada!!

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“Sonhe com o que você quiser. Vá para onde você queira ir. Seja o que você

quiser ser, porque você possui apenas uma vida e nela só temos uma chance de

fazer aquilo que queremos. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.

Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança

suficiente para fazê-la feliz”.

(Clarice Lispector)

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RESUMO

Este trabalho consiste na investigação sobre a felicidade através do discurso dos professores

da Escola de Referência do Ginásio Pernambucano, por ter sido a primeira instituição a

trabalhar em sistema integral. A pesquisa foi realizada com o atual quadro docente da

instituição procurando, através da análise do discurso, compreender os enunciados que

permeiam o objeto de estudo da felicidade. Para a construção do cenário discursivo,

recorremos às fontes disponíveis que tratam do processo de mudança da escola regular para o

sistema integral, desde sua reforma física à reforma no sistema de ensino, e o caminho até a

Escola de Referência. Apresentam-se trechos das entrevistas ao longo do trabalho, ilustrando

a análise do pesquisador. Por fim, verifica-se que não se pode conceituar a felicidade, mas que

é possível perceber os sonhos e fatores de influência conectados ao consumo e aos

relacionamentos, que estão vinculados ao tempo dedicado ao exercício da profissão

interferindo com clareza nos fatores que estimulam a felicidade.

Palavras-chave: Felicidade – Sistema Integral – Professores – Discursos.

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ABSTRACT

This work is the research on happiness through the discourse of teachers in the School

Gymnasium Reference Pernambuco, having been the first institution to work on whole

system. The survey was conducted with the current faculty of the institution seeking through

discourse analysis to understand the statements that permeate the object of study of happiness.

For the construction of discursive scenario, we use the available sources that deal with the

process of changing the regular school for the whole system, since their reform physics

reform in the education system, and the way to the School Reference. We present excerpts

from interviews throughout the work, illustrating the analysis of the researcher. Finally, it

appears that one can not conceptualize happiness, but it is possible to realize the dreams and

influencing factors connected to the intake and relationships, which are linked to the time

dedicated to the profession interfering with clarity on the factors that stimulate happiness.

Keywords: Happiness - Integral System - Teaching - Discourses.

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RESUMEN

Este trabajo consiste en la investigación sobre la felicidad a través del discurso de los

profesores de la Escuela de Referencia del Gimnasio Pernambucano, por haber sido la

primera institución en trabajar con sistema integral. La búsqueda fue realizada con el actual

cuerpo de docentes de la institución, procurando que a través del análisis del discurso

comprendamos los enunciados que permean el objeto del estudio de la felicidad. Para la

construcción del escenario discursivo, recorrimos las fuentes disponibles que trataron de

cambiar el proceso de escuela regular para el sistema integral, desde su reforma física hasta la

reforma del sistema de enseñanza, encaminándola hacia una Escuela de Referencia. A

continuación presentamos parte de las entrevistas a lo largo del trabajo ilustrado por el

análisis del buscador. En conclusión, el estudio verifico que no es posible conceptuar la

felicidad, más que es posible percibir los sueños y factores influyentes conectados al consumo

y a las relaciones interpersonales vinculados al tiempo de dedicación del ejercicio de la

profesión que interfiere con claridad en los factores que estimulan la felicidad.

Palabras claves: Felicidad – Sistema Integral – Profesores – Discursos.

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LISTA DE IMAGENS

Imagem 01. O Ginásio Pernambucano após a reforma.

Imagem 02. Capa do Livro escrito por Marcos Magalhães.

Imagem 03. Valores de investimentos e custeios realizados pelos Centros de 2001 a 2007.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico Nº 01 – Perfil de entrada dos alunos.

Gráfico Nº 02 – Divisão dos alunos por gênero.

Gráfico Nº 03 – Escolaridade dos pais.

Gráfico Nº 04 – Renda familiar.

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LISTA DE SIGLAS

ABN-AMRO BANK - Algemene Bank Nederland e Amsterdam-Rotterdam Bank.

AD - Análise do Discurso.

BBC - British Broadcasting Corporation

CEEGP - Centro Experimental Ginásio Pernambucano.

CHESF - Companhia Hidroelétrica do São Francisco.

ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio.

GP - Ginásio Pernambucano.

ICE - Instituto de Corresponsabilidade pela Educação.

OJE - Olimpíada de Jogos digitais e Educação.

PASCH - Schulen:Parter der Zukunft.

PROCENTRO - Programa de Desenvolvimento dos Centros de Ensino Experimental.

UFPE - Universidade Federal de Pernambuco.

UNE - União Nacional dos Estudantes.

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO I: Currículo Escolar.

ANEXO II: Termo de Cessão.

ANEXO III: Entrevistas transcritas.

Entrevista 01

Entrevista 02

Entrevista 03

Entrevista 04

Entrevista 05

Entrevista 06

Entrevista 07

Entrevista 08

Entrevista 09

Entrevista 10

Entrevista 11

Entrevista 12

Entrevista 13

Entrevista 14

Entrevista 15

Entrevista 16

Entrevista 17

Entrevista 18

Entrevista 19

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Entrevista 20

Entrevista 21

Entrevista 22

Entrevista 23

Entrevista 24

Entrevista 25

Entrevista 26

Entrevista 27

Entrevista 28

Entrevista 29

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INTRODUÇÃO..................................................................................... ..........................16

CAPÍTULO 1º - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ATÉ OS DISCURSOS.......................20

1.1 – O PESQUISADOR................................................................................... .........................21

1.2 – O PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE..................................................................................25

1.3 – O MÉTODO ANALÍTICO............................................................................ .......................29

1.4 – OS SUJEITOS DOS DISCURSOS..........................................................................................33

CAPÍTULO 2º - GINÁSIO PERNAMBUCANO: DO ACASO, A ESCOLA DE

REFERÊNCIA............................................................................................. ...................36

2.1 – “O ACASO, QUE VIROU UM CASO, QUE VIROU UMA CAUSA”.............................................38

2.2 – O CENTRO EXPERIMENTAL...................................................................... .....................47

2.2.1 – A PROPOSTA EDUCACIONAL....................................................................................48

2.2.2 – OS CUSTOS................................................................................................. ................52

2.2.3 – OS RESULTADOS.......................................................................................... .............53

2.3 – A ESCOLA DE REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO GINÁSIO PERNAMBUCANO....................58

CAPÍTULO 3º - A FELICIDADE E SEUS DESDOBRAMENTOS...........................................66

3.1 – UMA APROXIMAÇÃO TEÓRICA DA FELICIDADE..............................................................67

3.2 – CAPITAL E CONSUMO......................................................................... ..........................74

3.5 – O PARADOXO DA FELICIDADE........................................................ ...............................79

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. ................84

REFERÊNCIAS.............................................................................................................88

ANEXOS

SUMÁRIO

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Introdução

A felicidade ao longo dos tempos sofreu a influências da evolução das ideias e da

história humana. O seu entendimento variou de acordo com a época ou com o filósofo, mas

nunca deixou de estar presente ou ocupar um lugar de relevância nas nossas reflexões. Essa

importância perpassa o âmbito pessoal e ultrapassa-o atingindo implicações sociais, morais e

políticas.

Trabalhar com o tema “felicidade” não e uma tarefa simples, devido a complexidade

que o termo pode trazer. Para Corbi e Menezes-Filho (2006) “o termo felicidade pode ser

associado a muitos conceitos noções”. Entretanto, a partir desta afirmação, nos estimula a

definir os possíveis entendimentos para o vocábulo, de modo que sua compreensão não fuja

ao contexto pretendido pelo pesquisador.

Segundo uma pesquisa realizada por Alves e Sorrentino (2010), no canal Web of

Science, acessando a bases de dados com o verbete happiness (felicidade), afirmam que desde

1903, existem publicações, no total de 7.307 artigos, até maio de 2010. O curioso é que até o

ano 2000, a busca pela mesma pesquisa resultaria em 2103 artigos. Isto significa que nos

últimos 10 anos, cerca de 5204 artigos, foram publicados, representando 71% dos trabalhos de

todos os tempos contendo felicidade. Estas pesquisas têm ampliado dimensões, refletindo nos

indicadores de desenvolvimento dos países e consequentemente uma nova visão mundial

sobre a felicidade.

Com a necessidade de ampliar a divulgação dos estudos desenvolvidos sobre o

referido tema, o presente trabalho tem como objeto central investigar os diversos fatores que

influenciam a felicidade, partindo do discurso dos professores do Centro Experimental

Ginásio Pernambucano, procurando compreender suas possíveis determinantes e as formas

como as mesmas se correlacionam.

A motivação para desenvolver este trabalho surgiu do estudo sobre felicidade

desenvolvido com as professoras de Educação Física da rede pública de ensino no ano de

2009. Este estudo foi realizado como projeto de iniciação científica da UFPE, no segundo

semestre de 2008 e primeiro semestre de 2009, ainda na graduação. Quinze professoras de

Educação Física, em atuação na rede pública de ensino se disponibilizaram a responder as

nossas indagações sobre os fatores que interferiam em suas felicidades.

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Neste estudo, constatou-se que o baixo valor salarial era um fator desmotivante, ao

serem interrogadas sobre o que falta para ser mais feliz do que se considera, 40%

responderam que uma melhor remuneração, e 100% comentaram durante a pesquisa sobre a

insatisfação salarial, dentro e fora de perguntas que faziam referência a felicidade, ou seja,

estava sempre claro que o salário não correspondia, segundo elas, ao trabalho que

desempenhavam.

Diante desta inquietação, desenvolvemos um projeto a ser avaliado pelo processo de

seleção de mestrado sobre a felicidade dos professores que possuíam um salário com valor

acima do mínimo pago aos docentes pelo governo. Desta forma, direcionamos o nosso foco

para as escolas integrais que oferecem aos professores um abono salarial diferenciando-os dos

demais professores da rede pública. Partimos do pressuposto que docentes que possuem uma

bonificação salarial maior se consideram felizes e satisfeitos com o salário que recebem.

A escolha pelos professores se justifica pelo nosso interesse em investigar as teorias da

educação, como produto dos seres humanos em que a felicidade está configurada em um

espaço de teorias e práticas pedagógicas. Aristóteles (2005) nos aproxima desta perspectiva ao

afirmar que a educação tem por ambição construir um homem virtuoso, onde a felicidade é a

ação perfeita do exercício da virtuosidade. A escola por sua vez, é o ambiente que conflui a

felicidade com a educação. Entretanto, quem são os sujeitos que estão agindo neste meio?

Assim, nos remetemos aos professores que formam o meio pelo qual se educa. E quem são?

Quais seus conceitos de felicidade? Que fatores estão envolvidos nesta felicidade? Como

identificamos a felicidade em seus discursos?

Com o prazo de dois anos para cumprimento dos objetivos no programa, e com as

contribuições dos Professores André Ferreira (UFPE) e Alberto Albuquerque Gomes

(UNESP) direcionamos a nossa investigação para os professores da primeira escola integral

do Recife, o Ginásio Pernambucano, localizado na Rua da Aurora, nº 703, no bairro da Boa

Vista, Recife – PE. Adentramos no processo histórico de mudança da Escola para o Centro de

Referência em meados de 2003 e efetivamente em 2004, onde se constata o primeiro estimulo

financeiro aos professores. Partindo deste alvo, construímos o nosso cenário discursivo.

O trabalho esta dividido em três capítulos, inicialmente apresentamos os

procedimentos metodológicos, fazendo algumas considerações com a seleção dos sujeitos, o

procedimento para análise com Boni e Quaresma (2005) tratando das entrevistas

semiestruturadas, Duarte (2002) e Pinheiro (2005) para roteiro e procedimentos na entrevista.

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Para o método analítico utilizado, destacamos a aproximação com a análise do discurso,

através de Michel Foucault (1996), (2010) e Orlandi (2009) com a finalidade de estabelecer

padrões de análise. A análise do discurso consolida uma alternativa de análise que atravessa a

unidade em que se apresentam em busca dos enunciados.

Na instituição, as portas foram abertas com simplicidade. A atual Escola de Referência

em Ensino Médio Ginásio Pernambucano, e quando me refiro à escola, remeto aos

funcionários, gestora, orientadora educacional, bibliotecárias e professores, a escola como um

todo, se disponibilizaram a colaborar. A Secretaria de Educação, por sua vez, requereu as

documentações necessárias para que os nomes dos professores fossem velados e a minha

permanência estivesse totalmente legalizada institucionalmente.

Vencida a etapa da burocratização para realização das entrevistas, gravamos

aproximadamente sete horas de entrevistas, recolhendo o discurso de vinte e nove professores,

através da entrevista semiestruturada, registrados por uma câmera para transcrevê-las e

analisá-las posteriormente. As entrevistas foram transcritas na íntegra, modificados apenas

quando se faziam necessárias para uma melhor compreensão do leitor. Os nomes, por sua vez

foram substituídos por números, a fim de preservar a figura dos docentes.

Através dos discursos dos professores, combinados com a quantidade de reportagens e

documentos que relatam a instituição, construímos no segundo capítulo a passagem da Escola

Ginásio Pernambucano, para o Centro Experimental até alcançar a Escola de Referência

Ginásio Pernambucano. Nomes como Marcos Magalhães (2008), Lima (2006) e Melo (2010)

adornaram as referências no período do Centro Experimental, tratando da proposta

educacional, dos custos e resultados obtidos. Percebemos através das entrevistas a

importância que este período, como Centro Experimental, significou para os professores. As

recentes publicações sobre as escolas integrais contribuíram para compreensão do cenário

atual. Entretanto, foi através das falas dos professores que orientamos a fundamentação

teórica necessária para toda a pesquisa.

Com este foco desenvolvemos a nossa pesquisa partindo de trechos das entrevistas,

relacionando-os com o arcabouço teórico levantado. A seleção dos trechos aconteceu através

da diversidade de informações coletadas que por sua vez contribuíam para o cumprimento do

objetivo estabelecido. Assim, selecionamos os trechos mais interessantes que se encontram no

copo da pesquisa e disponibilizamos as entrevistas na íntegra que se encontram nos anexos.

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No que tange a felicidade queremos desde o principio esclarecer que não temos a

pretensão de definir um conceito para este objeto de estudo. Investigamos as diversas

vertentes que nos levam a compreender os discursos dos professores sobre o tema. Epicuro

(2002), Agostinho (1996), (1998), Bassalobre (2007), Bauman (2009), (2010) Layard (2008)

e Lypovetsky (2007), são alguns dos autores que constroem junto com os professores o

cenário discursivo sobre a felicidade.

Na discussão sobre felicidade buscamos algumas reflexões sobre as dimensões

objetivas e subjetivas do tema. Não adentramos na história da felicidade tendo em vista as

recentes publicações, como Souza (2010), que alcança este objetivo do período socrático à

felicidade do século XXI.

Ciente da contribuição desta investigação para o âmbito acadêmico científico, além

das reflexões sobre a felicidade dos professores, e com a pesquisa concluída, voltamos ao

Ginásio Pernambucano para apresentar aos sujeitos do discurso as nossas considerações sobre

a felicidade. O interesse por este material surgiu durante as entrevistas, nos estimulando a

compartilhar os resultados com os docentes da referida instituição, disseminando a

importância social que o estudo vem contribuir. Desta forma, valorizamos a aproximação do

pesquisador após a realização, com o seu campo de pesquisa, tendo em vista a contribuição

que a academia pode proporcionar a sociedade, nesta troca de saberes.

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CAPÍTULO 1º

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ATÉ OS DISCURSOS

FONTE: Arquivo da biblioteca da Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano.

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s considerações desta pesquisa foram possíveis de serem realizadas

graças aos instrumentos que foram utilizados para interpretação dos

resultados no qual o uso permite chegar. Relatar a metodologia da

pesquisa oferece uma possibilidade de justificar as razões que nos conduziram a adotar tais

procedimentos, reconhecendo e legitimando uma nova linha de pesquisa.

O processo de legitimação estabelece os critérios epistemológicos e metodológicos

como uma ciência que é socialmente construída, identificando os critérios de julgamento que

gradualmente foram colocados em questão, como discute Brito e Leonardos (2001). Neste

sentido, este capítulo descritivo-analítico auxilia a esclarecer as práticas estabelecidas na

investigação, apresentando os principais elementos constitutivos do processo de pesquisa –

pesquisador/procedimentos de análise/método analítico/sujeitos.

Procuramos assim, preconizar a descrição investindo na ciência como ela se faz,

considerando “o que dizem os atores destas ciências e fazendo um discurso compatível com

as descobertas científicas” (DOSSE, 1995, p.15). Desta forma, abrimos um espaço para

descrever as relações, conflitos e procedimentos adotados neste trabalho.

1.1 – O PESQUISADOR

No processo de investigação e na figura do pesquisador, reconhecemos a posição de

poder que ocupamos neste papel. Analisando o funcionamento do poder, nos remetemos a

Michael Paul Foucault (15/10/1926 – 25/06/1984), filósofo francês, graduado em filosofia e

diplomado em Psicologia, que ocupou cargos importantes em sua história, como professor do

Collége de France e em sua trajetória esteve em contato com Pierre Bourdieu, Jean-Paul

Sartre, Merleau-Ponty, Nietzsche e Freud. Foucault afirma que “o poder não é uma substância

ou qualidade, algo que se possui ou se tem; é antes, uma forma de relação” (CASTRO 2009,

p.326) 1. Essa relação de poder possui capacidades objetivas que permitem ao pesquisador

modificar, utilizar, consumir ou destruir o seu material de pesquisa, que transmitem uma

informação através de uma língua ou qualquer outro meio simbólico por meio de relações de

informações. Cabe ao pesquisador exercer poder diante do campo empírico, ou seja,

“conduzir condutas” e dispor a probabilidade, como discute Foucault (1994) nas relações de

poder.

1 Dicionário com o vocabulário de Michel Foucault.

A

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Na relação de poder, os professores investigados reconhecem, do início até o final, que

eles são um sujeito de ação, um sujeito que atua em um determinado contexto sociocultural

que estimulou a pesquisa. Quando os professores reconhecem este posicionamento, um

conjunto de ações, respostas, reações e efeitos operam sobre um campo de possibilidades que

induz, separa, facilita, dificulta, estende e limita a pesquisa.

Neste contexto, reconhecemos a gama de possibilidades criada em nosso campo

empírico, atribuindo sentido às informações coletadas, onde, esta relação situa os professores

da Escola de Referência Ginásio Pernambucano como sujeitos de ação e o pesquisador em

uma posição de poder no processo de investigação.

Aproximamo-nos do contexto vivido pelos professores no momento em que passamos

diversos dias, no horário integral da escola, realizando a pesquisa, não possuindo nenhum tipo

de vínculo institucional. Nestes dias, foi possível compreender a dinâmica que os sujeitos da

investigação vivenciam diariamente. Demandas, aulas, horários livres, provas, notas,

cadernetas, alunos, direção, todos estes elementos estavam articulados aos professores e

conjugaram o ambiente da investigação. Acreditamos assim, que, além desse tempo, as

relações estabelecidas do pesquisador com o sujeito, dificultam a capacidade de análise do

pesquisador.

Outro ponto fundamental que compete ao pesquisador no processo de investigação é a

relação entre as dimensões objetivas e subjetivas. Segundo Damasceno (2010), a dimensão

objetiva está centrada nos fatores que podem ser declarados pelo indivíduo ou observada pelo

pesquisador. São aspectos de fácil verificação e, geralmente, estão atrelados a escalas ou

valores que podem ser atribuídos.

A dimensão objetiva é discutida, a partir da década de 1930, resgatada através das

investigações realizadas pela economia, que priorizavam os fatores mais práticos. Baseados,

principalmente, nas escolhas dos indivíduos, apoiavam-se, especialmente, nos bens de

serviço, influenciados pela renda.

[...] Desde então verificou-se uma inquestionável evolução nas metodologias

utilizadas nos estudos desta área, o que trouxe grande volume de ganhos científicos, notadamente por força do grande número de pesquisas viabilizadas

pela maior objetividade com que os estudos são realizados (DAMASCENO,

2010, p. 12).

A partir da década de 1970, questionamentos a cerca da excessiva objetividade foram

levantados por deixar, à parte, a essência das respostas, acarretando importantes perdas

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qualitativas para investigação. A extrema confiança nos resultados objetivos, na capacidade

de conhecer, trouxe sérias consequências, passando a compor um modelo global de

racionalidade científica2. Este modelo esta pautado rigorosamente com seus princípios

epistemológicos e regras metodológicas, constituindo, desta forma, um modelo totalitário.

[...] A supervalorização da razão, em detrimento das outras funções dos seres humanos, ao lado do conhecimento fragmentado e decomposto, alterou

diversos pensadores e cientistas sobre a possibilidade de que a razão poderia

não ser onipotente para conduzir os destinos da sociedade humana e resolver os inúmeros problemas consequentes, tornando-se, muitas vezes, ela própria, a

razão de muitos deles (BASSALOBRE, 2007. p. 151).

Assim, os pesquisadores coligaram a necessidade de relevar os aspectos de natureza

mais subjetivos, “capazes de identificar de que modo e com que profundidade todas essas

variáveis impactavam a vida do indivíduo do ponto de vista emocional” (DAMASCENO,

2010, p.13).

Bassalobre (2007) dialoga com Damasceno (2010), a respeito do conhecimento

moderno, que não se constitui autoritário ou determinista, mas se estabelece através de uma

pluralidade metodológica. Rompe-se com formas designadas do senso comum, enriquecendo

a relação com o mundo e produzindo um diálogo com o conhecimento científico.

A felicidade, neste contexto, passa de números e estatísticas para ser compreendida,

envolvendo os aspectos emocionais e sociais dos indivíduos. Assim, reconhecemos a

necessidade de cuidados e atenção com este objeto de estudo, verificado os valores e ideias

que estão relacionados com a objetividade e subjetividade.

Procurando compreender a dimensão subjetiva do nosso trabalho, em razão do

surgimento de novas teorias pedagógicas, assim como da reconfiguração das já existentes,

Libâneo (2005), preocupado com as teorias pedagógicas que fundamentam as práticas

docentes, elaborou uma nova classificação, atentando para a dinâmica de disjunção e

conjunção das teorias, decorrentes das transformações socioeconômicas da renovação

cultural.

Esta nova corrente, Libâneo (2005) classificará como holística. A corrente holística

propriamente dita compreende a diversidade de modalidades, refletindo a variedade de

construções em relação ao contexto contemporâneo. Dentro dela, encontramos a teoria da

2 Santos (1996).

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complexidade, encabeçada por Edgar Morin (1999), pesquisador renomado, que discute a

complexidade das teorias e reflexões cerca da investigação no ambiente educativo.

Segundo Morin (1999), vivemos em uma realidade multidimensional, mas estudamos

essas dimensões separadamente. Tal procedimento ignora o mais importante que é qualificar o

sistema, a junção das partes. Destarte, o princípio da epistemologia da complexidade afirma

que a parte está no todo e o todo está na parte, conservando cada um a sua particularidade, por

outro lado, contendo a totalidade do real.

Idealizada por Morin (1999), a educação composta por saberes e competências, foi

denominada de complexa. O pensamento complexo está em constante transformação, assim

como o ensino e a aprendizagem. Deste modo, a dimensão subjetiva procura compreender as

contradições a partir da convivência, quebrando as fronteiras entre os saberes, capazes de

serem debatidas a partir do pensamento complexo.

As características do sujeito, neste pensamento, entendem as suas particularidades ao

mesmo tempo em que o diferencia como autor do seu projeto. Isso torna o sujeito um ser

complexo, capaz de estabelecer relações com o outro, refletindo em seus valores, escolhas e

percepções do mundo.

A teoria de Morin é sustentada pelos paradigmas holonômicos, que valorizam o ser

humano no seu cotidiano, na sua singularidade. Os novos paradigmas estão centrados na sua

totalidade, valorizando a criatividade, a convergência e a complexidade.

Para Gadotti (2000, p.5), “os paradigmas holonômicos pretendem manter, sem

pretender superar, todos os elementos da complexidade da vida”. Essa categoria da

complexidade, com os paradigmas holísticos nãos são novos, contudo, hoje, são analisados

com mais apreciação, sob diversas formas e diferentes significados, encontrados em muitos

intelectuais, filósofos e educadores.

Analisando os estudos de Morin, Bassalobre (2007) afirma que o mesmo não trouxe

soluções, mas abriu caminhos que podem ser contrários à nossa vontade, como a consciência

crítica de uma ciência da ciência ou uma dimensão reflexiva do mundo científico.

O pensamento complexo está constituído de todas as influências, sejam internas ou

externas, concretizando-se no conjunto de circunstâncias que se ligam entre si. Desta forma,

retomamos a nossa referência a Garcia (2010), com os estudos sobre teoria, unificando a

completude com a incompletude, ou seja, a objetividade e a subjetividade, também aqui

situadas.

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Para analisar a felicidade no discurso dos professores, tomamos consciência

primeiramente da subjetividade do nosso objeto de pesquisa. No decurso da pesquisa, nos

aproximamos de Brito (1994) que sugere que a análise da subjetividade seja constante e

integrada. Segundo Corbi (2006), esta subjetivação para Foucault, só pode ser compreendida

através da história do sujeito, ou seja, “a uma história das práticas nas quais o sujeito aparece

não como instância da fundação, mas como efeito de uma constituição” (CORBI, 2006,

p.408).

Neste sentido, no percurso da pesquisa, como afirma Brito (1994), resgatamos o

processo histórico dos professores, através de técnicas e procedimentos que estão descritos

com mais propriedade no próximo inciso. Com estes recursos, procuramos descrever gestos e

atitudes, que vão além da objetividade de um trecho de uma resposta ou de uma entrevista,

fornecendo elementos além da linguagem verbal, procedimentos mediante os quais se

apresentam nas relações de poder do pesquisador com o entrevistado na nossa investigação.

1.2 – O PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE

Inicialmente não delimitamos o número de professores que seriam entrevistados, tendo

em vista a possibilidade em acontecer de algum professor se contrapor a participar da

pesquisa. Pelo fato da pesquisadora não obter vínculo como professora da instituição

investigada e também não ser servidora pública, se fez necessário buscar autorização da

Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco para que a intervenção fosse habilitada

institucionalmente.

A solicitação à Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco foi realizada no final

do ano de 2010. Entretanto, com a mudança dos gestores na Secretaria, no início de 2011, foi

preciso um novo contato, com novos procedimentos incluindo projeto da dissertação e

solicitação através do orientador, para execução da pesquisa de campo.

Mediante a autorização, a Secretaria de Educação do Governo do Estado de

Pernambuco solicitou que nenhum dos professores estivesse identificado, assegurando a

privacidade da instituição e dos docentes, quanto aos dados envolvidos na pesquisa. Desta

forma, os nomes foram substituídos por números, aleatoriamente. Nenhuma despesa foi

repassada para a instituição e a pesquisadora se comprometeu em enviar o trabalho final na

forma de CD, em resposta à Secretaria dando um feed back dos resultados obtidos.

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A habilitação da Secretaria de Educação de Pernambuco, juntamente com a abertura

do colégio para a pesquisa, foram primordiais para o êxito da pesquisa de campo. Encontrar a

instituição disposta a contribuir com as práticas acadêmicas tornou a investigação simples,

sem quaisquer dificuldades que pudessem surgir.

A entrevista foi o instrumento utilizado na pesquisa que nos propôs olhar os eventos

discursivos complexos, nela embutidos. A complexidade das entrevistas é empregada sobre a

posição que merece a nossa atenção porque desafia o pesquisador que, mesmo já tendo

planejado os tópicos discursivos propostos ao entrevistado, sinaliza um roteiro de espaços

que, até o momento, não foram preenchidos.

Como arena de significados, a entrevista, como classifica R. Silveira (2007), compõe o

jogo no qual o entrevistador quer saber algo, propondo ao entrevistado o preenchimento das

lacunas. Para isso, as experiências culturais e cotidianas atravessam os discursos e ressoam

em suas vozes. Cabe ao analista reconstruir as falas trazendo um novo sentido àquele

discurso.

Na apuração dos discursos, optamos por trabalhar com as entrevistas semiestruturadas,

que combinam perguntas abertas e fechadas, nas quais o pesquisador tem as perguntas

previamente definidas, mas que se realiza em um contexto semelhante a uma conversa

informal, segundo Boni e Quaresma (2005). Desta forma, o pesquisador pode adicionar

perguntas para questões que não ficaram esclarecidas, ou também delimitar o volume de

informações, direcionando para o tema. No que se refere à felicidade, acreditamos nesse

percurso, tendo em vista a quantidade de informações objetivas e subjetivas que compõe os

discursos na entrevista.

Antes de iniciarmos as entrevistas, a orientadora educacional da escola forneceu todos

os horários disponíveis de cada professor para cumprimento da pesquisa e comunicou-os da

intervenção que seria realizada com os mesmos. Os horários que são destinados ao

acompanhamento das disciplinas foram disponibilizados pela direção da escola, que

correspondiam às segundas-feiras, terças-feiras e quartas-feiras. Entretanto, durante o

cumprimento das entrevistas, vivenciamos a sobrecarga de trabalho que é exigida dos

professores, tardando a realização da pesquisa de campo, tendo em vista a demanda de

elaboração e correção de provas, simulados, aulões e aulas.

Desta forma, em alguns casos entramos em acordos com os professores, quanto às

datas e horários que estariam mais acessíveis aos mesmos. Também aguardamos o retorno de

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uma professora que estava de licença a fim de abarcar o maior número possível de

professores. As entrevistas foram realizadas nos dias 19, 20, 21 e 27 de setembro; 20 e 25 de

outubro 2011.

As entrevistas foram realizadas na sala de professores ou nos quiosques do colégio.

Eram ambientes que os professores se sentiam mais confortáveis, distantes dos alunos e da

supervisão da escola, sem maiores intervenções. Geralmente, outros colegas de trabalho, ou

funcionários responsáveis pela limpeza, circulavam neste ambiente, mas não percebemos

nenhuma reserva por parte dos professores quanto a estes. Sempre deixamos os docentes

escolherem o local da realização, buscando um ambiente favorável para fluidez dos discursos

e mais reservado de ruídos.

Segundo Duarte (2002), as entrevistas realizadas em ambientes de trabalho trazem

alguns percalços observados em situações externas que podem interromper as entrevistas, tais

como: um telefonema, uma decisão urgente, recados, alunos. Essas intervenções “costumam

aguçar a ansiedade com relação ao tempo de duração do depoimento, interrompendo o livre

fluxo de ideias e precipitando a interrupção do depoimento” (p. 145). Cientes destas

considerações, reconhecemos a limitação do produto da nossa pesquisa empírica. Entretanto,

a carga horária disponível pelos sujeitos desta pesquisa não nos permite realizar a

investigação fora do ambiente de trabalho, tendo em vista que passam manhã e tarde no

colégio e muitos ainda possuem dois vínculos empregatícios, trabalhando em outra instituição

no horário noturno.

As perguntas foram formuladas visando atender aos objetivos da pesquisa. A revisão

do roteiro da entrevista, após o início da pesquisa de campo, avalia se as perguntas estão

claramente formuladas ou acrescentam uma quantidade de informações que não serão

utilizadas. Para Duarte (2002),

[...] muitos problemas podem ser identificados no roteiro das entrevistas

quando elas saem do papel (ou do computador) e ganham significado na

interação entrevistador/entrevistado. Por essa razão, este deve ser um

instrumento flexível para orientar a condução da entrevista e precisa ser periodicamente revisto para que se possa avaliar se ainda atende os objetivos

definidos para aquela investigação (p. 150).

Antes de iniciar as entrevistas, era realizada uma breve apresentação minha, como

pesquisadora, qual o objetivo de estar realizando a entrevista e o percurso traçado até o

presente momento, em breves palavras. Neste momento, foi possível observar a curiosidade

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dos professores em saber quais seriam as perguntas e que elementos seriam discutidos naquele

momento. As entrevistas foram gravadas, utilizando o instrumento da câmera e procurando ir

além da fala dos professores, além de uma simples transcrição e análise do conteúdo,

analisando o discurso, decodificando os sinais não verbais que encontramos nas expressões

faciais e corporais dos sujeitos. Ou seja, buscamos identificar a expressão de dúvida ou

insegurança nas respostas, o nervosismo diante da câmera ou corpo movimentando-se para

ambos os lados como sinais de incertezas, contrapondo com a resposta falada. Deleuze3

(2005, p.73) endossa a escolha afirmando que “os olhos e a voz são elementos importantes

para Foucault a fim de descobrir os enunciados”.

Reconhecemos que a câmera pode intimidar o entrevistando, direcionando-o a se

posicionar com alguma restrição durante a entrevista, ou seja, tendem a modificar o seu

comportamento. Porém, nos primeiros minutos, Pinheiro (2005) recomenda uma conversa

informal, habituando o entrevistado com as câmeras onde os sujeitos voltarão a apresentar o

seu comportamento usual, procedimento adotado por nós.

Por conseguinte, compreendemos que a filmagem das entrevistas com a câmera

minimiza a seleção descrita por um único observador, “uma vez que tem a possibilidade de

rever várias vezes as imagens gravadas” (PINHEIRO, 2005), direcionando a atenção para os

aspectos que teriam passado despercebidos. Pinheiro (2005) acresce que a crescente utilização

do vídeo, como recurso nas pesquisas de campo, imprime maior credibilidade ao estudo,

influenciando notas e revisões bibliográficas.

Visando salvaguardar os direitos dos sujeitos da pesquisa e do pesquisador, as

entrevistas estão respaldadas, mediante a assinatura do termo de consentimento livre e

esclarecido. A pesquisa de natureza educacional está dentro dos aspectos éticos da resolução

prevista pelas Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas, envolvendo humanos,

obedecendo aos requisitos do Comitê de Ética em Pesquisa que prevê o sigilo em relação à

identidade dos sujeitos da pesquisa, assegurando sua privacidade e imagem, se assim

desejarem, conforme o item IV. 1, letra G das Diretrizes.

O atual quadro docente da escola é composto por trinta e um professores, dentre os

quais foram realizadas vinte e nove entrevistas. Uma professora não se sentiu confortável em

3 Gilles Deleuze (1925-1995), filósofo francês, exerceu importantes influências na constituição da aprendizagem

e na própria experimentação do pensamento em educação. Foi um leitor de Foucault, estudioso de Nietzsche e

Espinosa. Autor de grandes obras que nos provoca com ideias a pensar e criar conceitos.

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participar e outro professor foi impossibilitado de compartir devido à sua grande demanda de

trabalho e em virtude de algumas pendências por motivos de saúde.

Durante a aplicação das entrevistas alguns pontos, já citados acima, contribuíram para

a nossa compreensão e atuação. Em algumas intervenções não se fez necessário realizar a

pergunta que estava prevista para depois, tendo em vista que o professor já havia respondido

em uma questão anterior. Quando questionávamos, por exemplo, quais os fatores que

motivavam a trabalhar na instituição, durante a resposta, os professores já mencionavam os

fatores que lhes desmotivavam.

Apenas um professor se demonstrou intimidado pela presença da câmera. Ao todo,

96% dos entrevistados não demonstraram constrangimento diante do instrumento, que tenha

sido evidente na análise. Algumas perguntas foram reformuladas linguisticamente, quando

saíram do papel, de forma que o objetivo da pergunta fosse alcançado. Também tivemos

algumas interrupções de alunos ou outros professores, entretanto, o foco do que estava sendo

tratado não foi disperso.

Realizadas as entrevistas e com os termos assinados, o próximo passo consistiu na

transcrição e armazenamento. Na fase de transcrição, as expressões faciais e mudanças no

comportamento corporal foram descritas de forma que os textos transcritos auxiliassem o

olhar da análise do pesquisador. Procurando esclarecer algumas colocações, acrescentamos,

quando se faziam necessárias, palavras às entrevistas, sem invadir as questões que, naquele

momento, estavam sendo reveladas.

1.3 – O MÉTODO ANALÍTICO

Na finalidade de estabelecer padrões de análise para o material coletado, nos filiamos

teoricamente com as contribuições da Análise do Discurso, que propõe, segundo Rocha e

Deusdará (2005, p.308), “o entendimento de um plano discursivo que articula linguagem e

sociedade, entremeadas pelo contexto ideológico”. A Análise do Discurso consolida uma

alternativa de análise interessada na descrição das vozes que ecoam atravessando a unidade

discursiva em que se apresentam os enunciados. Há um desejo de que os discursos se ancorem

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sócio e historicamente, articulando a linguagem (o interior do sujeito) com o social ou

psicológico (o exterior).

A Análise do Discurso (AD), para Orlandi (2009), trata o discurso como uma palavra

em movimento, compreendendo a língua enquanto trabalho simbólico, parte do trabalho

social geral, constitutivo do homem e da sua história. Compreende a língua não só como

estrutura, mas sobretudo como acontecimento. O discurso é o lugar em que se pode observar a

língua como produtora de sentidos para o sujeito que concebe a linguagem como mediadora

necessária entre o homem e a realidade natural e social.

Na perspectiva de compreender o discurso dos professores da Escola de Referência no

Ensino Médio Ginásio Pernambucano, nos remetemos a Michel Foucault. Dentre suas obras

destacamos “A ordem do Discurso” (1996) e “Arqueologia do Saber” (2010), que servirão de

base para utilização na aplicação do método analítico.

[...] ‘Não me pergunte quem eu sou e não me diga para permanecer o mesmo’. Um pensador engajado em um trabalho crítico de seu presente, de si mesmo,

buscando, por meio da genealogia e da arqueologia, as rupturas e

descontinuidades que engendram as imagens que temos de nós mesmos/as, dos/as outros/as e do mundo. Eis Foucault... (NASCIMENTO, 2011, p.01)

Foucault (2010) propõe um método de analisar o discurso, pelo qual titulou de

Arqueologia. A Arqueologia segundo o Vocabulário de Foucault, trazido por Castro (2009),

não se ocupa dos conhecimentos descritos segundo seu processo em direção a uma

objetividade, mas “quer mostrar como a história (as instituições, os processos econômicos, as

relações sociais) pode dar lugar a tipos definidos de discurso” (2009, p.41). Desta forma, a

Arqueologia “não é nada além e nada diferente de uma reescrita: isto é, na forma mantida da

exterioridade, uma transformação regulada do que já foi escrito” (FOUCAULT, 2010, p.158).

[...] Claramente, na arqueologia o conceito de discurso tem tratamento mais

extenso, posto que ela se define como uma análise discursiva; mas seria um erro restringi-lo ao âmbito da episteme. Pois bem, além do discurso, tomando

como uma questão metodológica, é necessário ter presente os resultados dessa

metodologia, isto é, a descrição dos discursos, das formações discursivas no

trabalho de Foucault (CASTRO, 2009, p. 117).

Como sugere Foucault (2010), buscamos nos discursos, antes, um campo de

regularidade, percebidos nos enunciados que aparecem na fala dos docentes, para as diversas

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posições de subjetividade, compreendendo como se formam estes discursos. O discurso,

assim concebido, compreende um conjunto de dispersões do sujeito, em relação às suas

posições, com efeitos sobre as pessoas.

Segundo Foucault (1996), o discurso nada mais é do que a reverberação de uma

verdade nascendo diante de seus próprios olhos; e, quando tudo pode, enfim, tomar forma do

discurso e o discurso pode ser dito a propósito de tudo. Isso se dá porque todas as coisas,

tendo manifestado e intercambiado seu sentido, podem voltar à interioridade silenciosa da

consciência de si.

Diante dessa definição de discurso, temos ciência de que algumas colocações não

serão claramente faladas, pois, na ordem do discurso, nem todas as regiões são igualmente

abertas e penetráveis, como afirma Foucault (1996), se referindo à interioridade silenciosa,

como citado anteriormente.

Neste sentido, Orlandi dialoga com Foucault quando se refere à interioridade

silenciosa da consciência de si, pois algumas regiões do discurso para Foucault são altamente

proibidas (diferenciadas e diferenciantes), que poderão ser percebidas no silêncio de uma

resposta ou em um espaço de tempo entre a pergunta e a réplica.

Sabemos que ao longo do dizer existe uma margem de não ditos que também

significam. Trata-se do silêncio. O silêncio no discurso, segundo Orlandi (2009), pode-se

tratar de um lugar de recuo para que o sentido se faça sentido, ou o silêncio que indica que o

sentido pode sempre ser outro, ou que atravessam as palavras falando por si próprio. Entre o

dizer e o não dizer cria-se um espaço de interpretação no qual o sujeito se move. É possível

analisar expressões e colocações que são percebidas, não são faladas, confluindo com o

processo de subjetivação inserido na objetividade da entrevista. São expressas, seja através do

silêncio, de um sorriso, ou do simples ato de demorar a responder, mas não significa dizer que

são penetráveis, que seja possível compreender o que verdadeiramente acontece.

[...] a AD visa à compreensão de como um objeto simbólico produz sentidos, como ele está investido de significância para e por sujeitos. Essa

compreensão, por sua vez, implica em explicar como o texto organiza os

gestos de interpretação que relacionam sujeito e sentido. (ORLANDI, 2009,

p. 26).

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Segundo Deleuze (2005, p.26), se tratando de Foucault é necessário partir dos

discursos para extrair os enunciados. A Arqueologia de Foucault é uma teoria geral das

produções na qual “as formações discursivas são verdadeiras práticas”. Foucault (2010,

p.141) define o discurso como o “conjunto de enunciados que provém de um mesmo sistema

de formação”.

No âmbito dos enunciados, tudo é real e toda realidade é manifesta, não existe o

virtual ou o possível, apenas podem se opor ou se hierarquizar. “A descrição arqueológica

procura estabelecer a regularidade dos enunciados. O enunciado, por sua vez, é o objeto

específico de uma acumulação segundo o qual se conserva, se transmite ou se repete”

(DELEUZE, 2005, p.15).

As relações que podem acontecer entre os enunciados, podem ser formadas quando se

referem a um único objeto ou na sua forma e tipo de encadeamento. Quando falamos de um

único objeto, não queremos tratar da sua permanência e singularidade, como se fôssemos

encontrar em todas as entrevistas dos professores, ou em um percentual considerável, mas de

um espaço que se alinha, que mantém uma regularidade nos enunciados. As regularidades

entre os enunciados se evidenciam analisando as entrevistas, em que, se tratando de um objeto

de pesquisa, os enunciados se repetem e se apresentam conjugados em uma mesma relação. Já

quando tratamos dos encadeamentos, estes podem se apresentar através das identidades ou das

persistências dos temas.

Existem certas exigências de método que regem a tarefa da análise. Trabalhar o

princípio da exterioridade do discurso nos remete a buscar as condições externas da sua

produção, ir além do que foi dito; segundo Foucault (1996), analisando o que aconteceu sem

prevalecer à soberania de quem esta dizendo. A fim de encontrar as regularidades da

linguagem em sua produção, o analista de discurso relaciona a linguagem à sua exterioridade,

trabalhando a história e a sociedade como dependentes do fato de que elas significam. Assim,

ao longo do trabalho foi construído o cenário discursivo mediante os discursos dos

professores.

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1.4 – OS SUJEITOS DOS DISCURSOS

A seleção dos sujeitos da pesquisa delimita o corpo da pesquisa empírica no qual está

fixado o nosso trabalho. Os professores entrevistados da Escola de Referência no Ensino

Médio Ginásio Pernambucano possuem aproximadamente uma média de idade de 42 anos,

variando entre 27 a 54 anos. Possuem 18 anos lecionando, em média, e 20 anos que estão

formados, em uma variação de 5 a 35 anos. 15% de todo o corpo docente possuem pós-

graduação em nível de mestrado e 85% possuem pós-graduação em nível de especialização. A

renda mensal gira em torno de R$ 3.400,00 (três mil e quatrocentos reais), resultado de uma

carga horária mensal média de 300 horas/aulas. Ressaltamos que dezessete professores, dos

vinte e nove entrevistados, possuem dois vínculos empregatícios, correspondendo a 55% do

quadro docente. 62% dos professores entrevistados são do sexo feminino e 38% do sexo

masculino e trabalham nesta instituição, em média, há cinco anos, variando de um mês a sete

anos.

Em média, 86% do quadro docente gostam de trabalhar na instituição. Os outros 14%

não chegaram afirmar se gostam ou não, demonstraram dúvidas, pois, ao responderem, a

sobrecarga de trabalho e a pressão das demandas os levou a refletirem melhor em suas

respostas.

Saber como cada docente chegou à instituição, contribuiu para o nosso entendimento

de como os sujeitos se estabeleceram neste ambiente discursivo. Aproximadamente 70% dos

professores chegaram até o Ginásio Pernambucano através de um processo seletivo realizado

dentro sistema público de ensino, na fase que iniciaram a seleção para o Centro Experimental

(será discutido mais adiante) ou através do sistema seletivo para transferência do sistema

regular para integral. Outros professores foram convidados ou transferidos.

Quando perguntamos aos professores porque escolheram lecionar, obtivemos uma

numeração elevada de docentes que afirmaram que se identificavam com a profissão: 55%.

São diversas histórias de chegadas até a profissão, mas percebemos, entre as entrevistas, o

enunciado do prazer pela escolha realizada, seja ele despertado antes, no início, durante, no

final ou após a graduação.

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“Eu tinha, na realidade, a gente tinha facilidade, né?! quando a gente vai se despertando

como pessoa, a gente tem facilidade de transmitir, e eu acho que tá no sangue mesmo, a gente

que tem aptidão, em transmitir e domínio em determinada área”. (Trecho da entrevista do

professor 26).

Na época em que alguns dos professores realizaram a prova para ingressar na

universidade, 15% viviam em cidades do interior e, assim, a possibilidade que tinham para

fazer um curso superior em sua cidade era em alguma licenciatura.

“Primeiro porque eu não sou daqui. Sou de Serra Talhada e interior, lá na minha cidade, só

tinha a faculdade de formação de professores. Aí eu tive que fazer porque toda a vida eu quis

minha graduação”. (Trecho da entrevista do professor 08).

Neste período de ingresso para as universidades, também era possível escolher mais de

uma opção de curso ao realizar a inscrição para a prova admissional. Desta forma,

condicionado à nota adquirida, o aluno poderia ser reprovado em sua primeira opção, por não

obter nota suficiente, mas ser aprovado com sua nota para a segunda ou terceira opção. Esta

foi a realidade de quatro professores do corpo docente.

“Olhe, no início, eu queria ser arquiteta. Eu fiz para, assim, porque, na época, a gente tinha

três opções né?! Na época que eu fiz vestibular. Aí, na segunda opção, a primeira foi

arquitetura, a segunda, Educação Artística e a terceira, desenho industrial. Aí, eu, quando

entrei no curso, eu não tinha magistério. Aí, muita gente desistiu, mas eu fiquei porque eu

comecei a me apaixonar, pela área de artes, sabe?! Logo no semestre, uma turma foi

chamada para lecionar na escola e eu gostei, aí fiquei. Eu gostei de trabalhar com educação,

eu gostei da parte de lecionar, porque se não, eu tinha desistido e voltado para arquitetura de

novo. Mas eu me apaixonei pela área de artes e fui ficando...”. (Trecho da entrevista do

professor 06).

Na intenção de averiguar se os professores se sentiam felizes com a escolha que

fizeram, independente de como aconteceu, questionamos se houvesse a possibilidade voltar e

fazer uma nova opção permaneceriam com a escolha realizada? 13 professores,

aproximadamente 45% do corpo docente, fariam uma escolha diferente. Nos discursos,

identificamos que o desgaste físico da profissão, a falta de reconhecimento financeiro, a

instabilidade econômica e a falta de interesse por parte dos alunos compõem os enunciados de

insatisfação com a docência, como ressalta o trecho abaixo.

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“Eu não seria professora! Assim, não que eu não goste de ser professora, é porque eu não

vejo perspectiva de melhorar as coisas na educação. Todos os anos você vê que a

complexidade da sociedade vai chegando na escola. É porque vem cada vez meninos com

mais problemas domésticos; cada turma que vem, você encontra mais dificuldades. Outra

coisa que vem assim: o interesse pela educação vai diminuindo mesmo, a gente mostrando

que tem tantas outras... assim tudo o que você pode ser é através da educação, né?! Mas essa

consciência é muito pouco colocada pelos meninos e, por outro lado, você só vê o Estado lhe

acochando, fazendo com que as coisas aconteçam, sem dar o alicerce para que as coisas

aconteçam.”. (Trecho da entrevista do professor 27).

Na pergunta anterior, constatamos que 55% dos professores optaram pela licenciatura

por se identificarem com a profissão. Entretanto, no discurso citado acima, compreendemos

que não é apenas a escolha que vai determinar o nível de satisfação e a certeza da felicidade

dos docentes. Existem outros enunciados presentes nos discursos que constroem todo o

arcabouço para esta pesquisa.

Contudo, ressaltamos que doze professores se posicionaram de uma forma deferente.

41% dos professores traçariam o mesmo percurso, independente das dificuldades encontradas

no caminho ou atualmente. A satisfação ainda supera as dificuldades para alguns.

“Não, eu acho que faria do mesmo jeito. Não mudaria. Acho que eu talvez faria desenho

agora, mas pra hobby, mas pra trabalhar mesmo não mudaria não. Realmente não me

arrependo”. (Trecho da entrevista do professor 19).

Os percentuais entre os professores que fariam ou não a mesma profissão são bem

aproximados. Consideramos também os 17% dos professores que responderam: talvez. Estes

demonstraram que procurariam experimentar outras oportunidades, mas que continuariam

lecionando pelo prazer que sentem.

Partindo destes dados e dos discursos nas entrevistas transcritas, construímos o cenário

discursivo, procurado compreender como a história produziu o lugar dos discursos dos

professores. Foucault (1994) vem contribuir afirmando que o sujeito aparece como efeito de

uma constituição, onde os elementos subjetivos estão presentes nesta história dos sujeitos.

Destarte, elaboramos um arcabouço histórico que colaborou para todo o processo de

investigação.

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CAPÍTULO 2º

GINÁSIO PERNAMBUCANO: DO ACASO A ESCOLA DE

REFERÊNCIA.

FONTE: Arquivo da biblioteca da Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano.

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instituição escolar do Ginásio Pernambucano foi fundada no dia 1º de

setembro de 1825, com o nome de Liceu Provincial de Pernambuco, por

um decreto do presidente da província de Pernambuco, José Carlos

Mayrink. Seu primeiro diretor foi o frade Benedito Miguel do Sacramento Lopes Gama,

conhecido popularmente como Padre Carapuceiro. A criação do Liceu tinha por finalidade ser

referência no ensino e atender aos estudantes que vinham de outras províncias para estudar,

em um regime de internato.

Ao longo da trajetória a instituição já recebeu vários nomes, dentre eles, Liceu

Gymnásio Provincial, Instituto Benjamim Constant, Colégio Pernambucano e Colégio

Estadual. Entretanto, o nome Ginásio Pernambucano, estabelecido em 14 de maio de 1855,

após várias modificações, retornou à escola por decreto do governador Eraldo Gueiros Leite,

em 31 de dezembro de 1974, permanecendo até nos dias de hoje.

O Ginásio Pernambucano foi uma instituição de ensino tradicional na cidade do Recife

e é uma das mais antigas do Brasil. Santana (2011), em sua pesquisa sobre o acesso e

imaginário social no Ginásio Pernambucano na década de 1980, constatou que os alunos que

tinham acesso a essa instituição se reconheciam dentro de uma hierarquia simbólica, por ela

mesma alcançada. A referida instituição destaca-se por trazer grandes nomes para a cidade,

para o Estado e para o país. Entre seus ex-diretores, professores e alunos, passaram Ulisses

Pernambucano, Amaro Quintas, Valdemar Valente, Mário Souto Maior, Barbosa Lima

Sobrinho, Agamenon Magalhães, Clarice Lispector, Epitácio Pessoa, Manoel Correia de

Andrade, Ariano Suassuna e Marco Maciel. O prestígio da instituição está atrelado ao seu

contexto histórico que perpassa, desde a sua construção, os discentes e docentes.

A importância atribuída ao Ginásio Pernambucano ao longo dos 187 anos, com toda a

tradição pedagógica de formar grandes nomes para a sociedade e após o período de 1980, com

a universalização do ensino pregada, a trajetória da escola como referência deste imaginário

social, como discute Santana (2011), pode se perceber ainda hoje nos discursos dos atuais

professores.

“Na verdade alguns colegas meus da outra escola falavam sobre o ginásio. E assim, era um

modelo de escola. E eu dizia: Nossa eu quero ir pra lá. Como é que eu faço? Aí, eu fiz o

concurso para educador de apoio e para professor” (Trecho da entrevista do professor 11).

A

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“Aí, ela perguntou: você quer ir para o Ginásio Pernambucano? Eu até: Hã? (fez cara de

assustada – comentário nosso) O que? – Você quer? Eu vou mandar você pra lá agora. É

bem pertinho aqui, na Rua da Aurora. – Ah tá me manda! Eu acho que é o sonho de todo

mundo vim trabalhar aqui. Pelo status do colégio? Pelo status não é?! E você acredita que é

uma escola que realmente faz a coisa andar, dentre tantas adversidades que a gente ver aí.”

(Trecho da entrevista do professor 08).

Para Castro (2009), Foucault compreende o sonho como uma modalidade da

imaginação, sendo a sua primeira condição para sua possibilidade. Quando analisamos o

depoimento do professor acima em sonhar em trabalhar no Ginásio Pernambucano, vemos

que este sentido de sonhar com o fascínio da imagem do Ginásio manifesta um nexo entre a

imaginação e a verdade para o professor, ou seja, é a conexão do sonho com a possibilidade

de torná-lo real. Desta forma, pesquisar o Ginásio Pernambucano leva-se em consideração

toda a trajetória construída,em mais de um século, juntamente com uma cidade em processo

de escolarização. O número de olhares voltados para a escola constrói o cenário discursivo

favorável ao desmembramento dos próximos passos para a instituição.

2.1 – “O ACASO, QUE VIROU UM CASO, QUE VIROU UMA CAUSA”

“No início, quando nós começamos, nós não tínhamos livros. Os livros eram dos professores,

a gente não tinha Xerox. A gente tirava do nosso bolso. Mas você tinha uma expectativa que

isso daqui fosse fluir... fosse produzir coisa boa. Então, no início, eu amei trabalhar aqui. A

gente rompeu. Eu rompi. Não sou sindicalizada, mas não gosto do sindicato, porque ele não

defende a profissão, defende o próprio umbigo. Logo, os nossos outros colegas romperam

com o sindicato, rompeu com outros colegas, porque muitos colegas diziam que a gente ia,

que isso aqui não ia dar certo, que isso aqui seria, era uma situação elitizada, que na

realidade nunca foi. Então, a gente rompeu com muita coisa pra vim pra cá. Porque cada um

de nós que veio pra cá, em nossas outras escolas a gente era o professor que dava aula, que

era exigente, o professor que nunca faltava, o professor que era nó cego. Para os alunos, era

aquele que não prestava, que exercia a licenciatura como deveria. Então, a gente veio

simbora pra cá. Então houve o que? Houve uma confluência de pessoas, com o mesmo

pensamento, com o mesmo objetivo, pra um ambiente onde ele pudesse produzir, e aqui foi a

oportunidade” (Trecho da entrevista do professor 23).

Na mira de compreender os discursos dos professores, nos remetemos a Lima (2006),

que em seu livro “Um acaso, que virou um caso, que virou uma causa” relata quais foram os

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percursos tomados que desencadearam na transformação da Escola Ginásio Pernambucano no

Centro Experimental Ginásio Pernambucano.

Segundo Lima (2006), em 2000, o empresário Marcos Magalhães, ex-aluno da escola

Ginásio Pernambucano, em uma visita não planejada à escola, teve uma reação desagradável

ao visualizar o estado do prédio. O prédio que foi tombado em 1984 pelo Patrimônio

Histórico Nacional, sofreu grande desgaste físico, provocando em 1998 a suspensão do seu

funcionamento e a transferência de seus alunos para outro prédio. Os livros, que outrora

serviram de estímulo e incentivos aos alunos, se encontravam em estado degradável. A

primeira providência foi recuperá-los. A recuperação do prédio postulava em outras questões.

Marcos Magalhães, impressionado com a situação, reuniu um grupo de empresários

com o objetivo de restaurar o prédio do Ginásio Pernambucano. As empresas Philips,

Odebrecht, Algemene Bank Nederland e Amsterdam-Rotterdam Bank (ABN-AMRO BANK)

e a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) assumiram a restauração do prédio,

que foi concluída em 2002. Na restauração, o desafio era resgatar a tradição física e

pedagógica do Ginásio Pernambucano como escola de excelência. “Surgiu então a Associação

dos Parceiros do Ginásio Pernambucano, com o objetivo de formular um novo modelo de

gestão e de criar um novo modelo pedagógico para o Ensino Médio” (Lima, 2006, p.15).

A escola pública nas últimas três décadas, segundo Lima (2006), foi perdendo sua

credibilidade e o ensino privado foi se tornando a alternativa de educação escolar com maior

qualidade. Esta concepção também é percebida através dos próprios alunos da escola pública,

quando afirmam que suas escolas de origem não oferecem estrutura e “mais uma vez a velha

história do ensino público estava sendo repetida e alunos que de fato tinham sonhos

profissionais, estavam sendo prejudicados”, como escreveu MELO (2010, p.38) em seu livro

relatando sua experiência como aluna do Ginásio Pernambucano.

Preocupados em transformar o caso da reforma da escola em uma causa, oferecendo

qualidade de ensino aos alunos, se firmou uma parceria do Governo do Estado de Pernambuco

com empresas, na expectativa de formular um novo governo para a educação.

[...] No discurso pedagógico, “qualidade” se define como um conjunto de

fatores, com destaque para a linha teórica adotada e para requisitos necessários

na questão da materialidade. A pouca materialidade é apontada por muitos como a primeira razão quando se fala em “pouca qualidade” de ensino:

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salários baixos, falta de equipamentos, e de livros, indisponibilidade do

educador para formação continuada pela atribulação de lecionar em dois ou

três períodos, frustrações e altos níveis de estresse identificados nos profissionais de educação. Outro fator, levantado por alguns setores, diz

respeito à gestão e, também, à avaliação de desempenho dos professores. Sem

dúvida alguma, gestão, materialidade e avaliação são pilares imprescindíveis

de uma educação com qualidade (LIMA, 2006, p.06).

Com a decisão política de expandir o Programa Pedagógico, dois órgãos foram criados

para conduzir e acompanhar o processo, que funcionaram como polos irradiadores das

experiências exitosas do Ensino Médio. O Instituto de Corresponsabilidade pela Educação –

ICE (instituição privada sem fins lucrativos) que tinha por finalidade produzir soluções

educativas inovadoras e replicáveis em conteúdo, método e gestão e o Programa de

Desenvolvimento dos Centros de Ensino Experimental – PROCENTRO, um órgão da

Secretaria Estadual de Educação responsável pelo planejamento e implantação dos Centros,

criado através da Lei 12.588 de 21 de maio de 2004. Estavam baseados em três eixos: “Causa

do Ensino Público Gratuito de Qualidade; Marca da corresponsabilidade e Aceite do desafio

de novas institucionalidades” (MAGALHÃES, 2008, p. 12).

Esta nova forma de atuação entre o poder público e o privado ficou firmada através de

um Termo de Cooperação Técnica, segundo Magalhães (2008), entre o Governo do Estado de

Pernambuco, por intermédio da Secretara de Educação e o ICE. Este termo prevê, dentre suas

atuações, a busca de resultados concretos com a implementação do Programa Pedagógico;

criação do PROCENTRO; a mobilização de empresas e empreendedores para fortalecer e

sustentar ao empreendimento; avaliação de professores, gestores e alunos e adoção de

sistemas de incentivo para os professores em função dos seus próprios resultados e resultados

dos alunos.

Assim, o Ginásio Pernambucano passou a se chamar Centro Experimental Ginásio

Pernambucano – CEEGP, localizado no mesmo endereço antes da reforma, na Rua da Aurora

nº 703, no bairro da Boa Vista - Recife, com uma transformação estrutural política no

Governo de Jarbas Vasconcelos4 e vice-governador Mendonça Filho

5 e secretários da

Educação: Éfrem Maranhão, Raul Henry, Francisco de Assis e Mozart Neves que conduziram

4.Cargo exercido no período de 1999 – 2005. 5.Cargo exercido no período de 1999 – 2005 e posteriormente governador em 2006.

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o processo com riscos e incertezas, buscando ações inovadoras para o Ensino Médio de

Pernambuco.

[...] Este programa tem como objetivo garantir o planejamento e a execução

de um conjunto de ações inovadoras direcionadas à melhoria da oferta e da

qualidade do ensino médio da Rede Pública do estado de Pernambuco (LIMA, 2006, p.14).

A fim de ilustrar as mudanças físicas da Escola, a foto tirada no Rio Capibaribe mostra

a fachada frontal do prédio, depois de restaurado em suas cores e formas originais.

Imagem 01: Foto do Ginásio Pernambucano após a reforma6

Durante o período de reforma do prédio, os estudantes do Ginásio Pernambucano (GP)

foram direcionados para outras escolas estaduais. Com o término das obras e com o novo

projeto político pedagógico, os discentes passaram por um processo de seleção, através do

qual, foram analisados os currículos escolares referentes à 8ª série do Ensino Fundamental (na

época). Os alunos com melhores médias foram considerados capazes para ingressar no novo

CEEGP, segundo Torres (2010).

6.Disponível em: http://www.flickr.com/groups/. Acesso em 13 de fevereiro de 2011.

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A seleção de currículo para os futuros alunos do CEEGP, foi realizada abertamente. O

Jornal do Comércio de 22 de janeiro de 2004 publicou uma matéria anunciando a prorrogação

das inscrições. O resultado foi divulgado em 27 de janeiro de 2004, anunciando os trezentos e

vinte (320) jovens selecionados dentre os novecentos e dois (902) inscritos, como afirma

Melo (2010).

Em um depoimento concedido ao Instituto de Cidadania Empresarial do Maranhão,

em 01 de Abril de 2008, Magalhães relatou sobre um nivelamento que precisou ser feito com

os alunos, incluindo aulas de reforço à noite. O trecho do professor abaixo, extraído da

entrevista, endossa a situação que foi encontrada.

“Nós tivemos alunos, eu tive alunos da escola que eu vim de origem... porque eu vinha pra cá

na capacitação, mas eu tinha o horário da noite e tinha que voltar para dar o horário. E eu

tinha alunos que eles não sabiam nem escrever direito. Hoje, essa aluna, um dos exemplos,

terminou o curso de teologia no SEC que é o... o curso de teologia da... da igreja... do

Americano Batista, que é um dos cursos mais difíceis que tem, e ta fazendo enfermagem e ela,

quando veio pra cá, ela não sabia escrever direito. O texto dela era incompreensível, não

tinha conexão. E hoje eu vejo essa pessoa, uma cidadã, fruto de uma luta”. (Trecho da

entrevista do professor 23).

Havia uma atenção especial com o nivelamento dos futuros discentes do CEEGP. As

metas estabelecidas no plano político-pedagógico precisavam ser atingidas e os resultados

divulgados. Essa seleção de alunos que poderiam retornar à sua escola deixava clara a

preocupação das autoridades. Uma seleção e a localização geográfica foram algumas

sugestões de critérios possíveis a serem adotados para os discentes, mas o critério decisivo

passou a ser o histórico escolar e o baixo nível dos alunos surpreendeu as autoridades.

Entretanto, com o depoimento do professor acima verificamos que mesmo com esta

preocupação de nivelamento das autoridades, alunos com dificuldades básicas ingressaram na

escola. O que não significou uma redução nos resultados alcançados posteriormente.

Na perspectiva do quadro docente, no projeto inicial, a intenção era preservá-lo.

Contudo, foi realizada uma seleção interna (dentro do quadro de professores efetivos da

Secretaria de Educação de Pernambuco), com a finalidade de preencher as vagas dos

professores que por motivos diversos, não quiseram se integrar ao novo modelo, priorizando,

inicialmente, os professores que possuíam mestrado e doutorado, segundo Torres (2010). Os

meios de divulgação repercutiram a informação.

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“Cheguei até o Ginásio através de seleção né?! A gente escutou na televisão, em rádio, aí

veio, fez inscrição e fez seleção”. (Trecho da entrevista do professor 21).

“A gente fez a seleção através da análise do currículo, a como eu tinha muitos trabalhos

escritos né?! Porque desde a graduação, como eu disse, eu me identifiquei e a gente sempre

escrevia e tal para congresso, simpósio, então essa parte eu tinha muito grande, eu não tinha

muita experiência, né?!, Didática... mas essa parte aí eu tinha muito.” (Trecho da entrevista

do professor 10)”.

A princípio, os docentes foram selecionados de acordo com as seguintes etapas: 1-

Abertura do edital e inscrição dos professores interessados em participar do programa; 2-

Análise do currículo mediante uma tabela de pontuação; 3- Reunião de orientação promovida

pelo Centro para orientar os professores sobre as propostas, expectativas, nível de exigência e

condições de trabalho; 4- Entrevista para avaliar o perfil dos pré-selecionados; 5- Prova de

conhecimentos, que é o último passo para selecioná-los de acordo com as notas, ainda que

nesta proposta esteja escrito que “nenhum professor é considerado reprovado”

(MAGALHÃES, 2008, p. 80).

“porque a seleção inicial daqui, você ia se inscrever, ia fazer prova e tal, mas como você já

é... já tinha feito um concurso público, já tinha feito um concurso público, ser chamado e

aquele negócio todo, mas não havia ter sentido ter um concurso dentro da própria rede. Aí

isso foi proibido de ser feito e se fosse para assumir teria que ser... ai a seleção foi por

análise currículo, análise de currículo, depois uma entrevista”. (Trecho da entrevista do

professor 02).

A previsão de inicial era de uma seleção para os alunos e professores que iriam

ingressar ao CEEGP, porém o Ministério Público impediu a continuidade desta estratégia,

considerando como uma ação discriminatória e desencadeando algumas manifestações e

outros procedimentos pelas autoridades que estavam à frente do projeto para contornarem

situação.

“No início houve uma seleção, a gente se inscreveu né?! Houve também muita represaria,

assim, pressão do sindicato, essas coisas... como a visão aqui inicial era uma parceria com a

empresarial, aí um projeto novo, que envolvia as pessoas achando a questão da privatização.

Aí houve uma pressão para que a gente não se inscrevesse, mas aí, mesmo assim, eu vim me

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inscrevi. Houve uma seleção de currículo no início, depois houve uma capacitação, onde

algumas pessoas foram selecionadas para continuar aqui no projeto, vinte e cinco pessoas”.

(Trecho da entrevista do professor 24).

O jornal Diário de Pernambuco de 27 de junho de 2002 relatou a insatisfação de

estudantes e professores com as medidas tomadas pelo governo. Em uma passeata realizada

da antiga Escola de Engenharia, na Rua do Hospício (onde os estudantes do Ginásio

Pernambucano estavam lotados), até a Secretaria de Educação, estudantes, professores,

funcionários e pais de alunos protestavam contra o concurso para preenchimento das vagas

dos corpos docente (50) e discente (1.000). “Este é um processo de exclusão criado pelos

empresários e o Governo. Privatizaram o GP”, afirmou Lidiane Nascimento, diretora da

União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e aluna do 2º ano do ensino médio. Na

mesma matéria, Florentina Cabral, Secretária de imprensa dos trabalhadores em educação de

Pernambuco, também criticou a postura do governo afirmando que “os professores já

passaram por concurso público e estão habilitados a ensinar em qualquer escola da rede

pública estadual. Não há justificativa para uma nova seleção”.

Com o processo de seleção definido através de currículos, o projeto seguiu adiante. A

nova unidade passou a oferecer 1,8 mil vagas para alunos que eram do GP e oriundos de

outras escolas públicas e apenas o Ensino Médio. Antes o colégio oferecia três mil vagas, do

Fundamental ao Médio. De acordo com o secretário de Educação, Francisco de Assis, em

entrevista ao jornal Diário de Pernambuco (2002), os alunos restantes iriam continuar tendo

aula no prédio da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Rua do Hospício, e havia

um projeto em transformá-lo em outra unidade com o nome “Colégio Estadual de

Pernambuco”. Até o momento não se tem registros do desdobramento desta história.

Em 25 de junho de 2003, às 11h, o novo Ginásio Pernambucano abre as portas para

visitação, as aulas só aconteceram depois. A matéria do Diário de Pernambuco (2002) relata

que foram investidos cerca de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) na parte física do

prédio e R$ 1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil reais) para compra de equipamentos. O

novo GP conta com dezesseis salas de aula, cada uma com a capacidade para quarenta e cinco

estudantes, um Museu de Ciências Naturais com mais de quatrocentas peças, um auditório,

um salão nobre e uma biblioteca com 5,5 mil volumes. Conta também com um laboratório de

ciências, um laboratório de línguas, um laboratório de informática, uma sala de multimeios e

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duas salas de reuniões. No colégio não há quadra, e as aulas de Educação Física acontecem

em uma sala espaçosa, sem objetos, localizada no 1º andar.

“A capacitação que começou em setembro de 2003. E para o grande grupo terminou em

dezembro de 2003, mas para o grupo de Ciências da Natureza, terminou em Janeiro de 2004,

a capacitação”. (Trecho da entrevista do professor 23).

“Estou aqui desde o início do projeto. Em 200,3 a gente passou por uma seleção interna e a

gente passou por três meses de capacitação. Aí, a gente trabalhava de manhã na outra escola

que a gente era lotada e à tarde vinha pra cá. Eu acho que era à tarde. E, naquela época, a

gente vinha fazer o curso, quer dizer, a capacitação, e não ganhava mais nada por isso, era

só realmente... aí, no final, eles tinham dito que eram 50 pessoas, e a gente estava em 50, aí

cortaram, só ficaram 25. E aí começamos a dar aula aqui em 2004”. (Trecho da entrevista do

professor 17).

Em setembro de 2003, os professores selecionados foram convidados a participar de uma

capacitação por três meses na própria escola, onde foi trabalhado o projeto político-

pedagógico que seria proposto. Antes de abrir as portas ao alunado, os professores já estavam

se reunindo de segunda a sexta-feira, todas as tardes, para a capacitação. Na primeira reunião,

os empresários que formavam os parceiros do programa foram apresentados aos docentes. Os

professores que possuíam dois vínculos foram liberados, em acordo com a Secretaria do

Estado de Pernambuco, de 50% de sua carga horária, sem nenhum dano financeiro.

A capacitação para o grupo de ciências da natureza foi estendida por mais um mês

(janeiro) nos laboratórios, para conhecer e preparar as aulas práticas, que seriam ministradas

durante o ano para os alunos. O trecho da entrevista abaixo relata como a capacitação foi

utilizada e como ressoa com satisfação no discurso dos professores esta fase do Centro

Experimental. O cuidado em conhecer os novos materiais, dispor de tempo para capacitação e

fornecer a estrutura necessária refletiu na prática dos novos professores selecionados.

“O que a gente teve aqui, principalmente no início, agora um pouco menos, mas continua

tendo, é possibilidade de fazer o que você aprendeu. Ou seja, você não participa de uma

capacitação e não tem a possibilidade de colocar em prática, que é o que muitas vezes

acontece no Estado, que é o defeito que o Estado tem, que vem ao longo do tempo se

modificando um pouco mais. Porque muitas vezes oferece uma capacitação, faz uma

capacitação com o professorado, principalmente na área de ciências, que tem essa parte

experimental, faz uma capacitação na parte experimental, e tal, você olha para os materiais,

utiliza e num sei o que, veja as experiências e acham que algumas delas podem ser aplicadas

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aos seus alunos. Quando chega na escola, a escola não tem nada desses equipamentos, não

tem espaço, não tem nada, você vai pra onde? E essas escolas não, você chega e foi

interessante, porque o grupo de ciências ficou um mês a mais, que era justamente para

preparar todo o material, de laboratório, o funcionamento. Conhecer o laboratório, conhecer

e aplicar. Estabelecer as práticas e que práticas iriam ser feitas. E quando o aluno chegou

aqui, recebeu logo a parte experimental, recebeu um caderninho com as experiências que ele

ia fazer o ano todo”. (Trecho da entrevista do professor 02).

O CEEGP reabre as portas em 2004 com 320 alunos oriundos de escolas estaduais, de

treze a dezessete anos, matriculados em oito turmas da 1ª série, quatro turmas da 3ª série do

Ensino Médio e 25 professores no corpo docente. Melo (2010) afirmou que no primeiro dia de

aula havia uma grande expectativa por parte dos professores e alunos, expressados em

algumas palavras, no primeiro encontro realizado no auditório do colégio com funcionários,

empresários, professores e antigos alunos que já haviam estudado no Ginásio Pernambucano.

[...] Cada pessoa que se dirigia a eles no palco daquele auditório, deixava claro em seu discurso de como aquele prédio era importante,

do valor histórico que tinha e de como eles eram privilegiados por

estarem ali, participando de uma experiência desafiadora para a educação pública no país (MELO, 2010, p.19).

Após a implantação, a preocupação era com a continuidade e qualidade do programa.

Desta forma, Marcos Magalhães escreveu um livro contando a criação de uma escola com um

modelo de nível médio exitoso. O livro, lançado em 2008, com edições limitadas, registra a

visão do empresário durante os anos do Centro Experimental. Parceiros, entidades

governamentais, funcionários, alunos e professores são citados e constroem toda a história

descrita pelo autor.

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Imagem 02: Capa do Livro escrito por Marcos Magalhães (2008).

Com acesso aos documentos e espaço concebidos pela instituição, procuramos outras

fontes que relatassem sem uma visão otimista da fase de implantação do Centro Experimental.

Sem embargo, ressalvados os jornais que comentaram a indignação de alunos e professores

com as medidas tomadas, durante o processo de seleção de alunos e professores o que

encontramos nos discursos foi o imaginário social quanto ao credo que todos os

acontecimentos convergiam para o sucesso.

2.2 – O CENTRO EXPERIMENTAL

O projeto proposto para o Centro de Ensino Experimental Ginásio Pernambucano

sugeria a escola funcionando em tempo integral. Para este turno, se evidenciava a necessidade

de uma proposta pedagógica consistente que orientasse os educadores no desenvolvimento de

metodologias de ensino, assim como, a necessidade de um modelo de gestão eficiente, com

base em desempenho e resultados, possíveis de serem socializados e implantados a cada novo

centro.

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A proposta do Centro, também se expandiu à região Agreste do Estado de

Pernambuco. Na cidade de Bezerros, foi construído a Escola Técnica do Agreste no período

de 2000 a 2002, inaugurado no dia 20 de dezembro de 2002. Utilizando da proposta

educacional no período integral, o Centro de Excelência e Referência para o Ensino Médio e

Técnico Profissional da Região do Agreste, procurou dialogar com o Ensino Médio e Ensino

Técnico Profissional, atendendo a 240 alunos em seis turmas no período integral. Em 2005, a

segunda unidade do Centro de Ensino Experimental no Agreste, assumindo o mesmo modelo

implantado no Centro Experimental Ginásio Pernambucano. Contudo, não trataremos dos

desdobramentos das instituições do Agreste, a fim de não nos distanciarmos do nosso objeto

de estudo.

2.2.1 – A PROPOSTA EDUCACIONAL

A proposta educacional está fundamentada em princípios básicos, adaptados de acordo

com a experiência e a cultura de cada Centro. No âmbito do alunado, tem-se um estudante

fruto da universalização e democratização do acesso ao ensino e também da degeneração da

qualidade da escola pública. O aluno do Centro, no entanto, é capaz de se auto superar, de

assumir o controle de seu estudo e de sua vida, sendo assim corresponsável pelo processo de

sua educação.

No início era o PROCENTRO, “ele funciona como unidade de liderança, coordenação

e execução da política da Secretaria de Educação, responsável pelos Centros”

(MAGALHÃES, 2008, p.71). Era responsável por fiscalizar, coordenar e acompanhar as

atividades em nome da secretaria. Assim, suas atividades se iniciaram antes das pessoas que

compunham o Centro Experimental.

A função do Centro era socializar o conhecimento formal acumulado e ensinar às

novas gerações as formas de apropriação do conhecimento. O conhecimento formal implica

sempre na sua sistematização, que requer formações de categorias de pensamento e padrões

que permitem ao aluno lidar com esse conhecimento.

O Centro tinha características próprias, de acordo com sua liderança e com o meio

onde estava inserido. O ensino era inteiramente gratuito e os alunos recebiam todos os livros

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necessários, três refeições por dia (lanche pela manhã, almoço e lanche à tarde), uniformes

escolares e em alguns casos transporte escolares (que não foi o caso do GP).

Para o Centro, educadores eram todas as pessoas que trabalhassem no mesmo lugar,

não se detendo aos professores, com o eixo no trabalho coletivo, procurando envolver

diferentes setores da sociedade civil. Aos professores, além da docência, estavam incumbidas

as funções de produzir os materiais para complementar os livros didáticos e desenvolver

formadores.

“Porque quando surgiu foi assim, o professor teria um horário na sala de aula, e teria um

horário também de pesquisa, um momento de planejamento. Eu acho que professor ele só

exerce bem a função se ele puder planejar. Essa história de professor taxista, que vai lá, é o

dador de aula, não funciona! Eu acho que realmente professor tem que parar, tem que

planejar e principalmente pesquisar, certo? O professor só faz um bom trabalho se ele

pesquisa, se ele ler, não é? Um professor sem leitura realmente ele não tem competência para

ensinar. Você precisa ler, precisa pesquisar. Então o integral, no começo desse projeto, dava

essa condição, a gente parava, a gente tinha tempo de pesquisar, de se reunir”. (Trecho da

entrevista do professor 28).

“Quando começou a proposta, era de uma carga horária próxima à carga horária dos

professores da universidade. Ou seja, era... embora não tenha sido dito isso, na implantação,

ficou mais ou menos batendo nisso. Que era 50% da aula de regência, os outros 50% era pra

você planejar, dar conta das atividades que você ia implantar na regência, fazer elaboração

de aula, correção de exercícios, ou fosse o que tivesse, as reuniões coletivas, então tudo isso

estava dentro”. (Trecho da entrevista do professor 02).

As funções requeridas pelo Centro eram atendidas, segundo os professores, porque

havia disponibilidade de tempo para que toda a demanda de trabalho pedagógico, envolvendo

aulas, alunos, pesquisas e grupos de estudos, fosse realizada.

As atividades de desenvolvimento pessoal e profissional integram o Plano de Trabalho

de cada professor. Também era de responsabilidade dos professores estarem atentos a

oportunidades extraescolares, como concursos, olimpíadas e prêmios para que os alunos

pudessem participar, assim como promover atividades interdisciplinares e com os espaços que

o colégio disponibiliza. Portanto, para que essas metas pudessem ser alcançadas, os

professores apresentavam uma carga padrão de 45 aulas mensais.

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A avaliação, segundo a proposta educacional, compreende as tarefas do ensino e

outras dimensões do trabalho de cada um. É o instrumento central da gestão, servindo como

instrumento de desenvolvimento pessoal com base para incentivos. Depois dos alunos, os

professores são os mais avaliados dentro do Centro, com indicadores específicos conforme

baixo:

Indicadores de Avaliação dos Professores

Índice de aprovação da comunidade em relação ao Centro.

Evolução do índice de aproveitamento dos alunos no Sistema de Avaliação do

Estado de Pernambuco – Saepe.

Índice de aprovação dos alunos em relação ao desempenho da instituição.

Avaliação externa aplicada aos estudantes baseada em vestibulares

anteriores.

Cumprimento de Programa.

Índice de aprovação dos alunos em relação ao desempenho do professor.

Cumprimento de tarefas específicas de sua área.

Participação em atividades com os alunos (por exemplo, feiras de Ciências). Fonte: Magalhães (2008, p. 84).

No processo avaliativo do alunado, mais de 80% são considerados aptos para avançar

para a classe seguinte. Aqueles que apresentaram dificuldades em algumas disciplinas

recebem apoio e reforço adicional no ano seguinte, referente àquelas.

“Eu acho que parte boa é você ver que você está abrindo perspectiva pra que o aluno, tenha,

se dá as informações, aos instrumentais, pra se ele quiser continuar os seus estudos,

futuramente, ele, futuramente, prossiga. Se ele quiser ir pra universidade, ele vai. Se ele

quiser fazer um ensino profissionalizante, pós-médio, ele pode fazer. Ensino superior

tecnológico, ele pode fazer. Ou seja, ele está dando a possibilidade de você instrumentalizar e

ver os resultados depois”. (Trecho da entrevista do professor 02).

Nos Centros, o foco do ensino consistia na formação acadêmica do currículo, ir além

de simplesmente ministrar aulas, mas envolver as diversas atividades que fomentam o

cidadão, inclusive tendo a possibilidade de fazer cursos profissionalizantes.

[...] A educação ministrada nos Centros se distingue do ensino ministrado

em boas escolas pelo conteúdo, pela abordagem e pelos métodos. A

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dinâmica escolar inclui aulas expositivas, trabalhos em grupos, atividades de

laboratório, projetos e provas. As aulas são regulares – não há atrasos nem

faltas de professores. Os deveres de casa fazem parte da rotina pedagógica e das responsabilidades dos alunos (MAGALHÃES, 2008, p.88).

2.2.2 – OS CUSTOS

Nos materiais disponibilizados que abordam a criação do Centro Experimental, não

existem informações específicas que tratem sobre os valores que foram utilizados com a

compra dos materiais e reformas do patrimônio físico, especificamente. Apenas as rubricas

foram divulgadas, mas conseguem transpor uma noção com que foi utilizada a verba.

Na infraestrutura física, os investimentos foram feitos em laboratórios de Ciências

(Física, Química, Matemática e Biologia), Informática, Línguas e em Bibliotecas (geral e de

referência). Com as despesas, as principais rubricas correspondem ao salário dos professores,

da equipe administrativa, da equipe de apoio, refeições (desjejum, almoço e lanche), uniforme

escolar (duas camisas e mais uma para Educação Física), livros didáticos, material de

expediente, manutenção patrimonial e bônus por desempenho para professores e direção.

Segundo Magalhães (2008), o salário dos professores era estimado em R$1.000,00

(mil reais), em média. Cada professor recebia um adicional de 125% e ainda poderia receber a

gratificação por desempenho. Esta gratificação poderia chegar a 30%, somando à gratificação

anual em R$4.000,00 (quatro mil reais) por ano. Os encargos estavam calculados em 20% e

incluem todos os direitos e benefícios dos funcionários.

“Ora, a oportunidade foi pra todos! Quer vim pra cá? Horário integral, não era salário era

uma bolsa, como uma bolsa de mestrado, uma bolsa de doutorado, era uma bolsa pra você

trabalhar aqui no horário a mais. No início funcionou assim e é tanto que o primeiro

resultado nosso foi estupendo”. (Trecho da entrevista do professor 23).

Os custos com materiais, salários e infraestrutura eram vistos como investimentos,

como visualizamos na tabela abaixo, extraída do livro de Magalhães (2008), no que compete

aos registros financeiros que foram disponibilizados.

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Imagem 03: Valores de investimentos e custeios realizados pelos Centros de 2001 a 2007, baseados nos registros

financeiros do PROCENTRO.

2.2.3 – OS RESULTADOS

Desde que o CEEGP iniciou as suas atividades, há nove anos, já existem resultados do

trabalho que vem sendo desenvolvido. Até o final de 2009, a previsão era para cinquenta e

cinco unidades em regime semi-integral e quarenta e oito com regime integral, segundo Dutra

(2010). O número de Centros, neste modelo, cresceu de um em 2004, para trinta e três, em

2008. E o número de matrículas passou de trezentos e vinte, em 2004, para 19.215 (dezenove

mil e duzentos e quinze), em 2008. A taxa de frequência dos alunos é de 97% contra 2,2% de

evasão. A porcentagem da frequência é tão elevada quanto à porcentagem de aprovação,

atingindo aos 98%. E a repetência se dá, apenas em casos graves.

Dos anos de 2004 a 2011, cujo período corresponde à nossa investigação, foram

construídos gráficos comparativos que, através da gerência da instituição, foi possível ter

acesso, endossando o cenário discursivo da pesquisa.

Com o acesso aos dados que traçam o perfil dos alunos que ingressaram no Ginásio

Pernambucano, encontramos as variáveis da idade, gênero, escolaridade dos pais e renda

familiar. Segundo o Gráfico Nº 01, o percentual dos estudantes que ingressaram na instituição

apresentava-se em grande escala entre 13 a 15 anos, já os alunos com idade entre 16 e 17 anos

se apresentam em segundo lugar. Ressalvamos que, ao longo destes anos, os discentes com

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mais de 20 anos não se mantiveram na instituição, o que, no nosso entendimento, pode refletir

a sequência da Educação Básica7, pela sociedade.

Gráfico Nº 01: Perfil de entrada dos alunos. FONTE: Arquivo pessoal da gestora da Escola de Referência em

Ensino Médio Ginásio Pernambucano.

No que compete à variável de gênero, no gráfico abaixo, visualizamos que, desde o

princípio da Escola Experimental até a Escola de Referência, as meninas se apresentam em

maior proporção no alunado, mantendo-se acima dos 50%, apesar de não haver distinção de

gênero para ingresso.

7 Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a Educação Básica Compreende: A Educação Infantil, o

Ensino Fundamental e o Ensino Médio.

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Gráfico Nº 02 – Divisão dos alunos por gênero. FONTE: Arquivo pessoal da gestora da Escola de Referência em

Ensino Médio Ginásio Pernambucano.

Outra informação relevante diz respeito ao nível escolar dos pais. Entre “Nenhuma

Formação, Ensino Fundamental Completo, Ensino Médio Completo, Ensino Superior

Completo e Sem Respostas”, é possível visualizar, no gráfico Nº 03 abaixo, que, ao longo dos

anos, o percentual dos pais que não responde não aparece mais no ano de 2011. A quantidade

de pais que possuem o Ensino Superior completo se mantém reduzido, assim,

estatisticamente, a média da renda familiar dos alunos não alcança níveis mais altos.

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Gráfico Nº 03 – Escolaridade dos pais. Fonte: Arquivo pessoal da gestora da Escola de Referência em Ensino

Médio Ginásio Pernambucano.

Na mira de endossar a discussão, nos remetemos ao trecho do discurso abaixo,

proferido pelo Professor Nº 02, que trata da relevância desses dados para a instituição e para

os professores, traçando o perfil dos estudantes.

“Mas desde a primeira entrada que a renda média dos pais, a renda média familiar, é um ou

dois salários mínimos, estourando. Você tem casos isolados de rendas maiores... a renda é...

familiar é pequena... e aquele negócio, e recebemos críticas dizendo que era uma escola de

elite, elite para elite, e num sei o que, num sei o que... e quando você vai ver os dados, da

renda familiar do pessoal, que foi feito pesquisa e tudo mais, que todo ano é feito é... e isso

tem uma grande diferença dessas escolas pras outras. Ou seja, se trabalha em cima, e é por

isso que eu disse talvez precise de mais, de um tempo maior, de planejamento até, para

planejar em cima, de dados que você tem. Ou seja, tem esses dados aqui pra gente planejar lá

os dados, os índices da escola, dos índices da família, das famílias num sei o que... colocados

a informações lá. Não é só colocado, é discutido, e quanto maior descrição a gente tiver

nesse sentido, e aí você tem possibilidade de maior planejamento”. (Trecho da entrevista do

professor nº 02).

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Com o acesso a outras informações, foi possível obter os dados trazidos pelo professor

acima, expresso na forma de gráficos, reforçando que a maioria do alunado não possui uma

renda familiar8 elevada e, desta forma, não obtém um custo de vida alto. Entretanto

destacamos que, nos anos de 2005 a 2007, não foram contatados famílias com renda familiar

superior a seis salários mínimos9, quadro que foi modificado nos últimos quatro anos.

Gráfico Nº 04 – Renda familiar. Fonte: Arquivo pessoal da gestora da Escola de Referência em Ensino Médio

Ginásio Pernambucano.

8 Por renda familiar, compreendemos que é o somatório da renda individual dos moradores do mesmo domicílio

e a renda familiar per capita é a renda total dividida pelo número de moradores de uma residência.

9 A ferramenta utilizada para construir esses dados do gráfico Nº 04 é o salário mínimo e, por ele,

compreendemos que é o valor mínimo pelo qual um empregado legal pode prestar o seu serviço, instituído por

lei, através da União, a todo o país. O valor do salário mínio é reajustado anualmente e, em 2004, correspondia a

R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais), alcançando o valor de R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais), que corresponde ao período mencionado.

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Segundo Menezes Filho (2011), é inegável que os jovens com renda familiar alta

tenham mais acesso aos estudos, por obterem mais condições de arcar com os custos. No

entanto, o investimento na educação reflete diretamente no diferencial salarial que aumenta a

cada ano dedicado ao estudo.

Mapeando a situação econômica dos alunos, é possível compreender que estes se

encontram em uma condição onde o salário mínimo estabelecido pelo o Governo Federal é, de

2004 a 2011, a principal renda familiar. Este resultado reflete o trecho da entrevista do

Professor Nº 02 mencionado acima.

Na esfera acadêmica, Magalhães (2008) afirma que os resultados e conquistas em

olimpíadas, concursos, maratonas e cursos de extensão também são expressivos. O resultado

do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), em 2006, mostra o desempenho da primeira

turma de 3º ano do CEEGP, ficando avaliada acima da média do Brasil e do Estado. O bom

desempenho do programa também se reflete na baixa substituição de professores e

contratação de novos profissionais para atender a demanda dos alunos.

As fontes que fazem referência ao GEEGP trazem o sentimento e o valor que todo o

investimento financeiro e pessoal, em nível de dedicação, representou para cada aluno,

funcionário e professor para aquela instituição. No discurso abaixo, em um relato da estudante

Cristiane no livro de Melo (2010), visualiza-se a quantidade de expectativas depositadas na

instituição e sua expressão de satisfação ao sentir-se realizada. Os sonhos daqueles discentes

estavam depositados no novo colégio e, nas entrelinhas do discurso, percebemos o enunciado

de realização.

[...] O Centro de Ensino Experimental Ginásio Pernambucano trouxe para mim muitas conquistas. Vivências que crescerão junto comigo. Ficarão

guardadas em minha memória e também no meu currículo. Aquele lugar me

ensinou, além do que eu precisava para ingressar em uma universidade, os

valores morais de como construir meu projeto de vida e não deixar que ele fique apenas neste estágio: no papel, mas que eu corra atrás de meus sonhos

com coragem, honestidade e respeito ao próximo. Ensinou que mesmo que as

condições não sejam tão favoráveis, se pode sim construir o futuro que se deseja (MELO, 2010, p. 39).

Os discursos estão dentro de uma mesma ordem. Professores, alunos e funcionários,

não importa a formação ou a proximidade com a escola, sempre quando se referem ao

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CEEGP, palavras motivacionais são expressas com júbilo. Curiosamente, as falas referentes à

próxima fase da escola trazem uma carga de descontentamento, contudo, não perderam a

essência da esperança de mudança plantada através do Centro Experimental.

Em 2006, Melo (2010) relata que a preocupação era um sentimento comum nas

dependências do Ginásio Pernambucano. Trata-se do ano do vestibular para os primeiros

ingressos do CEEGP. A rotina havia mudado, os professores estavam focados no processo

seletivo das universidades e, desta forma, o projeto pedagógico, em virtude do compromisso

com os resultados, foi revisto.

Com esta mudança de direção, o vestibular passou a ser o foco. O Centro

Experimental precisava apresentar resultados e, mesmo com todo o projeto político

pedagógico diferenciado, as provas para ingressar nas universidades era um método avaliativo

importante dos resultados de toda a mudança. Dos duzentos e quarenta estudantes que

prestaram vestibular, cento e noventa foram aprovados em pelo menos uma das três

universidades públicas de Pernambuco, que correspondem a 67% do quadro discente. No ano

seguinte, em 2007, 71% dos alunos foram aprovados.

Em 2008, mais escolas em regime integral foram criadas, não apenas em Pernambuco,

mas também em outros Estados. Os resultados exitosos estimularam o novo governo a

expandir o modelo. Entretanto, desde já destacamos a mudança que aconteceu no perfil do

projeto político a partir do ano de 2006. A cobrança por resultados influiu diretamente no

projeto político-pedagógico da escola, envolvendo professores e alunos, especialmente.

2.3 – A ESCOLA DE REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO GINÁSIO PERNAMBUCANO

“No início tudo é flores, depois... no inicio, desde o início, que eu sei que isso aqui iria se

tornar política pública”. (Trecho da entrevista do professor 23).

Com a mudança de Governo, no ano de 2008, em 10 de Julho do mesmo ano, o

Governador do Estado de Pernambuco, Excelentíssimo Senhor Eduardo Campos, juntamente

com o Secretário de Educação do referente mandato, Excelentíssimo Senhor Danilo Cabral,

decretam a Lei Complementar de nº 125 que cria, no âmbito do Poder Executivo, o Programa

de Educação Integral.

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A criação da Lei teve por objetivo melhorar a qualidade do Ensino Médio e a

qualificação profissional dos estudantes da rede pública de educação no Estado de

Pernambuco. Com a Lei Complementar de nº 145, compete ao Programa de Educação

Integral:

I – executar a Política Estadual de Ensino Médio, em consonância com as diretrizes das

políticas educacionais fixadas pela Secretaria de Educação;

II – sistematizar e difundir as inovações pedagógicas e gerencias;

III – difundir o modelo de educação integral no Estado, com foco na interiorização das ações

do governo e na adequação da capacitação de mão de obra, conforme a vocação econômica da

região;

IV – integrar as ações desenvolvidas nas Escolas de Referências em Ensino Médio em todo o

Estado, oferecendo atividades que influenciem no processo de aprendizagem e

enriquecimento cultural;

V – promover e apoiar a expansão do ensino médio integral para todas as microrregiões do

Estado;

VI – consolidar o modelo de gestão para resultados nas Escolas de Referências em Ensino

Médio do Estado, com o aprimoramento dos instrumentos gerenciais de planejamento

acompanhamento e avaliação;

VII – estimular a participação coletiva da comunidade escolar na elaboração do projeto

político-pedagógico da Escola;

VIII – viabilizar parcerias com instituições de ensino e pesquisa, entidades públicas ou

privadas que visem colaborar com a expansão do Programa de Educação Integral no âmbito

Estadual;

IX – integrar o ensino médio à educação profissional de qualidade como direito a cidadania,

componente essencial de trabalho digno e do desenvolvimento sustentável.

Para planejar e executar todas estas ações do programa, foi criada a Unidade Técnica

de Coordenação do Programa de Educação Integral. Assim, os Centros de Ensino

Experimental criados passaram a ser denominados de “Escolas de Referência em Ensino

Médio”.

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[...] Essa decisão do Governo do Estado tem o objetivo de democratizar o ensino e de dar as mesmas oportunidades a todos (as) os (as) pernambucanos

(as), sejam eles (as) da capital ou do interior. O programa de Educação

Integral é uma política voltada para a melhoria da qualidade do ensino da rede estadual que, por meio de inovações curriculares e metodologias

diversificadas, promove cidadania e atende aos anseios da juventude

(SILVEIRA FILHO, 2010, p. 02).

Segundo Silveira Filho (2010), no ano de 2009, cento e três escolas foram implantadas

em regime integral e, em 2010, mais cinquenta e sete unidades, atendendo a mais de 32 mil

jovens de cento e três municípios do Estado de Pernambuco. Entretanto, os dados

quantitativos não refletem positivamente nos discursos dos professores, conforme analisamos.

No que compete aos docentes das escolas integrais, no parágrafo 2º do Artigo 5º, os

professores passaram a cumprir uma carga horária de 40 horas/aulas semanais, distribuídas

em 05 dias semanais, correspondente ao funcionamento de cada escola. Desta forma, a carga

horária cumprida dentro de sala de aula duplica para os professores do CEEGP, visto que não

se consideram mais as horas necessárias para o planejamento, mas as horas dentro de sala de

aula.

Essa alteração é refletida no discurso dos professores, mais evidentes ainda no que

confere às respostas quando nos referimos à desmotivação dos professores, seja na escola ou

no sistema integral. Foram identificados dezesseis professores que, em suas entrevistas,

expressaram a sua insatisfação com o tempo que hoje lhes cabe para planejamento de aulas,

individual e em grupos, atrelado com a elaboração e correção de provas. Selecionamos alguns

trechos para ilustrar a nossa análise.

“Na escola integral era o que, no início era o que, você tinha as 40 horas semanais, 20 horas

seriam para disciplinar, aula disciplinar, ou seja, aula de regência. E 20 horas você teria que

estar preparando aula de regência, Você teria que estar preparando aula de laboratório,

você estaria corrigindo prova, você estaria preparando situações, modalidades, aulas

diferenciadas. No início foi flores, aí com o tempo a coisa foi mudando e mudou!” (Trecho da

entrevista do professor 23).

“No início, a gente tinha um planejamento, a agente tinha assim, um... umaaa, a gente sabia

as metas, a gente tinha um foco, a gente tinha, na realidade, uma organização de trabalho. E

hoje, por conta da própria secretaria que impõe uma carga horária maior, a gente não tem

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esse tempo. Até mesmo pra gente se preparar pra você... é, é... preparar uma aula, preparar

um material. A gente não tem esse tempo, que a gente tinha anteriormente. Então, a

qualidade da minha aula, de uns dois anos, dos anos que eu comecei aqui, pra hoje não é a

mesma. Então isso me desmotiva muito”. (Trecho da entrevista do professor 26).

“A excessiva carga de trabalho. Eu sinto que num primeiro momento, lá no iniciozinho do

programa integral, existiam mais possibilidades de trabalho. Um tempo de planejamento,

com possibilidades de deslumbrar alternativas outras que não sejam aquelas estritamente

ligadas ao livro didático, a lousa, sabe? E eu acho que, pra isso, tempo é fundamental. No

primeiro momento, isso até existia, mas ao longo do programa, esse quantitativo de aulas foi

aumentando, essa carga horária, enfim...” (Trecho da entrevista do professor 14).

“a pressão é... quando você deveria ter um espaço para planejar, para desenvolvimentos de

projetos, você não tem! Aqui é aula, aula, aula, aula. Você é aula, menino é aula, todo mundo

é aula. Então isso torna algo cansativo. Você não tem tempo pra desenvolver um projeto,

você não tem tempo para desenvolver uma atividade extra, porque não há um momento de

planejamento, infelizmente”. (Trecho da entrevista do professor 16).

“O que desmotiva é que não só eu, mas muitos professores que estão com a carga horária

muito alta. Então tem muita atividade. A gente não tem tempo de se sentar, pra planejar

nada, é tudo nas carreiras. Tipo, agora, chegou prova de recuperação, ela já quer a prova. A

gente ainda não fechou as notas dos meninos, a gente fez prova de sala semana passada. Tem

que corrigir, lançar, pra entregar e a gente tem que mandar a outra prova que já é semana

que vem, então é tudo muito corrido. Aí a gente não tem tanto tempo, porque é muitas aulas

entendeu? (...) Então aquele que está lá em cima, esquece que já foi professor um dia e que a

realidade em sala de aula é diferente, entendeu? A gente está aqui, a gente sabe que não é só

dar aula, mais aula que os meninos vão aprender. A aula tem que ser diferente, mas pra ser

diferente tem que reduzir a carga horária para que o professor possa reduzir uma aula

diferente. Então o que eles vêm lá em cima, eles acham que o menino vai aprender com aula

e aula. E não é assim. A gente sabe, a gente, digamos, a gente sabe que teria que ter uma

aula diferenciada, mas em que tempo que a gente vai fazer isso aqui? Entendeu?” (Trecho da

entrevista do professor 22).

Existe uma ordem nos dezesseis discursos extraídos das entrevistas que é comum a

todos os professores: a quantidade de tempo que são dedicados a aulas, atualmente, ultrapassa

a quantidade de tempo que era dedicado anteriormente no CEEGP, ou seja, a falta de tempo

para planejamento e preparação de projetos é resultado da grande demanda em sala de aulas.

A consequência deste fato reflete no cotidiano dos professores e, por decorrência, nas

entrevistas realizadas.

Em cada entrevista realizada, uma nova ilustração deste quadro. Tratar de felicidade

com os docentes permitiu alcançar estes relatos que quaisquer dados quantitativos não

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poderiam alcançar com a riqueza de detalhes. Estes trechos se manifestavam quando

questionávamos quais os fatores desmotivantes em trabalhar na instituição ou no sistema

integral. Os professores que ingressaram na instituição desde o Centro Experimental sempre

faziam referência ao tempo que tinham para planejar a aula com saudosismo. Entretanto,

também identificamos professores que não vivenciaram a fase do Centro Experimental, mas

perpetuaram esta ordem discursiva.

Em se tratando de remuneração, a gratificação salarial também sofreu alterações com a

chegada da Lei. O Artigo 8º extingue os cargos comissionados discriminativos no Anexo II

desta Lei Complementar. Também no Artigo 9º trata que as despesas com a execução da

presente Lei, ocorrerão à conta de dotações orçamentárias próprias. A fim de compreender

melhor a lei, o Professor nº02, em sua resposta, nos conduziu ao entendimento de como

aconteceu toda a transformação.

Segundo relatos dos próprios professores, no período do Centro Experimental, os

docentes recebiam o seu salário antes de chegar ao Centro somado ao dobro do valor, ou seja,

200% a mais ao valor recebido. Esta gratificação foi um dos pontos que chamavam a atenção

dos professores para candidatarem-se e foi alvo de várias críticas também. As manifestações

que surgiram na inauguração do Centro, como afirmou a presidente da União Nacional dos

Estudantes (UNE) ao Jornal do Comércio “Privatizaram o GP” retrataram este quadro.

Afinal, esta gratificação não era possível acontecer sem os investimentos das empresas

privadas.

Quando o programa virou política pública, a explicação do Governo aos professores

estava baseada no custo por aluno. Os gastos com os discentes no sistema que propôs os

Centros envolviam três refeições mais o valor da gratificação salarial dos professores e os

materiais didáticos que resultavam de cinco a seis vezes a mais nos valores gastos por alunos

das escolas regulares. Um custo elevado, segundo o Estado, para assumir perante todas as

escolas integrais implantadas até 2008.

Na tentativa de manter o sistema integral e não obter gastos altos, o Governo ampliou

o número de alunos por sala e por escola, aumentou o número de professores, mas não o

suficiente para atender à toda demanda, conforme o projeto inicial. Ocorreu que o tempo em

sala aumentou e, com esta situação, a diferença para outros professores que ministravam aulas

em duas instituições diferentes era apenas que os professores do sistema integral permanecem

na mesma escola e as aulas e atividades acontecem no mesmo local, segundo relato do

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Professor nº02. Em prol da manutenção deste custo, as reuniões das disciplinas, das áreas e

com todos os professores, foram reduzidas.

Ademais, na implantação, alguns gastos iniciais foram necessários para comprar

materiais e utensílios que seriam utilizados, o que, em longo prazo e com o passar dos anos,

não seria necessários repô-los, como exemplo, podemos citar a televisão, DVD, Datashow,

dentre outros. Contando também que alguns itens como a merenda escolar passou a fazer

parte do orçamento da escola regular, reduzindo o nível de diferenciação do integral. Essas

medidas fizeram o custo por aluno reduzir chegando a dois do aluno integral por um do aluno

regular, e em alguns casos igualdade.

“Essas coisas foram se amenizando até que ficou um... é mais ou menos equilibrado também.

Agora isso perdeu a qualidade em algumas coisas, claro, teve que abrir mão de coisas que

poderia ta numa maior qualidade, teve que abrir mão mais da qualidade pra a possibilidade

de universalização”. (Trecho da entrevista do professor 02).

Atualmente, não tomamos conhecimento da existência de materiais que retratem o

olhar dos docentes ou discentes sobre a Lei nº 145. A ordem é apenas para cumprimento da

mesma.

Assunção (2009) aponta evidências sobre a intensificação do trabalho influindo na

saúde dos professores, afirmando, no artigo, que os princípios que orientam as reformas,

mencionadas no discurso do professor acima, são de promoção da equidade social, buscando a

redução das desigualdades sociais. Assim, as escolas passam a se organizar, ampliando o

atendimento na matrícula, que influi no número de turmas ou no número de alunos por sala.

Esta movimentação pode ser observada como um paradoxo, onde a democratização do acesso

à escola acontece ao custo da massificação do ensino.

Com a finalidade de implantar escolas integrais em outras instituições da rede pública,

os custos foram reavaliados. Visando à universalização, o número de vagas para dos discentes

ampliou e houve e um pequeno aumento no número de docentes. Desta forma, o tempo

dedicado a estudos e planejamento foi reduzido, como foi citado pelo professor anteriormente.

Destarte, o desgaste em sala de aula é elevado, diminuindo os fatores motivacionais.

“A carga de trabalho aumentou muito. Pra você ter uma ideia, química, nós éramos quatro

professores e tínhamos um auxiliar de laboratório, tinham estagiários, hoje só temos três pra

fazer as mesmas coisas, o mesmo negócio. Então, a coisa ficou muito pesada, de repente, tá

pesando demais”. (Trecho da entrevista do professor 03).

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Sobrecarregados com o trabalho, o tempo com os alunos acresceu de forma a interferir

diretamente na saúde dos professores que são responsáveis por dezoito turmas em todo o

colégio. De vinte e nove entrevistas realizadas, vinte professores comentaram ter solicitado

afastamento do trabalho ou apresentado alguma doença que interfere no seu labor. Por

doença, compreendemos que é a falta de saúde, segundo o dicionário Aurélio. Os motivos

variam de doenças crônicas (como hipertensão), a doenças genéticas (como o câncer).

Algumas doenças são citadas pelos professores desvinculando o trabalho com a enfermidade,

já outras são citadas como consequência da sobrecarga de trabalho. É fundamental obter esses

dados que corroboram para compreensão de algumas situações vivenciadas no cotidiano. Ou

seja, com um número expressivo de professores utilizando o afastamento, os alunos ficariam

teoricamente sem aula. Como os professores se encontram na instituição em horário integral,

cabe aos professores que estão em seus horários de planejamento de atividades, cobrirem

essas aulas. Esta ação pode parecer simples, entretanto, considerando que 69% dos

professores já solicitaram afastamento, se faz necessário ponderar com cautela.

Tratando deste conteúdo, Assunção (2009) afirma que na ausência de professores, que

foram convocados para alguma outra tarefa ou faltaram por doença, acontece um

reordenamento no trabalho da escola. Isso implica que outros profissionais terão que lidar

com o aumento do volume de trabalho. Esses improvisos trazem consequências para os

docentes e discentes que se encontram em situações que precisam eleger entre suas saúdes e a

responsabilidade.

[...] Os dados sobre afastamento do trabalho por doença não autorizam

a estabelecer associações diretas desses problemas com o trabalho desenvolvido pelos professores. Contudo, tais fatores são indicadores

que permitem elaborar hipóteses articuladas às cargas de trabalho

mencionadas anteriormente. O professor, extenuado no processo de intensificação do trabalho, teria a sua saúde fragilizada e estaria mais

susceptível ao adoecimento. Pode-se supor, ainda que a

hipersolicitação em regime de urgência o teria levado a ultrapassar ou a deixar de reconhecer o seu próprio limite (ASSUNÇÃO, 2009,

p.363).

Com esses dados, não temos a intenção de afirmar que apenas no período da Escola de

Referência foram constatadas essas doenças e/ou afastamentos. Os dados se referem a um

acúmulo de trabalho, seja consequência de longo ou curto prazo. Afinal, os professores da

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rede pública apresentam, em sua maioria, mais de um vínculo e o tempo que atuam

lecionando é, em média, dezoito anos.

Mesmo em meio a este quadro docente, os alunos continuam apresentando bons

resultados do trabalho que é realizado na instituição. Em 2008, 65% dos discentes foram

aprovados nos vestibulares; em 2009, 70% e em 2010, 63%. Os dados foram informados pela

atual gestora do colégio, Prof.ª Neuza Pontes. A Escola de Referência em Ensino Médio

Ginásio Pernambucano vem recebendo prêmios por sua participação em projetos e trabalhos

diferenciados. Dentre eles, podemos citar, no ano de 2010, dois estudantes que foram

selecionados para participar no Parlamento Jovem em Brasília; vinte estudantes selecionados

no Programa Leadership (Liderança) da Embaixada Americana; dezessete estudantes

contemplados com bolsa de estudos na Associação Brasil América (ABA); Um aluno

contemplado com o 1º lugar no Programa Bancos em Ação na Etapa Regional e outro com o

3º lugar no programa Bancos em ação na Etapa Nacional. Já em 2011, quatro estudantes

foram selecionados pelo Programa Parlamento Jovem da Câmara dos Deputados; cinco bolsas

de estudos na Alemanha para os estudantes do Projeto PASCH10

e premiação individual de

três estudantes na Olimpíada de Jogos digitais e Educação (OJE).

É neste contexto paradoxal de resultados satisfatórios e discursos que retratam outra

realidade que encontramos o nosso campo empírico. Com o nosso cenário discursivo

construído, nos atemos agora à felicidade através dos docentes desta instituição.

10 A iniciativa “Escolas: uma parceria para o futuro” (PASCH abreviado em Alemão) engloba cerca de 1.500

escolas nas quais o alemão como língua estrangeira tem grande prioridade. O projeto PASCH deseja despertar o

entusiasmo dos alunos para a língua e a cultura alemãs em todo o mundo.

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CAPÍTULO 3º

A FELICIDADE E SEUS DESDOBRAMENTOS

FONTE: Arquivo da biblioteca da Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano.

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uando nos propomos a pesquisar em teoria da educação, compreendemos que

segundo Garcia (2010, p.23), as teorias são produtos dos seres humanos, e

estes, por serem dinâmicos, têm, na sua essência, a completude e a

incompletude. A completude pode ser observada na dinâmica da história e a incompletude

cria possibilidade de renovação. Configura-se assim, uma teoria com as práticas que se

transformam, interpretam ou se conformam em outras teorias.

Desta forma, entendemos que a felicidade está configurada em um espaço formado por

práticas, onde, unidos com as diversas teorias que a interpreta, possibilita um ambiente

acadêmico científico de confluência da completude histórica com a incompletude da

renovação.

3.1 – UMA APROXIMAÇÃO TEÓRICA DA FELICIDADE

Não podemos, por seguinte, sugerir uma definição com a qual concordassem todos os

teóricos, leitores e professores. Em vez disso, prosseguimos melhor em nossa análise

examinando os vários significados que têm sido dados ao termo e analisando rapidamente os

empregos que lhe têm sido atribuídos. Perguntamos aos professores da Escola de Referência

em Ensino Médio do Ginásio Pernambuco o que, para eles, é felicidade? Com base em suas

respostas, analisamos os elementos que estão presentes em seus discursos conforme os

teóricos que debatem a felicidade.

D. Silveira (2007) afirma que, na sociedade atual, vivemos uma época em que as

questões étnico-morais, influenciadas pela política, sociedade e religião, fruto de um vazio

axiológico, parecem reivindicar uma reflexão sobre os fins dos homens e da humanidade. E

como proceder, senão resgatando alguns pensamentos filosóficos que se renovam a cada

encontro com os textos produzidos? Assim que se renovam a cada conceito encontrado no

discurso dos professores.

Ao longo da história da humanidade, diversos filósofos e pesquisadores procuram

definir o conceito de felicidade. Inquirindo sobre os primeiros conceitos de felicidade, pode-

se recorrer a Shikida e Rodrigues (2004) que destacam, segundo a filosofia clássica, o

conceito de felicidade nascido na Grécia antiga, onde Tales considerava felizes as pessoas que

fossem fisicamente fortes e sadias e que também tivessem alma evoluída e de sucesso.

Q

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Segundo Corbi (2006), em seu artigo sobre os determinantes da felicidade em relação

aos gregos de 2.400 anos atrás, embora sejamos muito mais saudáveis, tenhamos uma

expectativa de vida muito maior, vivamos cercados de muito mais conforto e tecnologia e

tenhamos acesso a um conhecimento científico muito superior, não sabemos muito a respeito

da felicidade. Esta afirmação pode ser percebida na resposta do professor 18, abaixo, sobre o

que entende por felicidade.

“Eu não sei! Acho que não se possa medir, mas eu acho que eu sou uma pessoa feliz”.

(Trecho da entrevista do professor 18)

Aristóteles (384-322 a.C.), em sua obra Ética a Nicômaco (2005), apresenta elementos

importantes, classificados como virtudes, a serem seguidos pelos homens a fim de alcançar a

felicidade. A felicidade, na abordagem aristotélica, é buscada como um fim em si próprio.

Este fim em si próprio só é alcançado e transmitido às pessoas através do processo educativo.

A educação é o veículo que conduz à formação de homens virtuosos, e assim, de pessoas

felizes.

[...] de todos os bens, somente a felicidade constitui seu próprio fim, enquanto

as outras são os meios para adquiri-la. De um ponto de vista pedagógico, é necessário assimilá-la ao bem supremo, pois sem ela a atividade humana seria

vã (HOURDAKIS, 2001, p. 56-56).

Aristóteles compreende como virtude um hábito voluntário em uso, ou seja, se trata de

algo resultante de uma atividade e de um exercício perseverante que se adquire com a prática.

Desta forma, os meios e a vontade dos cidadãos são elementos que vão resultar na felicidade.

Constrói-se um cidadão virtuoso, através do hábito, modificando os seus costumes. O veículo

utilizado para essa transformação é a educação “que faz dos cidadãos homens de bem e põe as

crianças no caminho certo” (HOURDAKIS, 2001, p. 69). Desta forma, a educação é a

metodologia de ação de substituição da realidade, fornecendo ao homem a capacidade de

moldar o seu mundo. Esta forma que o filósofo interage entre a educação e a felicidade é

percebida no enunciado dos professores quando perguntamos o que o deixa mais feliz e esta

relação entre a educação e a felicidade acaba ressoando nas falas.

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“O que me deixa mais feliz11

é saber que eu pude contribuir na vida de alguém! É ter não um

reconhecimento, mas de vez em quando você escuta. Eu tenho muito alunos meus que ainda

deixam depoimento pra mim: ‘aí, professora, eu ainda lembrei daquela coisa que a senhora

ensinou na sala’. é você saber que alguma migalhinha você colocou na vida de alguém, seja

na parte pedagógica, seja na parte emocional. E aí: ‘oh professora, estou tão bem, mais

feliz’. Então você vê que, de alguma forma, você contribui para aquela pessoa, de alguma

forma” (Trecho da entrevista do professor 08).

O filósofo também se coloca afirmando que o termo grego que provém da palavra

educação está estreitamente ligado ao movimento de transportar, conduzir. Portanto, a

educação, enquanto movimento, estabelece os regimes por meio da razão e dos hábitos. Esta

função é utilizada para que os sujeitos possam ser educados e apresentem comportamentos

distintos.

Aproximando do nosso campo empírico, travessamos o discurso dos professores e

enxergamos um aluno virtuoso como aquele que apresenta sonhos e metas galgadas e em

algumas situações alcançadas, através do processo educativo que vivenciaram. Participar

deste processo de realização dos estudantes, para os professores, ressoa com satisfação, pois

se sentem felizes, como ilustram os trechos anteriores e o abaixo.

“Eu posso dizer que eu gosto e me sinto feliz quando encontro alunos e que já está formando,

já esta trabalhando, que já está bem encaminhado. Então, isso deixa a gente feliz, porque eu

participei um pouco da formação da vida deles né?!” (Trecho da entrevista do professor 15).

Para Epicuro (2002), praticar ações que afastem as pessoas do medo e da dor,

buscando o prazer que falta, constrói a felicidade do ser humano. Ressalta-se que, para o

autor, prazer é “a ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma” (2002, p.43).

Isso não desmerece que uma pessoa escolha a dor, tendo em vista as consequências o que

prazer pode resultar futuramente. Ou seja, é possível que um indivíduo opte por sofrer em

uma determinada situação agora, mas consciente que o prazer provocado pela dor mais à

frente, seria maior. “Convém, portanto, avaliar todos os prazeres e sofrimentos de acordo com

o critério dos benefícios e dos danos” (2002, p.39).

Durante as entrevistas não verificamos nenhuma expressão dos professores referindo-

se a dor consciente, na certeza que o prazer que venha posteriormente seja maior. Quando os

11 Foi acrescentado a expressão “o que me deixa mais feliz” no depoimento do professor, para melhor

compreensão do leitor.

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entrevistados se referem à dor, nos relatam como consequência de uma jornada de trabalho

extensa ou sequelas causadas por acidente físico, mental ou emocional. As dores não são

vistas pelos docentes como temporário, tampouco que vão trazer resultados mais prazerosos

futuramente.

“Felicidade é ter paz em Cristo, só! Porque, embora eu possa estar passando por um

vendaval, uma turbulência na vida, um pega-pra-capar violento, mas eu sei que eu tenho uma

certeza, que eu vou chegar num lugar mais tranquilo, seguro com um conforto maior, que é

Deus na minha vida”. (Trecho da entrevista do professor 23).

“Eu sou feliz porque eu tenho a convicção que a minha vida esta pautada na vontade de

Deus”. (Trecho da entrevista do professor 03).

A convicção da felicidade na existência espiritual dos professores citados nos trechos

acima, nos remete ao período da Idade Medieval, quando Santo Agostinho entende a busca da

felicidade como a tarefa maior do homem. Fundador da filosofia cristã, neste período, vai

exercer grande influência reinventando a relação do homem com a natureza, com Deus e com

os demais seres humanos.

Embora suas teorias filosóficas se misturassem com as teológicas, a atitude

investigadora de Santo Agostinho defendia a felicidade como o problema da motivação do

pensar filosófico. Em seu livro A vida feliz (1998), afirma que o homem não tem razão para

filosofar, o que procura é atingir a felicidade.

Em sua obra “Confissões” (1996), Santo Agostinho descreve como procurou alcançar

a felicidade plena, pois se tratava não apenas de pensamentos filosóficos, mas de uma história

de vida.

[...] Então, como Vos hei de procurar, Senhor? Quando Vos procuro, meu

Deus, busco a vida Feliz. Procurar-Vos-ei, para que a minha alma viva. O meu corpo vive da minha alma e esta vive de Vós. Como procurar então a vida

feliz? Não a alcançarei enquanto não exclamar. Basta, ei-la. Mas onde porei

estas palavras? Como procurar essa felicidade? Como? Pela lembrança, como se a tivesse esquecido, e como se agora me recordasse de que me esqueci?

(AGOSTINHO, 1996, p.279).

Assim, a felicidade, para Agostinho, consiste em um encontro pessoal com Deus,

guiada pela trilha da razão. Através da sua experiência particular de beatitude, atinge uma

teoria universal sobre felicidade: “A vida feliz em nos alegrarmos em Vós, de Vós e por Vós.

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Eis a vida feliz, e não há outra. Os que julgam que existe outra apegam-se a uma alegria que

não é verdadeira. Contudo, a sua vontade jamais se afastará de alguma imagem de alegria”

(AGOSTINHO, 1996, p.282). Essa posição perpassa os períodos da história da humanidade

tornando Agostinho uma referência no período medieval, aproximando-nos dos discursos dos

professores quando nos referimos a conceitos de felicidade.

Kant (2001), em sua obra “A crítica da razão pura”, afirma que a felicidade não passa

de um ideal impossível de ser estabelecido, pois se baseia em sensações dependentes de

desejos subjetivos, determinados por prazer e pela dor. Esse pensamento do filósofo conecta

diretamente com algumas respostas dos professores à pergunta “pra você, o que é

felicidade?”. Na filosofia Kantiana, a felicidade está ligada ao bem-estar, mais precisamente

ao sentimento de prazer do sujeito, subjetivamente considerado. Encontramos discursos que

se aproximam do pensamento de Kant e endossam a conexão do nosso objeto de estudo com a

prática dos professores.

“Felicidade engloba muita coisa assim, aspecto físico, você estar bem fisicamente, bem de

saúde, bem mentalmente, as condições sociais também, favorecendo tudo isso. Então é um

conjunto, felicidade é um conjunto de realizações, de coisas que lhe tragam prazer” (Trecho

da entrevista do professor 05).

“Acredito que a felicidade ela tem uma relação direta com o bem-estar. Ser feliz é se sentir

satisfeito é se sentir realizado né?! Eu me sinto também nesse sentido. Acho que felicidade é

isso é estar bem consigo próprio” (Trecho da entrevista do professor 14).

Nessa perspectiva, a felicidade é impossível de ser estabelecida universalmente, tendo

em vista os desejos subjetivos de cada ser humano, e ainda levando em consideração as

sensações, dependentes dos desejos. A partir da sensibilidade, o homem só toma interesse por

aquilo que lhe proporciona prazer. Este sentimento de prazer é perceptível no homem (é

prático) e o conduz a buscar novas sensações prazerosas, que serão saciadas pelo objeto do

desejo, servindo como árbitro das atitudes. Este efeito, para o filósofo, é meramente subjetivo

e está restrito ao sujeito afetado.

Segue-se, pois, que a busca pela felicidade é inerente ao ser humano, já que tudo que

se refere à felicidade conduz a uma inclinação que requer satisfação. Quando uma inclinação

é satisfeita, temporariamente, se obtém uma espécie de contentamento, mas não a felicidade

em sua completude. Tendo em vista que, para o homem sempre existirão infinidades de

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inclinações, ter a felicidade como meta na vida, será um projeto impossível de se realizar, pois

a felicidade consiste na satisfação de todas as inclinações humanas.

Desta forma, segundo Kant (2001), os docentes da Escola de Referência do Ensino

Médio Ginásio Pernambucano não encontram a felicidade plena. Mesmo 62% dos

entrevistados afirmando que se sentem felizes, 38% se consideram felizes em parte, visando à

satisfação de algumas inclinações que, até o momento da entrevista, não foram alcançadas.

Esse sentimento de prazer, que segundo Kant é prático, nos remete a alguns trechos das

entrevistas que ilustram essas inclinações dos professores. Selecionamos um que caracteriza

com clareza a nossa referência.

“Porque assim, a felicidade, ela ocorre... pra cada um existe um tipo de felicidade, o que vai

te fazer feliz, certo? o que pra mim, para o outro não é felicidade. Então, felicidade são

momentos. É a gente refletir sobre o cotidiano, as pequenas coisas nos trás felicidade. Então,

a felicidade de quando eu vejo um aluno, que muitas vezes não tinha o empenho tão bom, e

ele se esforça, e ele procura mostrar o seu máximo, e isso me arrepia. E eles fazem: ‘arrepiou

professora?’ Porque eu sou muito sensível e quando eles mostram aquela busca, daquela da

criatividade, de fazer algo assim eu vejo o meu aluno crescendo, isso é felicidade. Na minha

família ver todo mundo com saúde, isso também é felicidade, entendeu? Então sair para

trabalhar é felicidade. Então, estar doente para eu pensar, refletir um pouquinho, não vou

dizer que sou masoquista, mas vejo as adversidades como a busca da gente tornar essa

felicidade maior, porque não ter caos, vira bonança. Então pra gente seguir aquela plenitude,

né?! A gente precisa passar por dificuldades... minha felicidade tá no meu cotidiano mesmo.

Não vejo assim “ahhhh aquela” não, o meu cotidiano é cheio de felicidade”. (Trecho da

entrevista do professor 29).

Essa reflexão Kantiana, de procurar satisfazer as sensações, dependentes dos desejos

subjetivos converge com a reflexão do filósofo Comte-Sponville (2004), que, no livro A mais

bela historia da felicidade, define que a felicidade é algo particular. Para uns pode ser

encontrada na natureza, nos pequenos atos, o que pode não se encaixar na felicidade de outra

pessoa. A felicidade é um ‘ideal’ que não pode ser prescrito como um remédio. Hoje, para

grande maioria da população, a felicidade está ligada a conquistas ou experiências

particulares.

“A felicidade, não tem felicidade completa. Existem momentos felizes. Mas esses momentos

felizes a gente tem que aproveitar muito. E também tem que trabalhar, construir sempre pra

poder conseguir a felicidade. E também não se ligar se conseguiu, se não conseguiu, deixa

para trás e começa tudo de novo”. (Trecho da entrevista do professor 13).

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Discutir a felicidade como objeto de estudo, levanta uma série de questionamentos

quanto à veracidade deste tema, tratado cientificamente. Portanto, nos remetemos a Layard

(2008), que discute a felicidade como uma nova ciência em estudo, apresentando conceitos e

pesquisas desenvolvidas recentemente. Para o autor, a felicidade é um sentimento que ocorre

durante toda a vida desperta e pode ser sintetizado em se sentir bem. Em contraposto, a

infelicidade é identificada na sensação de se sentir mal.

Pesquisas neurológicas, divulgadas no livro de Layard (2008), revelam que as boas

sensações estimulam a parte frontal esquerda do cérebro e as más sensações, a parte frontal

direita do cérebro, permitindo, desta forma, planificar uma medida natural da felicidade

através da diferenciação dos lados direito e esquerdo. Com base nestes resultados o autor

afirma que “quando falo em felicidade, refiro-me a se sentir bem – aproveitar a vida e desejar

que essa sensação se mantenha. Quando falo em infelicidade, refiro-me a se sentir mal e

desejar que as coisas fossem diferentes” (LAYARD, 2008, p.28). Esta forma de tratar a

felicidade pode ser ilustrada no trecho abaixo, onde o bem-estar se aproxima do que realmente

é a felicidade, mas situações podem acontecer que se afastem do estar bem e se aproximem da

infelicidade.

“Felicidade é o bem-estar, você estar em paz com você mesmo. Não existe nada que, quando

você se deite, diga: ’poxa vida estou com isso, com aquilo, me falta isso...’ É o meu estar

bem. Eu acho que felicidade mesmo, você pode dizer eu estou feliz agora e mais tarde,

alguma coisa lhe abater e ‘pou’, eu estou infeliz, né?! Eu acho que a felicidade é

momentânea, vai de acordo com momento com o que está passando. Vamos supor eu recebi

uma notícia, Deus me livre, que perdi meu pai, vou me achar a pessoa mais infeliz do mundo,

né?! Mas é um conjunto”. (Trecho da entrevista do professor 10).

Quando perguntamos ou falamos se estamos felizes, corresponde à média tirada de

uma série de momentos, do conjunto relatado pelo professor no trecho anterior. Essa média,

para Layard (2008) se refere a uma ponderação da quantidade de momentos bons e momentos

ruins da vida. Neste sentido, esclarecemos que, para o autor, não existe a possibilidade de uma

pessoa se declarar feliz e infeliz ao mesmo tempo, os sentimentos positivos diminuem e os

negativos aumentam como uma balança, ou vice-versa. Pois, “a felicidade começa onde a

infelicidade termina”.

Os estudos de Layard (2008) trazem uma relevância para a nossa pesquisa, pois

constatamos que sempre que os professores fazem referência à felicidade, se remetem a boas

sensações, a satisfações de desejos, sonhos e realizações. Quando Epicuro (2002) debateu a

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dor momentânea, pensando no prazer maior, mais à frente, e relatamos que não encontramos

nenhuma referência do nosso campo empírico a esta abordagem, concluímos que a dor, para

os docentes, não se aproxima da felicidade, seja ela no momento ou em longo prazo. A dor,

por sua vez, se aproxima da infelicidade e, desta forma, os estudos de Layard (2008)

quantificam esta percepção.

Destarte, nos distanciamos do autor quando se trata da subjetivação da felicidade.

Compreendemos que não é possível tratar de felicidade quantificando-a. Os desejos, anseios e

sensações são sentimentos que ao nosso entender não podem ser mensurados. Sem embargo,

acreditamos ser relevante para a discussão o ponto de vista da felicidade como ciência.

3.2 – CAPITAL E CONSUMO

Na mira de averiguar os nossos pressupostos, tendo já trabalhado a felicidade segundo

o discurso dos professores da instituição pesquisada, nos remetemos a alguns trechos das

entrevistas que levantam a discussão a cerca dos salários dos docentes das Escolas Integrais.

Manacordas (1991), analisando a pedagogia moderna, afirma que o capital tende a

transformar o trabalho para além das suas necessidades naturais, criando elementos que

estimulem o seu consumo e a sua produção. Com os produtos apresentados sedutoramente, o

indivíduo principia enxergá-los como fundamentais para sua vida, mesmo que o produto não

seja utilizado para suprir suas carências primárias para sobrevivência, desaparecendo sua

necessidade natural em sua forma imediata. Pois, no lugar da necessidade natural colocou-se

uma necessidade historicamente desenvolvida.

O surgimento de novas necessidades é característico do capitalismo atual. Neste

sentido, o capitalismo é definido por Lipovetsky (2007) em um sistema baseado na mudança

dos métodos de produção, na descoberta de novos objetos de consumo e de novos mercados.

Essa mutação do capitalismo se apresenta através das estratégias do marketing, que procuram

novos produtos e mercados, transformando-os, sedutoramente. Esta realidade capitalista pode

ser ilustrada com o trecho abaixo, onde o professor fala da importância do dinheiro para a

manutenção do seu padrão de vida, que foi colocado no período do Centro Experimental, e,

hoje, necessita obter outras fontes para manter o padrão estabelecido.

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“Mas como você precisa ter mais, um algo mais, para suprir aquele padrão de vida que você

colocou, então há cinco anos, seis anos, o que eu tinha como padrão de vida, com aquele

dinheiro e foi reduzindo, reduzindo... Hoje eu tenho que trabalhar mais e ter mais, mais...

mais trabalho pra ter uma renda que não chega nem a ser metade do que eu ganhava há

cinco anos”. (Trecho da entrevista do professor 20).

Não se trata, desta forma, de uma necessidade básica de sobrevivência, mas da

manutenção de desejar e obter produtos do mercado que compõem o padrão de vida

estabelecido, como afirma o professor. Corroborando com a discussão, Bauman (2001) afirma

que, antes, o capitalismo estava solidificado com suas bases bem definidas e fixadas em

mercadorias. Hoje, o capital viaja leve, demora em um lugar o tempo necessário para durar a

satisfação e tende a ser obcecado por valores. Quanto maior a satisfação no produto, maior o

desejo de consumir, independente do valor da mercadoria.

Destarte, a história do consumismo é a história da quebra de sucessivos obstáculos

sólidos, substituídos pelos desejos, mais fluído e expansível. Assim sendo, o código da

política de vida deriva do comprar, ir além de lugares, fora das lojas, dentro de casa, nos

lazeres, nos sonhos, buscando novas receitas de vida, condicionando a nossa felicidade ao que

somos, ou ao que deveríamos ser, se nos esforçássemos mais.

Nesta discussão junto com Bauman (2001), questionamos os professores sobre qual o

seu maior sonho e, diante das respostas, analisamos um elevado número de professores que

conectam o seu sonho ao dinheiro. Seja para obter um padrão de vida melhor ou trocar de área

pela falta de reconhecimento financeiro, adquirir bens materiais ou obter recursos para viajar

ou, até mesmo, não realizar o sonho porque perderá a remuneração que hoje obtém. No total,

são 51% dos professores que, em suas respostas para a realização do seu maior sonho,

necessitam de um investimento financeiro, como vemos no trecho abaixo.

“O maior sonho meu... eu vou dizer que é jogar na mega sena e ganhar, porque eu não jogo

(risos), eu não posso nem dizer isso, que eu não jogo. Rapaz, o meu maior sonho, eu

conseguir estruturar tudo isso numa boa. Era eu ter um bom salário, ter mais tempo para

minha família, mais tempo pra mim. Poder viajar todo ano, isso era o Oásis”. (Trecho da

entrevista do professor 17).

Mesmo o desejo de dedicar-se à família e obter mais tempo para os relacionamentos

pessoais está interligado a uma condição financeira maior. Esta ideia de tempo associada a um

padrão de vida é fruto do capitalismo atual, segundo Bauman (2001). Isso significa que o

prêmio hoje, nunca é suficiente, há sempre um melhor mais a frente e, assim, o desejo torna-

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se o único propósito, não questionável. Permanecer na corrida de alcançar estes sonhos é o

mais importante. Entretanto, Bauman (2001, p.86) afirma que “na corrida dos consumidores, a

linha de chegada sempre se move mais veloz, do que os mais velozes dos corredores”.

Quando o desejo é alcançado, ou antes mesmo de acontecer, novos estímulos surgirão e novos

desejos e sonhos serão construídos, consequências de viver em mundo cheio de oportunidades

atraentes, com poucas coisas predeterminadas e poucas derrotas definidas.

Lipovetsky (2007), analisando o capital desenfreado, defende uma nova sociedade: a

sociedade do hiperconsumo. A era do hiperconsumo se constituiu quando os comportamentos

tradicionais e as normas puritanas caíram no esquecimento, proporcionando o sistema de

crédito a todas as classes sociais para consumir. Esta sociedade do hiperconsumo é formada

por neoconsumidores, que são os indivíduos que estão sempre buscando um novo consumo,

uma nova mercadoria, com o desejo desenfreado em consumir.

A ideia do consumo para o autor será culturalmente construindo. Os hábitos dos pais

são repassados de geração em geração, construindo o neoconsumidor. Através da publicidade,

o marketing inventa o consumidor moderno que foi educado e seduzido pela publicidade a

consumir marcas. Paralelamente à publicidade, o grande magazine vai impulsionar o desejo e

a necessidade de consumir, por meio de estratégias de sedução, com técnicas modernas.

O capitalismo de consumo foi sendo construído desde os pequenos mercados locais até

os comércios de grande escala. Através da infraestrutura moderna de transporte e

comunicação, a produção em série de mercadorias padronizadas pôde ser distribuída

nacionalmente com valores mais baixos. Deste modo, o número de produtos crescia e o preço

decaía, chegando ao alcance das massas. As propagandas nas televisões são um exemplo do

estímulo constante que chega a qualquer pessoa.

Na fase da economia de massa, o consumo está centrado no equipamento dos

indivíduos e não da família, ou seja, em práticas de consumo individualizadas. O que

caracteriza esta fase é a diminuição no poder das regras coletivas e o crescimento da

individualização dos ritmos de vida. O consumo individualista da cultura de massa é onde se

convida à apreciação dos prazeres dos instantes, a felicidade do agora, do individual, exibindo

a alegria do consumo.

Hoje se observa as proliferações das farmácias da felicidade, onde o neoconsumidor

pode ter em mãos a felicidade sem esforço, porque a felicidade se encontra na aquisição do

produto e isso acontece de imediato e por meios alcançáveis, como defende Lipovetsky

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(2007). Deste modo, tem-se a nova relação emocional dos indivíduos com as mercadorias. As

marcas, em suas propagandas, falam de valores, meio ambiente, saúde, e muito pouco do

produto, vendendo, assim, uma visão ou conceito de um estilo de vida associado à marca.

Interligando a mercadoria ao consumo através do sentimento, construindo sonhos e novos

padrões de vidas a todo estante.

Na presente situação, temos o gosto pela mudança e o desejo pelas novidades

difundidas universalmente. O marketing de hoje vem investindo no sentimento das pessoas e

nas possibilidades de experimentar o novo. O sensitivo e o emocional são áreas que estão

sendo investidas para estimular os sentidos do consumidor, “numa época em que as tradições,

a religião, a política são menos produtoras de identidade central, o consumo encarrega-se cada

vez melhor de uma nova função identitária” (LIPOVETSKY, 2007, p.45).

Segundo Bauman (2011), hoje se chegou ao fim do homem como um ser social, as

existências individuais estão fatiadas numa sucessão de episódios fragilmente conectados. As

nossas identidades estão em constantes movimentos, procurando manter-nos vivos por um

momento, mas não por muito tempo. Perde-se a capacidade de manter relações sólidas e

duradouras e, em seu lugar, tem-se um homem inteiramente e verdadeiramente livre, tão livre

que a agenda da libertação está praticamente esgotada. No mundo das novas oportunidades,

elas não parecem funcionar. Assim, “as identidades ganharam livre curso, e agora cabe a cada

indivíduo, homem ou mulher, capturá-las em pleno voo, usando os seus próprios recursos e

ferramentas” (BAUMAN, 2011, p. 35).

Desta forma, faz da identidade uma tarefa para toda a vida, ousando assumir riscos e

fazer escolhas em relação a si próprio, aos outros e à sociedade. Essas escolhas deslocam as

responsabilidades para o ombro dos indivíduos e a principal força motora por trás desse

processo é liquefação das estruturas e instituições sociais.

No ambiente fluído, não se consegue manter uma forma por muito tempo, nem saber o

que se espera. Com poucos pontos firmes na vida, o desprendimento constitui a luta pelo

poder e autoafirmação, pois a essência da identidade está nos relacionamentos firmes que

precisamos dela não apenas pela autoafirmação, ou autodefinição, mas aos apelos

comunitários de grupos que influenciam na identidade individual.

[...] A construção da identidade assumiu a forma de uma experimentação infindável. Os experimentos jamais terminam. Você assume uma identidade

nem momento, mas muitas outras, ainda não testadas, estão na esquina

esperando que você as escolhas. Muitas outras identidades não sonhadas ainda

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estão por ser inventadas e cobiçadas durante a sua vida. Você nunca saberá ao

certo se a identidade que agora exibe é a melhor que pode obter e a que

provavelmente lhe trará maior satisfação (BAUMAN, 2005, p. 91 e 92).

Dentro desta discussão sobre identidade, levantada por Bauman (2011), questionamos

o processo de implementação das Escolas de Referências no Estado, mirando o estímulo

financeiro e a conexão dos professores com a escola e os alunos, sabendo como este processo

resultou na construção de uma nova identidade nos professores.

Esta identidade dos professores da escola integral assumiu primeiramente uma forma

de experimentação, que foi percebida no processo do Centro Experimental, na ousadia dos

professores de assumir riscos e fazer escolhas.

“Então, a gente rompeu com muita coisa pra vim pra cá”. (Trecho da entrevista do professor

23).

Cientes das escolhas realizadas, o processo de identificação com os novos princípios

de uma escola integral passaram a acontecer. As identidades ganham livre curso e os

professores vão utilizar ferramentas próprias para se identificarem na nova tarefa. Assim, foi

possível visualizar no discurso dos professores como esta identidade resultada de um processo

da escola integral influi na autoafirmação e autoidentificação deste grupo.

“Eu não me vejo trabalhando em outro lugar. A não ser, talvez, ou outro integral ou outro

semi-integral que talvez tenha a mesma filosofia de trabalho” (Trecho da entrevista do

professor 17).

Através desta identidade construída nos professores, nos remetemos à pesquisa

realizada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (2008), onde os

sujeitos da nossa pesquisa se classificam, através de sua renda per capita, como integrantes da

“Nova Classe Média”. A classe C está compreendida abaixo das classes A e B e acima das

classes D e E e possui uma renda mensal entre R$ 1.064 (mil e sessenta e quatro reais) e R$

4.561 (quatro mil quinhentos e sessenta e um reais), o que representa cerca de 53,8% dos

brasileiros, no final de 2008.

Esta mudança é representada pelo aumento de investimentos na ascensão e consumo,

com possibilidades de aquecimento no mercado imobiliário, bens de consumo duráveis e

expectativa de vida, conforme Ricci (2011). Entretanto, esta Nova Classe Média, também é

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caracterizada por não possuir um nível de instrução elevado, é o que o Sociólogo Jessé Souza

(2011) vai denominar de “Os Batalhadores Brasileiros”. Para o sociólogo, as pessoas

percebem a oportunidade marcada pela ausência de privilégios e a aproveitam, como o capital

técnico e literário, que classificam a Classe Média.

Nesta discussão, é possível enquadrar os professores, não apenas da escola integral,

mas também do sistema regular, na Classe Média, segundo os dados divulgados pela

Faculdade Getúlio Vargas. Porém, percebemos que esta identidade construída do professor da

escola integral vai além da Nova Classe Média. Eles se conectam com o perfil de pessoas

batalhadoras, como discute o J. Souza (2011), pela jornada de trabalho, pelo desgaste físico e

emocional de estar envolvido neste processo, mas que, neste caso, é sustentado por uma base

de estudos e pesquisa que visa o aperfeiçoamento contínuo do profissional.

3.3 – O PARADOXO DA FELICIDADE

A terminologia da palavra paradoxo deriva do grego e pode ser analisada da seguinte

forma: o prefixo para quer dizer “além de” ou “fora de” é acrescida do sufixo doxa, que

significa “crença” ou “opinião”. Etimologicamente, portanto, o termo paradoxo define algo

contrário à opinião geral, ou à opinião admitida pelo senso comum. Além da etimologia, o

sentido da palavra pode ser associado a algo inesperado, denotando que a aparência

inacreditável de algo envolve um desafio filosófico.

Segundo Pessoa (2009), em seu estudo sobre a concepção de paradoxo, vários

conceitos e classificações foram atribuídos à palavra ao longo dos anos, inquirindo suas

particularidades e desencadeando novas indagações e investigações. Desta forma, “o

paradoxo soa ao ouvinte como absurdo porque foge aos princípios considerados sólidos”

(PESSOA, 2009, p.37).

Através dessa discussão, visando apresentar pressupostos abrangentes para a análise

crítica do tema em questão, faz-nos aventurar pelo caminho da relação da felicidade com a

sociedade do consumo, esboçando informações, que neste momento interligam-se,

controvertendo o paradoxo da felicidade.

A sociedade de consumo não se impôs com o seu ideal de felicidade. Aos poucos foi

se difundindo às esferas da vida social e se organizando de acordo com os princípios

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consumistas. A procura de uma vida plena e satisfatória e o mercado fazem com que essa

busca nunca possa terminar como se ilustra no trecho abaixo.

“Grandes sonhos... alguns sonhos pequenos você vai realizando não é?! Por exemplo: casa,

você vai realizando aos poucos, é só se organizar... são sonhos que aí você vai realizando aos

poucos, casa, carro, viajar, pintar, né?!” (Trecho da entrevista do professor 19).

Bauman (2009) faz uma série de questionamento a respeito de como a felicidade está

disponível por meio de atalhos que precisam passar por lojas. O estímulo ao consumo conduz

as pessoas a se imaginarem em posições mais altas e cobiçarem mais produtos, para que “o

mundo da fantasia” um dia se torne real. Entretanto, esses clientes, essas pessoas, nunca terão

o bastante, o volume suficiente, pois o gasto não leva a certeza da saciedade, onde o bastante

nunca bastará. O caminho para a felicidade passa pelas lojas e, quanto mais exclusivas, maior

a felicidade alcançada. Atingir a felicidade significa a aquisição de coisas que outras pessoas

não têm chance nem perspectivas de adquirir. Com suas palavras, Bauman afirma:

[...] Numa sociedade de compradores e numa vida de compras, estamos felizes

enquanto não perdemos a esperança de sermos felizes. Estamos seguros em

relação à infelicidade enquanto uma parte dessa esperança ainda palpita (2009,

p.24).

Para o autor, vivemos em uma era em que o esperar se torna cada vez mais difícil de

viver. Compramos presentes caros para compensar o tempo que não foi gasto com uma pessoa

querida, vamos comer fora para não perder tempo fazendo a comida. Fazemos isso, movidos

pelo desejo de compensar e redimir a culpa que impulsiona essas atitudes. Assim, podemos

observar como é forte e generalizada a crença de que há um vínculo íntimo entre a felicidade,

o volume e a qualidade do consumo: um pressuposto subjacente a todas as estratégias

medidas pelas lojas que recai nos sonhos dos professores investigados. O dinheiro é o veículo

que realizará os sonhos pessoais.

Acordando com Bauman (2009), Lipovetsky (2007) afirma que cada vez mais o

mercado estimula a viver melhor, exigindo a felicidade e ampliando a culpa dos infelizes por

não se sentirem bem. Infelizes, não por uma meta não atingida, mas por uma sequência de

mecanismos perversos que o convence de que era preciso ser feliz. Estes mecanismos podem

ser identificados diariamente através da publicidade e do marketing, que utilizam slogans para

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as mercadorias expondo que a sua felicidade pode ser encontrada naquele produto ou em

alguma ação.

Entretanto, na análise das entrevistas, verificamos que os professores que não se

declararam felizes, ou declararam-se felizes em parte, não relacionam a sua plenitude de

felicidade ao consumo, mas sim, à ausência de tempo para dedicarem-se com mais sucesso ao

preparo de aulas, sem precisar estar em um ritmo alto de sala de aula e atendimento às

demandas do sistema.

“E o que me deixa, às vezes, um pouco triste é esse trabalho muito exaustivo. Eu não estou

me eximindo do meu trabalho, mas tem horas que você precisa de um tempo para fazer um

bom trabalho”. (Trecho da entrevista do professor 11).

Como afirma Bauman (2010), na sociedade de hoje, onde as pessoas apresentam uma

renda financeira maior, não está claro que estão se tornando cada vez mais felizes. Parece que

a busca dos seres humanos pela felicidade se mostra responsável pelo seu próprio fracasso. “A

estratégia de tornar as pessoas mais felizes aumentando suas rendas aparentemente não

funcionam” (BAUMAN, 2009, p.8 e 9). A capacidade da renda ampliada em gerar felicidade

parece não estar sendo superada pela infelicidade, causada pela falta de acesso ao que o

dinheiro não pode comprar.

Uma pesquisa divulgada pela BBC Brasil (2006) mostra que, apesar do aumento da

riqueza, a população Britânica não se tornou mais feliz. A proporção de pessoas entrevistadas

que se declararam “muito felizes” caiu de 52% (em 1957) para 36% em (2006). A pesquisa

sugere que depois de alcançado um patamar em cerca de R$ 38 mil (trinta e oito mil reais), o

dinheiro não torna as pessoas mais felizes. E 48% dos entrevistados ainda declararam que os

relacionamentos são o fator mais importante para a sua felicidade.

O capitalismo de consumo prega a felicidade como presente radiante, gozo imediato

sempre renovável. Contudo, produzimos e consumimos sempre mais e não somos mais felizes

por isso. Deve-se reconhecer que o aumento do consumo, seja ele consciente ou não, não é

similar ao aumento da ideia de felicidade.

[...] O paradoxo merece ser sublinhado: eis uma sociedade em que mais de

90% dos indivíduos se declaram felizes ou muito felizes e na qual, ao mesmo tempo, as depressões e as tentativas de suicídio, as ansiedades e consumo de

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medicamentos psicotrópicos se propagam à maneira de uma torrente

inquietante (LIPOVETSKY, 2007, p. 201).

O grande paradoxo da felicidade é que a renda das pessoas aumentou, as sociedades

ocidentais estão mais ricas, mas não se tornaram mais felizes. Pesquisas revelam que o

aumento da renda e a duplicação do padrão de vida, não são proporcionais ao aumento da

felicidade, como afirma Layard (2008), e reforça: “quando as pessoas se tornam mais ricas em

comparação com outras pessoas, tornam-se mais felizes. Mas quando sociedades inteiras se

tornam mais ricas, não se tornam mais felizes” (p.49).

Uma pesquisa que compara a felicidade dos países ocidentais revela que os países

mais ricos não são mais felizes que os mais pobres. Isso não elimina a satisfação que as

pessoas sentem ao saírem de uma condição financeira menor para uma condição financeira

maior. Mas quando a renda per capita dos países ricos aumenta, ela não é proporcional ao

crescimento da felicidade.

[...] Portanto, temos no Primeiro Mundo um profundo paradoxo – uma

sociedade que busca fornecer renda cada vez maior, mas é pouco – ou nada –

mais feliz do que antes. Ao mesmo tempo, no Terceiro Mundo, onde a renda extra realmente traz felicidade extra, os níveis de renda ainda estão muito

baixos (LAYARD, 2008, p.56).

Quando se trata de renda, é preciso compreender que esta depende de dois fatores: o

que as outras pessoas recebem e o que você mesmo está acostumado a receber. “No primeiro

caso seus sentimentos são governados pela comparação social, e no segundo, pelo hábito”

(Layard, 2008, p.60). É preciso esclarecer também, que à medida que a renda aumenta, a

norma pela qual é avaliada também aumenta.

[...] Se a maioria, nas pesquisas, declara-se feliz, todo mundo, a intervalos

mais ou menos regulares, se mostra inquieto, insatisfeito com sua vida privada

ou profissional. [...] Um passo a frente um passo para trás: a alegria, a

frivolidade de viver não tem encontro marcado com o progresso. Sempre mais

satisfações materiais, sempre mais viagens, jogos, esperança de vida: contudo, isso não nos escancarou as portas da alegria de viver (LIPOVETSKY, 2007, p.

149).

Este paradoxo da felicidade corrobora com as demais respostas sobre qual seria o

maior sonho dos professores. Além das realizações alcançáveis através do dinheiro, a família

constrói o sonho e a realização dos entrevistados. A leitura que fazemos é que, hoje, para

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alguns, a família se tornou uma prioridade, tendo em vista que a estabilidade financeira já foi

alcançada.

“O meu maior sonho, hoje, é formar uma família, por isso que, assim, eu também, eu pensava

em fazer universidade, mas eu pensava em, poxa, mais cinco anos... por isso que eu não

quero fazer um curso que seja num período menor, porque eu quero formar a minha família.

Então, minha prioridade é formar uma família, minha vida pessoal, entendesse?” (Trecho da

entrevista do professor 22).

Na pesquisa divulgada pela British Broadcasting Corporation (BBC) Brasil (2006),

apenas setenta e sete entre mil e uma pessoas afirmaram que o trabalho era uma de suas

principais fontes de felicidade. Contudo, em resposta à pergunta que fizemos aos professores,

procurando entender o que os permitiam ser mais felizes, a satisfação com a vida profissional

deixou clara a contribuição do trabalho para a felicidade dos sujeitos.

“Olha, o que me deixa mais feliz é encontrar os meninos depois. Eles passam aqui três anos,

entram no primeiro ano do Ensino Médio, na primeira série do Ensino Médio e saem daqui

após a terceira série. E o que me deixa mais feliz é encontrar esses meninos aqui de novo,

depois de 4 a 5 aos eles voltam e fazem o relato da vida deles. Dizem: professor, eu estou na

faculdade”. (Trecho da entrevista do professor 22).

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Considerações Finais

Ter o objeto de estudo como a felicidade foi um desafio acadêmico. Os materiais

relacionados são encontrados com facilidade, porém são voltados para autoajuda, superação e

autoestima, que são vertentes que destoam do nosso foco. Os documentos que endossaram a

nossa pesquisa passaram por um filtro a fim de que não distanciassem da felicidade, tratada

no âmbito acadêmico.

A aproximação com a felicidade iniciada nas pesquisas desde a graduação, por sua

vez, facilitou o nosso contato com as dimensões objetivas e subjetivas, pelo qual permeia o

nosso objeto de estudo. Compreender a dinâmica de interação e separação destas dimensões

se apresentou como um novo desafio, tendo em vista que o lugar e os sujeitos dinamizam esta

conexão, na medida em que as experiências aconteciam.

O marco metodológico permeou toda a trajetória, do princípio, na aproximação com os

sujeitos e coleta de material (construção do questionário, na forma de abordagem e

transcrição), até a configuração dos discursos com as fontes teóricas. A cada entrevista, vários

discursos, inúmeros enunciados, a felicidade!

Na mira de construir o cenário discursivo e compreender os enunciados que

deparamos nos discursos dos professores, adentramos no processo histórico da instituição e

nas estâncias sociais, encontrando um arcabouço teórico rico, porém contado apenas através

das instâncias governamentais. Entretanto, mesmo com os documentos institucionais em

mãos, tratando do período do Centro Experimental como grande êxito, verificamos que os

próprios professores que passaram por toda a mudança para o período integral, iniciado em

2004, não destoam da teoria. Não são apenas documentos institucionais que relatam o período

do Centro Experimental com sucesso, mas são experiências vividas que constroem um

discurso exitoso.

Diferentemente do período do CEEGP, a Escola de Referência em Ensino Médio

Ginásio Pernambucano, não tem um arcabouço teórico que abordem a proposta pedagógica e

as experiências vivenciadas até o momento. Procuramos outros materiais que estivessem

alinhados com a recente proposta das Escolas de Referências, mas os documentos

disponibilizados nas bibliotecas das universidades, não foram encontrados pelo pesquisador e

pelos funcionários responsáveis pelos locais.

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Assim, optamos por não dedicar apenas um capítulo aos discursos ou ao referencial

teórico, mas interagir a literatura com trechos das entrevistas enriquecendo a nossa percepção

e análise das entrevistas do material teórico alcançado. Admitimos que a história dos

discussantes contribuiriam para fundamentar com mais solidez os discursos dos professores.

Entretanto, consideramos este ponto como uma abertura para uma investigação mais precisa

futuramente, tomando posse dos anexos com qualidade nas discussões.

No percurso de coleta de dados, encontramos alguns obstáculos institucionais que

atrasaram um pouco a nossa aproximação com o campo empírico. A documentação solicitada

e o tempo de liberação prorrogaram o nosso contato com os professores. Ao chegar à Escola

solicitamos a realização das entrevistas com todos os professores independente da idade,

tempo de trabalho ou qualquer outra variável. Devido ao tempo, a divisão por gênero,

disciplina, ou tempo de serviço na instituição, não foi possível neste momento, mas trazem

uma riqueza de dados que mais a frente poderá ser explorado em outra ocasião com

propriedade.

Transcrever as entrevistas foi um trabalho que requereu tempo. São vinte e nove

entrevistas realizadas com vinte e uma perguntas cada uma, que resultaram em pouco mais de

180 páginas. O tempo pareceu pouco para os enunciados encontrados, a impressão destas

entrevistas no momento de análise facilitou a visão baseada no corpo docente e não em cada

professor. Estar envolvido em todos os processos de transcrição facilitou a análise e o recorte

dos trechos das entrevistas. Entrevistar todos os professores que estiveram de acordo permitiu

analisar como o discurso do Centro Experimental se perpetua nos docentes, mesmo com os

professores que não estiveram na instituição durante o período do CEEGP.

Apresentar como referência o discurso dos professores caracteriza este trabalho que

proporcionou voz aos que estão diretamente envolvidos nos processo educacional. Não se

trata apenas de papéis ou documentos hoje impressos, mas de vidas que precisam ser ouvidas,

pontos de vista que sentem diariamente, moldam caráter e fazem a educação tão discutida.

A quantidade de entrevistas e transcrições a serem realizadas construiu um arcabouço

teórico importante e com várias possibilidades de exploração acadêmica. Para tecer os

argumentos da nossa problemática fizemos o uso da Análise do Discurso que nos permitiu

olhar para as entrevistas semiestruturadas com criticidade. Analisar os discursos através de

teóricos como Michel Foucault e Deleuze, fomentou as dimensões objetivas e subjetivas desta

pesquisa.

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Durante o processo de construção da dissertação, fomos questionados algumas vezes

por não definir o que entendemos por felicidade. Mas, orientados pela banca de qualificação e

tendo em vista a quantidade de conceitos sobre felicidade encontrados nos discursos dos

professores, preferimos não ousar a fim de não influir a ponto de classificar se os professores

eram ou não felizes, segundo o nosso entendimento. Destarte, compreendemos que os mesmo

já possuem esta compreensão se são ou não felizes e em quais os momentos se consideram ou

não felizes.

Não temos dúvidas que o ambiente de trabalho é um fator de grande importância na

felicidade dos docentes pesquisados. Considerando o tempo e a dedicação de cada um, é

possível compreender que não se tratam de professores que estão apenas preocupados com a

ministração da aula e cumprimento de horários, mas que se envolvem e se esforçam para fazer

o melhor que podem, mesmo com o pouco tempo que hoje dispõem, fato que os deixam

desmotivados por saberem que não têm tempo para se prepararem melhor.

Encontrar a felicidade no discurso dos professores, não significou entender que todos

são felizes, mas que a busca pela felicidade é constante, apresentando-se como uma

regularidade discursiva. Há sempre uma nova perspectiva de felicidade, e essa dinâmica se

movimenta a cada experiência de vida.

Na perspectiva de verificar a nossa hipótese, nos aproximamos dos referenciais

teóricos que discutiam o consumo e suas vertentes. Neste universo foi possível analisar que

mesmo com um salário e gratificação diferenciados, os sonhos e desejos, estão intimamente

ligados ao dinheiro. Não se trata apenas de ter uma grande quantia de dinheiro disponível,

mas de realizar vontades, satisfazer-se através do capital. Não podemos deixar de considerar

também a força que os familiares e amigos próximos exercessem em cada indivíduo. Os

relacionamentos surgem como a base de tudo o que os bens materiais não possam alcançar e

com grande exercendo forte influência no conceito de felicidade.

O alunado é o principal fator motivacional dos professores do Ginásio Pernambucano.

A burocracia, cobranças e a falta de tempo não encobrem a felicidade que os professores

sentem quando os alunos respondem aos seus estímulos. Mais do que salários, segundo os

professores são as pessoas fazem a grande diferença na felicidade, elemento que nos

surpreendeu.

Com este trabalho pretendemos contribuir para o âmbito acadêmico científico,

permitindo com que os enunciados dos professores ressoem nas instâncias formais da

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educação. Por este motivo, voltamos ao Ginásio Pernambucano, aos sujeitos de nossa

pesquisa como forma de aproximar a nossa investigação a prática. Não se trata apenas de um

trabalho de dois anos, se trata da felicidade de vidas.

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1ª 2ª 3ª

LE

I F

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9394/9

6

PA

RE

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º 15/9

8 C

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/CN

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º 03/9

8 C

EB

/CN

E

BA

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CIO

NA

L C

OM

UM

LINGUAGENS,

CÓDIGOS E SUAS

TECNOLOGIAS

Língua Portuguesa 6 6 6 720

Educação Física 2 2 2 240

Artes 2 1 1 160

CIÊNCIAS DA

NATUREZA,

MATEMÁTICA E

SUAS

TECNOLOGIAS

Matemática 6 5 6 640

Química 3 3 4 400

Física 3 3 4 400

Biologia 3 3 4 400

CIÊNCIAS

HUMANAS E SUAS

TECNOLOGIAS

História 2 2 3 280

Geografia 2 2 3 280

Filosofia 1 1 1 120

Sociologia 1 1 1 120

TOTAL DA BASE NACIONAL COMUM 31 29 35 3840

PA

RT

E

DIV

ER

SI

FIC

AD

A

LINGUAGENS,

CÓDIGOS,

CIÊNCIAS DA

Língua Estrangeira- Inglês* 2 2 2* 240

1 1 - 80*

ANEXO I

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NATUREZA,

MATEMÁTICA,

CIÊNCIAS

HUMANAS E SUAS

TECNOLOGIAS.

Língua Estrangeira –

Espanhol*

1 1 2* 80*

Projeto de

Empreendedorismo

2 2 1 200

Eletivas** 2** 2** - 160

AT

IVID

AD

ES

CO

MP

LE

ME

NT

AR

ES

Práticas de Ciências 2 2 - 160

Estudo Supervisionado 2 2 1 200

Preparação acadêmica - 2 4 240

Projetos de Formação*** 2*** 2*** - 240

Atividade de Pesquisa

/Estudo

2 2 2 240

TOTAL DA PARTE DIVERSIFICADA 14 16 10 1560

TOTAL GERAL DA CARGA HORÁRIA 45 45 45 5.400

ANEXO I

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

CARTA DE CESSÃO

Eu,____________________________________________________________________

______________________________________________________________________,

RG nº. ______________________________, autorizo a aluna Isis Tavares da Silva RG

nº 6966.237 – SDS/PE a utilizar o texto transcrito da entrevista que a ela concedi, no dia

_____/_____/__________ bem como partes deste texto ou quaisquer dados nele

contidos, para finalidades acadêmico-científicas.

OBSERVAÇÕES:_______________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

_____________________, ______/______/_______

_________________________________________________

Entrevistado (a).

ANEXO II

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ANEXO III

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ENTREVISTA 01

1. Nome

-X-

2. Idade

52 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Há 19 anos

4. Há quanto tempo é formado?

Há uns 26 anos

5. Uma média da sua renda mensal?

R$ 3.500,00

6. Qual a sua carga horária?

200 horas/ aulas

7. Porque escolheu ser professor?

E acho que a profissão foi quem me escolheu. E de repente eu vi que eu tava numa

área que eu me identificava muito bem, mas não fui eu quem escolhi, foi a

profissão que me escolheu.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Não, faria igual!

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Seis anos.

10. Como começou trabalhar aqui?

Um convite, eu recebi um convite que essa escola era diferente né?! Tinha um

período integral, de 7:30 até as 17h e tinha uma proposta diferente, a realidade que

eu tinha no momento da escola regular. Então eu quis ver o que era diferente.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto!

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

O que me motiva é... os colegas que a gente se dá muito bem, tem um bom

relacionamento E o aluno é um pouquinho diferente da escola de periferia.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

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É... alguns alunos que vem pra cá e não percebe que a proposta é diferente, a

proposta de querer ajudar, de quere ta... eles estão tendo a oportunidade que outros

não vão ter. É isso que me desmotiva né. Porque eles têm todas as facilitações, mas

eles não enxergam que isso é um bom pra eles, é um benéfico. Então eles agem

como se aqui, o que foi oferecido a eles, eles não aproveitam.

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Em “n” motivos, um dos motivos é o acréscimo no salário, você precisa, o que você

tem num salário de uma escola regular, você necessita de mais, um valor pra poder

cobrir. Então o integral ele tem a diferença de valor. E o outro é a própria

experiência no meu caso, é o algo diferente que faltava na minha vida, naquele

momento e tava precisando ver a educação, a sala de aula diferente. E realmente

encontrei um pouco diferente do que eu via.

15. O que te motiva no programa?

É a grade de horário, os alunos, o canto é maior. Agora o ser do integral é que ele

prende muito você, deixa você um pouco, desobrigado de você mesmo. As

obrigações pessoais, você tem que deixar a parte. Ele lhe exige mais e de certa

forma você fica preso, vamos dizer assim, ao horário, ao expediente.

16. O que te desmotiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

17. Você se sente feliz? Por quê?

Me sinto bem, Feliz é... a felicidade a gene ta sempre em busca dela, feliz não

estou, eu estou contente, a felicidade a gente está em busca.

18. O que te deixa mais feliz?

A família...

19. Pra você, o que é felicidade?

(pergunta respondida anteriormente)

20. Qual o seu maior sonho?

Acho que meu maior sonho eu já realizei. Era ter um emprego que eu pudesse me

sustentar e sustentar minha família.

21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de

trabalho?

Não... não. Afastado não, durante esses anos nunca precisei ser afastado não, daqui

pra frente, não sei.... com a idade.... (risos)

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ENTREVISTA 02

1. Nome

- X-

2. Idade

44 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Há 19 anos

4. Há quanto tempo é formado?

Há 19 anos

5. Uma média da sua renda mensal?

Juntado aqui e o outro vínculo empregatício que eu tenho, dá uma média e R$

5.000,00

6. Qual a sua carga horária?

2 vínculos, o total de carga horária seria e 400 horas/aula.

7. Porque escolheu ser professor?

Na realidade, na realidade foi um acidente de percurso. Eu digo que foi um acidente

de percurso, porque na realidade quando em vim, eu sou do interior, e quando eu

vim estudar aqui, eu vim na possibilidade é... buscar a área de engenharia, eu vim

na perspectiva que desde garotinho que eu achava que daria para essa questão de

engenharia. Eu sempre gostei da parte de engenharia. Meus desenhos inclusive de

artes, eram casa, eu gostava de desenhar casa. Aí quando a professora me fez uma

crítica dizendo que eu só desenhava casa, aí eu mudei um pouquinho e passei a

desenhar uma em cima da outra. Aí eu acho que tinha tendência porque tinha

facilidade em matemática, tinha uma facilidade na área de biologia, né, que eram as

ciências. Isso foi bem antes da oitava, na oitava série eu entrei em contato muito

superficialmente com física e química, mais com física do que com química. E aí

essa tendência continuou, eu me desloquei do interior para vir pra capital, pra fazer

o ensino médio, e continuei gostando dessa área, me saia muito bem na área de

ciências da natureza, prestei vestibular, foi o último vestibular unificado. O curso

que eu queria na realidade não tinha no estado de Pernambuco, é, só existia em dois

locas no Brasil que foi, era pra ser Engenharia Eletrônica, era o que eu ia fazer

inicialmente, então Engenharia Eletrônica, só tinha inicialmente, tinha em João

Pessoa na Paraíba e em ao José dos Campos, onde esta a EMBRAE, em São Paulo.

Não tinha em outros locais e eu não tinha como estudar em João Pessoa, eu não tina

condições financeiras de estudar lá, e foi o último vestibular unificado que teve que

era a universidade Católica e as Federais juntas, que era o SESEP, um negócio

assim, e aí você, como eram várias juntas, você colocava as opções do grupo. Como

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não tinha Engenhara Eletrônica e tudo mais, eu botei Engenhara Agronômica,

Engenhara Agronômica, que era uma coisa que me ligava ao interior do estado,

aquele negócio todo. Aí eu botei Engenhara Agronômica, mas aí nas opções, entre

as opções eu botei, Engenhara Agronômica, aí depois, química licenciatura,

Engenhara Química tal. Nessa época eu não tinha noção, que pra entrar em

engenharia química, a média de licenciatura, era menos do que a que precisava para

engenhara. Eu sai botando de forma aleatória, porque eu estudei na escola pública e

a gente não tinha essas informações de: “olha o aluno entrou com tal nota, com

tantos pontos”, eu sai botando o que eu achava na preferência. Eu disse, não eu

gosto, como eu vim do interior eu gosto de engenharia, agronomia, na Rural. Aí na

Federal eu disse, não eu não gosto de nenhum da Federal, aí eu disse: “Eita tem

química, química eu sempre gostei mito de química, eu vou botar química” aí eu

botei, licenciatura em química. Aí na católica tinha engenharia química, química

industrial e eu sai botando, aí cada na federal tinha química bacharelado, a única

coisa que eu não queira era bacharelado, porque o pessoal disse não, bacharelado é

pra quem vai ser pesquisador, num sei o que. Aí eu disse não, vou deixar

bacharelado lá pro final. Aí eu sai botando: agronomia, química licenciatura, aí sai

botando as engenharias, as engenharias que eu podia botar no grupo que você tinha,

botar quatro ou cinco diferentes, porque podia juntar, tatás numa, tanta na outra. Os

grupos eram maiores, os grupos agora são bem menorzinho, deixa você no máximo

e olhe lá (gesticulou um lugar apertado). E não, botava vários e fui é... no resultado

do vestibular, fui classificado para entrar em química, em licenciatura em química.

E aí comecei a fazer o curso em licenciatura em química. Gostei muito o curso, no

final do primeiro ano eu fui convidado para mudar para engenharia, e não quis

mudar. Aí continuei a fazer o curso, aí o grande vírus desse negócio acontece

quando você vai para a sala de aula pela primeira vez. Esse é o grande problema!

Aí na época de lá para o quinto ou sexto período, eu vim e fui estagiar, e fui fazer

estágio, a Secretaria de Educação estava, abriu o período para estágio, muito

rapidamente assim, tal. Aí eu fui fazer estágio, era pra fazer o estágio e me

acompanhar a professora e aquele negócio, entreguei a documentação na GRE e fui

pra escola, quando eu cheguei na escola, eu não seria o estagiário, eu seria o

professor. Tinha uma professora lá, mas ela tava dando cobertura as outras turmas.

Ela tinha as suas turmas e tinha uma série de turma lá na escola que não tinha

professor, e aí a escola, pra onde a escola que eu fui na realidade foi a escola que eu

estudei, aí eu fui que foi uma das escolas que eu estudei, que foi Almirante Soares

Dutra. Aí eu fui pra lá, como eu era pra ser estagiário da professora, terminei

virando professor de várias turmas, aí o vírus pegou. Aí gostei da coisa e continuei.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Eu não sei se faria diferente, é muito difícil esse negócio de voltar no tempo e fazer

diferente. Talvez eu tivesse algumas outras opção diferentes, não em relação a

licenciatura, porque por exemplo a oportunidade de mudar para engenharia se fosse

depois de um certo tempo, eu teria mudado na época. Inclusive foram quatro alunos

do grupo, não só... só dois... não três alunos tinham sido convidados. Do curso de

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licenciatura, só três alunos tinham sido convidados, não só do curso de licenciatura,

mas era eu de licenciatura e dois do curso de química industrial. Foram convidados

para mudar para engenharia, que era o filé mignon do curso. Os alunos inclusive

entravam, bota isso como outras opções, para se der certo, mudar pra engenharia

quando chegasse na universidade. Daí foram três pessoas convidadas, dois

aceitaram, eu não aceitei. Aí o coordenador veio e disse: “não vai aceitar não” “ não

quero não, tou bem tou fazendo o curso, tou gostando do curso, as das cadeiras que

eram quase as mesmas” “você vai pagar as mesmas cadeiras, quando chegar mais

pra frente, é que vai mudar um pouquinho”, eu disse: “não quero não, eu ia fazer

agronomia, entrei em química, estou gostando do curso de licenciatura. Então eu

vou ficar fazendo licenciatura e quando chegar lá no final, eu vou e boto as cadeiras

de engenharias, pago as cadeiras de engenharia” Aí ele disse: “ pense direitinho

veja com outras pessoas e tudo mais” Aí ele falou com outros professores que eram

professores dos dois pra falar comigo. “Porque que ele não muda rapaz, ele tem

umas notas muito boas num sei o que”. Aí vieram falar comigo, aí me chamou de

novo só ele sozinho e tal e diziam: “rapaz o curso e muito bom e num sei o que”

“não eu já tou em licenciatura mesmo” “mas o mercado de trabalho esta melhor

para engenharia” aí eu fiz: “não eu não sei nem se eu vou trabalhar nisso e tal”.

Fiquei e pronto. Agora eu fiz até o final do curso, e antes de terminar o curso eu fiz

outra coisa e não terminei porque, por uma questão de sobrevivência. Quando eu

cheguei na metade do curso eu fiz vestibular novamente pra... já era separado e fiz

pra direito na Federal e passei. Eu fiz dois anos e meio. Não pude fazer, concluir o

curso mais pra frente porque eu terminei química, um pouquinho depois de

terminar eu me casei e aí tem que sobreviver né. Tem que assumir outras coisas,

apareceu a oportunidade em trabalhar em química numa escola particular e eu fui

trabalhar na escola particular. Eu me formei, fui terminando a formatura eu

trabalhava em outra coisa eu era assessor parlamentar e eu trabalhava aí na câmara

dos deputados, aí eu trabalhava no gabinete do deputado. Aí depois enveredei com

esse negócio de química, e aí tava fazendo mais ou menos as duas coisas paralelas.

Aí ensinar era o hob, eu tinha pouquíssimas aulas e tal. Assim, eu terminei abriu a

oportunidade pra eu trabalhar numa escola particular, só que pra isso eu teria que

deixar a... a história da assembléia. Eu era uma coisa pra mim que na época eu

consegui, mas porque eu era estudante vindo do interior, pra o pessoal m ajudar. E

eu gostava mas se eu ficasse lá, como assessor parlamentar ia ficar o tempo todo ali

na vida. Sabe de uma coisa, eu vou sair, vou falar com o deputado se tem alguma

perspectiva de crescer, se não tiver... aí eu falei aí ele: “num tem não, mais ou

menos todo mundo ficar nisso aí mesmo, cada um nos seus lugares, não existe

nenhuma perspectiva de mudança” Aí eu disse tah bom eu vou ficar aqui um tempo

mas eu não vou demorar porque eu não vou ficar numa função de ensino médio

tendo terminado a educação superior, aí eu disse não, eu fiz educação superior pra

que? Aí eu disse não eu vou coisar, vou sair, a proposta de trabalho na escola

particular, a proposta inicial não era pra agora, era pra quando virasse o ano e ia

ganhar mais ou menos a mesma coisa ia trabalhar, eu achava que eu dava 8h de

expediente na assembleia, eu ia trabalhar metade disso e ia ganhar praticamente a

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mesma coisa, então...esse negócio deve ser bom. Eu já tinha tido a experiência

superior de ter substituído a professora, era só estágio, e foi regência mesmo e aí foi

onde o vírus bateu mesmo. Aí segui a carreira de professor, e nem procurei outras

coisas, nesse meio termo não procurei outras coisas não.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Desde quando começou o modelo, em 2000 e..... em 2003 teve a capacitação, em

2004 foi quando começou com os alunos.

Aí chegou aqui através do currículo?

É! Começamos por currículo. E fiz, porque a seleção inicial daqui, você ia se

inscrever, ia fazer prova e tal, mas como você já é.. já tinha feito um concurso

público, já tinha feito um concurso público, ser chamado e aquele negócio todo,

mas não havia ter sentido ter um concurso dentro da própria rede. Aí isso foi

proibido de ser feito e se fosse para assumir teria que ser... ai a seleção foi por

análise currículo, análise de currículo, depois uma entrevista.

10. Como começou trabalhar aqui?

(pergunta respondida anteriormente)

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Eu gosto de trabalhar aqui, eu acho o seguinte, a gente com.. quando eu entrei na

rede eu sempre gostei de ensinar, eu acho que é... um... virou um vício, por isso que

eu digo que virou um vício mesmo. Porque eu me sinto muito bem quando eu estou

na sala de aula ensinando, eu acho ótimo, e tinha verdadeira ojeriza da parte

burocrática da coisa, de preencher caderneta, ainda hoje eu ainda tenho um

pouquinho, de preencher caderneta, daquele negócio todo... alguns tipos de reunião,

algumas discussões que não levam a nada, é excesso de pedagogismo em muitas

coisas eu acho que não funciona não. Mas aí eu sempre gostei de ensinar, na sala de

aula eu me sinto muito bem. E de aquele negócio, e também dei um pouco assim, as

minhas experiências iniciais foram boas. Ou seja, quando eu fui pra sub-regências,

que não era, mas terminou em regência, eu fui pra uma escola que era

profissionalizante, então os alunos sabiam o que queriam. Então eu entrei, uma

turma era de.... minhas duas principais turmas eram de patologia clínica, então o

pessoal queria se formar em patologia, pra fazer, trabalhar em laboratório, esse

negócio todo e tal. Peguei duas que não eram trabalhosas, as turmas de Ensino

Médio é menos trabalhosa que outras turmas. E... ai peguei instituto

profissionalizante, porque o Almirante Soares Dutra, era instituto

profissionalizante. As minhas turmas eram de ensino profissionalizante, era

patologia clínica, algumas turmas de secretariado, que era uma carga horária muito

pequenininha. Contabilidade que eu tinha feito auxiliar de contabilidade lá no

Soares Dutra, eu estudei lá. Aí tão, quando eu cheguei já lá encontrei inclusive

vários professores meus né. Que eram, foram meus professores, que foram bons

professore, professores de português, o esposo dela e outras pessoas, aí... e me

deram, lá eu tive apoio e não me deram turma trabalhosa, aí isso pesou um pouco a

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favor de eu continuar ensinando e quando eu assumi, aí eu fui trabalhar em escola

particular. Na escola particular eu peguei turmas, das minhas turmas todas eu

peguei só uma trabalhosa, as outras que eu tinha na escola particular, não eram

trabalhosas, eram boas turmas. Eu não sei se é porque no começo a sua idade não

está tão diferente da dos alunos aquele negócio todo. Eu sei que... mas as turmas

não eram trabalhosas mesmo. A escola nem existe hoje mais, que eram no colégio

Boa Vista ali na Conde da Boa Vista. Era no colégio Boa Vista é... uma

substituição que eu fiz na época, no colégio 2001 e é... como é o nome da outra

escola? Eu comecei o Boa Vista, assim, depois que me formei fui para o boa vista.

Aí do Boa Vista o professor que dava aula, o outro professor do Boa Vista dava

aula também no 2001. Um dos professores do 2001, teve um problema de doença,

alguma coisa assim que ele não podia ficar com as duas turmas, aí

temporariamente, temporariamente me chamaram para trabalhar com as duas

turmas. Uma das turmas era a única das minhas turmas daquele ano, tinha uma

trabalhosa. Mas não eram assim, eram trabalhosas, mas não eram essas coisas todas

não. E Colégio Carneio Leão! Carneio Leão, o coordenador do 2001, era

coordenador do colégio Carneiro Leão. E eu fui trabalhar no Carneio Leão. Porque

aí eu trabalhava a noite no Carneio Leão. E a turma de a noite é a turma de adulto,

geralmente a faixa etária, é a turma que vem do trabalho e tal. Quando você começa

a tirar brincadeira você falava e tal, e quando não atendia os próprios alunos,

também... botavam apoio, enquadravam a pessoa, então não tinha problema em

geral. E lá, peguei uma turma profissionalizante, uma turma de enfermagem e outra

turma era de ensino médio mesmo, normal! Era tudo tranquilo. E aí começou né,

entre o trabalho da Assembleia e começar lá, eu fiquei um período sem trabalhar.

Assim, poucos meses. Porque aí quando eu disse que ia sair, “olhe eu vou sair num

sei o que”, “não que bom que você vai sair, quando você vai sair” “não vou ficar

alguns meses e tal, mas se você quiser que eu saia agora” “não terminado o mês

você saia”. Aí eu sai, fiquei uns dois meses sem trabalhar e aí comecei no Boa

Vista, do Boa vista vim para o 2001, terminando a substituição do 2001, já

encaixou a outra escola e depois foi encaixando as coisas, cursinho, pré-vestibular

esse negócio todo aí... isoladas...

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

Acho o seguinte, quando eu vim pra cá, eu vim atraído por duas coisas. Uma

principalmente, que era o salário, o atrativo inicial era o salário. Ou seja, você tá,

sem trabalhar e você achar que vai receber um valor... num sei se era justo mas era

mais justo do que é hoje. Muito mais justo do que hoje, porque a gente tinha um...

recebia o salário do Estado, do jeito que eu estava recebendo, tudo bem, aumentou

minha carga, não minha carga horária de trabalho, aumentou meu número de horas

na escola só, ou seja, eu teria... eu passaria numa escola normal daria as minhas

aulas, metades das minhas horas atividades é na escola a outra metade na

residência, aqui não. As suas aulas atividades todas seriam na escola. Mas em

compensação você teria uma gratificação, na época, basicamente correspondente ao

dobro do seu salário. Ou seja, você ia ter... se o meu salário fosse R$ 500,00, a

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minha gratificação além desses meus R$ 500,00, que eu já estaria recebendo eu

receberia mais R$ 1.000,00 em cima dele. Então o que me atraiu inicialmente pra

vim pra cá, pra botar o currículo e tudo mais, foi a perspectiva de receber um bom

salário, inicialmente, porque não tinha conhecimento de como seria imposto. Eu

fiquei na... quando na inscrição eu vi... reconheci algumas pessoas que estavam

fazendo a inscrição, oi que eu vi, que tinha o pessoal da universidade eu tinha

terminado a pouco tempo, que tinha feito especialização, tava com uma ano e

pouco e tinha terminado especialização. E quando eu cheguei aqui, quem estava no

processo de inscrição, tinha sido professor da especialização. Aí eu digo, ei então a

coisa aqui eu acho que vai ser... tinha lá, tinha visto o programa, não mas pode ser

fantasia isso daqui, divulgam uma coisa... porque muitas vezes o governo divulga

uma coisa e quando você vai olhar na prática é outra. E quando eu cheguei aqui que

vi, reconheci o professor da universidade, aí eu cumprimentei e... na conversa,

como ela tinha sido minha professora da universidade, comentou “ah que bom que

você esta vindo se inscrever e tal, você tem um currículo bom rapaz, já vieram

outros alunos aqui, outros ex-alunos que num sei o que estavam passando”, tinham

feito cursos, especialização, mestrado, tinha gente que tinha terminado o doutorado,

“aí que bom que você está colocando o currículo, eu estou vendo que esta

aparecendo gente realmente qualificadas na rede tem gente realmente boas. Vai ser

uma coisa boa, vai ser uma cosa boa aqui a gente esta pensando de forma

estruturada”. Então eu acho que até vim fazer a inscrição, eu vim atraído, pela, pelo

valor da remuneração. Quando eu cheguei aqui, que entreguei o currículo que ela

falou, eu disse eita, eu acho que pelo menos de início esta sendo diferente. Não é

apenas o Estado, mas a universidade também está... entrando junto. Porque, porque

a gente participava de algumas capacitações do Estado que a gente chama de

capacitação, que na realidade é um encontro pra discutir nada que leva a lugar

nenhum. E a gente da área de ciências tinha participado de uma coisa que começou

nos anos 90, com as capacitações, feito principalmente pelo pessoal vida, que foi o

pessoal do português, mas da área de física, e que isso começou a ser feito também,

foi a época que o espaço ciência começou a se desenvolver. E o Espaço Ciências

juntou com a Universidade e com o Estado e começou a ter capacitações,

diferenciada mesmo. Você passava a semana na capacitação, para dar disciplinas de

conteúdo de práticas, à parte experimental que química, os professores de química,

ai tinha a parte experimental. E a ideia era investir no pessoal que estava no Estado,

implantar Centro de Referência e tal, naquelas escolas aquele negócio todo. A gente

tinha naquela capacitação, mas a coisa emperrava, quando chegava no público, a

coisa emperrava. E... no governo de Fernando Henrique, teve um projeto chamado

é... um incentivo pra área de ciências, de capacitações “Pró-ciência”, que foi um

incentivo pra química, física matemática, biologia, e dentro desse negócio do pó-

ciência, foi no pró-ciência que parte desse pessoal que estava aqui, no pró-ciência

ele também estavam. Então era um grupo que eles... Centro de Referência eles

estavam e tal... então era um grupo da área de química, licenciatura, da área de

rural. Uma área de formação de professor da federal, veio o pessoal da UPE, que já

tinham de certa forma é... sempre foram professores por dentro desse lado,

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capacitação, pró-ciência, pró num sei que. Aí eu disse “eita esse pessoal esta aí,

então, eu acho que a coisa vai andar”. E quando saiu o resultado da seleção, que aí

foi os primeiros selecionados, que aí todo mundo teve a primeira reunião, que foi

dito que todo mundo ia participar de uma capacitação e que essa capacitação, iria

durar... é... iria começar no final e setembro, ia até dezembro, todos os dias à tarde.

Ou seja, a escola não tinha formado ainda, não estava com aluno, não estava com

nada, mas eles queriam passar pra gente, como era essa nova escola e tal... ai eu

disse “eita a coisa... acho que a coisa aqui vai ser sério mesmo, vão apresentar que

tinham um parceiro, que tinham um grupo de empresários que também estava

interessado que essa coisa funcionasse, porque eles já tinham reformado o prédio,

tudo e um sei o que... aí foi que depois dessa apresentação, já disseram outras

coisas, e fez um... apresentou o que ia ter e quem tivesse interessado em continuar,

se manifestava lá e disse que iriam solicitar ao Estado, já estava certo com o

Estado, serem liberados metade de sua carga horária para ser cumprido aqui, em

formação durantes esses meses, começou em setembro, outubro e novembro, esses

quatro meses, seriam liberados 50% da carga horária”, quatro meses de capacitação,

50% da carga horária... então eles estão pensando muito... parece ser bem séria, eu

não sabia o grau de seriedade, mas pela capacitação do grau que ia ter, sem ter

aluno sem ter nada, então eu achava que a formação vai ser uma coisa boa. E aí, e

realmente foi uma coisa muito boa, a parte de dinheiro conta, continua contando,

mas o que a gente teve aqui, principalmente no início, agora um pouco menos, mas

continua tendo é possibilidade de fazer o que você aprendeu. Ou seja, você não

participa de uma capacitação e não tem a possibilidade de colocar em prática, que é

o que muitas vezes acontece no estado, que é o defeito que o Estado tem, que vem

ao longo do tempo se modificando um pouco mais. Porque muitas vezes oferece

uma capacitação, faz uma capacitação com o professorado, principalmente na área

de ciências que tem essa parte experimental, faz uma capacitação na parte

experimental, e tal, você olha para os materiais, utiliza e num sei o que, veja as

experiências e acham que algumas delas podem ser aplicadas aos seus alunos.

Quando chega na escola, a escola não tem nada desses equipamentos, não tem

espaço não tem nada, você vai pra onde? E essas escolas não, você chega e foi

interessante, porque o grupo de ciências ficou um mês a mais, que era justamente

para preparar todo o material, de laboratório, o funcionamento. Conhecer o

laboratório, conhecer e aplicar. Estabelecer as práticas e que práticas iriam ser

feitas. E quando o aluno chegou aqui, recebeu logo a parte experimental, recebeu

um caderninho com as experiências que ele ia fazer o ano todo. O que falta

atualmente é aquele negócio, quando começou a proposta, era de uma carga horária

próxima a carga horária dos professores da universidade. Ou seja, era... embora não

tenha sido dito isso, na implantação ficou mais ou menos batendo nisso. Que era

50% da aula de regência, os outros 50% era pra você planejar, dar conta das

atividades que você ia implantar na regência, fazer elaboração de aula, correção de

exercícios, o eu fosse o que tivesse, as reuniões coletivas, então tudo isso estava

dentro. A explicação que deram pra gente quando isso começou a modificar-se um

pouco, é que comparado com a escola regular, o custo aluno era bem maior. Porque

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as três refeições mais o valor da bolsa que o professor recebia, o material didático,

davam o trato que você tinha, mas o custo para o aluno aqui no início, para o aluno

no primeiro ano era quase seis vezes, era cinco vezes maior que o aluno em uma

escola regular. Esse é um custo que para o estado assumir é muito ruim, muito

difícil, então esse custo tem que ser diminuído. Ah como é que diminui esse custo?

Então o que teve que acontecer é, em vez de dobrar o número de professores,

dobrou o número de alunos, não dobra o número de professores. Ampliou-se o

número de professores, mas não ampliou na mesma proporção que ampliou o

número de alunos, ou seja, com a quantidade de professores para atender primeiro e

segundo ano, no primeiro ano digamos que tivéssemos 10 professores. Para atender

1º e 2º, ou seja precisa do dobro de professor, só que passou a ter 15, num foi pra

20. Isso já baixou, já baixava o custo aluno, e na fase de implantação o custo é

maior, com o passar do tempo parte desse custo vai sendo diluído né. Porque no

começo você tem compra de material, DVD, TV, uma série de coisas que era tudo

de implantação, um negócio que começou do zero, então, foi calculado o custo

mesmo, se não, tinha o que, DVD, TV e tal... e pegava e dividia o custo aluno e

dava esse valor, quase cinco, quase seis vezes maior. No segundo ano esse custo já

caiu muito drasticamente porque não precisava mais de televisão, DVD, já estava

ali. Então é.. aí o custo diminui bastante ficou em torno de 4. Quando implantou o

terceiro ano, aumentou a quantidade de professores, ficou com o quadro estável de

lá pra cá. Aumentou, o que aumentou foi carga horária do professor, aí, o professor

aqui, a gente tem a mesma carga horária que eu teria em uma escola normal, com a

diferença que eu fico aqui os dois... e toda a minha aula atividade é aqui. E isso teve

que abrir mão de algumas outras coisas que a gente tinha como reunião de

planejamento coletivo, reunião da disciplina, da área, e reunião com os professores.

Então isso tinha um custo, para eu manter esse custo com essa mesma formação eu

tinha um número maior de professores. Isso representava um custo, então, isso foi...

o custo foi sendo diminuído, de uma, dessa forma. A outra, porque aquele

investimento inicial é diluído durante os anos, né. Então teve uma série de

investimentos que não precisou ser feito todos os anos, a mesma coisa de

investimento de material. Ai o custo hoje é muito... eu acho que é dois pra um, uma

coisa dessa. É como se você pegasse e considerasse o aluno da manhã, diferente do

aluno da tarde e ai o custo é esse. E outras coisas ajudaram nessa diminuição do

custo, é... no começo aqui o ensino médio não tinha direito a lanche, aí depois do

segundo anos que a gente implantou o ensino médio, regular, teve direito a ter

merenda, aquele lanchezinho do intervalo, que só tinha em escola fundamental, aí o

ensino médio começou a ter. Isso pra gente era um custo a mais porque como a

escola regular não tinha lanche e nós tínhamos o lanche, o preço do lanche cai no

nosso custo. E como a escola regular passou a ter lanche, então o lanche pra nós,

não passou a ser um custo extra. Ficou o mesmo! Essas coisas foram se amenizando

até que ficou um... é mais ou menos equilibrado também. Agora isso perdeu a

qualidade em algumas coisas, claro. Teve que abrir, mão de coisas que poderia ta

numa maior qualidade, teve que abrir mão mais da qualidade pra a possibilidade de

universalização. Que eram o projeto que tinham desde o início, só que queriam

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fazer isso de forma planejada, ou seja, uma escola não se tornava integral se ela não

tivesse, é como se fosse o princípio do programa. Uma escola não era integral se ela

não pudesse oferecer tudo que eles tinham de parte física, a parte física tem que tá,

ou seja, tem que tá com as televisões, com os laboratórios, as salas de aula já, no

mínimo que pudesse atender, poderia até sofrer ampliação depois, então, começa

com tantas turmas e vai ampliando e a medida que vai ampliando, vai construindo

tantas salas, mas começava já com o laboratório e essas questões que o estado deixa

para fazer depois. Passa a forma em si e depois aos poucos vai oferecendo... quando

oferece as outras condições materiais né. Fechando as condições objetivas de

trabalho.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

(pergunta respondida anteriormente)

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Ahh, o inicial foi esse mesmo, Salário! O salário inicial e depois continuar com..

você termina incorporando uma coisa que é gratificação no seu orçamento. Isso esta

incorporado ao orçamento, e ainda tem a possibilidade de você ir fazendo o

trabalho. Evidentemente que como você esta no processo há algum tempo e viu as

diferentes realidades do processo. Você ver que algumas coisas bem sucedidas não

foram bem aproveitadas. E... foram deixadas de lado, pra atender essa questão da

universalização. Que é importante né, aquele negócio e tudo mais, mas poderia ter

feito essa universalização, mantendo-se a qualidade. Porque é o seguinte, se

preocupou muito em trazer as escolas que estão agora pra cima, que esqueceram

daquelas que já estavam aqui (fez um sinal de superior) que não podia, teriam que

manter. Ou seja, se você esta num patamar, é aquele negócio, se você esta em uma

média dois, para subir essa média, dobrar essa média, ou subir ela... é muito mais

fácil cair do que você que já esta em cinco e seis, continuar subindo. Porque aí você

não pode, e isso é o grande problema do estado, é tratar coisas iguais e coisas

completamente desiguais e botar na balança. Aí isso que foi, não houve uma

preocupação de trazer em termos materiais as outras escolas pra cá, e deixar que

essa continuasse aqui. Então, o que foi: força essa (a que esta no topo) a perder

planejamento e tudo mais, porque baixa o custo dessa, e trás as outras muito

lentamente pra chegar aqui. Aí é complicado, mas eu acho que aqui continua a

escola onde existe a possibilidade de você trabalhar, evidentemente que a carga de

trabalho é maior, é maior que foi no início ou mesmo quando o projeto se tornou

equilibrado, com a carga horária idêntica a do Estado. E de vez em quando tem a

carga horária um pouco maior e isso prejudica a questão do planejamento. Porque

aquele negócio só o fato de... “não, mas você só ensina a primeiro, segundo e

terceiro ano” “química é o mesmo conteúdo” sim, é o mesmo conteúdo, mas os

alunos não são os mesmos o tempo todo, os alunos são diferentes, então, as

abordagens deverão ser diferentes. Pra ser uma abordagem diferente com uma

perspectiva diferente, você precisa ter tempo de planejamento de sala. Que está

faltando! E outra coisa que esta faltando, digamos por que se preocuparam muito

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com a amplitude com a universalização, e esqueceram de estabelecer metas mais

claras, cada um... as metas estão muito nebulosas, e ela como esta dentro desse

processo entro também nesse processo de metas nebulosas. Eu acho que precisa

melhorar isso. É perde, o foco. É aquele negócio é como se você tivesse, antes você

não tinha miopia, e agora você esta com um pequeno grau de miopia, então o seu

foco não esta muito claro, e ele já foi mais claro.

15. O que te motiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

16. O que te desmotiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

17. Você se sente feliz? Por quê?

Eu me sinto feliz, agora tem o que eu gostaria que tivesse situações que isso

pudesse ser... é aquele negócio, eu vi os dois parâmetros, hoje esta muito mais

difícil do que estava anteriormente, isso, hora motiva, hora desmotiva, mas agente

vai enfrentando aí, do jeito que der pra enfrentar, mas e ainda continuo querendo

continuar trabalhando nas escolas integrais. E são muitas (risos) nessa aqui

principalmente porque eu acho que elas tem algo... é aquele negócio, você tem

bônus e ônus de ser o primeiro. Tem algumas coisas pra bem e tem algumas coisas

pra mal. E aí você tenta resgatar a parte boa, eu acho que parte boa é você ver que

você esta abrindo perspectiva pra que o aluno, tenha, se dá as informações, a os

instrumentais, pra se ele quiser continuar os seus estudos, futuramente, ele

futuramente prossiga. Se ele quiser ir pra universidade ele vai, se ele quiser fazer

um ensino profissionalizante, pós-médio, ele pode fazer, ensino superior

tecnológico, ele pode fazer, ou seja, ele esta dando a possibilidade de você

instrumentalizar e ver os resultados depois. O que você enxerga e tinha uma menina

da primeira turma, e engraçado que ela nunca tinha, ela até se formou, aí numa

reunião, esse ano agora com o Secretário da Educação de São Paulo teve aqui né,

visitando. Porque São Paulo, esta interessado em montar as escolas em horário

integral e tudo mais e veio ver a experiência de Pernambuco. E tudo indica que vai

ser implantado lá mesmo, até eu li no jornal que tudo indica que São Paulo, está

fazendo um plano de chegar em 2025, com toda a rede já esta em integral, em São

Paulo a quantidade de escolas é muito grande. É 5.000 e tantas escolas, num sei o

que, num sei o que... E ele vai fazer dois ou três modelos, profissionalizante e

ensino médio, vai ser integral. E veio ver aqui alguns ex-alunos que a gente chama

de egressos e uma dessas meninas daí ela nunca tinha... ela tinha dado depoimento

mas esse ela disse que nunca tinha falado. Aí ela virou pra mim nesse dia e disse o

engraçado é que no primeiro dia de aluna. Aqui se fazia a recepção aos meninos, no

primeiro dia de aula, que perdeu um pouco desse referencial, que é em cima de tese,

projeto de vida, tão querendo retoma, eu espero que retomem, essa questão que é a

elaboração do projeto de vida, que é a questão do foco né. Quando o aluno faz o seu

projeto de vida, ele também passa a ter um foco. E a escola pode clarear o seu foco

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também a partir do foco do aluno. Aí ela disse que no dia, desse aqui que ela estava

apresentando, “os primeiros rascunhos do meu projeto de vida” assim que ela

chegou na escola que foi na recepção aos alunos que eles fazem, o que eles

gostariam de ser, ela disse que tinha sempre esse sonho. Ela estudava em uma

escola do estado, veio pra cá e ela sempre dizia desde é... do ensino fundamental de

quinta a oitava que ela dizia que queria ser diplomata. Mas todo mundo dizia que

ela não tinha como ser diplomata, vindo de uma escola pública, que esta faltando

professor e não tinha como ela ser diplomata e as pessoas só falavam contra. Nesse

dia ela colocou que esse era o sonho dela, que o projeto de vida dela era ser

diplomata. Ela apresentou, muita gente achou lá os colegas acharam diferentes. Aí

eu disse a ela: “não se você quer ser diplomata, esse é seu sonho? Então você é

realidade, eu acho que esse sonho você pode realizar, vai depender muito mais de

você do que da gente”. E aí ela disse que foi a primeira pessoa que disse isso pra

ela, aí ela disse lá, chorou, eu também chorei. (risos) Aí foi interessante isso porque

ela falou pro... tava o Secretário de São Paulo, pessoas de grandes empresas. Tudo

junto, que vieram, que serão os parceiros de São Paulo. É... tah o Secretário do

Estado de São Paulo, o Secretário mais rico do estado do Brasil e tem condições de

fazer muita coisa em termos educacionais, porque eles têm arrecadação pra isso.

Tava o pessoal ligado a universidades, o pessoal ligado a entidades, organizações

não governamentais que trabalham com educação de São Paulo. Pessoas ligadas a

indústria, ligada a comércio, associação de indústria e comércio que vieram

acompanhando o secretário. Educadores, ligados ao staff do secretário de

Educação. E ai ela falou... e eu achei interessante, porque eles sempre falam aqui,

ela disse, olhe: “no primeiro ano, foi o primeiro incentivo, aí eu vi que eu tinha a

possibilidade de ser diplomata”. Ela disse foi a primeira vez que ouviu alguém

dizer, você vai ser diplomata. Ela já terminou relações públicas, foi aluna laureada,

ela ta terminando jornalismo, deixou, ia ser aluna laureada, só não vai ser aluna

laureada em jornalismo porque ela recebeu uma proposta pra fazer, alguma coisa de

relações públicas, fora do Brasil e essa oportunidade que apareceu, teve que ser

justamente nesse semestre que ela estava agora, então provavelmente ela não

termina com a turma. Então o laureamento talvez ela perca. Então encaminhava pra

ser laureada e aí ela até disse e olhe que falou não foi nem um professor da área

assim, foi um professor de ciências da natureza, que foi falar que incentivou ela...

se esse é seu projeto de vida, ai depender deles. E o grande problema é esse. Se

você faz um projeto de vida e tem uma meta lá, vai depender de você, aí, a gente só

fornece. O que eu digo é seguinte se a gente consegue abrir o leque de visão do

aluno, para as possibilidades que eles têm na frente, informar que tem essas

possibilidades, se ele conseguir enxergar que ele tem essas oportunidades que

depende dele, já fez, já fizemos o nosso papel. Eu acho assim, que o papel do

professor é esse, você abrir pro aluno próprio a possibilidade de crescimento e o

que me deixa feliz é o resultado. É! Eu fico feliz quando eu vejo o resultado dos

meninos e ai teve um pós-encontro por aí que a gente ver que ele estão crescidos,

traçaram objetivos, traçara metas. Que podem não ser as metas que a gente acha

que eles vão ser, alguns até são influenciados pelos professores mesmos, terminam

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escolhendo as áreas dos professores, mas não e isso não. Acho que vê-los depois

com o leque aberto com possibilidade de vida. Aquele negócio, a gente não vai

consegui resgatar todo mundo, então não adianta a gente tentar achar que vai

resolver todos os problemas, porque a escola não vai resolver. A escola não tem a

capacidade de resolver os problemas da sociedade. A escola tem que tentar, muitas

vezes, a sociedade os governos jogam os problemas para que a escola resolva, a

escola não vai resolver. Não é função dela resolver esses problemas. Se a escola

conseguiu pelo menos fazer com que a principal meta dela funcione, que é abrir a

possibilidade do aluno continuar, a se ele não tem seu projeto de vida, a descobrir

sue projeto de vida e ele conseguir sair com o mínimo de aprendizagem a escola já

está fazendo o seu papel aí a possibilidade de esta cumprindo o papel é que eu acho

importante. E aí você, e como é que você sabe disso? Quando você encontra os

alunos egressos! Quem já passou por aqui. Quem ta na universidade. O primeiro

grupo, ta quase todos eles terminando a universidade. Uns entraram logo de

imediato, os outros entraram depois, nas... quem quis foi... todos que não foram

fazer universidade, foram fazer profissionalizante, ou escolheram uma profissão e

entraram no mercado de trabalho. Então quando você vê, você tem possibilidade

em saber se esta funcionando ou não, quando você encontra com os alunos

egressos, você tem uma visão se a coisa funciona ou não. E aí quando a gente

encontra esses alunos e vê que muito deles estão lá, tal. E alguns chegam professor

foi legal e tal, foi bom, porque a escola abriu, a escola foi importante, então a gente

ver que a escola está cumprindo o papel e o que deixa feliz o professor, é que os

alunos, esse é uma das felicidades do professor quando encontra o aluno que

conseguiu ir pra frente, vencer. Porque aquele negócio, nós estamos numa

sociedade que agora, é de sociedade do conhecimento, se ele... se ele abriu uma

possibilidade, de abrir um leque para ele se desperta para o conhecimento, e ele

tentar desenvolver o conhecimento dele, tem muita coisa não, a escola esta

cumprindo diretamente o seu papel. O que precisa a escola precisa retomar é deixar,

melhorar a possibilidade de clareamento das metas dos alunos, pra nossas metas

também ficarem claras. Evidentemente que melhora as condições de trabalho, ou

seja, ele não tem que retomar as condições anteriores, por que... pegas as lições que

foram positivas, e pensar que isso não é custo é investimento, de retorno garantido,

e certo. Porque assim, se você pega, o aluno daqui, não sei se você tem, foi

fornecido esses dados pra você, não sei se você pega essa informação, mas desde a

primeira entrada que a renda média dos pais, a renda média familiar, é um ou dois

salários mínimos estourando. Você tem casos isolados de rendas maiores... a renda

é... familiar é pequena... e aquele negócio, e recebemos críticas dizendo que era

uma escola de elite, elite para elite, e num sei o que, num sei o que... e quando você

vai ver os dados, da renda familiar do pessoal, que foi feito pesquisa e tudo mais,

que todo ano é feito é... e isso tem uma grande diferença dessas escolas pras outras.

Ou seja, se trabalha em cima, e é por isso que eu disse talvez precise de mais, de

um tempo maior, de planejamento até, para planejar em cima, de dados que você

tem. Ou seja, tem esses dados aqui esta pra gente planejar lá os dados, os índices da

escola, dos índices da família, das famílias num sei o que... colocados a

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informações lá. Não é só colocado é discutido, e quanto maior descrição a gente

tiver nesse sentido, e aí você tem possibilidade de maior planejamento. Eu acho que

perdeu-se um pouco, por uma questão de ampliação, poderia... aí você volta... ai

aquele negócio, você une o útil ao agradável, e aí fica bem melhor!

18. O que te deixa mais feliz?

(pergunta respondida anteriormente)

19. Pra você, o que é felicidade?

Eu acho que felicidade é um estado de espírito, que você é você está bem consigo

mesmo, e com os outros, é basicamente isso. E aí dentro da felicidade tem os vários

aspectos, aspectos pessoais, aspectos profissionais, os aspectos espirituais, é uma

combinação desses vários aspectos, que faz uma pessoa ser feliz ou não, e em

termos profissionais eu acho que estou na profissão certa, não... não sei se faria

outra profissão, e se tivesse outra profissão eu teria essa como bico, (risos), gosto

de ensinar. É... se você a vida profissional esta mais ou menos encaminhada, a vida

espiritual ta equilibrada tal, a vida pessoal, particular sua, também esta equilibrada,

então se você conseguiu alcançar alguns dos seus objetivos que você traçou e

alguns planejamentos, e aí o somatório disso é que vai trazer felicidade. E você tem

os momentos felizes quando os alunos egressos voltam e essa coisa e tal, é

importante...

20. Qual o seu maior sonho?

Hum... em termos pessoais é viajar pela Europa, quero fazer... que é uma viagem

pessoal e espiritual também. Que na realidade é visitar, Portugal e França, a questão

dos locais onde relatam o aparecimento da Nossa Senhora e também, aproveitando

que estou fazendo a parte espiritual, conhecer os outros locais.

21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de

trabalho?

Sou hipertenso.

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ENTREVISTA 03

1. Nome

-X-

2. Idade

44 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Há 20 anos

4. Há quanto tempo é formado?

Eita me pegou agora, deixa eu ver... 90... calcula aí: 20 anos.

5. Uma média da sua renda mensal?

Uma média... o salário mínimo está uns R$500,00 reais. 500, 4... cinco salários

mínimos! (R$ 2.500,00)

6. Qual a sua carga horária?

Carga horária, 200 horas mensais.

A senhora não tem outro vínculo não?

Não!

7. Porque escolheu ser professor?

Eu sempre gostei da profissão desde pequeninha, eu queria, aí eu segui a carreira.

Foi por opção mesmo.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Não, faria igual!

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Há cinco anos.

10. Como começou trabalhar aqui?

Eu primeiro trabalhei na escola de bezerros, na integral, trabalhei um ano lá. Aí

depois, muito longe não é, tive muita dificuldade, aí me transferiram pra cá.

Foi tranquilo para pedir transferência?

Foi porque na época estavam precisando de uma professora de química, tinha saído

uma pessoa para ser professora da rural de Garanhuns, aí tava precisando de

professor aqui como eu estava lá já, aí vim pra cá.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto!

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12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

Os resultados com os meninos, os resultados que a gente obtém. É satisfatório ver

que a gente consegue modificar a vida de muitos deles.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

É que as coisas estão mudando (risos) o alunado já não é mais o mesmo, certo. A

carga de trabalho aumentou muito, pra você ter uma ideia, química nós éramos

quatro professores e tínhamos um auxiliar de laboratório, tinham estagiários, hoje

só temos três pra fazer as mesmas coisas, o mesmo negócio. Então, a coisa ficou

muito pesada, de repente tá pesando demais.

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Porque você tem a oportunidade de estar com mais contato com os alunos o dia

todo, não tem que tá se movimentando de um lugar para o outro, em várias escolas.

Você aqui mesmo resolve o que tem para resolver, corrige prova, faz pesquisa, o

que tem que fazer, na própria escola, não precisa estar levando trabalho para casa.

Então não está se deslocando o tempo todo, se dividindo, você não participa da vida

da escola. E dessa forma não, a gente está aqui o dia todo e aí a gente consegue

participar!

15. O que te motiva no programa?

Justamente isso, o tempo disponível com os alunos, com os colegas, o

planejamento, a avaliação, por tudo isso.

16. O que te desmotiva no programa?

Essa questão da sobrecarga de trabalho, que está se exigindo uma escola diferente

com muitas coisas diferentes, mas está se cobrando a mesma carga horária como se

fosse uma escola comum, qualquer. Entendeu? Então eu acho que para esse tipo de

escola a gente teria que ter mais tempo para planejamento, e menos sala de aula.

17. Você se sente feliz? Por quê?

Feliz? Eu sou uma pessoa feliz, independente de escola de isso aí. Eu sou feliz

porque eu tenho a convicção que eu..., a minha vida esta pautada na vontade de

Deus, eu sou evangélica, então, eu mesmo sou uma pessoa feliz, independente das

circunstâncias, agora as circunstâncias a gente consegue se adequar.

18. O que te deixa mais feliz?

O que me deixa mais feliz? Estar bem comigo mesma, com os meus colegas, com

minha família principalmente e com Deus. Isso me deixa feliz!

19. Pra você, o que é felicidade?

Felicidade é você ter equilíbrio, conseguir em qualquer situação, manter esse

equilíbrio, tanto com os colegas, quanto em qualquer tipo de situação. Não se

desesperar, não manter o controle, é felicidade!

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20. Qual o seu maior sonho?

Meu maior sonho é ver minha família estruturada, meus filhos, estruturados, tendo

uma carreira sólida na vida. E eu na minha profissão me realizar cada vez mais,

colaborar com os meus alunos.

21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de

trabalho?

Não, não, nada de grave não. Só o de base, gripe, mas coisas sérias cirurgias não,

nunca!

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ENTREVISTA 04

1. Nome

-X-

2. Idade

43 anos

3. Há quanto tempo leciona?

23 anos

4. Há quanto tempo é formado?

De 1991 para cá. (20 anos)

5. Uma média da sua renda mensal?

É o que eu recebo aqui é em média R$ 2.300 reais

6. Qual a sua carga horária?

200 aulas

7. Porque escolheu ser professor?

Uma família de professores, não tinha outra opção, cidade do interior, ou era ser

professor ou trabalhar na prefeitura. Então, vamos ser professora. Mas eu gostava,

eu brincava de boneca sendo professora. Acho que era por conta da família não é?!

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Não, eu não me vejo em outra posição que não seja professora.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

dois anos, vai fazer dois anos.

10. Como começou trabalhar aqui?

Eu fiz a seleção para a escola que eu vim, a escola de origem, e como tinha dois

professores, a outra ficou e eu fiquei... aí surgiu a vaga daqui de dois professores

que iam sair e eu fui convidada. Já tinha feito seleção pra lá, aí fui convidada pra

aqui.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto...

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

O que me motiva de uma maneira geral é que eu gosto de em ensinar, certo. Tanto

aqui como em qualquer colégio o que me motiva é que eu gosto de ensinar. Eu

gosto de ver quando o menino ta aprendendo, quando me dá uma resposta certa,

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isso eu adoro, eu vibro. Mas fora isso, a parte financeira também contribui, na

escola integral é diferente da normal, isso querendo ou não é um incentivo.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

Como em qualquer escola também, não só é o Ginásio Pernambucano, é o descaso

com os alunos, da família. Não é, não querem nada, a família também, deposita

aqui e acha que porque esta aqui esta tudo resolvido, então, o que me desmotiva é

isso a falta de compromisso deles.

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Foi como eu disse, a parte financeira e foi uma experiência nova. Porque dos meus

23 anos de Estado, 21 eu passei em escola comum. Então quando surgiu essa

oportunidade, vamos ver como é, o pessoal fala tanto, tem alguns resultados que

são tão bons, o que é que tem lá que na minha não tinha. Bom, vamos ver.

15. O que te motiva no programa?

Você passar mais tempo com o aluno, isso é bom. Né, cria aquele vínculo maior.

Os trabalhos que a gente pode desenvolver aqui também!

16. O que te desmotiva no programa?

Porque você fica preso aqui, você fica preso não só aos horários, mas tem muitas

regras que você tem que seguir, coisas que as vezes a gente poderia deixar de lado e

ser mais prático, mas infelizmente tudo tem que seguir algumas regras e a gente

tem... aí isso desmotiva a gente, porque as vezes a gente quer fazer um trabalho

diferente, as vezes eu quero fazer uma dinâmica na sala, aí não posso por quê? não

você tem que cumprir com aquele conteúdo, então eu tenho que ta correndo para

alcançar o conteúdo. Atrapalha bastante.

17. Você se sente feliz? Por quê?

Eu me sinto feliz como professora porque eu gosto do que eu faço. Tenho os

momentos de aborrecimento que eu faço: “Aí porque eu escolhi essa profissão”.

Mas também tem momentos que é gratificante. Eu, 98% pra mim é gratificante ser

professora.

18. O que te deixa mais feliz?

Na minha vida o que me deixa mais feliz é a minha família, minha família estando

bem pra mim, minha felicidade é completa.

19. Pra você, o que é felicidade?

Aí felicidade é estar de bem com a vida, é estar junto de quem a gente quer, no

momento que a gente quer...

20. Qual o seu maior sonho?

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Meu maior sonho é que minha menina passe no vestibular (risos). Porque são

tantos sacrifícios para colocar o filho dos outros lá na frente né?! Esse ano, meu

maior sonho é ver minha menina passando no vestibular, aí eu vou estar realizada.

Aí daqui a dois anos, a próxima (risos)... é colocar as duas na universidade,

encaminhar cada uma ter... seguir seu rumo, aí eu vou tar com a consciência de

dever cumprido.

21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de

trabalho?

Por conta do trabalho, eu me afastei do trabalho por conta de três cirurgias, mas

nada de psicossomática, nada disso não. Tive assim, doença de ovário de útero, e

me afastei para ter as meninas, mas fora isso não. Agora, essas mudanças pra mim,

eu acho muito difícil de lidar. Quando eu sair acostumada em uma escola normal

pra vim pra aqui, então pra mim, aquela primeira semana eu chorava de dia à noite,

será que vai dar certo, a ansiedade, será que vai dar certo, mas nada que me

afastasse do trabalho. Era o medo do novo, será que eu vou dar conta? Uma escola

tão famosa, a escola assim que lá só tem gente de alto nível. Será que vou chegar

perto desse pessoal? Então, medo do novo. Aí quando eu cheguei aqui eu vi que

todo mundo era igual a mim, o pessoal muito receptivo a afetividade aqui eu fui

recebida com muito carinho, e foi ótimo!

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ENTREVISTA 05

1. Nome

-X-

2. Idade

27 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Seis anos

4. Há quanto tempo é formado?

Seis também

5. Uma média da sua renda mensal?

Chega a R$2.100,00

6. Qual a sua carga horária?

A carga horária é 200 aulas só que eu trabalho 30 aulas por semana.

Você só tem aqui o integral?

É só o integral!

7. Porque escolheu ser professor?

Porque eu gostava da área. Gostava...

Da área de ensinar?

É, mas hoje em dia eu estou estudando de novo para fazer outra, pra sair de

educação.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Faria!

O que você faria?

Administração!

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Eu cheguei faz um mês, porque eu era de outra escola de referência, aí vim pra cá,

porque fica perto da faculdade.

10. Como começou trabalhar aqui?

Como eu já era do integral eu pedi a minha transferência aí eu consegui vim pra cá.

Tinha uma vaga pra cá e te mandaram?

É!

11. Você gosta de trabalhar aqui?

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Gosto, apesar da sobrecarga, porque aqui tem mais turma do que em outras escolas,

então aqui a sobrecarga de trabalho é pior. Enquanto em outras escolas tem cinco

turmas ou seis, aqui tem 18. Então a sobrecarga de trabalho é muito maior do que

qualquer outra escola pública.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

Ser perto da minha faculdade!

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

A quantidade de trabalho!

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Porque o integral é para o ensino médio e ensino médio é já com um foco para

universidade. Aí é parte que eu me identifico mais, que a Educação Física é levada

com seriedade. Você dar aula dentro da grade curricular, o que eu não acontece em

uma escola regular. Então os alunos tem pelo menos uma seriedade maior com a

disciplina, fica mais fácil trabalhar.

15. O que te motiva no programa?

A política do programa que trata a Educação Física dessa forma. Ou o salário, a

gratificação que a gente ganha.

16. O que te desmotiva no programa?

No caso é só aqui nessa escola que é a quantidade de trabalho. Tem muitas turmas e

a gente tem que pegar todas as turmas.

Então você dá aula às 18 turmas daqui?

É a gente completa né, porque não dá, são duas professoras de Educação Física, no

caso são meio a meio. Eu ainda pego uma disciplina de outra área. Eu pego

empreendedorismo, pego PD, que faz parte do currículo.

17. Você se sente feliz? Por quê?

Sinto feliz, porque eu gosto da área, mas eu não estou realizada. Entendeu, eu gosto

da área!

E se eu te perguntar o que falta para você ser mais feliz do que se considera?

Eu diria trocar de área, porque na área de Educação Física pra mim já deu o que

tinha que dar! Mesmo eu correndo assim, eu tentei fazer antropologia, mestrado em

antropologia, só que aí eu iria permanecer na área de educação, e a educação de

hoje não é valorizada, entendeu. E enquanto em outra área, você sem o mestrado,

sem nada você ganha sete mil, oito mil reais, como na engenharia. Você em

educação tem que ter mestrado, doutorado, para concorrer em um concurso público,

então assim, é uma área que não é valorizada, aí eu estou pertinho para outra (fez

uma expressão bem desmotivada).

18. O que te deixa mais feliz?

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Os alunos, quando te dão um retorno que estão aprendendo que estão gostando da

área, que vão fazer ou vem a Educação Física de uma outra forma. Aí você fica

né... lhe motiva a continuar... fazer uma aula melhor... Só!

19. Pra você, o que é felicidade?

Felicidade engloba muita coisa assim, aspecto físico, você estar bem fisicamente,

bem de saúde, bem mentalmente, as condições sociais também, favorecendo tudo

isso. Então é um conjunto, felicidade é um conjunto de realizações, de coisas que

lhe tragam prazer. Uma coisa positiva.

20. Qual o seu maior sonho?

Hoje, passar em um concurso público na área de administração.

21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de

trabalho?

Não!

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ENTREVISTA 06

1. Nome

-X-

2. Idade

51 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Estou lecionando a 17 anos

4. Há quanto tempo é formado?

Sou formada a 29 anos

5. Uma média da sua renda mensal?

Uns R$ 3.400,00. Porque eu tenho dois contratos.

6. Qual a sua carga horária?

350 (horas/aulas)

7. Porque escolheu ser professor?

Olhe no início eu queria ser arquiteta. Eu fiz para, assim porque na época a gente

tinha três opções né, na época que eu fiz vestibular. Aí na segunda opção, a

primeira foi arquitetura, a segunda Educação Artística e a terceira desenho

industrial. Aí eu, quando entrei no curso eu não tinha magistério. Pra mim foi uma

surpresa, porque muita gente estava entrando num curso de artes pra ser artista,

artista plástico, para trabalhar com teatro, dança e na primeira aula a gente teve a

surpresa que era pra gente está em sala de aula o tempo todo. Aí muita gente

desistiu, mas eu fiquei porque eu comecei a me apaixonar, pela área de artes sabe.

Logo num semestre uma turma foi chamada para lecionar na escola e eu gostei, aí

fiquei. Eu gostei de trabalhar com educação eu gostei da parte de lecionar, porque

se não eu tinha desistido e voltado para arquitetura de novo. Mas eu me apaixonei

pela área de artes e fui ficando.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Olhe eu acho que eu ia pegar mais a área não só de licenciatura, eu acho que eu

ficar só na área de, como tem agora na Federal né?! Só na área de artes plásticas.

Porque ta muito difícil lecionar hoje em dia. Os meninos eles estão muitos

desmotivados, tem que dar muita motivação a eles pra poder ter um trabalho que

tenha um rendimento que a gente queira né. Por exemplo, o que a gente propõe com

eles é muito difícil a gente ter um retorno imediato. Aí fica muito cansativo, o

professor cansa demais. Aí por isso que assim, eu acho que eu não iria logo para as

licenciaturas. Eu iria logo para a parte de artes, artes plásticas que é a minha paixão

as artes plásticas, eu acho que eu ia me enveredar mais por esse lado.

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9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Eu estou há seis anos.

10. Como começou trabalhar aqui?

Foi através de seleção, de currículo, né?! No início o pessoal não acreditava muito,

e eu disse, não eu vou, vou tentar uma coisa nova na minha vida. Aí eu vi uma

proposta nova de trabalho e disse, eu vou tentar! Mesmo que não der certo, uns

diziam que não ia dar certo, muito comentários sobre a escola, aí eu disse, não eu

vou tentar. Aí veio eu e uma amiga minha, aí depois de um ano é que fui chamada

dessa seleção. Eu fiquei até surpresa tinha mais outra professora, a professora

desistiu aí eu fui chamada para ficar no lugar dela.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto, no início assim, no início eu fiquei apaixonada por esse projeto, mas ainda

estou apaixonada pelo projeto. Mas assim foi uma coisa nova pra mim, e eu já

estava procurando eu já tava ficando assim, eu estava desmotivada em sala de aula.

Porque eu não estava vendo retorno por mais que a gente trabalhasse, tava

complicado, e eu ficava, meu Deus o que é que vai ser da minha vida. Eu acho que

eu vou deixar um pouco a educação. Foi quando recebi um telefonema né, da

gestora que era Tereza, e me chamando pra cá, pra escola. Quando eu vi todo o

projeto da escola eu me apaixonei e eu disse, pronto era isso que eu estava

esperando, dá é pra mim!

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

Olhe eu gosto muito de trabalhar com Ensino Médio, sabe. Primeiro, segundo e

terceiro ano do Ensino Médio e também, é... o retorno que os alunos dão, né. Antes

era imediato agora ainda demora um pouquinho a ter esse retorno. Mas assim eles

têm um retorno que eu vejo, que outras escolas demoram muito mais. Apesar que

quando eles chegam aqui na minha área de artes, eles chegam com muita

deficiência. Ou chegam com um... porque não tem professor de artes, e muitos que

estão se formando não querem ir para uma sala de aula. Aí a maioria está querendo

mais o que? Museus, centros culturais, não querem enfrenta uma sala de aula. Aí

quando ver um aluno que tinha um professor que é formado em química, que é

formado em física, completando carga horária de artes. Aí quando eles chegam

aqui, eles pensam que artes é aquilo que o professor passava na outra escola. Aí

quando eles se deparam com uma coisa diferente, a gente trabalha muito conteúdo,

muita imagem, o conhecimento realmente de artes, juntamente com língua

portuguesa e história. Aí eles estranham: “a senhora bota muita coisa, muito

trabalho, lá na minha outra escola não tinha isso não, a professora passava só um

texto, passava só um desenho” aí eu disse: “é mais aqui e diferente”. Aí é bom esse

retorno que a gente tem aqui, sabe, eles tem a consciência do que é a arte, da

importância da arte. Juntamente não só, mas com outras disciplinas, língua

portuguesa, literatura, com história, até com biologia, matemática, aí foi bom isso

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eu gosto daqui porque a gente tem, eles têm consciência do que é que seja arte, do

trabalho que a gente tem aqui na escola.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

Olha eu acho que a carga horária esta um pouco pesada pra gente, a gente precisa

de um tempo para estudar. Mas isso não é culpa da escola né?! Todo um contexto

né, se você procurar a revista escola, você ver a reportagem que eu tava até vendo

de uma pedagoga, que ela diz que, o professor, não esta tendo mais tempo para

estudar, esta mais em sala de aula. Quer dizer, o governo passou uma carga horária

pesada, pra gente e a gente fica se tempo para estudar, né?! Para parar um pouco,

pra gente sentar com o colega, pra gente discutir o planejamento. A gente, é, o

problema é o tempo, que a gente está sem tempo pra gente se organizar melhor.

Sabe? E também assim, o programa cresceu demais, e a gente ver que em outras

escolas elas trabalham, mas aqui a gente ainda tem um produto melhor. Né, assim,

do alunado no vestibular, muitos passam no vestibular, passam no ENEM. Não é

desmerecendo as outras escolas, mas tenho muitos amigos de outras escolas de

referência que são profissionais excelentes. Mas são muitas coisas assim, meninos

que as vezes não valoriza o professor, por mais que a gente se empenhe por eles,

não valoriza. A questão salarial também, teve uma perca muito grande, não é, de

salário, porque a bonificação foi estendida a mais, a há um grupo maior de escola,

aí também foi essa perca, tem também, os meninos, que os meninos realmente, a

gente pra falar com eles, tem que ficar mesmo exigindo deles né. E assim,

mostrando a eles o melhor que eles podem dar que não é só aquilo não. Aí o

problema mais é assim, a carga horária, muita carga horária e a gente fica sem

tempo, pra gente assim, você ver, você que está aqui que esta vendo o dia a dia da

gente, a gente não para. Ou a gente quando esta sentado a gente ou está estudando

para preparar prova, preparar um aula, ou corrigindo prova. A gente precisa de um

tempo maior, pra gente poder sentar, e ver com o outro colega, com o outro amigo.

Eu mesmo com Sandra a gente fica assim, sentadinha uma na frente da outra, pra

gente poder, no tempo que a gente tem, combinar o que a gente vai fazer. Eu acho

que essa falta de tempo que a gente ver o povo desmotivado porque quer fazer,

muito mais bem elaborado, mais bem preparado, mas não tem esse tempo, a gente

precisa ter! O professor que está em sala de aula precisa ter tempo para estudar.

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Olhe, porque assim, eu gosto daqui, né?! Eu gosto da equipe daqui são profissionais

muito competentes, eu gosto também, como eu disse a você antes, de trabalhar com

Ensino Médio. Apesar que eu trabalho a noite, com a Educação de Jovens e adultos

e o médio normal. Mas assim, eu gosto porque e o retorno, o retorno que a gente

tem daqui da escola, o retorno que a gente tem no final do ano, de alguns alunos, e

eu acho que é isso, é o prazer da gente ver nossos alunos, que chegou aqui sem

muita base e no final ele tah entrando em uma universidade, fazendo o curso no

final, pra uma escola técnica. Alunos carentes, porque aqui tem assim, que os pais,

realmente não te condição nenhuma de colocar em uma escola particular. Mas que

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aqui eles vão ter um futuro melhor, né?! Ainda tem uns que a gente demora a botar

isso na cabeça deles, mesmo no final eles sabem que aqui o futuro que eles vão ter,

com o nosso trabalho, nosso esforço aqui dia a dia, aí você não é, eles vão ter essa

recompensa. Os projetos que aqui a gente tem, muitos projetos bons agora, o

projeto da APA, eles sempre estão viajando, né. Isso dá prazer à gente, a gente ver

que alunos, de pessoas assim, que... de uma condição social que não tinha, se

tivesse em uma escola normal não tinha. E esse projetos que eles têm, eles podem

se desenvolver, como ser humano. Apesar de, apesar deles ficarem muito tempo

aqui, mas eles tem essa oportunidade, vê se para de reclamar um pouquinho (risos).

15. O que te motiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

16. O que te desmotiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

17. Você se sente feliz? Por quê?

Olhe, eu me sinto feliz, assim, eu poder ta num canto, eu vejo que tem um

resultado, que tem um resultado aqui, né. A gente as vezes fica desmotivada em

alguns momentos que a gente prepara aula e depois não dá certo. Isso desmotiva

demais a gente, a gente faz todo um projeto, é, elabora todo um projeto e depois

não dá certo se projeto, não era aquilo que a gente esperava, mas assim, mas a

gente, eu fico feliz quando vejo que eles estão crescendo, que o aluno, está

estudando esta crescendo. A gente ver que eles quando vejo na rua, já me abraça,

“professora eu estou me formando, graças a vocês de lá do Ginásio

Pernambucano”. Isso é muito prazeroso pra gente, a gente ver a quantidade de

aluno que já está se formando. A gente ver aqui pequenininhos, quando chegam,

chegam para agradecer, isso deixa a gente feliz. As vezes não é nem a questão do

salário, as vezes você não está contente com o seu salário e não por isso você vai

deixar de fazer seu trabalho. Eu tenho esse pensamento. Se eu tou na educação, eu

quis educação, não é. Nem que o salário esteja pouco assim, não ser reconhecido, o

salário esteja pouco, mas num fui eu, ser professor não foi uma escolha minha? Se

eu não quisesse eu estivesse assim, insatisfeito com as coisas que eu faço, tinha que

sair. Já tinha procurado outros caminhos, eu acho que, como eu dizia, eu digo

sempre a eles, a pior coisa é você não está feliz num lugar, né. Aí você não produz

e eu sempre digo a ele, se eu não estivesse feliz eu já tinha saído, porque eu acho

que eu tenho condições de poder seguir, um sucesso, em outras profissões em

outros locais. Agora, você está num lugar que você não é feliz que você não esteja

numa, esteja todos os dias matutando, lamentando, porque esta chegado aqui, ahan.

Isso é horrível para o professor, mas eu acho que eu estou aqui realmente porque eu

tou realizando um bom trabalho aqui.

18. O que te deixa mais feliz?

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O que me deixa mais feliz, quando em relação aos meus alunos, não é? Quando eu

encontro na rua me abraça, me agradece, apesar de ter sido uma disciplina de artes,

mas que diz: “professora consegui! Tou na universidade, eu estou casada, com meu

filho, minha família, não é, está bem estruturado, não ta por aí né. Com drogas com

nada, porque a noite eu tenho alunos que moram nessas casas que são retirados da

rua, e aí a gente ver aqueles agentes da polícia que vão lá verificar, como é que eles

estão e eu aqui não, me sino feliz quando vejo que eles estão realizados, isso me

deixa muito feliz.

19. Pra você, o que é felicidade?

Olhe, pra mim, felicidade eu acho que é você realizar, aquilo que você gosta né?!

Você fazer aquilo que você gosta, você ter, não ter muito amigos, mas você ter

aqueles amigos não é, que você pode contar não é. Num momento mais difícil, não

tanto nas alegrias, mas também como nas tristezas. O que me deixa feliz também é

minha família, com saúde, eu ver minha família, todos os meus sobrinhos

formados, apesar de eu vim e uma situação muito humilde, mas assim,

conseguimos eu tenho sobrinhos que são advogados, já vai quase ser juiz. Eu fico

também pela felicidade dos outros. Eu sou uma pessoa que não fico feliz por algo

que acontece de ruim aos outros, né?! Mas assim, eu goste de ver minha família

feliz eu gosto de ver meus amigos felizes. Eu gosto de ver meus amigos felizes. Aí

isso me da uma felicidade, muito grande, entendeu, não é a questão de, porque eu

sei que na minha profissão não tem como eu ficar rica, só se eu ganhar na loteria,

mas assim eu podendo realizar o que eu gosto, eu tenho um círculo de amigos né?!

Assim que deixa ver... preciosos, amigos preciosos, não é. Minha família, com

saúde, todo mundo se encaminhando bem, ah isso pra mim é felicidade.

20. Qual o seu maior sonho?

Ai meu maior sonho é conhecer o Egito. Eu ainda vou conseguir, viajar né?! Tenho

que ter tempo para fazer uma viajem, me aposentar, não é, daqui a uns três anos e

meio eu me aposento. E fazer a minha grande viajem que é conhecer o Egito, quero

também a Espanha, juntar um dinheirinho pra poder fazer uma viajem. Aí isso eu

quero, quero assim, viajar, porque eu adoro viajar. Eu preciso viajar sabe, ver outras

pessoas, ver coisas diferentes, pessoas diferentes, coisas diferentes ai eu, meu sonho

é viajar.

21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de

trabalho?

Olhe eu é... eu tive problema de mioma, aí eu tive que realmente me afastar durante

51 dias, porque eu tive que fazer, a médica me colocou contra parede, ou faz racha.

Assim, você vai fazer uma transfusão de sangue, eu estava com uma hemorragia

muito grande eu precisava de fazer essa cirurgia, ai foi quando me afastei. Mas

assim no que eu posso ir ao médico, também assim, entrar em acordo com a escola

para ir à médica a gente faz. Mas aí, um grande afastamento foi isso, eu precisei

tirar o mioma que tava, mesmo que assim, não sou de faltar, mas se eu não tomasse

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cuidado na minha vida eu ia ter que realmente, tirar uma licença grande, para poder

me reestabelecer. Ai foi isso, que eu tive o risco e tirei. Foi a época que eu me

afastei, de escola, mesmo que minha mãe já esteve doente meu pai, tudinho, mas eu

nunca me afastei, ou pedi afastamento, mas dessa vez, foi uma recomendação

assim, foi uma imposição médica, e eu tive que realmente me afastar da escola. Aí

eu não sou muito de me afastar, só em casa mesmo, minha família já sabe, em caso

de doença ou o que for preciso, doença da minha mãe, porque minha mãe realmente

é o primeiro lugar, ela adoece, ela precisando de mim, eu me afasto. Aí não tem...

fora isso...

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ENTREVISTA 07

1. Nome

-X-

2. Idade

42 anos

3. Há quanto tempo leciona?

21 anos

4. Há quanto tempo é formado?

21 anos também, já fui terminando e assumindo lá na prefeitura de Catende. Ai

passei três anos na prefeitura de Catende, aí entrei no Estado e fiquei mais dois e

agora mais dois novamente.

5. Uma média da sua renda mensal?

Uns R$ 4.000,00.

6. Qual a sua carga horária?

Minha carga horária, geral? Eu pego de 07h30min da manhã e vou até às 21h30min

da noite.

Tem dois vínculos?

Sim, tenho dois vínculos. No Ginásio como integral e a noite e tenho a prefeitura de

Jaboatão.

7. Porque escolheu ser professor?

Acidente! (risos) é não eu gostaria muito de ser psicóloga, quando eu estava me

formando eu queria ser psicóloga. Só eu morava no interior, aí no interior não

tinha... Assim, morava em Catende e a faculdade mais próxima era ou Caruaru ou

Palmares, mas nenhuma das duas tinha curso de psicologia na época. Minha mãe

não ia deixar eu vim sozinha, para Recife estudar. Aí menina, não você gosta de

letras você gosta... ainda tentei pedagogia, mas como foi o meu primeiro vestibular

não passei! Graças a Deus não passei! Porque pedagogia não ia ser a minha área,

graças a Deus. Aí eu fiz pra letras e passei. Eu fiz dois vestibulares o de pedagogia

não passei, mas passei no de letras. Aí, comecei a trabalhar, me identifiquei

realmente com letras. Fui obrigada (fez sinal de aspas) a ensinar inglês, porque eu

tenho licenciatura em inglês. Mas é aquela coisa, Estado quando tem professor é só

tem tu, vai tu! Né?! Aí eu fui obrigada e hoje eu trabalho com inglês e assim, hoje

eu não sei se eu... gostaria de ser outra coisa. Poderia ser até psicóloga, mas as

minhas amigas psicólogas que eu conheço, eu prefiro estar onde eu estou. Eu acho

que eu conheço mais as pessoas do que as minhas amigas que são psicólogas.

Porque eu convivo com o aluno em sala de aula a experiência é bem maior, do que

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você sentar determinado momento pra conhecer a pessoa. Acho que você só ver a

pessoa se você convive com ela.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Não, acho que não, repetiria.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

No Ginásio desde 2003. Quer dizer em 2003 eu entrei na seleção para o Ginásio, a

gente passou de setembro a dezembro em formação, e de lá pra cá em 2004...

Porque tiveram varias seleções né?! E foi naquela, refrescagem refrescagem,

refrecagem e eu estou aqui até agora.

Então a senhora entrou naquela fase que era o Centro Experimental?

É o Centro Experimental.

10. Como começou trabalhar aqui?

(pergunta respondida anteriormente)

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Amo! É o retorno, entendeu! Aqui eu tenho retorno do meu trabalho. Eu trabalho a

noite e eu quase entro em depressão (fez sinal de aspas), quando eu tive que voltar

para a sala de aula normal, digo normal assim, do sistema regular, e com EJA. Os

alunos não sabem nem português, nada! Imagina você trabalhar com inglês. É dá

murro em ponta de faca, entendeu? Aí você procura apoio é quando eu tenho

vontade de sair da sala de aula e ir para uma coordenação para ajeitar o que esta

troncho na escola, entendeu? Porque por mais que você saia das escolas regulares,

por mais que você tente fazer alguma coisa, você barra no sistema, o sistema não te

ajuda, entendeu? Você esbarra numa coordenação, esbarra... aqui no Ginásio é tudo

o que a gente faz é experimental. Embora que a gente reclame, “a deu a ordem de

cima a gente tem que acatar”, mas a gente até ainda tem uma... como é que eu

posso dizer, uma liberdade de trabalhar, de mudar de fazer, ou de questionar: Isso

aqui não funciona, vamos fazer assim, entendeu? A gente ainda tem essa liberdade.

Qual a liberdade que eu posso ter em uma escola regular se não tem material, não

tem recurso, nada! Não tem nem um apoio de uma coordenação. Até a coordenação

quer ajudar e não pode, porque esbarra, lá em Jaboatão, quer ajudar e não pode

porque bate numa coisa muito maior que é o geral. Aí quando eu entrei assim, eu

disse meu Deus vou ter que passar três anos nesse probatório, que é três anos, três

anos nesse probatório, não vou poder dizer um aí, não vou poder, porque probatório

não pode dizer nada. Não tem direito a nada, não tem direito a computador, não tem

direito a... em Jaboatão não tem direito a nada, não tem direito nem uma camiseta,

tem direito. Ele manda camiseta a todo mundo da escola, detesto camiseta, isso é só

um exemplo que eu dando. Nem uma camiseta que não vai fazer diferença

nenhuma, tem direito. Então, são coisas que isso acontece. Quer dizer eu saí a oito

anos de uma escola regular. Vim pra cá uma realidade totalmente diferente, tem

coisas negativas... tem! Como todo canto tem! Tem estresse? Tem muito! Quando

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eu estou na TPM, só falto matar um (risos). Mas é o retorno, entendeu? E é isso que

eu gosto, por isso que eu não saí daqui ainda porque eu posso ir para outra escola

integral ou semi-integral perto da minha casa. Tou gastando um combustível

miserável para estar aqui, entendeu? Mas eu ainda fico lá e cá, eu preciso me

mudar, eu preciso sair daqui porque fica longe da minha casa porque onde eu

trabalho é pra lá, eu ainda estou aqui entendeu? É que o retorno ainda é maior.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

(pergunta respondida anteriormente)

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

É... a política pública educacional. Porque por mais que a gente queira, implantar

isso, a gente esbarra muito nas leis que existem aí, entendeu? Quando isso aqui foi

criado, foi criado para que fosse uma escola de excelência, não uma escola de

excelência, mas para que todas fossem nesse parâmetro. Existem várias escolas

integrais por aí, mas você sabe que não funcionam iguais a essa. Tem escola que só

mudou de nome, né?! De escola regular para integral, mas que não mudou nada.

Quer dizer eu tenho amigos que trabalham que não... e ele diz que não funciona

como aqui funciona, entendeu? Bem diferente! Se você perguntar por aí você vai

ver. Então é... essa nova política que entrou, como não poderia acabar com a gente,

não poderia tirar o Ginásio não poderia... um projeto que deu certo, né?! Mas ele

disse não, vou... é. por exemplo pegar, eu dou a você uma caixa com lápis de cor

com 24 cores, aí você vai pintar a vontade, vai fazer um desenho maravilhoso, eita,

você pintou e fez um desenho maravilhoso, agora eu vou dar, pegar esse lápis de

cor, essa mesma caixa, você já, você sabe pintar com este instrumento de quadro.

Vou pegar essas cores e vou separar para mais três ou quatro pessoas, vai ficar o

mesmo desenho? Não! Entendeu? Não é que a gente queira tudo pra gente, mas eu

quero que todo mundo tenha a mesma caixa de lápis de cor que eu tenho. Era pra

ser feito isso entendeu? Então o que me desmotiva é isso, eu não acredito mais... é...

acredito na educação, acredito que a educação vai mudar, muda uma nação. Mas

infelizmente, quem está no poder, educação é a inimiga número 1º da política,

entendeu? Enquanto tiver a educação lá embaixo, mais esses políticos vão se eleger.

Então a minha descrença é essa, o que me desmotiva é isso, porque eu sei que a

educação nunca vai passar disso. A gente está aqui lutando, segurando com unhas e

dentes, mas eu acho que isso daqui, mas eu sei que isso daqui não passa. E eu

continuo fazendo dando o melhor de mim, mas... eu acho que eles não querem,

entendeu? Quando digo eles são ossos vizinhos aqui que não querem. (a câmara

dos deputados que é vizinha ao ginásio)

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

No começo é porque eu sempre acreditei nisso.

Na filosofia do projeto?

Na filosofia do projeto! Quer dizer quando eu vim eu nem acreditava nessa filosofia

do projeto mas, é assim, eu não sabia direito o que era, mas eu queria trabalhar

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numa escola que funcionasse. Porque eu sempre fui assim, não é falsa modéstia,

mas sempre fui organizada com minhas cadernetas, sempre... e eu sempre recebia

críticas dos meus colegas, aí ela recebe mais do que a gente, aí... ela... sempre tinha

isso do colega. Do próprio Estado, mesmo a gente... aqui a gente, nós somos do

Ginásio Pernambucano e somos os traidores (fez sinal de aspas). Quem quer fazer

alguma coisa boa para a educação são os traidores. É uma visão horrorosa, então.

“ahhh vocês tem alunos selecionados, ahh você tem isso” e não tem nada disso,

muito pelo contrário. A gente está recebendo alunos de uma escola que eles estão

pensando que gente aqui trabalha com o sistema de reformatório, entendeu? Estão

mandando assim, desse tipo. (risos) qual foi mesmo a tua pergunta?

Porque trabalhar em uma escola integral?

Ah, ai foi quando disse que era uma escola que ia ter qualidade, uma escola que vai

ser aberta e tal. E a minha inscrição foi no último dia mesmo, eu cheguei aqui no

último momento, pra fazer minha inscrição. E eu encontrei Ângela Vasconcelos e

eu disse a ela, depois que eu fiz a minha inscrição, encontrei com Ângela que eu

não conhecia, e ai ela disse: ah eu sou coordenadora daqui. E eu: gostaria muito de

trabalhar aqui porque eu queria, eu gosto de ver retorno. Eu saí do interior antes de

vim para Recife, e no interior eu via um pouquinho, mas eu via um resultado,

porque o aluno do interior parece que é mais motivado, ele é mais carente sabe, de

recuso. E quando tem uma escola que dá um suporte, então eu vim de escolas boas,

no interior, sabe. E quando eu cheguei aqui eu vi essa necessidade vi, aqui é

totalmente diferente, e alunos de comunidade que não tem compromisso com a

escola, não quer, estão ali só para pegar o diploma e aquela coisa todinha, aí isso foi

me desmotivando. Aí quando eu vi que o Ginásio vai abrir. A escola sempre foi

referência, embora caindo aos pedaços, mas sempre foi referência, aí eu disse

assim: vou tentar, eu sou assim, quando eu vejo coisas eu tento. Quando eu vejo

que não dá pra mim, eu nem tento. Mas aí eu não... dá pra fazer, eu vou tentar. Aí

vim pra cá e isso me motivou resgatar o que eu já tinha perdido quando vim do

interior pra cá.

15. O que te motiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

16. O que te desmotiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

17. Você se sente feliz? Por quê?

Se eu me sinto feliz? Me sinto! Porque eu faço o que eu gosto, entendeu? É... eu

não sei se eu seria alguma coisa além de ser professora. Não é nem porque “ah

porque eu gosto de inglês”, não porque eu gosto de ensinar, entendeu? Se disser

assim, (-X-) você vai ensinar a jogar pedra, aí eita, eu não sei ensinar a jogar pedra.

Mas tah bom eu vou tentar ganhar força, eu vou tentar achar mil maneiras de você

acertar naquele alvo ali entendeu? Então eu gosto disso que eu faço e eu gosto

quando sou reconhecida. Não pela gestão, não pela educação, não pelo...

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entendeu?! Mas o aluno, o aluno quando volta, quando ele chega assim, (-X-)...

Tainá por exemplo, posso te pedir uma coisa, e eu “não peça mais nada não, hoje eu

não aguento fazer mais nada não” e ela não, vou fazer um pedido, “é porque eu

estou fazendo um curso e no meu curso tem instrumentação... de... tem inglês

instrumental, e as dicas que você me deu na sua aula de inglês foram ótimas,

porque eu estou conseguindo fazer tudo” Ai eu disse cara, e ela: “me dá um

abraço?” e eu disse “oxê, chegue”, entendeu? É aquela coisa assim, que eu digo

esse, isso pra mim, fora o salário não é?! O salário é importante porque eu vivo

disso.

Influencia?

Influencia! Não influencia muito, mas influencia! Mas... Eu gosto do eu faço!

18. O que te deixa mais feliz?

Ai é meio difícil dizer isso viu... muitas coisas, minha família, estar bem, isso me

deixa muito feliz, é... (silêncio)... meus sobrinhos, quando eles chegam pra mim

“Aê tia, valeu”, sabe, isso me deixa feliz! Porque as vezes você fica tentando dar o

melhor e pra... eu sou feliz a medida em que eu deixo as pessoas felizes, entendeu?

Pra mim a felicidade é quando eu sei que sou importante para alguém, porque

assim, não e importante pra alguém, mas se a pessoa que eu amo, ela reconhece que

eu tenho esse amor por ela, isso pra mim é o suficiente.

19. Pra você, o que é felicidade?

(pergunta respondida anteriormente)

20. Qual o seu maior sonho?

Ai... meu maior sonho... aí tem tantos (risos) um bem grandão, bem grandão...

rapaz seria ter um filho que eu já descartei, porque essa minha vida, o corre-corre

não dá. Ter um filho, por ter um filho eu já queria a qualquer hora em qualquer

momento. É que “homem” está difícil, não é nem a questão de ter um marido, quero

alguém que vale a pena dividir um filho com ele. Porque quando eu era pirralha, se

eu não casar, eu vou ter um filho, eu vou ter minha produção independente. Só que

eu sei que essa produção independente, não existe, a criança precisa de um pai. E

ter produção independente, era produção independente mesmo. O menino não ter

nem acesso ao pai, nada! Entendeu? Não mas assim, não, mas isso é muito

importante, a presença do pai é muito importante, não financeiramente, mas a

presença mesmo. Aí é muito difícil, você achar alguém que partilhe essa mesma

ideia que você tem. Mas fora isso é o sucesso profissional, sabe, fazer trabalhos, ser

reconhecido, ter um trabalho, que pelo menos que mude esse pessoal que está aí

sabe (apontando para Câmara dos Deputados). Um trabalho de conscientização

para mudar essa galera que está aí.

21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de

trabalho?

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Eu já fiz várias cirurgias, de audição, que eu ia perdendo a audição e... só duas

vezes que eu me afastei, da audição que... do jeito que tava não precisava nem ter

voltado para sala de aula, poderia ter sido readaptada, mas eu não quis. Assim o

Estado estava me dando... e quando chegou no mês de dezembro o Estado, eu

trabalhava em outra escola, anterior daqui, e eu fiz em setembro a cirurgia, outubro,

novembro, dezembro e não tinham colocado ninguém no meu lugar, aí eu voltei

para escola, para fechar a caderneta, para os alunos terem um documento, porque

não mandaram ninguém no meu lugar, aí eu tenho problema de tontura, porque

atingiu meu labirinto, eu andava segurada pelas pessoas, mas mesmo assim eu fui

para escola fiz cadernetas. Aí o médico disse que mesmo assim, se você for

andando, nas férias eu passei indo pra praia, na areia para ir me adaptando a me

equilibrar, aí eu disse: não eu vou voltar para sala de aula, se eu ficasse dentro de

casa eu endoidava, ir para uma secretaria ou alguma coisa, eu ia endoidar, aí eu

disse, não, tenho muita coisa a fazer pela frente.

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ENTREVISTA 08

1. Nome

-X-

2. Idade

37 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Há mais de 12 anos

4. Há quanto tempo é formado?

Desde 1994, têm uns 17 anos.

5. Uma média da sua renda mensal?

R$ 2.500,00

6. Qual a sua carga horária?

Aqui no Ginásio eu tenho 28 horas semanais, mas eu trabalho no CCEE, tenho seis

turmas lá. São seis horas é... quase sete horas por semana.

Então na verdade tem dia que você trabalha manhã, tarde e noite?

manhã, tarde e noite e sábado também.

7. Porque escolheu ser professor?

Primeiro porque eu não sou daqui sou de Serra Talhada e interior, lá na minha

cidade só tinha a faculdade de formação de professores. Aí eu tive que fazer porque

toda a vida eu quis minha graduação. E aí minha mãe não deixou fazer o que eu

realmente queria que era direito. Eu tinha um sonho de ser juíza, mas aí sair do

interior vim para capital, aí tem todo aquele processo enrraigado, mulher, nanana...

aí acabei fazendo letras, optei por letras porque eu gosto muito de línguas, em

inglês em especial, aí me resolvi me dedicar a inglês.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Talvez sim, eu estou buscando uma outra oportunidade, estou estudando para

concurso, porque na verdade existem algumas coisas que em educação que saem da

minha linha de pensamento. Eu... se fosse para voltar o tempo, talvez não porque eu

gosto do que eu faço, eu gosto de ensinar eu gosto desse contato de estar com eles.

Eu acho que eu tenho alguma coisa para passar para eles, talvez uma missão não

sei. E até essa missão acabar eu ainda estou na luta de ser professora.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Eu vim pra cá ano passado em fevereiro de 2010. Eu vim acompanhando, eu tenho

duas filhas, eu vim acompanhando uma delas para fazer segundo ano, que ela tem

vontade de fazer medicina, e pra não deixá-la sozinha eu resolvi acompanhá-la.

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Deixei uma em Serra, voltei, esse ano eu trouxe a menor, porque ela terminou a

oitava série aí está comigo, estão as duas.

As duas estão estudando aqui então?

hahan

10. Como começou trabalhar aqui?

Pra chegar até o Ginásio, primeiro eu vi o processo seletivo no diário, e em seguida

eu comecei a me movimentar de lá de Serra talhada mesmo. Achava muito difícil

pra chegar até o Ginásio Pernambucano. Na verdade tinha o processo seletivo para

as escolas integrais, foi o que eu fiz. Então chegando lá o programa, porque você

tem toda uma questão do currículo, entrevista, então todo esse processo eu passei,

eu ia trabalhar em uma escola em Nova Descoberta, e no dia que eu fui para pegar o

meu encaminhamento para essa escola em nova descoberta, a pessoa que estava

batendo (fez sinal de digitando) recebeu um telefonema na hora e disse a mim que a

pessoa que ia ficar no meu lugar, não podia porque estava com, tinha ganhado bebê

há pouco tempo e ela preferia ficar em uma semi-integral porque ela teria duas

tardes livres para o bebê. Aí ela perguntou, você quer ir para o Ginásio

Pernambucano, eu até: Hã? (fez cara de assustada) O que? – Você quer eu vou

mandar você pra lá agora, é bem pertinho aqui na Rua da Aurora. – Ah tá me

manda! Eu acho que é o sonho de todo mundo vim trabalhar aqui. Pelo status do

colégio? Pelo status não é?! E você acredita que é uma escola que realmente faz a

coisa andar, dentre tantas adversidades que a gente ver aí.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto!

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

Hummmmmm, talvez por não estar trabalhando em uma escola regular. Por ser

uma escola de referência e eu ver as coisas realmente andando, mesmo que as vezes

aos trancos e barrancos, mas sei que as coisas acontecem. É engraçado porque a

gente sempre fica brincando: poxa vocês aqui, a gente briga por aula, quando você

não consegue dar uma aula numa turma em uma semana, aí a gente fica: o, por

favor, me dar uma aula da tua aí a gente. Semana passada era uma briga: me dá

uma aula da tua, não posso não. Por favor, me dá uma aula da tua, não posso não. E

assim você ver que realmente aqui a coisa anda. Então eu me sinto motivada por

sentir que aqui é como se fosse uma família. É até diferente esse contato o dia

inteiro com os meninos é como se fosse todo mundo da família. Aí quando chega

alguém estranho: Quem é? (cara de assustada) E esse aí que não estava aqui? Né,

então todo mundo se conhece, então, eu gosto de estar aqui.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

Eu não diria no Ginásio Pernambucano eu diria da educação...

Da integral? Depois eu vou te perguntar.

Do colégio, o que te desmotiva a trabalhar?

Assim, a falta de projetos, porque a escola que eu trabalhava ela trabalhava muito

com projetos. Então como eu sou de língua inglesa, a gente trabalhava muito a

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questão de, a gente juntava e fazia, vamos fazer um projeto de língua inglesa, a

gente vai fazer um festival cultural, tipo assim. Aí eu podia abraçar aquela causa e

trabalhávamos durante dois meses naquele projeto e tinha a culminância dele no

final. Coisa que aqui não acontece, aqui a gente só tem aula! Aula e aula! Então

como o foco é passar em vestibular é o primeiro dos focos, então é focado em aula,

conteúdo, cumprimento de conteúdo, aí, e o que a gente fica, eu ainda fico meia

assim, eu digo poxa, você se sente muito preso, você não pode, você quer, mas não

pode.

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Porque não uma regular?

É!

Eu já trabalhei em uma escola regular, trabalhei durante sete anos em uma escola

regular, aliás, sete não, dez desses doze anos foram em escola regular. Só que

cidade do interior é diferente né?! Então o meu medo quando eu vim para Recife é:

vão me jogar em uma favela, aí você ver. Porque a gente ver as reportagens, a gente

ver o que é que o pessoal faz. O que é que... assim, o descaso! Então numa escola

integral, foca ali no aluno, ele quer trabalhar o aluno nas quatro instâncias que a

gente chama. Não é: aprender, a ser, a conviver, a fazer, então tudo isso é como se

fosse um vínculo que você cria e você acaba querendo sair e não pode.

15. O que te motiva no programa?

(Silêncio) Talvez, deixe-me ver... rapaz... é essa questão mesmo de fazer e

acontecer. É você ser professor, e você realmente receber o seu dinheiro no final do

mês e saber que você trabalho pra aquilo dali. Você está recebendo e está fazendo

juiz aquele dinheiro. Então talvez você poderia receber um pouco mais, porque o

trabalho a carga aqui é bem maior, no Ginásio Pernambucano a carga é bem maior.

16. O que te desmotiva no programa?

O que me desmotiva é o que eu já te falei, é você não poder ir além na questão dos

projetos. A gente não tem como, não tem autonomia, realmente para fazer.

17. Você se sente feliz? Por quê?

Sim, eu gosto de ser professora, independente de estar aqui, ou de estar em

qualquer outro lugar, eu sempre fui uma pessoa que sempre fiz amizade muito fácil

e talvez o meu sorriso sempre encantou muita gente. Então a minha disciplina é

uma disciplina difícil de ser lecionada, eles não querem, né, eles não querem nem

aprender português, vamos dizer assim, e quando diz inglês... é (cara de nojo)...

mas por eu ter esse encanto eu acabo conquistando e dá certo! Dá certo! É uma

mistura que deu certo, até agora né?!

18. O que te deixa mais feliz?

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É saber que eu pude contribuir na vida de alguém! É ter não um reconhecimento,

mas de vez em quando você escuta. Eu tenho muito alunos meus que ainda deixam

depoimento pra mim: “aí professora eu ainda lembrei daquela coisa que a senhora

ensinou na sala” é você saber que alguma migalhinha você colocou na vida de

alguém, seja na parte pedagógica, seja na parte emocional. Semana... Acho que foi

há uns 15 dias, chegou um aí na secretaria: professora, eu sai da escola a senhora

viu né?! E eu: Vi! E ele: “eu fiz o que a senhora me disse naquele dia eu estou

trabalhando com os meus pais, estou trabalhando realmente só um período”. Porque

assim, como aqui é uma escola que puxa muito da gente, a gente tem que puxar

muito deles, então não tem como você dizer a bichinho e passar a mão na cabeça,

não! Aí aquele que não tem realmente esse perfil do aluno que a gente espera, é

claro que uma conversa aqui, uma conversa ali, você não vai dizer: olha pega tua

transferência e sai! Mas a gente vai de qualquer forma, vai manipulando, tentando

clarear, olha é assim mesmo que você quer estar? Porque na verdade toma a vaga

de alguém que quer. E aí: “o professora estou tão bem mais feliz” então você ver

que de alguma forma você contribui para aquela pessoa de alguma forma.

19. Pra você, o que é felicidade?

Acho que é estar em paz consigo!

20. Qual o seu maior sonho?

Talvez financeiro: ter meu apartamento, meu carro. É ajeitar a minha vida de um

modo geral.

21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de

trabalho?

Não, não, eu sempre procuro não usar atestado, licença, porque eu sei que mais na

frente vai me fazer falta. É só se for necessário mesmo. Por exemplo, minha filha

fez uma cirurgia e eu poderia ter tirado uma licença para acompanhá-la e não,

nunca não!

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ENTREVISTA 09

1. Nome

-X-

2. Idade

43 anos

3. Há quanto tempo leciona?

17 anos

4. Há quanto tempo é formado?

19 anos

5. Uma média da sua renda mensal?

Oxê, pra falar a verdade ou pra mentir?

Verdade professor!

Poxa, sabe que eu nunca fiz essas contas! Pra não ficar traumatizado. Porque eu

estou aqui nessa escola e você tem uma gratificação de localização dá uns R$

2.700,00, não dá uns R$ 3.000,00.

6. Qual a sua carga horária?

Cara, minha carga horária é 350 horas/aulas. 200 aqui e 150 na outra escola.

7. Porque escolheu ser professor?

Felicidade, isso foi acidental viu, não foi vocação não, foi acidental mesmo. Eu

terminei o Ensino Médio, o segundo grau né, não sou do tempo do Ensino Médio,

de repente eu me questionei o que é que eu poderia começar na universidade e

terminar e entendi que só dava o curso de... Formação de professor, aí eu resolvi me

tornar professor, tentar né?! Me tornar professor. Aí foi acidental, nunca foi nada...

nunca pensei em me tornar professor não. Isso não estava nos meus planos não.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Faria! Faria!

Qual a outra profissão?

É! Direito. Eu acho interessante a carreira de... a estrutura do direito, eu acho que

me daria bem como advogado, sou bom de enrolar as pessoas, sou bom de

conversas. Acho que teria uma sobrevida legal no curso de direito.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Aqui cinco anos.

10. Como começou trabalhar aqui?

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Bom eu cheguei aqui... saiu um professor daqui e um colega meu foi chamado pra

vim pra cá, só que nesse momento ele estava entrando na polícia federal, aí ele não

quis vim e me indicou para o cargo que era coordenador pedagógico daqui. Aí eu

vim pra cá, fiz uma entrevista com a gestora, e acabei ficando.

Mas o senhor fez a entrevista para coordenação pedagógica?

Eu fiz a entrevista com a coordenação pedagógica e com a gestora da escola.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Alguns dias sim, outros dias, não! Não, é. a sua temática é muito interessante,

felicidade! Eu defendo a ideia que ninguém é feliz o tempo todo assim como

ninguém é triste o tempo todo. Assim, eu acho que ser professor, está nesse

universo. Uns dias você tah... você acha legal estar aqui nos outros não é legal estar

aqui.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

Rapaz há algum tempo atrás eu certamente iria lhe dizer que o que muito me

motivava a estar aqui que eram as condições daqui que eram bastante diferenciadas,

né?! Pra possibilidade de realizar um trabalho, legal. Hoje, as condições foram

mudadas, algumas questões foram retiradas. Mas assim os alunos daqui são um

motivo pra você vim pra cá. Que motiva você a vim pra cá. A possibilidade da

gente poder fazer algumas, contribuir um pouco pra mudança de vida de alguns

meninos. Acho que isso é uma das razões de eu estar por aqui ainda.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

É... as urgências, as prioridades que ainda estão o tempo todo mudando aqui, né?!

Algumas prioridades que são mudadas, são alteradas, é... como é aquela palavrinha

que eu usei que a gente tinha muita... demandas! E assim a gente, eu acho que a

gente tem muitas demandas.

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Olhe, é... num primeiro momento eu acho que isso soou um pouco como desafio

sabe, eu não tinha tido a experiência de trabalhar em uma escola integral, e fui

chamado pra vim pra cá, quer dizer, naquela situação que eu coloquei pra você, e

quando eu cheguei aqui, essa era a estrutura da escola e eu acabei ficando nela,

acabei, de certa forma me incorporando nela, na estrutura né?! Assimilando essa

estrutura.

15. O que te motiva no programa?

Eu acho que é a possibilidade de a gente estar o maior tempo com os alunos, e a

gente tem uma condição, mesmo na precariedade que hoje se tornou a nossa

estrutura, mas aí a gente tem uma condição infinitamente diferenciada, de outras

realidades de escola do ensino regular que a gente tem aí né?!

16. O que te desmotiva no programa?

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Falta de uma definição clara, de uma política que é a escola integral. Porque como a

coisa está o tempo todo, indo e voltando, mudando. Você vai estar fazendo uma

coisa e depois você tem que fazer outra, porque apareceu alguém que quilo que

estava sendo feito, tem que ser mudado e tal. Então, essas emergências que sinaliza

o tempo todo pra mudanças, que nem sempre são mudanças positivas. Quase

sempre agora negativas, no sentido, que elas atrapalham muito mais do que ajudam.

17. Você se sente feliz? Por quê?

(risos) Felicidade é o que eu lhe disse anteriormente é um estado. Hoje eu estou

contente amanhã eu posso estar deprimido, posso estar triste, porque eu... eu

procuro me sentir bem, né?! Não que isso seja possível o dia todo o tempo todo,

todos os dias, mas eu procuro fazer a coisa não ficar tão caótica quanto ela parece

ser, né?! Ser feliz depende do Estado, depende do dia, depende das contingências,

da formulação do cotidiano do indivíduo, dentro de muitas coisas.

18. O que te deixa mais feliz?

Cara aqui ou numa perspectiva geral?

Geral!

O de acordar de manhã, você poder trabalhar, poder estar com as pessoas que eu

gosto, isso me deixa feliz.

19. Pra você, o que é felicidade?

(pergunta respondida anteriormente)

20. Qual o seu maior sonho?

Carambaa... meu maior sonho é colocar os meus dois filhos em um curso na

universidade pública em cursos decente que eles possam voar, eles possam sair do

ninho, esse é meu sonho hoje.

21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de

trabalho?

Já, já tive já. Mas nenhuma de fórum emocional, físico mesmo, joelho podre, é

joelho basicamente, né?! Os dois joelhos, e sou hipertenso. Aí eu me drogo todo dia

pai, sou um drogado (fez sinal de louco, mas estava rindo, tirado brincadeira com a

situação).

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ENTREVISTA 10

1. Nome

-X-

2. Idade

44 anos

3. Há quanto tempo leciona?

15 anos

4. Há quanto tempo é formado?

Eu me formei em 86. (24 anos)

5. Uma média da sua renda mensal?

Vou arredondar R$ 5.000,00

6. Qual a sua carga horária?

400 horas

7. Porque escolheu ser professor?

Primeiro foi por acaso né (risos). Primeiro era o desejo da minha mãe que as duas

filhas fossem professoras, porque ela disse que ela... assim, o cargo que ela achava

mais lindo que ela queria ser, mas terminou mesmo não conseguindo. Mas o que eu

queria mesmo era medicina, era ser pediatra era meu sonho. Fiz a primeira vez

vestibular e não passei, aí passei no vestibular da FAFIRE, me identifiquei muito

com o curso, Biologia né, porque era uma parte que eu ia ver na medicina, então me

identifiquei, comecei a ter bons relacionamentos com os professores, era monitora

de citologia e histologia e fui ficando, fui gostando, me identificando, fiz os dois,

licenciatura e bacharelado, aí engatei logo, fiz especialização e fiz mestrado junto.

Aí decidi, depois já fiz o concurso, passei e fiquei. Não me arrependi de maneira

nenhuma, tentei fazer outras vezes medicina, mas depois vi que talvez realmente

não seria minha praia. Porque eu ia me envolver demais com o paciente. Eu cheguei

a assistir uma palestra lá na Federal sobre essa questão de como o profissional que é

da área médica, tem que saber separar essa questão e pessoal e não se envolver com

a dor do paciente, e eu acho que eu ia me envolver demais.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Não, não faria diferente. Agora tentaria assim, ver o profissional que eu sou de uma

outra forma. Eu aprendi muito quando eu cheguei aqui, parti a ser realmente

professora quando a gente passou pela capacitação por três meses aqui na escola.

Porque a realidade de outras escolas era: eu jogo o que eu sei e tu aprende se tu

quiser, né. E aqui não a gente fez uma proposta diferenciada, mudou muito,

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atualmente está muito modificado, desde o inicio de como foi projetado. Mas...

muito melhor do que lá fora...

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Desde 2003. (oito anos)

10. Como começou trabalhar aqui?

A gente fez a seleção através da análise do currículo, a como eu tinha muitos

trabalhos escritos né, porque desde a graduação, como eu disse eu me identifiquei e

a gente sempre escrevia e tal para congresso, simpósio, então essa parte eu tinha

muito grande, eu não tinha muita experiência, né, didática, mas essa parte aí eu

tinha muito.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto!

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

É o contato maior que a gente tem com o aluno né. Como a gente passa o dia todo

né, a gente tem uma relação maior com eles, né. Essa questão realmente se estende,

eu como me envolvo nessa questão de formatura, aí pronto eu ainda estou mais

ainda interagindo com eles. Participando mais da vida deles, problemas por conta

disso ou daquilo, outros vem e conversam em particulares, então essa convivência o

dia todo aqui faz a gente ver o aluno de uma outra forma, coisa que a gente passa de

três a quatro horas, num dia não dá, ou vê dar o seu conteúdo e tentar dar uma geral

na turma, né. Ver as vezes pela reação da própria expressão a gente consegue

perceber né, mas nem sempre, precisa-se esse contato maior.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

A falta de disciplina dos alunos, determinadas posturas assim, o que eles fazem

errado, deveria ter uma outra forma de puni-los para eles realmente: “não eu aqui

eu não posso fazer, se eu fizer eu vou me dar mal, então, se eu ponho um daqueles

outros que gostariam de seguir o exemplo sabem que vai haver essa punição, isso

esta faltando”. E a questão do salário, quando passou para ser política pública, a

gente perdeu muito, perdeu muito em dinheiro e ganhou mais carga horária. Então

isso as vezes até desmotiva porque você não tinha aquele tempo, que tinha para

escrever um trabalho num congresso, pra inventar um projeto com determinados

alunos, apresentar o “Ciência Jovem”, mas nunca eu inscrevi para o Ciência Jovem

porque eu realmente não tenho tempo.

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Primeiro quando a gente..., eu disse não vou colocar o meu currículo pra ver se dar

certo, né. Eu achava que não ia passar porque eu só via os feras daqui, pessoas que

já tinham anos e anos de didática principalmente e eu achava que isso ia pesar

muito mais que a outra parte no currículo. Então eu achei que não ia ficar. E

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integral porque, porque é... eu ia ter a minha carga horária disciplinar, mas eu ia ter

minha hora de projeto, minha hora de estudo, eu ia poder me programar, pra poder

desenvolver um trabalho que eu queria, ou como professora ou desenvolver com o

aluno.

15. O que te motiva no programa?

É você conviver mais com o aluno, eu acho que a gente pode interagir melhor com

ele conhecendo a gente melhor, se dando bem. Eu acho que o aluno quando se

identifica com o professor, flui mais fácil pra ele.

16. O que te desmotiva no programa?

É as ordens que são para ontem, ontem, ontem... e a gente tem que fazer. Sem assim

consultar, ou a gente como esta convivendo com o aluno, a gente pode ter outra

estratégia que ia favorecer a situação que ele está querendo. E não daquela

exposição, olha tem que ser assim e tal, tal, tal...

17. Você se sente feliz? Por quê?

Atualmente sim né, porque assim eu tou bem com a minha família, só um

probleminha, o que me aflige muito é a questão a minha filha não gostar muito de

estudar. Eu sempre fui uma pessoa que eu sempre gostei de estuda. Eu podia dar

todos os problemas a minha mãe, menos isso. Eu sempre gostei muito de estudar,

não era aquela primeira aluna, da sala, mas muito esforçada, tanto que eu fiquei em

terceiro lugar no mestrado, na prova do mestrado, então eu sempre estudava, ia

atrás participava. E ela não ela é muito quieta as vezes ela não entende e fica com

vergonha, tímida. Então ela é muito diferente de mim, eu queria que ela fosse eu as

vezes eu peco muito por isso aí. Eu tenho que respeitar essa individualidade dela, e

esperar o tempo dela, porque cada um tem o seu tempo de conseguir enxergar o que

é importante e como eu ir em busca daquilo que eu acho que é o meu objetivo de

vida.

18. O que te deixa mais feliz?

Assim se for de profissão, não é nem mesmo eu vir, eu tou de alma lavada, porque

tudo que estava na prova, a gente falou em sala, discutiu mostrou, então não tinha

porque dizer, caiu aquele conteúdo e a senhora não tinha falado nada pra gente.

Então isso aí pra mim eu estou felicíssima, estou satisfeitíssima. Quem não aceitou

é para puxar a orelha, entendeu? E na família ou assim na vida mesmo é você ver e

reconhecer o seu trabalho, e sou assim muito dinâmica, faço de tudo, quem ta assim

precisando de mim, mesmo que eu não tenho tempo, vou e ajudo...

19. Pra você, o que é felicidade?

É o bem estar, você estar em paz com você mesmo. Não existe nada que quando

você se deite diga, poxa vida estou com isso com aquilo, me falta isso, é o meu

estar bem, eu acho que felicidade mesmo, você pode dizer eu estou feliz agora e

mais tarde, alguma coisa lhe abater e pou eu tou infeliz, né. Eu acho que a

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felicidade é momentânea, vai de acordo muito com o que esta tribulando. Vamos

supor eu recebi uma notícia, Deus me livre, que perdi meu pai, vou me achar a

pessoa mais infeliz do mundo, né, mas é um conjunto.

20. Qual o seu maior sonho?

É conseguir ver os meus filhos realizados profissionalmente, porque eu tenho um

de oito e outra de 16, então é bem longe assim, eu gostaria de viver até lá.

21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de

trabalho?

Fiz cirurgia, há dois meses atrás eu fiquei afastada, fiz cirurgia de veias.

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ENTREVISTA 11

1. Nome

-X-

2. Idade

33 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Mais de 10 anos, porque desde que eu entrei na faculdade eu já comecei a trabalhar

na educação.

4. Há quanto tempo é formado?

Eu me formei em 2000 aí eu fiz a pós-graduação. Porque eu fui laureada aí

consegui pela UPE. Aí parei por enquanto, nada de mestrado por enquanto porque

meu tempo aqui não permite.

5. Uma média da sua renda mensal?

Uma média... R$ 2.500,00

6. Qual a sua carga horária?

200 horas aulas, é 30 semanais.

Então você está aqui manhã e tarde?

O dia todo, todos os dias.

À noite não?

Não!

7. Porque escolheu ser professor?

Porque na verdade eu amo educação, eu gosto de lecionar. Eu desde criança

brincava de ser professora eu sempre gostei assim, acho lindo a profissão aí pronto.

Foi fácil para você escolher?

Foi fácil! Na verdade quando eu fui prestar vestibular fiquei um pouco em dúvida

entre história e geografia, é porque eu sempre me voltei assim para a área de

humanas. Aí eu optei por geografia porque minha irmã já era formada em história.

Mas pretendo fazer direito.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Se eu tivesse outras oportunidades. Porque assim eu fui aluna de escola pública e é

mais difícil entrar em uma universidade pública. Por conta das carências e

deficiências que existe. Então assim, eu gosto do curso que eu fiz, gostei oi um

curso bom, algumas cadeiras não tão legais outras foram, mas assim eu também

pretendo um dia fazer direito. Minha irmã se formou em direito pela federal. Hoje

eu vejo que não é um curso tão bom assim porque é leis muda bastante. Mas talvez

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eu pense em fazer direito pela questão financeira, porque abre mais o mercado, o

trabalho, os salários são melhores.

Ah entendi, mas aí você faria o mesmo curso com a pretensão de fazer direito

depois?

Isso!

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Desde 2009

10. Como começou trabalhar aqui?

Na verdade alguns colegas meus da outra escola falavam sobre o ginásio, e assim

era um modelo de escola e eu dizia: Nossa eu quero ir pra lá, como é que eu faço?

Aí eu fiz o concurso, para educador de apoio e para professor. E eu fiz, dessa vez eu

entrei, primeira vez que eu fiz, mas eu entro de qualquer jeito. Aí eu consegui a

primeira colocação para educador de apoio. Só que aí, eu gosto de sala de aula e

como eu também tinha feito para ser professora eu preferi me desfazer da vaga de

educador de apoio para ficar na sala de aula.

E aí você fez concurso para vim pra cá, ou do concurso você foi locada para vim

pra cá?

Porque normalmente... primeiro foi assim eu fiz o concurso para educação, aí eu

entrei na escola normal. Aí tem o concurso interno para o integral, aí eu fiz

justamente para educador de apoio ou então para lecionar. Aí eu fiz os dois, passei

nos dois e optei por ficar na sala de aula.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto, porque apesar de ser uma escola pública, assim, não 100%, mas parte dos

alunos que entram aqui a gente consegue visualizar mudanças de comportamento.

Alguns que antes a gente via assim sem um norte na vida e conseguem mudar sua

perspectiva de vida, isso assim é uma mudança radial. E isso pra mim é muito

assim, dá uma satisfação muito grande. Aí isso foi muito bom, é gratificante.

Porque a gente sempre recebe visita de alunos que estão assim, terminando o curso

na UPE na Federal, cursos bons.

(interrupção – alguém procurando a professora)

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

(já respondeu acima)

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

Na verdade a questão é assim, que eu creio que a carga horária, a gente tem uma

carga horária tão grande que isso de uma certa forma prejudica o nosso trabalho.

Porque eu creio que todos vão falara a mesma coisa. Professor para dar uma boa

aula tem que esta sempre se atualizando, preparando coisas diferentes, para gente

integrar mais. Então a gente está numa carga horária tão grande que às vezes você

chega assim e poderia ter dado muito mais, e não dá porque faltou aquele tempo

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para você preparar um melhor material. Sem falar nas substituições, não é. Por

exemplo, o professor falta, aí não pode deixar a turma sem aula aí pega quem tiver

livre e vai. Então na teoria a gente não só da 30 horas/aula, a gente da muito mais.

Ah entendi agora você conversando comigo, poderia ser que se uma turma estivesse

faltando você estaria em uma sala de aula?

É! Eu ou qualquer um outro professor que a coordenação indicasse para ir, locasse

para sala.

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Pra mim eu vejo que é cômodo no sentido de não está saindo de um turno para

outro, para outra escola que eu já fiz isso. Quando eu entrei no estado eu trabalhava

em duas escolas e, por exemplo, de manhã eu dava aula em uma escola, à tarde eu

dava aula em outra escola, e anoite eu voltava para escola onde eu já estava pela

manhã. Aí pra mim isso é uma comodidade, eu gosto.

15. O que te motiva no programa?

No início era assim, o formato. Mas eu vejo que hoje a situação, esse formato esta

mudando, que realmente no início era. Era um modelo, na minha visão um modelo

que você tinha mais tempo. Não só tempo pedagógico com o aluno, mas assim, a

questão da presença e hoje a gente esta quase que de certa forma, sendo um

integral, mas em alguns momentos em moldes de uma escola normal. Onde suas

aulas e todo o contexto vai sendo deteriorado, e consequentemente os resultados

não vão ser tão bons quanto no passado. Como logo no início quando surgiu.

Então seria o que te motiva: a filosofia do programa?

A inicial!

16. O que te desmotiva no programa?

Como isso tudo mudou!

17. Você se sente feliz? Por quê?

Em parte! Pronto a felicidade que eu digo é quando eu vejo que muitos alunos

conseguiram, conseguiram vencer na vida porque eu sempre digo a eles que eu fui

aluna de escola pública, passei no vestibular e fui aluna laureada, e eles são

capazes. E a gente ver que assim tem uma concorrência desleal, tem alunos que

vem de escola particular, fazem cursinhos e a gente ver que consegue mudar a vida

de alguns alunos, e isso é muito gratificante. A gente: Nossa! Menos uma pessoa,

menos um jovem que deixou de estar no mundo do crime, das drogas e aí por

diante, isso é muito bom pra mim! Eu me sinto feliz e realizada nesses momentos.

E o que me deixa as vezes um pouco triste é esse trabalho muito exaustivo, eu não

estou me eximindo do meu trabalho, mas tem horas que você precisa de um tempo

para fazer um bom trabalho.

Entendi, então se eu te perguntar o que falta para ser mais feliz do que se

considera?

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Além desse tempo que a gente precisa para todo esse contexto pedagógico

funcionar, o que falta para ser mais feliz?... e também as vezes eu vejo o

reconhecimento de toda essa estrutura de governo, com a educação. Porque a

educação seria tudo em qualquer país em qualquer lugar, a gente tem exemplo de

país que passou por guerras e em uma década mudou radicalmente, porque levantou

a bandeira da educação como a bandeira número 1. Mas isso passou pela

qualificação do professor, também pela questão salarial, a agente também não pode

dizer que você trabalha só por amor, aí você esta sendo um mentiroso. Então assim

a questão salarial também influência nisso aí. Pesa, por isso que no início, os

comentários de quem começou no integral é que tinham salários que estigavam

você a trabalhar, tinham muito mais tempo. E hoje não, você viu uma redução

salarial e aumentando o trabalho, então isso pesa. As cobranças no caso, cobrança,

cobrança e muitas vezes sem lhe dar um aparato para que isso aconteça, sem um

suporte.

18. O que te deixa mais feliz?

Aí o que me deixa mais feliz é ler um bom livro que ultimamente eu não fiz isso, se

você me perguntar esse ano eu não li um livro ainda, parar, olhar o mar, eu fico

muito feliz! Eu adoro contemplar a natureza, observar a chuva. Eu gosto muito

assim da questão de natureza, que contemplo muito a natureza.

19. Pra você, o que é felicidade?

É estar bem comigo e transmitir essa felicidade. Transmitir essa energia positiva. Aí

assim eu acredito muito na energia das pessoas, por isso que eu procuro ficar

próxima a pessoas que falam coisas boas, eu não gosto de estar próxima de pessoas

que só reclamam, reclamam, reclamam, porque trás energia negativa. Então assim

eu gosto muito dessa situação onde a felicidade a gente percebe no olhar, na fala, de

um gesto das pessoas.

20. Qual o seu maior sonho?

Na verdade o meu maior sonho era conseguir uma residência e hoje eu estou

plantando isso aí, minha semente esta sendo regada. É ter um lugar próprio e eu já

estou conseguindo Graças a Deus, 2013 estarei lá!

21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de

trabalho?

Não, assim sou uma pessoa saudável.

Você precisou se afastar por algum motivo?

Ah afastamento foi em dezembro de 2009, no finzinho do ano que eu fiz uma

cirurgia nos olhos passei 15 dias, retornei no finalzinho no momento do conselho

escolar.

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ENTREVISTA 12

1. Nome

-X-

2. Idade

47 anos

3. Há quanto tempo leciona?

26 anos

4. Há quanto tempo é formado?

26 anos

Não começou a dar aula antes não?

Não!

5. Uma média da sua renda mensal?

Dá uns R$ 4.000,00

6. Qual a sua carga horária?

350 horas mensais.

Então o senhor tem um vínculo aqui e outro vínculo à noite?

Outro vínculo, outro vínculo à noite, 200 horas aqui e 150 lá na outra escola.

7. Porque escolheu ser professor?

Pô, na realidade na minha época, década de 80, começo da década de 80, eu tentei

engenharia, fiz engenharia civil. E como podia optar por duas, por duas áreas, não

é, aí eu escolhi, engenharia e física, passei nas duas. E aí comecei com física,

terminei primeiro, e aí comecei a dar aula e a questão financeira, porque o mercado

era muito fechado nessa época, pra quem era engenheiro, então eu trabalhei com

engenharia pouco tempo, comecei a trabalhar com educação e fui desenvolvendo aí,

com educação, os anos foram passando e eu fui acompanhando a educação mesmo.

Teve uma época que eu fiquei trabalhado com os dois, ficava como engenheiro e

como professor, mas aí o mercado fechou eu perdi o meu emprego de engenheiro,

aumentei minha carga horária de física e fiquei trabalhando em várias escolas eu

cheguei a trabalhar em quatro escolas de uma vez, e aí não deu mais tempo pra, pra

engenharia mesmo não. Os compromissos financeiros foram levando você a seguir

o barco.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

... veja só... hoje o mercado para engenhara estaria bem melhor, então,

provavelmente eu teria seguido a carreira de engenheiro, mas, com mais seriedade.

Não digo que pararia de ensinar, porque eu gosto. Até porque quando eu comecei a

ensinar, uns amigos meus que já davam aula diziam: rapaz, tu vai entrar num

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negócio que é um ópio viu, você vai se viciar e não vai deixar nunca mais. E

realmente, não deixei mais. Eu acredito, eu acho que mesmo se eu voltasse para

engenharia hoje, eu continuaria dando aula. Hoje eu já estou realmente viciado.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Aqui no Ginásio, há três anos.

10. Como começou trabalhar aqui?

Eu tenho dois vínculos com o estado e tinha uma cooperativa, durei uns três anos

com essa cooperativa. Então a cooperativa acabou, depois de três anos não dado

certo. Por brigas internas, inadimplência de alunos e começou a não dar certo.

Então eu não vim pra cá antes, exatamente por conta desses compromissos que não

tinha o tempo para a escola integral. Mas aí como a cooperativa não deu certo,

fechou, depois de três anos. Aí, a antiga direção, Tereza, junto com dois amigos

meus que tinha aqui, que já ensinavam aqui. Me convidaram, apareceu uma vaga

pra física, me convidaram e eu resolvi aceitar. E vim! Foi assim, por convite.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto muito! Gostei muito da escola.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

É... porque veja... no Estado a gente não tinha muita perspectiva de resultado com

alunos. Então eu trabalhei muito tempo e outras escolas do Estado que não davam

resultado, como essa daqui dá. Em termos de aprovação no vestibular, em termos

de alunos que procuram os cursos técnicos e se dão bem nesses cursos. Então essa...

eles te mais sucesso. Então você ver maior retorno do seu trabalho. Então isso me

motiva muito. E é uma escola bastante dinâmica, você não, não... um dia não é

igual ao outro. Isso ajuda muito também, os dias são diferentes.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

... olhe... não tenho nada que desmotive não. Nada assim que seja, que seja

significativo não! Desmotiva porque a gente tem muito aluno que não se entrega,

que não sabe nem o que esta fazendo aqui na realidade, não sei se pela forma de

entrada na escola que não é que eles escolhem, ligam para o 0800 e acabam aqui

dentro sem saber nem o que é a escola, então muitos não levam a escola muito a

sério, isso, deixa a gente triste, né?! Porque eles poderiam dar um resultado ainda

melhor do que eles dão. E esses alunos muito não levam tão a sério, então eles

relevam um pouco a escola, isso deixa um pouco desmotivado. Fora isso, a

estrutura é boa, já foi melhor, mas ainda é boa, dá pra trabalhar bem, nada que me

desmotive não.

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

... como eu tinha já esse costume do dia inteiro no trabalho, então a escola integral

me ajudou a manter esse ritmo. E também, porque como eu tive uma quebra

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financeira, a escola integral tem uma gratificação, isso ajudou também. Também foi

um dos motivos.

15. O que te motiva no programa?

Eu acredito que essa estrutura que a escola tem, esse favorecimento a desenvolver

um trabalho melhor, e ter do aluno um retorno melhor. Claro, daqueles que

realmente se interessam e se esforçam pra isso, como disse tem muitos que não

sabem o que estão fazendo aqui. Mas a gente tem um retorno maior deles, um

compromisso maior deles.

16. O que te desmotiva no programa?

Acredito que a quantidade de aulas, eu acho que poderia ser menos aulas. Não digo

menos tempo na escola, mas menos horas dentro da sala de aula. Pelo menos aqui

eles tem muita aula e pouco, poucos momentos de... eu não digo lazer, mas

desenvolver outras atividades que não seja esta sentado num banco, colado na

carteira né?! Com o professor lá na frente. Talvez um período maior de atividades

esportivas que eles não têm tanto, o pessoal de Educação Física, tenta fazer isso,

mas não tem quadra, não te nada. Então esse, essa questão dele estar muito tempo

dentro de uma sala de aula, acho que isso também não é tão bom.

17. Você se sente feliz? Por quê?

Sim, eu tenho um lugar... hoje mesmo um aluno me perguntou a mim, porque é que

eu estava muito feliz, eu disse rapaz eu sempre fui feliz, porque eu não tenho

nenhum motivo pra ser infeliz não.

18. O que te deixa mais feliz?

...é, veja... primeiro por causa da família, eu tenho uma família boa. Uma mulher e

uma filha que pelo menos até agora esta bastante estudiosa, se esforça. E,

profissionalmente também, eu não estou me sentindo infeliz não. Não tenho

problema financeiro maior. O salário não é muito mas dá pra pagar as contas e dá

pra ter um certo padrãozinho, não tenho não, motivo pra ter felicidade não.

19. Pra você, o que é felicidade?

Eita boa pergunta! Ontem fizeram uma pergunta dessa a uma pessoa que respondeu

uma gota de um orvalho né?! Numa pétala de flor, (risos) a musica de Vinicius.

Mas eu acho que a felicidade... e porque felicidade não é uma coisa que você,

esteja, depois, sentindo o tempo... eu acho que é mais de momentos, existem

momentos de felicidade, do que uma felicidade geral, eu acho que não existe não.

Mas momentos de felicidade, momentos de tranquilidade, não é assim, problemas

maiores que deixam você preocupados demais. Então esses momentos, são

momentos felizes. Eu acho que a felicidade é feita de momentos, do que uma coisa

contínua.

20. Qual o seu maior sonho?

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Hoje... é poder dar a minha filha a condição de vida que ela merece. E poder

acompanhar, realmente isso, o crescimento dela, formatura, casamento, todos esses

momentos. Eu gostaria de poder acompanhar isso, claro que isso não depende de

mim né?! Mas eu gostaria muito de poder acompanhar isso, meu sonho maior é

poder dar a ela essa condição, dela se desenvolver bem e ter a vida dela tranquila.

21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de

trabalho?

Não, nunca tive nenhum problema que precisasse ser afastado não. Licença médica,

nada, nunca tirei. Nunca tirei nem licença prêmio que eu já tenho direito há um ano

e nunca tirei. Nunca tirei nem um mês de licença prêmio, nunca. E nem médica

também. Dificilmente eu falto à escola, é muito raro... eu gosto, gosto. é eu viciei

mesmo!

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ENTREVISTA 13

1. Nome

-X-

2. Idade

54 anos

3. Há quanto tempo leciona?

21 anos

4. Há quanto tempo é formado?

Humm, a primeira foi em 1981, nem lembro mais quanto tempo (29 anos) e a

segunda em 1986 (24 anos), e depois em 2001 (10 anos).

5. Uma média da sua renda mensal?

R$ 4.000,00

6. Qual a sua carga horária?

350 horas

Tem aqui e tem em outro lugar?

É!

7. Porque escolheu ser professor?

Na realidade eu não escolhi ser professora, foi à vida e o acaso que me fez ser

professora, eu fiz medicina veterinária e eu trabalhava muuuuito viajando final de

semana. E eu tenho, tinha duas crianças, então eu estava assim, distante de casa, eu

não podia nem ficar. Como eu tinha feito ummm... Ensino Médio, eu fiz magistério,

aí eu fiz um concurso e entrei e fui gostando, fui gostando. Aí fiz licenciatura

depois e fui ficando, e aqui estou.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Faria! Eu gosto muito de lecionar, mais eu faria outra coisa. Porque o desgaste

físico e mental é tremendo. A gente trabalha muito para ter uma renda mais ou

menos assim, equivalente, têm que trabalhar os três horários. É difícil e depois que

você passa dos 50, você não aguenta mais como você aguentava antes não. É muito

cansativo, estressante.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Desde 2006.

10. Como começou trabalhar aqui?

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Eu fiz uma seleção da “oi” para a escola Cícero Dias. Aí fiquei em segundo lugar

na escola Cícero Dias. Aí, eu estava esperando ser chamada, aí o Ginásio me

chamou e eu fiz a entrevista e fiquei aqui.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto! Eu gosto de trabalhar aqui pelos resultados, porque a gente trabalha em cima

de resultados. Pelo o espaço físico, eu gosto também, é... do trabalho que é feito

aqui. Nós temos muitas cobranças, mas também vibramos com os resultados, com o

desenvolvimento dos alunos, com o crescimento deles. Então isso é gratificante,

saber que participou um pouco daquela, contribuiu uma parcela para aquele

desenvolvimento.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

O regime de aula, em sala de aula. As cobranças são imensas. Quando as coisas não

dão certo, as cobranças sempre caem em cima do professor, embora o professor não

tenha culpa. Mas a cobrança é sempre em cima do professor, por mais que você

faça, é... por mais que eu faça a minha parte e os demais professores façam, mas

não, a escola não ver isso, ela quer ver o resultado, não quer saber quem errou ou

quem acertou, quer saber do resultado!

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

(pergunta respondida anteriormente)

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Porque primeiro o que me atraiu foi essa bolsa, a gratificação de localização, depois

quando eu vim trabalhar aqui, depois que eu vim trabalhar que eu vi a metodologia

aqui que trabalhava em cima de resultados, e tinha um trabalho direcionado para

isso, aí eu gostei.

15. O que te motiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

16. O que te desmotiva no programa?

É a quantidade de aulas em salas de aula, quando... né nem isso também, porque

quando o outro professor não esta você tem que cobrir. Sem faltar um professor,

você tem que cobrir as aulas dele. Se faltar alguém na sua equipe, você terá que

cobrir se responsabilizar por tudo, não é só ir da aula e sair, mas é laboratório, é

aulão, é correção de prova, é apuração de provas é aluno, quer dizer, você tem

pouco tempo para fazer isso. Nós estamos trabalhando assim, como se tivesse

trabalhando no escuro, porque antigamente, você sentava, produzia, relia e tinha

consciência do que você esta fazendo. Agora não, você vai em ritmo de produção.

Então não dá tempo, como sábado mesmo, eu e deparei com um aulão, que eu fui

dar, terminei seis horas, ainda tinha duas provas de 2ª chamada pra elaborar.

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Quando eu fui dar o aulão eu me deparei com o conteúdo que eu pesquisei na hora

que fui apresentar para os alunos. Quer dizer, eu não tive tempo de ler, não tive

tempo de fazer o gabarito, eu peguei o gabarito no banco de dados. Mas eu não tive

tampo de olhar pra ver cada questãozinha daquela, as alternativas, eu não tive

tempo, porque eu tinha que estar na sala de aula e ao mesmo tempo fazendo tudo

isso. Então assim, fica difícil. Ultimamente nós estamos... no começo não era assim

não A gente tinha mais tempo para produzir, pra reler, pra ver se tava errado se a

gente poderia melhorar. A gente não tem tempo mais para fazer isso.

17. Você se sente feliz? Por quê?

Sinto, eu acordo pela manhã, eu vou trabalhar feliz. Eu, embora essa carga horária,

o desgaste físico e mental, mas eu me sinto feliz aqui. Assim, trabalhar aqui, eu

gosto de trabalhar aqui.

18. O que te deixa mais feliz?

Carinho dos alunos, embora eles façam muita raiva também, viu. Eles são assim,

eles fazem uma raiva e passam a mão. E também o resultado, porque você ver o seu

aluno, passar no vestibular, ele voltar e contar pra você o que ele esta fazendo, que

ele esta fazendo iniciação científica que ele esta como monitor, que ele esta

buscando outras coisas, então, você, você fica assim, toda arrepiada, quando você

escuta aquelas histórias deles né?! Então você, eu não sei nem te dizer que

felicidade é essa, é uma felicidade também que eu não sei nem explicar, porque

quando eles crescem, pra mim é como se a gente estivesse crescendo também. O

aluno é como um filho, e quando eles voltam aqui, é como se eles retornassem a

casa, o filho que saiu e voltou pra casa, isso pra gente é o que deixa a autoestima do

professor, lá em cima.

19. Pra você, o que é felicidade?

Felicidade, felicidade é uma coisa que vem de dentro pra fora, a felicidade tem que

estar dentro da gente não, que venha de fora. A felicidade, não tem felicidade

completa, existem momentos felizes, mas esses momentos felizes a gente tem que

aproveitar muito. E também, tem que trabalhar, construir sempre pra poder

conseguir a felicidade. E também não se ligar se conseguiu, se não conseguiu, deixa

para trás e começa tudo de novo. É um estado de espírito felicidade.

20. Qual o seu maior sonho?

O meu maior sonho, eu mão diria nem me aposentar, faltam quatro anos para eu me

aposentar. Mas eu queria fazer o meu mestrado, meu doutorado e que eu não tenho

como, sair daqui da escola, pra fazer isso. Se eu sair, eu vou perder a bolsa de

gratificação e eu preciso dessa bolsa de gratificação, porque a escola não libera.

Poderia assim fazer um horário cada professor iria pagar, duas disciplinas de

mestrado por semestre, ou uma disciplina, então não tem essa coisa, de, de ajudar o

professor aí é isso, e nós precisamos disso. Aí eu acho que a escola deveria

disponibilizar esse tempo, porque se eu estou me capacitando, melhorando o meu

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currículo, eu vou melhorar também o desempenho da escola, eu vou buscar novas

coisas, quer dizer, ultimamente nós estamos trabalhando em cima daquilo que nós

construímos, porque estamos sem tempo para construirmos mais. Nós estamos

nesse ritmo de trabalho. E a equipe que era quatro, agora diminuiu só tem três.

Então, reduziu o número de pessoas, já era difícil com quatro, imagina com três. Aí,

isso é que é complicado.

21. Você já apresentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de

trabalho?

Já, já, já! Já tive problema de tendinite nesse braço de escrever no quadro, já perdi a

força no braço. É, fibromialgia, problema nas cordas vocais, bico de papagaio na

cervical, por conta de estar olhando para o quadro assim (para cima). Aí dá bico de

papagaio e tendinite. Nesse (apontou para o ombro direito) já tem um nódulo aqui

no ombro, eu não posso mais apagar o quadro com o braço direito, também não

posso ficar todo tempo olhando para o quadro, porque eu já tenho dois bicos de

papagaio, por conta da posição de olha para o quadro assim (pra cima), aí, são as

sequelas da profissão.

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ENTREVISTA 14

1. Nome

-X-

2. Idade

37 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Então a gente poderia estar computando aí oito anos

4. Há quanto tempo é formado?

Eu sou formado desde... final de 2003, desde 2004 eu sou formado.

5. Uma média da sua renda mensal?

Há... uns R$ 2.500,00, uma média.

6. Qual a sua carga horária?

Minha carga horária ela é explodidíssima eu tenho 200 horas no Estado e tenho

mais 150 na prefeitura de Recife.

Então quer dizer que você trabalha manhã, tarde e noite?

Perfeito!

7. Porque escolheu ser professor?

No primeiro momento foi algo é... não foi uma opção consciente, né?! Era... era o

curso que tinha disponível, no primeiro momento... a possibilidade de entrar na

universidade seria pelo curso de letras porque era o curso que tinha a

disponibilidade do turno que eu precisava, porque eu trabalhava na época, e

também por uma questão de ter mais habilidade com as questões de humanas, mas

não tinha um foco assim muito claro sobre o que era o curso de letras o que era ser

professor de línguas, não tinha muita clareza sobre isso, no primeiro momento né?!

Ao longo do curso eu me encontrei, eu me percebi professor e me enveredei pela

carreira, assim, com grandes surpresas boas. Me despertei, e me descobri como

professor ao longo da graduação.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Faria em relação a algumas coisas. É... algumas orientações prévias de família que

não tive, é... o meu curso de desejo era jornalismo, mas eu acreditava que minha

média não seria suficiente para adentrar no curso, e daí optei por letras que era

menos concorrido, na época foi um dos critérios, a priori. Mudaria! Mudaria

alguma coisa no sentido de acreditar mais no meu desejo. Talvez... tentar ou

investir na carreira de jornalismo na época, hoje não mais. Assim, acreditar mais

um pouco mais em mim, provavelmente, se alguma coisa seria de diferente, seria

esse crédito que eu daria a mim mesmo. Porque inclusive minha média passaria

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tranquilamente no curso de jornalismo. Infelizmente. Que inclusive eram cursos do

mesmo grupo, jornalismo e letras do grupo seis, e minha média foi muito boa.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Eu trabalho aqui desde 2008

10. Como começou trabalhar aqui?

Eu cheguei via indicação de um Instituto de Qualidade de Ensino chamado “IQE”

que na época fazia um acompanhamento e um monitoramento, junto aos

professores de língua portuguesa e de matemática. Diante do meu trabalho nessa

ONG que é uma O N G, é... eu tive o convite de vir trabalhar aqui. E aí fiz

entrevista fiz uma seleção e aqui estou.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

Eu acho que é um misto do público que apesar de difícil, ainda é um público que dá

pra gente trabalhar efetivamente o currículo, a grade os conteúdos, né, inseridos.

Assim, dá pra ter uma efetiva resposta perante o alunado. Isso é uma das coisas. A

outra é que é uma escola que lhe dá uma, ela lhe permite esse desenvolvimento do

trabalho a partir da infra, né?! Da infraestrutura e também, dos atores educacionais

que aqui existem né?! Coordenação, uma sócio educadora, uma psicóloga, um

museu, uma biblioteca. Então esses elementos fazem com que se caminhe bem o

processo de ensino aprendizagem, de estímulo de motivação, é acho que uma coisa

que poucas escolas, poucas escolas não, mas. Não vejo na maioria das escolas do

Estado essa infra e esse olhar mais atento diante do que esta aprendendo e do que

esta sendo ensinado, dessa relação do ensino e aprendizagem que ultimamente dá

pra desenvolver um trabalho melhor por aqui.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

É... a excessiva carga de trabalho. Eu sinto que num primeiro momento, lá no

iniciozinho do programa integral existiam mais possibilidades de trabalho. Um

tempo de planejamento, com possibilidades de deslumbrar alternativas outras que

não sejam aquelas estritamente ligadas ao livro didático, a lousa, sabe? E eu acho

que pra isso tempo é fundamental, no primeiro momento isso até existia, mas ao

longo do programa, esse quantitativo de aulas foi aumentando, essa carga horária,

enfim... Aí eu acho que é uma... as cobranças também elas são muito fortes, visto

que ela é uma escola que ela é bem, ela é bem, como eu posso dizer, ela é bem

visada né?! Ginásio Pernambucano, então todos estão atentos, os resultados, enfim.

Não que isso seja algo estritamente desmotivador, mas isso faz com que uma certa

pressão... vários retornos a cerca da produtividade, então isso me causa um pouco

de fardo de peso as vezes.

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14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Pela questão fundamentalmente de grana! É existe um percentual de gratificação de

localidade específica. Que nos leva a ter um salário diferenciado. Né?! O que era,

segundo os cálculos, o que era 199 de, de acréscimo no nosso salário base, esse

percentual foi congelado e hoje parece que beira 105, 110%. Mas ainda assim é um

valor que faz falta no orçamento do final do mês e aí a gente assume essa dupla

né?! São dois turnos manhã e tarde fechados, é complicado.

15. O que te motiva no programa?

Bem, é... as motivações passam um pouco por aquilo que eu tinha te falado né?! As

questões da infra, da infra física e como eu poderia dizer, essa outra possibilidade

de desenvolver a relação de ensino e aprendizagem na sala mesmo. Esses vários

atores que envolvem o processo educacional, e assim é... eu acredito na proposta. É

uma proposta que faz com que o aluno esteja manhã e tarde né?! Envolvido em

várias atividades, que ela não consiste só nas atividades de sala de aula, mas as

atividades extras de sala de aula, né?! Viagens, parque diversificadas que elas são

colocadas de forma onde o aluno vai entrar em contato com... com... áreas do

conhecimento que são áreas transversais, etc. e tal, eu acho isso interessante ainda

me motiva essa questão dá,.. do projeto.

16. O que te desmotiva no programa?

É... essa condição de acreditar que tudo se resolve em aula disciplinar. Eu acho que

o todo educacional ele envolve outras coisas, que não só aula disciplina. Então

assim, momento para você planejar, para você discutir, para você trocar, para você

construir, eu acho que essa filosofia ela se perdeu um pouco. Hoje se pensa mais

em resultados e os resultados sempre atrelados a ideias de que para ter resultado

bom, tem que ser só a partir do que se faz em sala de aula e eu acho que o que faz-

se nos bastidores é tão importante quanto,

17. Você se sente feliz? Por quê?

Hoje é... uma das questões que não me dá essa plenitude de felicidade, se é que ela

existe é as minhas formações. Eu preciso fazer um mestrado e ele não é diante da

minha situação atual, ele não é uma realidade porque para isso você precisa de

tempo. Tempo para produzir, tempo para criar, enfim, então, isso me deixa um

pouco triste. Né?! Enfim a gente que esta em educação sabe que o natural, ou pelo

menos o que se busca é o crescimento profissional e ele só vem a partir das

nossas... do nosso né?! E o risco ele é muito grande é da gente ter um procedimento

de acomodação, né?! Quando a gente está inserido dentro dessa máquina pública,

são tantas demandas de trabalho, são tantas devolutivas de produtividade, etc., e tal,

que você não tem tempo para pensar um pouco nessa questão da formação

continuada. A médio, a longo prazo, a curto prazo. Aí isso pede algo que me deixa

que impede um pouco assim a minha felicidade. Assim, eu sou uma pessoa feliz, eu

sou uma pessoa relativamente realizada, mas eu preciso dar encaminhamento a esse

meu projeto de vida.

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Se eu te perguntar o que falta para se sentir mais feliz, seria isso?

É, seria isso!

18. O que te deixa mais feliz?

O que me deixa mais feliz na minha vida como um todo, é... Assim eu sou muito

realizado no sentido de ter vindo de uma classe social desfavorecida.

Socioeconomicamente falando, de ter me formado de ter feito minha graduação na

universidade pública e de hoje esta dando esse retorno assim, o meu alunado eu

sinto que ele é feliz pela minha produção, sabe. Pelo o que faço em sala, pelos

retornos que sinto. Isso me trás uma certa felicidade, esse âmbito geral assim, na

perspectiva profissional. Fundamentalmente. Assim, eu sou feliz por ter vencido

minhas adversidades né?! Por ter tido o poder de resiliência muito grande, e de hoje

esta podendo dar frutos assim, de ter retornos, da minha produção diante dos

alunos. Eu sinto que eles são... eu acredito que satisfeitos com o que eu faço em

sala de aula. Né?! Enfim, também não se pode ser 100% perfeito, mas parte da

minha felicidade ela vem em função disso desse retorno dos alunos.

19. Pra você, o que é felicidade?

Felicidade tem uma relação assim não é, construindo um conceito de felicidade,

acredito que a felicidade ela tem uma relação direta com o bem-estar. Ser feliz é se

sentir satisfeito é se sentir realizado né?! Eu me sinto também nesse sentido. Acho

que felicidade é isso é estar bem consigo próprio, é ter um nível de qualidade de

vida, e ter um bem-estar eu acho que é isso basicamente.

20. Qual o seu maior sonho?

Meu maior sonho é poder viver melhor com educação. Ou para é, é, é... na área de

educação eu sinto que eu ainda posso ser mais feliz a partir de retornos financeiros,

retornos dessa satisfação do alunado, enfim de basicamente isso.

De ter um retorno maior?

É seja numa perspectiva financeira material, seja num perspectiva filosófica

mesmo, não é, de minha filosofia de vida estar atrelada a essas questões

relacionadas à sala de aula, de ter um público que possa me dar um retorno a cerca

do que eu estou fazendo em sala, no trabalho com a educação, basicamente isso.

21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

Não, nenhum tipo de doença assim, é estafa e fadiga ao longo de uma semana com

a carga horária tão extensa, ela é natural né?! Ou normal, mas nenhuma doença

provocada pelo meu exercício não.

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ENTREVISTA 15

1. Nome

-X-

2. Idade

48 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Há 17 anos

4. Há quanto tempo é formado?

87... 25 anos.

5. Uma média da sua renda mensal?

R$ 4.500,00

6. Qual a sua carga horária?

São 200... 350 horas/aulas

7. Porque escolheu ser professor?

Veja, não foi bem assim por partes de mim né, eu pretendia fazer administração,

porque eu trabalhava nessa área de administração, aí foi onde eu não passei por 60

décimos no primeiro vestibular. Aí no segundo o pessoal, mas você gosta tanto de

ler, fala inglês, faz letras, aí eu me informei e tal e como eu gostava, eu fiz letras.

Mas eu comecei a ensinar em 90 e... acho que talvez, no ato veja bem eu me formei

em 87, comecei a ensinar em 93. 93, 2003, 10, não já vai em 21 anos, não 19 anos.

Pronto ai eu fiz durante o curso é que eu comecei a gostar, do curso né, do que eu

estava aprendendo, mas o gosta mesmo veio quando eu comecei a ensinar. Aí tive

que escolher entre a função administrativa que eu estava e a pedagógica, por conta

de lei. E eu preferi ensinar, porque era um curso que eu tinha feito eu queria

trabalhar né formado e o outro era técnico, e assim estar a sempre a merecer do

diretor e tal, e aí eu comecei a ensinar.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Eu faria! Quer dizer, talvez eu mantivesse a educação, mas eu investiria mais em

outras áreas. Eu poderia ter pensado em outras coisas, porque a gente vai passando,

vai amadurecendo tal, mas eu poderia, por exemplo, no mínimo ter feito alguma

especialização e ter voltado à universidade. Exemplo: eu ouvi de um amigo: “rapaz

a gente esta terminando um curso e vai começar de novo”, aí eu não fiz. O primeiro

ponto era esse, e talvez eu tivesse investido em outras áreas, tivesse pensado em

algo dentro da educação de mais... que servisse de um salve-guarda né de uma

remuneração mais, uma ajuda a mais, um apoio a mais.

Então no caso faria a graduação, mas fariam outros planos depois da graduação?

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Exato!

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Quatro anos

10. Como começou trabalhar aqui?

Bem eu tentei a primeira vez, entrar e não consegui, não fui escolhido né. Foi

quando um amigo meu começou a trabalhar aqui, faltou professor de português aí

eu fui convidado para fazer os testes, e fiz os testes necessários, terminei ficando

aqui até hoje.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto apesar de tudo assim, do trabalho e tal, mas é... que modificou um pouco

desde o início, de 2007, mudou um pouco. Mas ainda é uma escola organizada, que

você tem condições de planejar, de realizar o que você planeja pedagogicamente né.

Em outras escolas você fica muito solto.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

É assim, a escola da as condições para o professor, eu sei que as vezes é muito

estressante, é muito trabalho, é muita aula, você as vezes tem dias que chega muito

cansado em casa, mas, eu acho que faltou, a gente perdeu um pouco da organização

inicial, diríamos assim de governo. Mas se houvesse mais organização, porque

quando eu cheguei aqui se trabalhava muito, mas se trabalhava organizado. Com a

mudança de governo, mudam as políticas, aí muita gente começa a meter o dedo no

que não sabe e começa a desorganizar. Estamos tentando dar uma volta agora, pra

ver se volta pelo menos o início da organização, não que a gente seja

desorganizado, mas que... pelo próprio nome da escola, o que a escola trás para

Pernambuco e tal. Ensina aonde? No Ginásio Pernambucano, já é um ponto de

status assim.

O status da escola pesa?

É agradável, né, ao é que pesa tanto, mas o que pesa realmente é a questão da

organização pedagógica da escola.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

(pergunta respondida anteriormente)

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Isso foi uma oportunidade né, foi uma oportunidade, surgiu de eu vim pra cá, não

tinha ideia assim da escola integral, sabia assim que era manhã e tarde. Mas assim,

como funcionava, o que se fazia o dia todo, como preenchia o dia todo é... pronto

não tive essa experiência, Foi uma das coisas que também... eu acho que o mais

importante dessa escola é a questão do horário integral, você acompanhar o aluno

de manhã e de arde, a gente conhece melhor os alunos, conhece as dificuldades.

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Então agente conhece até os problemas, se envolvendo nos problemas pessoais e

tal, então, par de alguma forma ajudar.

15. O que te motiva no programa?

São todos esses fatores né, a questão de trazer uma coisa nova dentro da educação,

eu acho que foi a primeira escola assim, que no primeiro ano, eu consegui ver o

resultado desse trabalho, há 19 anos trabalhando, foi a primeira vez que eu vi o

resultado do meu trabalho. Foi a primeira vez que eu era contra a questão do apoio

de empresas privadas. Hoje eu vejo que isso é importantíssimo, a empresa privada

pode sim, trabalhar junto com a educação, dentro dessa camada estatal. Mas,

porque veja, que é que ele coloca aqui diferente das outras escolas? Médias,

objetivos! Uma escola sem médias, sem objetivos, e uma escola sem aula. Como

qualquer ser humano, nós temos que ter médias e objetivos na vida. E a escola

integral, o Ginásio Pernambucano, enquanto houve a aproximação das empresas,

foi nos colocado isso aí. A questão das médias e dos objetivos a serem alcançadas e

trabalhamos em cima disso, e somos cobrados né. Mas eu acho que quem tá

acostumado ao trabalho e tal, você, pelo contrário, até ajuda. E nas outras escolas

não você faz o seu trabalho e...

16. O que te desmotiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

17. Você se sente feliz? Por quê?

... Felicidade... feliz, feliz, em relação à educação né?

Não, em relação a tudo!

Não veja, eu consegui né, realizar algumas etapas, que planejava da vida a gente

consegue, mas integralmente não Se bem que o ser humano nunca se sente feliz,

mas eu acho que na educação a gente fica um pouco atrelado, principalmente a

questão financeira né, e isso deixa uma certa angústia, você ver que passou tanto

tempo que já vai se aposentar e aí, construiu o que, fez o que? Lógico que eu ajudei

muita gente, mas a gente também, educação na vida do professor, não é só fazer

esse trabalho não tanto que você ver que às vezes aqui, de vez em quando adoece

um, às vezes são doenças sérias, e a gente tem que se cuidar, viajar, ler mais, então

feliz exatamente com educação, não precisa ser com a escola, mas é com todo o

sistema que envolve pela incompetência generalizada, pelos desvios de recursos, e

tem áreas que às vezes não sabem o que fazer com o dinheiro. Nós reclamamos, da

falta de dinheiro, mas dentro da própria secretaria há determinados investimentos

financeiros que não chegam a lugar nenhum, se necessidade. Então isso dá uma

certa angústia sabe, eu acho que talvez se eu tivesse ficado na área administrativa

eu tivesse realizado mais coisas.

18. O que te deixa mais feliz?

Assim primeiramente eu gosto de ser professor, eu gosto da profissão. Assim,

primeiramente não foi aquele sonho da minha vida, não foi. Mas eu posso dizer que

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eu gosto e me sinto feliz quando encontro alunos e que já esta formando, já esta

trabalhando, que já está bem encaminhado. Então, isso deixa a gente feliz, porque

eu participei um pouco da formação da vida deles né. ... pronto é isso aí e a questão

da própria profissão, do gostar, do exercer. De estar com um envolvimento sempre

desses alunos, e uma cosa interessante é que a gente esta sempre atualizado né, em

tudo que ocorre, eu acho isso que o que essa profissão dá, que nenhuma outra dá, é

essa aproximação. Assim, você estar jovem internamente pelo convívio que você

tem com essa moçada aí.

19. Pra você, o que é felicidade?

Felicidade pra mim é tanta coisa, independente dos momentos, na realidade são

momentos né, são momentos que você consegue realizar. Em relação ao trabalho eu

acho que é a junção de, um trabalho com mais oportunidades né, eu acho que

felicidade é muito mais uma oportunidade né, surge com uma oportunidade na sua

vida né. As escolhas que você faz, então isso deixa você pelo menos

momentaneamente, ou algum tempo feliz.

20. Qual o seu maior sonho?

Meu maior sonho... são tantos né. Mas é, não digo nem que é um sonho, mas uma

preocupação né. A gente começa a caminhar para a aposentadoria para estar

financeiramente equilibrado e lançar um livro, tenho um sonho de lançar um livro.

21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

Não, não, até agora não. Eu tava dizendo aqui que o pessoal pega tudo, pega

dengue, pega gripe, eu só pego aula né?!

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ENTREVISTA 16

1. Nome

-X-

2. Idade

28 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Desde os 21, há sete anos.

4. Há quanto tempo é formado?

Em história a cerca de cinco anos e em filosofia, ainda faltam seis meses.

5. Uma média da sua renda mensal?

A renda mensal é uma média de R$ 3.200,00

6. Qual a sua carga horária?

Carga horária, semanal chega a ser de 40 horas semanais (200horas/aulas).

7. Porque escolheu ser professor?

Eu quando, quando... nunca sonhei, nunca sonhei em ser professor quando criança,

depois cresci e minha irmã mais velha que também é formada em história, trazia

muito material pra casa. Eu acabava por curiosidade ajudando, e fui gostando, da

própria prática. Trabalhei muitas vezes auxiliando os colegas da própria turma que

tinham dificuldades e fui me identificando com a profissão. E fiquei nela até os dias

de hoje.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Eu faria um pouco diferente, mas eu ainda gostaria de lecionar, mas não como

carreira principal. Faria como um amigo meu, seria o desestresse da semana.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

No Ginásio eu estou desde abril deste ano.

10. Como começou trabalhar aqui?

Eu cheguei de certa forma um pouco sem opção, porque eu trabalhava na escola

regular à noite e devido ao plano, ao planejamento novo da Secretaria de Educação,

o turno da noite esta desaparecendo, esta virando apenas EJA, o regular vai sumir.

E como não tinha escola para me encaixar, aí acabei participando de uma seletiva,

que acabou direcionando para escola integral e quando eu vi, era o Ginásio

Pernambucano.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

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Gosto e ao mesmo tempo não. A estrutura é boa, os alunos são bem diferentes, para

os que eu já trabalhei, de muitos que eu já trabalhei. Mas em compensação, a

pressão é... quando você deveria ter um espaço para planejar, para

desenvolvimentos de projetos, você não tem! Aqui é aula, aula, aula, aula. Você é

aula, menino é aula, todo mundo é aula. Então isso torna algo cansativo. Você não

tem tempo pra desenvolver um projeto, você não tem tempo para desenvolver uma

atividade extra, porque não há um momento de planejamento, infelizmente. É a

parte negativa daqui.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

(pergunta respondida anteriormente)

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

(pergunta respondida anteriormente)

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Eu estava querendo um espaço a noite para voltar a estudar, assim como você,

mestrado. Já tive todas as oportunidades, já passei em uma seletiva, mas tive que

abandonar por conta do trabalho. Inclusive lá da federal em antropologia. Só que o

curso de lá é à tarde. Então infelizmente eu ainda não pude, disponibilizar esse

horário da tarde, como o da tarde estava um pouco difícil, optei por deixar o da

noite livre, para concluir o curso de filosofia, para depois poder me direcionar ao

mestrado.

15. O que te motiva no programa?

A meninada! A meninada, o empenho não são todos né, sempre tem aquela

exceção, mas tem uma meia dúzia ou mais que vale a pena. Você ver o empenho,

você ver a dedicação. De vez em quando eu sou até chato, mas é... o que motiva

mesmo é essa meninada.

16. O que te desmotiva no programa?

O que desmotiva é a falta de certos apoios. Por exemplo, aqui a gente trabalha, eu

trabalho com um projeto de jogos educacionais com o professor Admilson, e a

gente não tem uma internet de qualidade, muitas vezes a gente tem que ceder os

próprios notebooks para os meninos. O excesso de aulas. Você não tem uma, um...

Já bati várias vezes com a direção, porque os meninos não tem um dia de atividades

lúdicas, porque querendo ou não são adolescentes, agente trabalha com meninos de

14 a 17 anos aqui. Eles têm eu extravasar essa energia, você é de educação física,

sabe melhor do que eu. A gente não tem esse espaço, eles não têm esse momento.

Quando tem um momento é uma horinha, uma coisa ou outra. E... cabou! Eles não

têm um momento para ser adolescentes. Aqui é aula, aula, aula, aula e aula. É isso

que me entristece bastante aqui dentro.

17. Você se sente feliz? Por quê?

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Como professor, me sinto! Principalmente quando eu encontro mais na frente,

apesar de pouco tempo lecionar, mas já encontrei muita gente... já formado hoje, já

empregado, e um dos maiores exemplos que eu tenho hoje é um rapaz que todo

mundo sorria muito quando ele dizia que o sonho dele era ser cobrado de ônibus. Aí

certa vez eu peguei um ônibus que eu estava tão cansado que nem reparei: “Boa

noite”, entrei e ele: “professor esta lembrado de mim?” quando vi era ele o

cobrador e hoje em dia ele é instrutor da empresa, por pior que seja um sonho, eu

acho que o que é válido é realizá-los. E ele conseguiu!

18. O que te deixa mais feliz?

Cara o final do ano! Quando eu vejo essa gurizada lá, de cabeça raspada, sem

sobrancelha. Vejo os pais comemorando, depois de tanta dor de cabeça, de todo o

estresse. A gente olha pra trás e pensa de fevereiro até agora, tudo o que assou e viu

que o resultado foi positivo, a gente consegue ver que apesar de toda pressão,

apesar de todo o estresse, valeu a pena.

19. Pra você, o que é felicidade?

Felicidade é fazer aquilo que se gosta, han... com vontade e ver os resultados,

colher os resultados mais na frente. Ai é que eu posso ser feliz, apesar de toda

pressão de todo o estresse que a profissão tem, mas é isso que vale a pena.

20. Qual o seu maior sonho?

Cara era, ter minha filha comigo! Meu maior sonho desde ela na minha vida era ter

minha filha comigo! Sou separado e ela ta longe, mas profissionalmente é ver essa

meninada bem, é não perder até que a educação de Pernambuco vai deixar de ser só

números. Dentro da minha profissão é ver que a educação vai deixar de ser só

números que profissional de educação desde a alfabetização que agora é o primeiro

ano, até onde a gente chega que é o terceiro ano do Ensino Médio é ser valorizado.

Porque uma complementa o outro. Se ele não for bem alfabetizado lá embaixo,

quando chegar no nosso... quando chegar no Ensino Médio que é a faixa que a

gente trabalha, a gente vai estar trabalhando com pessoas semialfabetizadas, difícil!

Então eu aço que se o profissional for valorizado lá debaixo, até em cima, a gente

vai ter uma educação de qualidade, professor feliz, o aluno feliz e assim de tudo

uma educação que não vai ser pautada só em números, que é o que falta e muito!

21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

Já! Já tive problema de amidalite, o comum, amidalite e tenho bursite também. E

em janeiro desse ano eu fui agredido por um aluno na escola onde eu trabalhava,

antes de vim pra aqui. Por um... porque ele foi reprovado nas quatro disciplinas mas

o premiado fui eu.

Nossa agressão física?

Foi agressão física, levei um soco no olho.

Uau, resolveu a situação?

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Resolveu, agora como sempre a política da Secretaria da Educação é passar a mão

na cabeça, eu fui transferido e ele foi de certa forma saiu da escola, foi pra outra.

Fui acompanhar os detalhes o cara tinha 23 anos, o cara não era nenhuma criança.

Mas infelizmente, é esse tipo de situação que faz você pensar duas vezes se vale a

pena ta arriscando.

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ENTREVISTA 17

1. Nome

-X-

2. Idade

46 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Comecei a dar aula com 18 anos, quando entrei na faculdade logo no início,

fazendo as contas aí deixa eu ver... uns 27, 28 anos.

4. Há quanto tempo é formado?

Eu me formei em dezembro de 1985, 25 anos.

5. Uma média da sua renda mensal?

Eu tenho dois contratos no Estado hoje em dia, um no integral e outro no regular,

você quer líquido ou bruto?

Líquido.

Acho que da quase uns R$ 4.000,00

6. Qual a sua carga horária?

350 horas/aulas

7. Porque escolheu ser professor?

Bom, eu sempre fui muito dinâmica na época que eu era adolescente. Eu era atleta

de Handebol também jogava... eu sempre fiz handebol com outros esportes

acoplados eu fazia vôlei, eu fazia basquete, eu fazia handebol, natação, ginástica

olímpica, eu sempre fui muito dinâmica e fazia dança também numa academia. E

isso me levou na escola que eu estudava no São Luiz, trabalhar, eu era

representante dos esportes da 5ª a 8ª série era sempre eu. Era eu que fazia o negócio

de coreografia, para jogos internos, para negócio do folclore, então eu sempre

gostei muito dessa área, apesar da minha família não me incentivar em nada. Meu

pai é arquiteto, minha mãe, paisagista e eles nunca gostaram de educação física. Pra

eles na época, Educação Física era morrer de fome. Que ainda é hoje em dia, mas

tudo bem! Eu realmente eu escolhi porque eu me vi nessa profissão. Eu fazia o que

eu gostava.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Faria! Faria porque as informações hoje elas são bem distintas do que eram na

época! Na minha época, você não tinha celular, você não tinha computador, você

não tinha internet, você não tinha as informações que vocês têm hoje.

(Aconteceu uma situação das alunas passaram próximas, em horário de aula para

pegar um caderno com alguém na rua.).

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É isso que eu não aceito ainda nessa geração, a geração da preguiça, da

irresponsabilidade, do tá cansado eternamente, de não ter disciplina. Eu acho que é

porque na minha época a gente tinha tanta disciplina sabe, e isso me fez bem, não

me fez mal não. Sim onde é que eu estava?

(situei a professora onde paramos)

Porque eu faria diferente, hoje dia, por exemplo, eu digo muito aos mus alunos,

vocês tem que fazer uma coisa hoje, financeiramente ficar seguro, e depois você

pensa no que realmente você gosta, se você conseguir acoplar os dois ao financeiro

do que você gosta, legal! Mas no meu caso, professor, professor hoje em dia você

pena para ganhar um bom salário, eu ainda acho que na gama dos professores, eu

ainda estou sendo privilegiada, em alguns aspectos eu ainda estou sendo, mas não é

o ideal. Porque aqui a gente trabalha muito e ganha, ainda, pouco! Pra o que a gente

faz. Mas porque eu faria diferente, eu teria essa informação. Na minha época, é, os

professores não davam essas informações pra gente. Na minha época, você fazer

um concurso para a receita federal não valia a pena. Quer dizer, eu tenho amigos

que fizeram naquela época, era mais fácil de entrar, entraram, e hoje ganham muito

bem obrigado! Mas naquela época, você não tinha essa informação de fazer um

concurso público federal, sabe, não era viável naquela época, hoje sim é muito

viável. Aí eu faria diferente, faria! Provavelmente sim! As coisas mudam.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Desde o início do projeto. Em 2003 a gente passou por uma seleção interna e a

gente passou por três meses de capacitação. Ai a gente trabalhava de manhã, na

outra escola que a gente era lotada, e a tarde vinha pra cá. Eu acho que era à tarde, e

naquela época a gente vinha fazer o curso, quer dizer a capacitação, e não ganhava

mais nada por isso era só realmente... aí no final eles tinham dito que eram 50

pessoas, e a gente estava em 50, aí cortaram, só ficaram 25. E aí começamos a dar

aula aqui em 2004.

10. Como começou trabalhar aqui?

(pergunta respondida anteriormente)

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto... assim é... eu não me vejo trabalhando em outro lugar. A não ser talvez ou

outro integral ou outro semi-integral que talvez tenha a mesma filosofia de trabalho.

Pelo seguinte, eu... é... eu gosto de ver o meu trabalho dar certo. Eu não sou uma

profissional como tem muitos por aí que fazem alguma coisa e os meninos passam

de ano, e você não sente que ficou alguma coisa para esse menino, de um

crescimento ou uma série de outras coisas. Porque não é só você ensinar os

conteúdos é uma coisa, muito, mais abrangente. E, além disso, eu tenho uma

filosofia de trabalho que não veio aqui, ela já era antiga. Como eu fui aluna Marista

e professora Marista durante 17 anos. Então a gente trabalhava muito com a

filosofia da presença, e um professor presente, de um professor mais companheiro,

de um professor junto ao aluno, mais próximo. Então essa filosofia de educar para a

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vida sempre tive. Como eu também era atleta, de atleta passei a ser técnica também,

o ser técnico, você se aproxima muito do seu atleta, você praticamente é uma mãe,

é um pai, é um tio, é um avô, você é um psicólogo, você é tudo. Então aí... aquilo

sempre me fez trabalhar nesse sentido, mais próximo aos alunos. Tentando ver seus

problemas, tentando ver o que é que eles estão precisando. Não ser mãe, mas

entender e ajudar da forma que a gente pode. Então como eu sempre tive essa

filosofia, quando eu vim pra cá era essa a filosofia daqui, primeiro educar para a

vida, que é o objetivo ideal. É você tentar com que esses meninos entendam o

futuro deles. Porque não é só você ensinar o conteúdo em si, ninguém aqui é robô,

todo mundo aqui é ser humano. É mais ou menos isso.

Então se eu te perguntar o que mais te motiva a trabalhar aqui seria isso?

É porque você consegue ver o seu trabalho pra frente, entendeu? Você consegue

trabalhar com os alunos. Apesar de eu estar hoje em dia, sem material. Eu não

tenho material esportivo. A escola já faz bastante tempo que não providencia esse

material. Mas não tenho quadra. Eu tenho uma sala boa, porque o ideal você ter

numa escola é você ter uma sala dessa, ampla. Pra você trabalhar não só o esporte,

mas o jogo a dança, a luta a ginástica. E ter também uma quadra, pra você ter... e ter

também uma piscina e ter uma pista de atletismo e ter tudo. E se eu tivesse tudo aí

sim eu estava feliz da vida. Porque aí você consegue é, fazer tudo completo! Né...

material! E, além disso, os meninos chegam aqui, esses meninos, você percebe eu

eles são carentes, tanto afetivamente, principalmente, afetivamente, como de

conhecimento, tens uns que chegam no primeiro ano e mal sabem ler e escrever. Se

você ver uma prova que eu corrigi de uma menina, você não acredita que aquilo foi

escrito por uma pessoa do primeiro ano. Ali é como se fosse quarta série primária.

Então tem vários que são assim, né, eu estou contando um mas são vários e a gente

consegue fazer milagre em três anos com esses meninos. Quem aproveita,

consegue. Quem não aproveita, infelizmente vai levando... então é ver o seu

trabalho dar certo. Pelo menos assim 80%. Porque na outra escola regular, você não

consegue direito as vezes você tem até... vamos dizer, na outra eu tenho quadra.

Mas eu não tenho condições adequadas até deles, eles não têm compromisso. O

aluno da escola regular, já entra na escola regular achando que não vai ter aula, que

o professor vai faltar, que vai ser uma bagunça, que qualquer coisa passa. Ele já tem

essa filosofia, ai vai dizer que eu sou chata, eu sou grossa, quando tenho que dizer:

“ah porque a senhora é muito grossa” “Eu não sou grossa eu estou exigindo”

Quando eu exijo dele, ele acha que eu sou grossa. Quer dizer, eu fecho a porta da

sala de aula, eles têm mania de entrar e sair à hora que quer. Ontem mesmo, eu

estava aplicando prova numa turma de EJA e o menino, Sérgio, eles fazendo prova

e os outros gritando lá embaixo, e ele foi pra janela gritando com o menino. “E eu

disse “Sérgio, sente, você está fazendo prova e atrapalhando todo mundo” “ah, mas

num sei o que porque eles estão me chamando” e eu disse” e daí? “Você tem o seu

objetivo, você está fazendo prova” esses meninos aperrearam tanto esse rapaz, que

ele entregou a prova do jeito que ele queria, assinou, ele ia sair, ele deixou a prova

na banca, e ia descer ara falar com eles. Veja o nível de compreensão do que é uma

prova desse menino ou de todo. Porque eles ontem, professora deixa eu estudar

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antes, eu disse não minha gente não tem que estudar antes de prova, vocês já

deveria ter estudado. “professora deixa eu olhar o caderno” e era prova de

português e de artes... aí eu disse de jeito nenhum que os professores não

autorizaram vocês a fazerem consulta. Ai eles ficavam ontem: “mas professora

você nem me ajuda” a outra não sabe ler esta no EJA 3b, quer dizer EJA 3 e não

sabe ler. Você tem que ler a prova pra menina, pra senhora, entender. São esses

problemas assim que na escola regular, você fica mais cansado, você fica mais

estressado, porque você quer ajudar e não pode. Í você fica, angustiada, e aqui pelo

menos você pode ser exigente mesmo sabe. Com horário, com fardamento, com

cumprimento de tarefa. Eu sou chata sou! Sou chata, acho que vou morrer chata,

não vou mudar esse meu... já tem 25 anos que eu estou sendo chata, vai ser difícil

mudar.

Então o que te desmotiva a trabalhar aqui no Ginásio Pernambucano, seria essa

questão da estrutura do material?

Desmotiva... atualmente o salário, porque o salário não esta tão ruim, mas ele não

esta o que deveria ser, ele teve uma defasagem muito grande aí, de 2004 pra cá,

além disso, a carga horária aumentou bastante, hoje eu estou dando uma disciplina

chamada empreendedorismo, que eu não sei nem para onde vai. Não fui capacitada

pra isso, me jogam, então ao longo do processo eu estou lendo, eu estou tentando,

eu não tenho tempo de fazer isso também. Porque eu tenho a minha demanda da

Educação Física, eu tenho que corrigir prova, eu tenho que corrigir trabalho, eu

estou sem botar as notas dos meninos, porque duas semanas eu fiquei... o tempo

que eu tinha livre eu tinha que ficar estudando empreendedorismo. Pra saber o que

eu é isso, porque ser empreendedor, a gente sabe. Mas o que é que eu vou fazer

com essa disciplina? A gente teve uma ajuda, a diretora mandou um negócio que

fala dos quatro pilares e tal, mas a estrutura em si, você tem que aprender então

essa... ter outra disciplina que não é a minha, me atrapalha. Eu não gosto! É... a

carga horária, grande! Pra você fazer um trabalho de qualidade que é assim. O

trabalho ele é bom, mas ele poderia ser melhor ainda se eu tivesse só a Educação

Física, só aquela carga horária. Antigamente, quando eu entrei aqui a gente tinha...

naquela época em 2004 eram quatro turmas, de educação física. Ai tinha... a gente

tinha EO que é o Estudo Orientado, a gente tinha, na verdade a gente tinha 24

horas/aulas, no total. Tinha PD, não era PD naquela época tinha outro nome, uma

que a gente fazia as oficinas interdisciplinares, mas o que é que acontecia, meu

aluno fazia relatório diário de aula. Eles me entregavam, todos me entregavam os

relatórios de aula, eu corrigia, quando ele me entregava o da outra aula, na outra

semana, eu dava a ele, corrigido, para que eles refizessem. Na outra aula ele me

entregava a coisa, o refeito e eu devolvia, então era um lá e cá. Eu tinha tempo de

discutir com eles a forma de fazer, a estrutura, ate a ortografia, até língua

portuguesa em embrenhava. Então isso eu sei que aquela primeira turma e a

segunda turma, que entrou em 205 e 2005 aqui, eles tiveram uma, uma... um

empurrão muito grande nessa parte, porque eu sei que eu ajudei bastante nisso aí

apesar de eu saber que não e minha área de língua portuguesa, mas eu dei a minha

contribuição. Então eu consegui fazer isso em 2004, em 2005, até em 2006. Quando

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foi depois a quantidade de turmas e de carga horária que você tinha foi aumentando

tanto, que eu não dava mais conta do recado. Eu não conseguia corrigir e entregar

com uma semana, e as vezes eu estava levando tudo para dentro de casa no final de

semana e olhe que naquela época eu não ensinava a noite. Eu levava pra casa para

corrigir e tal. A coisa foi ficando de um jeito que eu fui ficando tão estressada que

eu disse: pra que isso? Não eu não vou fazer mais isso. Aí o que foi que eu fiz, eu

disse agora o relatório vai ser por bimestre. Eles iam fazendo e me entregavam no

fanal do bimestre. Tinha o dia que ai me entregavam e tal. E aí eu tirava uma

semana para corrigir aquilo dali que também era super pesado. Hoje eu não faço

mais esse relatório diário. Eles fazem durante as aulas, quem quer, não e obrigado

mais, quando chega no final do bimestre, aquele que fez eu vou chamando, ele tem

uma nota a mais, ele tem a ajuda na nota, pra poder ver se... quem é que faz hoje em

dia isso? Os bons alunos! Os que precisam não faz! Mas porque eu não tenho mais

o tempo que eu tinha. Se eu tivesse eu seria mais pentelha, como diria a história. Eu

já sou, imagina tendo um tempo parece que é por ainda.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

(pergunta respondida anteriormente)

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

(pergunta respondida anteriormente)

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Meu sonho de consumo, enquanto educadora, pra escola integral. Pra mim a gente

deveria dormir. Pra mim a gente deveria ter um complexo de ensino com família,

com tudo, todos deveriam trabalhar aqui e só sair no final de semana como se fosse

um presídio (risos). É porque hoje em dia a tecnologia, a vida está tão louca, lá fora,

o trânsito pra você chegar aqui é estresse, pra você sair daqui é estresse. Você

deveria ficar aqui o dia todo, a noite você dormiria mesmo, família, a noite se

poderia ir pro cinema você quisesse, te um complexo mesmo sabe, os alunos como

se fosse um semi-internato, acho que voltar aquela época dos pais dos avós que era

um internato, ou u semi-internato, ele tem um objetivo, não é só o ensino em si, é

você dar uma coisa mais de qualidade mesmo. Porque hoje em dia esses meninos

nem educação doméstica eles tem. Eles não têm dentro de casa uma educação

doméstica. Eles estando aqui dormindo aqui, tendo gente pra, pra... organizar um

refeitório decente, como comer, como isso. Querendo ou não, você ia disciplinando

e ia educando nesse sentido, porque os pais não se preocupam mais com isso. A

vida hoje não está propiciando isso. Todo mundo trabalha fora, todo mundo

trabalha três expedientes e não tem a preocupação de educar. Quer dizer, eu

trabalho os três expedientes, mas eu sou com meus filhos uma peste. Eu educo de

longe, eu educo de perto, eu dou esporro, eu boto de castigo, eu tou vigilante, mas

não é todo mundo que faz isso. Os pais hoje em da deixam pra lá, chegam em casa

cansado nem dá boa noite ao filho. Come não, não posso falar, estou estressado vai

para o quarto e dorme. Ou então o próprio filho adolescente esta dentro do quarto,

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não ver nem que o pai chegou ou a mãe, não tenta nem falar. Eles muito reclamam

dizendo que não tem diálogo. Eu digo: vocês não tem diálogo, porque vocês não

procuram o diálogo, porque muito de vocês, ficam no canto de vocês e não vão.

Quando a minha filha esta dentro do quarto que eu chego ela nem me dá bom, dia,

boa tarde ou boa noite, e essas coisas. Eu entro e digo: “olhe eu estou viva viu!

Como é que foi hoje, como é que não foi, o que é que você fez” aí ela sai muitas

vezes em conversar comigo, as vezes eu estou na privada, ela entra, senta no

banheiro e a gente começa a conversar. Por causa do tempo, a gente tem que

otimizar esse tempo. Então pra mim o ideal é isso mesmo é o integral, a primeira

coisa quando surgiu esse projeto que me chamou a atenção foi isso. Foi eu ficar

num canto só! Porque eu trabalhava em escola particular, em escola pública, e

numa clínica, também sou especialista em asmáticos. Também trabalhava em três

lugares. Aí eu disse não, eu queria... quero ficar num canto só, ai eu fiquei só aqui.

Não estava mais nem no particular nem só na clínica, fiquei só aqui.

Financeiramente na época, estava suprindo os outros dois empregos, hoje, não!

Tanto é que eu tive que fazer outro concurso e entrar a noite. Pra juntar a receita,

pra puder não cair né?!

15. O que te motiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

16. O que te desmotiva no programa?

No sistema faz parte o que o governo tolheu da gratificação da gente, a lei! A lei

que eles fizeram, como sempre ajuda a eles e prejudica a gente. O sistema é que

impõe essa carga horária grande da gente, a carga horária hoje existe aqui, porque o

sistema esta impondo. Se não existisse esse sistema impondo talvez a gente pudesse

ter uma diminuição nessa carga horária para trabalhar melhor. É eu acho que o

programa ele cresceu demais e as pernas não estão dando para andar. Antes você

tinha poucas pessoas trabalhando nesse sistema, e hoje você tem um monte

trabalhando nesse sistema. Eu percebo que a nossa escola ainda mantém um padrão,

bom, muito bom. E as outras não estão. Eu tenho colegas meus que trabalham em

escolas semi-integral e que não cumprem o horário, que deveriam cumprir. E cadê

o sistema para organizar isso aí. Não fazem o que deveriam fazer. Dizem uma coisa

e fazem outra. E cadê o sistema para controlar isso aí? Assim, é o sistema

infelizmente que vem de cima para baixo, para chegar na nossa escola. Tem que

mudar lá, pra poder mudar aqui.

17. Você se sente feliz? Por quê?

Em muitas ocasiões, mas em muitas não.

Como é que é isso?

Tem dia que você esta com muita coisa na cabeça, muito atarefada, muito

estressada. Ontem mesmo eu estava super estressada. Normalmente terças e quintas

eu estou bastante estressada, porque eu tenho todas as aulas, só não tenho as duas

últimas. E aí vem aquele negócio de empreendedorismo você não sabe para onde

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vai as vezes. Você fica matutando o que é que eu vou fazer e tal. Você estrutura

antes, quando você estrutura, mas aí, na hora não dá certo, é... a vida em si faz com

que você às vezes se sinta feliz, às vezes não. A própria saúde da gente, o fato de

você trabalhar demais aqui, você esta deixando a saúde de lado. Aí pra você ir para

o médico é uma novela, porque para você ir, você tem que organizar no horário que

você não tem aula, para não atrapalhar a escola. Eu tenho essa preocupação, tem

gente que não tem essa preocupação. Mas eu normalmente só vou para médico

quando eu não tenho aula, para não ter problema. Aí tem gente que não, tem gente

que ai a qualquer hora e gente tem que cobrir o professor, as substituições de

professores, é uma coisa que cansa bastante, desestimula a gente. A gente termina

substituindo alguns professores que estão ausentes, agra mesmo, Ediene fez uma

cirurgia, veio um estagiário, mas é um estagiário, um menino assim que só vem

meio expediente. Não vem assim um professor, qualificado que a gente possa dizer

toe aqui é isso, entendeu? Não tem essa tranquilidade. Eu fiz cirurgia no primeiro

bimestre, não veio ninguém para o meu lugar. Então, tem que suprir a minha falta,

os alunos não podem ficar sem aula, então soe os outros que dão as minhas aulas. E

coisas assim que vai irritando aí você, onde está a felicidade? Olhe a gente fica tão

angustiado quando chega final de semana, minha família reclama muito, como hoje

de manhã. Eu quero ficar deitada no sofá, vendo um monte de besteirol na

televisão. Não tenho ânimo para ir para o cinema, não tenho ânimo para ir para o

teatro, não tenho mais ânimo, é cansada! O corpo PE descanso. Aí no final de

semana, você arreia, arreia mesmo! Supermercado eu vou fazer com raiva, porque é

obrigação, porque se eu não fizer, não tenho comida dentro de casa. Tem que

comprar o tênis pra filha, você tem que ir para o shopping com raiva! Cadê? A

felicidade hoje é muito relativa, eu hoje fico feliz em você chegar aqui, botar um

cafezinho e ficar assim, durante meia hora, com um cafezinho legal, olhando assim,

sem fazer nada! Isso é uma felicidade, mas é relativa. Porque depende do seu

momento, sabe.

18. O que te deixa mais feliz?

Poxa... (risos) o que me deixa mais feliz..., o que me deixaria hoje mais feliz... era

eu ter mais tempo pra mim, coisa que eu não tenho mais. Isso me deixaria bastante

feliz! É eu conseguir, manter o meu nível e ter mais tempo pra mim!

19. Pra você, o que é felicidade?

Pra mim felicidade é um contexto, é... são várias coisas juntas, a família

estruturada, marido, filhos, os filhos felizes, você puder suprir as necessidades

deles, aí entra o financeiro. Você ter tempo para você ir para o cinema, legal. Saí

pra você bater perna para comprar uma roupa. A felicidade pra mim hoje ela é um

contexto, ela não é uma coisa específica. É você ter saúde é você ter uma religião, é

você ser temente a Deus ou alguma coisa, isso é felicidade.

20. Qual o seu maior sonho?

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O maior sonho meu... eu vou dizer que é jogar na mega sena e ganhar, porque eu

não jogo (risos), eu não posso nem dizer isso que eu não jogo. Rapaz o meu maior

sonho eu conseguir estruturar tudo isso numa boa, era eu ter um bom salário, ter

mais tempo para minha família, mais tempo pra mim. Poder viajar todo ano, isso

era o Oásis.

21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

Já, já, eu tu ainda passando por uma fase, é... eu tou com um pré-câncer nos seios.

O seio direito. Ano passado eu tirei os dois nódulos esse ano eu tirei as

microcalcificações, que é um pré-câncer. E eu no começo do ano que vem é que eu

vou por uma... a prova dos nove. Se retornar, vou ter que tira o seio. Aí eu ainda

estou naquele lance né?! Pra ver...

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ENTREVISTA 18

1. Nome

-X-

2. Idade

36 anos

3. Há quanto tempo leciona?

12 anos

4. Há quanto tempo é formado?

11 anos

5. Uma média da sua renda mensal?

Uns R$ 3.000,000, R$ 3.500,00 no máximo.

6. Qual a sua carga horária?

350 horas/ aula

7. Porque escolheu ser professor?

A princípio eu não queria não. Eu passei no curso de letras, e comecei a fazer, aí

então, não me agradou muito o perfil do curso, eu acho que do meio pro final, com

estágio, tendo mais contato com essa parte vamos dizer de educação, aí eu fui me

dedicando né. Aí eu acho que depois que eu me formei mesmo que vim pra cá, pra

bem da verdade eu comecei a gostar mais. Porque tipo eu sentia uma razão de ser,

não era tipo eu ir lá, da um. fazer meu trabalho e receber no final do mês e só.

Porque a gente sabe que em educação ela vem meio sucateada a gente sente meio

que cumpriu um horário. Quando a gente vem pra cá, você percebe esse outro lado,

uma razão de ser pra você trabalhar e fazer o seu melhor, aquela coisa toda. Então

eu acho que foi quando eu gostei mais de fazer o meu papel. Sempre fui bem

ordeira de fazer as minhas coisas de tentar não faltar, e tudo. Mas assim esse

trabalho mais com projeto de interação com outros professores essa coisa ela veio

mais a partir do momento que e vim pra cá.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Não! (abriu um sorriso grande), Faria de novo até cm um pouco mais de indicação,

como eu lhe disse, do meio pro final do curso eu comecei a gostar mais né, antes

era meio um fardo, não gostei muito não. No início, acho que talvez o choque do

segundo grau pra universidade eu não assimilei direito, não sei.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Seis anos

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10. Como começou trabalhar aqui?

Eu vim porque um amigo meu, um colega meu da outra rede, era coordenador,

apareceu à vaga de língua portuguesa, ele me chamou eu vim, fiz entrevista, teste

essas coisas, terminei ficando, mas foi por indicação de um amigo.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto, eu gosto de trabalhar aqui. Assim, é pesado, é um fardo realmente de carga

horária de muitas responsabilidades e tudo, mas eu gosto! Como eu lhe disse, e

comecei a ver uma razão assim pra o meu trabalho a partir do momento que eu vim

pra cá, porque antes é como eu lhe disse era como... ia cumprir os alunos meio

desinteressados, um grupo de professores que tipo estavam pouco interessados no

projeto de vida do aluno, nem que fosse o vestibular que é uma coisa mais assim,

é... objetiva, mas você pouco ver, via esse interesse nas outras escolas aqui eu já via

um projeto mais de construção de cidadania, mas voltado pra mesmo pra educar os

meninos como ser humano, como cidadão, pra fazer ele realizar o projeto de vida

dele. Você se aperfeiçoa muito, porque você não pode ira para a sala enrolar, “é

tipo e não preparei nada, mas eu vou pra sala e faço qualquer coisa” não tem isso,

então você terminasse comprometendo mais com essa causa mesmo da educação

né. Quando você ver esse propósito mais claro, pelo que é cobrado a pesar que a

carga horária ela é bem pesada. Um dia inteiro você termina... cansando!

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

É exatamente isso fazer e acontecer... e se melhorar, ter um resultado. É claro que é

preciso ter um desequilíbrio para reformula e melhorar

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

O excesso de trabalho, a carga horária que é extensa!

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Bom, você não precisa se deslocar de uma escola pra outra, é cômodo e fora isso, a

interação com os colegas e com os alunos ajuda também, Além disso, a

infraestrutura que a escol tem é muito boa.

15. O que te motiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

16. O que te desmotiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

17. Você se sente feliz? Por quê?

Eu me sinto cansada, talvez isso camufle a minha felicidade e isso é reflexo de todo

um cansaço. É cansativo o excesso.

18. O que te deixa mais feliz?

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Se der tudo certo! Se eu cumprir com a minha agenda, e estiver muito calma, isso

me deixa feliz.

19. Pra você, o que é felicidade?

Eu não sei! Acho que não se possa medi, mas eu acho que eu sou uma pessoa feliz.

20. Qual o seu maior sonho?

Fazer um mestrado, ir para um lugar que seja melhor pra mim...

21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

Afastada não, mas eu fiz fonoterapia por um ano e seis meses. A secretaria não te

dar um respaldo, e por isso precisei me cuidar.

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ENTREVISTA 19

1. Nome

-X-

2. Idade

53 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Eu leciono a mais de... uns 35 anos. Contando assim... é que tinha dois contratos, só

que do primeiro contato eu já estou aposentada. Aí esse já é meu segundo contrato

entendeu? Aí contando só de Estado e uns 35 anos mais ou menos.

E desde que a senhora é formada pra cá, esse tempo também?

É porque eu terminei em agosto e logo em seguida, e assim e antes a gente já

começa né?! Já começa a trabalhar com escola. Antes de me formar, no sétimo,

oitavo período eu já tinha aula já. Por isso que eu digo mais ou menos, eu perdi até

as contas.

4. Há quanto tempo é formado?

35 anos

5. Uma média da sua renda mensal?

A renda mensal, juntando de aposentado da em torno de R$ 3.500,00 por aí...

6. Qual a sua carga horária?

A minha carga horária atualmente são 200 horas.

Então tem só esse vínculo?

É, porque o outro eu não preciso mais trabalhar.

7. Porque escolheu ser professor?

Vê, na realidade eu escolhi em parte, certo? Na época que eu estava indo fazer

vestibular, eu não pretendia ser professora, na realidade eu não queria ser

professora. Um pai dizia o seguinte, eu vinha de família que não tinha condição

financeira maravilhosa, e meu pai dizia que as mulheres tinham que ser professora e

eu me revoltei. Não queria! Aí fiz científico justamente para não ser professora. Aí

queria fazer vestibular ou para química industrial, ou para engenharia química. Só

que no ano que eu ia fazer vestibular meu pai faleceu. Aí vem aquela questão né, os

cursos de engenharia e química industrial eram durante o dia. E eu me organizei

para trabalhar né, já que eu não ia ter meu pai. Aí fiz licenciatura em química,

procurei o que era mais perto do que eu gostava que era licenciatura em química.

No primeiro momento eu entrei na faculdade pensando em trocar, só depois eu

desistir de trocar. Aí eu tive uma primeira experiência com cursinho que eu não

gostei, ainda pensei em trocar, mas aí depois eu passei para sala de aula sem ser

cursinho, o segundo ano, na época era científico, no segundo ano científico, no

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terceiro, acabei gostando e estou até hoje. Aí acabei gostando, eu gosto de ensinar,

aí, e gosto. Apesar de alguns problemas que a gente tem atualmente, mas é... tem

momentos que... (risos) você acaba dizendo que gosta né?!

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Não, eu acho que faria do mesmo jeito. E assim, antes de pensar em fazer química

industrial eu pensei em fazer alguma coisa ligada a desenho, mas não fiz. Não

mudaria, acho que eu talvez faria desenho agora, mas pra hobby, mas pra trabalhar

mesmo não mudaria não. Realmente não me arrependo.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Aqui no GP desde 2006.

10. Como começou trabalhar aqui?

Bom eu acho que a minha entrada aqui é a mais diferenciada de todo mundo.

Porque eu no primeiro momento eu vim porque o professor saiu, ele saiu no meio

do ano, mais ou menos no meio do ano, aí eu vim pra cá, com o currículo, essas

coisas que a gente dava entrada. Só que aí quando começou a movimentação a GRE

não permitiu que eu viesse. Aí eu ainda fiquei aqui mais ou menos um mês e meio

sou péssima de datas. Mais ou menos um mês e meio, aí as escolas que eu tinha

feito assim, toda uma organização pra vim pra cá né?! Porque na época eu estava

com dois contratos. Então precisava organizar, tirar um contrato, passar para a

noite, pra trazer o outro contrato pra cá, enfim! Tinha acertado tudinho né?! Aí a

GRE começou com um problema, a diretora num primeiro momento aceitou depois

ela disse que a GRE disse: “olhe a gente não esta autorizando você liberar

professor, você vai ficar sem professor” e a partir do momento que a GRE disse

isso ela não pode remanejar outro professor para ficar no meu lugar. E nem podia

ficar me esperando né, até que isso se resolvesse. Aí eu desisti. Volte para minha

escola normal e fiquei né, até o final do ano. Quando foi no ano seguinte, aí eu não

vim logo no primeiro momento pra cá, aí só depois que surgiu uma nova

oportunidade, para um quarto professor de química foi que eu vim. Então eu acho

que eu fui a professora que mais entrou nessa escola. Porque eu entrei a primeira

vez por um mês e meio e sai, porque não pude ficar por conta da GRE. Entre

depois, já me aposentei do contrato que era daqui e trouxe o outro contrato pra cá.

Então eu já entrei aqui várias vezes.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto... assim, botando na balança né porque é muito problema, é muito corre-corre

tudinho. As vezes você fica desesperado.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

O que motiva uma das coisas é o grupo de colegas daqui. Principalmente das áreas

das ciências que é o que a gente tem mais contato né?! É uma motivação... uma

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motivação é que você ainda tem, ainda tem um grupo de alunos um pouco

diferenciado. Eu estava num histórico de noite que eu tinha muitos alunos com

muitos problemas. Assim, inclusive de agressividade em relação ao professor. Eu

não tive esse problema aqui. E as brigas mais assim, diretamente a mim, nunca tive

problema. E assim, no primeiro momento quando eu vim pra aqui a gente tinha uma

proposta bem diferenciada. Você tinha mais tempo para estudar inclusive. Isso foi

uma coisa que me interessou muito pra vim pra cá porque eu ia ter tempo de estudar

que era uma coisa que eu não tinha. E ai a gente vai fazendo aquilo meio que no

piloto automático né, os conhecimentos que você já tem. Tá certo que você prepara

alguma coisa, mas muita coisa você já tem organizada, e aqui havia essa

possibilidade. Tinha também um incentivo financeiro, lógico que eu não vou deixar

isso de lado, porque isso é importante na vida da gente, isso aí motivou, certo?

Atualmente, não é que desmotive totalmente, é que deixa você meio desanimado é

a quantidade de trabalho que a gente tem, a demanda de trabalho. Aí isso muitas

vezes dessa você desanimado, entendeu? Desanima quando você ver que tem muita

coisa para fazer e de repente, você não te muito tempo. Ontem por exemplo eu

queria entregar algumas provas aos alunos hoje e uma coisa que eu não queria de

jeito nenhum era levar o trabalho para casa considerando que eu passei aqui o dia

todinho, e para entregar essas provas para os primeiros anos, eu tive que levar pra

casa, entendeu? Isso é um pouco que me desmotiva um pouco. Eu não sou a pessoa

mais organizada no mundo em termos de tempo, né?! Não sou! Mas também eu não

sou tão desorganizada! Afinal de contas eu estou esse tempo todinho na profissão,

já tenho uma certa experiência, já consegui equilibrar um bocado de coisa. Mas

assim o que as vezes me desmotiva é o corre-corre. E você pelo corre-corre se

sentir cansado. E assim né, você tem às vezes alguns alunos que te desanimam

muita vezes, é porque tem uma noite você dorme, no outro dia você acorda com

esperança. Porque se não você derribava. Mas as vezes você desanima com os

alunos. As vezes com a grande maioria você chega em determinadas turmas que

você sai simplesmente triste, porque você tem a sensação que você não fez nada. Aí

as vezes quando chegam no outro dia, eles dão uma equilibrada, não muita, mas

uma melhorada, aí é que você vai levando entendeu? Mas que uma das coisas que

deixa você triste que é o alunado não quere, é, você planeja toda uma coisa assim,

você acha que vai dar tudo certo e de repente o pessoal não esta muito interessado,

ai desanima. Ontem eu cheguei na sala e disse: “pense num exercício maravilhoso é

esse que vocês vão fazer, se você fizer com consciência, você vai aprender e você

vai tirar uma série de dúvidas” aí alguns realmente começaram a trabalhar tudinho,

mas outros vão lá trás do livro e copiam a resposta, isso, isso estressa. Você fica

meio desanimado com isso.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

(pergunta respondida anteriormente)

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

(pergunta respondida anteriormente)

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Pelas mesmas razões que eu falei antes porque é que eu vim pra cá, entendeu?

Inclusive no primeiro momento meus planos quando eu me aposentasse era, eu já

tinha o segundo contrato e eu não pretendia trabalhava durante o dia. Eu pretendia

ficar só a noite e durante ou sai fazer outra coisa! Então eu tinha essa opção. Uma

opção de terminar o contrato daqui que eu estava me aposentando e não vim pra cá.

Mas aí consegui o seguinte. A outra escola eu não estava com um... eu estava muito

triste com relação à noite, certo? Aí por conta disso eu fiquei aqui. No integral as

razões seriam a mesma que eu teria mais tempo para estudar, uma outra coisa que

eu acho bem interessante aqui. É que você tem um grupo de professores, por

exemplo, os professores de química, éramos quatro, agora somos três. Mas a gente

consegue combinar as coisas entendeu o que é que voe está trabalhando, o que é

que você vai fazer, é o trabalho em equipe e eu acho isso muito interessante que em

outra escola a gente não conseguiria fazer isso! Eu achei interessante um dia que a

gente tinha que preparar o laboratório de ciências, e praticamente entrou os quatro

para terminar de preparar a prática. Porque um entrou, começou aí o outro saiu

porque tinha aula, entrou o outro. Então, nos sabíamos o que é que cada um

precisava fazer entendeu? Sabíamos da continuação. Aí isso eu acho bem

interessante aqui também. É uma motivação você ia, pelo menos inicialmente você

teria um aluno diferenciado, um aluno que queria não era um aluno que fosse tope

de linha em termos de conhecimento, é um aluno que queria, ele não precisava ser o

aluno superinteligente, não! Mas ele queria, encontrávamos um aluno que queria

estudar, a possibilidade de você conseguir... de você estudar. Tah? Aprende mais.

Realmente eu não tenho mais de fazer mestrado, mas isso não quer dizer que eu não

tenha interesse em aprender. Entendeu? Que é bem diferente. Isso aí foi uma das

coisas que me motivou a ficar no integral. É um conjunto de coisas!

15. O que te motiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

16. O que te desmotiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

17. Você se sente feliz? Por quê?

Depende né?! Se você me perguntar se eu me sinto feliz o tempo todo, Não! Mas

assim, tem muitos momentos que são felizes, e contando minha vida inteirinha,

fazendo um balanço da minha vida, se eu botar na balança as coisas boas e as coisas

ruins, eu tenho bem mais na minha vida a agradecer, do que reclamar entendeu.

Botando o peso pensando até racionalmente eu acho que eu tenho mais coisas para

agradecer na minha vida do que a reclamar. Certo, eu acho que é...

18. O que te deixa mais feliz?

Tanta coisa! (respondeu bem rápido!) A primeira coisa é ver se minha família está

bem. Então, os meus filhos, marido, se o pessoal esta bem, se não estão brigando,

nem nada eu me sinto feliz! Profissionalmente e fico feliz quando encontro o meu

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aluno em qualquer lugar muito bem. Me sito triste quando encontro alguém em uma

situação difícil. Aí realmente eu me sinto triste. Feliz quando você vai passear, sei

lá, feliz de conseguir algumas coisas que eu consegui até hoje, não é muita coisa,

mas eu acho que algumas coisas bem marcantes, é...

19. Pra você, o que é felicidade?

Felicidade?... Felicidade é eu poder ira pra casa e dormir tranquila, e me acordar

esperando que o dia vai ser bom, certo? É felicidade. Mas assim, felicidade e um

bocado de, são vários momentos. Que as vezes a gente nem se liga que ta, que está

sendo... é estar bem, estando bem, as pessoas em minha volta estando bem de

saúde, estando encaminhadas, certo? Falando em família, é os meus filhos, são três,

são duas meninas e um menino, as duas meninas estão na faculdade isso é uma

coisa que me deixa feliz, é meu filho, terminou o ano passado, aí tava trabalhando,

mas ai a empresa o setor que ele estava fechou e ele esta demitido. Mas assim eu

não estou infeliz com isso, porque eu sei que ele esta começando agora né?! Eu ele

esta aí com os projetos tudinho, e que ele não esta deprimido. Ele esta muito

confiante, até porque é muito jovem né e não dá para ficar triste agora. Isso aí esta

me deixando tranquila por isso. Eu também, claro que você se sente meio triste com

algumas coisas. Não sei se posso dizer triste né, mas, algumas coisas que você quer

que vá de um jeito e não vai. Além do mais com o tempo a gente vai se

acostumando tipo assim, né?! Alguma coisa não tá muito bem, mas você não pode

fazer nada, então não é problema né?! Eu não posso fazer nada. As vezes eu ficava

muito estressada em casa, quando eu chegava e minha casa estava uma bagunça. Eu

tinha os filhos pequenos né?! Aí uma vez minha filha me disse, também a senhora

passa o dia na rua, a mãe da minha colega fica em casa, da outra fica em casa e a

senhora fica na rua. Aí eu comecei a fazer o que: antes de chegar em casa e já

pensava nisso né?! Aí quando eu chegava em casa eu dizia: “bom não vou olha

isso, não vou olha aquilo, olhar aquilo outro!” porque pelo menos eu não me

estresso né?! (risos)

20. Qual o seu maior sonho?

Meu maior sonho... as viagens, certo é... Eu não diria o maior, são alguns sonhos

assim, um sonho grande que eu queira só aquele não, mas assim as viagens, viajar,

eu pretendo viajar! Não precisar ser muito longe, não precisa ser. É... uma coisa que

eu comecei e que parei, comecei um curso e pintura. Que uma das coisas que eu te

falei que queria o curso de desenho, mas ai eu comecei um curso de pintura. Pintei

dois quadros, mas aí por conta de eu ter vindo pra cá, o professor que eu estava

trabalhando come ele, ele não dá aula a noite, aí não pude e deixei meio que de

lado, mas depois eu futuramente meio que vou voltar. Mas só... e viver em, eu

sonho mesmo é em viver bem, entendeu? Acordar e acordar bem de saúde

entendeu. Isso é importante, porque sem ela a gente não faz nada. Grandes sonhos...

alguns sonhos pequenos você vai realizando não é, por exemplo: casa, você vai

realizando aos poucos, é só se organizar. Eu tinha um sonho, é eu tinha um sonho...

que era quando eu comecei a trabalhar no Estado que era ter uma casa na praia,

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porque eu amava praia, e aí eu levei um certo tempo para... Aliás, um bom tempo

para... mas aí... ultimamente a gente já conseguiu, tinha já o terreno, pra você ver, o

sonho estava lá guardado. Eu já tinha o terreno e aí eu consegui construir uma casa,

não é uma casa grande, mas é a casa que... que eu preciso, na realidade eu não gosto

da casa eu gosto da praia! Aí é um dos sonhos, mas já tá realizado né?! Lógico que

ela precisa de uma série de coisinhas que você vai fazendo aos poucos, são sonhos

que aí você vai realizando aos poucos, casa, carro, viajar, pintar, né?! Porque eu

ainda vou voltar a pintar com certeza, eu digo que quando eu me aposentar eu vou

fazer tudo isso, pintura, desenho...

21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

Já, já. Eu me afastei do trabalho por hepatite, hepatite A e concidentemente eu

estava grávida. Aí eu fiquei afastada um mês... 45 dias. E depois só licença de

gestação só. Acho que não mais, não... só assim uma gripe muito forte, dengue, mas

coisas... coisas que são quase banais se não levar a complicações, são quase banais.

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ENTREVISTA 20

1. Nome

-X-

2. Idade

48 anos

3. Há quanto tempo leciona?

30 anos

4. Há quanto tempo é formado?

23 anos

5. Uma média da sua renda mensal?

R$ 4.500,00

6. Qual a sua carga horária?

350 horas aulas nas escolas e aulas particulares

7. Porque escolheu ser professor?

Na época, quando eu... realmente eu gostava de ensinar. Hoje, se eu tivesse poucas

aulas, assim, num expediente só eu continuaria gostando, mas hoje e não gosto

muito de ensinar não.

Mas na época é porque o senhor gostava de ensinar?

É...

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Faria! Se eu tivesse um paitrocinador, eu faria medicina.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

seis anos

10. Como começou trabalhar aqui?

Foi por indicação na realidade né, tava faltando professor aqui. Na época tinha que

entrar, tinha que ter feito uma seleção, e essa seleção eu fui proibido de fazer

porque eu tinha dois vínculos no Estado. Então como eu tinha dois vínculos fui

proibido no início. Um ano depois é... não tinha mais essa proibição, e um dos

coordenadores do programa me convidou pra ensinar aqui.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

... eu hoje... eu digo que, nem gosto nem sou... e nem reprovo. Eu acho que pelo

volume das coisas, o volume de trabalho, é muito cansativo.

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Então se eu lhe perguntasse o que mais lhe desmotiva a trabalhar aqui seria isso, o

volume de trabalho?

É, hoje é... é cansativo o expediente mesmo.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

Desafios de fazer coisas novas, por exemplo: eu aqui eu ensino... sou licenciado em

física, e a minha pós-graduação é em matemática. Mas eu ensino aqui outras coisas

por exemplo: gastronomia, me identifico muito. É... gosto também de estar dando

uma participaçãozinha em outras áreas como geografia, de... na parte de física e

matemática sou bem atuante. Mas em outras disciplinas também... na parte de artes

também, teve um trabalho aqui muito bom, que estavam unidos, era uma PD

interdisciplinar. Física, artes matemática, um trabalho bem interessante que fizemos

aqui, foi um trabalho sobre... é... pinturas, máquinas, câmara escura. Então teve um

envolvimento na parte de física matemática e a própria arte. Então foi um desafio

bem interessante. Se trabalho foi premiado e foi... saiu até na rede globo e na... pelo

MEC também.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

(pergunta respondida anteriormente)

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

É uma das coisas que eu acredito viu, é o aluno passar um tempo, o seu tempo

maior na escola ele tem maiores condições, de ver, de se aprimorar de se

aprofundar em determinados assuntos e principalmente tirar aquela defasagem. Nós

sabemos que na escola pública existe da 5ª a 8ª série. Então da 5ª a 8ª série a uma

defasagem muito grande de matemática, ciência... é assim falta de professores e

também falta de estrutura de sistematização de toda a rede. Então, na escola integral

ele supre essas deficiências, e praticamente ele não tem aulas vagas, então isso,

também faz com que ele, o aluno possa ter um ganho muito maior e hoje essa

escola aqui no Ginásio ela tem uma equipe muito boa. E aí com essa equipe ela

reverte o quadro. No ano passado nós tínhamos é... 183 alunos no 3º ano, onde 110,

entraram nas melhores universidades né, do estado. Então isso a gente ver que é

reflexo.

15. O que te motiva no programa?

Antes,... era um salário um pouquinho diferente... hoje... é... eu não estou muito

motivado não.

16. O que te desmotiva no programa?

No sistema integral, só no sistema integral é uma coisa, se eu só tivesse minha

renda hoje e um pouquinho mais pra ficar só no sistema integral eu não ia ter

muitas queixas não. Mas como você precisa ter mais, um algo mais, para suprir

aquele padrão de vida que você colocou, então há cinco anos, seis anos, o que eu

tinha como padrão de vida, com aquele dinheiro e foi reduzindo, reduzindo. Hoje

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eu tenho que trabalhar mais, e ter mais, mais... mais trabalho pra ter uma renda que

ao chega nem a ser metade do que eu ganhava há cinco anos. Então isso desmotiva

muito.

17. Você se sente feliz? Por quê?

Hoje, eu diria assim eu sou feliz por “n” motivos né. Um dos motivos é eu poder

andar, é poder estar convivendo trabalhando porque há dois anos eu estava numa

UTI, um infarto agudo no miocárdio, e eu fiquei... todos os dias que eu passe na

UTI, eu refleti tanto que eu vi assim, eu fiquei imobilizado, imobilizado e hoje

quando eu estou andando eu fico feliz porque eu ando. Sei o valor exatamente do eu

é andar. Do que é ter pernas para andar.

18. O que te deixa mais feliz?

A minha família! A minha família, estar em um processo que eu estou em igreja, eu

estou me relacionando com as pessoas. Quando hoje, é... uma... uma cosa que eu

fiquei muito feliz é semana passada eu vi um ex-aluno meu. E esse ex-aluno ele

olhou pra mim e disse: professor, e começou a conversar e tava, e ele disse assim:

“eu estou aqui na escola (em outra escola que eu trabalho) ele estava coordenando

vários estagiários, aí ele com os olhos cheios de lágrimas ele disse, olhe professor

terminei o meu doutorado m matemática, e uma das causas foi o senhor que me

motivou pra isso. E hoje eu estou aqui, sou professor lá da Universidade Rural, e o

causador é o senhor”. Aí deu um abraço em mim, eu senti uma... pude modificar a

vida de alguém pra melhor então isso me deixa feliz.

19. Pra você, o que é felicidade?

Se sentir bem é dormir tranquilo, andar... é saber que não fiz muitas besteiras,

minimizar as besteiras que a gente faz, fazemos muitas, mas quando você minimiza

isso, e essa coisa não afeta o seu sono, isso é felicidade!

20. Qual o seu maior sonho?

Meus filhos formados! O meu filho esta fazendo engenharia da computação, e

assim, os outros encaminhados também, é a esposa... eu gosto muito da minha

esposa (colocou sua aliança junto da câmera).

21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

Como eu disse, eu tive um infarto, passei quase um ano afastado, em 2009, eu já

estava aqui. Em 95 eu também tive um problema muito sério, fiquei também quase

um ano também afastado, em 95 e 2009. Foram dois anos muito marcantes na

minha vida que me deixou totalmente afastado mesmo da escola, nesses dois anos.

Mas conseguiu descobrir a causa?

Primeiro foi uma infecção no canal no dente, e passou uma bactéria para todas as

minhas juntas e eu fiquei de novo um mês paralítico numa cama, sem me mexer.

Passando isso, tive esse infarto, muito forte, agudo de dores horríveis no peito, e

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por pouquíssimo eu não entrei em óbito, mas, Deus me deu mais uma

oportunidade!

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ENTREVISTA 21

1. Nome

-X-

2. Idade

52 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Há 27 anos

4. Há quanto tempo é formado?

Acho que... vixe num lembro mais não. Eu acho que a mesma quantidade, quando

eu me formei, comecei a lecionar. Aí é melhor, bote uns trinta né?! Uns trinta anos.

5. Uma média da sua renda mensal?

É... três mil e... R$ 3.500,00

6. Qual a sua carga horária?

200 horas/ aula

7. Porque escolheu ser professor?

Porque eu gosto! Eu tenho vocação.

Mas desde o início, como é que foi?

Desde o início! Desde pequena eu morava num sítio, aí eu tinha uma irmã fera, que

já era bem letrada, já era formada. Aí eu ainda criança aí eu perguntava, o que é que

a gente faz, qual é a faculdade que a gente faz para ensinar português? Aí ela dizia:

letras! Aí eu dizia: ai eu vou fazer letras, aí engraçado que quando eu fui fazer a

inscrição para o vestibular, a gente tinha formado uma equipe aí a equipe: a gente

tudo vai fazer história né?! Aí eu digo é, vamos. Quando chegou lá na hora, a

menina perguntou e eu não pensei duas vezes, disse: letras! E as meninas: “Mas

Lúcia tu não dissesse que ia fazer história?” e eu disse: Não vou fazer letras! Aí eu

gosto, descobri que gosto e fiz por vocação mesmo!

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Não!

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Há oito anos.

10. Como começou trabalhar aqui?

Através de seleção né?! A gente escutou na televisão em rádio, aí veio, fez

inscrição e fez seleção.

Pegou do tempo que era o centro experimental?

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Era!

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto tem lá suas... (risos) tudo na vida tem o seu lado positivo e negativo, né?! As

vezes tem muita pressão aqui, a gente trabalha muito.

Se eu te perguntasse o que te desmotiva a trabalhar aqui seria isso?

É e a questão do horário integral eu acho muito cansativo!

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

(pergunta respondida anteriormente)

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

(pergunta respondida anteriormente)

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Olha a gente ver também a questão é..., os meninos são melhores, o ambiente é

outro. A questão também do dinheiro que também é bom né?! (risos). Então tudo

isso, são vários fatores que contribuem para que a gente escolha. Apesar que eu

continuo dizendo eu acho muito cansativo o horário integral.

Então se eu te perguntar o que te desmotiva no âmbito integral?

Seria isso o horário! Muito tempo, muito puxado.

15. O que te motiva no programa?

É o motivo de qualquer um, eu gosto de trabalhar, gosto desse contato com

adolescente, adoro, eu me sinto até mais jovem, é gostoso!

16. O que te desmotiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

17. Você se sente feliz? Por quê?

Sinto! Porque é uma coisa que eu faço porque eu gosto, aí eu me realizo!

Mas assim de uma forma geral?

Ah sim é... não eu sou mais uma pessoa alegre do que feliz. Eu sou alegre, mas não

sou totalmente feliz...

E o que falta?

Um casamento mais ajustado, é... (risos) filho que não estão muito estruturados.

Deixam a gente sempre preocupada né?!

18. O que te deixa mais feliz?

Meus netos! Eu tenho um e o outro está para nascer!

19. Pra você, o que é felicidade?

Felicidade é você esta de bem com você mesma. Não adianta ficar procurando

felicidade no outro. Porque ela está dentro da gente, e é estar bem conosco mesmo!

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20. Qual o seu maior sonho?

É... meu maior sonho... (risos) eu tenho tantos. Meu maior sonho é uma besteira,

mas sabe uma coisa que eu tenho muita vontade é assim, eu tenho habilitação, mas

eu morro de medo de dirigir. Meu maior sonho é perder esse medo! É... é um dos

né?! Eu gostaria, eu acho que eu vou mudar para o interior e vou conseguir, eu acho

que lá não tem esse trânsito infernal que tem aqui.

Pretende se desvincular professora do integral?

É eu vou me aposentar, vou me aposentar, eu estou aguardando.

21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

Tive depressão. Me afastei por três meses!

Por sobrecarga?

É muita pressão!

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ENTREVISTA 22

1. Nome

-X-

2. Idade

Aqui porque eu tou perto de fazer, vou dizer a que eu vou fazer mesmo que é 30

anos.

3. Há quanto tempo leciona?

Há cinco anos (houve uma interrupção, porque alguns professores precisaram

utilizar o espaço onde estávamos e paramos a entrevista por alguns minutos para

se deslocar a outro lugar).

4. Há quanto tempo é formado?

Deixa eu ver,... eu me formei em 2004... 6, vai fazer 7 anos.

5. Uma média da sua renda mensal?

Minha renda mensal... é porque eu só dou aula aqui mesmo. R$ 2.000,000 e alguma

coisa, quase R$ 2.500,00.

Sua carga horária ficou então 200 horas?

É 200 horas.

6. Qual a sua carga horária?

(pergunta respondida anteriormente)

7. Porque escolheu ser professor?

É porque assim, na verdade, na verdade eu sou professora agora, porque eu

trabalhava. quando eu entrei na universidade eu também fiz escola técnica, eu fiz os

dois, eu fiz técnico em comunicações e fiz licenciatura. Na época do vestibular eu

queria fazer engenharia, mas como eu tinha estudado tanto, porque a maioria das

pessoas que fazem exatas, são pessoas que não estudaram tanto para ser

engenheiros. Porque na época que eu fiz não tinha estudado tanto e achava que eu

era capaz de passar logo de cara em engenharia né?! Aí eu fiz um curso que eu

também gostava, porque eu gostava de dar aula lá na sala de adulto, essas coisas do

povo, aí eu disse não eu vou fazer um curso que eu gosto e que eu sei que eu vou

passar. Aí foi quando eu entrei em matemática, aí depois que eu estava dentro eu

não quis mais, depois que eu terminei, eu pensei vou fazer engenharia. Aí depois,

foram acontecendo, outros trabalhos, outras coisas, e terminou que eu desisti!

Aí deixou de fazer engenharia?

Assim, também de engenharia, mas eu gostava de contábeis, já penso em fazer,

alguma coisa em um tempo menor, uma especialidade em contábeis que a FIR ou a

Estácio tem, quando você passa, paga dois anos, elimina as cadeiras que você tem

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em comum, não necessariamente vai ser ciências contábeis. Vai ser uma, alguma

coisa na área das ciências contábeis. É tipo uma, eu acho que... é tipo Tereza.

Tereza não faz administração, ela faz recursos humanos, que é uma parte de

administração que ela pode se formar em dois anos, ela pensa em fazer a mesma

coisa. Entendeu?

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Eu voltasse no tempo... assim, eu não faria diferente, eu tentaria fazer duas coisas,

ter dois vínculos, porque eu sempre gostei de ensinar entendeu? Aí eu trabalhava

como técnica e dava aula de noite, aí isso migrava de uma empresa pra outra,

porque era terceirizada. Ai chegou um momento que a empresa terceirizada, não

tinha mais pra onde você ir, porque uma empresa só assumiu tudo e monopolizou,

aí..., ai eu peguei e fui procurar escola de manhã e de tarde. Eu só dava aula de

noite. Ai nisso, surgiu, aí eu conheci a Ricardo, numa dessas idas as escolas, aí

conheci Ricardo que ele trabalhava como técnico num escola daqui perto, que era,

que parece que é... aqui em Santo Amaro, eu me esqueci como era o nome da

escola. Eu si que eu fui nessa escola nesse dia, pra tentar pegar a vaga de um

professor que tava saindo de lá que ele ia pra outra escola, aí quando eu fui lá falar

com o diretor, aí o diretor disse que não, que não porque o professor de física, ia

assumir as aulas de matemática, que não tinha mais aquela vaga. Estava na GRE,

mas que na verdade não existia mais, porque o professor ia assumir. Aí nisso eu

conversando com esse Ricardo, aí ele disse que tinha duas, tinha vaga pra cá, que

eu viesse aqui, entreguei currículo, e vim fazer a prova. Aí foi até no mesmo dia

que Ana Paula também veio, e Conceição também. Aí no mesmo dia a gente foi

fazer as provas né?! Conceição foi fazer a entrevista dela e eu e Ana Paula. A gente

era pra matemática e ela pra inglês. Aí eu vim pra cá.

Então você trabalha aqui no Ginásio Pernambucano desde 2006?

Não, desde o ano passado eu dou aula desde 2006, que eu entrei no Estado, mas

aqui eu dou aula desde o ano passado, eu entrei ano passado.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

(pergunta respondida anteriormente)

10. Como começou trabalhar aqui?

(pergunta respondida anteriormente)

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto, é porque assim, o bom daqui com relação as outras escolas, é porque nas

outras escolas eu não ficava como aqui que eu tenho que estar sempre estudando,

entendeu? Sempre me atualizando. Nas outras não eu chegava na escola, trabalhava

o dia todo, e quando chegava na escola, os meninos não tinham muito interesse, não

pretendiam entrar em vestibular, era mais pra se formar também, e não adianta eu

correr muito que os meninos não acompanhavam. Aí o que é que eu fazia: chegava

então preparava uma aula, mas não com tudo aquilo como é aqui. Porque os

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meninos aqui eles sempre perguntam em mais coisas, claro que não são todos né?!

Tem uns que são desinteressados. Mas pra aqueles interessados, eles não se

contentam só com aquele, eles querem mais então e tenho eu tenho que me preparar

para aquele algo mais que eu se que eles vão perguntar, entendeu? Então é bom pra

mim, eu não estou como eu estava antes, eu estava mais acomodada com o que eu

conhecia e aqui não, eu tenho que procurar sempre exercício diferente porque tem

sempre aquele que vai perguntar o diferente, entendeu? O bom daqui pra mim é

isso.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

Também tem o lado financeiro, eu trabalhava em três turnos pra ganhar o que aqui

eu trabalho em dois turnos. Então tenho um turno livre, antigamente eu trabalhava,

manhã, tarde e noite. Agora não, pode ser que agora como eu sou solteira, me

atente, pode ser se eu casar e tiver filho pode arrumar um outro turno, porque

menino é, mas custo, mas pra mim também foi o lado financeiro, foi o lado

profissional juntou tudo, porque de três turnos eu só estou trabalhando em dois e

ganhando um pouco mais do que eu trabalhava nos três entendeu? Então é d tudo

um pouco e o lado financeiro...

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

O que desmotiva é que não só eu mais muitos professores que estão com a carga

horária muito alta, então tem muita atividade, a gente não tem tempo de se sentar,

pra planejar nada, é tudo nas carreiras. Tipo, agora, chegou prova de recuperação,

ela já quer a prova, a gente ainda não fechou as notas dos meninos, a gente fez

prova de sala semana passada, tem que corrigir, lançar, pra entregar e a gente tem

que mandar a outra prova que já é semana que vem, então é tudo muito corrido. Aí

a gente não tem tanto tempo, porque é muitas aulas entendeu? Matemática tem 28,

28 é? 28 aulas, aula, aula de sala. Fora o laboratório o aulão, entendeu? Então a

gente tem pouco tempo o único momento dos três estarem juntos é nessas duas

aulas de agora. Que nós quatro, por isso que ela colocou ali que os quatro estão sem

atividade nenhuma, então é complicado por conta disso. Que a gente não tem muito

tempo aqui de se sentar para planejar nada, então, tem que levar serviço pra casa,

isso já vai... desgasta entendeu?

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Porque assim, o bom da escola integral pra mim. Eu não sei todas né?! Porque eu

vim logo pra cá, como aqui é a escola, a escola que eu ouvia falar. Pelo o que eu

ouço falar das outras, as outras são integrais e não são, porque mudou o nome é

como as escolas que eu ensinava, o que me motivou a ficar numa escola integral

porque justamente o que eu disse, nas outras escolas se eu só aumentasse , se eu

ficasse em uma escola regular, ficasse de manhã e de tarde que ela não fosse

integral, aí na minha cabeça eu ia ficar do mesmo jeito como eu dava aula na noite,

e aqueles mesmos meninos que queriam aquelas mesmas coisinhas mínimas. Aí eu

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não sei como dizer de outras integrais porque eu vim pra cá, então aqui é um

universo diferente das outras que eu ouço falar. Então em relação ao que eu estou

aqui o que eu vejo é isso, porque eu vejo uma escola que não fosse integral como

essa daqui eu estaria do mesmo jeito, não estaria tendo que me dedicar mais, que

estudar mais, como é aqui.

15. O que te motiva no programa?

Deixa ver... não o integral é bom, porque você fica, assim no meu ponto de vista,

você fica num mesma escola, que é muito difícil completar a sua carga horária, tem

isso, e tem que você... tem esse lado e tem o lado que você pode conhecer mais os

alunos. Porque quando você trabalha em muitas escolas termina que você não

conhece todo mundo por nome, como é aqui, eu conheço todo mundo por nome, até

quem não é meu aluno. Então fica mais fácil você se relacionar, mesmo que eles

não gostem de matemática, eles terminam gostando de você pela convivência.

Assim, esse é o lado bom do colégio integral, e da parte de não ter que me deslocar,

entendeu? Porque eu já passei casos que eu tive que trabalhar de manhã e de tarde e

de noite e eu ter que estar alguns dias na escola, aí tinha que sair dessa escola para

de tal hora estar em outra escola, aí eu sempre chegava atrasada, não dava tempo.

Aqui a vezes não dá tempo, porque eu termino a aula os meninos ficam

perguntando alguma coisa, e isso e aquilo, ai come e quando eu chego aqui ai

chama num sei quem, quer conversar sobre alguma coisa que não é um assunto,

entendeu? Alguma coisa da casa deles, alguma coisa assim. Porque aqui a gente é

tudo, é psicólogo é professor, aí pronto. Então você não tem, eu acho que se não

fosse integral, e tivesse outros vínculos, eu não teria como ter, atender do mesmo

jeito os meninos iam atender alguns, outros iam ficar, infelizmente não tem como.

16. O que te desmotiva no programa?

O ruim aqui não há... ninguém questiona a gente, as coisas são impostas pra gente,

vai ser desse jeito, ninguém procura saber o que é que, conversar com os

professores, sabe o que é que acontece, sabe a gente esta aqui. Então aquele que

está lá em cima, esquece que já foi professor um dia e que a realidade em sala de

aula é diferente, entendeu? A gente esta aqui a gente sabe que não é só dar aula,

mais aula que os meninos vão aprender. A aula tem que ser diferente, mas pra ser

diferente tem que reduzi a carga horária para que o professor possa reduzir uma

aula diferente. Então o que eles vêm lá em cima, eles acham que o menino vai

aprender com aula e aula. E não é assim, a gente sabe, a gente digamos, a gente

sabe que teria que ter uma aula diferenciada, mas em que tempo que a gente vai

fazer isso aqui? Entendeu? É complicado, a gente sabe o que é que tem que apontar,

mas as vezes a gente não tem como apontar, porque é imposto pra gente diferente.

Porque é o que eu estava dizendo, eles querem lá, resultado, tem menino que não

sabe nem... o menino entra aqui quase zerado no 1º ano. Se você for trabalhar

realmente o que ele precisa, isso come metade do ano, e o assunto que a gente tem

que dar, no final do ano o integral não vai querer saber se aquele menino melhorou

a deficiência lá de trás. Ele quer que o menino veja o conteúdo do ano que ele está.

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Então é complicado pra gente, a gente fica no meio termo, entendesse? É por conta

disso as coisas aqui eles querem que a gente faça tudo, e não tem como a gente

fazer tudo. A gente tem que ver o e é que agente vai fazer, pra fazer aquilo de

qualidade. Fazer tudo não tem condição não.

17. Você se sente feliz? Por quê?

Eu me sinto feliz, porque eu faço o que eu gosto, claro que a gente se desestimula,

com convivências, imposições que tem que ser feito assim, que a gente sabe que

não vai dar certo, mas tem que fazer, porque mandam a gente fazer. Mas eu sou

feliz porque o que eu escolhi, eu sempre gostei de ensinar. Eu ensinava a grupinho,

claro que eu poderia ter feito outras coisas, poderia! Se eu voltasse no tempo eu

seria também professora e faria, não ia desisti, como eu desisti, não desisti né, eu

estou protelando, não sei se eu vou fazer engenharia, eu acho que não, mas eu

penso em fazer alguma coisa na área de contabilidade. As eu sempre quis conciliar

assim em ser professor com uma outra atividade.

18. O que te deixa mais feliz?

Pra mim ser feliz é você estar com saúde, estar com a sua família e sua família estar

bem, par mim isso é ser feliz entendeu. Porque assim, quando você não é feliz em

casa, você já vem pra cá diferente. Aí tudo complica assim, porque por mais que

você queira esconder, você chega no meio do trabalho, você não consegue esconder

por muito tempo, você fica mais... quem é calado, fica mais calado ainda. Quem é

aquele alegre, você não trata mais a pessoas do mesmo jeito, por mais que você se

esforce é natural de todo mundo. Então pra mim você ser feliz é você estar com

saúde e estar bem na sua casa. Seja quem tem marido, quem mora com os pais,

quem mora com amiga, porque de lá vem pra cá. Você não tem como, se você tiver

com um problema em casa com o seu filho, você não chega na escola do mesmo

jeito, com sua irmã com qualquer um. Eu acho que você tem que estar bem

pessoalmente para trazer para o profissional.

19. Pra você, o que é felicidade?

(pergunta respondida anteriormente)

20. Qual o seu maior sonho?

O meu maior sonho hoje, é formar uma família, por isso que assim eu também, eu

pensava em fazer universidade, mas eu pensava em poxa mais cinco anos, então eu

tenho que escolher. Ou eu vou me casar e construir uma família, ou eu vou passar

mais cinco anos estudando, porque digamos, eu vou trabalhar o dia todo e vou pra

universidade de noite. Aí isso quer queira quer não, pra você casar e ter um filho é

complicado, entendeu? Eu não vou confiar, nem deixar a minha mãe cuidando, até

porque minha mãe já tem mais de 60 anos, então eu não vou. Assim minha

prioridade também é outra, por isso que eu não quero fazer um curso que seja num

período menor, porque eu quero formar a minha família, então minha prioridade é

formar uma família, minha vida pessoal, entendesse?

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21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

Não, nunca tive, o máximo de afastamento meu é dois dia que eu tive, um negócio

que eu tropecei, nunca tive afastamento de passar meses, essas cosas assim não. Por

enquanto não, mas dizem que depois de uma certa idade, né não Mônica (se referiu

a professora que estava sentada próxima), começa a vim os problemas, então nunca

diga, nunca, hoje você esta me entrevistando, daqui a num sei quantos anos, ela vier

aqui, eu já vou dizer outra coisa né?! Porque assim, porque eu só tenho cinco anos,

quem tem como Lúcia, 20 e poucos anos, aguentando esses meninos na cabeça da

gente, porque não é só a dúvida da disciplina é tudo, eles trazem problemas deles de

casa de tudo. Então é muita informação pra você ter que ensinar o menino ainda ter

que ver, transformar o menino pra vida como aqui não é só o conteúdo é tem que

guiar o menino em todos os aspectos, claro que tem uns que não ajuda, não deixa

né, é complicado o problema é esse acho que é por isso que se aposenta com menos

tempo, porque o desgaste é maior. Não é como você trabalhar em um escritório,

que você vai lá, faz sua função e vai simbora, Não é entendeu? Professor é muito

mais que aquilo, às vezes a gente vem pra cá, os meninos chamaram mesmo agora

no intervalo, pra conversar, ela veio conversar que ela tinha um namorado, acabou e

agora esta com outro, aí esse outro antigo, virou a cabeça e ela ta com medo que ele

venha fazer alguma coisa com ela, e veio perguntar como deve proceder

entendesse? Ai você também fica pensando, vai pra casa com o problema da pessoa

pra ver uma solução que você pode dar, que você não deu naquela hora. Então é

muita coisa, aqui você não para não. Você senta assim, você para e senta, mas a

cabeça da pessoa fica: é prova pra mandar, é menino pra conversar e tem que falar

com o pai do menino. Tem que saber o problema que esta com o menino, como

apontar e como dizer, aos pais da melhor forma, porque eu não posso chegar, feito

minha mãe, minha mãe quer que chegue pra mim, como pra ela e dissesse: “olhe

sua filha não esta estudando, sua filha esta conversando”, mas tem pai aqui que não

aceita dizer isso, entendeu? Você tem que procurar, maquiar, a foto do menino.

Minha mãe queria a verdade, mas tem pai aqui que não quer. Então até isso o

professor tem que... pra ver a melhor forma de dizer ao pai e a mãe que o menino

não esta aquela flor toda na escola. Então é muita coisa, olhe professor... eu

pensava que era muita coisa, mas não tanto assim e aqui... Porque assim, aqui as

coisas realmente eu vejo, pode não melhorar 100% principalmente em outras

escolas que eu conheço, ou já ouvi falar, aqui é uma escola muito boa entendeu?

Além do, da parte do conhecimento específico, digamos assim, tem a preparação. É

claro que tu não consegue que todos os meninos, sejam, saiam daqui preparados,

sabendo o que ele quer pra vida né?! Mas pra muitos aqui faz muita diferença,

quem entra no primeiro, e quem sai no terceiro ano. É totalmente diferente,

entendeu? São muitas coisas muito meninos que eles disseram que chegam aqui

zerados, hoje já passaram em concursos bons, engenhara, medicina, não,

engenharia, direito, teve uma menina que passou, é totalmente diferente, agora é

claro que a mudança só acontece para quem realmente quer né. Mas até aquele que

não quer, melhora um pouco e já sai com outra visão, entendeu?

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ENTREVISTA 23

1. Nome

-X-

2. Idade

44 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Eu leciono desde os 19, vai fazer 25 anos.

4. Há quanto tempo é formado?

Eu sou formada em 1989 (22 anos)

5. Uma média da sua renda mensal?

Uma média? Trabalhando que só bicho? Somando os dois é? A média da R$

1.500,00 (cada, R$ 3.000,00 no total).

6. Qual a sua carga horária?

Rapaz, 350 horas aulas.

7. Porque escolheu ser professor?

... Minha mãe diz sempre que eu gosto de explicar as coisas, eu gosto de ensinar, eu

achava bonitos meus professores, eu tinha meu espelho de qualidade, na época que

eu era estudante, meu espelho, meus professores eram pessoas, extremamente

educadas, eram pessoas que tinham uma aparência de prosperidade, e eu era pobre,

eu era filha de gente, minha mãe lavava roupa pra fora. Então a profissão de

professor, me inspirou uma mudança de classe social. Se eu soubesse que negócio

era esse, eu não tinha feito licenciatura.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Faria! Eu tive nota, eu poderia ter feito nota para medicina, eu tive nota pra

nutrição, poderia ter feito nota para direito. Qualquer coisa, menos licenciatura

(bem enfática expressão).

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

A gente veio lotado em 2003, né Afonso? A gente veio nos primeiros pra

capacitação. A capacitação que começou em setembro de 2003. E para o grande

grupo terminou em dezembro de 2003, mas para o grupo de Ciências da Natureza,

terminou em Janeiro de 2004, a capacitação.

10. Como começou trabalhar aqui?

(pergunta respondida anteriormente)

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11. Você gosta de trabalhar aqui?

... No início, quando nós começamos, nós não tínhamos livros, os livros eram dos

professores, agente não tinha Xerox, a gente tirava do nosso bolso. Mas você tinha

uma expectativa que isso daqui fosse fluir... fosse produzir coisa boa. Então no

início, eu amei trabalhar aqui, a gente rompeu, eu rompi não sou sindicalizada, mas

não gosto do sindicato, porque ele não defende a profissão, defende o próprio

umbigo. Logo, os nossos outros colegas, romperam com o sindicato, rompeu com

outros colegas, porque muitos colegas diziam que a gente ia, que isso aqui não ia

dar certo, que isso aqui seria, era uma situação elitizada, que na realidade nunca foi.

Então, a gente rompeu com muita coisa pra vim pra cá. Porque cada um de nós que

veio pra cá, em nossas outras escolas a gente era o professor que dava aula, que era

exigente, o professor que nunca faltava, o professor que era nó cego. Para os alunos

era aquele que não prestava que exercia a licenciatura como deveria. Então agente

veio simbra pra cá. Então houve o que? Houve uma confluência de pessoas, com o

mesmo pensamento, com o mesmo objetivo, pra um ambiente onde ele pudesse

produzir, e aqui foi à oportunidade, NO INÍCIO! No início tudo é flores, depois...

no inicio, dede o início, que eu sei que isso aqui iria se tornar política pública. Em

momento nenhum no início isso daqui foi dito que era elitizado, não. Mas algumas

pessoas fora das paredes dessa escola, que nunca vieram aqui, que nunca

vivenciaram estar aqui dentro, eles diziam que aqui era para elite, nunca foi! E

essas pessoas estando no poder, tentaram, muitas vezes botar areia, dificultar o

andamento, é... tudo o que era necessário pra cá como escola, muitas vezes era

colocado embaixo, na última gaveta, embaixo das ilhas de documentos, a gente

nunca foi bem visto pelo sistema. Não pelo sistema maior, como o governo, mas

pelo sistema menor, as GREs. Então, as pessoas que faziam as GREs elas achavam

que a gente era diferente. Que a gente queria ser melhor do que o outro. Ora, a

oportunidade foi pra todos! Quer vim pra cá? Horário integral, não era salário era

uma bolsa, como uma bolsa de mestrado, uma bolsa de doutorado, era uma bolsa

pra você trabalhar aqui no horário a mais. No início funcionou assim e é tanto que o

primeiro resultado nosso, foi estupendo! Por quê? Nós tivemos alunos, eu tive

alunos da escola que eu vim de origem... porque eu vinha pra cá na capacitação,

mas eu tinha o horário da noite e tinha que voltar para dar o horário. E eu tinha

alunos que eles não sabiam nem escrever direito. Hoje essa aluna, um dos

exemplos, terminou o curso de teologia no SEC que é o... o curso de teologia da...

da igreja... do Americano Batista, que é um dos cursos mais difíceis que tem, e ta

fazendo enfermagem e ela quando veio pra cá, ela não sabia escrever direito. O

texto dela era incompreensível, não tinha conexão. E hoje eu vejo essa pessoa, uma

cidadã, fruto de uma luta, que HOJE... ai como o tempo mudou, eu era feliz e não

sabia! Eu era feliz, fui feliz neste momento... A minha felicidade é Cristo porque

ele é quem me dar forças para sustentar a vida, para permanecer, AINDA! Porque

ainda, porque na primeira oportunidade que eu tiver, eu saio! Não gostaria de sair,

porque licenciar é um dom e esse dom eu recebi de Deus. Porém, para a

administração pública, licenciar, não é essencial. Licenciar é a última situação que

pode ser olhada. Se fala muito em educação, porque educação, educação... mas não

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é exigindo da família, o papel dela, não é exigido do governo o papel dele, só

exigido do professor. Aí o professor assumiu o papel da família, assumiu o papel do

governo que muitas vezes é omisso. Quando ele não mantém a quantidade de

pessoas para se trabalhar neste ambiente, você esta lidando com humanos, você não

esta lidando com ser, com gado. Com gado, você tem o veterinário, o zootecnista, o

técnico de agronomia. Aqui a gente tem professor... professor.. professor. E preciso

de: mais auxiliar de pátio. Eu preciso de um psicólogo, a gente tem, mas demorou a

chegar, passou um tempo sem. No início a gente teve a equipe completa a gente

passou um tem sem, e apareceu agora duas, só! Tem uma psicóloga e uma

coordenadora pedagógica, para assuntos pedagógicos. Mas tem que ter psicólogo,

serviço social. A equipe é de professores e alguns atentos que dão uma mãozinha,

mas que também é pouco! E educação não se faz sem psique, sem o social e sem o

conhecimento. Conhecimento é o professor que dá. A estrutura é o governo que tem

que manter, porque eu pago imposto, é caro! 27% do meu salário vai nessa. Isso

porque junta os dois contratos aí me morde até umas horas. Mas, cadê a reversão

disso aí? Temos 160 escolas integrais que deveriam ter qualidade dessa quando

começou, mas tem 160 escolas integrais que não tem a qualidade dessa quando

começou e essa perdeu em alguns momentos sua qualidade, porque cadê sua

manutenção? O ano passado eu passei o ano sem dar aula de microscopia, porque

os microscópios estavam precisando de manutenção. O dinheiro que vem, que é o

dinheiro de empenho, tem que se fazer malabarismo. Então o papel do governo ele

não faz, então o professor tem que fazer. O gestor tem que se virar em mil. A

ausência do auxiliar de pátio que foi tirado da escola, não existe em mais nenhuma

escola, que é necessário, quando eu estudei, tinha. Eu me lembro até do nome deles,

dona Tomásia, eu Filipe, dona Maria e seu Moacir. Essas pessoas eram importantes,

por quê? Quando o menino tivesse fora de sala, “pra sala” “porque você ta fora de

sala?”, monitorando-se isso, evitava-se fumo no banheiro, Evitava-se dispersão no

pátio. Evitava-se do menino se esconder e estar fora de sala de aula. Na minha

época tinha, nessa escola começamos com três pessoas como auxiliar de disciplina.

Houve mudanças dentro do sistema, perdemos essas pessoas. Enquanto eu estou na

sala, se o meu aluno pedir para ir ao banheiro, eu vou deixar, se ele demorar 20

minutos eu não sei onde ele está. Se ele esta dentro do banheiro ou debaixo da

escada conversando. Eu estou na sala, não posso controlar essa situação.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

Se você fizer a separação entre, essa escola e as outras escolas. A questão é que

aqui ainda tem, ainda tem aquela nuvem que isso daqui ainda é diferente... a nuvem

da diferença ainda permeia trabalho aqui, porque? Porque à noite eu trabalho em

outras escolas e o que eu escuto dos meus colegas que uma 5ª série é chamada de

morro do Alemão, porque não tem disciplina, porque manda o professor tomar

naquele canto. Se chama o pai, o pai dez assim: “se fizer alguma coisa com o meu

filho, eu pego você lá fora”. É isso que a gente tem dentro da escola, e a sociedade

esta omissa porque ela não exige dos... das... dos... das estâncias porque eu tenho

que exigir da família que ela de educação ao seu filho, porque não é gado! Muitos

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recebem bolsa família, recebe bolsa escola, pra papai e mamãe, fuma maconha,

comprar... usar pra ir pros pagodes, sei disso porque moro em comunidade pobre e

vejo, então, se da o dinheiro para o estudante, para a família, mas não se exige

desse estudante, dessa família, a contrapartida de frequência na escola, de disciplina

na escola, dos pais serem responsáveis pelos seus filhos. Que muitas vezes jogam

os filhos dentro da escola é como o gado. Já teve casos aqui da direção chamar

pelos os pais, e os pais dizerem: “não vou!” Não vai? É seu filho! Isso se, quando

foi uma situação de saúde! Já teve momentos dos meninos sofrerem um acidente

aqui, até porque esta na escola e acontece, na minha aula, e eu ligar pro SAMU,

Bombeiro, quebrar o pau, soltas os cachorros, e dizer: venha, porque o menino teve

rompimento de vaso aqui, porque bateu num vidro e cortou a mão, e saiu daqui

direto para a Restauração e na Restauração, entrou direto para fazer sutura. Se ligar

para o pai, nesse caso a mãe veio, se encontrou com a criança no hospital. Mas no

outro caso que necessitou o pai ou a mãe vim buscar. A mãe disse que não ia

atender. Porque ela diz que não vem? O filho é dela não é meu não. O meu papel é

educadora, mantenedora de conhecimento. Polir o conhecimento que ele tem,

aumentar o que ele tem, melhorar, agregar, crescer no conhecimento, como pessoa,

no relacionamento, mas a parte doméstica não pertence a mim. A questão da

indisciplina, você não pode dizer a um aluno que ele é feio. Só porque exige um

negócio por trás disso chamado ECA, que nojo! O Estatuto da Criança e do

Adolescente, onde só diz que a criança, tem direito, concordo que ele tenha direito,

mas ele também como cidadão que era futuramente ele precisa saber que ele tem

deveres. E tem que ser exigido isso deles. Muitas vezes se manda uma criança para

o conselho, não aqui, mas em outros momentos, você manda uma criança para o

conselho tutela, o conselho tutelar manda para a GPCA, a GPCA leva ara instância

jurídica. O Juiz diz que o aluno tem que voltar para a escola, e é a escola que vai

resolver o problema? Peraí! O professor, a escola não é reformatório não. Eu não

tenho como fazer isso. Eu fui talhada, eu fui preparada para ensinar, para polir

conhecimento. Porque o aluno já vem com alguma coisa pronta, então e vou, eu

vou... eu ou o professor, ele é o... ele é o ouvires. Ele vai fazer a joia brilhar, você

tem o metal de qualidade, você tem a pedra preciosa, eu só vou apenas trabalhar

essa pedra, pra que ela tenha valor. Esse é o papel do educador e da escola, mas não

pegar esta pedra, que tem valor, mas quando eu começar a trabalhar ela vai sentir

reações e tem reações que ela não vai querer. E quando a gente procura as

instâncias que tem que ajudar no processo, a justiça diz que a escola tem a

obrigação de ficar com o aluno infrator, um aluno com o desvio comportamental,

mas ela não dá o suporte de ter um acompanhamento dentro da escola. Algumas

escolas dentro do país alguns, alguns... alguns âmbitos jurídicos estão fazendo o

seguinte: O conselho tutelar diz o seguinte, o menino ta dando trabalho, trabalho,

trabalho: o pai vai assistir aula com o filho na sala, par ele dá conta da

responsabilidade da disciplina daquele filho. Agora aqui a gente não ver isso.

Pernambuco recentemente sofreu uma intervenção, do Conselho de Justiça, do

Conselho federal porque foi constatado que em termos de justiça nós somos a pior

que tem. E o Conselho Nacional de Justiça veio fazer um levantamento daqui. E

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viu! Porque isso? Cadê o ministério público? Cadê a vara da criança e da

adolescência? Cadê o Conselho tutelar? O Conselho tutelar tem alguns poderes,

mas não é supremo, a supremacia é a justiça. Mas ela é omissa e muitas vezes ela é

incoerente e incompetente. Porque ela muitas vezes da uma sentença sem ter

conhecimento de causa, ela primeiro tem que avaliar, ela primeiro tem que ver o

que está acontecendo. Então tudo isso, numa situação e tal, minha filha essa ideia

foi para o brejo, sou feliz em Cristo Jesus, como profissional mais não.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

(pergunta respondida anteriormente)

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Porque quando foi feito o programa era a oportunidade de eu trabalhar num lugar

só, porque antes eu trabalhava: eu tinha dois horários numa escola particular e tinha

um horário na escola pública. Então a escola integral era a oportunidade de você

ficar num lugar só. De trabalhar sem ter o problema de jogamento, porque isso

desgasta muito. Isso há 10 anos era difícil, hoje com o trânsito que a gente tem está

pior. Fica inviável né?! Então a questão de tornar uma escola integral era isso. E

outra coisa, na escola integral era o que, no início era o que, você tinha às 40 horas

semanais, 20 horas seriam para disciplinar, aula disciplinar, ou seja, aula de

regência. E 20 horas você teria que está preparando aula de regência, Você teria que

esta preparando aula de laboratório, você estaria corrigindo prova, você estaria

preparando situações, modalidades, aulas diferenciadas. No início foi flores, aí com

o tempo a coisa foi mudando e mudou! O horário integral nessa escola funciona,

mas se fizer um levantamento, muitos de nós está doente. Eu fui ao médico ontem,

estou aqui com um roncha no braço de estresse, e o médico disse: “você está com

estresse de alto grau, vou fechar o diagnóstico e depois dos exames, provavelmente

você vai sair de sala de aula porque vou ser afastada por força médica, não é o que

eu quero, não! porque ninguém quer ficar doente”. Mas é o que esta se tornando a

carga de trabalho esta muito grande. Existe uma lei, não é lei, não tem força de lei

ainda, mas em algum lugar eu já ouvi, que o professor, ele tem que ter, num

intervalo de um horário de aula para outra, ele tem que ter um descanso de 11h de

voz, a gente não tem. Porque a maioria de nós tem dois contratos. Porque no

horário integral e você não deixa um? Porque se o salário do integral fosse o que

deveria ser, eu não precisaria trabalhar a noite. Porque nós trabalhamos no outro

horário? Porque não é o que as pessoas dizem aí fora: o Estado de Pernambuco diz

que o salário é R$ 950,00 de 2008, foi pego R$ 950,00, pra fazer o R$950,00 foi

pego do meu salário original, meu quinquênio que eu tinha. Foi pego 60% do

exercício de magistério que era você estar em regência, juntou ao salário

vencimento, ao base e transformou isso em R$ 950,00. Isso para ser implantado em

2008, não foi! Aí chega 2010, começa a briga de foice, o sindicato é omisso, ai diz

que é mil... se o salário fosse o que está no Conselho Nacional de Educação, que é

de R$ 1.500 e alguma coisa, mil quinhentos e alguma coisa, o vencimento, mais

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60% desse R$ 1.500,00, ia dar um dinheiro né legal, não ia dar 100%, mas daria

melhorzinho. Mas não foi isso que aconteceu... eu perdi quinquênio, eu perdi 60%

do exercício do magistério, e..., e..., e muita coisa ta no ar.

15. O que te motiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

16. O que te desmotiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

17. Você se sente feliz? Por quê?

Neste momento Não! Não, como profissional, como pessoa, sou feliz, claro, tou

viva, tenho uma família, tenho quatro cachorros, uma mãe, duas irmãs, um irmão,

duas sobrinhas, eu sou feliz! Pelo lado pessoal, pelo lado profissional, eu me sinto

triste. Às vezes eu choro porque não era isso que eu queria, eu sempre quis ensinar,

eu gosto de ensinar, eu brigo com os meus alunos para dar aula. Mas antigamente,

quando eu comecei aqui, eu não brigava com os meus alunos, você tem um

tempinho... da um stop aqui que eu vou pegar um material e já venho!

(na volta com um livro na mão...).

Eu posso transformar o que eu tenho na minha mão a quantidade que quiser com

qualidade. Mas a partir do momento que eu perco, que eu tiro, que eu camuflo,

como a administração pública, eu vou acabar. Eu poderia levar todos a qualidade de

melhor e não pegar todos que eram ruins ou que não tinham condição, mas que

eram... e transformar o que era melhor, num mais ou menos, eu tinha que pear o

melhor e transformar todos em melhores, e não pegar todos e o que era melhor e

transformar em mais ou menos... é isso que esta acontecendo conosco. Isso é um

perigo, um perigo muito grande porque o que era Experimental, o que era de

referência, não é que era melhor do que os outros não, ele ia desenvolvendo

projetos, ia desenvolvendo coisas que seriam distribuídos para todos e aí, todos

seriam elevados ao patamar de melhor, de excelência, e não é isso que a gente está

tendo hoje...

18. O que te deixa mais feliz?

Tem uma oportunidade de muitas escolas integrais. Mas eu me preocupo. Fico feliz

porque tem muitas escolas, de muitos meninos poderem ir para essas escolas, mais

aí eu me pergunto, essas escolas terão a mesma qualidade da que eu vivi? Vai ficar

difícil! Eu não sei, eu posso responder por mim como profissional, porque você ter

um relato desse de um aluno que você nunca viu!

19. Pra você, o que é felicidade?

Felicidade é ter paz em Cristo, só! Porque embora eu possa estar passando por um

vendaval, uma turbulência na vida, um pega pra capa violento, mas eu sei que eu

tenho uma certeza, que eu vou chegar num lugar mais tranquilo, seguro com um

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conforto maior que é Deus, na minha vida. Não sei na dos outros. Ele está pra todo

mundo quem quiser está aí, quem não quiser o problema é seu.

20. Qual o seu maior sonho?

Ser nomeada no Ministério Público da União, na qual eu fui aprovada. Isso é fruto

de uma escola pública de qualidade que eu tive, porque as pessoas me perguntam:

você estudou em que cursinho? Você fez o curso preparatório? Eu não fiz curso

nenhum! Boa qualidade na leitura, meus professores na quinta, na sexta, na sétima,

na oitava, no primeiro, no segundo, no terceiro, me deram. Minha professora da 5ª

série olhou pra mim não tínhamos biblioteca na escola, o livro da edição de hoje

chamada borboleta ativa. Ela dava pirulito pra gente ficar calado, e lia o livro.

Quando terminava ela fazia a ficha de leitura no quadro ela escrevia no quadro,

porque não tinha Xerox e era a coisa mais difícil. Aí ela escrevia no quadro, a gente

respondia, que tinha tudo certo, ia ganhando de um confeito até um chocolate, eu

sempre ganhei o chocolate, porque eu prestava atenção! Ela deu durante o ano, na

5ª série a borboleta Artíria e a ilha do tesouro. Nisso, me despertou a leitura meu

pai já lia muito em CSA, aí o que é que aconteceu, Minancy gostava de ler Júlia,

Sabrina, Bianca. Literatura Brasileira nem tanto, porque eu não gosto de finas

tristes, só gosto de finais felizes. Nada de Iracema, eu li o cortiço, que parecia às

favelas de hoje, e li grandes Sertões Veredas, eu li, olhai os Lírios do campo, eu li

escrava Isaura, eu li muitos livros da literatura Brasileira, é João Campelo de

gaivota, meu professor de literatura dizia: “Minancy” aí eu ta certo, eu lia o livro de

literatura que era para minha formação cultural, ai lia abobrinha, que ele achava que

era abobrinha, Júlia Sabrina Bianca. E tinha uma escritora também, Barbara Carne,

Sherlock Holmes, Ágata Crist., e Nora Roberts, é são os meus livros e Sidney

Sheldon. Gosto de ler, e acima de tudo tem a minha leitura bíblica claro né! Porque

muito do meu vocabulário, eu consegui, com a leitura bíblica, não na tradução na

linguagem de hoje, mas na tradução normal, que me deu o vocabulário. Meu

vocabulário foi enriquecido com a leitura bíblica. E dos outros livros é claro né?!

21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

(pergunta respondida anteriormente)

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ENTREVISTA 24

1. Nome

-X-

2. Idade

46 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Há 19 anos

4. Há quanto tempo é formado?

Forma desde 1988 (23 anos)

5. Uma média da sua renda mensal?

Porque eu tenho outro vínculo além do daqui. Somando os dois: três mil e poucos

reais.

6. Qual a sua carga horária?

Aqui são 200 horas, agora a agente tem aqui que é regime integral né, o dia inteiro,

e a noite também dá em torno de 350 horas.

7. Porque escolheu ser professor?

Num seria bem uma escolha né? Eu escolhi fazer o curso de Ciências Sociais,

Sociologia. Não é, inicialmente eu queria fazer bacharelado, aí depois eu fiz os

dois, bacharelado e licenciatura, houve um concurso, eu fiz, agora não tinha o

sonho de ser professora não. Mas assim eu gosto da minha profissão.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Talvez, para conciliar mais na área de pesquisa e produção. Porque assim, eu deixei

um pouco de lado, depois que eu entrei no estado, me acomodei, me ajustei um

pouco e deixei esse outro lado de lado assim! Talvez só isso assim, investir mais

nessa outra área, porque que a gente fica com a carga horária muito grande aí

termina isso gerando uma certa acomodação, aí você fica né... vai passando o

tempo e você vai ficando... aí você termina não saindo daquela situação.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Desde o início do projeto de 2004.

10. Como começou trabalhar aqui?

No início houve uma seleção, a gente se inscreveu né?! Houve também muita

represaria, assim pressão do sindicato essas coisas, como a visão aqui inicial era

uma parceria com a empresarial, aí um projeto novo, que envolvia as pessoas

achando a questão da privatização. Aí houve uma pressão para que a gente não se

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inscrevesse, mas aí mesmo assim, eu vim me inscrevi. Houve uma seleção de

currículo no início, depois houve uma capacitação, onde algumas pessoas foram

selecionadas para continuar aqui no projeto, 25 pessoas.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto, já tive mais prazer em trabalhar. Porque inicialmente o projeto, ele envolvia

também oficinas interdisciplinares, a gente tinha uma carga horária menor, mas

assim, gosto assim, da minha disciplina. Agora sinto falta da coisa inicial desse

projeto. De ter mais isso sabe, ter mais tempo livre para escrever projeto científico,

que no inicio a gente tinha tempo livre pra isso. Hoje em dia a gente fica mais em

aula, aula mesmo. Aí não sobra tempo pra isso.

Aí isso acaba desmotivando essa aula, aula, aula?

Não eu tou com um aspecto desmotivada, estou passando isso pra você?

Não professora só estou perguntando!

Não... não é que desmotive, é porque, por exemplo, eu tenho 18 turmas, uma aula

por semana, eu acho que essa uma aula é insignificante para fazer um trabalho mais

consistente com os alunos, principalmente na minha disciplina que é sociologia,

não é, que eu acho que é pouco isso.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

Inicialmente, sempre foi isso que é a resposta do alunado, que a gente tinha

resposta. Antes de vim pra cá eu não tinha né?! Ficava aquela coisa muito solta não

tinha uma sistematização. Agora me motiva a organização a essa própria

sistematização da escola de existir isso. De você se sentir realmente em uma escola

né?! Porque antes a rede pública ela estava muito... Pronto quando eu fiz o

concurso e entrei no Estado, a primeira frase que eu escutei de colegas foi: “o que

você está fazendo aqui, você é tão jovem, o que você está fazendo aqui? Vá fazer

outra coisa” e eu ficava impressionada com aquilo, porque não era aquilo que eu

tinha recebido na universidade, eu vim com todo aquele sonho e tal. Mas assim,

uma das coisas que me motiva é se sentir realmente professora, né?! Dentro de uma

escola que é uma organização que é uma sistematização, seria isso mesmo. Existe

também uma relação né, uma afetividade, a questão da afetividade com os alunos

com os colegas,

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

Isso que eu já falei pra você é a carga horária intensa, que a disciplina quando foi

inserida, não houve uma preparação, ainda não há. Nem do alunado, da importância

da disciplina, da importância real, não é a importância porque vai cair no vestibular,

mas a importância real da disciplina, porque as vezes os alunos olham por ser uma

disciplina assim, é sociologia é qualquer matéria a gente vai fazer o que quiser,

então assim não tem um conhecimento disso, e a carga horária é muito pequena.

Mas não é aqui, seria de maneira geral.

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

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Porque desde o início eu vim pra cá, também pela questão da remuneração porque

paga um pouco melhor do que eu recebia antes, e também essa coisa de ter o tempo

para desenvolver esses projetos que eu falei pra você, que ainda sonho que um dia a

gente possa desenvolvê-los novamente sabe voltar a esse perfil assim de ter essa

coisa da escola mais sócio interacionista com essas disciplinas, ter tempo mais pra

isso, porque atualmente, como eu estou te dizendo eu só tenho aulões para o

vestibular, e aulas de sociologia, e o foco muito no vestibular, eu espero que um dia

isso mude um pouquinho.

15. O que te motiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

16. O que te desmotiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

17. Você se sente feliz? Por quê?

Bom atualmente eu estou passando por um momento muito difícil porque eu estou

com uns probleminhas de saúde, tive que me ausentar com uma crise de diabetes

que eu não sabia que era, aí passei dois meses afastada, aí no momento não estou

muito não, mas eu estou procurando isso tou indo ao encontro disso, certo?

18. O que te deixa mais feliz?

Vixe é tanta coisa... acho que ver a minha felicidade, ver as outras pessoas, saber

que posso contribuir com as pessoas, com a felicidade de outras pessoas também,

não é... a natureza também me deixa feliz, estar próxima a ela também me deixa

muito feliz, a paz né?! A harmonia entre as pessoas.

19. Pra você, o que é felicidade?

É isso é paz é harmonia, é não esquecer de estar próximo à natureza, não esquecer

esse outro lado também, é saber que existe o outro ser humano e poder contribuir

com eles. E saber que todos nós somos isso, uma união, é isso!

20. Qual o seu maior sonho?

Acho que viver em um país mais justo que tenha mais igualdade, fraternidade,

humanidade, né?! A semana passada eu vi uma sena mesmo que me deixou super

triste, eu vi um menino aqui próximo a escola, eu saí para dar uma caminhada

despois da aula e eu vi um menino tendo uma crise assim de overdose, um

adolescente. Eu acho que essa questão da droga na sociedade nos dias de hoje, é

uma coisa muito forte né?! Acho que no dia que a gente tiver um país sem isso,

uma sociedade, um mundo, com menos violência, com menos injustiça, com mais

igualdade social, menos degradação do meio ambiente, (risos) eu acho que é meio

utópico isso...

Mas é um sonho...

É!

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21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

E além da sua diabete a senhora precisou ser afastada por algum período mais?

Já! Ano passado, minha mãe também esta com câncer e eu tive que me afastar

durante um mês, pra ficar com ela. Porque ela teve um problema de câncer, ainda

está né?! Esta se cuidando. Tinha quimioterapia e tudo e eu tive que ficar com ela

esse período.

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ENTREVISTA 25

1. Nome

-X-

2. Idade

32 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Eu me formei em 2003 né?! Mas eu já lecionava, antes mesmo de estar formado eu

já lecionava, tem uns 10 anos. Mas a partir de formado foi a partir de 2003.

4. Há quanto tempo é formado?

(pergunta respondida anteriormente)

5. Uma média da sua renda mensal?

Aqui a gente ganha R$ 3.000 mil e pouco, apesar que, renda bruta ou líquida?

Porque a renda é R$ 3.000 e pouco, mas quando vai para líquida xiiiiiiiii... só de

imposto... é um dos motivos da infelicidade de qualquer funcionário público, os

impostos!

6. Qual a sua carga horária?

200 horas.

O senhor só trabalha aqui?

É porque se não o cara não faz mais nada da vida, se fizer outra coisa.

7. Porque escolheu ser professor?

Ô... parece engraçado, mas foi um conjunto de fatores, eu quando era menor,

gostava de ler, e aí os filmes de Indiana Jones me motivaram muito a fazer história,

entrar por esse lado da arqueologia da história, e também assim eu tive um

professor de história no Ensino Médio, que eu gostava muito das aulas dele, então

isso também assim me motivou a fazer história também.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Hummm... num sei... eu acho que eu até faria sabe. Eu acho que eu faria o inverso

do que eu faço hoje. Que eu fiz história, fiz filosofia e agora eu faço direito, eu teria

feito direito, depois história e agora filosofia.

Porque professor?

Por uma questão assim, eu acho que chega uma hora que você, principalmente a

partir dos 30 você sente uma necessidade de ter conquistado mais, de ter se

estabelecido melhor. Então você vai... quer ter família, quer ter casa própria,

automóvel, então você ter conquistado algumas coisas, ter constituído família, e

como professor isso é muito difícil né?! Você ter isso tudinho.

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9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Aqui eu estou desde 2007.

10. Como começou trabalhar aqui?

Na verdade é seguinte, eu tinha dois anos de estado eu ainda estava em estado

probatório e aí abriu a seleção. Existia essa escola, no recife existia essa escola e

mais duas integrais que era o porto digital e o Nóbrega. Aí tinha um processo de

seleção, você se inscrevia, qualquer pessoa poderia se inscrever, e dentro desse

processo de seleção que era uma entrevista, uma redação e também fazer um perfil

era um... é... até a Secretaria da Educação contratou um... era um “Disque” um

programa aí que existia que avaliava e tal o perfil das pessoas para ver se se

encaixava para trabalhar. Aí eu passei na entrevista, na redação e nesse disque, e

me encaminharam para o porto digital. S ó que quando, a capacitação foi aqui no

Ginásio, aí estava precisando de um professor de história, aí o professor me convida

para ficar aqui. Aí eu aceitei, acabei vindo pra cá.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

... ô, assim..... eu gosto... gosto das pessoas, eu... sinto que aqui a gente é

importante, não é?! Mas também tem aquele outro lado... que é o excesso de

atividades é o excesso de cobrança, porque aqui você tem todo um olhar

diferenciado por essa escola, então assim, a gente também sofre muito com essa

coisa assim do alunado. Então a gente infelizmente, como toda escola, mas cada um

sente da sua forma é... que o alunado vem pra cá, cada vez mais precário de

educação familiar, enfim, valores, então assim, vai tornando o trabalho mais difícil

né?! Mas ao mesmo tempo é gratificante porque a gente sabe que muitos deles no

final do processo, do terceiro ano, eles mudam, eles se tornam melhores, eles se

tornam universitários, ou não, mas pelo menos reconhecem a importância... outros

não... outros entram aqui e saem da mesma forma. Se for possível isso (risos).

Mas sempre da pra ver a mudança neles?

Em alguns é muito notório, principalmente as atitudes, porque em termos

cognitivos, aqueles que querem realmente resgatar, eles conseguem plenamente,

mas as atitudes são mais difíceis né?!

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

(pergunta respondida anteriormente)

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

(pergunta respondida anteriormente)

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Olha no meu caso foi o seguinte, foi o modo... primeiro por causa da proposta como

um todo, trabalhar o aluno o dia todo eu acho que é uma coisa muito interessante.

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Agora assim, a grande critica assim que a gente faz é que... programa integral

apenas com ensino médio é atacar já a consequência, e não a causa que o ensino

fundamental principalmente. Mas eu vim por que... a princípio era assim, era uma

novidade, era uma coisa nova em 2007, um desafio, e que eu achava interessante,

trabalhar o dia todo com o aluno. E também aquela coisa assim de você estar em

uma escola só, ter uma remuneração melhor, lógico né?! E estar em uma escola só,

porque pra mim é assim, que eu particularmente nunca me olhei fazendo que é em

várias escolas em um dia. Então assim eu preciso de um horário, para que eu possa

estudar. Eu preciso de algum tempo assim, pra mim sabe. Para estudar

principalmente, porque se me senti assim totalmente preenchido com trabalho, eu...

eu... me sinto sufocado! Eu fico doente, eu me desmotivo.

15. O que te motiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

16. O que te desmotiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

17. Você se sente feliz? Por quê?

Eu acho assim, eu acho que, felicidade são momentos. Se disser a não, eu vivo

minha vida toda feliz, num sei eu... tenho momentos que a gente se sente muito

bem estando aqui, mas também tem outros momentos que você se sente indignado

também, sabe. ...porque a gente também ver que a... como é que eu posso dizer, é

que muita coisa, deveria ser diferente. Não só assim, não muito, apenas o

pedagógico, o diretivo, é um conjunto assim, quando você ver, a gente que é

professor, geralmente quando a gente vai avaliar, a gente sempre avalia em um

plano, em uma esfera maior , então a gente ver que muita coisa anda errada, então

isso deixa... pelo menos a mim, isso deixa muito chateado, muito chateado mesmo.

Você tem falta de reconhecimento pela sociedade, falta de política salarial, é...

muita pressão de todos os lados, você tem os alunos, então você tem um conjunto

que às vezes sabe... o cansaço. Então chega uns determinados momentos que você

esta muito indignado assim. Tudo o que você quer é desaparecer, seria mais ou

menos assim. Tem esses momentos também. Mas também tem momentos que...

acho que um momento assim, que renova o ânimo é o final do ano, principalmente

quando a gente ver os meninos do terceiro ano sabe, entrarem na universidade,

virem aqui e os caras, pow...meninos assim que a gente pegou meninos tudo de

treze, quatorze anos, pequenos ainda, crianças praticamente, e ao final do terceiro

ano, os caras estão aí, cresceram em tudo assim, em tamanho, mentalidade,

universidade, então isso aí, dá um ânimo, eu acho isso massa. É uma das coisas

que, por exemplo, assim, eu acho massa! Porque em outras escolas isso não é

possível. Na escola que eu trabalhei antes de vir pra cá, era um escola normal, e o

que é uma escola normal? É uma escola que o professor, nem todos dão as suas

aulas, onde você dá as suas aulas, alguns alunos vão lá, aprendem outros não,

enfim, você tem que acomodar isso tudo aí pra ver se o cara... com que eles

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simplesmente passe, né?! Enfim, acabem aí os seus estudos do ensino médio e as

pessoas vão para o mundo do trabalho né?! Então assim, muito como se a escola, o

papel da escola fosse apenas uma passagem obrigatória pra você ir para o trabalho,

para você ir para o mundo, o mundo que não é mundo que você vai poder se

destacar, vai poder ir para universidade, enfim, é como se não houvesse esperança,

você esta fadado ali, naquela escola naquele ambiente ali, estudar e tal e aquele que

consegue, alguma coisa a mais é considerado praticamente o herói, e aqui a gente

pode ver que aqui essa realidade é mio que o inverso. Então isso gratifica né?!

Porque você sente que de fato, um elemento transformador, um elemento que

transforma realmente a vida das pessoas. Por mais que elas nem reconheçam, mas

que sabe... você pow, contribuiu pra aquilo, você mudou aquela pessoa. Alguma

coisa que você falou numa aula ou até no corredor, ou um conselho, enfim, você faz

parte.

18. O que te deixa mais feliz?

(pergunta respondida anteriormente)

19. Pra você, o que é felicidade?

(pergunta respondida anteriormente)

20. Qual o seu maior sonho?

Olha eu vou ser sincero, hoje eu estou fazendo direito e hoje a minha vontade de

fato é terminar o meu curso de direito, e continuar até lecionando, mas assim no

âmbito universitário e advogar ou também galgar um cargo público, mas fora da

educação. Infelizmente é uma realidade. Eu não gostaria, eu acho que se a gente

tivesse uma remuneração melhor e tivesse condições de trabalho menos desgastante

menos exaustiva, eu não teria problema nenhum em ficar na educação, até

continuaria estudando direito, mas por hobby ou até pra estudar direito da

educação, enfim. Mas não é isso que acontece, chega uma hora que você das duas

uma, ou abraça, aquilo que você esta e se conforma que é aquilo que você vai fazer

para o resto da vida, ou então você tem que mudar e esse momento, pra mim foi há

uns dois anos atrás e eu resolvi mudar. Porque assim, eu não gostei do que vi,

quando eu fiz essa projeção de 10 anos, como eu estaria, se teria conseguido aquilo

que realmente, essas conquistas essas coisas que eu quero, eu não vi... não vi...

21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

Olha eu assim, concidentemente, quando eu entrei aqui no final de 2007, nesse ano

eu constatei que eu estava com pressão alta, que eu era hipertenso, é eu nunca tinha

tido pressão alta e quando foi no final do ano de 2007, eu acabei fazendo os exames

e tudo mais e constatei que eu era hipertenso. Então assim, desde lá eu tomo

remédio todo dia, mas eu acho que fora isso assim, eu tenho problemas de alergia,

eu sempre tive assim problemas de alergia. Mas essa coisa assim do ritmo de

trabalho, não é, o ritmo da vida isso piora muito. Eu por exemplo atualmente eu tow

praticamente todo dia ando tendo crise alérgica, eu venho pra cá chego aqui assim,

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todo entupido, então assim por conta da alergia e a gente tem muito problema de

garganta... garganta é uma coisa, ainda mais assim professor de história fala o

tempo todo, a aula é falando. Não tem como não ser assim. Então, problema de

garganta, de vez em quando eu tenho amidalite, problema de garganta alergia, aí

você fica todo entupido, aí, dá problema de garganta também. Aí de vez em quando

isso aí, incomoda!

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ENTREVISTA 26

(O professor me fez uma série de perguntas antes de começar a entrevista, por alguns

dias relutou fazê-la e no início da entrevista sua mão se movia constantemente em um

movimento repetitivo, além da voz, que parecia muito atenta ao que se perguntava e ao

que ele responderia = se mostrou incomodado com a câmera. Quando eu disse que

havia acabado, mudou a expressão facial o tom de voz. Inclusive na transcrição

percebe-se um espaço de tempo grande entre algumas orações e a constante repetição

de palavras.).

1. Nome

-X-

2. Idade

49 anos

3. Há quanto tempo leciona?

22 anos

4. Há quanto tempo é formado?

Há uns 20 anos mais ou menos

5. Uma média da sua renda mensal?

Total? É que eu tenho outros vínculos, não só o Ginásio. Entre R$ 4.000,00 e R$

5.000,00

6. Qual a sua carga horária?

350 horas

7. Porque escolheu ser professor?

Eu tinha, na realidade a gente tinha facilidade né, quando a gente vai se despertando

como pessoa, a gente tem facilidade de transmitir, e eu acho que tá no sangue

mesmo, a gente que tem aptidão, em transmitir e domínio em determinada área, eu

gosto de memorizar números e a parte de exatas eu sempre gostei da parte de

exatas, não gostava muito da parte de gramática, língua portuguesa (risos) e aí eu li

pesquisei sobre o curso de física, eu também tinha o sonho de fazer engenharia

eletrônica, como eu comecei mas não terminei, e aí a gente foi ficando, vai

gostando, passa no concurso do Estado que é uma das coisas que lhe prende um

pouco a... você vai assumindo determinados compromissos e depois não dá pra sair,

de mudar, se você não consegui logo. Tem alguns cursos que eu também estou

pretendendo fazer e ainda não consegui por conta da carga horária, do trabalho.

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8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Talvez eu tentasse terminar o curso de engenharia.

Porque professor?

Na realidade quando eu falei compromisso, a gente vai assumindo vários

compromissos não só financeiro, assim, também né, mas não só financeiros, dentro

da área da gente de educação e aí vai deixando para segundo plano. Os outros, as

outras metas.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Desde 2006

10. Como começou trabalhar aqui?

Surgiu uma vaga e eu trabalhava com o professor daqui: Josivan em outra escola,

surgiu uma vaga, ele falou pra mim que tinha essa vaga e eu me submeti à seleção e

estou aqui. Na realidade eu não entrei como professor de física, eu entrei como

professor de informática, eu tenho especialização na área de informática e depois

surgiu à vaga de física, primeiro surgiu à vaga de informática, depois de física, e aí

que eu entrei e hoje eu só leciono física.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto, na realidade a satisfação é porque a gente ver o trabalho da gente com

resultados, com a aprovação dos nossos alunos em concursos externos, e aí isso é

uma satisfação. Porque eu..., eu peguei a fase da rede pública na fase de decadência

que o ensino vem, ele vem assim, vem... tanto em termos de trabalho quando em

termos de repasse de conteúdo, de estrutura de gestão, vem cada dia piorando, então

eu vivo aqui hoje, duas realidades. Eu tenho a realidade do Ginásio Pernambucano,

e tenho a realidade da escola, a dita, regular né, a normal, uma escola que não tem

em horário integral, e é sofrível eu trabalho a noite em uma escola que já foi uma

referência, na região que ela fica localizada que é a escola Dom Bosco de Casa

Amarela, bastante conhecida essa escola só que ela vem passando também por esse

processo de decadência, o ensino e não foi recuperada até hoje pelas gestões que

passaram.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

No início a gente tinha um planejamento, a agente tinha assim, um... umaaa, a gente

sabia as metas a gente tinha um foco, a gente tinha na realidade uma organização de

trabalho. E hoje por conta da própria secretaria que impõe uma carga horária maior,

a gente não tem esse tempo. Até mesmo pra gente se preparar pra você... é, é...

preparar uma aula, preparar um material, a gente não tem esse tempo, que a gente

tina anteriormente, então a qualidade da minha aula, de uns dois anos, dos anos que

eu comecei aqui, pra hoje não é a mesma, então isso me desmotiva muito.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

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(pergunta respondida anteriormente)

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

(risos) como professor, você vai passar por essa experiência, se você for lecionar na

realidade a gente acumula vários, vários empregos, várias escolas. Então eu tinha

uma carga horária de supletivo, cursinho em escolas diferentes, então eu, eu... e

também de conteúdos diferentes eu ensinava matemática de quinta ao terceiro ano,

depois ensinava física. Conteúdos totalmente diferentes e tem um desgaste,

desgaste de tudo, inclusive das qualidades da aula. Então, na realidade o que me

motivou a vim para o Ginásio Pernambucano, pra uma escola integral era que eu

concentraria toda a minha carga horária num lugar só e teria a possibilidade de

trabalhar melhor e até mesmo de aprender mais dentro da minha área.

15. O que te motiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

16. O que te desmotiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

17. Você se sente feliz? Por quê?

... (risos) é que o conceito de felicidade é bem profundo, vai depender de uma série

de coisas, filosoficamente falando, acho que você já fez essa pesquisa é... é difícil

esse conceito, é difícil a gente, é... reproduzir o que é felicidade e aí a gente abrange

um leque de várias definições, do que é felicidade. Mas assim, profissionalmente

não me sinto totalmente feliz, falta o salário de professor, isso não deixa a gente

feliz. Pessoalmente, é... nós passamos por momentos de felicidade, são flashes, as

vezes rápidos, as vezes demorados um pouquinho, mas se no conjunto da minha

história do que eu passei como pessoa, eu me sinto feliz. Eu até... porque eu... teve

momentos que... da minha vida que eu poderia ter tomando um rumo diferente, e...

eu poderia não esta aqui, estar em outra situação, pior. Então pra mim

pessoalmente, eu me sinto feliz!

18. O que te deixa mais feliz?

(risos) várias coisas. Eu acho que os encontros pessoais me deixam feliz, o

relacionamento, com a minha família, com o meu filho, que hoje é a coisa assim...

que mais me importa na... na... vamos dizer assim no meu relacionamento pessoal

porque ele esta em formação, por isso que a gente te que dividir, pai, mãe, filho

minhas irmãs, o conjunto assim da minha família. Mas assim, o meu

direcionamento hoje pra... pra... pra questão assim de acompanhamento, é a

formação do meu filho, isso... ele é prioridade pra mim! Isso me deixa feliz, nos

momentos que eu estou com ele, nos momentos que eu consigo passar alguma coisa

pra ele. Positivo, ensinar também que na vida tem coisas ruins também.

19. Pra você, o que é felicidade?

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A felicidade eu acho que é um negócio, acho que é um encontro desses momentos,

e tem todos os encontros e a possibilidade da gente ter a realização desses

momentos. Acho que felicidade é a gente ter... é viver aquele momento

intensamente e você se ver, naquele momento, você pode mudar a medida que

você, você, você, achar que não é, aquilo que você, você, você, esperava. Então é

você ter a possibilidade você voltar e refazer, viver assim uma construção e

reconstrução. Então assim, é claro eu a gente tem etapas da vida da gente, que a

gente já sabe que vai passar, como a morte não é... de pessoas que a gente gosta, te

porque a gente tem quase reacostumar naquele momento. São momentos que você

tem que aprender a conviver e principalmente os diferentes. Então o que me faz

feliz é quando eu posso atuar nesses momentos e ver que eu contribui de alguma

forma pra, ou pras pessoas do meu convívio social, ou até pra minha própria vida.

20. Qual o seu maior sonho?

(risos) Tirar na loteria não vale não né,... na realidade falta uma parte da minha

formação que eu gostaria de contribuir que são cursos de... formação de graduação,

que eu ainda não conclui.

21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

Não, agora, eu fiz uma cirurgia e eu fiquei pouco tempo, 15 dias afastado.

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ENTREVISTA 27

1. Nome

-X-

2. Idade

30 anos

3. Há quanto tempo leciona?

6 anos

4. Há quanto tempo é formado?

Sete (risos), vai fazer oito agora.

5. Uma média da sua renda mensal?

Líquida eu acho que é uns R$ 3.000,00 mil reais, é que eu tenho esse e outro

vínculo.

6. Qual a sua carga horária?

200 horas/aulas aqui e 150 lá.

Ah tah certo então manhã tarde e noite todos os dias?

Se bem que agora, eu estou me afastando da noite, porque eu estou estudando e eu

não quero mais a educação (risos), eu não quero mais ficar nesse negócio de manhã,

de tarde e de noite.

7. Porque escolheu ser professora?

Assim, acho que ser professora foi meio por acaso na minha vida porque eu não

tinha o objetivo de fazer geografia para lecionar eu fiz vestibular para jornalismo aí

não passei e eu gostava muito de geografia aí não, vou fazer geografia como

segunda opção. Quando foi no segundo ano, no primeiro ano que acabou o

segundo período, aí eu disse não vou fazer, não queria, mas nem jornalismo queria

marketing, aí fui fazer administração. No dia do vestibular eu fico doente, aí eu

disse não isso é para eu terminar meu curso de geografia (risos) e fazer né. Aí

quando eu estava no finalzinho de 2003 e início de 2004, foi quando eu estava me

formando, teve um concurso para o estado, aí eu fiz, passei, aí já assumi em 2005.

Aí em 2005 teve outro concurso, aí eu fiz passei e assumi em 2006. Aí desde 2006

que eu venho nessa loucura, de manhã tarde e noite.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Faria! (risos)

Me conta um pouco mais sobre isso.

Eu não seria professora! Assim, não que eu não goste, da, de ser professora, é

porque eu não vejo perspectiva de melhorar as coisas na educação. Todos os anos

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você ver que a complexidade da sociedade vai chegando na escola, é porque vem

cada vez meninos com mais problemas domésticos, cada turma que vem você

encontra mais dificuldades. Outra coisa que vem assim, o interesse pela educação

vai diminuindo mesmo a gente mostrando que tem tantas outras, assim tudo o que

você pode ser é através da educação, né. Mas essa consciência é muito pouco

colocada pelos meninos e por outro lado você só ver o Estado lhe acochando

fazendo com que as coisas aconteçam, sem dar o alicerce para que as coisas

aconteçam. Por exemplo, aqui na escola, desde que eu entrei aqui já estava menos

estruturada do que antes, eu só vejo a desestruturação, entendeste? Aí a tinha três

pessoas na coordenação, duas psicólogas uma assistente social, aí não tem mais.

Tinha pessoas no pátio, não tem mais, aí assim eu acho que nesse sentido, o

negócio não vai melhorar só tende a piorar. E assim eu acho que a sobrecarga de

trabalho da gente é muito grande, porque eu faço assim, tah de manhã tarde e noite,

mas eu dou 100% de manhã tarde e a noite. Aí você fica extremamente esgotada

não é. Por isso que eu estou querendo agora um trabalho de seis horas porque eu

vou dar os 100% nas seis horas e pronto!

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Desde 2008.

10. Como começou trabalhar aqui?

Vê só, eu entrei em 2006, na escola, no Estado. Aí passei 2006, 2007 numa escola

regular, 2005 e 2006, perdão, foi em 2005 que eu entrei. Passei 2005, 2006 no

Aníbal Fernandes que é uma escola regular, aí veio a oportunidade de participar de

uma escola integral só que lá em Ipojuca, aí eu fui para Ipojuca, passava manhã e

tarde lá e vinha pra cá a noite. Era uma loucura aí foi quando eu disse em Ipojuca

eu não fico mais, vê se dá aí para eu ir para Recife, se não der eu volto para escola

regular, aí surgiu uma vaga aqui na escola e o programa integral me encaminhou

para cá.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto, assim eu acho que essa escola dentre as escolas do Estado, é a que lhe dá

maior suporte para que as coisas aconteçam. Tanto é que a gente tem a aprovação

no vestibular a gente tem projetos que funcionam, mas esse é o sentido de estar

aqui, em outra escola estaria bem pior.

Mesmo, Você já trabalhou em outra escola integral...

Já...

E o que você ver aqui ver e acontece aqui te motiva mais...

Sim, é totalmente diferente! Eu acho assim, eu ainda estou no Estado, porque eu

estou aqui,

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

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(pergunta respondida anteriormente)

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

É toda essa desestrutura que eu te falei né, tanto no lado dos meninos como do lado

da própria educação. Que se completam, fazendo com que esse seja um cenário

desfavorável pra gente.

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

Porque as coisas acontecem, (risos), porque você ganha um dinheirinho a mais

também, mas principalmente porque as coisas acontecem, porque na outra escola

você meio que rema contra a maré, entendeste. Até você querer trabalhar bem

direitinho é motivo até para não ser muito bem visto, pelos colegas até, aí é

problemático! Esse ano não que eu estou meia que afastada da outra escola, mas, eu

pegava arranca rabo dando com o pessoal que queria passar até quem morreu já. Aí

o negócio fica complicado, aí você que vai fazer as coisas todas direitinhas, que faz

prova, faz recuperação, faz isso, faz aquilo, aí vem outro e desconstrói seu trabalho.

Acho que o que funciona aqui é que eu faço a minha parte e o colega faz a dele,

isso faz com que as coisas andem, entendeu!

15. O que te motiva no programa?

Então no caso, se eu te perguntar o que te motiva no programa, é isso, que faz e

acontece?

Sim!!

16. O que te desmotiva no programa?

A desestrutura, assim, a falta de manutenção das coisas por assim dizer. Porque já

teve não existe mais. E a cobrança continua 200% vamos dizer assim, e o retorno

que eles dão, o alicerce vamos dizer, vai a cada ano diminuindo.

17. Você se sente feliz? Por quê?

Eu acho que eu sou feliz, mesmo com tudo isso, eu acho que eu sou feliz (risos).

Sei lá eu acho que a gente tem que estar feliz por estar vivo, né?! E encontrar nas

relações, eu gosto de falar com os meninos de dar beijos, dar abraço, eu sou assim,

eu gosto de estar rindo (risos) eu acho que você também (eu estava rindo também).

É assim eu poderia ser ainda mais feliz, mas eu acho, mas eu não me considero uma

pessoa triste não.

18. O que te deixa mais feliz?

Sei lá a família, estar junto de amigos, de pessoas que eu gosto. Acho que isso tudo

me deixa mais feliz, mas relacionado ao meu lado pessoal. No meu lado

profissional eu ainda vou ser mais feliz (risos). Quando eu tiver mais tempo para

estudar também, porque a gente não tem tempo nem para estudar também. Você

olha assim é manhã tarde e noite preenchida, você vai estudar quando, que horas.

No final de semana tem casa para ajeitar, marido para organizar também (risos).

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19. Pra você, o que é felicidade?

Ai, aí essa daí é bem complexa (risos). Acho que felicidade é um conjunto de fatos,

de pessoas de coisas que fazem com que você se sinta bem. Acho que é mais ou

menos isso.

20. Qual o seu maior sonho?

(risos) Passar em outro concurso. Eu acho assim, eu não estou tendo muito tempo

para ter a minha vida pessoal, vamos dizer assim. Aí eu quero ter esse tempo para

poder por exemplo, planejar em ter um filho. Todo mundo cobra, eu namoro há 12

anos com meu marido, faz quatro anos já que eu sou casada com ele, e ainda não

vejo assim um tempo para ter um filho por exemplo. Porque o pessoal diz assim:

Ah tem filho! E eu digo: como se eu saio de casa as 06h40min e volto às 10h20min

da noite. Só se for para dizer ao menino: oi e xau.

21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

Vê só eu tou agora com um...

(outro professor que estava na sala perguntou: é para fazer uma lista?).

(risos)

Às vezes eu ficava afônica, e já me afastei algumas vezes por causa disso. Aí agora

eu estou com um problema, estou com uma disfunção na ATM, Estou fazendo um

tratamento, estou usando aparelho, vou ter que arrancar alguns dentes, e estou

fazendo fisioterapia coma fonoaudióloga.

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ENTREVISTA 28

1. Nome

-X-

2. Idade

44 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Há 18 anos

4. Há quanto tempo é formado?

Há 19 anos

5. Uma média da sua renda mensal?

Minha renda mensal tem uma média de R$ 3.500,00

6. Qual a sua carga horária?

Minha carga horária... bom eu trabalho de segunda a sexta de 07h30min às 17h.

200 horas/aula?

200 horas/aula!

7. Porque escolheu ser professor?

Eu escolhi ser professor, porque quando eu tava já no ensino médio, eu sempre

gostei muito das disciplinas de matemática e física, duas disciplinas que eu gostava.

Gostava porque eu começava a resolver as questões e via que muitos colegas meu

não conseguiam e eu conseguia com até uma certa facilidade. A partir daí eu

comecei a explicar aquilo que eu resolvia para os meus colegas. Aquilo que eu

explicava pra eles começou a ser aulas, se transformando em aulas. Quando eu

passei na faculdade fui convidado pra trabalhar como estagiário, estagiário da

escola e a partir daí eu continuem e disse vou investir na carreira.

Que dizer que o senhor da aula desde que entrou na faculdade?

É, antes da faculdade eu já com os meus colegas eu já assim brincava de dar aula

mais ou menos, vamos dizer assim. E isso foi... eu fui pegando gosto né fui vendo

que tinha sentido, aí fiz realmente. Aí eu disse vou fazer vestibular para

licenciatura, para matemática, depois fiz pra física, e gostei realmente, confirmei lá,

só fiz confirmar o que eu achava que gostava e aí eu disse realmente, é verdade, é

isso que eu quero.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

Tudo de novo! (a resposta foi bem imediata). Eu faria tudo de novo!

Não mudaria nada?

Não mudaria nada!

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9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Eu trabalho aqui no Ginásio há cinco anos

10. Como começou trabalhar aqui?

Eu vi esse projeto das escolas, na época das escolas experimentais. Começou o

zum, zum, zum na escola que eu trabalhava no Estado, e eu fiz a inscrição para vim

para o Ginásio no ano de 2004. Mas a seleção foi um pouco rigorosa a questão da

análise do currículo né?! Então, aí passou o pessoal que tinha muitas publicações,

mestrado doutorado, eu não tinha na época tantas publicações assim, aí fiquei no

quadro de reservas. Nesse quadro de reservas, quando surgiu a segunda escola, do

primeiro projeto das escolas experimentais, foi em bezerros. Aí como eu tinha

passada o estava no quando de reservas, fui chamado para bezerros. Era distante

más... como eu tinha analisado essa questão das escolas experimentais, de você

passar o tempo integral e você ter uma gratificação por estar nesta escola, eu somei

todos os meus rendimentos: eu trabalhava de manhã, de tarde e de noite, e ainda aos

sábados no pré-vestibular. Somei tudo, vi que ia perder, mas o fator financeiro que

eu ia perder era bem pouco, só trabalhando nessa escola eu ia ganhar bem próximo

do eu ganhava trabalhando aquela quantidade toda de horas, então achei melhor.

Vou ter um tempo de cuidar de mim, cuidar da minha filha, da minha família e tal.

Foi aí quando eu fui para Bezerros, trabalhei bem um ano em bezerros, e aí em

2006, fui convidado pra cá no ginásio, apareceu uma vaga e o pessoal também ficou

conhecendo o meu trabalho, fazia relação de projeto, projeto juvenil. Que dizer

mesmo antes de surgir esse projeto eu já fazia, tenta fazer, estudava muito sobre

essas novas ideias da educação, e aí ficou conhecido o meu trabalho me convidaram

e eu vim pra cá em 2006.

11. Você gosta de trabalhar aqui?

Eu adoro trabalhar aqui no Ginásio.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

Olha o que mais me motiva são os resultados. Porque eu trabalhei em outras escolas

do Estado antes desse projeto, e que a gente tinha assim, cinco alunos aprovados no

vestibular, dois alunos aprovados. E a gente comemorava, mas eu achava muito

pouco. A gente trabalhava, mas não tinha esse trabalho voltado para resultados, o

que aconteceu, aconteceu. Não tinha esse foco, essa meta, esse objetivo de trabalhar

para resultados e aqui, no Ginásio o que me motiva é isso a gente trabalha com

resultados, então a gente ver aí de uma turma, de um grupo de 100 a 200 alunos

você têm 80 aprovados no vestibular. Quer dizer você olha e isso é gratificante.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

O que desmotiva é às vezes a gente ver que o governo de uma certa forma, ele

sucateia a escola. Por exemplo: os tínhamos cinco computadores na sala dos

professores pra gente fazer pesquisa, todos os cinco quebraram, aí nós conseguimos

recuperar um. Aí só tem um computador para 30 professores. O laboratório nosso

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de matemática, que é um laboratório que não existia quase no Estado de

Pernambuco quase escola nenhuma, é uma coisa, uma ideia muito interessante,

quando eu cheguei aqui no Ginásio também não tinha laboratório de matemática,

tinha o laboratório de física de química e de biologia. E eu conversei com a gestora

na época a Tereza e nos implantamos o laboratório de matemática. Mas a gente ver

que vai ficando sucateado, peças que quebram e não são resposta até mesmo bancas

que quebram e... então essa parte de que o governo as vezes deixa de cumprir, a

gente fica triste um pouco por conta disso.

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

A escola integral, porque para esse modelo, principalmente quando surgiu né?!

Porque quando surgiu foi assim, o professor teria um horário na sala de aula, e teria

um horário também de pesquisa um momento de planejamento. Eu acho que

professor ele só exerce bem a função se ele puder planejar. Essa história de

professor taxista que vai lá é o dador de aula, não funciona! Eu acho que realmente

professor tem que parar, tem que planejar e principalmente pesquisar. Certo? O

professor só faz um bom trabalho se ele pesquisa, se ele ler, não e? Um professor

sem leitura realmente ele não tem competência para ensinar. Você precisa ler,

precisa pesquisar. Então o integral no começo desse projeto dava essa condição, a

gente parava, a gente tinha tempo de pesquisar, de se reunir. O grupo de

matemática se reunia, discutia. Várias cabeças pensando, é mais fácil para tomar

decisões e para fazer um bom trabalho. Infelizmente, os governos vão passando as

coisas vão acontecendo e as coisas vão mudando. Então hoje a gente está mais em

sala de aula, do que pesquisando e planejando isso realmente também desmotiva

um pouco a gente.

Pois é eu já ia te perguntar o que te desmotiva em um sistema integral hoje?

Pois é, é essa falta para pesquisa, para planejamento, ara reuniões para se organizar.

Porque é um modelo desafiador, a gente está com o aluno aqui de 07h30min às 17h.

Então a gente realmente precisa ter subsídios para ensina e formar esses meninos.

Porque não são aulas só disciplinares, matemática, geografia e história. Tem aulas

diferenciadas: protagonismo juvenil, você precisa saber o que é e do que se trata. E

tem elaboração de projetos, você precisa saber elaborar um projeto, saber escrever e

o que é um projeto. Precisa saber das normas técnicas da ABNT, etc. Então você

precisa se enquadrar em outro universo de conhecimento e a cada dia o

conhecimento é dinâmico, você precisa de mais, conhecimento e mais. Então o que

desmotiva é você ter mais aquele tempo que tinha de pesquisa e planejamento.

15. O que te motiva no programa?

Bom o que motiva além de tudo isso que eu falei de resultados, a questão de ver

também os alunos na escola dentro do tempo integral é importante. Porque as vezes

o aluno vai para escola naquele modelo tradicional, que é chamado de escola

regular, então o aluno passa 4h na escola e 4h assim de pouco estudo, ele vai para

escola não tem professor, falta professor, já desmotiva o aluno. Ai o aluno vai pra

casa ou fica na rua e vai fazer alguma coisa que não deve. Não é?! E com esse

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modelo integral o aluno tem a oportunidade de ficar na escola, do período mais

alongado. Então o aluno tem nove aulas de diferentes disciplinas e especialidade. E

a gente ocupa o aluno com coisas que vão diferenciar ele para vida profissional,

vida, de um modo geral de falar né?! Eu acho que essa ocupação do aluno, quer

dizer para que ele tenha conhecimento de seus direitos de seus deveres, e que ele se

torne cidadão a escola integral oferece isso bem melhor.

16. O que te desmotiva no programa?

(pergunta respondida anteriormente)

17. Você se sente feliz? Por quê?

Me sinto feliz claro que sim! Porque além de tudo eu gosto do ser humano,

independente da escola integral. Mas, como a gente esta falando de escola integral

eu me sinto feliz, porque essa profissão que eu abracei, e disse a você que faria tudo

de novo, ela é gratificante porque pra mim a gente salva vidas, então eu me sinto

aqui salvando vidas.

18. O que te deixa mais feliz?

Olha o que me deixa mais feliz é encontrar os meninos depois, eles passam aqui

três anos, entram no primeiro ano do Ensino Médio, na primeira série do ensino

Médio e saem daqui após a terceira série. E o que me deixa mais feliz é encontrar

esses meninos aqui de novo, depois de 4 a 5 aos eles voltam, e fazem o relato de

vida deles. Dizem: professor eu estou na faculdade. Então a gente teve agora

Anderson, um aluno nosso, que passou agora em engenharia, são muitos casos, mas

só para exemplificar, e ele achava que não tinha capacidade de passar para

engenharia, todo mundo tinha capacidade menos ele. Não, o nome dele é Douglas.

Então Douglas: não eu não tenho capacidade, entrou aqui no primeiro ano, ele

escreveu nas suas expectativas que ele queria ser engenheiro, trabalhamos isso,

primeiro a questão da autoestima né?! Isso foi feito um trabalho de autoestima. Ele

foi motivado, fez o vestibular para engenharia, passou em engenharia e Douglas

está fazendo hoje, está cursando engenharia na UPE e já está estagiando. Então ele

veio aqui para fazer esse relato, e esta estagiando em engenharia e disse que está

feliz da vida, realizou um sonho, ele veio agradecer, abraçou a gente. É a grande

felicidade nossa realmente.

19. Pra você, o que é felicidade?

O que é felicidade é você estar bem, é você estar bem com você, é você estar bem

com a sua família, é você estar bem com seus amigos não é?! É você estar bem é...

gosta do que faz. Eu gosto do que faço, eu adoro a minha família, adoro aminha

filha. Me dou bem com os meus colegas e onde eu chego eu me dou bem com as

pessoas. Eu acho que isso é a gente ser feliz, eu me considero uma pessoa feliz por

conta disso, aonde eu chego as pessoas me tratam bem, aí essa reciprocidade e você

diz: é eu estou fazendo uma coisa boa. Não é, porque onde você chega, você é bem

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tratado, as pessoas lhe tratam com educação, abraçam você, cumprimentam. Então,

é porque eu estou no caminho certo, estou fazendo a coisa certa.

20. Qual o seu maior sonho?

Meu maior sonho hoje é... eu estou terminando de escrever um livro, sobre a minha

vida nas escolas experimentais. Esse livro já esta na fase final, já está acabado eu

estou na parte de editorial, estou procurando inclusive editora. E o meu maior

sonho, hoje, é realmente editar esse livro.

21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

É no decorrer desses cinco anos eu tive alguns problemas assim de, por exemplo, eu

gosto de correr, fazer exercícios e tal. Por conta de algumas flexões eu tive um

problema na coluna, mais coisas assim. Tendinite, tenossinovite, que são

inflamações causadas por problemas nos tendões, pelos exercícios repetitivos de

computador né?! A gente trabalha muito com informática. Coisas assim, mas coisa

que eu considero acidente normal de trabalho. Nada grave, doença nunca tive, até

porque eu gosto de fazer a medicina preventiva, eu faço caminhada quase todos os

dias, eu corro, a alimentação, muito bem balanceada eu sou meio que vegetariano,

não sou totalmente vegetariano, mas almoço pelo menos três vezes em restaurante

vegetariano, então, eu acho que eu me cuido bem até pra futura velhice me guardar

também!

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ENTREVISTA 29

1. Nome

-X-

2. Idade

52 anos

3. Há quanto tempo leciona?

Eu leciono desde 1985 (25 anos)

4. Há quanto tempo é formado?

Desde 1987 (24 anos)

5. Uma média da sua renda mensal?

R$ 3.500,00 por aí...

6. Qual a sua carga horária?

350 horas.

A senhora tem outro vínculo?

É!

7. Porque escolheu ser professor?

Na realidade desde criança, mesmo o meu talento pra cortar tecido, mexer com arte.

Eu sempre gostei muito de dança, com música. Então eu sempre dava aula de dança

para as minhas colegas, fiz muito curso de dança, é teatro também. Então desde

criança que eu sempre gostei dessa questão do... da troca né, de tanto ensinar de

tanto trocar.

E aí para escolher na hora do vestibular?

É... aí eu fiz realmente a escolha para arte e depois eu fiz psicologia.

8. Se voltasse no tempo, faria diferente?

De jeito nenhum! Eu costumo dizer que quantas vezes eu... quantas vidas eu tiver

no ato, eu vou trabalhar com psicologia também.

9. Trabalha nesta escola há quanto tempo?

Aqui eu trabalho desde o início do projeto. Desde2003 porque a gente, nós

entramos para fazer a capacitação, numa faixa de seis meses, ou foi quatro meses...

até hoje.

10. Como começou trabalhar aqui?

(pergunta respondida anteriormente)

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11. Você gosta de trabalhar aqui?

Gosto! Na verdade essa escola sempre foi um sonho meu, o Pernambucano né?! O

Brasileiro em si ter... que era uma escola em tempo integral! Eu fiz um pequeno

estágio, e morei nos Estados Unidos e fiz um estágio lá em uma escola pública, eu

dei aluna a professoras de lá, de português, e elas me ajudavam no inglês, e Aí eu

aproveitei né?! E fiz um estágio em artes lá, a nível de observação. Porque como foi

o período lá que houve o 11 de setembro, das torres, então eles bloquearam tudo, de

qualquer comunicação de visita, eles ficaram com muito medo. Então assim, até

para fotografar, eu sou muito de fotografar, só me deram autorização para

fotografar na escola, usar a máquina por um dia. Aí não deu para gravar tudo,

filmar tudo, aí houve uma necessidade de... eu queria fazer tudo. Gravar tudo

Filmar tudo. Assim da parte administrativa também na escola, aí foi um retrocesso

mesmo. Então assim, o que eles tem lá, eles valorizam muito, né?! Pelo menos na

escola onde eu estive, é eles valorizam muito a arte sabe. É e como eu desejei que o

nosso brasileiro, principalmente o pessoal carente, né?! O pessoal mais carente,

baixa renda, tivesse aquele universo né?! Todas aquelas oportunidades chegasse, ter

um ônibus, coisa que ainda falta aqui é isso né?! De buscar pelo menos próximo,

não precisa ser na porta não. Próximo a, parada deles, e eles ficavam nas paradas

mais próximas. E passar o dia estudando, fazendo algo mais útil, nas horas deles

ociosas.

12. O que mais te motiva a trabalhar nesta escola?

Olhe na realidade o que mais me motiva é poder estar mais tempo até com eles né?!

De poder fazer um trabalho com mais consistência, com ais desenvolvimento, de

ampliar mais esse universo desse conhecimento deles na arte.

13. O que mais te desmotiva a trabalhar nesta escola?

Olha o que as vezes desmotiva é o tempo também. O tempo, eu acho que pra arte a

gente tem mil e um... acho que todas as disciplinas, tem muito conteúdo e eu

gostaria de poder dar toooooodos. De uma forma bem ampla mesmo, bem mais

profunda, com mais... mastigar mesmo sabe, de deliciar mesmo... e não tem, aí

assim, me desmotiva é isso... é, é... me desmotiva ao mesmo tempo assim, graças a

Deus a gente já conseguiu ampliar a carga horária pra o terceiro ano, mas é... pouca

aula. Eu acho que devia ser mais aulas. E assim, quando a gente não consegue, e

também sinto assim, que quando a gente não consegue, é... todo mundo tem as suas

disciplinas preferidas, não é verdade, então assim as vezes, não é que me desmotive

a ensinar, mas as vezes a gente sente, quando o aluno não, é... tem a... a... como é

que se diz, como é que eu posso te dizer... ao valoriza o conhecimento. Como eu

digo, não é um conhecimento na disciplina, mas e acho que são e todas as

disciplinas, e isso é um conhecimento a busca deles, ser curioso, querer

experimentar, sabe, aprender, dele ser mais né, nesse sentido, dele ser mais, é...

explorador mesmo. Acho que é essa a questão.

14. Porque trabalhar em uma escola integral?

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É pronto, por conta disso pela minha vivência numa escola integral americana, né?!

E eu vi o quanto a gente pode, o aluno principalmente, ele pode adquirir

informações, de conhecimento, de informação, sabe, e aproveitar bem o seu tempo,

o tempo é muito importante. E já ir focando no que eles querem ampliar esse

conhecimento que quer, buscar essa qualidade, no seu futuro, pro seu futuro

profissional...

15. O que te motiva no programa?

Se assim, antes disso, também vem a questão financeira, e eu também teria que

trabalhar mais, né?! E não sou diferente de ninguém, não sou mercenária mas

também quero ser reconhecida, porque tudo que a gente faz a gente busca a nossa

satisfação pessoal e não deixa de passar pelo lado também financeiro, né, da gente

poder ter uma qualidade de vida melhor. Então se estar trabalhando mais, é com

certeza, óbvio, que a gente deseje um reconhecimento mais a nível finança. Então a

proposta aqui também foi essa. Mas a minha primeira, a minha primeira

necessidade mesmo, foi... tanto é que quando eu soube, que eu nem conhecia direito

essa escola, nunca fui muito de escola grande. Porque eu acho que em escola

grande não tem tanta proximidade com o aluno, tanto que uma escola menos, você

ta vendo, bate... anda por ali e na grande não. Eu pensava assim, aí disse, olha vai

ter uma escola aqui. Porque quando eu voltei foi na época que estava implantando,

aí vai ter uma escola aqui e eu disse: “o que? Ai eu digo o cúmulo, meu Deus do

céu, Deus ouviu minhas preces”. E assim, pra mim foi uma emoção muito grande,

ah vendo, o que eu pedi lá assim, tanto... mas eu digo assim: pó tou realizando um

desejo meu.

16. O que te desmotiva no programa?

O que me desmotiva... ah justamente o que me desmotiva... a única coisa que eu

sinto assim, é não poder sair, pra fazer cursos, vamos dizer mestrado mesmo, né?!

O mestrado eu teria que ter um tempo para me dedicar durante... eu até tentei só

que é só durante o dia, as aulas. Então, assim, eu não poder ampliar nesse campo.

Mas tenho duas pós-graduações, tenho aperfeiçoamento, mas o mestrado é o que eu

tenho vontade de fazer e eu espero, um dia fazer, mas enquanto isso eu não estou

fazendo. Aí o que me desmotiva nesse sentido, eu acho que eles, poderia organizar

o horário, que realmente disponibiliza-se. Você não vai fazer um mestrado, não vai

ser a vida toda, não é... no máximo dois anos. Então, se a rede pede tanto que se

tenha, capacitação, que a gente amplie que a gente busque, e a gente não tem essa

oportunidade. É essa a minha grande desmotivação nesse sentido. Do jeito que se

quer, também deveria oportunizar.

17. Você se sente feliz? Por quê?

Feliz? Com certeza! Agora assim, a felicidade é... a minha felicidade não é

completa mais porque, quando eu vejo pelas partes, as pessoas, que passaram na

minha vida, a minha família, meus pais, meus irmãos que já se foram. Então por

mais que a gente tente ser feliz, eu não vou me enganar, minha felicidade não é

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plena no sentido, que aquelas pessoas que são tão, por mim, queridas não estão

comigo. Eu sei que pelo lado espiritual, eles estão vivenciando né?! Mas assim, é...

eu... sinto assim, que a gente deve aproveitar muito as pessoas. Muito mesmo, que a

gente as vezes não valoriza as pessoas do aqui agora, a felicidade do aqui agora,

entendeu? Agora feliz eu sou, agora eu não acho que seja 100% não.

18. O que te deixa mais feliz?

A menina, são tão pequenas coisas, tão pequenas coisas. Porque assim a felicidade

ela ocorre, pra cada um existe um tipo de felicidade, o que vai te fazer feliz, certo, o

que pra mim, para o outro não é felicidade. Então felicidade são momentos. É a

gente refletir sobre o cotidiano, as pequenas coisas nos trás felicidade. Então a

felicidade de: quando eu vejo um aluno que muitas vezes não tinha o empenho tão

bom, e ele se esforça e ele procura mostrar o seu máximo, e isso me arrepia. E eles

fazem: “arrepiou professora?” Porque eu sou muito sensível e quando eles mostram

aquela busca, daquela da criatividade, de fazer algo assim eu vejo o meu aluno

crescendo, isso é felicidade. Na minha família ver todo mundo com saúde, isso

também é felicidade, entendeu? Então sair para trabalhar, é felicidade. Então, estar

doente para eu pensar, refletir um pouquinho, não vou dizer que sou masoquista,

mas vejo as adversidades, como a busca da gente tornar essa felicidade maior,

porque não ter caos, vira bonança. Então pra gente seguir aquela plenitude, né?! A

gente precisa passar por dificuldades... minha felicidade ta no meu cotidiano

mesmo. Não vejo assim “ahhhh aquela” não, o meu cotidiano é cheio de felicidade.

Graças a Deus!

19. Pra você, o que é felicidade?

(pergunta respondida anteriormente)

20. Qual o seu maior sonho?

Meu maior sonho, olhe, eu tenho tantos...Eu tenho tantos sonhos... é, alguns, eu sei

que eu emprego um pouco mais de ações. Porque nada é assim, se realiza, eu

costumo dizer aos meus alunos aqui, “gente, quando a gente fala em realização de

sonho, não é aquele sonho de você dormir e estar inerte as coisas acontecerem

quando o nosso inconsciente comanda, os nossos sonhos eles são impregnados de

ações, de conquistas também de derrotas, certo”? E de muito sacrifício, mesmo!

Assim, então a cada realização minha eu estou sempre buscando coisas novas,

porque um ser humano sem esses sonhos ele pode dizer que ele já morreu, que

precisa deles. A tem quem diga assim: “ahh já me realizei, já casei, já tive filhos,

então...” Não eu quero, ter minha, olhe eu digo que se eu pudesse TR 60 horas, o

dia. Então eu queria ter a minha escola de dança e teatro. Dois: eu queria ter meu

consultório de astrologia e psicologia; Três: eu queria ter minha casa de festa,

entendesse? Se eu pudesse eu teria uma escola, na maneira e no modelo que eu...

eu... é! Gostaria de ter também, uma escola de moda. Isso é o seguinte, e outros...

21. Você já presentou alguma doença que te trouxe danos no seu ambiente de trabalho?

Page 234: UNNIIVVEERRSSIIDDAADDE E PFFEEDDEERRAALL DDE ... · A FELICIDADE NO DISCURSO DOS PROFESSORES DA ESCOLA DE REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO GINÁSIO PERNAMBUCANO COMISSÃO EXAMINADORA

Olhe adoecer, com certeza a gente adoece, principalmente quando a gente entra em

um ritmo que a gente não está habituado, não é?! Eu já tive... afastei, não foi nada

de um mês de dois, não. Foi só assim, uma semana eu acho que eu tive gripe aqui

na escola, eu tive muito... e digo eu acho que eu tive resfriado, mas as gripes que eu

TV aqui, era uma mistura de gripe com dengue. Mas era porque o corpo estava

realmente muito fragilizado. No sentido que o cansaço, as noites muitas vezes de

sonho, as noites mal dormidas, né?! O descanso que muitas vezes você... Aí eu tava

dizendo as meninas aqui que muitas vezes eu digo olhe, a profissão de professor,

não sei médico, mas professor, e acho que a gente dorme se acorda com ela vendo e

revendo, tudo o que tem que fazer. Tem sempre coisas pra fazer. Porque a gente ver

tem meu marido, minha filha já trabalha, mas assim deixa tudo no trabalho. Mas eu

mesmo digo: “não vou, não vou levar”, mas vai ter momentos que eu vou ter que

levar. Porque eu fico organizado, produzindo novas metodologias, pensando em

abordar tal assunto, de que maneira, para tal turma, mudar a metodologia. Porque

cada turma tem uma... você tem uma metodologia. Você começa pensando em fazer

a mesma coisa, mas é difícil. Que cada uma tem uma personalidade, cada uma

aceita de um jeito. Mais é mais lenta a outra é mais... como é que se diz, mais

rápida no processo de evolução, enquanto eu estou terminando já o assunto, no

outro eu estou começando, então assim, é o ritmo mesmo de cada uma. E a

metodologia, aí eu penso em várias metodologias para o mesmo conteúdo. E acordo

com cada turma. Aí a gente (rodou a cabeça). Você as vezes faz uma mistura, você

vai pela metade aí quando ver o negócio não ta andando, e ai você já entra com a

outra. E professora, aí você escuta o time, né?! Porque aprendizagem é time né?! É

seus “ups” e acabou.

Mas assim, alguma coisa que precisou ser afastada por alguns meses, nada disso

não?

Não, graças a Deus eu consegui recuperar com uma semana.