issn 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 issn...

65
ISSN 2176-9095 Volume 4 • Número 1 • jan/abr 2013

Upload: others

Post on 08-Mar-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

ISSN 2176-9095

Volume 4 • Número 1 • jan/abr 2013

Page 2: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

Volume 4 • Número 1 • jan/abr 2013

Sumário/Contents

Relato de Pesquisa/Research Reports

Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardên-cia bucalUse of low-powered laser as an alternative method for decreasing of symptomatology in pacients with burning mouth syndrome.Dulce Helena Cabelho Passarelli, Michel Nicolau Youssef, Wanessa Christine Souza Zaroni .......................................................5

Reavaliação dos fatores de risco associados à infecção por chlamydia trachomatis e papilomavírus humano Risk factors reassessment of associated infections by Chlamydia trachomatis and Human PapillomavirusFabiana Augusto Neman, Claudio Antonio Barbosa de Toledo (in memoriam), Regina Lucia Costa e Castro, Bianca Cassia Troncarelli C Parra Flores, Mariana Motta Pires, Viviane Almeida Gouveia, Sylvia Michelina Fernandes Brenna ............................ 29

Influência da formação em educação física em professores de judôInfluence of Physical Education on Teachers of Judo as a Martial Art.Fábio Rodrigo Ferreira Gomes, Felipe Cesar Marcelino Coutinho, Frank Shiguemitsu Suzuki, Marcelo Massa .............................. 36

Mini Revisão/Mini Review

“Do Prazer ao sofrimento” Os mecanismos neurais envolvidos na dependência de drogas de abuso“From pleasure to pain” The neural mechanism involved in addiction to drugs of abuseWagner Fernandes ............................................................................................................................................. 45

Esporte, futebol e comportamento: uma revisão da correlaçãoSport, soccer and behavior: a review of correlationMarco Antonio Uzunian, Marcelo Luis Marquezi, Luciene Teixeira Diniz, Bruno Leonardo Ugolini ........................................... 52

Orchiectomy versus flutamide in the treatment for metastatic prostate cancerOrquiectomia versus flutamida no tratamento para o cancer de próstata metastático.João Victor Fornari, Renato Ribeiro Nogueira Ferraz, Anderson Sena Bernabé, Demétrius Paiva Arçari....................................... 58

Instruções aos autores ........................................................................................................................................ 61

Page 3: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

Science in Health A Science in Health é a revista de saúde da Universidade Cidade de São Paulo com publicação quadrimestral.

Rua Cesário Galeno, 432 / 448 - CEP 03071-000 - São Paulo - Brasil

Tel.: (11) 2178-1200/2178-1212 Fax: (11)6941-4848 • E-mail: [email protected]

Reitor

Prof. Dr. Luiz Henrique Amaral

Pró-Reitora de Graduação

Profa. Dra Amélia Jarmendia Soares

Editor chefeJoaquim Edson VieiraVice editorRodrigo Ippolito BouçasEditoria Acadêmica Ester Regina Vitale Assistente Editorial Mary Arlete Payão Pela Normalização e revisãoClaudia MartinsEdevanete de Jesus de Oliveira

Editoração EletrônicaVinicius Antonio Zanetti GarciaRevisão do idioma portuguêsAntônio de Siqueira e Silva

Corpo Editorial por Secção

1. BiomedicinaEditor Sênior: Márcio Georges Jarrouge [email protected] / [email protected]

Editores Associados: Ana Cestari, Marcia Kiyomi Koike, Rodrigo Ippolito Bouças.

2. Ciências Biológicas e Meio Ambiente

Editor Sênior: Prof. MS Alex Souza da Silva [email protected]

Editores Associados: Ana Lúcia Beirão Cabral, Maurício Anaya, Sandra Maria Mota Ortiz

3. Ciências Sociais Aplicadas:Editor Sênior: Wagner Pagliato [email protected]

Editores Associados: Edileine Vieira Machado da Silva, Eduardo Ganymedes, Julio Gomes de Almeida, Marco

Antonio Sampaio de Jesus, Rinaldo Zaina Junior, Roberta de Cássia Suzuki, Wanderley Gonçalves

4. Educação FísicaEditor Sênior: Roberto Gimenez [email protected] Associados: Marcelo Luis Marquezi, Maurício Teodoro de Souza

5. EnfermagemEditor Sênior: Wana Yeda Paranhos [email protected] Associados: Patricia Fera, Fabiana Augusto Ne-man, Adriano Aparecido Bezerra Chaves

6. FisioterapiaEditor Sênior: Profa. Célia Regina Gazoti Debessa [email protected] Associados: Sérgio de Souza Pinto, Fábio Na-varro Cyrillo, Renata Alqualo Costa, Alexandre Dias Lopes

7. MedicinaEditor Sênior: José Lúcio Martins Machado [email protected] Associados: Jaques Waisberg, Sonia Regina P. Souza, Edna Frasson de Souza Montero, Marcelo Augus-to Fontenelle Ribeiro Júnior, Stewart Mennin

8. OdontologiaEditor Sênior: Cláudio Fróes de Freitas [email protected] Associados: Eliza Maria Agueda Russo, Rivea Ines Ferreira

9. Tecnologia em saúdeEditor Sênior: Willi Pendl [email protected] Associados: Waldir Grec, Rodrigo de Maio, Sergio Daré, Aníbal Afonso Mathias Jr

Apoio

Page 4: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

E D I T O R I A L

Prezado leitor

Iniciando o ano de 2013, Science in Health divulga, nesta 10ª edição (volume IV, número 1), três artigos originais de investigação e outros três de revisão.

O trabalho de Passarelli, Youssef e Zaroni apresenta a síndrome de ardência bucal, que envolve um diagnós-tico e tratamento complexos. Entre os tratamentos investigados com Nistatina, irradiação com laser de diodo de baixa potência ou sua associação, a associação do laser com a Nistatina mostrou melhor eficácia.

No artigo de Neman e colaboradores, documentou-se a baixa ocorrência de dois agentes distintos mas fre-quentes na epidemiologia das infecções do trato genital feminino, Chlamidia e Papilomavirus, porém sem asso-ciação. Ainda assim, segundo os autores, “estas infecções continuam a se espalhar, gerando altos custos para o tratamento das pessoas infectadas e à sociedade em geral”.

O relato dos pesquisadores Gomes, Coutinho, Suzuki e Massa é bastante interessante, pois questiona alguns fundamentos da formação do Ensino Superior. Segundo os autores, os discursos de professores de Judô sugerem que a elaboração das aulas dessa modalidade de esporte se dá predominantemente a partir do conhecimento adquirido na vivência da modalidade e a graduação em Educação Física parece pouco influenciar as estratégias utilizadas. Certamente esse protocolo mereceria continuidade em novas linhas de investigação.

Na sequência, a revisão de Fernandes aponta o uso de substâncias psicoativas como drogas alucinógenas, as origens neurológicas das drogas como fontes de recompensa e como podem afetar regiões encefálicas envolvidas no aprendizado e na memória, além de interromper conexões do córtex pré-frontal responsáveis pelo controle do impulso, gerando, provavelmente, a manutenção da compulsão.

Pode ser uma feliz coincidência, mas que surpresa a agradável leitura da mini-revisão de Uzunian, Marquezi, Diniz e Ugolini sobre o futebol e comportamento. Os autores tratam, além de um histórico desse esporte no Brasil, sobre o grau de alteração no comportamento (agressividade direta) de seus praticantes profissionais e amadores. Seria possível contemplar uma associação entre a deficiência dos fundamentos do ensino dos esportes (de Gomes e colaboradores) e esta revisão da prática do futebol quando ocorre o desvio para a violência?

Finalmente, Fornari, Ferraz, Bernabé e Arçari apresentam uma revisão sobre o tratamento do adenocarci-noma de próstata, onde o uso de flutamida para o tratamento de orquiectomia não mostrou diferenças signifi-cativas em relação a benefícios ou danos, em comparação com o tratamento convencional.

Convidamos à leitura e aguardamos as ricas contribuições para as próximas edições da Science in Health.

Revista Science in Health

Joaquim Edson Vieira

Rodrigo Ippolito Bouças

Page 5: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

5

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Science in Health jan-abr 2013; 4(1): 5-28

U t I l Iz aç ão d o l a S e R d e B aIxa P o t ê N c I a co m o m éto d o alt e R N at IV o PaRa d I m I N U I ç ão da S I N to m ato l o g I a e m Pac I e N t e S co m S í N d Ro m e d e aRd ê N c I a

B U c al

U S e o f l ow-P ow e Re d l a S e R a S aN alt e R N at IV e m et H o d fo R d ec Re a S I N g o f S y m P to m ato l o g y I N Pat I e N tS w I t H B U R N I N g m o U t H S y N d Ro m e.

dulce Helena cabelho Passarelli1

michel Nicolau youssef2

wanessa christine Souza zaroni3

R e S U m o

Com quadro clínico crônico de ardência e desconforto em mucosa bucal associada a fatores psicogênicos, a síndrome de ardência bucal envolve um diagnóstico e tratamento complexos. Vários métodos terapêuticos estão descritos na literatura. Os laseres de baixa potência têm sido cada vez mais utilizados como método alternativo para diminuição da sintomatologia da SAB. O objetivo desta pesquisa foi comparar a eficácia de métodos terapêuticos envolvendo três grupos: 1º prescrição de Nistatina - solução oral por 20 dias; 2º irradiação com laser de diodo de baixa potência (GaAsAl); e 3º: associação entre o 1º e 2º grupos. Foram selecionados 42 pacientes (ambos os gêneros) entre 37 e 89 anos. A pesquisa foi mensurada através de duas comparações: entre sessões dentro de cada grupo e entre tratamentos. Para a primeira comparação, os dados foram analisados com o teste não-paramétrico de Friedman (p<0,05), seguido de análises individualizadas pelo teste de múltipla comparação de “Z” crítico. Nesta análise, todos os grupos se mostraram efetivos. Para a segunda comparação, a análise foi feita dentro dos intervalos de cada grupo através dos testes Kruskal-Wallis e de múltipla comparação de Dunn (p=0,011), demonstrando que o grupo laser não diferiu do grupo laser + nistatina, no entanto estes foram mais efetivos do que o grupo em que empregou somente nistatina. Conclui-se que os três métodos apresentaram resultados satisfatórios, todavia a utilização da irradiação com laser, associada ou não à prescrição de nistatina, mostrou maior eficácia.

Palavras-chave: Síndrome de ardência bucal • Laser • Sintomatologia.

S U m m a R y

Associating clinical profile of burning sensation and discomfort in the oral mucosa with psychogenic factors, the burning mouth syndrome involves complex diagnosis and treatment. Several therapeutic methods are versed in the bibliography. Low-powered lasers are being increasingly used as an alternative method to decrease symptoms. The purpose of this resear-ch is to compare the efficiency of therapeutic methods involving three groups: 1st, prescription of Nystatin – oral solution for twenty days; 2nd, low-powered diode laser irradiation; and 3rd, combination of the first and second groups. 42 patients were selected (from both sexes) aging from 37 and 89 years old. In this analysis, all groups showed efficiency. Afterwards, the analysis was made inbetween each group interval through Kruskal-Wallis tests and also multiple comparison tests from Dunn (P=0,011), which showed that the laser group did not differ from the laser+Nystatin group, these however were more effective than the Nystatin alone group. In conclusion, although all three methods have showed satisfactory results, the use of laser irradiation, associated or not with Nystatin prescription, has shown larger efficiency.

Key words: Burning mouth syndrome • Laser • Symptomatology

1 mestre em odontologia (laser), estomatologista e Patologista Bucal, Profª.dos cursos de odontologia, Biomedicina e medicina da Universidade cidade de São Paulo [email protected]

2 doutor em dentística, Professor associado da Universidade de São Paulo e coordenador de Programa de Pós-graduação da Universidade cruzeiro do Sul 3 doutora em dentística e Professora assistente do Programa de Pós-graduação da Universidade cruzeiro do Sul

Page 6: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

6

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

I N t Ro d U ç ão A vida contemporânea permite a todos o acesso

a múltiplas atividades na busca por novos caminhos numa sociedade que exige desafios constantes. Em resposta, o nosso sistema imunológico desencadeia alterações imperceptíveis clinicamente, porém de-finidas como patologias imunologicamente media-das.

A síndrome da ardência bucal (SAB) é um dis-túrbio sensitivo doloroso crônico caracterizado por sensação de ardor ou queimação na mucosa bucal, sem esta apresentar clinicamente lesão. A etiolo-gia é desconhecida, porém acredita-se que seja multifatorial com envolvimento de fatores sistêmi-cos, locais e psicológicos. Citam-se, como fatores sistêmicos, a menopausa, deficiência nutricional e diabetes e ainda a deficiência sérica de lítio em associação a transtornos psicológicos1,2; como fato-res psicológicos, a ansiedade e a depressão; e como fatores locais, a disfunção de glândulas salivares e hábitos parafuncionais3.

Ainda há dados que associam a SAB a outras patologias, como dores orofaciais e secura bucal4, língua geográfica5, candidíase6, bem como o líquen plano7.

Acomete mais mulheres, após a 5ª década de vida, em período pós-menopausa, porém existem relatos de menor idade com esta síndrome, associa-do ao fator psicológico4.

Existem diversos estudos clínicos, em busca de um diagnóstico mais preciso e de um tratamento que proporcione mais conforto ao paciente. Para que todas as hipóteses duvidosas de diagnóstico se-jam descartadas, é necessário o exame clínico pre-ciso com questões relacionadas a doenças mórbidas anteriormente adquiridas durante a anamnese, e ao exame físico intrabucal, a observação de traumatis-mos crônicos locais como próteses mal adaptadas e disfunção temporomandibular, que podem desen-cadear dores orofaciais. Além disso, devem-se so-

licitar exames laboratoriais, com o objetivo de eli-minar patologias crônicas, como diabetes e anemia.

O objetivo deste trabalho é encontrar alternati-vas terapêuticas para a diminuição da sensação de ardência bucal, pois os pacientes procuram aten-dimento odontológico e os cirurgiões-dentistas, embasados muitas vezes em diagnósticos impreci-sos pelas características clínicas insuficientes desta síndrome, submetem-nos a diversas terapias palia-tivas, que não cessam o ardor. Nesse contexto, o laser de baixa potência surge como opção de trata-mento uma vez que tem sido usado com o propósito terapêutico, em virtude das baixas densidades de energias usadas e comprimentos de onda capazes de penetrar nos tecidos. Estudos demonstram que o uso do laser promove uma recuperação mais rápida e menos dolorosa, como, por exemplo, no caso da mucosite8.

Quando a luz laser interage com as células e tecido na dose adequada, certas funções celulares poderão ser estimuladas, tais como: a estimulação de linfócitos, a ativação de mastócitos, o aumento na produção de ATP mitocondrial e a proliferação de vários tipos de células9.

Os efeitos terapêuticos dos laseres de baixa po-tência são a ação analgésica, anti-inflamatória e de reparação tecidual, segundo Brugnera Junior et al.10 (2003). A terapia com o laser influencia mudan-ças de caráter metabólico, energético e funcional porque favorece o aumento de resistência e viabili-dade celular, levando-as a sua normalidade funcio-nal com rapidez. O laser He-Ne e outros de baixa potência parecem gerar analgesia e cicatrização da ferida, contudo o mecanismo celular desse efeito continua evasivo11. No entanto, acredita-se que a laserterapia cause: proliferação celular e cicatriza-ção, efeitos anti-inflamatórios, alívio da dor (esti-mulando a produção de endorfinas), efeito sobre o sistema imunológico, estimulação da formação de colágeno e fibroblastos12.

Page 7: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

7

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

Os primeiros aparelhos de produção de luz laser estudados foram os que apresentavam como meio ativo uma mistura gasosa de Hélio e Neônio (He--Ne), com potência variando de 5 a 30mW, e com-primento de onda de 632,8 nm, que está situado dentro da faixa visível do espectro eletromagnéti-co, mais precisamente na região da cor vermelha. Esse comprimento de onda é altamente absorvido por tecido mole e cromóforos, como a melanina e a hemoglobina, por exemplo. Houve a necessidade de se buscar laseres de baixo custo, com níveis de potência superiores e com comprimentos de onda que pudessem ter boa penetrabilidade nos tecidos moles. Isso foi possível com o surgimento dos lase-res de diodo, que são dispositivos eletrônicos rela-tivamente simples e de custo aceitável8.

Os aparelhos de laser de diodos mais utilizados em Odontologia têm como meio ativo o GaAlAs, com comprimento de onda entre 630nm, que está situado fora da faixa visível do espectro de luz vermelha, e 850nm, mais precisamente na faixa do infraverme-lho, com potências variando entre 10 e 60mW. Outro tipo de meio ativo utilizado é AlGaInP, que produz luz com comprimento de onda entre 635 e 670nm, que está situado dentro da faixa visível do espectro de luz, mais precisamente na região da cor vermelha, com potência variando de 1 a 30mW 13.

Dessa forma, como o laser já é empregado de forma empírica no tratamento da sintomatologia de SAB, viu-se a necessidade de compará-lo a outro medicamento de uso já estabelecido na literatura, através de um estudo clínico e, assim, determinar sua real eficácia.

m at e RI al e m éto d o S

Esta pesquisa foi realizada no período de outu-bro de 2008 a março de 2010 e foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Metodista de São Paulo (ANEXO E). Envolveu pacientes seleciona-dos dos Centros de Especialidades Odontológicas da Prefeitura do Município de São Paulo - região

norte, e da Universidade Metodista (Clínica de Odontologia).

Além do termo de consentimento livre e es-clarecido (ANEXO A), aos pacientes foi aplicado um questionário, que denominado de protocolo clínico, para que se pudesse avaliar as condições sistêmicas individuais, o uso de medicamentos e a mensuração de ardência bucal, objetivo da pesquisa (ANEXO B e C).

Todos os pacientes que participaram do estudo tinham como principal sintoma a ardência bucal, que atingiu variáveis mensuradas pela escala EVS14 durante todo o experimento. Essa escala é numé-rica de 0 a 10 pontos, sendo que, quanto mais pró-ximo de 10, mais acentuado o sintoma de ardência e, quanto menor, menos desconforto. A cada forma de tratamento o indicador da EVS foi computado no início, durante e no final do ciclo. Esses núme-ros compuseram a análise estatística do trabalho em todas as formas de tratamento (ANEXO D).

Este estudo comparativo avaliou a eficácia da aplicação do laser de baixa potência e do uso de medicação antifúngica em pacientes que apresen-taram SAB, dentro da faixa etária de 37 a 89 anos, para avaliação da diminuição da sintomatologia no período de 45 dias, como método alternativo de te-rapia.

Foram selecionados, nesta pesquisa, 42 pacien-tes, todos com mesmo sintoma de ardor bucal, e não foi considerado fator algum de exclusão: 29 do gênero feminino e 13 do masculino, divididos em 03 grupos:

- Grupo 1 (14 pacientes): A este grupo foi pres-crito medicação antifúngica com bochechos diários com solução oral de Nistatina. Os bochechos foram feitos 03 vezes ao dia, por 20 dias. Seguido de con-trole periódico semanal.

- Grupo 2 (14 pacientes): Neste grupo foi em-pregada a irradiação com laser de diodo de baixa

Page 8: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

8

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

potência (GaAsAl, Whitening Lase II – DMC), em modo contínuo e comprimento de onda de 830nm, a 2mm de distância, aplicado com sistema de var-redura, densidade de potência radiante de 60mW/cm2, densidade de energia de 3,0J/cm2, sendo feita uma aplicação por dia, com duração de 5 minutos e intervalo de 72 horas entre cada aplicação, totali-zando 04 aplicações.

- Grupo 3 (14 pacientes): Neste grupo foram feitas as associações de tratamento dos grupos 1 e 2, ou seja, prescrição de antifúngico, aplicação de laserterapia e controle da ardência.

A localização determinada para aplicação do la-ser foi o dorso lingual, pelo fato de ser a área mais referida com ardência por todos os pacientes. A ar-dência foi classificada pelos pacientes entre severa (08), moderada (23) e leve (11) de acordo com a sintomatologia.

RE S U LTAD O S

1 Casuística:

1.1 Pacientes: todos os pacientes selecionados apresentavam quadro de ardência

1.2 Etnia

1.3 Estado Civil

1.4 Grau de escolaridade

Page 9: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

9

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

1.5 Profissão

1.6 Situação Familiar

1.7 Pacientes com doenças pré-existentes

1.8. Doenças associadas ao quadro clínico de ardência

1.9 Sintomatologia

1.9.1 Ardência (classificação):

1.9.2 Localização

2 Análise estatística

Para que houvesse melhor compreensão dos re-sultados obtidos, a presente pesquisa foi estatisti-camente mensurada através de duas comparações:

Page 10: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

10

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

entre tempos (sessões) dentro de cada forma de tratamento (grupo) e entre tratamentos de forma geral e para cada tempo.

2.1 Comparações entre tempos dentro de cada grupo estudado

Nessa etapa foram realizadas comparações en-tre os tempos experimentais após cada sessão den-tro de cada grupo, ou seja, há três análises compa-rativas entre o tempo de medição dos escores para nistatina, laser e laser+nistatina.

Nessa análise, os dados são vinculados, ou seja, o mesmo indivíduo (paciente) é examinado várias vezes.

O teste estatístico empregado para avaliar se ha-via diferença entre os tempos foi o teste não-para-métrico de Friedman. Após o cálculo, as diferenças foram localizadas (individualizadas) pelo teste de múltipla comparação de “Z” crítico.

Os valores em negrito dentro das tabelas 1, 2 e 3 foram os pares de tempos que apresentaram diferença estatisticamente significante. Desta for-ma, pode-se observar que, para todos os grupos, os escores obtidos a partir da terceira sessão foram estatisticamente menores do que os escores inicial e pós segunda sessão.

De forma semelhante, os escores pós terceira e quarta sessões foram inferiores ao pós primeira sessão, e o pós quarta sessão foi inferior ao da pós segunda sessão.

2.1.1 Escores do grupo da terapia com Nistatina

É evidente a diminuição numérica de sintomato-logia entre r1 (inicial) e r5 (final)

O teste de Friedman revelou existência de di-ferença entre os tempos do tratamento “Nistatina” (χ2 = 48.9; p<0.01).

O teste de múltipla comparação, baseado em escores “Z”, foi aplicado para evidenciar as diferen-ças.

O valor crítico foi calculado, segundo a distri-buição Z em 23.49.

r1-r2 9r1-r3 23.5*r1-r4 38*r1-r5 47*r2-r3 14.5r2-r4 29*r2-r5 38*r3-r4 14.5r3-r5 23.5*r4-r5 9

Os valores que ultrapassaram o valor crítico de 23.49 foram considerados estatisticamente signifi-cantes (p<0,05) (valores em negrito).

2.1.2 Escores do grupo da terapia com Laser

O teste de Friedman revelou existência de di-ferença entre os tempos do tratamento “Laser” (χ2 = 54.5; p<0.01), conferindo melhora da sintoma-

Nistatina Inicial (r1) Pós 1ª (r2) Pós 2ª (r3) Pós 3ª (r4) Pós 4ª (r5)Soma dos Rankings 65.5 56.5 42.0 27.5 18.5Média dos Rankings 4.7 4.0 3.0 2.0 1.3

Tabela 1 - Estatística dos rankings para o tratamento Nistatina – Grupo 1

Tabela 2 - Estatística dos rankings para o tratamento Laser – Grupo 2

Laser Inicial (r1) Pós 1ª (r2) Pós 2ª (r3) Pós 3ª (r4) Pós 4ª (r5)Soma dos Rankings 69.00 56.00 43.00 24.50 17.50Média dos Rankings 4.93 4.00 3.07 1.75 1.25

Page 11: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

11

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

tologia.

O teste de múltipla comparação, baseado em escores “Z”, foi aplicado para evidenciar as diferen-ças.

O valor crítico foi calculado, segundo a distri-buição Z em 23.49.

r1-r2 13r1-r3 26*r1-r4 44.5*r1-r5 51.5*r2-r3 13

r2-r4 31.5*r2-r5 38.5*r3-r4 18.5r3-r5 25.5*r4-r5 7

Os valores que ultrapassaram o valor crítico de 23.49 foram considerados estatisticamente signifi-cantes (p<0.05) (valores em negrito que mostra-ram melhora da ardência)

2.1.3 Escores do grupo da terapia com nistatina + laser

O teste de Friedman revelou que existe diferen-ça entre os tempos do tratamento “nistatina+laser” (χ2 = 53.9; p<0.01).

O teste de múltipla comparação, baseado em escores “Z”, foi aplicado para evidenciar as diferen-ças.

O valor crítico foi calculado segundo a distri-buição Z em 23.49.

r1-r2 12r1-r3 25.5*r1-r4 44*r1-r5 51*r2-r3 13.5r2-r4 32*r2-r5 39*r3-r4 18.5r3-r5 25.5*r4-r5 7

Os valores que ultrapassaram o valor crítico de 23.49 foram considerados estatisticamente signifi-cantes (p<0.05) (valores em negrito que mostra-ram a diminuição de ardência).

2.2 Comparações entre os grupos

Esta análise foi realizada com o intuito de com-parar o efeito dos tratamentos de maneira geral e, posteriormente, identificar o momento em que os grupos se diferenciam.

Em ambos os casos, o teste escolhido para de-tectar se havia alguma diferença entre os trata-mentos foi o teste não-paramétrico de Kruskall – Wallis seguido pelo teste de múltipla comparação de Dunn.

A comparação entre os grupos foi realizada uti-lizando a diferença entre os escores iniciais e finais registrados em cada grupo e está representada no Gráfico 1.

Tabela 3 - Estatísticas dos rankings para o tratamento Laser+Nistatina – Grupo 3

Laser+Nistatina Inicial (r1) Pós 1ª (r2) Pós 2ª (r3) Pós 3ª (r4) Pós 4ª (r5)Soma dos Rankings 68.50 56.50 43.00 24.50 17.50Média dos Rankings 4.89 4.04 3.07 1.75 1.25

Page 12: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

12

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

2.2.1 Escores iniciais e finais

Gráfico 1 - Comparação entre os grupos através das diferenças entre escores finais e inicias.

Observa-se no Gráfico 1 que os grupos Laser e Laser+Nistatina não diferiram entre si e foram mais efetivos que o grupo Nistatina.

Adicionalmente, as análises feitas para cada in-tervalo de tempo e a interpretação de cada uma, seguida do gráfico de múltipla comparação, estão abaixo. No caso desta análise, os únicos intervalos de tempo que apresentaram diferença estatística entre os tratamentos foram: após a terceira e quar-ta sessões

2.2.2 Após a primeira sessão

Kruskal-Wallis: Multiple Comparisons (Kruskal-Wallis Test on the data)

Group N MedianAve

RankZ

Gráfico de Múltiplas Comparações

Laser+NistatinaLaserNistatina

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

Dado

s Or

igin

ais

Laser

Nistatina

Laser+Nistatina

Laser+Nistatina

Laser

Z0-ZNormal (0,1) Distribution

Boxplots com Intervalos de Confiança

Family Alpha: 0,05Bonferroni Individual Alpha: 0,017

Comparações entre Pares de TratamentosComparisons: 3

|Bonferroni Z-value|: 2,394

Nis_Pri 14 6.000 21.3 -0.09Laser_Pri 14 6.000 25.0 1.31

Laser+Nis_Pri 14 5.000 18.3 -1.21Overall 42 21.5

H = 2.13 DF = 2 P = 0.345H = 2.23 DF = 2 P = 0.328 (adjusted for ties)

2.2.3 Após a segunda sessão

Kruskal-Wallis: Multiple Comparisons (Kruskal-Wallis Test on the data)

Group N Median Ave Rank ZNis_Seg 14 5.000 24.0 0.93

Laser_Seg 14 5.000 24.0 0.92Laser+Nis_Seg 14 4.000 16.5 -1.85

Overall 42 21.5

Page 13: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

13

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

Gráfico de Múltiplas Comparações

Laser+Nis_PriLaser_PriN is_Pri

9

8

7

6

5

4

3

2

Dad

os O

rigi

nais

Laser_Pri

N is_Pri

Laser+Nis_Pri

Laser+Nis_Pri

Laser_Pri

Z0-ZNormal (0 ,1) Distr ibution

Boxplots com Intervalos de Confiança

Family A lpha: 0.05Bonferroni Indiv idual A lpha: 0.017

Comparações entre pares de tratamentosC omparações: 3

|Bonferroni Z-v alue|: 2.394

Gráfico 2. Após a primeira sessão, não houve diferença entre os tratamentos (P=0.328).

H = 3.44 DF = 2 P = 0.179

H = 3.60 DF = 2P = 0.165

(adjusted for ties)

2.2.4 Após a terceira sessão

Kruskal-Wallis: Multiple Comparisons (Kruskal-Wallis Test on the data)

Group N Median Ave Rank ZNis_Terc 14 4.000 26.9 2.01Laser_Terc 14 3.500 23.1 0.61Laser+Nis_Terc 14 2.000 14.5 -2.63Overall 42 21.5

H = 7.56 DF = 2 P = 0.023H = 7.86 DF = 2 P = 0.020 (adjusted for ties)

Kruskal-Wallis: All Pairwise Compari-sons

Comparisons: 3Ties: 34Family Alpha: 0.05Bonferroni Individual Alpha: 0.017Bonferroni Z-value (2-sided): 2.394

Adjusted for Ties in the Data

1. Table of Z-values

Nis_Terc 0.00000 * *Laser_Terc 0.82457 0.00000 *Laser+Nis_Terc 2.73285 1.90828 0

2.2.5 Após a quarta sessão

Kruskal-Wallis: Multiple Comparisons (Kruskal-Wallis Test on the data)

Group N Median Ave Rank ZNis_Quar 14 3.0000 28.9 2.76

Page 14: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

14

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

Gráfico de Múltiplas Comparações

Laser+Nis_SegLaser_SegNis_Seg

9

8

7

6

5

4

3

2

1

0

Dad

os O

rigi

nais

Laser_Seg

Nis_Seg

Laser+Nis_Seg

Laser+Nis_Seg

Laser_Seg

Z0-ZNormal (0 ,1) Distr ibution

Boxplots com Intervalos de Confiança

Family A lpha: 0.05Bonferroni Indiv idual A lpha: 0.017

Comparações entre pares de tratamentosC omparações: 3

|Bonferroni Z-v alue|: 2.394

Gráfico 3. Após a segunda sessão, não houve diferença entre os tratamentos (P=0.165).

Laser_Quar 14 .5000 20.0 -0.57Laser+Nis_Quar

14 0.5000 15.6 -2.19

Overall 42 21.5

H = 8.49 DF = 2 P = 0.014H = 9.04 DF = 2 P = 0.011 (adjusted for ties)

Kruskal-Wallis: All Pairwise Compari-sons

Comparisons: 03Ties: 36Family Alpha: 0.05Bonferroni Individual Alpha:

0.017

Bonferroni Z-value (2-sided):

2.394

Adjusted for Ties in the Data1. Table of Z-valuesNis_Quar 0.00000 * *Laer_Quar 1.98622 0.000000 *Laser+Nis_Quar 2.94755 0.961331 0

É importante descrever que houve melhora em todas as formas de tratamento instituídas nesta pes-quisa entre todos os grupos, porém a mais efetiva foi a irradiação do laser de baixa potência, conco-mitante à prescrição de Nistatina. Os locais onde a aplicação do laser foi realizada não mostraram evidências clínicas visíveis, apenas relatos de dimi-nuição ou não da sensação de ardor por parte dos pacientes no final de cada sessão. Isso foi eviden-ciado, também pelos dados estatísticos, onde em ambos os grupos 2 e 3 a melhora de sintomatologia

Page 15: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

15

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

Gráficos de Múltiplas Comparações

Laser+Nis_TercLaser_TercNis_Terc

7

6

5

4

3

2

1

0

Dad

os O

rigi

nais

Laser_Terc

Nis_Terc

Laser+Nis_Terc

Laser+Nis_Terc

Laser_Terc

Z0-ZNormal (0 ,1) Distr ibution

Boxplots com Intervalos de Confiança

Family A lpha: 0.05Bonferroni Indiv idual A lpha: 0.017

Comparações entre pares de tratamentosC omparações: 3

|Bonferroni Z-v alue|: 2.394

Gráfico 4. Após a terceira sessão, há diferença entre os tratamentos (H=7,86; p=0,020). O teste de múltiplas comparações de Dunn demonstrou que a comparação entre Nistatina e Laser+Nistatina são diferentes, pois excedem o valor limite de Z crítico de 2,394. Observa-se no gráfico que esta é a comparação onde a linha da diferença entre os rankings cruza a linha pontilhada do valor crítico. (Nistatinaa; Laserab; Nistatina+Laserb).

ocorreu após a 3ª e 4ª sessões.

d I S c U S S ão

O grupo de pacientes selecionados para a referi-da pesquisa incluiu 42 pacientes, sendo 29 do gêne-ro feminino e 13 do masculino com idade média de 54,75 para as mulheres e 65,30 para os homens, o que vem em concordância com o estudo de Siqueira et al.4 (1998), no qual a média de idade concentrou--se imediatamente ou após a menopausa.

As características clínicas dos pacientes deste estudo seguiram os padrões encontrados em estu-dos semelhantes da literatura de acordo com15,16,5. Tais estudos relataram que embora a queixa de dor e queimação seja comum a várias entidades dolo-

rosas (neuropáticas, somáticas e somatoformes), ela pode ser o principal sintoma de uma síndrome pouco mencionada pelos médicos, conhecida como síndrome da ardência bucal (SAB).

A ardência bucal e desconforto em mucosa fo-ram descritos por todos os pacientes deste trabalho e as localizações mais frequentes foram: língua, re-gião apical; mucosa labial inferior, região mediana e palato duro, em sua porção anterior. O estudo de Fréo14 (2008) relata também que a localização mais comum é a língua, como foi evidenciado em outros estudos17,18,14, 19, através da elucidação das funções gustativas, especialmente em relação à inervação e ao mecanismo para condução da sensação do pala-dar.

Page 16: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

16

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

Maidana et al.20 (2005); Cerchiari et al.5 (2006); Soares et al.3 (2008) e Cho21 (2010) reali-zaram estudos com o objetivo de investigar a exis-tência de relação entre a hipossialia e SAB, o que vem de acordo com esta pesquisa, que registrou 05 pacientes com associação de hipossialia e disgeusia com queixas que variavam do adocicado a amargor.

Apesar da etiologia da SAB ser bastante incerta, há muitas investigações em relação aos fatores emo-cionais ou psicogênicos serem desencadeantes para a ocorrência da ardência. Grushka15 (2002); Nery et al.2 (2004); Cerchiari5 (2006); Cavalcanti6 (2007); Soares3 (2008); Gutierrez22 (2009) encontraram até 30% de distúrbios psiquiátricos associados à síndrome, tais como depressão, ansiedade, obses-são, síndrome do pânico e cancerofobia enquanto

Kapczinski et al.23 apud Nery2 (2004), observaram que as pacientes em seu estudo haviam passado por momentos de muito estresse ou decepção durante suas vidas culminando com o aparecimento de dor oral. Estes autores detectaram que estas mulheres tinham alto grau de ansiedade e se autodescreviam como persistentes e exigentes consigo mesmas.

Nesse contexto, aspectos psicológicos, como depressão e ansiedade, foram encontrados em mais da metade dos pacientes nesta pesquisa, totalizan-do 27 dos 42 envolvidos. Adicionalmente, tais pa-cientes também relataram que havia outras doen-ças sistêmicas envolvidas, como hipertensão (12), diabetes (11), distúrbio bipolar (04), neuralgia do trigêmio (03), AVC (02), epilepsia (01), síndrome de Jögren (01), osteoporose (01). No entanto, o es-

Gráficos de Múltiplas Comparações

Laser+Nis_Q uarLaer_Q uarNis_Q uar

5

4

3

2

1

0

Dad

os O

rigi

nais

Laer_Q uar

Nis_Q uar

Laser+Nis_Q uar

Laser+Nis_Q uar

Laer_Q uar

Z0-ZNormal (0 ,1) Distr ibution

Boxplots com Intervalos de Confiança

Family A lpha: 0.05Bonferroni Indiv idual A lpha: 0.017

Comparações enter pares de tratamentosC omparações: 3

|Bonferroni Z-v alue|: 2.394

Gráfico 5. Após a quarta sessão, há diferença entre os tratamentos (H=9,04; p=0,011). O teste de múltiplas comparações de Dunn demonstrou que a comparação entre Nistatina e Laser+Nistatina é diferente, pois estas excedem o valor limite de Z crítico de 2,394. Observe no gráfico que esta é a comparação onde a linha da diferença entre os rankings cruza a linha pontilhada do valor crítico. (Nistatinaa ; Lasera,b; Nistatina+Laserb).

Page 17: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

17

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

tudo de Blachman et. al1 (2001), em uma amostra de 40 pacientes com SAB, referiu que os sintomas apresentados, além da ardência, foram apenas do-res na face.

Cerchiari5 (2006) afirmou que pacientes que tiveram o nervo lingual lesionado frequentemente relatam a sensação de formigamento, a qual pode ser confundida com sintomas da SAB, porém, no primeiro caso, o distúrbio da dor é anatômico. Afirmação semelhante pode ser evidenciada no es-tudo de Zheng24 (2010), onde a sensação de dor é percebida pela inervação do ramo mandibular do nervo trigêmio, provocando alterações nas funções gustatórias dos pacientes pela proximidade com o ramo lingual.

Maidana et al.20 (2005) relatam que, embora os antidepressivos e os ansiolíticos já tenham sido apontados como causa da SAB em razão da sua as-sociação com a xerostomia, a alta frequência de uso dessas drogas pode estar evidenciando a ocorrência de distúrbios psíquicos entre esses indivíduos.

Quanto ao uso de medicação sistêmica contí-nua, tal condição foi observada nesta pesquisa em 54,76% dos pacientes, sendo que os ansiolíticos e antidepressivos eram os principais prescritos por outros profissionais para controle de depressão e ansiedade, o que mostra em seu trabalho também Arap7 (2009) apud Scala et al. (2009). Neste último estudo, observou-se que atualmente existe a ten-dência de agrupar os doentes com queixa de ardor bucal em dois grupos: ardência primária essencial ou idiopática e ardência secundária, e em função de a SAB ter como hipótese de diagnóstico uma neuropatia associada a sintomas bucais; a capsaici-na tem sido prescrita para diminuir a sintomato-logia14, tendo em vista que é um alcaloide estável com molécula ativa responsável por dessensibilizar os nociceptores C da mucosa bucal que respondem pela ardência25.

Nos últimos anos, a etiopatogenia da SAB está

voltada para especialidades neurológicas em virtu-de de alterações neuropáticas, envolvidas especial-mente nas conduções dos impulsos nervosos ou dis-funções sensoriais de gustação e nocicepção14,22,6. Mesmo relacionada a uma alteração neurológica, não existem protocolos ou tratamentos específicos para a SAB14,19,17; e o esclarecimento preciso de sua etiologia ainda está longe de ser definido. Assim, permanece sendo tratando apenas sintomatologica-mente. Ademais, os sinais clínicos em mucosa pra-ticamente inexistem, o que dificulta o tratamento de ardor e desconforto dos pacientes, em concor-dância com vários estudos17,3,14,26,6,19.

Muitos relatos dos pacientes incluídos neste es-tudo referem que situações cotidianas de estresse emocional (12) ou mesmo uso de alimentos con-dimentados (18) elevam a sensação de ardor bucal. Alguns relatavam também que alterações endocri-nológicas (05) ou até utilização de bebidas alcoó-licas (03) exacerbavam os sintomas. Os pacientes da pesquisa não relataram que a sensação de ardor tenha interferido na qualidade do sono, apesar de muitos fazerem uso de medicações ansiolíticas, o que vem de acordo com os estudos de14. Como fa-tor atenuante da sensação de ardor ou desconforto bucal, foi citado o consumo de alimentos gelados (10), ingestão de água (14) e uso de gomas de mas-car (03). Grushka19 (2003) confirma esta observa-ção em seu estudo, demonstrando que o perfil da população e as características dos pacientes estuda-dos são semelhantes independentemente da locali-zação geográfica de realização do estudo.

Embora a condição de ardência seja um fa-tor muito importante para os pacientes, a grande maioria dos tratamentos não é capaz de promover a resolução da mesma, o que reforça a condição da resistência por parte dos pacientes em submeter--se a novas tentativas de tratamento. No presente estudo, dos 42 pacientes envolvidos, trinta e oito conviviam com o problema há mais de 03 anos, sem auxílio terapêutico, enquanto que 25 já haviam ten-

Page 18: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

18

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

tado outras formas de tratamento sem cessação da ardência. Relatos semelhantes são observados em vários estudos16,19,1,2,6,24.

Por se tratar de uma condição crônica, com du-ração de meses a anos, (estudos mostram média de 4,5 anos)19,26, a diminuição da sensação de ardência torna-se dificultada em um curto período de tem-po, por isso as formas diversas de tratamento são instituídas.

Dentre os tratamentos, Miglioratti et al.12 (2005) e Mezzarane13 (2007) afirmaram que os la-sers de baixa potência possuem finalidade terapêu-tica, ou seja, atuam como antiinflamatório, anal-gésico e biomodulador, e têm igualmente aplicação em algumas condições patológicas peculiares que afetam a mucosa oral, como mucosite pós-quimio-terapia e radioterapia, herpes, aftas, candidíases, estomatites, e mais entre outras. Portanto, fazem indicativos para pacientes com SAB, pois, com a terapia com laser de baixa potência, a energia de fótons absorvidos não é transformada em calor, mas sim, nos efeitos fotoquímicos, fotofísicos e/ou fotobiológicos nas células e no tecido.

Donato e Boraks25 (1993) relataram que o laser pode agir diretamente na célula, produzindo um efeito primário ou imediato, aumentando o meta-bolismo celular, ou, por exemplo, aumentando a síntese de Beta-endorfinas e diminuindo a libera-ção de transmissores nociceptivos, como a bradi-cinina e a serotonina, com um aumento de beta--endorfina no líquor cefalorraquidiano, sendo este um método natural de analgesia. Tais efeitos de-correntes da irradiação com laser de baixa potência podem, possivelmente, explicar o melhor desem-penho nesta análise do grupo que recebeu somente aplicação do laser em relação ao grupo que recebeu a prescrição de Nistatina. No entanto, tal grupo não diferiu daquele que empregou a associação La-ser + Nistatina.

Como relatado na literatura, de acordo com

Maidana et al.20 (2002); Taebunpakul et al18 (2007); Cavalcanti27 (2008) e Arap7 (2009) apud Scala et al. (2009); todas as formas de terapia em relação à SAB são empíricas e dependem da associação de fatores. Em virtude disso, neste estudo, além da aplicação do laser, a utilização de medicação tópi-ca de antifúngico foi prescrita de forma individu-al (grupo-controle) ou associada ao uso do laser. O emprego de medicação antifúngica nos casos de SAB, tem sido observado uma vez que a sensação de queimação na boca, especialmente na língua, pode ser causada por infecção pela candidíase, por diabetes, drogas como bloqueadores do canal de cálcio ou lesões como o eritema migratório28.

Ao término das irradiações do laser e prescri-ções medicamentosas, os escores fornecidos pelos pacientes foram analisados através de testes estatís-ticos para que se pudesse obter resultado satisfató-rio da especificidade do laser e em qual momento houve diminuição dos sintomas, e se esse realmente foi considerado eficaz. Para melhor entendimento da aplicabilidade do estudo, foram feitas duas for-mas de comparações: entre tempos (sessões) dentro de cada forma de tratamento (grupo) e entre trata-mentos de forma geral e para cada tempo.

Na primeira etapa da pesquisa pode-se observar que houve diminuição de sintomatologia após a ter-ceira e quarta sessões em todos os grupos. Seguiu--se, então, a análise de cada forma de terapia e em quais momentos houve significância de resultados. A proposta foi estudar a diferença entre os escores iniciais (1ª sessão) e escores finais (4ª e última ses-são) de ardor medido pela EVS, porém individua-lizadas.

Posteriormente, nova análise foi realizada para cada intervalo de tempo e a interpretação de cada uma. Novamente, os intervalos de tempo que apre-sentaram diferença estatística entre os tratamentos também ocorreram após a terceira e quarta sessões. Tal achado pode ser explicado pelos quadros de an-siedade ou depressão associados, fatores também

Page 19: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

19

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

descritos nos trabalhos de Grushka et al15 (2002), Nery et al.2 (2004) ; Maidana et al20 (2008); La-mey16 (1994) apud Ceerchiari5 (2006) e Soares et al.3 (2008), Fréo14 (2008). Entretanto, pelo grau de complexidade das neuropatias e suas associações, não se pode isolar esta afirmação.

Assim, com base nos relatos dos pacientes, so-mados às caracterizações clínicas e à análise esta-tística pude-se interpretar que o uso da medicação antifúngica isoladamente favorece a melhora do quadro de ardência, mas não se mostra tão eficaz como quando associada à irradiação do laser de bai-xa potência. Isto pode ser explicado devido à soma-tória de sintomas que envolvem a síndrome e aos efeitos biomoduladores que o laser proporciona.

Este estudo evidenciou uma eficácia de formas de tratamentos isoladamente ou associadas, porém é de grande importância relatar que todos os tipos de tratamento instituídos têm resultados mais evi-dentes quando aliamos ao tratamento e às sessões

ou consultas, formas de diálogos para que os pa-cientes expressem os sentimentos que envolvem seus quadros de ansiedade e medo. O acolhimento dos pacientes através de um atendimento clínico direcionado ao aspecto psicológico torna-se um alicerce fundamental para a aceitação de outras te-rapias que auxiliem na diminuição do desconforto e alcancem o sucesso desejado.

co N c lU S Õ e S

De acordo com a análise estatística e dentro dos objetivos propostos desta pesquisa, concluiu--se que:

As três terapias utilizadas neste estudo alivia-ram significativamente o quadro sintomatológico da SAB.

O laser de baixa potência, utilizado isoladamen-te ou associado à prescrição de medicação antifún-gica, pode ser comprovadamente um método tera-pêutico alternativo no alívio da ardência bucal.

Page 20: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

20

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Science in Health set-dez 2013; 4(1): xx-xx

Anexo A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa: “Utilização do Laser de Baixa Potência como Método Alternativo para Diminuição de Sintomatolo-gia em Pacientes com Síndrome de Ardência Bucal”

1. Dados de Identificação do sujeito da pesquisa ou responsável legal:

Nome:_______________________________________________

Registro Geral (RG):___________________________________

Data de Nascimento:_____/_____/_____ Gênero:( )M ( )F

Endereço:____________________________________________

Bairro:_________________Cidade:_____________CEP:_______

Telefones de contato:___________________________________

2. Informações sobre a pesquisa científica:

Estas informações estão sendo fornecidas para minha participação voluntária neste estudo que tem como objetivo ana-lisar o comportamento do laser de baixa potência como opção de tratamento, uma vez que tem sido usado com o pro-pósito terapêutico, em virtude das baixas densidades de energias usadas e comprimentos de onda capazes de penetrar nos tecidos. Estudos demonstram que o uso do laser promove recuperação mais rápida e menos dolorosa, em tecidos em processos inflamatórios.

Quando a luz laser interage com células e tecido na dose adequada, certas funções celulares poderão ser estimuladas como: a estimulação de linfócitos, ativação de mastócitos, o aumento na produção de ATP mitocondrial e a proliferação de vários tipos celulares.

Os efeitos terapêuticos dos lasers de baixa potência são a ação analgésica, anti-inflamatória e de recuperação tecidual segundo Brugnera10 (1991). A terapia com laser influencia mudanças de caráter metabólico, energético e funcional, porque favorece o aumento de resistência e viabilidade celular, levando-as à sua normalidade com rapidez.

Fui esclarecido (a) da existência de três grupos: 1º grupo: Utilização de bochechos com Nistatina; 2º grupo: Utilização da terapia com Laser de baixa potência; e 3º grupo: Utilização do Laser em associação com a Nistatina, para realização desta pesquisa e que poderei ser tratado em qualquer um dos grupos, assim como terei a garantia de tratamento poste-rior com a terapia que vier a obter melhor resultado terapêutico, decorrido o período de avaliação do presente estudo (de um mês).

Fui esclarecido (a) ainda que a terapia com laser influencia mudanças de caráter metabólico, energético e funcional porque favorece o aumento de resistência e viabilidade celular, levando-as à normalidade funcional com rapidez e não causam riscos para o paciente, uma vez que esse procedimento faz parte da rotina odontológica, seguindo os adequados princípios técnicos e científicos reconhecidos.

Os benefícios desta participação serão em relação ao diagnóstico e tratamentos obtidos com as referidas avaliações, e o esclarecimento e as devidas orientações.

Page 21: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

21

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

Em qualquer etapa deste estudo, eu terei acesso ao profissional responsável pela pesquisa para esclarecimentos de even-tuais dúvidas. A principal investigadora é Dra. Dulce Helena de Rosa Cabelho Passarelli (Pesquisador).

Fui informado (a) que será garantida a liberdade da retirada deste consentimento a qualquer momento e que posso dei-xar de participar do estudo (pesquisa).

Fui informado (a) que os resultados obtidos serão analisados em conjunto com os resultados dos outros pacientes, não sendo divulgada a identificação de nenhum dos pacientes.

Sei que há compromissos dos pesquisadores de utilizar os dados e o material coletado somente para esta pesquisa.

Sei que tenho direito de ser mantido (a) atualizado (a) sobre os resultados parciais da pesquisa, ou de resultados que sejam do conhecimento do pesquisador.

Sei que não há despesas pessoais para o participante, incluindo exames e consultas. Também não há compensação finan-ceira relacionada à minha participação.

Acredito ter sido suficientemente informado (a) a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descre-vendo este estudo.

Eu, maior de idade, acordei com a Dra. Dulce Helena de Rosa Cabelho Passarelli sobre minha decisão em participar neste estudo. Ficou claro para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus des-confortos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.

Li também que minha participação é isenta de despesas. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e pode-rei retirar meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste serviço.

--------------------------------------------------- --------------------------

Assinatura do paciente Data

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste paciente para a parti-cipação neste estudo.

------------------------------------------------------------- ------------------------

Prof.ª Dulce Helena de Rosa Cabelho Passarelli Data

Page 22: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

22

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

Anexo B

PROTOCOLO CLÍNICO

DADOS BIODEMOGRÁFICOS DA PESQUISA n=42

( ) ( ) feminino ( ) masculino2) Data de nascimento

3) Idade: Etnia ( ) L ( ) M ( ) X

4) Estado Civil:

( ) solteiro

( ) casado/a

( ) viúvo/a

( ) divorciado/ separado

5) Escolaridade:

( ) analfabeto

( ) fundamental incompleto

( ) ensino médio incompleto

( ) superior incompleto

( ) alfabetizado sem frequentar escola

( ) fundamental completo

( ) ensino médio completo

( ) superior completo

6) Situação Familiar?

( ) sozinho

( ) esposo/a

( ) filhos

( ) amigos

( ) outros7) Profissão:

8) Aposentado Sim( ) Não()Última profissão

9) Antecedentes Mórbidos? Sim ( ) Não ( )

10) Somente para os que

responderem sim à questão

anterior. Qual?

( ) hipertensão

( ) diabetes

( ) osteoporose

( ) depressão

( ) câncer

( ) outras. Quais:11) Faz uso de alguma medicação? ( ) Sim Qual?________ ( ) Não

12) Hábitos e VíciosTabagismo( )Sim ( ) Não

Etilismo ( )Sim ( ) Não

Page 23: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

23

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

Anexo C

ESPECIFICIDADE DE ARDÊNCIA BUCAL

13) Tipo de ardência

( ) aguda

( ) em pontada

( ) lacerante

( ) queimação

( ) profunda

( ) ardor

14) Localização

( ) Língua

( ) Mucosa Labial

( ) Palato

( ) outros

Especificidade da região anatômica:

15) Escore referida conforme EVS(escala de ardência) na consulta inicial:

16) Qual frequência da ardência?

( ) todos os dias

( ) dia sim, dia não

( ) duas vezes por semana

( ) uma vez por semana

( ) duas vezes por mês

( ) Outra. Quantos? _____________

17) Há períodos maisfrequentes para o seu surgimento?

( ) não( ) sim

Qual? __________

18) É intensificada de acordo com seu estado emocional?

( ) sim ( ) não

19) Em quais períodos do dia?Manhã ( ) Tarde( ) Noite( )

20) Há influência de fatores emocionais na piora da ardência?

Sim ( ) Não ( )

21) Sabe especificar exatamente quando teve início?

Sim ( ) Não ( )

22) Tem dias que tem melhora dos sintomas? Sim ( ) Não ( )

23) Tem relação com medicações que fez uso? Sim ( ) Não ( )

24) Tem medo de que seja câncer? Sim ( ) Não ( )

25) Piora com algum tipo de alimentação? Sim ( ) Não ( ) Qual?

Page 24: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

24

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

26) Modificou hábitos alimentares para melho-ra?

Sim ( ) Não ( ) Quais?

27) Usou algum medicamento caseiro? Sim ( ) Não ( ) Qual?

28) Procurou outro profissional antes do CD? Sim ( ) Não ( ) Qual?

29) Fez algum exame complementar? Sim ( ) Não ( ) Qual?

30) Procurou ajuda psicológica? Sim ( ) Não ( )

Anexo D

Grupo 1 : NISTATINA

Pacientes

Consulta

Inicial

EVS

Nistatina

7dias

Nistatina

14 dias

Nistatina

21 dias

Nistatina

40 dias

Controle

semanal

P1 8 8 6 4 4 2

P2 7 6 5 4 4 2

P3 6 6 5 4 4 2

P4 6 6 5 3 3 0

P5 7 7 6 4 4 0

P6 7 5 5 3 3 0

P7 5 6 5 2 0 0

P8 8 5 5 3 0 0

P9 7 6 5 3 0 0

P10 5 4 4 4 2 2

P11 7 4 4 4 4 4

P12 9 9 6 6 5 4

P13 5 5 4 4 3 3

P14 8 5 4 3 2 0

Tabela referente à mensuração da sintomatologia dos pacientes submetidos ao tratamento com Nistatina

Page 25: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

25

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

Grupo 2 : LASERTERAPIA

Pacien-tes

Escore Inicial (EVS)

1ª aplicação Média 2ª aplicação Média 3ª aplicação Média 4ª aplicação Média Controle

Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré PósP1 9 9 9 9 8 7 7.5 5 4 4.5 2 1 1.5 1P2 9 8 6 7 6 5 5.5 5 4 4.5 2 2 2 1P3 10 10 9 9.5 9 9 9 7 5 6 2 0 2 0P4 8 7 6 6.5 6 4 5 3 0 1.5 0 0 0 0P5 8 8 7 7.5 7 5 6 5 3 4 3 3 3 2P6 7 6 4 5 4 3 3.5 3 1 2 1 1 1 1P7 10 10 9 9.5 10 8 8 8 7 7.5 5 4 4.5 4P8 8 6 4 5 3 2 5 2 0 1 0 0 0 0P9 7 6 5 5.5 3 2 5 1 0 1 0 0 0 0

P10 8 8 7 7.5 6 6 6 6 5 5.5 4 3 3.5 2P11 7 7 6 6.5 6 6 6 5 5 5 3 3 3 2P12 10 9 8 8.5 8 6 7 6 5 5.5 4 3 3.5 3P13 7 6 4 5 4 3 3.5 2 0 1 0 0 0 0P14 6 6 6 6 5 5 5 3 2 2.5 2 2 2 2

Tabela referente à mensuração da sintomatologia dos pacientes submetidos ao tratamento com Laserterapia

Grupo 3 : LASERTERAPIA E NISTATINA

Pacien-tes

Escore inicial (EVS)

1ª aplicação Média 2ª aplicação Média 3ª aplicação Média 4ª aplicação Média Controle

Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré PósP1 8 8 5 6.5 5 4 4.5 4 2 3 2 1 1.5 0P2 9 8 7 7.5 5 5 5 4 3 3.5 2 2 2 1P3 6 5 5 5 4 3 3.5 2 0 1 0 0 0 0P4 6 4 2 4 2 1 1.5 0 0 0 0 0 0 0P5 5 5 5 5 4 3 3.5 3 2 2.5 2 1 1.5 1P6 6 6 6 6 5 4 4.5 3 2 2.5 2 1 1.5 1P7 8 7 6 6.5 6 5 5.5 5 3 4 2 0 1 0P8 7 5 4 4.5 4 3 3.5 2 0 1 1 0 1 0P9 7 6 5 5.5 5 5 5 4 2 3 1 0 1 0

P10 8 8 8 8 7 6 6.5 6 5 5.5 4 3 3.5 3P11 6 6 5 5.5 4 4 4 2 0 1 1 0 1 0P12 9 9 8 8.5 8 8 8 6 4 5 3 3 3 2P13 8 7 5 6 5 4 4.5 2 0 1 0 0 0 0P14 7 6 5 5.5 4 2 3 1 0 1 1 1 1 0

Tabela referente à mensuração da sintomatologia dos pacientes submetidos ao tratamento associando Laserterapia e Nistatina

Page 26: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

26

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

Anexo E

Anexo E

Comitê de Ética em Pesquisa CEP•UMESP

Data: 30/09/2010 - Prol. N°374770-10 CAEE: 0094.0.214.000-10

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP-UMESP

Título do Projeto de Pesquisa: Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sin-tomatologia em pacientes com síndrome da ardência bucal.

Pesquisador Responsável: Dulce Cabelho Passarelli.

Curso/Faculdade: Odontologia I Faculdade da Saúde

O Comitê de Ética em Pesquisa reunido em 30/09/2010 deliberou como segue sobre o protocolo em questão: O pre-sente projeto de pesquisa tem como objetivo “avaliar a utilização do laser de baixa potência como método alternativo para a redução da sintomatologia da Síndrome de Ardência Bucal através da comparação entre formas terapêuticas como a prescrição de medicação antifúngica, assim como a associação do Laser com o tratamento medicamentoso.” Para isto, “serão selecionados 42 pacientes, de ambos os gêneros e divididos em três grupos:- Grupo 1 (14 pacientes): A este grupo será prescrita medicação antifúngica com bochechos diários com solução oral de NistatinaR. Os bochechos serão feitos 03 vezes ao dia por 20 dias. Seguido de controle periódico semanal; Grupo 2 (14 pacientes): Neste grupo será empregada a irradiação com laser de diodo de baixa potência (GaAsAI, Whitening Lase 11 - DMC), em modo contínuo e comprimento de onda de 830 nm, a 2mm de distância, aplicado com sistema de varredura, densidade de potência ra-diante de 60 mW/cm2, densidade de energia de 3,0 J/cm2, sendo feita uma aplicação por dia com duração de 5 minutos e intervalo de 72 horas entre cada aplicação totalizando 04 aplicações; Grupo 3 (14 pacientes): Neste grupo serão feitas as associações de tratamento dos grupos 1 e 2, ou seja, prescrição de antifúngico, aplicação de laserterapia e controle da ardência.” Os grupos serão avaliados por meio da escala visual de sintomatologia. Após leitura, análise do projeto e exame criterioso de todos os itens que compõem os documentos do Protocolo de Pesquisa, incluindo os itens presentes no Roteiro de Checagem para o parecerista e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE foi constatado que nada consta no processo que fira os princípios e normas da ética em pesquisa

O CEP-UMESP considera o projeto de pesquisa APROVADO, lembrando que a condição de aprovação da pesquisa propriamente dita exige o que segue:

• Que sejam encaminhados ao CEP-UMESP relatórios anuais sobre o andamento da pesquisa (parciais e finais)

• Que sejam notificados ao CEP-UMESP eventos adversos que tenham ocorrido no curso da pesquisa e que sejam sig-nificativos do ponto de vista ético e metodológico;

• Que sejam notificadas eventuais emendas e modificações no protocolo de pesquisa

São Bernardo do Campo, 26 de agosto de 2010.

Prota. Dra. Fernanda Angelieri

Page 27: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

27

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

R e f e R e N c I a S

1 . Blachman I, Salgado C, Silva O. A carência do nível sérico de lítio e a síndrome da boca ardente da ob-servação da ação. Revista Odontológica da Universi-dade Estadual Paulista 2001 30(2):271-5.

2 . Nery FS, Lauria RA, Sarmento VA, Oliveira MdGA. Avaliação da ansiedade e depressão em pacientes da terceira idade e sua relação com a síndrome da ardência bucal. Rev Cienc Méd Biol 2004 jan.-jun.;3(1):20-9.

3 . Soares MSM, Lima JMC, Pereira SCC. Avaliação do fluxo salivar, xerostomia e condição psicológica em mulheres com Síndrome da Ardência Bucal. Revista de Odontologia da UNESP 2008 37(4):315-9.

4 . Siqueira JTT, Turbino CL, Nasri C. Dor orofacial em pacientes com disfunçäo temporomandibular e secura bucal: necessidade de diagnóstico diferencial - discussäo clínica. J Bras Ortodon Ortop Facial 1998 mar-abr.;3(14):39-45.

5 . Cerchiari DP, Moricz RDd, Sanjar FA, Rapoport PB, Moretti G, Guerra MM. Síndrome da boca ar-dente: etiologia. Revista Brasileira de Otorrinolaringo-logia 2006 maio.-jun.;72(3):419-24.

6 . Cavalcanti DR, Birman EG, Migliari DA, da Silveira FR. Burning mouth syndrome: clinical profile of Brazilian patients and oral carriage of Candida spe-cies. Braz Dent J 2007 18(4):341-5.

7 . Arap A. Características odontológicas e prevalência da ardência em doentes com diabetes mellitus do tipo II [Dissertação]. São Paulo: Universidade São Paulo; 2009.

8 . Catão M. Os benefícios do laser de baixa intensi-dade na clínica odontológica na estomatologia. Rev Bras Patol Oral 2004 out.-dez.;2(4):214-8.

9 . Mester E, Mester AF, Mester A. The biomedical effects of laser application. Lasers Surg Med 1985 5(1):31-9.

1 0 . Brugnera Júnior A. Laser na odontologia. São Pau-lo: Pancast; 1991.

1 1 . Brown RS, Farquharson AA, Sam FE, Reid E. A retrospective evaluation of 56 patients with oral burning and limited clinical findings. Gen Dent 2006 Jul-Aug;54(4):267-71; quiz 72, 89-90.

1 2 . Miglioratti C, Lloid C. Hipersensibilidade dentinária tratada com laser de baixa intensidade. J Oral Laser Applic 2005 5(237-43.

1 3 . Mezzarane L. Proposta de protocolo clínico para utilização do laser de baixa potência em estomatite protética associada à candidose atrófica [Disserta-ção]. São Paulo: Universidade São Paulo; 2007.

1 4 . Fréo B. Estudo clínico da atividade da capsaicina em portadores da síndrome de ardência bucal [Dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2008.

1 5 . Grushka M, Epstein JB, Gorsky M. Burning mouth syndrome. Am Fam Physician 2002 Feb 15;65(4):615-20.

1 6 . Lamey PJ, Lamb AB. Lip component of burning mouth syndrome. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 1994 Nov;78(5):590-3.

1 7 . Amenábar J. Níveis de cortisol salivar, grau de es-tresse e de ansiedade em indivíduos com síndrome de ardência bucal [Dissertação]. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 2006.

1 8 . Taebunpakul P, Piboonratanakit P, Thongprasom K. Folate Levels in Burning Tongue. Acta stomatologica Croatica 2007 41(3):

1 9 . Grushka M, Epstein JB, Gorsky M. Burning mouth syndrome and other oral sensory disor-ders: a unifying hypothesis. Pain Res Manag 2003 Fall;8(3):133-5.

2 0 . Maidana JD, Cherubini K, Krapf SMR. Associa-ção entre síndrome da ardência bucal e hipossi-alia. Revista da Faculdade de Odontologia - UPF 2005 10(1):24-8.

Page 28: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

28

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Passarelli DHC, Youssef MN, Zaroni WCS • Utilização do laser de baixa potência como método alternativo para diminuição da sintomatologia em pacientes com síndrome de ardência bucal • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 5-28

2 1 . Cho MA, Ko JY, Kim YK, Kho HS. Salivary flow rate and clinical characteristics of patients with xe-rostomia according to its aetiology. J Oral Rehabil 2010 Mar;37(3):185-93.

2 2 . Gutierrez L. Avaliação de fatores associados ao diagnóstico da xerostomia e/ou queimação bu-cal: Um estudo preliminar [Monografia]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2009.

2 3 . Kapczinski F, Gazalle FK, Frey B, Kauer-Sant’Anna M, Tramontina J. Tratamento farmacológico do transtorno bipolar: as evidências de ensaios clínic-os randomizados. Revista de Psiquiatria Clínica 2005 32(supl.1):34-8.

24 . Zheng J, McMillan AS, Wong MC, Luo Y, Lam CL. Investigation of factors associated with treatment-seeking in Southern Chinese with orofacial pain. J Orofac Pain 2010 Spring;24(2):181-8.

2 5 . Donato A, Boraks S. Laser clínico: aplicações práticas em odonto estomatologia. São Paulo: Robe; 1993.

2 6 . Buljan D, Savic I, Karlovic D. Correlation between anxiety, depression and burning mouth syndrome. Acta Clin Croat 2008 Dec;47(4):211-6.

2 7 . Cavalcanti D. Síndrome de ardência bucal: estudo duplo cego cruzado placebo controlado da efetivi-dade do acido alfa- lipóico sobre a sintomatologia e avaliação da função gustatória [Dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2008.

2 8 . Scully C. Atlas colorido de doenças da boca: di-agnóstico e tratamento. 2.ed. ed. Rio de Janeiro: Revinter; 1996.

Page 29: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

29

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Science in Health jan-abr 2013; 4(1): 29-35

Re aVal I aç ão d o S fato Re S d e RI S co a S S o c I ad o S À I N f ecç ão P o R c H l amy d I a t Rac H o m at I S e PaP I l o m aV í RU S H U m aN o

RI S k fac to RS Re a S S e S S m e N t o f a S S o c I at e d I N f ec t I o N S By c H l amy d I a t Rac H o m at I S aN d H U m aN PaP I l l o m aV I RU S

fabiana augusto Neman, Phd1

claudio antonio Barbosa de toledo (in memoriam), Phd1

Regina lucia costa e castro, mSci1

Bianca cassia troncarelli c Parra flores2

mariana motta Pires1 Viviane almeida gouveia2

Sylvia michelina fernandes Brenna (in memoriam), md, Phd1

S U m Á R I o

O objetivo deste estudo é reavaliar os fatores de risco associados às infecções por Chlamydia trachomatis e Papilomavírus Huma-no. Será um estudo caso-controle, cujos casos serão selecionados entre mulheres de 18 a 40 anos que apresentam sinais e/ou sintomas de doenças sexualmente transmissíveis e os controles serão mulheres sem essas manifestações, na mesma faixa etá-ria. A avaliação dos fatores de risco será feita por um questionário aplicado aos sujeitos e a detecção da infecção por clamídia e/ou papilomavirus será feita por métodos laboratoriais em amostras de sangue e material vaginal. No soro serão pesquisadas as imunoglobulinas M e G para clamídia, por método ELISA e no material vaginal serão pesquisados clamídia e papilomavirus por reação de polimerização em cadeia. A amostra mínima será de 100 casos e 100 controles, determinada pelo software Epi info 6.0 considerando-se α 5%, ß 20% e proporção casos / controles de 1:1. Os resultados serão analisados e comparados entre os grupos através de odds ratio, considerando-se intervalo de confiança de 95%.

Palavras-chave: Doenças sexualmente transmissíveis • Fatores de risco • Infecções por chlamydia • Infecções por papillo-mavirus • Serviços de Saúde da Mulher • Saúde Pública

a B S t R a c t

This study was performed to evaluate sexual behavior and vaginal discharges associated with Chlamydia trachomatis (CT) and Human papillomavirus (HPV) in unscreened, low-income women among the general population who attend to Brazilian public health services. A survey was conducted on 298 apparently healthy women aged 18-40 years, using a structured question-naire during their visit for an opportunistic Pap smear screening. Genital examination was done with special emphasis on identifying Sexually Transmitted Disease (STD) syndromes. The vaginal discharge was diagnosed based on speculum exami-nation and clinical criteria under the medical provider’s experience. Under normal conditions, detection tests for HPV and CT are not offered in a screening setting, and only for this study, vaginal and cervical material were collected with cytobrush to identify both using PCR. Altogether, 39 women tested positive for HPV (13%), 11 were positive for CT (3.6%), while only 3 (1%) were positive for both. The stability of the relationship had a protective effect against HPV, OR=0.46 (95%CI 0.22-0.96) p≤0.03. Bacterial vaginosis was the most prevalent entity but not significantly associated with the STDs studied here. Trichomoniasis was the second most common, and was a significantly associated with CT, OR=4.9 (95%CI 1.1-20.1), p ≤0.02. Neither of the traditional diagnostic options offers an unequivocal detection, if the target belongs to a low-preva-lence population. Considering the changes in the sexual behavior of populations, we can infer that it is virtually impossible to control the spread of STDs without continued population-based educational programs and training of health professionals.

Key words: Sexually transmitted diseases • Risk factors • Chlamydia infections • Papillomavirus infections • Women’s health services • Public health

1 medical School, Universidade cidade de São Paulo (UNIcId), Brazil. 2 Biomedical School, Universidade cidade de São Paulo (UNIcId), Brazil.

Page 30: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

30

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Neman FA, Toledo CAB, Castro RLC, Flores BCTCP, Pires MM, Gouveia Viviane A, Brenna SMF. Reavaliação dos fatores de risco associados à infecção por Chlamydia trachomatis e papilomavírus humano • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 29-35

I N t Ro d U c t I o N

Syndromic management should be a simple and inexpensive strategy to manage the diagnostic pro-cedures of sexually transmitted diseases (STDs)1. Unfortunately, the syndromic approach is perfor-med only to symptomatic or high-risk groups. In many developing countries with limited healthcare resources, having Brazil as one fine representati-ve of average others, the information on STDs is clearly insufficient among health professionals le-ading to frequent failures in diagnosis of new in-fections. When women in underprivileged urban areas present with genital discharge, they are re-ferred to public gynecological ambulatory, where genital examination is usually done without special emphasis on identifying STDs. As a consequence, STDs remain under-diagnosed. Based on this as-sumption, the syndromic management might be a good tool for classical symptomatic patients, but not for asymptomatic population with low preva-lence of STDs.2, 3, 4, 5.

This study was performed to identify vaginal discharge associated with asymptomatic Chlamydia trachomatis (CT) and Human papillomavirus (HPV) detection and evaluate sexual behavior in unscree-ned, low-income female population who attend to Brazilian public health services.

Pat I e N tS aN d m et H o d S

Brazilian Public Health system offers the pri-mary care assistance performed in so called Basic Units of Health (UBS) with free attendance, each community within demographic limits are regis-tered in the UBS files to be monitored. For this current study, we did opt for the UBS of the Mair-iporã city in São Paulo State, Brazil. The target pop-ulation was selected because it represents a most characteristic suburban region of many large urban centers in our country: predominately composed by dormitory districts of poor working population surrounding a capital city, relatively far away from

downtown and with vital services usually alongside the middle and higher-class neighborhoods. Mai-riporã has about 80,000 inhabitants of whom ap-proximately 49.4% are women6. As a satellite-city of São Paulo, Mairiporã, receives large numbers of immigrants arriving from all over the country, as well as from other developing South-American countries, looking for better opportunities. These characteristics make this city a good target for ran-dom studies, where the major characteristic is pov-erty, not an ethnic selection. The present sample was derived from women included in the files of the UBS-Mairiporã facility, having the poorest fi-nancial condition, who had already participated in regular and voluntary routine programs, with-out any access to private attendance. The research protocol was approved by the Institutional Review Board of the City University of São Paulo, Brazil and informed written consent was obtained from all subjects enrolled in the study. An epidemiologi-cal survey was conducted for 298 low-income and apparently healthy women, aged 18-40 years, who attended to public health services. Socio-demo-graphic and sexual behavior data were collected us-ing a structured questionnaire during their visit to participate in opportunistic Pap smear screening.

Genital examination was done with special em-phasis on identifying STD syndromes: genital ul-cer, genital discharge, cervicitis, genital warts and bubo. Vaginal discharge was diagnosed based on speculum examination and clinical criteria under the medical provider’s experience. The algorithm and practice guidelines of SDT-AIDS program from the Brazilian Ministry of Health7 recommended the use of microscopy and whiff test to determine pH for vaginal discharge diagnosis. However, in real life, these tools are not always available at most of the Brazilian public health gynecological ambulato-ry, because of logistical problems and cost restric-tions. The vaginal status was identified as follow: 1) fluid and white-gray vaginal discharge as bacterial vaginosis; 2) adhered substrate like white flocks as

Page 31: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

31

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Neman FA, Toledo CAB, Castro RLC, Flores BCTCP, Pires MM, Gouveia Viviane A, Brenna SMF. Reavaliação dos fatores de risco associados à infecção por Chlamydia trachomatis e papilomavírus humano • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 29-35

candidiasis, and 3) tissue covered by red dots with a bubble-like aspect and yellow-green vaginal dis-charge as trichomoniasis.

For this particular study, vaginal and cervical samples were collected using cytobrush to identify HPV (primers GP5, GP6 and MY) by Illustra blood genomicPrep® Mini Spin kit (GE Healthcare UK Limited) and CT by PCR kit (QIAamp®DNA Mini QIAGEM Group, USA). All women who tested positive were contacted by regular mail, and they were referred to a doctor at the public health service.

Data were analyzed using Epi info version 6.08, to calculate odds ratio (OR) and 95% confidence in-tervals (95%CI). The p value was obtained by cor-rected Yates test or Fisher’s exact test, when appro-priate and, considered statistically significant when lower than 0.05.

RE S U LTS

The women aged 27 years (mean), with the majority (61.9%) presenting two or less minimal

familiar (not individual) monthly salary (current Brazilian minimum salary is about 300 USD), as-sembling under USD 5,000.00 for year, per domi-cile (an average of four living people). Most women were of Caucasian origin (or white, 45.6%), Pardos (grey-brown, 38.4%) or African-Brazilians (black, 10.2%), and some (3.8%) represented other eth-nic groups, e.g. Indians (Amerindians) and Yellows (oriental, East Asians). Altogether, 39 women tes-ted PCR-positive for HPV (13%), 11 were positive for CT (3.6%), while only 3 (1%) were positive for both.

Table 1 summarizes the key behavioral (and se-xual) characteristics associated with HPV detec-tion. Of the HPV-positive women, 10% reported a single partner in the past 12 months, and 3% re-ported more than. As relation with the marital sta-tus, 7.7% of the HPV-positives women was single, divorced or widow, holding a casual partner; but only 5.3% reported a stable marital relationship. Of the HPV-negative women, most (52.3%) repor-ted a stable relationship, while 34.5% were single, divorced, widowed, or with a casual partner. The

Characteristics HPV OR (CI 95%) p valuePartners/year (n) % (n) %

Positive NegativeOne (258) 86.5 (30) 10 (228) 76.5 0.45 (0.18-1.14) 0.09Two or more (40) 13.4 (9) 3 (31) 10.4

Marital statusStable (172) 57.6 (16) 5.3 (156) 52.3 0.46 (0.22-0.96) 0.03Single, widow, divorced or casual sex

(126) 42.2 (23) 7.7 (103) 34.5

Alcohol abuseYes or casual (155) 52 (20) 6.7 (135) 45.3 0.97 (0.47-2.00) 0,94No (143) 47.9 (19) 6.3 (124) 41.6

Illicit drugs useYes or casual (4)1.3 (0) - (4) 1.3 - 0.56No (294) 98.5 (39) 13 (255) 85.5

Table 1. Sexual behavior of women as related to HPV detection.

p value by yates corrected or exact fisher test

Page 32: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

32

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Neman FA, Toledo CAB, Castro RLC, Flores BCTCP, Pires MM, Gouveia Viviane A, Brenna SMF. Reavaliação dos fatores de risco associados à infecção por Chlamydia trachomatis e papilomavírus humano • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 29-35

stability of the relationship was statistically signifi-cantly associated with negative HPV test, implica-ting a protective factor against this infection, with OR=0.46 (95%CI 0.22-0.96), p≤0.03. Alcohol consumption and the use of illicit drugs were re-ported equally by the two groups.

As to the detection of CT (Table 2), data sho-

wed that among the 11 women infected with CT, 9 had only one sexual partner in the past year and 2 reported two or more partners. Altogether, 2.3% of them were single, divorced, widowed, or had casual partner; and only 1.3% declared a stable ma-rital status. Association with drugs and alcohol did not differ between the two groups.

Characteristics CT OR (CI 95%) p valuePartners/year (n) % (n) %

Positive NegativeOne (258) 86.5 (9) 3 (249) 83.5 0.69 (0.13-4.79) 0.44Two or more (40) 13.3 (2) 0,6 (38) 12,7

Marital statusStable (172) 57.6 (4) 1.3 (168) 56.3 0.40 (0.10-1.58) 0.12Single, widow, divorced or casual sex

(126) 42.2 (7) 2.3 (119) 39.9

Alcohol useYes or casual (155) 52 (6) 2 (149) 50 1.11 (0.24-4.31) 0.89No (143) 47.9 (5) 1.6 (138) 46.3

Illicit drugs useYes or casual (4)1.3 (0) - (4) 1.3 - 0.85No (294) 98.5 (11) 3.6 (283) 94.9

Table 2. Sexual behavior of the women as related to Chlamydia trachomatis (CT) detection.

p value by yates corrected or exact fisher test

Figure 1 – Human Papilo-mavirus (HPV) and Chlamydia Trachomatis (CT) associated with vaginal discharge.

Page 33: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

33

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Neman FA, Toledo CAB, Castro RLC, Flores BCTCP, Pires MM, Gouveia Viviane A, Brenna SMF. Reavaliação dos fatores de risco associados à infecção por Chlamydia trachomatis e papilomavírus humano • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 29-35

On thorough speculum examination, 19.8% of the women presented with bacterial vaginosis, 14.1% had candidiasis, 11.4% had trichomoniasis, 1% vaginal warts, and 1.7% presented with cervi-cal muco-purulence. None of the women had ge-nital ulcer or bubo. Of the 39 (13%) HPV-positive women, 23% had vaginosis, 17.9% tested positive for trichomoniasis and 7.6% also had candidiasis. Of those 11 (3.6%) who had CT, 9% also had va-ginosis and 36.3% presented with trichomoniasis (Figure 1).

Table 3 summarizes the association between the most frequent causes of vaginal discharge (bacte-rial vaginosis and trichomoniasis) with the HPV and CT tests. Bacterial vaginosis was the most pre-valent cause, but its association with HPV or CT was not significant. Trichomoniasis was the second most frequent cause of vaginal discharge, and it was a risk factor for CT, with OR= 4.9 (95%CI 1.1-20.1), p ≤0.02.

d I S c U S S I o N

Traditional STD screening studies are usually performed in more socio-educated-financial privi-leged women. Our cohort is derived from an en-tirely different setting, representing poor-income women in a suburban area of Sao Paulo.

The summary of the results showed a low occur-rence of CT and TC; nevertheless, we demonstrate here a positive association between vaginal infec-tion caused by trichomoniasis and CT in asymp-tomatic women who are normally excluded from the public health scrutiny because of their known low-risk behavior for STD. Associations between genital pathogens have been reported before9 but TC with CT is usually diagnosed in woman with a profile showing a high-risk behavior or among those immunocompromised e.g. due to HIV10.

In general, bacterial vaginosis is the most fre-quent cause of vaginal discharge, but in the present study, we found no association with HPV or CT. Some studies suggest a link between vaginosis and cervicitis caused by CT11, reinforcing their increa-sed risk of other STDs by the diminution of resis-tance12 as well as the association between HPV and CT. In our report, this association occurred in only 1% of the samples.

Under normal circumstances, detection tests for HPV and CT are not offered to the screening population, based in their high cost13. To provide a proper and most accurate diagnostic in big com-munities, we should consider three possibilities:1) perform a syndromic management that follows the

Vaginal discharge HPVOR (CI 95%)

p value C TOR (CI 95%)

p value

(n) % (n) %Positive Negative Positive Negative

Bacterial vaginosis Positive (9) 3 (50) 16.7 1.2 (0.5-2.9)

0.11 (1) 0.3 (58) 19.40.3 (0-3.0)

0.32

Negative (30) 10 (209) 70.1 (10) 3.3(229) 76.8

Trichomoniasis Positive (7) 2.3 (27) 91.8 (0.6-5.0)

0.26 (4) 1.3 (30) 104.9 (1.1-20.1)

0.02

Negative(32) 10.7

(232) 77.8 (7) 2.3 (257) 86.2

Table 3. Chlamydia Trachomatis (CT) and Human Papilomavirus (HPV) associated with bacterial vaginosis and trichomoniasis.

p value by yates corrected or exact fisher test

Page 34: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

34

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Neman FA, Toledo CAB, Castro RLC, Flores BCTCP, Pires MM, Gouveia Viviane A, Brenna SMF. Reavaliação dos fatores de risco associados à infecção por Chlamydia trachomatis e papilomavírus humano • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 29-35

WHO recommendations1, being a simple and low--cost alternative to trace and evaluate STDs among symptomatic patients, specifically those with va-ginal discharge. In this situation, the diagnosis of vaginal infection is provided by the speculum examination, which is ineffective in asymptomatic patients14,15. Based only on speculum examination, we found one case of cervicitis and one woman holding genital warts in the present study. If we had considered only the clinical parameters, all the asymptomatic, plus CT- and HPV-positive women, would have escaped from detection; 2) carry out specific diagnostic tests for CT and HPV, which still faces barriers such as: fear of a positive result, possibility of damage to the current relationship, duration of the HPV test and the clinical signifi-cance of HPV latency being not appropriately han-dled16 and finally 3) treat all women with vaginal discharge, especially those with trichomoniasis, but this would be a over-treatment and a wastof resources4 with the widespread use of antibiotics without confirmation of a bacterial infection.

The syndromic approach designated for sympto-matic diseases failed to diagnose any asymptomatic illness, e.g. CT and HPV infections among low-risk sexual lifestyle women. In fact, many of these in-fections remain undetected3. Countries with bet-ter financial resources have invested in programs

screening the sexually active young, through con-tinuing education and by laboratory tests as well13. However, large-scale screening for CT and HPV is not completely efficient yet.

Considering the change in sexual behavior of populations in recent years, we can infer that it is virtually impossible to control the spread of STDs without vigorous and continued health education programs. To this end, financial resources are ne-eded to add efficacy to the prevention and control program. Part of these resources must be addressed for adequate training of medical providers, which in its present form is not completely efficient. The community members, in turn, need to be educated to better reach the two main goals in public health that applies to STD: to minimize the prevalence and to adhere the treatment.

Unfortunately, what we see everyday is CT and HPV infections continuing to spread and genera-ting high costs for the treatment of the infected pe-ople and society in general.

ac k N ow l e d g e m e N tS

We are grateful to Mayor Office of the Mairi-porã City and to the health professionals who hel-ped us and the FAPESP for the financial support (09/52708-1).

Page 35: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

35

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Neman FA, Toledo CAB, Castro RLC, Flores BCTCP, Pires MM, Gouveia Viviane A, Brenna SMF. Reavaliação dos fatores de risco associados à infecção por Chlamydia trachomatis e papilomavírus humano • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 29-35

R e f e R e N c e S

1 . World Health Organization. Training modules for the syndromic management of sexually transmit-ted infections. Sexual and reproductive health. Se-xual and reproductive health. Geneva WHO 2007. Disponível em: http://www.who.int/reproductivehe-alth/publications/rtis/9789241593407index/en/.

2 . Hawkes S, Morison L, Foster S, Gausia K, Chakra-borty J, Peeling RW, et al. Reproductive-tract infections in women in low-income, low-preva-lence situations: assessment of syndromic mana-gement in Matlab, Bangladesh. Lancet 1999 Nov 20;354(9192):1776-81.

3 . Vishwanath S, Talwar V, Prasad R, Coyaji K, Elias CJ, de Zoysa I. Syndromic management of va-ginal discharge among women in a reproduc-tive health clinic in India. Sex Transm Infect 2000 Aug;76(4):303-6.

4 . George R, Thomas K, Thyagarajan SP, Jeyaseelan L, Peedicayil A, Jeyaseelan V, et al. Genital syn-dromes and syndromic management of vaginal discharge in a community setting. Int J STD AIDS 2004 Jun;15(6):367-70.

5 . Clark JL, Lescano AG, Konda KA, Leon SR, Jones FR, Klausner JD, et al. Syndromic management and STI control in urban Peru. PLoS One 2009 4(9):e7201.

6 . IBGE. Brazilian Institute of Geography and Statis-tics (IBGE) Brazilian Demographic Cense 2000-2010. 2010 [Acesso em April 08, 2011]; Dis-ponível em: http://www.ibge.gov.br/censo2010/primeiros_dados_divulgados/index.php?uf=35.

7 . Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilân-cia em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Manual de Controle Doenças Sexualmente Trans-missíveis. 2006 [Acesso em Dezembro 20, 2010]; Disponível em: http://www.aids.gov.br/sites/de-fault/file/manual_dst_tratamento.pdf.

8 . Epi Info. Compute program: version 6. Atlanta: GA: Centers for Disease Control and Prevention; 1994

9 . Allsworth JE, Ratner JA, Peipert JF. Trichomo-niasis and other sexually transmitted infections: results from the 2001-2004 National Health and Nutrition Examination Surveys. Sex Transm Dis 2009 Dec;36(12):738-44.

1 0 . Moodley P, Connolly C, Sturm AW. Interrela-tionships among human immunodeficiency virus type 1 infection, bacterial vaginosis, trichomonia-sis, and the presence of yeasts. J Infect Dis 2002 Jan 1;185(1):69-73.

1 1 . Yoshimura K, Yoshimura M, Kobayashi T, Kubo T, Hachisuga T, Kashimura M. Can bacterial vagino-sis help to find sexually transmitted diseases, es-pecially chlamydial cervicitis? Int J STD AIDS 2009 Feb;20(2):108-11.

1 2 . Brotman RM, Klebanoff MA, Nansel TR, Yu KF, Andrews WW, Zhang J, et al. Bacterial vaginosis assessed by gram stain and diminished colonization resistance to incident gonococcal, chlamydial, and trichomonal genital infection. J Infect Dis 2010 Dec 15;202(12):1907-15.

1 3 . Morgan J, Bell A. The highs and lows of oppor-tunistic Chlamydia testing: uptake and detection in Waikato, New Zealand. Sex Transm Infect 2009 Oct;85(6):452-4.

1 4 . Singh RH, Erbelding EJ, Zenilman JM, Ghanem KG. The role of speculum and bimanual exami-nations when evaluating attendees at a sexually transmitted diseases clinic. Sex Transm Infect 2007 Jun;83(3):206-10.

1 5 . Geisler WM, Chow JM, Schachter J, McCormack WM. Pelvic examination findings and Chlamydia trachomatis infection in asymptomatic young wo-men screened with a nucleic acid amplification test. Sex Transm Dis 2007 Jun;34(6):335-8.

1 6 . Syrjänen K, Syrjänen S. Papillomavirus infections in human pathology. Chichester, UK: John Wiley & Sons; 2000.

Page 36: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

36

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Science in Health jan-abr 2013; 4(1): 36-44

I N f lU ê N c I a da fo R m aç ão e m e d U c aç ão f í S I c a e m P Ro f e S S o Re S d e J U d Ô

I N f lU e N c e o f P HyS I c al e d U c at I o N o N t e ac H e RS o f J U d o a S a m aRt I al aRt.

fábio Rodrigo ferreira gomes1

felipe cesar marcelino coutinho2

frank Shiguemitsu Suzuki3

marcelo massa4

R e S U m o

No ensino do Judô, o professor normalmente reproduz os ensinamentos de maneira similar ao que aprendeu, partindo do pressuposto de que é a maneira correta. No entanto, no que tange à busca de formação profissional, alguns professores de luta realizam um curso formal em Educação Física para cumprir a legislação e a regulamentação das competências da profissão. Assim, o objetivo deste estudo é verificar a influência do curso de Educação Física em professores que lecionam Judô para iniciantes. O estudo se deu por questões abertas. Participaram deste estudo 12 professores de Judô, faixa preta, sendo sete formados em Educação Física e cinco não formados. De acordo com os discursos obtidos, é possível concluir que a elaboração das aulas de Judô se dá predominantemente a partir do conhecimento adquirido na vivência da modalidade do professor e a graduação em Educação Física pouco influenciou nas estratégias utilizadas.

Palavras-chave: Artes marciais, Educação física, Treinamento.

a B S t R a c t

In the teaching of Judo, the teacher usually plays the teachings similarly to what has been learned, assuming that is the correct way. However, when it comes to seeking professional training, some teachers struggle to carry out a formal course in Physi-cal Education to comply with the laws and regulations of acquiring the skills of the profession. The objective of this study is to investigate the influence of Physical Education graduate courses for teachers who teach Judo for beginners. The study used an open interviews. Participants were twelve teachers Judo fifth dan, seven graduates in Physical Education and five not graduated. According to the results, we conclude that the development of Judo classes is predominantly from the knowledge gained in the experience as an instructor and Physical Education graduation had little influence on the strategies used.

Key words: Martial Arts; Physical Education and Training.

1 doutorando em educação física - USP, Professor - Uninove, membro dos grupos: gecom-Unicid; lacom-USP; gePcHam-USP2 graduado em educação física - Uninove 3 mestrado em educação física – USJt, Professor – Uninove4 doutorado em educação física - USP, Professor - USP-eacH, membro do gePcHam-USP

Page 37: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

37

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Gomes FRF, Coutinho FCM, Suzuki FS, Massa M. Influência da formação em educação física em professores de judô • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 36-44

I N t Ro d U ç ão

O Judô, esporte oriental criado no Japão, atual-mente é muito praticado desde o início da infância nas escolas, com vários objetivos, alguns relaciona-dos aos benefícios físicos como agilidade, força, velo-cidade na tomada de decisão, e outros sociais, como comportamento e disciplina.

O Judô foi criado no Japão pelo professor Jigoro Kano em 1882. Essa arte foi derivada de alguns estilos de jiu-jitsu, que havia perdido o sentido de praticar lutas para fins de guerra. Foi necessário encontrar outro objetivo para a prática da luta, e seu criador esteve empenhado em um modo educacional, onde a arte marcial contribuiria para aperfeiçoamento do equilíbrio físico e espiritual do ser humano1 .

Segundo Sugai2 (2000), Jigoro Kano iniciou seu moderno sistema de jiu-jitsu utilizando métodos racionais em benefício das pessoas e da sociedade, baseado em leis de dinâmica, ação e reação, selecio-nou as técnicas que ofereciam fundamentos científi-cos, criou sua própria disciplina, elaborou uma nova orientação e inseriu princípios básicos como: equi-líbrio, gravidade e sistemas de alavancas nas execu-ções dos movimentos lógicos, onde não só a própria força é importante numa disputa, mas o raciocínio e aproveitamento da força do adversário.

No Brasil, o judô foi introduzido por volta de 1908, com a vinda dos imigrantes japoneses, fazen-do parte da cultura nipônica presente e fundamental para enriquecer a formação dos jovens imigrantes3. É importante salientar que os professores de Judô não eram formados para tal, mas sim estavam no Brasil para tentar uma vida melhor que no Japão, a maioria trabalhava com agricultura4.

Muitos pais colocam seus filhos para praticar Judô como complemento da educação adquirida em casa. Assim, ele é um dos esportes mais procurados, uma modalidade esportiva oriental que incute pri-meiramente a disciplina na aprendizagem e formação de seus alunos. Com base no senso comum, diz-se

que o Judô ensina a ter “disciplina” Arena e Böhme5 (2000) afirmam que nos clubes, secretarias munici-pais de esportes, inclusive em escolas, encontram-se crianças a partir de quatro anos praticando judô.

Acredita-se que o judô, como atividade esporti-va, pode ser ensinado a partir da pré-escola e que os ensinamentos dessa modalidade devem respeitar as características psicológicas e biológicas das crianças. Para tanto, é necessário aproximar pedagogicamen-te e adaptar esse esporte a essa faixa etária. Porém, tem sido observado frequentemente que é uma prá-tica carente de fundamentação teórica que oriente os procedimentos didático-pedagógicos.

É importante ressaltar que a fundamentação te-órica, acima citada, não se restinge somente aos as-pectos de como ensinar, mas Santos6 (1993) ressalta a falta de conhecimentos teóricos sobre a modalida-de entre os professores e judocas, e em consequência não sabem da aplicação desses princípios no judô ou mesmo no cotidiano. Segundo Miranda7 (2004) os professores de judô quase sempre utilizam o método tradicional, largamente baseado no senso comum, e pouca inovação tem acontecido com base em conhe-cimentos científicos.

Existem alguns aspectos a se levar em considera-ção: o primeiro está relacionado às faixas etárias. No cotidiano do Judô, as aulas realizadas com adultos têm características similares às aulas para as crian-ças; as diferenças estão relacionadas aos golpes utili-zados em cada idade e a intensidade de treinamento em relação aos exercícios.

Miranda7 (2004) alerta que a especialização dos movimentos e a complexidade das técnicas de judô aplicadas na primeira infância podem ser prejudi-ciais ao repertório motor, bem como promover da-nos fisiológicos e psicológicos; nessa fase as crianças devem receber ensino todo especial, baseado em recreação, de forma lúdica, sem aplicar formas ou técnicas. Mais especificamente, ele afirma que os movimentos repetitivos que fazem parte das aulas de

Page 38: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

38

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Gomes FRF, Coutinho FCM, Suzuki FS, Massa M. Influência da formação em educação física em professores de judô • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 36-44

judô devem ser evitados em crianças.

Tani et al.8 (1988), ao se referirem à abordagem desenvolvimentista, deixam claro que o movimento humano faz parte do domínio motor, mas também estão presentes o domínio cognitivo e o domínio afetivo-social. Assim, os professores deveriam ensi-nar não só as técnicas do judô, mas relacioná-las e trazer diferentes ensinamentos para o cotidiano de seus alunos. Nesse sentido, Santos9 (2006) diz que há uma transformação ocorrendo para não mais se ministrar conteúdos ideológicos da modalidade, ou seja, os conteúdos de bases filosóficas que nortea-ram e fundamentaram as decisões de Jigoro Kano ao idealizar o Judô. Atualmente, nas aulas de judô, os professores têm se preocupado muito com o aperfei-çoamento das técnicas de seus alunos, principalmen-te como um preparo para as competições, em que o foco está nos resultados para a Associação e para si mesmos como professores-técnicos, e têm se esque-cido de disseminar os ensinamentos filosóficos que o judô também traz no seu alicerce. Ainda se acres-centa que é necessário se formar primeiro um judoca de essência para depois se formar um atleta, dando a ele uma boa base teórico-prática e, ainda, um aporte físico, psíquico e espiritual9. Nesse sentido, deve-se partir da consideração da tradição cultural de deter-minada modalidade, reconhecendo os valores, mui-tas vezes inconscientes, que dão suporte e sentido à sua prática10. Conforme a introdução deste trabalho, o judô é uma modalidade esportiva oriental e segue princípios rígidos de uma cultura milenar, que leva em consideração aspectos como obediência e respei-to ao extremo. Nesse sentido, o Judô denomina-se como uma modalidade tradicional, em que os pro-fessores replicam os ensinamentos de seus mestres, normalmente sem questionar ou modificar. Baptis-ta11 (2000) esclarece a ideia quando diz que a trans-ferência do método de ensino do judô japonês para o judô brasileiro deve conter modificações afetivas e pedagógicas, adaptadas ao nosso sistema educacional brasileiro, para que as crianças não se sintam repri-midas e saturadas, fazendo com que procurem outra

atividade esportiva.

Outro fator que se deve levantar é que, após a lei 9696/98 em que se regulamentou a profissão de Professor de Educação Física, atribuiu-se a este pro-fissional a responsabilidade de:

“...coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de auditoria, consultoria e asses-soria, realizar treinamentos especializados, parti-cipar de equipes multidisciplinares e interdiscipli-nares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do desporto”12.

Assim, os professores de Judô deveriam cursar Educação Física. Apesar do curso de Licenciatura em Educação Física objetivar a formação de profes-sores para atuarem na Educação Física Escolar, ele também abarca o professor que possui interesses em modalidades específicas. Dessa forma, durante o curso o professor de Judô deve estabelecer suas próprias relações entre as disciplinas do curso de graduação e a modalidade a qual pratica, pois não existem disciplinas que tratem a modalidade por si mesma direcionada ao especialista. Assim, diante da importância dos conhecimentos adquiridos no curso de Educação Física, o objetivo do presente estudo é analisar a contribuição da graduação em Educação Física na formação dos professores de Judô que atu-am na iniciação esportiva da modalidade.

m eto d o l o g I a

Pode-se classificar essa pesquisa como Qua-litativa, porque dentre suas características estão a observação e as entrevistas no ambiente real ou natural13. A pesquisa qualitativa torna-se a melhor opção, porque seus métodos são tão abertos que a complexidade e profundidade necessárias para se alcançar os objetivos desse estudo não poderiam ser atendidas por métodos quantitativos14.

Fizeram parte deste estudo 12 professores de judô, sendo 07 (S1; S2; S3; S4; S5; S6 e S7) forma-

Page 39: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

39

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Gomes FRF, Coutinho FCM, Suzuki FS, Massa M. Influência da formação em educação física em professores de judô • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 36-44

dos no curso de Educação Física e 05 (S8; S9; S10; S11 e S12) professores não formados no curso de Educação Física, mas formados dentro do judô, e que também ensinam a modalidade para crianças a partir de 06 anos de idade. Todos eram professores de clubes e academias que participam de competi-ções. As entrevistas aconteceram durante competi-ções em ambiente calmo e reservado.

Com o objetivo de comparar a influência da for-mação em Educação Física em professores de Judô que ensinam crianças, utilizou-se como método de pesquisa “Discurso do Sujeito Coletivo” (DSC)15.

De acordo com o método do DSC (Lefèvre e Lefèvre15, 2003), a partir de questões abertas, al-guns sujeitos de alguma forma representativos des-sa coletividade (professores de Judô formados e não formados em Educação Física), se expressam quase que livremente a ponto de produzir discursos.

O DSC permitiu uma abordagem qualitativa acerca do processo de ensino e aprendizagem dos professores de Judô formados em educação físi-ca e os não formados. De acordo com Lefèvre e Lefèvre15 (2003), o pensamento é algo essencial-mente discursivo e só pode ser obtido numa escala coletiva a partir de perguntas abertas elaboradas para um conjunto de indivíduos de alguma forma representativo dessa coletividade, deixando com que esses indivíduos se expressem mais ou menos livremente. Nesse sentido, as perguntas fechadas seriam insuficientes diante dessa perspectiva, pois não enfatizariam a expressão de um pensamento, mas a expressão de uma adesão a um pensamento preexistente.

O DSC é uma proposta de organização e tabu-lação de dados qualitativos de natureza verbal e, no presente estudo, obtidos em depoimentos dos professores (não formados em educação física e formados). Para confeccionar os DCSs, Lefèvre e Lefèvre15 (2003) criaram as seguintes figuras me-todológicas: Expressões Chaves (ECH): transcri-

ções literais do discurso, dessa maneira as ECHs são matérias-primas do DSC; Ideias Centrais (IC), nome ou expressão linguística que revela e descre-ve, de forma sintética, precisa e fidedigna, o senti-do de cada um dos discursos analisados e de cada conjunto homogêneo de ECH, que vai dar origem, posteriormente, ao DSC - cada discurso individual pode conter uma ou mais IC; DSC: é um discurso síntese redigido na primeira pessoa do singular e composto pelas ECHs que tem a mesma IC.

Sendo assim, foi utilizado um roteiro de entre-vistas composto por 4 perguntas:

Me conte um pouco como é sua história e sua formação para ser professor de Judô.

Como você estrutura as partes de sua aula para crianças?

Que técnicas ensina para os alunos iniciantes?

Me conta como você ensina essas técnicas.

Os depoimentos foram gravados em aparelho MP3 (digital) e, posteriormente, transcritos de modo a recuperar a sua integridade, servindo de matéria-prima para a construção dos DCs.

RE S U LTAD O S

Os resultados e discussões foram divididos em dois momentos. Seguem abaixo as entrevistas e os DSC’s construídos para (IC). Inicialmente com os professores de Judô graduados em Educação Física, logo em seguida os professores de Judô sem a gra-duação em Educação Física.

Professores de Judô graduados em Educação Fí-sica

Page 40: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

40

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Gomes FRF, Coutinho FCM, Suzuki FS, Massa M. Influência da formação em educação física em professores de judô • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 36-44

Tabela 1 – Caracterização das ideias centrais, frequência e percen-tual de respostas para a pergunta: Me conte um pouco como é sua história e sua formação para ser professor de Judô.

IC Frequência %

AComeçou auxiliando o “Sensei” (professor de

Judô)7 100%

DSC: IC – Começou auxiliando o “sensei” (S1; S2; S3; S4; S5; S6 e S7):

Eu treinava judô, fui me graduando e quando cheguei próximo a faixa preta comecei a ajudar meu sensei nas aulas, então comecei a ministrar aulas para os menores, mas sob supervisão do meu mestre.

Tabela 2 – Caracterização das ideias centrais, frequência e percentu-al de respostas para a pergunta: Como você estrutura as partes de sua aula para crianças?

IC Frequência %

AVisando somente o

Lúdico4 57%

BVisando o desenvolvi-mento da coordenação

motora2 29%

CAspectos técnicos especí-

ficos do Judô3 43%

DAspectos técnicos nas

brincadeiras2 14%

DSC: ICA – Visando somente o lúdico (S1; S2; S3 e S4):

Como é aula para criança, acho que é muito no lúdico, faço brincadeira para aquecer, procuro sem-pre dar brincadeiras e deixar as aulas bem lúdicas.

DSC: ICB – Visando o desenvolvimento da co-ordenação motora (S2 e S5):

Eu procuro trabalhar primeiro a coordenação motora, equilíbrio, para que eles usem o corpo através de animais, pulando, rastejando, correndo, virando cambalhota, ou seja trabalha coordenação motora geral não específica.

DSC: ICC – Aspectos técnicos específicos do Judô (S1; S6 e S7):

A gente pega mais a parte técnica, quedas, en-trada de golpe, lutas e pequenas competições.

DSC: ICD – Aspectos técnicos nas brincadeiras (S6 e S7):

Procuro ensinar os fundamentos do Judô com brin-cadeiras, com exercícios adaptados, tem que ensi-nar os golpes fazendo um comparativo com alguma coisa do mundo dela, isso é trabalhoso.

Tabela 3 – Caracterização das ideias centrais, frequência e percentu-al de respostas para a pergunta: Que técnicas ensina para os alunos iniciantes?

IC Frequência %

AEnsina golpes de diferentes

características (ashi waza – te waza – koshi waza)

5 71%

B Ensina quedas 1 14%C Técnicas de solo (ne waza) 2 28%

DSC: ICA – Ensina golpes de diferentes carac-terísticas (ashi waza – te waza – koshi waza) S1; S2; S3; S6 e S7:

Eu ensino técnicas de pé como osotogari e ou-chigari, de mãos como iponseoinague e koshiguru-ma de quadril, pois é a partir destas que eles vão evoluindo para outros golpes mais complexos, logo depois do o soto gari ensino o o goshi.

DSC: ICB – Ensina quedas (S4):

A gente sempre ensina quedas, o aluno tem que perder o medo de estar no chão, assim se faz as quedas repetidas vezes em todas as aulas.

DSC: ICC – Técnicas de solo (ne waza) S5 e S6:

O ne waza a gente trabalha muito com a parte de imobilizações hon kessa gateme, yoko shiro ga-tame e movimentações de solo.

Page 41: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

41

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Gomes FRF, Coutinho FCM, Suzuki FS, Massa M. Influência da formação em educação física em professores de judô • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 36-44

Tabela 4 – Caracterização das ideias centrais, frequência e percen-tual de respostas para a pergunta: Me conta como você ensina essas técnicas.

IC Frequência %

A Demonstração 1 14%

B Explorando a imaginação 4 57%

C Repetições de golpes (uchi komi) 2 28%

DRepetições do golpe (uchikomi) em movimento e projetando o

oponente3 43%

DSC: ICA – Demonstração (S1):

Primeiro eu faço a técnica em um aluno, eles fa-zem em mim, depois eles repetem nos coleguinhas.

DSC: ICB – Explorando a imaginação (S2; S3; S4 e S5):

Eu tento fazer a criança imaginar que sua perna é um ganchinho, aí tem que enganchar na perna do coleguinha, finjo que as pernas do meu aluno é a toca do coelho e o coelho que é a perna do outro aluno tem que entrar na toca do coelho. Peço que eles imaginem que o quadril é o carro e eles têm que estacionar o carro dentro da garagem que é a cintura do outro oponente. Assim vou criando os golpes.

DSC: ICC – Repetições do golpe (uchikomi) (S6 e S7):

Eu mostro um golpe, peço que eles realizem por algumas vezes e assim eles vão aprimorando os gol-pes, esta é a função do uchikomi.

DSC: ICD - Repetições do golpe (uchikomi) em movimento e projetando o oponente (S1; S3; S4 e S7):

Depois que eles aprendem a forma dos golpes, passo em movimento e depois faço arremessando, assim eles conseguem aprender melhor os golpes.

Professores de Judô sem graduação em Educa-ção Física

Tabela 5 – Caracterização das ideias centrais, frequência e percen-tual de respostas para a pergunta: Me conte um pouco como é sua história e sua formação para ser professor de Judô.

IC Frequência %

AComeçou auxiliando o “Sen-

sei” (professor).5 100%

DSC: ICA – Começou auxiliando o “Sensei” (professor) S8; S9; S10; S11 e S12.:

Eu acho que todos se espelham no seus “senseis” e a gente acaba levando seus ensinandos, seus trei-nos e suas palavras para os alunos e a gente vai le-vando isto com a gente.

Tabela 6 – Caracterização das ideias centrais, frequência e percentu-al de respostas para a pergunta: Como você estrutura as partes de sua aula para crianças?

IC Frequência %

A Foco no lúdico 4 80%

B Simulação de competições e regras 1 20%

C Aspectos técnicos do Judô 4 80%

D Aspectos técnicos nas brincadeiras 1 20%

EBrincadeiras para o condiciona-mento físico

120%

DSC: ICA – Visando somente o lúdico S8; S9; 10 e S11:

No aquecimento eu dô corridinhas e pega-pe-gas, tudo muito lúdico, pois nesta idade não po-demos ensinar o judô mesmo, sempre começo por brincadeiras para aquecer, como a brincadeira do porco espinho, o rabo do coelho.

DSC: ICB – Simulação de competições, regras (S12):

Eu faço estilo competição, simulo uma competi-ção, e vou ensinando as regras de competição.

DSC: ICC – Aspectos técnicos do Judô (S9; S10; S11 e S12):

Passou o aquecimento e quedas, a gente vai para

Page 42: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

42

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Gomes FRF, Coutinho FCM, Suzuki FS, Massa M. Influência da formação em educação física em professores de judô • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 36-44

o treino de golpe, ensinando toda a parte de base do Judô, os golpes básicos.

DSC: ICD – Aspectos técnicos nas brincadeiras (S10):

Atividades lúdicas sem perder o foco no Judô, através de brincadeiras vai fazendo o movimento de entrada de golpe.

DSC: ICE – Brincadeiras para o condiciona-mento físico (S12):

Vai trabalhar a parte física ali brincando, cor-rendo, pulando.

Tabela 7 – Caracterização das ideias centrais, frequência e percentu-al de respostas para a pergunta: Que técnicas ensina para os alunos iniciantes?

IC Frequência %

A Quedas 1 20%

BEnsina golpes de diferentes carac-terísticas (ashi waza – te waza – koshi waza)

5 100%

DSC: ICA – Ashi waza (golpes de pé) (S8):

Eu ensino as técnicas mais simples que são o osotogari e o ouchi gari.

DSC: ICB – Ensina golpes de diferentes carac-terísticas (ashi waza – te waza – koshi waza) S8;S9; S10; S11 e S12:

Tabela 8 – Caracterização das ideias centrais, frequência e percentual de respostas para a pergunta: Me conta como você ensina essas técnicas.

IC Frequência %A Demonstração 3 43%B Explorando a imaginação 4 57%

CRepetições de golpe

(uchikomi)2 28%

DRepetições do golpe

(uchikomi) em movimento e projetando o oponente

1 14%

DSC: ICA – Demonstração (S8; S10 e S11):

Agente precisa primeiro fazer com que eles pa-rem e observem o que se demonstra, eu primeiro mostro os golpes para eles saberem como é a técni-ca depois peço que eles repitam em forma de uchi-komi (entradas repetitivas de golpes).

DSC: ICB – Explorando a imaginação (S8; S9; S10 e S11):

Eu peço que eles imaginem que a perninha é um gancho que deve enganchar na perninha do com-panheiro.

DSC: ICC - Repetições do golpe (uchikomi) (S7 e S6):

Peço que eles abracem os amigos, aí peço para virar o quadril, assim se forma o “koshi guruma” por exemplo.

DSC: ICD – Repetições do golpe (uchikomi) em movimento e projetando o oponente (S12):

Peço que um dos alunos fique com os braços abertos, aí eu peço que o aluno que vai aplicar o golpe, imagine que vai colocar o carro na garagem, no caso seria o quadril, assim vou montando os gol-pes, de maneira bem lúdica.

d I S c U S S ão

A seguir será realizada a discussão dos discursos acima colocados, que serão analisados em pares, ou seja, sempre comparando os professores de Judô não graduados e graduados em Educação Física.

Na primeira pergunta os indivíduos foram soli-citados a discorrer acerca de sua história e forma-ção para ser professor. Todos os entrevistados, in-dependente da formação, afirmaram que iniciaram a lecionar ajudando seu professor.

Outro fato é a própria iniciação no ensino, em que todos entrevistados iniciaram com o próprio professor, dessa maneira podemos refletir a preva-lência do método de ensino utilizado.

Page 43: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

43

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Gomes FRF, Coutinho FCM, Suzuki FS, Massa M. Influência da formação em educação física em professores de judô • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 36-44

Na segunda questão foi solicitado ao entrevista-do descrever a maneira com que estrutura as par-tes da aula. Alguns professores afirmaram utilizar estratégias lúdicas. Dessa maneira, foi observado o que o professor queria dizer com Lúdico; 80% dos professores não graduados entendem como lú-dico as brincadeiras de pega-pega e exercícios com nome de bichos, que acontecem no início da aula, e esse tipo de informação só ocorre em 14% dos professores graduados em Educação Física.

Nesse sentido, parte dos professores (43% dos graduados e 80% dos não graduados) dizem visar o aspecto técnico da aula, ou seja, ensinam os golpes por meio das entradas de golpes tradicionais, so-mente um professor graduado declara que ensina os golpes a partir de histórias e brincadeiras.

Em relação à terceira questão, referente às téc-nicas ensinadas aos iniciantes, não houve diferença aparente. Todos os professores citaram trabalharem técnicas: ashi-waza (osotogari, ouchigari); koshi--waza (koshiguruma, ogoshi); te-waza (ipponseoi, seoinague). A escolha das técnicas é foco de dis-cussão nas academias, e cada professor toma suas decisões provavelmente baseado nos seus profes-sores; no entanto Santos6 (1993) sugere que sejam evitados golpes de koshi-waza ou de te-waza para crianças, em que se carrega o oponente nas cos-tas, pois podem causar desvios posturais; os golpes de ashi-waza proporcionam quedas mais baixas, na perspectiva de quem cai.

Poucos professores enfatizaram o ensino das quedas como parte técnica, no entanto pode-se imaginar que isso aconteça para todos, pois as téc-nicas de amortecimento de quedas são primordiais para o aprendizado das técnicas de projeção.

No que se refere às técnicas de solo (ne-waza), somente uma pequena parte dos professores gra-duados (28%) ensinam, provavelmente porque essa parte da luta é pouco privilegiada durante as com-petições.

Em relação à estratégia de ensino das técnicas,

grande parte dos professores citam utilizar a de-monstração como ferramenta; somente os indiví-duos formados em Educação física utilizam em seu discurso a palavra uchikomi e somente 14% (pro-fessores graduados) dizem utilizar o uchikomi em movimento. É importante ressaltar que os estudos em aprendizagem motora indicam um melhor de-sempenho do uchikomi em movimento, mais es-pecificamente opondo-se à maneira tradicional de ensino (uchikomi estático).

co S I d e RaçÕ e S

O Judô é uma modalidade muito praticada por crianças, principalmente no âmbito escolar; dessa forma, deve-se questionar o objetivo desse Judô, se é de cunho competitivo, educacional ou mesmo de condicionamento físico.

A partir das questões acima elaboradas, perce-be-se uma predominância do método de ensino ar-tesanal, ou seja, mesmo os professores graduados em Educação Física utilizam estratégias parecidas com o que lhes foi ensinado.

Mas fato é que nem todos que iniciam nessa mo-dalidade vão se tornar atletas competidores, por isso os professores que dão aula para esses novos praticantes têm papel fundamental sobre o futuro dessas crianças, ensinando a elas não só as técni-cas do judô, ou ensiná-las visando a luta em si, mas devem buscar em suas aulas diferentes meios para contribuir na formação integral do indivíduo, não se preocupando apenas com os aspectos motores, mas contribuindo também com os fatores cogni-tivos e afetivos dos alunos, oferecendo valores que serão úteis no seu cotidiano.

Para tanto, exige-se conhecimento além da prá-tica como atletas-praticantes e uma formação mais específica, como a graduação em Educação Física, para que ensinem o judô com maior riqueza de co-nhecimentos científicos e bases didático-pedagógi-cas, que serão vivenciadas durante sua vida acadê-mica.

Page 44: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

44

ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Gomes FRF, Coutinho FCM, Suzuki FS, Massa M. Influência da formação em educação física em professores de judô • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 36-44

R e f e R ê N c I a S

1 . Kano J. Energia mental e física: escritos do funda-dor do judô São. Paulo: Pensamento; 2008.

2 . Sugai V. O caminho do guerreiro: integrando edu-cação, autoconhecimento e autodomínio pelas ar-tes marciais. São Paulo: Gente; 2000.

3 . Deliberador A. Judô: metodologia da participa-ção. Londrina: Lido; 1996.

4 . Suzuki F. Atividade física e saúde em idosas japo-nesas: análise de aspectos socioculturais [Disser-tação]. São Paulo: Universidade São Judas Tadeu; 2008.

5 . Arena SS, Böhme MTS. Programas de iniciação e especialização esportiva na grande São Paulo. Rev Paul Educ Física 2000 Jul.-Dez;14(2):184-95.

6 . Santos SG. A influência da prática do judô na pos-tura de atletas do sexo masculino do estado do Paraná [Dissertação]. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria; 1993.

7 . Miranda ML. A iniciação no judô: relação com o desenvolvimento infantil [Monografia]. São Paulo: Universidade Paulista; 2004.

8 . Tani G, Kokubun E, Manoel EJ, Proença JE. Edu-cação física escolar: fundamentos de uma abor-dagem desenvolvimentista. São Paulo: EPU/EDUSP; 1988.

9 . Santos S. Judô: onde está o caminho suave? Rev Bras Cineantropometria e desempenho humano 2006 8(1):114-9.

1 0 . Daolio J. Educação física escolar: em busca da plu-ralidade. Rev Paul Educ Física 1996 suppl 2(1):40-2.

1 1 . Baptista CES. Judô: da escola à competição. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint; 2000.

1 2 . Brasil. Lei n. 9.696, de 1. de Setembro de 1998. Dispõe sobre a regulamentação da profissão de Educação Física e cria os respectivos Conselhos Fe-deral e Regional de Educação Física. Brasília, DF: República Federativa do Brasil; 1998.

1 3 . Thomas JR, Nelson JK, Silverman SJ. Research methods in physical activity: Human Kinetics Pub-lishers; 2010.

1 4 . Flick U, Costa J. Introdução à pesquisa qualitativa. São Paulo: Bookman Companhia 2009.

1 5 . Lefèvre F, Lefèvre AMC. O discurso do sujeito co-letivo: um novo enfoque em pesquisa qualitativa (desdobramentos). São Paulo: EDUCS; 2003.

Page 45: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

45

ISSN 2176-9095 mini-revisão / mini-Review

Science in Health jan-abr 2013; 4(1): 45-51

“d o P Ra z e R ao S o f RI m e N to” o S m ec aN I S m o S N eU RaI S e NV o lV I d o S N a d e P e N d ê N c I a d e d Ro g a S d e aB U S o.

“f Ro m P l e a S U Re to PaI N” t H e N eU Ral m ec H aN I S m I NV o lV e d I N ad d I c t I o N to d RU g S o f aB U S e.

wagner fernandes1

R e S U m o

O uso de substâncias psicoativas como drogas alucinógenas é bastante antigo e muito comum, podendo causar, na maioria das vezes, sérios problemas à sociedade. Em muitos casos, o consumo destas substâncias pode fazer parte das regras de um determinado grupo. As drogas causadoras de dependência são aquelas que estimulam os mecanismos neurais responsáveis pelo reforço positivo, ativando então o sistema dopaminérgico mesolímbico a partir da liberação de dopamina no núcleo accumbens. Dados da literatura mostram que os neurônios orexinérgicos da área hipotalâmica lateral estariam envolvidos na busca por drogas e por outras fontes de recompensa através de uma ligação com o sistema mesolímbico. As drogas de abuso também podem afetar regiões encefálicas envolvidas no aprendizado e na memória, além de interromper conexões do córtex pré-frontal responsáveis pelo controle do impulso.

Palavras chave: Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias • Drogas Ilícitas • Comportamento Apetitivo • Região Hi-potalâmica Lateral.

a B S t R a c t

The use of hallucinogenic drugs as psychoactive substances is very old and very common, may cause, for the most serious problems to society. In many cases, the use of these substances can be part of the rules of a particular group. Addictive drugs are those that stimulate the neural mechanisms responsible for positive reinforcement, then activating the mesolimbic dopa-mine system from the release of dopamine in the nucleus accumbens. Literature data show that lateral hypothalamic orexin neurons are involved in the search for drugs and other sources of reward through a connection with the mesolimbic system. Drugs of abuse can also affect brain regions involved in learning and memory, and stop connections from prefrontal cortex responsible for impulse control.

Keywords: Substance-Related Disorders, Street Drugs, Appetitive Behavior, Hypothalamic Area, Lateral.

1 laboratório de Neurociência, Núcleo de Pesquisa em Neurociência (NUPeN), Universidade cidade de São Paulo – UNIcId

Page 46: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

46

ISSN 2176-9095 Mini-revisão / Mini-Review

Fernandes W, “Do Prazer ao sofrimento” Os mecanismos neurais envolvidos na dependência de drogas de abuso • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 45-51

U m B Re V e H I S tó RI co

Desde os primórdios da humanidade, diversos povos fazem uso de substâncias psicoativas, como drogas alucinógenas. Muitas destas drogas são de-rivadas de plantas descobertas por culturas antigas, que ao fazerem uso das mesmas, podiam sentir os efeitos que elas eram capazes de causar, conside-rando-as “plantas divinas”, pois permitiam aos usu-ários receber mensagens dos deuses elevando-os à outra dimensão e causando alucinações, fazendo com que essas pessoas acreditassem estar próximas de suas divindades.

Achados arqueológicos indicam que aproxi-madamente no ano 5.000 a. C., a população que ocupava a região que atualmente corresponde ao norte do Irã, já consumia bebidas alcoólicas. O vi-nho, por exemplo, era conhecido como dádiva dos deuses, sendo peça fundamental em diversas come-morações, tendo inclusive uma festa reservada para Baco, o “Deus do vinho”. Ainda na região do Irã por volta de 4.000 a. C. os Sumerianos utilizavam a papoula como “planta da alegria”.

O uso da maconha também é bastante antigo. Acredita-se que os primeiros povos a fazerem uso desta droga foram os chineses por volta do ano 4.000 a. C.. O povo Cita, que habitava a Europa Oriental em meados do ano 500 a. C., aquecia a maconha (cânhamo) em pedras no interior de suas habitações e inalavam o vapor que resultava da queima da droga.

Atualmente, em culturas indígenas de diversos lugares, o uso de plantas alucinógenas para fins religiosos é bastante comum, em muitos casos o uso das drogas acontece em festas e celebrações. Os índios habitantes das margens do rio Xingú, na Amazônia, costumam fermentar extrato de man-dioca para fabricar uma bebida alcoólica conhecida como caxiri, a qual é muito consumida durante as festividades.

É importante ressaltar que, em grande parte

dos exemplos citados anteriormente, o uso destas substâncias se adéqua às normas sociais do grupo, sendo assim, não fere as regras impostas por eles e, portanto, não se caracteriza o mau uso.

As substâncias perturbadoras do Sistema Ner-voso Central (SNC) alcançaram um nível signifi-cativo de popularização na década de 60 durante o movimento hippie. O número de usuários de dro-gas alucinógenas aumentou durante este período, pois, os adeptos da filosofia hippie usufruíam destas substâncias a fim de manifestar seus ideais.

Nos dias atuais, o consumo de drogas é bastan-te comum e tem causado problemas extremamente graves à sociedade. Estima-se que no período entre 1988 e 1995, a população dos EUA tenha gastado cerca de U$38 bilhões com cocaína, U$7 bilhões com maconha e U$12,3 bilhões com outras drogas ilícitas1

Contudo, estas substâncias proibidas não são as únicas causadoras de problemas. Drogas conside-radas lícitas como o álcool, a nicotina e a cafeína, bastante usadas pela população mundial, causam tanto ou mais problemas médico-sociais que algu-mas drogas ilícitas. O consumo desenfreado dessas substâncias promove gastos altíssimos que estão relacionados a tratamentos médicos (tanto da de-pendência quanto das outras consequências que o abuso pode causar), perda de atividade profissional remunerada, crimes e acidentes diretamente liga-dos ao consumo exacerbado de drogas1.

Como foi possível observar, as drogas psicoa-tivas vêm sendo utilizadas por muito tempo, seja para obtenção de prazer e divertimento, ou para aliviar dor e sofrimento, de modo que se torna di-fícil pensar em uma sociedade totalmente livre do abuso de drogas.

a dePeNdêNcIa e oS cIRcUItoS ceReBRaIS

A dependência a um determinado tipo de dro-ga constitui um problema sério para nossa espécie,

Page 47: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

47

ISSN 2176-9095 Mini-revisão / Mini-Review

Fernandes W, “Do Prazer ao sofrimento” Os mecanismos neurais envolvidos na dependência de drogas de abuso • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 45-51

uma vez que um indivíduo dependente se torna incapaz de passar muito tempo sem consumi-la, e dessa forma a sua vida passa a ser organizada em torno da possibilidade de ingestão da droga.

Durante muito tempo a sociedade encarava este problema apenas como uma falha moral e os depen-dentes eram tidos simplesmente como pessoas des-providas de alto controle. Contudo, nos dias atuais, esta ideia tomou novos rumos e a dependência já é encarada como uma doença que afeta circuitos cerebrais importantes.

Diversos trabalhos mostram que fatores psico-lógicos e sociais interagem com fatores neurobio-lógicos determinando assim o uso (busca), o abuso e a dependência de drogas2. Desse modo, é muito comum que um indivíduo se torne dependente ain-

da na adolescência, quando são curiosos e contesta-dores por natureza. Normalmente quando se jun-tam a um grupo de amigos que usam drogas, eles se sentem tentados a usar também, tornando-se então fortes candidatos a futuros dependentes.

De acordo com o DSM-IV (Manual Diagnósti-co e Estatístico de Transtornos Mentais), a depen-dência é um padrão desadaptado de uso de drogas psicoativas, causando perturbações clinicamente importantes associadas à dificuldade de controlar o comportamento de autoadministração da substân-cia, sintomas de retirada e existência de tolerância (quando se torna necessário uma dose maior para produzir o mesmo efeito) aos efeitos da droga. Uma condição necessária para que ocorra a dependência é que a droga seja administrada pelo próprio indi-

Fig.1: Ação da dopamina em receptores específicos do cérebro. (fonte: Society for Neuroscience, 2011 – National Institute on Drug Abuse)

Page 48: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

48

ISSN 2176-9095 Mini-revisão / Mini-Review

Fernandes W, “Do Prazer ao sofrimento” Os mecanismos neurais envolvidos na dependência de drogas de abuso • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 45-51

víduo.

As drogas que provocam dependência são aque-las que estimulam mecanismos cerebrais respon-sáveis pelo reforço positivo, ou seja, quando um comportamento é seguido regularmente por um estímulo apetitivo, neste caso, o comportamento de ingestão de uma droga de abuso é reforçado pela própria droga.

Atualmente, diversos pesquisadores têm con-centrado seus esforços no entendimento de como fatores genéticos e ambientais, como stress, mo-dulam os circuitos neurais e aumentam o risco da dependência.

Um grande braço destas pesquisas é o trabalho que vêm sendo feito para entender como as drogas de abuso afetam o sistema neural de recompensa.

Como dito anteriormente, as drogas provoca-doras de dependência agem em circuitos neurais que controlam o reforço positivo e todas as drogas responsáveis por este processo estimulam a libe-ração de dopamina no núcleo acumbens, a partir da ativação do sistema dopaminérgico mesolímbi-co, que compreende a área tegmental ventral e o núcleo acumbens e se projeta para diferentes regi-ões encefálicas como o sistema límbico e o córtex orbitofrontal3,4. Neste caso, os níveis de dopamina circulantes podem ser até dez vezes maiores do que a produzida por prazeres cotidianos, o que pode le-var a um verdadeiro êxtase5. Sendo assim, a busca pela droga depende da ativação deste sistema dopa-minérgico que também se apresenta mobilizado na busca por outras fontes de recompensa conhecidas como naturais (a comida pode ser um exemplo).

Recentemente, uma série de trabalhos do pes-quisador Gary Aston-Jones têm mostrado que o sis-tema orexinérgico localizado no hipotálamo, mais precisamente na região lateral, desempenha um pa-pel chave nos mecanismos de recompensa envolvi-dos na busca por droga e até mesmo por comida. Os neurônios desta região sintetizam um neuropeptí-

dio chamado orexina, que está fortemente associa-do ao comportamento alimentar e manutenção do alerta6, 7,8,9,10, além de processos relacionados a me-canismos de recompensa e comportamentos aditi-vos11,12,13,14,15,16,17,18,19,20. Este mesmo grupo sugere ainda que, neurônios orexinérgicos localizados na porção mais lateral da área hipotalâmica lateral es-tariam envolvidos nos mecanismos de recompensa associados ao comportamento de busca por droga e comida, através de uma importante ligação com o sistema mesolímbico, apresentando projeções para a área tegmental ventral e núcleo acumbens21,22.

Ainda nessa linha de pesquisa, um grupo coor-denado pela Professora Doutora Sandra Ortiz do Núcleo de Pesquisa em Neurociência (NUPEN) da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID), tem estudado a participação da Matéria Cinzenta Periaquedutal (PAG), em especial da sua porção la-teral (PAGl), no controle neural da dependência. Neste estudo ratos tratados com sulfato de morfina são expostos a um condicionamento de preferência por lugar (CPP), e como resultado apresentam uma clara preferência pelo compartimento pareado com sulfato de morfina. Além disso, a análise histológica do encéfalo destes animais mostrou que as células da PAGl se encontram ativadas durante este com-portamento. Trabalhos anteriores, que também utilizaram ratos como cobaias, mostraram que esta estrutura mesencefálica se comunica, através de projeções, com a área hipotalâmica lateral (LHA) e desempenha um importante papel no compor-tamento de busca por comida, presas e filhotes23. Sendo assim, a PAGl poderia então desempenhar um papel importante na busca pela droga, através de suas projeções para a LHA, que por sua vez, se projeta para o sistema dompaminérgico mesolímbi-co, estruturas fundamentais deste circuito neural.

Outras pesquisas mostram que as drogas de abuso podem alterar conexões cerebrais que co-mandam o aprendizado e a memória, formando uma associação bastante forte entre a sensação de prazer oriunda da droga e as circunstâncias em que

Page 49: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

49

ISSN 2176-9095 Mini-revisão / Mini-Review

Fernandes W, “Do Prazer ao sofrimento” Os mecanismos neurais envolvidos na dependência de drogas de abuso • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 45-51

elas foram usadas.

Seguindo o mesmo raciocínio, estas substân-cias também são capazes de interromper conexões do córtex pré-frontal envolvidas no controle do impulso, fazendo com que seja mais difícil para o dependente resistir à droga. Corroborando estes dados, outras pesquisas sugerem que falhas nas fun-ções do córtex pré-frontal podem facilitar o risco da dependência. Estes achados poderiam explicar porque é tão comum a dependência em adolescen-tes, já que o córtex pré-frontal não está totalmente desenvolvido durante esta fase24.

Fatores ambientais, como o stress, também in-terferem nos mecanismos cerebrais e são capazes de facilitar a dependência de drogas. O stress pro-

movido durante a abstinência é capaz de aumentar a síntese de um neurotransmissor chamado fator de liberação de corticotrofina na amígdala, que é uma região do encéfalo envolvida no processamento das emoções, sejam elas positivas ou negativas, como ansiedade, depressão e medo. Isto explicaria por-que o dependente sofre de ansiedade e depressão durante a abstinência, causando então a retomada do uso da droga24.

Felizmente, a ciência tem nos ajudado a desco-brir os mecanismos neurais da dependência e como eles funcionam, e o fato de encarar a dependência química como doença tem salvado diversas pessoas pelo mundo todo. Porém, muitos mistérios relacio-nados à dependência de drogas de abuso precisam ser decifrados, e muito trabalho ainda precisa ser feito.

Page 50: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

50

ISSN 2176-9095 Mini-revisão / Mini-Review

Fernandes W, “Do Prazer ao sofrimento” Os mecanismos neurais envolvidos na dependência de drogas de abuso • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 45-51

R e f e R ê N c I a S

1 . Graeff F. Fundamentos de psicofarmacologia. São Paulo: Atheneu; 2005.

2 . Volkow ND, Wang GJ, Fowler JS, Tomasi D, Te-lang F. Addiction: beyond dopamine reward circuitry. Proc Natl Acad Sci U S A 2011 Sep 13;108(37):15037-42.

3 . Phillips AG, Vacca G, Ahn S. A top-down perspec-tive on dopamine, motivation and memory. Phar-macol Biochem Behav 2008 Aug;90(2):236-49.

4 . Wheeler RA, Carelli RM. Dissecting motivational circuitry to understand substance abuse. Neuro-pharmacology 2009 56 Suppl 1(149-59.

5 . Deadwyler SA. Electrophysiological correlates of abused drugs: relation to natural rewards. Ann N Y Acad Sci 2010 Feb;1187(140-7.

6 . Sakurai T, Amemiya A, Ishii M, Matsuzaki I, Che-melli RM, Tanaka H, et al. Orexins and orexin re-ceptors: a family of hypothalamic neuropeptides and G protein-coupled receptors that regulate feeding behavior. Cell 1998 Feb 20;92(4):573-85.

7 . Chemelli RM, Willie JT, Sinton CM, Elmquist JK, Scammell T, Lee C, et al. Narcolepsy in orexin knockout mice: molecular genetics of sleep regu-lation. Cell 1999 Aug 20;98(4):437-51.

8 . Lin L, Faraco J, Li R, Kadotani H, Rogers W, Lin X, et al. The sleep disorder canine narcolepsy is caused by a mutation in the hypocretin (orexin) receptor 2 gene. Cell 1999 Aug 6;98(3):365-76.

9 . Thorpe AJ, Kotz CM. Orexin A in the nucleus ac-cumbens stimulates feeding and locomotor activi-ty. Brain Res 2005 Jul 19;1050(1-2):156-62.

1 0 . Winsky-Sommerer R, Yamanaka A, Diano S, Bo-rok E, Roberts AJ, Sakurai T, et al. Interaction between the corticotropin-releasing factor sys-tem and hypocretins (orexins): a novel circuit mediating stress response. J Neurosci 2004 Dec 15;24(50):11439-48.

1 1 . Georgescu D, Zachariou V, Barrot M, Mieda M, Willie JT, Eisch AJ, et al. Involvement of the la-teral hypothalamic peptide orexin in morphine dependence and withdrawal. J Neurosci 2003 Apr 15;23(8):3106-11.

1 2 . Boutrel B, Kenny PJ, Specio SE, Martin-Fardon R, Markou A, Koob GF, et al. Role for hypocre-tin in mediating stress-induced reinstatement of cocaine-seeking behavior. Proc Natl Acad Sci U S A 2005 Dec 27;102(52):19168-73.

1 3 . Harris GC, Wimmer M, Aston-Jones G. A role for lateral hypothalamic orexin neurons in reward se-eking. Nature 2005 Sep 22;437(7058):556-9.

1 4 . Kelley AE, Baldo BA, Pratt WE. A proposed hy-pothalamic-thalamic-striatal axis for the integra-tion of energy balance, arousal, and food reward. J Comp Neurol 2005 Dec 5;493(1):72-85.

1 5 . Borgland SL, Taha SA, Sarti F, Fields HL, Bonci A. Orexin A in the VTA is critical for the induction of synaptic plasticity and behavioral sensitization to cocaine. Neuron 2006 Feb 16;49(4):589-601.

1 6 . Lawrence AJ, Cowen MS, Yang HJ, Chen F, Oldfield B. The orexin system regulates alcohol-seeking in rats. Br J Pharmacol 2006 Jul;148(6):752-9.

1 7 . Narita M, Nagumo Y, Hashimoto S, Khotib J, Miyatake M, Sakurai T, et al. Direct involvement of orexinergic systems in the activation of the mesolimbic dopamine pathway and related beha-viors induced by morphine. J Neurosci 2006 Jan 11;26(2):398-405.

1 8 . Harris GC, Wimmer M, Randall-Thompson JF, As-ton-Jones G. Lateral hypothalamic orexin neurons are critically involved in learning to associate an environment with morphine reward. Behav Brain Res 2007 Oct 1;183(1):43-51.

1 9 . Harris GC, Hummel M, Wimmer M, Mague SD, Aston-Jones G. Elevations of FosB in the nucleus accumbens during forced cocaine abstinence cor-relate with divergent changes in reward function. Neuroscience 2007 Jul 13;147(3):583-91.

Page 51: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

51

ISSN 2176-9095 Mini-revisão / Mini-Review

Fernandes W, “Do Prazer ao sofrimento” Os mecanismos neurais envolvidos na dependência de drogas de abuso • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 45-51

2 0 . Aston-Jones G, Smith RJ, Moorman DE, Richard-son KA. Role of lateral hypothalamic orexin neu-rons in reward processing and addiction. Neuro-pharmacology 2009 56 Suppl 1(112-21.

2 1 . Harris GC, Aston-Jones G. Arousal and reward: a dichotomy in orexin function. Trends Neurosci 2006 Oct;29(10):571-7.

2 2 . Aston-Jones G, Smith RJ, Sartor GC, Moorman DE, Massi L, Tahsili-Fahadan P, et al. Lateral hy-pothalamic orexin/hypocretin neurons: A role in reward-seeking and addiction. Brain Res 2010 Feb 16;1314(74-90.

2 3 . Mota-Ortiz SR, Sukikara MH, Bittencourt JC, Baldo MV, Elias CF, Felicio LF, et al. The peria-queductal gray as a critical site to mediate reward seeking during predatory hunting. Behav Brain Res 2012 Jan 1;226(1):32-40.

24 . Society Neuroscience. Addiction and brain cir-cuits. 2001 [Acesso em Disponível em: http://www.sfn.org/.

Page 52: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

52

ISSN 2176-9095 mini-revisão / mini-Review

Science in Health jan-abr 2013; 4(1): 52-7

e S P o Rt e, f U t e B o l e co m P o Rtam e N to: U m a Re V I S ão da co RRe l aç ão.

S P o Rt, S o cc e R aN d B e H aV I o R: a Re V I e w o f co RRe l at I o N

marco antonio Uzunian1

marcelo luis marquezi1

luciene teixeira diniz1

Bruno leonardo Ugolini1

R e S U m o

O esporte, uma das ferramentas de trabalho do profissional de Educação Física, tem o futebol como uma de suas modalidades mais praticadas no Brasil. Durante a mesma, podem ocorrer alterações no comportamento dos participantes devido à perda de status social, desconhecimento das regras do jogo e também forte influência das torcidas. Esta revisão pretende, então, analisar não só sua história, chegada ao Brasil e inserção na sociedade, como também o grau de alteração no comportamento (agressividade direta) de seus praticantes profissionais e amadores.

Palavras-chave: Atividade motora, Futebol, Comportamento

a B S t R a c t

The sport, one of the tools of the professional of physical education, has soccer as one modality much practiced in Brazil. During the practice, changes may occur in the behavior of the participants, due to the loss of social status, ignorance of the rules of the game and also a strong influence of the supporters. This review intends, then, to analyze not only its history, arrival in Brazil and integration in society as well as the degree of change in behavior (direct aggression) from its professionals and amateur practitioners.

Key Words: Motor activity, Soccer, Behavior.

1 laboratório de Pesquisa em educação física e fisioterapia (laPeffI) da Universidade cidade de São Paulo - UNIcId

Page 53: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

53

ISSN 2176-9095 Mini-revisão / Mini-Review

Uzunian1 MA, Marquezi ML, Diniz LT, Ugolini BL. Esporte, futebol e comportamento: Uma revisão da correlação • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 52-7

I N t Ro d U ç ão

O esporte, um dos conteúdos da Educação Fí-sica, tem o futebol como uma de suas modalidades mais praticadas no Brasil1.

Esta revisão pretende então analisar não só sua história como também a chegada ao Brasil e sua in-serção na sociedade, além do grau de alteração no comportamento de seus praticantes profissionais e amadores.

Experiências anteriores fizeram com que, à luz da ciência, através dessas páginas, fosse possível ex-planar alguns dos motivos geradores desse desequi-líbrio emocional.

O “medo” da derrota pode ser um dos fatores desencadeadores dessas alterações no comporta-mento de tais participantes por conta da perda de status perante os demais indivíduos envolvidos nes-se contexto. É possível citar também o desconhe-cimento das regras do jogo e a forte influência das torcidas durante a disputa das partidas de futebol2.

De acordo com Oliveira et al.3 (2006), uma pro-vável hipótese para tais variações hormonais (agres-sividade) é o resultado da competição e também pelo código binário vitória - derrota.

É deveras importante a análise desse fator psi-cossocial, pois, como já supracitado, tais compor-tamentos agressivos desestruturam as práticas des-se esporte.

o e S P o Rt e

O termo esporte refere-se a “sair do porto”, ex-pressão usada pelos marinheiros europeus no sécu-lo XIV, quando se envolviam com passatempos em que as habilidades físicas eram fundamentais4.

Segundo Alves e Pieranti4 (2007), o esporte moderno, assim denominado para se diferenciar das manifestações esportivas da Antiguidade, ad-quiriu obviamente significado diferente, vindo da

Inglaterra do século XIX e tendo como seu precur-sor Thomas Arnold, diretor do Colégio Rugby, en-tre 1828 e 1842. Esse educador, influenciado pelas ideias de Charles Darwin, considerava que o espor-te deveria ser utilizado na seleção dos melhores e dos mais capazes.

No século XX, a concepção sobre esporte mo-derno passou por diversas modificações. Do início do século XIX até 1936, este possuía característi-cas claras, como o associativismo, o fair-play (jogo limpo) e a clássica dicotomia amadorismo/profis-sionalismo4.

No Brasil, são pouco usuais os estudos que se dedicam a discutir as peculiaridades e especificida-des do esporte5. Segundo este mesmo autor, esse objeto de estudo não tem sido considerado como relevante para a compreensão de nossa sociedade, diferente de outros países onde o esporte ocupa um lugar significativo nos meios acadêmicos.

Segundo Giulianotti6 (2002), o esporte pode restaurar danos sociais e intensificar vínculos cul-turais e integração social de diferentes indivíduos dentro das sociedades modernas.

Diferentemente da rotina previsível e racionali-zada do mundo do trabalho ou da vida doméstica, os esportes constituem um espaço-tempo no qual pode ser possível vivenciar sentimentos agradáveis, de grande excitação, necessários à renovação das tensões essenciais à saúde mental. O caráter essen-cial do seu efeito catártico é a restauração do tônus mental normal através de uma perturbação tempo-rária e passageira da excitação agradável7.

O Esporte Amador

Na obra “Em busca da Excitação” escrita por Norbert Elias, os mais diversos temas são discuti-dos, desde sociologia, formação do Estado, sociolo-gia do esporte, solidão, medo da morte, teoria do símbolo e até lazer8.

Page 54: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

54

ISSN 2176-9095 Mini-revisão / Mini-Review

Uzunian1 MA, Marquezi ML, Diniz LT, Ugolini BL. Esporte, futebol e comportamento: Uma revisão da correlação • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 52-7

Essa variedade e atualidade de temas demons-tram uma grande preocupação com a questão so-ciológica que continua a permear nossa sociedade. Nesse caso, a sociologia do esporte é analisada pela ótica de um autor (Norbert Elias), que afirmava ser esse ramo esquecido ou sem a merecida atenção da sociologia, como se vê em seus escritos.

De acordo com Szezerbicki et al.8 (2007), está implícita a ideia de que os sociólogos têm esquecido o esporte, principalmente porque só alguns conse-guiram distanciar-se o suficiente dos valores domi-nantes e das formas de pensamento características das sociedades ocidentais.

O esporte pode ser referenciado como uma dis-puta entre os seres humanos que competem indivi-dualmente ou em equipes, podendo ser realizado de diversas maneiras. Isso traz um caráter de con-fronto ao esporte, onde os indivíduos se confron-tam desde os primórdios da civilização em busca da superação8.

A excitação que as pessoas buscam no esporte com fins de lazer é única. Em geral, é uma excita-ção agradável, porém, nas sociedades contemporâ-neas são vários os fatores que podem levar à excita-ção, podendo esta ser desequilibrada.

Qualquer relação que essa necessidade possa ter com as outras necessidades mais elementares, como a fome, a sede e o sexo, faz com que todos os dados acentuem o fato de que essa relação repre-senta um fenômeno muito mais complexo e menos puramente biológico, considerando o desprezo e a falta de atenção dedicada para essa necessidade que constitui uma das maiores lacunas na abordagem dos problemas da saúde mental8.

História do Futebol e sua chegada ao Brasil

O futebol é, dentre os esportes, o mais popu-lar1. De acordo com esse autor, ele é muito mais do que um jogo em que dois times se defrontam, é

um elemento da cultura e da identidade nacional.

Sua origem é documentada na China (2600 a.C). Com oito jogadores de cada lado, campo quadrado de 14 m, sem deixar a bola cair ao chão, e com os pés, tentavam passá-la além das estacas. Na idade média os registros não são claros, mas jogava-se na Inglaterra um futebol violento, selvagem, sem re-gras e não havia número de jogadores1.

No dia 8 de dezembro 1863, a Football Associa-tion tornava oficiais as 14 regras para unificar o fu-tebol, publicando-as para conhecimento de todos. O campo teria o tamanho de 120 por 80 jardas, a bola seria a nº 5, e o jogo duraria 1 hora e 30 mi-nutos. Com isso, em 1877, as regras da Football Association já existiam em toda a Inglaterra e em muitos outros países do mundo (Duarte9, 2004), consolidadas no século XX1.

O futebol chega ao Brasil pelas mãos de Char-les Miller filho de pai Inglês e mãe brasileira. Aos nove anos de idade vai para a Europa para estudar, mais precisamente na Inglaterra, em Southampton na Bannister Court School e foi lá que descobriu o futebol10.

De acordo com Poli e Carmona10 (2009), quan-do ele retorna ao Brasil no dia 18 de fevereiro de 1894 traz consigo duas bolas e um livro básico de regras, para realizar o seu maior desejo, que era apresentar o futebol ao povo brasileiro e isso não demorou muito, pois no dia 14 de abril de 1895 aconteceu a primeira partida de futebol em terras brasileiras, um jogo amistoso, entre o São Paulo Railway, composto por funcionários da estrada de ferro e Charles Miller, contra a Companhia de Gás. Sem registros de súmula, a equipe de Miller venceu a partida por 4x2 em um campo improvisado na Várzea do Carmo, em São Paulo.

Agressividade

A história da humanidade é repleta de atos con-siderados violentos e agressivos, já descritos até

Page 55: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

55

ISSN 2176-9095 Mini-revisão / Mini-Review

Uzunian1 MA, Marquezi ML, Diniz LT, Ugolini BL. Esporte, futebol e comportamento: Uma revisão da correlação • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 52-7

mesmo na Bíblia e na filosofia clássica11.

O contexto sócio-histórico faz com que a agres-sividade e/ou a violência tenham suas formas de expressão alteradas. Assim, pensar um pouco so-bre as formas de manifestação e o que se denomina violência na atualidade, é deparar-se com um espe-táculo que pode ser acompanhado por imagens que refletem o descuido com a dimensão simbólica da vida, exposta pelos meios de comunicação11. Ainda segundo essa autora, é deparar-se com a peculia-ridade de não saber onde esperá-la, embora possa ocorrer a qualquer instante.

O termo agressão é usado de diferentes manei-ras. Pode ser classificado como agressão boa ou ruim12. Tais termos refletem associação e produção de julgamento de valor bem como suas emoções.

A psicologia define a agressão como qualquer forma de comportamento direcionado com o ob-jetivo de lesionar ou machucar outro ser vivo que esteja interessado em evitar tal comportamento (Baron, 1977 apud Samulski12, 2002). A agressão também pode ser entendida como um comporta-mento intencional físico ou verbal, não apresentan-do uma atitude ou emoção dependente de provoca-dores externos12.

Ainda de acordo com Samulski12 (2002), essa análise refere-se à teoria da “frustração-agressão” que tem como hipótese a ideia de que possíveis fra-cassos provocam agressões.

De acordo com Bidutte et al.2 (2007), o com-portamento humano decorre da interação entre o indivíduo e o meio ambiente. É uma perspectiva in-teracionista, na qual participam as variáveis sociais e pessoais, ou seja, os indivíduos operam levando em consideração os comportamentos dos outros e as reflexões que elaboram sobre os contextos.

Já os padrões morais são gradualmente interna-lizados, podendo levar ou não ao impedimento de comportamentos agressivos, consoante a aprovação

ou reprovação percebida nos outros, em particular o status ou grande valor social2.

Agressividade no Esporte

De acordo com Samulski12 (2002), a agressão também pode ser classificada como hostil ou reati-va e instrumental. Enquanto a agressividade hostil ou reativa tem a intenção explícita de prejudicar ou lesar o adversário, a agressão instrumental traduz um comportamento que, embora possa envolver o dano ao adversário, teve como intuito alcançar as suas próprias metas (resultado positivo) ou impedir que outra pessoa alcance as suas metas (por exem-plo, impedir um chute ao gol).

O estudo realizado por Starepravo e Mezzadri13 (2003) com o objetivo de analisar os aspectos da violência física, simbólica e suas relações com a prática esportiva, realizado com crianças de 10 a 14 anos, praticantes de atividade esportiva, indi-cou que as crianças e os adolescentes mantêm certo controle das emoções e das expressões de violência física e simbólica fora da situação de jogo. No en-tanto, os dados mostraram que, durante a prática esportiva, é comum que elas se envolvam em situa-ções de violência e até mesmo em agressões físicas.

Em outro estudo, também com adolescentes, Tomé e Valentini14 (2006) sugeriram que adoles-centes ativos apresentam um nível maior de agressi-vidade extrapunitiva e nível menor de agressividade intrapunitiva (autoagressão), quando comparados aos sedentários.

Em relação ao comportamento agressivo em jogadores profissionais, este também pode ser en-tendido como uma interação entre as agressões do atleta e as agressões dos torcedores. Isso se soma aos fatores estruturais (regras), situacionais (quan-tidade de torcedores) e de individualidade (nível de agressividade), assim influenciando decisivamente no surgimento de comportamentos agressivos no esporte12.

Page 56: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

56

ISSN 2176-9095 Mini-revisão / Mini-Review

Uzunian1 MA, Marquezi ML, Diniz LT, Ugolini BL. Esporte, futebol e comportamento: Uma revisão da correlação • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 52-7

O surgimento de comportamentos agressivos e violentos depende, de forma significativa, do sen-tido e da importância emocional que o jogo repre-senta para cada jogador.

Segundo Oliveira et al.3 (2006), a agressividade no esporte é considerada um moderador da reserva psicológica necessária para atingir as potencialida-des físicas, técnicas e táticas, estabelecendo uma possível correlação com vigor físico.

Em relação ao gênero, a agressão dos meninos é antissocial, física, enquanto a das meninas é pró--social, ou seja, estabelecem-se regras, seguidas de ameaças para quem não as obedece. Essas diferenças podem decorrer da imitação de modelos agressivos por crianças, porquanto a sociedade evidencia uma complacência maior com o comportamento agres-sivo dos meninos, que muitas vezes são estimulados a exibir agressividade em momentos específicos14.

Contudo, o comportamento agressivo é pouco compreendido, exigindo, então, a realização de investigações qualitativas nas percepções da agres-sividade entre indivíduos de diferentes idades e ní-veis competitivos2.

Agressividade no Futebol

A relação entre agressividade e esporte é deve-ras complexa, com ênfase no futebol, por ser um dos principais fenômenos socioculturais do século XX e principais produtos da indústria cultural15. Esse mesmo autor afirma não ser possível entender uma relação entre o espetáculo e a violência, fora de um contexto social mais amplo. Essa violência deve ser entendida a partir de análises macro e mi-croestruturais da sociedade moderna, bem como através do crescente significado social do futebol.

Para Bidutte et al.2 (2007), os tipos de compor-tamento conduzem ao ato agressivo em determi-nadas modalidades. Além disso, nas circunstâncias em que os jogadores apresentam maior probabili-dade de aceitar e concordar com comportamentos

agressivos, foi percebido que, quanto à intensidade e à frequência, a maioria dos atos agressivos é de natureza física, sendo a agressão o instrumental mais frequente que a agressão hostil.

Os mesmos autores ainda ressaltam que as fal-tas acidentais ou lesão a outro atleta provocada pela falta de habilidade não será considerada agressão, porém, uma falta intencional, ainda que não resulte em prejuízo ou lesão, é considerada uma agressão.

Em relação ao fator psicossocial, no estudo con-duzido por Pujals e Vieira16 (2002), algumas das emoções positivas apresentadas por futebolistas, sujeitos de seu estudo, foram bom humor, alegria, descontração. Em relação às emoções negativas, foram apontadas a ansiedade, raiva, agressividade. Esses autores também relataram que o técnico era fonte geradora de estresse e de ansiedade, dado também apresentado posteriormente por Bidutte et al.2 (2007).

Essas manifestações violentas podem ser per-cebidas através de pressões sociais, recompensas financeiras em caso de sucesso e prestígio envol-vido nessas situações, tanto no futebol profissional quanto no amador.

co N S I d e RaçÕ e S f I N aI S

Fica claro que a agressividade pode ser vista por vários ângulos, ou seja, a indireta não é condená-vel, mas sim reconhecida como parte integrante dos gestos motores realizados e necessária nos es-portes, sendo ela deveras importante para se con-quistar eficiência e/ou eficácia durante a prática.

Já a agressividade direta é mais comum em es-portes coletivos (futebol), pois proporciona ao in-divíduo dirigir seus atos hostis a outro, muitas ve-zes com isso não refletindo sobre suas ações, bem como não reconhecendo, em si, possíveis falhas durante as partidas, ou seja, atribuindo aos demais companheiros as imperícias cometidas por ele mes-mo, deprimindo a aceitação recíproca e tolerância

Page 57: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

57

ISSN 2176-9095 Mini-revisão / Mini-Review

Uzunian1 MA, Marquezi ML, Diniz LT, Ugolini BL. Esporte, futebol e comportamento: Uma revisão da correlação • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 52-7

entre os indivíduos envolvidos.

Vale ressaltar que estudiosos e pesquisadores reconhecem saber da dificuldade de encontrar ins-trumentos de avaliação que possam ser utilizados de forma acadêmica e científica nos estudos psicos-

sociológicos do comportamento esportivo. Assim, a confiabilidade das pesquisas é resultante, além da habilidade dos indivíduos em responder às questões estabelecidas pelo instrumento utilizado, como também de saber escolher aquele mais adequado e confiável3.

R e f e R ê N c I a S

1 . Witter JS. O que é futebol. São Paulo Brasiliense; 1990.

2 . Bidutte LC, Azzi RG, Raposo JJBV, Almeida LS. Agressividade em jogadores de futebol: estudo com atletas de equipes portuguesas. Psico-USF (Impr) 2005 Dec.;10(2):179-84.

3 . Oliveira S, Jr HS, Simões A. Caracterização e identificação dos estados de humor de atletas de judô. 4 Congresso Científico Latino-Americano de Educação Física; Piracicaba: UNIMEP; 2006.

4 . Alves JAB, Pieranti OP. O estado e a formula-ção de uma política nacional de esporte no Brasil. RAE eletrônica 2007 Jan./June 6(1):0-.

5 . Melo VA. História da educação física e do espor-te no Brasil: panorama e perspectivas. 3. ed. São Paulo IBRASA; 2006.

6 . Giulianotti R. Sociologia do futebol: dimensões históricas e socioculturais do esporte das multi-dões São Paulo: Nova Alexandria; 2002.

7 . Damo AS. Futebol e estética. São Paulo Perspec 2001 July;15(3):82-91.

8 . Szezerbicki AS, Pilatti LA, Kovaleski JL. Norbert Elias e Eric Dunning: estudos sociológicos acer-ca do desporto e do lazer. Rev Eptic [Periódico on-line].2007; 9(1). Disponível m: http://www.seer.ufs.br/index.php/eptic/article/view/222.

9 . Duarte O. História dos esportes. 4. ed. São Paulo: Senac; 2004.

1 0 . Poli G, Carmona L. Almanaque do futebol SPOR-TV. Rio de Janeiro: Casa da palavra; 2009.

1 1 . Ferrari IF. Agressividade e violência. Psicol clin 2006 18(2):49-62.

1 2 . Samulski DM. Psicologia do esporte: conceitos e novas perspectivas. São Paulo: Manole; 2002.

1 3 . Starepravo FA, Mezzadri FM. Esporte, relações sociais e violências. Motriz, Rio Claro 2003 jan.abr.;9(1):59-63.

1 4 . Tomé TH, Valentini NC. Benefícios da atividade física sistemática em parâmetros psicológicos do praticante: um estudo sobre ansiedade e agressi-vidade Rev educ fis 2006 jul.-dez.;17(2):123-30.

1 5 . Reis HHB. Espetáculo futebolístico e violência: uma complexa relação. In: Daolio J. Futebol, cul-tura e sociedade. Campinas: Autores Associados; 2005. p. 145.

1 6 . Pujals C, Vieira L. Análise dos fatores psicológicos que interferem no comportamento dos atletas de futebol de campo. Rev educ fis 2002 13(1):89-97.

Page 58: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

58

ISSN 2176-9095 mini-revisão / mini-Review

Science in Health jan-abr 2013; 4(1): 58-60

o Rc H I ec to my V e RS U S f lU tam I d e I N t H e t Re at m e N t fo R m eta S tat I c P Ro S tat e c aN c e R

o Rq U I ec to m I a V e RS U S f lU tam I da N o t Ratam e N to PaRa o c aN c e R d e P Ró S tata m eta S tÁt I co.

João Victor fornari1

Renato Ribeiro Nogueira ferraz2

anderson Sena Bernabé2

demétrius Paiva arçari2

a B S t R a c t

Adenocarcinoma of the prostate is the most commonly diagnosed malignant neoplasm in the United States of America. A systematic review was carried out in the MEDLINE database for combined androgen blockade. The use of Flutamide for the treatment of orchiectomy does not demonstrate any significant differences regarding to benefits or damages, when compared to the conventional treatment.

Keywords: Prostatic neoplasms • Androgen antagonists • Orchiectomy.

R e S U m o

Adenocarcinoma de próstata é a neoplasia maligna mais dignosticada no Estados Unidos. Uma revisão sistemática foi reali-zada no banco de dados MEDLINE para o uso de bloqueio androgênico combinado. O uso de flutamida para o tratamento de orquiectomia não mostrou diferenças significativas em relação a benefícios ou danos, em comparação com o tratamento convencional.

Palavras-chave: Neoplasias da próstata • Antagonistas de androgênios • Orquiectomia.

1 department of Biotechnology of the Universidade Nove de Julho –UNINoVe São Paulo, SP, Brazil2 department of the Healt of the Universidade Nove de Julho – UNINoVe São Paulo, SP, Brazil

Page 59: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

59

ISSN 2176-9095 Mini-revisão / Mini-Review

Fornari JV, Ferraz RN, Bernabé A, Arçari DP. Orchiectomy versus flutamide in the treatment for metastatic prostate cancer • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 58-60

I N t Ro d U c t I o N

Adenocarcinoma of the prostate is the most commonly diagnosed malignant neoplasm in the United States of America.1 Currently, there is no curative treatment for patients with metastatic prostate cancer, who have a progressive and even-tually fatal clinical course. The median survival of cohorts of patients with metastatic disease who have entered large-scale, prospective, randomized trials during the past three decades has been rela-tively stable (range, 24 to 36 months)2. Depriva-tion has substantial palliative effects, but virtually in all patients the tumor eventually progresses to an androgen-insensitive state in which no treat-ment can prolong survival3. Suppression of andro-gens of testicular origin is the focus of androgen--deprivation treatment. This can be accomplished by surgical castration or by medical suppression of testicular function with synthetic analogues of gonadotropin-releasing hormone.2 However, after ablation of the tests by either means, the incor-poration of androgens into the cell nucleus con-tinues, as a result of undiminished production of androgens by the adrenal glands3,4. The effects of these androgens can be counteracted by adding an antiandrogen drug such as flutamide to testicular removal. This form of combined androgen blocka-des enhances antitumor effects and reduces the size of normal prostate glands and seminal vesicles in animal models4. Since the early 1980s, numerous randomized clinical trials have evaluated the effi-cacy of combined androgen blockade.2 Three large trials, including our previous trial, suggested that combined androgen blockade conferred an impor-tant survival advantage.3

m et H o d S

A systematic review was carried out in the ME-DLINE database using the following search strate-gy: (orchiectomy OR flutamide) AND metastatic prostate cancer. The filter “Therapy/Narrow” was used through the Clinical Queries interface. The

authors analyzed the studies independently by title and the summary of each recovered articles and se-lected those that met the inclusion criteria: rando-mized clinical assay comparing the use of orchiec-tomy with flutamide drug that had been written in Portuguese, English or Spanish. After this initial selection process, the authors read the full text of the eligible articles and evaluated them critically. Only studies with a score > 3 according to the criteria established by Jadad et al.5 were included in the data analysis. To evaluate effectiveness, we used the differences in mean time until crisis re-solution between the groups and the decrease in the mean pain score according to the Visual Ana-log Scale (VAS). The measure used was the abso-lute risk reduction (ARR) with the corresponding 95% confidence interval (95% CI) and the num-ber necessary to treat (NNT). The t-test was used to analyze the continuous variables (for difference of means), with the OpenEpi online tool and the Chi-square test was used to analyze dichotomous variables.

RE S U LTS

The literature review was finished on Novem-ber 10, 2011. A total of 04 articles was found, of which only three met the inclusion criteria. After careful reading and analysis of these three eligi-ble articles, one was excluded for having losses to follow-up > 20%. The only eligible article selec-ted were the study by Eisenberger et al.1, Boccon--Gibod et al.2 and Labrie et al.4 which had a score of 4 according to Jadad et al.5. The data of that study demonstrated there was no significant difference in resolution time of vaso-occlusive crisis betwe-en the two groups. The study p-value for the di-fferences in medians was 0.87. The study did not disclose the data on the time difference regarding crisis resolution as means and standard deviations, whereas these data are usually expressed, but as medians with 95% CI, of which upper and lower limits were not equidistant from the median. The-

Page 60: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

60

ISSN 2176-9095 Mini-revisão / Mini-Review

Fornari JV, Ferraz RN, Bernabé A, Arçari DP. Orchiectomy versus flutamide in the treatment for metastatic prostate cancer • Science in Health • jan-abr 2013; 4(1): 58-60

refore, the authors calculated the one-sided p value in two different ways: using the upper limits and the lower limits of the 95% CI. The values obtai-ned were 0.70 and 0.40, respectively.

e V I d e N c e S y N t H e S I S

The use of Flutamide for the treatment of or-chiectomy does not demonstrate any significant di-fferences regarding to benefits or damages, when compared to the conventional treatment.

R e f e R e N c e S

1 . Eisenberger MA, Blumenstein BA, Crawford ED, Miller G, McLeod DG, Loehrer PJ, et al. Bilateral orchiectomy with or without flutamide for me-tastatic prostate cancer. N Engl J Med 1998 Oct 8;339(15):1036-42.

2 . Boccon-Gibod L, Fournier G, Bottet P, Marechal JM, Guiter J, Rischman P, et al. Flutamide versus orchidectomy in the treatment of metastatic pros-tate carcinoma. Eur Urol 1997 32(4):391-5; discus-sion 5-6.

3 . Rana A, Habib FK, Halliday P, Ross M, Wild R, El-ton RA, et al. A case for synchronous reduction of testicular androgen, adrenal androgen and prolac-tin for the treatment of advanced carcinoma of the prostate. Eur J Cancer 1995 Jun;31A(6):871-5.

4 . Labrie F, Dupont A, Giguere M, Borsanyi JP, Belan-ger A, Lacourciere Y, et al. Advantages of the com-bination therapy in previously untreated and trea-ted patients with advanced prostate cancer. J Steroid Biochem 1986 Nov;25(5B):877-83.

5 . Jadad AR, Moore RA, Carroll D, Jenkinson C, Rey-nolds DJ, Gavaghan DJ, et al. Assessing the quality of reports of randomized clinical trials: is blinding necessary? Control Clin Trials 1996 Feb;17(1):1-12.

Page 61: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

61

R e V I S ta S c I e N c e I N H e a lt H

Guia de publicação para autores.

ISSN 2176-9095

Universidade Cidade de São Paulo

t I P o S d e P U B l I c a ç ã o

R e l a t o d e P e S q U I S a . São artigos descrevendo dados de pesquisa original, produto de observação experi-mental, clínica ou desenho teórico. Relatos de casos não são considerados como dentro do escopo da revista.

m I N I - R e V I S Õ e S . Tratam-se de pequenas revisões temáticas destinadas a chamar a atenção para as conseqüên-cias, implicações ou avanços de determinados temas na área da saúde e afins.

P o N t o d e V I S t a . Essa sessão é dedicada a ensaios, que podem ser análises e comentários sobre um deter-minado assunto, seja ele observado sob uma nova perspectiva ou quando algum aspecto admite uma nova inter-pretação. Em geral, os textos essa sessão são assinados por convidados da revista; porém autores podem propor assuntos cuja pertinência será avaliada pelo corpo editorial.

R e S e N H a S . Espaço aberto a resenhas de livros que os colaboradores se interessem em divulgar. Devem ser acompanhadas do Título original, autor do livro resenhado, Editora e ISSN ou ISBN.

c a R t a S a o e d I t o R . Esse é um espaço aberto a comentários e réplicas sobre material publicado na revista em edições anteriores.

g U I a d e P U B l I c a ç ã o Pa R a a U t o R e S .

Submissões para a revista Science in Health e todo o trato até a publicação são feitas on line. As instruções para composição do manuscrito estão em “Instruções aos Autores da Science in Health no site: http://www.unicid.br/new/revista_scienceinhealth/06_set_dez_2011/revista_scienceinhealth_06.html.

Seus arquivos devem ser enviados em formato de editor de texto (Word® ou “Rich Text Format”- rtf) para o e-mail [email protected]. Os arquivos para análise por pares serão formatadas em PDF, bem como no processamento posterior para edição e publicação. Toda a correspondência a partir da submissão inicial, acompanhamento e eventuais revisões serão feitos através de comunicação eletrônica por e-mail.

Os artigos devem ser elaborados em língua Portuguesa corrente ou, a critério do(s) autor(es), opcionalmente em língua Inglesa. No caso de manuscritos em Inglês, caberá ao proponente a adequação da grafia e gramática que será objeto de avaliação pelos pareceristas e comitê editorial. No caso de submissões em Português, a editora reserva-se no direito de solicitar ou efetuar (conforme o caso) eventuais modificações para adequação do perfeito léxico. Na elaboração do texto dever estar indicados os locais sugeridos de inserção de figuras e tabelas e as cita-ções (e referências) bibliográficas devem respeitar a convenção-estilo de Vancouver. O texto dever ser digitado em processadores de texto compatíveis com a plataforma Windows, usando preferencialmente as letras em Times New Roman ou Arial, tamanho 12, com espaçamento duplo, margens padrão (2,5 cm nas quatro dimensões), justificado à esquerda em páginas numeradas a partir do título (página 1). Símbolos devem ser inseridos no texto, no local apropriado, e o uso de caracteres especiais deve ser evitado ao máximo. A confecção do arquivo deve respeitar um dos cinco tipos de publicações aceitas pela revista, que contêm regras próprias.

R e l a t o d e P e S q U I S a : Sugere-se que o texto principal deva conter entre 3.000 e 5.000 palavras, excluindo

Page 62: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

62

referências bibliográficas, e deve ser construído contendo:

• Página de rosto com o título do artigo em Português e o título em língua Inglesa, nome do(s) autor(es), nome do local e afiliação institucional do(s) autor(es), endereço postal, endereço eletrônico e número do telefone do autor correspondente.

• Um resumo em língua Portuguesa e um outro (abstract) em língua Inglesa, não maior que 250 palavras cada, com uma lista de até cinco palavras-chave em Português e até cinco palavras-chave (keywords) em Inglês.

• Corpo do texto contendo quatro seções principais: Introdução, Material e Métodos, Resultados e Dis-cussão. Figuras e Tabelas devem ser apresentadas após a lista de referências. Numerar figuras e tabelas com algarismos (não utilizar números Romanos).

• Agradecimentos e apoio financeiro, quando houver.

• Referências bibliográficas.

• Legendas de figuras.

m I N I - R e V I S Õ e S . Manuscritos relativamente curtos (preferencialmente entre 4.000 e 10.000 palavras) com a intenção de chamar a atenção para temas específicos incorporando descobertas originais e/ou apontando para novas implicações sobre o assunto. O(s) autor(es) deve(m) apresentar uma retrospectiva histórica e a seguir dis-cutir aspectos controversos oferecendo a visão e criticismo do(s) autor(es) a respeito do assunto. É desejável que se empregue uma linguagem genérica, de modo a ampliar o universo de leitores sobre o tema. A página de rosto, resumos (Inglês e Português, de até 250 palavras), agradecimentos e referências bibliográficas seguem o padrão determinado para Relato de Pesquisa. O corpo do texto deve conter um sumário com o as subdivisões que trata o artigo logo no início sendo seguido pelo desenvolvimento do manuscrito.

P o N t o d e V I S t a . Textos com um limite máximo de 3.000 palavras e um máximo de 15 referências bibliográ-ficas. Compõem-se de uma breve introdução, o desenvolvimento do texto principal e as referências bibliográfi-cas, podendo prescindir das subdivisões Material e Métodos e Resultados, cujo conteúdo de ser diluído ao longo do texto. Ilustrações são limitadas a duas, sejam figuras, tabelas ou sua combinação. Regras para página de rosto e agradecimentos são similares às de Relatos de Pesquisa, porém os resumos em Português e Inglês têm restrição de até 150 palavras, mais até cinco palavras-chave.

R e S e N H a S . São artigos bastante breves (até 1.500 palavras), onde o(s) autor(es) oferecem um resumo e opini-ões sobre a leitura de um livro de interesse para as áreas de graduação e pós-graduação da Universidade Cidade de São Paulo e do público em geral. Uma ilustração pequena (até meia página) pode ser aceita. Não são necessárias: a página de rosto, as subdivisões tradicionais no corpo do texto e o(s) resumo(s). O texto deve conter, ao final, o Título original e autor do livro resenhado, Editora e ISSN ou ISBN, e passará por processo de avaliação pelos Editores.

c a R t a S a o e d I t o R . A Science in Health está aberta a receber, a qualquer momento, correspondência dos leitores com comentários, críticas e opiniões a respeito do material publicado na própria revista. Parte da corres-pondência será publicada, em especial aquela que aponta e questiona aspectos interessantes e pertinentes sobre artigos divulgados. Os Editores reservam-se o direito de selecionar e condensar partes da correspondência para preservar a natureza científica da revista, de atender aos limites físicos do espaço destinado e ainda facilitar a

Page 63: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

63

compreensão dos leitores, mas sem modificar o conteúdo original do(s) autor(es). Quando necessário, serão con-vidados autor(es) do(s) artigo(s) citados para réplicas ou tréplicas, no sentido de preservar o espaço destinado ao debate científico e assegurar amplo direito a todos.

e l a B o R a ç ã o d a f I g U R a S . Figuras são aceitas em formatos EPS, TIFF, PDF ou JPEG. Importante saber que figuras em JPEG não oferecem a necessária definição e podem comprometer a qualidade do trabalho a ser divulgado. Utilize um mínimo de 300 dpi de resolução para imagens em preto e branco e coloridas e para de-senhos (bitmapped line drawings) um mínimo de 1000 dpi. Combinações de ambos (bitmapped line/half-tone, coloridas ou gradações de cinza) deverão ser construídas a partir de 500 dpi. Quando trabalhar com desenhos vetoriais (EPS), grave os arquivos no modo gráfico. Não trabalhe ou importe imagens usando processadores de texto ou similar. Cada figura deve ser preparada de forma individual e compor um arquivo único em uma página ou meia página impressa (limites máximos de 170mm X 230mm ou 80mm X 230mm, respectivamente). As figuras devem ser referenciadas Figura (abreviatura Fig.) e numeradas sequencialmente em ordem de citação e em números arábicos. As legendas devem ser auto explicativas e permitir a compreensão do material apresentado sem a necessidade de ler o texto principal.

e l a B o R a ç ã o d e t a B e l a S . Tabelas devem ser construídas de modo a serem compreendidas sem a leitura do texto, em numeração (arábica) consecutiva de acordo com a ordem de aparecimento e citação. Cada tabela preci-sa conter um título e um cabeçalho e as unidades de medida devem estar claramente indicadas. Colunas e linhas devem ser compostas por grades de tabulação e não por espaçamento. Utilize um guia de construção de tabelas em seu processador de texto. Atente para a não duplicidade de resultados na combinação de tabelas e gráficos.

c o N S I d e R a ç Õ e S é t I c a S . Artigos submetidos para publicação precisam conter declaração de conduta e, em especial quando tratar de humanos, devem trazer testemunho de que foram aprovados por Comissão de Ética em acordo com a Declaração de Helsinke de1964 (http://www.wma.net). Também deve explicitamente decla-rar que as pessoas foram devidamente esclarecidas e que o(s) autor(es) detêm o consentimento para inclusão no estudo. Detalhes que permitam a identificação dos sujeitos devem ser omitidos. Tratando-se de trabalhos usando modelos animais, estes devem declarar que todo o desenrolar experimental foi feito em acordo com os princípios de conduta para uso e cuidado animal, dentro de leis específicas. O corpo editorial se reserva no direito de rejei-tar manuscritos que não contemplam os requisitos acima mencionados. Autor(es) é(são) responsável(is) por falsas declarações ou malversação dos princípios acima.

R e f e R ê N c I a S . As referências citadas no texto devem estar presentes na lista de referências (e vice-versa). Resultados não publicados e comunicações pessoais não são aceitos como referências e seu uso não é recomen-dado. Caso seja imprescindível, essas citações devem ser seguidas das expressões (resultados não publicados ou comunicação pessoal, respectivamente) no corpo do texto principal. Citações de trabalhos aceitos, mas ainda não publicados devem ser sucedidos da informação “in press”. Trabalhos em preparação, mas não publicados, não devem ser citados. A revista Science in Health adota o sistema autor-data para citação, em conformidade com o determinado no documento Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals [Inter-national Commitee of Medical Journal Editors, Ann Int Med (126): 36-47, 1997). Assim, as citações no texto devem estar entre parênteses, identificadas pelo sobrenome dos autores e o ano da publicação do documento. Elas necessitam ser pertinentes e, quando mais de uma, devem seguir a ordem cronológica de aparecimento. Tanto as citações quanto a lista de referências devem seguir a recomendação do Estilo de Vancouver. A lista de referências deve ser composta em ordem alfabética e, se necessário, cronológica. Mais de uma referência de um mesmo autor devem ser identificadas com letras minúsculas “a”, “b”, “c”, acrescidas após o ano de publicação

P R o V a S . Quando aceito, será enviado ao autor correspondente um arquivo de prova contendo a forma editada

Page 64: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni

64

do artigo, que deverá ser revisado e aprovado pelo autor. Quaisquer correções devem ser listadas e apontadas para posterior ajuste. Nessa época não serão aceitas modificações no corpo do texto, apenas equívocos de digita-ção e acertos menores, sem interferência no conteúdo do manuscrito.

d I R e I t o S d e c ó P I a . A submissão de um manuscrito à Science in Health implica que o material não foi publi-cado (exceto na forma de resumo em anais de congresso ou como parte de monografia, dissertação, ou tese do autor) e que não está em processo de submissão em outra revista. A submissão ainda implica que o autor corres-pondente obteve anuência de todos os demais co-autores e que obteve tácita autorização dos responsáveis pelos locais onde foi feita a pesquisa. Se aceito o manuscrito, o autor correspondente assinará em nome de todos os co-autores um termo de responsabilidade e ciência de disseminação das informações nele contidas.

t e R m o d e t R a N S f e R ê N c I a d e d I R e I t o S a U t o R a I S

Eu (nós), autor(es) do trabalho intitulado [título do trabalho], o qual submeto(emos) à apreciação da Revista Science in Health, declaro(amos) concordar, por meio deste suficiente instrumento, que os direitos autorais re-ferentes ao citado trabalho tornem-se propriedade exclusiva da Revista Science in Health da Universidade Cidade de São Paulo.

No caso de não-aceitação para publicação, essa transferência de direitos autorais será automaticamente re-vogada após a devolução definitiva do citado trabalho por parte da Revista de Science in Health da Universidade Cidade de São Paulo.

Page 65: ISSN 2176-9095arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/new/... · 2014. 8. 5. · 6 ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports Passarelli dHc, youssef mN, zaroni