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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO RENAN BUENO CARVALHO ROGERIO LEPPER DE ATALIBA NOGUEIRA PETRAZ FURUYA MATIUSSI ANGELO MIGUEL DA ROSA ESTUDO DOS EFEITOS DO USO DE CONSUMÍVEL PARA AÇO INOXIDÁVEL NA SOLDAGEM DE CHAPAS DE AÇO CARBONO Itatiba 2014

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

RENAN BUENO CARVALHO

ROGERIO LEPPER DE ATALIBA NOGUEIRA

PETRAZ FURUYA MATIUSSI

ANGELO MIGUEL DA ROSA

ESTUDO DOS EFEITOS DO USO DE CONSUMÍVEL PARA AÇO

INOXIDÁVEL NA SOLDAGEM DE CHAPAS DE AÇO CARBONO

Itatiba

2014

RENAN BUENO CARVALHO

ROGERIO LEPPER DE ATALIBA NOGUEIRA

PETRAZ FURUYA MATIUSSI

ANGELO MIGUEL DA ROSA

ESTUDO DOS EFEITOS DO USO DE CONSUMÍVEL PARA AÇO

INOXIDÁVEL NA SOLDAGEM DE CHAPAS DE AÇO CARBONO

Monografia apresentada ao curso de Engenharia Mecânica da Universidade São Francisco, como requisito para obtenção do titulo de bacharel em Engenharia Mecânica.

Orientador: Profº. Dr. Fernando César

Gentile.

Itatiba

2014

Candidatos: RENAN BUENO CARVALHO

ROGERIO LEPPER DE ATALIBA NOGUEIRA

PETRAZ FURUYA MATIUSSI

ANGELO MIGUEL DA ROSA

Título: ESTUDO DOS EFEITOS DO USO DE CONSUMÍVEL PARA AÇO

INOXIDÁVEL NA SOLDAGEM DE CHAPAS DE AÇO CARBONO.

Monografia apresentada ao curso de Engenharia Mecânica da Universidade

São Francisco, como requisito para obtenção do titulo de bacharel em Engenharia

Mecânica.

Data: 03 de dezembro de 2014

________________________________ Prof. Fernando Cesar Gentile Orientador ________________________________ Prof. Renato Franco de Camargo Examinador ________________________________ Prof. Paulo Eduardo Silveira Examinador

A luta contra o erro tipográfico tem algo de

homérico. Durante a revisão os erros se

escondem, fazem-se positivamente invisíveis.

Mas assim que o livro sai, tornam-se

visibilíssimos.

(Monteiro Lobato)

Que os vossos esforços desafiem as

impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes

coisas do homem foram conquistadas do que

parecia impossível.

.Agradecimentos

Agradecemos primeiramente ao orientador Profº Fernando Cesar Gentile

pela dedicação e por toda a ajuda que nos proporcionou durante todo o trabalho.

Aos funcionários de laboratório da Universidade São Francisco Itatiba pelo

apoio e suporte na fase de testes de tração e metalografia.

Aos amigos e pessoas que nos ajudaram com toda a parte de soldagem,

bem como o ensaio de ultrassom.

Aos demais professores que estiveram envolvidos de alguma forma para a

conclusão deste trabalho.

Resumo

Este trabalho apresenta um estudo realizado em processo de soldagem

utilizando com consumível aço carbono e aço inoxidável. Este tema foi abordado

visto que na indústria é comum utilizar o aço inox para substituir o carbono sem

qualquer especificação por norma. Neste trabalho foram realizados ensaios de

tração, ultrassom e metalografia para comparar resultados de chapas de aço

carbono soldada com ambos os consumíveis. Os resultados obtidos mostram que

chapas soldadas com os dois materiais utilizados apresentam um desempenho

similar.

Palavras-Chave: soldagem, aço carbono, aço inoxidável.

Abstract

This paper presents a study realized in welding process using as

consumable carbon steel and stainless steel. This subject was dealt since in industry

is normal to use the stainless steel to replace by iron steel whithout any specification

by a standard. It was performed traction test, ultrasound and metallography to

compare the results of steel plate welded with both consumable. The results obtained

show that steel plate welded with each material, presents a similar performance.

Key Words: welding, carbon steel, stainless steel.

Lista de Figuras

Figura 1 – Imperfeições nas dimensões do cordão de solda. ...................................... 22

Figura 2 – Falta de penetração ........................................................................................ 22

Figura 3 - Mordedura ........................................................................................................ 23

Figura 4 - Trincas .............................................................................................................. 23

Figura 5 - Poros ................................................................................................................. 24

Figura 6 – Inclusão de escória ......................................................................................... 24

Figura 7 – Método de aplicação do LP ........................................................................... 26

Figura 8 – Princípios básicos da inspeção de matérias por ultrassom........................ 27

Figura 9 – Técnica impulso Eco ...................................................................................... 28

Figura 10 – Técnica de transparência............................................................................. 28

Figura 11 – Equipamento para ensaios de tração ......................................................... 30

Figura 12 – Curva carga-alongamento ........................................................................... 31

Figura 13 – Corpos de prova antes de serem usinados ............................................... 34

Figura 14 - Chanfro em X ................................................................................................. 34

Figura 15 - Distância entre as chapas ............................................................................ 35

Figura 16 -Eletrodos utilizados ........................................................................................ 36

Figura 17 - Máquina utilizada ........................................................................................... 36

Figura 18 - Passe de acabamento .................................................................................. 37

Figura 19 - Transdutor ...................................................................................................... 38

Figura 20 - Ultrassom ....................................................................................................... 39

Figura 21 - Acoplante ....................................................................................................... 40

Figura 22 - Amostra sendo ensaiada .............................................................................. 40

Figura 23 - Inspeção de soldagem em ângulo ............................................................... 41

Figura 24 - Dimensões do corpo de prova para ensaio de tração ............................... 41

Figura 25 - LP aplicado .................................................................................................... 43

Figura 26 - Revelador aplicado ........................................................................................ 43

Figura 27 – Corpo de prova (região da solda e zona de calor afetada) ...................... 44

Figura 28 - Aparelho utilizado para lixar os corpos de prova ....................................... 45

Figura 29 - Representação esquemática do método de lixamento.............................. 45

Figura 30 – Amostra analisada ........................................................................................ 46

Figura 31 – Ataque químico ............................................................................................. 46

Figura 32 – Amostra após o ataque químico ................................................................. 47

Figura 33 - Microscópio Olympus BH2-UMA ................................................................. 48

Figura 34 - Máquina de ensaio de tração ....................................................................... 49

Figura 35 - Painel da máquina de ensaio ....................................................................... 49

Figura 36 – Corpo de prova fixado nas garras ............................................................... 50

Figura 37 - Ensaio de ultrassom ...................................................................................... 51

Figura 38 - LP revelado ER6013 ..................................................................................... 52

Figura 39 - LP revelado ER308L ..................................................................................... 52

Figura 40 - Pontos observados no ensaio metalográfico (ER6013 e ER308L) .......... 53

Figura 41 - 200x, eletrodo ER6013 no ponto 1 .............................................................. 54

Figura 42 - 200x, eletrodo ER308L no ponto 1 .............................................................. 54

Figura 43 - 200x, eletrodo ER 6013 no ponto 2 ............................................................. 55

Figura 44 - 200x, eletrodo ER308L no ponto 2 .............................................................. 55

Figura 45 - 200x, eletrodo ER6013 no ponto 3 .............................................................. 56

Figura 46 - 200x, eletrodo ER308L no ponto 3 .............................................................. 56

Figura 47 - Ensaio com ER6013. .................................................................................... 58

Figura 48 - Ensaio com ER308L. .................................................................................... 59

Lista de Tabelas Tabela 1 – Tabela de micro ataques de aços ................................................................ 47

Tabela 2 – Ensaios de tração .......................................................................................... 57

Lista de equações Equação 1 – Limite de escoamento ................................................................................ 31

Equação 2 – Tensão limite de resistência ...................................................................... 32

Equação 3 - Alongamento ................................................................................................ 32

Equação 4 – Redução de área ........................................................................................ 32

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 15

1.1 OBJETIVO ........................................................................................... 15

1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................... 16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................... 17

2.1 PROCESSOS DE SOLDAGEM ................................................................. 17

2.1.1 Processo MIG/MAG (Metal Inert Gas/Metal Active Gas) ............ 18

2.1.2 Soldagem com arco submerso ................................................... 19

2.1.3 Soldagem Eletrodo de Tungstênio - TIG .................................... 19

2.1.4 Eletrodo Revestido ..................................................................... 20

2.2 DESCONTINUIDADES DO PROCESSO DE SOLDAGEM ................................ 21

2.2.1 Dimensão incorreta da solda (perfil do cordão) .......................... 21

2.2.2 Falta de fusão ou penetração ..................................................... 22

2.2.3 Mordeduras ................................................................................ 22

2.2.4 Trincas ....................................................................................... 23

2.2.5 Inclusão Gasosa (Poros) ............................................................ 23

2.2.6 Inclusão de Escória .................................................................... 24

2.3 ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS ....................................................... 25

2.3.1 Liquido Penetrante (LP) ............................................................. 25

2.3.2 Ensaio por Ultrassom (US) ......................................................... 27

2.3.3 Metalografia................................................................................ 29

2.4 ENSAIOS DESTRUTIVOS ............................................................... 29

2.4.1 Ensaio de tração ........................................................................ 29

2.4.2 Limite de escoamento ................................................................ 30

2.4.3 Limite de resistência ................................................................... 31

2.4.4 Alongamento .............................................................................. 32

2.4.5 Redução de área ........................................................................ 32

3 METODOLOGIA .................................................................................. 33

3.1 PREPARAÇÃO DOS CORPOS DE PROVA (CP) .......................................... 33

3.1.1 Objetivo ...................................................................................... 33

3.1.2 Preparação dos corpos de prova ............................................... 33

3.1.3 Soldagem ................................................................................... 34

3.2 ENSAIO DE ULTRASSOM ...................................................................... 37

3.2.1 Objetivo ...................................................................................... 37

3.2.2 Ensaio ........................................................................................ 37

3.2.3 Usinagem ................................................................................... 41

3.3 ENSAIO POR LÍQUIDO PENETRANTE (LP) ................................... 42

3.3.1 Introdução .................................................................................. 42

3.3.2 Ensaio de Líquido penetrante..................................................... 42

3.4 METALOGRAFIA ............................................................................. 44

3.4.1 Objetivo ...................................................................................... 44

3.4.2 Ensaio metalográfico .................................................................. 44

3.4.3 Micro ataque:.............................................................................. 47

3.5 ENSAIO DE TRAÇÃO ...................................................................... 48

3.5.1 Objetivo ...................................................................................... 48

3.5.2 Metodologia do ensaio ............................................................... 48

4 RESULTADOS .................................................................................... 51

5 CONCLUSÃO ...................................................................................... 60

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 61

15

1 INTRODUÇÃO

O processo de soldagem possui grande importância atualmente, visto que é

utilizado nas mais variadas aplicações, nos processos mais distintos que existem.

Lembrando que a soldagem não se aplica somente aos aços, podendo ser usado

em outros materiais. Um exemplo seria o processo por eletrodo revestido, tema que

será bastante discutido neste trabalho. Trata-se de um processo bastante versátil,

por esse motivo, trata-se de uma das principais escolhas na indústria.

O processo de soldagem consiste num procedimento bastante simples, que

em alguns casos não precisa de um operador com tanta experiência para executa-lo.

Embora sempre deva ser verificado se a solda é de boa qualidade.

No entanto, existem casos onde a aplicação exige um processo bastante

eficaz, no qual se tornam importantes os ensaios para análise da solda. Um dos

ensaios mais utilizados é o Liquido Penetrante (LP), em que se aplica um liquido na

região soldada que revela as não conformidades.

Importante destacar que um fator importante e característico da soldagem é o

consumível a ser utilizado. Os consumíveis são os materiais empregados na solda

como material de preenchimento. Para cada tipo de solda há uma norma

especificando os tipos de consumíveis a serem utilizados.

Contudo, observa-se que alguns operadores acabam por não utilizar o

consumível correto em alguns casos, normalmente para reaproveitamento de

material , finalizar uma solda e talvez diminuir o tempo de processo.

Com isso, será estudado neste trabalho qual o efeito que se obtém ao trocar

um consumível que não está especificado em norma e verificar se esta prática

realmente diminui a qualidade da solda e o quanto afeta na sua aplicação. Neste

trabalho não serão discutidos em detalhes os custos de cada processo.

1.1 Objetivo

Verificar os efeitos causados na soldagem de corpos de prova normalizados

de aço ABNT 1020 com eletrodo para aço inoxidável quanto ao surgimento de

trincas internas e externas, resistência mecânica e zona afetada pelo calor.

16

Comparar os resultados obtidos com corpos de prova semelhantes soldados com

eletrodos para aço ABNT 1020.

1.2 Justificativa

Verificar os problemas que podem surgir da prática de soldar chapas de aço

ABNT 1020 com eletrodo para aço inoxidável, uma vez que esta pratica é muitas

vezes utilizada na indústria sem base teórica e sem análises comparativas, contando

apenas com a experiência do operador.

17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Processos de soldagem

Utilizado em vários processos de fabricação, a soldagem tem como uma de

suas definições o processo de união de metais por fusão, também utilizado para

deposição de material sobre uma superfície desgastada a fim de recuperá-la através

de um revestimento com características especiais.

Ressalta-se que o processo de soldagem não se limita apenas para metais,

pois é uma operação que tem por objetivo unir duas ou mais peças assegurando em

sua junção a continuidade e propriedades físicas e químicas do material.

(BRACARENCE; MARQUES e MODENESI,2007).

De acordo com a Associação Americana de Soldagem (American Welding

Society – AWS), e segundo Bracarence et al.(2007, p 18) define-se como soldagem,

“Processo de união de materiais usado para obter a coalescência (união) localizada

de metais e não-metais, produzida por aquecimento até uma temperatura adequada,

com ou sem a utilização de pressão e/ou material de adição”.

Segundo Wainer, Brandi e Mello (1995, p.1), cada processo de soldagem

deve preencher os seguintes requisitos:

• Gerar energia para unir dois materiais

• Remover contaminações das superfícies unidas

• Evitar contaminação do ar atmosférico.

• Propiciar controle metalúrgico alcançando as propriedades físicas, químicas

ou mecânicas esperadas.

Tanto o desenvolvimento quanto a melhoria dos processos de soldagem

ocorrem pela relação de três áreas:

• Projeto de equipamentos

• Desenvolvimento

• Aperfeiçoamento de equipamentos

18

Pode-se também classificar os processos de soldagem por fonte de energia:

• Fonte mecânica: gera-se calor por atrito ou por ondas de calor, ou ainda por

deformação plástica do material.

• Fonte química: calor gerado por reações químicas exotérmicas. Exemplo:

queima de combustível.

• Fonte elétrica: calor gerado pela passagem de corrente elétrica ou por

formação de arco elétrico.

• Fonte radiante: gera calor por radiação eletromagnética ou por feixe de

elétrons acelerados.

Na sequência, serão mostrados os principais processos de soldagem, com

maior ênfase ao processo de solda a arco com eletrodo revestido.

2.1.1 Processo MIG/MAG (Metal Inert Gas/Metal Active Gas)

Nos processos MIG (Metal Inert Gas) e MAG (Metal Active Gas), são

utilizados como fonte de calor um arco elétrico mantido entre um eletrodo nu

consumível que é alimentado de forma constante e a peça a ser soldada. Um fluxo

de gás inerte (MIG) ou gás ativo (MAG) faz a proteção da área onde é feita a

soldagem. Após os primeiros trabalhos efetuados com gás ativo nos anos 30, esse

processo foi inviabilizado, mas após a segunda guerra mundial o processo voltou a

tornar-se viável, inicialmente para soldagem de magnésio e suas ligas para depois

serem utilizados em outros metais, mas sempre com gás inerte. Somente algum

tempo depois foi substituído o argônio pelo CO2, parcial ou totalmente na soldagem

dos aços. O processo MIG é mais adequado para soldagem de aços-carbono, baixa,

média e alta ligas, aços inoxidáveis, alumínio e ligas, magnésio e ligas e cobre e

ligas. Já o processo MAG, somente é utilizado na soldagem de aços de baixo

carbono e aços de baixa liga. (BRANDI; MELLO; WAINER, 1992, p 99).

19

2.1.2 Soldagem com arco submerso

No processo de soldagem com arco submerso, é estabelecido entre o arame-

eletrodo e o material a ser unido pela solda um arco elétrico, o qual permanece

totalmente submerso em uma camada de fluxo, não sendo visível. Assim, a solda

acontece sem produção de faíscas, luminosidades e respingos, que são

características de outros tipos de processo de soldagem com arco aberto. Esse fluxo

que fica na forma de grânulos age como fundente e protege de contaminações o

metal de solda líquido. O fluxo também atua como isolante térmico, mantendo o

calor concentrado na parte sólida. Este tipo de processo permite uma grande

facilidade de automação devido o arame-eletrodo ser continuamente alimentado no

cabeçote ou pistola de soldagem, onde dá a esse tipo de soldagem rapidez e

economia, quando se compara aos outros processos de soldagem em que é

utilizado arco elétrico. A soldagem com arco submerso é amplamente utilizada nas

indústrias de equipamentos metálicos como tubos, navios, plataformas marítimas,

trocadores de calor entre outros vários equipamentos pesados, assim como na

recuperação de peças como cilindros de laminação e peças rodantes de tratores.

(BRANDI; MELLO; WAINER, 1992, p 133).

2.1.3 Soldagem Eletrodo de Tungstênio - TIG

Consiste num processo de soldagem em que se utiliza como fonte de calor

um arco elétrico mantido entre um eletrodo não consumível de tungstênio e a peça

soldada. A proteção da região da solda é realizada por um fluxo de gás inerte. Esta

soldagem pode ser feita com ou sem metal de adição. Também pode ser feita de

forma automática ou manual.

O processo de solda TIG é normalmente utilizado na soldagem de ligas de

alumínio, magnésio, titânio e aços inoxidáveis. A solda deste processo pode ser

utilizada na maioria dos metais, sendo que não há nenhuma escória e o processo

pode ser realizado em diversas posições. É também o processo a arco elétrico mais

lento (GAREIS. 1994, p. 149).

20

Neste processo se utiliza corrente continua ou alternada como fonte de

energia, podendo ser a fonte um gerador, transformador, ou retificador, o qual será

determinado pelo tipo de metal.

A Tocha TIG, dispositivo no qual se fixa o eletrodo de tungstênio, conduz a

corrente elétrica e protege a região circundante do arco elétrico e a poça de fusão. A

tocha pode ser refrigerada por agua ou ar, dependendo da corrente empregada.

(GAREIS. 1994, p. 151).

A principal vantagem da Soldagem TIG, se dá pelo fato de não ser necessário

a utilização de um material de adição, o que ocorre nos processos de MIG/MAG e

eletrodo revestido.

Trata-se de um processo bastante versátil e de grande mobilidade, uma vez

que existem equipamentos de peso e tamanho bem reduzidos. Embora para este

processo o soldador deva ter bastante habilidade, o manuseio é relativamente fácil

(GAREIS 1994, p. 151).

Outras vantagens do Processo TIG são: soldas de alta qualidade, possível

soldar a maioria dos metais e ligas, fonte de calor concentrada diminuindo a zona

afetada pelo calor (ZAC) e distorções. (Wainer, Brandi e Mello. 1995, p. 61).

2.1.4 Eletrodo Revestido

Soldagem com eletrodo revestido é um processo de soldagem com arco. A

união ocorre pelo calor produzido pelo arco criado entre um eletrodo revestido e a

peça que está sendo soldada (Wainer, Brandi e Mello.1995, p. 31)

O equipamento básico para soldagem caracteriza-se por ser um dos mais simples

em comparação com outros processos elétricos. Consiste em:

• fonte de energia

• alicate para fixação dos eletrodos

• cabos de interligação

• pinça para ligação à peça

• equipamento de proteção individual

• equipamento para limpeza de solda.

21

Com relação aos eletrodos revestidos, estes podem operar com corrente

contínua ou alternada, dependendo do tipo de revestimento. No caso de corrente

contínua, tanto a polaridade direta como a reversa podem ser utilizadas.

Quando se usa corrente contínua, se obtém uma estabilidade maior de arco e

qualidade nos depósitos, que são inferiores quando se usa a corrente alternada.

Ao se usar a corrente alternada, para uma configuração mais simples e barata,

utiliza-se um transformador. No caso de corrente contínua, pode-se utilizar unidades

geradoras ou transformadoras-retificadoras.

As unidades geradoras são utilizadas para trabalhos onde o suprimento

elétrico adequado não é disponível. Já as retificadoras são vantajosas, pois

possuem operação silenciosa, baixo custo e requerem pouca manutenção (Wainer,

Brandi e Mello.1995, p. 33).

A velocidade do avanço no processo de soldagem possui grande importância

segundo Wainer, Brandi e Mello (1995), uma vez que esta pode variar a altura e

também a largura do cordão de solda.

Geralmente se mantém a energia de soldagem reduzida mesmo com

correntes elevadas, com uso de altas velocidades de avanço. Com isso, pode-se

obter altas taxas de deposição, com microestruturas mais refinadas, tanto na zona

fundida quanto na zona afetada pelo calor (Wainer, Brandi e Mello.1995, p. 33).

2.2 Descontinuidades do Processo de soldagem

2.2.1 Dimensão incorreta da solda (perfil do cordão)

A padronização do cordão de solda é importante. Variações bruscas são

concentradores de tensão, o que facilita o aparecimento de trincas. A figura 1 mostra

diferentes falhas causadas por imperfeições nas dimensões do cordão de solda.

22

Figura 1 – Imperfeições nas dimensões do cordão de solda.

Fonte: Universidade Federal de Minas Gerais

2.2.2 Falta de fusão ou penetração

A falta de fusão (Figura 2) é caracterizada pela ausência de continuidade

entre o metal depositado e o metal base ou entre os dois cordões adjacentes. É

mais comum aparecer na linha de fusão, entre os passes de solda, ou na raiz da

solda.

Figura 2 – Falta de penetração

Fonte: SENAI

2.2.3 Mordeduras

As mordeduras (Figura 3) são caracterizadas pela formação de depressão no

pé do cordão de solda. Sendo assim, elas se localizam entre o metal de base do

cordão de solda.

23

Figura 3 - Mordedura

Fonte: SENAI

2.2.4 Trincas

E considerado o defeito mais grave em uma junta soldada por ser

concentradora de tensão. Trincas (Figura 4) são formadas durante ou após a

operação de soldagem e podem ocorrer tanto a quente como a frio.

Figura 4 - Trincas

Fonte: SENAI

2.2.5 Inclusão Gasosa (Poros)

Na operação de soldagem, durante a fusão da solda, há um aprisionamento

de gases no cordão (Figura 5). Há inúmeras razões para este aprisionamento: tipo

do eletrodo usado, má regulagem do arco, deficiência na técnica do operador,

umidade etc.

24

Figura 5 - Poros

Fonte: SENAI

2.2.6 Inclusão de Escória

Ocorre quando há aprisionamento no cordão de solda de escória, óxidos não

metálicos ou matérias estranhas durante o processo de soldagem. São

frequentemente encontradas em passes múltiplos, quando a limpeza de um passe

para outro não e bem efetuada (Figura 6).

Figura 6 – Inclusão de escória

Fonte: SENAI

25

2.3 ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS

2.3.1 Liquido Penetrante (LP)

O ensaio de LP foi desenvolvido para detecção de descontinuidades

superficiais como: trincas, poros, dobras etc. Este método pode ser aplicado em

todos os materiais sólidos com superfície não porosa e grosseira. (ANDREUCCI,

2001, p. 4).

O uso do ensaio por LP teve início nos Estados Unidos no século XIX. Os

primeiros ensaios foram realizados nas rodas e eixos das locomotivas com a

finalidade de encontrar tricas. O método era simples e agressivo: aplicava-se soda

cáustica para limpeza das peças, após remoção das impurezas elas eram

submergidas em oléo diluído em querosene e então secava-se e aplicava-se uma

leve camada de giz. Com golpes de marreta fazia-se com que as peças vibrassem

até o óleo ser expulso das fissuras, revelando as trincas.

Em 1942, o ensaio por LP foi aprimorado pela Magnaflux com o sistema

“zyglo”. Foram adicionados pigmentos fluorescente ao líquido penetrante. Esses

pigmentos eram revelados quando expostos a luz ultravioleta. Foi a partir dai que se

descobriu a utilização do ensaio em materiais não ferroso, principalmente em

componentes da indústria aeronáutica. Este método foi se aprimorando até o estágio

atual (SILVA, 2005, p. 15).

O ensaio se resume na aplicação de um liquido de alta capilaridade, chamado

de penetrante, sobre a superfície limpa de uma peça, espera-se a penetração do

fluido, remove-se o excesso e então aplica-se o revelador na superfície. Após alguns

segundos já e possível observar as não conformidades reveladas pelo penetrante

sobre o revelador, representado na figura 01(SILVA, 2005, p. 17).

26

Figura 7 – Método de aplicação do LP

Fonte: www.jbsensaios.com.br/liquido.php

Para o autor, “Poderíamos dizer que a principal vantagem do método é a sua

simplicidade e a facilidade de interpretar seus resultados.” (ANDREUCCI, 2001, p.

7).

As principais propriedades do penetrante são: ter habilidade para rapidamente

penetrar em aberturas finas, ter habilidade de permanecer em aberturas

relativamente grandes, não evaporar ou secar rapidamente, ter baixo custo.

(ANDREUCCI, 2001, p.9).

Um revelador com boas características deve ter ação de absorver o

penetrante da descontinuidade, servir com uma base por onde o penetrante se

espalhe (granulação fina), servir para cobrir a superfície, evitando confusão com a

imagem do defeito formando uma camada fina e uniforme e deve ser facilmente

removível. (ANDREUCCI, 2001, p. 14)

Existem 4 tipos de revelador, são eles:

• Pós secos.

• Suspensão aquosa de pós

• Solução aquosa

• Suspensão do pó revelador em solvente

Segundo o autor, “O método LP apresenta algumas limitações, como a

impossibilidade de avaliar as descontinuidades no interior do material em estudo. O

ensaio não apresenta resultados viáveis se a superfície do material for rugosa, não é

possível dimensionar a profundidade das descontinuidades” (VIEIRA , 2013, p.6).

27

2.3.2 Ensaio por Ultrassom (US)

O ultrassom é um método de ensaio não destrutivo que detecta

descontinuidades internas em materiais ferrosos e não ferrosos, defeitos causados

por inúmeros processos de fabricação como bolhas de gás em materiais fundidos,

dupla laminação em laminados , micro trincas, e defeitos em soldagem como trincas,

porros inclusão de escoria. O US identifica as não conformidades através dos efeitos

sonoros característicos de cada defeito com aparelhos especiais capazes de emitir e

interpretar vibrações e ondas sonoras refletidas do interior da peça examinada . Em

1929 o cientista Sokolov aplicava energia sônica em materiais ferros.

Posteriormente, Firestone, no ano de 1942, utilizaria do método de ecosonda

ou ecobatímentro para examinar materiais. Somente em 1945 o ensaio ultrassônico

foi desenvolvido em escala industrial. Atualmente, o US é muito utilizado na moderna

indústria, principalmente em caldeirarias pesadas e na indústria naval para garantir a

segurança e qualidade em peças de geometria complexas de juntas soldadas e com

grades espessuras. (ANDREUCCI, 2001, p.5)

O método de US é de alta sensibilidade na detecção de pequenas

descontinuidades internas em materiais soldados, como por exemplo: trincas,

porosidades, inclusão de escoria. (ANDREUCCI, 2001, p.6).

A figura 8 mostra o funcionamento de um Ultrassom: O transdutor detecta a

descontinuidade através das ondas emitidas na peça. Esta leitura é enviada ao

aparelho de Ultrassom que mostra a falha através de "picos" na tela.

Figura 8 – Princípios básicos da inspeção de matérias por ultrassom

Fonte: ANDREUCCI, 2001, p.4

28

Uma das técnicas de inspeção por US é a técnica impulso eco ou pulso eco

(conforme a figura 9), na qual um transdutor posicionado somente em um lado do

material é responsável por emitir e receber ondas ultrassônicas, podendo verificar a

profundidade, suas dimensões, e localização na peça.

Figura 9 – Técnica impulso Eco

Fonte: ANDREUCCI, 2001, p 28

Existe também a técnica de transparência (conforme a figura 10), na qual são

utilizados dois transdutores separados , um que transmite e outro que recebe as

ondas sonoras.

Figura 10 – Técnica de transparência

Fonte: ANDREUCCI, 2001, p 29

29

2.3.3 Metalografia

Segundo Colpaert (1969, p. 22), “O exame metalográfico fornece dados sobre

como o material ou a peça foram feitos e também sobre sua homogeneidade”.

Esta técnica pode ser utilizada para controlar a qualidade dos produtos metálicos

pelo ponto de vista de sua estrutura, relacionando-a às suas propriedades físicas,

composição, processo de fabricação etc., para, assim, esclarecer ou prever seu

comportamento em uma determinada aplicação.

Este controle pode ser efetuado a olho nu (ensaio macrográfico) ou com o uso

de um microscópio (ensaio micrográfico). Com a macrografia, podem-se obter

informações de caráter geral, seu aspecto de conjunto sobre a homogeneidade do

material da peça, distribuição tipos e quantidade das impurezas contida no material.

Através da micrografia, observa-se a granulação do material, bem como sua

natureza, quantidade, distribuição e forma dos vários tipos de constituintes, certas

inclusões etc. que juntas dão conclusões importantes e de prática utilidade.

(COLPAERT,1969, p22).

2.4 ENSAIOS DESTRUTIVOS

É considerado ensaio destrutivo todo ensaio onde se provoca uma ruptura ou

inutilização do material através de testes em corpos de prova (CP), onde são

utilizados grandes esforços sobre o material para se calcular suas resistências

quanto à tração, dobramento, torção, flexão, impacto, compressão e fadiga.

2.4.1 Ensaio de tração

Um dos fatores mais importantes para a seleção de um material é sua

resistência à tração, principalmente se for um elemento estrutural, parte de uma

máquina ou de um vaso de alta pressão.

A realização do ensaio é de acordo com o que mostra a figura 11. O corpo de

prova (CP) deve ser usinado para as dimensões exatas, de acordo com normas e

preso à máquina de tração em suas extremidades. O CP é tracionado até o ponto

30

em que ele é rompido e suas informações ficam registradas em um gráfico.

(FORTES, 2004 ,p.37).

Figura 11 – Equipamento para ensaios de tração

Fonte: www.esab.com.br

O teste de tração fornece quatro informações básicas, que são: limite de

escoamento, limite de resistência, alongamento e redução de área.

2.4.2 Limite de escoamento

Sempre que um metal é tracionado até seu limite de escoamento, ele sofre

um aumento em seu comprimento, mas retorna às suas medidas originais quando se

retira o esforço ao qual foi submetido. Isso significa que ele esteve sob o regime

elástico, representado pela letra A da figura 12. Conforme a carga aumenta, o metal

atinge um ponto onde não mais retorna à sua dimensão original depois de retirada a

carga em que foi submetido. ((FORTES, 2004 , p.38).

31

Figura 12 – Curva carga-alongamento

Fonte: www.esab.com.br

Essa tensão limite de escoamento define-se como o ponto em que o metal

atinge o limite de suas características elásticas, sendo assim não retorna mais à sua

forma original. Sua unidade de grandeza pode ser N/mm² ou MPa.

A fórmula para se calcular o limite de escoamento (LE) é:

LE (MPa) = carga de escoamento (N)

área da seção resistente inicial (mm²)

2.4.3 Limite de resistência

Quando o metal excede seu limite de escoamento, ele continua a se deformar

e mesmo que a carga aplicada sobre ele seja aliviada subitamente ele não retorna à

sua forma original. Esse fenômeno é chamado de deformação plástica, que é

representado pela letra B na figura 12. Essa deformação plástica aumenta para

promover um alívio nas tensões de tração, isso é necessário para que a carga

continue aumentando para continuar a deformar o metal e quando o metal chega a

um ponto onde não consegue mais se deformar plasticamente e a carga chega a

seu valor máximo, isso indica que o metal atingiu sua capacidade máxima de

encruamento. (FORTES, 2004).

Quando o corpo de prova atinge sua carga máxima no ensaio de tração,

define-se a tensão limite de resistência, a unidade dessa grandeza é N/mm² ou MPa.

Equação 1 – Limite de escoamento

32

A fórmula utilizada para calcular a tensão limite de resistência (LR) é:

LR (MPa) = carga máxima (N)

área da seção resistente inicial (mm²)

2.4.4 Alongamento

Duas marcas devem ser feitas a certa distância na parte útil do CP antes que

ele seja colocado na máquina de ensaio, pois o alongamento é medido após a

ruptura do CP, tomando como referência a distância original entre as duas marcas,

conforme a figura 12. Esse valor do alongamento é percentual (%) e dá a indicação

da ductilidade do material à temperatura ambiente. ((FORTES, 2004 ,p.39).

A fórmula para se calcular o alongamento (AL) é:

AL(%) = comprimento final (mm) – comprimento inicial (mm)

comprimento inicial (mm)

2.4.5 Redução de área

Conforme o corpo de prova é submetido a seu ponto de fratura, a sua área de

seção resistente diminui, conforme a figura 12. A redução dessa área é calculada e

registrada como uma porcentagem da área da seção original do CP. O valor de

redução de área é percentual (%) e mede a ductilidade ou a fragilidade relativa do

metal. (FORTES, 2004).

A fórmula usada para se calcular essa redução de área (RA) é:

RA(%)= (área inicial(mm²) – área final (mm²) ) x 100%

(área inicial (mm²) )

Equação 2 – Tensão limite de resistência

Equação 3 - Alongamento

Equação 4 – Redução de área

33

3 METODOLOGIA

3.1 Preparação dos corpos de prova (CP)

3.1.1 Objetivo

A preparação dos corpos de prova tem como objetivo deixa-los com as

medidas adequadas de acordo com as normas. Essa preparação é necessária

porque são os corpos de prova que serão utilizados em ensaios posteriores, por isso

sua confecção deve ser executada de maneira correta para que os resultados dos

ensaios sejam satisfatórios.

3.1.2 Preparação dos corpos de prova

Os corpos de prova foram confeccionados a partir de chapas de aço ABNT

1020 com 8 mm de espessura. As chapas foram soldadas horizontalmente utilizando

os eletrodos ER6013 de 2,5 mm e ER308L de 2,5 mm, cortas verticalmente e

usinadas com as medidas de acordo com a norma ABNT para que possam ser

utilizadas no ensaio de tração de acordo com as indicações da figura 13.

A solda executada será de acordo com a norma FBTS, utilizando a técnica de

passes sobre camada, começando por um passe de raiz e, depois, dois passes de

enchimento.

34

Figura 13 – Corpos de prova antes de serem usinados

3.1.3 Soldagem

Antes de efetuar a soldagem das chapas, as mesmas foram preparadas

conforme descrito abaixo:

Foram feitos chanfros em X conforme Figura 14, as medias para isto foi

utilizado uma lixadeira de desbaste.

a = 2mm, b=2mm, e=8mm α=45°

Figura 14 - Chanfro em X

Depois de feito os chanfros, foram efetuados uma limpeza nos locais onde a

solda será feita.

Para a execução da solda, as chapas foram fixadas na mesa de soldagem a

uma distância necessária para que o primeiro pass

correta (figura 15).

Figura

Esse passe é chamado de passe de penetração (raiz). Para a solda fo

utilizados eletrodos ESAB

(Figura 16).

Para a execução da solda, as chapas foram fixadas na mesa de soldagem a

uma distância necessária para que o primeiro passe da solda seja feito de maneira

Figura 15 - Distância entre as chapas

Esse passe é chamado de passe de penetração (raiz). Para a solda fo

utilizados eletrodos ESAB ER6013 para Carbono, ER308L para aço inoxidável

35

Para a execução da solda, as chapas foram fixadas na mesa de soldagem a

e da solda seja feito de maneira

Esse passe é chamado de passe de penetração (raiz). Para a solda foram

para aço inoxidável

36

Figura 16 -Eletrodos utilizados

A máquina utilizada foi uma Super Bantam (Figura 17) da ESAB com Corrente

elétrica regulada em aproximadamente 210 A e 220 V para os corpos de prova

soldados com ER6013, e 240 A e 220 V para os corpos de prova soldados com

ER308L.

Figura 17 - Máquina utilizada

37

O próximo passo foi a execução dos passes de acabamento (Figura 18), em

que foram feitos um passe de cada lado da chapa para o preenchimento total da

união das chapas.

Figura 18 - Passe de acabamento

3.2 Ensaio de Ultrassom

3.2.1 Objetivo

O ensaio de ultrassom tem como objetivo verificar as descontinuidades do

material utilizando ondas sonoras de alta frequência.

3.2.2 Ensaio

O Ensaio de ultrassom é um ensaio não destrutivo também utilizado para

verificar processos de soldagem, e detectar as falhas internas.

O procedimento consistiu em utilizar um aparelho que produz ondas de alta

frequência (Olympus EPOCH 600) para verificar a solda internamente, que funciona

38

da seguinte forma: ondas ultrassônicas foram emitidas por um aparelho através da

peça, sendo que, se um defeito fosse detectado, gerava um "eco" de reflexo na tela

do ultrassom. Este eco (ou pulso) então seria avaliado podendo ou não reprovar a

amostra.

A primeira parte do processo era calibrar o aparelho emissor de ondas (Figura

19), utilizando um bloco padrão.

Figura 19 - Transdutor

Ao se calibrar o transdutor, pode-se verificar na tela 3 ondas (Figura 20), que

são diferentes para cada emissor. Essas ondas determinam se as descontinuidades

encontradas podem reprovar o material.

39

Figura 20 - Ultrassom

Assim, interpretar-se a figura desta forma: se o pulso atingir a primeira onda, a

peça ainda pode ser aprovada, mas se este atingir a segunda ou a terceira a onda, a

peça imediatamente está reprovada por conta do alto nível da falha.

Depois de calibrado o equipamento, aplicou-se um gel Acoplante

(Supermagna A/US 2000 conf. Figura 21) na região onde o cabeçote iria passar.

Este gel permite a passagem da onda pela peça.

Figura

Com isso, utilizou-se o cabeçote para varrer

prova soldados, a chapa de inox e a chapa de

para checar se havia falhas internas

Como existem vários tipos diferentes de cabeçotes, que atuam com

frequências e ângulos diferentes

superfícies irregulares como num processo de soldagem,

Figura 21 - Acoplante

Figura 22 - Amostra sendo ensaiada

se o cabeçote para varrer (Figura 22) os dois corpos de

a chapa de inox e a chapa de carbono, verificando a

para checar se havia falhas internas e superficiais.

xistem vários tipos diferentes de cabeçotes, que atuam com

requências e ângulos diferentes de acordo com o modelo e especificação

superfícies irregulares como num processo de soldagem, utilizou-se um

40

os dois corpos de

a região soldada

xistem vários tipos diferentes de cabeçotes, que atuam com

de acordo com o modelo e especificação, para

se um transdutor

41

em ângulo para varrer as amostras (Figura 23). Neste caso, o transdutor varreu a

área próxima do cordão, e não sobre ele.

Figura 23 - Inspeção de soldagem em ângulo

3.2.3 Usinagem

Após o ensaio de ultrassom, os corpos de prova foram cortados com as

seguintes dimensões:

Figura 24 - Dimensões do corpo de prova para ensaio de tração

Os corpos de prova cortados em “tiras” com aproximadamente 20 mm de

largura e 200 mm de comprimento (Figura 24), foram usinados para ficarem com as

medidas acima e assim serem utilizados no ensaio de tração.

42

3.3 ENSAIO POR LÍQUIDO PENETRANTE (LP)

3.3.1 Introdução

A aplicação de líquido penetrante trata-se de um procedimento

regulamentado por diversas normas. A principal norma que rege a aplicação

consiste na NM 334:2012 e que relata os passos a serem seguidos na aplicação do

LP.

Desse modo, será mostrado abaixo o procedimento utilizado para o ensaio a

fim de verificar as descontinuidades de uma solda.

3.3.2 Ensaio de Líquido penetrante

Primeiro foram retiradas todas as impurezas ou resíduos que possam cobrir a

abertura a ser detectada. Utilizou-se o removedor RCGS carbografite para limpar as

peças. Então foi aplicado o Líquido Penetrante PCG 53 carbografite na peça

utilizando o método de Spray.

Após ser aplicado o penetrante, esperou-se 15 minutos até que este tenha

entrado na descontinuidade para demonstrar a imperfeição.

Retirou-se então o excesso com o removedor RCGS carbografite de LP como

indica a norma da ABENDE, para que o ensaio não fosse encoberto, utilizando um

pano seco.

Após a retirada de excesso foi aplicado o revelador DCG52 carbografite.

Espera-se então cerca de 10 minutos para o revelador fazer efeito e poder

avaliar o ensaio.

O ensaio de Líquido Penetrante foi aplicado em 3 amostras de cada material

conforme figuras 25 e 26.

43

Figura 25 - LP aplicado

Figura 26 - Revelador aplicado

3.4 METALOGRAFIA

3.4.1 Objetivo

O objetivo do ensaio metalográfico

solda entre o metal de base e metal depositado, bem como as formas e tamanho

de grãos e algumas inclusões de material.

3.4.2 Ensaio metalográfico

O ensaio metalográfico, para ser realizado

foram divididas entre: corte, embutimento da amostra, marcação das amostras,

lixamento, limpeza, polimento, ataque químico (conforme tabela

amostras.

Foram cortados os corpos de prova (conforme figura

zona de calor afetada.

Figura 27 – Corpo de prova (região da solda e zona de calor afetada

No processo de lixamento

cada vez mais finas, passando pelas lixas 220, 320, 400 e 600, utilizando uma

Lixadeira Metalográfica Struers Pan

a cada lixa (conf. Fig 29) até desaparecerem os

O objetivo do ensaio metalográfico é visualizar a microestrutura

solda entre o metal de base e metal depositado, bem como as formas e tamanho

e algumas inclusões de material.

Ensaio metalográfico

talográfico, para ser realizado deve ter as seguintes etapas que

foram divididas entre: corte, embutimento da amostra, marcação das amostras,

lixamento, limpeza, polimento, ataque químico (conforme tabela 1) e análise das

Foram cortados os corpos de prova (conforme figura 27), na região da solda e

Corpo de prova (região da solda e zona de calor afetada

No processo de lixamento, as amostras foram lixadas várias vezes com lixas

cada vez mais finas, passando pelas lixas 220, 320, 400 e 600, utilizando uma

Metalográfica Struers Pan (figura 28) sempre mudando de direção

) até desaparecerem os traços da lixa anterior.

Linhas de Corte

44

microestrutura e a fusão da

solda entre o metal de base e metal depositado, bem como as formas e tamanhos

deve ter as seguintes etapas que

foram divididas entre: corte, embutimento da amostra, marcação das amostras,

) e análise das

na região da solda e

Corpo de prova (região da solda e zona de calor afetada)

, as amostras foram lixadas várias vezes com lixas

cada vez mais finas, passando pelas lixas 220, 320, 400 e 600, utilizando uma

) sempre mudando de direção (90º)

traços da lixa anterior.

45

Figura 28 - Aparelho utilizado para lixar os corpos de prova

Figura 29 - Representação esquemática do método de lixamento

Após cada estágio de preparação, foram efetuados os processos de limpeza

e secagem das amostras.

Feito isto, outra etapa muito importante é a de polimento, necessária para a

obtenção de uma superfície sem riscos (conf. Figura 30) e assim obter uma imagem

clara no microscópio. Nesta etapa as amostras foram polidas utilizando o mesmo

aparelho utilizado no processo de lixamento, mas agora no lugar da lixa utilizou-se

um pano de polimento e um agente polidor Alumina que é o agente polidor

convensional.

46

Figura 30 – Amostra analisada

O ataque químico (figura 31), foi realizado utilizando os reagentes (conforme

tabela 1), antes de se observar as amostras no microscópio, pois consiste em um

ataque na superfície da amostra necessária para que se revele a microestrutura dos

materiais, conforme figura 32.

Figura 31 – Ataque químico

47

Figura 32 – Amostra após o ataque químico

3.4.3 Micro ataque:

Tabela 1 – Tabela de micro ataques de aços

Reagente Composição Método de aplicação Materiais indicados

Nital

3ml HNO3+97ml Álcool

Etílico

Imersão Aços Carbono em geral

Marble 4g CuSO4 + 20ml HCl +

20ml H2O Imersão ou esfregar

Aços Inox, Austeníticos

End. Precipitação (AISI

660)

Por último, as amostras foram analisadas com o auxilio do microscópio

Olympus BH2-UMA (figura 33), na qual foram revelados a microestrutura e o

comportamento do material após as etapas anteriores, como a zona de fusão e os

pontos de união dos materiais.

48

Figura 33 - Microscópio Olympus BH2-UMA

3.5 ENSAIO DE TRAÇÃO

3.5.1 Objetivo

Obtenção de valores de resistência do material quanto à tração.

3.5.2 Metodologia do ensaio

Para a realização do ensaio de tração foi utilizada a máquina de ensaio de

tração EMIC modelo MEM 10000 conforme a figura 34. Nela foram inseridos os

corpos de prova onde foram tracionados a uma velocidade de 10mm/min, até seu

ponto de ruptura e com isso foram analisados os valores obtidos.

49

Figura 34 - Máquina de ensaio de tração

Figura 35 - Painel da máquina de ensaio

Figura 36

36 – Corpo de prova fixado nas garras

50

51

4 RESULTADOS

Conforme a sequência de ensaios apresentados na metodologia,

primeiramente foi realizado o ensaio de ultrassom, utilizado para detectar não-

conformidades internas e superficiais no material, onde não houve descontinuidades

expressivas na solda (Figura 37) que comprometessem sua qualidade tanto com

eletrodo ER6013 e o eletrodo ER308L.

Figura 37 - Ensaio de ultrassom

No ensaio de liquido penetrante (LP), realizado para detectar não

conformidades superficiais, apesar de encontrados alguns poros na superfície da

solda com o eletrodo ER6013, de acordo com a norma ABENDE para ensaios de LP

os corpos de prova foram aprovados para a continuidade dos testes, já os corpos de

prova soldados com eletrodos ER308L não apresentaram nenhum defeito na

superfície soldada conforme figuras 38 e 39.

52

Figura 38 - LP revelado ER6013

Figura 39 - LP revelado ER308L

Com o ensaio metalográfico, pôde-se observar a perfeita fusão dos materiais

de base e material depositado.

Nas figuras 41, 43 e 45, foi observado a microestrutura no corpo de prova

soldado com eletrodo ER6013. Nas figuras 42, 44, e 46, foi observado a

53

microestrutura no corpo de prova soldado com eletrodo ER 308L, em que os pontos

verificados estão demonstrados na figura 40 com aproximação de 200x.

Figura 40 - Pontos observados no ensaio metalográfico (ER6013 e ER308L)

54

Figura 41 - 200x, eletrodo ER6013 no ponto 1

Figura 42 - 200x, eletrodo ER308L no ponto 1

ER308L

SAE 1020

ER6013

SAE1020

55

Figura 43 - 200x, eletrodo ER 6013 no ponto 2

Figura 44 - 200x, eletrodo ER308L no ponto 2

56

Figura 45 - 200x, eletrodo ER6013 no ponto 3

Figura 46 - 200x, eletrodo ER308L no ponto 3

57

Pode ser observado nas figuras acima, a microestrutura do ER6013 e

ER308L, em que o tamanho de grãos do ER6013 é maior que do ER308L, sendo

que este aumento torna a solda fragilizada diminuindo sua resistência mecânica. Por

isso observa-se uma melhor microestrutura no Inox na região da solda.

O último ensaio realizado foi o de tração, no qual apresentou os seguintes

resultados:

Tabela 2 – Ensaios de Tração

58

Gerando os seguintes gráficos:

Figura 47 - Ensaio com ER6013.

59

Figura 48 - Ensaio com ER308L.

Como pode ser observado no gráfico de tensão X deformação de ambos os

materiais, a tensão de escoamento do material foi bastante similar. Contudo, pode

ser visto que pelos resultados obtidos de alongamento, que houve maior deformação

no ensaio com ER308L. Isso ocorre por conta da ductibilidade e conformabilidade do

material.

Nos ensaios de tração com o ER6013, as rupturas dos corpos de prova

aconteceram na solda, enquanto que nos corpos de prova com ER308L a ruptura se

deu no metal de base.

60

5 CONCLUSÃO

Conforme os resultados apresentados, concluiu-se que ao utilizar o eletrodo

ER308L para soldagem com aço SAE1020, obteve-se uma boa fusão entre os

materiais no qual não apresentou problemas de estruturas físicas em que

comprometeria sua resistência mecânica.

Como pode ser observado nos ensaios realizados, todos os resultados

obtidos ao utilizar o eletrodo ER308L apresentou similaridade com o resultado do

eletrodo ER6013. Deve ser ressaltado apenas o teste de tração em que houve um

maior deslocamento quando foi utilizado o inox, entretanto os valores de tensão para

ambos os materiais foram bem próximos.

Sendo assim, conclui-se que a substituição do aço carbono por inox, como é

feita eventualmente na indústria, não compromete a solda ou a estrutura soldada, na

qual a única desvantagem em utilizar este tipo de consumível seria de caráter

econômico, uma vez que o custo eletrodo ER308L é maior que o ER6013 indicado

para este tipo de processo.

61

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDREUCCI, Ricardo. A Radiologia Industrial. 5ª ed., Editora ABENDE, São

Paulo, 2002.

BENARDO, Gareis. A soldagem, simples como ela é. Recife: SACTES, 1994.

COLPAERT, Hubertus. Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns. 3ª ed.,

Editora Edgarg Blücher Ltda, São Paulo, 1969.

FORTES, Cleber. Metalurgia da soldagem. ESAB, 2004.

MARQUES, P. V.; MODENESI, P. J.; BRACARENCE, A. Q. Soldagem:

fundamentos e tecnologia. 2ª ed. revista e ampliada. Belo Horizonte: Editora

UFMG, 2007.

RUIZ, Eliana M. S. D., Manual de normalização de trabalhos acadêmicos /

Eliana Maria Severino Donaio Ruiz. Editora Universitária São Francisco, 2010.

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SOLDAGEM por eletrodos revestidos nível I. Apostila Aracaju: SENAI-SE, 2008.

VIEIRA, João AP. Estudo e Aplicação de Ensaios Não Destrutivos -Líquidos

penetrantes, Ultra sons, Radiografia digital -Técnica tangencial medição de

espessuras [dissertação de mestrado]. Porto: Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto FEUP; 2013.

WAINER, E.; BRANDI, S. D..; MELLO, F. D. H. Soldagem: Processos e

metalurgia. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda., 1992.