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Universidade São Marcos Programa de Pós-Graduação em Educação, Administração e Comunicação IVONETE ELIAS JORGE Inovação Tecnológica nas Microempresas: Cultura e Resistência São Paulo 2008

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Universidade São Marcos

Programa de Pós-Graduação em Educação, Administração e Comunicação

IVONETE ELIAS JORGE

Inovação Tecnológica nas Microempresas:

Cultura e Resistência

São Paulo

2008

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IVONETE ELIAS JORGE

Inovação Tecnológica na Microempresa:

Cultura e Resistência

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação interdisciplinar em Educação,

Administração e Comunicação da Universidade

São Marcos, como exigência parcial para a

obtenção do grau de Mestre em Educação,

Administração e Comunicação, sob a

orientação do Prof. Dr. Ijar M. da Fonseca.

São Paulo

2008

IVONETE ELIAS JORGE

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Inovação Tecnológica na Microempresa:

Cultura e Resistência

Trabalho de Dissertação para Obtenção ao Grau de Mestre

Universidade São Marcos

Programa de Pós-Graduação em Educação, Administração e Comunicação

Cultura, Memória e Tempo Presente

Data da Aprovação:

Ivonete Elias Jorge

Inovação Tecnológica na Microempresa: Cultura e Resistência

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Agradecimento

Ao professor Ijar pela colaboração e generosidade em repartir comigo o seu conhecimento.

Ele foi fonte de inspiração e incentivo indispensáveis para que essa obra se realizasse.

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Dedicatória

Aos meus Danilo e Gilbertos.

Além do privilégio de desfrutar com eles minha vida , contei com incansáveis parceiros

que colaboraram de forma amorosa para que esse trabalho fosse concluído.

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RESUMO

Este trabalho trata de aspectos de cultura interna desenvolvida nas microempresas (com até

19 funcionários) estuda quais são os fatores de entrave às inovações tecnológicas na área

das tecnologias da informação nessas empresas. Foram analisadas 50 microempresas da

cidade de São Paulo. Para o estudo apresentado nessa dissertação, a hipótese básica

assumida no trabalho é de que a resistência para aceitar inovações tecnológicas na área de

informação é devida à cultura interna de gerenciamento nas microempresas. Para

demonstrar isso procura-se neste trabalho caracterizar o ambiente cultural interno das

organizações através de pesquisas de campo, envolvendo o setor privado e público. Os

resultados das pesquisas são tratados de tal forma a detectar e propor possíveis soluções de

problemas. Utilizou-se como ferramenta de suporte ao desenvolvimento do trabalho o

software Msproject e EXCELL. A metodologia de tratamento de dados por meio do

software Msproject serviu para o planejamento da pesquisa e a utilização do Excell

permitiu a análise estatística do processo.

Palavras-chaves: Inovação tecnológica, Cultura empresarial, Microempresas.

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ABSTRACT

This work deals with the internal-developed cultural features that create difficulties for

micro and small enterprises (up to 19 workers) to implement information technological

innovations. The enterprise internal cultural environment results from traditional

methodology to plan, execute and develop products and/or services, to deal with

customers, to acquire and supply products/services. The basic hypothesis is that resistance

to accept technological innovation in the information area characterizes the enterprise

internal management culture. To demonstrate that hypothesis the present work includes

results of researches involving public and private micros and smalls enterprises. The

results of the researches shall be classified and analyzed to provide elements for problem

detection and solution suggestions. The basic premise assumed in this work is that the user

is not a failure link in the process of treating the information but an element for problem

solutions. The planning, development and implementing of this work shall take into

account support software such as MSProject, EXCELL, among other the existing planning

software.

Keywords: Technological Innovation, Enterprise culture, Microenterprise

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01- Principais Indicadores de Desempenho............................................................37

Tabela 02- Tamanho das Empresas....................................................................................41

Tabela 03- Mercados..........................................................................................................41

Tabela 04-Percentual de Pessoas que usam a Internet.......................................................82

Tabela 05- Tabela da Pesquisa.........................................................................................141

Tabela 06- Tabela da Pesquisa..........................................................................................142

Tabela 07- Tabela da Pesquisa .......................................................................................143

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01- Taxa de Mortalidade por Região e Brasil........................................................26

Gráfico 02- Fatores Condicionantes Sucesso Empresarial Segundo Habilidades Empr...30

Gráfico 03- Fatores Cond. Sucesso Empresarial Segundo Capacidade Empreendedora..31

Gráfico 04- Fatores Cond. Sucesso Empresarial Segundo Logística Operacional...........32

Gráfico 05- Taxa Mortalidade Brasil por Região...............................................................33

Gráfico 06- Porte de Empresa Extinta segundo o nº de Pessoas Ocupadas.......................35

Gráfico 07- Custo Socioeconômico advindo da Taxa de Mortalidade...............................38

Gráfico 08- Longevidade das Empresas.............................................................................40

Gráfico 09- Ramos de Atividade........................................................................................40

Gráfico 10- Quanto ao Número de Empregados................................................................42

Gráfico 11- O impacto das Características da Cultura Organizacional na Absorção da

Tecnologia da Informação....................................................................................................90

Gráfico 12- Grau de Informatização.................................................................................104

Gráfico 13- Empresários que usam a Internet..................................................................106

Gráfico 14- Receio em usar PCs......................................................................................107

Gráfico 15- Fator Faturamento.........................................................................................108

Gráfico 16- Conhecimento sobre apoio das Políticas Públicas........................................109

Gráfico 17- Opinião sobre Eficácia da Informatização....................................................110

Gráfico 18- Medo da Fiscalização....................................................................................111

Gráfico 19- Alteração na Forma de Gerenciamento.........................................................112

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LISTA DE SIGLAS

BBPAR Fundo de Empresas Emergentes de Santa Catarina

BIG – Berlin Center for Innovation and New Enterprises

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BEP Break Even Point-Ponto de Equilíbrio

CCT Centro de Comercialização Tecnológica

CEBRAE Centro Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena Empresa

CEDIN Centro de Desenvolvimento das Indústrias Nascentes, em São Carlos.

CONTEC Condomínio de Capitalização de Empresas de Base Tecnológica

CVM Comissão de Valores Mobiliários

CLC Câmara de Liquidação e Custódia

D-M-D Dinheiro-Mercadoria-Dinheiro

EPC’s Empresas de Participação Comunitária

FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FINEP Ministério da Ciência e Tecnologia e a Financiadora de Estudos e Projetos

FUNCET Fundo de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo

FUNPROGER Fundo de Aval p/ Geração de Emprego e Renda

GEM Grande Empresa Matriz

INSS Instituto Nacional Seguro Social

IP´s Institutos de pesquisa

M-D-M Mercadoria-Dinheiro-Mercadoria

ME Microempresa

MIT Instituto de Tecnologia de Massachutets rota 128

OTA Office Technology Assesment, (Escritório de Avaliação de Tecnologia)

PACT Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica da Indústria do Ministério de

Ciência e Tecnologia

PDV Pedido de Demissão Voluntária

PEME Pequena e Microempresa

PIB Produto Interno Bruto

PNMPO Programa Nacional de Micro Crédito Produtivo Orientado

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

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PROMOCET Companhia de Promoção de Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de

São Paulo

SIL Sistemas Industriais Localizados

SBIC’s Companhias de Investimento em Pequenas Empresas

RHAE Capacitação de Recursos Humanos em Pesquisa

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Microempresa

SENAC Serv. Nacional de aprendizagem Comercial

SENAI Serv. Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

SENAT Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte

SIMPLES Sistema Integrado de Pagamento de Impostos

SNN Sistema Eletrônico de Negociação Nacional

SBA Small Business Act (Lei para pequenas empresas) de 1958.

SBIC Companhias de investimento em pequenos negócios

TI Tecnologia da Informação

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SUMÁRIO

Lista de Tabelas........................................................................................................................ 8

Lista de Gráficos...................................................................................................................... 9

Lista de Siglas.......................................................................................................................... 10

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 15

CAPÍTULO I Microempresas – Conceitos Fundamentais............................................................ 22

1.1. Conceitos e Tipos de Microemoresas...................................................................22

1.2. Políticas Públicas...................................................................................................27

1.3. Fatores de Sucesso e Mortalidade das Microempresas.......................................30

1.4. Comparativo de Desempenho entre as Empresas Ativas e Extintas....................37

1.5. Custo Social e Econômico da

Mortalidade..............................................................38

CAPÍTULO II Pequenas Empresas de Base Tecnológica............................................................. 46

2.1. Conceitos.........................................................................................................................46

2.2. Ciclos de Vida da Tecnologia............................................................................. .................50

2.3. Os Clusters de Base Tecnológica........................................................................................53

2.4. Vantagens e Desvantagens................................................................................................54

2.5 Os Fatores de Sucesso de Empresas de Base tecnológica ..................................................55

2.6. Comparação entre Empresas de Base Tecnológica com Micro e Pequenas Empresas de

Setores Tradicionais....................................................................................................................56

2.7. Empresas de Base tecnológica.........................................................................................59

2.8. Principais Dificuldades Encontradas Pelas Empresas de Base Tecnológica no Brasil,

Empresas de Setores Tradicionais.Em Termos Percentuais........................................................59

2.9. Instrumentos de Apoio a Empresas de Base Tecnológica e Papel dos Diversos Agentes.60

2.10. Parques e Pólos.................................................................................................................61

2.11. Pontos Fortes e Fracos dos Sciene Parks...........................................................................64

2.12. Comparação dos Parques e Pólos tecnológicos em Diversos Países.................................64

2.13. Programa Paulista de Criação, Desenvolvimento e Consolidação de Empresas de Base

Tecnológica.................................................................................................................................65

2.14. Centro de Comercialização Tecnológica............................................................................65

2.15. Incubadora de Empresas...................................................................................................66

2.16. O Risco Associado às Novas Empresas..............................................................................67

2.17. A Experência Brasileira – Setor Público............................................................................71

2.18. A Experência Brasileira – Setor Privado............................................................................74

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CAPÍTULO III A Tecnologia Informação e a gestão de Empresas:Cultura e

Empreendedorismo..................................................................................................................81

3.1. Inclusão Digital e Capacitação do Empreendedor................................................................83

CAPÍTULO IV Cult.Empres.e Grande Informatização das MPEs...................................................98

4.1. Pesquisa Grau de Informatização das MPEs........................................................................103

4.2.Pesquisa Relação do Uso da Internet p/ Microempresário e Informatização da Empresa..105

4.3.Pesquisa Conhecimento do Uso de PCs pelo Microempresário..........................................106

4.4.Pesquisa Faturamento da Microempresa............................................................................ 107

4.5.Pesquisa sobre Conhecimento do Apoio das Políticas Públicas pelo Microempresário...... 109

4.6.Visão do Empresário sobre eficácia da Informatização........................................................ 110

4.7.Pesquisa sobre Medo de Fiscalização................................................................................... 111

4.8.Pesquisa sobre Alteração na Forma de Gerenciamento e Informatização .......................... 112

4.9.Análise Geral dos Resultados................................................................................................ 113

CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 114

ANEXOS............................................................................................................................... 115

FONTES................................................................................................................................ 144

BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................... 146

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Inovação Tecnológica nas Microempresas:

Cultura e Resistência

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INTRODUÇÃO

A inovação tecnológica desponta como um dos maiores fatores de competitividade

no mercado globalizado da atualidade. As inovações ganham força em virtude da alta

velocidade das transformações. Sua aquisição e uso estão condicionados aos novos

paradigmas de produtividade e de qualidade presentes em normas internacionais. A

informática, no sentido de informação automatizada, ocupa um lugar de grande destaque

nesta área, pois a mesma está associada a uma relação de custo/benefício favorável por

flexibilizar tempo, espaço, acessibilidade e mobilidade, reduzir margem de erros e agilizar

os processos de tomada de decisão.

A informatização já é realidade em quase todos os campos da vida humana na

sociedade. Invadiu domicílios, possibilitando compras, pagamentos, no conforto do lar, e

ainda organizando e controlando orçamentos, dentre outros aspectos da vida em sociedade.

Mais do que um diferencial de mercado, a tecnologia da informação configura hoje

como um investimento necessário para a vida das empresas. Além de adquirir

equipamentos de última geração, que aumentam a produção e organizam a distribuição de

bens produzidos, os empresários sentem necessidade de dinamizar o modelo de

gerenciamento de informações tido como o mais importante bem de uma organização.

Atualmente, as organizações buscam a tecnologia da informação para tornarem-se

cada vez mais competitivas. Com a introdução desse novo modelo administrativo e de

produção, a cultura organizacional, através da comunicação, sofrerá mudanças para que

seus funcionários possam alterar seu modo de trabalho e contribuir para o sucesso da

implementação de projetos de inovação tecnológica, principalmente no que concerne a

informação automatizada, com a maciça utilização de sistemas computadorizados.

A economia vem atravessando um período de profunda transformação e

reestruturação, acompanhado pela intensificação do nível e formas de competição entre

empresas, setores industriais e países. Tal situação colocou ainda mais clara o papel da

inovação como um dos instrumentos principais da estratégia competitiva das empresas.

Assim, o acesso a uma base de informações científicas e tecnológicas, que sempre foi

considerada uma vantagem, tornou-se uma necessidade vital. O grau de competitividade

das empresas passou a refletir cada vez mais a eficiência das redes de informação ou

sistemas “mecanismos de gerenciamento” dos quais tais empresas se utilizam.

O Brasil é considerado um dos países mais empreendedores do mundo. A frase

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pode ser entendida como expressão da importância das microempresas na produção e

economia nacional. Sob outro prisma ela pode refletir a criatividade do brasileiro na sua

luta para sobreviver em um país caracterizado por diferenças sociais extremas e por um

persistente desemprego. Então, aqui no Brasil quando os governantes se referem à ciência

de tecnologia de informação, consideram a área como um investimento ao

desenvolvimento, sendo apresentada como um dos principais objetivos nacionais.

A relação do conhecimento com a tecnologia se enfatiza a partir de 1985, quando

os próprios conceitos se misturam ao definir a informação como paradigma da sociedade

capitalista industrializada e a tecnologia como informação e conhecimento para

desenvolvimento de bens e serviços, podendo assim vir possibilitar o fortalecimento das

microempresas, pois que representam a sustentação da grande massa de postos de

ocupação no mercado de trabalho, problemática aqui tratada no capítulo I.

Em termos econômicos, torna-se evidente a importância do recurso da informação

para o setor produtivo, com a globalização da economia e o estabelecimento da

competitividade entre mercados. Com isso passa a exigir nos países capitalistas

industrializados uma maior preocupação com o grau de capacitação envolvendo o uso de

tecnologias de ponta e a conscientização do empresariado no uso da informação-

conhecimento.

A agilidade e o poder de resposta são as novas regras no ambiente empresarial

atual, facultadas pela tecnologia da informação. A estratégia de produzir e vender da era

industrial foram substituídos pela estratégia de sentir e responder rapidamente às

mudanças, necessidades e particularidades dos clientes. É consenso que tal agilidade

somente poderá ser alcançada caso as informações necessárias sejam recolhidas e

analisadas pelo capital humano competente na empresa.

Pode-se afirmar que a valorização do ser humano nas empresas não seja uma mera

tendência, mas sim um fator determinante para que os resultados estabelecidos possam ser

alcançados. A interdisciplinaridade é uma característica marcante da era da informática. A

compreensão disso tem impacto direto na aprendizagem organizacional onde está inserido

o material humano, objeto hoje, de grande valorização nas empresas. O sucesso da

inovação tecnológica como vista hoje, requer engajamento não apenas do alto e médio

gerenciamento nas empresas, mas de todos os funcionários. Portanto é necessário, no

contexto da valorização do ser humano nas empresas, compreender que a aprendizagem

somente poderá ter sucesso se for vista e implementada no âmbito da interdisciplinaridade.

O problema da aprendizagem organizacional associado às novas tecnologias da informação

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está estreitamente ligado à cultura que se desenvolve nas empresas. Nesse sentido o

problema da inovação tecnológica e da aprendizagem organizacional passa a ter uma forte

interface. A política da empresa no que diz respeito ao treinamento e capacitação do seu

patrimônio humano é parte da cultura que se desenvolve ao longo do tempo na

organização. Quando é feita a opção pela inovação tecnológica a aprendizagem, absorção

do novo e mudanças de paradigmas estará altamente dependente a filosofia da empresa

(cultura) com relação ao seu material humano, apresentado no capítulo III.

Existem indicadores de que há uma forte resistência à inovação tecnológica na área

da tecnologia da informação por parte das microempresas. Essa postura está associada à

cultura interna das empresas cujo conservadorismo resiste, seja por insegurança,

desconhecimento ou visão equivocada de relação de custo/benefício a essas inovações. Em

quatro milhões de pequenas empresas (98% do total), 53% não têm microcomputadores,

61% necessitam de programas aplicativos de gestão 64% não vêem necessidade ou

benefício em realizar a informatização empresarial, (dados SEBRAE) sendo a causa o

desconhecimento na utilidade da informação para negócio e pouca cultura e acesso às

tecnologias de informação. Diferenças tecnológicas e culturais impedem a competitividade

das empresas, em razão da escassez de informações e será visto no capítulo I.

O desafio de caracterizar a cultura interna das microempresas (MEs) para obter um

quadro mais claro de seus aspectos de resistência à inovação tecnológica, e então, propor

soluções para a superação do problema, constitui a principal motivação desse trabalho.

Nesse sentido o presente trabalho tem por objetivo estudar a cultura de gerenciamento e

propor possíveis procedimentos para a superação das dificuldades na

implantação/aplicação de inovações tecnológicas, principalmente na área de informática

nas MEs. O ambiente cultural interno das empresas caracteriza-se pelo uso de

metodologias tradicionais para planejar, executar e desenvolver produtos e serviços, para

tratar com clientes, para adquirir e fornecer produtos e serviços.

De todos os elementos da ecologia da informação, comportamento e cultura são

provavelmente os maiores responsáveis pelo sucesso ou fracasso de um sistema dentro de

uma empresa. A hipótese básica assumida neste trabalho é a de que a resistência para

aceitar inovações tecnológicas na área de informação é devida a cultura interna de

gerenciamento nas MPEs. Outra premissa básica adotada no projeto de pesquisa é a de que

o usuário não constitui um elo falho no tratamento informatizado da informação, mas sim

como um elemento solucionador de problemas. A idéia fundamental por trás dessa

premissa é a de valorização do capital humano na empresa , que é apresentado no capítulo

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III.

O objetivo geral desse trabalho consiste em estudar a microempresa no sentido de

entender as suas características próprias, seus pontos fortes e sua fragilidade, respeitando a

importância que ela tem para a sociedade não só como fonte geradora de empregos mas

também como aquela que promove oportunidade de desenvolvimento econômico,

tecnológico e gerencial. Também objetiva analisar a dificuldade de acesso que a

microempresa encontra para se utilizar das políticas públicas de apoio e finalmente abordar

sua cultura gerencial essencialmente peculiar.

Para investigar o problema de resistência às inovações tecnológicas na cultura nas

microempresas (MEs), pretende-se utilizar de técnicas de questionários e entrevistas, e

também fazer um estudo da literatura pertinente à área de inovação tecnológica na

modalidade de organização de referido porte, pretende-se ainda associar a cultura

gerencial existente a problemas de comunicação e políticas públicas que, direta ou

indiretamente contribuem como fator que dificulta a inovação tecnológica nas MEs.

Procurar-se-á saber de que forma essas empresas são afetadas pela resistência às inovações

tecnológicas e elaborar diretrizes para que as MEs não sejam excluídas do contexto

tecnológico atual e do universo mercadológico característico da era da globalização.

O procedimento metodológico desse trabalho está organizado de forma a estudar e

analisar a literatura pertinente à área de inovação tecnológica nas microempresas; planejar,

elaborar e implementar uma pesquisa estatística em empresas objetivando identificar,

classificar e analisar seus problemas com implementação de inovações tecnológicas(dados

primários); analisar os resultados da pesquisa no contexto da literatura estudada e também

investigar e levantar, dentro das políticas públicas (pesquisas com dados secundários),

possíveis suportes que possam facilitar a adequação de tais empresas ao quadro

tecnológico caracterizado pela revolução da informação computadorizada.

Este trabalho é de caráter multi e interdisciplinar. É multidisciplinar porque

envolve disciplinas como administração, sistemas de informação, gestão, comunicação e

políticas públicas, dentre outras. É interdisciplinar porque o conhecimento das várias

disciplinas envolvidas compõem um quadro de conhecimento integrado, necessário para o

tratamento adequado do problema.

Alguns aspectos fundamentais para a compreensão do problema podem ser

destacados como o ambiente da informação, gerenciamento de dados e direcionamento das

políticas públicas como apoio às MEs.

O ambiente da informação se reveste de grande importância por ser fundamental

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para o entendimento de como se processa a informação das microempresas e o que a

modernização, via inovação, pode agregar de valor os produtos e serviços nas referidas

empresas. O gerenciamento de dados tem um conteúdo fortemente técnico, pois gerenciar

os dados significa dar sentido aos mesmos, tornando-os informação, aspecto fundamental

para a tomada de decisão. Finalmente as políticas públicas se tornam a base, o suporte para

a sobrevivência das empresas. Compreender tais políticas e fazer delas uso pode ser crítico

para a sobrevivência das microempresas.

O trabalho abordará também a problemática da obstrução ao desenvolvimento das

MEs sob o ponto de vista das políticas públicas, visto que o fator de desenvolvimento e

gerador de postos de trabalho não tem merecido tratamento compatível com a sua

importância.

A outra forma de exclusão de MEs das tecnologias inovadoras da informação é o

alto custo de equipamentos. Apesar de se falar em apoio das políticas públicas para tais

aquisições, esse apoio é pouquíssimo divulgado e às vezes inatingível pelo

microempresário. O fato de ser o Brasil um dos países mais empreendedores do mundo,

resulta em grande parte de desemprego, uma vez que, o empreendedorismo no Brasil

muitas vezes surge como uma opção de emprego. A diversidade de condições econômicas

e educacionais dos pequenos e médios empreendedores, associada à tentativa de

implementações de políticas de apoio empresarial seguro torna, muitas vezes, inconsistente

a política de apoio pretendida pelos governos. Por outro lado, o fato do Brasil ser um dos

países mais empreendedores do mundo, pode ser entendido como uma expressão da

importância econômica das microempresas.

A partir de 1979, no final do regime militar, o governo brasileiro inicia uma

política de desburocratização nas relações entre o Estado e o setor privado, no sentido de

tornar mais ágeis os mecanismos econômicos, financeiros e de regulamentação da

atividade econômica. Em 1984 foi instituído um sistema de tutela diferenciada ao

microempresário pela lei nº7. 256/84, criando o Estatuto da Microempresa (AnexoII). Essa

lei contemplava benefícios tributários, administrativos, previdenciários, trabalhistas,

creditícios e de desenvolvimento empresarial ao microempresário. O “Sistema Integrado

de Pagamento de impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno

Porte” (SIMPLES) ganha vida no regime tributário à partir da lei nº9.317/96, que resume a

possibilidade de pagamento de diversos tributos mediante recolhimento mensal único.

É em razão da importância das MEs que justificam-se iniciativas orientadas para

identificar e resolver os desafios enfrentados pelo micro empresariado no Brasil. Seja pela

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implementação de políticas públicas de fomento ao setor ou pela busca de novas formas

de lidar com sua estrutura dinâmica. É nesse contexto que este trabalho aborda também as

políticas públicas mostradas no capítulo I.

Este trabalho se justifica pela grande importância das MEs no desenvolvimento

econômico das nações. O Brasil está ciente dessa importância e este fato se reflete nas

políticas públicas para dar suporte às pequenas e médias empresas e também nas ações

governamentais no sentido de promover a inovação tecnológica no ambiente empresarial.

Um exemplo é a Lei nº10. 973 de Inovação Tecnológica de 02/XII/2004, que dispõem

sobre incentivos à inovação e a pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo.

Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica

no ambiente produtivo, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia tecnológica e

ao desenvolvimento industrial do País, nos termos dos Artigos 218 e 219 da Constituição

Federal (AnexoI).

O fechamento prematuro de empresas no País tem sido uma das preocupações da

sociedade, particularmente para as entidades que desenvolvem programas de apoio ao

segmento de pequeno porte, como é o caso do SEBRAE. Por isso, é de fundamental

importância obter informações que propiciem identificar as causas das elevadas taxas de

mortalidade das empresas, visando à atuação coordenada e efetiva dos órgãos públicos e

privados em prol da permanência das micro e pequenas empresas em atividade, evitando o

seu encerramento precoce, isso é apresentado no capítulo I.

Este trabalho pertence, portanto, a esse contexto. De forma consistente procura-se

realizar uma síntese das causas do insucesso das microempresas, visando localizar as

fragilidades a serem superadas pelo microempresário. Além disso, a pesquisa se dirige aos

instrumentos e iniciativas desenvolvidas pelas políticas públicas brasileiras no sentido de

adequar o microempresário às condições administrativas para superar as ameaças que vêm

obstruir o desenvolvimento das MEs.

O trabalho ora relatado cumpre seu percurso dividido em quatro capítulos.

No primeiro capítulo são abordados os assuntos relacionados às políticas públicas,

abrangendo causas de mortalidade e de sucesso das microempresas. Nele é apresentado o

SEBRAE e toda a sua importância para a permanência da microempresa.

O capítulo II trata das empresas de base tecnológica e suas vantagens .

O capítulo III apresenta a cultura do microempresário no ambiente da informação.

Aponta também a importância do elemento humano e sua interatividade com os sistemas

da informação.

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No capítulo IV se encontra o confronto com o problema propriamente dito. O

problema é questionado em uma amostra de microempresários, onde se pretende entender

melhor onde se encontra a falha que vem afastar o microempresário dos sistemas de

informação.

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CAPITULO 1

Microempresas - Políticas Públicas – SEBRAE

1.1. Conceitos e Tipos de Microempresas

Não há voz dissonante na sociedade quando o tema é empreendedorismo e seu

potencial de gerar empregos, renda, desenvolvimento e justiça socioeconômica. Afinal as

microempresas brasileiras representam quase 70% do quadro (emprego) ocupado em todo

país, geram 20% do PIB e têm respondido a altura aos desafios impostos pela

competitividade global.

Os empreendimentos de pequeno porte são responsáveis pela geração significativa

de postos de trabalho em todas as economias abertas do planeta. Na América latina, o

segmento é responsável por metade das ocupações remuneradas. No Brasil, 35 milhões de

pessoas (60%) estão ocupadas em microempresas. É em razão dessa importância que se

justificam iniciativas norteadas para identificar e resolver desafios enfrentados por

microempresários.1

As empresas podem se classificar, segundo as suas dimensões, em micro,

pequenas, médias e grandes. O conceito de microempresa pode estar relacionado com as

características da realidade da própria empresa no sistema. Assim, segundo um critério de

faturamento, uma microempresa deve ter um faturamento anual inferior a R$244.000,00.

Este critério para a classificação das microempresas consta do estatuto da microempresa no

Brasil, que considera microempresa, a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano-

calendário, receita bruta inferior a R$ 244.000,00 (duzentos e quarenta e quatro mil reais).

Considera-se receita bruta o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta

própria (a microempresa recebe na própria conta), o preço dos serviços prestados e o

resultado nas operações em conta alheia (caso típico das operações de terceirização), não

incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionalmente concedidos. Atualmente

o critério acima vem sendo adotado nos programas de crédito do governo federal em apoio

à microempresa3.

1 ( Sadzinski,A.L.;Borini,F.SEBRAE-FLUPEME) Revista de Negócios, Blumenau, v. 9, n. 1, p. 27-40. 2 Em São Paulo, pratica-se R$120.000,00 < http://www.sebrae.com.br/br/parasuaempresa/tratamentotributariosimples.asp >Acesso 11/06/2007. 3 Disponível em:Tratamento

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Para concorrer com melhor preço e qualidade, não alterando a tecnologia nem o

volume de produção, deve-se reduzir o preço e elevar os custos para melhorar a qualidade.

A redução dos preços e o aumento dos custos de uma mercadoria levam à elevação do

ponto de equilíbrio. A elevação do ponto de equilíbrio (Break Even Point) deve ser

complementada ou com o aumento do volume de produção e vendas, ou com um

decréscimo do lucro da empresa. Ponto de equilíbrio se refere ao empate entre despesas e

receitas de uma empresa. Quando a receita é maior do que a despesa implica que a empresa

tem lucro. O contrário significa prejuízo.

O fato é que as características quantitativas não podem ser vistas isoladamente

mas é preciso explicar a condição socioeconômica, que apresenta características

qualitativas próprias. Não são os aspectos quantitativos que definem uma pequena ou

microempresa, mas sua categoria socioeconômica, o que condiciona em termos gerais, seu

tamanho e dimensões. Portanto, é imprescindível analisar as características qualitativas que

fazem das pequenas e microempresas unidades produtivas, uma categoria socioeconômica

particular. Embora o tamanho seja importante na definição e classificação micro e

pequenas empresas, no cenário atual, de alta tecnologia associada à automação, o critério

de tamanho físico e de número de funcionários pode não ser adequado para a classificação

das empresas de acordo com os níveis micro e pequenas. Assim, pelo critério de tamanho e

número de funcionários, estaríamos incluindo nas microempresas, por exemplo, todas

aquelas empresas que, por terem atingido um elevado nível tecnológico, automatizando a

produção e subcontratando empresas e trabalhadores, empregam um baixo número de

assalariados. Tais empresas, embora pequenas e com poucos funcionários, podem obter

lucros muito acima dos níveis médios de ganho das pequenas e microempresas adicionais.

Além disso, a terceirização de produtos e serviços, que caracteriza o mundo empresarial de

hoje, pode fazer com que uma empresa pequena tenha um porte de grande empresa. Se

tomarmos como parâmetros de classificação o tamanho de seus projetos e o seu

faturamento veremos que uma empresa de pequeno porte se porta como uma grande

empresa. Um último exemplo, típico dos dias atuais, refere-se às empresas digitais. Podem

ter o tamanho de um escritório e, valendo-se dos meios rápidos de informação provida pela

internet e da terceirização, ter negócios do tamanho do mundo.

Do ponto de vista da sua inserção no mercado, podem-se distinguir duas formas

de microempresas e empresas de pequeno porte. Aquela que produz certa mercadoria ou

Tributário<(http://www.sebrae.com.br/br/parasuaempresa/tratamentotributariosimples.asp> Acesso 11/06/2007

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serviço para o consumidor direto, ou para o distribuidor comercial (aquela empresa que

possui mercado próprio) e outra, aquela que produz certa mercadoria ou serviço para uma

grande ou média empresa. A microempresa é uma empresa satélite de uma grande ou

média empresa.

No primeiro caso, temos uma microempresa que produz uma mercadoria (ou

serviço), que chega à sua etapa final pronta para o consumo. Chamamos esta forma de

micro e pequena empresa de “empresa de produção final”. Ela se encontra “livre” no

mercado; define o tipo de produto, sua qualidade, seu preço e seu público alvo. Desta

forma, o mercado objetivo é o próprio consumidor final. O conceito se estende também à

microempresa que produz para um intermediário (comércio ou distribuidor). Em quaisquer

dos casos, o valor final do produto é aquele que vem da própria ME. A mercadoria que sai

dessas empresas não recebe nenhum acréscimo de preço após a sua venda por parte desta

ME, já que dela saiu na sua forma final, terminal, apta para satisfazer certos requisitos de

consumo.

A outra forma de ME, produz uma mercadoria ou serviço para uma grande

empresa matriz (GEM) ou sub-contratante. Esta última utiliza o produto que compra da

primeira como insumo, matéria prima, material ou peças de reposição para a própria

maquinaria, produtos necessários à sua produção. Desta forma, a ME subcontratada não

tem uma produção destinada a satisfazer diretamente as necessidades de consumo de

clientes finais. Quanto mais especializada é a produção da GEM, mais monopolizada fica a

comercialização e a produção da microempresa, bem como maior será a dependência da

ME que “gira” em torno da GEM. Essa é a razão da terminologia “satélite” associado a

essa classe de microempresa (empresa satélite).

Considere o conceito de circulação simples e capitalista. O proprietário de uma

microempresa é um empresário, gerenciador e administrador de um meio de produção. Se

essa condição de classe é determinada pela propriedade dos meios de produção, então

podemos chamá-la de capitalista. No entanto, no sistema capitalista de produção coexistem

duas formas de circulação: a simples: M-D-M (mercadoria - dinheiro- mercadoria) e a

capitalista: D-M-D (dinheiro-mercadoria-dinheiro). Nota-se que a circulação capitalista é

centrada no valor do dinheiro. Observa-se isto nos estudos de Carl Marx4, quando afirma

que “um agente é capitalista em virtude do fato de seu dinheiro ser sistemática e

persistentemente dotado da capacidade de multiplicar-se e a produção é apenas produção

4 Marx. Karl. p.225

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para o capital, e não o inverso”. Assim, segundo a teoria Marxista, quem produz valor,

independente de ter ou não meios de produção, é um trabalhador. A essência do

capitalismo não está no fato de ter ou não os meios de produção, mas sim, especificamente

em se apropriar da mais valia gerada pelos trabalhadores, ao se efetuar uma acumulação do

capital (Marx). Nesse sentido pode-se então pensar no microempresário como trabalhador

que vive do trabalho próprio, uma vez que ele gera a própria mais valia. Assim, como no

caso do trabalhador assalariado, ele precisa sempre voltar ao mercado para vender as

mercadorias e a sua força de trabalho, nas mesmas condições nas quais ele havia iniciado o

processo. Portanto, de acordo com a Teoria de Marx, podemos dizer então que o

microempresário possui componentes capitalistas e características de trabalhador, e sua

condição principal deste tipo de empreendimento, é mais fortemente trabalhadora do que

capitalista.

Estudar a microempresa e suas possibilidades de constituir uma engrenagem do

desenvolvimento significa compreender a microempresa dentro de um sistema econômico-

produtivo. Quando se trata de microempresas de produção final, elas se relacionam com as

grandes corporações concorrentes que disputam espaços no mercado. Aqui, parece clara e

evidente a força das grandes empresas sobre as microempresas.

As características do microempresário são:

O microempresário tem como característica ser quase sempre dono dos meios de

produção; ele explora, em muitos casos, a força de trabalho; participa geralmente da

atividade produtiva; o valor criado na sua empresa é expropriado pela grande empresa

quando vai ao mercado comprar insumos do fornecedor ou vender seus produtos à empresa

subcontratante;

suas rendas conseguem apenas cobrir os custos de produção com um eventual salário para

ele, o que é um custo à medida que participa da produção; as microempresas não

aumentam seu capital real, apenas o repõe, e mesmo este fato nem sempre acontece; o

resultado da ação do empresário da microempresa é a subsistência pessoal e familiar e a

obtenção de rendimentos para seu consumo e não o acúmulo de capital. Trata-se de um

objetivo ligado à procura de uma alternativa ao salário ou uma estratégia de sobrevivência

que compense a exclusão do mercado formal de trabalho.

Em síntese pode-se afirmar que a microempresa, em geral, apresenta certas

características típicas: possui poucos trabalhadores, baixo volume de produção e

comercialização, reduzido mercado e raio de atuação, pouco complexa, altamente

centralizada com pouca estratificação e escassa divisão de tarefas e papéis e é

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relativamente informal. Caracterizam ainda por insuficiente definição explícita de

objetivos, normas, sistemas de sansões e recompensas, bem como por irregular aplicação

de leis Sociais e Empresariais.

O regime simplificado de tributação SIMPLES também adota o critério do

Estatuto para enquadrar a microempresa, mas ainda não corrigiu o valor antigo, permanece

R$120.000,00. Alguns estados utilizam limites adaptados à situação econômica e fiscal

própria. Além do critério adotado no Estatuto, o SEBRAE utiliza o conceito de pessoas

ocupadas na empresa, conforme os seguintes números: microempresa na indústria e

construção: até 19 pessoas ocupadas e microempresa no comércio e serviços: até 09

pessoas ocupadas.

A caracterização da empresa como microempresa baseada no seu lucro anual

deve-se principalmente a fatores burocráticos que facilitam e fomentam a criação das

mesmas e assim, estimulam a geração de empregos já que o Estado sozinho tornou-se

incapaz de resolver o problema. Usaremos neste trabalho este critério porque julgamos ser

o melhor procedimento para definir uma empresa como micro, pequena e grande.

O gráfico 1 expressa o percentual de mortalidade das microempresas nas regiões

brasileiras.

Gráfico 1 Taxa de Mortalidade por Região do Brasil

0

10

20

30

40

50

60

70

2000 2001 2002

(%) de

mortalidad

e

Sudeste

Sul

Nordeste

Norte

Centro-Oeste

Brasil

Fonte: SEBRAE – Fontes condicionantes e taxa de mortalidade no Brasil

Para finalizar a caracterização das microempresas no Brasil, considera aqui o seu

posicionamento diferenciado na economia. Assim, as microempresas não são grandes

organizações miniaturizadas e não são organizadas e geridas de forma departamentalizada,

segmentada. As MEs atuam geralmente em mercados de bens, produtos e serviços com

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características de demanda elástica e com grandes flutuações no tempo; apresentam pouca

dificuldade frente às barreiras a sua entrada no mercado e à forte concorrência; possuem

grande dificuldade de sobrevivência, sendo que a grande maioria desaparece em menos de

dois anos e; e representam mais de 90% do total das organizações existentes no Brasil.

1.2. Políticas Públicas

De acordo com Guareschi, Comunello, Nardini & Hoenisch, entende-se por Políticas

Públicas :

“o conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais,

configurando um compromisso público que visa dar conta de determinada

demanda, em diversas áreas. Expressa a transformação daquilo que é do âmbito

privado em ações coletivas no espaço público”5

As políticas públicas devem ser a expressão pura e genuína do interesse geral da

sociedade, o que, num processo legítimo, pressupõe a demanda social atendida em

instâncias democráticas, enfrentada de forma realística pela instituição e solucionada à luz

do possível consenso entre os atores sociais a partir de eficaz fluxo de informações.

Nesse contexto orçamento consiste em estimar a receita e fixar a despesa

projetando-a ao longo de um período para buscar a sustentação monetária para o

planejamento realizado. Enfim, orçamento pode ser definido em como arrecadar e gastar as

receitas previstas na realização das despesas fixadas.

Como foi apresentado na seção anterior, as micros e pequenas empresas

desempenham papel fundamental na geração de empregos e no fomento de negócios.

Portanto elas são hoje objeto de políticas públicas. Já na era dos militares, o governo

brasileiro iniciou uma política de desburocratização nas relações entre o Estado e o setor

privado, no sentido de tornar mais ágeis os organismos e mecanismos econômicos,

financeiros e de regulamentação da atividade econômica. Na intenção de instituir um

sistema de tutela diferenciada, o ordenamento político nacional incorporou a lei nº7.

256/84 (Estatuto da microempresa (em anexo), sancionada pelo então Presidente da

República João Figueiredo). Esta lei deu origem a outras que, baseando-se na nova

estrutura, incluíram outros aspectos como benefícios tributários, administrativos,

previdenciários, trabalhistas, creditícios e de desenvolvimento empresarial, todos

5 Guareschi, Comunello, Nardini & Hoenisch, Problematizando as práticas psicológicas no modo

de entender a violência.(2004, pág. 180)

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direcionados ao microempresário. Como exemplo pode-se citar o regime tributário

SIMPLES, que possibilita o pagamento de diversos tributos mediante um pagamento

único. O SIMPLES – Sistema integrado de pagamento de impostos veio para tentar

suavizar a tributação das microempresas e empresas de pequeno porte e tentar tornar

menos complexo o pagamento dos tributos. Constitui-se em uma forma simplificada e

unificada de recolhimento de tributos, por meio da aplicação de percentuais favorecidos e

progressivos, incidentes sobre uma única base de cálculo, a receita bruta.

O que motivou tal atenção por parte do Estado foi o fenômeno conhecido como

privatização que surgiu principalmente a partir de dois fatores: estabilização da moeda e

globalização da economia. Ambos os fatores, por sua vez, contribuíram para que a

iniciativa privada aumentasse a disponibilidade de recursos e pudesse investir em uma

melhor infra-estrutura para crescer e competir no mercado. O Estado se desvencilha das

áreas econômicas lucrativas, privatizando-as (Neoliberalismo - participação mínima do

Estado na atividade econômica). Uma conseqüência disto foi a perda de recursos

financeiros do governo para dar suporte às questões sociais como educação, saúde, seguro

e desemprego. Em outras palavras, o governo teve que reduzir seu orçamento para área

social, objetivando equilibrar as finanças.

O Estado deve sempre ter certo grau de respostas à questão social, pois é claro que

a balança comercial favorável não justifica o abandono dos problemas sociais. O aumento

do nível de desemprego, o desenvolvimento e aprofundamento das crises econômicas e

sociais e a diminuição do atendimento social por parte do Estado levam a necessidade

deste desenvolver e incrementar medidas que, sem onerar seu orçamento, sejam capazes,

pelo menos, de diminuir a insatisfação popular. Assim o Estado promoveu a formação das

pequenas e micro empresas (PeME), que absorvem e empregam parte importante das

massas desocupadas ou expulsas do mercado formal. Tal política se fez mediante o

desenvolvimento no Estado, de certas condições sociais e financeiras, mediante o estímulo

à terceirização, via, fundamentalmente, dos programas de incentivo à Demissão Voluntária

(PDV) e a flexibilização do contrato de trabalho.

O fomento da microempresa aparece como uma opção dominante dos setores

econômicos e politicamente dominantes, no contexto da reestruturação produtiva, da

estratégia neoliberal e da globalização. Para isto torna-se necessário investir na

manutenção delas, o que garantiria à microempresa, longa vida. Entretanto tal fomento,

com vem sendo feito, não resolve o problema da fragilidade econômica das pequenas

unidades produtivas: as piores condições de concorrência ou de negociação fazem da

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microempresa, individualmente, uma empresa altamente perecível, ou seja, não apresentam

uma solvência e vigor suficiente para se manterem por longo tempo.

A microempresa se constitui num elemento de uma engrenagem do

desenvolvimento econômico. Ela é parte de uma alternativa específica da atual fase do

desenvolvimento capitalista com vistas para a reestruturação produtiva e à globalização

política-econômica. A microempresa é parte de uma estratégia expressa no projeto

neoliberal. Existe uma certa dualidade na interpretação do papel da microempresa. Está

certo dizer que a microempresa constitui uma estratégia para sobrevivência (do ponto de

vista do trabalhador/empresário ) da mesma forma que está correto dizer que sob a ótica do

grande capital e das classes hegemônicas ela é parte de uma alternativa de

desenvolvimento econômico focalizado pelas grandes empresas.

Hoje empresários e trabalhadores precisam de cursos de atualização para melhorar

suas habilidades profissionais. Quase sempre não há pessoas da própria empresa com

capacidade para treinar as pessoas nas microempresas. Por outro lado fica quase sempre

inviável custear sozinha a contratação de um instrutor. Por esta razão a participação do

poder público como suporte as microempresas é decisiva. Nesta linha alguns órgãos

públicos desenvolvem programas de capacitação de trabalhadores: SENAI (Serviço

Nacional de Aprendizagem Industrial), SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem

Comercial), SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), SENAT (Serviço

Nacional de Aprendizagem do Transporte).

A capacitação não deve ser restrita somente a funcionários. Os empresários

também precisam muito dela e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas – SEBRAE é o órgão responsável por formar e capacitar empresários. Atua em

parceria com entidades empresariais, como associações comerciais e clubes de dirigentes

lojistas. O SEBRAE teve sua origem no CEBRAE – Centro Brasileiro de Assistência

Gerencial à Pequena Empresa teve sua origem em 1972, após a realização do II Congresso

das Classes Produtoras (por iniciativa do BNDE e do Ministério do Planejamento), em que

se discutiu o processo de desenvolvimento do Brasil. Formalmente a instituição nasceu

dentro do Ministério do Planejamento. O CEBRAE quase fechou em 1990. Enfrentou uma

operação de desmonte, com grande instabilidade de orçamentos, tendo que demitir 110

profissionais (40% do seu pessoal). O CEBRAE transforma-se em SEBRAE em outubro

de 1990, pelo decreto 99.570, que complementa alei 8029, de 12 de abril, desvinculando o

CEBRAE da administração pública, transformando-o em serviço social autônomo.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas-SEBRAE é uma

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entidade privada, financiada e administrada pelo empresariado nacional, destinada a apoiar

o desenvolvimento das pequenas e microempresas industriais, comerciais, agrícolas e de

serviços. O SEBRAE está representado pelo SEBRAE Nacional e por unidades em todos

os estados e Distrito Federal. É no balcão de atendimento do SEBRAE que o

microempresário obtém informações sobre registro de empresas, obrigação tributária e

trabalhista, informações bibliográficas de interesse empresarial, informações atualizadas

sobre o código de defesa do consumidor, informações sobre congressos e feiras realizados

no Brasil e no exterior, e várias outras informações de interesse do microempresário. A

maior parte dos recursos do SEBRAE vem de 0,3%, parte compulsória descontada da folha

de pagamento de salários das empresas. É um dinheiro recolhido aos cofres públicos

(INSS) e repassado posteriormente ao SEBRAE conforme determina art.8 parágrafos 3º da

lei 8029 que criou o SEBRAE. Outras fontes de renda vêm de serviços prestados ao

cliente.

1.3. Fatores de Sucesso e Mortalidade das Microempresas

Um dos objetivos de políticas públicas nesta área e evitar o problema da mortalidade

precoce nas microempresas. Para o melhor entendimento, os fatores de sucesso apontados

pelos empresários foram agrupados segundo três categorias: Habilidades gerenciais;

Capacidade empreendedora; e Logística operacional.

Gráfico 2- Fatores condicionantes do sucesso empresarial, segundo as Habilidades Gerenciais

Fatores de Sucesso

47,4

47,6

47,8

48

48,2

48,4

48,6

48,8

49

49,2

1

Habilidades Gerenciais

Perce

ntua

is de Empres

ários

Bom conhecimento domercado ondem atua

Boa estrtégia de vendas

Fonte: SEBRAE – Fontes condicionantes e taxa de mortalidade no Brasil

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Os primeiros dois fatores de sucesso mostrados no gráfico 2 integram as

chamadas Habilidades Gerenciais, que refletem a preparação do empresário para interagir

com o mercado em que atua e a competência para bem conduzir o seu negócio.

O percentual de 49% de empresários respondentes aponta bons conhecimentos de

mercado como fator de sucesso das microempresas, segundo a categoria habilidades

gerenciais. O fator “Boa estratégia de vendas” tem um percentual de 48% de empresários

respondentes. Os fatores de sucesso mostrados na tabela 2 foram considerados os mais

importantes dentre todas as indicações dos empresários sobre os condicionantes de sucesso

nos negócios, alcançando 49% e 48% de respostas. Os percentuais indicam que, para se

obter o sucesso nas vendas, o empresário deve ter bom conhecimento do mercado. Isto

pode ser identificado com alguns aspectos fundamentais da condução dos negócios, como,

por exemplo, conhecimento da clientela potencial e dos produtos que eles procuram.

Ademais, como indica o segundo fato mostrado no gráfico 2, o empresário deve ter

conhecimentos sobre a melhor forma de colocar os produtos à venda, envolvendo diversos

quesitos, como a definição de preços de comercialização compatíveis com o perfil do

mercado, estratégias de promoções das mercadorias e serviços, marketing etc. 6

O gráfico a seguir mostra os resultados da pesquisa do SEBRAE sobre os fatores

de sucesso relativo à capacidade empreendedora. Um segundo conjunto de fatores de

sucesso foi agrupado segundo a categoria Capacidade Empreendedora, com atributos onde

se destacam a criatividade, a perseverança e a coragem de assumir riscos no negócio,

conforme gráfico 3:

Gráfico 3- Fatores condicionantes do sucesso empresarial, segundo a Capacidade Empreendedora

0

5

10

15

20

25

30

35

1

Capacidade Empreendedora

Perce

ntua

l de Empres

ários Criatividade do

Empresário

Aproveitamentooportunidades denegóciosEmpresário comperseverança

Capacidade deliderança

6 Dísponível em:Fatores Condicionantes e Taxa de Mortalidade

<www.sebrae.com.br/mortalidade_empresas/resumoexecutivo.asp> acesso em 10/02/2007

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Fonte: SEBRAE – Fontes condicionantes e taxa de mortalidade no Brasil

Os fatores de sucesso nessa categoria nos mostram a disposição e a capacidade

empresarial para dirigir o empreendimento, permitindo, por meio de habilidades naturais,

descobrir as melhores chances de negócios, enfrentar os riscos envolvidos no investimento

de recursos financeiros e humanos em uma nova empresa e conduzir os negócios em meio

a adversidades e dificuldades que surgem no dia-a-dia empresarial. As habilidades que

levam à capacidade empreendedora não podem ser adquiridas, sendo possível, contudo,

seu aprimoramento com conhecimentos e técnicas de liderança e de gestão.

O terceiro conjunto de fatores determinantes do sucesso representa a Logística

Operacional do empresário, possibilitando as bases para a criação, sustentação e

crescimento da atividade empresarial, conforme mostra gráfico 4:

Gráfico 4- Fatores condicionantes do sucesso empresarial, segundo a Logística Operacional

Fatores de Sucesso segundo logística empresarial

0

5

10

15

2025

3035

1Logística Empresarial

Perce

ntua

l de Empres

ários

Escolha de um bomadministrador

Uso de capitalpróprio

Reinvestimento delucro na empresa

Acesso a novastecnologias

Fonte: SEBRAE – Fontes condicionantes e taxa de mortalidade no Brasil

Os pontos indicados representam a capacidade do empresário de usar, de forma

eficiente, alguns dos mais importantes fatores de produção utilizados na atividade

empresarial, ou seja, o capital, o trabalho especializado e os recursos tecnológicos

disponíveis, reunindo-os na atividade produtiva ou comercial da empresa para a obtenção

dos melhores resultados.

Os percentuais de empresários que consideraram os fatores relacionados à

logística operacional como sendo importantes para o sucesso dos negócios encontram-se

pouco abaixo dos percentuais daqueles que responderam a respeito da importância da

habilidade capacidade empreendedora.

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Pode-se inferir, a partir dos resultados mostrados no gráfico 4, que os fatores

relativos às habilidades gerenciais ocupam lugar de destaque entre os condicionantes do

sucesso empresarial, seguidos da capacidade empreendedora e da logística operacional. A

categoria “Capacidade Empreendedora”, no que se refere a sua importância para o sucesso

dos negócios, encontra-se um pouco abaixo em relação aos percentuais sobre aquela

categoria mostrado no gráfico 3.

Pode-se dizer então, com base nas respostas, que os fatores relativos às

habilidades gerenciais ocupam lugar importante entre os condicionantes do sucesso da

microempresa, seguido da capacidade empreendedora e da logística operacional. 7

O gráfico 5 diz respeito ao fechamento das microempresas por ano e região,

segundo a pesquisa do SEBRAE. O encerramento prematuro de empresas no País tem sido

uma das grandes preocupações da sociedade, especialmente para as entidades que

desenvolvem programas de apoio às empresas de pequeno porte, como o SEBRAE. Os

dados a seguir mostram os percentuais da mortalidade das PEMEs nos anos 2000 a 2002.

Com 59,9% para as empresas com até 4 anos de existência (2000); 56,4% para as empresas

com até 3 anos de existência (2001) e 49,4% para as empresas com até 2 anos de

existência (2002).

Gráfico 5 Taxa de Mortalidade por Região do Brasil

0

10

20

30

40

50

60

70

2000 2001 2002

(%) de

mortalidad

e

Sudeste

Sul

Nordeste

Norte

Centro-Oeste

Brasil

Fonte: SEBRAE – Fontes condicionantes e taxa de mortalidade no Brasil

7Dísponível em:Fatores Condicionantes e Taxa de Mortalidade

(www.sebrae.com.br/br/mortalidade_empresas/resumoexecutivo.asp) Acesso em 10/02/2007

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É importante obter informações que permitam identificar as causas dos elevados

índices de mortalidade das empresas para que se possa planejar a atuação coordenada e

efetiva dos órgãos públicos e privados em prol da sobrevivência das micro e pequenas

empresas em atividade, evitando o seu fechamento precoce. O SEBRAE promoveu a

realização de pesquisa nacional, no primeiro trimestre de 2004, para a avaliação das taxas

de mortalidade das micros e pequenas empresas brasileiras e o levantamento dos fatores

responsáveis pela mortalidade, referentes às empresas constituídas e registradas nos anos

de 2000, 2001 e 2002. Foram levantados dados e informações de empresas extintas e em

atividade. Os resultados são importantes para subsidiar o sistema SEBRAE e os

formuladores de políticas públicas no planejamento de ações e programas de apoio às

MPEs, principalmente levando-se em conta que são constituídas no Brasil, anualmente, em

torno de 470 mil novas empresas.

Nos levantamentos realizados sobre os fatores determinantes da mortalidade,

foram avaliados os principais motivos que, na opinião dos empresários, levaram as

empresas ao encerramento das atividades.

A pesquisa de campo levantou, ainda, os fatores que explicam o sucesso nos

negócios, ou seja, as condições que, estando presentes na direção do empreendimento

contribuem para diminuir as causas de fechamento das empresas.

Uma parcela dos empresários que encerraram as atividades de suas empresa foi

entrevistada, possibilitando a avaliação das principais causas da mortalidade precoce das

empresas. Foram apresentadas doze questões para escolha dos entrevistados, associadas às

dificuldades na condução dos negócios. Os resultados da pesquisa foram agrupados, como

segundo as características comuns que apresentam.

Encontram-se em primeiro lugar, entre as causas do fracasso, fatos relacionados à

falhas gerenciais na condução dos negócios, devido: a falta de capital de giro (indicando

descontrole de fluxo de caixa), problemas financeiros (situação de alto endividamento),

ponto inadequado (falhas no planejamento inicial) e falta de conhecimentos gerenciais.

Portanto, A falta de clientes, os maus pagadores e a recessão econômica no País, são as

causas econômicas conjunturais apontadas como principais causadoras de mortalidade nas

microempresas, sendo que o fator “falta de clientes” pressupõe, também, falhas no

planejamento inicial da empresa. Outra causa indicada, com 14% de citações, refere-se à

falta de crédito bancário.

Os resultados do gráfico 6 foram obtidos a partir de perguntas estimuladas, ou

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35

seja, foram previamente listadas para os empresários para sua escolha e indicação. Outra

forma de avaliar as razões da mortalidade baseou-se em respostas espontâneas dos

empresários. Nesse caso, a única razão que diferenciou as empresas grandes das outras, diz

respeito à resposta “carga tributária elevada”, que apresentou o maior percentual de

citações, com 29,1% (as demais respostas estimuladas encontram-se no texto completo da

pesquisa).

Os resultados da pesquisa permitem concluir, reunindo respostas estimuladas e

espontâneas, que as causas da alta mortalidade das empresas no Brasil estão fortemente

ligadas, em primeiro lugar, a falhas gerenciais na condução dos negócios, seguida depois,

de causas econômicas conjunturais e tributação. As falhas gerenciais, por sua vez, podem

ser relacionadas à falta de planejamento na abertura do negócio, levando o empresário a

não avaliar de forma correta, previamente, dados importantes para o sucesso do

empreendimento, como por exemplo, a existência de concorrência nas proximidades do

ponto escolhido, a presença potencial de consumidores, dentre outros fatores.

O resultado dessa pesquisa pode traçar o perfil das empresas extintas, em termos

de porte, principais de atividades, e outros, além do perfil dos empresários, especialmente

os relacionados à experiência prévia.

As empresas extintas mostradas no gráfico 6 pesquisadas apresentam, segundo o

número de funcionários, a seguinte distribuição por porte (tamanho da empresa): 21%, uma

pessoa; 75%, de 02 a 09 pessoas; 3% de 10 a 19 pessoas e 1% acima de 20 pessoas. Note

que neste caso o critério para classificação do porte da empresa se refere ao número de

funcionários.

Gráfico 6 Porte da empresa extinta, segundo o número de pessoas ocupadas

Fontes condicionantes e taxa de mortalidade no Brasil

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36

No total das empresas que vão à falência, predominam as microempresas (96% do

total). O estudo por atividade mostra como ramos principais de negócios o comércio

(51%), os serviços (46%) e a indústria, com 3%.

A criação média de postos de trabalho é de 3,2 pessoas por empresa. Os ex-

proprietários são, na maioria, do sexo masculino (63%) e pertencente à faixa etária de 30 a

49 anos. As atividades principais exercidas pelos entrevistados antes de iniciar as

atividades empresariais estavam relacionadas às de funcionários de empresas privadas

(30%), trabalhadores autônomos (25%), empresários (10%), donas de casa (8%),

estudantes (7%), e

funcionários públicos (7%).

Quanto ao grau de escolaridade, a pesquisa levantou que 29% dos empresários de

empresas extintas (em um total de 100% das empresas falidas) possuíam o curso superior

completo. Foi observado o mesmo percentual para empresários em atividade (para um

universo de 100% de empresas ativas); Em relação à escolaridade, 46% cursaram “colegial

completo até superior incompleto” (em um universo de 100% das empresas extintas).

Nota-se igual percentual dos empresários de empresas em atividade em relação à

escolaridade (em um universo de 100% das empresas em atividades). Os outros graus

inferiores de escolaridade também não divergem de forma entre os dois grupos (empresas

extintas e empresas em atividades). Esses resultados indicam que essa variável (nível de

escolaridade) não constitui base para a explicação da mortalidade das microempresas.

Em relação ao item da pesquisa “experiências anteriores” do microempresário,

26% do total de entrevistados declararam ter iniciado os negócios sem nenhum

conhecimento prévio do ramo em que iniciou o empreendimento ou qualquer experiência

em negócios. 19% mostrou como referência para a própria iniciativa empresarial o fato de

“alguém na família ter um negócio similar”. Portanto, pode-se concluir que 45% dos

empresários de empresas extintas não dispunham de experiência anterior no ramo. Essa

condição não representa uma falha, pois sempre há muitos novos empresários começando

pela primeira vez um negócio, mas mostra a importância e a necessidade de apoio

gerencial prévio para a abertura de um negócio.

Na questão relativa a tipos de assessorias e auxílios considerados mais

importantes na condução dos negócios, a maior parcela dos respondentes sobre empresas

extintas (34%) indicou a necessidade ajuda de “pessoas que conheciam o ramo”. Também

foi indicado como agente importante o contador (32%), SEBRAE (20%), como os mais

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37

importantes.

1.4. Comparativo de Desempenho entre as Empresas Ativas e Extintas

A comparação de alguns índices de desempenho levantados, entre empresas fechadas e em

atividade, permite enxergar as suas diferenças, conforme a tabela 1:

Tabela 1: Principais indicadores de desempenho

Indicador

Empres

as

Ativas

Empresas

Extintas

Ano 2000 2001 2002 2000 200

1 2002

Capital médio investido

(R$)

53,6

mil 122,2 mil

44,5

mil 25,7 mil

22,

6

mil

33,2

mil

Origem do capital fixo

investido

Próprio

(74%)

Próprio

(74%)

Empregos médios gerados 8,8 8,7 6,5 3,4 2,8 3,4

Faixa de faturamento

Acima

de 120

mil

(26%)

Acima de

120 mil

(6%)

Tipo de assessoria/auxílio

Não

procuro

u

(25%)

(32%)

Não

procurou

(32%)

Fonte: SEBRAE – Fontes condicionantes e taxa de mortalidade no Brasil

Os dados obtidos levam à indicação de que as empresas extintas investiram menor

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38

capital médio nos três anos pesquisados; menor geração de empregos e menor faturamento

anual (somente 6% faturaram acima de R$ 120 mil/ano). No que diz respeito à procura por

assessoria, pode-se ver na tabela 6 que uma proporção maior das empresas extintas (32%)

não procurou qualquer tipo de auxílio.

1.5. Custo Social e Econômico da Mortalidade

Projetando-se os percentuais de índices de mortalidade sobre o número total de empresas

registradas nos três anos, ou seja, de 2000 a 2002, pode-se avaliar o custo social total

advindo do encerramento das atividades empresariais. Conforme os cálculos, conclui-se o

fechamento de 772.679 empresas nos três anos, além de perda de 2,4 milhões de cargos de

trabalho, contribuindo para o aumento das taxas de desemprego e da atividade informal.

Pressupõem-se prejuízos grandes, de R$ 19,8 bilhões de inversões (investimentos) na

atividade econômica, decorrente do fechamento das atividades empresariais no período de

2000 a 2002 (gráfico 7). Os valores acima não representam perda total, pois uma parcela

dos recursos investidos foi recuperada, conforme pode-se visualizar no detalhamento da

tabela e gráfico7.

Gráfico 7-Custo socioeconômico advindo da taxa de mortalidae

Custo socio-econômico advindo da taxa de mortalidade

0

1.000.000

2.000.000

3.000.000

4.000.000

5.000.000

6.000.000

7.000.000

8.000.000

EmpresasEncerradas

Perda deocupações

DesperdíciosEconômicos(bilhões)

Índice

dos

pre

juís

os

2000

2001

2002

Fonte: SEBRAE – Fontes condicionantes e taxa de mortalidade no Brasil

Medidas foram tomadas pelo governo para aliviar os resultados mostrados nos

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39

gráfico 8. A lei nº. 7256, de 27 de novembro de 1984, representou a primeira atuação do

governo no sentido de dar um tratamento diferenciado à microempresa. Em 1996 um novo

regime de arrecadação de impostos foi estabelecido sendo esta a principal medida induzir

as microempresas e empresas de pequeno porte à formalização. Trata-se do SIMPLES –

(Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e

Empresas de Pequeno Porte), que veio para tentar aliviar a tributação das microempresas e

empresas de pequeno porte, tentando tornar menos complexo o pagamento dos tributos.

Constitui-se em uma forma simplificada e unificada de recolhimento de tributos, por meio

da aplicação de percentuais favorecidos e progressivos, que incidem sobre uma única base

de cálculo, o faturamento bruto da empresa.

Motivou-se então a criação formal e manutenção de pequenas e microempresas.

Qualquer pessoa que abrir um estabelecimento fica menos sobrecarregada com o problema

dos impostos e pode se concentrar principalmente com a solução dos problemas

operacionais

A pesquisa de opinião do SIMPLES8, realizada em 2001, entrevistou 2.000

empresas, compreendendo 1.356 optantes do sistema simplificado de tributação e 644 não

optantes, a partir de cadastro de empresas fornecido pela Secretaria da Receita Federal9. O

resultado da pesquisa indicou alta longevidade das empresas pesquisadas, tanto entre as

optantes pelo sistema simplificado quanto para as não optantes. Entre as empresas

optantes, 35,8 % estão funcionando há mais de dez anos; 32,8 %, mais de cinco a dez anos

e 25,8 % estão funcionando entre dois a cinco anos mostrado no gráfico 8.

8 Dados Sebrae - Pesquisa de Opinião-(2001)- a partir de cadastros oferecidos pela Recita Federal

<http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2007_TR660483_9508.pdf>Acesso em 21/11/2006 9 SEBRAE Unidade de Estratégia e Diretrizes – UED Unidade de Políticas Públicas – UPP -SECRETARIA

DA RECEITA FEDERAL Coordenação–Geral de Política Tributária (Acesso em 25/10/2007)

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40

Gráfico 8- Longevidade das Microempresas

Longevidade das Microempresas

35,80%32,80%

25,80%

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

1

Microempresas

Perce

ntua

l de Lo

ngev

idad

e

mais de anos

de 5 até 10 anos

de 2 até 5 anos

Fonte: SEBRAE – Fontes condicionantes e taxa de mortalidade no Brasil

A análise dos resultados mostra que 72,9 % das empresas pesquisadas que recolhem

impostos pelo SIMPLES constituem-se de empresas comerciais, 21,2 % pertencem a

serviços e 5,8 % são da indústria. Essa distribuição é diferente da verificada entre as

empresas não optantes entrevistadas, situação em que 44,6 % pertencem ao comércio e

50,1 % a serviços, aqui mostrado no gráfico 9.

Gráfico 9-Ramos de Atividade

Ramo de Atividades Optantes do

Simples

0,00%

10,00%20,00%

30,00%40,00%

50,00%60,00%

70,00%80,00%

1

Microempresas

Perce

ntua

l de microem

pres

as em

cada

ram

o de

ativ

idad

e

EmpresasComerciais

Serviços

Indústria

Fonte: SEBRAE – Fontes condicionantes e taxa de mortalidade no Brasil

No que diz respeito ao tamanho das empresas, a pesquisa indica forte

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41

concentração de microempresas entre as optantes do SIMPLES: 87,5 % são empresas com

faturamento anual até R$ 120.000, limite que distingue as micro das pequenas empresas no

conceito do SIMPLES. As pequenas empresas constituem 12,5 % do total de empresas

pesquisadas.

Em relação ao mercado onde vendem produtos e serviços, as empresas são em

base de âmbito municipal, uma vez que, no total, 64,8 % delas vendem somente no

mercado local. Apenas 2,8 % direcionam a totalidade das vendas para o mercado estadual e

0,6 % para o nacional; 31,8 % vendem para os três mercados conforme mostrado nas

tabelas 2 e 3 abaixo.

Tabela 2-Tamanho das Empresas

Faturamento anual até R$120.00,00

Microempresas 87%

Faturamento anual maior R$120.00,00

Pequenas empresas 12,5%

Fonte: SEBRAE – Fontes condicionantes e taxa de mortalidade no Brasil

Tabela 3 Mercados

Vendem mercado Local 64,8%

Vendem mercado Estadual 2,8%

Vendem mercado Nacional 0,6%

Vendem nos três mercados 31,8%

Fonte: SEBRAE – Fontes condicionantes e taxa de mortalidade no Brasil

Quanto ao número de empregados, 43,4 % das optantes pelo SIMPLES não têm

empregados e 41,2 % ocupam até 5 pessoas. As que ocupam mais de 20 pessoas somam

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apenas 2,2 % das empresas mostrado no gráfico 10.

Gráfico 10-Quanto ao Número de Empregados

Microempresas quanto ao nº de

empregados

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

1

Microempresas

Perce

ntua

l de Empreg

ados

Microempresassem empregados

Microempresascom até 5empregados

Microempresascom mais de 20empregados

Fonte: SEBRAE – Fontes condicionantes e taxa de mortalidade no Brasil

No que se diz respeito ao pagamento de tributos em proporção ao faturamento há

notória vantagem das empresas optantes pelo SIMPLES em relação às não optantes: 32,8

% do total das empresas optantes recolhem até 10 % de impostos sobre o faturamento

(impostos federais, estaduais e municipais), ao passo que entre as não optantes apenas 14,0

% recolhem até esse percentual. Em conseqüência, é menor o número de empresas

optantes que pagam proporções maiores de impostos. Tomando-se somente os impostos

federais, a diferença entre os dois grupos de empresas é ainda maior, como era de se

esperar, em razão do efeito redutor de impostos do SIMPLES: 57,8 % das empresas

optantes declararam pagar menos que 5 % de tributos federais sobre o faturamento,

enquanto que na amostra das que não aderiram ao simples, o percentual de empresas é de

28 %. Portanto, as empresas que aderiram ao SIMPLES estão concentradas nas faixas com

menores taxas de pagamentos de tributos.

É elevado o número de empresários que têm conhecimento do SIMPLES como

uma forma simplificada de pagamentos de tributos: 87,2 % dos entrevistados conhecem ou

já ouviram falar do regime. As fontes principais de conhecimento sobre o SIMPLES são o

contador (referido por 81,4 % das empresas) e a imprensa (9,3 %).

Os regimes de pagamento de imposto de renda anteriormente utilizados pelas

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empresas da amostra que aderiram ao SIMPLES são: 52,9 % declaravam como

microempresa, 11,9 % pelo lucro presumido, 6,0 % eram isentas e 2,9 % declaravam pelo

lucro real (as demais empresas não informaram).

A pesquisa mostrou que 55,3 % das empresas aderiram ao SIMPLES em 1997,

primeiro ano de funcionamento do novo mecanismo, e 18,5 % em 1998. Esse resultado

indica que a grande mudança das empresas dos demais regimes de tributação para o

SIMPLES ocorreu em maioria nos dois primeiros anos de funcionamento do novo sistema,

mostrando a atratividade que exerceu sobre as empresas.

Quanto ao preenchimento do formulário de recolhimentos do SIMPLES, 97% dos

que responderam concordaram que acham fácil o preenchimento e apenas 3 % acham

difícil.

O principal benefício apontado pelos que aderiram ao SIMPLES é a redução da

burocracia no recolhimento dos impostos, com aprovação de 72,9 % dos entrevistados. O

segundo benefício é a diminuição da carga tributária, fato reconhecido por 13,7 % dos

empresários.

Os índices de satisfação com o SIMPLES por parte dos empresários mostraram-se

elevados. No total, incluindo todas as faixas de faturamento, 81,4 % consideraram o

SIMPLES ótimo ou bom. Apenas 3, 1 % considera-no ruim ou péssimo.

A principal sugestão apresentada pelos empresários para o aprimoramento do

SIMPLES refere-se à redução da carga tributária (26,3 % dos entrevistados).

Das 388 empresas entrevistadas que conhecem o SIMPLES e não são optantes, a

grande maioria (60,8 %) não aderiu ao sistema porque não se enquadra na legislação. As

que não se aderiram em razão de faturamento maior que o limite de pequena empresa

representa 13,7 %. Além de outros motivos, a pesquisa identificou que 13,4 % não

aderiram em razão de falta de orientação nesse sentido pelo contador ou porque

desconhece o seu funcionamento. A amostra para essa pesquisa de campo foi formada a

partir de um cadastro de 6.000 empresas de micro e pequeno porte, fornecido pela

Secretaria da Receita Federal, referente a empresas que apresentaram declaração de

imposto de renda em 2000, ano-base 1999.

O tamanho da amostra final de empresas a serem entrevistadas foi estabelecido

em 2.000 unidades,10 distribuídas pelas cinco regiões geográficas e localizadas em 200

10 (Barbetta, P. A. Estatística Aplicada às Ciências Sociais, 2005) Esse tamanho de amostra pode ser considerado grande

tornando menor a margem de erro.

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municípios. Para se obter esse número de entrevistas a pesquisa entrou em contato com

3.152 empresas (sendo 2.142 optantes e 1.010 não optantes) dado que várias não foram

encontradas, outras já tinham encerrado as atividades ou se recusaram a receber os

entrevistadores. Essas ocorrências, que acabaram reduzindo para 2000 o tamanho da

amostra) verificaram-se tanto para as empresas optantes pelo SIMPLES quanto para as não

optantes, porém registrou-se para essas últimas maiores percentuais de empresas inativas

(já haviam sido extintas), de empresas não encontradas nos endereços e empresas que ser

recusaram a fornecer informações. Da amostra – todas ativas – as microempresas que

optaram pelo SIMPLES representam 69,4 % ao passo que das não optantes o percentual foi

de 57,5 %. Esse resultado indica, preliminarmente, maior estabilidade das empresas

optantes pelo SIMPLES.11

No cenário do SIMPLES, Com o mesmo espírito da desburocratização tributária,

as leis de micro crédito aparecem para facilitar o desenvolvimento e estimular assim, o

crescimento das microempresas. As leis que se seguem representam à ação governamental

para facilitar a implantação e manutenção de micro empresas.

A Lei 10.194, de 14 de fevereiro de 2001, dispõe sobre a instituição de sociedades

de crédito ao micro empreendedor e começa a incentivar os bancos e outros fontes de

recursos a fornecer crédito.

A Lei nº. 11110, de 25 de abril de 2005, institui o Programa Nacional de

Micro crédito Produtivo Orientado - PNMPO e altera

os dispositivos da Lei no 8.029, de 12 de abril de 1990, que dispõe sobre a

extinção e dissolução de entidades da administração pública federal;

a Lei no 9.311, de 24 de outubro de 1996, que institui a Contribuição

Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de

Natureza Financeira – CPMF;

a Lei no 9.872, de 23 de novembro de 1999, que cria o Fundo de Aval para a

Geração de Emprego e Renda – FUNPROGER;

a Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001, que dispõe sobre a instituição de

Sociedades de Crédito ao Micro empreendedor; e

a Lei no 10.735, de 11 de setembro de 2003, que dispõe sobre o

direcionamento de depósitos a vista, captados pelas instituições financeiras para

11 Disponível: SEBRAE-SIMPLES

<http://www.sebraesp.com.br/principal/conhecendo%20a%20mpe/estudos%20tem%C3%A1ticos/documentos_mpes/simples-98.pdf -

2001>- Acesso em 10/2007

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operações de crédito destinadas à população de baixa renda e a micro empreendedores;

e dá outras providências12. Essa lei (nº. 11110) fomentou diversas redes bancárias a

instituir o micro crédito já que a partir dessa lei essa atividade passou a ser bastante

lucrativa.

Além de um regime fiscal e tributário distinto, as micro e pequenas empresas

precisam do apoio efetivo de políticas públicas que priorizem dinamizar seus negócios e

socorram contra a concorrência predatória. Cabe aos microempresários reivindicar essas

políticas, inclusive a obtenção de apoio para pesquisa e tecnologia, gestão, saúde e

segurança no trabalho, comércio exterior e treinamento para qualificar os trabalhadores.

Outro aspecto importante é o acesso priorizado a recursos para investimentos. Para tanto,

tem sido proposta a criação de políticas de “crédito solidário”, por meio de cooperativas de

crédito e instituições de micro crédito.

12 Disponível em:Pesquisa e Tecnologia <www.fat.org.br>(Acesso em 03/2007)

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46

CAPITULO 1I

Pequenas Empresas de Base Tecnológica

2.1. Conceitos

As pequenas empresas de base tecnológica são consideradas importantes agentes de

inovação. Pode-se afirmar que o desenvolvimento de empresas de base tecnológica tem se

configurado como uma preocupação nacional, envolvendo governo e sociedade civil. Até o

momento, contudo, tais esforços não têm frutificado em um volume de sucessos

inequívocos. Ao contrário, observa-se um questionamento sobre a pertinência e validade

do apoio governamental a estes empreendimentos. 13 Uma dificuldade apontada na

literatura para o crescimento das pequenas empresas de base tecnológica situa-se na falta

de experiência das agências de fomento e dos financiadores privados em avaliar e propor

correções no processo de gestão destas empresas. De fato, embora alguns estudos

internacionais tenham lançado alguma luz sobre a questão14, os resultados são ainda

bastante inconclusivos quanto aos fatores críticos de sucesso das empresas de base

tecnológica. No Brasil, os estudos têm se focado antes no desempenho dos pólos e

incubadoras de empresas do que nas empresas propriamente ditas15. Estudos de caso têm

sido conduzidos tendo como objeto empresas de base tecnológica, contudo, não têm o

caráter de avaliação do desempenho geral destas empresas . Pode-se afirmar, contudo, que

há uma carência, tanto teórica quanto prática, na avaliação do desempenho e dos fatores de

sucesso de empresas de base tecnológica. Observam-se dois objetivos principais. O

primeiro é uma conceituação e apresentação das empresas de base tecnológica no mundo e

no Brasil. O segundo é apresentar o mecanismo de Venture Capital16. Dentro do primeiro

enfoque cabe destacar como objetivos secundários a definição e conceituação das empresas

13 Disponível em: Estudos Setoriais<lhttp://www.sebraesp.com.br/principal/conhecendo%20a%20mpe/estudos%20setoriais%20e%20regionais/documentos_estudos_setoriais/embatec.pdf>( Acesso em 2007) 14 Bollinger & Utterback, (1983); Nooteboom, (1994) 15 Torkomian (1992), Medeiros & Atas( 1994) 16 .Disponível em: Estudos

Setoriais<http://www.sebraesp.com.br/principal/conhecendo%20a%20mpe/estudos%20setoriais%20e%20reg

ionais/documentos_estudos_setoriais/embatec.pdf > (acesso10/2007)

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de base tecnológica, identificar fatores relevantes para o sucesso de empresas de base

tecnológica e comparar empresas de base tecnológica com empresas comuns e pesquisa

exploratória sobre empresas de base tecnológica no Brasil. No que se refere ao Venture

Capital, têm-se os objetivos secundários a análise da experiência internacional e análise da

experiência brasileira.

Não existe uma definição única para micro e pequenas empresas de base

tecnológica. Utiliza-se aqui a definição proposta pelo Office Technology Assesment, OTA

17 (Escritório de Avaliação de Tecnologia) do congresso norte-americano, para empresas de

alta tecnologia, combinada com a definição do SEBRAE para micro e pequenas empresas.

A definição resultante é então: “Micro e pequenas empresas de base tecnológica são

empresas industriais com menos de 100 empregados, ou empresas de serviço com menos

de 50 empregados, que estão comprometidas com o projeto, desenvolvimento e produção

de novos produtos e/ou processos, caracterizando-se, ainda, pela aplicação sistemática de

conhecimento técnico-científico”. Estas empresas usam tecnologias inovadoras, têm uma

alta proporção de gastos com P&D, empregam uma alta proporção de pessoal técnico

científico e de engenharia e servem a mercados pequenos e específicos. Assim, as duas

principais características distintivas das micro e pequenas empresas de base tecnológica

são o porte da empresa e o grau de evolução da tecnologia e do mercado.

Pode-se dizer ainda sobre as empresas de base tecnológica se encontram nas fases

menos avançadas da tecnologia e do mercado18, a incerteza com relação à tecnologia e

sistemas de produção é bastante grande, não se conhece a trajetória tecnológica de

resolução de problemas de engenharia que será adotada ao longo do tempo, traz dúvidas

sobre o funcionamento do novo produto, faz uso da obsoletização das tecnologias vigentes,

estão sujeitas aos efeitos imprevistos da tecnologia, prazos de colocação do produto no

mercado e garantia de qualidade do serviço.

No cenário das políticas publicas cita-se A Fundação de Amparo à Pesquisa do

Estado de São Paulo (Fapesp) mantém o Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas

Empresas (Pipe), que já teve 261 projetos aprovados, em 54 municípios paulistas, com

investimentos de 48 milhões de reais.

Recentemente, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES), o Ministério da Ciência e Tecnologia e a Financiadora de Estudos e Projetos

17 Office of Technology Assesment

18 F Santos, M Crocco, M Lemos - Revista de Economia Contemporânea, (2002) - ie.ufrj.br

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(FINEP) assinaram um protocolo para a formulação de um programa visando o apoio ao

desenvolvimento de micro e pequenas empresas de base tecnológica.A iniciativa objetiva

tornar a economia brasileira mais competitiva no cenário internacional, efetivando canais

que transferiram para as pequenas empresas 1 bilhão de reais, na medida em que houve

demanda.

Pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia no setor industrial revelou que,

entre 1998 e 2000, 31,5% das empresas instaladas no Brasil implementaram algum tipo de

inovação, sendo 6,3% em produtos, 13,9% em processos e 11,3% em produtos e processos.

A taxa de inovação, porém, é muito mais expressiva nas empresas de grande porte e chega

a 75,6% entre aquelas com 500 funcionários ou mais. Das maiores empresas, 79,9%

declararam realizar continuamente pesquisa e desenvolvimento, enquanto nas de menor

porte esse percentual é de apenas 27,8%. No setor industrial, 68% das grandes empresas

contratam pessoas em regime de exclusividade no setor de pesquisa e desenvolvimento.

Nas de menor porte, esse percentual é de apenas 16%, o que parece ser um dos

principais fatores limitantes ao crescimento dessas empresas. Acredita-se que a principal

razão para que pequenas empresas continuem pequenas ou simplesmente quebrem está na

falta de um controle rigoroso e preciso de estoque, faturamento, produtividade, etc. E em

outros casos a falta de controle na produção gera insatisfação do consumidor e bloqueia o

crescimento do estabelecimento. Neste cenário a criação de novas empresas é um

mecanismo fundamental para o desenvolvimento econômico de uma região19. O

crescimento no número de empresas, ao invés do crescimento das grandes empresas,

propicia uma melhor distribuição da renda e o surgimento de novas oportunidades para o

aproveitamento de recursos naturais e humanos.

As empresas novas, contudo, são vítimas de um altíssimo índice de mortalidade.

Em análise e estudo realizado, determinou-se uma taxa de mortalidade da ordem de 50%

no segundo ano de existência (SEBRAE, 1997). Isto pode ser explicado por uma série de

barreiras impostas às pequenas empresas. Entre as principais dificuldades está a falta de

crédito junto a instituições financeiras ou investidores diretos. Em função do risco

associado, pequena reciprocidade e falta de garantias que estas empresas podem

apresentar, cobra-se delas, um maior percentual de risco nas taxas de juros, muitas vezes

inviabilizando o negócio. O risco aliado a empreendimentos recém abertos pode

elevar-se sobremaneira, quando estiver vinculado a inovações tecnológicas, uma vez que

19 Fonte disponível em:A Fragilidade das Empresas de Base Tecnológica em Economias Periféricas-<http://www.umc.br/umc/incubadoras/arquivos/artigo_incubadoras_furtado.pdf> (A cesso 15/01/2008)

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estas estão sujeitas não só a fracassos de mercado como a insucessos técnicos. Por outro

lado, as empresas de base tecnológica são as que apresentam maior potencial para geração

de “prêmios de preço”20. Segundo o autor, as nações mais competitivas procuram viabilizar

a constituição deste tipo de empresas, tanto em função de sua maior rentabilidade, quanto

devido à natureza dos empregos que geram - mais rígidos na exigência em relação à

qualificação dos recursos humanos e melhor remunerados. É notória a contribuição à

economia norte-americana das pequenas empresas da Rota 128 e do Silicon Valley21. O

crescimento da economia italiana nos últimos 30 anos é, em grande parte, atribuído ao

desempenho da rede de pequenas empresas. Além das dificuldades naturais à formação de

novas empresas, o Brasil tem, como agravante, eternas altas taxas de juros, fortes

inibidoras do investimento, mormente em projetos que apresentem um nível maior de

risco. Desta forma, a menos que o pequeno empreendedor apresente um significativo

conjunto de garantias patrimoniais, ou que mobilize e arrisque seu próprio patrimônio, o

investimento privado em novas empresas tende a ter um volume bastante reduzido. O

maior fator que diferencia estas empresas de outras pequenas, de caráter não tecnológico, é

o risco das atividades inovativas. Este é um parâmetro que deve ser considerado quando da

avaliação dos pequenos negócios de base tecnológica. No Brasil uma série de programas e

legislações têm sido implementados na tentativa de estimular os pequenos negócios. São

bastante conhecidas as regiões de Campinas e São Carlos como berço de empresas de base

tecnológica, influenciadas, em grande parte, pela sua interação com as universidades

públicas instaladas nestas cidades. Baseadas nestas experiências, uma série de programas e

políticas governamentais têm sido definidas para apoiar o desenvolvimento das empresas

de base tecnológica. O SEBRAE mantém um programa permanente de incubadoras de

base tecnológica instaladas no Estado de São Paulo. O Governo Federal, através do

PACTI22 tem ações específicas voltadas às pequenas empresas de base tecnológica

Outras incertezas são relativas às interações da tecnologia com o mercado, que se

traduzem na velocidade com que a inovação vai se desfazendo, o padrão tecnológico que

os clientes vão adotar e as futuras mudanças nas necessidades desses clientes. As pequenas

empresas de base tecnológica atuam em setores e tecnologias bastante específicos, com

20 Porter, (1990, p.10) 21 Disponível em:CooJorna<lwww.riototal.com.br/coojornal/academicos014.htm >(Acesso em

16/10/2007) 22 Disponível em:Negócios-<http://acessibilidade.mct.gov.br/index.php/content/view/13289.html> (

Acesso em 10/2007)

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tecnologias ainda não padronizadas, ou seja, que têm uma grande variedade de alternativas

de projeto e produto. Adicionalmente cabe destacar que as empresas de base tecnológica

têm a sua localização definida por clusters23 regionais. Estes fenômenos têm fundamentos

teóricos já estudados, ligados no primeiro caso às fases de evolução da tecnologia e, no

segundo, à teoria dos custos de transação.

2.2. Ciclos de Vida da Tecnologia

A evolução tecnológica pode ser considerada como um processo contínuo de avanços

tecnológicos. Existem várias classificações para as diversas fases da tecnologia e dos

produtos. Alguns autores24 dividem o desenvolvimento tecnológico em quatro fases, numa

analogia com o ciclo de vida dos organismos vivos. São eles os ciclos de vida da

tecnologia apresentado em quatro fases: embrionária, crescimento, amadurecimento e

envelhecimento.

Na fase embrionária existe um grande número de alternativas de engenharia para a

resolução dos problemas. Isso ocasiona o lançamento de muitos modelos distintos até que

se estabeleça a configuração de um cenário dominante.

Na fase de crescimento, à medida que a tecnologia passa a ser aplicada, os

avanços devem ser compatíveis com os equipamentos e aplicações existentes. As

configurações básicas se tornam padronizadas e determinados ferramentas preferenciais

começam a dominar.

Na fase madura, o ritmo de progresso diminui e as tecnologias básicas tornam-se

bem conhecidas. Os avanços das aplicações tecnológicas são menores e mais previsíveis. O

processo se torna mais sofisticado, caro e especializado e a tecnologia mais intensiva no

uso do capital.

Na fase de envelhecimento, uma parte substancial dos avanços técnicos e

científicos já ocorreu. Finalmente, a tecnologia alcança uma fase de estagnação, não

podendo obter mais incrementos no seu desempenho.

Finalmente, a tecnologia alcança uma fase de estagnação, não podendo obter mais

23 Um cluster, ou aglomerado de computadores, é formado por um conjunto de computadores, que

utiliza-se de um tipo especial de sistema operacional classificado como sistema distribuído.

Disponível em:Cluster-<http://pt.wikipedia.org/wiki/Aglomerado_de_computadores> 24 Steele (1989), Betz, (1987) e ADL (apud Maluf, s.n.t.)

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incrementos no desempenho dos seus processos.

A quantidade de inovações ocorridas no tempo, sob a forma de taxa de inovação,

é um parâmetro que também apresenta comportamento variável ao longo do tempo. Existe

um ponto onde ocorre a padronização do projeto, quando a taxa de inovação no produto

começa a decair, enquanto a inovação no processo continua a crescer. A tendência, com o

tempo, é que a inovação no processo predomine sobre o produto. Finalmente, começa uma

fase na qual predominam as inovações na gestão dos negócios. O conhecimento

tecnológico se difunde por meio das chamadas competências-chave da empresa, que

também apresentam comportamento variável no tempo, podendo ser identificadas três

fases:

fase da inovação no produto e domínio da engenharia (I);

fase de melhoria no processo e domínio da manufatura (II); e

fase de capital intensivo e domínio financeiro (III).

Alguns teóricos25 apresentam um modelo que liga uma inovação tecnológica com

a estrutura da indústria. No começo, algumas empresas, alavancadas pela introdução de

uma inovação radical no mercado e/ou pelo lançamento de um produto completamente

novo, vão deter o conhecimento tecnológico do produto e do processo, o que resulta numa

situação de oligopólio ou monopólio temporário, com preços e margens de lucros altos. À

medida que a demanda pelo produto cresce, e uma maior variedade de aplicações é aberta

pela inovação, outras novas firmas entram no mercado com variações do produto. Por

exemplo, as primeiras versões do automóvel incluíam veículos a vapor e elétricos

juntamente com o motor à combustão interna, configuração esta, que se mantém dominante

até a atualidade. A emergência de uma configuração dominante muda à ênfase competitiva

a favor daquelas empresas com uma maior habilidade na melhoria do processo e agilidade

no desenvolvimento de novas capacitações técnicas e de engenharia. Muitas empresas

tornar-se-ão inaptas a competir e irão sair do mercado. Outras, com recursos especiais,

podem surgir e permanecer. Algumas empresas poderão surgir e desaparecer.

De acordo com Steele26, no começo, há um crescimento no número e variações de

modelos, que após atingir um pico, apresenta um caminho de diminuição com o tempo.

À medida que o produto se estabiliza, os melhoramentos no processo e

contribuições para o aumento da produtividade se tornam mais importantes, reduzindo a

25 Utterback & Suarez (1990) 26 Steele, L.W(1989)

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intensidade e importância das inovações no produto.Quando o negócio se move para a

maturidade, a diferenciação no produto se torna mais difícil. Utterback & Abernathy

(1975) analisam o papel das empresas de base tecnológica nas inovações bem sucedidas .

As inovações, que inicialmente contribuíam para a proliferação de produtos,

passam a se concentrar até o surgimento de um ou poucos sobreviventes dominantes,

mantendo um fluxo de inovações incrementais. À medida que o produto se estabiliza, os

melhoramentos no processo e contribuições para o aumento da produtividade se tornam

mais importantes, reduzindo a intensidade e importância das inovações no produto.

Quando o negócio se move para a maturidade, a diferenciação no produto se torna mais

difícil. Outros estudiosos27 analisam o papel das empresas de base tecnológica nas

inovações bem sucedidas a partir de um estudo anterior28. São analisadas 120 empresas em

5 setores industriais e classificadas em 3 fases de sua evolução:

fluida,

transição e

maturidade.

Na fase I, as empresas estão no começo de seu processo de evolução, com

produtos de alto desempenho. O processo de produção tende a ser fluido e não estruturado.

Na fase II, as empresas começam a se mover em direção a um processo de

produção mais estruturado. As inovações tendem a ser estimuladas por oportunidades

tecnológicas e sua estratégia é a de maximização das vendas.

No terceiro estágio, as empresas têm um processo de produção completamente

estruturado e sistemático. As inovações são estimuladas por fatores ligados à produção

num esforço de minimização de custos.

As novas empresas de base tecnológica aparecem mais freqüentemente no estágio

I. As empresas do estágio II têm uma escala intermediária, enquanto aquelas situadas no

estágio III são de grande porte. As inovações que ocorrem no estágio I são

majoritariamente no produto, enquanto no estágio II já se deslocam para o processo. Dessa

forma, as empresas da fase I dão grande prioridade, em suas estratégias, à inovação no

produto.

27 Utterback & Abernathy (1975)

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2.3. Os Clusters de Empresa de Base Tecnológica29

Estudiosos discutem os fundamentos da localização física das empresas de base

tecnológica nos EUA. Como tese central de seu argumento, apontam os custos de

transação como responsáveis pela localização destas empresas. Segundo estes autores,

existem três tipos de transação geograficamente dependentes:

As transações não padronizadas, que exigem que a função “suprimentos” na

empresa seja exercida de forma pormenorizada, com negociações intensivas (1);

As transações de pequena escala, portanto, com altos custos fixos de transporte, o

que favorece os parceiros comerciais mais próximos geograficamente (2);

As transações tecnicamente complexas, que exigem negociações face a face e

controles técnicos rigorosos e não padronizados. Estas transações são típicas das empresas

de base tecnológica (3).

O principal ativo destas empresas se refere aos recursos humanos qualificados

oriundos da universidade. A participação destes profissionais quer como funcionários ou

sócios-proprietários, enquadram-se, por exemplo, nas transações do tipo 1 e 3,

principalmente. Os produtos de empresas de base tecnológica, têm características que os

enquadram nas transações do tipo 2 e 3. A localização industrial da pequena empresa foi

estudada por Courlet (1993), que conceitua os Sistemas Industriais Localizados (SIL).

Segundo o autor, o SIL é “uma configuração de empresas concentradas em um espaço de

proximidade em torno de um ou de vários setores industriais. As empresas interagem entre

si e com o meio sociocultural. Estas relações não são apenas mercantis, mas também

informais, e geram externalidades produtivas para o conjunto das empresas”. A localização

do SIL não é uma questão exclusivamente econômica, mas antes, histórica, cultural e

social. Podem ser citados como fatores de localização não econômica o conjunto de

capacitações técnicas existentes, o grande desenvolvimento dos setores industriais já

instalados, as relações familiares e sociais, a identidade cultural dos cidadãos, os costumes

etc. A grande empresa, em geral, está presente, na transferência de tecnologia, na

assistência gerencial, no treinamento de empresários e trabalhadores e, principalmente, na

coordenação de um sistema de produção e distribuição, que engloba um parque de

pequenas empresas. Este tipo de configuração, onde a grande empresa age como

articuladora de uma rede de pequenas empresas pode ser observado nas regiões do Vale do

29 Scott & Storper(1988)

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Silício na Califórnia e da Rota 128 em Massachusetts, os exemplos mais conhecidos de

uma série espalhados pelos EUA, como Austin no Texas e o Parque do Triângulo na

Carolina do Norte. Fenômeno semelhante pode ser observado, também na organização

industrial da região da Emilia Romagna na Itália30. A qualidade de vida, o nível

educacional, os baixos índices de criminalidade, a presença de boas escolas básicas e

técnicas, completam o quadro de atratores de investimentos e crescimento dos SIL.

2.4. Vantagens e Desantagens

O papel da pequena empresa no desenvolvimento tecnológico foi estudado por Shumpeter31

sob dois ângulos de visão. Seus primeiros estudos, por volta de 1909, o autor acreditava na

importância da pequena empresa no processo de inovação, o que chamou de destruição

criadora. Em suas análises mais recentes (1939, 1943) Schumpeter32 propõe que, ao

contrário, a inovação começa em grandes empresas atuando em mercados concentrados.

Noteboom (1994) propõe uma relação entre estas duas visões de Shumpeter, onde o papel

das pequenas empresas seria o de implementar, aplicar, diferenciar e adaptar inovações

dentro das “trajetórias tecnológicas”( Trajetória Tecnológica é o conjunto de inovações

tecnológicas que serão desenvolvidas após o lançamento de uma tecnologia radicalmente

nova, para sua difusão e adaptação ao mercado), complementando, assim a função das

grandes empresas. Para Shumpeter a principal vantagem da pequena empresa está na sua

flexibilidade e proximidade com o cliente. As principais desvantagens estão nas

deseconomias de escala e de escopo e na pequena experiência. Estas características geram

uma inclinação à customização (baixos volumes e estratégia de nicho) e inovação (baixo

volume e monopólios temporários). Da mesma forma que Utterback & Abernathy (1975,

op. cit.), Noteboom (1994, op. cit.) observa que as vantagens e desvantagens da pequena

empresa prevalecem ora mais, ora menos, dependendo do estágio do processo de inovação.

As pequenas empresas seriam mais competitivas na aplicação de tecnologias já conhecidas

para a satisfação de uma necessidade nova ou de um segmento. Neste sentido, a pequena

30 Brusco (1982) e Garofoli (1993)

31 Noteboom (1994)

32 Schumpeter,J.A. (1961)

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empresa estaria explorando sua vantagem de flexibilidade e proximidade com o cliente. As

grandes empresas, por outro lado, são mais fortes na invenção e na pesquisa fundamental,

aliada à produção e distribuição mais eficiente. Desta forma, as pequenas e grandes

empresas cumprem papel complementar ao longo do ciclo de vida de um produto ou de

uma trajetória tecnológica. Na P&D as pequenas empresas tendem a ter um menor volume

de gastos, mas, em geral, são mais eficientes. Em síntese as grandes empresas têm

melhores recursos e as pequenas melhor comportamento.

2.5. Os Fatores de Sucesso de Empresas de Base Tecnológica

Uma importante contribuição no trabalho de revisão de Bollinger & Utterback

(1983, op.cit.) está no levantamento dos fatores que influenciam o sucesso das empresas de

base tecnológica. A partir dos estudos de Roberts33; apud Bollinger & Utterback,op. cit.)

das empresas de base tecnológica formadas a partir de tecnologias e pessoal formado no

MIT34, derivaram-se dois conjuntos de fatores estudados:

características gerais dos fundadores e

fatores relacionados com a formação da empresa, organização e gestão.

Com respeito ao primeiro conjunto, resumidamente pode-se listar cinco

características dos fundadores de empresas de base tecnológica. A forte herança familiar

empreendedora; o alto nível educacional, (embora um estudo semelhante na Holanda tenha

identificado baixos níveis educacionais); idade relativamente jovem, média de 32 anos;

experiência profissional mais voltada ao desenvolvimento do que à pesquisa básica; alto

nível de ambição pessoal. Com vistas aos fatores relacionados à formação, organização e

gestão, os estudos de Roberts encontraram as seguintes características: as prósperas foram

formadas, em geral, por times de duas a cinco pessoas; na formação da empresa grande

parte da tecnologia veio da última empresa empregadora do empresário; no período de

criação as empresas bem sucedidas, em geral, contratam pessoal com competência na área

de gestão; também na criação há a formação de grupos formais de marketing; e a gestão

dos recursos humanos é vista como item importante na gestão.

Além dos assuntos ligados ao empreendedor e à empresa, os autores colocam

33 Roberts, Edwards B.(1968) 34 Instituto de Tecnologia de Massachusetts, na Rota 128

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como o mais importante conjunto de fatores para o sucesso das empresas de base

tecnológica os culturais e os do ambiente socioeconômico-instituicional. A propagação das

empresas de base tecnológica nos Estados Unidos faz com que muitos pesquisadores

investiguem os motivos deste fenômeno. O sistema de Venture Capital é visto como

responsável pelo sucesso norte-americano nesta área. Avista-se, também, a influência do

setor industrial e do estágio de desenvolvimento da tecnologia como importantes fatores do

sucesso e da presença de empresas de base tecnológica em uma determinada região.

Setores com tecnologias mais turbulentas tendem a ser mais favoráveis à formação deste

tipo de empresa. Os complexos (clusters) tecnológicos também chamam a atenção dos

estudiosos desse assunto. Uma análise feita pelo Centro de Políticas Alternativas do MIT

concluiu que não se pode determinar um único conjunto de características regionais que

favoreçam a formação de empresas de base tecnológica. Fica claro, também, que o fator

decisivo é o entusiasmo e apoio da comunidade local. O estudo relata as ações de cinco

comunidades para atrair empresas e empreendedores. As ações menos padronizadas e mais

voltadas aos interesses dos empresários foram as mais bem sucedidas.

Uma série de outros fatores é listada Utterback & Abernathy, como:

fluxo informal de informações técnico-científicas; presença de mercados financeiros com

cultura em avaliação de negócios tecnológicos; poder de compra do governo e grandes

empresas; e ausência de mecanismos de estabilidade de emprego.

Em termos das políticas governamentais de estímulo à formação de empresas de

base tecnológicas várias alternativas são relevantes, entre elas, destacam-se: “poder de

compra”; subsídios diretos e indiretos à pesquisa e pesquisa cooperativa; incentivos fiscais;

infra-estrutura técnico-científica; regulação; venture capital; patentes; economia em

crescimento.

2.6. Comparação entre Empresas de Base Tecnológicas com Micro e Pequenas

Empresas de Seetores Tradicionais

Com o intuito de melhor caracterizar as empresas de base tecnológica, fez-se uma análise

comparativa com empresas de setores tradicionais. Para tal foram utilizados três estudos

disponíveis na literatura técnica, quais sejam:

SEBRAE-MG (1997), que analisa os fatores condicionantes da mortalidade de

empresas;

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Bollinger et alii (1983), que estudam as empresas de base tecnológica nos Estados

Unidos; e Torkomian (1992), que analisa as empresas de base tecnológica do Parque de

Alta Tecnologia de São Carlos.

Não obstante, os estudos tivessem objetivos distintos, foi possível estruturar a

análise comparativa com base em sete pontos, presentes nos três estudos: motivação para a

criação da empresa; origem da tecnologia/experiência; apoio utilizado pelas empresas;

perfil da empresa; perfil do empreendedor; fatores de sucesso; e dificuldades.

O primeiro ponto de convergência entre as empresas tradicionais e as de base

tecnológica é a motivação para a criação da empresa. Em ambos os casos o empreendedor

vislumbra uma oportunidade de negócio a ser explorada, cuja constatação aparece nos três

estudos.

Quanto à origem da tecnologia para a criação da empresa de base tecnológica e a

experiência prévia para empresas tradicionais, verifica-se que, excetuando o Parque de

Alta Tecnologia de São Carlos, o empreendedor utiliza o know-how obtido em seus

empregos anteriores para o seu próprio negócio. No caso de São Carlos são as

universidades a principal fonte de tecnologia. 35

Quando se estuda o apoio externo utilizado pelas empresas na ocasião de sua

criação observa-se que existem algumas relevantes diferenças, que podem ser justificadas

pelas características dos órgãos de apoio em ambos os casos. Nos setores

tradicionais os empresários utilizam basicamente o auxílio de contadores e do SEBRAE

para orientação e, em menor escala, de pessoas do ramo. Já no Parque de Alta Tecnologia

de São Carlos, além da orientação empresarial, as empresas dispõem de infra-estrutura

básica e espaço físico, apoios não citados pelos setores tradicionais.

Apoio Externo utilizado pelas empresas: 36

10,9% - orientação empresarial

12,5% - infra-estrutura básica

10,9% - incentivos fiscais

35 Para os dados de SEBRAE-MG (1997) utilizaram-se apenas os dados das empresas consideradas bem

sucedidas, ou seja, a porcentagem apresentada refere-se ao número de empresas que

sobreviveram.Dísponível em:

http://www.sebraesp.com.br/principal/conhecendo%20a%20mpe/estudos%20setoriais%20e%20regionais/do

cumentos_estudos_setoriais/embatec.pdf(Acesso em 12/2007) 36 Empresas de Base Tecnológica – Brasil (Torkomian; 1992)Empresas de Setores Tradicionais_(SEBRAE-

MG; 1997)

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14,1% - espaço físico

21,9% - apoio mercadológico

59,0% - contador37

26,2% - SEBRAE

13,1% - pessoas que conheciam o ramo.

O perfil das empresas descrito parece semelhante quanto ao porte (a maioria tem

até 10 empregados) e a idade (a maioria tem até 5 anos). Contudo, verifica-se alguma

disparidade relativa aos setores de atuação, sendo que as empresas tradicionais

concentram-se nas áreas de comércio e serviços, enquanto as de base tecnológica em

alguns segmentos específicos do setor industrial. As características das empresas de base

tecnológica citadas por estudos, assim como pequeno número de fundadores e não ser

subsidiária de nenhuma companhia não são checadas nos demais estudos portanto não são

passíveis de comparação neste aspecto de comparação.

Os dados disponíveis sobre o perfil do empreendedor não permitem traçar um

paralelo conclusivo, pois os dois estudos de empresas de base tecnológica não dispõem de

dados quantitativos neste tópico. Estudiosos38 associam ao empreendedor do Vale do

Silício um alto nível educacional, contudo, não apresentam os dados nem o significado de

alto nível educacional, embora permita a interpretação que os empreendedores tenham

mais do que o título universitário. Não obstante, em seus estudos sobre micro e pequenas

empresas de base tecnológica na Holanda não verificaram esta face dos empreendedores.

Especial importância deve ser atribuída no que diz respeito ao perfil do

empreendedor, pois a análise do SEBRAE-MG (1997) mostra que este ponto apresenta

diferença significativa entre as empresas sobreviventes e aquelas que morreram, sendo,

portanto, um fator condicionante que deve ser investigado de forma eficaz para empresas

de base tecnológica.

37 Bollinger et alii (1983) 38 Bollinger et alii; 1983

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2.7. Empresas De Base Tecnológica - EUA 39

40A empresas de base tecnológicas dos EUA é mais focada no ambiente externo da

empresa, atenta ao mercado. O principal conjunto de itens para o sucesso das empresas de

base tecnológica são fatores culturais e estão relacionados ao quadro socioeconômico-

instituicional no que diz respeito: fluxo informal de informações técnico científicas;

presença de mercados financeiros com cultura em análise de negócios tecnológicos; poder

de compra do governo e empresas de peso; ausência de mecanismos de estabilidade de

emprego;

54% - bom empreendedor;

36% - bom conhecimento do mercado onde atua;

19% - uso de capital próprio.

As empresas bem sucedidas empregam funcionários com conhecimento na área

de gestão; o fator de maior peso é a motivação e apoio da comunidade local; 53% -

investem nas atividades de marketing e vendas; as empresas criam equipes formais de

marketing.

2.8. Principais Dificuldades Encontradas Pelas Empresas de Base Tecnológica –

Brasil 41, Empresas de Setores Tradicionais. Em termos percentuais:

As principais dificuldades encontradas pelas empresas de base tecnológica no Brasil 42,

nos setores tradicionais em termos percentuais, no total das dificuldades das empresas

respondentes são: 30% - falta de recursos (capital); 23,3% - marketing;13,3% -

instabilidade econômica do país; 10,0% - falta de conhecimento em áreas gerenciais;

35,6% - falta de capital de giro; 28,2% - concorrência muito forte; 28,2% - carga tributária

elevada; 20,7% - maus pagadores; 16,0 - falta de crédito; e 11,2% - falta de clientes.

39 (Bollinger etalii; 1983) 40 (Bollinger etalii; 1983)

41 Torkomian; (1992) 42 Torkomian; (1992)

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2.9. Instrumentos de Apoio a Empresas de Base Tecnológica e Papel dos Diversos

Agentes

Sobre os instrumentos de apoio a empresas de base tecnológica, Diversos são os agentes

que têm função de destaque no processo de inovação, viabilizando assim a utilização de

instrumentos específicos. Entre esses agentes, cabe apontar o Governo, as Universidades,

os Pólos de Alta Tecnologia, os Parques Tecnológicos, as Incubadoras de empresas, as

entidades “paragovernamentais”, como o SEBRAE, o mercado de Venture Capital e as

empresas de peso.

Estes agentes têm a sua atuação dirigida em estratégia e atitudes que podem ser

reunidos em financiamento, treinamento, legislação, serviços tecnológicos, consultoria,

infra-estrutura, isenções, incentivos, apoio à gestão, geração da invenção, spin offs43, e

transferência tecnológica.

Ao Governo cabe o papel de prover recursos em forma de financiamento através

de suas agências e bancos, prestação de serviços tecnológicos - através dos laboratórios em

institutos de pesquisas tecnológicas criados em centros de P&D - e aqueles criados para

oferecer serviços primeiramente prestados em um departamento de uma empresa de peso

ou Universidades Estatais. Cabe também ao Governo prover recursos de infra-estrutura em

água, energia, transporte etc, legislação sobre patentes, e isenções e incentivos fiscais.

No que se refere ao financiamento, vale salientar que os bancos de

desenvolvimento governamentais, no Brasil, não têm efetivamente adotado políticas de

apoio à micro e pequena empresa de base tecnológica. Pelo contrário, as garantias exigidas

para a liberação de empréstimos são muitas vezes proibitivas para as micro e pequenas

empresas de base tecnológica que atuam em mercados de risco. Quanto aos incentivos e

isenções fiscais são políticas largamente empregadas, mas que têm seus efeitos

questionáveis. Uma forma de subsídio é através da possibilidade de reinvestir parte dos

impostos devidos em atividades de P&D. No entanto, estes subsídios geralmente vêm

beneficiar as empresas de grande porte que tem aporte de recursos para sustentar grupos de

43 O termo spin – offs3 tecnologia tem sido utilizado para descrever tecnologias, que foram

transferidos pelo DAE para fora da indústria, sem fazer quaisquer significativas ocasionais de regularização

para a sua utilização por outros. Em muitos casos, a transferência foi sobre "como é que é base". O

Departamento de Energia Atômica (DAE) é uma organização incorporando tais centros de investigação

envolvidos na investigação e no desenvolvimento tecnológico e estreitamente ligado unidades industriais.

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P&D. Outra forma de subsídio ajuda um investidor individual ou uma nova empresa a

suportar os estágios iniciais do processo de inovação. Um exemplo é o programa francês

Aide au Développement44. A fonte dessa ajuda provem dos empreendimentos de sucesso

que pagam uma porcentagem de seus ganhos com licenciamentos ou vendas para a

entidade que gerencia o programa de suporte às microempresas, que poderá voltar a aplicar

os rendimentos recebidos em outros projetos inovadores. Um outro suporte de peso

incontestável é o apoio da “Universidade Estatal”. Essa tem por sua vez como objetivos

principais o treinamento, através da formação de mão-de-obra especializada e atualização

profissional; a oferta de serviços tecnológicos com a aplicação de testes na matéria-prima

ou produto; consultoria, através de pesquisadores ou fundações a ela relacionadas; apoio à

gestão, incentivo à criação de novas tecnologias, e também é responsável pela tecnologia

gerada internamente. Também deve ser realçado seu papel como ora de spin-offs,

principalmente aproveitando a experiência e poderio das empresas de maior porte .

As empresas grandes também tem papel importante na geração da inovação,

através de financiamento de programas de P&D e transferência da tecnologia aos

fornecedores. Como resultado, há a geração dos spin-offs e da transferência da tecnologia

nela gerada. Outro papel que as grandes empresas desempenham, conforme mostrado por

Torkomian (1992), é a prestação de serviços de laboratório para testes e desenvolvimento

de protótipos. As instituições públicas e privadas, formais ou virtuais, como parques,

pólos, agências incubadoras que têm por objetivo o agrupamento e agenciamento de

empresas de base tecnológica, devem ter como principais papéis o apoio à gestão e o

fornecimento de infra-estrutura básica na forma de instalações adequadas. Também é papel

destas instituições o agenciamento de financiamentos para captação de recursos,

treinamento e consultoria de serviços tecnológicos.

2.10. Parques e Pólos

O desenvolvimento de empresas de base tecnológica é, com freqüência, decorrente de

estratégias estabelecidas no movimento denominado science parks. No Brasil são

44 Um subsídio reembolsável caso haja sucesso, que financia 50% dos gastos do desenvolvimento

de um protótipo ou financiamento para lançamento no mercado de um novo produto ou processo. (Bollinger

et alii, 1982)

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denominados parques tecnológicos. Esse movimento surgiu por volta de 1949 nos Estados

Unidos, na Universidade de Stanford. O principal atrativo para sua formação foi o acesso

ao conhecimento dos departamentos da Universidade. O parque tecnológico de Stanford

foi foco para a formação do Vale do Silício.

Outras Universidades norte-americanas, tomando como exemplo Stanford, foram

referência para a formação de novos parques. Assim surgiu a Rota 128 nas proximidades

do MIT - Massachusetts Institute of Technology.

Diversas terminologias foram utilizadas em outros países. Assim, a França, a

Itália (e também o Japão) empregam o termo Tecnópole, a Suécia e a Alemanha usam o

termo Casa da Inovação.

Segundo o UKSPA - United Kingdom Science Park Association, o termo parque

tecnológico é utilizado para descrever uma iniciativa privada que possui relações

formais e operacionais com uma universidade, uma instituição de ensino superior ou um

centro de pesquisas; é criada para encorajar a formação e o florescimento de empresas

baseadas no conhecimento e de outras organizações que se estabelecerem no local e, possui

um objetivo administrativo, que está relacionado com a transferência de tecnologia e de

competências empresariais para as empresas lá localizadas.

Os parques tecnológicos podem ser caracterizados por funções básicas,

componentes e serviços oferecidos. As funções mais importantes dos parques tecnológicos

seriam promover um desenvolvimento privado estável; dar assistência à transferência de

tecnologia das universidades para as empresas ou entre as empresas e, dar ênfase ao

crescimento de negócios lucrativos.

Os componentes dos parques tecnológicos envolvem a sinergia pesquisa-indústria.

Os Estados Unidos são os pioneiros nesse assunto, pois lá, há muitas décadas, os

laboratórios universitários recebem importantes verbas industriais para pesquisas

fundamentais ou aplicadas; o capital de risco. A capacidade de obter esse tipo de

investimento é um dos itens fundamentais e quase inatingíveis para o êxito de um parque,

já que os bancos não possuem linhas de financiamento adequadas; um novo conceito de

empresa que valoriza o risco e o direito de errar pois acredita que não se progride sem

experimentação, a flexibilidade nos modos de organização de empresas, valorizando

estruturas leves e anti-burocráticas, espírito empreendedor, trabalho em equipe, tática de

guerrilha em matéria de estudos, de produção e de marketing e o cenário geográfico e

cultural.

Em termos de serviços prestados, eles dependem do tipo e do objetivo do parque e

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podem ser classificados em serviços administrativos/sociais incluindo serviços de

escritório, de informação, e de promoção de eventos; serviços empresariais e financeiros,

incluindo orientação para a elaboração do plano de negócio das empresas e para a

utilização de financiamentos, aconselhamento e consultoria; serviços tecnológicos,

facilitando o contato com a universidade ou através de empresas de consultoria tecnológica

instaladas no próprio parque e assessoria em negociações de transferência de tecnologia;

serviços de treinamento empresarial e treinamento pessoal e, outros serviços, conforme as

necessidades das empresas do parque.

Algumas variações das denominações para science park aparecem na literatura

sobre o assunto. A principal é denominada Technopole que, segundo Lacave (1991) apud

Torkomian, op. cit, consiste de quatro elementos: ter em sua base uma estratégia global de

desenvolvimento local ou regional; consenso e parcerias atuantes entre os agentes locais;

em termos físicos é expressão de desenvolvimento imobiliário e, proporciona uma série de

serviços aos participantes.

No Brasil, o termo pólo tecnológico reflete com maior precisão o fenômeno do

surgimento de empresas de base tecnológica em determinadas regiões. Nesse sentido um

pólo tecnológico, segundo Medeiros (1990) pode ser definido como um conjunto que

possui os seguintes componentes: instituições de ensino e pesquisa que se especializaram

em pelo menos uma das novas tecnologias; aglomeração de empresas envolvidas nesses

desenvolvimentos; projetos de inovação tecnológica conjuntos (empresa-universidade),

usualmente estimulados pelo governo, dado o caráter estratégico das novas tecnologias e,

estrutura organizacional apropriada.

Os objetivos dos pólos tecnológicos podem se caracterizar por promover a criação

e consolidação de empresas de base tecnológica; fornecer suporte gerencial através de

consultoria e cursos nas áreas de gestão tecnológica e gestão empresarial às empresas e ao

setor acadêmico; facilitar a interação sistemática entre as empresas e instituições de ensino

e pesquisa, possibilitando o uso de recursos humanos, equipamentos e laboratórios,

inclusive de forma compartilhada e, viabilizar o envolvimento de instituições financeiras

(capital de risco) e governamentais, enfatizando a participação dos governos federal,

estadual e municipal.

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2.11. Pontos Fortes e Fracos dos Sciene Parks

Quatro pressupostos de estudo foram detectados na bibliografia sobre parques tecnológicos.

- proximidade com universidade, relacionamento informal, criação de empresas spin-offs e

transferência da tecnologia.

No primeiro pressuposto, proximidade com a universidade, observa-se que a

vantagem é exatamente a localização, pois esta é uma condição fundamental para promover,

de forma eficaz, o relacionamento entre a empresa e a universidade. “No entanto há várias

críticas sobre a questão da proximidade uma vez que, segundo Brunat & Reverdy (1989) “a

proximidade não explica, suficientemente, o padrão de relacionamento” contratual entre

universidade – indústria”. Um estudo empírico sobre a experiência do Reino Unido45 mostra

que a proximidade física não leva necessariamente à formalização de vínculos entre os

elementos do parque. Assim, não foram encontradas diferenças significativas entre empresas

situadas dentro ou fora do parque com a universidade/instituto de pesquisas. Em 1976 elabora-

se política para fomentar a criação de empresas adotando planos de ação de incentivos; alta

tecnologia foi a prioridade da ação governamental; alguns parques franceses: Sophia Antipolis,

o primeiro de alta tecnologia na Riviera; Zirst de Meylan próximo à universidade de Grenoble

e Nancy Brabois em Nancy. Cada parque tem sua formação própria e objetivos específicos.

2.12. Comparação dos Parques e Pólos tecnológicos em diversos Países

Empresas de Base Tecnológica

Pode-se dizer que no Japão, com respeito aos parques tecnológicos, 19 cidades foram

escolhidas pelo Japão para serem “Cidades Tecnológicas”; critérios para a formação: no

domínio das cidades devem existir pólo industrial com toda infra-estrutura para realização de

negócios, universidade e institutos de pesquisa (IP´s). Estar perto de uma grande cidade (200

mil habitantes) e perto de aeroporto e estação ferroviária; são definidas pelo governo as áreas

prioritárias de cada cidade, que oferece incentivos por um período de até 5 anos.

Pode-se dizer que no Reino Unido, com respeito aos parques tecnológicos:

O parque tecnológico é uma instituição privada instalada junto às universidades

(fundamental para sua criação segundo uma pesquisa junto a 27 deles); Dado o sucesso dos

45 Monck et alii, (1990), apudTorkomian, op. cit.

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parques tecnológicos foi criada uma associação cujos objetivos são: dar assistência aos

membros, promover divulgação, facilitar intercâmbios de conceitos, dar assistência no

planejamento, desenvolvimento e administração dos parques.

Pode-se dizer que na Alemanha, com respeito aos parques tecnológicos:

criação do BIG – Berlin Center for Innovation and New Enterprises inicialmente como uma

incubadora; abriga empresas e IP´s; TIP Technologie und Innovationspark que se concentra nas

áreas de informática, novos materiais, transportes e microbiologia.

Nos países mais industrializados e mais maduros têm com as microempresas uma atenção

e cuidados especiais dada a importância sócio-econômica que representam.

2.13. Programa Paulista de Criação, Desenvolvimento e Consolidação de

Empresas de Base Tecnológica

No contexto das políticas públicas, o SEBRAE-SP possui um programa que visa

incentivar a criação e consolidação de empresas de base tecnológica, que atua na forma de

projetos, focado em treinamento dos empreendedores, através do projeto jovem

empreendedor; estímulo à criação de empresas, no âmbito das escolas e incubadoras;

auxílio à comercialização e distribuição de produtos; e apoio financeiro através de

articulação de agentes financeiros, viabilizando empréstimos para capital de giro,

investimentos produtivos e tecnológicos; bolsas RHAE, para capacitação de recursos

humanos em pesquisa; estímulo à criação de EPC’s – Empresas de Participação

Comunitária; e mais recentemente, passou-se a discutir a criação de um fundo para

empresas emergentes, que ainda está em fase de aprovação.

2.14. Centro de Comercialização Tecnológica

No centro de comercialização tecnológica, projeto do SEBRAE de âmbito nacional

procura minimizar as dificuldades de comercialização dos produtos de base tecnológica.

Tem como objetivo fundamental a aproximação da oferta e da demanda de serviços e

produtos tecnológicos, atuando tão somente sobre a demanda, e não no campo de vendas

propriamente dito. Oferece apoio administrativo com uma infra-estrutura operacional,

colocando à disposição espaço físico para reuniões, salas para eventos (miniauditórios) e

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show room onde são expostos os produtos e serviços das empresas. Há também promotores

técnicos que conhecem os produtos comercializados pela empresa e fornecem catálogos

individuais e um catálogo geral com todos os produtos. Além da assessoria comercial e de

marketing, colocam à disposição assessoria jurídica.

2.15. Incubadora de Empresas

No cenário das políticas públicas as incubadoras são instrumentos de apoio que

colocam à disposição espaços físicos para instalação de pequenas empresas, durante prazo

determinado, a preços subsidiados, que contam também com apoio administrativo e

gerencial. Os gerentes das incubadoras também procuram articular parcerias e viabilizar

recursos financeiros. As incubadoras podem ser empreendimentos públicos, privados ou

mistos. Geralmente são compostas de conselhos onde participam representantes de

Universidades, Institutos de Pesquisa e Associações e Sindicatos de empresas. O SEBRAE

participa dos conselhos das incubadoras e tem papel de articulador colocando à disposição

das microempresas recursos técnicos, financeiros e gerenciais. Outra entidade que apóia as

incubadoras é a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de

Tecnologias Avançadas, que colocam à disposição em seu site na Internet46. informações

detalhadas sobre o assunto.

Atualmente, no Estado de São Paulo funcionam 9 incubadoras de empresas, que

por sua vez, incubam 72 empresas.

2.16 O Risco Associado às Novas Empresas

O problema da falta de crédito junto a instituições financeiras ou investidores diretos

já foi apontado como um dos maiores elementos que tornam as empresas de base

tecnológica inviáveis. O risco associado às fases mais inovativas das tecnologias e

produtos adotados por estas empresas é o fator que inibe a concessão de crédito por parte

das instituições que lidam com empresas tradicionais. O tamanho das empresas, por sua

vez, caracterizado pela dificuldade de fornecer garantias, vem somar mais um fator de

46 Disponível em: Incubadoras de Empresas<www.anprotec.org.br> (Acesso em 05/2007)

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dificuldades ao financiamento. A pequena escala de operação, se por um lado traz

flexibilidade ao negócio, por outro resulta num maior custo unitário de administração e

uma menor capacitação em gestão, marketing, finanças e recursos humanos, custo que só

será reduzido com o crescimento da empresa.

Todavia, apesar de um maior nível de risco, o investimento em novas empresas

apresenta, em geral, a possibilidade de altos retornos ao investimento, o que poderia atrair

o setor privado. A questão, então, é o gerenciamento do risco. Neste sentido as empresas

de Venture Capital aparecem no cenário com uma participação mais voltada para a gestão

dos riscos. Uma empresa de Venture Capital é uma associação de pessoas ou uma

financeira que busca altos retornos através do investimento direto e o acompanhamento da

gestão de uma carteira de empreendimentos promissores, com prazo maior de maturação e

sem garantias de retorno. Gompers (1995) afirma que o papel dos investidores de Venture

Capital não é somente aportar capital, mas também reduzir o risco dos empreendimentos,

propiciando, desta forma, uma maior probabilidade de sucesso destes. Isto porque,

enquanto o empreendedor está mais voltado às questões técnicas e de produção, o

investidor contribui significativamente com análises de mercado, formais ou informais,

assim como sugestões e propostas em relação à gestão da empresa. Esta atuação tem como

resultado a redução do grau de risco de cada negócio financiado. De forma geral, a gestão

do risco é realizada através de mecanismos tais como diminuir o volume individual de

recursos aplicados, pelo partição dos investimentos entre os aplicadores associados

(denominado de sindicalização do investimento); redução do risco de cada

empreendimento através do acompanhamento de sua gestão; redução do risco global dos

aplicadores, pela diluição do risco na carteira de projetos (princípio do portfólio);

financiamento dos empreendimentos em estágios, com avaliações periódicas de

desempenho; fompensação do risco com o financiamento de empreendimentos com

potencial para altos retornos. Uma questão fundamental apontada na literatura diz

respeito à definição do estágio em que os empreendimentos são financiados. Os estágios

podem ser: Seed Capital (Capital Inicial)- criação de empresas; Start up (Inicializar) -

lançamento de novo produto no mercado; Development (Desenvolvimento)- crescimento

em fase ainda não autofinanciável; Mezzanine - empresa consolidada na busca de novos

produtos e mercados, abertura de filiais, fusões etc.

Nos EUA, conforme47, há uma preferência pelo segundo “round” (rodada) de

47 Roberts (1991)

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investimentos, quando já há algum produto desenvolvido, com um volume significativo de

clientes. Desta forma, em geral, o start up tem que ser financiado com recursos próprios,

do próprio empreendedor. Na Inglaterra, com um mercado de Venture Capital

significativamente menor do que nos EUA, a preferência é para a aplicação em projetos do

tipo mezzanine, sendo mínima a aplicação em estágios iniciais48.

Uma empresa de Capital de Risco tem a estrutura e o processo de funcionamento

seguindo os seguintes passos: formação do fundo; seleção dos empreendimentos; dirigida a

mercados específicos; baseada na proposta de empreendedores; investimento;

acompanhamento da gestão; saída (realização dos lucros): venda a outros investidores e

abertura do capital49.

As etapas cruciais são a seleção dos empreendimentos é a saída do investimento

em cada empresa da carteira. Assim é necessário que a empresa de Venture Capital

especialize-se em alguns mercados para permitir um julgamento mais eficiente das

oportunidades de negócio apresentadas pelos empreendedores. Um estudo50 sobre o

processo decisório do Venture Capital na Suécia aponta que há um trade-off51 entre

especialização e montagem de um portfólio com menor risco. Para compreender o

processo decisório, o autor conceitua incerteza e risco da seguinte forma: Incerteza está

associada ao grau de precisão/imprecisão dos dados associados à informação e o risco está

associado à probabilidade do resultado ser ruim em função de dados não confiáveis

Assim, o risco é função do grau da confiabilidade que as informações têm ou, em

outras palavras, da imprecisão da informação. Desta forma, quanto mais especializado o

analista de riscos (decisor) em um determinado mercado, melhor a confiabilidade das

informações por ele obtidas na avaliação de um determinado empreendimento. Por outro

lado, à medida que os projetos financiados estejam no mesmo setor ou em setores

próximos, amplia-se a correlação positiva entre fracassos e sucessos destes

empreendimentos, implicando em maior probabilidade de fracasso do portfólio como um

todo. O Venture Capital, portanto, deve dosar especialização e ecletismo a fim de

48 (Weyer, 1995)

49Disponível em: Capital de Risco<http://www.google.com.br/search?hl=pt-

BR&q=empresa+de+capital+de+risco- IPT&btnG=Pesquisa+Google&meta=lr%3Dlang_p>t

acesso em 05/2008

50 Landström (1995) 51 Um trade-off se refere, geralmente, a perder uma qualidade ou aspecto de algo, mas ganhando em troca outra qualidade ou aspecto. Isso implica que uma decisão seja feita com completa compreensão tanto do lado bom, quanto do lado ruim de uma escolha em particular.Disponível em: Trade-off<http://pt.wikipedia.org/wiki/Trade-off >Acesso em 04/2008

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minimizar o risco de seu portfólio.

Um outro aspecto crítico no processo de seleção de empreendimentos está ligado

à taxa de seleção projetos. Quanto maior o número de projetos analisados, melhor a

qualidade dos selecionados. O processo de seleção, em síntese compõe-se das fases de

análise rápida preliminar; reunião com o empreendedor para uma apresentação pessoal do

projeto; análise detalhada.

Estudos52 apontam um caso em que um determinado fundo de Venture Capital

analisou mais de 2000 projetos, sendo que nas fases 2 e 3 foram selecionados 150 e no

final de todo processo foram aprovados apenas 45. Pode-se dizer, então, que a massa

crítica de propostas é um dos fatores de sucesso da indústria de Venture Capital nos EUA.

A realização dos altos lucros das empresas de Venture Capital se dá através da

venda das cotas ou ações destas. Esta operação é, portanto, o desfecho de todo o processo,

sendo em muito ajudada pela presença de um mercado de capitais desenvolvido. Uma

tabela publicada pela revista Forbes em outubro de 1995, traz exemplos de empresas

criadas a partir de investimentos de Venture Capital, mostrando taxas de retorno altíssimas.

A Microsoft, por exemplo, recebeu um investimento de US$ 1,4 milhão da Technology

Venture Investors, recebendo em troca 6,1% das cotas de capital da empresa. Estas cotas

foram transformadas em ações e vendidas no mercado financeiro em março de 1986 por

US$ 29,4 milhões. Este retorno, aparentemente impressionante, é ainda pequeno diante do

retorno que os compradores destas ações tiveram. Em outras palavras, se a empresa de

Venture Capital tivesse mantido as ações até 1995, poderia tê-las vendido por US$ 3,1

bilhões.

O financiamento de empreendimentos através de fundos privados tem uma longa

tradição nos EUA, sendo responsável, inclusive pelo financiamento da malha ferroviária

Norte-americana e boa parte da indústria têxtil daquele país no século XIX. Contudo a

Moderna indústria de Venture Capital passou a tomar forma apenas após a Segunda

Guerra53.

Algumas oportunidades de investimento foram criadas a partir dos

desenvolvimentos tecnológicos oriundos da Segunda Guerra, como o suco concentrado de

laranja, desenvolvido para alimentar tropas no campo de batalha e aplicado no suco Minute

Maid.

52 Roberts (1991, op. cit.) 53 Galante & Gleba, 1996

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A guerra fria gerou a preocupação com a velocidade do desenvolvimento

tecnológico em função do avanço tecnológico observado na União Soviética. Em 1957 o

Federal Reserve conduziu um estudo que concluiu que a escassez de financiamento era o

principal obstáculo ao desenvolvimento de novos empreendimentos. Isto ensejou a

aprovação do Small Business Act (lei para pequenas empresas) em 1958, que propunha o

apoio à criação de Small Business Investment Companies, as quais poderiam ter seu capital

financiado, na proporção de três para um (e até quatro para um, a partir de 1976) com

recursos públicos a juros subsidiados. Em menos de quatro anos da publicação da lei, 600

SBIC’s estavam em operação. Ao mesmo tempo desenvolviam-se fundos de Venture

Capital sem as restrições impostas aos SBIC’s, como o tamanho dos empreendimentos

financiados. Em dez anos, os fundos de Venture Capital já haviam superado os SBIC’s, em

termos do volume de capital em operação. Na década de 60 um boom de aberturas de

capital demonstrou o potencial de retornos do Venture Capital nos EUA. A Digital

Equipment, por exemplo, teve seu capital aberto em 1968, gerando para a ARD um retorno

anualizado de 101%. O investimento inicial de US$ 70.000 passou a ter um valor de

mercado de US$ 37 milhões. A década de 70 foi marcada por fortes restrições à ação do

Venture Capital, em função de legislações que visaram controlar o abuso dos gestores de

fundos de pensão à época.

A indústria veio a se recuperar na década de 80 com o forte corte no imposto de

renda em ganhos de capital verificado a partir de 1978 e em função dos excelentes

resultados da abertura de capital de algumas empresas, entre elas a Federal Express em

1978 e Apple Computer Corp e a Genentech, Inc. em 1981. A década de 80 foi a de maior

crescimento no Venture Capital nos EUA. Em 1980 os fundos de Venture Capital

levantaram menos do que US$ 600 milhões. Este número atingiu perto de US$ 4 bilhões

em 1997.

O Venture Capital foi a principal fonte de financiamento das empresas do Silicon Valey

na Califórnia e da Route 128 em Massachussets - hoje tomados como paradigma de

desenvolvimento regional em todo o mundo.

Entre as empresas criadas a partir do Venture Capital nos EUA, podem-se citar as

seguintes: Digital Equipments Corporation; Data General; Apple; Compaq; Sun

Microsystems; Intel; Cypress; Microsoft; Lótus e Amazon.

Dados de 1990 da National Venture Capital Association, deram conta que os EUA

possuíam 664 empresas de Venture Capital, empregando 2600 profissionais, que geriam 36

bilhões de dólares de patrimônio em empresas e investimentos.

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Um estudo realizado em conjunto 54apresenta, para os EUA, em uma amostra de

261 empresas criadas através do Venture Capital as seguintes estatísticas:

a) Criação de 58 mil empregos entre 1985 e 1990;

b) A qualidade e remuneração destes empregos são significativamente maior que

a média norte-americana, gerando 53% de empregos para profissionais de nível superior,

contra uma média de 15%, na força de trabalho dos EUA;

c) O custo de cada emprego é 30% menor do que nas 500 maiores empresas norte

americanas;

d) O investimento em P&D é de 18,4% do patrimônio nas empresas criadas pelo

Venture Capital, contra 7,5% das 500 maiores empresas norte-americanas;

e) O crescimento das 500 maiores empresas norte-americanas no qüinqüênio

1985/1990 foi de 0,6% ao ano. Nas empresas criadas pelo Venture Capital foi de 31% ao

ano.

O sucesso norte-americano nesta área inspirou a implementação deste modelo

para outros países. Hoje são reportadas experiências de aplicação do Venture Capital em

todo o mundo desenvolvido, tendo-se criado na Europa a Associação Européia de Venture

Capital. O Banco Mundial tem, inclusive, um programa de estímulo para a criação de

empresas de Venture Capital através de sua agência IFC.

2.17. A Experiência Brasileira - Setor Público

O Brasil algumas experiências neste sentido foram e estão sendo desenvolvidas. O Funcet -

Fundo de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo - previa, já em 1972, o

investimento de risco em empresas. Em 1976 ocorreu uma reforma na lei de S.A. e em

1977 criou-se a Comissão de Valores Mobiliários, com a finalidade de consolidar o

mercado de papel de risco no Brasil. Apesar disso, esse mercado ainda não está

convenientemente estruturado.

O BNDES criou, em 1974, algumas empresas subsidiárias - IBRASA,

EMBRAMEC, FIBASE, que mais tarde se transformaram no BNDES-PAR. Tais empresas

são destinadas a tomar participação minoritária em companhias que estão carentes de

capital de risco e sem condições de mobilizar diretamente os recursos necessários. Cada

54 Coopers & Lybrand e Venture Economics

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uma destas empresas apresenta finalidades específicas, descritas a seguir:

a) IBRASA - disposição explícita de tomar participações minoritárias e

transitórias

empresa governamental - contribuição às participações através de um conselho de

administração;

b) EMBRAMEC - fomentar projetos de empresas no setor de mecânica e

metalurgia;

c) FIBASE - voltada para projetos de base - química, petroquímica, cimento,

papel e celulose etc).

Cabe ainda destacar o Contec - Condomínio de Capitalização de Empresas de

Base Tecnológica, criado em 1991. Hoje transformado em programa, é destinado a

empresas com faturamento até R$ 15 milhões, e que se enquadrem no conceito de

empreendimentos de base tecnológica, ou seja, empreendimentos que apresentem produtos,

processos ou segmentos de atuação considerados inovadores ou diferenciados. Até

setembro de 1996 foram investidos US$ 27 milhões em 22 empresas, duas das quais já

desinvestidas.

Atuação do BNDESPar

Podem ser destacadas duas formas de atuação da empresa - direta e indireta,

descritas a seguir.

a) Direta montagem e regulamentação de fundos próprios, com o objetivo

posterior de repasse ao mercado, tanto das cotas quanto da administração. Até a finalização

da carteira, o BNDESPar é o único cotista e administrador, tendo como base sua ampla

experiência em operações de capital de risco, inclusive com a criação de mecanismos

específicos e apropriados às pequenas e médias empresas. Após um prazo de dois anos, as

cotas são levadas ao mercado, transferindo-se sua administração para terceiros.

b) Finee/BndesPar - patrimônio de R$ 25 milhões, inteiramente subscrito, a ser

integralizado à medida em que investimentos forem sendo realizados.

c) Mercado de balcão organizado - destinado principalmente à negociação de

empresas de menor porte, regulamentado pela CVM através da Instrução 243, de

01.03.1996, este mercado teria custos inferiores ao de capitais convencionais e deveria

conferir liquidez aos papéis das pequenas e médias empresas, contribuindo para o

investimento nestas sociedades anônimas.

d) Bolsa de Valores do Paraná, em conjunto com a Bolsa de valores do Rio de

Janeiro, criou em 25.06.96, a Sociedade Operadora do Mercado por Acesso, que conta com

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o BNDESPAR entre seus fundadores. É inteiramente informatizada e dispensa a existência

de um local para o pregão e, além disso, ao utilizar a rede já instalada ao Sistema

Eletrônico de Negociação Nacional, para a operação, e a Câmara de Liquidação e

Custódia.

e) Atuação indireta: Fundos Estaduais, regionais, setoriais - contribui para a

formação de fundos administrados por terceiros, por meio de aquisição de cotas e

participação no conselho de investimentos, envolve o assessoramento na formatação e

regulamentação do fundo, permitindo atingir um número de empresas maior. Podem ser

destacados os seguintes fundos que contaram com o apoio do BndesPar: Fundo de

Empresas Emergentes de Santa Catarina, com patrimônio previsto de 30 milhões; com

participação na concepção e criação do Fundo de Empresas Emergentes do Rio de Janeiro,

com patrimônio de 30 milhões; fundos nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Minas

Gerais; encontrando-se também em estudo a formação de fundos setoriais que seriam

formados por empresas de uma mesma cadeia produtiva.

Existem órgãos ligados ao governo federal que tem o papel de incentivar a

inovação e o desenvolvimento tecnológico, entre eles a FINEP, o CNPq e o SEBRAE.

A FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos, órgão da Secretaria de

Planejamento, incentiva projetos inovadores e de alta componente de tecnologia nacional.

Fornece recursos sob a forma de financiamentos de médio prazo, a custos mais baixos do

que o do mercado. Pode também, excepcionalmente, tomar posições minoritárias nesses

projetos.

O CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

desenvolve ações institucionais na área de inovação tecnológica, iniciadas em 1981. Pode-

se destacar a implantação de núcleos de inovação tecnológica em Universidades e centros

de pesquisa e um programa de inovação tecnológica visando fomentar o desenvolvimento e

a transferência de projetos de inovação da universidade para o setor produtivo.

Em São Paulo pode ser destacada a ação da PROMOCET - Companhia de

Promoção de Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de São Paulo; em especial as

ações do CEDIN - Centro de Desenvolvimento das Indústrias Nascentes, em São Carlos.

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2.18. A Experiência Brasileira - Setor Privado

Na década de 70 surgiram no setor privado algumas empresas semelhantes às Venture

Capital. Porém, a natureza das participações tinha caráter permanente, divergindo da ótica

de transitoriedade, característica fundamental para uma Venture Capital. Além disso,

nenhuma forma societária específica as diferenciava de uma holding tradicional55, sendo

que o tratamento fiscal e contábil era idêntico a de qualquer sociedade anônima com

carteira diversificada de participações.

É difícil precisar quantas empresas operam efetivamente como Venture Capital no

Brasil. Estima-se que pelo menos 10 empresas apresentam tais características.

Entre as empresas que se posicionam como de Venture Capital no Brasil pode-se

citar:

a) BRASILPAR (a maior empresa, hoje incorporada a uma Cia de

Seguros); b)RIOPART;

c) ACEL; d) INVESPLAN; e) CRP - Cia Riograndensse de Participações

(amais antiga);

f) PHIDIAS; g) BRASILINTERPART; h) PERNANBUCO S/A.

Estas empresas têm encontrado dificuldades para operarem, nitidamente não

cumprindo a sua missão de criação de novos negócios. Os empreendimentos apoiados no

Brasil são, em geral, de grande porte, ou na expansão de mercados já consolidados como

nas telecomunicações, TV’s a cabo, agribusiness etc. O volume de negócios é bastante

pequeno, não apresentando impacto visível na criação de empresas de pequeno e médio

porte, nem em empresas de base tecnológica.

Um dos principais problemas é a baixa liquidez do mercado de capitais no Brasil,

aliado a uma excessiva regulamentação e entraves burocráticos, que tornam custosas as

operações, tanto na criação de empresas, quanto na venda ou abertura de capital.

Os governos de países desenvolvidos têm apoiado o Venture Capital não pelo

aporte direto de recursos, mas pela agilização do mercado de capitais e também pela

55 Uma sociedade gestora de participações sociais (conhecida em inglês por holding) é

forma de sociedade criada com o objetivo de administrar um grupo delas (conglomerado

empresas componentes de determinado grupo de empresas.

Disponível em:db-pedia- http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_gestora_de_participa%C3%A7%C3%B5es_sociais (acesso em:

10/2007)

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concessão de benefícios fiscais a estas empresas.

No Brasil a CVM - Comissão de Valores Mobiliários - editou a Instrução CVM-

209 de 25 de março de 1994, regulamentando os Fundos Emergentes, facilitando a criação

de sistemas do tipo Venture Capital em empresas não financeiras.

As ações governamentais têm sido pontuais e descoordenadas, não se

configurando numa força política e articuladora de estímulo ao Venture Capital. Diversas

instâncias governamentais e da sociedade civil necessitariam ser acionadas para a

superação de gargalos e a criação de condições propícias ao desenvolvimento deste

instrumento no Brasil.

No Estado de São Paulo estão localizados nove parques tecnológicos e/ou

incubadoras de base tecnológica. Estas indústrias estão concentradas nas regiões de

Campinas, São Carlos e São José dos Campos. Além destas regiões, têm alguma expressão

as regiões da Grande São Paulo, Piracicaba e Barretos. Não obstante, estes dados refletem

os números relativos a empresas que mantém vínculo formal com Parques e Incubadoras

conforme advertido anteriormente.

Com base no levantamento bibliográfico formularam-se algumas hipóteses a

serem checadas no estudo de campo. As principais hipóteses levantadas foram: elevado

nível de escolaridade dos empreendedores, profissões ligadas à ciência aplicada e

engenharia, atuação nos setores de informática e eletrônica (sentido amplo), aglomeração e

especialização por região, origem da tecnologia vinculada a universidade, pequeno

números de sócios, falta de financiamento e proteção legal.

A parte experimental do trabalho foi feita em São Paulo, Paraná e Santa Catarina

6, totalizando 47 empresas e 120 empresários ligados a estas empresas. Contudo, destaca-

se que 80% das empresas estudadas estão localizadas no Estado de São Paulo. O

instrumento utilizado foi um questionário com dois blocos de perguntas - sobre o

empresário e sobre a empresa, os quais foram aplicados por telefone (61%), por correio

(19%), e (20%) por e-mail. Todas as empresas tem vínculo formal com os parques

tecnológicos ou incubadoras de sua região e foram selecionadas aleatoriamente, através do

catálogo dos referidos parques. Paralelamente foram feitas visitas e entrevistas com os

gerentes de incubadoras.

. Os dados sobre renda anterior e atual não puderam ser tabulados pois poucos

entrevistados responderam, entretanto, alguns manifestaram que estão investindo no

momento e, portanto, com a renda atual um pouco abaixo da anterior.

Regiões estudadas: São Carlos (ParqTec, CEDIN), São José dos Campos

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(PoloVale),

Campinas (CIATEC), Florianópolis (CELTA) e Curitiba (INTEC).

Neste capítulo buscou-se, com base na literatura, conceituar e levantar

experiências nacionais e internacionais sobre a gestão e desempenho de empresas de base

tecnológica e o papel do Venture Capital no seu financiamento. Para conhecer o perfil das

empresas brasileiras foi realizada uma pesquisa com empresas filiadas à ANPROTEC, que

tem em sua base de filiados grande parte das incubadoras de base tecnológica do país.

Cabe destacar que a amostra de empresas utilizada restringe-se às empresas geradas em

incubadoras e, apenas, para três Estados da Federação: São Paulo, Paraná e Santa Catarina,

representando, portanto, apenas parte do universo de empresas de base tecnológica

brasileiras.

Empresas de base tecnológica são aquelas cujo principal fator de competição no

mercado é o lançamento de novos produtos ou serviços e que, segundo Abernathy &

Utterback (1978), focalizam sua estratégia competitiva na inovação. São,

portanto,empresas que desenvolvem produtos ou serviços baseados em tecnologias que se

encontram em fases menos maduras de desenvolvimento, o que implica, por um lado, em

grande incerteza quanto às trajetórias que essas tecnologias irão desenvolver mas, em

contrapartida, em grande potencial de expansão do mercado.

Segundo Abernathy & Utterback (1978, op.cit.) as empresas de base tecnológica

podem ser classificadas como de padrão de inovação fluido. Portanto, possuem processos

produtivos flexíveis, que requerem alta qualificação da mão de obra, equipamentos

genéricos, plantas de pequena escala e próximas da fonte da tecnologia, controle

organizacional informal e empreendedor.

Apesar da pequena escala ser fundamental para as estratégias focalizadas na

inovação, existem controvérsias quanto ao papel das pequenas empresas no lançamento das

inovações tecnológicas. As pequenas empresas poderiam tanto assumir o papel de

geradoras da inovação, quanto o de difusoras das novas tecnologias geradas nas

universidades ou grandes empresas, que têm maior capacidade de arcar com as altas

despesas de P&D. Uma das premissas do trabalho aqui apresentado é que a maioria das

pequenas empresas de base tecnológica são oriundas de spin-offs destas instituições.

As competências básicas necessárias para o desenvolvimento de novas

tecnologias, são lastreadas em capacitações de alto nível técnico, com focalização nas

disciplinas de engenharia ou ciências exatas. Este fenômeno resulta em uma menor

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capacitação em administração e marketing, que deve ser buscada externamente às

pequenas empresas, uma vez que desenvolvê-las internamente pode gerar custos

incompatíveis com a escala destas empresas.

Os principais setores que tem na tecnologia o fator crítico de sucesso são

informática, telecomunicações, automação industrial, biotecnologia, novos materiais e

aeroespacial.

Estes setores têm suas estruturas produtivas baseadas em forte infra-estrutura,

pública ou privada, de P&D. Dentre as principais funções de apoio ao processo produtivo

da inovação tem-se o financiamento (governo, Venture Capital), treinamento

(universidade, parques, pólos, e incubadoras) legislação (governo), serviços tecnológicos

(governo, universidade, grandes empresas, parques, pólos e incubadoras), consultoria

(universidade, parques, pólos e incubadoras), fornecimento de infraestrutura urbana

(governo, parques, pólos e incubadoras) apoio à gestão (universidade, pólos e incubadoras

e Venture Capital), isenções e incentivos (governo), geração da invenção, geração de spin-

offs, e transferência de tecnologia (universidade, grandes empresas, parques, pólos e

incubadoras).

De forma geral, observam-se algumas semelhanças entre a experiência norte-

americana e a brasileira na gênese e condução das pequenas empresas de base tecnológica.

Os empreendedores são, em sua maior parte, oriundos de universidades ou instituições de

pesquisa e mantém relações formais ou informais com estas, enquanto operam a empresa.

As tecnologias preponderantes baseiam-se, principalmente, na eletrônica e informática. Os

dados da ANPROTEC mostram que apenas 20% dos produtos das pequenas empresas de

base tecnológica são produtos de consumo final. Seus produtos são, preponderantemente,

de alto valor agregado; preferencialmente, bens de capital, componentes e sistemas

industriais.

Este perfil de produção pode ser explicado pelo fato das pequenas empresas de

base tecnológica, em função de sua escala, terem dificuldade em constituir ou participar de

sistemas amplos de distribuição e de construir e sustentar marcas reconhecidas. O espaço

de atuação destas empresas fica restrito, por conseqüência, aos produtos intermediários,

que exigem menos em termos de custos e infra-estrutura de marketing.

Verifica-se que um apoio em marketing seria fundamental para sucesso de

empresas de base tecnológica. De fato, pode se destacar algumas iniciativas neste sentido.

O Centro de Comercialização Tecnológica – CCT, do SEBRAE, tem caráter nacional

prestando serviços de consultoria em marketing, colocando à disposição espaço físico para

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reuniões e eventos de divulgação, propiciando ainda a participação das empresas em feiras

regulares.

Contudo, a organização de redes de pequenas empresas, articuladas

cooperativamente ou por uma grande empresa, ainda não é um conceito sedimentado nos

órgãos de apoio às pequenas empresas de base tecnológica. Ressalvas, todavia, à

incubadora CELTA de Florianópolis, que tem buscado constituir parcerias com grandes

empresas, denominadas de empresas âncora, as quais, além de clientes potenciais das

empresas incubadas, podem constituir parcerias com as pequenas empresas, para o

desenvolvimento cooperativo de produtos e processos. Além disso, a CELTA tem

incubada uma pequena empresa, cuja missão é desenvolver embalagens para os softwares

desenvolvidos por empresas da incubadora.

Um dos principais problemas das pequenas empresas de base tecnológica, como já

mencionado reside na pouca competência gerencial e de marketing, que deve ser buscada

externamente. Para superação desta restrição, as instituições de apoio desenvolveram

sistemas para a geração e o acompanhamento de planos de negócio e marketing. A

incubadora CELTA é um exemplo a ser mencionado. A CELTA desenvolveu um sistema

de avaliação semestral de todos os negócios incubados, com a participação, como

avaliadores, de prospectivos ou atuais clientes das empresas de base tecnológica. Estes

avaliadores também têm o papel de propor sugestões e, em alguns casos, comprometer-se

com o encaminhamento das propostas junto às empresas incubadas.

No Brasil, há indícios de uma especialização regional em determinados setores.

Como os novos materiais e eletrônica em São Carlos, biotecnologia em Piracicaba,

biotecnologia e informática em Campinas, aeroespacial em São José dos Campos, entre

outras.

A questão da localização concentrada das empresas de base tecnológica deve ser

vista dentro da ótica dos custos de transação. A complexidade das atividades de produção

de inovação, em pequena escala e não padronizadas favorecem a aproximação destas

empresas em clusters tecnológicos.

Outra restrição crítica reside na falta de sistemas de financiamento. O sistema de

Venture Capital tem demonstrado ser um eficiente meio para o encaminhamento desta

questão. O mecanismo do Venture Capital, além do financiamento das atividades de

criação e desenvolvimento das empresas, tem uma função gerencial fundamental para o

sucesso dos empreendimentos. A parceria com financiadores privados traz como

vantagem, o acompanhamento na gestão, a abertura de mercados e uma avaliação

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constante da estratégia e da viabilidade dos negócios.

Os dados da amostra estudada indicam que o capital inicial, com raras exceções,

tem origem no patrimônio próprio do empreendedor. Após o desenvolvimento do produto

e a demonstração de sua viabilidade econômica, observa-se algum tipo de financiamento

externo, de fonte, preponderantemente governamental, via FINEP ou BNDES. O

financiamento privado, apontado como responsável, nos EUA, como um dos principais

fatores de sucesso das empresas de base tecnológica, no Brasil está completamente

ausente. Algumas tentativas têm sido implementadas para emular o sistema de Venture

Capital. Todavia, tais experiências não lograram atender pequenas empresas de base

tecnológica.

O pioneiro e também o mais bem sucedido exemplo de Venture Capital é o

norteamericano.

Deve-se, contudo ressaltar que, diferentemente do que se apregoa, o Venture

Capital nos Estados Unidos não é resultado espontâneo da cultura empreendedora e

propensa a risco dos norte-americanos. Ao contrário, como discutido neste trabalho, o

estímulo governamental foi fundamental para a constituição de um mercado de Venture

Capital, através do Small Business Act - SBA (Lei para pequenas empresas) de 1958.

O SBA baseava-se, principalmente, em incentivos fiscais para o financiamento de

pequenos negócios. As Small Business Investment Companies - SBIC (Companhias de

investimento em pequenos negócios) poderiam ser formadas com financiamento (não a

fundo perdido) do governo na proporção de um para três do setor privado. Há que frisar

que a criação de mais de 600 SBIC nos primeiros quatro anos do programa propiciou a

criação de uma cultura no mercado, que levou à criação de fundos independentes de

Venture Capital. Após dez anos de publicação do SBA os fundos de Venture Capital já

haviam superado as SBIC´s, em termos do volume de capital aplicado.

No Brasil, a grande restrição ao mecanismo de Venture Capital reside na falta de

liquidez do mercado de capitais. É ainda pequeno o número de empresas com capital

aberto e com ações negociadas diariamente. Observa-se, também, uma grande ineficiência

na intermediação dos negócios com ações e a inexistência de um mercado secundário para

debêntures56, por exemplo. Os altos custos de corretagem, por outro lado, viabilizam

56 Debênture é um título de crédito representativo de empréstimo que uma companhia faz junto a terceiros e que assegura a seus detentores direito contra a emissora, nas condições constantes da escritura de emissão.Para emitir uma debênture uma empresa tem que ter uma escritura de emissão, onde estão descritos todos os direitos conferidos pelos títulos, suas garantias e demais cláusulas e condições da emissão e suas características. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Deb%C3%AAnture acesso em: 01/2007

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apenas as operações com grandes volumes de ações ou debêntures de grandes empresas.

Todavia, alguns avanços estão sendo propostos, como a institucionalização de um

“mercado de balcão”, integrado via rede eletrônica. Nos EUA, esta experiência tem obtido

grande sucesso com o sistema NASDAQ, que hoje supera o volume negociado na Bolsa de

Nova York.

O estímulo à formação de fundos de Venture Capital para pequenas empresas,

mormente as de base tecnológica, requer, então, uma ação política organizada junto aos

grupos de interesse no mercado sob a liderança de autoridades governamentais, que

viabilizem um programa de crédito subsidiado com o compromisso de contrapartida do

setor privado. Deve-se levar em consideração o papel de diferentes grupos de interesse na

sociedade. Além do próprio governo, são parceiros necessários as associações empresariais

como sindicatos patronais e associações de classe, os agentes do mercado financeiro, como

corretoras, BOVESPA, BMF, CVM, entre outros. O Congresso Nacional deve, também,

ser sensibilizado para reformas na legislação que removam ou amenizem as restrições

legais para a operação destes fundos.

O Brasil tem hoje alguns programas de incentivo ao desenvolvimento

tecnológico.57 como a Lei 8661 de 1993 e Lei 8248 de 1991. Estes dispositivos, por

princípio, são para empresas já constituídas, muitas vezes estimulando e financiando

atividades tecnológicas já em curso. Verifica-se, portanto, uma lacuna com relação ao

financiamento de novos empreendimentos. Em outras palavras, pode-se vislumbrar um

redirecionamento dos recursos para fazer frente a esta lacuna.

Dado o diagnóstico desta pesquisa de mortalidade, que indicou como uma das

causas principais do fechamento prematuro das empresas as falhas na condução gerencial e

no planejamento no início de um novo negócio, cabe ao SEBRAE aprimorar e intensificar

seus programas de capacitação empresarial, especialmente os voltados à formulação de

planos de negócios, gestão de empresa, aprimoramento contábil das MPE, melhor

conhecimento das características e do potencial do mercado, com ênfase nas fases de

planejamento e desenvolvimento inicial da empresa, além de ações voltadas ao

aprimoramento do espírito empreendedor.

57 Lei 8661 de 1993 e Lei 8248 de 1991.

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CAPITULO III

A Tecnologia da Informação e a Gestão de Empresas-Cultura e Empreendedorismo

Hoje, é necessário prover as populações menos favorecidas com acessos a

tecnologia da informação e comunicação, tornando-os aptos a utilizarem ferramentas e

instrumentais da tecnologia moderna, gerando oportunidades para que possam ampliar seus

conhecimentos e competir de igual para igual no mercado cada vez mais competitivo e

globalizado. Se faz necessário, treinamento gerencial, assessoria e consultoria, com

objetivos de se obter melhores resultados na gestão de suas empresas. Abrangendo os

seguintes temas:

Planejamento e Gestão empresarial, Gestão de Compras, Estoques e finanças,

Gestão de Recursos Humanos e Administração de Marketing. É necessário portanto

ressaltar que o processo de capacitação profissional tem que estar aliado ao

desenvolvimento social e pessoal para que a qualificação profissional tenha êxito.

Acredita-se que medidas inovadoras contribuam decisivamente para a melhoria

das condições empreendedoras e que a essência da estratégia seja contribuir para uma

sociedade capaz de gerir seus próprios negócios com competência e sobrevivência, criando

novos empregos e melhorando a qualidade de vida de toda a comunidade da qual as

empresas fazem parte.

O acesso à informação é hoje um grande desafio para a América Latina. Mais de

400 milhões de indivíduos têm acesso a Internet e novas tecnologias em todo o mundo, e

mais da metade destes estão nos EUA, representando 54,3% desta população. No Brasil,

10,6% da população têm acesso a computadores e 8,0% a Internet58. As populações menos

favorecidas têm uma dificuldade ainda maior no acesso as Tecnologias da Informação e

Comunicação, aumentado ainda mais à exclusão social a qual estão submetidos.

Uma sociedade justa e igualitária requer a criação de oportunidade de

aprendizagem para todos. Hoje é necessário prover as populações menos favorecidas

acessos a Tecnologia da Informação e Comunicação, tornando-os aptos a utilizarem

ferramentas e instrumentais da tecnologia moderna, gerando oportunidades para que

possam ampliar seus conhecimentos e competir de igual para igual no mercado cada vez

mais competitivo e globalizado. Segundo Dolabela, (1999) afirma que o

58 Dados-IBGE(2001)

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empreendedorismo deve conduzir ao desenvolvimento econômico, gerando e distribuindo

riquezas e benefícios para a sociedade.

Tabela 4 - Percentual de pessoas que utilizam a internet

Percentual de pessoas que utilizam a internet na população de 10 anos ou mais de idade(%) Ano 2005

Grandes Regiões

Classes de rendimento mensal domiciliar per

capta

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Total(1) 21 11,9 11,9 26,3 25,5 23,3

Sem rendimento a 1/4 do salário mínimo (2)

3,3 1,5 2,1 6,5 5,6 6,2

Mais de 1/4 a 1/2 salário mínimo

5,9 3,6 4,7 8 7,3 6,4

Mais de 1/2 a um salário mínimo

11,6 8,3 9,6 13,1 12,4 11,8

Mais de 1 a 2 salários mínimos

24,8 18,6 25 25,7 24,1 24,9

Mais de 2 a 3 salários mínimos

42 35,9 43,7 42,2 41,5 42,3

Mais de 3 a 5 salários mínimos

55,2 48,7 54,9 55,7 54,9 57,5

Mais de 5 salários mínimos

69,5 61,2 67,6 69,5 70.1 73,9

IBGE-http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/acessoainternet/defaulttab_hist.shtm(acesso em 20/07/08)

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3.1. Inclusão Digital e Capacitação do Empreendedor

Por estar constantemente diante do novo, o empreendedor evolui através de um processo

iterativo de tentativa e erro, avança em virtude das descobertas que faz, as quais podem se

referir a uma infinidade de elementos, como novas oportunidades, novas formas de

comercialização, de gestão entre outros. No mundo cada vez mais globalizado, a

comunicação e o acesso a informações não são um luxo, mas sim um direito fundamental

dos povos para conseguir um desenvolvimento humano integral, e até mesmo a

sobrevivência, o fortalecimento da democracia com justiça social, a prosperidade

econômica, com eqüidade e a realização do potencial humano em suas múltiplas

dimensões. Informação aplicada aos Negócios são ferramentas que buscam diminuir a

chamada exclusão digital e social das empresas e da população, visando promover as

igualdades sociais, econômicas e políticas. A inclusão digital promove não somente o

acesso, mas também o uso e a apropriação social das tecnologias digitais, para atender as

necessidades das comunidades, desta maneira, a inclusão contribui na melhoria das

condições econômicas, sociais e políticas, melhorando assim a qualidade de vida das

pessoas.

Por cadeia de valor e informação entende-se dados>informação>sabedoria.

O negócio da informação não é somente informação, assim como em todas as

esferas da vida, as pessoas querem agregar valor ao que já sabem ou fazem. [...] “se a

informação é a mais poderosa força de transformação do homem [o] poder da

informação, aliado aos modernos meios de comunicação de massa, tem capacidade

ilimitada de transformar culturalmente o homem, a sociedade e a própria humanidade

como um todo...” (ARAUJO, 1994).

Em todas as comunidades existem muitos conhecimento e sabedoria local que

jamais foram processadas e representas para outros como informação. Igualmente, existem

informações externas disponíveis que podem auxiliar a comunidade local a se

tornar mais sábia e conhecedora de sua potencialidade.

Para aqueles que não tinham o hábito de usar a internet ou de estudar pela web, a

prática está criando uma nova competência, isto é, estão se preparando para usar uma

tecnologia que não usavam antes. Com isto tornam-se empreendedores mais qualificados,

mais preparados para um mercado mais exigente, onde quase tudo já se faz por este meio.

Qualquer empreendimento precisa de um empreendedor preparado, capacitado

para administrá-lo e transformá-lo em um caso de sucesso.

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O século XXI chegou, reafirmando a importância do saber que se encontra à nossa

disposição, das formas mais diversas e nos lugares mais diferentes. Todos nós somos

mestres e somos aprendizes. Temos sempre o que aprender. Temos sempre o que ensinar.

Ser empreendedor significa, acima de tudo, a capacidade de realizar coisas novas,

pôr em prática idéias próprias. Alguns estudiosos do comportamento humano, como por

exemplo o estadunidense David Mc Clelland, dizem que as pessoas podem ser

psicologicamente divididas em dois grupos: um grupo menor que, se desafiado por uma

oportunidade, se dispõe a trabalhar duramente até concretizar o desafio e fazer com que as

coisas aconteçam, e outro grupo, que é formado por uma maioria, não costuma resolver os

seus desafios dessa forma.

Serviços de informação criam a capacidade para uma maior participação no

processo de tomada de decisão em empresas, de forma a construir a capacidade de gerar

produtos de informação e comunicação local, ao mesmo tempo em que influem ou criam

mercados mais competitivos e organizados podendo utilizar a tecnologia e a informação

para trazerem benefícios individuais, comerciais e comunitários.

Atualmente, um negócio para ter sucesso precisa contar com muito mais recursos

do que os empreendimentos de duas décadas atrás. Entre outras coisas, uma boa análise de

mercado somada a um bom gerenciamento e monitoramento de seus números. No caso dos

pequenos negócios, essas atividades estão geralmente sob responsabilidade do dono, que

deve tomar as decisões sobre seu negócio, cada vez mais rápidas e com maior eficácia para

sobreviver. O desenvolvimento dos pequenos negócios é um fenômeno mundial recente e a

maioria dos países que estudam e investem nesta área reconhecem a importância do papel

exercido pelo dono da empresa como um empreendedor. Assim, é importante entendermos

o que vem a ser o empreendedor.

A quantidade e a qualidade das informações de que o empresário dispõe

permanentemente sobre o seu negócio determina a possibilidade de seu empreendimento

estar à frente da concorrência e obter sucesso. É importantíssima, dessa forma, a

capacidade do empresário de aprender permanentemente mais e mais coisas relacionadas à

organização, seus clientes, fornecedores, parceiros, concorrentes e funcionários. Com essas

informações, ele consegue estabelecer metas em bases reais, ou seja, planejar e

desenvolver melhor o seu negócio. Aprender é ter sede de conhecimento. Não existe uma

fórmula mágica para que alguém se torne um empreendedor. O talento só, não é suficiente.

O conhecimento só, não é suficiente. Mas, se o empresário reúne os dois, tem muita chance

de ser um empreendedor de sucesso. Mas com certeza o que determina o sucesso

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empresarial é a determinação, dedicação, trabalho, trabalho e trabalho.

Treinamento para a aplicação de técnicas e conhecimentos de gestão

administrativa, como planejamento estratégico, análise de tendências de seu negócio,

tomada de decisão de forma confiável correndo riscos calculados, com uma visão voltada

para o futuro, almejando novos mercados que aparecerão no futuro, com o objetivo de

obterem melhores resultado na gestão das suas empresas. Promover uma integração entre a

comunidade empresarial proporcionando aos empresários encontros de ensino e

aprendizado simultâneo com trocas de conhecimentos e experiências, através dos

conhecimentos técnicos, científicos e empíricos.

Capacitando empresários de micro e pequenas empresas, em gestão administrativa

e financeira, com os objetivos de disseminar conhecimentos básicos dos sistemas

organizacional das empresas, bem complanejamento, organização, direção, coordenação e

controle; treinamento de análise financeira (análise da viabilidade, margem de lucro,

custos). de comercialização, análise da gestão de caixa, análise de gestão de lucro etc);

desenvolvimento de metodologia e técnicas administrativas que proporcione a sustentação

ao processo de mudanças evolutivas e incorporação de novas tecnologias; melhoria dos

negócios atuais para consolidar vantagem competitiva real, sustentada e duradoura para a

empresa; desenvolvimento de novos negócios para perpetuar a posição competitiva da

empresa visando atingir novos hábitos de consumo e novos clientes potenciais; promoção

de cooperação entre a classe empresarial com a finalidade de obter uma maior vantagem de

competição no mercado e o fortalecimento das empresas; promover técnicas para o

fortalecimento dos produtos ou serviços com adicionamento de valor por meio de

várias formas (melhoria de desempenho do produto ou serviço, redução de custos,

criação de novas utilidades no produto, maior competitividade ao produto, imagem

ampliada ao produto etc); melhoramento da gestão de compras, planejamento estratégico,

sistemas de informação estoques, logística e armazenamento; e a gestão de recursos

humanos. Visando promoverem a aprendizagem em equipe, desenvolvendo a satisfação

pelo trabalho, competência, motivação, compromisso e a criatividade.

O contato com estes profissionais na área empresarial proporcionam melhor

conhecimento da situação das micros e pequenas empresas, bem como, podemos

identificar quais os problemas da organização que inibem o sucesso empresarial, apontar

soluções e formas de correção do problema de gestão, práticas no trabalho e qualificação

profissional e identificando o uso de tecnologias na gestão empresarial como fator de

sucesso. Quanto mais conhecer o ambiente do negócio, aliados a novas técnicas e

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conhecimentos, maiores serão as chances de sucesso do empreendedor.

O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas realiza constantes pesquisas

para prestar melhor ajuda aos seus clientes, os responsáveis pelos pequenos negócios. Em

um desses estudos constatou de cada 100 empreendimentos abertos no Brasil nesta última

década, 35% não completam um ano de vida empresarial, 11% não completam dois anos

de vida empresarial, 10% fecham no terceiro ano de atividades. Assim, 46 % dos que

sobreviveram ao primeiro ano não completam 2 anos de vida empresarial, e 56 % dos

sobreviventes ao segundo ano desaparecem aos 3 anos de vida empresarial, sendo que 70%

fecham com 5 anos. Sendo que alguns fatores têm influenciado esses desaparecimentos

destas empresas tais como: Incompetência gerencial, inexperiência no ramo, inexperiência

em gerenciamento, negligência nos negócios e outros. Ficando claro a importância de um

bom conhecimento gerencial para a sobrevivência da empresa como mostrado no capítulo

II.

A maneira informal de adquirir conhecimento não pode ser a única forma de

desenvolvimento da vocação e capacidade para empreender. Torna-se necessário, diante da

importância do papel que os empreendedores de pequenos negócios têm desempenhado na

atividade econômica no Brasil, procurar cultivar também nas escolas uma cultura

empreendedora. Isto tudo gerada por uma série de fatores como: incompetência gerencial,

inexperiência no ramo, negligência nos negócios, e outros fatores. Conhecendo seus

problemas e procurando levar soluções viáveis para o melhoramento e fortalecimento das

atividades empresariais, abrindo caminhos para as melhores práticas no processo de gestão,

com qualidade e confiabilidade na utilização da gestão de tecnologias e informação

aplicadas ao Gerenciamento das atividades empresariais.

A competição forçou os administradores a buscar maneiras de se manterem

atuando

no mercado, buscando qualidade e competitividade com número crescente de

concorrentes e uma diversificação constante de produtos. A exigência do mercado levou-

os, assim, a reconhecer a necessidade de motivar os indivíduos na organização,

proporcionando-lhes um maior entendimento do significado de seu trabalho. Além disso, a

necessidade de inovação competitiva exigiu que muitas organizações buscassem maneiras

de aumentar tanto o senso de responsabilidade como o grau de poder de ação das equipes,

em todos os níveis. Observa-se que, por mais que tenham sido geradas novas tecnologias,

quer por dificuldade de acesso a informação, quer por falta de discernimento do seu

benefício, esse avanço tecnológico não tem sido acompanhado e implantados pelos

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empresários como sistema gerencial. Esse contraste que existe entre o grande volume de

tecnologias disponíveis e o baixo índice de adoção dessas práticas pelos empresários, deixa

transparecer a fragilidade do processo de transferência de tecnologia e informação, que

claramente pode ser detectado pelo grande número de empresas familiares, onde a cultura é

passada de geração em geração.

A força da TI (Tecnologia da Informação) como papel crítico do sucesso

organizacional está relacionada ao competitivo ambiente de negócios da atualidade. Três

mudanças importantes transformaram tal ambiente, a saber: Surgimento de uma economia

globalizada; transformação de economias/sociedades industriais para economias de serviço

baseadas na informação e conhecimento; Transformação do ambiente de negócio da

empresa.

Numa perspectiva gerencial e de negócios, uma Tecnologia de Informação é uma

solução organizacional e administrativa para desafios e problemas criados num ambiente

de negócios. Em estudo cujo objetivo de explorar, por meio de uma pesquisa de campo

realizada com gerentes da área de Sistemas de Informação, a relação entre variáveis de

capacidade de absorção de tecnologia de informação em cada tipo de cultura

organizacional estudada e prover resultados que suportem a afirmação da importância dos

aspectos culturais na absorção de uma nova Tecnologia de Informação por uma empresa.

A década de 80 testemunhou uma revolução no processamento de banco de dados,

automação de atividades, telecomunicações e outras aplicações da Tecnologia de

Informação.

Na década de 90, as organizações passaram a usar a Tecnologia de Informação

onde estas aplicações não poderiam ter sido consideradas ou mesmo pensadas nos anos

anteriores. O uso de código de barras passou a ser rotineiramente usado em muitas lojas,

assim como sistemas de gerenciamento de estoques e inventários. Os bancos aumentaram o

uso de máquinas para atendimento automatizado dos seus clientes e hoje entre as empresas,

o uso de recursos de comunicação como o voice, image mail já é algo corriqueiro.

Admite-se que as tecnologias de informação venham a assumir um papel ainda

mais saliente nas empresas, ao nível do que acontece aos recursos consagrados: humanos,

capitais ou energéticos (Verde;1981: 41).

Nos dias atuais, dezenas de tecnologias de informação oferecem capacidades para

a tomada de decisão. O grande número disponível, às vezes, torna difícil o discernimento

das diferenças entre os sistemas em TI, assim como os processos para a tomada de decisão.

Freqüentemente, sistemas de TI são especializados em apoiar certos tipos de tomadas de

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decisão.

A Tecnologia de Informação pode ainda ser definida como o conjunto de

programas computacionais, hardware, pessoas, procedimentos, documentações, inputs e

resultados usados no universo dos negócios.

A Tecnologia de Informação consiste na tecnologia que engloba o uso das novas

facilidades e recursos para captação, armazenamento, processamento, recuperação e

disseminação de informações com base nos desenvolvimentos tecnológicos na computação

e nas comunicações.

Com sistemas que são bem estabelecidos e maduros os impactos positivos ou

negativos estão ligados ao efeito sobre o trabalho e a vida social das pessoas.

A evolução dos sistemas operacionais pode representar grandes vantagens não

apenas para as empresas, mas para os empregados também, já que Tecnologia de

Informação permitiria que as pessoas trabalhassem fora do escritório central. Os

empregados poderiam facilmente desempenhar suas tarefas de input ou captura de dados

da estação central estando em qualquer outro lugar.

Sistemas de Supervisão e Controle são vistos como ameaçadores por muitas

seções dentro de uma organização. De fato, os Sistemas têm tido um impacto muito forte

ao levar ao enxugamento da empresa pela redução significativa deste nível gerencial

médio. A Supervisão e Controle estão acima de tudo baseados no julgamento humano.

Como julgamento humano é falível, os Sistemas surgem como uma forma objetiva de

estabelecer regras e critérios para análise e índices de desempenho úteis para as decisões.

Sistemas de planejamento e controle têm impactos no conteúdo, satisfação e

oportunidades de trabalho. O tema da tomada de decisão dentro dos méritos

organizacionais é atender às decisões baseadas em sistemas de computação pois

contribuem para um modelo organizacional eficiente.

Muitos dos impactos de sistemas de comunicação decorrem da extensão

geográfica dos negócios e da necessidade de estabelecer uma rede de comunicação

eficiente entre os empregados em diferentes regiões. Além das vantagens em relação à

dinamização dos processos internos da empresa com a eficiência da comunicação entre os

membros da organização, um atual e muito importante impacto é o desenvolvimento de

novas parcerias de negócios.

Sistemas inter-organizacionais são designados para ligar parceiros de negócios

freqüentemente por meio de um intermediário. Exemplo: sistemas de transferências

eletrônicas de fundos entre bancos.

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Para Davenport (1993), mudança radical ou incremental são termos que sugerem

meios de atingir melhorias necessárias frente à competitividade de mercado atual.

A identificação das necessidades no contexto de alternativas em cenários futuros

pode conduzir à decisão de mudança radical. A mudança incremental, por sua vez, pode

ser mais apropriada para decisões que exigem mudanças rápidas de curto prazo ou em

situações em que a mudança radical é desnecessária.

Ao contrário do que acontece com os sistemas especialistas, os quais são baseados

em princípios Tayloristas, os sistemas atuais de TI buscam entender as necessidades dos

usuários de cada área e a extensão de suas atividades.

A inovação tecnológica é um processo de múltiplos estágios que envolvem o

reconhecimento de uma oportunidade, geração de sistemas que irão dar suporte à

exploração de tal oportunidade, desenvolvimento e testes de protótipos e finalmente uso da

tecnologia em toda a cadeia de processos da organização.

O novo modelo introduz uma estrutura diferenciada nas organizações conhecida

por estrutura matricial que consiste em desenhar estrutura flexível e multifuncional que

favoreça desenvolver projetos que integrem as diversas áreas funcionais, assim como as

diversas regiões constituintes da organização. O sucesso da implementação de TI em

qualquer organização de negócios é dependente da relação entre quatro variáveis: tarefas (o

que é feito); a tecnologia (como será feito); pessoas (utilizam tecnologia para realizar

tarefas) e estrutura (suporte para pessoas realizarem suas tarefas). A dependência mútua

desses quatro elementos pode ser ilustrada no gráfico 11 a seguir.

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Gráf-11 O impacto das Características da Cultura Organizacional na Absorção da Tecnologia da Informação

O ciclo interior da figura representa um tipo de organização que pode ser

caracterizada como burocrática onde predomina um extenso volume de trabalho rotineiro

dentro de uma estrutura rígida. Tal é o caso de organizações como o governo, que podem

ser definidas como “culturas de processos”. Nesse tipo de cultura, geralmente o baixo risco

existente e o trabalho rotineiro resultam em uma relativa desmotivação das pessoas. Esse é

o chamado “Ciclo Taylorista”.

Outra variável organizacional é a estrutura do tipo orgânica. A organização é vista

como mais flexível, mais ágil para reagir às circunstâncias. A teoria da organização sugere

que uma inovação deve ser compatível com a organização e seus valores para que seja bem

sucedida. Segundo Quinn (1998), a tipologia dos valores organizacionais é baseada em 2

dimensões de crença implícitas: espontaneidade e flexibilidade (com respeito à

descentralização e diferenciação) versus previsibilidade e ordem (com respeito à

centralização e integração) externas (com respeito à competitividade e sistema global)

versus internas (com respeito à manutenção do sistema sociotécnico). Isso resulta em 4

culturas: desenvolvimental (flexível e externa), racional (flexível e interna), hierárquica

(previsível e interna) e grupal (previsível e externa).

Os especialistas em Sistemas de Informação sugerem que a maioria das

tecnologias de informação são mais efetivas se elas forem implementadas em organizações

com culturas congruentes, por causa da resistência dos membros da organização.

A capacidade de absorção é dependente de um conhecimento prévio e o

conhecimento dentro da organização permite a armazenagem e a retenção de valor da

ESTRUTURA

orgânica

mecânica

TAREFA incerteza rotina pessoas pessoas TECNOLOGIA

que dirigem conduzidas

desmotivadas

motivadas

PESSOAS

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inovação em Tecnologia de Informação (Cohen e Levinthal, 1990). Administradores de

todos os níveis precisam endereçar o balanço da inovação e formalização, porque a

implementação de tecnologias é contínua em todos os níveis organizacionais.

Administradores que têm habilidade para desenvolver idéias não usuais à cultura e

trazerem-nas para dentro da empresa são mais bem sucedidos para o desenvolvimento da

capacidade de absorção (Berthoin, Dirkes e Hahner, 1997).

Não há padrão de medida da capacidade de absorção. O conhecimento prévio

sugere que ela é cumulativa (Levinthal, 1994). A capacidade de assimilação depende da

aquisição ou absorção de uma informação por uma empresa, bem como de sua capacidade

em explorá-la (Cohen e Levinthal, 1990). Isso depende tanto da interface da empresa com

o meio ambiente, como da transferência de conhecimento por meio das subunidades

(Cohen e Levinthal, 1990). Está claro que a capacidade de assimilação inclui 2 grandes

componentes: conhecimento dentro da organização e uso dos canais de comunicação em

compasso com as fontes de informações externas e internas.

Ao menos dois tipos de conhecimento são requeridos nas inovações em TI:

administração do conhecimento ou conhecimento relacionado ao contexto, tal como tempo

para exploração da nova informação e tecnologias.

O conhecimento técnico ou científico, tal como conhecimento em

desenvolvimento e instalações de TI (Choudhury e Sampler, 1997).

O conhecimento relacionado à exploração pode ocorrer com mais freqüência em

nível administrativo, assim como o conhecimento técnico detalhado é mais freqüente em

níveis de conhecimentos técnicos específicos (Choudhury e Sampler, 1997).

A alta administração determina o balanço entre a aquisição ou desenvolvimento e

a estabilização ou formalização de novas tecnologias (Minner, 1994).

Para experimentações com novas TIs, as organizações devem desenvolver

informações e processar mecanismos capazes de detectar negócios, eventos, mercados e

desenvolvimentos tecnológicos relevantes para sua sobrevivência (Daft e Weick, 1984).

Os valores partilhados pela organização influenciam a atitude com respeito a

aprendizado e mudança. Por exemplo, culturas hierárquicas e seus interesses em controlar

e burocratizar podem ser obstáculos para o potencial aprendizado requerido para

implementar sistemas inter-organizacionais (MacDonald, 1995; Osborn e Hagedoorn,

1997). Culturas de grupo podem dar suporte ao aprendizado por meio de times de

processos. Culturas racionais deveriam encorajar o aprendizado por sua ênfase em

estabelecer direção e produtividade. Então, uma relação positiva é esperada entre as

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culturas desenvolvimental, de grupo e racional e o conhecimento gerencial, enquanto

existe uma relação negativa entre as culturas hierárquicas e o conhecimento gerencial.

A capacidade de assimilação pode existir não somente nos níveis administrativos,

mas também em níveis de implementação: o dos especialistas técnicos. Geralmente os

mecanismos internos, tais como o desenvolvimento pessoal, são usados para construir a

capacidade de assimilação, mas algumas organizações podem simplesmente tentar

“comprar” a capacidade de assimilação por meio da contratação de serviços de consultoria

(Cohen e Levinthal, 1990). O conhecimento crítico necessário para integrar novos

conhecimentos técnicos pode ser ganho somente com experimentos em longo prazo e com

o desenvolvimento pessoal (Cohen e Levinthal, 1990).

Entretanto, uma organização pode possuir conhecimento técnico sem possuir

capacidade de assimilação. A Administração pode ganhar conhecimento técnico por meio

da contratação do melhor profissional técnico, mas sem acrescentar capacidade de

absorção. A Administração deve reter e integrar estas pessoas dentro da organização. O

melhor investimento em capacidade de assimilação é enviar esses profissionais para um

avançado treinamento técnico.

A cultura organizacional influencia as atitudes com respeito à aquisição de

conhecimento em aprendizado cross-funcional (Guha, Grovber, Ketting et al. 1997): o

aprendizado a partir de outros foi o modelo chave observado nas empresas bem sucedidas

em implementação de mudanças nos processos de negócio.

A capacidade de absorção é o conhecimento de recentes desenvolvimentos

tecnológicos em um dado campo de tal forma que ele possa ser assimilado pela

organização (Cohen e Levinthal, 1990). Várias fontes de informação e canais de

comunicação podem prover mapeamento importante do meio ambiente para descobrir

novos desenvolvimentos e oportunidades.

Freqüentemente, as questões de aprendizado organizacional estão relacionadas

com aspectos internos da organização, enquanto a informação externa é também necessária

para a inovação (MacDonald, 1995).

As empresas procuram ganhar conhecimento tecnológico de fontes de informação

e canais de comunicação externos – ex. reuniões entre profissionais, workshops (Zmud,

1983). A existência de um grupo técnico formal aumenta a transferência de conhecimento

técnico de fora para dentro da organização (Zmud, 1983). O maior dos conhecimentos

internos é o uso correto das fontes de informação (Chakrabarti, Feinerman e Fuentevilla,

1983).

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Uma cultura orgânica ou desenvolvimental seria o melhor tipo para a organização

prover ligações necessárias com o meio ambiente (Cohen e Levinthal, 1990). Estudos

recentes sugerem que quando há mais funções representadas em times de

desenvolvimentos de produtos, maior variedade de fontes de informações é usada. Como

resultado, há maior variedade e nível de comunicação externa e melhor desempenho.

Estudos de inovação sugerem que equipes de projetos acessam com maior

freqüência tanto fontes de informação interna como externa, o que é muito importante para

o sucesso da implantação de uma inovação em TI (Nilakanta e Scamell, 1990).

O sistema social dentro do qual o canal de comunicação deve trabalhar é

composto por indivíduos, organizações ou agências que partilham uma cultura comum e

são os adeptos em potencial de inovações (Mahajan e Peterson, 1985).

Recentes estudos também revelam que a cultura modela as percepções da

empresa. Onde um evento em um meio ambiente é consistente com os valores da

organização, esta será capaz de responder mais rapidamente do que se o evento chocar-se

com os valores culturais existentes (Berthoin, Dirkes e Hahner, 1997).

Um canal de comunicação interna é definido como o meio pelo qual a informação

é movida de um ponto a outro dentro da organização. Os canais de comunicação interna

podem prover a integração de membros da organização com a informação externa sobre

uma inovação e levá-los a influenciar a introdução de inovações (Zmud, 1983).

Reuniões e registros permitem uma convergência e compreensão entre

administradores e empregados sobre a natureza das atividades negociais da organização e a

importância de uma dada tecnologia no suporte dessas atividades. Uma cultura que partilha

um maior grau de informação (equipes), desenvolvimento de novos acessos (cultura

desenvolvimental) e maior produtividade (cultura racional) deveria ser aquela que tende a

fazer uso de reuniões e registros para implementação de novas TIs.

A capacidade de absorção organizacional também depende das comunicações

laterais, como a transferência de conhecimento por meio das subunidades (Cohen e

Levinthal, 1990). Toda inovação de TI está ligada às redes sociais e ao conhecimento

técnico (King, Gurbaxani, Kraemer et al., 1994). A experiência cross-funcional é requerida

para favorecer a compreensão da organização, enquanto a falta de comunicação entre

departamentos aumenta o risco de fracasso do grupo.

Quando há muitos grandes projetos em pauta, envolvendo centenas de pessoas, é

necessária uma rede orgânica de equipes auto gerenciáveis a fim de facilitar o sucesso da

transferência de conhecimento (Ayas, 1996).

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É óbvio que todos os computadores do mundo de nada servirão se seus usuários

não estiverem interessados na informação que esses computadores podem gerar.

Informação e conhecimento são, essencialmente, criações humanas, e nunca seremos

capazes de administrá-los se não levarmos em consideração que as pessoas desempenham,

nesse cenário, um papel fundamental.

Infelizmente, as pessoas que administram a tecnologia da informação na maior

parte dessas empresas, têm pouca consideração com as necessidades dos “usuários finais”.

Procuram resolver com tecnologia os problemas informacionais, e, muitos dos quais

resultam da ignorância de como as pessoas e a informações se relacionam. Nosso fascínio

pela tecnologia nos faz esquecer o objetivo principal da informação: informar. O aumento

da largura de banda dos equipamentos de telecomunicações será inútil se os funcionários

de uma empresa não compartilharem a informação que possuem. Sistemas de especialistas

não irão proporcionar informações úteis se as mudanças nessa área de conhecimento forem

muito rápidas, ou se os criadores desses sistemas não puderem encontrar especialistas

dispostos a ensinar o que sabem.

É o cenário da empresa que enfatiza o ambiente da informação, em sua totalidade,

leva em conta os valores e as crenças empresariais sobre a informação (cultura); como as

pessoas realmente usam a informação e o que fazem com ela (comportamento e processos

de trabalho); as armadilhas que podem interferir no intercâmbio de informações (política);

e quais sistemas de informação serão instalados apropriadamente (tecnologia).

Mudar a maneira como as pessoas usam a informação e, como objetivo maior,

construir a cultura informacional favorável à introdução de inovação tecnológica nas micro

e pequenas empresas, é o ponto crucial da ecologia da informação. Empresários e gerentes

descobriram pesarosos, que a dimensão do comportamental e cultural da mudança com

freqüência é a mais difícil de obter. Empresas que procuram aperfeiçoar a qualidade,

redefinir processos ou aumentar a satisfação do cliente percebem que as coisas

aparentemente mais fáceis são, na verdade, as mais difíceis, e o planejamento de novos

processos de trabalho, novas estruturas organizacionais, novas estratégias, parece

brincadeira de criança quando comparado às alterações diárias de comportamento e

atitudes.

As empresas continuam a planejar sistemas complexos e caros de informação que

não podem funcionar a não ser que as pessoas modifiquem o que fazem. Ainda assim,

essas empresas raramente identificam em que o comportamento e a cultura devem mudar,

para que suas iniciativas informacionais obtenham êxito. Até mesmo os termos

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“comportamento organizacional e cultura informacional” são pouco reconhecidos pelos

gerentes. De todos os elementos da “ecologia da informação”,comportamento e cultura são

provavelmente os menos explorados.

Em termos simples, comportamento informacional se refere ao modo como os

indivíduos lidam com a informação. Inclui a busca, o uso, a alteração, a troca, o acúmulo e

até mesmo o ato de ignorar os informes. Consequentemente, quando administramos o

comportamento ligado à informação, tentamos aperfeiçoar a eficácia global de um

ambiente informacional por meio de uma ação combinada.

Enquanto o comportamento envolve atos individuais, a noção de cultura abrange

grupos ou organizações, em particular os valores e as crenças de um grupo. Por cultura em

relação à informação entendo o padrão de comportamentos e atitudes que expressam a

orientação informacional de uma empresa. Culturas, nesse sentido, podem ser fechadas ou

abertas, orientadas por fatos ou baseadas na intuição ou em rumores, de enfoque interno ou

externo, controladas ou autorizadas. A cultura informacional de uma empresa pode

também incluir preferências organizacionais por certos tipos de canais ou meios. Como

exemplo podemos citar a comunicação pessoal em contraposição ao telefone ou à

teleconferência ou as fixas de cadastro em contraposição ao banco de dados.

Este trabalho parte da hipótese de que há uma forte resistência à inovação

tecnológica na área da tecnologia da informação por parte das micro e pequenas empresas.

Acredita-se que essa postura esteja associada à cultura interna das empresas cujo

conservadorismo resiste, seja por insegurança, desconhecimento ou visão equivocada de

relação de custo/benefício a essas inovações. Em quatro milhões de pequenas empresas

(98% do total), 53% não têm microcomputadores, 61% necessitam de programas

aplicativos de gestão e 64% não vêem necessidade ou benefício em realizar a

informatização empresarial 59. Apontam-se como possíveis causas o desconhecimento na

utilidade da informação para negócio e pouca cultura de acesso às tecnologias de

informação. Defasagem tecnológica e aspectos culturais conservadores prejudicam a

competitividade das empresas vistos nos capítulos II e III.

Para uma microempresa a inovação tecnológica pode ser definida como recursos

computacionais de custo relativamente baixo, para fins de controle financeiro e de

produção. Em geral para a implantação dessas tecnologias é necessária consultoria apenas

59 Pesquisa Sebrae e IBGE Disponível em: http://www.sebrae.com.br/customizado/estudos-e-

pesquisas/estudos-e-pesquisas/boletim-estatistico-das-mpe acesso em 03/2008

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para uma boa escolha de equipamentos de informática e ferramentas de software. Esses

equipamentos são geralmente compostos por um ou mais computadores em rede (duas ou

mais máquinas interconectadas) e controladores de ponto e/ou de caixa.

Os dados secundários tratados no capituloII indicam que, para se obter o sucesso

nas vendas, o empresário deve ter bom conhecimento do mercado. Isto pode ser

identificado com alguns aspectos fundamentais da condução dos negócios, como, por

exemplo, conhecimento da clientela potencial e dos produtos que eles procuram. Ademais,

como indica que o empresário deve ter conhecimentos sobre a melhor forma de colocar os

produtos à venda, envolvendo diversos quesitos, como a definição de preços de

comercialização compatíveis com o perfil do mercado, estratégias de promoções das

mercadorias e serviços, marketing etc. 60 e outros fatores de sucesso nos mostram a

disposição e a capacidade empresarial para dirigir o empreendimento, permitindo, por

meio de habilidades naturais, descobrir as melhores chances de negócios, enfrentar os

riscos envolvidos no investimento de recursos financeiros e humanos em uma nova

empresa e conduzir os negócios em meio a adversidades e dificuldades que surgem no dia-

a-dia empresarial. As habilidades que levam à capacidade empreendedora não podem ser

adquiridas, sendo possível, contudo, seu aprimoramento com conhecimentos e técnicas de

liderança e de gestão. O terceiro conjunto de fatores determinantes do sucesso representa a

Logística Operacional do empresário, possibilitando as bases para a criação, sustentação e

crescimento da atividade empresarial. Uma parcela dos empresários que encerraram as

atividades de suas empresa foi entrevistada, possibilitando a avaliação das principais

causas da mortalidade precoce das empresas. Foram apresentadas doze questões para

escolha dos entrevistados, associadas às dificuldades na condução dos negócios. Os

resultados da pesquisa foram agrupados, segundo as características comuns que

apresentam.

De acordo com a tabela 6 mostrada no capítulo II, encontram-se em primeiro

lugar, entre as causas do fracasso, fatos relacionados à falhas gerenciais na condução dos

negócios, devido: a falta de capital de giro (indicando descontrole de fluxo de caixa),

problemas financeiros (situação de alto endividamento), ponto inadequado (falhas no

planejamento inicial) e falta de conhecimentos gerenciais.

Outra pesquisa estudada nesse trabalho mostrada no capítulo II foi a pesquisa do

60 Disponível em: www.sebrae.com.br/mortalidade_empresas/resumoexecutivo.asp (acesso em

10/02/2007)

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Ministério da Ciência e Tecnologia no setor industrial que veio revelar que, entre 1998 e

2000, 31,5% das empresas instaladas no Brasil implementaram algum tipo de inovação,

sendo 6,3% em produtos, 13,9% em processos e 11,3% em produtos e processos. A taxa de

inovação, porém, é muito mais expressiva nas empresas de grande porte e chega a 75,6%

entre aquelas com 500 funcionários ou mais. Das maiores empresas, 79,9% declararam

realizar continuamente pesquisa e desenvolvimento, enquanto nas de menor porte esse

percentual é de apenas 27,8%. No setor industrial, 68% das grandes empresas contratam

pessoas em regime de exclusividade no setor de pesquisa e desenvolvimento.

Nas de menor porte, esse percentual é de apenas 16%, o que parece ser um dos

principais fatores limitantes ao crescimento dessas empresas. Acredita-se que a principal

razão para que pequenas empresas continuem pequenas ou simplesmente quebrem está na

falta de um controle rigoroso e preciso de estoque, faturamento, produtividade, etc. E em

outros casos a falta de controle na produção gera insatisfação do consumidor e bloqueia o

crescimento do estabelecimento. Neste cenário a criação de novas empresas é um

mecanismo fundamental para o desenvolvimento econômico de uma região61. O

crescimento no número de empresas, ao invés do crescimento das grandes empresas,

propicia uma melhor distribuição da renda e o surgimento de novas oportunidades para o

aproveitamento de recursos naturais e humanos.

As empresas novas, contudo, são vítimas de alto índice de mortalidade. Em

análise e estudo realizado, determinou-se uma taxa de mortalidade da ordem de 50% no

segundo ano de existência . Isto pode ser explicado por uma série de barreiras impostas às

pequenas empresas. Entre as principais dificuldades está a falta de crédito junto a

instituições financeiras ou investidores diretos. Em função do risco associado, pequena

reciprocidade e falta de garantias que estas empresas podem apresentar, cobra-se delas, um

maior percentual de risco nas taxas de juros, muitas vezes inviabilizando o negócio.

O risco aliado a empreendimentos recém abertos pode elevar-se sobremaneira,

quando estiver vinculado a inovações tecnológicas, uma vez que estas estão sujeitas não só

a fracassos de mercado como à insucessos técnicos.

61 SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE SÃO PAULO SEBRAE-SPPESQUISA E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO MPEs de Base Tecnológica: conceituação, formasde financiamento e análise de casos brasileiros Realização:Julho/01 Disponível em: http://www.sebraesp.com.br/principal/conhecendo%20a%20mpe/estudos%20setoriais%20e%20regionais/documentos_estudos_setoriais/embatec.pdf (acesso em:10/2007)

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CAPÍTULO IV

Cultura Empresarial e Grande Informatização das MPEs:Uma Pesquisa exploratória

A cultura empresarial se refere aos valores, posturas e comportamentos dentro de

uma empresa. Em algumas empresas grupos costumam praticar esportes como futebol,

tênis, corrida, natação com um envolvimento de vários funcionários em horários extra-

turno. Existe até mesmo a cultura do cafezinho nesta ou naquela divisão da empresa, bem

visto e tolerado pelas chefias. Existem posturas típicas com relação inovação tecnológica,

uso da Internet, e até mesmo religião. Por exemplo, no Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais, INPE, São José dos Campos, São Paulo, funcionários se uniram e construíram

um igrejinha interna onde se celebram missas e reuniões ecumênicas. Há um grupo que faz

canto (coral) no intervalo do almoço. Há o grupo da sauna, dos que praticam corridas e

natação por volta das sete da manha, antes do expediente. Esses hábitos e valores se

desenvolvem ao longo do tempo, se consolidam e passam a fazer parte da cultura da

empresa.

No presente trabalho pretende-se analisar a cultura que se desenvolve nas

microempresas, principalmente no que diz respeito aos valores para o microempresário do

que usualmente se chama inovação tecnológica.

Torna-se então viável a realização de um trabalho de pesquisa (dados primários)

que tenha como objetivo geral conhecer o perfil dos empreendedores das MPEs, seus

sistemas e suas tecnologias de informação e sua cultura associada, para determinar se a

hipótese aqui assumida se confirma ou não. Nesse sentido a pesquisa aqui apresentada é

do tipo dedutiva.

Para caracterizar tais empresas é preciso especificar a sua idade, a idade dos

empresários, verificar o interesse dos empresários em programas de treinamento, inclusive

para os funcionários, avaliar a diferença de faturamento e produtividade das empresas que

aderiram às inovações tecnológicas. Outro fator importante a ser esclarecido será saber se o

apoio das políticas públicas tem sido utilizado pelas MPEs como mostrado no capítuloII.

A pesquisa foi feita a partir de um levantamento de dados através da aplicação de

um questionário em uma amostra de empresas. Foram também considerados os dados

secundários de vasta gama de pesquisas disponíveis na literatura, como aquelas do

SEBRAE e IBGE. O universo dessas pesquisas estatísticas abrange as MPES da cidade de

São Paulo, elaboradas via técnica de amostragem, isto é, extração de ua amostra da

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99

população, com o propósito de se poder inferirmos sobre o universo (população).

O objetivo da pesquisa é analisar a cultura das microempresas da cidade de São

Paulo, com vistas à comprovação da hipótese de que a cultura nelas desenvolvida dificulta

a inovação tecnológica, a produtividade, o seu progresso enfim, e o impacto da referida

cultura na mortalidade das mesmas.

Para se atingir tal objetivo é necessário testar e comprovar a premissa de que a

utilização de tecnologia de informática pelas microempresas tem sido precária,

justificando-se assim a hipótese principal desse trabalho.

Para uma condução consistente do trabalho e atingir o objetivo geral da pesquisa é

necessário conhecer o perfil dos microempresários da cidade de São Paulo no sentido de

entender as razões da pouca utilização da informática em seus estabelecimentos.

A pesquisa é conduzida de forma coerente com as técnicas recomendadas pela

Estatística Aplicada às Ciências Sociais, de tal forma que a natureza do problema possa ser

o universo de microempresas adotado na cidade de São Paulo. Em suma, a realização

dessa pesquisa visa: comprovar/não comprovar a hipótese assumida nessa dissertação de

que é forte a resistência à inovação tecnológica pelos gerentes das MPEs; distinguir as

empresas que necessitam de informatização daquelas que não necessitam no sentido de

classificar e caracterizar cada tipo de empresa; entender a relação entre cultura

organizacional e informatização e como essa relação se aplica a realidade paulistana das

MPEs; verificar se existe conhecimento das políticas de apoio associadas às MPEs por

parte dos microempresários.

Para testar a hipótese desse trabalho temos que conhecer em média quantas

empresas utilizam microcomputadores ou outros equipamentos para fins de controle.

Portanto o primeiro objetivo específico é definir o perfil tecnológico da empresa, isto é, o

que ela possui e como utiliza sua tecnologia de informática. Esses dados permitirão

classificar a empresa como possuidora de tecnologia da informação ou não. O segundo

objetivo específico se refere à classificação das empresas em termos de sua tecnologia da

informação. Assim, para completar o cenário do quadro tecnológico referido acima, é

necessário medir o grau de utilização de informática nas microempresas. Nesse sentido

vamos classificar a empresa, segundo sua tecnologia de informação e comunicação como:

Muito moderna (Totalmente informatizada segundo os padrões da informática atual).

Nesse caso a empresa se utiliza informática na maioria dos seus processos de forma

inteligente e competente, no sentido de buscar a otimização da relação custo/benefício, a

qualidade de seus processos produtivos, a confiabilidade de seus produtos, a integridade de

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100

suas operações, a valorização do seu capital humano, etc. Bastante moderna: o computador

auxilia na administração em quase todos os setores, mas sem a preocupação com o uso das

novas TIs para fins de otimização de seus processos produtivos. Regularmente moderna:

aproximadamente a metade das necessidades fundamentais da empresa é atendida por

hardware e software, mas apresenta ainda setores com processos obsoletos em relação às

atividades típicas de processos informatizadas. Por necessidades fundamentais entende-se

Controle nos processos produtivos, administrativos e clientes. Pouco moderna:

aproximadamente um quarto das necessidades fundamentais é atendido, apresentando,

entretanto, setores carentes de informatização na maioria dos processos produtivos. Não

moderna: a empresa não utiliza recursos de informática em seus processos e atividades

fundamentais.

Visando identificar as empresas que não necessitam de informatização (para filtrar

seu peso na estatística) mede-se alguns dados estruturais da empresa. Para isso é

necessário conhecer: número de funcionários; quantidade média de produtos para venda e

estoque; número de ordens de serviço utilizadas; e número de clientes. Por exemplo, uma

empresa com 5 funcionários nem sempre necessita de controle de ponto. O mesmo se

aplica às empresas que utilizam poucos produtos ou tem poucos clientes. Cada caso deve

ser analisado separadamente no sentido de determinar a necessidade de informatização e

em quais setores essa mudança deve ser feita. Caso se conclua pela não necessidade de

informatização não se pode classificar a empresa segundo a sua tecnologia da informação

nem tirar quaisquer conclusões sobre o impacto da cultura gerencial na inovação

tecnológica da mesma. Portanto elas serão excluídas da análise em questão.(conforme atua

o questionário, anexo III)

É também importante saber se a empresa possui “site” na internet. Novamente

estamos interessados na proporção de empresas que possuem essa característica e sua

relação com a informatização. Ter um site na Internet é um indicador representativo do uso

da informática pela empresa. Acreditamos que microempresários que tenham acesso à rede

têm mais facilidade para inserir programas de informatização em sua empresa por razões

culturais e por razões técnicas já que internet exige um recurso mínimo para instalação.

Temos que conhecer o faturamento dessas empresas para saber se o custo de

computadores é alto demais em comparação ao faturamento das mesmas. Nesse caso a

intenção é saber se a empresa não informatiza por razões de custo/benefício ou se outros

fatores estariam pesando na decisão de se informatizar. O objetivo é conhecer a proporção

de empresas que não informatizam devido à sua capacidade financeira.

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101

Precisamos testar o conhecimento, por parte dos gerentes, de políticas públicas

que apóiem o crescimento de pequenas empresas. Além disso, são necessários dados sobre

o custo que o empresário acredita que teria para adquirir tal tecnologia e comparar sua

estimativa com o custo real da mesma. Novamente o objetivo é obter a proporção de

empresários que conhecem políticas públicas e obter a proporção dos que tem uma noção

realista do custo de tal implantação. Esta análise permite traçar um quadro do

conhecimento do microempresário no que diz respeito aos conhecimentos fundamentais

para implantação e gestão de microempresas bem como de seu conhecimento da área de

informática aplicadas às microempresas.

Descobrir a proporção de microempresários que investiram de forma correta na

sua empresa, ou seja, descobrir se não foi gasto demais e se o treinamento surtiu o efeito

desejado.

Descobrir a proporção de microempresários que acreditam na eficácia da

informatização de sua administração e produção

Detectar a proporção de empresas que não instalam novas tecnologias em razão da

fiscalização.

Em nenhum dos formulários aparecerá o nome da empresa e do empresário, para

resguardar possíveis distorções de respostas.

A pesquisa objetiva obter as seguintes informações:

I. grau de informatização das microempresas da amostra para testar a

hipótese desse trabalho.

II. relação entre uso da internet pelos microempresários e sua aceitação de

inovação tecnológica. Aqui se faz uma tentativa de verificar até que ponto o uso da internet

pelos empresários influencia a informatização e a inovação nas MPEs.

III. relação entre a não informatização e o receio de trabalhar com

informática

IV. relação entre o baixo faturamento da MPE & Aquisição da tecnologia da

informatização

V. conhecimento que os microempresários possuem das políticas públicas

de apoio às micro e pequenas empresas. Informação que o microempresário tem a respeito

do custo de implementação de novas tecnologias relacionadas com a Internet.

VI. conhecimento da cultura desenvolvida na empresa a respeito da Internet.

VII. investimento feito na informatização: custo, treinamento de pessoal para

trabalhar com o novo sistema e principais dificuldades para implementação do sistema.

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102

VIII. visão que o microempresário tem dos benefícios da informatização.

IX. receio que o microempresário possa ter de que seus equipamentos sejam

utilizados contra sua empresa pela fiscalização.

X. evolução do processo produtivo nas empresas, ou seja, qual a freqüência

com que os microempresários mudam seu modo de gerenciamento.

A amostragem dos dados coletados permita generalizar os resultados de acordo

com o universo de empresas adotado na cidade de São Paulo.

Em suma, a realização dessa pesquisa se dá pelas seguintes razões: para

comprovar ou não a hipótese assumida nessa dissertação: a forte resistência a inovação

tecnológica pelos gerentes das MPEs; para distinguir as empresas que necessitam de

informatização das que não necessitam no sentido de classificar as características de cada

tipo de empresa; para entender a relação entre cultura organizacional e informatização e

como essa relação se aplica a realidade paulistana das MPEs; para verificar se existe

conhecimento das políticas de apoio associadas às MPEs por parte dos microempresários.

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103

4.1 Pesquisa Sobre Grau de Informatização das MPEs – Discussão dos

esultados

Nessa seção analisa-se o resultado do questionário submetidos, na forma de

tabelas e gráficos. A seguir mostram-se os dados brutos, ou seja, as tabelas de respostas do

questionário com as informações que serão em breve discutidas no texto. Nas subseções

que seguem, constroem-se gráficos para cada pesquisa baseado na tabela (anexoIII) para

que não seja necessário utilizar as tabelas para tomar decisões.

Como já mencionado esta análise objetiva mostrar se as empresas de fato não são

informatizadas ou não. O histograma a seguir mostra a freqüência de empresas com cada

grau de informatização.

Gráfico 12 Grau de Informatização

543210

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Grau de informatização das empresas entrevistadas

Fre

qu

ên

cia

(e

m p

orc

en

tag

em

)

2

1088

0

72

Histograma Grau de Informatização

Vemos que 72% da amostra não possui informatização alguma enquanto que 28%

possuem pelo menos 40% dos seus serviços informatizados. Assim, como o número de

empresas com nenhuma informatização é muito alto, desse ponto em diante,

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104

classificaremos as empresas em dois tipos:

1- Sem informatização alguma: Dessas, fazem parte 36 empresas da amostra.

2- Com alguma informatização: Da amostra temos 14 nessas condições.

Em estatística, chama-se estimação ao processo de atribuição de um valor a um

parâmetro ao qual está associado algum tipo de incerteza, ou seja, para o qual não se

conhece o valor absoluto. Por exemplo, para encontrar um valor médio de uma população a

partir da observação de uma amostra, tem que se proceder à sua estimação. Os dados

coletados através da pesquisa desenvolvida neste trabalho permite permitem aplicar o

conceito de estimação. Para isso utilizaremos o estimador ∧

p . Em estatística, um estimador

é uma função das observações (dados coletados nesta pesquisa) usada para estimar um

parâmetro da população. Ao valor do estimador chama-se estimativa para inferir sobre a

situação tecnológica das microempresas no contexto geral. Pode se através da estimação

inferir sobre a situação da população a partir de análise amostral e chegar a proporção das

empresas que não são informatizadas. Como a partir da distinção temos que uma empresa é

informatizada ou não informatizada, então ∧

p tem distribuição binomial.

),50(~ pbinp∧

,onde p é a proporção de empresas não informatizadas.

Vamos então realizar um teste para verificar que a proporção das empresas não

informatizadas é pelo menos 60%. Temos então as seguintes hipóteses:

H0 : hipótese nula: 6,0≥p

Ha : hipótese alternativa: 6,0<p

Nas expressões acima H0 é a hipótese nula e como neste trabalho pretende-se

inferir que a proporção de empresas não informatizadas é relativamente alta esperamos um

nível descritivo maior que 95%. Ha é a hipótese alternativa e seria considerada apenas com

nível descritivo abaixo de 5%. Se o nível estiver entre 5% e 95%, então não poderemos

concluir a respeito da proporção de empresas não informatizadas.

Como o nível descritivo calculado foi de 97,2%, aceitamos a hipótese nula. Além

disso, calculamos o erro tipo II e obtivemos que se a proporção fosse 6,0<p , então a

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105

probabilidade de se ter uma amostra com 72,0≥p seria de 5,4%. Concluímos então que

com grande chance, a proporção de empresas não informatizadas é maior ou igual a 60%.

4.2 Pesquisa II – Relação do Uso da Internet pelo Microempresário e Informatização

das Microempresas – Discussão dos Resultados

Essa pesquisa visa inferir se o uso da internet pelos microempresários influencia

de algum modo a informatização de suas empresas. Para tanto, observemos o gráfico

abaixo.

Gráfico 13-Empresários que usam a internet

Informatizada Não informatizada

sim12; 85,7%

não2; 14,3%

sim22; 61,1%

não14; 38,9%

Proporção de empresários que usam internet

Separado pela informatização das empresas

Primeiramente, vemos que o gráfico da esquerda se refere às empresas

informatizadas, enquanto que o gráfico da direita se refere às empresas não informatizadas.

Estes gráficos podem nos levar a acreditar que a internet de fato influencia a

informatização, pois dentre as empresas informatizadas a proporção de empresários que

utilizam a internet é maior do que dentre as empresas não informatizadas.

No entanto devemos nos lembrar que a informatização das empresas, neste

trabalho, está vinculada ao uso de recursos computacionais e, portanto, é razoável imaginar

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que aqueles empresários que possuem computadores estão mais habilitados ao uso da

internet.

Por outro lado, dentre as empresas não informatizadas vemos que a proporção de

empresários que utilizam internet é maior do que a de empresários que não utilizam.

Sendo assim, podemos testar se as variáveis informatização e utilização de

internet são independentes ou não. Para isso usaremos o teste exato de Fisher para tabelas

2x2. Esse teste não faz uso de informação alguma sobre a distribuição das variáveis.

Temos então as hipóteses:

H0 hipótese nula: As variáveis são independentes

Ha hipótese alternativa: As variáveis são dependentes

O nível descritivo calculado foi de 0,1753 e, portanto, devemos aceitar a hipótese

nula. Assim, não há evidências de que a internet influencia a informatização.

4.3 Pesquisa III - Conhecimento do Uso de PCs pelo Microempresário – Discussão

dos Resultados.

Essa pesquisa visa inferir se o receio em usar computadores pelos

microempresários influencia de algum modo a informatização de suas empresas. Para

tanto, observemos o gráfico abaixo.

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107

Gráfico 14-Receio em utilizar PC

Informatizada Não informatizada

tem receio1; 7,1%

não tem receio13; 92,9%

tem receio5; 13,9%

não tem receio31; 86,1%

Relação entre informatização e receio em utilizar PC

Separado pela informatização das empresas

Percebemos que dentre as empresas informatizadas o receito em usar

computadores é um pouco menor do que dentre as empresas não informatizadas que tem

apenas 13,9% dos empresários receosos.

Para testar se há relação entre as variáveis, informatização e receio na utilização

de computadores, faremos o mesmo teste da pesquisa anterior.

O nível descritivo calculado foi de 0,662673 e, portanto, devemos aceitar a

hipótese nula. Assim, novamente não há evidências de que esse receio influencia a

informatização.

4.4 Pesquisa IV- Faturamento da Microempresa – Análise e Discussão dos Resultados

Essa pesquisa visa inferir se o faturamento das microempresas influencia de

algum modo a informatização de suas empresas. Para tanto, observemos o gráfico abaixo.

O faturamento das empresas foi classificado da seguinte maneira:

1- 0 a R$ 18000: baixo faturamento

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2- Mais de R$ 18000: alto faturamento

Essa divisão será em breve esclarecida. Temos assim o gráfico abaixo novamente

separado pela informatização.

Gráfico 15- Fator Faturamento

Informatizada não Informatizada

baixo faturamento2; 13,3%

alto faturamento13; 86,7%

baixo faturamento17; 50,0%

alto faturament17; 50,0%

Relação entre faturamento e informatização

Separado pela informatização das empresas

Inicialmente note que uma das empresas não forneceu o seu faturamento mensal.

Com a divisão mencionada acima, vemos que apenas 2 empresas com baixo

faturamento se informatizaram o que nos leva a inferir que esse é um importante fator de

decisão para os microempresários. Mesmo assim não parece ser um fator determinante,

pois dentre as empresas não informatizadas temos metade (17) com faturamento alto.

De fato, utilizando-se dos testes qui-quadrado e teste exato de Fischer, obtivemos

níveis descritivos abaixo de 5% que indicam que as variáveis informatização e faturamento

são dependentes, ou seja, o faturamento influencia a informatização.

Esse resultado não foi obtido com outra classificação de faturamento e, portanto,

podemos deduzir que R$18000 é um possível limitante para se informatizar uma empresa.

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4.5 Pesquisa V - Conhecimento das Políticas Públicas Pelo Microempresário –

Análise e Discussão dos Resultados.

Essa pesquisa visa inferir se existe alguma relação entre o conhecimento de

políticas de apoio informatização de suas empresas. Para tanto, observemos o gráfico

abaixo.

Gráfico 16- Conhecimento sobre o Apoio das Políticas Públicas

Informatizada Não informatizada

não conhece13; 92,9%

conhece1; 7,1%

não conhece35; 97,2%

conhece1; 2,8%

Relação entre conhecimento de políticas de apoio e informatização

Separado pela informatização das empresas

Vemos que tanto para as empresas informatizadas quanto para as não

informatizadas, apenas um microempresário em cada caso conhece políticas públicas de

apoio às pequenas empresas.

Como nesse caso percebemos que apenas duas empresas (4%) da amostra

conhecem essas políticas, não há a necessidade de se fazer algum teste para verificar que

esse de fato não é um fator contribuinte para que empresários informatizem suas empresas.

Podemos então testar a proporção de empresários que conhecem tais políticas.

Queremos mostrar que a proporção é menor que 20%.

Sejam então as hipóteses:

H0 hipótese nula: 2,0≥p

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110

Ha hipótese alternativa: 2,0<p

A variável em questão segue o modelo binomial. O cálculo do nível descritivo

forneceu 0,1% mostrando claramente que a proporção de empresários que conhecem é

menor que 20%.

Nesse caso o nível descritivo tem uma interpretação mais interessante. Se na

população das empresas, a proporção fosse de 20% de empresários que conhecem as

políticas públicas, então a probabilidade de tomarmos uma amostra com tamanho 50 e

proporção 4% seria de 0,1%, portanto, com grande chance a proporção é menor que 20%.

4.6 Pesquisa VI -Visão do Microempresário sobre a Eficácia da Informatização –

Análise e Discussão dos Resultados

Essa pesquisa visa descobrir se existe relação entre o que os empresários pensam

a respeito da informatização de suas empresas e a informatização de suas empresas. Para

tanto, observemos o gráfico abaixo.

Gráfico 17- Opinião sobre Eficácia da Informatização

Informatizada Não informatizada

não acham eficaz2; 14,3%

acham eficaz12; 85,7%

não acham eficaz28; 77,8%

acham eficaz8; 22,2%

Relação entre opinião sobre eficácia da informatização e informatização

Separado pela informatização das empresas

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111

Podemos notar a complementaridade dos dois gráficos. Enquanto que entre as

empresas informatizadas a proporção de empresários que crêem na eficácia da

informatização é bem maior (85,7%), entre as empresas não informatizadas a situação se

inverte e apenas 22,2% dos empresários acreditam que a informatização auxilia o

gerenciamento produtivo.

Então novamente faremos uso do teste de Fischer para comprovar a dependência

entre as variáveis informatização e opinião a respeito da eficácia da informatização.

O nível descritivo calculado foi de 0,0000609 dando fortes evidências de que as

variáveis são realmente dependentes. Parece então que essa opinião é um forte motivo para

a tomada de decisão.

4.7 Pesquisa VII - Receios do Microempresário Sobre a Fiscalização Quando se Faz

Uso da Informática na Microempresa – Análise e Discussão dos Resultados.

Essa pesquisa pretende verificar se o receio em relação à fiscalização é um

entrave à informatização. Observemos o gráfico abaixo.

Gráfico 18- Medo da Fiscalização

Informatizada Não informatizada

tem receio11; 78,6%

não tem receio3; 21,4%

tem receio30; 83,3%

não tem receio6; 16,7%

Relação entre medo da fiscalização e informatização

Separado pela informatização das empresas

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Podemos notar que a proporção de pessoas que tem medo de que seus

computadores (hipotéticos ou reais) sejam usados pela fiscalização é quase a mesma para

as empresas informatizadas e para as não informatizadas.

Assim, é bastante razoável acreditar que esse receio de fato existe, mas não

impede a informatização.

4.8 Pesquisa VIII - Forma de Gestão das Microempresas – Análise e Discussão dos

Resultados.

Essa pesquisa quer mostrar que o problema da informatização está intimamente

ligado à resistência que os empresários em geral têm para mudar a forma de

gerenciamento. Observemos o gráfico abaixo.

Gráfico 19- Alteração na Forma de Gerenciamento na Empresa

Informatizada Não informatizada

não mudaram1; 7,1%

mudaram13; 92,9%

não mudaram32; 88,9%

mudaram4; 11,1%

Relação entre alteração na forma de gerenciamento e informatização

Separado pela informatização das empresas

Temos uma situação muito semelhante à encontrada na pesquisa VI, ou seja,

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113

dentre as empresas informatizadas apenas uma empresa nunca mudou sua forma de

gerenciamento e, portanto, é informatizada desde a sua criação. Dentre as empresas não

informatizadas apenas 4 mudaram a forma de gerenciamento de produção.

Novamente testamos a independência das variáveis informatização e mudança no

gerenciamento utilizando o teste exato de Fischer que forneceu um nível descritivo de

0,0000001 dando como esperado fortes indícios de que as variáveis são dependentes.

Portanto, outro fator importante para que empresários informatizem suas empresas

está relacionado com a tendência natural de cada um mudar sua forma de gerenciamento

produtivo.

4.9 Análise Geral dos Resultados

A pesquisa I nos garantiu a validade deste trabalho, pois mostrou que pelo menos

60% das pequenas empresas não são informatizadas. Portanto, em meio a era da

informática em que quase todos os equipamentos domésticos são informatizados, os meios

de comunicação não vivem mais sem computadores e estes alcançam pelo menos 24% dos

lares do Brasil, faz todo o sentido estudar o porquê de tantas empresas não aderirem aos

computadores para gerenciamento de seus estabelecimentos.

A pesquisa II mostrou que boa parte dos microempresários utilizam computadores

em casa para acessar a rede mundial e, assim uma possível falta de contato com os pc’s não

pode ser usada para justificar a falta de informatização.

O mesmo resultado foi obtido nas pesquisas III, V e VII, ou seja, também não se

explica a não informatização pelo receio em trabalhar com computadores ou pela falta de

conhecimento das políticas públicas ou mesmo pelo constante medo da fiscalização.

Por outro lado, a pesquisa IV indicou que para pequenas empresas, R$18000 reais

de faturamento ou mais incentivam empresários a informatização. É importante lembrar

que em todas as empresas pesquisadas, havia razões que justificassem a informatização e,

portanto os faturamentos não têm relação com o tamanho ou necessidade das empresas.

As pesquisas VI e VIII talvez forneçam o principal entrave à informatização, pois

mostraram que os empresários não informatizam suas empresas porque não acreditam em

uma melhora no gerenciamento e porque não tem o hábito de questionarem até que ponto

seu modo de organização de produção pode ser melhorado ou está ultrapassado.

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114

Conclusão

Os resultados da pesquisa do capítuloI permitem concluir que as causas da alta

mortalidade das empresas no Brasil estão fortemente ligadas, em primeiro lugar, ás falhas

gerenciais na condução dos negócios, seguida depois, de causas econômicas conjunturais e

tributação.

As falhas gerenciais, por sua vez, podem ser relacionadas à falta de planejamento

na abertura do negócio, levando o empresário a não avaliar de forma correta, previamente,

dados importantes para o sucesso do empreendimento, como por exemplo, a existência de

concorrência nas proximidades do ponto escolhido, a presença potencial de consumidores,

dentre outros fatores.

Por outra vertente o trabalho se concentrou em estudar a informatização nas

empresas como possível solução para negócios prósperos e competitivos. Primeiramente

foi analisado o nível de informatização das micro e pequenas empresas na cidade de São

Paulo e posteriormente tentou-se estabelecer relações entre a cultura gerencial das

empresas em questão e a informatização das mesmas.

A pesquisa realizada neste trabalho permite concluir que um grande número de

empresas não apresentam informatização alguma, contribuindo como visto acima para a

mortalidade das empresas e para o estancamento administrativo e conseqüente não

crescimento dos negócios com razoável potencial.

Foi verificada a forte relação entre informatização e cultura, pois no capítulo I

vimos que as principais razões para a não informatização são: faturamento aliado á falta de

políticas públicas eficientes, falta de visão dos empresários por acreditarem que a

informatização não trará benefícios administrativos e falta de visão crítica dos seus

próprios empreendimentos para observar possíveis problemas e aderir a novas formas de

gerenciamento.

Sob o prisma da educação nota-se que a falta de preparação do cidadão para a

vida empreendedora constitui um forte desestímulo à iniciativa empresarial. Constitui

também fator de risco, pois muitas empresas terminam precocemente suas atividades

exatamente por falta de preparo no que diz respeito ao conhecimento do mundo dos

negócios bem como falta de conhecimento sobre como gerir pequenas empresas.

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115

ANEXO I

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 10.973, DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004.

Regulamento

Dispõe sobre incentivos à inovação e à

pesquisa científica e tecnológica no

ambiente produtivo e dá outras

providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu

sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e

tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação e ao alcance da autonomia

tecnológica e ao desenvolvimento industrial do País, nos termos dos artigos 21862 e 219 da

Constituição.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei, considera-se:

I - agência de fomento: órgão ou instituição de natureza pública ou privada que tenha entre

os seus objetivos o financiamento de ações que visem a estimular e promover o

desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação;

II - criação: invenção, modelo de utilidade, desenho industrial, programa de computador,

topografia de circuito integrado, nova cultivar ou cultivar essencialmente derivada e

qualquer outro desenvolvimento tecnológico que acarrete ou possa acarretar o surgimento

62 CAPÍTULO IV

DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA##Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas.§ 1º - A pesquisa científica básica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso das ciências.§ 2º - A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.§ 3º - O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia, e concederá aos que delas se ocupem meios e condições especiais de trabalho.§ 4º - A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho.§ 5º - É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal.

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de novo produto, processo ou aperfeiçoamento incremental, obtida por um ou mais

criadores;

III - criador: pesquisador que seja inventor, obtentor ou autor de criação;

IV - inovação: introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou

social que resulte em novos produtos, processos ou serviços;

V - Instituição Científica e Tecnológica - ICT: órgão ou entidade da administração pública

que tenha por missão institucional, dentre outras, executar atividades de pesquisa básica ou

aplicada de caráter científico ou tecnológico;

VI - núcleo de inovação tecnológica: núcleo ou órgão constituído por uma ou mais ICT

com a finalidade de gerir sua política de inovação;

VII - instituição de apoio: instituições criadas sob o amparo da Lei no 8.958, de 20 de

dezembro de 199463, com a finalidade de dar apoio a projetos de pesquisa, ensino e

extensão e de desenvolvimento institucional, científico e tecnológico;

VIII - pesquisador público: ocupante de cargo efetivo, cargo militar ou emprego público

que realize pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico; e

IX - inventor independente: pessoa física, não ocupante de cargo efetivo, cargo militar ou

emprego público, que seja inventor, obtentor ou autor de criação.

CAPÍTULO II

DO ESTÍMULO À CONSTRUÇÃO DE AMBIENTES ESPECIALIZADOS E

COOPERATIVOS DE INOVAÇÃO

Art. 3o A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as respectivas agências de

fomento poderão estimular e apoiar a constituição de alianças estratégicas e o

desenvolvimento de projetos de cooperação envolvendo empresas nacionais, ICT e

organizações de direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa e

desenvolvimento, que objetivem a geração de produtos e processos inovadores.

Parágrafo único. O apoio previsto neste artigo poderá contemplar as redes e os projetos

internacionais de pesquisa tecnológica, bem como ações de empreendedorismo tecnológico

e de criação de ambientes de inovação, inclusive incubadoras e parques tecnológicos.

63 Dispõe sobre as relações entre as instituições federais de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica e as

fundações de apoio e dá outras providências.

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117

Art. 4o As ICT poderão, mediante remuneração e por prazo determinado, nos termos de

contrato ou convênio:

I - compartilhar seus laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e demais

instalações com microempresas e empresas de pequeno porte em atividades voltadas à

inovação tecnológica, para a consecução de atividades de incubação, sem prejuízo de sua

atividade finalística;

II - permitir a utilização de seus laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e

demais instalações existentes em suas próprias dependências por empresas nacionais e

organizações de direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa,

desde que tal permissão não interfira diretamente na sua atividade-fim, nem com ela

conflite.

Parágrafo único. A permissão e o compartilhamento de que tratam os incisos I e II do caput

deste artigo obedecerão às prioridades, critérios e requisitos aprovados e divulgados pelo

órgão máximo da ICT, observadas as respectivas disponibilidades e assegurada a igualdade

de oportunidades às empresas e organizações interessadas.

Art. 5o Ficam a União e suas entidades autorizadas a participar minoritariamente do capital

de empresa privada de propósito específico que vise ao desenvolvimento de projetos

científicos ou tecnológicos para obtenção de produto ou processo inovadores.

Parágrafo único. A propriedade intelectual sobre os resultados obtidos pertencerá às

instituições detentoras do capital social, na proporção da respectiva participação.

CAPÍTULO III DO ESTÍMULO À PARTICIPAÇÃO DAS ICT NO PROCESSO DE

INOVAÇÃO

Art. 6o É facultado à ICT celebrar contratos de transferência de tecnologia e de

licenciamento para outorga de direito de uso ou de exploração de criação por ela

desenvolvida.

§ 1o A contratação com cláusula de exclusividade, para os fins de que trata o caput deste

artigo, deve ser precedida da publicação de edital.

§ 2o Quando não for concedida exclusividade ao receptor de tecnologia ou ao licenciado,

os contratos previstos no caput deste artigo poderão ser firmados diretamente, para fins de

exploração de criação que deles seja objeto, na forma do regulamento.

§ 3o A empresa detentora do direito exclusivo de exploração de criação protegida perderá

automaticamente esse direito caso não comercialize a criação dentro do prazo e condições

definidos no contrato, podendo a ICT proceder a novo licenciamento.

§ 4o O licenciamento para exploração de criação cujo objeto interesse à defesa nacional

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118

deve observar o disposto no § 3o do art. 75 da Lei no 9.279, de 14 de maio de 1996.64

§ 5o A transferência de tecnologia e o licenciamento para exploração de criação

reconhecida, em ato do Poder Executivo, como de relevante interesse público, somente

poderão ser efetuados a título não exclusivo.

Art. 7o A ICT poderá obter o direito de uso ou de exploração de criação protegida.

Art. 8o É facultado à ICT prestar a instituições públicas ou privadas serviços compatíveis

com os objetivos desta Lei, nas atividades voltadas à inovação e à pesquisa científica e

tecnológica no ambiente produtivo.

§ 1o A prestação de serviços prevista no caput deste artigo dependerá de aprovação pelo

órgão ou autoridade máxima da ICT.

§ 2o O servidor, o militar ou o empregado público envolvido na prestação de serviço

prevista no caput deste artigo poderá receber retribuição pecuniária, diretamente da ICT ou

de instituição de apoio com que esta tenha firmado acordo, sempre sob a forma de

adicional variável e desde que custeado exclusivamente com recursos arrecadados no

âmbito da atividade contratada.

§ 3o O valor do adicional variável de que trata o § 2o deste artigo fica sujeito à incidência

dos tributos e contribuições aplicáveis à espécie, vedada a incorporação aos vencimentos, à

remuneração ou aos proventos, bem como a referência como base de cálculo para qualquer

benefício, adicional ou vantagem coletiva ou pessoal.

§ 4o O adicional variável de que trata este artigo configura-se, para os fins do art. 28 da Lei

no 8.212, de 24 de julho de 1991, ganho eventual.

Art. 9o É facultado à ICT celebrar acordos de parceria para realização de atividades

conjuntas de pesquisa científica e tecnológica e desenvolvimento de tecnologia, produto ou

processo, com instituições públicas e privadas.

§ 1o O servidor, o militar ou o empregado público da ICT envolvido na execução das

atividades previstas no caput deste artigo poderá receber bolsa de estímulo à inovação

diretamente de instituição de apoio ou agência de fomento.

§ 2o As partes deverão prever, em contrato, a titularidade da propriedade intelectual e a

participação nos resultados da exploração das criações resultantes da parceria, assegurando

64 DA PATENTE DE INTERESSE DA DEFESA NACIONAL # Art. 75. O pedido de patente originário do Brasil cujo objeto interesse à defesa nacional será processado em caráter sigiloso e não estará sujeito às publicações previstas nesta Lei. § 1º O INPI encaminhará o pedido, de imediato, ao órgão competente do Poder Executivo para, no prazo de 60 (sessenta) dias, manifestar-se sobre o caráter sigiloso. Decorrido o prazo sem a manifestação do órgão competente, o pedido será processado normalmente. § 2º É vedado o depósito no exterior de pedido de patente cujo objeto tenha sido considerado de interesse da defesa nacional, bem como qualquer divulgação do mesmo, salvo expressa autorização do órgão competente. #§ 3º A exploração e a cessão do pedido ou da patente de interesse da defesa nacional estão condicionadas à prévia autorização do órgão competente, assegurada indenização sempre que houver restrição dos direitos do depositante ou do titular.

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aos signatários o direito ao licenciamento, observado o disposto nos §§ 4o e 5o do art. 6o

desta Lei.

§ 3o A propriedade intelectual e a participação nos resultados referidas no § 2o deste artigo

serão asseguradas, desde que previsto no contrato, na proporção equivalente ao montante

do valor agregado do conhecimento já existente no início da parceria e dos recursos

humanos, financeiros e materiais alocados pelas partes contratantes.

Art. 10. Os acordos e contratos firmados entre as ICT, as instituições de apoio, agências de

fomento e as entidades nacionais de direito privado sem fins lucrativos voltadas para

atividades de pesquisa, cujo objeto seja compatível com a finalidade desta Lei, poderão

prever recursos para cobertura de despesas operacionais e administrativas incorridas na

execução destes acordos e contratos, observados os critérios do regulamento.

Art. 11. A ICT poderá ceder seus direitos sobre a criação, mediante manifestação expressa

e motivada, a título não-oneroso, nos casos e condições definidos em regulamento, para

que o respectivo criador os exerça em seu próprio nome e sob sua inteira responsabilidade,

nos termos da legislação pertinente.

Parágrafo único. A manifestação prevista no caput deste artigo deverá ser proferida pelo

órgão ou autoridade máxima da instituição, ouvido o núcleo de inovação tecnológica, no

prazo fixado em regulamento.

Art. 12. É vedado a dirigente, ao criador ou a qualquer servidor, militar, empregado ou

prestador de serviços de ICT divulgar, noticiar ou publicar qualquer aspecto de criações de

cujo desenvolvimento tenha participado diretamente ou tomado conhecimento por força de

suas atividades, sem antes obter expressa autorização da ICT.

Art. 13. É assegurada ao criador participação mínima de 5% (cinco por cento) e máxima de

1/3 (um terço) nos ganhos econômicos, auferidos pela ICT, resultantes de contratos de

transferência de tecnologia e de licenciamento para outorga de direito de uso ou de

exploração de criação protegida da qual tenha sido o inventor, obtentor ou autor,

aplicando-se, no que couber, o disposto no parágrafo único do art. 93 da Lei no 9.279, de

1996.65

§ 1o A participação de que trata o caput deste artigo poderá ser partilhada pela ICT entre os

membros da equipe de pesquisa e desenvolvimento tecnológico que tenham contribuído

para a criação.

65 Parágrafo único. Para os fins desta Lei, microorganismos transgênicos são organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana direta em sua composição genética, uma característica normalmente não alcançável pela espécie em condições naturais.

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§ 2o Entende-se por ganhos econômicos toda forma de royalties, remuneração ou quaisquer

benefícios financeiros resultantes da exploração direta ou por terceiros, deduzidas as

despesas, encargos e obrigações legais decorrentes da proteção da propriedade intelectual.

§ 3o A participação prevista no caput deste artigo obedecerá ao disposto nos §§ 3o e 4o do

art. 8o.

§ 4o A participação referida no caput deste artigo será paga pela ICT em prazo não superior

a 1 (um) ano após a realização da receita que lhe servir de base.

Art. 14. Para a execução do disposto nesta Lei, ao pesquisador público é facultado o

afastamento para prestar colaboração a outra ICT, nos termos do inciso II do art. 93 da Lei

no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, observada a conveniência da ICT de origem.

§ 1o As atividades desenvolvidas pelo pesquisador público, na instituição de destino,

devem ser compatíveis com a natureza do cargo efetivo, cargo militar ou emprego público

por ele exercido na instituição de origem, na forma do regulamento.

§ 2o Durante o período de afastamento de que trata o caput deste artigo, são assegurados ao

pesquisador público o vencimento do cargo efetivo, o soldo do cargo militar ou o salário

do emprego público da instituição de origem, acrescido das vantagens pecuniárias

permanentes estabelecidas em lei, bem como progressão funcional e os benefícios do plano

de seguridade social ao qual estiver vinculado.

§ 3o As gratificações específicas do exercício do magistério somente serão garantidas, na

forma do § 2o deste artigo, caso o pesquisador público se mantenha na atividade docente

em instituição científica e tecnológica.

§ 4o No caso de pesquisador público em instituição militar, seu afastamento estará

condicionado à autorização do Comandante da Força à qual se subordine a instituição

militar a que estiver vinculado.

Art. 15. A critério da administração pública, na forma do regulamento, poderá ser

concedida ao pesquisador público, desde que não esteja em estágio probatório, licença sem

remuneração para constituir empresa com a finalidade de desenvolver atividade

empresarial relativa à inovação.

§ 1o A licença a que se refere o caput deste artigo dar-se-á pelo prazo de até 3 (três) anos

consecutivos, renovável por igual período.

§ 2o Não se aplica ao pesquisador público que tenha constituído empresa na forma deste

artigo, durante o período de vigência da licença, o disposto no inciso X do art. 117 da Lei

no 8.112, de 1990.

§ 3o Caso a ausência do servidor licenciado acarrete prejuízo às atividades da ICT

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integrante da administração direta ou constituída na forma de autarquia ou fundação,

poderá ser efetuada contratação temporária nos termos da Lei no 8.745, de 9 de dezembro

de 1993, independentemente de autorização específica.

Art. 16. A ICT deverá dispor de núcleo de inovação tecnológica, próprio ou em associação

com outras ICT, com a finalidade de gerir sua política de inovação.

Parágrafo único. São competências mínimas do núcleo de inovação tecnológica:

I - zelar pela manutenção da política institucional de estímulo à proteção das criações,

licenciamento, inovação e outras formas de transferência de tecnologia;

II - avaliar e classificar os resultados decorrentes de atividades e projetos de pesquisa para

o atendimento das disposições desta Lei;

III - avaliar solicitação de inventor independente para adoção de invenção na forma do art.

22;

IV - opinar pela conveniência e promover a proteção das criações desenvolvidas na

instituição;

V - opinar quanto à conveniência de divulgação das criações desenvolvidas na instituição,

passíveis de proteção intelectual;

VI - acompanhar o processamento dos pedidos e a manutenção dos títulos de propriedade

intelectual da instituição.

Art. 17. A ICT, por intermédio do Ministério ou órgão ao qual seja subordinada ou

vinculada, manterá o Ministério da Ciência e Tecnologia informado quanto:

I - à política de propriedade intelectual da instituição;

II - às criações desenvolvidas no âmbito da instituição;

III - às proteções requeridas e concedidas; e

IV - aos contratos de licenciamento ou de transferência de tecnologia firmados.

Parágrafo único. As informações de que trata este artigo devem ser fornecidas de forma

consolidada, em periodicidade anual, com vistas à sua divulgação, ressalvadas as

informações sigilosas.

Art. 18. As ICT, na elaboração e execução dos seus orçamentos, adotarão as medidas

cabíveis para a administração e gestão da sua política de inovação para permitir o

recebimento de receitas e o pagamento de despesas decorrentes da aplicação do disposto

nos arts. 4o, 6o, 8o e 9o, o pagamento das despesas para a proteção da propriedade

intelectual e os pagamentos devidos aos criadores e eventuais colaboradores.

Parágrafo único. Os recursos financeiros de que trata o caput deste artigo, percebidos pelas

ICT, constituem receita própria e deverão ser aplicados, exclusivamente, em objetivos

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institucionais de pesquisa, desenvolvimento e inovação.

CAPÍTULO IV

DO ESTÍMULO À INOVAÇÃO NAS EMPRESAS

Art. 19. A União, as ICT e as agências de fomento promoverão e incentivarão o

desenvolvimento de produtos e processos inovadores em empresas nacionais e nas

entidades nacionais de direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de

pesquisa, mediante a concessão de recursos financeiros, humanos, materiais ou de infra-

estrutura, a serem ajustados em convênios ou contratos específicos, destinados a apoiar

atividades de pesquisa e desenvolvimento, para atender às prioridades da política industrial

e tecnológica nacional.

§ 1o As prioridades da política industrial e tecnológica nacional de que trata o caput deste

artigo serão estabelecidas em regulamento.

§ 2o A concessão de recursos financeiros, sob a forma de subvenção econômica,

financiamento ou participação societária, visando ao desenvolvimento de produtos ou

processos inovadores, será precedida de aprovação de projeto pelo órgão ou entidade

concedente.

§ 3o A concessão da subvenção econômica prevista no § 1o deste artigo implica,

obrigatoriamente, a assunção de contrapartida pela empresa beneficiária, na forma

estabelecida nos instrumentos de ajuste específicos.

§ 4o O Poder Executivo regulamentará a subvenção econômica de que trata este artigo,

assegurada a destinação de percentual mínimo dos recursos do Fundo Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FNDCT.

§ 5o Os recursos de que trata o § 4o deste artigo serão objeto de programação orçamentária

em categoria específica do FNDCT, não sendo obrigatória sua aplicação na destinação

setorial originária, sem prejuízo da alocação de outros recursos do FNDCT destinados à

subvenção econômica.

Art. 20. Os órgãos e entidades da administração pública, em matéria de interesse público,

poderão contratar empresa, consórcio de empresas e entidades nacionais de direito privado

sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa, de reconhecida capacitação

tecnológica no setor, visando à realização de atividades de pesquisa e desenvolvimento,

que envolvam risco tecnológico, para solução de problema técnico específico ou obtenção

de produto ou processo inovador.

§ 1o Considerar-se-á desenvolvida na vigência do contrato a que se refere o caput deste

artigo a criação intelectual pertinente ao seu objeto cuja proteção seja requerida pela

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empresa contratada até 2 (dois) anos após o seu término.

§ 2o Findo o contrato sem alcance integral ou com alcance parcial do resultado almejado, o

órgão ou entidade contratante, a seu exclusivo critério, poderá, mediante auditoria técnica e

financeira, prorrogar seu prazo de duração ou elaborar relatório final dando-o por

encerrado.

§ 3o O pagamento decorrente da contratação prevista no caput deste artigo será efetuado

proporcionalmente ao resultado obtido nas atividades de pesquisa e desenvolvimento

pactuadas.

Art. 21. As agências de fomento deverão promover, por meio de programas específicos,

ações de estímulo à inovação nas micro e pequenas empresas, inclusive mediante extensão

tecnológica realizada pelas ICT.

CAPÍTULO V

DO ESTÍMULO AO INVENTOR INDEPENDENTE

Art. 22. Ao inventor independente que comprove depósito de pedido de patente é facultado

solicitar a adoção de sua criação por ICT, que decidirá livremente quanto à conveniência e

oportunidade da solicitação, visando à elaboração de projeto voltado a sua avaliação para

futuro desenvolvimento, incubação, utilização e industrialização pelo setor produtivo.

§ 1o O núcleo de inovação tecnológica da ICT avaliará a invenção, a sua afinidade com a

respectiva área de atuação e o interesse no seu desenvolvimento.

§ 2o O núcleo informará ao inventor independente, no prazo máximo de 6 (seis) meses, a

decisão quanto à adoção a que se refere o caput deste artigo.

§ 3o Adotada a invenção por uma ICT, o inventor independente comprometer-se-á,

mediante contrato, a compartilhar os ganhos econômicos auferidos com a exploração

industrial da invenção protegida.

CAPÍTULO VI

DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO

Art. 23. Fica autorizada a instituição de fundos mútuos de investimento em empresas cuja

atividade principal seja a inovação, caracterizados pela comunhão de recursos captados por

meio do sistema de distribuição de valores mobiliários, na forma da Lei no 6.385, de 7 de

dezembro de 1976, destinados à aplicação em carteira diversificada de valores mobiliários

de emissão dessas empresas.

Parágrafo único. A Comissão de Valores Mobiliários editará normas complementares

sobre a constituição, o funcionamento e a administração dos fundos, no prazo de 90

(noventa) dias da data de publicação desta Lei.

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CAPÍTULO VII

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 24. A Lei no 8.745, de 9 de dezembro de 1993, passa a vigorar com as seguintes

alterações:

"Art. 2o ...................................................................

...................................................................

VII - admissão de professor, pesquisador e tecnólogo substitutos para suprir a falta de

professor, pesquisador ou tecnólogo ocupante de cargo efetivo, decorrente de licença para

exercer atividade empresarial relativa à inovação.

..................................................................." (NR)

"Art. 4o ...................................................................

...................................................................

IV - 3 (três) anos, nos casos dos incisos VI, alínea 'h', e VII do art. 2o;

...................................................................

Parágrafo único. ...................................................................

...................................................................

V - no caso do inciso VII do art. 2o, desde que o prazo total não exceda 6 (seis) anos."

(NR)

Art. 25. O art. 24 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, passa a vigorar acrescido do

seguinte inciso:

"Art. 24. ...................................................................

...................................................................

XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por

agência de fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de

uso ou de exploração de criação protegida.

..................................................................." (NR)

Art. 26. As ICT que contemplem o ensino entre suas atividades principais deverão

associar, obrigatoriamente, a aplicação do disposto nesta Lei a ações de formação de

recursos humanos sob sua responsabilidade.

Art. 27. Na aplicação do disposto nesta Lei, serão observadas as seguintes diretrizes:

I - priorizar, nas regiões menos desenvolvidas do País e na Amazônia, ações que visem a

dotar a pesquisa e o sistema produtivo regional de maiores recursos humanos e capacitação

tecnológica;

II - atender a programas e projetos de estímulo à inovação na indústria de defesa nacional e

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que ampliem a exploração e o desenvolvimento da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e da

Plataforma Continental;

III - assegurar tratamento favorecido a empresas de pequeno porte; e

IV - dar tratamento preferencial, na aquisição de bens e serviços pelo Poder Público, às

empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.

Art. 28. A União fomentará a inovação na empresa mediante a concessão de incentivos

fiscais com vistas na consecução dos objetivos estabelecidos nesta Lei.

Parágrafo único. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacional, em até 120

(cento e vinte) dias, contados da publicação desta Lei, projeto de lei para atender o previsto

no caput deste artigo.

Art. 29. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 2 de dezembro de 2004; 183o da Independência e 116o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Antonio Palocci Filho

Luiz Fernando Furlan

Eduardo Campos

José Dirceu de Oliveira e Silva

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 3.12.2004

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ANEXO II

Estatuto das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Lei nº 9.841/99)

A aprovação da Lei nº 9.841/99, de 05 de outubro de 1999, mais conhecida por "Estatuto

da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte", bem com sua regulamentação pelo

Decreto nº 3.474 (19.05.2000), foi um importante marco na história das micro e pequenas

empresas brasileiras.

A denominação "Estatuto" significa que diversos assuntos de interesse das microempresas

e das empresas de pequeno porte foram reunidos em uma só lei, embora a Lei nº 9.841/99

tenha recepcionado integralmente a Lei nº 9.317/96 (Lei do Simples Federal), que regula o

sistema tributário/fiscal aplicável a estas empresas.

Desta forma, o novo Estatuto passa a prever tratamento favorecido às MPEs (Micro e

Pequenas Empresas) nos campos previdenciário, trabalhista, creditício, desenvolvimento

empresarial, não abrangidos pela lei do Simples.

Ou seja, o Estatuto tem por objetivo facilitar a constituição e o funcionamento da

microempresa e da empresa de pequeno porte, assegurando o fortalecimento de sua

participação no processo de desenvolvimento econômico e social e o Simples estabelece

tratamento diferenciado nos campos dos impostos e contribuições.

Conceito

A empresa poderá obter o registro de microempresa ou empresa de pequeno porte e gozar

os benefícios instituídos pelo Estatuto, desde que se enquadre nos conceitos a seguir:

A. microempresa, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que tiver receita bruta

anual igual ou inferior a R$ 244.000,00;

empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que, não

enquadrada como microempresa, tiver receita bruta anual superior a R$ 244.000,00

e igual ou inferior a R$ 1.200.000,00.

Estão excluídas dos conceitos acima as pessoas jurídicas em que haja participação de

pessoa física domiciliada no exterior ou de outra pessoa jurídica;

de pessoa física que seja titular de firma mercantil individual ou sócia de outra

empresa que receba tratamento jurídico diferenciado na forma desta Lei, salvo se a

participação não for superior a 10% do capital social de outra empresa desde que a

receita bruta global anual ultrapasse os limites previstos no item 2.1, acima.

As empresas que se enquadrarem nos conceitos previstos acima e desejarem obter o

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registro de microempresa e empresa de pequeno porte deverão manifestar o seu interesse

junto ao respectivo órgão de registro sem qualquer ônus:

Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas - empresas, exclusivamente,

prestadoras de serviços.

Regime Previdenciário e Trabalhista

As microempresas e as empresas de pequeno porte estão dispensadas do cumprimento das

seguintes obrigações acessórias previstas na legislação trabalhista:

afixação de quadro de horário de trabalho dos empregados, exceto do menor;

anotações das férias dos empregados em livros ou ficha de registro no momento da

concessão;

manutenção do livro de inspeção do trabalho;

empregar e matricular menores de 18 anos (aprendizes) nos cursos especializados

mantidos pelo Senai;

O Estatuto prevê que as fiscalizações trabalhista e previdenciária, sem prejuízo da sua ação

específica, prestarão, prioritariamente, orientação à microempresa e à empresa de pequeno

porte.

E quando for realizada a fiscalização trabalhista, será utilizado o critério da dupla visita

para lavratura de autos de infração, salvo quando for constatada infração por falta de

registro de empregado, de anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS

ou ainda na ocorrência de reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fiscalização.

Apoio Creditício

O capítulo que trata do apoio creditício traz importantes previsões com relação a concessão

de créditos pelas instituições financeiras às MPEs, entretanto tais dispositivos dependem de

normas a serem baixadas pelo Poder Executivo para tornarem-se aplicáveis.

Com o objetivo de dar maior publicidade aos créditos direcionados às microempresas e

empresas de pequeno porte, as instituições financeiras oficiais deverão:

informar os valores das aplicações previstas para o ano seguinte, por setor e fonte

de recursos, inclusive, o montante estimado e condições de acesso;

informar o montante de recursos aplicados, para capital de giro e para

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128

financiamento de investimento;

criar relatório especifico, onde constem o montante previsto pelo planejamento

destas empresas, o montante efetivamente por elas utilizado e análise do

desempenho alcançado;

divulgar os relatórios de que trata este item pela Internet.

O Estatuto prevê ainda a utilização de conceitos de microempresa e empresa de pequeno

porte, segundo as regras adotadas pelo MERCOSUL, exclusivamente para apoio creditício

à exportação:

I - microempresa industrial, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que exerçam

atividade industrial e que tiverem receita bruta anual igual ou inferior a R$ 720.440,00;

II - microempresa comercial ou de serviços, a pessoa jurídica e a firma mercantil

individual que exerçam atividade de comércio ou de serviços e que tiverem receita bruta

anual igual ou inferior a R$ 360.220,00;

III - empresa de pequeno porte industrial, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual

que exerçam atividade industrial e que tiverem receita bruta anual igual ou inferior a R$

6.303.850,00;

IV - empresa de pequeno porte comercial ou de serviços, a pessoa jurídica e a firma

mercantil individual que exerçam atividade de comércio ou de serviços e que tiverem

receita bruta anual igual ou inferior a R$ 2.701.650,00.

Desenvolvimento Empresarial

Outra inovação do Estatuto está no capítulo desenvolvimento empresarial, que determina

que os recursos federais aplicados em pesquisa, desenvolvimento e capacitação tecnológica

na área empresarial, não serão inferior a 20% ao segmento das MPEs.

A legislação estabelece também que os órgãos da Administração Pública que atuem nas

áreas tecnológicas deverão criar mecanismos que facilitem o acesso aos serviços de

metrologia e certificação às micro e pequenas empresas.

O Estatuto prevê ainda que estes órgãos, em conjunto com as entidades de apoio às

microempresas e empresas de pequeno porte, deverão promover programas de capacitação

de recursos humanos na gestão da qualidade e do aumento da produtividade, bem como

desenvolver programas de fomento, articulados com as operações de financiamento.

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No capítulo de comércio exterior, o Estatuto prevê que s órgãos e as entidades da

Administração direta e indireta intervenientes nas atividades de controle das importações e

exportações observarão, para as micro e pequenas emrpesas, os seguintes benefícios:

I - tratamento automático no Registro de Exportadores e Importadores;

II - liberação das mercadorias enquadradas no regime simplificado de exportação nos

prazos máximos abaixo indicados, salvo quando depender de providência a ser cumprida

pelo exportador:

a) 48 horas, no caso de mercadoria sujeita a análise material ou emissão de certificados por

parte dos órgãos anuentes;

b) 24 horas, nos demais casos;

III - não pagamento de encargos, exceto tributos, cobrados a título de expedição de

certificados de produtos, vistos em documentos e autorizações para registro ou

licenciamento, necessários às operações de exportação e importação.

As remessas postais enviadas ao exterior por microempresas e empresas de pequeno porte

serão objeto de procedimentos simplificados de despacho aduaneiro, nos termos e nas

condições fixados pela Secretaria da Receita Federal.

Sociedade de Garantia Solidária

O capítulo VIII da Lei 9.841/99 prevê o surgimento de uma nova sociedade denominada

"Sociedade de Garantia Solidária". Constituída como sociedade anônima, poderá ter

ilimitado número de "sócios investidores" e, no mínimo, 10 micro e/ou pequenas empresas

que detenham o controle acionário da sociedade, denominados "sócios participantes".

O objetivo desta sociedade é conceder garantias creditícias, tipo fundo de aval, aos "sócios

participantes" que se habilitarem, mediante a celebração de contratos e taxa de

remuneração.

Esta sociedade não deve ser confundida com a Sociedade de Crédito ao Micro-

empreendedor, instituída pelo art. 12 da MP nº 1.894-20, de 28 de julho de 1999. Esta, por

sua vez, equipara-se às instituições financeiras para os efeitos da legislação em vigor, e tem

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por finalidade a concessão de financiamentos de natureza profissional, comercial ou

industrial de pequeno porte, bem como às pessoas jurídicas classificadas como

microempresa. O Banco Central disciplinou sua organização e funcionamento através da

Resolução nº 2.627/99.

Órgãos Fiscalizadores

O Ministério da Agricultura e do Abastecimento ou do Ministério da Saúde deverão

aprovar as instalações e equipamentos das microempresas e das empresas de pequeno

porte, antes da entrega da documentação a que estiverem sujeitas.

O Estatuto estabeleceu o prazo máximo de 30 dias para que cada órgão fiscalizador de

registro de produtos procedam a análise para inscrição e licenciamento das MPEs.

Baixa no Registro da Empresa

As firmas mercantis individuais e as sociedades mercantis e civis enquadráveis como

microempresa ou empresa de pequeno porte que, durante cinco anos, não tenham exercido

atividade econômica de qualquer espécie, poderão requerer e obter a baixa no registro

competente, independentemente de prova de quitação de tributos e contribuições para com

a Fazenda Nacional, Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e para com o Fundo de

Garantia do Tempo de Serviço - FGTS.

Uma antiga reivindicação do sistema SEBRAE foi recepcionada pelo Estatuto. As

microempresas enquadradas neste Estatuto poderão propor ação perante o Juizado Especial

de Pequenas Causas.

Protesto de Título

O protesto de título, quando o devedor for microempresário ou empresa de pequeno porte,

é sujeito às seguintes normas:

I - os emolumentos devidos ao tabelião de protesto não excederão 1% do valor do título,

observado o limite máximo de R$ 20,00;

II - para o pagamento do título em cartório, não poderá ser exigido cheque de emissão de

estabelecimento bancário:

III - o cancelamento do registro de protesto, fundado no pagamento do título, será feito

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independentemente de declaração de anuência do credor, salvo no caso de impossibilidade

de apresentação do original protestado.

CHAMADA PÚBLICA MCT/SEBRAE/FINEP/Ação Transversal – Cooperação

ICT’s – MPEs– 07/2006

Recentemente o MCT lançou um projeto para dar apoio financeiro as propostas de

inovações tecnológicas para as MPEs. Cada proposta será analisada de acordo com alguns

critérios e assim denota mais uma política pública no sentido de aumentar a

competitividade das micro e pequenas empresas. A chamada vem logo abaixo:

“O MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA – MCT, por intermédio da

Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP, como Secretaria Executiva do Fundo

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT, responsável pela

implementação do Fundo Setorial de Tecnologia da Informação – CT-INFO, com base na

Lei nº 8.248, de 234/10/1991, regulamentada pelo Decreto no 3.800 de 20/04/2001; do

Fundo Setorial de Petróleo e Gás e do Plano Nacional de Ciência e Tecnologia do Setor

Petróleo e Gás Natural – CT-PETRO, com base na Lei nº 10.261, de 12/07/2001,

regulamentada pelo Decreto nº 3.318, de 30/12/1999; do Fundo Setorial de Energia

Elétrica – CT-ENERG, com base na Lei nº 9.991, de 24/07/2000, regulamentada pelo

Decreto nº 3.867, de 16/07/2001; do Programa de Estímulo à Interação Universidade-

Empresa para o Apoio à Inovação e Competitividade, Fundo Verde Amarelo – FVA, com

base na Lei nº 10.168, de 29/12/2000, regulamentada pelo Decreto nº 3.949, de

03/10/2001, do Fundo Setorial de Transportes Aquaviários e Construção Naval – CT-

AQUAVIÁRIO – criado pela Lei nº 10.893 de 13/07/2004, e regulamentado pelo Decreto

nº 5252, de 22/10/2004, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas – SEBRAE, acolherá propostas para apoio financeiro a projetos de

inovação tecnológica de interesse de Micro e Pequenas Empresas (MPEs) a serem

executados por Instituições Científicas e Tecnológicas – ICTs, públicas ou privadas, em

cooperação com MPEs brasileiras, na forma e condições estabelecidas na presente

Chamada Pública.”

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1. OBJETIVO E CARACTERÍSTICAS

Selecionar projetos de inovação tecnológica de interesse de Micro e Pequenas Empresas

(MPEs) a serem executados por Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs), públicas ou

privadas, em cooperação com MPEs brasileiras inseridas em Arranjos Produtivos locais

(APLs) e no âmbito das prioridades estabelecidas na Política Industrial Tecnológica e de

Comércio Exterior (PITCE), quais sejam:

a) Ações horizontais: aumento da competitividade das empresas pela inovação;

adensamento tecnológico e dinamização das cadeias produtivas; incremento dos gastos

com pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

b) Opções estratégicas: semicondutores/microeletrônica, software e bens de capital, exceto

os segmentos de fármacos e medicamentos que serão apoiados em Chamada específica

(CARTA-CONVITE MCT/MS/FINEP – Ação Transversal – Cooperação ICTs - Empresas

- INOVAÇÃO EM PRODUTOS TERAPÊUTICOS E DIAGNÓSTICOS – 08/2006).

c) Áreas portadoras de futuro da PITCE: biotecnologia; nanotecnologia; biomassa/energias

renováveis.

d) Projetos dos segmentos industriais das cadeias produtivas de Petróleo e Gás Natural,

exceto para os temas relativos a óleos pesados, dutos e tecnologias de gás natural, que

serão apoiados em Chamada específica (CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/ CT-

PETRO – PROJETOS ESTRATÉGICOS 01/2006).

Esse trabalho também vai estudar esse projeto para verificar como pode efetivamente

mudar o grau de tecnologia das empresas e ampliar sua força na competição global.

As propostas de inovações tecnológicas analisadas por esse projeto são de caráter

especifico e visam alterar completamente a produção das empresas. Portanto não nos

concentraremos nelas, mas sim no efeito que elas podem ter na cultura de gerenciamento e

qual sua real contribuição.

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ANEXO III

Questionário:

Tendo em vista que o objetivo principal deste trabalho consiste em conhecer o perfil do

microempresário paulistano no que se refere à sua abertura para a inovação tecnológica,

queremos, com uma amostra de aproximadamente 50 empresas, conhecer a proporção dos

empresários que utilizam recursos computacionais para alavancar seu empreendimento.

Buscam-se também, através dos dados, caracterizar a finalidade associada ao uso dos

referidos recursos computacionais. Em terceiro lugar quer-se discutir que razões esses

empresários tiveram para inserir computadores em suas empresas. E finalmente busca-se

conhecer as causas da não implementação de recursos informatizados para os

empreendimentos daqueles que não fazem uso de computadores.

As questões de 1 até 4 no questionário são de caráter organizacional da pesquisa e não se

destinam a nenhuma informação específica.

A informação I da subseção 3.2.3 Organização da pesquisa, deve ser analisada a partir das

questões 5, 6 e 7 mostradas abaixo. Para se medir o grau de informatização de uma

empresa, precisamos a princípio conhecer sua necessidade, ou seja, em que lugares na

empresa deve-se inserir equipamentos para automatizar serviços a fim de agilizar

processos. Em segundo lugar verifica-se em qual desses setores de fato existe

informatização. Sendo assim, a questão 5 diz respeito as características da empresa, a 6 e 7

cuidam dos pontos de informatização da empresa.

A informação II será obtida a partir da questão 8 que busca dados a respeito da utilização

da internet pela empresa e pelo empresário. Com essa informação poderemos saber se

existe alguma relação entre empresas informatizadas e a eficiência dos seus sistemas de

informação bem como a abertura do empresário para a inovação tecnológica é quase uma

imposição quando se faz uso da Internet.

A informação III é rastreada na questão 9, que busca saber se o empresário tem receio de

trabalhar com informática.

A informação IV deve ser obtida através da questão 9 que visa obter dados sobre a relação

entre o faturamento da empresa com a sua capacidade para a aquisição da tecnologia da

informação. Queremos saber quantos empresários não adquirem a tecnologia da

informação por razões de custo. Em outras palavras, queremos saber se a empresa não

informatiza sua empresa por não possuir recursos financeiros para investimento.

A informação V visa conhecer o quanto o empresário sabe a respeito do custo que teria

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para adquirir um sistema informático e o quanto sabe a respeito de políticas públicas de

apoio as MPEs. A questão 10 do questionário objetiva rastrear esses dados.

A informação VI visa avaliar a cultura desenvolvida na empresa a respeito das novas

tecnologias associadas à Internet e são rastreadas pelas questões 11.

A informação VII é a primeira que busca conhecer a forma como a inovação tecnológica

da Internet foi implantada na empresa e se isto foi feito de forma correta. A questão 12

objetiva prover estas informações.

A informação VIII é obtida via questão 13, que rastreia os conhecimentos do empresário

sobre os benefícios da Informatização da empresa.

A informação IX busca analisar o receio dos microempresários a respeito da fiscalização.

Por essa razão, as empresas não terão seus nomes reais neste trabalho. A questão 14 traz

esses dados.

A informação X novamente visa a cultura de gerenciamento. Aqui o objetivo é analisar

com qual freqüência microempresários alteram seu modo de administração, com ou sem

inserção de tecnologia. A hipótese a ser testada aqui é de que em geral as empresas não

alteram seus processos por sua natureza receosa de grandes mudanças. As questões 15 e 16

trazem tais dados

Questionário

1-Formulário no

2-Ramo de atividade

3-Idade da empresa (anos completos)

4-Idade do empresário

5-Características da empresa:

5.1 De quantos departamentos/divisões é constituída sua empresa?

(_)

5.2 Sua empresa utiliza recursos computacionais?

(_) Sim

(_) Não

5.4 Quantos funcionários a empresa possui?

(_)

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135

5.5 Quantas ordens de serviço ou pedidos essa empresa emite por dia?

(_)

5.6 Sua empresa mantém estoque:

(_) Muito grande

(_) Grande

(_) Médio

(_) Pequeno

(_) Muito Pequeno

(_) Nenhum

5.7 Como contabiliza o material em estoque:

(_) Automaticamente via programa de computador

(_) Contagem manual

(_) Não contabiliza

5.8. Sua empresa possui alguma logística para reposição de estoque ou

fornecimento imediato de produto em falta:

(_) Sim

(_) Não

6. Sobre o volume de negócios e utilização de informática na sua empresa

6.1. Quantos clientes a empresa atende por dia, em média?

(_)

6.2. Qual seu volume de negócios aproximadamente, por mês, em reais?

(_)

7. (pontos de informatização da empresa)

7.1Os microcomputadores de sua empresa são utilizados para:

(_) Folha de pagamento

(_) Serviço de relógio de ponto

(_) Administração financeira de caixa

(_) Controle de estoque

(_) Controle de produção

(_) Controle de clientes e pedidos

(_) Pesquisas

(_) Outros. Especificar: _________________________________________

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8 . Busca dados a respeito da utilização da internet pela empresa e pelo empresário.

8.1 A empresa está conectada à internet?

(_) Sim

(_) Não

Em caso afirmativo:

8.2. Sua empresa possui site na rede?

(_) Sim

(_) Não

8.3. Qual o objetivo do site?

(_) Divulgação

(_) Interação com Clientes

(_) Confecção cadastros

(_) Venda produtos e serviços

(_) Outros. Especificar: _____________________________________

8.3. Sua empresa faz pesquisa de mercado via Internet?

(_) Sim

(_) Não

8.4. Você considera interessante vender ou comprar através do e-commerce?

(_) Sim

(_) Não

8.5. Você usa uma política de segurança para o uso da Internet?

(_) Sim

(_) Não

8.6. Você utiliza internet em casa para fins de trabalho?

(_) Sim

(_) Não

8.7. Você acha que o sistema de informação da sua empresa ficou mais eficiente

com o uso da Internet?

(_) Sim

(_) Não

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Em caso negativo (A empresa não usa a Internet)

8.8. Marque as alternativas que explicam suas razões para não utilizar a Internet

(_). Acha que a Internet traz problemas de segurança

(_). Acha que a Internet afeta o rendimento dos funcionários

(_). Acredita ser inútil para sua empresa

9. Busca saber se o empresário tem receio de trabalhar com informática.

9.1 Você não informatizou sua empresa por que:

(_). Porque seu faturamento é baixo comparado com o custo da

tecnologia de informatização

(_). Você não acredita que a informatização possa gerar retornos

significativos.

(_). Não entendo de informática e não quero me arriscar.

10. A respeito do custo que teria para adquirir um sistema informático e o quanto sabe a

respeito de políticas públicas de apoio as MPEs.

10.1. Sua estimativa de custo para a aquisição da tecnologia:

(_) Extremamente alta

(_) Alta

(_) Razoável

(_) Não faço idéia

10.2. Conhece algum programa de governo de apoio a MPEs?

(_) Sim

(_) Não

10.3. Você se utiliza algum dos programas do governo de suporte a MPE?

(_) Sim

(_) Não

10.4. Conhece os serviços de orientação tecnológica e apoio ao microempresário do

SEBRAE?

(_) Sim

(_) Não

11. Avalia a cultura desenvolvida na empresa a respeito das novas tecnologias associadas à

Internet

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11.1 Você acha que a utilização da Internet na sua empresa

(_). Está sendo muito boa e traz ganhos de produtividade

(_). Está muito ruim e prejudica a produtividade

(_) Promoveu dispensas de funcionários e isto foi muito bom

(_) Promoveu dispensas de funcionários e isto foi ruim

(_) Exigiu treinamento de pessoal, mas foi um investimento muito bom

(_) Exigiu treinamento de pessoal e foi um investimento caro demais

12.busca conhecer a forma como a inovação tecnológica da Internet foi implantada na empresa

e se isto foi feito de forma correta

12.1. Você acha que as mudanças com a introdução da Internet na sua empresa

(_). É necessária porque trará melhorias e contextualizará a empresa no

âmbito da tecnologia da informação atual

(_). É desnecessária porque nosso sistema sempre funcionou bem e não há

razões para mudanças

13. Sobre a aquisição de tecnologia:

13.1. Você aplicou a tecnologia TCO (Custo Total de Propriedade) e RI (Retorno

de Investimento) quando informatizou sua empresa

(_) Sim

(_) Não

13.2. Qual o valor aproximado de seu investimento na informatização da sua

microempresa?

R$_________________

13.4 Foi necessário treinamento de pessoal para utilização de inovações na

área de informática?

(_) Sim

(_) Não

13.5. Houve consultoria para aquisição de tecnologia?

(_) Sim

(_) Não

13.4. Quais os principais problemas enfrentados para a implementação das novas

tecnologias na sua empresa

(_) Aceitação da nova tecnologia pelo pessoal

(_) Treinamento

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(_) A grande alteração na rotina da empresa

14. Conhecimentos do empresário sobre os benefícios da Informatização da empresa.

conhecimentos do empresário sobre os benefícios da Informatização da empresa.

14.1 Sobre o fisco na sua empresa

14.2. Você acredita que um computador instalado na empresa pode servir de

atrativo para fiscais?

(_) Sim

(_) Não

14.3. Esse poderia ser um motivo para não informatizar sua empresa?

(_) Sim

(_) Não

15. Aqui o objetivo é analisar com qual freqüência microempresários alteram seu modo de

administração

15.1. Acredita que a informatização pode ajudar na administração da sua empresa?

(_) Sim

(_) Não

15.2. Você acredita que essa informatização vai otimizar o serviço e aumentar o

rendimento?

(_) Sim

(_) Não

15.3 Em quais setores da empresa a informatização seria útil para fins de controle?

(_). Produção

(_). Ponto

(_). Estoque/almoxarifado

(_). administração

15.4. Já foi elaborado algum estudo sobre a viabilidade de informatizar sua

empresa?

(_) Sim

(_) Não

16. A hipótese a ser testada aqui é de que em geral as empresas não alteram seus

processos por sua natureza receosa de grandes mudanças.

16.1.O modo como você administra sofreu alguma mudança desde que você fundou

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sua microempresa?

(_) Sim

(_) Não

16.2. Sua logística de armazenamento de mercadorias e/ou peças sofreu alguma

alteração desde a fundação de sua microempresa?

(_) Sim

(_) Não

16.3. O processo de sua folha de pagamento sofreu alguma alteração desde a fundação

de sua microempresa?

(_) Sim

(_) Não

16.4. O processo de cadastramento em sua empresa teve alguma alteração desde a

fundação da sua microempresa?

(_) Sim

(_) Não

16.5. Já houve problema de desvio de dinheiro que poderia ter sido evitado se

houvesse um processo informatizado na contabilidade da empresa?

(_) Sim

(_) Não

16.6. Já houve problema com controle de almoxarifado que eventualmente

poderia ter sido evitado num processo informatizado?

(_) Sim

(_) Não

16.7. Já houve problema com pagamento de funcionário que eventualmente

poderia ter sido evitado num processo informatizado?

(_) Sim

(_) Não

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Empresas Grau de

informatização Empresários usam internet

Receio com

relação ao uso de 1 4 sim não 2 0 sim não 3 0 não não 4 0 sim não 5 0 não sim 6 0 não não 7 0 não não 8 0 sim não 9 4 sim não 10 2 não não 11 0 sim não 12 0 não sim 13 3 sim não 14 5 sim não 15 0 sim não 16 0 sim não 17 0 sim não 18 3 sim não 19 3 sim não 20 0 não não 21 0 sim não 22 2 sim não 23 0 não não 24 0 sim não 25 2 não não 26 0 não não 27 4 sim não 28 4 sim não 29 0 sim não 30 4 sim sim 31 0 sim não 32 3 sim não 33 0 sim não 34 0 sim sim 35 0 sim não 36 0 sim não 37 0 sim não 38 0 não não 39 0 não não 40 0 sim não 41 0 sim não 42 0 sim não 43 0 não não 44 0 sim não 45 0 não não 46 0 não não 47 2 sim não 48 0 sim não 49 0 sim sim 50 0 não sim

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Empresas Faturamento Mensal Conhece politicas de

apoio

Custo de

informatização 1 R$ 30.000 sim R$ 15.000,00 2 R$ 30.000 não R$ 0,00 3 R$ 20.000 não R$ 0,00 4 R$ 6.000 não R$ 2.000,00 5 R$ 20.000 não R$ 0,00 6 R$ 15.000 não R$ 0,00 7 R$ 18.000 não R$ 0,00 8 R$ 25.000 não R$ 0,00 9 R$ 40.000 não R$ 20.000,00 10 R$ 40.000 não R$ 2.000,00 11 R$ 12.000 não R$ 0,00 12 R$ 25.000 não R$ 0,00 13 R$ 40.000 não R$ 6.000,00 14 R$ 30.000 não R$ 10.000,00 15 R$ 12.000 não R$ 0,00 16 R$ 10.000 não R$ 0,00 17 R$ 18.000 não R$ 0,00 18 R$ 20.000 não R$ 20.000,00 19 R$ 25.000 não R$ 10.000,00 20 R$ 25.000 não R$ 0,00 21 R$ 15.000 não R$ 0,00 22 R$ 10.000 não R$ 4.000,00 23 R$ 30.000 não R$ 0,00 24 R$ 40.000 não R$ 4.000,00 25 R$ 40.000 não R$ 3.000,00 26 R$ 30.000 sim R$ 0,00 27 R$ 25.000 não R$ 50.000,00 28 não R$ 0,00 29 R$ 40.000 não R$ 4.000,00 30 R$ 25.000 não R$ 0,00 31 R$ 20.000 não R$ 0,00 32 R$ 45.000 não R$ 10.000,00 33 R$ 30.000 não R$ 0,00 34 R$ 35.000 não R$ 0,00 35 R$ 20.000 não R$ 0,00 36 R$ 15.000 não R$ 0,00 37 R$ 35.000 não R$ 0,00 38 R$ 25.000 não R$ 15.000,00 39 R$ 30.000 não R$ 8.000,00 40 R$ 15.000 não R$ 0,00 41 R$ 12.000 não R$ 0,00 42 R$ 20.000 não R$ 0,00 43 R$ 12.000 não R$ 0,00 44 R$ 12.000 não R$ 0,00 45 R$ 12.000 não R$ 0,00 46 R$ 30.000 não R$ 0,00 47 R$ 12.000 não R$ 2.000,00 48 R$ 12.000 não R$ 1.800,00 49 R$ 12.000 não R$ 0,00 50 R$ 12.000 não R$ 0,00

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143

Empresas eficacia da

informatização

fiscalização como

problema

Mudaram a forma de

gerenciamento 1 sim sim sim 2 sim não não 3 não sim não 4 não não sim 5 não sim não 6 não sim não 7 não não não 8 sim sim não 9 sim sim sim 10 não sim não 11 não não não 12 não sim sim 13 sim sim sim 14 sim não sim 15 não sim não 16 não sim não 17 não sim não 18 sim sim sim 19 sim sim sim 20 não sim não 21 não sim não 22 sim sim sim 23 não sim não 24 sim sim não 25 sim sim sim 26 sim não não 27 sim não sim 28 sim não sim 29 sim sim sim 30 não sim sim 31 não não não 32 sim sim sim 33 não sim sim 34 não sim não 35 não sim não 36 não sim não 37 não sim não 38 não sim não 39 não sim não 40 sim sim não 41 sim sim não 42 sim sim não 43 não sim não 44 não sim não 45 não sim não não sim não

47 sim sim sim 48 não sim não 49 não sim não não sim não

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