universidade tecnolÓgica federal do paranÁ...

65
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PPGTA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA DE ALIMENTOS LARISSA CRISTINA COSTA CARACTERIZAÇÃO PARCIAL DE TERMORESISTÊNCIA E ESTABILIDADE A COMPOSTOS QUÍMICOS DE BACTERIOCINAS PRODUZIDAS POR Enterococcus sp DISSERTAÇÃO CAMPO MOURÃO 2017

Upload: leliem

Post on 16-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PPGTA – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA DE

ALIMENTOS

LARISSA CRISTINA COSTA

CARACTERIZAÇÃO PARCIAL DE TERMORESISTÊNCIA E ESTABILIDADE

A COMPOSTOS QUÍMICOS DE BACTERIOCINAS PRODUZIDAS POR

Enterococcus sp

DISSERTAÇÃO

CAMPO MOURÃO

2017

LARISSA CRISTINA COSTA

CARACTERIZAÇÃO PARCIAL DE TERMORESISTÊNCIA E ESTABILIDADE

A COMPOSTOS QUÍMICOS DE BACTERIOCINAS PRODUZIDAS POR

Enterococcus sp

Dissertação apresentada ao programa de Pós

Graduação em Tecnologia de Alimentos da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná,

como parte dos requisitos para obtenção do

título de mestre em Tecnologia de Alimentos.

Orientadora: Profª. Dra. Luciana Furlaneto Maia.

CAMPO MOURÃO

2017

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

C837c

Costa, Larissa Cristina

Caracterização parcial de termoresistencia e estabilidade a compostos químicos de bacteriocinas produzidas por Enterococcus sp / Larissa Cristina Costa – 2017.

63 f. : il. ; 30 cm. Orientadora: Prof.ª Dra. Luciana Furlaneto Maia Dissertação (Mestrado) – Universidade Tecnológica Federal do

Paraná. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos. Medianeira, 2017.

Inclui bibliografias. 1. Produtos Quimícos. 2. Inibição. 3. Tratamentos térmicos. 4.

Alimentos – Dissertações. I. Maia, L, orient. II. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos. III. Título.

CDD: 664

Biblioteca Câmpus Medianeira Fernanda Cristina Gazolla Bem dos Santos CRB: 9-1735

TERMO DE APROVAÇÃO

CARACTERIZAÇÃO PARCIAL DE TERMORESISTÊNCIA E ESTABILIDADE

A COMPOSTOS QUÍMICOS DE BACTERIOCINAS PRODUZIDAS POR

Enterococcus sp

POR

LARISSA CRISTINA COSTA

Essa dissertação foi apresentada às quatorze horas, do dia vinte de fevereiro de

dois mil e dezessete, como requisito parcial para obtenção do titulo de Mestre em

Tecnologia de Alimentos, Linha de Pesquisa: Processos Tecnológicos na Indústria

de Alimentos, no Programa de Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos, da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A candidata foi arguida pela Banca

Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após a deliberação, a

Banca Examinadora considerou o trabalho APROVADO.

__________________________________________________

Profª. Draª. Luciana Furlaneto-Maia (Orientadora – PPGTA)

__________________________________________________

Profª Draª. Marcia Cristina Furlaneto (Membro Externo – UEL)

__________________________________________________

Profª. Draª. Giselle Apª Nobre Costa (Membro Externo – UNOPAR)

Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos

Dedico esse trabalho à Deus,

minha mãe, minhas irmãs

e meus sobrinhos.

AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiramente a Deus pelo dom da vida.

Agradeço a minha mãe, guerreira que me deu tanto apoio quando mais precisei que

me incentivou nas horas difíceis de desânimo e cansaço.

À as minhas irmãs pelo apoio que me deram e, toda ajuda oferecida.

Aos meus professores por todo conhecimento adquirido durante o mestrado.

Aos novos amigos que fiz durante essa fase da minha vida.

À professora Dra Marcia Cristina Furlaneto por disponibilizar seu Laboratório de

pesquisa para realização deste estudo bem como a sua equipe de pesquisa que me

deu auxílio quando precisei.

À Marcia Terra por todo apoio e ajuda na realização deste trabalho.

À Katia Real Rocha que me ajudou com as análises e me fez companhia até nos

final de semana no laboratório. Minha imensa gratidão.

À minha orientadora Luciana Furlaneto Maia por ter aceitado a me orientar e me dar

todo suporto durante a realização da pesquisa. Obrigada por todo conhecimento

adquirido, orientação e paciência.

A todos que direta ou indiretamente fizeram parte desta fase em minha vida, o meu

muito obrigado.

“O fruto de um trabalho de amor atinge sua plenitude na colheita, e esta chega

sempre no seu tempo certo”

Autor desconhecido

RESUMO

COSTA, Larissa Cristina. Caracterização parcial de Termoresistência e estabilidade

a compostos químicos de bacteriocinas produzidas por Enterococcus sp. 2017. 63 f.

Dissertação – Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos,

Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Campo Mourão, 2017.

As bacteriocinas possuem amplo espectro de atividade antimicrobiana sobre

diversas bactérias patogênicas e deteriorantes de alimentos. Diversos gêneros

bacterianos produzem enterocinas, dentre estes, o gênero Enterococcus sp.

Portanto, o presente trabalho teve como objetivo estudar a produção de enterocinas

produzidas por linhagens de Enterococcus faecium, nos pHs 4.5, 5.0, 5.5, 6.0 e 6.5

onde o meio de cultura foi suplementado com lactose, manose, manitol, glicerol,

tween® 20 e tween® 80 com diferentes concentrações. Os testes de antagonismo

foram realizados contra a bactéria Listeria innocua CLIP 12612. Diante dos melhores

parâmetros para a produção de enterocina, estas foram testadas quanto a

estabilidade diante da ação dos produtos químicos SDS, EDTA, Tween® 20,

Tween® 80 e NaCl, temperaturas de 40, 50, 60, 70, 80, 90, 100°C por 30 minutos e

121°C por 15 minutos, diversos pHs 3, 5, 7 e 9, adsorção e sobre sua ação

bactericida e/ou bacteriostática. Os resultados obtidos mostram que, os pHs ótimo

de produção foram entre 6,0 e 6,5 e as suplementações com maior atividade de

inibição foram lactose 20 g/L, glicerol 20 g/L, tween®20 5,0g/L. Estes suplementos

também foram acrescidos juntos no meio MRS sendo denominado de MIX. As

enterocinas permaneceram estáveis aos pHs analisados e mantiveram sua atividade

inibitória após tratamento térmico até 100°C por 30 minutos. Porém, houve uma

redução na atividade das enterocinas quando submetida a 121°C por 15 minutos.

Dentre os produtos químicos avaliados, o SDS e EDTA foram os que apresentaram

maior atividade sendo que a enterocina produzida com o Mix foi a que apresentou

maior halo de inibição. Também foi evidenciado efeito bactericida e/ou

bacteriostática e a adsorção de maior porcentagem ocorreu entre 60-65% entre

ambas enterocinas produzidas. Os resultados obtidos indicam que, as enterocinas

produzidas pelas linhagens de Enterococcus faecium possuem potencial de

aplicabilidade em alimentos como bioconservadores.

PALAVRA CHAVE: Bioconservantes, Inibição, Listeria innocua, Produtos químicos,

Tratamento térmico.

ABSCTRACT

COSTA, Larissa Cristina. Characterization partial of thermoresistance and stability of

compounds chemicals of bacteriocins produced by Enterococcus sp. 2017. 63 f.

Dissertação – Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos,

Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Campo Mourão, 2017.

Bacteriocins has a broad spectrum of antimicrobial activity on various pathogenic and

deteriorating bacterium in food. Several bacterial genera produce enterocins,

between them, the genus Enterococcus sp. The objective of this study was to study

the production of enterocins produced by Enterococcus faecium in the pH 4.5, 5.0,

5.5, 6.0 and 6.5 where the culture medium was supplemented with lactose,

mannose, mannitol, glycerol, tween® 20 and tween 80 with different concentrations.

The antagonistic tests used bacterium Listeria innocua CLIP 12612. About the best

parameters for the production of enterocin, these were tested for stability against the

action of the chemicals SDS, EDTA, Tween® 20, Tween® 80 and NaCl,

Temperatures of 40, 50, 60, 70, 80, 90, 100°C for 30 minutes and 121°C for 15

minutes, various pHs 3, 5, 7 and 9, adsorption and on their bactericidal and/or

bacteriostatic action. The results showed that the pH great of production was

between 6.0 and 6.5, and the supplements with larger inhibition activity were lactose

20 g/L, glycerol 20 g/L and tween®20 5.0 g/L. These supplements also were added

in the medium MRS, referred to as MIX. The enterocins remained stable at the

analyzed pHs and maintained their inhibitory activity after heat treatment at 100°C for

30 minutes. However, had reduction in the activity of the enterocins when submitted

to 121°C for 15 minutes. Among the chemicals evaluated, the SDS and EDTA were

the ones that presented the highest activity, and the enterocins produced with the

Mix showed the highest inhibition halo. It was also evidenced effect bactericidal

and/or bacteriostatic, and the highest percentage adsorption occurred between 60-

65% between enterocins produced. The results indicate that the enterocins produced

by Enterococcus faecium strains have potential applicability in foods as

bioconservatives.

KEYWORDS: Bioconservatives, Inhibition, Listeria innocua, Chemical products, Heat

treatment.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Classificação cronológica das bacteriocinas ...................................... 19

Figura 2 – Biossíntese e transporte de bacteriocina ............................................ 21

Figura 3 – Mecanismos de ação bacteriocinas. Bacteriocinas classe I: inibição da

síntese de peptidoglicano. Bacteriocinas classe II: formação de pores na membrana

celular .............. .................................................................................................... 22

ARTIGO

Figura 1: Resultado do halo de inibição em meio MRS suplementado com lactose

20,0 g/L, glicerol 20,0 g/L e tween 20 5,0 g/L, pelos isolados Efm20 e Efm22 .... 50

Figura 2: Resultado do efeito do pH sobre as enterocinas obtidas pelos isolados

Efm20 (A) e Efm22 (B) ........................................................................................ 51

Figura 3: Halos de inibição formados com enterocina produzida pelos isolados Efm

20 e Efm 22 .......................................................................................................... 52

Figura 4: Atividade residual do efeito da temperatura na estabilidade de enterocina

produzidas pelos isolados Efm20 (A) e Efm22 (B) (2).........................................52

Figura 5: Resultado do efeito dos produtos químicos na estabilidade das enterocina

dos isolados Efm20 (A) e Efm22 (B) .................................................................... 53

Figura 6: Resultado do efeito bactericida contra L. innocua das enterocinas

produzidas pelos isolados Efm20 e Efm22 em meio MRS suplementado ........... 53

LISTAS DE TABELAS

Tabela 1. Tampões utilizados na estabilidade das enterocina ............................. 28

ARTIGO

Tabela 1: Mensuração do efeito do substrato em meio MRS na produção de

enterocina por isolados de Enterococcus sp ........................................................ 50

Tabela 2: Adsorção de enterocinas produzidas pelos isolados Efm20 e Efm22..54

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AU: Unidade arbitrária de atividade;

BAL: Bactérias ácidas láticas;

BHI: Meio Brain Heart Infusion;

CFS: Sobrenadante livre de células;

EDTA: Ácido etilenodiamino tetra-acético;

FDA: Food and Drug Administration (Administração de comidas e remédios);

GRAS: Generally Recognized as Safe (Geralmente reconhecido como seguro);

g/L; Gramas por litro;

KDa: Unidade de massa atômica;

MRS: Meio Man Rogosa

NaCl: Cloreto e sódio

NaOH: Hidróxido de sódio

PBS: Tampão fosfato

PCR: Reação em cadeia polimerase

pH: Potencial de hidrogênio iônico

rpm: Rotações por minuto

UFC: Unidade formadora de colônia

TRIS: Trisaminometano

v/v: Volume por volume

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13

2. OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICO ............................................................................ 15

2.2 Objetivo Geral ........................................................................................................................... 15

2.2 Objetivos Específicos .............................................................................................................. 15

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 16

3.1 Gênero Enterococcus sp ................................................................................................... 16

3.2 Bacteriocinas ............................................................................................................................ 17

3.2.1 Biossíntese e Transporte ............................................................................................... 20

3.2.2 Mecanismo de ação ......................................................................................................... 21

3.2.3 Fatores que afetam a produção e ação das bacteriocinas ........................................ 23

3.3 Biopreservação ................................................................................................................... 24

4 METODOLOGIA ........................................................................................................... 26

4.1 Material Biológico ..................................................................................................................... 26

4.2 Ensaio da ação antagônica da enterocina ........................................................................... 26

4.3 Efeito do pH na produção de bacteriocinas ......................................................................... 27

4.4 Efeito das suplementações no meio MRS na produção de bacteriocinas...................... 27

4.5 Efeito do pH na estabilidade das bacteriocinas .................................................................. 28

4.6 Efeito da temperatura na estabilidade das bacteriocinas ................................................. 29

4.7 Efeito da estabilidade das bacteriocinas na presença de SDS, tween® 20, tween® 80,

EDTA e NaCl ................................................................................................................................... 29

4.8 Determinação do efeito bactericida/bacteriostático das bacteriocinas ........................... 30

4.9 Adsorção de bacteriocinas nas células alvo ........................................................................ 30

4.10 Análise de dados ................................................................................................................... 31

5. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 32

ARTIGO ............................................................................................................................... 43

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 44

MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................ 45

RESULTADOS ................................................................................................................................ 49

DISCUSSÃO ................................................................................................................................... 54

CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 57

13

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, existem diversas tecnologias de preservação e conservação de

alimentos. Contudo, há inúmeros estudos para o desenvolvimento de tecnologias

e/ou métodos de conservação para que, juntamente com as tecnologias existentes,

possam oferecer alimentos seguros aos consumidores (SCHULZ; BONELLI;

BATISTA, 2005; VÁSQUEZ; SUÁREZ; ZAPATA, 2009).

As bacteriocinas são peptídeos antimicrobianos que possuem ação bactericida

e/ou bacteriostática sobre diversos microrganismos. São sintetizadas nos

ribossomos das células e são liberados no meio extracelular. Há um grande

interesse pela indústria de alimentos em substituir conservantes químicos pelas

bacteriocinas, visto que estas não promovem nenhuma alteração sensorial e

nutricional no produto (NASCIMENTO; MORENO; KUAYE, 2008).

Segundo Cleveland et al. (2001), as bactérias gram-positivas produtoras de

bacteriocinas são Staphylococcus aureus, S. epidermidis, Bacillus subtilis, Bacillus

cereus e Enterecoccus sp; já as bactérias gram-negativas produtoras são

Escherichia coli, Klebsiella oxytoca e Pseudomonas sp.

As bacteriocinas produzidas pelas espécies de Enterococcus são chamadas de

enterocinas. Enterococcus são bactérias que colonizam o trato gastrointestinal de

seres humanos e de animais, solos e em água contaminada. Esse grupo de

bactérias possui resistência ao estresse químico e físico e conseguem sobreviver

fora de seu habitat por um longo período de tempo (KUHN et al., 2000).

Enterococcus são cocos gram-positivos, não esporulados, podem ocorrer isolados,

em pares ou pequenas cadeias. São anaeróbios e, de seu metabolismo, o ácido

lático é o principal produto.

Segundo Schulz et al. (2003), o mecanismo de ação das bacteriocinas ocorre

de duas formas, em que pode promover efeito letal bactericida associada ou não

com uma lise celular, ou ainda, ter efeito bacteriostático, que causa a inibição da

multiplicação de microrganismos. Inicialmente, o modo de ação das bacteriocinas

ocorre com a sua ligação às bactérias alvo, onde ocorrerá inserção das

14

bacteriocinas na membrana que provocará modificações. Tais modificações levam à

formação de poros na membrana citoplasmática, fazendo com que o meio

intracelular seja liberado para fora, ou altera a força próton-motora que é utilizada

para a produção de energia e para a síntese de proteínas, tornando inviável a

manutenção da célula alvo (MARTINS et al., 2006; DELBONI, 2009).

Existem alguns fatores que influenciam na produção de bacteriocinas como

condições de incubação, de temperatura, pH e tempo de incubação (CARRIM.,

2005). O pesquisador também afirma que, a composição do meio de crescimento

com uma fonte rica de nitrogênio, fosfato, carbono e substâncias surfactantes ou até

mesmo o aumento destes nutrientes favorece a produção destes compostos.

Trabalho similar foi realizado por Sakira, Lipton e Aishwaryz (2010), que avaliaram a

produção de bacteriocinas por Lactobacillus rhamnosus GP1 isolados em diversas

condições de cultivo no meio MRS, e concluiu que há influência da composição do

meio na produção do composto antimicrobiano.

Dos compostos que podem ser adicionados ao meio de cultura, o extrato de

levedura tem a capacidade de promover o crescimento celular, pois é capaz de

fornecer nitrogênio e vitaminas importantes. Já substâncias surfactantes como

tween® 20 e tween® 80 influenciam positivamente a produção de bacteriocinas, pois

interagem com a membrana celular fazendo com que ocorra uma maior adsorção ou

até mesmo remoção da camada externa lipídica promovendo uma ação bactericida

(BALLONGUE, 2004; SCHEPERS; THIBAULT; LACROIX, 2002; COLLADO et al.,

2005).

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar as enterocinas

produzidas pelas espécies de Enterococcus faecium bem como avaliar as melhores

condições que influenciam sua atividade para que se torne uma alternativa na

aplicação em alimentos como conservantes naturais.

15

2. OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICO

2.2 Objetivo Geral

Avaliar a estabilidade das enterocinas produzidas por cepas de Enterococcus

faecium diante de várias variáveis bem como analisar as melhores condições que

influenciam a produção destes compostos antimicrobianos.

2.2 Objetivos Específicos

Verificar a influência da produção de enterocinas nos pHs 4.5, 5.0, 5.5,

6.0, 6.5;

Verificar a influência da adição de nutrientes no meio de cultura como

lactose, glicerol, manitol, manose, extrato de levedura, tween® 20 e tween® 80, para

produção de enterocinas;

Avaliar a estabilidade da enterocina frente à estabilidade térmica sob as

temperaturas de 40, 50, 60, 70, 80, 90 e 100°C por 30 minutos e a 121°C por 15

minutos;

Avaliar a estabilidade das enterocinas nos pHs 3, 5, 7 e 9;

Avaliar a estabilidade das enterocinas sob ação de produtos químicos

como o NaCl, SDS, EDTA, Tween® 20, Tween® 80;

Avaliar efeito bactericida ou bacteriostático das enterocinas;

Avaliar a adsorção das enterocinas pelas células alvo em estudo.

16

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Gênero Enterococcus sp

O gênero Enterococcus constitui-se de bactérias cocos, gram positivos, não

formador de esporos, anaeróbios facultativos que vivem em colônias ou isolados

(DOMIG; MAYER; KNEIFEL., 2003; FOULQUIÉ-MORENO; SARANTINOPOULOS;

TSAKALIDOU, 2006; VAN DEN BERGHE; DE WINTER; DE VUYST., 2006).

Habitam o trato gastrointestinal de humanos e animais, solos, água e alimentos.

Entre suas características, encontram-se a adaptabilidade e resistência em diversos

ambientes (REFFUVEILLE et al., 2011).

As espécies de Enterococcus têm despertado atenção nos últimos anos, pois

muitas das espécies bacterianas estão mostrando-se resistentes aos antibióticos

sendo consideradas como patógenos emergentes (NES; DIEP; IKE, 2014). Devido a

esta resistência aos antibióticos, principalmente com a vancomicina, espécies de E.

faecium e E.faecalis são responsáveis por 38 a 75% das infecções hospitalares

(WILLEMS et al., 2011).

A resistência a antibióticos pode ocorrer por fatores intrínsecos ou por agentes

antimicrobianos como os glicopeptídeos, p-lactamas e as fluoroquinolonas (ARIAS;

CONTRERAS; MURRAY, 2010). Conforme Kuhn et al. (2003), a resistência dos

Enterococcus de origem animal deve-se ao uso de drogas que são utilizadas nas

rações animais e tal resistência também se propagou na população humana visto

que tais bactérias estão presentes em alimentos, principalmente em carnes.

São conhecidas cerca de 37 espécies de enterococos, dentre eles encontram-

se as espécies E. aquimarinus, E. asini, E. avium, E. caccae, E. canintestini, E.

canis, E. casseliflavus, E. cecorum, E. columbae, E. devriesei, E. dispar, E. durans,

E. faecalis, E. faecium, E. gallinarum, E. gilvus, E. haemoperoxidus, E.

hermanniensis, E. hirae, E. italicus, E. malodoratus, E. moraviensis, E. munditi, E.

pallens, E. phoeniculicola, E. pseudoavium, E. raffinosus, E. ratti, E. saccharolyticus,

E. silesiacus, E. sulfureus, E. termitis e E. villorum (KOHLER, 2007). Porém, nem

todas as espécies são patogênicas para o homem.

17

As espécies de Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium foram

responsáveis por aproximadamente 12% das infecções hospitalares notificados nos

EUA (SIEVERT et al., 2013). Em animais e humanos estão relacionadas com

infecções urinárias, infecções de feridas, meningites, endocardites, bacteremia e

septicemia (CAUWERTS et al., 2007; GAMA, 2008; KENSE; LANDMAN, 2011; ZOU

et al., 2011).

E. faecium é considerado um patógeno multirresistente o qual possui

resistência, por exemplo, à vancomicina onde se faz necessário o melhoramento ou

terapias novas para combater tal patógeno (BOUCHER et al., 2009; ARIAS;

CONTRERAS; MURRAY, 2010). A espécie E. faecium é comumente isolada de

produtos cárneos processados e em carnes suínas e, a espécie de E. faecalis

encontra-se em carne bovina e suína (FRANZ; HOLZAPFEL; STILES, 1999).

A resistência destas bactérias sobre diversos fatores como pH, temperatura,

adaptação a diversos substratos e ao uso de aditivos químicos faz com que estas

bactérias se adaptem ao meio e sobrevivam durante o processamento de alguns

tipos de alimentos como o leite e a carne, entre outros (FURLANETO-MAIA et al.,

2014). Ainda, quando adicionadas intencionalmente, algumas espécies de

Enterococcus têm a vantagem de contribuir com as propriedades sensoriais do

produto e, apresenta-se como biopreservantes com ação sobre outros patógenos.

Estudos com a utilização de espécies de Enterococcus, em especial a E.

faecium, destaca-se pelo seu potencial probiótico em alimentos, a qual é capaz de

reduzir o colesterol LDL e, tem a capacidade no aumento da absorção intestinal de

nutrientes (LUND; EDLUND, 2001).

3.2 Bacteriocinas

Segundo Lee e Kim (2011), as bacteriocinas constituem-se de um grupo de

defesa que age especificamente contra as bactérias, eliminando-as e/ou inibindo-as.

Através de suas diversas estruturas, as bacteriocinas possuem diferentes

mecanismos de ação com diversas aplicações, dentre elas as terapêuticas.

18

São sintetizadas nos ribossomos das células que após atingirem seu grau de

maturidade são liberados no meio extracelular com atividades bactericida ou

bacteriostática sobre diversos patógenos. Geralmente são compostas por 20 a 60

aminoácidos as quais possuem atividade antimicrobiana associada à tolerância

ácida e a termoestabilidade (CASTILHO et al., 2013; EIJSINK et al., 2002; TAMIME,

2005).

As bacteriocinas têm despertado grande interesse na indústria de alimentos

visto que, através de seu papel como biopreservantes, podem eliminar bactérias

patogênicas e deteriorantes. No entanto, tais antimicrobianos sofrem a interferência

de alguns fatores para a sua produção como: ambiente inadequado para expressão,

redução da produção da enzima, antagonismo pela microbiota, interação entre

bacteriocina e as macromoléculas formando complexos não ativos e

desenvolvimento de organismos resistentes às bacteriocinas (CUI et al., 2012).

Cada bacteriocina possui características de acordo com as bactérias

produtoras que muitas vezes são imune às suas próprias bacteriocinas, porém sua

atividade antimicrobiana varia de acordo com a bactéria alvo podendo apresentar

uma ação reduzida contra as bactérias relacionadas e/ou possuir maior ação contra

bactérias de outros gêneros (COTTER; ROSS; HILL, 2013; DIGAITENE et al., 2012;

MILLS et al., 2011).

As bacteriocinas diferem em si em relação à massa molecular, modificação

pós-tradução, presença de aminoácidos modificados, estrutura química e modo de

ação (COTTER; ROSS; HILL, 2013). Até o ano de 2015, um total de 185

bacteriocinas foram identificadas, porém apenas 53% destas foram sequenciadas.

No decorrer dos anos, as classificações das bacteriocinas sofreram

modificações como mostra a figura 1, sendo que, a mais recente classificação é

proposta por Cotter, Ross e Hill (2013), onde há separação entre as bacteriocinas

produzidas por bactérias gram-positivas e gram-negativas. Nessa nova classificação,

foram excluídas as classes III e IV as quais foram relatadas por pesquisadores

anteriormente.

19

Figura 1: Classificação cronológica das bacteriocinas. Fonte: OGAKI, M. B.; FURLANETO, M. C.; MAIA, L. F., 2015.

As classes dos lantibióticos vêm despertando interesse pelo fato de que, a

nisina, uma bacteriocina comercializada em vários países, inclusive no Brasil,

pertence a essa classe. Produzida a partir de Lactococcus lactis, a nisina pertence à

classe I dos lantibióticos onde as moléculas caracterizam-se por serem flexíveis e

agir na despolarização de membranas (MOLLOY et al., 2014). Já a classe II são

formadas por peptídeos não modificados com massa molecular inferior a 10 kDa,

estáveis ao calor e é a classe que possui maior atividade antimicrobiana

principalmente sobre o gênero Listeria spp (JERONYMO, 2013).

Gratia

Principio V

Jacob et al.,

Sugerem termo bacteriocinas

Klaenhammer

Propõe classificação:

I – lantibióticos II - Peptídeos não modificados III- Proteínas grandes termo-lábeis IV-complexos de bacteriocinas

NES et al.,

Exclusão da classe IV

VAN BELKUM e Stiles

Classe II subdividida com base no numero

de resíduos e cisteínas

Cotter et al.,

Eliminaram classe IIc, III e IV; Reestruturaram a classe II.

I – Lantibióticos (11 subclasses) II – Peptídeos não modificados IIa – tipo pediocina IIb – dois peptídeos IIc – peptídeos cíclicos IId – Grupo heterogêneo

Cotter et al.,

I – Peptídeos modificados (11 subclasses) II–Peptídeos não modificados / cíclicos IIa – Tipo Pediocina IIb – dois peptídeos IIc – peptídeos cíclicos IId – os sem modificações, lineares, tipo não pediocina, ou bacteriocinas de único peptídeo IId – Contem serina na região C-terminal, modificação pós-traducional tipo sideróforo.

Heng e Tagg

I - Lantibióticos Ia - Linear Ib - Globular Ic - multi-componentes II - Peptídeos não modificados IIa -Tipo pediocina IIb - Grupo heterogêneo IIc - multi-componentes III - peptídeos grandes IIIa - bacteriocliticos IIIb - não líticos IV - Peptídeos cíclicos

1925

1953

1993

1996 2000

2005

2006

2013

20

De acordo com Cui e colaboradores (2012), a produção de bacteriocinas sofre

influência do estado fisiológico da bactéria produtora, pois é ela que determinará o

crescimento bacteriano. Fatores como: composição do meio de cultura de produção,

o uso de suplementações ao meio, temperatura e pH também podem influenciar a

produção de bacteriocinas (DE VUYST; LEROY, 2007).

As bacteriocinas produzidas pelo gênero Enterococcus são denominadas de

enterocinas. Elas possuem grande espectro de inibição contra bactérias do gênero

Listeria spp (PAPAGIANNI, 2003). Possuem estabilidade a altas temperaturas e a

uma ampla faixa de pH.

Muitas enterocinas foram identificadas e purificadas, porém como há uma

necessidade da caracterização química e também molecular destes compostos, os

impedem de ser utilizadas como biopreservantes em alimentos (OHMOMO et al.,

2000).

3.2.1 Biossíntese e Transporte

Segundo Lee e Kim (2011), a síntese das bacteriocinas é composta por um

agrupamento de genes que dentre eles são responsáveis pelas estruturas de

transporte, imunidade, regulação e processamento. Após sofrerem modificações,

são enzimaticamente clivadas para remoção da sequência sinal e são transportadas

para o meio extracelular, já como uma bacteriocina madura.

A formação de uma bacteriocina madura, inicia-se com peptídeos prematuros

que irão ligar-se a uma chaperona Sec B que esta localizada no citoplasma. A

mesma o transportará a outra chaperona, denominada de Sec A. Por sua vez, a

chaperona Sec A irá acionar a hidrólise de ATP e através de um regulador

intramolecular o IRA 1, irá interagir com o pré-peptídeo prematuro auxiliando na

translocação pela região Sec YEG. Nesta mesma região, descrita anteriormente, irá

passar o pré-peptídeo prematuro onde ocorrerá a formação da bacteriocina madura

(FELTCHER; BRAUNSTEIN, 2012; LYCKLAMA; DRIESSEN, 2012). A ilustração

pode ser verificada na figura 2.

21

Figura 2: Biossíntese e transporte de bacteriocina. Fonte: FELTCHER; BRAUNSTEIN, 2012; LYCKLAMA; DRIESSEN, 2012.

As proteínas translocase são responsáveis pelo transporte dos pré-peptídeos

no interior da membrana plasmática para o meio extracelular onde através da

hidrólise de ATP e por força próton motora, a bacteriocina madura é acionada para o

exterior da célula (FELTCHER; BRAUNSTEIN, 2012).

3.2.2 Mecanismo de ação

Muitos mecanismos de ação das bacteriocinas têm sido propostos nos últimos

anos. Para Chen e Hoover (2003), e Sabo et al. (2014), a ação depende muito da

espécie bacteriana produtora, bem como das condições de crescimento entre outros

fatores.

A ação de mecanismo das bacteriocinas pode ocorrer de duas formas:

bactericida ocasionando a lise ou não celular com a inibição da síntese de alguns

compostos importantes para a sobrevivência da célula ou ocasionando ação

bacteriostática aonde irá apenas inibir a multiplicação celular (CINTAS et al., 2001;

DEVLIEGHERE; VERMEIREN; DEBEVERE, 2004; SABO et al., 2014).

O mecanismo de ação das bacteriocinas ocorre em 2 modelos como mostra a

figura 3. No primeiro modelo, a da classe I, ocorre o envelope celular. Neste modelo,

22

as bacteriocinas inibem o lipídeo II que estão presentes na membrana celular,

fazendo com que ocorra a inibição da síntese de peptidoglicano. O segundo modelo,

a da classe II, consiste na formação de poros ocasionando a inibição ou a morte de

bactérias alvo (MACHADO, 2015). Ainda, há de salientar-se que, algumas

bacteriocinas da classe I, como a nisina e outras bacteriocinas, possuem estes dois

mecanismos de ação (COTTER; HILL; ROSS, 2013).

Figura 3: Mecanismos de ação bacteriocinas. Bacteriocinas classe I: inibição da síntese de peptidoglicano. Bacteriocinas classe II: formação de poros na membrana celular; Fonte: Adaptado de COTTER; HILL; ROSS, 2013.

Segundo alguns autores, a ação de mecanismo das bacteriocinas pode ser

afetada por alguns tipos de microrganismos que são resistentes a antimicrobianos

ou até mesmo pela competição de uma flora bacteriana presente num alimento

altamente contaminado, impedindo assim a sua atividade. Outros fatores também

afetam o mecanismo das bacteriocinas como: a presença de enzimas proteolíticas,

reações de oxido-redução, matriz alimentar, uso de aditivos químicos e a água que é

responsável pela distribuição da bacteriocina no alimento (DEVLIEGHERE;

VERMEIREN; DEBEVERE, 2004; GALVEZ et al., 2007; SABO et al., 2014).

Inibição da síntese

de peptidoglicano

Formação de poros Formação de poros

Classe I Classe II

Parede celular

Lipídeo II

membrana

23

Ainda há de salientar-se que, as bactérias gram-negativas são resistentes a

ação das bacteriocinas, pois estas bactérias possuem em sua estrutura celular uma

barreira adicional impermeável não permitindo a passagem de moléculas de

tamanho médio de 3 KDa, por exemplo (ABEE; KROCKEL; HILL, 1995).

3.2.3 Fatores que afetam a produção e ação das bacteriocinas

Durante a produção de bacteriocinas, fatores como crescimento e atividade

fisiológica da bactéria produtora, é responsável pela quantidade do antimicrobiano

produzido (LEROY; DE VUYST, 2003; YANG; RAY, 1994) o qual ainda pode ser

influenciado pela composição do meio de cultura, adição de suplementos, pH e

temperatura (YANG; RAY, 1994).

Estudo realizado por Kawai et al. (2001), obtiveram que a produção da

enterocina AS-48 se estabilizou em pH 6,55 com meio de cultura suplementado com

1% de glicose. Audisío, Oliver e Apella (2001), ao suplementarem o meio de cultura

com frutooligassacarídeos como fonte de carbono, observaram que a adição de

nutrientes foi determinante para a produção de bacteriocinas. De acordo com Van

Reenen et al. (2003), o caldo MRS suplementado com peptona bacteriológica,

triptona e extrato de levedura foram essenciais para a produção de plantaricina 423.

Para aplicação em alimentos, as bacteriocinas devem englobar diversos fatores

como: possuir atividade contra microrganismos patogênicos e deteriorantes, ser

termotolerantes, possuir atividade bactericida, não ser tóxicas entre outras (GALVEZ

et al., 2007).

Estudo com a bacteriocina Nisina produzida por L. lactis subsp. Lactis WNC20

manteve-se estável em pH de 3 a 5 porém a pH neutro (≥7) houve perda total de sua

atividade, estes quando incubados a 121ºC por 15 minutos (NOONPAKDEE et al.,

2003). Outro estudo realizado com L. sakei R1333 manteve atividade nos pH 2 a 12

quando incubados a 30°C por 30 minutos (TODOROV et al., 2011).

24

3.3 Biopreservação

Os alimentos são perecíveis por natureza própria e, portanto necessitam de

uma proteção contra ação de microrganismos patogênicos e deteriorantes, as quais

podem surgir em alguma fase do beneficiamento do alimento, seja ele no

processamento, armazenamento ou na sua distribuição, com o objetivo de assegurar

sua qualidade durante seu tempo de prateleira (HOLLEY; PATEL, 2005).

A maior preocupação da indústria de alimentos e dos complexos circuitos de

distribuição é fazer com que os alimentos tenham um maior tempo de prateleira

mantendo suas características sensoriais e nutricionais originais (SOUSA et al.,

2013).

Neste aspecto, a indústria de alimentos utiliza-se de vários métodos de

conservação para prevenir e inibir os patogênicos indesejáveis. Dentre os métodos

destacam-se o tratamento térmico, congelamento, secagem, a cura, processos de

conserva, embalagens (a vácuo, atmosfera modificada, inteligentes), uso da

fermentação e dos conservantes (GALVEZ et al., 2007; GRAM et al., 2002).

Por outro lado, os consumidores estão cada vez mais preocupados com a

saúde e a qualidade de vida. Com isso, cada vez mais é constante a procura de

alimentos com propriedades benéficas, entre elas, nutricionais e terapêuticas,

levando em conta a segurança alimentar da mesma e, a forma com que o alimento

foi processado (DIGAITIENE et al., 2012; MILLS et al., 2011).

Esta demanda por alimentos seguros faz com que as indústrias de alimentos

procurem alternativas seguras para atender estes requisitos, para que juntamente

com as tecnologias já existentes, possam oferecer alimentos de qualidade do ponto

de vista da segurança alimentar (SHULZ et al., 2003). Portanto, a bioconservação

mostra-se como uma alternativa promissora.

A bioconservação é a técnica que faz uso de microrganismos que estão

naturalmente inseridas aos alimentos e/ou adicionadas intencionalmente para inibir

microrganismos deteriorantes ou patogênicos. É uma alternativa para prolongar o

tempo de prateleira do produto bem como reforçar a segurança microbiológica por

25

meio de uma microbiota natural (VASQUEZ et al., 2009) bem como fazer com que

haja uma redução do uso de aditivos nos alimentos (NASCIMENTO, 2007).

Grande parte dos estudos voltados para a bioconservação ou biopreservação

de alimentos volta-se para a produção de bacteriocinas bem como a sua detecção,

produção, isolamento, mecanismo de ação, caracterização bioquímica, propriedades

antimicrobianas e etc (VAZQUEZ et al., 2009). Atualmente, existem muitos estudos

com bacteriocinas e por isso existe uma ampla coleção de bacteriocinas para uso

alimentar. Porém, comercialmente, apenas três bacteriocinas estão disponíveis

sendo elas a nisina produzida por Lactococcus lactis, a ALTA 2351® e ALTA 2341®,

ambas produzidas por Pediococcus spp. e usadas em processos fermentativos

(MILLS et al., 2011; SABO et al., 2014).

Conforme Mills et al. (2011), a aplicação de bacteriocinas na alimentação deve

respeitar três critérios sendo eles a segurança, a qualidade e nutrição/saúde. Por ser

de origem proteica e de baixa massa molecular, as bacteriocinas são reconhecidas

como seguros (GRAS), que não causam efeitos colaterais, e são considerados

seguros para consumo humano, pois acabam sendo inativadas pelas enzimas

digestivas no estômago (SHARMA et al., 2011). De acordo com o Food and Drug

Administration (FDA), os antimicrobianos naturais aplicados em alimentos devem ser

produzidos por microrganismos seguros (GRAS).

As bacteriocinas podem ser introduzidas aos alimentos pela adição direta ou

através da inoculação de microrganismos produtores, sendo que é necessário que

haja condições favoráveis para a produção do composto. A adição direta da

bacteriocina nos alimentos, pode ocorrer de duas formas: (I) pela adição direta ao

alimento sendo ela purificada ou parcialmente purificada e, (II) pela forma de um

ingrediente concentrado reconhecido como uma cultura starter. Ambas as

aplicações em alimentos exigem legislação e a sua aprovação como conservante

alimentar (CARVALHO, 2016).

Verificou-se que, a aplicação de bacteriocinas possui maior espectro de ação

quando utilizada em sinergismo com outros agentes antimicrobianos como NaCl,

ácidos orgânicos, agentes quelantes, óleos essenciais ou até na presença de outras

26

bacteriocinas (GALVEZ et al., 2007; MARTIN-VISSCHER et al., 2011; MILLS et al.,

2011).

Nos estudos realizados por Mills et al. (2011), os autores apresentaram

diversas aplicações das bacteriocinas em alimentos ondem enfatizam o uso destes

na promoção da saúde, na redução dos riscos de doenças vasculares, e até mesmo

na prevenção de doenças cancerígenas. Ainda, afirmam que, tais compostos

antimicrobianos têm efeitos semelhantes em relação a alguns fármacos.

O uso de bacteriocinas também pode ser aplicado em películas para uso

alimentar (MILLS et al., 2011) ou no desenvolvimento de embalagens bioativas

(GALVEZ et al., 2007) onde estas irão interagir na conservação do alimento

inativando microrganismos. Trata-se de um potencial conservante de alimentos.

Portanto, o uso das bacteriocinas na conservação de alimentos oferece vantagens

que satisfazem a indústria alimentar assim como o consumidor que procura um

alimento saudável.

4 METODOLOGIA

4.1 Material Biológico

Neste estudo, utilizou-se isolados de E. faecium provenientes de queijo, sendo

designados de Efm20 e Efm22, previamente analisados por Furlaneto-Maia et al.,

(2014) e Ogaki et al. (2015). As culturas encontravam-se estocadas em freezer e

foram re-hidratadas em 5 mL de caldo MRS por 10 minutos à temperatura ambiente,

seguido de incubação a 37ºC por 24 horas. Listeria innocua CLIP 12612 foi utilizado

como bactéria indicadora.

4.2 Ensaio da ação antagônica da enterocina

O estudo da ação antagônica de uma enterocina tem um papel relevante

quando se pretende avaliar uma possível aplicação de agentes antimicrobianos ou

da bactéria como agente probiótico, cultura starter ou simplesmente como inibidor de

27

patógenos, quando adicionados em um alimento (GUERREIRO et al., 2014; KOCH

et al., 2010).

O ensaio antagônico da enterocina produzida em diversas condições seguiu a

metodologia de difusão em poços. Para tanto, 20 mL de ágar soft semi-sólido 0,8%

(m/v), contendo a bactéria indicadora L. innocua na concentração final

correspondente à escala 4 de McFarland (12x108 células/mL) foi transferido para

uma placa de Petri e, após a solidificação foram feitos 3 poços de aproximadamente

5mm de diâmetro com auxílio de ponteiras estéreis. Foram adicionados 45μL do

sobrenadante livre de células (CFS) neutralizado nos poços. As placas foram

incubadas a 37°C por 24h e posteriormente os halos de inibição foram mensurados

em milímetros com auxílio de uma régua.

4.3 Efeito do pH na produção de bacteriocinas

A análise do efeito do pH seguiu a metodologia descrita por Furtado et al.,

(2014). Para tanto, as células provenientes de um cultivo em caldo MRS a 37°C por

18 horas, foram centrifugadas e o sedimento foi lavado duas vezes em solução

salina 0,85% estéril. A suspensão resultante foi ajustada para o valor 0,5 da escala

de McFarland (1,5x108 células/mL). Uma alíquota de 100 µL foi inoculada em 10 mL

de caldo MRS com pH ajustado para: 4.5, 5.0, 5.5, 6.0 e 6.5 e foram incubados a

37°C por 24 horas em estufa sob agitação. O pH foi ajustado com NaOH ou HCl

1Mol/L. Após incubação, os tubos que obtiverem crescimento celular foram

centrifugados a 10000 rpm por 15 minutos e o sobrenadante livre de célula (CFS) foi

esterilizado por filtração em membrana com poros de 0,22 μm com baixa capacidade

de ligação de proteínas (Millipore®). O pH do CFS foi ajustado em 6,5 para eliminar a

inibição causada pela presença de ácido lático.

4.4 Efeito das suplementações no meio MRS na produção de

bacteriocinas

O melhor resultado obtido na análise de pH foi submetido à análise de

diferentes componentes do meio de cultivo, seguindo a metodologia de Furtado et al.

28

(2014). Foram testadas diferentes formulações, acrescidas ao caldo MRS: lactose

(5,0 g/L; 10,0 g/L; 20,0 g/L; 30,0 g/L; 50,0 g/L), manose (20,0 g/L), manitol (20,0 g/L),

extrato de levedura (20,0 g/L), glicerol (2,0 g/L; 5,0 g/L; 8,0 g/L; 10,0 g/L; 20,0 g/L),

Tween® 20 (2,0 g/L; 5,0 g/L; 10,0 g/L), Tween® 80 (2,0 g/L; 5,0 g/L; 10,0 g/L) e foram

incubados a 37°C por 24 horas. Após incubação, os tubos que obtiverem

crescimento celular foram centrifugados (10000 rpm / 15 min) e o sobrenadante livre

de célula (CFS) foi neutralizado com NaOH 0,1 Mol/Le esterilizado por filtração em

membrana com poros de 0,22 μm.

Os experimentos cujos resultados apresentaram-se maiores halos de inibição

na ação antagônica das enterocinas foram testados para as demais variáveis a fim

de avaliar sua eficiência diante da célula alvo.

4.5 Efeito do pH na estabilidade das bacteriocinas

Como as bacteriocinas são constituídas de proteínas, a modificação do pH do

meio onde se encontra, exerce grande influência na sua estabilidade e atividade,

pois pode ocorrer interações entre as cadeias dos aminoácidos que por

consequência afetará a estrutura e a estabilidade da conformação tridimensional, a

qual é fundamental para a sua atividade (CHEN; HOOVER, 2003; MATAGARAS et

al., 2003; VAN REENEN et al., 2003).

A estabilidade das enterocinas foi testada em pH 3 a 9, utilizando os tampões

conforme descrito na tabela 1. Para tanto, 200 µL de CFS foram acrescidos de 200

µL de tampão.

Tabela 1. Tampões utilizados na estabilidade das enterocina. pH Tampão Concentração (M)

3 Glicina 0,25

5 Citrato de sódio 0,25

7 Fosfato de sódio 0,25

9 Tris 0,25

Após incubação foi realizado o teste de ação antagônica contra a bactéria

indicadora L. innocua. As placas foram incubadas em estufa a 37°C por 18 horas e o

29

halo de inibição foi mensurado em milímetros com auxilio de uma régua. Como

controle, foi adicionado aos poços somente os tampões de pH, a fim de verificar se

este provocaria inibição da bactéria indicadora.

4.6 Efeito da temperatura na estabilidade das bacteriocinas

Para avaliar a estabilidade das bacteriocinas ao tratamento térmico foram

utilizadas alíquotas de CFS (1 mL) e foram incubados em banho Maria a

temperaturas constantes de 40°C, 50°C, 60°C, 70°C, 80°C, 90°C e 100°C por 30

minutos e a 121°C na autoclave por 15 minutos. Após o tratamento térmico as

alíquotas foram submetidas ao teste de ação antagônica contra a bactéria

indicadora. A atividade antimicrobiana residual de cada temperatura também foi

avaliada. Sobrenadantes sem tratamento térmico foram aplicados nos testes de

difusão em poços e os resultados foram aplicados na Equação 1.

Atividade Residual (%) =

(Equação 1)

Onde:

Ht = halo do sobrenadante após tratamento térmico (mm);

Hc = halo do controle (mm);

t = tamanho do poço

4.7 Efeito da estabilidade das bacteriocinas na presença de SDS, tween®

20, tween® 80, EDTA e NaCl

Para a avaliação da estabilidade diante dos produtos químicos, foram

adicionados 10 mg/mL de tween® 20, tween® 80, NaCl, EDTA e SDS aos CFS

contendo a enterocina. Após, 20 mL de ágar semi-sólido 0,8% (m/v), contendo a

bactéria indicadora Listeria innocua na concentração final correspondente à escala 4

de McFarland (12x108 células/mL) foi transferido para uma placa de Petri e, após a

solidificação foram feitos 3 poços de aproximadamente 5mm de diâmetro com

auxílio de ponteiras estéreis. Foram adicionados 45μL do CFS neutralizado nos

poços.

30

4.8 Determinação do efeito bactericida/bacteriostático das bacteriocinas

Para a determinação do efeito bactericida e/ou bacteriostático das enterocinas,

L. innocua foi cultivada em meio BHI a 37°C por 24h, em leve agitação.

Posteriormente, 100 µL da suspensão celular e 100 µL do CFS foram adicionadas

em poços de microplaca de titulação. A leitura em espectrofotômetro (DO660nm) e a

determinação da UFC foram feitas a cada duas horas até 8 horas de incubação.

4.9 Adsorção de bacteriocinas nas células alvo

Dá-se grande importância ao conhecimento do grau de adsorção das

bacteriocinas às células alvos visto que é necessário para compreensão da

sensibilidade e mecanismo de ação das bacteriocinas (YILDIRIM; AVSAR;

YILDIRIM, 2002).

O teste de adsorção foi realizado segundo método de Todorov (2008). As

linhagens foram cultivadas por 18 h em meio caldo BHI a 37°C e após centrifugadas

(10000 x g) por 15 minutos. Em seguida, as células foram lavadas duas vezes com

tampão fosfato 5 M estéril pH 6,5 e foram ressuspendidas no volume original do

mesmo tampão. Posteriormente, foi feita 8 diluições seriadas da solução as quais

foram submetidas ao teste de ação antagônica. Os halos de inibição foram

mensurados em mm e para obter a adsorção de cada diluição foi aplicado a

Equação 2.

(Equação 2)

Onde:

UA/mL1: atividade da bacteriocinas após tratamento;

UA/mL0: atividade original do sobrenadante contendo a bacteriocinas (antes do

tratamento).

31

4.10 Análise de dados

Todos os experimentos foram realizados em triplicata e com 2 repetições.

Análise de variância (ANOVA) foi aplicado para verificar diferenças significativas (p <

0.05) entre os valores obtidos em cada experimento, utilizando Teste de Tukey com

auxílio do Programa Assistat 7.7 Beta.

32

5. REFERÊNCIAS

ABEE, T.; KROCKEL, L.; HILL, C.: Bacteriocins: modes of action and potentials in

food preservation and control of food poisoning. International Journal of Food

Microbiology, v. 28, n. 2, p. 169-185, 1995.

ARIAS, C. A.; CONTRERAS, G.; MURRAY, B. E.: Management of multidrug‐

resistant enterococcal infections. Clinical Microbiology and Infection, v. 16, n. 6, p.

555-562, 2010.

AUDISIO, M. C.; OLIVER, G.; APELLA, M. C.: Effect of different complex carbon

sources on growth and bacteriocin synthesis of Enterococcus faecium. International

Journal Of Food Microbiology, v. 63, n. 3, p. 235-241, 2001.

BALLONGUE, J. E. A. N.: Bifidobacteria and probiotic action. Food Science And

Technology-New York-Marcel Dekker, v. 139, p. 67-124, 2004.

BOUCHER, H. W.; TALBOT, G. H.; BRADLEY, J. S.; EDWARDS, J. E.; GILBERT,

D.; RICE, L. B.; BARTLETT, J.: Bad bugs, no drugs: no ESKAPE! An update from the

Infectious Diseases Society of America. Clinical Infectious Diseases, v. 48, n. 1, p.

1-12, 2009.

CAUWERTS, K.; DECOSTERE, A.; DE GRAEF, E. M.; HAESEBROUCK, F.;

PASMANS, F.: High prevalence of tetracycline resistance in Enterococcus isolates

from broilers carrying the erm (B) gene. Avian Pathology, v. 36, n. 5, p. 395-399,

2007.

CARRIM, A. J. I.: Bioprospecção de microrganismos endofíticos com atividade

enzimática e bacteriocinogênica em isolados de Jacaranda decurrens Cham

(Carobinha do campo). Dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação

em Microbiologia Ambiental, Universidade Federal de Goiás, 2005.

33

CARVALHO, M. J. C.: Isolamento e caracterização de bacteriocinas com

potencial interesse na área alimentar. Dissertação de mestrado em gestão da

qualidade e segurança alimentar, Instituto politécnico de Viana do Castelo, 2016.

CASTILHO, F. M.; BALCIUNAS, E. M.; CONVERTI, A.; COTTER, P.; OLIVEIRA, R.:

Bacteriocin prodution by Bifidobacterium spp. A review. Biotechnology Advances,

v.31, n.4, p. 482-488, 2013.

CLEVELAND, J.; MONTVILLE, T. J.; NES, I. F.; CHIKINDAS, M. L.: Bacteriocins:

safe, natural antimicrobials for food preservation. International Journal of Food

Microbiology, v. 71, n. 1, p. 1-20, 2001.

CHEN, H.; HOOVER, D. G.: Bacteriocins and their food

applications. Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety, v. 2, n.

3, p. 82-100, 2003.

CINTAS, L. M.; CASAUS, M. P.; HERRANZ, C.; NES, I. F.; HERNÁNDEZ, P. E.:

Review: bacteriocins of lactic acid bacteria. Food Science and Technology

International, v. 7, n. 4, p. 281-305, 2001.

COLLADO, M. C.; GONZALEZ, A.; GONZALEZ, R.; HERNANDEZ, M.; FERRUS, M.

A.; SANZ, Y.: Antimicrobial peptides are among the antagonistic metabolites

produced by Bifidobacterium against Helicobacter pylori. International Journal of

Antimicrobial Agents, v. 25, n. 5, p. 385-391, 2005.

COTTER, P. D.; HILL, C.; ROSS, R. P.: Bacteriocins: developing innate immunity for

food. Nature Reviews Microbiology, v. 3, n. 10, p. 777-788, 2013.

CUI, Y.; ZHANG, C.; WANG, Y.; SHI, J.; ZHANG, L.; DING, Z.; CUI, H.: Class IIa

bacteriocins: diversity and new developments. International Journal Of Molecular

Sciences, v. 13, n. 12, p. 16668-16707, 2012.

34

DE VUYST, L.; LEROY, F.: Bacteriocins from lactic acid bacteria: production,

purification, and food applications. Journal of Molecular Microbiology and

Biotechnology. V. 13, n. 4, p. 194–199, 2007.

DELBONI, R. R.: Dinâmica populacional de microrganismos e a conservação de

alimentos. Dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação em Estatística

e Computação Científica da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.

Campinas/SP, 2009.

DEVLIEGHERE, F.; VERMEIREN, L.; DEBEVERE, J.: New preservation

technologies: Possibilities and limitations. International Dairy Journal, v. 14, n. 4,

p. 273-285, 2004.

DIGAITIENE, A.; HANSEN, A. S.; JUODEIKIENE, G.; EIDUKONYTE, D.;

JOSEPHSEN, J.: Lactic acid bacteria isolated from rye sourdoughs produce

bacteriocin‐like inhibitory substances active against Bacillus subtilis and

fungi. Journal of Applied Microbiology, v. 112, n. 4, p. 732-742, 2012.

DOMIG, K. J.; MAYER, H. K.; KNEIFEL, W.: Methods used for the isolation,

enumeration, characterisation and identification of Enterococcus spp.: 2. Pheno-and

genotypic criteria. International Journal of Food Microbiology, v. 88, n. 2, p. 165-

188, 2003.

EIJSINK, V. G.; AXELSSON, L.; DIEP, D. B.; HAVARSTEIN, L. S.; HOLO, H.; NES,

I. F.: Production of class II bacteriocins by lactic acid bacteria; an example of

biological warfare and communication. Antonie Van Leeuwenhoek, v. 81, n. 1, p.

639-654, 2002.

FELTCHER, M. E.; BRAUNSTEIN, M.: Emerging themes in SecA2-mediated protein

export. Nature Reviews Microbiology, London, v. 10, n. 11, p. 779-789, 2012.

35

FOULQUIÉ-MORENO M.R.; SARANTINOPOULOS P.; TSAKALIDOU E.: The role

and application of enterococci in food and health. International Journal of Food

Microbiology, v.106, n.1, p.1-24, 2006.

FRANZ, C. M.; HOLZAPFEL, W. H.; STILES, M. E.: Enterococci at the crossroads of

food safety?. International Journal of Food Microbiology, v. 47, n. 1, p. 1-24,

1999.

FURTADO, D. N; TODOROV, S. D; LANDGRAF, M; DESTRO, M. T; FRANCO, B.

D.: Bacteriocinogenic Lactococcus lactis subsp. lactis DF04Mi isolated from goat

milk: Characterization of the bacteriocin. Brazilian Journal of Microbiology , v 45,

n. 4, p. 1541-1550, 2014.

FURLANETO-MAIA, L.; ROCHA, K. R.; HENRIQUE, F. C.; GIAZZI, A.;

FURLANETO, M. C.: Antimicrobial resistance in Enterococcus sp isolated from soft

cheese in Southern Brazil. Advances in Microbiology, v. 2014, 2014.

FURLANETO-MAIA, L.; OGAKI, M. B.; BRANDALIZE, C. C.; ROCHA, K. R.;

FURLANETO, M. C.: Enterococcus sp. em alimentos: Paradigmas. Tópicos

especiais em Microbiologia. Programa de Pós-graduação em Microbiologia.

Universidade Estadual de Londrina –PR. 1º ed, p. 71-90, Londrina – PR, 2015.

GALVEZ, A.; ABRIOUEL, H.; LÓPEZ, R. L.; OMAR, N. B.: Bacteriocin-based

strategies for food biopreservation. International Journal Of Food Microbiology, v.

120, n. 1, p. 51-70, 2007.

GAMA, B. A.: Análise da resistência antimicrobiana e de genes de virulência de

Enterococcus spp. Tese de Doutorado do Programa de Pós-graduação em

Biologia Celular e Molecular pela Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul. Porto

Alegre, RS. 2008.

GUERREIRO, J.; MONTEIRO, V.; RAMOS, C.; DE MELO FRANCO, B. D. G.;

MARTINEZ, R. C. R.; TODOROV, S. D.; FERNANDES, P.: Lactobacillus pentosus

B231 isolated from a Probiotics and Antimicrobial Proteins Portuguese PDO

36

cheese: production and partial characterization of its bacteriocin. , v. 6, n. 2, p. 95-

104, 2014.

GRAM, L.; RAVN, L.; RASCH, M.; BRUHN, J. B.; CHRISTENSEN, A. B.; GIVSKOV,

M.: Food spoilage—interactions between food spoilage bacteria. International

Journal of Food Microbiology, v. 78, n. 1, p. 79-97, 2002.

HOLLEY, R. A.; PATEL, D.: Improvement in shelf-life and safety of perishable foods

by plant essential oils and smoke antimicrobials. Food Microbiology, v. 22, n. 4, p.

273-292, 2005.

JERONYMO, A. B. O. Avaliação do potencial probiótico de bactérias

acidoláticas produtoras de substância antimicrobiana isoladas de mussarela

de búfala. Dissertação de mestrado. Universidade Estadual Paulista Júlio de

Mesquita Filho. Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas de São José do

Rio Preto, 2013.

KAWAI, Y.; ISHII, Y.; UEMURA, K.; KITAZAWA, H.; SAITO, T.; ITOH, T.:

Lactobacillus reuteri LA6 and Lactobacillus gasseri LA39 isolated from faeces of the

same human infant produce identical cyclic bacteriocin. Food Microbiology, v. 18, n.

4, p. 407-415, 2001.

KENSE, M. J.; LANDMAN, W. J. M.: Enterococcus cecorum infections in broiler

breeders and their offspring: molecular epidemiology. Avian Pathology, v. 40, n. 6,

p. 603-612, 2011.

KOHLER, W.: The present state of species within the genera Streptococcus and

Enterococcus. International Journal of Medical Microbiology, v. 297, n. 3, p. 133-

150, 2007.

KOCH, J.; DWORAK, R.; PRAGER, R.; BECKER, B.; BROCKMANN, S.; WICKE, A.;

STARK, K.: Large listerios is outbreak linked to cheese made from pasteurized milk,

Germany, 2006–2007. Food borne Pathogens and Disease, v. 7, n. 12, p. 1581-

1584, 2010.

37

KUHN, I.; IVERSEN, A.; BURMAN, L. G.; OLSSON-LILJEQUIST, B.; FRANKLIN,

A.; FINN, M.; MOLLBY, R.: Epidemiology and ecology of enterococci, with special

reference to antibiotic resistant strain, in animals, humans and the environment.

Example of an ongoing project within de European research programmer.

International Journal of Antimicrobial Agents, v. 14, n. 4, p. 337-342, 2000.

KUHN, I.; IVERSEN, A.; BURMAN, L. G.; OLSSON-LILJEQUIST, B.; FRANKLIN, A.;

FINN, M.; TAYLOR, H.: Comparison of enterococcal populations in animals, humans,

and the environmental European study. International Journal of Food

Microbiology, v. 88, n. 2, p. 133-145, 2003.

LEE, H. j.; KIM, A.: Review: Lantibiotics, Class I bacteriocins from the genus

Bacillus. Journal of Microbiology and Biotechnology, v. 21, n. 3, p. 229-235,

2011.

LEROY, F.; DE VUYST, L.: A combined model to predict the functionality of the

bacteriocin-producing Lactobacillus sakei strain CTC 494. Applied And

Environmental Microbiology, v. 69, n. 2, p. 1093-1099, 2003.

LUND, B.; EDLUND, C.: Probiotic Enterococcus faecium strain is a possible recipient

of the vanA gene cluster. Clinical Infectious Diseases, v. 32, n. 9, p. 1384-1385,

2001.

LYCKLAMA, J. A.; DRIESSEN, A. J. M.: The bacterial Sec-translocase: Structure

and mechanism. Philosophical Transactions of the Royal Society B, London, v.

367, p. 1016-1028, 2012.

MACHADO, S. I. G.: Estudo de atividades antimicrobianas em bactérias do

género Bacillus isoladas nos Açores: otimização das condições de produção,

identificação e caracterização de bacteriocinas. Dissertação de Mestrado do

Programa de Pós-graduação em Ciências Biomédicas da Universidade de Açores.

Departamento de Biologia, Ponta Delgada, 2015.

38

MARTINS, A. D. O.; MENDONÇA, R. C. S.; SILVA, D. L.; RAMOS, M. S.; MARTINS,

M. C.; DONZELE, J. L.; ANDRADE, N. J.: Resistência de bactérias lácticas, isoladas

de fezes de suínos e sua capacidade antagônica frente a microrganismos

indicadores. Revista de Ciências Agro Veterinárias. Lages, v.5, n.1, p. 53-59,

2006.

MARTIN-VISSCHER, L. A.; YOGANATHAN, S.; SIT, C. S.; LOHANS, C. T.;

VEDERAS, J. C.: The activity of bacteriocins from Carnobacterium maltaromaticum

UAL307 against Gram-negative bacteria in combination with EDTA treatment. FEMS

Microbiology Letters, v. 317, n. 2, p. 152-159, 2011.

MATARAGAS, M.; METAXOPOULOS, J.; GALIOTOU, M.; DROSINOS, E. H.:

Influence of pH and temperature on growth and bacteriocin production by

Leuconostoc mesenteroides L124 and Lactobacillus curvatus L442. Meat Science,

v. 64, n. 3, p. 265-271, 2003.

MILLS, S.; STANTON, C.; HILL, C.; ROSS, R. P.: New developments and

applications of bacteriocins and peptides in foods. Annual Review of Food Science

and Technology, v. 2, p. 299-329, 2011.

MOLLOY, E. M.; FIELD, D.; COTTER, P. D.; HILL, C.; ROSS, R. P.: Saturation

mutagenesis of lysine 12 leads to the identification of derivatives of nisin A with

enhanced antimicrobial activity. Plos One, v. 8, n. 3, 2014.

NASCIMENTO, M. S.: Caracterização da atividade antimicrobiana e tecnológica

de três culturas bacteriocinogenicas e a avaliação de sua eficiência no

controle de Listeria monocytogenes, Staphylococcus aureus em queijo minas

frescal. Tese de doutorado em tecnologia de alimentos da Faculdade de engenharia

de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.

NASCIMENTO, M. S.; MORENO, I.; KUAYE, A. Y.: Bacteriocinas em alimentos: uma

revisão. Brazilian Journal of Food Technology, v.11, n.2, p.120-127, 2008.

39

NES I. F.; DIEP D. B.; IKE, Y.: Enterococcal bacteriocins and antimicrobial

proteins that contribute to niche control. 2014.

Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK190428/?report=reader

Acesso em: 09/11/2016.

NOONPAKDEE, W.; SANTIVARANGKNA, C.; JUMRIANGRIT, P.; SONOMOTO, K.;

PANYIM, S.: Isolation of nisin-producing Lactococcus lactis WNC 20 strain from

nham, a traditional Thai fermented sausage. International Journal of Food

Microbiology, v. 81, n. 2, p. 137-145, 2003.

OGAKI, M. B; FURLANETO, M. C.; MAIA, L. F.: Review: General aspects of

bacteriocins. Brazilian Journal of Food Technology, v. 18, n. 4, p. 267-276, 2015.

OHMOMO, S.; MURATA, S.; KATAYAMA, N.; NITISINPRASART, S.; KOBAYASHI,

M.; NAKAJIMA, T.; NAKANISHI, K.: Purification and some characteristics of

enterocin ON‐157, a bacteriocin produced by Enterococcus faecium NIAI

157. Journal of Applied Microbiology, v. 88, n. 1, p. 81-89, 2000.

PAPAGIANNI, M.: Ribosomally synthesized peptides with antimicrobial properties:

biosynthesis, structure, function, and applications. Biotechnology Advances, v. 21,

n. 6, p. 465-499, 2003.

REFFUVEILLE, F.; LENEVEU, C.; CHEVALIER, S.; AUFFRAY, Y.; RINCÉ, A.:

Lipoproteins of Enterococcus faecalis: bioinformatic identification, expression

analysis and relation to virulence. Microbiology, v. 157, n. 11, p. 3001-3013, 2011.

SABO, S.; VITOLO, M.; GONZÁLEZ, J. M. D.; DE SOUZA OLIVEIRA, R. P.:

Overview of Lactobacillus plantarum as a promising bacteriocin producer among

lactic acid bacteria. Food Research International, v. 64, p. 527-536, 2014.

40

SARIKA, A.R.; LIPTON, A.P.; AISHWARYZ, M. S.: Bacteriocin Production by a New

Isolate of Lactobacillus rhamnosus GP1 under Different Culture Conditions. Advance

Journal of Food Science and Technology, v.2, n.5, p. 291-297, 2010.

SIEVERT, D. M.; RICKS, P.; EDWARDS, J. R.; SCHNEIDER, A.; PATEL, J.;

SRINIVASAN, A.; FRIDKIN, S.: Antimicrobial-resistant pathogens associated with

healthcare-associated infections summary of data reported to the National

Healthcare Safety Network at the Centers for Disease Control and Prevention, 2009–

2010. Infection Control & Hospital Epidemiology, v. 34, n. 01, p. 1-14, 2013.

SCHULZ, D.; PEREIRA, M. A.; BONELLI, R. R.; NUNES, M. M.; BATISTA, C. R. V.:

Bacteriocinas: Mecanismo de ação e uso na conservação de alimentos. Alimentos e

Nutrição. Araraquara, v.14, n.2, p.229-235, 2003.

SCHULZ, D.; BONELLI, R. R.; BATISTA, C. R. V.: Bacteriocinas e enzimas

produzidas por Bacillus spp. para conservação e processamento de alimentos.

Alimentos e Nutrição. V.16, n.4, p. 403-411, 2005.

SCHEPERS, A. W.; THIBAULT, J.; LACROIX, C.: Lactobacillus helveticus

crescimento e produção de ácido lático durante culturas lote controlado por pH em

meio de soro de leite extrato permeado / levedura. Parte I. A análise cinética fator

múltipla. A Enzima e Tecnologia Microbiana, 30 v., n. 2, p. 176-186, 2002.

SHARMA, N.; KAPOOR, R.; GAUTAM, N.; KUMARI, R.: Purification and

characterization of bacteriocin produced by Bacillus subtilis R75 isolated from

fermented chunks of mung bean (Phaseolus radiatus). Food Technology and

Biotechnology, v. 49, n. 2, p. 169, 2011.

SOUSA, L. C. F. S.; DA SILVA SOUSA, J.; BORGES, M. D. G. B.; MACHADO, A. V.;

DA SILVA, M. J. S.; FERREIRA, R. T. F. V.; SALGADO, A. B.: Tecnologia de

embalagens e conservação de alimentos quanto aos aspectos físico, químico e

microbiológico. Agropecuária Científica no Semiárido, v. 8, n. 1, p. 19-28, 2013.

41

TAMINE, A. Y.: Probiotic dairy products. Dairy Sciense and Technology. n.1, p. 39-

62. 2005.

TODOROV, S. D.: Bacteriocin production by Lactobacillus plantarum AMA-K isolated

from Amasi, a Zimbabwean fermented milk product and study of the adsorption of

bacteriocin AMA-K to Listeria sp. Brazilian Journal of Microbiology, v. 39, n. 1, p.

178-187, 2008.

TODOROV, S. D.; RACHMAN, C.; FOURRIER, A.; DICKS, L. M.; VAN REENEN, C.

A.; PRÉVOST, H.; DOUSSET, X.: Characterization of a bacteriocin produced by

Lactobacillus sakei R1333 isolated from smoked salmon. Anaerobe, v. 17, n. 1, p.

23-31, 2011.

VAN DEN BERGHE E.; DE WINTER T.; DE VUYST, L.: Enterocin A production by

Enterococcus faecium FAIR-E 406 is characterised by a temperature- and pH-

dependent switch-off mechanism when growth is limited due to nutrient depletion.

International Journal of Food Microbiology, v.107, p. 159-170, 2006.

VAN REENEN, C. A.; CHIKINDAS, M. L.; VAN ZYL, W. H.; DICKS, L. M. T.:

Characterization and heterologous expression of a class IIa bacteriocin, plantaricin

423 from Lactobacillus plantarum 423, in Saccharomyces cerevisiae. International

Journal Of Food Microbiology, v. 81, n. 1, p. 29-40, 2003.

VÁSQUEZ, S. M.; SUÁREZ, H.; ZAPATA, S.: Utilización de sustancias

antimicrobianas producidas por bacterias acido lácticas en la conservación de la

carne. Revista Chilena de Nutrición, v. 36, n. 1, p. 64-71, 2009.

YANG, R.; RAY, B.: Factors influencing production of bacteriocins by lactic acid

bacteria. Food Microbiology, v. 11, n. 4, p. 281-291, 1994.

YILDIRIM, Z.; AVS, Y. K.; YILDIRIM, M.: Factors affecting the adsorption of

buchnericin LB, a bacteriocin produced by Lactocobacillus buchneri. Microbiological

Research, v. 157, n. 2, p. 103-107, 2002.

42

WILLEMS, R. J.; HANAGE, W. P.; BESSEN, D. E.; FEIL, E. J.: Population biology of

Gram-positive pathogens: high-risk clones for dissemination of antibiotic

resistance. FEMS Microbiology Reviews, v. 35, n. 5, p. 872-900, 2011.

ZOU, L. K.; WANG, H. N.; ZENG, B.; LI, J. N.; LI, X. T.; ZHANG, A. Y.; XIA, Q. Q.:

Erythromycin resistance and virulence genes in Enterococcus faecalis from swine in

China. New Microbiologica, v. 34, n. 1, p. 73-80, 2011.

43

ARTIGO

ESTUDO DA ESTABILIDADE DE ENTEROCINAS PRODUZIDAS POR

Enterococcus faecium

RESUMO: As enterocinas possuem atividade antimicrobiana sobre diversas

bactérias patogênicas e deteriorantes em alimentos. O objetivo do trabalho foi

estudar a produção de enterocinas por Enterococcus faecium e avaliar sua

estabilidade sob diversas variáveis. Para tanto, testou-se os pHs 4.5, 5.0, 5.5, 6.0 e

6.5 e o meio de cultivo MRS suplementado com lactose, manose, manitol, glicerol,

tween 20 e tween 80. A bactéria indicadora utilizada nos testes de antagonismo foi

Listeria innocua CLIP 12612. Os pHs ótimo de produção foram entre 6,0 e 6,5 e as

suplementações que obtiveram maior inibição foram lactose 20 g/L, glicerol 20 g/L,

tween 20 5,0 g/L, obtendo o mix que é a mistura dos nutrientes. Nenhum dos pHs

testados interferiu na redução da ação das enterocinas e a estabilidade térmica

variou conforme o isolado e a suplementação utilizada. Em relação à estabilidade a

diferentes produtos químicos o Tween 20 e 80, de ambos isolados, apresentou

redução da ação. Ainda, observamos que o mix de suplementos apresentou maior

adsorção e que o efeito bactericida foi observado com 2 horas de incubação. Os

resultados obtidos indicam que, as enterocinas que foram produzidas possui

potencial de aplicabilidade em alimentos como bioconservadores.

Palavras chaves: Bioconservantes, Inibição, Listeria innocua, Produtos químicos,

Tratamento térmico.

ABSTRACT: Enterocins has antimicrobial activity on several pathogenic and

deteriorating bacterium in food. The objective of this work was to study the

production of enterocins by E. faecium and evaluate your stability about different

variable. Therefore, production in various pH 4.5, 5.0, 5.5, 6.0 and 6.5, and medium

culture was tested for lactose, mannose, mannitol, glycerol, tween 20 and tween 80

at different concentrations using a Listeria innocua bacterium indicator. The best pHs

produced was 6.0 and 6.5, and as supplements that obtained the highest inhibition

for lactose 20 g/L, glycerol 20 g/L, tween® 20 5.0 g/L, obtaining the mix which is a

44

mixture of Nutrients. None of the pHs tested interfered in the reduction of the action

of the enterocines and a thermal stability varied according to the isolate and a

supplementation used. In relation to the stability and different chemical products,

Tween 20 and Tween 80, of both isolates, obtained reduction of the action. Still,

observed that the set of supplements for the one that presented greater adsorption

and that the bactericidal effect was observed as soon as the first two hours of

incubation. The results obtained indicate that, as enterocins that produce has

potential of application in food as bioconservatives.

Keywords: Bioconservantes, Inhibition, Listeria innocua, Chemical products,

Thermal treatment.

INTRODUÇÃO

As pesquisas sobre metabólitos antimicrobianos produzidos por bactérias ácido

láticas (BAL) tiveram um avanço nas últimas décadas. Isto ocorreu devido à

emergência de microrganismos potencialmente patogênicos em alimentos e na

crescente tendência da indústria de alimentos em substituir os aditivos químicos

pelos naturais (YANG, 2014).

Bacteriocinas são peptídeos antimicrobianos, produzidos por BAL e que

apresentam atividade antagônica contra diversas bactérias (DE VUYST; LEROY,

2007). Várias bacteriocinas produzidas por BAL têm sido isoladas de leite e

produtos lácteos (FRANCO et al., 2013; SCHIRRU et al., 2012). Estas bacteriocinas

apresentam um amplo espectro de atividade, modo de ação, origem genética,

massa molecular e propriedades bioquímicas (ALVAREZ-SIEIRO et al., 2016).

Entre as BAL, o gênero Enterococcus (especialmente Enterococcus faecium e

Enterococcus faecalis) é amplamente distribuído no ambiente e, principalmente, em

produtos alimentícios (GIRAFFA, 2003), sendo comuns as espécies de

Enterococcus produzirem múltiplas bacteriocinas (enterocinas) (NES; DIEP; HOLO,

2007). Enterococcus produtores de enterocinas já foram extensivamente estudados

e isolados de diversas fontes, com o propósito de aplicação como cultura

45

preservativa em alimentos e controle de patógenos (BAYOUB et al., 2011; HADJI-

SFAXI et al., 2011).

A ação protetiva de enterocinas já foi descrita em diversos alimentos, como a

enterocina CCM 4231 em produtos lácteos e salame fermentado (LAUKOVA et al.,

1999), enterocinas RZS C13 e CCM 4231 em salsichas (CALLEWAERT et al.,

2000), em presunto suíno cozido (AYMERICH et al., 2002), enterocina AS-48 usada

em produtos lácteos (MUNOZ et al., 2007), e a enterocina B a qual protege os

alimentos contra bactérias contaminantes (AYMERICH et al., 2002).

As enterocinas já foram bem descritas quanto seu efeito antilisterial

(CALLEWAERT; HUGAS; DE VUYST, 2000) além de diversas bactérias esporuladas

e Gram negativas (GARCIA et al., 2004). No entanto, o isolamento e caracterização

de novos compostos antimicrobianos produzidos por microrganismos isolados de

alimentos indica utilização industrial mais efetiva (LAUKOVA et al., 1999).

Experimentalmente e industrialmente têm sido demonstrado que as bacteriocinas

protegem os produtos alimentares contra contaminantes alimentares frequentes, tais

como Listeria e Bacillus (McAULIFFE et al., 1999).

Embora várias enterocinas já tenham sido descritas, neste estudo, avaliou-se

alguns constituintes do meio de cultura e condições de cultivo para averiguar a

melhor produção de enterocinas por isolados de E. faecium.

Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi avaliar a produção de enterocinas

pelas linhagens de Enterococcus faecalis bem como analisar as melhores condições

que influenciam a produção de enterocinas para que se torne uma alternativa na

aplicação em alimentos como conservantes naturais.

MATERIAIS E MÉTODOS

Linhagens

Utilizou-se isolados de E. faecium provenientes de queijo, sendo designados de

Efm20 e Efm22, previamente analisados por Furlaneto-Maia et al. (2014), e Ogaki et

al. (2016). As culturas estavam estocadas em freezer e foram re-hidratadas em 5 mL

46

de caldo MRS por 10 minutos em temperatura ambiente, seguido de incubação a

37ºC por 24 horas. Listeria innocua CLIP 12612 foi utilizado como bactéria

indicadora.

Ensaio da ação antagônica

O ensaio antagônico seguiu a metodologia de difusão em poços. Para tanto, 20

mL de ágar soft semi-sólido 0,8% (m/v), contendo a bactéria indicadora L. innocua

na concentração final correspondente à escala 4 de McFarland (12x108 células/mL)

foi transferido para uma placa de Petri e, após a solidificação foram feitos 3 poços de

aproximadamente 5mm de diâmetro com auxílio de ponteiras estéreis. Foram

adicionados 45μL do sobrenadante livre de células (CFS) neutralizado nos poços. As

placas foram incubadas a 37°C por 24h e posteriormente os halos de inibição foram

mensurados em milímetros com auxílio de uma régua.

Efeito do pH e suplementação do meio na produção de enterocina

Para averiguar o efeito de diferentes pHs na produção de enterocina, seguiu a

metodologia descrita por Furtado et al. (2014), com modificações. Uma alíquota de

100 µL de cada inóculo (concentração celular final de 1,5x108 células/mL) foi

inoculada em 10 mL de caldo MRS com pH ajustado para: 4,5, 5,0, 5,5, 6,0 e 6,5 e

foram incubados a 37°C por 24 horas, sob agitação. Após realizou o ensaio da ação

antagônica.

O efeito da suplementação do meio MRS seguiu a metodologia descrita por

Furtado et al. (2014). Foram testadas diferentes formulações, acrescidas ao caldo

MRS: lactose (5,0 g/L; 10,0 g/L; 20,0 g/L; 30,0 g/L; 50,0 g/L), manose (20,0 g/L),

manitol (20,0 g/L), extrato de levedura (20,0 g/L), glicerol (2,0 g/L; 5,0 g/L; 8,0 g/L;

10,0 g/L; 20,0 g/L), Tween® 20 (2,0 g/L; 5,0 g/L; 10,0 g/L), Tween® 80 (2,0 g/L; 5,0

g/L; 10,0 g/L) (Tabela 1) e foram incubados a 37°C por 24 horas.

Após incubação em todos os tratamentos, as células foram recuperadas por

centrifugação a 10000 rpm por 15 minutos e o sobrenadante livre de célula (CFS) foi

47

esterilizado por filtração em membrana com poros de 0,22 μm com baixa capacidade

de ligação de proteínas (Millipore®). O pH do CFS foi ajustado para 6,5 e tratado

com catalase para evitar a presença de H2O2 (OGAKI et al., 2016) e foi realizado o

teste de ação antagônica.

Os suplementos que obtiverem o maior efeito na produção de enterocinas

foram testadas frente a diversas variáveis a fim de avaliar sua eficiência diante da

célula alvo.

Efeito do pH e temperatura na estabilidade das enterocinas da enterocina

produzida

A estabilidade das enterocinas foi testada em pH 3 a 9, utilizando os tampões

glicina 25 mM (pH 3), citrato de sódio 25 mM (pH 5), fosfato de sódio 25 mM (pH 7,2)

e tris 25 mM (pH 9).

Para o teste de estabilidade à temperatura, um volume de 1 mL de CFS foi

incubados em temperaturas constantes de 40°C, 50°C, 60°C, 70°C, 80°C, 90°C e

100°C por 30 minutos. Uma alíquota também foi submetida a 121°C a 1 atm

(autoclavagem) por 15 minutos. A atividade antimicrobiana residual de cada

temperatura foi avaliada de acordo com protocolo descrito por Cladera-Oliveira

(2004).

Após obtenção do CFS foi realizado o ensaio antagônico contra a bactéria

indicadora L. innocua. Como controle, foi adicionado aos poços somente os tampões

de pH, a fim de verificar se este provocaria inibição da bactéria indicadora.

Efeito do tween® 20, tween® 80, NaCl, EDTA e SDS na estabilidade da

enterocina produzida

A avaliação da estabilidade da ação da enterocina frente aos compostos

químicos tween® 20, tween® 80, NaCl, EDTA e SDS seguiu protocolo descrito por

Todorov et al., (2008) com modificações. Foi adicionado ao CFS 10 mg/mL de cada

48

composto, seguido de 30 minutos de incubação a 37°C. Em seguida, procedeu-se a

análise da atividade antagônica.

Determinação do efeito bactericida e/ou bacteriostático das bacteriocinas

Para a determinação do efeito bactericida e/ou bacteriostática das enterocinas

sobre a bactéria indicadora L. innocua, um volume de 100 µL da suspensão celular

foi adicionada em microplaca de titulação e adicionados 100 µL do CFS. A leitura em

espectrofotômetro (DO660 nm) e a determinação da UFC foram feitas a cada duas

horas até 8 horas de incubação.

Adsorção de bacteriocinas pelas células alvo

O teste de adsorção foi realizado segundo método descrito por Todorov (2008).

As linhagens foram cultivadas por 18 h em meio caldo BHI a 37°C e após

centrifugado (10000 x g) por 15 minutos. Em seguida, as células foram lavadas duas

vezes com tampão fosfato 5 M estéril pH 6,5 e foram ressuspendidas no volume

original do mesmo tampão. Após, foi feita 8 diluições seriadas da solução as quais

foram submetidas ao teste de antagonismo. O halo de inibição foi mensurado em

mm e para obter a adsorção de cada diluição foi aplicado a Equação 1.

(Equação 1)

Onde:

UA/mL1 : atividade da bacteriocinas após tratamento;

UA/mL0: atividade original do sobrenadante contendo a bacteriocinas (antes do

tratamento).

Análise estatística

Todos os experimentos foram realizados em triplicata e com 2 repetições.

Análise de variância (ANOVA) foi aplicado para verificar diferenças significativas (p <

0.05) entre os valores obtidos em cada experimento, utilizando Teste de Tukey com

auxílio do Programa Assistat 7.7 Beta.

49

RESULTADOS

O efeito antagônico de enterocinas, produzidas por enterococos provenientes

de alimentos lácteos, sobre bactérias patogênicas e/ou deteriorantes pode ser um

potencial candidato na bioconservação de alimentos. Neste estudo, foram avaliados

os isolados E. faecium denominados de Efm20 Efm22, provenientes de queijo. Os

parâmetros de tempo e temperatura de incubação foram mantidos em todos os

tratamentos. Todos os dados foram apresentados com duas ou três repetições.

Para determinação do melhor pH para produção de enterocinas, o crescimento

dos isolados ocorreu na presença do caldo MRS em diferentes valores de pH. Os

resultados obtidos mostraram que não houve diferença significativa (p<0,05) entre

os isolados na produção de enterocinas nos pHs 6.0 e 6.5. Contudo, estes valores

de pH foram estatisticamente melhores para a produção de enterocinas, quando

comparado com os pHs 5.0 e 5.5. No pH 4.5 não foi detectada ação antagônica

contra a bactéria teste. A partir destes resultados, elencamos o pH 6.5 para os

ensaios posteriores.

Nos testes realizados com diversos componentes e concentrações do meio,

observou-se que a suplementação de lactose na concentração 20,0 g/L, glicerol 20,0

g/L e tween® 20 5,0 g/L, quando avaliados separadamente, foram os que mais

influenciaram positivamente a produção da enterocina (Tabela 1) em ambos

isolados. Em contrapartida, as demais suplementações com extrato de levedura,

manitol, manose e tween® 80, não alteraram a produção de enterocinas,

apresentando produção similar ao controle (meio MRS), não havendo diferença

significativa.

As análises de produção de enterocina também foi produzida em meio MRS

contendo lactose 20,0 g/L, glicerol 20,0 g/L e tween® 20 5,0 g/L, e denominamos de

mix. Esse mix apresentou elevada produção de enterocinas quando comparado com

o meio MRS.

50

Tabela 1: Mensuração do efeito do substrato em meio MRS na produção de enterocina por isolados de Enterococcus sp.

Componente Concentração

Medida do halo em mm

Efm20 Efm22

Lactose 5,0 g/L 10,6 ± 0,2b 11,1 ± 0,0b

Lactose 10,0 g/L 10,6 ± 0,5b 11,3 ± 0,5b

Lactose 20,0 g/L 13,1 ± 0,0a 13,3 ± 0,5a

Lactose 30,0 g/L 10,5 ± 0,7b 11,1 ± 0,0b

Lactose 50,0 g/L 10,5 ± 0,7b 11,1 ± 0,0b

Extrato de Levedura 20,0 g/L 10,3 ± 0,5b 11,5 ± 0,7b

Manose 20,0 g/L 10,3 ± 0,5b 11,1 ± 0,0b

Manitol 20,0 g/L 10,5 ± 0,7b 11,1 ± 0,7b

Glicerol 2,0 g/L 10,8 ± 0,2b 11,5 ± 0,5b

Glicerol 5,0 g/L 10,8 ± 0,7b 11,6 ± 0,5b

Glicerol 8,0 g/L 10,8 ± 0,2b 11,3 ± 0,5b

Glicerol 10,0 g/L 10,3 ± 0,5b 11,1 ± 0,2b

Glicerol 20,0 g/L 13,0 ± 1,0a 13,2 ± 0,4a

Tween® 20 2,0 g/L 10,5 ± 0,5b 11,1 ± 0,2b

Tween® 20 5,0 g/L 12,8 ± 0,0a 13,2 ± 0,3a

Tween® 20 10,0 g/L 10,5 ± 0,5b 11,3 ± 0,5b

Tween® 80 2,0 g/L 10,8 ± 0,0b 11,6 ± 0,7b

Tween® 80 5,0 g/L 10,5 ± 0,8b 11,6 ± 0,3b

Tween® 80 10,0 g/L 10,8 ± 0,0b 11,1 ± 0,0b

*mix - 12,3 ± 0,5a 13,0 ± 1,0a a, b

Letras diferentes na mesma coluna, indicam diferença significativa (p<0,05). *Mix: Mistura de substrato (lactose 20 g/L; glicerol 20 g/L; Tween® 20 g/L).

De posse dos valores de pH e as suplementações que forneceram os

melhores resultados para produção de enterocinas (Figura 1), estas foram testadas

sobre diversas variáveis para avaliar sua viabilidade.

Figura 1: Resultado do halo de inibição em meio MRS suplementado com lactose 20,0 g/L, glicerol 20,0 g/L e tween® 20 5,0 g/L, pelos isolados Efm20 e Efm22.

51

Em relação à estabilidade da enterocina nos diferentes pH, observou-se que

nenhum dos pHs testados interferiu na redução da ação da enterocina. Em

contrapartida, houve variação significativa dependendo da suplementação do meio

em que a enterocina foi produzida e o isolado produtor. A enterocina produzida pelo

isolado Efm20 em meio Mix apresentou maior estabilidade quando comparado às

enterocinas obtidas pelos demais tratamentos. Já a enterocina produzida pelo

isolado Efm22 apresentou maior estabilidade nos pH 7 e 9, independente da

suplementação do meio (Figura 2).

Figura 2: Resultado do efeito do pH sobre as enterocinas obtidas pelos isolados Efm20 (A) e Efm22 (B). a, b Letras diferentes no mesmo pH, indicam diferença significativa

(p<0,05). ( Tween ® 20; Glicerol; Lactose; Mix).

Neste estudo, foi avaliado a estabilidade da enterocina em diferentes

temperaturas. O CFS foi aquecido a 40°C, 50°C, 60°C, 70°C, 80°C, 90°C e 100°C

por 30 minutos e a 121°C em autoclave por 15 min. Quando a enterocina foi

submetida à autoclavagem (121°C, 1 atm e 15 minutos), a atividade bactericida

diminuiu, contudo mostrou-se ser isolado-condição dependente como mostra a

figura 3. A figura 4 apresenta os valores da atividade residual da enterocina após

aquecimento; em que é possível observar que a estabilidade também variou

conforme o isolado e a suplementação ao qual a enterocina foi produzida. Inclusive

foi observado que dependendo da temperatura, houve um aumento da atividade

antagônica de aproximadamente 150% de atividade quando comparado com o

controle.

A B

2.00

4.00

6.00

8.00

10.00

12.00

14.00

3 5 7 9

Ha

lo d

e In

ibiç

ão

(m

m)

pH

b

c

a

b

a

a a

a a a

a

b b b

a

bc

3 5 7 9

pH

c

b

a

ab ab b

a

a

a

a

a

a

a

a

a

ab

52

Figura 3: Halos de inibição formados com enterocina produzida pelos isolados Efm20 e Efm 22, nas temperaturas 40°C, 60°C, 100°C e 121°C respectivamente.

Figura 4: Atividade residual do efeito da temperatura na estabilidade de enterocina produzidas pelos isolados Efm20 (B) e Efm 22 (C) (2). ■ Glicerol 20,0 g/L; ▲tween 5,0 g/L; ♦lactose 30,0 g/L;●mix.

A estabilidade das enterocinas frente aos produtos químicos tween® 20,

tween® 80, NaCl, EDTA e SDS foi avaliado, visto que vários agentes químicos

podem estar presentes no processamento de alimentos, e observamos que a

estabilidade das enterocinas aos diferentes produtos é isolado/condição

dependente, como pode ser visto na Figura 5. Embora a presença do tween® 20 e

80 tenha apresentado maior redução da ação das enterocinas, estas não foram

afetadas ao nível de perda total de ação. Não foi observada inibição pelos produtos

químicos nos testes controle, sendo assim, a inibição somente ocorreu devido à

ação das enterocinas.

30.00

50.00

70.00

90.00

110.00

130.00

150.00

40 50 60 70 80 90 100 121

Ativid

ad

e R

esid

ua

l (%

)

Temperatura (°C)

30.00

50.00

70.00

90.00

110.00

130.00

150.00

40 50 60 70 80 90 100 121

Ativid

ad

e R

esid

ua

l (%

)

Temperatura (°C)

A B

53

Figura 5: Resultado do efeito dos produtos químicos na estabilidade das enterocina dos Isolados Efm20 (A) e Efm22 (B). a, b Letras diferentes no mesmo produto químico, indicam

diferença significativa (p<0,05). Tween® 20; Glicerol; Lactose; Mix.

O efeito bactericida e/ou bacteriostática dos CFS provenientes dos isolados

Efm20 e Efm22 foi observado já nas 2 primeiras horas de incubação. Após a

redução máxima, o crescimento de L. innocua manteve-se praticamente inalterado

dependendo da enterocina utilizada, enquanto que para outras, as células

sobreviventes retomaram seu crescimento (Figura 6). Concomitante houve também

a redução na medida da absorbância, o que revela a lise de células de L. innocua,

resultando então numa ação bactericida e bacteriostática das enterocinas.

Figura 6: Resultado do efeito bactericida e/ou bacteriostática contra L. innocua das

enterocinas produzidas pelos isolados Efm20 (A) e Efm22 (B) em meio MRS suplementado.

■ Lactose 20,0 g/L; ▲Glicerol 5,0 g/L; ♦ Listeria innocua ;● Tween 20 20,0 g/L; *Mix.

EDTA

a

c

b

ab ab

bc

bc

a

b

c bc

a

b b b

a

Tween NaCl Tween 80

c

a

b

ab

Tween 20 5.00

7.00

9.00

11.00

13.00

15.00

17.00

19.00

21.00

23.00

Halo

de Inib

ição (

mm

)

EDTA Tween 80 SDS NaCl

c

b

a ab

c

a

b

a

c

ab

c

bc

a

b b

a

b

ab

bc

a

Tween 20

A B

A B

54

Os níveis de adsorção das duas enterocina pela L. innocua, de acordo com as

condições experimentais, estão apresentadas na Tabela 2. O efeito de cada fator no

nível de adsorção variou de acordo com o suplemento adicionado ao meio MRS,

sendo que o melhor resultado de adsorção foi apresentado quando a enterocina foi

obtida com o Mix de suplementos.

Adsorção de enterocinas produzidas pelos isolados Efm20 e Efm22

Adsorção

(%)

Substrato Efm20 Efm22

Tween 20 50 50

Glicerol 45 40

Lactose 50 50

Mix 60 65

DISCUSSÃO

Os isolados Efm20 e Efm22 já foram previamente reportados pelo nosso grupo

como sendo bons produtores de enterocina (OGAKI et al., 2016), do qual inibe

várias bactérias patógenas de alimentos, incluindo as espécies de Listeria (dados

não publicados). No presente estudo, obtivemos que a maior produção de

enterocinas ocorreu no pH 6,5. Sarantinopoulos et al (2002) também obtiveram a

produção máxima de enterocinas por E. faecium FAIR-E 198 em pH 6,5. Segundo

alguns autores, o efeito das condições de crescimento bacteriano para produção de

bacteriocinas tem sido estudado incluindo fatores físicos como pH (IYAPPARAJ et

al., 2013). De posse do dado de pH, analisamos se a produção de enterocina seria

influenciada na presença de outras fontes de carbono e proteína, e obtivemos como

resultado uma produção significativa quando o meio MRS foi suplementado com

20,0 g/L de lactose, 20 g/L de glicerol e 5,0 g/L de tween®20, separados ou em

mix. A suplementação com uma fonte de nitrogênio não aumentou a produção de

enterocinas, divergindo dos dados obtidos por (KIM et al., 1997; IYAPPARAJ et al.,

2013).

Furtado et al. (2014), Todorov et al. (2006) e Aasen et al. (2000),

demonstraram que a presença de 20,0 g/L de lactose aumenta a produção de

bacteriocina produzida por Lactococcus, de sakacina P e nisina, respectivamente,

55

corroborando com nossos resultados. Todorov e Dicks (2009) afirmam que a

produção de enterocina está relacionado com substrato e consequentemente com o

crescimento celular; embora nosso estudo não focou no desenvolvimento da cultura,

porém deduzimos que algumas quantidades especificas de substrato possa ter

contribuído pelo desenvolvimento da cultura.

Ainda, ambos isolados possuem 3 genes produtores de enterocinas, sendo

entA, entB e entP (Ogaki et al., 2015), estes podem ser expressos de maneira

diferente em cada tratamento realizado.

Posteriormente, avaliamos a estabilidade da enterocina formada em diferentes

temperaturas, pH e presença de detergente e sal. Verificamos que a variação de pH

não interferiu na ação da enterocina, já a ação da temperatura afetou de forma

variável, sendo que CFS provenientes de algumas condições apresentaram

atividades maiores após o aquecimento. Independente dos resultados, os dados do

presente trabalho, revelaram que as enterocinas testadas foram termo-estáveis.

Diversos autores relataram a característica termoestável de enterocinas produzidas

por Enterococcus (NES et al., 1996; MORENO et al., 2002; SABIA et al., 2002;

KANG; e LEE, 2005) e por E. faecium (TODOROV et al., 2010; BELGACEM et al.,

2010; CAMPOS et al., 2006; GHRAIRI et al., 2008). Bacteriocinas da classe II

apresentam em sua estrutura uma ponte dissulfeto entre duas cisteínas, que

desempenha importante papel na atividade antimicrobiana e faz com que seja

resistente a temperaturas elevadas (FIMLAND et al., 2005; DRIDER et al., 2006;

RICHARD et al., 2006).

Todorov e Dicks (2009) e Moreno et al. (2002), afirmam que a capacidade das

bacteriocinas suportarem elevadas temperaturas é desejável pois permite sua para

que haja sua aplicação destes em alimentos, uma vez que não sofrerão impacto

quando submetidas à etapa de tratamento térmico, mantendo suas propriedades

antimicrobianas. Resultado interessante obtido em nosso estudo foi que em

determinadas temperaturas a atividade antagônica foi maior quando comparado com

o controle, sugerindo que a temperatura elevada ativa a ação da enterocina.

Em relação à estabilidade em pHs variados, estudo realizado por Rodriguez et

al. (2000) mostraram que E. faecium TAB 7 não foram inativadas nos pH 6, 7 e 9

56

exceto em pH 2,0. Semelhante à temperatura, é desejável que as enterocinas

apresentem atividade antimicrobiana em diversos pH, permitindo sua utilização em

diversos alimentos, principalmente em alimentos com pH baixo (FRANZ;

SCHILLINGE; HOLZAPFEL, 1996).

A presença dos produtos químicos SDS, EDTA, tween® 20, tween®80 e NaCl

afetaram a ação da enterocina de maneira isolado-condição dependente, contudo,

não anularam o efeito antilisterial da enterocina. Os tensoativos tween®20 e

tween®80 foram os que mais afetaram negativamente a ação antagônica da

enterocina. Embora, a presença do tween possa alterar a tensão superficial da

célula produtora de enterocina, facilitando a liberação desta para o meio extracelular

(VERELLEN et al., 1998), de alguma maneira estes interferiram na ação desta,

contra a bactéria indicadora. Estes resultados corroboram com diversos estudos em

que confirmaram que a presença desses reagentes afeta a ação de bacteriocinas de

diferentes maneiras, dependendo dos isolados testados (FURTADO et al., 2014;

STROMPFOVÁ; LAUKOVA, 2007). É de conhecimento que bacteriocinas

produzidas por diferentes bactérias podem diferir na sua natureza química

(MOJGANI; HUSSAINI; VASEJI, 2015).

Segundo estudo realizado por Von Mollendorff et al. (2007), foi detectada a

produção de enterocinas pelo isolado E. faecalis HV219 na presença de diversos

compostos químicos, como triton, b-mercapto-etanol, etanol, metanol, clorofórmio,

NaCl, KCl, KH2PO4, K2HPO4, MgCl2 e acetato de sódio.

O efeito bactericida e/ou bacteriostática dos CFS provenientes de diferentes

substratos foi confirmado neste estudo, mostrando sua eficiência nas primeiras

horas de incubação. O crescimento de L. innocua com CFS ocorreu de maneira

não expressiva nas horas subsequentes, pois as células sobreviventes retomaram

seu crescimento. Uma hipótese a este fato foi a adição de concentrações

insuficientes de enterocina para a inibição total desse microrganismo. Conforme

Galvez et al. (2007), para que haja efeito inibidor de microrganismos em alimentos é

necessário adicionar concentrações bem mais elevadas de bacteriocinas em relação

a quantidade utilizada para obter efeito no meio de cultura. O modo de ação das

bacteriocinas é dependente de muitos fatores, dentre os quais a sua concentração.

57

A inibição de células persiste enquanto houver bacteriocina ativa remanescente no

meio de crescimento.

Em relação à adsorção da enterocina pela célula alvo, este trabalho mostrou

que a porcentual maior de adsorção ocorreu quando a enterocina foi produzida no

meio Mix, chegando a 60% da enterocina Efm20 e 65% para Efm22. O teste de

adsorção demonstra a capacidade da enterocina atuar na membrana da célula alvo

ocasionando a lise celular (YILDIRIM; WINTERS; JOHNSON, 1999). Segundo

Cleveland et al. (2001), o alvo principal das enterocinas é a membrana

citoplasmática da célula alvo, onde formam poros na membrana fazendo com que

ocorra o esgotamento do meio intracelular e do gradiente de pH resultando na morte

celular.

CONCLUSÃO

A condição de crescimento da bactéria é fundamental para a produção de

enterocinas. A suplementação do meio MRS com lactose, glicerol e tween® 20

mostrou ser ideal para a produção de enterocinas pelos isolados Efm20 e Efm22.

Ainda, a enterocina produzida por estes isolados mostrou efeito antilisterial, além de

serem termoestáveis e estáveis em ampla faixa de pH e concentração de NaCl.

Estes parâmetros são fundamentais para a otimização e produção de bacteriocinas

como agentes de biopreservação para a indústria de alimentos e bacteriocinas

produzidas por bactérias ácidas láticas isoladas de produtos lácteos são bons

candidatos para serem estudados como bioconservadores, principalmente por

estarem adaptados às condições ambientais desses alimentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AASEN, I. M.; MORETRO, T.; KATLA, T.; AXELSSON, L.; STORRO, I. Influence.

INFLUENCE of complex nutrients, temperature and pH on bacteriocin production by

Lactobacillus sakei CCUG 42687. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 53,

n. 2, p. 159-166, 2000.

58

ALVAREZ-SIEIRO, P.; MONTALBÁN-LÓPEZ, M.; MU, D.; KUIPERS, O. P.:

Bacteriocins of lactic acid bacteria: extending the family. Applied microbiology and

biotechnology, v. 100, n. 7, p. 2939-2951, 2016.

AYMERICH, M. T.; GARRIGA, M.; COSTA, S.; MONFORT, J. M.; HUGAS, M.:..:

Prevention of ropiness in cooked pork by bacteriocinogenic cultures. International

Dairy Journal, v. 12, n. 2/3, p. 239-246, 2002.

BAYOUB, K.; MARDAD, I.; AMMAR, E.; SERRANO, A.; SOUKRI, A.: Isolation and

purification of two bacteriocins 3D produced by Enterococcus faecium with inhibitory

activity against Listeria monocytogenes. Current Microbiology, v. 62, n. 2, p. 479-

485, 2011.

BELGACEM, Z. B.; ABRIOUEL, H.; OMAR, N. B.; LUCAS, R.; MARTÍNEZ-

CANAMERO, M., GÁLVEZ, A.; MANAI, M. Antimicrobial activity, safety aspects, and

some technological properties of bacteriocinogenic Enterococcus faecium from

artisanal Tunisian fermented meat. Food Control, v. 21, n. 4, p. 462-470, 2010.

CALLEWAERT, R.; HUGAS, M.; DE VUYST, L.: Competitiveness and bacteriocin

production of Enterococci in the production of Spanish-style dry fermented sausages.

International Journal of Food Microbiology, v. 57, n. 1/2, p. 33-42, 2000.

CAMPOS, C. A.; RODRÍGUEZ, Ó.; CALO-MATA, P.; PRADO, M.; BARROS-

VELÁZQUEZ, J. Preliminary characterization of bacteriocins from Lactococcus lactis,

Enterococcus faecium and Enterococcus mundtii strains isolated from turbot (Psetta

maxima). Food Research International, v. 39, n. 3, p. 356-364, 2006.

CHEN, H.; HOOVER, D. G.: Bacteriocins and their food

applications. Comprehensive Reviews In Food Science And Food Safety, v. 2, n.

3, p. 82-100, 2003.

59

CLADERA-OLIVEIRA, F. Produção, caracterização, purificação parcial, e

aplicação de um peptídeo antimicrobiano produzido por Bacillus licheniformis

P40. 2004. 118f. Dissertação de (Mestrado do) – Programa de Pós Graduação em

Microbiologia Agrícola e do Ambiente, Faculdade de Agronomia, Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.

CLEVELAND, J.; MONTVILLE, T. J.; NES, I. F.; CHIKINDAS, M. L.: Bacteriocins:

safe, natural antimicrobials for food preservation. International Journal of Food

Microbiology, v. 71, n. 1, p. 1-20, 2001.

DE VUYST, L.; E LEROY, F. Bacteriocins from lactic acid bacteria: production,

purification, and food applications. Journal of Molecular Microbiology and

Biotechnology, vol. 13, n. 4, p. 194–199, 2007.

DRIDER, D.; FIMLAND, G.; HÉCHARD, Y.; MCMULLEN, L. M.; PRÉVOST, H. The

continuing story of class IIa bacteriocins. Microbiology and Molecular Biology

Reviews, v. 70, n. 2, p. 564-582, 2006.

FRANZ, C. M. A. P.; SCHILLINGER, U.; HOLZAPFEL, W. H. Production and

characterization of enterocin 900, a bacteriocin produced by Enterococcus faecium

BFE 900 from black olives. International Journal of Food Microbiology, v. 29, n. 2,

p. 255-270, 1996.

FIMLAND, G.; JOHNSEN, L.; DALHUS, B.; NISSEN‐MEYER, J. PEDIOCIN‐like

antimicrobial peptides (class IIa bacteriocins) and their immunity proteins:

biosynthesis, structure, and mode of action. Journal of Peptide Science, v. 11, n.

11, p. 688-696, 2005.

FRANCO, B. D. G.; BALCIUNAS, E. M.; MARTINEZ, F. A. C.; TODOROV, S. D.;

CONVERTI, A.; DE SOUZA OLIVEIRA, R. P. Novel biotechnological applications of

bacteriocins: a review. Food Control, v. 32, n. 1, p. 134-142, 2013.

FURTADO, D. N.; TODOROV, S. D.; LANDGRAF, M.; DESTRO, M. T.; FRANCO, B.

D. Bacteriocinogenic Lactococcus lactis subsp. lactis DF04Mi isolated from goat milk:

60

Characterization of the bacteriocin. Brazilian Journal of Microbiology , v 45, n. 4,

p. 1541-1550, 2014.

FURLANETO-MAIA, L.; ROCHA, K. R.; HENRIQUE, F. C.; GIAZZI, A.;

FURLANETO, M. C.: Antimicrobial resistance in Enterococcus sp isolated from soft

cheese in Southern Brazil. Advances in Microbiology, v. 2014, 2014.

GÁLVEZ, A.; ABRIOUEL, H.; LÓPEZ, R. L.; OMAR, N. B.: Bacteriocin-based

strategies for food biopreservation. International Journal Of Food Microbiology, v.

120, n. 1, p. 51-70, 2007.

GARCÍA, M.; LUCAS, R.; ABRIOUEL, H.; OMAR, N. B.; PÉREZ, R.; GRANDE, M.;

GÁLVEZ, A.: Antimicrobial activity of enterocin EJ97 against ‘Bacillus

macroides/Bacillus maroccanus’ isolated from zucchini purée. Journal of applied

microbiology, v. 97, n. 4, p. 731-737, 2004.

GIRAFFA, G. Functionality of enterococci in dairy products. International Journal of

Food Microbiology, v. 88, n. 2, p. 215-222, 2003.

GHRAIRI, T.; FRERE, J.; BERJEAUD, J. M.; MANAI, M. Purification and

characterisation of bacteriocins produced by Enterococcus faecium from Tunisian

rigouta cheese. Food Control, v. 19, n. 2, p. 162-169, 2008.

HADJI-SFAXI, I.; EL-GHAISH, S.; AHMADOVA, A.; BATDORJ, B.; LE BLAY-

LALIBERTÉ, G.; BARBIER, G.; CHOBERT, J. M.: Antimicrobial activity and safety of

use of Enterococcus faecium PC4. 1 isolated from Mongol yogurt. Food Control, v.

22, n. 12, p. 2020-2027, 2011.

IYAPPARAJ, P.; MARUTHIAH, T.; RAMASUBBURAYAN, R.; PRAKASH, S.;

KUMAR, C.; IMMANUEL, G.; PALAVESAM, A.: Optimization of bacteriocin

production by Lactobacillus sp. MSU3IR against shrimp bacterial pathogens. Aquatic

Biosystems, v. 9, n. 1, p. 12, 2013.

61

KANG, J. H.; LEE, M. S. Characterization of a bacteriocin produced by Enterococcus

faecium GM‐1 isolated from an infant. Journal of Applied Microbiology, v. 98, n. 5,

p. 1169-1176, 2005.

KIM, W. S.; HALL, R. J.; DUNN, N. W.: The effect of nisin concentration and nutrient

depletion on nisin production of Lactococcus lactis. Applied Microbiology and

Biotechnology, v. 48, n. 4, p. 449-453, 1997.

LAUKOVA, A.; CZIKKOVÁ, S.; LACZKOVÁ, S.; TUREK, P. USE of enterocin CCM

4231 to control Listeria monocytogenes in experimentally contaminated dry

fermented Hornad salami. International Journal of Food Microbiology, v. 52, n. 1,

p. 115-119, 1999.

MCAULIFFE, O.; ROSS, R. PAUL; HILL, COLIN. Lantibiotics: structure, biosynthesis

and mode of action. FEMS Microbiology Reviews, v. 25285-308, 1999.

MOJGANI, N.; HUSSAINI, F.; VASEJI, N. Characterization of indigenous

Lactobacillus strains for probiotic properties. Jundishapur Journal of Microbiology,

v. 8, n. 2, 2015.

MORENO, M. R. F.; LEISNER, J. J.; TEE, L. K.; LEY, C.; RADU, S.; RUSUL, G.; DE

VUYST, L. Microbial analysis of Malaysian tempeh, and characterization of two

bacteriocins produced by isolates of Enterococcus faecium. Journal of Applied

Microbiology, v. 92, n. 1, p. 147-157, 2002.

MUNOZ, A.; ANANOU, S.; GÁLVEZ, A.; MARTÍNEZ-BUENO, M.; RODRÍGUEZ, A.;

MAQUEDA, M.; Valdivia, E. Inhibition of Staphylococcus aureus in dairy products by

enterocin AS-48 produced in situ and ex situ: bactericidal synergism with

heat. International Dairy Journal, v. 17, n. 7, p. 760-769, 2007.

NES, I. F.; DIEP, D. B.; HÅVARSTEIN, L. S.; BRURBERG, M. B.; EIJSINK, V.;

HOLO, H. Biosynthesis of bacteriocins in lactic acid bacteria. Antonie Van

Leeuwenhoek, v. 70, n. 2/-/4, p. 113-128, 1996.

62

NES, I. F.; DIEP, D. B.; HOLO, H. Bacteriocin diversity in Streptococcus and

Enterococcus. Journal of Bacteriology, v. 189, n. 4, p. 1189-1198, 2007.

OGAKI, M. B.; FURLANETO, M. C.; MAIA, L. F. Review: General aspects of

bacteriocins. Brazilian Journal of Food Technology, v. 18, n. 4, p. 267-276, 2015.

OGAKI, M. B.; ROCHA, K. R.; TERRA, M. R.; FURLANETO, M. C.; MAIA, L. F.:

Screening of the Enterocin-Encoding Genes and Antimicrobial Activity in

Enterococcus Species. Journal of microbiology and biotechnology, v. 26, n. 6, p.

1026-1034, 2016.

RICHARD, C.; CANON, R.; NAGHMOUCHI, K .; BERTRAND, D.; PREVOST, H

.; DRIDER, D. Evidências sobre correlação entre o número de dissulfeto de ponte e

toxicidade da classe bacteriocinas IIa . Food Microbiol, v. 23, p.175-183, 2006.

RODRÍGUEZ, E.; GONZÀLEZ, B.; GAYA, P.; NUNEZNUÑEZNUNEZ, M.; MEDINA,

M. Diversity of bacteriocins produced by lactic acid bacteria isolated from raw milk.

International Dairy Journal, v. 10, n. 1/2, p. 7-15, 2000.

SABIA, C.; MANICARDI, G.; MESSI, P.; DE NIEDERHÄUSERN, S.; BONDI, M.

Enterocin 416K1, an antilisterial bacteriocin produced by Enterococcus casseliflavus

IM 416K1 isolated from Italian sausages. International Journal of Food

Microbiology, v. 75, n. 1, p. 163-170, 2002.

SARANTINOPOULOS, P.; KALANTZOPOULOS, G.; TSAKALIDOU, E. Effect of

Enterococcus faecium on microbiological, physicochemical and sensory

characteristics of Greek Feta cheese. International Journal of Food Microbiology,

v. 76, n. 1, p. 93-105, 2002.

SCHIRRU, S.; TODOROV, S. D.; FAVARO, L.; MANGIA, N. P.; BASAGLIA, M.;

CASELLA, S.; DEIANA, P.LAUKOVA.: Sardinian goat’s milk as source of

63

bacteriocinogenic potential protective cultures. Food Control, v. 25, n. 1, p. 309-320,

2012.

STROMPFOVA, V.; LAUKOVA, A. In vitro study on bacteriocin production of

Enterococci associated with chickens. Anaerobe, v. 13, n. 5, p. 228-237, 2007.

TODOROV, S. D.; DICKS, L. M. Screening for bacteriocin-producing lactic acid

bacteria from boza, a traditional cereal beverage from Bulgaria: Comparison of the

bacteriocins. Process Biochemistry, London, v. 41, n. 1, p. 11-19, 2006.

TODOROV, S. D. Bacteriocin production by Lactobacillus plantarum AMA-K isolated

from Amasi, a Zimbabwean fermented milk product and study of the adsorption of

bacteriocin AMA-K to Listeria sp. Brazilian Journal of Microbiology, v. 39, n. 1, p.

178-187, 2008.

TODOROV, S. D.; DICKS, L. M. T. Bacteriocin production by Pediococcus

pentosaceus isolated from marula (Scerocarya birrea). International Journal of

Food Microbiology, v. 132, n. 2, p. 117-126, 2009.

TODOROV, S. D.; FRANCO, B. D. G. D. M.:.: Lactobacillus plantarum:

Characterization of the species and application in food production. Food Reviews

International, v. 26, n. 3, p. 205-229, 2010.

VAN REENEN, C. A.; CHIKINDAS, M. L.; VAN ZYL, W. H.; DICKS, L. M. T.:

Characterization and heterologous expression of a class IIa bacteriocin, plantaricin

423 from Lactobacillus plantarum 423, in Saccharomyces cerevisiae. International

Journal Of Food Microbiology, v. 81, n. 1, p. 29-40, 2003.

VERELLEN, T. L.; BRUGGEMAN, G.; VAN REENEN, C. A.; DICKS, L. M.;

VANDAMME, E. J.: Fermentation optimization of plantaricin 423, a bacteriocin

produced by Lactobacillus plantarum 423. Journal of Fermentation and

Bioengineering, v. 86, n. 2, p. 174-179, 1998.

64

VON MOLLENDORFF, J. W.; TODOROV, S. D.; DICKS, L. M. T.: Factors Affecting

the Adsorption of Bacteriocins to Lactobacillus sakei and Enterococcus sp. Applied

Biochemistry And Biotechnology, v. 142, n. 2, p. 209-220, 2007.

YANG, S.: Antibacterial activities of bacteriocins:application in foods and

pharmaceuticals – review article. Frontiers In Microbiology, 26 may, 2014.

YILDIRIM, Z.; WINTERS, D. K.; JOHNSON, M. G.:.: Purification, amino acid

sequence and mode of action of bifidocin B produced by Bifidobacterium bifidum

NCFB 1454. Journal Of Applied Microbiology, v. 86, n. 1, p. 45-54, 1999.