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1 UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA CURSO DE MESTRADO 2006 RELAÇÃO ENTRE COMPOSIÇÃO CORPORAL E GASTO ENERGÉTICO DE REPOUSO EM MULHERES IDOSAS: ESTUDO A PARTIR DA CALORIMETRIA INDIRETA E DA BIOIMPEDÂNCIA ELÉTRICA MARCIA VAL MIYAMOTO

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1

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

CURSO DE MESTRADO

2006

RELAÇÃO ENTRE COMPOSIÇÃO CORPORAL E GASTO

ENERGÉTICO DE REPOUSO EM MULHERES IDOSAS:

ESTUDO A PARTIR DA CALORIMETRIA INDIRETA E DA

BIOIMPEDÂNCIA ELÉTRICA

MARCIA VAL MIYAMOTO

2

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Programa De Pós Graduação Stricto Sensu Em Educação Física

RELAÇÃO ENTRE COMPOSIÇÃO CORPORAL E GASTO

ENERGÉTICO DE REPOUSO EM MULHERES IDOSAS: ESTUDO

A PARTIR DA CALORIMETRIA INDIRETA E DA BIOIMPEDÂNCIA

ELÉTRICA

Marcia Val Miyamoto

Dissertação de Mestrado apresentada

à Universidade São Judas Tadeu para

obtenção de título de Mestre.

3

Orientadora: Prof a . Dr a . Sandra Maria Lima Ribeiro

4

Miyamoto, Marcia Val Relação entre composição corporal e gasto energético de

repouso em mulheres idosas: estudo a partir da calorimetria

indireta e da bioimpedância elétrica./ Marcia Val Miyamoto. -

São Paulo, 2006.

Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2006.

Orientador: Dra. Sandra Maria Lima Ribeiro

Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878

5

Dedico esta dissertação à minha família,

Antonia Ap. Val Miyamoto, Jorge

Katsutoshi Miyamoto e Cassio Val

Miyamoto

6

AGRADECIMENTOS

À orientadora, Sandra Maria Lima Ribeiro, que acreditou, acompanhou,

orientou, aconselhou durante esta “longa jornada”;

Às minhas “irmãs”, Camila Maria de Melo e Zirlene Adriana dos Santos,

que acompanharam e participaram do desenvolvimento do trabalho;

A todos do Laboratório do Movimento Humano, que mesmo sem

participarem diretamente deste trabalho, dividimos nossas angústias e muitas

vezes, passamos mais tempo juntos do que com nossas famílias;

Ao meu namorado, Giuliano Fabbrini Menquini, que conviveu, participou

e me acompanhou nesta jornada;

Finalmente, pela paciência e confiança das minhas avaliadas!

Obrigada a todos!

7

ÍNDICE

RESUMO................................................................................................................................................11

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................................14

HIPÓTESES PARA O DESENVOLVIMENTO DO PRESENTE PROJETO.........................................15

2. OBJETIVOS:......................................................................................................................................15

3. REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................................................16

3.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO................................................................... 16

3.2. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E SUA IMPORTÂNCIA EM INDIVÍDUOS IDOSOS .................................. 16

3.2.1. Avaliação Dietética .......................................................................................................... 17

3.2.2. As Recomendações Atuais (DRIs) .................................................................................. 18

3.2.3. Avaliação Antropométrica................................................................................................ 19

3.2.4. Avaliação Bioquímica ...................................................................................................... 25

3.2.4.1. Lipídeos Plasmáticos e Riscos Nutricionais..................................................................... 25

3.3. GASTO ENERGÉTICO E ENVELHECIMENTO ............................................................................ 28

3.4. ATIVIDADE FÍSICA E ENVELHECIMENTO ................................................................................. 31

4. MATERIAL E MÉTODOS:.................................................................................................................34

4.1. SUJEITOS:........................................................................................................................... 34

4.1.1. Critérios de inclusão ........................................................................................................ 34

4.1.2. Critérios de exclusão: ...................................................................................................... 34

4.2. PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS PARA COLETAS DE DADOS .............................................. 35

4.2.1. Anamnese geral............................................................................................................... 35

4.2.2. Caracterização do nível de atividade física..................................................................... 35

4.2.3. Avaliação do consumo alimentar..................................................................................... 35

4.2.4. Dados antropométricos e bioimpedância ........................................................................ 35

4.2.5. Coleta do consumo de oxigênio e cálculo do gasto energético em repouso.................. 37

4.2.6. Cálculo do gasto energético total .................................................................................... 40

4.2.7. Predições do gasto energético ........................................................................................ 40

4.2.8. Coleta de material biológico: ........................................................................................... 41

4.3. ETAPAS DA COLETA DE DADOS: ............................................................................................ 42

4.4. PLANO DE ANÁLISE DOS DADOS:........................................................................................... 42

5. RESULTADOS...................................................................................................................................43

8

5.1. ANÁLISE DO GRUPO TODO.................................................................................................... 43

5.2. ANÁLISE DO GRUPO SUBDIVIDIDO DE ACORDO COM A CLASSIFICAÇÃO DO IMC........................ 54

5.3 ANÁLISE DO GRUPO SUBDIVIDIDO DE ACORDO COM A CLASSIFICAÇÃO DO NÍVEL DE ATIVIDADE

FÍSICA ........................................................................................................................................ 63

6. DISCUSSÃO......................................................................................................................................67

6.1. PARÂMETROS DE COMPOSIÇÃO CORPORAL........................................................................... 67

6.2. PARÂMETROS DO BALANÇO ENERGÉTICO.............................................................................. 73

7. CONCLUSÕES..................................................................................................................................86

8. ABSTRACT........................................................................................................................................87

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................89

10. ANEXOS ........................................................................................................................................103

10.1. ANEXO 1: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ......................................... 103

10.2. ANEXO 2: PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ................................................ 105

10.3. ANEXO 3. ANAMNESE.................................................................................................... 108

10.4. ANEXO 4. MODELO DO QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA (IPAQ) –

VERSÃO CURTA ....................................................................................................................... 109

10.5. ANEXO 5. DIÁRIO ALIMENTAR ........................................................................................ 114

9

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 3.1 Equações para predição da gordura corporal, a partir da bioimpedância .............. 23

Tabela 4.1. Determinação do fator de múltiplicação do gasto basal, proposta pela OMS,

considerando nível de atividade física (IPAQ). ....................................................... 40

Tabela 4.2. Fórmulas utilizadas para calcular o GER pelas fórmulas preditas......................... 40

Tabela 5.1. Freqüência das doenças relatadas pelas idosas. .................................................. 43

Tabela 5.2. Variáveis antropométricas e de bioimpedância no grupo avaliado........................ 44

Tabela 5.3. Classificação dos parâmetros de composição corporal pelas idosas.................... 45

Tabela 5.4. Valores de gasto energético calculado e estimado nas idosas ............................. 46

Tabela 5.5. Análise de correlação entre o gasto energético calculado e as predições ............ 47

Tabela 5.6. Correlação do gasto energético de repouso e gasto energético repouso com

variáveis antropométricas e de bioimpedância. ...................................................... 48

Tabela 5.7. Valores relativos ao balanço energético nas idosas avaliadas.............................. 51

Tabela 5.8. Consumo de colesterol. Fibras e micronutrientes pelas idosas............................ 52

Tabela 5.9. Diferenças antropométricas e de bioimpedância comparando os grupos de IMC.55

Tabela 5.10. Classificação dos parâmetros de composição corporal pelos grupos deIMC ..... 55

Tabela 5.11. Análise por BIA das idosas de acordo com os grupos de IMC............................ 56

Tabela 5.12. Média dos valores do GER comparados entre os grupos de IMC....................... 56

Tabela 5.13. Distribuição em média e desvio padrão dos valores de colesterol total e frações e

glicemia nos grupos de IMC .................................................................................... 57

Tabela 5.14. Correlação entre colesterol total e frações com IMC........................................... 57

Tabela 5.15: Análise do balanço energético de acordo com o grupo de IMC .......................... 57

Tabela 5.16. Diferenças antropométricas de acordo com o nível de atividade física............... 64

Tabela 5.17. Classificação dos parâmetros de composição corporal pelos grupos de acordo

com o nível de atividade física ................................................................................ 64

Tabela 5.18. Analise de BIA de acordo com o nível de atividade física ................................... 64

Tabela 5.19. Valores médios da avaliação do GER, de acordo com o nível de atividade física

................................................................................................................................. 65

Tabela 5.20. Classificação da glicemia e colesterol total e frações de acordo com os níveis de

atividade física. ........................................................................................................ 65

Tabela 5.21. Diferenças entre GET, ingestão energética e o balanço energético. .................. 66

10

ÍNDICE DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 3.1. Plotagem da impedância......................................................................................... 21

Figura 3.2. Modelo do circuito de uma célula............................................................................ 22

Figura 3.3. Derivação do modelo eletrofísico............................................................................ 23

Figura 3.4. Pontos anatômicos para medida de bioimpedância ............................................... 24

Figura 4.1. Bioimpedância modelo 450e ................................................................................... 37

Figura 4.2. Aparelho VO 2000 ................................................................................................... 31

Figura 4.3. Acessórios VO 2000................................................................................................ 37

Figura 4.4. Indivíduo sendo preparado para o exame .............................................................. 39

Figura 4.5. Indivíduo sendo avaliado......................................................................................... 39

Figura 4.6. Esquema da coleta de dados.................................................................................. 42

Gráfico 5.1. Avaliação do risco de desenvolvimento de doenças crônicas a partir dos

parâmetros circunferência da cintura e relação cintura/ quadril.............................. 45

Gráfico 5.2. Análise de regressão entre GER/Kg de peso corporal e água extracelular.......... 49

Gráfico 5.3. Análise de regressão entre GER/MM e água extracelular .................................... 50

Gráfico 5.4. Análise do balanço energético pelas mulheres avaliadas..................................... 51

Gráfico 5.5 Distribuição percentual dos macronutrientes ingeridos em relação ao valor

energético total da dieta .......................................................................................... 52

Gráfico 5.6. Distribuição das idosas de acordo com a classificação dos lipídios plasmáticos. 53

Gráfico 5.7. Classificação da glicemia....................................................................................... 53

Gráfico 5.8. Distribuição das idosas de acordo com a classificação do IMC............................ 54

Gráfico 5.9. Distribuição das idosas de acordo com a classificação da circunferência da cintura

e relação cintura/ quadril ......................................................................................... 55

Gráfico 5.10. Comparação entre o gasto energético e a ingestão alimentar nas idosas ......... 58

Gráfico 5.11. Análise de regressão entre GER/Kg e água extracelular, G1 ............................. 59

Gráfico 5.12. Análise de regressão entre GER/Kg de peso corporal e reactância, G2 ............ 60

Gráfico 5.13. Análise de regressão entre GER/MM e água extracelular, no G1. ..................... 61

Gráfico 5.14. Análise de regressão entre GER/MM e reactância, no G2. ................................ 62

Gráfico 5.15. Distribuição de idosas de acordo com o nível de atividade física. ...................... 63

Gráfico 5.16. Comparação entre o gasto energético e a ingestão alimentar nas idosas ......... 66

11

ABREVIATURAS UTILIZADAS NO TEXTO:

Biompedância BIA

Circunferência Cintura CC

Dual-energy x-ray DEXA

Fator de Crescimento Semelhante à Insulina (“Insulin-Like Growth Factor-I”) IGF-I

Gasto Energético de Repouso GER

Gasto Energético de Repouso / Kg massa magra GER/MM

Gasto Energético de Repouso/ Kg peso corporal GER/ Kg

Gasto Energético Total GET

Globulina Ligada Hormônios Sexuais SHBG

Hormônio do Crescimento GH

Índice de Massa Corporal IMC

Ingestão Dietética Adequada (“Adequate Intake”) AI

Ingestão Dietética De Referência (“Dietary Reference Intakes”) DRI

Ingestão Média Estimada (“Estimated Average Requirement”) EAR

Lipoproteína de Alta Densidade HDL

Lipoproteína de Densidade Baixa LDL

Lipoproteína de Muito Baixa Densidade VLDL

Nível de Atividade Física NAF

Nível Máximo de Ingestão Tolerável (“Tolerable Upper Intake Level”) UL

Quantidade de Oxigênio Consumido VO2

Quatidade de Gás Carbônico Produzido VCO2

Questionário de Atividade Física Internacional IPAQ

Quociente Respiratório QR

Quociente Respiratório Não Proteico QRnp

Quociente Respiratório Proteico QRp

Recomendações Nutricionais (“Recommended Dietary Allowance”) RDA

Relação Cintura/ Quadril C/Q

Triglicerídeos TG

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RESUMO

O presente estudo teve como objetivos: - avaliar as alterações do gasto

energético em idosas com diferentes níveis de atividade física e diferentes

índices de massa corporal (IMC); -relacionar os dados de consumo de oxigênio

e gasto energético com a composição corporal e alguns parâmetros

bioquímicos; - correlacionar algumas fórmulas preditivas de gasto energético

basal com a medida do consumo de oxigênio de repouso nessas mulheres.

MÉTODOS: foram avaliadas 37 idosas, com idade acima de 60 anos, pós-

menopausa. Parâmetros avaliados: IMC, circunferência de cintura; composição

corporal por bioimpedância (BIA - Biodynamics ® modelo 450); três diários

alimentares; nível de atividade física (IPAQ versão curta); gasto energético de

repouso (GER), por calorimetria indireta (VO2000- Inbrasport); gasto energético

total (GET – calculado pelo NAF, segundo a FAO/OMS) e lipídios plasmáticos.

Para efeito de comparação, as idosas foram subdivididas pelo IMC,

considerando critérios estabelecidos por Marucci e Barbosa (2003) (G1- Baixo

Peso + Peso Normal; G2- Sobrepeso e Obesidade). Ainda, as idosas foram

divididas de acordo com o Nível de Atividade Física classificado pelo IPAQ:

(NAF- Baixo Nível, Nível Moderado e Alto Nível). RESULTADOS: a análise de

regressão apontou a água extracelular como o principal parâmetro que explicou

o GER/Kg (R 2 = 0,437) e o GER/MM (R 2 = 0,439). No grupo com maior IMC, a

reactância foi o fator que mais respondeu pelo GER/Kg (R 2 = 0,360) e o

GER/MM (R 2 = 0,356). O Grupo G2 apresentou os maiores valores das variáveis

antropométricas e BIA em relação ao G1 (circunferência cintura: G1= 76,38 ±

8,27cm; G2= 95,22 ± 7,90cm; t= -7,071, p= 0,000; peso gordura: G1= 19,74

3,32kg; G2= 29,12 3,52kg; t= -8,275, p= 0,000; água corporal total: G1= 25,77

± 2,35kg; G2= 32,89 ± 2,93kg; t= -8,030, p= 0,000). O VO2 de repouso

(ml/kg.min) foi menor no G2 (2,32 0,86) do que em G1 (3,11 1,03; t=2,456

p=0,019). Quando avaliadas pelo NAF apenas o GET (Kcal) mostrou-se

13

diferente entre os grupos: baixo nível= 1376,25 374,87 a , nível moderado=

2018,48 607,34 a,c e Alto Nível= 2422,37 865,41 b,c (F= 4,039, p= 0,027). Os

lipídios plasmáticos apresentaram-se dentro da normalidade pela classificação

adotada. O balanço energético apresentou-se negativo para todas as avaliadas,

sem diferença estatística em ambas as subdivisões em grupos (IMC e NAF)

CONCLUSÕES: - as mulheres idosas apresentam parâmetros de composição

corporal, na média, relacionados a aumento da adiposidade, o que nem sempre

é refletido no peso corporal; - a maior adiposidade também refletiu maior

circunferência do abdômen e maiores valores de lipídeos plasmáticos, o que

significa maior risco de desenvolvimento de doenças crônicas; - a adiposidade

aumentada mostrou-se relacionada ao aumento da massa magra e dos

conteúdos de água corporal; - o IMC não foi relacionado com a identificação de

riscos sanguíneos, e portanto não parece ser um bom instrumento de triagem

nesse sentido; - todo o grupo apresentou balanço energético negativo, o que

pode colaborar, em médio e longo prazo, com comprometimentos no estado

nutricional.

Palavras chave: idosas, balanço energético, composição corporal.

14

1. INTRODUÇÃO

Com o envelhecimento, várias funções metabólicas e fisiológicas são

alteradas. É comum ocorrer um declínio em algumas funções como olfato, o

paladar e visão, além de alterações na salivação, na motilidade e na absorção

intestinal. Geralmente ocorre a administração de vários medicamentos,

implicando em interações drogas-nutrientes. O envelhecimento também está

relacionado a alterações na composição corporal, de forma que a quantidade

de gordura se eleva, aumentando o risco de desenvolvimento de doenças

crônicas (Jensen et al, 2001; Oliveira e Marchini, 1998; Peckenpaugh e

Poleman, 1997; Ribeiro & Tirapegui, 2000; Spidurso, 1995; Waitzberg, 2000;

Jacob Filho 1998).

Todas as modificações decorrentes do envelhecimento tornam-se mais

evidentes com hábitos alimentares incorretos, falta de exercícios físicos e

hereditariedade. A atividade física, além de colaborar para a manutenção da

massa magra, é importante para prevenir doenças como a osteoporose,

doenças cardiovasculares, entre outras. Ainda, uma alimentação equilibrada e

adequada às condições fisiológicas assegura o fornecimento de nutrientes, que

em última instância relaciona-se com a saúde (Jacob Filho 1998; Russel et al.,

1999; Ribeiro, Donato Jr. e Tirapegui, 2005)

Por muitas vezes, em decorrência da falta de dados conclusivos sobre o

estado nutricional de indivíduos idosos, as prescrições e orientações dietéticas

acabam sendo feitas de maneira similar às realizadas para indivíduos jovens, o

que pode significar comprometimento do estado nutricional, e

conseqüentemente da saúde. Desta forma, estudos que busquem uma maior

compreensão sobre as respostas metabólicas ao envelhecimento, considerando

as variáveis dieta e atividade física, sem dúvidas podem contribuir para o

melhor acompanhamento do estado nutricional e da saúde desses indivíduos.

15

HIPÓTESES PARA O DESENVOLVIMENTO DO PRESENTE PROJETO:

- O advento da menopausa, com conseqüente aumento da adiposidade e

em mulheres idosas está relacionado a mudanças na distribuição de gordura

corporal, com um aumento do risco de doenças cardiovasculares. Esses

aspectos podem significar alterações celulares que poderiam ser identificadas a

partir da análise de bioimpedância com ângulo de fase;

- As alterações na composição corporal devem estar relacionadas com

alterações na taxa metabólica basal, fazendo com que as equações preditivas

percam a sua fidedignidade;

- Os aspectos relacionados a gordura corporal, lipídeos plasmáticos e

gasto energético devem sofrer modificações de acordo com o índice de massa

corporal (IMC), ou ainda o nível de atividade física (NAF) nessas mulheres.

2. OBJETIVOS:

Avaliar as alterações no consumo de oxigênio e, conseqüentemente no

gasto energético em idosos com diferentes níveis de atividade física;

Relacionar os dados de consumo de oxigênio e gasto energético com a

composição corporal e com parâmetros bioquímicos indicativos de

doenças crônicas;

Correlacionar algumas fórmulas preditivas de gasto energético basal com

a medida do consumo de oxigênio de repouso nessas mulheres;

Investigar o papel do IMC e do NAF nos parâmetros avaliados.

16

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. Aspectos Fisiológicos do Envelhecimento

O envelhecimento é um processo caracterizado por alterações

morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas que levam a uma

diminuição da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente

(Oliveira e Marchini,1998; Ribeiro & Tirapegui, 2000).

O organismo, ao envelhecer, sofre alterações como por exemplo, uma

significativa mudança na digestão, na absorção e na metabolização dos

nutrientes. Algumas das mudanças fisiológicas que interferem no estado

nutricional podem ser relacionadas: diminuição do metabolismo basal,

redistribuição da massa corporal, alterações no funcionamento digestivo,

alterações na síntese e mecanismo de ação de alguns hormônios e alterações

na percepção sensorial (Campos, Monteiro e Ornelas, 2000; Oliveira e Marchini

1998; Ribeiro & Tirapegui, 2000).

3.2. Avaliação Nutricional e sua Importância em Indivíduos Idosos

De acordo com o U.S. Department of Health and Human Services

(DHHS), “estado nutricional” é “a medida dos indicadores dos estados dietético

e de saúde relacionados com nutrição. Esses indicadores traduziriam a possível

ocorrência, natureza e extensão das alterações no estado nutricional”. Assim,

pode-se inferir que a avaliação do estado nutricional deve abranger vários

aspectos que reflitam desde a ingestão, digestão, absorção, metabolismo e

eliminação de subprodutos dos alimentos componentes da dieta humana.

Desta forma, e de acordo com Lee & Nieman (1996) e Gibson (1990), a

coleta de dados para avaliação do estado nutricional engloba quatro diferentes

17

grupos de metodologias: antropometria, bioquímica (ou métodos laboratoriais),

exames clínicos e análise dietética.

3.2.1. Avaliação Dietética

Em linhas gerais pode-se definir avaliação dietética como a metodologia

pela qual, a partir de inquéritos, define-se o perfil mais próximo possível do

consumo alimentar de um indivíduo e/ou população. O Quadro 3.1 discorre

pontos positivos e negativos das metodologias mais conhecidas.

Quadro 3.1: Comparação entre os diferentes métodos de inquérito alimentar

Método de inquérito Pontos positivos Pontos negativos

Recordatório alimentar de 24h

Requer menos de 20 minutos para aplicação; Barato; Fácil; Dá informação detalhada sobre o tipo de alimento consumido; Poucos transtornos ao respondente; Pode avaliar o consumo de grupos;

Um recordatório é pouco representativo da dieta usual; Pode sub ou superestimar o consumo; Pode acarretar falhas de memória; omissão de vários alimentos/temperos/bebidas;

Registro alimentar

Não depende da memória; Pode mostrar dados detalhados da

ingestão dietética; Pode refletir hábitos alimentares; Validade maior a partir de 5 dias.

Requer grande colaboração do paciente;

A necessidade de colaboração pode resultar em falhas nas respostas;

Acarreta tempo para obtenção da resposta;

Pode levar a alterações na dieta; os primeiros dias são mais confiáveis;

Questionários de freqüência alimentar

Pode ser auto-administrado; Pode ser lido por computador; Pouco trabalhoso para o

respondente; Pode mais representativo de hábitos

alimentares que os recordatórios ou registros;

Método preferível em pesquisas de relação entre dieta e doenças.

As porções podem não ser as realmente consumidas pela população;

Alguns dados podem ser comprometidos quando muitos alimentos são incluídos em um só grupo;

Coleta de alimentos em duplicata

Pode fornecer um resultado preciso da ingestão alimentar;

Acompanhamento contínuo do paciente;

Análises laboratoriais muitas vezes impossíveis de serem feitas;

Fonte: Modificado de Lee & Nieman (1996); Gibson (1990)

18

A partir da escolha do método mais adequado para coleta de dados,

podem ser estabelecidas comparações com recomendações de nutrientes,

refletindo indiretamente o estado nutricional. Ainda, a análise da dieta pode ser

feita de forma quantitativa (comparando com recomendações estabelecidas de

nutrientes), ou ainda de forma semi-quantitiva (onde a comparação é feita com

guias alimentares, como por exemplo, a pirâmide dos alimentos), ou ainda a

partir de discussões qualitativas.

3.2.2. As Recomendações Atuais (DRIs)

Para análise quantitativa da dieta, utilizam-se atualmente as dietary

reference intakes (DRI). As DRIs são estimativas quantitativas para o

planejamento e avaliação de dietas de populações saudáveis, desenvolvidas

por americanos e canadenses. Incluem as RDA (recommended dietary

allowance) como metas de consumo para os indivíduos, e mais três valores

adicionais: AI (adequate intake), que é um valor de consumo recomendável,

baseado em levantamentos, ou ainda de estimativas de ingestão de nutrientes

para grupo(s) de pessoas sadias, e que se considera adequado. É usado

quando a RDA não pode ser determinada; - EAR (estimated average

requirement) é o valor (mediana) suficiente para garantir o requerimento de

50% dos indivíduos sadios compreendidos num determinado estágio da vida

(prefere-se o termo 'estágio-de-vida' ao invés de 'faixa etária'); e UL (tolerable

upper intake level) é o mais alto nível de ingestão de um nutriente que não

causará efeitos adversos à saúde da maioria das pessoas. Acima do UL, o risco

de efeitos adversos aumenta sensivelmente (Slater, Marchioni e Fisberg, 2004;

Amaya-Farfan, Domene e Padovani, 2001)

Foote, Giuliano e Harris (2000) compararam a dieta de 1740 idosos,

entre 51 a 85 anos, com as DRI’s, por meio de um questionário de freqüência

de alimentos. Como principal resultado, o consumo de macronutrientes,

excedeu as proporções recomendadas de proteína e gordura. Por outro lado,

19

mais de 60% dos idosos consumiu vitamina D, vitamina E, folato e cálcio abaixo

das exigências médias estimadas (EAR). Baseado nas recomendações da

pirâmide alimentar, menos de 10% dos idosos consumiram as porções diárias

recomendadas de leite e grãos. No entanto as idosas consumiram mais

vegetais (49% contra 40%) e frutas (53% contra 48%) em relação aos idosos

(p<0,05). Os idosos consumiram mais grãos (11% contra 7%) e proteínas (78%

contra 73%) em relação às idosas (p < 0,05). Concluindo, menos da metade

dos idosos consumiram as porções diárias de leite, grãos, vegetais ou frutas.

Com a idade avançada as necessidades de energia diminuem, o que

leva a uma necessidade diminuída de alimentos. Assim, para os idosos, deve

ser enfatizado o consumo de alimentos com alta densidade de energia. Não há

consenso quanto à utilização de um guia alimentar específico para a população

idosa, portanto, ao se analisar qualitativa e semi-quantitativamente a dieta de

idosos, deve haver cautela.

3.2.3. Avaliação Antropométrica

Antropometria significa o estudo das dimensões do corpo humano (Lee &

Nieman, 1996; Gibson, 1990). O conhecimento de várias medidas dessas

dimensões pode comprovadamente refletir o estado nutricional, apontando

excessos ou deficiências alimentares, ou ainda indicar o risco do

desenvolvimento de algumas doenças crônicas. A avaliação antropométrica

geralmente é realizada a partir de várias medidas, índices, fórmulas e

protocolos, como:

Peso: é uma das medidas mais importantes quando se trata de refletir o

estado nutricional. Pode ser avaliado em balanças digitais ou nas chamadas

balanças “de mola.

Altura: ou estatura, classicamente pode ser determinada em indivíduos

acima de dois anos de idade, ou que consigam manter-se em pé. Geralmente é

obtida a partir de fitas próprias, inextensíveis e inelásticas, ou ainda com o

20

auxílio de estadiômetros ou antropômetros apropriados. Muitas vezes, em

indivíduos com idades avançadas, há a necessidade de se estimar a estatura a

partir de medidas específicas.

IMC (ou índice de Quetelet): de acordo com a WHO (2000), a partir da

relação entre peso e o quadrado da altura, é possível classificar o grau de

obesidade e o risco associado a essa medida.

Relação cintura-quadril e circunferência da cintura: sabe-se que o

acúmulo de gordura na região abdominal reflete um risco aumentado de

doenças crônicas.

Composição corporal: várias são as formas de se abordar o

fracionamento do corpo a fim de determinar a proporção entre gordura, e a

chamada “massa magra”. Existem propostas de divisão do organismo humano

em três, quatro ou cinco diferentes segmentos (Wang et al, 1992). Dada a

grande dificuldade em quantificar os diferentes tecidos por técnicas

convencionais, na maioria das metodologias procura-se apenas dividir o

organismo em tecidos. Desta forma, são vários os métodos que podem ser

empregados para a determinação de diferentes componentes do peso corporal:

pesagem hidrostática, dobras cutâneas, DEXA (dual-energy x-ray

absorptiometry) ou a bioimpedância elétrica. Este último será abordado em

mais detalhes, por ser o método utilizado no presente estudo.

Impedância (Z) é a oposição de um condutor à passagem de uma

corrente elétrica. Essa oposição tem dois componentes ou vetores,

denominados resistência (R) e reactância (Xc). Resistência é a oposição pura

ao fluxo da corrente. De acordo com a lei de Ohm, a resistência é igual é igual à

voltagem (E) dividida pela corrente (I), ou R= E/I. Em sistemas biológicos, I é

transmitido principalmente pelos íons diluídos nos fluídos corporais (Mattar,

1995).

Reactância é similar a capacitância, ou a voltagem da formação breve de

um capacitor. No corpo, a capacitância se desenvolve a partir de vários tipos de

polarização, que podem ser produzidas principalmente pelas membranas

21

celulares ou regiões intersticiais. A capacitância é capaz de criar um “atraso” no

curso da corrente elétrica, criando uma mudança de fase que pode ser definida

como “ângulo de fase” ( ). Ou ainda, o arco tangente à relação Reactância

(Xc)/Resistência (R). A relação geométrica entre impedância, resistência,

reactância e ângulo de fase depende da freqüência da corrente elétrica

administrada, e é descrita como “ plotagem da impedância”. A baixas

freqüências, a impedância das células e de suas membranas é muito alta para

que a corrente consiga penetrar o conteúda celular, limitando-se portanto a

percorrer o líquido ao redor. Desta forma, a medida da impedância é

considerada resistiva sem componentes reativos. Na medida em que a

freqüência da corrente se eleva, esta penetra nas membranas celulares,

causando aumento na reactância, diminuição na resistência, e aumento do

ângulo de fase (Lukaski,1996). . Desta forma, a magnitude da impedância é

igual ao vetor função de R e Xc, ou seja: Z 2 =R 2 +Xc 2 ; essa descrição é

apresentada na Figura 3.1.

Figura 3.1: Plotagem da impedância. = ângulo de fase; Z= impedância. Fonte: Lukaski,

1996.

22

Ainda, a base para aplicação da impedância em análise da composição

corporal é o modelo de um circuito elétrico que inclui três índices

biológicos:condutores intracelulares, condutores extracelulares e capacitância

das membranas. Já em 1969, Hoffer et al hipotetizaram que o corpo é

representado por um condutor geométrico simples caracterizado por um

comprimento (L) variável, área transversal (A) homogênea, e composição

homogênea. Assim, a impedância (Z) é proporcional ao comprimento do

condutor (L), e inversamente relacionada à sua área transversal , ou seja:

Z = pL/A , onde p= resistividade do condutor.

Multiplicando ambos os lados da equação por L/L: Z=pL 2 /V

Assim, V=pL 2 /V. As figuras 3.2 e 3.3 descrevem essa abordagem.

O princípio principal do uso da bioimpedância é que a estimativa do

volume do condutor é representado pela água corporal total (TBW) e pela

massa magra (FFM).

Figura 3.2: Modelo do circuito de uma célula. Re= resistência extracelular; Cm=

influência capacitiva das membranas celulares; Ri= resistência intracelular. Fonte: Lukaski,

1996

23

Figura 3.3: Derivação do modelo eletrofísico, onde A= área transversal; L= comprimento

do condutor; Z= impedância; p=resistividade; V=volume. Fonte: Lukaski, 1996.

O volume de um condutor cilíndrico, assim como o corpo humano, é

diretamente relacionado ao quadrado do comprimento corporal (Altura 2 ) e

inversamente relacionado com a impedância total do corpo: V =

Altura 2 /Resistência. A alta impedância do tecido adiposo e osso fazem com que

esses tecidos funcionem como circuitos abertos. Assim, a impedância total do

corpo é primeiramente devida à impedância do músculo. Usando esse método,

a água corporal total ou tecido magro podem ser estimados pelas medidas da

bioimpedância (Khalad et al, 1988, Lukaski et al, 1985; VanLoan, 1990,

Kushner, 1992; Kushner, 1996). Um exemplo da conversão para predição da

massa corporal magra é citado por Lohman (1992):

Tabela 3.1 Equações para predição da gordura corporal, a partir da bioimpedância

Equação Erro Padrão

Homens

[0,485 (Altura 2 /resistência)] + [0,338 (peso em Kg)] + 5,32 2,9

Mulheres

[0,475 (Altura 2 /resistência)] + [0,295 (peso em Kg)] + 5,49 2,9

Fonte: Lohman, 1992.

O uso de bioimpedância elétrica tem sido bastante empregado

atualmente, pela praticidade de seu uso. Chumlea et al (1993) discutiram a

aplicabilidade da impedância bioelétrica para indivíduos idosos ou aqueles com

comprometimento de movimentação. Os autores discutiram como pontos

24

positivos a fácil aplicação o fato de ser pouco invasivo, o que se relacionaria

muito bem com situações como deficiência física.

Os equipamentos disponíveis para a análise por bioimpedância podem

variar, de acordo com aspectos como a freqüência da corrente elétrica aplicada.

Freqüências superiores a 50KHz são capazes de predizer o conteúdo de água

corporal, assim como a água extra e intracelular. Estudos de validação com

isótopos estáveis demonstraram um coeficiente de variação de 5% com a

utilização da bioimpedância (Deurenberg et al, 1995).

Portanto, o uso da bioimpedância elétrica na análise da composição

corporal sem duvido constitui um método com razoável precisão e

fidedignidade, com possibilidade de demonstrar aspectos importantes

relacionados a essa análise. Obviamente, dados os seus princípios, é

importante que as técnicas para análise e a escolha do equipamento mais

adequados são fatores fundamentais para o sucesso da análise. A colocação

correta dos eletrodos é ponto chave, para que a análise tenha boa

reprodutibilidade. A figura 3.4 demonstra a colocação correta, de acordo com

Matar (1995).

Figura 3.4: Pontos anatômicos para medida de bioimpedância

25

Embora exista hoje dia uma ampla gama de opções para se medir a

composição corporal dos indivíduos, ainda não há consenso sobre o melhor

método para avaliar a composição corporal de indivíduos idosos. Sem dúvida,

essa dificuldade leva a controvérsias na discussão do gasto energético de

repouso desses indivíduos. Henry (2004), em uma revisão da literatura,

observou a partir de vários estudos que a diminuição da massa magra com o

envelhecimento que essa diminuição é extremamente variada e diz respeito ao

grau de atividade física, às condições de saúde, entre outros. Dekaban &

Sadowski (1978), a partir de estudos com autópsias, verificou que uma grande

perda ponderal ocorre com o envelhecimento do cérebro. Os autores

observaram uma perda média de 150g entre os 40 e 85 anos de idade.

3. 2.4. Avaliação Bioquímica

3.2.4.1. Lipídeos Plasmáticos e Riscos Nutricionais

Os ésteres do colesterol são formados no fígado através da ação da

enzima acetil CoA – colesterol acetiltransferase. Estes ésteres do colesterol são

armazenados no fígado ou transportados para outros tecidos que empregam

colesterol (David e Cox, 1995).

O transporte do colesterol e dos ésteres de colesterol é feito no plasma

sanguíneo através das lipoproteínas plasmáticas, que são agregados

moleculares de proteínas transportadoras específicas chamadas de

apolipoproteína. Quando a dieta contém mais ácidos graxos que o necessário,

estes são convertidos em triacilgliceróis no fígado e unidos com

apolipoproteínas de muito baixa densidade, as VLDL. Sua função é transportar

estas lipoproteínas do fígado para o tecido adiposo, onde ocorre a ativação da

lipase lipoproteica que provoca a liberação de ácidos graxos livres dos

triacilgliceróis das VLDL. A perda dos triacilgliceróis converte a VLDL em

lipoproteína de densidade baixa, LDL. Muito ricas em colesterol e em ésteres de

colesterol, as LDL transportam o colesterol para os tecidos periféricos. A

26

lipoproteína de alta densidade, HDL, é sintetizada no fígado como partículas

pequenas, ricas em proteínas e contendo relativamente pouco colesterol e

ésteres de colesterol. Sua função é levar o excesso de colesterol formado nos

tecidos de volta ao fígado para ser metabolizado, diminuindo assim sua

concentração plasmática, e conseqüentemente seu acúmulo indesejado

(Franco, 2000, David e Cox, 1995).

Nos idosos, altos níveis de LDL oxidado circulante no sangue, estão

associados a problemas cardíacos. Holvoet et al (2004) estudaram 3033 idosos

com o objetivo de estabelecer uma associação entre a síndrome metabólica e o

LDL oxidado e determinar o risco para a doença de coronarianas. Foi

observado que a síndrome metabólica esteve associada com os níveis mais

elevados de LDL oxidado. Os indivíduos com a síndrome metabólica tiveram

duas vezes as probabilidades de ter o LDL oxidado elevado (> 1,90 mg/dl)

comparado com os aqueles que não tinham a síndrome metabólica. Entre

aqueles participantes que tiveram a síndrome metabólica no início do estudo, as

taxas da incidência dos eventos futuros de doenças coronarianas foi maior,

após o ajuste para a idade, o sexo, a etnicidade, e fumantes. O LDL oxidado

não era um fator independente do risco total de doenças coronarianas.

Entretanto, aqueles com LDL oxidado elevado mostraram uma disposição maior

de infarto do miocárdio. Como conclusão do estudo, a síndrome metabólica,

como um fator de risco para doenças coronarianas, está associada com os

níveis mais elevados de LDL oxidado circulante que estão associados com uma

disposição maior à doença coronariana.

A síntese desregulada de colesterol pode significar riscos de

desenvolvimento de doenças; quando a soma das quantidades do colesterol

sintetizado e daquele obtido na dieta excedem à quantidade necessária para

satisfazer as sínteses de membrana, sais biliares e esteróides, podem ocorrer

acúmulos patológicos de colesterol como a aterosclerose. A LDL permite que o

colesterol seja distribuído para os tecidos extra-hepáticos, onde possivelmente

será armazenado. Se esse tecido for a parede de uma artéria, o acúmulo do

27

colesterol poderá levar a quadros de aterosclerose, desde que o colesterol LDL

esteja oxidado. Quando o HDL está diminuído, este fato é considerado como

principal indicativo de situação de risco para doenças coronarianas. Os

principais fatores que contribuem para a diminuição do HDL são: fatores

genéticos, fumo, obesidade, hipertrigliceridemia e o sedentarismo (Franco,

2000; Koolman & Rohm, 2005; David e Cox, 1995)

No envelhecimento a síntese de colesterol torna-se prejudicada,

principalmente para as mulheres, que tendem a ter um acumulo maior de

gordura corporal que os homens. No estudo de Chan, Suzuki e Yamamoto

(1999) um dos objetivos foi avaliar os níveis de colesterol total, HDL, LDL e

VLDL em adultos, idosos e centenários. Como resultado parcial, o total de LDL

idosas foi mais elevado em relação aos jovens e centenários.

É conhecida a relação entre gordura depositada na região visceral,

identificada na região abdominal, e o risco de desenvolvimento de doenças

crônicas. A identificação do tipo de distribuição de gordura corporal é, portanto

de suma importância, para a identificação de alterações metabólicas, que

podem desencadear o aparecimento de enfermidades como as

cardiovasculares e diabetes mellitus. Com o envelhecimento ocorre aumento na

gordura corporal total e redução do tecido muscular. Essas modificações no

tecido muscular ocorrem, principalmente, em virtude da diminuição da atividade

física e da taxa metabólica basal. Além do aumento da gordura corporal,

observa-se redistribuição desse tecido, havendo diminuição nos membros e

acúmulo preferencialmente na região abdominal (Sampaio, 2004; Wajchenberg,

2000)

O excesso de adiposidade e o baixo nível de atividade física são fatores

que predispõem os indivíduos a doenças cardiovasculares. A adiposidade

torna-se um fator ainda maior quando somada à resistência à insulina e altos

índices de diabetes

As relações entre HDL e LDL são utilizadas para medir riscos de

doenças cardiovasculares ou ainda a relação entre ApoA1/ApoB (Bulbulian et

28

al, 1987). Estes últimos têm sido apontados como indicadores mais sensíveis

do risco de doenças cardiovasculares (Grundy et al, 1987).

3. 3. Gasto Energético e Envelhecimento

O homem, para se manter vivo, necessita extrair energia a partir dos

nutrientes energéticos, a saber, carboidratos, lipídeos e proteínas. A

transferência de energia dessas moléculas para o organismo se realiza nas

células, principalmente na mitocôndria, e a combustão completa dos nutrientes,

em última instância reflete consumo de oxigênio e produção de gás carbônico

(Diener, 1997). Desde os trabalhos de Lavoisier, em 1770, até os dias atuais,

tem-se aprofundado a relação entre esses valores, a assim teve início o estudo

do metabolismo por calorimetria.

A quantidade de energia gasta durante o dia representa o gasto

energético de um indivíduo. Este gasto energético é composto por fatores que

influenciam seu resultado, são eles: o metabolismo basal e o de repouso, o

efeito térmico dos alimentos, a regulação térmica corporal e o nível de atividade

física. (César, 2006)

O metabolismo basal corresponde a quantidade mínima necessária de

energia para o indivíduo sobreviver. Segundo César (2006): “é o gasto

energético de um indivíduo no estado pós-absortivo e após uma noite em jejum

de 12 a 14 horas, em repouso, inativo, acordado e imóvel em ambiente com

temperatura neutra.” O metabolismo de repouso é maior que o basal devido ao

efeito térmico do alimento e/ou prática de atividade física.

O gasto energético basal e repouso é quando os valores do metabolismo

são extrapolados para 24 horas. O gasto energético basal (GEB) pode ser

calculado pela idade, gênero e tamanho corporal (César, 2006). Várias são as

formas de se predizer o gasto metabólico de um indivíduo. As fórmulas

disponíveis foram obtidas a partir de estudos envolvendo parcelas significativas

de população saudável. Podemos citar o exemplo das fórmulas de Harris-

29

Benedict (1919), ou ainda as propostas pela FAO/OMS (1985). Entretanto,

cabem algumas críticas quanto à utilização dessas predições. As diferentes

proporções entre massa magra e tecido adiposo, pela diferente atividade

metabólica desses tecidos, podem levar a uma sub ou superestimativa desses

parâmetros (Lee & Nieman, 1996). Assim, por exemplo, indivíduos com alto

grau de adiposidade ou ainda atletas com conteúdo aumentado de massa

muscular, podem estar incorrendo em erros na predição de suas necessidades

energéticas.

O efeito térmico dos alimentos aumenta o gasto energético por causa da

digestão e absorção dos nutrientes. O aumento do gasto energético depende

da composição alimentar (carboidratos, proteínas e lipídios) e da quantidade

ingerida. A temperatura corporal tem uma pequena influencia no gasto

energético, pois depende do controle da temperatura ambiente. O uso de

roupas adequadas a temperatura ambiente diminui este gasto. Finalmente o

nível de atividade física altera o GE dependendo da atividade física praticada,

duração e freqüência. (César, 2006)

O estabelecimento das necessidades energéticas em indivíduos idosos é

motivo de muita controvérsia, por razões como alterações na composição

corporal, na atividade e sensibilidade de vários hormônios e na capacidade de

consumo de oxigênio. Algumas pesquisas atribuem a diminuição do

metabolismo basal nos idosos à mudança da composição corporal, pelo

aumento de tecido adiposo e diminuição do tecido muscular (Piers et al., 1998;

Henry, 2000). Van Pelt et. al. (2001) investigaram se a diminuição do gasto

energético decorrente do envelhecimento era menor quando há a prática de

atividade física, com objetivo de atenuar a perda de massa magra. Foram

avaliados 137 homens, jovens e idosos saudáveis divididos em grupos

sedentários e fisicamente ativo. Foi verificado que tanto em sedentários, como

em idosos fisicamente ativos ocorre a diminuição do gasto energético. Whithers

et.al. (1998) investigaram a relação entre o gasto energético e a prática de

atividade aeróbica em mulheres entre 49 a 74 anos. Foram divididas em dois

30

grupos: sedentárias e fisicamente ativas a longo tempo. Foi verificado que as

mulheres praticantes de atividade aeróbia a longo tempo tem um gasto

energético maior em comparação as sedentárias, mas quando ajustado este

gasto com a massa magra, verificou que a diminuição do gasto energético

ocorre em ambos os grupos.

Uma boa maneira de avaliar o gasto energético é através da calorimetria

indireta. Esta considera o volume de oxigênio consumido e gás carbônico

produzido por um indivíduo por uma unidade de tempo, assim consegue-se

estimar o quanto de energia é gasta durante uma sessão de exercício ou

mesmo em situações de repouso (Weir, 1949, citado por Nonino, 2002).

A calorimetria indireta é o método mais utilizado, por ser mais prático,

rápido e não invasivo, através dele consegue-se identificar o tipo de substrato

energético utilizado pelo organismo (Suen et al, 1998 e Diener, 1997). Para isso

é necessário saber algumas bases teóricas deste procedimento (Diener, 1997):

A entrada e saída dos gases envolvidos no processo de combustão

metabólica ocorre só pelo nariz e pela boca. As perdas através da pele

são mínimas e são desconsideradas. Nem o oxigênio e nem o gás

carbônico são armazenados no organismo.

O aporte de substratos energéticos consiste de proteínas, carboidratos e

gorduras, todos de uma dada composição química.

Os substratos energéticos participam só na reação de combustão, na

lipogênese e na gliconeogênese. As concentrações de produtos

intermediários não se modificam, apesar de as taxas das reações

poderem variar.

A taxa de excreção de nitrogênio na urina como uréia representa a taxa

de catabolismo protéico simultâneo.

O organismo está em estado de equilíbrio e a duração do estudo é

suficiente para corrigir flutuações nos pools do gás carbônico, glicose e

uréia.

31

Para identificar o substrato metabólico oxidado, utiliza-se a relação entre

a quantidade de gás carbônico produzido (VCO2) pela quantidade de oxigenio

comsumido (VO2), está relação é conhecida como quoeficiente respiratório

(QR). Quando QR = 1 foi oxidado carboidrato, QR= 0,7 lipídio e QR= 0,8

proteína. O QR pode ser encontrado como quoeficiente respiratório não-

proteico (QRnp) e quoeficiente respiratório proteico (QRp). O QRnp é só levado

em cosideração a oxidação completa de carboidratos e lipídios que resulta em

CO2 e H2O. O QRp além de produzir CO2 e H2O, libera também nitrogênio que

é excretado pela urina. Quando utiliza-se do QRnp para cálculo de síntese de

energia, o erro iduzido é de aproximadamente 2 % (Simonson e DeFronzo,

1990).

Para converter valores de VO2 e VCO2 em energia pode ser utilizada a

tabela de Zuntz, elaborada no início do século XX (Lusk, 1917 citado por

Wahrlich e Anjos, 2001) que fornece os equivalentes energéticos por litro de O2

consumido em relação a cada QRnp.

Quando se conhece valores da calorimetria indireta pode-se utilizar equações

propostas por diversos autores, que são calculos práticos, dispensando a

medição do metabolismo proteico ao incorporar um fator de correção pela sua

não medição. (Wahrlich e Anjos, 2001)

3.4. Atividade Física e Envelhecimento

O envelhecimento é um processo contínuo durante o qual ocorre declínio

progressivo de todos os processos fisiológicos. Os indivíduos vão perdendo a

capacidades físicas e a motivação para prática de atividade física. As

incapacidades físicas para prática de exercício são decorrentes ao processo de

envelhecimento como perda de massa muscular ou ainda doenças associadas.

A perda da motivação para prática de exercício pode ser explicada pela

liberação reduzida do neurotransmissor dopamina (associado com a motivação)

32

ou perda de receptores de dopamina que estão associados com alteração de

vários parâmetros da locomoção. (Matsudo et al, 2001, Nóbrega et al, 1999)

A decisão de qual tipo de exercício, duração e intensidade são melhores

para prevenir doenças, evitando a perda de autonomia por limitações físicas, ou

até mesmo para aumentar a expectativa de vida, deve ocorrer de acordo com a

realidade e expectativa do indivíduo (Nahas, 2003).

A atividade física e aptidão física são associados ao bem estar, à saúde

e à qualidade de vida das pessoas em todas as faixas etárias. A partir da meia-

idade, os riscos potenciais de inatividade se materializam, levando a perda

precoce de vidas. Estudos mostram que a motivação para prática de exercício

em pessoas maiores de 50 anos ocorre em função de: orientação médica,

amigos, familiares, procura por companhia e colegas de trabalho (Matsudo,

2001; Nahas, 2003). Esta atitude de praticar atividade física após a orientação

médica mostra que ainda estes idosos encaram a atividade física como

prevenção de doenças, ou seja, seu conceito de saúde é a ausência de

doenças e o modelo de intervenção é o médico (Buss, 2003)

A prática regular de exercício para idosos não pode ser com atividades

repetitivas e sistemáticas, mas sim aquelas que dêem a sensação de bem-estar

e significado para essa população, pois quando este idoso que pratica atividade

física sob orientação médica perceber uma pequena melhora, este irá

abandonar sua prática.

Contudo para determinar a verdadeira inter-relação entre atividades

físicas, aptidão física e saúde, é necessário dispor de instrumento de medida

validos e fidedignos para essas variáveis. Ainda não existe uma medida ideal

que possa servir de referência para construção e validação de instrumentos

mais simples e de baixo custo para grandes grupos (Nahas, 2003).

O questionário internacional de atividade física (IPAQ) foi desenvolvido

como um instrumento para a monitoração da atividade e da inatividade física.

Entre 1997 e 1998, um grupo de consenso internacional desenvolveu quatro

formulários longos e curtos como forma dos instrumentos para o IPAQ,

33

administrados por entrevista pelo do telefone ou auto-administrado, com

referência a atividade física recordada. Durante o ano 2000, 14 centros de 12

países coletaram dados da confiabilidade e/ou da validade, pelo menos dois

dos oito instrumentos de IPAQ. A validade simultânea foi avaliada na mesma

administração, e o critério de validade do IPAQ foi alisado considerando os

acelerômetros como padrão-ouro. Todos os questionários do IPAQ produziram

dados repetíveis (Spearman em torno de 0,8), com dados comparáveis dos

formulários curtos e longos. O critério de validade teve uma média comparável

à maioria de outros estudos. A confiabilidade da entrevista por telefone foi

similar à auto-administrada. Assim, os instrumentos do IPAQ têm propriedades

de medidas aceitáveis, tão boas quanto outros auto-recordatórios

estabelecidos. Considerando a amostra deste estudo, o IPAQ tem propriedades

medidas razoáveis para monitorar os níveis de atividade física da população

entre 18 aos 65 anos. (Craig et al, 2003).

34

4. MATERIAL E MÉTODOS:

4.1. Sujeitos:

As mulheres avaliadas, parte delas foram selecionadas do grupo

MOOCANDA – Parque da Mooca, que realizam atividades de lazer para 3 a

idade. Outra parte foram selecionadas na Clínica de Fisioterapia e na

Universidade Aberta à Maturidade, ambas presentes na Universidade São

Judas Tadeu. Foram avaliadas no presente estudo 37 mulheres, de acordo

com os seguintes critérios:

4.1.1. Critérios de inclusão

Sexo feminino

Idade acima de 60 anos

4.1.2. Critérios de exclusão:

Não ingerir nenhum medicamento ou suplemento que interferisse na taxa

metabólica. Não deveriam nenhuma doença ou intercorrência que interferissem

na coleta dos dados e sua interpretação, e não deveriam referir alterações na

função da glândula tireóide.

Todos os avaliados assinaram um termo de consentimento esclarecido

(Anexo 1). O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da USJT,

protocolo número 048/2004 (Anexos 2).

35

4.2. Procedimentos e instrumentos para coletas de dados:

4.2.1. Anamnese geral:

Foi aplicado um anamnese com o objetivo de caracterização do grupo.

Nesta anamnese foram coletados dados de identificação, escolaridade, hábitos

sociais (fumo e consumo de bebidas alcoólicas), consumo de suplemento e

medicamento, histórico de doenças e dados antropométricos. (Anexo 3)

4.2.2. Caracterização do nível de atividade física:

Para caracterização do nível de atividade física praticada, os indivíduos

responderam ao IPAQ, versão curta (International Physical Activity

Questionnaire). A partir da tabulação das respostas, o grau de atividade foi

classificado como: baixo nível, nível moderado e alto nível.

O questionário enconra-se no Anexo 4.

4.2.3. Avaliação do consumo alimentar:

O consumo alimentar foi avaliado a partir da aplicação de três diários

alimentares, em dias não consecutivos, cujo preenchimento foi feito pelos

avaliados após serem devidamente instruídos (Anexo 5).

A análise quantitativa da dieta foi realizada pelo software Nutri-UNIFESP.

Foram analisados o consumo total de energia em Kcal, a porcentagem dos

macronutrientes (carboidrato, proteínas e lipídios) e alguns micronutrientes

(Colesterol, fibras, Ca, Fe, Zn e vitamina C ).

4.2.4. Dados antropométricos e bioimpedância:

Para avaliação antropométrica foram medidos o peso e altura e em

seguida calculado o IMC. Foi adotado para a classificação, o estudo da

36

Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) para as idosas, onde: IMC < 23

= baixo peso; IMC 23 – 27,99 = peso normal; IMC 28 - 29,99 = sobrepeso; IMC

> 30 obesidade (Marucci e Barbosa, 2003). Foram medidas a circunferência da

cintura e do quadril. Para classificação da circunferência da cintura, foi adotado

como ponto de corte o valor de 88cm; e para relação cintura-quadril o valor de

0,8 (Marucci e Barbosa, 2003)

Para realização da bioimpedancia foi utilizado o equipamento

Biodynamics modelo 450e. Este modelo multifrequência tem é capaz de realizar

as seguintes análises:

Resistência (R): Precisão de ± 0,1%, Amplitude de 200 a 1500 Ohms,

Resolução de 0,1 Ohm

Reactância (Xc): Precisão de ± 0,2%, Amplitude de 0 a 300 Ohms,

Resolução de 0,1 Ohm

Ângulo de Fase (Phase Angle): Precisão de ± 0,2%, Amplitude de 0 a 20

Graus, Resolução de 0,1 Grau

Massa Celular Corporal (Body Cell Mass - BCM)

Massa Extracelular (Extracellular Mass - ECM)

Relação ECM/BCM

Massa Magra (Músculos, Ossos e Vísceras)

Massa Gorda

Índice de Massa Corporal (IMC)

Água Corporal Total (Litros, % de Água na Massa Magra e % de Água no

Peso Total)

Água Intracelular (Intracellular Fluid - ICF) e Água Extracelular

(Extracellular Fluid - ECF)

O teste foi realizado após a coleta de VO2, com o indivíduo ainda em

jejum. A medida foi feita com o indivíduo em posição supino, em ambiente

37

termicamente controlado. Todas as avaliações foram realizadas no lado direito

do indivíduo. A Figura 4.1 apresenta o equipamento utilizado.

Figura 4.1: Bioimpedância modelo 450e

4.2.5. Coleta do consumo de oxigênio e cálculo do gasto energético em repouso:

Para avaliação do gasto energético de repouso (GER), utilizou-se o

analisador metabólico VO2000 Inbrasport. A Figura 4.2 apresenta o analisador,

e a Figura 4.3 apresenta os acessórios utilizados (máscara, bocal e cânulas)

Figura 4.2. Aparelho VO 2000 Figura 4.3. Acessórios VO 2000

Benedict (1938), para determinação da clássica fórmula para

determinação do metabolismo basal, propôs alguns aspectos importantes para

o momento da medida:

38

Ausência de atividade muscular;

Estado pós-absortivo;

Zona de termoneutralidade;

Mínimo transtorno emocional;

Estado acordado;

Estado nutricional normal

Ausência de doença ou de infecção.

Conforme citado por Henry (2004), essas condições, na sua totalidade

são extremamente difíceis de seguir, principalmente em se tratando da

avaliação de idosos. Entretanto, no presente estudo procurou-se cumprir a

todas as etapas. Os avaliados, após uma noite de repouso e sem ingestão de

nenhum alimento, dirigiram-se ao Laboratório do Movimento Humano da

Universidade São Judas Tadeu, para análise do consumo de oxigênio, cujo

procedimento seguiu as seguintes etapas:

O indivíduo foi acomodado em uma maca em ambiente termicamente

estável, e foi colocada uma máscara acoplada ao analisador de gases

(VO2000- Imbrasport), Figura 4.4 e 4.5. O consumo de oxigênio,

produção de gás carbônico e o QR (quociente respiratório) foram

observados por um período de 30 minutos, até que três tomadas pelo

aparelho não apresentassem grandes variações. A partir desse

momento, os gases foram analisados por mais 30 minutos, e o consumo

de repouso foi calculado pela média desse período de coleta.

Os valores foram considerados pela média desse último intervalo de 30

minutos, e a partir dos dados de VO2 (ml/min) e Quociente respiratório,

calculou-se o gasto energético de repouso de acordo com a fórmula de

Jéquier e Schutz (1983)

4,686+1,096.(RQ-0,707).VO2

39

A Figura 4.4 mostra o indivíduo sendo preparado para o exame

A Figura 4.5 mostra um indivíduo sendo avaliado

40

4.2.6. Cálculo do gasto energético total

Após o cálculo do gasto energético de repouso, descrito acima, a

determinação de gasto energético total (GET) foi feito através fator de

multiplicação pelo gasto basal, proposto pela OMS (1995), considerando-se o

nível de atividade física clasificado pelo IPAQ (Tabela 4.1)

Tabela 4.1. Determinação do fator de múltiplicação do gasto basal, proposta pela OMS,

considerando nível de atividade física (IPAQ).

OMS IPAQ Fator Atividade

Leve Baixo Nível 1,5

Moderado Nível Moderado 1,6

Pesado Alto Nível 1,9

4.2.7. Predições do gasto energético

O gasto energético de repouso também foi calculado por fórmulas

preditivas propostas por Harris-Benedict (1919), FAO/OMS (1985), Schofield

(1985), Cunninghan (1991), conforme a Tabela 4.2.

Tabela 4.2. Fórmulas utilizadas para calcular o GER pelas fórmulas preditas

Autor Fórmulas

HARRIS-BENEDICT (1919) 655+9,6*(peso corporal)+1,9*(altura)-4,7*(idade)

FAO/OMS (1985) 10,5*(peso corporal)+596

SCHOFIELD (1985) 9,082*(peso corporal)+658,5

CUNNINGHAN (1991) 21,6*(massa magra, em Kg)+370

41

4.2.8. Coleta de material biológico:

A coleta de sangue para realização de exames bioquímicos foi feita pela

manhã, após um período de jejum mínimo de 12 horas.

Foram colhidos tubos para o hemograma (sangue total), bioquímica

(sangue sem anticoagulante), determinação de glicose sanguínea

(Anticoagulante fluoreto). Com o sangue total, foi dosada a hemoglobina. O

sangue sem anticoagulante foi centrifugado e a partir do soro foram analisados:

colesterol total, LDL, HDL e VLDL. O sangue com fluoreto foi centrifugado e

submetido à determinação da glicemia.

A classificação dos valores bioquímicos do sangue foi utilizada conforme

apresentado no Quadro 4.1.

Quadro 4.1. Classificação dos valores bioquímicos do sangue e critérios utilizados.

Dosagem Valores Normais Critérios

Glicemia

70-110 mg/dL Normal

111-125 mg/dL Intolerância à glicose

>125 mg/dL Diabetes

Sociedade Brasileira De

Diabetes, 2003

Colesterol Total

< 200 mg/dL Ótimo

200-239 mg/dL Limítrofe

240 mg/dL Alto

HDL < 40 mg/dL Baixo

> 60 mg/dL Alto

LDL

< 100 mg/dL Ótimo

100-129 mg/dL Desejável

130-159 mg/dL Limítrofe

160-189 mg/dL Alto

190 mg/dL Muito Alto

Triglicerídeos

< 150 mg/dL Ótimo

150 200 mg/dL Limítrofe

201-499 mg/dL Alto

500 mg/dL Muito Alto

Sociedade Brasileira De

Cardiologia, 2001

O exame de sangue foi realizado no Laboratório de Análises Clínicas da

Universidade São Judas Tadeu.

42

4.3. Etapas da coleta de dados:

Figura 4.6 Esquema da coleta de dados

4.4. Plano de análise dos dados:

Primeiramente as variáveis foram submetidas ao teste Kolmogorov-

Smirnov para verificar se as mesmas apresentavam uma distribuição normal.

Para as variáveis que seguiam uma distribuição normal foi utilizada a correlação

linear de Pearson, e para as demais foi utilizada a correlação de Spearman.

Para as correlações estatísticamente significativas foi realizada regressão linear

múltiplia, método STEPWISE. O grupo foi subdividido de duas formas: de

acordo com o IMC e de acordo com o nível de atividade física. Para as

comparações dos grupos de IMC foi aplicado o test-t e para comparações entre

os grupos do nível de atividade física, procedeu-se à análise por ANOVA,

seguido dos testes pos hoc de LSD. Foi adotado o nível de significância de 5%

e foi utilizado para análise estatística o programa SPSS versão 12.0.

Entrevista: critérios de inclusão/ exclusão e caracterização dos indivíduos

Exame de sangue

Esclarecimento e entrega do diário alimentar de 3 dias

Aplicação do IPAQ curto

Avaliação da composição corporal

Avaliação do consumo de oxigênio

Peso, Altura, Circunferências, Bioimpedância

43

5. RESULTADOS

5.1. Análise do grupo todo

Foram avaliadas 37 idosas, com idade entre 60 a 84 anos. Com relação

ao nível de escolaridade, 67,56% das idosas não completaram o ensino

fundamental. Nenhuma delas tinha o hábito de fumar e apenas 16,2%

consumiam bebidas alcoólicas. Alguns dados da anamnese permitiram a

obtenção de informações pertinentes à discussão do balanço energético,

conforme descrito a seguir.

Não houve relatos de freqüência alta de gripes e resfriados entre as

idosas e apenas 10,81% relataram que ficam resfriadas regularmente. Com

relação à variação de peso dos últimos seis meses, 56,76% das idosas não

apresentaram, 35,14% relataram por motivos de dieta, problemas emocionais,

diabetes, medicamentos, problemas hormonais, prática de exercício, depressão

e 8,11% não souberam explicar.

Apenas 16,21% das idosas não consumiam nenhum tipo de

medicamento, enquanto 83,79% consumiam medicamentos para as doenças

descritas na Tabela 5.1.

Tabela 5.1. Freqüência das doenças relatadas pelas idosas.

Doenças Freqüência

Hipertensão Arterial Sistêmica 14

Dislipidemias 13

Doenças Coronarianas 9

Alergia 7

Diabetes 5

Rinite Alérgica, Sinusite, Artrose, Osteoporose 2

Hepatite B, Asma, Hérnia de Hiato, Paralisia

Infantil, Reumatismo e Varizes 1

44

Como se pode observar, a maior ocorrência corresponde à hipertensão

arterial sistêmica, seguida por dislipidemias e doenças coronarianas.

As principais variáveis obtidas na análise antropométrica e de

bioimpedância encontram-se descritas na Tabela 5.2.

Tabela 5.2. Variáveis antropométricas e de bioimpedância no grupo avaliado.

Média Desvio Padrão Valores

Mínimos

Valores

Máximos

Idade (anos) 68,10 5,70 60 84

IMC (Kg/m 2 ) 27,84 4,77 16,91 37,81

Circunferência Cintura (cm) 86,56 12,41 53,50 105,00

Relação Cintura/ Quadril 0,83 0,80 0,55 0,97

% Gordura (%) 38,26 4,37 21,00 44,70

Peso Gordura Corporal (Kg) 24,81 5,82 10,10 36,40

Peso Massa Magra (Kg) 39,66 6,97 27,7 54,30

Água Corporal Total (L) 29,61 4,46 22,6 38,7

Massa Celular Corporal (Kg) 17,65 3,37 10,9 24,8

Massa Extracelular (Kg) 22,00 3,91 15,6 31,3

Resistência (ohms) 588,25 93,89 446,8 851,9

Reactância (ohms) 60,48 10,49 36,0 85,7

Ângulo de fase (º) 5,91 0,83 3,6 7,8

Água Intracelular (L) 14,73 2,16 10,20 19,10

Água Extracelular (L) 14,88 2,61 11,00 20,80

Para as variáveis usuais de composição corporal, os valores médios

foram comparados ao padrão de referência proposto por Pichard (2000). Esses

autores estabeleceram curvas percentilares de acordo com a faixa etária. A

Tabela 5.3 apresenta as médias e o percentil 50 do estudo de referência, e a

classificação dos valores obtidos no presente estudo

45

Tabela 5.3. Classificação dos parâmetros de composição corporal pelas idosas estudadas.

Valores de Referência Valores Encontrados no Presente Estudo Percentil 50 Média Desvio

Padrão Média Desvio

Padrão Classificação pelo

percentil Massa Magra (Kg) 43,8 44,0 4,5 39,66 6,97 P10 – 25

Massa Gorda (Kg) 19,1 19,5 6,5 24,81 5,82 P75 – P90

% Gordura (%) 30,0 30,1 5,8 38,26 4,37 P90 – P95

Resistência (ohms) - 564 65 588,25 93,89 -

Reactância (ohms) - 61,7 13,7 60,48 10,49 -

Ainda a partir de parâmetros antropométricos, as variáveis circunferência

da cintura e relação cintura/ quadril foram classificadas para identificação do

risco de desenvolvimento de doenças crônicas. O Gráfico 5.1 apresenta esses

resultados.

Gráfico 5.1: Avaliação do risco de desenvolvimento de doenças crônicas a partir dos

parâmetros circunferência da cintura e relação cintura/ quadril

0

5

10

15

20

25

30

35

Circunferência da Cintura Relação Cintura Quadril

46

As idosas tiveram seu gasto energético avaliado por calorimetria indireta.

Para análise do gasto energético em Kcal, utilizou-se a fórmula proposta por

Jequiér e Shultz (1983). Paralelamente, foi estimado o gasto energético de

repouso de acordo com fórmulas preditivas comumente utilizadas. Optou-se

pelas fórmulas propostas por Harris-Benedict (1919), FAO/OMS (1985),

Cunninghan (1991) e Shofield (1985). A Tabela 5.4 apresenta os resultados

calculados e também as predições, em Kcal. Ainda, a Tabela 5.5 apresenta as

análises de correlação realizadas entre as predições e os cálculos pelo

consumo de O2.

Tabela 5.4. Valores de gasto energético calculado e estimado nas idosas

Valores obtidos Cálculo/ estimativa do

Gasto energético Kcal/dia Kcal/ Kg peso corporal Kcal/ Kg de massa magra

Dados da calorimetria 1198,09 454,00 19,58 8,06 31, 95 13,25

Fórmula Harris Benedict 960,67 122,46 14,97 1,05 24,47 1,98

Fórmula FAO/OMS 1277,27 125,85 20,00 1,81 32,68 3,12

Fórmula Cunninghan 1226,81 150,60 19,16 1,75 31,21 1,73

Fórmula Schofield 1247,77 108,85 19,58 2,00 31,98 3,32

47

Tabela 5.5. Análise de correlação entre o gasto energético calculado e as predições

GER (Kcal) GER/ Kg peso

corporal

GER/ Kg de massa

magra

Harris Benedict r= -0,101

p= 0,564 - -

FAO/OMS r= -0152

p= 0,383 - -

Cunninghan r= -0,032

p= 0,855 - -

Schofield r= -0,101

p= 0,564 - -

Harris Benedict/ Kg

peso corporal -

r= 0,620

p= 0,000** -

FAO/OMS/ Kg peso

corporal -

r= 0,426

p= 0,011* -

Cunninghan/ Kg peso

corporal -

r= 0,656

p= 0,000** -

Schofield/ Kg peso

corporal -

r= 0,620

p= 0,000** -

Harris Benedict/ Kg de

massa magra - -

r= 0,591

p= 0,000**

FAO/OMS/ Kg de

massa magra - -

r= 0,629

p= 0,000**

Cunninghan/ Kg de

massa magra - -

r= 0,576

p= 0,000**

Schofield/ Kg de massa

magra - -

r= 0,607

p= 0,000**

* p< 0,05

** p< 0,01

48

A análise do gasto energético de repouso também foi submetida à

análise de correlação com as variáveis antropométricas. A Tabela 5.6 mostra

esses resultados.

Tabela 5.6. Correlação do gasto energético de repouso e gasto energético repouso com

variáveis antropométricas e de bioimpedância.

Variáveis GER (Kcal) GER/ Kg peso

corporal

GER/ Kg de massa

magra

IMC (Kg/m 2 ) r= -0,117

p= 505

r= -0,531

p= 0,001**

r= -0454

p= 0,06*

Circunferência Cintura

(cm)

r= -0,185

p= 0,287

r= -0,480

p= 0,004**

r= -0,411

p=0,014*

Relação Cintura/

Quadril

r= - 0,285

p= 0,097

r= -0,300

p= 0,080

r= -0,260

p= 0,132

% Gordura (%) r= 0,169

p= 0,332

r= -0,028

p= 0,875

r= 0,170

p= 0,329

Peso Gordura

Corporal (Kg)

r= 0,029

p= 0,870

r= -0,419

p= 0,012*

r= -0,318

p= 0,063

Peso Massa Magra

(Kg)

r= - 0,152

p= 0,383

r= -0,593

p= 0,000**

r= -0,594

p= 0,000**

Massa Celular

Corporal (Kg)

r= -0,027

p= 0,876

r= -0,486

p=0,003**

r= -0,650

p= 0,004**

Massa Extracelular

(Kg)

r= -247

p= 0,152

r= -0,612

p= 0,000**

r= -0,650

p= 0,000**

Água Corporal Total

(L)

r= -0,181

p= 0,297

r= -0,612

p= 0,000**

r= -0,609

p= 0,000**

Água Intracelular (L) r= -0,043

p= 0,805

r= -0,467

p= 0,005**

r= -0,458

p= 0,006**

Água Extracelular (L) r= -0,274

p= 0,111

r= -0,661

p= 0,000**

r= -0,662

p= 0,000**

* p< 0,05

** p<0,01

49

Ao observar as variáveis que se correlacionaram significativamente com

o gasto energético de repouso (GER), procedeu-se à análise por regressão

linear múltipla, a partir do método STEPWISE. Os resultados são descritos a

seguir:

- Para os valores absolutos, nenhum parâmetro correlacionou-se

significativamente com o GER;

- Para os valores relativos ao peso corporal, a análise de regressão

apontou a água extracelular como o principal parâmetro que explicou o GER.

As demais variáveis foram excluídas, por constituírem colinearidade.

Desta forma, a equação que tem a GER como variável dependente e a água

extracelular como variável independente é:

GER= 49,168-1,993x Água Extracelular

O valor de R 2 = 0,437. Isto significa que as água extracelular explica

43,7% do GER ajustado pelo peso corporal. Devem existir outros parâmetros,

alem dos avaliados, que seriam responsáveis por esse parâmetro (Gráfico 5.2).

Água Extracelular

22 20 18 16 14 12 10

40

30

20

10

0

Gráfico 5.2. Análise de regressão entre GER/Kg de peso corporal e água extracelular

R 2 = 0,437

50

A análise de regressão entre GER relativizado pelo peso da massa

magra e as demais variáveis antropométricas e de bioimpedância novamente

apontaram a água extracelular como o principal parâmetro quer explica o

GER/MM, explicando também 43,9% deste parâmetro (R 2 = 0,439).

A equação de regressão para esta análise foi:

GER/mm= 80,616-3,279x Água Extracelular

O Gráfico 5.3 apresenta essa análise.

Água Extracelular

22 20 18 16 14 12 10

70

60

50

40

30

20

10

Gráfico 5.3. Análise de regressão entre GER/MM e água extracelular

R 2 = 0,439

51

A análise do balanço energético pelas idosas são apresentados na

Tabela 5.7 e no Gráfico 5.4.

Tabela 5.7. Valores relativos ao balanço energético nas idosas avaliadas

Média Desvio Padrão Valores Mínimos Valores Máximos

Ingestão energética (Kcal) 1193,45 415,44 590,00 2758,00

Gasto Energético Total 2051,59 865,41 798,04 5656,38

Balanço Energético -858,71 726,37 -2898,38 246,25

Gráfico 5.4. Análise do balanço energético pelas mulheres avaliadas.

52

Com relação à ingestão de macronutrientes, o Gráfico 5.5 apresenta a

distribuição percentual em relação ao valor energético dos macronutrientes:

carboidratos, lipídeos e proteínas.

Gráfico 5.5 Distribuição percentual dos macronutrientes ingeridos em relação ao valor

energético total da dieta

No que diz respeito a fibras e alguns micronutrientes, a Tabela 5.8

apresenta a ingestão pelas idosas

Tabela 5.8. Consumo de colesterol. Fibras e micronutrientes pelas idosas

Média Desvio Padrão DRI

Colesterol (mg) 149,51 79,80 Não determinado

Fibras (g) 14,72 6,21 21

Ca (mg) 607,09 276,83 1200

Fe (mg) 10,24 5,88 8

Zn (mg) 6,85 2,6 8

Vit C. (mg) 125,29 91,30 75

54%

21%

25%

% Carboidrato % Proteína % Lipídio

53

Os Gráficos 5.6 e 5.7 apresentam os resultados da análise sanguínea,

relativos a lipídeos plasmáticos e glicemia.

Gráfico 5.6. Distribuição das idosas de acordo com a classificação dos lipídios

plasmáticos.

Gráfico 5.7. Classificação da glicemia.

0 5 10 15 20 25 30 35

Normal

Intolerante

Diabético

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Colesterol HDL LDL Triglicerídeos

54

5.2. Análise do grupo subdividido de acordo com a classificação do IMC

Na avaliação antropométrica das idosas, foi permitido realizar a

classificação das mesmas de acordo com o IMC. Essa classificação está

descrita no Gráfico 5.8.

Gráfico 5.8. Distribuição das idosas de acordo com a classificação do IMC proposta por

Marucci e Barbosa (2003).

Como se pode observar, 17 idosas foram classificadas como baixo peso

e peso normal, enquanto 20 idosas foram classificadas com sobrepeso e

obesidade. Esta constatação despertou a curiosidade de subdividir o grupo, de

forma a investigar se as diferentes classificações de IMC poderiam influenciar

nas demais variáveis analisadas. Estabeleceu-se, desta forma, dois grupos: G1

= Baixo peso + Peso normal; G2 = Sobrepeso + Obesidade. A Tabela 5.9

apresenta a comparação entre as variáveis antropométricas nesses dois

grupos, e a Tabela 10 apresenta a classificação dos parâmetros

antropométricos de acordo com Pichard et al (2000)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Baixo Peso Peso Normal Sobrepeso Obesidade

55

Tabela 5.9. Diferenças antropométricas e de bioimpedância comparando os grupos de IMC.

Média Desvio Padrão Estatística Significância G1 G2

Circunferência Cintura (cm) 76,38 8,27 95,22 7,90 t= -7,071 p= 0,000**

Relação Cintura/ Quadril 0,79 0,08 0,86 0,06 t= -2,794 p= 0,008**

% Gordura (%) 36,92 5,25 39,40 3,17 t= -1,768 p= 0,086

Peso Gordura Corporal (Kg) 19,74 3,32 29,12 3,52 t= -8,275 p= 0,000**

Peso Massa Magra (Kg) 33,69 4,05 44,74 4,38 t= -7,909 p= 0,000**

*p< 0,01

Tabela 5.10. Classificação dos parâmetros de composição corporal pelos grupos deIMC

Percentil Parâmetro

G1 G2 Massa Magra (Kg) < P5 P50-P75

Massa Gorda (Kg) P50-P75 P90-P95

% Gordura (%) P90 – P95 P90-P95

O Gráfico 5.9 mostra a classificação da circunferência da cintura e da

relação cintura/ quadril entre os dois grupos de IMC.

Gráfico 5.9. Distribuição das idosas de acordo com a classificação da circunferência da

cintura e relação cintura/ quadril

0 2 4 6 8

10 12 14 16 18 20

Circunferência da Cintura Relação Cintura Quadril

Baixo Peso + Peso Normal Sobrepeso + Obesidade

56

Ainda, no que diz respeito a especificidades analisadas pela

bioimpedância, novamente foram comparados os diferentes grupos de IMC. A

Tabela 5.11 apresenta esses resultados.

Tabela 5.11. Análise por BIA das idosas de acordo com os grupos de IMC

Média Desvio Padrão G1 G2

Estatística Significância

Resistência (ohms) 654,00 91,50 532 49,97 t= 5,121 p= 0,000**

Reactância (ohms) 65,22 11,62 56,44 7,57 t= 2,762 p= 0,009**

Ângulo de Fase (º) 5,72 0,89 6,09 0,76 t= -1,272 p= 0,212

Massa Celular Corporal (Kg) 14,79 1,99 20,09 2,16 t= -7,700 p= 0,000**

Massa Extracelular (Kg) 18,90 2,53 24,65 2,75 t= -6,557 p= 0,000**

Água Corporal Total (L) 25,77 2,35 32,89 2,93 t= -8,030 p= 0,000**

Água Intracelular (L) 12,99 1,29 16,21 1,57 t= -6,696 p= 0,000**

Água Extracelular (L) 12,77 1,55 16,68 1,87 t= -6,811 p= 0,000**

** p< 0,01

Também foram investigados os diferentes aspectos da análise de

calorimetria indireta nas idosas, de acordo com a subdivisão do grupo de

acordo com o IMC. Os resultados estão na Tabela 5.12.

Tabela 5.12. Média dos valores do GER comparados entre os grupos de IMC

Média Desvio Padrão G1 G2

Estatística Significância

GER (Kcal) 1196,10 345,97 1199,76 538,13 t= -0,023 p= 0,981

QR 0,90 0,07 0,89 0,08 t= 0,365 p= 0,718

O2 (l /min) 0,17 0,04 0,16 0,07 t= 0,049 p= 0,962

O2 (ml/Kg.min) 3,11 1,03 2,32 0,86 t= 2,456 p= 0,019*

O2 (mL/MM.min) 0,09 0,03 0,05 0,01 t= 4,422 p= 0,000**

* p< 0,05

** p< 0,01

57

A Tabela 5.13 mostra a comparação entre os dois grupos no que diz

respeito aos parâmetros sanguíneos avaliados, e Tabela 5.14 correlaciona o

IMC com os parâmetros sanguíneos.

Tabela 5.13. Distribuição em média e desvio padrão dos valores de colesterol total e frações e

glicemia nos grupos de IMC

Média Desvio Padrão Valores (mg/dL) G1 G2

Estatística Significância

Glicemia 81,52 26,51 79,66 13,86 t= 0,263 p= 0,794

Colesterol Total 196,58 39,54 200,83 28,83 t= -0,364 p= 0,718

HDL 46,58 14,02 46,23 11,95 t= 0,078 p= 0,938

LDL 132,84 35,22 134,59 28,96 t= -0,161 p= 0,873

VLDL 17,16 7,03 19,95 6,43 t= -1,226 p= 0,229

Triglicerídeos 85,82 35,16 100,00 32,52 t= -1,239 p= 0,224

Tabela 5.14. Correlação entre colesterol total e frações com IMC

HDL LDL Colesterol Total

IMC r= -0,071

p= 0,683

r= -0,039

p= 0,823

r= 0,001

p= 0,998

Foram avaliados o gasto energético e a ingestão (Kcal) das idosas de

acordo com os grupos de IMC. A Tabela 5.15 e o Gráfico 5.10 apresentam

esses resultados.

Tabela 5.15: Análise do balanço energético de acordo com o grupo de IMC

Média Desvio Padrão Kcal G1 G2

Estatística Significância

GET 2042,35 630,51 2059,37 1040,78 t= -0,057 p= 0,955

Ingestão Energética 1187,87 349,37 1198,4156 476,74 t= -0,073 p= 0,942

Balanço Energético -834,33 725,71 - 880,22 748,59 t= 0,176 p= 0,862

58

Em ambos os grupos o balanço energético foi negativo, contudo não

houve diferenças significativas entre os grupos (Gráfico 5.10).

Out Lier * Valor Extremo

Gráfico 5.10. Comparação entre o gasto energético e a ingestão alimentar nas idosas

59

Foi realizada análise por regressão linear múltipla, a partir do método

STEPWISE, entre as variáveis de gasto energético de repouso (GER) e

bioimpedancia.

Para os valores relativos ao peso corporal, a análise de regressão no G1,

apontou a água extracelular como o principal parâmetro que explicou o GER.

As demais variáveis foram excluídas, por constituírem colinearidade. Desta

forma, a equação que tem a GER como variável dependente e a água

extracelular como variável independente é:

GER= 59,424 - 2,750 x Água Extracelular

O valor de R 2 = 0,373. Isto significa que as água extracelular explica

37,3% do GER ajustado pelo peso corporal, no G1. Devem existir outros

parâmetros, alem dos avaliados, que seriam responsáveis por esse parâmetro.

O Gráfico 5.11 apresenta essa análise

Gráfico 5.11. Análise de regressão entre GER/Kg e água extracelular, G1

R 2 = 0,373

60

No G2, os valores de GER relativos ao peso corporal, a análise de

regressão apontou a reactância como o principal parâmetro que explicou o

GER/ Kg. As demais variáveis foram excluídas, por constituírem colinearidade.

Desta forma, a equação que tem a GER como variável dependente e a

reactância como variável independente é:

GER= -12,414 + 0,490 x Reactância

O valor de R 2 = 0,360. Isto significa que as água extracelular explica

36,0% do GER ajustado pelo peso corporal, no G2. Devem existir outros

parâmetros, alem dos avaliados, que seriam responsáveis por esse parâmetro.

O Gráfico 5.12 apresenta essa análise

Gráfico 5.12. Análise de regressão entre GER/Kg de peso corporal e reactância, G2

R 2 = 0,360

61

A análise de regressão entre GER relativizado pelo peso da massa

magra e as variáveis de bioimpedância novamente apontaram a água

extracelular como o principal parâmetro quer explica o GER/MM no G1,

explicando também 50,1% deste parâmetro (R 2 = 0,501).

A equação de regressão para esta análise foi:

GER/mm= 108,332 – 5,436 x Água Extracelular

O Gráfico 5.13 apresenta essa análise.

Gráfico 5.13. Análise de regressão entre GER/MM e água extracelular, no G1.

R 2 = 0,501

62

Quando realizado a análise de regressão entre GER relativizado pelo

peso da massa magra e as variáveis de bioimpedância no G2 apontou a

reactância o parâmetro que explica o GER/MM, explicando 35,6% deste

parâmetro (R 2 = 0,356).

A equação de regressão para esta análise foi:

GER/mm= -22,263 + 0,848 x Reactância

O Gráfico 5.14 apresenta essa análise.

Gráfico 5.14. Análise de regressão entre GER/MM e reactância, no G2.

R 2 = 0,356

63

5.3 Análise do grupo subdividido de acordo com a classificação do nível

de atividade física

As idosas também foram avaliadas de acordo com o nível de atividade

física, a partir do IPAQ. Os resultados do questionário estão descritos no

Gráfico 5.15.

Gráfico 5.15. Distribuição de idosas de acordo com o nível de atividade física

classificado pelo IPAQ.

Para que fosse observado se o nível de atividade física exerceu alguma

influência sobre as variáveis analisadas, agrupou-se as idosas de acordo com a

atividade física. As diferenças antropométricas dos grupos estão descritas na

Tabela 5.16, e a classificação dos valores por percentis encontra-se na Tabela

5.17.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Baixo Nível Nível Moderado Alto Nível

64

Tabela 5.16. Diferenças antropométricas de acordo com o nível de atividade física.

Média Desvio Padrão Baixo Nível Nível Moderado Alto Nível

ANOVA Significância

Circunferência Cintura (cm) 87,50 15,07 85,28 9,83 87,57 14,37 F= 0,144 p= 0,866

Relação Cintura/ Quadril 0,82 0,08 0,83 0,05 0,82 0,09 F= 0,019 p= 0,981

% Gordura (%) 36,70 7,86 39,81 2,46 37,27 3,48 F= 1,907 p= 0,164

Peso Gordura Corporal (Kg) 24,48 7,86 24,98 5,81 24,77 5,12 F= 0,018 p= 0,983

Peso Massa Magra (Kg) 41,21 7,59 37,40 6,63 41,47 6,79 F= 1,530 p= 0,231

Tabela 5.17. Classificação dos parâmetros de composição corporal pelos grupos de acordo com

o nível de atividade física

Percentis Parâmetro

Baixo nível Nível

moderado Alto Nível

Massa Magra (Kg) P25 - P50 P5 – P10 P25- P50

Massa Gorda (Kg) P75 – P90 P75 – P90 P75 – P90

% Gordura (%) P90 – P95 P90 – P95 P90 –P95

A Tabela 5.18 compara os parâmetros da análise de bioimpedância,

agrupando as mulheres pelo nível de atividade física.

Tabela 5.18. Analise de BIA de acordo com o nível de atividade física

Média Desvio Padrão Baixo Nível Nível Moderado Alto Nível

ANOVA Significância

Resistência (ohms) 577,84 130,00 620 84,77 556,84 77,04 F= 1,840 p= 0,174

Reactância (ohms) 51,98 8,98 a 65,33 916 b 59,18 10,04 a F= 5,033 p= 0,012*

Ângulo de Fase (º) 5,27 1,10 6,01 0,53 6,10 0,86 F= 2,852 p= 0,072

Massa Celular Corporal (Kg) 17,55 4,11 16,86 3,17 18,62 3,22 F= 1,018 p= 0,372

Massa Extracelular (Kg) 23,65 3,86 20,54 3,60 22,00 3,91 F= 2,211 p= 0,125

Água Corporal Total (L) 30,51 4,80 28,13 4,06 30,86 4,55 F= 1,618 p= 0,213

Água Intracelular (L) 14,48 2,70 14,21 1,80 15,44 2,23 F= 1,264 P= 0,295

Água Extracelular (L) 16,02 2,34 13,91 2,41 15,42 2,73 F= 2,198 P= 0,127

* p< 0,05. Pos hoc LSD

65

Os valores do gasto energético de repouso (GER) derivados da calorimetria

indireta, de acordo com o nível de atividade física, estão descritos na Tabela

5.19.

Tabela 5.19. Valores médios da avaliação do GER, de acordo com o nível de atividade física

Média Desvio Padrão Baixo Nível Nível Moderado Alto Nível

ANOVA Significância

GER (Kcal) 917,50 249,92 1261,55 379,59 1274,93 559,53 F= 1,748 p= 0,190

QR 0,91 0,06 0,89 0,09 0,89 0,08 F= 0,070 p= 0,932

O2 (l /min) 0,13 0,03 0,17 0,05 0,18 0,07 F= 1,660 p= 0,206

O2 (ml/Kg.min) 2,10 0,84 2,92 1,05 2,75 0,99 F= 1,634 p= 0,211

O2 (mL/MM.min) 0,05 0,02 0,08 0,03 0,06 0,03 F= 1,476 p= 0,244

Na Tabela 5.20 foi comparada a classificação da glicemia e colesterol

total e frações de acordo com os níveis de atividade física.

Tabela 5.20. Classificação da glicemia e colesterol total e frações de acordo com os níveis de

atividade física.

Média Desvio Padrão mg/dl Baixo Nível Nível Moderado Alto Nível

ANOVA Significância

Glicemia 88,42 29,74 78,64 20,74 78,57 15,44 F= 0,617 p= 0,546

Colesterol Total 187,14 21,79 196,50 45,83 206,85 23,56 F= 0,828 p= 0,446

HDL 46,28 10,99 44,50 13,98 46,40 13,02 F= 0,307 p= 0,738

LDL 126,05 17,23 133,07 42,23 138,25 25,33 F= 0,337 p= 0,716

VLDL 14,80 3,61 18,87 6,20 20,22 8,06 F= 1,564 p= 0,225

Triglicerídeos 74,00 18,06 94,64 31,56 101,14 40,30 F= 1,551 p= 0,228

Foi avaliado o gasto energético total (GET), a ingestão (Kcal) e o balanço

energético das idosas de acordo com os níveis de atividade física, as médias

estão descritas na Tabela 5.21 e demonstrado no Gráfico 5.16.

66

Tabela 5.21. Diferenças entre GET, ingestão energética e o balanço energético.

Média Desvio Padrão Kcal Baixo Nível Nível Moderado Alto Nível

ANOVA Significância

GET 1376,25 374,87 a 2018,48 607,34 a,c 2422,37 865,41 b,c 4,039 0,027*

Ingestão Energética 1192,69 173,35 1071,88 289,15 1323,97 550,85 1,362 0,271

Balanço Energético -225,08 429,47 -844,29 686,61 -1098,40 741,45 3,014 0,063

* p< 0,05

Out Lier * Valor extremo

Gráfico 5.16. Comparação entre o gasto energético e a ingestão alimentar nas idosas

67

6. DISCUSSÃO

O presente estudo procurou identificar aspectos relacionados ao gasto

energético em mulheres idosas. Para tal, utilizou-se das técnicas de calorimetria

indireta e de composição corporal por bioimpedância elétrica. Foram avaliadas,

após a análise dos critérios de inclusão e exclusão, 37 mulheres. A análise dos

resultados demonstrou alguns parâmetros bastante embasados na literatura,

porém outros não.

6.1. Parâmetros de composição corporal:

É bastante comum, com o envelhecimento, ocorrerem alterações nos

parâmetros relacionados à composição corporal. O advento da menopausa sem

dúvida é um dos principais fatores que colaboram com essas alterações. No

presente estudo, os valores obtidos de massa magra, tecido adiposo,

resistência e reactância foram comparados com o estudo realizado por Pichard

et al (2000). Os autores desse estudo avaliaram uma amostra de 3393

indivíduos na Europa, com a finalidadede, ineditamente, construir uma curva de

referência a partir de dados de bioimpedância. Não existem outros parâmetros

de comparação para esses dados, mas cabe ressaltar algumas limitações ao se

proceder a essa comparação. O estudo limitou-se a avaliar indivíduos até 64

anos, e o presente estudo engloba uma faixa etária um pouco maior.

Entretanto, por tratar-se de população saudável, e da faixa etária do presente

estudo não ser muito superior ao estudo de Pichard, considerou-se razoável

proceder à comparação. Desta forma, concordando com dados da literatura, as

idosas do presente estudo apresentaram elevada gordura corporal (em termos

absolutos e percentuais), massa magra reduzida, além de valores elevados

para os indicadores antropométricos de risco de doenças crônicas não

transmissíveis (circunferência da cintura e relação cintura-quadril).

68

As mulheres do presente estudo foram ainda avaliadas de acordo com o

IMC. Comparado com o estudo escolhido como referência (Marucci e Barbosa,

2003), esses valores são classificados como normalidade (no estudo de

referência, o P50 corresponde a 27,84 Kg/m 2 ). Comparando com o mesmo

estudo de referência, os valores correspondentes à circunferência da cintura e

relação cintura-quadril estão também próximos aos aceitáveis. Outro estudo

que foi consultado para análise dos dados do presente é o de Perissinoto et al

(2002), onde foram estudados 5462 indivíduos entre 65 e 84 anos, no sul da

Europa, mostrando uma curva bem definida de peso corporal nos indivíduos

idosos. O estudo, para elaboração das curvas percentilares, dividiu a população

nas seguintes faixas etárias: 65-69 anos, 70- 74 anos, 75- 79 anos, 80- 84

anos. O IMC, no percentil 50 para todo o grupo, foi de 27Kg/m 2 . O IMC decai

com o passar dos anos de vida, mas é importante destacar que, nesse

parâmetro, os autores encontraram um grande coeficiente de variabilidade na

amostra (20,7%), especificamente nas mulheres. Ainda, a circunferência da

cintura se mantém relativamente constante com o passar dos anos (97cm na

primeira e na última faixa etária), enquanto a relação cintura quadril se elevou

(0,93 na primeira faixa etária e 0,95 na última faixa etária). Embora o estudo

não trate especificamente da população brasileira, sem dúvida o mesmo reflete

manifestações típicas do envelhecimento, independente da origem étnica da

população. Na medida em que os anos passam, ao ingressar na casa dos 80

anos, tornam-se mais evidentes as manifestações de dificuldade de mastigação

(pela perda dos dentes), digestão (pela menor atividade das enzimas

digestivas) e o próprio metabolismo (também pela menor atividade de todas as

enzimas que fazem parte dos processos metabólicos). Das 37 mulheres

estudadas no presente trabalho, apenas três tinham idade superior a 80 anos,

e, mesmo assim, pos valores de IMC para essas três mulheres foram altamente

variáveis. Portanto, não seria esperado o relato de processos de perda de peso

na média dessas mulheres, a menos que outros fatores (como a ingestão

alimentar inadequada de forma crônica) estivessem presentes. Ainda, no

69

presente estudo, foram utilizados para classificação dos valores de

circunferência de cintura e relação cintura/ quadril as classificações de Lean et

al (1995), que refletiu os riscos aqui descritos. Entretanto, ao observar a

distribuição da população avaliada por Perissinoto, as mulheres do presente

estudo estão classificadas, para IMC, circunferência de cintura e relação

cintura/ quadril nos percentis 50 ou abaixo. Essa constatação leva à discussão

da necessidade de um padrão de referência mais fidedigno para a população

idosa, principalmente no que diz respeito a risco de desenvolvimento de

doenças crônicas. O estudo a partir do qual foi feita a comparação da

classificação da circunferência de cintura e relação cintura/ quadril, foi realizado

em países sul americanos (Marucci e Barbosa, 2003), e portanto deve ser mais

relacionado com as condições de nutrição da população brasileira.

Ao analisar a classificação de risco a partir da gordura abdominal foi

mais evidente quando se utilizou o indicador relação cintura/quadril. A escolha

entre essas duas medidas para expressar o risco de desenvolvimento de

doenças tem sido discutido há muito tempo. Martins & Marinho (2003), em um

estudo epidemiológico realizado em São Paulo-SP com 1402 indivíduos,

procuraram identificar variáveis associadas a ambas as medidas, na

perspectiva de eleger a melhor delas. As autoras verificaram que a relação

cintura quadril guardou maior associação com eventos passados como

desnutrição, ou ainda hábitos de vida como sedentarismo, fumo entre outros.

Por outro lado, a circunferência da cintura associou-se melhor com parâmetros

bioquímicos de dislipidemias. Para vários parâmetros, entretanto, ambas as

medidas foram associadas. Em outro estudo, Chan et al (2003), estudando 59

indivíduos do sexo masculino, na Austrália, relacionaram as duas medidas com

parâmetros de gordura visceral a partir de ressonância magnética nuclear. Os

autores atribuíram à circunferência do abdômen o melhor indicador de gordura

visceral. Cabe observar, nessa discussão, a classificação da circunferência de

cintura e relação cintura/ quadril dividida pelos grupos de IMC. Ao se dividir as

mulheres de acordo com os grupos de IMC, a classificação pela circunferência

70

da cintura passa a indicar claramente que, quanto maior índice de massa

corporal, maior a medida da cintura. Estes achados poderiam vir de acordo com

a discussão feita por Lee & Nieman (1996), de que a análise da gordura visceral

deve ser complementar à classificação pelo IMC, para uma análise mais

detalhada do risco relacionado à gordura corporal.

A relação entre obesidade e risco de desenvolvimento de doenças

crônicas já é conhecida há bastante tempo. You et al (2004), buscaram

relacionar alguns parâmetros corporais com a síndrome metabólica em

mulheres menopausadas. Os autores observaram que a ocorrência da

síndrome estava diretamente relacionada com a massa magra, com a

adiposidade visceral, e também com indicadores bioquímicos de inflamação. Os

resultados do presente estudo evidenciam o aumento da adiposidade após a

menopausa, e conseqüentemente do risco do desenvolvimento de doenças

crônicas. Ao observar parâmetros antropométricos em mulheres acima de 60

anos, dois momentos são bem distintos: inicialmente, próximo ao advento da

menopausa, ocorre ganho de peso corporal, redistribuição da gordura corpórea

e elevação dos lipídeos plasmáticos. Vários são os motivos para esse

comportamento, mas sem dúvida parâmetros hormonais proporcionam esse

quadro. Evans et al (1983) estudaram mulheres pré menopausa no sentido de

compreender o papel dos hormônios sexuais na distribuição da gordura

corporal. Os autores observaram que, com a diminuição dos estrógenos,

consequentemente ocorre uma diminuição da globulina ligada aos hormônios

sexuais (SHBG), levando a um aumento da porcentagem de testosterona livre.

O aumento da exposição corporal à testosterona livre traz como conseqüências

em médio e longo prazo: - aumento da relação cintura quadril, proporcional à

severidade da obesidade. Isto foi evidenciado no presente estudo quando

dividiu-se as mulheres de acordo com o IMC; - aumento do tamanho dos

adipócitos, especificamente na região abdominal. No presente estudo, a relação

cintura quadril parece ter sido mais representativa dessa adiposidade, pelo

menos no grupo todo; - aumento das concentrações plasmáticas de glicose e

71

insulina; - diminuição da sensibilidade à insulina. Esses fatos não foram

observados no presente estudo, possivelmente pela inclusão apenas de

mulheres saudáveis. Como são comuns os relatos de que, com o

envelhecimento, além do aumento da gordura corporal, ocorre redistribuição

desse tecido, com diminuição nos membros e acúmulo principalmente na região

abdominal, a identificação da distribuição de gordura corporal é importante para

avaliar alterações metabólicas relacionadas a doenças crônicas.

A perda de massa magra também é bastante citada na literatura, e as

explicações para o fato giram em torno da diminuição da atividade física e da

taxa metabólica basal (Sampaio, 2004; Wajchenberg, 2000). Entretanto, You et

al (2004), estudando a síndrome metabólica em mulheres menopausadas, ao

comparar mulheres com e sem síndrome, observaram que as primeiras

apresentaram maior quantidade de massa magra. Os autores especularam que

esse aumento na massa magra devia-se justamente à diminuição da SHBG,

que levaria a um efeito poupador de proteínas, causado pelo aumento do

metabolismo lipídico, além de mudanças na capilarização e composição das

fibras musculares, causados pela adiposidade visceral. Ferrannini et al (1986)

estudaram o efeito do aumento da concentração plasmática de ácidos graxos

sobre o metabolismo de aminoácidos, hipotetizando também um efeito

poupador de proteínas nessa situação metabólica. No presente estudo, as

mulheres classificadas como sobrepeso e obesidade apresentaram uma maior

quantidade de massa magra corporal, enquanto que o percentual de gordura

não apresentou diferença nos dois grupos. Embora não se tenha observado

diferença em outros parâmetros que poderiam direcionar à existência de

síndrome metabólica nessas mulheres, pode-se especular que, a circunferência

do abdômen aumentada, juntamente com maior quantidade de massa magra,

poderiam ser indicadores importantes do risco de desenvolvimento de SM.

O risco de doenças também pode ser investigado a partir do perfil lipidico

sanguíneo. No que diz respeito ao colesterol sanguíneo (colesterol total), a

maior freqüência das avaliadas situou-se nos valores considerado limítrofes, e

72

com relação ao LDL, também a maior freqüência foi classificada como alto ou

muito alto. Por outro lado, os valores de HDL, na média encontraram-se

adequados e o mesmo pode-se comentar a respeito do tracilgliceróis. A

glicemia das mulheres também foi, em sua maioria, considerada como normal.

Os valores sanguíneos não apresentaram diferenças ao se agrupar as

mulheres de acordo com o IMC.

Os demais parâmetros de composição corporal analisados por

bioimpedância não apresentaram nenhum aspecto digno de nota no que diz

respeito ao grupo todo. Entretanto, a partir da divisão das mulheres de acordo

com o IMC, nota-se que o maior IMC significou um maior peso da gordura,

maior peso da massa magra, e maiores valores referentes à circunferência da

cintura e à relação cintura/quadril. Entretanto, observa-se que em termos

percentuais, a gordura corporal não foi diferente entre os grupos. A análise de

bioimpedância realizada identificou parâmetros fisiológicos importantes, como a

resistência (oposição à passagem da corrente elétrica, que reflete adiposidade),

reactância (que diz respeito à integridade das membranas celulares), ângulo de

fase (que guarda relação direta com a reactância), além da massa extra e

intracelular. Observou-se, desta forma: os valores aumentados do IMC

significaram menor reactância, maior massa extra e intracelular, maiores

quantidades de água corporal total, extra e intracelular. Por sua vez, o grupo

com menor valor de IMC apresentou maior valor de resistência.

De acordo com as definições de bioimpedância, a resistência a uma

corrente elétrica reflete oposição ao fluxo ocasionada por maus condutores de

eletricidade. O grupo com menor IMC não apresentou, percentualmente, menor

gordura corporal e apresentou maior resistência. Por outro lado, o grupo com

maior IMC apresentou maior massa magra. Novamente, pode-se atentar ao fato

de que o IMC, com o envelhecimento, não parece refletir, de maneira fidedigna,

a adiposidade. A perda de massa magra é refletida no peso corporal, e o IMC

parece ter refletido a perda de massa como um todo, independente de se tratar

de tecido magro ou adiposo.

73

Comparando-se os grupos de IMC com o estudo de Pichard et al (2000),

os resultados foram coerentes com todos os aspectos abordados na presente

discussão: valores menores de IMC significaram as menores classificações

para massa magra e massa gorda, mas não para o percentual de gordura

corporal.

A divisão das idosas em grupos relacionados ao nível de atividade física

não apontou diferenças em nenhum parâmetro referente à composição

corporal, exceto pra a reactância, para a qual o nível moderado de atividade

física apresentou os maiores valores. Lembrando das definições relativas aos

componentes da bioimpedância, a reactância significa a formação de

capacitores, a partir das características próprias das membranas celulares.

Desta forma, valores mais elevados de reactância podem refletir maior

integridade celular. Embora esses valores, nos três níveis de atividade física,

não estejam muito afastados do valor médio encontrado por Pichard et al

(2000), poder-se-ia supor que a classificação “atividade moderada”, que de

forma geral representa atividades realizadas dentro de uma situação definida

como equilíbrio (ou steady-state) metabólico, estão mais relacionadas com

mobilização de lipídeos, manutenção adequada de frações de colesterol, e

consequentemente com menor risco de lesões celulares causadas, por

exemplo, por placas de ateroma (Mattar, 1995). Entretanto, considerando que o

IPAQ é um instrumento geral de medida de avaliação física, não é possível

afirmar com certeza se as mulheres classificadas como nível elevado de

atividade física realizavam atividades que poderiam exceder sua capacidade

máxima de consumo de oxigênio, de forma a tornar a atividade prejudicial ao

organismo.

6.2. Parâmetros do balanço energético

Para a análise do balanço energético (BE) no presente estudo, foram

avaliados: - o consumo alimentar por três dias não consecutivos; -a taxa

74

metabólica de repouso (GER) por calorimetria indireta . Com relação a esses

métodos, cabe destacar que, para tentar diminuir o erro de notificação do

consumo alimentar, as mulheres receberam orientação detalhada dos itens e da

maneira a anotarem esse consumo. Entretanto, como já é bastante discutido,

existe um grande risco de subnotificação na utilização desse instrumento de

consumo alimentar, assim como de qualquer outro instrumento com essa

finalidade (Trabulsi & Schoeller, 2001; Gibbons et al, 2004).

A primeira constatação, ao se comparar o gasto energético de repouso

(relativo à massa corporal ou à massa magra corporal) das idosas com as

fórmulas preditivas, é que a correlação entre a calorimetria e as fórmulas

preditivas foi positiva e significativa. Isto indica que as idosas não tiveram seus

valores de repouso menores do que o que seria esperado por estudos bem

descritos na literatura (estudos de validação das fórmulas). Ou seja, deve-se

considerar que as fórmulas, ao incluírem a idade como variável, já consideram

a diminuição dos valores de repouso para indivíduos mais velhos. No que diz

respeito às fórmulas escolhidas pra essa avaliação, é importante destacar que

as fórmulas propostas por Harris & Benedict (1919) têm sido extensamente

discutidas desde a sua publicação original. Estudos dos mesmos autores,

posteriores ao original, testaram a fórmula em uma ampla faixa etária, obtendo

resultados satisfatórios. Roza & Shizgal (1985) investigaram a utilização dessas

fórmulas em indivíduos desnutridos, e afirmou que, a partir do momento em que

o estado de desnutrição comprometa a massa celular corporal total, a fórmula

perde a sua confiabilidade. Entende-se como massa celular corporal o total de

massa celular metabolicamente ativa, sendo, portanto o componente da

composição corporal responsável pelo consumo de oxigênio, produção de gás

carbônico e pelo trabalho executado pelo corpo. O presente estudo investigou o

conteúdo celular total a partir de análise por bioimpedância e, dentro dos

valores habitualmente encontrados, não foram encontradas alterações celulares

dignas de nota, o que pode tornar aceitáveis os resultados aqui encontrados.

75

Embora Henry (2004) tenha destacado com bastante ênfase as

dificuldades para avaliação do gasto de repouso em idosos, a população do

presente estudo não parece ter sido sujeita a grande problemas. O critério de

inclusão somente de indivíduos saudáveis sem dúvida colaborou para a

realização da calorimetria indireta sem intercorrências. Desta forma, pode-se

relatar: - as idosas têm uma GER diminuída, e somando-se a essa diminuição,

elas ingeriram uma quantidade menor de energia do que seria necessário para

suprir as suas necessidades. Obviamente, é suscitada a questão: - por que

indivíduos idosos diminuem a GER?

Tem sido extensamente discutido, durante anos, a magnitude e o porquê

da diminuição do gasto energético de repouso com o envelhecimento, sem,

contudo existir consenso ou uma explicação definitiva para tal. Henry (2004),

em uma revisão, aborda várias publicações através dos anos, e dentre muitos

resultados, cita um estudo longitudinal realizado por Chumlea et al (1998).

Nesse estudo, os autores concluem que a magnitude da diminuição do gasto de

repouso é pequena, considerando um período que vai dos 60 até acima de 80

anos. A mesma proporção foi encontrada, pelos autores, na diminuição da

massa magra. Outros estudos como o de Murray et al (1996) afirmam que

“indivíduos idosos fisicamente ativos em bom estado de saúde mostram um

declíneo pequeno na taxa metabólica de repouso e na massa livre de gordura”.

Ainda, foi estimado que a diminuição na taxa metabólica de repouso não é

maior que 1-2% por década em um intervalo entre 20-75 anos (Keys et al,

1973).

Henry (2004), ainda destaca que, a discussão do comportamento da

GER em idosos acaba por ser indefinida, levando-se em consideração que

limitações pertinentes a esse tipo de estudo ainda não foram solucionadas,

como:

- Problemas relacionados “bias” no tratamento dos dados;

- Dificuldades para medir a composição corporal dessa população:

ausência de um padrão-ouro específico para idosos;

76

- Ausência de concordância na melhor forma de expressar o GER em

idosos: em valores absolutos (Kcal/dia), ou relativos à massa corporal total ou à

massa magra (Kcal/Kg de peso ou Kcal/Kg de massa magra corporal).

Com relação a esse último item, é difícil a escolha pela melhor forma de

expressar o gasto de repouso, e como se pode observar na apresentação dos

dados, os valores expressos de forma relativa, tanto à massa magra quanto ao

peso corporal total, foram capazes de correlacionar com as predições. Payne &

Dugdale (1977) afirmam que a massa corporal total acaba sendo uma boa

forma de expressar esse resultado, pois utilizar o peso corporal total, de certa

forma, mantém as diferenças entre os tecidos de uma forma mais aceitável do

que quando se utiliza o peso da massa magra. Alguns tecidos têm atividade

metabólica muito elevada em relação a outros, sendo o cérebro e o fígado os

que possuem os maiores valores. Por sua vez, a massa muscular, apesar de

ser responsável por 40% do peso corporal, responde por apenas 20% da GER.

Por outro lado, o fígado e o cérebro constituem apenas 4% do peso corporal, e

contribuem com 40-45% da GER. A partir dessas constatações, vários estudos

atribuem à diminuição no peso do cérebro a diminuição da GER em idosos

(Henry, 2004).

Piers et al (1998), ao realizar um estudo relacionado à diminuição do

gasto energético de repouso em idosos, levantaram a possibilidade de que,

além da diminuição da GER ser causada pela menor massa magra, a atividade

dessa massa magra poderia estar diminuída. Para constatar esses resultados,

os autores analisaram a água corporal total e a água extra e intracelular. A

hipótese era de que a diminuição da água intracelular, paralela à manutenção

da água extracelular, refletiria diminuição da atividade metabólica da massa

magra. Os autores analisaram 62 sujeitos, a partir da composição corporal por

DEXA (dual-energy X-ray absorptiometry), e da água corporal por diluição de

deutério. Foi observada correlação significativa entre a composição corporal, a

água corporal e GER, o que possibilitou aos autores confirmarem sua hipótese.

Ainda, Fukagawa et al (1990), ao comparar parâmetros de massa magra por

77

diferentes métodos de análise, com os dados de calorimetria, concluíram que a

massa magra tinha pouca influência sobre o gasto, e que a atividade metabólica

dos tecidos poderia ser um fator mais importante. Desta forma, os mesmo

autores (Fukagawa,1996), alguns anos mais tarde avaliaram a água corporal

em relação ao gasto energético de repouso, comparando indivíduos idosos e

jovens, não encontrando, entretanto, valores que comprovassem a hipótese

dessa relação.

A relação entre massa celular corporal a GER também tem sido sujeita a

discussões. Wang et al (2005), utilizando-se de modelos de isótopos estáveis e

ressonância magnética nuclear, estabeleceram que existe relação entre a

composição corporal e o GER, mas destacam que a diminuição na fração

celular nos tecidos, decorrente do envelhecimento, também deve ser levada

em consideração.

Embora a diminuição de hormônios esteróides possa explicar de certa

forma a diminuição do gasto de repouso com o envelhecimento, esse assunto

tem sido há muitos anos objeto de uma série de estudos. Na verdade, não está

ainda claro como e por que, com o envelhecimento, ocorre diminuição da GER.

A GER por unidade de massa magra varia durante o curso da vida, e isto é

bem identificado por vários estudos. A maioria dos estudos tem direcionado a

discussão à perda da atividade metabólica dos tecidos, em especial dos que

fazem parte da massa magra corporal. Não está claro se o declíneo é devido

especificamente à diminuição da massa magra como um todo, ou se há uma

diminuição na atividade metabólica por unidade de massa magra é que está

diminuída. Bosy-Westphal et al (2003) buscaram analisar o gasto energético a

partir de tecidos específicos, pela técnica de ressonância magnética nuclear

combinada com DEXA (dual-energy X-ray absorptiometry). Entretanto, os

autores não conseguiram explicar o declíneo específico em nenhum dos tecidos

investigados, sugerindo que outros fatores, ainda não bem esclarecidos, devem

colaborar com o declíneo da GER com a idade.

78

No presente estudo, a análise de regressão linear múltipla pelo método

STEPWISE entre todos os parâmetros de composição corporal e a GER,

apontou a água corporal extracelular como o parâmetro que melhor responde a

esse gasto energético. Essa regressão foi idêntica tanto quando se analisou a

GER por peso corporal quanto por peso da massa magra. A representação

gráfica dessas regressões mostra que essas variáveis se correlacionam de

forma inversa ( GER/kg: r=-0,661; p=0,000; GER/MM: -0,662, p= 0,000). A

explicação para esse fato, no presente estudo, torna-se difícil, uma vez que a

água intracelular não mostrou significância na regressão linear, e nem a água

corporal total. Lesser & Marfosky (1979) observaram os compartimentos de

água corporal, por técnicas de bioimpedância em indivíduos de ambos os

sexos, com diferentes faixas etárias (45 indivíduos). Para os indivíduos mais

idosos, os autores observaram um ligeiro aumento da água extracelular com

conseqüente diminuição da água intracelular. Entretanto, os autores afirmam

que a diminuição observada não seria suficiente para justificar alterações

metabólicas importantes.

Ao se dividir em grupos de IMC (G1: baixo peso e peso normal; G2:

sobrepeso e obesidade), um fato merece destaque. Para as idosas

classificadas como baixo peso ou peso normal, a variável que exerceu maior

peso sobre a GER continuou sendo a água extracelular. Entretanto, para as

idosas classificadas como sobrepeso e obesidade, a variável que exerceu maior

peso foi a reactância. Observando-se os dados de água corporal após a

subdivisão dos grupo, observa-se: - os maiores valores de IMC correspondem

ao maior conteúdo de água extracelular e maior massa celular corporal; - por

outro lado, o grupo com IMC mais elevado apresentou menores valores de

reactância. Considerando a correlação positiva, pode-se a partir dessa análise

afirmar que, quanto menor a reactância, menor o gasto energético de repouso.

Na análise de bioimpedância, a reactância representa a formação de

capacitores de acordo com a integridade das membranas. Lesões celulares

podem representar diminuição da reactância. O envelhecimento pode ser

79

interpretado, de forma bastante genérica, como o início de um quadro de

degeneração celular, a partir das modificações ocorridas principalmente em

lipídeos. O presente estudo mostrou que uma parcela razoável do grupo

(embora não tenha sido a maioria) apresentou alterações no padrão de

lipoproteínas. Possivelmente, esse resultado guardaria relação com os valores

de reactância, e talvez com o GER. Esta argumentação é embasada no fato de

que, a lesão celular causada por acúmulo de lipoproteínas de baixa densidade

oxidadas, significa um processo inflamatório e, a inflamação resulta, entre

outras coisas, em alterações no gasto energético (Chung et al, 2006).

No presente estudo, o BE foi calculado a partir da subtração entre os

valores da ingestão energética média de três dias, e o gasto energético diário

(que foi obtido multiplicando-se o fator atividade constatado pelo IPAQ). A

análise do grupo todo apontou um balanço energético negativo, o que pode ser

interpretado de várias maneiras:

a-) a constatação seria coerente e a ingestão não está sendo suficiente para

garantir o perfeito funcionamento do organismo. Embora os indivíduos do

presente estudo não apontem para depleção importante de nutrientes,

observou-se diminuição de massa magra nas idosas, na avaliação por

bioimpedância. Ainda, o relato de perda de peso nos últimos seis meses pode

corroborar com essa afirmação. Das idosas estudadas, 35,14% relataram perda

de peso nos últimos 6 meses, o que pode com grande probabilidade estar

relacionado ao balanço energético negativo relatado. Para o grupo todo, e

mesmo quando se separa as mulheres de acordo com o IMC, o balanço

energético permaneceu negativo, ou seja, a ingestão alimentar possivelmente

não está adequada com o gasto energético dessas mulheres. Por outro lado, o

seguinte quadro passa a ser identificado: as mulheres comem pouco, algumas

perdem peso corporal, porém os parâmetros relativos a riscos relativos à

adiposidade permanecem. Várias têm sido as tentativas de explicar esse

comportamento com o envelhecimento e, neste caso, pode-se supor alguma

alteração no metabolismo do tecido adiposo. Parâmetros relativos ao próprio

80

padrão alimentar podem também explicar estes resultados. Embora não tenha

sido analisado no presente estudo aspectos como número de refeições ou

ainda o perfil qualitativo da dieta, um estudo realizado por nosso grupo

(Miyamoto et al, 2006) mostrou, em um grupo semelhante de idosas, alterações

qualitativas referentes tanto a macro como a micronutrientes que poderia estar

relacionado a diferente comportamento do tecido adiposo e consequentemente

do gasto energético de repouso (Farshchi et al, 2004).

Ao se observar a distribuição percentual dos macronutrientes em relação

à ingestão alimentar, e levando em conta as atuais DRIs (Institute of Medicine,

2002), pode-se afirmar que há uma adequação nessa distribuição. Entretanto,

estudo similar realizado especificamente em um projeto de extensão no mesmo

local do presente estudo, apontou inadequação qualitativa da ingestão

alimentar. Naquele estudo, foi comum a ingestão de baixa quantidade de

vegetais e cereais integrais, o que pode também colaborar com riscos ao

estado nutricional (Ribeiro et al, 2006). A maioria dos estudos dietéticos feitos

com idosos limita-se aos dados quantitativos, e isto pode estar mascarando

sérios problemas que deveriam ser solucionados com estratégias educativas.

Das et al (2001), tentaram investigar respostas à diminuição na ingestão

de alimentos comparando indivíduos jovens e idosos. Para tal, utilizou-se de

técnicas de calorimetria indireta, no repouso e em resposta a uma refeição. Um

fato interessante nesse estudo foi que, indivíduos jovens, ao sofrerem um

período de restrição alimentar, tendem a diminuir seu gasto energético de

repouso, em resposta a essa nova situação. Assim, um período de seis

semanas de subalimentação resultou, nos jovens, em ajustes no gasto

energético, de forma que o resultado final é a perda de peso. Por outro lado, os

idosos não tiveram a perda de peso tão evidente quanto os jovens, e tiveram

uma GER menor que os jovens. Os autores explicaram por esse experimento o

fato dos idosos terem seu peso ou gordura corporal elevados, em relação a

indivíduos jovens. As explicações para este fato podem girar em torno de

81

diminuição do sistema nervoso simpático, diminuição da atividade da glândula

tireóide ou ainda outras questões referentes ao sistema neuro-endócrino.

Outra possível explicação para o acúmulo de gordura corporal seria a

diminuição na síntese de estradiol, porém, não se pode deixar de levantar a

possibilidade da leptina ser alterada, colaborando com esse quadro. A

regulação relacionada à leptina parece sofrer alguma alteração com a idade, da

mesma forma que na obesidade. O tecido adiposo aumenta, mas não parece

ocorrer a resposta no gasto energético, na ingestão de alimentos e nem na

sinalização do eixo somatotrófico. Essa constatação leva à hipótese da

resistência à leptina (Mantzoros, 1999; Pisabarro et. al., 1998). Munzberg &

Myers (2005) buscaram compreender o possível mecanismo para

desenvolvimento dessa resistência, e uma explicação traçada pelos autores foi

a expressão aumentada, com o envelhecimento e mesmo na obesidade, do

SOCS-3 (supressor de sinalização de citocinas). Este é um mecanismo

intracelular que, após a ligação da leptina com seu receptor hipotalâmico, de

certa forma regularia a continuidade dessa ligação, similar a um mecanismo de

feedback. Ainda Whang et al (2001), estudando ratos velhos, demonstraram a

partir de técnicas de biologia molecular uma expressão aumentada desse fator

(SOCS3). Nesse estudo, os ratos receberam tratamento com leptina visando

diminuição das liproteínas de baixa densidade, tratamento que não obteve

sucesso. Os autores argumentam que, na ausência ou na sinalização

inadequada de leptina, ocorre um aumento dos ácidos graxos circulantes. A

captação destes ácidos graxos pelo tecido adiposo excede a sua capacidade

oxidativa, levando a uma lipoapoptose. Os lipídeos não oxidados acabam por

entrar em vias metabólicas deletérias, dentre as quais a peroxidação lipídica e

aumento da oxidação dos ácidos graxos com ligações ômega. Relacionando

essas constatações com o presente estudo, pode-se explicar a concentração

ligeiramente aumentada de lipoproteínas de baixa densidade nas idosas. Ainda,

Gabriely et al (2002) estudando modelos de restrição calórica em ratos velhos,

argumentam que a resistência à leptina decorrente da idade não

82

necessariamente deve depender da maior adiposidade e, considerando a

hipótese do aumento do SOCS-3, esse aumento deve acontecer por

mecanismos ainda não identificados.

Além da explicação por alterações no SOCS-3, a maior concentração de

lipoproteínas de baixa densidade nas idosas também poderia ser explicada a

partir de outras argumentações. Com o envelhecimento, o eixo reprodutor

diminui a sua atividade, assim como o eixo tireoideano. Por sua vez, os

hormônios sexuais e tireoideanos estimulam a síntese e liberação hepática de

IGF-I. Então, diminuindo esses hormônios, conseqüentemente ocorrerá uma

diminuição na atividade do eixo GH-IGF-I. O GH é conhecido por estimular o

catabolismo de LDL além de influenciar a atividade da lipoproteína lípase, direta

ou indiretamente (Ottoson et al, 1995). O presente estudo não incluiu medidas

de leptina e nem de IGF-I, porém, estudo anterior de nosso grupo, com um

número menor de idosas, observou claramente uma concentração elevada de

leptina e diminuída de IGF-I (Miyamoto et al, 2006).

Ainda procurando explicar o aumento da leptina e dos lipídeos corporais,

pode-se estabelecer outra linha de raciocínio. Com o envelhecimento há o

aumento do tecido adiposo, o que pode estar relacionado ao aumento nos

níveis basais de insulina, gerado pela resistência característica desse tecido.

Os aumentos da insulina e do tecido adiposo poderiam ser responsáveis pela

elevação nas concentrações de leptina, influenciando conseqüentemente o

gasto energético. Isto poderia explicar a menor ingestão energética pelas

idosas. Por outro lado, se o processo de resistência leptínica ocorrer, a

ausência de sinalização hipotalâmica leva a um aumento da concentração

plasmática desse hormônio, aumento dos depósitos de gordura corporal e

desequilíbrio dos eixos hormonais. Além do eixo GH-IGF-I, o eixo da tireóide

também poderia estar alterado, novamente explicando a baixa ingestão

energética e todas as alterações nos lipídeos plasmáticos.

Outra manifestação típica de doenças causadas por alterações

hormonais foi observado alta freqüência de hipertensão arterial sistêmica,

83

dislipidemias e doenças coronarianas . A diminuição ou cessação da síntese de

esteróides ovarianos tem sido atribuída ao início do desenvolvimento de

doenças como: hipertensão, dislipidemias e doenças coronarianas. Uma das

explicações para este fato seria o fator de proteção que os esteróides ovarianos

exercem sobre situações relacionadas ao estresse oxidativo. A maior parte das

alterações relativas ao desenvolvimento de doenças crônicas diz respeito a

esse mecanismo de estresse (Prediger et al, 2004).

b-) Há subnotificação nos relatos da dieta? Isto levaria e supor que idosas,

assim como em indivíduos obesos, têm como usual subestimar a ingestão

alimentar. Seale (2002) investigou aspectos do balanço energético em 54

indivíduos adultos, comparando o relato de ingestão de três dias com a água

duplamente marcada. O autor evidenciou a subnotificação, e propôs algumas

correções no que diz respeito ao sexo, peso da massa magra e gasto

energético para atenuar a possibilidade de subnotificação. A memória, que

também é um processo decorrente do envelhecimento, poderia justificar esse

fato. Por outro lado, é bastante descrito na literatura que, com o

envelhecimento, ocorre diminuição na ingestão de alimentos especialmente por

reduções na habilidade de sentir sabores e aromas. Além disso, com o

envelhecimento também são diminuídos hormônios e enzimas digestivas, é

diminuída a capacidade de absorção intestinal e, todos esses fatores somados

justificariam a baixa ingestão energética pelas idosas. Entretanto, o que se

esperaria nesse contexto, é a redução alimentar paralela à redução no gasto

energético (Roberts & Rosenberg, 2005). Considerando que a maioria das

mulheres do pressente estudo poderiam ser incluídas no subgrupo chamado

“idosas jovens” (Henry, 2000), poder-se-ia supor que a diminuição na GER

ainda venha a acontecer em médio e longo prazo.

Ainda no que diz respeito a possíveis fatores que podem influenciar na

GER, alguns autores atribuem ao padrão alimentar e à atividade física a

variabilidade desses valores. Van Pelt et al (2001), compararam adultos e

jovens em dois níveis extremos de atividade física: atletas e indivíduos que

84

apenas executavam suas atividades rotineiras. Os autores compararam o gasto

energético de repouso e a ingestão alimentar nesses grupos. Como grandes

achados do estudo, os autores identificaram que há uma diminuição, com o

envelhecimento, do gasto energético de repouso ajustado pela massa magra, o

que indica diminuição da atividade metabólica desse tecido. A magnitude da

diminuição está diretamente relacionada com o volume de atividade física

realizado. Desta forma os idosos que eram envolvidos em atividades esportivas,

tiveram diminuição na massa magra, mas essa diminuição foi muito menor que

os indivíduos não-atletas. Além disso, no estudo, a análise de covariância

mostrou que a ingestão energética pela dieta também colaborou com o gasto

energético de repouso, independente do volume de exercício, mostrando que

as menores ingestões foram relacionadas aos menores gastos de energia. No

presente estudo, o nível de atividade física não foi responsável por diferenças

significativas nos valores da GER. Porém, é importante destacar que, na

população selecionada para o presente estudo não foram incluídas mulheres

que participassem de atividades esportivas. Portanto, o nível considerado alto

de atividade física dizia respeito a atividades cotidianas, o que não parece ter

sido suficiente para provocar mudanças na GER.

Neuhauser-Berthold et al (2000) ressaltam que existem muitas variáveis

interferentes na GER, e que a reposta exata dessas relações deve ser feita com

muita cautela no sentido de isolar e avaliar a influência de todas as variáveis.

Ademais, Starling et al (1998), em estudos com água duplamente marcada,

observaram forte correlação entre a medida da necessidade energética e as

predições do gasto energético. Os autores destacaram ainda que os fatores que

mais estavam relacionados com o gasto energético em idosas foram a massa

corporal total, a massa magra e o consumo de oxigênio de pico. Desta forma,

quanto maior o VO2 de pico, e, portanto a potência aeróbia, maior a

necessidade energética. A potência aeróbia das mulheres do presente estudo

não foi avaliada, porém, foi medido o nível de atividade física das mesmas a

partir do IPAQ. Os dados obtidos não são condizentes com a ingestão

85

energética abaixo da predição, pois a maioria das mulheres foi classificada

como nível moderado ou alto de atividade física. Isto mais uma vez pode

confirmar a hipótese de subnotificação da ingestão alimentar.

Por outro lado, embora não tivesse sido descrito graficamente, foi

realizada análise de regressão entre GER e outras variáveis do estudo. A

análise demonstrou significância da GER com a idade (R 2 =0,379) e com o valor

energético ingerido (R 2 =0,267). A análise demonstrou que a GER se eleva na

medida em que se eleva a ingestão energética, e diminui na medida em que a

idade aumenta. Essa constatação está em desacordo com os estudos citados

de Das et al (2001). Naquele estudo, os autores observaram que na medida em

que foi realizada a restrição energética, a GER não diminuía na mesma

proporção.

86

7. CONCLUSÕES

A partir dos objetivos estabelecidos no presente estudo, pode-se

concluir:

- As mulheres idosas apresentam parâmetros de composição corporal, na

média, relacionados a aumento da adiposidade, o que nem sempre é refletido

no peso corporal;

- A maior adiposidade também refletiu maior circunferência do abdômen e

maiores concentrações de lipídeos plasmáticos, o que significa maior risco de

desenvolvimento de doenças crônicas;

- A adiposidade aumentada mostrou-se relacionada ao aumento da massa

magra e dos conteúdos de água corporal;

- o IMC não foi relacionado com a identificação de riscos sanguíneos, e portanto

não deve ser um bom instrumento de triagem nesse sentido;

- A água extracelular foi o fator que respondeu com maior significância ao gasto

energético de repouso. Entretanto, para as mulheres que se desviaram para a

obesidade, a reactância respondeu com maior intensidade ao gasto energético

de repouso;

- Todo o grupo apresentou balanço energético negativo, o que pode colaborar,

em médio e longo prazo, com comprometimentos importantes no estado

nutricional.

87

8. ABSTRACT

This study aims to: - evaluate, in postmenopausal women, alterations of ageing

on the energetic expenditure, according to different physical activity levels and

to different body mass indexes (BMI); - to correlate data of oxygen consumption

and energy expenditure with body composition and some biochemical

parameters; - to correlate some basal energy expenditure equations with the

measured rest oxygen consumption in these women. METHODS: it was been

evaluated 37 women, above of 60 years old, postmenopausal. The evaluated

parameters were: BMI, waist circumference; body composition from bioelectric

impedance (BIA - Biodynamics® model 450); three food diary; physical activity

level (PAL- from International Physical Activity Questionary short version);

resting energy expenditure (REE), from indirect calorimetry (VO2000-

Inbrasport); total energy expenditure (TEE - calculated from the PAL, according

to FAO/OMS), serum lipids. For comparison, the elderly had been divided by

BMI, from established (Marucci and Barbosa, 2003) (G1- Low Weight + Normal

Weight; G2- overweight and obesity). Furthermore, they were divided according

the PAL: (Low Level, Moderate Level and High Level). RESULTS: regression

analysis pointed the extracellular water as the main parameter that explained

the REE (REE/Kg, R 2 = 0,437, and REE/MM, R 2 = 0,439) for all individuals, but

in G2, the reactance was the main factor (REE/Kg: R 2 = 0,360; REE/MM: R 2 =

0,356). G2 presented higher anthropometric values (waist circumference: G1=

76,38 ± 8,27cm; G2= 95,22 ± 7,90cm; t= -7,071, p= 0,000; body fat: G1= 19,74

± 3,32; G2= 29,12 ± 3,52 Kg; t= -8,275, p= 0,000; total body water: G1= 25,77 ±

2,35; G2= 32,89 ± 2,93Kg; t= -8,030, p= 0,000).Resting O2 consumption

(ml/kg.min) was higher in G1 than G2 (3.11 ± 1,03 and 2,32 ± 0,86 respectively;

t=2,456 p=0,019). According PAL groups, only TEE (Kcal) was different among

groups: low level= 1376,25 ± 374,87; moderate level = 2018,48 ± 607,34 and

high level= 2422,37 ± 865,41 (F= 4,039, p= 0,027). The serum lipids were close

88

to normality for all individuals. The energetic balance was negative for all

individuals, without difference among groups (BMI or PAL) CONCLUSIONS: -

aged women presented increased adiposity, that it was not represented by

body weight; - adiposity also reflected greater waist circumference and serum

lipids, what means risk of chronic illnesses; - increased adiposity was related to

increase of lean mass and body water contents; - BMI was not correlated with

the blood lipids, and therefore it does not seem to be a good health indicator; -

all individuals presented negative energy balance, what means nutritional risk.

Key-words: ageing, energy balance, body composition.

89

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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103

10. ANEXOS 10.1. ANEXO 1: Termo de consentimento livre e esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TÍTULO DA PESQUISA: INFLUENCIA DA LEPTINA, INSULINA E IGF-1 NO

GASTO ENERGETICO DE IDOSOS EM DIFERENTES NIVEIS DE ATIVIDADE

FISICA

Eu, ___________________________________________(nome, idade, RG,

endereço, telefone, email), abaixo assinado (ou meu Responsável

Legal_____________________ - quando aplicável), dou meu consentimento

livre e esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa

supracitado, sob responsabilidade do(s) pesquisador(es)

___________________, membros da Coordenadoria de Pós Graduação

Estricto Sensu em Educação Física da UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU.

Assinando este Termo de Consentimento, estou ciente de que:

1) O objetivo da pesquisa é verificar as relações entre hormônios, gasto

energético, dieta e atividade física.

2) Durante o estudo serão feitos: coleta de sangue, análise de espirometria,

avaliação antropometrica e aplicação de questionários versando sobre atividade

física e dieta

3) Não existe nenhum tipo de risco nos procedimentos adotados para coleta

dos dados;

4) Minha participação neste estudo poderá ajudar a elucidar a questão da

diminuição do gasto energético decorrente do envelhecimento

5) Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente

sobre a minha participação na referida pesquisa ou ensaio (clínico);

104

6) Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na

pesquisa/ensaio clínico, a não ser que esta interrupção seja contra-indicada por

motivo médico;

7) Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais

obtidos através da pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos

do trabalho, expostos acima, incluída sua publicação na literatura científica

especializada;

8) Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Judas

Tadeu para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa ou

ensaio clínico através do telefone (11) 6099-1665 – Prof. Leoni;

9) É condição indispensável para minha participação na pesquisa/ensaio clínico

que eu esteja em boa saúde e, portanto, não esteja no momento sob tratamento

médico e nem fazendo uso de quaisquer drogas ou medicações (quando

aplicável);

10) Poderei entrar em contato com o responsável pelo estudo, Prof.

____________________________, sempre que julgar necessário pelo telefone

________________;

11) Este Termo de Consentimento é feito em duas vias que uma permanecerá

em meu poder e outra com o pesquisador responsável.

São Paulo,_____de_____ de____________

____________________________________ Nome e assinatura do Voluntário ou do

Responsável Legal

_____________________________________ Nome e assinatura do Pesquisador

Responsável pelo Estudo

105

10.2. ANEXO 2: Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

106

107

108

10.3. ANEXO 3. Anamnese

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Anamnese

Nome:

End:

N°: Apto: Bairro: e-mail:

Telefone: Celular: Data de Nascimento: ___/___/___

Reside: Só Acompanhado Com quem:

Escolaridade Comp. Incomp.

Tabagismo:

Sim Não

Quanto tempo? N° cigarros/ dia

Fundamental Consome Bebida Alcoólica? Sim Não

Médio 6 a 7 x/ semana 4 a 5 x/ semana 2 a 3 x/ semana

Superior < 2 x/ semana 1 x/ mês Raramente

Pós Graduação Uso de suplemento/ Medicamento? Sim Não

Suplemento/ Medicamento Freqüência Dose

Doenças Sim Não Costuma ficar resfriado? Sim Não Freqüência:

Diabetes Alteração de peso nos últimos 6 meses? Sim Não

HAS Quanto? Motivo:

Dislipidemias

Doenças Coronarianas Outras Doenças:

Anemia

Tireóide

Medidas Antropométricas Bioimpedancia

Peso: % gordura corporal: % água Massa Magra:

Altura: Massa magra: Resistência:

IMC: Água: Rectância:

109

10.4. ANEXO 4. Modelo do Questionário Internacional de Atividade Física

(IPAQ) – Versão Curta

110

111

112

113

114

10.5. ANEXO 5. Diário Alimentar

O QUE É UM DIÁRIO ALIMENTAR?

O diário alimentar serve para avaliar o quanto de energia nós

consumimos diariamente. Por isso, este diário deverá ser

preenchido durante três dias da semana; porém estes dias não

poderão ser consecutivos e um deles deve corresponder a um dia

do final de semana.

Por exemplo:

Se você preferir começar a preencher na terça-feira:

#SUGESTÃO#

DOMINGO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO

X X 1° dia X 2º dia X 3º dia

Fica ao seu critério a escolha dos dias.

NÃO ESQUEÇA QUE O PREENCHIMENTO NÃO PODE SER EM

DIAS CONSECUTIVOS (EXEMPLO: DOMINGO, SEGUNDA E

TERÇA)

115

COMO PREENCHER MEU DIÁRIO ALIMENTAR?

Como o próprio nome já explica, é um diário, e nele você irá

contar TUDO o que comeu durante o dia inteiro. Quanto mais

verdadeiro for seu relato, melhor será seu resultado.

Nele necessita o preenchimento da: hora da refeição (1), tipo

de refeição (2), os alimentos (3), os ingredientes (quando

necessários) e a quantidade consumida expressa em medidas

caseiras (4). Caso consuma algum medicamento ou suplemento,

não esqueça de preencher (5).

NÃO ESQUEÇA DE ESCREVER SEU NOME COMPLETO E A

DATA!!!

Por exemplo:

NOME: Robspierre da Siqueira Campos DATA 20 09 2004 HORÁRIO REFEIÇÃO

ALIMENTO INGREDIENTES e QUANTIDADE

(MEDIDA CASEIRA)

MEDICAMENTOS OU

SUPLEMENTOS

8:oo café da manhã

1 copo de café com leite 1 pão francês com manteiga

½ copo (de requeijão) de leite ½ copo (de requeijão) de café 2 colheres (de sobremesa) de açúcar 1 pão francês 1 colher (de café) de manteiga

1 pílula de DIOVAN HCT 120/80 após o café da manhã com ½ copo de água

SE AO PREENCHER FALTAR ESPAÇO, UTILILIZE O VERSO DA FOLHA.

116

DIÁRIO ALIMENTAR I NOME: DATA __/ __

HORÁRIO REFEIÇÃO

ALIMENTO INGREDIENTES e QUANTIDADE

(MEDIDA CASEIRA)

MEDICAMENTOS OU

SUPLEMENTOS

117

DIÁRIO ALIMENTAR II NOME: DATA __/ __

HORÁRIO REFEIÇÃO

ALIMENTO INGREDIENTES e QUANTIDADE

(MEDIDA CASEIRA)

MEDICAMENTOS OU

SUPLEMENTOS

118

DIÁRIO ALIMENTAR III NOME: DATA __/ __

HORÁRIO REFEIÇÃO

ALIMENTO INGREDIENTES e QUANTIDADE

(MEDIDA CASEIRA)

MEDICAMENTOS OU

SUPLEMENTOS