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Volume 5• Número 2 • mai/ago 2014 ISSN 2176-9095

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Volume 5• Número 2 • mai/ago 2014

ISSN 2176-9095

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Revista Science in Health/ Universidade Cidade de São Paulo

São Paulo: UNICID, 2010.

v.5, n.2., mai./ago., 2014

Quadrimestral

ISSN 2176-9095

1. Ciências da Saúde. 2. Ciências Médicas. I Universidade Cidade de São Paulo.

CDD 610

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Volume 5 • Número 2 •mai/ago 2014

Sumário/Contents

Relato De PeSQUISa/ReSeaRCH RePoRtS

análise bacteriológica de esponjas de Banho em Uso e Métodos de DesinfecçãoBacteriological Analysis of Bath Sponges in Use and Methods of Disinfectionandressa adão Nogueira, Rene dos Santos Cunha Neto, Priscila Reina Siliano..................................................................... 56

avaliação do consumo de suplementos nutricionais e queimadores de gordura por praticantes de atividade física em academias de ginás-tica do Município de São PauloConsumption evaluation of nutritional supplements and fat burners by physically active people in gyms of the City of São Paulo.Mylena araújo Colusso, Jéssica Maida Nassif, Rodrigo Ippolito Bouças ............................................................................. 61

Detecção da presença de amido em queijos do tipo prato e mozarelaPresence detection of starch in mozzarella and “prato” cheesesMatheus Valadares teixeira, Yasmin Francez, ariane Paolini Cola, Daniele Vasconcelos de oliveira, eliton Silva, tangará Jorge Mutran . 79

a autonomia do enfermeiro no atendimento pré-hospitalarAutonomy of nurse in pre-hospital attentionRenê Werner Winkler Junyent, Francisco Sandro Menezes Rodrigues, Itamar Souza oliveira-Júnior, almir Gonçalves Wanderley, José Gustavo tavares, Renato Ribeiro Nogueira Ferraz, Paolo Ruggero errante ......................................................................... 86

MINI ReVISão/MINI ReVIeW

Influência de diuréticos no tratamento da injúria renal aguda oligúrica de pacientes em unidade de terapia intensiva: uma revisão da literaturaInfluence of diuretics in the treatment of oliguric acute kidney injury in patients of intensive care unit: a review of the literatureGisele lins antunes, luciana Quirino amaral, Marina Ragonezi Gallucci, Mayara afonso Fernandes, Marcelo augusto Fontenelle Ribeiro Jr, Rodrigo Ippolito Bouças, eduardo achar .................................................................................................... 96

Conduta operatória versus não operatória no tratamento do trauma abdominal penetrante – revisão de literaturaOperative conduct versus non-operative in the treatment of penetrating abdominal trauma – a review of literatureandré Freitas Cavallini da Silva, Pedro Henrique Pinto Fonseca, talita Machado Boulhosa, Cyro de Campos aranha Pereira Neto, ana Carolina Matieli, Rodrigo Ippolito Bouças, Marcelo augusto Fontenelle Ribeiro-Jr, eduardo achar ..........................................102

Instruções aos autores .......................................................................................................................................108

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Science in Health a Science in Health é a revista de saúde da Universidade Cidade de São Paulo com publicação quadrimestral.

Rua Cesário Galeno, 432 / 448 - CeP 03071-000 - São Paulo - Brasil

Tel.: (11) 2178-1200/2178-1212 Fax: (11)6941-4848 • E-mail: [email protected]

Reitor

Prof. Dr. luiz Henrique amaral

Pró-Reitora de Graduação

Profa. Dra amélia Jarmendia Soares

Editor chefeJoaquim edson Vieira

Vice editorRodrigo Ippolito Bouças

Assistente Editorial Mary arlete Payão Pela

Normalização e revisãoClaudia Martinsedevanete de Jesus de oliveira

Editoração EletrônicaVinicius antonio Zanetti [email protected]

Revisão do idioma portuguêsantônio de Siqueira e [email protected]

Corpo Editorial por Secção1. BiomedicinaEditor Sênior: Márcio Georges Jarrouge [email protected] / [email protected] associados: ana Cestari, Marcia Kiyomi Koike, Rodrigo Ippolito Bouças.2. Ciências Biológicas e Meio ambienteEditor Sênior: Prof. MS Alex Souza da Silva [email protected] associados: ana lúcia Beirão Cabral, Maurício anaya, Sandra Maria Mota ortiz3. Ciências Sociais aplicadas:Editor Sênior: Wagner Pagliato [email protected] associados: edileine Vieira Machado da Silva,

eduardo Ganymedes, Julio Gomes de almeida, Marco antonio Sampaio de Jesus, Rinaldo Zaina Junior, Rober-ta de Cássia Suzuki, Wanderley Gonçalves4. educação FísicaEditor Sênior: Roberto Gimenez [email protected] associados: Marcelo luis Marquezi, Maurício teodoro de Souza5. enfermagemEditor Sênior: Wana Yeda Paranhos [email protected] associados: Patricia Fera, Fabiana augusto Ne-man, adriano aparecido Bezerra Chaves6. Fisioterapiaeditor Sênior: Profa. Célia Regina Gazoti Debessa [email protected] associados: Sérgio de Souza Pinto, Fábio Na-varro Cyrillo, Renata alqualo Costa, alexandre Dias lopes7. Medicinaeditor Sênior: José lúcio Martins Machado [email protected] associados: Jaques Waisberg, Sonia Regina P. Souza, edna Frasson de Souza Montero, Marcelo augus-to Fontenelle Ribeiro Júnior, Stewart Mennin8. odontologiaEditor Sênior: Cláudio Fróes de Freitas [email protected] associados: eliza Maria agueda Russo, Rivea Ines Ferreira9. tecnologia em saúdeEditor Sênior: Willi Pendl [email protected] associados: Waldir Grec, Rodrigo de Maio, Sergio Daré, aníbal afonso Mathias Jr

apoio

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E D I T O R I A L

Prezados leitores

a Revista Science in Health em seu volume cinco, número 2, apresenta à comunidade acadêmica da Universi-dade Cidade de São Paulo–Cruzeiro do Sul educacional e à sociedade novos e interessantes resultados de pesquisas e revisões da literatura científica na área da Saúde. Interessante notar como atividades do cotidiano são conquistadas com perguntas pertinentes e métodos inteligentes. essas iniciativas de investigação transmitem o mundo acadêmico à sociedade, construindo pontes de conhecimento e divulgação, unindo estradas que ligam a curiosidade científica ao estabelecimento de normas e ações que enriquecem todos os aspectos da vida. e geram novas perguntas e novas pesquisas!

leiam, por exemplo, a pesquisa de Nogueira e colaboradores sobre esponjas de banho, analisadas quanto à presen-ça de bactérias potencialmente patogênicas, mostrando que alguns cuidados com tais esponjas devem ser tomados. em sua pesquisa, o hipoclorito de sódio e o álcool a 70% foram considerados agentes antibacterianos eficazes. os autores não condicionam sua pesquisa a marcas e fica a sugestão de limpar o que nos limpa, ambos periodicamente!

Colusso e colaboradores investigam os suplementos nutricionais e substâncias conhecidas como “queimadores de gordura”, que surgiram com o objetivo de auxiliar pessoas incapazes de suprir suas necessidades nutricionais e pro-vavelmente muito consumidos entre praticantes de atividades físicas. os resultados demonstram a necessidade de profissionais qualificados, em academias e locais de práticas esportivas, que possam suprir a carência de informações sobre o consumo desses suplementos. Notável que haja uma grande influência da mídia e dos professores de academias sobre seus alunos...

e o cotidiano merece novo destaque no trabalho de teixeira e colaboradores sobre o consumo do queijo – muito apreciado por este editor (JeV), em todas as suas variedades... os autores chamam a atenção para os riscos da fraude nesses produtos. Submetendo vários tipos de queijo ao teste de lugol para detectar a presença de amido, encontra-ram composição físico-química com grande oscilação. Sugerem, portanto, ser possível observar fraudes e a qualidade dos queijos por meio dessa análise.

Junyent e colaboradores pesquisaram a atividade estressante, mas essencial, do atendimento ao trauma em três cidades da Grande São Paulo. Um questionário sobre o grau de autonomia que cabe ao profissional enfermeiro no atendimento ao trauma - com ênfase nas relações enfermeiro-paciente - constatou que as atribuições cabíveis são parecidas, em âmbito nacional. a autonomia do profissional de enfermagem é maior na realidade brasileira quando comparada à legislação francesa – origem do modelo de atendimento ao trauma urbano. Pode ser interessante ques-tionar se o serviço de atendimento ao trauma dispõe de todos os profissionais de que precisa, e em número que não comprometa a qualidade do trabalho desses brilhantes profissionais.

Finalmente, encerramos esta edição com duas revisões. o uso de diuréticos em vigência de condições determi-nantes da insuficiência renal aguda, por antunes e colaboradores; e as novas abordagens nas condições de trauma abdominal por ferimentos de arma de fogo ou armas brancas – por Cavallini da Silva e colaboradores. Nesta última é interessante notar como novas técnicas de imagem permitiram novas abordagens em pacientes vítimas dessa violência, ainda prevalente nas cidades brasileiras.

Convidamos à leitura destes temas em artigos muito bem ilustrados. esperamos que os pesquisadores, estudantes e professores da Universidade Cidade de São Paulo-Cruzeiro do Sul educacional, bem como de todas as instituições acadêmicas brindem os leitores com novas pesquisas nos próximos números da Science in Health.

Joaquim Edson Vieira

Rodrigo Ippolito Bouças

editores

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ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Science in Health maio-ago 2014; 5(2): 56-60

AN ál I S e b Ac t e RI o l ó g I c A d e e S P o N j A S d e b AN H o e m U S o e m éto d o S d e d e S I N f ecç ão 1

b Ac t e RI o l o g I c Al AN AlyS I S o f b At H S P o N g e S I N U S e AN d m et H o d S o f d I S I N f ec t I o N

Andressa Adão Nogueira2

Rene dos Santos cunha Neto2

Priscila Reina Siliano3

R e S U m o

Introdução: Muitas bactérias têm hábitos parasitários nos seres humanos, podendo ser transmitidas por objetos como esponjas de banho. Objetivos: Isolar, identificar e estimar a quantidade de bactérias em esponjas de banho, após seu uso, e testar a eficácia de agentes antibacterianos na descontaminação destas. Métodos: Vinte esponjas de banho foram distribuídas para vinte indivíduos, que as usaram durante sete dias, realizando-se a análise bacteriológica após o uso. No teste de desin-fecção, foram utilizados hipoclorito de sódio (1%), álcool etanol 70% e água fervente. Resultados: em 100% das amostras encontraram-se enterobactérias e em 10% bactérias do gênero Staphylococcus. Nas amostras tratadas com hipoclorito de sódio (1%) e o álcool 70% não houve desenvolvimento bacteriano, diferentemente das tratadas com água fervente. Conclusões: Nas esponjas analisadas foram detectadas bactérias potencialmente patogênicas, mostrando que alguns cuidados com tais esponjas devem ser tomados. o hipoclorito de sódio e o álcool foram considerados agentes antibacterianos eficazes.

Palavras-chave: Bactérias • Banhos • Poríferos • Anti-infecciosos locais.

A b S t R A c t

Introduction: Many bacteria have parasitic habits in humans and can be transmitted by objects such as bath sponges. Objectives: to isolate, identify and estimate the presence and quantity of bacteria in bath sponges after use, and test the efficacy of antibacterial agents in the decontamination. Methods: twenty bath sponges were distributed to twenty indivi-duals, who used them for seven days, and were analyzed for bacteriological presence after use. In disinfection tests sodium hypochlorite (1%), ethanol alcohol (70%) and boiling water were used. Results: In 100% of the samples enterobacteria were found and in 10% bacteria of the genus Staphylococcus. the samples treated with sodium hypochlorite (1%) and alcohol 70% showed no bacterial growth, unlike those treated with boiling water. Conclusions: In used sponges some potentially pathogenic bacteria were detected, showing that some care with such sponges should be taken. Sodium hypochlorite and alcohol were considered effective antibacterial agents.

Key-words: Bacteria • Baths • Porifera • Anti-infective agents, local.

1 faculdade de filosofia, ciências e letras – centro Universitário fundação Santo André – cUfSA, Santo André – SP [brasil]2 graduados em ciências biológicas pelo centro Universitário fundação Santo André, cUfSA.3 Profa. dra. e docente do centro Universitário fundação Santo André

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ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Nogueira AA, Cunha-Neto RS, Siliano PR, Análise bacteriológica de Esponjas de Banho em Uso e Métodos de Desinfecção • Science in Health • maio-ago 2014; 5(2): 56-60

I N t Ro d U ç ão

as bactérias são seres vivos amplamente distri-buídos pelo planeta, encontradas na água, no solo, no ar ou associadas a outros seres vivos, podendo nestes ter hábitos parasitários. as espécies de bac-térias parasitas são responsáveis por uma grande va-riedade de doenças que afetam os seres humanos1.

agentes infecciosos podem ser transmitidos de um indivíduo para outro de forma direta ou in-direta2. Na transmissão direta, esses agentes são transferidos de um indivíduo infectado para um indivíduo susceptível por contato físico direto ou por secreções; enquanto que, na transmissão indi-reta, tais agentes são transmitidos de um indivíduo infectado para um indivíduo susceptível através de objetos e veículos como, por exemplo, água, ali-mentos, vetores, roupas e produtos usados na hi-giene pessoal3.

Dentre os produtos utilizados para higiene pes-soal estão as esponjas de banho. as esponjas dos tipos vegetal e sintética são consideradas potenciais veículos de transmissão de bactérias patogênicas, pois oferecem condições favoráveis à proliferação desses seres vivos, tais como a não remoção de re-síduos celulares, temperatura elevada e umidade4.

o controle da proliferação bacteriana é um as-sunto abrangente e de inúmeras aplicações práticas. Calor, pasteurização, radiação, filtração, alcoóis, halogênios e fenóis são exemplos de agentes empre-gados para realização de tal controle3. estudos com esponjas de banho e panos de limpeza demonstra-ram que a utilização de hipoclorito de sódio con-siste em um método de descontaminação eficaz4, 5,

6. Por serem consideradas veículos de transmissão de bactérias potencialmente patogênicas, a análise bacteriológica de esponjas de banho é de grande importância.

assim sendo, este trabalho teve como objetivo isolar, identificar e estimar a quantidade de bacté-rias em esponjas de banho, após seu uso, e testar a

eficácia de agentes antibacterianos na descontami-nação destas.

m At e RI AI S e m éto d o S

Vinte amostras de esponja de banho da mesma marca foram distribuídas para vinte indivíduos do campus do Centro Universitário Fundação Santo andré, 05 homens e 15 mulheres, na faixa etária dos 20 aos 70 anos, que as usaram durante o banho, por 7 dias. após esse período, as esponjas foram recolhidas para a análise bacteriológica e para a re-alização do teste de eficácia de diferentes agentes antibacterianos.

Recortes de 1 cm³ das amostras foram colocados em tubos contendo caldo nutriente. a partir deste, realizaram-se três diluições seriadas, na razão 10, em solução salina estéril e o cultivo em placas com Ágar MacConkey (Merck, alemanha), pela técnica de esgotamento, que foram incubadas a 37ºC, por 24 horas. alíquotas das terceiras diluições de caldo foram cultivadas, através da técnica de semeadu-ra em superfície com alça de Drigalsky, em placas contendo Ágar Nutriente (Merck, alemanha) e es-tas foram incubadas a 37ºC, por 24 horas. as co-lônias que se desenvolveram foram contabilizadas e submetidas à coloração de Gram, realizando-se o teste da catalase para as bactérias Gram-positivas. as colônias obtidas em Ágar MacConkey foram semeadas nos meios de cultura da série enterokit B-ePM, MIli e citrato de Simmons (Probac, Bra-sil), incubados a 37ºC, durante 48 horas. a leitura dos meios do enteroki B para identificação de en-terobactérias se realizou através das atividades bio-químicas realizadas pelos micro-organismos como: fermentação de glicose, produção de H2S, produ-ção de ltD (l-triptofano desaminase), produção de urease, produção de lisina descarboxilase, mo-tilidade, produção de indol e utilização de citrato como fonte de carbono. Para a desinfecção das es-ponjas, recortes de 1 cm³ foram colocados em solu-ções de hipoclorito de sódio 1%, álcool 70% e água fervente, durante dez minutos. Posteriormente, os

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Nogueira AA, Cunha-Neto RS, Siliano PR, Análise bacteriológica de Esponjas de Banho em Uso e Métodos de Desinfecção • Science in Health • maio-ago 2014; 5(2): 56-60

recortes das esponjas passaram pelos testes de cres-cimento em meios de cultura em Ágar Nutriente e incubados por 24 horas a 37 ºC.

Re S U ltAd o S

em 100% das amostras foram encontradas ente-robactérias e em 10% bactérias possivelmente per-tencentes ao gênero Staphylococcus. analisando-se os resultados dos gêneros identificados evidencia--se que o gênero Serratia apresentou maior incidên-cia, ocorrendo em 65% das amostras, seguido pelo gênero Enterobacter (presente em 30%), Citrobacter e Staphylococcus (10%) e Hafnia em 5% das amos-tras. Quanto às espécies, Serratia liquefaciens é a es-pécie de maior prevalência, estando presente em 45% das esponjas analisadas, seguida de Enterobac-ter aerogenes (presente em 20%), Serratia marcescens (15%), Enterobacter cloacae (10%) e as demais, Haf-nia alvei, Citrobacter freundii e Citrobacter diversus, em 5% das amostras.

Com relação à desinfecção das esponjas, nas amostras tratadas com hipoclorito de sódio 1% e álcool 70%, não foi observado crescimento bacte-riano, enquanto que em 100% das amostras trata-das com água fervente houve o desenvolvimento de bactérias.

d I S c U S S ão

em um estudo semelhante, foram encontradas bactérias Gram-negativas e Gram-positivas em to-das as esponjas de banho analisadas4. No presente estudo, bactérias Gram-negativas também foram detectadas em todas as amostras, enquanto que as Gram-positivas foram detectadas em apenas 10% destas. a quantidade variável de bactérias presen-tes nas esponjas verificadas pode ser explicada pelo fato destas terem sido utilizadas por diferentes in-divíduos, com diferentes hábitos de higiene.

Dos gêneros encontrados, Serratia é o mais fre-quente (65%) e inclui bactérias reconhecidas como importantes patógenos, com propriedades invasi-

vas, alta resistência a muitos antibióticos e causa-dores de infecções hospitalares graves7. Dentre as espécies do gênero, Serratia liquefaciens pode pro-vocar infecções no trato urinário e no trato respi-ratório7. Serratia marcescens é considerada o mem-bro mais importante do gênero, descrita como um patógeno oportunista que pode disseminar-se ra-pidamente em ambiente nosocomial, como unida-des de tratamento intensivo neonatal e pediátrico, geralmente responsável por infecções como pneu-monia, septicemia, bacteremia, infecções urinárias e meningites7, 8, 9. Nem todas as espécies perten-centes ao gênero Enterobacter, encontrado em 30 % das amostras neste trabalho, estão associadas a doenças causadas em seres humanos10. Dentre as que estão, Enterobacter cloacae e Enterobacter aeroge-nes são as espécies mais frequentemente isoladas11, consideradas patógenos oportunistas causadores de infecções nosocomiais como bacteremia, infecções do trato urinário e meningites em pacientes sub-metidos a cirurgias neurais12.

o gênero Staphylococcus, detectado em 10% das amostras deste estudo, possui 33 espécies, sendo que 17 delas são comumente isoladas de amostras biológicas humanas13. Dentre essas espécies, a de maior interesse médico é o Staphylococcus aureus por estar possivelmente associada a diferentes tipos de infecção como lesões superficiais na pele (espinhas e furúnculos) osteomielites, endocardites, síndro-me do choque tóxico, infecções urinárias, entre outras14.

o gênero Hafnia, encontrado em 5% das amos-tras, é constituído por patógenos de humanos e animais, sendo Hafnia alvei seu único representan-te15, 16. esse micro-organismo comporta-se como patógeno oportunista e tem sido identificado como agente etiológico de infecções urogenitais, do trato respiratório inferior, gastroenterites, pneumonias, meningites, endoftalmites, bacteremia e infecções nosocomiais15,17.

Do gênero Citrobacter, detectado em 10% das

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Nogueira AA, Cunha-Neto RS, Siliano PR, Análise bacteriológica de Esponjas de Banho em Uso e Métodos de Desinfecção • Science in Health • maio-ago 2014; 5(2): 56-60

amostras, as espécies mais importantes são Citro-bacter freundii e Citrobacter diversus3. Citrobacter freun-dii é um patógeno oportunista que pode causar diarreia, meningite, septicemia e infecção do trato respiratório e urinário, especialmente em grupos de alto risco18. Citrobacter diversus pode causar bac-teremias, infecções respiratórias, urinárias e do sistema nervoso central. Por ser um patógeno no-socomial, pode ser isolado e permanecer por longo período em ambientes de serviços neonatais19.

em relação à descontaminação das esponjas de banho em uso, foi testada a eficácia de três agentes antibacterianos: hipoclorito de sódio, álcool e água fervente. a ação germicida do hipoclorito de sódio

provém do ácido hipocloroso, um agente oxidante que impede o funcionamento do sistema enzimáti-co celular, formado quando o cloro elementar ou os hipocloritos são adicionados à água2, 20. a respeito do álcool, estando em uma concentração de 70%, este penetra no interior dos micro-organismos e desnatura as proteínas, o que provoca a morte celular21. Quanto à água fervente, esta é capaz de eliminar formas vegetativas de patógenos, muitos vírus e fungos, pois a alta temperatura causa a des-naturação das proteínas e das enzimas necessárias ao metabolismo3. Porém, neste estudo, esse agente desinfetante não se mostrou tão eficaz, já que nas amostras com ele tratadas não houve eliminação de todas as bactérias.

R e f e R ê N c I A S

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Science in Health maio-ago 2014; 5(2): 61-78

AVAlIAção do coNSUmo de SUPlemeNtoS NUtRIcIoNAIS e QUeImAdoReS de goRdURA PoR PRAtIcANteS de AtIVIdAde fÍSIcA em AcAdemIAS de gINáStIcA do

mUNIcÍPIo de São PAUlo

coNSUmPtIoN eVAlUAtIoN of NUtRItIoNAl SUPPlemeNtS ANd fAt bURNeRS by PHySIcAlly ActIVe PeoPle IN gymS of tHe cIty of São PAUlo.

mylena Araújo colusso1

jéssica maida Nassif1

Rodrigo Ippolito bouças2

ReSUmo

atualmente a prática de exercícios físicos tem se tornado um hábito entre indivíduos de diversas idades. está relaciona-da ao bem-estar, à estética corporal e à saúde. Para alcançar seus objetivos, utilizam-se substâncias que potencializam os efeitos desejados em menor tempo. Destacam-se os suplementos nutricionais e queimadores de gordura, que sur-giram com o objetivo de auxiliar pessoas incapazes de suprir suas necessidades nutricionais. Uma nutrição balanceada é geralmente suficiente para um bom desempenho nas atividades físicas. Reposição com suplementos nutricionais ou utilização de produtos termogênicos destinam-se a atletas, após a comprovação de alguma deficiência específica. Fre-quentemente o uso dessas substâncias ocorre sem orientação adequada. o presente trabalho teve como objetivo avaliar o consumo de suplementos nutricionais e queimadores de gordura por praticantes de atividade física em academias de ginástica e, a partir da análise dos dados obtidos, identificar os tipos de produtos mais utilizados, finalidade do uso, frequência de consumo, fontes de orientação e possíveis efeitos colaterais. Dos 47 voluntários, 72,3% eram do sexo masculino e 27,6% feminino, sendo a média de idade de 25 anos. Dos entrevistados, 100% utilizavam suplementos nu-tricionais, sendo que 29,78% utilizavam mais de três tipos de produtos; 63,82% utilizando esses suplementos de 4 a 6 vezes por semana. 51,06% tinham nível superior incompleto; 95,74% praticavam musculação cujo objetivo maior foi o aumento de massa muscular (78,72%). a principal fonte de indicação foi o instrutor ou o educador físico (48,93%). os produtos mais utilizados foram os proteicos com 76,59%, carboidratos com 42,55% e aminoácidos com 42,55%. Dos praticantes, 48,93% relataram não apresentar nenhum efeito colateral. Ficou comprovada a necessidade emergente de profissionais qualificados dentro de academias e locais de práticas esportivas a fim de suprir a carência de informações sobre o consumo desses suplementos, pois é grande a inf luência da mídia e dos professores de academias sobre seus alunos.

Palavras-chave: Suplementos dietéticos; Gorduras na dieta; termogênese; academias de ginástica; exercício.

AbSt R Act

exercising became a common practice among individuals from different age group in current days. this habit is not only related to physical welfare, but also to body image and health. In order to reach their goals,some people make use of specific substances that lead to the results expected in a shorter period of time. among these substances, nu-tritional supplements and fat burners are the ones which most appeal. these substances were developed to supplement people’s diet, providing nutrients that are not consumed in sufficient quantity by them. the substances may be found in supermarkets, drugstores and also in tV advertisements and they are usually consumed in capsules, tablets, powder, liquids and gels. a balanced diet, with energy and nutrients, is usually enough for good exercise and performance. the consumption of nutritional supplements or thermogenic products should be destined to athletes, and only if a speci-

1 graduadas do curso de biomedicina da Universidade cidade de São Paulo, UNIcId2 biomédico graduado pela Universidade federal de São Paulo (UNIfeSP). mestre e doutor em bioquímica e biologia molecular pela Universidade federal de São Paulo (UNIfeSP).

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fic nutrient deficit has been noticed. In most cases, the frequent use of supplements or fat burners occurs with no appropriate orientation. their use is encouraged by friends, colleagues, Fitness Instructors or even through information given by the media. therefore, the aim of this paper was to evaluate the consumption of nutritional Supplements and fat burners by exercisers in fitness centers and from the analysis of the results identify which products are most used, as well as their purposes, frequency of consumption, the main inf luences and the pos-

sible collateral effects that such supplements may have.

Key words: Dietary supplements; Dietary fats; thermogenesis; Fitness centers; exercise.

INtRodUção

o mundo atual está repleto de produtos que prometem reduzir a gordura corporal, aumentar a massa muscular, minimizar o risco de doenças ou promover alguma outra característica que me-lhore o desempenho esportivo. os atletas são os principais consumidores desses produtos, ou seja, os suplementos alimentares e queimadores de gor-dura, e um grupo-alvo importante para a indús-tria multimilionária1.

a maioria das pessoas que praticam atividade fí-sica não necessita de suporte adicional de energia, pois suas necessidades de nutrientes são passiveis de alcançar pela alimentação2. Porém, observa-se uma crescente infinidade de novos produtos, que na maioria das vezes não têm seus efeitos cienti-ficamente comprovados e são comercializadas de forma indiscriminada, geralmente através de pro-pagandas enganosas, capazes de induzir os consu-midores a utilizarem esses recursos para atingir seus objetivos3.

entre as questões que devem ser consideradas para a análise da utilização de um suplemento, em primeiro lugar está a sua eficácia. Devem ser con-sideradas as quantidades e o horário da suplemen-tação, além das condições específicas do exercício para o qual os efeitos serão otimizados. em se-gundo lugar, existe a preocupação com a possibili-dade de violar o código antidoping imposto pelos órgãos governamentais que controlam o esporte. em terceiro lugar, vem a segurança da suplemen-

tação. esta talvez seja a questão mais importante, devendo ser, provavelmente, a preocupação nú-mero um; porém a utilização dos produtos farma-cêuticos cujos efeitos colaterais são considerados prejudiciais mostra que nem sempre esse valor é considerado relevante1.

o uso de suplementos é amplamente dissemi-nado no esporte. avaliações da literatura publica-das sugerem que seu consumo é mais comum entre os atletas (cerca de 50%) do que entre a população em geral (35 a 40%)1, 4. Dos atletas de elite quase 60% afirmam utilizar esses produtos. todas essas pesquisas mostram que a prevalência total e os ti-pos variam de acordo com a natureza do esporte, como sexo dos atletas e o nível da competição. Se-gundo algumas pesquisas, 100% do culturismo e do treinamento de força recorrem a alguma forma de suplementação nutricional. Não é possível ava-liar todos os suplementos nutricionais disponíveis e consumidos, nem detalhar as características de muitos deles. No entanto, alguns exemplos espe-cíficos ilustram os princípios que determinam o uso e o tipo de avaliação a serem aplicados aos suplementos1.

a classificação dos suplementos alimentares é algo ainda em estudo, mas segundo Bacurau e Navarro5 (2001), até os dias atuais ainda não foi encontrada uma classificação exata para os dife-rentes tipos. eles foram classificados em quatro categorias segundo a american Dietetic asso-ciation (aDa), a Canadian Dietetic association (CDa) e o american College of Sports Medicine (aCSM)6. entre eles estão aqueles que são peri-gosos ou ilegais e que não devem ser utilizados como hormônio do crescimento (GH), efedrina e esteroides anabólicos; aqueles que podem funcio-

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nar conforme alegado como creatina, isotônicos, cafeína, proteínas, géis e barras esportivas, suple-mentos à base de aminoácidos e bicarbonato de sódio; aqueles que podem funcionar segundo ale-gados, porém com evidências insuficientes de sua eficácia, como glutamina, colostro, ribose e HMB (β-hidroxi β-metilbutilrato) e aqueles que não desempenham as funções alegadas, como carniti-na, coenzima Q10, triglicerídeo de cadeia média (tCM), picolinato de cromo5.

outras substâncias utilizadas em grande quan-tidade por atletas e praticantes de atividade física são os alimentos termogênicos. esses compostos apresentam uma maior dificuldade no processo de digestão pelo organismo, fazendo com que haja um maior consumo de energia e calorias direcionado a esse processo. todos os alimentos requerem um gasto de energia pelo organismo para serem dige-ridos, ou seja, tendem a aumentar a temperatura corporal e acelerar o metabolismo, estimulando, assim, a queima de gordura. Portanto, agem como auxiliadores na metabolização de gorduras, trans-formando-as em energia disponível7.

assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o consumo de suplementos nutricionais e queimadores de gordura por praticantes de ativi-dade física em academias de ginástica e, a partir da análise dos dados obtidos, identificar os tipos de produtos mais utilizados, finalidade do uso, a frequência de consumo, as fontes de orientação e os possíveis efeitos colaterais dessa suplementa-ção.

mAteRIAl e métodoS

Foi realizada pesquisa de análise descritiva e quantitativa para avaliação do consumo de suple-mento alimentar e queimadores de gordura por praticantes de atividade física em academias de ginástica localizadas no município de São Paulo.

os praticantes de atividade física foram abor-

dados nas academias de forma aleatória, no perío-do vespertino e noturno, em diferentes dias. após julgarem-se devidamente esclarecidos, por meio de uma entrevista com o pesquisador, eles respon-deram a um questionário previamente elaborado sobre o consumo de suplementos nutricionais e queimadores de gordura, tipos mais utilizados, orientação, indicação, finalidade de utilização e possíveis efeitos colaterais. Foram avaliados tam-bém a faixa etária, altura, peso, nível de escola-ridade, tipo de exercício físico e quantidade de horas de exercício praticado.

a partir do questionário devidamente preen-chido, foi realizada a análise estatística dos dados obtidos e os resultados foram visualizados em ta-belas e gráficos, utilizando-se o software excel para Microsoft Windows e GraphPad Prism 5.

ReSUltAdoS e dIScUSSão

Foram entrevistados 47 voluntários pratican-tes de atividade física, sendo 72,3% do sexo mas-culino e 27,6% feminino, a média de idade entre os participantes foi de 25 anos, sendo 25 para os homens e 24 anos para as mulheres. todos os 47 voluntários utilizavam algum tipo de suplemento alimentar. o índice de massa corpórea apresenta-do pelos participantes foi em média de 24,0 Kg/m2, sendo observada para as mulheres a média de 22,7Kg/m2 e 26,6Kg/m2 para os homens.

o nível de escolaridade dos participantes foi alto, sendo que 51,06% possuíam nível superior

Tabela 1. Nível de Escolaridade apresentada pelos participantes de ambos os sexos

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Figura 1.

Nível de escolaridade apre-sentado pelos participantes de atividade física em ambos os sexos (A), em mulheres (B) e em homens (C).

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incompleto, 17,02% ensino superior completo e 4,25% dos participantes tinham pós-graduação. os participantes com ensino médio incompleto totalizaram 8,51% e com ensino médio completo 17,02%. Foram poucos os participantes que pos-suíam baixa escolaridade. o nível de escolaridade

observado para os participantes quando avaliado separadamente apresentou uma pequena variação, porém, tanto em homens quanto em mulheres, o nível de escolaridade permaneceu elevado. os da-dos obtidos podem ser visualizados na Tabela 1 e Figura 1ABC.

Figura 2. Quantidade de suplementos nutricionais e/ou queimadores de gordura utilizada pelos praticantes de atividade física (A), em mulheres (B) e em homens (C).

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a quantidade de suplementos utilizada pe-los participantes foi variada, porém a maioria, 29,78%, utilizava mais de três suplementos, se-guida de dois suplementos com 27,65%, um suple-mento com 23,40% e três com 17,02%. Porém, quando a quantidade de suplementos foi avaliada separadamente em relação ao sexo, 38,46% das

mulheres utilizavam somente um tipo de suple-mento, seguido de 30,76% com mais de três suplementos, 23,07% com dois suplementos e 7,69% com três suplementos. em relação aos ho-mens, 29,41% utilizavam mais de três suplemen-tos. o mesmo percentual foi obtido para o uso de dois suplementos. apenas 20,58% utilizavam três

Figura 3. Frequência semanal de uso de suplementos nutricionais e/ou queimadores de gordura utilizados pelos praticantes de atividade física (A), em mulheres (B) e em homens (C).

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suplementos e 17,64% somente um suplemento (Figura 2 ABC).

Já, em relação à frequência de utilização de su-plementos nutricionais, 63,82% utilizavam de 4 a 6 vezes por semana, seguido por 10,60% de 1 a 3 vezes e 5,53% utilizavam o suplemento todos os

dias. Foi observada uma pequena variação em re-lação às mulheres com 69,23% utilizando de 4 a 6 vezes semanalmente, enquanto entre os homens, 61,76% utilizavam de 4 a 6 vezes semanalmente seguido por 29,41% com uso todos os dias (Fi-gura 3 ABC).

Figura 4. Tipo de suplemento nutricional e/ou queimadores de gordura utilizados pelos praticantes de atividade física (A), mulheres (B) e homens (C).

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o tipo de suplemento mais utilizado pelos par-ticipantes foram produtos proteicos, representan-do 76,59% das respostas. o restante das respos-tas foi equilibrado, sendo 42,55% aminoácidos, mesma percentagem para carboidratos, 34,04% tanto para vitaminas e/ou minerais quanto para queimadores de gorduras e 6,38% utilizam outros tipos de suplementos. Das mulheres, 84,61% uti-lizam produtos proteicos, 38,46% aminoácidos, o mesmo número para queimadores de gordura e 23,07% carboidratos e vitaminas e/ou minerais. Dos homens, 73,54% utilizam produtos protei-cos, 50% carboidratos, 44,11% aminoácidos, 38,23% vitaminas e/ou minerais, 32,35% quei-madores de gordura e 8,82% fazem uso de outros tipos de suplementos (Figura 4).

o tipo de atividade física praticada pela maioria dos participantes foi a musculação, representando 95,74%. essa atividade é seguida por diversas ati-vidades físicas como esteira de corrida, 17,02%. outras atividades também foram relatadas, po-rém, pouco praticadas (Tabela 2). o mesmo foi visto quando a análise foi realizada separadamente por sexo, com a presença de uma baixa percenta-gem de lutas no sexo masculino (Figura 5).

Desses participantes, 82,97% praticavam ati-vidade física de 4 a 6 vezes por semana, 12,76% todos os dias e 4,25% de 2 a 3 vezes por semana.

tanto para mulheres quanto para homens, o mes-mo resultado foi obtido (Figura 6).

Foi observado que 82,97% dos participantes praticavam atividade física de 1 a 2 horas por dia, 8,51% praticam atividade física por mais de 2 ho-ras e a mesma percentagem foi observada para aqueles que praticam atividade física por menos de 1 hora. tanto para mulheres quando para homens, houve pequenas variações nos dados, porém o predomínio é de 1 a 2 horas por dia (Figura 7).

Dentre os praticantes de atividades físicas, a maioria tinha como objetivo aumentar a mas-sa muscular (78,72%), seguido pela definição muscular (40,42%), melhora do desempenho (34,04%), condicionamento físico (29,78%), emagrecimento (19,14%) e qualidade de vida e bem-estar (17,02%). Para as mulheres, o objetivo mais procurado foi de aumentar a massa muscu-lar, representando 84,61%, seguido por defini-ção muscular, 53,84%, emagrecimento, 30,76%, condicionamento físico, 23,07%, e 15,38% tanto para melhora do desempenho quanto para quali-dade de vida e bem-estar. Já para os homens, o objetivo mais esperado, representando 76,47%, foi de aumentar a massa muscular, seguido por melhora do desempenho, 41,18%, definição mus-cular, 35,29%, condicionamento físico, 32,35%, qualidade de vida e bem-estar, 17,64% e emagre-cimento, 14,70% (Figura 8).

em relação à fonte de indicação, 48,93% dos participantes indicaram o instrutor físico como principal fonte de indicação. Já 27,65% responde-ram que consomem por iniciativa própria, 25,53% por indicação de um nutricionista, 12,76% por in-dicação de amigos e/ou familiares, 6,38% tanto por indicação de um médico quanto por indicação de um farmacêutico e 4,25% tanto por indicação de vendedores de lojas de suplementos quanto através de jornal, tV, revista, internet. Foi ob-servado que entre as mulheres, o valor de maior relevância foi de 69,23% representando a indica-

Tabela 2. Tipo de Atividade Física apresentada pelos participantes

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Figura 5. Tipo de atividade física reali-zada pelos praticantes (A), mulheres (B) e homens (C).

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Figura 6. Frequência de atividade física realizada pelos praticantes (A), mulheres (B) e homens (C).

ção por um instrutor de academia. Já nos dados observados entre os homens, os valores de maior relevância foram 41,17% representando a indica-ção por um instrutor de academia, 32,35% por iniciativa própria e 29,41% por indicação de um nutricionista (Figura 9).

Quanto aos efeitos colaterais causados pelo consumo dos suplementos alimentares, a maioria

disse que não sente nenhum efeito (48,93%), os outros mais frequentes foram suor excessivo, au-mento de apetite, sede excessiva, insônia e uri-na excessiva, representando respectivamente, 25,53%, 19,14%, 19,14%, 8,51% e 6,38%. en-tre as mulheres os efeitos mais observados foram nenhum (53,84%), sede excessiva, suor excessi-vo, aumento de apetite e diarreia, representan-do respectivamente 46,15%, 38,46%, 7,69% e

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Figura 7. Quantidade de horas de atividade realizada pelos praticantes de atividade física (A), mulheres (B) e homens (C).

7,69%. entre os homens, o predomínio também foi de nenhum efeito colateral (47,05%), seguido de aumento de apetite, suor excessivo, insônia, sede excessiva, urina excessiva e taquicardia, re-presentando respectivamente 23,52%, 20,58%, 11,76%, 8,82%, 8,82% e 2,94% (Figura 10C.

Na pesquisa de análise descritiva para avalia-ção do consumo de suplementos nutricionais e/ou queimadores de gordura por praticantes de ativi-dade física em academias de ginástica, localizadas

no município de São Paulo, foram analisados os seguintes dados: idade, sexo, índice de massa cor-pórea, nível de escolaridade, utilização ou não de suplementos, quantidade de suplementos utiliza-dos diariamente, frequência semanal de consumo, tipos de suplementos mais utilizados pelos par-ticipantes, tipos de atividades físicas praticadas, frequência semanal da prática da atividade física, finalidade da utilização, fonte de indicação e pos-síveis efeitos colaterais.

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Figura 8. Finalidade relatada por praticantes de atividade física (A), mulheres (B) e homens (C).

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Figura 9. Principal fonte de indicação para o consumo de suple-mentos nutricionais por praticantes de atividade física (A), mulheres (B) e homens (C).

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Figura 10. Efeitos colaterais oriundos do consumo de suplementos e/ou queimadores de gordura apresentados por praticantes de atividade física (A), mulheres (B) e homens (C).

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a análise da faixa etária entre os participantes variou entre 17 e 40 anos para indivíduos de am-bos os sexos, com uma média de 25 anos, sendo a média de 24 anos para as mulheres e 25 anos para os homens. os praticantes de atividade física foram constituídos, em sua maioria, por pessoas com grau de escolaridade superior incompleto, demonstrando um bom nível de instrução dos participantes. Isso tende a ser uma constante nas academias, já que outros estudos realizados com frequentadores de academia demonstraram tal ca-racterística8.

a amostra avaliada revelou que todos os prati-cantes de atividade física fazem uso de suplemen-tos (100%). esse dado mostrou-se muito alto em relação a outras pesquisas realizadas em outras academias, entretanto, indicou também ser uma tendência entre os praticantes de atividade física. Pesquisas efetuadas por Rocha e Pereira em acade-mias do Rio de Janeiro no ano de 1998 mostraram que o consumo de suplementos era de 32%9. ape-sar da pesquisa relatada anteriormente ser reali-zada somente com indivíduos do sexo masculino, isso mostra que, quanto mais recente a pesquisa, maior é o número de praticantes de atividade física dispostos a utilizar algum suplemento nutricional.

ainda, foi observado que a maioria dos indi-víduos avaliados consome mais de 3 suplementos diariamente e esse consumo se dá de 4 a 6 vezes por semana.

entre os diversos tipos de atividades físicas praticadas pelos participantes, a musculação foi a atividade de preferência, seguida da esteira de corrida. Podemos observar que, em relação ao sexo masculino, a atividade que mais se destacou, seguida da musculação, foi o jiu-jítsu e no sexo feminino a ginástica aeróbica. em comparação com pesquisas realizadas por Rocha e Pereira em academias do Rio de Janeiro no ano de 1998, a musculação já era reconhecida como uma ativida-de física de preferências entre os atletas9.

ainda se pode sugerir que os participantes são indivíduos ativos e, portanto, necessitam de dieta suplementada. Porém, essa dieta deve ser indicada por profissionais qualificados e não deve ser rea-lizada pelo instrutor da academia como se obser-vou na pesquisa, onde 48,93% dos participantes afirmaram ingerir algum suplemento a partir da indicação desses profissionais. esse dado está de acordo com a literatura, uma vez que a principal fonte de indicação de suplementos observada foi do instrutor de academia ou educador físico10.

esta pesquisa ainda demonstra que 25,53% dos participantes suplementam sua dieta a partir da recomendação de nutricionistas e 6,38% por mé-dicos. estes dados são positivos, uma vez que es-ses profissionais são indicados e qualificados para tal prática, o mesmo não ocorrendo com a maioria dos profissionais de educação física que não pos-suem o conceito de nutrição básica ou esportiva na grade curricular11.

os produtos mais utilizados pelos participan-tes em geral foram produtos proteicos (76,59%), aminoácidos (42,55%) e carboidratos (42,55%). o grupo de suplementos mais citados entre os usuários brasileiros do estudo de Rocha & Pereira foi o de produtos cuja composição não foi identifi-cada ou não se enquadrava em outro grupo, sendo citados como “energizantes”, “estimulantes”, en-tre outras denominações, seguidos dos produtos com composição predominante em aminoácidos e proteínas9.

a utilização de suplementos com proteínas e aminoácidos comerciais tem aumentado entre atletas e esportistas, tendo como finalidades a substituição de proteínas da dieta, aumento do valor biológico das proteínas da refeição e ainda por seus efeitos anabolizantes12, 13, 14. o excesso de proteína pode ser prejudicial, pois sobrecarrega alguns órgãos como o fígado, responsável pela me-tabolização de aminoácidos, e os rins, já que gran-des quantidades de subprodutos do metabolismo

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proteico como ureia, amônia e outros produtos nitrogenados são eliminados por via urinária15, 16.

assim, deve-se tomar cuidado na ingestão de proteínas em excesso, uma vez que a recomenda-ção proteica para indivíduos com perfil semelhan-te ao estudado deve ser individualizada. Devem ser levados em conta não apenas o tipo de exer-cício físico praticado, como também seu estado geral de saúde6.

a pesquisa ainda mostrou que 42,55% dos participantes suplementam sua dieta com carboi-dratos. a razão fundamental para o desenvolvi-mento das várias soluções carboidratadas para o consumo antes, durante e após exercício físico é que tais bebidas podem atenuar alguns distúrbios na homeostase que ocorrem durante o próprio exercício, e, dessa forma, podem prevenir lesões e fundamentalmente aumentar o desempenho. aumento da temperatura central, osmolaridade, frequência cardíaca, perda do volume plasmático, depleção de carboidratos provocados pelo exercí-cio e por desidratação são, provavelmente, os dis-túrbios mais importantes atenuados pela ingestão dessas bebidas.

estudos realizados por aoki e colaboradores (2003) sugerem que a suplementação com car-boidratos é eficiente em relação ao desempenho. o mecanismo de ação desempenhado por esses compostos se dá no controle dos níveis de glicose sanguínea e a diminuição da velocidade de glico-genólise, mostrando, portanto um efeito positivo na ingestão desses compostos17.

entretanto, o consumo exagerado de carboi-dratos pode acarretar problemas relacionados ao aumento de peso, uma vez que o excesso de car-boidratos na dieta é armazenado no organismo na forma de gordura18.

Foram avaliados também os efeitos colaterais provenientes da utilização de suplementos. a maioria dos participantes afirmou que não apre-

sentam nenhum tipo de efeito colateral. Poucos são os trabalhos que relatam efeitos negativos de-correntes da ingestão de suplementos. alguns au-tores relatam problemas renais, hepáticos, dimi-nuição do desempenho sexual, tonteira, enjoos, irritação, insônia e acne9,19. a pesquisa realizada nas academias avaliadas em nosso estudo apon-ta, como principais efeitos colaterais, aumento do apetite (5,5%), suor excessivo (5,5%), urina excessiva (4,1%), sede excessiva (1,6%), insônia (1,6%), taquicardia (2,7%), diarreia (1,6%) e do-res musculares (1,6%).

coNclUSão

De acordo com estudos realizados, o apareci-mento dos suplementos no mercado tem sido mais evidente e é de considerável importância a neces-sidade de pesquisas científicas para comprovar seus efeitos e determinar a segurança de seu uso em longo prazo. a elaboração de regulamentações sobre o assunto facilitaria a atuação dos profissio-nais de saúde e a educação do público em geral sobre o uso seguro e eficiente desses produtos8.

Como já foi dito, esses produtos têm sido con-sumidos em maior quantidade e de forma errada por pessoas que praticam exercícios ou possuem uma dieta deficiente. Porém, poucos conhecem os prejuízos que essas substâncias podem causar à saúde.

São diversos os suplementos alimentares dispo-níveis para os praticantes de atividade física. além das dúvidas sobre sua eficácia, não há garantia de que eles não tenham efeitos colaterais adversos à saúde. De um modo geral, os suplementos são consumidos pelos praticantes de atividade física com alguns objetivos, como melhorar o desem-penho esportivo, fornecer nutrientes ao organis-mo, atendendo às necessidades aumentadas pelo exercício, compensar dietas ou hábitos alimenta-res inadequados, suprir as necessidades de vita-minas e minerais nas dietas para redução de peso,

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Colusso MA, Nassif JM, Bouças RI. Avaliação do consumo de suplementos nutricionais e queimadores de gordura por praticantes de atividade física em acade-mias de ginástica do Município de São Paulo • Science in Health • maio-ago 2014; 5(2): 61-78

reverter alguma forma de deficiência nutricional ou oferecer os nutrientes que se apresentam em quantidade insuficiente nos alimentos.

De fato, alguns suplementos podem trazer be-nefícios para o atleta, e até mesmo para praticantes de atividade física, porém, a suplementação deve ser realizada de maneira adequada e acompanhada por profissionais competentes, que estarão alian-

do a suplementação à dieta, e não substituindo ali-mentos por suplementos. os únicos profissionais capacitados para prescrever suplementos são os médicos, de preferência os especializados em Me-dicina do esporte, e os nutricionistas, pois estes apresentam conhecimento dos diferentes tipos de suplemento utilizados hoje em dia, podendo ainda estar evitando problemas de saúde pública, já que o consumo desse tipo de produto é significante.

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detecção dA PReSeNçA de AmIdo em QUeIjoS do tIPo PRAto e moZARelA

PReSeNce detectIoN of StARcH IN moZZARellA ANd “PRAto” cHeeSeS

matheus Valadares teixeira1

yasmin francez¹Ariane Paolini cola¹

daniele Vasconcelos de oliveira¹eliton Silva¹

tangará jorge mutran2

ReSUmo

o queijo é um produto alimentício que, pelo seu alto valor nutritivo, ocupa lugar de destaque entre os alimentos chamados de complexos. É muito comum na dieta populacional, abrangendo todas as classes sociais. o queijo é um dos produtos mais frau-dados, principalmente no Brasil, entretanto são poucos os trabalhos disponíveis na literatura científica sobre a sua qualidade. este artigo submeteu os vários tipos de queijos ao teste de lugol para detectar a presença de amido, analisando sua qualidade e possíveis fraudes na produção. a composição físico-química apresentou grande oscilação. Mostra-se, portanto, possível ob-servar fraudes e a qualidade do queijo por meio desta análise.

Palavras-chave: Queijo • Amidos e féculas • Fraude • Contaminação de alimentos • Espessantes.

AbStRAct

Cheese is a food product that occupies a prominent place among foods known as complex due to its high nutritional value. It is very common in the population diet, present amongst all social classes. Cheese is however one of the most fraudulent pro-ducts, mainly in Brazil, and there are few studies available in the scientific literature about its quality. this article describes the investigation by means of the lugol test of various kinds of cheese to detect the presence of starch analyzing their quality and potential fraud in their production. the physical and chemical composition showed a large variation. It turns out, therefore, possible to observe fraud and cheese quality by this analysis.

KEY WORDS: Cheese • Starch and fecula • Amides • Fraud • Food contamination • Thickeners.

1 graduandos do curso de biomedicina - VI turma - Universidade cidade de São Paulo.2 biomédico, doutor, mestre e Professor do curso de biomedicina da Universidade cidade de São Paulo.

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1. INtRodUção

Mesmo que haja várias teorias sobre como surgiu o queijo, não se sabe onde nem quando ele foi criado. Vários documentos fazem referências a esse alimen-to desde 8.000 a.C. Muitos citam a Mesopotâmia. Porém, definir o local é quase impossível. o queijo pode ter aparecido em diversas partes do mundo si-multaneamente, já que diferentes povos domestica-vam animais mamíferos1.

Nos dias atuais, praticamente todos os países do mundo produzem queijos. essa produção está dire-tamente ligada a condições de clima, disponibilidade de solo, pastagens, nível cultural e social e até mesmo políticas econômicas. o maior produtor de queijos no mundo hoje são os estados Unidos, que desen-volveram uma indústria queijeira de alta tecnologia dedicada em grande parte à produção de queijos com alto índice de artificialismo. No entanto, seus queijos não têm o sabor refinado dos queijos franceses, que até hoje fazem sucesso internacionalmente1.

Segundo o Ministério da agricultura e do abas-tecimento, entende-se por queijo o produto fresco ou maturado obtido por separação parcial do soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial, ou to-talmente desnatado), ou de soros lácteos coagulados pela ação física do coalho, de enzimas específicas, de bactérias específicas, de ácidos orgânicos, isolados ou combinados, todos de qualidade aceitável para o uso alimentar, com ou sem agregação de substâncias ali-mentícias e/ou condimentos, aditivos especificamen-te indicados, substâncias aromatizantes e matérias corantes2.

os produtos derivados do leite, por serem pere-cíveis, devem ser produzidos com matéria-prima de boa qualidade e submetidos a um eficiente controle em todas as etapas de processamento, incluindo as dentro do laticínio, o transporte, o armazenamento e a comercialização adequada, a fim de se evitar as infecções alimentares para a população3.

De acordo com a legislação bromatológica, os

queijos devem ser inspecionados, por órgão governa-mental, em todas as fases, começando pela proprie-dade rural, onde o leite ou o queijo caseiro é obtido, até as indústrias e os locais onde são expostos ao con-sumo4.

a fabricação de queijos consiste de uma série de operações, desde a produção de leite até o último dia de maturação e expedição para o mercado. a qua-lidade do queijo depende diretamente da qualidade do leite, sendo necessário um rígido controle de qua-lidade durante todas as fases de processamento5. a elaboração de queijo inclui a aplicação de princípios físicos, químicos, bioquímicos e biológicos. a enzi-mologia tem um papel muito importante, já que são as enzimas que convertem a lactose em ácido lático e a caseína em coalhada, transformando as proteínas e os açúcares componentes responsáveis pelo aroma, textura e sabor do queijo maturado6.

Na fabricação de queijos, a qualidade do produto é diretamente proporcional à qualidade da matéria--prima, no caso, o leite. Portanto, é importante ob-servar algumas propriedades do leite cru para o pro-cessamento do queijo, como: a composição do leite, mudanças do leite após sua produção (rancificação, oxidação, produção de ácido, desenvolvimento de off-flavor), leite anormal (mamite), contaminações, presença de resíduos (antibióticos, desinfetantes, me-tais), para que se tenha um produto final de qualida-de7.

2. leIte

emulsão de cor branca, ligeiramente amarelada, de odor suave e gosto adocicado. É secretado pelas glândulas mamárias, sendo alimento indispensável nos primeiros meses de vida dos mamíferos. É pro-duto sensível, absorve os odores do meio em que se encontra. Seus principais componentes são: proteí-nas, calorias, gordura e hidratos de carbono. a água constitui, em volume, o principal componente do leite. entra, em média, na porcentagem de 87,5%, influindo sensivelmente na densidade do leite; o res-

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tante, 12,5% de matéria seca total, compreende ma-téria gorda, caseína, albumina, lactose, obtidas em ordenha higiênica, produzidas por vacas sãs, subme-tidas a regime higiênico-sanitário apropriado. Como se sabe, a composição do leite de vaca varia de acordo com a espécie, a raça, a individualidade, a alimenta-ção, o tempo de gestação e outros fatores. a compo-sição média do leite de vaca varia bastante, mas po-demos tomar por média as seguintes porcentagens: água [87,2%], gordura [3,6%], lactose [4,5%], prote-ína [3%] e sais [0,7%]. Valor energético: 68 calorias8.

as características físico-químicas do leite podem ser alteradas devido às condições genéticas, nutricio-nais e ambientais das vacas, aos processos de obten-ção, armazenamento, transporte e beneficiamento do leite, e às fraudes. a adição de água ao leite, de-nunciada pela temperatura de congelamento. a aci-dez titulável ou adquirida reflete a produção de ácido lático, sendo indicadora de higiene e conservação do leite9. a composição do leite é determinante para o estabelecimento da sua qualidade nutricional e apti-dão para processamento e consumo humano10.

2.1- QUEIJOS MUÇARELA / MOZARELA

o queijo Mozarela é definido como o queijo que se obtém por filagem de uma massa acidificada (pro-duto intermediário obtido por coagulação de leite por meio de coalho e/ou outras enzimas coagulantes apropriadas) completada ou não pela ação de bacté-rias lácticas específicas, sendo um queijo de média (36a 45,9%), alta (46 a 54,9%) ou muito alta (não inferior a 55%) umidade e extra gordo (mínimo de 60%), gordo (45,0 a 59,9%) e semigordo (25 a 44,9% de gordura na matéria seca).

o queijo mozarela é um queijo de massa filada sendo caracterizado como um queijo macio, não ma-turado, levemente salgado, de coloração branca ou levemente amarelada, com uma superfície brilhante, podendo ser encontrado em formatos variados, pesan-do desde poucas gramas até vários quilos11. Sua produ-ção envolve a utilização do leite cru, que pode trazer

uma melhor característica ao queijo em função da não desnaturação das proteínas do soro e da presença das lipases naturais, por ser leite cru, dando um produto firme, com maior consistência e mais sabor12.

É importante que todas as etapas de fabricação do queijo tipo mozarela obedeçam às normas opera-cionais pré-estabelecidas, desde a recepção do leite utilizado como matéria-prima até o produto final, de modo a impedir que falhas técnicas ou negligência propiciem a contaminação do produto ou alterações em sua composição normal12.

2.2- QUeIJoS PRato

o queijo Prato é o único queijo tipicamente bra-sileiro e representa aproximadamente 40% da pro-dução total de queijo no país. Sua tecnologia é uma adaptação da mistura de queijos dinamarqueses, ho-landeses e argentinos. É obtido de leite pasteurizado, com massa semicozida, prensado e maturado no mí-nimo por 30 dias. todas as variedades encontradas no mercado são preparadas da mesma maneira, somente variando sua apresentação3. Sua consistência é macia e sabor suave. Normalmente é um queijo fechado, podendo, entretanto, apresentar olhaduras (buracos no queijo). Geralmente, é vendido no formato retan-gular. apresenta, em média, a seguinte composição: 42% a 44% de umidade; 26% a 29% de gordura; teor de sal variando entre 1,6% e 1,9%; pH entre 5,2 e 5,413.

3. fRAUdeS

entende-se por falsificação a adição ou subtração parcial ou total de qualquer substância na composição de um produto14. Sendo assim, as fraudes em alimen-tos são alterações, adulterações e falsificações realizadas com a finalidade de obtenção de maiores lucros. essas operações procuram ocultar ou mascarar as más condi-ções estruturais e sanitárias dos produtos e atribuir-lhes requisitos que não possuem, comprometendo caracte-rísticas sensoriais e, muitas vezes, o valor nutritivo dos alimentos. São práticas prejudiciais sempre indo de en-contro aos interesses dos consumidores15.

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existem fraudes por adição de produtos ou subs-tâncias que são elementos estranhos aos produtos. a finalidade dessa fraude é aumentar o peso do ali-mento ou o seu volume16. Consistem na adição, em produtos alimentícios, de aditivos não permitidos ou, quando autorizados, em quantidade além dos li-mites ou acréscimos de alimentos propositadamente não revelados como, por exemplo, a adição de amido utilizado para aumentar o volume e espessamento do leite15.

as fraudes almejavam obter aumento de volume do leite, mas, atualmente, visam também alterar as características e os componentes, com o intuito de receber bonificações em sistemas de pagamento por qualidade17.

os aditivos, quanto à sua origem, podem ser: na-turais (extraídos de plantas), semissintéticos (obtidos a partir de substâncias naturais e sintetizados artifi-cialmente) ou sintéticos (produzidos quimicamente em laboratórios). outra classificação importante diz respeito à sua presença nos alimentos. os aditivos po-dem ser intencionais quando o produto é adicionado propositadamente aos alimentos no processamento industrial. Podem ser obrigatórios (espessantes, esta-bilizantes) ou opcionais (corantes) ou incidentais que são resíduos de substâncias encontradas nos alimen-tos, como os agrotóxicos e antibióticos utilizados na agropecuária convencional.

3.1- ESPESSANTES

Segundo a legislação brasileira, espessante é a substância que aumenta a viscosidade de um alimen-to. esse aditivo melhora a textura e a consistência dos alimentos processados. É uma substância capaz de au-mentar, nos alimentos, a viscosidade de soluções, de emulsões e de suspensões. São substâncias químicas que aumentam a consistência dos alimentos. São hi-drossolúveis e hidrofílicas, usadas para dispersar, es-tabilizar ou evitar a sedimentação de substâncias em suspensão. emprega-se em tecnologia de alimentos e bebidas como agentes estabilizadores de sistemas dis-

persos como suspensões (sólido-líquido), emulsões (líquido-líquido) ou espumas (gás-líquido)18.

3.2- aMIDo

Principal tipo de reserva vegetal, além de ser con-siderado importante carboidrato da dieta humana, o amido é composto de amilose e amilopectina, sen-do encontrado na forma de grânulos nos cloroplastos das folhas, em grãos, tubérculos e nas frutas19. Sua síntese está localizada em estruturas vegetais deno-minadas plastídeos e resulta de reações de polime-rização da glicose através da fotossíntese20. entre as peculiaridades desse polissacarídeo, está a diferença entre as moléculas que o compõem; a amilose, além de apresentar estrutura linear, é mais hidrossolúvel que a amilopectina, a qual se apresenta altamente ra-mificada. Desse modo, torna-se possível a separação desses componentes após aquecimento20.

a hidrólise enzimática do amido ocorre natural-mente no início da digestão, durante a mastigação, quando é liberada a enzima alfa amilase salivar que atua catalisando a hidrólise de algumas ligações do amido na boca, resultando em moléculas menores, comumente conhecidas por oligossacarídeos20. Para a identificação dessas moléculas resultantes da hidró-lise enzimática do amido, utiliza-se o iodo que, ao entrar em contato com a amilose e a amilopectina, é caracterizado pela formação de complexos, eviden-ciado respectivamente pelas colorações azul-escuro e vermelho-violácea19.

3.3 - aMIDoS MoDIFICaDoS

apesar dos amidos serem utilizados como espes-santes, eles são considerados alimentos. o amido constitui uma importante reserva de nutrição de to-das as plantas superiores (sementes, tubérculos, ri-zomas e bulbos)21. o amido é formado por cadeias de a-D-glicose. Sua estrutura é constituída por dois polímeros, a amilose e amilopectina, sendo que as ca-deias desta são ramificadas e da amilose retas.

as fontes mais comuns de amido são cereais e ra-

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ízes, como o arroz, milho, trigo, batata e mandioca. o amido não é doce, não é solúvel em água fria, e representa de 70 a 80% das calorias ingeridas na dieta humana. eles apresentam baixo custo, grande dispo-nibilidade e facilidade de armazenamento e manipu-lação. Para entender sua aplicação como espessante, é importante que se conheçam os seus polímeros:

amilose: Polissacarídio linear, formado por uni-dades de D-glicopiranose unidas entre si por ligações glicosídicas a (1-4).

a amilose tem vários usos na indústria de alimen-tos, como na produção de filmes transparentes para empacotamento de produtos alimentícios, tais como café instantâneo, sopas, chá e coberturas de salsichas. Devido à tendência de formar géis, rapidamente, es-táveis e dispersíveis em água, a amilose é útil no pre-paro de pudins e molhos de carne. amido de milho com alto conteúdo de amilose é útil como espessante de produtos assados.

Ésteres de amilose podem ser usados como agentes espessantes para produtos alimentícios, aumentando seu ponto de fusão. eles fazem os alimentos gordu-rosos, tais como a margarina, pasta de amendoim, chocolates e assados contendo gorduras tornarem-se mais estáveis contra as variações de temperatura.

amilopectina: Fração altamente ramificada do amido. É formada por várias cadeias constituídas de 20 a 25 unidades de a-D-glicopiranose; é usada como espessante, estabilizante e adesivo18.

4. mAteRIAIS e métodoS

as amostras de queijo tipo mozarela e do queijo tipo Prato foram adquiridas em estabelecimentos co-merciais de São Paulo. as amostras em questão, por serem vendidas por grama nos setores de laticínios, não trazem local de fabricação, composição química, tabela nutricional e nem data de validade. assim, di-ficultam o conhecimento geral do produto.

o protocolo utilizado no experimento foi criado

pela própria equipe, tendo em vista o estudo prévio, para constatar os valores pertinentes à melhor solubi-lização do amido em água deionizada, qual tempera-tura deve ser usada e qual a concentração máxima de solução de lugol. Foi criada também uma curva pa-drão do comprimento de onda do amido solubilizado em água deionizada, e após testes foi observado que o comprimento de onda a 650λ (lambda) representa-va uma absorbância máxima de 0,98, ficando, assim, que esse valor seria o máximo sensível que o aparelho era capaz de medir.

aproximadamente 0,2g de queijo foram macera-dos no gral com a piseta e gradativamente colocados em um tubo de ensaio com 100ml de água deionizada a 92°c para sua maior solubilização. Feito isso, foram colocadas 25 gotas de lugol para saturar a amostra, a fim de se detectar qualquer traço possível de amido no queijo.

5. ReSUltaDoS

os resultados das amostras de queijo com o in-tuito de observar adulteração através da presença de amido seguem:

De acordo com a tabela, podemos observar a pre-sença de amido no queijo, onde o valor do resultado varia drasticamente com a qualidade e marca do pro-duto em questão.

6. dIScUSSão e coNclUSão

a detecção de amido em algumas amostras de queijo deixa evidente a realização de fraudes e expo-sição dos consumidores a produtos de qualidade infe-rior e duvidosa.

a adição de amido é permitida em algumas classes de salsichas, mortadelas e outros produtos cárneos, respeitados os limites estabelecidos pela legislação vi-gente, específicos para cada classe de produto.

No caso de produtos lácteos, é necessário obser-var como o amido e os amidos modificados estão previstos no regulamento técnico, ou seja, se o seu

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Amido %

Tipo 1 28,5Tipo 2 54,08Tipo 3 85,71Tipo 4 54,08

uso é permitido como ingrediente opcional ou como aditivo alimentar. Somente nos casos em que seu uso for permitido como aditivo, é que será declarada a sua função (espessante, estabilizante). Seguem abaixo as determinações da aNVISa:

aNVISa, QUeIJo PRoCeSSaDo, PoRta-RIa Nº 356/1997:

• Denominação de venda:

Proporção mínima de 75% da mesma varie-dade de queijo na mistura de

queijo.

exemplo: 75% de queijo tipo cheddar na mistura de queijos – QUeIJo

tIPo CHeDDaR PRoCeSSaDo.

Uso de aromatizante para conferir ou realçar o sabor de um queijo – QUeIJo PRoCeS-SaDo SaBoR CHeDDaR

• Carimbo da Inspeção Federal: um único carim-bo deve ser inserido na rotulagem.

• em requeijão, o uso da expressão “culinário” não deve fazer parte da denominação de venda.

• Na lista de ingredientes do rótulo, os aditivos devem ser declarados após os ingredientes.

Informar a função principal do aditivo no produto e em seguida seu nome completo.

Ingredientes compostos: lista de ingredien-tes entre parênteses.

“nova embalagem”, “nova formulação”: in-formar prazo para uso da expressão.

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ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Teixeira MV, Francez Y, Cola AP, Oliveira DV, Silva E, Mutran TJ. Detecção da presença de amido em queijos do tipo prato e mozarela • Science in Health • maio-ago 2014; 5(2): 79-85

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ISSN 2176-9095 Relato de Pesquisa/Research Reports

Science in Health maio-ago 2014; 5(2): 86-95

A AU to N o m I A d o e N f e R m e I Ro N o At e N d I m e N to P Ré-H o S P I tAl AR

AU to N o my o f N U RS e I N P Re-H o S P I tAl At t e N t I o N

Renê Werner Winkler junyent1

francisco Sandro menezes Rodrigues2

Itamar Souza oliveira-júnior3

Almir gonçalves Wanderley4

josé gustavo tavares5

Renato Ribeiro Nogueira ferraz6

Paolo Ruggero errante7

R e S U m o

o estudo foi realizado nos municípios de Santo andré, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, São Paulo, Brasil, nos serviços médicos de emergência disponíveis, onde se optou especificamente pelo Serviço de atendimento Móvel de Urgência (SaMU). avaliou-se, através de questionário, composto por questões objetivas, o grau de autonomia que cabe ao profissional enfermeiro no exercício da profissão, com ênfase nas relações enfermeiro-paciente, com o intuito de minimizar possíveis sequelas ou evitar risco de morte em um atendimento emergencial, na ausência ou impossibilidade de auxílio médico. os resultados obtidos foram confrontados com as legislações que vigoram em território nacional. Foi constatado que as atribui-ções cabíveis ao enfermeiro são parecidas, e se evidencia que a autonomia que lhes cabe em detrimento à legislação francesa é maior quando comparada com a realidade brasileira, onde regem os mesmos princípios éticos.

Palavras-chave: autonomia Profissional; Serviços Médicos de emergência; Relações enfermeiro-Paciente.

A b S t R A c t

the study was conducted in the municipalities of Santo andré, São Bernardo do Campo and São Caetano do Sul, São Paulo, Brazil, in emergency medical services available, which specifically opted for the service of mobile emergency care (SaMU). the use of a questionary consisting of objective questions related to degree of autonomy by the nurse as professionals with emphasis on nurse–patient relationship during the emergengy care directed to minimize the risk of sequelae or death in the absence or impossibility of medical care. the results were compared with the same rules of assistance in the national terri-tory. It was found that nurses’ duties are similar and it is evident that the autonomy they bear over French legislation is higher compared to the Brazilian reality, where the same ethical principles apply.

Key words: Professional autonomy; emergency Medical Services; Nurse-Patient Relations.

1 graduado em enfermagem pela Universidade bandeirante de São Paulo. graduado em biologia pela Universidade federal do maranhão (UfmA), mestre em Imunologia pelo departamento de Imunologia no Instituto de ciências biomédicas - Universidade de São Paulo (USP), doutorando em Imunologia no departamento de Imunologia, Instituto de ciências biomédicas - Uni-versidade de São Paulo (USP).

2 farmacêutico-bioquímico graduado pela Universidade bandeirante de São Paulo - UNIbAN. especialista em farmacologia clínica pela Universidade católica de Santos. mestre em farmacolo-gia pela Universidade federal de São Paulo - UNIfeSP. doutorando em farmacologia pela Universidade federal de São Paulo. docente das disciplinas – bioquímica, farmacologia, fisiologia e toxicologia - na Universidade bandeirante de São Paulo (UNIbAN) e no centro Universitário das faculdades metropolitanas Unidas (fmU) - São Paulo, SP – brasil.

3 biomédico graduado pela UNISA, docente-orientador do Programa de Pós-graduação em cirurgia cardiovascular da UNIfeSP, mestre e doutor em ciências pela disciplina de Pneumologia da UNIfeSP e Pós-doutor pela disciplina de doenças Infecciosas e Parasitárias da UNIfeSP.

4 fisioterapeuta pela Universidade Iguaçu, campus V, Itaperuna, Rj (2004), especialização em fisioterapia traumato-ortopédica funcional pela Universidade Iguaçu (2005) e especialização em Saúde da família pela faculdade Redentor, Itaperuna, Rj (2006). mestre em engenharia biomédica pela Universidade de mogi das cruzes (2008). doutorando em farmacologia pela Univer-sidade federal de São Paulo (2009).

5 graduado em farmácia pela Universidade federal de Pernambuco (UfPe), mestre e doutor em farmacologia pela Universidade federal de São Paulo (UNIfeSP), Professor Associado do departamento de fisiologia e farmacologia da UfPe.

6 bacharel e licenciado em ciências biológicas pela Universidade do grande Abc (UniAbc) - SP. mestre e doutor em Nefrologia - ciências básicas, pela Universidade federal de São Paulo (UNIfeSP) - SP. docente da disciplina de Anatomia Humana e Histologia da Universidade Nove de julho (UNINoVe), departamento de Saúde. Integrante do geNe - grupo de estudos em Nefrologia de São Paulo. São Paulo, SP – brasil. Integrante do grupo de Pesquisas em morfologia Humana da UNINoVe. membro da Sociedade brasileira de Anatomia (SbA).

7 médico Veterinário. mestre, doutor e Pós-doutor em Imunologia, Pesquisador colaborador do laboratório de Imunologia Humana, departamento de Imunologia, Instituto de ciências biomé-dicas IV - Universidade de São Paulo.

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junyent RWW, Rodrigues fSm, oliveira-júnior IS, Wanderley Ag, tavares jg, ferraz RRN, errante PR. A autonomia do enfermeiro no atendimento pré-hospi-talar • Science in Health • maio-ago 2014; 5(2): 86-95

I N t Ro d U ç ão

alguns países atribuem autonomia ao enfermei-ro em detrimento de sua função ou área de atuação, estando amparados por legislação distinta no exer-cício profissional1. Por essas razões e por entender que o Serviço de atendimento Móvel de Urgência (SaMU) constitui-se de enfermeiros capacitados a atuar em situações complexas e estressantes que vi-sam o cuidado e/ou atenção à saúde de um cidadão, procurou-se evidenciar a importância da autonomia do enfermeiro no desenvolvimento de sua função no SaMU na tomada de decisão quanto ao uso de técnicas e medicamentos necessários em um aten-dimento, onde se avalia o risco de morte ao socorri-do; sendo que a execução destes em sua maioria são de uso e domínio médico no Brasil. Dessa forma, o desenvolvimento deste trabalho foi baseado em estudo de campo, realizado nas sedes do SaMU nos municípios de Santo andré, São Bernardo do Cam-po e São Caetano do Sul, São Paulo, Brasil, visando avaliar a autonomia que o enfermeiro apresenta no

modelo de atendimento pré-hospitalar móvel, com base em seu conhecimento técnico e científico, uso de procedimentos invasivos e administração de fár-macos em caráter de urgência e emergência.

m At e RI Al e m éto d o S

este trabalho foi produzido com base em pes-quisa de campo descritiva, exploratória, quantitati-va e aplicada ao método dedutivo, cuja amostra foi composta de 72 enfermeiros dos serviços públicos do atendimento pré-hospitalar móvel do Serviço de atendimento Móvel de Urgência (SaMU), dos mu-nicípios de Santo andré, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, estado de São Paulo, Brasil. após obtenção de autorização para realização da pesquisa por parte dos coordenadores de enferma-gem das respectivas unidades escolhidas do SaMU, aos enfermeiros atuantes que concordaram em participar do estudo foi entregue um questionário (Anexo 1) e realizada entrevista individual.

aNeXo 1– Questionário de avaliação

este questionário destina-se exclusivamente aos enfermeiros atuantes no atendimento Pré-Hospitalar e informações pessoais tal como nomes não serão citadas, a fim de resguardar os direitos do entrevistado. este trabalho tem por objetivo geral avaliar a autonomia do enfermeiro no modelo de atendimento Pré-hospitalar Móvel adotado no Brasil.

Sexo:

( ) Masculino

( ) Feminino

Idade: ( ) anos

Nível de Instrução:

( ) Graduado(a) em enfermagem

( ) Pós-Graduado(a)

( ) Mestrado em ___________________________________________________________________________

( ) Doutorado em __________________________________________________________________________

( ) Pós-Doutorado em _______________________________________________________________________

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enfermeiro atuante no aPH Móvel no Município de:

( ) Santo andré – SP

( ) São Bernardo do Campo – SP

( ) São Caetano do Sul – SP

( ) São Paulo (Capital) – SP

( ) outros. especifique _____________________________________________________________________

enfermeiro atuante na:

( ) Unidade de Suporte Básico (USB)

( ) Unidade de Suporte avançado (USa)

Como enfermeiro atuante no atendimento pré-hospitalar, poderia afirmar ter a autonomia necessária para o desenvolvimento de suas funções, prestando o cuidado e assistência necessária ao socorrido com o intuito de minimizar sequelas posteriores e/ou evitar risco de morte?

( ) Sim

( ) Não

Com base em seu conhecimento técnico e científico considera-se apto a executar quais dos procedimentos abaixo relaciona-dos?

( ) entubação orotraqueal e Nasotraqueal

( ) Punção de alívio e Drenagem torácica

( ) Flebotomia

( ) Punção Cricoide

( ) Manejo e utilização de marca-passo transcutâneo

( ) Punção Intraóssea

( ) Desconheço as técnicas para executar os procedimentos acima mencionados.

Com base em sua resposta anterior, afirmaria que o uso destas técnicas e procedimentos invasivos, se executados pelo enfer-meiro em caráter de emergência, na impossibilidade de presença de um Médico no aPH, caracteriza-se como:

( ) Relevante para a sobrevida do socorrido.

( ) Irrelevante para a sobrevida do socorrido.

em um atendimento onde seja necessária a intervenção imediata e uso de qualquer uma das técnicas e procedimentos invasivos citados na questão ll. Considera-se ter a autonomia para a tomada de decisão imediata e ainda assim estar amparado (a) Ética e legalmente caso o médico não esteja presente, como é passivo de ocorrer no atendimento a múltiplas vítimas?

( ) Sim

( ) Não

Quanto à utilização e administração de fármacos em caráter de emergência. Considera-se ter a autonomia necessária para a tomada de decisão e utilização dos mesmos sem a presença de um médico?

( ) Sim

( ) Não

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Considera-se amparado (a) Ética e legalmente no exercício de sua função?

( ) Sim

( ) Não

No atendimento a múltiplas vítimas o protocolo adotado é:

a) ( ) CRaMP aPH FIXo

b) ( ) StaRt aPH MÓVel

todos os participantes assinaram termo de Consentimento livre e esclarecido (tCle) au-torizando a utilização de seus dados na confecção deste trabalho. Nenhuma informação que pudesse identificar os participantes ou a entidade onde o levantamento foi realizado foi divulgada. a meto-dologia deste trabalho está de acordo com a reso-lução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sen-do aprovada por um Comitê de Ética em Pesquisa competente.

AN ál I S e e S tAt Í S t I c A

Para a comparação entre os grupos, foram uti-lizados testes de diferença de proporção, seguidos de análise de variância (aNoVa) e Mann-Whitney e teste de comparação múltipla de Dunn’s. adotou--se como nível de significância 0,05 (a=5%), onde os valores descritivos (p) abaixo desse valor foram considerados significantes. todas as análises foram realizadas no Software Prism 5.00 (GraphPad Sof-tawer Inc).

Re S U ltAd o S

o estudo foi realizado através de aplicação de questionário (Anexo 1) e entrevista, onde par-ticiparam 29 enfermeiros do Município de Santo andré (Sa), 27 do Município de São Bernardo do Campo (SBC) e 16 do município de São Caetano do Sul (SCS), totalizando 72 profissionais (Gráfi-co 1). Destes constaram 38 enfermeiros do gênero masculino e 34 do gênero feminino (Gráfico 2) com média de 32,72 anos de idade (Tabela 1).

Gráfico 1. Número de enfermeiros entrevistados, atuantes no APH móvel na região do ABC.

Foram entrevistados e responderam ao questio-nário 29 enfermeiros do Município de Santo andré (Sa), 27 do Município de São Bernardo do Campo (SBC) e 16 do município de São Caetano do Sul.

SA SBCSCS

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ulte

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MASCULINO

FEMININO

Gráfico 2. Número de enfermeiros entrevistados segundo o gênero.Foram entrevistados e responderam ao questio-

nário 38 enfermeiros do gênero masculino e 34 do gênero feminino

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Tabela 1. Idade mínima, máxima, média e mediana dos enfermeiros.

enfermeiros Mínima Máxima Média MedianaIdade (anos) 23 42 32,72 33

Dos 72 enfermeiros que fizeram parte do es-tudo, 24 (33,33%) dos que responderam ao ques-tionário apresentam graduação em enfermagem e trabalham no atendimento Pré-Hospitalar (aPH) móvel, e 48 (66,67%) têm pós-graduação (Gráfico 3) nas áreas de Urgência e emergência, Unidade de terapia Intensiva (UtI), enfermagem do trabalho, emergência ortopédica e trauma, Gerenciamento de enfermagem, administração Hospitalar e en-fermagem Humana e sua Complexidade.

Segundo a atuação em tipo de unidade de supor-te, 8 afirmaram ser atuantes na Unidade de Supor-te Básico (USB), 37 como atuantes na Unidade de Suporte avançado (USa) e 27 em ambas as Unida-des de Suporte (USB/USa). Mann-Whittney test (p<0,05, n=72).

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Pos-grad

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GRADUAÇÃO

PÓS-GRADUAÇÃO

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Gráfico 3. Número de enfermeiros segundo o grau de instrução.

Dos 72 enfermeiros que fizeram parte do estu-do, 24 afirmaram ter graduação em enfermagem e trabalham no aPH móvel, e 48 afirmaram ter pós--graduação. Mann-Whittney test (p<0,05, n=72).

Segundo a atuação em tipo de unidade de supor-te, oito (11,11%) afirmaram ser atuantes na Uni-dade de Suporte Básico (USB), 37 (51,38%) apre-sentam-se como atuantes na Unidade de Suporte avançado (USa), e 27 (37,5%) como atuantes em ambas as Unidades de Suporte (USB/USa) (Grá-fico 4).

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USA/USB0

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Gráfico 4. Número de enfermeiros atuantes em unidades de suporte.

Gráfico 5. Autonomia necessária para o desenvolvimento de suas funções prestando o cuidado e assistência necessária ao socorrido com o intuito de minimizar sequelas e/ou risco de morte.

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Quando questionados sobre a autonomia neces-sária para o desenvolvimento de suas funções no cuidado e assistência necessária ao socorrido para minimizar sequelas e/ou evitar risco de morte, a maioria dos profissionais afirmou possuir auto-nomia necessária para o desenvolvimento de suas funções: 67 (93,05%) responderam sim e cinco (6,94%) responderam que não (Gráfico 5).

Quando questionados sobre a autonomia neces-sária para o desenvolvimento de suas funções no cuidado e assistência necessária ao socorrido para minimizar sequelas posteriores e/ou evitar risco de morte, 67 responderam sim e cinco responderam que não. Mann-Whittney test (p<0,05, n=72).

Quanto à aptidão em executar procedimentos invasivos com conhecimento técnico e científico pleno, 45 (62,5%) enfermeiros afirmaram pos-suir capacidade de realizar punção intraóssea; 40 (55,56) % entubação orotraqueal e nasotraqueal; 37 (51,38%) manejo de marca-passo transcutâneo; 8 (11,11%) punção cricoide; 7 (9,72%) punção de alívio e drenagem torácica; mas nenhum afirmou apresentar capacidade de realizar flebotomia (Grá-fico 6).

Segundo a capacidade de utilização de proce-dimentos técnicos e invasivos, 67 (93,05%) en-fermeiros afirmam saber que o uso de técnicas e procedimentos invasivos são relevantes para a so-brevida do socorrido, e 5 (6,95%) como irrelevante para a sobrevida do socorrido (Gráfico 7).

1 2 3 4 5 60

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20

30

40

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Num

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Gráfico 6. Capacidade de execução de diferentes procedimentos.

coluna 1= flebotomia; coluna 2= Punção cricoide; coluna 3= Punção de alívio e

drenagem torácica; coluna 4= manejo e utilização de marca-passo transcutâneo;

coluna 5=entubação orotraqueal e nasotraqueal; coluna 6=Punção intraóssea.

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Segundo a capacidade de utilização de procedi-mentos técnicos e invasivos, 67 enfermeiros afir-maram que o uso das técnicas e procedimentos invasivos é relevante para a sobrevida do socorri-do e 5 julgaram irrelevante. Mann-Whittney test (p<0,05, n=72).

em relação à autonomia do enfermeiro para de-cisão imediata versus código de ética e lei do exercí-cio profissional, 35 (48,61%) enfermeiros respon-deram estarem amparados ética e legalmente caso decidam utilizar quaisquer uns dos procedimentos invasivos citados (Gráfico 6) e 37 (51,39%) res-ponderam não apresentarem autonomia necessária para a tomada de decisão imediata e execução dos procedimentos invasivos mesmo que possuam o co-nhecimento técnico e científico para tal finalidade (Gráfico 8).

Gráfico 7. Relevância na utilização de técnicas e procedimentos invasivos executados por enfermeiro em caráter de emer-gência na impossibilidade de presença de médico no APH.

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SIM NÃO

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junyent RWW, Rodrigues fSm, oliveira-júnior IS, Wanderley Ag, tavares jg, ferraz RRN, errante PR. A autonomia do enfermeiro no atendimento pré-hospi-talar • Science in Health • maio-ago 2014; 5(2): 86-95

em relação à autonomia do enfermeiro para de-cisão imediata versus código de ética e lei do exer-cício profissional, 35 enfermeiros responderam estarem amparados ética e legalmente e 37 respon-deram não apresentarem autonomia necessária para a tomada de decisão imediata e execução dos pro-cedimentos invasivos.

em relação à autonomia do enfermeiro ao uso de fármacos, 40 (55,56%) enfermeiros afirmaram possuir autonomia para a utilização e administração de fármacos na impossibilidade de auxílio médico e 37 (44,44%) não acreditaram ter autonomia para a tomada de decisão imediata caso seja necessário o uso e/ou administração de fármacos na impossibi-lidade de auxílio médico (Gráfico 9).

Para a autonomia no uso de fármacos, 40 en-

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SIM NÃO

Gráfico 8. Autonomia na tomada de decisão diante do uso de procedimentos invasivos versus Amparo ético e legal na ausência do médico.

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Num

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fermeiros afirmaram possuir autonomia na utiliza-ção e administração na impossibilidade de auxílio médico e 37 não acreditaram ter autonomia para a tomada de decisão imediata.

Quando questionados sobre o amparo ético e le-gal no exercício de sua função, 64 (88,89%) enfer-meiros afirmaram estarem amparados legalmente e 8 (11,11%) não acreditavam nesse amparo legal (Gráfico 10).

Gráfico 9. Autonomia na decisão e administração de fármacos em caráter de emergência.

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em relação ao amparo ético e legal no exercício de sua função, 64 enfermeiros afirmaram estarem amparados legalmente e oito não. Mann-Whittney test (p<0,05, n=72).

Quando questionados sobre o tipo de protoco-lo utilizado no atendimento a múltiplas vítimas, 70 (97,20%) enfermeiros responderam o StaRt aPH móvel e 2 (2,80%) o CRaMP aPH fixo (Grá-fico 11).

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SIM NÃO

Gráfico 10. Amparo ético e legal no exercício da função.

Gráfico 11. Protocolo adotado no atendimento a múltiplas vítimas.

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junyent RWW, Rodrigues fSm, oliveira-júnior IS, Wanderley Ag, tavares jg, ferraz RRN, errante PR. A autonomia do enfermeiro no atendimento pré-hospi-talar • Science in Health • maio-ago 2014; 5(2): 86-95

os principais protocolos utilizados no atendi-mento a múltiplas vítimas segundo os enfermeiros entrevistados são StaRt aPH móvel e CRaMP aPH fixo. Mann-Whittney test (p<0,05, n=72).

d I S c U S S ão

o atendimento Pré-Hospitalar (aPH) móvel é descrito como um atendimento pelo qual se procu-ra chegar precocemente à vítima, após ocorrência de agravo à saúde de natureza traumática, clíni-ca ou psíquica que possa levar à morte, devendo ser prestado atendimento e transporte adequados agregados ao Sistema Único de Saúde2. em algu-mas condições especiais, deve-se atribuir autono-mia ao enfermeiro, que deve apresentar formação profissional à altura, além de amparo legal para o exercício profissional1. o Serviço de atendimento Móvel de Urgência (SaMU) constitui-se de enfer-meiros capacitados a atuar em situações complexas e estressantes que requerem cuidado e atenção à saúde dos cidadãos e que possuem pleno conheci-mento da relevância e autonomia na tomada de de-cisão quanto ao uso de técnicas e procedimentos invasivos. Isso foi confirmado por nosso estudo, no qual 93,05% dos entrevistados responderam à questão de forma afirmativa. outro fato verifica-do foi o grande número de profissionais (66,67%) com pós-graduação em diferentes áreas, como Ur-gência e emergência, Unidade de terapia Intensiva (UtI), enfermagem do trabalho, emergência or-topédica e trauma, Gerenciamento de enferma-gem, administração Hospitalar e enfermagem Hu-mana e sua Complexidade. este resultado está em concordância com os artigos 14 e 15 da Resolução CoFeN 311/20073, segundo a qual o profissional de enfermagem deve cultivar o aprimoramento de seus conhecimentos técnicos, científicos, éticos e culturais para que possa desenvolver assistência de enfermagem coletiva e livre de discriminação de qualquer espécie.

a maioria dos entrevistados apresentou-se como atuantes em USa e USa/USB e afirmaram possuir

autonomia necessária para o desenvolvimento de suas funções no cuidado e assistência necessária ao socorrido para minimizar sequelas ou evitar risco de morte, estando amparados pela Portaria GM/MS nº 20484, em concordância com o Decreto nº 94.406/87 no art. 8º5.

Quanto à aptidão na execução de procedimen-tos invasivos com conhecimento técnico e cientí-fico pleno, a maioria dos enfermeiros afirmou ser capaz de realizar entubação orotraqueal e naso-traqueal, manejo de marca-passo transcutâneo e punção intraóssea. o mesmo foi observado para a relevância do uso de técnicas e procedimentos in-vasivos para a sobrevida do socorrido. Porém, em relação à autonomia do enfermeiro para decisão imediata versus código de ética e lei do exercício profissional, autonomia do enfermeiro no uso e administração de fármacos na impossibilidade de auxílio médico, a opinião ficou dividida, mesmo na existência de conhecimento técnico e científi-co. esse impasse ocorre como consequência de le-gislações específicas que implicam em prescrição e intervenção de uso e domínio exclusivo médico no Brasil6. De acordo com a Resolução CoFeN 311/2007 que aprova a reformulação do código de ética dos profissionais de enfermagem, no artigo 12 especifica-se que os profissionais da enferma-gem devem assegurar ao paciente assistência livre de danos decorrentes de imperícia, imprudência ou negligência. assim, não devem realizar ações das quais não tenham o devido conhecimento técnico e científico, nem realizar procedimentos sem o uso do aparato necessário ou com desleixo, ou se abster da execução de procedimentos ou cuidados neces-sários aos que deles precisam.

Quando questionados sobre o amparo ético e legal no exercício de sua função, a maioria dos en-fermeiros afirmou estarem amparados legalmente, uma vez que o artigo 26 proíbe a não assistência em situações de urgência e emergência ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, segundo a lei nº 10.406/2002 que constitui o Código Ci-

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vil Brasileiro (leI 10.406, 2002, art. 186)7. Da mesma maneira, o artigo R4311-14 do Código de Saúde Pública Francês, disposto ao Decreto nº 2004-802 de 29 de Julho de 2004, estabelece que o enfermeiro tem autoridade na ausência de um médico após reconhecer uma situação como emer-gência, estando autorizado a implementar protoco-los de atendimento de emergência preestabelecidos e firmados, com data e assinados por um médico. Nesse caso, o enfermeiro deve executar as medidas necessárias para a proteção do socorrido até que haja a intervenção médica mais adequada. Caso se trate de uma situação de emergência, fora a im-plementação de protocolos, o enfermeiro decide e executa as ações que entender como necessárias até a chegada do médico. Na França, os protocolos são vigorados e preestabelecidos a diversas situações onde se considera o fato do médico estar ausente ou impossibilitado de prestar auxílio imediato, caben-do ao enfermeiro a responsabilidade de zelar pela vida, estando autorizado a realizar procedimentos que visem à saúde do socorrido, com amparo ético e legal para a tomada de decisão e uso de proce-dimentos, além de estar incumbido de documen-tar, datar, assinar e entregar ao médico responsável tudo, para que seja analisado, validado e arquivado para análises posteriores e/ou elaboração de novo protocolo.

Quando questionados sobre o tipo de protoco-lo utilizado no atendimento a múltiplas vítimas,

a maioria dos enfermeiros respondeu o StaRt aPH móvel. No Brasil, existe a necessidade de se formularem protocolos de atendimento para cada situação de emergência, sendo estes de extrema importância para a otimização de procedimentos e estabilização do estado clínico do socorrido, de-vendo garantir uma rápida avaliação e pronta exe-cução de intervenções de forma que acarretem a estabilização do quadro respiratório, ventilatório e hemodinâmico da vítima1.

co N c lU S ão

Dessa forma, segundo resultados de nosso es-tudo, a autonomia do enfermeiro do Serviço de atendimento Móvel de Urgência (SaMU) nos Mu-nicípios de Sa, SBC e SCS no estado de São Paulo, Brasil, é diferenciada por conta de protocolos e le-gislação específica. existe uma grande preocupação dos enfermeiros quanto aos cuidados prestados às vítimas a fim de minimizar sequelas e evitar risco de morte ao socorrido, quanto à busca do conheci-mento técnico e científico para a execução de pro-cedimentos ou uso e administração de fármacos; porém ainda existem dúvidas e medo do uso destes em situação de emergência. No Brasil, a diversida-de de leis, códigos e protocolos específicos acabam por gerar essas dúvidas, mesmo que o profissional possua o devido conhecimento técnico e científico para esse fim, o que pode comprometer a qualidade do atendimento às vítimas.

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R e f e R ê N c I A S

1. tHoMaZ R, lIMa F. atuação do enfermeiro no atendimento pré-hospitalar na cidade de São Paulo. Acta Paul Enf 2000 13(3):59-65.

2. São PaUlo e. Portaria n. 814 GM de 01 de junho de 2001. 2001 [acesso em: 01 jun 2011]; Disponí-vel em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Portaria%20GM%20%20814.pdf.

3. CoFen CFDe. Resolução n.311/2007. apro-va a Reformulação do Código de Ética dos Pro-fissionais de enfermagem. Rio de Janeiro: CoFen; 2007 [acesso em: 05 set. 2011]; Dis-ponível em: http://novo.portalcofen.gov.br/resoluo--cofen-3112007_4345.html.

4. Brasil l. Portaria GM/MS n.º 2048, de 5 de no-vembro de 2002. 2002 [acesso em: 05 jun 2011]; Disponível em: http://www.saude.mg.gov.br/atos_normativos/legislacaosanitaria/estabelecimentos-de--saude/urgencia-e-emergencia/portaria_2048_B.pdf

5 . Brasil lD. Decreto n. 94.406, de 08 de junho de 1987. Brasília: Ministério da Saúde, Departamento Nacional de auditoria do SUS; 1987.

6. Campos RM, Farias GM, Ramos CdS. Satisfação profissional da equipe de enfermagem do SaMU/Natal. Rev Eletr Enf 2009 11(3):647-57.

7. Brasil l. lei n. 10.406 de 10 de janeiro de 2002. 2002 [cited 04 jun. 2011]; Disponível em: http://planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm.

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I N f lU ê N c I A d e d I U Rét I co S N o t RAtAm e N to dA I N j Ú RI A Re N Al Ag U dA o l I g Ú RI c A d e PAc I e N t e S e m U N I dAd e d e t e RAP I A I N t e N S IVA: U m A Re V I S ão dA

l I t e RAtU RA

I N f lU e N c e o f d I U Ret I c S I N t H e t Re At m e N t o f o l I g U RI c Ac U t e K I d N e y I N j U Ry I N PAt I e N tS o f I N t e N S IV e c ARe U N I t: A Re V I e W o f t H e l I t e RAtU Re

gisele lins Antunes1

luciana Quirino Amaral¹marina Ragonezi gallucci¹mayara Afonso fernandes¹

marcelo Augusto fontenelle Ribeiro jr2

Rodrigo Ippolito bouças3

eduardo Achar4

R e S U m o

a insuficiência renal aguda (IRa) é definida como queda rápida da taxa de filtração glomerular podendo ser acompanhada de acúmulo de produtos nitrogenados e distúrbios hidroeletrolíticos com taxa de mortalidade próxima a 50%, chegando a 80% em pacientes admitidos em unidade de terapia intensiva (UtI). a idade avançada, nível prévio de creatinina, diabetes melli-tus, hipertensão arterial sistêmica, insuficiência cardíaca congestiva, sepse e uso crônico de anti-inflamatórios são fatores de risco na IRa. Marcadores para predição de IRa, como Neutrophil gelatinase associated lipocalin (NGal); kidney injury molecule 1, têm se tornado relevantes em pesquisas e na classificação de danos estruturais. No âmbito clínico o débito uri-nário e a creatinina sérica são os critérios usados para o diagnóstico precoce de IRa, sendo que os pacientes oligúricos, sem alteração da creatinina sérica, estão associados à mortalidade aumentada, maior requerimento para a diálise e maior tempo na UtI, comparados aos pacientes não oligúricos. Neste estudo avaliamos o papel do uso de diuréticos na IRa oligúrica.

Palavras-chave: Insuficiência Renal • Lesão Renal Aguda • Diuréticos • Isquemia • Oligúria.

A b S t R A c t

acute renal failure (aRF) is defined as a rapid decrease in glomerular filtration rate and may be accompanied by accumula-tion of nitrogen products and electrolyte imbalance with a mortality rate close to 50%, reaching 80% in patients admitted to the intensive care unit (ICU). advanced age, previous level of creatinine, diabetes mellitus, hypertension, congestive heart failure, sepsis and chronic use of NSaIDs are risk factors in the IRa. Markers for predicting IRa, Neutrophil gelatinase as associated lipocalin (NGal), kidney injury molecule 1, have become relevant in research and classification of structural damage. Within clinical urine output and serum creatinine are the criteria used for early diagnosis of aRF, and oliguric patients, no change in serum creatinine are associated with increased mortality, greater requirement for dialysis and longer ICU, compared to non-oliguric patients. this study evaluated the role of diuretics in oliguric aRF.

Key words: Renal Insufficiency • Acute Kidney Injury • Diuretics • Ischemia • Oliguria.

1 Acadêmicas de medicina da Universidade cidade de São Paulo (UNIcId).2 mestre e doutor em cirurgia pela UNIfeSP-ePm; Professor titular e chefe do núcleo de clínica cirúrgica da Universidade Santo Amaro (UNISA); coordenador do curso de medicina da

UNISA e Professor de Habilidades cirúrgicas da UNIcId.3 mestre e doutor em bioquímica pela UNIfeSP-ePm; Professor Adjunto pela Universidade de Santo Amaro (UNISA); Professor pela Universidade cidade de São Paulo (UNIcId) e Professor

pela Universidade bandeirante – Anhanguera (UNIbAN).4 mestre e doutor em Nefrologia pela UNIfeSP-ePm; especialista em docência pela Universidade cidade de São Paulo; Professor tutor e de Habilidades cirúrgicas da UNIcId.

Mini Revisão/Mini Review

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Antunes GL, Amaral LQ , Gallucci MR, Fernandes MA, Ribeiro-Jr MAF, Bouças RI, Achar E. Influência de diuréticos no tratamento da injúria renal aguda oligúrica de pacientes em unidade de terapia intensiva: uma revisão da literatura • Science in Health • maio-ago 2014; 5(2): 96-101

I N t Ro d U ç ão

a injúria renal aguda (IRa) é definida como queda rápida da taxa de filtração glomerular po-dendo ser acompanhada de acúmulo de produtos nitrogenados e distúrbios hidroeletrolíticos1, 2. a IRa pode ser caracterizada em três tipos: pré--renal (40 a 80% dos pacientes); intrarrenal (10 a 50% dos pacientes); e a pós-renal (menos que 10% dos pacientes), cujas principais etiologias são hipo-perfusão renal, injúria parenquimatosa, obstrução do trato urinário respectivamente1. Consideram-se como fatores de risco para IRa a idade avançada, o nível prévio de creatinina, diabetes mellitus, hi-pertensão arterial sistêmica, doença coronariana, insuficiência cardíaca congestiva, neoplasia, infec-ção por HIV, sepse e uso crônico de anti-inflama-tórios2, 3.

estudos mostram que a mortalidade geral na IRa permanece próxima de 50%, chegando a 80% nos pacientes admitidos em unidade de terapia in-tensiva (UtI)3. essa divergência nos dados justifi-ca-se em função da gravidade do paciente e do local onde se encontra internado. Já em enfermarias, houve variação de 33,3% (cirúrgicas) a 42,8% (clí-nicas), além de aumento da estadia hospitalar e do custo desses pacientes2.

É bem estabelecido que pequenas alterações nos níveis de creatinina sérica estejam associadas a efeitos adversos a curto e longo prazo. Consequen-temente determinar quanto o aumento sérico da creatinina representa um dano estrutural ou uma alteração funcional reversível, torna-se urgente de-vido às estratégias terapêuticas serem diferentes. entretanto, a falta de critérios padrões para mu-danças funcionais pré-renal sem dano estrutural no rim gera uma decisão incerta. É particularmente difícil distinguir a coexistência de um dano estru-tural e uma condição pré-renal. alguns marcado-res para predição de IRa tem sido estudados para esse fim, tais quais o Neutrophil gelatinase associated lipocalin (NGal), kidney injury molecule 1, liver fatty

acid-binding protein e α and π-glutatione S-Transferase.

No âmbito clínico, o débito urinário e a cre-atinina sérica são os critérios usados para o diag-nóstico precoce de IRa, sendo que os pacientes oligúricos, sem alteração da creatinina sérica, es-tão associados a mortalidade aumentada, a maior requerimento para a diálise e maior tempo na UtI, comparados aos pacientes não oligúricos4. Para a estratificação da IRa tem-se utilizado os parâme-tros RIFle e aKIN.

Não é consenso na UtI os benefícios ou efei-tos adversos decorrentes do uso de diuréticos no manejo da IRa oligúrica. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o papel do uso de diuré-ticos na IRa oligúrica na mortalidade, tempo de internação, requerimento de diálise e custos.

m eto d o l o g I A

Foi realizada uma revisão crítica da literatura utilizando os bancos de dados MeDlINe, lIla-CaS, Scielo, biblioteca Cochrane, sem qualquer restrição de idioma e utilizando como palavras--chave: acute renal failure, diuretics, Ischemia, oliguria.

Re S U ltAd o S

após análise dos artigos, evidenciamos que os diuréticos são amplamente utilizados em UtI, como o manitol e principalmente a furosemida. o manitol pode preservar a função mitocondrial, en-quanto os diuréticos de alça demonstram melhorar a oxigenação medular. tem sido argumentado que altas doses de diuréticos de alça podem proteger os rins com lesão isquêmica, induzindo ao aumento do débito urinário e convertendo a IRa oligúrica em não oligúrica. entretanto, o uso dos diuréti-cos foi associado ao aumento de 68% nas mortes hospitalares ou à não recuperação da função renal. Há uma necessidade em predizer a IRa, porém há uma limitação nos biomarcadores renais e novos biomarcadores ainda devem ser estabelecidos.

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d I S c U S S ão e co N c lU S Õ e S

alguns estudos referem que as doenças crô-nicas estão associadas a maiores riscos de desen-volvimento de IRa com consequente aumento da mortalidade5. a mortalidade desses pacientes per-maneceu elevada apesar dos avanços diagnósticos e terapêuticos, corroborando com a ideia de que a idade avançada e comorbidades favorecem os acha-dos citados acima6, 7. outros estudos sugerem que a mortalidade decorrente da IRa não está associada a doenças crônicas preexistentes, e sim a intercor-rências clínicas durante a internação, como a neces-sidade de diálise, oligúria e falência de um ou mais órgãos3, 8. alguns autores referem a relação entre a gravidade da sepse e a IRa, estando esta presente em 19% dos pacientes com sepse moderada, 23% com sepse grave e 51% com choque séptico9. ao desenvolver a sepse o paciente evolui para redução no fluxo sanguíneo para diversos órgãos principal-mente para os rins, existindo a possibilidade de de-senvolver necrose tubular aguda, cuja recuperação depende da melhora da doença sistêmica10.

a oligúria é um evento frequente na UtI. Um benefício da conversão da IRa oligúrica em não oligúrica é a facilidade do manejo do paciente na UtI, com menor sobrecarga de volume e desequi-líbrio eletrolítico. evidências sugerem que a IRa não oligúrica apresenta melhor prognóstico que a oligúrica, sendo esta o principal fator prognóstico

para a mortalidade dos pacientes internados2. a au-sência da diurese está associada a maior lesão renal e consequentemente a uma evolução clínica menos favorável. em análise de 126 pacientes, que perten-ciam à classificação de aKIN estágio I, observou-se que aqueles com mais de três episódios de oligúria, sendo esta considerada como uma diurese menor que 0,5 ml/Kg/h, apresentaram uma mortalidade significativamente maior do que os pacientes com menos de três episódios, sendo as taxas de uma a três horas, menor que 2% e maior que nove horas de oligúria, maior que 10% de mortalidade4. Com relação à necessidade de diálise, um recente estudo com pacientes internados na UtI demostrou que a mortalidade é notoriamente menor em pacientes que tiveram IRa quando comparados com aqueles submetidos à diálise, 24 e 45% respectivamente11.

Para estabelecer uma definição e uma classi-ficação uniforme da IRa, a Acute Dialysis Quality Iniciative (aDQI) desenvolveu, em 2002, o RIFle (Risco de disfunção, Injúria renal, Falência da fun-ção renal, Perda da função renal e estágio final da doença). o RIFle define três graduações de gravi-dade de disfunção renal - Risco (classe R), Injúria (classe I) e Falência (classe F) baseadas na mudança da creatinina sérica e diurese - e duas classes de evolução (Perda - classe l - e estágio Final - classe e). em 2005 a classificação RIFle foi reformula-da pelo “acute Kidney Injury Network” (aKIN), com a proposta de precisar e antecipar a detecção

Tabela 1 – Sistema de classificação e estágios da IRA (AKIN)

ESTÁGIO CREATININA SÉRICA FLUXO URINÁRIO

1Aumento da creatinina sérica ≥ 0,3 mg/dL ou aumento para ≥ 150% a 200% (1,5x a 2x) do valor basal.

< 0,5 ml/Kg/h em > 6h

2 Aumento da creatinina sérica para ≥ 200% a 300% (maior 2x a 3x) do valor basal < 0,5 ml/Kg/h em > 12h

3*Aumento da creatinina sérica para ≥ 300% (maior 3x) do valor basal, ou creatinina sérica ≥ 4,0 mg/dL com aumento agudo de pelo menos 0,5 mg/dL

< 0,3 ml/Kg/h em 24h,

ou anúria por 12h

* Indivíduos que recebem terapia renal substitutiva são considerados em estágio 3, não importando o estágio em que eles se encontram no momento da terapia de reposição renal.

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da lesão renal aguda. a classificação aKIN não é um diagnóstico, mas um sistema de estratificação da função renal que se utiliza do pior valor da crea-tinina sérica e do fluxo urinário. (Tabela 1).

além de representar uma proposta interessante de sistematização da IRa, ela pode ser considerada um avanço em sua definição. essa proposta asse-gura e amplia as chances de controle da síndrome, mesmo antes da sua manifestação.

acredita-se que débito urinário é um marcador sensível e específico que permite um sinal de alerta precoce para uma disfunção renal iminente. em-bora o débito urinário seja incluso frequentemen-te como critério de diagnóstico e estadiamento da IRa, poucos estudos avaliam a diminuição do dé-bito urinário sem elevação da creatinina sérica cor-relacionando com seus desfechos. aplicando ambos os critérios, débito urinário e creatinina sérica, pode-se identificar pacientes adicionais com IRa mais do que se utilizássemos apenas um parâme-tro. Pacientes oligúricos sem redução da creatinina sérica, tiveram uma taxa de mortalidade na UtI em torno de 8,8% significativamente maior que os pacientes sem IRa, em torno de 1,3%, e pacientes oligúricos com aumento sérico de creatinina em torno de 10,4%, além de maior requerimento de diálise e maior tempo na UtI. o débito urinário assim é um marcador sensível e precoce para IRa em UtI. a incidência aumentou de 24%, baseada unicamente na creatinina sérica, para 52%, ao se adicionar o débito urinário para critério diagnósti-co. a maior barreira de aplicação para o critério de débito urinário é que a acuração da mensuração do débito deve ser feita hora a hora tornando-se difícil obtê-lo. a mensuração demanda tempo e trabalho, pois tem que se observar os parâmetros e marcar os valores correspondentes hora a hora4

o NGal está sendo estudado para ser um mar-cador de lesão renal a fim de discriminar o estado pré-renal da injúria renal aguda intra-renal. Uma limitação do NGal é que a grande maioria da po-

pulação apresenta níveis do NGal normais. alguns estudos revelam níveis de NGal variados e amplos com distribuição não paramétrica o que reduz sua precisão12. Dessa forma, verifica-se a necessida-de de estudos adicionais para sua eficácia. Níveis urinários de NGal > 104 mcg/l são classificados como IRa intra-renal e NGal < 47 mcg/l classi-ficados como pré-renal. a inabilidade do NGal de prover uma classificação dos pacientes não classifi-cáveis, nos quais isso deveria ter maior valor, enfa-tiza várias lacunas na pesquisa do NGal11.

os diuréticos são um dos medicamentos mais comumente utilizados na UtI. existem vários ar-gumentos teóricos que suportam o uso de diuréti-cos como o manitol, e os de alça (furosemida) para a prevenção ou tratamento da IRa13. os diuréticos de alça melhoram a oxigenação medular provavel-mente por agirem seletivamente diminuindo o uso de oxigênio nesta porção do túbulo, bloqueando o transporte ativo. a diminuição de consumo ener-gético pode proteger a célula renal em condições isquêmicas e outros insultos tóxicos1. além disso, os diuréticos de alça agem como vasodilatadores renais, melhorando a perfusão renal. Já o manitol é um expansor de volume intravascular podendo também funcionar como um captador de radicais livres, bem como um diurético osmótico, preser-vando a função mitocondrial. Uma preocupação com significância clínica desconhecida do manitol é a redução do po2 na medula renal13, 14. a diurese osmótica induzida pelo manitol pode aumentar a demanda de oxigênio tubular em um grau preju-dicial, independentemente do efeito potencial de proteção da droga1.

tem sido argumentado que altas doses de diu-réticos de alça podem proteger os rins com lesão isquêmica, induzindo ao aumento do débito uriná-rio e convertendo a IRa oligúrica em não oligúri-ca, entretanto esses estudos não possuem poderes estatísticos suficientes15. o uso dos diuréticos foi associado ao aumento de 68% nas mortes hospi-

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talares ou à não recuperação da função renal13, 15. essa taxa foi observada principalmente em pacien-tes que eram relativamente indiferentes aos diuré-ticos. Dessa forma, o uso de diuréticos pode ser perigoso para os pacientes criticamente enfermos com IRa. os diuréticos podem ser nocivos por in-duzir um estado pré-renal. Isso é particularmente importante em pacientes com edema e/ou hipoal-buminemia, que podem ter volume intravascular diminuído, coexistindo com a sobrecarga do volu-me total corpóreo.

em estudo clínico randomizado, 121 pacientes receberam dose baixa de furosemida, 1mg/h eV ou placebo, começaram o uso do medicamento ime-diatamente após cirurgia toracoabdominal ou vas-cular, e continuaram durante o tempo de estadia na UtI. após esse estudo, não foi encontrada ne-nhuma diferença no clearence de creatinina entre o grupo furosemida e o grupo placebo. assim, esse estudo demonstra insuficiência para recomendar o uso do diurético de alça para proteção renal no pe-ríodo peri-operatório16.

as desvantagens encontradas em relação ao uso da furosemida foram a ototoxicidade e o risco de

agravamento hipovolêmico; além desta não redu-zir a necessidade de diálise, pode potencializar a obstrução tubular1, 2, 13, 17. as principais manifesta-ções de ototoxicidade eram referidas como surdez temporária e zumbido. a maioria desses sintomas cessa com a interrupção do tratamento; entretanto, nos casos dos pacientes sedados e ventilados com IRa em UtI, o quadro é mais delicado, pois como eles não são capazes de relatar os sintomas, estes se tornam potencialmente perigosos e o quadro pode tornar-se irreversível. os diuréticos de alça podem promover a agregação de proteínas no lúmen dos túbulos, o provável mecanismo para o desenvolvi-mento de obstrução intratubular.

apesar de evidências sugerirem que a IRa não oligúrica apresenta melhor prognóstico que a oli-gúrica, sendo esta o principal fator associado a mortalidade, não existe fundamento para o uso de diuréticos na IRa oligúrica com o objetivo de re-dução de mortalidade e tempo de internação. além disso, a associação do uso de diuréticos e aumento das taxas de mortalidade e outros eventos adversos não justificam uma ampla utilização desses fárma-cos na IRa oligúrica, visto que seus benefícios não são potenciais.

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Antunes GL, Amaral LQ , Gallucci MR, Fernandes MA, Ribeiro-Jr MAF, Bouças RI, Achar E. Influência de diuréticos no tratamento da injúria renal aguda oligúrica de pacientes em unidade de terapia intensiva: uma revisão da literatura • Science in Health • maio-ago 2014; 5(2): 96-101

R e f e R ê N c I A S

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Science in Health maio-ago 2014; 5(2): 102-6

co N d U tA o P e RAtó RI A V e RS U S N ão o P e RAtó RI A N o t RAtAm e N to d o t RAU m A Ab d o m I N Al P e N et RAN t e – Re V I S ão d e l I t e RAtU RA.

o P e RAt IV e co N d U c t V e RS U S N o N- o P e RAt IV e I N t H e t Re At m e N t o f P e N et RAt I N g Ab d o m I N Al t RAU m A – A Re V I e W o f l I t e RAtU Re.

André freitas cavallini da Silva1

Pedro Henrique Pinto fonseca1

talita machado boulhosa1

cyro de campos Aranha Pereira Neto1

Ana carolina matieli1

Rodrigo Ippolito bouças2

marcelo Augusto fontenelle Ribeiro-jr3

eduardo Achar4

R e S U m o

trauma abdominal penetrante é a principal causa de admissão por traumas nos estados Unidos. Ferimentos perfurantes por armas brancas são três vezes mais comuns do que por arma de fogo, porém a mortalidade desta é maior. a distribuição dos pacientes por sexo foi de 82% masculino e 18% feminino. a média de idade para todos os pacientes era de 32,8 anos. a laparotomia exploratória era o procedimento padrão para armas brancas, até meados de 1960, e por armas de fogo até recentemente. entretanto, avanços nos procedimentos diagnósticos e estudos por imagens, como laparoscopia, tomografia computadorizada (tC) e avaliação focada de ultrassonografia para o trauma (FaSt) contribuíram significativamente para novas condutas.

Palavras-chave: Traumatismos Abdominais • Ferimentos Penetrantes • Diagnóstico por Imagem • Laparotomia.

A b S t R A c t

Penetrating abdominal trauma is the major cause of admission to trauma in the United States. Perforating injuries from knives and similars are three times more common than gunshot, that causes higher mortality. Patient distribution by gender showed 82% male and 18% female. Mean age for all patients was 32.8 years. exploratory laparotomy was the standard pro-cedure for such injuries by mid-1960 until recently. However, advances in diagnostic procedures and studies by images such as laparoscopy, computed tomography (Ct) and evaluation focused ultrasound for trauma (FaSt) contributed significantly to new behaviors.

Key words: Abdominal Injuries • Wounds, Penetrating • Diagnostic Imaging • Laparotomy.

1 Acadêmicos de medicina da Universidade cidade de São Paulo (UNIcId).2 mestre e doutor em bioquímica pela UNIfeSP-ePm; Professor Adjunto pela Universidade de Santo Amaro (UNISA); Professor pela Universidade cidade de São Paulo (UNIcId) e Professor

pela Universidade bandeirante – Anhanguera (UNIbAN).3 mestre e doutor em cirurgia pela UNIfeSP-ePm; Professor titular e chefe do núcleo de clínica cirúrgica da Universidade Santo Amaro (UNISA); coordenador do curso de medicina da

UNISA e Professor de Habilidades cirúrgicas da UNIcId.4 mestre e doutor em Nefrologia pela UNIfeSP-ePm; especialista em docência pela Universidade cidade de São Paulo; Professor tutor e de Habilidades cirúrgicas da UNIcId.

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Silva AFC, Fonseca PHP, Boulhosa TM, Pereira-Neto CCA, Matieli AC, Bouças RI, Ribeiro-Jr MAF, Achar E. Conduta operatória versus não operatória no tratamento do trauma abdominal penetrante – revisão de literatura • Science in Health • maio-ago 2014; 5(2): 102-6

I N t Ro d U ç ão

traumas abdominais penetrantes são a principal causa de admissão por traumas nos estados Uni-dos. Ferimentos perfurantes por armas brancas são três vezes mais comuns do que por arma de fogo, porém a mortalidade desta é maior1. a distribuição dos pacientes por sexo foi de 82% masculino e 18% feminino. a média de idade para todos os pacientes era de 32,8 anos2.

a laparotomia exploratória era o procedimento padrão para armas brancas, até meados de 1960, e para armas de fogo até recentemente3. Durante a Segunda Guerra Mundial, no entanto, estudos mostraram que a laparotomia precoce proporciona melhora da sobrevida1. ao final dos anos 1950, la-parotomia de rotina era o tratamento padrão para trauma abdominal penetrante. Nos últimos 30 anos, o pêndulo mudou para a gestão seletiva, ini-cialmente envolvendo apenas facadas e posterior-mente incluindo ferimentos por arma de fogo. en-tretanto, avanços nos procedimentos diagnósticos e estudos por imagens, como laparoscopia, tomogra-fia computadorizada (tC) e avaliação focada de ul-trassonografia para o trauma (FaSt) contribuíram significativamente para novas condutas1.

a vantagem de usar técnicas minimamente in-vasivas para o diagnóstico e tratamento de lesões abdominais penetrantes ainda é um assunto de de-bate. Nos 30 anos desde que os primeiros pioneiros da laparoscopia utilizaram um laparoscópico rígido para explorar os abdomes em pacientes com trau-ma, vários estudos sobre a possibilidade de usar a laparoscopia no trauma foram publicados 3 . ela se tornou cada vez mais utilizada em todas as áreas da cirurgia. o uso atual da laparoscopia na avaliação e gestão de pacientes vítimas de trauma tem sido uma extensão natural dessa tendência.

a laparoscopia diagnóstica em pacientes com trauma foi descrita pela primeira vez por Gazza-niga em 1976. apesar dessa longa história de uso

esporádico, as indicações para o seu uso em vítimas de traumas permanecem controversas4.

a exploração cirúrgica de rotina continua a ser a prática padrão para todas as lesões penetrantes em órgãos sólidos5.

assim, o presente trabalho visa comparar a con-duta operatória e a não operatória no tratamento do trauma abdominal penetrante e estabelecer um algoritmo para a conduta necessária.

m At e RI Al e m éto d o S

este estudo constitui-se de uma revisão da li-teratura especializada, realizada entre fevereiro de 2011 e junho de 2011, a partir de consultas a artigos científicos publicados entre 2006-11, sele-cionados a partir de busca em banco de dados do PubMed e da Bireme.

a busca nos bancos de dados foi realizada utili-zando-se as terminologias cadastradas nos Descri-tores em Ciências da Saúde criados pela Biblioteca Virtual em Saúde, desenvolvidos a partir do Medi-cal Subject Headings da U.S. National library of Medicine. o programa permite o uso da termino-logia comum em português, inglês e espanhol. as palavras-chave utilizadas na busca foram laparosco-pia, laparotomia, traumas abdominais penetrantes.

os critérios de inclusão para os estudos encon-trados foram: a abordagem terapêutica da laparoto-mia e/ou laparoscopia em traumas abdominais pe-netrantes e estudos comparativos entre elas. Foram excluídos os estudos que demonstravam o emprego de tal conduta em crianças.

Re S U ltAd o S e d I S c U S S ão

De acordo com a revisão realizada existem três condutas abordadas no trauma penetrante de ab-dômen (anterior e posterior): a conduta cirúrgica imediata, a conduta cirúrgica prorrogada e a não cirúrgica (sendo a conduta cirúrgica feita por lapa-rotomia).

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Silva AFC, Fonseca PHP, Boulhosa TM, Pereira-Neto CCA, Matieli AC, Bouças RI, Ribeiro-Jr MAF, Achar E. Conduta operatória versus não operatória no tratamento do trauma abdominal penetrante – revisão de literatura • Science in Health • maio-ago 2014; 5(2): 102-6

a conduta cirúrgica imediata deve ser tomada quando o paciente apresenta sinais de choque, ins-tabilidade hemodinâmica, evisceração e peritonite.

apenas 50-75% dos traumas penetrantes em abdômen anterior causado por armas brancas atra-vessam a cavidade peritoneal, e destes apenas 50-75% causam uma lesão que requer um reparo ope-ratório. os órgãos mais acometidos foram o fígado (73%), os rins (30,3%) e o baço (30,3%).

Num estudo prospectivo realizado por Butt et al 1 (2009) em 651 pacientes com traumas pene-trantes por armas brancas, 306 (47%) tiveram uma conduta conservadora. Dos 651 pacientes, 345 (53%) apresentaram sinais de abdômen agudo e fo-ram operados imediatamente.

Pacientes com lesões isoladas em órgãos sólidos tratados não cirurgicamente tiveram uma diminui-ção significante no tempo de estadia comparado aos tratados cirurgicamente (3 dias vs 6 dias, respecti-vamente, p = 0.002). e cerca de $2800 (US) foram economizados por cada paciente que teve sucesso na conduta cirúrgica não operatória.

Um estudo publicado em 2001 por Velmahos e colaboradores analisou 1405 pacientes que sofre-ram trauma penetrante por arma de fogo em ab-dômen anterior. Deles, 484 tiveram conduta não operatória (34%); 65 realizaram laparotomia pror-

rogada (13,4%) depois de desenvolverem sinais e sintomas – contudo, apenas 48 (9,9%) tiveram le-sões significantes - e 17 realizaram a laparotomia não terapêutica (quando confirmada penetração na cavidade peritoneal sem lesão significante ou com lesões mínimas que não requerem reparo cirúrgi-co).

em traumas penetrantes em abdômen posterior há menor probabilidade de lesão significante. em compensação, essas lesões apresentam problemas ligados à dificuldade clínica em avaliar os órgãos retroperitoneais a partir de exames físicos e FaSt. em pacientes estáveis, a tC é um exame seguro para a exclusão de lesões significantes e sua condu-ta deve ser feita através dos seus achados1 (Tabela 1).

a avaliação da integridade peritoneal pode ser feita através de: avaliação clínica do paciente, to-mografia computadorizada, FaSt, lavada peri-toneal, diagnóstico e laparoscopia. as utilizações desses métodos diminuíram o uso da laparotomia exploradora, tanto imediata quanto prorrogada, le-vando a um aumento na intervenção não cirúrgica6. a diminuição da taxa de laparotomia exploradora colaborou para a queda tanto da laparotomia ime-diata quanto da prorrogada e das negativas e, por-tanto, para a diminuição da taxa de mortalidade, de complicações, do tempo de estadia e do custo

Tabela 1: Recomendações de classificação e de conduta para resultados tomográficos após lesões penetrantes em flancos e abdômen posterior

RISCo aCHaDoS toMoGRÁFICoS CoNDUta

BaixoSem penetração.Penetração em tecido subcutâneo.

alta da emergência

ModeradoPenetração Muscular.Hematoma Retroperitoneal, não próximo à estrutura fundamental.

Série de avaliações Clínicas

alto

extravasamento do contraste pelo coloextravasamento importante do rimHematoma importante adjacente a um vaso retroperitonealar livre no retroperitônio, não atribuído a objetoevidência de lesão acima ou abaixo do diafragmalíquido livre em cavidade retroperitoneal

laparotomia

Adaptado por Himmelman et al.

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hospitalar7. as complicações baseadas no tipo de tratamento são observadas na Tabela 2.

a conduta para pacientes com trauma penetran-te em abdômen pode ser visualizada na Figura 1.

assim, de acordo com a revisão sistemática conclui-se que métodos menos invasivos têm sido cada vez mais utilizados na conduta de pacientes com trauma penetrante em abdômen. apesar dos

escassos estudos em longo prazo, os resultados apontam para a adoção de tais métodos, associados a uma taxa diminuída de intervenções cirúrgicas e de laparotomia, diminuição das complicações cau-sadas pela intervenção cirúrgica, além dos custos hospitalares e do tempo de estadia dos pacientes. Dessa maneira, conclui-se que essa conduta implica tanto em maior segurança quanto em efetividade em trauma abdominal penetrante.

CoMPlICaÇÕeS CIRURGIa IMeDIata CIRURGIa PRoRRoGaDa Não oPeRatÓRIaSepse 2 (0,51) 1 (0,35) 0 (0.00)abscesso abdominal 11 (2.83) 7 (2.43) 2 (0.03)Pneumonia 3 (0.77) 8 (2.78) 2 (0.03)Colite por Clostridium difficile 0 (0.00) 2 (0.69) 0 (0.00)Celulite 1 (0.26) 0 (0.00) 0 (0.00)Gangrena 0 (0.00) 0 (0.00) 1 (0.01)Conjuntivite 1 (0.26) 0 (0.00) 0 (0.00)Infecção não específica 5 (1.29) 9 (3.13) 4 (0.05)Deiscência 3 (0.77) 8 (2.78) 0 (0.00)Fístula 0 (0.00) 2 (0.69) 0 (0.00)Isquemia intestinal 1 (0.26) 2 (0.69) 0 (0.00)Sangramento do trato Gastrointestinal 0 (0.00) 0 (0.00) 1 (0.01)Complicações abdominais não especificadas 4 (1.03) 1 (0.35) 1 (0.01)Falência Renal aguda 4 (1.03) 1 (0.35) 2 (0.03)embolia pulmonar 1 (0.26) 3 (1.04) 1 (0.01)Pneumotórax 3 (0.77) 0 (0.00) 0 (0.00)empiema 3 (0.77) 1 (0.35) 1 (0.01)Insuficiência cardíaca 1 (0.26) 0 (0.00) 0 (0.00)Pericardite 1 (0.26) 1 (0.35) 0 (0.00)Complicações cardíacas não especificadas 5 (1.29) 0 (0.00) 0 (0.00)Hemorragia 4 (1.03) 3 (1.04) 2 (0.03)trombose venosa 1 (0.26) 0 (0.00) 0 (0.00)Flebite 1 (0.26) 0 (0.00) 1 (0.01)Úlcera de decúbito 0 (0.00) 1 (0.35) 0 (0.00)

Tabela 2: Complicações baseadas na categoria de tratamento – n(%).

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Silva Afc, fonseca PHP, boulhosa tm, Pereira-Neto ccA, matieli Ac, bouças RI, Ribeiro-jr mAf, Achar e. conduta operatória versus não operatória no tratamento do trauma abdominal penetrante – revisão de literatura • Science in Health • maio-ago 2014; 5(2): 102-6

Figura 1.

R e f e R ê N c I A S

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Trauma Penetrante em Abdômen Anterior

Penetração Peritoneal E/OU

Paciente Instável

Laparotomia Perionitis/Instable Pacient

TC, LPD OU Laparotonia

Decreased homoglobin (> 3 g/dl) Leukocytosys

ObserveExame Diagnósticos como garantia (TC, FAsT, LPD, LWE)

23 h de Observaçãosérie de EF

Hemograma 8/8h

Penetração Peritoneal Incerta E paciente

estável

Penetração Peritoneal • (baseado no EF em pacientes

estáveis)

Não

Positivo Incerto

Nãosim

sim

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R e V I S tA S c I e N c e I N H e A lt H

Guia de publicação para autores.

ISSN 2176-9095

Universidade Cidade de São Paulo

t I P o S d e P U b l I c A ç ã o

R e l A t o d e P e S Q U I S A . São artigos descrevendo dados de pesquisa original, produto de observação experi-mental, clínica ou desenho teórico. Relatos de casos não são considerados como dentro do escopo da revista.

m I N I - R e V I S Õ e S . tratam-se de pequenas revisões temáticas destinadas a chamar a atenção para as conseqüên-cias, implicações ou avanços de determinados temas na área da saúde e afins.

P o N t o d e V I S t A . essa sessão é dedicada a ensaios, que podem ser análises e comentários sobre um deter-minado assunto, seja ele observado sob uma nova perspectiva ou quando algum aspecto admite uma nova inter-pretação. em geral, os textos essa sessão são assinados por convidados da revista; porém autores podem propor assuntos cuja pertinência será avaliada pelo corpo editorial.

R e S e N H A S . espaço aberto a resenhas de livros que os colaboradores se interessem em divulgar. Devem ser acompanhadas do título original, autor do livro resenhado, editora e ISSN ou ISBN.

c A R t A S A o e d I t o R . esse é um espaço aberto a comentários e réplicas sobre material publicado na revista em edições anteriores.

g U I A d e P U b l I c A ç ã o PA R A A U t o R e S .

Submissões para a revista Science in Health e todo o trato até a publicação são feitas on line. as instruções para composição do manuscrito estão em “Instruções aos autores da Science in Health no site: http://www.unicid.br/new/revista_scienceinhealth/06_set_dez_2011/revista_scienceinhealth_06.html.

Seus arquivos devem ser enviados em formato de editor de texto (Word® ou “Rich text Format”- rtf) para o e-mail [email protected]. Os arquivos para análise por pares serão formatadas em PDF, bem como no processamento posterior para edição e publicação. toda a correspondência a partir da submissão inicial, acompanhamento e eventuais revisões serão feitos através de comunicação eletrônica por e-mail.

os artigos devem ser elaborados em língua Portuguesa corrente ou, a critério do(s) autor(es), opcionalmente em língua Inglesa. No caso de manuscritos em Inglês, caberá ao proponente a adequação da grafia e gramática que será objeto de avaliação pelos pareceristas e comitê editorial. No caso de submissões em Português, a editora reserva-se no direito de solicitar ou efetuar (conforme o caso) eventuais modificações para adequação do perfeito léxico. Na elaboração do texto dever estar indicados os locais sugeridos de inserção de figuras e tabelas e as cita-ções (e referências) bibliográficas devem respeitar a convenção-estilo de Vancouver. o texto dever ser digitado em processadores de texto compatíveis com a plataforma Windows, usando preferencialmente as letras em times New Roman ou arial, tamanho 12, com espaçamento duplo, margens padrão (2,5 cm nas quatro dimensões), justificado à esquerda em páginas numeradas a partir do título (página 1). Símbolos devem ser inseridos no texto, no local apropriado, e o uso de caracteres especiais deve ser evitado ao máximo. a confecção do arquivo deve respeitar um dos cinco tipos de publicações aceitas pela revista, que contêm regras próprias.

R e l A t o d e P e S Q U I S A : Sugere-se que o texto principal deva conter entre 3.000 e 5.000 palavras, excluindo referências bibliográficas, e deve ser construído contendo:

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• Página de rosto com o título do artigo em Português e o título em língua Inglesa, nome do(s) autor(es), nome do local e afiliação institucional do(s) autor(es), endereço postal, endereço eletrônico e número do telefone do autor correspondente.

• Um resumo em língua Portuguesa e um outro (abstract) em língua Inglesa, não maior que 250 palavras cada, com uma lista de até cinco palavras-chave em Português e até cinco palavras-chave (keywords) em Inglês.

• Corpo do texto contendo quatro seções principais: Introdução, Material e Métodos, Resultados e Dis-cussão. Figuras e tabelas devem ser apresentadas após a lista de referências. Numerar figuras e tabelas com algarismos (não utilizar números Romanos).

• agradecimentos e apoio financeiro, quando houver.

• Referências bibliográficas.

• legendas de figuras.

m I N I - R e V I S Õ e S . Manuscritos relativamente curtos (preferencialmente entre 4.000 e 10.000 palavras) com a intenção de chamar a atenção para temas específicos incorporando descobertas originais e/ou apontando para novas implicações sobre o assunto. o(s) autor(es) deve(m) apresentar uma retrospectiva histórica e a seguir dis-cutir aspectos controversos oferecendo a visão e criticismo do(s) autor(es) a respeito do assunto. É desejável que se empregue uma linguagem genérica, de modo a ampliar o universo de leitores sobre o tema. a página de rosto, resumos (Inglês e Português, de até 250 palavras), agradecimentos e referências bibliográficas seguem o padrão determinado para Relato de Pesquisa. o corpo do texto deve conter um sumário com o as subdivisões que trata o artigo logo no início sendo seguido pelo desenvolvimento do manuscrito.

P o N t o d e V I S t A . textos com um limite máximo de 3.000 palavras e um máximo de 15 referências bibliográ-ficas. Compõem-se de uma breve introdução, o desenvolvimento do texto principal e as referências bibliográfi-cas, podendo prescindir das subdivisões Material e Métodos e Resultados, cujo conteúdo de ser diluído ao longo do texto. Ilustrações são limitadas a duas, sejam figuras, tabelas ou sua combinação. Regras para página de rosto e agradecimentos são similares às de Relatos de Pesquisa, porém os resumos em Português e Inglês têm restrição de até 150 palavras, mais até cinco palavras-chave.

R e S e N H A S . São artigos bastante breves (até 1.500 palavras), onde o(s) autor(es) oferecem um resumo e opini-ões sobre a leitura de um livro de interesse para as áreas de graduação e pós-graduação da Universidade Cidade de São Paulo e do público em geral. Uma ilustração pequena (até meia página) pode ser aceita. Não são necessárias: a página de rosto, as subdivisões tradicionais no corpo do texto e o(s) resumo(s). o texto deve conter, ao final, o título original e autor do livro resenhado, editora e ISSN ou ISBN, e passará por processo de avaliação pelos editores.

c A R t A S A o e d I t o R . a Science in Health está aberta a receber, a qualquer momento, correspondência dos leitores com comentários, críticas e opiniões a respeito do material publicado na própria revista. Parte da cor-respondência será publicada, em especial aquela que aponta e questiona aspectos interessantes e pertinentes sobre artigos divulgados. os editores reservam-se o direito de selecionar e condensar partes da correspondência para preservar a natureza científica da revista, de atender aos limites físicos do espaço destinado e ainda facilitar a compreensão dos leitores, mas sem modificar o conteúdo original do(s) autor(es). Quando necessário, serão convidados autor(es) do(s) artigo(s) citados para réplicas ou tréplicas, no sentido de preservar o espaço destinado ao debate científico e assegurar amplo direito a todos.

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e l A b o R A ç ã o d A f I g U R A S . Figuras são aceitas em formatos ePS, tIFF, PDF ou JPeG. Importante saber que figuras em JPeG não oferecem a necessária definição e podem comprometer a qualidade do trabalho a ser divulgado. Utilize um mínimo de 300 dpi de resolução para imagens em preto e branco e coloridas e para de-senhos (bitmapped line drawings) um mínimo de 1000 dpi. Combinações de ambos (bitmapped line/half-tone, coloridas ou gradações de cinza) deverão ser construídas a partir de 500 dpi. Quando trabalhar com desenhos vetoriais (ePS), grave os arquivos no modo gráfico. Não trabalhe ou importe imagens usando processadores de texto ou similar. Cada figura deve ser preparada de forma individual e compor um arquivo único em uma página ou meia página impressa (limites máximos de 170mm X 230mm ou 80mm X 230mm, respectivamente). as figuras devem ser referenciadas Figura (abreviatura Fig.) e numeradas sequencialmente em ordem de citação e em números arábicos. as legendas devem ser auto explicativas e permitir a compreensão do material apresentado sem a necessidade de ler o texto principal.

e l A b o R A ç ã o d e t A b e l A S . tabelas devem ser construídas de modo a serem compreendidas sem a leitura do texto, em numeração (arábica) consecutiva de acordo com a ordem de aparecimento e citação. Cada tabela preci-sa conter um título e um cabeçalho e as unidades de medida devem estar claramente indicadas. Colunas e linhas devem ser compostas por grades de tabulação e não por espaçamento. Utilize um guia de construção de tabelas em seu processador de texto. atente para a não duplicidade de resultados na combinação de tabelas e gráficos.

c o N S I d e R A ç Õ e S é t I c A S . artigos submetidos para publicação precisam conter declaração de conduta e, em especial quando tratar de humanos, devem trazer testemunho de que foram aprovados por Comissão de Ética em acordo com a Declaração de Helsinke de1964 (http://www.wma.net). também deve explicitamente decla-rar que as pessoas foram devidamente esclarecidas e que o(s) autor(es) detêm o consentimento para inclusão no estudo. Detalhes que permitam a identificação dos sujeitos devem ser omitidos. tratando-se de trabalhos usando modelos animais, estes devem declarar que todo o desenrolar experimental foi feito em acordo com os princípios de conduta para uso e cuidado animal, dentro de leis específicas. o corpo editorial se reserva no direito de rejei-tar manuscritos que não contemplam os requisitos acima mencionados. autor(es) é(são) responsável(is) por falsas declarações ou malversação dos princípios acima.

R e f e R ê N c I A S . as referências citadas no texto devem estar presentes na lista de referências (e vice-versa). Resultados não publicados e comunicações pessoais não são aceitos como referências e seu uso não é recomen-dado. Caso seja imprescindível, essas citações devem ser seguidas das expressões (resultados não publicados ou comunicação pessoal, respectivamente) no corpo do texto principal. Citações de trabalhos aceitos, mas ainda não publicados devem ser sucedidos da informação “in press”. trabalhos em preparação, mas não publicados, não devem ser citados. a revista Science in Health adota o sistema autor-data para citação, em conformidade com o determinado no documento Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals [Inter-national Commitee of Medical Journal editors, ann Int Med (126): 36-47, 1997). assim, as citações no texto devem estar entre parênteses, identificadas pelo sobrenome dos autores e o ano da publicação do documento. elas necessitam ser pertinentes e, quando mais de uma, devem seguir a ordem cronológica de aparecimento. tanto as citações quanto a lista de referências devem seguir a recomendação do estilo de Vancouver. a lista de referências deve ser composta em ordem alfabética e, se necessário, cronológica. Mais de uma referência de um mesmo autor devem ser identificadas com letras minúsculas “a”, “b”, “c”, acrescidas após o ano de publicação

P R o V A S . Quando aceito, será enviado ao autor correspondente um arquivo de prova contendo a forma editada do artigo, que deverá ser revisado e aprovado pelo autor. Quaisquer correções devem ser listadas e apontadas para posterior ajuste. Nessa época não serão aceitas modificações no corpo do texto, apenas equívocos de digitação e acertos menores, sem interferência no conteúdo do manuscrito.

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d I R e I t o S d e c ó P I A . a submissão de um manuscrito à Science in Health implica que o material não foi publi-cado (exceto na forma de resumo em anais de congresso ou como parte de monografia, dissertação, ou tese do autor) e que não está em processo de submissão em outra revista. a submissão ainda implica que o autor corres-pondente obteve anuência de todos os demais co-autores e que obteve tácita autorização dos responsáveis pelos locais onde foi feita a pesquisa. Se aceito o manuscrito, o autor correspondente assinará em nome de todos os co-autores um termo de responsabilidade e ciência de disseminação das informações nele contidas.

t e R m o d e t R A N S f e R ê N c I A d e d I R e I t o S A U t o R A I S

eu (nós), autor(es) do trabalho intitulado [título do trabalho], o qual submeto(emos) à apreciação da Revista Science in Health, declaro(amos) concordar, por meio deste suficiente instrumento, que os direitos autorais re-ferentes ao citado trabalho tornem-se propriedade exclusiva da Revista Science in Health da Universidade Cidade de São Paulo.

No caso de não-aceitação para publicação, essa transferência de direitos autorais será automaticamente re-vogada após a devolução definitiva do citado trabalho por parte da Revista de Science in Health da Universidade Cidade de São Paulo.

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