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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS CURSO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS LUANA MARTINS DE CARVALHO PROSPECÇÃO DE NOVOS MATERIAIS PARA MOLAS DE SUSPENSÃO AUTOMOTIVA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO LONDRINA 2015

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

CURSO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

LUANA MARTINS DE CARVALHO

PROSPECÇÃO DE NOVOS MATERIAIS PARA MOLAS DE

SUSPENSÃO AUTOMOTIVA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

LONDRINA

2015

UTFPR

COEMA

2015

Pro

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mola

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spen

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motiv

a

LUANA MARTINS DE CARVALHO

PROSPECÇÃO DE NOVOS MATERIAIS PARA MOLAS DE

SUSPENSÃO AUTOMOTIVA

Trabalho de conclusão de curso em Engenharia de

Materiais da Universidade Tecnológica Federal do

Paraná como requisito parcial para obtenção da

aprovação na matéria de Trabalho de conclusão de

curso 2.

Orientador: Prof. Dr. Márcio Andreato

LONDRINA

2015

Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Campus Londrina

Programa de Graduação

Termo de aprovação

Luana Martins de Carvalho

Prospecção de novos materiais para molas de suspensão automotiva

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia de Materiais da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Londrina, como parte dos requisitos para

a conclusão do curso.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

----------------------------------------------------------------------------------------------

Prof. Dr. Amadeu Lombardi Neto

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

----------------------------------------------------------------------------------------------

Prof. Dr. Fabiano Moreno Peres

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

----------------------------------------------------------------------------------------------

Prof. Dr. Marcio Andreato Mendes

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

AGRADECIMENTOS

Primeiramente а Deus que permitiu quе tudo isso acontecesse ао longo deste tempo;

À Universidade, sеu corpo docente, direção е administração quе oportunizaram а

janela quе hoje vislumbro um horizonte superior;

Agradeço а todos оs professores pоr mе proporcionarem о conhecimento nãо apenas

racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo dе formação

profissional, pоr tanto que sе dedicaram а mim, nãо somente pоr terem mе ensinado, mаs por

terem mе feito aprender.

Meus agradecimentos principalmente aos meus pais, que em todo tempo estiveram

presentes me apoiando e me motivando, aos meus irmãos e amigos qυе fizeram parte dessa

etapa da minha vida.

A todos quе direta ou indiretamente fizeram parte dа minha formação, о meu muito

obrigado.

“Que a sua felicidade esteja no Senhor! Ele lhe

dará o que o seu coração deseja Ponha a sua

vida nas mãos do Senhor, Confie nele, e ele o

ajudará”.

Salmos 37: 4-5

RESUMO

CARVALHO, Luana. Prospecção de novos materiais para molas de suspensão automotiva.

2015. 78 f. Trabalho de conclusão de curso – Programa de Graduação em Bacharelado,

Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Londrina, 2015.

Por conta da revolução tecnológica, e da demanda do mercado atual, é de grande importância

estar sempre a um passo à frente com as inovações tecnológicas. Porém, além do interesse dos

avanços, é necessária a preocupação com os custos originados durante a fabricação do produto

para ser colocado no mercado. Dessa maneira, nesse trabalho será abordada uma forma de

inovação nos materiais utilizados para a fabricação de molas de suspensão automotiva,

propondo a substituição desses materiais por novos materiais, que forneçam as propriedades e

características exigidas por essas molas, sem inflacionar o custo do desenvolvimento. Utilizou-

se como recurso metodológico, a pesquisa bibliográfica, na qual propôs métodos para o

desenvolvimento do projeto e escolha de um material para a substituição do aço mola para a

fabricação de molas helicoidais para suspensão automotiva. E o material que se apresentou mais

adequado para essa aplicabilidade foi o Compósito de matriz Epóxi e Fibra de carbono

longitudinal. Entretanto, por questões de custos seria melhor aplicado em carros de alto

desempenho.

Palavras-chave: Inovação. Novos Materiais. Molas.

ABSTRACT

CARVALHO, Luana. Prospecção de novos materiais para molas de suspensão automotiva.

2015. 78 f. Trabalho de conclusão de curso – Programa de Graduação em Bacharelado,

Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Londrina, 2015.

Because of the technological revolution and current market demands, it is of great importance

to be always one step ahead with technological innovations. But besides the technological

advancements, the rising costs of fabrication the market of such products is always a concern.

Thus, this paper is discussed a way of innovation in materials used for the manufacture of

automotive suspension springs, suggesting the substitution of these materials for new materials

that provide the properties and characteristics required by these springs. Therefore, also taking

into account the cost of developing these products. It was used as a methodological resource,

the literature, which proposed methods for the development of design and choice of material

for the spring steel replacement for the manufacture of coil springs for automotive suspension.

And the material that appeared more suitable for such applicability was the matrix composite

epoxy and carbon fiber longitudinal. However, for cost reasons would be better applied in high-

performance cars.

Keywords: Innovation. New Materials. Springs.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Componentes de suspensão de um veículo .................................................... 15

Figura 2 - Suspensão de quatro barras utilizadas atualmente em carro de passageiros de grande

porte com eixos traseiros rígidos .................................................................................... 16

Figura 3 - Componentes de uma suspensão traseira com molas semielípticas .............. 16

Figura 4 - Suspensão dianteira do tipo MacPherson ...................................................... 17

Figura 5 - Componentes da parte superior de uma suspensão dianteira do tipo MacPherson

........................................................................................................................................ 17

Figura 6: Representação de uma Mola helicoidal de tração. Fonte: Molas de qualidade. (a)

Representação de mola helicoidal de tração real, (b) representação de esquemática de uma mola

helicoidal de tração ......................................................................................................... 19

Figura 7 - Representação de uma Mola helicoidal de compressão. (a) Representação de mola

helicoidal de compressão real, (b) representação de esquemática de uma mola helicoidal de

compressão ..................................................................................................................... 20

Figura 8 - Representação de uma Mola helicoidal de torção. (a) Representação de mola

helicoidal de torção real, (b) representação de esquemática de uma mola helicoidal de torção

........................................................................................................................................ 21

Figura 9 - Comparação do comportamento mecânico de um aço mola e um aço estrutural

........................................................................................................................................ 22

Figura 10 - Diagrama esquemático da mola helicoidal cilíndrica com uma secção transversal

quadrada.......................................................................................................................... 24

Figura 11 - Mola helicoidal produzida com material compósito ................................... 28

Figura 12: (a) CHEVROLET CORVETTE Z06 2015; (b) Feixe de molas de material compósito

utilizada no CORVETTE Z06. ....................................................................................... 29

Figura 13 - Estratégia de seleção de materiais ............................................................... 31

Figura 14 - Obtenção da matéria prima até processo de fabricação do componente, o que estará

relacionado aos custos e impactos ambientais gerados .................................................. 33

Figura 15 - Diagrama de Seleção de Materiais, Módulo de Young, E, em relação à Densidade

........................................................................................................................................ 36

Figura 16 - Diagrama de Seleção de Materiais, Módulo de Young, E, em relação ao custo

relativo, Cv,R .................................................................................................................. 37

Figura 17 - Materiais para molas. Aço de alta resistência, CFRP, e certos polímeros e

elastômeros são a melhor escolha para as molas ............................................................ 38

Figura 18 - Modelo simplificado de ¼ de um veículo ................................................... 40

Figura 19 - Esforço atuantes em uma solicitação de compressão .................................. 41

Figura 20 - Esforços atuantes na mola: (a) Torção pura; (b) Cisalhamento; (c) Torção +

Cisalhamento; e (d) Efeitos de concentração na borda interna ...................................... 42

Figura 21 - Molas Helicoidais de compressão utilizadas para aplicação em suspensão

automotiva, fabricadas pela a empresa RNA Fabrini. .................................................... 42

Figura 22 - Mola quando sofre aplicação de carga ......................................................... 46

Figura 23 - Tipos de extremidades em molas helicoidais .............................................. 47

Figura 24 - Curva S-N típica do ensaio de fadiga .......................................................... 51

Figura 25: ângulo de enrolamento do fio com o valor máximo do ângulo é 12° ........... 54

Figura 26 - Curva de Deflexão pelo Módulo elástico, levando em consideração o valor do

coeficiente Poisson de 0,25, para materiais isotrópicos ................................................. 55

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Materiais utilizados para a fabricação de molas. ........................................... 26

Tabela 2 - Função, restrições, objetivos e variáveis livres, a serem consideradas do componente

projetado. ........................................................................................................................ 31

Tabela 3 - Requisitos do projeto para molas. ................................................................. 33

Tabela 4 - Equações para cada tipo de extremidade. ...................................................... 47

Tabela 5 - Constante α para cada tipo de extremidade. .................................................. 49

Tabela 6 – Resultados do ensaio de fadiga de molas processadas a quente....................52

Tabela 7 - Resultados do ensaio de fadiga de molas processadas a quente ....................56

Tabela 8 - Resultados do ensaio de fadiga de molas processadas a frio..........................56

Tabela 9 - Comparação entre as propriedades apresentadas pelo Aço Mola (9254) e o material

escolhido...........................................................................................................................57

LISTA DE SÍMBOLOS

F Força aplicada

m Massa

g Gravidade

τ Tensão de carregamento dinâmico

σt Tensão de tração

σc Tensão Torcional

Kw Fator Wahl

C Índice de curvatura do fio

D Diâmetro externo da Mola

d Diâmetro do fio

δ Deflexão da mola

k Constante Elástica

ɛ Deformação do material

ɛa Deformação longitudinal

ɛt Deformação transversal

G Módulo de Cisalhamento

E Módulo Elástico

μ Coeficiente Poisson

Na Número de espiras ativas

Nt Número de espiras totais

Lo Comprimento livre da mola

Ls Comprimento sólido da mola

α Coeficiente

fn Frequência Natural

ρ Densidade

τMÍN Tensão máxima

τMÁX Tensão mínima

λ ângulo

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12

1.1 Objetivos ................................................................................................................... 13

1.1.1 Objetivo geral ........................................................................................................ 13

1.1.2 Objetivos específicos ............................................................................................. 13

1.2 Motivação e justificativa .......................................................................................... 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 14

2.1 Sistema de suspensão ............................................................................................... 14

2.1.1 Funcionamento do sistema de suspensão .............................................................. 14

2.2 Molas ........................................................................................................................ 18

2.2.1 Molas de tração ...................................................................................................... 19

2.2.2 Molas de compressão ........................................................................................ 20

2.2.3 Molas de torção .................................................................................................. 20

2.3 Propriedades ............................................................................................................. 21

2.4 Materiais utilizados .................................................................................................. 24

2.4.1 Aços para construção mecânica ............................................................................. 24

2.4.2 Materiais compósitos ............................................................................................. 26

2.5 Causas de falhas ....................................................................................................... 29

2.5.1 Fadiga.....................................................................................................................29

2.6 Seleção de Materiais ................................................................................................. 30

2.6.1 Considerações econômicas .................................................................................... 32

2.6.2 Considerações ambientais e sociais ....................................................................... 32

2.7 Considerações do projeto ......................................................................................... 33

2.7.1 Fatores que influenciam no projeto ....................................................................... 34

2.7.2 Classificação dos materiais .................................................................................... 34

3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 40

4 RESULTADOS .......................................................................................................... 52

4.1 Método I do cálculo da deflexao .............................................................................. 53

4.2 Método II do cálculo da deflexao ............................................................................ 54

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 59

6. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 60

7.ANEXOS .................................................................................................................... 63

7.1 ANEXO A ................................................................................................................ 63

7.2 ANEXO B: Considerações da densidade dos materiais ........................................... 66

7.3 ANEXO C: Considerações de propriedades mecânicas do materiais ...................... 67

7.4 ANEXO D: Considerações do custo relativo ........................................................... 71

7.5 ANEXO E: Considerações da forma do componente .............................................. 74

7.6 ANEXO F: Considerações do processo de fabricação ............................................. 75

7.7 ANEXO G: Considerações de reciclagem................................................................ 77

12

1. INTRODUÇÃO

Diante das exigências do mercado e dos atuais estágios de desenvolvimento

tecnológico e econômico impostos às empresas, considerando os elevados níveis de

competitividade industrial que caracterizam o mundo atual, um fator de grande relevância para

o sucesso de novos projetos de produtos e das próprias empresas, é a questão da inovação

tecnológica.

As inovações podem ser tratadas de diferentes formas, bem como impactos distintos

sobre produtos e sistemas de produção, podendo ser incrementais e radicais. As inovações

incrementais estão relacionadas com a melhoria do produto ou dos processos para a sua

obtenção, onde sua performance tenha sido plenamente satisfatória, seja através do

aperfeiçoamento de uma tecnologia já existente ou de um novo design. Já as inovações radicais

incluem o desenvolvimento de novos produtos ou processos, que apresentam melhoria

significativa em relação aos existentes (NAVEIRO e GOUVINHAS, 2011).

Neste trabalho será abordada a prospecção de novos materiais para molas de suspensão

automotiva como uma nova alternativa para essa aplicação, ou seja, do ponto de vista de

inovação tecnológico, será proposta uma inovação incremental. Para a efetivação da proposta

serão levados em consideração fatores como: qualidade, comportamento mecânico, custo e

disponibilidade do produto proposto no mercado. Esses fatores visam que as molas de

suspensão automotiva gerem conforto, estabilidade e uma boa dirigibilidade ao condutor, sem

que se sintam os impactos das imperfeições do solo com os pneus.

Ao longo das últimas três décadas, esforços consideráveis foram feitos no

desenvolvimento de aços para molas de alto desempenho para atender às necessidades de peso

e redução de custos na indústria automotiva (CHOI, 2011).

A redução de peso é importante de modo a reduzir a quantidade de consumo de

combustível, o que pode ser conseguido em parte por meio da melhoria de molas de suspensão.

Atualmente esse é um fator bastante importante, do ponto de vista ambiental e econômico, pois

o consumo de combustível gera impactos ambientais, como, por exemplo, a extração de

matérias-primas não renováveis e a geração e emissão de gases carbônicos na atmosfera,

afetando a qualidade do ar.

Já a questão econômica é afetada pelos gastos originados com o consumo do

combustível. No entanto, essa melhoria não deve degradar outras propriedades, como o limite

elástico, a resistência à fadiga e não afetar a formabilidade do componente, que são essenciais

para o bom funcionamento da mola.

13

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

Propor um material com melhor desempenho para a fabricação de molas de suspensão

automotiva, focando na redução do custo, peso e desgaste, sem perdas significativas de

propriedades mecânicas frente às atuais molas utilizadas no mercado e que, também, seja

relativamente fácil de ser fabricada.

1.1.2 Objetivos específicos

Identificar os materiais tradicionalmente utilizados na fabricação das molas;

Analisar as propriedades mecânicas e características de molas utilizadas em

suspensão automotiva;

Propor novos materiais para a fabricação de molas;

Averiguar as propriedades mecânicas frente às das molas comerciais.

1.2 Motivação e Justificativa

Com o passar do tempo e com as condições de uso do automóvel ocorre um desgaste

constante no sistema integrado de suspensão, sendo necessária muitas vezes a sua troca.

Um dos elementos principais que faz parte do sistema de suspensão é a mola

helicoidal, que pode vir a falhar por diversos motivos, dentre eles, o principal, por fadiga. De

forma geral, esse mecanismo de ruptura se inicia a partir de descontinuidades do componente,

que são influenciadas pelo processamento, pelas propriedades e pelas condições de uso da mola.

Há uma preocupação também com o peso do componente, que está relacionado com o consumo

de energia e com o custo de fabricação do produto final e desempenho da suspensão.

Visando contornar esses problemas, a procura de novos materiais para a fabricação

dessas molas com os requisitos e propriedades exigidos é contínua pelos fabricantes. Foram

esses motivos que despertaram a concepção desse estudo, no sentido de contribuir com os

esforços que vêm sendo realizados no aperfeiçoamento desses componentes, aplicando

conhecimentos da Engenharia e da Ciência de Materiais adquiridos durante o curso.

14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O sistema de suspensão automotiva é utilizado para proporcionar conforto aos

ocupantes do veículo, proteção dos sistemas mecânicos e maximizar o contato do pneu no solo.

Ele é necessário devido às irregularidades encontradas no solo durante o trajeto. Esse sistema

de suspensão é integrado por molas helicoidais e amortecedor entre outros componentes. O

primeiro consiste na resistência elástica a uma carga e o segundo na capacidade de absorver

parte da energia de uma mola após esta ter sido comprimida.

2.1 Sistema de Suspensão

O sistema de suspensão automotiva é constituído por alguns componentes, sendo eles:

Mola - responsável pela suavização dos movimentos verticais devido às

irregularidades do solo, garantindo o conforto dos ocupantes;

Amortecedor - responsável pela dissipação de energia, armazenada pelas

molas;

Barra estabilizadora - responsável por estabilizar o chassi em uma curva,

evitando que ele gire, e assim diminuindo o risco de capotamento.

Pinos esféricos - fazem ligação entre as partes suspensas (chassi e carroceria)

e as partes não suspensas (cubo de roda manga de eixo e telescópio)

Bandeja - controla o posicionamento das molas e amortecedores, permitindo a

articulação das rodas na suspensão.

2.1.1 Funcionamento do sistema de suspensão

O sistema de suspensão pode ser dividido em dois grupos: sistema dependente (eixos

rígidos) e independente. No sistema dependente, o movimento vertical de uma roda implica no

movimento vertical da outra que se encontra no mesmo eixo. Já no sistema independente, os

movimentos verticais das rodas são independentes.

Na Figura 1 é possível ver de forma detalhada o sistema de suspensão automotiva e

seus componentes.

15

Figura 1 - Componentes de suspensão de um veículo

Fonte: HATTORI (2002, p. 15).

2.1.1.1 Sistema dependente

É um sistema caracterizado por um eixo rígido transversal unindo as rodas traseiras ou

dianteiras. Existem dois tipos de suspensão dependente: com feixe de molas e com molas

helicoidais.

A suspensão dependente de feixe de molas é pouca utilizada em veículos de passeio

por conta da falta de conforto, sendo direcionado o seu uso para veículos pesados. Já a

suspensão dependente de molas helicoidais proporciona um maior conforto, são mais leves e

ocupam um menor espaço (GILLESPIE, 1992).

Em geral, o sistema dependente tem como vantagem a simplicidade na construção e

baixo custo, sendo utilizada em veículos comerciais.

As Figuras 2 e 3 mostram os dois tipos de sistema de suspensão de eixo rígido

utilizando molas helicoidais e feixe molas, respectivamente.

16

Figura 2 - Suspensão de quatro barras utilizadas atualmente em carro de passageiros de grande porte com

eixos traseiros rígidos

Fonte: Freitas Júnior (2006).

Figura 3 - Componentes de uma suspensão traseira com molas semielípticas

Fonte: Freitas Júnior (2006).

2.1.1.2 Sistema de Suspensões independentes

Diferente do eixo rígido, essa suspensão promove maior rigidez a rolagem

relativamente à rigidez vertical. Existem vários tipos de suspensão independente: feixe de

molas, barra de torção, feixe de torção, hidropeneumática e MacPherson.

A suspensão MacPherson é atualmente uma das mais utilizadas na dianteira de

veículos de passeio de pequeno e médio porte, com tração dianteira. A suspensão MacPherson

é um tipo de suspensão automotiva com maior altura, contendo molas helicoidais e

amortecedores telescópicos. Esse tipo de suspensão é empregado em cerca de 70% das

suspensões dianteiras dos veículos populares (FREITAS JÚNIOR, 2006).

17

A fixação superior do amortecedor é feita direto na carroceria ou chassi. O

amortecedor além de gerar carga axial de sentido contrário ao da velocidade de oscilação da

roda, passa a suportar cargas laterais e longitudinais. A fixação inferior do amortecedor é feita

direto na manga de eixo. Esse sistema de suspensão tem como vantagem o baixo custo, o arranjo

compacto, a facilidade de montagem e o espaço livre para o motor quando montado na posição

transversal (FREITAS JÚNIOR, 2006). As Figuras 4 e 5 mostram a suspensão dianteira do tipo

MacPherson e os componentes da parte superior da mesma.

Figura 4 - Suspensão dianteira do tipo MacPherson

Fonte: Freitas Júnior (2006).

Figura 5 - Componentes da parte superior de uma suspensão dianteira do tipo MacPherson

Fonte: Freitas Júnior (2006).

18

2.2 Molas

Molas são elementos mecânicos que exercem forças ou torques por meio da absorção

e liberação de energia, durante o seu funcionamento. Algum mecanismo fornece ou

disponibiliza energia que é então absorvida pela mola, armazenada e posteriormente liberada

(MARGHITU, 2005), ou seja, a função primordial de uma mola é armazenar energia elástica

e, quando necessário, liberá-la novamente (ASHBY, 2012).

Independente do seu formato ou tipo, molas são elementos mecânicos elásticos; isto

significa que, segundo os conceitos clássicos da resistência dos materiais, são componentes que

trabalham sempre dentro da zona elástica determinada pela Lei de Hooke que afirma que a

deformação é proporcional à tensão. Numa descrição simplificada, as molas armazenam energia

e a devolvem sem se deformarem plasticamente (MOLAS HOESCH, 2015).

Não se sabe quando a primeira mola foi produzida; no entanto, é muito provável que

era um arco. O arco foi usado para armazenar energia que poderia ser lançado em um momento

preciso, sob o comando do arqueiro. O primeiro estudo formal dos membros flexíveis foi feita

por Robert Hooke em 1678. Partindo desse estudo, foi formulada a famosa lei de Hooke, que

afirma que "deflexão é proporcional à carga", sendo ainda a base para o projeto da mola

(DESIGN HANDBOOK – ENGINEERING GUIDE TO SPRING DESIGN, 1987).

As molas utilizadas normalmente são feitas de metal, mas pode-se substituir o metal

por materiais plásticos, quando as cargas atuantes nas molas forem mais leves, pois, apesar de

menos resistentes, o custo é menor, embora não é aplicado em suspensão automotiva. Outra

possibilidade é a substituição por materiais compósitos estruturais quando for necessária uma

massa mínima, assim como em polímeros, visto que são materiais mais leves e podem possuir

as mesmas propriedades de interesse que os materiais metálicos, fatores que dependem apenas

do processamento e dos materiais escolhidos para a obtenção do compósito.

As condições de serviços das molas são muitas vezes severas, quer pelas cargas e tipos

de esforços que irão suportar, quer pelas temperaturas, meios corrosivos, vibração etc., a que

podem estar sujeitas. De modo geral, há dois tipos de molas: 1) molas helicoidais, também

denominadas de espiral, sendo fabricadas a partir de barras e fios; e 2) molas planas, sendo

fabricadas a partir de tiras de aço (MARGHITU, 2005).

As molas planas são empregadas somente para algumas cargas, onde é fixa numa

extremidade e livre na outra, e, quando sofre a ação de uma força, a mola é flexionada em

direção oposta (SHIGLEY, MISCHKE e BUDYNAS, 2005). Elas podem ser classificadas em:

simples, prato, feixe de molas e espiral.

19

Há também as molas helicoidais, que são as mais utilizadas em mecânica e aplicadas

no amortecimento automotivo, sendo essa aplicação o foco do presente trabalho e, portanto,

será dado maior destaque a este tipo. Esse tipo de molas pode ser subdividido em:

Molas de tração;

Molas de compressão;

Molas de torção (MARGHITU, 2005).

2.2.1 Molas de tração

Molas de tração possuem ganchos nas extremidades, além das espiras. Para a mola

helicoidal de tração desempenhar sua função, ela deve ser esticada, aumentando seu

comprimento. Quando não tensionada, em seu estado de repouso, ela volta ao seu comprimento

normal (MDQ, 2015). A figura 6 representa uma mola helicoidal de tração.

L0: Altura Livre

Lk: Comprimento do corpo da mola

De: Diâmetro externo

Dm: Diâmetro médio

Di: Diâmetro interno

S: Deslocamento da mola quando sofre

a aplicação de determinada carga (P)

para tração

L: Altura da mola na carga determinada

(a) (b)

Figura 6: Representação de uma Mola helicoidal de tração. Fonte: Molas de qualidade. (a)

Representação de mola helicoidal de tração real, (b) representação de esquemática de uma mola

helicoidal de tração

Fonte: MDQ (2015).

20

2.2.2 Molas de compressão

Molas de compressão são formadas por espiras e são empregadas em suspensão

automotiva. Quando esta mola é comprimida por alguma força, o espaço entre as espiras

diminui, tornando menor o seu comprimento. Após a carga ser aliviada, a mola deverá voltar a

sua altura original (MDQ, 2015). A figura 7 representa uma mola helicoidal de compressão.

L0: Altura Livre;

Lk: Comprimento do corpo da

mola;

De: Diâmetro externo;

Dm: Diâmetro médio;

Di: Diâmetro interno;

S: Deslocamento da mola

quando sofre a aplicação de

determinada carga (P) para

tração;

c: Constante elástica (Kg/m);

L: Altura da mola na carga

determinada (P);

Lbl: Altura obtida na compressão

total da mola. (a) (b)

Figura 7 - Representação de uma Mola helicoidal de compressão. (a) Representação de mola

helicoidal de compressão real, (b) representação de esquemática de uma mola helicoidal de

compressão

Fonte: MDQ (2015).

2.2.3 Molas de torção

Molas de torção sofrem forças que atuam perpendicular ao seu eixo, enquanto que nas

molas de tração e de compressão a força segue a mesma direção do eixo (MDQ, 2015). Na

figura 8 está representada uma mola helicoidal de torção.

21

De: Diâmetro externo;

Dm: Diâmetro médio;

Di: Diâmetro interno;

c: Constante elástica (Kg/m);

Lk0:Altura (comprimento) do corpo

da mola em repouso.

(a) (b)

Figura 8 - Representação de uma Mola helicoidal de torção. (a) Representação de mola helicoidal

de torção real, (b) representação de esquemática de uma mola helicoidal de torção

Fonte: MDQ (2015).

Em outras palavras, as molas de tração e compressão trabalham sob torção e as molas

de torção trabalham sob dobramento.

2.3 Propriedades

Do ponto de vista físico, exige-se que materiais para uma mola tenha as seguintes

características mecânicas:

Altos valores para limites de elasticidade ou proporcionalidade sob tensão ou

para limite de proporcionalidade sob torção, para que possa suportar apreciáveis cargas sem

apresentar deformação permanente;

Baixa constante elástica, para propiciar deformações elásticas apreciáveis;

Elevada vida em fadiga;

Elevada resistência ao choque.

O principal fator a ser considerado na concepção de uma mola é a energia de

deformação de um material utilizada. Energia de deformação específica no material pode

geralmente ser expressa como:

Eq.(1)

22

A Equação (1) indica que um material com menor módulo de Young (E) ou densidade

(ρ) terá energia de deformação específica (deformação por unidade de comprimento) mais

elevada sob a mesma tensão (σ).

A Figura 9 ilustra o comportamento mecânico de um aço, e a comparação de um aço

estrutural e aço mola, que é usado para a fabricação de molas, respectivamente, através de

curvas de tensão versus deformação.

Figura 9 - Comparação do comportamento mecânico de um aço mola e um aço estrutural

Fonte: COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS, (GUIA..., p. 64).

Na figura acima, observa-se o comportamento elástico dos aços, comparando o

comportamento elástico do aço mola e do aço estrutural. São observadas duas regiões distintas

tratando-se do comportamento mecânico, onde a elástica é definida pela tensão e deformação

específica de escoamento do material, e a região plástica, definida a partir do fim da região

elástica (A) até a ruptura do material. O comportamento mecânico do material durante o

desenvolvimento das tensões num regime elástico permite o retorno do material à sua forma e

dimensões originais, quando da ausência de carga aplicada. Já na região plástica, este

comportamento não ocorre, e o material, depois de aliviado de suas tensões, permanece com

deformações residuais importantes. A região plástica, por sua vez, pode estar dividida em três

regiões bem diferenciadas: uma região caracterizada por um patamar de escoamento, onde as

deformações se processam sem incremento das tensões (não representada); uma região de

endurecimento do material (B); e uma região caracterizada por um estrangulamento localizado

ou estricção da seção transversal do material, principalmente após a ocorrência de uma tensão

23

máxima, ou última, (C). Nota-se que a região elástica do aço mola é maior (D), podendo afirmar

que o regime elástico permite o retorno do material à sua forma e dimensões originais, quando

se tem a ausência de carga aplicada. Concluindo que, por conta de seu comportamento elástico,

e por se ter características exigidas para a fabricação de uma mola, o aço utilizado foi

denominado aço mola.

Quando uma mola helicoidal cilíndrica com uma seção transversal retangular está sob

a ação de uma força de compressão aplicada P, a força de reação sobre a mola é de torção e,

portanto, induz tensões de corte sobre a seção transversal. Para materiais homogêneos e

isotrópicos, tanto a constante da mola, K, e a tensão de cisalhamento induzida sob torção, τ,

para a mola pode ser aproximadamente como descritas pelas equações abaixo (CHIU et al.,

2005):

Eq.(2)

Eq. (3)

A Figura 10 indica os fatores citados nas equações (2) e (3), sendo que P é a carga

aplicada na mola (kgf); D, o diâmetro médio da bobina (mm); L, o comprimento livre (mm); α,

o ângulo helicoidal (°); δ, a deflexão (mm); G, o módulo de rigidez ao cisalhamento (kgf /

mm 2); n, o número de espiras ativas da mola, a, o comprimento lateral de secção transversal

quadrada (mm) e c é D/a.

24

Figura 10 - Diagrama esquemático da mola helicoidal cilíndrica com uma secção transversal quadrada

Pode ser observada a partir da Equação (3) que a grandeza da constante de mola da

mola helicoidal cilíndrica com uma seção transversal retangular está relacionada com o

diâmetro médio da bobina (espiral), o número de enrolamentos ativos, e o comprimento lateral

de secção transversal quadrada, assim como o módulo de rigidez do material utilizado (CHIU

et al., 2005).

2.4 Materiais utilizados na fabricação de molas

2.4.1 Aços para construção mecânica

Atualmente, em molas de suspensão automotiva comerciais são utilizados materiais

metálicos no processo de fabricação, classificados como aços para construção mecânica, e os

denominados aços molas.

Os aços para construção mecânica (aços-liga) contêm carbono até 0,5% e outros

elementos de liga, de forma a melhorar suas características de resistência mecânica. Os aços

para construção mecânica podem ser classificados pela sua composição química, pelo

tratamento térmico a ser submetido e pela aplicação final dos produtos. Os principais tipos de

aços são: microligados; para tratamento térmico; para forjados; para molas: para porcas e

parafusos; e aqueles para rolamentos.

Os aços-carbono, com o teor de carbono variando 0,50-1,20%, satisfazem quase todos

os requisitos exigidos das molas; porém, há aplicações que exigem aços-liga. Contudo, a

escolha do material vai depender das aplicações, propriedades requeridas, custo e técnica de

fabricação. Os aços-ligas apresentam melhores propriedades de fadiga e limites elásticos mais

25

elevados do que aços-carbono, sendo preferidos em determinadas aplicações; em contrapartida,

são sujeitos a mais imperfeições durante seu processo de fabricação (CHIAVERINI, 1996).

Os processos de trabalho a quente e a frio são usados para fabricação de molas,

dependendo do tamanho do material e das propriedades desejadas. O enrolamento da mola

induz tensões residuais por flexão, mas estas são normais à direção das tensões de torção de

trabalho em uma mola de espiras. Muito frequentemente na manufatura de mola, elas são

aliviadas depois do enrolamento por um tratamento térmico ameno (SHIGLEY, MISCHKE e

BUDYNAS, 2005).

Convém notar que os materiais para a fabricação das molas devem ser isentos de

imperfeições, devido às altas tensões e a fadiga interna a que esses materiais estão sujeitos,

podendo ser prejudiciais. Pesquisas feitas pela indústria automobilística revelaram que quase

todas as rupturas por fadiga em mola de válvulas de compressão, começaram numa imperfeição

ou defeito interno ou superficial (MARGHITU, 2005).

Estima-se que cerca de 90% dos aços para construção mecânica destina-se à indústria

automobilística e de autopeças. Dentre os aços da construção mecânica citados, os aços de

interesses são os de aplicação em molas de suspensão automotiva, podendo ser, por exemplo,

os aços SAE 5160 e SAE 9254. O aço SAE 5160 é amplamente utilizado na indústria e tem sua

aplicação destacada no setor automotivo na qual é empregado desde em barras estabilizadoras

de veículo até no sistema de suspensão. O aço SAE 9254 é utilizado em molas que necessitem

resistência ao choque e em temperaturas moderadamente elevadas: molas helicoidais, barras de

torção, molas de arco e molas de válvula para motores de combustão interna.

Na Tabela são mostrados os materiais utilizados para a fabricação de molas, onde há

variação da composição e os tipos de aplicações.

26

Tabela 1 - Materiais utilizados para a fabricação de molas

Fonte: Shigley, Mishke e Budynas (2005).

Na tabela acima se observa que para cada tipo aplicação utiliza-se um determinado

material, sendo que a diferença está na variação de sua composição e no seu processamento.

É possível verificar as composições, características, aplicações e propriedades

mecânicas dos dois aços mencionados utilizados para a fabricação de molas em suspensão

automotiva nas tabelas encontradas no Apêndice A.

2.4.2 Materiais compósitos

Atualmente, além das molas comerciais fabricadas de aços molas, já existem estudos

para fabricação de molas com aplicação no sistema de suspensão automotiva de materiais

compósitos. Neste sistema, podem-se adquirir as propriedades desejadas com combinação de

dois materiais, sendo esses fatos explorados na família de híbridos estruturais aos quais se

costumou referir como compósitos particulados e fibrosos. Em princípio, quaisquer dois

materiais podem ser combinados para fazer um compósito e podem ser misturados em muitas

27

geometrias. Além de alta resistência e leveza, materiais compósitos também são capazes de

resistir à influência de solventes e intempéries, tornando-os muito adequados para a aplicação

de molas em ambiente especial (ASHBY, 2012). Isso pode ser observado através de estudos

realizados, onde nota-se que o custo de todo o sistema utilizando molas helicoidais de material

compósito é mais elevado do que sistema convencional, mas por causa de outras vantagens,

pode ser considerável (BUDAN e MANJUNATHA, 2011). E para aplicações do propósito

específico, este sistema é muito eficiente. A mola produzida por material compósito foi

submetida a vários testes e os resultados foram satisfatórios (BUDAN e MANJUNATHA,

2011), onde os pesos das molas helicoidais fabricadas de compósitos foram comparados com o

aço de mola e são 60 % menores, por conseguinte, o sistema com peso leve é alcançado

atingindo 40% da redução do peso, e então, ele ajudará no aumento da eficiência de combustível

dos automóveis. A rigidez obtida por estas molas é comparada com as molas de aço da mesma

dimensões e é 50% menor do que as molas de aço. Contudo pode-se aumentar as dimensões

das fontes para aumentar a rigidez das molas. As dimensões do lado paralelo ao eixo das molas

pode ser aumentada sem afetar a deflexão e as dimensões permitidas para fixação as molas, e

isto irá aumentar a rigidez equivalente a molas de aço (BUDAN e MANJUNATHA, 2011).

Ressaltam-se também estudos realizados pela empresa Henkel e o grupo Sogefi.

A empresa Henkel, fundada em 1876, com sede em Düsseldorf, na Alemanha opera

no mundo com as mais importantes marcas e tecnologias em três áreas de negócios. Está

trabalhando para criar componentes de resina que possam ser incorporados ao sistema de

fabricação de feixes de molas de material compósito (fibra de vidro e a resina poliuretano) com

aplicação na suspensão automotiva e, assim, contribuir para a otimização do processo de

fabricação (FERENCZ e KIEBLING).

A Sogefi, um grupo italiano que foi fundado há 31 anos, é líder mundial na indústria

de autopeças. A companhia é especializada em sistemas de motor e componentes para

suspensão. O Grupo lançou a primeira mola helicoidal do mundo produzida com material

compósito (Polímeros com Fibras Reforçadas) (GILINI JÚNIOR, 2012). Na Figura 11 é

mostrada a imagem de molas helicoidais fabricadas a partir de materiais compósitos pela

Sogefi.

28

Existem algumas vantagens e desvantagens na substituição dos aços atualmente

utilizados para fabricação de molas para materiais compósitos:

Entre as vantagens podem ser citadas:

Redução de peso, o que também reduz o consumo de combustível;

Durabilidade maior: alta resistência a influências externas;

Redução de barulhos em superfícies duras;

Maior segurança, eliminando o risco de quebras inesperadas;

Processo de produção mais ecológico;

Economia de energia: não há tratamento diminuindo as etapas do processo;

Redução dos resíduos;

Economia de espaço;

Reciclável.

Já entre as desvantagens podem ser enumeradas:

Custo alto da matéria prima: 50 a 100 % mais caro;

Custo de processamento alto;

Velocidade de produção de partes aquém do desejado;

Falta de banco de dados sobre as propriedades do material;

Melhorias nas propriedades: falta de ductilidade e tenacidade;

Competição de outros materiais mais atuais;

Competição de componentes com design diferente;

Desenvolvimento de técnicas de processamento para grandes volumes.

Como exemplo de veículo que utiliza molas desse material compósito pode-se citar o

Corvette Z06, fabricado pela Chevrolet, onde é empregado feixe de molas de material

Figura 11 - Mola helicoidal produzida com material compósito

Fonte: Gilini Júnior (2012)

29

compósito. Um único feixe transversal suporta os dois lados da suspensão traseira independente

com braços de controle; o Corvette usa apenas um feixe montado sob a suspensão. O esquema

desta montagem economiza espaço, o feixe em compósito é mais leve, e a chance de uma falha

é baixa. Na Figura 12 é possível observar o esquema desta montagem.

(a)

(b)

Figura 12: (a) CHEVROLET CORVETTE Z06 2015; (b) Feixe de molas de material compósito

utilizada no CORVETTE Z06.

Fonte: Ferencz e Kiebling (2015).

2.5 Causas de falhas

Defeitos físicos devido ao enrolamento muitas vezes podem causar falhas prematuras

por fadiga à mola. Após a formação da mola, um processo de tratamento térmico é realizado

por meio de têmpera. Defeitos relativos ao tratamento térmico são outras das principais causas

de insucesso da mola.

Desta forma, após a têmpera, a mola helicoidal é passada por um processo de

jateamento, que consiste em uma operação de tratamento de superfícies que propulsionam um

fluxo de material abrasivo contra uma superfície em alta velocidade. Esse processo é benéfico

por duas razões: limpa a superfície dos defeitos, causados pelo processamento e pela têmpera e

introduz tensões residuais de compressão na superfície, que aumentam a resistência à fadiga da

mola.

30

2.5.1 Fadiga

No passado, foram utilizados elementos de liga para aumentar a força da mola e

melhorar o limite de fadiga de aço de mola. A resistência à fadiga é largamente influenciada

pela superfície externa devido à descarbonização, defeito de superfície, e por inclusões não

metálicas que representam a existência de um material estranho no interior do aço. Além disso,

há uma relação entre o limite de fadiga e de tamanho do grão austenítico, pois materiais com

granulações grosseiras apresentam propriedades mecânicas inferiores. A cobertura de pré-

tratamento insuficiente não apenas causa a má qualidade do revestimento, mas também agrava

a resistência à corrosão.

Sabe-se que a corrosão também é uma das causas de quebra da mola (MARGHITU,

2005), porém é difícil prever com certeza o efeito de um ambiente corrosivo sobre o

desempenho da mola. Em geral, a corrosão galvânica e a corrosão sob tensão reduzem a vida

e a capacidade de carga de molas. Os dois métodos mais comuns utilizados para combater os

efeitos da corrosão são: a especificação dos materiais que são inertes com o ambiente e o uso

de revestimentos protetores, que são geralmente utilizados no processo final de fabricação de

molas (MARGHITU, 2005).

Em geral, existem dois tipos imperfeições causadas por materiais estranhos que podem

ficar presos no interior da solução de aço: a) grandes imperfeições, tais como inclusões causadas

por elemento de liga, na rede cristalina; e b) imperfeições menores, como a presença do defeito

no vértice da estrutura cristalina. As imperfeições da superfície podem ocorrer com o

endurecimento de pequenas fissuras, marcas de ferramentas, impurezas incorporadas ao

material de base durante a trefilagem a frio, ou defeitos superficiais herdados da matéria-prima.

A descarbonização pode ser considerada como um fator menos agravante em toda a

lista de defeitos. Descarbonização parcial é geralmente permitida em arame de mola, pelo

menos de forma ligeira (CHOI, 2011).

2.6 Seleção de Materiais

A seleção de materiais para um projeto é realizada com base em estudos e pesquisa de

dados relacionados aos materiais, verificando, dessa maneira, qual deles será mais compatível

com os requisitos propostos pelo projeto.

Na Figura 15 é mostrada a estratégia para a seleção de materiais, e assim realizar a

escolha do material final.

31

Figura 13 - Estratégia de seleção de materiais

Fonte: Ashby (2012).

Na Tabela a seguir são observadas as considerações a serem feitas sobre o componente

projetado.

Tabela 2 - Função, restrições, objetivos e variáveis livres, a serem consideradas do componente projetado

Fonte: Ashby (2012).

Os principais fatores que têm relação com a seleção de um material e com o

atendimento às exigências de projeto são:

Disponibilidade;

32

Custo;

Propriedades mecânicas, físicas, químicas e dimensionais do material;

Processos de fabricação - usinabilidade, formabilidade, capacidade de união,

acabamento e revestimento (Fundamentos do projeto).

2.6.1 Considerações econômicas

Existem três fatores que afetam o custo de um produto:

O projeto do componente;

O material empregado; e,

A técnica de fabricação.

2.6.2 Considerações ambientais e sociais

As modernas tecnologias e a fabricação dos produtos que estão associados a elas

causam impactos, sendo esses de natureza econômica e ambiental; e internacionais em termos

de abrangência, uma vez que:

Os recursos exigidos para uma nova tecnologia vêm, com frequência, de muitos

países diferentes,

A prosperidade econômica que resulta de desenvolvimentos tecnológicos é de

âmbito global; e,

Os impactos ambientais podem se estender além das fronteiras de um único país.

Portanto, para o desenvolvimento de um bom projeto, na escolha de um material que

melhor se adéqua, além das suas propriedades, é indispensável que se pense desde a obtenção

da matéria prima até o processo de fabricação do componente, o que estará relacionado aos

custos e impactos ambientais gerados, assim como mostrado na figura a seguir.

33

Figura 14 - Obtenção da matéria prima até processo de fabricação do componente, o que estará

relacionado aos custos e impactos ambientais gerados

Fonte: Callister e Rethwisch (2009, p. 562).

2.7 Considerações do projeto

Neste trabalho o componente de interesse são as molas helicoidais utilizadas no

sistema de suspensão automotiva, e esse sistema de suspensão absorve as tensões, forças e

impactos gerados por buracos e demais avarias das pistas de rodagem, minimizando a

transmissão dos seus efeitos para os passageiros do carro. Então, neste caso, as molas são as

responsáveis por:

Sustentar o peso do carro;

Determinar a altura entre ele e o solo;

É o principal componente por absorver os impactos;

Maximizar o tempo do contato do pneu com o solo.

Na Tabela 3 são ressaltados os requisitos do projeto para a fabricação de molas.

Tabela 3 - Requisitos do projeto para molas

Fonte: Ashby (2012).

34

2.7.1 Fatores que influenciam no projeto

Uma das funções requeridas pela mola é a elasticidade, absorver energia e liberá-la

quando requisitada; portanto, o módulo elástico do material é um dos fatores a serem estudados

para a seleção dos materiais. Esta é uma propriedade intrínseca dos materiais que depende da

composição química, microestrutura e defeitos do material, tendo origem na energia de ligação

entre os átomos no qual descreve a relação entre tensão e deformação no regime elástico. E essa

propriedade divide os materiais em aproximadamente duas classes: os flexíveis e os rígidos.

Um material com um elevado valor do Módulo de Young é um material rígido.

O módulo elástico é uma das propriedades mais estudadas nas molas, pois a constante

elástica é a característica mais importante da mola já que irá influir nas condições de conforto

e estabilidade do veículo, através do sistema de suspensão automotivo.

A escolha a ser feita levará em consideração o material que melhor atenda aos

requisitos propostos na aplicação do componente e como a indústria automobilística é de

produção em massa, a redução de custo torna-se uma característica dominante no ciclo de

desenvolvimento do produto. Em princípio, a indústria automotiva vem priorizando a redução

no peso do automóvel.

Levando em consideração as propriedades mecânicas apresentadas pelo material

utilizado na fabricação de molas de suspensão automotiva; as condições de uso da suspensão

automotiva e os requisitos necessários para aplicação da mola, é preciso fazer algumas

considerações para a escolha do material final que será aplicado nesse projeto que trata da

substituição dos materiais atuais utilizados em molas comerciais. O material final a ser

escolhido no projeto será baseado nas suas propriedades fornecidas e nas considerações que

serão feitas através da aplicabilidade e função do componente, além de considerações do ciclo

de vida do material, do processamento do material, da manufatura dos componentes e das

medidas de desempenho em serviço.

2.7.2 Classificação dos materiais

Os materiais utilizados para fins estruturais podem ser classificados em:

Metais - são condutores extremamente bons de eletricidade e calor, e não são

transparentes à luz visível; uma superfície metálica polida possui uma aparência lustrosa. Além

disso, os metais são muito resistentes, e ainda assim deformáveis, o que é responsável pelo seu

uso extenso em aplicações estruturais;

35

Cerâmicos - estes materiais são tipicamente isolantes à passagem de eletricidade

e calor, e são mais resistentes a altas temperaturas e ambientes abrasivos do que os metais e

polímeros. Com relação ao comportamento mecânico, os cerâmicos são duros, porém muito

quebradiços;

Polímeros - possuem tipicamente baixas densidades e podem ser extremamente

flexíveis;

Compósitos - um compósito é projetado para mostrar uma combinação das

melhores características de cada um dos materiais que o compõe;

Semicondutores - as características elétricas destes materiais são extremamente

sensíveis à presença de minúsculas concentrações de átomos de impurezas, que podem ser

controladas ao longo de regiões espaciais muito pequenas;

Biomateriais - esses materiais não devem produzir substâncias tóxicas e devem

ser compatíveis com os tecidos do corpo;

Materiais avançados - materiais utilizados em aplicações de alta tecnologia,

são tipicamente materiais tradicionais cujas propriedades foram aprimoradas, ou então

materiais de alto desempenho recentemente desenvolvidos.

Apesar do progresso que tem sido feito ao longo dos últimos anos, ainda existem

desafios tecnológicos, incluindo o desenvolvimento de materiais ainda mais sofisticados e

especializados, bem como considerações em relação ao impacto ambiental da produção dos

materiais (CALLISTER e RETHWISCH, 2009).

Muitas considerações são feitas na escolha de um material para uma mola, como, por

exemplo, as molas para suspensão de veículos que devem resistir à fadiga e à corrosão, e as

molas para válvulas de motor que devem suportar temperaturas elevadas (ASHBY, 2012).

De forma geral, alguns materiais que desempenham bem os requisitos para molas

normalmente são as ligas leves de magnésio, alumínio e titânio. Grande parte da pesquisa tem

como alvo melhorar suas propriedades mecânicas. Porém, elas não são todas tão leves e nem

tão rígidas, havendo materiais que desempenham melhor essas propriedades, como os

polímeros, que têm densidades muito mais baixas, e as cerâmicas, que são muito mais rígidas.

Em qualquer projeto existem algumas restrições para a seleção do material,

selecionando materiais que melhor cumprem as propriedades e exigências requeridas no

projeto. Essas restrições podem ser representadas como retas horizontais ou verticais em

diagramas de propriedades de materiais. E dentro desses diagramas, pode-se escolher o

36

subconjunto de materiais que cumprem as restrições das propriedades, as que maximizam o

desempenho do componente (ASHBY, 2012).

Esses diagramas que facilitam a visualização e identificação dos materiais para a

escolha em um projeto são construídos a partir da compilação de dados tabelados e apresentados

na literatura na forma gráfica (ASHBY, 2012). Por exemplo, na Figura 15 e na Figura 16 estão

representados os diagramas de Módulo de Young, E, em relação à densidade, o Módulo de

Young, E, em relação ao custo relativo, Cv,R., respectivamente. Essas figuras representam os

diagramas de seleção de materiais com as propriedades mais interessantes para o

desenvolvimento do projeto de molas helicoidais para suspensão automotiva. E através desses

diagramas consegue-se propor a seleção de materiais para essa aplicação.

Figura 15 - Diagrama de Seleção de Materiais, Módulo de Young, E, em relação à Densidade

Fonte: Ashby (2012, p. 123).

37

Figura 16 - Diagrama de Seleção de Materiais, Módulo de Young, E, em relação ao custo relativo, Cv,R

Fonte: Fonte: Ashby (2012, p. 127).

Assim, analisando as propriedades da mola, sabe-se que a energia elástica armazenada

por unidade de volume em um material que suporta uma tensão de tração σ, é dada por σ2/2E.

Se a mola sofrer escoamento, ela sofre deformação permanente e para de cumprir sua função;

portanto, o valor máximo de σ não deve ultrapassar σy (tensão de escoamento), quando a energia

armazenada é σ2y/2E por unidade de volume. Então, o melhor material para uma mola de

volume mínimo é o que tiver o maior valor do resultado obtido com a Eq. (4), sendo M o índice

das propriedades de interesse do material (ASHBY, 2012).

Eq.( 4)

Porém, se o que importa é o peso, e não o volume, logo se divide a Eq. (4) pela

densidade, tornando-a como descrita na Eq. (5):

38

Eq. (5)

O índice de propriedades encontrado que maximize o desempenho para a escolha do

material para molas é o mesmo para todos os tipos de molas, não dependendo de sua geometria,

ou seja, a melhor escolha de material para uma delas é a melhor escolha para todas com o

mesmo valor do índice (ASHBY, 2012).

A escolha de materiais para molas de volume mínimo é mostrada na Figura 17. Uma

família de retas de inclinação liga materiais com valores iguais a M1=σ2y/E, e os que têm os

valores mais altos de M1 encontram-se na direção da parte inferior direita. A linha cheia, que

representa uma das inclinações das retas, está posicionada de modo tal que um subconjunto de

materiais fica em evidência para serem analisados (ASHBY, 2012).

Figura 17 - Materiais para molas. Aço de alta resistência, CFRP, e certos polímeros e elastômeros são a

melhor escolha para as molas

Fonte: Ashby (2012, p. 127).

39

O melhor material para uma mola, independentemente da sua forma ou do modo como

ela é carregada, é a de um material com um grande valor de σ2el/E. A mola elástica não pode

falhar, o que significa tensão abaixo da do escoamento em toda a mola (ASHBY, 2012).

Levando em consideração que os aços utilizados para a fabricação de molas devem

apresentar alto limite de elasticidade, grande resistência e alto limite de fadiga (PROVENZA,

1960), logo os materiais a serem propostos devem apresentar as mesmas características dos

utilizados para a fabricação de molas. E como também se tratam de materiais que precisam ter

baixa densidade e baixo custo relativo, então, as melhores escolhas, baseadas na Figura 17, são:

aços de alta resistência que estejam próximos da extremidade superior da reta, CFRP (usado

para molas de caminhão), ligas de titânio (boas, mas com alto custo), náilon (exemplos são

brinquedos de crianças que têm molas de náilon) e, elastômeros (ASHBY, 2012).

40

3 METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos propostos, utilizou-se como recurso metodológico a

pesquisa bibliográfica realizada a partir da análise pormenorizada de materiais já publicados na

literatura, artigos científicos divulgados no meio eletrônico e revistas especializadas da área de

molas de suspensão automotiva.

Para o projeto de um sistema de suspensão, é preciso saber os tipos de esforços a que

os componentes estão sujeitos. No caso deste trabalho, o estudo será focado na mola helicoidal.

Então, considera-se que a curva característica de rigidez da mola é linear e obedece a equação:

Eq. (6)

Sendo,

F= Carga sobre a mola;

k= Constante elástica da mola;

x = Deformação da mola

Porém, a diminuição da altura da suspensão do veículo conforme o aumento do

carregamento do veículo é indesejável. O mais desejável seria a utilização de molas cuja curva

de rigidez não fosse linear. Para isso são avaliados os esforços atuantes no sistema de suspensão,

como mostrado na Figura 18, que representa os esforços que atuam na massa suspensa e não

suspensa do veículo:

Figura 18 - Modelo simplificado de ¼ de um veículo

Fonte: Gillespie (1992, p. 200).

41

Fb= Força atuante na massa suspensa;

M= Massa suspensa (Carroceria completa)

Z= Deslocamento da massa suspensa “M”;

Ks= Rigidez da mola principal da suspensão;

Cs= Coeficiente de amortecimento da suspensão;

m= Massa não suspensa (massa do eixo + massa da roda)

Zu= Deslocamento da massa não suspensa “m”;

Kt= Rigidez do pneu

Zr = Deslocamento do solo;

Fw = Força do pneu.

Dessa maneira, é interessante prever os esforços que chegam às molas e saber as

propriedades necessárias que o componente precisa apresentar. Nas Figuras 19 e 20 são

mostrados os esforços atuantes diretamente na mola. Estas figuras representam um fio cortado

em qualquer ponto, e é observado que o esforço para equilibrá-la é uma força cortante e um

torque, para que não haja movimento linear e nem rotação devida ao deslocamento de meio

diâmetro D entre a força de atuação e a que equilibra no fio.

Figura 19 - Esforço atuantes em uma solicitação de compressão

Fonte: Santos Júnior (2001, p. 3).

42

Figura 20 - Esforços atuantes na mola: (a) Torção pura; (b) Cisalhamento; (c) Torção + Cisalhamento; e

(d) Efeitos de concentração na borda interna

Fonte: Norton (2013, p. 798).

Para o conhecimento dos valores dos esforços atuantes nas molas helicoidais de

suspensão automotiva será considerado o desenho de amostras de molas helicoidais de

compressão que são comercialmente utilizadas concedidas pela empresa RNA Fabrini.

Figura 21 - Molas Helicoidais de compressão utilizadas para aplicação em suspensão automotiva,

fabricadas pela a empresa RNA Fabrini.

Seguem abaixo as informações das dimensões da mola helicoidal de compressão da

empresa RNA Fabrini:

Diâmetro externo: 0,1 m;

Diâmetro do fio: 0,01 m;

43

Altura: 0,3 m;

A carga estimada aplicada na suspensão dianteira ou traseira de um veículo de passeio

é de 840 Kg. Esse valor de carga está de acordo com os fabricantes de veículos de passeio da

Volkswagen.

Dessa forma, serão utilizadas as equações abaixo para o cálculo dos esforços atuantes

na Mola Helicoidal:

Força aplicada na mola:

Eq.(7)

Sendo,

F= Força aplicada na Mola;

m= massa distribuída do veículo;

g= Aceleração da gravidade, sendo g= 9,81m/s.

Tensão em carregamento dinâmico:

Eq. (8)

Fonte: Prawoto; Ikeda et al. (2008)

Sendo,

τ= Tensão em carregamento dinâmico;

F= Força aplicada na Mola;

D= Diâmetro da Mola;

d= Diâmetro do fio da mola;

Kw= Fator de Wahl.

O Fator de Wahl é o estudo do efeito do cisalhamento transversal conjuntamente aos

efeitos da curvatura da mola, levando em consideração a rigidez (solicitação variável), sendo

calculado através da seguinte equação:

44

Eq. (9)

Fonte: Budynas e Nisbett (2011)

O primeiro termo da Eq. (9) corresponde a um “fator de concentração de tensões”,

onde “C” indica o índice de curvatura do fio, e o segundo termo é equivalente ao fator de

correção de cisalhamento.

O índice de curvatura do fio da mola, indicando o quanto o fio deve ser curvado para

formar o diâmetro da mola (relação do diâmetro da mola e do fio), dá-se através da seguinte

relação:

Eq. (10)

Fonte: Budynas e Nisbett (2011)

Sendo,

D= Diâmetro da Mola;

d= Diâmetro do fio da Mola;

A curvatura em uma mola é responsável pelo aumento das tensões originais.

O parâmetro de deflexão da Mola informa alteração ou desvio da posição natural do

componente, ou seja, auxiliando no valor de deslocamento que o componente sofrerá, assim:

Eq. (11)

Fonte: Prawoto et al. (2008)

Sendo,

δ= Deflexão da Mola;

F= Força aplicada na Mola;

D= Diâmetro da mola;

N= Número de espiras ativas na Mola;

d= Diâmetro do fio da Mola;

G= Módulo de cisalhamento do material.

45

Há um modo simplificado para o cálculo da deflexão da mola quando se conhece a

constante elástica da mola:

Eq. (12)

Sendo,

δ= Deflexão da mola;

F= Força aplicada na Mola;

k= Constante elástica da mola.

A Constante Elástica da mola é um valor específico para cada mola, pois depende

principalmente da natureza do material de fabricação da mola e de suas dimensões. Dessa forma

a constante elástica pode ser obtida através:

Eq. (13)

Fonte: Prawoto et al. (2008)

Sendo,

D= Diâmetro da mola;

Na= Número de espiras ativas na Mola;

d= Diâmetro do fio da Mola;

G= Módulo de cisalhamento do material.

O Módulo de Cisalhamento, que é uma propriedade mecânica de cada material, está

relacionada com a força F que atua sobre o corpo que é paralela a uma das faces enquanto a

outra face permanece fixa, ocorrendo a deformação denominada de cisalhamento em que não

tem variação de volume e sim de forma, logo:

Eq. (14)

Sendo,

G= Módulo de cisalhamento do material;

46

E= Módulo elástico do Material;

𝜇= Coeficiente de Poisson.

O Coeficiente de Poisson mede a deformação transversal (em relação à direção

longitudinal de aplicação da carga) de um material, sendo uma propriedade específica de cada

material. Para efeitos dos cálculos de forma hipotética foi adotado o valor do coeficiente de

Poisson igual a 0,25 para materiais isotrópicos e 0,5 para materiais que não tenha nenhuma

variação líquida (LIMA), assim:

Eq. (15)

Sendo,

𝜇= Coeficiente de Poisson;

ɛt= Deformação na direção transversal;

ɛa= Deformação na direção longitudinal.

Além dos esforços que atuarão no componente, é preciso investigar o formato do

desenho da mola, avaliando a quantidade de espiras, formato das extremidades, diâmetro do fio

e da mola, comprimento da mola (Comprimento Livre, Lo), a distância entre as espiras (passo,

p) e o comprimento sólido (quando há uma força atuando no componente ocorrendo o

deslocamento da mola, Ls) como ilustrado na Figura 22, para que seja possível a realização dos

cálculos para o conhecimento das propriedades necessárias do material.

Figura 22 - Mola quando sofre aplicação de carga

47

Há quatro tipos de extremidades que são geralmente utilizados em molas de

compressão, o que dependerá da aplicação da mola e o esforço que estará sujeita. O interesse

em conhecer o formato da extremidade é para identificar qual equação da Tabela 4 que melhor

se adéqua para ser utilizada. Esses tipos de extremidades podem ser observados na Figura 23.

Figura 23 - Tipos de extremidades em molas helicoidais

Fonte: Budynas e Nisbett (2011, p. 529)

Para os cálculos do comprimento sólido, livre, passo e número de espiras, é necessário

saber o formato das extremidades da mola, para a escolha adequada da equação. As equações

para esses cálculos podem ser verificadas na Tabela 4.

Tabela 4 - Equações para cada tipo de extremidade

Fonte: Budynas e Nisbett (2011, p. 529)

Neste trabalho será considerado o formato da extremidade esquadrada ou fechada, pois

é o formato da extremidade da mola utilizada pela empresa RNA Fabrini aplicada em

suspensões automotivas. Sendo assim, serão utilizadas as seguintes equações da tabela

apresentada:

48

Distância entre as espiras sem aplicação de força:

Eq. (16)

Fonte: Budynas e Nisbett (2011)

Número total de espiras na mola:

Eq. (17)

Fonte: Budynas e Nisbett (2011)

Sendo,

N= Número de espiras ativas - N=8;

N= Número total de espiras;

Comprimento livre, comprimento da mola sem aplicação de carga:

Eq. (18)

Fonte: Budynas e Nisbett (2011)

No projeto do comprimento livre de mola é necessário considerar 10% a mais para

evitar o encosto gradual das espiras (BUDYNAS e NISBETT, 2011). Então, para considerar

essa porcentagem é feita a soma do comprimento sólido (Ls) com a deflexão da mola no cálculo

do comprimento livre:

𝐿𝑜 = 𝛿 + 𝐿𝑠 Eq. (19)

E para evitar a flambagem do componente é feita a seguinte relação (BUDYNAS e

NISBETT, 2011):

49

Para cada extremidade o α tem um valor diferente, e esses valores seguem na Tabela :

Tabela 5 - Constante para cada tipo de extremidade

Fonte: Budynas e Nisbett (2011, p. 530)

Nesse caso, o valor a ser considerado é α= 0,5, pois são extremidades esquadradas ou

fechadas.

Assim, para o cálculo do comprimento sólido, que é o comprimento no qual a mola

está sujeita com a aplicação de carga, segue a Eq. (20):

Eq. (20)

Fonte: Budynas e Nisbett (2011)

É preciso conhecer a frequência natural de vibração do sistema, que é a oscilação em

máxima amplitude do sistema em certas frequências, que influenciará no conforto dos

ocupantes do veículo por causa das vibrações que podem ser transmitidas para os passageiros.

Atualmente uma das características principais dos veículos, é o conforto do condutor e dos seus

passageiros, que, infelizmente, pode ser afetado por vibrações indesejáveis. É possível saber

quando o sistema pode vibrar, podendo alguns problemas dinâmicos ser corrigidos ou

diminuídos durante a fase de design ou processos de teste, modificando a estrutura original.

Para isso utiliza-se:

Eq. (21)

Fonte: Freitas Júnior (2006)

E para saber a resistência de escoamento torcional no qual o componente está sujeito,

estima-se grosseiramente que o escoamento torcional pode ser obtido admitindo que a

50

resistência de escoamento de torção esteja entre 60% e 90% da resistência a tração. Assim a

teoria de energia de distorção pode ser empregada para obter a resistência de escoamento

torcional, então:

Eq. (22)

Fonte: Norton (2013)

E também para a escolha eficaz do material é necessário conhecer a sua durabilidade

em tempo de serviço, e essa análise pode ser feita através da vida em fadiga do material. Assim,

é preciso saber a tensão mínima e máxima atuantes no componente, e para isso utilizam-se as

equações seguintes:

Tensão máxima:

𝜏𝑀Á𝑋 =16. 𝑃. 𝑅

𝜋. 𝑑3[4𝐶 − 1

4𝐶 − 4+0,615

𝐶]

Eq. (23)

Fonte: Prawoto et al. (2008)

Tensão mínima:

Eq. (24)

Fonte: Prawoto et al. (2008)

Para se conhecer da durabilidade do material que sofre essas tensões, é realizado o

ensaio de fadiga, que mostra a durabilidade através de ciclos que o componente suporta até a

sua falha. Os resultados destes ensaios são usualmente apresentados na forma gráfica, de

valores da tensão alternante aplicada contra o número de ciclos da vida. Como a vida pode ser

tão curta como 10 ciclos ou tão longa como 109 ciclos, a escala usada é normalmente logarítmica

(ROSA, 2002). Um exemplo dessa forma gráfica é apresentado na Figura 24, no qual se obtém

a curva S-N o nível de tensão suportado por um determinado material para um número

específico de ciclos.

51

Figura 24 - Curva S-N típica do ensaio de fadiga

Fonte: Rosa (2002, p. 258).

A tensão limite de fadiga para carga axial, ou seja, tração e compressão podem ser

estimadas como 85% da tensão limite de fadiga correspondente, ou seja, à flexão rotativa

causada pela carga axial (ROSA, 2002).

52

4. RESULTADOS

O presente capítulo trata da descrição dos dados e discussão dos resultados, coletados

a partir da pesquisa documental e valores obtidos através do emprego das equações

apresentadas.

Levando em consideração que a carga aplicada na suspensão é distribuída entre as duas

rodas, então o valor a ser considerado na força aplicada:

Utilizando as equações já apresentadas na metodologia para a obtenção dos resultados

das forças atuantes no componente e propriedades requeridas pelo material, pode-se então

chegar à conclusão da escolha de um material que melhor apresenta os requisitos exigidos no

projeto. Na Tabela 6 é observada a obtenção dos valores das propriedades calculadas.

Tabela 6 - Propriedade calculadas e valores obtidos

Propriedades Valores

Força aplicada 4120,2 N

Índice de curvatura 10

Fator de Wahl 1,1448

Tensão dinâmica 120,1 Mpa

Tensão torcional 672,560 Mpa

Tensão máxima 120,1Mpa

Tensão mínima 91,3 Mpa

Passo 0,03375m

Comprimento sólido 0,11 m

Comprimento livre 0,3 m

Para evitar flambagem: L0 < 2,63 , logo, 0,3< 0,526

53

Para o cálculo da constante elástica k, que é uma importante propriedade na qual está

relacionada com Módulo de Cisalhamento e Módulo Elástico do material, utilizou-se dois

métodos. O primeiro encontrando o valor da deflexão da mola baseada na quantidade de passos

da mola, e o segundo achando o valor da deflexão através do ângulo de curvatura das espiras

da mola.

4.1 Método I do cálculo da deflexão

Considerou-se o valor do passo da mola através da relação do comprimento livre Eq.

(18), e multiplicou-se o valor encontrado pela quantidade de passos existentes na mola, e o

valor resultante foi considerado como o possível deslocamento (deflexão) que a mola sofrerá

com a aplicação de carga, então:

Eq. (25)

Sendo,

p= 0,0337m

Quantidade de p =7

Logo,

δ= 0,23625 m

E assim, empregando a Eq. (12):

k=17440 N/m

Dessa forma, foi feita a relação da constante elástica com o módulo de cisalhamento,

Eq. (13), e em seguida a relação do módulo de cisalhamento com o módulo elástico Eq. (14),

então:

G= 111,6 GPa

υ=0,25, E= 279 GPa

54

4.2 Método II do cálculo da deflexão

Considerou-se o valor do passo da mola através do ângulo de enrolamento do fio,

sendo o valor máximo do ângulo é 12° (ALMEIDA e ERTHAL) e fazendo uma associação

simples de hipotenusa, então:

Figura 25: ângulo de enrolamento do fio com o valor máximo do ângulo é 12°

Fonte: Almeida e Erthal ( )

Assim,

Eq. (26)

Sendo,

λ=12º

D=0,1m

p=0,0668 m

δ= 0,4676 m

k= 8811,38 N/m

G=56,3928 GPa

υ=0,25, E= 140,98 GPa

Promovendo a otimização dos dois métodos utilizados para o cálculo do módulo

elástico, foi traçada uma curva com a variação da deflexão pelo módulo elástico e verificaram-

se os melhores materiais que se enquadraram neste intervalo.

55

A variação da deflexão proposto foi de 0,2362 m até 0,4676 m, pois foram os dois

valores obtidos pelos dois métodos citados.

Assim, com essa variação foi possível observar os módulos elásticos sugeridos nesta

escala para a escolha do material adequado. Na curva obtida conforme a Figura 26, é

considerado o valor do Coeficiente de Poisson como 0,25, sendo esse valor utilizado de maneira

geral para materiais isotrópicos.

Figura 26 - Curva de Deflexão pelo Módulo elástico, levando em consideração o valor do coeficiente

Poisson de 0,25, para materiais isotrópicos

Analisando a Figura 26, observou-se que os materiais adequados para aplicação neste

projeto, encontra-se entre 140 até 280 GPa dos valores do módulo elástico.

Deste modo, para a escolha de um material no qual tenha uma durabilidade superior

ou igual ao do material atualmente aplicado em molas de suspensão, foi necessário conhecer a

vida em fadiga do aço mola, e para isso foram analisados resultados de trabalhos realizados

ensaiando o aço SAE 9254. Para molas de processo de fabricação a quente, aplicou-se uma

carga máxima de 3720 N e carga mínima de 3500 N. Já para molas de processo de fabricação

a frio, a carga máxima aplicada foi de 3057 N e carga mínima de 2907 N (HATTORI, 2012).

Sendo assim, os valores encontrados seguem nas Tabelas 7 e 8:

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

125 150 175 200 225 250 275 300

Def

lexão

(m

)

Módulo Elástico ( GPa); υ=0,25

56

Tabela 7 - Resultados do ensaio de fadiga de molas processadas a quente

Processo de fabricação das molas a

quente

Números de ciclos Ruptura

Com Jateamento 450.000 Não

Sem Jateamento 147.570 Sim

Fonte: Hattori (2012, p. 82)

Tabela 8 - Resultados do ensaio de fadiga de molas processadas a frio

Processo de fabricação das molas a

frio

Números de ciclos Ruptura

Com Jateamento 1.000.000 Não

Sem Jateamento 195.000 Sim

Fonte: Hattori (2012, p. 82)

Portanto, a partir dos resultados obtidos realizou-se o processo de análise das

considerações necessárias exigidas no projeto, alguns aspectos foram abordados através das

tabelas contidas nos apêndices B, C, D, E, F e G. De modo geral, os resultados se referem à

descrição dos fatos verificados no corpus estudado, e nos valores obtidos através das equações.

Dessa maneira, o material que se apresentou mais adequado para essa aplicabilidade foi o

Compósito de matriz Epóxi e Fibra de carbono longitudinal.

O Compósito de resina epóxi reforçado com fibra de carbono, possui alta rigidez

específica permitindo obter a mesma rigidez do aço com peso de 5 a 15 vezes menor. A tensão

específica também é elevada sendo de 3 a 10 vezes a do aço. Dessa maneira, as peças de

compósitos podem ser mais leves que as comumente feitas de metal e oferecer a mesma

resistência. A resiliência, característica de resistência à fadiga, também é maior, pode atingir

90% da tensão estática em compósitos unidirecionais de carbono/epóxi, contra cerca de 50%

da tensão estática apresentada pelo aço. A possibilidade de direcionamento de fibras e de

moldagem plástica oferece maior flexibilidade de projeto do objeto. Estruturas complexas,

difíceis de fabricar com metais podem ser moldadas diretamente no plástico reforçado

aumentando a confiabilidade e reduzindo o tempo de fabricação. Possibilitando muitas vezes a

redução nos custos finais (PINHEIRO, 2014).

As resinas epóxis tem alta capacidade de adesão/interface com as fibras além de alto

módulo de elasticidade. Transmitem os esforços para as fibras de forma eficiente,

57

proporcionando melhor aproveitamento da resistência mecânica das fibras. A Fibra de Carbono

apresenta a maior rigidez específica de todas as fibras comerciais, alta resistência à tração e

compressão e alta resistência à corrosão, fluência e fadiga (PINHEIRO, 2014).

Contudo, a principal desvantagem da Fibra de Carbono é seu custo elevado de

aquisição. Esta característica tem maior relevância, sobretudo para produtos industrializados,

feitos em série, cujos custos de fabricação são reduzidos pelo ganho de escala e prevalece o

custo de material (PINHEIRO, 2014).

A Tabela 9 mostra um comparativo realizado com as propriedades de maior interesse

apresentadas pelo aço mola (SAE 9254) e o compósito de Fibra de carbono.

Tabela 9 - Comparação entre as propriedades apresentadas pelo Aço Mola (9254) e o Material escolhido

Limite de

escoamento a

tração (Mpa)

Módulo

Elástico

(GPa)

Densidade

(g/cm³)

Custo

relativo

($US/Kg)

Energia no

processo de

fabricação

Aço Mola (SAE 9254) 1720-2240 210 7,85 4 31-34,3

Compósito (Matriz epóxi e

fibras de carbono

longitudinal)

- 200 1,7 49-66 259-286

Através deste resultado, no qual propôs o material, foi possível calcular a frequência

natural apresentada pelo material Compósito utilizando a Eq. (21), e assim deduzir se a vibração

resultante harmoniza-se com a vibração oferecida pelo componente requerido.

Sendo,

E=200 GPa e υ=0,25

Utilizando a Eq. (14),

G= 80 MPa

Logo,

fn=2,4 Hz

A Frequência Natural depende basicamente da distribuição de massa e rigidez do

material, e a literatura sugere para o modelo de ¼ do veículo modos de vibração para a massa

58

suspensa com frequências naturais de 1 a 1,5 Hz para veículos de passeio (GILLESPIE, 1992),

garantindo um maior conforto para os ocupantes do veículo. Pode-se concluir que se deve

proceder ao design dos componentes de suspensões atendendo ao fato de que estes devem

possuir frequências naturais baixas, conseguindo um melhor isolamento de vibrações e conforto

para o condutor. Assim, comparando o valor obtido com o valor literário recomendado, houve

um erro relativo em relação ao valor teórico e experimental, porém devido ao valor resultante

ser baixo pode-se considerar o material como ideal nesta aplicação.

Entretanto, as vantagens dos componentes fabricados por materiais compósitos em

relação ao aço, os quais são apontados para justificar o crescimento da participação dos

polímeros nos automóveis, são: a redução de peso, sua grande resistência à corrosão e a sua

facilidade no processo de reciclagem. Contudo, o custo relativo do material compósito e o seu

consumo de energia no processo de fabricação são maiores, não se adequando com o objetivo

proposto no trabalho, que propõe a redução do custo e a facilidade de fabricação.

59

5. CONCLUSÃO

Atualmente, a indústria automobilística é influenciada de certa maneira, a adotar

processos que envolvam novos materiais para os seus produtos, garantindo as exigências do

consumidor, e sempre inovando no mercado. Novos materiais são essenciais no

desenvolvimento de um automóvel mais eficiente que possa melhorar a redução de peso, e

aumentar sua resistência mecânica e à corrosão.

Entretanto, o material compósito no qual melhor se adequou aos requisitos exigidos

do projeto, o compósito de resina epóxi reforçado com fibra de carbono, não é novidade para o

mercado consumidor e o seu custo benefício para produção em larga escala ainda não é

apropriada para carros de passeios populares, sendo melhor aplicado em carros de alto

desempenho.

Concluiu-se que a eficácia da aplicação de materiais compósitos na fabricação de

molas helicoidais para suspensão automotiva ainda é baixa quando comparada com os aços

molas, pois tem um maior custo em sua produção e não é relativamente fácil de ser fabricada,

apesar do fornecimento de grandes vantagens como: baixo peso e melhores propriedades

mecânicas.

60

6. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Júlio Cezar de; ERTHAL, Jorge Luiz. Elementos de Máquinas I. Curitiba:

Universidade Federal do Paraná.

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CALLISTER, Willian D.; RETHWISCH, David G. Ciência e Engenharia de Materiais: uma

Introdução. 8 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.

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Taichung, 19 set. 2005. 1-10.

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Science and Technology, Koreaborn at Gwangju, Korea, 2011.

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www.henkel.com.br> Acesso em: 05 set.2015.

61

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veicular do tipo Macpherson. 2006. 139 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica).

Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo. São Carlos, 2006.

GIlLESPIE, Thomas D. Fundamentals of Vehicle Dynamics. Society of Automotive

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GILINI JÚNIOR, Devaldo. Sport cars. Disponível em: <blogs.odiario.com> Acesso em: 05

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HATTORI, Carolina Sayuri. Comparação de molas de suspensão temperadas e revenidas

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Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo. 2012.

LIMA, L. Capítulo 3 - Resistência dos Materiais. Pontifícia Universidade Católica. Rio de

Janeiro, p. 9.

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components design. Alabama: Elsevier, 2005. p. 723-54.

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2013. 1-10.

MOLAS HOESCH. Molas. 2012. Disponível em: <www.hoesch.com.br> Acesso em: 03

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MOLAS DE QUALIDADE. Molas de compressão, tração, torção. Disponível em:

<www.mdqmolas.com.br> Acesso em: 09 set.2014.

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62

NORTON, Robert L. Projeto de máquinas: uma abordagem integrada. 4 ed. São Paulo:

Bookman, 2013.

PINHEIRO, Filipe Martins. Fibra de carbono em equipamentos de laboratório para

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PRAWOTO, Yunan; IKEDA, M.; MANVILLE, S. K. et al. Design and failure modes of

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PROVENZA, Francesco. Desenhista de máquinas. São Paulo: Editora Provenza, 1960.

ROSA, Edison da. Análise de resistência mecânica. Florianópolis: UFSC, 2002. (Apostila).

SANTOS JÚNIOR, Auteliano Antunes dos. Elementos de máquinas: molas helicoidais e

planas. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2001. (Apostila).

SHIGLEY, Joseph E.; MISHKE, Charles R.; BUDYNAS, Richard G. Projeto de Engenharia

Mecânica. 7 ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

63

7. ANEXOS

ANEXO A

Tabela A. 1: Composição química dos aços, dando relevância para os aços SAE 9254 e SAE 5160,

utilizados na fabricação de molas de suspensão automotiva.

Tabela A. 2: Composição, propriedades mecânicas, cargas de trabalho e aplicações dos aços, dando

relevância para os aços temperado em óleo, utilizados na fabricação de molas de suspensão automotiva.

Fonte: Vicente Chiaverini

64

Tabela A. 3: Características e aplicações de aços ligados, dando relevância para os aços SAE 9254 e SAE

5160, utilizados na fabricação de molas de suspensão automotiva.

Fonte: www.acovisa.com.br

Tabela A. 4: Composição e propriedades mecânicas dos aços, dando relevância para o aço ASTM 401

utilizado na fabricação de molas de suspensão automotiva.

Fonte: Vicente Chiaverini

65

Tabela A. 5: Composição e propriedades mecânicas dos aços, dando relevância para o aço AISI 9254

utilizado na fabricação de molas de suspensão automotiva.

Fonte: Vicente Chiaverini

Tabela A. 6: : Composição e propriedades mecânicas dos aços, dando relevância para os aços ASTM A

689 e ASTM 401, utilizados na fabricação de molas de suspensão automotiva.

Fonte: www.tecem.com.br

66

ANEXO B: Considerações da densidade dos materiais Tabela B. 1: Densidade dos Materiais

67

ANEXO C: Considerações de propriedades mecânicas do materiais Tabela C. 1: Propriedades mecânicas dos Materiais.

68

69

70

71

ANEXO D: Considerações do custo relativo

Tabela D. 1: Preço relativo dos Materiais.

72

73

74

ANEXO E: Considerações da forma do componente

Tabela E. 1: Forma do componente.

75

ANEXO F: Considerações do processo de fabricação

Tabela F. 1: Processo de fabricação dos Materiais.

76

77

ANEXO G: Considerações de reciclagem

Figura A. 1: Reciclagem dos Materiais.